UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · 2019. 10. 26. · final. À Professora Doutora...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DOUTORADO EM EDUCAÇÃO
MARIA DO SOCORRO VALOIS ALVES
O ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO: gestão e financiamento no
período de 2005 a 2013
Recife
2015
MARIA DO SOCORRO VALOIS ALVES
O ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO: gestão e financiamento no
período de 2005 a 2013
Orientadora: Profa. Doutora Márcia Angela da
Silva Aguiar
Recife
2015
Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Educação do
Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de
Educação da Universidade Federal de Pernambuco, como
requisito para a obtenção do grau de Doutora em
Educação.
MARIA DO SOCORRO VALOIS ALVES
O ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO: GESTÃO E FINANCIAMENTO
NO PERÍODO DE 2005 A 2013
Tese apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Educação da
Universidade Federal de
Pernambuco, como requisito parcial
para a obtenção do título de Doutor
em Educação.
Aprovada em: 27/02/2015
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Márcia Ângela da Silva Aguiar (Orientadora)
Universidade Federal de Pernambuco
____________________________________________________________
Prof. Dr. Nelson Cardoso Amaral (Examinador Externo)
Universidade Federal de Goiás
____________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Janete Maria Lins de Azevedo (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco
____________________________________________________________
Prof.ª Dr. Luiz Fernandes Dourado (Examinador Externo)
Universidade Federal de Goiás
____________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Luciana Rosa Marques (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco
Aos meus netos Artur, Sofia, Marília, Eduardo e àqueles e àquelas que ainda
estão por vir e que, além de muito amados e amadas, representam a força da
vida que se renova e se transforma em novas gerações, que nos inspiram a
prosseguir lutando por um mundo mais equânime.
Aos professores e professoras da Educação Básica com os quais nos
solidarizamos na luta pela valorização da sua profissionalidade.
Aos colegas professores e professoras da Educação Superior, especialmente das
licenciaturas, na expectativa de que este estudo possa contribuir para a prática
pedagógica emancipatória.
Aos alunos e alunas da graduação, especialmente das licenciaturas, na esperança
de contribuir para a formação de profissionais situados politicamente, engajados
profissionalmente e comprometidos com a formação de outros sujeitos históricos.
AGRADECIMENTOS
Como cristã, não poderia deixar de agradecer, em primeiro lugar, ao Senhor Deus,
“pois Ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais” (Atos - 17:25).
Ao meu pai (in memoriam) que, por ter sido tão gentil e amoroso, até para
repreender, me deixou grandes lições de amizade e respeito ao próximo.
À minha mãe (in memoriam), que empreendeu esforços inimagináveis para que
eu pudesse ultrapassar a etapa da educação básica.
Ao meu marido, por compreender tão bem a minha ausência em virtude da
dedicação à pesquisa e por contribuir, de todas as maneiras possíveis, para a realização
dos meus projetos e sonhos.
Aos meus filhos, filha, genro e noras, que estão sempre torcendo pelo sucesso dos
meus projetos, em especial este de doutorado, desde o momento da seleção até a etapa
final.
À Professora Doutora Márcia Angela da Silva Aguiar, orientadora que acolheu o
meu projeto e, junto comigo, embarcou na loucura da pesquisa em financiamento da
educação. Uma loucura não de insanidade, mas de avidez epistemológica por um tema
repleto de obstáculos e desafios, no seu desvelamento.
Ao Professor Doutor Nelson Cardoso Amaral, uma autoridade em financiamento
da educação que, pela forma como deu a sua inestimável contribuição na qualificação do
projeto, considero como co-orientador da pesquisa.
Aos professores das disciplinas do doutorado que muito contribuíram com a
construção do conhecimento, reflexão e aproximação crítica com o objeto de estudo.
Esses professores e professoras são a Prof. Drª Márcia Angela da Silva Aguiar, o Prof.
Dr. Alfredo Macedo Gomes, a Prof.Drª Maria Eliete Santiago, a Prof. Drª Ana Lúcia
Félix, o Prof. Dr. Edilson Fernandes de Souza, o Prof. Dr. Ferdinand Röhr, Prof. Dr. José
Batista Neto.
Às funcionárias da Secretaria do Programa de Pós-graduação de Educação do
Centro de Educação da UFPE, pelo empenho na consecução de atividades que garantem a
realização do curso com tranquilidade.
À CAPES, pelo financiamento da pesquisa através da concessão de bolsa de
estudos.
Aos colegas de trabalho na UFRPE, Prof. Paulo de Jesus e Cirdes Nunes Moreira.
À amiga Rosângela Cely Branco Lindoso, amiga de trabalho na UFRPE,
agradecimento especial pela inestimável colaboração, possibilitando que eu tivesse mais
tempo par estudar.
À amiga Neide Alves Valones, ex-colega de trabalho da Fafica, um
agradecimento especial pela leitura atenta e minuciosa do texto.
À amiga Prof. Carmita Galvão, pela contribuição na elaboração do Abstract.
Às amigas Delma Evaneide Silva, Maria do Carmo Gonçalo, Aleir Galvão,
Cacilda Tenório, Mônica Sales, Eliana Wanessa e aos amigos Ezir George da Silva e
Wilson Rufino pela força e compartilhamento de ideias.
O término de um trabalho e o reviver de suas etapas nos trazem à memória a grata
contribuição de pessoas que, amorosamente, concorreram para sua satisfatória
finalização.
A tarefa de agradecer implica sempre o risco de esquecermos alguém que é
importante na nossa trajetória. É tarefa quase impossível agradecer a todos e todas que
contribuíram, das mais diversas formas. Assim, se alguém não foi citado, eu peço que
tenha a generosidade de perdoar a minha falha e saiba que, na tábua do coração, o seu
nome está escrito para sempre.
Os céus proclamam a glória de Deus,
e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.
Um dia discursa a outro dia,
e uma noite revela conhecimento a outra noite.
Não há linguagem, nem há palavras,
e deles não se ouve nenhum som;
No entanto, por toda a terra
se faz ouvir a sua voz,
e as suas palavras, até aos confins do mundo.
(Salmo 19: 1-4)
RESUMO
A pesquisa ora apresentada se insere no campo da política, do planejamento e da gestão da
educação. O objeto de estudo é a gestão e o financiamento do Ensino Médio, ofertado pela
rede pública estadual de Pernambuco, no período de 2005 a 2013. Parte-se do pressuposto de
que a educação é um direito do cidadão e dever do Estado, que deve garantir o acesso e a
permanência na escola pública gratuita e com qualidade a todas as pessoas, sem distinção.
Pressupõe-se, também, que o financiamento da política social, como política pública, se
constitui como mecanismo capaz de viabilizar a obtenção e o acesso aos direitos sociais.
Neste sentido, admite-se que o fundo público pode ser aplicado em função da priorização dos
interesses dos capitalistas ou dos trabalhadores, dependendo da opção política por uma
vertente econômica ou social. Nesta perspectiva, considerando-se as categorias teóricas
Estado e Política Social, examina-se, de forma contextualizada, como se configura a política
de financiamento e gestão do Ensino Médio na rede pública estadual de Pernambuco, por
meio da análise da aplicação dos recursos públicos neste nível de ensino, o que constituiu o
principal objetivo da investigação. Para tanto, buscou-se apreender, nos documentos
contábeis oficiais do executivo estadual e nas entrevistas semi-estruturadas com técnicos e
gestores da administração estadual, a relação entre gestão, fundo público e Ensino Médio,
mediante a análise de três categorias concernentes aos itens de financiamento: “Pessoal e
Encargos Sociais”, “Outras Despesas Correntes” e “Investimento”. Teve-se, como hipótese,
que os números expressos nos demonstrativos contábeis analisados – SIOPE e Balanço
Contábil da esfera estadual, não se constituem como dados meramente técnicos, pois
traduzem um discurso político balizado pela forma de gestão adotada, informando a opção
por uma vertente econômica ou social. Os resultados encontrados demonstram que a
concepção e os mecanismos do financiamento do Ensino Médio da rede estadual de
Pernambuco, referentes aos profissionais da educação, à infraestrutura das escolas e ao
investimento nesta etapa de ensino coadunam-se ao modelo de gestão adotado pelo governo,
cujo ethos empresarial se sobressai na filosofia educacional, expressa pela exigência de
elaboração de plano operativo, fundamentado em tecnologia empresarial e através das
parcerias público-privadas que, conforme estudos da área (ADRIÃO e PERONI, 2009;
ADRIÃO e PINHEIRO, 2012), têm promovido o adensamento da mercantilização e
financeirização da educação. Constatou-se que o Ensino Médio conta, no quadro de pessoal,
com mais profissionais contratados temporariamente do que efetivos, o que resulta, de um
lado, na redução dos gastos do governo estadual com pessoal efetivo e, de outro lado,
concorre para a precarização do trabalho docente e enfraquecimento da organização sindical.
À precarização do trabalho associa-se a possibilidade de trabalhar mais em troca de um valor
adicional - o Bônus de Desenvolvimento Educacional- BDE que, no período em análise, não
era pago regularmente e não apresentava clareza sobre os critérios que orientam o seu
pagamento. Verificou-se que, dentre os professores do Ensino Médio, 84% a 96% têm nível
superior, porém, das vinte e duas áreas de formação identificadas pela pesquisa, catorze são
estranhas à formação para o magistério. A pesquisa identificou despesas realizadas
indevidamente com recursos destinados à MDE, bem como dificuldades para o exercício do
controle social, advindas, sobretudo das limitações do SIOPE e da fiscalização externa
realizada pelo TCE. Estes resultados ratificam os estudos que demonstram que os limites do
financiamento do Ensino Médio estão diretamente vinculados às opções e prioridades
governamentais para este nível de ensino. Conclui-se na expectativa de que os achados da
pesquisa e as questões aqui levantadas contribuam para ampliar o debate sobre o Ensino
Médio, em Pernambuco, bem como estimulem o desenvolvimento de novas pesquisas na
área.
Palavras-chave: Financiamento da Educação. Ensino Médio. Gestão da Educação.
Pernambuco. Estado.
ABSTRACT
The research is within the field of policy, planning and management of Education. The object
of study is the management and funding of High School, provided by Pernambuco State
Government, from 2005 to 2013. It is on the assumption that education is a civil right and the
duty of the State, which should grant to all citizens equal conditions for access and
permanence to free public education of excellence. And that the financing of social policy
such as public policy, is constituted as mechanism to facilitate the obtainment and access to
social rights. In this sense, it is assumed that the public fund may be applied according to the
prioritization of the interests of the capitalists or workers, depending on the policy option for
an economic or social aspect. Taking into consideration the theoretical categories – State and
Social Policy, the funding policy and management of High School in public schools of
Pernambuco can be examined, in context, as is set, through the application of analysis of
public resources in this level of education which was the main objective of the investigation.
Therefore, we sought to seize in the official accounting documents of the state executive and
in semi-structured interviews with technicians and managers of state government, the
relationship between management, public fund and secondary education by analyzing three
categories pertaining to financing items: "Personnel and Social charges", "Other Current
Expenses" and "investment". As hypothesis, there were the numbers expressed in the
financial statements analyzed - SIOPE (Information System of Public Budgets in Education)
and the accounting balance at the state level, not being constituted as merely technical data,
therefore, they reflect a political discourse marked by the form of management adopted,
informing the choice of an economic or a social dimension.The results show that the design
and the High School financing mechanisms of the state of Pernambuco, referring to education
professionals, the infrastructure of schools and investment in this stage of education
consistent to the model of management adopted by the government, which business ethos
surpasses the educational philosophy expressed by the operating plan development
requirement, based on business technology through public-private partnerships, as studies
(ADRIÃO & PERONI, 2009; ADRIÃO & PINHEIRO, 2012) have promoted the
consolidation of commercialization and financial issues of education.It was found that High
School counts, as teaching work force, more on temporary hired teachers than permanent
ones, which results on the budget savings for the state government with permanent personnel,
on one hand and on the other hand, contributes to precarization of the teaching profession and
weakens the union. To the precarization of work is associated the possibility of rising the
load of work in return for an additional amount – the Educacional Development Bonus
(BDE) - that in the period under this study was not paid regularly and had no clear criteria to
guide the payment. It was found that among the teachers of High School 84% to 96% have
higher education, but out of twenty-two training areas identified by the survey, fourteen have
no training for the teaching profession. The research identified expenditure wrongly held with
resources for MDE (Maintenance and Development of Education) as well as difficulties in
the practice of social control, resulting mainly from the constraints of SIOPE and external
audit carried out by the TCE (State Audit Office). These results confirm studies that show
High School funding limits are directly linked to government priorities and options for this
level of education. It is concluded in the expectation that the findings of the survey and the
issues raised will contribute to broaden the debate on the High School, in Pernambuco, as
well as encourage the development of new researches in the area.
Keywords: Funding Education. High School. State. Education Management. Pernambuco.
LISTA DE SIGLAS
ACI Analista de Controle Interno
AFC Adicional de Formação Continuada e Instrutoria
AGAD Analista de Gestão Administrativa
AGEE Agenda Globalmente Estruturada para a Educação
AGU Advocacia Geral da União
APOG Analista de Planejamento, Orçamento e Gestão
AUGE Auditoria Geral do Estado
BDE Bônus por Desempenho Educacional
BGE Balanço Geral do Estado
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
CACS-FUNDEB Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB
CADES Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secudário
CAED Centro de Estudos Educacionais
CAQ Custo Aluno Qualidade
CAQi Custo Aluno Qualidade Inicial
CE-UFPE Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco
CF Constituição Federal
COE Controladoria Geral do Estado
CONACI Conselho Nacional de Controle Interno
CONAE Conferência Nacional de Educação
CSN Companhia Siderúrgica Nacional
CVLI Crimes Violentos Letais Intencionais
DRU Desvinculação das Receitas da União
EJA Educação de Jovens e Adultos
EM Ensino Médio
EREM Escola de Referência em Ensino Médio
ETE Escola Técnica Estadual
FEE Fórum Estadual de Educação
FHC Fernando Henrique Cardoso
FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
FPE Fundo de Participação dos Estados
FPM Fundo de Participação dos Municípios
FSE Fundo Social de Emergência
FUNAFIN Fundação de Aposentadoria e Pensões dos Servidores do Estado de
Pernambuco
FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais de Educação
FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e
Valorização do Magistério
GEPOF Gerência de Planejamento Orçamentário e Financeiro
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
IDEPE Índice de Desenvolvimento da Educação em Pernambuco
IE Imposto sobre Exportação
INDG Instituto de Desenvolvimento Gerencial
INEP Instituto Nacional de Estudo e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira
IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
IPI-Exp. Imposto sobre Produtos Industrializados Cobrado sobre Exportação
IPPE Índice do Pacto pela Educação
IPTU Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana
IPVA Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores
IR Imposto sobre Rendas
ITBI Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis Inter- Vivos
ITCMD Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação
ITR Imposto Territorial Rural
LC Lei Complementar
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias
LOA Lei Orçamentária Anual
LULA Luiz Inácio Lula da Silva
MARE Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado
MCB Movimento Brasil Competitivo
MDE Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
MEC Ministério da Educação
MIG Modelo Integrado de Gestão
MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
NCP Não Consta Planilha
OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PIB Produto Interno Bruto
PNE Plano Nacional de Educação
PPA Plano Plurianual
PROEMI Programa Ensino Médio Inovador
PROGEP Curso de Aperfeiçoamento em Gestão Escolar
PSPN Piso Salarial Profissional Nacional
SAD Secretaria de Administração
SAEPE Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco
SARE Secretaria de Administração e Reforma do Estado
SECGE Secretaria Especial de Controladoria Geral do Estado
SEDMG Secretaria de Desenvolvimento do Modelo de Gestão
SDS Secretaria de Defesa Social
SEE Secretaria de Educação e Esportes
SEEP Secretaria Executiva de Educação Profissional
SEGES Secretaria Executiva de Gestão da Estratégia
SEPLAG Secretaria de Planejamento e Gestão
SEPLAN Secretaria de Planejamento
SEPOC Secretaria Executiva de Planejamento, Orçamento e Captação
SINTEPE Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco
SRV Sem Registro de Valor
SIOPE Sistema de Informações sobre Orçamento Públicos em Educação
STN Secretaria do Tesouro Nacional
SUPOF Superintendência de Planejamento Orçamentário e Financeiro
TA Tabela Analítica
TEAR Tecnologia Empresarial Aplicada à Educação: Gestão e Resultados
TCE Tribunal de Contas do Estado
TEO Tecnologia Empresarial Odebrecht
TMCE Taxa de Mortalidade por Causas Evitáveis
TS Tabela Sintética
UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Subfunções típicas da Educação ......................................................... 34
Quadro 2 – Subfunções de Apoio Administrativo ............................................... 35
Quadro 3 – Subfunções da educação cujas despesas são consideradas no cálculo
de MDE....................................................................................................................
36
Quadro 4 – Demais subfunções não consideradas no cálculo de MDE.................. 37
Quadro 5 – Gradação percentual de aplicação no FUNDEB dos recursos
oriundos das fontes constitutivas do FUNDEF (a)..................................................
92
Quadro 6 – Gradação percentual de aplicação no FUNDEB dos recursos
oriundos de fontes não constitutivas do FUNDEF (b).............................................
92
Quadro 7 – Valores nominais do salário base dos professores com licenciatura
plena, em regime de 200 horas aula, do estado de Pernambuco e os valores do
PSPN baseados na regulamentação do Piso pela Lei nº 11.738/08.......................
117
Quadro 8 – Despesas pagas com Avaliação e Premiação do Desempenho dos
Profissionais da SEE, no período de 2008 a 2013 (Valores não corrigidos pelo
IPCA) .......................................................................................................................
122
Quadro 9 – Bônus de Desempenho Educacional – Detalhamento por Empenho .. 124
Quadro 10 – Resultado do IDEB – Ensino Médio/PE – 2005 a 2013................... 129
Quadro 11 – Matrículas no Ensino Médio por dependência administrativa, no
período de 2005 a 2013............................................................................................
130
Quadro 12 – Número de estabelecimentos de Ensino Médio/ PE – 2005 a 2013... 131
Quadro 13 – Quantitativo de escolas públicas da rede estadual de Pernambuco
de acordo com as etapas da Educação Básica ofertada e respectivos quantitativos
de matrículas............................................................................................................
132
Quadro 14 – Taxa de distorção idade-série na rede pública do Estado de
Pernambuco – 2006 a 2013....................................................................................
133
Quadro 15 – Número médio de horas-aula diárias na rede pública no Estado de
Pernambuco no período de 2010 a 2013.................................................................
134
Quadro 16 – Número de matrículas em tempo integral, por dependência
administrativa Ensino Médio – Período 2011 a 2013.............................................
135
Quadro 17 – Docentes do Ensino Médio da rede pública do estado de
Pernambuco com Curso Superior no período de 2011 a 2013 ...............................
135
Quadro 18 – Número de professores no Ensino Médio e na Educação
Profissional com formação superior, segundo a Área de Formação - PE...............
136
Quadro 19 – Despesas com MDE do Ensino Médio pagas com recursos de
Impostos e Transferências e do FUNDEB – 2005/2013 (Valores corrigidos pelo
IPCA) .......................................................................................................................
155
Quadro 20 – Despesas que não se classificam como ações de MDE pagas em
2012, com recursos da fonte 0101 (Valores corrigidos pelo IPCA) ......................
163
Quadro 21 – Despesas que não se classificam como ações de MDE pagas com
recursos da fonte 0109 – FUNDEB .........................................................................
163
Quadro 22 – Contribuição Complementar da SEE ao FUNAFIN......................... 167
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 (TS) – Despesas com MDE – Despesas próprias custeadas com Impostos
e Transferências – subfunção 362 – Ensino Médio exceto FUNDEB – anos 2005 a
2013 – Despesas Pagas -Tabela Sintética (Valores corrigidos pelo IPCA)................
139
Tabela 2 (TA) – Despesas com MDE – Despesas Próprias Custeadas com
Impostos e Transferências – Subfunção 362 – Ensino Médio/ Pernambuco –
2005/2013 - Tabela Analítica (Valores corrigidos pelo IPCA)..................................
140
Tabela 3 (TA) – Despesas com MDE – Despesas Próprias Custeadas com
Impostos e Transferências/Subfunção 362 – Ensino Médio / EJA – 2005/2013 -
Tabela Analítica..........................................................................................................
146
Tabela 4 (TS) – Despesas com MDE – Despesas com o FUNDEB/Subfunção 362
- Ensino Médio – anos 2007 a 2013 – Despesas Pagas -Tabela Sintética (Valores
corrigidos pelo IPCA).................................................................................................
147
Tabela 5 (TA) – Despesas com MDE pagas com Recursos do FUNDEB -
Subfunção 362 – Ensino Médio – 2007/2013 - Tabela Analítica (Valores
corrigidos pelo IPCA).................................................................................................
148
Tabela 6 (TA) – Despesas com MDE pagas com Recursos do FUNDEB -
Subfunção 363 - Ensino Profissional integrado à subfunção 362 – Ensino
Médio / Ensino Profissional – 2009/2013 Tabela Analítica (Valores corrigidos
pelo IPCA) .................................................................................................................
153
Tabela 7 (TA) – Despesas com MDE pagas com Recursos do FUNDEB
Subfunção 367-EJA integrada à subfunção 362 – Ensino Médio em 2013 -Tabela
Analítica (Valores corrigidos pelo IPCA)..................................................................
154
Tabela 8 – Atividades que não se classificam como ações de MDE pagas com
recursos da Educação, no período de 2005 a 2011.....................................................
162
LISTA DE IMAGENS
Figura 1 – Despesas com Outras Despesas Correntes (ODC) – 2005/13, pagas com
Impostos e Transferências - Subfunção 362 – Ensino Médio.........................................
143
Figura 2 – Despesas anuais com investimentos pagas com recursos de Impostos e
Transferências – Subfunção 362 – Ensino Médio...........................................................
145
Figura 3 – Despesas com Pessoal Permanente e Temporário, pagas com recursos do
FUNDEB – Subfunção 362 Ensino Médio, 2007-2013..................................................
150
Figura 4 – Despesas com Outras Despesas Correntes (ODC) pagas com recursos do
FUNDEB – Subfunção 362 – Ensino Médio.................................................................
151
Figura 5 – Despesas anuais com Investimentos pagos com recursos do FUNDEB –
subfunção 362 – Ensino Médio.......................................................................................
152
Figura 6 – Despesas anuais com MDE pagas no período de 2005 a 2013 com
recursos de Impostos e Transferências e do FUNDEB – Subfunção 362 – Ensino
Médio –PE.......................................................................................................................
155
Figura 7 – Despesas anuais com Pessoal Fixo e Temporário atuante no Ensino
Médio, no período de 2005 a 2013 – Pagas com Impostos e Transferências e com
FUNDEB.........................................................................................................................
156
Figura 8 – Despesas pagas com Pessoal fixo e temporário, no período de 2005 a
2013, discriminadas por fonte de recursos – Subfunção 362 – Ensino Médio – PE.......
157
Figura 9 – Outras Despesas Correntes pagas no período de 2005 a 2013 com recursos
de Impostos e Transferências e do FUNDEB – Subfunção 362 – Ensino
Médio...............................................................................................................................
158
Figura 10 – Despesas com Investimentos pagas no período de 2005 a 2013 com
recursos de Impostos e Transferências e do FUNDEB – Subfunção 362 – Ensino
Médio................................................................................................................................
159
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 18
CAPÍTULO I – O PERCURSO DA PESQUISA..................................................
26
1.1 PROCEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS ..................................... 26
1.2 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS................................................... 39
CAPÍTULO II – ESTADO E POLÍTICA SOCIAL..............................................
44
2.1 ESTADO: breves reflexões.................................................................................. 45
2.2 POLÍTICA SOCIAL............................................................................................ 58
CAPÍTULO III – O ENSINO MÉDIO E O FINANCIAMENTO DA
EDUCAÇÃO.............................................................................................................
65
3.1 ENSINO MÉDIO NO BRASIL: breve histórico................................................ 65
3.2 A POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO................................ 83
CAPÍTULO IV – POLÍTICA E GESTÃO DO ENSINO MÉDIO EM
PERNAMBUCO: novos modelos?............................................................................
94
4.1 A POLÍTICA PARA O ENSINO MÉDIO: novo modelo de gestão?................... 94
4.2 A POLÍTICA DO ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO E AS PARCERIAS
COM O SETOR PRIVADO........................................................................................
96
4.3 MUDANÇAS NA GOVERNANÇA PÚBLICA NO ESTADO DE
PERNAMBUCO........................................................................................................
101
4.4 O ENSINO MÉDIO NO CONTEXTO DO MODELO INTEGRADO DE
GESTÃO (MIG)........................................................................................................
109
4.5 O MIG E O ENSINO MÉDIO – A CRÍTICA DOS TRABALHADORES DE
EDUCAÇÃO..............................................................................................................
114
CAPÍTULO V – A GESTÃO DO ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO: o
que diz a execução financeira....................................................................................
128
5.1 O IDEB COMO REFERÊNCIA DO ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO:
as limitações do indicador............................................................................................
129
5.2 GESTÃO DO ENSINO MÉDIO NO ESTADO DE PERNAMBUCO: limites e
perspectivas do planejamento e orçamento..................................................................
137
5.3 FINANCIAMENTO DO ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO E O
ACOMPANHAMENTO DO TCE..............................................................................
160
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................
REFERÊNCIAS........................................................................................................
171
181
APÊNDICE I – Código das funções e subfunções que registram os níveis de agregação das
áreas de despesas que competem ao setor público
APÊNDICE II – Conceito das despesas relacionadas no conjunto das planilhas do SIOPE
APÊNDICE III – Índice IPCA de Janeiro de 2005 a Janeiro de 2014
APÊNDICE IV – Relação das escolas públicas de Educação Básica da rede estadual de
Pernambuco por etapa ofertada e quantitativo de matrículas
APÊNDICE V - Despesas com MDE do Ensino Fundamental pagas com Impostos e
Transferências e com FUNDEF- 2005/ 2006 e FUNDEB 2007/2013
ANEXO I – Mapa da Estratégia do Governo de Pernambuco referente ao período de 2007
a 2010
ANEXO II – Mapa da Estratégia do Governo de Pernambuco referente ao período de 2011
a 2014
ANEXO III – Parecer conclusivo do Conselho de Acompanhamento e Controle Social
CACS-FUNDEB, Exercício 2012
ANEXO IV – Parecer conclusivo do Conselho de Acompanhamento e Controle Social
CACS-FUNDEB, Exercício 2013
18
INTRODUÇÃO
O meu interesse pelo financiamento da educação não é novo. É fruto de genuína
dúvida intelectual, suscitada no exercício profissional na educação básica, que inspirou
a escolha do objeto de estudo realizado no mestrado, cursado na UFPE, o qual resultou
na dissertação intitulada “O FUNDEF e a valorização do magistério: uma análise em
municípios pernambucanos”, defendida em 2002. Até o ano de 2001, eu havia atuado
apenas na educação básica, exercendo as mais diferentes funções, inclusive e,
principalmente, a docência. A partir do segundo semestre de 2001, passei a atuar na
Educação Superior, tendo, como primeira experiência neste nível de ensino, o trabalho
exercido na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru (FAFICA)1, onde
trabalhei por doze anos, em diversas funções, como a coordenação da Central de
Estágios e Coordenação da Comissão Própria de Avaliação (CPA)2, sempre de forma
concomitante com a docência, nas diversas licenciaturas, de disciplinas do eixo da
política e da gestão educacional. Continuo, atualmente, no exercício da docência na
Universidade Federal Rural de Pernambuco, com as referidas disciplinas. É na
experiência docente que encontro a maior inspiração para prosseguir nos estudos
relacionados ao financiamento da educação. É neste espaço de docência, no qual me
identifico com as experiências dos discentes, considerando o período de mais de vinte
anos de atuação na educação básica da rede estadual de Pernambuco, que a curiosidade
epistemológica se aguça e instiga a investigação.
A dinamicidade da política educacional exige, daqueles e daquelas que exercem
a docência no ensino superior, uma atualização constante. Deste modo, os estudos sobre
a política educacional, com recorte específico no financiamento da educação, têm sido
objeto dos meus estudos, desde o mestrado até os dias atuais. Por muito tempo, o
financiamento da educação se constituiu em uma lacuna nos cursos de formação de
professores. Atualmente, compreender questões atinentes ao financiamento da
educação, por parte dos educadores, se apresenta como uma exigência referenciada pela
necessidade do conhecimento sobre as fontes de recursos que custeiam a educação,
inclusive os salários dos professores e pela possibilidade de atuação destes
1 Fundada em 9 de agosto de 1960. Mantida pela Associação Diocesana de Ensino e Cultura de Caruaru.
2 Instituída na esteira do SINAES, Lei 10.861/04, com a finalidade de implementar o processo de
autoavaliação institucional.
19
profissionais, na esfera do controle social, sobre os recursos destinados à educação e na
esfera dos debates sobre a política educacional, ocorridos nos diversos espaços de
exercício democrático.
Assim, a prática pedagógica que exerço na docência, associada ao gosto pelo
tema do financiamento da educação, se constitui como espaço fértil, onde germina a
dúvida intelectual, aquela que
move o sujeito no sentido de debruçá-lo sobre o objeto do
conhecimento. Parece ser na trajetória experiencial que isso acontece;
pode-se perceber que a dúvida nasce da observação e da leitura da
prática do campo do conhecimento que a pessoa vive ou se propõe a
estudar. Só a prática e a realidade são as fontes capazes de gerar a
dúvida intelectual que, por sua vez, mobiliza a pesquisa (CUNHA,
1998, p. 30).
Nesta perspectiva tenho, como objeto de estudo, a gestão e o financiamento do
Ensino Médio oferecido no sistema de ensino do estado de Pernambuco. Etapa da
educação básica historicamente desassistida por um financiamento específico e que, a
partir de 2007 passou a ser financiada, de forma compulsória, pelos recursos do
FUNDEB, quando oferecido pela rede pública estadual, que tem esta etapa do ensino
como área de atuação prioritária.
A escola, locus da educação sistemática institucionalizada, embora não seja
instância exclusiva de acesso ao conhecimento socialmente construído pela
humanidade, é a instância mais legítima e a única que, de modo sistemático, congrega
os alvos prioritários da política educacional – os estudantes, constituindo-se, portanto,
como o espaço, por excelência, onde se materializam as ações engendradas na complexa
cadeia que envolve o planejamento, a formulação, o financiamento, a aplicação e a
avaliação das políticas públicas.
No contexto desta complexa cadeia, a pesquisa buscou, com base na produção
específica da área, analisar a gestão e o financiamento do Ensino Médio, no contexto da
política educacional do Estado de Pernambuco, no período de 2005 a 2013.
O estudo da gestão e do financiamento da educação abrange um campo
investigativo diverso, que compreende temáticas relacionadas ao Estado como categoria
teórica, ao Estado como campo de ação governamental, aos espaços políticos
institucionalizados de controle social, aos processos de municipalização da educação e
ao financiamento dos níveis e etapas da educação básica, dentre outras temáticas.
O objeto de desta investigação é a gestão e o financiamento do Ensino Médio,
ofertado pela rede pública estadual de Pernambuco, no período de 2005 a 2013. Emerge
20
no contexto do debate atual sobre as mudanças nos processos de acumulação capitalista
que expressam o processo de globalização, e na direção da sua legitimação, o
neoliberalismo, doutrina que informa estas mudanças nos processos produtivos e na
reorganização da sociabilidade e dos padrões de gestão, através de um conjunto de
princípios tidos como consensuais que a fundamenta e que vem sendo operacionalizado
nos diversos países do mundo.
A pesquisa, ancorada na teorização crítica do financiamento, aborda o Ensino
Médio oferecido pelo estado de Pernambuco, a partir de uma perspectiva
problematizadora de política social.
O recorte do objeto de estudo emergiu em meio a diversas inquietações
epistemológicas, tais como: Sendo o ensino médio área de atuação prioritária do
governo estadual, que política fiscal-financeira vem regendo a sua gestão? Que
concepção de Estado subjaz à gestão e ao financiamento da educação, no âmbito do
Estado de Pernambuco, no período estudado? Existe um projeto político-econômico que
instrumentaliza a gestão e o financiamento da educação em geral e do Ensino Médio em
particular, no estado de Pernambuco? Os mecanismos oficiais instituídos para coleta,
processamento, disseminação e acesso público às informações referentes ao
financiamento da educação têm garantido transparência dos dados orçamentários
públicos do estado de Pernambuco? Tais inquietações levam à seguinte questão de
pesquisa: Qual é o padrão de gestão do ensino médio, implementado no Estado de
Pernambuco, que pode ser apreendido ao se desvelar as despesas pagas com recursos
de Impostos e Transferências e do FUNDEB, referentes a esta etapa de ensino?
Tem-se, como pressuposto, que os sistemas de ensino, no Brasil, apresentam um
adensamento no grau de complexificação, devido aos processos de mercantilização
pelos quais vêm passando e que redundam em desdobramentos significativos nos
padrões de gestão e de financiamento da educação. Desvendar mecanismos de gestão e
financiamento é fundante para a compreensão da intersecção destes dois elementos nos
padrões educacionais (im)postos em prática pelo poder instituído, marcado pelo ethos
empresarial, que influencia a financeirização da educação (ADRIÃO e PERONI, 2009;
ADRIÃO e PINHEIRO,2012).
Nesta perspectiva tem-se, como hipótese, que o Ensino Médio ofertado pela rede
pública estadual de Pernambuco dispõe de insumos minimamente exigíveis para a sua
implementação que, no geral, ocorre de forma massiva e instrumental, como um meio
para o alcance de objetivos prioritariamente econômicos.
21
A análise das formas de gestão e do financiamento do Ensino Médio pode
indicar como emergem e são cristalizadas ações que afirmam ou negam o discurso que
proclama a educação como bem social que deve ser acessível a todos, com equidade no
que se refere ao acesso e permanência na escola até a sua conclusão e, a partir daí,
possibilitar acesso a outros bens sociais que transitam na sociedade. Assim, a gestão e o
financiamento, como objeto deste estudo, mostram-se relevantes, por serem o espaço de
análise passível de ampliar a compreensão sobre as formas da intervenção
governamental, no âmbito das políticas públicas.
Tendo em vista que as políticas públicas constituem uma das formas de ação do
Estado, que se configura como uma dinâmica processual simultaneamente
multifacetada, multideterminada, contraditória, relacional e conflituosa, com
repercussões sensíveis sobre a vida de sujeitos sociais concretos, o Estado se apresenta
como categoria teórica complexa e relevante, passível de alimentar inquietações
epistemológicas referentes ao seu papel diante dos diversos projetos de sociedade em
disputa (AZEVEDO 1997; GOMES 2011).
Entende-se que o Estado não se constitui de forma desenraizada, mas imbricado
à atividade humana, com vistas à organização e preservação da vida no coletivo social.
O Estado não constitui um sistema pronto e acabado, imutável e absoluto. Seria
um reducionismo tratá-lo de forma linear, superficial ou com determinismos, tais como
aqueles que afirmam que ele existe para promover o bem comum, ou que está a serviço
exclusivo de determinada classe social. Os conceitos de política pública e política
social, referenciados pela pesquisa, não condizem com a ideia pragmática de mera
provisão ou alocação de decisões tomadas pelo Estado e aplicadas, verticalmente, na
sociedade. A política social e, portanto, a política educacional, vai bem mais além, se
constituindo como meio capaz de processar a redistribuição do poder social.
(AZEVEDO 1997; PEREIRA 2008; MONTAÑO & DURIGUETTO, 2010; GOMES
2011).
O financiamento da política social se constitui como mecanismo capaz de
garantir direitos sociais. Assim, a análise do padrão de gestão do fundo público
destinado à área social adotada pelo Estado informa sobre o quantum de poder político-
social este Estado evoca para si e como, no exercício deste poder, viabiliza a obtenção e
o acesso a tais direitos.
O fundo público, dada a sua complexidade, dificulta uma definição pronta e
acabada, razão pela qual envolve ampla discussão voltada, especialmente, para sua
22
composição, apropriação e função social (OLIVEIRA 1998, BEHRING 2004;
SALVADOR 2010). Aspecto importante na discussão sobre o fundo público refere-se à
sua composição, com recursos socialmente criados e administrados pelo Estado,
auferidos por meio da arrecadação de tributos – contribuições, impostos e taxas
cobradas da sociedade. Para Oliveira (1998, p. 19-20), o fundo público, “em suas
diversas formas, passou a ser pressuposto do financiamento da reprodução da força de
trabalho, atingindo globalmente toda a população por meio dos gastos sociais”.
De acordo com Behring (2004, p. 164) há, na argumentação de Oliveira, um
elemento fundamental,
o lugar estrutural do fundo público no capitalismo contemporâneo,
como expressão da sua maturidade e imensas contradições. A
produção e a realização do valor vão requisitar que o Estado se
aproprie de parcela bastante significativa da mais-valia socialmente
produzida para assegurar as condições gerais de produção; dentro
desse processo comparece o desenvolvimento de políticas sociais
como lugar relevante e de alocação do fundo público, a depender,
claro, da correlação de forças políticas e de elementos culturais em
cada formação nacional.
A discussão sobre o fundo público se complexifica porque envolve o
debate teórico sobre o tamanho do Estado, a distribuição da carga tributária entre os
membros da sociedade e a presença de interesses entre o público e o privado, no que se
refere à apropriação deste fundo. Tal interesse, outrora, dominado pelo patrimonialismo
(FAORO, 1985), canalizava recursos do fundo público para acumulação do capital
industrial. Atualmente, com a busca pelo domínio do fundo público, o capital financeiro
tenta absorvê-lo o máximo possível (BOITO JR., 2012).
Para Salvador (2010, p. 205), no caso brasileiro ocorre, como agravante, o
“regressivo financiamento do fundo público”. Para ilustrar a restrição que o
financiamento do fundo público sofre, o autor cita dois institutos criados por força legal,
a Desvinculação de Receitas da União (DRU)3, extinta por força de muita luta travada
pelos órgãos representativos da área social, em geral, e dos educadores em particular.
Referindo-se ao segundo instituto diz o autor que um dos instrumentos importantes para
permitir a apropriação do fundo público pelo capital é a chamada Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF)4, que trata de limitar as despesas não financeiras do
orçamento e priorizar o pagamento de juros. Esta lei foi criada no contexto de ajuste
fiscal realizado no governo de FHC, monitorado pelo FMI. O acordo do FMI com o
3 Extinta pela EC nº 59, de 11 de novembro de 2009.
4 Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.
23
Brasil, firmado após as eleições de 1998, implicou empréstimos no valor de US$ 41
bilhões, impondo uma série de condições na política macroeconômica do país,
destacadamente a geração de superávits primários, ou seja, a realização de poupança
primária no orçamento, para honrar o pagamento dos juros da dívida.
De forma didática e objetiva, Amaral (2003, p. 59-60) afirma-se que
tanto os capitalistas quanto os trabalhadores pagam impostos,
contribuições e taxas estabelecidas pelas leis do país. Do resultado
desses pagamentos é constituído o chamado Fundo Público [...].
Portanto, o Fundo Público, constituído de recursos oriundos de toda a
população, caracteriza-se por permitir a opção de financiamento de
ações públicas
A partir desta conceituação, o autor problematiza a aplicação do Fundo Público,
afirmando que este pode se realizar em função da priorização dos interesses dos
capitalistas ou dos trabalhadores, dependendo da opção política por uma vertente
econômica ou social. A disputa política numa vertente mais economicista ou mais social
é a disputa pela decisão sobre a forma de apropriação e de aplicação do fundo público.
Em suma, quem decide sobre o orçamento e sobre a aplicação dos recursos tem o poder
de decidir pela vertente e, consequentemente, de decidir pelo projeto de sociedade que
deseja prevalecente.
No campo educacional, no caso brasileiro, o volume de recursos constitutivos do
fundo público que financia a educação é composto por receita de impostos próprios da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; receita de transferências
constitucionais e outras transferências; receita do salário-educação e de outras
contribuições sociais; receita de incentivos fiscais e outros recursos previstos em lei (art.
68, Lei nº 9.394/1996). Dentre estas, as principais fontes de receitas destinadas à
educação provém, de forma sistemática e compulsória, dos recursos resultantes da
vinculação constitucional de impostos e transferências constitucionais e da
subvinculação de parte destes impostos para a composição do Fundeb.
Outra fonte de receita, também sistemática e compulsória, porém menos
significativa em termos de volume de recursos, refere-se à contribuição do salário-
educação, aspecto que será abordado, no decorrer desta pesquisa, quanto à sua criação,
sua função como fonte adicional de recursos e sua forma de captação e redistribuição,
embora as despesas, pagas com esta fonte de recursos, não se constituam como objeto
de estudo.
24
Igualmente, não se constituem como objeto de estudo as despesas pagas com
recursos destinados à educação de forma assistemática, constituídos por montantes
advindos de empréstimos contraídos junto a organismos financeiros internacionais, bem
como outros recursos previstos em lei, como é o caso dos advindos do Fundo Social do
Pré-Sal, instituído pela Lei nº 12.351/2010, mas no aguardo da devida regulamentação.
O financiamento do Ensino Médio ofertado pela rede pública estadual de
Pernambuco foi analisado tomando como referência as despesas desta etapa de ensino,
realizadas com recursos destas fontes de receita, por serem as que arcam,
preponderantemente, com a execução orçamentária.
A pesquisa tem como objetivo analisar, através das despesas pagas, o gasto com
o Ensino Médio como eixo estruturante desta etapa de ensino, bem como a configuração
deste gasto a partir do seu ponto de intersecção com o padrão de gestão adotado. Como
objetivos específicos, a pesquisa se propôs a
a) identificar as despesas realizadas com Ensino Médio, a partir da descrição
das contas que lhes são referentes;
b) identificar a prioridade dada ao Ensino Médio, mediante a análise dos
registros contábeis e financeiros referentes a essa etapa do ensino e pelo modelo de
governança adotado;
c) apreender o Ensino Médio como o eixo principal da gestão da educação no
estado de Pernambuco.
A pesquisa toma como foco as despesas pagas no exercício. As despesas
liquidadas não se constituem como referência porque, embora ratifiquem o direito
adquirido pelo credor, podem ser postergadas para o exercício seguinte, se
transformando em “Despesas do Exercício Anterior” (DEA) e inviabilizando, assim, a
obtenção de dados relativos aos gastos efetivamente realizados no exercício analisado.
Tendo em vista a consecução dos objetivos da pesquisa, várias instâncias que se
constituem como locus de atuação dos sujeitos foram visitadas, em busca de dados. No
período da análise, inúmeras e incansáveis buscas por explicações de questões
suscitadas pelos dados coletados foram realizadas, através de visitas à Secretaria de
Educação, da Fazenda e do Planejamento do estado de Pernambuco, dentre outras. É
importante registrar a imensa dificuldade de obter informações e explicações a respeito
dos valores apresentados nos demonstrativos, fato amplamente citado, na literatura da
área, como ponto comum aos pesquisadores do financiamento da educação,
evidenciando que o gargalo da pesquisa situa-se nas informações sobre a execução
25
financeira. A despeito das dificuldades, a pesquisa reúne dados que possibilitam uma
análise do financiamento do Ensino Médio, propondo-se não como um resultado pronto
e acabado ou como um fim em si mesmo, mas como esforço teórico passível de ampliar
o debate, suscitar novas questões e constituir-se como base sobre a qual seja possível
abrir novos caminhos de pesquisa e ampliar o leque da busca pela produção do
conhecimento na área.
A estrutura da tese será detalhada a seguir, tendo em vista a grande quantidade
de informações concernentes aos instrumentos de coleta utilizados. O trabalho está
subdivido, didaticamente, em cinco capítulos.
A Introdução apresenta a contextualização do objeto de estudo e, em linhas
gerais, a política vigente de financiamento da educação.
O primeiro capítulo aborda o percurso da investigação, as opções teórico-
metodológicas, as escolhas dos procedimentos e das técnicas utilizadas, com destaque
para uma explicitação conceitual e analítica dos instrumentos próprios do campo do
financiamento da educação. O segundo capítulo aborda Estado e Política Social como
categorias que balizam teoricamente a pesquisa e ensejam a reflexão sobre o contexto
hodierno, no qual se insere a política educacional e, nela, a política do Ensino Médio.O
terceiro capítulo traz um breve histórico do Ensino Médio no Brasil na perspectiva de
ampliar a compreensão sobre o caráter elitista, seletivo e discriminatório que marcou
historicamente essa etapa da Educação Básica. Traz também uma retrospectiva da
política de financiamento da educação no Brasil e aborda a política atualmente adotada
que radica no contexto do processo de redemocratização do País e encontra base legal a
partir da Constituição Federal de 1988. O quarto capítulo apresenta a política de gestão
do Ensino Médio no contexto das mudanças implementadas na governança pública do
estado de Pernambuco. Aborda ainda a crítica dos trabalhadores da educação pública
estadual endereçadas ao modelo de governança adotado. O quinto capítulo analisa a
gestão do Ensino Médio em Pernambuco pelo prisma da execução financeira, do
planejamento e do orçamento e da fiscalização realizada pelo TCE. Finalizando,
seguem-se as considerações finais, os apêndices e as referências.
26
CAPÍTULO I
O PERCURSO DA PESQUISA
1.1 PROCEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
A pesquisa, que teve como foco o financiamento do Ensino Médio no sistema
estadual de educação do Estado de Pernambuco, no recorte temporal de 2005 a 2013, foi
desenvolvida considerando-se a concepção de educação como direito, a construção da
cidadania, o direito de acesso aos bens sociais, a distribuição mais equitativa de poder
social e a participação democrática. Visualizava-se o financiamento do Ensino Médio
como uma política passível de promover maior equidade social e, portanto, superar a
dualidade que marca, historicamente, esta etapa de ensino.
A pesquisa focalizou as despesas referentes ao Ensino Médio pagas com
recursos de Impostos e Transferências, no período de 2005 a 2013, e com recursos do
FUNDEB, no período de 2007 a 2013.
O financiamento da educação exige que o pesquisador penetre no universo
financeiro-contábil público, empreendendo estudos que viabilizem a sua compreensão a
partir de conceitos e ferramentas teórico-metodológicas típicos deste campo social, o
que foi feito mediante o estudo das categorias teóricas que se constituíram fios
condutores da pesquisa: Estado e Política Social.
Numa pesquisa que tem como objeto o financiamento da educação, os dados
quantitativos expressos na mensagem têm papel relevante no âmbito das análises. Os
procedimentos metodológicos reivindicaram a conjugação de dados qualitativos e
quantitativos, o que é importante, na pesquisa social, no sentido da busca pela apreensão
de formas como a realidade social aparece. Assim, em defesa desta conjugação Gomes
(2011, p.27) afirma que
a falsa dicotomia ‘q/q’ é consequência da ontologia do social como
realidade dada, que pode ser apreendida e descrita in totum, o que,
como consequência, defende que existe o instrumento ou método certo
para coletar o dado certo. A ontologia do social que o quer como
produção humana interessada com múltiplas determinações, faz a
defesa da importância do multimétodo (com foco) porque recusa os
modos de produção de conhecimento baseados no monocausalismo,
que, invariavelmente é produto do reducionismo e do dualismo.
27
O desafio subsequente, no tocante aos achados da pesquisa, é a sistematização
desses estudos de modo inteligível, fora da exclusividade do formato técnico de tabelas
e gráficos, que poderia configurar uma simples transposição de informações, o que não
é, obviamente, o interesse da pesquisa. Desafio desta ordem já se encontra notificado na
literatura, conforme situa Aguiar (2008, p.136), quando discorre sobre a importância, na
construção de um material que aborde temas complexos, de uma sistematização que
tenha, como exigências específicas, a elaboração com consistência teórica e a
apresentação em linguagem de fácil compreensão.
Na busca pela consecução dos objetivos da pesquisa, foram coletados dados a
partir de fontes diversas - documentos oficiais, dentre os quais, os relatórios expedidos
anualmente pelo Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação –
SIOPE, o qual se constitui como fonte principal, por ser o espaço sistematizador, no
âmbito dos entes públicos estaduais e municipais, do movimento contábil-financeiro
referente à educação.
Assim, dentro das categorias econômicas despesas e investimentos, foram
selecionados grupos, modalidades, elementos e itens5 demonstrativos da natureza das
despesas, a partir do trabalho do campo e da análise dos dados catalogados, oriundos do
SIOPE, sempre considerando os objetivos da pesquisa. A análise se processou a partir
do seu registro em unidades temáticas, discutidas com vistas à interpretação.
Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, compostas por uma parte de
perguntas previamente planejadas e outra parte na qual o entrevistado discorreu
livremente sobre as questões que lhe foram formuladas. Tal forma de entrevista,
também chamada “aberta, é definida como conversa com finalidade, onde o roteiro
serve de orientação, de baliza para o pesquisador e não de cerceamento da fala dos
entrevistados” (MINAYO, 1996, p.122).
5 Cf. Portaria Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001, publicada no D.O.U. nº 87-E, de 07.05.01,
Seção I, p. 15-20. Segundo orientações desta Portaria – arts. 3º e 5º e outros documentos correlatos, a
estrutura da natureza da despesa a ser observada na execução orçamentária de todas as esferas de
Governo será: c.g.mm.ee.dd onde “c” representa a categoria econômica; “g” o grupo de natureza da
despesa; “mm” a modalidade de aplicação; “ee” o elemento de despesa; “dd” o desdobramento,
facultativo, do elemento de despesa. Tomando o código 3.1.90.04.15.00 com exemplo: 3 é a categoria
econômica, no caso despesa; 1 é o grupo de despesa, no caso despesa com pessoal; 90 é a modalidade, no
caso é aplicação direta. A modalidade tem a finalidade de informar se os recursos são aplicados
diretamente por órgãos ou entidades da mesma esfera ou por outro ente da federação. O par representado
por 04 refere-se ao elemento da despesa que tem por finalidade identificar os objetos de gasto. Os dois
últimos pares se referem aos itens de despesa, cuja relação se encontra nos anexos de portarias e manuais
da STN.
28
A técnica para o tratamento dos dados coletados pela pesquisa foi a análise de
conteúdo, definida por Bardin como
um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter
por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo
das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a
inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens (BARDIN,
2011, p. 48).
A análise de conteúdo foi realizada mediante os seguintes procedimentos:
1) levantamento, leitura e releitura minuciosa dos dados disponibilizados em
documentos referentes ao financiamento da educação;
2) catalogação dos dados coletados em documentos de caráter técnico-
financeiro;
3) elaboração de tabelas de totalização sintética e de totalização analítica de
despesas pagas;
4) seleção de categorias de análise, a partir das tabelas de totalização sintética e
analítica e das entrevistas;
5) inferência de conhecimentos com base no que foi lido, ouvido e também
quantitativamente elaborado;
6) sistematização dos achados da pesquisa.
A análise de conteúdo, como técnica qualitativa, objetiva articular o que está
expresso na mensagem, com os fatores que determinam suas características, como o
contexto e o processo de produção da mensagem, na perspectiva de tentar “[...]
ultrapassar o alcance meramente descritivo do conteúdo manifesto da mensagem, para
atingir, mediante a inferência, uma interpretação mais profunda” (MINAYO,1996, p.
203). A eleição de categorias teóricas e de análise é um processo que, realizado com
rigor e acuidade, contribui significativamente para a inferência e interpretação. Quanto à
definição das categorias de uma pesquisa qualitativa, Minayo (idem, p. 94) considera
que a categoria empírica, “[...] construída a partir dos elementos dados pelo grupo
social, tem todas as condições de ser colocada no quadro mais amplo de compreensão
teórica da realidade e de, ao mesmo tempo, expressá-la em sua especificidade”.
Foram desenvolvidas análises considerando a natureza das despesas:
1. Pessoal e Encargos Sociais – Pessoal do Magistério, mediante a qual serão
estudadas despesas com remuneração de pessoal;
29
2. Outras Despesas Correntes – mediante a qual serão estudadas despesas com
material de consumo, serviços prestados por pessoa física e por pessoa
jurídica;
3. Investimentos – mediante a qual serão estudadas despesas com obras e
instalações, equipamento e material permanente e outras aplicações diretas
referentes a investimentos.
Sujeitos da Pesquisa
Tomando como campo de pesquisa instâncias do Governo do Estado de
Pernambuco, em especial as Secretarias da Educação (SE), Fazenda (SEFAZ) e
Planejamento (SEPLAG), foram eleitos, como sujeitos da pesquisa, o atual gestor e
técnicos da Superintendência de Programação Orçamentária e Financeira (SUPOF),
bem como as instâncias do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Pernambuco –
SINTEPE e o Fórum Estadual de Educação de Pernambuco – FEE/PE.
A escolha do gestor da SEPLAG deveu-se à sua condição de Secretário
Executivo de Desenvolvimento do Modelo de Gestão adotado no Estado de
Pernambuco. Este é um dos principais sujeitos de pesquisa, por ser um dos mentores do
Modelo Integrado de Gestão (MIG)6 no Estado e por coordenar e participar ativa e
efetivamente da implementação desta estratégia de gestão, com forte repercussão no
setor educacional.
Também se constituem como sujeitos da pesquisa funcionários da Secretaria da
Fazenda identificados por análises prévias, como aqueles ligados à área de elaboração
de demonstrativos contábeis, especificamente do SIOPE e do Balanço Geral do Estado
e, ainda, o funcionário responsável pelo preenchimento das planilhas do SIOPE, na
Gerência de Programação Orçamentária e Financeira (GEPOF), atualmente
Superintendência de Programação Orçamentária e Financeira (SUPOF), da Secretaria de
Educação.
Incluímos, também, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco
– SINTEPE, como entidade representativa da categoria profissional ligada à Educação,
considerando que o Estado de Pernambuco adotou um novo modelo de gestão, cujo
discurso afirma a participação democrática de amplos setores da sociedade
6 Lei Complementar nº 141, de 03/09/ 2009. Dispõe sobre o Modelo Integrado de Gestão do Poder
Executivo do Estado de Pernambuco.
30
Selecionamos, também, o Fórum Estadual de Educação de Pernambuco7, como
instância importante nesta pesquisa, por se constituir um espaço de articulação entre a
sociedade civil e o Estado, passível de balizar a efetividade da participação social.
O período que referenciou o objeto de estudo considerou o intervalo de tempo de
2005 a 2013. O ano de 2005 foi adotado como marco inicial, por ser este o ano que
inaugurou a sistematização das Receitas e Despesas relativas à Educação, no Sistema de
Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (SIOPE), sistema eletrônico
operacionalizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e que
se constitui como a principal fonte de dados financeiros da pesquisa, uma vez que reúne
informações referentes aos orçamentos públicos de educação da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios. O ano de 2013 foi definido como marco final, por ser
este o último exercício divulgado pelo SIOPE, em tempo compatível com o prazo
previsto para o término da pesquisa.
Conceituações, procedimentos e instrumentos da pesquisa
Considerando-se que o SIOPE constitui a principal fonte das informações
relativas à aplicação dos recursos destinados à educação referenciada na pesquisa, um
detalhamento, ainda que breve, deste Sistema, é fundamental à compreensão da sua
utilização como recurso metodológico.
O SIOPE foi instituído pela Portaria do MEC nº 06, de 20 de junho de 2006,
com a finalidade de coletar, processar, disseminar e permitir o acesso público às
informações referentes aos orçamentos de educação. A criação do SIOPE não exime os
Poderes Legislativos e os Tribunais de Contas de suas atribuições legais. Um dos
objetivos8 do SIOPE é informar à sociedade o quanto as três esferas de governo
investem, efetivamente, em educação no Brasil. Ao viabilizar o acesso público a estas
informações, o SIOPE afirma a sua atribuição de fortalecer os mecanismos de controle
social dos gastos com a MDE, de garantir maior efetividade e eficácia das despesas
públicas em educação e de melhorar a qualidade dos serviços prestados à sociedade pelo
Estado. Afirma ainda que os indicadores gerados por este Sistema vão assegurar maior
transparência da gestão educacional, mediante a realização de cálculo automático dos
percentuais mínimos aplicados em manutenção e desenvolvimento de ensino. Dentre
7 Instituído pela Portaria nº 7122 de 18/10/2011, da Secretaria de Educação de Pernambuco.
8 Portaria MEC nº 844, de 8/7/08.
31
outras características9 do SIOPE, é sinalizada a correspondência entre as informações
declaradas na base de dados com os demonstrativos contábeis publicados pelos entes da
federação. Tal correspondência explica-se, em parte, pela atribuição ao declarante, ou
seja, ao ente federativo da responsabilidade pela inserção dos dados no programa de
declaração; pela fidedignidade dos dados declarados em relação aos demonstrativos
contábeis e pela veracidade das informações inseridas na base dos dados. O
preenchimento desta base de dados é anual e o prazo para transmissão dos dados é 30 de
abril para os Municípios e 31 de maio para o DF e Estados10
. A fonte principal de
informações para o preenchimento dos formulários, que se constituem como planilhas, é
o Balanço Geral ou os Balancetes Analíticos. A classificação orçamentária e os códigos
utilizados nos formulários de receita e despesa com Educação são determinados por
Portarias Interministeriais da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), sendo obrigatórios
para União, Estados e Municípios, para Orçamentos e Balanços, a partir de 2002. Todos
os valores monetários devem ser informados com os centavos. As planilhas preenchidas
pelos entes federativos, usuários do SIOPE, são as seguintes: Dados Gerais;
Administração Direta; Receita Total; Transferências Financeiras Constitucionais e
Legais a Municípios (somente para Estados e DF); Despesas com Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino (MDE); Despesas Próprias Custeadas com Impostos e
Transferências (Fonte do Tesouro/Recursos Próprios); Despesas com os Recursos do
FUNDEB; Despesas Custeadas com Recursos Vinculados, (FNDE e Convênios com
Estados e Municípios); Informações Complementares; Demonstrativo da Função
Educação (Administração Direta e Indireta); Declaração de Responsabilidade.
O SIOPE representa um avanço pela segregação, que promove, dos dados
financeiros exclusivamente relacionados à educação, possibilitando o acesso aos dados
de forma mais rápida e precisa do que ocorreria no caso de consulta direta ao Balanço.
Entretanto, apresenta limites que exigem reformulação do seu escopo. Isto
porque o SIOPE tem, como base de dados, o Balanço Geral do ente federativo, o que é
tecnicamente viável. Porém, ao se limitar à simples transcrição dos dados do Balanço,
restringe a sua função política de assegurar maior transparência da gestão educacional.
A simples transcrição já é, em si, uma limitação que se amplia na constatação de
que o SIOPE disponibiliza os dados preenchidos pelo ente federativo, mesmo havendo
discrepância entre o que está posto nas planilhas e o que está posto no BGE, conforme
9 Disponível em: http://www.fnde.gov.br/fnde-sistemas/sistema-siope-apresentacao. Acesso em: 1º/08/14.
10 Art. 51 § 1°, I e II da Lei Complementar n° 101, de 04/05/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
32
constata a análise dos dados coletados. Dessa forma, se faz necessário redimensionar o
SIOPE em sua função política exercida com vistas a fortalecer mecanismos de controle
social dos gastos com MDE e garantir maior efetividade e eficácia das despesas
públicas em educação.
Considerando esses limites, o SIOPE só se efetivará como mecanismo capaz de
melhorar os serviços prestados à sociedade pelo Estado, quando transcender a sua
função de transcrever dados do Balanço e permitir o acesso a informações mais
detalhadas a respeito de cada código utilizado e registrado pelo ente federativo.
Apesar das limitações apresentadas, o SIOPE se constituiu como a principal
fonte de coleta de dados da pesquisa. Foram selecionadas as planilhas referentes ao
Ensino Médio que registram as Despesas Próprias Custeadas com Impostos e
Transferências e Despesas com os recursos do FUNDEB. Estas planilhas situam-se
como “Dados Informados” no interior dos “Relatórios Estaduais” e registram as
despesas com MDE.
O conceito de MDE se constitui como ferramenta fundamental e indispensável
no disciplinamento da aplicação dos recursos da educação. Ao enfeixar as ações
destinadas à consecução dos objetivos das instituições educacionais de todos os níveis11
,
a MDE apresenta-se como critério à luz do qual a realização dos gastos tem caráter
exclusivo evitando, assim, a evasão dos recursos destinados à educação para outras
áreas. Em linhas gerais, inserem-se no rol das ações com MDE:
Despesas relacionadas à aquisição, manutenção e funcionamento das
instalações e equipamentos necessários ao ensino, uso e manutenção
de bens e serviços, remuneração e aperfeiçoamento dos profissionais
de educação, aquisição de material didático, transporte escolar, entre
outras (BRASIL 2010, p. 82).
Nos demonstrativos contábeis, as despesas com MDE são classificadas segundo
as fontes de recursos que as custeiam e segundo o seu estágio de consecução.
Com base nas fontes de recursos que as custeiam, estas despesas são
classificadas como “Despesas Próprias custeadas com Impostos e Transferências” – são
as despesas efetuadas com os recursos próprios, ou seja, com recursos do Tesouro do
ente federativo, codificadas como fonte 101; “Despesas com o FUNDEB” – são as
despesas efetuadas com os recursos originários deste Fundo, codificadas como fonte
109 e “Despesas com Recursos Vinculados” – são as despesas efetuadas com os
11
Art. 70 da LDB – Lei nº 9.394/1996.
33
recursos que têm destinação pré-definida, estabelecida em legislação vigente, que
devem ser utilizadas, obrigatoriamente, na ação que motivou seu recolhimento. Em
geral, são recursos provenientes de transferências constitucionais, tais como salário-
educação, recursos para alimentação, para transporte escolar e transferência de recursos
monetários para as escolas12
. São também Recursos Vinculados os provenientes de
royalties do petróleo e de transferências voluntárias (convênios) firmados com a União,
com municípios e com o estado. Outros recursos podem vir a ser classificados como
vinculados como, por exemplo, uma indenização por utilização de áreas alagadas.
Quanto ao estágio de consecução, as despesas públicas, inclusive as relativas à
educação, podem se encontrar como: “Despesa Empenhada” - a originária de ato
emanado de autoridade competente, que cria, para o Estado, a obrigação de pagamento;
“Despesa Liquidada” - a originária da verificação do direito adquirido pelo credor,
tendo por base os títulos ou documentos comprobatórios da entrega do material ou da
prestação do serviço; “Despesa Paga” ou “Realizada”, que é a última fase da despesa e
consiste na quitação do bem adquirido ou serviço contratado (BRASIL, 2010, p. 75).
A pesquisa toma como referência as despesas pagas, por se constituírem como o
gasto efetivamente realizado no exercício. A despesa liquidada, embora ratifique o
direito adquirido pelo credor, pode ser postergada e comprometer o cumprimento do
percentual garantido constitucionalmente.
A administração pública, especialmente para fins contábeis, divide suas diversas
áreas de atuação em “Funções e Subfunções” (APÊNDICE I). Esta divisão é utilizada
pelo SIOPE para classificar e nomear as planilhas preenchidas pelos entes federados e
disponibilizadas para apreciação. Portanto, a compreensão desta forma de divisão é
importante para a compreensão da aplicação dos recursos.
