Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Mestrado ... · 2019....

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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Mestrado Profissional em Gestão Pública para o Desenvolvimento do Nordeste Políticas Públicas como Condicionante de Desenvolvimento Socioeconômico para o Arranjo Produtivo Local da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraíba 2008 a 2011 Dêlma do Socôrro Pessôa Barbosa Aquino Recife, 2012

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Page 1: Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Mestrado ... · 2019. 10. 25. · pelos produtores. Para realizar a análise, foi utilizado o modelo do

Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciecircncias Sociais e Aplicadas

Mestrado Profissional em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste

Poliacuteticas Puacuteblicas como Condicionante de Desenvolvimento Socioeconocircmico para o Arranjo

Produtivo Local da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba ndash 2008 a 2011

Decirclma do Sococircrro Pessocirca Barbosa Aquino

Recife 2012

Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciecircncias Sociais e Aplicadas

Mestrado Profissional em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste

Decirclma do Sococircrro Pessocirca Barbosa Aquino

Poliacuteticas Puacuteblicas como Condicionante de Desenvolvimento Socioeconocircmico para o Arranjo

Produtivo Local da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba ndash 2008 a 2011

Dissertaccedilatildeo submetida agrave aprovaccedilatildeo como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de mestre em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste da Universidade Federal de Pernambuco

Orientador Professor Doutor Abraham Benzaquen Sicsuacute

Coorientador Professor Doutor Paulo Fernando de Moura Bezerra Cavalcanti Filho

Recife 2012

Catalogaccedilatildeo na Fonte

Bibliotecaacuteria Rejane Ferreira dos Santos CRB4-839

A657p Aquino Decirclma do Sococircrro Pessocirca Barbosa

Poliacuteticas puacuteblicas como condicionante de desenvolvimento

socioeconocircmico para o arranjo produtivo local da citricultura - segmento

tangerina na Paraiacuteba ndash 2008 a 2011 Decirclma do Sococircrro Pessocirca Barbosa

Aquino - Recife O Autor 2012

131 folhas il 30 cm

Orientador Prof Dr Abraham Benzaquen Sicsuacute

Co-orientador Prof Dr Paulo Fernando de Moura Bezerra Cavalcanti

Filho

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal de Pernambuco CCSA

Administraccedilatildeo 2012

Inclui bibliografia e apecircndices

1 Poliacuteticas puacuteblicas 2 Arranjo produtivo local 3 Desenvolvimento

sustentaacutevel 4 Citricultura 5 Paraiacuteba I Sicsuacute Abraham Benzaquen

(Orientador) II Cavalcanti Filho Paulo Fernando de Moura Bezerra (Co-

orientador) III Tiacutetulo

658 CDD (22ed) UFPE (CSA 2012 -106)

Ao meu baby Marcus e agraves

minhas filhas Camille e

Caroline pela paciecircncia amor e

incentivo para que esta dissertaccedilatildeo

se tornasse realidade

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer inicialmente a Deus por me dar sabedoria nas horas

difiacuteceis e me iluminar na conclusatildeo deste trabalho de pesquisa Ele tambeacutem foi o

responsaacutevel por me ajudar a escalar os degraus deste trabalho avanccedilando um a um

a cada dia mesmo que muitas vezes esses degraus parecessem interminaacuteveis

Em seguida gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Abraham

Benzaquen Sicsuacute por reconhecer a sua dedicaccedilatildeo e competecircncia no

acompanhamento deste trabalho Friso tambeacutem a importacircncia de sua orientaccedilatildeo

durante todas as etapas deste projeto que me fizeram pensar questionar e refletir

dentro de uma visatildeo holiacutestica sobre o tema de pesquisa escolhido

Ao meu coorientador Prof Dr Paulo Fernando M B Cavalcanti Filho por me

aceitar como sua orientanda e acreditar na minha proposta de trabalho A ele

tambeacutem quero agradecer as palavras de incentivo e as valiosas contribuiccedilotildees na

elaboraccedilatildeo deste documento

Ao Dr Edson Batista Lopes pesquisador da EMBRAPAEMEPA que

concedeu importantes informaccedilotildees sobre o setor da citricultura no Estado da

Paraiacuteba e me auxiliou no entendimento das caracteriacutesticas teacutecnicas sobre a

tangerina e sua importacircncia econocircmica para a regiatildeo

Agrave Cooperativa dos Profissionais em Atividades Gerais ndash COOPAGEL pelo

apoio e incentivo agrave realizaccedilatildeo deste mestrado

Ao meu esposo Marcus companheiro de todos os momentos que sempre me

incentivou e me apoiou nesta jornada A ele eu reconheccedilo meu amor e gratidatildeo

Agraves minhas filhas Camille e Caroline que souberam entender em diversos

momentos a minha ausecircncia e a minha falta de paciecircncia Com certeza todo esse

esforccedilo foi para o bem delas

Aos meus pais Carminha e Carloto (in-memoriam) que pela proximidade

estiveram sempre presentes no meu dia-a-dia e na minha convivecircncia sempre me

incentivando na conclusatildeo deste trabalho

Por fim agradeccedilo aos meus sogros Helena e Regis que apesar da distacircncia

me incentivaram nos incansaacuteveis telefonemas dominicais a continuar esta jornada

RESUMO

Os Arranjos Produtivos Locais - APLs tecircm se tornado uma alternativa para o

desenvolvimento regional cujo objetivo eacute a cooperaccedilatildeo integrada entre o Governo

Federal os Estados da Federaccedilatildeo e o setor produtivo com a finalidade de promover

o crescimento socioeconocircmico dos territoacuterios brasileiros Na Paraiacuteba o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina objeto de estudo desta dissertaccedilatildeo estaacute

localizado na Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano e tecircm como principal atividade

econocircmica a produccedilatildeo de citros sendo o seu carro chefe a tangerina O referido

arranjo eacute promotor da principal fonte de renda da regiatildeo possuindo em seu entorno

vaacuterias instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais que realizam accedilotildees em

prol do fortalecimento produtivo Este trabalho procura analisar as poliacuteticas puacuteblicas

que estatildeo sendo direcionadas para o setor pelas instituiccedilotildees e como satildeo percebidas

pelos produtores Para realizar a anaacutelise foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo

de Desenvolvimento ndash IAD que avalia os impactos das poliacuteticas aplicadas ao arranjo

dando ecircnfase aos aspectos sociais a accedilatildeo do Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade

como fatores determinantes para o aumento da competitividade sistecircmica do setor

Com a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo foi possiacutevel verificar que o apoio das instituiccedilotildees natildeo

eacute percebido pelos produtores como poliacutetica efetiva pois eacute executado sem um

planejamento de accedilotildees integradas e perioacutedicas Aleacutem disso verificou-se tambeacutem a

necessidade da integraccedilatildeo das instituiccedilotildees objetivando a concepccedilatildeo de uma poliacutetica

especiacutefica para o setor que venha estimular uma governanccedila proativa e indutora do

desenvolvimento socioeconocircmico na regiatildeo Ao termino deste trabalho satildeo

sugeridas algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de novas

poliacuteticas puacuteblicas e readequaccedilatildeo das jaacute existentes praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL

Palavras chave poliacuteticas puacuteblicas arranjo produtivo local desenvolvimento

sustentaacutevel citricultura Paraiacuteba

ABSTRACT

The Local Productive Arrangements ndash LPA have become an alternative to regional

development whose goal is the integrated cooperation among the Federal

Government the States of the Federation and the productive sector with the

purpose of promoting the socioeconomic growth of the Brazilian territories In

Paraiacuteba the LPA of Citrus - Tangerine Segment object of study of this dissertation

is located in the Agreste Paraibano Mesoregion and their main economic activity is

the citrus production and its flagship product is the tangerine The cited arrangement

is the promoter of the main source of income for the region having around it several

governmental and nongovernmental institutions that carry out actions in favor of

productive strengthening This article analyzes the public policies which are being

directed to the sector by financial institutions and how they are perceived by

producers To perform the analysis we used the model of the German Development

Institute - GDI that evaluates the impacts of policies applied to the arrangement

emphasizing the social aspects state action and the mobilization of society as

factors for increasing systemic competitiveness of the sector Using this method it

was possible to verify that the support of institutions is not perceived by producers as

effective policy because it runs without a plan of integrated periodic actions

Furthermore it was also verified the need for integration of the institutions aiming the

conception of a specific policy for the sector that comes to stimulate a proactive

governance and inducer of the socioeconomic development in the region At the end

of this study are suggested proposals that can help in formulating new public policies

and upgrading of existing ones operated by government institutions and NGOs

active in LPA

Key words public policy Local Productive Arrangements sustainable development

citros Paraiacuteba

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 14

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura -

Segmento da Tangerina 15

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 201043

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 47

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD 62

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina 16

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do

Nordeste 41

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

41

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo

para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo42

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro 79

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL 80

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo 81

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso 84

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros 85

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro 89

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta 91

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APL Arranjo Produtivo Local

ARTEZA Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos de Ribeira de Cabaceiras

Ltda

ASPIL Arranjo e Sistema Produtivo e Inovativo Local

ASPTA Assessoria Serviccedilos Projetos Agricultura Alternativa - Zona Rural

ATER Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

BIRD Banco Internacional para Reconstruccedilatildeo e Desenvolvimento

BNB Banco do Nordeste do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CAAPL Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais

CEASA Central de Abastecimento de Alimentos

CNPq Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento

COMPET Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores

Econocircmicos Tradicionais ndash SICTCTCNPq

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COOPERAR Projeto COOPERAR Paraiacuteba Brasil

COOPERTANGE Cooperativa dos Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda

CTCC Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado Albano Franco

DAP Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao PRONAF

EMATER Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba

EMEPA Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A

EMPASA Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviccedilos Agriacutecolas

ETENE Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste

EU Uniatildeo Europeia

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

FAEPA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FAPESQ Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do Estado da Paraiacuteba

FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste

FETAG Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FIEP Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

FUNCEP-PB Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da Pobreza do Estado da Paraiacuteba

FUNDECI Fundo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico

GTP APL Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INTERPA Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da Paraiacuteba

LABVEST Laboratoacuterio de Vestuaacuterio da Paraiacuteba

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal

MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDA Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MDS Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome

MEC Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

MGP Mestrado em Gestatildeo Puacuteblica

MPME Micro Pequena e Meacutedia Empresa

NE APLPB Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba

PAA Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos

PDP Plano de Desenvolvimento Preliminar

PNAE Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

RedeSist Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais

SAF Secretaria da Agricultura Familiar

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agraves Micros e Pequenas Empresas da Paraiacuteba

SECTMA Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente

SEDAP Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da

Pesca

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural

SEPLAG Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo

SETDE Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico

SICTCT Secretaria de Induacutestria Comeacutercio Turismo Ciecircncia e Tecnologia

STRM Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas

SUDEMA Superintendecircncia de Administraccedilatildeo do Meio Ambiente

TIC Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba

UFCG Universidade Federal de Campina Grande

UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

11 Justificativa 17

12 Problematizaccedilatildeo 18

13 Objetivos da Pesquisa 20

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo 20

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO 22

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel 22

22 Arranjo Produtivo Local 26

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs 31

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento Regional

Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs 37

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA

TANGERINA NA PARAIacuteBA 39

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 39

32 Estrutura Organizacional 46

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL 48

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo 49

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba 52

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA 59

41 Instrumento de Pesquisa 61

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da Pesquisa 62

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA 65

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

65

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia das poliacuteticas

puacuteblicas para o desenvolvimento do APL 77

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro 77

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso 82

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro 86

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta 90

53 Conclusatildeo da Anaacutelise 92

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 96

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 98

62 Trabalhos Futuros 102

REFEREcircNCIAS 104

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da

Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba 112

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees Cooperativas e

Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

116

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba 126

Mesorregiatildeo do Agreste

1 INTRODUCcedilAtildeO

Esta dissertaccedilatildeo tem como Aacuterea de Concentraccedilatildeo a Gestatildeo Puacuteblica para o

Desenvolvimento Regional e estaacute inserida na linha de pesquisa Capital Social

Desenvolvimento Sustentaacutevel e Conhecimento do Curso de Mestrado Profissional

em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste da Universidade Federal

de Pernambuco ndash UFPE

O desenvolvimento deste trabalho busca avaliar as poliacuteticas puacuteblicas1

existentes para o Arranjo Produtivo Local ndash APL2 da Citricultura da Paraiacuteba ndash

Segmento Tangerina e identificar as contribuiccedilotildees dessas poliacuteticas no

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo no periacuteodo de 2008 a 2011

A pesquisa realizada teve como foco a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

onde estaacute localizada a produccedilatildeo de tangerina do Estado Na Figura 1 satildeo

apresentados dados cartograacuteficos por sateacutelite da Mesorregiatildeo do Agreste o mapa

do Brasil com a localizaccedilatildeo do Estado da Paraiacuteba e o mapa da Paraiacuteba com a regiatildeo

onde estaacute inserido o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

1 As poliacuteticas puacuteblicas para o setor seratildeo apresentadas no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 23

2 O conceito de Arranjo Produtivo Local seraacute discutido no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 22

APL da Citricultura

15

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina abrange os municiacutepios de

Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila

Massaranduba e Matinhas (Figura 2) Essa regiatildeo possui uma aacuterea plantada de

1892 hectares (IBGE 2010b) o que a torna a maior produtora de tangerina do

Nordeste

O municiacutepio de Matinhas considerado sede do APL por ser o maior produtor

de tangerina da Paraiacuteba estaacute localizado a 143 km de Joatildeo Pessoa capital do

Estado e a 20 km de Campina Grande cidade polarizadora da regiatildeo

Geograficamente Matinhas tem uma aacuterea de 29 Kmsup2 com uma populaccedilatildeo de

4322 habitantes tendo 84 (3640 habitantes) na zona rural e 16 (682

habitantes) na zona urbana sendo considerado um municiacutepio tipicamente rural A

quase totalidade da populaccedilatildeo rural sobrevive economicamente do cultivo da

tangerina (IBGE 2010)

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura - Segmento da Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

Outro ponto importante a ser considerado na pesquisa eacute a anaacutelise do Iacutendice

de Desenvolvimento Humano ndash IDH elaborado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas

para o Desenvolvimento (PNUD 2011) Esta anaacutelise parte do pressuposto que para

aferir o avanccedilo de uma populaccedilatildeo natildeo se deve considerar apenas a dimensatildeo

econocircmica mas tambeacutem outras caracteriacutesticas sociais culturais e poliacuteticas que

16

influenciam a qualidade da vida humana Essas caracteriacutesticas satildeo essenciais para

que se possa avaliar o respectivo desenvolvimento sustentaacutevel da regiatildeo

O IDH tambeacutem conhecido como IDH Global eacute uma medida resumida do

progresso a longo prazo em trecircs dimensotildees baacutesicas do desenvolvimento humano

renda educaccedilatildeo e sauacutede (longevidade) O objetivo da criaccedilatildeo do IDH foi o de

oferecer um contraponto ao indicador do Produto Interno Bruto ndash PIB per capita que

considerava apenas a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento (PNUD 2011)

O IDH eacute um iacutendice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio das

Naccedilotildees Unidas3 e no Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal atraveacutes do

Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal ndash IDH-M Este iacutendice eacute um ajuste

metodoloacutegico ao IDH Global e foi publicado em 1998 e em 2003 (a partir dos dados

do Censo de 2000) Vale salientar que ainda natildeo foram publicados os iacutendices do

IDH-M dos municiacutepios pelos novos criteacuterios do PNUD4

No Quadro 1 satildeo apresentados os iacutendices IDH Global IDH-Renda IDH-

Longevidade e IDH-Educaccedilatildeo do Brasil e do Estado da Paraiacuteba (PNUD 2008) bem

como o IDH-M dos municiacutepios que constituem o APL da Citricultura - Segmento da

Tangerina (PNUD 2003) Segundo esses dados o IDH-M dos municiacutepios encontra-

se entre 0561 e 0622 todos abaixo dos iacutendices da Paraiacuteba e do Brasil

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IDH

Global IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Brasil (PNUD 2008) 0794 0713 0785 0883

Paraiacuteba (PNUD 2008) 0718 0638 0723 0793

Municiacutepios (PNUD 2003) IDH-M IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Matinhas 0576 0477 0606 0645

Esperanccedila 0632 0550 0660 0685

Alagoa Nova 0612 0510 0660 0666

Lagoa Seca 0612 0548 0600 0689

Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila 0622 0549 0631 0687

Massaranduba 0561 0499 0570 0613

Fonte PNUD (2003) e PNUD (2008)

3 httpwwwpnudorgbrODMaspx

4 Uma nova versatildeo com dados do Censo 2010 estaacute sendo produzida pelo PNUD e deveraacute ser lanccedilada no iniacutecio

de 2013

17

Verifica-se que embora a regiatildeo do APL esteja se desenvolvendo

economicamente a populaccedilatildeo natildeo possui uma seacuterie de condiccedilotildees que lhe

proporcionem bem-estar no que se refere aos niacuteveis educacional (reduccedilatildeo da

evasatildeo escolar) social (oportunidade de inclusatildeo social atraveacutes de trabalho e renda

e de serviccedilos de sauacutede) e cultural (direito agrave cidadania e lazer)

Um baixo iacutendice educacional por exemplo reflete diretamente na dificuldade

dos produtores rurais em serem capacitados e absorverem tecnologias que venham

agregar valor agrave produccedilatildeo de tangerina

Desta forma o APL da Citricultura necessita de poliacuteticas que venham

contribuir para a reduccedilatildeo do analfabetismo organizaccedilatildeo produtiva transferecircncia de

tecnologia absorccedilatildeo de tecnologias para os seus plantios modernizaccedilatildeo gerencial

de suas organizaccedilotildees associativas e conscientizaccedilatildeo dos produtores para o trabalho

de forma organizada e cooperativa

O trabalho de pesquisa realizado visou identificar os problemas existentes no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e analisar como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo direcionadas para a resoluccedilatildeo desses gargalos

11 Justificativa

A relevacircncia desta dissertaccedilatildeo foi estudar e documentar as poliacuteticas puacuteblicas

geradas pelos governos federal estadual e municipal em prol da sustentabilidade

socioeconocircmica do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Para este estudo foi relevante tambeacutem a anaacutelise do cenaacuterio atual e da

situaccedilatildeo produtiva e organizacional do APL avaliando os impactos socioeconocircmicos

gerados por esse segmento no Estado

A validaccedilatildeo deste trabalho visa identificar gargalos existentes na transferecircncia

de poliacuteticas puacuteblicas para o segmento bem como a necessidade de adequar tais

poliacuteticas para dar sustentabilidade agrave referida atividade econocircmica

As consideraccedilotildees e sugestotildees geradas neste documento poderatildeo contribuir

para a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas que possibilitem a integraccedilatildeo dos diversos

18

atores e a consolidaccedilatildeo do arranjo produtivo local como um instrumento de

desenvolvimento proativo para a regiatildeo e indutor de novos negoacutecios

Portanto esta dissertaccedilatildeo tem como finalidade pesquisar e avaliar as

contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas que estatildeo sendo aplicadas em um APL de baixa

renda cujas atividades produtivas e inovativas satildeo provenientes de populaccedilotildees que

desenvolvem atividades de agricultura familiar no Estado da Paraiacuteba bem como

propor medidas mais adequadas para implementaccedilatildeo de tais poliacuteticas que possam

fomentar a estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de um aglomerado produtivo sustentaacutevel

12 Problematizaccedilatildeo

A citricultura na Paraiacuteba vem sendo explorada desde meados da deacutecada de

60 quando surgiram os primeiros plantios de citros no municiacutepio de Matinhas A

partir de 1969 iniciou-se a utilizaccedilatildeo de mudas enxertadas onde o limatildeo galego foi

escolhido como porta enxerto para as principais variedades cultivadas no municiacutepio

Dados de 1996 constatam que a tangerina dancy jaacute era a laranja predominante com

mais de 85 da aacuterea plantada naquele municiacutepio Posteriormente a tangerina dancy

se alastrou pelos municiacutepios vizinhos (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

Nos uacuteltimos cinco anos conforme observado na pesquisa realizada diversas

instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que atuam na regiatildeo vecircm buscando o

desenvolvimento planejado dessa atividade com o objetivo de consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Este APL enfrenta o desafio de se desenvolver e buscar niacuteveis de qualidade

de vida para os produtores rurais similares ao de outros APLs economicamente

avanccedilados

Todavia esse desenvolvimento deve incluir necessariamente uma

infraestrutura que permita aos produtores de tangerina produzir frutos de qualidade e

comercializar seu produto de forma competitiva A qualidade da tangerina eacute um fator

determinante no processo de agregaccedilatildeo de valor para seu escoamento no mercado

O meacutetodo de produccedilatildeo de tangerina utilizado na regiatildeo faz com que o

produtor tenha uma perda anual consideraacutevel Segundo Lopes Albuquerque e

Moura (2006) no municiacutepio de Matinhas por exemplo 20 da produccedilatildeo de

19

tangerina se perdem no campo devido ao fruto ter tamanho inadequado e natildeo ter

preccedilo de mercado

Aleacutem disso outras perdas satildeo identificadas devido a utilizaccedilatildeo de mudas

inadequadas plantio e espaccedilamento incorretos adubaccedilotildees quiacutemica e orgacircnicas

deficientes manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequados tratos culturais deficientes

(podas incorretas impedimento na formaccedilatildeo da planta e raleamento de frutos)

problemas fitossanitaacuterios diversos colheita e comercializaccedilatildeo inadequada

transporte da produccedilatildeo assistecircncia teacutecnica pesquisas e financiamento agriacutecola

deficientes e cooperativismo e agroinduacutestria inexistentes (LOPESALBUQUERQUE

MOURA 2006)

Na tentativa de resolver tais gargalos os gestores puacuteblicos na maioria das

vezes buscam decisotildees imediatistas que soacute resolvem os problemas em curto prazo

e como consequecircncia os problemas natildeo satildeo sanados a exemplo do combate da

mosca negra com agrotoacutexicos como medida emergencial

Por outro lado observa-se que a partir de 2008 algumas estrateacutegias e accedilotildees

governamentais foram adotadas pelo setor puacuteblico tais como distribuiccedilatildeo de mudas

certificadas contrataccedilatildeo de um especialista em citricultura para orientar os

produtores aumento de pesquisas para combate agrave mosca negra e realizaccedilatildeo de

reuniotildees seminaacuterios e visitas teacutecnicas visando incentivar a melhoria da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo da tangerina As accedilotildees acima realizadas tiveram como objetivo

desenvolver o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e resgatar o dinamismo

das atividades agriacutecolas geradoras de trabalho e renda na zona rural

No entanto apesar das diversas poliacuteticas concebidas pelos governos o

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo ainda eacute baixo5 Desta forma questiona-

se por que esse APL ainda natildeo estaacute consolidado e estruturado e quais as

dificuldades na implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas para o setor

Sendo assim supotildee-se que exista uma deficiecircncia das poliacuteticas puacuteblicas

existentes e faz-se necessaacuterio avaliar como elas estatildeo sendo direcionadas para o

referido APL de modo a se questionar Como essas poliacuteticas podem constituir um

condicionante de desenvolvimento socioeconocircmico para o APL da Citricultura ndash

5 Conforme anaacutelise do IDH dos municiacutepios pertencentes ao APL (ver Quadro 1 do Capiacutetulo 1)

20

Segmento Tangerina na Paraiacuteba Quais as dificuldades que impedem a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas Como essas poliacuteticas poderiam ser adaptadas

para atuarem mais eficientemente

13 Objetivos da Pesquisa

Analisar a estrutura do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na

Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

Pesquisar e identificar poliacuteticas puacuteblicas de fomento para APLs de baixa renda

Avaliar a contribuiccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura nos

municiacutepios que compotildeem o arranjo e principalmente em Matinhas cidade

acircncora do referido APL

Propor medidas orientadoras para reduccedilatildeo das falhas oriundas do processo de

implementaccedilatildeo de poliacuteticas junto ao setor e que possam contribuir para a

consolidaccedilatildeo de um APL competitivo

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo

Esta dissertaccedilatildeo eacute composta por seis capiacutetulos

Este capiacutetulo Capiacutetulo 1 ndash Introduccedilatildeo descreve os objetivos do trabalho

sua justificativa e a identificaccedilatildeo do problema

O Capiacutetulo 2 ndash Referencial Teoacuterico eacute constituiacutedo da fundamentaccedilatildeo teoacuterica

atraveacutes da discussatildeo sobre as teorias e conceitos de desenvolvimento sustentaacutevel

arranjo produtivo local e poliacuteticas puacuteblicas para o APL

No Capiacutetulo 3 ndash Caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina na Paraiacuteba eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura na

Paraiacuteba e as poliacuteticas puacuteblicas existentes para esse APL

No Capiacutetulo 4 ndash Metodologia Aplicada na Pesquisa satildeo demonstrados os

procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa a escolha da amostra e a descriccedilatildeo

do instrumento de coleta de dados primaacuterio e secundaacuterio

21

No Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise das Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL da Citricultura

satildeo discutidos os resultados da pesquisa de campo realizada com as instituiccedilotildees

que apoiam o APL as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores rurais e

analisada a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao setor

O Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais e Recomendaccedilotildees apresenta as

consideraccedilotildees finais da pesquisa com o objetivo de propor adequaccedilotildees para as

poliacuteticas puacuteblicas analisadas

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

A revisatildeo da literatura que seraacute descrita se fez necessaacuteria para um melhor

entendimento do trabalho de dissertaccedilatildeo proposto Neste capiacutetulo seratildeo

apresentados os conceitos de desenvolvimento regional sustentaacutevel

responsaacuteveis pelo crescimento eficiente das atividades econocircmicas sociais e

territoriais a caracterizaccedilatildeo de um arranjo produtivo local descrevendo sua

estrutura organizacional e a integraccedilatildeo entre o setor produtivo e os diversos atores

que compotildeem o APL e a importacircncia das poliacuteticas puacuteblicas como indutoras de

accedilotildees que tecircm por finalidade impulsionar o setor produtivo e consolidar um APL

como um instrumento dinamizador do desenvolvimento socioeconocircmico de uma

regiatildeo

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel

O desenvolvimento regional sustentaacutevel eacute um fator preponderante para o

desenvolvimento de um territoacuterio O processo de crescimento econocircmico equilibrado

de uma regiatildeo em funccedilatildeo de sua territorialidade tem como princiacutepio a

desconcentraccedilatildeo e a potencializaccedilatildeo das comunidades locais e regionais

Neste sentido o processo de desenvolvimento de uma regiatildeo dependeraacute

necessariamente da sua capacidade de organizaccedilatildeo social associado ao aumento

da autonomia regional para a tomada de decisotildees ao crescimento da capacidade

para reter e reinvestir o excedente econocircmico gerado pelo processo de

desenvolvimento sub-regional a um crescente processo de induccedilatildeo social e a um

processo permanente de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do ecossistema regional

(VERGOLINO DIAS MAGALHAtildeES GALVAtildeO 2008)

Segundo Boisier (1992) a capacidade de organizaccedilatildeo social de uma dada

regiatildeo eacute considerada um fator endoacutegeno capaz de transformar o crescimento em

desenvolvimento mediante a constituiccedilatildeo de uma rede de instituiccedilotildees e agentes

apoiados pela cultura local e por um projeto poliacutetico regional

23

O desenvolvimento de uma determinada regiatildeo implica na necessidade de

autonomia decisoacuteria de captaccedilatildeo e reinversatildeo do excedente econocircmico de inclusatildeo

social de consciecircncia e accedilatildeo ambientalista de sincronia intersetorial e territorial e

de percepccedilatildeo coletiva de pertencer agrave regiatildeo

Para que haja a concretizaccedilatildeo desse desenvolvimento a proposta de

dinamizaccedilatildeo tambeacutem deveraacute estar respaldada na diversificaccedilatildeo da base produtiva

na verticalizaccedilatildeo da atividade econocircmica na agregaccedilatildeo de valor ao produto local

na geraccedilatildeo de emprego e renda na criaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo de associaccedilotildees

cooperativas de produtores e na participaccedilatildeo dos atores locais

Para que tal iniciativa tenha ecircxito torna-se necessaacuterio a elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que visem a melhoria do niacutevel de educaccedilatildeo e

capacitaccedilatildeo profissional da populaccedilatildeo envolvida e da infraestrutura econocircmica e

social das aacutereas beneficiadas (VERGOLINO et al 2008)

Esforccedilos empreendidos nos uacuteltimos anos estatildeo baseados na ideia de que a

conquista da sustentabilidade passa pela implementaccedilatildeo de processos de

desenvolvimento orientados por princiacutepios de cooperaccedilatildeo entre indiviacuteduos

A interdependecircncia de tais processos ocorre em um sistema complexo que

adota como padratildeo organizativo de uma rede autopoieacutetica6 que tende a se

manifestar nas coletividades humanas que busca fortalecer uma atividade

econocircmica mediante uma cooperaccedilatildeo muacutetua

Para tanto se faz necessaacuteria a formaccedilatildeo da consciecircncia sobre as relaccedilotildees

muacuteltiplas desse sistema e como os indiviacuteduos devem participar de forma

cooperativa Esta relaccedilatildeo cooperativa se manifesta atraveacutes da formaccedilatildeo de

associaccedilotildees que estabelecem ligaccedilotildees e lhes concedem empoderamentos para

buscar parcerias que possam ajudar na estruturaccedilatildeo de suas organizaccedilotildees

A partir da conscientizaccedilatildeo cada integrante dessa associaccedilatildeo passa a

conhecer as possibilidades e as necessidades de cada membro da organizaccedilatildeo

Nas localidades onde ocorrem processos de desenvolvimento baseados em

parcerias entre muacuteltiplos atores produtivos governamentais empresariais e sociais

6 A teoria autopoieacutetica tem como ideia baacutesica um sistema organizado autossuficiente Este sistema produz e

recicla seus proacuteprios componentes diferenciando-se do meio exterior

24

pode-se dizer metaforicamente que existe parceria e que estas coevoluem

estabelecendo entre si relaccedilotildees em que todos ganham nesta rede

Desta forma o sistema seraacute sustentaacutevel agrave medida que sua flexibilidade e sua

diversidade estatildeo estreitamente ligadas com esta nova estrutura denominada de

rede sistecircmica Com essa conectividade o desenvolvimento sustentaacutevel local flui de

forma integrada e passa a ser uma estrateacutegia que facilita a conquista da

sustentabilidade social econocircmica cultural e ambiental de um territoacuterio ou regiatildeo

Segundo Buarque (1999) desenvolvimento sustentaacutevel eacute ldquoo processo de

mudanccedila social e elevaccedilatildeo das oportunidades da sociedade compatibilizando no

tempo e no espaccedilo o crescimento e a eficiecircncia econocircmica a conservaccedilatildeo

ambiental a qualidade de vida e a equidade social partindo de um claro

compromisso com o futuro e a solidariedade entre geraccedilotildeesrdquo

Nesta oacutetica o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um processo que gera a

melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos com base no fortalecimento

econocircmico e competitivo em consonacircncia com os recursos naturais e ambientais

Por outro lado o desenvolvimento de uma sociedade natildeo deve ser

confundido com crescimento econocircmico que eacute apenas uma condiccedilatildeo necessaacuteria

poreacutem natildeo eacute suficiente Este desenvolvimento estaacute diretamente ligado agrave reduccedilatildeo da

desigualdade social (SACHS 2005)

Neste sentido noccedilotildees como as de capital social e de territorialidade tambeacutem

satildeo fatores importantes para compreensatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel e da

reduccedilatildeo das desigualdades sociais A importacircncia da reflexatildeo sobre esse tema

contribui para melhor entendimento dos processos de inovaccedilatildeo e de accedilotildees indutoras

do desenvolvimento local

A territorialidade neste contexto reflete a vivecircncia dos atores de uma

determinada regiatildeo em toda a sua abrangecircncia e em suas muacuteltiplas dimensotildees ndash

cultural poliacutetica econocircmica e social O capital social expressa a valorizaccedilatildeo de

recursos inseridos nas estruturas sociais (conhecimento taacutecito por exemplo) que

natildeo satildeo contabilizados por outras formas de capital (ALBAGLI MACIEL 2004)

Sendo assim o conhecimento taacutecito o processo de aprendizado a

sedimentaccedilatildeo do conhecimento e respectivo desenvolvimento de um grupo social

25

em um espaccedilo geograacutefico passa forccedilosamente pela dinacircmica inovativa local

particularmente no que tange agrave produccedilatildeo e ao compartilhamento de informaccedilotildees e

conhecimento para os atores de um determinado territoacuterio em que se desenvolve

uma atividade econocircmica

Segundo Franco (2000) o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um modo de

promover o desenvolvimento que leva em conta o papel de todos os fatores que

envolvem coletividade sociedade niacutevel educacional da populaccedilatildeo

empreendedorismo geraccedilatildeo de emprego e renda fatores econocircmicos e sociais e

governos para tornar dinacircmicas as potencialidades que podem ser identificadas

quando olhamos para uma unidade socioterritorial delimitada

Entretanto segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) o crescimento econocircmico

eficiente a equidade social e a manutenccedilatildeo do meio ambiente ldquo natildeo satildeo

assegurados pela simples disponibilidade de bens e serviccedilos haacute que se incorporar a

participaccedilatildeo e integraccedilatildeo ativa do cidadatildeo no jogo poliacutetico e social para que os

objetivos acima sejam alcanccedilaacuteveisrdquo

Contudo se faz necessaacuterio repensar a dimensatildeo poliacutetica pois o

desenvolvimento sustentaacutevel ainda enfrenta problemas para sua efetividade tendo

em vista que ainda natildeo exista um consenso para a soluccedilatildeo das tensotildees entre os

objetivos de eficiecircncia equidade e conservaccedilatildeo Esses problemas devem ser

tratados pelos gestores puacuteblicos a partir de uma metodologia de planejamento que

trate essas dificuldades com metas a meacutedio e longo prazo Desta forma novas

iniciativas de competitividade e desenvolvimento sustentaacutevel poderatildeo ser exequiacuteveis

em regiotildees economicamente carentes de accedilotildees governamentais

Ainda segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) ldquo o planejamento nessa

concepccedilatildeo propicia a construccedilatildeo de hegemonias atraveacutes das estrateacutegias

prioridades e instrumentos de accedilatildeo onde se abre a possibilidade para a participaccedilatildeo

mais efetiva da sociedade e incorpora-se um maior leque de atores sociaisrdquo

Neste contexto a importacircncia estrateacutegica dos Arranjos Produtivos Locais no

desenvolvimento regional sustentaacutevel vem ganhando forccedila devido a concepccedilatildeo de

organizaccedilatildeo de empresas que desenvolvem suas atividades econocircmicas em um

mesmo espaccedilo geograacutefico Essa forma de organizaccedilatildeo aumenta a participaccedilatildeo dos

diversos atores atuantes no arranjo e propicia a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

26

que venham consolidar o desenvolvimento social econocircmico e ambiental de um

territoacuterio

22 Arranjo Produtivo Local

O economista Alfred Marshall no fim do seacuteculo XIX elaborou o conceito de

distritos industriais em sua obra Princiacutepio de Economia (Marshall 1996) Este

conceito apresenta como padratildeo de organizaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de pequenas

empresas de mesma especialidade econocircmica aglomeradas em um mesmo

territoacuterio com relaccedilotildees articuladas e de proximidade Marshall jaacute ressaltava as

vantagens da vizinhanccedila de empresas do mesmo ramo em uma dada localidade

Esta proximidade permite que os atores pratiquem uma cooperaccedilatildeo ativa e

produtora de sinergia (LE BOURLEGAT 2006)

As vaacuterias estrateacutegias de consolidaccedilatildeo de sistema produtivo local a exemplo

dos distritos industriais italianos tambeacutem chamada de Terceira Itaacutelia (centro e

nordeste italiano) satildeo as que mais se aproximam do conceito de Marshall onde

uma aglomeraccedilatildeo de pequenas empresas eacute organizada por uma divisatildeo de trabalho

baseada no equiliacutebrio entre concorrecircncia e cooperaccedilatildeo funcionando em rede Essa

estrateacutegia impulsiona inovaccedilotildees contiacutenuas e especializa a produccedilatildeo de produtos de

alta qualidade (AMARAL FILHO et al 2002)

Segundo Casarotto Filho e Pires (2001) os distritos industriais italianos satildeo

constituiacutedos de pequenas e meacutedias empresas especializadas em um setor com

modelo altamente competitivo de grande interaccedilatildeo com compartilhamento das

estruturas produtivas e com ambiente social territorial

Para Castanhar (2006) os distritos industriais possuem relaccedilotildees sociais

poliacuteticas e econocircmicas que influenciam o interior do sistema produtivo Neste caso o

sucesso dos distritos depende da dimensatildeo econocircmica (organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

tecnologia mercados produtividade) e das dimensotildees social e poliacutetico-institucional

A partir de 1990 o economista Michael Porter em seu livro Competitive

Advantages of Nations (PORTER 1999) definiu o conceito de cluster como ldquoum

agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e

instituiccedilotildees correlatas numa determinada aacuterea vinculada por elementos comuns e

27

complementaresrdquo ou seja eacute uma concentraccedilatildeo de empresas que se comunicam por

possuiacuterem caracteriacutesticas semelhantes e coabitarem no mesmo local Elas

colaboram entre si e assim se tornam mais eficientes

Segundo Schmitz e Nadvi (1999) o termo cluster eacute definido como sendo uma

concentraccedilatildeo setorial e espacial de empreendimentos com ecircnfase na visatildeo de

empresas conectadas em fatores locais voltados para a competiccedilatildeo em mercados

globalizados

Para Galvatildeo (2000) um cluster pode ser considerado como ldquotodo tipo de

aglomeraccedilatildeo de atividades geograficamente concentradas e setorialmente

especializadas ndash natildeo importando o tamanho das unidades produtivas nem a

natureza da atividade econocircmica desenvolvida podendo ser da induacutestria de

transformaccedilatildeo do setor de serviccedilos e ateacute da agriculturardquo

Amato Neto (2008) afirma que um cluster pode ser estruturado por

aglomeraccedilotildees de empresas envolvendo fornecedores de mateacuteria-prima e

equipamentos canais de distribuiccedilatildeo e de assistecircncia aos seus produtos

Ainda para Amato Neto (2008) um cluster possui um ambiente favoraacutevel para

a divisatildeo de tarefas entre empresas bem como para a especializaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

requisitos indispensaacuteveis para a competiccedilatildeo em mercados externos Neste

ambiente as empresas pertencentes a um cluster possuem grande sinergia

Segundo Porter (1999 p239) a dimensatildeo da competitividade para

aglomerados produtivos sugere novas pautas de accedilotildees para as empresas governos

e instituiccedilotildees Para o autor eacute necessaacuterio dar ecircnfase agrave localizaccedilatildeo e aos espaccedilos

geograacuteficos em que estatildeo inseridas as empresas que aleacutem de competirem

cooperam entre si Esse conceito analisa a natureza da competiccedilatildeo e o papel da

localizaccedilatildeo na identificaccedilatildeo de vantagens competitivas A teoria sobre aglomerados

para o autor busca avaliar os efeitos na competitividade decorrentes da

aproximaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees que estatildeo economicamente interligadas

num determinado territoacuterio

No Brasil pesquisadores preocupados em compreender a natureza e

consequecircncias dos atuais desafios do desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico e

portanto da dificuldade de definir e implementar poliacuteticas adequadas aos mesmos

28

criaram em 1997 a RedeSist7 uma rede de pesquisa interdisciplinar e multi-

institucional sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro - UFRJ contando com a participaccedilatildeo de vaacuterias universidades e institutos de

pesquisa

De acordo com o conceito de sistemas e arranjos produtivos desenvolvido

pela RedeSist quando houver produccedilatildeo de bens ou serviccedilo existiraacute um arranjo que

envolve atividades e atores demandantes de mateacuteria-prima maacutequinas e insumos

Esses arranjos poderatildeo se apresentar em diferentes niacuteveis desde os mais

rudimentares que natildeo possuam uma forte articulaccedilatildeo entre os agentes ateacute os mais

complexos e articulados que apresentam interaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e confianccedila entre os

atores

Em 2002 Albagli e Brito definem Arranjo Produtivo Local ndash APL como

ldquoaglomerados territoriais de agentes econocircmicos poliacuteticos e sociais com foco em

um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas e que apresentam viacutenculos e

interdependecircnciardquo

Neste sentido a formaccedilatildeo de um APL manteacutem ligaccedilatildeo estreita com os fatores

histoacutericos que criam identidades e viacutenculos territoriais com base social cultural

poliacutetica e econocircmica comum Tal formaccedilatildeo cria facilidades para o desenvolvimento

de ambientes favoraacuteveis agrave cooperaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo e agrave confianccedila entre os agentes

locais envolvidos

Lastres e Cassiolato (2003) coordenadores da RedeSist acrescentam

Arranjos Produtivos Locais satildeo aglomeraccedilotildees territoriais de agentes econocircmicos

poliacuteticos e sociais - com foco em um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas -

que apresentam viacutenculos mesmo que incipientes Geralmente envolvem a

participaccedilatildeo e a interaccedilatildeo de empresas - que podem ser desde produtoras de bens

e serviccedilos finais ateacute fornecedoras de insumos e equipamentos prestadoras de

consultoria e serviccedilos comercializadoras clientes entre outros - e suas variadas

formas de representaccedilatildeo e associaccedilatildeo Incluem tambeacutem diversas outras instituiccedilotildees

puacuteblicas e privadas voltadas para formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

(como escolas teacutecnicas e universidades) pesquisa desenvolvimento e engenharia

poliacutetica promoccedilatildeo e financiamento

7 Redisist - httpwwwredesistieufrjbr

29

Em 2005 sentindo a necessidade de ampliar e adequar o conceito de APL

para um novo cenaacuterio econocircmico e social do paiacutes a RedeSist propocircs uma definiccedilatildeo

mais completa O novo conceito denominado Arranjo e Sistema Produtivo e

Inovativo Local ndash ASPIL tem como foco um conjunto especiacutefico de atores e

atividades econocircmicas e que privilegia a investigaccedilatildeo das articulaccedilotildees entre as

empresas associaccedilotildees cooperativas e demais atores que compotildeem o arranjo os

fluxos de conhecimento em particular o taacutecito os processos de aprendizado para

capacitaccedilatildeo produtiva a forma organizacional e inovativa aleacutem da importacircncia da

proximidade geograacutefica e identidade histoacuterica institucional social e cultural com

base em vantagens competitivas e economicamente sustentadas (LASTRES

CASSIOLATO CAMPOS 2006)

A abrangecircncia do conceito acima converge para uma visatildeo de agrupamento

de produtores ou empresas ao conceito de territorialidade tendo como resultado a

construccedilatildeo sociopoliacutetica necessaacuteria para se constituir as bases para um efetivo

pacto territorial em prol do desenvolvimento local de uma regiatildeo Essa conexatildeo

permite que atividades produtivas e territorialidade seja o principal lastro de

sustentabilidade de um APL

Com o objetivo de discutir a dimensatildeo conceitual do que realmente eacute um APL

e quais as vantagens que os agentes participantes desta conformaccedilatildeo

sociogeograacutefica de produccedilatildeo logram Costa (2007 p127) define o termo APL como

Um espaccedilo social econocircmico e historicamente construiacutedo atraveacutes de uma

aglomeraccedilatildeo de empresas (ou produtores) similares eou fortemente inter-

relacionadas ou interdependentes que interagem numa escala espacial local

definida e limitada atraveacutes de fluxos de bens e serviccedilos Para isto desenvolvem

suas atividades de forma articulada por uma loacutegica socioeconocircmica comum que

aproveita as economias externas o binocircmio cooperaccedilatildeo-competiccedilatildeo a identidade

sociocultural do local a confianccedila muacutetua entre os agentes do aglomerado as

organizaccedilotildees ativas de apoio para a prestaccedilatildeo de serviccedilos os fatores locais

favoraacuteveis (recursos naturais recursos humanos cultura sistemas cognitivos

logiacutestica infraestrutura etc) o capital social e a capacidade de governanccedila da

comunidade

Neste caso um APL pode ser entendido como um grupo de atores

pertencentes a um aglomerado produtivo que tecircm como finalidade o crescimento de

uma produccedilatildeo por meio da interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo O autor destaca que o termo

30

APL se refere agrave concentraccedilatildeo de quaisquer atividades similares atuantes em um

mesmo espaccedilo geograacutefico natildeo importando o tamanho das empesas podendo estas

pertencer ao setor primaacuterio secundaacuterio ou ateacute mesmo terciaacuterio variando desde

estruturas artesanais ateacute arranjos de grandes empresas com elevado grau de

tecnologia

A partir dessas definiccedilotildees o entendimento e aplicaccedilatildeo do conceito de APL se

tornou nos uacuteltimos anos uma ferramenta importante no desenvolvimento

socioeconocircmico de uma regiatildeo Entretanto se faz necessaacuterio o compartilhamento e

socializaccedilatildeo desse conceito entre os diversos atores que compotildeem um

agrupamento produtivo sobretudo em territoacuterios que desenvolvem atividades

econocircmicas agriacutecolas e artesanais que ainda possuem baixos iacutendices de

desenvolvimento socioeconocircmico de organizaccedilatildeo produtiva e de inclusatildeo social

Para obtenccedilatildeo desse nivelamento estrateacutegias educacionais com abordagens

especiacuteficas tais como conhecimentos e inovaccedilatildeo se fazem necessaacuterios para que o

conceito de APL seja compreendido por todos os atores e parceiros Essa

compreensatildeo requer a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos instituiccedilotildees de ensino

pesquisa e do setor privado como forma de sensibilizar o agrupamento produtivo

para a importacircncia de um APL e as vantagens que esse aglomerado poderaacute trazer

para um territoacuterio ou mesmo uma regiatildeo

Com essa visatildeo o conhecimento e a inovaccedilatildeo fontes de vantagens

competitivas resultam de um processo de aprendizado interativo e de natureza

social Uma condiccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do aprendizado por

interaccedilatildeo eacute o estabelecimento de uma mesma forma de comunicaccedilatildeo entre os

agentes de modo a facilitar o intercacircmbio de informaccedilotildees Nos APLs normalmente

o canal de comunicaccedilatildeo jaacute estaacute criado o que simplifica o fluxo e a difusatildeo de

informaccedilotildees e conhecimento Em consequecircncia poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a

estruturaccedilatildeo de APLs podem contribuir para a obtenccedilatildeo de vantagens competitivas

advindas dos processos de interaccedilatildeo por parte das empresas inseridas nos arranjos

Neste caso as condiccedilotildees institucionais e culturais permitem o intercacircmbio de

conhecimento sobretudo o conhecimento taacutecito fundamental para o processo

inovativo que traz consigo o conhecimento intriacutenseco dos atores que jaacute participam

de uma aglomeraccedilatildeo produtiva

31

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs

Nesta seccedilatildeo seraacute discutido o conceito de poliacuteticas puacuteblicas e quais as

poliacuteticas existentes voltadas para Arranjos Produtivos Locais no acircmbito federal

estadual e municipal

Poliacuteticas puacuteblicas satildeo accedilotildees governamentais assumidas pelos governos e

instituiccedilotildees puacuteblicas estatais com o objetivo de concretizar os direitos humanos

coletivos ou direitos sociais garantidos em lei Natildeo se pode falar em poliacutetica puacuteblica

dissociada da relaccedilatildeo entre estado e sociedade

As poliacuteticas compreendem tudo o que o Estado faz em prol do

desenvolvimento do paiacutes Nessa compreensatildeo essas poliacuteticas podem oportunizar a

melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo redistribuindo renda e reduzindo as

desigualdades sociais

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo explicitadas sistematizadas ou formuladas em

documentos (leis programas linhas de financiamentos) que orientam accedilotildees que

normalmente envolvem aplicaccedilotildees de recursos puacuteblicos

Tais poliacuteticas tambeacutem traduzem no seu processo de elaboraccedilatildeo e

implantaccedilatildeo e sobretudo em seus resultados formas de exerciacutecio do poder poliacutetico

e econocircmico (accedilotildees governamentais) envolvendo a distribuiccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de

poder o papel do conflito social nos processos de decisatildeo a reparticcedilatildeo de custos e

benefiacutecios socioeconocircmicos

Como o poder eacute uma relaccedilatildeo social que envolve vaacuterios atores com projetos e

interesses diferenciados e ateacute contraditoacuterios haacute necessidade de mediaccedilotildees sociais

e institucionais para que se possa obter um miacutenimo de consenso e assim as

poliacuteticas puacuteblicas possam ser legitimadas e obter eficaacutecia (TEIXEIRA 2002)

O estudo e a anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas que deram subsiacutedios a este

trabalho mostram que algumas regiotildees brasileiras tecircm alcanccedilado destaque no

cenaacuterio nacional cujas atividades econocircmicas e sociais satildeo voltadas para o

desenvolvimento de APLs Esses arranjos vecircm se consolidando a cada dia onde

poliacuteticas satildeo implementadas e executadas de forma adequada agraves necessidades de

cada territoacuterio

32

Ressalta-se que para a obtenccedilatildeo de resultados positivos com a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas satildeo necessaacuterias estrateacutegias de acompanhamento e

de afericcedilatildeo dos resultados alcanccedilados levando-se em consideraccedilatildeo programas que

sejam intensos em conhecimento regional cultural social e que proporcionem

sustentabilidade ambiental

Uma percepccedilatildeo mais holiacutestica do soerguimento de uma regiatildeo recai sobre a

visatildeo da participaccedilatildeo da sociedade na formulaccedilatildeo de poliacuteticas que contemplem a

reduccedilatildeo da desigualdade social e a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e renda principalmente

em aacutereas rurais

Sendo assim na concepccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica vaacuterios fatores devem ser

considerados o desenvolvimento regional como parte essencial da estrateacutegia do

desenvolvimento nacional as vocaccedilotildees econocircmicas existentes em cada regiatildeo a

formulaccedilatildeo de programas que permitam associar as diferentes dimensotildees do

desenvolvimento sustentaacutevel a implantaccedilatildeo de projetos estruturantes e a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas agraves necessidades das comunidades e agraves

condiccedilotildees das diferentes regiotildees e territoacuterios brasileiros

Dentro desta visatildeo a poliacutetica para APL desponta como um indutor de

desenvolvimento econocircmico social e cultural sobretudo em regiotildees produtivas

ainda consideradas de baixa renda

Buscando efetivar accedilotildees que permitam aos estados brasileiros a se

desenvolverem economicamente e com equidade social o Governo Federal tem

monitorado as accedilotildees dos programas governamentais colocados em seu Plano

Plurianual ndash PPA buscando averiguar o desenvolvimento e atuaccedilatildeo desses

programas

Este acompanhamento eacute realizado por oacutergatildeos federais e tem como finalidade

verificar a eficiecircncia dos programas e obter dados que comprovem o

desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes sobretudo das regiotildees mais carentes A

implementaccedilatildeo desses programas tem como prioridades a inclusatildeo social de

indiviacuteduos a geraccedilatildeo de emprego e renda a ampliaccedilatildeo de novos empreendimentos

em aacutereas produtivas a fixaccedilatildeo das populaccedilotildees rurais em aacutereas com potencial

econocircmico e cultural para ampliaccedilatildeo de agronegoacutecios o espraiamento da agricultura

familiar e a estruturaccedilatildeo de APLs economicamente viaacuteveis

33

Neste sentido o governo brasileiro tambeacutem tem despertado para a grande

problemaacutetica do desemprego e para o crescente nuacutemero de habitantes nas

metroacutepoles Como alternativa os oacutergatildeos governamentais entenderam que os APLs

podem ser uma estrateacutegia para valorizaccedilatildeo do local empregando pessoas da

comunidade evitando assim o ecircxodo para os grandes centros urbanos

Uma das estrateacutegias que o Governo Federal encontrou para alavancar os

APLs foi a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que apoiem e ajudem no desenvolvimento

dessas aglomeraccedilotildees de empresas e de organizaccedilotildees produtivas Essas poliacuteticas de

incentivos aos arranjos produtivos locais no paiacutes tecircm se tornado consistentes jaacute

sendo possiacutevel visualizar resultados satisfatoacuterios com sua implementaccedilatildeo

(BARROSO SOARES 2009)

Aleacutem do mais as poliacuteticas de desenvolvimento local principalmente aquelas

direcionadas para APLs tecircm gerado respostas positivas aos desafios impostos por

um novo padratildeo social e tecnoloacutegico de produccedilatildeo e pelas novas estrateacutegias de

desenvolvimento regional endoacutegeno

Sendo assim em uma economia que tem como um dos principais elementos

de competitividade a inovaccedilatildeo poliacuteticas que estimulem a cooperaccedilatildeo o aprendizado

e o intercacircmbio de conhecimento tornam-se significativas para que o processo

inovativo produza soluccedilotildees agraves necessidades impostas por esse novo padratildeo vigente

dentro dos arranjos produtivos (GOacuteES GUERRA 2008)

Eacute de relevacircncia ainda frisar que estas accedilotildees de poliacuteticas tanto puacuteblicas como

privadas contribuem para o aprimoramento desses processos inovativos tanto

histoacutericos como sociais e fomentam a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de APLs que

por sua vez permitem um melhor direcionamento das poliacuteticas de desenvolvimento

regional (ALBAGLI BRITO 2002)

Essas iniciativas governamentais segundo Brito e Cassiolato (2002) vecircm se

intensificando cada vez mais no uso de accedilotildees que visam o aumento das

articulaccedilotildees e interaccedilotildees entre empresas eou atores locais O desdobramento

desse processo contribui para a identificaccedilatildeo de fatores relacionados ao grau de

competitividade e perspectivas de desenvolvimento em escala local e regional

Historicamente o estudo das aglomeraccedilotildees produtivas na forma de APLs

ganhou relevacircncia na uacuteltima deacutecada no Brasil a partir de experiecircncias bem-

34

sucedidas de organizaccedilatildeo produtivaindustrial em diferentes paiacuteses em particular na

Itaacutelia Estas experiecircncias chamaram a atenccedilatildeo de diversos oacutergatildeos puacuteblicos e

instituiccedilotildees nacionais e locais que passaram a implementar medidas de apoio para

promover a competitividade das empresas integrantes de aglomeraccedilotildees industriais

(SCHIMIDT FILHO PAULA 2008)

No Brasil a partir de 1997 o conceito de APL e Sistemas Inovativos Locais foi

rapidamente disseminado na esfera do ensino e da pesquisa e na esfera

governamental com a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

No final da deacutecada de 90 a academia passa a discutir a importacircncia do

conceito de APL e incorpora o desejo e a necessidade de promover uma discussatildeo

mais profunda sobre as novas ameaccedilas e oportunidades para os paiacuteses latino-

americanos ndash e particularmente o Brasil ndash diante das mudanccedilas recentes

Com o objetivo de ampliar e divulgar estudos sobre o referido tema em 1997

foi criada a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais ndash

RedeSist sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro

Os pesquisadores participantes dessa rede visam desenvolver trabalhos de

pesquisa e discutir temas que estatildeo relacionados aos novos requerimentos e formas

de desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico bem como averiguar o papel os

objetivos e os instrumentos de poliacuteticas tecnoloacutegicas e industriais adotadas no novo

cenaacuterio internacional Atualmente a RedeSist conta com a participaccedilatildeo de vaacuterias

universidades e institutos de pesquisa no Brasil aleacutem de manter parcerias com

outras instituiccedilotildees da Ameacuterica Latina Europa e Aacutesia (RedeSist 2011)

Os principais resultados das pesquisas realizadas pela RedeSist confirmam

que a aglomeraccedilatildeo de empresas e o aproveitamento das sinergias coletivas geradas

por suas interaccedilotildees vecircm fortalecendo suas chances de sobrevivecircncia e crescimento

constituindo-se em importante fonte geradora de vantagens competitivas

duradouras

A participaccedilatildeo dinacircmica em arranjos produtivos locais tem auxiliado

especialmente as empresas enquadradas como Micro Pequena e Meacutedia Empresa -

MPME a ultrapassarem as barreiras que impedem seu crescimento a produzirem

35

eficientemente e a comercializarem seus produtos em mercados nacionais e ateacute

internacionais

Partindo da necessidade de modernizaccedilatildeo do Estado e de investimentos no

setor produtivo do paiacutes o Governo Federal buscou efetivar poliacuteticas para que os

oacutergatildeos puacuteblicos tivessem maior controle nos seus gastos e que o Brasil investisse

em programas e projetos estruturantes

A ideia dessas poliacuteticas era natildeo mais financiar projetos isolados e sim investir

em projetos coletivos que pudessem beneficiar territoacuterios socioeconocircmicos para as

regiotildees com vocaccedilotildees naturais jaacute identificadas e promotoras de atividades

econocircmicas sustentaacuteveis

Em 1998 o Governo institui o Programa de Estabilidade Fiscal e em 2000 a

Lei de Responsabilidade Fiscal ndash LRF (Lei Complementar 101 de 04 de maio de

2000 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 05052000) Esta lei regulamentava o

planejamento fiscal como forma de orientar os gastos futuros

Em 1999 visando a Reforma do Estado o Governo promulgou a lei 981199

que definia as diretrizes para elaboraccedilatildeo da lei orccedilamentaacuteria de 2000 e em 21 de

julho de 2000 publicou a LEI Nordm 9989 que instituiu o Plano Plurianual ndash PPA para o

quadriecircnio 2000-2003 (Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 27072000) Esse PPA teve como

objetivo elaborar normas para a programaccedilatildeo dos recursos e do ciclo de gestatildeo do

setor puacuteblico definindo as estrateacutegias para a elaboraccedilatildeo do plano e do orccedilamento

bem como o acompanhamento da execuccedilatildeo orccedilamentaacuteria financeira e a avaliaccedilatildeo

do desempenho da accedilatildeo governamental

A incorporaccedilatildeo do conceito de APL como poliacutetica puacuteblica pelo Governo

Federal teve iniacutecio em 1999 no acircmbito do Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia ndash

MCT Em parceria com os Estados da Federaccedilatildeo foram identificados APLs que

tiveram projetos de cooperaccedilatildeo entre institutos de pesquisa e empresas visando

aprimorar produtos e processos oriundos desses aglomerados Foi tambeacutem incluiacuteda

pela primeira vez uma accedilatildeo para APLs no Plano Plurianual do Governo (PPA 2000-

2003) de responsabilidade do MCT (LASTRES 2007)

Neste periacuteodo tambeacutem foram apoiadas pesquisas acadecircmicas tanto de cunho

teoacuterico como empiacuterico financiadas pelas agecircncias vinculadas ao MCT Conselho

36

Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash CNPq e a Financiadora de

Estudos e Projetos ndash FINEP

Reconhecendo a importacircncia dos APLs que refletem uma nova percepccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento em que o local passa a ser visto como eixo

orientador de promoccedilatildeo social o Governo Federal instituiu atraveacutes da Portaria

Interministerial nordm 200 de 03082004 (e reeditada em 24102005) o Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais ndash GTP APL coordenado pelo

Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

O GTP APL tem como finalidade elaborar e propor diretrizes gerais para as

accedilotildees coordenadas de apoio a Arranjos Produtivos Locais Este grupo elaborou em

2004 um Termo de Referecircncia para Poliacutetica Nacional de Apoio ao Desenvolvimento

de Arranjos Produtivos Locais - Versatildeo para discussatildeo do GT Interministerial (MDIC

2004) definindo a caracterizaccedilatildeo de um APL a partir de duas premissas ter um

nuacutemero significativo de empreendimentos no territoacuterio e de indiviacuteduos que atuam em

torno de uma atividade produtiva predominante e compartilhar formas percebidas de

cooperaccedilatildeo e algum mecanismo de governanccedila8 podendo ser incluiacutedas pequenas

meacutedias e grandes empresas

Para solidificar esta poliacutetica o trabalho do GTP APL conta com a participaccedilatildeo

de 33 oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais e tem mapeado 142 APLs

prioritaacuterios (de maior relevacircncia socioeconocircmica) identificados atraveacutes do Plano de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP nos 27 estados brasileiros Outra accedilatildeo

importante orientada pelo GTP APL em todo o Brasil foi a instalaccedilatildeo dos Nuacutecleos

Estaduais que tecircm como objetivo organizar as demandas dos APLs analisar suas

propostas e promover as articulaccedilotildees institucionais com vistas ao apoio demandado

Os Nuacutecleos Estaduais satildeo compostos por entidades dos diversos segmentos da

sociedade capazes de planejar e executar accedilotildees identificadas na elaboraccedilatildeo dos

PDPs (GTP-APL 2007)

A partir de 2007 com o intuito de fomentar projetos produtivos de APLs de

baixa renda e ampliar o alcance de sua atuaccedilatildeo o BNDES utilizando recursos natildeo

8 Mecanismo de governanccedila ndash Existecircncia de canais (pessoas fiacutesicas ou organizaccedilotildees) capazes de Liderar e organizar atores em prol de objetivos comuns nas atividades em APL ou coordenar as accedilotildees dos diferentes atores para o cumprimento de objetivos comuns ou negociar os processos decisoacuterios locais ou promover processos de geraccedilatildeo disseminaccedilatildeo e uso de conhecimentos (MDIC 2004)

37

reembolsaacuteveis do Fundo Social firma parceria com os governos dos Estados

(LASTRES LEMOS KAPLAN GARCEZ MAGALHAtildeES 2010) Esta parceria

objetivava complementar o apoio financeiro concedido pelos Estados a

empreendimentos solidaacuterios de baixa renda contribuindo dessa forma para a

reduccedilatildeo de desigualdades sociais e geraccedilatildeo de trabalho e renda A poliacutetica adotada

tinha como finalidade desenvolver e adensar atividades econocircmicas em aacutereas de

populaccedilotildees de baixa renda cujas caracteriacutesticas produtivas estivessem naturalmente

sendo desenvolvidas como aglomerados produtivos

Outra agecircncia de fomento agrave pesquisa e desenvolvimento de APLs eacute o Fundo

de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash FUNDECI administrado pelo

Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste ndash ETENE do Banco do

Nordeste do Brasil SA ndash BNB Essa agecircncia tem apoiado projetos de pesquisa

difusatildeo e transferecircncia de tecnologia para arranjos produtivos locais no Nordeste

brasileiro9

Tendo em vista que diversas instituiccedilotildees estatildeo aplicando poliacuteticas puacuteblicas

para o desenvolvimento socioeconocircmico voltado para APLs faz-se necessaacuterio

analisar quais as contribuiccedilotildees que tais poliacuteticas tem proporcionado para a

estruturaccedilatildeo de Arranjos Produtivos Locais na Paraiacuteba e quais os entraves

encontrados na sua implementaccedilatildeo

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento

Regional Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs

O conceito de sustentabilidade parte da necessidade de estimular e

potencializar os recursos locais capazes de promover o crescimento econocircmico

social e cultural e de minimizar os impactos ambientais

Haddad (2003) afirma que este conceito natildeo se prende somente a

produtividade dos recursos naturais e de conservaccedilatildeo da base fiacutesica de uma regiatildeo

ou paiacutes mas frisa a importacircncia da equidade interpessoal (sustentabilidade social) e

9 httpwwwbnbgovbrcontentaplicacaosobre_nordestefundecigeradosfundeci_obtendoasp

38

intertemporal (sustentabilidade ambiental) considerando uma regiatildeo que natildeo sofra

com o uso indevido dos recursos naturais por empreendimentos econocircmicos

A importacircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel eacute priorizada

segundo as dimensotildees sociais considerando o processo de organizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo e a participaccedilatildeo da sociedade civil na formataccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

para as regiotildees Este desenvolvimento enfatiza tambeacutem a valorizaccedilatildeo dos recursos

econocircmicos humanos institucionais e culturais

Esse padratildeo de desenvolvimento avalia as capacidades e potencialidades

existentes no territoacuterio Novas poliacuteticas devem proporcionar o fortalecimento de um

ambiente adequado e satisfatoacuterio agrave criaccedilatildeo e implantaccedilatildeo de sistemas produtivos

locais bem como ampliar as relaccedilotildees sociais econocircmicas tecnoloacutegicas e

comerciais entre os diversos atores participantes do processo de desenvolvimento

Partindo desta ideia o conceito de APL pode ser fortalecido se a este for

associada a visatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel enfocando o aprendizado jaacute

adquirido pelos atores a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica capaz de melhorar os sistemas

produtivos e a territorialidade

A estrateacutegia de analisar o APL da Citricultura sob a oacutetica do desenvolvimento

sustentaacutevel teve como objetivo entender o territoacuterio estudado e averiguar o

desenvolvimento socioeconocircmico do APL sua trajetoacuteria e seu crescimento regional

Sendo assim tal anaacutelise permitiu ampliar os conhecimentos sobre a sinergia

coletiva gerada no arranjo e propor accedilotildees para que empresas associaccedilotildees e

cooperativa existentes no aglomerado produtivo sejam indutoras de vantagens

competitivas duradouras

No proacuteximo capiacutetulo eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina da Paraiacuteba bem como suas potencialidades problemas

identificados e as instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo promotoras de poliacuteticas puacuteblicas

para o segmento

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA TANGERINA NA PARAIacuteBA

A partir dos diagnoacutesticos elaborados pela EMEPA (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2006 e LOPES ALBUQUERQUE BRITO 2008) eacute possiacutevel caracterizar o

Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba pois

mesmo natildeo estando consolidado este segmento apresenta um conjunto de

variaacuteveis e accedilotildees de trabalho relacionados a um APL Este aglomerado produtivo

possui produtores participantes de associaccedilotildees nos municiacutepios de produccedilatildeo de

tangerina distribuidores comercializadores (atravessadores) mercado consumidor

demandante organizaccedilotildees voltadas agrave formaccedilatildeo e treinamento de recursos

humanos informaccedilatildeo pesquisa e desenvolvimento instituiccedilotildees de apoio ao fomento

e a regulaccedilatildeo e uma clara percepccedilatildeo de cooperaccedilatildeo e governanccedila atraveacutes da

existecircncia de uma cooperativa

Nesta seccedilatildeo seraacute apresentado o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

como ele estaacute estruturado e quais os problemas que impedem a sua consolidaccedilatildeo

como um arranjo produtivo local sustentaacutevel

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

O Brasil eacute o maior produtor mundial de laranja cuja produccedilatildeo foi

aproximadamente 191 milhotildees de toneladas em 2010 seguido dos Estados Unidos

da Ameacuterica - EUA com 75 milhotildees O Brasil tambeacutem eacute o maior exportador de suco

de laranja concentrado tendo exportado no ano de 2009 aproximadamente 575 mil

toneladas (FAO 2012) Os principais mercados consumidores de suco satildeo a Uniatildeo

Europeia comprando 72 e os Estados Unidos 121 (MDIC 2012)

A cultura ciacutetrica eacute a mais importante dentre as fruteiras cultivadas no Brasil

No entanto a produccedilatildeo brasileira estaacute concentrada em laranjas (cultivares Pera Rio

Valecircncia e Pera Natal) para a fabricaccedilatildeo de suco destinado aos mercados de

exportaccedilatildeo (PEREIRA 2009)

40

O grande propulsor do crescimento da induacutestria ciacutetrica nacional foi a geada

que atingiu em 1962 os pomares da Floacuterida nos Estados Unidos considerados ateacute

entatildeo os maiores produtores mundiais de laranja (NEVES 2010)

A consolidaccedilatildeo da induacutestria brasileira ocorreu definitivamente apoacutes as geadas

que voltaram a castigar a Floacuterida no final da deacutecada de 1980 causando perdas

substanciais na produccedilatildeo americana de laranja Com isso as exportaccedilotildees de suco

brasileiro se firmaram e a induacutestria nacional entrou numa fase de franca expansatildeo

(NEVES 2010)

A citricultura no Brasil desenvolveu-se dessa forma para a oferta de suco ao

mercado internacional Apenas 18 da produccedilatildeo satildeo destinados ao mercado

interno e nesse percentual os citros de mesa aparecem com baixa

representatividade (MAPA 2009)

A produccedilatildeo de citros encontra-se distribuiacuteda em quase todo o territoacuterio

nacional localizando-se principalmente nos estados de Satildeo Paulo Bahia Minas

Gerais Sergipe e Paranaacute (IBGE 2012)

Na regiatildeo Sudeste satildeo produzidos 8414 dos citros ao contraacuterio da regiatildeo

Nordeste responsaacutevel por apenas 912 da produccedilatildeo (MAPA 2009)

A regiatildeo Nordeste possui alguns polos de produccedilatildeo de citros de mesa

todavia natildeo satildeo suficientes para atender a demanda dos mercados de consumo ou

seja a produccedilatildeo de laranjas tangerinas limas aacutecidas e limotildees eacute menor que a

demandada pelo mercado consumidor (MAPA 2009)

Os estados da Bahia e de Sergipe destacam-se como os principais

produtores de citros (principalmente laranja) Entretanto a Paraiacuteba assume o

ranking de maior produtor de tangerina dentre os nove estados nordestinos (Quadro

2)

41

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do Nordeste

Estados Nordestinos produtores

Aacuterea plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Nordeste 3815 41267 10817 17216

Maranhatildeo 23 68 2957 46

Piauiacute 22 182 8273 148

Cearaacute 333 2207 6628 1162

Rio Grande do Norte 20 240 12000 72

Paraiacuteba 1892 14436 7630 4999

Pernambuco 333 3366 10108 2663

Sergipe 431 6586 15281 2314

Bahia 761 14182 18636 5813

Fonte IBGE (2010b)

A produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba (IBGE 2010b) concentra-se no Planalto da

Borborema (Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano) com aproximadamente 3150 ha

cultivados sendo 1892 ha de tangerinas 867 ha de laranjas e 391 ha de lima aacutecida

Tahiti tambeacutem conhecida entre os consumidores brasileiros como limatildeo Tahiti

No Quadro 3 eacute apresentado um comparativo da produccedilatildeo de citros (laranja

tangerina e limatildeo) da Paraiacuteba entre os anos de 2008 e 2010 Verifica-se que houve

um pequeno aumento na aacuterea plantada (44) e na quantidade produzida (33) de

tangerina

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

Produto Ano Aacuterea

plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Tangerina 2008 1812 13974 7711 4261

2010 1892 14404 7630 4999

Laranja 2008 1007 5527 5489 1874

2010 862 5314 6164 1910

Limatildeo 2008 304 2212 7276 1515

2010 391 2527 6462 1602

Fonte IBGE (2008) e IBGE (2010b)

42

A regiatildeo possui um importante diferencial competitivo devido a sua safra

ocorrer nos meses de agosto a dezembro sendo a Paraiacuteba o uacutenico estado brasileiro

a produzir tangerina dancy nesse periacuteodo Essa produccedilatildeo gera forte impacto de

venda pois os valores de comeacutercio estatildeo em franca ascensatildeo Observa-se no

Quadro 3 que o valor pago pela produccedilatildeo aumentou em 17 de 2008 para 2010

Este diferencial competitivo eacute evidenciado por Pozzan e Triboni (2005) onde

afirmam que a oferta de tangerina no paiacutes acumula-se nos meses de abril a

setembro (Quadro 4) ficando os outros meses com uma oferta abaixo da

capacidade dos mercados Nesses meses os preccedilos de comercializaccedilatildeo atingem

patamares bastante compensadores devido agrave baixa oferta de produtos de qualidade

no mercado

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo

Cultura Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Laranja

Tangerina

Lima e lima aacutecida

Manga

Goiaba

Cana

Cafeacute

Soja

Natildeo irrigada hachurado escuro = colheita da safra principal hachurado claro = colheita da safra extemporacircnea

Fonte Pozzan amp Triboni (2005)

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina da Paraiacuteba eacute composto pelos

municiacutepios de Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de

Roccedila Massaranduba e Matinhas pertencentes agrave Mesorregiatildeo do Agreste

Paraibano Nesta regiatildeo concentra-se a maior produccedilatildeo desse fruto de mesa no

Estado Segundo o IBGE (2010b) a produccedilatildeo de tangerina na regiatildeo foi 14404

toneladas em 2010 Na Figura 3 eacute apresentada a produccedilatildeo colhida em 2010 em

cada municiacutepio pertencente ao APL

43

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 2010

Fonte Adaptado do IBGE (2010b)

A plantaccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba estaacute localizada numa altitude acima de

500m o que favorece a existecircncia de um microclima ameno com irregularidades

pluviomeacutetricas ocorrendo em meacutedia de 1000 a 1200 mmano distribuiacutedas de

marccedilo a agosto A partir do mecircs de setembro as chuvas satildeo esparsas ocorrendo

um periacuteodo de veranico A umidade relativa do ar eacute em meacutedia de 85 nos meses

mais frios do ano (maio a agosto) e a temperatura noturna varia de 10 a 18ordmC

Durante o dia a temperatura varia de 20 a 25ordmC nos meses mais frios e acima de

25ordmC no periacuteodo de veratildeo O clima exerce grande influecircncia sobre o vigor e a

longevidade das plantas qualidade e quantidade de frutos (LOPES

ALBUQUERQUE MOURA 2007)

A maioria dos produtores utilizam basicamente matildeo-de-obra familiar e

ocasionalmente contratam trabalhadores durante principalmente o periacuteodo de

colheita Satildeo aproximadamente dois mil pequenos produtores envolvidos com suas

respectivas famiacutelias O setor gera aproximadamente 4000 empregos diretos e 6000

empregos indiretos Os trabalhadores contratados satildeo da regiatildeo e natildeo haacute muitos

empregos formais A citricultura assume uma grande importacircncia para a regiatildeo e

para o Estado devido ao nuacutemero de pessoas envolvidas e agrave geraccedilatildeo de emprego e

renda (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

A citricultura da regiatildeo apresenta-se como tipicamente de minifuacutendio e

familiar com meacutedia de 223 haproprietaacuterio e 83 com um a trecircs membros da famiacutelia

envolvidos na atividade Quanto agrave experiecircncia com o cultivo da laranja 68 dos

44

citricultores vivenciam a atividade haacute mais de dez anos (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2007)

Contudo este segmento ainda possui diversos problemas que impedem o

pleno ecircxito da cultura de tangerina no APL O principal problema eacute a baixa

produtividade com rendimento meacutedio de 7630 kgha muito abaixo da produtividade

de Sergipe e Bahia com 15281 kgha e 18636 kgha respectivamente (Quadro 2)

Aleacutem disso analisando a produccedilatildeo de tangerina nos anos 2008 e 2010

(Quadro 3) verifica-se que houve um crescimento relativamente pequeno

considerando a existecircncia de diversas accedilotildees realizadas por instituiccedilotildees parceiras

atuantes no arranjo em prol do desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo10 Nota-

se inclusive que o rendimento meacutedio caiu 105 nesse periacuteodo

Segundo Lopes Albuquerque e Moura (2006) alguns dos problemas teacutecnicos

identificados como responsaacuteveis por essa baixa produtividade satildeo ausecircncia de

mudas de qualidade (mudas certificadas) espaccedilamentos inadequados adubaccedilatildeo

deficiente manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequado tratos culturais deficientes

problemas fitossanitaacuterios alternacircncia de produccedilatildeo colheita e poacutes-colheita

inadequadas (embalagens improacuteprias) e comercializaccedilatildeo deficitaacuteria

Outros problemas verificados pelo MAPA (2009) foram setor de fornecimento

de insumos eacute precaacuterio e insuficiente estradas vicinais e municipais natildeo satildeo

asfaltadas ainda natildeo haacute empacotadoras de frutas nem nenhuma estrutura para o

beneficiamento eou industrializaccedilatildeo natildeo haacute estruturas para a produccedilatildeo de

borbulhas sementes e mudas certificadas ausecircncia de um local especiacutefico para

armazenagem de insumos (calcaacuterio adubos e defensivos agriacutecolas) natildeo haacute

sistemas de irrigaccedilatildeo implantados as sedes das associaccedilotildees satildeo precaacuterias e muitas

vezes as reuniotildees satildeo realizadas em oacutergatildeos puacuteblicos o que pode desestimular a

participaccedilatildeo efetiva dos associados

Visando observar in loco os problemas identificados acima foram realizadas

visitas teacutecnicas na regiatildeo durante o ano de 2011 para entrevistar os representantes

das associaccedilotildees e da cooperativa dos municiacutepios pertencentes ao APL Essas

10

Na seccedilatildeo 33 seratildeo apresentadas as instituiccedilotildees parceiras atuantes no arranjo e o apoio dessas entidades ao

APL

45

visitas tiveram como objetivo observar a forma como os produtores realizam o

plantio dos pomares de tangerina e a organizaccedilatildeo produtiva existente em cada

municiacutepio Constatou-se que os plantios satildeo realizados sem criteacuterios teacutecnicos

(espaccedilamentos incorretos) e plantados muitas vezes de morro abaixo ocasionando

risco de erosatildeo do solo nos periacuteodos chuvosos

Foi identificada tambeacutem a existecircncia de baixos investimentos em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica bem como a falta de investimentos em sistemas irrigados ou unidades

demonstrativas que elevassem a produtividade do plantio da tangerina no APL

Percebeu-se ainda que os produtores natildeo investem na modernizaccedilatildeo dos

seus plantios pois para eles natildeo existe um esclarecimento sobre a importacircncia de

uma expansatildeo da produccedilatildeo visando o desenvolvimento do agronegoacutecio na regiatildeo

Aleacutem disso verificou-se que a venda da produccedilatildeo sazonal eacute realizada

diretamente entre produtores e atravessadores Estes uacuteltimos compram os frutos nos

pomares ou seja adquirem o lote de tangerina ainda na tangerineira Os

atravessadores ficam responsaacuteveis pela colheita retirando apenas as tangerinas

que tecircm aceitabilidade no mercado e deixando as de tamanho inadequado nos

pomares

Contudo na visita a cidade de Matinhas foi identificada a existecircncia de uma

cooperativa localizada naquele municiacutepio fundada em 1996 por um grupo de

citricultores com o objetivo de obter melhores condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo de

citros produzidos na regiatildeo De acordo com a atual presidente a Cooperativa dos

Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda ndash Coopertange passou por diversos

problemas de gestatildeo o que a impediu de cumprir com suas obrigaccedilotildees junto aos

seus cooperados ateacute 2009

A partir de 2010 a Coopertange sofreu uma reestruturaccedilatildeo e uma nova

diretoria foi eleita Esta diretoria passou a buscar parceiros e projetos que pudessem

ampliar os negoacutecios com a produccedilatildeo de laranja Nesse ano foi elaborado um projeto

para adquirir uma packing house destinada agrave lavagem classificaccedilatildeo e embalagem

de frutos Tal inovaccedilatildeo que ainda se encontra em fase de implantaccedilatildeo (construccedilatildeo

do galpatildeo e aquisiccedilatildeo do equipamento) abriraacute a possibilidade de conquistar novos

mercados e realizar negociaccedilotildees diretas com clientes sem passar por

atravessadores

46

Apesar da referida cooperativa natildeo estar atuando plenamente como empresa

acircncora a mesma tem desenvolvido accedilotildees buscando atingir seus objetivos junto ao

APL Tais accedilotildees foram aprovaccedilatildeo da DAP (Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf) para a

cooperativa o que facilita a venda de forma coletiva da produccedilatildeo de citros

proveniente da agricultura familiar parceria com a UFPB para realizaccedilatildeo de cursos

de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de viveiristas e produccedilatildeo de mudas padronizadas e

certificadas cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos e a formataccedilatildeo do modelo

administrativo da Coopertange a EMEPA (pesquisa para combate da mosca negra)

COOPERAR (projeto de uma faacutebrica para produccedilatildeo de polpa de tangerina) e BNB

(apoio a participaccedilatildeo de feiras e seminaacuterios) Estas accedilotildees visam consolidar a

Coopertange como a principal representante do APL

32 Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional delineada para o trabalho de dissertaccedilatildeo apresenta

os niacuteveis de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina

O APL eacute composto por oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais

empresas associaccedilotildees de produtores rurais e uma cooperativa As relaccedilotildees entre

esses oacutergatildeos determinam uma estrutura organizacional que define a dinacircmica do

arranjo

Na Figura 4 eacute apresentada essa estrutura organizacional com os niacuteveis de

atuaccedilatildeo e de envolvimento de cada instituiccedilatildeo A Coopertange eacute responsaacutevel pelo

diaacutelogo entre os produtores e as instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

Esta cooperativa tambeacutem eacute responsaacutevel pelo fomento agrave comercializaccedilatildeo e

inclusatildeo social dos seus cooperados Atualmente a referida cooperativa apesar de

contar com apenas 40 cooperados produtores e liacutederes das associaccedilotildees que

pertencem ao APL vem se estruturando para assumir a governanccedila do arranjo

No primeiro ciacuterculo (Figura 4) satildeo apresentados os municiacutepios que compotildeem

o arranjo caracterizados pela distacircncia entre eles e a Coopertange de no maacuteximo 35

quilocircmetros e por terem como principal atividade a produccedilatildeo de tangerina dancy Em

cada municiacutepio existe uma associaccedilatildeo de produtores rurais responsaacutevel pelas

47

reivindicaccedilotildees dos seus associados e atua como interlocutora junto agrave empresa

acircncora e agraves instituiccedilotildees parceiras

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

No segundo ciacuterculo pode-se visualizar a infraestrutura para o

desenvolvimento do arranjo composta por instituiccedilotildees de apoio teacutecnico fomento e

inovaccedilatildeo Dentre os apoios mais relevantes encontram-se extensatildeo rural

(EMATER) pesquisa e transferecircncia de tecnologia (UFPB UFCG EMBRAPA

UEPB e EMEPA) serviccedilo de apoio agrave capacitaccedilatildeo teacutecnica e tecnoloacutegica (UFPB

Escola Teacutecnica Agriacutecola de Lagoa Seca e SENAR) fomento e creacutedito rural (BB BNB

e Caixa Econocircmica Federal) oacutergatildeos governamentais responsaacuteveis pelas poliacuteticas

puacuteblicas (Governo do Estado Prefeituras Municipais MAPA MDA e CONAB)

organizaccedilotildees sindicais (FAEPA Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Associaccedilotildees

dos Produtores Rurais) serviccedilo de apoio agrave estruturaccedilatildeo de micro e pequenas

empresas (SEBRAE) e Foacuterum de Fruticultura da Borborema Este uacuteltimo tem uma

atuaccedilatildeo importante na organizaccedilatildeo do APL pois busca arregimentar todos os

parceiros visando trazer soluccedilotildees para o soerguimento do setor

48

No terceiro ciacuterculo estatildeo representados os empreendimentos de suporte ao

segmento (implementos agriacutecolas e fornecedores de insumo) logiacutestica (transporte

armazenamento e entrega) manutenccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (empresas

especializadas em metal-mecacircnica existente no distrito industrial de Campina

Grande) venda de veiacuteculos utilitaacuterios escritoacuterio de design (criaccedilatildeo de embalagens

roacutetulos e programaccedilatildeo visual para as empresas) e faacutebricas de embalagens

(localizadas em Campina Grande) Na regiatildeo encontra-se tambeacutem matildeo-de-obra

qualificada (agrocircnomos e especialistas em fruticultura) para atender as demandas

especiacuteficas do segmento da citricultura

A estrutura organizacional formatada tem como finalidade mapear os

principais parceiros envolvidos no arranjo e apresentar uma forma estruturada de

visualizaccedilatildeo dos atores com potencial para atender agraves demandas objetivando a

melhoria da produtividade da tangerina o aumento da competitividade do setor e a

organizaccedilatildeo dos produtores para buscar novos nichos de mercado

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL

Nesta seccedilatildeo seratildeo descritas algumas poliacuteticas puacuteblicas identificadas para o

arranjo oriundas de programas governamentais e entidades parceiras natildeo

governamentais que vecircm atuando no desenvolvimento socioeconocircmico do territoacuterio

em que se insere o APL

Para melhor compreensatildeo dessas poliacuteticas faz-se necessaacuterio conhecer as

instituiccedilotildees que atuam no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina e seu objetivos visando entender o apoio dessas entidades ao APL

estudado Tais objetivos satildeo descritos na seccedilatildeo 331

Em seguida na seccedilatildeo 332 eacute apresentado um histoacuterico das poliacuteticas puacuteblicas

implementadas para APLs na Paraiacuteba e que vecircm contribuindo para a consolidaccedilatildeo

do APL

49

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo

De acordo com os dados coletados durante a pesquisa documental e em

visitas teacutecnicas foram identificadas as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais mais atuantes no arranjo sendo elas MAPA SEDAP EMEPA

EMATER PMM UFPB SEBRAE e STRM

O Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA eacute

responsaacutevel pela gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de estiacutemulo agrave agropecuaacuteria pelo

fomento do agronegoacutecio e pela regulaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo de serviccedilos vinculados ao

setor O MAPA busca integrar sob sua gestatildeo os aspectos mercadoloacutegico

tecnoloacutegico cientiacutefico ambiental e organizacional do setor produtivo e tambeacutem dos

setores de abastecimento armazenagem e transporte de safras aleacutem da gestatildeo da

poliacutetica econocircmica e financeira para o agronegoacutecio

O MAPA tem como missatildeo promover o desenvolvimento sustentaacutevel e a

competitividade do agronegoacutecio em benefiacutecio da sociedade brasileira (MAPA 2012)

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca

ndash SEDAP eacute um oacutergatildeo da administraccedilatildeo direta do Governo do Estado da Paraiacuteba e

tem como finalidade formular implementar coordenar e monitorar as poliacuteticas

puacuteblicas voltadas ao desenvolvimento sustentaacutevel da agricultura e da pecuaacuteria

A SEDAP trabalha em sintonia com as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais incentivando o desenvolvimento por meio da interiorizaccedilatildeo das

accedilotildees estrateacutegicas implementadas por seus oacutergatildeos vinculados Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER Empresa Estadual de Pesquisa

Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash EMEPA Empresa Paraibana de Abastecimento e

Serviccedilos Agriacutecolas ndash EMPASA e Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da

Paraiacuteba ndash INTERPA

A missatildeo da SEDAP eacute planejar articular e promover as poliacuteticas de

desenvolvimento rural no Estado atraveacutes da pesquisa assistecircncia teacutecnica extensatildeo

rural defesa sanitaacuteria animal e vegetal regularizaccedilatildeo fundiaacuteria reforma agraacuteria

organizaccedilatildeo das comunidades rurais proteccedilatildeo alimentar e coordenaccedilatildeo das

cadeias produtivas e arranjos produtivos locais (SEDAP 2012)

50

A Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash

EMEPA-PB tem por finalidade o desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico aplicados

agrave agropecuaacuteria do Estado da Paraiacuteba competindo-lhe promover planejar

estimular supervisionar coordenar e executar atividades de pesquisa e

experimentaccedilatildeo colaborar na formaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica do

setor agriacutecola do Estado bem como programar e desenvolver pesquisas

diretamente ou em cooperaccedilatildeo com instituiccedilotildees puacuteblicas compreendidas na aacuterea de

atuaccedilatildeo da SEDAP e apoiar na formulaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica de

ciecircncia e tecnologia relativa ao setor agriacutecola na Paraiacuteba (EMEPA 2012b)

A Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER-PB eacute

uma empresa de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural vinculada agrave SEDAP

integrante do Sistema Brasileiro de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash

SIBRATER Satildeo objetivos baacutesicos da EMATER-PB colaborar com os oacutergatildeos

competentes da SEDAP e do MAPA na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo das poliacuteticas de

assistecircncia teacutecnica e extensatildeo no Estado e planejar coordenar e executar

programas de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural visando agrave difusatildeo de

conhecimentos de natureza teacutecnica econocircmica e social para aumento da produccedilatildeo

e produtividade agriacutecola e a melhoria das condiccedilotildees de vida no meio rural do Estado

da Paraiacuteba de acordo com a poliacutetica de accedilatildeo dos Governos Federal e Estadual

(EMATER 2012)

A Prefeitura Municipal de Matinhas ndash PMM eacute a sede do poder executivo do

municiacutepio de Matinhas O prefeito como representante do executivo tem como

dever acompanhar a execuccedilatildeo dos programas governamentais e fiscalizar a

aplicaccedilatildeo dos recursos A PMM tem como uma de suas principais accedilotildees o estiacutemulo

agrave organizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo Local da Citricultura na regiatildeo de Matinhas

(PMM 2012)

A Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino

superior vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo tem como objetivo promover o

desenvolvimento socioeconocircmico da Paraiacuteba do Nordeste e do Brasil Para tanto

propotildee-se na sua aacuterea de competecircncia a empreender accedilotildees visando

especificamente aos seguintes resultados formar profissionais nos niacuteveis de ensino

fundamental meacutedio superior e de poacutes-graduaccedilatildeo realizar atividades de pesquisa e

51

de extensatildeo pautar as suas atividades acadecircmicas pela busca do progresso das

ciecircncias letras e artes

A missatildeo da UFPB eacute definida como estar integrada agrave sociedade promover o

progresso cientiacutefico tecnoloacutegico cultural e socioeconocircmico local regional e

nacional atraveacutes das atividades de ensino pesquisa e extensatildeo atrelado ao

desenvolvimento sustentaacutevel e ampliando o exerciacutecio da cidadania (UFPB 2012)

O Banco do Nordeste ndash BNB eacute uma instituiccedilatildeo financeira e de concessatildeo de

creacutedito Poreacutem para cumprir a missatildeo de desenvolvimento em uma regiatildeo com

muitas potencialidades ainda natildeo exploradas o BNB entende que o creacutedito eacute

necessaacuterio mas natildeo deve ser o uacutenico serviccedilo oferecido Esta instituiccedilatildeo busca

contribuir para garantir a sustentabilidade dos empreendimentos financiados

associada agrave melhoria das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo nordestina

Dentre as accedilotildees e instrumentos criados pelo Banco destacam-se os Agentes

de Desenvolvimento as Agecircncias Itinerantes as Poliacuteticas de Desenvolvimento

Territorial o CREDIAMIGO o PRONAF e o Programa de Desenvolvimento do

Turismo no Nordeste - PRODETUR no apoio agrave infraestrutura turiacutestica regional

A missatildeo do BNB eacute atuar como agente catalisador do desenvolvimento

sustentaacutevel do Nordeste integrando-o na dinacircmica da economia nacional (BNB

2012)

O Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash

SEBRAE-PB eacute uma instituiccedilatildeo voltada agrave concepccedilatildeo e execuccedilatildeo de iniciativas de

apoio aos empreendimentos de micro e pequeno porte Em razatildeo da importacircncia do

segmento para a geraccedilatildeo de emprego e de riqueza cabe ao SEBRAE colaborar

com accedilotildees e projetos para a consolidaccedilatildeo de um modelo de

desenvolvimento sustentaacutevel baseado na facilitaccedilatildeo do acesso a insumos

produtivos ndash conhecimento creacutedito tecnologia e capacitaccedilatildeo ndash para todos aqueles

que investem ou pretendem investir em uma atividade produtiva

Mais do que uma provedora de soluccedilotildees educacionais para o empreendedor

(treinamentos consultorias eventos teacutecnicos) a instituiccedilatildeo busca tambeacutem contribuir

para a geraccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis agrave valorizaccedilatildeo e ao estiacutemulo do

empreendedorismo Este estiacutemulo tem como finalidade o aumento da

competitividade de empresas e produtos visando fortalecer as vocaccedilotildees

52

econocircmicas e promover o desenvolvimento da Paraiacuteba no contexto nacional e

internacional

A missatildeo do SEBRAE eacute promover a competitividade e o desenvolvimento

sustentaacutevel das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas - STRM eacute uma

entidade sindical sem fins lucrativos com sede no municiacutepio de Matinhas Estado da

Paraiacuteba e eacute regido pela legislaccedilatildeo em vigor pelos Estatutos da Confederaccedilatildeo

Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG e da Federaccedilatildeo dos

Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba - FETAG-PB bem como pelo

seu regimento e estatuto

Satildeo objetivos do STRM defender os interesses coletivos e individuais da

categoria trabalhadora rural do municiacutepio inclusive em questotildees judiciais ou

administrativas desenvolver organizar e apoiar as accedilotildees que visem a conquista de

melhores condiccedilotildees de vida e de trabalho para a categoria trabalhadora rural e para

o conjunto da classe trabalhadora e defender e lutar pela manutenccedilatildeo e ampliaccedilatildeo

das liberdades e garantias democraacuteticas como instrumento de defesa dos direitos e

conquistas dos trabalhadores trabalhadoras e suas organizaccedilotildees

Aleacutem disso o sindicato deve ainda participar da elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de um projeto de desenvolvimento rural sustentaacutevel e solidaacuterio visando a

valorizaccedilatildeo e fortalecimento da agricultura familiar com o estabelecimento de uma

poliacutetica agriacutecola diferenciada e a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo comercializaccedilatildeo

financiamento e assessoramento teacutecnico que promova o desenvolvimento social e

econocircmico dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (STRM 1972)

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba

Em 1997 o Governo do Estado da Paraiacuteba com o apoio do MCTCNPq criou

o Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores Econocircmicos

Tradicionais ndash COMPET visando promover o desenvolvimento industrial a partir de

uma visatildeo regional com vocaccedilatildeo econocircmica preexistente Essa iniciativa gerou

accedilotildees voltadas para a modernizaccedilatildeo dos setores econocircmicos tradicionais (Tecircxtil e

Confecccedilatildeo Couro e Calccedilados e Sucro-alcooleiro) e tinha como objetivo potencializar

53

as cadeias produtivas de cada segmento atraveacutes da estruturaccedilatildeo de micro e

pequenas empresas em municiacutepios polarizadores dessas atividades O programa do

Governo do Estado promovia uma interaccedilatildeo entre essas empresas e as instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais apoiadoras do programa Tal poliacutetica foi uma

das primeiras iniciativas a ser trabalhada pelo Estado como proposta de

agrupamentos produtivos

Os resultados obtidos com a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica para o setor Couro

e Calccedilados foram implantaccedilatildeo da Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos em Couro

de Ribeira de Cabaceiras Ltda ndash ARTEZA modernizaccedilatildeo do Curtume Coletivo

Miguel de Souza Meira como unidade de beneficiamento de peles e couros

utilizando tanino vegetal extraiacutedo do angico e estruturaccedilatildeo de 16 oficinas de

confecccedilatildeo em couro de sandaacutelias masculinas e femininas chapeacuteus boneacutes

acessoacuterios e produtos de decoraccedilatildeo Para o setor Sucroalcooleiro foi estruturada a

unidade Chatilde dos Jardins localizada no Campus II da UFPB no municiacutepio de Areia

Esta unidade teve como objetivo transferir a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica para os engenhos

da regiatildeo bem como capacitar produtores e teacutecnicos na produccedilatildeo de cachaccedila de

qualidade No setor Tecircxtil e Confecccedilatildeo foi implantado o primeiro Laboratoacuterio de

Vestuaacuterio da Paraiacuteba ndash LABVEST no Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado

Albano Franco ndash CTCCSENAI em Campina Grande-PB Este laboratoacuterio tinha como

finalidade atender agraves micro e pequenas empresas do setor atraveacutes de consultorias

especializadas plotagem de peccedilas padratildeo utilizadas na induacutestria de confecccedilatildeo e

cursos de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de matildeo-de-obra qualificada (COMPET 2007)

No ano de 2000 a Secretaria Estadual de Induacutestria Comeacutercio Turismo

Ciecircncia e Tecnologia ndash SICTCT da Paraiacuteba a partir dos resultados positivos obtidos

com o programa COMPET adotou como poliacutetica de expansatildeo empresarial o

conceito de arranjo produtivo local para fomentar o desenvolvimento

socioeconocircmico nas regiotildees com vocaccedilotildees produtivas priorizadas pelo Estado

Essa poliacutetica resultou no apoio a programas voltados para a

caprinovinocultura e artesanato As principais accedilotildees da caprinovinocultura foram

melhoramento geneacutetico de caprinos e ovinos visando o aumento do plantel na

Paraiacuteba e implantaccedilatildeo do Programa do Leite como projeto de seguranccedila alimentar

para famiacutelias carentes o que permitiu a instalaccedilatildeo de vaacuterias unidades de

beneficiamento de leite de cabra no Cariri paraibano As accedilotildees realizadas pelo

54

Programa de Artesanato promoveu o mapeamento do artesanato conforme as

tipologias desenvolvidas nas diversas regiotildees do Estado fomentou a melhoria da

qualidade de peccedilas artesanais promoveu a vinda de consultores especialistas para

capacitar artesatildeos e aumentou a inclusatildeo de artesatildeos na produccedilatildeo de peccedilas

artesanais com grande aceitaccedilatildeo de mercado

Em 2004 o Governo Estadual incluiu o Programa de Apoio ao

Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais no seu PPA (2004-2007) como

poliacutetica indutora de desenvolvimento econocircmico e de inclusatildeo social Essa decisatildeo

governamental permitiu que arranjos produtivos recebessem accedilotildees voltadas para a

organizaccedilatildeo produtiva e estruturaccedilatildeo do setor de forma a beneficiar cooperativas

micro e pequenas empresas com potencial competitivo Os setores incluiacutedos no PPA

foram Couro-Calccedilados e Afins Mineral Piscicultura Algodatildeo Colorido Fruticultura

aleacutem da caprinovinocultura e artesanato (SICTCT 2004)

Entendendo a importacircncia dos APLs para o Estado e visando seu

desenvolvimento o Governo Estadual em 27042007 criou atraveacutes de ata

seguindo a orientaccedilatildeo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio

Exterior ndash MDIC o Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba ndash Nuacutecleo APL-PB Este nuacutecleo tinha como objetivo ser uma instacircncia de

caraacuteter institucional capaz de fomentar o desenvolvimento socioeconocircmico do

Estado Para tanto foi elaborada a Minuta de Constituiccedilatildeo do Nuacutecleo contendo os

objetivos especiacuteficos estrateacutegia e papel do nuacutecleo na elaboraccedilatildeo dos Planos de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP composiccedilatildeo do Nuacutecleo Executivo parcerias

operacionalizaccedilatildeo dos APLs experiecircncias positivas e desafios bem como o

Regimento Interno do Nuacutecleo APL-PB

O referido Nuacutecleo foi constituiacutedo pelas seguintes instituiccedilotildees Secretaria de

Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE Secretaria de

Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente - SECTMA Secretaria de

Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo - SEPLAG

Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca - SEDAP

Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash

SEBRAEPB Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Federaccedilatildeo da

Agricultura do Estado da Paraiacuteba ndash FAEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do

Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

55

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG Universidade Estadual da

Paraiacuteba ndash UEPB e representante da classe trabalhadora do Estado da Paraiacuteba

Em 2008 como forma de promover a transferecircncia de tecnologias resultantes

de pesquisas validadas a Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria S A ndash

EMEPA institui a Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais ndash

CAAPL Essa coordenadoria tem como objetivo promover e acompanhar junto aos

APLs a transferecircncia de teacutecnicas e tecnologias adequadas agraves atividades produtivas

pesquisadas no acircmbito da EMEPA Os APLs apoiados pela EMEPA satildeo

Caprinovinocultura Bovinocultura de Leite Fruticultura Tropical (citros abacaxi

manga goiaba cajaacute e umbu) Mandioca e Cultura do Inhame (EMEPA 2012a)

Em 2009 o Decreto ndeg 30853 de 13 de novembro de 2009 instituiu o Nuacutecleo

Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da Paraiacuteba passando a se

chamar Nuacutecleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos

Locais da Paraiacuteba ndash NEAPLrsquosPB cuja finalidade eacute o fortalecimento dos APLs como

estrateacutegia para fomentar o desenvolvimento sustentaacutevel de regiotildees e aplicar a

poliacutetica puacuteblica instituiacuteda pelo Governo Federal no desenvolvimento econocircmico

social e cultural em que estatildeo inseridos os APLs da Paraiacuteba Neste decreto foi

modificada a representatividade das instituiccedilotildees passando a ser composto por

Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE

Secretaria de Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo -

SEPLAG Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca -

SEDAP Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente -

SECTMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Serviccedilo de Apoio

agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash SEBRAEPB Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba - EMATER Empresa Estadual de

Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A - EMEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa

do Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG e Universidade Estadual da

Paraiacuteba - UEPB

Outro parceiro que se fez presente desde 2009 foi o BNDES que atraveacutes de

Contrato de Concessatildeo e Colaboraccedilatildeo Financeira Natildeo-Reembolsaacutevel nordm 09215191

em parceria com o Governo do EstadoFUNCEP-PB disponibilizou o 1ordm Edital 2009-

Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

56

Paraiacuteba tendo sido aprovado 33 projetos que beneficiam APLs de baixa renda Este

edital teve o aporte de R$ 7 milhotildees oriundos do BNDES e R$ 7 milhotildees de

contrapartida do Governo do Estado via Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da

Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash FUNCEP-PB Os APLs beneficiados com esse

edital foram Artesanato Fruticultura Leite Bovino Mandiocultura Apicultura

Algodatildeo Colorido Sisal Confecccedilatildeo Floricultura Ostreicultura Avicultura

Piscicultura Caprinocultura Hortifrutigranjeiro e Gastronomia (mandioca e coco)

Em 2010 a EMEPA formalizou um convecircnio com o BNB visando o apoio agrave

transferecircncia de tecnologias geradas e validadas pela referida empresa de pesquisa

para os seguintes APLs bovinocultura de leite fruticultura nos segmentos de uva

banana tangerina e abacaxi e caprinovinocultura Esses APLs foram priorizados

pelo Governo do Estado EMEPA e BNB

Outra instituiccedilatildeo que vem atuando de forma proativa em APLs de micro e

pequenas empresas incluindo as cooperativas eacute o Serviccedilo de Apoio agraves Micros e

Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash SEBRAE-PB Este oacutergatildeo tem desenvolvido suas

accedilotildees com o apoio da RedeSist na construccedilatildeo de conhecimentos teoacutericos e

metodoloacutegicos sobre aglomerados produtivos Como resultado foram gerados

estudos sobre inovatividade e cooperaccedilatildeo de APLs no Estado da Paraiacuteba

(LASTRES 2006)

Com a finalidade de integrar as accedilotildees de estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do

arranjo o Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA juntamente

com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca ndash

SEDAP vem atuando nos municiacutepios participantes do APL com a concessatildeo de

mudas fiscalizadas e certificadas de tangerina buscando a melhoria dos pomares e

o aumento da produtividade

Essa iniciativa teve iniacutecio nos anos de 2007 e 2008 quando foi desenvolvida

uma parceria entre a PMM MAPA e Embrapa Cruz das Almas ndash BA que concedeu

diversas variedades de copas porta enxertos e combinaccedilotildees de enxertias visando

averiguar quais as combinaccedilotildees que melhor se adaptariam ao clima e solo do Brejo

paraibano

A parceria com as referidas instituiccedilotildees fomentou a implantaccedilatildeo de duas

Unidades Demonstrativas de Citros A primeira unidade foi instalada no municiacutepio de

57

Areia no Campus II da UFPB servindo de laboratoacuterio de pesquisa da citricultura

para professores e alunos do curso de Agronomia A segunda unidade foi instalada

em uma aacuterea concedida pela Prefeitura Municipal de Matinhas Esta unidade natildeo

teve acompanhamento teacutecnico e manejo correto o que ocasionou a morte de boa

parte das mudas

Em 2009 o Foacuterum de Fruticultura da Borborema em parceria com a

Embrapa-BA e a UFPB implantou mais seis Unidades Demonstrativas em aacutereas de

plantio dos produtores participantes do arranjo As unidades foram distribuiacutedas da

seguinte forma duas unidades em Alagoa Nova duas unidades em Lagoa Seca

uma em Esperanccedila e uma em Matinhas

Tais unidades tiveram como objetivo promover a transferecircncia de tecnologias

para os produtores beneficiados por essa poliacutetica Entretanto foi observado que

essa accedilatildeo ficou comprometida devido a falta de compromisso e acompanhamento

das instituiccedilotildees parceiras bem como pela falta de adubaccedilatildeo por parte dos

produtores e de assistecircncia teacutecnica pelos oacutergatildeos que promovem ATER na regiatildeo

Outra instituiccedilatildeo presente no arranjo eacute a Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e

Extensatildeo Rural da Paraiacuteba ndash EMATER que tem como principais accedilotildees atraveacutes de

seu escritoacuterio regional o acompanhamento do cultivo da tangerina a orientaccedilatildeo

teacutecnica e o manejo adequado do plantio No entanto esta assistecircncia eacute falha e

descontiacutenua devido agrave empresa possuir um corpo teacutecnico reduzido dificuldades com

transporte para os teacutecnicos e falta de logiacutestica para executar as atividades no

campo

O municiacutepio de Matinhas por ser o principal produtor de tangerina possui

uma prefeitura bastante atuante na implementaccedilatildeo de accedilotildees e busca de parcerias

para promover o desenvolvimento da atividade na regiatildeo A relevacircncia dessas accedilotildees

fez com que fosse implantado no municiacutepio o Parque da Laranja Nesse local satildeo

realizados eventos culturais seminaacuterios feiras de negoacutecio e a Festa da Laranja que

jaacute estaacute consolidada no calendaacuterio estadual de eventos A Prefeitura de Matinhas

tambeacutem envida esforccedilos para que o projeto da packing house seja concretizado A

mesma concedeu a aacuterea onde esta sendo construiacutedo o galpatildeo que abrigaraacute a

packing

58

Como visto neste capiacutetulo foram apresentadas as caracteriacutesticas do APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais que atuam no arranjo bem como as principais poliacuteticas executadas

por essas instituiccedilotildees No entanto faz-se necessaacuterio o uso de uma metodologia que

possa analisar o arranjo nas diversas fases de organizaccedilatildeo e averiguar a efetividade

das poliacuteticas implementadas como condicionante de desenvolvimento No proacuteximo

capiacutetulo seraacute apresentada a metodologia a ser utilizada nesta pesquisa

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA

Este capiacutetulo apresenta a metodologia utilizada para o desenvolvimento da

pesquisa descrevendo os procedimentos metodoloacutegicos que permitiratildeo uma

compreensatildeo do estudo proposto bem como a justificativa para a escolha da

amostra dos entrevistados e para a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta de dados

primaacuterio

O meacutetodo aplicado nesta pesquisa partindo do conceito descrito por Vergara

(2010 p42) utiliza a investigaccedilatildeo descritiva pois o objeto de estudo possui

ldquocaracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo ou de determinado fenocircmeno que podem

tambeacutem estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis e definir sua natureza Este meacutetodo

natildeo tem compromisso de explicar os fenocircmenos que descrevem embora sirva de

base para tal explicaccedilatildeordquo No caso deste trabalho se faz necessaacuterio entender a

atuaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas existente para o aglomerado produtivo em estudo a

partir do levantamento da aplicaccedilatildeo de tais poliacuteticas e quais as suas contribuiccedilotildees

para o desenvolvimento do APL

O problema pesquisado foi tratado de forma qualitativa pois neste caso

existe a necessidade de se entender o Arranjo Produtivo Local da Citricultura -

Segmento Tangerina segundo a visatildeo dos atores que compotildeem o APL A partir

deste entendimento foi analisado como esses atores percebem a contribuiccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas para o referido segmento e a influecircncia dessas poliacuteticas para o

desenvolvimento regional

Segundo Godoy (1995) a pesquisa se desenvolve de acordo com a

perspectiva dos stakeholders11 na qual o pesquisador busca compreender os

problemas sob a oacutetica desses atores

O trabalho tambeacutem utiliza a pesquisa de natureza exploratoacuteria com a

finalidade de conseguir uma maior compreensatildeo do problema investigado Para tal

11 Stakeholders - partes interessadas que devem estar de acordo com as praacuteticas de governanccedila corporativa

executadas pela empresa

60

compreensatildeo foram revisados temas como poliacuteticas puacuteblicas para APL de baixa

renda desenvolvimento regional e competitividade sistecircmica

Inicialmente foram levantados dados secundaacuterios a partir de uma revisatildeo

bibliograacutefica (documentos arquivos e publicaccedilotildees) para que se pudesse obter uma

compreensatildeo dos fatos observados in loco sobre o arranjo produtivo local e sua

estrutura organizacional

As fontes de evidecircncias utilizadas para o estudo de caso que serviram de

base documental para fundamentar a pesquisa foram documentaccedilatildeo sobre as

poliacuteticas puacuteblicas existentes (leis decretos e outros documentos governamentais)

registros em arquivos (mapas tabelas e dados estatiacutesticos) observaccedilotildees diretas

realizadas in loco coletas de dados atraveacutes da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios e

entrevistas aleacutem de outras fontes que deram subsiacutedios agrave pesquisa tais como livros

artigos e bibliotecas virtuais

Neste sentido como forma de validar o trabalho de pesquisa foi realizado um

estudo de caso sobre o tema pois este meacutetodo segundo Yin (2004) contribui para

a compreensatildeo dos fenocircmenos individuais organizacionais e poliacuteticos de uma

regiatildeo

Segundo Lazzarini (1997) o estudo de caso pode ser uacutetil em termos

qualitativos pois o objetivo principal eacute a contextualizaccedilatildeo do problema natildeo se

propondo apenas a determinar a ocorrecircncia de um dado fenocircmeno no universo

pesquisado

O estudo de caso deste trabalho compreendeu os seis municiacutepios que

compotildeem o APL sendo Matinhas a cidade referecircncia do arranjo por se tratar do

municiacutepio onde sua principal atividade econocircmica eacute a tangerina e por ser o maior

produtor da regiatildeo

A amostra pesquisada eacute composta de cinco associaccedilotildees e uma cooperativa

cujos entrevistados satildeo produtores de tangerina e liacutederes da regiatildeo A pesquisa

tambeacutem incluiu na amostra nove instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

A escolha deste universo teve como base a representatividade de cada organizaccedilatildeo

dentro do arranjo e atende aos criteacuterios metodoloacutegicos da anaacutelise qualitativa que

este trabalho pretende identificar

61

41 Instrumento de Pesquisa

Visando buscar subsiacutedios que permitam a caracterizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba um levantamento de dados

foi realizado utilizando a teacutecnica de entrevista guiada por um formulaacuterio direcionado

para os gestores das instituiccedilotildees selecionadas (Apecircndice A) e outro para os

produtores de tangerina liacutederes na regiatildeo (Apecircndice B)

Segundo Gil (2008) a entrevista tem como caracteriacutestica a formataccedilatildeo de uma

lista de perguntas denominada de questionaacuterio ou formulaacuterio Neste trabalho o

termo formulaacuterio foi adotado tendo em vista que as entrevistas aconteceram face a

face com cada entrevistado e as respostas registradas pelo entrevistador

Os formulaacuterios aplicados nas instituiccedilotildees satildeo semiestruturados com o

objetivo de avaliar o interesse e motivaccedilatildeo dessas Instituiccedilotildees em trabalhar com o

APL aleacutem de avaliar a cooperaccedilatildeo entre esses atores e identificar as accedilotildees

realizadas em prol da sustentabilidade dessa atividade na regiatildeo A pesquisa traccedilou

o cenaacuterio atual do aglomerado descrevendo como satildeo escolhidos os beneficiaacuterios

as principais demandas do arranjo as dificuldades para implementaccedilatildeo das

poliacuteticas e os projetos jaacute realizados e em andamento

Para os produtores de tangerina optou-se por um formulaacuterio semiestruturado

que tem como base o modelo desenvolvido pelo Instituto Alematildeo de

Desenvolvimento ndash IAD (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-STAMER

1994) no qual a competitividade sistecircmica abrange quatro niacuteveis (meta macro

meso e micro) A partir desta metodologia pretende-se identificar as relaccedilotildees de

cooperaccedilatildeo entre os integrantes do arranjo praacuteticas gerenciais relaccedilatildeo entre os

parceiros principais fontes de informaccedilatildeo entre outros

Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos formulaacuterios os resultados obtidos foram analisados e

interpretados com a finalidade de obter subsiacutedios que permitiram avaliar as poliacuteticas

puacuteblicas atuantes no APL

E por uacuteltimo foram identificadas as contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina observando o aumento da produccedilatildeo e

melhoria da qualidade do fruto sua comercializaccedilatildeo em novos nichos de mercado e

a inclusatildeo social dos produtores rurais

62

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da

Pesquisa

O modelo proposto eacute baseado no conceito analiacutetico formulado pelos

pesquisadores Klaus Esser Wolfgang Hillebrand Dirk Messner e Joumlrg Meyer-Stamer

do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD no iniacutecio dos anos 90

Para esses pesquisadores a competitividade eacute entendida de maneira

sistecircmica contribuindo para o desenvolvimento socioeconocircmico em niacuteveis

municipal regional estadual ou nacional (Figura 5)

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD

12

Fonte Esser Hillebrand Messner Meyer-Stamer (1994)

Sob este enfoque os autores afirmam que a competitividade eacute tambeacutem fruto

de diaacutelogo e tomada de decisotildees conjuntas pelos grupos de atores envolvidos

Para que ocorra a modernizaccedilatildeo econocircmica e o desenvolvimento da

competitividade sistecircmica faz-se necessaacuteria a formaccedilatildeo de estruturas em toda a

sociedade O desenvolvimento dessa competitividade eacute portanto um projeto de

transformaccedilatildeo social que vai aleacutem de uma simples correccedilatildeo do contexto

macroeconocircmico

12

httpwwwmeyer-stamerdesystemichtml

63

O desenvolvimento da competitividade abordada pelos autores pode ser

impulsionada com a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que venham contribuir na

consolidaccedilatildeo de aglomerados produtivos O papel do governo neste caso se faz

presente agrave medida que as poliacuteticas nacionais incrementam a competitividade e

transformam um territoacuterio em um ambiente macroeconocircmico poliacutetico social e

ambiental fortemente constituiacutedo onde um aglomerado de empresas associaccedilotildees

ou cooperativas atuam com sucesso

No modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD as poliacuteticas

puacuteblicas atuam nos quatro niacuteveis da competitividade sistecircmica conforme

apresentado no modelo mencionado (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-

STAMER 1994)

a) Niacutevel Meta Neste niacutevel existe um conjunto de fatores que permite a formaccedilatildeo

de um consenso social sobre a necessidade de uma poliacutetica econocircmica voltada

para o mercado mundial ldquo() um padratildeo baacutesico de organizaccedilatildeo juriacutedica poliacutetica

econocircmica e macrossocial que permita aglutinar as forccedilas dos atores

potencializar as vantagens nacionais de inovaccedilatildeo crescimento econocircmico e

competitividade e colocar em marcha processos sociais de aprendizagem e

comunicaccedilatildeordquo (ESSER et al 1994 p 1) por fim ldquo() a disposiccedilatildeo e a

capacidade de implementar uma estrateacutegia de meacutedio a longo prazo com vistas

ao desenvolvimento tecnoloacutegico-industrial orientado agrave competitividaderdquo (ESSER

et al 1994 p 1)

b) Niacutevel Macro Este niacutevel engloba as poliacuteticas macroeconocircmicas tais como as

poliacuteticas cambial monetaacuteria fiscal e a poliacutetica de comeacutercio exterior (evidenciada

pela conexatildeo da economia nacional em mercados internacionais) e das poliacuteticas

de regulamentaccedilatildeo da concorrecircncia entre as empresas as quais impedem a

formaccedilatildeo de monopoacutelios e carteacuteis

c) Niacutevel Meso Refere-se agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo em que estatildeo inseridas as

empresas agrave dotaccedilatildeo de fatores de produccedilatildeo desses espaccedilos e agraves poliacuteticas

implementadas que venham contribuir para essa consolidaccedilatildeo tais como a

poliacutetica de infraestrutura fiacutesica (transporte energia e telecomunicaccedilotildees) a

poliacutetica de infraestrutura industrial a poliacutetica educacional (qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra) e as poliacuteticas ambientais e regionais Este niacutevel abrange tambeacutem as

poliacuteticas seletivas de importaccedilatildeo e de exportaccedilatildeo

64

d) Niacutevel Micro Refere-se aos fatores de competitividade ligados agrave organizaccedilatildeo

interna das empresas agraves estrateacutegias empresariais e agraves relaccedilotildees

interempresariais Este niacutevel envolve a capacidade de gestatildeo a aplicaccedilatildeo de

best practices em todas as etapas do ciclo de produccedilatildeo (desenvolvimento de

produtos produccedilatildeo propriamente dita e comercializaccedilatildeo) a gestatildeo da inovaccedilatildeo

a integraccedilatildeo em redes de cooperaccedilatildeo tecnoloacutegica a logiacutestica empresarial e a

interaccedilatildeo entre provedores produtores e usuaacuterios

Sendo assim o modelo do IAD difere do proposto por Michael Porter

(PORTER 1999) pois coloca as poliacuteticas puacuteblicas como um dos fatores

determinantes de competitividade das empresas Na visatildeo liberal de Porter a

empresa eacute a unidade de anaacutelise fundamental para a competitividade enquanto no

modelo do IAD a ecircnfase eacute para os aspectos sociais que incluem a accedilatildeo do Estado

e a mobilizaccedilatildeo da sociedade (DINIZ FILHO VICENTINI 2004)

Nesta oacutetica no proacuteximo capiacutetulo seratildeo analisadas como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo aplicadas no APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina utilizando

como ferramenta entrevistas com os gestores das instituiccedilotildees parceiras e com os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa produtores de tangerina do APL

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA

Este capiacutetulo apresenta o resultado da pesquisa de campo realizada com as

instituiccedilotildees que apoiam o Arranjo Produtivo Local da Citricultura - Segmento

Tangerina e com as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores que participam

desse APL analisando as contribuiccedilotildees das poliacuteticas existente e os gargalos que

ainda persistem no setor

Para melhor compreensatildeo os resultados obtidos foram analisados em duas

etapas ou seja foram entrevistados dois tipos de stakeholders O primeiro grupo

gestores das Instituiccedilotildees responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

para o setor O segundo grupo formado pelos produtores e representantes das

associaccedilotildees e da cooperativa dos seis municiacutepios que compotildeem o arranjo produtivo

da tangerina

A pesquisa com esses stakeholders permitiu a obtenccedilatildeo de dados primaacuterios

em que foi possiacutevel identificar a visatildeo das instituiccedilotildees promotoras das poliacuteticas

puacuteblicas como tambeacutem a visatildeo das organizaccedilotildees (associaccedilotildees e cooperativa) e

produtores beneficiados por essas poliacuteticas

Neste capiacutetulo seraacute analisada a efetividade de tais poliacuteticas sob a oacutetica dos

produtores das Instituiccedilotildees Puacuteblicas e das entidades natildeo governamentais atuantes

no APL A partir dessa anaacutelise tenta-se identificar tambeacutem o porquecirc da existecircncia

de diversas poliacuteticas que natildeo conseguem efetivar seus objetivos junto ao setor

produtivo

Para realizar a pesquisa foram utilizados como instrumento de coleta dois

modelos de questionaacuterios que se encontram nos Anexos 1 e 2 As entrevistas

ocorreram nos meses de setembro de 2011 a marccedilo de 2012

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas

As instituiccedilotildees pesquisadas foram aquelas que contribuiacuteram para o

desenvolvimento do APL no periacuteodo de 2008 a 2011 totalizando nove entidades

66

governamentais e natildeo governamentais (MAPA SEDAP EMEPA EMATER PMM

UFPBRedeSist BNB SEBRAE e STRM)13

Tais instituiccedilotildees apontaram as suas contribuiccedilotildees e accedilotildees para consolidaccedilatildeo

do APL estudado Nesta pesquisa foi identificado o niacutevel de envolvimento das

instituiccedilotildees quais os programas implementados para o segmento quais os gargalos

existentes e qual a efetividade das poliacuteticas implementadas na visatildeo de cada

instituiccedilatildeo

O objetivo da primeira questatildeo da pesquisa foi saber como as instituiccedilotildees

identificam um APL Cinco responderam que se baseiam na cooperaccedilatildeo entre os

atores participantes do arranjo trecircs como sendo a concentraccedilatildeo de produtores de

tangerina no territoacuterio e uma instituiccedilatildeo respondeu que depende da concentraccedilatildeo de

indiviacuteduos ocupados em uma atividade Nota-se que apesar das instituiccedilotildees estarem

presentes com suas accedilotildees no APL ainda natildeo existe um consenso sobre o conceito

de arranjo o que gera entendimentos e atuaccedilotildees diferenciadas por parte de cada

instituiccedilatildeo na disponibilizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o setor

Esta constataccedilatildeo tambeacutem foi identificada por Cavalcanti Torres Almeida e

Pereira (2010) ao analisar a visatildeo das instituiccedilotildees de apoio a APLs na Paraiacuteba

Segundo os autores verifica-se que a maioria dessas instituiccedilotildees natildeo deteacutem um

conceito formal de APL Aleacutem disso embora se digam atuantes nessa perspectiva

muitas vezes natildeo tecircm noccedilatildeo da complexidade que envolve as relaccedilotildees de um

arranjo produtivo

Essa deficiecircncia conceitual pode indicar a origem das dificuldades e

limitaccedilotildees da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas nos

APLs do Estado da Paraiacuteba

Entretanto apesar das diferentes percepccedilotildees conceituais todas as

instituiccedilotildees entrevistadas vecircm apoiando o APL sob demanda Os representantes das

instituiccedilotildees foram enfaacuteticos nas suas respostas pois acreditam que este arranjo estaacute

sendo beneficiado por ser de grande impacto para a economia local regional e

estadual por possuir tradiccedilatildeo no cultivo de tangerina por ser gerador de emprego e

renda por ser a principal cadeia produtiva agriacutecola dos municiacutepios envolvidos por

13

Os nomes das Instituiccedilotildees estatildeo descritos na Lista de Abreviaturas e Siglas

67

ter mercado favoraacutevel para escoamento da produccedilatildeo e com possibilidade de

expansatildeo por se tratar de uma cultura difundida e proacutespera na produccedilatildeo de laranja

e por ser promotora do desenvolvimento socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Ao analisar as respostas dos stakeholders institucionais pode-se dizer que o

APL em estudo tem sua atividade reconhecida como geradora de impacto

econocircmico e de perspectiva sustentaacutevel para o Estado e que existe interesse dessas

instituiccedilotildees continuarem priorizando o referido APL

No entanto foi identificado que as poliacuteticas implementadas natildeo satildeo

suficientes para alavancar o segmento pois tais poliacuteticas foram formatadas visando

promover a agricultura familiar e natildeo o desenvolvimento do APL Sendo assim essa

atuaccedilatildeo fica dependendo de accedilotildees preexistentes que limitam a execuccedilatildeo de

atividades mais amplas e integradas com toda a cadeia produtiva

Nesse sentido para que as poliacuteticas puacuteblicas sejam implementadas com

maior eficiecircncia no APL faz-se necessaacuterio um instrumento governamental que

estimule os Governos Estaduais e Municipais atraveacutes de suas Secretarias a

discutirem a estruturaccedilatildeo de poliacuteticas e a compreenderem as vantagens da inserccedilatildeo

dessas poliacuteticas em seus planos plurianuais

Nos estados brasileiros onde os Nuacutecleos Estaduais de Apoio aos APLs satildeo

proativos estes exercem um importante papel como elo entre as instituiccedilotildees e o

setor produtivo auxiliando na formataccedilatildeo de programas e projetos governamentais

que atendam agraves necessidades dos segmentos econocircmicos de forma continuada