Segundo definição dada pela Portaria nº 42/1999 do MPOG13
, por função,
entende-se o maior nível de agregação das diversas áreas de despesa que competem ao
setor público (art.1º,§1º). A subfunção representa uma partição da função, visando
agregar determinado subconjunto de despesa do setor público (art.1º,§3º). Informa,
ainda, a referida Portaria, que as subfunções poderão ser combinadas com funções
diferentes daquelas a que estejam vinculadas (art.1º,§4º).
12
PNAE – Programa Nacional de Alimentação do Escolar; PNATE – Programa Nacional de Apoio ao
Transporte Escolar; Programa Dinheiro Direto na Escola- PDDE. Disponíveis em www.fnde.gov.br. 13
Cf. Portaria nº 42, de 14/04/1999, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Disponível em:
http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/download/contabilidade/portaria42.pdf. Acesso em: janeiro 2014.
34
O SIOPE trata, exclusivamente, da Função 12 - Educação, dentro da qual
classifica grupos de subfunções como ‘Típicas” e como “Apoio administrativo”. As
subfunções típicas são as que traduzem a execução das atividades fins da função. O
grupo das subfunções “típicas da Educação” (BRASIL 2010, p. 83) são as seguintes:
Quadro 1 : Subfunções típicas da Educação
Cód. Nome Conceito
61 Ensino
Fundamental
Conjunto de ações que visam proporcionar o ensino fundamental da 1ª à 9ª
série, a formação da criança e do pré-adolescente, independentemente da sua
aptidão física ou intelectual.
62 Ensino
Médio
Conjunto de ações que visam assegurar ao jovem a habilitação profissional de
nível médio, objetivando a formação de mão de obra qualificada e o acesso à
Educação Superior.
63 Ensino
Profissional
Conjunto de ações que visam proporcionar a educação de adolescentes e
adultos que: a) não cursavam a escola; b) não concluíram seus estudos na
idade própria; c) pretendem completar, aperfeiçoar ou atualizar seus
conhecimentos; d) necessitam de formação metódica no trabalho e/ou preparo
profissional.
64 Ensino
Superior
Conjunto de ações que visam proporcionar habilitação e aperfeiçoamento de
nível universitário, objetivando a preparação de profissionais de alto nível e a
promoção de pesquisa nos domínios das ciências, das letras e das artes.
65 Educação
Infantil
Conjunto de ações que visam proporcionar educação à criança desde o seu
nascimento até a idade da obrigatoriedade escolar.
66 EJA Conjunto de ações que visam proporcionar educação de jovens e adultos.
67 Educação
Especial
Conjunto de ações desenvolvidas que visam ao atendimento educacional
especializado para crianças com dificuldades de aprendizagem, decorrentes de
fatores físicos, ambientais e psicológicos.
Fonte: BRASIL, 2010, Manual de Orientação do SIOPE, p. 83.
Há o grupo das subfunções de apoio administrativo que, embora sejam típicas da
Função 4 - Administração, são comuns às demais funções da administração pública,
inclusive à educação, para a qual concorrem, indiretamente, no tocante à execução das
funções que lhes são típicas.
As despesas registradas nas subfunções de “Apoio Administrativo”,
consideradas como de MDE, são exclusivamente “[...] aquelas referentes aos
investimentos efetuados pelas secretarias de educação, isto é, aquelas que visam à
manutenção dos sistemas públicos de ensino” (BRASIL 2010, p. 85). Tais subfunções
são disponibilizadas pelo SIOPE, para preenchimento por parte do ente federativo. Para
cada função típica da educação, o SIOPE disponibiliza uma lista de planilhas das
subfunções de apoio administrativo, segundo suas respectivas denominações:
Planejamento e Orçamento, Administração Geral, Administração Financeira,
Normatização e Fiscalização, Tecnologia da Informação, Formação de Recursos
Humanos e Comunicação Social.
35
O conceito de cada uma das subfunções de Apoio Administrativo está
explicitado no quadro abaixo.
Quadro 2: Subfunções de Apoio Administrativo
Cód. Nome Conceito
21 Planejamento
e Orçamento
Compreende as ações relacionadas com a elaboração, aprovação e
implementação de planos e programas de governo, de caráter socioeconômico,
orçamentário ou administrativo e a avaliação de desempenho destes planos e
programas.
22 Administração
Geral
Conjunto de ações desenvolvidas visando à adesão dos recursos humanos,
materiais, financeiros, técnicos e institucionais, com vista aos objetivos
nacionais do processo decisório.
23 Administração
Financeira
Conjunto de ações desenvolvidas visando à captação, orientação e controle de
recursos financeiros.
25 Normatização
e Fiscalização
Conjunto de ações desenvolvidas no sentido da formulação e aplicação de
normas, fiscalização e controle das atividades empresariais.
26 Tecnologia da
Informação
Conjunto de ações que visam à implantação, ampliação, melhoramento,
manutenção de centros ou unidades de processamento de dados (sistemas de
informação).
28
Formação de
Recursos
Humanos
Compreende as ações necessárias ao aprimoramento, técnico, funcional e
acadêmico dos empregados ou servidores dos diversos órgãos da
administração, bem como à preparação e seleção de candidatos a cargos
públicos, visando aumentar a eficiência e produtividade dos serviços
prestados.
31 Comunicação
Social
Registra o nível máximo de agregação das ações desenvolvidas para a
consecução dos objetivos de governo, no tocante à divulgação de fatos, atos e
obras governamentais, por qualquer meio de comunicação existente.
Fonte: Fonte: BRASIL, 2010, Manual de Orientação do SIOPE, p. 85.
Além das subfunções acima referenciadas, o SIOPE disponibiliza um elenco
mais amplo de subfunções, visando atender a demandas dos diversos entes federativos.
Afirma disponibilizar “[...] o maior número possível de subfunções que poderão ser
utilizadas na função educação” (BRASIL, 2010, p. 87). No entanto, mediante base
legal14
, o SIOPE classifica tais subfunções como aquelas cujas despesas são
consideradas no cálculo de MDE e aquelas em que as despesas não são consideradas no
cálculo.
As subfunções segundo a classificação baseada no conceito de MDE são
ilustradas e conceituadas em dois quadros.
O quadro 3, que segue, ilustra as subfunções cujas despesas são consideradas no
cálculo de MDE e a conceituação de cada subfunção.
14
Art. 70 e 71 da LDB – Lei nº 9.394, de 20/12/1996.
36
Quadro 3: Subfunções da educação cujas despesas são consideradas no
cálculo de MDE
Cód. Nome Conceito
31
Proteção e
Benefício ao
Trabalhador
Compreende ações relacionadas com a garantia de renda do trabalhador
em período de desemprego, ou de concessão de outros auxílios, e
benefícios complementares à renda auferida pelo trabalho, inclusive os de
natureza assistencial ao trabalhador e suas famílias, proporcionando
assistência financeira em situação de desemprego involuntário e
subsidiando alimentação e transporte para empregado.
22 Telecomunicações
(EAD)
Compreende o conjunto de ações desenvolvidas no sentido de
implantação, operação e manutenção de redes telefônicas, de telegrafia e
de outras modalidades de telecomunicações.
82
Transp. Esco-
lar (financiado
c/ recursos
próprios)
Compreende ações que objetivam proporcionar à população escolar meio
de transporte para frequência às aulas e outras atividades curriculares.
41 Refinanciamen-to
da Dívida Interna
Compreende ações relativas à emissão de títulos para pagamento do
principal, acrescido da atualização monetária, referentes aos serviços da
dívida interna.
42
Refinanciamen-
to da Dívida
Externa
Compreende ações relativas à emissão de títulos para pagamento do
principal, acrescido da atualização monetária, referentes aos serviços da
dívida externa.
43
Serviço da Dívida
Interna
Compreende ações relativas ao atendimento de compromissos de
amortização, juros e comissões, decorrentes de empréstimos e
financiamento feitos diretamente com a rede interna de estabelecimentos
bancários ou de financiamento, assim como o resgate relativo à
colocação interna de títulos do governo.
44 Serviço da Dívida
Externa
Compreende ações relativas ao atendimento de compromissos de
amortização, juros e comissões, decorrentes de empréstimos e
financiamento feitos por estabelecimentos externos, seja direta ou
indiretamente, em qualquer tipo de moeda, assim como o resgate de
títulos do governo colocados no exterior.
46 Outros Encargos
Especiais
Corresponde a outros tipos de ações não classificáveis nos itens
anteriores.
Fonte: BRASIL 2010, Manual de Orientação do SIOPE, p. 86.
As subfunções elencadas no quadro que segue são disponibilizadas pelo SIOPE
com vistas ao atendimento de demandas de alguns entes federados que efetuam, no
Balanço Anual, lançamentos de despesas referentes a tais subfunções como sendo da
Secretaria de Educação. Explica o Manual do SIOPE que, sendo o Balanço Anual a
fonte de informações do SIOPE, o Sistema “[...] para evitar falta de uniformidade entre
a fonte de informações e o sistema, decidiu-se por incluir estas subfunções” (BRASIL
2010, p. 87). Porém, as despesas registradas nestas subfunções não são consideradas no
cálculo de MDE. O conjunto das subfunções não consideradas no cálculo de MDE, bem
como a conceituação destas subfunções, encontra-se no quadro abaixo.
37
Quadro 4: Demais subfunções não consideradas no cálculo de MDE
Cód. Nome Conceito
061
Ação
Judiciária
Compreende as ações desenvolvidas com vistas à defesa do Estado, da ordem
econômica e social, dos costumes, dos bens, da família, da pessoa, através do
processo judiciário e com base nas fontes do Direito.
181
Policiamento
Compreende as ações desenvolvidas pelas polícias civis e militares para
preservar a ordem política.
243
Assistência à
criança e ao
adolescente
Compreende as ações desenvolvidas no sentido de amparar e proteger a
criança e o adolescente, propiciando o atendimento de suas necessidades
básicas, o desenvolvimento da personalidade e a integração na comunidade.
271
Previdência
Básica
Compreende as ações destinadas ao pagamento de benefícios previdenciários
aos segurados e seus dependentes/beneficiários (excetuando-se os servidores
públicos regidos por regime estatutário) até o teto máximo admitido pela
legislação vigente.
272
Previdência
do Regime
Estatutário
Compreende as ações voltadas para o pagamento de benefícios previdenciários
aos servidores públicos regidos pelo Estatuto do Servidor Público, seus
dependentes e/ou beneficiários. Inclui as contribuições de órgãos
governamentais a instituições previdenciárias da própria esfera de governo, na
qualidade de empregadores.
273 Previdência
Complementar
Compreende as ações de normalização e fiscalização dos planos de benefícios
complementares à previdência oficial, incluindo as contribuições de órgãos
governamentais a estes planos, na qualidade de empregadores.
274 Previdência
Especial
Compreende as ações destinadas ao pagamento de benefícios previdenciários
aos segurados de regimes especiais de previdência e a seus
dependentes/beneficiários.
306
Alimentação e
Nutrição –Me-
renda Escolar
Compreende as ações que visam promover melhoria de padrão alimentar das
crianças da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, de baixa renda e em
idade escolar, por meio da distribuição de alimentos.
392 Difusão
Cultural
Compreende as ações que têm por objetivo difundir a cultura em geral a todas
as camadas da população, pelo cultivo e desenvolvimento das artes e da
literatura.
422
Direitos Indi-
viduais, Cole-
tivos e Difusos
Compreende as ações destinadas a garantir os direitos individuais, coletivos e
difusos, que pertencem a todos e a todas as gerações, bem como os coletivos
relacionados a um determinado grupo de pessoas.
812 Desporto
Comunitário
Compreende as ações que visam o desenvolvimento das aptidões físicas dos
indivíduos e da implantação e manutenção de infraestrutura destinada à prática
de desportos comunitários.
813 Lazer Compreende as ações que visam o desenvolvimento das atividades pertinentes
aos esportes praticados por amadores. Inclui o desporto estudantil.
Fonte: Fonte:BRASIL 2010, Manual de Orientação do SIOPE, p. 86.
Com base no SIOPE, como fonte de dados financeiros, o procedimento
metodológico teve início com o levantamento geral de todas as planilhas
disponibilizadas. O segundo passo foi registrar, em quadro específico, a existência ou
não das planilhas e quais, dentre as existentes, apresentavam valores. O registro deste
segundo passo foi realizado segundo as seguintes convenções adotadas pela pesquisa:
- Não Consta Planilha (NCP), no caso em que a planilha não foi disponibilizada
pelo Sistema.
- Sem Registro de Valores (SRV), nos casos em que há a planilha, mas sem
qualquer valor registrado.
38
O registro foi elaborado desta forma porque, dentro de determinados anos
analisados, algumas planilhas não foram disponibilizadas, já em outros anos eram
disponibilizadas, porém sem valores registrados.
A seleção das planilhas constitutivas da fonte de dados da pesquisa seguiu o
critério dos valores. Assim, todas as planilhas que apresentam valores referentes a
despesas pagas foram impressas e encadernadas segundo a classificação das fontes que
as custearam, as quais se constituem como as unidades temáticas de catalogação,
constitutivas do corpus da pesquisa. Segundo o estágio das despesas registradas, a
pesquisa considerou as despesas pagas, por serem estas as que apresentam os gastos
efetivamente realizados com a educação.
Como resultado desta etapa da pesquisa, foram elaborados Demonstrativos
Sintéticos, que apresentam o conjunto das planilhas e as respectivas informações sobre
se as planilhas constam, se constam mas estão sem valores registrados e as que constam
e registram valores. A partir das planilhas que apresentam valores nos Demonstrativos
Sintéticos, foram elaborados os Demonstrativos Analíticos. Para fins da pesquisa, foi
elaborado e adicionado, ao corpo do presente texto, o quadro (APÊNDICE II) que
relaciona apenas as contas que registram valores relativos a despesas pagas, informadas
nas planilhas disponibilizadas pelo SIOPE. Estas contas destacadas, no total de 39, são
relacionadas nas tabelas analíticas, nos mesmos moldes em que estão relacionadas no
Manual do SIOPE. Desta forma, nas tabelas analíticas, a primeira coluna apresenta o
número de ordem, que é o mesmo número de ordem em que o código é registrado na
lista de despesas do Manual do SIOPE. A segunda coluna traz o código, ou seja o
número da conta na qual a despesa foi debitada. A terceira coluna é a descrição do
código, transcrita do Manual do SIOPE. Depois, seguem os anos referentes ao período
recortado pela pesquisa, nos quais foram transcritos os valores que estão registrados nas
planilhas do SIOPE. Assim, as tabelas analíticas, constitutivas do corpo deste trabalho,
mostram em que tipo de despesa, especificamente, foram aplicados os recursos oriundos
das diversas fontes e possibilitam a visão geral dos gastos com o Ensino Médio.
Os valores registrados nas tabelas, pela pesquisa, oriundos das planilhas do
SIOPE, estão corrigidos pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo – IPCA
(APÊNDICE III). Para elaborar esta correção, a literatura da área do financiamento da
educação tem sido de grande contribuição e ensina Amaral (2012, p. 219) que, para
transformar um valor anual de um ano para outro, a fórmula é:
39
VMC = VMA x (Média anual do IPCA do ano para o qual deseja a correção /Média anual do IPCA
do ano a ser corrigido).
VMC = Valor Monetário Corrigido - VMA = Valor Monetário Antigo
Esta fórmula aplica-se ao caso em que o ano para o qual se requer a atualização
esteja concluído. Para anos inconclusos, Amaral também apresenta uma fórmula (idem,
p. 219). Para fins da pesquisa, foi considerado o ano já findo de 2013 como o ano
desejado para a correção pelo IPCA dos valores referentes aos exercícios findos,
compreendidos no período de 2005 a 2013.
Após a correção dos valores pelo IPCA, foram feitas as análises dos
Demonstrativos Sintéticos e Analíticos, alguns ilustrados por gráficos representativos
dos valores ali apresentados.
1.2 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
No período da análise, inúmeras e incansáveis buscas por explicações de
questões suscitadas pelos dados coletados foram realizadas, através de visitas à
Secretaria de Educação e da Fazenda. É importante registrar a imensa dificuldade em
obter informações e explicações a respeito dos valores apresentados nos demonstrativos.
Muitas buscas na Secretaria de Educação revelaram-se infrutíferas, tendo em vista a
dificuldade de agenda dos gerentes, bem como ao expediente de cancelamento de
entrevistas previamente agendadas com a pesquisadora. Quando acontecem, tais
entrevistas não começam na hora marcada, após longas esperas e atendimentos
próximos aos horários de encerramento do expediente. No decorrer da entrevista, muitas
questões da pesquisa não são respondidas, pois é usual a utilização do argumento de
que a informação requerida não é daquela alçada e que a pesquisadora deve se dirigir a
outra instância, a outro setor ou, mesmo, a outra secretaria.
As entrevistas com escalões hierarquicamente mais baixos não oferecem chances
de contribuição, na maioria das vezes por desconhecimento do assunto. É perceptível o
grande número de pessoas executando um trabalho sem saber sua finalidade e quem
efetivamente coordena aquele trabalho. São grupos representantes.
A ideia que esses grupos passam é a de um trabalho desconectado dos outros,
compartimentalizado, realizado como um fim em si mesmo. Além do desconhecimento,
as pessoas se mostram, também, temerosas para dar informações.
Mesmo o pedido de um documento já publicado no Diário Oficial é motivo para
40
inúmeras consultas sobre a possibilidade de fornecer ou não o solicitado. Vale registrar
que os dados financeiros concernentes ao sistema educacional não se encontram
disponíveis para consultas na Secretaria de Educação, conforme constatou in loco a
pesquisadora.
Ao contatar a gerente da Gerência Geral de Desenvolvimento de Pessoas e
Relações de Trabalho da Secretaria de Educação, solicitando informações necessárias
ao desenvolvimento da pesquisa, esta nos encaminhou para a SUPOF da SEE. Neste
setor, a pesquisadora tomou conhecimento de que as planilhas do SIOPE são elaboradas
na Secretaria da Fazenda e enviadas à Secretaria de Educação, que apenas copia os
dados.
Posteriormente, no contato com a Secretaria da Fazenda, ao indagar ao
responsável pelo SIOPE sobre uma discrepância constatada nos dados financeiros
relativos ao ano de 2013, a pesquisadora obteve a informação de que havia
inconsistência nos dados e que a mesma obteria informações complementares em outro
setor – a SAD.
Uma das vantagens da consulta via Portal da Transparência foi uma relativa
rapidez no acesso às pessoas indicadas para fornecer as respostas às questões levantadas
pela pesquisa; porém, como constatado nas idas incontáveis à Secretaria da Educação
não foram obtidas as respostas esperadas. A estratégia de solicitar ao pesquisador que
procure outros setores e pessoas gerou um ciclo já conhecido, sempre repetido pelos
sujeitos da pesquisa, detentores das informações sobre a execução financeira dos
recursos públicos da educação.
A literatura da área aponta a dificuldade, comum aos pesquisadores do
financiamento da educação, de lograr acesso às informações necessárias. Para dar uma
dimensão da dificuldade neste aspecto, um interessante artigo (OLIVEIRA, 2006)
transcreve o relato do Professor Melchior15
que, ao ser convidado pelo MEC para
realizar um trabalho propôs receber, como pagamento, a permissão para ter livre acesso
aos dados ali disponíveis sobre a execução financeira.
Quanto às perguntas sobre o modelo de gestão adotado pelo Estado, a SEPLAG
forneceu a maior parte das respostas sem delongas, sem utilizar o artifício da delegação
para outros setores evitando, assim, perda de tempo da pesquisadora.
15
José Carlos de Araújo Melchior (1938-2011), professor da Faculdade de Educação da USP, é um dos
pioneiros na área de pesquisa em financiamento da educação no país.
41
Vale registrar que a SEPLAG contribuiu com a pesquisa de várias formas. Uma
delas foi proporcionada pela participação da pesquisadora, na categoria de ouvinte, no
Seminário Internacional de Gestão Pública16
, promovido por este órgão.
Outra forma de contribuição da SEPLAG foi através do convite que nos foi feito
para o lançamento de um livro17
acompanhado por cinco cadernos de gestão, cujo
conteúdo discorre sobre o modelo de governança em curso, em Pernambuco, desde
2007.
Entretanto, no que refere às questões orçamentárias relacionadas à execução
financeira dos recursos vinculados ao objetivo estratégico da educação, a SEPLAG não
forneceu as informações necessárias à pesquisa, como por exemplo, o Mapa da
Estratégia do Objetivo Estratégico da Educação. A SEPLAG verbalizou, claramente,
que este Mapa não seria disponibilizado para análise nem para publicação. Desta forma,
a SEPLAG, ao não usar o artifício da delegação das respostas a outros setores, evitou
que perdêssemos tempo. Contudo, apresentou outro tipo de restrição para obtenção dos
dados da pesquisa, ao não permitir o acesso ao Mapa da Estratégia dos Objetivos
Estratégicos documento que, sem dúvida, contribuiria para uma melhor compreensão
do custeio do Ensino Médio e para um cotejamento entre os dados do Mapa e os dados
da execução financeira, apresentados pelo SIOPE.
Com base no MIG, a gestão estratégica foi formalmente instituída através de um
Mapa da Estratégia. Foi elaborado um Mapa da Estratégia correspondente ao período
governamental de 2007 a 2010 (ANEXO I) e um Mapa da Estratégia correspondente ao
período de 2011 a 2014 (ANEXO II). Para o primeiro Mapa, a SEPLAG definiu dez
Objetivos Estratégicos (quadros vermelhos do ANEXO I). Para o segundo Mapa,
16
Realizado no Mar Hotel, Recife em 19/02/2014. O Seminário teve como palestrantes os seguintes
nomes: Eduardo Campos – Governador de Pernambuco, com o tema Governança para Resultados; Ray
Shostak - Diretor-Geral de Gestão de Desempenho no Reino Unido, com o tema Improving Government
Delivery; Mariano Lafuente – Representante do Institutions for Development – IFD/BID, com o tema
Experiências Chilenas na Governança para Resultados; Roberto Delorenzi – Especialista em Previsão de
Violência, com o tema Vínculos: Prevenção social da Violência e da Criminalidade em Santa Fé /
Argentian; - Jefrey Little – Professor de curso de Pós-graduação em Administração/ EUA, com o tema A
Governança por Resultados no Serviço Público dos EUA e Aplicação Prática no Setor de Habitação e
Urbanismo; Humberto Falcão Martins – Consultor do Instituto Publix, com o tema Patologias do Serviço
Público e Javier Urra - Especialista em Modernização do Estado e Assessor do BID, com o tema A
Atuação do BID no Desenvolvimento da Gestão Pública – Incrementando a Capacidade Institucional dos
Estados. O evento finalizou com uma mesa redonda que teve como moderador Frederico Amâncio -
Secretário da SEPLAG. Como debatedores, a mesa contou com Mariano Lafuente do BID; Caio Marini –
consultor do Instituto Publix e professor da Fundação Dom Cabral e Geraldo Júlio – Prefeito da Cidade
do Recife. 17
A contribuição foi importante por se tratar de um livro que não está disponível nas livrarias comerciais,
intitulado “Todos por Pernambuco cm tempos de governança: conquistas e desafios”. Cf. Referências.
Bibliográficas.
42
definiu doze Objetivos Estratégicos (quadros azuis do ANEXO II). Após a “validação
do Mapa da Estratégia, a SEPLAG passou a trabalhar na construção dos Mapas da
Estratégia dos Objetivos Estratégicos” (MARINI e MARTIN 2014, p. 101).
A SEPLAG permitiu que víssemos o Mapa da Estratégia do Objetivo Estratégico
da Educação, desde que não o reproduzíssemos de nenhuma forma – copiando
manualmente, fotografando ou captando através de alguma mídia. O Mapa da Estratégia
do Objetivo Estratégico da Educação, assim como os demais mapas do gênero, tem a
estrutura de um quadro. No topo, encontra-se o Objetivo Estratégico da Educação.
Tomando como referência o segundo Mapa este objetivo é: “Pacto pela Educação –
Ofertar educação de qualidade para todos, com foco na qualificação profissional”.
Abaixo do objetivo, encontram-se quadros encimados pela expressão ‘Resultados
(Perspectivas)’. Abaixo das perspectivas, estão os ‘Produtos (Resultados)’ esperados.
No interior de cada quadro de Produtos, há uma série de quadros, onde estão registradas
as atividades (Metas Prioritárias). No quadro das Atividades, há um quadro menor, com
um número que representa a dotação orçamentária para a realização da atividade, de
acordo com o orçamento constante no E-Fisco. Este número é especialmente relevante
quando se refere à codificação da Meta Prioritária no E-Fisco.
O Mapa da Estratégia dos Objetivos Estratégicos seria um documento
importante para a pesquisa, por ser um instrumento de gestão estratégica, que
possibilita, a cada ano, durante sua revisão, que a arquitetura programática do PPA seja
integrada à estratégia do Governo. Esta revisão se dá, “junto à repactuação de metas,
quando algumas delas podem ser despriorizadas (sic) ou novas se tornarem relevantes, a
partir das demandas emergentes do contexto político, social e econômico do Estado e do
País” (PERNAMBUCO 2014, p. 23). O processo de revisão das metas também ocorre
ao longo do ano. A cada encerramento do ciclo de monitoramento dos objetivos
estratégicos, as metas prioritárias são atualizadas nos instrumentos formais de gestão.
Portanto, há um documento que permite a identificação de um suposto
alinhamento entre planejamento e orçamento e o alinhamento destas duas dimensões
com os instrumentos formais de planejamento – PPA, LOA e LDO, gerando uma
interdependência, ou seja, um documento que reflete a estratégia do Estado, porém não
acessível à pesquisa, ao controle social nem, tampouco, ao público em geral.
Em suma, o grande gargalo da pesquisa situa-se nos obstáculos com que o
pesquisador se depara para obter as informações sobre a execução financeira. A
despeito das dificuldades, a pesquisa reúne dados que possibilitam uma análise do
43
financiamento do Ensino Médio, no Estado de Pernambuco, não como um resultado
pronto e acabado ou como um fim em si mesmo, mas como esforço teórico passível de
ampliar o debate, suscitar novas questões e constituir-se como base sobre a qual seja
possível abrir novos caminhos de pesquisa e ampliar o leque da busca pela produção do
conhecimento na área.
44
CAPÍTULO II
ESTADO E POLÍTICA SOCIAL
A eleição das categorias teóricas da pesquisa - Estado, Política Social e
Financiamento da Educação - representa um esforço de conceituação que tem, como
ponto de partida, a reflexão sobre educação como política pública social, que transcende
um campo setorial e se projeta numa perspectiva mais ampla onde se aglutinam, de
modo complexo, questões relacionadas a direitos humanos, organização política da
sociedade, soluções sustentáveis, política econômica interna e externa, como grandes
eixos, entre outros.
A universidade se constitui como um espaço privilegiado do debate dessas
questões, sob os mais diferentes ângulos, atendendo à sua função social de produtora do
conhecimento. Neste debate social e acadêmico, a interlocução é com o Estado,
instância que afeta a vida social mediante a implementação da política pública,
considerando seu poder decisório, legitimado politicamente.
Em geral, as políticas públicas são teorizadas, elaboradas, implementadas e
avaliadas em contextos sociais complexos, uma vez que são marcados pela diversidade
de ideologias, de relações sociais, de correlações de forças políticas que lhes imprimem
determinadas formas de regulação, de financiamento e de práticas. A reflexão sobre o
conceito de políticas públicas como “o Estado em ação”, segundo definição de Jobert e
Muller (1987 apud AZEVEDO 1997, p. 60) requer um desdobramento orientado por
questões sobre que tipo de ação é encetada e por qual tipo de Estado, especialmente ao
afirmarem, estes autores, a existência da relação entre políticas públicas e o “referencial
normativo global”, isto é, o projeto de sociedade implantado num determinado período.
Sendo as políticas públicas uma das suas formas de ação, que se configura como
uma dinâmica processual simultaneamente multifacetada, multideterminada,
contraditória, relacional e conflituosa, com repercussões sensíveis sobre a vida de
sujeitos sociais concretos, o Estado se apresenta como categoria teórica complexa e
relevante, passível de alimentar reflexões epistemológicas referentes ao seu papel diante
dos diversos projetos de sociedade em disputa.
45
Ao discutir política pública como uma forma de “preservação ou de
redistribuição do quantum de poder social circula, alimenta e engendra as forças vivas
da sociedade”, Gomes (2011, p. 20) ressalta, dentre outros fatores, a importância da
configuração do Estado na compreensão da distribuição deste quantum de poder social.
Nessa perspectiva, conceituar o Estado é tarefa fundamental para a compreensão de uma
política pública de corte social.
2.1 ESTADO: breves reflexões
O ponto de partida para enfrentar o desafio de conceituar o Estado é identificá-lo
como um fenômeno contextualizado histórica, econômica, social e politicamente. O seu
estudo não prescinde da análise de épocas e circunstâncias em que está inserido, as
quais podem garantir sua permanência em determinado formato ou provocar
significativas mudanças que qualificam o Estado como socialista, capitalista, teocrático,
ditatorial, entre outras adjetivações. Isto porque ele não se constitui de forma
desenraizada, mas imbricado à atividade humana, com vistas à organização e
preservação da vida no coletivo social. Como uma atividade humana, o Estado é um
processo e não um sistema pronto e acabado, imutável e absoluto. Seria, então, um
reducionismo, tratá-lo de forma linear, superficial ou com determinismos, tais como
aqueles que afirmam que ele existe para promover o bem comum, ou que está a serviço
exclusivo de determinada classe social (POULANTZAS, 2000; PEREIRA, 2008;
GOMES, 2011).
Um recorte na ampla produção acadêmica que discute o Estado, no seio do
modo de produção capitalista, contribui para ampliar a compreensão e alimentar o
debate sobre a materialidade da sua intervenção como espaço “teórico-analítico próprio
das políticas públicas” (AZEVEDO, 1997, p. 5). Nesta perspectiva emerge, como
importante, a contribuição de Poulantzas (2000, p. 130), para quem o Estado deve ser
considerado como uma “relação, mais exatamente como a condensação material de uma
relação de forças entre classes e frações de classe, tal como ele expressa, de maneira
sempre específica, no seio do Estado”.
Nesta linha teórica, Pereira (2008, p. 144-145) situa o Estado como um processo
histórico e relacional. Histórico porque, na sua dinâmica, articula o passado, o presente
e o futuro. O passado nunca é completamente superado, porque está imbricado no
presente e se projeta no futuro. “Isto mostra que o Estado contemporâneo contém
46
muitos elementos do passado que se mantiveram durante anos, ou até séculos, e
convivem com novos elementos recém incorporados”.
Sua índole relacional é a sua impossibilidade de ser um fim em si mesmo e a sua
capacidade de se tornar
[...] um meio que interage com outros meios para atingir objetivos que
os ultrapassam. Por isso, ele não é auto-suficiente ou autônomo[...],
sua dinâmica e impulso não só decorrem de forças e pressões que lhes
são externas, mas de uma dinâmica interna que põe em confronto
interesses contrários (PEREIRA, 2008, p.145).
É neste sentido que o Estado tem autonomia relativa no espaço social ocupado
por sujeitos com interesses e objetivos opostos, que disputam diferentes projetos de
sociedade e, consequentemente, estão inseridos num jogo de oposições e influências
incessantes e recíprocas. O Estado é um espaço sociopolítico que comporta,
simultaneamente, antagonismos e reciprocidades, forças desiguais e contraditórias que
se confrontam e interajem. Assim, diz Pereira que
[...] apesar de ser dotado de poder coercitivo e estar
predominantemente a serviço das classes dominantes, pode também
realizar ações protetoras, visando às classes subalternas, desde que
pressionado para tanto, e no interesse de sua legitimação (idem, p.
146).
Por esta lente, o Estado encontra-se presente em todas as dimensões da vida de
todos os indivíduos, sem exceção, ao se envolver na dialética social eivada de demandas
conflitantes, as quais não devem ser tratadas com indiferença.
No entanto, embora o Estado não deva ser visto como possuidor de poder
absoluto, pois esta visão negaria as relações de força, presentes no tecido social, nele
condensadas, sua capacidade impositiva no tecido social é ilustrada por Carnoy (1988,
p. 9), ao afirmar que “[...] o Estado parece deter a chave para o desenvolvimento
econômico, para a segurança social, para a liberdade individual e, através da
sofisticação crescente das armas, para a própria vida e morte”.
Para Clauss Offe (1984), o Estado busca lidar com os problemas específicos da
sociedade capitalista, através de estratégias de conciliação e harmonização entre os
processos de socialização e os requerimentos, demandas e interesses que a economia
coloca para o mesmo. Estes processos implicam imperativos contraditórios, cujo
47
equilíbrio depende da ligação mútua de três subsistemas: o econômico, o político-
administrativo e o normativo (de legitimação).
O sistema político-administrativo está ligado ao sistema normativo por
expectativas, demandas e reivindicações com as quais é confrontado e para as quais ele
reage através dos aparelhos estatais de controle e oferecimento de serviços de bem-estar
social.
A ação estatal, com base na autonomia e capacidade do sistema político-
administrativo, depende da pressão das forças sociais, particularmente dos movimentos
organizados. O sistema político-administrativo busca genuína aceitação para as suas
estruturas, processos e resultados políticos, que se expressam pela lealdade das massas.
Ele assume, com o devido reconhecimento, a incumbência de regulador e orientador das
condições de vida e chances da população, cuja habilidade para tal regulação é
dependente da cultura, dos símbolos e das opiniões pessoais que é capaz de mobilizar.
O sistema político-administrativo busca manter o balanço positivo entre a regulação
essencial dos serviços e a taxação fiscal, elementos relacionados ao sistema econômico
e à demanda social popular, pela via do estado de bem-estar ou de políticas repressivas,
elementos relacionados ao sistema normativo e de legitimação (OFFE, 1984, p. 60).
Para anular disfunções econômicas e conflitos políticos, o sistema político-
administrativo adota uma separação interna para realizar, com êxito, um relativo
isolamento dos problemas apresentados pelo sistema normativo daqueles oriundos do
sistema econômico (OFFE, 1984, apud ALVES, 2002, p. 50).
A contribuição que a teorização de Offe traz é a da possibilidade de ampliar a
compreensão a respeito da disputa travada, no interior da sociedade, por projetos
políticos diferenciados. E, ainda, porque, nas condições em que apresenta a dimensão
econômica como um dos subsistemas de interligação, o Estado permanece dentro de
uma relação capitalista, caracterizada pela disputa de interesses e que tem, como
contraponto à dimensão econômica, a dimensão normativa como capaz de, se não
produzir o equilíbrio do sistema, pressioná-lo, à medida em que reivindica maior e
melhor apropriação dos bens produzidos socialmente. A despeito do papel do Estado
como articulador das três dimensões que lhes são constitutivas, o que sugere a
consideração de peculiaridades na sua análise, é preciso reconhecer algumas limitações
desta teorização, pois, ao conceber uma configuração comum a qualquer Estado
capitalista, baseada num sistema composto por subsistemas, Offe limita a análise do
Estado como um sistema mais amplo e complexo do que aquele concebido a partir de
48
três subsistemas. A teorização de Offe sofre, ainda, críticas relacionadas à ausência de
análise das funções ideológicas, que deixa o Estado capitalista dependendo de recursos
econômicos. Neste sentido, uma das críticas afirma que
a descrição de Offe sobre os mecanismos do Estado só pode ser útil e
relevante no seio de uma teoria que possa decodificar o Estado como
uma forma específica do poder de classe e analisar as ações
administradas pelo Estado, como movimentos dos desenvolvimentos
ideológicos e repressivos das relações de exploração (CARNOY 1988,
p. 194).
Necessário se faz ter em pauta que a composição do Estado não é uma
engrenagem mecânica, linear ou uma mera justaposição de sistemas. Sendo relacional e
histórico, é um fenômeno sociopolítico que se realiza como um processo interativo, que
condensa posições recíprocas e antagônicas num movimento de forças desiguais e
contraditórias, que expressa uma relação de caráter complexo, passível de produzir
mudanças na estrutura social. Considerar a realização do Estado como processo
interativo permite a sua análise em diversas perspectivas, como uma unidade de análise
específica, com características peculiares que lhe conferem identidade própria e como
uma unidade pertencente a um conjunto composto por outras unidades do gênero. O seu
caráter processual lhe confere movimento, o que o torna uma entidade política em ação
cuja execução ocorre, preponderantemente, através de políticas públicas (AZEVEDO
1997; PEREIRA, 2008).
A despeito de toda a complexa estrutura teórica produzida através dos séculos,
na ampla literatura que discute o Estado e da sua consolidação territorial, político-
administrativa e econômica, como Estado-nação, as transformações ocorridas a partir do
início do último quartel do século passado tentaram impor a crença no seu possível
desaparecimento. Tal crença, na esteira da política neoliberal que ora emergia, faz parte
de um conjunto de crenças que, segundo Amaral (2003), passaram a ser aceitas como
dogmas na América Latina, mas que são constitutivas dos chamados “mitos da
globalização”, dentre os quais o autor menciona um dos mais difundidos, qual seja,
aquele que afirma que
nas últimas duas ou três décadas, a globalização produziu um sistema
econômico fortemente integrado, de caráter supranacional, que tende
inexoravelmente a unificar o mercado mundial, a dissolver as
fronteiras nacionais e a reduzir a relevância dos mercados domésticos.
Em consequência da globalização e do predomínio das políticas
neoliberais, os Estados nacionais entraram em processo de inevitável
declínio e estão sendo compelidos a reduzir a sua presença na
economia (AMARAL, 2013, p. 49).
49
Este ‘sistema econômico fortemente integrado’ impõe-se através da política
neoliberal que, na sua essência, é uma das expressões mais legítimas de liberalismo
econômico. O neoliberalismo, política e ideologicamente, segundo Anderson (1995, p.
23) “[...] alcançou êxito num grau com o qual seus fundadores provavelmente jamais
sonharam, disseminando a simples ideia de que não há alternativas para os seus
princípios, que todos, confessando ou negando, têm de adaptar-se a suas normas”.
O neoliberalismo surgiu como apanágio de mais uma das crises do capitalismo,
impondo profundas transformações de ordem política e, principalmente, econômica, nos
mais diversos países. Estas transformações visam concretizar uma reformulação imposta
ao capitalismo, após outra reformulação que fora feita, nos anos de 1930, como caminho
alternativo a uma das crises do capital – a reformulação que deu origem ao Estado de
bem-estar social, criado na esteira do modelo econômico sugerido por Keynes18
.
O Estado de bem-estar social foi prevalecente nos Estados Unidos e na Europa,
sendo os países nórdicos deste continente os espaços onde esta concepção de Estado
viabilizou os melhores índices de qualidade de vida social. No entanto, algumas crises
econômicas, como a do petróleo, na década de 1970, e a migração de conglomerados
empresariais para países que lhes oferecessem melhores condições de aferição de lucros
provocaram crise fiscal em países europeus representativos do Estado de bem-estar, os
quais passaram a cortar os benefícios sociais, o que provocou profunda crise no
chamado Estado de bem-estar social.
Neste contexto mundial de profundas mudanças nos processos produtivos, na
reorganização da sociabilidade e nos padrões da gestão; enfim, de mudanças no
processo de acumulação capitalista que ensejaram o fenômeno conhecido como
globalização, o neoliberalismo emerge como doutrina que informa tais mudanças e
como solução inexorável para enfrentá-las.
18
Cf. Rosseti, 1988. John Maynardes Keynes, economista britânico, autor da teoria expressa no livro
“Teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, que propiciou a criação do Estado de bem-estar social, se
opunha à concepção liberal, por defender maior participação do Estado na economia, com o fim de
controlá-la e de conduzir a um sistema de pleno emprego. Esta teoria negou a política de livre mercado,
se contrapondo aos clássicos do liberalismo, por afirmar o ‘animal spirit’ dos empresários, o qual,
juntamente com a incapacidade do sistema capitalista de empregar todo o contingente desempregado,
produz profundo desequilíbrio social. Nesta perspectiva, cabe ao Estado o dever de conceder benefícios
sociais que garantam um padrão mínimo de vida à população, tais como salário mínimo, seguro
desemprego, redução da jornada de trabalho e assistência médica gratuita.
50
A Inglaterra, um dos países mais afetados pela crise, foi o berço do
ressurgimento de forma vigorosa da lógica liberal, a qual revestida das nuances que
visam adaptá-la ao momento histórico vigente, sugere uma nova roupagem como indica
o uso do prefixo ‘neo’, formando o termo ‘neoliberalismo’.
Sob esta lógica foram criadas políticas que se apresentavam como receitas
infalíveis para a economia mundial e se fundamentam no princípio que afirma a
capacidade do mercado de se auto-regular e de reger ações da economia, com a
interferência mínima do Estado.
O consenso sobre tais orientações foi articulado na reunião realizada em
Washington, em 1989, entre funcionários do governo norte-americano, dos organismos
financeiros internacionais – FMI e BID e especialistas em assuntos latino-americanos.
As conclusões desta reunião foram denominadas, informalmente, de “Consenso de
Washington”. As discussões se desenvolveram em torno das seguintes áreas:
1.disciplina fiscal; 2.priorização dos gastos públicos; 3.reforma
tributária; 4. liberalização financeira; 5.regime cambial; 6.liberalização
comercial; 7.investimento direto estrangeiro; 8.privatização;
9.desregulação; e 10.propriedade intelectual. A disciplina fiscal deveria
dar-se pela “redução dos gastos públicos”, a “liberalização comercial”
se promoveria pela “redução das tarifas de importação e eliminação
das barreiras não-tarifárias”, a liberalização financeira ocorreria por
meio de “reformulação das normas que restringem o ingresso de
capital estrangeiro”, a desregulação dos mercados acontecia com a
“eliminação dos instrumentos de intervenção do Estado, como controle
de juros, incentivos etc.”, tendo de ocorrer também uma completa
“privatização das empresas e dos serviços públicos”. Esse conjunto de
prescrições transformou-se num novo senso comum, quase
ensurdecedor, que ficou conhecido como pensamento único. Deveriam,
por conseguinte, prevalecer algumas palavras de ordem: menos
estados, fim das fronteiras, desregulação dos mercados, moedas fortes,
privatizações, equilíbrio fiscal, competitividade global etc. (AMARAL
2003, p. 47).
Além das áreas mencionadas, outras foram contempladas nas discussões do
Consenso de Washington19
. No entanto, nesta reunião (AMARAL, 2003), não foram
tratados assuntos como educação, saúde, distribuição de renda e eliminação da pobreza.
19
Cf. Amaral, p. 49. Colaboram para propiciar um ambiente adequado à implementação das ideias
contidas no Consenso de Washington: o desenvolvimento da informática e a introdução da automação em
diversos setores da produção; o aumento da crise dos regimes implantados nos países do Leste europeu e
o seu recrudescimento com a queda do muro de Berlim, em 1989; a insustentabilidade dos regimes
ditatoriais na América Latina e a onda de eleições para a escolha de presidentes e de novos parlamentos, a
supremacia militar norte-americana, expressa por uma maciça propaganda mundial em torno do projeto
Guerra nas Estrelas; o desenvolvimento dos países asiáticos, em especial o Japão, colocando em risco a
51
Embora o neoliberalismo esteja fundamentado num conjunto de princípios tidos
como consensuais, que vêm sendo operacionalizados nos diversos países do mundo, ele
não tem sido implementado com base numa fórmula única.
Na América Latina, a porta de entrada do neoliberalismo foi o Chile, na época
governado por uma ditadura militar, que entregou o comando da área econômica do
governo a economistas formados pelo Departamento de Economia da Universidade de
Chicago (AMARAL, 2003).
No Brasil, o neoliberalismo demorou mais a ser implementado, em relação aos
demais países da América Latina. O governo Collor abriu a porta brasileira ao
neoliberalismo, mas foi no governo FHC que a sua implantação ocorreu de forma
acelerada. Diferentemente do Chile, porém, no Brasil o neoliberalismo encontrou mais
obstáculos para se consolidar, pois sofreu resistência por parte do pensamento crítico
brasileiro, especialmente dos diversos segmentos representativos dos educadores,
favorecidos pela liberdade de pensamento e expressão ensejada pelo processo de
abertura democrática, em curso no País. A despeito da resistência, as orientações
neoliberais foram postas em prática, especialmente no governo FHC, o que tornou mais
visível tanto a realização, quanto possível, da concepção neoliberal de Estado,
apresentando, contudo, diferenças em relação a outros Estados neoliberais, tanto da
América Latina como de outros continentes.
Estas diferenças têm perdurado e extrapolam os limites temporais dos sucessivos
governos, produzindo nexos políticos, históricos, sociais, culturais e econômicos típicos
da identidade de determinada nação.
No caso particular do Brasil, se era relativamente fácil afirmar a concepção
neoliberal de Estado nos anos de 1990, os contornos sobre tal concepção se tornam mais
difíceis de definição a partir dos anos 2000. Na contramão do neoliberalismo clássico
imposto ao mundo e implementado no governo de FHC, os governos Lula da Silva e
Dilma Rousseff lançaram mão de alguns elementos importantes que os diferenciam e
que sugerem uma análise mais acurada da concepção de Estado que os norteiam. Dentre
estes elementos, Boito (2012, p. 5) menciona:
hegemonia econômica dos EUA e a crescente presença dos organismos multilaterais, como o Banco
Mundial, o FMI e a Organização Mundial do Comércio (OMC), por ocasião de crises financeiras de
países endividados, entre eles, o Brasil, apresentando suas orientações e traçando caminhos a serem
implementados.
52
a política de recuperação do salário mínimo e de transferência de
renda que aumentaram o poder aquisitivo das camadas mais pobres,
isto é, daqueles que apresentam maior propensão ao consumo; b) forte
elevação da dotação orçamentária do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (BNDES) para financiamento das
grandes empresas nacionais a uma taxa de juro favorecida ou
subsidiada; c) política externa de apoio às grandes empresas
brasileiras ou instaladas no Brasil para exportação de mercadorias e de
capitais; d) política econômica anticíclica – medidas para manter a
demanda agregada nos momentos de crise econômica e e) incremento
do investimento estatal em infraestrutura.
A este programa de política econômica e social, Boito (2012) classifica de
“neodesenvolvimentismo”. Por esta ótica, no contexto do neodesenvolvimentismo, o
Estado “busca o crescimento econômico do capitalismo brasileiro com alguma
transferência de renda, embora o faça sem romper com os limites dados pelo modelo
econômico neoliberal ainda vigente no país” (ibidem). O autor utiliza este termo
considerando que, tanto no período populista e desenvolvimentista quanto hoje,
constata-se a existência de uma frente política ampla, policlassista e, de certo modo,
instável, como base de sustentação da política de desenvolvimento. E, embora o
populismo e o nacionalismo não tenham a importância que tiveram no passado, eles
também estão presentes na frente política que se formou no século XXI. Como
características importantes desta frente política, o autor enumera as seguintes:
a) essa frente é dirigida pela grande burguesia interna brasileira ; b) tal
frente envolve classes trabalhadoras que se encontram excluídas do
bloco no poder – baixa classe média, operariado, campesinato e
trabalhadores da massa marginal; c) a frente entretém uma relação de
tipo populista com essa massa marginal; d) a frente se constituiu no
principal recurso político do qual se valeu a grande burguesia interna
para ascender politicamente no interior do bloco no poder e e) ela
enfrenta, no processo político nacional, aquilo que pode se denominar
o campo neoliberal ortodoxo, campo esse que representa o grande
capital financeiro internacional, a fração burguesa brasileira
perfeitamente integrada e subordinada a esse capital, setores dos
grandes proprietários de terra e a alta classe média, principalmente
aquela alocada no setor privado mas, também, no setor público.
Estamos falando, então, das relações de frações da classe dominante,
presentes no bloco no poder, com as classes trabalhadoras, situadas
fora desse bloco e, especialmente, das vantagens políticas que a
grande burguesia interna brasileira adquiriu pelo fato de ter logrado
estabelecer, por intermédio da ação dos governos Lula da Silva e
Dilma Rousseff, uma aproximação com amplos setores populares
(BOITO JR., 2012, p. 4).
53
O Estado brasileiro, portanto, embora apresente diferenças refletidas em
pequenas conquistas das classes populares, continua sendo um Estado neoliberal. O
autor afirma que “[...] o neodesenvolvimentismo é o desenvolvimentismo da época do
capitalismo neoliberal” e que a adoção do termo requer a explanação de diferenças entre
o período atual e o período imediato pós 1930, da seguinte forma:
O neodesenvolvimentismo: a) apresenta um crescimento econômico
que, embora seja muito maior do que aquele verificado na década de
1990, é bem mais modesto que aquele propiciado pelo velho
desenvolvimentismo; b) confere importância menor ao mercado
interno, posto que mantém a abertura comercial herdada de Collor e
de FHC; c) atribui importância menor à política de desenvolvimento
do parque industrial local; d) aceita os constrangimentos da divisão
internacional do trabalho, promovendo, em condições históricas
novas, uma reativação da função primário-exportadora do capitalismo
brasileiro; e) tem menor capacidade distributiva da renda e f) o novo
desenvolvimentismo é dirigido por uma fração burguesa que perdeu
toda veleidade de agir como força social nacionalista e anti-
imperialista. Todas essas seis características, que se encontram
estreitamente vinculadas umas às outras, fazem do
neodesenvolvimentismo um programa muito menos ambicioso que o
seu predecessor e tais características advêm do fato de o
neodesenvolvimentismo ser a política de desenvolvimento possível
dentro dos limites dados pelo modelo capitalista neoliberal (BOITO
JR., 2012, p. 3-4).
Uma observação superficial consideraria que as conquistas encetadas pelas
políticas sociais configurariam um estado de outro tipo. Seria ingenuidade supor que a
frente conservadora, aguerrida à bandeira neoliberal, esteja imobilizada pela suposta
satisfação com os avanços já obtidos, ou que não tenha força para avançar ainda mais
nas mudanças neoliberais. Afinal, como diz Anderson (1995, p. 22), o neoliberalismo é:
[...] um escopo de doutrina coerente, autoconsciente, militante,
lucidamente decidido a transformar todo o mundo à sua imagem, em
sua ambição estrutural e sua extensão internacional. Eis aí algo muito
mais parecido ao movimento comunista de ontem do que ao
liberalismo eclético e distendido do século passado [...]. Este é um
movimento ainda inacabado.
Desta forma, verifica-se que, quer seja no seio do “neodesenvolvimentismo” ou
de qualquer outra conceituação política possível do momento histórico-político atual, o
estado neoliberal está presente propiciando, no seio da própria política social, a reedição
de mecanismos básicos de funcionamento da economia capitalista.
54
A afirmação de que o Estado continua neoliberal fundamenta-se, também, no
apoio que esta política recebe das classes dominantes, as principais ganhadoras e
interessadas no fortalecimento econômico e político de sua própria base de sustentação.
Embora haja desigualdade nos ganhos advindos da política neoliberal entre as diversas
frações da classe dominante, não se verifica a existência de nenhuma plataforma
consistente de oposição a esta política, advinda de qualquer das diversas instituições
representativas desta classe. Ademais, a despeito dos conflitos existentes entre as
frações da classe dominante, esta classe mostra-se hegemônica, quando está em jogo o
interesse capitalista, no interior da clássica e tensa relação entre o capital e o trabalho,
somando todas as forças em função da desregulamentação da força de trabalho.
Sobre os ganhos desiguais que as frações da classe dominante angariam e,
consequentemente, sobre o nível de interesse e participação destas frações na política
neoliberal, Boito Jr. (1999, p. 51) elabora uma metáfora baseada numa série de três
círculos concêntricos:
a) círculo externo e maior representando a política de
desregulamentação do mercado de trabalho e supressão dos direitos
sociais; b) o círculo intermediário representando a política de
privatização e c) o círculo menor e central da figura representando a
abertura comercial e a desregulamentação financeira. Os interesses
dos trabalhadores ficam do lado de fora dessa figura de três círculos,
já que tais interesses não são contemplados pelo neoliberalismo.
Todos os três círculos abarcam interesses imperialistas20
e burgueses,
e cada um deles abarca, sucessivamente do círculo maior ao menor,
interesses de fração cada vez mais restritos.
Explicando a metáfora, diz o autor que o primeiro círculo, externo e maior,
abarca os interesses do imperialismo e de toda a burguesia. É o círculo da
desregulamentação do mercado de trabalho, da redução de salários e da redução de
gastos e direitos sociais. Por esta ótica, todas as empresas grandes, médias e pequenas
tiram proveito da redução dos custos salariais e dos direitos sociais. Uma das formas de
realizar esta redução ocorre pela via da precarização do trabalho, mediante o processo
de terceirização, que permite ‘legalmente’ a exploração sem freios dos trabalhadores.
As empresas estrangeiras que produzem no Brasil têm interesse na redução dos
custos salariais. O capital financeiro tem interesse na contenção dos gastos sociais do
20
Cf. Boito (2012) assim denomina o grande capital estrangeiro.
55
Estado brasileiro, com o fim de garantir sua remuneração, que se dá pelo pagamento dos
serviços da dívida externa21
.
O segundo círculo favorece o capital estrangeiro e uma fração da burguesia
brasileira, o capital monopolista, e marginaliza o pequeno e médio capital. As
privatizações das empresas públicas têm ampliado o patrimônio das grandes empresas
do setor bancário, industrial e da construção civil, que as arremataram a preço vil e
pagaram, em grande parte, com empréstimos favorecidos pelo BNDES e com as
chamadas ‘moedas podres’22
, estas aceitas pelo seu valor de face, muito superior ao
valor de mercado. Corrobora com esta afirmação a análise de Bacelar (2003), quando
conclui que as privatizações serviram à financeirização das riquezas. Lembra a autora
que o argumento do governo consistia no fato de que as privatizações resultariam em
receita patrimonial e redução da dívida; no entanto, as contas do governo que informam
o seu endividamento mostram que ele fez exatamente o contrário:
Vendeu as estatais e de tudo que já vendeu obteve apenas algo em
torno de 9 bilhões de dólares. Só conseguiu de receita patrimonial
vinte por cento. Oitenta por cento foram moeda podre [...]. A dívida
cresceu. A trajetória da dívida mobiliária é de 55 bilhões de dólares
com Sarney, 12 bilhões com o calote de Zélia, 36 bilhões com
Marcílio. Quando Fernando Henrique assume o Ministério da
Fazenda, a dívida é de 40 bilhões de dólares, alcançando, já em
setembro, 98 bilhões. Somente FHC, como ministro, aumentou em
150% o valor da dívida mobiliária do governo. Ou seja, estamos mais
endividados e sem o patrimônio que foi privatizado com moeda podre.
Em vez de diminuir a dívida, o governo aumentou as taxas de juros
para atrair reservas (dólares) e emitiu muitos títulos da dívida pública.
Cresceu o endividamento e cresceu o déficit público. Logo, o governo
21
Ilustrativo desta disputa é o PL 36/1914, elaborado pelo Executivo Federal, após Exposição de Motivos
nº 00206/2014/ MP, apresentado pela Ministra Miriam Aparecida Belchior, e encaminhado ao Congresso
Nacional para apreciação e votação. O PL permite ao Executivo descontar do resultado primário todo o
valor gasto no ano com obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com as desonerações
tributárias, ou seja, as perdas de receita geradas por incentivos fiscais concedidos no último ano. Isto
significa um valor que pode chegar próximo a R$ 67 bilhões. Desta forma, o governo não descumprirá a
meta fiscal de 2014, definida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO, nº 12.919/1914). O capital
financeiro perde recursos que seriam creditados através do pagamento da dívida pública. A oposição ao
PL, manifestada maciçamente pelos deputados e senadores dos partidos PSDB, DEM e PPS, é
elucidativa do posicionamento favorável destes partidos ao capital internacional. 22
Cf. Glossário Financeiro do IGF. São títulos de dívida que são negociados no mercado com deságio,
devido à dúvida sobre a capacidade do emissor de efetuar o pagamento no vencimento. Denominação
dada a títulos da dívida pública ou de estatais, que não têm liquidez (facilidade de negociação), por não
terem sido pagos no vencimento. São aceitos pelo seu valor nominal nos processos de privatização. Estes
títulos são negociados no mercado com grande desconto (deságio), em relação ao seu valor nominal (de
face). Ou seja: o valor de mercado é bem inferior ao valor nominal. O tamanho do deságio depende do
emissor (muitas vezes estatais que não existem mais), do vencimento do título e de outras características
que se tornaram populares nos processos de privatização, ao serem aceitas como forma de pagamento
pelo seu valor nominal.
Disponível em: http://www.igf.com.br/aprende/glossario/glo_Resp.aspx?id=1998.Acesso em: 31/10/2014
56
não resolveu seu desequilíbrio financeiro, mas se exauriu nestas duas
contas: o serviço da dívida externa e o serviço da dívida interna. Essa
é uma das discussões mais atuais. Porque carecemos de políticas
públicas e porque o governo, de fato, não teve meios para patrociná-
las (BACELAR 2003, p. 24).
O terceiro círculo é mais exclusivista ainda, pois divide o próprio grande capital
e representa a política de abertura comercial e de desregulamentação financeira. Apenas
o setor bancário do capital monopolista e o capital imperialista têm seus interesses
plenamente contemplados por este círculo restrito, ou seja, os investimentos financeiros
estrangeiros e os grandes bancos nacionais. A grande burguesia industrial interna perde,
com esta política.
No jogo de ganha e perde, o aguçamento dos conflitos entre as frações burguesas
repercutem na cena política, não como oposição ao neoliberalismo, mas como
rearranjos sociais para ocupação em novas bases de relações de poder. Esta metáfora
tenta mostrar que a política de desnacionalização atende aos interesses do capital
estrangeiro e enfraquece os setores burgueses internos. A burocracia que controlava as
grandes empresas estatais, denominada por Boito Jr. (1999) de “a burguesia nacional de
Estado”, foi reduzida com o processo de privatização. Verifica-se que o avanço do
neoliberalismo altera a situação das diferentes frações da burguesia. A reflexão sobre
esta afirmação conduz a uma importante questão sobre a ausência de oposição firme e
consistente ao neoliberalismo, pelas frações perdedoras. Uma possível explicação, que
não esgota todas as possibilidades, mas pode elucidar em parte esta inércia, está na
forma de cooptação realizada, durante os processos de privatização, através da oferta e
venda de lotes de ações aos funcionários da empresa em processo de privatização. As
normas brasileiras regulamentaram a permissão para que os funcionários revendessem
as ações adquiridas para os diretores das empresas privatizadas e para investidores a
eles ligados. Esta permissão concorreu para que os diretores das estatais se tornassem
proprietários privados, mesmo que minoritários, das empresas levadas a leilão. A este
processo, Boito Jr. (1999, p. 57) chama de “conversão da burguesia de Estado em
burguesia privada”.
Em contrapartida, no interior da política neoliberal, um setor tem aumentado seu
poderio econômico e fortalecido sua organização política, o segmento ao qual Boito Jr.
(1999) também atribui uma denominação - “Nova burguesia de serviços”, composta por
indivíduos, instituições ou grupos proprietários de escolas, universidades, hospitais e
57
empresas de convênio médico. Este segmento ocupa posição privilegiada, pois todas as
frações de classe interessadas na redução dos gastos sociais do Estado convergem na
defesa, mesmo de forma indireta, dos interesses da nova burguesia de serviços. De
forma muito clara, Boito Jr. (1999, p. 71) explicita que
a asfixia da educação, da saúde e da previdência públicas é o maior
estímulo para o crescimento do mercado no qual atua essa nova
burguesia. Além disso, o neoliberalismo está permitindo, não apenas a
consolidação econômica dessa fração de classe, como também sua
legitimação social. A apologia do mercado estigmatiza os serviços
públicos e legitima a mercantilização da saúde, da educação e da
velhice.
Papel fundamental, neste contexto, tem a mídia que, na sua grande parte, apoia o
neoliberalismo e lhe presta um grande serviço ao endeusar os serviços privados em
detrimento da degradação dos serviços públicos, atuando de forma falaciosa e
instrumental, principalmente por não explicar, ao grande público, todas as variáveis que
interferem e, por vezes, aguçam esta degradação. Utilizando mais uma das suas
metáforas, afirma Boito Jr. (1999, p. 72) que “[...] o imperialismo e o grande capital são
os animais predadores” - satisfazem suas necessidades graças à sua própria força, [...]
enquanto a nova burguesia de serviços é o carniceiro, o animal que vive das sobras da
guerra que o neoliberalismo trava contra os trabalhadores”.
Quanto às frações das classes trabalhadoras e seus órgãos representativos,
geralmente posicionados politicamente à esquerda, alguns acreditaram na possibilidade
de conciliação com o modelo neoliberal. Ilustrativa desta afirmação foi a participação
da Força Sindical (BOITO JR., 1999), juntamente com a direção da CSN, em processo
de privatização, na organização dos estatutos dos clubes de investimentos, que foram
organizados para que os funcionários pudessem adquirir ações. Episódios desta natureza
ilustram bem o poder de persuasão veiculado pela dimensão ideológica do
neoliberalismo, mencionado por Anderson (1995).
A reflexão sobre o Estado e suas ações requer considerá-lo como sensível e
profundamente envolvido com as transformações políticas e econômicas ocorridas no
mundo. Segundo Boito Jr. (2012, p. 6), todo este modelo de ação do Estado decorre, em
linhas gerais, de duas fontes de pressão – “dos Estados imperialistas sobre as economias
dependentes e da classe capitalista sobre os trabalhadores, o que tem gerado certo
isomorfismo de orientações políticas e econômicas” (p. 6).
58
Este isomorfismo de orientações políticas e econômicas tem sido tema de
discussões de vários teóricos (BOITO JR., 1999, 2012; BALL, 2001; DALLE, 2004;
GOMES 2011) e realçado a importância de conceituar política social, especialmente no
contexto hodierno, no qual se insere a pesquisa ora realizada.
O aporte teórico que referencia a discussão da categoria teórica Estado, por ser
um recorte baseado na produção acadêmica que discute o Estado no seio do modo de
produção capitalista, apresenta pontos convergentes entre os autores e também
distinções. Assim, antes de adentrarmos na conceituação de política social como a
próxima categoria teórica em análise, é importante explicitar que o presente trabalho é
norteado pela concepção de Estado como sujeito jurídico em ação através de, entre
outras ações, as políticas públicas que executa. O Estado implementa a sua ação
orientado por um referencial normativo que, não sendo consensual e atuando em
contexto democrático, se constitui como espaço sociopolítico que comporta,
simultaneamente, antagonismos e reciprocidades, permitindo que forças desiguais e
contraditórias se confrontem e interajam, contribuindo para determinado resultado final.
2.2 POLÍTICA SOCIAL
A busca pela conceituação de política social não significa assumir o ineditismo
de criar um conceito; afinal, a política social é conceituada de modo amplo e difuso, no
âmbito da literatura , filiada a diversos paradigmas epistemológicos. No entanto, tendo
em vista que os paradigmas rivalizam e competem entre si, a política social, por ser
assim adjetivada, não é neutra. Portanto, não havendo unanimidade, necessário se faz
informarmos a eleição de aporte teórico crítico-dialético, no contexto da pesquisa, que
pautará a compreensão de política social e a sua suposta submissão ao isomorfismo de
orientações políticas e econômicas.