(GTP APL 2007)

Quanto aos criteacuterios de seleccedilatildeo dos beneficiaacuterios para formalizaccedilatildeo de

parceria as respostas divergem quatro instituiccedilotildees responderam que atendem as

demandas diretamente aos produtores uma instituiccedilatildeo atende somente demandas

coletivas atraveacutes de associaccedilotildees e de cooperativas quatro instituiccedilotildees utilizam

como criteacuterio a elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos participativos onde as demandas satildeo

selecionadas e os produtores atendidos mediante programas e projetos elaborados

pelas proacuteprias instituiccedilotildees Esses diagnoacutesticos tambeacutem possibilitam o levantamento

das potencialidades e gargalos da atividade Algumas instituiccedilotildees buscam parcerias

para atender as demandas que natildeo estatildeo no escopo de sua atuaccedilatildeo

68

Com relaccedilatildeo aos criteacuterios de atendimento das demandas dos produtores de

tangerina as formas empregadas pelas instituiccedilotildees satildeo vaacutelidas Entretanto tal

atendimento eacute pontual e sem planejamento o que dificulta a realizaccedilatildeo de accedilotildees

continuadas Essa forma de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees promove o descreacutedito entre os

produtores pois as soluccedilotildees encontradas resolvem os problemas apenas

momentaneamente Por outro lado accedilotildees advindas de um programa estruturante

poderiam imprimir um caraacuteter preventivo e permanente pois a concepccedilatildeo de tal

programa permitiria a integraccedilatildeo das instituiccedilotildees parceiras de modo a suprir

gargalos existentes no arranjo e fazer com que essas parcerias desenvolvam accedilotildees

dentro de uma visatildeo sistecircmica no APL

Vale salientar que as instituiccedilotildees tambeacutem afirmam que procuram manter os

produtores informados dos programas e das poliacuteticas de desenvolvimento para o

segmento da citricultura promovendo reuniotildees com os agricultores visitas de

intercacircmbio cursos de capacitaccedilatildeo treinamento diagnoacutestico situacional eventos

temaacuteticos (por exemplo a Festa da Laranja) e divulgaccedilatildeo na miacutedia

As instituiccedilotildees parceiras tambeacutem apontaram vaacuterios desafios que elas

enfrentam para conceder apoio institucional ao APL tais como aumentar a

realizaccedilatildeo do nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo visando qualificar os produtores e

gestores das associaccedilotildees e da cooperativa aumentar os recursos financeiros para

atuar no APL transferir tecnologias adequadas aos produtores rurais de forma

permanente aumentar as pesquisas para controle de pragas e sanidade dos frutos

incentivar na regiatildeo o uso de mudas padronizadas e certificadas desvincular as

poliacuteticas partidaacuterias para que o arranjo possa ter autonomia na sua gestatildeo

conscientizar os produtores para um melhor aproveitamento da safra e propor um

programa especiacutefico para atender o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina no

qual os produtores possam ser orientados a produzirem com qualidade maior

produtividade e eficiecircncia

Observa-se que as instituiccedilotildees tecircm consciecircncia da existecircncia de desafios a

serem superados entretanto eacute latente a necessidade de uma accedilatildeo coletiva por

parte dessas instituiccedilotildees que possa apoiar o setor nas diversas fases da cadeia

produtiva enfatizando a importacircncia do sistema de agregaccedilatildeo de valor da tangerina

Este sistema deve ser orientado para a qualidade percebida no mercado ao serviccedilo

disponibilizado aos clientes e o preccedilo relativo aferido ao produto

69

Com relaccedilatildeo agraves vantagens em atuar na regiatildeo com a visatildeo de APL as

instituiccedilotildees possuem entendimentos variados agrupamento dos municiacutepios

fortalecendo as atividades e ganhando visibilidade fechamento do ciclo de plantio

produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e com isso aumentando a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e

renda no arranjo possibilidade de promover a diversificaccedilatildeo produtiva formaccedilatildeo de

um novo capital social e econocircmico cadeia produtiva estruturada organizada e com

mercado demandante produtores e parceiros atuando no mesmo territoacuterio o que

fortalece o desenvolvimento do APL e o aumento da capacidade de gestatildeo do

negoacutecio

Neste sentido a percepccedilatildeo dos parceiros institucionais quando falam de

vantagens em atuar no APL formata um arranjo ideal Entretanto natildeo basta apenas

o entendimento das instituiccedilotildees quanto agrave importacircncia desse arranjo se natildeo houver

uma articulaccedilatildeo que envolva as associaccedilotildees e a cooperativa para que estas se

tornem protagonistas da organizaccedilatildeo do arranjo e demandantes de poliacuteticas para o

setor

As demandas mais frequentes de apoio solicitadas pelos produtores

participantes do APL foram a necessidade de assistecircncia teacutecnica e financiamento

para produccedilatildeo de laranja Nesta questatildeo na visatildeo das instituiccedilotildees satildeo

consideradas tambeacutem quatro outras demandas importantes para complementar o

desenvolvimento econocircmico ampliaccedilatildeo de mercado para o escoamento da

produccedilatildeo de laranja implantaccedilatildeo da packing house mudas fiscalizadas e

certificadas e controle da proliferaccedilatildeo da mosca negra

Quanto ao apoio realizado ao APL as respostas aferidas pelas instituiccedilotildees

consistem em transferecircncia de tecnologia assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural

elaboraccedilatildeo de projetos de financiamento para os produtores (Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF) e elaboraccedilatildeo de projetos para

comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo para o PNAE (Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar) e PAA (Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ndash Conab) Aleacutem desses

apoios foi relatada na pesquisa a contrataccedilatildeo de um especialista para acompanhar

a produccedilatildeo de laranja apoio na realizaccedilatildeo de eventos temaacuteticosculturais realizaccedilatildeo

de cursos de capacitaccedilatildeo e pesquisas para o setor disponibilizaccedilatildeo de linhas de

creacutedito para os produtores atraveacutes do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste ndash FNE disponibilizado atraveacutes do Banco do Nordeste

70

Sobre a demanda dos produtores em contra ponto ao apoio das instituiccedilotildees

para o segmento verificou-se durante a entrevista com os stakeholders que ainda eacute

muito pequeno o apoio realizado em relaccedilatildeo agrave demanda Um dos principais fatores eacute

a carecircncia de teacutecnicos extensionistas atuando no APL Isto reflete diretamente na

dificuldade de execuccedilatildeo das accedilotildees previstas pelas instituiccedilotildees bem como de

continuidade dos programas governamentais

Para a maioria das instituiccedilotildees a participaccedilatildeo dos produtores ainda eacute muito

baixa porque eles natildeo estatildeo preparados para aceitar as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas

existentes devido a sua cultura de plantio e colheita repassada de pai para filho de

forma inadequada Outros fatores que impedem maior adesatildeo dos agricultores no

uso de novas tecnologias satildeo as experiecircncias pouco animadoras com projetos e

programas governamentais que eles jaacute participaram e que natildeo houve continuidade

Ainda em relaccedilatildeo agrave adesatildeo as instituiccedilotildees acreditam que os produtores satildeo abertos

para as novas tecnologias mas no entanto eles satildeo reticentes para implementaacute-las

devido ao custo e a falta de orientaccedilatildeo teacutecnica

Quando questionados sobre os obstaacuteculos que os produtores encontram para

participarem dos programas ofertados pelas instituiccedilotildees os gestores elencaram

falta de apoio teacutecnico e logiacutestica dos programas para mobilizar os produtores

dificuldade em atender as exigecircncias para obtenccedilatildeo do creacutedito rural dificuldade de

obtenccedilatildeo de registros cartoriais das aacutereas dos produtores o que impede o acesso agraves

linhas de financiamento produtores inadimplentes falta de parceiros institucionais

que repassem as informaccedilotildees corretas sobre as poliacuteticas puacuteblicas e que dominem

essas poliacuteticas (por exemplo a Secretaria de Educaccedilatildeo de Campina Grande natildeo

conseguiu abrir o edital para participaccedilatildeo dos produtores no PNAE) e ineacutercia dos

produtores para implementarabsorver as novas tecnologias disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees

Observa-se que cada parceiro tem consciecircncia das dificuldades enfrentadas

pelos produtores para participarem das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas e

segundo a visatildeo das instituiccedilotildees os problemas que afetam os produtores dificultam

a mudanccedila no cenaacuterio em que estaacute inserido o arranjo

Neste sentido as instituiccedilotildees deveriam analisar este cenaacuterio de acordo com

as necessidades dos produtores cujo objetivo seria auxiliar na soluccedilatildeo dos

71

obstaacuteculos identificados na pesquisa Nesta anaacutelise as instituiccedilotildees parceiras

deveriam indagar aos produtores as seguintes questotildees Seraacute que os teacutecnicos estatildeo

falando a linguagem dos produtores A assistecircncia teacutecnica atende agraves demandas

realizadas O nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo eacute suficiente para abranger a maioria

do segmento As pesquisas validadas e transferidas suprem as expectativas dos

produtores Seraacute que uma estufa na regiatildeo para produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mudas

fiscalizadas e certificadas natildeo seria uma soluccedilatildeo mais adequada A implantaccedilatildeo de

unidades demonstrativas com orientaccedilatildeo adequada e permanente aos produtores

natildeo provocaria maior credibilidade do tipo ldquoSatildeo Tomeacuterdquo (ver para crer) Seraacute que os

gastos dos recursos provenientes dos financiamentos aos produtores estatildeo sendo

bem orientados Essas indagaccedilotildees deveriam ser priorizadas dentro das instituiccedilotildees

parceiras e retro alinhadas a cada falha percebida

Na visatildeo dos stakeholders institucionais a atuaccedilatildeo cooperada dos

produtores instituiccedilotildees associaccedilotildees e cooperativas ainda eacute muito pequena pois

existe uma dissociaccedilatildeo entre os atores gerando uma cooperaccedilatildeo fragmentada e

descontiacutenua e consequentemente fazendo com que a integraccedilatildeo entre os elos de

cooperaccedilatildeo do sistema natildeo exista Desta forma a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees ocorre

isoladamente cada uma atuando apenas na sua competecircncia

Entretanto existem algumas experiecircncias de cooperaccedilatildeo que podem ser

citadas cursos realizados pelo Sindicato (STRM) em parceria com o SEBRAE

(capacitaccedilatildeo em associativismo) SENAR (produccedilatildeo de mudas frutiacuteferas de citros) e

COOPERAR (construccedilatildeo de cisternas) visita teacutecnica dos produtores de citros de

Matinhas ao Centro de Pesquisa da EMBRAPA em Cruz das Almas na Bahia

juntamente com teacutecnicos da EMATER EMEPA MAPA SEBRAE UFPB e PMM

para conhecer novas variedades de tangerina e aprender como desenvolver porta

enxertos para produzir mudas padronizadas e certificadas parceria entre a UFPB e

a PMM para realizaccedilatildeo dos cursos de capacitaccedilatildeo sobre manejo da mancha-marrom

-de-alternaria combate agrave mosca negra das frutas e produccedilatildeo de mudas aleacutem da

capacitaccedilatildeo de alunos do ensino fundamental para atuarem como agentes de

veiculaccedilatildeo de novas tecnologias junto agraves suas famiacutelias e outros produtores

integraccedilatildeo existente entre os diversos segmentos de ensino pesquisa e extensatildeo

para o APL (EMEPA ndash pesquisa UFPB ndash ensino EMATER ndash assistecircncia teacutecnica) e

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema formado por um grupo de 27

72

instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo do Agreste paraibano que passou a discutir os

problemas e soluccedilotildees dos municiacutepios produtores de tangerina da Paraiacuteba

Na pesquisa com as instituiccedilotildees foi possiacutevel identificar os principais parceiros

do APL bem como suas atuaccedilotildees e a importacircncia dessa cooperaccedilatildeo dentro do

arranjo Ao responder essa questatildeo as instituiccedilotildees enumeraram por ordem de

atuaccedilatildeo os oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais mais empenhados no

desenvolvimento do aglomerado produtivo

O SEBRAE foi o citado por seis instituiccedilotildees aparecendo como um dos mais

atuantes por ter conseguido formalizar o Foacuterum de Fruticultura da Borborema o qual

arrebanhou parceiros para ajudar no desenvolvimento da citricultura segmento da

tangerina na regiatildeo aleacutem de promover o empreendedorismo e apoiar eventos

voltados para o arranjo produtivo local

Em seguida vieram a EMEPA por ser um parceiro presente e sempre estar

ajudando os produtores a resolverem os problemas oriundos de pragas manejo e

plantio bem como desenvolver pesquisas voltadas para o melhoramento da

produccedilatildeo de tangerina a EMATER por promover a extensatildeo rural mesmo que de

forma precaacuteria e a Prefeitura Municipal de Matinhas pelo apoio aos produtores e

porta voz das reivindicaccedilotildees do setor

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam poliacuteticas puacuteblicas

especiacuteficas de apoio ao APL as respostas foram edital puacuteblico para o

desenvolvimento de APLs de baixa renda do Governo do EstadoBNDES Grupo

Permanente de Trabalho de Apoio aos APLs ndash GPT APL e Nuacutecleo Estadual de

Apoio aos APLs da Paraiacuteba ndash NE APLPB programa gerenciado pelo MDIC Foacuterum

de Fruticultura da Borborema e programas federais que beneficiam os produtores

de tangerina ndash PAACONAB e PNAEMinisteacuterio da Educaccedilatildeo

Ao analisar as respostas das instituiccedilotildees indutoras do Arranjo Produtivo Local

da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi possiacutevel diagnosticar que os programas

governamentais (federal estadual e municipal) possuem accedilotildees planejadas para a

regiatildeo mas no entanto eacute percebida a fragilidade de tais accedilotildees devido as mesmas

serem aplicadas de forma pontual Essas accedilotildees satildeo realizadas isoladamente onde

cada instituiccedilatildeo cumpre apenas o que interessa ser executado A comunicaccedilatildeo entre

os parceiros e a governanccedila que deveria acontecer de forma sistecircmica eacute insipiente

73

natildeo existindo estrateacutegia conjunta formatada para erradicar os problemas

evidenciados pelas instituiccedilotildees dentro do APL

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees como eacute percebida a intensidade da

cooperaccedilatildeo entre os beneficiados as respostas foram descritas conforme as

necessidades eventuais dos produtores sendo mais forte quando se fala em

comercializaccedilatildeo das tangerinas elaboraccedilatildeo de projetos agropecuaacuterios (PRONAF) e

implantaccedilatildeo do projeto da packing house aprovado no I Edital 200914

As respostas concedidas pelos entrevistados para percepccedilatildeo da existecircncia de

uma cooperaccedilatildeo mais fraca seguem a seguinte ordem financiamento para

desenvolver seus plantios produccedilatildeo de mudas certificadas inovaccedilatildeo tecnoloacutegica no

campo adesatildeo proativa dos produtores na zona rural assistecircncia teacutecnica

desenvolvimento de processos e produtos e coesatildeo entre associaccedilotildees e

cooperativa

Ao analisar as respostas acima citadas percebe-se que a visatildeo das

instituiccedilotildees eacute consensual sendo acordados os pontos fortes e fracos de cooperaccedilatildeo

No entanto natildeo foi registrada nenhuma preocupaccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees para

amenizar a fragilidade da cooperaccedilatildeo Mais uma vez eacute percebida a falta de uma

estrateacutegia conjunta capaz de dialogar coletivamente com o setor produtivo visando

fortalecer o processo de cooperaccedilatildeo para que os problemas do setor sejam

amenizados

Em relaccedilatildeo ao sistema de produccedilatildeo realizado na zona rural pelos produtores

as instituiccedilotildees concordam que o sistema eacute arcaico e extrativista e enfatizam que no

momento em que os produtores perceberem os ganhos possiacuteveis que seratildeo obtidos

com novas tecnologias os mesmos faratildeo uma adesatildeo natural aos programas

governamentais e ter-se-aacute um novo modelo de produccedilatildeo

A anaacutelise tambeacutem mostra que para uma pequena parcela de produtores a

inovaccedilatildeo tecnoloacutegica jaacute foi utilizada e ganhos satildeo visiacuteveis fazendo com que esses

produtores natildeo tenham necessidade de formalizar demanda aos programas sociais

para complementarem sua renda Segundo os stakeholders das instituiccedilotildees a

14 I Edital 2009 ndash Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais

Paraiacuteba lanccedilado em outubro2009 com recursos oriundos do Governo do EstadoFUNCEP e

BNDES

74

adesatildeo por parte dos outros produtores natildeo ocorreu porque eles ainda natildeo estatildeo

convencidos de que existam ganhos efetivos

Segundo a EMATER apenas 20 dos produtores de tangerina estatildeo em

processo de melhoria do plantio e da produccedilatildeo Essa visatildeo eacute acordada por 60 das

repostas dos entrevistados O restante dos produtores segundo as instituiccedilotildees natildeo

aderiu ao processo de modernizaccedilatildeo e consequentemente o desenvolvimento do

agronegoacutecio ficou comprometido a exemplo da grande quantidade de tangerinas

que natildeo satildeo comercializadas devido ao seu tamanho e que poderiam ser

aproveitadas em uma unidade de processamento de suco na regiatildeo

No tocante a novas tecnologias existe uma forte resistecircncia dos produtores

em adotar essas inovaccedilotildees principalmente pelo fato de envolver investimentos o

que eacute encarado por eles como gasto Neste caso natildeo existe a visatildeo do retorno

desse investimento Esse pensamento ainda eacute fortemente compartilhado entre os

produtores devido ao cultivo da tangerina ser de sequeiro e segundo eles natildeo

necessitar de muitos recursos para produzir tangerina

Aleacutem disso os plantadores de citros continuam a produzir com padrotildees de

comercializaccedilatildeo diferentes do padratildeo adotado pelo Sudeste do paiacutes a exemplo de

Satildeo Paulo onde os frutos satildeo comercializados por tamanho textura de pele e cor

Na Paraiacuteba pode-se encontrar em uma mesma caixa frutos verdes e amarelos o

que foge dos padrotildees de comercializaccedilatildeo exigidos pelos grandes mercados

Durante a anaacutelise foram verificados tambeacutem quais os principais problemas do

segmento Segundo a visatildeo das instituiccedilotildees foi dada ecircnfase na baixa capacidade

gerencial ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina dificuldade de acesso

aos canais de comercializaccedilatildeo aleacutem de investimentos em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam os principais concorrentes

da tangerina produzida no APL 100 dos entrevistados responderam que natildeo

existiam concorrentes pois o periacuteodo de produccedilatildeo da tangerina na Paraiacuteba eacute uacutenico

no paiacutes ou seja a produccedilatildeo ocorre na entressafra dos outros estados

As instituiccedilotildees tambeacutem informaram sobre a comercializaccedilatildeo os canais de

distribuiccedilatildeo e logiacutestica existente no arranjo A venda da produccedilatildeo eacute realizada no

comeacutercio local e regional principalmente para a CEASA de Campina Grande A

tangerina tambeacutem eacute comercializada nos principais estados do Nordeste tais como

75

Pernambuco ndash Petrolina Rio Grande do Norte ndash Natal Cearaacute ndash Fortaleza Bahia ndash

Juazeiro Alagoas ndash Maceioacute

Dos nove entrevistados cinco disseram que os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os

atravessadores o restante informou que a comercializaccedilatildeo eacute feita em mercados

abertos EMPASA CEASA feiras livres PNAE PAA (CONAB) feiras

agroecoloacutegicas e grandes supermercados No entanto para a questatildeo logiacutestica os

stakeholders reconhecem que eacute fraca para dar suporte ao escoamento da produccedilatildeo

Segundo uma instituiccedilatildeo governamental entrevistada os atravessadores

compram a tangerina dos produtores e as vendem para a CEASA Ao inveacutes da

CEASA como entreposto comercial de apoio aos produtores adquirir as tangerinas

diretamente das associaccedilotildees e cooperativas agriacutecolas ela acaba ldquooficializandordquo a

atividade dos atravessadores

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se elas conheciam leis ou instruccedilotildees

normativas para a produccedilatildeo de tangerina seis dos entrevistados afirmaram que sim

Entretanto estes conhecimentos natildeo foram explicitados nem dado ecircnfase aos

problemas ambientais existentes nos plantios tais como o plantio eacute aleatoacuterio sem

levar em conta nenhum padratildeo de espaccedilamento plantios realizados no sentido da

declividade (ldquomorro abaixordquo) sem uso de curvas de niacutevel e retirada da cobertura

vegetal do solo sem plano de manejo provocando erosatildeo

Aleacutem disso de acordo com a Prefeitura Municipal de Matinhas apesar de

saber das leis existe uma dificuldade de aplicar e cobrar as poliacuteticas ambientais

devido a distribuiccedilatildeo fundiaacuteria ou seja propriedades de pequenas extensotildees

territoriais Por exemplo a lei de preservaccedilatildeo ambiental prevecirc que 20 de mata

devam ser nativas ou devam existir 30 de faixa de APP ndash Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente nos riachos A maioria dos produtores da regiatildeo possuem 25 ha

contando que nesta aacuterea estaacute incluiacuteda a casa de moradia Logo se a lei fosse

aplicada ficaria impossiacutevel sobrar aacuterea para uma famiacutelia produzir e tirar seu sustento

Segundo a EMATER natildeo cabe a ela executar as instruccedilotildees normativas

ambientais pois sua funccedilatildeo e de oacutergatildeo educador cabendo ao MAPA a defesa

vegetal e a SUDEMA a fiscalizaccedilatildeo para o cumprimento das leis O restante das

instituiccedilotildees (trecircs) natildeo conhece regulamentaccedilatildeo ambiental especiacutefica para a

produccedilatildeo de tangerina

76

O que se pode verificar na anaacutelise dessa questatildeo eacute que mais uma vez eacute

percebida a falta de integraccedilatildeo das instituiccedilotildees no tocante agrave necessidade de accedilotildees

conjuntas para fazerem cumprir as leis e instruccedilotildees normativas ambientais Tais

accedilotildees poderiam contribuir para o segmento obter o certificado de agricultura

orgacircnica e o selo de produccedilatildeo ecologicamente correta entre outros

A pesquisa tambeacutem procurou identificar quais satildeo os projetos e planos futuros

que as instituiccedilotildees possuem para apoiar e consolidar o APL da Citricultura As

instituiccedilotildees entrevistadas responderam que diversos esforccedilos estatildeo sendo

envidados

O Sindicato dos Trabalhadores de Matinhas vem atuando de forma a

conscientizar os 60 dos produtores que ainda natildeo acreditam em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica devido agrave demora na realizaccedilatildeo das accedilotildees por parte das instituiccedilotildees

governamentais A EMATER busca realizar seminaacuterios capacitar os produtores

divulgar poliacuteticas puacuteblicas existentes para o setor bem como promover dias de

campo com os agricultores visando o aprendizado in-loco

A Prefeitura Municipal de Matinhas envida esforccedilos para consolidar a

Coopertange como empresa acircncora do APL A SEDAP atraveacutes de suas empresas

vinculadas concede apoio logiacutestico na distribuiccedilatildeo de mudas A EMEPA procura

aprovar projetos e pesquisas destinados agrave produccedilatildeo de mudas certificadas

submetendo-os aos Ministeacuterios

Os parceiros BNB e SEBRAE responderam que levam informaccedilotildees e

procuram outros parceiros para execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

sustentabilidade do APL aleacutem de atuar na capacitaccedilatildeo e consultorias teacutecnicas Para

o MAPA a importacircncia de sua atuaccedilatildeo estaacute sendo na identificaccedilatildeo de um programa

especiacutefico para o setor da tangerina e a distribuiccedilatildeo de mudas fiscalizadas e

certificadas para as regiotildees do Agreste paraibano

Apoacutes a consolidaccedilatildeo do APL as instituiccedilotildees esperam produtores realizando

comercializaccedilatildeo sem a presenccedila de atravessadores independecircncia dos produtores

de programas sociais como forma de complementaccedilatildeo da renda para sustento das

famiacutelias aumento da produccedilatildeo e melhoria na qualidade das frutas demarcaccedilatildeo da

77

identidade geograacutefica15 da tangerina maior participaccedilatildeo dos produtores na

cooperativa conscientizaccedilatildeo por parte dos produtores para a importacircncia do

desenvolvimento e estruturaccedilatildeo da cadeia produtiva incremento de novas

tecnologias aplicadas aos plantios e aumento do creacutedito qualificado para o APL

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia

das poliacuteticas puacuteblicas para o desenvolvimento do APL

A anaacutelise da competitividade sistecircmica do arranjo produtivo da tangerina

utilizou o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD conforme descrito

na seccedilatildeo 42 Para tanto foi elaborado um questionaacuterio com o objetivo de avaliar a

visatildeo dos produtores a partir dos niacuteveis Micro Meso Macro e Meta do modelo

proposto

A amostra utilizada para o referido estudo contempla cinco associaccedilotildees e

uma cooperativa Neste universo foram entrevistados os seis presidentes dessas

organizaccedilotildees localizadas nos municiacutepios de Matinhas Esperanccedila Alagoa Nova

Lagoa de Roccedila Lagoa Seca e Massaranduba A escolha dos entrevistados foi

devido agrave vivecircncia desses representantes como interlocutores junto agraves instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais e principalmente por serem produtores de

tangerina e liacutederes na regiatildeo

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro

Neste niacutevel buscou-se analisar a capacidade de organizaccedilatildeo dos produtores

a sua capacidade inovativa a logiacutestica existente na comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo

da produccedilatildeo bem como o niacutevel de competitividade dos produtores

Segundo os produtores de citros da regiatildeo o diferencial competitivo desse

arranjo eacute a sazonalidade da produccedilatildeo concentrando-se o plantio da tangerina

principalmente nos muniacutecipios de Matinhas Lagoa Seca e Alagoa Nova Este

15 A identidade geograacutefica tem como escopo conferir a determinado produto ou serviccedilo uma

identidade proacutepria criando um elo com suas especificidades regionais especialmente histoacutericas e culturais levando ao consumidor garantias como a rastreabilidade do produto e seguranccedila do alimento

78

diferencial faz com que natildeo existam concorrentes de outras regiotildees para a tangerina

produzida no APL

Entretanto o cultivo da tangerina ainda eacute realizado de forma tradicional e

arcaica em 80 das aacutereas produtivas do APL Segundo o presidente da associaccedilatildeo

de Lagoa Seca ldquonem todos os agricultores estatildeo conscientes da importacircncia da

praacutetica qualificadardquo Apesar de terem sido constatadas melhoria nas praacuteticas de

cultivo ainda eacute muito baixo o nuacutemero de produtores que optaram por teacutecnicas

ambientalmente corretas em seus pomares

Percebe-se mais uma vez que o cultivo da tangerina na regiatildeo natildeo eacute

realizado de forma adequada pela maioria dos produtores e que o processo de

modernizaccedilatildeo ainda depende da conscientizaccedilatildeo dos agricultores para o uso de

novas teacutecnicas agriacutecolas

Em relaccedilatildeo aos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica a maioria

dos entrevistados respondeu que existe uma grande deficiecircncia A presenccedila do

atravessador ainda eacute muito forte o que gera uma dependecircncia na comercializaccedilatildeo

pois esse tipo de transaccedilatildeo comercial eacute realizado diretamente nos pomares sem que

haja necessidade dos produtores se deslocarem para vender sua produccedilatildeo Esse

fato natildeo os estimula a venderem a tangerina em canais de distribuiccedilatildeo diversificados

e mais rentaacuteveis tais como atacadistas das regiotildees Sul e Sudeste supermercados

feiras agroecoloacutegicas e os programas PAA e PNAE

Sendo assim o escoamento da produccedilatildeo de tangerina eacute realizado pelos

atravessadores Estes satildeo os responsaacuteveis pela respectiva distribuiccedilatildeo no mercado

regional e em todo o Nordeste

Aleacutem do problema da comercializaccedilatildeo outros fatores correlacionados foram

identificados no APL ausecircncia da padronizaccedilatildeo da tangerina higienizaccedilatildeo e

classificaccedilatildeo dos frutos e baixa capacidade produtiva entre as safras o que impede

o arranjo de se consolidar no mercado

Por outro lado os produtores atraveacutes do Sindicato e da Coopertange vecircm

buscando a certificaccedilatildeo da tangerina como orgacircnica Essas organizaccedilotildees tecircm

consciecircncia que satildeo necessaacuterias mudanccedilas nas praacuteticas de cultivo para a obtenccedilatildeo

de tal certificaccedilatildeo o que proporcionaraacute maior agregaccedilatildeo de valor ao produto

79

Para melhor compreensatildeo dos fatores internos de competitividade das

associaccedilotildees e da cooperativa apresenta-se no Graacutefico 1 os resultados do

posicionamento dos produtores quanto algumas perspectivas de desenvolvimento

para o segmento

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter

uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

b) A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado c) A Coopertange (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente a

mercados mais exigentes e que pagam por qualidade

d) Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e) Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da

tangerina

f) Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

g) Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

h) A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro

Fonte Elaborado pela autora

Ao analisarmos as respostas concedidas pelos produtores de tangerina

observa-se uma dispersatildeo na maioria das respostas Percebe-se que natildeo existe um

consenso entre esses atores no tocante ao processo de seleccedilatildeo e homogeneidade

de mudas esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e dos canais

de comercializaccedilatildeo bem como para a questatildeo de incentivo a qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra O resultado da anaacutelise constata que cada ator externa uma preocupaccedilatildeo

diferente retratando a sua necessidade individual e sem uma visatildeo do coletivo

O Graacutefico 2 apresenta as principais formas de cooperaccedilatildeo entre os atores do

APL Neste graacutefico constata-se mais uma vez que o diaacutelogo entre os atores eacute muito

pequeno e que a conscientizaccedilatildeo para compras coletivas e venda de forma

cooperada natildeo eacute discutido e avaliado entre eles Para os demais itens percebe-se

que natildeo existe integraccedilatildeo entre os atores e que a maioria busca soluccedilotildees para os

80

seus problemas de forma particular natildeo observando sua participaccedilatildeo dentro de um

sistema cooperado em que seus problemas deveriam ser tratados coletivamente

Para a Associaccedilatildeo de Esperanccedila as respostas analisadas foram bem

diferentes pois as praacuteticas de comercializaccedilatildeo teacutecnicas agriacutecolas e intervenccedilotildees

governamentais ocorrem de maneira integrada

Isto eacute reflexo da atuaccedilatildeo da EMATER nessa regiatildeo que eacute atuante e

desempenha um papel de ATER16 de maneira continuada entre os produtores Essa

atuaccedilatildeo permite que os produtores dialoguem e busquem soluccedilotildees aos problemas

advindos de seus pomares hortas e plantaccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) Compra de insumos e equipamentos b) Venda de produtos

c) Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio d) Capacitaccedilatildeo de recursos humanos e) Obtenccedilatildeo de financiamento

f) Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees g) Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL

Fonte Elaborado pela autora

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo identificadas para o APL e

descritas no Graacutefico 3 foi observado que todas as informaccedilotildees sejam elas fontes

internas externas ou advindas de universidades centros de pesquisa e de outras

redes de informaccedilatildeo satildeo importantes para o desenvolvimento e estruturaccedilatildeo do

arranjo na visatildeo dos produtores entrevistados

Entretanto durante a entrevista foi observado certa anguacutestia por parte dos

atores no tocante a celeridade dessas informaccedilotildees Para eles existe uma

16

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

81

descontinuidade nas accedilotildees dos parceiros interrompendo-se assim a rede de

informaccedilatildeo criada entre os atores e as instituiccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h i j k l m n o p q r

Menos Importante

Meacutedia

Mais importante

Fontes internas

a) Pesquisa e Desenvolvimento b) Aacuterea de produccedilatildeo c) Aacuterea de vendas e marketing

d) Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes Externas e) Fornecedores de insumos

f) Clientes g) Concorrentes h) Outras empresas do setor

i) Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa j) Universidades

k) Institutos de pesquisas l) Centro de capacitaccedilatildeo profissional m) Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

n) Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes o) Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

p) Feiras especializadas q) Associaccedilotildees e sindicatos r) Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo

Fonte Elaborado pela autora

Nesta seccedilatildeo observa-se uma dicotomia na relaccedilatildeo entre produtores versus

instituiccedilotildees parceiras Do lado das instituiccedilotildees accedilotildees satildeo realizadas visando agrave

difusatildeo de informaccedilotildees para o setor e do lado dos produtores estes sentem a falta

da celeridade de tais informaccedilotildees e a elaboraccedilatildeo de programas especiacuteficos para o

segmento que possam ser executados de forma continuada

Debruccedilando-se sobre as respostas dos produtores principais atores da

atividade econocircmica foi possiacutevel averiguar que a falta de celeridade de informaccedilotildees

e a presenccedila dos parceiros de maneira esporaacutedica tecircm desmotivado esses atores a

buscarem a modernizaccedilatildeo para uma produccedilatildeo mais competitiva Esse reflexo pode

82

implicar na busca individualizada por respostas mais imediatas aos problemas

dentro do arranjo o que vem ocorrendo no APL em estudo

Outro fator determinante para o baixo investimento na produccedilatildeo de tangerina

eacute a desarticulaccedilatildeo entre os produtores para o uso de praacuteticas qualificadas em seus

plantios Isto eacute visivelmente comprovado quando observamos a falta de seleccedilatildeo e

padronizaccedilatildeo de frutos a venda da produccedilatildeo aos atravessadores a logiacutestica de

distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo natildeo realizada por uma empresa acircncora e o baixo niacutevel de

empreendedorismo dos produtores devido agrave ausecircncia de orientaccedilotildees teacutecnicas para

a gestatildeo do negoacutecio

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso

No niacutevel Meso foi possiacutevel analisar como os produtores estatildeo inseridos no

APL e como satildeo percebidas pelos produtores as poliacuteticas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais para a consolidaccedilatildeo desse

segmento

Os produtores filiados agraves organizaccedilotildees representativas do setor informaram

que do ponto de vista da esfera federal e estadual natildeo conhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina o que dificulta o desenvolvimento do APL

e da regiatildeo Esses produtores afirmam tambeacutem que tecircm conhecimento apenas das

poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar

Para o representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova seria necessaacuterio

tambeacutem ldquoo desenvolvimento de projetos coletivos para este setor visando incentivar

a qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra dos jovens e filhos dos agricultores para trabalharem

nos plantiosrdquo

Os representantes do setor tambeacutem questionam a falta de integraccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo por parte dos governos com outras instituiccedilotildees natildeo governamentais

para promover o arranjo e consequentemente ampliar a sua competitividade

Entretanto apesar de algumas accedilotildees serem realizadas de forma integrada

ainda satildeo muito tiacutemidas Segundo a representante da Coopertange ldquoNatildeo existe ateacute

o momento uma estrateacutegia de desenvolvimento para essa integraccedilatildeo de forma

continuadardquo

83

Para essas organizaccedilotildees coletivas e seus associados as contribuiccedilotildees das

instituiccedilotildees parceiras de apoio ao APL tecircm ocorrido de forma eventual Algumas

atividades citadas foram cursos de capacitaccedilatildeo treinamento elaboraccedilatildeo de

projetos debates palestras seminaacuterios visitas de intercacircmbio disponibilizaccedilatildeo de

mudas certificadas e apresentaccedilatildeo de viacutedeos

Os produtores tambeacutem citaram as instituiccedilotildees parceiras do arranjo Governo

do Estado SEDAP EMATER EMEPA EMPASA Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Matinhas SEBRAE Prefeituras Municipais BNB UFPB ndash Campus de

Bananeiras e de Areia Secretarias de Educaccedilatildeo (PNAE) MDS (PAA) UFCG Caixa

Econocircmica Banco do Brasil Foacuterum de Fruticultura da Borborema CONAB

Ministeacuterio da Sauacutede e EMBRAPA Aleacutem dessas outras entidades foram citadas

como potenciais parceiras MAPA INTERPA SENAR UEPB OCEPB Fundaccedilatildeo

Banco do Brasil e Bradesco

Outros oacutergatildeos natildeo governamentais citados no desenvolvimento de accedilotildees

conjuntas mesmo que de forma bastante incipiente foram a ASPTA17 e a FETAG18

Constatou-se tambeacutem que na visatildeo dos representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa a melhor maneira de se obter recursos junto agraves instituiccedilotildees de apoio a

fomento e entidades governamentais eacute atraveacutes da elaboraccedilatildeo de projetos e

programas voltados para a citricultura Outros mecanismos seriam a demanda

coletiva dos produtores e da governanccedila junto agraves instituiccedilotildees bem como a emissatildeo

da DAP19 (instrumento da SAFMDA20) para que esses produtores possam participar

de linhas de creacutedito especiacuteficas do PRONAF

A pesquisa tambeacutem avaliou se os produtores conhecem as leis ou instruccedilotildees

normativas que estabelecem requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina

na Paraiacuteba Trecircs dos entrevistados responderam que natildeo conhecem Para o

representante da Associaccedilatildeo de Massaranduba ldquoa maioria dos produtores do

municiacutepio conhece e utiliza cartilhas e livros teacutecnicos o que fez com que houvesse

uma reduccedilatildeo na queima e no desmatamento A praacutetica orientada para a reduccedilatildeo dos

17 Assessoria de Serviccedilos e Projetos da Agricultura Alternativa - Zona Rural 18 Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba 19 DAP ndash Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf - utilizada como instrumento de identificaccedilatildeo do agricultor familiar

para acessar poliacuteticas puacuteblicas como o Pronaf

20 A DAP foi criada pela Secretaria da Agricultura Familiar do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

84

impactos ambientais contribuiu com um trabalho de reflorestamento que vem sendo

desenvolvido na regiatildeo pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massarandubardquo

Foi observado entre os entrevistados que essa praacutetica eacute uma exceccedilatildeo no APL pois

eacute realizada somente pelos produtores desse municiacutepio

Jaacute o representante de Alagoa Nova diz ter conhecimento das leis mas elas

natildeo satildeo aplicadas porque natildeo existe uma assistecircncia teacutecnica continuada O

representante de Lagoa de Roccedila tambeacutem afirmou que conhece e pratica e quem o

orienta eacute seu neto aluno da Escola Teacutecnica que estaacute cursando Teacutecnico Agriacutecola

Quando se analisa a poliacutetica comercial brasileira para exportaccedilatildeo da

tangerina verifica-se que a metade dos entrevistados tem consciecircncia que existe

potencial de comercializaccedilatildeo e mercado para exportaccedilatildeo desse tipo de fruto

enquanto que outra metade natildeo tem conhecimento de tal poliacutetica

No Graacutefico 4 ao serem avaliadas algumas variaacuteveis do niacutevel Meso para o

desenvolvimento do arranjo pocircde-se averiguar que a relaccedilatildeo entre os produtores e

as poliacuteticas existentes tem acontecido de maneira diferenciada para cada

associaccedilatildeo e cooperativa podendo variar em funccedilatildeo do interesse pela demanda

grau de organizaccedilatildeo da entidade e niacutevel de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees que apoiam o

APL

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo

de negoacutecios b O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos

gestores governamentais

c A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo d A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor e O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

f As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

g A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

h A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso

Fonte Elaborado pela autora

85

A natildeo existecircncia de um consenso entre os produtores eacute decorrente das

respostas analisadas no referido graacutefico em que algumas organizaccedilotildees coletivas

discordam da efetividade dessas poliacuteticas e em contraponto outras concordam

parcialmente ou totalmente

O Graacutefico 5 avalia a relaccedilatildeo dos produtores com as instituiccedilotildees parceiras

governamentais e natildeo governamentais Verifica-se que os atores divergem em suas

respostas por possuiacuterem niacuteveis de parcerias diferentes com cada instituiccedilatildeo Logo

percebe-se que na visatildeo dos entrevistados algumas instituiccedilotildees tecircm atuaccedilatildeo

regular outras apresentam accedilotildees inexpressivas e as demais natildeo tecircm relaccedilatildeo de

parceria com os atores

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e

Oacutetimo

Bom

Regular

Ruim

Sem relaccedilatildeo

a AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio b Instituiccedilotildees financeiras

c Fornecedores e outras empresas do arranjo d Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades e Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

Fonte Elaborado pela autora

Constata-se no niacutevel Meso que os representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa natildeo conhecem poliacuteticas especiacuteficas para o setor seja pela sua

inexistecircncia ou mesmo pela insipiente difusatildeo de informaccedilotildees sobre programas e

projetos voltados para o APL O que geralmente ocorre eacute a utilizaccedilatildeo de poliacuteticas jaacute

existentes como por exemplo para agricultura familiar sem haver uma

preocupaccedilatildeo em atender os problemas especiacuteficos da citricultura

Outra questatildeo tambeacutem apontada pelos produtores eacute a falta de integraccedilatildeo das

instituiccedilotildees que apoiam o setor gerando accedilotildees individualizadas e descontiacutenuas

Este problema tambeacutem foi identificado no niacutevel Micro (seccedilatildeo 521) o que mais uma

vez comprova a necessidade de uma poliacutetica governamental especiacutefica e atuante

para o referido arranjo

86

O lado positivo da avaliaccedilatildeo deste niacutevel eacute que os produtores apontaram

diversas instituiccedilotildees com accedilotildees pontuais no arranjo produtivo local Isto indica que

existe uma preacute-disposiccedilatildeo e interesse dessas instituiccedilotildees em apoiarem um APL que

tem potencial comercial expressivo e que envolve uma parcela da populaccedilatildeo

residente na zona rural em atividades oriundas da citricultura

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro

As questotildees elaboradas para o niacutevel Macro natildeo retratam especificamente o

modelo definido para o referido niacutevel como detalhado na seccedilatildeo 42 Por outro lado

essas questotildees foram formatadas sob a oacutetica de um APL de baixa renda que

apresenta fragilidades advindas das poliacuteticas puacuteblicas para a agricultura familiar No

entanto observa-se um grande potencial para o aumento da produccedilatildeo de citros na

regiatildeo o que faz esse arranjo ter prioridades econocircmicas e sociais podendo atingir

os mercados nacional e internacional

Neste niacutevel procurou-se entender como os produtores percebem as poliacuteticas

econocircmicas e a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na disponibilizaccedilatildeo de creacuteditos e linhas de

financiamento como forma de consolidar o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

Em relaccedilatildeo agrave disponibilizaccedilatildeo de financiamento pelas instituiccedilotildees de fomento

para melhorar o processo produtivo no arranjo todas as associaccedilotildees afirmam que

as linhas de creacutedito satildeo provenientes do PRONAF atraveacutes do Banco do Nordeste ndash

BNB que credenciou teacutecnicos da EMATER para elaborar os projetos

Essa linha de financiamento concede aos produtores condiccedilotildees especiais tais

como carecircncia para pagamento rebate e juros baixos O acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos eacute realizado conjuntamente pelo BNB e EMATER Outras

instituiccedilotildees de fomento que aparecem muito timidamente satildeo Banco do Brasil e

Caixa Econocircmica

Foi observado que os produtores natildeo tecircm clareza sobre financiamentos para

expansatildeo da capacidade produtiva capital de giro e melhoria da produccedilatildeo A

burocracia ainda eacute grande para o agricultor familiar e as informaccedilotildees natildeo chegam

adequadamente agraves associaccedilotildees

87

Com relaccedilatildeo agrave poliacutetica puacuteblica que estabeleceu programas e accedilotildees para

Arranjos Produtivos Locais foi observado na pesquisa que a maioria dos

entrevistados natildeo percebeu nenhum benefiacutecio praacutetico a partir dessas medidas e que

ateacute hoje o setor natildeo tem uma poliacutetica especiacutefica para esse tipo de produccedilatildeo agriacutecola

Somente o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila afirmou que o Governo

Federal incentivou o desenvolvimento do APL da Citricultura aprovando o projeto

para aquisiccedilatildeo de uma packing house

Outro aspecto relatado pela maioria das organizaccedilotildees e produtores foi que

natildeo existe no Plano Pluri Anual ndash PPA dos Governos Municipais accedilotildees ou poliacuteticas

especiacuteficas para a tangerina Apenas o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila

afirmou que a prefeitura investe em accedilotildees direcionadas ao APL preparando

estradas para escoamento da produccedilatildeo e adquirindo 30 da produccedilatildeo agriacutecola do

municiacutepio para a merenda escolar atraveacutes do PNAE

Constatou-se tambeacutem que a prefeitura de Matinhas tem investido na melhoria

das estradas vicinais na criaccedilatildeo do Parque da Laranja para realizaccedilatildeo de eventos

na aquisiccedilatildeo de equipamentos para beneficiamento da tangerina bem como

propiciou a contrapartida para aquisiccedilatildeo da packing house

Outra questatildeo informada pelos representantes das organizaccedilotildees foi como

resolver a presenccedila do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no setor jaacute que o

APL conta com cinco associaccedilotildees e uma cooperativa Esses representantes

afirmaram que seria necessaacuterio um grande trabalho de conscientizaccedilatildeo que fizesse

os produtores participarem ativamente da cooperativa pois atualmente ainda existe

rejeiccedilatildeo por esse tipo de organizaccedilatildeo

Tambeacutem foi frisada a importacircncia da estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da

Coopertange pois ela poderaacute ser o elo de integraccedilatildeo entre o segmento e as

poliacuteticas existentes Essa entidade deve ser capaz de dialogar com os oacutergatildeos

governamentais e efetivar a citricultura como uma atividade competitiva e rentaacutevel

para os produtores Os entrevistados ainda citaram como importante o escoamento

da produccedilatildeo pela cooperativa e a parceria com a Ceasa para que a mesma compre

a tangerina diretamente da Coopertange

Evidenciou-se ainda que as associaccedilotildees e a cooperativa estatildeo envidando

esforccedilos para consolidar o referido APL realizando reuniotildees com os produtores

88

buscando novos parceiros fazendo anaacutelise de mercado para onde pretendem

escoar a produccedilatildeo desenvolvendo projetos participando de feiras agroecoloacutegicas e

pesquisando o uso de novas tecnologias

Por fim os entrevistados externaram os projetos e planos futuros que eles

esperam com a consolidaccedilatildeo do APL A presidente da Coopertange espera colocar

em funcionamento a cooperativa como empresa ancora do APL instalar a packing

house estimular o crescimento da produccedilatildeo buscar a transferecircncia de tecnologia de

forma permanente para os produtores e gerar a inclusatildeo social na regiatildeo

O representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova espera que as instituiccedilotildees

parceiras promovam maior divulgaccedilatildeo das informaccedilotildees para os produtores dos seis

municiacutepios que compotildeem o APL que haja um aumento de recursos para investir na

produccedilatildeo e mais tecnologia para o segmento Para o representante da Associaccedilatildeo

de Lagoa de Roccedila o mais importante eacute melhorar o preccedilo da tangerina no mercado

No municiacutepio de Esperanccedila a associaccedilatildeo almeja que as informaccedilotildees

advindas de programas governamentais possam chegar aos produtores de forma

efetiva e que haja um aumento na venda da produccedilatildeo advinda da agricultura

familiar A Associaccedilatildeo de Lagoa Seca pretende melhorar as condiccedilotildees sociais e

econocircmicas dos associados participantes do arranjo O desejo da presidente da

Associaccedilatildeo de Massaranduba eacute ldquover todos os produtores tirando proveito da

estrutura da Coopertangerdquo

No Graacutefico 6 satildeo avaliadas as poliacuteticas econocircmicas direcionadas para o APL

da Citricultura e analisado como os atores percebem a contribuiccedilatildeo dessas poliacuteticas

Ao serem questionados se os governos locais tecircm direcionado o orccedilamento para a

promoccedilatildeo do arranjo todos afirmam que natildeo Este entendimento sugere

provavelmente que os produtores natildeo entendem as accedilotildees realizadas pelos governos

locais como uma poliacutetica efetiva para o arranjo Quando indagado aos produtores se

a poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor a maioria afirmou

ser indiferente e natildeo perceber a eficaacutecia dessa poliacutetica pois a mesma apresenta

poucos reflexos no desenvolvimento do arranjo da citricultura Para os produtores de

citros a carga tributaacuteria e as leis trabalhistas natildeo influenciam no soerguimento da

atividade Verifica-se que algumas respostas apresentam-se de forma dispersa o

que retrata possivelmente a falta de um melhor entendimento sobre tais poliacuteticas

89

Considerando que o niacutevel Macro engloba poliacuteticas macroeconocircmicas as

poliacuteticas de financiamento utilizadas pela maioria dos produtores ainda satildeo

provenientes do PRONAF pois o APL em questatildeo encontra-se em fase de

organizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo tem como base a agricultura familiar e ainda se

apresenta como de baixa renda apesar do seu grande potencial socioeconocircmico

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

b A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor c A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos d O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

e A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo f As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro

Fonte Elaborado pela autora

Foi observado tambeacutem que a atividade econocircmica possui caracteriacutesticas

positivas tais como nuacutemero expressivo de produtores participantes de associaccedilotildees

e da cooperativa localizadas no arranjo produccedilatildeo diferenciada com propriedades

orgacircnicas e custo baixo de produccedilatildeo por serem frutos de sequeiro

No entanto o APL em questatildeo possui baixo investimento em pesquisa

desenvolvimento e inovaccedilatildeo baixa estrateacutegia para a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo falta

de alocaccedilatildeo de recursos para melhoria do plantio e equidade de renda dos

produtores desnivelada

Aleacutem disso um ponto forte evidenciado nesse aglomerado produtivo e que se

constitui como um dos seus maiores diferenciais eacute a produccedilatildeo de tangerina na

entressafra das outras regiotildees produtoras tendo como consequecircncia uma forte

demanda pela produccedilatildeo

Neste sentido faz-se necessaacuterio a criaccedilatildeo de mecanismos que possibilitem a

execuccedilatildeo de uma poliacutetica econocircmica mais proativa para a citricultura que natildeo sofra

90

soluccedilatildeo de continuidade e que os resultados de sua implementaccedilatildeo possam ser

acompanhados pela governanccedila parceiros institucionais e produtores

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta

O objetivo deste niacutevel eacute identificar o grau de cooperaccedilatildeo entre os atores o

seu empoderamento e capacidade de interferecircncia nas poliacuteticas puacuteblicas visando

aglutinar forccedilas e potencializar as vantagens competitivas do setor Esta anaacutelise

tambeacutem busca identificar se os produtores estatildeo desenvolvendo estrateacutegias que

venham promover o APL da Citricultura

Neste sentido dos seis atores entrevistados quatro responderam que

conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas governamentais voltados

para o arranjo Esses atores relataram que existe inclusive um bom relacionamento

com a EMATER e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel ndash

CMDRS Aleacutem disso as organizaccedilotildees coletivas conseguem com esses parceiros

institucionais apoio teacutecnico para produzir citros (tangerina limatildeo e laranja) e

hortaliccedila sem o uso de agrotoacutexico Os produtores rurais foram enfaacuteticos em dizer

que ldquonatildeo admitem a aplicaccedilatildeo de produtos quiacutemicos em seus pomaresrdquo

Os outros dois representantes responderam que natildeo conseguem influenciar

os governantes para a importacircncia de uma assistecircncia teacutecnica continuada pois ao

inveacutes de realizarem accedilotildees de ATER21 de forma permanente os apoios satildeo sempre

realizados de forma pontual a exemplo da ldquopraga da mosca negrardquo Para este

problema a assistecircncia teacutecnica concedida por parte das instituiccedilotildees governamentais

para evitar uma infestaccedilatildeo foi corretiva e natildeo preventiva

No entanto quando questionados sobre a preacute-disposiccedilatildeo agrave cooperaccedilatildeo os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa acreditam que os produtores estatildeo

confiantes na parceria com as instituiccedilotildees e tecircm certeza que gradativamente esse

processo estaraacute fortalecido Contudo a Associaccedilatildeo de Esperanccedila acredita que os

produtores natildeo estatildeo preparados e tecircm dificuldade de dialogar com as instituiccedilotildees

21

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

91

Quando abordados sobre a existecircncia da troca de conhecimentos entre os

parceiros quatro organizaccedilotildees responderam que existe um bom diaacutelogo com os

parceiros EMATER SPTA Polo Sindical da Borborema (composto por 16

sindicatos) EMEPA EMBRAPA UEPB (alunos de agroecologia) UFPB e feirantes

Aleacutem disso os representantes das organizaccedilotildees falaram da praacutetica de difundir entre

os produtores teacutecnicas aprendidas em palestras sobre plantaccedilatildeo orgacircnica e

defensivos orgacircnicos Por outro lado a Coopertange e a Associaccedilatildeo de Lagoa de

Roccedila acreditam que no passado jaacute houve troca de conhecimento entre os

produtores mas hoje natildeo mais

Percebe-se na anaacutelise do Graacutefico 7 que natildeo existe um consenso sobre a

efetividade das poliacuteticas como indutoras de desenvolvimento do APL Os produtores

tecircm respostas diferentes quando satildeo indagados sobre a atuaccedilatildeo dos governos em

prol do arranjo sobre a existecircncia de canais negociaccedilatildeo bem como na busca de um

modelo de governanccedila que facilite o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees governamentais e o

setor produtivo

Desta forma a inexistecircncia de um consenso de opiniatildeo e a falta de

consciecircncia sobre a importacircncia da organizaccedilatildeo dos produtores faz com que o

desenvolvimento do APL seja lento e suas accedilotildees desarticuladas

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

b O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

c As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no arranjo atuando de maneira

democraacutetica em defesa dos seus soacutecios d Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor

privado

e Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta

Fonte Elaborado pela autora

92

Neste niacutevel cujo objetivo eacute identificar a capacidade de organizaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa e seu poder de articulaccedilatildeo junto agraves instituiccedilotildees que

apoiam o APL constata-se que para o arranjo as instituiccedilotildees reconhecem o

potencial do setor e tecircm interesse em apoiar as dinacircmicas de desenvolvimento e

accedilotildees de caraacuteter efetivo para a consolidaccedilatildeo do arranjo Por outro lado os

produtores na sua maioria natildeo gozam de privileacutegios comparados a outras

atividades econocircmicas tradicionais existentes no Estado a exemplo dos setores

Sucroalcooleiro Coureiro-Calccediladista e Caprinovinocultura

Outra questatildeo conflitante diz respeito agrave atuaccedilatildeo democraacutetica das associaccedilotildees

e da cooperativa representantes legais dos produtores e que atuam na defesa dos

interesses do setor A falta de uniatildeo a inexistecircncia de diaacutelogo mais frequente entre

essas organizaccedilotildees e a carecircncia de um interlocutor que unifique a lideranccedila e

debata com o segmento as necessidades coletivas dos produtores fazem com que

a comunicaccedilatildeo entre os governos e o setor produtivo esteja fragilizada

No tocante a um modelo de governanccedila para o APL os produtores ainda natildeo

tecircm um consenso formatado sobre tal modelo Mas o mais interessante eacute que em

todo o estudo os beneficiaacuterios do arranjo tecircm esperanccedilas de que quando a packing

house estiver funcionando e a Coopertange assumir o papel de empresa acircncora do

sistema seraacute possiacutevel dar a este arranjo produtivo local um novo rumo de

cooperaccedilatildeo e sobre tudo uma nova dinacircmica comercial e ambiental para o APL da

citricultura

53 Conclusatildeo da Anaacutelise

Neste capiacutetulo foi possiacutevel avaliar o arranjo institucional e as contribuiccedilotildees e

falhas detectadas a partir das poliacuteticas puacuteblicas implementadas no Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Na seccedilatildeo 51 foram analisados os dados coletados nas entrevistas com os

stakeholders das instituiccedilotildees mais atuantes no arranjo A partir dessa anaacutelise pode-

se concluir que o suporte institucional existente para o APL possui parceiros

importantes e com potencial para apoiar a organizaccedilatildeo do arranjo bem como tem

capacidade teacutecnica para estimular e promover entre os produtores a cultura da

93

cooperaccedilatildeo Entretanto ficou evidenciado que este suporte institucional ainda eacute

fraacutegil e apresenta deficiecircncia na execuccedilatildeo das accedilotildees

A governanccedila praticada ainda eacute a governamental (prefeitura e Governo do

Estado) e se apresenta como a maior incentivadora do desenvolvimento da

citricultura na regiatildeo

No entanto percebe-se na fala de cada representante que as accedilotildees satildeo

realizadas isoladamente por cada entidade Mesmo que estas estejam integradas no

APL as accedilotildees continuam acontecendo conforme o planejamento institucional de

cada uma Essa realidade dificulta a flexibilidade dos gestores apoiarem outras

demandas mais significativas e impactantes para o arranjo

Contudo tentativa como a do SEBRAE de quebrar esse hiato possibilitou em

parceria com a Superintendecircncia Federal de Agricultura no Estado da Paraiacuteba a

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema Apesar da atuaccedilatildeo deste Foacuterum

natildeo foi possiacutevel identificar a existecircncia de accedilotildees integradas e executadas de

maneira continuada entre os seus representantes que pudessem ser elaboradas e

validadas como prioridade para o desenvolvimento da tangerina na Paraiacuteba Essa

constataccedilatildeo foi observada nas respostas dos entrevistados Eles tambeacutem afirmam

que a poliacutetica partidaacuteria existente na regiatildeo dificulta a implementaccedilatildeo de accedilotildees

integradas

Os gestores institucionais natildeo perceberam que as poliacuteticas puacuteblicas

existentes para atender agraves necessidades do setor devem ser trabalhadas a partir de

uma interseccedilatildeo dos programas governamentais e natildeo governamentais que

potencializem projetos estruturantes possibilitando a sustentabilidade da atividade

econocircmica de forma equilibrada em toda a regiatildeo

Para analisar a visatildeo dos produtores em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas direcionadas ao APL discutida na seccedilatildeo 52 utilizou-se como ferramenta o

modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD composto por quatro niacuteveis

O niacutevel Micro permitiu a identificaccedilatildeo dos problemas mais frequentes dos

produtores que apesar de estarem organizados em associaccedilotildees e cooperativa natildeo

possuem o habito de resolver os problemas do segmento de modo cooperado

94

Tal constataccedilatildeo recai sobre a falta de diaacutelogo entre os atores fazendo com

que um hiato seja gerado na comunicaccedilatildeo dos participantes do arranjo Este fato

impede os produtores de obterem resultados promissores para o segmento e de

vislumbrarem a possibilidade de investir em inovaccedilatildeo de forma coletiva e realizar

uma comercializaccedilatildeo com maior poder de negociaccedilatildeo de preccedilo e de expansatildeo de

mercado

Outros fatores importantes detectados nesse niacutevel foram a baixa capacidade

produtiva entre as safras apesar de existir uma aacuterea expressiva para a produccedilatildeo de

citros falta de celeridade nas informaccedilotildees e descontinuidade nas accedilotildees dos

parceiros

No niacutevel Meso verificou-se que os produtores desconhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina e questionam a falta de investimentos

financeiros para o setor a falta de orientaccedilatildeo de normas teacutecnicas de plantio e

manejo nos pomares a falta de integraccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre as instituiccedilotildees

governamentais e a falta de projetos que qualifiquem jovens e filhos de produtores

para atuarem no campo

Os produtores enfatizam tambeacutem a pouca atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees realizando

accedilotildees diferenciadas para cada associaccedilatildeo ou seja natildeo havendo criteacuterios para o

atendimento coletivo desses atores

Ao analisar o APL segundo o niacutevel Macro verificou-se que as poliacuteticas

macroeconocircmicas (cambial monetaacuteria e fiscal) e a poliacutetica de comeacutercio exterior natildeo

influenciam diretamente esse APL Por ser um arranjo de baixa renda e que utiliza

basicamente poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar adequadas para

uma agricultura diversificada e natildeo especificamente para tangerina tais poliacuteticas

acabam natildeo incentivando a expansatildeo do plantio Neste caso o planejamento e a

organizaccedilatildeo produtiva da atividade de maior potencial econocircmico na regiatildeo natildeo satildeo

priorizados

Ainda sobre a poliacutetica econocircmica brasileira eacute notoacuteria a carecircncia de

esclarecimentos sobre como essa poliacutetica poderia dinamizar o segmento e o

desconhecimento sobre os incentivos governamentais para formalizaccedilatildeo de

agronegoacutecios

95

O niacutevel Meta analisou a cooperaccedilatildeo dos atores dentro de uma visatildeo

sistecircmica em que estes acreditam que gradativamente o setor estaraacute fortalecido

mas que ainda natildeo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas

governamentais voltados para o setor

Identificou-se tambeacutem que natildeo existe um consenso entre os produtores sobre

a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao arranjo nem sobre a participaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa na defesa dos direitos dos seus associados e nem na

implementaccedilatildeo de um modelo de governanccedila que contribua com o desenvolvimento

do APL

Portanto apoacutes a anaacutelise da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees e da percepccedilatildeo dos

produtores rurais em relaccedilatildeo agraves poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina espera-se que as contribuiccedilotildees identificadas nesta pesquisa

sirvam de instrumento balizador na adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas para

a citricultura no Estado e que novas perspectivas de incremento ao setor sejam

planejadas com a participaccedilatildeo e integraccedilatildeo das organizaccedilotildees sociais que compotildeem

o arranjo

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Esta dissertaccedilatildeo analisou o Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina por se tratar de um APL de grande potencial econocircmico para

a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

O trabalho proposto teve como finalidade analisar a estrutura organizacional

do APL identificar as poliacuteticas promotoras do desenvolvimento avaliar a

contribuiccedilatildeo das poliacuteticas disponibilizadas e propor medidas para a reduccedilatildeo das

falhas oriundas do processo de implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas

Historicamente a regiatildeo em estudo eacute detentora de um nuacutemero expressivo de

produtores rurais que destinam suas atividades agriacutecolas no plantio de citros O

setor gera 4000 empregos diretos e 6000 empregos indiretos aproximadamente o

que torna o referido arranjo prioritaacuterio para o Estado

A produccedilatildeo de tangerina advinda do aglomerado produtivo apresenta como

diferencial competitivo a ocorrecircncia da safra na entressafra de outros estados e o

plantio com caracteriacutesticas orgacircnicas (sem uso de defensivos quiacutemicos)

Os stackholders entrevistados acreditam que o referido APL tem impacto na

economia local e regional tem mercado favoraacutevel para o escoamento da produccedilatildeo

eacute gerador de emprego e renda apresenta possibilidade de expansatildeo tem cultura

difundida na produccedilatildeo de tangerina e eacute promotor do desenvolvimento

socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Nos uacuteltimos anos apesar de ainda natildeo haver uma dinacircmica de trabalho

adequada para o segmento as instituiccedilotildees parceiras e suas respectivas poliacuteticas

contribuiacuteram para que o setor avanccedilasse

As principais poliacuteticas de apoio ao APL realizadas pelas instituiccedilotildees satildeo a

disponibilizaccedilatildeo de linhas de creacutedito destinadas agrave agricultura familiar (PRONAF)

estimulo agraves compras governamentais para os programas PNAE e PAA realizaccedilatildeo

de pesquisas de inovaccedilatildeo para a melhoria de mudas e plantas certificadas

97

promoccedilatildeo da transferecircncia de tecnologias e da capacitaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

orientaccedilotildees de ATER no plantio da tangerina

Sendo assim para analisar o impacto das poliacuteticas aplicadas ao APL em

estudo foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD Este

modelo analisa o arranjo com maior ecircnfase nos aspectos sociais e inclui a accedilatildeo do

Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade como fatores determinantes para o aumento

da competitividade sistecircmica A partir desse modelo foi possiacutevel pesquisar atraveacutes

dos niacuteveis Micro Meso Meta e Macro como o setor estaacute organizado e como as

poliacuteticas satildeo percebidas pelos produtores

Ao concluir a anaacutelise da pesquisa dois pontos foram priorizados e

referenciados dentro do estudo o primeiro eacute a visatildeo das instituiccedilotildees parceiras e

fomentadoras de poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

e o segundo a percepccedilatildeo dos produtores quanto agraves poliacuteticas disponibilizadas para o

aglomerado produtivo

Para as instituiccedilotildees o apoio ao segmento eacute realizado devido agrave importacircncia

econocircmica da produccedilatildeo de tangerina bem como 80 da populaccedilatildeo residir na zona

rural e ter como principal fonte de renda o cultivo da tangerina dancy Estes dois

fatores fazem com que as entidades governamentais vejam a atividade como

dinamizadora da economia para a regiatildeo

Outras accedilotildees advindas dessas entidades foram identificadas na pesquisa

contrataccedilatildeo de um especialista em tangerina melhoria das estradas vicinais para o

escoamento da produccedilatildeo promoccedilatildeo de visitas teacutecnicas e intercacircmbio reuniotildees

informativas sobre programas e poliacuteticas de desenvolvimento existentes para o

segmento e constituiccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema

Para os produtores esse apoio das instituiccedilotildees natildeo eacute percebido como poliacutetica

efetiva pois eacute executado sem um planejamento permanente de accedilotildees para o

periacuteodo de safra e de entressafra

As associaccedilotildees e a cooperativa tambeacutem sentem que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo

atuando de forma integrada ou seja natildeo foi visualizado um programa para a

citricultura principalmente para a tangerina em que houvesse a contribuiccedilatildeo de

todos os parceiros periodicamente visando o crescimento do APL

98

Aleacutem disso os produtores tambeacutem enfatizaram que o atendimento das

demandas por parte das instituiccedilotildees eacute realizado individualmente ou coletivamente

dependendo do tipo de accedilatildeo programada em cada oacutergatildeo o que muitas vezes

impede accedilotildees coletivas bem mais significativas para o APL como um todo

Esse apoio institucional realizado pelos parceiros de forma desarticulada e

com atendimentos diferenciados tem estimulado nos produtores descreacutedito nas

accedilotildees disponibilizadas pelos governos municipais e estadual

A falta de uma poliacutetica que intensifique as atividades econocircmicas e

tecnoloacutegicas no APL faz com que a produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba sofra um

descompasso entre a grande demanda por esses frutos de mesa e a baixa

competitividade desse setor

Sendo assim faz-se necessaacuterio a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas e adequaccedilatildeo

das jaacute existentes para que o arranjo possa se desenvolver com eficiecircncia e

competitividade

Sugere-se tambeacutem como alternativa complementar nas propostas de poliacuteticas

puacuteblicas a inserccedilatildeo das potencialidades de investimento dos municiacutepios que

compotildeem o APL (ver Apecircndice C) apresentadas nos Mapas de Oportunidades do

Estado da Paraiacuteba (FIEP 2009)

Na proacutexima seccedilatildeo seratildeo apresentadas as contribuiccedilotildees para a formulaccedilatildeo de

tais poliacuteticas

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

A pesquisa realizada no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina identificou que este APL natildeo possui infraestrutura tecnoloacutegica e logiacutestica

para vender em mercados que exigem qualidade e prazo de entrega a exemplo das

grandes redes de supermercado nacional ou para exportaccedilatildeo

Os avanccedilos obtidos a partir dos apoios institucionais ainda natildeo satildeo

suficientes para que o arranjo seja competitivo e desponte nacionalmente como um

99

aglomerado de excelecircncia na produccedilatildeo de tangerina Espera-se que com a

implementaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas para o segmento esse arranjo seja capaz de

promover o aumento da inclusatildeo social fazendo com que a dependecircncia do

agricultor por auxiacutelios governamentais como parte complementar de sua renda

sejam substituiacutedos por trabalho e geraccedilatildeo de riqueza

Para tanto diante das discussotildees geradas nesta dissertaccedilatildeo sugerem-se

algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de uma poliacutetica especiacutefica

para o segmento e a readequaccedilatildeo das poliacuteticas praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL Tais propostas satildeo

1 Formataccedilatildeo de uma poliacutetica governamental especiacutefica para a produccedilatildeo de citros

no APL que induza o aumento da produtividade dos plantios e a respectiva

comercializaccedilatildeo

Esta poliacutetica deve priorizar

A assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural de forma permanente executada pela

EMATER SENAR e MAPASEDAP

O aumento de recursos para o setor a ser incluiacutedo nos orccedilamentos estadual e

municipais bem como no das instituiccedilotildees estatais e privadas atuantes no

arranjo

O fomento a pesquisas e a inovaccedilatildeo direcionadas para a melhoria da

produccedilatildeo de tangerina e sua transferecircncia para os produtores

A implantaccedilatildeo de uma estufa destinada a produccedilatildeo de mudas certificadas

para o arranjo

O incentivo dos governos estadual e municipais em comprar um percentual da

produccedilatildeo advinda do APL

A compra de tangerina pelos programas governamentais federais (PNAE

PAA e CEASA) agrave cooperativa como forma de fortalecer a empresa acircncora do

segmento formalizar as vendas e reduzir a presenccedila do atravessador na

comercializaccedilatildeo

A capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica de jovens e filhos de agricultores oriundos desse

arranjo

100

2 Estimular os governos estadual e municipais a priorizarem em seus planos

plurianuais accedilotildees de incentivo ao desenvolvimento do APL da Citricultura

Este estiacutemulo deve partir de estrateacutegias que

Definam um programa que padronize as mudas de tangerina no Estado

Formalizem um programa de prevenccedilatildeo e combate agrave mosca negra e outras

pragas nos plantios de citros

Orientem e capacitem os produtores a realizarem o manejo de seus pomares

seguindo as orientaccedilotildees teacutecnicas e as normas ambientais

Formalizem premiaccedilotildees para os produtores mais criativos e competitivos

Formalizem convecircnio teacutecnico com o SEBRAE para formataccedilatildeo de um

programa de empreendedorismo visando desenvolver a gestatildeo dos

agronegoacutecios implantados no arranjo

3 Integraccedilatildeo de accedilotildees entre as instituiccedilotildees governamentais atuantes no APL

Tal poliacutetica deve visar

Reduzir gastos com atividades em duplicidade para fortalecer o segmento

com accedilotildees implementadas de forma continuada e aumentar a capacidade de

atendimento agraves demandas dos produtores

Direcionar a atuaccedilatildeo de cada instituiccedilatildeo com suas respectivas expertises para

resolver os gargalos teacutecnicos e tecnoloacutegicos dentro do arranjo

Aumentar o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees visando agrave integraccedilatildeo de accedilotildees

conjuntas

4 Incentivo a reduccedilatildeo de encargos fiscais e taxas para as organizaccedilotildees

(associaccedilotildees e cooperativas) que compotildeem o arranjo produtivo

Os arranjos produtivos locais necessitam de uma poliacutetica fiscal que reduza as

taxas e isenccedilotildees fiscais como forma de incentivar a participaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo das

organizaccedilotildees coletivas oriundas do referido arranjo Como propostas de incentivos

para o APL sugere-se

Isenccedilatildeo da taxa de alvaraacute da Agencia Estadual de Vigilacircncia Sanitaacuteria da

Paraiacuteba ndash AGEVISA em troca da participaccedilatildeo coletiva dos associados e

101

cooperados nos cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos Essa poliacutetica permitiraacute

capacitar as pessoas para manipularem os alimentos com maior seguranccedila e

higiene priorizando os empreendimentos localizados em APL

Criar uma licenccedila simplificada que substitua as trecircs licenccedilas ambientais

(licenccedila preacutevia licenccedila de instalaccedilatildeo e licenccedila de operaccedilatildeo) exigidas pela

SUDEMA visando reduzir o tempo de tramitaccedilatildeo dessas licenccedilas para

agilizar a implantaccedilatildeo de projetos em APLs de baixa renda

Subsidiar a implantaccedilatildeo da Tarifa Verde em aacutereas de citricultura (reduccedilatildeo no

valor da tarifa de energia no periacuteodo noturno) e a aquisiccedilatildeo do medidor para

afericcedilatildeo da energia com taxa diferenciada Essa poliacutetica permitiraacute que os

citricultores possam investir em irrigaccedilatildeo nos seus pomares

5 Poliacutetica de acompanhamento e avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo social educacional

econocircmica e de inovaccedilatildeo em APLs beneficiados por programas governamentais e

por instituiccedilotildees estatais

Esta poliacutetica deve buscar

Avaliar a efetividade do APL em estudo

Acompanhar os primeiros quatro anos de desenvolvimento do arranjo apoacutes a

transferecircncia de recursos advindos de programas e projetos tempo este

necessaacuterio para que os empreendimentos atinjam sua sustentabilidade

financeira

Realizar cursos de capacitaccedilatildeo para gestores e coordenadores de programas

em arranjos produtivos utilizando a competecircncia da RedeSist e do GPT APL

Estimular a formaccedilatildeo de agentes de APL como forma de reduzir o hiato

existente entre o setor produtivo e as instituiccedilotildees parceiras bem como

contribuir na difusatildeo das informaccedilotildees e na transferecircncia de accedilotildees de poliacuteticas

sociais e tecnoloacutegicas

Propor cursos teacutecnicos e de especializaccedilatildeo para jovens protagonistas da

regiatildeo que possam contribuir no processo de sustentabilidade do arranjo da

citricultura

102

Incentivar a criaccedilatildeo de um sistema de informaccedilatildeo para o APL e interligaacute-lo em

rede possibilitando avaliar quantitativamente e qualitativamente a evoluccedilatildeo

econocircmica e produtiva do arranjo

6 Aumentar os incentivos financeiros do Governo do Estado para o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

As propostas de accedilotildees governamentais para o aumento dos incentivos satildeo

Priorizar o referido arranjo em seus planos de accedilatildeo destinando recursos do

Fundo de Erradicaccedilatildeo e Combate agrave Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash

FUNCEP-PB para desenvolver accedilotildees de empreendedorismo implantaccedilatildeo de

agronegoacutecios e capacitaccedilatildeo profissional

Destinar um percentual dos recursos de ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento de pesquisas e inovaccedilatildeo para o arranjo

Apoiar a implantaccedilatildeo de uma cozinha industrial visando o aperfeiccediloamento de

jovens e mulheres da zona rural que fabricam doces geleias bolos biscoitos

sucos cocadas e casquinhas de tangerina como alternativa de ocupaccedilatildeo e

renda

Nesta dissertaccedilatildeo foi verificado que os produtores de tangerina utilizam

basicamente como linha de creacutedito o programa Pronaf Sugere-se que o Governo

Federal (SUDENE BNB FINEP BNDES Banco do Brasil e Caixa Econocircmica) insira

uma linha de financiamento diferenciada neste programa destinando mais recursos

para projetos coletivos voltados para o desenvolvimento do APL

62 Trabalhos Futuros

Ao teacutermino desta dissertaccedilatildeo espera-se que os resultados obtidos contribuam

na concepccedilatildeo de novas poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura - Segmento

Tangerina e que novas reflexotildees sejam geradas nas instituiccedilotildees e nas organizaccedilotildees

coletivas sobre o potencial econocircmico e social desse aglomerado produtivo Como

trabalhos futuros sugerem-se

103

Realizar um estudo sobre a cultura organizacional tradicional existente no

arranjo analisando os fatores que impedem seu desenvolvimento

Dar continuidade agraves pesquisas sobre poliacuteticas puacuteblicas indutoras de

desenvolvimento socioeconocircmico em APLs agriacutecolas de baixa renda visando

identificar quais dessas poliacuteticas poderiam ser replicadas no APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

Pesquisar porque a cultura da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica ainda natildeo eacute aplicada

como um vetor de desenvolvimento no APL estudado

Estudar a potencialidade do arranjo em desenvolver novos produtos com

maior valor agregado a partir da tangerina

Estudar a formataccedilatildeo de uma poliacutetica de educaccedilatildeo profissional para as aacutereas

de gestatildeo de negoacutecio e organizaccedilatildeo produtiva em APLs de baixa renda

Estudar se o niacutevel educacional dos produtores de tangerina tem influecircncia no

entendimento e absorccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

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APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo

Nome da entidade _______________________________________________________________

Sigla da entidade ___________________________

Acircmbito de atuaccedilatildeo da instituiccedilatildeo ____________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Apoio da Instituiccedilatildeo para o desenvolvimento do APL

21 Como a instituiccedilatildeo identifica Arranjos Produtivos Locais (baseia-se nas

variaacuteveis abaixo)

( ) A concentraccedilatildeo de produtores de tangerina no territoacuterio

( ) Concentraccedilatildeo de indiviacuteduos ocupados

( ) Cooperaccedilatildeo entre os atores participantes do arranjo

( ) Existecircncia de mecanismos de governanccedila

22 Porque o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi selecionado para o

apoio existe alguma forma de priorizaccedilatildeo (ex impacto na economia

regionallocal impacto social tradiccedilatildeo regional outros) Justifique

113

23 A partir de quais criteacuterios a instituiccedilatildeo selecionou os beneficiaacuterios para

formalizar a parceria (atraveacutes de programas demanda dos produtores

demanda das associaccedilotildeescooperativas outros)

24 Como a Instituiccedilatildeo trabalha para que as informaccedilotildees acerca dos

programas de apoio ao APL cheguem ao seu puacuteblico-alvo

25 Quais os principais desafios que a instituiccedilatildeo enfrenta no apoio ao APL

(operacional financeiro qualificaccedilatildeo de pessoal outros)

26 Quais satildeo as vantagens em atuar a partir do enfoque em APL no

EstadoRegiatildeo Justifique

3 Quanto agrave relaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo com os produtores Associaccedilotildees e

Cooperativas

31 Quantas cooperativasassociaccedilotildees participam do programa de apoio

concedido pela instituiccedilatildeo Quais satildeo Sua localizaccedilatildeo

32 Quais satildeo as principais demandas de apoio por parte dos atores do APL

33 Quais satildeo as principais formas de apoio que a instituiccedilatildeo concede ao APL

34 Como a Instituiccedilatildeo avalia o grau de adesatildeo do puacuteblico alvo aos programas

oferecidos

35 Quais as principais dificuldades que o puacuteblico alvo encontra para participar

desses programas ofertados

36 A Instituiccedilatildeo acredita que os produtoresInstituiccedilotildeesassociaccedilotildees

cooperativas envolvidas no APL atuam de forma cooperada para realizar

suas atividades

37 Vocecirc poderia citar alguns exemplos de cooperaccedilatildeo entre produtores

Instituiccedilotildeesassociaccedilotildeescooperativas (especificar para o APL)

4 Parceiros atuantes no APL

114

41 Quais satildeo os principais parceiros que apoiam o APL De que forma

atuam Avalie a importacircncia da cooperaccedilatildeo

42 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual a Instituiccedilatildeo conhece

poliacuteticas especificas de apoio ao APL Quais

43 As accedilotildees da Instituiccedilatildeo satildeo realizadas de forma integrada com os governos

Federal Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo

buscando ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas

accedilotildees com o governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de

accedilatildeo conjunta

5 Visatildeo da Instituiccedilatildeo quanto agrave potencialidade do APL

51 Em relaccedilatildeo ao apoio de sua instituiccedilatildeo em que momento eacute percebido a

intensidade (mais forte ou mais fraca) da cooperaccedilatildeo dos beneficiados

(pex na eficiecircncia e na inovaccedilatildeo nos serviccedilos administrativos na

aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas vendas no financiamento desenvolvimento

de processos e produtos etc)

52 Como a Instituiccedilatildeo percebe a diferenciaccedilatildeo no sistema produtivo (pex a

grande maioria da produccedilatildeo vem de produtores informais que adota

sistema arcaico por outro lado temos uma pequena parcela em fase de

modernizaccedilatildeo)

53 Dos que buscam a modernizaccedilatildeo a produccedilatildeo eacute integrada horizontalmente

a atividades agroindustriais Como a Instituiccedilatildeo percebe essa

modernizaccedilatildeo

54 Para a Instituiccedilatildeo quais os principais problemas desse segmento

( ) ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina

( ) baixa capacidade gerencial

( ) dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo

( ) competiccedilatildeo com tangerina produzida em outras regiotildees brasileiras

( ) elevados custos de comercializaccedilatildeo

115

( ) outros (especifique) __________________________________________

6 Existecircncia de oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo ambiental e fiscalizaccedilatildeo

sanitaacuteria

61 A Instituiccedilatildeo conhece leis ou instruccedilotildees normativas que estabelecem os

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

62 Na produccedilatildeo como satildeo vistas as questotildees como controle da qualidade

versus tradiccedilatildeo na forma de produzir a tangerina

7 Quanto agrave comercializaccedilatildeo

71 Quais os principais concorrentes

72 uais os canais de distribuiccedilatildeo comercializaccedilatildeo e logiacutestica

73 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

8 Quanto a projetos e planos futuros

81 Quais satildeo os esforccedilos que a Instituiccedilatildeo estaacute fazendo para consolidar o APL

da Citricultura - Segmento Tangerina

82 Quais satildeo os projetos e planos futuros que a Instituiccedilatildeo espera com a

consolidaccedilatildeo do APL

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

116

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees

Cooperativas e Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da AssociaccedilatildeoCooperativaProdutor

Nome da entidadeprodutor _______________________________________________________________

Sigla da entidade (se houver) ___________________________

Ano de Fundaccedilatildeo _______________

Atividade principal _______________________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Dados econocircmicos sobre a CooperativaAssociaccedilatildeo 2008 2009 2010

CooperadosAssociados ( ) ( ) ( ) FATURAMENTO (mil) ndash R$ ( ) ( ) ( ) Mercado interno () ( ) ( ) ( ) Mercado externo () ( ) ( ) ( ) DESTINO DOS PRODUTOS Paraiacuteba ( ) ( ) ( ) Outros estados do Nordeste ( ) ( ) ( ) Outras regiotildees ( ) ( ) ( ) Outros paiacuteses ( ) ( ) ( )

117

3 Niacutevel de escolaridade do responsaacutevel pelas informaccedilotildees Niacutevel escolaridade Fundamental ( ) Meacutedio ( ) superior incompleto ( ) Superior completo ( ) Poacutes-graduaccedilatildeo ( ) Teacutecnico ( ) Outros _______________

Funccedilatildeo do respondente na CooperativaAssociaccedilatildeo_____________________

ANAacuteLISE META

1 Os atores do arranjo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e

programas governamentais voltados para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

2 Vocecirc acredita que os atores locais estatildeo predispostos agrave cooperaccedilatildeo dado o

atual niacutevel de confianccedila entre os parceiros

3 Existe a praacutetica de troca de conhecimento entre os parceiros que permitam

elevar a competitividade do arranjo frente a outros concorrentes nacionais

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL META (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

2 O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

3

As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no setor atuando de maneira democraacutetica em defesa dos seus soacutecios

4 Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor privado

5

Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

118

ANAacuteLISE MACRO

1 A partir do ano de 2006 o Governo Federal passou a incentivar o tema

Arranjos Produtivos Locais (APL) por meio da incorporaccedilatildeo programas e

accedilotildees no acircmbito do Plano Plurianual 2004-2007 e a criaccedilatildeo do Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL) foi

sentido algum beneficio praacutetico a partir dessa medida

2 Como resolver o problema do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no

setor jaacute que o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina tecircm

associaccedilotildees e cooperativas legalmente constituiacutedas

3 O governo local tem direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do

APL

4 Quais instituiccedilotildees disponibilizam linha de financiamento para melhorar o

processo produtivo A que condiccedilotildees Existe acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos

5 O que vocecirc pode informar sobre fontes de financiamento para expansatildeo de

capacidade capital de giro e melhoria da produccedilatildeo

6 Quais satildeo os esforccedilos que vocecirc estaacute fazendo para consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento da Tangerina

7 Quais satildeo os projetos e planos futuros que vocecirc espera com a consolidaccedilatildeo

do APL

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo totalmente

2 Discordo parcialmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

119

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

2 A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor

3 A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos

4 O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

5 A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo

6 As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

ANAacuteLISE MESO

1 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual existe poliacutetica especifica

de apoio ao APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina como produto

genuinamente regional Quais

2 As accedilotildees satildeo realizadas de forma integrada com os governos Federal

Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo buscando

ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas accedilotildees com o

governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de accedilatildeo conjunta

3 A poliacutetica comercial brasileira favorece as exportaccedilotildees desse tipo de fruta

4 Existe poliacutetica de financiamento especializada que ajude no desenvolvimento

de produtos com tradiccedilatildeo local

5 Como o arranjo poderia obter recursos financeiros junto aos organismos e

bancos governamentais

6 Como tem sido a contribuiccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees de apoio ao arranjo

7 Existe desenvolvimento de accedilotildees junto a organizaccedilotildees natildeo governamentais

8 Eacute possiacutevel identificar as instituiccedilotildees parceiras do arranjo e quais outras

poderiam participar

120

9 Existem eou conhece leis ou instruccedilotildees normativas estabelecendo

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MESO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo de negoacutecios

2

O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos gestores governamentais

3 A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo

4 A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor

5 O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

6 As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

7 A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

8 A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

121

Indique como se apresenta a relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

PARCEIROSSTAKEHOLDERS OacuteTIMO BOM REGULAR RUIM SEM RELACcedilAtildeO

AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio

Instituiccedilotildees financeiras

Fornecedores e outras empresas do arranjo

Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades

Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

NIacuteVEL MICRO

1 A atividade produtiva utiliza a mesma espeacutecie de laranja entre os

plantadores de tangerina da regiatildeo ou buscam mateacuteria-prima (novas

espeacutecies) em outros Estados

122

2 O processo de cultivo da tangerina sofreu alteraccedilotildees bruscas ao longo de

sua existecircncia na regiatildeo Por quecirc

3 Quais satildeo os diferenciais competitivos da CooperativaAssociaccedilatildeo

(sazonalidade preccedilo qualidade prazos de entrega)

4 Quais municiacutepios que concentram o maior plantio de tangerina

5 Na plantaccedilatildeo como satildeo vistos questotildees como controle da qualidade versus

tradiccedilatildeo na forma de cultivar a tangerina

6 Existe deficiecircncia nos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica

Analisar os destinos interno e externo para a venda

7 Existe algum tipo de procedimento que busque a certificaccedilatildeo da tangerina

como orgacircnica

8 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

9 Aponte os principais problemas desse segmento i) ausecircncia de

padronizaccedilatildeo da tangerina ii) baixa capacidade produtiva entre as safras iii)

dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo iv) competiccedilatildeo com outras

variedades de tangerinas v) elevados custos de comercializaccedilatildeo

10 Quais os principais concorrentes

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

123

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1

A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

2 A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado

3 A COOPERTANGE (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente ao mercado

4 Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina

5 Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da tangerina

6 Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

7 Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

8 A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Com relaccedilatildeo agraves principais formas de cooperaccedilatildeo no APL responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

Formas de Cooperaccedilatildeo (1) (2) (3) (4) (5)

1 Compra de insumos e equipamentos

2 Venda de produtos

3 Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio

4 Capacitaccedilatildeo de recursos humanos

5 Obtenccedilatildeo de financiamento

6 Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees

7 Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

124

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo responda seguindo o criteacuterio de importacircncia

1-2 Menos importante

3 Meacutedia

4-5 Mais importante

Fonte de Informaccedilatildeo

Escala de Importacircncia

Menos importante

Meacutedia Mais

importante

Fontes internas (1) (2) (3) (4) (5)

1 Pesquisa e Desenvolvimento

2 Aacuterea de produccedilatildeo

3 Aacuterea de vendas e marketing

4 Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes externas (1) (2) (3) (4) (5)

5 Fornecedores de insumos

6 Clientes

7 Concorrentes

8 Outras empresas do setor

9 Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa (1) (2) (3) (4) (5)

10 Universidades

11 Institutos de pesquisas

12 Centro de capacitaccedilatildeo profissional

13 Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

14 Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes (1) (2) (3) (4) (5)

15 Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

16 Feiras especializadas

17 Associaccedilotildees e sindicatos

18 Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

125

Com relaccedilatildeo agrave estrateacutegia empresarial e praacuteticas gerenciais responda seguindo o seguinte criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Natildeo conhecemos

2 Conhecemos mas nunca utilizamos

3 Utilizamos algumas vezes

4 Utilizamos com frequecircncia

5 Utilizamos sempre

Praacuteticas Gerenciais (1) (2) (3) (4) (5)

1 Planejamento estrateacutegico

2 Pesquisa de mercado

3 Sistema de gestatildeo ambiental

4 Praacuteticas de Produccedilatildeo Limpa

5 Ajuste da capacidade produtiva

6 Planejamento e controle da produccedilatildeo

7 Gerenciamento de projetos

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

126

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Municiacutepio de Matinhas

127

Municiacutepio de Alagoa Nova

128

Municiacutepio de Satildeo Sebastiatildeo de

Lagoa de Roccedila

129

Municiacutepio de Lagoa Seca

130

Municiacutepio de Esperanccedila

131

Municiacutepio de Massaranduba

Page 2: Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Mestrado ... · 2019. 10. 25. · pelos produtores. Para realizar a análise, foi utilizado o modelo do

Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciecircncias Sociais e Aplicadas

Mestrado Profissional em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste

Decirclma do Sococircrro Pessocirca Barbosa Aquino

Poliacuteticas Puacuteblicas como Condicionante de Desenvolvimento Socioeconocircmico para o Arranjo

Produtivo Local da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba ndash 2008 a 2011

Dissertaccedilatildeo submetida agrave aprovaccedilatildeo como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de mestre em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste da Universidade Federal de Pernambuco

Orientador Professor Doutor Abraham Benzaquen Sicsuacute

Coorientador Professor Doutor Paulo Fernando de Moura Bezerra Cavalcanti Filho

Recife 2012

Catalogaccedilatildeo na Fonte

Bibliotecaacuteria Rejane Ferreira dos Santos CRB4-839

A657p Aquino Decirclma do Sococircrro Pessocirca Barbosa

Poliacuteticas puacuteblicas como condicionante de desenvolvimento

socioeconocircmico para o arranjo produtivo local da citricultura - segmento

tangerina na Paraiacuteba ndash 2008 a 2011 Decirclma do Sococircrro Pessocirca Barbosa

Aquino - Recife O Autor 2012

131 folhas il 30 cm

Orientador Prof Dr Abraham Benzaquen Sicsuacute

Co-orientador Prof Dr Paulo Fernando de Moura Bezerra Cavalcanti

Filho

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal de Pernambuco CCSA

Administraccedilatildeo 2012

Inclui bibliografia e apecircndices

1 Poliacuteticas puacuteblicas 2 Arranjo produtivo local 3 Desenvolvimento

sustentaacutevel 4 Citricultura 5 Paraiacuteba I Sicsuacute Abraham Benzaquen

(Orientador) II Cavalcanti Filho Paulo Fernando de Moura Bezerra (Co-

orientador) III Tiacutetulo

658 CDD (22ed) UFPE (CSA 2012 -106)

Ao meu baby Marcus e agraves

minhas filhas Camille e

Caroline pela paciecircncia amor e

incentivo para que esta dissertaccedilatildeo

se tornasse realidade

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer inicialmente a Deus por me dar sabedoria nas horas

difiacuteceis e me iluminar na conclusatildeo deste trabalho de pesquisa Ele tambeacutem foi o

responsaacutevel por me ajudar a escalar os degraus deste trabalho avanccedilando um a um

a cada dia mesmo que muitas vezes esses degraus parecessem interminaacuteveis

Em seguida gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Abraham

Benzaquen Sicsuacute por reconhecer a sua dedicaccedilatildeo e competecircncia no

acompanhamento deste trabalho Friso tambeacutem a importacircncia de sua orientaccedilatildeo

durante todas as etapas deste projeto que me fizeram pensar questionar e refletir

dentro de uma visatildeo holiacutestica sobre o tema de pesquisa escolhido

Ao meu coorientador Prof Dr Paulo Fernando M B Cavalcanti Filho por me

aceitar como sua orientanda e acreditar na minha proposta de trabalho A ele

tambeacutem quero agradecer as palavras de incentivo e as valiosas contribuiccedilotildees na

elaboraccedilatildeo deste documento

Ao Dr Edson Batista Lopes pesquisador da EMBRAPAEMEPA que

concedeu importantes informaccedilotildees sobre o setor da citricultura no Estado da

Paraiacuteba e me auxiliou no entendimento das caracteriacutesticas teacutecnicas sobre a

tangerina e sua importacircncia econocircmica para a regiatildeo

Agrave Cooperativa dos Profissionais em Atividades Gerais ndash COOPAGEL pelo

apoio e incentivo agrave realizaccedilatildeo deste mestrado

Ao meu esposo Marcus companheiro de todos os momentos que sempre me

incentivou e me apoiou nesta jornada A ele eu reconheccedilo meu amor e gratidatildeo

Agraves minhas filhas Camille e Caroline que souberam entender em diversos

momentos a minha ausecircncia e a minha falta de paciecircncia Com certeza todo esse

esforccedilo foi para o bem delas

Aos meus pais Carminha e Carloto (in-memoriam) que pela proximidade

estiveram sempre presentes no meu dia-a-dia e na minha convivecircncia sempre me

incentivando na conclusatildeo deste trabalho

Por fim agradeccedilo aos meus sogros Helena e Regis que apesar da distacircncia

me incentivaram nos incansaacuteveis telefonemas dominicais a continuar esta jornada

RESUMO

Os Arranjos Produtivos Locais - APLs tecircm se tornado uma alternativa para o

desenvolvimento regional cujo objetivo eacute a cooperaccedilatildeo integrada entre o Governo

Federal os Estados da Federaccedilatildeo e o setor produtivo com a finalidade de promover

o crescimento socioeconocircmico dos territoacuterios brasileiros Na Paraiacuteba o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina objeto de estudo desta dissertaccedilatildeo estaacute

localizado na Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano e tecircm como principal atividade

econocircmica a produccedilatildeo de citros sendo o seu carro chefe a tangerina O referido

arranjo eacute promotor da principal fonte de renda da regiatildeo possuindo em seu entorno

vaacuterias instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais que realizam accedilotildees em

prol do fortalecimento produtivo Este trabalho procura analisar as poliacuteticas puacuteblicas

que estatildeo sendo direcionadas para o setor pelas instituiccedilotildees e como satildeo percebidas

pelos produtores Para realizar a anaacutelise foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo

de Desenvolvimento ndash IAD que avalia os impactos das poliacuteticas aplicadas ao arranjo

dando ecircnfase aos aspectos sociais a accedilatildeo do Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade

como fatores determinantes para o aumento da competitividade sistecircmica do setor

Com a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo foi possiacutevel verificar que o apoio das instituiccedilotildees natildeo

eacute percebido pelos produtores como poliacutetica efetiva pois eacute executado sem um

planejamento de accedilotildees integradas e perioacutedicas Aleacutem disso verificou-se tambeacutem a

necessidade da integraccedilatildeo das instituiccedilotildees objetivando a concepccedilatildeo de uma poliacutetica

especiacutefica para o setor que venha estimular uma governanccedila proativa e indutora do

desenvolvimento socioeconocircmico na regiatildeo Ao termino deste trabalho satildeo

sugeridas algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de novas

poliacuteticas puacuteblicas e readequaccedilatildeo das jaacute existentes praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL

Palavras chave poliacuteticas puacuteblicas arranjo produtivo local desenvolvimento

sustentaacutevel citricultura Paraiacuteba

ABSTRACT

The Local Productive Arrangements ndash LPA have become an alternative to regional

development whose goal is the integrated cooperation among the Federal

Government the States of the Federation and the productive sector with the

purpose of promoting the socioeconomic growth of the Brazilian territories In

Paraiacuteba the LPA of Citrus - Tangerine Segment object of study of this dissertation

is located in the Agreste Paraibano Mesoregion and their main economic activity is

the citrus production and its flagship product is the tangerine The cited arrangement

is the promoter of the main source of income for the region having around it several

governmental and nongovernmental institutions that carry out actions in favor of

productive strengthening This article analyzes the public policies which are being

directed to the sector by financial institutions and how they are perceived by

producers To perform the analysis we used the model of the German Development

Institute - GDI that evaluates the impacts of policies applied to the arrangement

emphasizing the social aspects state action and the mobilization of society as

factors for increasing systemic competitiveness of the sector Using this method it

was possible to verify that the support of institutions is not perceived by producers as

effective policy because it runs without a plan of integrated periodic actions

Furthermore it was also verified the need for integration of the institutions aiming the

conception of a specific policy for the sector that comes to stimulate a proactive

governance and inducer of the socioeconomic development in the region At the end

of this study are suggested proposals that can help in formulating new public policies

and upgrading of existing ones operated by government institutions and NGOs

active in LPA

Key words public policy Local Productive Arrangements sustainable development

citros Paraiacuteba

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 14

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura -

Segmento da Tangerina 15

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 201043

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 47

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD 62

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina 16

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do

Nordeste 41

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

41

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo

para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo42

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro 79

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL 80

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo 81

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso 84

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros 85

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro 89

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta 91

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APL Arranjo Produtivo Local

ARTEZA Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos de Ribeira de Cabaceiras

Ltda

ASPIL Arranjo e Sistema Produtivo e Inovativo Local

ASPTA Assessoria Serviccedilos Projetos Agricultura Alternativa - Zona Rural

ATER Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

BIRD Banco Internacional para Reconstruccedilatildeo e Desenvolvimento

BNB Banco do Nordeste do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CAAPL Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais

CEASA Central de Abastecimento de Alimentos

CNPq Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento

COMPET Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores

Econocircmicos Tradicionais ndash SICTCTCNPq

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COOPERAR Projeto COOPERAR Paraiacuteba Brasil

COOPERTANGE Cooperativa dos Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda

CTCC Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado Albano Franco

DAP Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao PRONAF

EMATER Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba

EMEPA Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A

EMPASA Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviccedilos Agriacutecolas

ETENE Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste

EU Uniatildeo Europeia

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

FAEPA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FAPESQ Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do Estado da Paraiacuteba

FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste

FETAG Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FIEP Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

FUNCEP-PB Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da Pobreza do Estado da Paraiacuteba

FUNDECI Fundo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico

GTP APL Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INTERPA Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da Paraiacuteba

LABVEST Laboratoacuterio de Vestuaacuterio da Paraiacuteba

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal

MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDA Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MDS Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome

MEC Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

MGP Mestrado em Gestatildeo Puacuteblica

MPME Micro Pequena e Meacutedia Empresa

NE APLPB Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba

PAA Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos

PDP Plano de Desenvolvimento Preliminar

PNAE Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

RedeSist Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais

SAF Secretaria da Agricultura Familiar

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agraves Micros e Pequenas Empresas da Paraiacuteba

SECTMA Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente

SEDAP Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da

Pesca

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural

SEPLAG Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo

SETDE Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico

SICTCT Secretaria de Induacutestria Comeacutercio Turismo Ciecircncia e Tecnologia

STRM Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas

SUDEMA Superintendecircncia de Administraccedilatildeo do Meio Ambiente

TIC Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba

UFCG Universidade Federal de Campina Grande

UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

11 Justificativa 17

12 Problematizaccedilatildeo 18

13 Objetivos da Pesquisa 20

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo 20

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO 22

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel 22

22 Arranjo Produtivo Local 26

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs 31

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento Regional

Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs 37

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA

TANGERINA NA PARAIacuteBA 39

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 39

32 Estrutura Organizacional 46

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL 48

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo 49

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba 52

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA 59

41 Instrumento de Pesquisa 61

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da Pesquisa 62

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA 65

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

65

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia das poliacuteticas

puacuteblicas para o desenvolvimento do APL 77

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro 77

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso 82

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro 86

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta 90

53 Conclusatildeo da Anaacutelise 92

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 96

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 98

62 Trabalhos Futuros 102

REFEREcircNCIAS 104

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da

Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba 112

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees Cooperativas e

Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

116

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba 126

Mesorregiatildeo do Agreste

1 INTRODUCcedilAtildeO

Esta dissertaccedilatildeo tem como Aacuterea de Concentraccedilatildeo a Gestatildeo Puacuteblica para o

Desenvolvimento Regional e estaacute inserida na linha de pesquisa Capital Social

Desenvolvimento Sustentaacutevel e Conhecimento do Curso de Mestrado Profissional

em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste da Universidade Federal

de Pernambuco ndash UFPE

O desenvolvimento deste trabalho busca avaliar as poliacuteticas puacuteblicas1

existentes para o Arranjo Produtivo Local ndash APL2 da Citricultura da Paraiacuteba ndash

Segmento Tangerina e identificar as contribuiccedilotildees dessas poliacuteticas no

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo no periacuteodo de 2008 a 2011

A pesquisa realizada teve como foco a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

onde estaacute localizada a produccedilatildeo de tangerina do Estado Na Figura 1 satildeo

apresentados dados cartograacuteficos por sateacutelite da Mesorregiatildeo do Agreste o mapa

do Brasil com a localizaccedilatildeo do Estado da Paraiacuteba e o mapa da Paraiacuteba com a regiatildeo

onde estaacute inserido o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

1 As poliacuteticas puacuteblicas para o setor seratildeo apresentadas no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 23

2 O conceito de Arranjo Produtivo Local seraacute discutido no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 22

APL da Citricultura

15

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina abrange os municiacutepios de

Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila

Massaranduba e Matinhas (Figura 2) Essa regiatildeo possui uma aacuterea plantada de

1892 hectares (IBGE 2010b) o que a torna a maior produtora de tangerina do

Nordeste

O municiacutepio de Matinhas considerado sede do APL por ser o maior produtor

de tangerina da Paraiacuteba estaacute localizado a 143 km de Joatildeo Pessoa capital do

Estado e a 20 km de Campina Grande cidade polarizadora da regiatildeo

Geograficamente Matinhas tem uma aacuterea de 29 Kmsup2 com uma populaccedilatildeo de

4322 habitantes tendo 84 (3640 habitantes) na zona rural e 16 (682

habitantes) na zona urbana sendo considerado um municiacutepio tipicamente rural A

quase totalidade da populaccedilatildeo rural sobrevive economicamente do cultivo da

tangerina (IBGE 2010)

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura - Segmento da Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

Outro ponto importante a ser considerado na pesquisa eacute a anaacutelise do Iacutendice

de Desenvolvimento Humano ndash IDH elaborado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas

para o Desenvolvimento (PNUD 2011) Esta anaacutelise parte do pressuposto que para

aferir o avanccedilo de uma populaccedilatildeo natildeo se deve considerar apenas a dimensatildeo

econocircmica mas tambeacutem outras caracteriacutesticas sociais culturais e poliacuteticas que

16

influenciam a qualidade da vida humana Essas caracteriacutesticas satildeo essenciais para

que se possa avaliar o respectivo desenvolvimento sustentaacutevel da regiatildeo

O IDH tambeacutem conhecido como IDH Global eacute uma medida resumida do

progresso a longo prazo em trecircs dimensotildees baacutesicas do desenvolvimento humano

renda educaccedilatildeo e sauacutede (longevidade) O objetivo da criaccedilatildeo do IDH foi o de

oferecer um contraponto ao indicador do Produto Interno Bruto ndash PIB per capita que

considerava apenas a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento (PNUD 2011)

O IDH eacute um iacutendice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio das

Naccedilotildees Unidas3 e no Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal atraveacutes do

Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal ndash IDH-M Este iacutendice eacute um ajuste

metodoloacutegico ao IDH Global e foi publicado em 1998 e em 2003 (a partir dos dados

do Censo de 2000) Vale salientar que ainda natildeo foram publicados os iacutendices do

IDH-M dos municiacutepios pelos novos criteacuterios do PNUD4

No Quadro 1 satildeo apresentados os iacutendices IDH Global IDH-Renda IDH-

Longevidade e IDH-Educaccedilatildeo do Brasil e do Estado da Paraiacuteba (PNUD 2008) bem

como o IDH-M dos municiacutepios que constituem o APL da Citricultura - Segmento da

Tangerina (PNUD 2003) Segundo esses dados o IDH-M dos municiacutepios encontra-

se entre 0561 e 0622 todos abaixo dos iacutendices da Paraiacuteba e do Brasil

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IDH

Global IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Brasil (PNUD 2008) 0794 0713 0785 0883

Paraiacuteba (PNUD 2008) 0718 0638 0723 0793

Municiacutepios (PNUD 2003) IDH-M IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Matinhas 0576 0477 0606 0645

Esperanccedila 0632 0550 0660 0685

Alagoa Nova 0612 0510 0660 0666

Lagoa Seca 0612 0548 0600 0689

Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila 0622 0549 0631 0687

Massaranduba 0561 0499 0570 0613

Fonte PNUD (2003) e PNUD (2008)

3 httpwwwpnudorgbrODMaspx

4 Uma nova versatildeo com dados do Censo 2010 estaacute sendo produzida pelo PNUD e deveraacute ser lanccedilada no iniacutecio

de 2013

17

Verifica-se que embora a regiatildeo do APL esteja se desenvolvendo

economicamente a populaccedilatildeo natildeo possui uma seacuterie de condiccedilotildees que lhe

proporcionem bem-estar no que se refere aos niacuteveis educacional (reduccedilatildeo da

evasatildeo escolar) social (oportunidade de inclusatildeo social atraveacutes de trabalho e renda

e de serviccedilos de sauacutede) e cultural (direito agrave cidadania e lazer)

Um baixo iacutendice educacional por exemplo reflete diretamente na dificuldade

dos produtores rurais em serem capacitados e absorverem tecnologias que venham

agregar valor agrave produccedilatildeo de tangerina

Desta forma o APL da Citricultura necessita de poliacuteticas que venham

contribuir para a reduccedilatildeo do analfabetismo organizaccedilatildeo produtiva transferecircncia de

tecnologia absorccedilatildeo de tecnologias para os seus plantios modernizaccedilatildeo gerencial

de suas organizaccedilotildees associativas e conscientizaccedilatildeo dos produtores para o trabalho

de forma organizada e cooperativa

O trabalho de pesquisa realizado visou identificar os problemas existentes no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e analisar como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo direcionadas para a resoluccedilatildeo desses gargalos

11 Justificativa

A relevacircncia desta dissertaccedilatildeo foi estudar e documentar as poliacuteticas puacuteblicas

geradas pelos governos federal estadual e municipal em prol da sustentabilidade

socioeconocircmica do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Para este estudo foi relevante tambeacutem a anaacutelise do cenaacuterio atual e da

situaccedilatildeo produtiva e organizacional do APL avaliando os impactos socioeconocircmicos

gerados por esse segmento no Estado

A validaccedilatildeo deste trabalho visa identificar gargalos existentes na transferecircncia

de poliacuteticas puacuteblicas para o segmento bem como a necessidade de adequar tais

poliacuteticas para dar sustentabilidade agrave referida atividade econocircmica

As consideraccedilotildees e sugestotildees geradas neste documento poderatildeo contribuir

para a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas que possibilitem a integraccedilatildeo dos diversos

18

atores e a consolidaccedilatildeo do arranjo produtivo local como um instrumento de

desenvolvimento proativo para a regiatildeo e indutor de novos negoacutecios

Portanto esta dissertaccedilatildeo tem como finalidade pesquisar e avaliar as

contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas que estatildeo sendo aplicadas em um APL de baixa

renda cujas atividades produtivas e inovativas satildeo provenientes de populaccedilotildees que

desenvolvem atividades de agricultura familiar no Estado da Paraiacuteba bem como

propor medidas mais adequadas para implementaccedilatildeo de tais poliacuteticas que possam

fomentar a estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de um aglomerado produtivo sustentaacutevel

12 Problematizaccedilatildeo

A citricultura na Paraiacuteba vem sendo explorada desde meados da deacutecada de

60 quando surgiram os primeiros plantios de citros no municiacutepio de Matinhas A

partir de 1969 iniciou-se a utilizaccedilatildeo de mudas enxertadas onde o limatildeo galego foi

escolhido como porta enxerto para as principais variedades cultivadas no municiacutepio

Dados de 1996 constatam que a tangerina dancy jaacute era a laranja predominante com

mais de 85 da aacuterea plantada naquele municiacutepio Posteriormente a tangerina dancy

se alastrou pelos municiacutepios vizinhos (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

Nos uacuteltimos cinco anos conforme observado na pesquisa realizada diversas

instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que atuam na regiatildeo vecircm buscando o

desenvolvimento planejado dessa atividade com o objetivo de consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Este APL enfrenta o desafio de se desenvolver e buscar niacuteveis de qualidade

de vida para os produtores rurais similares ao de outros APLs economicamente

avanccedilados

Todavia esse desenvolvimento deve incluir necessariamente uma

infraestrutura que permita aos produtores de tangerina produzir frutos de qualidade e

comercializar seu produto de forma competitiva A qualidade da tangerina eacute um fator

determinante no processo de agregaccedilatildeo de valor para seu escoamento no mercado

O meacutetodo de produccedilatildeo de tangerina utilizado na regiatildeo faz com que o

produtor tenha uma perda anual consideraacutevel Segundo Lopes Albuquerque e

Moura (2006) no municiacutepio de Matinhas por exemplo 20 da produccedilatildeo de

19

tangerina se perdem no campo devido ao fruto ter tamanho inadequado e natildeo ter

preccedilo de mercado

Aleacutem disso outras perdas satildeo identificadas devido a utilizaccedilatildeo de mudas

inadequadas plantio e espaccedilamento incorretos adubaccedilotildees quiacutemica e orgacircnicas

deficientes manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequados tratos culturais deficientes

(podas incorretas impedimento na formaccedilatildeo da planta e raleamento de frutos)

problemas fitossanitaacuterios diversos colheita e comercializaccedilatildeo inadequada

transporte da produccedilatildeo assistecircncia teacutecnica pesquisas e financiamento agriacutecola

deficientes e cooperativismo e agroinduacutestria inexistentes (LOPESALBUQUERQUE

MOURA 2006)

Na tentativa de resolver tais gargalos os gestores puacuteblicos na maioria das

vezes buscam decisotildees imediatistas que soacute resolvem os problemas em curto prazo

e como consequecircncia os problemas natildeo satildeo sanados a exemplo do combate da

mosca negra com agrotoacutexicos como medida emergencial

Por outro lado observa-se que a partir de 2008 algumas estrateacutegias e accedilotildees

governamentais foram adotadas pelo setor puacuteblico tais como distribuiccedilatildeo de mudas

certificadas contrataccedilatildeo de um especialista em citricultura para orientar os

produtores aumento de pesquisas para combate agrave mosca negra e realizaccedilatildeo de

reuniotildees seminaacuterios e visitas teacutecnicas visando incentivar a melhoria da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo da tangerina As accedilotildees acima realizadas tiveram como objetivo

desenvolver o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e resgatar o dinamismo

das atividades agriacutecolas geradoras de trabalho e renda na zona rural

No entanto apesar das diversas poliacuteticas concebidas pelos governos o

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo ainda eacute baixo5 Desta forma questiona-

se por que esse APL ainda natildeo estaacute consolidado e estruturado e quais as

dificuldades na implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas para o setor

Sendo assim supotildee-se que exista uma deficiecircncia das poliacuteticas puacuteblicas

existentes e faz-se necessaacuterio avaliar como elas estatildeo sendo direcionadas para o

referido APL de modo a se questionar Como essas poliacuteticas podem constituir um

condicionante de desenvolvimento socioeconocircmico para o APL da Citricultura ndash

5 Conforme anaacutelise do IDH dos municiacutepios pertencentes ao APL (ver Quadro 1 do Capiacutetulo 1)

20

Segmento Tangerina na Paraiacuteba Quais as dificuldades que impedem a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas Como essas poliacuteticas poderiam ser adaptadas

para atuarem mais eficientemente

13 Objetivos da Pesquisa

Analisar a estrutura do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na

Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

Pesquisar e identificar poliacuteticas puacuteblicas de fomento para APLs de baixa renda

Avaliar a contribuiccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura nos

municiacutepios que compotildeem o arranjo e principalmente em Matinhas cidade

acircncora do referido APL

Propor medidas orientadoras para reduccedilatildeo das falhas oriundas do processo de

implementaccedilatildeo de poliacuteticas junto ao setor e que possam contribuir para a

consolidaccedilatildeo de um APL competitivo

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo

Esta dissertaccedilatildeo eacute composta por seis capiacutetulos

Este capiacutetulo Capiacutetulo 1 ndash Introduccedilatildeo descreve os objetivos do trabalho

sua justificativa e a identificaccedilatildeo do problema

O Capiacutetulo 2 ndash Referencial Teoacuterico eacute constituiacutedo da fundamentaccedilatildeo teoacuterica

atraveacutes da discussatildeo sobre as teorias e conceitos de desenvolvimento sustentaacutevel

arranjo produtivo local e poliacuteticas puacuteblicas para o APL

No Capiacutetulo 3 ndash Caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina na Paraiacuteba eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura na

Paraiacuteba e as poliacuteticas puacuteblicas existentes para esse APL

No Capiacutetulo 4 ndash Metodologia Aplicada na Pesquisa satildeo demonstrados os

procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa a escolha da amostra e a descriccedilatildeo

do instrumento de coleta de dados primaacuterio e secundaacuterio

21

No Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise das Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL da Citricultura

satildeo discutidos os resultados da pesquisa de campo realizada com as instituiccedilotildees

que apoiam o APL as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores rurais e

analisada a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao setor

O Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais e Recomendaccedilotildees apresenta as

consideraccedilotildees finais da pesquisa com o objetivo de propor adequaccedilotildees para as

poliacuteticas puacuteblicas analisadas

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

A revisatildeo da literatura que seraacute descrita se fez necessaacuteria para um melhor

entendimento do trabalho de dissertaccedilatildeo proposto Neste capiacutetulo seratildeo

apresentados os conceitos de desenvolvimento regional sustentaacutevel

responsaacuteveis pelo crescimento eficiente das atividades econocircmicas sociais e

territoriais a caracterizaccedilatildeo de um arranjo produtivo local descrevendo sua

estrutura organizacional e a integraccedilatildeo entre o setor produtivo e os diversos atores

que compotildeem o APL e a importacircncia das poliacuteticas puacuteblicas como indutoras de

accedilotildees que tecircm por finalidade impulsionar o setor produtivo e consolidar um APL

como um instrumento dinamizador do desenvolvimento socioeconocircmico de uma

regiatildeo

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel

O desenvolvimento regional sustentaacutevel eacute um fator preponderante para o

desenvolvimento de um territoacuterio O processo de crescimento econocircmico equilibrado

de uma regiatildeo em funccedilatildeo de sua territorialidade tem como princiacutepio a

desconcentraccedilatildeo e a potencializaccedilatildeo das comunidades locais e regionais

Neste sentido o processo de desenvolvimento de uma regiatildeo dependeraacute

necessariamente da sua capacidade de organizaccedilatildeo social associado ao aumento

da autonomia regional para a tomada de decisotildees ao crescimento da capacidade

para reter e reinvestir o excedente econocircmico gerado pelo processo de

desenvolvimento sub-regional a um crescente processo de induccedilatildeo social e a um

processo permanente de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do ecossistema regional

(VERGOLINO DIAS MAGALHAtildeES GALVAtildeO 2008)

Segundo Boisier (1992) a capacidade de organizaccedilatildeo social de uma dada

regiatildeo eacute considerada um fator endoacutegeno capaz de transformar o crescimento em

desenvolvimento mediante a constituiccedilatildeo de uma rede de instituiccedilotildees e agentes

apoiados pela cultura local e por um projeto poliacutetico regional

23

O desenvolvimento de uma determinada regiatildeo implica na necessidade de

autonomia decisoacuteria de captaccedilatildeo e reinversatildeo do excedente econocircmico de inclusatildeo

social de consciecircncia e accedilatildeo ambientalista de sincronia intersetorial e territorial e

de percepccedilatildeo coletiva de pertencer agrave regiatildeo

Para que haja a concretizaccedilatildeo desse desenvolvimento a proposta de

dinamizaccedilatildeo tambeacutem deveraacute estar respaldada na diversificaccedilatildeo da base produtiva

na verticalizaccedilatildeo da atividade econocircmica na agregaccedilatildeo de valor ao produto local

na geraccedilatildeo de emprego e renda na criaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo de associaccedilotildees

cooperativas de produtores e na participaccedilatildeo dos atores locais

Para que tal iniciativa tenha ecircxito torna-se necessaacuterio a elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que visem a melhoria do niacutevel de educaccedilatildeo e

capacitaccedilatildeo profissional da populaccedilatildeo envolvida e da infraestrutura econocircmica e

social das aacutereas beneficiadas (VERGOLINO et al 2008)

Esforccedilos empreendidos nos uacuteltimos anos estatildeo baseados na ideia de que a

conquista da sustentabilidade passa pela implementaccedilatildeo de processos de

desenvolvimento orientados por princiacutepios de cooperaccedilatildeo entre indiviacuteduos

A interdependecircncia de tais processos ocorre em um sistema complexo que

adota como padratildeo organizativo de uma rede autopoieacutetica6 que tende a se

manifestar nas coletividades humanas que busca fortalecer uma atividade

econocircmica mediante uma cooperaccedilatildeo muacutetua

Para tanto se faz necessaacuteria a formaccedilatildeo da consciecircncia sobre as relaccedilotildees

muacuteltiplas desse sistema e como os indiviacuteduos devem participar de forma

cooperativa Esta relaccedilatildeo cooperativa se manifesta atraveacutes da formaccedilatildeo de

associaccedilotildees que estabelecem ligaccedilotildees e lhes concedem empoderamentos para

buscar parcerias que possam ajudar na estruturaccedilatildeo de suas organizaccedilotildees

A partir da conscientizaccedilatildeo cada integrante dessa associaccedilatildeo passa a

conhecer as possibilidades e as necessidades de cada membro da organizaccedilatildeo

Nas localidades onde ocorrem processos de desenvolvimento baseados em

parcerias entre muacuteltiplos atores produtivos governamentais empresariais e sociais

6 A teoria autopoieacutetica tem como ideia baacutesica um sistema organizado autossuficiente Este sistema produz e

recicla seus proacuteprios componentes diferenciando-se do meio exterior

24

pode-se dizer metaforicamente que existe parceria e que estas coevoluem

estabelecendo entre si relaccedilotildees em que todos ganham nesta rede

Desta forma o sistema seraacute sustentaacutevel agrave medida que sua flexibilidade e sua

diversidade estatildeo estreitamente ligadas com esta nova estrutura denominada de

rede sistecircmica Com essa conectividade o desenvolvimento sustentaacutevel local flui de

forma integrada e passa a ser uma estrateacutegia que facilita a conquista da

sustentabilidade social econocircmica cultural e ambiental de um territoacuterio ou regiatildeo

Segundo Buarque (1999) desenvolvimento sustentaacutevel eacute ldquoo processo de

mudanccedila social e elevaccedilatildeo das oportunidades da sociedade compatibilizando no

tempo e no espaccedilo o crescimento e a eficiecircncia econocircmica a conservaccedilatildeo

ambiental a qualidade de vida e a equidade social partindo de um claro

compromisso com o futuro e a solidariedade entre geraccedilotildeesrdquo

Nesta oacutetica o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um processo que gera a

melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos com base no fortalecimento

econocircmico e competitivo em consonacircncia com os recursos naturais e ambientais

Por outro lado o desenvolvimento de uma sociedade natildeo deve ser

confundido com crescimento econocircmico que eacute apenas uma condiccedilatildeo necessaacuteria

poreacutem natildeo eacute suficiente Este desenvolvimento estaacute diretamente ligado agrave reduccedilatildeo da

desigualdade social (SACHS 2005)

Neste sentido noccedilotildees como as de capital social e de territorialidade tambeacutem

satildeo fatores importantes para compreensatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel e da

reduccedilatildeo das desigualdades sociais A importacircncia da reflexatildeo sobre esse tema

contribui para melhor entendimento dos processos de inovaccedilatildeo e de accedilotildees indutoras

do desenvolvimento local

A territorialidade neste contexto reflete a vivecircncia dos atores de uma

determinada regiatildeo em toda a sua abrangecircncia e em suas muacuteltiplas dimensotildees ndash

cultural poliacutetica econocircmica e social O capital social expressa a valorizaccedilatildeo de

recursos inseridos nas estruturas sociais (conhecimento taacutecito por exemplo) que

natildeo satildeo contabilizados por outras formas de capital (ALBAGLI MACIEL 2004)

Sendo assim o conhecimento taacutecito o processo de aprendizado a

sedimentaccedilatildeo do conhecimento e respectivo desenvolvimento de um grupo social

25

em um espaccedilo geograacutefico passa forccedilosamente pela dinacircmica inovativa local

particularmente no que tange agrave produccedilatildeo e ao compartilhamento de informaccedilotildees e

conhecimento para os atores de um determinado territoacuterio em que se desenvolve

uma atividade econocircmica

Segundo Franco (2000) o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um modo de

promover o desenvolvimento que leva em conta o papel de todos os fatores que

envolvem coletividade sociedade niacutevel educacional da populaccedilatildeo

empreendedorismo geraccedilatildeo de emprego e renda fatores econocircmicos e sociais e

governos para tornar dinacircmicas as potencialidades que podem ser identificadas

quando olhamos para uma unidade socioterritorial delimitada

Entretanto segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) o crescimento econocircmico

eficiente a equidade social e a manutenccedilatildeo do meio ambiente ldquo natildeo satildeo

assegurados pela simples disponibilidade de bens e serviccedilos haacute que se incorporar a

participaccedilatildeo e integraccedilatildeo ativa do cidadatildeo no jogo poliacutetico e social para que os

objetivos acima sejam alcanccedilaacuteveisrdquo

Contudo se faz necessaacuterio repensar a dimensatildeo poliacutetica pois o

desenvolvimento sustentaacutevel ainda enfrenta problemas para sua efetividade tendo

em vista que ainda natildeo exista um consenso para a soluccedilatildeo das tensotildees entre os

objetivos de eficiecircncia equidade e conservaccedilatildeo Esses problemas devem ser

tratados pelos gestores puacuteblicos a partir de uma metodologia de planejamento que

trate essas dificuldades com metas a meacutedio e longo prazo Desta forma novas

iniciativas de competitividade e desenvolvimento sustentaacutevel poderatildeo ser exequiacuteveis

em regiotildees economicamente carentes de accedilotildees governamentais

Ainda segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) ldquo o planejamento nessa

concepccedilatildeo propicia a construccedilatildeo de hegemonias atraveacutes das estrateacutegias

prioridades e instrumentos de accedilatildeo onde se abre a possibilidade para a participaccedilatildeo

mais efetiva da sociedade e incorpora-se um maior leque de atores sociaisrdquo

Neste contexto a importacircncia estrateacutegica dos Arranjos Produtivos Locais no

desenvolvimento regional sustentaacutevel vem ganhando forccedila devido a concepccedilatildeo de

organizaccedilatildeo de empresas que desenvolvem suas atividades econocircmicas em um

mesmo espaccedilo geograacutefico Essa forma de organizaccedilatildeo aumenta a participaccedilatildeo dos

diversos atores atuantes no arranjo e propicia a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

26

que venham consolidar o desenvolvimento social econocircmico e ambiental de um

territoacuterio

22 Arranjo Produtivo Local

O economista Alfred Marshall no fim do seacuteculo XIX elaborou o conceito de

distritos industriais em sua obra Princiacutepio de Economia (Marshall 1996) Este

conceito apresenta como padratildeo de organizaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de pequenas

empresas de mesma especialidade econocircmica aglomeradas em um mesmo

territoacuterio com relaccedilotildees articuladas e de proximidade Marshall jaacute ressaltava as

vantagens da vizinhanccedila de empresas do mesmo ramo em uma dada localidade

Esta proximidade permite que os atores pratiquem uma cooperaccedilatildeo ativa e

produtora de sinergia (LE BOURLEGAT 2006)

As vaacuterias estrateacutegias de consolidaccedilatildeo de sistema produtivo local a exemplo

dos distritos industriais italianos tambeacutem chamada de Terceira Itaacutelia (centro e

nordeste italiano) satildeo as que mais se aproximam do conceito de Marshall onde

uma aglomeraccedilatildeo de pequenas empresas eacute organizada por uma divisatildeo de trabalho

baseada no equiliacutebrio entre concorrecircncia e cooperaccedilatildeo funcionando em rede Essa

estrateacutegia impulsiona inovaccedilotildees contiacutenuas e especializa a produccedilatildeo de produtos de

alta qualidade (AMARAL FILHO et al 2002)

Segundo Casarotto Filho e Pires (2001) os distritos industriais italianos satildeo

constituiacutedos de pequenas e meacutedias empresas especializadas em um setor com

modelo altamente competitivo de grande interaccedilatildeo com compartilhamento das

estruturas produtivas e com ambiente social territorial

Para Castanhar (2006) os distritos industriais possuem relaccedilotildees sociais

poliacuteticas e econocircmicas que influenciam o interior do sistema produtivo Neste caso o

sucesso dos distritos depende da dimensatildeo econocircmica (organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

tecnologia mercados produtividade) e das dimensotildees social e poliacutetico-institucional

A partir de 1990 o economista Michael Porter em seu livro Competitive

Advantages of Nations (PORTER 1999) definiu o conceito de cluster como ldquoum

agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e

instituiccedilotildees correlatas numa determinada aacuterea vinculada por elementos comuns e

27

complementaresrdquo ou seja eacute uma concentraccedilatildeo de empresas que se comunicam por

possuiacuterem caracteriacutesticas semelhantes e coabitarem no mesmo local Elas

colaboram entre si e assim se tornam mais eficientes

Segundo Schmitz e Nadvi (1999) o termo cluster eacute definido como sendo uma

concentraccedilatildeo setorial e espacial de empreendimentos com ecircnfase na visatildeo de

empresas conectadas em fatores locais voltados para a competiccedilatildeo em mercados

globalizados

Para Galvatildeo (2000) um cluster pode ser considerado como ldquotodo tipo de

aglomeraccedilatildeo de atividades geograficamente concentradas e setorialmente

especializadas ndash natildeo importando o tamanho das unidades produtivas nem a

natureza da atividade econocircmica desenvolvida podendo ser da induacutestria de

transformaccedilatildeo do setor de serviccedilos e ateacute da agriculturardquo

Amato Neto (2008) afirma que um cluster pode ser estruturado por

aglomeraccedilotildees de empresas envolvendo fornecedores de mateacuteria-prima e

equipamentos canais de distribuiccedilatildeo e de assistecircncia aos seus produtos

Ainda para Amato Neto (2008) um cluster possui um ambiente favoraacutevel para

a divisatildeo de tarefas entre empresas bem como para a especializaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

requisitos indispensaacuteveis para a competiccedilatildeo em mercados externos Neste

ambiente as empresas pertencentes a um cluster possuem grande sinergia

Segundo Porter (1999 p239) a dimensatildeo da competitividade para

aglomerados produtivos sugere novas pautas de accedilotildees para as empresas governos

e instituiccedilotildees Para o autor eacute necessaacuterio dar ecircnfase agrave localizaccedilatildeo e aos espaccedilos

geograacuteficos em que estatildeo inseridas as empresas que aleacutem de competirem

cooperam entre si Esse conceito analisa a natureza da competiccedilatildeo e o papel da

localizaccedilatildeo na identificaccedilatildeo de vantagens competitivas A teoria sobre aglomerados

para o autor busca avaliar os efeitos na competitividade decorrentes da

aproximaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees que estatildeo economicamente interligadas

num determinado territoacuterio

No Brasil pesquisadores preocupados em compreender a natureza e

consequecircncias dos atuais desafios do desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico e

portanto da dificuldade de definir e implementar poliacuteticas adequadas aos mesmos

28

criaram em 1997 a RedeSist7 uma rede de pesquisa interdisciplinar e multi-

institucional sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro - UFRJ contando com a participaccedilatildeo de vaacuterias universidades e institutos de

pesquisa

De acordo com o conceito de sistemas e arranjos produtivos desenvolvido

pela RedeSist quando houver produccedilatildeo de bens ou serviccedilo existiraacute um arranjo que

envolve atividades e atores demandantes de mateacuteria-prima maacutequinas e insumos

Esses arranjos poderatildeo se apresentar em diferentes niacuteveis desde os mais

rudimentares que natildeo possuam uma forte articulaccedilatildeo entre os agentes ateacute os mais

complexos e articulados que apresentam interaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e confianccedila entre os

atores

Em 2002 Albagli e Brito definem Arranjo Produtivo Local ndash APL como

ldquoaglomerados territoriais de agentes econocircmicos poliacuteticos e sociais com foco em

um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas e que apresentam viacutenculos e

interdependecircnciardquo

Neste sentido a formaccedilatildeo de um APL manteacutem ligaccedilatildeo estreita com os fatores

histoacutericos que criam identidades e viacutenculos territoriais com base social cultural

poliacutetica e econocircmica comum Tal formaccedilatildeo cria facilidades para o desenvolvimento

de ambientes favoraacuteveis agrave cooperaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo e agrave confianccedila entre os agentes

locais envolvidos

Lastres e Cassiolato (2003) coordenadores da RedeSist acrescentam

Arranjos Produtivos Locais satildeo aglomeraccedilotildees territoriais de agentes econocircmicos

poliacuteticos e sociais - com foco em um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas -

que apresentam viacutenculos mesmo que incipientes Geralmente envolvem a

participaccedilatildeo e a interaccedilatildeo de empresas - que podem ser desde produtoras de bens

e serviccedilos finais ateacute fornecedoras de insumos e equipamentos prestadoras de

consultoria e serviccedilos comercializadoras clientes entre outros - e suas variadas

formas de representaccedilatildeo e associaccedilatildeo Incluem tambeacutem diversas outras instituiccedilotildees

puacuteblicas e privadas voltadas para formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

(como escolas teacutecnicas e universidades) pesquisa desenvolvimento e engenharia

poliacutetica promoccedilatildeo e financiamento

7 Redisist - httpwwwredesistieufrjbr

29

Em 2005 sentindo a necessidade de ampliar e adequar o conceito de APL

para um novo cenaacuterio econocircmico e social do paiacutes a RedeSist propocircs uma definiccedilatildeo

mais completa O novo conceito denominado Arranjo e Sistema Produtivo e

Inovativo Local ndash ASPIL tem como foco um conjunto especiacutefico de atores e

atividades econocircmicas e que privilegia a investigaccedilatildeo das articulaccedilotildees entre as

empresas associaccedilotildees cooperativas e demais atores que compotildeem o arranjo os

fluxos de conhecimento em particular o taacutecito os processos de aprendizado para

capacitaccedilatildeo produtiva a forma organizacional e inovativa aleacutem da importacircncia da

proximidade geograacutefica e identidade histoacuterica institucional social e cultural com

base em vantagens competitivas e economicamente sustentadas (LASTRES

CASSIOLATO CAMPOS 2006)

A abrangecircncia do conceito acima converge para uma visatildeo de agrupamento

de produtores ou empresas ao conceito de territorialidade tendo como resultado a

construccedilatildeo sociopoliacutetica necessaacuteria para se constituir as bases para um efetivo

pacto territorial em prol do desenvolvimento local de uma regiatildeo Essa conexatildeo

permite que atividades produtivas e territorialidade seja o principal lastro de

sustentabilidade de um APL

Com o objetivo de discutir a dimensatildeo conceitual do que realmente eacute um APL

e quais as vantagens que os agentes participantes desta conformaccedilatildeo

sociogeograacutefica de produccedilatildeo logram Costa (2007 p127) define o termo APL como

Um espaccedilo social econocircmico e historicamente construiacutedo atraveacutes de uma

aglomeraccedilatildeo de empresas (ou produtores) similares eou fortemente inter-

relacionadas ou interdependentes que interagem numa escala espacial local

definida e limitada atraveacutes de fluxos de bens e serviccedilos Para isto desenvolvem

suas atividades de forma articulada por uma loacutegica socioeconocircmica comum que

aproveita as economias externas o binocircmio cooperaccedilatildeo-competiccedilatildeo a identidade

sociocultural do local a confianccedila muacutetua entre os agentes do aglomerado as

organizaccedilotildees ativas de apoio para a prestaccedilatildeo de serviccedilos os fatores locais

favoraacuteveis (recursos naturais recursos humanos cultura sistemas cognitivos

logiacutestica infraestrutura etc) o capital social e a capacidade de governanccedila da

comunidade

Neste caso um APL pode ser entendido como um grupo de atores

pertencentes a um aglomerado produtivo que tecircm como finalidade o crescimento de

uma produccedilatildeo por meio da interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo O autor destaca que o termo

30

APL se refere agrave concentraccedilatildeo de quaisquer atividades similares atuantes em um

mesmo espaccedilo geograacutefico natildeo importando o tamanho das empesas podendo estas

pertencer ao setor primaacuterio secundaacuterio ou ateacute mesmo terciaacuterio variando desde

estruturas artesanais ateacute arranjos de grandes empresas com elevado grau de

tecnologia

A partir dessas definiccedilotildees o entendimento e aplicaccedilatildeo do conceito de APL se

tornou nos uacuteltimos anos uma ferramenta importante no desenvolvimento

socioeconocircmico de uma regiatildeo Entretanto se faz necessaacuterio o compartilhamento e

socializaccedilatildeo desse conceito entre os diversos atores que compotildeem um

agrupamento produtivo sobretudo em territoacuterios que desenvolvem atividades

econocircmicas agriacutecolas e artesanais que ainda possuem baixos iacutendices de

desenvolvimento socioeconocircmico de organizaccedilatildeo produtiva e de inclusatildeo social

Para obtenccedilatildeo desse nivelamento estrateacutegias educacionais com abordagens

especiacuteficas tais como conhecimentos e inovaccedilatildeo se fazem necessaacuterios para que o

conceito de APL seja compreendido por todos os atores e parceiros Essa

compreensatildeo requer a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos instituiccedilotildees de ensino

pesquisa e do setor privado como forma de sensibilizar o agrupamento produtivo

para a importacircncia de um APL e as vantagens que esse aglomerado poderaacute trazer

para um territoacuterio ou mesmo uma regiatildeo

Com essa visatildeo o conhecimento e a inovaccedilatildeo fontes de vantagens

competitivas resultam de um processo de aprendizado interativo e de natureza

social Uma condiccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do aprendizado por

interaccedilatildeo eacute o estabelecimento de uma mesma forma de comunicaccedilatildeo entre os

agentes de modo a facilitar o intercacircmbio de informaccedilotildees Nos APLs normalmente

o canal de comunicaccedilatildeo jaacute estaacute criado o que simplifica o fluxo e a difusatildeo de

informaccedilotildees e conhecimento Em consequecircncia poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a

estruturaccedilatildeo de APLs podem contribuir para a obtenccedilatildeo de vantagens competitivas

advindas dos processos de interaccedilatildeo por parte das empresas inseridas nos arranjos

Neste caso as condiccedilotildees institucionais e culturais permitem o intercacircmbio de

conhecimento sobretudo o conhecimento taacutecito fundamental para o processo

inovativo que traz consigo o conhecimento intriacutenseco dos atores que jaacute participam

de uma aglomeraccedilatildeo produtiva

31

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs

Nesta seccedilatildeo seraacute discutido o conceito de poliacuteticas puacuteblicas e quais as

poliacuteticas existentes voltadas para Arranjos Produtivos Locais no acircmbito federal

estadual e municipal

Poliacuteticas puacuteblicas satildeo accedilotildees governamentais assumidas pelos governos e

instituiccedilotildees puacuteblicas estatais com o objetivo de concretizar os direitos humanos

coletivos ou direitos sociais garantidos em lei Natildeo se pode falar em poliacutetica puacuteblica

dissociada da relaccedilatildeo entre estado e sociedade

As poliacuteticas compreendem tudo o que o Estado faz em prol do

desenvolvimento do paiacutes Nessa compreensatildeo essas poliacuteticas podem oportunizar a

melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo redistribuindo renda e reduzindo as

desigualdades sociais

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo explicitadas sistematizadas ou formuladas em

documentos (leis programas linhas de financiamentos) que orientam accedilotildees que

normalmente envolvem aplicaccedilotildees de recursos puacuteblicos

Tais poliacuteticas tambeacutem traduzem no seu processo de elaboraccedilatildeo e

implantaccedilatildeo e sobretudo em seus resultados formas de exerciacutecio do poder poliacutetico

e econocircmico (accedilotildees governamentais) envolvendo a distribuiccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de

poder o papel do conflito social nos processos de decisatildeo a reparticcedilatildeo de custos e

benefiacutecios socioeconocircmicos

Como o poder eacute uma relaccedilatildeo social que envolve vaacuterios atores com projetos e

interesses diferenciados e ateacute contraditoacuterios haacute necessidade de mediaccedilotildees sociais

e institucionais para que se possa obter um miacutenimo de consenso e assim as

poliacuteticas puacuteblicas possam ser legitimadas e obter eficaacutecia (TEIXEIRA 2002)

O estudo e a anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas que deram subsiacutedios a este

trabalho mostram que algumas regiotildees brasileiras tecircm alcanccedilado destaque no

cenaacuterio nacional cujas atividades econocircmicas e sociais satildeo voltadas para o

desenvolvimento de APLs Esses arranjos vecircm se consolidando a cada dia onde

poliacuteticas satildeo implementadas e executadas de forma adequada agraves necessidades de

cada territoacuterio

32

Ressalta-se que para a obtenccedilatildeo de resultados positivos com a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas satildeo necessaacuterias estrateacutegias de acompanhamento e

de afericcedilatildeo dos resultados alcanccedilados levando-se em consideraccedilatildeo programas que

sejam intensos em conhecimento regional cultural social e que proporcionem

sustentabilidade ambiental

Uma percepccedilatildeo mais holiacutestica do soerguimento de uma regiatildeo recai sobre a

visatildeo da participaccedilatildeo da sociedade na formulaccedilatildeo de poliacuteticas que contemplem a

reduccedilatildeo da desigualdade social e a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e renda principalmente

em aacutereas rurais

Sendo assim na concepccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica vaacuterios fatores devem ser

considerados o desenvolvimento regional como parte essencial da estrateacutegia do

desenvolvimento nacional as vocaccedilotildees econocircmicas existentes em cada regiatildeo a

formulaccedilatildeo de programas que permitam associar as diferentes dimensotildees do

desenvolvimento sustentaacutevel a implantaccedilatildeo de projetos estruturantes e a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas agraves necessidades das comunidades e agraves

condiccedilotildees das diferentes regiotildees e territoacuterios brasileiros

Dentro desta visatildeo a poliacutetica para APL desponta como um indutor de

desenvolvimento econocircmico social e cultural sobretudo em regiotildees produtivas

ainda consideradas de baixa renda

Buscando efetivar accedilotildees que permitam aos estados brasileiros a se

desenvolverem economicamente e com equidade social o Governo Federal tem

monitorado as accedilotildees dos programas governamentais colocados em seu Plano

Plurianual ndash PPA buscando averiguar o desenvolvimento e atuaccedilatildeo desses

programas

Este acompanhamento eacute realizado por oacutergatildeos federais e tem como finalidade

verificar a eficiecircncia dos programas e obter dados que comprovem o

desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes sobretudo das regiotildees mais carentes A

implementaccedilatildeo desses programas tem como prioridades a inclusatildeo social de

indiviacuteduos a geraccedilatildeo de emprego e renda a ampliaccedilatildeo de novos empreendimentos

em aacutereas produtivas a fixaccedilatildeo das populaccedilotildees rurais em aacutereas com potencial

econocircmico e cultural para ampliaccedilatildeo de agronegoacutecios o espraiamento da agricultura

familiar e a estruturaccedilatildeo de APLs economicamente viaacuteveis

33

Neste sentido o governo brasileiro tambeacutem tem despertado para a grande

problemaacutetica do desemprego e para o crescente nuacutemero de habitantes nas

metroacutepoles Como alternativa os oacutergatildeos governamentais entenderam que os APLs

podem ser uma estrateacutegia para valorizaccedilatildeo do local empregando pessoas da

comunidade evitando assim o ecircxodo para os grandes centros urbanos

Uma das estrateacutegias que o Governo Federal encontrou para alavancar os

APLs foi a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que apoiem e ajudem no desenvolvimento

dessas aglomeraccedilotildees de empresas e de organizaccedilotildees produtivas Essas poliacuteticas de

incentivos aos arranjos produtivos locais no paiacutes tecircm se tornado consistentes jaacute

sendo possiacutevel visualizar resultados satisfatoacuterios com sua implementaccedilatildeo

(BARROSO SOARES 2009)

Aleacutem do mais as poliacuteticas de desenvolvimento local principalmente aquelas

direcionadas para APLs tecircm gerado respostas positivas aos desafios impostos por

um novo padratildeo social e tecnoloacutegico de produccedilatildeo e pelas novas estrateacutegias de

desenvolvimento regional endoacutegeno

Sendo assim em uma economia que tem como um dos principais elementos

de competitividade a inovaccedilatildeo poliacuteticas que estimulem a cooperaccedilatildeo o aprendizado

e o intercacircmbio de conhecimento tornam-se significativas para que o processo

inovativo produza soluccedilotildees agraves necessidades impostas por esse novo padratildeo vigente

dentro dos arranjos produtivos (GOacuteES GUERRA 2008)

Eacute de relevacircncia ainda frisar que estas accedilotildees de poliacuteticas tanto puacuteblicas como

privadas contribuem para o aprimoramento desses processos inovativos tanto

histoacutericos como sociais e fomentam a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de APLs que

por sua vez permitem um melhor direcionamento das poliacuteticas de desenvolvimento

regional (ALBAGLI BRITO 2002)

Essas iniciativas governamentais segundo Brito e Cassiolato (2002) vecircm se

intensificando cada vez mais no uso de accedilotildees que visam o aumento das

articulaccedilotildees e interaccedilotildees entre empresas eou atores locais O desdobramento

desse processo contribui para a identificaccedilatildeo de fatores relacionados ao grau de

competitividade e perspectivas de desenvolvimento em escala local e regional

Historicamente o estudo das aglomeraccedilotildees produtivas na forma de APLs

ganhou relevacircncia na uacuteltima deacutecada no Brasil a partir de experiecircncias bem-

34

sucedidas de organizaccedilatildeo produtivaindustrial em diferentes paiacuteses em particular na

Itaacutelia Estas experiecircncias chamaram a atenccedilatildeo de diversos oacutergatildeos puacuteblicos e

instituiccedilotildees nacionais e locais que passaram a implementar medidas de apoio para

promover a competitividade das empresas integrantes de aglomeraccedilotildees industriais

(SCHIMIDT FILHO PAULA 2008)

No Brasil a partir de 1997 o conceito de APL e Sistemas Inovativos Locais foi

rapidamente disseminado na esfera do ensino e da pesquisa e na esfera

governamental com a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

No final da deacutecada de 90 a academia passa a discutir a importacircncia do

conceito de APL e incorpora o desejo e a necessidade de promover uma discussatildeo

mais profunda sobre as novas ameaccedilas e oportunidades para os paiacuteses latino-

americanos ndash e particularmente o Brasil ndash diante das mudanccedilas recentes

Com o objetivo de ampliar e divulgar estudos sobre o referido tema em 1997

foi criada a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais ndash

RedeSist sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro

Os pesquisadores participantes dessa rede visam desenvolver trabalhos de

pesquisa e discutir temas que estatildeo relacionados aos novos requerimentos e formas

de desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico bem como averiguar o papel os

objetivos e os instrumentos de poliacuteticas tecnoloacutegicas e industriais adotadas no novo

cenaacuterio internacional Atualmente a RedeSist conta com a participaccedilatildeo de vaacuterias

universidades e institutos de pesquisa no Brasil aleacutem de manter parcerias com

outras instituiccedilotildees da Ameacuterica Latina Europa e Aacutesia (RedeSist 2011)

Os principais resultados das pesquisas realizadas pela RedeSist confirmam

que a aglomeraccedilatildeo de empresas e o aproveitamento das sinergias coletivas geradas

por suas interaccedilotildees vecircm fortalecendo suas chances de sobrevivecircncia e crescimento

constituindo-se em importante fonte geradora de vantagens competitivas

duradouras

A participaccedilatildeo dinacircmica em arranjos produtivos locais tem auxiliado

especialmente as empresas enquadradas como Micro Pequena e Meacutedia Empresa -

MPME a ultrapassarem as barreiras que impedem seu crescimento a produzirem

35

eficientemente e a comercializarem seus produtos em mercados nacionais e ateacute

internacionais

Partindo da necessidade de modernizaccedilatildeo do Estado e de investimentos no

setor produtivo do paiacutes o Governo Federal buscou efetivar poliacuteticas para que os

oacutergatildeos puacuteblicos tivessem maior controle nos seus gastos e que o Brasil investisse

em programas e projetos estruturantes

A ideia dessas poliacuteticas era natildeo mais financiar projetos isolados e sim investir

em projetos coletivos que pudessem beneficiar territoacuterios socioeconocircmicos para as

regiotildees com vocaccedilotildees naturais jaacute identificadas e promotoras de atividades

econocircmicas sustentaacuteveis

Em 1998 o Governo institui o Programa de Estabilidade Fiscal e em 2000 a

Lei de Responsabilidade Fiscal ndash LRF (Lei Complementar 101 de 04 de maio de

2000 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 05052000) Esta lei regulamentava o

planejamento fiscal como forma de orientar os gastos futuros

Em 1999 visando a Reforma do Estado o Governo promulgou a lei 981199

que definia as diretrizes para elaboraccedilatildeo da lei orccedilamentaacuteria de 2000 e em 21 de

julho de 2000 publicou a LEI Nordm 9989 que instituiu o Plano Plurianual ndash PPA para o

quadriecircnio 2000-2003 (Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 27072000) Esse PPA teve como

objetivo elaborar normas para a programaccedilatildeo dos recursos e do ciclo de gestatildeo do

setor puacuteblico definindo as estrateacutegias para a elaboraccedilatildeo do plano e do orccedilamento

bem como o acompanhamento da execuccedilatildeo orccedilamentaacuteria financeira e a avaliaccedilatildeo

do desempenho da accedilatildeo governamental

A incorporaccedilatildeo do conceito de APL como poliacutetica puacuteblica pelo Governo

Federal teve iniacutecio em 1999 no acircmbito do Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia ndash

MCT Em parceria com os Estados da Federaccedilatildeo foram identificados APLs que

tiveram projetos de cooperaccedilatildeo entre institutos de pesquisa e empresas visando

aprimorar produtos e processos oriundos desses aglomerados Foi tambeacutem incluiacuteda

pela primeira vez uma accedilatildeo para APLs no Plano Plurianual do Governo (PPA 2000-

2003) de responsabilidade do MCT (LASTRES 2007)

Neste periacuteodo tambeacutem foram apoiadas pesquisas acadecircmicas tanto de cunho

teoacuterico como empiacuterico financiadas pelas agecircncias vinculadas ao MCT Conselho

36

Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash CNPq e a Financiadora de

Estudos e Projetos ndash FINEP

Reconhecendo a importacircncia dos APLs que refletem uma nova percepccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento em que o local passa a ser visto como eixo

orientador de promoccedilatildeo social o Governo Federal instituiu atraveacutes da Portaria

Interministerial nordm 200 de 03082004 (e reeditada em 24102005) o Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais ndash GTP APL coordenado pelo

Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

O GTP APL tem como finalidade elaborar e propor diretrizes gerais para as

accedilotildees coordenadas de apoio a Arranjos Produtivos Locais Este grupo elaborou em

2004 um Termo de Referecircncia para Poliacutetica Nacional de Apoio ao Desenvolvimento

de Arranjos Produtivos Locais - Versatildeo para discussatildeo do GT Interministerial (MDIC

2004) definindo a caracterizaccedilatildeo de um APL a partir de duas premissas ter um

nuacutemero significativo de empreendimentos no territoacuterio e de indiviacuteduos que atuam em

torno de uma atividade produtiva predominante e compartilhar formas percebidas de

cooperaccedilatildeo e algum mecanismo de governanccedila8 podendo ser incluiacutedas pequenas

meacutedias e grandes empresas

Para solidificar esta poliacutetica o trabalho do GTP APL conta com a participaccedilatildeo

de 33 oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais e tem mapeado 142 APLs

prioritaacuterios (de maior relevacircncia socioeconocircmica) identificados atraveacutes do Plano de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP nos 27 estados brasileiros Outra accedilatildeo

importante orientada pelo GTP APL em todo o Brasil foi a instalaccedilatildeo dos Nuacutecleos

Estaduais que tecircm como objetivo organizar as demandas dos APLs analisar suas

propostas e promover as articulaccedilotildees institucionais com vistas ao apoio demandado

Os Nuacutecleos Estaduais satildeo compostos por entidades dos diversos segmentos da

sociedade capazes de planejar e executar accedilotildees identificadas na elaboraccedilatildeo dos

PDPs (GTP-APL 2007)

A partir de 2007 com o intuito de fomentar projetos produtivos de APLs de

baixa renda e ampliar o alcance de sua atuaccedilatildeo o BNDES utilizando recursos natildeo

8 Mecanismo de governanccedila ndash Existecircncia de canais (pessoas fiacutesicas ou organizaccedilotildees) capazes de Liderar e organizar atores em prol de objetivos comuns nas atividades em APL ou coordenar as accedilotildees dos diferentes atores para o cumprimento de objetivos comuns ou negociar os processos decisoacuterios locais ou promover processos de geraccedilatildeo disseminaccedilatildeo e uso de conhecimentos (MDIC 2004)

37

reembolsaacuteveis do Fundo Social firma parceria com os governos dos Estados

(LASTRES LEMOS KAPLAN GARCEZ MAGALHAtildeES 2010) Esta parceria

objetivava complementar o apoio financeiro concedido pelos Estados a

empreendimentos solidaacuterios de baixa renda contribuindo dessa forma para a

reduccedilatildeo de desigualdades sociais e geraccedilatildeo de trabalho e renda A poliacutetica adotada

tinha como finalidade desenvolver e adensar atividades econocircmicas em aacutereas de

populaccedilotildees de baixa renda cujas caracteriacutesticas produtivas estivessem naturalmente

sendo desenvolvidas como aglomerados produtivos

Outra agecircncia de fomento agrave pesquisa e desenvolvimento de APLs eacute o Fundo

de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash FUNDECI administrado pelo

Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste ndash ETENE do Banco do

Nordeste do Brasil SA ndash BNB Essa agecircncia tem apoiado projetos de pesquisa

difusatildeo e transferecircncia de tecnologia para arranjos produtivos locais no Nordeste

brasileiro9

Tendo em vista que diversas instituiccedilotildees estatildeo aplicando poliacuteticas puacuteblicas

para o desenvolvimento socioeconocircmico voltado para APLs faz-se necessaacuterio

analisar quais as contribuiccedilotildees que tais poliacuteticas tem proporcionado para a

estruturaccedilatildeo de Arranjos Produtivos Locais na Paraiacuteba e quais os entraves

encontrados na sua implementaccedilatildeo

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento

Regional Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs

O conceito de sustentabilidade parte da necessidade de estimular e

potencializar os recursos locais capazes de promover o crescimento econocircmico

social e cultural e de minimizar os impactos ambientais

Haddad (2003) afirma que este conceito natildeo se prende somente a

produtividade dos recursos naturais e de conservaccedilatildeo da base fiacutesica de uma regiatildeo

ou paiacutes mas frisa a importacircncia da equidade interpessoal (sustentabilidade social) e

9 httpwwwbnbgovbrcontentaplicacaosobre_nordestefundecigeradosfundeci_obtendoasp

38

intertemporal (sustentabilidade ambiental) considerando uma regiatildeo que natildeo sofra

com o uso indevido dos recursos naturais por empreendimentos econocircmicos

A importacircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel eacute priorizada

segundo as dimensotildees sociais considerando o processo de organizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo e a participaccedilatildeo da sociedade civil na formataccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

para as regiotildees Este desenvolvimento enfatiza tambeacutem a valorizaccedilatildeo dos recursos

econocircmicos humanos institucionais e culturais

Esse padratildeo de desenvolvimento avalia as capacidades e potencialidades

existentes no territoacuterio Novas poliacuteticas devem proporcionar o fortalecimento de um

ambiente adequado e satisfatoacuterio agrave criaccedilatildeo e implantaccedilatildeo de sistemas produtivos

locais bem como ampliar as relaccedilotildees sociais econocircmicas tecnoloacutegicas e

comerciais entre os diversos atores participantes do processo de desenvolvimento

Partindo desta ideia o conceito de APL pode ser fortalecido se a este for

associada a visatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel enfocando o aprendizado jaacute

adquirido pelos atores a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica capaz de melhorar os sistemas

produtivos e a territorialidade

A estrateacutegia de analisar o APL da Citricultura sob a oacutetica do desenvolvimento

sustentaacutevel teve como objetivo entender o territoacuterio estudado e averiguar o

desenvolvimento socioeconocircmico do APL sua trajetoacuteria e seu crescimento regional

Sendo assim tal anaacutelise permitiu ampliar os conhecimentos sobre a sinergia

coletiva gerada no arranjo e propor accedilotildees para que empresas associaccedilotildees e

cooperativa existentes no aglomerado produtivo sejam indutoras de vantagens

competitivas duradouras

No proacuteximo capiacutetulo eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina da Paraiacuteba bem como suas potencialidades problemas

identificados e as instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo promotoras de poliacuteticas puacuteblicas

para o segmento

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA TANGERINA NA PARAIacuteBA

A partir dos diagnoacutesticos elaborados pela EMEPA (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2006 e LOPES ALBUQUERQUE BRITO 2008) eacute possiacutevel caracterizar o

Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba pois

mesmo natildeo estando consolidado este segmento apresenta um conjunto de

variaacuteveis e accedilotildees de trabalho relacionados a um APL Este aglomerado produtivo

possui produtores participantes de associaccedilotildees nos municiacutepios de produccedilatildeo de

tangerina distribuidores comercializadores (atravessadores) mercado consumidor

demandante organizaccedilotildees voltadas agrave formaccedilatildeo e treinamento de recursos

humanos informaccedilatildeo pesquisa e desenvolvimento instituiccedilotildees de apoio ao fomento

e a regulaccedilatildeo e uma clara percepccedilatildeo de cooperaccedilatildeo e governanccedila atraveacutes da

existecircncia de uma cooperativa

Nesta seccedilatildeo seraacute apresentado o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

como ele estaacute estruturado e quais os problemas que impedem a sua consolidaccedilatildeo

como um arranjo produtivo local sustentaacutevel

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

O Brasil eacute o maior produtor mundial de laranja cuja produccedilatildeo foi

aproximadamente 191 milhotildees de toneladas em 2010 seguido dos Estados Unidos

da Ameacuterica - EUA com 75 milhotildees O Brasil tambeacutem eacute o maior exportador de suco

de laranja concentrado tendo exportado no ano de 2009 aproximadamente 575 mil

toneladas (FAO 2012) Os principais mercados consumidores de suco satildeo a Uniatildeo

Europeia comprando 72 e os Estados Unidos 121 (MDIC 2012)

A cultura ciacutetrica eacute a mais importante dentre as fruteiras cultivadas no Brasil

No entanto a produccedilatildeo brasileira estaacute concentrada em laranjas (cultivares Pera Rio

Valecircncia e Pera Natal) para a fabricaccedilatildeo de suco destinado aos mercados de

exportaccedilatildeo (PEREIRA 2009)

40

O grande propulsor do crescimento da induacutestria ciacutetrica nacional foi a geada

que atingiu em 1962 os pomares da Floacuterida nos Estados Unidos considerados ateacute

entatildeo os maiores produtores mundiais de laranja (NEVES 2010)

A consolidaccedilatildeo da induacutestria brasileira ocorreu definitivamente apoacutes as geadas

que voltaram a castigar a Floacuterida no final da deacutecada de 1980 causando perdas

substanciais na produccedilatildeo americana de laranja Com isso as exportaccedilotildees de suco

brasileiro se firmaram e a induacutestria nacional entrou numa fase de franca expansatildeo

(NEVES 2010)

A citricultura no Brasil desenvolveu-se dessa forma para a oferta de suco ao

mercado internacional Apenas 18 da produccedilatildeo satildeo destinados ao mercado

interno e nesse percentual os citros de mesa aparecem com baixa

representatividade (MAPA 2009)

A produccedilatildeo de citros encontra-se distribuiacuteda em quase todo o territoacuterio

nacional localizando-se principalmente nos estados de Satildeo Paulo Bahia Minas

Gerais Sergipe e Paranaacute (IBGE 2012)

Na regiatildeo Sudeste satildeo produzidos 8414 dos citros ao contraacuterio da regiatildeo

Nordeste responsaacutevel por apenas 912 da produccedilatildeo (MAPA 2009)

A regiatildeo Nordeste possui alguns polos de produccedilatildeo de citros de mesa

todavia natildeo satildeo suficientes para atender a demanda dos mercados de consumo ou

seja a produccedilatildeo de laranjas tangerinas limas aacutecidas e limotildees eacute menor que a

demandada pelo mercado consumidor (MAPA 2009)

Os estados da Bahia e de Sergipe destacam-se como os principais

produtores de citros (principalmente laranja) Entretanto a Paraiacuteba assume o

ranking de maior produtor de tangerina dentre os nove estados nordestinos (Quadro

2)

41

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do Nordeste

Estados Nordestinos produtores

Aacuterea plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Nordeste 3815 41267 10817 17216

Maranhatildeo 23 68 2957 46

Piauiacute 22 182 8273 148

Cearaacute 333 2207 6628 1162

Rio Grande do Norte 20 240 12000 72

Paraiacuteba 1892 14436 7630 4999

Pernambuco 333 3366 10108 2663

Sergipe 431 6586 15281 2314

Bahia 761 14182 18636 5813

Fonte IBGE (2010b)

A produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba (IBGE 2010b) concentra-se no Planalto da

Borborema (Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano) com aproximadamente 3150 ha

cultivados sendo 1892 ha de tangerinas 867 ha de laranjas e 391 ha de lima aacutecida

Tahiti tambeacutem conhecida entre os consumidores brasileiros como limatildeo Tahiti

No Quadro 3 eacute apresentado um comparativo da produccedilatildeo de citros (laranja

tangerina e limatildeo) da Paraiacuteba entre os anos de 2008 e 2010 Verifica-se que houve

um pequeno aumento na aacuterea plantada (44) e na quantidade produzida (33) de

tangerina

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

Produto Ano Aacuterea

plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Tangerina 2008 1812 13974 7711 4261

2010 1892 14404 7630 4999

Laranja 2008 1007 5527 5489 1874

2010 862 5314 6164 1910

Limatildeo 2008 304 2212 7276 1515

2010 391 2527 6462 1602

Fonte IBGE (2008) e IBGE (2010b)

42

A regiatildeo possui um importante diferencial competitivo devido a sua safra

ocorrer nos meses de agosto a dezembro sendo a Paraiacuteba o uacutenico estado brasileiro

a produzir tangerina dancy nesse periacuteodo Essa produccedilatildeo gera forte impacto de

venda pois os valores de comeacutercio estatildeo em franca ascensatildeo Observa-se no

Quadro 3 que o valor pago pela produccedilatildeo aumentou em 17 de 2008 para 2010

Este diferencial competitivo eacute evidenciado por Pozzan e Triboni (2005) onde

afirmam que a oferta de tangerina no paiacutes acumula-se nos meses de abril a

setembro (Quadro 4) ficando os outros meses com uma oferta abaixo da

capacidade dos mercados Nesses meses os preccedilos de comercializaccedilatildeo atingem

patamares bastante compensadores devido agrave baixa oferta de produtos de qualidade

no mercado

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo

Cultura Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Laranja

Tangerina

Lima e lima aacutecida

Manga

Goiaba

Cana

Cafeacute

Soja

Natildeo irrigada hachurado escuro = colheita da safra principal hachurado claro = colheita da safra extemporacircnea

Fonte Pozzan amp Triboni (2005)

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina da Paraiacuteba eacute composto pelos

municiacutepios de Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de

Roccedila Massaranduba e Matinhas pertencentes agrave Mesorregiatildeo do Agreste

Paraibano Nesta regiatildeo concentra-se a maior produccedilatildeo desse fruto de mesa no

Estado Segundo o IBGE (2010b) a produccedilatildeo de tangerina na regiatildeo foi 14404

toneladas em 2010 Na Figura 3 eacute apresentada a produccedilatildeo colhida em 2010 em

cada municiacutepio pertencente ao APL

43

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 2010

Fonte Adaptado do IBGE (2010b)

A plantaccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba estaacute localizada numa altitude acima de

500m o que favorece a existecircncia de um microclima ameno com irregularidades

pluviomeacutetricas ocorrendo em meacutedia de 1000 a 1200 mmano distribuiacutedas de

marccedilo a agosto A partir do mecircs de setembro as chuvas satildeo esparsas ocorrendo

um periacuteodo de veranico A umidade relativa do ar eacute em meacutedia de 85 nos meses

mais frios do ano (maio a agosto) e a temperatura noturna varia de 10 a 18ordmC

Durante o dia a temperatura varia de 20 a 25ordmC nos meses mais frios e acima de

25ordmC no periacuteodo de veratildeo O clima exerce grande influecircncia sobre o vigor e a

longevidade das plantas qualidade e quantidade de frutos (LOPES

ALBUQUERQUE MOURA 2007)

A maioria dos produtores utilizam basicamente matildeo-de-obra familiar e

ocasionalmente contratam trabalhadores durante principalmente o periacuteodo de

colheita Satildeo aproximadamente dois mil pequenos produtores envolvidos com suas

respectivas famiacutelias O setor gera aproximadamente 4000 empregos diretos e 6000

empregos indiretos Os trabalhadores contratados satildeo da regiatildeo e natildeo haacute muitos

empregos formais A citricultura assume uma grande importacircncia para a regiatildeo e

para o Estado devido ao nuacutemero de pessoas envolvidas e agrave geraccedilatildeo de emprego e

renda (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

A citricultura da regiatildeo apresenta-se como tipicamente de minifuacutendio e

familiar com meacutedia de 223 haproprietaacuterio e 83 com um a trecircs membros da famiacutelia

envolvidos na atividade Quanto agrave experiecircncia com o cultivo da laranja 68 dos

44

citricultores vivenciam a atividade haacute mais de dez anos (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2007)

Contudo este segmento ainda possui diversos problemas que impedem o

pleno ecircxito da cultura de tangerina no APL O principal problema eacute a baixa

produtividade com rendimento meacutedio de 7630 kgha muito abaixo da produtividade

de Sergipe e Bahia com 15281 kgha e 18636 kgha respectivamente (Quadro 2)

Aleacutem disso analisando a produccedilatildeo de tangerina nos anos 2008 e 2010

(Quadro 3) verifica-se que houve um crescimento relativamente pequeno

considerando a existecircncia de diversas accedilotildees realizadas por instituiccedilotildees parceiras

atuantes no arranjo em prol do desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo10 Nota-

se inclusive que o rendimento meacutedio caiu 105 nesse periacuteodo

Segundo Lopes Albuquerque e Moura (2006) alguns dos problemas teacutecnicos

identificados como responsaacuteveis por essa baixa produtividade satildeo ausecircncia de

mudas de qualidade (mudas certificadas) espaccedilamentos inadequados adubaccedilatildeo

deficiente manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequado tratos culturais deficientes

problemas fitossanitaacuterios alternacircncia de produccedilatildeo colheita e poacutes-colheita

inadequadas (embalagens improacuteprias) e comercializaccedilatildeo deficitaacuteria

Outros problemas verificados pelo MAPA (2009) foram setor de fornecimento

de insumos eacute precaacuterio e insuficiente estradas vicinais e municipais natildeo satildeo

asfaltadas ainda natildeo haacute empacotadoras de frutas nem nenhuma estrutura para o

beneficiamento eou industrializaccedilatildeo natildeo haacute estruturas para a produccedilatildeo de

borbulhas sementes e mudas certificadas ausecircncia de um local especiacutefico para

armazenagem de insumos (calcaacuterio adubos e defensivos agriacutecolas) natildeo haacute

sistemas de irrigaccedilatildeo implantados as sedes das associaccedilotildees satildeo precaacuterias e muitas

vezes as reuniotildees satildeo realizadas em oacutergatildeos puacuteblicos o que pode desestimular a

participaccedilatildeo efetiva dos associados

Visando observar in loco os problemas identificados acima foram realizadas

visitas teacutecnicas na regiatildeo durante o ano de 2011 para entrevistar os representantes

das associaccedilotildees e da cooperativa dos municiacutepios pertencentes ao APL Essas

10

Na seccedilatildeo 33 seratildeo apresentadas as instituiccedilotildees parceiras atuantes no arranjo e o apoio dessas entidades ao

APL

45

visitas tiveram como objetivo observar a forma como os produtores realizam o

plantio dos pomares de tangerina e a organizaccedilatildeo produtiva existente em cada

municiacutepio Constatou-se que os plantios satildeo realizados sem criteacuterios teacutecnicos

(espaccedilamentos incorretos) e plantados muitas vezes de morro abaixo ocasionando

risco de erosatildeo do solo nos periacuteodos chuvosos

Foi identificada tambeacutem a existecircncia de baixos investimentos em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica bem como a falta de investimentos em sistemas irrigados ou unidades

demonstrativas que elevassem a produtividade do plantio da tangerina no APL

Percebeu-se ainda que os produtores natildeo investem na modernizaccedilatildeo dos

seus plantios pois para eles natildeo existe um esclarecimento sobre a importacircncia de

uma expansatildeo da produccedilatildeo visando o desenvolvimento do agronegoacutecio na regiatildeo

Aleacutem disso verificou-se que a venda da produccedilatildeo sazonal eacute realizada

diretamente entre produtores e atravessadores Estes uacuteltimos compram os frutos nos

pomares ou seja adquirem o lote de tangerina ainda na tangerineira Os

atravessadores ficam responsaacuteveis pela colheita retirando apenas as tangerinas

que tecircm aceitabilidade no mercado e deixando as de tamanho inadequado nos

pomares

Contudo na visita a cidade de Matinhas foi identificada a existecircncia de uma

cooperativa localizada naquele municiacutepio fundada em 1996 por um grupo de

citricultores com o objetivo de obter melhores condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo de

citros produzidos na regiatildeo De acordo com a atual presidente a Cooperativa dos

Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda ndash Coopertange passou por diversos

problemas de gestatildeo o que a impediu de cumprir com suas obrigaccedilotildees junto aos

seus cooperados ateacute 2009

A partir de 2010 a Coopertange sofreu uma reestruturaccedilatildeo e uma nova

diretoria foi eleita Esta diretoria passou a buscar parceiros e projetos que pudessem

ampliar os negoacutecios com a produccedilatildeo de laranja Nesse ano foi elaborado um projeto

para adquirir uma packing house destinada agrave lavagem classificaccedilatildeo e embalagem

de frutos Tal inovaccedilatildeo que ainda se encontra em fase de implantaccedilatildeo (construccedilatildeo

do galpatildeo e aquisiccedilatildeo do equipamento) abriraacute a possibilidade de conquistar novos

mercados e realizar negociaccedilotildees diretas com clientes sem passar por

atravessadores

46

Apesar da referida cooperativa natildeo estar atuando plenamente como empresa

acircncora a mesma tem desenvolvido accedilotildees buscando atingir seus objetivos junto ao

APL Tais accedilotildees foram aprovaccedilatildeo da DAP (Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf) para a

cooperativa o que facilita a venda de forma coletiva da produccedilatildeo de citros

proveniente da agricultura familiar parceria com a UFPB para realizaccedilatildeo de cursos

de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de viveiristas e produccedilatildeo de mudas padronizadas e

certificadas cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos e a formataccedilatildeo do modelo

administrativo da Coopertange a EMEPA (pesquisa para combate da mosca negra)

COOPERAR (projeto de uma faacutebrica para produccedilatildeo de polpa de tangerina) e BNB

(apoio a participaccedilatildeo de feiras e seminaacuterios) Estas accedilotildees visam consolidar a

Coopertange como a principal representante do APL

32 Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional delineada para o trabalho de dissertaccedilatildeo apresenta

os niacuteveis de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina

O APL eacute composto por oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais

empresas associaccedilotildees de produtores rurais e uma cooperativa As relaccedilotildees entre

esses oacutergatildeos determinam uma estrutura organizacional que define a dinacircmica do

arranjo

Na Figura 4 eacute apresentada essa estrutura organizacional com os niacuteveis de

atuaccedilatildeo e de envolvimento de cada instituiccedilatildeo A Coopertange eacute responsaacutevel pelo

diaacutelogo entre os produtores e as instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

Esta cooperativa tambeacutem eacute responsaacutevel pelo fomento agrave comercializaccedilatildeo e

inclusatildeo social dos seus cooperados Atualmente a referida cooperativa apesar de

contar com apenas 40 cooperados produtores e liacutederes das associaccedilotildees que

pertencem ao APL vem se estruturando para assumir a governanccedila do arranjo

No primeiro ciacuterculo (Figura 4) satildeo apresentados os municiacutepios que compotildeem

o arranjo caracterizados pela distacircncia entre eles e a Coopertange de no maacuteximo 35

quilocircmetros e por terem como principal atividade a produccedilatildeo de tangerina dancy Em

cada municiacutepio existe uma associaccedilatildeo de produtores rurais responsaacutevel pelas

47

reivindicaccedilotildees dos seus associados e atua como interlocutora junto agrave empresa

acircncora e agraves instituiccedilotildees parceiras

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

No segundo ciacuterculo pode-se visualizar a infraestrutura para o

desenvolvimento do arranjo composta por instituiccedilotildees de apoio teacutecnico fomento e

inovaccedilatildeo Dentre os apoios mais relevantes encontram-se extensatildeo rural

(EMATER) pesquisa e transferecircncia de tecnologia (UFPB UFCG EMBRAPA

UEPB e EMEPA) serviccedilo de apoio agrave capacitaccedilatildeo teacutecnica e tecnoloacutegica (UFPB

Escola Teacutecnica Agriacutecola de Lagoa Seca e SENAR) fomento e creacutedito rural (BB BNB

e Caixa Econocircmica Federal) oacutergatildeos governamentais responsaacuteveis pelas poliacuteticas

puacuteblicas (Governo do Estado Prefeituras Municipais MAPA MDA e CONAB)

organizaccedilotildees sindicais (FAEPA Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Associaccedilotildees

dos Produtores Rurais) serviccedilo de apoio agrave estruturaccedilatildeo de micro e pequenas

empresas (SEBRAE) e Foacuterum de Fruticultura da Borborema Este uacuteltimo tem uma

atuaccedilatildeo importante na organizaccedilatildeo do APL pois busca arregimentar todos os

parceiros visando trazer soluccedilotildees para o soerguimento do setor

48

No terceiro ciacuterculo estatildeo representados os empreendimentos de suporte ao

segmento (implementos agriacutecolas e fornecedores de insumo) logiacutestica (transporte

armazenamento e entrega) manutenccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (empresas

especializadas em metal-mecacircnica existente no distrito industrial de Campina

Grande) venda de veiacuteculos utilitaacuterios escritoacuterio de design (criaccedilatildeo de embalagens

roacutetulos e programaccedilatildeo visual para as empresas) e faacutebricas de embalagens

(localizadas em Campina Grande) Na regiatildeo encontra-se tambeacutem matildeo-de-obra

qualificada (agrocircnomos e especialistas em fruticultura) para atender as demandas

especiacuteficas do segmento da citricultura

A estrutura organizacional formatada tem como finalidade mapear os

principais parceiros envolvidos no arranjo e apresentar uma forma estruturada de

visualizaccedilatildeo dos atores com potencial para atender agraves demandas objetivando a

melhoria da produtividade da tangerina o aumento da competitividade do setor e a

organizaccedilatildeo dos produtores para buscar novos nichos de mercado

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL

Nesta seccedilatildeo seratildeo descritas algumas poliacuteticas puacuteblicas identificadas para o

arranjo oriundas de programas governamentais e entidades parceiras natildeo

governamentais que vecircm atuando no desenvolvimento socioeconocircmico do territoacuterio

em que se insere o APL

Para melhor compreensatildeo dessas poliacuteticas faz-se necessaacuterio conhecer as

instituiccedilotildees que atuam no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina e seu objetivos visando entender o apoio dessas entidades ao APL

estudado Tais objetivos satildeo descritos na seccedilatildeo 331

Em seguida na seccedilatildeo 332 eacute apresentado um histoacuterico das poliacuteticas puacuteblicas

implementadas para APLs na Paraiacuteba e que vecircm contribuindo para a consolidaccedilatildeo

do APL

49

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo

De acordo com os dados coletados durante a pesquisa documental e em

visitas teacutecnicas foram identificadas as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais mais atuantes no arranjo sendo elas MAPA SEDAP EMEPA

EMATER PMM UFPB SEBRAE e STRM

O Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA eacute

responsaacutevel pela gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de estiacutemulo agrave agropecuaacuteria pelo

fomento do agronegoacutecio e pela regulaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo de serviccedilos vinculados ao

setor O MAPA busca integrar sob sua gestatildeo os aspectos mercadoloacutegico

tecnoloacutegico cientiacutefico ambiental e organizacional do setor produtivo e tambeacutem dos

setores de abastecimento armazenagem e transporte de safras aleacutem da gestatildeo da

poliacutetica econocircmica e financeira para o agronegoacutecio

O MAPA tem como missatildeo promover o desenvolvimento sustentaacutevel e a

competitividade do agronegoacutecio em benefiacutecio da sociedade brasileira (MAPA 2012)

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca

ndash SEDAP eacute um oacutergatildeo da administraccedilatildeo direta do Governo do Estado da Paraiacuteba e

tem como finalidade formular implementar coordenar e monitorar as poliacuteticas

puacuteblicas voltadas ao desenvolvimento sustentaacutevel da agricultura e da pecuaacuteria

A SEDAP trabalha em sintonia com as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais incentivando o desenvolvimento por meio da interiorizaccedilatildeo das

accedilotildees estrateacutegicas implementadas por seus oacutergatildeos vinculados Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER Empresa Estadual de Pesquisa

Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash EMEPA Empresa Paraibana de Abastecimento e

Serviccedilos Agriacutecolas ndash EMPASA e Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da

Paraiacuteba ndash INTERPA

A missatildeo da SEDAP eacute planejar articular e promover as poliacuteticas de

desenvolvimento rural no Estado atraveacutes da pesquisa assistecircncia teacutecnica extensatildeo

rural defesa sanitaacuteria animal e vegetal regularizaccedilatildeo fundiaacuteria reforma agraacuteria

organizaccedilatildeo das comunidades rurais proteccedilatildeo alimentar e coordenaccedilatildeo das

cadeias produtivas e arranjos produtivos locais (SEDAP 2012)

50

A Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash

EMEPA-PB tem por finalidade o desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico aplicados

agrave agropecuaacuteria do Estado da Paraiacuteba competindo-lhe promover planejar

estimular supervisionar coordenar e executar atividades de pesquisa e

experimentaccedilatildeo colaborar na formaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica do

setor agriacutecola do Estado bem como programar e desenvolver pesquisas

diretamente ou em cooperaccedilatildeo com instituiccedilotildees puacuteblicas compreendidas na aacuterea de

atuaccedilatildeo da SEDAP e apoiar na formulaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica de

ciecircncia e tecnologia relativa ao setor agriacutecola na Paraiacuteba (EMEPA 2012b)

A Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER-PB eacute

uma empresa de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural vinculada agrave SEDAP

integrante do Sistema Brasileiro de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash

SIBRATER Satildeo objetivos baacutesicos da EMATER-PB colaborar com os oacutergatildeos

competentes da SEDAP e do MAPA na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo das poliacuteticas de

assistecircncia teacutecnica e extensatildeo no Estado e planejar coordenar e executar

programas de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural visando agrave difusatildeo de

conhecimentos de natureza teacutecnica econocircmica e social para aumento da produccedilatildeo

e produtividade agriacutecola e a melhoria das condiccedilotildees de vida no meio rural do Estado

da Paraiacuteba de acordo com a poliacutetica de accedilatildeo dos Governos Federal e Estadual

(EMATER 2012)

A Prefeitura Municipal de Matinhas ndash PMM eacute a sede do poder executivo do

municiacutepio de Matinhas O prefeito como representante do executivo tem como

dever acompanhar a execuccedilatildeo dos programas governamentais e fiscalizar a

aplicaccedilatildeo dos recursos A PMM tem como uma de suas principais accedilotildees o estiacutemulo

agrave organizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo Local da Citricultura na regiatildeo de Matinhas

(PMM 2012)

A Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino

superior vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo tem como objetivo promover o

desenvolvimento socioeconocircmico da Paraiacuteba do Nordeste e do Brasil Para tanto

propotildee-se na sua aacuterea de competecircncia a empreender accedilotildees visando

especificamente aos seguintes resultados formar profissionais nos niacuteveis de ensino

fundamental meacutedio superior e de poacutes-graduaccedilatildeo realizar atividades de pesquisa e

51

de extensatildeo pautar as suas atividades acadecircmicas pela busca do progresso das

ciecircncias letras e artes

A missatildeo da UFPB eacute definida como estar integrada agrave sociedade promover o

progresso cientiacutefico tecnoloacutegico cultural e socioeconocircmico local regional e

nacional atraveacutes das atividades de ensino pesquisa e extensatildeo atrelado ao

desenvolvimento sustentaacutevel e ampliando o exerciacutecio da cidadania (UFPB 2012)

O Banco do Nordeste ndash BNB eacute uma instituiccedilatildeo financeira e de concessatildeo de

creacutedito Poreacutem para cumprir a missatildeo de desenvolvimento em uma regiatildeo com

muitas potencialidades ainda natildeo exploradas o BNB entende que o creacutedito eacute

necessaacuterio mas natildeo deve ser o uacutenico serviccedilo oferecido Esta instituiccedilatildeo busca

contribuir para garantir a sustentabilidade dos empreendimentos financiados

associada agrave melhoria das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo nordestina

Dentre as accedilotildees e instrumentos criados pelo Banco destacam-se os Agentes

de Desenvolvimento as Agecircncias Itinerantes as Poliacuteticas de Desenvolvimento

Territorial o CREDIAMIGO o PRONAF e o Programa de Desenvolvimento do

Turismo no Nordeste - PRODETUR no apoio agrave infraestrutura turiacutestica regional

A missatildeo do BNB eacute atuar como agente catalisador do desenvolvimento

sustentaacutevel do Nordeste integrando-o na dinacircmica da economia nacional (BNB

2012)

O Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash

SEBRAE-PB eacute uma instituiccedilatildeo voltada agrave concepccedilatildeo e execuccedilatildeo de iniciativas de

apoio aos empreendimentos de micro e pequeno porte Em razatildeo da importacircncia do

segmento para a geraccedilatildeo de emprego e de riqueza cabe ao SEBRAE colaborar

com accedilotildees e projetos para a consolidaccedilatildeo de um modelo de

desenvolvimento sustentaacutevel baseado na facilitaccedilatildeo do acesso a insumos

produtivos ndash conhecimento creacutedito tecnologia e capacitaccedilatildeo ndash para todos aqueles

que investem ou pretendem investir em uma atividade produtiva

Mais do que uma provedora de soluccedilotildees educacionais para o empreendedor

(treinamentos consultorias eventos teacutecnicos) a instituiccedilatildeo busca tambeacutem contribuir

para a geraccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis agrave valorizaccedilatildeo e ao estiacutemulo do

empreendedorismo Este estiacutemulo tem como finalidade o aumento da

competitividade de empresas e produtos visando fortalecer as vocaccedilotildees

52

econocircmicas e promover o desenvolvimento da Paraiacuteba no contexto nacional e

internacional

A missatildeo do SEBRAE eacute promover a competitividade e o desenvolvimento

sustentaacutevel das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas - STRM eacute uma

entidade sindical sem fins lucrativos com sede no municiacutepio de Matinhas Estado da

Paraiacuteba e eacute regido pela legislaccedilatildeo em vigor pelos Estatutos da Confederaccedilatildeo

Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG e da Federaccedilatildeo dos

Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba - FETAG-PB bem como pelo

seu regimento e estatuto

Satildeo objetivos do STRM defender os interesses coletivos e individuais da

categoria trabalhadora rural do municiacutepio inclusive em questotildees judiciais ou

administrativas desenvolver organizar e apoiar as accedilotildees que visem a conquista de

melhores condiccedilotildees de vida e de trabalho para a categoria trabalhadora rural e para

o conjunto da classe trabalhadora e defender e lutar pela manutenccedilatildeo e ampliaccedilatildeo

das liberdades e garantias democraacuteticas como instrumento de defesa dos direitos e

conquistas dos trabalhadores trabalhadoras e suas organizaccedilotildees

Aleacutem disso o sindicato deve ainda participar da elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de um projeto de desenvolvimento rural sustentaacutevel e solidaacuterio visando a

valorizaccedilatildeo e fortalecimento da agricultura familiar com o estabelecimento de uma

poliacutetica agriacutecola diferenciada e a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo comercializaccedilatildeo

financiamento e assessoramento teacutecnico que promova o desenvolvimento social e

econocircmico dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (STRM 1972)

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba

Em 1997 o Governo do Estado da Paraiacuteba com o apoio do MCTCNPq criou

o Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores Econocircmicos

Tradicionais ndash COMPET visando promover o desenvolvimento industrial a partir de

uma visatildeo regional com vocaccedilatildeo econocircmica preexistente Essa iniciativa gerou

accedilotildees voltadas para a modernizaccedilatildeo dos setores econocircmicos tradicionais (Tecircxtil e

Confecccedilatildeo Couro e Calccedilados e Sucro-alcooleiro) e tinha como objetivo potencializar

53

as cadeias produtivas de cada segmento atraveacutes da estruturaccedilatildeo de micro e

pequenas empresas em municiacutepios polarizadores dessas atividades O programa do

Governo do Estado promovia uma interaccedilatildeo entre essas empresas e as instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais apoiadoras do programa Tal poliacutetica foi uma

das primeiras iniciativas a ser trabalhada pelo Estado como proposta de

agrupamentos produtivos

Os resultados obtidos com a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica para o setor Couro

e Calccedilados foram implantaccedilatildeo da Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos em Couro

de Ribeira de Cabaceiras Ltda ndash ARTEZA modernizaccedilatildeo do Curtume Coletivo

Miguel de Souza Meira como unidade de beneficiamento de peles e couros

utilizando tanino vegetal extraiacutedo do angico e estruturaccedilatildeo de 16 oficinas de

confecccedilatildeo em couro de sandaacutelias masculinas e femininas chapeacuteus boneacutes

acessoacuterios e produtos de decoraccedilatildeo Para o setor Sucroalcooleiro foi estruturada a

unidade Chatilde dos Jardins localizada no Campus II da UFPB no municiacutepio de Areia

Esta unidade teve como objetivo transferir a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica para os engenhos

da regiatildeo bem como capacitar produtores e teacutecnicos na produccedilatildeo de cachaccedila de

qualidade No setor Tecircxtil e Confecccedilatildeo foi implantado o primeiro Laboratoacuterio de

Vestuaacuterio da Paraiacuteba ndash LABVEST no Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado

Albano Franco ndash CTCCSENAI em Campina Grande-PB Este laboratoacuterio tinha como

finalidade atender agraves micro e pequenas empresas do setor atraveacutes de consultorias

especializadas plotagem de peccedilas padratildeo utilizadas na induacutestria de confecccedilatildeo e

cursos de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de matildeo-de-obra qualificada (COMPET 2007)

No ano de 2000 a Secretaria Estadual de Induacutestria Comeacutercio Turismo

Ciecircncia e Tecnologia ndash SICTCT da Paraiacuteba a partir dos resultados positivos obtidos

com o programa COMPET adotou como poliacutetica de expansatildeo empresarial o

conceito de arranjo produtivo local para fomentar o desenvolvimento

socioeconocircmico nas regiotildees com vocaccedilotildees produtivas priorizadas pelo Estado

Essa poliacutetica resultou no apoio a programas voltados para a

caprinovinocultura e artesanato As principais accedilotildees da caprinovinocultura foram

melhoramento geneacutetico de caprinos e ovinos visando o aumento do plantel na

Paraiacuteba e implantaccedilatildeo do Programa do Leite como projeto de seguranccedila alimentar

para famiacutelias carentes o que permitiu a instalaccedilatildeo de vaacuterias unidades de

beneficiamento de leite de cabra no Cariri paraibano As accedilotildees realizadas pelo

54

Programa de Artesanato promoveu o mapeamento do artesanato conforme as

tipologias desenvolvidas nas diversas regiotildees do Estado fomentou a melhoria da

qualidade de peccedilas artesanais promoveu a vinda de consultores especialistas para

capacitar artesatildeos e aumentou a inclusatildeo de artesatildeos na produccedilatildeo de peccedilas

artesanais com grande aceitaccedilatildeo de mercado

Em 2004 o Governo Estadual incluiu o Programa de Apoio ao

Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais no seu PPA (2004-2007) como

poliacutetica indutora de desenvolvimento econocircmico e de inclusatildeo social Essa decisatildeo

governamental permitiu que arranjos produtivos recebessem accedilotildees voltadas para a

organizaccedilatildeo produtiva e estruturaccedilatildeo do setor de forma a beneficiar cooperativas

micro e pequenas empresas com potencial competitivo Os setores incluiacutedos no PPA

foram Couro-Calccedilados e Afins Mineral Piscicultura Algodatildeo Colorido Fruticultura

aleacutem da caprinovinocultura e artesanato (SICTCT 2004)

Entendendo a importacircncia dos APLs para o Estado e visando seu

desenvolvimento o Governo Estadual em 27042007 criou atraveacutes de ata

seguindo a orientaccedilatildeo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio

Exterior ndash MDIC o Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba ndash Nuacutecleo APL-PB Este nuacutecleo tinha como objetivo ser uma instacircncia de

caraacuteter institucional capaz de fomentar o desenvolvimento socioeconocircmico do

Estado Para tanto foi elaborada a Minuta de Constituiccedilatildeo do Nuacutecleo contendo os

objetivos especiacuteficos estrateacutegia e papel do nuacutecleo na elaboraccedilatildeo dos Planos de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP composiccedilatildeo do Nuacutecleo Executivo parcerias

operacionalizaccedilatildeo dos APLs experiecircncias positivas e desafios bem como o

Regimento Interno do Nuacutecleo APL-PB

O referido Nuacutecleo foi constituiacutedo pelas seguintes instituiccedilotildees Secretaria de

Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE Secretaria de

Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente - SECTMA Secretaria de

Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo - SEPLAG

Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca - SEDAP

Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash

SEBRAEPB Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Federaccedilatildeo da

Agricultura do Estado da Paraiacuteba ndash FAEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do

Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

55

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG Universidade Estadual da

Paraiacuteba ndash UEPB e representante da classe trabalhadora do Estado da Paraiacuteba

Em 2008 como forma de promover a transferecircncia de tecnologias resultantes

de pesquisas validadas a Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria S A ndash

EMEPA institui a Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais ndash

CAAPL Essa coordenadoria tem como objetivo promover e acompanhar junto aos

APLs a transferecircncia de teacutecnicas e tecnologias adequadas agraves atividades produtivas

pesquisadas no acircmbito da EMEPA Os APLs apoiados pela EMEPA satildeo

Caprinovinocultura Bovinocultura de Leite Fruticultura Tropical (citros abacaxi

manga goiaba cajaacute e umbu) Mandioca e Cultura do Inhame (EMEPA 2012a)

Em 2009 o Decreto ndeg 30853 de 13 de novembro de 2009 instituiu o Nuacutecleo

Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da Paraiacuteba passando a se

chamar Nuacutecleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos

Locais da Paraiacuteba ndash NEAPLrsquosPB cuja finalidade eacute o fortalecimento dos APLs como

estrateacutegia para fomentar o desenvolvimento sustentaacutevel de regiotildees e aplicar a

poliacutetica puacuteblica instituiacuteda pelo Governo Federal no desenvolvimento econocircmico

social e cultural em que estatildeo inseridos os APLs da Paraiacuteba Neste decreto foi

modificada a representatividade das instituiccedilotildees passando a ser composto por

Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE

Secretaria de Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo -

SEPLAG Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca -

SEDAP Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente -

SECTMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Serviccedilo de Apoio

agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash SEBRAEPB Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba - EMATER Empresa Estadual de

Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A - EMEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa

do Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG e Universidade Estadual da

Paraiacuteba - UEPB

Outro parceiro que se fez presente desde 2009 foi o BNDES que atraveacutes de

Contrato de Concessatildeo e Colaboraccedilatildeo Financeira Natildeo-Reembolsaacutevel nordm 09215191

em parceria com o Governo do EstadoFUNCEP-PB disponibilizou o 1ordm Edital 2009-

Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

56

Paraiacuteba tendo sido aprovado 33 projetos que beneficiam APLs de baixa renda Este

edital teve o aporte de R$ 7 milhotildees oriundos do BNDES e R$ 7 milhotildees de

contrapartida do Governo do Estado via Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da

Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash FUNCEP-PB Os APLs beneficiados com esse

edital foram Artesanato Fruticultura Leite Bovino Mandiocultura Apicultura

Algodatildeo Colorido Sisal Confecccedilatildeo Floricultura Ostreicultura Avicultura

Piscicultura Caprinocultura Hortifrutigranjeiro e Gastronomia (mandioca e coco)

Em 2010 a EMEPA formalizou um convecircnio com o BNB visando o apoio agrave

transferecircncia de tecnologias geradas e validadas pela referida empresa de pesquisa

para os seguintes APLs bovinocultura de leite fruticultura nos segmentos de uva

banana tangerina e abacaxi e caprinovinocultura Esses APLs foram priorizados

pelo Governo do Estado EMEPA e BNB

Outra instituiccedilatildeo que vem atuando de forma proativa em APLs de micro e

pequenas empresas incluindo as cooperativas eacute o Serviccedilo de Apoio agraves Micros e

Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash SEBRAE-PB Este oacutergatildeo tem desenvolvido suas

accedilotildees com o apoio da RedeSist na construccedilatildeo de conhecimentos teoacutericos e

metodoloacutegicos sobre aglomerados produtivos Como resultado foram gerados

estudos sobre inovatividade e cooperaccedilatildeo de APLs no Estado da Paraiacuteba

(LASTRES 2006)

Com a finalidade de integrar as accedilotildees de estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do

arranjo o Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA juntamente

com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca ndash

SEDAP vem atuando nos municiacutepios participantes do APL com a concessatildeo de

mudas fiscalizadas e certificadas de tangerina buscando a melhoria dos pomares e

o aumento da produtividade

Essa iniciativa teve iniacutecio nos anos de 2007 e 2008 quando foi desenvolvida

uma parceria entre a PMM MAPA e Embrapa Cruz das Almas ndash BA que concedeu

diversas variedades de copas porta enxertos e combinaccedilotildees de enxertias visando

averiguar quais as combinaccedilotildees que melhor se adaptariam ao clima e solo do Brejo

paraibano

A parceria com as referidas instituiccedilotildees fomentou a implantaccedilatildeo de duas

Unidades Demonstrativas de Citros A primeira unidade foi instalada no municiacutepio de

57

Areia no Campus II da UFPB servindo de laboratoacuterio de pesquisa da citricultura

para professores e alunos do curso de Agronomia A segunda unidade foi instalada

em uma aacuterea concedida pela Prefeitura Municipal de Matinhas Esta unidade natildeo

teve acompanhamento teacutecnico e manejo correto o que ocasionou a morte de boa

parte das mudas

Em 2009 o Foacuterum de Fruticultura da Borborema em parceria com a

Embrapa-BA e a UFPB implantou mais seis Unidades Demonstrativas em aacutereas de

plantio dos produtores participantes do arranjo As unidades foram distribuiacutedas da

seguinte forma duas unidades em Alagoa Nova duas unidades em Lagoa Seca

uma em Esperanccedila e uma em Matinhas

Tais unidades tiveram como objetivo promover a transferecircncia de tecnologias

para os produtores beneficiados por essa poliacutetica Entretanto foi observado que

essa accedilatildeo ficou comprometida devido a falta de compromisso e acompanhamento

das instituiccedilotildees parceiras bem como pela falta de adubaccedilatildeo por parte dos

produtores e de assistecircncia teacutecnica pelos oacutergatildeos que promovem ATER na regiatildeo

Outra instituiccedilatildeo presente no arranjo eacute a Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e

Extensatildeo Rural da Paraiacuteba ndash EMATER que tem como principais accedilotildees atraveacutes de

seu escritoacuterio regional o acompanhamento do cultivo da tangerina a orientaccedilatildeo

teacutecnica e o manejo adequado do plantio No entanto esta assistecircncia eacute falha e

descontiacutenua devido agrave empresa possuir um corpo teacutecnico reduzido dificuldades com

transporte para os teacutecnicos e falta de logiacutestica para executar as atividades no

campo

O municiacutepio de Matinhas por ser o principal produtor de tangerina possui

uma prefeitura bastante atuante na implementaccedilatildeo de accedilotildees e busca de parcerias

para promover o desenvolvimento da atividade na regiatildeo A relevacircncia dessas accedilotildees

fez com que fosse implantado no municiacutepio o Parque da Laranja Nesse local satildeo

realizados eventos culturais seminaacuterios feiras de negoacutecio e a Festa da Laranja que

jaacute estaacute consolidada no calendaacuterio estadual de eventos A Prefeitura de Matinhas

tambeacutem envida esforccedilos para que o projeto da packing house seja concretizado A

mesma concedeu a aacuterea onde esta sendo construiacutedo o galpatildeo que abrigaraacute a

packing

58

Como visto neste capiacutetulo foram apresentadas as caracteriacutesticas do APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais que atuam no arranjo bem como as principais poliacuteticas executadas

por essas instituiccedilotildees No entanto faz-se necessaacuterio o uso de uma metodologia que

possa analisar o arranjo nas diversas fases de organizaccedilatildeo e averiguar a efetividade

das poliacuteticas implementadas como condicionante de desenvolvimento No proacuteximo

capiacutetulo seraacute apresentada a metodologia a ser utilizada nesta pesquisa

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA

Este capiacutetulo apresenta a metodologia utilizada para o desenvolvimento da

pesquisa descrevendo os procedimentos metodoloacutegicos que permitiratildeo uma

compreensatildeo do estudo proposto bem como a justificativa para a escolha da

amostra dos entrevistados e para a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta de dados

primaacuterio

O meacutetodo aplicado nesta pesquisa partindo do conceito descrito por Vergara

(2010 p42) utiliza a investigaccedilatildeo descritiva pois o objeto de estudo possui

ldquocaracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo ou de determinado fenocircmeno que podem

tambeacutem estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis e definir sua natureza Este meacutetodo

natildeo tem compromisso de explicar os fenocircmenos que descrevem embora sirva de

base para tal explicaccedilatildeordquo No caso deste trabalho se faz necessaacuterio entender a

atuaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas existente para o aglomerado produtivo em estudo a

partir do levantamento da aplicaccedilatildeo de tais poliacuteticas e quais as suas contribuiccedilotildees

para o desenvolvimento do APL

O problema pesquisado foi tratado de forma qualitativa pois neste caso

existe a necessidade de se entender o Arranjo Produtivo Local da Citricultura -

Segmento Tangerina segundo a visatildeo dos atores que compotildeem o APL A partir

deste entendimento foi analisado como esses atores percebem a contribuiccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas para o referido segmento e a influecircncia dessas poliacuteticas para o

desenvolvimento regional

Segundo Godoy (1995) a pesquisa se desenvolve de acordo com a

perspectiva dos stakeholders11 na qual o pesquisador busca compreender os

problemas sob a oacutetica desses atores

O trabalho tambeacutem utiliza a pesquisa de natureza exploratoacuteria com a

finalidade de conseguir uma maior compreensatildeo do problema investigado Para tal

11 Stakeholders - partes interessadas que devem estar de acordo com as praacuteticas de governanccedila corporativa

executadas pela empresa

60

compreensatildeo foram revisados temas como poliacuteticas puacuteblicas para APL de baixa

renda desenvolvimento regional e competitividade sistecircmica

Inicialmente foram levantados dados secundaacuterios a partir de uma revisatildeo

bibliograacutefica (documentos arquivos e publicaccedilotildees) para que se pudesse obter uma

compreensatildeo dos fatos observados in loco sobre o arranjo produtivo local e sua

estrutura organizacional

As fontes de evidecircncias utilizadas para o estudo de caso que serviram de

base documental para fundamentar a pesquisa foram documentaccedilatildeo sobre as

poliacuteticas puacuteblicas existentes (leis decretos e outros documentos governamentais)

registros em arquivos (mapas tabelas e dados estatiacutesticos) observaccedilotildees diretas

realizadas in loco coletas de dados atraveacutes da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios e

entrevistas aleacutem de outras fontes que deram subsiacutedios agrave pesquisa tais como livros

artigos e bibliotecas virtuais

Neste sentido como forma de validar o trabalho de pesquisa foi realizado um

estudo de caso sobre o tema pois este meacutetodo segundo Yin (2004) contribui para

a compreensatildeo dos fenocircmenos individuais organizacionais e poliacuteticos de uma

regiatildeo

Segundo Lazzarini (1997) o estudo de caso pode ser uacutetil em termos

qualitativos pois o objetivo principal eacute a contextualizaccedilatildeo do problema natildeo se

propondo apenas a determinar a ocorrecircncia de um dado fenocircmeno no universo

pesquisado

O estudo de caso deste trabalho compreendeu os seis municiacutepios que

compotildeem o APL sendo Matinhas a cidade referecircncia do arranjo por se tratar do

municiacutepio onde sua principal atividade econocircmica eacute a tangerina e por ser o maior

produtor da regiatildeo

A amostra pesquisada eacute composta de cinco associaccedilotildees e uma cooperativa

cujos entrevistados satildeo produtores de tangerina e liacutederes da regiatildeo A pesquisa

tambeacutem incluiu na amostra nove instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

A escolha deste universo teve como base a representatividade de cada organizaccedilatildeo

dentro do arranjo e atende aos criteacuterios metodoloacutegicos da anaacutelise qualitativa que

este trabalho pretende identificar

61

41 Instrumento de Pesquisa

Visando buscar subsiacutedios que permitam a caracterizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba um levantamento de dados

foi realizado utilizando a teacutecnica de entrevista guiada por um formulaacuterio direcionado

para os gestores das instituiccedilotildees selecionadas (Apecircndice A) e outro para os

produtores de tangerina liacutederes na regiatildeo (Apecircndice B)

Segundo Gil (2008) a entrevista tem como caracteriacutestica a formataccedilatildeo de uma

lista de perguntas denominada de questionaacuterio ou formulaacuterio Neste trabalho o

termo formulaacuterio foi adotado tendo em vista que as entrevistas aconteceram face a

face com cada entrevistado e as respostas registradas pelo entrevistador

Os formulaacuterios aplicados nas instituiccedilotildees satildeo semiestruturados com o

objetivo de avaliar o interesse e motivaccedilatildeo dessas Instituiccedilotildees em trabalhar com o

APL aleacutem de avaliar a cooperaccedilatildeo entre esses atores e identificar as accedilotildees

realizadas em prol da sustentabilidade dessa atividade na regiatildeo A pesquisa traccedilou

o cenaacuterio atual do aglomerado descrevendo como satildeo escolhidos os beneficiaacuterios

as principais demandas do arranjo as dificuldades para implementaccedilatildeo das

poliacuteticas e os projetos jaacute realizados e em andamento

Para os produtores de tangerina optou-se por um formulaacuterio semiestruturado

que tem como base o modelo desenvolvido pelo Instituto Alematildeo de

Desenvolvimento ndash IAD (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-STAMER

1994) no qual a competitividade sistecircmica abrange quatro niacuteveis (meta macro

meso e micro) A partir desta metodologia pretende-se identificar as relaccedilotildees de

cooperaccedilatildeo entre os integrantes do arranjo praacuteticas gerenciais relaccedilatildeo entre os

parceiros principais fontes de informaccedilatildeo entre outros

Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos formulaacuterios os resultados obtidos foram analisados e

interpretados com a finalidade de obter subsiacutedios que permitiram avaliar as poliacuteticas

puacuteblicas atuantes no APL

E por uacuteltimo foram identificadas as contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina observando o aumento da produccedilatildeo e

melhoria da qualidade do fruto sua comercializaccedilatildeo em novos nichos de mercado e

a inclusatildeo social dos produtores rurais

62

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da

Pesquisa

O modelo proposto eacute baseado no conceito analiacutetico formulado pelos

pesquisadores Klaus Esser Wolfgang Hillebrand Dirk Messner e Joumlrg Meyer-Stamer

do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD no iniacutecio dos anos 90

Para esses pesquisadores a competitividade eacute entendida de maneira

sistecircmica contribuindo para o desenvolvimento socioeconocircmico em niacuteveis

municipal regional estadual ou nacional (Figura 5)

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD

12

Fonte Esser Hillebrand Messner Meyer-Stamer (1994)

Sob este enfoque os autores afirmam que a competitividade eacute tambeacutem fruto

de diaacutelogo e tomada de decisotildees conjuntas pelos grupos de atores envolvidos

Para que ocorra a modernizaccedilatildeo econocircmica e o desenvolvimento da

competitividade sistecircmica faz-se necessaacuteria a formaccedilatildeo de estruturas em toda a

sociedade O desenvolvimento dessa competitividade eacute portanto um projeto de

transformaccedilatildeo social que vai aleacutem de uma simples correccedilatildeo do contexto

macroeconocircmico

12

httpwwwmeyer-stamerdesystemichtml

63

O desenvolvimento da competitividade abordada pelos autores pode ser

impulsionada com a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que venham contribuir na

consolidaccedilatildeo de aglomerados produtivos O papel do governo neste caso se faz

presente agrave medida que as poliacuteticas nacionais incrementam a competitividade e

transformam um territoacuterio em um ambiente macroeconocircmico poliacutetico social e

ambiental fortemente constituiacutedo onde um aglomerado de empresas associaccedilotildees

ou cooperativas atuam com sucesso

No modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD as poliacuteticas

puacuteblicas atuam nos quatro niacuteveis da competitividade sistecircmica conforme

apresentado no modelo mencionado (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-

STAMER 1994)

a) Niacutevel Meta Neste niacutevel existe um conjunto de fatores que permite a formaccedilatildeo

de um consenso social sobre a necessidade de uma poliacutetica econocircmica voltada

para o mercado mundial ldquo() um padratildeo baacutesico de organizaccedilatildeo juriacutedica poliacutetica

econocircmica e macrossocial que permita aglutinar as forccedilas dos atores

potencializar as vantagens nacionais de inovaccedilatildeo crescimento econocircmico e

competitividade e colocar em marcha processos sociais de aprendizagem e

comunicaccedilatildeordquo (ESSER et al 1994 p 1) por fim ldquo() a disposiccedilatildeo e a

capacidade de implementar uma estrateacutegia de meacutedio a longo prazo com vistas

ao desenvolvimento tecnoloacutegico-industrial orientado agrave competitividaderdquo (ESSER

et al 1994 p 1)

b) Niacutevel Macro Este niacutevel engloba as poliacuteticas macroeconocircmicas tais como as

poliacuteticas cambial monetaacuteria fiscal e a poliacutetica de comeacutercio exterior (evidenciada

pela conexatildeo da economia nacional em mercados internacionais) e das poliacuteticas

de regulamentaccedilatildeo da concorrecircncia entre as empresas as quais impedem a

formaccedilatildeo de monopoacutelios e carteacuteis

c) Niacutevel Meso Refere-se agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo em que estatildeo inseridas as

empresas agrave dotaccedilatildeo de fatores de produccedilatildeo desses espaccedilos e agraves poliacuteticas

implementadas que venham contribuir para essa consolidaccedilatildeo tais como a

poliacutetica de infraestrutura fiacutesica (transporte energia e telecomunicaccedilotildees) a

poliacutetica de infraestrutura industrial a poliacutetica educacional (qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra) e as poliacuteticas ambientais e regionais Este niacutevel abrange tambeacutem as

poliacuteticas seletivas de importaccedilatildeo e de exportaccedilatildeo

64

d) Niacutevel Micro Refere-se aos fatores de competitividade ligados agrave organizaccedilatildeo

interna das empresas agraves estrateacutegias empresariais e agraves relaccedilotildees

interempresariais Este niacutevel envolve a capacidade de gestatildeo a aplicaccedilatildeo de

best practices em todas as etapas do ciclo de produccedilatildeo (desenvolvimento de

produtos produccedilatildeo propriamente dita e comercializaccedilatildeo) a gestatildeo da inovaccedilatildeo

a integraccedilatildeo em redes de cooperaccedilatildeo tecnoloacutegica a logiacutestica empresarial e a

interaccedilatildeo entre provedores produtores e usuaacuterios

Sendo assim o modelo do IAD difere do proposto por Michael Porter

(PORTER 1999) pois coloca as poliacuteticas puacuteblicas como um dos fatores

determinantes de competitividade das empresas Na visatildeo liberal de Porter a

empresa eacute a unidade de anaacutelise fundamental para a competitividade enquanto no

modelo do IAD a ecircnfase eacute para os aspectos sociais que incluem a accedilatildeo do Estado

e a mobilizaccedilatildeo da sociedade (DINIZ FILHO VICENTINI 2004)

Nesta oacutetica no proacuteximo capiacutetulo seratildeo analisadas como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo aplicadas no APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina utilizando

como ferramenta entrevistas com os gestores das instituiccedilotildees parceiras e com os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa produtores de tangerina do APL

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA

Este capiacutetulo apresenta o resultado da pesquisa de campo realizada com as

instituiccedilotildees que apoiam o Arranjo Produtivo Local da Citricultura - Segmento

Tangerina e com as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores que participam

desse APL analisando as contribuiccedilotildees das poliacuteticas existente e os gargalos que

ainda persistem no setor

Para melhor compreensatildeo os resultados obtidos foram analisados em duas

etapas ou seja foram entrevistados dois tipos de stakeholders O primeiro grupo

gestores das Instituiccedilotildees responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

para o setor O segundo grupo formado pelos produtores e representantes das

associaccedilotildees e da cooperativa dos seis municiacutepios que compotildeem o arranjo produtivo

da tangerina

A pesquisa com esses stakeholders permitiu a obtenccedilatildeo de dados primaacuterios

em que foi possiacutevel identificar a visatildeo das instituiccedilotildees promotoras das poliacuteticas

puacuteblicas como tambeacutem a visatildeo das organizaccedilotildees (associaccedilotildees e cooperativa) e

produtores beneficiados por essas poliacuteticas

Neste capiacutetulo seraacute analisada a efetividade de tais poliacuteticas sob a oacutetica dos

produtores das Instituiccedilotildees Puacuteblicas e das entidades natildeo governamentais atuantes

no APL A partir dessa anaacutelise tenta-se identificar tambeacutem o porquecirc da existecircncia

de diversas poliacuteticas que natildeo conseguem efetivar seus objetivos junto ao setor

produtivo

Para realizar a pesquisa foram utilizados como instrumento de coleta dois

modelos de questionaacuterios que se encontram nos Anexos 1 e 2 As entrevistas

ocorreram nos meses de setembro de 2011 a marccedilo de 2012

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas

As instituiccedilotildees pesquisadas foram aquelas que contribuiacuteram para o

desenvolvimento do APL no periacuteodo de 2008 a 2011 totalizando nove entidades

66

governamentais e natildeo governamentais (MAPA SEDAP EMEPA EMATER PMM

UFPBRedeSist BNB SEBRAE e STRM)13

Tais instituiccedilotildees apontaram as suas contribuiccedilotildees e accedilotildees para consolidaccedilatildeo

do APL estudado Nesta pesquisa foi identificado o niacutevel de envolvimento das

instituiccedilotildees quais os programas implementados para o segmento quais os gargalos

existentes e qual a efetividade das poliacuteticas implementadas na visatildeo de cada

instituiccedilatildeo

O objetivo da primeira questatildeo da pesquisa foi saber como as instituiccedilotildees

identificam um APL Cinco responderam que se baseiam na cooperaccedilatildeo entre os

atores participantes do arranjo trecircs como sendo a concentraccedilatildeo de produtores de

tangerina no territoacuterio e uma instituiccedilatildeo respondeu que depende da concentraccedilatildeo de

indiviacuteduos ocupados em uma atividade Nota-se que apesar das instituiccedilotildees estarem

presentes com suas accedilotildees no APL ainda natildeo existe um consenso sobre o conceito

de arranjo o que gera entendimentos e atuaccedilotildees diferenciadas por parte de cada

instituiccedilatildeo na disponibilizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o setor

Esta constataccedilatildeo tambeacutem foi identificada por Cavalcanti Torres Almeida e

Pereira (2010) ao analisar a visatildeo das instituiccedilotildees de apoio a APLs na Paraiacuteba

Segundo os autores verifica-se que a maioria dessas instituiccedilotildees natildeo deteacutem um

conceito formal de APL Aleacutem disso embora se digam atuantes nessa perspectiva

muitas vezes natildeo tecircm noccedilatildeo da complexidade que envolve as relaccedilotildees de um

arranjo produtivo

Essa deficiecircncia conceitual pode indicar a origem das dificuldades e

limitaccedilotildees da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas nos

APLs do Estado da Paraiacuteba

Entretanto apesar das diferentes percepccedilotildees conceituais todas as

instituiccedilotildees entrevistadas vecircm apoiando o APL sob demanda Os representantes das

instituiccedilotildees foram enfaacuteticos nas suas respostas pois acreditam que este arranjo estaacute

sendo beneficiado por ser de grande impacto para a economia local regional e

estadual por possuir tradiccedilatildeo no cultivo de tangerina por ser gerador de emprego e

renda por ser a principal cadeia produtiva agriacutecola dos municiacutepios envolvidos por

13

Os nomes das Instituiccedilotildees estatildeo descritos na Lista de Abreviaturas e Siglas

67

ter mercado favoraacutevel para escoamento da produccedilatildeo e com possibilidade de

expansatildeo por se tratar de uma cultura difundida e proacutespera na produccedilatildeo de laranja

e por ser promotora do desenvolvimento socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Ao analisar as respostas dos stakeholders institucionais pode-se dizer que o

APL em estudo tem sua atividade reconhecida como geradora de impacto

econocircmico e de perspectiva sustentaacutevel para o Estado e que existe interesse dessas

instituiccedilotildees continuarem priorizando o referido APL

No entanto foi identificado que as poliacuteticas implementadas natildeo satildeo

suficientes para alavancar o segmento pois tais poliacuteticas foram formatadas visando

promover a agricultura familiar e natildeo o desenvolvimento do APL Sendo assim essa

atuaccedilatildeo fica dependendo de accedilotildees preexistentes que limitam a execuccedilatildeo de

atividades mais amplas e integradas com toda a cadeia produtiva

Nesse sentido para que as poliacuteticas puacuteblicas sejam implementadas com

maior eficiecircncia no APL faz-se necessaacuterio um instrumento governamental que

estimule os Governos Estaduais e Municipais atraveacutes de suas Secretarias a

discutirem a estruturaccedilatildeo de poliacuteticas e a compreenderem as vantagens da inserccedilatildeo

dessas poliacuteticas em seus planos plurianuais

Nos estados brasileiros onde os Nuacutecleos Estaduais de Apoio aos APLs satildeo

proativos estes exercem um importante papel como elo entre as instituiccedilotildees e o

setor produtivo auxiliando na formataccedilatildeo de programas e projetos governamentais

que atendam agraves necessidades dos segmentos econocircmicos de forma continuada

(GTP APL 2007)

Quanto aos criteacuterios de seleccedilatildeo dos beneficiaacuterios para formalizaccedilatildeo de

parceria as respostas divergem quatro instituiccedilotildees responderam que atendem as

demandas diretamente aos produtores uma instituiccedilatildeo atende somente demandas

coletivas atraveacutes de associaccedilotildees e de cooperativas quatro instituiccedilotildees utilizam

como criteacuterio a elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos participativos onde as demandas satildeo

selecionadas e os produtores atendidos mediante programas e projetos elaborados

pelas proacuteprias instituiccedilotildees Esses diagnoacutesticos tambeacutem possibilitam o levantamento

das potencialidades e gargalos da atividade Algumas instituiccedilotildees buscam parcerias

para atender as demandas que natildeo estatildeo no escopo de sua atuaccedilatildeo

68

Com relaccedilatildeo aos criteacuterios de atendimento das demandas dos produtores de

tangerina as formas empregadas pelas instituiccedilotildees satildeo vaacutelidas Entretanto tal

atendimento eacute pontual e sem planejamento o que dificulta a realizaccedilatildeo de accedilotildees

continuadas Essa forma de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees promove o descreacutedito entre os

produtores pois as soluccedilotildees encontradas resolvem os problemas apenas

momentaneamente Por outro lado accedilotildees advindas de um programa estruturante

poderiam imprimir um caraacuteter preventivo e permanente pois a concepccedilatildeo de tal

programa permitiria a integraccedilatildeo das instituiccedilotildees parceiras de modo a suprir

gargalos existentes no arranjo e fazer com que essas parcerias desenvolvam accedilotildees

dentro de uma visatildeo sistecircmica no APL

Vale salientar que as instituiccedilotildees tambeacutem afirmam que procuram manter os

produtores informados dos programas e das poliacuteticas de desenvolvimento para o

segmento da citricultura promovendo reuniotildees com os agricultores visitas de

intercacircmbio cursos de capacitaccedilatildeo treinamento diagnoacutestico situacional eventos

temaacuteticos (por exemplo a Festa da Laranja) e divulgaccedilatildeo na miacutedia

As instituiccedilotildees parceiras tambeacutem apontaram vaacuterios desafios que elas

enfrentam para conceder apoio institucional ao APL tais como aumentar a

realizaccedilatildeo do nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo visando qualificar os produtores e

gestores das associaccedilotildees e da cooperativa aumentar os recursos financeiros para

atuar no APL transferir tecnologias adequadas aos produtores rurais de forma

permanente aumentar as pesquisas para controle de pragas e sanidade dos frutos

incentivar na regiatildeo o uso de mudas padronizadas e certificadas desvincular as

poliacuteticas partidaacuterias para que o arranjo possa ter autonomia na sua gestatildeo

conscientizar os produtores para um melhor aproveitamento da safra e propor um

programa especiacutefico para atender o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina no

qual os produtores possam ser orientados a produzirem com qualidade maior

produtividade e eficiecircncia

Observa-se que as instituiccedilotildees tecircm consciecircncia da existecircncia de desafios a

serem superados entretanto eacute latente a necessidade de uma accedilatildeo coletiva por

parte dessas instituiccedilotildees que possa apoiar o setor nas diversas fases da cadeia

produtiva enfatizando a importacircncia do sistema de agregaccedilatildeo de valor da tangerina

Este sistema deve ser orientado para a qualidade percebida no mercado ao serviccedilo

disponibilizado aos clientes e o preccedilo relativo aferido ao produto

69

Com relaccedilatildeo agraves vantagens em atuar na regiatildeo com a visatildeo de APL as

instituiccedilotildees possuem entendimentos variados agrupamento dos municiacutepios

fortalecendo as atividades e ganhando visibilidade fechamento do ciclo de plantio

produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e com isso aumentando a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e

renda no arranjo possibilidade de promover a diversificaccedilatildeo produtiva formaccedilatildeo de

um novo capital social e econocircmico cadeia produtiva estruturada organizada e com

mercado demandante produtores e parceiros atuando no mesmo territoacuterio o que

fortalece o desenvolvimento do APL e o aumento da capacidade de gestatildeo do

negoacutecio

Neste sentido a percepccedilatildeo dos parceiros institucionais quando falam de

vantagens em atuar no APL formata um arranjo ideal Entretanto natildeo basta apenas

o entendimento das instituiccedilotildees quanto agrave importacircncia desse arranjo se natildeo houver

uma articulaccedilatildeo que envolva as associaccedilotildees e a cooperativa para que estas se

tornem protagonistas da organizaccedilatildeo do arranjo e demandantes de poliacuteticas para o

setor

As demandas mais frequentes de apoio solicitadas pelos produtores

participantes do APL foram a necessidade de assistecircncia teacutecnica e financiamento

para produccedilatildeo de laranja Nesta questatildeo na visatildeo das instituiccedilotildees satildeo

consideradas tambeacutem quatro outras demandas importantes para complementar o

desenvolvimento econocircmico ampliaccedilatildeo de mercado para o escoamento da

produccedilatildeo de laranja implantaccedilatildeo da packing house mudas fiscalizadas e

certificadas e controle da proliferaccedilatildeo da mosca negra

Quanto ao apoio realizado ao APL as respostas aferidas pelas instituiccedilotildees

consistem em transferecircncia de tecnologia assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural

elaboraccedilatildeo de projetos de financiamento para os produtores (Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF) e elaboraccedilatildeo de projetos para

comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo para o PNAE (Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar) e PAA (Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ndash Conab) Aleacutem desses

apoios foi relatada na pesquisa a contrataccedilatildeo de um especialista para acompanhar

a produccedilatildeo de laranja apoio na realizaccedilatildeo de eventos temaacuteticosculturais realizaccedilatildeo

de cursos de capacitaccedilatildeo e pesquisas para o setor disponibilizaccedilatildeo de linhas de

creacutedito para os produtores atraveacutes do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste ndash FNE disponibilizado atraveacutes do Banco do Nordeste

70

Sobre a demanda dos produtores em contra ponto ao apoio das instituiccedilotildees

para o segmento verificou-se durante a entrevista com os stakeholders que ainda eacute

muito pequeno o apoio realizado em relaccedilatildeo agrave demanda Um dos principais fatores eacute

a carecircncia de teacutecnicos extensionistas atuando no APL Isto reflete diretamente na

dificuldade de execuccedilatildeo das accedilotildees previstas pelas instituiccedilotildees bem como de

continuidade dos programas governamentais

Para a maioria das instituiccedilotildees a participaccedilatildeo dos produtores ainda eacute muito

baixa porque eles natildeo estatildeo preparados para aceitar as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas

existentes devido a sua cultura de plantio e colheita repassada de pai para filho de

forma inadequada Outros fatores que impedem maior adesatildeo dos agricultores no

uso de novas tecnologias satildeo as experiecircncias pouco animadoras com projetos e

programas governamentais que eles jaacute participaram e que natildeo houve continuidade

Ainda em relaccedilatildeo agrave adesatildeo as instituiccedilotildees acreditam que os produtores satildeo abertos

para as novas tecnologias mas no entanto eles satildeo reticentes para implementaacute-las

devido ao custo e a falta de orientaccedilatildeo teacutecnica

Quando questionados sobre os obstaacuteculos que os produtores encontram para

participarem dos programas ofertados pelas instituiccedilotildees os gestores elencaram

falta de apoio teacutecnico e logiacutestica dos programas para mobilizar os produtores

dificuldade em atender as exigecircncias para obtenccedilatildeo do creacutedito rural dificuldade de

obtenccedilatildeo de registros cartoriais das aacutereas dos produtores o que impede o acesso agraves

linhas de financiamento produtores inadimplentes falta de parceiros institucionais

que repassem as informaccedilotildees corretas sobre as poliacuteticas puacuteblicas e que dominem

essas poliacuteticas (por exemplo a Secretaria de Educaccedilatildeo de Campina Grande natildeo

conseguiu abrir o edital para participaccedilatildeo dos produtores no PNAE) e ineacutercia dos

produtores para implementarabsorver as novas tecnologias disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees

Observa-se que cada parceiro tem consciecircncia das dificuldades enfrentadas

pelos produtores para participarem das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas e

segundo a visatildeo das instituiccedilotildees os problemas que afetam os produtores dificultam

a mudanccedila no cenaacuterio em que estaacute inserido o arranjo

Neste sentido as instituiccedilotildees deveriam analisar este cenaacuterio de acordo com

as necessidades dos produtores cujo objetivo seria auxiliar na soluccedilatildeo dos

71

obstaacuteculos identificados na pesquisa Nesta anaacutelise as instituiccedilotildees parceiras

deveriam indagar aos produtores as seguintes questotildees Seraacute que os teacutecnicos estatildeo

falando a linguagem dos produtores A assistecircncia teacutecnica atende agraves demandas

realizadas O nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo eacute suficiente para abranger a maioria

do segmento As pesquisas validadas e transferidas suprem as expectativas dos

produtores Seraacute que uma estufa na regiatildeo para produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mudas

fiscalizadas e certificadas natildeo seria uma soluccedilatildeo mais adequada A implantaccedilatildeo de

unidades demonstrativas com orientaccedilatildeo adequada e permanente aos produtores

natildeo provocaria maior credibilidade do tipo ldquoSatildeo Tomeacuterdquo (ver para crer) Seraacute que os

gastos dos recursos provenientes dos financiamentos aos produtores estatildeo sendo

bem orientados Essas indagaccedilotildees deveriam ser priorizadas dentro das instituiccedilotildees

parceiras e retro alinhadas a cada falha percebida

Na visatildeo dos stakeholders institucionais a atuaccedilatildeo cooperada dos

produtores instituiccedilotildees associaccedilotildees e cooperativas ainda eacute muito pequena pois

existe uma dissociaccedilatildeo entre os atores gerando uma cooperaccedilatildeo fragmentada e

descontiacutenua e consequentemente fazendo com que a integraccedilatildeo entre os elos de

cooperaccedilatildeo do sistema natildeo exista Desta forma a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees ocorre

isoladamente cada uma atuando apenas na sua competecircncia

Entretanto existem algumas experiecircncias de cooperaccedilatildeo que podem ser

citadas cursos realizados pelo Sindicato (STRM) em parceria com o SEBRAE

(capacitaccedilatildeo em associativismo) SENAR (produccedilatildeo de mudas frutiacuteferas de citros) e

COOPERAR (construccedilatildeo de cisternas) visita teacutecnica dos produtores de citros de

Matinhas ao Centro de Pesquisa da EMBRAPA em Cruz das Almas na Bahia

juntamente com teacutecnicos da EMATER EMEPA MAPA SEBRAE UFPB e PMM

para conhecer novas variedades de tangerina e aprender como desenvolver porta

enxertos para produzir mudas padronizadas e certificadas parceria entre a UFPB e

a PMM para realizaccedilatildeo dos cursos de capacitaccedilatildeo sobre manejo da mancha-marrom

-de-alternaria combate agrave mosca negra das frutas e produccedilatildeo de mudas aleacutem da

capacitaccedilatildeo de alunos do ensino fundamental para atuarem como agentes de

veiculaccedilatildeo de novas tecnologias junto agraves suas famiacutelias e outros produtores

integraccedilatildeo existente entre os diversos segmentos de ensino pesquisa e extensatildeo

para o APL (EMEPA ndash pesquisa UFPB ndash ensino EMATER ndash assistecircncia teacutecnica) e

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema formado por um grupo de 27

72

instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo do Agreste paraibano que passou a discutir os

problemas e soluccedilotildees dos municiacutepios produtores de tangerina da Paraiacuteba

Na pesquisa com as instituiccedilotildees foi possiacutevel identificar os principais parceiros

do APL bem como suas atuaccedilotildees e a importacircncia dessa cooperaccedilatildeo dentro do

arranjo Ao responder essa questatildeo as instituiccedilotildees enumeraram por ordem de

atuaccedilatildeo os oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais mais empenhados no

desenvolvimento do aglomerado produtivo

O SEBRAE foi o citado por seis instituiccedilotildees aparecendo como um dos mais

atuantes por ter conseguido formalizar o Foacuterum de Fruticultura da Borborema o qual

arrebanhou parceiros para ajudar no desenvolvimento da citricultura segmento da

tangerina na regiatildeo aleacutem de promover o empreendedorismo e apoiar eventos

voltados para o arranjo produtivo local

Em seguida vieram a EMEPA por ser um parceiro presente e sempre estar

ajudando os produtores a resolverem os problemas oriundos de pragas manejo e

plantio bem como desenvolver pesquisas voltadas para o melhoramento da

produccedilatildeo de tangerina a EMATER por promover a extensatildeo rural mesmo que de

forma precaacuteria e a Prefeitura Municipal de Matinhas pelo apoio aos produtores e

porta voz das reivindicaccedilotildees do setor

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam poliacuteticas puacuteblicas

especiacuteficas de apoio ao APL as respostas foram edital puacuteblico para o

desenvolvimento de APLs de baixa renda do Governo do EstadoBNDES Grupo

Permanente de Trabalho de Apoio aos APLs ndash GPT APL e Nuacutecleo Estadual de

Apoio aos APLs da Paraiacuteba ndash NE APLPB programa gerenciado pelo MDIC Foacuterum

de Fruticultura da Borborema e programas federais que beneficiam os produtores

de tangerina ndash PAACONAB e PNAEMinisteacuterio da Educaccedilatildeo

Ao analisar as respostas das instituiccedilotildees indutoras do Arranjo Produtivo Local

da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi possiacutevel diagnosticar que os programas

governamentais (federal estadual e municipal) possuem accedilotildees planejadas para a

regiatildeo mas no entanto eacute percebida a fragilidade de tais accedilotildees devido as mesmas

serem aplicadas de forma pontual Essas accedilotildees satildeo realizadas isoladamente onde

cada instituiccedilatildeo cumpre apenas o que interessa ser executado A comunicaccedilatildeo entre

os parceiros e a governanccedila que deveria acontecer de forma sistecircmica eacute insipiente

73

natildeo existindo estrateacutegia conjunta formatada para erradicar os problemas

evidenciados pelas instituiccedilotildees dentro do APL

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees como eacute percebida a intensidade da

cooperaccedilatildeo entre os beneficiados as respostas foram descritas conforme as

necessidades eventuais dos produtores sendo mais forte quando se fala em

comercializaccedilatildeo das tangerinas elaboraccedilatildeo de projetos agropecuaacuterios (PRONAF) e

implantaccedilatildeo do projeto da packing house aprovado no I Edital 200914

As respostas concedidas pelos entrevistados para percepccedilatildeo da existecircncia de

uma cooperaccedilatildeo mais fraca seguem a seguinte ordem financiamento para

desenvolver seus plantios produccedilatildeo de mudas certificadas inovaccedilatildeo tecnoloacutegica no

campo adesatildeo proativa dos produtores na zona rural assistecircncia teacutecnica

desenvolvimento de processos e produtos e coesatildeo entre associaccedilotildees e

cooperativa

Ao analisar as respostas acima citadas percebe-se que a visatildeo das

instituiccedilotildees eacute consensual sendo acordados os pontos fortes e fracos de cooperaccedilatildeo

No entanto natildeo foi registrada nenhuma preocupaccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees para

amenizar a fragilidade da cooperaccedilatildeo Mais uma vez eacute percebida a falta de uma

estrateacutegia conjunta capaz de dialogar coletivamente com o setor produtivo visando

fortalecer o processo de cooperaccedilatildeo para que os problemas do setor sejam

amenizados

Em relaccedilatildeo ao sistema de produccedilatildeo realizado na zona rural pelos produtores

as instituiccedilotildees concordam que o sistema eacute arcaico e extrativista e enfatizam que no

momento em que os produtores perceberem os ganhos possiacuteveis que seratildeo obtidos

com novas tecnologias os mesmos faratildeo uma adesatildeo natural aos programas

governamentais e ter-se-aacute um novo modelo de produccedilatildeo

A anaacutelise tambeacutem mostra que para uma pequena parcela de produtores a

inovaccedilatildeo tecnoloacutegica jaacute foi utilizada e ganhos satildeo visiacuteveis fazendo com que esses

produtores natildeo tenham necessidade de formalizar demanda aos programas sociais

para complementarem sua renda Segundo os stakeholders das instituiccedilotildees a

14 I Edital 2009 ndash Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais

Paraiacuteba lanccedilado em outubro2009 com recursos oriundos do Governo do EstadoFUNCEP e

BNDES

74

adesatildeo por parte dos outros produtores natildeo ocorreu porque eles ainda natildeo estatildeo

convencidos de que existam ganhos efetivos

Segundo a EMATER apenas 20 dos produtores de tangerina estatildeo em

processo de melhoria do plantio e da produccedilatildeo Essa visatildeo eacute acordada por 60 das

repostas dos entrevistados O restante dos produtores segundo as instituiccedilotildees natildeo

aderiu ao processo de modernizaccedilatildeo e consequentemente o desenvolvimento do

agronegoacutecio ficou comprometido a exemplo da grande quantidade de tangerinas

que natildeo satildeo comercializadas devido ao seu tamanho e que poderiam ser

aproveitadas em uma unidade de processamento de suco na regiatildeo

No tocante a novas tecnologias existe uma forte resistecircncia dos produtores

em adotar essas inovaccedilotildees principalmente pelo fato de envolver investimentos o

que eacute encarado por eles como gasto Neste caso natildeo existe a visatildeo do retorno

desse investimento Esse pensamento ainda eacute fortemente compartilhado entre os

produtores devido ao cultivo da tangerina ser de sequeiro e segundo eles natildeo

necessitar de muitos recursos para produzir tangerina

Aleacutem disso os plantadores de citros continuam a produzir com padrotildees de

comercializaccedilatildeo diferentes do padratildeo adotado pelo Sudeste do paiacutes a exemplo de

Satildeo Paulo onde os frutos satildeo comercializados por tamanho textura de pele e cor

Na Paraiacuteba pode-se encontrar em uma mesma caixa frutos verdes e amarelos o

que foge dos padrotildees de comercializaccedilatildeo exigidos pelos grandes mercados

Durante a anaacutelise foram verificados tambeacutem quais os principais problemas do

segmento Segundo a visatildeo das instituiccedilotildees foi dada ecircnfase na baixa capacidade

gerencial ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina dificuldade de acesso

aos canais de comercializaccedilatildeo aleacutem de investimentos em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam os principais concorrentes

da tangerina produzida no APL 100 dos entrevistados responderam que natildeo

existiam concorrentes pois o periacuteodo de produccedilatildeo da tangerina na Paraiacuteba eacute uacutenico

no paiacutes ou seja a produccedilatildeo ocorre na entressafra dos outros estados

As instituiccedilotildees tambeacutem informaram sobre a comercializaccedilatildeo os canais de

distribuiccedilatildeo e logiacutestica existente no arranjo A venda da produccedilatildeo eacute realizada no

comeacutercio local e regional principalmente para a CEASA de Campina Grande A

tangerina tambeacutem eacute comercializada nos principais estados do Nordeste tais como

75

Pernambuco ndash Petrolina Rio Grande do Norte ndash Natal Cearaacute ndash Fortaleza Bahia ndash

Juazeiro Alagoas ndash Maceioacute

Dos nove entrevistados cinco disseram que os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os

atravessadores o restante informou que a comercializaccedilatildeo eacute feita em mercados

abertos EMPASA CEASA feiras livres PNAE PAA (CONAB) feiras

agroecoloacutegicas e grandes supermercados No entanto para a questatildeo logiacutestica os

stakeholders reconhecem que eacute fraca para dar suporte ao escoamento da produccedilatildeo

Segundo uma instituiccedilatildeo governamental entrevistada os atravessadores

compram a tangerina dos produtores e as vendem para a CEASA Ao inveacutes da

CEASA como entreposto comercial de apoio aos produtores adquirir as tangerinas

diretamente das associaccedilotildees e cooperativas agriacutecolas ela acaba ldquooficializandordquo a

atividade dos atravessadores

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se elas conheciam leis ou instruccedilotildees

normativas para a produccedilatildeo de tangerina seis dos entrevistados afirmaram que sim

Entretanto estes conhecimentos natildeo foram explicitados nem dado ecircnfase aos

problemas ambientais existentes nos plantios tais como o plantio eacute aleatoacuterio sem

levar em conta nenhum padratildeo de espaccedilamento plantios realizados no sentido da

declividade (ldquomorro abaixordquo) sem uso de curvas de niacutevel e retirada da cobertura

vegetal do solo sem plano de manejo provocando erosatildeo

Aleacutem disso de acordo com a Prefeitura Municipal de Matinhas apesar de

saber das leis existe uma dificuldade de aplicar e cobrar as poliacuteticas ambientais

devido a distribuiccedilatildeo fundiaacuteria ou seja propriedades de pequenas extensotildees

territoriais Por exemplo a lei de preservaccedilatildeo ambiental prevecirc que 20 de mata

devam ser nativas ou devam existir 30 de faixa de APP ndash Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente nos riachos A maioria dos produtores da regiatildeo possuem 25 ha

contando que nesta aacuterea estaacute incluiacuteda a casa de moradia Logo se a lei fosse

aplicada ficaria impossiacutevel sobrar aacuterea para uma famiacutelia produzir e tirar seu sustento

Segundo a EMATER natildeo cabe a ela executar as instruccedilotildees normativas

ambientais pois sua funccedilatildeo e de oacutergatildeo educador cabendo ao MAPA a defesa

vegetal e a SUDEMA a fiscalizaccedilatildeo para o cumprimento das leis O restante das

instituiccedilotildees (trecircs) natildeo conhece regulamentaccedilatildeo ambiental especiacutefica para a

produccedilatildeo de tangerina

76

O que se pode verificar na anaacutelise dessa questatildeo eacute que mais uma vez eacute

percebida a falta de integraccedilatildeo das instituiccedilotildees no tocante agrave necessidade de accedilotildees

conjuntas para fazerem cumprir as leis e instruccedilotildees normativas ambientais Tais

accedilotildees poderiam contribuir para o segmento obter o certificado de agricultura

orgacircnica e o selo de produccedilatildeo ecologicamente correta entre outros

A pesquisa tambeacutem procurou identificar quais satildeo os projetos e planos futuros

que as instituiccedilotildees possuem para apoiar e consolidar o APL da Citricultura As

instituiccedilotildees entrevistadas responderam que diversos esforccedilos estatildeo sendo

envidados

O Sindicato dos Trabalhadores de Matinhas vem atuando de forma a

conscientizar os 60 dos produtores que ainda natildeo acreditam em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica devido agrave demora na realizaccedilatildeo das accedilotildees por parte das instituiccedilotildees

governamentais A EMATER busca realizar seminaacuterios capacitar os produtores

divulgar poliacuteticas puacuteblicas existentes para o setor bem como promover dias de

campo com os agricultores visando o aprendizado in-loco

A Prefeitura Municipal de Matinhas envida esforccedilos para consolidar a

Coopertange como empresa acircncora do APL A SEDAP atraveacutes de suas empresas

vinculadas concede apoio logiacutestico na distribuiccedilatildeo de mudas A EMEPA procura

aprovar projetos e pesquisas destinados agrave produccedilatildeo de mudas certificadas

submetendo-os aos Ministeacuterios

Os parceiros BNB e SEBRAE responderam que levam informaccedilotildees e

procuram outros parceiros para execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

sustentabilidade do APL aleacutem de atuar na capacitaccedilatildeo e consultorias teacutecnicas Para

o MAPA a importacircncia de sua atuaccedilatildeo estaacute sendo na identificaccedilatildeo de um programa

especiacutefico para o setor da tangerina e a distribuiccedilatildeo de mudas fiscalizadas e

certificadas para as regiotildees do Agreste paraibano

Apoacutes a consolidaccedilatildeo do APL as instituiccedilotildees esperam produtores realizando

comercializaccedilatildeo sem a presenccedila de atravessadores independecircncia dos produtores

de programas sociais como forma de complementaccedilatildeo da renda para sustento das

famiacutelias aumento da produccedilatildeo e melhoria na qualidade das frutas demarcaccedilatildeo da

77

identidade geograacutefica15 da tangerina maior participaccedilatildeo dos produtores na

cooperativa conscientizaccedilatildeo por parte dos produtores para a importacircncia do

desenvolvimento e estruturaccedilatildeo da cadeia produtiva incremento de novas

tecnologias aplicadas aos plantios e aumento do creacutedito qualificado para o APL

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia

das poliacuteticas puacuteblicas para o desenvolvimento do APL

A anaacutelise da competitividade sistecircmica do arranjo produtivo da tangerina

utilizou o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD conforme descrito

na seccedilatildeo 42 Para tanto foi elaborado um questionaacuterio com o objetivo de avaliar a

visatildeo dos produtores a partir dos niacuteveis Micro Meso Macro e Meta do modelo

proposto

A amostra utilizada para o referido estudo contempla cinco associaccedilotildees e

uma cooperativa Neste universo foram entrevistados os seis presidentes dessas

organizaccedilotildees localizadas nos municiacutepios de Matinhas Esperanccedila Alagoa Nova

Lagoa de Roccedila Lagoa Seca e Massaranduba A escolha dos entrevistados foi

devido agrave vivecircncia desses representantes como interlocutores junto agraves instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais e principalmente por serem produtores de

tangerina e liacutederes na regiatildeo

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro

Neste niacutevel buscou-se analisar a capacidade de organizaccedilatildeo dos produtores

a sua capacidade inovativa a logiacutestica existente na comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo

da produccedilatildeo bem como o niacutevel de competitividade dos produtores

Segundo os produtores de citros da regiatildeo o diferencial competitivo desse

arranjo eacute a sazonalidade da produccedilatildeo concentrando-se o plantio da tangerina

principalmente nos muniacutecipios de Matinhas Lagoa Seca e Alagoa Nova Este

15 A identidade geograacutefica tem como escopo conferir a determinado produto ou serviccedilo uma

identidade proacutepria criando um elo com suas especificidades regionais especialmente histoacutericas e culturais levando ao consumidor garantias como a rastreabilidade do produto e seguranccedila do alimento

78

diferencial faz com que natildeo existam concorrentes de outras regiotildees para a tangerina

produzida no APL

Entretanto o cultivo da tangerina ainda eacute realizado de forma tradicional e

arcaica em 80 das aacutereas produtivas do APL Segundo o presidente da associaccedilatildeo

de Lagoa Seca ldquonem todos os agricultores estatildeo conscientes da importacircncia da

praacutetica qualificadardquo Apesar de terem sido constatadas melhoria nas praacuteticas de

cultivo ainda eacute muito baixo o nuacutemero de produtores que optaram por teacutecnicas

ambientalmente corretas em seus pomares

Percebe-se mais uma vez que o cultivo da tangerina na regiatildeo natildeo eacute

realizado de forma adequada pela maioria dos produtores e que o processo de

modernizaccedilatildeo ainda depende da conscientizaccedilatildeo dos agricultores para o uso de

novas teacutecnicas agriacutecolas

Em relaccedilatildeo aos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica a maioria

dos entrevistados respondeu que existe uma grande deficiecircncia A presenccedila do

atravessador ainda eacute muito forte o que gera uma dependecircncia na comercializaccedilatildeo

pois esse tipo de transaccedilatildeo comercial eacute realizado diretamente nos pomares sem que

haja necessidade dos produtores se deslocarem para vender sua produccedilatildeo Esse

fato natildeo os estimula a venderem a tangerina em canais de distribuiccedilatildeo diversificados

e mais rentaacuteveis tais como atacadistas das regiotildees Sul e Sudeste supermercados

feiras agroecoloacutegicas e os programas PAA e PNAE

Sendo assim o escoamento da produccedilatildeo de tangerina eacute realizado pelos

atravessadores Estes satildeo os responsaacuteveis pela respectiva distribuiccedilatildeo no mercado

regional e em todo o Nordeste

Aleacutem do problema da comercializaccedilatildeo outros fatores correlacionados foram

identificados no APL ausecircncia da padronizaccedilatildeo da tangerina higienizaccedilatildeo e

classificaccedilatildeo dos frutos e baixa capacidade produtiva entre as safras o que impede

o arranjo de se consolidar no mercado

Por outro lado os produtores atraveacutes do Sindicato e da Coopertange vecircm

buscando a certificaccedilatildeo da tangerina como orgacircnica Essas organizaccedilotildees tecircm

consciecircncia que satildeo necessaacuterias mudanccedilas nas praacuteticas de cultivo para a obtenccedilatildeo

de tal certificaccedilatildeo o que proporcionaraacute maior agregaccedilatildeo de valor ao produto

79

Para melhor compreensatildeo dos fatores internos de competitividade das

associaccedilotildees e da cooperativa apresenta-se no Graacutefico 1 os resultados do

posicionamento dos produtores quanto algumas perspectivas de desenvolvimento

para o segmento

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter

uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

b) A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado c) A Coopertange (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente a

mercados mais exigentes e que pagam por qualidade

d) Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e) Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da

tangerina

f) Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

g) Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

h) A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro

Fonte Elaborado pela autora

Ao analisarmos as respostas concedidas pelos produtores de tangerina

observa-se uma dispersatildeo na maioria das respostas Percebe-se que natildeo existe um

consenso entre esses atores no tocante ao processo de seleccedilatildeo e homogeneidade

de mudas esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e dos canais

de comercializaccedilatildeo bem como para a questatildeo de incentivo a qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra O resultado da anaacutelise constata que cada ator externa uma preocupaccedilatildeo

diferente retratando a sua necessidade individual e sem uma visatildeo do coletivo

O Graacutefico 2 apresenta as principais formas de cooperaccedilatildeo entre os atores do

APL Neste graacutefico constata-se mais uma vez que o diaacutelogo entre os atores eacute muito

pequeno e que a conscientizaccedilatildeo para compras coletivas e venda de forma

cooperada natildeo eacute discutido e avaliado entre eles Para os demais itens percebe-se

que natildeo existe integraccedilatildeo entre os atores e que a maioria busca soluccedilotildees para os

80

seus problemas de forma particular natildeo observando sua participaccedilatildeo dentro de um

sistema cooperado em que seus problemas deveriam ser tratados coletivamente

Para a Associaccedilatildeo de Esperanccedila as respostas analisadas foram bem

diferentes pois as praacuteticas de comercializaccedilatildeo teacutecnicas agriacutecolas e intervenccedilotildees

governamentais ocorrem de maneira integrada

Isto eacute reflexo da atuaccedilatildeo da EMATER nessa regiatildeo que eacute atuante e

desempenha um papel de ATER16 de maneira continuada entre os produtores Essa

atuaccedilatildeo permite que os produtores dialoguem e busquem soluccedilotildees aos problemas

advindos de seus pomares hortas e plantaccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) Compra de insumos e equipamentos b) Venda de produtos

c) Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio d) Capacitaccedilatildeo de recursos humanos e) Obtenccedilatildeo de financiamento

f) Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees g) Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL

Fonte Elaborado pela autora

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo identificadas para o APL e

descritas no Graacutefico 3 foi observado que todas as informaccedilotildees sejam elas fontes

internas externas ou advindas de universidades centros de pesquisa e de outras

redes de informaccedilatildeo satildeo importantes para o desenvolvimento e estruturaccedilatildeo do

arranjo na visatildeo dos produtores entrevistados

Entretanto durante a entrevista foi observado certa anguacutestia por parte dos

atores no tocante a celeridade dessas informaccedilotildees Para eles existe uma

16

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

81

descontinuidade nas accedilotildees dos parceiros interrompendo-se assim a rede de

informaccedilatildeo criada entre os atores e as instituiccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h i j k l m n o p q r

Menos Importante

Meacutedia

Mais importante

Fontes internas

a) Pesquisa e Desenvolvimento b) Aacuterea de produccedilatildeo c) Aacuterea de vendas e marketing

d) Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes Externas e) Fornecedores de insumos

f) Clientes g) Concorrentes h) Outras empresas do setor

i) Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa j) Universidades

k) Institutos de pesquisas l) Centro de capacitaccedilatildeo profissional m) Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

n) Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes o) Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

p) Feiras especializadas q) Associaccedilotildees e sindicatos r) Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo

Fonte Elaborado pela autora

Nesta seccedilatildeo observa-se uma dicotomia na relaccedilatildeo entre produtores versus

instituiccedilotildees parceiras Do lado das instituiccedilotildees accedilotildees satildeo realizadas visando agrave

difusatildeo de informaccedilotildees para o setor e do lado dos produtores estes sentem a falta

da celeridade de tais informaccedilotildees e a elaboraccedilatildeo de programas especiacuteficos para o

segmento que possam ser executados de forma continuada

Debruccedilando-se sobre as respostas dos produtores principais atores da

atividade econocircmica foi possiacutevel averiguar que a falta de celeridade de informaccedilotildees

e a presenccedila dos parceiros de maneira esporaacutedica tecircm desmotivado esses atores a

buscarem a modernizaccedilatildeo para uma produccedilatildeo mais competitiva Esse reflexo pode

82

implicar na busca individualizada por respostas mais imediatas aos problemas

dentro do arranjo o que vem ocorrendo no APL em estudo

Outro fator determinante para o baixo investimento na produccedilatildeo de tangerina

eacute a desarticulaccedilatildeo entre os produtores para o uso de praacuteticas qualificadas em seus

plantios Isto eacute visivelmente comprovado quando observamos a falta de seleccedilatildeo e

padronizaccedilatildeo de frutos a venda da produccedilatildeo aos atravessadores a logiacutestica de

distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo natildeo realizada por uma empresa acircncora e o baixo niacutevel de

empreendedorismo dos produtores devido agrave ausecircncia de orientaccedilotildees teacutecnicas para

a gestatildeo do negoacutecio

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso

No niacutevel Meso foi possiacutevel analisar como os produtores estatildeo inseridos no

APL e como satildeo percebidas pelos produtores as poliacuteticas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais para a consolidaccedilatildeo desse

segmento

Os produtores filiados agraves organizaccedilotildees representativas do setor informaram

que do ponto de vista da esfera federal e estadual natildeo conhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina o que dificulta o desenvolvimento do APL

e da regiatildeo Esses produtores afirmam tambeacutem que tecircm conhecimento apenas das

poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar

Para o representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova seria necessaacuterio

tambeacutem ldquoo desenvolvimento de projetos coletivos para este setor visando incentivar

a qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra dos jovens e filhos dos agricultores para trabalharem

nos plantiosrdquo

Os representantes do setor tambeacutem questionam a falta de integraccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo por parte dos governos com outras instituiccedilotildees natildeo governamentais

para promover o arranjo e consequentemente ampliar a sua competitividade

Entretanto apesar de algumas accedilotildees serem realizadas de forma integrada

ainda satildeo muito tiacutemidas Segundo a representante da Coopertange ldquoNatildeo existe ateacute

o momento uma estrateacutegia de desenvolvimento para essa integraccedilatildeo de forma

continuadardquo

83

Para essas organizaccedilotildees coletivas e seus associados as contribuiccedilotildees das

instituiccedilotildees parceiras de apoio ao APL tecircm ocorrido de forma eventual Algumas

atividades citadas foram cursos de capacitaccedilatildeo treinamento elaboraccedilatildeo de

projetos debates palestras seminaacuterios visitas de intercacircmbio disponibilizaccedilatildeo de

mudas certificadas e apresentaccedilatildeo de viacutedeos

Os produtores tambeacutem citaram as instituiccedilotildees parceiras do arranjo Governo

do Estado SEDAP EMATER EMEPA EMPASA Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Matinhas SEBRAE Prefeituras Municipais BNB UFPB ndash Campus de

Bananeiras e de Areia Secretarias de Educaccedilatildeo (PNAE) MDS (PAA) UFCG Caixa