De acordo com Pereira (2008, p. 166), política social é um conceito complexo,
que pode ser definido como “[...] produto da relação dialeticamente contraditória entre
estrutura e história – relações antagônicas e recíprocas entre capital e trabalho, Estado e
sociedade e entre princípios de liberdade e igualdade que regem os direitos de
cidadania”.
Nesta linha teórica, afirma Abranches que política social
é conflito. Oposição e contradição de interesses. Conflito negociado,
regulado por instituições políticas de natureza vária, condicionado por
mediações que tornam possível reduzir os antagonismos e projetá-los
59
em um movimento positivo [...]. É poder, transformando-se em um
jogo desequilibrado, que exponencia os meios dos mais poderosos e
reduz as chances dos mais fracos (ABRANCHES, 1998, p. 10, apud
OLIVEIRA, 2005, p. 31).
Para Gomes (2011), as políticas públicas, no seio das quais se insere a política
social, constituem-se como constructos sociais e históricos, cujos determinantes –
culturais, políticos e econômicos, são complexos e múltiplos. Embora sua definição de
política social se coloque na perspectiva dos autores mencionados, Gomes amplia o
conceito, ao introduzir a categoria ‘poder’, fundamental à compreensão das forças que
condicionam o curso dos processos nos quais são formuladas as políticas sociais. Diz o
autor que
toda política pública é fundamentalmente uma forma de preservação
ou de redistribuição do quantum de poder social que circula, alimenta
e engendra as forças vivas da sociedade. Em toda sociedade, o poder
social está distribuído segundo linhagens históricas, segundo a
montagem das divisões e alianças de classes e grupos sociais e,
também, pela configuração do Estado; mas é preciso entender que tal
distribuição de poder social pode ser alterada, transformada ou
conservada pelas políticas públicas. A forte vinculação existente entre
poder social e políticas públicas, nas sociedades capitalistas
contemporâneas, fundamenta o seu caráter disputado e conflituoso. No
caso das políticas públicas de educação, em termos gerais, pode-se
dizer que os bens educativos constituem o capital por meio do qual se
processa a redistribuição ou a concentração do poder social (GOMES
2011, p. 20).
Com o intuito de dirimir quaisquer equívocos, o ator esclarece o uso que faz da
palavra ‘capital’, de forma contrária ao uso funcionalista do conceito de “capital
humano”, criticado por Bourdieu, como perspectiva conservadora que defende
categorias como ‘aptidões naturais, taxa de retorno social e produtividade nacional’,
entre outros.
Assim, os conceitos de política social referenciados acima não condizem com a
ideia pragmática de mera provisão ou alocação de decisões, tomadas pelo Estado e
aplicadas, verticalmente, na sociedade. A política social e, nela, a política educacional,
vai bem mais além, constituindo-se como meio capaz de processar a redistribuição do
poder social e viabilizar a obtenção e o acesso aos direitos sociais, que materializam
necessidades básicas, imprescindíveis à existência humana com dignidade.
Quanto ao isomorfismo de orientações políticas e econômicas, no debate sobre a
existência de um pretenso molde, os institucionalistas mundiais supõem os estados-
nação essencialmente moldados a um nível supranacional, através de uma ideologia do
60
mundo dominante (Ocidente), e não como criações nacionais autônomas e únicas. Sob
esta perspectiva, os estados têm a sua atividade e as suas políticas moldadas por normas
e culturas universais. Sendo a educação um dos processos de socialização, efetivados
pelos estados-nação, mais afetados pela política internacional Dale (2004, p. 147) diz
que
[...] a maior demonstração da teoria dos institucionalistas mundiais se
encontra no campo da educação devido à massiva e rápida expansão
dos sistemas de educação nacionais e ao isomorfismo global das
categorias curriculares em todo o mundo, independentemente das
diferenças nacionais em nível econômico, político e cultural. As
instituições atuantes nos diversos lugares não devem ser vistas como
construções da experiência humana em contextos locais, mas como
algo que se desenvolve a partir de uma cultura histórica universalista
dominante.
Embora Dale (2004) discorde dos institucionalistas mundiais quanto à natureza
da força que molda os estados-nação, ou seja, a ideologia do mundo ocidental, com base
na sua teoria da Agenda Globalmente Estruturada para a Educação (AGEE, reconhece
que os quadros interpretativos nacionais são moldados tanto nacional quanto
supranacionalmente, através de forças econômicas que operam supra e
transnacionalmente para romper, ou ultrapassar, as fronteiras nacionais, ao mesmo
tempo em que reconstroem as relações entre as nações.
A teoria da “convergência das políticas educativas”, discutida por Ball (2001),
assinalando que o Estado nem está totalmente à mercê da política internacional, nem
está imune a ela, mostra-se relevante à análise da força supranacional sobre os estados-
nação. Ao tomar como referência o paradigma de gestão pública, proposto pela
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e sua articulação
com o debate mais geral em torno da globalização, Ball afirma que existe um processo
de convergência das políticas educativas, em países que têm histórias políticas distintas.
Não como uma convergência simples, ou seja, a implementação das mesmas políticas
em diferentes quadros nacionais, mas como uma convergência de paradigmas que se
referem à invocação de políticas com uma base de princípios e tecnologias comuns,
mecanismos operacionais idênticos e efeitos23
, de primeira e segunda ordem,
23
Cf. MAINARDES. Efeitos de primeira ordem referem-se a mudanças na prática ou na estrutura e são
evidentes em lugares específicos ou no sistema como um todo. Os efeitos de segunda ordem referem-se
ao impacto destas mudanças nos padrões de acesso social, oportunidade e justiça social.
61
semelhantes. O autor não quer dizer que, mediante esforços de agências como a OCDE,
as políticas de educação nacional são, em sua totalidade, uma transposição da agenda
educacional global ou que os estados-nação perderam o controle total sobre as suas
decisões políticas, embora estas sejam tomadas dentro da lógica do mercado global.
Entretanto, problematiza uma importante questão relacionada ao possível
desaparecimento da concepção de políticas específicas do estado-nação, nos campos
econômico, social e educativo e, concomitantemente, o abarcamento de todos estes
campos numa concepção única de políticas para a competitividade econômica, passível
de produzir o abandono ou a marginalização dos propósitos sociais da educação, exceto
no discurso que a referencia. Segundo Ball (2001), o economicismo, através de suas
prescrições normativas, tem sujeitado a educação e a cultura, nas quais a escola deve
existir, à esta lógica, o que tem acarretado uma linguagem de políticas comum,
articulada nos relatórios governamentais de diferentes países. Este “novo consenso”
apresenta construções conceituais poderosas, que simbolizam a colonização das
políticas educativas pelos imperativos das políticas econômicas e anunciam o fim do
debate sobre princípios educativos. Neste processo, a presença do Estado continua
necessária para legitimar as novas tendências da política social e, a partir de então,
garantir o aumento da produtividade e a diminuição dos custos privados.
O novo consenso funciona no contexto do que Ball chama de “posição
relacional”, que tem como perspectiva o afastamento de uma lógica global
determinística ao mesmo tempo que reconhece um forte condicionamento imposto pela
competitividade econômica, apoiado em paradigmas que orientam mecanismos
operacionais de gestão e formulação de política social. Por essa lente, as políticas
sociais devem ser compreendidas como o produto de um nexo, de uma articulação entre
as lógicas globais e locais, que adotam aspectos comuns em suas diferenças. Esta
articulação envolve a educação, o setor de serviços públicos em geral e estratégias de
reformas das tecnologias de políticas, com vistas a promover novos valores, novas
relações e novas subjetividades, nos contextos da prática, envolvendo
[...] no nível micro, em diferentes Estados Nação, novas tecnologias
de políticas têm produzido novas formas de disciplina, ou seja, novas
práticas de trabalho e novas subjetividades de trabalhadores; no nível
macro, em diferentes Estados Nação, esta nova disciplina é base para
um novo pacto entre o Estado e o capital e para novos modos de
regulação social que operam no Estado e em organizações privadas
(BALL, 2001, p.103).
62
Para fundamentar essas afirmações, Ball recorre ao relatório da OCDE, de 1995,
o qual, mesclando descrição e prescrição, apresenta um novo paradigma de gestão
pública, constituído pelos seguintes pressupostos:
[...] atenção mais focada nos resultados em termos de eficiência,
eficácia e qualidade dos serviços; substituição de estruturas
organizacionais profundamente centralizadas e hierarquizadas por
ambientes de gestão descentralizados, onde as decisões sobre a
alocação de recursos e a prestação de serviços são tomadas muito mais
próximas do local de prestação e onde há a criação de condições para
a existência de feedback dos clientes e de outros grupos de interesse;
flexibilidade para explorar alternativas para a provisão e regulação
públicas que possam levar a resultados mais eficazes em termos de
custos; maior ênfase na eficiência dos serviços prestados diretamente
pelo setor público, envolvendo o estabelecimento de objetivos de
produtividade e a criação de ambientes competitivos dentro e entre as
organizações do setor público; fortalecimento das habilidades
estratégicas do poder central que conduzam à evolução do Estado e
permitam que este responda aos desafios externos e interesses
diversos de uma forma automática, flexível e a um custo reduzido
(BALL, 2011, p.104).
Com estes pressupostos, continua Ball na sua análise, a figura central é o gestor,
numa perspectiva de tecnologias de políticas baseadas em três elementos chave -
mercado, gestão e performatividade, os quais visam superar as velhas tecnologias
baseadas no profissionalismo e na burocracia.
Referenciando-se pelos valores do mercado, as instituições são induzidas a uma
‘cultura de auto-interesse’. As motivações pessoais e os procedimentos de motivação
inseridos no paradigma geram impulsos, relações e valores que fundamentam
comportamento competitivo e luta pela vantagem. O autointeresse produz adaptação aos
incentivos do mercado, justificando ações e práticas, mas retendo, no entanto, uma
noção de distância dos valores do mercado. Outra indução cultural é o
sobrevivencialismo, cuja orientação é voltada para o bem estar interno da instituição e
de seus membros, em detrimento de um distanciamento das preocupações relacionadas
com as questões sociais e educacionais mais amplas. É construída uma identidade que
responde a estímulos exteriores e não a uma orientação interior. Exige-se, dos
empregados, que reconheçam e se responsabilizem pela relação entre a sua estabilidade
no seu posto e a sua contribuição para a competitividade do bem ou serviço produzido.
Os indivíduos são levados, mediante novos procedimentos administrativos, a
‘quererem’ o que o sistema precisa, para operar bem. Ética e julgamento profissional
63
deixam de ser base na linguagem organizacional. A sociabilidade dá lugar ao
individualismo competitivo e ao instrumentalismo. Os espaços possibilitadores de
reflexão e diálogo sobre valores são eliminados. O mercado educacional busca, assim,
des-socializar e re-socializar, ao reprocessar os seus atores-chave (famílias, crianças e
professores), ao exigir que a escola assuma preocupações extrínsecas e reconfigure e
revalorize o significado da educação. Cria-se um novo “currículo oculto, no qual o
conceito e o propósito da educação, a natureza das relações sociais da escolarização, as
relações professor/a-estudante,professor/a-pais, estudante-estudante, são todas
desafiadas pelas forças e micro-práticas do mercado” (BALL 2001, p.108).
A gestão tem sido mecanismo-chave tanto na reforma política, quanto na
reengenharia cultural no setor público. Representa papel crucial no desgaste dos regimes
ético-profissionais nas escolas e na sua substituição por regimes empresariais
competitivos. É força transformadora. Enquanto o mercado trabalha de fora para dentro,
a gestão trabalha de dentro para fora. O gestor é o agente cultural do novo paradigma,
pois trabalha na infusão de atitudes e culturas de modo que os trabalhadores se sintam
responsabilizados e comprometidos, ou seja, pessoalmente envolvidos na organização
(BALL 2001).
No caso da educação, perante formas de controle empresarial, o ato do ensino e
a subjetividade do professor se alteram profundamente, no contexto do panopticismo da
gestão de qualidade e excelência. Neste contexto, dois efeitos são gerados - o aumento
da individualização, que inclui a destruição das solidariedades baseadas numa
identidade profissional comum, na filiação sindical e na construção de novas formas de
filiação institucional e a geração de uma comunidade corporativa, baseada no
autointeresse, que envolve a relação entre compromisso individual e ação na
organização. Através da cultura empresarial o gestor delineia, normaliza e
instrumentaliza a conduta dos geridos, para atingirem os fins postulados como
desejáveis. São procedimentos paradoxais, pois se, por um lado, o gestor afasta-se dos
métodos de controle baseados na pouca confiança nos empregados, por outro lado, as
responsabilidades são delegadas e as iniciativas são supervalorizadas. No entanto, novas
formas de vigilância são acionadas como sistemas de avaliação, monitoramento,
determinação de objetivos e comparação de resultados (BALL, 2001).
Performatividade, segundo Ball (2001) é um sistema que emprega julgamentos,
comparações e exposições como forma de controle, atrição e mudança. O desempenho
funciona como medida de produtividade ou resultado, como exposição de qualidade ou
64
como momento de produção e inspeção. Performatividade é o valor do indivíduo num
campo avaliativo. A organização do poder não acontece mais em função do tempo e
espaço, mas sim em função das reuniões de avaliação, da inspeção, do balanço anual,
dos relatórios e das solicitações de promoção. O que está em jogo não é a certeza de
estar sendo vigiado, tal como no panóptico, e sim a incerteza e a instabilidade de ser
avaliado de diferentes maneiras, por diferentes meios e agentes. É o surgimento do
desempenho, da performance, que faz com que as pessoas se sintam continuamente
responsabilizadas e vigiadas. A base é a insegurança. O leque de indicadores de
desempenho torna a estabilidade ilusória, os propósitos contraditórios, as motivações
vagas e a auto-estima instável. O poder é assegurado pelas dúvidas sobre os resultados
advindos de juízos de valor, que podem ocorrer a qualquer momento, no monitoramento
realizado na intersecção da ação do governo, da organização e do sujeito objeto da
avaliação (BALL, 2001).
O conjunto dos três elementos-chaves do paradigma imposto pela OCDE –
mercado, gestão e performatividade – tem diversas implicações nas relações
interpessoais e funcionais, citadas por Ball (op.cit. p.110): aumento das pressões e do
estresse emocional relacionado com o trabalho; aumento do ritmo e intensificação do
trabalho; alteração das relações sociais, com declínio na sociabilidade e reforço das
relações profissionais; aumento do trabalho burocrático, sistemas de manutenção e
produção de relatórios; aumento da vigilância sobre o trabalho docente e sobre os
produtos finais da educação; diferenciação entre os valores, propósitos e perspectivas do
pessoal técnico e da equipe docente. Técnicos preocupam-se, prioritariamente, com
índices, imagem pública e outros do gênero, enquanto os docentes com o currículo, sala
de aula, necessidades dos estudantes, além de muitos outros elementos relacionados ao
ensino e à aprendizagem (BALL, 2001).
No Brasil, essas questões servem de pano de fundo para o entendimento da
dinâmica do sistema educacional, sobretudo se analisada a questão do ensino médio e
do financiamento da educação, como se verá no capítulo que segue.
65
CAPÍTULO III
O ENSINO MÉDIO E O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO
3.1 ENSINO MÉDIO NO BRASIL: breve histórico
O caráter elitista, seletivo e discriminatório que marca o ensino médio brasileiro,
encontra explicação, em parte, na formação socioeconômica do nosso País. A forma
como o Estado brasileiro se configurou, em sua gênese, explica, em boa medida, fatores
determinantes tanto da divisão social de classes, quanto da ocupação dos postos de
mando da administração pública pelas classes dominantes, historicamente no poder. A
ocupação dos postos de mando tanto condiciona como é condicionada, entre outros
fatores, pela forma de acesso à educação e pela forma de administração do fundo
público, segundo interesses das classes dominantes e não das classes menos favorecidas
economicamente. Esta estrutura político-social mostra sua rigidez através da resistência
a transformações que apontem para o enfrentamento dos desafios sociais mais
profundos, entre os quais os desafios educacionais. A comunidade política, instituída
nesta estrutura, conduz, comanda e supervisiona os negócios; na origem, como negócios
privados seus e, depois, como negócios públicos “em linhas que se demarcam
gradualmente [...] dessa realidade se projeta, em florescimento natural, a forma de
poder, institucionalizada num tipo de domínio: o patrimonialismo, cuja legitimidade
assenta no tradicionalismo – assim é porque sempre foi” (FAORO, 1985 p. 733).
Assim, fenômenos sociais como o patrimonialismo, o coronelismo e o
clientelismo imprimem marcas profundas e nefastas ao desenvolvimento social em geral
e ao setor educacional, em particular. A educação no Brasil, a partir da chegada dos
jesuítas com o primeiro Governo Geral até os tempos hodiernos, guarda marcas
profundas relacionadas a esses fenômenos, tanto nos diversos formatos como a
educação vem sendo implementada, quanto nas diversas lutas travadas, com vistas a
mudanças nesta implementação, especialmente no tocante à utilização do fundo público
como meio viabilizador de novas propostas.
A educação no nosso país reflete, desde o início da sua oficialização, a
organização social brasileira, marcadamente dividida entre ricos e pobres. A educação
para os favorecidos economicamente era ofertada da melhor forma requerida pelo
66
conceito de qualidade vigente o qual, até o primeiro quartel do século passado, era
aferido através de um currículo humanístico e de caráter eminentemente propedêutico,
avesso a todo tipo de ensino profissionalizante e capaz de projetar seus egressos para os
cargos da administração e da burocracia pública (ROMANELLI 2002; MONLEVADE
1997,1998; ARANHA 1996; AMARAL, PINTO, CASTRO 2011). Esta concepção de
educação, inicialmente ministrada pelos jesuítas, transformou-se em educação de classe,
com características que distinguiam a aristocracia rural do restante da população.
Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, a estrutura “oficial” de ensino foi
desmantelada, dando lugar ao modelo de Aulas Régias, editado pelo Marquês de
Pombal, após uma lacuna de 13 anos, o que sinaliza para o descaso com a educação
como função pública de interesse social, econômico e político. Este modelo consolida a
educação como um bem social só ao alcance das classes economicamente favorecidas,
uma vez que, na ausência dos jesuítas, os filhos da elite eram educados por preceptores
recrutados do clero secular, formados nos seminários jesuítas e, portanto, capacitados
para oferecer a instrução que possibilitasse a formação superior em universidades fora
do país, especialmente Lisboa e Coimbra. Por isto mesmo, a educação não era uma
prioridade de gestão pública.
A vinda da Corte para o Brasil, em 1808, intensificou a criação de cursos
superiores não teológicos. Os cursos teológicos superiores funcionavam em seminários
episcopais, mantidos por jesuítas e por outras ordens religiosas que já vinham se
estabelecendo na Colônia24
. Pessoas formadas nestes seminários iam difundindo o seu
conhecimento nos engenhos e sobrados, dando origem às escolas patrocinadas, voltadas
ao ensino das primeiras letras e constitutivas do embrião das ulteriores escolas
particulares. A sociedade estamental, formada por escravos e senhores na Colônia, a
qual já vinha se complexificando, tornou-se mais diversificada com a chegada da Corte.
Adentrando o período da Independência, o então Império depara-se com o impasse
educacional relacionado à demanda crescente de alunos para cursos primários e
secundários versus a carência de recursos humanos e financeiros para abrir e manter
24
Destaca-se, pelo seu espírito de renovação científica, o Seminário de Olinda, fundado em 1800 pelo
Bispo Azeredo Coutinho. Este Seminário destacou-se pelo seu espírito de renovação científica. Começou
uma revolução pedagógica, ao construir uma biblioteca e laboratórios e centrar seus estudos na
investigação científica. A pesquisa era fundamento e princípio da pedagogia, desde os estudos “menores”.
Pesquisar não era privilégio de quem tivesse chegado à filosofia e à teologia, mas método de estudo desde
as primeiras letras e contas (MONLEVADE, 2001).
67
escolas. Outro impasse referia-se à carência de profissionais para suprimento dos
quadros burocráticos jurídicos da Corte e das Províncias. A solução encontrada apontou
para a gestão da educação de forma dividida entre as esferas administrativas. Sob os
auspícios da Corte, ficou a educação superior em todo o Império e a educação no
Município Neutro. A importância assumida pela educação, durante toda a monarquia,
estava diretamente ligada à necessidade de preenchimento do quadro geral da
administração e da política (ROMANELLI, 2002). Era a educação numa concepção
instrumental, a serviço das demandas políticas vigentes e das expectativas de ascensão
social de uma determinada classe social. Para este fim de fornecer pessoal qualificado
paras as funções em aberto, sobressaem-se as Faculdades de Direito, sendo as primeiras
criadas em São Paulo e Recife, ambas em 1827. Apesar da existência de outros cursos
superiores, as faculdades de Direito lograram a supremacia na formação dos quadros
superiores do Império. Esta finalidade dada à educação superior condicionou a estrutura
do ensino secundário.
Sob os auspícios das províncias, ficou a instrução primária e secundária. Para
tanto, foi editado, em 1834, o Ato Adicional à Constituição, passando-se para as
províncias o encargo de criar e custear as escolas públicas (PAIVA, 1973). A criação
do Imposto sobre "Circulação de Mercadorias" (ALVES, 2002), de arrecadação
provincial, hoje estadual, como a fonte de recursos destinados a custear os níveis de
instrução sob responsabilidade das províncias, não garantiu a oferta de ensino de forma
proporcional à população na faixa etária escolar, para estes níveis.
A dificuldade de oferta quantitativamente suficiente estava intimamente
vinculada a dificuldades relacionadas à gestão da nova fonte de recursos e a
dificuldades de ordem econômica e financeira. Quanto à gestão, entre outros fatores, a
falta de disciplinamento da matéria, dispondo sobre o percentual a ser aplicado e a
forma de aplicação deste imposto na educação, deixava a oferta à mercê da vontade do
governante. Por outro lado, sendo a maior parte da população residente na área rural,
onde a produção e o consumo eram locais, a circulação das mercadorias não era
alcançada pelo fisco. Nesta conjuntura econômica, estabeleceu-se um ritmo de
crescimento das matrículas nas escolas provinciais (com a República – estaduais),
proporcional à arrecadação do ICM25
sobre a produção e o comércio de cada região.
25
Atualmente ICMS – Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. Sua arrecadação compete à
esfera estadual (conforme o art. 155, II, da Constituição de 1988).
68
Esta medida implicou o acréscimo de escolas públicas nas províncias de maior
arrecadação e o afloramento de escolas particulares, preponderantemente nas
províncias, onde a arrecadação não garantia novas escolas. Neste contexto, foi
significativa a ampliação da oferta privada, especialmente através da igreja católica. O
ensino, sobretudo o secundário, tornou-se praticamente domínio da iniciativa privada e
o ensino primário passou a ser ministrado em escolas em número insuficiente,
sobrevivendo à custa do sacrifício de alguns mestres-escolas (MONLEVADE, 1997). O
ensino secundário, além de ofertado, prioritariamente, pela iniciativa privada, foi
fortemente condicionado pelo currículo vigente nas duas escolas de Direito.
Com este condicionamento curricular, neste período, surgem os Liceus – escolas
públicas de ensino secundário, uma em cada capital, com exceção de São Paulo, que
fundou duas unidades. Três grandes diferenças instalam-se entre as escolas primárias e
as secundárias: a qualidade das instalações, a variedade das disciplinas de estudo e os
salários dos professores. Os prédios eram imponentes e suntuosos. Os salários dos
professores esgotavam os recursos públicos destinados ao ensino secundário. Estes
salários, duas ou três vezes maiores do que os dos mestres primários, não representavam
uma proporção que garantisse a ausência de baixos salários para o magistério do ensino
secundário, especialmente nas províncias do Nordeste. Esta situação levou o presidente
da Província da Paraíba a afirmar que “a pequenez e insuficiência dos ordenados dos
professores não consente que homens habilitados se proponham ao honroso magistério
de ensinar à mocidade” (MONLEVADE 2001, p. 36). Havia Liceus que remuneravam
seus professores no mesmo patamar dos juízes, mas isto não era regra geral. Os
professores dos Liceus eram religiosos ou profissionais liberais, formados em áreas
afins. A legislação isentava o aluno da obrigatoriedade de frequência, eliminou a
seriação e instituiu a matrícula por disciplina, conforme modelo remanescente das Aulas
Régias.
Aos poucos, tanto os Liceus provinciais quanto os colégios particulares, os
quais afloravam graças à falta de verbas públicas para fazer frente à demanda, foram se
transformando em cursinhos preparatórios para os exames de admissão ao ensino
superior. O ensino secundário começava nas províncias, com a finalidade de preparar os
jovens para os exames parcelados, promovidos pelo Colégio Pedro II, que conferia o
grau de bacharel. Até mesmo o Colégio Pedro II transformou-se em cursinho
preparatório (ROMANELLI, 2002).
69
Em cada Liceu existia um colegiado formado por professores autorizados a
resolver problemas disciplinares, pedagógicos e administrativos que fugissem à rotina
da direção. Este colegiado formava a “Congregação”, baseada num saber de elite,
desligado dos demais educadores do Liceu e dos professores primários da cidade e da
província.
O ensino secundário, nesses moldes, enfrentava insuficiência de verbas públicas,
a incapacidade de absorver a demanda existente e a desvalorização do magistério, seja
pela via da remuneração, seja pela ausência de formação específica, seja pela falta de
interesse corporativo, uma vez que os profissionais que atuavam no magistério não
tinham identidade docente, pois, antes de se tornarem professores, eram médicos,
advogados, engenheiros, clérigos ou, simplesmente, um cidadão estrangeiro que, por
esta condição, poderia lecionar o seu idioma. As dificuldades do ensino secundário
público propiciaram o crescimento da oferta desta etapa de ensino, através de
instituições privadas que, por serem pagas, fortaleceram o seu caráter seletivo. Somente
os alunos dos estratos econômicos superiores, egressos dos cursos primários, eram
absorvidos pelo ensino secundário oferecido nos Liceus ou nas escolas particulares.
O ensino secundário nasceu propedêutico, elitista e seletivo, inclusive o ensino
público ministrado no Liceu, instituição que “parecia uma joia em que se incrustavam
os diamantes da cultura de cada capital, mais para ornamento da sociedade do que para
ensinamento da juventude” (MONLEVADE, 2001, p. 36).
O aumento da população, com a vinda de imigrantes europeus e com o progresso
das maiores cidades, ensejou o aumento do número de escolas primárias e,
consequentemente, a necessidade de mais professores, evidenciando a necessidade de
uma formação específica para o magistério primário. Para tal formação, surgiram os
cursos normais, fundados primeiro nos Liceus, depois em estabelecimentos próprios26
.
Porém, na maioria das províncias os cursos normais não tinham funcionamento regular.
Tais cursos eram ministrados de acordo com a procura de alunos e o interesse dos
governantes. A habilitação de professores através de cursos normais só se firmou, como
exigência legal, a partir da República, o que intensificou, no início do século passado, a
26
Cf. Romanelli (2002, p. 163). A primeira, em 1830, Escola Normal de Niterói; da Bahia -1836; do Pará
– 1839; do Ceará – 1845; da Paraíba – 1854; do Rio Grande do Sul – 1870; de São Paulo (como segunda
ou terceira tentativa) 1875/1878; a Escola Normal Livre, na Corte, em 1874 e, depois, a oficial em 1880;
a de Mato Grosso - 1876; a de Goiás – 1881. Destaca-se, em 1890, na gestão do então ministro de
Instrução, Correios e Telégrafos, Benjamin Constant, a criação do Pedagogium, como centro de pesquisa
e de reformas educacionais e como museu pedagógico.
70
construção de prédios monumentais destinados, exclusivamente, ao funcionamento dos
cursos normais.
Os estudantes das escolas normais eram rapazes e moças, na faixa etária dos
doze anos, egressos dos cursos complementares ao primário. A presença feminina,
nessas escolas, sobrepujou a presença masculina. A necessidade de recrudescimento das
escolas primárias fica evidente na Reforma Rocha Vaz27
, ao dispor que:
Art. 24 O Governo da União, com o intuito de animar e promover a
diffusão do ensino primário nos Estados, entrará em accôrdo com
estes para o estabelecimento e manutenção de escolas do referido
ensino nos respectivos territórios.
Paragrapho único. Estes accôrdos serão celebrados nos limites das
dotações consignadas pelo Congresso Nacional no orçamento da
despeza do Ministerio da Justiça e Negocios Interiores.
Art. 25 Os accôrdos obedecerão às seguintes bases:
a) A União obriga-se a pagar directamente os vencimentos dos
professores primários, até o Maximo de 2:400$ annuaes, e os Estados
a fornecer-lhes casa para residência e escola, assim como o necessário
material escolar (BRASIL, 1925).
Dificuldades, relacionadas à escassez de informações sobre dados financeiros,
não permitem a explicação exata sobre as razões pelas quais os vencimentos dos
professores primários não foram regulamentados nem, tampouco, compuseram um
plano de carreira e remuneração. Hipoteticamente, no entanto, é possível supor
restrições de ordem orçamentária, uma vez que, pelo “Paragrapho único” acima, a
manutenção de escolas é condicionada pelos limites das dotações orçamentárias
consignadas. Nesta perspectiva, o financiamento da educação tem se mostrado como
uma categoria de análise fecunda, na medida em que é capaz de cristalizar a dicotomia
entre os objetivos proclamados e os objetivos reais, relacionados ao setor educacional.
Os cursos normais, especialmente os das capitais, se tornaram a alternativa de
escolarização para moças da elite e, nem sempre, uma alternativa de trabalho. O acesso
a essas escolas era também seletivo. A insuficiência de profissionais qualificados para
as escolas primárias continuou, seja pela dificuldade de acesso às escolas normais, seja
pela falta de intenção de trabalhar na área, de grande parte da elite feminina nelas
formadas, seja ainda pela desarticulação entre a matriz curricular das escolas normais,
elaborada por cada estado que a jurisdicionava e os cursos primários. A despeito desses
27
Decreto nº 16.782 A, de 13 de janeiro de 1925. Estabelece o concurso da União para a difusão do
ensino primário, organiza o Departamento Nacional de Ensino, reforma o ensino secundário e superior e
dá outras providencias. Disponível em: http://www2.camara.gov.br/legislacao/publicacoes/republica.
Acesso em: 13/11/213.
71
fatores, os Cursos Normais continuaram em evidência e, a partir de 1930, passaram a
ser organizados em nível médio, para quem tivesse concluído o ginásio e em nível
ginasial - mais comum nas cidades do interior, para quem tivesse somente a certificação
de curso primário.
A consequência mais evidente da disseminação de cursos normais pelo país, da
sua presença na agenda política e da sua normatização foi, segundo Monlevade (2001,
p. 41) “a formação definitiva de uma categoria social com forte identidade profissional,
a dos professores primários, ou ‘normalistas’, em contraposição aos ‘professores
leigos’, ou seja, sem habilitação profissional”.
No município da Corte, não foi criado um Liceu nos moldes daqueles que foram
criados nas províncias. Surgiu o Colégio Real D. Pedro II, com criação28
, manutenção e
gestão sob a responsabilidade da Corte. Este Colégio permanece, nos dias atuais, como
uma instituição de educação básica, sob a jurisdição do governo federal. Inaugurado no
Município Neutro com o fim de atender às exigências da classe dominante, que buscava
o preparo dos seus filhos para ingressarem no rol dos homens cultos e ocuparem as altas
funções públicas, o Colégio Pedro II contribuiu, significativamente, para aprofundar e
consolidar o caráter elitista e seletivo do ensino secundário. Conforme o Regulamento29
,
o Colégio classificava os alunos do Internato como pensionistas de 1ª e de 2ª classe e do
Externato como meio pensionistas e externos. O parágrafo único do artigo 17 dispunha
que os pensionistas de 1ª classe teriam,
além das lições dos professores, repetidores para as horas de estudo,
médico e botica nas enfermidades, dentista, cabeleireiro, alimentação
sadia e abundante, banhos de asseio todo o ano e outros especiais no
verão, roupa lavada e engomada regularmente, cama, sendo mudada a
roupa pelo menos todos os sábados, livros, mapas, papel e pena
(BRASIL,1857).
Para os pensionistas de 2ª classe, toda a roupa lavada e engomada deveria ser
fornecida pela sua família, o que já implicava uma seletividade geográfica,
considerando a necessidade de morar a uma distância do Colégio, que permitisse a
assunção dessa responsabilidade. Os meio pensionistas só tinham direito à alimentação
na hora do jantar e ao ensino nas aulas do externato. Os externos só tinham direito às
aulas. Além do curso de sete anos, havia um curso especial de cinco anos e somente aos
28
Em 1837, no dia 2 de dezembro, data de aniversário do imperador-menino, foi denominado Imperial
Colégio de Pedro II, em sua homenagem. As aulas se iniciaram em março de 1838. 29
Decreto nº 2.006, de 24 de outubro de 1857. Approva o Regulamento para os collegios públicos de
instrucção secundaria do Municipio da Côrte.
72
alunos que cursassem os dois ciclos era conferido o grau de Bacharel (art. 6º e 9º). O
enxoval exigido caracterizava-se por um quantitativo elevado de itens, o que o tornava
oneroso. O parágrafo único do art. 20 adverte que o pensionista que não tiver os objetos
exigidos, por descuido ou pouco zelo de seus pais ou encarregados, será mandado para a
sua casa, após duas reclamações feitas por escrito, pelo Reitor. O Colégio
disponibilizava, por ano, vinte e cinco matrículas gratuitas mas, se a gratuidade permitia
o acesso, não garantia a permanência, diante do exposto resumidamente acima. Das
matrículas gratuitas, dispõe o art. 21 que doze seriam para órfãos reconhecidamente
pobres. As demais vagas seriam para os filhos dos professores públicos que tivessem
servido por dez anos e para os alunos pobres que, nas escolas primárias, tivessem se
distinguido por seu talento, aplicação e moralidade. O art. 22 dispunha, ainda, que,
ouvido o Reitor, poderiam obter a gratuidade e serem admitidos como meios
pensionistas, filhos de oficiais do exército e da armada até a patente de capitães ou
primeiros tenentes e os filhos dos empregados públicos em geral, que tivessem mais de
dez anos de serviço.
O Colégio Pedro II não foi a primeira iniciativa em termos de criação de escolas
do ensino secundário. Foi o terceiro criado, depois do Ginásio Pernambucano e do
Atheneu Norte-Rio Grandense; no entanto, se constituiu como referência nacional para
as demais escolas de ensino secundário que nasciam em todo o país. Isto se deu porque
o Colégio Pedro II era o único que detinha a atribuição de conferir o grau de bacharel –
requisito indispensável para inscrição nos cursos superiores, àqueles que se submetiam
aos exames parcelados que o Colégio realizava e eram aprovados. Desta forma, o
Colégio, por ser o responsável exclusivo pelo processo seletivo para ingresso no curso
superior, através dos chamados “exames parcelados”, tornou-se definidor das diretrizes
nacionais para o ensino secundário.
Configurou-se, assim, o ensino secundário de caráter eminentemente
propedêutico, elitista e seletivo.
Com a proclamação da República, foi criado o Ministério da Instrução, Correios
e Telégrafos. Assumiu, como ministro, o professor Benjamin Constant, oriundo do
quadro docente da Escola Militar. Esta instituição detinha, nas gerações mais novas de
oficiais que formava, um contingente simpatizante do positivismo, cujas ideias
valorizavam as ciências, consideradas formas por excelência do conhecimento humano,
capaz de superar crenças e mitos. O então ministro tentou implantar uma reforma
educacional, em 1890, de base positivista mediante a qual a ênfase recaía nas ciências
73
exatas, biologia e sociologia. Era uma tentativa de rompimento com a tradição do
ensino literário e clássico, ministrado desde a chegada dos jesuítas. A reforma proposta
encontrou forte resistência da Igreja Católica, que já apresentava insatisfação com a
separação entre a Igreja e o Estado e a laicização do ensino nos estabelecimentos
públicos, conforme disposto na Constituição da República. Juntamente com a
resistência da Igreja, a falta de infraestrutura e a falta de apoio das elites, avessas a
qualquer renovação (ARANHA, 1996, ROMANELLI, 2002), concorreram para o
fracasso da reforma e do próprio Ministério, que durou apenas dois anos, após os quais
os assuntos da educação foram transferidos para o Ministério do Interior e da Justiça.
A intensificação do processo de urbanização30
, principalmente a partir de 1930,
passou a apresentar demandas novas que, por sua vez, passaram a pressionar a educação
no sentido da superação deste modelo hermético que vinha mantendo. A elevação do
contingente demográfico, formado pelos estratos médios crescentes e a transição de um
modelo exclusivamente agrário-exportador para um modelo parcialmente urbano-
industrial, constituíram fatores que geraram o crescimento da demanda social de
educação e da demanda de recursos humanos formados para ocupar funções nos setores
secundário e terciário da economia. Estes fatores ensejaram um desequilíbrio que, além
de evidenciar as deficiências do sistema educacional, passou a fazer-lhe solicitações que
apontavam para mudanças estruturais na sua base. Atribuindo à herança cultural a
atuação desfavorável na mentalidade dos dirigentes da educação e da população em
geral, cuja aspiração era pela educação elitista, que era a que classificava socialmente,
Romanelli (2002, p. 46) aponta que este desequilíbrio tem dois aspectos:
um de ordem quantitativa, representado pela pequena oferta, pelo
baixo rendimento e pela discriminação social do sistema. Outro de
ordem estrutural, representado pela expansão de um tipo de ensino
que já não correspondia às novas necessidades criadas com a expansão
econômica e estratificação social mais diversificada.
No contexto da ideologia político-econômica nacional-desenvolvimentista, no
qual a industrialização se fazia crescente, as novas exigências apresentadas ao setor
educacional se mostram prospectivas de reformas educacionais, o que tornou o período,
a partir de 1930, repleto de lutas alimentadas por ideias representativas de projetos de
sociedade e de estado antagônicos e em disputa, no interior de um jogo de forças
heterogêneas e complexas.
30
Cf. Bacelar (2003), o Censo de 1920 revelava que 30% da população brasileira vivia nas cidades e 70%
no campo. Até 1930, a economia do Brasil era uma economia agrícola.
74
Naquele contexto, se acirrara a luta entre Pioneiros e Católicos. Em 1932, foi
publicado o Manifesto dos Pioneiros pela Educação Nova que se configurava,
simultaneamente, como uma proposta de política educacional, uma carta de princípios e
uma memória sistematizada do ideário escolanovista. A Constituição de 1934 sofreu
influência das ideias defendidas no Movimento, tais como a criação de um sistema de
ensino que desse organicidade entre o ensino primário, secundário, profissional e
superior; escola pública, gratuita e de qualidade para todos; coeducação; laicização;
formação em nível superior para todos os professores de todos os níveis; ingresso no
magistério público através de concurso de provas e títulos; dotação orçamentária para
aplicação na educação; criação de um Conselho e de um Plano Nacional de Educação,
entre outras. Em 1930, início da era Vargas, foi criado o Ministério da Educação e
Saúde que, embora cuidando de pastas tão distintas, se constituía como uma frente
organizadora da educação em nível nacional. O ministro designado foi Francisco
Campos, escolanovista que havia empreendido uma reforma educacional em Minas
Gerais, em 1927. Pode-se dizer que, pela primeira vez, houve uma ação planejada
visando a organização nacional, uma vez que as reformas anteriores tinham sido
estaduais. A reforma empreendida por Francisco Campos, além de dispor sobre a
organização da Universidade e de um Conselho Nacional de Educação, dispunha sobre
o ensino secundário e comercial. O ensino secundário passou a ter um ciclo fundamental
de cinco anos e um ciclo complementar de dois anos, sendo este segundo ciclo
preparatório para o curso superior. A Reforma de Francisco Campos recebeu críticas
pertinentes pelo descaso com que tratou a educação fundamental, por não ter
concretizado a formação dos professores. A crítica se estende ao ensino
profissionalizante, pois a Reforma regulamentou apenas a atividade de contador e o
curso comercial, na contramão da industrialização brasileira de expansão acelerada, que
requeria profissionais habilitados para aquela conjuntura econômica que ora emergia. A
Reforma foi uma tentativa de retirar, do ensino secundário, a função exclusivamente
propedêutica e acrescentar a função de formação geral do aluno. Para alcançar este fim,
todas as escolas secundárias foram equiparadas ao Colégio Pedro II. Este intento foi
frustrado pela falta de articulação entre o curso secundário e o comercial, que
caracterizava a rigidez do sistema. Além desta rigidez, o enciclopedismo dos programas
de estudo e as avaliações rigorosas e em quantidade exagerada (ARANHA, 1996) eram
fatores que concorriam para manter o ensino secundário seletivo e elitista.
75
Com o estabelecimento do Estado Novo, em 1937, o movimento renovador da
educação foi silenciado e seu ideário foi abortado. A Constituição do Estado Novo
consolidou, em termos legais, no âmbito educacional, a distância entre ricos e pobres e
o preconceito contra a educação profissionalizante. A análise da evolução da educação
desde os tempos coloniais evidencia que este estigma está presente na dimensão cultural
brasileira desde a cultura escravocrata, que passou a reger fortemente a sociedade,
deixando marcas profundas. Nesta direção, dispunha esta Constituição que:
Art. 129 À infância e à juventude, a que faltarem os recursos
necessários à educação em instituições particulares, é dever da Nação,
dos estados e dos municípios assegurar, pela fundação de instituições
públicas de ensino em todos os seus graus, a possibilidade de receber
uma educação adequada às suas faculdades, aptidões e tendências
vocacionais.
O ensino pré-vocacional e profissional destinado às classes menos
favorecidas é, em matéria de educação, o primeiro dever do Estado.
Cumpre-lhe dar execução a esse dever, fundando institutos de ensino
profissional e subsidiando os de iniciativa dos estados, municípios e
dos indivíduos ou associações particulares e profissionais.
É dever das indústrias e dos sindicatos econômicos criar, na esfera de
sua especialidade, escolas de aprendizes, destinadas aos filhos de seus
operários ou de seus associados. A lei regulará o cumprimento desse
dever e os poderes que caberão ao Estado sobre essas escolas, bem
como os auxílios, facilidades e subsídios a lhes serem concedidos pelo
Poder Público (BRASIL, 1937).
A primeira parte do mencionado artigo ratifica que a escola pública é para
pobres e não para todos. Na segunda parte, o artigo deixa claro que o ensino profissional
destina-se apenas aos pobres e, dada a sua importância para o setor produtivo (grifo
nosso), se constitui como primeiro dever do Estado possibilitando, inclusive, subsídio
para iniciativas particulares. A última parte do artigo também deixa muito claro que o
curso profissionalizante destina-se aos filhos dos operários, ou seja, aos filhos dos
pobres que, por esta ótica, continuarão pobres. Nesta perspectiva, concedendo auxílios,
facilidades e subsídios, o Estado se coloca como garantidor da reprodução do sistema de
classes sociais.
Na vigência do Estado Novo, ocupou a pasta da Educação o ministro Gustavo
Capanema, que empreendeu outras reformas de ensino. Estas reformas, em consonância
com o regime ditatorial que se instalara, foram regulamentadas por decretos-lei, que
passaram a se chamar Leis Orgânicas do Ensino31
. O ministro da Educação Raul Leitão
31
Decreto-lei 4.073, de 30 de janeiro de 1942: Lei Orgânica do Ensino Industrial; Decreto-lei 4.048, de
22 de janeiro de 1942: Cria o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial; Decreto-lei 4.244, de 9 de
76
da Cunha, que ocupou o ministério durante o Governo Provisório de José Linhares,
instalado após a queda do Estado Novo, baixou outros decretos-lei32
regulamentando,
assim, outras esferas de ensino.
A contribuição mais marcante das Leis Orgânicas foi oficializar a organização
da educação, a partir de diretrizes definidas pelo governo federal, mediante um conjunto
de normas que constituíam um corpo de prescrição legal a ser observado em todo
território nacional. Por outro lado, a crítica a essa Reforma (ARANHA, 1996;
ROMANELLI, 2002; SAVIANI, 2011) se baseia na constatação de que a prescrição
legal não teve força suficiente para mudar a realidade. A reforma do Ensino Primário,
instituída no início da abertura política, após a queda do Estado Novo, é o exemplo mais
emblemático da afirmação crítica. A reforma deste nível de ensino (BRASIL, 1946a),
influenciada pelo movimento renovador, instituiu diversos princípios defendidos pelos
pioneiros, tais como a gratuidade, a obrigatoriedade, a descentralização. Com relação
aos recursos, estipulava a contribuição dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios para compor o Fundo Nacional do Ensino Primário, cujas normas de
redistribuição seriam editadas pela União. Com relação ao corpo docente, previa
carreira, remuneração, normas para preenchimento de cargos no magistério e na
administração e formação. Com vistas a atender à necessidade de formação, foi
instituída a reforma do Ensino Normal. Até a instituição das Leis Orgânicas, as
reformas do Ensino Normal eram implementadas dentro de cada Estado. A despeito das
finalidades do Ensino Normal, as quais, segundo a reforma (BRASIL, 1946b), era
prover a formação do pessoal docente e administradores necessários às escolas
primárias e desenvolver conhecimentos relativos à educação da infância, a proposta não
logrou êxito, por algumas , tais como: predomínio das matérias de cultura geral sobre as
de formação profissional; processo exagerado de provas e exames; falta de articulação
com os demais ramos do ensino. A falta de flexibilidade para acesso ao ensino superior
era outro ponto negativo, pois egressos dos cursos Normais só poderiam ter acesso a
alguns cursos da Faculdade de Filosofia. Finalmente, o maior ponto de estrangulamento
estava na restrição relacionada à idade para cursar o Normal. Só poderiam se matricular
no curso pessoas com menos de 25 anos, o que era paradoxal, num contexto onde a
abril de 1942: Lei Orgânica do Ensino Secundário; Decreto-lei 6.141, de 28 de dezembro de 1943: Lei
Orgânica do Ensino Comercial. 32
Decreto-lei 8.529, de 2 de janeiro de 1946: Lei Orgânica do Ensino Primário; Decreto-lei 8.530, de 2 de
janeiro de 1946: Lei Orgânica do Ensino Normal; Decretos-lei 8.621 e 8.622, de 10 de janeiro de 1946:
criam o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial; Decreto-lei 9.613, de 20 de agosto de 1946: Lei
Orgânica do Ensino Agrícola.
77
maioria do pessoal empregado no magistério primário não estava qualificada e excedia
este limite etário.
Desta forma, o ensino secundário, mesmo na modalidade Normal, não fugiu à
regra do ensino secundário, historicamente seletivo e elitista.
A reforma do Ensino Secundário (BRASIL, 1942), logo no primeiro artigo do
Decreto-lei nº 4.244/1942, ratifica o caráter exclusivamente propedêutico desta etapa de
ensino, ao explicitar textualmente, entre outras, a finalidade de “Dar preparação
intelectual geral que possa servir de base a estudos mais elevados de formação especial”
(Art.1º, 3). Outra finalidade pode ser identificada, no Decreto-lei, fora do corpo textual
que cuida especificamente das finalidades do ensino secundário. Diz o texto legal que
“é finalidade do ensino secundário formar individualidades condutoras, pelo que
forçoso é desenvolver nos alunos a capacidade de iniciativa e de decisão e todos os
atributos fortes da vontade” (art. 23). Com vistas ao atendimento destas finalidades, o
ensino secundário passa a ser estruturado em dois ciclos. O primeiro ciclo, chamado de
ginasial, com duração de quatro anos. O segundo ciclo, com duração de três anos, era
dividido em clássico e científico. O clássico “concorrerá para a formação intelectual,
além de um maior conhecimento de filosofia, um acentuado estudo das letras antigas;
no curso científico, essa formação será marcada por um estudo maior de ciências” (Art.
4º). Estas reformas, realizadas no contexto das Leis Orgânicas, se constituíram como
um conjunto de leis específicas, que buscaram regulamentar cada etapa e modalidade de
ensino de forma separada prosseguindo, assim, com a tradicional desarticulação no seio
da estrutura educacional.
Na gestão Vargas, pós Estado Novo, foi criada a Campanha de Aperfeiçoamento
e Difusão do Ensino Secundário33
(CADES), com implantação no período de 1953 a
1956. A demanda pelo ensino secundário aumentou e evidenciou duas preocupações – o
atendimento das necessidades de um país em crescimento e o déficit de professores. O
corpo docente era basicamente constituído por profissionais liberais, padres e
normalistas. Mesmo decorridos 20 anos da criação das faculdades de filosofia, “somente
16% dos 40.000 professores secundários tiveram a oportunidade de nelas adquirir uma
adequada formação profissional: 84% desse exército de professores são ainda
autodidatas” (NOSSA REVISTA, 1957, p. 8 apud PINTO, 2008, p. 151). Diante desta
escassez, os professores para o ensino secundário passaram a ser recrutados por meio de
33
Decreto nº 34.638, de 17 de novembro de 1953.
78
exame de suficiência34
. O candidato aprovado obtinha o direito de lecionar onde não
houvesse disponibilidade de professores habilitados por faculdade de filosofia. No
contexto da ideologia desenvolvimentista, Juscelino Kubitschek assumiu a presidência
anunciando o seu Plano de Metas, que previa a realização de 50 anos de
desenvolvimento em 5 anos de governo. A diretoria do Ensino Secundário foi delegada
a Gildásio Amado que, no discurso de posse, criticou o desajuste existente entre a
estrutura do ensino e a nova realidade social (PINTO, 2008). Nesse contexto, a CADES
difundiu-se em todo o País, porém enfrentando problemas de ordem estrutural, como o
déficit de professores devidamente qualificados e a alta seletividade no processo de
transição do ensino primário para o secundário. Além disto, havia questões de ordem
cultural (ROMANELLI, 2002) relacionadas ao ensino profissionalizante, que sofria
forte rejeição, institucionalizada a partir da Constituição de 1937, que o endereçara,
literalmente, às classes menos favorecidas. O ensino secundário persiste no seu caráter
propedêutico, elitista e seletivo. A crise política, decorrente da renúncia de Jânio
Quadros e da posse de João Goulart, propiciou intensa mobilização das massas urbanas.
Neste período, considerando o trabalho desenvolvido entre 1953 e 1963 por Lauro de
Oliveira Lima35
, na Inspetoria do Ensino Secundário do Ceará, o Ministro da Educação
Paulo de Tarso o nomeou para a Diretoria do Ensino Secundário. O novo diretor
transferiu a Diretoria do Ensino Secundário para Brasília e apresentou um Plano de
Atividades com justificativa sociológica, pedagógica e administrativa.
Do ponto de vista sociológico, apontava o aumento da população na
faixa etária de 11-16 anos, a insuficiente oferta de oportunidades pela
rede escolar e a inadequação da escola às exigências do
desenvolvimento econômico e social. Do ponto de vista pedagógico,
enumerava: a exigência de treinar educadores para as novas tarefas,
bem como o seu aperfeiçoamento contínuo; e a necessidade de prestar
assistência à organização escolar e, quando solicitado, assessorar os
sistemas estaduais de educação. Do ponto de vista administrativo,
assinalava a necessidade de reestruturar a Dese, órgão que exercia as
atribuições do poder público em matéria do ensino secundário. Para
atingir os objetivos visados, o Plano continha um pormenorizado
programa de trabalho (PINTO, 2008, p. 162).
Este Plano de atividades enfrentou forte resistência das classes dominantes. O
golpe militar interrompeu sua curta gestão na Diretoria de Ensino Secundário, afastando
Lauro de Oliveira Lima do MEC e da Inspetoria de ensino. De acordo com pesquisa
34
Instituído pelo Decreto-Lei nº 8.777, de 22 de janeiro de 1946. 35
Responsável pela introdução, no Brasil, da teoria psicogenética de Jean Piaget e pela sua articulação
com a didática.
79
sobre a CADES (PINTO, 2008), não é possível levantar seguramente a data de sua
extinção. É possível supor que a CADES tenha desaparecido no bojo da “Reforma
Administrativa” do serviço público no Brasil36
, imposta pela ditadura militar, que
assumira o poder em 1964.
Em 1964, o País encontrava-se na efervescência de disputas políticas por
projetos diferenciados de sociedade, reavivadas no seio da abertura democrática iniciada
a partir de 1946. Assim, num contexto fortemente marcado por intensa disputa entre
ideologia política e modelo econômico, o golpe militar decide pelo aproveitamento do
capital estrangeiro e cala o nacional-desenvolvimentismo e outras correntes opositoras,
pela força de uma severa repressão, justificada pela primazia da segurança nacional.
Para a realização da reforma na área educacional, proposta pelo governo militar,
foram firmados os acordos entre o MEC e a United States Agency for International
Development – os acordos MEC/Usaid. O projeto de educação proposto não revogou a
primeira LDB, de nº 4.024, aprovada, em 1961, mediante amplo debate na sociedade
civil, mas realizou alterações que redundaram nas Leis nº 5.540/1968, que propunha a
reforma universitária e na Lei nº 5.692/71, que reestruturou a educação primária e
secundária, a chamada Reforma do 1º e 2º graus. Tal reforma ampliou a obrigatoriedade
escolar de quatro para oito anos, eliminando os exames de admissão que impunham alta
seletividade e instituindo, por esta via, o chamado 1º grau, após o qual o estudante faria
o 2º grau, com três anos de estudo. A principal mudança no 2º grau foi a sua
transformação em escola única profissionalizante, na tentativa de extinguir a separação
entre escola secundária e profissionalizante. A integração do primário com o ginasial e
do secundário com o profissionalizante obedeciam aos princípios da continuidade e
terminalidade. Estes princípios compunham os três pilares sobre os quais se assentou a
reforma realizada, com a assistência técnica e financeira da Usaid, que propõem
educação e desenvolvimento: formação de profissionais para atender
às necessidades urgentes de mão-de-obra especializada num mercado
em expansão; educação e segurança: formação do cidadão consciente;
educação e comunidade: estabelecer a relação entre escola e
comunidade, criando conselhos de empresários e mestres (ARANHA,
1996, p. 213-214).
A literatura (FREITAG, 1978; ARANHA, 1996; ROMANELLI, 2002; ALVES,
2002) aponta os prejuízos trazidos à educação brasileira por esta reforma que,
36
Decreto-Lei nº 200, de 25 de 25 de fevereiro de 1967, complementado pelo Decreto-Lei nº 900, de 29
de setembro de 1969.
80
supostamente, superaria a seletividade com a eliminação tanto de exame de admissão
como do dualismo escolar, uma vez que não haveria mais separação entre o secundário
e o profissionalizante. O profissionalizante seria para todos e superaria o caráter
exclusivamente propedêutico do ensino secundário, mediante o seu caráter de
terminalidade. A reforma oportunizaria, ainda a cooperação das empresas com a
educação. A análise crítica, no entanto, mostra que a obrigatoriedade de oito anos não se
efetivou totalmente, para muitas realidades regionais do País não passou de letra morta,
uma vez que não havia recursos materiais e humanos para atender à demanda. A
profissionalização também não se efetivou, seja por questão cultural (ROMANELLI,
2002), que aponta para a grande resistência da sociedade, mesmo nos estratos menos
favorecidos financeiramente, à profissionalização, pelo seu estigma de ser uma
formação para pobres e sem condições intelectuais, seja pela utilização, em larga escala,
por parte das escolas, da formação na área terciária, de instalação mais barata. Desta
forma, o ensino secundário – o 2º grau lança, no mercado, um grande contingente de
mão-de-obra desqualificada e barata. A lacuna entre a profissionalização e o
crescimento econômico continuava, pois não havia formação para a agricultura, nem
para a indústria, em quantitativo que atendesse à demanda destes setores. Assim, o pilar
de educação para o desenvolvimento não se firmou a contento. Na esteira da resistência
relacionada à profissionalização de nível médio, as escolas particulares, principalmente
as que atendiam às classes mais abastadas, apresentavam uma matriz curricular para
atender às exigências legais da reforma, mas continuavam, na prática, a oferecer um
ensino secundário propedêutico. A ampliação do mercado de trabalho, ocasionado pela
implantação das empresas multinacionais, gerou uma demanda excedente por educação
superior. Esta demanda era constituída por estudantes que não conseguiam acesso à
faculdade, depois de aprovados em exame vestibular. A opção do governo militar não
foi pela ampliação das vagas, mas pela continuidade da seletividade ao criar, mediante o
Decreto nº 68.908/1971, o vestibular classificatório, cujo critério não seria mais a nota
de aprovação, mas o número de candidatos condizente com as vagas disponíveis
mediante classificação, o que explica a demanda e a oferta do ensino secundário por um
ensino propedêutico, no qual persiste o caráter de seletividade deste ensino, já que as
elites, mais preparadas, têm mais chances de ocupar as funções de mando e prestígio do
País. Às escolas públicas restam os Programas, com uma formação geral superficial e
atropelada por disciplinas mal ministradas, ofertadas no âmbito profissionalizante.
81
No contexto da reforma do 1º e 2º graus, o atendimento à demanda crescente foi
feita por múltiplos arranjos (ALVES, 2002), que acabaram por deteriorar, ainda mais, a
qualidade do ensino público, tais como: a proliferação de classes multisseriadas, a
diminuição da jornada escolar, a proliferação de turnos intermediários, o aumento da
quantidade de professores leigos e o congelamento salarial. Para suprir a deficiência
quantitativa de docentes, foi instituída a formação de professores através do Esquema I
que, mediante algumas horas de formação na disciplina de Didática e Estágio, recrutava
profissionais de todas as áreas que quisessem atuar como docentes no 1º e 2º graus. Foi
instituída, também, a licenciatura curta, que era a formação em apenas dois anos de
curso de nível superior, que habilitava professores para atuarem até a 6ª série do 1º grau,
mas que, na prática, atuavam até no ensino secundário. Levantamento realizado pelo
MEC/INEP37
, em 1996, mostra que o ensino secundário oferecido no País, naquele ano,
contava com 38.250 professores que tinham como formação o Ensino Médio Completo;
675 professores que tinham como formação o Ensino Fundamental Completo e 18
professores que tinham como formação o Ensino Fundamental incompleto. Estes dados
dão uma ideia da forma como foi suprida a carência de professores.
O recrutamento de profissionais que não detinham a expertise para o magistério
teve a dupla função de suprir a carência quantitativa de professores e de facilitar a
introdução da tendência tecnicista na educação, passível de viabilizar a aplicação, na
escola, do modelo empresarial baseado em princípios típicos do modo de produção
capitalista, tais como a separação entre a concepção e a execução do trabalho, nos
moldes do taylorismo que define, claramente, o setor de planejamento, o setor de
execução que submete o operário ao parcelamento das tarefas e, consequentemente, à
sua alienação do trabalho e o setor de controle, que é responsável pela fiscalização da
execução nos moldes do que fora planejado.
Contribuía com a implantação da tendência tecnicista a inclusão obrigatória, na
matriz curricular, das disciplinas de Moral e Cívica e Organização Social e Política
Brasileira (OSPB). Sob a alegação de falta de espaço, a disciplina de Filosofia saiu da
matriz curricular do 2º grau e as disciplinas de História e Geografia sofreram
reducionismo e passaram a formar alunos com conhecimentos superficiais nestas áreas,
devido à junção destas duas disciplinas, no item curricular do 1º grau, denominado
Estudos Sociais. Tais modificações curriculares implicam a eliminação, em grande
37
Cf. Sinopse Estatística 1996 e diagnóstico contido na Lei 10.172/01 que aprova o PNE
82
parte, da possibilidade de desenvolvimento de uma consciência crítica. Assim, o pilar de
“educação e segurança” é a inculcação da ideologia militar, sob a égide da segurança
nacional, desmascarando a alegada neutralidade política da tendência tecnicista, que
buscava se impor sob o argumento de decisões a partir de critérios eminentemente
técnicos.
A relação com a comunidade traduz-se em ações que visam a captação de mão-
de-obra para o mercado de trabalho. Uma das ações, nas quais é possível vislumbrar
este aspecto, encontra-se na forma como se deu a política de financiamento da educação
no período, através do orçamento-programa, que é uma maneira de vincular recursos a
projetos e programas que viabilizem a absorção mão-de-obra pelo setor produtivo
justificando, assim, os gastos em educação, especialmente a partir dos recursos
orçamentários. Neste contexto, as fontes de captação de recursos deixaram de ser apenas
as orçamentárias (ALVES, 2001). Além da criação do salário-educação, houve a criação
dos Fundos Especiais da Loteria Federal e da Loteria Esportiva. Do primeiro, 20%
destinavam-se ao FNDE, de acordo com a Lei nº 5.525, de 5 de novembro de 1968. Do
segundo, 30% da receita líquida da Loteria Esportiva destinavam-se ao Movimento
Brasileiro de alfabetização (MOBRAL).
Finda a ditadura militar, o ensino secundário, a despeito de mais uma reforma,
persistiu no seu caráter propedêutico, elitista e seletivo. A análise crítica sobre o
interesse subjacente à reforma do ensino de 1º e 2º graus e sobre o princípio da
terminalidade que lhe fora aplicado, elaborada à luz da expansão econômica num país
dependente, como o Brasil, afirma que a expansão passou a exigir um aumento do nível
geral de escolaridade do trabalhador não, porém, no sentido de projetá-lo para
patamares mais elevados de qualificação e ocupação social, mas concedido, de forma
compatível, com a posição periférica da nossa economia. Como salienta Romanelli,
a industrialização crescente exige uma base de educação fundamental
e algum treinamento, o suficiente para o indivíduo ser introduzido na
manipulação de técnicas de produção e aumentar a produtividade,
sem, contudo, ter sobre o processo nenhum controle, nem mesmo
qualquer possibilidade de exigências salariais que um nível mais
elevado de escolarização e qualificação acabaria por suscitar. Enfim,
era interessante para os meios empresariais a mão-de-obra com
alguma educação e treinamento, bastante produtiva e, ao mesmo,
barata (ROMANELLI, 2002, p. 234).
83
Baseada nesta análise, a autora identifica o interesse da USAID na reformulação
do ensino de 1º grau, como caminho melhor do que a reforma do 2º grau, no que
concerne ao atendimento dos interesses da expansão econômica.
Em termos de educação, o acima exposto foi parte do legado recebido pelo
período da redemocratização do país, que ocorreu nos meados de 1980, com o declínio
do regime militar. A LDB, lei nº 9.394, instituída em 1996, dividiu a educação nacional
em dois níveis (Art. 21, I e II), Educação Superior e Educação Básica, esta subdividida
em Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Em meados da década de 1970, movimentos sociais representativos dos
educadores vinham discutindo novas perspectivas pedagógicas e políticas para a
educação, que viriam nos novos horizontes democráticos que se avizinhavam. No seio
destas discussões emergia, com ênfase, a perspectiva da vinculação de recursos e a
criação de mecanismos legais que garantissem a sua aplicação em MDE, uma vez que o
aporte de recursos financeiros é condição indispensável à implementação das ações que
materializam uma política pública, especialmente uma política estratégica para o
desenvolvimento social e econômico do País, como é a política educacional.