Econocircmica Banco do Brasil Foacuterum de Fruticultura da Borborema CONAB

Ministeacuterio da Sauacutede e EMBRAPA Aleacutem dessas outras entidades foram citadas

como potenciais parceiras MAPA INTERPA SENAR UEPB OCEPB Fundaccedilatildeo

Banco do Brasil e Bradesco

Outros oacutergatildeos natildeo governamentais citados no desenvolvimento de accedilotildees

conjuntas mesmo que de forma bastante incipiente foram a ASPTA17 e a FETAG18

Constatou-se tambeacutem que na visatildeo dos representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa a melhor maneira de se obter recursos junto agraves instituiccedilotildees de apoio a

fomento e entidades governamentais eacute atraveacutes da elaboraccedilatildeo de projetos e

programas voltados para a citricultura Outros mecanismos seriam a demanda

coletiva dos produtores e da governanccedila junto agraves instituiccedilotildees bem como a emissatildeo

da DAP19 (instrumento da SAFMDA20) para que esses produtores possam participar

de linhas de creacutedito especiacuteficas do PRONAF

A pesquisa tambeacutem avaliou se os produtores conhecem as leis ou instruccedilotildees

normativas que estabelecem requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina

na Paraiacuteba Trecircs dos entrevistados responderam que natildeo conhecem Para o

representante da Associaccedilatildeo de Massaranduba ldquoa maioria dos produtores do

municiacutepio conhece e utiliza cartilhas e livros teacutecnicos o que fez com que houvesse

uma reduccedilatildeo na queima e no desmatamento A praacutetica orientada para a reduccedilatildeo dos

17 Assessoria de Serviccedilos e Projetos da Agricultura Alternativa - Zona Rural 18 Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba 19 DAP ndash Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf - utilizada como instrumento de identificaccedilatildeo do agricultor familiar

para acessar poliacuteticas puacuteblicas como o Pronaf

20 A DAP foi criada pela Secretaria da Agricultura Familiar do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

84

impactos ambientais contribuiu com um trabalho de reflorestamento que vem sendo

desenvolvido na regiatildeo pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massarandubardquo

Foi observado entre os entrevistados que essa praacutetica eacute uma exceccedilatildeo no APL pois

eacute realizada somente pelos produtores desse municiacutepio

Jaacute o representante de Alagoa Nova diz ter conhecimento das leis mas elas

natildeo satildeo aplicadas porque natildeo existe uma assistecircncia teacutecnica continuada O

representante de Lagoa de Roccedila tambeacutem afirmou que conhece e pratica e quem o

orienta eacute seu neto aluno da Escola Teacutecnica que estaacute cursando Teacutecnico Agriacutecola

Quando se analisa a poliacutetica comercial brasileira para exportaccedilatildeo da

tangerina verifica-se que a metade dos entrevistados tem consciecircncia que existe

potencial de comercializaccedilatildeo e mercado para exportaccedilatildeo desse tipo de fruto

enquanto que outra metade natildeo tem conhecimento de tal poliacutetica

No Graacutefico 4 ao serem avaliadas algumas variaacuteveis do niacutevel Meso para o

desenvolvimento do arranjo pocircde-se averiguar que a relaccedilatildeo entre os produtores e

as poliacuteticas existentes tem acontecido de maneira diferenciada para cada

associaccedilatildeo e cooperativa podendo variar em funccedilatildeo do interesse pela demanda

grau de organizaccedilatildeo da entidade e niacutevel de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees que apoiam o

APL

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo

de negoacutecios b O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos

gestores governamentais

c A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo d A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor e O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

f As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

g A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

h A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso

Fonte Elaborado pela autora

85

A natildeo existecircncia de um consenso entre os produtores eacute decorrente das

respostas analisadas no referido graacutefico em que algumas organizaccedilotildees coletivas

discordam da efetividade dessas poliacuteticas e em contraponto outras concordam

parcialmente ou totalmente

O Graacutefico 5 avalia a relaccedilatildeo dos produtores com as instituiccedilotildees parceiras

governamentais e natildeo governamentais Verifica-se que os atores divergem em suas

respostas por possuiacuterem niacuteveis de parcerias diferentes com cada instituiccedilatildeo Logo

percebe-se que na visatildeo dos entrevistados algumas instituiccedilotildees tecircm atuaccedilatildeo

regular outras apresentam accedilotildees inexpressivas e as demais natildeo tecircm relaccedilatildeo de

parceria com os atores

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e

Oacutetimo

Bom

Regular

Ruim

Sem relaccedilatildeo

a AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio b Instituiccedilotildees financeiras

c Fornecedores e outras empresas do arranjo d Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades e Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

Fonte Elaborado pela autora

Constata-se no niacutevel Meso que os representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa natildeo conhecem poliacuteticas especiacuteficas para o setor seja pela sua

inexistecircncia ou mesmo pela insipiente difusatildeo de informaccedilotildees sobre programas e

projetos voltados para o APL O que geralmente ocorre eacute a utilizaccedilatildeo de poliacuteticas jaacute

existentes como por exemplo para agricultura familiar sem haver uma

preocupaccedilatildeo em atender os problemas especiacuteficos da citricultura

Outra questatildeo tambeacutem apontada pelos produtores eacute a falta de integraccedilatildeo das

instituiccedilotildees que apoiam o setor gerando accedilotildees individualizadas e descontiacutenuas

Este problema tambeacutem foi identificado no niacutevel Micro (seccedilatildeo 521) o que mais uma

vez comprova a necessidade de uma poliacutetica governamental especiacutefica e atuante

para o referido arranjo

86

O lado positivo da avaliaccedilatildeo deste niacutevel eacute que os produtores apontaram

diversas instituiccedilotildees com accedilotildees pontuais no arranjo produtivo local Isto indica que

existe uma preacute-disposiccedilatildeo e interesse dessas instituiccedilotildees em apoiarem um APL que

tem potencial comercial expressivo e que envolve uma parcela da populaccedilatildeo

residente na zona rural em atividades oriundas da citricultura

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro

As questotildees elaboradas para o niacutevel Macro natildeo retratam especificamente o

modelo definido para o referido niacutevel como detalhado na seccedilatildeo 42 Por outro lado

essas questotildees foram formatadas sob a oacutetica de um APL de baixa renda que

apresenta fragilidades advindas das poliacuteticas puacuteblicas para a agricultura familiar No

entanto observa-se um grande potencial para o aumento da produccedilatildeo de citros na

regiatildeo o que faz esse arranjo ter prioridades econocircmicas e sociais podendo atingir

os mercados nacional e internacional

Neste niacutevel procurou-se entender como os produtores percebem as poliacuteticas

econocircmicas e a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na disponibilizaccedilatildeo de creacuteditos e linhas de

financiamento como forma de consolidar o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

Em relaccedilatildeo agrave disponibilizaccedilatildeo de financiamento pelas instituiccedilotildees de fomento

para melhorar o processo produtivo no arranjo todas as associaccedilotildees afirmam que

as linhas de creacutedito satildeo provenientes do PRONAF atraveacutes do Banco do Nordeste ndash

BNB que credenciou teacutecnicos da EMATER para elaborar os projetos

Essa linha de financiamento concede aos produtores condiccedilotildees especiais tais

como carecircncia para pagamento rebate e juros baixos O acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos eacute realizado conjuntamente pelo BNB e EMATER Outras

instituiccedilotildees de fomento que aparecem muito timidamente satildeo Banco do Brasil e

Caixa Econocircmica

Foi observado que os produtores natildeo tecircm clareza sobre financiamentos para

expansatildeo da capacidade produtiva capital de giro e melhoria da produccedilatildeo A

burocracia ainda eacute grande para o agricultor familiar e as informaccedilotildees natildeo chegam

adequadamente agraves associaccedilotildees

87

Com relaccedilatildeo agrave poliacutetica puacuteblica que estabeleceu programas e accedilotildees para

Arranjos Produtivos Locais foi observado na pesquisa que a maioria dos

entrevistados natildeo percebeu nenhum benefiacutecio praacutetico a partir dessas medidas e que

ateacute hoje o setor natildeo tem uma poliacutetica especiacutefica para esse tipo de produccedilatildeo agriacutecola

Somente o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila afirmou que o Governo

Federal incentivou o desenvolvimento do APL da Citricultura aprovando o projeto

para aquisiccedilatildeo de uma packing house

Outro aspecto relatado pela maioria das organizaccedilotildees e produtores foi que

natildeo existe no Plano Pluri Anual ndash PPA dos Governos Municipais accedilotildees ou poliacuteticas

especiacuteficas para a tangerina Apenas o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila

afirmou que a prefeitura investe em accedilotildees direcionadas ao APL preparando

estradas para escoamento da produccedilatildeo e adquirindo 30 da produccedilatildeo agriacutecola do

municiacutepio para a merenda escolar atraveacutes do PNAE

Constatou-se tambeacutem que a prefeitura de Matinhas tem investido na melhoria

das estradas vicinais na criaccedilatildeo do Parque da Laranja para realizaccedilatildeo de eventos

na aquisiccedilatildeo de equipamentos para beneficiamento da tangerina bem como

propiciou a contrapartida para aquisiccedilatildeo da packing house

Outra questatildeo informada pelos representantes das organizaccedilotildees foi como

resolver a presenccedila do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no setor jaacute que o

APL conta com cinco associaccedilotildees e uma cooperativa Esses representantes

afirmaram que seria necessaacuterio um grande trabalho de conscientizaccedilatildeo que fizesse

os produtores participarem ativamente da cooperativa pois atualmente ainda existe

rejeiccedilatildeo por esse tipo de organizaccedilatildeo

Tambeacutem foi frisada a importacircncia da estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da

Coopertange pois ela poderaacute ser o elo de integraccedilatildeo entre o segmento e as

poliacuteticas existentes Essa entidade deve ser capaz de dialogar com os oacutergatildeos

governamentais e efetivar a citricultura como uma atividade competitiva e rentaacutevel

para os produtores Os entrevistados ainda citaram como importante o escoamento

da produccedilatildeo pela cooperativa e a parceria com a Ceasa para que a mesma compre

a tangerina diretamente da Coopertange

Evidenciou-se ainda que as associaccedilotildees e a cooperativa estatildeo envidando

esforccedilos para consolidar o referido APL realizando reuniotildees com os produtores

88

buscando novos parceiros fazendo anaacutelise de mercado para onde pretendem

escoar a produccedilatildeo desenvolvendo projetos participando de feiras agroecoloacutegicas e

pesquisando o uso de novas tecnologias

Por fim os entrevistados externaram os projetos e planos futuros que eles

esperam com a consolidaccedilatildeo do APL A presidente da Coopertange espera colocar

em funcionamento a cooperativa como empresa ancora do APL instalar a packing

house estimular o crescimento da produccedilatildeo buscar a transferecircncia de tecnologia de

forma permanente para os produtores e gerar a inclusatildeo social na regiatildeo

O representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova espera que as instituiccedilotildees

parceiras promovam maior divulgaccedilatildeo das informaccedilotildees para os produtores dos seis

municiacutepios que compotildeem o APL que haja um aumento de recursos para investir na

produccedilatildeo e mais tecnologia para o segmento Para o representante da Associaccedilatildeo

de Lagoa de Roccedila o mais importante eacute melhorar o preccedilo da tangerina no mercado

No municiacutepio de Esperanccedila a associaccedilatildeo almeja que as informaccedilotildees

advindas de programas governamentais possam chegar aos produtores de forma

efetiva e que haja um aumento na venda da produccedilatildeo advinda da agricultura

familiar A Associaccedilatildeo de Lagoa Seca pretende melhorar as condiccedilotildees sociais e

econocircmicas dos associados participantes do arranjo O desejo da presidente da

Associaccedilatildeo de Massaranduba eacute ldquover todos os produtores tirando proveito da

estrutura da Coopertangerdquo

No Graacutefico 6 satildeo avaliadas as poliacuteticas econocircmicas direcionadas para o APL

da Citricultura e analisado como os atores percebem a contribuiccedilatildeo dessas poliacuteticas

Ao serem questionados se os governos locais tecircm direcionado o orccedilamento para a

promoccedilatildeo do arranjo todos afirmam que natildeo Este entendimento sugere

provavelmente que os produtores natildeo entendem as accedilotildees realizadas pelos governos

locais como uma poliacutetica efetiva para o arranjo Quando indagado aos produtores se

a poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor a maioria afirmou

ser indiferente e natildeo perceber a eficaacutecia dessa poliacutetica pois a mesma apresenta

poucos reflexos no desenvolvimento do arranjo da citricultura Para os produtores de

citros a carga tributaacuteria e as leis trabalhistas natildeo influenciam no soerguimento da

atividade Verifica-se que algumas respostas apresentam-se de forma dispersa o

que retrata possivelmente a falta de um melhor entendimento sobre tais poliacuteticas

89

Considerando que o niacutevel Macro engloba poliacuteticas macroeconocircmicas as

poliacuteticas de financiamento utilizadas pela maioria dos produtores ainda satildeo

provenientes do PRONAF pois o APL em questatildeo encontra-se em fase de

organizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo tem como base a agricultura familiar e ainda se

apresenta como de baixa renda apesar do seu grande potencial socioeconocircmico

0

1

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3

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5

6

a b c d e f

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

b A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor c A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos d O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

e A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo f As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro

Fonte Elaborado pela autora

Foi observado tambeacutem que a atividade econocircmica possui caracteriacutesticas

positivas tais como nuacutemero expressivo de produtores participantes de associaccedilotildees

e da cooperativa localizadas no arranjo produccedilatildeo diferenciada com propriedades

orgacircnicas e custo baixo de produccedilatildeo por serem frutos de sequeiro

No entanto o APL em questatildeo possui baixo investimento em pesquisa

desenvolvimento e inovaccedilatildeo baixa estrateacutegia para a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo falta

de alocaccedilatildeo de recursos para melhoria do plantio e equidade de renda dos

produtores desnivelada

Aleacutem disso um ponto forte evidenciado nesse aglomerado produtivo e que se

constitui como um dos seus maiores diferenciais eacute a produccedilatildeo de tangerina na

entressafra das outras regiotildees produtoras tendo como consequecircncia uma forte

demanda pela produccedilatildeo

Neste sentido faz-se necessaacuterio a criaccedilatildeo de mecanismos que possibilitem a

execuccedilatildeo de uma poliacutetica econocircmica mais proativa para a citricultura que natildeo sofra

90

soluccedilatildeo de continuidade e que os resultados de sua implementaccedilatildeo possam ser

acompanhados pela governanccedila parceiros institucionais e produtores

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta

O objetivo deste niacutevel eacute identificar o grau de cooperaccedilatildeo entre os atores o

seu empoderamento e capacidade de interferecircncia nas poliacuteticas puacuteblicas visando

aglutinar forccedilas e potencializar as vantagens competitivas do setor Esta anaacutelise

tambeacutem busca identificar se os produtores estatildeo desenvolvendo estrateacutegias que

venham promover o APL da Citricultura

Neste sentido dos seis atores entrevistados quatro responderam que

conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas governamentais voltados

para o arranjo Esses atores relataram que existe inclusive um bom relacionamento

com a EMATER e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel ndash

CMDRS Aleacutem disso as organizaccedilotildees coletivas conseguem com esses parceiros

institucionais apoio teacutecnico para produzir citros (tangerina limatildeo e laranja) e

hortaliccedila sem o uso de agrotoacutexico Os produtores rurais foram enfaacuteticos em dizer

que ldquonatildeo admitem a aplicaccedilatildeo de produtos quiacutemicos em seus pomaresrdquo

Os outros dois representantes responderam que natildeo conseguem influenciar

os governantes para a importacircncia de uma assistecircncia teacutecnica continuada pois ao

inveacutes de realizarem accedilotildees de ATER21 de forma permanente os apoios satildeo sempre

realizados de forma pontual a exemplo da ldquopraga da mosca negrardquo Para este

problema a assistecircncia teacutecnica concedida por parte das instituiccedilotildees governamentais

para evitar uma infestaccedilatildeo foi corretiva e natildeo preventiva

No entanto quando questionados sobre a preacute-disposiccedilatildeo agrave cooperaccedilatildeo os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa acreditam que os produtores estatildeo

confiantes na parceria com as instituiccedilotildees e tecircm certeza que gradativamente esse

processo estaraacute fortalecido Contudo a Associaccedilatildeo de Esperanccedila acredita que os

produtores natildeo estatildeo preparados e tecircm dificuldade de dialogar com as instituiccedilotildees

21

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

91

Quando abordados sobre a existecircncia da troca de conhecimentos entre os

parceiros quatro organizaccedilotildees responderam que existe um bom diaacutelogo com os

parceiros EMATER SPTA Polo Sindical da Borborema (composto por 16

sindicatos) EMEPA EMBRAPA UEPB (alunos de agroecologia) UFPB e feirantes

Aleacutem disso os representantes das organizaccedilotildees falaram da praacutetica de difundir entre

os produtores teacutecnicas aprendidas em palestras sobre plantaccedilatildeo orgacircnica e

defensivos orgacircnicos Por outro lado a Coopertange e a Associaccedilatildeo de Lagoa de

Roccedila acreditam que no passado jaacute houve troca de conhecimento entre os

produtores mas hoje natildeo mais

Percebe-se na anaacutelise do Graacutefico 7 que natildeo existe um consenso sobre a

efetividade das poliacuteticas como indutoras de desenvolvimento do APL Os produtores

tecircm respostas diferentes quando satildeo indagados sobre a atuaccedilatildeo dos governos em

prol do arranjo sobre a existecircncia de canais negociaccedilatildeo bem como na busca de um

modelo de governanccedila que facilite o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees governamentais e o

setor produtivo

Desta forma a inexistecircncia de um consenso de opiniatildeo e a falta de

consciecircncia sobre a importacircncia da organizaccedilatildeo dos produtores faz com que o

desenvolvimento do APL seja lento e suas accedilotildees desarticuladas

0

1

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5

6

a b c d e

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

b O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

c As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no arranjo atuando de maneira

democraacutetica em defesa dos seus soacutecios d Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor

privado

e Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta

Fonte Elaborado pela autora

92

Neste niacutevel cujo objetivo eacute identificar a capacidade de organizaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa e seu poder de articulaccedilatildeo junto agraves instituiccedilotildees que

apoiam o APL constata-se que para o arranjo as instituiccedilotildees reconhecem o

potencial do setor e tecircm interesse em apoiar as dinacircmicas de desenvolvimento e

accedilotildees de caraacuteter efetivo para a consolidaccedilatildeo do arranjo Por outro lado os

produtores na sua maioria natildeo gozam de privileacutegios comparados a outras

atividades econocircmicas tradicionais existentes no Estado a exemplo dos setores

Sucroalcooleiro Coureiro-Calccediladista e Caprinovinocultura

Outra questatildeo conflitante diz respeito agrave atuaccedilatildeo democraacutetica das associaccedilotildees

e da cooperativa representantes legais dos produtores e que atuam na defesa dos

interesses do setor A falta de uniatildeo a inexistecircncia de diaacutelogo mais frequente entre

essas organizaccedilotildees e a carecircncia de um interlocutor que unifique a lideranccedila e

debata com o segmento as necessidades coletivas dos produtores fazem com que

a comunicaccedilatildeo entre os governos e o setor produtivo esteja fragilizada

No tocante a um modelo de governanccedila para o APL os produtores ainda natildeo

tecircm um consenso formatado sobre tal modelo Mas o mais interessante eacute que em

todo o estudo os beneficiaacuterios do arranjo tecircm esperanccedilas de que quando a packing

house estiver funcionando e a Coopertange assumir o papel de empresa acircncora do

sistema seraacute possiacutevel dar a este arranjo produtivo local um novo rumo de

cooperaccedilatildeo e sobre tudo uma nova dinacircmica comercial e ambiental para o APL da

citricultura

53 Conclusatildeo da Anaacutelise

Neste capiacutetulo foi possiacutevel avaliar o arranjo institucional e as contribuiccedilotildees e

falhas detectadas a partir das poliacuteticas puacuteblicas implementadas no Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Na seccedilatildeo 51 foram analisados os dados coletados nas entrevistas com os

stakeholders das instituiccedilotildees mais atuantes no arranjo A partir dessa anaacutelise pode-

se concluir que o suporte institucional existente para o APL possui parceiros

importantes e com potencial para apoiar a organizaccedilatildeo do arranjo bem como tem

capacidade teacutecnica para estimular e promover entre os produtores a cultura da

93

cooperaccedilatildeo Entretanto ficou evidenciado que este suporte institucional ainda eacute

fraacutegil e apresenta deficiecircncia na execuccedilatildeo das accedilotildees

A governanccedila praticada ainda eacute a governamental (prefeitura e Governo do

Estado) e se apresenta como a maior incentivadora do desenvolvimento da

citricultura na regiatildeo

No entanto percebe-se na fala de cada representante que as accedilotildees satildeo

realizadas isoladamente por cada entidade Mesmo que estas estejam integradas no

APL as accedilotildees continuam acontecendo conforme o planejamento institucional de

cada uma Essa realidade dificulta a flexibilidade dos gestores apoiarem outras

demandas mais significativas e impactantes para o arranjo

Contudo tentativa como a do SEBRAE de quebrar esse hiato possibilitou em

parceria com a Superintendecircncia Federal de Agricultura no Estado da Paraiacuteba a

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema Apesar da atuaccedilatildeo deste Foacuterum

natildeo foi possiacutevel identificar a existecircncia de accedilotildees integradas e executadas de

maneira continuada entre os seus representantes que pudessem ser elaboradas e

validadas como prioridade para o desenvolvimento da tangerina na Paraiacuteba Essa

constataccedilatildeo foi observada nas respostas dos entrevistados Eles tambeacutem afirmam

que a poliacutetica partidaacuteria existente na regiatildeo dificulta a implementaccedilatildeo de accedilotildees

integradas

Os gestores institucionais natildeo perceberam que as poliacuteticas puacuteblicas

existentes para atender agraves necessidades do setor devem ser trabalhadas a partir de

uma interseccedilatildeo dos programas governamentais e natildeo governamentais que

potencializem projetos estruturantes possibilitando a sustentabilidade da atividade

econocircmica de forma equilibrada em toda a regiatildeo

Para analisar a visatildeo dos produtores em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas direcionadas ao APL discutida na seccedilatildeo 52 utilizou-se como ferramenta o

modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD composto por quatro niacuteveis

O niacutevel Micro permitiu a identificaccedilatildeo dos problemas mais frequentes dos

produtores que apesar de estarem organizados em associaccedilotildees e cooperativa natildeo

possuem o habito de resolver os problemas do segmento de modo cooperado

94

Tal constataccedilatildeo recai sobre a falta de diaacutelogo entre os atores fazendo com

que um hiato seja gerado na comunicaccedilatildeo dos participantes do arranjo Este fato

impede os produtores de obterem resultados promissores para o segmento e de

vislumbrarem a possibilidade de investir em inovaccedilatildeo de forma coletiva e realizar

uma comercializaccedilatildeo com maior poder de negociaccedilatildeo de preccedilo e de expansatildeo de

mercado

Outros fatores importantes detectados nesse niacutevel foram a baixa capacidade

produtiva entre as safras apesar de existir uma aacuterea expressiva para a produccedilatildeo de

citros falta de celeridade nas informaccedilotildees e descontinuidade nas accedilotildees dos

parceiros

No niacutevel Meso verificou-se que os produtores desconhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina e questionam a falta de investimentos

financeiros para o setor a falta de orientaccedilatildeo de normas teacutecnicas de plantio e

manejo nos pomares a falta de integraccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre as instituiccedilotildees

governamentais e a falta de projetos que qualifiquem jovens e filhos de produtores

para atuarem no campo

Os produtores enfatizam tambeacutem a pouca atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees realizando

accedilotildees diferenciadas para cada associaccedilatildeo ou seja natildeo havendo criteacuterios para o

atendimento coletivo desses atores

Ao analisar o APL segundo o niacutevel Macro verificou-se que as poliacuteticas

macroeconocircmicas (cambial monetaacuteria e fiscal) e a poliacutetica de comeacutercio exterior natildeo

influenciam diretamente esse APL Por ser um arranjo de baixa renda e que utiliza

basicamente poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar adequadas para

uma agricultura diversificada e natildeo especificamente para tangerina tais poliacuteticas

acabam natildeo incentivando a expansatildeo do plantio Neste caso o planejamento e a

organizaccedilatildeo produtiva da atividade de maior potencial econocircmico na regiatildeo natildeo satildeo

priorizados

Ainda sobre a poliacutetica econocircmica brasileira eacute notoacuteria a carecircncia de

esclarecimentos sobre como essa poliacutetica poderia dinamizar o segmento e o

desconhecimento sobre os incentivos governamentais para formalizaccedilatildeo de

agronegoacutecios

95

O niacutevel Meta analisou a cooperaccedilatildeo dos atores dentro de uma visatildeo

sistecircmica em que estes acreditam que gradativamente o setor estaraacute fortalecido

mas que ainda natildeo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas

governamentais voltados para o setor

Identificou-se tambeacutem que natildeo existe um consenso entre os produtores sobre

a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao arranjo nem sobre a participaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa na defesa dos direitos dos seus associados e nem na

implementaccedilatildeo de um modelo de governanccedila que contribua com o desenvolvimento

do APL

Portanto apoacutes a anaacutelise da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees e da percepccedilatildeo dos

produtores rurais em relaccedilatildeo agraves poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina espera-se que as contribuiccedilotildees identificadas nesta pesquisa

sirvam de instrumento balizador na adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas para

a citricultura no Estado e que novas perspectivas de incremento ao setor sejam

planejadas com a participaccedilatildeo e integraccedilatildeo das organizaccedilotildees sociais que compotildeem

o arranjo

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Esta dissertaccedilatildeo analisou o Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina por se tratar de um APL de grande potencial econocircmico para

a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

O trabalho proposto teve como finalidade analisar a estrutura organizacional

do APL identificar as poliacuteticas promotoras do desenvolvimento avaliar a

contribuiccedilatildeo das poliacuteticas disponibilizadas e propor medidas para a reduccedilatildeo das

falhas oriundas do processo de implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas

Historicamente a regiatildeo em estudo eacute detentora de um nuacutemero expressivo de

produtores rurais que destinam suas atividades agriacutecolas no plantio de citros O

setor gera 4000 empregos diretos e 6000 empregos indiretos aproximadamente o

que torna o referido arranjo prioritaacuterio para o Estado

A produccedilatildeo de tangerina advinda do aglomerado produtivo apresenta como

diferencial competitivo a ocorrecircncia da safra na entressafra de outros estados e o

plantio com caracteriacutesticas orgacircnicas (sem uso de defensivos quiacutemicos)

Os stackholders entrevistados acreditam que o referido APL tem impacto na

economia local e regional tem mercado favoraacutevel para o escoamento da produccedilatildeo

eacute gerador de emprego e renda apresenta possibilidade de expansatildeo tem cultura

difundida na produccedilatildeo de tangerina e eacute promotor do desenvolvimento

socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Nos uacuteltimos anos apesar de ainda natildeo haver uma dinacircmica de trabalho

adequada para o segmento as instituiccedilotildees parceiras e suas respectivas poliacuteticas

contribuiacuteram para que o setor avanccedilasse

As principais poliacuteticas de apoio ao APL realizadas pelas instituiccedilotildees satildeo a

disponibilizaccedilatildeo de linhas de creacutedito destinadas agrave agricultura familiar (PRONAF)

estimulo agraves compras governamentais para os programas PNAE e PAA realizaccedilatildeo

de pesquisas de inovaccedilatildeo para a melhoria de mudas e plantas certificadas

97

promoccedilatildeo da transferecircncia de tecnologias e da capacitaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

orientaccedilotildees de ATER no plantio da tangerina

Sendo assim para analisar o impacto das poliacuteticas aplicadas ao APL em

estudo foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD Este

modelo analisa o arranjo com maior ecircnfase nos aspectos sociais e inclui a accedilatildeo do

Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade como fatores determinantes para o aumento

da competitividade sistecircmica A partir desse modelo foi possiacutevel pesquisar atraveacutes

dos niacuteveis Micro Meso Meta e Macro como o setor estaacute organizado e como as

poliacuteticas satildeo percebidas pelos produtores

Ao concluir a anaacutelise da pesquisa dois pontos foram priorizados e

referenciados dentro do estudo o primeiro eacute a visatildeo das instituiccedilotildees parceiras e

fomentadoras de poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

e o segundo a percepccedilatildeo dos produtores quanto agraves poliacuteticas disponibilizadas para o

aglomerado produtivo

Para as instituiccedilotildees o apoio ao segmento eacute realizado devido agrave importacircncia

econocircmica da produccedilatildeo de tangerina bem como 80 da populaccedilatildeo residir na zona

rural e ter como principal fonte de renda o cultivo da tangerina dancy Estes dois

fatores fazem com que as entidades governamentais vejam a atividade como

dinamizadora da economia para a regiatildeo

Outras accedilotildees advindas dessas entidades foram identificadas na pesquisa

contrataccedilatildeo de um especialista em tangerina melhoria das estradas vicinais para o

escoamento da produccedilatildeo promoccedilatildeo de visitas teacutecnicas e intercacircmbio reuniotildees

informativas sobre programas e poliacuteticas de desenvolvimento existentes para o

segmento e constituiccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema

Para os produtores esse apoio das instituiccedilotildees natildeo eacute percebido como poliacutetica

efetiva pois eacute executado sem um planejamento permanente de accedilotildees para o

periacuteodo de safra e de entressafra

As associaccedilotildees e a cooperativa tambeacutem sentem que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo

atuando de forma integrada ou seja natildeo foi visualizado um programa para a

citricultura principalmente para a tangerina em que houvesse a contribuiccedilatildeo de

todos os parceiros periodicamente visando o crescimento do APL

98

Aleacutem disso os produtores tambeacutem enfatizaram que o atendimento das

demandas por parte das instituiccedilotildees eacute realizado individualmente ou coletivamente

dependendo do tipo de accedilatildeo programada em cada oacutergatildeo o que muitas vezes

impede accedilotildees coletivas bem mais significativas para o APL como um todo

Esse apoio institucional realizado pelos parceiros de forma desarticulada e

com atendimentos diferenciados tem estimulado nos produtores descreacutedito nas

accedilotildees disponibilizadas pelos governos municipais e estadual

A falta de uma poliacutetica que intensifique as atividades econocircmicas e

tecnoloacutegicas no APL faz com que a produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba sofra um

descompasso entre a grande demanda por esses frutos de mesa e a baixa

competitividade desse setor

Sendo assim faz-se necessaacuterio a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas e adequaccedilatildeo

das jaacute existentes para que o arranjo possa se desenvolver com eficiecircncia e

competitividade

Sugere-se tambeacutem como alternativa complementar nas propostas de poliacuteticas

puacuteblicas a inserccedilatildeo das potencialidades de investimento dos municiacutepios que

compotildeem o APL (ver Apecircndice C) apresentadas nos Mapas de Oportunidades do

Estado da Paraiacuteba (FIEP 2009)

Na proacutexima seccedilatildeo seratildeo apresentadas as contribuiccedilotildees para a formulaccedilatildeo de

tais poliacuteticas

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

A pesquisa realizada no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina identificou que este APL natildeo possui infraestrutura tecnoloacutegica e logiacutestica

para vender em mercados que exigem qualidade e prazo de entrega a exemplo das

grandes redes de supermercado nacional ou para exportaccedilatildeo

Os avanccedilos obtidos a partir dos apoios institucionais ainda natildeo satildeo

suficientes para que o arranjo seja competitivo e desponte nacionalmente como um

99

aglomerado de excelecircncia na produccedilatildeo de tangerina Espera-se que com a

implementaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas para o segmento esse arranjo seja capaz de

promover o aumento da inclusatildeo social fazendo com que a dependecircncia do

agricultor por auxiacutelios governamentais como parte complementar de sua renda

sejam substituiacutedos por trabalho e geraccedilatildeo de riqueza

Para tanto diante das discussotildees geradas nesta dissertaccedilatildeo sugerem-se

algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de uma poliacutetica especiacutefica

para o segmento e a readequaccedilatildeo das poliacuteticas praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL Tais propostas satildeo

1 Formataccedilatildeo de uma poliacutetica governamental especiacutefica para a produccedilatildeo de citros

no APL que induza o aumento da produtividade dos plantios e a respectiva

comercializaccedilatildeo

Esta poliacutetica deve priorizar

A assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural de forma permanente executada pela

EMATER SENAR e MAPASEDAP

O aumento de recursos para o setor a ser incluiacutedo nos orccedilamentos estadual e

municipais bem como no das instituiccedilotildees estatais e privadas atuantes no

arranjo

O fomento a pesquisas e a inovaccedilatildeo direcionadas para a melhoria da

produccedilatildeo de tangerina e sua transferecircncia para os produtores

A implantaccedilatildeo de uma estufa destinada a produccedilatildeo de mudas certificadas

para o arranjo

O incentivo dos governos estadual e municipais em comprar um percentual da

produccedilatildeo advinda do APL

A compra de tangerina pelos programas governamentais federais (PNAE

PAA e CEASA) agrave cooperativa como forma de fortalecer a empresa acircncora do

segmento formalizar as vendas e reduzir a presenccedila do atravessador na

comercializaccedilatildeo

A capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica de jovens e filhos de agricultores oriundos desse

arranjo

100

2 Estimular os governos estadual e municipais a priorizarem em seus planos

plurianuais accedilotildees de incentivo ao desenvolvimento do APL da Citricultura

Este estiacutemulo deve partir de estrateacutegias que

Definam um programa que padronize as mudas de tangerina no Estado

Formalizem um programa de prevenccedilatildeo e combate agrave mosca negra e outras

pragas nos plantios de citros

Orientem e capacitem os produtores a realizarem o manejo de seus pomares

seguindo as orientaccedilotildees teacutecnicas e as normas ambientais

Formalizem premiaccedilotildees para os produtores mais criativos e competitivos

Formalizem convecircnio teacutecnico com o SEBRAE para formataccedilatildeo de um

programa de empreendedorismo visando desenvolver a gestatildeo dos

agronegoacutecios implantados no arranjo

3 Integraccedilatildeo de accedilotildees entre as instituiccedilotildees governamentais atuantes no APL

Tal poliacutetica deve visar

Reduzir gastos com atividades em duplicidade para fortalecer o segmento

com accedilotildees implementadas de forma continuada e aumentar a capacidade de

atendimento agraves demandas dos produtores

Direcionar a atuaccedilatildeo de cada instituiccedilatildeo com suas respectivas expertises para

resolver os gargalos teacutecnicos e tecnoloacutegicos dentro do arranjo

Aumentar o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees visando agrave integraccedilatildeo de accedilotildees

conjuntas

4 Incentivo a reduccedilatildeo de encargos fiscais e taxas para as organizaccedilotildees

(associaccedilotildees e cooperativas) que compotildeem o arranjo produtivo

Os arranjos produtivos locais necessitam de uma poliacutetica fiscal que reduza as

taxas e isenccedilotildees fiscais como forma de incentivar a participaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo das

organizaccedilotildees coletivas oriundas do referido arranjo Como propostas de incentivos

para o APL sugere-se

Isenccedilatildeo da taxa de alvaraacute da Agencia Estadual de Vigilacircncia Sanitaacuteria da

Paraiacuteba ndash AGEVISA em troca da participaccedilatildeo coletiva dos associados e

101

cooperados nos cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos Essa poliacutetica permitiraacute

capacitar as pessoas para manipularem os alimentos com maior seguranccedila e

higiene priorizando os empreendimentos localizados em APL

Criar uma licenccedila simplificada que substitua as trecircs licenccedilas ambientais

(licenccedila preacutevia licenccedila de instalaccedilatildeo e licenccedila de operaccedilatildeo) exigidas pela

SUDEMA visando reduzir o tempo de tramitaccedilatildeo dessas licenccedilas para

agilizar a implantaccedilatildeo de projetos em APLs de baixa renda

Subsidiar a implantaccedilatildeo da Tarifa Verde em aacutereas de citricultura (reduccedilatildeo no

valor da tarifa de energia no periacuteodo noturno) e a aquisiccedilatildeo do medidor para

afericcedilatildeo da energia com taxa diferenciada Essa poliacutetica permitiraacute que os

citricultores possam investir em irrigaccedilatildeo nos seus pomares

5 Poliacutetica de acompanhamento e avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo social educacional

econocircmica e de inovaccedilatildeo em APLs beneficiados por programas governamentais e

por instituiccedilotildees estatais

Esta poliacutetica deve buscar

Avaliar a efetividade do APL em estudo

Acompanhar os primeiros quatro anos de desenvolvimento do arranjo apoacutes a

transferecircncia de recursos advindos de programas e projetos tempo este

necessaacuterio para que os empreendimentos atinjam sua sustentabilidade

financeira

Realizar cursos de capacitaccedilatildeo para gestores e coordenadores de programas

em arranjos produtivos utilizando a competecircncia da RedeSist e do GPT APL

Estimular a formaccedilatildeo de agentes de APL como forma de reduzir o hiato

existente entre o setor produtivo e as instituiccedilotildees parceiras bem como

contribuir na difusatildeo das informaccedilotildees e na transferecircncia de accedilotildees de poliacuteticas

sociais e tecnoloacutegicas

Propor cursos teacutecnicos e de especializaccedilatildeo para jovens protagonistas da

regiatildeo que possam contribuir no processo de sustentabilidade do arranjo da

citricultura

102

Incentivar a criaccedilatildeo de um sistema de informaccedilatildeo para o APL e interligaacute-lo em

rede possibilitando avaliar quantitativamente e qualitativamente a evoluccedilatildeo

econocircmica e produtiva do arranjo

6 Aumentar os incentivos financeiros do Governo do Estado para o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

As propostas de accedilotildees governamentais para o aumento dos incentivos satildeo

Priorizar o referido arranjo em seus planos de accedilatildeo destinando recursos do

Fundo de Erradicaccedilatildeo e Combate agrave Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash

FUNCEP-PB para desenvolver accedilotildees de empreendedorismo implantaccedilatildeo de

agronegoacutecios e capacitaccedilatildeo profissional

Destinar um percentual dos recursos de ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento de pesquisas e inovaccedilatildeo para o arranjo

Apoiar a implantaccedilatildeo de uma cozinha industrial visando o aperfeiccediloamento de

jovens e mulheres da zona rural que fabricam doces geleias bolos biscoitos

sucos cocadas e casquinhas de tangerina como alternativa de ocupaccedilatildeo e

renda

Nesta dissertaccedilatildeo foi verificado que os produtores de tangerina utilizam

basicamente como linha de creacutedito o programa Pronaf Sugere-se que o Governo

Federal (SUDENE BNB FINEP BNDES Banco do Brasil e Caixa Econocircmica) insira

uma linha de financiamento diferenciada neste programa destinando mais recursos

para projetos coletivos voltados para o desenvolvimento do APL

62 Trabalhos Futuros

Ao teacutermino desta dissertaccedilatildeo espera-se que os resultados obtidos contribuam

na concepccedilatildeo de novas poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura - Segmento

Tangerina e que novas reflexotildees sejam geradas nas instituiccedilotildees e nas organizaccedilotildees

coletivas sobre o potencial econocircmico e social desse aglomerado produtivo Como

trabalhos futuros sugerem-se

103

Realizar um estudo sobre a cultura organizacional tradicional existente no

arranjo analisando os fatores que impedem seu desenvolvimento

Dar continuidade agraves pesquisas sobre poliacuteticas puacuteblicas indutoras de

desenvolvimento socioeconocircmico em APLs agriacutecolas de baixa renda visando

identificar quais dessas poliacuteticas poderiam ser replicadas no APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

Pesquisar porque a cultura da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica ainda natildeo eacute aplicada

como um vetor de desenvolvimento no APL estudado

Estudar a potencialidade do arranjo em desenvolver novos produtos com

maior valor agregado a partir da tangerina

Estudar a formataccedilatildeo de uma poliacutetica de educaccedilatildeo profissional para as aacutereas

de gestatildeo de negoacutecio e organizaccedilatildeo produtiva em APLs de baixa renda

Estudar se o niacutevel educacional dos produtores de tangerina tem influecircncia no

entendimento e absorccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

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112

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo

Nome da entidade _______________________________________________________________

Sigla da entidade ___________________________

Acircmbito de atuaccedilatildeo da instituiccedilatildeo ____________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Apoio da Instituiccedilatildeo para o desenvolvimento do APL

21 Como a instituiccedilatildeo identifica Arranjos Produtivos Locais (baseia-se nas

variaacuteveis abaixo)

( ) A concentraccedilatildeo de produtores de tangerina no territoacuterio

( ) Concentraccedilatildeo de indiviacuteduos ocupados

( ) Cooperaccedilatildeo entre os atores participantes do arranjo

( ) Existecircncia de mecanismos de governanccedila

22 Porque o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi selecionado para o

apoio existe alguma forma de priorizaccedilatildeo (ex impacto na economia

regionallocal impacto social tradiccedilatildeo regional outros) Justifique

113

23 A partir de quais criteacuterios a instituiccedilatildeo selecionou os beneficiaacuterios para

formalizar a parceria (atraveacutes de programas demanda dos produtores

demanda das associaccedilotildeescooperativas outros)

24 Como a Instituiccedilatildeo trabalha para que as informaccedilotildees acerca dos

programas de apoio ao APL cheguem ao seu puacuteblico-alvo

25 Quais os principais desafios que a instituiccedilatildeo enfrenta no apoio ao APL

(operacional financeiro qualificaccedilatildeo de pessoal outros)

26 Quais satildeo as vantagens em atuar a partir do enfoque em APL no

EstadoRegiatildeo Justifique

3 Quanto agrave relaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo com os produtores Associaccedilotildees e

Cooperativas

31 Quantas cooperativasassociaccedilotildees participam do programa de apoio

concedido pela instituiccedilatildeo Quais satildeo Sua localizaccedilatildeo

32 Quais satildeo as principais demandas de apoio por parte dos atores do APL

33 Quais satildeo as principais formas de apoio que a instituiccedilatildeo concede ao APL

34 Como a Instituiccedilatildeo avalia o grau de adesatildeo do puacuteblico alvo aos programas

oferecidos

35 Quais as principais dificuldades que o puacuteblico alvo encontra para participar

desses programas ofertados

36 A Instituiccedilatildeo acredita que os produtoresInstituiccedilotildeesassociaccedilotildees

cooperativas envolvidas no APL atuam de forma cooperada para realizar

suas atividades

37 Vocecirc poderia citar alguns exemplos de cooperaccedilatildeo entre produtores

Instituiccedilotildeesassociaccedilotildeescooperativas (especificar para o APL)

4 Parceiros atuantes no APL

114

41 Quais satildeo os principais parceiros que apoiam o APL De que forma

atuam Avalie a importacircncia da cooperaccedilatildeo

42 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual a Instituiccedilatildeo conhece

poliacuteticas especificas de apoio ao APL Quais

43 As accedilotildees da Instituiccedilatildeo satildeo realizadas de forma integrada com os governos

Federal Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo

buscando ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas

accedilotildees com o governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de

accedilatildeo conjunta

5 Visatildeo da Instituiccedilatildeo quanto agrave potencialidade do APL

51 Em relaccedilatildeo ao apoio de sua instituiccedilatildeo em que momento eacute percebido a

intensidade (mais forte ou mais fraca) da cooperaccedilatildeo dos beneficiados

(pex na eficiecircncia e na inovaccedilatildeo nos serviccedilos administrativos na

aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas vendas no financiamento desenvolvimento

de processos e produtos etc)

52 Como a Instituiccedilatildeo percebe a diferenciaccedilatildeo no sistema produtivo (pex a

grande maioria da produccedilatildeo vem de produtores informais que adota

sistema arcaico por outro lado temos uma pequena parcela em fase de

modernizaccedilatildeo)

53 Dos que buscam a modernizaccedilatildeo a produccedilatildeo eacute integrada horizontalmente

a atividades agroindustriais Como a Instituiccedilatildeo percebe essa

modernizaccedilatildeo

54 Para a Instituiccedilatildeo quais os principais problemas desse segmento

( ) ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina

( ) baixa capacidade gerencial

( ) dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo

( ) competiccedilatildeo com tangerina produzida em outras regiotildees brasileiras

( ) elevados custos de comercializaccedilatildeo

115

( ) outros (especifique) __________________________________________

6 Existecircncia de oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo ambiental e fiscalizaccedilatildeo

sanitaacuteria

61 A Instituiccedilatildeo conhece leis ou instruccedilotildees normativas que estabelecem os

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

62 Na produccedilatildeo como satildeo vistas as questotildees como controle da qualidade

versus tradiccedilatildeo na forma de produzir a tangerina

7 Quanto agrave comercializaccedilatildeo

71 Quais os principais concorrentes

72 uais os canais de distribuiccedilatildeo comercializaccedilatildeo e logiacutestica

73 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

8 Quanto a projetos e planos futuros

81 Quais satildeo os esforccedilos que a Instituiccedilatildeo estaacute fazendo para consolidar o APL

da Citricultura - Segmento Tangerina

82 Quais satildeo os projetos e planos futuros que a Instituiccedilatildeo espera com a

consolidaccedilatildeo do APL

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

116

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees

Cooperativas e Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da AssociaccedilatildeoCooperativaProdutor

Nome da entidadeprodutor _______________________________________________________________

Sigla da entidade (se houver) ___________________________

Ano de Fundaccedilatildeo _______________

Atividade principal _______________________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Dados econocircmicos sobre a CooperativaAssociaccedilatildeo 2008 2009 2010

CooperadosAssociados ( ) ( ) ( ) FATURAMENTO (mil) ndash R$ ( ) ( ) ( ) Mercado interno () ( ) ( ) ( ) Mercado externo () ( ) ( ) ( ) DESTINO DOS PRODUTOS Paraiacuteba ( ) ( ) ( ) Outros estados do Nordeste ( ) ( ) ( ) Outras regiotildees ( ) ( ) ( ) Outros paiacuteses ( ) ( ) ( )

117

3 Niacutevel de escolaridade do responsaacutevel pelas informaccedilotildees Niacutevel escolaridade Fundamental ( ) Meacutedio ( ) superior incompleto ( ) Superior completo ( ) Poacutes-graduaccedilatildeo ( ) Teacutecnico ( ) Outros _______________

Funccedilatildeo do respondente na CooperativaAssociaccedilatildeo_____________________

ANAacuteLISE META

1 Os atores do arranjo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e

programas governamentais voltados para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

2 Vocecirc acredita que os atores locais estatildeo predispostos agrave cooperaccedilatildeo dado o

atual niacutevel de confianccedila entre os parceiros

3 Existe a praacutetica de troca de conhecimento entre os parceiros que permitam

elevar a competitividade do arranjo frente a outros concorrentes nacionais

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL META (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

2 O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

3

As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no setor atuando de maneira democraacutetica em defesa dos seus soacutecios

4 Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor privado

5

Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

118

ANAacuteLISE MACRO

1 A partir do ano de 2006 o Governo Federal passou a incentivar o tema

Arranjos Produtivos Locais (APL) por meio da incorporaccedilatildeo programas e

accedilotildees no acircmbito do Plano Plurianual 2004-2007 e a criaccedilatildeo do Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL) foi

sentido algum beneficio praacutetico a partir dessa medida

2 Como resolver o problema do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no

setor jaacute que o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina tecircm

associaccedilotildees e cooperativas legalmente constituiacutedas

3 O governo local tem direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do

APL

4 Quais instituiccedilotildees disponibilizam linha de financiamento para melhorar o

processo produtivo A que condiccedilotildees Existe acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos

5 O que vocecirc pode informar sobre fontes de financiamento para expansatildeo de

capacidade capital de giro e melhoria da produccedilatildeo

6 Quais satildeo os esforccedilos que vocecirc estaacute fazendo para consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento da Tangerina

7 Quais satildeo os projetos e planos futuros que vocecirc espera com a consolidaccedilatildeo

do APL

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo totalmente

2 Discordo parcialmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

119

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

2 A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor

3 A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos

4 O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

5 A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo

6 As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

ANAacuteLISE MESO

1 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual existe poliacutetica especifica

de apoio ao APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina como produto

genuinamente regional Quais

2 As accedilotildees satildeo realizadas de forma integrada com os governos Federal

Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo buscando

ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas accedilotildees com o

governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de accedilatildeo conjunta

3 A poliacutetica comercial brasileira favorece as exportaccedilotildees desse tipo de fruta

4 Existe poliacutetica de financiamento especializada que ajude no desenvolvimento

de produtos com tradiccedilatildeo local

5 Como o arranjo poderia obter recursos financeiros junto aos organismos e

bancos governamentais

6 Como tem sido a contribuiccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees de apoio ao arranjo

7 Existe desenvolvimento de accedilotildees junto a organizaccedilotildees natildeo governamentais

8 Eacute possiacutevel identificar as instituiccedilotildees parceiras do arranjo e quais outras

poderiam participar

120

9 Existem eou conhece leis ou instruccedilotildees normativas estabelecendo

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MESO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo de negoacutecios

2

O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos gestores governamentais

3 A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo

4 A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor

5 O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

6 As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

7 A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

8 A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

121

Indique como se apresenta a relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

PARCEIROSSTAKEHOLDERS OacuteTIMO BOM REGULAR RUIM SEM RELACcedilAtildeO

AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio

Instituiccedilotildees financeiras

Fornecedores e outras empresas do arranjo

Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades

Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

NIacuteVEL MICRO

1 A atividade produtiva utiliza a mesma espeacutecie de laranja entre os

plantadores de tangerina da regiatildeo ou buscam mateacuteria-prima (novas

espeacutecies) em outros Estados

122

2 O processo de cultivo da tangerina sofreu alteraccedilotildees bruscas ao longo de

sua existecircncia na regiatildeo Por quecirc

3 Quais satildeo os diferenciais competitivos da CooperativaAssociaccedilatildeo

(sazonalidade preccedilo qualidade prazos de entrega)

4 Quais municiacutepios que concentram o maior plantio de tangerina

5 Na plantaccedilatildeo como satildeo vistos questotildees como controle da qualidade versus

tradiccedilatildeo na forma de cultivar a tangerina

6 Existe deficiecircncia nos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica

Analisar os destinos interno e externo para a venda

7 Existe algum tipo de procedimento que busque a certificaccedilatildeo da tangerina

como orgacircnica

8 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

9 Aponte os principais problemas desse segmento i) ausecircncia de

padronizaccedilatildeo da tangerina ii) baixa capacidade produtiva entre as safras iii)

dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo iv) competiccedilatildeo com outras

variedades de tangerinas v) elevados custos de comercializaccedilatildeo

10 Quais os principais concorrentes

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

123

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1

A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

2 A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado

3 A COOPERTANGE (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente ao mercado

4 Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina

5 Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da tangerina

6 Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

7 Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

8 A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Com relaccedilatildeo agraves principais formas de cooperaccedilatildeo no APL responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

Formas de Cooperaccedilatildeo (1) (2) (3) (4) (5)

1 Compra de insumos e equipamentos

2 Venda de produtos

3 Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio

4 Capacitaccedilatildeo de recursos humanos

5 Obtenccedilatildeo de financiamento

6 Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees

7 Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

124

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo responda seguindo o criteacuterio de importacircncia

1-2 Menos importante

3 Meacutedia

4-5 Mais importante

Fonte de Informaccedilatildeo

Escala de Importacircncia

Menos importante

Meacutedia Mais

importante

Fontes internas (1) (2) (3) (4) (5)

1 Pesquisa e Desenvolvimento

2 Aacuterea de produccedilatildeo

3 Aacuterea de vendas e marketing

4 Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes externas (1) (2) (3) (4) (5)

5 Fornecedores de insumos

6 Clientes

7 Concorrentes

8 Outras empresas do setor

9 Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa (1) (2) (3) (4) (5)

10 Universidades

11 Institutos de pesquisas

12 Centro de capacitaccedilatildeo profissional

13 Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

14 Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes (1) (2) (3) (4) (5)

15 Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

16 Feiras especializadas

17 Associaccedilotildees e sindicatos

18 Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

125

Com relaccedilatildeo agrave estrateacutegia empresarial e praacuteticas gerenciais responda seguindo o seguinte criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Natildeo conhecemos

2 Conhecemos mas nunca utilizamos

3 Utilizamos algumas vezes

4 Utilizamos com frequecircncia

5 Utilizamos sempre

Praacuteticas Gerenciais (1) (2) (3) (4) (5)

1 Planejamento estrateacutegico

2 Pesquisa de mercado

3 Sistema de gestatildeo ambiental

4 Praacuteticas de Produccedilatildeo Limpa

5 Ajuste da capacidade produtiva

6 Planejamento e controle da produccedilatildeo

7 Gerenciamento de projetos

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

126

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Municiacutepio de Matinhas

127

Municiacutepio de Alagoa Nova

128

Municiacutepio de Satildeo Sebastiatildeo de

Lagoa de Roccedila

129

Municiacutepio de Lagoa Seca

130

Municiacutepio de Esperanccedila

131

Municiacutepio de Massaranduba

Page 3: Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Mestrado ... · 2019. 10. 25. · pelos produtores. Para realizar a análise, foi utilizado o modelo do

Catalogaccedilatildeo na Fonte

Bibliotecaacuteria Rejane Ferreira dos Santos CRB4-839

A657p Aquino Decirclma do Sococircrro Pessocirca Barbosa

Poliacuteticas puacuteblicas como condicionante de desenvolvimento

socioeconocircmico para o arranjo produtivo local da citricultura - segmento

tangerina na Paraiacuteba ndash 2008 a 2011 Decirclma do Sococircrro Pessocirca Barbosa

Aquino - Recife O Autor 2012

131 folhas il 30 cm

Orientador Prof Dr Abraham Benzaquen Sicsuacute

Co-orientador Prof Dr Paulo Fernando de Moura Bezerra Cavalcanti

Filho

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal de Pernambuco CCSA

Administraccedilatildeo 2012

Inclui bibliografia e apecircndices

1 Poliacuteticas puacuteblicas 2 Arranjo produtivo local 3 Desenvolvimento

sustentaacutevel 4 Citricultura 5 Paraiacuteba I Sicsuacute Abraham Benzaquen

(Orientador) II Cavalcanti Filho Paulo Fernando de Moura Bezerra (Co-

orientador) III Tiacutetulo

658 CDD (22ed) UFPE (CSA 2012 -106)

Ao meu baby Marcus e agraves

minhas filhas Camille e

Caroline pela paciecircncia amor e

incentivo para que esta dissertaccedilatildeo

se tornasse realidade

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer inicialmente a Deus por me dar sabedoria nas horas

difiacuteceis e me iluminar na conclusatildeo deste trabalho de pesquisa Ele tambeacutem foi o

responsaacutevel por me ajudar a escalar os degraus deste trabalho avanccedilando um a um

a cada dia mesmo que muitas vezes esses degraus parecessem interminaacuteveis

Em seguida gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Abraham

Benzaquen Sicsuacute por reconhecer a sua dedicaccedilatildeo e competecircncia no

acompanhamento deste trabalho Friso tambeacutem a importacircncia de sua orientaccedilatildeo

durante todas as etapas deste projeto que me fizeram pensar questionar e refletir

dentro de uma visatildeo holiacutestica sobre o tema de pesquisa escolhido

Ao meu coorientador Prof Dr Paulo Fernando M B Cavalcanti Filho por me

aceitar como sua orientanda e acreditar na minha proposta de trabalho A ele

tambeacutem quero agradecer as palavras de incentivo e as valiosas contribuiccedilotildees na

elaboraccedilatildeo deste documento

Ao Dr Edson Batista Lopes pesquisador da EMBRAPAEMEPA que

concedeu importantes informaccedilotildees sobre o setor da citricultura no Estado da

Paraiacuteba e me auxiliou no entendimento das caracteriacutesticas teacutecnicas sobre a

tangerina e sua importacircncia econocircmica para a regiatildeo

Agrave Cooperativa dos Profissionais em Atividades Gerais ndash COOPAGEL pelo

apoio e incentivo agrave realizaccedilatildeo deste mestrado

Ao meu esposo Marcus companheiro de todos os momentos que sempre me

incentivou e me apoiou nesta jornada A ele eu reconheccedilo meu amor e gratidatildeo

Agraves minhas filhas Camille e Caroline que souberam entender em diversos

momentos a minha ausecircncia e a minha falta de paciecircncia Com certeza todo esse

esforccedilo foi para o bem delas

Aos meus pais Carminha e Carloto (in-memoriam) que pela proximidade

estiveram sempre presentes no meu dia-a-dia e na minha convivecircncia sempre me

incentivando na conclusatildeo deste trabalho

Por fim agradeccedilo aos meus sogros Helena e Regis que apesar da distacircncia

me incentivaram nos incansaacuteveis telefonemas dominicais a continuar esta jornada

RESUMO

Os Arranjos Produtivos Locais - APLs tecircm se tornado uma alternativa para o

desenvolvimento regional cujo objetivo eacute a cooperaccedilatildeo integrada entre o Governo

Federal os Estados da Federaccedilatildeo e o setor produtivo com a finalidade de promover

o crescimento socioeconocircmico dos territoacuterios brasileiros Na Paraiacuteba o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina objeto de estudo desta dissertaccedilatildeo estaacute

localizado na Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano e tecircm como principal atividade

econocircmica a produccedilatildeo de citros sendo o seu carro chefe a tangerina O referido

arranjo eacute promotor da principal fonte de renda da regiatildeo possuindo em seu entorno

vaacuterias instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais que realizam accedilotildees em

prol do fortalecimento produtivo Este trabalho procura analisar as poliacuteticas puacuteblicas

que estatildeo sendo direcionadas para o setor pelas instituiccedilotildees e como satildeo percebidas

pelos produtores Para realizar a anaacutelise foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo

de Desenvolvimento ndash IAD que avalia os impactos das poliacuteticas aplicadas ao arranjo

dando ecircnfase aos aspectos sociais a accedilatildeo do Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade

como fatores determinantes para o aumento da competitividade sistecircmica do setor

Com a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo foi possiacutevel verificar que o apoio das instituiccedilotildees natildeo

eacute percebido pelos produtores como poliacutetica efetiva pois eacute executado sem um

planejamento de accedilotildees integradas e perioacutedicas Aleacutem disso verificou-se tambeacutem a

necessidade da integraccedilatildeo das instituiccedilotildees objetivando a concepccedilatildeo de uma poliacutetica

especiacutefica para o setor que venha estimular uma governanccedila proativa e indutora do

desenvolvimento socioeconocircmico na regiatildeo Ao termino deste trabalho satildeo

sugeridas algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de novas

poliacuteticas puacuteblicas e readequaccedilatildeo das jaacute existentes praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL

Palavras chave poliacuteticas puacuteblicas arranjo produtivo local desenvolvimento

sustentaacutevel citricultura Paraiacuteba

ABSTRACT

The Local Productive Arrangements ndash LPA have become an alternative to regional

development whose goal is the integrated cooperation among the Federal

Government the States of the Federation and the productive sector with the

purpose of promoting the socioeconomic growth of the Brazilian territories In

Paraiacuteba the LPA of Citrus - Tangerine Segment object of study of this dissertation

is located in the Agreste Paraibano Mesoregion and their main economic activity is

the citrus production and its flagship product is the tangerine The cited arrangement

is the promoter of the main source of income for the region having around it several

governmental and nongovernmental institutions that carry out actions in favor of

productive strengthening This article analyzes the public policies which are being

directed to the sector by financial institutions and how they are perceived by

producers To perform the analysis we used the model of the German Development

Institute - GDI that evaluates the impacts of policies applied to the arrangement

emphasizing the social aspects state action and the mobilization of society as

factors for increasing systemic competitiveness of the sector Using this method it

was possible to verify that the support of institutions is not perceived by producers as

effective policy because it runs without a plan of integrated periodic actions

Furthermore it was also verified the need for integration of the institutions aiming the

conception of a specific policy for the sector that comes to stimulate a proactive

governance and inducer of the socioeconomic development in the region At the end

of this study are suggested proposals that can help in formulating new public policies

and upgrading of existing ones operated by government institutions and NGOs

active in LPA

Key words public policy Local Productive Arrangements sustainable development

citros Paraiacuteba

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 14

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura -

Segmento da Tangerina 15

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 201043

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 47

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD 62

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina 16

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do

Nordeste 41

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

41

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo

para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo42

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro 79

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL 80

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo 81

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso 84

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros 85

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro 89

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta 91

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APL Arranjo Produtivo Local

ARTEZA Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos de Ribeira de Cabaceiras

Ltda

ASPIL Arranjo e Sistema Produtivo e Inovativo Local

ASPTA Assessoria Serviccedilos Projetos Agricultura Alternativa - Zona Rural

ATER Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

BIRD Banco Internacional para Reconstruccedilatildeo e Desenvolvimento

BNB Banco do Nordeste do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CAAPL Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais

CEASA Central de Abastecimento de Alimentos

CNPq Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento

COMPET Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores

Econocircmicos Tradicionais ndash SICTCTCNPq

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COOPERAR Projeto COOPERAR Paraiacuteba Brasil

COOPERTANGE Cooperativa dos Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda

CTCC Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado Albano Franco

DAP Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao PRONAF

EMATER Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba

EMEPA Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A

EMPASA Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviccedilos Agriacutecolas

ETENE Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste

EU Uniatildeo Europeia

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

FAEPA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FAPESQ Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do Estado da Paraiacuteba

FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste

FETAG Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FIEP Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

FUNCEP-PB Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da Pobreza do Estado da Paraiacuteba

FUNDECI Fundo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico

GTP APL Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INTERPA Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da Paraiacuteba

LABVEST Laboratoacuterio de Vestuaacuterio da Paraiacuteba

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal

MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDA Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MDS Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome

MEC Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

MGP Mestrado em Gestatildeo Puacuteblica

MPME Micro Pequena e Meacutedia Empresa

NE APLPB Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba

PAA Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos

PDP Plano de Desenvolvimento Preliminar

PNAE Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

RedeSist Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais

SAF Secretaria da Agricultura Familiar

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agraves Micros e Pequenas Empresas da Paraiacuteba

SECTMA Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente

SEDAP Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da

Pesca

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural

SEPLAG Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo

SETDE Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico

SICTCT Secretaria de Induacutestria Comeacutercio Turismo Ciecircncia e Tecnologia

STRM Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas

SUDEMA Superintendecircncia de Administraccedilatildeo do Meio Ambiente

TIC Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba

UFCG Universidade Federal de Campina Grande

UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

11 Justificativa 17

12 Problematizaccedilatildeo 18

13 Objetivos da Pesquisa 20

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo 20

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO 22

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel 22

22 Arranjo Produtivo Local 26

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs 31

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento Regional

Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs 37

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA

TANGERINA NA PARAIacuteBA 39

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 39

32 Estrutura Organizacional 46

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL 48

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo 49

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba 52

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA 59

41 Instrumento de Pesquisa 61

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da Pesquisa 62

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA 65

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

65

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia das poliacuteticas

puacuteblicas para o desenvolvimento do APL 77

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro 77

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso 82

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro 86

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta 90

53 Conclusatildeo da Anaacutelise 92

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 96

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 98

62 Trabalhos Futuros 102

REFEREcircNCIAS 104

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da

Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba 112

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees Cooperativas e

Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

116

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba 126

Mesorregiatildeo do Agreste

1 INTRODUCcedilAtildeO

Esta dissertaccedilatildeo tem como Aacuterea de Concentraccedilatildeo a Gestatildeo Puacuteblica para o

Desenvolvimento Regional e estaacute inserida na linha de pesquisa Capital Social

Desenvolvimento Sustentaacutevel e Conhecimento do Curso de Mestrado Profissional

em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste da Universidade Federal

de Pernambuco ndash UFPE

O desenvolvimento deste trabalho busca avaliar as poliacuteticas puacuteblicas1

existentes para o Arranjo Produtivo Local ndash APL2 da Citricultura da Paraiacuteba ndash

Segmento Tangerina e identificar as contribuiccedilotildees dessas poliacuteticas no

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo no periacuteodo de 2008 a 2011

A pesquisa realizada teve como foco a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

onde estaacute localizada a produccedilatildeo de tangerina do Estado Na Figura 1 satildeo

apresentados dados cartograacuteficos por sateacutelite da Mesorregiatildeo do Agreste o mapa

do Brasil com a localizaccedilatildeo do Estado da Paraiacuteba e o mapa da Paraiacuteba com a regiatildeo

onde estaacute inserido o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

1 As poliacuteticas puacuteblicas para o setor seratildeo apresentadas no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 23

2 O conceito de Arranjo Produtivo Local seraacute discutido no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 22

APL da Citricultura

15

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina abrange os municiacutepios de

Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila

Massaranduba e Matinhas (Figura 2) Essa regiatildeo possui uma aacuterea plantada de

1892 hectares (IBGE 2010b) o que a torna a maior produtora de tangerina do

Nordeste

O municiacutepio de Matinhas considerado sede do APL por ser o maior produtor

de tangerina da Paraiacuteba estaacute localizado a 143 km de Joatildeo Pessoa capital do

Estado e a 20 km de Campina Grande cidade polarizadora da regiatildeo

Geograficamente Matinhas tem uma aacuterea de 29 Kmsup2 com uma populaccedilatildeo de

4322 habitantes tendo 84 (3640 habitantes) na zona rural e 16 (682

habitantes) na zona urbana sendo considerado um municiacutepio tipicamente rural A

quase totalidade da populaccedilatildeo rural sobrevive economicamente do cultivo da

tangerina (IBGE 2010)

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura - Segmento da Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

Outro ponto importante a ser considerado na pesquisa eacute a anaacutelise do Iacutendice

de Desenvolvimento Humano ndash IDH elaborado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas

para o Desenvolvimento (PNUD 2011) Esta anaacutelise parte do pressuposto que para

aferir o avanccedilo de uma populaccedilatildeo natildeo se deve considerar apenas a dimensatildeo

econocircmica mas tambeacutem outras caracteriacutesticas sociais culturais e poliacuteticas que

16

influenciam a qualidade da vida humana Essas caracteriacutesticas satildeo essenciais para

que se possa avaliar o respectivo desenvolvimento sustentaacutevel da regiatildeo

O IDH tambeacutem conhecido como IDH Global eacute uma medida resumida do

progresso a longo prazo em trecircs dimensotildees baacutesicas do desenvolvimento humano

renda educaccedilatildeo e sauacutede (longevidade) O objetivo da criaccedilatildeo do IDH foi o de

oferecer um contraponto ao indicador do Produto Interno Bruto ndash PIB per capita que

considerava apenas a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento (PNUD 2011)

O IDH eacute um iacutendice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio das

Naccedilotildees Unidas3 e no Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal atraveacutes do

Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal ndash IDH-M Este iacutendice eacute um ajuste

metodoloacutegico ao IDH Global e foi publicado em 1998 e em 2003 (a partir dos dados

do Censo de 2000) Vale salientar que ainda natildeo foram publicados os iacutendices do

IDH-M dos municiacutepios pelos novos criteacuterios do PNUD4

No Quadro 1 satildeo apresentados os iacutendices IDH Global IDH-Renda IDH-

Longevidade e IDH-Educaccedilatildeo do Brasil e do Estado da Paraiacuteba (PNUD 2008) bem

como o IDH-M dos municiacutepios que constituem o APL da Citricultura - Segmento da

Tangerina (PNUD 2003) Segundo esses dados o IDH-M dos municiacutepios encontra-

se entre 0561 e 0622 todos abaixo dos iacutendices da Paraiacuteba e do Brasil

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IDH

Global IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Brasil (PNUD 2008) 0794 0713 0785 0883

Paraiacuteba (PNUD 2008) 0718 0638 0723 0793

Municiacutepios (PNUD 2003) IDH-M IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Matinhas 0576 0477 0606 0645

Esperanccedila 0632 0550 0660 0685

Alagoa Nova 0612 0510 0660 0666

Lagoa Seca 0612 0548 0600 0689

Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila 0622 0549 0631 0687

Massaranduba 0561 0499 0570 0613

Fonte PNUD (2003) e PNUD (2008)

3 httpwwwpnudorgbrODMaspx

4 Uma nova versatildeo com dados do Censo 2010 estaacute sendo produzida pelo PNUD e deveraacute ser lanccedilada no iniacutecio

de 2013

17

Verifica-se que embora a regiatildeo do APL esteja se desenvolvendo

economicamente a populaccedilatildeo natildeo possui uma seacuterie de condiccedilotildees que lhe

proporcionem bem-estar no que se refere aos niacuteveis educacional (reduccedilatildeo da

evasatildeo escolar) social (oportunidade de inclusatildeo social atraveacutes de trabalho e renda

e de serviccedilos de sauacutede) e cultural (direito agrave cidadania e lazer)

Um baixo iacutendice educacional por exemplo reflete diretamente na dificuldade

dos produtores rurais em serem capacitados e absorverem tecnologias que venham

agregar valor agrave produccedilatildeo de tangerina

Desta forma o APL da Citricultura necessita de poliacuteticas que venham

contribuir para a reduccedilatildeo do analfabetismo organizaccedilatildeo produtiva transferecircncia de

tecnologia absorccedilatildeo de tecnologias para os seus plantios modernizaccedilatildeo gerencial

de suas organizaccedilotildees associativas e conscientizaccedilatildeo dos produtores para o trabalho

de forma organizada e cooperativa

O trabalho de pesquisa realizado visou identificar os problemas existentes no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e analisar como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo direcionadas para a resoluccedilatildeo desses gargalos

11 Justificativa

A relevacircncia desta dissertaccedilatildeo foi estudar e documentar as poliacuteticas puacuteblicas

geradas pelos governos federal estadual e municipal em prol da sustentabilidade

socioeconocircmica do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Para este estudo foi relevante tambeacutem a anaacutelise do cenaacuterio atual e da

situaccedilatildeo produtiva e organizacional do APL avaliando os impactos socioeconocircmicos

gerados por esse segmento no Estado

A validaccedilatildeo deste trabalho visa identificar gargalos existentes na transferecircncia

de poliacuteticas puacuteblicas para o segmento bem como a necessidade de adequar tais

poliacuteticas para dar sustentabilidade agrave referida atividade econocircmica

As consideraccedilotildees e sugestotildees geradas neste documento poderatildeo contribuir

para a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas que possibilitem a integraccedilatildeo dos diversos

18

atores e a consolidaccedilatildeo do arranjo produtivo local como um instrumento de

desenvolvimento proativo para a regiatildeo e indutor de novos negoacutecios

Portanto esta dissertaccedilatildeo tem como finalidade pesquisar e avaliar as

contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas que estatildeo sendo aplicadas em um APL de baixa

renda cujas atividades produtivas e inovativas satildeo provenientes de populaccedilotildees que

desenvolvem atividades de agricultura familiar no Estado da Paraiacuteba bem como

propor medidas mais adequadas para implementaccedilatildeo de tais poliacuteticas que possam

fomentar a estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de um aglomerado produtivo sustentaacutevel

12 Problematizaccedilatildeo

A citricultura na Paraiacuteba vem sendo explorada desde meados da deacutecada de

60 quando surgiram os primeiros plantios de citros no municiacutepio de Matinhas A

partir de 1969 iniciou-se a utilizaccedilatildeo de mudas enxertadas onde o limatildeo galego foi

escolhido como porta enxerto para as principais variedades cultivadas no municiacutepio

Dados de 1996 constatam que a tangerina dancy jaacute era a laranja predominante com

mais de 85 da aacuterea plantada naquele municiacutepio Posteriormente a tangerina dancy

se alastrou pelos municiacutepios vizinhos (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

Nos uacuteltimos cinco anos conforme observado na pesquisa realizada diversas

instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que atuam na regiatildeo vecircm buscando o

desenvolvimento planejado dessa atividade com o objetivo de consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Este APL enfrenta o desafio de se desenvolver e buscar niacuteveis de qualidade

de vida para os produtores rurais similares ao de outros APLs economicamente

avanccedilados

Todavia esse desenvolvimento deve incluir necessariamente uma

infraestrutura que permita aos produtores de tangerina produzir frutos de qualidade e

comercializar seu produto de forma competitiva A qualidade da tangerina eacute um fator

determinante no processo de agregaccedilatildeo de valor para seu escoamento no mercado

O meacutetodo de produccedilatildeo de tangerina utilizado na regiatildeo faz com que o

produtor tenha uma perda anual consideraacutevel Segundo Lopes Albuquerque e

Moura (2006) no municiacutepio de Matinhas por exemplo 20 da produccedilatildeo de

19

tangerina se perdem no campo devido ao fruto ter tamanho inadequado e natildeo ter

preccedilo de mercado

Aleacutem disso outras perdas satildeo identificadas devido a utilizaccedilatildeo de mudas

inadequadas plantio e espaccedilamento incorretos adubaccedilotildees quiacutemica e orgacircnicas

deficientes manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequados tratos culturais deficientes

(podas incorretas impedimento na formaccedilatildeo da planta e raleamento de frutos)

problemas fitossanitaacuterios diversos colheita e comercializaccedilatildeo inadequada

transporte da produccedilatildeo assistecircncia teacutecnica pesquisas e financiamento agriacutecola

deficientes e cooperativismo e agroinduacutestria inexistentes (LOPESALBUQUERQUE

MOURA 2006)

Na tentativa de resolver tais gargalos os gestores puacuteblicos na maioria das

vezes buscam decisotildees imediatistas que soacute resolvem os problemas em curto prazo

e como consequecircncia os problemas natildeo satildeo sanados a exemplo do combate da

mosca negra com agrotoacutexicos como medida emergencial

Por outro lado observa-se que a partir de 2008 algumas estrateacutegias e accedilotildees

governamentais foram adotadas pelo setor puacuteblico tais como distribuiccedilatildeo de mudas

certificadas contrataccedilatildeo de um especialista em citricultura para orientar os

produtores aumento de pesquisas para combate agrave mosca negra e realizaccedilatildeo de

reuniotildees seminaacuterios e visitas teacutecnicas visando incentivar a melhoria da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo da tangerina As accedilotildees acima realizadas tiveram como objetivo

desenvolver o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e resgatar o dinamismo

das atividades agriacutecolas geradoras de trabalho e renda na zona rural

No entanto apesar das diversas poliacuteticas concebidas pelos governos o

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo ainda eacute baixo5 Desta forma questiona-

se por que esse APL ainda natildeo estaacute consolidado e estruturado e quais as

dificuldades na implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas para o setor

Sendo assim supotildee-se que exista uma deficiecircncia das poliacuteticas puacuteblicas

existentes e faz-se necessaacuterio avaliar como elas estatildeo sendo direcionadas para o

referido APL de modo a se questionar Como essas poliacuteticas podem constituir um

condicionante de desenvolvimento socioeconocircmico para o APL da Citricultura ndash

5 Conforme anaacutelise do IDH dos municiacutepios pertencentes ao APL (ver Quadro 1 do Capiacutetulo 1)

20

Segmento Tangerina na Paraiacuteba Quais as dificuldades que impedem a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas Como essas poliacuteticas poderiam ser adaptadas

para atuarem mais eficientemente

13 Objetivos da Pesquisa

Analisar a estrutura do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na

Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

Pesquisar e identificar poliacuteticas puacuteblicas de fomento para APLs de baixa renda

Avaliar a contribuiccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura nos

municiacutepios que compotildeem o arranjo e principalmente em Matinhas cidade

acircncora do referido APL

Propor medidas orientadoras para reduccedilatildeo das falhas oriundas do processo de

implementaccedilatildeo de poliacuteticas junto ao setor e que possam contribuir para a

consolidaccedilatildeo de um APL competitivo

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo

Esta dissertaccedilatildeo eacute composta por seis capiacutetulos

Este capiacutetulo Capiacutetulo 1 ndash Introduccedilatildeo descreve os objetivos do trabalho

sua justificativa e a identificaccedilatildeo do problema

O Capiacutetulo 2 ndash Referencial Teoacuterico eacute constituiacutedo da fundamentaccedilatildeo teoacuterica

atraveacutes da discussatildeo sobre as teorias e conceitos de desenvolvimento sustentaacutevel

arranjo produtivo local e poliacuteticas puacuteblicas para o APL

No Capiacutetulo 3 ndash Caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina na Paraiacuteba eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura na

Paraiacuteba e as poliacuteticas puacuteblicas existentes para esse APL

No Capiacutetulo 4 ndash Metodologia Aplicada na Pesquisa satildeo demonstrados os

procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa a escolha da amostra e a descriccedilatildeo

do instrumento de coleta de dados primaacuterio e secundaacuterio

21

No Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise das Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL da Citricultura

satildeo discutidos os resultados da pesquisa de campo realizada com as instituiccedilotildees

que apoiam o APL as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores rurais e

analisada a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao setor

O Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais e Recomendaccedilotildees apresenta as

consideraccedilotildees finais da pesquisa com o objetivo de propor adequaccedilotildees para as

poliacuteticas puacuteblicas analisadas

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

A revisatildeo da literatura que seraacute descrita se fez necessaacuteria para um melhor

entendimento do trabalho de dissertaccedilatildeo proposto Neste capiacutetulo seratildeo

apresentados os conceitos de desenvolvimento regional sustentaacutevel

responsaacuteveis pelo crescimento eficiente das atividades econocircmicas sociais e

territoriais a caracterizaccedilatildeo de um arranjo produtivo local descrevendo sua

estrutura organizacional e a integraccedilatildeo entre o setor produtivo e os diversos atores

que compotildeem o APL e a importacircncia das poliacuteticas puacuteblicas como indutoras de

accedilotildees que tecircm por finalidade impulsionar o setor produtivo e consolidar um APL

como um instrumento dinamizador do desenvolvimento socioeconocircmico de uma

regiatildeo

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel

O desenvolvimento regional sustentaacutevel eacute um fator preponderante para o

desenvolvimento de um territoacuterio O processo de crescimento econocircmico equilibrado

de uma regiatildeo em funccedilatildeo de sua territorialidade tem como princiacutepio a

desconcentraccedilatildeo e a potencializaccedilatildeo das comunidades locais e regionais

Neste sentido o processo de desenvolvimento de uma regiatildeo dependeraacute

necessariamente da sua capacidade de organizaccedilatildeo social associado ao aumento

da autonomia regional para a tomada de decisotildees ao crescimento da capacidade

para reter e reinvestir o excedente econocircmico gerado pelo processo de

desenvolvimento sub-regional a um crescente processo de induccedilatildeo social e a um

processo permanente de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do ecossistema regional

(VERGOLINO DIAS MAGALHAtildeES GALVAtildeO 2008)

Segundo Boisier (1992) a capacidade de organizaccedilatildeo social de uma dada

regiatildeo eacute considerada um fator endoacutegeno capaz de transformar o crescimento em

desenvolvimento mediante a constituiccedilatildeo de uma rede de instituiccedilotildees e agentes

apoiados pela cultura local e por um projeto poliacutetico regional

23

O desenvolvimento de uma determinada regiatildeo implica na necessidade de

autonomia decisoacuteria de captaccedilatildeo e reinversatildeo do excedente econocircmico de inclusatildeo

social de consciecircncia e accedilatildeo ambientalista de sincronia intersetorial e territorial e

de percepccedilatildeo coletiva de pertencer agrave regiatildeo

Para que haja a concretizaccedilatildeo desse desenvolvimento a proposta de

dinamizaccedilatildeo tambeacutem deveraacute estar respaldada na diversificaccedilatildeo da base produtiva

na verticalizaccedilatildeo da atividade econocircmica na agregaccedilatildeo de valor ao produto local

na geraccedilatildeo de emprego e renda na criaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo de associaccedilotildees

cooperativas de produtores e na participaccedilatildeo dos atores locais

Para que tal iniciativa tenha ecircxito torna-se necessaacuterio a elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que visem a melhoria do niacutevel de educaccedilatildeo e

capacitaccedilatildeo profissional da populaccedilatildeo envolvida e da infraestrutura econocircmica e

social das aacutereas beneficiadas (VERGOLINO et al 2008)

Esforccedilos empreendidos nos uacuteltimos anos estatildeo baseados na ideia de que a

conquista da sustentabilidade passa pela implementaccedilatildeo de processos de

desenvolvimento orientados por princiacutepios de cooperaccedilatildeo entre indiviacuteduos

A interdependecircncia de tais processos ocorre em um sistema complexo que

adota como padratildeo organizativo de uma rede autopoieacutetica6 que tende a se

manifestar nas coletividades humanas que busca fortalecer uma atividade

econocircmica mediante uma cooperaccedilatildeo muacutetua

Para tanto se faz necessaacuteria a formaccedilatildeo da consciecircncia sobre as relaccedilotildees

muacuteltiplas desse sistema e como os indiviacuteduos devem participar de forma

cooperativa Esta relaccedilatildeo cooperativa se manifesta atraveacutes da formaccedilatildeo de

associaccedilotildees que estabelecem ligaccedilotildees e lhes concedem empoderamentos para

buscar parcerias que possam ajudar na estruturaccedilatildeo de suas organizaccedilotildees

A partir da conscientizaccedilatildeo cada integrante dessa associaccedilatildeo passa a

conhecer as possibilidades e as necessidades de cada membro da organizaccedilatildeo

Nas localidades onde ocorrem processos de desenvolvimento baseados em

parcerias entre muacuteltiplos atores produtivos governamentais empresariais e sociais

6 A teoria autopoieacutetica tem como ideia baacutesica um sistema organizado autossuficiente Este sistema produz e

recicla seus proacuteprios componentes diferenciando-se do meio exterior

24

pode-se dizer metaforicamente que existe parceria e que estas coevoluem

estabelecendo entre si relaccedilotildees em que todos ganham nesta rede

Desta forma o sistema seraacute sustentaacutevel agrave medida que sua flexibilidade e sua

diversidade estatildeo estreitamente ligadas com esta nova estrutura denominada de

rede sistecircmica Com essa conectividade o desenvolvimento sustentaacutevel local flui de

forma integrada e passa a ser uma estrateacutegia que facilita a conquista da

sustentabilidade social econocircmica cultural e ambiental de um territoacuterio ou regiatildeo

Segundo Buarque (1999) desenvolvimento sustentaacutevel eacute ldquoo processo de

mudanccedila social e elevaccedilatildeo das oportunidades da sociedade compatibilizando no

tempo e no espaccedilo o crescimento e a eficiecircncia econocircmica a conservaccedilatildeo

ambiental a qualidade de vida e a equidade social partindo de um claro

compromisso com o futuro e a solidariedade entre geraccedilotildeesrdquo

Nesta oacutetica o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um processo que gera a

melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos com base no fortalecimento

econocircmico e competitivo em consonacircncia com os recursos naturais e ambientais

Por outro lado o desenvolvimento de uma sociedade natildeo deve ser

confundido com crescimento econocircmico que eacute apenas uma condiccedilatildeo necessaacuteria

poreacutem natildeo eacute suficiente Este desenvolvimento estaacute diretamente ligado agrave reduccedilatildeo da

desigualdade social (SACHS 2005)

Neste sentido noccedilotildees como as de capital social e de territorialidade tambeacutem

satildeo fatores importantes para compreensatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel e da

reduccedilatildeo das desigualdades sociais A importacircncia da reflexatildeo sobre esse tema

contribui para melhor entendimento dos processos de inovaccedilatildeo e de accedilotildees indutoras

do desenvolvimento local

A territorialidade neste contexto reflete a vivecircncia dos atores de uma

determinada regiatildeo em toda a sua abrangecircncia e em suas muacuteltiplas dimensotildees ndash

cultural poliacutetica econocircmica e social O capital social expressa a valorizaccedilatildeo de

recursos inseridos nas estruturas sociais (conhecimento taacutecito por exemplo) que

natildeo satildeo contabilizados por outras formas de capital (ALBAGLI MACIEL 2004)

Sendo assim o conhecimento taacutecito o processo de aprendizado a

sedimentaccedilatildeo do conhecimento e respectivo desenvolvimento de um grupo social

25

em um espaccedilo geograacutefico passa forccedilosamente pela dinacircmica inovativa local

particularmente no que tange agrave produccedilatildeo e ao compartilhamento de informaccedilotildees e

conhecimento para os atores de um determinado territoacuterio em que se desenvolve

uma atividade econocircmica

Segundo Franco (2000) o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um modo de

promover o desenvolvimento que leva em conta o papel de todos os fatores que

envolvem coletividade sociedade niacutevel educacional da populaccedilatildeo

empreendedorismo geraccedilatildeo de emprego e renda fatores econocircmicos e sociais e

governos para tornar dinacircmicas as potencialidades que podem ser identificadas

quando olhamos para uma unidade socioterritorial delimitada

Entretanto segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) o crescimento econocircmico

eficiente a equidade social e a manutenccedilatildeo do meio ambiente ldquo natildeo satildeo

assegurados pela simples disponibilidade de bens e serviccedilos haacute que se incorporar a

participaccedilatildeo e integraccedilatildeo ativa do cidadatildeo no jogo poliacutetico e social para que os

objetivos acima sejam alcanccedilaacuteveisrdquo

Contudo se faz necessaacuterio repensar a dimensatildeo poliacutetica pois o

desenvolvimento sustentaacutevel ainda enfrenta problemas para sua efetividade tendo

em vista que ainda natildeo exista um consenso para a soluccedilatildeo das tensotildees entre os

objetivos de eficiecircncia equidade e conservaccedilatildeo Esses problemas devem ser

tratados pelos gestores puacuteblicos a partir de uma metodologia de planejamento que

trate essas dificuldades com metas a meacutedio e longo prazo Desta forma novas

iniciativas de competitividade e desenvolvimento sustentaacutevel poderatildeo ser exequiacuteveis

em regiotildees economicamente carentes de accedilotildees governamentais

Ainda segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) ldquo o planejamento nessa

concepccedilatildeo propicia a construccedilatildeo de hegemonias atraveacutes das estrateacutegias

prioridades e instrumentos de accedilatildeo onde se abre a possibilidade para a participaccedilatildeo

mais efetiva da sociedade e incorpora-se um maior leque de atores sociaisrdquo

Neste contexto a importacircncia estrateacutegica dos Arranjos Produtivos Locais no

desenvolvimento regional sustentaacutevel vem ganhando forccedila devido a concepccedilatildeo de

organizaccedilatildeo de empresas que desenvolvem suas atividades econocircmicas em um

mesmo espaccedilo geograacutefico Essa forma de organizaccedilatildeo aumenta a participaccedilatildeo dos

diversos atores atuantes no arranjo e propicia a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

26

que venham consolidar o desenvolvimento social econocircmico e ambiental de um

territoacuterio

22 Arranjo Produtivo Local

O economista Alfred Marshall no fim do seacuteculo XIX elaborou o conceito de

distritos industriais em sua obra Princiacutepio de Economia (Marshall 1996) Este

conceito apresenta como padratildeo de organizaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de pequenas

empresas de mesma especialidade econocircmica aglomeradas em um mesmo

territoacuterio com relaccedilotildees articuladas e de proximidade Marshall jaacute ressaltava as

vantagens da vizinhanccedila de empresas do mesmo ramo em uma dada localidade

Esta proximidade permite que os atores pratiquem uma cooperaccedilatildeo ativa e

produtora de sinergia (LE BOURLEGAT 2006)

As vaacuterias estrateacutegias de consolidaccedilatildeo de sistema produtivo local a exemplo

dos distritos industriais italianos tambeacutem chamada de Terceira Itaacutelia (centro e

nordeste italiano) satildeo as que mais se aproximam do conceito de Marshall onde

uma aglomeraccedilatildeo de pequenas empresas eacute organizada por uma divisatildeo de trabalho

baseada no equiliacutebrio entre concorrecircncia e cooperaccedilatildeo funcionando em rede Essa

estrateacutegia impulsiona inovaccedilotildees contiacutenuas e especializa a produccedilatildeo de produtos de

alta qualidade (AMARAL FILHO et al 2002)

Segundo Casarotto Filho e Pires (2001) os distritos industriais italianos satildeo

constituiacutedos de pequenas e meacutedias empresas especializadas em um setor com

modelo altamente competitivo de grande interaccedilatildeo com compartilhamento das

estruturas produtivas e com ambiente social territorial

Para Castanhar (2006) os distritos industriais possuem relaccedilotildees sociais

poliacuteticas e econocircmicas que influenciam o interior do sistema produtivo Neste caso o

sucesso dos distritos depende da dimensatildeo econocircmica (organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

tecnologia mercados produtividade) e das dimensotildees social e poliacutetico-institucional

A partir de 1990 o economista Michael Porter em seu livro Competitive

Advantages of Nations (PORTER 1999) definiu o conceito de cluster como ldquoum

agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e

instituiccedilotildees correlatas numa determinada aacuterea vinculada por elementos comuns e

27

complementaresrdquo ou seja eacute uma concentraccedilatildeo de empresas que se comunicam por

possuiacuterem caracteriacutesticas semelhantes e coabitarem no mesmo local Elas

colaboram entre si e assim se tornam mais eficientes

Segundo Schmitz e Nadvi (1999) o termo cluster eacute definido como sendo uma

concentraccedilatildeo setorial e espacial de empreendimentos com ecircnfase na visatildeo de

empresas conectadas em fatores locais voltados para a competiccedilatildeo em mercados

globalizados

Para Galvatildeo (2000) um cluster pode ser considerado como ldquotodo tipo de

aglomeraccedilatildeo de atividades geograficamente concentradas e setorialmente

especializadas ndash natildeo importando o tamanho das unidades produtivas nem a

natureza da atividade econocircmica desenvolvida podendo ser da induacutestria de

transformaccedilatildeo do setor de serviccedilos e ateacute da agriculturardquo

Amato Neto (2008) afirma que um cluster pode ser estruturado por

aglomeraccedilotildees de empresas envolvendo fornecedores de mateacuteria-prima e

equipamentos canais de distribuiccedilatildeo e de assistecircncia aos seus produtos

Ainda para Amato Neto (2008) um cluster possui um ambiente favoraacutevel para

a divisatildeo de tarefas entre empresas bem como para a especializaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

requisitos indispensaacuteveis para a competiccedilatildeo em mercados externos Neste

ambiente as empresas pertencentes a um cluster possuem grande sinergia

Segundo Porter (1999 p239) a dimensatildeo da competitividade para

aglomerados produtivos sugere novas pautas de accedilotildees para as empresas governos

e instituiccedilotildees Para o autor eacute necessaacuterio dar ecircnfase agrave localizaccedilatildeo e aos espaccedilos

geograacuteficos em que estatildeo inseridas as empresas que aleacutem de competirem

cooperam entre si Esse conceito analisa a natureza da competiccedilatildeo e o papel da

localizaccedilatildeo na identificaccedilatildeo de vantagens competitivas A teoria sobre aglomerados

para o autor busca avaliar os efeitos na competitividade decorrentes da

aproximaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees que estatildeo economicamente interligadas

num determinado territoacuterio

No Brasil pesquisadores preocupados em compreender a natureza e

consequecircncias dos atuais desafios do desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico e

portanto da dificuldade de definir e implementar poliacuteticas adequadas aos mesmos

28

criaram em 1997 a RedeSist7 uma rede de pesquisa interdisciplinar e multi-

institucional sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro - UFRJ contando com a participaccedilatildeo de vaacuterias universidades e institutos de

pesquisa

De acordo com o conceito de sistemas e arranjos produtivos desenvolvido

pela RedeSist quando houver produccedilatildeo de bens ou serviccedilo existiraacute um arranjo que

envolve atividades e atores demandantes de mateacuteria-prima maacutequinas e insumos

Esses arranjos poderatildeo se apresentar em diferentes niacuteveis desde os mais

rudimentares que natildeo possuam uma forte articulaccedilatildeo entre os agentes ateacute os mais

complexos e articulados que apresentam interaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e confianccedila entre os

atores

Em 2002 Albagli e Brito definem Arranjo Produtivo Local ndash APL como

ldquoaglomerados territoriais de agentes econocircmicos poliacuteticos e sociais com foco em

um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas e que apresentam viacutenculos e

interdependecircnciardquo

Neste sentido a formaccedilatildeo de um APL manteacutem ligaccedilatildeo estreita com os fatores

histoacutericos que criam identidades e viacutenculos territoriais com base social cultural

poliacutetica e econocircmica comum Tal formaccedilatildeo cria facilidades para o desenvolvimento

de ambientes favoraacuteveis agrave cooperaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo e agrave confianccedila entre os agentes

locais envolvidos

Lastres e Cassiolato (2003) coordenadores da RedeSist acrescentam

Arranjos Produtivos Locais satildeo aglomeraccedilotildees territoriais de agentes econocircmicos

poliacuteticos e sociais - com foco em um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas -

que apresentam viacutenculos mesmo que incipientes Geralmente envolvem a

participaccedilatildeo e a interaccedilatildeo de empresas - que podem ser desde produtoras de bens

e serviccedilos finais ateacute fornecedoras de insumos e equipamentos prestadoras de

consultoria e serviccedilos comercializadoras clientes entre outros - e suas variadas

formas de representaccedilatildeo e associaccedilatildeo Incluem tambeacutem diversas outras instituiccedilotildees

puacuteblicas e privadas voltadas para formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

(como escolas teacutecnicas e universidades) pesquisa desenvolvimento e engenharia

poliacutetica promoccedilatildeo e financiamento

7 Redisist - httpwwwredesistieufrjbr

29

Em 2005 sentindo a necessidade de ampliar e adequar o conceito de APL

para um novo cenaacuterio econocircmico e social do paiacutes a RedeSist propocircs uma definiccedilatildeo

mais completa O novo conceito denominado Arranjo e Sistema Produtivo e

Inovativo Local ndash ASPIL tem como foco um conjunto especiacutefico de atores e

atividades econocircmicas e que privilegia a investigaccedilatildeo das articulaccedilotildees entre as

empresas associaccedilotildees cooperativas e demais atores que compotildeem o arranjo os

fluxos de conhecimento em particular o taacutecito os processos de aprendizado para

capacitaccedilatildeo produtiva a forma organizacional e inovativa aleacutem da importacircncia da

proximidade geograacutefica e identidade histoacuterica institucional social e cultural com

base em vantagens competitivas e economicamente sustentadas (LASTRES

CASSIOLATO CAMPOS 2006)

A abrangecircncia do conceito acima converge para uma visatildeo de agrupamento

de produtores ou empresas ao conceito de territorialidade tendo como resultado a

construccedilatildeo sociopoliacutetica necessaacuteria para se constituir as bases para um efetivo

pacto territorial em prol do desenvolvimento local de uma regiatildeo Essa conexatildeo

permite que atividades produtivas e territorialidade seja o principal lastro de

sustentabilidade de um APL

Com o objetivo de discutir a dimensatildeo conceitual do que realmente eacute um APL

e quais as vantagens que os agentes participantes desta conformaccedilatildeo

sociogeograacutefica de produccedilatildeo logram Costa (2007 p127) define o termo APL como

Um espaccedilo social econocircmico e historicamente construiacutedo atraveacutes de uma

aglomeraccedilatildeo de empresas (ou produtores) similares eou fortemente inter-

relacionadas ou interdependentes que interagem numa escala espacial local

definida e limitada atraveacutes de fluxos de bens e serviccedilos Para isto desenvolvem

suas atividades de forma articulada por uma loacutegica socioeconocircmica comum que

aproveita as economias externas o binocircmio cooperaccedilatildeo-competiccedilatildeo a identidade

sociocultural do local a confianccedila muacutetua entre os agentes do aglomerado as

organizaccedilotildees ativas de apoio para a prestaccedilatildeo de serviccedilos os fatores locais

favoraacuteveis (recursos naturais recursos humanos cultura sistemas cognitivos

logiacutestica infraestrutura etc) o capital social e a capacidade de governanccedila da

comunidade

Neste caso um APL pode ser entendido como um grupo de atores

pertencentes a um aglomerado produtivo que tecircm como finalidade o crescimento de

uma produccedilatildeo por meio da interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo O autor destaca que o termo

30

APL se refere agrave concentraccedilatildeo de quaisquer atividades similares atuantes em um

mesmo espaccedilo geograacutefico natildeo importando o tamanho das empesas podendo estas

pertencer ao setor primaacuterio secundaacuterio ou ateacute mesmo terciaacuterio variando desde

estruturas artesanais ateacute arranjos de grandes empresas com elevado grau de

tecnologia

A partir dessas definiccedilotildees o entendimento e aplicaccedilatildeo do conceito de APL se

tornou nos uacuteltimos anos uma ferramenta importante no desenvolvimento

socioeconocircmico de uma regiatildeo Entretanto se faz necessaacuterio o compartilhamento e

socializaccedilatildeo desse conceito entre os diversos atores que compotildeem um

agrupamento produtivo sobretudo em territoacuterios que desenvolvem atividades

econocircmicas agriacutecolas e artesanais que ainda possuem baixos iacutendices de

desenvolvimento socioeconocircmico de organizaccedilatildeo produtiva e de inclusatildeo social

Para obtenccedilatildeo desse nivelamento estrateacutegias educacionais com abordagens

especiacuteficas tais como conhecimentos e inovaccedilatildeo se fazem necessaacuterios para que o

conceito de APL seja compreendido por todos os atores e parceiros Essa

compreensatildeo requer a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos instituiccedilotildees de ensino

pesquisa e do setor privado como forma de sensibilizar o agrupamento produtivo

para a importacircncia de um APL e as vantagens que esse aglomerado poderaacute trazer

para um territoacuterio ou mesmo uma regiatildeo

Com essa visatildeo o conhecimento e a inovaccedilatildeo fontes de vantagens

competitivas resultam de um processo de aprendizado interativo e de natureza

social Uma condiccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do aprendizado por

interaccedilatildeo eacute o estabelecimento de uma mesma forma de comunicaccedilatildeo entre os

agentes de modo a facilitar o intercacircmbio de informaccedilotildees Nos APLs normalmente

o canal de comunicaccedilatildeo jaacute estaacute criado o que simplifica o fluxo e a difusatildeo de

informaccedilotildees e conhecimento Em consequecircncia poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a

estruturaccedilatildeo de APLs podem contribuir para a obtenccedilatildeo de vantagens competitivas

advindas dos processos de interaccedilatildeo por parte das empresas inseridas nos arranjos

Neste caso as condiccedilotildees institucionais e culturais permitem o intercacircmbio de

conhecimento sobretudo o conhecimento taacutecito fundamental para o processo

inovativo que traz consigo o conhecimento intriacutenseco dos atores que jaacute participam

de uma aglomeraccedilatildeo produtiva

31

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs

Nesta seccedilatildeo seraacute discutido o conceito de poliacuteticas puacuteblicas e quais as

poliacuteticas existentes voltadas para Arranjos Produtivos Locais no acircmbito federal

estadual e municipal

Poliacuteticas puacuteblicas satildeo accedilotildees governamentais assumidas pelos governos e

instituiccedilotildees puacuteblicas estatais com o objetivo de concretizar os direitos humanos

coletivos ou direitos sociais garantidos em lei Natildeo se pode falar em poliacutetica puacuteblica

dissociada da relaccedilatildeo entre estado e sociedade

As poliacuteticas compreendem tudo o que o Estado faz em prol do

desenvolvimento do paiacutes Nessa compreensatildeo essas poliacuteticas podem oportunizar a

melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo redistribuindo renda e reduzindo as

desigualdades sociais

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo explicitadas sistematizadas ou formuladas em

documentos (leis programas linhas de financiamentos) que orientam accedilotildees que

normalmente envolvem aplicaccedilotildees de recursos puacuteblicos

Tais poliacuteticas tambeacutem traduzem no seu processo de elaboraccedilatildeo e

implantaccedilatildeo e sobretudo em seus resultados formas de exerciacutecio do poder poliacutetico

e econocircmico (accedilotildees governamentais) envolvendo a distribuiccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de

poder o papel do conflito social nos processos de decisatildeo a reparticcedilatildeo de custos e

benefiacutecios socioeconocircmicos

Como o poder eacute uma relaccedilatildeo social que envolve vaacuterios atores com projetos e

interesses diferenciados e ateacute contraditoacuterios haacute necessidade de mediaccedilotildees sociais

e institucionais para que se possa obter um miacutenimo de consenso e assim as

poliacuteticas puacuteblicas possam ser legitimadas e obter eficaacutecia (TEIXEIRA 2002)

O estudo e a anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas que deram subsiacutedios a este

trabalho mostram que algumas regiotildees brasileiras tecircm alcanccedilado destaque no

cenaacuterio nacional cujas atividades econocircmicas e sociais satildeo voltadas para o

desenvolvimento de APLs Esses arranjos vecircm se consolidando a cada dia onde

poliacuteticas satildeo implementadas e executadas de forma adequada agraves necessidades de

cada territoacuterio

32

Ressalta-se que para a obtenccedilatildeo de resultados positivos com a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas satildeo necessaacuterias estrateacutegias de acompanhamento e

de afericcedilatildeo dos resultados alcanccedilados levando-se em consideraccedilatildeo programas que

sejam intensos em conhecimento regional cultural social e que proporcionem

sustentabilidade ambiental

Uma percepccedilatildeo mais holiacutestica do soerguimento de uma regiatildeo recai sobre a

visatildeo da participaccedilatildeo da sociedade na formulaccedilatildeo de poliacuteticas que contemplem a

reduccedilatildeo da desigualdade social e a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e renda principalmente

em aacutereas rurais

Sendo assim na concepccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica vaacuterios fatores devem ser

considerados o desenvolvimento regional como parte essencial da estrateacutegia do

desenvolvimento nacional as vocaccedilotildees econocircmicas existentes em cada regiatildeo a

formulaccedilatildeo de programas que permitam associar as diferentes dimensotildees do

desenvolvimento sustentaacutevel a implantaccedilatildeo de projetos estruturantes e a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas agraves necessidades das comunidades e agraves

condiccedilotildees das diferentes regiotildees e territoacuterios brasileiros

Dentro desta visatildeo a poliacutetica para APL desponta como um indutor de

desenvolvimento econocircmico social e cultural sobretudo em regiotildees produtivas

ainda consideradas de baixa renda

Buscando efetivar accedilotildees que permitam aos estados brasileiros a se

desenvolverem economicamente e com equidade social o Governo Federal tem

monitorado as accedilotildees dos programas governamentais colocados em seu Plano

Plurianual ndash PPA buscando averiguar o desenvolvimento e atuaccedilatildeo desses

programas

Este acompanhamento eacute realizado por oacutergatildeos federais e tem como finalidade

verificar a eficiecircncia dos programas e obter dados que comprovem o

desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes sobretudo das regiotildees mais carentes A

implementaccedilatildeo desses programas tem como prioridades a inclusatildeo social de

indiviacuteduos a geraccedilatildeo de emprego e renda a ampliaccedilatildeo de novos empreendimentos

em aacutereas produtivas a fixaccedilatildeo das populaccedilotildees rurais em aacutereas com potencial

econocircmico e cultural para ampliaccedilatildeo de agronegoacutecios o espraiamento da agricultura

familiar e a estruturaccedilatildeo de APLs economicamente viaacuteveis

33

Neste sentido o governo brasileiro tambeacutem tem despertado para a grande

problemaacutetica do desemprego e para o crescente nuacutemero de habitantes nas

metroacutepoles Como alternativa os oacutergatildeos governamentais entenderam que os APLs

podem ser uma estrateacutegia para valorizaccedilatildeo do local empregando pessoas da

comunidade evitando assim o ecircxodo para os grandes centros urbanos

Uma das estrateacutegias que o Governo Federal encontrou para alavancar os

APLs foi a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que apoiem e ajudem no desenvolvimento

dessas aglomeraccedilotildees de empresas e de organizaccedilotildees produtivas Essas poliacuteticas de

incentivos aos arranjos produtivos locais no paiacutes tecircm se tornado consistentes jaacute

sendo possiacutevel visualizar resultados satisfatoacuterios com sua implementaccedilatildeo

(BARROSO SOARES 2009)

Aleacutem do mais as poliacuteticas de desenvolvimento local principalmente aquelas

direcionadas para APLs tecircm gerado respostas positivas aos desafios impostos por

um novo padratildeo social e tecnoloacutegico de produccedilatildeo e pelas novas estrateacutegias de

desenvolvimento regional endoacutegeno

Sendo assim em uma economia que tem como um dos principais elementos

de competitividade a inovaccedilatildeo poliacuteticas que estimulem a cooperaccedilatildeo o aprendizado

e o intercacircmbio de conhecimento tornam-se significativas para que o processo

inovativo produza soluccedilotildees agraves necessidades impostas por esse novo padratildeo vigente

dentro dos arranjos produtivos (GOacuteES GUERRA 2008)

Eacute de relevacircncia ainda frisar que estas accedilotildees de poliacuteticas tanto puacuteblicas como

privadas contribuem para o aprimoramento desses processos inovativos tanto

histoacutericos como sociais e fomentam a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de APLs que

por sua vez permitem um melhor direcionamento das poliacuteticas de desenvolvimento

regional (ALBAGLI BRITO 2002)

Essas iniciativas governamentais segundo Brito e Cassiolato (2002) vecircm se

intensificando cada vez mais no uso de accedilotildees que visam o aumento das

articulaccedilotildees e interaccedilotildees entre empresas eou atores locais O desdobramento

desse processo contribui para a identificaccedilatildeo de fatores relacionados ao grau de

competitividade e perspectivas de desenvolvimento em escala local e regional

Historicamente o estudo das aglomeraccedilotildees produtivas na forma de APLs

ganhou relevacircncia na uacuteltima deacutecada no Brasil a partir de experiecircncias bem-

34

sucedidas de organizaccedilatildeo produtivaindustrial em diferentes paiacuteses em particular na

Itaacutelia Estas experiecircncias chamaram a atenccedilatildeo de diversos oacutergatildeos puacuteblicos e

instituiccedilotildees nacionais e locais que passaram a implementar medidas de apoio para

promover a competitividade das empresas integrantes de aglomeraccedilotildees industriais

(SCHIMIDT FILHO PAULA 2008)

No Brasil a partir de 1997 o conceito de APL e Sistemas Inovativos Locais foi

rapidamente disseminado na esfera do ensino e da pesquisa e na esfera

governamental com a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

No final da deacutecada de 90 a academia passa a discutir a importacircncia do

conceito de APL e incorpora o desejo e a necessidade de promover uma discussatildeo

mais profunda sobre as novas ameaccedilas e oportunidades para os paiacuteses latino-

americanos ndash e particularmente o Brasil ndash diante das mudanccedilas recentes

Com o objetivo de ampliar e divulgar estudos sobre o referido tema em 1997

foi criada a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais ndash

RedeSist sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro

Os pesquisadores participantes dessa rede visam desenvolver trabalhos de

pesquisa e discutir temas que estatildeo relacionados aos novos requerimentos e formas

de desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico bem como averiguar o papel os

objetivos e os instrumentos de poliacuteticas tecnoloacutegicas e industriais adotadas no novo

cenaacuterio internacional Atualmente a RedeSist conta com a participaccedilatildeo de vaacuterias

universidades e institutos de pesquisa no Brasil aleacutem de manter parcerias com

outras instituiccedilotildees da Ameacuterica Latina Europa e Aacutesia (RedeSist 2011)

Os principais resultados das pesquisas realizadas pela RedeSist confirmam

que a aglomeraccedilatildeo de empresas e o aproveitamento das sinergias coletivas geradas

por suas interaccedilotildees vecircm fortalecendo suas chances de sobrevivecircncia e crescimento

constituindo-se em importante fonte geradora de vantagens competitivas

duradouras

A participaccedilatildeo dinacircmica em arranjos produtivos locais tem auxiliado

especialmente as empresas enquadradas como Micro Pequena e Meacutedia Empresa -

MPME a ultrapassarem as barreiras que impedem seu crescimento a produzirem

35

eficientemente e a comercializarem seus produtos em mercados nacionais e ateacute

internacionais

Partindo da necessidade de modernizaccedilatildeo do Estado e de investimentos no

setor produtivo do paiacutes o Governo Federal buscou efetivar poliacuteticas para que os

oacutergatildeos puacuteblicos tivessem maior controle nos seus gastos e que o Brasil investisse

em programas e projetos estruturantes

A ideia dessas poliacuteticas era natildeo mais financiar projetos isolados e sim investir

em projetos coletivos que pudessem beneficiar territoacuterios socioeconocircmicos para as

regiotildees com vocaccedilotildees naturais jaacute identificadas e promotoras de atividades

econocircmicas sustentaacuteveis

Em 1998 o Governo institui o Programa de Estabilidade Fiscal e em 2000 a

Lei de Responsabilidade Fiscal ndash LRF (Lei Complementar 101 de 04 de maio de

2000 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 05052000) Esta lei regulamentava o

planejamento fiscal como forma de orientar os gastos futuros

Em 1999 visando a Reforma do Estado o Governo promulgou a lei 981199

que definia as diretrizes para elaboraccedilatildeo da lei orccedilamentaacuteria de 2000 e em 21 de

julho de 2000 publicou a LEI Nordm 9989 que instituiu o Plano Plurianual ndash PPA para o

quadriecircnio 2000-2003 (Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 27072000) Esse PPA teve como

objetivo elaborar normas para a programaccedilatildeo dos recursos e do ciclo de gestatildeo do

setor puacuteblico definindo as estrateacutegias para a elaboraccedilatildeo do plano e do orccedilamento

bem como o acompanhamento da execuccedilatildeo orccedilamentaacuteria financeira e a avaliaccedilatildeo

do desempenho da accedilatildeo governamental

A incorporaccedilatildeo do conceito de APL como poliacutetica puacuteblica pelo Governo

Federal teve iniacutecio em 1999 no acircmbito do Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia ndash

MCT Em parceria com os Estados da Federaccedilatildeo foram identificados APLs que

tiveram projetos de cooperaccedilatildeo entre institutos de pesquisa e empresas visando

aprimorar produtos e processos oriundos desses aglomerados Foi tambeacutem incluiacuteda

pela primeira vez uma accedilatildeo para APLs no Plano Plurianual do Governo (PPA 2000-

2003) de responsabilidade do MCT (LASTRES 2007)

Neste periacuteodo tambeacutem foram apoiadas pesquisas acadecircmicas tanto de cunho

teoacuterico como empiacuterico financiadas pelas agecircncias vinculadas ao MCT Conselho

36

Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash CNPq e a Financiadora de

Estudos e Projetos ndash FINEP

Reconhecendo a importacircncia dos APLs que refletem uma nova percepccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento em que o local passa a ser visto como eixo

orientador de promoccedilatildeo social o Governo Federal instituiu atraveacutes da Portaria

Interministerial nordm 200 de 03082004 (e reeditada em 24102005) o Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais ndash GTP APL coordenado pelo

Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

O GTP APL tem como finalidade elaborar e propor diretrizes gerais para as

accedilotildees coordenadas de apoio a Arranjos Produtivos Locais Este grupo elaborou em

2004 um Termo de Referecircncia para Poliacutetica Nacional de Apoio ao Desenvolvimento

de Arranjos Produtivos Locais - Versatildeo para discussatildeo do GT Interministerial (MDIC

2004) definindo a caracterizaccedilatildeo de um APL a partir de duas premissas ter um

nuacutemero significativo de empreendimentos no territoacuterio e de indiviacuteduos que atuam em

torno de uma atividade produtiva predominante e compartilhar formas percebidas de

cooperaccedilatildeo e algum mecanismo de governanccedila8 podendo ser incluiacutedas pequenas

meacutedias e grandes empresas

Para solidificar esta poliacutetica o trabalho do GTP APL conta com a participaccedilatildeo

de 33 oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais e tem mapeado 142 APLs

prioritaacuterios (de maior relevacircncia socioeconocircmica) identificados atraveacutes do Plano de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP nos 27 estados brasileiros Outra accedilatildeo

importante orientada pelo GTP APL em todo o Brasil foi a instalaccedilatildeo dos Nuacutecleos

Estaduais que tecircm como objetivo organizar as demandas dos APLs analisar suas

propostas e promover as articulaccedilotildees institucionais com vistas ao apoio demandado

Os Nuacutecleos Estaduais satildeo compostos por entidades dos diversos segmentos da

sociedade capazes de planejar e executar accedilotildees identificadas na elaboraccedilatildeo dos

PDPs (GTP-APL 2007)

A partir de 2007 com o intuito de fomentar projetos produtivos de APLs de

baixa renda e ampliar o alcance de sua atuaccedilatildeo o BNDES utilizando recursos natildeo

8 Mecanismo de governanccedila ndash Existecircncia de canais (pessoas fiacutesicas ou organizaccedilotildees) capazes de Liderar e organizar atores em prol de objetivos comuns nas atividades em APL ou coordenar as accedilotildees dos diferentes atores para o cumprimento de objetivos comuns ou negociar os processos decisoacuterios locais ou promover processos de geraccedilatildeo disseminaccedilatildeo e uso de conhecimentos (MDIC 2004)

37

reembolsaacuteveis do Fundo Social firma parceria com os governos dos Estados

(LASTRES LEMOS KAPLAN GARCEZ MAGALHAtildeES 2010) Esta parceria

objetivava complementar o apoio financeiro concedido pelos Estados a

empreendimentos solidaacuterios de baixa renda contribuindo dessa forma para a

reduccedilatildeo de desigualdades sociais e geraccedilatildeo de trabalho e renda A poliacutetica adotada

tinha como finalidade desenvolver e adensar atividades econocircmicas em aacutereas de

populaccedilotildees de baixa renda cujas caracteriacutesticas produtivas estivessem naturalmente

sendo desenvolvidas como aglomerados produtivos

Outra agecircncia de fomento agrave pesquisa e desenvolvimento de APLs eacute o Fundo

de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash FUNDECI administrado pelo

Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste ndash ETENE do Banco do

Nordeste do Brasil SA ndash BNB Essa agecircncia tem apoiado projetos de pesquisa

difusatildeo e transferecircncia de tecnologia para arranjos produtivos locais no Nordeste

brasileiro9

Tendo em vista que diversas instituiccedilotildees estatildeo aplicando poliacuteticas puacuteblicas

para o desenvolvimento socioeconocircmico voltado para APLs faz-se necessaacuterio

analisar quais as contribuiccedilotildees que tais poliacuteticas tem proporcionado para a

estruturaccedilatildeo de Arranjos Produtivos Locais na Paraiacuteba e quais os entraves

encontrados na sua implementaccedilatildeo

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento

Regional Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs

O conceito de sustentabilidade parte da necessidade de estimular e

potencializar os recursos locais capazes de promover o crescimento econocircmico

social e cultural e de minimizar os impactos ambientais

Haddad (2003) afirma que este conceito natildeo se prende somente a

produtividade dos recursos naturais e de conservaccedilatildeo da base fiacutesica de uma regiatildeo

ou paiacutes mas frisa a importacircncia da equidade interpessoal (sustentabilidade social) e

9 httpwwwbnbgovbrcontentaplicacaosobre_nordestefundecigeradosfundeci_obtendoasp

38

intertemporal (sustentabilidade ambiental) considerando uma regiatildeo que natildeo sofra

com o uso indevido dos recursos naturais por empreendimentos econocircmicos

A importacircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel eacute priorizada

segundo as dimensotildees sociais considerando o processo de organizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo e a participaccedilatildeo da sociedade civil na formataccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

para as regiotildees Este desenvolvimento enfatiza tambeacutem a valorizaccedilatildeo dos recursos

econocircmicos humanos institucionais e culturais

Esse padratildeo de desenvolvimento avalia as capacidades e potencialidades

existentes no territoacuterio Novas poliacuteticas devem proporcionar o fortalecimento de um

ambiente adequado e satisfatoacuterio agrave criaccedilatildeo e implantaccedilatildeo de sistemas produtivos

locais bem como ampliar as relaccedilotildees sociais econocircmicas tecnoloacutegicas e

comerciais entre os diversos atores participantes do processo de desenvolvimento

Partindo desta ideia o conceito de APL pode ser fortalecido se a este for

associada a visatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel enfocando o aprendizado jaacute

adquirido pelos atores a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica capaz de melhorar os sistemas

produtivos e a territorialidade

A estrateacutegia de analisar o APL da Citricultura sob a oacutetica do desenvolvimento

sustentaacutevel teve como objetivo entender o territoacuterio estudado e averiguar o

desenvolvimento socioeconocircmico do APL sua trajetoacuteria e seu crescimento regional

Sendo assim tal anaacutelise permitiu ampliar os conhecimentos sobre a sinergia

coletiva gerada no arranjo e propor accedilotildees para que empresas associaccedilotildees e

cooperativa existentes no aglomerado produtivo sejam indutoras de vantagens

competitivas duradouras

No proacuteximo capiacutetulo eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina da Paraiacuteba bem como suas potencialidades problemas

identificados e as instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo promotoras de poliacuteticas puacuteblicas

para o segmento

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA TANGERINA NA PARAIacuteBA

A partir dos diagnoacutesticos elaborados pela EMEPA (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2006 e LOPES ALBUQUERQUE BRITO 2008) eacute possiacutevel caracterizar o

Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba pois

mesmo natildeo estando consolidado este segmento apresenta um conjunto de

variaacuteveis e accedilotildees de trabalho relacionados a um APL Este aglomerado produtivo

possui produtores participantes de associaccedilotildees nos municiacutepios de produccedilatildeo de

tangerina distribuidores comercializadores (atravessadores) mercado consumidor

demandante organizaccedilotildees voltadas agrave formaccedilatildeo e treinamento de recursos

humanos informaccedilatildeo pesquisa e desenvolvimento instituiccedilotildees de apoio ao fomento

e a regulaccedilatildeo e uma clara percepccedilatildeo de cooperaccedilatildeo e governanccedila atraveacutes da

existecircncia de uma cooperativa

Nesta seccedilatildeo seraacute apresentado o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

como ele estaacute estruturado e quais os problemas que impedem a sua consolidaccedilatildeo

como um arranjo produtivo local sustentaacutevel

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

O Brasil eacute o maior produtor mundial de laranja cuja produccedilatildeo foi

aproximadamente 191 milhotildees de toneladas em 2010 seguido dos Estados Unidos

da Ameacuterica - EUA com 75 milhotildees O Brasil tambeacutem eacute o maior exportador de suco

de laranja concentrado tendo exportado no ano de 2009 aproximadamente 575 mil

toneladas (FAO 2012) Os principais mercados consumidores de suco satildeo a Uniatildeo

Europeia comprando 72 e os Estados Unidos 121 (MDIC 2012)

A cultura ciacutetrica eacute a mais importante dentre as fruteiras cultivadas no Brasil

No entanto a produccedilatildeo brasileira estaacute concentrada em laranjas (cultivares Pera Rio

Valecircncia e Pera Natal) para a fabricaccedilatildeo de suco destinado aos mercados de

exportaccedilatildeo (PEREIRA 2009)

40

O grande propulsor do crescimento da induacutestria ciacutetrica nacional foi a geada

que atingiu em 1962 os pomares da Floacuterida nos Estados Unidos considerados ateacute

entatildeo os maiores produtores mundiais de laranja (NEVES 2010)

A consolidaccedilatildeo da induacutestria brasileira ocorreu definitivamente apoacutes as geadas

que voltaram a castigar a Floacuterida no final da deacutecada de 1980 causando perdas

substanciais na produccedilatildeo americana de laranja Com isso as exportaccedilotildees de suco

brasileiro se firmaram e a induacutestria nacional entrou numa fase de franca expansatildeo

(NEVES 2010)

A citricultura no Brasil desenvolveu-se dessa forma para a oferta de suco ao

mercado internacional Apenas 18 da produccedilatildeo satildeo destinados ao mercado

interno e nesse percentual os citros de mesa aparecem com baixa

representatividade (MAPA 2009)

A produccedilatildeo de citros encontra-se distribuiacuteda em quase todo o territoacuterio

nacional localizando-se principalmente nos estados de Satildeo Paulo Bahia Minas

Gerais Sergipe e Paranaacute (IBGE 2012)

Na regiatildeo Sudeste satildeo produzidos 8414 dos citros ao contraacuterio da regiatildeo

Nordeste responsaacutevel por apenas 912 da produccedilatildeo (MAPA 2009)

A regiatildeo Nordeste possui alguns polos de produccedilatildeo de citros de mesa

todavia natildeo satildeo suficientes para atender a demanda dos mercados de consumo ou

seja a produccedilatildeo de laranjas tangerinas limas aacutecidas e limotildees eacute menor que a

demandada pelo mercado consumidor (MAPA 2009)

Os estados da Bahia e de Sergipe destacam-se como os principais

produtores de citros (principalmente laranja) Entretanto a Paraiacuteba assume o

ranking de maior produtor de tangerina dentre os nove estados nordestinos (Quadro

2)

41

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do Nordeste

Estados Nordestinos produtores

Aacuterea plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Nordeste 3815 41267 10817 17216

Maranhatildeo 23 68 2957 46

Piauiacute 22 182 8273 148

Cearaacute 333 2207 6628 1162

Rio Grande do Norte 20 240 12000 72

Paraiacuteba 1892 14436 7630 4999

Pernambuco 333 3366 10108 2663

Sergipe 431 6586 15281 2314

Bahia 761 14182 18636 5813

Fonte IBGE (2010b)

A produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba (IBGE 2010b) concentra-se no Planalto da

Borborema (Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano) com aproximadamente 3150 ha

cultivados sendo 1892 ha de tangerinas 867 ha de laranjas e 391 ha de lima aacutecida

Tahiti tambeacutem conhecida entre os consumidores brasileiros como limatildeo Tahiti

No Quadro 3 eacute apresentado um comparativo da produccedilatildeo de citros (laranja

tangerina e limatildeo) da Paraiacuteba entre os anos de 2008 e 2010 Verifica-se que houve

um pequeno aumento na aacuterea plantada (44) e na quantidade produzida (33) de

tangerina

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

Produto Ano Aacuterea

plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Tangerina 2008 1812 13974 7711 4261

2010 1892 14404 7630 4999

Laranja 2008 1007 5527 5489 1874

2010 862 5314 6164 1910

Limatildeo 2008 304 2212 7276 1515

2010 391 2527 6462 1602

Fonte IBGE (2008) e IBGE (2010b)

42

A regiatildeo possui um importante diferencial competitivo devido a sua safra

ocorrer nos meses de agosto a dezembro sendo a Paraiacuteba o uacutenico estado brasileiro

a produzir tangerina dancy nesse periacuteodo Essa produccedilatildeo gera forte impacto de

venda pois os valores de comeacutercio estatildeo em franca ascensatildeo Observa-se no

Quadro 3 que o valor pago pela produccedilatildeo aumentou em 17 de 2008 para 2010

Este diferencial competitivo eacute evidenciado por Pozzan e Triboni (2005) onde

afirmam que a oferta de tangerina no paiacutes acumula-se nos meses de abril a

setembro (Quadro 4) ficando os outros meses com uma oferta abaixo da

capacidade dos mercados Nesses meses os preccedilos de comercializaccedilatildeo atingem

patamares bastante compensadores devido agrave baixa oferta de produtos de qualidade

no mercado

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo

Cultura Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Laranja

Tangerina

Lima e lima aacutecida

Manga

Goiaba

Cana

Cafeacute

Soja

Natildeo irrigada hachurado escuro = colheita da safra principal hachurado claro = colheita da safra extemporacircnea

Fonte Pozzan amp Triboni (2005)

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina da Paraiacuteba eacute composto pelos

municiacutepios de Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de

Roccedila Massaranduba e Matinhas pertencentes agrave Mesorregiatildeo do Agreste

Paraibano Nesta regiatildeo concentra-se a maior produccedilatildeo desse fruto de mesa no

Estado Segundo o IBGE (2010b) a produccedilatildeo de tangerina na regiatildeo foi 14404

toneladas em 2010 Na Figura 3 eacute apresentada a produccedilatildeo colhida em 2010 em

cada municiacutepio pertencente ao APL

43

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 2010

Fonte Adaptado do IBGE (2010b)

A plantaccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba estaacute localizada numa altitude acima de

500m o que favorece a existecircncia de um microclima ameno com irregularidades

pluviomeacutetricas ocorrendo em meacutedia de 1000 a 1200 mmano distribuiacutedas de

marccedilo a agosto A partir do mecircs de setembro as chuvas satildeo esparsas ocorrendo

um periacuteodo de veranico A umidade relativa do ar eacute em meacutedia de 85 nos meses

mais frios do ano (maio a agosto) e a temperatura noturna varia de 10 a 18ordmC

Durante o dia a temperatura varia de 20 a 25ordmC nos meses mais frios e acima de

25ordmC no periacuteodo de veratildeo O clima exerce grande influecircncia sobre o vigor e a

longevidade das plantas qualidade e quantidade de frutos (LOPES

ALBUQUERQUE MOURA 2007)

A maioria dos produtores utilizam basicamente matildeo-de-obra familiar e

ocasionalmente contratam trabalhadores durante principalmente o periacuteodo de

colheita Satildeo aproximadamente dois mil pequenos produtores envolvidos com suas

respectivas famiacutelias O setor gera aproximadamente 4000 empregos diretos e 6000

empregos indiretos Os trabalhadores contratados satildeo da regiatildeo e natildeo haacute muitos

empregos formais A citricultura assume uma grande importacircncia para a regiatildeo e

para o Estado devido ao nuacutemero de pessoas envolvidas e agrave geraccedilatildeo de emprego e

renda (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

A citricultura da regiatildeo apresenta-se como tipicamente de minifuacutendio e

familiar com meacutedia de 223 haproprietaacuterio e 83 com um a trecircs membros da famiacutelia

envolvidos na atividade Quanto agrave experiecircncia com o cultivo da laranja 68 dos

44

citricultores vivenciam a atividade haacute mais de dez anos (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2007)

Contudo este segmento ainda possui diversos problemas que impedem o

pleno ecircxito da cultura de tangerina no APL O principal problema eacute a baixa

produtividade com rendimento meacutedio de 7630 kgha muito abaixo da produtividade

de Sergipe e Bahia com 15281 kgha e 18636 kgha respectivamente (Quadro 2)

Aleacutem disso analisando a produccedilatildeo de tangerina nos anos 2008 e 2010

(Quadro 3) verifica-se que houve um crescimento relativamente pequeno

considerando a existecircncia de diversas accedilotildees realizadas por instituiccedilotildees parceiras

atuantes no arranjo em prol do desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo10 Nota-

se inclusive que o rendimento meacutedio caiu 105 nesse periacuteodo

Segundo Lopes Albuquerque e Moura (2006) alguns dos problemas teacutecnicos

identificados como responsaacuteveis por essa baixa produtividade satildeo ausecircncia de

mudas de qualidade (mudas certificadas) espaccedilamentos inadequados adubaccedilatildeo

deficiente manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequado tratos culturais deficientes

problemas fitossanitaacuterios alternacircncia de produccedilatildeo colheita e poacutes-colheita

inadequadas (embalagens improacuteprias) e comercializaccedilatildeo deficitaacuteria

Outros problemas verificados pelo MAPA (2009) foram setor de fornecimento

de insumos eacute precaacuterio e insuficiente estradas vicinais e municipais natildeo satildeo

asfaltadas ainda natildeo haacute empacotadoras de frutas nem nenhuma estrutura para o

beneficiamento eou industrializaccedilatildeo natildeo haacute estruturas para a produccedilatildeo de

borbulhas sementes e mudas certificadas ausecircncia de um local especiacutefico para

armazenagem de insumos (calcaacuterio adubos e defensivos agriacutecolas) natildeo haacute

sistemas de irrigaccedilatildeo implantados as sedes das associaccedilotildees satildeo precaacuterias e muitas

vezes as reuniotildees satildeo realizadas em oacutergatildeos puacuteblicos o que pode desestimular a

participaccedilatildeo efetiva dos associados

Visando observar in loco os problemas identificados acima foram realizadas

visitas teacutecnicas na regiatildeo durante o ano de 2011 para entrevistar os representantes

das associaccedilotildees e da cooperativa dos municiacutepios pertencentes ao APL Essas

10

Na seccedilatildeo 33 seratildeo apresentadas as instituiccedilotildees parceiras atuantes no arranjo e o apoio dessas entidades ao

APL

45

visitas tiveram como objetivo observar a forma como os produtores realizam o

plantio dos pomares de tangerina e a organizaccedilatildeo produtiva existente em cada

municiacutepio Constatou-se que os plantios satildeo realizados sem criteacuterios teacutecnicos

(espaccedilamentos incorretos) e plantados muitas vezes de morro abaixo ocasionando

risco de erosatildeo do solo nos periacuteodos chuvosos

Foi identificada tambeacutem a existecircncia de baixos investimentos em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica bem como a falta de investimentos em sistemas irrigados ou unidades

demonstrativas que elevassem a produtividade do plantio da tangerina no APL

Percebeu-se ainda que os produtores natildeo investem na modernizaccedilatildeo dos

seus plantios pois para eles natildeo existe um esclarecimento sobre a importacircncia de

uma expansatildeo da produccedilatildeo visando o desenvolvimento do agronegoacutecio na regiatildeo

Aleacutem disso verificou-se que a venda da produccedilatildeo sazonal eacute realizada

diretamente entre produtores e atravessadores Estes uacuteltimos compram os frutos nos

pomares ou seja adquirem o lote de tangerina ainda na tangerineira Os

atravessadores ficam responsaacuteveis pela colheita retirando apenas as tangerinas

que tecircm aceitabilidade no mercado e deixando as de tamanho inadequado nos

pomares

Contudo na visita a cidade de Matinhas foi identificada a existecircncia de uma

cooperativa localizada naquele municiacutepio fundada em 1996 por um grupo de

citricultores com o objetivo de obter melhores condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo de

citros produzidos na regiatildeo De acordo com a atual presidente a Cooperativa dos

Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda ndash Coopertange passou por diversos

problemas de gestatildeo o que a impediu de cumprir com suas obrigaccedilotildees junto aos

seus cooperados ateacute 2009

A partir de 2010 a Coopertange sofreu uma reestruturaccedilatildeo e uma nova

diretoria foi eleita Esta diretoria passou a buscar parceiros e projetos que pudessem

ampliar os negoacutecios com a produccedilatildeo de laranja Nesse ano foi elaborado um projeto

para adquirir uma packing house destinada agrave lavagem classificaccedilatildeo e embalagem

de frutos Tal inovaccedilatildeo que ainda se encontra em fase de implantaccedilatildeo (construccedilatildeo

do galpatildeo e aquisiccedilatildeo do equipamento) abriraacute a possibilidade de conquistar novos

mercados e realizar negociaccedilotildees diretas com clientes sem passar por

atravessadores

46

Apesar da referida cooperativa natildeo estar atuando plenamente como empresa

acircncora a mesma tem desenvolvido accedilotildees buscando atingir seus objetivos junto ao

APL Tais accedilotildees foram aprovaccedilatildeo da DAP (Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf) para a

cooperativa o que facilita a venda de forma coletiva da produccedilatildeo de citros

proveniente da agricultura familiar parceria com a UFPB para realizaccedilatildeo de cursos

de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de viveiristas e produccedilatildeo de mudas padronizadas e

certificadas cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos e a formataccedilatildeo do modelo

administrativo da Coopertange a EMEPA (pesquisa para combate da mosca negra)

COOPERAR (projeto de uma faacutebrica para produccedilatildeo de polpa de tangerina) e BNB

(apoio a participaccedilatildeo de feiras e seminaacuterios) Estas accedilotildees visam consolidar a

Coopertange como a principal representante do APL

32 Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional delineada para o trabalho de dissertaccedilatildeo apresenta

os niacuteveis de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina

O APL eacute composto por oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais

empresas associaccedilotildees de produtores rurais e uma cooperativa As relaccedilotildees entre

esses oacutergatildeos determinam uma estrutura organizacional que define a dinacircmica do

arranjo

Na Figura 4 eacute apresentada essa estrutura organizacional com os niacuteveis de

atuaccedilatildeo e de envolvimento de cada instituiccedilatildeo A Coopertange eacute responsaacutevel pelo

diaacutelogo entre os produtores e as instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

Esta cooperativa tambeacutem eacute responsaacutevel pelo fomento agrave comercializaccedilatildeo e

inclusatildeo social dos seus cooperados Atualmente a referida cooperativa apesar de

contar com apenas 40 cooperados produtores e liacutederes das associaccedilotildees que

pertencem ao APL vem se estruturando para assumir a governanccedila do arranjo

No primeiro ciacuterculo (Figura 4) satildeo apresentados os municiacutepios que compotildeem

o arranjo caracterizados pela distacircncia entre eles e a Coopertange de no maacuteximo 35

quilocircmetros e por terem como principal atividade a produccedilatildeo de tangerina dancy Em

cada municiacutepio existe uma associaccedilatildeo de produtores rurais responsaacutevel pelas

47

reivindicaccedilotildees dos seus associados e atua como interlocutora junto agrave empresa

acircncora e agraves instituiccedilotildees parceiras

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

No segundo ciacuterculo pode-se visualizar a infraestrutura para o

desenvolvimento do arranjo composta por instituiccedilotildees de apoio teacutecnico fomento e

inovaccedilatildeo Dentre os apoios mais relevantes encontram-se extensatildeo rural

(EMATER) pesquisa e transferecircncia de tecnologia (UFPB UFCG EMBRAPA

UEPB e EMEPA) serviccedilo de apoio agrave capacitaccedilatildeo teacutecnica e tecnoloacutegica (UFPB

Escola Teacutecnica Agriacutecola de Lagoa Seca e SENAR) fomento e creacutedito rural (BB BNB

e Caixa Econocircmica Federal) oacutergatildeos governamentais responsaacuteveis pelas poliacuteticas

puacuteblicas (Governo do Estado Prefeituras Municipais MAPA MDA e CONAB)

organizaccedilotildees sindicais (FAEPA Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Associaccedilotildees

dos Produtores Rurais) serviccedilo de apoio agrave estruturaccedilatildeo de micro e pequenas

empresas (SEBRAE) e Foacuterum de Fruticultura da Borborema Este uacuteltimo tem uma

atuaccedilatildeo importante na organizaccedilatildeo do APL pois busca arregimentar todos os

parceiros visando trazer soluccedilotildees para o soerguimento do setor

48

No terceiro ciacuterculo estatildeo representados os empreendimentos de suporte ao

segmento (implementos agriacutecolas e fornecedores de insumo) logiacutestica (transporte

armazenamento e entrega) manutenccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (empresas

especializadas em metal-mecacircnica existente no distrito industrial de Campina

Grande) venda de veiacuteculos utilitaacuterios escritoacuterio de design (criaccedilatildeo de embalagens

roacutetulos e programaccedilatildeo visual para as empresas) e faacutebricas de embalagens

(localizadas em Campina Grande) Na regiatildeo encontra-se tambeacutem matildeo-de-obra

qualificada (agrocircnomos e especialistas em fruticultura) para atender as demandas

especiacuteficas do segmento da citricultura

A estrutura organizacional formatada tem como finalidade mapear os

principais parceiros envolvidos no arranjo e apresentar uma forma estruturada de

visualizaccedilatildeo dos atores com potencial para atender agraves demandas objetivando a

melhoria da produtividade da tangerina o aumento da competitividade do setor e a

organizaccedilatildeo dos produtores para buscar novos nichos de mercado

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL

Nesta seccedilatildeo seratildeo descritas algumas poliacuteticas puacuteblicas identificadas para o

arranjo oriundas de programas governamentais e entidades parceiras natildeo

governamentais que vecircm atuando no desenvolvimento socioeconocircmico do territoacuterio

em que se insere o APL

Para melhor compreensatildeo dessas poliacuteticas faz-se necessaacuterio conhecer as

instituiccedilotildees que atuam no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina e seu objetivos visando entender o apoio dessas entidades ao APL

estudado Tais objetivos satildeo descritos na seccedilatildeo 331

Em seguida na seccedilatildeo 332 eacute apresentado um histoacuterico das poliacuteticas puacuteblicas

implementadas para APLs na Paraiacuteba e que vecircm contribuindo para a consolidaccedilatildeo

do APL

49

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo

De acordo com os dados coletados durante a pesquisa documental e em

visitas teacutecnicas foram identificadas as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais mais atuantes no arranjo sendo elas MAPA SEDAP EMEPA

EMATER PMM UFPB SEBRAE e STRM

O Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA eacute

responsaacutevel pela gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de estiacutemulo agrave agropecuaacuteria pelo

fomento do agronegoacutecio e pela regulaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo de serviccedilos vinculados ao

setor O MAPA busca integrar sob sua gestatildeo os aspectos mercadoloacutegico

tecnoloacutegico cientiacutefico ambiental e organizacional do setor produtivo e tambeacutem dos

setores de abastecimento armazenagem e transporte de safras aleacutem da gestatildeo da

poliacutetica econocircmica e financeira para o agronegoacutecio

O MAPA tem como missatildeo promover o desenvolvimento sustentaacutevel e a

competitividade do agronegoacutecio em benefiacutecio da sociedade brasileira (MAPA 2012)

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca

ndash SEDAP eacute um oacutergatildeo da administraccedilatildeo direta do Governo do Estado da Paraiacuteba e

tem como finalidade formular implementar coordenar e monitorar as poliacuteticas

puacuteblicas voltadas ao desenvolvimento sustentaacutevel da agricultura e da pecuaacuteria

A SEDAP trabalha em sintonia com as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais incentivando o desenvolvimento por meio da interiorizaccedilatildeo das

accedilotildees estrateacutegicas implementadas por seus oacutergatildeos vinculados Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER Empresa Estadual de Pesquisa

Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash EMEPA Empresa Paraibana de Abastecimento e

Serviccedilos Agriacutecolas ndash EMPASA e Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da

Paraiacuteba ndash INTERPA

A missatildeo da SEDAP eacute planejar articular e promover as poliacuteticas de

desenvolvimento rural no Estado atraveacutes da pesquisa assistecircncia teacutecnica extensatildeo

rural defesa sanitaacuteria animal e vegetal regularizaccedilatildeo fundiaacuteria reforma agraacuteria

organizaccedilatildeo das comunidades rurais proteccedilatildeo alimentar e coordenaccedilatildeo das

cadeias produtivas e arranjos produtivos locais (SEDAP 2012)

50

A Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash

EMEPA-PB tem por finalidade o desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico aplicados

agrave agropecuaacuteria do Estado da Paraiacuteba competindo-lhe promover planejar

estimular supervisionar coordenar e executar atividades de pesquisa e

experimentaccedilatildeo colaborar na formaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica do

setor agriacutecola do Estado bem como programar e desenvolver pesquisas

diretamente ou em cooperaccedilatildeo com instituiccedilotildees puacuteblicas compreendidas na aacuterea de

atuaccedilatildeo da SEDAP e apoiar na formulaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica de

ciecircncia e tecnologia relativa ao setor agriacutecola na Paraiacuteba (EMEPA 2012b)

A Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER-PB eacute

uma empresa de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural vinculada agrave SEDAP

integrante do Sistema Brasileiro de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash

SIBRATER Satildeo objetivos baacutesicos da EMATER-PB colaborar com os oacutergatildeos

competentes da SEDAP e do MAPA na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo das poliacuteticas de

assistecircncia teacutecnica e extensatildeo no Estado e planejar coordenar e executar

programas de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural visando agrave difusatildeo de

conhecimentos de natureza teacutecnica econocircmica e social para aumento da produccedilatildeo

e produtividade agriacutecola e a melhoria das condiccedilotildees de vida no meio rural do Estado

da Paraiacuteba de acordo com a poliacutetica de accedilatildeo dos Governos Federal e Estadual

(EMATER 2012)

A Prefeitura Municipal de Matinhas ndash PMM eacute a sede do poder executivo do

municiacutepio de Matinhas O prefeito como representante do executivo tem como

dever acompanhar a execuccedilatildeo dos programas governamentais e fiscalizar a

aplicaccedilatildeo dos recursos A PMM tem como uma de suas principais accedilotildees o estiacutemulo

agrave organizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo Local da Citricultura na regiatildeo de Matinhas

(PMM 2012)

A Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino

superior vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo tem como objetivo promover o

desenvolvimento socioeconocircmico da Paraiacuteba do Nordeste e do Brasil Para tanto

propotildee-se na sua aacuterea de competecircncia a empreender accedilotildees visando

especificamente aos seguintes resultados formar profissionais nos niacuteveis de ensino

fundamental meacutedio superior e de poacutes-graduaccedilatildeo realizar atividades de pesquisa e

51

de extensatildeo pautar as suas atividades acadecircmicas pela busca do progresso das

ciecircncias letras e artes

A missatildeo da UFPB eacute definida como estar integrada agrave sociedade promover o

progresso cientiacutefico tecnoloacutegico cultural e socioeconocircmico local regional e

nacional atraveacutes das atividades de ensino pesquisa e extensatildeo atrelado ao

desenvolvimento sustentaacutevel e ampliando o exerciacutecio da cidadania (UFPB 2012)

O Banco do Nordeste ndash BNB eacute uma instituiccedilatildeo financeira e de concessatildeo de

creacutedito Poreacutem para cumprir a missatildeo de desenvolvimento em uma regiatildeo com

muitas potencialidades ainda natildeo exploradas o BNB entende que o creacutedito eacute

necessaacuterio mas natildeo deve ser o uacutenico serviccedilo oferecido Esta instituiccedilatildeo busca

contribuir para garantir a sustentabilidade dos empreendimentos financiados

associada agrave melhoria das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo nordestina

Dentre as accedilotildees e instrumentos criados pelo Banco destacam-se os Agentes

de Desenvolvimento as Agecircncias Itinerantes as Poliacuteticas de Desenvolvimento

Territorial o CREDIAMIGO o PRONAF e o Programa de Desenvolvimento do

Turismo no Nordeste - PRODETUR no apoio agrave infraestrutura turiacutestica regional

A missatildeo do BNB eacute atuar como agente catalisador do desenvolvimento

sustentaacutevel do Nordeste integrando-o na dinacircmica da economia nacional (BNB

2012)

O Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash

SEBRAE-PB eacute uma instituiccedilatildeo voltada agrave concepccedilatildeo e execuccedilatildeo de iniciativas de

apoio aos empreendimentos de micro e pequeno porte Em razatildeo da importacircncia do

segmento para a geraccedilatildeo de emprego e de riqueza cabe ao SEBRAE colaborar

com accedilotildees e projetos para a consolidaccedilatildeo de um modelo de

desenvolvimento sustentaacutevel baseado na facilitaccedilatildeo do acesso a insumos

produtivos ndash conhecimento creacutedito tecnologia e capacitaccedilatildeo ndash para todos aqueles

que investem ou pretendem investir em uma atividade produtiva

Mais do que uma provedora de soluccedilotildees educacionais para o empreendedor

(treinamentos consultorias eventos teacutecnicos) a instituiccedilatildeo busca tambeacutem contribuir

para a geraccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis agrave valorizaccedilatildeo e ao estiacutemulo do

empreendedorismo Este estiacutemulo tem como finalidade o aumento da

competitividade de empresas e produtos visando fortalecer as vocaccedilotildees

52

econocircmicas e promover o desenvolvimento da Paraiacuteba no contexto nacional e

internacional

A missatildeo do SEBRAE eacute promover a competitividade e o desenvolvimento

sustentaacutevel das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas - STRM eacute uma

entidade sindical sem fins lucrativos com sede no municiacutepio de Matinhas Estado da

Paraiacuteba e eacute regido pela legislaccedilatildeo em vigor pelos Estatutos da Confederaccedilatildeo

Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG e da Federaccedilatildeo dos

Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba - FETAG-PB bem como pelo

seu regimento e estatuto

Satildeo objetivos do STRM defender os interesses coletivos e individuais da

categoria trabalhadora rural do municiacutepio inclusive em questotildees judiciais ou

administrativas desenvolver organizar e apoiar as accedilotildees que visem a conquista de

melhores condiccedilotildees de vida e de trabalho para a categoria trabalhadora rural e para

o conjunto da classe trabalhadora e defender e lutar pela manutenccedilatildeo e ampliaccedilatildeo

das liberdades e garantias democraacuteticas como instrumento de defesa dos direitos e

conquistas dos trabalhadores trabalhadoras e suas organizaccedilotildees

Aleacutem disso o sindicato deve ainda participar da elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de um projeto de desenvolvimento rural sustentaacutevel e solidaacuterio visando a

valorizaccedilatildeo e fortalecimento da agricultura familiar com o estabelecimento de uma

poliacutetica agriacutecola diferenciada e a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo comercializaccedilatildeo

financiamento e assessoramento teacutecnico que promova o desenvolvimento social e

econocircmico dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (STRM 1972)

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba

Em 1997 o Governo do Estado da Paraiacuteba com o apoio do MCTCNPq criou

o Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores Econocircmicos

Tradicionais ndash COMPET visando promover o desenvolvimento industrial a partir de

uma visatildeo regional com vocaccedilatildeo econocircmica preexistente Essa iniciativa gerou

accedilotildees voltadas para a modernizaccedilatildeo dos setores econocircmicos tradicionais (Tecircxtil e

Confecccedilatildeo Couro e Calccedilados e Sucro-alcooleiro) e tinha como objetivo potencializar

53

as cadeias produtivas de cada segmento atraveacutes da estruturaccedilatildeo de micro e

pequenas empresas em municiacutepios polarizadores dessas atividades O programa do

Governo do Estado promovia uma interaccedilatildeo entre essas empresas e as instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais apoiadoras do programa Tal poliacutetica foi uma

das primeiras iniciativas a ser trabalhada pelo Estado como proposta de

agrupamentos produtivos

Os resultados obtidos com a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica para o setor Couro

e Calccedilados foram implantaccedilatildeo da Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos em Couro

de Ribeira de Cabaceiras Ltda ndash ARTEZA modernizaccedilatildeo do Curtume Coletivo

Miguel de Souza Meira como unidade de beneficiamento de peles e couros

utilizando tanino vegetal extraiacutedo do angico e estruturaccedilatildeo de 16 oficinas de

confecccedilatildeo em couro de sandaacutelias masculinas e femininas chapeacuteus boneacutes

acessoacuterios e produtos de decoraccedilatildeo Para o setor Sucroalcooleiro foi estruturada a

unidade Chatilde dos Jardins localizada no Campus II da UFPB no municiacutepio de Areia

Esta unidade teve como objetivo transferir a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica para os engenhos

da regiatildeo bem como capacitar produtores e teacutecnicos na produccedilatildeo de cachaccedila de

qualidade No setor Tecircxtil e Confecccedilatildeo foi implantado o primeiro Laboratoacuterio de

Vestuaacuterio da Paraiacuteba ndash LABVEST no Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado

Albano Franco ndash CTCCSENAI em Campina Grande-PB Este laboratoacuterio tinha como

finalidade atender agraves micro e pequenas empresas do setor atraveacutes de consultorias

especializadas plotagem de peccedilas padratildeo utilizadas na induacutestria de confecccedilatildeo e

cursos de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de matildeo-de-obra qualificada (COMPET 2007)

No ano de 2000 a Secretaria Estadual de Induacutestria Comeacutercio Turismo

Ciecircncia e Tecnologia ndash SICTCT da Paraiacuteba a partir dos resultados positivos obtidos

com o programa COMPET adotou como poliacutetica de expansatildeo empresarial o

conceito de arranjo produtivo local para fomentar o desenvolvimento

socioeconocircmico nas regiotildees com vocaccedilotildees produtivas priorizadas pelo Estado

Essa poliacutetica resultou no apoio a programas voltados para a

caprinovinocultura e artesanato As principais accedilotildees da caprinovinocultura foram

melhoramento geneacutetico de caprinos e ovinos visando o aumento do plantel na

Paraiacuteba e implantaccedilatildeo do Programa do Leite como projeto de seguranccedila alimentar

para famiacutelias carentes o que permitiu a instalaccedilatildeo de vaacuterias unidades de

beneficiamento de leite de cabra no Cariri paraibano As accedilotildees realizadas pelo

54

Programa de Artesanato promoveu o mapeamento do artesanato conforme as

tipologias desenvolvidas nas diversas regiotildees do Estado fomentou a melhoria da

qualidade de peccedilas artesanais promoveu a vinda de consultores especialistas para

capacitar artesatildeos e aumentou a inclusatildeo de artesatildeos na produccedilatildeo de peccedilas

artesanais com grande aceitaccedilatildeo de mercado

Em 2004 o Governo Estadual incluiu o Programa de Apoio ao

Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais no seu PPA (2004-2007) como

poliacutetica indutora de desenvolvimento econocircmico e de inclusatildeo social Essa decisatildeo

governamental permitiu que arranjos produtivos recebessem accedilotildees voltadas para a

organizaccedilatildeo produtiva e estruturaccedilatildeo do setor de forma a beneficiar cooperativas

micro e pequenas empresas com potencial competitivo Os setores incluiacutedos no PPA

foram Couro-Calccedilados e Afins Mineral Piscicultura Algodatildeo Colorido Fruticultura

aleacutem da caprinovinocultura e artesanato (SICTCT 2004)

Entendendo a importacircncia dos APLs para o Estado e visando seu

desenvolvimento o Governo Estadual em 27042007 criou atraveacutes de ata

seguindo a orientaccedilatildeo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio

Exterior ndash MDIC o Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba ndash Nuacutecleo APL-PB Este nuacutecleo tinha como objetivo ser uma instacircncia de

caraacuteter institucional capaz de fomentar o desenvolvimento socioeconocircmico do

Estado Para tanto foi elaborada a Minuta de Constituiccedilatildeo do Nuacutecleo contendo os

objetivos especiacuteficos estrateacutegia e papel do nuacutecleo na elaboraccedilatildeo dos Planos de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP composiccedilatildeo do Nuacutecleo Executivo parcerias

operacionalizaccedilatildeo dos APLs experiecircncias positivas e desafios bem como o

Regimento Interno do Nuacutecleo APL-PB

O referido Nuacutecleo foi constituiacutedo pelas seguintes instituiccedilotildees Secretaria de

Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE Secretaria de

Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente - SECTMA Secretaria de

Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo - SEPLAG

Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca - SEDAP

Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash

SEBRAEPB Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Federaccedilatildeo da

Agricultura do Estado da Paraiacuteba ndash FAEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do

Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

55

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG Universidade Estadual da

Paraiacuteba ndash UEPB e representante da classe trabalhadora do Estado da Paraiacuteba

Em 2008 como forma de promover a transferecircncia de tecnologias resultantes

de pesquisas validadas a Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria S A ndash

EMEPA institui a Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais ndash

CAAPL Essa coordenadoria tem como objetivo promover e acompanhar junto aos

APLs a transferecircncia de teacutecnicas e tecnologias adequadas agraves atividades produtivas

pesquisadas no acircmbito da EMEPA Os APLs apoiados pela EMEPA satildeo

Caprinovinocultura Bovinocultura de Leite Fruticultura Tropical (citros abacaxi

manga goiaba cajaacute e umbu) Mandioca e Cultura do Inhame (EMEPA 2012a)

Em 2009 o Decreto ndeg 30853 de 13 de novembro de 2009 instituiu o Nuacutecleo

Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da Paraiacuteba passando a se

chamar Nuacutecleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos

Locais da Paraiacuteba ndash NEAPLrsquosPB cuja finalidade eacute o fortalecimento dos APLs como

estrateacutegia para fomentar o desenvolvimento sustentaacutevel de regiotildees e aplicar a

poliacutetica puacuteblica instituiacuteda pelo Governo Federal no desenvolvimento econocircmico

social e cultural em que estatildeo inseridos os APLs da Paraiacuteba Neste decreto foi

modificada a representatividade das instituiccedilotildees passando a ser composto por

Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE

Secretaria de Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo -

SEPLAG Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca -

SEDAP Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente -

SECTMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Serviccedilo de Apoio

agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash SEBRAEPB Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba - EMATER Empresa Estadual de

Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A - EMEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa

do Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG e Universidade Estadual da

Paraiacuteba - UEPB

Outro parceiro que se fez presente desde 2009 foi o BNDES que atraveacutes de

Contrato de Concessatildeo e Colaboraccedilatildeo Financeira Natildeo-Reembolsaacutevel nordm 09215191

em parceria com o Governo do EstadoFUNCEP-PB disponibilizou o 1ordm Edital 2009-

Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

56

Paraiacuteba tendo sido aprovado 33 projetos que beneficiam APLs de baixa renda Este

edital teve o aporte de R$ 7 milhotildees oriundos do BNDES e R$ 7 milhotildees de

contrapartida do Governo do Estado via Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da

Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash FUNCEP-PB Os APLs beneficiados com esse

edital foram Artesanato Fruticultura Leite Bovino Mandiocultura Apicultura

Algodatildeo Colorido Sisal Confecccedilatildeo Floricultura Ostreicultura Avicultura

Piscicultura Caprinocultura Hortifrutigranjeiro e Gastronomia (mandioca e coco)

Em 2010 a EMEPA formalizou um convecircnio com o BNB visando o apoio agrave

transferecircncia de tecnologias geradas e validadas pela referida empresa de pesquisa

para os seguintes APLs bovinocultura de leite fruticultura nos segmentos de uva

banana tangerina e abacaxi e caprinovinocultura Esses APLs foram priorizados

pelo Governo do Estado EMEPA e BNB

Outra instituiccedilatildeo que vem atuando de forma proativa em APLs de micro e

pequenas empresas incluindo as cooperativas eacute o Serviccedilo de Apoio agraves Micros e

Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash SEBRAE-PB Este oacutergatildeo tem desenvolvido suas

accedilotildees com o apoio da RedeSist na construccedilatildeo de conhecimentos teoacutericos e

metodoloacutegicos sobre aglomerados produtivos Como resultado foram gerados

estudos sobre inovatividade e cooperaccedilatildeo de APLs no Estado da Paraiacuteba

(LASTRES 2006)

Com a finalidade de integrar as accedilotildees de estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do

arranjo o Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA juntamente

com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca ndash

SEDAP vem atuando nos municiacutepios participantes do APL com a concessatildeo de

mudas fiscalizadas e certificadas de tangerina buscando a melhoria dos pomares e

o aumento da produtividade

Essa iniciativa teve iniacutecio nos anos de 2007 e 2008 quando foi desenvolvida

uma parceria entre a PMM MAPA e Embrapa Cruz das Almas ndash BA que concedeu

diversas variedades de copas porta enxertos e combinaccedilotildees de enxertias visando

averiguar quais as combinaccedilotildees que melhor se adaptariam ao clima e solo do Brejo

paraibano

A parceria com as referidas instituiccedilotildees fomentou a implantaccedilatildeo de duas

Unidades Demonstrativas de Citros A primeira unidade foi instalada no municiacutepio de

57

Areia no Campus II da UFPB servindo de laboratoacuterio de pesquisa da citricultura

para professores e alunos do curso de Agronomia A segunda unidade foi instalada

em uma aacuterea concedida pela Prefeitura Municipal de Matinhas Esta unidade natildeo

teve acompanhamento teacutecnico e manejo correto o que ocasionou a morte de boa

parte das mudas

Em 2009 o Foacuterum de Fruticultura da Borborema em parceria com a

Embrapa-BA e a UFPB implantou mais seis Unidades Demonstrativas em aacutereas de

plantio dos produtores participantes do arranjo As unidades foram distribuiacutedas da

seguinte forma duas unidades em Alagoa Nova duas unidades em Lagoa Seca

uma em Esperanccedila e uma em Matinhas

Tais unidades tiveram como objetivo promover a transferecircncia de tecnologias

para os produtores beneficiados por essa poliacutetica Entretanto foi observado que

essa accedilatildeo ficou comprometida devido a falta de compromisso e acompanhamento

das instituiccedilotildees parceiras bem como pela falta de adubaccedilatildeo por parte dos

produtores e de assistecircncia teacutecnica pelos oacutergatildeos que promovem ATER na regiatildeo

Outra instituiccedilatildeo presente no arranjo eacute a Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e

Extensatildeo Rural da Paraiacuteba ndash EMATER que tem como principais accedilotildees atraveacutes de

seu escritoacuterio regional o acompanhamento do cultivo da tangerina a orientaccedilatildeo

teacutecnica e o manejo adequado do plantio No entanto esta assistecircncia eacute falha e

descontiacutenua devido agrave empresa possuir um corpo teacutecnico reduzido dificuldades com

transporte para os teacutecnicos e falta de logiacutestica para executar as atividades no

campo

O municiacutepio de Matinhas por ser o principal produtor de tangerina possui

uma prefeitura bastante atuante na implementaccedilatildeo de accedilotildees e busca de parcerias

para promover o desenvolvimento da atividade na regiatildeo A relevacircncia dessas accedilotildees

fez com que fosse implantado no municiacutepio o Parque da Laranja Nesse local satildeo

realizados eventos culturais seminaacuterios feiras de negoacutecio e a Festa da Laranja que

jaacute estaacute consolidada no calendaacuterio estadual de eventos A Prefeitura de Matinhas

tambeacutem envida esforccedilos para que o projeto da packing house seja concretizado A

mesma concedeu a aacuterea onde esta sendo construiacutedo o galpatildeo que abrigaraacute a

packing

58

Como visto neste capiacutetulo foram apresentadas as caracteriacutesticas do APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais que atuam no arranjo bem como as principais poliacuteticas executadas

por essas instituiccedilotildees No entanto faz-se necessaacuterio o uso de uma metodologia que

possa analisar o arranjo nas diversas fases de organizaccedilatildeo e averiguar a efetividade

das poliacuteticas implementadas como condicionante de desenvolvimento No proacuteximo

capiacutetulo seraacute apresentada a metodologia a ser utilizada nesta pesquisa

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA

Este capiacutetulo apresenta a metodologia utilizada para o desenvolvimento da

pesquisa descrevendo os procedimentos metodoloacutegicos que permitiratildeo uma

compreensatildeo do estudo proposto bem como a justificativa para a escolha da

amostra dos entrevistados e para a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta de dados

primaacuterio

O meacutetodo aplicado nesta pesquisa partindo do conceito descrito por Vergara

(2010 p42) utiliza a investigaccedilatildeo descritiva pois o objeto de estudo possui

ldquocaracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo ou de determinado fenocircmeno que podem

tambeacutem estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis e definir sua natureza Este meacutetodo

natildeo tem compromisso de explicar os fenocircmenos que descrevem embora sirva de

base para tal explicaccedilatildeordquo No caso deste trabalho se faz necessaacuterio entender a

atuaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas existente para o aglomerado produtivo em estudo a

partir do levantamento da aplicaccedilatildeo de tais poliacuteticas e quais as suas contribuiccedilotildees

para o desenvolvimento do APL

O problema pesquisado foi tratado de forma qualitativa pois neste caso

existe a necessidade de se entender o Arranjo Produtivo Local da Citricultura -

Segmento Tangerina segundo a visatildeo dos atores que compotildeem o APL A partir

deste entendimento foi analisado como esses atores percebem a contribuiccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas para o referido segmento e a influecircncia dessas poliacuteticas para o

desenvolvimento regional

Segundo Godoy (1995) a pesquisa se desenvolve de acordo com a

perspectiva dos stakeholders11 na qual o pesquisador busca compreender os

problemas sob a oacutetica desses atores

O trabalho tambeacutem utiliza a pesquisa de natureza exploratoacuteria com a

finalidade de conseguir uma maior compreensatildeo do problema investigado Para tal

11 Stakeholders - partes interessadas que devem estar de acordo com as praacuteticas de governanccedila corporativa

executadas pela empresa

60

compreensatildeo foram revisados temas como poliacuteticas puacuteblicas para APL de baixa

renda desenvolvimento regional e competitividade sistecircmica

Inicialmente foram levantados dados secundaacuterios a partir de uma revisatildeo

bibliograacutefica (documentos arquivos e publicaccedilotildees) para que se pudesse obter uma

compreensatildeo dos fatos observados in loco sobre o arranjo produtivo local e sua

estrutura organizacional

As fontes de evidecircncias utilizadas para o estudo de caso que serviram de

base documental para fundamentar a pesquisa foram documentaccedilatildeo sobre as

poliacuteticas puacuteblicas existentes (leis decretos e outros documentos governamentais)

registros em arquivos (mapas tabelas e dados estatiacutesticos) observaccedilotildees diretas

realizadas in loco coletas de dados atraveacutes da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios e

entrevistas aleacutem de outras fontes que deram subsiacutedios agrave pesquisa tais como livros

artigos e bibliotecas virtuais

Neste sentido como forma de validar o trabalho de pesquisa foi realizado um

estudo de caso sobre o tema pois este meacutetodo segundo Yin (2004) contribui para

a compreensatildeo dos fenocircmenos individuais organizacionais e poliacuteticos de uma

regiatildeo

Segundo Lazzarini (1997) o estudo de caso pode ser uacutetil em termos

qualitativos pois o objetivo principal eacute a contextualizaccedilatildeo do problema natildeo se

propondo apenas a determinar a ocorrecircncia de um dado fenocircmeno no universo

pesquisado

O estudo de caso deste trabalho compreendeu os seis municiacutepios que

compotildeem o APL sendo Matinhas a cidade referecircncia do arranjo por se tratar do

municiacutepio onde sua principal atividade econocircmica eacute a tangerina e por ser o maior

produtor da regiatildeo

A amostra pesquisada eacute composta de cinco associaccedilotildees e uma cooperativa

cujos entrevistados satildeo produtores de tangerina e liacutederes da regiatildeo A pesquisa

tambeacutem incluiu na amostra nove instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

A escolha deste universo teve como base a representatividade de cada organizaccedilatildeo

dentro do arranjo e atende aos criteacuterios metodoloacutegicos da anaacutelise qualitativa que

este trabalho pretende identificar

61

41 Instrumento de Pesquisa

Visando buscar subsiacutedios que permitam a caracterizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba um levantamento de dados

foi realizado utilizando a teacutecnica de entrevista guiada por um formulaacuterio direcionado

para os gestores das instituiccedilotildees selecionadas (Apecircndice A) e outro para os

produtores de tangerina liacutederes na regiatildeo (Apecircndice B)

Segundo Gil (2008) a entrevista tem como caracteriacutestica a formataccedilatildeo de uma

lista de perguntas denominada de questionaacuterio ou formulaacuterio Neste trabalho o

termo formulaacuterio foi adotado tendo em vista que as entrevistas aconteceram face a

face com cada entrevistado e as respostas registradas pelo entrevistador

Os formulaacuterios aplicados nas instituiccedilotildees satildeo semiestruturados com o

objetivo de avaliar o interesse e motivaccedilatildeo dessas Instituiccedilotildees em trabalhar com o

APL aleacutem de avaliar a cooperaccedilatildeo entre esses atores e identificar as accedilotildees

realizadas em prol da sustentabilidade dessa atividade na regiatildeo A pesquisa traccedilou

o cenaacuterio atual do aglomerado descrevendo como satildeo escolhidos os beneficiaacuterios

as principais demandas do arranjo as dificuldades para implementaccedilatildeo das

poliacuteticas e os projetos jaacute realizados e em andamento

Para os produtores de tangerina optou-se por um formulaacuterio semiestruturado

que tem como base o modelo desenvolvido pelo Instituto Alematildeo de

Desenvolvimento ndash IAD (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-STAMER

1994) no qual a competitividade sistecircmica abrange quatro niacuteveis (meta macro

meso e micro) A partir desta metodologia pretende-se identificar as relaccedilotildees de

cooperaccedilatildeo entre os integrantes do arranjo praacuteticas gerenciais relaccedilatildeo entre os

parceiros principais fontes de informaccedilatildeo entre outros

Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos formulaacuterios os resultados obtidos foram analisados e

interpretados com a finalidade de obter subsiacutedios que permitiram avaliar as poliacuteticas

puacuteblicas atuantes no APL

E por uacuteltimo foram identificadas as contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina observando o aumento da produccedilatildeo e

melhoria da qualidade do fruto sua comercializaccedilatildeo em novos nichos de mercado e

a inclusatildeo social dos produtores rurais

62

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da

Pesquisa

O modelo proposto eacute baseado no conceito analiacutetico formulado pelos

pesquisadores Klaus Esser Wolfgang Hillebrand Dirk Messner e Joumlrg Meyer-Stamer

do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD no iniacutecio dos anos 90

Para esses pesquisadores a competitividade eacute entendida de maneira

sistecircmica contribuindo para o desenvolvimento socioeconocircmico em niacuteveis

municipal regional estadual ou nacional (Figura 5)

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD

12

Fonte Esser Hillebrand Messner Meyer-Stamer (1994)

Sob este enfoque os autores afirmam que a competitividade eacute tambeacutem fruto

de diaacutelogo e tomada de decisotildees conjuntas pelos grupos de atores envolvidos

Para que ocorra a modernizaccedilatildeo econocircmica e o desenvolvimento da

competitividade sistecircmica faz-se necessaacuteria a formaccedilatildeo de estruturas em toda a

sociedade O desenvolvimento dessa competitividade eacute portanto um projeto de

transformaccedilatildeo social que vai aleacutem de uma simples correccedilatildeo do contexto

macroeconocircmico

12

httpwwwmeyer-stamerdesystemichtml

63

O desenvolvimento da competitividade abordada pelos autores pode ser

impulsionada com a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que venham contribuir na

consolidaccedilatildeo de aglomerados produtivos O papel do governo neste caso se faz

presente agrave medida que as poliacuteticas nacionais incrementam a competitividade e

transformam um territoacuterio em um ambiente macroeconocircmico poliacutetico social e

ambiental fortemente constituiacutedo onde um aglomerado de empresas associaccedilotildees

ou cooperativas atuam com sucesso

No modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD as poliacuteticas

puacuteblicas atuam nos quatro niacuteveis da competitividade sistecircmica conforme

apresentado no modelo mencionado (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-

STAMER 1994)

a) Niacutevel Meta Neste niacutevel existe um conjunto de fatores que permite a formaccedilatildeo

de um consenso social sobre a necessidade de uma poliacutetica econocircmica voltada

para o mercado mundial ldquo() um padratildeo baacutesico de organizaccedilatildeo juriacutedica poliacutetica

econocircmica e macrossocial que permita aglutinar as forccedilas dos atores

potencializar as vantagens nacionais de inovaccedilatildeo crescimento econocircmico e

competitividade e colocar em marcha processos sociais de aprendizagem e

comunicaccedilatildeordquo (ESSER et al 1994 p 1) por fim ldquo() a disposiccedilatildeo e a

capacidade de implementar uma estrateacutegia de meacutedio a longo prazo com vistas

ao desenvolvimento tecnoloacutegico-industrial orientado agrave competitividaderdquo (ESSER

et al 1994 p 1)

b) Niacutevel Macro Este niacutevel engloba as poliacuteticas macroeconocircmicas tais como as

poliacuteticas cambial monetaacuteria fiscal e a poliacutetica de comeacutercio exterior (evidenciada

pela conexatildeo da economia nacional em mercados internacionais) e das poliacuteticas

de regulamentaccedilatildeo da concorrecircncia entre as empresas as quais impedem a

formaccedilatildeo de monopoacutelios e carteacuteis

c) Niacutevel Meso Refere-se agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo em que estatildeo inseridas as

empresas agrave dotaccedilatildeo de fatores de produccedilatildeo desses espaccedilos e agraves poliacuteticas

implementadas que venham contribuir para essa consolidaccedilatildeo tais como a

poliacutetica de infraestrutura fiacutesica (transporte energia e telecomunicaccedilotildees) a

poliacutetica de infraestrutura industrial a poliacutetica educacional (qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra) e as poliacuteticas ambientais e regionais Este niacutevel abrange tambeacutem as

poliacuteticas seletivas de importaccedilatildeo e de exportaccedilatildeo

64

d) Niacutevel Micro Refere-se aos fatores de competitividade ligados agrave organizaccedilatildeo

interna das empresas agraves estrateacutegias empresariais e agraves relaccedilotildees

interempresariais Este niacutevel envolve a capacidade de gestatildeo a aplicaccedilatildeo de

best practices em todas as etapas do ciclo de produccedilatildeo (desenvolvimento de

produtos produccedilatildeo propriamente dita e comercializaccedilatildeo) a gestatildeo da inovaccedilatildeo

a integraccedilatildeo em redes de cooperaccedilatildeo tecnoloacutegica a logiacutestica empresarial e a

interaccedilatildeo entre provedores produtores e usuaacuterios

Sendo assim o modelo do IAD difere do proposto por Michael Porter

(PORTER 1999) pois coloca as poliacuteticas puacuteblicas como um dos fatores

determinantes de competitividade das empresas Na visatildeo liberal de Porter a

empresa eacute a unidade de anaacutelise fundamental para a competitividade enquanto no

modelo do IAD a ecircnfase eacute para os aspectos sociais que incluem a accedilatildeo do Estado

e a mobilizaccedilatildeo da sociedade (DINIZ FILHO VICENTINI 2004)

Nesta oacutetica no proacuteximo capiacutetulo seratildeo analisadas como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo aplicadas no APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina utilizando

como ferramenta entrevistas com os gestores das instituiccedilotildees parceiras e com os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa produtores de tangerina do APL

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA

Este capiacutetulo apresenta o resultado da pesquisa de campo realizada com as

instituiccedilotildees que apoiam o Arranjo Produtivo Local da Citricultura - Segmento

Tangerina e com as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores que participam

desse APL analisando as contribuiccedilotildees das poliacuteticas existente e os gargalos que

ainda persistem no setor

Para melhor compreensatildeo os resultados obtidos foram analisados em duas

etapas ou seja foram entrevistados dois tipos de stakeholders O primeiro grupo

gestores das Instituiccedilotildees responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

para o setor O segundo grupo formado pelos produtores e representantes das

associaccedilotildees e da cooperativa dos seis municiacutepios que compotildeem o arranjo produtivo

da tangerina

A pesquisa com esses stakeholders permitiu a obtenccedilatildeo de dados primaacuterios

em que foi possiacutevel identificar a visatildeo das instituiccedilotildees promotoras das poliacuteticas

puacuteblicas como tambeacutem a visatildeo das organizaccedilotildees (associaccedilotildees e cooperativa) e

produtores beneficiados por essas poliacuteticas

Neste capiacutetulo seraacute analisada a efetividade de tais poliacuteticas sob a oacutetica dos

produtores das Instituiccedilotildees Puacuteblicas e das entidades natildeo governamentais atuantes

no APL A partir dessa anaacutelise tenta-se identificar tambeacutem o porquecirc da existecircncia

de diversas poliacuteticas que natildeo conseguem efetivar seus objetivos junto ao setor

produtivo

Para realizar a pesquisa foram utilizados como instrumento de coleta dois

modelos de questionaacuterios que se encontram nos Anexos 1 e 2 As entrevistas

ocorreram nos meses de setembro de 2011 a marccedilo de 2012

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas

As instituiccedilotildees pesquisadas foram aquelas que contribuiacuteram para o

desenvolvimento do APL no periacuteodo de 2008 a 2011 totalizando nove entidades

66

governamentais e natildeo governamentais (MAPA SEDAP EMEPA EMATER PMM

UFPBRedeSist BNB SEBRAE e STRM)13

Tais instituiccedilotildees apontaram as suas contribuiccedilotildees e accedilotildees para consolidaccedilatildeo

do APL estudado Nesta pesquisa foi identificado o niacutevel de envolvimento das

instituiccedilotildees quais os programas implementados para o segmento quais os gargalos

existentes e qual a efetividade das poliacuteticas implementadas na visatildeo de cada

instituiccedilatildeo

O objetivo da primeira questatildeo da pesquisa foi saber como as instituiccedilotildees

identificam um APL Cinco responderam que se baseiam na cooperaccedilatildeo entre os

atores participantes do arranjo trecircs como sendo a concentraccedilatildeo de produtores de

tangerina no territoacuterio e uma instituiccedilatildeo respondeu que depende da concentraccedilatildeo de

indiviacuteduos ocupados em uma atividade Nota-se que apesar das instituiccedilotildees estarem

presentes com suas accedilotildees no APL ainda natildeo existe um consenso sobre o conceito

de arranjo o que gera entendimentos e atuaccedilotildees diferenciadas por parte de cada

instituiccedilatildeo na disponibilizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o setor

Esta constataccedilatildeo tambeacutem foi identificada por Cavalcanti Torres Almeida e

Pereira (2010) ao analisar a visatildeo das instituiccedilotildees de apoio a APLs na Paraiacuteba

Segundo os autores verifica-se que a maioria dessas instituiccedilotildees natildeo deteacutem um

conceito formal de APL Aleacutem disso embora se digam atuantes nessa perspectiva

muitas vezes natildeo tecircm noccedilatildeo da complexidade que envolve as relaccedilotildees de um

arranjo produtivo

Essa deficiecircncia conceitual pode indicar a origem das dificuldades e

limitaccedilotildees da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas nos

APLs do Estado da Paraiacuteba

Entretanto apesar das diferentes percepccedilotildees conceituais todas as

instituiccedilotildees entrevistadas vecircm apoiando o APL sob demanda Os representantes das

instituiccedilotildees foram enfaacuteticos nas suas respostas pois acreditam que este arranjo estaacute

sendo beneficiado por ser de grande impacto para a economia local regional e

estadual por possuir tradiccedilatildeo no cultivo de tangerina por ser gerador de emprego e

renda por ser a principal cadeia produtiva agriacutecola dos municiacutepios envolvidos por

13

Os nomes das Instituiccedilotildees estatildeo descritos na Lista de Abreviaturas e Siglas

67

ter mercado favoraacutevel para escoamento da produccedilatildeo e com possibilidade de

expansatildeo por se tratar de uma cultura difundida e proacutespera na produccedilatildeo de laranja

e por ser promotora do desenvolvimento socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Ao analisar as respostas dos stakeholders institucionais pode-se dizer que o

APL em estudo tem sua atividade reconhecida como geradora de impacto

econocircmico e de perspectiva sustentaacutevel para o Estado e que existe interesse dessas

instituiccedilotildees continuarem priorizando o referido APL

No entanto foi identificado que as poliacuteticas implementadas natildeo satildeo

suficientes para alavancar o segmento pois tais poliacuteticas foram formatadas visando

promover a agricultura familiar e natildeo o desenvolvimento do APL Sendo assim essa

atuaccedilatildeo fica dependendo de accedilotildees preexistentes que limitam a execuccedilatildeo de

atividades mais amplas e integradas com toda a cadeia produtiva

Nesse sentido para que as poliacuteticas puacuteblicas sejam implementadas com

maior eficiecircncia no APL faz-se necessaacuterio um instrumento governamental que

estimule os Governos Estaduais e Municipais atraveacutes de suas Secretarias a

discutirem a estruturaccedilatildeo de poliacuteticas e a compreenderem as vantagens da inserccedilatildeo

dessas poliacuteticas em seus planos plurianuais

Nos estados brasileiros onde os Nuacutecleos Estaduais de Apoio aos APLs satildeo

proativos estes exercem um importante papel como elo entre as instituiccedilotildees e o

setor produtivo auxiliando na formataccedilatildeo de programas e projetos governamentais

que atendam agraves necessidades dos segmentos econocircmicos de forma continuada

(GTP APL 2007)

Quanto aos criteacuterios de seleccedilatildeo dos beneficiaacuterios para formalizaccedilatildeo de

parceria as respostas divergem quatro instituiccedilotildees responderam que atendem as

demandas diretamente aos produtores uma instituiccedilatildeo atende somente demandas

coletivas atraveacutes de associaccedilotildees e de cooperativas quatro instituiccedilotildees utilizam

como criteacuterio a elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos participativos onde as demandas satildeo

selecionadas e os produtores atendidos mediante programas e projetos elaborados

pelas proacuteprias instituiccedilotildees Esses diagnoacutesticos tambeacutem possibilitam o levantamento

das potencialidades e gargalos da atividade Algumas instituiccedilotildees buscam parcerias

para atender as demandas que natildeo estatildeo no escopo de sua atuaccedilatildeo

68

Com relaccedilatildeo aos criteacuterios de atendimento das demandas dos produtores de

tangerina as formas empregadas pelas instituiccedilotildees satildeo vaacutelidas Entretanto tal

atendimento eacute pontual e sem planejamento o que dificulta a realizaccedilatildeo de accedilotildees

continuadas Essa forma de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees promove o descreacutedito entre os

produtores pois as soluccedilotildees encontradas resolvem os problemas apenas

momentaneamente Por outro lado accedilotildees advindas de um programa estruturante

poderiam imprimir um caraacuteter preventivo e permanente pois a concepccedilatildeo de tal

programa permitiria a integraccedilatildeo das instituiccedilotildees parceiras de modo a suprir

gargalos existentes no arranjo e fazer com que essas parcerias desenvolvam accedilotildees

dentro de uma visatildeo sistecircmica no APL

Vale salientar que as instituiccedilotildees tambeacutem afirmam que procuram manter os

produtores informados dos programas e das poliacuteticas de desenvolvimento para o

segmento da citricultura promovendo reuniotildees com os agricultores visitas de

intercacircmbio cursos de capacitaccedilatildeo treinamento diagnoacutestico situacional eventos

temaacuteticos (por exemplo a Festa da Laranja) e divulgaccedilatildeo na miacutedia

As instituiccedilotildees parceiras tambeacutem apontaram vaacuterios desafios que elas

enfrentam para conceder apoio institucional ao APL tais como aumentar a

realizaccedilatildeo do nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo visando qualificar os produtores e

gestores das associaccedilotildees e da cooperativa aumentar os recursos financeiros para

atuar no APL transferir tecnologias adequadas aos produtores rurais de forma

permanente aumentar as pesquisas para controle de pragas e sanidade dos frutos

incentivar na regiatildeo o uso de mudas padronizadas e certificadas desvincular as

poliacuteticas partidaacuterias para que o arranjo possa ter autonomia na sua gestatildeo

conscientizar os produtores para um melhor aproveitamento da safra e propor um

programa especiacutefico para atender o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina no

qual os produtores possam ser orientados a produzirem com qualidade maior

produtividade e eficiecircncia

Observa-se que as instituiccedilotildees tecircm consciecircncia da existecircncia de desafios a

serem superados entretanto eacute latente a necessidade de uma accedilatildeo coletiva por

parte dessas instituiccedilotildees que possa apoiar o setor nas diversas fases da cadeia

produtiva enfatizando a importacircncia do sistema de agregaccedilatildeo de valor da tangerina

Este sistema deve ser orientado para a qualidade percebida no mercado ao serviccedilo

disponibilizado aos clientes e o preccedilo relativo aferido ao produto

69

Com relaccedilatildeo agraves vantagens em atuar na regiatildeo com a visatildeo de APL as

instituiccedilotildees possuem entendimentos variados agrupamento dos municiacutepios

fortalecendo as atividades e ganhando visibilidade fechamento do ciclo de plantio

produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e com isso aumentando a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e

renda no arranjo possibilidade de promover a diversificaccedilatildeo produtiva formaccedilatildeo de

um novo capital social e econocircmico cadeia produtiva estruturada organizada e com

mercado demandante produtores e parceiros atuando no mesmo territoacuterio o que

fortalece o desenvolvimento do APL e o aumento da capacidade de gestatildeo do

negoacutecio

Neste sentido a percepccedilatildeo dos parceiros institucionais quando falam de

vantagens em atuar no APL formata um arranjo ideal Entretanto natildeo basta apenas

o entendimento das instituiccedilotildees quanto agrave importacircncia desse arranjo se natildeo houver

uma articulaccedilatildeo que envolva as associaccedilotildees e a cooperativa para que estas se

tornem protagonistas da organizaccedilatildeo do arranjo e demandantes de poliacuteticas para o

setor

As demandas mais frequentes de apoio solicitadas pelos produtores

participantes do APL foram a necessidade de assistecircncia teacutecnica e financiamento

para produccedilatildeo de laranja Nesta questatildeo na visatildeo das instituiccedilotildees satildeo

consideradas tambeacutem quatro outras demandas importantes para complementar o

desenvolvimento econocircmico ampliaccedilatildeo de mercado para o escoamento da

produccedilatildeo de laranja implantaccedilatildeo da packing house mudas fiscalizadas e

certificadas e controle da proliferaccedilatildeo da mosca negra

Quanto ao apoio realizado ao APL as respostas aferidas pelas instituiccedilotildees

consistem em transferecircncia de tecnologia assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural

elaboraccedilatildeo de projetos de financiamento para os produtores (Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF) e elaboraccedilatildeo de projetos para

comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo para o PNAE (Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar) e PAA (Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ndash Conab) Aleacutem desses

apoios foi relatada na pesquisa a contrataccedilatildeo de um especialista para acompanhar

a produccedilatildeo de laranja apoio na realizaccedilatildeo de eventos temaacuteticosculturais realizaccedilatildeo

de cursos de capacitaccedilatildeo e pesquisas para o setor disponibilizaccedilatildeo de linhas de

creacutedito para os produtores atraveacutes do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste ndash FNE disponibilizado atraveacutes do Banco do Nordeste

70

Sobre a demanda dos produtores em contra ponto ao apoio das instituiccedilotildees

para o segmento verificou-se durante a entrevista com os stakeholders que ainda eacute

muito pequeno o apoio realizado em relaccedilatildeo agrave demanda Um dos principais fatores eacute

a carecircncia de teacutecnicos extensionistas atuando no APL Isto reflete diretamente na

dificuldade de execuccedilatildeo das accedilotildees previstas pelas instituiccedilotildees bem como de

continuidade dos programas governamentais

Para a maioria das instituiccedilotildees a participaccedilatildeo dos produtores ainda eacute muito

baixa porque eles natildeo estatildeo preparados para aceitar as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas

existentes devido a sua cultura de plantio e colheita repassada de pai para filho de

forma inadequada Outros fatores que impedem maior adesatildeo dos agricultores no

uso de novas tecnologias satildeo as experiecircncias pouco animadoras com projetos e

programas governamentais que eles jaacute participaram e que natildeo houve continuidade

Ainda em relaccedilatildeo agrave adesatildeo as instituiccedilotildees acreditam que os produtores satildeo abertos

para as novas tecnologias mas no entanto eles satildeo reticentes para implementaacute-las

devido ao custo e a falta de orientaccedilatildeo teacutecnica

Quando questionados sobre os obstaacuteculos que os produtores encontram para

participarem dos programas ofertados pelas instituiccedilotildees os gestores elencaram

falta de apoio teacutecnico e logiacutestica dos programas para mobilizar os produtores

dificuldade em atender as exigecircncias para obtenccedilatildeo do creacutedito rural dificuldade de

obtenccedilatildeo de registros cartoriais das aacutereas dos produtores o que impede o acesso agraves

linhas de financiamento produtores inadimplentes falta de parceiros institucionais

que repassem as informaccedilotildees corretas sobre as poliacuteticas puacuteblicas e que dominem

essas poliacuteticas (por exemplo a Secretaria de Educaccedilatildeo de Campina Grande natildeo

conseguiu abrir o edital para participaccedilatildeo dos produtores no PNAE) e ineacutercia dos

produtores para implementarabsorver as novas tecnologias disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees

Observa-se que cada parceiro tem consciecircncia das dificuldades enfrentadas

pelos produtores para participarem das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas e

segundo a visatildeo das instituiccedilotildees os problemas que afetam os produtores dificultam

a mudanccedila no cenaacuterio em que estaacute inserido o arranjo

Neste sentido as instituiccedilotildees deveriam analisar este cenaacuterio de acordo com

as necessidades dos produtores cujo objetivo seria auxiliar na soluccedilatildeo dos

71

obstaacuteculos identificados na pesquisa Nesta anaacutelise as instituiccedilotildees parceiras

deveriam indagar aos produtores as seguintes questotildees Seraacute que os teacutecnicos estatildeo

falando a linguagem dos produtores A assistecircncia teacutecnica atende agraves demandas

realizadas O nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo eacute suficiente para abranger a maioria

do segmento As pesquisas validadas e transferidas suprem as expectativas dos

produtores Seraacute que uma estufa na regiatildeo para produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mudas

fiscalizadas e certificadas natildeo seria uma soluccedilatildeo mais adequada A implantaccedilatildeo de

unidades demonstrativas com orientaccedilatildeo adequada e permanente aos produtores

natildeo provocaria maior credibilidade do tipo ldquoSatildeo Tomeacuterdquo (ver para crer) Seraacute que os

gastos dos recursos provenientes dos financiamentos aos produtores estatildeo sendo

bem orientados Essas indagaccedilotildees deveriam ser priorizadas dentro das instituiccedilotildees

parceiras e retro alinhadas a cada falha percebida

Na visatildeo dos stakeholders institucionais a atuaccedilatildeo cooperada dos

produtores instituiccedilotildees associaccedilotildees e cooperativas ainda eacute muito pequena pois

existe uma dissociaccedilatildeo entre os atores gerando uma cooperaccedilatildeo fragmentada e

descontiacutenua e consequentemente fazendo com que a integraccedilatildeo entre os elos de

cooperaccedilatildeo do sistema natildeo exista Desta forma a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees ocorre

isoladamente cada uma atuando apenas na sua competecircncia

Entretanto existem algumas experiecircncias de cooperaccedilatildeo que podem ser

citadas cursos realizados pelo Sindicato (STRM) em parceria com o SEBRAE

(capacitaccedilatildeo em associativismo) SENAR (produccedilatildeo de mudas frutiacuteferas de citros) e

COOPERAR (construccedilatildeo de cisternas) visita teacutecnica dos produtores de citros de

Matinhas ao Centro de Pesquisa da EMBRAPA em Cruz das Almas na Bahia

juntamente com teacutecnicos da EMATER EMEPA MAPA SEBRAE UFPB e PMM

para conhecer novas variedades de tangerina e aprender como desenvolver porta

enxertos para produzir mudas padronizadas e certificadas parceria entre a UFPB e

a PMM para realizaccedilatildeo dos cursos de capacitaccedilatildeo sobre manejo da mancha-marrom

-de-alternaria combate agrave mosca negra das frutas e produccedilatildeo de mudas aleacutem da

capacitaccedilatildeo de alunos do ensino fundamental para atuarem como agentes de

veiculaccedilatildeo de novas tecnologias junto agraves suas famiacutelias e outros produtores

integraccedilatildeo existente entre os diversos segmentos de ensino pesquisa e extensatildeo

para o APL (EMEPA ndash pesquisa UFPB ndash ensino EMATER ndash assistecircncia teacutecnica) e

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema formado por um grupo de 27

72

instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo do Agreste paraibano que passou a discutir os

problemas e soluccedilotildees dos municiacutepios produtores de tangerina da Paraiacuteba

Na pesquisa com as instituiccedilotildees foi possiacutevel identificar os principais parceiros

do APL bem como suas atuaccedilotildees e a importacircncia dessa cooperaccedilatildeo dentro do

arranjo Ao responder essa questatildeo as instituiccedilotildees enumeraram por ordem de

atuaccedilatildeo os oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais mais empenhados no

desenvolvimento do aglomerado produtivo

O SEBRAE foi o citado por seis instituiccedilotildees aparecendo como um dos mais

atuantes por ter conseguido formalizar o Foacuterum de Fruticultura da Borborema o qual

arrebanhou parceiros para ajudar no desenvolvimento da citricultura segmento da

tangerina na regiatildeo aleacutem de promover o empreendedorismo e apoiar eventos

voltados para o arranjo produtivo local

Em seguida vieram a EMEPA por ser um parceiro presente e sempre estar

ajudando os produtores a resolverem os problemas oriundos de pragas manejo e

plantio bem como desenvolver pesquisas voltadas para o melhoramento da

produccedilatildeo de tangerina a EMATER por promover a extensatildeo rural mesmo que de

forma precaacuteria e a Prefeitura Municipal de Matinhas pelo apoio aos produtores e

porta voz das reivindicaccedilotildees do setor

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam poliacuteticas puacuteblicas

especiacuteficas de apoio ao APL as respostas foram edital puacuteblico para o

desenvolvimento de APLs de baixa renda do Governo do EstadoBNDES Grupo

Permanente de Trabalho de Apoio aos APLs ndash GPT APL e Nuacutecleo Estadual de

Apoio aos APLs da Paraiacuteba ndash NE APLPB programa gerenciado pelo MDIC Foacuterum

de Fruticultura da Borborema e programas federais que beneficiam os produtores

de tangerina ndash PAACONAB e PNAEMinisteacuterio da Educaccedilatildeo

Ao analisar as respostas das instituiccedilotildees indutoras do Arranjo Produtivo Local

da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi possiacutevel diagnosticar que os programas

governamentais (federal estadual e municipal) possuem accedilotildees planejadas para a

regiatildeo mas no entanto eacute percebida a fragilidade de tais accedilotildees devido as mesmas

serem aplicadas de forma pontual Essas accedilotildees satildeo realizadas isoladamente onde

cada instituiccedilatildeo cumpre apenas o que interessa ser executado A comunicaccedilatildeo entre

os parceiros e a governanccedila que deveria acontecer de forma sistecircmica eacute insipiente

73

natildeo existindo estrateacutegia conjunta formatada para erradicar os problemas

evidenciados pelas instituiccedilotildees dentro do APL

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees como eacute percebida a intensidade da

cooperaccedilatildeo entre os beneficiados as respostas foram descritas conforme as

necessidades eventuais dos produtores sendo mais forte quando se fala em

comercializaccedilatildeo das tangerinas elaboraccedilatildeo de projetos agropecuaacuterios (PRONAF) e

implantaccedilatildeo do projeto da packing house aprovado no I Edital 200914

As respostas concedidas pelos entrevistados para percepccedilatildeo da existecircncia de

uma cooperaccedilatildeo mais fraca seguem a seguinte ordem financiamento para

desenvolver seus plantios produccedilatildeo de mudas certificadas inovaccedilatildeo tecnoloacutegica no

campo adesatildeo proativa dos produtores na zona rural assistecircncia teacutecnica

desenvolvimento de processos e produtos e coesatildeo entre associaccedilotildees e

cooperativa

Ao analisar as respostas acima citadas percebe-se que a visatildeo das

instituiccedilotildees eacute consensual sendo acordados os pontos fortes e fracos de cooperaccedilatildeo

No entanto natildeo foi registrada nenhuma preocupaccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees para

amenizar a fragilidade da cooperaccedilatildeo Mais uma vez eacute percebida a falta de uma

estrateacutegia conjunta capaz de dialogar coletivamente com o setor produtivo visando

fortalecer o processo de cooperaccedilatildeo para que os problemas do setor sejam

amenizados

Em relaccedilatildeo ao sistema de produccedilatildeo realizado na zona rural pelos produtores

as instituiccedilotildees concordam que o sistema eacute arcaico e extrativista e enfatizam que no

momento em que os produtores perceberem os ganhos possiacuteveis que seratildeo obtidos

com novas tecnologias os mesmos faratildeo uma adesatildeo natural aos programas

governamentais e ter-se-aacute um novo modelo de produccedilatildeo

A anaacutelise tambeacutem mostra que para uma pequena parcela de produtores a

inovaccedilatildeo tecnoloacutegica jaacute foi utilizada e ganhos satildeo visiacuteveis fazendo com que esses

produtores natildeo tenham necessidade de formalizar demanda aos programas sociais

para complementarem sua renda Segundo os stakeholders das instituiccedilotildees a

14 I Edital 2009 ndash Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais

Paraiacuteba lanccedilado em outubro2009 com recursos oriundos do Governo do EstadoFUNCEP e

BNDES

74

adesatildeo por parte dos outros produtores natildeo ocorreu porque eles ainda natildeo estatildeo

convencidos de que existam ganhos efetivos

Segundo a EMATER apenas 20 dos produtores de tangerina estatildeo em

processo de melhoria do plantio e da produccedilatildeo Essa visatildeo eacute acordada por 60 das

repostas dos entrevistados O restante dos produtores segundo as instituiccedilotildees natildeo

aderiu ao processo de modernizaccedilatildeo e consequentemente o desenvolvimento do

agronegoacutecio ficou comprometido a exemplo da grande quantidade de tangerinas

que natildeo satildeo comercializadas devido ao seu tamanho e que poderiam ser

aproveitadas em uma unidade de processamento de suco na regiatildeo

No tocante a novas tecnologias existe uma forte resistecircncia dos produtores

em adotar essas inovaccedilotildees principalmente pelo fato de envolver investimentos o

que eacute encarado por eles como gasto Neste caso natildeo existe a visatildeo do retorno

desse investimento Esse pensamento ainda eacute fortemente compartilhado entre os

produtores devido ao cultivo da tangerina ser de sequeiro e segundo eles natildeo

necessitar de muitos recursos para produzir tangerina

Aleacutem disso os plantadores de citros continuam a produzir com padrotildees de

comercializaccedilatildeo diferentes do padratildeo adotado pelo Sudeste do paiacutes a exemplo de

Satildeo Paulo onde os frutos satildeo comercializados por tamanho textura de pele e cor

Na Paraiacuteba pode-se encontrar em uma mesma caixa frutos verdes e amarelos o

que foge dos padrotildees de comercializaccedilatildeo exigidos pelos grandes mercados

Durante a anaacutelise foram verificados tambeacutem quais os principais problemas do

segmento Segundo a visatildeo das instituiccedilotildees foi dada ecircnfase na baixa capacidade

gerencial ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina dificuldade de acesso

aos canais de comercializaccedilatildeo aleacutem de investimentos em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam os principais concorrentes

da tangerina produzida no APL 100 dos entrevistados responderam que natildeo

existiam concorrentes pois o periacuteodo de produccedilatildeo da tangerina na Paraiacuteba eacute uacutenico

no paiacutes ou seja a produccedilatildeo ocorre na entressafra dos outros estados

As instituiccedilotildees tambeacutem informaram sobre a comercializaccedilatildeo os canais de

distribuiccedilatildeo e logiacutestica existente no arranjo A venda da produccedilatildeo eacute realizada no

comeacutercio local e regional principalmente para a CEASA de Campina Grande A

tangerina tambeacutem eacute comercializada nos principais estados do Nordeste tais como

75

Pernambuco ndash Petrolina Rio Grande do Norte ndash Natal Cearaacute ndash Fortaleza Bahia ndash

Juazeiro Alagoas ndash Maceioacute

Dos nove entrevistados cinco disseram que os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os

atravessadores o restante informou que a comercializaccedilatildeo eacute feita em mercados

abertos EMPASA CEASA feiras livres PNAE PAA (CONAB) feiras

agroecoloacutegicas e grandes supermercados No entanto para a questatildeo logiacutestica os

stakeholders reconhecem que eacute fraca para dar suporte ao escoamento da produccedilatildeo

Segundo uma instituiccedilatildeo governamental entrevistada os atravessadores

compram a tangerina dos produtores e as vendem para a CEASA Ao inveacutes da

CEASA como entreposto comercial de apoio aos produtores adquirir as tangerinas

diretamente das associaccedilotildees e cooperativas agriacutecolas ela acaba ldquooficializandordquo a

atividade dos atravessadores

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se elas conheciam leis ou instruccedilotildees

normativas para a produccedilatildeo de tangerina seis dos entrevistados afirmaram que sim

Entretanto estes conhecimentos natildeo foram explicitados nem dado ecircnfase aos

problemas ambientais existentes nos plantios tais como o plantio eacute aleatoacuterio sem

levar em conta nenhum padratildeo de espaccedilamento plantios realizados no sentido da

declividade (ldquomorro abaixordquo) sem uso de curvas de niacutevel e retirada da cobertura

vegetal do solo sem plano de manejo provocando erosatildeo

Aleacutem disso de acordo com a Prefeitura Municipal de Matinhas apesar de

saber das leis existe uma dificuldade de aplicar e cobrar as poliacuteticas ambientais

devido a distribuiccedilatildeo fundiaacuteria ou seja propriedades de pequenas extensotildees

territoriais Por exemplo a lei de preservaccedilatildeo ambiental prevecirc que 20 de mata

devam ser nativas ou devam existir 30 de faixa de APP ndash Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente nos riachos A maioria dos produtores da regiatildeo possuem 25 ha

contando que nesta aacuterea estaacute incluiacuteda a casa de moradia Logo se a lei fosse

aplicada ficaria impossiacutevel sobrar aacuterea para uma famiacutelia produzir e tirar seu sustento

Segundo a EMATER natildeo cabe a ela executar as instruccedilotildees normativas

ambientais pois sua funccedilatildeo e de oacutergatildeo educador cabendo ao MAPA a defesa

vegetal e a SUDEMA a fiscalizaccedilatildeo para o cumprimento das leis O restante das

instituiccedilotildees (trecircs) natildeo conhece regulamentaccedilatildeo ambiental especiacutefica para a

produccedilatildeo de tangerina

76

O que se pode verificar na anaacutelise dessa questatildeo eacute que mais uma vez eacute

percebida a falta de integraccedilatildeo das instituiccedilotildees no tocante agrave necessidade de accedilotildees

conjuntas para fazerem cumprir as leis e instruccedilotildees normativas ambientais Tais

accedilotildees poderiam contribuir para o segmento obter o certificado de agricultura

orgacircnica e o selo de produccedilatildeo ecologicamente correta entre outros

A pesquisa tambeacutem procurou identificar quais satildeo os projetos e planos futuros

que as instituiccedilotildees possuem para apoiar e consolidar o APL da Citricultura As

instituiccedilotildees entrevistadas responderam que diversos esforccedilos estatildeo sendo

envidados

O Sindicato dos Trabalhadores de Matinhas vem atuando de forma a

conscientizar os 60 dos produtores que ainda natildeo acreditam em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica devido agrave demora na realizaccedilatildeo das accedilotildees por parte das instituiccedilotildees

governamentais A EMATER busca realizar seminaacuterios capacitar os produtores

divulgar poliacuteticas puacuteblicas existentes para o setor bem como promover dias de

campo com os agricultores visando o aprendizado in-loco

A Prefeitura Municipal de Matinhas envida esforccedilos para consolidar a

Coopertange como empresa acircncora do APL A SEDAP atraveacutes de suas empresas

vinculadas concede apoio logiacutestico na distribuiccedilatildeo de mudas A EMEPA procura

aprovar projetos e pesquisas destinados agrave produccedilatildeo de mudas certificadas

submetendo-os aos Ministeacuterios

Os parceiros BNB e SEBRAE responderam que levam informaccedilotildees e

procuram outros parceiros para execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

sustentabilidade do APL aleacutem de atuar na capacitaccedilatildeo e consultorias teacutecnicas Para

o MAPA a importacircncia de sua atuaccedilatildeo estaacute sendo na identificaccedilatildeo de um programa

especiacutefico para o setor da tangerina e a distribuiccedilatildeo de mudas fiscalizadas e

certificadas para as regiotildees do Agreste paraibano

Apoacutes a consolidaccedilatildeo do APL as instituiccedilotildees esperam produtores realizando

comercializaccedilatildeo sem a presenccedila de atravessadores independecircncia dos produtores

de programas sociais como forma de complementaccedilatildeo da renda para sustento das

famiacutelias aumento da produccedilatildeo e melhoria na qualidade das frutas demarcaccedilatildeo da

77

identidade geograacutefica15 da tangerina maior participaccedilatildeo dos produtores na

cooperativa conscientizaccedilatildeo por parte dos produtores para a importacircncia do

desenvolvimento e estruturaccedilatildeo da cadeia produtiva incremento de novas

tecnologias aplicadas aos plantios e aumento do creacutedito qualificado para o APL

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia

das poliacuteticas puacuteblicas para o desenvolvimento do APL

A anaacutelise da competitividade sistecircmica do arranjo produtivo da tangerina

utilizou o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD conforme descrito

na seccedilatildeo 42 Para tanto foi elaborado um questionaacuterio com o objetivo de avaliar a

visatildeo dos produtores a partir dos niacuteveis Micro Meso Macro e Meta do modelo

proposto

A amostra utilizada para o referido estudo contempla cinco associaccedilotildees e

uma cooperativa Neste universo foram entrevistados os seis presidentes dessas

organizaccedilotildees localizadas nos municiacutepios de Matinhas Esperanccedila Alagoa Nova

Lagoa de Roccedila Lagoa Seca e Massaranduba A escolha dos entrevistados foi

devido agrave vivecircncia desses representantes como interlocutores junto agraves instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais e principalmente por serem produtores de

tangerina e liacutederes na regiatildeo

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro

Neste niacutevel buscou-se analisar a capacidade de organizaccedilatildeo dos produtores

a sua capacidade inovativa a logiacutestica existente na comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo

da produccedilatildeo bem como o niacutevel de competitividade dos produtores

Segundo os produtores de citros da regiatildeo o diferencial competitivo desse

arranjo eacute a sazonalidade da produccedilatildeo concentrando-se o plantio da tangerina

principalmente nos muniacutecipios de Matinhas Lagoa Seca e Alagoa Nova Este

15 A identidade geograacutefica tem como escopo conferir a determinado produto ou serviccedilo uma

identidade proacutepria criando um elo com suas especificidades regionais especialmente histoacutericas e culturais levando ao consumidor garantias como a rastreabilidade do produto e seguranccedila do alimento

78

diferencial faz com que natildeo existam concorrentes de outras regiotildees para a tangerina

produzida no APL

Entretanto o cultivo da tangerina ainda eacute realizado de forma tradicional e

arcaica em 80 das aacutereas produtivas do APL Segundo o presidente da associaccedilatildeo

de Lagoa Seca ldquonem todos os agricultores estatildeo conscientes da importacircncia da

praacutetica qualificadardquo Apesar de terem sido constatadas melhoria nas praacuteticas de

cultivo ainda eacute muito baixo o nuacutemero de produtores que optaram por teacutecnicas

ambientalmente corretas em seus pomares

Percebe-se mais uma vez que o cultivo da tangerina na regiatildeo natildeo eacute

realizado de forma adequada pela maioria dos produtores e que o processo de

modernizaccedilatildeo ainda depende da conscientizaccedilatildeo dos agricultores para o uso de

novas teacutecnicas agriacutecolas

Em relaccedilatildeo aos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica a maioria

dos entrevistados respondeu que existe uma grande deficiecircncia A presenccedila do

atravessador ainda eacute muito forte o que gera uma dependecircncia na comercializaccedilatildeo

pois esse tipo de transaccedilatildeo comercial eacute realizado diretamente nos pomares sem que

haja necessidade dos produtores se deslocarem para vender sua produccedilatildeo Esse

fato natildeo os estimula a venderem a tangerina em canais de distribuiccedilatildeo diversificados

e mais rentaacuteveis tais como atacadistas das regiotildees Sul e Sudeste supermercados

feiras agroecoloacutegicas e os programas PAA e PNAE

Sendo assim o escoamento da produccedilatildeo de tangerina eacute realizado pelos

atravessadores Estes satildeo os responsaacuteveis pela respectiva distribuiccedilatildeo no mercado

regional e em todo o Nordeste

Aleacutem do problema da comercializaccedilatildeo outros fatores correlacionados foram

identificados no APL ausecircncia da padronizaccedilatildeo da tangerina higienizaccedilatildeo e

classificaccedilatildeo dos frutos e baixa capacidade produtiva entre as safras o que impede

o arranjo de se consolidar no mercado

Por outro lado os produtores atraveacutes do Sindicato e da Coopertange vecircm

buscando a certificaccedilatildeo da tangerina como orgacircnica Essas organizaccedilotildees tecircm

consciecircncia que satildeo necessaacuterias mudanccedilas nas praacuteticas de cultivo para a obtenccedilatildeo

de tal certificaccedilatildeo o que proporcionaraacute maior agregaccedilatildeo de valor ao produto

79

Para melhor compreensatildeo dos fatores internos de competitividade das

associaccedilotildees e da cooperativa apresenta-se no Graacutefico 1 os resultados do

posicionamento dos produtores quanto algumas perspectivas de desenvolvimento

para o segmento

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter

uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

b) A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado c) A Coopertange (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente a

mercados mais exigentes e que pagam por qualidade

d) Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e) Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da

tangerina

f) Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

g) Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

h) A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro

Fonte Elaborado pela autora

Ao analisarmos as respostas concedidas pelos produtores de tangerina

observa-se uma dispersatildeo na maioria das respostas Percebe-se que natildeo existe um

consenso entre esses atores no tocante ao processo de seleccedilatildeo e homogeneidade

de mudas esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e dos canais

de comercializaccedilatildeo bem como para a questatildeo de incentivo a qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra O resultado da anaacutelise constata que cada ator externa uma preocupaccedilatildeo

diferente retratando a sua necessidade individual e sem uma visatildeo do coletivo

O Graacutefico 2 apresenta as principais formas de cooperaccedilatildeo entre os atores do

APL Neste graacutefico constata-se mais uma vez que o diaacutelogo entre os atores eacute muito

pequeno e que a conscientizaccedilatildeo para compras coletivas e venda de forma

cooperada natildeo eacute discutido e avaliado entre eles Para os demais itens percebe-se

que natildeo existe integraccedilatildeo entre os atores e que a maioria busca soluccedilotildees para os

80

seus problemas de forma particular natildeo observando sua participaccedilatildeo dentro de um

sistema cooperado em que seus problemas deveriam ser tratados coletivamente

Para a Associaccedilatildeo de Esperanccedila as respostas analisadas foram bem

diferentes pois as praacuteticas de comercializaccedilatildeo teacutecnicas agriacutecolas e intervenccedilotildees

governamentais ocorrem de maneira integrada

Isto eacute reflexo da atuaccedilatildeo da EMATER nessa regiatildeo que eacute atuante e

desempenha um papel de ATER16 de maneira continuada entre os produtores Essa

atuaccedilatildeo permite que os produtores dialoguem e busquem soluccedilotildees aos problemas

advindos de seus pomares hortas e plantaccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) Compra de insumos e equipamentos b) Venda de produtos

c) Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio d) Capacitaccedilatildeo de recursos humanos e) Obtenccedilatildeo de financiamento

f) Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees g) Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL

Fonte Elaborado pela autora

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo identificadas para o APL e

descritas no Graacutefico 3 foi observado que todas as informaccedilotildees sejam elas fontes

internas externas ou advindas de universidades centros de pesquisa e de outras

redes de informaccedilatildeo satildeo importantes para o desenvolvimento e estruturaccedilatildeo do

arranjo na visatildeo dos produtores entrevistados

Entretanto durante a entrevista foi observado certa anguacutestia por parte dos

atores no tocante a celeridade dessas informaccedilotildees Para eles existe uma

16

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

81

descontinuidade nas accedilotildees dos parceiros interrompendo-se assim a rede de

informaccedilatildeo criada entre os atores e as instituiccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h i j k l m n o p q r

Menos Importante

Meacutedia

Mais importante

Fontes internas

a) Pesquisa e Desenvolvimento b) Aacuterea de produccedilatildeo c) Aacuterea de vendas e marketing

d) Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes Externas e) Fornecedores de insumos

f) Clientes g) Concorrentes h) Outras empresas do setor

i) Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa j) Universidades

k) Institutos de pesquisas l) Centro de capacitaccedilatildeo profissional m) Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

n) Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes o) Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

p) Feiras especializadas q) Associaccedilotildees e sindicatos r) Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo

Fonte Elaborado pela autora

Nesta seccedilatildeo observa-se uma dicotomia na relaccedilatildeo entre produtores versus

instituiccedilotildees parceiras Do lado das instituiccedilotildees accedilotildees satildeo realizadas visando agrave

difusatildeo de informaccedilotildees para o setor e do lado dos produtores estes sentem a falta

da celeridade de tais informaccedilotildees e a elaboraccedilatildeo de programas especiacuteficos para o

segmento que possam ser executados de forma continuada

Debruccedilando-se sobre as respostas dos produtores principais atores da

atividade econocircmica foi possiacutevel averiguar que a falta de celeridade de informaccedilotildees

e a presenccedila dos parceiros de maneira esporaacutedica tecircm desmotivado esses atores a

buscarem a modernizaccedilatildeo para uma produccedilatildeo mais competitiva Esse reflexo pode

82

implicar na busca individualizada por respostas mais imediatas aos problemas

dentro do arranjo o que vem ocorrendo no APL em estudo

Outro fator determinante para o baixo investimento na produccedilatildeo de tangerina

eacute a desarticulaccedilatildeo entre os produtores para o uso de praacuteticas qualificadas em seus

plantios Isto eacute visivelmente comprovado quando observamos a falta de seleccedilatildeo e

padronizaccedilatildeo de frutos a venda da produccedilatildeo aos atravessadores a logiacutestica de

distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo natildeo realizada por uma empresa acircncora e o baixo niacutevel de

empreendedorismo dos produtores devido agrave ausecircncia de orientaccedilotildees teacutecnicas para

a gestatildeo do negoacutecio

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso

No niacutevel Meso foi possiacutevel analisar como os produtores estatildeo inseridos no

APL e como satildeo percebidas pelos produtores as poliacuteticas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais para a consolidaccedilatildeo desse

segmento

Os produtores filiados agraves organizaccedilotildees representativas do setor informaram

que do ponto de vista da esfera federal e estadual natildeo conhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina o que dificulta o desenvolvimento do APL

e da regiatildeo Esses produtores afirmam tambeacutem que tecircm conhecimento apenas das

poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar

Para o representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova seria necessaacuterio

tambeacutem ldquoo desenvolvimento de projetos coletivos para este setor visando incentivar

a qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra dos jovens e filhos dos agricultores para trabalharem

nos plantiosrdquo

Os representantes do setor tambeacutem questionam a falta de integraccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo por parte dos governos com outras instituiccedilotildees natildeo governamentais

para promover o arranjo e consequentemente ampliar a sua competitividade

Entretanto apesar de algumas accedilotildees serem realizadas de forma integrada

ainda satildeo muito tiacutemidas Segundo a representante da Coopertange ldquoNatildeo existe ateacute

o momento uma estrateacutegia de desenvolvimento para essa integraccedilatildeo de forma

continuadardquo

83

Para essas organizaccedilotildees coletivas e seus associados as contribuiccedilotildees das

instituiccedilotildees parceiras de apoio ao APL tecircm ocorrido de forma eventual Algumas

atividades citadas foram cursos de capacitaccedilatildeo treinamento elaboraccedilatildeo de

projetos debates palestras seminaacuterios visitas de intercacircmbio disponibilizaccedilatildeo de

mudas certificadas e apresentaccedilatildeo de viacutedeos

Os produtores tambeacutem citaram as instituiccedilotildees parceiras do arranjo Governo

do Estado SEDAP EMATER EMEPA EMPASA Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Matinhas SEBRAE Prefeituras Municipais BNB UFPB ndash Campus de

Bananeiras e de Areia Secretarias de Educaccedilatildeo (PNAE) MDS (PAA) UFCG Caixa

Econocircmica Banco do Brasil Foacuterum de Fruticultura da Borborema CONAB

Ministeacuterio da Sauacutede e EMBRAPA Aleacutem dessas outras entidades foram citadas

como potenciais parceiras MAPA INTERPA SENAR UEPB OCEPB Fundaccedilatildeo

Banco do Brasil e Bradesco

Outros oacutergatildeos natildeo governamentais citados no desenvolvimento de accedilotildees

conjuntas mesmo que de forma bastante incipiente foram a ASPTA17 e a FETAG18

Constatou-se tambeacutem que na visatildeo dos representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa a melhor maneira de se obter recursos junto agraves instituiccedilotildees de apoio a

fomento e entidades governamentais eacute atraveacutes da elaboraccedilatildeo de projetos e

programas voltados para a citricultura Outros mecanismos seriam a demanda

coletiva dos produtores e da governanccedila junto agraves instituiccedilotildees bem como a emissatildeo

da DAP19 (instrumento da SAFMDA20) para que esses produtores possam participar

de linhas de creacutedito especiacuteficas do PRONAF

A pesquisa tambeacutem avaliou se os produtores conhecem as leis ou instruccedilotildees

normativas que estabelecem requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina

na Paraiacuteba Trecircs dos entrevistados responderam que natildeo conhecem Para o

representante da Associaccedilatildeo de Massaranduba ldquoa maioria dos produtores do

municiacutepio conhece e utiliza cartilhas e livros teacutecnicos o que fez com que houvesse

uma reduccedilatildeo na queima e no desmatamento A praacutetica orientada para a reduccedilatildeo dos

17 Assessoria de Serviccedilos e Projetos da Agricultura Alternativa - Zona Rural 18 Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba 19 DAP ndash Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf - utilizada como instrumento de identificaccedilatildeo do agricultor familiar

para acessar poliacuteticas puacuteblicas como o Pronaf

20 A DAP foi criada pela Secretaria da Agricultura Familiar do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

84

impactos ambientais contribuiu com um trabalho de reflorestamento que vem sendo

desenvolvido na regiatildeo pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massarandubardquo

Foi observado entre os entrevistados que essa praacutetica eacute uma exceccedilatildeo no APL pois

eacute realizada somente pelos produtores desse municiacutepio

Jaacute o representante de Alagoa Nova diz ter conhecimento das leis mas elas

natildeo satildeo aplicadas porque natildeo existe uma assistecircncia teacutecnica continuada O

representante de Lagoa de Roccedila tambeacutem afirmou que conhece e pratica e quem o

orienta eacute seu neto aluno da Escola Teacutecnica que estaacute cursando Teacutecnico Agriacutecola

Quando se analisa a poliacutetica comercial brasileira para exportaccedilatildeo da

tangerina verifica-se que a metade dos entrevistados tem consciecircncia que existe

potencial de comercializaccedilatildeo e mercado para exportaccedilatildeo desse tipo de fruto

enquanto que outra metade natildeo tem conhecimento de tal poliacutetica

No Graacutefico 4 ao serem avaliadas algumas variaacuteveis do niacutevel Meso para o

desenvolvimento do arranjo pocircde-se averiguar que a relaccedilatildeo entre os produtores e

as poliacuteticas existentes tem acontecido de maneira diferenciada para cada

associaccedilatildeo e cooperativa podendo variar em funccedilatildeo do interesse pela demanda

grau de organizaccedilatildeo da entidade e niacutevel de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees que apoiam o

APL

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo

de negoacutecios b O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos

gestores governamentais

c A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo d A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor e O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

f As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

g A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

h A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso

Fonte Elaborado pela autora

85

A natildeo existecircncia de um consenso entre os produtores eacute decorrente das

respostas analisadas no referido graacutefico em que algumas organizaccedilotildees coletivas

discordam da efetividade dessas poliacuteticas e em contraponto outras concordam

parcialmente ou totalmente

O Graacutefico 5 avalia a relaccedilatildeo dos produtores com as instituiccedilotildees parceiras

governamentais e natildeo governamentais Verifica-se que os atores divergem em suas

respostas por possuiacuterem niacuteveis de parcerias diferentes com cada instituiccedilatildeo Logo

percebe-se que na visatildeo dos entrevistados algumas instituiccedilotildees tecircm atuaccedilatildeo

regular outras apresentam accedilotildees inexpressivas e as demais natildeo tecircm relaccedilatildeo de

parceria com os atores

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e

Oacutetimo

Bom

Regular

Ruim

Sem relaccedilatildeo

a AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio b Instituiccedilotildees financeiras

c Fornecedores e outras empresas do arranjo d Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades e Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

Fonte Elaborado pela autora

Constata-se no niacutevel Meso que os representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa natildeo conhecem poliacuteticas especiacuteficas para o setor seja pela sua

inexistecircncia ou mesmo pela insipiente difusatildeo de informaccedilotildees sobre programas e

projetos voltados para o APL O que geralmente ocorre eacute a utilizaccedilatildeo de poliacuteticas jaacute

existentes como por exemplo para agricultura familiar sem haver uma

preocupaccedilatildeo em atender os problemas especiacuteficos da citricultura

Outra questatildeo tambeacutem apontada pelos produtores eacute a falta de integraccedilatildeo das

instituiccedilotildees que apoiam o setor gerando accedilotildees individualizadas e descontiacutenuas

Este problema tambeacutem foi identificado no niacutevel Micro (seccedilatildeo 521) o que mais uma

vez comprova a necessidade de uma poliacutetica governamental especiacutefica e atuante

para o referido arranjo

86

O lado positivo da avaliaccedilatildeo deste niacutevel eacute que os produtores apontaram

diversas instituiccedilotildees com accedilotildees pontuais no arranjo produtivo local Isto indica que

existe uma preacute-disposiccedilatildeo e interesse dessas instituiccedilotildees em apoiarem um APL que

tem potencial comercial expressivo e que envolve uma parcela da populaccedilatildeo

residente na zona rural em atividades oriundas da citricultura

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro

As questotildees elaboradas para o niacutevel Macro natildeo retratam especificamente o

modelo definido para o referido niacutevel como detalhado na seccedilatildeo 42 Por outro lado

essas questotildees foram formatadas sob a oacutetica de um APL de baixa renda que

apresenta fragilidades advindas das poliacuteticas puacuteblicas para a agricultura familiar No

entanto observa-se um grande potencial para o aumento da produccedilatildeo de citros na

regiatildeo o que faz esse arranjo ter prioridades econocircmicas e sociais podendo atingir

os mercados nacional e internacional

Neste niacutevel procurou-se entender como os produtores percebem as poliacuteticas

econocircmicas e a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na disponibilizaccedilatildeo de creacuteditos e linhas de

financiamento como forma de consolidar o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

Em relaccedilatildeo agrave disponibilizaccedilatildeo de financiamento pelas instituiccedilotildees de fomento

para melhorar o processo produtivo no arranjo todas as associaccedilotildees afirmam que

as linhas de creacutedito satildeo provenientes do PRONAF atraveacutes do Banco do Nordeste ndash

BNB que credenciou teacutecnicos da EMATER para elaborar os projetos

Essa linha de financiamento concede aos produtores condiccedilotildees especiais tais

como carecircncia para pagamento rebate e juros baixos O acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos eacute realizado conjuntamente pelo BNB e EMATER Outras

instituiccedilotildees de fomento que aparecem muito timidamente satildeo Banco do Brasil e

Caixa Econocircmica

Foi observado que os produtores natildeo tecircm clareza sobre financiamentos para

expansatildeo da capacidade produtiva capital de giro e melhoria da produccedilatildeo A

burocracia ainda eacute grande para o agricultor familiar e as informaccedilotildees natildeo chegam

adequadamente agraves associaccedilotildees

87

Com relaccedilatildeo agrave poliacutetica puacuteblica que estabeleceu programas e accedilotildees para

Arranjos Produtivos Locais foi observado na pesquisa que a maioria dos

entrevistados natildeo percebeu nenhum benefiacutecio praacutetico a partir dessas medidas e que

ateacute hoje o setor natildeo tem uma poliacutetica especiacutefica para esse tipo de produccedilatildeo agriacutecola

Somente o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila afirmou que o Governo

Federal incentivou o desenvolvimento do APL da Citricultura aprovando o projeto

para aquisiccedilatildeo de uma packing house

Outro aspecto relatado pela maioria das organizaccedilotildees e produtores foi que

natildeo existe no Plano Pluri Anual ndash PPA dos Governos Municipais accedilotildees ou poliacuteticas

especiacuteficas para a tangerina Apenas o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila

afirmou que a prefeitura investe em accedilotildees direcionadas ao APL preparando

estradas para escoamento da produccedilatildeo e adquirindo 30 da produccedilatildeo agriacutecola do

municiacutepio para a merenda escolar atraveacutes do PNAE

Constatou-se tambeacutem que a prefeitura de Matinhas tem investido na melhoria

das estradas vicinais na criaccedilatildeo do Parque da Laranja para realizaccedilatildeo de eventos

na aquisiccedilatildeo de equipamentos para beneficiamento da tangerina bem como

propiciou a contrapartida para aquisiccedilatildeo da packing house

Outra questatildeo informada pelos representantes das organizaccedilotildees foi como

resolver a presenccedila do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no setor jaacute que o

APL conta com cinco associaccedilotildees e uma cooperativa Esses representantes

afirmaram que seria necessaacuterio um grande trabalho de conscientizaccedilatildeo que fizesse

os produtores participarem ativamente da cooperativa pois atualmente ainda existe

rejeiccedilatildeo por esse tipo de organizaccedilatildeo

Tambeacutem foi frisada a importacircncia da estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da

Coopertange pois ela poderaacute ser o elo de integraccedilatildeo entre o segmento e as

poliacuteticas existentes Essa entidade deve ser capaz de dialogar com os oacutergatildeos

governamentais e efetivar a citricultura como uma atividade competitiva e rentaacutevel

para os produtores Os entrevistados ainda citaram como importante o escoamento

da produccedilatildeo pela cooperativa e a parceria com a Ceasa para que a mesma compre

a tangerina diretamente da Coopertange

Evidenciou-se ainda que as associaccedilotildees e a cooperativa estatildeo envidando

esforccedilos para consolidar o referido APL realizando reuniotildees com os produtores

88

buscando novos parceiros fazendo anaacutelise de mercado para onde pretendem

escoar a produccedilatildeo desenvolvendo projetos participando de feiras agroecoloacutegicas e

pesquisando o uso de novas tecnologias

Por fim os entrevistados externaram os projetos e planos futuros que eles

esperam com a consolidaccedilatildeo do APL A presidente da Coopertange espera colocar

em funcionamento a cooperativa como empresa ancora do APL instalar a packing

house estimular o crescimento da produccedilatildeo buscar a transferecircncia de tecnologia de

forma permanente para os produtores e gerar a inclusatildeo social na regiatildeo

O representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova espera que as instituiccedilotildees

parceiras promovam maior divulgaccedilatildeo das informaccedilotildees para os produtores dos seis

municiacutepios que compotildeem o APL que haja um aumento de recursos para investir na

produccedilatildeo e mais tecnologia para o segmento Para o representante da Associaccedilatildeo

de Lagoa de Roccedila o mais importante eacute melhorar o preccedilo da tangerina no mercado

No municiacutepio de Esperanccedila a associaccedilatildeo almeja que as informaccedilotildees

advindas de programas governamentais possam chegar aos produtores de forma

efetiva e que haja um aumento na venda da produccedilatildeo advinda da agricultura

familiar A Associaccedilatildeo de Lagoa Seca pretende melhorar as condiccedilotildees sociais e

econocircmicas dos associados participantes do arranjo O desejo da presidente da

Associaccedilatildeo de Massaranduba eacute ldquover todos os produtores tirando proveito da

estrutura da Coopertangerdquo

No Graacutefico 6 satildeo avaliadas as poliacuteticas econocircmicas direcionadas para o APL

da Citricultura e analisado como os atores percebem a contribuiccedilatildeo dessas poliacuteticas

Ao serem questionados se os governos locais tecircm direcionado o orccedilamento para a

promoccedilatildeo do arranjo todos afirmam que natildeo Este entendimento sugere

provavelmente que os produtores natildeo entendem as accedilotildees realizadas pelos governos

locais como uma poliacutetica efetiva para o arranjo Quando indagado aos produtores se

a poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor a maioria afirmou

ser indiferente e natildeo perceber a eficaacutecia dessa poliacutetica pois a mesma apresenta

poucos reflexos no desenvolvimento do arranjo da citricultura Para os produtores de

citros a carga tributaacuteria e as leis trabalhistas natildeo influenciam no soerguimento da

atividade Verifica-se que algumas respostas apresentam-se de forma dispersa o

que retrata possivelmente a falta de um melhor entendimento sobre tais poliacuteticas

89

Considerando que o niacutevel Macro engloba poliacuteticas macroeconocircmicas as

poliacuteticas de financiamento utilizadas pela maioria dos produtores ainda satildeo

provenientes do PRONAF pois o APL em questatildeo encontra-se em fase de

organizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo tem como base a agricultura familiar e ainda se

apresenta como de baixa renda apesar do seu grande potencial socioeconocircmico

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

b A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor c A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos d O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

e A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo f As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro

Fonte Elaborado pela autora

Foi observado tambeacutem que a atividade econocircmica possui caracteriacutesticas

positivas tais como nuacutemero expressivo de produtores participantes de associaccedilotildees

e da cooperativa localizadas no arranjo produccedilatildeo diferenciada com propriedades

orgacircnicas e custo baixo de produccedilatildeo por serem frutos de sequeiro

No entanto o APL em questatildeo possui baixo investimento em pesquisa

desenvolvimento e inovaccedilatildeo baixa estrateacutegia para a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo falta

de alocaccedilatildeo de recursos para melhoria do plantio e equidade de renda dos

produtores desnivelada

Aleacutem disso um ponto forte evidenciado nesse aglomerado produtivo e que se

constitui como um dos seus maiores diferenciais eacute a produccedilatildeo de tangerina na

entressafra das outras regiotildees produtoras tendo como consequecircncia uma forte

demanda pela produccedilatildeo

Neste sentido faz-se necessaacuterio a criaccedilatildeo de mecanismos que possibilitem a

execuccedilatildeo de uma poliacutetica econocircmica mais proativa para a citricultura que natildeo sofra

90

soluccedilatildeo de continuidade e que os resultados de sua implementaccedilatildeo possam ser

acompanhados pela governanccedila parceiros institucionais e produtores

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta

O objetivo deste niacutevel eacute identificar o grau de cooperaccedilatildeo entre os atores o

seu empoderamento e capacidade de interferecircncia nas poliacuteticas puacuteblicas visando

aglutinar forccedilas e potencializar as vantagens competitivas do setor Esta anaacutelise

tambeacutem busca identificar se os produtores estatildeo desenvolvendo estrateacutegias que

venham promover o APL da Citricultura

Neste sentido dos seis atores entrevistados quatro responderam que

conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas governamentais voltados

para o arranjo Esses atores relataram que existe inclusive um bom relacionamento

com a EMATER e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel ndash

CMDRS Aleacutem disso as organizaccedilotildees coletivas conseguem com esses parceiros

institucionais apoio teacutecnico para produzir citros (tangerina limatildeo e laranja) e

hortaliccedila sem o uso de agrotoacutexico Os produtores rurais foram enfaacuteticos em dizer

que ldquonatildeo admitem a aplicaccedilatildeo de produtos quiacutemicos em seus pomaresrdquo

Os outros dois representantes responderam que natildeo conseguem influenciar

os governantes para a importacircncia de uma assistecircncia teacutecnica continuada pois ao

inveacutes de realizarem accedilotildees de ATER21 de forma permanente os apoios satildeo sempre

realizados de forma pontual a exemplo da ldquopraga da mosca negrardquo Para este

problema a assistecircncia teacutecnica concedida por parte das instituiccedilotildees governamentais

para evitar uma infestaccedilatildeo foi corretiva e natildeo preventiva

No entanto quando questionados sobre a preacute-disposiccedilatildeo agrave cooperaccedilatildeo os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa acreditam que os produtores estatildeo

confiantes na parceria com as instituiccedilotildees e tecircm certeza que gradativamente esse

processo estaraacute fortalecido Contudo a Associaccedilatildeo de Esperanccedila acredita que os

produtores natildeo estatildeo preparados e tecircm dificuldade de dialogar com as instituiccedilotildees

21

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

91

Quando abordados sobre a existecircncia da troca de conhecimentos entre os

parceiros quatro organizaccedilotildees responderam que existe um bom diaacutelogo com os

parceiros EMATER SPTA Polo Sindical da Borborema (composto por 16

sindicatos) EMEPA EMBRAPA UEPB (alunos de agroecologia) UFPB e feirantes

Aleacutem disso os representantes das organizaccedilotildees falaram da praacutetica de difundir entre

os produtores teacutecnicas aprendidas em palestras sobre plantaccedilatildeo orgacircnica e

defensivos orgacircnicos Por outro lado a Coopertange e a Associaccedilatildeo de Lagoa de

Roccedila acreditam que no passado jaacute houve troca de conhecimento entre os

produtores mas hoje natildeo mais

Percebe-se na anaacutelise do Graacutefico 7 que natildeo existe um consenso sobre a

efetividade das poliacuteticas como indutoras de desenvolvimento do APL Os produtores

tecircm respostas diferentes quando satildeo indagados sobre a atuaccedilatildeo dos governos em

prol do arranjo sobre a existecircncia de canais negociaccedilatildeo bem como na busca de um

modelo de governanccedila que facilite o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees governamentais e o

setor produtivo

Desta forma a inexistecircncia de um consenso de opiniatildeo e a falta de

consciecircncia sobre a importacircncia da organizaccedilatildeo dos produtores faz com que o

desenvolvimento do APL seja lento e suas accedilotildees desarticuladas

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

b O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

c As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no arranjo atuando de maneira

democraacutetica em defesa dos seus soacutecios d Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor

privado

e Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta

Fonte Elaborado pela autora

92

Neste niacutevel cujo objetivo eacute identificar a capacidade de organizaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa e seu poder de articulaccedilatildeo junto agraves instituiccedilotildees que

apoiam o APL constata-se que para o arranjo as instituiccedilotildees reconhecem o

potencial do setor e tecircm interesse em apoiar as dinacircmicas de desenvolvimento e

accedilotildees de caraacuteter efetivo para a consolidaccedilatildeo do arranjo Por outro lado os

produtores na sua maioria natildeo gozam de privileacutegios comparados a outras

atividades econocircmicas tradicionais existentes no Estado a exemplo dos setores

Sucroalcooleiro Coureiro-Calccediladista e Caprinovinocultura

Outra questatildeo conflitante diz respeito agrave atuaccedilatildeo democraacutetica das associaccedilotildees

e da cooperativa representantes legais dos produtores e que atuam na defesa dos

interesses do setor A falta de uniatildeo a inexistecircncia de diaacutelogo mais frequente entre

essas organizaccedilotildees e a carecircncia de um interlocutor que unifique a lideranccedila e

debata com o segmento as necessidades coletivas dos produtores fazem com que

a comunicaccedilatildeo entre os governos e o setor produtivo esteja fragilizada

No tocante a um modelo de governanccedila para o APL os produtores ainda natildeo

tecircm um consenso formatado sobre tal modelo Mas o mais interessante eacute que em

todo o estudo os beneficiaacuterios do arranjo tecircm esperanccedilas de que quando a packing

house estiver funcionando e a Coopertange assumir o papel de empresa acircncora do

sistema seraacute possiacutevel dar a este arranjo produtivo local um novo rumo de

cooperaccedilatildeo e sobre tudo uma nova dinacircmica comercial e ambiental para o APL da

citricultura

53 Conclusatildeo da Anaacutelise

Neste capiacutetulo foi possiacutevel avaliar o arranjo institucional e as contribuiccedilotildees e

falhas detectadas a partir das poliacuteticas puacuteblicas implementadas no Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Na seccedilatildeo 51 foram analisados os dados coletados nas entrevistas com os

stakeholders das instituiccedilotildees mais atuantes no arranjo A partir dessa anaacutelise pode-

se concluir que o suporte institucional existente para o APL possui parceiros

importantes e com potencial para apoiar a organizaccedilatildeo do arranjo bem como tem

capacidade teacutecnica para estimular e promover entre os produtores a cultura da

93

cooperaccedilatildeo Entretanto ficou evidenciado que este suporte institucional ainda eacute

fraacutegil e apresenta deficiecircncia na execuccedilatildeo das accedilotildees

A governanccedila praticada ainda eacute a governamental (prefeitura e Governo do

Estado) e se apresenta como a maior incentivadora do desenvolvimento da

citricultura na regiatildeo

No entanto percebe-se na fala de cada representante que as accedilotildees satildeo

realizadas isoladamente por cada entidade Mesmo que estas estejam integradas no

APL as accedilotildees continuam acontecendo conforme o planejamento institucional de

cada uma Essa realidade dificulta a flexibilidade dos gestores apoiarem outras

demandas mais significativas e impactantes para o arranjo

Contudo tentativa como a do SEBRAE de quebrar esse hiato possibilitou em

parceria com a Superintendecircncia Federal de Agricultura no Estado da Paraiacuteba a

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema Apesar da atuaccedilatildeo deste Foacuterum

natildeo foi possiacutevel identificar a existecircncia de accedilotildees integradas e executadas de

maneira continuada entre os seus representantes que pudessem ser elaboradas e

validadas como prioridade para o desenvolvimento da tangerina na Paraiacuteba Essa

constataccedilatildeo foi observada nas respostas dos entrevistados Eles tambeacutem afirmam

que a poliacutetica partidaacuteria existente na regiatildeo dificulta a implementaccedilatildeo de accedilotildees

integradas

Os gestores institucionais natildeo perceberam que as poliacuteticas puacuteblicas

existentes para atender agraves necessidades do setor devem ser trabalhadas a partir de

uma interseccedilatildeo dos programas governamentais e natildeo governamentais que

potencializem projetos estruturantes possibilitando a sustentabilidade da atividade

econocircmica de forma equilibrada em toda a regiatildeo

Para analisar a visatildeo dos produtores em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas direcionadas ao APL discutida na seccedilatildeo 52 utilizou-se como ferramenta o

modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD composto por quatro niacuteveis

O niacutevel Micro permitiu a identificaccedilatildeo dos problemas mais frequentes dos

produtores que apesar de estarem organizados em associaccedilotildees e cooperativa natildeo

possuem o habito de resolver os problemas do segmento de modo cooperado

94

Tal constataccedilatildeo recai sobre a falta de diaacutelogo entre os atores fazendo com

que um hiato seja gerado na comunicaccedilatildeo dos participantes do arranjo Este fato

impede os produtores de obterem resultados promissores para o segmento e de

vislumbrarem a possibilidade de investir em inovaccedilatildeo de forma coletiva e realizar

uma comercializaccedilatildeo com maior poder de negociaccedilatildeo de preccedilo e de expansatildeo de

mercado

Outros fatores importantes detectados nesse niacutevel foram a baixa capacidade

produtiva entre as safras apesar de existir uma aacuterea expressiva para a produccedilatildeo de

citros falta de celeridade nas informaccedilotildees e descontinuidade nas accedilotildees dos

parceiros

No niacutevel Meso verificou-se que os produtores desconhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina e questionam a falta de investimentos

financeiros para o setor a falta de orientaccedilatildeo de normas teacutecnicas de plantio e

manejo nos pomares a falta de integraccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre as instituiccedilotildees

governamentais e a falta de projetos que qualifiquem jovens e filhos de produtores

para atuarem no campo

Os produtores enfatizam tambeacutem a pouca atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees realizando

accedilotildees diferenciadas para cada associaccedilatildeo ou seja natildeo havendo criteacuterios para o

atendimento coletivo desses atores

Ao analisar o APL segundo o niacutevel Macro verificou-se que as poliacuteticas

macroeconocircmicas (cambial monetaacuteria e fiscal) e a poliacutetica de comeacutercio exterior natildeo

influenciam diretamente esse APL Por ser um arranjo de baixa renda e que utiliza

basicamente poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar adequadas para

uma agricultura diversificada e natildeo especificamente para tangerina tais poliacuteticas

acabam natildeo incentivando a expansatildeo do plantio Neste caso o planejamento e a

organizaccedilatildeo produtiva da atividade de maior potencial econocircmico na regiatildeo natildeo satildeo

priorizados

Ainda sobre a poliacutetica econocircmica brasileira eacute notoacuteria a carecircncia de

esclarecimentos sobre como essa poliacutetica poderia dinamizar o segmento e o

desconhecimento sobre os incentivos governamentais para formalizaccedilatildeo de

agronegoacutecios

95

O niacutevel Meta analisou a cooperaccedilatildeo dos atores dentro de uma visatildeo

sistecircmica em que estes acreditam que gradativamente o setor estaraacute fortalecido

mas que ainda natildeo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas

governamentais voltados para o setor

Identificou-se tambeacutem que natildeo existe um consenso entre os produtores sobre

a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao arranjo nem sobre a participaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa na defesa dos direitos dos seus associados e nem na

implementaccedilatildeo de um modelo de governanccedila que contribua com o desenvolvimento

do APL

Portanto apoacutes a anaacutelise da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees e da percepccedilatildeo dos

produtores rurais em relaccedilatildeo agraves poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina espera-se que as contribuiccedilotildees identificadas nesta pesquisa

sirvam de instrumento balizador na adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas para

a citricultura no Estado e que novas perspectivas de incremento ao setor sejam

planejadas com a participaccedilatildeo e integraccedilatildeo das organizaccedilotildees sociais que compotildeem

o arranjo

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Esta dissertaccedilatildeo analisou o Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina por se tratar de um APL de grande potencial econocircmico para

a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

O trabalho proposto teve como finalidade analisar a estrutura organizacional

do APL identificar as poliacuteticas promotoras do desenvolvimento avaliar a

contribuiccedilatildeo das poliacuteticas disponibilizadas e propor medidas para a reduccedilatildeo das

falhas oriundas do processo de implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas

Historicamente a regiatildeo em estudo eacute detentora de um nuacutemero expressivo de

produtores rurais que destinam suas atividades agriacutecolas no plantio de citros O

setor gera 4000 empregos diretos e 6000 empregos indiretos aproximadamente o

que torna o referido arranjo prioritaacuterio para o Estado

A produccedilatildeo de tangerina advinda do aglomerado produtivo apresenta como

diferencial competitivo a ocorrecircncia da safra na entressafra de outros estados e o

plantio com caracteriacutesticas orgacircnicas (sem uso de defensivos quiacutemicos)

Os stackholders entrevistados acreditam que o referido APL tem impacto na

economia local e regional tem mercado favoraacutevel para o escoamento da produccedilatildeo

eacute gerador de emprego e renda apresenta possibilidade de expansatildeo tem cultura

difundida na produccedilatildeo de tangerina e eacute promotor do desenvolvimento

socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Nos uacuteltimos anos apesar de ainda natildeo haver uma dinacircmica de trabalho

adequada para o segmento as instituiccedilotildees parceiras e suas respectivas poliacuteticas

contribuiacuteram para que o setor avanccedilasse

As principais poliacuteticas de apoio ao APL realizadas pelas instituiccedilotildees satildeo a

disponibilizaccedilatildeo de linhas de creacutedito destinadas agrave agricultura familiar (PRONAF)

estimulo agraves compras governamentais para os programas PNAE e PAA realizaccedilatildeo

de pesquisas de inovaccedilatildeo para a melhoria de mudas e plantas certificadas

97

promoccedilatildeo da transferecircncia de tecnologias e da capacitaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

orientaccedilotildees de ATER no plantio da tangerina

Sendo assim para analisar o impacto das poliacuteticas aplicadas ao APL em

estudo foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD Este

modelo analisa o arranjo com maior ecircnfase nos aspectos sociais e inclui a accedilatildeo do

Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade como fatores determinantes para o aumento

da competitividade sistecircmica A partir desse modelo foi possiacutevel pesquisar atraveacutes

dos niacuteveis Micro Meso Meta e Macro como o setor estaacute organizado e como as

poliacuteticas satildeo percebidas pelos produtores

Ao concluir a anaacutelise da pesquisa dois pontos foram priorizados e

referenciados dentro do estudo o primeiro eacute a visatildeo das instituiccedilotildees parceiras e

fomentadoras de poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

e o segundo a percepccedilatildeo dos produtores quanto agraves poliacuteticas disponibilizadas para o

aglomerado produtivo

Para as instituiccedilotildees o apoio ao segmento eacute realizado devido agrave importacircncia

econocircmica da produccedilatildeo de tangerina bem como 80 da populaccedilatildeo residir na zona

rural e ter como principal fonte de renda o cultivo da tangerina dancy Estes dois

fatores fazem com que as entidades governamentais vejam a atividade como

dinamizadora da economia para a regiatildeo

Outras accedilotildees advindas dessas entidades foram identificadas na pesquisa

contrataccedilatildeo de um especialista em tangerina melhoria das estradas vicinais para o

escoamento da produccedilatildeo promoccedilatildeo de visitas teacutecnicas e intercacircmbio reuniotildees

informativas sobre programas e poliacuteticas de desenvolvimento existentes para o

segmento e constituiccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema

Para os produtores esse apoio das instituiccedilotildees natildeo eacute percebido como poliacutetica

efetiva pois eacute executado sem um planejamento permanente de accedilotildees para o

periacuteodo de safra e de entressafra

As associaccedilotildees e a cooperativa tambeacutem sentem que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo

atuando de forma integrada ou seja natildeo foi visualizado um programa para a

citricultura principalmente para a tangerina em que houvesse a contribuiccedilatildeo de

todos os parceiros periodicamente visando o crescimento do APL

98

Aleacutem disso os produtores tambeacutem enfatizaram que o atendimento das

demandas por parte das instituiccedilotildees eacute realizado individualmente ou coletivamente

dependendo do tipo de accedilatildeo programada em cada oacutergatildeo o que muitas vezes

impede accedilotildees coletivas bem mais significativas para o APL como um todo

Esse apoio institucional realizado pelos parceiros de forma desarticulada e

com atendimentos diferenciados tem estimulado nos produtores descreacutedito nas

accedilotildees disponibilizadas pelos governos municipais e estadual

A falta de uma poliacutetica que intensifique as atividades econocircmicas e

tecnoloacutegicas no APL faz com que a produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba sofra um

descompasso entre a grande demanda por esses frutos de mesa e a baixa

competitividade desse setor

Sendo assim faz-se necessaacuterio a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas e adequaccedilatildeo

das jaacute existentes para que o arranjo possa se desenvolver com eficiecircncia e

competitividade

Sugere-se tambeacutem como alternativa complementar nas propostas de poliacuteticas

puacuteblicas a inserccedilatildeo das potencialidades de investimento dos municiacutepios que

compotildeem o APL (ver Apecircndice C) apresentadas nos Mapas de Oportunidades do

Estado da Paraiacuteba (FIEP 2009)

Na proacutexima seccedilatildeo seratildeo apresentadas as contribuiccedilotildees para a formulaccedilatildeo de

tais poliacuteticas

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

A pesquisa realizada no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina identificou que este APL natildeo possui infraestrutura tecnoloacutegica e logiacutestica

para vender em mercados que exigem qualidade e prazo de entrega a exemplo das

grandes redes de supermercado nacional ou para exportaccedilatildeo

Os avanccedilos obtidos a partir dos apoios institucionais ainda natildeo satildeo

suficientes para que o arranjo seja competitivo e desponte nacionalmente como um

99

aglomerado de excelecircncia na produccedilatildeo de tangerina Espera-se que com a

implementaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas para o segmento esse arranjo seja capaz de

promover o aumento da inclusatildeo social fazendo com que a dependecircncia do

agricultor por auxiacutelios governamentais como parte complementar de sua renda

sejam substituiacutedos por trabalho e geraccedilatildeo de riqueza

Para tanto diante das discussotildees geradas nesta dissertaccedilatildeo sugerem-se

algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de uma poliacutetica especiacutefica

para o segmento e a readequaccedilatildeo das poliacuteticas praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL Tais propostas satildeo

1 Formataccedilatildeo de uma poliacutetica governamental especiacutefica para a produccedilatildeo de citros

no APL que induza o aumento da produtividade dos plantios e a respectiva

comercializaccedilatildeo

Esta poliacutetica deve priorizar

A assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural de forma permanente executada pela

EMATER SENAR e MAPASEDAP

O aumento de recursos para o setor a ser incluiacutedo nos orccedilamentos estadual e

municipais bem como no das instituiccedilotildees estatais e privadas atuantes no

arranjo

O fomento a pesquisas e a inovaccedilatildeo direcionadas para a melhoria da

produccedilatildeo de tangerina e sua transferecircncia para os produtores

A implantaccedilatildeo de uma estufa destinada a produccedilatildeo de mudas certificadas

para o arranjo

O incentivo dos governos estadual e municipais em comprar um percentual da

produccedilatildeo advinda do APL

A compra de tangerina pelos programas governamentais federais (PNAE

PAA e CEASA) agrave cooperativa como forma de fortalecer a empresa acircncora do

segmento formalizar as vendas e reduzir a presenccedila do atravessador na

comercializaccedilatildeo

A capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica de jovens e filhos de agricultores oriundos desse

arranjo

100

2 Estimular os governos estadual e municipais a priorizarem em seus planos

plurianuais accedilotildees de incentivo ao desenvolvimento do APL da Citricultura

Este estiacutemulo deve partir de estrateacutegias que

Definam um programa que padronize as mudas de tangerina no Estado

Formalizem um programa de prevenccedilatildeo e combate agrave mosca negra e outras

pragas nos plantios de citros

Orientem e capacitem os produtores a realizarem o manejo de seus pomares

seguindo as orientaccedilotildees teacutecnicas e as normas ambientais

Formalizem premiaccedilotildees para os produtores mais criativos e competitivos

Formalizem convecircnio teacutecnico com o SEBRAE para formataccedilatildeo de um

programa de empreendedorismo visando desenvolver a gestatildeo dos

agronegoacutecios implantados no arranjo

3 Integraccedilatildeo de accedilotildees entre as instituiccedilotildees governamentais atuantes no APL

Tal poliacutetica deve visar

Reduzir gastos com atividades em duplicidade para fortalecer o segmento

com accedilotildees implementadas de forma continuada e aumentar a capacidade de

atendimento agraves demandas dos produtores

Direcionar a atuaccedilatildeo de cada instituiccedilatildeo com suas respectivas expertises para

resolver os gargalos teacutecnicos e tecnoloacutegicos dentro do arranjo

Aumentar o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees visando agrave integraccedilatildeo de accedilotildees

conjuntas

4 Incentivo a reduccedilatildeo de encargos fiscais e taxas para as organizaccedilotildees

(associaccedilotildees e cooperativas) que compotildeem o arranjo produtivo

Os arranjos produtivos locais necessitam de uma poliacutetica fiscal que reduza as

taxas e isenccedilotildees fiscais como forma de incentivar a participaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo das

organizaccedilotildees coletivas oriundas do referido arranjo Como propostas de incentivos

para o APL sugere-se

Isenccedilatildeo da taxa de alvaraacute da Agencia Estadual de Vigilacircncia Sanitaacuteria da

Paraiacuteba ndash AGEVISA em troca da participaccedilatildeo coletiva dos associados e

101

cooperados nos cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos Essa poliacutetica permitiraacute

capacitar as pessoas para manipularem os alimentos com maior seguranccedila e

higiene priorizando os empreendimentos localizados em APL

Criar uma licenccedila simplificada que substitua as trecircs licenccedilas ambientais

(licenccedila preacutevia licenccedila de instalaccedilatildeo e licenccedila de operaccedilatildeo) exigidas pela