3.2 A POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO
No contexto do processo de redemocratização do país, emergiu a Constituição
de 1988 e, dela decorrente, uma nova legislação educacional38
, informando que o aporte
de recursos destinados à educação é originário da receita de impostos próprios da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; da receita de transferências
constitucionais e outras transferências; da receita do salário-educação e de outras
contribuições sociais e da receita de incentivos fiscais e de outros recursos previstos em
lei. A transparência na aplicabilidade dos recursos pelos poderes instituídos e o controle
e acompanhamento desta aplicação por parte da sociedade são pressupostos do processo
democrático. Estudar o financiamento da educação contribui para superar uma tradição
de opacidade que, historicamente, cerca o desempenho fiscal e orçamentário no nosso
País e para identificar dicotomias entre discursos em defesa da qualidade da educação e
38
LDB -Lei nº 9.394/1996, art. 68, incisos I a V.
84
as ações implementadas na prática. Tendo como finalidade39
o pleno desenvolvimento
do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho, a educação se constitui como uma das principais alavancas do
desenvolvimento humano e o seu financiamento como elemento estruturante de uma
educação que busca promover equidade e justiça social.
A principal fonte de receita para a educação provém, de forma sistemática e
compulsória, dos recursos resultantes da receita de impostos e transferências
constitucionais. De forma também sistemática e compulsória, porém menos
significativa em termos de volume de recursos, figura a contribuição do salário-
educação. Os recursos destinados à educação de forma assistemática não se configuram
como objeto de estudo na pesquisa, constituídos por montantes advindos de
empréstimos contraídos junto a organismos financeiros internacionais; a sua menção
tem caráter meramente informativo.
Em termos de receita, o salário-educação, ainda que este não seja a principal
fonte dos recursos destinados à educação, requer uma explanação, ainda que breve.
Configura-se como uma contribuição social criada em 1964, como fonte adicional de
financiamento. Numa performance mais atual, esta contribuição está prevista no artigo
212, § 5º, da Constituição Federal, regulamentado por diversos dispositivos legais40
. O
cálculo do salário-educação tem, como base, a alíquota de 2,5%, incidente sobre o valor
total das remunerações pagas ou creditadas pelas empresas, a qualquer título, aos
segurados empregados, ressalvadas as exceções legais. O recolhimento do salário-
educação é realizado pela Secretaria de Receita Federal do Brasil (RFB), através da rede
bancária, por meio da Guia de Previdência Social (GPS) e transferida ao Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a quem compete a função
redistributiva da contribuição social deste salário. Do montante arrecadado, é deduzida a
remuneração da RFB, correspondente a 1%, como taxa de administração, enquanto o
restante é repartido41
, em cotas, pelo FNDE. O governo federal detém 10%, do total
arrecadado, para ser aplicado pelo FNDE, em programas sob sua gestão e voltados para
a Educação Básica. Dos 90% restantes, a cota de 1/3 cabe ao governo federal para
aplicação, também, em programas educacionais sob sua gestão. A cota restante de 2/3 é
creditada pelo FNDE, mensal e automaticamente, em favor das secretarias de educação
39
LDB - Lei nº 9.394/1996, art. 2º. 40
Leis nºs 9.424/1996, 9.766/1998,11.457/2007 e pelo Decreto nº 6003/2006. 41
Fórmula de repartição estipulada pela Lei nº 10.832, de 29/12/2003.
85
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, com base no número de alunos
matriculados, conforme o Censo Escolar do exercício anterior. Os recursos do salário
educação, no âmbito das três esferas administrativas, destinam-se ao financiamento de
programas, projetos e ações voltados para a Educação Básica para que, segundo o
FNDE, propiciem a redução dos desníveis sócio-educacionais, entre os municípios e os
estados brasileiros. São consideradas como etapas e modalidades financiadas com estes
recursos42
a Educação Infantil, o Ensino Fundamental regular, o Ensino Médio regular,
o Ensino Médio Integrado, a Educação Especial, a Educação de Jovens e Adultos
presencial,com avaliação no processo e Educação de Jovens e Adultos, integrada à
Educação Profissional, de níveis Médio e Fundamental, presencial, com avaliação no
processo.
O salário-educação tem a arrecadação pautada pelo número de vagas de trabalho
legalmente preenchidas na economia formal. Encontra-se suscetível a oscilações
consentâneas com o índice de desemprego, com o ingresso de trabalhadores na
economia informal e, até, com a falta do devido registro dos trabalhadores em exercício,
na economia formal. O salário-educação constitui-se importante fonte de recursos para o
financiamento de programas suplementares de atendimento ao educando, referenciados
no art. 208, VII da Constituição Federal, voltados para o transporte escolar, a aquisição
e distribuição de material didático e verbas de custeio e capital direcionadas às escolas,
além de outras demandas. Outra mudança significativa incidente sobre o salário-
educação refere-se à ampliação da sua abrangência para toda Educação Básica43
, o que
viabilizou, a partir de 2007, mais uma fonte de recursos para as demais etapas além do
Ensino Fundamental, incluindo o Ensino Médio, objeto desta pesquisa.
A principal fonte que destina recursos para a educação emerge do princípio da
vinculação de um percentual mínimo da receita resultante de impostos arrecadados
pelas três esferas administrativas. A vinculação constitucional de recursos para a
educação advindos de impostos gera um montante financeiro bem mais elevado do que
o montante gerado pelo salário-educação. A discussão sobre a vinculação de recursos
advindos de impostos começou em 1921, por ocasião da Conferência Interestadual do
Ensino Primário, realizada no Rio de Janeiro; no entanto, esta vinculação não se
constituiu como ponto pacífico na arena política. Diversas mensagens presidenciais
42
Cf. Art. 1º, § 1º de I a VII, da Portaria nº 80, de 15 de março de 2013. 43
Cf. EC nº 53, de 19/12/2006, art. 1º, que modifica o § 5º do art. 212 da Constituição Federal. Até 2006,
os recursos do salário-educação eram aplicados exclusivamente no ensino fundamental.
86
refletiam a turbulência pela qual passava a proposta de vinculação de recursos para a
educação, a exemplo da mensagem44
de 1925 que, ao referir-se à Conferência de 1921,
afirmava que a falta de condições financeiras do país não permitia a realização do que
fora proposto (SENA 2004, p. 3).
No contexto de renovação democrática por que passava o país, com a queda da
política do “café com leite” e, sob a influência dos princípios que vinham sendo
debatidos por intelectuais da Educação Nova, a vinculação de recursos resultantes de
impostos para aplicação na educação ganhou corpo e encontrou amparo constitucional
na Constituição Federal de 1934, a primeira que vinculou um percentual de recursos
federais para a educação. Embora esta vinculação representasse um avanço, não se
referia, ainda, à manutenção e desenvolvimento do ensino, o que comprometia a estrita
aplicação dos recursos no ensino. Diz o texto constitucional de 1934, no seu art. 156,
que a “União e os Municípios aplicarão nunca menos de dez por cento, e os Estados e o
Distrito Federal nunca menos de vinte por cento, da renda resultante dos impostos, na
manutenção e no desenvolvimento dos sistemas educativos”. O termo “sistemas
educativos”, pela abrangência que encerra, propicia uma imprecisão legal no que se
refere à aplicação dos recursos. Mesmo de forma frágil, diante da necessidade de
regulamentação que esta imprecisão requeria, a vinculação não se manteve. Daí em
diante, o financiamento da educação sofreu um movimento pendular, de vinculação
constitucional e supressão de vinculação constitucional. A Constituição de 1934
vinculou recursos, a do Estado Novo, datada de 1937, suprimiu a vinculação, que foi
novamente resgatada na Constituição de 1946, contexto político-legal no qual foram
criados os Fundos de Participação Estadual (FPE) e de Participação Municipal (FPM).
Estes Fundos configuram-se como transferências constitucionais desde a sua criação e
são constituídos com recursos advindos do Imposto de Renda e do Imposto sobre
Produtos Industrializados. Sobre a vinculação, diz o texto constitucional de 1946, no seu
art.169, que a “União aplicará nunca menos de dez por cento, e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios nunca menos de vinte por cento da renda resultante dos
impostos, na manutenção e desenvolvimento do ensino". A Constituição de 1946,
portanto, teve o mérito de corrigir a imprecisão da Constituição de 1934, ao introduzir a
expressão “Manutenção e Desenvolvimento do Ensino” (MDE). A vinculação, porém,
foi suprimida pela Constituição de 1967.
44
Cf. SENA (2004), sobre as diversas Mensagens Presidenciais.
87
No contexto de democratização política, pós-ditadura militar, emergiu uma
conquista representada pela aprovação da Emenda nº 24, de 23/11/1983, proposta pelo
senador João Calmon, que restabeleceu a vinculação de recursos constitucionais para a
Educação. A Emenda aprovada acrescentou, à Constituição então vigente, o §4º ao art.
176, dispondo que “anualmente, a União aplicará nunca menos de treze por cento, e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da
receita resultante de impostos, na manutenção e desenvolvimento do ensino."
Esta foi uma medida importante e ousada, que refletia a pressa em recuperar o
tempo perdido pela Educação, uma vez que, mesmo diante de uma Constituição Federal
iminente, não hesitou em emendar a, até então, vigente, que suprimira a vinculação de
recursos. O restabelecimento da vinculação percorreu um caminho de luta para a sua
aprovação (VELLOSO, 1985; DAVIES, 2000; SENA, 2004). Em 1976, João Calmon
apresentou Emenda Constitucional que propunha o restabelecimento da vinculação, mas
manobras políticas do governo impediram a obtenção de quórum para a aprovação.
Mesmo depois da aprovação, a Emenda Calmon enfrentou lutas, conforme evidencia
Velloso (1985, p. 34), em artigo produzido no contexto das lutas que marcavam o
período da Constituinte. Registrou o autor, na época, que
O novo dispositivo constitucional é autoaplicável, mas o Poder
Executivo do governo federal fiel ao seu descompromisso com o
ensino público no país vem desenvolvendo manobras com vistas ao
descumprimento da letra e do espírito da lei. Assim, em outubro do
corrente ano enviou mensagem ao Congresso Nacional (Mensagem nº
369) encaminhando um projeto de lei que regulamenta o § 4º do art.
176 da Constituição Federal.
O autor referia-se à manobra do governo federal que, ignorando
intencionalmente o princípio autoaplicável, apresentou proposta de regulamentação,
mediante a Lei nº 7.348/198545
, a qual, entre outros artifícios, “[...] confunde educação
com ensino (art. 2º) e ao conceituar manutenção e desenvolvimento do ensino
acrescenta toda uma gama de atividades (art. 6º) que desvirtuam o espírito da
Constituição” (VELLOSO, 1985, p. 35).
A Emenda não surtiu o efeito esperado no que se refere à distribuição e
aplicação dos recursos. Porém, é inegável a sua importância, pois teve o mérito de
fomentar discussões em torno da vinculação dos recursos e do conceito de MDE,
fundamental ao disciplinamento dos gastos da educação, uma vez que indica quais
45
Lei assinada por José Sarney, Marco Maciel e João Sayad. DOU de 25/07/1985.
88
devem ser “[...] as despesas realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos
das instituições educacionais de todos os níveis” (BRASIL/LDB nº 9.394/1996, art.70).
Segundo Davies (2000, p.17), a definição das despesas que podem ser consideradas de
MDE, nos sete incisos do art. 70 da LDB, “[...] não impede brechas ou irregularidades
que as autoridades costumam explorar”, mas serve para coibir a aplicação dos recursos
da educação em ações que não concorrem para a manutenção e o desenvolvimento do
ensino, mediante o “[...] detalhamento (se bem que ainda insuficiente) do que os
governantes podem considerar despesas a que se vincula o percentual mínimo” (idem, p.
16).
A sigla “MDE”, já consagrada na legislação brasileira, representa um conteúdo
técnico, ao enfeixar um conjunto de ações46
referentes e aprimoramento conceitual,
imprescindível ao disciplinamento da aplicação dos recursos destinados à educação. A
ausência deste conceito possibilitou a migração, de largas fatias de recursos
educacionais, para outras áreas, sob o argumento de que o investimento concorria para a
MDE. Sob este argumento, iluminação pública, asfaltamento e outros investimentos de
infraestrutura foram realizados (DAVIES 2000).
Ao ratificar a conquista representada pela Emenda Calmon, a atual
Constituição Federal (BRASIL 1988), no seu artigo 212, determina que a União
aplique, anualmente, no mínimo 18% e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
no mínimo, 25% da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de
transferências, na MDE. O mandato constitucional afirma que os percentuais
referenciados só podem ser aplicados em MDE nos dois níveis de ensino definidos na
LDB - Lei nº 9.394/1996 – Básico e Superior (art. 21, I e II). A despeito deste
dispositivo constitucional, a educação foi vítima de uma manobra fiscal que redundou
na subtração de 20% do percentual vinculado, de 18%, a ser aplicado pela União,
através do então criado Fundo Social de Emergência47
(FSE) e de seus sucedâneos:
Fundo de Estabilização Fiscal (FEF) e Desvinculação das Receitas da União (DRU). Tal
manobra fiscal só foi extinta, de forma gradual, através da EC nº 59/2009, que reduziu o
percentual de desvinculação dos recursos vinculados para 12,5 %, no exercício de 2009,
para 5% no exercício de 2010 e eliminou no exercício de 2011.
46
Cf. Perguntas Frequentes sobre o FUNDEB. Disponível em:
https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/ActionDatalegis.php?acao=abrirTreeview&cod_menu=709&co
d_modulo=11. Acesso em: jan/2014. 47
Instituído pela EC nº 10, de 4/3/1996.
89
A partir do artigo 212 da CF, emergiu a EC nº 14, de 12 de setembro de 1996,
que estabeleceu subvinculação, ou seja, determinou que parte dos recursos já vinculados
fosse despendida num universo mais restrito de categorias de gasto. Para tanto, instituiu
o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização
do Magistério - FUNDEF48
, de natureza contábil, que se propõe como de “manutenção
e desenvolvimento” do Ensino Fundamental público. Excluem-se do Fundo, portanto,
despesas com programas de assistência como a alimentação, saúde escolar e similares.
A operacionalização do FUNDEF ocorreu mediante a subvinculação de uma
parcela de 60% dos 25% dos recursos vinculados à educação, com distribuição de
recursos realizada automaticamente, de acordo com o número de alunos matriculados
em cada rede de Ensino Fundamental, segundo o Censo Escolar, promovendo a partilha
de responsabilidades entre o Governo Estadual e os Governos Municipais. As receitas e
despesas correspondentes, por sua vez, deverão ser previstas no orçamento e, a
execução, contabilizada de forma específica. As receitas do FUNDEF49
eram
constituídas de 15% do FPE, do FPM, do ICMS, IPIexp, Recursos da LC nº 87/1996.
No âmbito do FUNDEF, os recursos deveriam ser utilizados integralmente, no
Ensino Fundamental público do respectivo sistema de ensino. E o mínimo de 60% dos
recursos advindos da subvinculação teria de ser destinado à remuneração dos
profissionais do magistério, em efetivo exercício no Ensino Fundamental público.
O restante dos recursos, máximo de 40%, deveriam ser utilizados em outras
ações de MDE do Ensino Fundamental. Os valores devidos a cada Estado e a cada
Município eram definidos em função do montante de recursos que formavam o Fundo
no âmbito de cada Estado e do número de alunos do Ensino Fundamental, atendidos
pelo Estado e pelos Municípios, de acordo com as informações constantes do Censo
Escolar do ano anterior. É assegurado um valor mínimo por aluno/ano, fixado
anualmente por Decreto Presidencial. Nas unidades Federadas, caso o valor per capita50
fosse inferior a este mínimo nacional, a União complementaria a diferença. São os
recursos nomeados como Complementação da União, que compõem o FUNDEF,
juntamente com as fontes já mencionadas. Na vigência do FUNDEF, a composição
48
Regulamentado pela Lei nº 9.424 de 24.12.1996 e pelo Decreto nº 2.264, de 27/06/1997. 49
Fundo de Participação Estadual, Fundo de Participação Municipal, Imposto sobre Circulação de
Mercadorias, Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações, Lei que trata da
desoneração de exportações. 50
Montante de receitas do Fundef na UF, por ano, dividido pelo total de alunos do ensino fundamental
da rede estadual e redes Municipais, naquela UF, no ano anterior.
90
desta Complementação da União podia utilizar recursos da Quota Federal do salário-
educação, até o limite de 20% do valor da Complementação.
Em 1998, foi implantado o FUNDEF em todo o território nacional51
e, em 1999,
o Fundo operou com um valor único para todo o Ensino Fundamental. A partir de 2000
até 2004, estabeleceu 5% como fator de ponderação para a diferenciação do custo por
aluno da 5ª a 8ª séries e para alunos da Educação Especial matriculados no Ensino
Fundamental.
Em 2005 e 2006, o fator de diferenciação variou entre 2% e 7%, dependendo da
matrícula nas séries iniciais urbanas ou rurais, nas séries finais urbanas ou rurais e na
Educação Especial da 1ª a 8ª série, tanto em escolas urbanas como rurais.
As transferências dos recursos do Fundo eram realizadas mediante créditos
automáticos, em conta específica aberta no Banco do Brasil para este fim e ocorrem, em
cada mês, em datas distintas, de acordo com a origem dos recursos. Assim, os recursos
originários do ICMS são repassados semanalmente; os do FPE, FPM e IPIexp, a cada
dez dias e os da desoneração de exportações e Complementação da União, ao final de
cada mês. O FUNDEF era submetido ao controle estatal exercido pelos órgãos
competentes e ao controle social exercido por Conselhos de Acompanhamento e
Controle Social sobre a repartição, a transferência e a aplicação dos recursos do Fundo.
Estes Conselhos deveriam ser instituídos no âmbito de cada esfera administrativa.
Como o FUNDEF teve uma vigência de dez anos, foi extinto em 2006.
A política de financiamento, com a criação do FUNDEF, embora tenha
garantido a elevação do número de matrículas no Ensino Fundamental, ao se pautar por
uma concepção fragmentada de educação, em detrimento da sua universalização, não
atendeu, de forma semelhante - pela via de uma subvinculação de recursos - nem a
Educação Infantil nem o Ensino Médio.
O FUNDEF, por sua vez, não logrou êxito em tudo a que se propôs (DAVIES,
2001a, 2001b, 2008; PINTO 2000; MONLEVADE, 1997, 1998; MELCHIOR, 1997).
De modo geral, na maior parte das municipalidades, os Conselhos criados para
exercer o controle social foram manipulados pelos Executivos Municipais, tendo os
seus membros indicados por esta esfera do poder e tendo, como presidente do Conselho,
o representante da instância governamental. Somando-se à pouca clareza dos
comprovantes de despesas disponibilizados aos Conselhos, emerge a falta de habilitação
51
O Estado do Pará foi o único que antecipou a implantação do FUNDEF, em 1997.
91
e de oferta de capacitação aos conselheiros, para as devidas análises. No que se refere à
valorização do magistério, um dos seus grandes objetivos, expressos na sua
denominação, os Planos de Carreira e Remuneração do Magistério não foram
elaborados coletivamente, com a presença dos sindicatos representativos dos educadores
(ALVES, 2002). Além desta falta de participação, os Planos já em vigência, em
diversos municípios, não são conhecidos pelos educadores, antes têm se apresentado
com uma redoma de inacessibilidade. Quando disponibilizados, demonstram falta de
clareza quanto a aspectos importantes, como a possibilidade de ascensão profissional
mediante maior nível de qualificação ou quanto aos critérios norteadores dos
instrumentos de avaliação profissional a que estão sujeitos os profissionais que,
legitimamente, aspiram pela progressão. Outros planos encontravam-se sob a promessa
de reestruturação que jamais foi cumprida, e não serviam ao fim ao qual se propunham.
A despeito desses problemas, a subvinculação do mínimo de 60% dos recursos do
FUNDEF, destinada à remuneração dos profissionais, elevou os aviltantes salários que,
antes do FUNDEF, eram menores que o salário mínimo, em grande parte do País e, em
muitos municípios, chegavam a ser apenas a metade deste.
Ao aproximar-se o prazo para a extinção da vigência do FUNDEF, amplas
discussões no interior de diversos segmentos sociais e políticos vinham sendo realizadas
em torno de uma nova proposta de financiamento que o substituísse. Foi instituído,
então, por força da Emenda Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006, o
FUNDEB52
. Embora o FUNDEB tenha em comum com o FUNDEF a forma per capita
de distribuição de recursos e a delimitação de prazo para se extinguir, pois tem vigência
de 14 anos, de 2007 a 2020, apresenta mudanças de ordem estrutural. Uma destas
mudanças é a ruptura que produziu, com a política de focalização e o avanço na política
de universalização da educação básica, pela via do financiamento que atende a toda a
Educação Básica, contemplando todas as suas etapas - Educação Infantil, Ensino
Fundamental, Ensino Médio e modalidades como Educação Especial, Indígena,
Quilombola e Educação de Jovens e Adultos. Outra mudança estrutural se traduz na
inclusão de novas fontes de recursos.
O FUNDEB, além de contar com as mesmas fontes de recursos que compunham
o FUNDEF - FPE, FPM, ICMS, IPIexp – conta, ainda, com fontes que lhe foram
adicionadas53
– ITCMD, IPVA e ITR-Cota Municipal. Também compõem o Fundo as
52
Regulamentado pela MP nº 339, de 28/12/ 2006 e, posteriormente, pela Lei nº 11.494, de 20/06/2007. 53
ITCMD - Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações; IPVA - Imposto sobre Propriedade de
92
receitas da dívida ativa e de juros e multas incidentes sobre as fontes acima
relacionadas.
Assim, as fontes que já eram constitutivas do FUNDEF continuaram a compor o
FUNDEB, enquanto novas fontes passaram a fazer parte da cesta de recursos do
FUNDEB, implantado a partir de 2007, de forma gradativa, ao longo de 3 anos,
atingindo sua plenitude em 2009, mediante a contribuição de Estados, DF e Municípios,
da seguinte forma:
Quadro: 5 - Gradação percentual de aplicação no FUNDEB dos recursos
oriundos das fontes constitutivas do FUNDEF (a)
Receita
Ano
2007 2008 2009-2020
FPE 16,66% 18,33% 20%
FPM 16,66% 18,33% 20%
ICMS 16,66% 18,33% 20%
IPIexp 16,66% 18,33% 20%
LC nº 87/96 16,66% 18,33% 20% Fonte: Art. 60,XII,§ 5º I do ADCT da CF/1988.
Quadro: 6 - Gradação percentual de aplicação no FUNDEB dos recursos
oriundos de fontes não constitutivas do FUNDEF (b)
Receita
Ano
2007 2008 2009-2020
ITCMD 6,66% 18,33% 20%
IPVA 6,66% 18,33% 20%
ITR Cota Municipal 6,66% 18,33% 20%
16,66% 18,33% 20% Fonte: Art. 60,XII,§ 5º II do ADCT da CF/1988.
A complementação da União foi prevista54
em R$ 2,0 bilhões, R$ 3,0 bilhões e
R$ 4,5 bilhões, nos três primeiros anos de implantação, e de 10% do montante
resultante da contribuição dos Estados e Municípios, a partir do quarto ano. Os valores
da complementação são reajustáveis com base no índice oficial de inflação e só devem
onerar os 18% da receita de impostos da União vinculada à educação em até 30% do
valor da complementação. Para efeitos desta complementação, a União não pode utilizar
os recursos do salário-educação. As matrículas foram contempladas pelo novo Fundo,
Veículos Automotores; ITR - Imposto Territorial Rural. 54
CF/1988 – ADCT art. 60, VII a,b,c,d.
93
também de forma gradual. A partir do 1º ano, todo o Ensino Fundamental regular e
especial contou com recursos do Fundo. A Educação Infantil, o Ensino Médio e a EJA
contaram com 1/3, 2/3 e a totalidade das matrículas contempladas, no 1º, 2º e 3º anos,
respectivamente, pelos recursos do Fundo. Quanto à utilização, o mínimo de 60% dos
recursos destina-se à remuneração dos profissionais, os quais ora a CF trata-os como
sendo “profissionais do magistério público da educação básica55
, ora trata-os como
sendo “profissionais do magistério da educação básica”56
. O restante dos recursos, 40%,
devem ser aplicados em outras despesas de manutenção e desenvolvimento; desta vez,
relacionadas à Educação Básica pública.
55
Cf. CF/1988 (no ADCT art. 60, III, alínea e). 56
Cf. CF/1988 no ADCT art. 60, XII.
94
CAPÍTULO IV
POLÍTICA E GESTÃO DO ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO: novos
modelos?
4.1 A POLÍTICA PARA O ENSINO MÉDIO: novo modelo de gestão?
A década de 1990 trouxe mudanças significativas à configuração do Estado
brasileiro, no âmbito federal; mais precisamente, a partir de 1995, durante a gestão de
FHC, com o início da implementação da Reforma do Estado. As ações eram
direcionadas à consolidação destas mudanças, mediante inovações de natureza
institucional como, entre outras, a criação do Ministério da Administração Federal e
Reforma do Estado (MARE), e inovações de natureza legal, com a proposição de
diversos dispositivos legais que levaram à flexibilização das relações de trabalho57
e à
ênfase no mercado, em detrimento da diminuição do Estado e à criação do chamado
terceiro setor (IANNI 1997; MACCALÓZ 1997; SADER e GENTILLI, 1995 e 1999).
Tais mudanças, sistematizadas no documento oficial intitulado “Plano Diretor da
Reforma do Aparelho do Estado”, implementaram-se sob o argumento da redução da
rigidez do sistema de administração de pessoal, do princípio da eficiência e da
ampliação da autonomia da gestão, mediante contrato de gestão. Enfim, tratava-se da
reforma gerencial brasileira “na perspectiva internacional” (BRESSER, 1998) o que, em
grande parte, explica a inserção do Brasil no processo de globalização pela via dos seus
“mitos” (AMARAL, 2003) e sem questioná-los. Na segunda gestão de FHC, o MARE
foi extinto e, em seu lugar, foi criado o Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (MPOG), que deu continuidade ao projeto iniciado, cujo gerenciamento
enfatizou o planejamento governamental, mediante a elaboração dos Planos Plurianuais
de Ação (PPA), que deveriam ser pautados pelos limites prudenciais apontados pela
então criada Lei de Responsabilidade Fiscal58
.
A gestão seguinte, do governo Lula, fez inovações institucionais através, entre
outras, da criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES)59
,
57
Exemplo emblemático a EC nº 19, de 4 de junho de 1998, que retirou a estabilidade do servidor
público, instituiu a avaliação de desempenho periódica, aumentou o período do estágio probatório, o
regime de emprego público, extinguiu o regime jurídico único e fixou tetos remuneratórios. 58
Lei nº 101, de 4 de maio de 2000. 59
Instituído pela Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003. Tem, como competência, assessorar o Presidente
da República na formulação de políticas e diretrizes específicas, e apreciar propostas de políticas
públicas, de reformas estruturais e de desenvolvimento econômico e social que lhe sejam submetidas pelo
95
voltado para a gestão participativa. O documento oficial desta gestão intitulou-se “Plano
de Gestão para um Brasil para Todos”, que seguiu a estratégia de elaboração do
planejamento governamental, através do PPA, porém com a reconfiguração de
estratégias, estruturas e processos. O planejamento e a gestão, no novo governo,
também se inserem no âmbito da disputa entre projetos de sociedade e de gestão que,
grosso modo, refletem os embates entre propostas de cunho centralizador e tecnocrático,
de inspiração neoliberal, e de caráter descentralizador e democrático, voltado para uma
maior distribuição da riqueza social e para o fortalecimento do caráter participativo.
Os estados da federação não ficaram imunes aos processos de governança
implementados na instância federal. Em Pernambuco, a opção dos governantes, no
período de 2005 a 2013 (Jarbas Vasconcelos 1999-2006; Eduardo Campos/ João Lyra
Neto 2007-2014) apresenta maior identificação com o projeto centralizador e
tecnocrático.
A reforma institucional conduzida no governo Jarbas foi sistematizada no
programa intitulado Progestão60
, posto em prática em 2000, mas formalizado
posteriormente61
.
A implementação do Progestão ocasionou redução da quantidade de órgãos
públicos e a consequente transferência dos serviços públicos, tidos como “não
exclusivos de Estado”, para OS e OSCIPs. Ocasionou, ainda, o aumento da receita
através de privatizações, publicizações e busca de controle dos gastos, mediante redução
drástica do aparelho do Estado e da institucionalização de iniciativas62
, por vezes
carregadas de argumentos pouco fundamentados e com poucas chances de sucesso, mas
que, mesmo assim, foram postas em prática.
Os técnicos compunham um grupo de Analistas em Tecnologias de Gestão
(ATG). Cabia aos ATGs implementar o processo de formulação do planejamento
estratégico, nas instituições da administração direta e indireta do Estado. Esta
implementação teria que contar com a assinatura de contratos de gestão, nos quais as
Presidente da República, com vistas à articulação das relações de governo com representantes da
sociedade. Disponível em: http://www.cdes.gov.br/conteudo/41/o-que-e-o-cdes.html. 60
Instituído pelo Decreto nº 22.730, de 18 de outubro de 2000, com o nome de Programa Pernambucano
de Modernização da Gestão Pública, vinculado à Secretaria de Administração e Reforma do Estado
(SARE). 61
Formalizado e publicado através da Lei Complementar nº 49, de 31 de janeiro de 2003. 62
Cf. Matéria do Jornal do Commercio, de 30/03/2000 “TV supre falta de professor em Noronha”, ilustra
uma destas iniciativas que visava a substituição de professores na sala de aula pela TV e Vídeo, projeto
piloto na Ilha de Fernando de Noronha, com perspectiva de ampliação. Foram investidos, neste projeto,
R$ 1,5 milhão com recursos do Fundef e, segundo o discurso governamental, estas medidas suprem a
carência de professores.
96
instituições se comprometiam com o cumprimento das metas neles estabelecidas. Este
quadro de analistas, no entanto, não permaneceu, entre outros fatores pela falta de
reconhecimento formal por parte do governo, o que gerou perda de força e
representatividade desses técnicos, para empreender a tarefa que lhes fora confiada,
conforme demonstram Marini e Martins (2014).
As ações do Progestão serviram de base à implantação do modelo de gestão
governamental que ainda vigora, em 2013, no Estado de Pernambuco, conforme retrata
o livro intitulado “Todos por Pernambuco em tempos de governança: conquistas e
avanços”, recentemente publicado, com a finalidade de apresentar a construção e os
elementos do Modelo de Governança para Resultados, implementado em Pernambuco,
a partir de 2007, no qual os seus autores afirmam que
analisando-se as reformas na administração pública ocorridas nessa
época, no que tange à modelagem da estrutura organizacional, um
grande esforço foi realizado visando a sua redução através de
privatizações, publicizações, fusões e reestruturação de órgãos estatais
da administração direta e indireta [...]; dezoito órgãos do Estado
deixaram de existir [...] 41.466 cargos efetivos foram extintos e o
quantitativo de secretarias passou de 20 para 13, com fusões entre
elas. Reduziu-se em 31% a administração pública estadual, como
estratégia para a redução do gasto público. Destaca-se a integral
privatização da Companhia Energética de Pernambuco - Celpe e a
alienação de 30% da Companhia Pernambucana de Saneamento -
Compesa (MARINI e MARTINS 2014, p. 42).
Os autores afirmam ainda que as medidas adotadas na gestão Jarbas
Vasconcelos, voltadas para a “Modelagem Organizacional” e para a “Gestão de
Pessoas”, conceitos representativos da redução e do enxugamento da estrutura
administrativa com vistas ao controle do gasto público, “contribuíram efetivamente para
a introdução da cultura de gestão para resultados e para o ajuste fiscal” (idem, p. 43).
4.2. A POLÍTICA DO ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO E AS PARCERIAS
COM O SETOR PRIVADO
Em 1998, Jarbas Vasconcelos foi eleito governador de Pernambuco,
permanecendo no cargo por dois mandatos consecutivos, no período de janeiro de 1999
a março de 2006, quando se afastou para concorrer ao Senado Federal. Eleito
governador, afirmou que ajudaria Pernambuco a mudar de rumo e, para tanto, contaria
97
com o apoio de FHC, então presidente da república. Nesta perspectiva, afirma Oliveira
(2006a) que
a relação com o governo federal era, portanto de aliado[...]. A inserção
da Gestão Jarbas como base de apoio político do Governo Fernando
Henrique e a entrada em vigor do Plano Nacional de Educação
ensejaram que a condução da política educacional no Estado de
Pernambuco se fizesse em total sintonia com as diretrizes e estratégias
definidas sob a coordenação da instância federal (OLIVEIRA 2006a,
p. 335-336).
No tocante à política educacional para Pernambuco, a sintonia com as
diretrizes do governo federal se revelou, rapidamente, no período inicial da gestão
Jarbas, dedicado ao estabelecimento de parcerias com entidades públicas e com o setor
privado, do que resultou
a criação do Fórum Permanente de Desenvolvimento da Educação em
Pernambuco e de um convênio com a Câmara Americana de
Comércio para a criação do Instituto de Qualidade Total, que, por seu
turno, conta com o apoio da Aliança Empresaria Pró-Educação, esta
uma iniciativa do governador do Estado... a estratégia de entrar a
política educacional na escola direcionou os programas da Secretaria
para sinalizar a estratégia de gestão... e assumirem o escopo de
apoiarem a transformação da escola em organização social, em espaço
gerencial-operacional das políticas nacionalmente definidas, razão por
que sua auto-organização é estimulada (OLIVEIRA 1999; NEVES
2000 apud OLIVEIRA 2006a, p. 336).
Neste contexto, a política direcionada ao Ensino Médio teve, como marco
inicial, em 2001, a reforma na estrutura física do Ginásio Pernambucano, o qual se
constituiu como experiência embrionária de modelo de Escola Charter63
, então
emergente no contexto educacional pernambucano, implantada mediante parcerias
público-privadas, firmadas entre o Governo do Estado e as empresas Phillips do Brasil,
Odebrecht, CHESF e ABN AMRO BANK.
Após o término da reforma na infraestrutura do prédio, sob o argumento da
necessidade de implantar “uma profunda reforma nos aspectos pedagógicos e
gerenciais, que oferecesse um novo modelo de escola pública de qualidade” (DIAS
63
Escola pública, cuja gestão é compartilhada entre os setores público e privado. Opera livre de muitas
leis e regulamentos. Os alunos ingressantes são selecionados com base no perfil de alto comprometimento
escolar, ou seja, das melhores notas. Dependendo do tipo de convênio, podem contratar professores
segundo critérios próprios, desenhar currículos e oferecer carga horária maior.O número de alunos
matriculados tende a ser menor do que nas escolas públicas regulares. Os EUA são os pioneiros na
consolidação desta proposta, nos anos 1990. Na América Latina, a experiência pioneira foi no Chile,
através do sistema de voucher, no qual os alunos são matriculados em escolas do setor privado, com
financiamento público.
98
2010, p. 22) e marcasse o início de funcionamento do Centro de Ensino Experimental –
Ginásio Pernambucano, o governo do estado firmou parceria com o Instituto de Co-
responsabilidade pela Educação (ICE), que agrega um grupo de empresas na área
educacional. Para o êxito da implantação do modelo no Estado, foi criado, em 2004, um
órgão executor do Programa, sediado na Secretaria de Educação: o Programa dos
Centros de Ensino em Tempo Integral (Procentro) que, em parceria com o ICE e o
Instituto Telemar, constituiu-se como experiência pioneira de gerenciamento de Escola
Charter no Brasil (idem, p. 22).
As parcerias público-privadas, realizadas entre o governo do estado e as
empresas envolvidas, iam além dos acertos financeiros e se projetavam sobre todas as
áreas do Programa e da escola, especialmente sobre o modelo de gestão. Nesta
perspectiva, o Programa adotou
a Tecnologia Empresarial Odebrecht – TEO, resultante da
sistematização efetuada por Norberto Odebrecht, de uma série de
princípios, conceitos, critérios e métodos, no decorrer de várias
décadas presidindo o seu grupo de empresas. Na realidade, segundo o
prof. Antonio Carlos, é mais que um sistema de gestão: é um modelo
de educação empresarial baseado numa filosofia de vida (LIMA 2009,
p. 20).
Entre os fatores impulsionadores deste modelo de escola, em Pernambuco, Dias
(2010) menciona a criação do Procentro e a legislação64
que viabilizou a admissão das
OS para exercer atividades típicas do Estado recebendo, para isto, repasse de recursos
públicos em forma de valores orçamentários, material, bens imóveis e pessoal.
A legislação que rege as OS é específica quanto aos critérios de gestão
compartilhada e, no tocante ao corpo diretivo, dispõe que deve, necessariamente, ser
composto, entre 20% e 40%, de representantes do Poder Público, ou seja: o corpo
diretivo é, majoritariamente, da iniciativa privada. Além disto, na área em que atua, a
OS deverá ter sua qualificação devidamente autorizada pelo ministério ou secretaria
correspondente, que também se encarrega dos repasses de recursos (valores, bens e
funcionários) e das ações de fiscalização, controle, acompanhamento, estabelecimento e
verificação do cumprimento das metas e objetivos dos convênios firmados. Contudo,
uma das vantagens apontadas pelos entusiastas das escolas charters é que elas “[...] não
estão presas às mesmas exigências burocráticas que as escolas públicas regulares”
(DIAS, 2010, p.13).
64
Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998.
99
Entre os fatores que geram entraves à disseminação do modelo Charter, a autora
menciona a LDB que, ao estabelecer que os recursos públicos da educação só podem
financiar escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas, em forma de bolsa de
estudos, torna instável a regulamentação das escolas charters no Brasil. Ignorando a
ampla discussão empreendida no seio de diversos movimentos de educadores, na
literatura educacional e em diversos movimentos sociais, Dias sugere uma reformulação
na LDB, com vistas à promoção de maior “[...] segurança jurídica e institucional às
iniciativas de parceria público-privadas na educação ´[...] para contemplar de forma
mais clara o que já vem acontecendo na prática” (DIAS 2010, p. 21). Tal afirmação
deixa clara a ação arbitrária do governo, ao impor um modelo educacional sem a
observância plena do dispositivo legal e sem a escuta e consideração dos argumentos
dos educadores, bem como de suas propostas, amplamente divulgadas na literatura da
área. Outro fator de entrave, segundo Dias (p. 32) é que a rede pública não tem um
sistema interno para identificar e promover profissionais com o perfil adequado, seja
para a docência seja, principalmente, para a gestão. Para resolver esta dificuldade, diz a
autora:
Nesse período, na rede estadual de Pernambuco, os diretores eram
escolhidos por eleição direta nas escolas e precisavam ser professores
concursados da rede [...]; o Procentro trouxe uma ruptura com essa
prática, na medida em que estabeleceu a seleção dos seus gestores por
meio de entrevistas e provas e pôde contratar profissionais não
concursados, aposentados e de fora da rede (DIAS, 2010, p. 33).
Quanto aos docentes, dentre os professores concursados da rede, o Procentro
“[...] desenvolveu seu próprio processo de seleção e formação continuada a fim de
assegurar o perfil necessário a uma escola focada em resultados” (idem, p. 43). O
procedimento de seleção era publicado em edital e todo professor do Ensino Médio,
com licenciatura na sua disciplina, podia se candidatar. Sobre a gestão dos professores,
assim se pronuncia a direção do Procentro,
Professor nosso não pode tirar licença prêmio nos três primeiros anos.
Se quiser fazer mestrado, vai ter que estudar no fim de semana ou à
noite. Professor nosso não pode faltar. Se ele faltar por motivo de
doença, outro professor do Centro tem que estar inteirado do plano de
aula e se encarregar de cobri-lo (MONTARROYOS65
, 2008, apud
DIAS, 2010, p. 43).
Em contrapartida ao bom desempenho docente, o modelo Charter instituiu um
adicional anual de 125% ao salário base (DIAS, 2010, p. 42); a autora, no entanto, não
65
Marilene Montarroyos, gestora estadual do Procentro, a partir de dezembro de 2004.
100
explica quais os critérios adotados na avaliação, passíveis de possibilitar o recebimento
deste bônus, que é precursor do Bônus por Desempenho Educacional (BDE), instituído
na gestão governamental seguinte. A proposta do Procentro afirma que os professores
dos Centros Experimentais, além de possuírem “[...] identidade própria, têm a percepção
de fazer parte de um time especial”, numa clara demonstração de exercício prático
daquilo que Ball (2001) discute em relação à instituição de novas práticas de trabalho e
novas subjetividades de trabalhadores que buscam fortalecer o sentimento de defesa de
interesses de uma instituição, em detrimento de uma ética de cooperação com as demais
instituições que formam a constelação da área.
Para o ingresso como discente, o Procentro também desenvolveu o seu próprio
processo de seleção, baseado no mérito; porém Dias (2010, p. 48), discorrendo sobre o
quanto seria salutar esta prática meritocrática, lamenta que “injuções do Ministério
Público (MPPE) resultaram na mudança para critérios geográficos, como as demais
escolas da rede pública”. De fato, em 2006, o MPPE conseguiu que a Secretaria de
Educação assinasse um Termo de Ajustamento de Conduta, comprometendo-se a
respeitar a regra de proximidade de residência do estudante. No entanto, sob a alegação
de que a demanda, em muitos Centros, ultrapassava o número de vagas disponíveis, o
Procentro conseguiu incluir, como critério adicional para ingresso, a análise do histórico
escolar, o que, na prática, neutralizou a decisão do MPPE.
Outra dificuldade apontada pelo Procentro era a falta, na rede pública, de canais
de informação “[...] voltados a servir ao aluno de maneira eficiente, na perspectiva de
cliente” (idem, p. 49). A detecção desta dificuldade evidencia que a educação, no
Procentro, não é concebida como direito, mas como mercadoria, em consonância com
os princípios da OCDE.
Em 2004, o custo de investimento inicial na estrutura física (laboratório,
biblioteca, sala temática, consultoria) era da ordem de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil
reais), arcado pelas empresas parceiras do Procentro, com a contrapartida do Estado na
ordem de R$ 1.400.000,00 (um milhão e quatrocentos mil reais), arcando com custos
referentes à construção ou cessão de prédios, além dos salários, encargos e bônus por
desempenho dos professores. Em 2006, quando o número de Centros passou de dois
para treze, o ICE passou a assumir dispêndio de recursos apenas em termos de
investimento inicial e, em 2007, a rede já contava com vinte Centros, a um custo total
de R$ 56 milhões, dos quais 95% cobertos pelo Estado. Mesmo com a contribuição
financeira em escala muito menor do que a praticada pelo Estado, o ICE compartilhava
101
a gestão, participando de todas as decisões, inclusive com poder de veto, principalmente
as relacionadas à seleção e formação de professores e gestores, um dos eixos
fundamentais das escolas charters.
Em 2008, com a transição do governo estadual de Pernambuco, a Secretaria de
Educação anunciou a expansão da proposta para 106 escolas de tempo integral, ocasião
em que o convênio de gestão compartilhada com o ICE não foi renovado nos mesmos
moldes, passando este Instituto a ser responsável pela articulação de parcerias externas
para projetos extracurriculares nos Centros.
4.3 MUDANÇAS NA GOVERNANÇA PÚBLICA NO ESTADO DE PERNAMBUCO
A transição do governo, em 2007, trouxe mudanças no modelo de governança
pública. Com a ênfase dada às atividades de planejamento, orçamento e gestão, o novo
governo implantou uma nova “Modelagem Organizacional”. Redefiniu a até então
vigente Secretaria de Administração e Reforma do Estado (SARE), que passou a ser
Secretaria de Administração (SAD). A antiga Secretaria de Planejamento (SEPLAN)
passou a ser Secretaria de Planejamento e Gestão (SEPLAG) que, com a nova atribuição
de elaborar o planejamento estratégico e orçamentário do Estado e de definir um novo
modelo de gestão, passou a assumir papel de destaque na estrutura governamental. Para
a elaboração do planejamento estratégico, a SEPLAG deveria considerar as audiências
realizadas no estado66
, através dos “Seminários Regionais Todos por Pernambuco”. O
Modelo Integrado de Gestão (MIG), que é um modelo eminentemente voltado para
resultados e fundamentado na meritocracia, foi estruturado sobre diversas premissas
(MARINI e MARTINS, 2014). Para fins desta pesquisa, algumas destas premissas
ganham destaque, tais como a elaboração de uma estratégia única estruturada pelo
governo central e desdobrada a todos os órgãos do estado, de cima para baixo; a
integração do planejamento com o orçamento; a priorização das ações do governo a
partir da disponibilidade de recursos e o monitoramento intensivo, para garantir o
cumprimento das metas selecionadas.
66
Dividido, administrativamente, em 12 Regiões de Desenvolvimento: Metropolitana, Mata Norte, Mata
Sul, Agreste Setentrional, Agreste Central, Agreste Meridional, Sertão do Moxotó, Sertão Central, Sertão
do Araripe, Sertão do Pajeú, Sertão do São Francisco e Itaparica.
102
Neste modelo de gestão existem dois movimentos através dos quais a SEPLAG
informa que construiu o Mapa da Estratégia do Estado. O movimento de fora para
dentro, ao trazer para o Governo as contribuições da sociedade e o movimento de cima
para baixo, o top down, no qual as prioridades estratégicas do governo são definidas
pelo “nível hierárquico superior” e executadas em cada órgão do estado, servindo tais
prioridades como orientação para o seu funcionamento. Este nível hierárquico superior,
informam Marini e Martins (2014, p. 88), é o Núcleo de Gestão composto pelo
Governador, vice-Governador, Secretaria da Casa Civil, Procuradoria Geral do Estado,
Secretaria de Planejamento e Gestão, Secretaria da Fazenda, Secretaria de
Administração, Secretaria Especial da Controladoria Geral do Estado e Chefia de
Gabinete do Governador.
Uma característica marcante do MIG é a Pactuação, que é o compromisso
firmado pelos dirigentes dos órgãos públicos com o cumprimento das metas. Para o
primeiro quadriênio da gestão (2007-2010), a SEPLAG apresentou o Mapa da
Estratégia do Estado, contendo dez objetivos estratégicos. Para o segundo quadriênio
(2011-2014) o Mapa apresenta 12 objetivos. Cada objetivo estratégico apresentado tem
o seu “Mapa da Estratégia do Objetivo Estratégico”, que é um desdobramento
informando as metas, as ações e os recursos empregados para o alcance das metas. Para
a área da educação, o objetivo apresentado no primeiro Mapa foi “ampliar o acesso à
escola, melhorar a qualidade da educação e valorizar a cultura”. No segundo Mapa, o
objetivo foi o “Pacto pela Educação – ofertar educação de qualidade para todos, com
foco na qualificação profissional”. Em entrevista realizada junto à SEPLAG, visando à
coleta de dados para a pesquisa, foi solicitado o acesso ao Mapa Estratégico do Objetivo
Estratégico da Educação, mas o entrevistado informou que este não é um documento
para acesso público, que poderíamos olhar lá dentro da SEPLAG, mas nem poderíamos
obter cópia, nem reproduzir, tampouco publicar. Para explicar tal restrição, disse o
entrevistado:
Porque dentro desse conjunto de objetivos, que [...] estão atrasados,
existem os objetivos que são descontinuados, tá? E... e... e... que de
repente teria uma... se não forem bem explicados porque foram
descontinuados, porque não sei o que gerariam... uma insatisfação da
população. Vou dar um exemplo prático, imagina que a gente tivesse
no início do ano pactuado de construir uma escola em Araripina tá? E
que ao longo do ano aquela meta prioritária foi descontinuada porque
se viu que existiu uma premência muito maior pra fazer uma em
Triunfo imagina que isso aqui tava...é... publicizado cem por cento. E
o povo de Araripina? E não adianta você dizer que é um critério
técnico tá? Então tem o nível de publicização dessas informações...
103
existe e esse nível é o relatório de ação de governo, que tá ali
disponível, tá na internet. É um relatório que acontece anualmente,
mas o dia a dia do monitoramento de cada uma dessas metas é
monitorada a cada seis semanas (Secretaria Executiva da SEPLAG,
2013).
As seis semanas citadas na entrevista referem-se a outra característica marcante
do MIG – o monitoramento. As seis semanas correspondem ao período em que cada
objetivo é monitorado pelo próprio Governador, juntamente com a SEPLAG, nas
reuniões de monitoramento, com a presença dos dirigentes dos órgãos executores do
objetivo, que são as secretarias de Estado que estão envolvidas na consecução do
objetivo estratégico. Uma vez por semana, dois objetivos são monitorados, um pela
manhã e outro à tarde. Considerando que são 12 objetivos, o término de um ciclo de
monitoramento ocorre na sexta semana, após a qual se inicia um novo ciclo. O
monitoramento verifica se a pactuação está sendo honrada. Pactuação é o compromisso
firmado entre o governador e seus secretários, visando o alcance dos resultados
expressos através das metas prioritárias de cada Objetivo Estratégico. A pactuação
abrange prazo, ajustes dos cronogramas de realização das iniciativas e remanejamentos
orçamentários. A pactuação tem efeito cascata, pois cada secretário ou dirigente de
órgão público passa a efetuar pactuações com as gerências que lhes são subordinadas.
Exemplo emblemático do efeito cascata das pactuações, na educação, são os
Termos de Compromisso e Responsabilidade celebrados entre o governo de
Pernambuco, por intermédio da Secretaria de Educação e a escola, neste ato formal
representada pelo seu diretor, que assina o Termo. A Secretaria Executiva de Gestão da
Estratégia, órgão da SEPLAG, tem a função de monitorar as metas e gerenciar projetos
estratégicos do governo. Para este monitoramento aloca, em todas as secretarias
executoras dos projetos, analistas que compõem os Núcleos Setoriais, os quais
acompanham e orientam a construção dos Planos Operativos, que contêm o
detalhamento das ações a serem realizadas para o alcance das metas. A construção dos
Planos Operativos e o seu modelo de acompanhamento foram definidos por instituições
com as quais o governo firmou contrato de parceria público-privada. Assim, os Planos
Operativos “tiveram como base as ferramentas que vinham sendo implantadas em
algumas áreas do Governo através do convênio com o Movimento Brasil Competitivo
(MBC), com assessoria do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG)” (MARINI
e MARTINS, 2014, p. 67).
104
Esforço, tempo e recursos têm sido investidos no aperfeiçoamento do
monitoramento, até chegar ao formato tecnológico atual, que permite a realização on-
line. A ferramenta utilizada é o Painel de Controle, um sistema eletrônico que pode ser
acessado, via intranet, de qualquer lugar, dentro ou fora do País. Como pesquisadora,
tive oportunidade de visualizar uma unidade escolar neste Painel e pude constatar que
nele constam, além da foto do diretor/a e da escola, todas as informações sobre estrutura
física, e de pessoal, sobre disciplinas que estão sem professor, sobre faltas dos
professores ao trabalho, sobre os índices alcançados relativos ao rendimento escolar. O
mesmo acontece em outras áreas, como a que me foi mostrada em relação a uma obra
que estava sendo realizada na área portuária. No Painel constam várias fotos, entre as
quais a do gerente/engenheiro responsável.
O monitoramento toma como referência indicadores pré-estabelecidos. O Pacto
pela Vida, instituído como objetivo estratégico desde o início de 2007 tem, como
indicador a ser monitorado, o CVLI – Crimes Violentos Letais Intencionais. O Pacto
pela Saúde tem como indicador a ser monitorado a TMCE – Taxa de Mortalidade por
Causa Evitável. O Pacto pela Educação teve, em 2011, como indicador a ser
monitorado, o Índice do Pacto pela Educação – IPPE que, depois, cedeu lugar para o
Índice de Desenvolvimento da Educação em Pernambuco (IDEP), resultante da
avaliação externa realizada pelo Centro de Estudos Educacionais (CAED), de Minas
Gerais. O IDEB também é utilizado como indicador para monitoramento.
Os Pactos pela Educação e pela Saúde surgiram como objetivos estratégicos em
2011, “[...] quando essas duas áreas passaram a ter destaque na estratégia do Governo”
(MARINI e MARTINS 2014, p. 110), embora sejam amplamente anunciadas como
prioridades desde o início da gestão.
À semelhança do Progestão, o MIG foi posto em prática a partir de 2007, mas só
em 2009 foi instituído formalmente pela Lei Complementar nº 141. Esta lei, associada
com outras leis complementares (nº 117, 118 e 119, de junho de 2008), permitiu a
criação das carreiras exclusivas de Estado, as carreiras de Analista, para o provimento
de setecentas vagas que foram criadas. Os analistas são recrutados por meio de concurso
público, para assumirem os seguintes cargos: Analistas de Planejamento, Orçamento e
Gestão (APOG), para atender às atividades de gestão estratégica do Modelo na
SEPLAG; Analistas de Gestão Administrativa (AGAD), para atender às atividades da
SAD e Analistas de Controle Interno (ACI), para atender às atividades na SECGE.
105
Esta iniciativa tem a finalidade de fortalecer o papel e a representatividade
desses técnicos, evitando o enfraquecimento de suas ações, tal como ocorreu no curso
do Progestão. Esses analistas tanto atendem ao núcleo central como aos núcleos
setoriais atuantes nas secretarias de Estado executoras das ações, especialmente as
secretarias de Defesa Social, Educação e Saúde, para acompanhar o esforço de
cumprimento das metas e reunir elementos para o monitoramento.
Em 2011, uma nova secretaria foi criada dentro da SEPLAG: a Secretaria de
Desenvolvimento do Modelo de Gestão (SEDMG), que iniciou suas atividades com a
incumbência de buscar inovações para o MIG e de realizar a formação continuada dos
Analistas.
Com base na meritocracia como princípio fundamental, o MIG instituiu a prática
de concessão de remuneração adicional, a título de bônus a serem pagos, quando o
resultado do monitoramento for positivo, em termos de alcance de metas. Os bônus
assumem formatos variados e são extensivos aos mais diversos escalões de servidores.
Os resultados a serem obtidos passaram a ter um preço. Assim, o escalão de analistas,
embora sendo escalão de confiança, não escapou do bônus como condição para
apresentação de resultados. Para os analistas foi instituído o AFC - Adicional de
Formação Continuada e Instrutoria (LC 118/2008), para os que cumprissem uma carga
horária mínima de 80 horas/ano em programas e cursos de formação67
na área de
planejamento, orçamento e gestão. Os concursos não têm aprovado candidatos em
número suficiente para provimento de todas as vagas disponibilizadas. Além disto, tem
havido evasão dos candidatos empossados no cargo, que são jovens bem qualificados,
que migram para outros empreendimentos, principalmente devido aos salários pouco
atrativos oferecidos pelo Estado, cujo total ainda tem que ser complementado por um
percentual estipulado em função de resultados, nem sempre obtidos devido a razões
alheias a motivos de ordem pessoal.
Houve, então, mudança na forma de remuneração68
dos analistas. Os 25% antes
destinados aos resultados obtidos, foram incorporados à remuneração fixa. Foi mantido
o percentual de 25% da remuneração vinculada à formação continuada exigida, porém
reduzida para 60horas/ano, nos mesmos programas e cursos de formação nas áreas de
planejamento, orçamento e gestão. Foi instituído um bônus anual, pactuado a partir da
67
Realizados com base na metodologia do Treinograma de Azoubel, na qual são mapeadas as
necessidades de saberes para o exercício das funções específicas em cada segmento organizacional e o
estoque real de conhecimentos dos ocupantes dos cargos. 68
LC nº 241, de outubro de 2012.
106
negociação de metas com os Analistas. Para a formação continuada dos Analistas e na
perspectiva de um espaço para publicações sobre o MIG, o Estado realizou parceria com
o Centro Universitário Maurício de Nassau, instituição privada de ensino superior “[...],
a fim de trazer a academia para dialogar com novas idéias e referenciais teóricos que
pudessem trazer aprimoramento para o Modelo, bem como contribuir com a
disseminação da prática da gestão pública na Academia” (MARINI e MARTINS, 2014,
p. 141).
Este detalhamento sobre a carreira dos APOG tem a finalidade de evidenciar, à
luz da teoria de Ball (2001), que não se trata apenas de formar profissionais para
exercício no interior do Modelo, mas de aculturá-los em relação a outros modelos
gerenciais e de preencher o espaço desta aculturação com a inculcação de uma cultura
de gerenciamento que transcenda períodos governamentais e se consolide. O MIG,
como modelo ampliado do Progestão e não querendo incorrer no mesmo erro deste,
busca garantir a sua continuidade através da instituição formal da carreira de Analista,
bem como da formação continuada, estabilidade na função e apelo ao orgulho
profissional dos Analistas, atualmente classificados funcionalmente como “Gestores
Governamentais”69
. Desta forma, busca-se garantir a perenização da gestão pública,
pautada pelos princípios da OCDE, entidade mencionada como referência por Marini e
Falcão (2010, p.19) no que se refere à visão de governo.
Um desafio relevante que se apresentou desde o início desta pesquisa foi
identificar o locus das decisões sobre orçamentação. No contexto do MIG, tais decisões
partem, precipuamente, da SEPLAG. Este é um achado importante da pesquisa, tendo
em vista a influência que a SEPLAG exerce sobre os órgãos de controle interno e
externo, sobre o financiamento das políticas sociais e sobre a disputa pela redistribuição
do quantum de poder que circula na sociedade. Um dos principais determinantes do
quantum de poder que está ao alcance de um segmento social é o empoderamento das
decisões sobre orçamentação. No contexto do MIG, a distribuição do quantum de poder
foi transformada pela via da reconfiguração70
administrativa do Executivo.
Até 2007, o teto orçamentário era montado por fonte e por grupo, para cada
unidade orçamentária. Assim, cabia à própria unidade distribuir o orçamento do qual
69
LC nº 267, de 3 de abril de 2014. 70
Normatizada, anos depois, pela Lei nº 15.225, de 30 de dezembro de 2013.
107
dispunha, ou seja, a SEPLAG não tinha o domínio do orçamento das secretarias. Diante
desta prática administrativa,
a SEPLAG concluiu que tinha um importante desafio: transformar o
orçamento num efetivo instrumento de gestão estratégica (não apenas
contábil), integrado ao plano de Governo e com flexibilidade para
promover os ajustes decorrentes das prioridades estabelecidas. Para
isto, era necessário converter as listas provenientes do PPA e da LOA
em um documento só e, ainda, orientá-lo de acordo com as prioridades
estratégicas do Governo (MARINI e MARTINS, 2014, p. 65).
Em 2008, para fins de elaboração da LOA para o ano seguinte, os tetos
orçamentários passaram a ser detalhados pela SEPLAG. A partir de então, “as unidades
orçamentárias do Estado passaram apenas a remanejar as dotações orçamentárias
detalhadas previamente pela SEPLAG na estrutura programática do PPA/LOA” (idem,
p. 83). Desta forma, torna-se restrita a autonomia dos secretários sobre os
remanejamentos, pois a SEPLAG estabeleceu critérios que devem ser observados, “de
forma a evitar a alocação de recursos que comprometam a execução das prioridades do
Governo” (ibidem,).
Avançando de forma institucionalizada na coordenação geral do MIG, a
SEPLAG foi reestruturada, em 2010, configurando-se em quatro secretarias executivas.
A intenção não é descrever as atribuições dessas secretarias, mas algumas questões de
interesse relevante para a pesquisa merecem destaque. Uma destas secretarias é a
Secretaria Executiva de Gestão da Estratégia (SEGES), que tem a função de monitorar
as metas e gerenciar projetos estratégicos do Governo. Esta secretaria passou a atender a
todas as secretarias do Estado, na construção dos Planos Operativos das Metas
Prioritárias, cujo modelo e acompanhamento tiveram, como base, as ferramentas
implantadas através de convênio com o MBC, com a assessoria do Instituto de
Desenvolvimento Gerencial (INDG).
Com base no domínio sobre o orçamento, mostra-se especialmente relevante,
aos objetivos desta pesquisa, outra divisão da SEPLAG, a Secretaria Executiva de
Planejamento, Orçamento e Captação (SEPOC), responsável
[...] pelas atividades de prospecção, preparação, negociação,
monitoramento e acompanhamento de financiamentos de caráter
multissetorial para os projetos estratégicos do Governo. Também
passou a supervisionar e orientar tecnicamente as secretarias e
unidades orçamentárias acerca do processo de captação, de
acompanhamento e da prestação de contas das operações de
financiamento do Estado (MARINI e MARTINS, 2014, p. 96).
108
Como destaque, os autores mencionam a “[...] atração de recursos de fontes
externas, inclusive internacionais, dentre os quais citam, como parceiros, o BID e o
BIRD” (idem, p. 108).
Outra ação estratégica, paralela às mudanças no orçamento, que aponta para
apropriação e consolidação da apropriação do quantum de poder que o governo evoca
para si, encontra-se na criação da Secretaria Especial da Controladoria Geral do Estado
(SECGE)71
, órgão de controle interno, com atribuição de identificar erros cometidos
pelos gestores e suas possíveis sanções e atuar de forma preventiva72
. As mudanças no
controle interno também radicam na gestão anterior, quando da criação, em 2003, da
Controladoria Geral do Estado (COE), em substituição à Auditoria Geral do Estado
(AUGE), ambas vinculadas à Secretaria da Fazenda. Subordinado à SECGE, foi criado
o Portal da Transparência-PE73
; assim, é a SECGE a responsável pela gestão de todos os
pedidos de acesso à informação que chegam para o governo do Estado. A SECGE
passou a integrar a estrutura permanente da administração pública estadual74
, dando um
passo fundamental na consolidação do seu poder. Na condição de estrutura permanente,
partiu para um projeto mais arrojado de “parceria” com o Tribunal de Contas do Estado
– TCE, mediante celebração de convênio de Cooperação Técnica. Este convênio
representa avanço para o MIG, modelo claramente caracterizado por uma estratégia
centralizadora, no dizer de Alessandro (2014, apud MARINI e MARTINS, 2014, p.
152), “com forte liderança do Núcleo Central do Governo, presidido pelo próprio
Governador”. Este convênio representa, também, a eliminação de obstáculos à livre
gestão do orçamento por parte do governo, configurando, ainda, a quebra de um
paradigma de controle externo, no qual a isenção do órgão fiscalizador é condição sine
qua non. Fiscalização e parceria são mutuamente excludentes. Ou o TCE abre mão da
parceria, algo improvável considerando a assinatura de convênio já firmado, ou deixa de
ser fiscalizador. A segunda alternativa é a provável. O TCE recebe o golpe de
misericórdia na sua já tão fragilizada missão de fiscalizar, com o devido rigor, as contas
públicas.
71
Lei nº 13.205, de 19 de janeiro de 2007. 72
Contou com o apoio do Movimento Brasil Competitivo – MBC, para contratação de consultoria
externa, visando orientar suas rotinas. Foram contratados 50 consultores temporários, para viabilizar as
novas funções da SECGE. 73
Lei nº 131, de 27 de maio de 2009. 74
Lei nº 14.264, de 6 de janeiro de 2011.
109
4.4 O ENSINO MÉDIO NO CONTEXTO DO MODELO INTEGRADO DE
GESTÃO (MIG)
No contexto do MIG, entre os eixos estratégicos definidos para a educação,
encontra-se a reestruturação do Ensino Médio, através da instituição do Programa de
Educação Integral75
, na esteira do qual foram criadas as Escolas de Referência em
Ensino Médio (EREMs). Em 2009, após a modificação do contrato, que não eliminou
mas reduziu a participação do ICE e reformulou o Procentro, foi criada a Secretaria
Executiva de Educação Profissional (SEEP)76
, com a função específica de coordenar as
EREMs. A programação para esta Secretaria previa uma primeira etapa de
transformação de escolas de Ensino Médio regular em EREMs, voltadas para a
formação geral, e uma segunda etapa, que previa a criação de Escolas Técnicas
Estaduais (ETEs), voltadas para o Ensino Médio integrado à educação profissional, em
horário integral. No horário noturno, as ETEs oferecem o ensino profissional de forma
subsequente, na modalidade EAD, funcionando como polos.
As ETEs, na sua função de formar técnicos77
, atuam com base nas mesmas
concepções e orientações das EREMs. Das 15 ETEs existentes em 2013, 11 foram
construídas com recursos federais do Programa Brasil Profissionalizado. Além da
equipe gestora, organizada nos mesmos moldes das EREMs, contam com um
coordenador para cada curso e um coordenador para intermediar a relação entre escola e
empresa.
Em 2010, foram criadas 160 EREMs. O ano de 2013 somava 257 EREMs
(APÊNDICE IV), incluindo as instaladas nos municípios, na perspectiva de que cada
um deles tivesse, pelo menos, uma EREM. As EREMs são de dois tipos – Integral, na
qual o estudante permanece na escola no turno da manhã e da tarde todos os dias úteis
da semana e Semi-integral, na qual o aluno permanece no contraturno apenas dois dias
75
Lei Complementar nº 125, de 10 de julho de 2008. 76
Decreto nº 33.989/2009. 77
Agente Comunitário de Saúde; Análises Clínicas; Enfermagem; Meio Ambiente; Nutrição Dietética;
Prótese Dentária; Registro e Informações em Saúde; Saúde Bucal; Segurança no Trabalho; Mecânica;
Mecatrônica; Química; Administração; Comércio; Logística; Eventos; Turismo; Hospedagem;
Informática; Informática para Internet; Manutenção e Suporte em Informática; Programação de Jogos
Digitais; Redes de Computadores; Edificações; Comunicação Visual; Design de Interiores; Instrumento
Musical; Multimídia; Tradução e Intérprete de Libras; Vestuário; Agropecuária.
110
por semana. A respeito da concepção de educação que orienta as EREMs, informa
Dutra78
:
O Programa de Educação Integral fundamenta-se na filosofia da
educação interdimensional [...], que defende a construção do ser
humano na sua inteireza, ou seja, nas suas quatro dimensões:
cognitiva, afetiva, espiritual e da corporeidade. Portanto, é
fundamental a formação de todos os educadores nessa filosofia para a
construção de escolas baseadas nessa concepção educacional
(DUTRA, 2011, p. 3).
A educação interdimensional79
deve ser vivenciada à luz do planejamento
estratégico do governo para a área educacional. Esta associação foi posta em prática no
Ginásio Pernambucano, ainda quando era Centro Experimental, no contexto do
Procentro, através da proposta de trabalhar o planejamento estratégico aplicado às
escolas, baseado nos princípios da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO). A
adaptação dos princípios da TEO para a área educacional resultou na Tecnologia
Educacional Aplicada a Resultados (TEAR), sistematizada num livro80
que se tornou
um manual de orientação, uma vez que todas as escolas do Programa de Educação
Integral têm a obrigatoriedade de elaborar o seu Plano de Ação baseado na TEAR, com
o “acompanhamento da autora” (DUTRA, 2011, p. 3) do referido livro, que afirma que
teoricamente, TEAR é um instrumento de gestão, planejamento e
resultados. A prática, porém, envolve conscientização e disposição
para rever paradigmas, desconstruir conceitos, assumir nova postura e
novos desafios [...]; portanto, é mais que uma ferramenta, é uma
filosofia de gestão, onde o planejamento estratégico está nela contido
e o resultado como objeto das ações (LIMA, 2009, p. 22).
Desta forma, fica evidente a continuidade do projeto iniciado no âmbito do
Progestão, o projeto da inculcação da ideologia do mercado nos jovens, formados na
perspectiva de futuros empregados do setor produtivo. É a ideologia que fundamenta
valores caros a esta estratégia, como a competição e o individualismo, tanto entre
estudantes como entre profissionais da educação, em contraposição a valores como
solidariedade, cooperativismo. E, o que é mais grave, em contraposição a uma visão
mais abrangente dos problemas sociais. É a concepção da educação como ferramenta de
78
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra. Gerente da Secretaria Executiva de Educação Profissional desde
2009. 79
Cf. Protagonismo Juvenil, de autoria de Antonio Carlos da Costa, editado pela Fundação Odebrecht,
em 2000. 80
Cf. Lima, 2009.
111
inserção no mercado e não como direito que, nesta condição, é indissociável de outros
direitos sociais que, só no seu conjunto, possibilitam a formação para a cidadania.
Corroborando e dando sequência à TEAR como eixo norteador do Programa de
Educação Integral, e demonstrando uma concepção de educação e cidadania diferente
da proposta na educação como direito, a SEEP afirma que, na sua atribuição de formar
para a cidadania, é possível “[...] inferir que uma das possibilidades para que isso se
garanta passa pela ampliação do tempo pedagógico, atrelado a um currículo que
dialogue com o mercado” (DUTRA, 2011, p. 6). Verifica-se a primazia do mercado,
presente na nova tecnologia de política educacional. A educação como direito não
exclui o mercado, apenas o coloca como um dos interlocutores, ao lado de muitos
outros, que detêm o mesmo grau de importância.
Em 2011, as Escolas de Referência em Ensino Médio, que faziam parte da
Política Pública de Ensino Médio Integral, foram incluídas no Programa Ensino Médio
Inovador (PROEMI)81
, que traduz a extensão da proposta do Programa Mais
Educação82
para o Ensino Médio.
Inicialmente, o critério para implantação de EREMs (DUTRA, 2011) foi a
possibilidade de separar a oferta do Ensino Fundamental da oferta do Ensino Médio, em
escolas distintas. Quando este reordenamento era possível, a escola que ofertava o
Ensino Médio o fazia iniciando o primeiro ano no horário integral. Em 2008, este
reordenamento foi possível em 51 unidades, que se tornaram EREMs, dentre as quais 20
antigos Centros Experimentais.
81
Programa do governo federal instituído pela Portaria nº 971, de 9 de outubro de 2009. O objetivo do
PROEMI é apoiar e fortalecer o desenvolvimento de propostas curriculares que possibilitem o
desenvolvimento de atividades integradoras que articulam as dimensões do trabalho, da ciência, da
cultura e da tecnologia, contemplando as diversas áreas do conhecimento a partir de 8 macrocampos:
Acompanhamento Pedagógico; Iniciação Científica e Pesquisa; Cultura Corporal; Cultura e Artes;
Comunicação e Uso de Mídias; Cultura Digital; Participação Estudantil e Leitura e Letramento. A adesão
ao Programa Ensino Médio Inovador é realizada pelas Secretarias de Educação Estaduais e Distrital; as
escolas de Ensino Médio receberão apoio técnico e financeiro, através do Programa Dinheiro Direto na
Escola – PDDE, para a elaboração e o desenvolvimento de seus projetos de reestruturação curricular. 82
Programa do governo federal instituído pela Portaria Interministerial nº 17, de 24 de abril de 2007. Visa
fomentar a educação integral de crianças, adolescentes e jovens, por meio do apoio a atividades sócio-
educativas no contraturno escolar. As escolas das redes públicas de ensino fazem a adesão ao Programa e,
de acordo com o projeto educativo em curso, optam por desenvolver atividades nos macrocampos de
acompanhamento pedagógico; educação ambiental; esporte e lazer; direitos humanos em educação;
cultura e artes; cultura digital; promoção da saúde; comunicação e uso de mídias; investigação no campo
das ciências da natureza e educação econômica. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16690&Itemid=1115. Acesso
em nov/2014.
112
Os critérios de infraestrutura são definidos pelas demandas do município
podendo ter 12, 15 ou 18 salas de aula. Todas, no entanto, deveriam contar com os
laboratórios de Física, Química, Biologia, Informática e, opcionalmente, o de Línguas.
Deveriam contar, também, com refeitório, biblioteca e quadra coberta.
Quanto ao corpo funcional da escola, deve ser composto por um gestor, um
educador de apoio, um secretário, um coordenador de biblioteca. Para dar apoio à
equipe gestora, foram criados quatro cargos comissionados, sendo dois coordenadores
de laboratórios (Ciências e Informática), um coordenador administrativo e um
coordenador socioeducacional.
Entre outras atribuições, compete ao gestor da escola trabalhar no sentido da
“consolidação do modelo de gestão para resultados” (DUTRA, 2011, p.15), mediante o
aprimoramento dos instrumentos gerenciais de planejamento, acompanhamento e
avaliação; promover a divulgação, junto à comunidade, da nova proposta de escola;
participar e estimular a participação de todos os educadores que compõem a escola nos
eventos de desenvolvimento desta proposta; disseminar experiências exitosas nas
demais escolas da rede estadual de ensino. Para tanto, o gestor deve cumprir uma
jornada de trabalho de 40 horas semanais.
O processo de seleção dos gestores, regulamentado pelo Decreto nº 38.103, de
25 de abril de 2012, ocorre mediante três processos – seletivo, consultivo e formativo.
No seletivo, o candidato participa do Curso de Aperfeiçoamento em Gestão Escolar –
PROGEP e, se for aprovado, no mínimo, com a nota sete, segue para o processo
consultivo, no qual ele apresenta à comunidade escolar um plano de ação para a escola
pretendida. Neste processo, segue uma lista tríplice dos candidatos, cuja designação de
um deles é prerrogativa exclusiva do governador. O candidato escolhido passa, então,
para o processo formativo, que consiste na efetivação da matrícula no curso de
especialização ou mestrado profissional. A posse do diretor, designada pelo
governador, só será efetivada mediante a comprovação de matrícula ou conclusão no
curso de especialização ou mestrado profissional. Este curso não é escolhido,
aleatoriamente, pelo candidato. Tem que ser o curso no “âmbito do programa de
formação de gestores” que tem, entre outros objetivos, “promover uma cultura de
mudança”83
. A formação é coordenada pela Secretaria de Educação, em parceria com o
CAED.
83
Art, 2º, inciso IV do Decreto nº 35.957, de 30 de novembro de 2010.
113
Os professores das EREMs também têm uma jornada de trabalho
predeterminada. Os docentes das escolas que funcionam em horário integral devem
permanecer na escola 40 horas por semana. Os das escolas semi-integrais devem
permanecer na escola 32 horas por semana. Para os primeiros, a gratificação é de 199%
do valor do salário base. Para os segundos, a gratificação é de 159%. Esta gratificação
visa estimular a dedicação exclusiva dos professores, que são submetidos a processo
seletivo interno e têm o seu desempenho avaliado semestralmente, podendo ser
desligados do Ensino Médio integral e retornar à rede de ensino regular, caso a sua
avaliação seja insatisfatória. A seleção dos professores ocorre mediante análise do
currículo e entrevista. Entre as atribuições dos professores, está a participação na
elaboração do plano de ação da escola. Esta elaboração, informa Dutra (2011, p. 17),
realiza-se a partir do
[...] acompanhamento sistemático dos planos de ação dessas escolas,
pela autora do livro TEAR[...] que participa, como assessora, desde o
ano de 2008. Ela acompanha a execução das atividades das escolas de
forma online e presencial. É responsabilidade da Secretaria Executiva
de Educação Profissional (SEEP) promover encontros presenciais para
a formação e o acompanhamento das ações, com o envolvimento de
todos os educadores das escolas. Como, também, promover encontros
para a formação na filosofia da Educação Interdimensional, até a
presente data. Essa formação presencial de 24 horas é realizada
durante 3 dias para todos educadores que passam a fazer parte do
Programa de Educação Integral.
Mudança significativa implementada no contexto da adoção da Gestão
Empresarial Aplicada à Educação, afirma Dutra (ibidem), é a oferta de formação em
planejamento estratégico para todos os educadores da escola. No processo de
implementação do Programa, a SEEP orienta os gestores a incentivarem todos os
educadores a participarem da formação em Educação Interdimensional e em TEAR e a
adequarem a matriz curricular às exigências da política posta em curso pelo governo do
Estado (idem, p. 19).
Diante de toda essa estrutura apresentada, convém saber o posicionamento dos
professores. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (SINTEPE),
representante dos docentes, foi escolhido como sujeito desta pesquisa, uma vez que, se
não representa a totalidade, representa uma parcela significativa destes profissionais.
114
4.5 O MIG E O ENSINO MÉDIO – A CRÍTICA DOS TRABALHADORES DE
EDUCAÇÃO
Foi realizada, com o SINTEPE, uma entrevista semiestruturada, baseada em três
perguntas: sobre o lugar ocupado pelo Sindicato nos Fóruns Regionalizados Todos por
Pernambuco e no MIG de modo geral; o posicionamento dos professores em relação ao
Ensino Médio da rede estadual de Pernambuco e as iniciativas do Sindicato para
participar das negociações com o governo.
Os dados colhidos, em linhas gerais, informam que SINTEPE tem limitada
participação nos Fóruns promovidos pelo governo do Estado. Informam, também, que
este sindicato deixou de receber convites para participar, nesse espaço, após
questionamentos sobre o corpo docente e o sistema estadual de ensino, o que, parece,
segundo relato dos dirigentes sindicais entrevistados, ter incomodado o Executivo
estadual. Ao exercer pressão, o Sindicato voltou a receber convites para os Fóruns, mas
afirma que, constantemente, tem sua fala cerceada ou desconsiderada, permanecendo as
reivindicações à margem das discussões. Entre os questionamentos feitos à gestão
estadual, encontram-se os que dizem respeito ao processo de municipalização do Ensino
Fundamental. Esta questão, suscitada pelo SINTEPE, é relevante, uma vez que o
governo estadual demonstra um alto grau de interesse na municipalização e que decidiu
criar um bônus para premiar os municípios que assumirem o Ensino Fundamental em
toda a sua extensão e modalidades. O bônus materializa-se através do incremento, no
repasse do ICMS, que pode chegar a 10% a mais do que o município tem direito a
receber, através da repartição desta receita entre as esferas públicas governamentais.
O bônus foi instituído pela Lei nº 14.529, de 9 de dezembro de 2011, que
modifica a distribuição de parte do ICMS que cabe aos municípios. É uma espécie de
bônus fiscal, voltado para a obtenção de resultados que, além da municipalização do
Ensino Fundamental, tem a finalidade de induzir os municípios a adotarem o modelo de
gestão pública vivenciado pelo Estado. Dos 10% dos recursos destinados a resultados
obtidos, o município pode receber até 5%, “considerando-se que, quanto maior o
número de matrículas no Ensino Fundamental, relativamente aos anos finais, em sua
rede municipal, maior a sua participação” (Item 4.4 da referida Lei).
O governo objetiva oferecer, na rede estadual, apenas o Ensino Médio e
Profissional, sob o argumento de se especializar nestas duas áreas. Os municípios, em
geral, têm acatado a proposta do governo, visando o incremento na receita propiciado
115
pela distribuição per capita de recursos do FUNDEB e pelo bônus prometido. O
posicionamento contrário do Sindicato a esta proposição do governo toma por base a
necessidade de análise quanto à capacidade dos municípios para absorver a demanda de
alunos. Segundo o Sindicato, muitos municípios estão ofertando o Ensino Fundamental
em sistema de rodízio, porque não há infraestrutura para acomodar o quantitativo de
alunos. A reflexão sobre o posicionamento do Sindicato em relação à municipalização
do Ensino Fundamental remete a outras questões igualmente relevantes, como a
universalização da Educação Infantil que deve ocorrer, até 201684
, sob a
responsabilidade da rede pública de educação municipal, que tem esta etapa da
educação básica como área prioritária de atuação85
. Grande parte da educação infantil,
nos municípios, está sendo atendida por instituições privadas que tiveram o prazo
ampliado até 2016, para atender à demanda mediante o recebimento de recursos do
FUNDEB. Outra questão, decorrente desta municipalização massificada, prende-se ao
Plano Municipal de Educação, que ainda não foi elaborado, no período do
desenvolvimento da pesquisa, pela maioria dos municípios pernambucanos, o que dá
indícios de ausência de planejamento capaz de prever a estruturação do sistema
municipal de ensino, para acolher o contingente de alunos egressos das escolas públicas
estaduais.
A concessão deste bônus fiscal, através do aumento do repasse do ICMS, suscita
outro questionamento importante, para a análise sobre os recursos destinados aos
municípios, relacionado aos programas de incentivos fiscais operacionalizados pelo
governo estadual, através do Programa de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco
(PRODEPE)86
e do Programa de Desenvolvimento da Indústria Naval e de Mecânica
Pesada Associada do Estado de Pernambuco (PRODINPE)87
. Estes Programas
concedem incentivos fiscais relacionados ao ICMS, sob o discurso fortemente
embasado no fomento ao desenvolvimento industrial.
Esses programas não se constituem como objeto de estudo desta pesquisa;
porém, considerando a sua relação com as fontes de recursos que compõem as receitas
84
Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014 –Plano Nacional de Educação, Meta 1. 85
Art. 211 da Constituição Federal de 1988. 86
Instituído pela Lei 11.288, de 22 de dezembro de 1995, e consolidado pela Lei 11.675, de 11 de
outubro de 1999. 87
Instituído pela Lei 12.710, de 18 de novembro de 2004, alterado pela Lei 13.917, de 19 de novembro de
2009. Destinado à concessão de incentivos fiscais a empresas do Complexo Industrial e Portuário de
Suape.
116
transferidas aos municípios e, a partir dessa transferência, as receitas destinadas à
educação, é pertinente uma breve discussão a respeito.
Os benefícios oferecidos pelos Programas abrangem, praticamente, todos os
setores da atividade econômica. O PRODEPE tem abrangência mais generalizada. Para
as atividades industriais, os incentivos são oferecidos pela concessão de crédito
presumido de ICMS, ou seja, a redução do valor a ser pago, que pode alcançar o
percentual de até 95%. Os benefícios são concedidos de acordo com a classificação da
indústria. Se for considerada “prioritária”88
, é conferido o benefício do crédito
presumido de 75% do imposto devido. No caso da indústria farmacêutica, o crédito é de
95%, independentemente da localização da empresa dentro do Estado de Pernambuco.
O prazo de fruição do benefício é de 12 anos, podendo ser prorrogado por até igual
prazo.
Já no caso de implantação, ampliação ou revitalização de empreendimentos de
“indústrias relevantes”, o estímulo ocorre mediante a concessão de crédito presumido de
ICMS no montante equivalente a 47,5%, percentual este que pode ser elastecido até
75%, caso a empresa se situe fora da região metropolitana do Recife. Seu prazo de
fruição é de 8 anos, também prorrogável por até igual período. O benefício fiscal pode
ser concedido, inclusive, para indústrias já estabelecidas em Pernambuco e que queiram
ampliar sua produção, caso em que o benefício será calculado sobre a parcela que
exceder o recolhimento médio dos últimos 12 meses da empresa.
A questão suscitada refere-se ao impacto da concessão dos incentivos fiscais
sobre a receita dos municípios, ou seja, sobre a função extrafiscal do ICMS. Segundo
informações que recebemos da SEFAZ, durante uma das entrevistas realizadas para fins
da pesquisa, os dados referentes aos valores monetários constitutivos do montante dos
incentivos fiscais concedidos só podem ser obtidos, exclusivamente, junto ao Secretário
da Fazenda, através de solicitação e de explicação a respeito da finalidade da
informação solicitada. Esta informação sempre é negada pelo Secretário, informou o
funcionário da SEFAZ, durante a entrevista concedida.
Diante do exposto, o estudo de impacto sobre a função extrafiscal do ICMS seria
imprescindível para a análise, por parte do município, sobre a efetividade dos ganhos
com o bônus fiscal e sobre as possíveis perdas com os incentivos fiscais. Dependendo
88
Setores eletroeletrônicos, agroindústria, metal-mecânico e metal de transportes, minerais não-metálicos,
plásticos e móveis.
117
do caso, supostamente o ganho de 10% com o bônus pode não ter representação
significativa frente ao que o município receberia, caso não houvesse a concessão dos
incentivos fiscais para empresas atuantes no seu território.
O estudo da função extrafiscal do ICMS seria importante, também, para a
educação, uma vez que, da parcela do ICMS transferida para o município, 25% deve ser
aplicado em MDE, de acordo com o mandamento constitucional.
Quanto à segunda pergunta direcionada ao SINTEPE, sobre o posicionamento
dos professores em relação à gestão do Ensino Médio da rede estadual de Pernambuco,
o Sindicato aponta insatisfação por parte dos docentes, especialmente dos que atuam nas
EREMs, devido ao descumprimento do que havia sido prometido pelo governo.
O descumprimento referido é com relação à gratificação dos professores das
EREMs com 40 horas. O governo informou que estes professores receberiam uma
gratificação de 1,99 sobre o salário base. No entanto, editou outra lei que limita o valor
da gratificação ao valor nominal de R$ 2.032,0089
. Embora o estado de Pernambuco se
configure entre os estados que pagam os mais baixos salários e tenha se utilizado de
mecanismos para elevação dos salários que não correspondem à orientação da Lei do
Piso, nem tampouco representam ganhos salariais efetivos, o congelamento do valor da
gratificação, desde a sua implantação, em 2008, tem neutralizado o diferencial
financeiro que estimula a dedicação em tempo integral. O quadro que segue apresenta
os valores nominais do salário base dos professores situados na Classe I, Faixa ‘a’, no
nível de formação em licenciatura plena, com carga horária de duzentas horas-aula
mensais.
Quadro 7 - Valores nominais do salário base de professores com
licenciatura plena em regime de 200 horas aula, do estado de Pernambuco e os
valores do PSPN baseados na regulamentação do Piso pela Lei nº 11.738/2008.
Ano
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
*Salário
Base
441,31 445,51 485,47 635,00 635,00 1.045,00 1.247,37 1.524,53 1.646,04
PSPN Lei
11.738/08 - - -
950,00
1.132,34
1.024,67
1.187,08
1.451,00
1.697,39
*Fonte: Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (SINTEPE)
89
Lei Complementar nº 112, de 6 de junho de 2008.
118
Considerando o período da pesquisa, o valor de R$ 441,31, praticado no ano de
2005, foi tomado como referência inicial, a partir da qual o salário apresenta o
desempenho exposto no quadro acima. O Plano de Cargos e Carreira que rege os
servidores da rede estadual de Pernambuco encontra-se estruturado por cargo. Dentro de
cada cargo, encontram-se os níveis de formação, dentro dos quais são estabelecidas
quatro classes numeradas em algarismo romano e, dentro de cada classe, são
estabelecidas quatro faixas, classificadas de ‘a’ a ‘d’. A análise recaiu sobre o cargo de
“Professor do quadro de pessoal permanente, com habilitação em licenciatura plena e
carga horária de 200 horas aulas mensais”. Dentro deste cargo, foi considerado o
vencimento pago com base na licenciatura plena, sem a formação continuada em nível
lato ou strictu sensu. No ano de 2010, a lei90
que instituiu o aumento dos servidores da
Secretaria de Educação, simultaneamente determinou, como em extinção, o cargo de
professor com formação no curso Normal Médio e determinou que todos os professores
com esta formação receberiam, indistintamente, como vencimento básico, o valor
correspondente a R$ 783,75. Toda esta modificação foi realizada sob o argumento de
que a rede estadual não mais oferecia as séries iniciais do Ensino Fundamental91
. Para o
cargo de professor com formação em licenciatura plena e que não detinha formação em
pós-graduação foi definido, indistintamente, o valor de R$ 1.045,00. Com estas
medidas, o governo logrou êxito em várias investidas, como excluir a classe que serviria
de referencial para o cálculo do PSPN e, consequentemente, dificultar a compreensão
dos critérios que regem os aumentos concedidos, a partir da formação em licenciatura
plena. Os aumentos são definidos no âmbito de um complexo emaranhado de
dispositivos legais constituídos de leis, mensagens ao Legislativo e ofícios da SAD, que
estipulam os percentuais ao ano, porém de forma fracionada. O quadro 7 mostra a
progressão salarial a cada ano, a partir do último percentual determinado. No ano de
2005, houve um reajuste de 5% sobre o valor de R$ 420,30, praticado em 2004. Do ano
de 2005 para 2006, o reajuste foi de 1%; de 2006 para 2007, o reajuste foi de 9%; para
2008 o aumento foi de 30,8%; mesmo assim, o salário base do professor estava distante
do PSPN, então estipulado em R$ 950,00. A defasagem entre o salário pago e o PSPN
estipulado era da ordem de 49,6%. Em 2009, o salário base não teve reajuste algum.
90
Lei nº 154, de 26 de março de 2010, considerada, pelo SINTEPE, como a Lei que destruiu o Plano de
Cargos e Carreira dos servidores da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. 91
A municipalização das séries iniciais desta etapa de ensino ocorria deliberadamente, sob os incentivos
de um maior percentual do ICMS para os municípios e com a anuência da maioria dos prefeitos, que
assumiram os alunos, mesmo sem as devidas condições estruturantes para esta absorção visando,
prioritariamente, o recebimento de maior aporte de recursos.
119
A partir de 2010, os valores nominais, a despeito dos altos percentuais de
aumento que pressupõem, não constituem ganhos salariais efetivos; tampouco a injeção
de novos recursos na folha de pagamento, pois, valendo-se de prerrogativa legal92
e a
partir dela, o governo passou a somar todas as vantagens pecuniárias constitutivas da
remuneração que, ao atingir o valor nominal do piso, alimentou favoravelmente o
argumento que afirmou o seu pagamento. Nesta perspectiva, uma nova base legal foi
instituída no estado, determinando a extinção de vantagens como gratificações e outras
do gênero, redenominando cargos e reestruturando quadros de ocupações. Mesmo
recorrendo a este expediente, de somar todas as vantagens pecuniárias, exceto no ano de
2010, no qual o valor do vencimento base ultrapassou o valor do PSPN em 2%, o PSPN,
desde a sua instituição até o ano de 2013, não foi alcançado pelos professores da rede
pública estadual de Pernambuco. Para fins de análise, é importante ressaltar que há
controvérsia sobre o valor do PSPN definido para o ano de 2010, pois atendendo aos
imperativos de ordem econômica e, em decorrência, das inúmeras interpretações
suscitadas, após o julgamento da liminar da ADI 416793
, pelo STF e, com base num
parecer da AGU, o MEC calculou o PSPN para 2010 através de uma fórmula diferente
da que fora estipulada em lei94
. Assim, caso o PSPN para 2010 tivesse sido considerado
pela fórmula proposta pela Lei do Piso e, deste modo, tivesse prevalecido o valor de R$
1.414,85, o governo do estado de Pernambuco teria descumprido o Piso em todos os
anos, desde que fora instituído, sem exceção.
Sobre esta forma de aplicar o PSPN, somando todas as vantagens pecuniárias,
afirma Alves (2011) que “o somatório de todas as vantagens constitui o teto e não o piso
e, embora o artigo da Lei delimite prazo, fatores como o adiamento da integralização do
piso e a ADI protocolada, contribuem para que essa medida continue posta em prática”
(ALVES, 2011, p. 143).
Diante da análise desses dados, é possível afirmar a leve flutuação, em termos
percentuais, que o salário base dos professores vem sofrendo no período pesquisado, o
que demonstra incipiência de elevação salarial, no estado de Pernambuco.
92
Cf. § 2º do art. 3º da Lei nº 11.738, de 16 de Julho de 2008. Conhecida como a Lei do Piso. 93
Ação Direta de Inconstitucionalidade, protocolada em 29/10/2008, junto ao STF, contra a Lei do Piso,
por cinco governadores e apoiada por mais cinco, respectivamente: Yeda Crusius, PSDB/RS;Luiz
Henrique da Silveira, PMDB/SC; Roberto Requião, PMDB/PR; André Puccinelli, PMDB/MS; Cid
Gomes, PSB/ CE; José Serra, PSDB/SP; Aécio Neves, PSDB/MG; José Roberto Arruda, DEM/DF;
Marcelo Miranda, PMDB/TO e José de Anchieta, PSDB/RR. 94
Cf. Parágrafo único do art. 5º da Lei 11.738, de 16 de Julho de 2008. Seguindo o que determina esta Lei
e as Portarias do MEC e Interministeriais, o PSPN para 2010 tinha o valor de R$ 1.414,85.
120
No tocante à gestão das EREMs, há uma particularidade que gera insatisfação
entre os profissionais: é a da penalidade financeira incidente sobre períodos de licença
de qualquer natureza, mesmo que respaldadas legalmente, inclusive as que atestam o
afastamento em caso de doença. Ou seja, se o professor tirar licença médica ou licença
prêmio, durante este período de afastamento ele deixa de receber a gratificação.
Segundo o Sindicato, no início da implantação das EREMs, até as professoras que
tiravam licença gestação perdiam a gratificação, no período em que estavam
licenciadas. Depois de muita negociação, por parte do Sindicato, foi dado às professoras
o direito de receber a gratificação no período da licença.
Os professores questionam, também, a falta de recebimento do BDE, quando a
escola atinge a meta. Há escolas que, segundo o SINTEPE, chegaram a 100% das metas
e não receberam o bônus. A questão dos professores não é com a forma como o cálculo
do BDE é feito, mas com a falta de clareza a respeito dos critérios de avaliação. Há
escolas que insistem que atingiram as metas, mas a SEE não pagou o BDE. O governo
divulga que está pagando o BDE, enquanto os profissionais da educação reclamam que
não receberam o bônus. Por parte do governo não há os esclarecimentos necessários,
para que os professores possam acompanhar o processo que define o pagamento do
bônus.
Os professores se mostram insatisfeitos, também, com o número de pessoas
contratadas por tempo determinado, atuantes no universo das escolas públicas estaduais,
inclusive nas EREMs.
O Sindicato informou que, ao receber denúncia sobre o elevado número de
contratados temporariamente, na EREM de Santa Cruz do Capibaribe, a verificação in
loco constatou que apenas a diretora e uma funcionária da secretaria pertenciam ao
quadro permanente; todos os demais trabalhadores daquela escola eram contratados por
tempo determinado. A mesma situação o Sindicato afirma que constatou no município
de Toritama. Em suma, afirma o Sindicato que as EREMs, em geral, têm mais
contratados temporariamente do que efetivos, com exceção de algumas que funcionam
como vitrine do governo. Segundo o Sindicato, esta quantidade de contratos
temporários serve de mecanismo, usado pelo Governo, para atingir uma das suas metas,
que é retirar a força do Sindicato, destituindo a base dos trabalhadores.
Quanto à infraestrutura, o Sindicato informou que muitas escolas estão um
“verdadeiro caos”, como a EREM de Vila Rica, no município de Jaboatão e muitas
outras – Petrolândia, Cabo de Santo Agostinho, Boa Vista, no Recife. Nas outras
121
escolas que não são EREM, o Sindicato informa que a situação é mais grave ainda, a
exemplo da Escola Estadual Tabajara, situada no município de Olinda, que só passou
por reformas depois que a imprensa95
divulgou a situação da escola. Tem problemas
desde falta de água para beber, carteiras velhas e quebradas, banheiros sem condições
de higiene, infiltrações, ventilação deficiente, lixo e mato no terreno da escola, entre
outros problemas.
O Sindicato informou que, por essas razões, os professores estão migrando das
EREMs para outras escolas da rede.
O Bônus de Desempenho Educacional (BDE), a que o Sindicato se refere, foi
instituído pela Lei nº 13.486, de 1º de julho de 2008. No art. 1º, a Lei o define como
uma premiação por resultados, destinado aos servidores lotados e em
exercício nas unidades escolares da Rede Pública Estadual de Ensino,
em função do seu desempenho no processo educacional, de acordo
com metas e condições fixadas em decreto do Poder Executivo.
A entrevista com o SINTEPE informa sobre a dificuldade na compreensão dos
critérios de avaliação e sobre discordâncias a respeito do alcance das metas, como
elementos que determinam o pagamento do BDE, a título de premiação pelo alcance das
referidas metas, por parte da escola. As dificuldades sobre o BDE, no entanto, vão mais
além.
A análise da execução financeira do BDE como despesa não é tarefa fácil, por
algumas razões verificadas durante a coleta de dados para a pesquisa. As buscas de
dados referentes junto à SEE resultaram infrutíferas. A Gerência Geral de
Desenvolvimento de Pessoas e Relações de Trabalho da SEE assegurou à pesquisadora
que enviaria as informações por e-mail, mas nunca cumpriu a promessa, nem mesmo
quando a solicitação da informação foi novamente encaminhada através do Portal da
Transparência.
A contabilidade pública não dispõe de um código específico para o pagamento
de bônus; portanto, não é possível visualizar o pagamento desta despesa no SIOPE, com
esta especificação, mas, provavelmente, os valores pagos como BDE encontram-se
incluídos nas despesas com pessoal. A busca pelos valores específicos voltou-se, então,
para o BGE a partir de 2008, ano em que o BDE foi instituído. No BGE, a despesa com
o BDE é descrita como “Avaliação e Premiação do Desempenho dos Profissionais da
95
Reportagem apresentada no Jornal do Meio Dia, TV Globo, em 11/04/2014.
122
Secretaria de Educação” e não “dos servidores lotados e em exercício nas unidades
escolares”, conforme dispõe o art. 1º da lei que instituiu o BDE. A despesa referente ao
BDE é descrita, no BGE, da mesma forma em todos os anos nos quais houve a
execução desta despesa, nos valores explicitados no quadro que segue.
Quadro 8 - Despesas pagas com Avaliação e Premiação do Desempenho dos
Profissionais da Secretaria de Educação no período de 2008 a 2013
(Valores não corrigidos pelo IPCA)
Ano Valor R$ Fonte
22008 34.454,00 BGE 2008, Quadro nº 31, p.413
22009 510,00 BGE 2009, Quadro nº 31, p.417
22010 48.287,00 BGE 2010, Quadro nº 31, p. 420
22011 - -
22012 5 .405.624,06 BGE2012, Quadro nº 31, p.400
22013 59.852.095,98 BGE 2013,Quadro nº 31, p. 397
Fonte: BGE 2008/2013.
O quadro acima mostra que, no ano de 2011, não houve pagamento do BDE. O
site da SEE96
só disponibiliza consulta sobre as escolas que atingiram a meta, com os
respectivos percentuais, nos anos de 2012 e 2013. Também não houve pagamento em
2009. A julgar pelo valor registrado houve, apenas, um complemento referente ao ano
anterior. Teoricamente, a ausência do pagamento do BDE, nestes dois anos, é justificada
pela ausência de metas cumpridas, inclusive pelas escolas que vinham atendendo a este
requisito, já que nos anos anteriores – 2008 e 2010 - houve pagamento. Desde que o
BDE foi instituído, a propaganda a respeito do bônus leva à suposição de que em todos
os anos há uma distribuição do bônus. O quadro acima revela que não há o pagamento
anualmente. Revela, também, que os valores pagos são irrisórios e tornam-se mais
significativos, coincidentemente, em 2013, ano anterior ao da eleição para presidente da
República.
Outra questão que envolve o pagamento do BDE e que requer a disponibilização
de mecanismos de divulgação, com informações detalhadas, para averiguação, por parte
dos profissionais da educação, dos envolvidos no controle social e do público em geral,
96
Cf. http://www.educacao.pe.gov.br/portal/?pag=1&cat=36&art=1977.
123
refere-se ao profissional destinatário do BDE. Na busca por informações referentes a
esta questão, a pesquisa encontrou dados que foram sistematizados no quadro que
segue.
124
Quadro 9 - Bônus de Desempenho Educacional – Detalhamento por Empenho
Ano Valor Pago
(R$)
Nº do Empenho Subfunção Programa Ação Subação
2008
39.144.064,58
2008NE000057
362-Ensino Médio
0484-Acesso e Qualidade da Educação Básica com
Foco no Ensino Médio Profissionalizante
2271-Ampliação da Oferta e Melhoria do Ensino Médio com Foco na
Formação Cidadã, Integrado à Educação Profissional
Não Informa
2009
23.980.592,38
15.473.803,21
2009NE000028
2009NE000046
361-Ensino Fundamental
362-Ensino Médio
0484-Acesso à Ed.Básica de Qualidade
0484-Acesso e Qualidade da Educação Básica com
Foco no Ensino Médio Profissionalizante
2270-Ensino Fundamental de Qualidade
2271-Ampliação da Oferta e Melhoria do Ensino Médio com Foco na
Formação Cidadã, Integrado à Educação Profissional
Meta Não Prioritária
Meta Não Prioritária
2010
30.474.635,29
19.483.783,22
2010NE028940
2010NE028941
361-Ensino Fundamental
362-Ensino Médio
0484-Acesso à Ed.Básica de Qualidade
0484-Acesso e Qualidade da Educação Básica com
Foco no Ensino Médio Profissionalizante
2270-Ensino Fundamental de Qualidade
2271-Ampliação da Oferta e Melhoria do Ensino Médio com Foco na
Formação Cidadã, Integrado à Educação Profissional
Outras Medidas
Outras Medidas
2011
2.483.565,88
1.282.582,45
36.429.868,53
9.468.824,44
337,82
2011NE007795
2011NE007796
2011NE007797
2011NE007798
2011NE020217
121-Planejamento e Orçamento
361-Ensino Fundamental
361-Ensino Fundamental
362-Ensino Médio
Não Informa
0269-Gestão da Política de Ação da Secretaria de
Educação.
0196-Melhoria da Qualidade da Educação Básica no
Estado de Pernambuco – PROESCOLA
0484-Acesso à Ed.Básica de Qualidade
0484-Acesso à Ed.Básica de Qualidade
Não Informa
1084-Planejamento, Orçamentação e Acompanhamento das Ações da
Secretaria de Educação
1418-Gerenciamento do Programa de Melhoria da Qualidade da Educação
Básica
2270-Ensino Fundamental de Qualidade
2271-Ampliação da Oferta e Melhoria do Ensino Médio com Foco na
Formação Cidadã, Integrado à Educação Profissional
Pagto.desp. ref. ao BDE deixado de receber p/ ex-servidora. Rosemira
Lopes Bandeira assist.adm. educacional mat. 89.744-2. c/ ret. Funafin
le027113
Outras Medidas
Outras Medidas
Outras Medidas
Outras Medidas
Não Informa
2012
4.906.952,65
19.455,18
2.906.100,96
5.228.895,38
2012NE000876
2012NE000879
2012NE000881
2012NE020619
361-Ensino Fundamental
361-Ensino Fundamental
362-Ensino Médio
128-Formação de Recursos
Humanos
1032- Melhoria da Qualidade da Educação Básica da
Rede Pública
1032- Melhoria da Qualidade da Educação Básica da
Rede Pública
1032- Melhoria da Qualidade da Educação Básica da
Rede Pública
0261- Valorização dos Profissionais da Educação e
Implantação da Política de Formação Continuada
4051- Melhoria da Eficácia da Aprendizagem Ensino Fundamen-
tal - Padrão de Desempenho
4051- Melhoria da Eficácia da Aprendizagem Ensino Fundamen-
tal - Padrão de Desempenho
4439-Melhoria da Eficácia da Aprendizagem do Ensino Médio - Padrão
de Desempenho
1056- Avaliação e Premiação do Desempenho dos Profissionais da
Secretaria de Educação
Outras Medidas
Outras Medidas
Outras Medidas
Outras Medidas
125
2013
58.385.463,50
2.725,29
20.897,01
24.765,08
3.018.165,97
58.706.954,84
2013NE000094
2013NE000096
2013NE000389
2013NE012174
2013NE017276
2013NE018622
122-Administração Geral
362-Ensino Médio
128-Formação de Recursos
Humanos
128-Formação de Recursos
Humanos
128-Formação de Recursos
Humanos
128-Formação de Recursos
0966- Apoio Gerencial e Tecnológico às Ações da
Secretaria de Educação
0918- Ampliação do Acesso ao Programa de
Educação Integral e Educação Profissional
0261- Valorização dos Profissionais da Educação e
Implantação da Política de Formação Continuada
0261- Valorização dos Profissionais da Educação e
Implantação da Política de Formação Continuada
0261- Valorização dos Profissionais da Educação e
Implantação da Política de Formação Continuada
0261- Valorização dos Profissionais da Educação e
Implantação da Política de Formação Continuada
4385- Suporte às Atividades Fins da Secretaria de Educação
4325- Qualificação e Ampliação da Rede de Educação Integral
1056- Avaliação e Premiação do Desempenho dos Profissionais da
Secretaria de Educação
1056- Avaliação e Premiação do Desempenho dos Profissionais da
Secretaria de Educação
1056- Avaliação e Premiação do Desempenho dos Profissionais da
Secretaria de Educação
1056- Avaliação e Premiação do Desempenho dos Profissionais da
Secretaria de Educação
Outras Medidas
Outras Medidas
Outras Medidas
Outras Medidas
Outras Medidas
Outras Medidas
Fonte: Portal da Transparência
126
A consulta ao Portal da Transparência resultou em achados concernentes ao
detalhamento de empenhos indicativos de possíveis dispêndios com o BDE. A despesa
empenhada não significa despesa realizada. Tanto é assim que a soma das despesas
empenhadas por ano, identificadas no quadro 9, acima, comparadas com as despesas
realizadas por ano identificadas no BGE e registradas no quadro 8, mostra que há
discrepância entre os valores. Em 2008, a despesa empenhada foi no valor de R$
39.144.064,58 e a despesa paga foi no valor de R$ 34.454,00. Neste ano de 2008, os
valores se aproximam. Em 2009, o valor empenhado foi de R$ 15.473.803,21, mas o
BGE mostra o valor pago de R$ 510,00, revelando uma discrepância significativa entre
os valores. O ano de 2010 apresenta valores aproximados, pois foi empenhado o valor
de R$ 49.958.418,51, enquanto que o valor pago foi de R$ 48.287,00. Em 2012, surge
significativa discrepância. Neste ano, o valor empenhado foi de R$112.685.001,80 e o
valor pago foi de R$ 5.405.624,06. A acentuada discrepância se repete em 2013,
quando foi empenhado o valor de R$ 232.843.973,49 e pago o valor de
R$59.852.095,98.
A análise do quadro 9 mostra-se importante, por evidenciar indícios de que o
BDE não está sendo destinado, exclusivamente, aos profissionais das escolas de Ensino
Fundamental e Médio, conforme determina o art. 3º do Decreto nº 32.300, de 08 de
setembro de 2008, que regulamenta a lei que instituiu o BDE. Na coluna indicativa da
subfunção, há o registro de várias subfunções identificadas com números diferentes
daqueles que identificam as subfunções “Ensino Fundamental” e Ensino Médio” – 361
e 362, respectivamente. Verifica-se que, em 2011, houve empenho para a subfunção de
Planejamento e Orçamento, dentro do Programa de Gestão da Política de Ação da SEE,
com ação a ser efetivada em função do Planejamento, Orçamentação e
Acompanhamento das Ações da SEE. Em 2012, houve empenho na subfunção de
Formação de Recursos Humanos; porém, como a Ação de número 1056 informa,
quanto à Avaliação e Premiação do Desempenho dos Profissionais da SEE, não há
garantia de que o valor empenhado seria pagamento futuro aos profissionais das
unidades escolares, conforme determina o art. 1º da lei que instituiu o BDE. Mesmo
quando as subfunções assinaladas são as 361 e 362, a ação nem sempre se refere à
Premiação do Desempenho dos Profissionais, o que ocorre em todos os anos
referenciados. Em 2013, houve empenho referente à subfunção 362 – Ensino Médio; no
entanto, a Ação volta-se para a Qualificação e Ampliação da Rede de Educação
Integral. Por outro lado, neste mesmo ano de 2013, há subfunções que não são Ensino
127
Fundamental nem Médio, indicando Premiação de Profissionais da SEE, o que não
garante que sejam exclusivamente os lotados nas unidades escolares, como já foi
assinalado. E há a subfunção de Administração Geral, com ação voltada para suporte às
Atividades Fins da SEE.
Diante dos informes do quadro de detalhamento por empenho e das informações
sistematizadas a partir do BGE é possível encontrar, em parte, a explicação para tantas
dúvidas não respondidas dos professores e para a nossa dificuldade na obtenção de
informações oficiais a respeito do BDE.
Por fim, quanto às iniciativas para participar das negociações com o governo, o
Sindicato ressaltou a Mesa Permanente de Negociação que, à custa de muito esforço por
parte do SINTEPE e de outros sindicatos, foi instituída por Decreto97
do governador e
não por lei, conforme o pleito sindical.
Esta Mesa tem etapa de realização com o conjunto de sindicatos e tem etapa de
realização específica, com o secretário de Educação. Nas reuniões de Mesa Geral, são
seis secretários que participam e a coordenação é do secretário de Administração. Na
Mesa Específica, a coordenação é do secretário de Administração, juntamente com o de
Educação. O secretário de Administração delegou ao secretário de Educação autonomia
para discutir as questões, mas, a despeito da criação, o Sindicato informou que o
funcionamento da Mesa é precário. O secretário de Educação adia as reuniões, envia
assessores em seu lugar. Em setembro de 2013 e em outubro, novembro e dezembro de
2014, houve realização de Mesa Específica, mas o secretário de Educação só participou
da de outubro.
Assim, os dados da pesquisa, colhidos através do SINTEPE, ratificam o perfil
centralizador da gestão governamental que vem se consolidando em Pernambuco,
através do MIG.
97
Decreto nº 30.460, de 25 de maio de 2007. Institui o Programa de Negociação Permanente.
128
CAPÍTULO V
A GESTÃO DO ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO: o que diz a
execução financeira
A participação dos sistemas de ensino no processo de avaliação do rendimento
escolar, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino,
como disposição legal (LDB/1996, art. 9º, VI; art. 10, IV), propiciou a criação de
sistemas de avaliação em todo o território nacional. O governo de Pernambuco, com o
“objetivo de fomentar mudanças na educação oferecida pelo Estado, vislumbrando a
oferta de um ensino de qualidade” 98
, criou o Sistema de Avaliação Educacional de
Pernambuco – SAEPE, no ano de 2000. O SAEPE avalia a “qualidade do ensino
oferecido pelo Estado, nas áreas de Língua Portuguesa e de Matemática, para prestar
contas à sociedade sobre isso”99
. No ano da criação e nos anos de 2002 e 2005, foram
aplicados testes de desempenho nas disciplinas de Língua Portuguesa (leitura e escrita)
e Matemática, para estudantes das 2ª série/3º ano, 4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano do
Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio e do Normal Médio, das redes estadual e
municipal. A partir de 2008, os testes passaram a ser aplicados anualmente, às mesmas
séries, com exceção do Normal Médio, cujos alunos se submetem ao teste no curso do
4º ano. Com o fim de aferir os resultados obtidos nas provas aplicadas pelo SAEPE, foi
criado o Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (IDEPE) – “indicador
de qualidade da educação pública estadual, que permite diagnosticar e avaliar a
evolução de cada escola, ano a ano”100
.
O cálculo do IDEPE considera, a exemplo do IDEB (Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica), dois critérios complementares: o fluxo escolar e o desempenho
dos estudantes da 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental (anos iniciais e finais) e do 3º
ano do Ensino Médio, nos exames do SAEPE, em Língua Portuguesa e Matemática. O
IBEB, portanto, está sujeito às mesmas críticas feitas ao IDEB, que seguem mais
adiante.
98
Disponível em: http://www.saepe.caedufjf.net/avaliacao-educacional/o-programa/ Acesso em dez/2014 99
Disponível em: http://www.saepe.caedufjf.net/avaliacao-educacional/matrizes/matriz-curricular/
Acesso em dez/2014 100
Disponível em: http://www.saepe.caedufjf.net/avaliacao-educacional/idepe/ Acesso em dez/2014
129
5.1 O IDEB COMO REFERÊNCIA DO ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO: as
limitações do indicador.
Este tópico apresenta a sistematização de dados quantitativos referentes ao
ensino médio oferecido pela rede estadual de Pernambuco.
Para início da análise sobre o ensino médio no estado de Pernambuco, um dado
presente é o IDEB. Este indicador é obtido através da soma de dois outros indicadores:
os resultados da Prova Brasil - teste de Português e Matemática aplicado aos alunos que
estão concluindo as séries iniciais e as finais do ensino fundamental e os que estão
concluindo a última série do Ensino Médio, e a taxa de aprovação dos alunos. Para
análise do Ensino Médio em Pernambuco, o IDEB observado, desde que foi instituído,
encontra-se explicitado no quadro seguinte.
Quadro 10 - Resultado do IDEB alcançado pelo Ensino Médio da rede
pública estadual de Pernambuco, no período de 2005 a 2013
3ª Série Ensino Médio
Ano 2005 2007 2009 2011 2013 2015
IDEB Projetado 2.7 3.8 3.0 3.2 3.6
IDEB Observado 2.7 2.7 3.0 3.1 3.6 -
Fonte: INEP
A publicação do IDEB observado em Pernambuco, para o ano de 2013, mostrou
que a meta projetada para 2015, de 3.6, fora alcançada antecipadamente. A publicação
dos resultados do IDEB tem ampla repercussão na mídia e, quando positivos, tornam-se
matéria prima de alto potencial em termos de dividendos eleitorais, para a esfera
administrativa responsável pela etapa de ensino avaliada.
O IDEB se constitui como um avanço e uma ferramenta importante, destinada à
aferição da qualidade do ensino. O seu valor é reconhecido; entretanto, o problema
relacionado à esta aferição é que o IDEB é utilizado como se fosse capaz de contemplar
todas as variáveis que interferem nesta qualidade. O IDEB é o principal indicador para
mensurar a qualidade do ensino, mas certamente, não o melhor, nem tampouco deveria
ser o único. A busca pela aferição da qualidade do ensino requer a prospecção de outros
elementos, como as circunstâncias territoriais nas quais as escolas funcionam, os
130
insumos disponíveis nas escolas, o tempo que os estudantes têm de aulas e outras
atividades didáticas nas escolas, a taxa de distorção idade/série.
Corroborando com a crítica às limitações impostas pelo IDEB, como extensão
da crítica feita ao IDEPE e, simultaneamente, acrescentando outra crítica à adjetivação
das escolas de ensino médio de tempo integral de Pernambuco como Escolas de
Referência de Ensino Médio, assim se posiciona o TCE/PE:
observa-se que atingir a meta do indicador não quer dizer
obrigatoriamente que a escola tenha tido um rendimento satisfatório e
que seja referência para as demais. Assim, a denominação Escola de
Referência em Ensino Médio pode levar o cidadão à interpretação
equivocada, tendo em vista a definição do termo referência - Pessoa,
grupo, entidade etc, que são expoentes em seu campo de ação;
referencial (PERNAMBUCO, TCE, 2012, p. 207).
Alguns dados extraídos do Censo Escolar seguem adiante, com o objetivo de
proporcionar uma visão mais ampla do ensino médio em Pernambuco. O quantitativo de
matrículas, nesta etapa de ensino, encontra-se explicitado no quadro que segue.
Quadro 11 - Matrículas no Ensino Médio do Estado de Pernambuco por
dependência administrativa, período de 2005 a 2013
Fonte INEP. Tabelas: em 2005: 1.43; em 2006: 1.43; em 2007: 2.16; em 2008: 2.14; em 2009: 2.14; em
2010: 1.14; em 2011: 1.14; em 2012: 1.21; em 2013: 1.21.
O quadro 11 mostra o comportamento das matrículas no ensino médio, nas
diversas dependências administrativas, no estado de Pernambuco. Na rede pública
estadual, as matrículas decresceram quantitativamente, a partir de 2009, embora a esfera
estadual tenha esta etapa do ensino como área de atuação prioritária101
. Tomando como
referência o ano de 2013, verifica-se que foi o ano de menor número de matrículas na
101
Art. 211 da CF/1988.
Ano
Matrículas no Ensino Médio
Total por
Ano Estadual Municipal Privada Federal
2005 359.897 26.452 59.071 3.233 448.653
2006 369.753 28.837 56.391 3.204 458.185
2007 364.921 26.250 43.742 2.756 437.669
2008 373.386 11.957 48.128 6.776 440.247
2009 373.152 9.036 47.779 7.293 437.260
2010 367.813 5.663 48.148 7.827 429.451
2011 350.531 4.138 48.431 5.491 408.591
2012 334.449 3.369 48.606 5.960 392.384
2013 331.757 2.131 45.980 6.760 386.628
131
rede pública estadual, mesmo tendo havido saída de alunos da rede pública municipal e
da iniciativa privada. A suposição de que esses alunos, possivelmente, poderiam ter sido
matriculados nas escolas federais não teria sustentação, pois embora esta dependência
apresente acréscimo, este foi, em número de 800 matrículas; insuficiente, portanto, para
atender o número de alunos que deixaram de se matricular na iniciativa privada, na rede
pública municipal e na estadual. O decréscimo de matrículas na rede pública estadual é
um dado relevante, especialmente quando analisado à luz do Censo do IBGE102
que
aponta, em Pernambuco, um percentual de 18%, superior à média nacional de 14,8%, da
população a partir dos 15 anos fora da escola. Considerando que, no mesmo ano do
Censo, o IBGE estima a população do estado de Pernambuco em 8.485.386 habitantes,
este percentual representa 1.527.369 habitantes, em valores absolutos, número este que
demonstra o enorme desafio a ser enfrentado, prioritariamente pela rede pública
estadual.
As matrículas no ensino médio são distribuídas por um número de
estabelecimentos que ora atende apenas o ensino médio, ora atende, simultaneamente, o
ensino médio e o ensino fundamental. O número de estabelecimentos ofertantes do
ensino médio cresceu, conforme quadro que segue.
Quadro 12 - Número de estabelecimentos de Ensino Médio no Estado de
Pernambuco, no período de 2005 a 2013
Ano
Estadual
Municipal
Federal
Privado
Urbana
Rural
Urbana
Rural
Urbana
Rural
Urbana
Rural
22005 631 37 59 34 7 2 369 2
22006 659 45 66 36 7 2 368 3
22007 641 87 71 28 7 2 310 2
2008 673 68 35 8 7 2 349 4
2009 678 72 28 10 8 2 369 2
2010 696 73 26 7 8 2 374 2
2011 699 84 21 6 9 4 366 1
2012 713 83 14 6 9 4 366 1
2013 717 86 14 5 11 4 357 1
Fonte: INEP. Tabelas: Em 2005: 3.14; Em 2006: 3.14; Em 2007: 3.12; em 2008: 3.12; em 2009:
3.12; em 2010: 3.12; em 2011: 3.12; em 2012:3.12; em 2013: 3.12.
O quantitativo de estabelecimentos de ensino médio da rede pública, apresentado
no quadro 12, cresceu em todas as dependências administrativas, exceto na municipal
que, por não ter o ensino médio como área prioritária de atuação, vem diminuindo a
oferta.
102
Cf. Resultados preliminares da amostra do Censo Demográfico 2010, página 17. Disponível
em:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/00000006460511142011051416506
447.pdf. Acesso em: Nov/2014
132
Em Pernambuco, há escolas que oferecem exclusivamente o Ensino Médio,
exclusivamente o Ensino Fundamental e há escolas que oferecem estas duas etapas,
simultaneamente. Dado relevante para a análise da execução financeira do Ensino
Médio se traduz no quantitativo de escolas de acordo com as etapas ofertadas e seus
respectivos números de matrícula, conforme demonstrado no quadro que segue.
Quadro 13 - Quantitativo de escolas públicas da rede estadual de
Pernambuco de acordo com as etapas da Educação Básica
ofertada e respectivos quantitativos de matrículas.
Fonte: Secretaria de Educação
O quadro acima, síntese do levantamento realizado (APÊNDICE IV) a partir da
coleta de dados na Secretaria de Educação informa, em termos quantitativos de escolas
e de matrículas, a oferta do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, na rede pública
estadual de Pernambuco. Do total de escolas da rede, 232 unidades oferecem,
exclusivamente, o Ensino Médio, 229 oferecem exclusivamente o Ensino Fundamental
e 573 escolas oferecem, simultaneamente, as duas etapas da educação. Dentre as 232
escolas que oferecem o Ensino Médio de forma exclusiva, quatro são escolas técnicas,
cinco são escolas regulares103
e 223 são EREM. As escolas que oferecem,
simultaneamente, o Ensino Fundamental e o Médio são, na maioria, escolas regulares,
embora a pesquisa tenha identificado que algumas EREM também participam desta
forma de oferta. Entre o número de matrículas no Ensino Médio registrado no quadro
acima e aquele registrado pelo INEP, há uma diferença de 601 alunos a mais, no
quantitativo registrado no censo divulgado pelo Instituto. Esta diferença ocorre,
possivelmente, porque o quadro acima não registra a oferta na modalidade de EJA.
Independentemente da diferença detectada, quer seja considerado o número de
matrículas no Ensino Médio divulgado pelo INEP quer seja pelo quadro acima, o fato é
que as matrículas no Ensino Médio totalizam um quantitativo significativamente maior
103
Assim chamadas as escolas que não são técnicas nem EREM.
Quantitativo
de escolas
Ensino
Médio
Ensino
Fundamental
232 109.886 -
229 - 46.254
573 221.270 204.778
Total de Escolas e de Matrículas 1034 331.156 251.032
133
do que o quantitativo de matrículas no Ensino Fundamental. A diferença, da ordem de
oitenta mil alunos a mais no Ensino Médio, suscita questionamentos a respeito dos
gastos com as subfunções de apoio administrativo referentes à esta etapa de ensino.
Verifica-se que todas as despesas com as subfunções de apoio são registradas como
gastos com o Ensino Fundamental (APÊNDICE V). As planilhas do SIOPE, por sua
vez, registram despesas do Ensino Médio apenas com as funções típicas da educação.
A ausência de informações sobre os gastos com as subfunções de apoio
administrativo, referentes ao Ensino Médio, é um obstáculo à estimativa mais precisa do
custo anual do aluno, nesta etapa de ensino. Uma estimativa mais próxima da realidade
constituir-se-ia como uma referência para estudos relacionados ao CAQi e ao CAQ,
modalidades de custo já definidas e com tempo delimitado para implantação, conforme
o PNE104
, aprovado pela Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014.
Por fim, o quadro não tem a finalidade de registrar o quantitativo total de escolas
da rede estadual; porém, considerando que este quantitativo é de 1058 unidades, importa
esclarecer que, além das 1034 escolas registradas acima, a rede conta com mais 24
unidades que ofertam ensino específico de forma exclusiva. Dentre estas, se encontram
7 unidades de Educação Profissional, 13 unidades de EJA, 2 unidades de Educação
Infantil e 2 unidades de Educação Especial.
A gestão do Ensino Médio enfrenta, também, o desafio da distorção idade/série.
Dentre os alunos matriculados no Ensino Médio, parte deles está fora da faixa etária dos
15 aos 17 anos, indicada para cursar esta etapa de ensino, conforme demonstra o quadro
que segue.
Quadro 14 - Taxa de distorção idade-série na rede pública do
Estado de Pernambuco no período de 2006 a 2013
Fonte: INEP. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais.
104
META 20, Estratégias 20.6 e 20.8
Ano
Localização
Rural Urbana
2006 74 69,6
2007 69,4 66,8
2008 45,4 40,7
2009 54,3 53,2
2010 53 54,1
2011 51 49,0
2012 48,7 44,1
2013 45,6 39,8
134
O percentual de estudantes do ensino médio fora de faixa etária vem
decrescendo; porém, em 2013, ainda apresentava taxa elevada, sendo 45,6% de
estudantes na zona rural e 39,8% na zona urbana. A zona rural, com exceção exclusiva
do ano de 2010, detém maior taxa de distorção idade/série. O índice de distorção
idade/série no estado de Pernambuco supera a média nacional de 14,8%.
O Ensino Médio em tempo integral, embora pareça consolidado no estado de
Pernambuco, representa mais um desafio a ser enfrentado, quando é observada a média
do número de horas-aula que os estudantes passam na escola da rede pública estadual,
conforme quadro abaixo.
Quadro 15 - Número médio de horas-aula diárias na rede pública no
Estado de Pernambuco no período de 2010 a 2013
Fonte: INEP. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais
Em 2013 o estado de Pernambuco contava com 257 EREMs, das quais, 122
unidades funcionam em horário integral e 135 oferecem jornada semi-integral. Naquele
ano, dentre os 185 municípios pernambucanos, 160 contavam com EREMs de tempo
integral ou semi-integral.
O MEC105
considera tempo integral a jornada escolar com duração igual ou
superior a sete horas diárias, durante todo o período letivo, compreendendo o tempo
total em que o aluno permanece na escola ou em atividades escolares, em outros
espaços educacionais. Assim, em toda a rede pública estadual, apenas uma minoria pode
ser considerada como escola de tempo integral o que, no cômputo da média, justifica os
números do quadro 15.
O quantitativo das matrículas em tempo integral pode ser visualizado no quadro
que segue.
105
Programa Mais Educação. Disponível em http://portal.inep.gov.br/web/educacenso/programa-mais-
educacao.
Ano
Localização
Rural Urbana
2010 4,2 4,3
2011 4,3 5
2012 4,7 5,4
2013 4,8 5,7
135
Quadro 16 - Número de matrículas em tempo integral, por dependência
administrativa Ensino Médio – Período 2011 a 2013
Fonte INEP. Tabelas: em 2011: 1.48; em 2012: 1.67; em 2013: 1.67.
O INEP iniciou o registro do número de matrículas em tempo integral, no
Ensino Médio, a partir de 2011. O quadro 17 mostra o número de matrículas em tempo
integral na rede estadual de ensino que, mesmo sendo crescente, no período de 2011 a
2013; neste último ano, o número não alcançou nem um terço das matrículas efetivadas
no Ensino Médio.
Quanto ao nível de qualificação dos docentes em exercício no Ensino Médio, o
quadro abaixo mostra os percentuais que seguem.
Quadro 17 -Docentes do Ensino Médio da rede pública do estado de
Pernambuco com Curso Superior no período de 2011 a 2013
Fonte: INEP. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais.
O quadro acima revela uma situação aparentemente satisfatória, pois tanto na
área rural quanto na urbana o número de professores com formação superior chega a
percentuais elevados. No entanto, a análise do quadro que segue revela a atuação de
profissionais com formação em áreas diversas da formação em licenciatura, exigida para
o magistério.