SUDEMA visando reduzir o tempo de tramitaccedilatildeo dessas licenccedilas para

agilizar a implantaccedilatildeo de projetos em APLs de baixa renda

Subsidiar a implantaccedilatildeo da Tarifa Verde em aacutereas de citricultura (reduccedilatildeo no

valor da tarifa de energia no periacuteodo noturno) e a aquisiccedilatildeo do medidor para

afericcedilatildeo da energia com taxa diferenciada Essa poliacutetica permitiraacute que os

citricultores possam investir em irrigaccedilatildeo nos seus pomares

5 Poliacutetica de acompanhamento e avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo social educacional

econocircmica e de inovaccedilatildeo em APLs beneficiados por programas governamentais e

por instituiccedilotildees estatais

Esta poliacutetica deve buscar

Avaliar a efetividade do APL em estudo

Acompanhar os primeiros quatro anos de desenvolvimento do arranjo apoacutes a

transferecircncia de recursos advindos de programas e projetos tempo este

necessaacuterio para que os empreendimentos atinjam sua sustentabilidade

financeira

Realizar cursos de capacitaccedilatildeo para gestores e coordenadores de programas

em arranjos produtivos utilizando a competecircncia da RedeSist e do GPT APL

Estimular a formaccedilatildeo de agentes de APL como forma de reduzir o hiato

existente entre o setor produtivo e as instituiccedilotildees parceiras bem como

contribuir na difusatildeo das informaccedilotildees e na transferecircncia de accedilotildees de poliacuteticas

sociais e tecnoloacutegicas

Propor cursos teacutecnicos e de especializaccedilatildeo para jovens protagonistas da

regiatildeo que possam contribuir no processo de sustentabilidade do arranjo da

citricultura

102

Incentivar a criaccedilatildeo de um sistema de informaccedilatildeo para o APL e interligaacute-lo em

rede possibilitando avaliar quantitativamente e qualitativamente a evoluccedilatildeo

econocircmica e produtiva do arranjo

6 Aumentar os incentivos financeiros do Governo do Estado para o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

As propostas de accedilotildees governamentais para o aumento dos incentivos satildeo

Priorizar o referido arranjo em seus planos de accedilatildeo destinando recursos do

Fundo de Erradicaccedilatildeo e Combate agrave Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash

FUNCEP-PB para desenvolver accedilotildees de empreendedorismo implantaccedilatildeo de

agronegoacutecios e capacitaccedilatildeo profissional

Destinar um percentual dos recursos de ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento de pesquisas e inovaccedilatildeo para o arranjo

Apoiar a implantaccedilatildeo de uma cozinha industrial visando o aperfeiccediloamento de

jovens e mulheres da zona rural que fabricam doces geleias bolos biscoitos

sucos cocadas e casquinhas de tangerina como alternativa de ocupaccedilatildeo e

renda

Nesta dissertaccedilatildeo foi verificado que os produtores de tangerina utilizam

basicamente como linha de creacutedito o programa Pronaf Sugere-se que o Governo

Federal (SUDENE BNB FINEP BNDES Banco do Brasil e Caixa Econocircmica) insira

uma linha de financiamento diferenciada neste programa destinando mais recursos

para projetos coletivos voltados para o desenvolvimento do APL

62 Trabalhos Futuros

Ao teacutermino desta dissertaccedilatildeo espera-se que os resultados obtidos contribuam

na concepccedilatildeo de novas poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura - Segmento

Tangerina e que novas reflexotildees sejam geradas nas instituiccedilotildees e nas organizaccedilotildees

coletivas sobre o potencial econocircmico e social desse aglomerado produtivo Como

trabalhos futuros sugerem-se

103

Realizar um estudo sobre a cultura organizacional tradicional existente no

arranjo analisando os fatores que impedem seu desenvolvimento

Dar continuidade agraves pesquisas sobre poliacuteticas puacuteblicas indutoras de

desenvolvimento socioeconocircmico em APLs agriacutecolas de baixa renda visando

identificar quais dessas poliacuteticas poderiam ser replicadas no APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

Pesquisar porque a cultura da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica ainda natildeo eacute aplicada

como um vetor de desenvolvimento no APL estudado

Estudar a potencialidade do arranjo em desenvolver novos produtos com

maior valor agregado a partir da tangerina

Estudar a formataccedilatildeo de uma poliacutetica de educaccedilatildeo profissional para as aacutereas

de gestatildeo de negoacutecio e organizaccedilatildeo produtiva em APLs de baixa renda

Estudar se o niacutevel educacional dos produtores de tangerina tem influecircncia no

entendimento e absorccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

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112

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo

Nome da entidade _______________________________________________________________

Sigla da entidade ___________________________

Acircmbito de atuaccedilatildeo da instituiccedilatildeo ____________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Apoio da Instituiccedilatildeo para o desenvolvimento do APL

21 Como a instituiccedilatildeo identifica Arranjos Produtivos Locais (baseia-se nas

variaacuteveis abaixo)

( ) A concentraccedilatildeo de produtores de tangerina no territoacuterio

( ) Concentraccedilatildeo de indiviacuteduos ocupados

( ) Cooperaccedilatildeo entre os atores participantes do arranjo

( ) Existecircncia de mecanismos de governanccedila

22 Porque o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi selecionado para o

apoio existe alguma forma de priorizaccedilatildeo (ex impacto na economia

regionallocal impacto social tradiccedilatildeo regional outros) Justifique

113

23 A partir de quais criteacuterios a instituiccedilatildeo selecionou os beneficiaacuterios para

formalizar a parceria (atraveacutes de programas demanda dos produtores

demanda das associaccedilotildeescooperativas outros)

24 Como a Instituiccedilatildeo trabalha para que as informaccedilotildees acerca dos

programas de apoio ao APL cheguem ao seu puacuteblico-alvo

25 Quais os principais desafios que a instituiccedilatildeo enfrenta no apoio ao APL

(operacional financeiro qualificaccedilatildeo de pessoal outros)

26 Quais satildeo as vantagens em atuar a partir do enfoque em APL no

EstadoRegiatildeo Justifique

3 Quanto agrave relaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo com os produtores Associaccedilotildees e

Cooperativas

31 Quantas cooperativasassociaccedilotildees participam do programa de apoio

concedido pela instituiccedilatildeo Quais satildeo Sua localizaccedilatildeo

32 Quais satildeo as principais demandas de apoio por parte dos atores do APL

33 Quais satildeo as principais formas de apoio que a instituiccedilatildeo concede ao APL

34 Como a Instituiccedilatildeo avalia o grau de adesatildeo do puacuteblico alvo aos programas

oferecidos

35 Quais as principais dificuldades que o puacuteblico alvo encontra para participar

desses programas ofertados

36 A Instituiccedilatildeo acredita que os produtoresInstituiccedilotildeesassociaccedilotildees

cooperativas envolvidas no APL atuam de forma cooperada para realizar

suas atividades

37 Vocecirc poderia citar alguns exemplos de cooperaccedilatildeo entre produtores

Instituiccedilotildeesassociaccedilotildeescooperativas (especificar para o APL)

4 Parceiros atuantes no APL

114

41 Quais satildeo os principais parceiros que apoiam o APL De que forma

atuam Avalie a importacircncia da cooperaccedilatildeo

42 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual a Instituiccedilatildeo conhece

poliacuteticas especificas de apoio ao APL Quais

43 As accedilotildees da Instituiccedilatildeo satildeo realizadas de forma integrada com os governos

Federal Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo

buscando ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas

accedilotildees com o governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de

accedilatildeo conjunta

5 Visatildeo da Instituiccedilatildeo quanto agrave potencialidade do APL

51 Em relaccedilatildeo ao apoio de sua instituiccedilatildeo em que momento eacute percebido a

intensidade (mais forte ou mais fraca) da cooperaccedilatildeo dos beneficiados

(pex na eficiecircncia e na inovaccedilatildeo nos serviccedilos administrativos na

aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas vendas no financiamento desenvolvimento

de processos e produtos etc)

52 Como a Instituiccedilatildeo percebe a diferenciaccedilatildeo no sistema produtivo (pex a

grande maioria da produccedilatildeo vem de produtores informais que adota

sistema arcaico por outro lado temos uma pequena parcela em fase de

modernizaccedilatildeo)

53 Dos que buscam a modernizaccedilatildeo a produccedilatildeo eacute integrada horizontalmente

a atividades agroindustriais Como a Instituiccedilatildeo percebe essa

modernizaccedilatildeo

54 Para a Instituiccedilatildeo quais os principais problemas desse segmento

( ) ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina

( ) baixa capacidade gerencial

( ) dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo

( ) competiccedilatildeo com tangerina produzida em outras regiotildees brasileiras

( ) elevados custos de comercializaccedilatildeo

115

( ) outros (especifique) __________________________________________

6 Existecircncia de oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo ambiental e fiscalizaccedilatildeo

sanitaacuteria

61 A Instituiccedilatildeo conhece leis ou instruccedilotildees normativas que estabelecem os

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

62 Na produccedilatildeo como satildeo vistas as questotildees como controle da qualidade

versus tradiccedilatildeo na forma de produzir a tangerina

7 Quanto agrave comercializaccedilatildeo

71 Quais os principais concorrentes

72 uais os canais de distribuiccedilatildeo comercializaccedilatildeo e logiacutestica

73 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

8 Quanto a projetos e planos futuros

81 Quais satildeo os esforccedilos que a Instituiccedilatildeo estaacute fazendo para consolidar o APL

da Citricultura - Segmento Tangerina

82 Quais satildeo os projetos e planos futuros que a Instituiccedilatildeo espera com a

consolidaccedilatildeo do APL

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

116

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees

Cooperativas e Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da AssociaccedilatildeoCooperativaProdutor

Nome da entidadeprodutor _______________________________________________________________

Sigla da entidade (se houver) ___________________________

Ano de Fundaccedilatildeo _______________

Atividade principal _______________________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Dados econocircmicos sobre a CooperativaAssociaccedilatildeo 2008 2009 2010

CooperadosAssociados ( ) ( ) ( ) FATURAMENTO (mil) ndash R$ ( ) ( ) ( ) Mercado interno () ( ) ( ) ( ) Mercado externo () ( ) ( ) ( ) DESTINO DOS PRODUTOS Paraiacuteba ( ) ( ) ( ) Outros estados do Nordeste ( ) ( ) ( ) Outras regiotildees ( ) ( ) ( ) Outros paiacuteses ( ) ( ) ( )

117

3 Niacutevel de escolaridade do responsaacutevel pelas informaccedilotildees Niacutevel escolaridade Fundamental ( ) Meacutedio ( ) superior incompleto ( ) Superior completo ( ) Poacutes-graduaccedilatildeo ( ) Teacutecnico ( ) Outros _______________

Funccedilatildeo do respondente na CooperativaAssociaccedilatildeo_____________________

ANAacuteLISE META

1 Os atores do arranjo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e

programas governamentais voltados para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

2 Vocecirc acredita que os atores locais estatildeo predispostos agrave cooperaccedilatildeo dado o

atual niacutevel de confianccedila entre os parceiros

3 Existe a praacutetica de troca de conhecimento entre os parceiros que permitam

elevar a competitividade do arranjo frente a outros concorrentes nacionais

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL META (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

2 O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

3

As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no setor atuando de maneira democraacutetica em defesa dos seus soacutecios

4 Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor privado

5

Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

118

ANAacuteLISE MACRO

1 A partir do ano de 2006 o Governo Federal passou a incentivar o tema

Arranjos Produtivos Locais (APL) por meio da incorporaccedilatildeo programas e

accedilotildees no acircmbito do Plano Plurianual 2004-2007 e a criaccedilatildeo do Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL) foi

sentido algum beneficio praacutetico a partir dessa medida

2 Como resolver o problema do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no

setor jaacute que o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina tecircm

associaccedilotildees e cooperativas legalmente constituiacutedas

3 O governo local tem direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do

APL

4 Quais instituiccedilotildees disponibilizam linha de financiamento para melhorar o

processo produtivo A que condiccedilotildees Existe acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos

5 O que vocecirc pode informar sobre fontes de financiamento para expansatildeo de

capacidade capital de giro e melhoria da produccedilatildeo

6 Quais satildeo os esforccedilos que vocecirc estaacute fazendo para consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento da Tangerina

7 Quais satildeo os projetos e planos futuros que vocecirc espera com a consolidaccedilatildeo

do APL

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo totalmente

2 Discordo parcialmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

119

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

2 A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor

3 A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos

4 O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

5 A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo

6 As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

ANAacuteLISE MESO

1 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual existe poliacutetica especifica

de apoio ao APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina como produto

genuinamente regional Quais

2 As accedilotildees satildeo realizadas de forma integrada com os governos Federal

Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo buscando

ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas accedilotildees com o

governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de accedilatildeo conjunta

3 A poliacutetica comercial brasileira favorece as exportaccedilotildees desse tipo de fruta

4 Existe poliacutetica de financiamento especializada que ajude no desenvolvimento

de produtos com tradiccedilatildeo local

5 Como o arranjo poderia obter recursos financeiros junto aos organismos e

bancos governamentais

6 Como tem sido a contribuiccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees de apoio ao arranjo

7 Existe desenvolvimento de accedilotildees junto a organizaccedilotildees natildeo governamentais

8 Eacute possiacutevel identificar as instituiccedilotildees parceiras do arranjo e quais outras

poderiam participar

120

9 Existem eou conhece leis ou instruccedilotildees normativas estabelecendo

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MESO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo de negoacutecios

2

O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos gestores governamentais

3 A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo

4 A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor

5 O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

6 As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

7 A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

8 A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

121

Indique como se apresenta a relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

PARCEIROSSTAKEHOLDERS OacuteTIMO BOM REGULAR RUIM SEM RELACcedilAtildeO

AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio

Instituiccedilotildees financeiras

Fornecedores e outras empresas do arranjo

Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades

Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

NIacuteVEL MICRO

1 A atividade produtiva utiliza a mesma espeacutecie de laranja entre os

plantadores de tangerina da regiatildeo ou buscam mateacuteria-prima (novas

espeacutecies) em outros Estados

122

2 O processo de cultivo da tangerina sofreu alteraccedilotildees bruscas ao longo de

sua existecircncia na regiatildeo Por quecirc

3 Quais satildeo os diferenciais competitivos da CooperativaAssociaccedilatildeo

(sazonalidade preccedilo qualidade prazos de entrega)

4 Quais municiacutepios que concentram o maior plantio de tangerina

5 Na plantaccedilatildeo como satildeo vistos questotildees como controle da qualidade versus

tradiccedilatildeo na forma de cultivar a tangerina

6 Existe deficiecircncia nos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica

Analisar os destinos interno e externo para a venda

7 Existe algum tipo de procedimento que busque a certificaccedilatildeo da tangerina

como orgacircnica

8 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

9 Aponte os principais problemas desse segmento i) ausecircncia de

padronizaccedilatildeo da tangerina ii) baixa capacidade produtiva entre as safras iii)

dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo iv) competiccedilatildeo com outras

variedades de tangerinas v) elevados custos de comercializaccedilatildeo

10 Quais os principais concorrentes

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

123

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1

A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

2 A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado

3 A COOPERTANGE (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente ao mercado

4 Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina

5 Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da tangerina

6 Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

7 Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

8 A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Com relaccedilatildeo agraves principais formas de cooperaccedilatildeo no APL responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

Formas de Cooperaccedilatildeo (1) (2) (3) (4) (5)

1 Compra de insumos e equipamentos

2 Venda de produtos

3 Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio

4 Capacitaccedilatildeo de recursos humanos

5 Obtenccedilatildeo de financiamento

6 Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees

7 Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

124

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo responda seguindo o criteacuterio de importacircncia

1-2 Menos importante

3 Meacutedia

4-5 Mais importante

Fonte de Informaccedilatildeo

Escala de Importacircncia

Menos importante

Meacutedia Mais

importante

Fontes internas (1) (2) (3) (4) (5)

1 Pesquisa e Desenvolvimento

2 Aacuterea de produccedilatildeo

3 Aacuterea de vendas e marketing

4 Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes externas (1) (2) (3) (4) (5)

5 Fornecedores de insumos

6 Clientes

7 Concorrentes

8 Outras empresas do setor

9 Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa (1) (2) (3) (4) (5)

10 Universidades

11 Institutos de pesquisas

12 Centro de capacitaccedilatildeo profissional

13 Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

14 Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes (1) (2) (3) (4) (5)

15 Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

16 Feiras especializadas

17 Associaccedilotildees e sindicatos

18 Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

125

Com relaccedilatildeo agrave estrateacutegia empresarial e praacuteticas gerenciais responda seguindo o seguinte criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Natildeo conhecemos

2 Conhecemos mas nunca utilizamos

3 Utilizamos algumas vezes

4 Utilizamos com frequecircncia

5 Utilizamos sempre

Praacuteticas Gerenciais (1) (2) (3) (4) (5)

1 Planejamento estrateacutegico

2 Pesquisa de mercado

3 Sistema de gestatildeo ambiental

4 Praacuteticas de Produccedilatildeo Limpa

5 Ajuste da capacidade produtiva

6 Planejamento e controle da produccedilatildeo

7 Gerenciamento de projetos

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

126

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Municiacutepio de Matinhas

127

Municiacutepio de Alagoa Nova

128

Municiacutepio de Satildeo Sebastiatildeo de

Lagoa de Roccedila

129

Municiacutepio de Lagoa Seca

130

Municiacutepio de Esperanccedila

131

Municiacutepio de Massaranduba

Page 4: Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Mestrado ... · 2019. 10. 25. · pelos produtores. Para realizar a análise, foi utilizado o modelo do

Ao meu baby Marcus e agraves

minhas filhas Camille e

Caroline pela paciecircncia amor e

incentivo para que esta dissertaccedilatildeo

se tornasse realidade

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer inicialmente a Deus por me dar sabedoria nas horas

difiacuteceis e me iluminar na conclusatildeo deste trabalho de pesquisa Ele tambeacutem foi o

responsaacutevel por me ajudar a escalar os degraus deste trabalho avanccedilando um a um

a cada dia mesmo que muitas vezes esses degraus parecessem interminaacuteveis

Em seguida gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Abraham

Benzaquen Sicsuacute por reconhecer a sua dedicaccedilatildeo e competecircncia no

acompanhamento deste trabalho Friso tambeacutem a importacircncia de sua orientaccedilatildeo

durante todas as etapas deste projeto que me fizeram pensar questionar e refletir

dentro de uma visatildeo holiacutestica sobre o tema de pesquisa escolhido

Ao meu coorientador Prof Dr Paulo Fernando M B Cavalcanti Filho por me

aceitar como sua orientanda e acreditar na minha proposta de trabalho A ele

tambeacutem quero agradecer as palavras de incentivo e as valiosas contribuiccedilotildees na

elaboraccedilatildeo deste documento

Ao Dr Edson Batista Lopes pesquisador da EMBRAPAEMEPA que

concedeu importantes informaccedilotildees sobre o setor da citricultura no Estado da

Paraiacuteba e me auxiliou no entendimento das caracteriacutesticas teacutecnicas sobre a

tangerina e sua importacircncia econocircmica para a regiatildeo

Agrave Cooperativa dos Profissionais em Atividades Gerais ndash COOPAGEL pelo

apoio e incentivo agrave realizaccedilatildeo deste mestrado

Ao meu esposo Marcus companheiro de todos os momentos que sempre me

incentivou e me apoiou nesta jornada A ele eu reconheccedilo meu amor e gratidatildeo

Agraves minhas filhas Camille e Caroline que souberam entender em diversos

momentos a minha ausecircncia e a minha falta de paciecircncia Com certeza todo esse

esforccedilo foi para o bem delas

Aos meus pais Carminha e Carloto (in-memoriam) que pela proximidade

estiveram sempre presentes no meu dia-a-dia e na minha convivecircncia sempre me

incentivando na conclusatildeo deste trabalho

Por fim agradeccedilo aos meus sogros Helena e Regis que apesar da distacircncia

me incentivaram nos incansaacuteveis telefonemas dominicais a continuar esta jornada

RESUMO

Os Arranjos Produtivos Locais - APLs tecircm se tornado uma alternativa para o

desenvolvimento regional cujo objetivo eacute a cooperaccedilatildeo integrada entre o Governo

Federal os Estados da Federaccedilatildeo e o setor produtivo com a finalidade de promover

o crescimento socioeconocircmico dos territoacuterios brasileiros Na Paraiacuteba o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina objeto de estudo desta dissertaccedilatildeo estaacute

localizado na Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano e tecircm como principal atividade

econocircmica a produccedilatildeo de citros sendo o seu carro chefe a tangerina O referido

arranjo eacute promotor da principal fonte de renda da regiatildeo possuindo em seu entorno

vaacuterias instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais que realizam accedilotildees em

prol do fortalecimento produtivo Este trabalho procura analisar as poliacuteticas puacuteblicas

que estatildeo sendo direcionadas para o setor pelas instituiccedilotildees e como satildeo percebidas

pelos produtores Para realizar a anaacutelise foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo

de Desenvolvimento ndash IAD que avalia os impactos das poliacuteticas aplicadas ao arranjo

dando ecircnfase aos aspectos sociais a accedilatildeo do Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade

como fatores determinantes para o aumento da competitividade sistecircmica do setor

Com a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo foi possiacutevel verificar que o apoio das instituiccedilotildees natildeo

eacute percebido pelos produtores como poliacutetica efetiva pois eacute executado sem um

planejamento de accedilotildees integradas e perioacutedicas Aleacutem disso verificou-se tambeacutem a

necessidade da integraccedilatildeo das instituiccedilotildees objetivando a concepccedilatildeo de uma poliacutetica

especiacutefica para o setor que venha estimular uma governanccedila proativa e indutora do

desenvolvimento socioeconocircmico na regiatildeo Ao termino deste trabalho satildeo

sugeridas algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de novas

poliacuteticas puacuteblicas e readequaccedilatildeo das jaacute existentes praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL

Palavras chave poliacuteticas puacuteblicas arranjo produtivo local desenvolvimento

sustentaacutevel citricultura Paraiacuteba

ABSTRACT

The Local Productive Arrangements ndash LPA have become an alternative to regional

development whose goal is the integrated cooperation among the Federal

Government the States of the Federation and the productive sector with the

purpose of promoting the socioeconomic growth of the Brazilian territories In

Paraiacuteba the LPA of Citrus - Tangerine Segment object of study of this dissertation

is located in the Agreste Paraibano Mesoregion and their main economic activity is

the citrus production and its flagship product is the tangerine The cited arrangement

is the promoter of the main source of income for the region having around it several

governmental and nongovernmental institutions that carry out actions in favor of

productive strengthening This article analyzes the public policies which are being

directed to the sector by financial institutions and how they are perceived by

producers To perform the analysis we used the model of the German Development

Institute - GDI that evaluates the impacts of policies applied to the arrangement

emphasizing the social aspects state action and the mobilization of society as

factors for increasing systemic competitiveness of the sector Using this method it

was possible to verify that the support of institutions is not perceived by producers as

effective policy because it runs without a plan of integrated periodic actions

Furthermore it was also verified the need for integration of the institutions aiming the

conception of a specific policy for the sector that comes to stimulate a proactive

governance and inducer of the socioeconomic development in the region At the end

of this study are suggested proposals that can help in formulating new public policies

and upgrading of existing ones operated by government institutions and NGOs

active in LPA

Key words public policy Local Productive Arrangements sustainable development

citros Paraiacuteba

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 14

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura -

Segmento da Tangerina 15

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 201043

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 47

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD 62

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina 16

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do

Nordeste 41

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

41

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo

para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo42

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro 79

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL 80

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo 81

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso 84

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros 85

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro 89

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta 91

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APL Arranjo Produtivo Local

ARTEZA Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos de Ribeira de Cabaceiras

Ltda

ASPIL Arranjo e Sistema Produtivo e Inovativo Local

ASPTA Assessoria Serviccedilos Projetos Agricultura Alternativa - Zona Rural

ATER Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

BIRD Banco Internacional para Reconstruccedilatildeo e Desenvolvimento

BNB Banco do Nordeste do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CAAPL Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais

CEASA Central de Abastecimento de Alimentos

CNPq Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento

COMPET Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores

Econocircmicos Tradicionais ndash SICTCTCNPq

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COOPERAR Projeto COOPERAR Paraiacuteba Brasil

COOPERTANGE Cooperativa dos Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda

CTCC Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado Albano Franco

DAP Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao PRONAF

EMATER Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba

EMEPA Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A

EMPASA Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviccedilos Agriacutecolas

ETENE Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste

EU Uniatildeo Europeia

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

FAEPA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FAPESQ Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do Estado da Paraiacuteba

FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste

FETAG Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FIEP Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

FUNCEP-PB Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da Pobreza do Estado da Paraiacuteba

FUNDECI Fundo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico

GTP APL Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INTERPA Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da Paraiacuteba

LABVEST Laboratoacuterio de Vestuaacuterio da Paraiacuteba

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal

MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDA Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MDS Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome

MEC Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

MGP Mestrado em Gestatildeo Puacuteblica

MPME Micro Pequena e Meacutedia Empresa

NE APLPB Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba

PAA Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos

PDP Plano de Desenvolvimento Preliminar

PNAE Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

RedeSist Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais

SAF Secretaria da Agricultura Familiar

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agraves Micros e Pequenas Empresas da Paraiacuteba

SECTMA Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente

SEDAP Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da

Pesca

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural

SEPLAG Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo

SETDE Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico

SICTCT Secretaria de Induacutestria Comeacutercio Turismo Ciecircncia e Tecnologia

STRM Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas

SUDEMA Superintendecircncia de Administraccedilatildeo do Meio Ambiente

TIC Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba

UFCG Universidade Federal de Campina Grande

UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

11 Justificativa 17

12 Problematizaccedilatildeo 18

13 Objetivos da Pesquisa 20

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo 20

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO 22

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel 22

22 Arranjo Produtivo Local 26

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs 31

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento Regional

Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs 37

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA

TANGERINA NA PARAIacuteBA 39

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 39

32 Estrutura Organizacional 46

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL 48

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo 49

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba 52

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA 59

41 Instrumento de Pesquisa 61

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da Pesquisa 62

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA 65

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

65

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia das poliacuteticas

puacuteblicas para o desenvolvimento do APL 77

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro 77

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso 82

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro 86

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta 90

53 Conclusatildeo da Anaacutelise 92

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 96

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 98

62 Trabalhos Futuros 102

REFEREcircNCIAS 104

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da

Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba 112

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees Cooperativas e

Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

116

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba 126

Mesorregiatildeo do Agreste

1 INTRODUCcedilAtildeO

Esta dissertaccedilatildeo tem como Aacuterea de Concentraccedilatildeo a Gestatildeo Puacuteblica para o

Desenvolvimento Regional e estaacute inserida na linha de pesquisa Capital Social

Desenvolvimento Sustentaacutevel e Conhecimento do Curso de Mestrado Profissional

em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste da Universidade Federal

de Pernambuco ndash UFPE

O desenvolvimento deste trabalho busca avaliar as poliacuteticas puacuteblicas1

existentes para o Arranjo Produtivo Local ndash APL2 da Citricultura da Paraiacuteba ndash

Segmento Tangerina e identificar as contribuiccedilotildees dessas poliacuteticas no

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo no periacuteodo de 2008 a 2011

A pesquisa realizada teve como foco a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

onde estaacute localizada a produccedilatildeo de tangerina do Estado Na Figura 1 satildeo

apresentados dados cartograacuteficos por sateacutelite da Mesorregiatildeo do Agreste o mapa

do Brasil com a localizaccedilatildeo do Estado da Paraiacuteba e o mapa da Paraiacuteba com a regiatildeo

onde estaacute inserido o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

1 As poliacuteticas puacuteblicas para o setor seratildeo apresentadas no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 23

2 O conceito de Arranjo Produtivo Local seraacute discutido no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 22

APL da Citricultura

15

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina abrange os municiacutepios de

Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila

Massaranduba e Matinhas (Figura 2) Essa regiatildeo possui uma aacuterea plantada de

1892 hectares (IBGE 2010b) o que a torna a maior produtora de tangerina do

Nordeste

O municiacutepio de Matinhas considerado sede do APL por ser o maior produtor

de tangerina da Paraiacuteba estaacute localizado a 143 km de Joatildeo Pessoa capital do

Estado e a 20 km de Campina Grande cidade polarizadora da regiatildeo

Geograficamente Matinhas tem uma aacuterea de 29 Kmsup2 com uma populaccedilatildeo de

4322 habitantes tendo 84 (3640 habitantes) na zona rural e 16 (682

habitantes) na zona urbana sendo considerado um municiacutepio tipicamente rural A

quase totalidade da populaccedilatildeo rural sobrevive economicamente do cultivo da

tangerina (IBGE 2010)

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura - Segmento da Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

Outro ponto importante a ser considerado na pesquisa eacute a anaacutelise do Iacutendice

de Desenvolvimento Humano ndash IDH elaborado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas

para o Desenvolvimento (PNUD 2011) Esta anaacutelise parte do pressuposto que para

aferir o avanccedilo de uma populaccedilatildeo natildeo se deve considerar apenas a dimensatildeo

econocircmica mas tambeacutem outras caracteriacutesticas sociais culturais e poliacuteticas que

16

influenciam a qualidade da vida humana Essas caracteriacutesticas satildeo essenciais para

que se possa avaliar o respectivo desenvolvimento sustentaacutevel da regiatildeo

O IDH tambeacutem conhecido como IDH Global eacute uma medida resumida do

progresso a longo prazo em trecircs dimensotildees baacutesicas do desenvolvimento humano

renda educaccedilatildeo e sauacutede (longevidade) O objetivo da criaccedilatildeo do IDH foi o de

oferecer um contraponto ao indicador do Produto Interno Bruto ndash PIB per capita que

considerava apenas a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento (PNUD 2011)

O IDH eacute um iacutendice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio das

Naccedilotildees Unidas3 e no Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal atraveacutes do

Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal ndash IDH-M Este iacutendice eacute um ajuste

metodoloacutegico ao IDH Global e foi publicado em 1998 e em 2003 (a partir dos dados

do Censo de 2000) Vale salientar que ainda natildeo foram publicados os iacutendices do

IDH-M dos municiacutepios pelos novos criteacuterios do PNUD4

No Quadro 1 satildeo apresentados os iacutendices IDH Global IDH-Renda IDH-

Longevidade e IDH-Educaccedilatildeo do Brasil e do Estado da Paraiacuteba (PNUD 2008) bem

como o IDH-M dos municiacutepios que constituem o APL da Citricultura - Segmento da

Tangerina (PNUD 2003) Segundo esses dados o IDH-M dos municiacutepios encontra-

se entre 0561 e 0622 todos abaixo dos iacutendices da Paraiacuteba e do Brasil

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IDH

Global IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Brasil (PNUD 2008) 0794 0713 0785 0883

Paraiacuteba (PNUD 2008) 0718 0638 0723 0793

Municiacutepios (PNUD 2003) IDH-M IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Matinhas 0576 0477 0606 0645

Esperanccedila 0632 0550 0660 0685

Alagoa Nova 0612 0510 0660 0666

Lagoa Seca 0612 0548 0600 0689

Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila 0622 0549 0631 0687

Massaranduba 0561 0499 0570 0613

Fonte PNUD (2003) e PNUD (2008)

3 httpwwwpnudorgbrODMaspx

4 Uma nova versatildeo com dados do Censo 2010 estaacute sendo produzida pelo PNUD e deveraacute ser lanccedilada no iniacutecio

de 2013

17

Verifica-se que embora a regiatildeo do APL esteja se desenvolvendo

economicamente a populaccedilatildeo natildeo possui uma seacuterie de condiccedilotildees que lhe

proporcionem bem-estar no que se refere aos niacuteveis educacional (reduccedilatildeo da

evasatildeo escolar) social (oportunidade de inclusatildeo social atraveacutes de trabalho e renda

e de serviccedilos de sauacutede) e cultural (direito agrave cidadania e lazer)

Um baixo iacutendice educacional por exemplo reflete diretamente na dificuldade

dos produtores rurais em serem capacitados e absorverem tecnologias que venham

agregar valor agrave produccedilatildeo de tangerina

Desta forma o APL da Citricultura necessita de poliacuteticas que venham

contribuir para a reduccedilatildeo do analfabetismo organizaccedilatildeo produtiva transferecircncia de

tecnologia absorccedilatildeo de tecnologias para os seus plantios modernizaccedilatildeo gerencial

de suas organizaccedilotildees associativas e conscientizaccedilatildeo dos produtores para o trabalho

de forma organizada e cooperativa

O trabalho de pesquisa realizado visou identificar os problemas existentes no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e analisar como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo direcionadas para a resoluccedilatildeo desses gargalos

11 Justificativa

A relevacircncia desta dissertaccedilatildeo foi estudar e documentar as poliacuteticas puacuteblicas

geradas pelos governos federal estadual e municipal em prol da sustentabilidade

socioeconocircmica do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Para este estudo foi relevante tambeacutem a anaacutelise do cenaacuterio atual e da

situaccedilatildeo produtiva e organizacional do APL avaliando os impactos socioeconocircmicos

gerados por esse segmento no Estado

A validaccedilatildeo deste trabalho visa identificar gargalos existentes na transferecircncia

de poliacuteticas puacuteblicas para o segmento bem como a necessidade de adequar tais

poliacuteticas para dar sustentabilidade agrave referida atividade econocircmica

As consideraccedilotildees e sugestotildees geradas neste documento poderatildeo contribuir

para a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas que possibilitem a integraccedilatildeo dos diversos

18

atores e a consolidaccedilatildeo do arranjo produtivo local como um instrumento de

desenvolvimento proativo para a regiatildeo e indutor de novos negoacutecios

Portanto esta dissertaccedilatildeo tem como finalidade pesquisar e avaliar as

contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas que estatildeo sendo aplicadas em um APL de baixa

renda cujas atividades produtivas e inovativas satildeo provenientes de populaccedilotildees que

desenvolvem atividades de agricultura familiar no Estado da Paraiacuteba bem como

propor medidas mais adequadas para implementaccedilatildeo de tais poliacuteticas que possam

fomentar a estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de um aglomerado produtivo sustentaacutevel

12 Problematizaccedilatildeo

A citricultura na Paraiacuteba vem sendo explorada desde meados da deacutecada de

60 quando surgiram os primeiros plantios de citros no municiacutepio de Matinhas A

partir de 1969 iniciou-se a utilizaccedilatildeo de mudas enxertadas onde o limatildeo galego foi

escolhido como porta enxerto para as principais variedades cultivadas no municiacutepio

Dados de 1996 constatam que a tangerina dancy jaacute era a laranja predominante com

mais de 85 da aacuterea plantada naquele municiacutepio Posteriormente a tangerina dancy

se alastrou pelos municiacutepios vizinhos (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

Nos uacuteltimos cinco anos conforme observado na pesquisa realizada diversas

instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que atuam na regiatildeo vecircm buscando o

desenvolvimento planejado dessa atividade com o objetivo de consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Este APL enfrenta o desafio de se desenvolver e buscar niacuteveis de qualidade

de vida para os produtores rurais similares ao de outros APLs economicamente

avanccedilados

Todavia esse desenvolvimento deve incluir necessariamente uma

infraestrutura que permita aos produtores de tangerina produzir frutos de qualidade e

comercializar seu produto de forma competitiva A qualidade da tangerina eacute um fator

determinante no processo de agregaccedilatildeo de valor para seu escoamento no mercado

O meacutetodo de produccedilatildeo de tangerina utilizado na regiatildeo faz com que o

produtor tenha uma perda anual consideraacutevel Segundo Lopes Albuquerque e

Moura (2006) no municiacutepio de Matinhas por exemplo 20 da produccedilatildeo de

19

tangerina se perdem no campo devido ao fruto ter tamanho inadequado e natildeo ter

preccedilo de mercado

Aleacutem disso outras perdas satildeo identificadas devido a utilizaccedilatildeo de mudas

inadequadas plantio e espaccedilamento incorretos adubaccedilotildees quiacutemica e orgacircnicas

deficientes manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequados tratos culturais deficientes

(podas incorretas impedimento na formaccedilatildeo da planta e raleamento de frutos)

problemas fitossanitaacuterios diversos colheita e comercializaccedilatildeo inadequada

transporte da produccedilatildeo assistecircncia teacutecnica pesquisas e financiamento agriacutecola

deficientes e cooperativismo e agroinduacutestria inexistentes (LOPESALBUQUERQUE

MOURA 2006)

Na tentativa de resolver tais gargalos os gestores puacuteblicos na maioria das

vezes buscam decisotildees imediatistas que soacute resolvem os problemas em curto prazo

e como consequecircncia os problemas natildeo satildeo sanados a exemplo do combate da

mosca negra com agrotoacutexicos como medida emergencial

Por outro lado observa-se que a partir de 2008 algumas estrateacutegias e accedilotildees

governamentais foram adotadas pelo setor puacuteblico tais como distribuiccedilatildeo de mudas

certificadas contrataccedilatildeo de um especialista em citricultura para orientar os

produtores aumento de pesquisas para combate agrave mosca negra e realizaccedilatildeo de

reuniotildees seminaacuterios e visitas teacutecnicas visando incentivar a melhoria da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo da tangerina As accedilotildees acima realizadas tiveram como objetivo

desenvolver o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e resgatar o dinamismo

das atividades agriacutecolas geradoras de trabalho e renda na zona rural

No entanto apesar das diversas poliacuteticas concebidas pelos governos o

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo ainda eacute baixo5 Desta forma questiona-

se por que esse APL ainda natildeo estaacute consolidado e estruturado e quais as

dificuldades na implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas para o setor

Sendo assim supotildee-se que exista uma deficiecircncia das poliacuteticas puacuteblicas

existentes e faz-se necessaacuterio avaliar como elas estatildeo sendo direcionadas para o

referido APL de modo a se questionar Como essas poliacuteticas podem constituir um

condicionante de desenvolvimento socioeconocircmico para o APL da Citricultura ndash

5 Conforme anaacutelise do IDH dos municiacutepios pertencentes ao APL (ver Quadro 1 do Capiacutetulo 1)

20

Segmento Tangerina na Paraiacuteba Quais as dificuldades que impedem a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas Como essas poliacuteticas poderiam ser adaptadas

para atuarem mais eficientemente

13 Objetivos da Pesquisa

Analisar a estrutura do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na

Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

Pesquisar e identificar poliacuteticas puacuteblicas de fomento para APLs de baixa renda

Avaliar a contribuiccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura nos

municiacutepios que compotildeem o arranjo e principalmente em Matinhas cidade

acircncora do referido APL

Propor medidas orientadoras para reduccedilatildeo das falhas oriundas do processo de

implementaccedilatildeo de poliacuteticas junto ao setor e que possam contribuir para a

consolidaccedilatildeo de um APL competitivo

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo

Esta dissertaccedilatildeo eacute composta por seis capiacutetulos

Este capiacutetulo Capiacutetulo 1 ndash Introduccedilatildeo descreve os objetivos do trabalho

sua justificativa e a identificaccedilatildeo do problema

O Capiacutetulo 2 ndash Referencial Teoacuterico eacute constituiacutedo da fundamentaccedilatildeo teoacuterica

atraveacutes da discussatildeo sobre as teorias e conceitos de desenvolvimento sustentaacutevel

arranjo produtivo local e poliacuteticas puacuteblicas para o APL

No Capiacutetulo 3 ndash Caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina na Paraiacuteba eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura na

Paraiacuteba e as poliacuteticas puacuteblicas existentes para esse APL

No Capiacutetulo 4 ndash Metodologia Aplicada na Pesquisa satildeo demonstrados os

procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa a escolha da amostra e a descriccedilatildeo

do instrumento de coleta de dados primaacuterio e secundaacuterio

21

No Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise das Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL da Citricultura

satildeo discutidos os resultados da pesquisa de campo realizada com as instituiccedilotildees

que apoiam o APL as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores rurais e

analisada a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao setor

O Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais e Recomendaccedilotildees apresenta as

consideraccedilotildees finais da pesquisa com o objetivo de propor adequaccedilotildees para as

poliacuteticas puacuteblicas analisadas

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

A revisatildeo da literatura que seraacute descrita se fez necessaacuteria para um melhor

entendimento do trabalho de dissertaccedilatildeo proposto Neste capiacutetulo seratildeo

apresentados os conceitos de desenvolvimento regional sustentaacutevel

responsaacuteveis pelo crescimento eficiente das atividades econocircmicas sociais e

territoriais a caracterizaccedilatildeo de um arranjo produtivo local descrevendo sua

estrutura organizacional e a integraccedilatildeo entre o setor produtivo e os diversos atores

que compotildeem o APL e a importacircncia das poliacuteticas puacuteblicas como indutoras de

accedilotildees que tecircm por finalidade impulsionar o setor produtivo e consolidar um APL

como um instrumento dinamizador do desenvolvimento socioeconocircmico de uma

regiatildeo

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel

O desenvolvimento regional sustentaacutevel eacute um fator preponderante para o

desenvolvimento de um territoacuterio O processo de crescimento econocircmico equilibrado

de uma regiatildeo em funccedilatildeo de sua territorialidade tem como princiacutepio a

desconcentraccedilatildeo e a potencializaccedilatildeo das comunidades locais e regionais

Neste sentido o processo de desenvolvimento de uma regiatildeo dependeraacute

necessariamente da sua capacidade de organizaccedilatildeo social associado ao aumento

da autonomia regional para a tomada de decisotildees ao crescimento da capacidade

para reter e reinvestir o excedente econocircmico gerado pelo processo de

desenvolvimento sub-regional a um crescente processo de induccedilatildeo social e a um

processo permanente de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do ecossistema regional

(VERGOLINO DIAS MAGALHAtildeES GALVAtildeO 2008)

Segundo Boisier (1992) a capacidade de organizaccedilatildeo social de uma dada

regiatildeo eacute considerada um fator endoacutegeno capaz de transformar o crescimento em

desenvolvimento mediante a constituiccedilatildeo de uma rede de instituiccedilotildees e agentes

apoiados pela cultura local e por um projeto poliacutetico regional

23

O desenvolvimento de uma determinada regiatildeo implica na necessidade de

autonomia decisoacuteria de captaccedilatildeo e reinversatildeo do excedente econocircmico de inclusatildeo

social de consciecircncia e accedilatildeo ambientalista de sincronia intersetorial e territorial e

de percepccedilatildeo coletiva de pertencer agrave regiatildeo

Para que haja a concretizaccedilatildeo desse desenvolvimento a proposta de

dinamizaccedilatildeo tambeacutem deveraacute estar respaldada na diversificaccedilatildeo da base produtiva

na verticalizaccedilatildeo da atividade econocircmica na agregaccedilatildeo de valor ao produto local

na geraccedilatildeo de emprego e renda na criaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo de associaccedilotildees

cooperativas de produtores e na participaccedilatildeo dos atores locais

Para que tal iniciativa tenha ecircxito torna-se necessaacuterio a elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que visem a melhoria do niacutevel de educaccedilatildeo e

capacitaccedilatildeo profissional da populaccedilatildeo envolvida e da infraestrutura econocircmica e

social das aacutereas beneficiadas (VERGOLINO et al 2008)

Esforccedilos empreendidos nos uacuteltimos anos estatildeo baseados na ideia de que a

conquista da sustentabilidade passa pela implementaccedilatildeo de processos de

desenvolvimento orientados por princiacutepios de cooperaccedilatildeo entre indiviacuteduos

A interdependecircncia de tais processos ocorre em um sistema complexo que

adota como padratildeo organizativo de uma rede autopoieacutetica6 que tende a se

manifestar nas coletividades humanas que busca fortalecer uma atividade

econocircmica mediante uma cooperaccedilatildeo muacutetua

Para tanto se faz necessaacuteria a formaccedilatildeo da consciecircncia sobre as relaccedilotildees

muacuteltiplas desse sistema e como os indiviacuteduos devem participar de forma

cooperativa Esta relaccedilatildeo cooperativa se manifesta atraveacutes da formaccedilatildeo de

associaccedilotildees que estabelecem ligaccedilotildees e lhes concedem empoderamentos para

buscar parcerias que possam ajudar na estruturaccedilatildeo de suas organizaccedilotildees

A partir da conscientizaccedilatildeo cada integrante dessa associaccedilatildeo passa a

conhecer as possibilidades e as necessidades de cada membro da organizaccedilatildeo

Nas localidades onde ocorrem processos de desenvolvimento baseados em

parcerias entre muacuteltiplos atores produtivos governamentais empresariais e sociais

6 A teoria autopoieacutetica tem como ideia baacutesica um sistema organizado autossuficiente Este sistema produz e

recicla seus proacuteprios componentes diferenciando-se do meio exterior

24

pode-se dizer metaforicamente que existe parceria e que estas coevoluem

estabelecendo entre si relaccedilotildees em que todos ganham nesta rede

Desta forma o sistema seraacute sustentaacutevel agrave medida que sua flexibilidade e sua

diversidade estatildeo estreitamente ligadas com esta nova estrutura denominada de

rede sistecircmica Com essa conectividade o desenvolvimento sustentaacutevel local flui de

forma integrada e passa a ser uma estrateacutegia que facilita a conquista da

sustentabilidade social econocircmica cultural e ambiental de um territoacuterio ou regiatildeo

Segundo Buarque (1999) desenvolvimento sustentaacutevel eacute ldquoo processo de

mudanccedila social e elevaccedilatildeo das oportunidades da sociedade compatibilizando no

tempo e no espaccedilo o crescimento e a eficiecircncia econocircmica a conservaccedilatildeo

ambiental a qualidade de vida e a equidade social partindo de um claro

compromisso com o futuro e a solidariedade entre geraccedilotildeesrdquo

Nesta oacutetica o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um processo que gera a

melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos com base no fortalecimento

econocircmico e competitivo em consonacircncia com os recursos naturais e ambientais

Por outro lado o desenvolvimento de uma sociedade natildeo deve ser

confundido com crescimento econocircmico que eacute apenas uma condiccedilatildeo necessaacuteria

poreacutem natildeo eacute suficiente Este desenvolvimento estaacute diretamente ligado agrave reduccedilatildeo da

desigualdade social (SACHS 2005)

Neste sentido noccedilotildees como as de capital social e de territorialidade tambeacutem

satildeo fatores importantes para compreensatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel e da

reduccedilatildeo das desigualdades sociais A importacircncia da reflexatildeo sobre esse tema

contribui para melhor entendimento dos processos de inovaccedilatildeo e de accedilotildees indutoras

do desenvolvimento local

A territorialidade neste contexto reflete a vivecircncia dos atores de uma

determinada regiatildeo em toda a sua abrangecircncia e em suas muacuteltiplas dimensotildees ndash

cultural poliacutetica econocircmica e social O capital social expressa a valorizaccedilatildeo de

recursos inseridos nas estruturas sociais (conhecimento taacutecito por exemplo) que

natildeo satildeo contabilizados por outras formas de capital (ALBAGLI MACIEL 2004)

Sendo assim o conhecimento taacutecito o processo de aprendizado a

sedimentaccedilatildeo do conhecimento e respectivo desenvolvimento de um grupo social

25

em um espaccedilo geograacutefico passa forccedilosamente pela dinacircmica inovativa local

particularmente no que tange agrave produccedilatildeo e ao compartilhamento de informaccedilotildees e

conhecimento para os atores de um determinado territoacuterio em que se desenvolve

uma atividade econocircmica

Segundo Franco (2000) o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um modo de

promover o desenvolvimento que leva em conta o papel de todos os fatores que

envolvem coletividade sociedade niacutevel educacional da populaccedilatildeo

empreendedorismo geraccedilatildeo de emprego e renda fatores econocircmicos e sociais e

governos para tornar dinacircmicas as potencialidades que podem ser identificadas

quando olhamos para uma unidade socioterritorial delimitada

Entretanto segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) o crescimento econocircmico

eficiente a equidade social e a manutenccedilatildeo do meio ambiente ldquo natildeo satildeo

assegurados pela simples disponibilidade de bens e serviccedilos haacute que se incorporar a

participaccedilatildeo e integraccedilatildeo ativa do cidadatildeo no jogo poliacutetico e social para que os

objetivos acima sejam alcanccedilaacuteveisrdquo

Contudo se faz necessaacuterio repensar a dimensatildeo poliacutetica pois o

desenvolvimento sustentaacutevel ainda enfrenta problemas para sua efetividade tendo

em vista que ainda natildeo exista um consenso para a soluccedilatildeo das tensotildees entre os

objetivos de eficiecircncia equidade e conservaccedilatildeo Esses problemas devem ser

tratados pelos gestores puacuteblicos a partir de uma metodologia de planejamento que

trate essas dificuldades com metas a meacutedio e longo prazo Desta forma novas

iniciativas de competitividade e desenvolvimento sustentaacutevel poderatildeo ser exequiacuteveis

em regiotildees economicamente carentes de accedilotildees governamentais

Ainda segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) ldquo o planejamento nessa

concepccedilatildeo propicia a construccedilatildeo de hegemonias atraveacutes das estrateacutegias

prioridades e instrumentos de accedilatildeo onde se abre a possibilidade para a participaccedilatildeo

mais efetiva da sociedade e incorpora-se um maior leque de atores sociaisrdquo

Neste contexto a importacircncia estrateacutegica dos Arranjos Produtivos Locais no

desenvolvimento regional sustentaacutevel vem ganhando forccedila devido a concepccedilatildeo de

organizaccedilatildeo de empresas que desenvolvem suas atividades econocircmicas em um

mesmo espaccedilo geograacutefico Essa forma de organizaccedilatildeo aumenta a participaccedilatildeo dos

diversos atores atuantes no arranjo e propicia a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

26

que venham consolidar o desenvolvimento social econocircmico e ambiental de um

territoacuterio

22 Arranjo Produtivo Local

O economista Alfred Marshall no fim do seacuteculo XIX elaborou o conceito de

distritos industriais em sua obra Princiacutepio de Economia (Marshall 1996) Este

conceito apresenta como padratildeo de organizaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de pequenas

empresas de mesma especialidade econocircmica aglomeradas em um mesmo

territoacuterio com relaccedilotildees articuladas e de proximidade Marshall jaacute ressaltava as

vantagens da vizinhanccedila de empresas do mesmo ramo em uma dada localidade

Esta proximidade permite que os atores pratiquem uma cooperaccedilatildeo ativa e

produtora de sinergia (LE BOURLEGAT 2006)

As vaacuterias estrateacutegias de consolidaccedilatildeo de sistema produtivo local a exemplo

dos distritos industriais italianos tambeacutem chamada de Terceira Itaacutelia (centro e

nordeste italiano) satildeo as que mais se aproximam do conceito de Marshall onde

uma aglomeraccedilatildeo de pequenas empresas eacute organizada por uma divisatildeo de trabalho

baseada no equiliacutebrio entre concorrecircncia e cooperaccedilatildeo funcionando em rede Essa

estrateacutegia impulsiona inovaccedilotildees contiacutenuas e especializa a produccedilatildeo de produtos de

alta qualidade (AMARAL FILHO et al 2002)

Segundo Casarotto Filho e Pires (2001) os distritos industriais italianos satildeo

constituiacutedos de pequenas e meacutedias empresas especializadas em um setor com

modelo altamente competitivo de grande interaccedilatildeo com compartilhamento das

estruturas produtivas e com ambiente social territorial

Para Castanhar (2006) os distritos industriais possuem relaccedilotildees sociais

poliacuteticas e econocircmicas que influenciam o interior do sistema produtivo Neste caso o

sucesso dos distritos depende da dimensatildeo econocircmica (organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

tecnologia mercados produtividade) e das dimensotildees social e poliacutetico-institucional

A partir de 1990 o economista Michael Porter em seu livro Competitive

Advantages of Nations (PORTER 1999) definiu o conceito de cluster como ldquoum

agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e

instituiccedilotildees correlatas numa determinada aacuterea vinculada por elementos comuns e

27

complementaresrdquo ou seja eacute uma concentraccedilatildeo de empresas que se comunicam por

possuiacuterem caracteriacutesticas semelhantes e coabitarem no mesmo local Elas

colaboram entre si e assim se tornam mais eficientes

Segundo Schmitz e Nadvi (1999) o termo cluster eacute definido como sendo uma

concentraccedilatildeo setorial e espacial de empreendimentos com ecircnfase na visatildeo de

empresas conectadas em fatores locais voltados para a competiccedilatildeo em mercados

globalizados

Para Galvatildeo (2000) um cluster pode ser considerado como ldquotodo tipo de

aglomeraccedilatildeo de atividades geograficamente concentradas e setorialmente

especializadas ndash natildeo importando o tamanho das unidades produtivas nem a

natureza da atividade econocircmica desenvolvida podendo ser da induacutestria de

transformaccedilatildeo do setor de serviccedilos e ateacute da agriculturardquo

Amato Neto (2008) afirma que um cluster pode ser estruturado por

aglomeraccedilotildees de empresas envolvendo fornecedores de mateacuteria-prima e

equipamentos canais de distribuiccedilatildeo e de assistecircncia aos seus produtos

Ainda para Amato Neto (2008) um cluster possui um ambiente favoraacutevel para

a divisatildeo de tarefas entre empresas bem como para a especializaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

requisitos indispensaacuteveis para a competiccedilatildeo em mercados externos Neste

ambiente as empresas pertencentes a um cluster possuem grande sinergia

Segundo Porter (1999 p239) a dimensatildeo da competitividade para

aglomerados produtivos sugere novas pautas de accedilotildees para as empresas governos

e instituiccedilotildees Para o autor eacute necessaacuterio dar ecircnfase agrave localizaccedilatildeo e aos espaccedilos

geograacuteficos em que estatildeo inseridas as empresas que aleacutem de competirem

cooperam entre si Esse conceito analisa a natureza da competiccedilatildeo e o papel da

localizaccedilatildeo na identificaccedilatildeo de vantagens competitivas A teoria sobre aglomerados

para o autor busca avaliar os efeitos na competitividade decorrentes da

aproximaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees que estatildeo economicamente interligadas

num determinado territoacuterio

No Brasil pesquisadores preocupados em compreender a natureza e

consequecircncias dos atuais desafios do desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico e

portanto da dificuldade de definir e implementar poliacuteticas adequadas aos mesmos

28

criaram em 1997 a RedeSist7 uma rede de pesquisa interdisciplinar e multi-

institucional sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro - UFRJ contando com a participaccedilatildeo de vaacuterias universidades e institutos de

pesquisa

De acordo com o conceito de sistemas e arranjos produtivos desenvolvido

pela RedeSist quando houver produccedilatildeo de bens ou serviccedilo existiraacute um arranjo que

envolve atividades e atores demandantes de mateacuteria-prima maacutequinas e insumos

Esses arranjos poderatildeo se apresentar em diferentes niacuteveis desde os mais

rudimentares que natildeo possuam uma forte articulaccedilatildeo entre os agentes ateacute os mais

complexos e articulados que apresentam interaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e confianccedila entre os

atores

Em 2002 Albagli e Brito definem Arranjo Produtivo Local ndash APL como

ldquoaglomerados territoriais de agentes econocircmicos poliacuteticos e sociais com foco em

um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas e que apresentam viacutenculos e

interdependecircnciardquo

Neste sentido a formaccedilatildeo de um APL manteacutem ligaccedilatildeo estreita com os fatores

histoacutericos que criam identidades e viacutenculos territoriais com base social cultural

poliacutetica e econocircmica comum Tal formaccedilatildeo cria facilidades para o desenvolvimento

de ambientes favoraacuteveis agrave cooperaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo e agrave confianccedila entre os agentes

locais envolvidos

Lastres e Cassiolato (2003) coordenadores da RedeSist acrescentam

Arranjos Produtivos Locais satildeo aglomeraccedilotildees territoriais de agentes econocircmicos

poliacuteticos e sociais - com foco em um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas -

que apresentam viacutenculos mesmo que incipientes Geralmente envolvem a

participaccedilatildeo e a interaccedilatildeo de empresas - que podem ser desde produtoras de bens

e serviccedilos finais ateacute fornecedoras de insumos e equipamentos prestadoras de

consultoria e serviccedilos comercializadoras clientes entre outros - e suas variadas

formas de representaccedilatildeo e associaccedilatildeo Incluem tambeacutem diversas outras instituiccedilotildees

puacuteblicas e privadas voltadas para formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

(como escolas teacutecnicas e universidades) pesquisa desenvolvimento e engenharia

poliacutetica promoccedilatildeo e financiamento

7 Redisist - httpwwwredesistieufrjbr

29

Em 2005 sentindo a necessidade de ampliar e adequar o conceito de APL

para um novo cenaacuterio econocircmico e social do paiacutes a RedeSist propocircs uma definiccedilatildeo

mais completa O novo conceito denominado Arranjo e Sistema Produtivo e

Inovativo Local ndash ASPIL tem como foco um conjunto especiacutefico de atores e

atividades econocircmicas e que privilegia a investigaccedilatildeo das articulaccedilotildees entre as

empresas associaccedilotildees cooperativas e demais atores que compotildeem o arranjo os

fluxos de conhecimento em particular o taacutecito os processos de aprendizado para

capacitaccedilatildeo produtiva a forma organizacional e inovativa aleacutem da importacircncia da

proximidade geograacutefica e identidade histoacuterica institucional social e cultural com

base em vantagens competitivas e economicamente sustentadas (LASTRES

CASSIOLATO CAMPOS 2006)

A abrangecircncia do conceito acima converge para uma visatildeo de agrupamento

de produtores ou empresas ao conceito de territorialidade tendo como resultado a

construccedilatildeo sociopoliacutetica necessaacuteria para se constituir as bases para um efetivo

pacto territorial em prol do desenvolvimento local de uma regiatildeo Essa conexatildeo

permite que atividades produtivas e territorialidade seja o principal lastro de

sustentabilidade de um APL

Com o objetivo de discutir a dimensatildeo conceitual do que realmente eacute um APL

e quais as vantagens que os agentes participantes desta conformaccedilatildeo

sociogeograacutefica de produccedilatildeo logram Costa (2007 p127) define o termo APL como

Um espaccedilo social econocircmico e historicamente construiacutedo atraveacutes de uma

aglomeraccedilatildeo de empresas (ou produtores) similares eou fortemente inter-

relacionadas ou interdependentes que interagem numa escala espacial local

definida e limitada atraveacutes de fluxos de bens e serviccedilos Para isto desenvolvem

suas atividades de forma articulada por uma loacutegica socioeconocircmica comum que

aproveita as economias externas o binocircmio cooperaccedilatildeo-competiccedilatildeo a identidade

sociocultural do local a confianccedila muacutetua entre os agentes do aglomerado as

organizaccedilotildees ativas de apoio para a prestaccedilatildeo de serviccedilos os fatores locais

favoraacuteveis (recursos naturais recursos humanos cultura sistemas cognitivos

logiacutestica infraestrutura etc) o capital social e a capacidade de governanccedila da

comunidade

Neste caso um APL pode ser entendido como um grupo de atores

pertencentes a um aglomerado produtivo que tecircm como finalidade o crescimento de

uma produccedilatildeo por meio da interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo O autor destaca que o termo

30

APL se refere agrave concentraccedilatildeo de quaisquer atividades similares atuantes em um

mesmo espaccedilo geograacutefico natildeo importando o tamanho das empesas podendo estas

pertencer ao setor primaacuterio secundaacuterio ou ateacute mesmo terciaacuterio variando desde

estruturas artesanais ateacute arranjos de grandes empresas com elevado grau de

tecnologia

A partir dessas definiccedilotildees o entendimento e aplicaccedilatildeo do conceito de APL se

tornou nos uacuteltimos anos uma ferramenta importante no desenvolvimento

socioeconocircmico de uma regiatildeo Entretanto se faz necessaacuterio o compartilhamento e

socializaccedilatildeo desse conceito entre os diversos atores que compotildeem um

agrupamento produtivo sobretudo em territoacuterios que desenvolvem atividades

econocircmicas agriacutecolas e artesanais que ainda possuem baixos iacutendices de

desenvolvimento socioeconocircmico de organizaccedilatildeo produtiva e de inclusatildeo social

Para obtenccedilatildeo desse nivelamento estrateacutegias educacionais com abordagens

especiacuteficas tais como conhecimentos e inovaccedilatildeo se fazem necessaacuterios para que o

conceito de APL seja compreendido por todos os atores e parceiros Essa

compreensatildeo requer a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos instituiccedilotildees de ensino

pesquisa e do setor privado como forma de sensibilizar o agrupamento produtivo

para a importacircncia de um APL e as vantagens que esse aglomerado poderaacute trazer

para um territoacuterio ou mesmo uma regiatildeo

Com essa visatildeo o conhecimento e a inovaccedilatildeo fontes de vantagens

competitivas resultam de um processo de aprendizado interativo e de natureza

social Uma condiccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do aprendizado por

interaccedilatildeo eacute o estabelecimento de uma mesma forma de comunicaccedilatildeo entre os

agentes de modo a facilitar o intercacircmbio de informaccedilotildees Nos APLs normalmente

o canal de comunicaccedilatildeo jaacute estaacute criado o que simplifica o fluxo e a difusatildeo de

informaccedilotildees e conhecimento Em consequecircncia poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a

estruturaccedilatildeo de APLs podem contribuir para a obtenccedilatildeo de vantagens competitivas

advindas dos processos de interaccedilatildeo por parte das empresas inseridas nos arranjos

Neste caso as condiccedilotildees institucionais e culturais permitem o intercacircmbio de

conhecimento sobretudo o conhecimento taacutecito fundamental para o processo

inovativo que traz consigo o conhecimento intriacutenseco dos atores que jaacute participam

de uma aglomeraccedilatildeo produtiva

31

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs

Nesta seccedilatildeo seraacute discutido o conceito de poliacuteticas puacuteblicas e quais as

poliacuteticas existentes voltadas para Arranjos Produtivos Locais no acircmbito federal

estadual e municipal

Poliacuteticas puacuteblicas satildeo accedilotildees governamentais assumidas pelos governos e

instituiccedilotildees puacuteblicas estatais com o objetivo de concretizar os direitos humanos

coletivos ou direitos sociais garantidos em lei Natildeo se pode falar em poliacutetica puacuteblica

dissociada da relaccedilatildeo entre estado e sociedade

As poliacuteticas compreendem tudo o que o Estado faz em prol do

desenvolvimento do paiacutes Nessa compreensatildeo essas poliacuteticas podem oportunizar a

melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo redistribuindo renda e reduzindo as

desigualdades sociais

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo explicitadas sistematizadas ou formuladas em

documentos (leis programas linhas de financiamentos) que orientam accedilotildees que

normalmente envolvem aplicaccedilotildees de recursos puacuteblicos

Tais poliacuteticas tambeacutem traduzem no seu processo de elaboraccedilatildeo e

implantaccedilatildeo e sobretudo em seus resultados formas de exerciacutecio do poder poliacutetico

e econocircmico (accedilotildees governamentais) envolvendo a distribuiccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de

poder o papel do conflito social nos processos de decisatildeo a reparticcedilatildeo de custos e

benefiacutecios socioeconocircmicos

Como o poder eacute uma relaccedilatildeo social que envolve vaacuterios atores com projetos e

interesses diferenciados e ateacute contraditoacuterios haacute necessidade de mediaccedilotildees sociais

e institucionais para que se possa obter um miacutenimo de consenso e assim as

poliacuteticas puacuteblicas possam ser legitimadas e obter eficaacutecia (TEIXEIRA 2002)

O estudo e a anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas que deram subsiacutedios a este

trabalho mostram que algumas regiotildees brasileiras tecircm alcanccedilado destaque no

cenaacuterio nacional cujas atividades econocircmicas e sociais satildeo voltadas para o

desenvolvimento de APLs Esses arranjos vecircm se consolidando a cada dia onde

poliacuteticas satildeo implementadas e executadas de forma adequada agraves necessidades de

cada territoacuterio

32

Ressalta-se que para a obtenccedilatildeo de resultados positivos com a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas satildeo necessaacuterias estrateacutegias de acompanhamento e

de afericcedilatildeo dos resultados alcanccedilados levando-se em consideraccedilatildeo programas que

sejam intensos em conhecimento regional cultural social e que proporcionem

sustentabilidade ambiental

Uma percepccedilatildeo mais holiacutestica do soerguimento de uma regiatildeo recai sobre a

visatildeo da participaccedilatildeo da sociedade na formulaccedilatildeo de poliacuteticas que contemplem a

reduccedilatildeo da desigualdade social e a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e renda principalmente

em aacutereas rurais

Sendo assim na concepccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica vaacuterios fatores devem ser

considerados o desenvolvimento regional como parte essencial da estrateacutegia do

desenvolvimento nacional as vocaccedilotildees econocircmicas existentes em cada regiatildeo a

formulaccedilatildeo de programas que permitam associar as diferentes dimensotildees do

desenvolvimento sustentaacutevel a implantaccedilatildeo de projetos estruturantes e a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas agraves necessidades das comunidades e agraves

condiccedilotildees das diferentes regiotildees e territoacuterios brasileiros

Dentro desta visatildeo a poliacutetica para APL desponta como um indutor de

desenvolvimento econocircmico social e cultural sobretudo em regiotildees produtivas

ainda consideradas de baixa renda

Buscando efetivar accedilotildees que permitam aos estados brasileiros a se

desenvolverem economicamente e com equidade social o Governo Federal tem

monitorado as accedilotildees dos programas governamentais colocados em seu Plano

Plurianual ndash PPA buscando averiguar o desenvolvimento e atuaccedilatildeo desses

programas

Este acompanhamento eacute realizado por oacutergatildeos federais e tem como finalidade

verificar a eficiecircncia dos programas e obter dados que comprovem o

desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes sobretudo das regiotildees mais carentes A

implementaccedilatildeo desses programas tem como prioridades a inclusatildeo social de

indiviacuteduos a geraccedilatildeo de emprego e renda a ampliaccedilatildeo de novos empreendimentos

em aacutereas produtivas a fixaccedilatildeo das populaccedilotildees rurais em aacutereas com potencial

econocircmico e cultural para ampliaccedilatildeo de agronegoacutecios o espraiamento da agricultura

familiar e a estruturaccedilatildeo de APLs economicamente viaacuteveis

33

Neste sentido o governo brasileiro tambeacutem tem despertado para a grande

problemaacutetica do desemprego e para o crescente nuacutemero de habitantes nas

metroacutepoles Como alternativa os oacutergatildeos governamentais entenderam que os APLs

podem ser uma estrateacutegia para valorizaccedilatildeo do local empregando pessoas da

comunidade evitando assim o ecircxodo para os grandes centros urbanos

Uma das estrateacutegias que o Governo Federal encontrou para alavancar os

APLs foi a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que apoiem e ajudem no desenvolvimento

dessas aglomeraccedilotildees de empresas e de organizaccedilotildees produtivas Essas poliacuteticas de

incentivos aos arranjos produtivos locais no paiacutes tecircm se tornado consistentes jaacute

sendo possiacutevel visualizar resultados satisfatoacuterios com sua implementaccedilatildeo

(BARROSO SOARES 2009)

Aleacutem do mais as poliacuteticas de desenvolvimento local principalmente aquelas

direcionadas para APLs tecircm gerado respostas positivas aos desafios impostos por

um novo padratildeo social e tecnoloacutegico de produccedilatildeo e pelas novas estrateacutegias de

desenvolvimento regional endoacutegeno

Sendo assim em uma economia que tem como um dos principais elementos

de competitividade a inovaccedilatildeo poliacuteticas que estimulem a cooperaccedilatildeo o aprendizado

e o intercacircmbio de conhecimento tornam-se significativas para que o processo

inovativo produza soluccedilotildees agraves necessidades impostas por esse novo padratildeo vigente

dentro dos arranjos produtivos (GOacuteES GUERRA 2008)

Eacute de relevacircncia ainda frisar que estas accedilotildees de poliacuteticas tanto puacuteblicas como

privadas contribuem para o aprimoramento desses processos inovativos tanto

histoacutericos como sociais e fomentam a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de APLs que

por sua vez permitem um melhor direcionamento das poliacuteticas de desenvolvimento

regional (ALBAGLI BRITO 2002)

Essas iniciativas governamentais segundo Brito e Cassiolato (2002) vecircm se

intensificando cada vez mais no uso de accedilotildees que visam o aumento das

articulaccedilotildees e interaccedilotildees entre empresas eou atores locais O desdobramento

desse processo contribui para a identificaccedilatildeo de fatores relacionados ao grau de

competitividade e perspectivas de desenvolvimento em escala local e regional

Historicamente o estudo das aglomeraccedilotildees produtivas na forma de APLs

ganhou relevacircncia na uacuteltima deacutecada no Brasil a partir de experiecircncias bem-

34

sucedidas de organizaccedilatildeo produtivaindustrial em diferentes paiacuteses em particular na

Itaacutelia Estas experiecircncias chamaram a atenccedilatildeo de diversos oacutergatildeos puacuteblicos e

instituiccedilotildees nacionais e locais que passaram a implementar medidas de apoio para

promover a competitividade das empresas integrantes de aglomeraccedilotildees industriais

(SCHIMIDT FILHO PAULA 2008)

No Brasil a partir de 1997 o conceito de APL e Sistemas Inovativos Locais foi

rapidamente disseminado na esfera do ensino e da pesquisa e na esfera

governamental com a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

No final da deacutecada de 90 a academia passa a discutir a importacircncia do

conceito de APL e incorpora o desejo e a necessidade de promover uma discussatildeo

mais profunda sobre as novas ameaccedilas e oportunidades para os paiacuteses latino-

americanos ndash e particularmente o Brasil ndash diante das mudanccedilas recentes

Com o objetivo de ampliar e divulgar estudos sobre o referido tema em 1997

foi criada a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais ndash

RedeSist sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro

Os pesquisadores participantes dessa rede visam desenvolver trabalhos de

pesquisa e discutir temas que estatildeo relacionados aos novos requerimentos e formas

de desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico bem como averiguar o papel os

objetivos e os instrumentos de poliacuteticas tecnoloacutegicas e industriais adotadas no novo

cenaacuterio internacional Atualmente a RedeSist conta com a participaccedilatildeo de vaacuterias

universidades e institutos de pesquisa no Brasil aleacutem de manter parcerias com

outras instituiccedilotildees da Ameacuterica Latina Europa e Aacutesia (RedeSist 2011)

Os principais resultados das pesquisas realizadas pela RedeSist confirmam

que a aglomeraccedilatildeo de empresas e o aproveitamento das sinergias coletivas geradas

por suas interaccedilotildees vecircm fortalecendo suas chances de sobrevivecircncia e crescimento

constituindo-se em importante fonte geradora de vantagens competitivas

duradouras

A participaccedilatildeo dinacircmica em arranjos produtivos locais tem auxiliado

especialmente as empresas enquadradas como Micro Pequena e Meacutedia Empresa -

MPME a ultrapassarem as barreiras que impedem seu crescimento a produzirem

35

eficientemente e a comercializarem seus produtos em mercados nacionais e ateacute

internacionais

Partindo da necessidade de modernizaccedilatildeo do Estado e de investimentos no

setor produtivo do paiacutes o Governo Federal buscou efetivar poliacuteticas para que os

oacutergatildeos puacuteblicos tivessem maior controle nos seus gastos e que o Brasil investisse

em programas e projetos estruturantes

A ideia dessas poliacuteticas era natildeo mais financiar projetos isolados e sim investir

em projetos coletivos que pudessem beneficiar territoacuterios socioeconocircmicos para as

regiotildees com vocaccedilotildees naturais jaacute identificadas e promotoras de atividades

econocircmicas sustentaacuteveis

Em 1998 o Governo institui o Programa de Estabilidade Fiscal e em 2000 a

Lei de Responsabilidade Fiscal ndash LRF (Lei Complementar 101 de 04 de maio de

2000 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 05052000) Esta lei regulamentava o

planejamento fiscal como forma de orientar os gastos futuros

Em 1999 visando a Reforma do Estado o Governo promulgou a lei 981199

que definia as diretrizes para elaboraccedilatildeo da lei orccedilamentaacuteria de 2000 e em 21 de

julho de 2000 publicou a LEI Nordm 9989 que instituiu o Plano Plurianual ndash PPA para o

quadriecircnio 2000-2003 (Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 27072000) Esse PPA teve como

objetivo elaborar normas para a programaccedilatildeo dos recursos e do ciclo de gestatildeo do

setor puacuteblico definindo as estrateacutegias para a elaboraccedilatildeo do plano e do orccedilamento

bem como o acompanhamento da execuccedilatildeo orccedilamentaacuteria financeira e a avaliaccedilatildeo

do desempenho da accedilatildeo governamental

A incorporaccedilatildeo do conceito de APL como poliacutetica puacuteblica pelo Governo

Federal teve iniacutecio em 1999 no acircmbito do Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia ndash

MCT Em parceria com os Estados da Federaccedilatildeo foram identificados APLs que

tiveram projetos de cooperaccedilatildeo entre institutos de pesquisa e empresas visando

aprimorar produtos e processos oriundos desses aglomerados Foi tambeacutem incluiacuteda

pela primeira vez uma accedilatildeo para APLs no Plano Plurianual do Governo (PPA 2000-

2003) de responsabilidade do MCT (LASTRES 2007)

Neste periacuteodo tambeacutem foram apoiadas pesquisas acadecircmicas tanto de cunho

teoacuterico como empiacuterico financiadas pelas agecircncias vinculadas ao MCT Conselho

36

Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash CNPq e a Financiadora de

Estudos e Projetos ndash FINEP

Reconhecendo a importacircncia dos APLs que refletem uma nova percepccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento em que o local passa a ser visto como eixo

orientador de promoccedilatildeo social o Governo Federal instituiu atraveacutes da Portaria

Interministerial nordm 200 de 03082004 (e reeditada em 24102005) o Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais ndash GTP APL coordenado pelo

Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

O GTP APL tem como finalidade elaborar e propor diretrizes gerais para as

accedilotildees coordenadas de apoio a Arranjos Produtivos Locais Este grupo elaborou em

2004 um Termo de Referecircncia para Poliacutetica Nacional de Apoio ao Desenvolvimento

de Arranjos Produtivos Locais - Versatildeo para discussatildeo do GT Interministerial (MDIC

2004) definindo a caracterizaccedilatildeo de um APL a partir de duas premissas ter um

nuacutemero significativo de empreendimentos no territoacuterio e de indiviacuteduos que atuam em

torno de uma atividade produtiva predominante e compartilhar formas percebidas de

cooperaccedilatildeo e algum mecanismo de governanccedila8 podendo ser incluiacutedas pequenas

meacutedias e grandes empresas

Para solidificar esta poliacutetica o trabalho do GTP APL conta com a participaccedilatildeo

de 33 oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais e tem mapeado 142 APLs

prioritaacuterios (de maior relevacircncia socioeconocircmica) identificados atraveacutes do Plano de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP nos 27 estados brasileiros Outra accedilatildeo

importante orientada pelo GTP APL em todo o Brasil foi a instalaccedilatildeo dos Nuacutecleos

Estaduais que tecircm como objetivo organizar as demandas dos APLs analisar suas

propostas e promover as articulaccedilotildees institucionais com vistas ao apoio demandado

Os Nuacutecleos Estaduais satildeo compostos por entidades dos diversos segmentos da

sociedade capazes de planejar e executar accedilotildees identificadas na elaboraccedilatildeo dos

PDPs (GTP-APL 2007)

A partir de 2007 com o intuito de fomentar projetos produtivos de APLs de

baixa renda e ampliar o alcance de sua atuaccedilatildeo o BNDES utilizando recursos natildeo

8 Mecanismo de governanccedila ndash Existecircncia de canais (pessoas fiacutesicas ou organizaccedilotildees) capazes de Liderar e organizar atores em prol de objetivos comuns nas atividades em APL ou coordenar as accedilotildees dos diferentes atores para o cumprimento de objetivos comuns ou negociar os processos decisoacuterios locais ou promover processos de geraccedilatildeo disseminaccedilatildeo e uso de conhecimentos (MDIC 2004)

37

reembolsaacuteveis do Fundo Social firma parceria com os governos dos Estados

(LASTRES LEMOS KAPLAN GARCEZ MAGALHAtildeES 2010) Esta parceria

objetivava complementar o apoio financeiro concedido pelos Estados a

empreendimentos solidaacuterios de baixa renda contribuindo dessa forma para a

reduccedilatildeo de desigualdades sociais e geraccedilatildeo de trabalho e renda A poliacutetica adotada

tinha como finalidade desenvolver e adensar atividades econocircmicas em aacutereas de

populaccedilotildees de baixa renda cujas caracteriacutesticas produtivas estivessem naturalmente

sendo desenvolvidas como aglomerados produtivos

Outra agecircncia de fomento agrave pesquisa e desenvolvimento de APLs eacute o Fundo

de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash FUNDECI administrado pelo

Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste ndash ETENE do Banco do

Nordeste do Brasil SA ndash BNB Essa agecircncia tem apoiado projetos de pesquisa

difusatildeo e transferecircncia de tecnologia para arranjos produtivos locais no Nordeste

brasileiro9

Tendo em vista que diversas instituiccedilotildees estatildeo aplicando poliacuteticas puacuteblicas

para o desenvolvimento socioeconocircmico voltado para APLs faz-se necessaacuterio

analisar quais as contribuiccedilotildees que tais poliacuteticas tem proporcionado para a

estruturaccedilatildeo de Arranjos Produtivos Locais na Paraiacuteba e quais os entraves

encontrados na sua implementaccedilatildeo

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento

Regional Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs

O conceito de sustentabilidade parte da necessidade de estimular e

potencializar os recursos locais capazes de promover o crescimento econocircmico

social e cultural e de minimizar os impactos ambientais

Haddad (2003) afirma que este conceito natildeo se prende somente a

produtividade dos recursos naturais e de conservaccedilatildeo da base fiacutesica de uma regiatildeo

ou paiacutes mas frisa a importacircncia da equidade interpessoal (sustentabilidade social) e

9 httpwwwbnbgovbrcontentaplicacaosobre_nordestefundecigeradosfundeci_obtendoasp

38

intertemporal (sustentabilidade ambiental) considerando uma regiatildeo que natildeo sofra

com o uso indevido dos recursos naturais por empreendimentos econocircmicos

A importacircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel eacute priorizada

segundo as dimensotildees sociais considerando o processo de organizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo e a participaccedilatildeo da sociedade civil na formataccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

para as regiotildees Este desenvolvimento enfatiza tambeacutem a valorizaccedilatildeo dos recursos

econocircmicos humanos institucionais e culturais

Esse padratildeo de desenvolvimento avalia as capacidades e potencialidades

existentes no territoacuterio Novas poliacuteticas devem proporcionar o fortalecimento de um

ambiente adequado e satisfatoacuterio agrave criaccedilatildeo e implantaccedilatildeo de sistemas produtivos

locais bem como ampliar as relaccedilotildees sociais econocircmicas tecnoloacutegicas e

comerciais entre os diversos atores participantes do processo de desenvolvimento

Partindo desta ideia o conceito de APL pode ser fortalecido se a este for

associada a visatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel enfocando o aprendizado jaacute

adquirido pelos atores a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica capaz de melhorar os sistemas

produtivos e a territorialidade

A estrateacutegia de analisar o APL da Citricultura sob a oacutetica do desenvolvimento

sustentaacutevel teve como objetivo entender o territoacuterio estudado e averiguar o

desenvolvimento socioeconocircmico do APL sua trajetoacuteria e seu crescimento regional

Sendo assim tal anaacutelise permitiu ampliar os conhecimentos sobre a sinergia

coletiva gerada no arranjo e propor accedilotildees para que empresas associaccedilotildees e

cooperativa existentes no aglomerado produtivo sejam indutoras de vantagens

competitivas duradouras

No proacuteximo capiacutetulo eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina da Paraiacuteba bem como suas potencialidades problemas

identificados e as instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo promotoras de poliacuteticas puacuteblicas

para o segmento

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA TANGERINA NA PARAIacuteBA

A partir dos diagnoacutesticos elaborados pela EMEPA (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2006 e LOPES ALBUQUERQUE BRITO 2008) eacute possiacutevel caracterizar o

Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba pois

mesmo natildeo estando consolidado este segmento apresenta um conjunto de

variaacuteveis e accedilotildees de trabalho relacionados a um APL Este aglomerado produtivo

possui produtores participantes de associaccedilotildees nos municiacutepios de produccedilatildeo de

tangerina distribuidores comercializadores (atravessadores) mercado consumidor

demandante organizaccedilotildees voltadas agrave formaccedilatildeo e treinamento de recursos

humanos informaccedilatildeo pesquisa e desenvolvimento instituiccedilotildees de apoio ao fomento

e a regulaccedilatildeo e uma clara percepccedilatildeo de cooperaccedilatildeo e governanccedila atraveacutes da

existecircncia de uma cooperativa

Nesta seccedilatildeo seraacute apresentado o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

como ele estaacute estruturado e quais os problemas que impedem a sua consolidaccedilatildeo

como um arranjo produtivo local sustentaacutevel

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

O Brasil eacute o maior produtor mundial de laranja cuja produccedilatildeo foi

aproximadamente 191 milhotildees de toneladas em 2010 seguido dos Estados Unidos

da Ameacuterica - EUA com 75 milhotildees O Brasil tambeacutem eacute o maior exportador de suco

de laranja concentrado tendo exportado no ano de 2009 aproximadamente 575 mil

toneladas (FAO 2012) Os principais mercados consumidores de suco satildeo a Uniatildeo

Europeia comprando 72 e os Estados Unidos 121 (MDIC 2012)

A cultura ciacutetrica eacute a mais importante dentre as fruteiras cultivadas no Brasil

No entanto a produccedilatildeo brasileira estaacute concentrada em laranjas (cultivares Pera Rio

Valecircncia e Pera Natal) para a fabricaccedilatildeo de suco destinado aos mercados de

exportaccedilatildeo (PEREIRA 2009)

40

O grande propulsor do crescimento da induacutestria ciacutetrica nacional foi a geada

que atingiu em 1962 os pomares da Floacuterida nos Estados Unidos considerados ateacute

entatildeo os maiores produtores mundiais de laranja (NEVES 2010)

A consolidaccedilatildeo da induacutestria brasileira ocorreu definitivamente apoacutes as geadas

que voltaram a castigar a Floacuterida no final da deacutecada de 1980 causando perdas

substanciais na produccedilatildeo americana de laranja Com isso as exportaccedilotildees de suco

brasileiro se firmaram e a induacutestria nacional entrou numa fase de franca expansatildeo

(NEVES 2010)

A citricultura no Brasil desenvolveu-se dessa forma para a oferta de suco ao

mercado internacional Apenas 18 da produccedilatildeo satildeo destinados ao mercado

interno e nesse percentual os citros de mesa aparecem com baixa

representatividade (MAPA 2009)

A produccedilatildeo de citros encontra-se distribuiacuteda em quase todo o territoacuterio

nacional localizando-se principalmente nos estados de Satildeo Paulo Bahia Minas

Gerais Sergipe e Paranaacute (IBGE 2012)

Na regiatildeo Sudeste satildeo produzidos 8414 dos citros ao contraacuterio da regiatildeo

Nordeste responsaacutevel por apenas 912 da produccedilatildeo (MAPA 2009)

A regiatildeo Nordeste possui alguns polos de produccedilatildeo de citros de mesa

todavia natildeo satildeo suficientes para atender a demanda dos mercados de consumo ou

seja a produccedilatildeo de laranjas tangerinas limas aacutecidas e limotildees eacute menor que a

demandada pelo mercado consumidor (MAPA 2009)

Os estados da Bahia e de Sergipe destacam-se como os principais

produtores de citros (principalmente laranja) Entretanto a Paraiacuteba assume o

ranking de maior produtor de tangerina dentre os nove estados nordestinos (Quadro

2)

41

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do Nordeste

Estados Nordestinos produtores

Aacuterea plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Nordeste 3815 41267 10817 17216

Maranhatildeo 23 68 2957 46

Piauiacute 22 182 8273 148

Cearaacute 333 2207 6628 1162

Rio Grande do Norte 20 240 12000 72

Paraiacuteba 1892 14436 7630 4999

Pernambuco 333 3366 10108 2663

Sergipe 431 6586 15281 2314

Bahia 761 14182 18636 5813

Fonte IBGE (2010b)

A produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba (IBGE 2010b) concentra-se no Planalto da

Borborema (Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano) com aproximadamente 3150 ha

cultivados sendo 1892 ha de tangerinas 867 ha de laranjas e 391 ha de lima aacutecida

Tahiti tambeacutem conhecida entre os consumidores brasileiros como limatildeo Tahiti

No Quadro 3 eacute apresentado um comparativo da produccedilatildeo de citros (laranja

tangerina e limatildeo) da Paraiacuteba entre os anos de 2008 e 2010 Verifica-se que houve

um pequeno aumento na aacuterea plantada (44) e na quantidade produzida (33) de

tangerina

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

Produto Ano Aacuterea

plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Tangerina 2008 1812 13974 7711 4261

2010 1892 14404 7630 4999

Laranja 2008 1007 5527 5489 1874

2010 862 5314 6164 1910

Limatildeo 2008 304 2212 7276 1515

2010 391 2527 6462 1602

Fonte IBGE (2008) e IBGE (2010b)

42

A regiatildeo possui um importante diferencial competitivo devido a sua safra

ocorrer nos meses de agosto a dezembro sendo a Paraiacuteba o uacutenico estado brasileiro

a produzir tangerina dancy nesse periacuteodo Essa produccedilatildeo gera forte impacto de

venda pois os valores de comeacutercio estatildeo em franca ascensatildeo Observa-se no

Quadro 3 que o valor pago pela produccedilatildeo aumentou em 17 de 2008 para 2010

Este diferencial competitivo eacute evidenciado por Pozzan e Triboni (2005) onde

afirmam que a oferta de tangerina no paiacutes acumula-se nos meses de abril a

setembro (Quadro 4) ficando os outros meses com uma oferta abaixo da

capacidade dos mercados Nesses meses os preccedilos de comercializaccedilatildeo atingem

patamares bastante compensadores devido agrave baixa oferta de produtos de qualidade

no mercado

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo

Cultura Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Laranja

Tangerina

Lima e lima aacutecida

Manga

Goiaba

Cana

Cafeacute

Soja

Natildeo irrigada hachurado escuro = colheita da safra principal hachurado claro = colheita da safra extemporacircnea

Fonte Pozzan amp Triboni (2005)

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina da Paraiacuteba eacute composto pelos

municiacutepios de Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de

Roccedila Massaranduba e Matinhas pertencentes agrave Mesorregiatildeo do Agreste

Paraibano Nesta regiatildeo concentra-se a maior produccedilatildeo desse fruto de mesa no

Estado Segundo o IBGE (2010b) a produccedilatildeo de tangerina na regiatildeo foi 14404

toneladas em 2010 Na Figura 3 eacute apresentada a produccedilatildeo colhida em 2010 em

cada municiacutepio pertencente ao APL

43

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 2010

Fonte Adaptado do IBGE (2010b)

A plantaccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba estaacute localizada numa altitude acima de

500m o que favorece a existecircncia de um microclima ameno com irregularidades

pluviomeacutetricas ocorrendo em meacutedia de 1000 a 1200 mmano distribuiacutedas de

marccedilo a agosto A partir do mecircs de setembro as chuvas satildeo esparsas ocorrendo

um periacuteodo de veranico A umidade relativa do ar eacute em meacutedia de 85 nos meses

mais frios do ano (maio a agosto) e a temperatura noturna varia de 10 a 18ordmC

Durante o dia a temperatura varia de 20 a 25ordmC nos meses mais frios e acima de

25ordmC no periacuteodo de veratildeo O clima exerce grande influecircncia sobre o vigor e a

longevidade das plantas qualidade e quantidade de frutos (LOPES

ALBUQUERQUE MOURA 2007)

A maioria dos produtores utilizam basicamente matildeo-de-obra familiar e

ocasionalmente contratam trabalhadores durante principalmente o periacuteodo de

colheita Satildeo aproximadamente dois mil pequenos produtores envolvidos com suas

respectivas famiacutelias O setor gera aproximadamente 4000 empregos diretos e 6000

empregos indiretos Os trabalhadores contratados satildeo da regiatildeo e natildeo haacute muitos

empregos formais A citricultura assume uma grande importacircncia para a regiatildeo e

para o Estado devido ao nuacutemero de pessoas envolvidas e agrave geraccedilatildeo de emprego e

renda (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

A citricultura da regiatildeo apresenta-se como tipicamente de minifuacutendio e

familiar com meacutedia de 223 haproprietaacuterio e 83 com um a trecircs membros da famiacutelia

envolvidos na atividade Quanto agrave experiecircncia com o cultivo da laranja 68 dos

44

citricultores vivenciam a atividade haacute mais de dez anos (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2007)

Contudo este segmento ainda possui diversos problemas que impedem o

pleno ecircxito da cultura de tangerina no APL O principal problema eacute a baixa

produtividade com rendimento meacutedio de 7630 kgha muito abaixo da produtividade

de Sergipe e Bahia com 15281 kgha e 18636 kgha respectivamente (Quadro 2)

Aleacutem disso analisando a produccedilatildeo de tangerina nos anos 2008 e 2010

(Quadro 3) verifica-se que houve um crescimento relativamente pequeno

considerando a existecircncia de diversas accedilotildees realizadas por instituiccedilotildees parceiras

atuantes no arranjo em prol do desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo10 Nota-

se inclusive que o rendimento meacutedio caiu 105 nesse periacuteodo

Segundo Lopes Albuquerque e Moura (2006) alguns dos problemas teacutecnicos

identificados como responsaacuteveis por essa baixa produtividade satildeo ausecircncia de

mudas de qualidade (mudas certificadas) espaccedilamentos inadequados adubaccedilatildeo

deficiente manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequado tratos culturais deficientes

problemas fitossanitaacuterios alternacircncia de produccedilatildeo colheita e poacutes-colheita

inadequadas (embalagens improacuteprias) e comercializaccedilatildeo deficitaacuteria

Outros problemas verificados pelo MAPA (2009) foram setor de fornecimento

de insumos eacute precaacuterio e insuficiente estradas vicinais e municipais natildeo satildeo

asfaltadas ainda natildeo haacute empacotadoras de frutas nem nenhuma estrutura para o

beneficiamento eou industrializaccedilatildeo natildeo haacute estruturas para a produccedilatildeo de

borbulhas sementes e mudas certificadas ausecircncia de um local especiacutefico para

armazenagem de insumos (calcaacuterio adubos e defensivos agriacutecolas) natildeo haacute

sistemas de irrigaccedilatildeo implantados as sedes das associaccedilotildees satildeo precaacuterias e muitas

vezes as reuniotildees satildeo realizadas em oacutergatildeos puacuteblicos o que pode desestimular a

participaccedilatildeo efetiva dos associados

Visando observar in loco os problemas identificados acima foram realizadas

visitas teacutecnicas na regiatildeo durante o ano de 2011 para entrevistar os representantes

das associaccedilotildees e da cooperativa dos municiacutepios pertencentes ao APL Essas

10

Na seccedilatildeo 33 seratildeo apresentadas as instituiccedilotildees parceiras atuantes no arranjo e o apoio dessas entidades ao

APL

45

visitas tiveram como objetivo observar a forma como os produtores realizam o

plantio dos pomares de tangerina e a organizaccedilatildeo produtiva existente em cada

municiacutepio Constatou-se que os plantios satildeo realizados sem criteacuterios teacutecnicos

(espaccedilamentos incorretos) e plantados muitas vezes de morro abaixo ocasionando

risco de erosatildeo do solo nos periacuteodos chuvosos

Foi identificada tambeacutem a existecircncia de baixos investimentos em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica bem como a falta de investimentos em sistemas irrigados ou unidades

demonstrativas que elevassem a produtividade do plantio da tangerina no APL

Percebeu-se ainda que os produtores natildeo investem na modernizaccedilatildeo dos

seus plantios pois para eles natildeo existe um esclarecimento sobre a importacircncia de

uma expansatildeo da produccedilatildeo visando o desenvolvimento do agronegoacutecio na regiatildeo

Aleacutem disso verificou-se que a venda da produccedilatildeo sazonal eacute realizada

diretamente entre produtores e atravessadores Estes uacuteltimos compram os frutos nos

pomares ou seja adquirem o lote de tangerina ainda na tangerineira Os

atravessadores ficam responsaacuteveis pela colheita retirando apenas as tangerinas

que tecircm aceitabilidade no mercado e deixando as de tamanho inadequado nos

pomares

Contudo na visita a cidade de Matinhas foi identificada a existecircncia de uma

cooperativa localizada naquele municiacutepio fundada em 1996 por um grupo de

citricultores com o objetivo de obter melhores condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo de

citros produzidos na regiatildeo De acordo com a atual presidente a Cooperativa dos

Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda ndash Coopertange passou por diversos

problemas de gestatildeo o que a impediu de cumprir com suas obrigaccedilotildees junto aos

seus cooperados ateacute 2009

A partir de 2010 a Coopertange sofreu uma reestruturaccedilatildeo e uma nova

diretoria foi eleita Esta diretoria passou a buscar parceiros e projetos que pudessem

ampliar os negoacutecios com a produccedilatildeo de laranja Nesse ano foi elaborado um projeto

para adquirir uma packing house destinada agrave lavagem classificaccedilatildeo e embalagem

de frutos Tal inovaccedilatildeo que ainda se encontra em fase de implantaccedilatildeo (construccedilatildeo

do galpatildeo e aquisiccedilatildeo do equipamento) abriraacute a possibilidade de conquistar novos

mercados e realizar negociaccedilotildees diretas com clientes sem passar por

atravessadores

46

Apesar da referida cooperativa natildeo estar atuando plenamente como empresa

acircncora a mesma tem desenvolvido accedilotildees buscando atingir seus objetivos junto ao

APL Tais accedilotildees foram aprovaccedilatildeo da DAP (Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf) para a

cooperativa o que facilita a venda de forma coletiva da produccedilatildeo de citros

proveniente da agricultura familiar parceria com a UFPB para realizaccedilatildeo de cursos

de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de viveiristas e produccedilatildeo de mudas padronizadas e

certificadas cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos e a formataccedilatildeo do modelo

administrativo da Coopertange a EMEPA (pesquisa para combate da mosca negra)

COOPERAR (projeto de uma faacutebrica para produccedilatildeo de polpa de tangerina) e BNB

(apoio a participaccedilatildeo de feiras e seminaacuterios) Estas accedilotildees visam consolidar a

Coopertange como a principal representante do APL

32 Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional delineada para o trabalho de dissertaccedilatildeo apresenta

os niacuteveis de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina

O APL eacute composto por oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais

empresas associaccedilotildees de produtores rurais e uma cooperativa As relaccedilotildees entre

esses oacutergatildeos determinam uma estrutura organizacional que define a dinacircmica do

arranjo

Na Figura 4 eacute apresentada essa estrutura organizacional com os niacuteveis de

atuaccedilatildeo e de envolvimento de cada instituiccedilatildeo A Coopertange eacute responsaacutevel pelo

diaacutelogo entre os produtores e as instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

Esta cooperativa tambeacutem eacute responsaacutevel pelo fomento agrave comercializaccedilatildeo e

inclusatildeo social dos seus cooperados Atualmente a referida cooperativa apesar de

contar com apenas 40 cooperados produtores e liacutederes das associaccedilotildees que

pertencem ao APL vem se estruturando para assumir a governanccedila do arranjo

No primeiro ciacuterculo (Figura 4) satildeo apresentados os municiacutepios que compotildeem

o arranjo caracterizados pela distacircncia entre eles e a Coopertange de no maacuteximo 35

quilocircmetros e por terem como principal atividade a produccedilatildeo de tangerina dancy Em

cada municiacutepio existe uma associaccedilatildeo de produtores rurais responsaacutevel pelas

47

reivindicaccedilotildees dos seus associados e atua como interlocutora junto agrave empresa

acircncora e agraves instituiccedilotildees parceiras

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

No segundo ciacuterculo pode-se visualizar a infraestrutura para o

desenvolvimento do arranjo composta por instituiccedilotildees de apoio teacutecnico fomento e

inovaccedilatildeo Dentre os apoios mais relevantes encontram-se extensatildeo rural

(EMATER) pesquisa e transferecircncia de tecnologia (UFPB UFCG EMBRAPA

UEPB e EMEPA) serviccedilo de apoio agrave capacitaccedilatildeo teacutecnica e tecnoloacutegica (UFPB

Escola Teacutecnica Agriacutecola de Lagoa Seca e SENAR) fomento e creacutedito rural (BB BNB

e Caixa Econocircmica Federal) oacutergatildeos governamentais responsaacuteveis pelas poliacuteticas

puacuteblicas (Governo do Estado Prefeituras Municipais MAPA MDA e CONAB)

organizaccedilotildees sindicais (FAEPA Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Associaccedilotildees

dos Produtores Rurais) serviccedilo de apoio agrave estruturaccedilatildeo de micro e pequenas

empresas (SEBRAE) e Foacuterum de Fruticultura da Borborema Este uacuteltimo tem uma

atuaccedilatildeo importante na organizaccedilatildeo do APL pois busca arregimentar todos os

parceiros visando trazer soluccedilotildees para o soerguimento do setor

48

No terceiro ciacuterculo estatildeo representados os empreendimentos de suporte ao

segmento (implementos agriacutecolas e fornecedores de insumo) logiacutestica (transporte

armazenamento e entrega) manutenccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (empresas

especializadas em metal-mecacircnica existente no distrito industrial de Campina

Grande) venda de veiacuteculos utilitaacuterios escritoacuterio de design (criaccedilatildeo de embalagens

roacutetulos e programaccedilatildeo visual para as empresas) e faacutebricas de embalagens

(localizadas em Campina Grande) Na regiatildeo encontra-se tambeacutem matildeo-de-obra

qualificada (agrocircnomos e especialistas em fruticultura) para atender as demandas

especiacuteficas do segmento da citricultura

A estrutura organizacional formatada tem como finalidade mapear os

principais parceiros envolvidos no arranjo e apresentar uma forma estruturada de

visualizaccedilatildeo dos atores com potencial para atender agraves demandas objetivando a

melhoria da produtividade da tangerina o aumento da competitividade do setor e a

organizaccedilatildeo dos produtores para buscar novos nichos de mercado

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL

Nesta seccedilatildeo seratildeo descritas algumas poliacuteticas puacuteblicas identificadas para o

arranjo oriundas de programas governamentais e entidades parceiras natildeo

governamentais que vecircm atuando no desenvolvimento socioeconocircmico do territoacuterio

em que se insere o APL

Para melhor compreensatildeo dessas poliacuteticas faz-se necessaacuterio conhecer as

instituiccedilotildees que atuam no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina e seu objetivos visando entender o apoio dessas entidades ao APL

estudado Tais objetivos satildeo descritos na seccedilatildeo 331

Em seguida na seccedilatildeo 332 eacute apresentado um histoacuterico das poliacuteticas puacuteblicas

implementadas para APLs na Paraiacuteba e que vecircm contribuindo para a consolidaccedilatildeo

do APL

49

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo

De acordo com os dados coletados durante a pesquisa documental e em

visitas teacutecnicas foram identificadas as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais mais atuantes no arranjo sendo elas MAPA SEDAP EMEPA

EMATER PMM UFPB SEBRAE e STRM

O Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA eacute

responsaacutevel pela gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de estiacutemulo agrave agropecuaacuteria pelo

fomento do agronegoacutecio e pela regulaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo de serviccedilos vinculados ao

setor O MAPA busca integrar sob sua gestatildeo os aspectos mercadoloacutegico

tecnoloacutegico cientiacutefico ambiental e organizacional do setor produtivo e tambeacutem dos

setores de abastecimento armazenagem e transporte de safras aleacutem da gestatildeo da

poliacutetica econocircmica e financeira para o agronegoacutecio

O MAPA tem como missatildeo promover o desenvolvimento sustentaacutevel e a

competitividade do agronegoacutecio em benefiacutecio da sociedade brasileira (MAPA 2012)

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca

ndash SEDAP eacute um oacutergatildeo da administraccedilatildeo direta do Governo do Estado da Paraiacuteba e

tem como finalidade formular implementar coordenar e monitorar as poliacuteticas

puacuteblicas voltadas ao desenvolvimento sustentaacutevel da agricultura e da pecuaacuteria

A SEDAP trabalha em sintonia com as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais incentivando o desenvolvimento por meio da interiorizaccedilatildeo das

accedilotildees estrateacutegicas implementadas por seus oacutergatildeos vinculados Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER Empresa Estadual de Pesquisa

Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash EMEPA Empresa Paraibana de Abastecimento e

Serviccedilos Agriacutecolas ndash EMPASA e Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da

Paraiacuteba ndash INTERPA

A missatildeo da SEDAP eacute planejar articular e promover as poliacuteticas de

desenvolvimento rural no Estado atraveacutes da pesquisa assistecircncia teacutecnica extensatildeo

rural defesa sanitaacuteria animal e vegetal regularizaccedilatildeo fundiaacuteria reforma agraacuteria

organizaccedilatildeo das comunidades rurais proteccedilatildeo alimentar e coordenaccedilatildeo das

cadeias produtivas e arranjos produtivos locais (SEDAP 2012)

50

A Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash

EMEPA-PB tem por finalidade o desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico aplicados

agrave agropecuaacuteria do Estado da Paraiacuteba competindo-lhe promover planejar

estimular supervisionar coordenar e executar atividades de pesquisa e

experimentaccedilatildeo colaborar na formaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica do

setor agriacutecola do Estado bem como programar e desenvolver pesquisas

diretamente ou em cooperaccedilatildeo com instituiccedilotildees puacuteblicas compreendidas na aacuterea de

atuaccedilatildeo da SEDAP e apoiar na formulaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica de

ciecircncia e tecnologia relativa ao setor agriacutecola na Paraiacuteba (EMEPA 2012b)

A Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER-PB eacute

uma empresa de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural vinculada agrave SEDAP

integrante do Sistema Brasileiro de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash

SIBRATER Satildeo objetivos baacutesicos da EMATER-PB colaborar com os oacutergatildeos

competentes da SEDAP e do MAPA na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo das poliacuteticas de

assistecircncia teacutecnica e extensatildeo no Estado e planejar coordenar e executar

programas de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural visando agrave difusatildeo de

conhecimentos de natureza teacutecnica econocircmica e social para aumento da produccedilatildeo

e produtividade agriacutecola e a melhoria das condiccedilotildees de vida no meio rural do Estado

da Paraiacuteba de acordo com a poliacutetica de accedilatildeo dos Governos Federal e Estadual

(EMATER 2012)

A Prefeitura Municipal de Matinhas ndash PMM eacute a sede do poder executivo do

municiacutepio de Matinhas O prefeito como representante do executivo tem como

dever acompanhar a execuccedilatildeo dos programas governamentais e fiscalizar a

aplicaccedilatildeo dos recursos A PMM tem como uma de suas principais accedilotildees o estiacutemulo

agrave organizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo Local da Citricultura na regiatildeo de Matinhas

(PMM 2012)

A Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino

superior vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo tem como objetivo promover o

desenvolvimento socioeconocircmico da Paraiacuteba do Nordeste e do Brasil Para tanto

propotildee-se na sua aacuterea de competecircncia a empreender accedilotildees visando

especificamente aos seguintes resultados formar profissionais nos niacuteveis de ensino

fundamental meacutedio superior e de poacutes-graduaccedilatildeo realizar atividades de pesquisa e

51

de extensatildeo pautar as suas atividades acadecircmicas pela busca do progresso das

ciecircncias letras e artes

A missatildeo da UFPB eacute definida como estar integrada agrave sociedade promover o

progresso cientiacutefico tecnoloacutegico cultural e socioeconocircmico local regional e

nacional atraveacutes das atividades de ensino pesquisa e extensatildeo atrelado ao

desenvolvimento sustentaacutevel e ampliando o exerciacutecio da cidadania (UFPB 2012)

O Banco do Nordeste ndash BNB eacute uma instituiccedilatildeo financeira e de concessatildeo de

creacutedito Poreacutem para cumprir a missatildeo de desenvolvimento em uma regiatildeo com

muitas potencialidades ainda natildeo exploradas o BNB entende que o creacutedito eacute

necessaacuterio mas natildeo deve ser o uacutenico serviccedilo oferecido Esta instituiccedilatildeo busca

contribuir para garantir a sustentabilidade dos empreendimentos financiados

associada agrave melhoria das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo nordestina

Dentre as accedilotildees e instrumentos criados pelo Banco destacam-se os Agentes

de Desenvolvimento as Agecircncias Itinerantes as Poliacuteticas de Desenvolvimento

Territorial o CREDIAMIGO o PRONAF e o Programa de Desenvolvimento do

Turismo no Nordeste - PRODETUR no apoio agrave infraestrutura turiacutestica regional

A missatildeo do BNB eacute atuar como agente catalisador do desenvolvimento

sustentaacutevel do Nordeste integrando-o na dinacircmica da economia nacional (BNB

2012)

O Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash

SEBRAE-PB eacute uma instituiccedilatildeo voltada agrave concepccedilatildeo e execuccedilatildeo de iniciativas de

apoio aos empreendimentos de micro e pequeno porte Em razatildeo da importacircncia do

segmento para a geraccedilatildeo de emprego e de riqueza cabe ao SEBRAE colaborar

com accedilotildees e projetos para a consolidaccedilatildeo de um modelo de

desenvolvimento sustentaacutevel baseado na facilitaccedilatildeo do acesso a insumos

produtivos ndash conhecimento creacutedito tecnologia e capacitaccedilatildeo ndash para todos aqueles

que investem ou pretendem investir em uma atividade produtiva

Mais do que uma provedora de soluccedilotildees educacionais para o empreendedor

(treinamentos consultorias eventos teacutecnicos) a instituiccedilatildeo busca tambeacutem contribuir

para a geraccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis agrave valorizaccedilatildeo e ao estiacutemulo do

empreendedorismo Este estiacutemulo tem como finalidade o aumento da

competitividade de empresas e produtos visando fortalecer as vocaccedilotildees

52

econocircmicas e promover o desenvolvimento da Paraiacuteba no contexto nacional e

internacional

A missatildeo do SEBRAE eacute promover a competitividade e o desenvolvimento

sustentaacutevel das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas - STRM eacute uma

entidade sindical sem fins lucrativos com sede no municiacutepio de Matinhas Estado da

Paraiacuteba e eacute regido pela legislaccedilatildeo em vigor pelos Estatutos da Confederaccedilatildeo

Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG e da Federaccedilatildeo dos

Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba - FETAG-PB bem como pelo

seu regimento e estatuto

Satildeo objetivos do STRM defender os interesses coletivos e individuais da

categoria trabalhadora rural do municiacutepio inclusive em questotildees judiciais ou

administrativas desenvolver organizar e apoiar as accedilotildees que visem a conquista de

melhores condiccedilotildees de vida e de trabalho para a categoria trabalhadora rural e para

o conjunto da classe trabalhadora e defender e lutar pela manutenccedilatildeo e ampliaccedilatildeo

das liberdades e garantias democraacuteticas como instrumento de defesa dos direitos e

conquistas dos trabalhadores trabalhadoras e suas organizaccedilotildees

Aleacutem disso o sindicato deve ainda participar da elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de um projeto de desenvolvimento rural sustentaacutevel e solidaacuterio visando a

valorizaccedilatildeo e fortalecimento da agricultura familiar com o estabelecimento de uma

poliacutetica agriacutecola diferenciada e a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo comercializaccedilatildeo

financiamento e assessoramento teacutecnico que promova o desenvolvimento social e

econocircmico dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (STRM 1972)

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba

Em 1997 o Governo do Estado da Paraiacuteba com o apoio do MCTCNPq criou

o Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores Econocircmicos

Tradicionais ndash COMPET visando promover o desenvolvimento industrial a partir de

uma visatildeo regional com vocaccedilatildeo econocircmica preexistente Essa iniciativa gerou

accedilotildees voltadas para a modernizaccedilatildeo dos setores econocircmicos tradicionais (Tecircxtil e

Confecccedilatildeo Couro e Calccedilados e Sucro-alcooleiro) e tinha como objetivo potencializar

53

as cadeias produtivas de cada segmento atraveacutes da estruturaccedilatildeo de micro e

pequenas empresas em municiacutepios polarizadores dessas atividades O programa do

Governo do Estado promovia uma interaccedilatildeo entre essas empresas e as instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais apoiadoras do programa Tal poliacutetica foi uma

das primeiras iniciativas a ser trabalhada pelo Estado como proposta de

agrupamentos produtivos

Os resultados obtidos com a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica para o setor Couro

e Calccedilados foram implantaccedilatildeo da Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos em Couro

de Ribeira de Cabaceiras Ltda ndash ARTEZA modernizaccedilatildeo do Curtume Coletivo

Miguel de Souza Meira como unidade de beneficiamento de peles e couros

utilizando tanino vegetal extraiacutedo do angico e estruturaccedilatildeo de 16 oficinas de

confecccedilatildeo em couro de sandaacutelias masculinas e femininas chapeacuteus boneacutes

acessoacuterios e produtos de decoraccedilatildeo Para o setor Sucroalcooleiro foi estruturada a

unidade Chatilde dos Jardins localizada no Campus II da UFPB no municiacutepio de Areia

Esta unidade teve como objetivo transferir a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica para os engenhos

da regiatildeo bem como capacitar produtores e teacutecnicos na produccedilatildeo de cachaccedila de

qualidade No setor Tecircxtil e Confecccedilatildeo foi implantado o primeiro Laboratoacuterio de

Vestuaacuterio da Paraiacuteba ndash LABVEST no Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado

Albano Franco ndash CTCCSENAI em Campina Grande-PB Este laboratoacuterio tinha como

finalidade atender agraves micro e pequenas empresas do setor atraveacutes de consultorias

especializadas plotagem de peccedilas padratildeo utilizadas na induacutestria de confecccedilatildeo e

cursos de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de matildeo-de-obra qualificada (COMPET 2007)

No ano de 2000 a Secretaria Estadual de Induacutestria Comeacutercio Turismo

Ciecircncia e Tecnologia ndash SICTCT da Paraiacuteba a partir dos resultados positivos obtidos

com o programa COMPET adotou como poliacutetica de expansatildeo empresarial o

conceito de arranjo produtivo local para fomentar o desenvolvimento

socioeconocircmico nas regiotildees com vocaccedilotildees produtivas priorizadas pelo Estado

Essa poliacutetica resultou no apoio a programas voltados para a

caprinovinocultura e artesanato As principais accedilotildees da caprinovinocultura foram

melhoramento geneacutetico de caprinos e ovinos visando o aumento do plantel na

Paraiacuteba e implantaccedilatildeo do Programa do Leite como projeto de seguranccedila alimentar

para famiacutelias carentes o que permitiu a instalaccedilatildeo de vaacuterias unidades de

beneficiamento de leite de cabra no Cariri paraibano As accedilotildees realizadas pelo

54

Programa de Artesanato promoveu o mapeamento do artesanato conforme as

tipologias desenvolvidas nas diversas regiotildees do Estado fomentou a melhoria da

qualidade de peccedilas artesanais promoveu a vinda de consultores especialistas para

capacitar artesatildeos e aumentou a inclusatildeo de artesatildeos na produccedilatildeo de peccedilas

artesanais com grande aceitaccedilatildeo de mercado

Em 2004 o Governo Estadual incluiu o Programa de Apoio ao

Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais no seu PPA (2004-2007) como

poliacutetica indutora de desenvolvimento econocircmico e de inclusatildeo social Essa decisatildeo

governamental permitiu que arranjos produtivos recebessem accedilotildees voltadas para a

organizaccedilatildeo produtiva e estruturaccedilatildeo do setor de forma a beneficiar cooperativas

micro e pequenas empresas com potencial competitivo Os setores incluiacutedos no PPA

foram Couro-Calccedilados e Afins Mineral Piscicultura Algodatildeo Colorido Fruticultura

aleacutem da caprinovinocultura e artesanato (SICTCT 2004)

Entendendo a importacircncia dos APLs para o Estado e visando seu

desenvolvimento o Governo Estadual em 27042007 criou atraveacutes de ata

seguindo a orientaccedilatildeo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio

Exterior ndash MDIC o Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba ndash Nuacutecleo APL-PB Este nuacutecleo tinha como objetivo ser uma instacircncia de

caraacuteter institucional capaz de fomentar o desenvolvimento socioeconocircmico do

Estado Para tanto foi elaborada a Minuta de Constituiccedilatildeo do Nuacutecleo contendo os

objetivos especiacuteficos estrateacutegia e papel do nuacutecleo na elaboraccedilatildeo dos Planos de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP composiccedilatildeo do Nuacutecleo Executivo parcerias

operacionalizaccedilatildeo dos APLs experiecircncias positivas e desafios bem como o

Regimento Interno do Nuacutecleo APL-PB

O referido Nuacutecleo foi constituiacutedo pelas seguintes instituiccedilotildees Secretaria de

Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE Secretaria de

Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente - SECTMA Secretaria de

Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo - SEPLAG

Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca - SEDAP

Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash

SEBRAEPB Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Federaccedilatildeo da

Agricultura do Estado da Paraiacuteba ndash FAEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do

Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

55

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG Universidade Estadual da

Paraiacuteba ndash UEPB e representante da classe trabalhadora do Estado da Paraiacuteba

Em 2008 como forma de promover a transferecircncia de tecnologias resultantes

de pesquisas validadas a Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria S A ndash

EMEPA institui a Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais ndash

CAAPL Essa coordenadoria tem como objetivo promover e acompanhar junto aos

APLs a transferecircncia de teacutecnicas e tecnologias adequadas agraves atividades produtivas

pesquisadas no acircmbito da EMEPA Os APLs apoiados pela EMEPA satildeo

Caprinovinocultura Bovinocultura de Leite Fruticultura Tropical (citros abacaxi

manga goiaba cajaacute e umbu) Mandioca e Cultura do Inhame (EMEPA 2012a)

Em 2009 o Decreto ndeg 30853 de 13 de novembro de 2009 instituiu o Nuacutecleo

Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da Paraiacuteba passando a se

chamar Nuacutecleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos

Locais da Paraiacuteba ndash NEAPLrsquosPB cuja finalidade eacute o fortalecimento dos APLs como

estrateacutegia para fomentar o desenvolvimento sustentaacutevel de regiotildees e aplicar a

poliacutetica puacuteblica instituiacuteda pelo Governo Federal no desenvolvimento econocircmico

social e cultural em que estatildeo inseridos os APLs da Paraiacuteba Neste decreto foi

modificada a representatividade das instituiccedilotildees passando a ser composto por

Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE

Secretaria de Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo -

SEPLAG Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca -

SEDAP Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente -

SECTMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Serviccedilo de Apoio

agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash SEBRAEPB Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba - EMATER Empresa Estadual de

Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A - EMEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa

do Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG e Universidade Estadual da

Paraiacuteba - UEPB

Outro parceiro que se fez presente desde 2009 foi o BNDES que atraveacutes de

Contrato de Concessatildeo e Colaboraccedilatildeo Financeira Natildeo-Reembolsaacutevel nordm 09215191

em parceria com o Governo do EstadoFUNCEP-PB disponibilizou o 1ordm Edital 2009-

Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

56

Paraiacuteba tendo sido aprovado 33 projetos que beneficiam APLs de baixa renda Este

edital teve o aporte de R$ 7 milhotildees oriundos do BNDES e R$ 7 milhotildees de

contrapartida do Governo do Estado via Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da

Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash FUNCEP-PB Os APLs beneficiados com esse

edital foram Artesanato Fruticultura Leite Bovino Mandiocultura Apicultura

Algodatildeo Colorido Sisal Confecccedilatildeo Floricultura Ostreicultura Avicultura

Piscicultura Caprinocultura Hortifrutigranjeiro e Gastronomia (mandioca e coco)

Em 2010 a EMEPA formalizou um convecircnio com o BNB visando o apoio agrave

transferecircncia de tecnologias geradas e validadas pela referida empresa de pesquisa

para os seguintes APLs bovinocultura de leite fruticultura nos segmentos de uva

banana tangerina e abacaxi e caprinovinocultura Esses APLs foram priorizados

pelo Governo do Estado EMEPA e BNB

Outra instituiccedilatildeo que vem atuando de forma proativa em APLs de micro e

pequenas empresas incluindo as cooperativas eacute o Serviccedilo de Apoio agraves Micros e

Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash SEBRAE-PB Este oacutergatildeo tem desenvolvido suas

accedilotildees com o apoio da RedeSist na construccedilatildeo de conhecimentos teoacutericos e

metodoloacutegicos sobre aglomerados produtivos Como resultado foram gerados

estudos sobre inovatividade e cooperaccedilatildeo de APLs no Estado da Paraiacuteba

(LASTRES 2006)

Com a finalidade de integrar as accedilotildees de estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do

arranjo o Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA juntamente

com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca ndash

SEDAP vem atuando nos municiacutepios participantes do APL com a concessatildeo de

mudas fiscalizadas e certificadas de tangerina buscando a melhoria dos pomares e

o aumento da produtividade

Essa iniciativa teve iniacutecio nos anos de 2007 e 2008 quando foi desenvolvida

uma parceria entre a PMM MAPA e Embrapa Cruz das Almas ndash BA que concedeu

diversas variedades de copas porta enxertos e combinaccedilotildees de enxertias visando

averiguar quais as combinaccedilotildees que melhor se adaptariam ao clima e solo do Brejo

paraibano

A parceria com as referidas instituiccedilotildees fomentou a implantaccedilatildeo de duas

Unidades Demonstrativas de Citros A primeira unidade foi instalada no municiacutepio de

57

Areia no Campus II da UFPB servindo de laboratoacuterio de pesquisa da citricultura

para professores e alunos do curso de Agronomia A segunda unidade foi instalada

em uma aacuterea concedida pela Prefeitura Municipal de Matinhas Esta unidade natildeo

teve acompanhamento teacutecnico e manejo correto o que ocasionou a morte de boa

parte das mudas

Em 2009 o Foacuterum de Fruticultura da Borborema em parceria com a

Embrapa-BA e a UFPB implantou mais seis Unidades Demonstrativas em aacutereas de

plantio dos produtores participantes do arranjo As unidades foram distribuiacutedas da

seguinte forma duas unidades em Alagoa Nova duas unidades em Lagoa Seca

uma em Esperanccedila e uma em Matinhas

Tais unidades tiveram como objetivo promover a transferecircncia de tecnologias

para os produtores beneficiados por essa poliacutetica Entretanto foi observado que

essa accedilatildeo ficou comprometida devido a falta de compromisso e acompanhamento

das instituiccedilotildees parceiras bem como pela falta de adubaccedilatildeo por parte dos

produtores e de assistecircncia teacutecnica pelos oacutergatildeos que promovem ATER na regiatildeo

Outra instituiccedilatildeo presente no arranjo eacute a Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e

Extensatildeo Rural da Paraiacuteba ndash EMATER que tem como principais accedilotildees atraveacutes de

seu escritoacuterio regional o acompanhamento do cultivo da tangerina a orientaccedilatildeo

teacutecnica e o manejo adequado do plantio No entanto esta assistecircncia eacute falha e

descontiacutenua devido agrave empresa possuir um corpo teacutecnico reduzido dificuldades com

transporte para os teacutecnicos e falta de logiacutestica para executar as atividades no

campo

O municiacutepio de Matinhas por ser o principal produtor de tangerina possui

uma prefeitura bastante atuante na implementaccedilatildeo de accedilotildees e busca de parcerias

para promover o desenvolvimento da atividade na regiatildeo A relevacircncia dessas accedilotildees

fez com que fosse implantado no municiacutepio o Parque da Laranja Nesse local satildeo

realizados eventos culturais seminaacuterios feiras de negoacutecio e a Festa da Laranja que

jaacute estaacute consolidada no calendaacuterio estadual de eventos A Prefeitura de Matinhas

tambeacutem envida esforccedilos para que o projeto da packing house seja concretizado A

mesma concedeu a aacuterea onde esta sendo construiacutedo o galpatildeo que abrigaraacute a

packing

58

Como visto neste capiacutetulo foram apresentadas as caracteriacutesticas do APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais que atuam no arranjo bem como as principais poliacuteticas executadas

por essas instituiccedilotildees No entanto faz-se necessaacuterio o uso de uma metodologia que

possa analisar o arranjo nas diversas fases de organizaccedilatildeo e averiguar a efetividade

das poliacuteticas implementadas como condicionante de desenvolvimento No proacuteximo

capiacutetulo seraacute apresentada a metodologia a ser utilizada nesta pesquisa

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA

Este capiacutetulo apresenta a metodologia utilizada para o desenvolvimento da

pesquisa descrevendo os procedimentos metodoloacutegicos que permitiratildeo uma

compreensatildeo do estudo proposto bem como a justificativa para a escolha da

amostra dos entrevistados e para a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta de dados

primaacuterio

O meacutetodo aplicado nesta pesquisa partindo do conceito descrito por Vergara

(2010 p42) utiliza a investigaccedilatildeo descritiva pois o objeto de estudo possui

ldquocaracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo ou de determinado fenocircmeno que podem

tambeacutem estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis e definir sua natureza Este meacutetodo

natildeo tem compromisso de explicar os fenocircmenos que descrevem embora sirva de

base para tal explicaccedilatildeordquo No caso deste trabalho se faz necessaacuterio entender a

atuaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas existente para o aglomerado produtivo em estudo a

partir do levantamento da aplicaccedilatildeo de tais poliacuteticas e quais as suas contribuiccedilotildees

para o desenvolvimento do APL

O problema pesquisado foi tratado de forma qualitativa pois neste caso

existe a necessidade de se entender o Arranjo Produtivo Local da Citricultura -

Segmento Tangerina segundo a visatildeo dos atores que compotildeem o APL A partir

deste entendimento foi analisado como esses atores percebem a contribuiccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas para o referido segmento e a influecircncia dessas poliacuteticas para o

desenvolvimento regional

Segundo Godoy (1995) a pesquisa se desenvolve de acordo com a

perspectiva dos stakeholders11 na qual o pesquisador busca compreender os

problemas sob a oacutetica desses atores

O trabalho tambeacutem utiliza a pesquisa de natureza exploratoacuteria com a

finalidade de conseguir uma maior compreensatildeo do problema investigado Para tal

11 Stakeholders - partes interessadas que devem estar de acordo com as praacuteticas de governanccedila corporativa

executadas pela empresa

60

compreensatildeo foram revisados temas como poliacuteticas puacuteblicas para APL de baixa

renda desenvolvimento regional e competitividade sistecircmica

Inicialmente foram levantados dados secundaacuterios a partir de uma revisatildeo

bibliograacutefica (documentos arquivos e publicaccedilotildees) para que se pudesse obter uma

compreensatildeo dos fatos observados in loco sobre o arranjo produtivo local e sua

estrutura organizacional

As fontes de evidecircncias utilizadas para o estudo de caso que serviram de

base documental para fundamentar a pesquisa foram documentaccedilatildeo sobre as

poliacuteticas puacuteblicas existentes (leis decretos e outros documentos governamentais)

registros em arquivos (mapas tabelas e dados estatiacutesticos) observaccedilotildees diretas

realizadas in loco coletas de dados atraveacutes da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios e

entrevistas aleacutem de outras fontes que deram subsiacutedios agrave pesquisa tais como livros

artigos e bibliotecas virtuais

Neste sentido como forma de validar o trabalho de pesquisa foi realizado um

estudo de caso sobre o tema pois este meacutetodo segundo Yin (2004) contribui para

a compreensatildeo dos fenocircmenos individuais organizacionais e poliacuteticos de uma

regiatildeo

Segundo Lazzarini (1997) o estudo de caso pode ser uacutetil em termos

qualitativos pois o objetivo principal eacute a contextualizaccedilatildeo do problema natildeo se

propondo apenas a determinar a ocorrecircncia de um dado fenocircmeno no universo

pesquisado

O estudo de caso deste trabalho compreendeu os seis municiacutepios que

compotildeem o APL sendo Matinhas a cidade referecircncia do arranjo por se tratar do

municiacutepio onde sua principal atividade econocircmica eacute a tangerina e por ser o maior

produtor da regiatildeo

A amostra pesquisada eacute composta de cinco associaccedilotildees e uma cooperativa

cujos entrevistados satildeo produtores de tangerina e liacutederes da regiatildeo A pesquisa

tambeacutem incluiu na amostra nove instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