Ano
Matrícula em Tempo Integral – Ensino Médio
Total por Ano Estadual Municipal Privada Federal
2011 68.278 12 410 1.385 70.085
2012 85.078 11 516 1.394 86.999
2013 102.082 1 576 1.404 104.063
Ano
Localização
Rura
l
%
Urban
a
%
2011 87,1 95,1
2012 85,4 95,9
2013 84,6 96,5
136
Quadro 18 - Número de professores no Ensino Médio e na Educação
Profissional com formação superior, segundo a Área de Formação, no estado de
Pernambuco
Área de Formação
Número de Professores
2008 2009 2010
EM EP EM EP EM EP
Agricultura, flores-
tas, rec. pesqueiros 85 57 81 57 76 51
Arquitetura e Construção 76 28 74 38 74 33
Artes 76 27 96 45 95 48
Ciências 2.349 46 2.232 38 2.095 42
Ciências Físicas 1.724 26 1.558 28 1.452 26
Ciências Sociais e
comportamentais 318 34 274 21 262 24
Computação 11 25 24 38 34 45
Comércio e
Administração 366 59 92 64 90 74
Direito 20 7 18 6 17 8
Engenharia e Profissões
correlatas 90 40 95 65 97 76
Formação de Professor e
Ciências da
Educação
6.947 81 9.005 170 9.179 155
Formação de Prof. de
disciplinas profissionais - - 25 - 26 1
Humanidades e Letras 5.712 41 5.122 33 4.849 28
Jornalismo e Informação 8 2 8 2 9 2
Matemática e Estatística 1.859 26 1.731 19 1.670 28
Produção e Processamento 3 6 5 3 6 4
Proteção Ambiental 9 1 8 1 7 1
Saúde 802 266 834 231 880 264
Serviço Social 5 1 6 - 5 1
Serviços Pessoais 22 6 17 8 15 11
Veterinária 20 23 19 19 15 24
Outras áreas de formação
superior 536 66
Totais 20.502 802 21.324 886 21.489 1.013 Fonte: Sinopse Docente 2008, Tabela 8.7 e 9.8; Sinopse do Professor 2009,
Tabelas 8.7 e 9.8; Sinopse Estatística da Educação 2010, Tabelas 2.86 e 2.100
O quadro apresenta dados até o ano de 2010. A partir de 2011, o Censo passou a
informar o quantitativo de funções docentes e não mais o quantitativo de professores,
segundo a área de formação. Esta mudança representa uma perda, em termos de dados
fundamentais para a análise da gestão do Ensino Médio. Trabalhando dentro do possível
disponibilizado, verifica-se que o quadro apresenta vinte e duas áreas de formação de
profissionais que estão atuando como professores no Ensino Médio. Dentre estas áreas,
catorze são estranhas à formação para o magistério, incluindo profissionais das mais
diversas áreas. A exatidão, no que se refere ao quantitativo de leigos atuantes no Ensino
137
Médio, no âmbito estadual, entra num terreno turvo, pela falta de informações sobre as
disciplinas lecionadas. Entretanto, a separação feita, no quadro, entre Ensino Médio e
ensino profissional, permite constatar a continuidade da atuação de professores leigos
no Ensino Médio do estado de Pernambuco. Portanto, a verificação pura e simples de
percentuais de professores com formação superior não diz tudo sobre a forma como tem
ocorrido o recrutamento de professores para lecionarem no Ensino Médio.
5.2 A GESTÃO DO ENSINO MÉDIO NO ESTADO DE PERNAMBUCO: limites e
perspectivas do planejamento e orçamento.
Este tópico apresenta, sistematizados em tabelas, os dados quantitativos
extraídos do SIOPE referentes às despesas pagas para custear o Ensino Médio, a partir
das duas principais fontes de recursos - Impostos e Transferências e FUNDEB.
A Tabela Sintética (TS) representa uma varredura em todo SIOPE, na subfunção
362, referente ao Ensino Médio. É sintética porque disponibiliza apenas o total dos
gastos registrados pelo SIOPE. A TS mostra quais as planilhas, dentre as listadas pelo
SIOPE, não constam do rol de planilhas. Para este caso, foi adotada, pela pesquisa, a
sigla NCP. A TS mostra, também, as planilhas que constam do rol, mas sem registro de
valores, caso para o qual foi adotada pela pesquisa a sigla SRV. Por fim, a TS mostra a
planilha que apresentou valores.
A partir dos valores registrados na TS, foi elaborada a Tabela Analítica (TA).
Esta tabela mostra as contas-códigos através das quais os pagamentos das despesas
foram realizados. Ou seja, mostra a execução financeira, a partir dos valores debitados
nos códigos contábeis. A estrutura da TA segue a mesma estrutura delineada pelo
SIOPE. Na primeira coluna, encontra-se a ordem dos códigos representados por
numerais ordinais. Na segunda coluna, estão relacionados os códigos numéricos,
acompanhados pela respectiva descrição, que compõe a terceira coluna. As colunas
seguintes assinalam, em anos, o período recortado para a pesquisa. Os valores
transcritos do SIOPE estão corrigidos pelo IPCA.
A análise levou em consideração todos os dados registrados; porém, três grupos
de despesas recebem análise mais acurada, inclusive com representação através de
gráficos que mostram a curva do dispêndio com o Ensino Médio. São elas Pessoal,
Outras Despesas Correntes e Investimento. Considerando as despesas registradas pelo
138
SIOPE, o grupo ‘Pessoal’ é referido entre o código 6º e o 28º. Neste intervalo,
encontram-se as despesas com contratação de Pessoal para o magistério público, tanto
de forma permanente, para compor o quadro efetivo de servidores, como contratado por
tempo determinado e os respectivos encargos sociais. A categoria ‘Outras Despesas
Correntes – ODC’ é representada pelos códigos 34º ao 90º, dentre as quais foram
destacados os de números 57º, 61º e 64º, por serem os responsáveis, de modo geral, pela
manutenção da estrutura e das condições das unidades educacionais, uma vez que o
código 57º responde pelo material de consumo, o 61º pelos serviços prestados por
terceiros, sendo estes pessoas físicas, e o 64º, pelos serviços prestados por terceiros,
sendo estes pessoas jurídicas.
O terceiro grupo - Investimento - é representado pelos códigos 95º, 96º e 97º. O
código 95º se refere a obras e instalações, o 96º a equipamento e material permanente e
o 97º a outras aplicações diretas, relacionadas a investimentos.
Seguem adiante as tabelas e as análises referentes.
139
Tabela 1: Despesas com MDE – Despesas Próprias custeadas com Impostos e Transferências
Subfunção 362 - Ensino Médio Exceto FUNDEB – anos 2005 a 2013 – Despesas Pagas
Tabela Sintética (Valores corrigidos pelo IPCA)
Planilha
362 – Ensino Médio – Exceto Fundeb
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Planejamento e Orçamento NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Adm.Geral SRV SRV - SRV SVR SRV SRV SRV SRV
Adm.Financeira NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Normatização/Fiscalização NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Tecnologia da Informação NCP NCP - SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Formação de RH SRV SRV - SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Comunicação Social NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Alim.Nut.Merenda Esc. NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Prot.Benef.Trabalhador. SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Ensino Médio 98.648.015,35 112.600.356,73 NCP NCP NCP NCP NCP NCP SRV
Ens. Médio Exceto Fundeb NCP NCP 88.710.259,73 75.450.673,83 37.731.012,15 33.488.899,09 117.382.699,87 168.498.423,35 261.519.484,53
EJA SRV SRV SRV SRV SRV SRV 37.954.619,76 SRV SRV
Educação Especial SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Transporte Escolar NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Refinanc.Dívida Interna NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Refinanc.Dívida Externa NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Serviço Dívida Interna NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Serviço Dívida Externa NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Outros Encargos Especiais NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Total das Despesas Pagas
Anualmente
98.648.015,35
112.600.356,73
88.710.259,73
75.450.673,83
37.731.012,15
33.488.899,09
155.337.319,63
168.498.423,35
261.519.484,53
Tabela Sintética, construída a partir dos dados do SIOPE. Legenda: SRV – Sem Registro de Valor; NCP – Não Consta Planilha.
140
Tabela 2 – Despesas com MDE – Despesas Próprias Custeadas com Impostos e Transferências – Subfunção 362 – Ensino Médio/ Pernambuco –
2005/2013 Tabela Analítica (Valores corrigidos pelo IPCA)
Fonte: SIOPE
Ordem Código Descrição 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
6º 3.31.90.04.00.00 Contratação por Tempo Determinado 23.117.045,52 536.455,84
7º 3.31.90.05.00.00 Outros Benefícios Prev. 438.359,62
10º 3.31.90.09.00.00 Salário Família 112.736,21 57.363,18 86.117,00 62.627,33
12º 3.31.90.11.00.00 Vencim. e Vantagens Fixas Pessoal Civil 69.883.087,01 37.655.487,58 32.173.778,04 12.221.667,15 24.974.154,48 25.800.753,65 78.028.622,42 113.697.825,20 41.634.982,27
13º 3.31.90.12.00.00 Venc. E Vant. Fixas – Pessoal Militar 3.826.903,04 4.160.658,85 2.799.603,62 6.057.887,11 1.703.424,63 2.705.808,85
14º 3.31.90.13.00.00 Obrigações Patronais 96.787,67 130.802,72 8.326.996,46
15º 3.31.90.14.00,00 Diárias Civil 275.238,35
17º 3.31.90.16.00.00 Outras Despesas Variáveis Pessoal Civil 3.854,12 284.645,17 171.575,72 2.817.408,79
18º 3.31.90.17.00.00 Outras Desp.Variáveis -Pessoal Militar 3.586,67 138,09
19º 3.31.90.34.00.00 Outras Desp.de Pessoal contr.de Terceirização 13.520,22 155.626.784,85
22º 3.31.90.92.00.00 Desp de Exerc. Anteriores
25º 3.31.90.99.00.00 Outras Despesas com Pessoal e Enc. Sociais 4.121.798,95
34º 3.33.20.00.00.00 Transf.à União 717.485,33
36º 3.33.40.00.00.00 Transf.a Municípios 1.114.778,78 1.204.682,88 578.118,10
44º 3.33.50.00.00.99 Outras Transf.Inst.Priv. S/ Fins Lucrativos 181.190,00 466.720,72 817.463,38 607.295,42 462.058,76
50º 3.33.90.14.00.00 Diárias Civis 949.951,14 3.453.266,75 3.557.501,77 3.867.911,52 985.526,85 1.068.337,94 267.671,10 227.484,70
52º 3.33.90.18.00.00 Auxílio Financeiro a Estudantes 1.847.198,30 734.009,51
57º 3.33.90.30.00.99 Outros Mater Consumo 1.970.915,83 2.365.365,58 3.961.037,39 21.765.075,00 194.693,05 41.212,43 58.046,39 2.001.114,41 6.229.995,47
58º 3.33.90.32.00.00 Material de Distribuição Gratuita 16.913.580,10 6.871.275,30 997.186,54 8.438,42
59º 3.33.90.33.00.00 Passagens e Despesas com Locomoção 64.066,33 106.580,30 476.789,03 102.110,91 43.336,38 61.941,43 277.624,26
60º 3.33.90.35.00.00 Serviços de Consultoria 112.695,21
61º 3.33.90.36.00.00 Outros Serv deTerceiros Pessoa Física 160.526,54 757.596,67 479.790,28 1.138.227,31 120.828,34 120.855,91 98.809,10 5.698,67 165.167,09
62º 3.33.90.37.00.00 Locação de Mão de Obra 173.164,11 148.352,98
64º 3.33.90.39.00.00 Serviços de Terceiros Pessoa Jurídica 14.180.094,58 20.841.144,36 31.175.527,92 25.445.094,30 4.480.838,33 4.403.078,13 29.642.816,64 45.510.107,58 43.445.683,43
69º 3.33.90.47.00.00 Obrigações Tributárias e Contributivas 87.521,58 263,01 29.000,39
73º 3.33.90.92.00.00 Despesas de Exercícios Anteriores 503.175,47 6.995,90 379.318,17 445.299,19 379,38 227.114,33 44.933,39 3.955.917,72
74º 3.33.90.93.00.00 Indenizações e Restituições 13.829,91 101.997,83 15.109,67
75º 3.33.90.00.00.99 Outras Aplic. Diretas 6.787.181,78 179.424,32 576.442,90
80º 3.33.91.39.00.00 Outros Serv. de Terc Pessoa Juríd Operações Intra-
Orç
1.369,87
81º 3.33.91.47.00.00 Obrig Tributárias Contrib Oper.Intra-orçam. 202.148,85 3.125,67
95º 3.44.90.51.00.00 Obras e Instalações 222.969,48 313.086,12 394.980,66 4.692.555,60
96º 3,44.90.52.00.00 Equip e Mat Permanen 77.563,78 1.577.114,49 2.780.739,13 85.028,68 1.308.573,61
97º 3.44.90.00.00.99 Outras Aplicações Diretas 48.423,90 4.992.120,00
141
A Tabela 1, síntese das despesas pagas com Impostos e Transferências, mostra
que não há registro de valores referentes às subfunções de apoio administrativo, no
período pesquisado. Algumas planilhas nem são disponibilizadas pelo SIOPE, conforme
assinaladas com a sigla NCP. Na referida tabela, apenas a planilha referente ao Ensino
Médio apresenta valores, registrados em 2005 e 2006, na planilha denominada “Ensino
Médio” e, a partir de 2007, na planilha denominada “Ensino Médio Exceto Fundeb”,
que é a linguagem contábil para explicar que os recursos não são provenientes deste
Fundo que, a partir do referido ano, passou a financiar o Ensino Médio. A planilha
apresenta, também, um valor referente ao Ensino Médio, oferecido na modalidade EJA,
que aparece, exclusivamente, no ano de 2011.
Diante dessas observações, vislumbra-se uma primeira dificuldade, relacionada à
impossibilidade de identificar qual o custo das subfunções de apoio administrativo para
o Ensino Médio. Considerando a imprescindibilidade dessas subfunções e, também, que
na subfunção 361 – Ensino Fundamental há registro de gastos referentes (APÊNDICE
V), emerge a questão relacionada à possibilidade de estas despesas com apoio
administrativo, no Ensino Médio, se encontrarem incluídas nas despesas com apoio
administrativo, no Ensino Fundamental. Esta falta de especificação das despesas com
apoio administrativo no Ensino Médio inviabiliza o levantamento do seu custo real e,
também, do Ensino Fundamental, com base nos dispêndios efetivos realizados por cada
etapa de ensino. Tal impossibilidade tem efeito multiplicador, pois traz dificuldades
para a elaboração do cálculo do custo aluno-ano mais aproximado da realidade e
dificulta o embasamento consistente de proposições, seja no planejamento, no
orçamento e na execução financeira dos recursos. Enfim, inviabiliza informações
importantes relativas ao gasto efetivo dos sistemas educacionais, o que compromete a
formulação e reformulação da política social voltada para o setor, tais como a
reformulação do custo aluno referenciada pelo CAQi e pelo CAQ, dispostas na lei do
PNE como modalidades de custo reformuladas e com prazo legal definido para
implantação.
A abertura das planilhas, a cada ano pesquisado, referentes ao Ensino Médio e
indicadas na TS1 viabilizou a elaboração da TA2.
Iniciando a análise da Tabela 2 pelos códigos referentes a Pessoal, observa-se o
pagamento de pessoal contratado apenas em 2006 e 2007. Em 2006, mediante um valor
bastante elevado, com queda brusca em 2007 (código 6º). Benefícios previdenciários
(cód.7º) foram pagos apenas no ano de 2012. O pagamento do salário família (cód. 10º)
142
só é registrado nos anos de 2005 a 2008. As despesas com os vencimentos dos
profissionais do magistério, pertencentes ao quadro permanente, sofrem significativa
oscilação. A partir de 2006 até 2010, mostra-se decrescente em relação ao valor
praticado em 2005. Em 2011, o valor aumenta, sendo o maior praticado desde 2005.
Aumenta mais ainda em 2012 e cai, vertiginosamente, em 2013. Foi intensa a busca por
explicações a respeito desta oscilação. Na SEFAZ, última instância da busca, a
explicação dada foi a de que esses dados são retirados do E-Fisco, estão lá assim e são
transcritos. “Talvez tenha havido erros de digitação” acrescentou o entrevistado, mas
“explicação realmente eu não tenho”. Outro questionamento surge a partir do código
13º, referente ao pagamento de pessoal militar atuante na Escola Militar. Os valores
também oscilam, além de serem intermitentes, não havendo registro referente nos anos
de 2005, 2011 e 2013. Sendo estes gastos referentes aos códigos 13º e 18º, registrados
exclusivamente nas planilhas cujas despesas são pagas com recursos de Impostos e
Transferências, obviamente não aparece seu pagamento com outra fonte de recursos
permanecendo, assim, a questão do registro e respectivo valor do pagamento referente a
esses profissionais, nos anos que se constituem como lacunas. Na busca por resposta, a
pesquisadora recorreu ao BGE, mas este documento não responde satisfatoriamente.
Para ilustrar esta afirmação e tomando como exemplo apenas 2013, ano no qual não há
registro, no SIOPE, de pagamento feito ao pessoal militar, o BGE/2013, Quadro nº 31,
página 398, assinala despesa com MDE referente à SDS, ou seja ao pessoal militar, no
valor de R$ 1.737.159,16. A pergunta que surgiria seria somente relacionada à falta de
registro desse valor na planilha do SIOPE, uma vez que há registro no BGE. No
entanto, a questão não é tão simples assim, nem é única. O valor de R$ 1.737.159,16
está registrado no Balanço; porém, abaixo deste valor, aparece o valor referente às
Contribuições Patronais do Colégio da Polícia Militar ao FUNAFIN, no montante de R$
1.612.081,51, o que significa que há inconsistência no próprio BGE, pois o valor da
obrigação é quase igual ao valor principal. Ou seja, há mais gastos com as obrigações
sociais do que com o valor total das remunerações. A questão evidencia a dificuldade de
acesso a dados importantes, com a devida clareza, pela sociedade em geral e pelos
profissionais da educação, em particular.
O código 19º, referente a ‘Pessoal Terceirizado’, código 3.31.90.34.00.00,
registrado no SIOPE, aparece com um valor relativamente irrisório em 2011 e um valor
bastante elevado em 2013, além do aumento considerável de um ano para o outro, o que
suscita questionamentos relacionados à discrepância entre os valores registrados no
143
SIOPE e no BGE. Esta despesa, em 2013, foi registrada no SIOPE no valor de R$
155.626.784,85 (no registro original, sem a correção pelo IPCA, o valor registrado é R$
150.818.884.02). No BGE, Quadro 04, página 46, neste código está lançado o valor de
R$ 1.455.729,82 como execução financeira, ou seja, como despesa paga. Considerando
os valores originais, isto é, sem a correção pelo IPCA, a diferença entre os mesmos é de
R$ 149.363.154,20. É presumível que as despesas com terceirização de pessoal de
outras áreas tenham sido debitadas à conta da educação.
Para todas essas questões, a pesquisadora recebeu a resposta da SEFAZ de que
são “problemas na execução financeira”, sem, no entanto, a explicação sobre a natureza
destes “problemas”.
Com referência aos gastos com ODC, a figura que segue ilustra o
comportamento das despesas, considerando os códigos 57º, 61º e 64º, apresentados na
TA2.
Figura 1 – Despesas com Outras Despesas Correntes (ODC) – 2005/13,
pagas com Impostos e Transferências
Subfunção 362 – Ensino Médio
Elaborada a partir dos dados do SIOPE.
Na categoria Outras Despesas Correntes, as despesas com Materiais de
Consumo, código 57º, se mostram oscilantes apresentando, em 2008, o gasto mais
elevado do período estudado. A partir de 2009 e até 2011, as despesas decrescem e, em
2012 e 2013, os valores voltam a aumentar. Presumivelmente, o considerável aumento
de materiais de consumo em 2008 deve-se à ampliação do Programa de Educação
Integral, através das EREMs. É presumível, ainda, que tenha havido, além do
suprimento das escolas de Ensino Médio, estoque deste material, uma vez que, nos anos
144
subseqüentes, os valores decrescem, sinalizando para gastos, possivelmente, com
reposição.
Comportamento semelhante verifica-se com o código 61º, referente a Serviços
de Terceiros Pessoa Física. Neste código, o valor aumenta em 2006, decresce em 2007 e
apresenta o maior gasto no ano de 2008. Nos anos de 2009 a 2013, os valores
decrescem consideravelmente, em relação ao gasto realizado em 2008. Sendo, porém,
que o ano de 2013 apresenta maior valor praticado, no intervalo decrescente dos valores
registrados entre 2009 e 2013. O comportamento destes gastos apresenta indícios de
que, em 2008, foi dinamizado um processo de reparos gerais na rede de escolas de
Ensino Médio e, nos anos subsequentes, os gastos se voltaram para consertos e reparos
de elementos, cuja depreciação faz parte do uso cotidiano.
As despesas com Serviços de Terceiros Pessoa Jurídica, código 64º, são
crescentes até 2007. Apresentam-se decrescentes no período de 2008 a 2011, sendo
2009 e 2010 os anos que assinalam uma queda muito brusca nos valores, da ordem de,
aproximadamente, 86% em relação ao gasto em 2007. Em 2012, o gasto cresce,
superando o gasto em 2007; em 2013, decresce em relação a 2012, mas continua bem
maior do que o gasto realizado em 2007. Considerando que essas despesas se referem
ao fornecimento, dentre outros, de insumos imprescindíveis ao funcionamento das
unidades escolares, tais como energia elétrica, água, serviços de esgoto, telefone etc., a
oscilação dos gastos neste código e, principalmente, o declínio em 2009 e 2010, deixam
questionamentos relacionados ao bom funcionamento das escolas de Ensino Médio em
geral e, em particular, das EREMs, as quais configuram um quantitativo crescente, a
partir de 20 escolas, em 2008, chegando a 260 escolas, em 2013.
A figura que segue ilustra o comportamento das despesas relativas a
investimentos no Ensino Médio, pagas com recursos de Impostos e Transferências,
considerando os códigos 95º, 96º e 97º, apresentados na TA2.
145
Figura 2 – Despesas anuais com investimentos pagas com recursos de
Impostos e Transferências – Subfunção 362 – Ensino Médio
Elaborada a partir dos dados do SIOPE
Na demonstração das despesas pagas com investimento, o código 95º, referente
a obras e instalações, apresenta valores até 2007 que, embora crescentes, são tímidos, se
comparados com o valor registrado em 2008, ano que apresenta um crescimento
significativo e único neste item, uma vez que, a partir de 2009, não há registro de
despesas com obras e instalações destinadas ao Ensino Médio, pagas com a fonte
referenciada, embora seja o período que marca a ampliação do Programa de Educação
Integral através das EREMs. As despesas com o código 96º, referentes a equipamentos
e material permanente, se apresentam irrisórias, em 2005, quando comparada com o
valor registrado em 2006 e em 2007, ano que registra o maior valor de despesa
realizada, dando indícios de que marca o início da ampliação das EREMs. Em 2008,
2010, 2011 e 2013, não há registro de gastos com obras e instalações. Em 2009, há o
registro de um valor relativamente pequeno e, em 2012, de um valor da ordem de 50%
do que fora gasto em 2007. No que se refere ao código 97º, em 2011, há o registro de
quase R$ 5 milhões em investimentos, porém lançado em ‘Outras Aplicações Diretas’,
o que não possibilita a identificação do tipo de investimento realizado. Apenas sugere
investimentos em função da ampliação do Ensino Médio integral.
Por fim, a TS1 apresenta despesas com o Ensino Médio na modalidade de EJA,
no valor de R$ 37.954.619,76. Para o registro deste gasto, unicamente em 2011, a
pesquisa não coletou explicação plausível, por parte dos sujeitos responsáveis pelo
146
registro das despesas. O desdobramento dos dados da tabela sintética resultou na
elaboração da tabela analítica que segue:
Tabela: 3 - Despesas com MDE – Despesas Próprias Custeadas com
Impostos e Transferências Subfunção 362 – Ensino Médio / EJA – 2005/2013
Tabela Analítica
Fonte: SIOPE.
A Tabela 3 apresenta, no código 50º, despesas relativas a diárias de pessoal, o
que, neste caso, não se trata de vencimentos, mas da cobertura de gastos com
alimentação, hospedagem e transporte, gerados por locomoção de servidores deslocados
da sua sede de trabalho para realização de serviço eventual ou transitório. Há o registro
do código 57º, referente a materiais de consumo e registro do código 64º, referente a
serviços prestados por pessoa jurídica. O item de despesa relacionado a investimento é o
que apresenta maior valor e se refere a equipamento e material permanente. Os dados
registrados oficialmente não indicam, neste caso, a EJA integrada à educação
profissional, o que poderia explicar, em parte, o grande investimento em equipamentos
e material permanente. Verifica-se o indício de investimentos em insumos para outras
áreas, que podem ou não estar relacionadas à educação, mas que foram debitadas na
conta da EJA ministrada em nível médio.
As despesas pagas com recursos do FUNDEB encontram-se discriminadas nas
tabelas – sintética e analítica, que seguem.
Ordem
Código Descrição 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
50º 3.33.90.14.00.00 Diárias – Civil NCP NCP NCP NCP NCP NCP 363.615,73 NCP NCP
57º 3.33.90.30.00.99 Materiais de Consumo NCP NCP NCP NCP NCP NCP 98.851,69 NCP NCP
64º 3.33.90.39.00.00 Serv de Terceiros
Pessoa Jurídica
NCP NCP NCP NCP NCP NCP 731.261,95 NCP NCP
96º 3.44.90.52.00.00 Equip. e Material Permanente
NCP NCP NCP NCP NCP NCP 36.760.890,37
NCP NCP
147
Tabela 4 - Despesas com MDE – Despesas com o FUNDEB
Subfunção 362 - Ensino Médio – anos 2007 a 2013 – Despesas Pagas
Tabela Sintética (Valores corrigidos pelo IPCA) Fonte: Elaborada a partir dos dados do SIOPE . Legenda: SRV – Sem Registro de Valor.
Planilha
362 – Ensino Médio
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Planejamento e Orçamento SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Adm.Geral SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Adm.Financeira SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Normat/Fiscal. SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Tecnologia da Informação SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Formação de RH SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Comunicação Social SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Alim.Nut.Merenda Esc. SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Prot.Benef.Trabalhador. SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Ensino Médio 1,43 401.078.700,85 410.060.357,12 389.211.517,51 445.018.893,68 440.380.429,96 448.471.508,45
Ensino Profissional SRV SRV 6.394.450,856 6.087.714,31 936.106,09 2.253.928,98 751.229,50
EJA SRV SRV SRV SRV SRV SRV 245.774,09
Educação Especial SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Transporte Escolar SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Refinanc.Dívida Interna SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Refinanc.Dívida Externa SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Serviço Dívida Interna SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Serviço Dívida Externa SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Outros Encargos Especiais SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Total das Despesas Pagas Anualmente
1,43
401.078.700,85
416.454.807,97
395.299.231,82
445.954.999,77
442.634.421,94
449.468.512,04
148
Tabela 5 - Despesas com MDE pagas com Recursos do FUNDEB - Subfunção 362 – Ensino Médio – 2007/2013
Tabela Analítica (Valores corrigidos pelo IPCA) Fonte: Elaborada a partir dos dados do SIOPE.
* O Código 3.31.90.04.15.00 está sem o número de ordem porque não consta na lista de códigos disponibilizada no Manual SIOPE, embora seja disponibilizado nas planilhas.
Ordem Código Descrição 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
6º
3.31.90.04.00.00
Contratação por Tempo Determinado
-
8.016.445,59
185.536.897,47
98.861.014,25
211.466.583,09
265.002.219,59
217.980.823,13
*
3.31.90.04.15.00
Obrig.Patronais Contrato Tempo
Determinado
-
-
-
-
-
-
60.531.695,71
9º 3.31.90.08.00.00 Outros Benefícios Assistenciais 225.655,47 -
11º 3.31.90.10.00.00 Outros Benefícios Natureza Social - - - - - 343.642,16 -
12º 3.31.90.11.00.00 Vencim e Vantag Fixas Pessoal
Civil
1,43 381.178.702,12 190.420.761,84 269.983.782,35 139.074.661,72 131.379.299,98 120.729.800,71
14º 3.31.90.13.00.00 Obrigações Patronais - - - - - - 24.145.960,12
17º 3.31.90.16.00.00 Outras Desp Variáveis Pessoal Civil
- 60.503,92 - - - - -
28º 3.31.91.13.00.00 Obrigações Patronais - - - - 34.169.677,47 - -
34º 3.33.20.00.00.00 Transferências à União - - - - - 14.763.927,37
36º 3.33.40.00.00.00 Transferências a Municípios 467.811,94
50º 3.33.90.14.00.00 Diárias Civil - 286.331,30 774.298,93 3.034.303,22 4.189.355,83 1.347.852,19 1.200.201,77
57º 3.33.90.30.00.99 Outros Mater. Consumo - - 5.077.938,28 7.153.317,55 11.742.511,61 7.491.007,67 1.364.146,21
58º 3.33.90.32.00.00 Material de Distribuição Gratuita - - 9.041.702,14 - 12.497.297,72 - -
59º 3.33.90.33.00.00 Passagens e Desp.com Locomoção - - 928.292,08 400.463,42 162.499,56 281.065,36 1.796,92
60º 3.33.90.35.00.00 Serviços de Consultoria - - - 12.809,42 - -
61º 3.33.90.36.00.00 Outros Serv. de Terc. Pes Física - - - 62.083,50 136.241,45 122.425,34 68.138,04
62º 3.33.90.37.00.00 Locação de Mão-de-Obra - - 575.958,99 - 1.403.274,38 - 70.807,10
64º 3.33.90.39.00.00 Serviços de Terceir Pessoa Jurídica - 7.162.523.85 17.686.172,27 9.610.667,71 22.368.069,52 22.308.036,05 7.122.494,84
69º 3.33.90.47.00.00 Obrigaç. Tributárias e
Contributivas
- - - 105.885,48 68.474,90 23.055,88 433,38
73º 3.33.90.92.00.00 Despesas de Exercícios Anteriores - - - - 71.964,87 - 17.795,82
74º 3.33.90.93.00.00 Indenizações e Restituições - - - - 128.471,47 5.675,33
75º 3.33.90.00.00.99 Outras AplicaçõesDiretas - - 18.333,78 - - - -
84º 3.33.91.92.00.00 Desp.Exercíc.Anteriores - - - - - 7.262,72 -
90º 3.44.40.00.00.00 Transferên. a Municípios - - - - 375.422,75 -
95º 3.44.90.51.00.00 Obras e Instalações - 3.164,201,00 - - 2.210.942,72 683.696,20 -
96º 3.44.90.52.00.00 Equip e Material Permanente - 1.209.993,04 1,29 - 4.940.635,10 11.165.274,30 -
149
A TS4 apresenta as despesas pagas com recursos do FUNDEB. Embora
apresente todas as planilhas referentes ao apoio administrativo, não registra valor em
qualquer uma delas, conforme pode ser observado mediante a sigla SRV. As planilhas
que apresentam valores são: Ensino Médio desde o primeiro ano de vigência do Fundo
– 2007 até o último ano do período estudado, 2013; Ensino Médio integrado à Educação
Profissional, que apresenta valores a partir de 2009 até 2013 e EJA, com valores
registrados apenas em 2013.
A TA5 apresenta o detalhamento do que foi pago com os recursos do FUNDEB.
Iniciando pela categoria de Pessoal, verifica-se, no código 12º, o qual registra os valores
pagos ao pessoal do quadro permanente do magistério, o registro de um valor irrisório
no ano de 2007, para o qual a SEFAZ não apresentou explicação, quando da realização
de entrevista com vistas ao esclarecimento das dúvidas suscitadas pelos dados. A partir
de 2008 e até 2010, os valores oscilam e passam a decrescer a partir de 2012.
Paralelamente, a contratação temporária, código 6º, tem um aumento, em 2009, bastante
elevado em relação a 2008. Decresce em 2010, mas, ainda assim, continua elevado e, no
período de 2011 a 2013, registra valores altos, os quais chegam a superar os registrados
para pessoal permanente, deixando muito clara a opção do Governo pelos contratos
temporários, em detrimento da contratação para os quadros permanentes, mediante a
realização de concurso. Neste tocante, a gerente da Gerência Geral de Desenvolvimento
de Pessoas e Relações de Trabalho da Secretaria de Educação informou, em entrevista
realizada em 2014 que, neste ano, a Secretaria contava com 52 mil servidores, dos quais
apenas 26 mil são efetivos. Segundo a gerente,
é preciso organizar a Secretaria internamente. Essa organização
depende da municipalização do ensino fundamental, o que já está
acontecendo graças ao apoio e ao incentivo do Governo. Então não é o
momento de realizar concurso, pois só vai inchar a folha e depois não
haverá mais necessidade desses profissionais, pois a tendência é os
Municípios assumirem o ensino fundamental todo.
Trata-se da “organização” baseada na redução de gastos e não na qualidade da
educação oferecida, nem na possível falta de sustentabilidade desta prática em grande
parte dos Municípios, que detêm, como principais receitas, os recursos advindos do
FPM e do FUNDEB.
Dentro dos estudos da categoria ‘Pessoal’, a análise identificou o código
3.31.90.04.15.00 registrado na planilha do SIOPE, referente ao ano de 2013, indicando
despesa com “Obrigações Patronais Contrato por Tempo Determinado” no valor
150
superior a R$ 60 milhões. A análise verificou que a conta não consta da lista de contas
relacionada no Manual do SIOPE e, portanto, não tem número de ordem (numeral
ordinal) e, consequentemente, também não tem descrição de conceito. No entanto, as
planilhas do SIOPE disponibilizam o referido código, que foi preenchido pelo estado de
Pernambuco, com o valor supracitado. Mais uma vez, se fez necessária a análise dos
dados registrados no SIOPE, à luz do BGE. A cada ano, o Balanço Anual apresenta, nas
suas páginas iniciais, diversos anexos obrigatórios, segundo regulamentação dada pela
Lei nº 4.320/1964, dentre os quais encontra-se o anexo denominado: “Demonstração
Consolidada da Despesa por Natureza/Item”. Esse anexo traz a lista de todos os códigos
nos quais houve despesa realizada. No BGE de 2013, esse Anexo é representado pelo
Quadro nº 4, constante na página 45 e nele não há registro do referido código.
Consultada sobre essa discrepância, entre o registrado na planilha do SIOPE e o
registrado no BGE, a SEFAZ informou que o registro que deve ser considerado é o que
está no anexo do Balanço, concluindo que houve erro no preenchimento da planilha do
SIOPE e que o referido valor “provavelmente faz parte de outra despesa”, ratificando
que “são erros na execução das despesas” e mais uma vez deixando sem explicação a
natureza desses “erros”. Há, portanto, indícios de que o valor de aproximadamente R$
60 milhões tenha sido debitado de forma indevida da conta do FUNDEB.
A figura que segue ilustra a categoria Pessoal, a partir dos dados apresentados na
TA5.
Figura 3 – Despesas com Pessoal Permanente e Temporário, pagas com
recursos do FUNDEB – Subfunção 362 Ensino Médio, 2007-2013.
Fonte: SIOPE.
A figura ilustra uma situação que repercute no avanço do Ensino Médio,
mostrando que, a partir de 2009, o trabalho docente precarizado ganha ênfase no
151
contexto do Ensino Médio e, a partir de 2011 supera, quantitativamente, a contratação
de profissionais para o quadro permanente.
Quanto às despesas com ‘Outras Despesas Correntes’, a Figura 4 possibilita a
visualização simultânea do comportamento dos três códigos de despesas referenciados
pela pesquisa. Estes são os códigos que, no geral, garantem o funcionamento da
estrutura das unidades educacionais.
Figura 4 – Despesas com Outras Despesas Correntes (ODC) pagas com
recursos do FUNDEB – Subfunção 362 – Ensino Médio
Fonte: Elaborado a partir dos dados do SIOPE.
A Figura 4 ilustra a curva das despesas realizadas com recursos do FUNDEB,
nos códigos 57º, 61º e 64º, no âmbito de ODC, a partir dos dados da TA5. Pela tabela,
verifica-se que as despesas registradas no código 57º, referentes a material de consumo,
são realizadas a partir de 2009 e se comportam de modo crescente até 2011. Tais
recursos apresentaram um decréscimo em 2012 registrando, neste ano, uma despesa
equiparada à realizada em 2010 e sofrendo uma queda considerável em 2013. As
despesas registradas no código 61º, referentes a serviços prestados por pessoa física, são
registradas a partir de 2010 e apresentam valores oscilantes e inferiores às demais
despesas analisadas, dentro de ‘Outras Despesas Correntes’. As despesas registradas no
código 64º, referentes a serviços prestados por pessoa jurídica, são registradas a partir
de 2008 e apresentam valores que sofrem significativa elevação nos anos de 2009, 2011,
2012, mostrando os indícios da expansão do Ensino Médio. Entretanto, este valor cai
abruptamente, no ano de 2013, chegando a um valor equiparado ao gasto em 2008. A
152
Figura 4 mostra o papel importante que o financiamento específico para o Ensino
Médio, materializado pelo FUNDEB, exerce, no sentido de garantir a manutenção da
estrutura física de unidades escolares do Ensino Médio.
Quanto aos investimentos, pagos com recursos do FUNDEB, a Figura 5 ilustra a
curva das despesas realizadas nos códigos 95º, referente a obras e instalações e 96º,
referente a equipamento e material permanente, no âmbito de ‘Investimentos’, a partir
dos dados da TA5.
A TA5 mostra despesas realizadas apenas nos anos de 2008, 2011 e 2012,
relacionadas a ambos os códigos, com exceção do código 96º, que apresenta o irrisório
valor de R$1,29 como gasto no ano de 2009. A Figura 5, abaixo, ilustra a curva das
despesas realizadas nos códigos 95º e 96º, no âmbito de Investimentos, a partir dos
dados da TA5.
Figura 5 – Despesas anuais com Investimentos pagos com recursos do
FUNDEB – subfunção 362 – Ensino Médio
Fonte: SIOPE.
A análise a partir dos dados apresentados na Figura 5, elaborada a partir dos
dados da TA5, contribui para a análise dos investimentos realizados no Ensino Médio
com recursos do FUNDEB. Verifica-se um dispêndio, que ocorre de forma intermitente,
em termos de investimentos, no período estudado. Verifica-se que as despesas são mais
vultosas com equipamentos e material permanente do que com obras e instalações e que
elas ocorrem de forma bastante elevada no ano de 2012, enquanto que, em 2013, não
153
são feitos investimentos com recursos do FUNDEB em nenhum dos códigos
assinalados.
A TS4 aponta, também, para despesas com o Ensino Médio integrado ao Ensino
Profissional, pagas a partir de 2009. Os dados desta tabela mostram uma curva
descendente, considerando as despesas iniciais registradas a partir de 2009. Neste ano e
no subseqüente, ano de 2010, as despesas são da ordem de R$ 6 milhões, caindo
sensivelmente em 2011 para valor inferior a um milhão. Em 2012, a despesa aumenta,
mas não na mesma proporção apresentada no biênio 2009/10. Em 2013, o gasto cai
abruptamente, para valor inferior ao registrado em 2011.
A Tabela Analítica 6, elaborada com vistas à discriminação dos elementos das
despesas com o Ensino Médio integrado ao Ensino Profissional, apresentados na TS4, é
requisito para melhor compreensão dos gastos. A tabela que segue se dispõe a
demonstrar as despesas a partir dos diversos códigos, nos quais encontram-se os seus
registros.
Tabela 6 - Despesas com MDE pagas com Recursos do FUNDEB -
Subfunção 363 Ensino Profissional integrado à subfunção 362 – Ensino
Médio / Ensino Profissional – 2009/2013 Tabela Analítica (Valores corrigidos
pelo IPCA)
Fonte: Elaborada a partir dos dados do SIOPE.
A TA 6 não registra gastos com vencimentos de pessoal. Dentre os grupos de
despesas, a análise registra despesas com ODC e Investimentos. Os gastos mais
representativos com o Ensino Médio integrado ao Ensino Profissional, no âmbito de
ODC, são registrados nos biênio 2009/10 e correspondem aos códigos 57º e 64º,
material de consumo e serviços prestados por pessoa jurídica. No âmbito de
Investimentos, as despesas do código 95º, referentes a obras e instalações, são
registradas, apenas, em 2012 e 2013. O gasto mais representativo, em termos de
Investimentos, encontra-se no código 96º, referente aos gastos com equipamento e
material permanente, que registra despesa em valor considerável, no ano de 2009. O ano
Ordem Código Descrição 2009 2010 2011 2012 2013
50º 3.33.90.14.00.00 Diárias Civil 154.800,39 258.673,20 - - -
57º 3.33.90.30.00.99 Outros Mater. Consumo 2.353.569,65 1.919.953,21 117.697,89 53.671,65
59º 3.33.90.33.00.00 Passagens e Desp.com Locomoção 177.352,65 62.178,15 - - -
61º 3.33.90.36.00.00 Outros Serv de Terc. Pes. Física 37.372,61 - - - -
64º 3.33.90.39.00.00 Serv. de Terceiros Pessoa Jurídica 3.452.008,61 3.723.732,55 51.057,49 59.076,63 -
73º 3.33.90.92.00.00 Despesas de Exercícios Anteriores 513.998,13 9.289,58 - - -
74º 3.33.90.93.00.00 Indenizações e Restituições 7.337,51 113.887,60 - - -
75º 3.33.90.00.00.99 Outras aplicações Diretas 2.489,18 - - - -
95º 3.44.90.51.00.00 Obras e Instalações - - - 144.465,76 358.186,93
96º 3,44.90.52.00.00 Equip e Material Permanente 1.552.609,96 - 767.350,70 170.486,82 155. 393.042,57
106º 3.45.90.61.00.00 Aquisição de Imóveis - - - 1.826.228,10 -
154
de 2010 não registra gastos com equipamento e material permanente. Estes gastos são
retomados em 2011, 2012 e 2013, mas em valores bem inferiores ao registrado em
2009.
A TS4 apresenta uma despesa apenas, no ano de 2013, com Ensino Médio na
modalidade de EJA, no valor de R$ 245.774,09. Destrinchando este valor total através
dos códigos mediante os quais este dispêndio foi realizado, é possível elaborar a TA que
segue.
Tabela 7 - Despesas com MDE pagas com Recursos do FUNDEB
Subfunção 367-EJA integrada à subfunção 362 – Ensino Médio em 2013
Tabela Analítica (Valores corrigidos pelo IPCA) Fonte: SIOPE.
A TA7 demonstra que a maior despesa efetuada foi com material de consumo,
seguida por despesas referentes a serviços prestados por pessoa jurídica, que atendem a
despesas com fornecimento de energia elétrica, água, comunicação e serviço de esgoto,
entre outras. O menor valor gasto foi no código referente a diárias, que cobre despesas
com alimentação, hospedagem e locomoção de servidores que se deslocam de sua sede
de trabalho com a finalidade de prestar serviço eventual ou transitório.
A síntese das despesas com o Ensino Médio pagas com as fontes de recursos
definidas pela pesquisa – Impostos e Transferências e FUNDEB – segue, abaixo, com o
propósito de possibilitar uma visão geral dos gastos com esta etapa de ensino, a partir
das principais fontes de receita que a financiam.
As tabelas e figuras até aqui trabalhadas mostram as despesas por fontes de
recursos que as custearam, o que significa avanço da pesquisa na coleta e sistematização
dos dados coletados, representados pelas despesas pagas. No entanto, uma análise mais
acurada requer a sistematização dessas despesas considerando as duas principais fontes
que as custearam, numa perspectiva aglutinadora, que possibilite a visualização dos
gastos gerais com o Ensino Médio nas três categorias contábeis de análise, referenciadas
na pesquisa. O quadro que segue apresenta as despesas anuais realizadas com recursos
advindos dos Impostos e Transferências e do FUNDEB, no período estudado.
Ordem Código Descrição 2013
50º 3.33.90.14.00.00 Diárias Civis 7.811,32
57º 3.33.90.30.00.99 Outros Materiais de Consumo 155.417,63
64º 3.33.90.39.00.00 Serv.de Terceiros Pessoa Juríd. 82.545,13
155
Quadro 19: Despesas com MDE do Ensino Médio pagas com recursos
de Impostos e Transferências e FUNDEB – 2005/2013
(Valores corrigidos pelo IPCA)
Fonte: Construído a partir dos dados do SIOPE
A figura que segue ilustra o comportamento dos gastos com o Ensino Médio,
realizados com as duas principais fontes de recursos, conforme síntese apresentada no
Quadro 19.
Figura 6 – Despesas anuais com MDE pagas no período de 2005 a 2013 com
recursos de Impostos e Transferências e do FUNDEB – Subfunção 362 – Ensino
Médio –PE
Fonte: Construído a partir de dados do SIOPE.
O quadro 19 e a figura 6 evidenciam o impacto positivo, em termos de injeção
de recursos, que o Ensino Médio recebeu, a partir da sua inclusão no FUNDEB. Desde
que iniciou, efetivamente, a custear o Ensino Médio, a partir de 2008, o FUNDEB
responde pelo pagamento das despesas com esta etapa de ensino em proporções bem
maiores que o pagamento de recursos de Impostos e Transferências, embora o volume
Ano
Impostos e
Transferências
FUNDEB
2005 98.648.015,35 -
2006 112.600.356,73 -
2007 88.710.259,73 1,43
2008 75.450.673,83 401.078.700,85
2009 37.731.012,15 416.454.807,97
2010 33.488.899,09 395.299.231,82
2011 155.337.319,63 445.954.999,77
2012 168.498.423,35 442.634.421,94
2013 261.519.484,53 449.468.512,04
156
de despesas pago com recursos de Impostos e Transferências se mostre crescente, a
partir de 2011.
A categoria contábil Pessoal, considerando conjuntamente as duas fontes de
pagamento, teve o comportamento demonstrado na figura a seguir.
Figura 7 – Despesas anuais com Pessoal Fixo e Temporário atuante no
Ensino Médio, no período de 2005 a 2013 – Pagas com Impostos e Transferências e
com FUNDEB
Fonte: Elaborado a partir dos dados do SIOPE.
A Figura 7 mostra que a despesa com o pagamento de pessoal fixo passa por
oscilações. A partir de 2005 e até 2007, apresenta-se decrescente. Em 2008, tem
significativa elevação. Decresce em 2009, volta a crescer em 2010, decresce em 2011,
volta a crescer em 2012 e novamente decresce em 2013. A partir de 2009, nos anos em
que se mostra crescente, a despesa com pessoal fixo não alcançou o patamar de
elevação apresentado em 2008, ano em esta despesa aparece em maior proporção.
Paralelamente à despesa com pessoal fixo, a despesa com pessoal contratado
temporariamente apresenta aumento considerável, em 2009. Em 2010, sofre decréscimo
mas, a partir de 2011, volta a crescer, chegando a ultrapassar, em 2012 e 2013, o
volume de despesas pagas com pessoal do quadro permanente de servidores da
educação atuantes no Ensino Médio. A Figura 7 possibilita a visualização do aumento
de pessoal temporário, em detrimento da diminuição de pessoal do quadro permanente.
As despesas pagas com pessoal fixo e temporário, considerando ambas as fontes
– Impostos e Transferências e FUNDEB, encontram-se discriminadas na figura que
157
segue. O período referenciado na figura é o período de estudo da pesquisa – 2005 a
2013. Ressalta-se, porém, que o pagamento de despesas relativas ao Ensino Médio,
incluindo as de pessoal com recursos do FUNDEB tem início, em Pernambuco, a partir
de 2008.
Figura 8 – Despesas pagas com Pessoal fixo e temporário, no período de
2005 a 2013, discriminadas por fonte de recursos – Subfunção 362 – Ensino Médio
– PE
Fonte: SIOPE.
Através da Figura 8, é possível observar a elevada participação que o FUNDEB
assume, desde 2008 até 2013, no pagamento das despesas com pessoal do quadro
permanente atuante no Ensino Médio. A partir de 2009, os recursos do FUNDEB se
dividem no pagamento de despesas com pessoal fixo e temporário sendo, neste ano, o
pagamento das despesas de fixos e temporários realizado quase na mesma proporção.
Em 2010, as despesas com pessoal fixo ultrapassam as despesas pagas com pessoal
temporário. Porém, a partir de 2011, as despesas pagas pelo FUNDEB com pessoal
temporário se mostram crescentes e sempre maiores do que as despesas pagas por esta
mesma fonte, referentes ao pessoal permanente. As despesas de pessoal pagas com
recursos de Impostos e Transferências se mostram oscilantes e sempre em menor
proporção do que as que são pagas com recursos do FUNDEB. A Figura 8 mostra que o
pagamento de pessoal, tanto fixo como temporário, é realizado, preponderantemente,
com recursos do FUNDEB.
158
O grupo de despesas classificado como Outras Despesas Correntes, pagas
considerando ambas as fontes de recursos – Impostos e Transferências e FUNDEB, está
demonstrado na figura que segue.
Figura 9 – Outras Despesas Correntes pagas no período de 2005 a 2013 com
recursos de Impostos e Transferências e do FUNDEB – Subfunção 362 – Ensino
Médio
Fonte: SIOPE.
Considerando três tipos de despesas estudadas no âmbito das Outras Despesas
Correntes, verifica-se que, quando se observa o total das despesas pagas com as duas
fontes referenciadas, as despesas com serviços prestados por pessoa jurídica são
crescentes, atingindo o máximo no ano de 2012 e decrescem em 2013, alcançando
patamar semelhante ao ano de 2011. As despesas com material de consumo elevam-se
em 2008 e, a partir de então oscilam, se apresentando, no entanto, sempre inferiores às
despesas realizadas em 2008. As despesas com serviços prestados por pessoa física se
mostram relativamente inferiores, diante das demais despesas demonstradas.
O grupo de Investimentos com despesas pagas considerando ambas as fontes de
recursos – Impostos e Transferências e FUNDEB está demonstrado na figura que segue.
159
Figura 10 - Despesas com Investimentos pagas no período de 2005 a 2013
com recursos de Impostos e Transferências e do FUNDEB – Subfunção 362 –
Ensino Médio
Fonte: Elaborada a partir dos dados do SIOPE.
Considerando a demonstração dos três tipos de despesas estudadas no âmbito
dos Investimentos, apresentada na Figura 10, verifica-se que, quando se observa o total
das despesas pagas com as duas fontes referenciadas, as despesas com equipamentos e
material permanente se sobressai sobre as demais, embora tais despesas se mostrem
oscilantes. Em 2006, as despesas com equipamento e material permanente apresentam
maior expressividade, em relação ao ano anterior. Crescem em 2007 e, a partir de 2008,
decrescem, chegando em 2010 sem registro de despesas pagas. Em 2011, as despesas
com equipamento e material permanente voltam a ser registradas e alcançam patamar
bastante elevado, relativamente aos anos anteriores. Porém, é no ano de 2012 que as
despesas com equipamento e material permanente alcançam maior valor, enquanto que,
em 2013, não houve investimento neste item.
As despesas pagas com obras e instalações são tímidas, até 2007. Em 2008, estas
despesas aumentam, relativamente aos anos anteriores mas, em 2009 e 2010, não há
despesas com este código, que volta a ter registro em 2011, numa proporção
relativamente inferior ao ano de 2008 e decresce bastante no ano de 2012, chegando ao
ano de 2013 sem registro de despesas com obras e instalações.
A Figura 10 mostra que o código 97º, referente a ‘Outras Aplicações Diretas’, no
âmbito dos investimentos, tem despesas registradas apenas nos anos de 2010 e 2011,
porém com uma disparidade gigantesca de valores entre estes dois anos. Enquanto em
160
2010 houve investimento em outras aplicações diretas da ordem de R$ 48 mil, em 2011
o investimento em outras aplicações diretas foi da ordem de aproximadamente R$ 5
milhões. As despesas denominadas como ‘Outras Aplicações Diretas’, no âmbito dos
investimentos, abarcam uma diversidade de despesas sem especificações definidas, as
quais não são classificadas nem como obras e instalações, nem como equipamento e
material permanente, mas que são investimentos. Códigos contábeis como este
dificultam o acompanhamento dos gastos com MDE por parte dos profissionais da
educação e dos órgãos de controle social, se constituindo privilégio dos órgãos de
controle estatal, os quais têm acesso às ações e subações pagas com os recursos sob esta
designação.
5.3 FINANCIAMENTO DO ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO E O
ACOMPANHAMENTO DO TCE
Diante da dificuldade de encontrar respostas para as questões suscitadas pelos
dados coletados junto ao SIOPE e junto aos órgãos responsáveis pela execução
financeira dos recursos da educação, o TCE, através dos seus relatórios de análise da
prestação de contas do governo estadual, se mostrou um interlocutor importante para a
pesquisa, embora a literatura crítica que discute o financiamento da educação seja
pródiga em assinalar as fragilidades dos Tribunais de Contas como órgãos fiscalizadores
(DAVIES 2000; 2001a; 2001b; 2008). Tais fragilidades resultam desde divergências de
interpretações de um mesmo assunto, entre os diversos tribunais, até omissões e
conveniências que limitam a eficácia destes tribunais. Entre as razões desta fragilidade
assinala-se que
os TCs são órgãos auxiliares do Poder Legislativo e são dirigidos por
conselheiros nomeados segundo critérios políticos, a partir de acordos
entre o Executivo e os “representantes” do povo (deputados e
vereadores). Isso significa que as contas dos governos tendem a ser
avaliadas principalmente segundo critérios de “afinidade” entre esses
TCs e os governos, não necessariamente de acordo com a lei ou
normas técnicas, muitas vezes (talvez quase sempre) utilizadas
“seletivamente” (DAVIES, 2008, p.16).
Apesar da crítica pertinente, pois os relatórios de análise das contas do
Executivo disponibilizados pelo TCE/PE apresentam as fragilidades postas na literatura
da área educacional, é possível pinçar recomendações feitas pelo TCE que sinalizam as
161
divergências encontradas entre os critérios adotados por este órgão e os critérios
adotados pelo governo do Estado. Os relatórios do TCE contribuem de forma mais
direta, ao elencar as ações cuja execução financeira foi realizada com recursos
destinados à MDE, mas que não se enquadram como ações de MDE.
Na amplidão do fundo público, o interesse da pesquisa recai sobre a execução
financeira com base na MDE, um recorte de especial interesse para a educação.
O SIOPE, principal fonte de dados da pesquisa, absorve todas as aplicações
como sendo em MDE e, como é comum aos documentos contábeis, não disponibiliza
informações sobre as ações objeto da execução financeira realizada. Emergem, então, os
relatórios do TCE, outra fonte secundária de dados, como fonte complementar da
pesquisa, considerando que o TCE tem acesso às especificações sobre as ações e
programas mediante os quais a execução financeira foi realizada. Obviamente que a
análise fica restrita às informações que o TCE decide divulgar nos relatórios; contudo,
ao relacionar as ações que não se configuram como de MDE, mas foram pagas com
recursos destinados à educação, já oferece uma contribuição importante para a pesquisa.
Obviamente, o TCE não distingue as ações pagas indevidamente por etapa de ensino;
contudo, a subtração de recursos da área educacional repercute em todas as etapas e,
consequentemente, respinga prejuízo para o Ensino Médio.
É sobre essas despesas, pagas indevidamente com recursos da educação, que a
tabela e quadros que seguem informam.
162
Código e Nome
da Atividade
Ano/ Valor R$ (Valores corrigidos pelo IPCA)
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
0089-Devolução de Saldo de Recursos de Convênio da UPE 6.023,91 529.225,42 37.821,95 27.025,95
0118-Promoção eventos socioartístico-cultural 1.619,78
0223 – Promoção de atividades culturais no DEFN 9.344,22 13.005,12
0766 – Ações de Diversificação Econômica (realizada pela UPE, finalidade de estimular as atividades econômicas da Zona da Mata - seria função 04 Adm)
50.302,59
1090 Projeto de Implantação do Modelo de Gestão da Fábrica Cultural
Tacaruna
56.463,88
5.945,48
1063- Desenvolvimento de Atividades Culturais (vinculada ao programa Criação e implementação da Fábrica Tacaruna); é Função 13 – Cultura
28.136,71
1124-Desenvolvimento e Capacitação de Pessoal 166.920,08 152.548,26
1138 Operação Especial -Devolução Saldo Recursos de Convênio da Sec.Ed 120.459,40 162.346,24 277.397,30
1160- Gestão Administrativa das Ações da Secretaria de Educação Execução da despesa Conserv.Pernambucano de Música
633.411,78
1459 – Atendimento Jurídico,Judicial e Extra-judicial a Pessoas Necessitadas (Pg
ao IAUPE relativo à realização de 1.100 exames de comprovação de paternidade)
457.802,48
1653 – Ação da Escola de Governo (capacitação servidor público – extensão e pós-graduação; éfunção 4 Adm, busca aperfeiçoamento quadros da adm. estatal.
314.997,32
2149-Dinamização do Arquivo Público Estad. Jordão Emerenciano 16.958,48 62.621,92 82.527,83
2198-Implementação de Serviços de Atendimento Diretamente ao Cidadão, via
internet E-Serviços na Secret. Educação
8.131.638,10
11.563.886,68
2291-Fomento ao Ensino de Excelência e a Pesquisa em Música no Estado 2.587.096,66
2293-Interiorização das Atividades do Conservat. Pernambucano de Música 132.194,32
2294-Manutenção do Conservatório Pernambucano de Música 43.553,12
2295-Ampliação e Melhoria das Instalações Físicas e Equipagem do
Conservatório Pernambucano de Música
118.540,28
2300-Realização de Programação Cultural p/ o Fortalecimento da Música no Estado
498.229,23
2537-Manutenção das atividades do Conselho Estadual de Cultura 146.857,03 140.950,90 49.579,03
2892-Instalação de Equipamentos na Fábrica Cultural Tacaruna 168,19
3260-Fornecimento Merenda escolar 2.423.844,65 2.068.176,94 7.808.255,72 38.526.793,46 33.859.608,43 29.106.404,02 6.420.191,51
3322-Fortalecimento da Gestão Escolar* 26.927.197,07 34.958.481,10 37.903.490,05
Total 2.608.411,62 2.703.615,36 9.137.937,67 38.778.733,51 69.149.210,56 79.293.040,53 44.957.093,34
Fonte:2009- PROCESSO TC Nº 1001940-6 – EXERCÍCIO 2009, p. 118-119; 2010- PROCESSO TC Nº 1103199-2 – EXERCÍCIO 2010, p. 162-164
2011- PROCESSO TC Nº 1202764-9 – EXERCÍCIO 2011, p. 204; 2012 - PROCESSO TC 1301899-1 – EXERCÍCIO 2012, p. 199-201. *Despesas inclusas nessa atividade, relacionadas ao fornecimento de merenda escolar no valor explicitado.
Tabela 8 – Atividades que não se classificam como ações de MDE pagas com
recursos da educação, no período de 2005 a 2011
163
As atividades que não são de MDE, pagas indevidamente com recursos
vinculados à Educação, referentes ao ano de 2012, foram publicadas pelo TCE em dois
quadros à parte, com base na fonte de receita. Desta mesma forma, estes quadros se
encontram explicitados abaixo.
Quadro 20 – Despesas que não se classificam como ações de MDE pagas em
2012, com recursos da fonte 0101 – Impostos e Transferências, vinculados à
educação (Valores corrigidos pelo IPCA)
Descrição da Despesa na fonte 101 – Recursos Ordinários Valor R$
Fornecimento de passagens aéreas trecho Recife/Fernando de Noronha / Recife, para técnicos do
governo a serviço do DEFN.
206.179,75
Serviços de apoio operacional para atividade de translado REC/FEN/REC 52.755,90
Aquisição de gêneros alimentícios e limpeza para atender a Casa do Estudante do DEFN em
Recife
3.419,81
Aquisição de materiais e gêneros alimentícios para atender casas funcionais na ilha,
administração, necrotério, casa de pedra, casa sueste e no conselho social
25.869,55
Aquisição de material a ser utilizado na instalação do Cinemabuya 3.584,13
Locação de veículos para atender técnicos de diversos setores do governo estadual, distrital e
federal, bem como de equipe de produtores do sulamericano de "Aquathlon"
34.433,14
Locação de equipamento de som para uso nas festividades do aniversário do DEFN 4.383,59
Apresentação artística para festa de confraternização 1.315,07
Aquisição de piso intertravado para atender o galpão da CEASA da Vila do Trinta 8.465,82
Fornecimento de refeições para funcionários e técnicos a serviço no DEFN 280.844,59
Fornecimento de refeições para alunos e professores da escola do DEFN 20.548,10
Contratação de agência de navegação ou armador para transporte de materiais diversos e resíduos
sólidos
110.049,97
Serviços de hospedagens para funcionários e técnicos a serviço no DEFN 113.166,33
Locação de imóveis para funcionários 49.315,45
Locação de notebooks para a autarquia 6.874,49
Total 921.205,69
Fonte: TCE / PROCESSO TC 1301899-1 – EXERCÍCIO 2012, p. 199.
Quadro 21 – Despesas que não se classificam como ações de MDE pagas em
2012 com recursos da fonte 0109 – FUNDEB (Valores corrigidos pelo IPCA)
Descrição da Despesa na fonte 0109 – Recursos do FUNDEB Valor R$
Locação de imóveis para alojamento funcionários do DEFN incluindo os servidores da educação 496.218,86
Despesas referentes à realização de estudos de estabilidade bidimensional, em canal de ondas
irregulares, da transversal do molhe do Porto de Santo Antônio em Fernando de Noronha
383.564,67
Fornecimento de refeições para funcionários e técnicos a serviço no DEFN 343.587,35
Despesas com hospedagem de servidores do DEFN e autoridades do Estado 231.067,00
Despesa com aquisição de materiais e serviços diversos para setores da administração do DEFN 182.308,85
164
Locação de veículos e serviços de locomoção para atender técnicos da administração 135.322,71
Contratação de empresa especializada para organização técnica funcional e
operacionalização do terminal marítimo do Porto de Santo Antônio no DEFN.
130.570,89
Fornecimento de refeições para alunos e professores de escolas do DEFN 120.000,94
Contratação de empresa especializada em produções e eventos, para apresentação da Banda
Calypso no reveillon 2012 no DEFN.
109.589,90
Despesa referente a fornecimento de passagens aéreas interestaduais e internacionais 84.990,89
Aquisição de gêneros alimentícios, de materiais de limpeza e serviços para Casa do Estudante do
DEFN
77.363,47
Serviços de apoio operacional para atividade de translado REC/FEN/REC 59.085,80
Despesa com aquisição de material hospitalar, odontológico, medicamentos e insumos
radiológicos
50.696,37
INSS sobre serviços de pessoa física e jurídica 23.055,88
Despesas referentes a serviços prestados de fiscal do porto, motorista do porto, serviços de
aeroportuária e aquisição de lona plástica para o Porto do DEFN
22.891,13
Aquisição de materiais diversos para as festas de confraternização e junina de escolas do DEFN. 15.658,85
Serviços de cinegrafista, jornalista, motorista, edição de imagem e texto da TV golfinho 12.465,85
Confecção de camisas para atender o campeonato de argolinhas e 3ª jornada do SAMU. 7.890,47
Serviço de locação de van para atender empresários finlandeses em Noronha. 6.794,57
Aquisição de lubrificantes para uso no guindaste do Porto do DEFN 6.575,39
Aquisição de tecido para decoração de natal e reveillon no DEFN. 6.520,59
Diferença de salário 4.909,62
Locação de caminhão para atender logística do reveillon do DEFN. 3.835,64
Serviços de apresentação artística e animador para o aniversário do DEFN 3.561,67
Projeto de design gráfico para criação de identidade visual e cartilha educativa – Bem Receber
Noronha.