A escolha deste universo teve como base a representatividade de cada organizaccedilatildeo

dentro do arranjo e atende aos criteacuterios metodoloacutegicos da anaacutelise qualitativa que

este trabalho pretende identificar

61

41 Instrumento de Pesquisa

Visando buscar subsiacutedios que permitam a caracterizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba um levantamento de dados

foi realizado utilizando a teacutecnica de entrevista guiada por um formulaacuterio direcionado

para os gestores das instituiccedilotildees selecionadas (Apecircndice A) e outro para os

produtores de tangerina liacutederes na regiatildeo (Apecircndice B)

Segundo Gil (2008) a entrevista tem como caracteriacutestica a formataccedilatildeo de uma

lista de perguntas denominada de questionaacuterio ou formulaacuterio Neste trabalho o

termo formulaacuterio foi adotado tendo em vista que as entrevistas aconteceram face a

face com cada entrevistado e as respostas registradas pelo entrevistador

Os formulaacuterios aplicados nas instituiccedilotildees satildeo semiestruturados com o

objetivo de avaliar o interesse e motivaccedilatildeo dessas Instituiccedilotildees em trabalhar com o

APL aleacutem de avaliar a cooperaccedilatildeo entre esses atores e identificar as accedilotildees

realizadas em prol da sustentabilidade dessa atividade na regiatildeo A pesquisa traccedilou

o cenaacuterio atual do aglomerado descrevendo como satildeo escolhidos os beneficiaacuterios

as principais demandas do arranjo as dificuldades para implementaccedilatildeo das

poliacuteticas e os projetos jaacute realizados e em andamento

Para os produtores de tangerina optou-se por um formulaacuterio semiestruturado

que tem como base o modelo desenvolvido pelo Instituto Alematildeo de

Desenvolvimento ndash IAD (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-STAMER

1994) no qual a competitividade sistecircmica abrange quatro niacuteveis (meta macro

meso e micro) A partir desta metodologia pretende-se identificar as relaccedilotildees de

cooperaccedilatildeo entre os integrantes do arranjo praacuteticas gerenciais relaccedilatildeo entre os

parceiros principais fontes de informaccedilatildeo entre outros

Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos formulaacuterios os resultados obtidos foram analisados e

interpretados com a finalidade de obter subsiacutedios que permitiram avaliar as poliacuteticas

puacuteblicas atuantes no APL

E por uacuteltimo foram identificadas as contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina observando o aumento da produccedilatildeo e

melhoria da qualidade do fruto sua comercializaccedilatildeo em novos nichos de mercado e

a inclusatildeo social dos produtores rurais

62

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da

Pesquisa

O modelo proposto eacute baseado no conceito analiacutetico formulado pelos

pesquisadores Klaus Esser Wolfgang Hillebrand Dirk Messner e Joumlrg Meyer-Stamer

do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD no iniacutecio dos anos 90

Para esses pesquisadores a competitividade eacute entendida de maneira

sistecircmica contribuindo para o desenvolvimento socioeconocircmico em niacuteveis

municipal regional estadual ou nacional (Figura 5)

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD

12

Fonte Esser Hillebrand Messner Meyer-Stamer (1994)

Sob este enfoque os autores afirmam que a competitividade eacute tambeacutem fruto

de diaacutelogo e tomada de decisotildees conjuntas pelos grupos de atores envolvidos

Para que ocorra a modernizaccedilatildeo econocircmica e o desenvolvimento da

competitividade sistecircmica faz-se necessaacuteria a formaccedilatildeo de estruturas em toda a

sociedade O desenvolvimento dessa competitividade eacute portanto um projeto de

transformaccedilatildeo social que vai aleacutem de uma simples correccedilatildeo do contexto

macroeconocircmico

12

httpwwwmeyer-stamerdesystemichtml

63

O desenvolvimento da competitividade abordada pelos autores pode ser

impulsionada com a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que venham contribuir na

consolidaccedilatildeo de aglomerados produtivos O papel do governo neste caso se faz

presente agrave medida que as poliacuteticas nacionais incrementam a competitividade e

transformam um territoacuterio em um ambiente macroeconocircmico poliacutetico social e

ambiental fortemente constituiacutedo onde um aglomerado de empresas associaccedilotildees

ou cooperativas atuam com sucesso

No modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD as poliacuteticas

puacuteblicas atuam nos quatro niacuteveis da competitividade sistecircmica conforme

apresentado no modelo mencionado (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-

STAMER 1994)

a) Niacutevel Meta Neste niacutevel existe um conjunto de fatores que permite a formaccedilatildeo

de um consenso social sobre a necessidade de uma poliacutetica econocircmica voltada

para o mercado mundial ldquo() um padratildeo baacutesico de organizaccedilatildeo juriacutedica poliacutetica

econocircmica e macrossocial que permita aglutinar as forccedilas dos atores

potencializar as vantagens nacionais de inovaccedilatildeo crescimento econocircmico e

competitividade e colocar em marcha processos sociais de aprendizagem e

comunicaccedilatildeordquo (ESSER et al 1994 p 1) por fim ldquo() a disposiccedilatildeo e a

capacidade de implementar uma estrateacutegia de meacutedio a longo prazo com vistas

ao desenvolvimento tecnoloacutegico-industrial orientado agrave competitividaderdquo (ESSER

et al 1994 p 1)

b) Niacutevel Macro Este niacutevel engloba as poliacuteticas macroeconocircmicas tais como as

poliacuteticas cambial monetaacuteria fiscal e a poliacutetica de comeacutercio exterior (evidenciada

pela conexatildeo da economia nacional em mercados internacionais) e das poliacuteticas

de regulamentaccedilatildeo da concorrecircncia entre as empresas as quais impedem a

formaccedilatildeo de monopoacutelios e carteacuteis

c) Niacutevel Meso Refere-se agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo em que estatildeo inseridas as

empresas agrave dotaccedilatildeo de fatores de produccedilatildeo desses espaccedilos e agraves poliacuteticas

implementadas que venham contribuir para essa consolidaccedilatildeo tais como a

poliacutetica de infraestrutura fiacutesica (transporte energia e telecomunicaccedilotildees) a

poliacutetica de infraestrutura industrial a poliacutetica educacional (qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra) e as poliacuteticas ambientais e regionais Este niacutevel abrange tambeacutem as

poliacuteticas seletivas de importaccedilatildeo e de exportaccedilatildeo

64

d) Niacutevel Micro Refere-se aos fatores de competitividade ligados agrave organizaccedilatildeo

interna das empresas agraves estrateacutegias empresariais e agraves relaccedilotildees

interempresariais Este niacutevel envolve a capacidade de gestatildeo a aplicaccedilatildeo de

best practices em todas as etapas do ciclo de produccedilatildeo (desenvolvimento de

produtos produccedilatildeo propriamente dita e comercializaccedilatildeo) a gestatildeo da inovaccedilatildeo

a integraccedilatildeo em redes de cooperaccedilatildeo tecnoloacutegica a logiacutestica empresarial e a

interaccedilatildeo entre provedores produtores e usuaacuterios

Sendo assim o modelo do IAD difere do proposto por Michael Porter

(PORTER 1999) pois coloca as poliacuteticas puacuteblicas como um dos fatores

determinantes de competitividade das empresas Na visatildeo liberal de Porter a

empresa eacute a unidade de anaacutelise fundamental para a competitividade enquanto no

modelo do IAD a ecircnfase eacute para os aspectos sociais que incluem a accedilatildeo do Estado

e a mobilizaccedilatildeo da sociedade (DINIZ FILHO VICENTINI 2004)

Nesta oacutetica no proacuteximo capiacutetulo seratildeo analisadas como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo aplicadas no APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina utilizando

como ferramenta entrevistas com os gestores das instituiccedilotildees parceiras e com os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa produtores de tangerina do APL

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA

Este capiacutetulo apresenta o resultado da pesquisa de campo realizada com as

instituiccedilotildees que apoiam o Arranjo Produtivo Local da Citricultura - Segmento

Tangerina e com as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores que participam

desse APL analisando as contribuiccedilotildees das poliacuteticas existente e os gargalos que

ainda persistem no setor

Para melhor compreensatildeo os resultados obtidos foram analisados em duas

etapas ou seja foram entrevistados dois tipos de stakeholders O primeiro grupo

gestores das Instituiccedilotildees responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

para o setor O segundo grupo formado pelos produtores e representantes das

associaccedilotildees e da cooperativa dos seis municiacutepios que compotildeem o arranjo produtivo

da tangerina

A pesquisa com esses stakeholders permitiu a obtenccedilatildeo de dados primaacuterios

em que foi possiacutevel identificar a visatildeo das instituiccedilotildees promotoras das poliacuteticas

puacuteblicas como tambeacutem a visatildeo das organizaccedilotildees (associaccedilotildees e cooperativa) e

produtores beneficiados por essas poliacuteticas

Neste capiacutetulo seraacute analisada a efetividade de tais poliacuteticas sob a oacutetica dos

produtores das Instituiccedilotildees Puacuteblicas e das entidades natildeo governamentais atuantes

no APL A partir dessa anaacutelise tenta-se identificar tambeacutem o porquecirc da existecircncia

de diversas poliacuteticas que natildeo conseguem efetivar seus objetivos junto ao setor

produtivo

Para realizar a pesquisa foram utilizados como instrumento de coleta dois

modelos de questionaacuterios que se encontram nos Anexos 1 e 2 As entrevistas

ocorreram nos meses de setembro de 2011 a marccedilo de 2012

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas

As instituiccedilotildees pesquisadas foram aquelas que contribuiacuteram para o

desenvolvimento do APL no periacuteodo de 2008 a 2011 totalizando nove entidades

66

governamentais e natildeo governamentais (MAPA SEDAP EMEPA EMATER PMM

UFPBRedeSist BNB SEBRAE e STRM)13

Tais instituiccedilotildees apontaram as suas contribuiccedilotildees e accedilotildees para consolidaccedilatildeo

do APL estudado Nesta pesquisa foi identificado o niacutevel de envolvimento das

instituiccedilotildees quais os programas implementados para o segmento quais os gargalos

existentes e qual a efetividade das poliacuteticas implementadas na visatildeo de cada

instituiccedilatildeo

O objetivo da primeira questatildeo da pesquisa foi saber como as instituiccedilotildees

identificam um APL Cinco responderam que se baseiam na cooperaccedilatildeo entre os

atores participantes do arranjo trecircs como sendo a concentraccedilatildeo de produtores de

tangerina no territoacuterio e uma instituiccedilatildeo respondeu que depende da concentraccedilatildeo de

indiviacuteduos ocupados em uma atividade Nota-se que apesar das instituiccedilotildees estarem

presentes com suas accedilotildees no APL ainda natildeo existe um consenso sobre o conceito

de arranjo o que gera entendimentos e atuaccedilotildees diferenciadas por parte de cada

instituiccedilatildeo na disponibilizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o setor

Esta constataccedilatildeo tambeacutem foi identificada por Cavalcanti Torres Almeida e

Pereira (2010) ao analisar a visatildeo das instituiccedilotildees de apoio a APLs na Paraiacuteba

Segundo os autores verifica-se que a maioria dessas instituiccedilotildees natildeo deteacutem um

conceito formal de APL Aleacutem disso embora se digam atuantes nessa perspectiva

muitas vezes natildeo tecircm noccedilatildeo da complexidade que envolve as relaccedilotildees de um

arranjo produtivo

Essa deficiecircncia conceitual pode indicar a origem das dificuldades e

limitaccedilotildees da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas nos

APLs do Estado da Paraiacuteba

Entretanto apesar das diferentes percepccedilotildees conceituais todas as

instituiccedilotildees entrevistadas vecircm apoiando o APL sob demanda Os representantes das

instituiccedilotildees foram enfaacuteticos nas suas respostas pois acreditam que este arranjo estaacute

sendo beneficiado por ser de grande impacto para a economia local regional e

estadual por possuir tradiccedilatildeo no cultivo de tangerina por ser gerador de emprego e

renda por ser a principal cadeia produtiva agriacutecola dos municiacutepios envolvidos por

13

Os nomes das Instituiccedilotildees estatildeo descritos na Lista de Abreviaturas e Siglas

67

ter mercado favoraacutevel para escoamento da produccedilatildeo e com possibilidade de

expansatildeo por se tratar de uma cultura difundida e proacutespera na produccedilatildeo de laranja

e por ser promotora do desenvolvimento socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Ao analisar as respostas dos stakeholders institucionais pode-se dizer que o

APL em estudo tem sua atividade reconhecida como geradora de impacto

econocircmico e de perspectiva sustentaacutevel para o Estado e que existe interesse dessas

instituiccedilotildees continuarem priorizando o referido APL

No entanto foi identificado que as poliacuteticas implementadas natildeo satildeo

suficientes para alavancar o segmento pois tais poliacuteticas foram formatadas visando

promover a agricultura familiar e natildeo o desenvolvimento do APL Sendo assim essa

atuaccedilatildeo fica dependendo de accedilotildees preexistentes que limitam a execuccedilatildeo de

atividades mais amplas e integradas com toda a cadeia produtiva

Nesse sentido para que as poliacuteticas puacuteblicas sejam implementadas com

maior eficiecircncia no APL faz-se necessaacuterio um instrumento governamental que

estimule os Governos Estaduais e Municipais atraveacutes de suas Secretarias a

discutirem a estruturaccedilatildeo de poliacuteticas e a compreenderem as vantagens da inserccedilatildeo

dessas poliacuteticas em seus planos plurianuais

Nos estados brasileiros onde os Nuacutecleos Estaduais de Apoio aos APLs satildeo

proativos estes exercem um importante papel como elo entre as instituiccedilotildees e o

setor produtivo auxiliando na formataccedilatildeo de programas e projetos governamentais

que atendam agraves necessidades dos segmentos econocircmicos de forma continuada

(GTP APL 2007)

Quanto aos criteacuterios de seleccedilatildeo dos beneficiaacuterios para formalizaccedilatildeo de

parceria as respostas divergem quatro instituiccedilotildees responderam que atendem as

demandas diretamente aos produtores uma instituiccedilatildeo atende somente demandas

coletivas atraveacutes de associaccedilotildees e de cooperativas quatro instituiccedilotildees utilizam

como criteacuterio a elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos participativos onde as demandas satildeo

selecionadas e os produtores atendidos mediante programas e projetos elaborados

pelas proacuteprias instituiccedilotildees Esses diagnoacutesticos tambeacutem possibilitam o levantamento

das potencialidades e gargalos da atividade Algumas instituiccedilotildees buscam parcerias

para atender as demandas que natildeo estatildeo no escopo de sua atuaccedilatildeo

68

Com relaccedilatildeo aos criteacuterios de atendimento das demandas dos produtores de

tangerina as formas empregadas pelas instituiccedilotildees satildeo vaacutelidas Entretanto tal

atendimento eacute pontual e sem planejamento o que dificulta a realizaccedilatildeo de accedilotildees

continuadas Essa forma de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees promove o descreacutedito entre os

produtores pois as soluccedilotildees encontradas resolvem os problemas apenas

momentaneamente Por outro lado accedilotildees advindas de um programa estruturante

poderiam imprimir um caraacuteter preventivo e permanente pois a concepccedilatildeo de tal

programa permitiria a integraccedilatildeo das instituiccedilotildees parceiras de modo a suprir

gargalos existentes no arranjo e fazer com que essas parcerias desenvolvam accedilotildees

dentro de uma visatildeo sistecircmica no APL

Vale salientar que as instituiccedilotildees tambeacutem afirmam que procuram manter os

produtores informados dos programas e das poliacuteticas de desenvolvimento para o

segmento da citricultura promovendo reuniotildees com os agricultores visitas de

intercacircmbio cursos de capacitaccedilatildeo treinamento diagnoacutestico situacional eventos

temaacuteticos (por exemplo a Festa da Laranja) e divulgaccedilatildeo na miacutedia

As instituiccedilotildees parceiras tambeacutem apontaram vaacuterios desafios que elas

enfrentam para conceder apoio institucional ao APL tais como aumentar a

realizaccedilatildeo do nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo visando qualificar os produtores e

gestores das associaccedilotildees e da cooperativa aumentar os recursos financeiros para

atuar no APL transferir tecnologias adequadas aos produtores rurais de forma

permanente aumentar as pesquisas para controle de pragas e sanidade dos frutos

incentivar na regiatildeo o uso de mudas padronizadas e certificadas desvincular as

poliacuteticas partidaacuterias para que o arranjo possa ter autonomia na sua gestatildeo

conscientizar os produtores para um melhor aproveitamento da safra e propor um

programa especiacutefico para atender o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina no

qual os produtores possam ser orientados a produzirem com qualidade maior

produtividade e eficiecircncia

Observa-se que as instituiccedilotildees tecircm consciecircncia da existecircncia de desafios a

serem superados entretanto eacute latente a necessidade de uma accedilatildeo coletiva por

parte dessas instituiccedilotildees que possa apoiar o setor nas diversas fases da cadeia

produtiva enfatizando a importacircncia do sistema de agregaccedilatildeo de valor da tangerina

Este sistema deve ser orientado para a qualidade percebida no mercado ao serviccedilo

disponibilizado aos clientes e o preccedilo relativo aferido ao produto

69

Com relaccedilatildeo agraves vantagens em atuar na regiatildeo com a visatildeo de APL as

instituiccedilotildees possuem entendimentos variados agrupamento dos municiacutepios

fortalecendo as atividades e ganhando visibilidade fechamento do ciclo de plantio

produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e com isso aumentando a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e

renda no arranjo possibilidade de promover a diversificaccedilatildeo produtiva formaccedilatildeo de

um novo capital social e econocircmico cadeia produtiva estruturada organizada e com

mercado demandante produtores e parceiros atuando no mesmo territoacuterio o que

fortalece o desenvolvimento do APL e o aumento da capacidade de gestatildeo do

negoacutecio

Neste sentido a percepccedilatildeo dos parceiros institucionais quando falam de

vantagens em atuar no APL formata um arranjo ideal Entretanto natildeo basta apenas

o entendimento das instituiccedilotildees quanto agrave importacircncia desse arranjo se natildeo houver

uma articulaccedilatildeo que envolva as associaccedilotildees e a cooperativa para que estas se

tornem protagonistas da organizaccedilatildeo do arranjo e demandantes de poliacuteticas para o

setor

As demandas mais frequentes de apoio solicitadas pelos produtores

participantes do APL foram a necessidade de assistecircncia teacutecnica e financiamento

para produccedilatildeo de laranja Nesta questatildeo na visatildeo das instituiccedilotildees satildeo

consideradas tambeacutem quatro outras demandas importantes para complementar o

desenvolvimento econocircmico ampliaccedilatildeo de mercado para o escoamento da

produccedilatildeo de laranja implantaccedilatildeo da packing house mudas fiscalizadas e

certificadas e controle da proliferaccedilatildeo da mosca negra

Quanto ao apoio realizado ao APL as respostas aferidas pelas instituiccedilotildees

consistem em transferecircncia de tecnologia assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural

elaboraccedilatildeo de projetos de financiamento para os produtores (Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF) e elaboraccedilatildeo de projetos para

comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo para o PNAE (Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar) e PAA (Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ndash Conab) Aleacutem desses

apoios foi relatada na pesquisa a contrataccedilatildeo de um especialista para acompanhar

a produccedilatildeo de laranja apoio na realizaccedilatildeo de eventos temaacuteticosculturais realizaccedilatildeo

de cursos de capacitaccedilatildeo e pesquisas para o setor disponibilizaccedilatildeo de linhas de

creacutedito para os produtores atraveacutes do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste ndash FNE disponibilizado atraveacutes do Banco do Nordeste

70

Sobre a demanda dos produtores em contra ponto ao apoio das instituiccedilotildees

para o segmento verificou-se durante a entrevista com os stakeholders que ainda eacute

muito pequeno o apoio realizado em relaccedilatildeo agrave demanda Um dos principais fatores eacute

a carecircncia de teacutecnicos extensionistas atuando no APL Isto reflete diretamente na

dificuldade de execuccedilatildeo das accedilotildees previstas pelas instituiccedilotildees bem como de

continuidade dos programas governamentais

Para a maioria das instituiccedilotildees a participaccedilatildeo dos produtores ainda eacute muito

baixa porque eles natildeo estatildeo preparados para aceitar as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas

existentes devido a sua cultura de plantio e colheita repassada de pai para filho de

forma inadequada Outros fatores que impedem maior adesatildeo dos agricultores no

uso de novas tecnologias satildeo as experiecircncias pouco animadoras com projetos e

programas governamentais que eles jaacute participaram e que natildeo houve continuidade

Ainda em relaccedilatildeo agrave adesatildeo as instituiccedilotildees acreditam que os produtores satildeo abertos

para as novas tecnologias mas no entanto eles satildeo reticentes para implementaacute-las

devido ao custo e a falta de orientaccedilatildeo teacutecnica

Quando questionados sobre os obstaacuteculos que os produtores encontram para

participarem dos programas ofertados pelas instituiccedilotildees os gestores elencaram

falta de apoio teacutecnico e logiacutestica dos programas para mobilizar os produtores

dificuldade em atender as exigecircncias para obtenccedilatildeo do creacutedito rural dificuldade de

obtenccedilatildeo de registros cartoriais das aacutereas dos produtores o que impede o acesso agraves

linhas de financiamento produtores inadimplentes falta de parceiros institucionais

que repassem as informaccedilotildees corretas sobre as poliacuteticas puacuteblicas e que dominem

essas poliacuteticas (por exemplo a Secretaria de Educaccedilatildeo de Campina Grande natildeo

conseguiu abrir o edital para participaccedilatildeo dos produtores no PNAE) e ineacutercia dos

produtores para implementarabsorver as novas tecnologias disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees

Observa-se que cada parceiro tem consciecircncia das dificuldades enfrentadas

pelos produtores para participarem das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas e

segundo a visatildeo das instituiccedilotildees os problemas que afetam os produtores dificultam

a mudanccedila no cenaacuterio em que estaacute inserido o arranjo

Neste sentido as instituiccedilotildees deveriam analisar este cenaacuterio de acordo com

as necessidades dos produtores cujo objetivo seria auxiliar na soluccedilatildeo dos

71

obstaacuteculos identificados na pesquisa Nesta anaacutelise as instituiccedilotildees parceiras

deveriam indagar aos produtores as seguintes questotildees Seraacute que os teacutecnicos estatildeo

falando a linguagem dos produtores A assistecircncia teacutecnica atende agraves demandas

realizadas O nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo eacute suficiente para abranger a maioria

do segmento As pesquisas validadas e transferidas suprem as expectativas dos

produtores Seraacute que uma estufa na regiatildeo para produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mudas

fiscalizadas e certificadas natildeo seria uma soluccedilatildeo mais adequada A implantaccedilatildeo de

unidades demonstrativas com orientaccedilatildeo adequada e permanente aos produtores

natildeo provocaria maior credibilidade do tipo ldquoSatildeo Tomeacuterdquo (ver para crer) Seraacute que os

gastos dos recursos provenientes dos financiamentos aos produtores estatildeo sendo

bem orientados Essas indagaccedilotildees deveriam ser priorizadas dentro das instituiccedilotildees

parceiras e retro alinhadas a cada falha percebida

Na visatildeo dos stakeholders institucionais a atuaccedilatildeo cooperada dos

produtores instituiccedilotildees associaccedilotildees e cooperativas ainda eacute muito pequena pois

existe uma dissociaccedilatildeo entre os atores gerando uma cooperaccedilatildeo fragmentada e

descontiacutenua e consequentemente fazendo com que a integraccedilatildeo entre os elos de

cooperaccedilatildeo do sistema natildeo exista Desta forma a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees ocorre

isoladamente cada uma atuando apenas na sua competecircncia

Entretanto existem algumas experiecircncias de cooperaccedilatildeo que podem ser

citadas cursos realizados pelo Sindicato (STRM) em parceria com o SEBRAE

(capacitaccedilatildeo em associativismo) SENAR (produccedilatildeo de mudas frutiacuteferas de citros) e

COOPERAR (construccedilatildeo de cisternas) visita teacutecnica dos produtores de citros de

Matinhas ao Centro de Pesquisa da EMBRAPA em Cruz das Almas na Bahia

juntamente com teacutecnicos da EMATER EMEPA MAPA SEBRAE UFPB e PMM

para conhecer novas variedades de tangerina e aprender como desenvolver porta

enxertos para produzir mudas padronizadas e certificadas parceria entre a UFPB e

a PMM para realizaccedilatildeo dos cursos de capacitaccedilatildeo sobre manejo da mancha-marrom

-de-alternaria combate agrave mosca negra das frutas e produccedilatildeo de mudas aleacutem da

capacitaccedilatildeo de alunos do ensino fundamental para atuarem como agentes de

veiculaccedilatildeo de novas tecnologias junto agraves suas famiacutelias e outros produtores

integraccedilatildeo existente entre os diversos segmentos de ensino pesquisa e extensatildeo

para o APL (EMEPA ndash pesquisa UFPB ndash ensino EMATER ndash assistecircncia teacutecnica) e

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema formado por um grupo de 27

72

instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo do Agreste paraibano que passou a discutir os

problemas e soluccedilotildees dos municiacutepios produtores de tangerina da Paraiacuteba

Na pesquisa com as instituiccedilotildees foi possiacutevel identificar os principais parceiros

do APL bem como suas atuaccedilotildees e a importacircncia dessa cooperaccedilatildeo dentro do

arranjo Ao responder essa questatildeo as instituiccedilotildees enumeraram por ordem de

atuaccedilatildeo os oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais mais empenhados no

desenvolvimento do aglomerado produtivo

O SEBRAE foi o citado por seis instituiccedilotildees aparecendo como um dos mais

atuantes por ter conseguido formalizar o Foacuterum de Fruticultura da Borborema o qual

arrebanhou parceiros para ajudar no desenvolvimento da citricultura segmento da

tangerina na regiatildeo aleacutem de promover o empreendedorismo e apoiar eventos

voltados para o arranjo produtivo local

Em seguida vieram a EMEPA por ser um parceiro presente e sempre estar

ajudando os produtores a resolverem os problemas oriundos de pragas manejo e

plantio bem como desenvolver pesquisas voltadas para o melhoramento da

produccedilatildeo de tangerina a EMATER por promover a extensatildeo rural mesmo que de

forma precaacuteria e a Prefeitura Municipal de Matinhas pelo apoio aos produtores e

porta voz das reivindicaccedilotildees do setor

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam poliacuteticas puacuteblicas

especiacuteficas de apoio ao APL as respostas foram edital puacuteblico para o

desenvolvimento de APLs de baixa renda do Governo do EstadoBNDES Grupo

Permanente de Trabalho de Apoio aos APLs ndash GPT APL e Nuacutecleo Estadual de

Apoio aos APLs da Paraiacuteba ndash NE APLPB programa gerenciado pelo MDIC Foacuterum

de Fruticultura da Borborema e programas federais que beneficiam os produtores

de tangerina ndash PAACONAB e PNAEMinisteacuterio da Educaccedilatildeo

Ao analisar as respostas das instituiccedilotildees indutoras do Arranjo Produtivo Local

da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi possiacutevel diagnosticar que os programas

governamentais (federal estadual e municipal) possuem accedilotildees planejadas para a

regiatildeo mas no entanto eacute percebida a fragilidade de tais accedilotildees devido as mesmas

serem aplicadas de forma pontual Essas accedilotildees satildeo realizadas isoladamente onde

cada instituiccedilatildeo cumpre apenas o que interessa ser executado A comunicaccedilatildeo entre

os parceiros e a governanccedila que deveria acontecer de forma sistecircmica eacute insipiente

73

natildeo existindo estrateacutegia conjunta formatada para erradicar os problemas

evidenciados pelas instituiccedilotildees dentro do APL

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees como eacute percebida a intensidade da

cooperaccedilatildeo entre os beneficiados as respostas foram descritas conforme as

necessidades eventuais dos produtores sendo mais forte quando se fala em

comercializaccedilatildeo das tangerinas elaboraccedilatildeo de projetos agropecuaacuterios (PRONAF) e

implantaccedilatildeo do projeto da packing house aprovado no I Edital 200914

As respostas concedidas pelos entrevistados para percepccedilatildeo da existecircncia de

uma cooperaccedilatildeo mais fraca seguem a seguinte ordem financiamento para

desenvolver seus plantios produccedilatildeo de mudas certificadas inovaccedilatildeo tecnoloacutegica no

campo adesatildeo proativa dos produtores na zona rural assistecircncia teacutecnica

desenvolvimento de processos e produtos e coesatildeo entre associaccedilotildees e

cooperativa

Ao analisar as respostas acima citadas percebe-se que a visatildeo das

instituiccedilotildees eacute consensual sendo acordados os pontos fortes e fracos de cooperaccedilatildeo

No entanto natildeo foi registrada nenhuma preocupaccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees para

amenizar a fragilidade da cooperaccedilatildeo Mais uma vez eacute percebida a falta de uma

estrateacutegia conjunta capaz de dialogar coletivamente com o setor produtivo visando

fortalecer o processo de cooperaccedilatildeo para que os problemas do setor sejam

amenizados

Em relaccedilatildeo ao sistema de produccedilatildeo realizado na zona rural pelos produtores

as instituiccedilotildees concordam que o sistema eacute arcaico e extrativista e enfatizam que no

momento em que os produtores perceberem os ganhos possiacuteveis que seratildeo obtidos

com novas tecnologias os mesmos faratildeo uma adesatildeo natural aos programas

governamentais e ter-se-aacute um novo modelo de produccedilatildeo

A anaacutelise tambeacutem mostra que para uma pequena parcela de produtores a

inovaccedilatildeo tecnoloacutegica jaacute foi utilizada e ganhos satildeo visiacuteveis fazendo com que esses

produtores natildeo tenham necessidade de formalizar demanda aos programas sociais

para complementarem sua renda Segundo os stakeholders das instituiccedilotildees a

14 I Edital 2009 ndash Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais

Paraiacuteba lanccedilado em outubro2009 com recursos oriundos do Governo do EstadoFUNCEP e

BNDES

74

adesatildeo por parte dos outros produtores natildeo ocorreu porque eles ainda natildeo estatildeo

convencidos de que existam ganhos efetivos

Segundo a EMATER apenas 20 dos produtores de tangerina estatildeo em

processo de melhoria do plantio e da produccedilatildeo Essa visatildeo eacute acordada por 60 das

repostas dos entrevistados O restante dos produtores segundo as instituiccedilotildees natildeo

aderiu ao processo de modernizaccedilatildeo e consequentemente o desenvolvimento do

agronegoacutecio ficou comprometido a exemplo da grande quantidade de tangerinas

que natildeo satildeo comercializadas devido ao seu tamanho e que poderiam ser

aproveitadas em uma unidade de processamento de suco na regiatildeo

No tocante a novas tecnologias existe uma forte resistecircncia dos produtores

em adotar essas inovaccedilotildees principalmente pelo fato de envolver investimentos o

que eacute encarado por eles como gasto Neste caso natildeo existe a visatildeo do retorno

desse investimento Esse pensamento ainda eacute fortemente compartilhado entre os

produtores devido ao cultivo da tangerina ser de sequeiro e segundo eles natildeo

necessitar de muitos recursos para produzir tangerina

Aleacutem disso os plantadores de citros continuam a produzir com padrotildees de

comercializaccedilatildeo diferentes do padratildeo adotado pelo Sudeste do paiacutes a exemplo de

Satildeo Paulo onde os frutos satildeo comercializados por tamanho textura de pele e cor

Na Paraiacuteba pode-se encontrar em uma mesma caixa frutos verdes e amarelos o

que foge dos padrotildees de comercializaccedilatildeo exigidos pelos grandes mercados

Durante a anaacutelise foram verificados tambeacutem quais os principais problemas do

segmento Segundo a visatildeo das instituiccedilotildees foi dada ecircnfase na baixa capacidade

gerencial ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina dificuldade de acesso

aos canais de comercializaccedilatildeo aleacutem de investimentos em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam os principais concorrentes

da tangerina produzida no APL 100 dos entrevistados responderam que natildeo

existiam concorrentes pois o periacuteodo de produccedilatildeo da tangerina na Paraiacuteba eacute uacutenico

no paiacutes ou seja a produccedilatildeo ocorre na entressafra dos outros estados

As instituiccedilotildees tambeacutem informaram sobre a comercializaccedilatildeo os canais de

distribuiccedilatildeo e logiacutestica existente no arranjo A venda da produccedilatildeo eacute realizada no

comeacutercio local e regional principalmente para a CEASA de Campina Grande A

tangerina tambeacutem eacute comercializada nos principais estados do Nordeste tais como

75

Pernambuco ndash Petrolina Rio Grande do Norte ndash Natal Cearaacute ndash Fortaleza Bahia ndash

Juazeiro Alagoas ndash Maceioacute

Dos nove entrevistados cinco disseram que os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os

atravessadores o restante informou que a comercializaccedilatildeo eacute feita em mercados

abertos EMPASA CEASA feiras livres PNAE PAA (CONAB) feiras

agroecoloacutegicas e grandes supermercados No entanto para a questatildeo logiacutestica os

stakeholders reconhecem que eacute fraca para dar suporte ao escoamento da produccedilatildeo

Segundo uma instituiccedilatildeo governamental entrevistada os atravessadores

compram a tangerina dos produtores e as vendem para a CEASA Ao inveacutes da

CEASA como entreposto comercial de apoio aos produtores adquirir as tangerinas

diretamente das associaccedilotildees e cooperativas agriacutecolas ela acaba ldquooficializandordquo a

atividade dos atravessadores

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se elas conheciam leis ou instruccedilotildees

normativas para a produccedilatildeo de tangerina seis dos entrevistados afirmaram que sim

Entretanto estes conhecimentos natildeo foram explicitados nem dado ecircnfase aos

problemas ambientais existentes nos plantios tais como o plantio eacute aleatoacuterio sem

levar em conta nenhum padratildeo de espaccedilamento plantios realizados no sentido da

declividade (ldquomorro abaixordquo) sem uso de curvas de niacutevel e retirada da cobertura

vegetal do solo sem plano de manejo provocando erosatildeo

Aleacutem disso de acordo com a Prefeitura Municipal de Matinhas apesar de

saber das leis existe uma dificuldade de aplicar e cobrar as poliacuteticas ambientais

devido a distribuiccedilatildeo fundiaacuteria ou seja propriedades de pequenas extensotildees

territoriais Por exemplo a lei de preservaccedilatildeo ambiental prevecirc que 20 de mata

devam ser nativas ou devam existir 30 de faixa de APP ndash Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente nos riachos A maioria dos produtores da regiatildeo possuem 25 ha

contando que nesta aacuterea estaacute incluiacuteda a casa de moradia Logo se a lei fosse

aplicada ficaria impossiacutevel sobrar aacuterea para uma famiacutelia produzir e tirar seu sustento

Segundo a EMATER natildeo cabe a ela executar as instruccedilotildees normativas

ambientais pois sua funccedilatildeo e de oacutergatildeo educador cabendo ao MAPA a defesa

vegetal e a SUDEMA a fiscalizaccedilatildeo para o cumprimento das leis O restante das

instituiccedilotildees (trecircs) natildeo conhece regulamentaccedilatildeo ambiental especiacutefica para a

produccedilatildeo de tangerina

76

O que se pode verificar na anaacutelise dessa questatildeo eacute que mais uma vez eacute

percebida a falta de integraccedilatildeo das instituiccedilotildees no tocante agrave necessidade de accedilotildees

conjuntas para fazerem cumprir as leis e instruccedilotildees normativas ambientais Tais

accedilotildees poderiam contribuir para o segmento obter o certificado de agricultura

orgacircnica e o selo de produccedilatildeo ecologicamente correta entre outros

A pesquisa tambeacutem procurou identificar quais satildeo os projetos e planos futuros

que as instituiccedilotildees possuem para apoiar e consolidar o APL da Citricultura As

instituiccedilotildees entrevistadas responderam que diversos esforccedilos estatildeo sendo

envidados

O Sindicato dos Trabalhadores de Matinhas vem atuando de forma a

conscientizar os 60 dos produtores que ainda natildeo acreditam em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica devido agrave demora na realizaccedilatildeo das accedilotildees por parte das instituiccedilotildees

governamentais A EMATER busca realizar seminaacuterios capacitar os produtores

divulgar poliacuteticas puacuteblicas existentes para o setor bem como promover dias de

campo com os agricultores visando o aprendizado in-loco

A Prefeitura Municipal de Matinhas envida esforccedilos para consolidar a

Coopertange como empresa acircncora do APL A SEDAP atraveacutes de suas empresas

vinculadas concede apoio logiacutestico na distribuiccedilatildeo de mudas A EMEPA procura

aprovar projetos e pesquisas destinados agrave produccedilatildeo de mudas certificadas

submetendo-os aos Ministeacuterios

Os parceiros BNB e SEBRAE responderam que levam informaccedilotildees e

procuram outros parceiros para execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

sustentabilidade do APL aleacutem de atuar na capacitaccedilatildeo e consultorias teacutecnicas Para

o MAPA a importacircncia de sua atuaccedilatildeo estaacute sendo na identificaccedilatildeo de um programa

especiacutefico para o setor da tangerina e a distribuiccedilatildeo de mudas fiscalizadas e

certificadas para as regiotildees do Agreste paraibano

Apoacutes a consolidaccedilatildeo do APL as instituiccedilotildees esperam produtores realizando

comercializaccedilatildeo sem a presenccedila de atravessadores independecircncia dos produtores

de programas sociais como forma de complementaccedilatildeo da renda para sustento das

famiacutelias aumento da produccedilatildeo e melhoria na qualidade das frutas demarcaccedilatildeo da

77

identidade geograacutefica15 da tangerina maior participaccedilatildeo dos produtores na

cooperativa conscientizaccedilatildeo por parte dos produtores para a importacircncia do

desenvolvimento e estruturaccedilatildeo da cadeia produtiva incremento de novas

tecnologias aplicadas aos plantios e aumento do creacutedito qualificado para o APL

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia

das poliacuteticas puacuteblicas para o desenvolvimento do APL

A anaacutelise da competitividade sistecircmica do arranjo produtivo da tangerina

utilizou o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD conforme descrito

na seccedilatildeo 42 Para tanto foi elaborado um questionaacuterio com o objetivo de avaliar a

visatildeo dos produtores a partir dos niacuteveis Micro Meso Macro e Meta do modelo

proposto

A amostra utilizada para o referido estudo contempla cinco associaccedilotildees e

uma cooperativa Neste universo foram entrevistados os seis presidentes dessas

organizaccedilotildees localizadas nos municiacutepios de Matinhas Esperanccedila Alagoa Nova

Lagoa de Roccedila Lagoa Seca e Massaranduba A escolha dos entrevistados foi

devido agrave vivecircncia desses representantes como interlocutores junto agraves instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais e principalmente por serem produtores de

tangerina e liacutederes na regiatildeo

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro

Neste niacutevel buscou-se analisar a capacidade de organizaccedilatildeo dos produtores

a sua capacidade inovativa a logiacutestica existente na comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo

da produccedilatildeo bem como o niacutevel de competitividade dos produtores

Segundo os produtores de citros da regiatildeo o diferencial competitivo desse

arranjo eacute a sazonalidade da produccedilatildeo concentrando-se o plantio da tangerina

principalmente nos muniacutecipios de Matinhas Lagoa Seca e Alagoa Nova Este

15 A identidade geograacutefica tem como escopo conferir a determinado produto ou serviccedilo uma

identidade proacutepria criando um elo com suas especificidades regionais especialmente histoacutericas e culturais levando ao consumidor garantias como a rastreabilidade do produto e seguranccedila do alimento

78

diferencial faz com que natildeo existam concorrentes de outras regiotildees para a tangerina

produzida no APL

Entretanto o cultivo da tangerina ainda eacute realizado de forma tradicional e

arcaica em 80 das aacutereas produtivas do APL Segundo o presidente da associaccedilatildeo

de Lagoa Seca ldquonem todos os agricultores estatildeo conscientes da importacircncia da

praacutetica qualificadardquo Apesar de terem sido constatadas melhoria nas praacuteticas de

cultivo ainda eacute muito baixo o nuacutemero de produtores que optaram por teacutecnicas

ambientalmente corretas em seus pomares

Percebe-se mais uma vez que o cultivo da tangerina na regiatildeo natildeo eacute

realizado de forma adequada pela maioria dos produtores e que o processo de

modernizaccedilatildeo ainda depende da conscientizaccedilatildeo dos agricultores para o uso de

novas teacutecnicas agriacutecolas

Em relaccedilatildeo aos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica a maioria

dos entrevistados respondeu que existe uma grande deficiecircncia A presenccedila do

atravessador ainda eacute muito forte o que gera uma dependecircncia na comercializaccedilatildeo

pois esse tipo de transaccedilatildeo comercial eacute realizado diretamente nos pomares sem que

haja necessidade dos produtores se deslocarem para vender sua produccedilatildeo Esse

fato natildeo os estimula a venderem a tangerina em canais de distribuiccedilatildeo diversificados

e mais rentaacuteveis tais como atacadistas das regiotildees Sul e Sudeste supermercados

feiras agroecoloacutegicas e os programas PAA e PNAE

Sendo assim o escoamento da produccedilatildeo de tangerina eacute realizado pelos

atravessadores Estes satildeo os responsaacuteveis pela respectiva distribuiccedilatildeo no mercado

regional e em todo o Nordeste

Aleacutem do problema da comercializaccedilatildeo outros fatores correlacionados foram

identificados no APL ausecircncia da padronizaccedilatildeo da tangerina higienizaccedilatildeo e

classificaccedilatildeo dos frutos e baixa capacidade produtiva entre as safras o que impede

o arranjo de se consolidar no mercado

Por outro lado os produtores atraveacutes do Sindicato e da Coopertange vecircm

buscando a certificaccedilatildeo da tangerina como orgacircnica Essas organizaccedilotildees tecircm

consciecircncia que satildeo necessaacuterias mudanccedilas nas praacuteticas de cultivo para a obtenccedilatildeo

de tal certificaccedilatildeo o que proporcionaraacute maior agregaccedilatildeo de valor ao produto

79

Para melhor compreensatildeo dos fatores internos de competitividade das

associaccedilotildees e da cooperativa apresenta-se no Graacutefico 1 os resultados do

posicionamento dos produtores quanto algumas perspectivas de desenvolvimento

para o segmento

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter

uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

b) A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado c) A Coopertange (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente a

mercados mais exigentes e que pagam por qualidade

d) Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e) Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da

tangerina

f) Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

g) Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

h) A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro

Fonte Elaborado pela autora

Ao analisarmos as respostas concedidas pelos produtores de tangerina

observa-se uma dispersatildeo na maioria das respostas Percebe-se que natildeo existe um

consenso entre esses atores no tocante ao processo de seleccedilatildeo e homogeneidade

de mudas esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e dos canais

de comercializaccedilatildeo bem como para a questatildeo de incentivo a qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra O resultado da anaacutelise constata que cada ator externa uma preocupaccedilatildeo

diferente retratando a sua necessidade individual e sem uma visatildeo do coletivo

O Graacutefico 2 apresenta as principais formas de cooperaccedilatildeo entre os atores do

APL Neste graacutefico constata-se mais uma vez que o diaacutelogo entre os atores eacute muito

pequeno e que a conscientizaccedilatildeo para compras coletivas e venda de forma

cooperada natildeo eacute discutido e avaliado entre eles Para os demais itens percebe-se

que natildeo existe integraccedilatildeo entre os atores e que a maioria busca soluccedilotildees para os

80

seus problemas de forma particular natildeo observando sua participaccedilatildeo dentro de um

sistema cooperado em que seus problemas deveriam ser tratados coletivamente

Para a Associaccedilatildeo de Esperanccedila as respostas analisadas foram bem

diferentes pois as praacuteticas de comercializaccedilatildeo teacutecnicas agriacutecolas e intervenccedilotildees

governamentais ocorrem de maneira integrada

Isto eacute reflexo da atuaccedilatildeo da EMATER nessa regiatildeo que eacute atuante e

desempenha um papel de ATER16 de maneira continuada entre os produtores Essa

atuaccedilatildeo permite que os produtores dialoguem e busquem soluccedilotildees aos problemas

advindos de seus pomares hortas e plantaccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) Compra de insumos e equipamentos b) Venda de produtos

c) Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio d) Capacitaccedilatildeo de recursos humanos e) Obtenccedilatildeo de financiamento

f) Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees g) Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL

Fonte Elaborado pela autora

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo identificadas para o APL e

descritas no Graacutefico 3 foi observado que todas as informaccedilotildees sejam elas fontes

internas externas ou advindas de universidades centros de pesquisa e de outras

redes de informaccedilatildeo satildeo importantes para o desenvolvimento e estruturaccedilatildeo do

arranjo na visatildeo dos produtores entrevistados

Entretanto durante a entrevista foi observado certa anguacutestia por parte dos

atores no tocante a celeridade dessas informaccedilotildees Para eles existe uma

16

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

81

descontinuidade nas accedilotildees dos parceiros interrompendo-se assim a rede de

informaccedilatildeo criada entre os atores e as instituiccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h i j k l m n o p q r

Menos Importante

Meacutedia

Mais importante

Fontes internas

a) Pesquisa e Desenvolvimento b) Aacuterea de produccedilatildeo c) Aacuterea de vendas e marketing

d) Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes Externas e) Fornecedores de insumos

f) Clientes g) Concorrentes h) Outras empresas do setor

i) Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa j) Universidades

k) Institutos de pesquisas l) Centro de capacitaccedilatildeo profissional m) Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

n) Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes o) Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

p) Feiras especializadas q) Associaccedilotildees e sindicatos r) Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo

Fonte Elaborado pela autora

Nesta seccedilatildeo observa-se uma dicotomia na relaccedilatildeo entre produtores versus

instituiccedilotildees parceiras Do lado das instituiccedilotildees accedilotildees satildeo realizadas visando agrave

difusatildeo de informaccedilotildees para o setor e do lado dos produtores estes sentem a falta

da celeridade de tais informaccedilotildees e a elaboraccedilatildeo de programas especiacuteficos para o

segmento que possam ser executados de forma continuada

Debruccedilando-se sobre as respostas dos produtores principais atores da

atividade econocircmica foi possiacutevel averiguar que a falta de celeridade de informaccedilotildees

e a presenccedila dos parceiros de maneira esporaacutedica tecircm desmotivado esses atores a

buscarem a modernizaccedilatildeo para uma produccedilatildeo mais competitiva Esse reflexo pode

82

implicar na busca individualizada por respostas mais imediatas aos problemas

dentro do arranjo o que vem ocorrendo no APL em estudo

Outro fator determinante para o baixo investimento na produccedilatildeo de tangerina

eacute a desarticulaccedilatildeo entre os produtores para o uso de praacuteticas qualificadas em seus

plantios Isto eacute visivelmente comprovado quando observamos a falta de seleccedilatildeo e

padronizaccedilatildeo de frutos a venda da produccedilatildeo aos atravessadores a logiacutestica de

distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo natildeo realizada por uma empresa acircncora e o baixo niacutevel de

empreendedorismo dos produtores devido agrave ausecircncia de orientaccedilotildees teacutecnicas para

a gestatildeo do negoacutecio

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso

No niacutevel Meso foi possiacutevel analisar como os produtores estatildeo inseridos no

APL e como satildeo percebidas pelos produtores as poliacuteticas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais para a consolidaccedilatildeo desse

segmento

Os produtores filiados agraves organizaccedilotildees representativas do setor informaram

que do ponto de vista da esfera federal e estadual natildeo conhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina o que dificulta o desenvolvimento do APL

e da regiatildeo Esses produtores afirmam tambeacutem que tecircm conhecimento apenas das

poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar

Para o representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova seria necessaacuterio

tambeacutem ldquoo desenvolvimento de projetos coletivos para este setor visando incentivar

a qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra dos jovens e filhos dos agricultores para trabalharem

nos plantiosrdquo

Os representantes do setor tambeacutem questionam a falta de integraccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo por parte dos governos com outras instituiccedilotildees natildeo governamentais

para promover o arranjo e consequentemente ampliar a sua competitividade

Entretanto apesar de algumas accedilotildees serem realizadas de forma integrada

ainda satildeo muito tiacutemidas Segundo a representante da Coopertange ldquoNatildeo existe ateacute

o momento uma estrateacutegia de desenvolvimento para essa integraccedilatildeo de forma

continuadardquo

83

Para essas organizaccedilotildees coletivas e seus associados as contribuiccedilotildees das

instituiccedilotildees parceiras de apoio ao APL tecircm ocorrido de forma eventual Algumas

atividades citadas foram cursos de capacitaccedilatildeo treinamento elaboraccedilatildeo de

projetos debates palestras seminaacuterios visitas de intercacircmbio disponibilizaccedilatildeo de

mudas certificadas e apresentaccedilatildeo de viacutedeos

Os produtores tambeacutem citaram as instituiccedilotildees parceiras do arranjo Governo

do Estado SEDAP EMATER EMEPA EMPASA Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Matinhas SEBRAE Prefeituras Municipais BNB UFPB ndash Campus de

Bananeiras e de Areia Secretarias de Educaccedilatildeo (PNAE) MDS (PAA) UFCG Caixa

Econocircmica Banco do Brasil Foacuterum de Fruticultura da Borborema CONAB

Ministeacuterio da Sauacutede e EMBRAPA Aleacutem dessas outras entidades foram citadas

como potenciais parceiras MAPA INTERPA SENAR UEPB OCEPB Fundaccedilatildeo

Banco do Brasil e Bradesco

Outros oacutergatildeos natildeo governamentais citados no desenvolvimento de accedilotildees

conjuntas mesmo que de forma bastante incipiente foram a ASPTA17 e a FETAG18

Constatou-se tambeacutem que na visatildeo dos representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa a melhor maneira de se obter recursos junto agraves instituiccedilotildees de apoio a

fomento e entidades governamentais eacute atraveacutes da elaboraccedilatildeo de projetos e

programas voltados para a citricultura Outros mecanismos seriam a demanda

coletiva dos produtores e da governanccedila junto agraves instituiccedilotildees bem como a emissatildeo

da DAP19 (instrumento da SAFMDA20) para que esses produtores possam participar

de linhas de creacutedito especiacuteficas do PRONAF

A pesquisa tambeacutem avaliou se os produtores conhecem as leis ou instruccedilotildees

normativas que estabelecem requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina

na Paraiacuteba Trecircs dos entrevistados responderam que natildeo conhecem Para o

representante da Associaccedilatildeo de Massaranduba ldquoa maioria dos produtores do

municiacutepio conhece e utiliza cartilhas e livros teacutecnicos o que fez com que houvesse

uma reduccedilatildeo na queima e no desmatamento A praacutetica orientada para a reduccedilatildeo dos

17 Assessoria de Serviccedilos e Projetos da Agricultura Alternativa - Zona Rural 18 Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba 19 DAP ndash Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf - utilizada como instrumento de identificaccedilatildeo do agricultor familiar

para acessar poliacuteticas puacuteblicas como o Pronaf

20 A DAP foi criada pela Secretaria da Agricultura Familiar do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

84

impactos ambientais contribuiu com um trabalho de reflorestamento que vem sendo

desenvolvido na regiatildeo pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massarandubardquo

Foi observado entre os entrevistados que essa praacutetica eacute uma exceccedilatildeo no APL pois

eacute realizada somente pelos produtores desse municiacutepio

Jaacute o representante de Alagoa Nova diz ter conhecimento das leis mas elas

natildeo satildeo aplicadas porque natildeo existe uma assistecircncia teacutecnica continuada O

representante de Lagoa de Roccedila tambeacutem afirmou que conhece e pratica e quem o

orienta eacute seu neto aluno da Escola Teacutecnica que estaacute cursando Teacutecnico Agriacutecola

Quando se analisa a poliacutetica comercial brasileira para exportaccedilatildeo da

tangerina verifica-se que a metade dos entrevistados tem consciecircncia que existe

potencial de comercializaccedilatildeo e mercado para exportaccedilatildeo desse tipo de fruto

enquanto que outra metade natildeo tem conhecimento de tal poliacutetica

No Graacutefico 4 ao serem avaliadas algumas variaacuteveis do niacutevel Meso para o

desenvolvimento do arranjo pocircde-se averiguar que a relaccedilatildeo entre os produtores e

as poliacuteticas existentes tem acontecido de maneira diferenciada para cada

associaccedilatildeo e cooperativa podendo variar em funccedilatildeo do interesse pela demanda

grau de organizaccedilatildeo da entidade e niacutevel de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees que apoiam o

APL

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo

de negoacutecios b O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos

gestores governamentais

c A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo d A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor e O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

f As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

g A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

h A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso

Fonte Elaborado pela autora

85

A natildeo existecircncia de um consenso entre os produtores eacute decorrente das

respostas analisadas no referido graacutefico em que algumas organizaccedilotildees coletivas

discordam da efetividade dessas poliacuteticas e em contraponto outras concordam

parcialmente ou totalmente

O Graacutefico 5 avalia a relaccedilatildeo dos produtores com as instituiccedilotildees parceiras

governamentais e natildeo governamentais Verifica-se que os atores divergem em suas

respostas por possuiacuterem niacuteveis de parcerias diferentes com cada instituiccedilatildeo Logo

percebe-se que na visatildeo dos entrevistados algumas instituiccedilotildees tecircm atuaccedilatildeo

regular outras apresentam accedilotildees inexpressivas e as demais natildeo tecircm relaccedilatildeo de

parceria com os atores

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e

Oacutetimo

Bom

Regular

Ruim

Sem relaccedilatildeo

a AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio b Instituiccedilotildees financeiras

c Fornecedores e outras empresas do arranjo d Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades e Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

Fonte Elaborado pela autora

Constata-se no niacutevel Meso que os representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa natildeo conhecem poliacuteticas especiacuteficas para o setor seja pela sua

inexistecircncia ou mesmo pela insipiente difusatildeo de informaccedilotildees sobre programas e

projetos voltados para o APL O que geralmente ocorre eacute a utilizaccedilatildeo de poliacuteticas jaacute

existentes como por exemplo para agricultura familiar sem haver uma

preocupaccedilatildeo em atender os problemas especiacuteficos da citricultura

Outra questatildeo tambeacutem apontada pelos produtores eacute a falta de integraccedilatildeo das

instituiccedilotildees que apoiam o setor gerando accedilotildees individualizadas e descontiacutenuas

Este problema tambeacutem foi identificado no niacutevel Micro (seccedilatildeo 521) o que mais uma

vez comprova a necessidade de uma poliacutetica governamental especiacutefica e atuante

para o referido arranjo

86

O lado positivo da avaliaccedilatildeo deste niacutevel eacute que os produtores apontaram

diversas instituiccedilotildees com accedilotildees pontuais no arranjo produtivo local Isto indica que

existe uma preacute-disposiccedilatildeo e interesse dessas instituiccedilotildees em apoiarem um APL que

tem potencial comercial expressivo e que envolve uma parcela da populaccedilatildeo

residente na zona rural em atividades oriundas da citricultura

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro

As questotildees elaboradas para o niacutevel Macro natildeo retratam especificamente o

modelo definido para o referido niacutevel como detalhado na seccedilatildeo 42 Por outro lado

essas questotildees foram formatadas sob a oacutetica de um APL de baixa renda que

apresenta fragilidades advindas das poliacuteticas puacuteblicas para a agricultura familiar No

entanto observa-se um grande potencial para o aumento da produccedilatildeo de citros na

regiatildeo o que faz esse arranjo ter prioridades econocircmicas e sociais podendo atingir

os mercados nacional e internacional

Neste niacutevel procurou-se entender como os produtores percebem as poliacuteticas

econocircmicas e a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na disponibilizaccedilatildeo de creacuteditos e linhas de

financiamento como forma de consolidar o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

Em relaccedilatildeo agrave disponibilizaccedilatildeo de financiamento pelas instituiccedilotildees de fomento

para melhorar o processo produtivo no arranjo todas as associaccedilotildees afirmam que

as linhas de creacutedito satildeo provenientes do PRONAF atraveacutes do Banco do Nordeste ndash

BNB que credenciou teacutecnicos da EMATER para elaborar os projetos

Essa linha de financiamento concede aos produtores condiccedilotildees especiais tais

como carecircncia para pagamento rebate e juros baixos O acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos eacute realizado conjuntamente pelo BNB e EMATER Outras

instituiccedilotildees de fomento que aparecem muito timidamente satildeo Banco do Brasil e

Caixa Econocircmica

Foi observado que os produtores natildeo tecircm clareza sobre financiamentos para

expansatildeo da capacidade produtiva capital de giro e melhoria da produccedilatildeo A

burocracia ainda eacute grande para o agricultor familiar e as informaccedilotildees natildeo chegam

adequadamente agraves associaccedilotildees

87

Com relaccedilatildeo agrave poliacutetica puacuteblica que estabeleceu programas e accedilotildees para

Arranjos Produtivos Locais foi observado na pesquisa que a maioria dos

entrevistados natildeo percebeu nenhum benefiacutecio praacutetico a partir dessas medidas e que

ateacute hoje o setor natildeo tem uma poliacutetica especiacutefica para esse tipo de produccedilatildeo agriacutecola

Somente o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila afirmou que o Governo

Federal incentivou o desenvolvimento do APL da Citricultura aprovando o projeto

para aquisiccedilatildeo de uma packing house

Outro aspecto relatado pela maioria das organizaccedilotildees e produtores foi que

natildeo existe no Plano Pluri Anual ndash PPA dos Governos Municipais accedilotildees ou poliacuteticas

especiacuteficas para a tangerina Apenas o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila

afirmou que a prefeitura investe em accedilotildees direcionadas ao APL preparando

estradas para escoamento da produccedilatildeo e adquirindo 30 da produccedilatildeo agriacutecola do

municiacutepio para a merenda escolar atraveacutes do PNAE

Constatou-se tambeacutem que a prefeitura de Matinhas tem investido na melhoria

das estradas vicinais na criaccedilatildeo do Parque da Laranja para realizaccedilatildeo de eventos

na aquisiccedilatildeo de equipamentos para beneficiamento da tangerina bem como

propiciou a contrapartida para aquisiccedilatildeo da packing house

Outra questatildeo informada pelos representantes das organizaccedilotildees foi como

resolver a presenccedila do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no setor jaacute que o

APL conta com cinco associaccedilotildees e uma cooperativa Esses representantes

afirmaram que seria necessaacuterio um grande trabalho de conscientizaccedilatildeo que fizesse

os produtores participarem ativamente da cooperativa pois atualmente ainda existe

rejeiccedilatildeo por esse tipo de organizaccedilatildeo

Tambeacutem foi frisada a importacircncia da estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da

Coopertange pois ela poderaacute ser o elo de integraccedilatildeo entre o segmento e as

poliacuteticas existentes Essa entidade deve ser capaz de dialogar com os oacutergatildeos

governamentais e efetivar a citricultura como uma atividade competitiva e rentaacutevel

para os produtores Os entrevistados ainda citaram como importante o escoamento

da produccedilatildeo pela cooperativa e a parceria com a Ceasa para que a mesma compre

a tangerina diretamente da Coopertange

Evidenciou-se ainda que as associaccedilotildees e a cooperativa estatildeo envidando

esforccedilos para consolidar o referido APL realizando reuniotildees com os produtores

88

buscando novos parceiros fazendo anaacutelise de mercado para onde pretendem

escoar a produccedilatildeo desenvolvendo projetos participando de feiras agroecoloacutegicas e

pesquisando o uso de novas tecnologias

Por fim os entrevistados externaram os projetos e planos futuros que eles

esperam com a consolidaccedilatildeo do APL A presidente da Coopertange espera colocar

em funcionamento a cooperativa como empresa ancora do APL instalar a packing

house estimular o crescimento da produccedilatildeo buscar a transferecircncia de tecnologia de

forma permanente para os produtores e gerar a inclusatildeo social na regiatildeo

O representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova espera que as instituiccedilotildees

parceiras promovam maior divulgaccedilatildeo das informaccedilotildees para os produtores dos seis

municiacutepios que compotildeem o APL que haja um aumento de recursos para investir na

produccedilatildeo e mais tecnologia para o segmento Para o representante da Associaccedilatildeo

de Lagoa de Roccedila o mais importante eacute melhorar o preccedilo da tangerina no mercado

No municiacutepio de Esperanccedila a associaccedilatildeo almeja que as informaccedilotildees

advindas de programas governamentais possam chegar aos produtores de forma

efetiva e que haja um aumento na venda da produccedilatildeo advinda da agricultura

familiar A Associaccedilatildeo de Lagoa Seca pretende melhorar as condiccedilotildees sociais e

econocircmicas dos associados participantes do arranjo O desejo da presidente da

Associaccedilatildeo de Massaranduba eacute ldquover todos os produtores tirando proveito da

estrutura da Coopertangerdquo

No Graacutefico 6 satildeo avaliadas as poliacuteticas econocircmicas direcionadas para o APL

da Citricultura e analisado como os atores percebem a contribuiccedilatildeo dessas poliacuteticas

Ao serem questionados se os governos locais tecircm direcionado o orccedilamento para a

promoccedilatildeo do arranjo todos afirmam que natildeo Este entendimento sugere

provavelmente que os produtores natildeo entendem as accedilotildees realizadas pelos governos

locais como uma poliacutetica efetiva para o arranjo Quando indagado aos produtores se

a poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor a maioria afirmou

ser indiferente e natildeo perceber a eficaacutecia dessa poliacutetica pois a mesma apresenta

poucos reflexos no desenvolvimento do arranjo da citricultura Para os produtores de

citros a carga tributaacuteria e as leis trabalhistas natildeo influenciam no soerguimento da

atividade Verifica-se que algumas respostas apresentam-se de forma dispersa o

que retrata possivelmente a falta de um melhor entendimento sobre tais poliacuteticas

89

Considerando que o niacutevel Macro engloba poliacuteticas macroeconocircmicas as

poliacuteticas de financiamento utilizadas pela maioria dos produtores ainda satildeo

provenientes do PRONAF pois o APL em questatildeo encontra-se em fase de

organizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo tem como base a agricultura familiar e ainda se

apresenta como de baixa renda apesar do seu grande potencial socioeconocircmico

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1

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3

4

5

6

a b c d e f

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

b A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor c A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos d O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

e A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo f As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro

Fonte Elaborado pela autora

Foi observado tambeacutem que a atividade econocircmica possui caracteriacutesticas

positivas tais como nuacutemero expressivo de produtores participantes de associaccedilotildees

e da cooperativa localizadas no arranjo produccedilatildeo diferenciada com propriedades

orgacircnicas e custo baixo de produccedilatildeo por serem frutos de sequeiro

No entanto o APL em questatildeo possui baixo investimento em pesquisa

desenvolvimento e inovaccedilatildeo baixa estrateacutegia para a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo falta

de alocaccedilatildeo de recursos para melhoria do plantio e equidade de renda dos

produtores desnivelada

Aleacutem disso um ponto forte evidenciado nesse aglomerado produtivo e que se

constitui como um dos seus maiores diferenciais eacute a produccedilatildeo de tangerina na

entressafra das outras regiotildees produtoras tendo como consequecircncia uma forte

demanda pela produccedilatildeo

Neste sentido faz-se necessaacuterio a criaccedilatildeo de mecanismos que possibilitem a

execuccedilatildeo de uma poliacutetica econocircmica mais proativa para a citricultura que natildeo sofra

90

soluccedilatildeo de continuidade e que os resultados de sua implementaccedilatildeo possam ser

acompanhados pela governanccedila parceiros institucionais e produtores

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta

O objetivo deste niacutevel eacute identificar o grau de cooperaccedilatildeo entre os atores o

seu empoderamento e capacidade de interferecircncia nas poliacuteticas puacuteblicas visando

aglutinar forccedilas e potencializar as vantagens competitivas do setor Esta anaacutelise

tambeacutem busca identificar se os produtores estatildeo desenvolvendo estrateacutegias que

venham promover o APL da Citricultura

Neste sentido dos seis atores entrevistados quatro responderam que

conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas governamentais voltados

para o arranjo Esses atores relataram que existe inclusive um bom relacionamento

com a EMATER e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel ndash

CMDRS Aleacutem disso as organizaccedilotildees coletivas conseguem com esses parceiros

institucionais apoio teacutecnico para produzir citros (tangerina limatildeo e laranja) e

hortaliccedila sem o uso de agrotoacutexico Os produtores rurais foram enfaacuteticos em dizer

que ldquonatildeo admitem a aplicaccedilatildeo de produtos quiacutemicos em seus pomaresrdquo

Os outros dois representantes responderam que natildeo conseguem influenciar

os governantes para a importacircncia de uma assistecircncia teacutecnica continuada pois ao

inveacutes de realizarem accedilotildees de ATER21 de forma permanente os apoios satildeo sempre

realizados de forma pontual a exemplo da ldquopraga da mosca negrardquo Para este

problema a assistecircncia teacutecnica concedida por parte das instituiccedilotildees governamentais

para evitar uma infestaccedilatildeo foi corretiva e natildeo preventiva

No entanto quando questionados sobre a preacute-disposiccedilatildeo agrave cooperaccedilatildeo os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa acreditam que os produtores estatildeo

confiantes na parceria com as instituiccedilotildees e tecircm certeza que gradativamente esse

processo estaraacute fortalecido Contudo a Associaccedilatildeo de Esperanccedila acredita que os

produtores natildeo estatildeo preparados e tecircm dificuldade de dialogar com as instituiccedilotildees

21

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

91

Quando abordados sobre a existecircncia da troca de conhecimentos entre os

parceiros quatro organizaccedilotildees responderam que existe um bom diaacutelogo com os

parceiros EMATER SPTA Polo Sindical da Borborema (composto por 16

sindicatos) EMEPA EMBRAPA UEPB (alunos de agroecologia) UFPB e feirantes

Aleacutem disso os representantes das organizaccedilotildees falaram da praacutetica de difundir entre

os produtores teacutecnicas aprendidas em palestras sobre plantaccedilatildeo orgacircnica e

defensivos orgacircnicos Por outro lado a Coopertange e a Associaccedilatildeo de Lagoa de

Roccedila acreditam que no passado jaacute houve troca de conhecimento entre os

produtores mas hoje natildeo mais

Percebe-se na anaacutelise do Graacutefico 7 que natildeo existe um consenso sobre a

efetividade das poliacuteticas como indutoras de desenvolvimento do APL Os produtores

tecircm respostas diferentes quando satildeo indagados sobre a atuaccedilatildeo dos governos em

prol do arranjo sobre a existecircncia de canais negociaccedilatildeo bem como na busca de um

modelo de governanccedila que facilite o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees governamentais e o

setor produtivo

Desta forma a inexistecircncia de um consenso de opiniatildeo e a falta de

consciecircncia sobre a importacircncia da organizaccedilatildeo dos produtores faz com que o

desenvolvimento do APL seja lento e suas accedilotildees desarticuladas

0

1

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5

6

a b c d e

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

b O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

c As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no arranjo atuando de maneira

democraacutetica em defesa dos seus soacutecios d Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor

privado

e Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta

Fonte Elaborado pela autora

92

Neste niacutevel cujo objetivo eacute identificar a capacidade de organizaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa e seu poder de articulaccedilatildeo junto agraves instituiccedilotildees que

apoiam o APL constata-se que para o arranjo as instituiccedilotildees reconhecem o

potencial do setor e tecircm interesse em apoiar as dinacircmicas de desenvolvimento e

accedilotildees de caraacuteter efetivo para a consolidaccedilatildeo do arranjo Por outro lado os

produtores na sua maioria natildeo gozam de privileacutegios comparados a outras

atividades econocircmicas tradicionais existentes no Estado a exemplo dos setores

Sucroalcooleiro Coureiro-Calccediladista e Caprinovinocultura

Outra questatildeo conflitante diz respeito agrave atuaccedilatildeo democraacutetica das associaccedilotildees

e da cooperativa representantes legais dos produtores e que atuam na defesa dos

interesses do setor A falta de uniatildeo a inexistecircncia de diaacutelogo mais frequente entre

essas organizaccedilotildees e a carecircncia de um interlocutor que unifique a lideranccedila e

debata com o segmento as necessidades coletivas dos produtores fazem com que

a comunicaccedilatildeo entre os governos e o setor produtivo esteja fragilizada

No tocante a um modelo de governanccedila para o APL os produtores ainda natildeo

tecircm um consenso formatado sobre tal modelo Mas o mais interessante eacute que em

todo o estudo os beneficiaacuterios do arranjo tecircm esperanccedilas de que quando a packing

house estiver funcionando e a Coopertange assumir o papel de empresa acircncora do

sistema seraacute possiacutevel dar a este arranjo produtivo local um novo rumo de

cooperaccedilatildeo e sobre tudo uma nova dinacircmica comercial e ambiental para o APL da

citricultura

53 Conclusatildeo da Anaacutelise

Neste capiacutetulo foi possiacutevel avaliar o arranjo institucional e as contribuiccedilotildees e

falhas detectadas a partir das poliacuteticas puacuteblicas implementadas no Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Na seccedilatildeo 51 foram analisados os dados coletados nas entrevistas com os

stakeholders das instituiccedilotildees mais atuantes no arranjo A partir dessa anaacutelise pode-

se concluir que o suporte institucional existente para o APL possui parceiros

importantes e com potencial para apoiar a organizaccedilatildeo do arranjo bem como tem

capacidade teacutecnica para estimular e promover entre os produtores a cultura da

93

cooperaccedilatildeo Entretanto ficou evidenciado que este suporte institucional ainda eacute

fraacutegil e apresenta deficiecircncia na execuccedilatildeo das accedilotildees

A governanccedila praticada ainda eacute a governamental (prefeitura e Governo do

Estado) e se apresenta como a maior incentivadora do desenvolvimento da

citricultura na regiatildeo

No entanto percebe-se na fala de cada representante que as accedilotildees satildeo

realizadas isoladamente por cada entidade Mesmo que estas estejam integradas no

APL as accedilotildees continuam acontecendo conforme o planejamento institucional de

cada uma Essa realidade dificulta a flexibilidade dos gestores apoiarem outras

demandas mais significativas e impactantes para o arranjo

Contudo tentativa como a do SEBRAE de quebrar esse hiato possibilitou em

parceria com a Superintendecircncia Federal de Agricultura no Estado da Paraiacuteba a

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema Apesar da atuaccedilatildeo deste Foacuterum

natildeo foi possiacutevel identificar a existecircncia de accedilotildees integradas e executadas de

maneira continuada entre os seus representantes que pudessem ser elaboradas e

validadas como prioridade para o desenvolvimento da tangerina na Paraiacuteba Essa

constataccedilatildeo foi observada nas respostas dos entrevistados Eles tambeacutem afirmam

que a poliacutetica partidaacuteria existente na regiatildeo dificulta a implementaccedilatildeo de accedilotildees

integradas

Os gestores institucionais natildeo perceberam que as poliacuteticas puacuteblicas

existentes para atender agraves necessidades do setor devem ser trabalhadas a partir de

uma interseccedilatildeo dos programas governamentais e natildeo governamentais que

potencializem projetos estruturantes possibilitando a sustentabilidade da atividade

econocircmica de forma equilibrada em toda a regiatildeo

Para analisar a visatildeo dos produtores em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas direcionadas ao APL discutida na seccedilatildeo 52 utilizou-se como ferramenta o

modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD composto por quatro niacuteveis

O niacutevel Micro permitiu a identificaccedilatildeo dos problemas mais frequentes dos

produtores que apesar de estarem organizados em associaccedilotildees e cooperativa natildeo

possuem o habito de resolver os problemas do segmento de modo cooperado

94

Tal constataccedilatildeo recai sobre a falta de diaacutelogo entre os atores fazendo com

que um hiato seja gerado na comunicaccedilatildeo dos participantes do arranjo Este fato

impede os produtores de obterem resultados promissores para o segmento e de

vislumbrarem a possibilidade de investir em inovaccedilatildeo de forma coletiva e realizar

uma comercializaccedilatildeo com maior poder de negociaccedilatildeo de preccedilo e de expansatildeo de

mercado

Outros fatores importantes detectados nesse niacutevel foram a baixa capacidade

produtiva entre as safras apesar de existir uma aacuterea expressiva para a produccedilatildeo de

citros falta de celeridade nas informaccedilotildees e descontinuidade nas accedilotildees dos

parceiros

No niacutevel Meso verificou-se que os produtores desconhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina e questionam a falta de investimentos

financeiros para o setor a falta de orientaccedilatildeo de normas teacutecnicas de plantio e

manejo nos pomares a falta de integraccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre as instituiccedilotildees

governamentais e a falta de projetos que qualifiquem jovens e filhos de produtores

para atuarem no campo

Os produtores enfatizam tambeacutem a pouca atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees realizando

accedilotildees diferenciadas para cada associaccedilatildeo ou seja natildeo havendo criteacuterios para o

atendimento coletivo desses atores

Ao analisar o APL segundo o niacutevel Macro verificou-se que as poliacuteticas

macroeconocircmicas (cambial monetaacuteria e fiscal) e a poliacutetica de comeacutercio exterior natildeo

influenciam diretamente esse APL Por ser um arranjo de baixa renda e que utiliza

basicamente poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar adequadas para

uma agricultura diversificada e natildeo especificamente para tangerina tais poliacuteticas

acabam natildeo incentivando a expansatildeo do plantio Neste caso o planejamento e a

organizaccedilatildeo produtiva da atividade de maior potencial econocircmico na regiatildeo natildeo satildeo

priorizados

Ainda sobre a poliacutetica econocircmica brasileira eacute notoacuteria a carecircncia de

esclarecimentos sobre como essa poliacutetica poderia dinamizar o segmento e o

desconhecimento sobre os incentivos governamentais para formalizaccedilatildeo de

agronegoacutecios

95

O niacutevel Meta analisou a cooperaccedilatildeo dos atores dentro de uma visatildeo

sistecircmica em que estes acreditam que gradativamente o setor estaraacute fortalecido

mas que ainda natildeo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas

governamentais voltados para o setor

Identificou-se tambeacutem que natildeo existe um consenso entre os produtores sobre

a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao arranjo nem sobre a participaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa na defesa dos direitos dos seus associados e nem na

implementaccedilatildeo de um modelo de governanccedila que contribua com o desenvolvimento

do APL

Portanto apoacutes a anaacutelise da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees e da percepccedilatildeo dos

produtores rurais em relaccedilatildeo agraves poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina espera-se que as contribuiccedilotildees identificadas nesta pesquisa

sirvam de instrumento balizador na adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas para

a citricultura no Estado e que novas perspectivas de incremento ao setor sejam

planejadas com a participaccedilatildeo e integraccedilatildeo das organizaccedilotildees sociais que compotildeem

o arranjo

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Esta dissertaccedilatildeo analisou o Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina por se tratar de um APL de grande potencial econocircmico para

a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

O trabalho proposto teve como finalidade analisar a estrutura organizacional

do APL identificar as poliacuteticas promotoras do desenvolvimento avaliar a

contribuiccedilatildeo das poliacuteticas disponibilizadas e propor medidas para a reduccedilatildeo das

falhas oriundas do processo de implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas

Historicamente a regiatildeo em estudo eacute detentora de um nuacutemero expressivo de

produtores rurais que destinam suas atividades agriacutecolas no plantio de citros O

setor gera 4000 empregos diretos e 6000 empregos indiretos aproximadamente o

que torna o referido arranjo prioritaacuterio para o Estado

A produccedilatildeo de tangerina advinda do aglomerado produtivo apresenta como

diferencial competitivo a ocorrecircncia da safra na entressafra de outros estados e o

plantio com caracteriacutesticas orgacircnicas (sem uso de defensivos quiacutemicos)

Os stackholders entrevistados acreditam que o referido APL tem impacto na

economia local e regional tem mercado favoraacutevel para o escoamento da produccedilatildeo

eacute gerador de emprego e renda apresenta possibilidade de expansatildeo tem cultura

difundida na produccedilatildeo de tangerina e eacute promotor do desenvolvimento

socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Nos uacuteltimos anos apesar de ainda natildeo haver uma dinacircmica de trabalho

adequada para o segmento as instituiccedilotildees parceiras e suas respectivas poliacuteticas

contribuiacuteram para que o setor avanccedilasse

As principais poliacuteticas de apoio ao APL realizadas pelas instituiccedilotildees satildeo a

disponibilizaccedilatildeo de linhas de creacutedito destinadas agrave agricultura familiar (PRONAF)

estimulo agraves compras governamentais para os programas PNAE e PAA realizaccedilatildeo

de pesquisas de inovaccedilatildeo para a melhoria de mudas e plantas certificadas

97

promoccedilatildeo da transferecircncia de tecnologias e da capacitaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

orientaccedilotildees de ATER no plantio da tangerina

Sendo assim para analisar o impacto das poliacuteticas aplicadas ao APL em

estudo foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD Este

modelo analisa o arranjo com maior ecircnfase nos aspectos sociais e inclui a accedilatildeo do

Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade como fatores determinantes para o aumento

da competitividade sistecircmica A partir desse modelo foi possiacutevel pesquisar atraveacutes

dos niacuteveis Micro Meso Meta e Macro como o setor estaacute organizado e como as

poliacuteticas satildeo percebidas pelos produtores

Ao concluir a anaacutelise da pesquisa dois pontos foram priorizados e

referenciados dentro do estudo o primeiro eacute a visatildeo das instituiccedilotildees parceiras e

fomentadoras de poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

e o segundo a percepccedilatildeo dos produtores quanto agraves poliacuteticas disponibilizadas para o

aglomerado produtivo

Para as instituiccedilotildees o apoio ao segmento eacute realizado devido agrave importacircncia

econocircmica da produccedilatildeo de tangerina bem como 80 da populaccedilatildeo residir na zona

rural e ter como principal fonte de renda o cultivo da tangerina dancy Estes dois

fatores fazem com que as entidades governamentais vejam a atividade como

dinamizadora da economia para a regiatildeo

Outras accedilotildees advindas dessas entidades foram identificadas na pesquisa

contrataccedilatildeo de um especialista em tangerina melhoria das estradas vicinais para o

escoamento da produccedilatildeo promoccedilatildeo de visitas teacutecnicas e intercacircmbio reuniotildees

informativas sobre programas e poliacuteticas de desenvolvimento existentes para o

segmento e constituiccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema

Para os produtores esse apoio das instituiccedilotildees natildeo eacute percebido como poliacutetica

efetiva pois eacute executado sem um planejamento permanente de accedilotildees para o

periacuteodo de safra e de entressafra

As associaccedilotildees e a cooperativa tambeacutem sentem que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo

atuando de forma integrada ou seja natildeo foi visualizado um programa para a

citricultura principalmente para a tangerina em que houvesse a contribuiccedilatildeo de

todos os parceiros periodicamente visando o crescimento do APL

98

Aleacutem disso os produtores tambeacutem enfatizaram que o atendimento das

demandas por parte das instituiccedilotildees eacute realizado individualmente ou coletivamente

dependendo do tipo de accedilatildeo programada em cada oacutergatildeo o que muitas vezes

impede accedilotildees coletivas bem mais significativas para o APL como um todo

Esse apoio institucional realizado pelos parceiros de forma desarticulada e

com atendimentos diferenciados tem estimulado nos produtores descreacutedito nas

accedilotildees disponibilizadas pelos governos municipais e estadual

A falta de uma poliacutetica que intensifique as atividades econocircmicas e

tecnoloacutegicas no APL faz com que a produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba sofra um

descompasso entre a grande demanda por esses frutos de mesa e a baixa

competitividade desse setor

Sendo assim faz-se necessaacuterio a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas e adequaccedilatildeo

das jaacute existentes para que o arranjo possa se desenvolver com eficiecircncia e

competitividade

Sugere-se tambeacutem como alternativa complementar nas propostas de poliacuteticas

puacuteblicas a inserccedilatildeo das potencialidades de investimento dos municiacutepios que

compotildeem o APL (ver Apecircndice C) apresentadas nos Mapas de Oportunidades do

Estado da Paraiacuteba (FIEP 2009)

Na proacutexima seccedilatildeo seratildeo apresentadas as contribuiccedilotildees para a formulaccedilatildeo de

tais poliacuteticas

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

A pesquisa realizada no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina identificou que este APL natildeo possui infraestrutura tecnoloacutegica e logiacutestica

para vender em mercados que exigem qualidade e prazo de entrega a exemplo das

grandes redes de supermercado nacional ou para exportaccedilatildeo

Os avanccedilos obtidos a partir dos apoios institucionais ainda natildeo satildeo

suficientes para que o arranjo seja competitivo e desponte nacionalmente como um

99

aglomerado de excelecircncia na produccedilatildeo de tangerina Espera-se que com a

implementaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas para o segmento esse arranjo seja capaz de

promover o aumento da inclusatildeo social fazendo com que a dependecircncia do

agricultor por auxiacutelios governamentais como parte complementar de sua renda

sejam substituiacutedos por trabalho e geraccedilatildeo de riqueza

Para tanto diante das discussotildees geradas nesta dissertaccedilatildeo sugerem-se

algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de uma poliacutetica especiacutefica

para o segmento e a readequaccedilatildeo das poliacuteticas praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL Tais propostas satildeo

1 Formataccedilatildeo de uma poliacutetica governamental especiacutefica para a produccedilatildeo de citros

no APL que induza o aumento da produtividade dos plantios e a respectiva

comercializaccedilatildeo

Esta poliacutetica deve priorizar

A assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural de forma permanente executada pela

EMATER SENAR e MAPASEDAP

O aumento de recursos para o setor a ser incluiacutedo nos orccedilamentos estadual e

municipais bem como no das instituiccedilotildees estatais e privadas atuantes no

arranjo

O fomento a pesquisas e a inovaccedilatildeo direcionadas para a melhoria da

produccedilatildeo de tangerina e sua transferecircncia para os produtores

A implantaccedilatildeo de uma estufa destinada a produccedilatildeo de mudas certificadas

para o arranjo

O incentivo dos governos estadual e municipais em comprar um percentual da

produccedilatildeo advinda do APL

A compra de tangerina pelos programas governamentais federais (PNAE

PAA e CEASA) agrave cooperativa como forma de fortalecer a empresa acircncora do

segmento formalizar as vendas e reduzir a presenccedila do atravessador na

comercializaccedilatildeo

A capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica de jovens e filhos de agricultores oriundos desse

arranjo

100

2 Estimular os governos estadual e municipais a priorizarem em seus planos

plurianuais accedilotildees de incentivo ao desenvolvimento do APL da Citricultura

Este estiacutemulo deve partir de estrateacutegias que

Definam um programa que padronize as mudas de tangerina no Estado

Formalizem um programa de prevenccedilatildeo e combate agrave mosca negra e outras

pragas nos plantios de citros

Orientem e capacitem os produtores a realizarem o manejo de seus pomares

seguindo as orientaccedilotildees teacutecnicas e as normas ambientais

Formalizem premiaccedilotildees para os produtores mais criativos e competitivos

Formalizem convecircnio teacutecnico com o SEBRAE para formataccedilatildeo de um

programa de empreendedorismo visando desenvolver a gestatildeo dos

agronegoacutecios implantados no arranjo

3 Integraccedilatildeo de accedilotildees entre as instituiccedilotildees governamentais atuantes no APL

Tal poliacutetica deve visar

Reduzir gastos com atividades em duplicidade para fortalecer o segmento

com accedilotildees implementadas de forma continuada e aumentar a capacidade de

atendimento agraves demandas dos produtores

Direcionar a atuaccedilatildeo de cada instituiccedilatildeo com suas respectivas expertises para

resolver os gargalos teacutecnicos e tecnoloacutegicos dentro do arranjo

Aumentar o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees visando agrave integraccedilatildeo de accedilotildees

conjuntas

4 Incentivo a reduccedilatildeo de encargos fiscais e taxas para as organizaccedilotildees

(associaccedilotildees e cooperativas) que compotildeem o arranjo produtivo

Os arranjos produtivos locais necessitam de uma poliacutetica fiscal que reduza as

taxas e isenccedilotildees fiscais como forma de incentivar a participaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo das

organizaccedilotildees coletivas oriundas do referido arranjo Como propostas de incentivos

para o APL sugere-se

Isenccedilatildeo da taxa de alvaraacute da Agencia Estadual de Vigilacircncia Sanitaacuteria da

Paraiacuteba ndash AGEVISA em troca da participaccedilatildeo coletiva dos associados e

101

cooperados nos cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos Essa poliacutetica permitiraacute

capacitar as pessoas para manipularem os alimentos com maior seguranccedila e

higiene priorizando os empreendimentos localizados em APL

Criar uma licenccedila simplificada que substitua as trecircs licenccedilas ambientais

(licenccedila preacutevia licenccedila de instalaccedilatildeo e licenccedila de operaccedilatildeo) exigidas pela

SUDEMA visando reduzir o tempo de tramitaccedilatildeo dessas licenccedilas para

agilizar a implantaccedilatildeo de projetos em APLs de baixa renda

Subsidiar a implantaccedilatildeo da Tarifa Verde em aacutereas de citricultura (reduccedilatildeo no

valor da tarifa de energia no periacuteodo noturno) e a aquisiccedilatildeo do medidor para

afericcedilatildeo da energia com taxa diferenciada Essa poliacutetica permitiraacute que os

citricultores possam investir em irrigaccedilatildeo nos seus pomares

5 Poliacutetica de acompanhamento e avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo social educacional

econocircmica e de inovaccedilatildeo em APLs beneficiados por programas governamentais e

por instituiccedilotildees estatais

Esta poliacutetica deve buscar

Avaliar a efetividade do APL em estudo

Acompanhar os primeiros quatro anos de desenvolvimento do arranjo apoacutes a

transferecircncia de recursos advindos de programas e projetos tempo este

necessaacuterio para que os empreendimentos atinjam sua sustentabilidade

financeira

Realizar cursos de capacitaccedilatildeo para gestores e coordenadores de programas

em arranjos produtivos utilizando a competecircncia da RedeSist e do GPT APL

Estimular a formaccedilatildeo de agentes de APL como forma de reduzir o hiato

existente entre o setor produtivo e as instituiccedilotildees parceiras bem como

contribuir na difusatildeo das informaccedilotildees e na transferecircncia de accedilotildees de poliacuteticas

sociais e tecnoloacutegicas

Propor cursos teacutecnicos e de especializaccedilatildeo para jovens protagonistas da

regiatildeo que possam contribuir no processo de sustentabilidade do arranjo da

citricultura

102

Incentivar a criaccedilatildeo de um sistema de informaccedilatildeo para o APL e interligaacute-lo em

rede possibilitando avaliar quantitativamente e qualitativamente a evoluccedilatildeo

econocircmica e produtiva do arranjo

6 Aumentar os incentivos financeiros do Governo do Estado para o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

As propostas de accedilotildees governamentais para o aumento dos incentivos satildeo

Priorizar o referido arranjo em seus planos de accedilatildeo destinando recursos do

Fundo de Erradicaccedilatildeo e Combate agrave Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash

FUNCEP-PB para desenvolver accedilotildees de empreendedorismo implantaccedilatildeo de

agronegoacutecios e capacitaccedilatildeo profissional

Destinar um percentual dos recursos de ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento de pesquisas e inovaccedilatildeo para o arranjo

Apoiar a implantaccedilatildeo de uma cozinha industrial visando o aperfeiccediloamento de

jovens e mulheres da zona rural que fabricam doces geleias bolos biscoitos

sucos cocadas e casquinhas de tangerina como alternativa de ocupaccedilatildeo e

renda

Nesta dissertaccedilatildeo foi verificado que os produtores de tangerina utilizam

basicamente como linha de creacutedito o programa Pronaf Sugere-se que o Governo

Federal (SUDENE BNB FINEP BNDES Banco do Brasil e Caixa Econocircmica) insira

uma linha de financiamento diferenciada neste programa destinando mais recursos

para projetos coletivos voltados para o desenvolvimento do APL

62 Trabalhos Futuros

Ao teacutermino desta dissertaccedilatildeo espera-se que os resultados obtidos contribuam

na concepccedilatildeo de novas poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura - Segmento

Tangerina e que novas reflexotildees sejam geradas nas instituiccedilotildees e nas organizaccedilotildees

coletivas sobre o potencial econocircmico e social desse aglomerado produtivo Como

trabalhos futuros sugerem-se

103

Realizar um estudo sobre a cultura organizacional tradicional existente no

arranjo analisando os fatores que impedem seu desenvolvimento

Dar continuidade agraves pesquisas sobre poliacuteticas puacuteblicas indutoras de

desenvolvimento socioeconocircmico em APLs agriacutecolas de baixa renda visando

identificar quais dessas poliacuteticas poderiam ser replicadas no APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

Pesquisar porque a cultura da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica ainda natildeo eacute aplicada

como um vetor de desenvolvimento no APL estudado

Estudar a potencialidade do arranjo em desenvolver novos produtos com

maior valor agregado a partir da tangerina

Estudar a formataccedilatildeo de uma poliacutetica de educaccedilatildeo profissional para as aacutereas

de gestatildeo de negoacutecio e organizaccedilatildeo produtiva em APLs de baixa renda

Estudar se o niacutevel educacional dos produtores de tangerina tem influecircncia no

entendimento e absorccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

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2004

112

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo

Nome da entidade _______________________________________________________________

Sigla da entidade ___________________________

Acircmbito de atuaccedilatildeo da instituiccedilatildeo ____________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Apoio da Instituiccedilatildeo para o desenvolvimento do APL

21 Como a instituiccedilatildeo identifica Arranjos Produtivos Locais (baseia-se nas

variaacuteveis abaixo)

( ) A concentraccedilatildeo de produtores de tangerina no territoacuterio

( ) Concentraccedilatildeo de indiviacuteduos ocupados

( ) Cooperaccedilatildeo entre os atores participantes do arranjo

( ) Existecircncia de mecanismos de governanccedila

22 Porque o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi selecionado para o

apoio existe alguma forma de priorizaccedilatildeo (ex impacto na economia

regionallocal impacto social tradiccedilatildeo regional outros) Justifique

113

23 A partir de quais criteacuterios a instituiccedilatildeo selecionou os beneficiaacuterios para

formalizar a parceria (atraveacutes de programas demanda dos produtores

demanda das associaccedilotildeescooperativas outros)

24 Como a Instituiccedilatildeo trabalha para que as informaccedilotildees acerca dos

programas de apoio ao APL cheguem ao seu puacuteblico-alvo

25 Quais os principais desafios que a instituiccedilatildeo enfrenta no apoio ao APL

(operacional financeiro qualificaccedilatildeo de pessoal outros)

26 Quais satildeo as vantagens em atuar a partir do enfoque em APL no

EstadoRegiatildeo Justifique

3 Quanto agrave relaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo com os produtores Associaccedilotildees e

Cooperativas

31 Quantas cooperativasassociaccedilotildees participam do programa de apoio

concedido pela instituiccedilatildeo Quais satildeo Sua localizaccedilatildeo

32 Quais satildeo as principais demandas de apoio por parte dos atores do APL

33 Quais satildeo as principais formas de apoio que a instituiccedilatildeo concede ao APL

34 Como a Instituiccedilatildeo avalia o grau de adesatildeo do puacuteblico alvo aos programas

oferecidos

35 Quais as principais dificuldades que o puacuteblico alvo encontra para participar

desses programas ofertados

36 A Instituiccedilatildeo acredita que os produtoresInstituiccedilotildeesassociaccedilotildees

cooperativas envolvidas no APL atuam de forma cooperada para realizar

suas atividades

37 Vocecirc poderia citar alguns exemplos de cooperaccedilatildeo entre produtores

Instituiccedilotildeesassociaccedilotildeescooperativas (especificar para o APL)

4 Parceiros atuantes no APL

114

41 Quais satildeo os principais parceiros que apoiam o APL De que forma

atuam Avalie a importacircncia da cooperaccedilatildeo

42 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual a Instituiccedilatildeo conhece

poliacuteticas especificas de apoio ao APL Quais

43 As accedilotildees da Instituiccedilatildeo satildeo realizadas de forma integrada com os governos

Federal Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo

buscando ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas

accedilotildees com o governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de

accedilatildeo conjunta

5 Visatildeo da Instituiccedilatildeo quanto agrave potencialidade do APL

51 Em relaccedilatildeo ao apoio de sua instituiccedilatildeo em que momento eacute percebido a

intensidade (mais forte ou mais fraca) da cooperaccedilatildeo dos beneficiados

(pex na eficiecircncia e na inovaccedilatildeo nos serviccedilos administrativos na

aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas vendas no financiamento desenvolvimento

de processos e produtos etc)

52 Como a Instituiccedilatildeo percebe a diferenciaccedilatildeo no sistema produtivo (pex a

grande maioria da produccedilatildeo vem de produtores informais que adota

sistema arcaico por outro lado temos uma pequena parcela em fase de

modernizaccedilatildeo)

53 Dos que buscam a modernizaccedilatildeo a produccedilatildeo eacute integrada horizontalmente

a atividades agroindustriais Como a Instituiccedilatildeo percebe essa

modernizaccedilatildeo

54 Para a Instituiccedilatildeo quais os principais problemas desse segmento

( ) ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina

( ) baixa capacidade gerencial

( ) dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo

( ) competiccedilatildeo com tangerina produzida em outras regiotildees brasileiras

( ) elevados custos de comercializaccedilatildeo

115

( ) outros (especifique) __________________________________________

6 Existecircncia de oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo ambiental e fiscalizaccedilatildeo

sanitaacuteria

61 A Instituiccedilatildeo conhece leis ou instruccedilotildees normativas que estabelecem os

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

62 Na produccedilatildeo como satildeo vistas as questotildees como controle da qualidade

versus tradiccedilatildeo na forma de produzir a tangerina

7 Quanto agrave comercializaccedilatildeo

71 Quais os principais concorrentes

72 uais os canais de distribuiccedilatildeo comercializaccedilatildeo e logiacutestica

73 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

8 Quanto a projetos e planos futuros

81 Quais satildeo os esforccedilos que a Instituiccedilatildeo estaacute fazendo para consolidar o APL

da Citricultura - Segmento Tangerina

82 Quais satildeo os projetos e planos futuros que a Instituiccedilatildeo espera com a

consolidaccedilatildeo do APL

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

116

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees

Cooperativas e Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da AssociaccedilatildeoCooperativaProdutor

Nome da entidadeprodutor _______________________________________________________________

Sigla da entidade (se houver) ___________________________

Ano de Fundaccedilatildeo _______________

Atividade principal _______________________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Dados econocircmicos sobre a CooperativaAssociaccedilatildeo 2008 2009 2010

CooperadosAssociados ( ) ( ) ( ) FATURAMENTO (mil) ndash R$ ( ) ( ) ( ) Mercado interno () ( ) ( ) ( ) Mercado externo () ( ) ( ) ( ) DESTINO DOS PRODUTOS Paraiacuteba ( ) ( ) ( ) Outros estados do Nordeste ( ) ( ) ( ) Outras regiotildees ( ) ( ) ( ) Outros paiacuteses ( ) ( ) ( )

117

3 Niacutevel de escolaridade do responsaacutevel pelas informaccedilotildees Niacutevel escolaridade Fundamental ( ) Meacutedio ( ) superior incompleto ( ) Superior completo ( ) Poacutes-graduaccedilatildeo ( ) Teacutecnico ( ) Outros _______________

Funccedilatildeo do respondente na CooperativaAssociaccedilatildeo_____________________

ANAacuteLISE META

1 Os atores do arranjo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e

programas governamentais voltados para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

2 Vocecirc acredita que os atores locais estatildeo predispostos agrave cooperaccedilatildeo dado o

atual niacutevel de confianccedila entre os parceiros

3 Existe a praacutetica de troca de conhecimento entre os parceiros que permitam

elevar a competitividade do arranjo frente a outros concorrentes nacionais

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL META (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

2 O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

3

As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no setor atuando de maneira democraacutetica em defesa dos seus soacutecios

4 Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor privado

5

Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

118

ANAacuteLISE MACRO

1 A partir do ano de 2006 o Governo Federal passou a incentivar o tema

Arranjos Produtivos Locais (APL) por meio da incorporaccedilatildeo programas e

accedilotildees no acircmbito do Plano Plurianual 2004-2007 e a criaccedilatildeo do Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL) foi

sentido algum beneficio praacutetico a partir dessa medida

2 Como resolver o problema do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no

setor jaacute que o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina tecircm

associaccedilotildees e cooperativas legalmente constituiacutedas

3 O governo local tem direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do

APL

4 Quais instituiccedilotildees disponibilizam linha de financiamento para melhorar o

processo produtivo A que condiccedilotildees Existe acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos

5 O que vocecirc pode informar sobre fontes de financiamento para expansatildeo de

capacidade capital de giro e melhoria da produccedilatildeo

6 Quais satildeo os esforccedilos que vocecirc estaacute fazendo para consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento da Tangerina

7 Quais satildeo os projetos e planos futuros que vocecirc espera com a consolidaccedilatildeo

do APL

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo totalmente

2 Discordo parcialmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

119

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

2 A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor

3 A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos

4 O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

5 A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo

6 As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

ANAacuteLISE MESO

1 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual existe poliacutetica especifica

de apoio ao APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina como produto

genuinamente regional Quais

2 As accedilotildees satildeo realizadas de forma integrada com os governos Federal

Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo buscando

ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas accedilotildees com o

governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de accedilatildeo conjunta

3 A poliacutetica comercial brasileira favorece as exportaccedilotildees desse tipo de fruta

4 Existe poliacutetica de financiamento especializada que ajude no desenvolvimento

de produtos com tradiccedilatildeo local

5 Como o arranjo poderia obter recursos financeiros junto aos organismos e

bancos governamentais

6 Como tem sido a contribuiccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees de apoio ao arranjo

7 Existe desenvolvimento de accedilotildees junto a organizaccedilotildees natildeo governamentais

8 Eacute possiacutevel identificar as instituiccedilotildees parceiras do arranjo e quais outras

poderiam participar

120

9 Existem eou conhece leis ou instruccedilotildees normativas estabelecendo

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MESO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo de negoacutecios

2

O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos gestores governamentais

3 A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo

4 A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor

5 O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

6 As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

7 A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

8 A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

121

Indique como se apresenta a relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

PARCEIROSSTAKEHOLDERS OacuteTIMO BOM REGULAR RUIM SEM RELACcedilAtildeO

AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio

Instituiccedilotildees financeiras

Fornecedores e outras empresas do arranjo

Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades

Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

NIacuteVEL MICRO

1 A atividade produtiva utiliza a mesma espeacutecie de laranja entre os

plantadores de tangerina da regiatildeo ou buscam mateacuteria-prima (novas

espeacutecies) em outros Estados

122

2 O processo de cultivo da tangerina sofreu alteraccedilotildees bruscas ao longo de

sua existecircncia na regiatildeo Por quecirc

3 Quais satildeo os diferenciais competitivos da CooperativaAssociaccedilatildeo

(sazonalidade preccedilo qualidade prazos de entrega)

4 Quais municiacutepios que concentram o maior plantio de tangerina

5 Na plantaccedilatildeo como satildeo vistos questotildees como controle da qualidade versus

tradiccedilatildeo na forma de cultivar a tangerina

6 Existe deficiecircncia nos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica

Analisar os destinos interno e externo para a venda

7 Existe algum tipo de procedimento que busque a certificaccedilatildeo da tangerina

como orgacircnica

8 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

9 Aponte os principais problemas desse segmento i) ausecircncia de

padronizaccedilatildeo da tangerina ii) baixa capacidade produtiva entre as safras iii)

dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo iv) competiccedilatildeo com outras

variedades de tangerinas v) elevados custos de comercializaccedilatildeo

10 Quais os principais concorrentes

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

123

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1

A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

2 A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado

3 A COOPERTANGE (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente ao mercado

4 Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina

5 Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da tangerina

6 Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

7 Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

8 A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Com relaccedilatildeo agraves principais formas de cooperaccedilatildeo no APL responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

Formas de Cooperaccedilatildeo (1) (2) (3) (4) (5)

1 Compra de insumos e equipamentos

2 Venda de produtos

3 Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio

4 Capacitaccedilatildeo de recursos humanos

5 Obtenccedilatildeo de financiamento

6 Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees

7 Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

124

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo responda seguindo o criteacuterio de importacircncia

1-2 Menos importante

3 Meacutedia

4-5 Mais importante

Fonte de Informaccedilatildeo

Escala de Importacircncia

Menos importante

Meacutedia Mais

importante

Fontes internas (1) (2) (3) (4) (5)

1 Pesquisa e Desenvolvimento

2 Aacuterea de produccedilatildeo

3 Aacuterea de vendas e marketing

4 Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes externas (1) (2) (3) (4) (5)

5 Fornecedores de insumos

6 Clientes

7 Concorrentes

8 Outras empresas do setor

9 Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa (1) (2) (3) (4) (5)

10 Universidades

11 Institutos de pesquisas

12 Centro de capacitaccedilatildeo profissional

13 Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

14 Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes (1) (2) (3) (4) (5)

15 Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

16 Feiras especializadas

17 Associaccedilotildees e sindicatos

18 Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

125

Com relaccedilatildeo agrave estrateacutegia empresarial e praacuteticas gerenciais responda seguindo o seguinte criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Natildeo conhecemos

2 Conhecemos mas nunca utilizamos

3 Utilizamos algumas vezes

4 Utilizamos com frequecircncia

5 Utilizamos sempre

Praacuteticas Gerenciais (1) (2) (3) (4) (5)

1 Planejamento estrateacutegico

2 Pesquisa de mercado

3 Sistema de gestatildeo ambiental

4 Praacuteticas de Produccedilatildeo Limpa

5 Ajuste da capacidade produtiva

6 Planejamento e controle da produccedilatildeo

7 Gerenciamento de projetos

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

126

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Municiacutepio de Matinhas

127

Municiacutepio de Alagoa Nova

128

Municiacutepio de Satildeo Sebastiatildeo de

Lagoa de Roccedila

129

Municiacutepio de Lagoa Seca

130

Municiacutepio de Esperanccedila

131

Municiacutepio de Massaranduba

Page 5: Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Mestrado ... · 2019. 10. 25. · pelos produtores. Para realizar a análise, foi utilizado o modelo do

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer inicialmente a Deus por me dar sabedoria nas horas

difiacuteceis e me iluminar na conclusatildeo deste trabalho de pesquisa Ele tambeacutem foi o

responsaacutevel por me ajudar a escalar os degraus deste trabalho avanccedilando um a um

a cada dia mesmo que muitas vezes esses degraus parecessem interminaacuteveis

Em seguida gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Abraham

Benzaquen Sicsuacute por reconhecer a sua dedicaccedilatildeo e competecircncia no

acompanhamento deste trabalho Friso tambeacutem a importacircncia de sua orientaccedilatildeo

durante todas as etapas deste projeto que me fizeram pensar questionar e refletir

dentro de uma visatildeo holiacutestica sobre o tema de pesquisa escolhido

Ao meu coorientador Prof Dr Paulo Fernando M B Cavalcanti Filho por me

aceitar como sua orientanda e acreditar na minha proposta de trabalho A ele

tambeacutem quero agradecer as palavras de incentivo e as valiosas contribuiccedilotildees na

elaboraccedilatildeo deste documento

Ao Dr Edson Batista Lopes pesquisador da EMBRAPAEMEPA que

concedeu importantes informaccedilotildees sobre o setor da citricultura no Estado da

Paraiacuteba e me auxiliou no entendimento das caracteriacutesticas teacutecnicas sobre a

tangerina e sua importacircncia econocircmica para a regiatildeo

Agrave Cooperativa dos Profissionais em Atividades Gerais ndash COOPAGEL pelo

apoio e incentivo agrave realizaccedilatildeo deste mestrado

Ao meu esposo Marcus companheiro de todos os momentos que sempre me

incentivou e me apoiou nesta jornada A ele eu reconheccedilo meu amor e gratidatildeo

Agraves minhas filhas Camille e Caroline que souberam entender em diversos

momentos a minha ausecircncia e a minha falta de paciecircncia Com certeza todo esse

esforccedilo foi para o bem delas

Aos meus pais Carminha e Carloto (in-memoriam) que pela proximidade

estiveram sempre presentes no meu dia-a-dia e na minha convivecircncia sempre me

incentivando na conclusatildeo deste trabalho

Por fim agradeccedilo aos meus sogros Helena e Regis que apesar da distacircncia

me incentivaram nos incansaacuteveis telefonemas dominicais a continuar esta jornada

RESUMO

Os Arranjos Produtivos Locais - APLs tecircm se tornado uma alternativa para o

desenvolvimento regional cujo objetivo eacute a cooperaccedilatildeo integrada entre o Governo

Federal os Estados da Federaccedilatildeo e o setor produtivo com a finalidade de promover

o crescimento socioeconocircmico dos territoacuterios brasileiros Na Paraiacuteba o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina objeto de estudo desta dissertaccedilatildeo estaacute

localizado na Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano e tecircm como principal atividade

econocircmica a produccedilatildeo de citros sendo o seu carro chefe a tangerina O referido

arranjo eacute promotor da principal fonte de renda da regiatildeo possuindo em seu entorno

vaacuterias instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais que realizam accedilotildees em

prol do fortalecimento produtivo Este trabalho procura analisar as poliacuteticas puacuteblicas

que estatildeo sendo direcionadas para o setor pelas instituiccedilotildees e como satildeo percebidas

pelos produtores Para realizar a anaacutelise foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo

de Desenvolvimento ndash IAD que avalia os impactos das poliacuteticas aplicadas ao arranjo

dando ecircnfase aos aspectos sociais a accedilatildeo do Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade

como fatores determinantes para o aumento da competitividade sistecircmica do setor

Com a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo foi possiacutevel verificar que o apoio das instituiccedilotildees natildeo

eacute percebido pelos produtores como poliacutetica efetiva pois eacute executado sem um

planejamento de accedilotildees integradas e perioacutedicas Aleacutem disso verificou-se tambeacutem a

necessidade da integraccedilatildeo das instituiccedilotildees objetivando a concepccedilatildeo de uma poliacutetica

especiacutefica para o setor que venha estimular uma governanccedila proativa e indutora do

desenvolvimento socioeconocircmico na regiatildeo Ao termino deste trabalho satildeo

sugeridas algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de novas

poliacuteticas puacuteblicas e readequaccedilatildeo das jaacute existentes praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL

Palavras chave poliacuteticas puacuteblicas arranjo produtivo local desenvolvimento

sustentaacutevel citricultura Paraiacuteba

ABSTRACT

The Local Productive Arrangements ndash LPA have become an alternative to regional

development whose goal is the integrated cooperation among the Federal

Government the States of the Federation and the productive sector with the

purpose of promoting the socioeconomic growth of the Brazilian territories In

Paraiacuteba the LPA of Citrus - Tangerine Segment object of study of this dissertation

is located in the Agreste Paraibano Mesoregion and their main economic activity is

the citrus production and its flagship product is the tangerine The cited arrangement

is the promoter of the main source of income for the region having around it several

governmental and nongovernmental institutions that carry out actions in favor of

productive strengthening This article analyzes the public policies which are being

directed to the sector by financial institutions and how they are perceived by

producers To perform the analysis we used the model of the German Development

Institute - GDI that evaluates the impacts of policies applied to the arrangement

emphasizing the social aspects state action and the mobilization of society as

factors for increasing systemic competitiveness of the sector Using this method it

was possible to verify that the support of institutions is not perceived by producers as

effective policy because it runs without a plan of integrated periodic actions

Furthermore it was also verified the need for integration of the institutions aiming the

conception of a specific policy for the sector that comes to stimulate a proactive

governance and inducer of the socioeconomic development in the region At the end

of this study are suggested proposals that can help in formulating new public policies

and upgrading of existing ones operated by government institutions and NGOs

active in LPA

Key words public policy Local Productive Arrangements sustainable development

citros Paraiacuteba

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 14

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura -

Segmento da Tangerina 15

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 201043

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 47

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD 62

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina 16

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do

Nordeste 41

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

41

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo

para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo42

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro 79

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL 80

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo 81

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso 84

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros 85

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro 89

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta 91

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APL Arranjo Produtivo Local

ARTEZA Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos de Ribeira de Cabaceiras

Ltda

ASPIL Arranjo e Sistema Produtivo e Inovativo Local

ASPTA Assessoria Serviccedilos Projetos Agricultura Alternativa - Zona Rural

ATER Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

BIRD Banco Internacional para Reconstruccedilatildeo e Desenvolvimento

BNB Banco do Nordeste do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CAAPL Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais

CEASA Central de Abastecimento de Alimentos

CNPq Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento

COMPET Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores

Econocircmicos Tradicionais ndash SICTCTCNPq

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COOPERAR Projeto COOPERAR Paraiacuteba Brasil

COOPERTANGE Cooperativa dos Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda

CTCC Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado Albano Franco

DAP Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao PRONAF

EMATER Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba

EMEPA Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A

EMPASA Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviccedilos Agriacutecolas

ETENE Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste

EU Uniatildeo Europeia

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

FAEPA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FAPESQ Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do Estado da Paraiacuteba

FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste

FETAG Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FIEP Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

FUNCEP-PB Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da Pobreza do Estado da Paraiacuteba

FUNDECI Fundo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico

GTP APL Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INTERPA Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da Paraiacuteba

LABVEST Laboratoacuterio de Vestuaacuterio da Paraiacuteba

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal

MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDA Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MDS Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome

MEC Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

MGP Mestrado em Gestatildeo Puacuteblica

MPME Micro Pequena e Meacutedia Empresa

NE APLPB Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba

PAA Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos

PDP Plano de Desenvolvimento Preliminar

PNAE Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

RedeSist Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais

SAF Secretaria da Agricultura Familiar

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agraves Micros e Pequenas Empresas da Paraiacuteba

SECTMA Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente

SEDAP Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da

Pesca

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural

SEPLAG Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo

SETDE Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico

SICTCT Secretaria de Induacutestria Comeacutercio Turismo Ciecircncia e Tecnologia

STRM Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas

SUDEMA Superintendecircncia de Administraccedilatildeo do Meio Ambiente

TIC Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba

UFCG Universidade Federal de Campina Grande

UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

11 Justificativa 17

12 Problematizaccedilatildeo 18

13 Objetivos da Pesquisa 20

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo 20

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO 22

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel 22

22 Arranjo Produtivo Local 26

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs 31

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento Regional

Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs 37

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA

TANGERINA NA PARAIacuteBA 39

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 39

32 Estrutura Organizacional 46

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL 48

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo 49

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba 52

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA 59

41 Instrumento de Pesquisa 61

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da Pesquisa 62

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA 65

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

65

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia das poliacuteticas

puacuteblicas para o desenvolvimento do APL 77

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro 77

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso 82

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro 86

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta 90

53 Conclusatildeo da Anaacutelise 92

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 96

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 98

62 Trabalhos Futuros 102

REFEREcircNCIAS 104

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da

Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba 112

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees Cooperativas e

Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

116

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba 126

Mesorregiatildeo do Agreste

1 INTRODUCcedilAtildeO

Esta dissertaccedilatildeo tem como Aacuterea de Concentraccedilatildeo a Gestatildeo Puacuteblica para o

Desenvolvimento Regional e estaacute inserida na linha de pesquisa Capital Social

Desenvolvimento Sustentaacutevel e Conhecimento do Curso de Mestrado Profissional

em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste da Universidade Federal

de Pernambuco ndash UFPE

O desenvolvimento deste trabalho busca avaliar as poliacuteticas puacuteblicas1

existentes para o Arranjo Produtivo Local ndash APL2 da Citricultura da Paraiacuteba ndash

Segmento Tangerina e identificar as contribuiccedilotildees dessas poliacuteticas no

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo no periacuteodo de 2008 a 2011

A pesquisa realizada teve como foco a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

onde estaacute localizada a produccedilatildeo de tangerina do Estado Na Figura 1 satildeo

apresentados dados cartograacuteficos por sateacutelite da Mesorregiatildeo do Agreste o mapa

do Brasil com a localizaccedilatildeo do Estado da Paraiacuteba e o mapa da Paraiacuteba com a regiatildeo

onde estaacute inserido o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

1 As poliacuteticas puacuteblicas para o setor seratildeo apresentadas no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 23

2 O conceito de Arranjo Produtivo Local seraacute discutido no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 22

APL da Citricultura

15

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina abrange os municiacutepios de

Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila

Massaranduba e Matinhas (Figura 2) Essa regiatildeo possui uma aacuterea plantada de

1892 hectares (IBGE 2010b) o que a torna a maior produtora de tangerina do

Nordeste

O municiacutepio de Matinhas considerado sede do APL por ser o maior produtor

de tangerina da Paraiacuteba estaacute localizado a 143 km de Joatildeo Pessoa capital do

Estado e a 20 km de Campina Grande cidade polarizadora da regiatildeo

Geograficamente Matinhas tem uma aacuterea de 29 Kmsup2 com uma populaccedilatildeo de

4322 habitantes tendo 84 (3640 habitantes) na zona rural e 16 (682

habitantes) na zona urbana sendo considerado um municiacutepio tipicamente rural A

quase totalidade da populaccedilatildeo rural sobrevive economicamente do cultivo da

tangerina (IBGE 2010)

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura - Segmento da Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

Outro ponto importante a ser considerado na pesquisa eacute a anaacutelise do Iacutendice

de Desenvolvimento Humano ndash IDH elaborado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas

para o Desenvolvimento (PNUD 2011) Esta anaacutelise parte do pressuposto que para

aferir o avanccedilo de uma populaccedilatildeo natildeo se deve considerar apenas a dimensatildeo

econocircmica mas tambeacutem outras caracteriacutesticas sociais culturais e poliacuteticas que

16

influenciam a qualidade da vida humana Essas caracteriacutesticas satildeo essenciais para

que se possa avaliar o respectivo desenvolvimento sustentaacutevel da regiatildeo

O IDH tambeacutem conhecido como IDH Global eacute uma medida resumida do

progresso a longo prazo em trecircs dimensotildees baacutesicas do desenvolvimento humano

renda educaccedilatildeo e sauacutede (longevidade) O objetivo da criaccedilatildeo do IDH foi o de

oferecer um contraponto ao indicador do Produto Interno Bruto ndash PIB per capita que

considerava apenas a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento (PNUD 2011)

O IDH eacute um iacutendice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio das

Naccedilotildees Unidas3 e no Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal atraveacutes do

Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal ndash IDH-M Este iacutendice eacute um ajuste

metodoloacutegico ao IDH Global e foi publicado em 1998 e em 2003 (a partir dos dados

do Censo de 2000) Vale salientar que ainda natildeo foram publicados os iacutendices do

IDH-M dos municiacutepios pelos novos criteacuterios do PNUD4

No Quadro 1 satildeo apresentados os iacutendices IDH Global IDH-Renda IDH-

Longevidade e IDH-Educaccedilatildeo do Brasil e do Estado da Paraiacuteba (PNUD 2008) bem

como o IDH-M dos municiacutepios que constituem o APL da Citricultura - Segmento da

Tangerina (PNUD 2003) Segundo esses dados o IDH-M dos municiacutepios encontra-

se entre 0561 e 0622 todos abaixo dos iacutendices da Paraiacuteba e do Brasil

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IDH

Global IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Brasil (PNUD 2008) 0794 0713 0785 0883

Paraiacuteba (PNUD 2008) 0718 0638 0723 0793

Municiacutepios (PNUD 2003) IDH-M IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Matinhas 0576 0477 0606 0645

Esperanccedila 0632 0550 0660 0685

Alagoa Nova 0612 0510 0660 0666

Lagoa Seca 0612 0548 0600 0689

Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila 0622 0549 0631 0687

Massaranduba 0561 0499 0570 0613

Fonte PNUD (2003) e PNUD (2008)

3 httpwwwpnudorgbrODMaspx

4 Uma nova versatildeo com dados do Censo 2010 estaacute sendo produzida pelo PNUD e deveraacute ser lanccedilada no iniacutecio

de 2013

17

Verifica-se que embora a regiatildeo do APL esteja se desenvolvendo

economicamente a populaccedilatildeo natildeo possui uma seacuterie de condiccedilotildees que lhe

proporcionem bem-estar no que se refere aos niacuteveis educacional (reduccedilatildeo da

evasatildeo escolar) social (oportunidade de inclusatildeo social atraveacutes de trabalho e renda

e de serviccedilos de sauacutede) e cultural (direito agrave cidadania e lazer)

Um baixo iacutendice educacional por exemplo reflete diretamente na dificuldade

dos produtores rurais em serem capacitados e absorverem tecnologias que venham

agregar valor agrave produccedilatildeo de tangerina

Desta forma o APL da Citricultura necessita de poliacuteticas que venham

contribuir para a reduccedilatildeo do analfabetismo organizaccedilatildeo produtiva transferecircncia de

tecnologia absorccedilatildeo de tecnologias para os seus plantios modernizaccedilatildeo gerencial

de suas organizaccedilotildees associativas e conscientizaccedilatildeo dos produtores para o trabalho

de forma organizada e cooperativa

O trabalho de pesquisa realizado visou identificar os problemas existentes no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e analisar como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo direcionadas para a resoluccedilatildeo desses gargalos

11 Justificativa

A relevacircncia desta dissertaccedilatildeo foi estudar e documentar as poliacuteticas puacuteblicas

geradas pelos governos federal estadual e municipal em prol da sustentabilidade

socioeconocircmica do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Para este estudo foi relevante tambeacutem a anaacutelise do cenaacuterio atual e da

situaccedilatildeo produtiva e organizacional do APL avaliando os impactos socioeconocircmicos

gerados por esse segmento no Estado

A validaccedilatildeo deste trabalho visa identificar gargalos existentes na transferecircncia

de poliacuteticas puacuteblicas para o segmento bem como a necessidade de adequar tais

poliacuteticas para dar sustentabilidade agrave referida atividade econocircmica

As consideraccedilotildees e sugestotildees geradas neste documento poderatildeo contribuir

para a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas que possibilitem a integraccedilatildeo dos diversos

18

atores e a consolidaccedilatildeo do arranjo produtivo local como um instrumento de

desenvolvimento proativo para a regiatildeo e indutor de novos negoacutecios

Portanto esta dissertaccedilatildeo tem como finalidade pesquisar e avaliar as

contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas que estatildeo sendo aplicadas em um APL de baixa

renda cujas atividades produtivas e inovativas satildeo provenientes de populaccedilotildees que

desenvolvem atividades de agricultura familiar no Estado da Paraiacuteba bem como

propor medidas mais adequadas para implementaccedilatildeo de tais poliacuteticas que possam

fomentar a estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de um aglomerado produtivo sustentaacutevel

12 Problematizaccedilatildeo

A citricultura na Paraiacuteba vem sendo explorada desde meados da deacutecada de

60 quando surgiram os primeiros plantios de citros no municiacutepio de Matinhas A

partir de 1969 iniciou-se a utilizaccedilatildeo de mudas enxertadas onde o limatildeo galego foi

escolhido como porta enxerto para as principais variedades cultivadas no municiacutepio

Dados de 1996 constatam que a tangerina dancy jaacute era a laranja predominante com

mais de 85 da aacuterea plantada naquele municiacutepio Posteriormente a tangerina dancy

se alastrou pelos municiacutepios vizinhos (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

Nos uacuteltimos cinco anos conforme observado na pesquisa realizada diversas

instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que atuam na regiatildeo vecircm buscando o

desenvolvimento planejado dessa atividade com o objetivo de consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Este APL enfrenta o desafio de se desenvolver e buscar niacuteveis de qualidade

de vida para os produtores rurais similares ao de outros APLs economicamente

avanccedilados

Todavia esse desenvolvimento deve incluir necessariamente uma

infraestrutura que permita aos produtores de tangerina produzir frutos de qualidade e

comercializar seu produto de forma competitiva A qualidade da tangerina eacute um fator

determinante no processo de agregaccedilatildeo de valor para seu escoamento no mercado

O meacutetodo de produccedilatildeo de tangerina utilizado na regiatildeo faz com que o

produtor tenha uma perda anual consideraacutevel Segundo Lopes Albuquerque e

Moura (2006) no municiacutepio de Matinhas por exemplo 20 da produccedilatildeo de

19

tangerina se perdem no campo devido ao fruto ter tamanho inadequado e natildeo ter

preccedilo de mercado

Aleacutem disso outras perdas satildeo identificadas devido a utilizaccedilatildeo de mudas

inadequadas plantio e espaccedilamento incorretos adubaccedilotildees quiacutemica e orgacircnicas

deficientes manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequados tratos culturais deficientes

(podas incorretas impedimento na formaccedilatildeo da planta e raleamento de frutos)

problemas fitossanitaacuterios diversos colheita e comercializaccedilatildeo inadequada

transporte da produccedilatildeo assistecircncia teacutecnica pesquisas e financiamento agriacutecola

deficientes e cooperativismo e agroinduacutestria inexistentes (LOPESALBUQUERQUE

MOURA 2006)

Na tentativa de resolver tais gargalos os gestores puacuteblicos na maioria das

vezes buscam decisotildees imediatistas que soacute resolvem os problemas em curto prazo

e como consequecircncia os problemas natildeo satildeo sanados a exemplo do combate da

mosca negra com agrotoacutexicos como medida emergencial

Por outro lado observa-se que a partir de 2008 algumas estrateacutegias e accedilotildees

governamentais foram adotadas pelo setor puacuteblico tais como distribuiccedilatildeo de mudas

certificadas contrataccedilatildeo de um especialista em citricultura para orientar os

produtores aumento de pesquisas para combate agrave mosca negra e realizaccedilatildeo de

reuniotildees seminaacuterios e visitas teacutecnicas visando incentivar a melhoria da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo da tangerina As accedilotildees acima realizadas tiveram como objetivo

desenvolver o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e resgatar o dinamismo

das atividades agriacutecolas geradoras de trabalho e renda na zona rural

No entanto apesar das diversas poliacuteticas concebidas pelos governos o

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo ainda eacute baixo5 Desta forma questiona-

se por que esse APL ainda natildeo estaacute consolidado e estruturado e quais as

dificuldades na implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas para o setor

Sendo assim supotildee-se que exista uma deficiecircncia das poliacuteticas puacuteblicas

existentes e faz-se necessaacuterio avaliar como elas estatildeo sendo direcionadas para o

referido APL de modo a se questionar Como essas poliacuteticas podem constituir um

condicionante de desenvolvimento socioeconocircmico para o APL da Citricultura ndash

5 Conforme anaacutelise do IDH dos municiacutepios pertencentes ao APL (ver Quadro 1 do Capiacutetulo 1)

20

Segmento Tangerina na Paraiacuteba Quais as dificuldades que impedem a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas Como essas poliacuteticas poderiam ser adaptadas

para atuarem mais eficientemente

13 Objetivos da Pesquisa

Analisar a estrutura do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na

Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

Pesquisar e identificar poliacuteticas puacuteblicas de fomento para APLs de baixa renda