3.506,87
Diárias para viagem 2.729,44
Total 2.524.763,67
Fonte: TCE / PROCESSO TC 1301899-1 – EXERCÍCIO 2012, p. 199-200
O TCE/PE registra, no relatório, que as despesas financiadas com recursos do
FUNDEB, mencionadas na tabela anterior, deverão ser desconsideradas no
demonstrativo do referido Fundo. Além das despesas relacionadas nos dois quadros
acima, o TCE cita, também, como despesa paga com recursos da educação, mas que não
são MDE, a Atividade 4385 – Suporte às Atividades Fins da Secretaria de Educação –
no valor de R$ 664.458,30, correspondente à execução da despesa pela Unidade Gestora
– Conservatório Pernambucano de Música (UG – 140107). Informa o TCE que
as despesas do Conservatório Pernambucano de Música se destinam à
promoção da cultura, por meio do ensino da música ofertada ao
público em geral. Para serem consideradas no MDE, estas despesas
deveriam corresponder a atividades escolares das instituições
educacionais pertencentes aos níveis de ensino ofertados pelo Estado,
165
em cumprimento aos seus currículos escolares e ofertadas aos alunos
pertencentes a estes níveis de ensino. Logo, a despesa a seguir
relacionada não deverá ser considerada como aplicação em
manutenção e desenvolvimento do ensino (TCE/PROCESSO TC
1301899-1 – Exercício 2012, p. 200).
Essas observações são constantes nos relatórios do TCE, divulgados a cada ano;
no entanto, permanecem no nível das observações e recomendações, pois o governo
responde, através das “Considerações do Governo”, às questões que julgar que devem
ser respondidas; as contas seguem para a aprovação que, inexoravelmente, acontece. As
recomendações caem no vazio e não representam efetividade da fiscalização. Os
relatórios do TCE, no entanto, oferecem uma importante contribuição à análise dos
gastos, principalmente os relacionados à MDE, considerando o acesso que o TCE tem a
todos os demonstrativos relacionados com as contas púbicas, especialmente os da
execução financeira, no exercício do controle externo para o qual é legitimamente
constituído. O TCE analisa as ações e atividades que ensejaram a execução financeira.
A importância desta análise do TCE é que ela incide sobre o que já foi executado, pois
qualquer análise de programas, ações ou atividades elaborados a partir dos instrumentos
formais de planejamento patinaria, vacilante, sobre o terreno da incerteza. Nem mesmo
o acesso ao orçamento definido ofereceria certezas – hipótese fora de cogitação, pois,
no atual modelo de gestão, o acesso é restrito ao Núcleo de Gestão e a
operacionalização dos remanejamentos é atribuição exclusiva da SEPLAG –
considerando os remanejamentos aos quais está sujeito ao longo do exercício financeiro.
Algumas das atividades pagas indevidamente com recursos de MDE têm
visibilidade quanto ao local e objeto da aplicação financeira, dispensando detalhamento.
Outras, porém, requerem acuidade técnica e uma explicação mais detalhada sobre a
impossibilidade de sua classificação como despesa de MDE. É o caso da atividade
1124, assinalada na tabela 8, no ano de 2010, que não é incompatível com o conceito de
MDE, por se referir a “Desenvolvimento e Capacitação de Pessoal” mas, no caso em
epígrafe, não poderia ter sido paga com recursos de MDE, pois “correspondeu a
destaque concedido pelo Ministério Público do Estado à UPE, para desenvolvimento de
curso de pós-graduação (MBA) para membros e servidores do MPPE” (Relatório
TC/PE, 2010, p. 164). Ressalta ainda o TC que esta atividade está, “inclusive,
corretamente classificada na função 14 – Direitos da Cidadania”, mas paga
indevidamente com recursos de MDE, pertencentes à função 12 - Educação.
166
Quanto à atividade 3260 - Fornecimento de Merenda Escolar, diz o relatório
TCE 2009:
A LDB, em seu art. 71, IV, dispõe que não constituirão despesas de
manutenção e desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com
programas suplementares de alimentação. Logo, os valores relativos à
merenda escolar, embora aplicados com recursos de impostos e
fundamentais para o combate à evasão escolar, não constituem
despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino, segundo a
legislação vigente (p. 118).
A atividade 3322 – Fortalecimento da Gestão Escolar - foi considerada pelo
TCE como estranha ao conceito de MDE porque incluiu, em suas despesas, algumas
que estão relacionadas ao fornecimento de merenda escolar. O TCE, inclusive,
discriminou tais despesas pelos seus códigos: “3.3.90.30.07 – Gêneros de Alimentação
Escolar, 3.3.90.30.21 – Material de Copa e Cozinha e 3.3.90.37.05 – Serviços de Copa e
Cozinha” (TC 2009, p.118; TC 2010, p.163).
O TCE constatou ainda que, em 2011, foram despendidos, pela Secretaria de
Educação, R$ 30,56 milhões, com aquisição de bens imóveis. Além de ressaltar o
acréscimo ocorrido no item de despesa “aquisição de bens imóveis”, em relação ao ano
de 2010 (R$ 3,77 milhões), o TCE detalha o dispêndio informando que
dentre os valores despendidos neste subelemento de despesa, R$
30.312.901,85 foram referentes a desapropriações, representando
99,20% do total. Ressalta-se que o valor de R$.24.200.000,00
correspondeu a uma única desapropriação referente à aquisição de
imóvel situado na Av. Norte nº 7695, bairro de Apipucos, Recife – PE
(2011NE022312). A referida desapropriação teve, como instrumento
legal, o Decreto 37.300/2011, de 21 de outubro de 2011, que, em seu
artigo 2°, estabeleceu que tal desapropriação seria destinada à
implantação do Núcleo de Integração Social e do Parque Urbano da
Macaxeira. Registra-se que não foi observada a correlação da
desapropriação com a atividade fim da Secretaria de Educação (PE,
2011, p. 213).
Informações desta natureza, se não imputam sanções e obrigações ao governo –
como seria de se esperar, no mínimo, a obrigação de ressarcimento dos valores
corrigidos - devido à baixa efetividade da fiscalização, viabilizam a mobilização social
pela via do controle social – conquista tão árdua e bem tão caro ao processo
democrático.
A análise propiciada pelo TCE, com base nas despesas computadas
indevidamente como de MDE, vai mais longe e depara-se com uma das questões mais
167
discutíveis, referente ao pagamento de aposentadorias e pensões. O escoamento de
recursos de MDE para este fim é realizado sob o título de “Contribuição Complementar
da Secretaria de Educação ao FUNAFIN”. O quadro que segue ilustra esta
Contribuição, no período estudado.
Quadro 22 - Contribuição Complementar da Secretaria de Educação ao
FUNAFIN
Ano Valor Original
R$
Valor corrigido
IPCA R$
Fonte
2005 211.319.229,55 327.239.051,04 BGE/2005, Tabela nº 16, p. 383
2006 216.039.796,83 321.115.444,36 BGE/2006, Tabela nº 16, p. 383
2007 233.984.541,44 335.568.061,26 BGE/2007, Tabela nº 16, p.413
2008 234.642.501,37 318.429.758,52 BGE/2008 Quadro nº 31, p. 413
2009 253.343.275,17 327.786.091,71 BGE/2009,Quadro nº 31, p. 409
2010 200.407.966,24 246.857.957,75 BGE/2010,Quadro nº 31, p. 420
2011 214.480.439,88 247.756.420,33 BGE/2011, Quadro nº 31, p. 423
2012 160.922.490,00 176.354.805,36 BGE/2012, Quadro nº 35, p. 406
2013 353.567.296,78 364.838.541,18 BGE/2013, Quadro nº 31, p. 397 Fonte: Balanço Geral do Estado, de cada ano referenciado no quadro.
Diante do exposto no quadro acima, o conceito de MDE revela a sua
importância para o disciplinamento da aplicação dos recursos destinados à educação.
Este repasse ao sistema previdenciário ocorre a título de Contribuição Complementar
da Secretaria de Educação ao FUNAFIN, que é a diferença entre os valores pagos aos
inativos e pensionistas oriundos da Secretaria de Educação e a arrecadação
previdenciária dos servidores desta Secretaria, mais a contribuição patronal sobre a
folha de ativos. O pagamento deste déficit previdenciário com recursos da educação,
embora suscite inúmeras discussões encontra-se, em Pernambuco, amparado pela Lei
Complementar Estadual nº 43, de 02 de maio de 2002, o que isenta o Estado de ser
julgado desfavoravelmente pelo TCE. Ou seja, a referida norma, se não põe termo à
discussão, torna o repasse inquestionável, do ponto de vista legal, e se insere num
conjunto de normas editadas em favor de causa própria da Administração Direta do
Estado, aliás, o que já é prática contumaz. A criação de normas para legalizar ações
contábeis é reveladora de uma prática política assentada sobre a contradição entre o
discurso que defende a educação com qualidade para todos, como uma prioridade, e a
aplicação dos recursos em direção distinta da educação.
A tese segundo a qual despesas com previdência social não se identificam como
despesas de MDE é reforçada pelo Relatório TCE/2009, ao informar que “as despesas
168
com inativos não contribuem diretamente para a consecução dos objetivos dos
programas finalísticos do governo, aqueles que se traduzem em atendimento à
população” (p. 61).
De modo mais completo e fundamentado, o SIOPE em suas orientações106
explica a razão pela qual as despesas com pessoal inativo, mesmo que seja da educação,
não podem ser consideradas como de MDE.
Sobre esse aspecto, o art. 70, inciso I, da Lei nº 9.394/96 - LDB
determina que, no que se refere a gastos com pessoal, considerem-se
as despesas destinadas à remuneração e ao aperfeiçoamento do
pessoal docente e demais profissionais da educação, excetuando-se as
despesas com pessoal quando em desvio de função ou em atividade
alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino, conforme previsto
no art. 71, inciso VI, da Lei acima referida. (BRASIL/SIOPE,
Disponível em: http://www.fnde.gov.br/fnde-sistemas/sistema-siope-
apresentacao/siope-material-de-divulgacao).
Com vistas à melhor compreensão acerca de conceitos inerentes à discussão
sobre a remuneração de profissionais da educação como despesa de MDE e na
perspectiva de fundamentar os argumentos apresentados, o SIOPE reverbera a CF/88
que
distingue expressamente em seu texto as expressões provento, pensão
e remuneração, de forma que o termo “remuneração” se aplica a
servidores ativos, o termo “provento” a inativos e o termo “pensão”
para pensionistas. O art. 37. XI, a remuneração é o subsídio dos
ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração
direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
proventos, pensões [... ]Art. 40. § 2º. Os proventos de aposentadoria e
as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a
remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a
aposentadoria ou que serviu de referências para a concessão da
pensão.§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por
ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações
utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de
previdências de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.
(BRASIL/SIOPE, Disponível em: http://www.fnde.gov.br/fnde-
sistemas/sistema-siope-apresentacao/siope-material-de-divulgacao).
106
Disponível em “Perguntas Frequentes – pergunta 4.5”: http://www.fnde.gov.br/fnde-sistemas/sistema-
siope-apresentacao/siope-material-de-divulgacao. Acesso em: abr/14.
169
Na perspectiva de fundamentar mais ainda a sua posição contrária ao pagamento
de aposentados com recursos de MDE, o SIOPE traz à baila a Lei que regulamenta o
FUNDEB e continua a sua argumentação informando que
adicionalmente, o art. 22, inciso I, da Lei 11.494/07 determina
expressamente o conceito de remuneração para profissionais do
magistério. Art. 22. Pelo menos 60% (sessenta por cento) dos recursos
anuais totais dos Fundos serão destinados ao pagamento da
remuneração dos profissionais do magistério da educação básica, em
efetivo exercício na rede pública. Parágrafo único. Para os fins do
disposto no caput deste artigo, considera-se: I - remuneração: o total
de pagamentos devidos aos profissionais do magistério da educação,
em decorrência do efetivo exercício em cargo, emprego ou função,
integrantes da estrutura, quadro ou tabela de servidores do Estado,
Distrito Federal ou Município, conforme o caso, inclusive os encargos
sociais incidentes (BRASIL/SIOPE, Disponível em:
http://www.fnde.gov.br/fnde-sistemas/sistema-siope-
apresentacao/siope-material-de-divulgacao).
O SIOPE, a partir do exposto acima, e considerando a interpretação conjunta dos
artigos 37 e 40 da CF/88; os art. 70 e 71 da Lei 9.394/1996 e o art. 22 da Lei
11.494/2007, conclui que,
para fins do limite constitucional com manutenção e desenvolvimento
do ensino, devem-se considerar apenas as despesas destinadas à
remuneração e ao aperfeiçoamento dos profissionais em educação e
que exerçam cargo, emprego ou função na atividade de ensino,
excluindo-se, por conseguinte, as despesas que envolvam gastos com
inativos e pensionistas, pois a lei faz distinção entre as espécies de
rendimento: remuneração, proventos e pensões. As despesas com
inativos e pensionistas devem ser classificadas como despesas de
Previdência Social (BRASIL/SIOPE, Disponível em:
http://www.fnde.gov.br/fnde-sistemas/sistema-siope-
apresentacao/siope-material-de-divulgacao).
A clareza sobre a definição das ações de MDE é fundamental, na busca pela
educação pública de qualidade, à medida em que pode garantir a correta destinação dos
recursos para a educação em geral e para o Ensino Médio, em particular.
A despeito de toda essa argumentação, fundamentada legalmente, ao arrepio da
lei e na corrente contrária a uma prática político-financeira na perspectiva da promoção
da educação com qualidade, inspirada pelo proposto no CAQi e CAQ, o governo
continua complementando as aposentadorias e pensões com recursos da MDE.
170
De forma inusitada, o TCE/PE não publicou o Relatório de Análise da Prestação
de Contas do Governo do Estado referente ao ano de 2013107
, ou seja, não
disponibilizou no site do órgão, como vinha acontecendo até o ano de 2012. O prazo
para publicação já extrapolou o prazo em muitos meses, pois, comumente, o relatório de
análise das contas de um ano tem sido publicado em setembro do ano seguinte.
Supostamente, este atraso está relacionado com a parceria108
firmada entre o TCE e a
SCGE, enfatizada como “ação inovadora” no País, segundo as palavras de André
Rodrigues:109
A parceria entre a Controladoria e o Tribunal de Contas é muito
relevante para a gestão pública estadual, além de ser inovadora no
país. Mais do que troca de ferramentas e práticas de trabalho, essa
parceria concebe o planejamento das ações para 2014, das duas
instituições. Isso demonstra a importância da interação entre os órgãos
de controle interno e externo para, alinhados, poderem contribuir para
a eficiência dos serviços públicos (Disponível no site da SCGE, link
Notícia, disponível em:
http://www.portaisgoverno.pe.gov.br/web/scge/exibir_noticia?groupId
=381648&articleId=4389446&templateId=382363).
A palavra “alinhados”, presente na citação acima, requer atenção sobre o seu
significado que, talvez, só venha a ser elucidado a posteriori, dependendo do
documento que o TCE irá publicar doravante, em forma de relatório de análise de
contas ou através de alguma alternativa para substituí-lo. Na esteira da parceria entre os
dois órgãos, se o termo alinhamento representar o “alinhamento de conceitos sobre
controle”, mencionado por Marini e Martins (2014, p. 66) como um avanço importante
dentro do papel desempenhado pelo CONACI110
, o processo de fiscalização realizado
pelo TCE perde efetividade, definitivamente, e o controle social das finanças públicas
constituir-se-á como uma tarefa cada vez mais difícil de realizar-se.
107
Última consulta realizada, para fins da pesquisa, no dia 22/01/15. 108
Através do Plano de Trabalho Anual assinado conjuntamente pela SCGE e TCE, no dia 19/11/14 109
Secretário Executivo da SCGE 110
O CONACI ao ser instituído em 2007 teve a presidência assumida pela Controladoria do Estado de Pernambuco
171
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os achados da pesquisa não se constituem como conhecimento pronto e
acabado, antes na perspectiva ontológica da produção do conhecimento científico, se
constituem como resultados provisórios, passíveis de enriquecer o debate.
A partir da análise dos dados coletados referentes à gestão e ao financiamento do
Ensino Médio, um dos achados da pesquisa é a ratificação da importância de um fundo
específico de recursos destinados à MDE desta etapa do ensino. Apesar da ausência de
aplicação dos recursos do FUNDEB nos dois primeiros anos da análise - 2005 e 2006,
obviamente, porque este Fundo ainda não estava em vigência e 2007 e porque não
houve aplicação de 1/3 dos recursos, conforme definido em Lei111
, o quadro de
aplicação dos recursos evidencia o impacto do FUNDEB no financiamento do Ensino
Médio.
A despeito da injeção de recursos advindos da aplicação compulsória, através do
FUNDEB, no Ensino Médio, esta etapa continua a enfrentar enormes desafios, cuja
superação tem ligação direta com a forma como o fundo público está sendo
administrado, ou seja, ligação direta com o modelo de gestão adotado. São desafios
relacionados aos profissionais da educação, à infraestrutura das escolas e ao
investimento nesta etapa de ensino.
O Ensino Médio enfrenta mudanças significativas no estado de Pernambuco,
mas o seu estigma dicotomizante persiste. A importância da discussão sobre o tipo de
Estado que circunscreve o ensino médio ofertado pela rede pública ganha ênfase, na
análise da gestão governamental, sobre os recursos humanos e materiais indispensáveis
à implementação desta etapa de ensino.
O modelo de governança para resultados, em Pernambuco denominado de MIG,
se utiliza de novas tecnologias de política na perspectiva de, se não eliminar, pelo
menos postergar protestos e obstáculos à sua consecução, recorrendo expediente de pôr
em prática uma reforma e, estrategicamente, normatizá-la depois de algum tempo, com
vistas a dificultar a análise crítica tempestiva daquilo que sendo implantado. Esta prática
política foi utilizada no Progestão e é recorrente no MIG.
111
Art. 2º, Inciso XII, § 4º da EC nº 53, de 19/12/2006; Art. 60,XII,§ 5º I do ADCT da CF/88; Art. 31da
MP nº 339, de 28/12/2006. Art. 31da Lei 11.494, de 20/06/2007
172
O MIG é portador de uma racionalidade que expressa uma concepção de
educação e de gestão baseada em princípios comuns aos defendidos pela OCDE, que
mantém em curso o projeto neoliberal, mesmo que em outra perspectiva. Sob o
argumento contrário à minimização do Estado, este modelo de gestão redimensiona o
Estado, criando um aparato burocrático informatizado, portanto mais ágil, que faz do
controle estatal a prioridade máxima. Nesta perspectiva, obtem-se as condições
objetivas ao avanço do projeto neoliberal. O Estado é instrumentalizado, como
ferramenta útil e mais capaz de legitimar a nova institucionalidade, pela via do poder
coercitivo que detém. Este poder é potencializado através do monitoramento e da
avaliação, mecanismos utilizados como panóptico. O panopticismo, neste contexto, não
é viabilizado pela arquitetura dos prédios, mas pelos painéis de controle, de acesso
restrito ao núcleo gestor, que se impõe como cérebro pensante de toda a gestão pública,
abaixo do qual estão todos os órgãos executores do que foi pensado.
No contexto do MIG, o monitoramento é elemento chave, chega a ser um dos
seus eixos estruturantes, pela multifuncionalidade que exerce. A principal função é
justificar a discricionariedade do núcleo de gestão. Serve de base para que o núcleo de
gestão altere o proposto nos instrumentos formais de planejamento a qualquer tempo e
altere, na prática, o curso das ações ‘despriorizando’(Sic) metas, tornando outras
prioritárias ou elegendo novas. Desta forma, os instrumentos formais se tornam
fragilizados na sua atribuição de planejamento, de carta de intenções e de compromisso
assumido com a sociedade. Esta fragilidade, no entanto, é secundarizada e justificada
pelo monitoramento, sob o argumento de necessidades prementes apontadas por este
mecanismo, que devem ser priorizadas, independentemente do que fora planejado.
Obviamente não se ignora a dimensão de flexibilidade, presente em qualquer
planejamento elaborado em consonância com a realidade. Porém, ressalta-se a função
legitimadora do monitoramento que, nesta perspectiva, neutraliza a propalada
participação popular através dos “Seminários Todos por Pernambuco”.
Estribado nos resultados do monitoramento, o chefe do Executivo nomeia,
remaneja e destitui pessoas dos cargos; cria um clima de insegurança, supostamente
acreditado como elemento propulsor da obtenção de resultados; realiza, através da
SEPLAG, remanejamentos orçamentários a qualquer tempo, restringindo a autonomia
dos secretários das secretarias que não fazem parte do núcleo de gestão, ou seja, as que
são meras executoras do que é planejado, entre as quais a pasta da Educação. O
173
monitoramento assegura o poder ao chefe do Executivo, por meio das dúvidas que
suscita sobre resultados advindos de juízos de valor.
O MIG, ao se propor como integrado sugere, numa leitura aligeirada, a
integração mais ampla através do diálogo entre governo e sociedade. A integração,
pensada nesta forma, é reforçada pela divulgação da realização de audiências públicas
intituladas “Seminários Regionalizados Todos por Pernambuco”, ocasião em que vários
segmentos sociais expõem suas demandas. A participação da sociedade, no entanto, se
limita a este momento. Os Seminários cumprem duas funções importantes para a
consolidação do MIG: alimenta a crença de que todas as iniciativas são construídas
democraticamente e de que a sociedade é a protagonista do processo decisório.
Segmentos importantes, mas potencialmente críticos do modelo, ou não são convidados
para serem ouvidos, como é o caso do Fórum Estadual de Educação, ou são convidados,
mas permanecem na periferia da arena política, seja pela dificuldade imposta a sua
oportunidade de fala, seja pela desconsideração daquilo que fala, quando esta
oportunidade é tomada, forçadamente, como é o caso dos sindicatos, quando sentem a
necessidade de colocar suas demandas, preocupações e proposições.
Ao falar de modelo integrado, o objetivo, por sinal já atingido, do MIG, é
integrar o planejamento, o orçamento e a gestão. Do ponto de vista administrativo, esta
integração é um avanço, pois o gestor sabe em tempo real o andamento e a
orçamentação da atividade planejada, o que propicia dinamismo à ação e tira a
administração estatal da inércia.
O problema na implementação desta integração, em Pernambuco, é a forma
centralizadora e hermética como vem sendo realizada. Todas as decisões sobre o
orçamento são exclusivas do núcleo central de gestão. Os institutos que se encontram
fora deste núcleo são meros executores do que for determinado. A operacionalização do
orçamento é atribuição exclusiva da SEPLAG, inclusive os remanejamentos
orçamentários. Os secretários das pastas executoras não fazem remanejamentos
orçamentários, tampouco os autorizam. Estes remanejamentos são realizados, mediante
autorização exclusiva da SEPLAG, nos núcleos setoriais de gestão, comandados por
analistas – os gestores governamentais, que atuam nas secretarias executoras das ações,
principalmente as secretarias da Educação, Saúde e Defesa Social.
Os remanejamentos orçamentários são feitos, sempre, de modo a priorizar o que
foi pensado pelo núcleo gestor, sendo do governador a decisão que classifica as metas
como “prioritárias, comprometidas e não-prioritárias”. Neste formato, o proposto nos
174
instrumentos formais de planejamento, principalmente o PPA, que é elaborado para
quatro anos, não serve de norte nem para a pesquisa nem para o acompanhamento por
parte dos órgãos de controle social, devido às mudanças que sofre através dos
remanejamentos orçamentários.
O MIG realizou uma modelagem organizacional de forma que garantiu o
controle centralizado do fundo público. No âmbito desta centralização, o núcleo central
arbitra sobre os recursos e, sob a alegação de possibilidades de mudanças de objetivos
do governo e dificuldades circunstanciais que presumivelmente surgem, não
disponibiliza informações sobre o Mapa da Estratégia do Objetivo Estratégico, ou seja,
sobre o documento que informa as metas pretendidas para as áreas, muito menos as
decisões orçamentárias para o cumprimento destas metas. Apesar de o núcleo de gestão
arbitrar sobre os recursos, cabe exclusivamente à SEPLAG a operacionalização dos
remanejamentos orçamentários. A SEPLAG assume um papel de destaque no interior
deste modelo, se propondo como protagonista e embora, estrategicamente, não
disponibilize todos os dados requeridos pela pesquisa, assume que dispõe da
informação.
O MIG é um modelo autoconsciente, militante e determinado nos seus objetivos.
Para alcançá-los, não hesita em usar o poder coercitivo; porém, quando lhe é propício,
se utiliza da sutileza para se consolidar, se impondo através de vários mecanismos que
dispensam a força, a exemplo do elevado número de contratações por tempo
determinado, que tem se mostrado mais eficaz do que qualquer lei antigreve.
A contratação massiva de profissionais por tempo determinado é um achado
importante da pesquisa, bem como as suas consequências. A análise das despesas
apresentadas no SIOPE revela maior dispêndio com a remuneração de profissionais
contratados do que com pessoal do quadro efetivo. O número destas contratações tem
sido tão elevado, que se constitui como uma das razões pelas quais o Parecer conclusivo
emitido pelo CACS-FUNDEB considerou a prestação de contas deste Fundo, pelo
executivo estadual, nos anos de 2012 e 2013, como “Regular com ressalvas” (ANEXOS
III e IV).
A contratação temporária de profissionais para o setor educacional tem, como
funções favoráveis ao MIG, entre outras, minimizar gastos com pessoal, via
precarização do trabalho, desregulamentar a força de trabalho e,consequentemente,
enfraquecer a base sindical. À precarização do trabalho associa-se a possibilidade de
trabalhar mais em troca de um valor adicional, o BDE. A pesquisa constatou que a
175
função precípua do BDE não é remunerar resultados e sim, com base nos valores de
mercado, induzir as instituições a uma cultura de autointeresse, movida por impulsos,
relações e valores que fundamentam o comportamento competitivo e a luta pela
vantagem. Por esta ótica, os espaços possibilitadores de reflexão e diálogo sobre
valores, a exemplo do espaço para discussão e elaboração do projeto político-
pedagógico, são eliminados. O projeto político-pedagógico como construção coletiva,
deu lugar ao Plano Operativo, fundamentado em tecnologia empresarial e implantado
mediante orientação e sob a supervisão de instituições da iniciativa privada, com as
quais o governo mantém parceria público-privada.
A falta de critérios claros que informem as condições deste ganho adicional
vulnerabiliza o profissional da educação. Destaca-se, também, a desregulamentação dos
direitos trabalhistas, sob argumentos típicos da política neoliberal, tais como: a
ineficiência do setor público, quando comparado ao setor privado, principalmente
porque, neste, não se faz greve e a resistência dos professores sindicalizados que, além
de fazer greves, são fechados a inovações e pouco receptivos a posicionamentos
contrários aos seus.
Nesta perspectiva, recrudesce a contratação por tempo determinado, que
arregimenta pessoas que não estão organizadas corporativamente para lutarem por seus
direitos. Estas contratações incluem, ainda, profissionais com formação em áreas
estranhas ao magistério, o que concorre para a desprofissionalização da função docente,
através da desqualificação dos seus saberes.
A pesquisa revelou que é ilusória a estatística que aponta o percentual entre 84%
e 96% dos professores do Ensino Médio com nível superior. A despeito da veracidade
destes percentuais, parte destes profissionais que atuam como docentes têm formação
em áreas diversas da licenciatura. Das vinte e duas áreas de formação de profissionais
que estão atuando como professores no Ensino Médio, catorze áreas são estranhas à
formação para o magistério.
É possível verificar, ainda, através dos dados da pesquisa, que há
remanejamentos orçamentários que atendem a metas estranhas à área educacional,
especialmente à MDE.
Exemplo emblemático dentro da educação é o remanejamento orçamentário,
que leva à execução de despesas que não são classificadas como de MDE, com recursos
da educação, conforme dados da pesquisa, colhidos junto ao TCE. As ressalvas feitas ao
governo pelo TCE, através dos relatórios de análise das contas, não impedem a
176
continuidade desta prática governamental, mas, pelo menos, a torna pública e passível
de análises e de ações que visem coibi-la. A alternativa encontrada pelo governo para
evitar a publicação de relatórios que apontem para a aplicação de recursos de forma
indevida, nos termos em que o TCE vinha fazendo até 2012, veio através de uma
parceria entre a Secretaria Especial de Controladoria Geral do Estado, órgão do Poder
Executivo responsável pelo controle interno do fundo público e o TCE. A parceria
firmada, que “busca o alinhamento conceitual” capaz de garantir uma linguagem
comum à SECGE e ao TCE, já faz sentir os seus efeitos, considerando que o relatório
referente à análise das contas do exercício de 2013, até o mês de janeiro de 2015, ainda
não havia sido publicado, conforme última consulta realizada pela pesquisa neste mês e
ano.
A evasão de recursos destinados à educação, através da aplicação em ações que
não são de MDE, constitui-se como achado dos mais relevantes da pesquisa, pois se
configura como perdas para a toda a área educacional, inclusive o Ensino Médio.
O MIG, com todo o seu aparato ideológico e todo o marketing que promove,
enfatizando a eficiência da administração pública, é passível de ser aceito em
Pernambuco, por se propor como modelo de contraposição ao perfil do estado forjado,
historicamente, no ethos cultural que tem por naturalização fenômenos sociais nefastos,
como o patrimonialismo e o clientelismo, respaldados numa forte herança de
autoritarismo.
É nesta perspectiva que o MIG se fortalece, para investir num dos seus
principais objetivos: a mudança de cultura. Para potencializar a mudança cultural, o
MIG se apoia no tipo de racionalidade científica com a qual tem identidade, ancorando-
se em espaços acadêmicos criados pela iniciativa privada que são identificados com os
princípios capitalistas. Dentre estes princípios, destaca-se a obtenção de lucro, baseado
na concepção de educação como mercadoria, de aluno como cliente, de professor como
balconista e de instituição de ensino como empresa mercadológica. Em nome desta
mudança de cultura, é posta em prática a estratégia de construção da hegemonia da
fração de classe ligada ao mercado financeiro nacional e internacional, com forte
repercussão na gestão e no financiamento da educação pública em geral e do Ensino
Médio em particular.
Nesta perspectiva, evidencia-se o adensamento da mercantilização e
financeirização da educação, através de um forte ethos empresarial, como novo artefato
cultural. Esta nova cultura é imposta verticalmente, através da filosofia educacional que
177
adota e que se propõe como onipresente no universo formativo, não só dos docentes e
gestores, como também dos discentes e de suas famílias. Em termos práticos, esse ethos
empresarial se materializa através das parcerias público-privadas que firma, para fins de
assessoria, de empréstimos, de aquisição de bens, prestação de serviços, entre outros
fins.
A nova cultura que tenta se impor é diametralmente oposta às bases do ensino
público concebido como um direito fundamental, amparado em bases legais avançadas e
consistentes, mas que tem sido alvo de estratégias que tentam elidir seus efeitos
positivos sobre a gestão e o financiamento da educação. No contexto do MIG, a
destruição das conquistas para a área da educação alcançadas, a duras penas, pela luta
dos educadores, não se dá no embate frontal contra a legislação educacional, mas ocorre
de forma sutil, trabalhando estrategicamente em favor do desmantelamento de institutos
como o sindicato dos professores, pela via da redução dos quadros permanentes de
professores e, ainda, pela promoção de valores como competitividade e individualismo,
estabelecendo cada escola como um organismo em concorrência com as congêneres.
Outro instituto que o MIG põe em risco é o controle social, considerando a
pouca importância que lhe atribui, expressa na dificuldade que impõe ao CACS-
FUNDEB, no que se refere ao acesso aos documentos elucidativos das despesas
apresentadas (ANEXOS III e IV). O acesso às informações necessárias à análise das
contas, por parte do Conselho, apresenta uma dificuldade redimensionada pela
centralização do controle do orçamento no núcleo central de gestão, que inviabiliza
outras fontes de informação da administração, por deterem informações de forma
fragmentada.
Outra ação do MIG no sentido de defender a discricionariedade do Executivo
estadual quanto à aplicação dos recursos se traduz na assinatura do Termo de
Cooperação Técnica entre a SEPLAG e o TCE, assinado em 20/08/2013, exatamente o
ano em que o relatório de análise das contas do governo estadual, por parte do TCE, não
foi publicado, conforme consulta realizada pela pesquisa em janeiro de 2015. Em
função do rigor científico que a pesquisa requer, a busca pelo relatório do TCE ocorreu
durante todo o ano de 2014 e início de 2015, porém sem sucesso. Por fim, foi feita uma
consulta ao TCE cadastrada pelo órgão como “Demanda nº 14905”, perguntando pela
publicação referente ao ano de 2013. A resposta do Tribunal, dada no dia 17/03/2015,
informou que se trata do “processo nº 1402078-6 que se encontra em fase de elaboração
e que será divulgado tão logo esteja pronto”.
178
O TCE, embora fragilizado na sua missão fiscalizadora, pelo menos publicava o
relatório da análise das contas do governo, mencionando os erros detectados e dando
uma contribuição importante ao controle social. Ao que tudo indica, nem esta ínfima
contribuição será mais oferecida à sociedade.
A aplicação deste modelo de gestão é oneroso para o Estado, não porque
remunera resultados, mas porque criou um aparato gigantesco de controle centralizador.
O elevado ônus deste novo modelo de governança presumivelmente é tido, por seus
mentores, como viável em temos de custo-benefício, pois a forma como está sendo
remodelada a estrutura organizacional da administração pública visa garantir a
irreversibilidade do modelo.
O propósito de manutenção do MIG está evidente através do projeto
“Pernambuco 2035”, cuja execução já teve início em 2013, com o objetivo de garantir a
convergência de governos futuros e da sociedade em geral e, consequentemente,
consolidar a nova cultura imposta por este modelo de modernização conservadora.
Perenizar este modelo pela via do empoderamento da orçamentação, da remodelagem
organizacional e da complexa engenharia legal que vem sendo instituída, é construir um
alicerce formatado de tal modo que, mesmo que não haja adesão por parte dos futuros
governos, estes dificilmente conseguirão levantar uma construção diferente daquela
requerida pelo formato estrutural estabelecido. Talvez seja esta pretensão de
onipresença do modelo, ao longo dos anos futuros, que justifique o ônus assumido no
presente.
Este modelo de modernização conservadora é paradoxal, em vários aspectos.
Estabelece um paradoxo entre o que propõe e o que pratica, porque não tem remunerado
os resultados como promete e não supre os setores sociais nem com a infraestrutura
compatível nem com o contingente de pessoal necessário à sua manutenção e
desenvolvimento. É contraditório, porque promove audiências para ouvir a sociedade,
mas, além da recusa em ouvir setores importantes da sociedade porque são
potencialmente críticos do modelo, arroga para si a prerrogativa de definir quais as
demandas constituir-se-ão como objetivos estratégicos. As audiências se mostram,
então, como mecanismos de legitimação do que o núcleo de gestão decide como
prioridade.
Considerando a forma como tem realizado o financiamento do Ensino Médio,
através da execução das despesas, se mostra contraditório, ao afirmar a importância da
educação que chega a constituir o “Pacto pela Educação” e, no entanto, não valoriza
179
seus profissionais e não investe amplamente na manutenção e no desenvolvimento do
ensino, como pôde ser verificado através das tabelas e gráficos que expressam as
despesas correntes e os investimentos. É contraditório quando elabora e implanta
mecanismos de financiamento da gestão pública, especialmente da educação, a partir de
critérios privados e exclusivistas, restritos ao núcleo central da gestão governamental.
Pela falta de cumprimento do que propõe e pelas dificuldades de infraestrutura
que impõe, na perspectiva de redução de gastos, o MIG se configura como um gigante
com os pés de barro. Neste sentido, mais uma vez, o Ensino Médio passa por reformas
que, do ponto de vista da gestão governamental, não apontam para eliminar as mazelas
que esta etapa de ensino carrega, dentre as quais a principal é a dualidade ocasionada
pela gestão do Ensino Médio público, a partir dos princípios ditados pelo mercado, que
usa a rede pública estadual como a ante-sala do recrutamento de mão de obra oriunda
das classes sociais que fazem uso da escola pública.
Os achados referentes ao Ensino Médio, como recorte da pesquisa, evidenciam
que a sua gestão e o seu financiamento, no contexto do MIG, possibilita o mínimo de
instrução desejável à reprodução do capitalismo. Ultrapassar este mínimo não é objetivo
prioritário da gestão, uma vez que não há interesse nos riscos que a conscientização dos
seus jovens alunos poderia trazer, em caso de oposição à ordem econômica que tenta
impor-se como avanço do estado neoliberal. Dentro do mínimo oferecido,
especialmente nas EREMs, que se constituem como modelos, encontram-se os
princípios do capitalismo, entre outros a meritocracia e a competitividade, que forjam
um ethos individualista e, portanto, menos habilitado à oposição coletiva e corporativa
ao projeto de sociedade que tenta se impor.
A análise da forma como o fundo público tem sido utilizado no dispêndio com
Pessoal, Despesas Correntes e Investimento é reveladora da afinidade da gestão com os
princípios que regem os processos de produção capitalista, reconfigurados no contexto
da globalização.
Outro achado importante da pesquisa refere-se ao SIOPE que, embora se
constitua como uma fonte de dados relevante apresenta limites a serem superados. O
SIOPE, ao se restringir à simples transcrição dos dados do Balanço restringe, também, a
sua função política de assegurar maior transparência da gestão educacional, com vistas a
fortalecer mecanismos de controle social dos gastos com MDE e garantir maior
efetividade e eficácia das despesas públicas em educação.
180
Outra limitação do SIOPE é que o Sistema permite o registro de código na
planilha, cuja descrição conceitual não se encontra na lista de códigos posta no Manual
de operacionalização disponibilizado. A falta de descrição do código no Manual
ocasionou a busca do código no Balanço Geral, documento que serve de base para o
registro dos dados no SIOPE. Esta busca, em função de uma análise cuidadosa,
ocasionou a constatação de que há discrepâncias entre o que está publicado no SIOPE e
o que está publicado no Balanço. Todavia, não há restrições à publicação de dados
discrepantes pelo SIOPE, embora este Sistema se proponha como instrumento
viabilizador de transparência pública e controle social.
Considerando esses limites, o SIOPE só se efetivará, como mecanismo capaz de
melhorar os serviços prestados à sociedade pelo Estado, quando exercer a sua função de
publicizar, com rigor, os dados advindos dos demonstrativos contábeis oficiais do ente
federativo; quando, no processo de publicização, transcender a sua função de mero
transcritor de dados, se constituindo como espaço analítico e quando permitir o acesso a
informações mais detalhadas a respeito de cada código utilizado e registrado pelo ente
federativo.
Os achados da pesquisa ratificam o que foi referenciado na apresentação
desta tese, sobre a abrangência da área de pesquisa que o tema do financiamento da
educação enseja. Tais achados, não se propondo como conclusivos, são passíveis tanto
de suscitar novos questionamentos a objetos já estudados como de suscitar novos
objetos de estudo.
Nesta direção, a pesquisa realizada, materializada nesta tese, aponta para a
importância de investigações voltadas para o diverso campo investigativo, referenciado
pelo financiamento da educação. Dentro deste campo, sobressai-se, como investigação
relevante, entre outras, a função extra-fiscal do ICMS; o desempenho dos institutos de
controle social sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos dos
Fundos; a profissionalidade dos docentes da Educação Básica frente aos desafios
impostos; a opacidade dos demonstrativos da contabilidade pública e o Projeto 2035.
Desta forma, torna-se evidente a relevância das pesquisas realizadas na área
acadêmica, que apontem para caminhos de ação contra toda forma antidemocrática de
omissão de informações, de alto interesse para a coletividade, referentes ao uso do
fundo público.
181
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altera a Lei nº 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos
9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de
março de 2004; e dá outras providências.
BRASIL. MEC. Portaria nº 6, de 20 de junho de 2006. Institui o Sistema de
Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação – SIOPE.
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Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais
186
da Educação – FUNDEB, regulamenta a Lei nº 11.494, de 20 de julho de 2007 e dá
outras providências.
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13 de novembro de 2007, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB e
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Desenvolvimento da Indústria Naval e de Mecânica Pesada Associada do Estado de
Pernambuco/PRODINPE.
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para os Servidores do Grupo Ocupacional Magistério, do Quadro de Pessoal
Permanente da Secretaria de Educação do Estado; reajusta valores de vencimento-base
dos cargos que indica; e dá outras providências.
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_______. Lei Complementar nº 117, de 26 de junho de 2008. Dispõe sobre a criação da
Carreira de Gestão Administrativa e seus cargos, fixa sua remuneração e dá outras
providências.
_______. Lei Complementar nº 118, de 26 de junho de 2008. Dispõe sobre a criação da
Carreira de Planejamento, Orçamento e Gestão e seus cargos, fixa sua remuneração, e
dá outras providências.
_______. Lei Complementar nº 119, 26 de junho de 2008. Dispõe sobre a criação da
Carreira de Controle Interno e seus cargos, fixa sua remuneração e dá outras
providências.
_______. Lei Complementar nº 141, de 3 de setembro de 2009. Dispõe sobre o Modelo
Integrado de Gestão do Poder Executivo do Estado de Pernambuco.
_______. Lei Complementar nº 154, de 26 de março de 2010. Fixa valores de
vencimentos dos cargos que especifica, altera disposições da legislação que indica e
determina providências correlatas.
_______. Lei nº 14.514, de 7 de dezembro de 2011. Altera a Lei n° 13.486, de 1º de
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Estado de Pernambuco.
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procedimentos para realização de processo de seleção para função de representação de
diretor escolar e diretor adjunto das escolas estaduais e dá outras providências.
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_______. Tribunal de Contas do Estado. Termo de cooperação técnica que entre si
celebram o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco – TCE-PE e a Secretaria da
Controladoria Geral do Estado – SCGE.
188
APÊNDICE I
Código das Funções e das Subfunções que registram os níveis de agregação das
áreas de despesas que competem ao setor público, conforme Anexo Único da Portaria nº
42, de 14/04/1999, do Ministério do Orçamento e Gestão.
FUNÇÕES SUBFUNÇÕES
01 – Legislativa 031 – Ação Legislativa
032 – Controle Externo
02 – Judiciária 061 – Ação Judiciária 062 – Defesa do Interesse Público no Processo Judiciário
03 – Essencial à Justiça 091 – Defesa da Ordem Jurídica
092 – Representação Judicial e Extrajudicial
04 - Administração
121 – Planejamento e Orçamento 122 – Administração Geral
123 – Administração Financeira
124 – Controle Externo 125 – Normatização e Fiscalização
126 – Tecnologia da Informação
127 – Ordenamento Territorial 128 – Formação de Recursos Humanos
129 – Administração de Receitas
130 – Administração de Concessões 131 – Comunicação Social
05 – Defesa Nacional
151 – Defesa Aérea
152 – Defesa Naval 153 – Defesa Terrestre
06 – Segurança Pública
181 – Policiamento
182 – Defesa Civil 183 – Informação e Inteligência
07 – Relações Exteriores 211 – Relações Diplomáticas
212 – Cooperação Internacional
08 – Assistência Social
241 – Assistência ao Idoso 242 – Assistência ao Portador de Deficiência
243 – Assistência à Criança e ao Adolescente
244 – Assistência Comunitária
09 – Previdência Social
271 – Previdência Básica 272 – Previdência do Regime Estatutário
273 – Previdência Complementar
274 – Previdência Especial
10 – Saúde
301 – Atenção Básica
302 – Assistência Hospitalar e Ambulatorial
303 – Suporte Profilático e Terapêutico 304 – Vigilância Sanitária
305 – Vigilância Epidemiológica
306 – Alimentação e Nutrição
11 – Trabalho
331 – Proteção e Benefícios ao Trabalhador 332 – Relação de Trabalho
333 – Empregabilidade
334 – Fomento ao Trabalho
12 - Educação
361 – Ensino Fundamental
362 – Ensino Médio
363 – Ensino Profissional 364 – Ensino Superior
365 – Educação Infantil
366 – Educação de Jovens e Adultos
367 – Educação Especial
368 – Educação Básica*
13 – Cultura 391 – Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico 392 – Difusão Cultural
14 – Direitos da Cidadania
421 – Custódia e Reintegração Social
422 – Direitos Individuais, Coletivos e Difusos
423 – Assistência aos Povos Indígenas
15 - Urbanismo
451 – Infraestrutura Urbana
452 – Serviços Urbanos
453 – Transportes Coletivos Urbanos
16 – Habitação 481 – Habitação Rural 482 – Habitação Urbana
189
17 – Saneamento 511 – Saneamento Básico Rural
512 – Saneamento Básico Urbano
18 – Gestão Ambiental
541 – Preservação e Conservação Ambiental
542 – Controle ambiental
543 – Recuperação de Áreas Degradadas 544 – Recursos Hídricos
545 - Meteorologia
19 – Ciência e Tecnologia
571 – Desenvolvimento Científico
572 – Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia 573 – Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico
20 – Agricultura
601 – Programação da Produção Vegetal**
602 – Programação da Produção Animal** 603 – Defesa Sanitária Vegetal**
604 – Defesa Sanitária Animal**
605 – Abastecimento 606 – Extensão Rural
607 – Irrigação
608 – Promoção da Produção Agropecuária*** 609 – Defesa Agropecuária***
21 – Organização Agrária 631 – Reforma Agrária
632 - Colonização
22 – Indústria
661 – Promoção Industrial
662 – Produção Industrial
663 – Mineração
664 – Propriedade Industrial 665 – Normalização e Qualidade
23 – Comércio e Serviços
691 – Promoção Comercial
692 – Comercialização 693 – Comércio Exterior
694 – Serviços Financeiros
695 - Turismo
24 – Comunicações 721 – Comunicações Postais 722 - Telecomunicações
25 – Energia
751 – Conservação de Energia
752 – Energia Elétrica 753 – Combustíveis Minerais****
754 – Biocombustíveis****
26 – Transporte
781 – Transporte Aéreo 782 – Transporte Rodoviário
783 – Transporte Ferroviário
784 – Transporte Hidroviário 785 – Transportes Especiais
27 – Desporto e Lazer
811 – Desporto de Rendimento
812 – Desporto Comunitário 813 - Lazer
28 – Encargos Especiais
841 – Refinanciamento da Dívida Interna
842 - Refinanciamento da Dívida Externa
843 – Serviço da Dívida Interna 844 – Serviço da Dívida Externa
845 – Outras Transferências*****
846 – Outros Encargos Especiais
* Acrescentada pela Portaria 54/2011 da Secretaria de Orçamento Federal-Ministério do Planejamento (SOF/MP)
** Excluída pela Portaria 67/2012?SOF/MP - *** Acrescentada pela Portaria 67/2012/SOF/MP
****Alterada pela Portaria 41/2008/SOF/MP - *****Alterada pela Portaria 37/2007/SOF/MP
190
APÊNDICE II
Conceito das Despesas relacionadas no conjunto das Planilhas do Siope
Ordem Código Nome da Despesa Conceito
6º
3.31.90.04.00.00
Contratação por Tempo
Determinado
Despesas com a contratação de pessoal por tempo determinado para atender a
necessidade temporária do excepcional interesse público, de acordo com a legislação
específica de cada ente da federação, inclusive obrigações patronais e outras despesas variáveis, quando for o caso.
7º 3.31.90.05.00.00 Outros Benefícios
Previdenciários
Informa as despesas orçamentárias com benefícios do sistema previdenciário exclusive
aposentadorias, reformas e pensões.
9º
3.31.90.08.00.00
Outros Benefícios
Assistenciais
Informa as despesas com: Auxílio funeral – devido à família do servidor falecido na atividade, ou aposentado, ou a
terceiros que custear, comprovadamente, as despesas com o funeral do ex-servidor;
Auxílio reclusão – devido à família do servidor afastado por motivo de prisão; Auxílio natalidade – devido à servidora, cônjuge ou companheiro servidor público por
motivo de nascimento de filho;
Auxílio creche.
10º 3.31.90.09.00.00 Salário Família Benefícios pecuniários devidos aos dependentes econômicos do servidor estatutário.
Não inclui os servidores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, os
quais são pagos à conta de benefícios da previdência social.
11º 3.31.90.10.00.00 Outros Benefícios de Natureza Social
Despesas com abono PIS/PASEP e Seguro-Desemprego, em cumprimento aos parágrafos 3º e 4º do art. 239 da Constituição Federal.
12º
3.31.90.11.00.00
Vencimentos e Vantagens
Fixas - Pessoal Civil
Despesas com Vencimentos; Salário Pessoal Permanente; Vencimentos ou Salário de
Cargos de Confiança; Vencimento do Pessoal em Disponibilidade Remunerada;
Gratificação adicional Pessoal Disponível; Representação Mensal; Gratificação de Interiorização; Gratificação de Dedicação Exclusiva; Gratificação de Regência de
Classe; Retribuição básica (Vencimento ou Salário no Exterior); Diferenças Individuais
Permanentes; Adicional de Insalubridade; Gratificação pela Chefia ou Coordenação de Curso de Área ou Equivalente; Gratificação por Produção Suplementar; Gratificação por
Trabalho de Raios X ou Substâncias Radioativas; Adicionais de Periculosidade de; Férias Antecipadas de Pessoal Permanente; Aviso Prévio (cumprido); Férias Vencidas e
Proporcionais; Férias Indenizadas (Férias em dobro e abono pecuniário); Parcela
Incorporada (ex-quintos e ex-décimos); Gratificação pela Chefia de Departamento, Divisão ou Equivalente; Adiantamento do 13º Salário; 13º Salário Proporcional; Inativo
Funcional-Sanitarista; Gratificação embalagem, suprimento de proteção ao voo,
suprimento de aviação, sobressalentes de máquinas de navios e esquadra, explosivos e munições e outros materiais de uso não duradouro especial de Localidade; Aviso Prévio
Indenizado; Gratificação de Desempenho das Atividades Rodoviárias; gratificação da
Atividade de Fiscalização do Trabalho; Gratificação de Engenheiro Agrônomo; Vantagens Pecuniárias de Ministro de Estado; Gratificação de Natal; Gratificação de
Estímulo à Fiscalização e arrecadação aos Fiscais de Contribuições da Previdência e de
Tributos Federais; Gratificação por Encargos de Curso ou de Concurso; Gratificações de Produtividade do Ensino; Licença-Prêmio por Assiduidade; Adicional Noturno;
Adicional de Férias 1/3 (art. 7º, item XVII, da Constituição); Indenização de Habilitação
Policial; Gratificação de Habilitação Profissional, Abono Provisório; Gratificação de Atividade; Pró Labore de Procuradores; Gratificação de Representação de Gabinete etc.
13º
3.31.90.12.00.00
Vencimentos e Vantagens
Fixas – Pessoal Militar
Registra as despesas referentes a: soldo, gratificação de tempo de serviço, gratificação
de habilitação militar, indenização de localidade especial, indenização de moradia,
indenização de representação, adicional de férias, adicional natalino, gratificação de atividade militar e outras vantagens previstas em lei.
14º
3.31.90.13.00.00
Obrigações Patronais
Despesas com encargos que a administração tem pela sua condição de empregadora e
resultantes de pagamento de pessoal, tais como Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Contribuições para Institutos de Previdência.
17º 3.31.90.16.00.00 Outras Despesas Variáveis
Pessoal Civil
Despesas relacionadas às atividades do cargo/emprego ou função do servidor, e cujo
pagamento só se efetua em circunstâncias específicas, tais como: hora extra; substituições; e outras despesas da espécie, decorrentes do pagamento de pessoal dos
órgãos e entidades da Administração Direta.
18º
3.31.90.17.00.00
Outras Despesas Variáveis
Pessoal Militar
Registra as despesas relacionadas com as atividades do posto ou da graduação, cujo
pagamento só se efetua nas hipóteses previstas em lei.
19º
3.31.90.34.00.00
Outras Despesas de Pessoal
Contrato de Terceirização
Despesas relativas à mão de obra constante do contrato de terceirização classificada no
grupo de despesa “Pessoal e Encargos Sociais”, em obediência ao disposto no art. 18, §
1º da Lei Complementar nº 101, de 2000.
22º
3.31.90.92.00.00
Despesas de Exercícios
Anteriores
Cumprimento do art. 37 da lei nº 4.320 que dispõe: Despesas de natureza remuneratória resultantes de pagamento efetuado a servidores públicos civis empregados de entidades
integrantes da Administração Pública, inclusive férias, aviso prévio indenizado, multas e
contribuições incidentes sobre os depósitos de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço etc, em função da perda da condição de servidor ou empregado, podendo ser em
decorrência da participação em programa de desligamento voluntário, bem como a
restituição de valores descontados indevidamente, quando não for possível efetuar essa restituição mediante compensação com a receita correspondente.
191
25º
3.31.90.99.00.00
Outras Despesas com
Pessoal e Encargos Sociais
Informa Outras Despesas com Pessoal e Encargos Sociais que não se enquadram nos
itens anteriores. OBS: Os “itens anteriores” aos quais se referem essa conta encontram-se conceituados
nas seguintes contas:
(22º) 3.31.90.92.00.00 – Despesas de Exercícios Anteriores – Cumprimento do art. 37 da Lei nº 4.320, que dispõe: Despesas de natureza remuneratória resultante de
pagamento efetuado a servidores públicos civis empregados de entidades integrantes da
Administração Pública, inclusive férias, aviso prévio indenizado, multas e contribuições incidentes sobre os depósitos de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço etc., em
função da perda da condição de servidor ou empregado, podendo ser em decorrência da
participação em programa de desligamento voluntário, bem como a restituição de valores descontados e indevidamente, quando não for possível efetuar essa restituição
mediante compensação com a receita correspondente.
(23º) 3.31.90.94.00.00 – Despesas com indenizações, exclusive as trabalhistas e restituições devidas por órgãos e entidades a qualquer título, inclusive devolução de
receitas quando não for possível efetuar essa devolução mediante a compensação com a
receita correspondente, bem como outras despesas de natureza indenizatória não classificadas em elementos de despesas específicos.
(24º) 3.31.90.96.00.00 – Ressarcimento de despesas realizadas pelo órgão ou entidade
de origem, quando o servidor pertencer a outras esferas de governo ou a empresas estatais não dependentes e optar pela remuneração de cargo efetivo, nos termos das
normas vigentes.
28º
3.31.91.13.00.00
Obrigações Patronais
Despesas com encargos que a administração tem pela sua condição de empregadora, e
resultantes de pagamento de pessoal, tais como fundo de garantia por tempo de serviço e
contribuições para institutos de previdência. Esta conta refere-se às operações intra-
orçamentárias.
34º 3.33.20.00.00.00 Transf. à União Despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros à União pelo
Município.
36º 3.33.40.00.00.00 Transf. a Municípios Despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros da União ou dos
Estados aos Municípios, inclusive para suas entidades da administração indireta.
44º
3.33.50.00.00.99
Outras Transf.Inst. Priv. S/
Fins Lucrativos
Transferências financeiras a entidades privadas com fins lucrativos, com contraprestação
de serviços sem vínculo com a administração pública e que não se enquadrem na
definição de subvenções sociais.
50º 3.33.90.14.00.00 Diárias Civis Cobertura de despesas de alimentação, pousada e locomoção urbana, com o servidor público estatutário ou celetista que se deslocar da sua sede em objetivo de serviço, em
caráter eventual ou transitório, entendido como sede o Município onde a repartição
estiver instalada e onde o servidor tiver exercício em caráter permanente.
52º
3.33.90.18.00.00
Auxílio Financeiro a
Estudantes
Ajuda financeira concedida pelo Município a estudantes comprovadamente carentes, e
concessão de auxílio para o desenvolvimento de estudos e pesquisas de natureza
científica, realizados por pessoas físicas na condição de estudantes.
57º
3.33.90.30.00.99
Outros Materiais de
Consumo
Informa as Outras Despesas com Materiais de Consumo não identificados, nos itens
anteriores.
OBS: Os “itens anteriores” aos quais se refere esta conta encontram-se conceituados nas
seguintes contas: (53º) 3.33.90.30.00.00 – Material de Consumo – Informa despesas com álcool
automotivo, gasolina automotiva, diesel automotivo. Lubrificantes automotivos e de
aviação, combustível, gás engarrafado, outros combustíveis e lubrificantes, material biológico, farmacológico e laboratorial, animais para estudo, corte ou abate, alimentos
para animais, material de uso zoológico, sementes e mudas de plantas, gêneros de
alimentação, material de construção para reparos em imóveis, material de manobra e patrulhamento, material de proteção, segurança, socorro e sobrevivência, material de
expediente, material de cama e mesa, copa e cozinha e produtos de higienização, material gráfico e de processamento de dados, aquisição de disquete, material para
esporte e diversões, material para fotografia e filmagem, material para instalação elétrica
e eletrônica, material para a manutenção, reposição e aplicação, material odontológico, hospitalar e ambulatorial, material químico, material para telecomunicações, vestuário,
fardamento, tecidos e aviamentos, material de acondicionamento e embalagem,
suprimento de proteção ao voo, suprimentos de aviação, sobressalentes de máquinas de navios e esquadra, explosivos e munições e outros materiais de uso não duradouro.
(55º) 3.33.90.30.00.1 – Gêneros de Alimentação - Informa as despesas com alimentos
destinados a preparo de refeições ou para distribuição gratuita, forragens e outros tipos de alimentação.
(56º) 3.33.90.30.00.2 - Material Didático – Informa as despesas com a compra de livros,
apostilas, material audiovisual, publicações literárias, multimídia, CDs para a área de educação.
58º
3.33.90.32.00.00
Material de Distribuição
Gratuita
Despesas com aquisição de materiais para distribuição gratuita, tais como: prêmios e
condecorações, medalhas, troféus, livros didáticos, medicamentos e outros materiais que
possam ser distribuídos gratuitamente.
59º
3.33.90.33.00.00
Passagens e Despesas com
Locomoção
Informa as despesas com aquisição de passagens aéreas, terrestres, fluviais ou
marítimas, taxas de embarque, seguros, fretamento, locação ou uso de veículos para
transporte de pessoas e suas respectivas bagagens e mudanças em objeto de serviço.
60º
3.33.90.35.00.00
Serviços de Consultoria
Informa as despesas decorrentes com pessoas físicas ou jurídicas, prestadoras de serviços nas áreas de consultoria técnicas ou auditorias financeiras ou jurídicas, ou
assemelhados.
Registra as despesas decorrentes de serviços prestados por pessoa física pagos
192
61º
3.33.90.36.00.00
Outros Serviços de
Terceiros - Pessoa Física
diretamente a esta e não enquadrados nos elementos de despesa específicos, tais como:
remuneração de serviços de natureza eventual, prestado por pessoa física sem vínculo
empregatício: estagiários, monitores diretamente contratados e outras despesas pagas
diretamente à pessoa física.
62º
3.33.90.37.00.00
Locação de Mão de Obra
Informa as despesas com prestação de serviços por pessoas jurídicas para órgãos públicos, tais como limpeza e higiene, vigilância ostensiva e outros, nos casos em que o
contrato especifique o quantitativo físico de pessoal a ser utilizado.
64º
3.33.90.39.00.00
Serviços de Terceiros
Pessoa Jurídica
Informa as despesas com prestação de serviços por pessoas jurídicas para órgãos
públicos, tais como: assinaturas de jornais e periódicos; energia elétrica e gás; serviços de comunicação (telefone, fax, correios etc); fretes e carretos; impostos, taxas, multas;
locação de imóveis (inclusive despesas de condomínio e tributos à conta do locatário
quando previstos no contrato de locação); locação de equipamentos e material permanente; seguro geral (exceto o decorrente de obrigação patronal); serviços de asseio
e higiene (inclusive taxas de água e esgoto, tarifas de lixo); serviços de divulgação,
impressão, encadernação e emolduramento; serviços funerários; despesas com congressos, simpósio, conferências ou exposições; despesas miúdas de pronto
pagamento; vale transporte; vale refeição; auxílio creche.
69º
3.33.90.47.00.00
Obrigações Tributárias e
Contributivas
Informa as despesas decorrentes do pagamento de tributos e contribuições sociais e econômicas, exceto as incidentes sobre a folha de salários, classificados como
obrigações patronais, bem como os encargos resultantes do pagamento com atraso das
obrigações de que trata este elemento de despesa.
73º
3.33.90.92.00.00
Despesas de Exercícios
Anteriores
Informa as despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo
consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham
processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida
e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente, poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada
por elemento, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica.
74º
3.33.90.93.00.00
Indenizações e Restituições
Despesas com indenizações, exclusive as trabalhistas e restituições devidas por órgãos e entidades a quaisquer títulos, inclusive devolução de receitas quando não for possível
efetuar esta devolução mediante a compensação com a receita correspondente, bem
como outras despesas de natureza indenizatória não classificadas em elementos de despesas específicos.
75º
3.33.90.00.00.99
Outras aplicações Diretas
Informa despesas com outras aplicações diretas que não foram classificadas nos itens
anteriores.
80º
3.33.91.39.00.00
Outros Serviços de Terceiros Pessoa Jurídica –
Operações
Intra-Orçamentárias
Informa as despesas realizadas com Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica que não se enquadrem nos demais itens acima definidos, uma vez que este se refere às
operações intra-orçamentárias.
81º
3.33.91.47.00.00
Obrigações Tributárias e
Contribuições -Operações Intra-orçamentárias
Registra as despesas decorrentes do pagamento de tributos e contribuições sociais e
econômicas (Imposto de Renda, ICMS, IPVA, IPTU, Taxa de Limpeza Pública,
Confins, PIS/PASEP, CPMF, etc) exceto as incidentes sobre a folha de salários, classificados como obrigações patronais, bem como os encargos resultantes do
pagamento com atraso das obrigações de que trata este elemento de despesa. Este se
refere às operações intra-orçamentárias.
84º
3.33.91.92.00.00
Despesas de Exercícios
Anteriores – Operações
Intra-Orçamentárias
Cumprimento do art. 37 da Lei nº 4.320, que dispõe “Art. 37 As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo
suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os
Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente, poderão ser pagas à conta de dotação
específica consignada no orçamento, discriminada por elemento, obedecida, sempre que
possível, a ordem cronológica”. Esta conta refere-se às operações intra-
orçamentárias.
87º
3.44.00.00.00.00
Investimentos
Despesas com o planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de
imóveis considerados necessários à realização destas últimas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente.
90º
3.44.40.00.00.00
Transferências a Municípios
Informa as despesas de capital realizadas mediante transferência de recursos financeiros
de Municípios para Municípios, inclusive para suas entidades da Administração Indireta.
95º
3.44.90.51.00.00
Obras e Instalações
Informa as despesas com estudos e projetos, início, prosseguimento e conclusão de
obras, pagamento de pessoal temporário não permanente ao quadro da entidade e
necessário à realização das mesmas, pagamento de obras contratadas, instalações que sejam incorporáveis ou inerentes ao imóvel, tais como: elevadores; aparelhos de ar
condicionado central etc.
96º
3,44.90.52.00.00
Equipamentos e Material
Permanente
Informa as despesas com aquisição de aeronaves, aparelhos de medição, aparelhos e equipamento de comunicação, aparelhos equipamentos e utensílios médicos,
odontológicos, laboratoriais e hospitalares, aparelhos e equipamentos para esportes e
diversões; aparelhos e utensílios domésticos; armamentos; bandeiras, flâmulas e insígnias; coleções e materiais bibliográficos; embarcações, equipamentos de manobra e
patrulhamento; equipamentos de proteção, segurança, socorro e sobrevivência;
instrumentos musicais e artísticos; máquinas, aparelhos e equipamentos de uso industrial; máquinas, aparelhos e equipamentos gráficos e equipamentos diversos;
máquinas, aparelhos e utensílios de escritório; máquinas, ferramentas e utensílios de
oficinas; máquinas, tratores e equipamentos agrícolas, rodoviários e de movimentação de carga; mobiliário em geral; obras de arte e peças para museu; semovente; veículos
ferroviários; veículos rodoviários; outros materiais permanentes.
193
Fonte: Manual SIOPE, 2010.
97º 3.44.90.00.00.99 Outras Aplicações Diretas Informa as outras despesas com aplicações diretas não identificadas nos itens anteriores.
106º 3.45.90.61.00.00 Aquisição de Imóveis Informa as despesas com aquisição de terrenos e prédios já existentes, exceto aqueles
necessários à execução de obras para sua pronta utilização.
194
APÊNDICE III
Índice- IPCA de janeiro de 2005 a janeiro de 2014
Ano Mês IPCA Média Anual
Ano Mês IPCA Média Anual
Ano Mês IPCA Média Anual
2005
1 2.412,83
2.477,39 2008
1 2.746,37
2.826,92 2011
1 3.222,42
3.321,11
2 2.427,07 2 2.759,83 2 3.248,20
3 2.441,87 3 2.773,08 3 3.273,86
4 2.463,11 4 2.778,33 4 3.299,07
5 2.475,18 5 2.810,36 5 3.314,58
6 2.474,68 6 2.831,16 6 3.319,55
7 2.480,87 7 2.846,16 7 3.324,86
8 2.485,09 8 2.854,13 8 3.337,16
9 2.493,79 9 2.861,55 9 3.354,85
10 2.512,49 10 2.874,43 10 3.369,28
11 2.526,31 11 2.884,78 11 3.386,80
12 2.535,40 12 2.892,96 12 3.403,73
2006
1 2.550,36
2.581,03 2009
1 2.906,74
2.985,10 2012
1 3.422,79
3.500,66
2 2.560,82 2 2.922,73 2 3.438,19
3 2.571,83 3 2.928,57 3 3.445,41
4 2.577,23 4 2.942,63 4 3.467,46
5 2.579,81 5 2.956,46 5 3.479,94
6 2.574,39 6 2.967,10 6 3.482,72
7 2.579,28 7 2.974,22 7 3.497,70
8 2.580,57 8 2.978,68 8 3.512,04
9 2.585,99 9 2.985,83 9 3.532,06
10 2.594,52 10 2.994,19 10 3.552,90
11 2.602,56 11 3.006,47 11 3.574,22
12 2.615,05 12 3.017,59 12 3.602,46
2007
1 2.626,56
2.675,02
2010
1 3.040,22
3.114,50
2013
1 3.633,44
3.717,85
2 2.638,12 2 3.063.93 2 3.655,24
3 2.647,88 3 3.079,86 3 3.672,42
4 2.654,50 4 3.097,42 4 3.692,62
5 2.661,93 5 3.110,74 5 3.706,28
6 2.669,38 6 3.110,74 6 3.715,92
7 2.675,79 7 3.111,05 7 3.717,03
8 2.688,37 8 3.112,29 8 3.725,95
9 2.693,21 9 3.126,29 9 3.738,99
10 2.701,29 10 3.149,74 10 3.760,30
11 2.711,55 11 3.175,88 11 3.780,61
12 2.731,62 12 3.195,89 12 3.815,39
2014 1 3.836,37
Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA Data.
195
APÊNDICE IV
Relação das escolas públicas de Educação Básica da rede estadual de
Pernambuco por etapa ofertada e quantitativo de matrículas.
Escolas da rede pública estadual que oferecem exclusivamente o Ensino Médio – Ano 2013
GRE Município Escola Matrículas
Agreste Centro Norte
Taquaritinga do Norte EREM Severino Cordeiro de Arruda 329
São Caitano EREM Agamenon Magalhães 742
Stª Cruz Capibaribe Escola Capitão Zuzinha 1220
EREM Luiz Alves da Silva 376
Panelas EREM de Panelas 508
Escola Estad.Gregório Bezerra 1093
Caruaru
EREM Caruaru Nelson Barbalho 789
EREM Arnaldo Assunção 420
EREM D.Miguel de Lima Valverde 408
Escola Prof. Mário Sette 1036
Belo Jardim Escola Bento Américo 970
EREM de Belo Jardim 516
Jataúba EREM José Lopes de Siqueira 381
Cachoeirinha EREM Corsina Braga 528
Tacaimbó EREM José Leite Barros 284
Altinho EREM Prof.Francisco Joaquim de B. Correia 488
Agreste Meridional São Bento do Una EREM José do Patrocínio Mota 525
Escola Estadual Lenita Fontes 921
Capoeiras EREM N. Srª do Perpétuo Socorro 813
Bom Conselho EREM Frei Caetano de Messina 485
Canhotinho EREM Jerônimo Gueiros 619
Garanhuns
EREM Instituto Presbiteriano de Heliópolis 466
EREM de Garanhuns 773
Escola Henrique Dias 307
EREM Prof. Jerônimo Gueiros 579
Lajedo
EREM Deolinda Amaral 369
Escola Jornalista Manuel Amaral 808
Esc.Téc. Estadual Antonio Dourado Cavalcanti 129
Paranatama Escola Narciso Correia 430
Itaíba EREM Pedro de Alcântara Ramos 651
Jucati EREM Henrique Justino de Melo 440
Correntes EREM Augusto Lúcio da Silva 406
Saloá EREM Monsenhor João Marques 554
Águas Belas EREM Coronel Nicolau Siqueira 422
Litoral Sul Rio Formoso EREM Wilson de Andrade Barreto 273
Sirinhaem EREM Eurico Chaves 606
Escola Estadual Teotônio Correia 159
São José da Coroa Grande EREM Prof. Carlos José Dias da Silva 384
Barreiros EREM Doutor Anthenor Guimarães 339
Mata Centro Bezerros Esc. Técnica Estadual Maria José Vasconcelos 178
EREM de Bezerros 753
Bonito Esc Téc Est Célia de S. Leão Arraes de Alencar 126
EREM Alexandrino da Rocha 508
Gravatá Esc Téc Estadual Prof. José Luiz de Mendonça 185
EREM de Gravatá 350
EREM Prof. Antonio Farias 578
Sairé EREM João Pessoa Souto Maior 348
Glória do Goitá EREM Prof. Barros Guimarães 483
Escada Escola Técnica Estadual Luiz Dias 253
EREM Monsenhor João Rodrigues de Carvalho 732
Vitória de Santo Antão EREM José Joaquim da Silva Filho 569
EREM Senador João Cleofas de Oliveira 572
Mata Norte Carpina EREM Joaquim Olavo 579
Escola Técnica Maria Eduarda 426
Condado EREM Antonio Correia de Oliveira Andrade 484
Goiana EREM Augusto Gondim 603
Escola Estadual Benigno Pessoa 1078
Escola Técnica Aderico Alves de Vasconcelos 477
Nazaré da Mata EREM D. Vieira 335
Paudalho EREM Confederação do Equador 554
196
Timbaúba EREM de Timbaúba 634
Escola Técnica Miguel Arraes de Alencar 458
Tracunhaem EREM Dr. Walfredo Luiz Pessoa de melo 256
Vicência EREM Pe. Guedes 386
Macaparana EREM Professora Benedita de Morais Guerra 277
Aliança EREM Joaquim Lira 527
Itambé EREM Frei Orlando 371
Itaquitinga EREM Prof. Denival José Rodrigues de Melo 247
Mata Sul
Belém de Maria EREM Presidente Tancredo Neves 549
Palmares EREM Monsenhor Abílio Américo Galvão 512
Escola Dr. Pedro Afonso de Medeiros 420
Escola Técnica Estadual de Palmares 256
EREM dos Palmares 639
Água Preta EREM João Vicente de Queiroz 878
Amaraji EREM Antonio Alves de Araújo 432
Xexeu Escola Mirandolina Pessoa de Queiroz 127
Ribeirão EREM João Lopes de Siqueira Santos 601
Catende Escola Athayde Accioly Lins 225
EREM Mendo Sampaio 605
Cortes EREM Professora Abigail Guerra 563
Lagoa dos Gatos EREM Prof. Manoel Edmundo 434
Primavera EREM Elisa Marques de Assis 422
Metropolitana Norte
Igarassu EREM Eurico Pfisterer 631
Itapissuma EREM Eurídice Cadaval 653
Abreu e Lima EREM Maria Vieira Muliterno 751
Olinda
EREM Prof. Ernesto Silva 242
EREM Santa Ana 618
EREM Desembargador Renato Fonseca 263
EREM Pe. Francisco Carneiro 566
Paulista
EREM Prof. Arnaldo Carneiro Leão 489
Esc Téc Estadual José Alencar Gomes da Silva 169
Escola Escritor José de Alencar 352
EREM Pe. Osmar Novaes 628
Metropolitana Sul
Cabo de Santo Agostinho
Escola Estadual Madre Iva 1645
Escola Luisa Guerra 1087
EREM Pastor José Florêncio Rodrigues 367
Escola Prof. Natanael Barbosa 637
Escola Técnica Estadual Epitácio Pessoa 490
EREM Cabo de Santo Agostinho 519
Camaragibe
Esc Téc Estadual Alcides do Nascimento Lins 134
EREM Prof. Carlos Frederico do Rego Maciel 397
EREM Tito Pereira de Oliveira 356
Jaboatão dos Guararapes Esc Téc Estadual Maximiano Accioly Campos 489
EREM Rodolfo Aureliano 720
EREM Prof. Moacyr de Albuquerque 406
EREM Augusto Severo 676
Escola Pedro Barros Filho 506
Ipojuca
Escola Domingos Albuquerque 1009
EREM Albertina da Costa Soares 465
Escola Aníbal Cardoso 700
EREM Frei Otto 526
EREM de Ipojuca 417
Moreno EREM Sofrônio Portela 667
EREM Cardeal D. Jaime Câmara 329
São Lourenço da Mata
EREM Conde Correia de Araújo 517
EREM Conde Pereira Carneiro 804
Escola 10 de Agosto 221
Recife Norte
Recife
EREM de Beberibe 322
EREM Padre Nércio Rodrigues 307
EREM Prof. Alfredo Freyre 557
EREM Prof. Cândido Duarte 217
EREM Silva Jardim 406
EREM Álvaro Lins 852
EREM Ageu Magalhães 273
EREM Oliveira Lima 378
EREM Ginásio Pernambucano – Cruz Cabugá 694
Esc Téc Estadual Almirante Soares Dutra 299
EREM Aníbal Fernandes 164
EREM Sizenando Silveira 562
Escola Sylvio Rabelo 848
EREM Clóvis Beviláqua 623
Escola Técnica Estadual Prof. Agamenon 449
197
Magalhães – ETEPAM
EREM Nóbrega 451
EREM Ginásio Pernambucano – Aurora 727
Recife Sul Recife EREM Joaquim Nabuco 261
Escola Técnica Estadual 134
EREM Porto Digital 432
EREM Othon Paraíso 351
EREM Amaury de Medeiros 542
EREM Martins Júnior 452
EREM Senador Paulo Pessoa Guerra 632
EREM Diário de Pernambuco 405
EREM Jornalista Trajano Chacon 508
Escola Técnica Estadual Cícero Dias 467
EREM Santos Dumont 663
EREM Engenheiro Lauro Diniz 475
EREM Dom Sebastião Leme 624
EREM João Bezerra 661
Sertão Central Cedro EREM Prof. Manoel Joaquim Leite 291
São José do Belmonte EREM Dr, Walmy Campos 510
Salgueiro EREM de Salgueiro 536
Esc Quilombola Prof. Rosa Doralina Mendes 198
EREM Aura Sampaio Parente Muniz 655
EREM Prof. Urbano Gomes de Sá 376
Parnamirim EREM Odorico Melo 277
Sertão do Pajeú Carnaíba EREM Joaquim Mendes da Silva 351
Escola Técnica Est. Prof. Paulo Freire 71
Flores EREM Aires Gama 258
São José do Egito Escola Téc. Est. Prof. Célia Siqueira 52
EREM Oliveira Lima – SJ Egito 463
Serra Talhada Escola Técnica Estadual Clóvis Nogueira Alves 99
EREM Cornélio Soares 465
EREM Prof. Adauto Carvalho 611
Triunfo EREM Alfredo de Carvalho 419
Afogados da Ingazeira EREM Monsenhor Antônio de Pádua Santos 441
Trindade EREM Governadr Muniz Falcão 537
Araripina Escola Técnica Estadual Pedro Muniz Falcão 88
EREM Josias Inojosa de Oliveira 424
Bodocó EREM Artur Barros Cavalcanti 318
Exu EREM Barão de Exu 390
Santa Filomena Escola Raimundo de Castro 538
Snta Cruz EREM Elvira Granja de Souza 629
Ipubi EREM Arão Peixoto de Alencar 276
Ouricuri EREM Fernando Bezerra 355
Sertão do Moxotó Ipanema
Pedra EREM Prof. Brasiliano Donino da Costa 364
Tupanatinga EREM José Emílio de Melo 760
Venturosa EREM Quitéria Wanderley Simões 536
Custódia EREM José Pereira Burgos 561
Ibimirim EREM Pedro Bezerra de Melo 386
Sertânia EREM Olavo Bilac 483
Esc. Téc. Estadual Arlindo Ferreira dos Santos 304
Pesqueira EREM José de Almeida Maciel 597
Escola Estadual Cristo Rei 1386
Buíque EREM Duque de Caxias 734
Sanharó EREM Nossa Senhora de Fátima 410
Arcoverde EREM Senador Vitorino Freire 464
EREM Arcoverde 777
Sertão do Submédio São
Francisco
Carnaubeira da Penha Escola Estadual João Rodrigues 71
Tacaratu EREM João Batista de Vasconcelos – Tacaratu 306
Jatobá EREM Estadual de Itaparica 409
Belém do São Francisco Escola Estadual Honório Bernardes da Silva 119
EREM Tercina Roriz 343
Escola Celestino Nunes 108
Floresta Escola Estadual Teresinha de Souza Lira 106
Escola Estadual José Ferreira da Silva 56
EREM Capitão Nestor Valgueiro de Carvalho 390
Itacuruba EREM Prof. Maria de Menezes Magalhães 187
Petrolândia EREM Maria Cavalcanti Nunes 444
Sertão Médio do São
Francisco
Afrânio Escola Antônio Cavalcanti Filho 623
EREM Prof. Irene Maria Ramos Coelho 361
Cabrobó EREM José Caldas Cavalcanti 591
Dormentes Escola Nossa Senhora das Graças 178
EREM Senador Nilo Coelho 510
198
Orocó EREM Jacob Antonio de Oliveira 467
Escola Bem-Te-Vi 305
Petrolina Escola Otacílio Nunes de Souza 589
Escola Dr. Diego Barros 245
Escola Marechal Antonio Alves Filho 516
Escola Prof. Osa Santana de Carvalho 504
Escola Manoel Messias Barbosa 352
EREM Clementino Coelho 757
Escola Estadual Malaquias Mendes da Silva 801
Santa Mª da Boa Vista EREM Prof. Edite Matos 576
Lagoa Grande EREM Dom Hélder Câmara 441
Escola Prof. Josefina Gomes Araújo 100
Vale do Capibaribe Passira Esc Est Prof. Mariza José Barbosa da Silva 362
EREM Manoel Guilherme da Silva 411
Surubim Esc Técnica Estadual Antonio Arruda de Farias 120
EREM Natalício Maria Figueiroa da Silva 277
EREM Severino Farias 651
Casinhas EREM João XXIII 492
Vertentes EREM Gil Rodrigues 688
Bom Jardim EREM Dr. Mota Silveira 333
João Alfredo EREM Jarina Maia 455
Salgadinho Escola Estad. Carlos Soares da Silva 264
Limoeiro Esc Téc José Humberto de Moura Cavalcanti 349
EREM Austro Costa 428
EREM Dr. Sebastião de Vasconcelos Galvão 307
Santa Mª do Cambucá EREM João David de Souza 210
Orobó EREM Abílio de Souza Barbosa 411
Escola Prof. Antonio Pedro de Aguiar 199
TOTAL 232 Escolas 109.886
Fonte: Secretaria de Educação de Pernambuco.
Escolas da rede pública estadual que oferecem exclusivamente o Ensino Fundamental –
Ano 2013
GRE Município Escola Matrículas
Agreste Centro Norte São Caitano Escola Joaquim Ribeiro da Rocha 122
Caruaru
Escola Felisberto Carvalho 533
Escola Prof. Rosilda Maciel Vieira 187
Escola Prof. José Bione de Araújo 738
Escola Irmã Sônia 183
Escola Guararapes 106
Escola Paulina Monteiro 287
Belo Jardim
Escola Ministro Marcos de Barros 447
Escola Padre Giovanni Toniutti 231
Escola Professor Donino 629
Escola Tomás Alves 442
Cachoeirinha Escola Presidente Kennedy 1085
Agreste Meridional Bom Conselho Escola Mestra Beatriz 303
Garanhuns
Escola Estadual Prof. Sílvia 184
Escola D. Juvêncio Britto 320
Escola Prof. Gabriela 211
Escola Estadual Professora 267
Águas Belas Escola Indígena Ambrósio Pereira 42
Mata Centro Vitória de Santo Antão
Escola de Natuba 127
Escola Cardeal Roncalli 262
Escola Cônego Pedro de Souza 40
Escola Olívia Carneiro de Carvalho 102
Escola Rotary 150
Mata Norte Carpina Escola Paula Franssinetti 212
Escola Lions Clube de Carpina 249
Goiana Escola André Vidal de Negreiros 609
Nazaré da Mata Escola Capitão Plínio de Souza 186
Escola Dom Ricardo Vilela 133
Timbaúba Escola Clovis Salgado 155
Escola Mariana Ferreira Lima 232
Escola Ana Eufrásia Cabral de Moura 422
Escola Prof. João Roberto Moreira 206
Metropolitana Norte Igarassu Escola Prof. Aderbal Jurema 388
Escola Orfanato Sagrado Coração 86
199
Ilha Itamaracá Escola de Jaguaribe 261
Abreu e Lima Escola de Abreu e Lima 359
Olinda
Escola Capitão André Pereira 111
Escola Mere Guillemin 207
Escola Reunida Joaquim Nabuco 498
Escola Nossa Senhora do Carmo 131
Escola Carlos Gonçalves 421
Escola Prof. Inês Borba 539
Escola São Lucas 239
Paulista Escola Historiador Pereira da Costa 299
Metropolitana Sul
Cabo de Santo
Agostinho
Escola Ponte dos Carvalhos 143
Escola de Pontezinha 64
Camaragibe Escola Torquato de Castro 718
Escola Nossa Senhora das Dores 148
Escola Nossa Srª do Perpétuo Socorro 117
Escola Santa Mônica 341
Escola Timbi 809
Escola Pio XII 430
São Lourenço da
Mata
Escola Dr. Leôncio Gomes de Araújo 179
Escola Várzea Fria 457
Recife Norte Recife Escola Cura Dars 492
Escola Prof. José dos Anjos 522
Escola Prof. Pedro Augusto 943
Escola São Francisco de Assis 470
Escola Padre Donino 170
Escola Monsenhor Manuel 349
Escola Ana Malta da Costa 287
Escola Irmã Magna 428
Escola Matias de Albuquerque 306
Escola Profissional São José 90
Escola Comandante Luiz Gomes 842
Escola Padre João Barbosa 248
Escola São José Sporte Club 284
Escola São Sebastião 386
Escola Monsenhor Francisco Salles 723
Escola Cônego Rochael de Medeiros 640
Escola Estácio Coimbra 36
Escola José Maria 667
Escola Dom Carlos Coelho 284
Escola Embaixador Gilberto Amaro 640
Recife Sul Recife Escola Manoel Borba 267
Escola Presidente Arthur da Costa e Silva 504
Escola Prof. Eunice Beltrão 91
Escola Nossa Senhora de Fátima 570
Escola Carmela Dutra 443
CAIC Creuza Barreto Dornelas 442
Escola Maria Goretti 428
Escola Prof. Fontainha de Abreu 649
Escola Lions João Prutchansky 425
Escola Monsenhor Manoel Leonardo de Barros 762
Escola Fernandes Vieira 320
Escola Cândido Duarte 356
Escola Edwiges de Sá Pereira 352
Escola Paulo de Souza Leal 299
Escola Marechal Rondon – Recife 443
Escola Prof. Marcos de Barros Freire 609
Escola Brigadeiro Eduardo Gomes 1202
Escola Delmiro Gouveia 383
Escola Othon Bezerra de Melo 348
Escola Nossa Senhora da Conceição 208
Escola Roberto Silveira 329
Escola Sargento Camargo 209
Escola Luís de Camões 761
Escola Senador Antonio Farias 468
Sertão Central Moreilândia Escola Coronel Chico Romão 277
Salgueiro Escola José Gomes da Silva 27
Escola Prof. Maria Bernadete 357
Escola Joaquim Vieira 10
Escola Lúcio Quirino de Farias 22
Escola Prof. Antonio Pedro 34
Escola Prof. Epifânio Bezerra 17
Escola São Domingos Sávio 51
200
Escola Santa Luzia 46
Sertão do Alto Pajeú Triunfo Escola São Vicente de Paula 57
Sertão do Moxotó do Ipanema
Pedra Escola Anete Vale de Oliveira 408
Tupanatinga Escola Tomás Calixto Gomes 46
Ibimirim
Escola Cícero Augusto Gomes 297
Escola Indígena Pedro Ferreira de Queiroz 141
Escola São Francisco de Assis 31
Escola Joaquim Guedes Correia 261
Escola Rozeno Vieira 13
Escola Estadual Firmino Laranjeira 86
Inajá Escola Estad. Indígena Castelo Branco 30
Esc Estadual Indígena Emídio Pereira de Lima 48
Escola Maria Gildete Araújo 71
Escola Estadual Clóvis Gomes de Sá 40
Sertânia Escola Nossa Senhora de Fátima 122
Pesqueira Escola Cônego Olímpio Torres 11
Escola Olavo Bilac 25
Escola Cana Brava 23
Escola Damião Monteiro 23
Escola Jatobá 4
Escola José Alves de Carvalho 42
Escola Nossa Senhora do Carmo 20
Escola Joaquim Nabuco 12
Escola Vicência de Souza Lima 7
Escola Padre Cícero 43
Escola São Sebastião 33
Escola Dom Adelmo Cavalcanti Machado 214
Escola Pedro Quinquim de Espíndola 48
Escola José Nogueira Neto 54
Escola Prof. José Gomes de Lima 15
Escola São Geraldo 7
Escola Santa Águeda 67
Escola Nossa Senhora Aparecida 16
Escola Antonio Feitoza Chalegre 23
Escola Antonio Marinho Falcão 19
Escola Antonio Monteiro Leite 29
Escola Antonio Zumba 60
Escola Elizeu Liberato da Silva 12
Escola Joaquim Mota Valença 7
Escola José Timóteo de Lima 21
Escola Dionísio Barbosa dos Santos 17
Escola João Pinheiro de Souza 13
Escola Rogério Cavalcanti de Brito 13
Escola São João 19
Escola São José 7
Escola Indígena Prof..Geraldo Rolim Mota Filho 32
Escola Nossa Senhora de Fátima 11
Escola Nossa Senhora das Graças 47
Poção Escola São João Batista 20
Buíque Escola Pedro Bezerra da Silva 59
Escola Saturnino Vieira de Melo 85
Escola Indígena Kapinawa 80
Escola Indígena Jussara Barbosa 41
Escola Barão do Rio Branco 176
Escola Estadual São Marcos 34
Arcoverde
Escola Industrial de Arcoverde 532
Escola Noé Nunes Ferraz 425
Escola Presidente Médici 402
Escola Imaculada Conceição 247
Escola Santa Cecília 150
Sertão do Submédio São Francisco
Carnaubeira da Penha
Escola Simão Cícero da Silva 24
Escola Aldeia Estreito 27
Escola Antonio Manuel da Silva 9
Escola Santo Expedito 8
Escola Nossa Senhora Aparecida 32
Escola José Jerônimo Barbosa 5
Escola Vó Olindina 12
Escola Júlio José da Silva 38
Escola Santa Madalena 59
Escola Cacheira II 20
Escola Caxau 12
Escola São José 12
201
Escola Rosilda Sabas de Souza 9
Escola João Lima 61
Escola Manoel João de Souza 34
Escola Olímpio Pereira 32
Escola Quintino de Menezes 91
Escola Sagrada Família 32
Escola Santa Ana 28
Escola Vicente Muniz 27
Escola Antonio Dudu 52
Escola Milton Pereira Neto 19
Escola Monteiro Lobato 35
Escola Odilon Nunes 24
Escola Nossa Senhora de Fátima 9
Escola Ana Nunes da Silva 29
Tacaratu Escola do Agreste 85
Escola Cabral 48
Escola Santa Inês da Tapera 37
Escola Marechal Rondon 17
Jatobá Escola Est Rural Manoel Gomes de Sá 379
Escola Estadual Caxiado 31
Escola Dr. Carlos Estevão 219
Escola Estadual Ramiro Dantas 28
Escola Indígena Apinage 65
Floresta Escola Menino Jesus 34
Escola Tibúrcio Lima 70
Escola Antonio Francisco da Silva 16
Petrolândia Escola Barriguda 12
Escola Estadual Salão 20
Escola Estadual Dom Bosco 26
Escola Estadual Lagoinha 27
Sertão Médio São Francisco Cabrobó Escola Indígena Antônio Cirilo 66
Esc Indígena Hermenegildo Antonio dos Santos 44
Escola Indígena João Alberto 34
Escola Indígena Rosa Maria da Conceição 29
Escola Indígena Maria Rosa do Espírito Santo 23
Escola Indígena Manoel Deodato 42
Escola Indígena Martiliano 19
Escola Indígena Militão Primo dos Santos 37
Esc Indígena Maria Antonia da Conceição Praça 28
Escola Indígena Acilon Ciríaco da Luz 109
Escola Indígena Brígida de Alencar 147
Orocó Escola Indígena São Félix 5
Escola Indígena São Francisco 18
Petrolina Escola Paul Harris 359
Escola Prof. Manuel Xavier Paes 286
Escola Francisco Xavier dos Santos 195
S.Maria Boa Vista Escola Prof. Agamenon de Barros 337
Lagoa Grande Escola Santa Maria 477
Vale do Capibaribe Limoeiro Escola Estadual Prof. Suzel Galiza 386
TOTAL 229 Escolas 46.254 Fonte: Secretaria de Educação.
Escolas públicas da rede estadual de Pernambuco que oferecem, simultaneamente,
o Ensino Médio e o Ensino Fundamental – Ano 2013
GRE Município Escola Séries Iniciais
Séries
Finais
Ensino
Médio
Agreste Centro Norte
Taquaritinga do Norte Escola José Bezerra de Andrade - 254 532
Toritama Escola Estelita Timoteo - 420 438
Escola Protazio Soares de Souza - 504 782
São Caitano Escola PIO XII- Ensino - 514 1057
Cupira Escola Ezequiel Bertino de Almeida - 338 434
EREM Professora Maria de Lourdes Temporal - 118 424
Ibirajuba Escola Manoel Moreira da Costa - 95 323
Santa Cruz do
Capibaribe
Escola Dr. Adilson Bezerra de Souza - 759 755
Escola José Francelino Aragão - 609 235
Escola Profa. Maria do Socorro Aragão - 431 268
202
Escola Profa. Maria Lucia Alves - 523 372
Escola Malaquias Cardoso - 304 204
Caruaru Escola Nicanor Souto Maior - 599 1006
Escola Antonia Cavalcanti de Albuquerque - 284 430
Escola Dom Vital - 659 441
EREM Maria Auxiliadora Liberato - 421 568
EREM Padre Zacarias Tavares - 187 1023
Escola Prof. Jesuina Pereira Rego - 643 488
Escola Prof. Vicente Monteiro - 170 1244
Escola Prof. Adelia Leal Ferreira - 653 125
Escola Prof. Elisete Lopes de Lima - 1067 896
Escola Santo Amaro - 501 344
EREM Professor Lisboa - 605 603
Escola José Carlos Florêncio - 275 523
Belo Jardim Escola Frei Cassiano Comacchio - 43 893
Escola João Monteiro de Melo - 234 668
Escola Professora Maria Galvão - 247 329
Brejo da Madre Deus EREM André Cordeiro - 47 1234
Riacho das Almas EREM Manoel Bacelar - 72 759
Tacaimbó Escola Francisco de Assis Barros - 388 309
Agrestina EREM Professor José Constantino - 294 819
Altinho Escola José Lins de Figueiredo - 503 473
S. Bento do Una Escola Rodolfo Paiva Ensino - 538 187
Escola Elpídio Barbosa Maciel - 291 131
Bom Conselho Escola Coronel José Abílio - 653 935
Brejão EREM Professora Ismênia Lemos Wanderley - 226 389
Caetes EREM Luiz Pereira Junior - 65 801
Calçado EREM Augusta Cordeiro de Melo - 229 313
Canhotinho Escola Pe Antonio Callou de Alencar - 295 90
Escola Amélia Gueiros Leite - 121 12
Garanhuns EREM Virgem do Socorro - 418 325
Escola Aplicação Prof. Ivonita Alves - 324 190
EREM Francisco Madeiros - 418 606
EREM Dom João da Mata Amaral - 301 631
Escola Duque de Caxias Ensino - 163 41
Escola Professora Elisa Coelho - 528 612
Escola Prof. Elvira Viana Ensino - 275 219
Escola São Cristóvão - 347 101
Escola São José - 535 53
Escola Senador Aderbal Jurema - 406 246
Escola Simoa Gomes - 583 340
Iati EREM Francisco Pereira da Costa - 112 631
Jupi EREM Sebastião Tiago de Oliveira - 46 570
Lagoa do Ouro EREM Abílio Monteiro - 33 437
Palmeirina Escola Regina Pacis - 76 353
Itaíba Escola Frei João Pereira de Souza - 151 190
Jurema EREM Padre Antonio Barbosa Junior - 89 539
Angelim EREM Azarias Salgado - 328 403
Correntes Escola Prof. Clarice Godoy - 192 84
São João EREM João Fernandes da Silva - 79 800
Terezinha Escola Monsenhor Alfredo - 168 277
Águas Belas Escola João Rodrigues Cardoso - 768 954
Escola Indigena Fulni-o Marechal - 188 178
Litoral Sul Gameleira Escola Dr. Jaime Monteiro - 486 436
Escola Estadual Nossa Senhora - 367 515
Rio Formoso Escola Joaquim Silvério Pimentel - 204 567
Escola Estadual Dr. Caetano - 147 341
Sirinhaém Escola Estadual Dr. Miguel Arraes - 15 285
Escola Estadual Escritor Maximiano Accioly Campos - 85 74
Escola Estadual Barra do Sirinhaém - 152 254
São José da Coroa Grande
Escola Estadual José Rodrigues de Barros – Mestre Zuza - 35 19
Escola São Francisco de Assis - 157 377
Barreiros Escola Cristiano Barbosa e Silva - 309 272
Escola Hélio Santiago Ramos - 277 273
Escola Prof. Joaquim Augusto - 454 819
Escola Central Barreiros - 222 75
Tamandaré EREM Tamandaré - 38 744
Mata Centro Bezerros Escola Eurico Queiroz - 270 599
Escola Dom José Lamartine Soares - 316 181
Escola Professora Maria Ana - 461 429
Escola Estadual Cônego Alexandre Cavalcanti - 508 353
Bonito Escola Pe. José Augusto - 246 687
203
Gravatá Escola Aarão Lins de Andrade - 430 503
Escola Cleto Campelo - 701 786
EREM Devaldo Borges - 273 753
Escola Gravatá - 361 184
Escola Monsenhor José Elias de Almeida - 153 70
Barra de Guabiraba EREM Leobaldo Soares da Silva - 403 499 Camocim de São Felix Escola Quintino Bocaiuva - 197 603
S.Joaquim do Monte Escola Estadual Frei Epifânio - 242 859
Chã de Alegria Escola Presidente Costa e Silva - 87 473
Chã Grande Escola Estadual João Batista de Vasconcelos - 153 758
Glória do Goitá Escola Paroquial de Menores - 278 552
Pombos EREM Capitão Manoel Gomes de Assunção - 69 940
Escada Escola Prof. Eraldo Campos - 319 1093
Escola Dr. Fernando Campelo - 389 93
Escola Vigário Pedrosa - 178 823
Vitória de Santo
Antão
EREM Antonio Dias Cardoso - 245 756
Escola Guiomar Krause Gonçalves - 311 389
Escola Madre Lucila Magalhães - 473 504
Escola Estadual Professora - 476 774
Escola de Natuba - 127 -
Escola Estadual Prof. Eudóxia de Alcântara Ferreira - 181 749
Mata Norte São Vicente Férrer EREM Cel. João Francisco - 47 321
Escola Prof. João Barbosa de Almeida - 323 285
Bueno Aires Escola Laurindo Gomes - 296 200
Escola Jaime Coelho - 394 315
Camutanga EREM Pedro Tavares - 176 280
Carpina Escola Deputado João Teobaldo de Azevedo - 249 49
EREM João Cavalcanti Petribu - 252 787
Escola José de Lima Junior - 411 338
Escola São José - 738 434
Escola Aluisio Germano - 407 146
Condado Escola Julio Correia de Oliveira - 536 355
Ferreiros Escola Emiliano Pereira Borges - 214 345
Goiana Escola Dr. João Alfredo - 375 471
Escola Coronel José Pinto de Abreu - 372 93
EREM Frei Campo Mayor - 65 474
Nazaré da Mata Escola de Aplicação Professor Chaves - 329 256
Escola Estadual Dom Carlos Coelho - 258 343
Escola Maciel Monteiro - 490 482
Paudalho Escola Herculano Bandeira - 267 712
EREM Monsenhor Landelino Barreto Lins - 339 185
Escola João Cavalcanti Petribu - 514 225
Escola José Antonio Fagundes - 228 473
Escola Rachel Germano Azevedo - 80 245
Timbaúba EREM Jornalista Jader de Andrade - 77 535
Escola Prof. José Mendes da Silva - 316 865
Escola Professora Elisabeth Lyra - 472 92
Tracunhaem Escola Agamenon Magalhães - 424 134
Vicência Escola Dr. Joaquim Correia - 393 632
Macaparana Escola Creusa de Freitas - 408 558
Escola Brigadeiro Eduardo Gomes - 226 217
Escola Antonio Coutinho - 200 244
Aliança Escola Cel. Luiz Ignacio Pessoa de Melo - 140 59
Escola Dom Bosco - 267 563
Itambé Escola Arruda Câmara - 95 829
Escola José Antonio Bezerra de Menezes - 281 133
Escola Ibiranga - 36 60
Itaquitinga Escola Severino Gouveia de Lima - 469 420
Lagoa do Carro Escola Doutor Francisco Siqueira - 317 450
Mata Sul São Benedito do Sul Escola Eloy Malta de Alencar - 153 312
Joaquim Nabuco Escola Cel. Alfredo Brandão - 118 846
Maraial Escola Fábio da Silveira Barros - 281 472
Jaqueira EREM Miguel Pellegrino - 150 584
Palmares Escola Ascenso Ferreira - 115 152
Escola Professor Eliseu Pereira de Melo - 155 141
Escola da Fraternidade - 414 186
Escola Maquinista Amaro - 100 223
Escola Professora Galtemir Lins - 234 434
Água Preta Escola João Vicente de Queiroz - 15 301
Amaraji Escola Dom Luiz de Brito - 160 97
Xexéu Escola João Pereira Sobrinho - 203 328
Ribeirão Escola Padre José Mousinho - 225 237
204
Escola Padre Américo Novais - 334 734
Escola Joaquim Nabuco - 251 182
Catende Escola Elza Carneval Lins - 70 75
Escola Costa Azevedo - 272 322
Escola Sofia Feijo Sampaio - 235 274
Escola Tobias Barreto - 83 86
Quipapá EREM Dr. Fernando Pessoa de Melo - 109 798
Metropolitana Norte
Igarassu Escola Nova Cruz - 320 190
Escola Helder Câmara - 372 114
Escola Barão de Vera Cruz - 581 -
Escola Brasilino José de Carvalho - 648 649
Escola Des. Carlos Xavier Paes - 317 273
Escola João Pessoa Guerra - 117 1206
Escola Santos Cosme e Damião - 838 737
Araçoiaba EREM Maria Gayao Pessoa Guerra - 282 1066
Ilha de Itamaracá EREM Alberto Augusto de Morais Pradines - 156 390
Escola Senador Paulo Pessoa - 691 447
Escola Juiz Antonio Luis Lins de Barros - 116 33
Escola Poeta Olegário Mariano - 238 79
Itapissuma Escola Prof. Gercina Fernandes - 392 206
Escola Senador José Ermirio de Morais - 65 202
Abreu e Lima Escola General Abreu e Lima - 820 54
Escola Marechal Costa e Silva - 497 205
Escola Orfanato Estrela de Bethel - 393 155
Escola Pastor Amaro de Sena - 357 146
Escola Polivalente de Abreu e Lima - 585 762
EREM Luiz Rodolfo de Araujo Junior - 677 487
Escola Prof. Azinete Ramos - 289 235
Escola Professora Isaura de França - 385 175
Escola Stela Maria dos Santos P Barros - 362 197
Olinda Escola Capitão Luiz Reis - 536 354
Escola João Matos Guimarães - 374 235
Escola Sigismundo Gonçalves - 223 220
Escola Tabajara - 304 368
Escola Themístocles de Andrade - 184 174
Escola Escritor Paulo Cavalcanti - 307 206
EREM Marechal Floriano Peixoto - 59 84
EREM de Olinda - 19 343
Escola Antonio Souto Filho - 385 189
Escola Argentina Castello Branco - 527 314
Escola Áurea de Moura - 703 809
Escola Coronel Valeriano Eugênio de Melo - 385 298
Escola Clídio de Lima Nigro - 206 248
Escola Cônego Jonas Taurino - 369 168
Escola Dom Pedro Bandeira de Melo - 293 212
Escola Guedes Alcoforado - 665 397
Escola Jeronimo Albuquerque - 337 51
Escola Maria Emilia Romeiro - 293 290
Escola Marechal Mascarenhas de Moraes - 278 159
Escola Monsenhor Arruda - 426 271
Escola Pintor Manoel Bandeira - 327 378
Escola Compositor Antonio Maria - 379 565
Escola Prof. Cândido Pessoa - 519 442
Escola Professor Estevão Pinto - 477 300
Escola Prof. Deanna Clarck Xavier - 450 264
Escola Raimundo Diniz - 1119 801
EREM Costa Azevedo - 384 281
Escola Santo Inácio de Loyola - 738 603
Escola Professor Paulo Freire - 221 73
Paulista Escola Estadual de Paulista - 580 642
Escola Dr. Luiz Cabral de Melo - 630 448
Escola Governador Eraldo - 427 384
EREM José Manuel de Queiroz - 279 478
EREM Maestro Nelson Ferreira - 103 295
Escola Presidente Castelo Branco - 388 454
EREM Professora Amarina Simões - 214 215
Escola Prof. José Brasileiro Vila - 548 527
Escola Professora Generosa Gil - 472 461
Escola Professora Maria Alves - 470 486
Escola Profa. Zulmira de Paula - 392 290
Escola Radialista Luiz Queiroga - 369 377
EREM Prof Mª Carmo Pinto Ribeiro - 218 308
205
Escola Estadual São José - 190 37
Escola Dantas Barreto - 518 564
Escola Walfrido Advincula - 185 77
Escola Custódio Pessoa - 793 554
Escola Manuel Bastos Tigre - 474 265
Cabo de Santo
Agostinho
Escola Emídio Cavalcanti de Albuquerque - 147 750
EREM Senador F Pessoa de Queiroz - 316 236
Escola José Rodrigues de Carvalho - 130 705
EREM Zumbi dos Palmares - 207 342
Escola Desembargador Antonio da Silva Guimarães - 294 725
Escola Maria Eugênia Lopes Gomes - 652 594
Escola de Gaibu - 137 637
Camaragibe Escola Santa Sofia - 252 758
Escola Prof. Antonio Carneiro - 451 634
Escola Professor Nelson Chaves - 581 289
Escola Vale das Pedreiras - 260 76
Escola Major Lélio Ens. Fundamental - 276 173
Escola Santa Apolônia - 214 66
Escola Professora Alice de Barros - 349 80
Escola Pio XII - 430 -
Escola Antonio Correia de Araújo - 328 81
Escola Conselheiro Samuel Mac Dowell - 445 246
Escola Deputado Oscar Carneiro - 541 214
Escola Francisco de Paula Correia de Araújo - 393 1056
Escola Frei Caneca - 702 648
Escola Joaquim Amazonas - 440 247
Escola Maria da Conceição do Rego B Lacerda - 809 547
Escola Ministro Jarbas Passarinho - 430 564
Jaboatão dos
Guararapes
Escola Frei Romeu Perea - 531 194
Escola Nestor Gomes de Moura - 798 384
EREM Poeta Mauro Mota - 192 292
EREM Simon Bolivar - 308 211
Escola Souza Brandão - 222 526
Escola Bernardo Vieira - 182 864
Escola Desportista Rubem - 582 358
EREM Vila Rica - 39 272
Escola Henriqueta de Oliveira - 232 462
Escola Frei Jaboatão - 402 165
Escola Alfredo Tenório - 156 57
Escola Ministro João Alberto - 364 281
Escola Murilo Braga - 711 718
Escola Prof. Odete Antunes - 496 242
Escola Senador Petrônio Portela - 711 668
Escola Senador Aderbal Jurema - 463 355
Escola Alto dos Guararapes - 467 244
Escola Alzira da Fonseca Breuel - 140 1432
Escola Edmur Arlindo de Oliveira - 614 375
EREM Edson Moury Fernandes - 88 655
Escola Filipe Camarão - 395 556
EREM Humberto Lins Barradas - 320 487
Escola Jose Glicério - 529 292
Escola Prof. Benedito Cunha Melo - 672 860
EREM Professor Epitácio André Dias - 296 563
Escola Desembargador José Neves - 444 181
Escola João Paulo l - 239 645
Escola Vila João de Deus - 542 281
Escola Saturnino de Brito - 469 454
Escola Supervisora Miriam Seixas - 492 493
Escola Zequinha Barreto - 284 702
EREM Adelaide Pessoa Câmara - 385 446
Escola Amor Divino - 706 362
Escola São Luis - 325 165
Ipojuca Escola José Mário Alves da Silva - 340 164
Moreno Escola Maria do Céu Bandeira - 318 511
Escola Artur Mendonça - 570 420
São Lourenço da Mata
Escola Dona Leonor Porto - 517 500
Escola Prof. Agamenon - 515 1014
Recife Recife EREM José Vilela - 209 375
Escola Lions de Parnamirim - 403 307
Escola Doutor Fábio Correa - 330 437
Escola Dr. Francisco Pessoa de Queiroz - 478 490
EREM Jarbas Pernambucano - 278 297
206
Escola Pedro Celso - 668 826
Escola Rotary do Alto do Pascoal - 518 297
Escola São Judas Tadeu - 648 283
Escola São Miguel - 247 187
EREM Prof. Mardônio de Andrade Lima Coelho - 74 482
Escola Caio Pereira - 684 540
EREM Clotilde de Oliveira - 30 678
Escola Coronel Othon - 536 497
EREM Padre Machado - 57 303
Escola Dom Bosco – Recife - 628 847
Escola Dom Vital – Recife - 398 1168
Escola Dona Maria Teresa Correa - 486 293
Escola Erundina Negreiros de Araújo - 268 310
Escola Gabriela Mistral - 336 23
Escola Gilberto Freyre - 104 90
Escola Gov. Carlos de Lima - 274 447
Escola Irmã Magna - 428 -
Escola Maria Amália - 296 311
Escola Nossa Senhora de Fátima - 322 184
Escola Tomé Gibson - 522 416
Escola Rosa de Magalhães Melo - 593 530
Escola Rotary de Nova Descoberta - 566 579
Escola Luiz Delgado - 428 1164
Escola João Barbalho - 835 124
Escola Poeta Manuel Bandeira - 147 483
Escola Almirante Tamandaré - 437 421
Colégio da Policia Militar de Pernambuco - 579 350
Escola Governador Barbosa Lima - 619 882
Escola Professor Motta e Albuquerque - 390 245
Escola Regueira Costa - 232 135
EREM Santa Paula Franssinetti - 271 467
Liceu de Artes e Ofícios - 514 534
Fernando de Noronha EREM Arquipélago Fernando de Noronha 168 114 44
Recife Sul Recife Escola Débora Feijó - 415 62
Escola Senador Nilo de Souza - 388 159
Escola Vidal de Negreiros - 603 724
Escola Maciel Pinheiro - 887 27
EREM Joaquim Távora - 358 845
Escola Carlos Alberto Gonçalves de Almeida - 469 24
EREM Olinto Victor - 44 188
Escola Pintor Lauro Villares - 609 314
Escola Professor Leal de Barros - 626 380
Escola Padre Dehon - 343 472
Escola Senador Novaes filho - 481 782
Escola Barros de Carvalho 63 620 30
Escola Educador Paulo Freire 55 416 245
Escola Joaquim Xavier de Brito 7 547 515
Escola professora Helena Pugo - 523 840
Escola de Aplicação do Recife - 163 114
Escola Professora Inalda Spinelli 129 669 413
Escola Alberto Torres - 381 741
Escola José Mariano 1 609 537
Escola Marcelino Champagnat 77 188 280
Escola Monsenhor Álvaro Negromonte - 967 653
Escola Presidente Humberto Castello Branco - 353 587
Escola Professora Olindina Alves 37 499 116
EREM Professor Trajano de Mendonça - 135 531
EREM Aníbal Falcão - 102 341
Escola Barão de Bonito - 182 166
Escola Heróis da Restauração - 785 68
EREM Mariano Teixeira - 274 683
Escola Estadual Professor Ariano Vilar Suassuna - 592 248
EREM Apolônio Sales 37 565 465
Escola Assis Chateaubriand - 483 525
Escola Eleanor Roosevelt - 559 606
Escola Eneida Rabello - 663 421
Escola Jornalista Costa Porto - 656 582
Escola Lagoa Encantada - 572 880
Escola Marechal Eurico Gaspar Dutra - 1084 800
207
EREM Maria Rita da Silva Lessa - 594 372
Escola Professor José Vicente Barbosa - 619 183
EREM Professor Jordão Emerenciano - 997 664
Escola Missionário São Bento 35 676 517
Escola Vila dos Milagres - 438 84
Escola São Francisco de Assis-RS - 589 399
Escola Gercino de Pontes - 280 218
Escola Landelino Rocha - 107 318
Escola Professor Fernando Mota - 544 1185
Escola Monte Verde - 413 387
Sertão Central Moreilândia EREM Presidente Médici-Moreilândia - 124 424
Escola Mara Luiza de Brito - 187 190
Cedro Escola Valdicleiwtson da Silva - 104 323
Mirandiba
EREM Francisco Pires - 69 369
Escola Francisco Alves de Carvalho - 264 121
Escola André Nunes - 509 309
São José do Belmonte
Escola Professor Manoel de Queiroz - 404 721
Escola Estadual Napoleão Araújo - 224 257
Serrita EREM Desembargador João Paes - 141 632
Verdejante EREM Anísio Veras - 113 373
Salgueiro Escola Antônio Vieira de Barros - 308 129
Escola Professora Maurina - 482 133
Escola José Pedro Pereira 55 142 39
Escola Carlos Pena Filho - 565 483
Escola José Vitorino de Barros - 167 138
Escola Professor Manuel Leite - 582 123
Escola Agrícola de Umas - 168 168
Terra Nova Escola Gumercindo Cabral - 428 377
Parnamirim Escola Raimundo Batista Angelim - 167 841
Escola Euclides da Cunha - 584 105
Sertão do Alto
Pajeú
Brejinho Escola José Severino de Araújo 76 41 279
Calumbi EREM Antônio Gomes de Lima - 294 293
Carnaíba Escola João Gomes dos Reis - 308 670
Flores Escola Dario Gomes de Lima - 346 138
Escola Pedro Santos Estima 125 242 246
Iguaraci Escola Estadual Joaquim Alves de Brito - 114 145
EREM Professora Rosete Bezerra de Souza - 191 275
São José do Egito Escola Máxima Vieira de melo - 49 198
Escola Edson Simões 114 279 577
Escola Professor Sebastião Ferreira Rabelo 133 113 90
Serra Talhada Escola Methodio de Godoy Lima 184 696 675
Escola Antônio Timóteo 266 618 417
Escola Irmã Elizabeth Ensino fundamental 75 606 408
Escola Manuel Pereira Lins 128 317 312
Escola Solidônio Leite 86 386 433
Escola Irnero Ignácio 1162 688 187
Solidão Escola Nossa Senhora de Lourdes - 96 249
Tabira Escola Arnaldo Alves Cavalcanti 113 522 602
Escola Pedro Pires Ferreira 62 335 127
EREM Professora Carlota Breckenfeld - 89 397
Quixaba EREM Solidônio Pereira de Carvalho - 46 196
Escola Tomé Francisco da Silva 230 279 276
Santa Cruz da Baixa Verde
EREM Regina Paces - 173 308
Escola Santa Cruz - 172 235
Triunfo Escola Monsenhor Luiz Sampaio - 247 404
Afogados da
Ingazeira
Colégio Normal Estadual de Afogados da Ingazeira - 400 835
Escola Cônego João Leite de Gonçalves - 383 405
208
Escola Padre Carlos Cottart - 147 81
Ingazeira EREM Aristaque José de Veras - 34 205
Itapetim EREM Teresa Torres - 134 422
Santa Terezinha EREM Santa Terezinha - 225 473
Tuparetama EREM Cônego Olímpio Torres - 29 256
Escola Ernesto de Souza Leite 72 256 118
Sertão do
Araripe
Trindade Escola Hortêncio Pereira Lima - 493 395
Escola Professora Antônia Marinho - 189 328
Araripina Escola Vitalina Maria de Jesus - 260 91
EREM Luiz Gonzaga Duarte - 504 490
Escola da Independência - 932 217
Escola Manoel Ribeiro Damasceno - 463 141
Escola Padre Luiz Gonzaga - 944 662
Escola Professor Manoel - 370 307
Escola São João Batista - 276 140
Escola Moisés Bom de Oliveira - 316 171
Escola Anízio Rodrigues de Oliveira - 516 226
Bodocó Escola João Carlos Locio de Almeida 151 499 612
Exu Escola De Primeiro Grau Padre Medeiros - 485 474
Escola São Vicente de Paula - 659 317
Escola Nelson Araújo - 351 179
Granito EREM Governador Miguel Arraes de Alencar - 47 248
Escola Nossa Senhora do Bom Conselho - 153 157
Ipubi Escola Nossa Senhora do Socorro - 454 115
Escola Joaquim Eugênio Silva - 449 1252
Ouricuri EREM São Sebastião - Ouricuri 1 510 720
Escola Nossa Senhora de Fátima - 298 166
Escola São Vicente de Paula - 284 23
Escola Dom Idílio José Soares - 807 779
Escola Professor Telésforo - 512 564
Sertão do Moxotó Ipanema
Pedra Escola Amália Cavalcanti da Costa Lima - 202 547
Venturosa Escola Cônego Emanuel - 230 65
Alagoinha Escola Estadual Gonçalo Antunes - 453 666
Betânia EREM Osmar de Souza Ferraz - 39 452
Custódia Escola General Joaquim Inácio - 756 818
Escola Estadual Quilombola - 69 84
Ibimirim Escola Apolônio Alves da Silva 147 131 72
Escola Iracema Moura de Moraes - 267 385
Escola de 1° e 2° Graus Inocêncio Correia de Lima - 373 392
Inajá EREM Antônio Guilherme Dias Lima - 411 466
Escola Aimbere 195 76 74
Escola Joel Pedro da Silva - 254 140
Manari Escola Coronel Manoel de Souza Neto - 172 624
Sertânia Escola Amaro Lafayette - 187 683
Escola Professor Jorge de Menezes 36 476 31
Pesqueira Escola Santa Rita 40 280 79
Escola Professor Arruda Marinho 0 310 342
Escola Cacilda Almeida - 402 30
Escola Elizeu Araújo - 368 268
Escola Professora Margarida de Lima Falcão - 313 73
Escola Intermediaria Monsenhor Olímpio Torres 138 462 175
Escola Ororuba 101 175 69
Poção EREM Comendador Manoel Caetano de Brito - 368 507
Buíque Escola São Félix de Cantalice - 559 488
Escola Vigário João Inácio - 612 907
Sanharó Escola Estadual Dr. Benjamim - 372 250
Arcoverde Escola Antônio Japiassu - 321 551
EREM Carlos Rios - 546 592
Escola Jornalista Edson Regis - 308 201
Escola Lions Antônio Moreno - 195 24
Escola Monsenhor José Kehrle 470 460 467
Sertão do
Submédio do São Francisco
Carnaubeira da Penha EREM Professor Aureliano Gonçalves dos Santos - 102 413
Escola Bom Jesus dos Aflitos 26 90 40
Escola Olho d’Água do Padre 103 90 69
Escola Tia Amélia Caxiado 42 - 20
Escola Governador Estácio Coimbra 125 100 35
Escola Especiosa Benigna de Barros 13 67 95
Tacaratu Escola Juazeiro - 129 82
209
Escola do Espinheiro 26 - 25
Escola Santa Clara 17 4 41
Escola Pakararus Ezequiel 107 74 100
Escola Sérgio Magalhães - 152 323
Escola Princesa Isabel 77 71 85
Escola Júlia Gomes de Araújo - 73 508
Jatobá Escola Estadual Indígena José Luciano 45 20 26
Escola Pankararus 122 101 104
Escola Nossa Senhora Aparecida - 398 114
Belém do São
Francisco
Escola Maria Emilia - 437 235
Escola Estadual Monsenhor João Pires - 327 278
Escola Dr. Alípio Lustosa - 164 151
Floresta Escola Três Marias 71 184 83
Escola Joaquim Roseno dos Santos 54 92 14
Escola Deputado Afonso Ferraz 134 600 553
Escola Júlio de Mello 48 286 185
Petrolândia Escola de Jatobá - 143 554
Escola Delmiro Gouveia - 263 278
Escola Logradouro 26 73 49
Escola São Francisco - 108 176
Escola Ico Mandantes - 381 154
Sertão Médio
São Francisco
Cabrobó Escola Senador Paulo Guerra - 300 712
Escola Ministro Marcos Freire - 396 287
Escola Indígena Capitão Dena - 140 43
Petrolina Escola Antônio Padilha - 721 485
Escola Estadual de Alternância 10 211 211
Escola Dom Avelar Brandão Vilela - 115 174
Escola Dom Malan - 169 206
EREM Doutor Pacífico Rodrigues da Luz - 82 398
Escola Edilson Nolasco - 94 452
Escola Eduardo Coelho - 195 121
Escola Joaquim André Cavalcanti - 913 672
Escola Moysés Barbosa 31 635 485
Escola Estadual Monteiro Lobato - 545 231
Escola Padre Manoel de Paiva - 435 387
Escola Poeta Carlos Drummond de Andrade - 361 248
Escola Wilma Wzely Cunha Coelho Amorim - 341 87
Escola Professora Aldelina Almeida - 506 246
EREM Jornalista João Ferreira Gomes - 138 292
Escola Antônio Cassimiro 143 483 268
Escola João Batista dos Santos - 389 230
Escola Antônio Nunes dos Santos - 197 263
Escola Estadual de Aplicação Professora Vande de Souza Ferreira
- 262 448
Escola Dom Antônio Campelo - 524 497
Escola Gercino Coelho - 287 190
Escola Fernando Idalino Bezerra - - 366
Escola Eneide Coelho Paixão - 512 173
Anexo I do Colégio da Polícia - 261 181
Escola Padre Luiz Cassiano - 247 268
Escola Poeta José Paulino - 289 143
Escola Professor Simão Amorim 175 912 415
Escola Professor Humberto Soares - 384 326
Escola Jesuíno Antônio Dávila - 704 386
Escola Núcleo de Moradores-11 - 433 291
Escola Manoel Marinho - 287 207
Escola Núcleo de Moradores-6 - 225 169
Escola Núcleo de Moradores-7 - 333 161
Escola Erika Thaynara da Silva Leite - 241 156
Escola Núcleo de Moradores-9 - 428 194
Escola Nossa Senhora Aparecida-Petrolina - 550 241
Escola São José 112 88 54
Santa Maria da Boa
Vista
Escola Estadual Pau Brasil - 268 468
Escola Professora Judith Gomes - 363 552
Escola Padre Maurílio Sampaio - 246 502
Lagoa Grande Escola Antônio de Amorim Coelho - 479 526
Vale do
Capibaribe
Vertente do Lero EREM Justa Barbosa de Sales - 116 243
Passira Escola Cônego Fernando Passos - 674 426
Surubim Escola Ana Faustina - 310 395
Escola Maria Cecília Barbosa Leal 93 681 741
Bom Jardim EREM Justilino Ferreira Gomes - 85 360
Escola Raimundo Honório - 35 759
210
Fonte: Secretaria de Educação de Pernambuco.
Cumaru EREM Manoel Gonçalves de Lima - 88 573
Feira Nova EREM Professora Marilene Chaves de Santana - 132 560
Escola Antônio Inácio - 327 220
João Alfredo Escola Nossa Senhora Auxiliadora - 93 838
Limoeiro Escola Professora Jandira de Andrade Lima 139 569 1001
Escola Estadual Padre Nicolau - 301 459
Escola Seráfico Ricardo - 280 183
Ginásio de Limoeiro Arthur Correia de Oliveira 104 810 127
Frei Miguelinho Escola Teófilo Severino de Arruda - 110 399
EREM São José - 405 228
Machados EREM Severino de Andrade Guerra - 242 570
Orobó Escola Professora Rita Maria da Conceição - 276 720
Lagoa de Itaenga Escola Tristão Ferreira Bessa - 111 1043
TOTAL
6.262
198.516
221.270
211
APÊNDICE V
Despesas com MDE – Despesas Próprias custeadas com Impostos e Transferências
Subfunção 361 Ensino Fundamental – anos 2005 a 2013 – Despesas Pagas
Tabela Sintética (Valores corrigidos pelo IPCA)
Planilha
361 - Ensino Fundamental – Exceto Fundeb
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Planejamento e Orçamento NCP NCP 552.445,56 4.604.354,14 1.857.231,65 3.084.083,50 2.998.863,92 32.868,18 26.754,34
Adm.Geral SRV SRV 122.663.218,01 97.590.526,17 116.265.896,35 139.998.113,36 90.415.532,11 232.366.197,75 281.933.274,66
Adm.Financeira NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Normatização/Fiscalização NCP NCP SRV 228.728,49 213.520,10 125.187,48 46.269,41 5.630,72 SRV
Tecnologia da Informação NCP NCP 10.841.373,02 14.397.403,59 17.014.200,79 20.428.492,52 20.119.756,74 23.953.265,06 22.874.635,04
Formação de RH SRV SRV 16.634.997,10 19.993.033,08 3.410.654,04 3.729.868,63 952.641,97 1.823.684,56 5.690.131,59
Comunicação Social NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV 10.306,18
Alim.Nut.Merenda Esc. SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Prot.Benef.Trabalhador. SRV SRV 71.707,31 SRV 4.546,49 11.661,85 765,86 SRV SRV
En.Fund. Exceto Fundeb 188.172.527,65 270.546.110,63 286.232.096,30 285.860.709,11 146.929.946,08 286.107.997,38 123.258.454,43 138.855.510,49 275.253.906,90
EJA SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV 675.215,38 172.102.866,26
Educação Especial SRV SRV SRV SRV SRV SRV 7.619.008,10 4.144,69 60.707,31
Transporte Escolar NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Refinanc.Dívida Interna NCP NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Refinanc.Dívida Externa NCP NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Serviço Dívida Interna NCP NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Serviço Dívida Externa NCP NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Outros Encargos Especiais NCP NCP 320.929.763,90 310.494.412,70 389.860.302,66 419.392.130,88 305.152.359,05 133.530.561,10 30.463.250,65
Fonte: SIOPE Legenda: SRV – Sem Registro de Valores
NCP – Não Consta Planilha
212
APÊNDICE V (cont.) Despesas com MDE – Despesas com o Fundef em 2005 e 2006 e com o Fundeb a partir de 2007
Subfunção 361 Ensino Fundamental – anos 2005 a 2013 – Despesas Pagas
Tabela Sintética (Valores corrigidos pelo IPCA)
Planilha
361 – Ensino Fundamental
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Planejam. e Orçamento NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Adm.Geral 97.784.787,14 123.466.860,84 SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Adm.Financeira NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Normat/Fiscal. NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Tecnolog da Informaç NCP NCP SRV SRV 913.299,56 608.644,62 4.683.834,85 71.005.888,16 59.702.486,88
Formação de RH SRV SRV SRV 3.848.781,15 37.768.301,75 9.735.948,07 23.990.392,52 10.723.402,11 72.381.553,05
Comunicação Social NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Alim.Nut.Merenda Esc. NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Prot.Benef.Trabalhador. NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Ensino Fundamental 499.927.178,16 593.815.233,25 748.879.548,65 689.005.660,77 1.088.923.568,01 1.100.056.684,42 1.363.559.804,67 941.526.795,90 1.290.373.417,55
EJA NCP SRV 942.155,86 5.234.808,91 237.227,20 5.377.180,77 1.687.741,11 131.861.645,27 12.497,70
Educação Especial NCP SRV SRV SRV SRV SRV 34.613,51 8.830.485,57 1.789.046,68
Transporte Escolar NCP NCP NCP SRV SRV SRV SRV 6.759.660,35 SRV
Refinanc.Dívida Interna NCP NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Refinanc.Dívida Extern NCP NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Serviço Dívida Interna NCP NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Serviço Dívida Externa NCP NCP NCP SRV SRV SRV SRV SRV SRV
Outros Encargos Especiais
NCP NCP 142.648.387,74 159.971.824,79 31.524.407,05 81.921.919,84 89.693.399,58 275.172.376,25 19.536.338,21
Fonte: SIOPE Legenda: SRV – Sem Registro de Valores
NCP – Não Consta Planilha
213
ANEXO I
Fonte: SEPLAG – Disponível em: http://www.seplag.pe.gov.br/image/image_gallery?img_id=39209&t=1416579211408
214
ANEXO II
Fonte: SEPLAG – Disponível em: http://www.seplag.pe.gov.br/image/image_gallery?img_id=39195&t=1436190065468
215
ANEXO III
Fonte: BGE 2012, p. 393
216
ANEXO IV
Fonte: BGE 2013, p. 400