Avaliar a contribuiccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura nos

municiacutepios que compotildeem o arranjo e principalmente em Matinhas cidade

acircncora do referido APL

Propor medidas orientadoras para reduccedilatildeo das falhas oriundas do processo de

implementaccedilatildeo de poliacuteticas junto ao setor e que possam contribuir para a

consolidaccedilatildeo de um APL competitivo

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo

Esta dissertaccedilatildeo eacute composta por seis capiacutetulos

Este capiacutetulo Capiacutetulo 1 ndash Introduccedilatildeo descreve os objetivos do trabalho

sua justificativa e a identificaccedilatildeo do problema

O Capiacutetulo 2 ndash Referencial Teoacuterico eacute constituiacutedo da fundamentaccedilatildeo teoacuterica

atraveacutes da discussatildeo sobre as teorias e conceitos de desenvolvimento sustentaacutevel

arranjo produtivo local e poliacuteticas puacuteblicas para o APL

No Capiacutetulo 3 ndash Caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina na Paraiacuteba eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura na

Paraiacuteba e as poliacuteticas puacuteblicas existentes para esse APL

No Capiacutetulo 4 ndash Metodologia Aplicada na Pesquisa satildeo demonstrados os

procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa a escolha da amostra e a descriccedilatildeo

do instrumento de coleta de dados primaacuterio e secundaacuterio

21

No Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise das Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL da Citricultura

satildeo discutidos os resultados da pesquisa de campo realizada com as instituiccedilotildees

que apoiam o APL as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores rurais e

analisada a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao setor

O Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais e Recomendaccedilotildees apresenta as

consideraccedilotildees finais da pesquisa com o objetivo de propor adequaccedilotildees para as

poliacuteticas puacuteblicas analisadas

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

A revisatildeo da literatura que seraacute descrita se fez necessaacuteria para um melhor

entendimento do trabalho de dissertaccedilatildeo proposto Neste capiacutetulo seratildeo

apresentados os conceitos de desenvolvimento regional sustentaacutevel

responsaacuteveis pelo crescimento eficiente das atividades econocircmicas sociais e

territoriais a caracterizaccedilatildeo de um arranjo produtivo local descrevendo sua

estrutura organizacional e a integraccedilatildeo entre o setor produtivo e os diversos atores

que compotildeem o APL e a importacircncia das poliacuteticas puacuteblicas como indutoras de

accedilotildees que tecircm por finalidade impulsionar o setor produtivo e consolidar um APL

como um instrumento dinamizador do desenvolvimento socioeconocircmico de uma

regiatildeo

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel

O desenvolvimento regional sustentaacutevel eacute um fator preponderante para o

desenvolvimento de um territoacuterio O processo de crescimento econocircmico equilibrado

de uma regiatildeo em funccedilatildeo de sua territorialidade tem como princiacutepio a

desconcentraccedilatildeo e a potencializaccedilatildeo das comunidades locais e regionais

Neste sentido o processo de desenvolvimento de uma regiatildeo dependeraacute

necessariamente da sua capacidade de organizaccedilatildeo social associado ao aumento

da autonomia regional para a tomada de decisotildees ao crescimento da capacidade

para reter e reinvestir o excedente econocircmico gerado pelo processo de

desenvolvimento sub-regional a um crescente processo de induccedilatildeo social e a um

processo permanente de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do ecossistema regional

(VERGOLINO DIAS MAGALHAtildeES GALVAtildeO 2008)

Segundo Boisier (1992) a capacidade de organizaccedilatildeo social de uma dada

regiatildeo eacute considerada um fator endoacutegeno capaz de transformar o crescimento em

desenvolvimento mediante a constituiccedilatildeo de uma rede de instituiccedilotildees e agentes

apoiados pela cultura local e por um projeto poliacutetico regional

23

O desenvolvimento de uma determinada regiatildeo implica na necessidade de

autonomia decisoacuteria de captaccedilatildeo e reinversatildeo do excedente econocircmico de inclusatildeo

social de consciecircncia e accedilatildeo ambientalista de sincronia intersetorial e territorial e

de percepccedilatildeo coletiva de pertencer agrave regiatildeo

Para que haja a concretizaccedilatildeo desse desenvolvimento a proposta de

dinamizaccedilatildeo tambeacutem deveraacute estar respaldada na diversificaccedilatildeo da base produtiva

na verticalizaccedilatildeo da atividade econocircmica na agregaccedilatildeo de valor ao produto local

na geraccedilatildeo de emprego e renda na criaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo de associaccedilotildees

cooperativas de produtores e na participaccedilatildeo dos atores locais

Para que tal iniciativa tenha ecircxito torna-se necessaacuterio a elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que visem a melhoria do niacutevel de educaccedilatildeo e

capacitaccedilatildeo profissional da populaccedilatildeo envolvida e da infraestrutura econocircmica e

social das aacutereas beneficiadas (VERGOLINO et al 2008)

Esforccedilos empreendidos nos uacuteltimos anos estatildeo baseados na ideia de que a

conquista da sustentabilidade passa pela implementaccedilatildeo de processos de

desenvolvimento orientados por princiacutepios de cooperaccedilatildeo entre indiviacuteduos

A interdependecircncia de tais processos ocorre em um sistema complexo que

adota como padratildeo organizativo de uma rede autopoieacutetica6 que tende a se

manifestar nas coletividades humanas que busca fortalecer uma atividade

econocircmica mediante uma cooperaccedilatildeo muacutetua

Para tanto se faz necessaacuteria a formaccedilatildeo da consciecircncia sobre as relaccedilotildees

muacuteltiplas desse sistema e como os indiviacuteduos devem participar de forma

cooperativa Esta relaccedilatildeo cooperativa se manifesta atraveacutes da formaccedilatildeo de

associaccedilotildees que estabelecem ligaccedilotildees e lhes concedem empoderamentos para

buscar parcerias que possam ajudar na estruturaccedilatildeo de suas organizaccedilotildees

A partir da conscientizaccedilatildeo cada integrante dessa associaccedilatildeo passa a

conhecer as possibilidades e as necessidades de cada membro da organizaccedilatildeo

Nas localidades onde ocorrem processos de desenvolvimento baseados em

parcerias entre muacuteltiplos atores produtivos governamentais empresariais e sociais

6 A teoria autopoieacutetica tem como ideia baacutesica um sistema organizado autossuficiente Este sistema produz e

recicla seus proacuteprios componentes diferenciando-se do meio exterior

24

pode-se dizer metaforicamente que existe parceria e que estas coevoluem

estabelecendo entre si relaccedilotildees em que todos ganham nesta rede

Desta forma o sistema seraacute sustentaacutevel agrave medida que sua flexibilidade e sua

diversidade estatildeo estreitamente ligadas com esta nova estrutura denominada de

rede sistecircmica Com essa conectividade o desenvolvimento sustentaacutevel local flui de

forma integrada e passa a ser uma estrateacutegia que facilita a conquista da

sustentabilidade social econocircmica cultural e ambiental de um territoacuterio ou regiatildeo

Segundo Buarque (1999) desenvolvimento sustentaacutevel eacute ldquoo processo de

mudanccedila social e elevaccedilatildeo das oportunidades da sociedade compatibilizando no

tempo e no espaccedilo o crescimento e a eficiecircncia econocircmica a conservaccedilatildeo

ambiental a qualidade de vida e a equidade social partindo de um claro

compromisso com o futuro e a solidariedade entre geraccedilotildeesrdquo

Nesta oacutetica o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um processo que gera a

melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos com base no fortalecimento

econocircmico e competitivo em consonacircncia com os recursos naturais e ambientais

Por outro lado o desenvolvimento de uma sociedade natildeo deve ser

confundido com crescimento econocircmico que eacute apenas uma condiccedilatildeo necessaacuteria

poreacutem natildeo eacute suficiente Este desenvolvimento estaacute diretamente ligado agrave reduccedilatildeo da

desigualdade social (SACHS 2005)

Neste sentido noccedilotildees como as de capital social e de territorialidade tambeacutem

satildeo fatores importantes para compreensatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel e da

reduccedilatildeo das desigualdades sociais A importacircncia da reflexatildeo sobre esse tema

contribui para melhor entendimento dos processos de inovaccedilatildeo e de accedilotildees indutoras

do desenvolvimento local

A territorialidade neste contexto reflete a vivecircncia dos atores de uma

determinada regiatildeo em toda a sua abrangecircncia e em suas muacuteltiplas dimensotildees ndash

cultural poliacutetica econocircmica e social O capital social expressa a valorizaccedilatildeo de

recursos inseridos nas estruturas sociais (conhecimento taacutecito por exemplo) que

natildeo satildeo contabilizados por outras formas de capital (ALBAGLI MACIEL 2004)

Sendo assim o conhecimento taacutecito o processo de aprendizado a

sedimentaccedilatildeo do conhecimento e respectivo desenvolvimento de um grupo social

25

em um espaccedilo geograacutefico passa forccedilosamente pela dinacircmica inovativa local

particularmente no que tange agrave produccedilatildeo e ao compartilhamento de informaccedilotildees e

conhecimento para os atores de um determinado territoacuterio em que se desenvolve

uma atividade econocircmica

Segundo Franco (2000) o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um modo de

promover o desenvolvimento que leva em conta o papel de todos os fatores que

envolvem coletividade sociedade niacutevel educacional da populaccedilatildeo

empreendedorismo geraccedilatildeo de emprego e renda fatores econocircmicos e sociais e

governos para tornar dinacircmicas as potencialidades que podem ser identificadas

quando olhamos para uma unidade socioterritorial delimitada

Entretanto segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) o crescimento econocircmico

eficiente a equidade social e a manutenccedilatildeo do meio ambiente ldquo natildeo satildeo

assegurados pela simples disponibilidade de bens e serviccedilos haacute que se incorporar a

participaccedilatildeo e integraccedilatildeo ativa do cidadatildeo no jogo poliacutetico e social para que os

objetivos acima sejam alcanccedilaacuteveisrdquo

Contudo se faz necessaacuterio repensar a dimensatildeo poliacutetica pois o

desenvolvimento sustentaacutevel ainda enfrenta problemas para sua efetividade tendo

em vista que ainda natildeo exista um consenso para a soluccedilatildeo das tensotildees entre os

objetivos de eficiecircncia equidade e conservaccedilatildeo Esses problemas devem ser

tratados pelos gestores puacuteblicos a partir de uma metodologia de planejamento que

trate essas dificuldades com metas a meacutedio e longo prazo Desta forma novas

iniciativas de competitividade e desenvolvimento sustentaacutevel poderatildeo ser exequiacuteveis

em regiotildees economicamente carentes de accedilotildees governamentais

Ainda segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) ldquo o planejamento nessa

concepccedilatildeo propicia a construccedilatildeo de hegemonias atraveacutes das estrateacutegias

prioridades e instrumentos de accedilatildeo onde se abre a possibilidade para a participaccedilatildeo

mais efetiva da sociedade e incorpora-se um maior leque de atores sociaisrdquo

Neste contexto a importacircncia estrateacutegica dos Arranjos Produtivos Locais no

desenvolvimento regional sustentaacutevel vem ganhando forccedila devido a concepccedilatildeo de

organizaccedilatildeo de empresas que desenvolvem suas atividades econocircmicas em um

mesmo espaccedilo geograacutefico Essa forma de organizaccedilatildeo aumenta a participaccedilatildeo dos

diversos atores atuantes no arranjo e propicia a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

26

que venham consolidar o desenvolvimento social econocircmico e ambiental de um

territoacuterio

22 Arranjo Produtivo Local

O economista Alfred Marshall no fim do seacuteculo XIX elaborou o conceito de

distritos industriais em sua obra Princiacutepio de Economia (Marshall 1996) Este

conceito apresenta como padratildeo de organizaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de pequenas

empresas de mesma especialidade econocircmica aglomeradas em um mesmo

territoacuterio com relaccedilotildees articuladas e de proximidade Marshall jaacute ressaltava as

vantagens da vizinhanccedila de empresas do mesmo ramo em uma dada localidade

Esta proximidade permite que os atores pratiquem uma cooperaccedilatildeo ativa e

produtora de sinergia (LE BOURLEGAT 2006)

As vaacuterias estrateacutegias de consolidaccedilatildeo de sistema produtivo local a exemplo

dos distritos industriais italianos tambeacutem chamada de Terceira Itaacutelia (centro e

nordeste italiano) satildeo as que mais se aproximam do conceito de Marshall onde

uma aglomeraccedilatildeo de pequenas empresas eacute organizada por uma divisatildeo de trabalho

baseada no equiliacutebrio entre concorrecircncia e cooperaccedilatildeo funcionando em rede Essa

estrateacutegia impulsiona inovaccedilotildees contiacutenuas e especializa a produccedilatildeo de produtos de

alta qualidade (AMARAL FILHO et al 2002)

Segundo Casarotto Filho e Pires (2001) os distritos industriais italianos satildeo

constituiacutedos de pequenas e meacutedias empresas especializadas em um setor com

modelo altamente competitivo de grande interaccedilatildeo com compartilhamento das

estruturas produtivas e com ambiente social territorial

Para Castanhar (2006) os distritos industriais possuem relaccedilotildees sociais

poliacuteticas e econocircmicas que influenciam o interior do sistema produtivo Neste caso o

sucesso dos distritos depende da dimensatildeo econocircmica (organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

tecnologia mercados produtividade) e das dimensotildees social e poliacutetico-institucional

A partir de 1990 o economista Michael Porter em seu livro Competitive

Advantages of Nations (PORTER 1999) definiu o conceito de cluster como ldquoum

agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e

instituiccedilotildees correlatas numa determinada aacuterea vinculada por elementos comuns e

27

complementaresrdquo ou seja eacute uma concentraccedilatildeo de empresas que se comunicam por

possuiacuterem caracteriacutesticas semelhantes e coabitarem no mesmo local Elas

colaboram entre si e assim se tornam mais eficientes

Segundo Schmitz e Nadvi (1999) o termo cluster eacute definido como sendo uma

concentraccedilatildeo setorial e espacial de empreendimentos com ecircnfase na visatildeo de

empresas conectadas em fatores locais voltados para a competiccedilatildeo em mercados

globalizados

Para Galvatildeo (2000) um cluster pode ser considerado como ldquotodo tipo de

aglomeraccedilatildeo de atividades geograficamente concentradas e setorialmente

especializadas ndash natildeo importando o tamanho das unidades produtivas nem a

natureza da atividade econocircmica desenvolvida podendo ser da induacutestria de

transformaccedilatildeo do setor de serviccedilos e ateacute da agriculturardquo

Amato Neto (2008) afirma que um cluster pode ser estruturado por

aglomeraccedilotildees de empresas envolvendo fornecedores de mateacuteria-prima e

equipamentos canais de distribuiccedilatildeo e de assistecircncia aos seus produtos

Ainda para Amato Neto (2008) um cluster possui um ambiente favoraacutevel para

a divisatildeo de tarefas entre empresas bem como para a especializaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

requisitos indispensaacuteveis para a competiccedilatildeo em mercados externos Neste

ambiente as empresas pertencentes a um cluster possuem grande sinergia

Segundo Porter (1999 p239) a dimensatildeo da competitividade para

aglomerados produtivos sugere novas pautas de accedilotildees para as empresas governos

e instituiccedilotildees Para o autor eacute necessaacuterio dar ecircnfase agrave localizaccedilatildeo e aos espaccedilos

geograacuteficos em que estatildeo inseridas as empresas que aleacutem de competirem

cooperam entre si Esse conceito analisa a natureza da competiccedilatildeo e o papel da

localizaccedilatildeo na identificaccedilatildeo de vantagens competitivas A teoria sobre aglomerados

para o autor busca avaliar os efeitos na competitividade decorrentes da

aproximaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees que estatildeo economicamente interligadas

num determinado territoacuterio

No Brasil pesquisadores preocupados em compreender a natureza e

consequecircncias dos atuais desafios do desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico e

portanto da dificuldade de definir e implementar poliacuteticas adequadas aos mesmos

28

criaram em 1997 a RedeSist7 uma rede de pesquisa interdisciplinar e multi-

institucional sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro - UFRJ contando com a participaccedilatildeo de vaacuterias universidades e institutos de

pesquisa

De acordo com o conceito de sistemas e arranjos produtivos desenvolvido

pela RedeSist quando houver produccedilatildeo de bens ou serviccedilo existiraacute um arranjo que

envolve atividades e atores demandantes de mateacuteria-prima maacutequinas e insumos

Esses arranjos poderatildeo se apresentar em diferentes niacuteveis desde os mais

rudimentares que natildeo possuam uma forte articulaccedilatildeo entre os agentes ateacute os mais

complexos e articulados que apresentam interaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e confianccedila entre os

atores

Em 2002 Albagli e Brito definem Arranjo Produtivo Local ndash APL como

ldquoaglomerados territoriais de agentes econocircmicos poliacuteticos e sociais com foco em

um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas e que apresentam viacutenculos e

interdependecircnciardquo

Neste sentido a formaccedilatildeo de um APL manteacutem ligaccedilatildeo estreita com os fatores

histoacutericos que criam identidades e viacutenculos territoriais com base social cultural

poliacutetica e econocircmica comum Tal formaccedilatildeo cria facilidades para o desenvolvimento

de ambientes favoraacuteveis agrave cooperaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo e agrave confianccedila entre os agentes

locais envolvidos

Lastres e Cassiolato (2003) coordenadores da RedeSist acrescentam

Arranjos Produtivos Locais satildeo aglomeraccedilotildees territoriais de agentes econocircmicos

poliacuteticos e sociais - com foco em um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas -

que apresentam viacutenculos mesmo que incipientes Geralmente envolvem a

participaccedilatildeo e a interaccedilatildeo de empresas - que podem ser desde produtoras de bens

e serviccedilos finais ateacute fornecedoras de insumos e equipamentos prestadoras de

consultoria e serviccedilos comercializadoras clientes entre outros - e suas variadas

formas de representaccedilatildeo e associaccedilatildeo Incluem tambeacutem diversas outras instituiccedilotildees

puacuteblicas e privadas voltadas para formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

(como escolas teacutecnicas e universidades) pesquisa desenvolvimento e engenharia

poliacutetica promoccedilatildeo e financiamento

7 Redisist - httpwwwredesistieufrjbr

29

Em 2005 sentindo a necessidade de ampliar e adequar o conceito de APL

para um novo cenaacuterio econocircmico e social do paiacutes a RedeSist propocircs uma definiccedilatildeo

mais completa O novo conceito denominado Arranjo e Sistema Produtivo e

Inovativo Local ndash ASPIL tem como foco um conjunto especiacutefico de atores e

atividades econocircmicas e que privilegia a investigaccedilatildeo das articulaccedilotildees entre as

empresas associaccedilotildees cooperativas e demais atores que compotildeem o arranjo os

fluxos de conhecimento em particular o taacutecito os processos de aprendizado para

capacitaccedilatildeo produtiva a forma organizacional e inovativa aleacutem da importacircncia da

proximidade geograacutefica e identidade histoacuterica institucional social e cultural com

base em vantagens competitivas e economicamente sustentadas (LASTRES

CASSIOLATO CAMPOS 2006)

A abrangecircncia do conceito acima converge para uma visatildeo de agrupamento

de produtores ou empresas ao conceito de territorialidade tendo como resultado a

construccedilatildeo sociopoliacutetica necessaacuteria para se constituir as bases para um efetivo

pacto territorial em prol do desenvolvimento local de uma regiatildeo Essa conexatildeo

permite que atividades produtivas e territorialidade seja o principal lastro de

sustentabilidade de um APL

Com o objetivo de discutir a dimensatildeo conceitual do que realmente eacute um APL

e quais as vantagens que os agentes participantes desta conformaccedilatildeo

sociogeograacutefica de produccedilatildeo logram Costa (2007 p127) define o termo APL como

Um espaccedilo social econocircmico e historicamente construiacutedo atraveacutes de uma

aglomeraccedilatildeo de empresas (ou produtores) similares eou fortemente inter-

relacionadas ou interdependentes que interagem numa escala espacial local

definida e limitada atraveacutes de fluxos de bens e serviccedilos Para isto desenvolvem

suas atividades de forma articulada por uma loacutegica socioeconocircmica comum que

aproveita as economias externas o binocircmio cooperaccedilatildeo-competiccedilatildeo a identidade

sociocultural do local a confianccedila muacutetua entre os agentes do aglomerado as

organizaccedilotildees ativas de apoio para a prestaccedilatildeo de serviccedilos os fatores locais

favoraacuteveis (recursos naturais recursos humanos cultura sistemas cognitivos

logiacutestica infraestrutura etc) o capital social e a capacidade de governanccedila da

comunidade

Neste caso um APL pode ser entendido como um grupo de atores

pertencentes a um aglomerado produtivo que tecircm como finalidade o crescimento de

uma produccedilatildeo por meio da interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo O autor destaca que o termo

30

APL se refere agrave concentraccedilatildeo de quaisquer atividades similares atuantes em um

mesmo espaccedilo geograacutefico natildeo importando o tamanho das empesas podendo estas

pertencer ao setor primaacuterio secundaacuterio ou ateacute mesmo terciaacuterio variando desde

estruturas artesanais ateacute arranjos de grandes empresas com elevado grau de

tecnologia

A partir dessas definiccedilotildees o entendimento e aplicaccedilatildeo do conceito de APL se

tornou nos uacuteltimos anos uma ferramenta importante no desenvolvimento

socioeconocircmico de uma regiatildeo Entretanto se faz necessaacuterio o compartilhamento e

socializaccedilatildeo desse conceito entre os diversos atores que compotildeem um

agrupamento produtivo sobretudo em territoacuterios que desenvolvem atividades

econocircmicas agriacutecolas e artesanais que ainda possuem baixos iacutendices de

desenvolvimento socioeconocircmico de organizaccedilatildeo produtiva e de inclusatildeo social

Para obtenccedilatildeo desse nivelamento estrateacutegias educacionais com abordagens

especiacuteficas tais como conhecimentos e inovaccedilatildeo se fazem necessaacuterios para que o

conceito de APL seja compreendido por todos os atores e parceiros Essa

compreensatildeo requer a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos instituiccedilotildees de ensino

pesquisa e do setor privado como forma de sensibilizar o agrupamento produtivo

para a importacircncia de um APL e as vantagens que esse aglomerado poderaacute trazer

para um territoacuterio ou mesmo uma regiatildeo

Com essa visatildeo o conhecimento e a inovaccedilatildeo fontes de vantagens

competitivas resultam de um processo de aprendizado interativo e de natureza

social Uma condiccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do aprendizado por

interaccedilatildeo eacute o estabelecimento de uma mesma forma de comunicaccedilatildeo entre os

agentes de modo a facilitar o intercacircmbio de informaccedilotildees Nos APLs normalmente

o canal de comunicaccedilatildeo jaacute estaacute criado o que simplifica o fluxo e a difusatildeo de

informaccedilotildees e conhecimento Em consequecircncia poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a

estruturaccedilatildeo de APLs podem contribuir para a obtenccedilatildeo de vantagens competitivas

advindas dos processos de interaccedilatildeo por parte das empresas inseridas nos arranjos

Neste caso as condiccedilotildees institucionais e culturais permitem o intercacircmbio de

conhecimento sobretudo o conhecimento taacutecito fundamental para o processo

inovativo que traz consigo o conhecimento intriacutenseco dos atores que jaacute participam

de uma aglomeraccedilatildeo produtiva

31

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs

Nesta seccedilatildeo seraacute discutido o conceito de poliacuteticas puacuteblicas e quais as

poliacuteticas existentes voltadas para Arranjos Produtivos Locais no acircmbito federal

estadual e municipal

Poliacuteticas puacuteblicas satildeo accedilotildees governamentais assumidas pelos governos e

instituiccedilotildees puacuteblicas estatais com o objetivo de concretizar os direitos humanos

coletivos ou direitos sociais garantidos em lei Natildeo se pode falar em poliacutetica puacuteblica

dissociada da relaccedilatildeo entre estado e sociedade

As poliacuteticas compreendem tudo o que o Estado faz em prol do

desenvolvimento do paiacutes Nessa compreensatildeo essas poliacuteticas podem oportunizar a

melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo redistribuindo renda e reduzindo as

desigualdades sociais

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo explicitadas sistematizadas ou formuladas em

documentos (leis programas linhas de financiamentos) que orientam accedilotildees que

normalmente envolvem aplicaccedilotildees de recursos puacuteblicos

Tais poliacuteticas tambeacutem traduzem no seu processo de elaboraccedilatildeo e

implantaccedilatildeo e sobretudo em seus resultados formas de exerciacutecio do poder poliacutetico

e econocircmico (accedilotildees governamentais) envolvendo a distribuiccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de

poder o papel do conflito social nos processos de decisatildeo a reparticcedilatildeo de custos e

benefiacutecios socioeconocircmicos

Como o poder eacute uma relaccedilatildeo social que envolve vaacuterios atores com projetos e

interesses diferenciados e ateacute contraditoacuterios haacute necessidade de mediaccedilotildees sociais

e institucionais para que se possa obter um miacutenimo de consenso e assim as

poliacuteticas puacuteblicas possam ser legitimadas e obter eficaacutecia (TEIXEIRA 2002)

O estudo e a anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas que deram subsiacutedios a este

trabalho mostram que algumas regiotildees brasileiras tecircm alcanccedilado destaque no

cenaacuterio nacional cujas atividades econocircmicas e sociais satildeo voltadas para o

desenvolvimento de APLs Esses arranjos vecircm se consolidando a cada dia onde

poliacuteticas satildeo implementadas e executadas de forma adequada agraves necessidades de

cada territoacuterio

32

Ressalta-se que para a obtenccedilatildeo de resultados positivos com a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas satildeo necessaacuterias estrateacutegias de acompanhamento e

de afericcedilatildeo dos resultados alcanccedilados levando-se em consideraccedilatildeo programas que

sejam intensos em conhecimento regional cultural social e que proporcionem

sustentabilidade ambiental

Uma percepccedilatildeo mais holiacutestica do soerguimento de uma regiatildeo recai sobre a

visatildeo da participaccedilatildeo da sociedade na formulaccedilatildeo de poliacuteticas que contemplem a

reduccedilatildeo da desigualdade social e a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e renda principalmente

em aacutereas rurais

Sendo assim na concepccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica vaacuterios fatores devem ser

considerados o desenvolvimento regional como parte essencial da estrateacutegia do

desenvolvimento nacional as vocaccedilotildees econocircmicas existentes em cada regiatildeo a

formulaccedilatildeo de programas que permitam associar as diferentes dimensotildees do

desenvolvimento sustentaacutevel a implantaccedilatildeo de projetos estruturantes e a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas agraves necessidades das comunidades e agraves

condiccedilotildees das diferentes regiotildees e territoacuterios brasileiros

Dentro desta visatildeo a poliacutetica para APL desponta como um indutor de

desenvolvimento econocircmico social e cultural sobretudo em regiotildees produtivas

ainda consideradas de baixa renda

Buscando efetivar accedilotildees que permitam aos estados brasileiros a se

desenvolverem economicamente e com equidade social o Governo Federal tem

monitorado as accedilotildees dos programas governamentais colocados em seu Plano

Plurianual ndash PPA buscando averiguar o desenvolvimento e atuaccedilatildeo desses

programas

Este acompanhamento eacute realizado por oacutergatildeos federais e tem como finalidade

verificar a eficiecircncia dos programas e obter dados que comprovem o

desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes sobretudo das regiotildees mais carentes A

implementaccedilatildeo desses programas tem como prioridades a inclusatildeo social de

indiviacuteduos a geraccedilatildeo de emprego e renda a ampliaccedilatildeo de novos empreendimentos

em aacutereas produtivas a fixaccedilatildeo das populaccedilotildees rurais em aacutereas com potencial

econocircmico e cultural para ampliaccedilatildeo de agronegoacutecios o espraiamento da agricultura

familiar e a estruturaccedilatildeo de APLs economicamente viaacuteveis

33

Neste sentido o governo brasileiro tambeacutem tem despertado para a grande

problemaacutetica do desemprego e para o crescente nuacutemero de habitantes nas

metroacutepoles Como alternativa os oacutergatildeos governamentais entenderam que os APLs

podem ser uma estrateacutegia para valorizaccedilatildeo do local empregando pessoas da

comunidade evitando assim o ecircxodo para os grandes centros urbanos

Uma das estrateacutegias que o Governo Federal encontrou para alavancar os

APLs foi a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que apoiem e ajudem no desenvolvimento

dessas aglomeraccedilotildees de empresas e de organizaccedilotildees produtivas Essas poliacuteticas de

incentivos aos arranjos produtivos locais no paiacutes tecircm se tornado consistentes jaacute

sendo possiacutevel visualizar resultados satisfatoacuterios com sua implementaccedilatildeo

(BARROSO SOARES 2009)

Aleacutem do mais as poliacuteticas de desenvolvimento local principalmente aquelas

direcionadas para APLs tecircm gerado respostas positivas aos desafios impostos por

um novo padratildeo social e tecnoloacutegico de produccedilatildeo e pelas novas estrateacutegias de

desenvolvimento regional endoacutegeno

Sendo assim em uma economia que tem como um dos principais elementos

de competitividade a inovaccedilatildeo poliacuteticas que estimulem a cooperaccedilatildeo o aprendizado

e o intercacircmbio de conhecimento tornam-se significativas para que o processo

inovativo produza soluccedilotildees agraves necessidades impostas por esse novo padratildeo vigente

dentro dos arranjos produtivos (GOacuteES GUERRA 2008)

Eacute de relevacircncia ainda frisar que estas accedilotildees de poliacuteticas tanto puacuteblicas como

privadas contribuem para o aprimoramento desses processos inovativos tanto

histoacutericos como sociais e fomentam a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de APLs que

por sua vez permitem um melhor direcionamento das poliacuteticas de desenvolvimento

regional (ALBAGLI BRITO 2002)

Essas iniciativas governamentais segundo Brito e Cassiolato (2002) vecircm se

intensificando cada vez mais no uso de accedilotildees que visam o aumento das

articulaccedilotildees e interaccedilotildees entre empresas eou atores locais O desdobramento

desse processo contribui para a identificaccedilatildeo de fatores relacionados ao grau de

competitividade e perspectivas de desenvolvimento em escala local e regional

Historicamente o estudo das aglomeraccedilotildees produtivas na forma de APLs

ganhou relevacircncia na uacuteltima deacutecada no Brasil a partir de experiecircncias bem-

34

sucedidas de organizaccedilatildeo produtivaindustrial em diferentes paiacuteses em particular na

Itaacutelia Estas experiecircncias chamaram a atenccedilatildeo de diversos oacutergatildeos puacuteblicos e

instituiccedilotildees nacionais e locais que passaram a implementar medidas de apoio para

promover a competitividade das empresas integrantes de aglomeraccedilotildees industriais

(SCHIMIDT FILHO PAULA 2008)

No Brasil a partir de 1997 o conceito de APL e Sistemas Inovativos Locais foi

rapidamente disseminado na esfera do ensino e da pesquisa e na esfera

governamental com a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

No final da deacutecada de 90 a academia passa a discutir a importacircncia do

conceito de APL e incorpora o desejo e a necessidade de promover uma discussatildeo

mais profunda sobre as novas ameaccedilas e oportunidades para os paiacuteses latino-

americanos ndash e particularmente o Brasil ndash diante das mudanccedilas recentes

Com o objetivo de ampliar e divulgar estudos sobre o referido tema em 1997

foi criada a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais ndash

RedeSist sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro

Os pesquisadores participantes dessa rede visam desenvolver trabalhos de

pesquisa e discutir temas que estatildeo relacionados aos novos requerimentos e formas

de desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico bem como averiguar o papel os

objetivos e os instrumentos de poliacuteticas tecnoloacutegicas e industriais adotadas no novo

cenaacuterio internacional Atualmente a RedeSist conta com a participaccedilatildeo de vaacuterias

universidades e institutos de pesquisa no Brasil aleacutem de manter parcerias com

outras instituiccedilotildees da Ameacuterica Latina Europa e Aacutesia (RedeSist 2011)

Os principais resultados das pesquisas realizadas pela RedeSist confirmam

que a aglomeraccedilatildeo de empresas e o aproveitamento das sinergias coletivas geradas

por suas interaccedilotildees vecircm fortalecendo suas chances de sobrevivecircncia e crescimento

constituindo-se em importante fonte geradora de vantagens competitivas

duradouras

A participaccedilatildeo dinacircmica em arranjos produtivos locais tem auxiliado

especialmente as empresas enquadradas como Micro Pequena e Meacutedia Empresa -

MPME a ultrapassarem as barreiras que impedem seu crescimento a produzirem

35

eficientemente e a comercializarem seus produtos em mercados nacionais e ateacute

internacionais

Partindo da necessidade de modernizaccedilatildeo do Estado e de investimentos no

setor produtivo do paiacutes o Governo Federal buscou efetivar poliacuteticas para que os

oacutergatildeos puacuteblicos tivessem maior controle nos seus gastos e que o Brasil investisse

em programas e projetos estruturantes

A ideia dessas poliacuteticas era natildeo mais financiar projetos isolados e sim investir

em projetos coletivos que pudessem beneficiar territoacuterios socioeconocircmicos para as

regiotildees com vocaccedilotildees naturais jaacute identificadas e promotoras de atividades

econocircmicas sustentaacuteveis

Em 1998 o Governo institui o Programa de Estabilidade Fiscal e em 2000 a

Lei de Responsabilidade Fiscal ndash LRF (Lei Complementar 101 de 04 de maio de

2000 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 05052000) Esta lei regulamentava o

planejamento fiscal como forma de orientar os gastos futuros

Em 1999 visando a Reforma do Estado o Governo promulgou a lei 981199

que definia as diretrizes para elaboraccedilatildeo da lei orccedilamentaacuteria de 2000 e em 21 de

julho de 2000 publicou a LEI Nordm 9989 que instituiu o Plano Plurianual ndash PPA para o

quadriecircnio 2000-2003 (Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 27072000) Esse PPA teve como

objetivo elaborar normas para a programaccedilatildeo dos recursos e do ciclo de gestatildeo do

setor puacuteblico definindo as estrateacutegias para a elaboraccedilatildeo do plano e do orccedilamento

bem como o acompanhamento da execuccedilatildeo orccedilamentaacuteria financeira e a avaliaccedilatildeo

do desempenho da accedilatildeo governamental

A incorporaccedilatildeo do conceito de APL como poliacutetica puacuteblica pelo Governo

Federal teve iniacutecio em 1999 no acircmbito do Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia ndash

MCT Em parceria com os Estados da Federaccedilatildeo foram identificados APLs que

tiveram projetos de cooperaccedilatildeo entre institutos de pesquisa e empresas visando

aprimorar produtos e processos oriundos desses aglomerados Foi tambeacutem incluiacuteda

pela primeira vez uma accedilatildeo para APLs no Plano Plurianual do Governo (PPA 2000-

2003) de responsabilidade do MCT (LASTRES 2007)

Neste periacuteodo tambeacutem foram apoiadas pesquisas acadecircmicas tanto de cunho

teoacuterico como empiacuterico financiadas pelas agecircncias vinculadas ao MCT Conselho

36

Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash CNPq e a Financiadora de

Estudos e Projetos ndash FINEP

Reconhecendo a importacircncia dos APLs que refletem uma nova percepccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento em que o local passa a ser visto como eixo

orientador de promoccedilatildeo social o Governo Federal instituiu atraveacutes da Portaria

Interministerial nordm 200 de 03082004 (e reeditada em 24102005) o Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais ndash GTP APL coordenado pelo

Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

O GTP APL tem como finalidade elaborar e propor diretrizes gerais para as

accedilotildees coordenadas de apoio a Arranjos Produtivos Locais Este grupo elaborou em

2004 um Termo de Referecircncia para Poliacutetica Nacional de Apoio ao Desenvolvimento

de Arranjos Produtivos Locais - Versatildeo para discussatildeo do GT Interministerial (MDIC

2004) definindo a caracterizaccedilatildeo de um APL a partir de duas premissas ter um

nuacutemero significativo de empreendimentos no territoacuterio e de indiviacuteduos que atuam em

torno de uma atividade produtiva predominante e compartilhar formas percebidas de

cooperaccedilatildeo e algum mecanismo de governanccedila8 podendo ser incluiacutedas pequenas

meacutedias e grandes empresas

Para solidificar esta poliacutetica o trabalho do GTP APL conta com a participaccedilatildeo

de 33 oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais e tem mapeado 142 APLs

prioritaacuterios (de maior relevacircncia socioeconocircmica) identificados atraveacutes do Plano de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP nos 27 estados brasileiros Outra accedilatildeo

importante orientada pelo GTP APL em todo o Brasil foi a instalaccedilatildeo dos Nuacutecleos

Estaduais que tecircm como objetivo organizar as demandas dos APLs analisar suas

propostas e promover as articulaccedilotildees institucionais com vistas ao apoio demandado

Os Nuacutecleos Estaduais satildeo compostos por entidades dos diversos segmentos da

sociedade capazes de planejar e executar accedilotildees identificadas na elaboraccedilatildeo dos

PDPs (GTP-APL 2007)

A partir de 2007 com o intuito de fomentar projetos produtivos de APLs de

baixa renda e ampliar o alcance de sua atuaccedilatildeo o BNDES utilizando recursos natildeo

8 Mecanismo de governanccedila ndash Existecircncia de canais (pessoas fiacutesicas ou organizaccedilotildees) capazes de Liderar e organizar atores em prol de objetivos comuns nas atividades em APL ou coordenar as accedilotildees dos diferentes atores para o cumprimento de objetivos comuns ou negociar os processos decisoacuterios locais ou promover processos de geraccedilatildeo disseminaccedilatildeo e uso de conhecimentos (MDIC 2004)

37

reembolsaacuteveis do Fundo Social firma parceria com os governos dos Estados

(LASTRES LEMOS KAPLAN GARCEZ MAGALHAtildeES 2010) Esta parceria

objetivava complementar o apoio financeiro concedido pelos Estados a

empreendimentos solidaacuterios de baixa renda contribuindo dessa forma para a

reduccedilatildeo de desigualdades sociais e geraccedilatildeo de trabalho e renda A poliacutetica adotada

tinha como finalidade desenvolver e adensar atividades econocircmicas em aacutereas de

populaccedilotildees de baixa renda cujas caracteriacutesticas produtivas estivessem naturalmente

sendo desenvolvidas como aglomerados produtivos

Outra agecircncia de fomento agrave pesquisa e desenvolvimento de APLs eacute o Fundo

de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash FUNDECI administrado pelo

Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste ndash ETENE do Banco do

Nordeste do Brasil SA ndash BNB Essa agecircncia tem apoiado projetos de pesquisa

difusatildeo e transferecircncia de tecnologia para arranjos produtivos locais no Nordeste

brasileiro9

Tendo em vista que diversas instituiccedilotildees estatildeo aplicando poliacuteticas puacuteblicas

para o desenvolvimento socioeconocircmico voltado para APLs faz-se necessaacuterio

analisar quais as contribuiccedilotildees que tais poliacuteticas tem proporcionado para a

estruturaccedilatildeo de Arranjos Produtivos Locais na Paraiacuteba e quais os entraves

encontrados na sua implementaccedilatildeo

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento

Regional Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs

O conceito de sustentabilidade parte da necessidade de estimular e

potencializar os recursos locais capazes de promover o crescimento econocircmico

social e cultural e de minimizar os impactos ambientais

Haddad (2003) afirma que este conceito natildeo se prende somente a

produtividade dos recursos naturais e de conservaccedilatildeo da base fiacutesica de uma regiatildeo

ou paiacutes mas frisa a importacircncia da equidade interpessoal (sustentabilidade social) e

9 httpwwwbnbgovbrcontentaplicacaosobre_nordestefundecigeradosfundeci_obtendoasp

38

intertemporal (sustentabilidade ambiental) considerando uma regiatildeo que natildeo sofra

com o uso indevido dos recursos naturais por empreendimentos econocircmicos

A importacircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel eacute priorizada

segundo as dimensotildees sociais considerando o processo de organizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo e a participaccedilatildeo da sociedade civil na formataccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

para as regiotildees Este desenvolvimento enfatiza tambeacutem a valorizaccedilatildeo dos recursos

econocircmicos humanos institucionais e culturais

Esse padratildeo de desenvolvimento avalia as capacidades e potencialidades

existentes no territoacuterio Novas poliacuteticas devem proporcionar o fortalecimento de um

ambiente adequado e satisfatoacuterio agrave criaccedilatildeo e implantaccedilatildeo de sistemas produtivos

locais bem como ampliar as relaccedilotildees sociais econocircmicas tecnoloacutegicas e

comerciais entre os diversos atores participantes do processo de desenvolvimento

Partindo desta ideia o conceito de APL pode ser fortalecido se a este for

associada a visatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel enfocando o aprendizado jaacute

adquirido pelos atores a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica capaz de melhorar os sistemas

produtivos e a territorialidade

A estrateacutegia de analisar o APL da Citricultura sob a oacutetica do desenvolvimento

sustentaacutevel teve como objetivo entender o territoacuterio estudado e averiguar o

desenvolvimento socioeconocircmico do APL sua trajetoacuteria e seu crescimento regional

Sendo assim tal anaacutelise permitiu ampliar os conhecimentos sobre a sinergia

coletiva gerada no arranjo e propor accedilotildees para que empresas associaccedilotildees e

cooperativa existentes no aglomerado produtivo sejam indutoras de vantagens

competitivas duradouras

No proacuteximo capiacutetulo eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina da Paraiacuteba bem como suas potencialidades problemas

identificados e as instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo promotoras de poliacuteticas puacuteblicas

para o segmento

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA TANGERINA NA PARAIacuteBA

A partir dos diagnoacutesticos elaborados pela EMEPA (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2006 e LOPES ALBUQUERQUE BRITO 2008) eacute possiacutevel caracterizar o

Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba pois

mesmo natildeo estando consolidado este segmento apresenta um conjunto de

variaacuteveis e accedilotildees de trabalho relacionados a um APL Este aglomerado produtivo

possui produtores participantes de associaccedilotildees nos municiacutepios de produccedilatildeo de

tangerina distribuidores comercializadores (atravessadores) mercado consumidor

demandante organizaccedilotildees voltadas agrave formaccedilatildeo e treinamento de recursos

humanos informaccedilatildeo pesquisa e desenvolvimento instituiccedilotildees de apoio ao fomento

e a regulaccedilatildeo e uma clara percepccedilatildeo de cooperaccedilatildeo e governanccedila atraveacutes da

existecircncia de uma cooperativa

Nesta seccedilatildeo seraacute apresentado o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

como ele estaacute estruturado e quais os problemas que impedem a sua consolidaccedilatildeo

como um arranjo produtivo local sustentaacutevel

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

O Brasil eacute o maior produtor mundial de laranja cuja produccedilatildeo foi

aproximadamente 191 milhotildees de toneladas em 2010 seguido dos Estados Unidos

da Ameacuterica - EUA com 75 milhotildees O Brasil tambeacutem eacute o maior exportador de suco

de laranja concentrado tendo exportado no ano de 2009 aproximadamente 575 mil

toneladas (FAO 2012) Os principais mercados consumidores de suco satildeo a Uniatildeo

Europeia comprando 72 e os Estados Unidos 121 (MDIC 2012)

A cultura ciacutetrica eacute a mais importante dentre as fruteiras cultivadas no Brasil

No entanto a produccedilatildeo brasileira estaacute concentrada em laranjas (cultivares Pera Rio

Valecircncia e Pera Natal) para a fabricaccedilatildeo de suco destinado aos mercados de

exportaccedilatildeo (PEREIRA 2009)

40

O grande propulsor do crescimento da induacutestria ciacutetrica nacional foi a geada

que atingiu em 1962 os pomares da Floacuterida nos Estados Unidos considerados ateacute

entatildeo os maiores produtores mundiais de laranja (NEVES 2010)

A consolidaccedilatildeo da induacutestria brasileira ocorreu definitivamente apoacutes as geadas

que voltaram a castigar a Floacuterida no final da deacutecada de 1980 causando perdas

substanciais na produccedilatildeo americana de laranja Com isso as exportaccedilotildees de suco

brasileiro se firmaram e a induacutestria nacional entrou numa fase de franca expansatildeo

(NEVES 2010)

A citricultura no Brasil desenvolveu-se dessa forma para a oferta de suco ao

mercado internacional Apenas 18 da produccedilatildeo satildeo destinados ao mercado

interno e nesse percentual os citros de mesa aparecem com baixa

representatividade (MAPA 2009)

A produccedilatildeo de citros encontra-se distribuiacuteda em quase todo o territoacuterio

nacional localizando-se principalmente nos estados de Satildeo Paulo Bahia Minas

Gerais Sergipe e Paranaacute (IBGE 2012)

Na regiatildeo Sudeste satildeo produzidos 8414 dos citros ao contraacuterio da regiatildeo

Nordeste responsaacutevel por apenas 912 da produccedilatildeo (MAPA 2009)

A regiatildeo Nordeste possui alguns polos de produccedilatildeo de citros de mesa

todavia natildeo satildeo suficientes para atender a demanda dos mercados de consumo ou

seja a produccedilatildeo de laranjas tangerinas limas aacutecidas e limotildees eacute menor que a

demandada pelo mercado consumidor (MAPA 2009)

Os estados da Bahia e de Sergipe destacam-se como os principais

produtores de citros (principalmente laranja) Entretanto a Paraiacuteba assume o

ranking de maior produtor de tangerina dentre os nove estados nordestinos (Quadro

2)

41

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do Nordeste

Estados Nordestinos produtores

Aacuterea plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Nordeste 3815 41267 10817 17216

Maranhatildeo 23 68 2957 46

Piauiacute 22 182 8273 148

Cearaacute 333 2207 6628 1162

Rio Grande do Norte 20 240 12000 72

Paraiacuteba 1892 14436 7630 4999

Pernambuco 333 3366 10108 2663

Sergipe 431 6586 15281 2314

Bahia 761 14182 18636 5813

Fonte IBGE (2010b)

A produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba (IBGE 2010b) concentra-se no Planalto da

Borborema (Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano) com aproximadamente 3150 ha

cultivados sendo 1892 ha de tangerinas 867 ha de laranjas e 391 ha de lima aacutecida

Tahiti tambeacutem conhecida entre os consumidores brasileiros como limatildeo Tahiti

No Quadro 3 eacute apresentado um comparativo da produccedilatildeo de citros (laranja

tangerina e limatildeo) da Paraiacuteba entre os anos de 2008 e 2010 Verifica-se que houve

um pequeno aumento na aacuterea plantada (44) e na quantidade produzida (33) de

tangerina

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

Produto Ano Aacuterea

plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Tangerina 2008 1812 13974 7711 4261

2010 1892 14404 7630 4999

Laranja 2008 1007 5527 5489 1874

2010 862 5314 6164 1910

Limatildeo 2008 304 2212 7276 1515

2010 391 2527 6462 1602

Fonte IBGE (2008) e IBGE (2010b)

42

A regiatildeo possui um importante diferencial competitivo devido a sua safra

ocorrer nos meses de agosto a dezembro sendo a Paraiacuteba o uacutenico estado brasileiro

a produzir tangerina dancy nesse periacuteodo Essa produccedilatildeo gera forte impacto de

venda pois os valores de comeacutercio estatildeo em franca ascensatildeo Observa-se no

Quadro 3 que o valor pago pela produccedilatildeo aumentou em 17 de 2008 para 2010

Este diferencial competitivo eacute evidenciado por Pozzan e Triboni (2005) onde

afirmam que a oferta de tangerina no paiacutes acumula-se nos meses de abril a

setembro (Quadro 4) ficando os outros meses com uma oferta abaixo da

capacidade dos mercados Nesses meses os preccedilos de comercializaccedilatildeo atingem

patamares bastante compensadores devido agrave baixa oferta de produtos de qualidade

no mercado

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo

Cultura Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Laranja

Tangerina

Lima e lima aacutecida

Manga

Goiaba

Cana

Cafeacute

Soja

Natildeo irrigada hachurado escuro = colheita da safra principal hachurado claro = colheita da safra extemporacircnea

Fonte Pozzan amp Triboni (2005)

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina da Paraiacuteba eacute composto pelos

municiacutepios de Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de

Roccedila Massaranduba e Matinhas pertencentes agrave Mesorregiatildeo do Agreste

Paraibano Nesta regiatildeo concentra-se a maior produccedilatildeo desse fruto de mesa no

Estado Segundo o IBGE (2010b) a produccedilatildeo de tangerina na regiatildeo foi 14404

toneladas em 2010 Na Figura 3 eacute apresentada a produccedilatildeo colhida em 2010 em

cada municiacutepio pertencente ao APL

43

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 2010

Fonte Adaptado do IBGE (2010b)

A plantaccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba estaacute localizada numa altitude acima de

500m o que favorece a existecircncia de um microclima ameno com irregularidades

pluviomeacutetricas ocorrendo em meacutedia de 1000 a 1200 mmano distribuiacutedas de

marccedilo a agosto A partir do mecircs de setembro as chuvas satildeo esparsas ocorrendo

um periacuteodo de veranico A umidade relativa do ar eacute em meacutedia de 85 nos meses

mais frios do ano (maio a agosto) e a temperatura noturna varia de 10 a 18ordmC

Durante o dia a temperatura varia de 20 a 25ordmC nos meses mais frios e acima de

25ordmC no periacuteodo de veratildeo O clima exerce grande influecircncia sobre o vigor e a

longevidade das plantas qualidade e quantidade de frutos (LOPES

ALBUQUERQUE MOURA 2007)

A maioria dos produtores utilizam basicamente matildeo-de-obra familiar e

ocasionalmente contratam trabalhadores durante principalmente o periacuteodo de

colheita Satildeo aproximadamente dois mil pequenos produtores envolvidos com suas

respectivas famiacutelias O setor gera aproximadamente 4000 empregos diretos e 6000

empregos indiretos Os trabalhadores contratados satildeo da regiatildeo e natildeo haacute muitos

empregos formais A citricultura assume uma grande importacircncia para a regiatildeo e

para o Estado devido ao nuacutemero de pessoas envolvidas e agrave geraccedilatildeo de emprego e

renda (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

A citricultura da regiatildeo apresenta-se como tipicamente de minifuacutendio e

familiar com meacutedia de 223 haproprietaacuterio e 83 com um a trecircs membros da famiacutelia

envolvidos na atividade Quanto agrave experiecircncia com o cultivo da laranja 68 dos

44

citricultores vivenciam a atividade haacute mais de dez anos (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2007)

Contudo este segmento ainda possui diversos problemas que impedem o

pleno ecircxito da cultura de tangerina no APL O principal problema eacute a baixa

produtividade com rendimento meacutedio de 7630 kgha muito abaixo da produtividade

de Sergipe e Bahia com 15281 kgha e 18636 kgha respectivamente (Quadro 2)

Aleacutem disso analisando a produccedilatildeo de tangerina nos anos 2008 e 2010

(Quadro 3) verifica-se que houve um crescimento relativamente pequeno

considerando a existecircncia de diversas accedilotildees realizadas por instituiccedilotildees parceiras

atuantes no arranjo em prol do desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo10 Nota-

se inclusive que o rendimento meacutedio caiu 105 nesse periacuteodo

Segundo Lopes Albuquerque e Moura (2006) alguns dos problemas teacutecnicos

identificados como responsaacuteveis por essa baixa produtividade satildeo ausecircncia de

mudas de qualidade (mudas certificadas) espaccedilamentos inadequados adubaccedilatildeo

deficiente manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequado tratos culturais deficientes

problemas fitossanitaacuterios alternacircncia de produccedilatildeo colheita e poacutes-colheita

inadequadas (embalagens improacuteprias) e comercializaccedilatildeo deficitaacuteria

Outros problemas verificados pelo MAPA (2009) foram setor de fornecimento

de insumos eacute precaacuterio e insuficiente estradas vicinais e municipais natildeo satildeo

asfaltadas ainda natildeo haacute empacotadoras de frutas nem nenhuma estrutura para o

beneficiamento eou industrializaccedilatildeo natildeo haacute estruturas para a produccedilatildeo de

borbulhas sementes e mudas certificadas ausecircncia de um local especiacutefico para

armazenagem de insumos (calcaacuterio adubos e defensivos agriacutecolas) natildeo haacute

sistemas de irrigaccedilatildeo implantados as sedes das associaccedilotildees satildeo precaacuterias e muitas

vezes as reuniotildees satildeo realizadas em oacutergatildeos puacuteblicos o que pode desestimular a

participaccedilatildeo efetiva dos associados

Visando observar in loco os problemas identificados acima foram realizadas

visitas teacutecnicas na regiatildeo durante o ano de 2011 para entrevistar os representantes

das associaccedilotildees e da cooperativa dos municiacutepios pertencentes ao APL Essas

10

Na seccedilatildeo 33 seratildeo apresentadas as instituiccedilotildees parceiras atuantes no arranjo e o apoio dessas entidades ao

APL

45

visitas tiveram como objetivo observar a forma como os produtores realizam o

plantio dos pomares de tangerina e a organizaccedilatildeo produtiva existente em cada

municiacutepio Constatou-se que os plantios satildeo realizados sem criteacuterios teacutecnicos

(espaccedilamentos incorretos) e plantados muitas vezes de morro abaixo ocasionando

risco de erosatildeo do solo nos periacuteodos chuvosos

Foi identificada tambeacutem a existecircncia de baixos investimentos em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica bem como a falta de investimentos em sistemas irrigados ou unidades

demonstrativas que elevassem a produtividade do plantio da tangerina no APL

Percebeu-se ainda que os produtores natildeo investem na modernizaccedilatildeo dos

seus plantios pois para eles natildeo existe um esclarecimento sobre a importacircncia de

uma expansatildeo da produccedilatildeo visando o desenvolvimento do agronegoacutecio na regiatildeo

Aleacutem disso verificou-se que a venda da produccedilatildeo sazonal eacute realizada

diretamente entre produtores e atravessadores Estes uacuteltimos compram os frutos nos

pomares ou seja adquirem o lote de tangerina ainda na tangerineira Os

atravessadores ficam responsaacuteveis pela colheita retirando apenas as tangerinas

que tecircm aceitabilidade no mercado e deixando as de tamanho inadequado nos

pomares

Contudo na visita a cidade de Matinhas foi identificada a existecircncia de uma

cooperativa localizada naquele municiacutepio fundada em 1996 por um grupo de

citricultores com o objetivo de obter melhores condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo de

citros produzidos na regiatildeo De acordo com a atual presidente a Cooperativa dos

Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda ndash Coopertange passou por diversos

problemas de gestatildeo o que a impediu de cumprir com suas obrigaccedilotildees junto aos

seus cooperados ateacute 2009

A partir de 2010 a Coopertange sofreu uma reestruturaccedilatildeo e uma nova

diretoria foi eleita Esta diretoria passou a buscar parceiros e projetos que pudessem

ampliar os negoacutecios com a produccedilatildeo de laranja Nesse ano foi elaborado um projeto

para adquirir uma packing house destinada agrave lavagem classificaccedilatildeo e embalagem

de frutos Tal inovaccedilatildeo que ainda se encontra em fase de implantaccedilatildeo (construccedilatildeo

do galpatildeo e aquisiccedilatildeo do equipamento) abriraacute a possibilidade de conquistar novos

mercados e realizar negociaccedilotildees diretas com clientes sem passar por

atravessadores

46

Apesar da referida cooperativa natildeo estar atuando plenamente como empresa

acircncora a mesma tem desenvolvido accedilotildees buscando atingir seus objetivos junto ao

APL Tais accedilotildees foram aprovaccedilatildeo da DAP (Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf) para a

cooperativa o que facilita a venda de forma coletiva da produccedilatildeo de citros

proveniente da agricultura familiar parceria com a UFPB para realizaccedilatildeo de cursos

de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de viveiristas e produccedilatildeo de mudas padronizadas e

certificadas cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos e a formataccedilatildeo do modelo

administrativo da Coopertange a EMEPA (pesquisa para combate da mosca negra)

COOPERAR (projeto de uma faacutebrica para produccedilatildeo de polpa de tangerina) e BNB

(apoio a participaccedilatildeo de feiras e seminaacuterios) Estas accedilotildees visam consolidar a

Coopertange como a principal representante do APL

32 Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional delineada para o trabalho de dissertaccedilatildeo apresenta

os niacuteveis de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina

O APL eacute composto por oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais

empresas associaccedilotildees de produtores rurais e uma cooperativa As relaccedilotildees entre

esses oacutergatildeos determinam uma estrutura organizacional que define a dinacircmica do

arranjo

Na Figura 4 eacute apresentada essa estrutura organizacional com os niacuteveis de

atuaccedilatildeo e de envolvimento de cada instituiccedilatildeo A Coopertange eacute responsaacutevel pelo

diaacutelogo entre os produtores e as instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

Esta cooperativa tambeacutem eacute responsaacutevel pelo fomento agrave comercializaccedilatildeo e

inclusatildeo social dos seus cooperados Atualmente a referida cooperativa apesar de

contar com apenas 40 cooperados produtores e liacutederes das associaccedilotildees que

pertencem ao APL vem se estruturando para assumir a governanccedila do arranjo

No primeiro ciacuterculo (Figura 4) satildeo apresentados os municiacutepios que compotildeem

o arranjo caracterizados pela distacircncia entre eles e a Coopertange de no maacuteximo 35

quilocircmetros e por terem como principal atividade a produccedilatildeo de tangerina dancy Em

cada municiacutepio existe uma associaccedilatildeo de produtores rurais responsaacutevel pelas

47

reivindicaccedilotildees dos seus associados e atua como interlocutora junto agrave empresa

acircncora e agraves instituiccedilotildees parceiras

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

No segundo ciacuterculo pode-se visualizar a infraestrutura para o

desenvolvimento do arranjo composta por instituiccedilotildees de apoio teacutecnico fomento e

inovaccedilatildeo Dentre os apoios mais relevantes encontram-se extensatildeo rural

(EMATER) pesquisa e transferecircncia de tecnologia (UFPB UFCG EMBRAPA

UEPB e EMEPA) serviccedilo de apoio agrave capacitaccedilatildeo teacutecnica e tecnoloacutegica (UFPB

Escola Teacutecnica Agriacutecola de Lagoa Seca e SENAR) fomento e creacutedito rural (BB BNB

e Caixa Econocircmica Federal) oacutergatildeos governamentais responsaacuteveis pelas poliacuteticas

puacuteblicas (Governo do Estado Prefeituras Municipais MAPA MDA e CONAB)

organizaccedilotildees sindicais (FAEPA Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Associaccedilotildees

dos Produtores Rurais) serviccedilo de apoio agrave estruturaccedilatildeo de micro e pequenas

empresas (SEBRAE) e Foacuterum de Fruticultura da Borborema Este uacuteltimo tem uma

atuaccedilatildeo importante na organizaccedilatildeo do APL pois busca arregimentar todos os

parceiros visando trazer soluccedilotildees para o soerguimento do setor

48

No terceiro ciacuterculo estatildeo representados os empreendimentos de suporte ao

segmento (implementos agriacutecolas e fornecedores de insumo) logiacutestica (transporte

armazenamento e entrega) manutenccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (empresas

especializadas em metal-mecacircnica existente no distrito industrial de Campina

Grande) venda de veiacuteculos utilitaacuterios escritoacuterio de design (criaccedilatildeo de embalagens

roacutetulos e programaccedilatildeo visual para as empresas) e faacutebricas de embalagens

(localizadas em Campina Grande) Na regiatildeo encontra-se tambeacutem matildeo-de-obra

qualificada (agrocircnomos e especialistas em fruticultura) para atender as demandas

especiacuteficas do segmento da citricultura

A estrutura organizacional formatada tem como finalidade mapear os

principais parceiros envolvidos no arranjo e apresentar uma forma estruturada de

visualizaccedilatildeo dos atores com potencial para atender agraves demandas objetivando a

melhoria da produtividade da tangerina o aumento da competitividade do setor e a

organizaccedilatildeo dos produtores para buscar novos nichos de mercado

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL

Nesta seccedilatildeo seratildeo descritas algumas poliacuteticas puacuteblicas identificadas para o

arranjo oriundas de programas governamentais e entidades parceiras natildeo

governamentais que vecircm atuando no desenvolvimento socioeconocircmico do territoacuterio

em que se insere o APL

Para melhor compreensatildeo dessas poliacuteticas faz-se necessaacuterio conhecer as

instituiccedilotildees que atuam no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina e seu objetivos visando entender o apoio dessas entidades ao APL

estudado Tais objetivos satildeo descritos na seccedilatildeo 331

Em seguida na seccedilatildeo 332 eacute apresentado um histoacuterico das poliacuteticas puacuteblicas

implementadas para APLs na Paraiacuteba e que vecircm contribuindo para a consolidaccedilatildeo

do APL

49

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo

De acordo com os dados coletados durante a pesquisa documental e em

visitas teacutecnicas foram identificadas as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais mais atuantes no arranjo sendo elas MAPA SEDAP EMEPA

EMATER PMM UFPB SEBRAE e STRM

O Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA eacute

responsaacutevel pela gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de estiacutemulo agrave agropecuaacuteria pelo

fomento do agronegoacutecio e pela regulaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo de serviccedilos vinculados ao

setor O MAPA busca integrar sob sua gestatildeo os aspectos mercadoloacutegico

tecnoloacutegico cientiacutefico ambiental e organizacional do setor produtivo e tambeacutem dos

setores de abastecimento armazenagem e transporte de safras aleacutem da gestatildeo da

poliacutetica econocircmica e financeira para o agronegoacutecio

O MAPA tem como missatildeo promover o desenvolvimento sustentaacutevel e a

competitividade do agronegoacutecio em benefiacutecio da sociedade brasileira (MAPA 2012)

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca

ndash SEDAP eacute um oacutergatildeo da administraccedilatildeo direta do Governo do Estado da Paraiacuteba e

tem como finalidade formular implementar coordenar e monitorar as poliacuteticas

puacuteblicas voltadas ao desenvolvimento sustentaacutevel da agricultura e da pecuaacuteria

A SEDAP trabalha em sintonia com as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais incentivando o desenvolvimento por meio da interiorizaccedilatildeo das

accedilotildees estrateacutegicas implementadas por seus oacutergatildeos vinculados Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER Empresa Estadual de Pesquisa

Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash EMEPA Empresa Paraibana de Abastecimento e

Serviccedilos Agriacutecolas ndash EMPASA e Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da

Paraiacuteba ndash INTERPA

A missatildeo da SEDAP eacute planejar articular e promover as poliacuteticas de

desenvolvimento rural no Estado atraveacutes da pesquisa assistecircncia teacutecnica extensatildeo

rural defesa sanitaacuteria animal e vegetal regularizaccedilatildeo fundiaacuteria reforma agraacuteria

organizaccedilatildeo das comunidades rurais proteccedilatildeo alimentar e coordenaccedilatildeo das

cadeias produtivas e arranjos produtivos locais (SEDAP 2012)

50

A Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash

EMEPA-PB tem por finalidade o desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico aplicados

agrave agropecuaacuteria do Estado da Paraiacuteba competindo-lhe promover planejar

estimular supervisionar coordenar e executar atividades de pesquisa e

experimentaccedilatildeo colaborar na formaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica do

setor agriacutecola do Estado bem como programar e desenvolver pesquisas

diretamente ou em cooperaccedilatildeo com instituiccedilotildees puacuteblicas compreendidas na aacuterea de

atuaccedilatildeo da SEDAP e apoiar na formulaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica de

ciecircncia e tecnologia relativa ao setor agriacutecola na Paraiacuteba (EMEPA 2012b)

A Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER-PB eacute

uma empresa de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural vinculada agrave SEDAP

integrante do Sistema Brasileiro de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash

SIBRATER Satildeo objetivos baacutesicos da EMATER-PB colaborar com os oacutergatildeos

competentes da SEDAP e do MAPA na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo das poliacuteticas de

assistecircncia teacutecnica e extensatildeo no Estado e planejar coordenar e executar

programas de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural visando agrave difusatildeo de

conhecimentos de natureza teacutecnica econocircmica e social para aumento da produccedilatildeo

e produtividade agriacutecola e a melhoria das condiccedilotildees de vida no meio rural do Estado

da Paraiacuteba de acordo com a poliacutetica de accedilatildeo dos Governos Federal e Estadual

(EMATER 2012)

A Prefeitura Municipal de Matinhas ndash PMM eacute a sede do poder executivo do

municiacutepio de Matinhas O prefeito como representante do executivo tem como

dever acompanhar a execuccedilatildeo dos programas governamentais e fiscalizar a

aplicaccedilatildeo dos recursos A PMM tem como uma de suas principais accedilotildees o estiacutemulo

agrave organizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo Local da Citricultura na regiatildeo de Matinhas

(PMM 2012)

A Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino

superior vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo tem como objetivo promover o

desenvolvimento socioeconocircmico da Paraiacuteba do Nordeste e do Brasil Para tanto

propotildee-se na sua aacuterea de competecircncia a empreender accedilotildees visando

especificamente aos seguintes resultados formar profissionais nos niacuteveis de ensino

fundamental meacutedio superior e de poacutes-graduaccedilatildeo realizar atividades de pesquisa e

51

de extensatildeo pautar as suas atividades acadecircmicas pela busca do progresso das

ciecircncias letras e artes

A missatildeo da UFPB eacute definida como estar integrada agrave sociedade promover o

progresso cientiacutefico tecnoloacutegico cultural e socioeconocircmico local regional e

nacional atraveacutes das atividades de ensino pesquisa e extensatildeo atrelado ao

desenvolvimento sustentaacutevel e ampliando o exerciacutecio da cidadania (UFPB 2012)

O Banco do Nordeste ndash BNB eacute uma instituiccedilatildeo financeira e de concessatildeo de

creacutedito Poreacutem para cumprir a missatildeo de desenvolvimento em uma regiatildeo com

muitas potencialidades ainda natildeo exploradas o BNB entende que o creacutedito eacute

necessaacuterio mas natildeo deve ser o uacutenico serviccedilo oferecido Esta instituiccedilatildeo busca

contribuir para garantir a sustentabilidade dos empreendimentos financiados

associada agrave melhoria das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo nordestina

Dentre as accedilotildees e instrumentos criados pelo Banco destacam-se os Agentes

de Desenvolvimento as Agecircncias Itinerantes as Poliacuteticas de Desenvolvimento

Territorial o CREDIAMIGO o PRONAF e o Programa de Desenvolvimento do

Turismo no Nordeste - PRODETUR no apoio agrave infraestrutura turiacutestica regional

A missatildeo do BNB eacute atuar como agente catalisador do desenvolvimento

sustentaacutevel do Nordeste integrando-o na dinacircmica da economia nacional (BNB

2012)

O Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash

SEBRAE-PB eacute uma instituiccedilatildeo voltada agrave concepccedilatildeo e execuccedilatildeo de iniciativas de

apoio aos empreendimentos de micro e pequeno porte Em razatildeo da importacircncia do

segmento para a geraccedilatildeo de emprego e de riqueza cabe ao SEBRAE colaborar

com accedilotildees e projetos para a consolidaccedilatildeo de um modelo de

desenvolvimento sustentaacutevel baseado na facilitaccedilatildeo do acesso a insumos

produtivos ndash conhecimento creacutedito tecnologia e capacitaccedilatildeo ndash para todos aqueles

que investem ou pretendem investir em uma atividade produtiva

Mais do que uma provedora de soluccedilotildees educacionais para o empreendedor

(treinamentos consultorias eventos teacutecnicos) a instituiccedilatildeo busca tambeacutem contribuir

para a geraccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis agrave valorizaccedilatildeo e ao estiacutemulo do

empreendedorismo Este estiacutemulo tem como finalidade o aumento da

competitividade de empresas e produtos visando fortalecer as vocaccedilotildees

52

econocircmicas e promover o desenvolvimento da Paraiacuteba no contexto nacional e

internacional

A missatildeo do SEBRAE eacute promover a competitividade e o desenvolvimento

sustentaacutevel das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas - STRM eacute uma

entidade sindical sem fins lucrativos com sede no municiacutepio de Matinhas Estado da

Paraiacuteba e eacute regido pela legislaccedilatildeo em vigor pelos Estatutos da Confederaccedilatildeo

Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG e da Federaccedilatildeo dos

Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba - FETAG-PB bem como pelo

seu regimento e estatuto

Satildeo objetivos do STRM defender os interesses coletivos e individuais da

categoria trabalhadora rural do municiacutepio inclusive em questotildees judiciais ou

administrativas desenvolver organizar e apoiar as accedilotildees que visem a conquista de

melhores condiccedilotildees de vida e de trabalho para a categoria trabalhadora rural e para

o conjunto da classe trabalhadora e defender e lutar pela manutenccedilatildeo e ampliaccedilatildeo

das liberdades e garantias democraacuteticas como instrumento de defesa dos direitos e

conquistas dos trabalhadores trabalhadoras e suas organizaccedilotildees

Aleacutem disso o sindicato deve ainda participar da elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de um projeto de desenvolvimento rural sustentaacutevel e solidaacuterio visando a

valorizaccedilatildeo e fortalecimento da agricultura familiar com o estabelecimento de uma

poliacutetica agriacutecola diferenciada e a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo comercializaccedilatildeo

financiamento e assessoramento teacutecnico que promova o desenvolvimento social e

econocircmico dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (STRM 1972)

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba

Em 1997 o Governo do Estado da Paraiacuteba com o apoio do MCTCNPq criou

o Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores Econocircmicos

Tradicionais ndash COMPET visando promover o desenvolvimento industrial a partir de

uma visatildeo regional com vocaccedilatildeo econocircmica preexistente Essa iniciativa gerou

accedilotildees voltadas para a modernizaccedilatildeo dos setores econocircmicos tradicionais (Tecircxtil e

Confecccedilatildeo Couro e Calccedilados e Sucro-alcooleiro) e tinha como objetivo potencializar

53

as cadeias produtivas de cada segmento atraveacutes da estruturaccedilatildeo de micro e

pequenas empresas em municiacutepios polarizadores dessas atividades O programa do

Governo do Estado promovia uma interaccedilatildeo entre essas empresas e as instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais apoiadoras do programa Tal poliacutetica foi uma

das primeiras iniciativas a ser trabalhada pelo Estado como proposta de

agrupamentos produtivos

Os resultados obtidos com a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica para o setor Couro

e Calccedilados foram implantaccedilatildeo da Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos em Couro

de Ribeira de Cabaceiras Ltda ndash ARTEZA modernizaccedilatildeo do Curtume Coletivo

Miguel de Souza Meira como unidade de beneficiamento de peles e couros

utilizando tanino vegetal extraiacutedo do angico e estruturaccedilatildeo de 16 oficinas de

confecccedilatildeo em couro de sandaacutelias masculinas e femininas chapeacuteus boneacutes

acessoacuterios e produtos de decoraccedilatildeo Para o setor Sucroalcooleiro foi estruturada a

unidade Chatilde dos Jardins localizada no Campus II da UFPB no municiacutepio de Areia

Esta unidade teve como objetivo transferir a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica para os engenhos

da regiatildeo bem como capacitar produtores e teacutecnicos na produccedilatildeo de cachaccedila de

qualidade No setor Tecircxtil e Confecccedilatildeo foi implantado o primeiro Laboratoacuterio de

Vestuaacuterio da Paraiacuteba ndash LABVEST no Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado

Albano Franco ndash CTCCSENAI em Campina Grande-PB Este laboratoacuterio tinha como

finalidade atender agraves micro e pequenas empresas do setor atraveacutes de consultorias

especializadas plotagem de peccedilas padratildeo utilizadas na induacutestria de confecccedilatildeo e

cursos de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de matildeo-de-obra qualificada (COMPET 2007)

No ano de 2000 a Secretaria Estadual de Induacutestria Comeacutercio Turismo

Ciecircncia e Tecnologia ndash SICTCT da Paraiacuteba a partir dos resultados positivos obtidos

com o programa COMPET adotou como poliacutetica de expansatildeo empresarial o

conceito de arranjo produtivo local para fomentar o desenvolvimento

socioeconocircmico nas regiotildees com vocaccedilotildees produtivas priorizadas pelo Estado

Essa poliacutetica resultou no apoio a programas voltados para a

caprinovinocultura e artesanato As principais accedilotildees da caprinovinocultura foram

melhoramento geneacutetico de caprinos e ovinos visando o aumento do plantel na

Paraiacuteba e implantaccedilatildeo do Programa do Leite como projeto de seguranccedila alimentar

para famiacutelias carentes o que permitiu a instalaccedilatildeo de vaacuterias unidades de

beneficiamento de leite de cabra no Cariri paraibano As accedilotildees realizadas pelo

54

Programa de Artesanato promoveu o mapeamento do artesanato conforme as

tipologias desenvolvidas nas diversas regiotildees do Estado fomentou a melhoria da

qualidade de peccedilas artesanais promoveu a vinda de consultores especialistas para

capacitar artesatildeos e aumentou a inclusatildeo de artesatildeos na produccedilatildeo de peccedilas

artesanais com grande aceitaccedilatildeo de mercado

Em 2004 o Governo Estadual incluiu o Programa de Apoio ao

Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais no seu PPA (2004-2007) como

poliacutetica indutora de desenvolvimento econocircmico e de inclusatildeo social Essa decisatildeo

governamental permitiu que arranjos produtivos recebessem accedilotildees voltadas para a

organizaccedilatildeo produtiva e estruturaccedilatildeo do setor de forma a beneficiar cooperativas

micro e pequenas empresas com potencial competitivo Os setores incluiacutedos no PPA

foram Couro-Calccedilados e Afins Mineral Piscicultura Algodatildeo Colorido Fruticultura

aleacutem da caprinovinocultura e artesanato (SICTCT 2004)

Entendendo a importacircncia dos APLs para o Estado e visando seu

desenvolvimento o Governo Estadual em 27042007 criou atraveacutes de ata

seguindo a orientaccedilatildeo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio

Exterior ndash MDIC o Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba ndash Nuacutecleo APL-PB Este nuacutecleo tinha como objetivo ser uma instacircncia de

caraacuteter institucional capaz de fomentar o desenvolvimento socioeconocircmico do

Estado Para tanto foi elaborada a Minuta de Constituiccedilatildeo do Nuacutecleo contendo os

objetivos especiacuteficos estrateacutegia e papel do nuacutecleo na elaboraccedilatildeo dos Planos de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP composiccedilatildeo do Nuacutecleo Executivo parcerias

operacionalizaccedilatildeo dos APLs experiecircncias positivas e desafios bem como o

Regimento Interno do Nuacutecleo APL-PB

O referido Nuacutecleo foi constituiacutedo pelas seguintes instituiccedilotildees Secretaria de

Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE Secretaria de

Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente - SECTMA Secretaria de

Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo - SEPLAG

Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca - SEDAP

Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash

SEBRAEPB Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Federaccedilatildeo da

Agricultura do Estado da Paraiacuteba ndash FAEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do

Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

55

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG Universidade Estadual da

Paraiacuteba ndash UEPB e representante da classe trabalhadora do Estado da Paraiacuteba

Em 2008 como forma de promover a transferecircncia de tecnologias resultantes

de pesquisas validadas a Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria S A ndash

EMEPA institui a Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais ndash

CAAPL Essa coordenadoria tem como objetivo promover e acompanhar junto aos

APLs a transferecircncia de teacutecnicas e tecnologias adequadas agraves atividades produtivas

pesquisadas no acircmbito da EMEPA Os APLs apoiados pela EMEPA satildeo

Caprinovinocultura Bovinocultura de Leite Fruticultura Tropical (citros abacaxi

manga goiaba cajaacute e umbu) Mandioca e Cultura do Inhame (EMEPA 2012a)

Em 2009 o Decreto ndeg 30853 de 13 de novembro de 2009 instituiu o Nuacutecleo

Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da Paraiacuteba passando a se

chamar Nuacutecleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos

Locais da Paraiacuteba ndash NEAPLrsquosPB cuja finalidade eacute o fortalecimento dos APLs como

estrateacutegia para fomentar o desenvolvimento sustentaacutevel de regiotildees e aplicar a

poliacutetica puacuteblica instituiacuteda pelo Governo Federal no desenvolvimento econocircmico

social e cultural em que estatildeo inseridos os APLs da Paraiacuteba Neste decreto foi

modificada a representatividade das instituiccedilotildees passando a ser composto por

Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE

Secretaria de Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo -

SEPLAG Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca -

SEDAP Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente -

SECTMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Serviccedilo de Apoio

agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash SEBRAEPB Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba - EMATER Empresa Estadual de

Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A - EMEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa

do Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG e Universidade Estadual da

Paraiacuteba - UEPB

Outro parceiro que se fez presente desde 2009 foi o BNDES que atraveacutes de

Contrato de Concessatildeo e Colaboraccedilatildeo Financeira Natildeo-Reembolsaacutevel nordm 09215191

em parceria com o Governo do EstadoFUNCEP-PB disponibilizou o 1ordm Edital 2009-

Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

56

Paraiacuteba tendo sido aprovado 33 projetos que beneficiam APLs de baixa renda Este

edital teve o aporte de R$ 7 milhotildees oriundos do BNDES e R$ 7 milhotildees de

contrapartida do Governo do Estado via Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da

Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash FUNCEP-PB Os APLs beneficiados com esse

edital foram Artesanato Fruticultura Leite Bovino Mandiocultura Apicultura

Algodatildeo Colorido Sisal Confecccedilatildeo Floricultura Ostreicultura Avicultura

Piscicultura Caprinocultura Hortifrutigranjeiro e Gastronomia (mandioca e coco)

Em 2010 a EMEPA formalizou um convecircnio com o BNB visando o apoio agrave

transferecircncia de tecnologias geradas e validadas pela referida empresa de pesquisa

para os seguintes APLs bovinocultura de leite fruticultura nos segmentos de uva

banana tangerina e abacaxi e caprinovinocultura Esses APLs foram priorizados

pelo Governo do Estado EMEPA e BNB

Outra instituiccedilatildeo que vem atuando de forma proativa em APLs de micro e

pequenas empresas incluindo as cooperativas eacute o Serviccedilo de Apoio agraves Micros e

Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash SEBRAE-PB Este oacutergatildeo tem desenvolvido suas

accedilotildees com o apoio da RedeSist na construccedilatildeo de conhecimentos teoacutericos e

metodoloacutegicos sobre aglomerados produtivos Como resultado foram gerados

estudos sobre inovatividade e cooperaccedilatildeo de APLs no Estado da Paraiacuteba

(LASTRES 2006)

Com a finalidade de integrar as accedilotildees de estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do

arranjo o Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA juntamente

com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca ndash

SEDAP vem atuando nos municiacutepios participantes do APL com a concessatildeo de

mudas fiscalizadas e certificadas de tangerina buscando a melhoria dos pomares e

o aumento da produtividade

Essa iniciativa teve iniacutecio nos anos de 2007 e 2008 quando foi desenvolvida

uma parceria entre a PMM MAPA e Embrapa Cruz das Almas ndash BA que concedeu

diversas variedades de copas porta enxertos e combinaccedilotildees de enxertias visando

averiguar quais as combinaccedilotildees que melhor se adaptariam ao clima e solo do Brejo

paraibano

A parceria com as referidas instituiccedilotildees fomentou a implantaccedilatildeo de duas

Unidades Demonstrativas de Citros A primeira unidade foi instalada no municiacutepio de

57

Areia no Campus II da UFPB servindo de laboratoacuterio de pesquisa da citricultura

para professores e alunos do curso de Agronomia A segunda unidade foi instalada

em uma aacuterea concedida pela Prefeitura Municipal de Matinhas Esta unidade natildeo

teve acompanhamento teacutecnico e manejo correto o que ocasionou a morte de boa

parte das mudas

Em 2009 o Foacuterum de Fruticultura da Borborema em parceria com a

Embrapa-BA e a UFPB implantou mais seis Unidades Demonstrativas em aacutereas de

plantio dos produtores participantes do arranjo As unidades foram distribuiacutedas da

seguinte forma duas unidades em Alagoa Nova duas unidades em Lagoa Seca

uma em Esperanccedila e uma em Matinhas

Tais unidades tiveram como objetivo promover a transferecircncia de tecnologias

para os produtores beneficiados por essa poliacutetica Entretanto foi observado que

essa accedilatildeo ficou comprometida devido a falta de compromisso e acompanhamento

das instituiccedilotildees parceiras bem como pela falta de adubaccedilatildeo por parte dos

produtores e de assistecircncia teacutecnica pelos oacutergatildeos que promovem ATER na regiatildeo

Outra instituiccedilatildeo presente no arranjo eacute a Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e

Extensatildeo Rural da Paraiacuteba ndash EMATER que tem como principais accedilotildees atraveacutes de

seu escritoacuterio regional o acompanhamento do cultivo da tangerina a orientaccedilatildeo

teacutecnica e o manejo adequado do plantio No entanto esta assistecircncia eacute falha e

descontiacutenua devido agrave empresa possuir um corpo teacutecnico reduzido dificuldades com

transporte para os teacutecnicos e falta de logiacutestica para executar as atividades no

campo

O municiacutepio de Matinhas por ser o principal produtor de tangerina possui

uma prefeitura bastante atuante na implementaccedilatildeo de accedilotildees e busca de parcerias

para promover o desenvolvimento da atividade na regiatildeo A relevacircncia dessas accedilotildees

fez com que fosse implantado no municiacutepio o Parque da Laranja Nesse local satildeo

realizados eventos culturais seminaacuterios feiras de negoacutecio e a Festa da Laranja que

jaacute estaacute consolidada no calendaacuterio estadual de eventos A Prefeitura de Matinhas

tambeacutem envida esforccedilos para que o projeto da packing house seja concretizado A

mesma concedeu a aacuterea onde esta sendo construiacutedo o galpatildeo que abrigaraacute a

packing

58

Como visto neste capiacutetulo foram apresentadas as caracteriacutesticas do APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais que atuam no arranjo bem como as principais poliacuteticas executadas

por essas instituiccedilotildees No entanto faz-se necessaacuterio o uso de uma metodologia que

possa analisar o arranjo nas diversas fases de organizaccedilatildeo e averiguar a efetividade

das poliacuteticas implementadas como condicionante de desenvolvimento No proacuteximo

capiacutetulo seraacute apresentada a metodologia a ser utilizada nesta pesquisa

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA

Este capiacutetulo apresenta a metodologia utilizada para o desenvolvimento da

pesquisa descrevendo os procedimentos metodoloacutegicos que permitiratildeo uma

compreensatildeo do estudo proposto bem como a justificativa para a escolha da

amostra dos entrevistados e para a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta de dados

primaacuterio

O meacutetodo aplicado nesta pesquisa partindo do conceito descrito por Vergara

(2010 p42) utiliza a investigaccedilatildeo descritiva pois o objeto de estudo possui

ldquocaracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo ou de determinado fenocircmeno que podem

tambeacutem estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis e definir sua natureza Este meacutetodo

natildeo tem compromisso de explicar os fenocircmenos que descrevem embora sirva de

base para tal explicaccedilatildeordquo No caso deste trabalho se faz necessaacuterio entender a

atuaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas existente para o aglomerado produtivo em estudo a

partir do levantamento da aplicaccedilatildeo de tais poliacuteticas e quais as suas contribuiccedilotildees

para o desenvolvimento do APL

O problema pesquisado foi tratado de forma qualitativa pois neste caso

existe a necessidade de se entender o Arranjo Produtivo Local da Citricultura -

Segmento Tangerina segundo a visatildeo dos atores que compotildeem o APL A partir

deste entendimento foi analisado como esses atores percebem a contribuiccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas para o referido segmento e a influecircncia dessas poliacuteticas para o

desenvolvimento regional

Segundo Godoy (1995) a pesquisa se desenvolve de acordo com a

perspectiva dos stakeholders11 na qual o pesquisador busca compreender os

problemas sob a oacutetica desses atores

O trabalho tambeacutem utiliza a pesquisa de natureza exploratoacuteria com a

finalidade de conseguir uma maior compreensatildeo do problema investigado Para tal

11 Stakeholders - partes interessadas que devem estar de acordo com as praacuteticas de governanccedila corporativa

executadas pela empresa

60

compreensatildeo foram revisados temas como poliacuteticas puacuteblicas para APL de baixa

renda desenvolvimento regional e competitividade sistecircmica

Inicialmente foram levantados dados secundaacuterios a partir de uma revisatildeo

bibliograacutefica (documentos arquivos e publicaccedilotildees) para que se pudesse obter uma

compreensatildeo dos fatos observados in loco sobre o arranjo produtivo local e sua

estrutura organizacional

As fontes de evidecircncias utilizadas para o estudo de caso que serviram de

base documental para fundamentar a pesquisa foram documentaccedilatildeo sobre as

poliacuteticas puacuteblicas existentes (leis decretos e outros documentos governamentais)

registros em arquivos (mapas tabelas e dados estatiacutesticos) observaccedilotildees diretas

realizadas in loco coletas de dados atraveacutes da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios e

entrevistas aleacutem de outras fontes que deram subsiacutedios agrave pesquisa tais como livros

artigos e bibliotecas virtuais

Neste sentido como forma de validar o trabalho de pesquisa foi realizado um

estudo de caso sobre o tema pois este meacutetodo segundo Yin (2004) contribui para

a compreensatildeo dos fenocircmenos individuais organizacionais e poliacuteticos de uma

regiatildeo

Segundo Lazzarini (1997) o estudo de caso pode ser uacutetil em termos

qualitativos pois o objetivo principal eacute a contextualizaccedilatildeo do problema natildeo se

propondo apenas a determinar a ocorrecircncia de um dado fenocircmeno no universo

pesquisado

O estudo de caso deste trabalho compreendeu os seis municiacutepios que

compotildeem o APL sendo Matinhas a cidade referecircncia do arranjo por se tratar do

municiacutepio onde sua principal atividade econocircmica eacute a tangerina e por ser o maior

produtor da regiatildeo

A amostra pesquisada eacute composta de cinco associaccedilotildees e uma cooperativa

cujos entrevistados satildeo produtores de tangerina e liacutederes da regiatildeo A pesquisa

tambeacutem incluiu na amostra nove instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

A escolha deste universo teve como base a representatividade de cada organizaccedilatildeo

dentro do arranjo e atende aos criteacuterios metodoloacutegicos da anaacutelise qualitativa que

este trabalho pretende identificar

61

41 Instrumento de Pesquisa

Visando buscar subsiacutedios que permitam a caracterizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba um levantamento de dados

foi realizado utilizando a teacutecnica de entrevista guiada por um formulaacuterio direcionado

para os gestores das instituiccedilotildees selecionadas (Apecircndice A) e outro para os

produtores de tangerina liacutederes na regiatildeo (Apecircndice B)

Segundo Gil (2008) a entrevista tem como caracteriacutestica a formataccedilatildeo de uma

lista de perguntas denominada de questionaacuterio ou formulaacuterio Neste trabalho o

termo formulaacuterio foi adotado tendo em vista que as entrevistas aconteceram face a

face com cada entrevistado e as respostas registradas pelo entrevistador

Os formulaacuterios aplicados nas instituiccedilotildees satildeo semiestruturados com o

objetivo de avaliar o interesse e motivaccedilatildeo dessas Instituiccedilotildees em trabalhar com o

APL aleacutem de avaliar a cooperaccedilatildeo entre esses atores e identificar as accedilotildees

realizadas em prol da sustentabilidade dessa atividade na regiatildeo A pesquisa traccedilou

o cenaacuterio atual do aglomerado descrevendo como satildeo escolhidos os beneficiaacuterios

as principais demandas do arranjo as dificuldades para implementaccedilatildeo das

poliacuteticas e os projetos jaacute realizados e em andamento

Para os produtores de tangerina optou-se por um formulaacuterio semiestruturado

que tem como base o modelo desenvolvido pelo Instituto Alematildeo de

Desenvolvimento ndash IAD (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-STAMER

1994) no qual a competitividade sistecircmica abrange quatro niacuteveis (meta macro

meso e micro) A partir desta metodologia pretende-se identificar as relaccedilotildees de

cooperaccedilatildeo entre os integrantes do arranjo praacuteticas gerenciais relaccedilatildeo entre os

parceiros principais fontes de informaccedilatildeo entre outros

Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos formulaacuterios os resultados obtidos foram analisados e

interpretados com a finalidade de obter subsiacutedios que permitiram avaliar as poliacuteticas

puacuteblicas atuantes no APL

E por uacuteltimo foram identificadas as contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina observando o aumento da produccedilatildeo e

melhoria da qualidade do fruto sua comercializaccedilatildeo em novos nichos de mercado e

a inclusatildeo social dos produtores rurais

62

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da

Pesquisa

O modelo proposto eacute baseado no conceito analiacutetico formulado pelos

pesquisadores Klaus Esser Wolfgang Hillebrand Dirk Messner e Joumlrg Meyer-Stamer

do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD no iniacutecio dos anos 90

Para esses pesquisadores a competitividade eacute entendida de maneira

sistecircmica contribuindo para o desenvolvimento socioeconocircmico em niacuteveis

municipal regional estadual ou nacional (Figura 5)

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD

12

Fonte Esser Hillebrand Messner Meyer-Stamer (1994)

Sob este enfoque os autores afirmam que a competitividade eacute tambeacutem fruto

de diaacutelogo e tomada de decisotildees conjuntas pelos grupos de atores envolvidos

Para que ocorra a modernizaccedilatildeo econocircmica e o desenvolvimento da

competitividade sistecircmica faz-se necessaacuteria a formaccedilatildeo de estruturas em toda a

sociedade O desenvolvimento dessa competitividade eacute portanto um projeto de

transformaccedilatildeo social que vai aleacutem de uma simples correccedilatildeo do contexto

macroeconocircmico

12

httpwwwmeyer-stamerdesystemichtml

63

O desenvolvimento da competitividade abordada pelos autores pode ser

impulsionada com a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que venham contribuir na

consolidaccedilatildeo de aglomerados produtivos O papel do governo neste caso se faz

presente agrave medida que as poliacuteticas nacionais incrementam a competitividade e

transformam um territoacuterio em um ambiente macroeconocircmico poliacutetico social e

ambiental fortemente constituiacutedo onde um aglomerado de empresas associaccedilotildees

ou cooperativas atuam com sucesso

No modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD as poliacuteticas

puacuteblicas atuam nos quatro niacuteveis da competitividade sistecircmica conforme

apresentado no modelo mencionado (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-

STAMER 1994)

a) Niacutevel Meta Neste niacutevel existe um conjunto de fatores que permite a formaccedilatildeo

de um consenso social sobre a necessidade de uma poliacutetica econocircmica voltada

para o mercado mundial ldquo() um padratildeo baacutesico de organizaccedilatildeo juriacutedica poliacutetica

econocircmica e macrossocial que permita aglutinar as forccedilas dos atores

potencializar as vantagens nacionais de inovaccedilatildeo crescimento econocircmico e

competitividade e colocar em marcha processos sociais de aprendizagem e

comunicaccedilatildeordquo (ESSER et al 1994 p 1) por fim ldquo() a disposiccedilatildeo e a

capacidade de implementar uma estrateacutegia de meacutedio a longo prazo com vistas

ao desenvolvimento tecnoloacutegico-industrial orientado agrave competitividaderdquo (ESSER

et al 1994 p 1)

b) Niacutevel Macro Este niacutevel engloba as poliacuteticas macroeconocircmicas tais como as

poliacuteticas cambial monetaacuteria fiscal e a poliacutetica de comeacutercio exterior (evidenciada

pela conexatildeo da economia nacional em mercados internacionais) e das poliacuteticas

de regulamentaccedilatildeo da concorrecircncia entre as empresas as quais impedem a

formaccedilatildeo de monopoacutelios e carteacuteis

c) Niacutevel Meso Refere-se agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo em que estatildeo inseridas as

empresas agrave dotaccedilatildeo de fatores de produccedilatildeo desses espaccedilos e agraves poliacuteticas

implementadas que venham contribuir para essa consolidaccedilatildeo tais como a

poliacutetica de infraestrutura fiacutesica (transporte energia e telecomunicaccedilotildees) a

poliacutetica de infraestrutura industrial a poliacutetica educacional (qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra) e as poliacuteticas ambientais e regionais Este niacutevel abrange tambeacutem as

poliacuteticas seletivas de importaccedilatildeo e de exportaccedilatildeo

64

d) Niacutevel Micro Refere-se aos fatores de competitividade ligados agrave organizaccedilatildeo

interna das empresas agraves estrateacutegias empresariais e agraves relaccedilotildees

interempresariais Este niacutevel envolve a capacidade de gestatildeo a aplicaccedilatildeo de

best practices em todas as etapas do ciclo de produccedilatildeo (desenvolvimento de

produtos produccedilatildeo propriamente dita e comercializaccedilatildeo) a gestatildeo da inovaccedilatildeo

a integraccedilatildeo em redes de cooperaccedilatildeo tecnoloacutegica a logiacutestica empresarial e a

interaccedilatildeo entre provedores produtores e usuaacuterios

Sendo assim o modelo do IAD difere do proposto por Michael Porter

(PORTER 1999) pois coloca as poliacuteticas puacuteblicas como um dos fatores

determinantes de competitividade das empresas Na visatildeo liberal de Porter a

empresa eacute a unidade de anaacutelise fundamental para a competitividade enquanto no

modelo do IAD a ecircnfase eacute para os aspectos sociais que incluem a accedilatildeo do Estado

e a mobilizaccedilatildeo da sociedade (DINIZ FILHO VICENTINI 2004)

Nesta oacutetica no proacuteximo capiacutetulo seratildeo analisadas como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo aplicadas no APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina utilizando

como ferramenta entrevistas com os gestores das instituiccedilotildees parceiras e com os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa produtores de tangerina do APL

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA

Este capiacutetulo apresenta o resultado da pesquisa de campo realizada com as

instituiccedilotildees que apoiam o Arranjo Produtivo Local da Citricultura - Segmento

Tangerina e com as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores que participam

desse APL analisando as contribuiccedilotildees das poliacuteticas existente e os gargalos que

ainda persistem no setor

Para melhor compreensatildeo os resultados obtidos foram analisados em duas

etapas ou seja foram entrevistados dois tipos de stakeholders O primeiro grupo

gestores das Instituiccedilotildees responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

para o setor O segundo grupo formado pelos produtores e representantes das

associaccedilotildees e da cooperativa dos seis municiacutepios que compotildeem o arranjo produtivo

da tangerina

A pesquisa com esses stakeholders permitiu a obtenccedilatildeo de dados primaacuterios

em que foi possiacutevel identificar a visatildeo das instituiccedilotildees promotoras das poliacuteticas

puacuteblicas como tambeacutem a visatildeo das organizaccedilotildees (associaccedilotildees e cooperativa) e

produtores beneficiados por essas poliacuteticas

Neste capiacutetulo seraacute analisada a efetividade de tais poliacuteticas sob a oacutetica dos

produtores das Instituiccedilotildees Puacuteblicas e das entidades natildeo governamentais atuantes

no APL A partir dessa anaacutelise tenta-se identificar tambeacutem o porquecirc da existecircncia

de diversas poliacuteticas que natildeo conseguem efetivar seus objetivos junto ao setor

produtivo

Para realizar a pesquisa foram utilizados como instrumento de coleta dois

modelos de questionaacuterios que se encontram nos Anexos 1 e 2 As entrevistas

ocorreram nos meses de setembro de 2011 a marccedilo de 2012

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas

As instituiccedilotildees pesquisadas foram aquelas que contribuiacuteram para o

desenvolvimento do APL no periacuteodo de 2008 a 2011 totalizando nove entidades

66

governamentais e natildeo governamentais (MAPA SEDAP EMEPA EMATER PMM

UFPBRedeSist BNB SEBRAE e STRM)13

Tais instituiccedilotildees apontaram as suas contribuiccedilotildees e accedilotildees para consolidaccedilatildeo

do APL estudado Nesta pesquisa foi identificado o niacutevel de envolvimento das

instituiccedilotildees quais os programas implementados para o segmento quais os gargalos

existentes e qual a efetividade das poliacuteticas implementadas na visatildeo de cada

instituiccedilatildeo

O objetivo da primeira questatildeo da pesquisa foi saber como as instituiccedilotildees

identificam um APL Cinco responderam que se baseiam na cooperaccedilatildeo entre os

atores participantes do arranjo trecircs como sendo a concentraccedilatildeo de produtores de

tangerina no territoacuterio e uma instituiccedilatildeo respondeu que depende da concentraccedilatildeo de

indiviacuteduos ocupados em uma atividade Nota-se que apesar das instituiccedilotildees estarem

presentes com suas accedilotildees no APL ainda natildeo existe um consenso sobre o conceito

de arranjo o que gera entendimentos e atuaccedilotildees diferenciadas por parte de cada

instituiccedilatildeo na disponibilizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o setor

Esta constataccedilatildeo tambeacutem foi identificada por Cavalcanti Torres Almeida e

Pereira (2010) ao analisar a visatildeo das instituiccedilotildees de apoio a APLs na Paraiacuteba

Segundo os autores verifica-se que a maioria dessas instituiccedilotildees natildeo deteacutem um

conceito formal de APL Aleacutem disso embora se digam atuantes nessa perspectiva

muitas vezes natildeo tecircm noccedilatildeo da complexidade que envolve as relaccedilotildees de um

arranjo produtivo

Essa deficiecircncia conceitual pode indicar a origem das dificuldades e

limitaccedilotildees da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas nos

APLs do Estado da Paraiacuteba

Entretanto apesar das diferentes percepccedilotildees conceituais todas as

instituiccedilotildees entrevistadas vecircm apoiando o APL sob demanda Os representantes das

instituiccedilotildees foram enfaacuteticos nas suas respostas pois acreditam que este arranjo estaacute

sendo beneficiado por ser de grande impacto para a economia local regional e

estadual por possuir tradiccedilatildeo no cultivo de tangerina por ser gerador de emprego e

renda por ser a principal cadeia produtiva agriacutecola dos municiacutepios envolvidos por

13

Os nomes das Instituiccedilotildees estatildeo descritos na Lista de Abreviaturas e Siglas

67

ter mercado favoraacutevel para escoamento da produccedilatildeo e com possibilidade de

expansatildeo por se tratar de uma cultura difundida e proacutespera na produccedilatildeo de laranja

e por ser promotora do desenvolvimento socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Ao analisar as respostas dos stakeholders institucionais pode-se dizer que o

APL em estudo tem sua atividade reconhecida como geradora de impacto

econocircmico e de perspectiva sustentaacutevel para o Estado e que existe interesse dessas

instituiccedilotildees continuarem priorizando o referido APL

No entanto foi identificado que as poliacuteticas implementadas natildeo satildeo

suficientes para alavancar o segmento pois tais poliacuteticas foram formatadas visando

promover a agricultura familiar e natildeo o desenvolvimento do APL Sendo assim essa

atuaccedilatildeo fica dependendo de accedilotildees preexistentes que limitam a execuccedilatildeo de

atividades mais amplas e integradas com toda a cadeia produtiva

Nesse sentido para que as poliacuteticas puacuteblicas sejam implementadas com

maior eficiecircncia no APL faz-se necessaacuterio um instrumento governamental que

estimule os Governos Estaduais e Municipais atraveacutes de suas Secretarias a

discutirem a estruturaccedilatildeo de poliacuteticas e a compreenderem as vantagens da inserccedilatildeo

dessas poliacuteticas em seus planos plurianuais

Nos estados brasileiros onde os Nuacutecleos Estaduais de Apoio aos APLs satildeo

proativos estes exercem um importante papel como elo entre as instituiccedilotildees e o

setor produtivo auxiliando na formataccedilatildeo de programas e projetos governamentais

que atendam agraves necessidades dos segmentos econocircmicos de forma continuada

(GTP APL 2007)

Quanto aos criteacuterios de seleccedilatildeo dos beneficiaacuterios para formalizaccedilatildeo de

parceria as respostas divergem quatro instituiccedilotildees responderam que atendem as

demandas diretamente aos produtores uma instituiccedilatildeo atende somente demandas

coletivas atraveacutes de associaccedilotildees e de cooperativas quatro instituiccedilotildees utilizam

como criteacuterio a elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos participativos onde as demandas satildeo

selecionadas e os produtores atendidos mediante programas e projetos elaborados

pelas proacuteprias instituiccedilotildees Esses diagnoacutesticos tambeacutem possibilitam o levantamento

das potencialidades e gargalos da atividade Algumas instituiccedilotildees buscam parcerias

para atender as demandas que natildeo estatildeo no escopo de sua atuaccedilatildeo

68

Com relaccedilatildeo aos criteacuterios de atendimento das demandas dos produtores de

tangerina as formas empregadas pelas instituiccedilotildees satildeo vaacutelidas Entretanto tal

atendimento eacute pontual e sem planejamento o que dificulta a realizaccedilatildeo de accedilotildees

continuadas Essa forma de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees promove o descreacutedito entre os

produtores pois as soluccedilotildees encontradas resolvem os problemas apenas

momentaneamente Por outro lado accedilotildees advindas de um programa estruturante

poderiam imprimir um caraacuteter preventivo e permanente pois a concepccedilatildeo de tal

programa permitiria a integraccedilatildeo das instituiccedilotildees parceiras de modo a suprir

gargalos existentes no arranjo e fazer com que essas parcerias desenvolvam accedilotildees

dentro de uma visatildeo sistecircmica no APL

Vale salientar que as instituiccedilotildees tambeacutem afirmam que procuram manter os

produtores informados dos programas e das poliacuteticas de desenvolvimento para o

segmento da citricultura promovendo reuniotildees com os agricultores visitas de

intercacircmbio cursos de capacitaccedilatildeo treinamento diagnoacutestico situacional eventos

temaacuteticos (por exemplo a Festa da Laranja) e divulgaccedilatildeo na miacutedia

As instituiccedilotildees parceiras tambeacutem apontaram vaacuterios desafios que elas

enfrentam para conceder apoio institucional ao APL tais como aumentar a

realizaccedilatildeo do nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo visando qualificar os produtores e

gestores das associaccedilotildees e da cooperativa aumentar os recursos financeiros para

atuar no APL transferir tecnologias adequadas aos produtores rurais de forma

permanente aumentar as pesquisas para controle de pragas e sanidade dos frutos

incentivar na regiatildeo o uso de mudas padronizadas e certificadas desvincular as

poliacuteticas partidaacuterias para que o arranjo possa ter autonomia na sua gestatildeo

conscientizar os produtores para um melhor aproveitamento da safra e propor um

programa especiacutefico para atender o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina no

qual os produtores possam ser orientados a produzirem com qualidade maior

produtividade e eficiecircncia

Observa-se que as instituiccedilotildees tecircm consciecircncia da existecircncia de desafios a

serem superados entretanto eacute latente a necessidade de uma accedilatildeo coletiva por

parte dessas instituiccedilotildees que possa apoiar o setor nas diversas fases da cadeia

produtiva enfatizando a importacircncia do sistema de agregaccedilatildeo de valor da tangerina

Este sistema deve ser orientado para a qualidade percebida no mercado ao serviccedilo

disponibilizado aos clientes e o preccedilo relativo aferido ao produto

69

Com relaccedilatildeo agraves vantagens em atuar na regiatildeo com a visatildeo de APL as

instituiccedilotildees possuem entendimentos variados agrupamento dos municiacutepios

fortalecendo as atividades e ganhando visibilidade fechamento do ciclo de plantio

produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e com isso aumentando a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e

renda no arranjo possibilidade de promover a diversificaccedilatildeo produtiva formaccedilatildeo de

um novo capital social e econocircmico cadeia produtiva estruturada organizada e com

mercado demandante produtores e parceiros atuando no mesmo territoacuterio o que

fortalece o desenvolvimento do APL e o aumento da capacidade de gestatildeo do

negoacutecio

Neste sentido a percepccedilatildeo dos parceiros institucionais quando falam de

vantagens em atuar no APL formata um arranjo ideal Entretanto natildeo basta apenas

o entendimento das instituiccedilotildees quanto agrave importacircncia desse arranjo se natildeo houver

uma articulaccedilatildeo que envolva as associaccedilotildees e a cooperativa para que estas se

tornem protagonistas da organizaccedilatildeo do arranjo e demandantes de poliacuteticas para o

setor

As demandas mais frequentes de apoio solicitadas pelos produtores

participantes do APL foram a necessidade de assistecircncia teacutecnica e financiamento

para produccedilatildeo de laranja Nesta questatildeo na visatildeo das instituiccedilotildees satildeo

consideradas tambeacutem quatro outras demandas importantes para complementar o

desenvolvimento econocircmico ampliaccedilatildeo de mercado para o escoamento da

produccedilatildeo de laranja implantaccedilatildeo da packing house mudas fiscalizadas e

certificadas e controle da proliferaccedilatildeo da mosca negra

Quanto ao apoio realizado ao APL as respostas aferidas pelas instituiccedilotildees

consistem em transferecircncia de tecnologia assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural

elaboraccedilatildeo de projetos de financiamento para os produtores (Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF) e elaboraccedilatildeo de projetos para

comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo para o PNAE (Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar) e PAA (Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ndash Conab) Aleacutem desses

apoios foi relatada na pesquisa a contrataccedilatildeo de um especialista para acompanhar

a produccedilatildeo de laranja apoio na realizaccedilatildeo de eventos temaacuteticosculturais realizaccedilatildeo

de cursos de capacitaccedilatildeo e pesquisas para o setor disponibilizaccedilatildeo de linhas de

creacutedito para os produtores atraveacutes do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste ndash FNE disponibilizado atraveacutes do Banco do Nordeste

70

Sobre a demanda dos produtores em contra ponto ao apoio das instituiccedilotildees

para o segmento verificou-se durante a entrevista com os stakeholders que ainda eacute

muito pequeno o apoio realizado em relaccedilatildeo agrave demanda Um dos principais fatores eacute

a carecircncia de teacutecnicos extensionistas atuando no APL Isto reflete diretamente na

dificuldade de execuccedilatildeo das accedilotildees previstas pelas instituiccedilotildees bem como de

continuidade dos programas governamentais

Para a maioria das instituiccedilotildees a participaccedilatildeo dos produtores ainda eacute muito

baixa porque eles natildeo estatildeo preparados para aceitar as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas

existentes devido a sua cultura de plantio e colheita repassada de pai para filho de

forma inadequada Outros fatores que impedem maior adesatildeo dos agricultores no

uso de novas tecnologias satildeo as experiecircncias pouco animadoras com projetos e

programas governamentais que eles jaacute participaram e que natildeo houve continuidade

Ainda em relaccedilatildeo agrave adesatildeo as instituiccedilotildees acreditam que os produtores satildeo abertos

para as novas tecnologias mas no entanto eles satildeo reticentes para implementaacute-las

devido ao custo e a falta de orientaccedilatildeo teacutecnica

Quando questionados sobre os obstaacuteculos que os produtores encontram para

participarem dos programas ofertados pelas instituiccedilotildees os gestores elencaram

falta de apoio teacutecnico e logiacutestica dos programas para mobilizar os produtores

dificuldade em atender as exigecircncias para obtenccedilatildeo do creacutedito rural dificuldade de

obtenccedilatildeo de registros cartoriais das aacutereas dos produtores o que impede o acesso agraves

linhas de financiamento produtores inadimplentes falta de parceiros institucionais

que repassem as informaccedilotildees corretas sobre as poliacuteticas puacuteblicas e que dominem

essas poliacuteticas (por exemplo a Secretaria de Educaccedilatildeo de Campina Grande natildeo

conseguiu abrir o edital para participaccedilatildeo dos produtores no PNAE) e ineacutercia dos

produtores para implementarabsorver as novas tecnologias disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees

Observa-se que cada parceiro tem consciecircncia das dificuldades enfrentadas

pelos produtores para participarem das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas e

segundo a visatildeo das instituiccedilotildees os problemas que afetam os produtores dificultam

a mudanccedila no cenaacuterio em que estaacute inserido o arranjo

Neste sentido as instituiccedilotildees deveriam analisar este cenaacuterio de acordo com

as necessidades dos produtores cujo objetivo seria auxiliar na soluccedilatildeo dos

71

obstaacuteculos identificados na pesquisa Nesta anaacutelise as instituiccedilotildees parceiras

deveriam indagar aos produtores as seguintes questotildees Seraacute que os teacutecnicos estatildeo

falando a linguagem dos produtores A assistecircncia teacutecnica atende agraves demandas

realizadas O nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo eacute suficiente para abranger a maioria

do segmento As pesquisas validadas e transferidas suprem as expectativas dos

produtores Seraacute que uma estufa na regiatildeo para produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mudas

fiscalizadas e certificadas natildeo seria uma soluccedilatildeo mais adequada A implantaccedilatildeo de

unidades demonstrativas com orientaccedilatildeo adequada e permanente aos produtores

natildeo provocaria maior credibilidade do tipo ldquoSatildeo Tomeacuterdquo (ver para crer) Seraacute que os

gastos dos recursos provenientes dos financiamentos aos produtores estatildeo sendo

bem orientados Essas indagaccedilotildees deveriam ser priorizadas dentro das instituiccedilotildees

parceiras e retro alinhadas a cada falha percebida

Na visatildeo dos stakeholders institucionais a atuaccedilatildeo cooperada dos

produtores instituiccedilotildees associaccedilotildees e cooperativas ainda eacute muito pequena pois

existe uma dissociaccedilatildeo entre os atores gerando uma cooperaccedilatildeo fragmentada e

descontiacutenua e consequentemente fazendo com que a integraccedilatildeo entre os elos de

cooperaccedilatildeo do sistema natildeo exista Desta forma a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees ocorre

isoladamente cada uma atuando apenas na sua competecircncia

Entretanto existem algumas experiecircncias de cooperaccedilatildeo que podem ser

citadas cursos realizados pelo Sindicato (STRM) em parceria com o SEBRAE

(capacitaccedilatildeo em associativismo) SENAR (produccedilatildeo de mudas frutiacuteferas de citros) e

COOPERAR (construccedilatildeo de cisternas) visita teacutecnica dos produtores de citros de

Matinhas ao Centro de Pesquisa da EMBRAPA em Cruz das Almas na Bahia

juntamente com teacutecnicos da EMATER EMEPA MAPA SEBRAE UFPB e PMM

para conhecer novas variedades de tangerina e aprender como desenvolver porta

enxertos para produzir mudas padronizadas e certificadas parceria entre a UFPB e

a PMM para realizaccedilatildeo dos cursos de capacitaccedilatildeo sobre manejo da mancha-marrom

-de-alternaria combate agrave mosca negra das frutas e produccedilatildeo de mudas aleacutem da

capacitaccedilatildeo de alunos do ensino fundamental para atuarem como agentes de

veiculaccedilatildeo de novas tecnologias junto agraves suas famiacutelias e outros produtores

integraccedilatildeo existente entre os diversos segmentos de ensino pesquisa e extensatildeo

para o APL (EMEPA ndash pesquisa UFPB ndash ensino EMATER ndash assistecircncia teacutecnica) e

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema formado por um grupo de 27

72

instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo do Agreste paraibano que passou a discutir os

problemas e soluccedilotildees dos municiacutepios produtores de tangerina da Paraiacuteba

Na pesquisa com as instituiccedilotildees foi possiacutevel identificar os principais parceiros

do APL bem como suas atuaccedilotildees e a importacircncia dessa cooperaccedilatildeo dentro do

arranjo Ao responder essa questatildeo as instituiccedilotildees enumeraram por ordem de

atuaccedilatildeo os oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais mais empenhados no

desenvolvimento do aglomerado produtivo

O SEBRAE foi o citado por seis instituiccedilotildees aparecendo como um dos mais

atuantes por ter conseguido formalizar o Foacuterum de Fruticultura da Borborema o qual

arrebanhou parceiros para ajudar no desenvolvimento da citricultura segmento da

tangerina na regiatildeo aleacutem de promover o empreendedorismo e apoiar eventos

voltados para o arranjo produtivo local

Em seguida vieram a EMEPA por ser um parceiro presente e sempre estar

ajudando os produtores a resolverem os problemas oriundos de pragas manejo e

plantio bem como desenvolver pesquisas voltadas para o melhoramento da

produccedilatildeo de tangerina a EMATER por promover a extensatildeo rural mesmo que de

forma precaacuteria e a Prefeitura Municipal de Matinhas pelo apoio aos produtores e

porta voz das reivindicaccedilotildees do setor

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam poliacuteticas puacuteblicas

especiacuteficas de apoio ao APL as respostas foram edital puacuteblico para o

desenvolvimento de APLs de baixa renda do Governo do EstadoBNDES Grupo

Permanente de Trabalho de Apoio aos APLs ndash GPT APL e Nuacutecleo Estadual de

Apoio aos APLs da Paraiacuteba ndash NE APLPB programa gerenciado pelo MDIC Foacuterum

de Fruticultura da Borborema e programas federais que beneficiam os produtores

de tangerina ndash PAACONAB e PNAEMinisteacuterio da Educaccedilatildeo

Ao analisar as respostas das instituiccedilotildees indutoras do Arranjo Produtivo Local

da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi possiacutevel diagnosticar que os programas

governamentais (federal estadual e municipal) possuem accedilotildees planejadas para a

regiatildeo mas no entanto eacute percebida a fragilidade de tais accedilotildees devido as mesmas

serem aplicadas de forma pontual Essas accedilotildees satildeo realizadas isoladamente onde

cada instituiccedilatildeo cumpre apenas o que interessa ser executado A comunicaccedilatildeo entre

os parceiros e a governanccedila que deveria acontecer de forma sistecircmica eacute insipiente

73

natildeo existindo estrateacutegia conjunta formatada para erradicar os problemas

evidenciados pelas instituiccedilotildees dentro do APL

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees como eacute percebida a intensidade da

cooperaccedilatildeo entre os beneficiados as respostas foram descritas conforme as

necessidades eventuais dos produtores sendo mais forte quando se fala em

comercializaccedilatildeo das tangerinas elaboraccedilatildeo de projetos agropecuaacuterios (PRONAF) e

implantaccedilatildeo do projeto da packing house aprovado no I Edital 200914

As respostas concedidas pelos entrevistados para percepccedilatildeo da existecircncia de

uma cooperaccedilatildeo mais fraca seguem a seguinte ordem financiamento para

desenvolver seus plantios produccedilatildeo de mudas certificadas inovaccedilatildeo tecnoloacutegica no

campo adesatildeo proativa dos produtores na zona rural assistecircncia teacutecnica

desenvolvimento de processos e produtos e coesatildeo entre associaccedilotildees e

cooperativa

Ao analisar as respostas acima citadas percebe-se que a visatildeo das

instituiccedilotildees eacute consensual sendo acordados os pontos fortes e fracos de cooperaccedilatildeo

No entanto natildeo foi registrada nenhuma preocupaccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees para

amenizar a fragilidade da cooperaccedilatildeo Mais uma vez eacute percebida a falta de uma

estrateacutegia conjunta capaz de dialogar coletivamente com o setor produtivo visando

fortalecer o processo de cooperaccedilatildeo para que os problemas do setor sejam

amenizados

Em relaccedilatildeo ao sistema de produccedilatildeo realizado na zona rural pelos produtores

as instituiccedilotildees concordam que o sistema eacute arcaico e extrativista e enfatizam que no

momento em que os produtores perceberem os ganhos possiacuteveis que seratildeo obtidos

com novas tecnologias os mesmos faratildeo uma adesatildeo natural aos programas

governamentais e ter-se-aacute um novo modelo de produccedilatildeo

A anaacutelise tambeacutem mostra que para uma pequena parcela de produtores a

inovaccedilatildeo tecnoloacutegica jaacute foi utilizada e ganhos satildeo visiacuteveis fazendo com que esses

produtores natildeo tenham necessidade de formalizar demanda aos programas sociais

para complementarem sua renda Segundo os stakeholders das instituiccedilotildees a

14 I Edital 2009 ndash Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais

Paraiacuteba lanccedilado em outubro2009 com recursos oriundos do Governo do EstadoFUNCEP e

BNDES

74

adesatildeo por parte dos outros produtores natildeo ocorreu porque eles ainda natildeo estatildeo

convencidos de que existam ganhos efetivos

Segundo a EMATER apenas 20 dos produtores de tangerina estatildeo em

processo de melhoria do plantio e da produccedilatildeo Essa visatildeo eacute acordada por 60 das

repostas dos entrevistados O restante dos produtores segundo as instituiccedilotildees natildeo

aderiu ao processo de modernizaccedilatildeo e consequentemente o desenvolvimento do

agronegoacutecio ficou comprometido a exemplo da grande quantidade de tangerinas

que natildeo satildeo comercializadas devido ao seu tamanho e que poderiam ser

aproveitadas em uma unidade de processamento de suco na regiatildeo

No tocante a novas tecnologias existe uma forte resistecircncia dos produtores

em adotar essas inovaccedilotildees principalmente pelo fato de envolver investimentos o

que eacute encarado por eles como gasto Neste caso natildeo existe a visatildeo do retorno

desse investimento Esse pensamento ainda eacute fortemente compartilhado entre os

produtores devido ao cultivo da tangerina ser de sequeiro e segundo eles natildeo

necessitar de muitos recursos para produzir tangerina

Aleacutem disso os plantadores de citros continuam a produzir com padrotildees de

comercializaccedilatildeo diferentes do padratildeo adotado pelo Sudeste do paiacutes a exemplo de

Satildeo Paulo onde os frutos satildeo comercializados por tamanho textura de pele e cor

Na Paraiacuteba pode-se encontrar em uma mesma caixa frutos verdes e amarelos o

que foge dos padrotildees de comercializaccedilatildeo exigidos pelos grandes mercados

Durante a anaacutelise foram verificados tambeacutem quais os principais problemas do

segmento Segundo a visatildeo das instituiccedilotildees foi dada ecircnfase na baixa capacidade

gerencial ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina dificuldade de acesso

aos canais de comercializaccedilatildeo aleacutem de investimentos em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam os principais concorrentes

da tangerina produzida no APL 100 dos entrevistados responderam que natildeo

existiam concorrentes pois o periacuteodo de produccedilatildeo da tangerina na Paraiacuteba eacute uacutenico

no paiacutes ou seja a produccedilatildeo ocorre na entressafra dos outros estados

As instituiccedilotildees tambeacutem informaram sobre a comercializaccedilatildeo os canais de

distribuiccedilatildeo e logiacutestica existente no arranjo A venda da produccedilatildeo eacute realizada no

comeacutercio local e regional principalmente para a CEASA de Campina Grande A

tangerina tambeacutem eacute comercializada nos principais estados do Nordeste tais como

75

Pernambuco ndash Petrolina Rio Grande do Norte ndash Natal Cearaacute ndash Fortaleza Bahia ndash

Juazeiro Alagoas ndash Maceioacute

Dos nove entrevistados cinco disseram que os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os

atravessadores o restante informou que a comercializaccedilatildeo eacute feita em mercados

abertos EMPASA CEASA feiras livres PNAE PAA (CONAB) feiras

agroecoloacutegicas e grandes supermercados No entanto para a questatildeo logiacutestica os

stakeholders reconhecem que eacute fraca para dar suporte ao escoamento da produccedilatildeo

Segundo uma instituiccedilatildeo governamental entrevistada os atravessadores

compram a tangerina dos produtores e as vendem para a CEASA Ao inveacutes da

CEASA como entreposto comercial de apoio aos produtores adquirir as tangerinas

diretamente das associaccedilotildees e cooperativas agriacutecolas ela acaba ldquooficializandordquo a

atividade dos atravessadores

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se elas conheciam leis ou instruccedilotildees

normativas para a produccedilatildeo de tangerina seis dos entrevistados afirmaram que sim

Entretanto estes conhecimentos natildeo foram explicitados nem dado ecircnfase aos

problemas ambientais existentes nos plantios tais como o plantio eacute aleatoacuterio sem

levar em conta nenhum padratildeo de espaccedilamento plantios realizados no sentido da

declividade (ldquomorro abaixordquo) sem uso de curvas de niacutevel e retirada da cobertura

vegetal do solo sem plano de manejo provocando erosatildeo

Aleacutem disso de acordo com a Prefeitura Municipal de Matinhas apesar de

saber das leis existe uma dificuldade de aplicar e cobrar as poliacuteticas ambientais

devido a distribuiccedilatildeo fundiaacuteria ou seja propriedades de pequenas extensotildees

territoriais Por exemplo a lei de preservaccedilatildeo ambiental prevecirc que 20 de mata

devam ser nativas ou devam existir 30 de faixa de APP ndash Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente nos riachos A maioria dos produtores da regiatildeo possuem 25 ha

contando que nesta aacuterea estaacute incluiacuteda a casa de moradia Logo se a lei fosse

aplicada ficaria impossiacutevel sobrar aacuterea para uma famiacutelia produzir e tirar seu sustento

Segundo a EMATER natildeo cabe a ela executar as instruccedilotildees normativas

ambientais pois sua funccedilatildeo e de oacutergatildeo educador cabendo ao MAPA a defesa

vegetal e a SUDEMA a fiscalizaccedilatildeo para o cumprimento das leis O restante das

instituiccedilotildees (trecircs) natildeo conhece regulamentaccedilatildeo ambiental especiacutefica para a

produccedilatildeo de tangerina

76

O que se pode verificar na anaacutelise dessa questatildeo eacute que mais uma vez eacute

percebida a falta de integraccedilatildeo das instituiccedilotildees no tocante agrave necessidade de accedilotildees

conjuntas para fazerem cumprir as leis e instruccedilotildees normativas ambientais Tais

accedilotildees poderiam contribuir para o segmento obter o certificado de agricultura

orgacircnica e o selo de produccedilatildeo ecologicamente correta entre outros

A pesquisa tambeacutem procurou identificar quais satildeo os projetos e planos futuros

que as instituiccedilotildees possuem para apoiar e consolidar o APL da Citricultura As

instituiccedilotildees entrevistadas responderam que diversos esforccedilos estatildeo sendo

envidados

O Sindicato dos Trabalhadores de Matinhas vem atuando de forma a

conscientizar os 60 dos produtores que ainda natildeo acreditam em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica devido agrave demora na realizaccedilatildeo das accedilotildees por parte das instituiccedilotildees

governamentais A EMATER busca realizar seminaacuterios capacitar os produtores

divulgar poliacuteticas puacuteblicas existentes para o setor bem como promover dias de

campo com os agricultores visando o aprendizado in-loco

A Prefeitura Municipal de Matinhas envida esforccedilos para consolidar a

Coopertange como empresa acircncora do APL A SEDAP atraveacutes de suas empresas

vinculadas concede apoio logiacutestico na distribuiccedilatildeo de mudas A EMEPA procura

aprovar projetos e pesquisas destinados agrave produccedilatildeo de mudas certificadas

submetendo-os aos Ministeacuterios

Os parceiros BNB e SEBRAE responderam que levam informaccedilotildees e

procuram outros parceiros para execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

sustentabilidade do APL aleacutem de atuar na capacitaccedilatildeo e consultorias teacutecnicas Para

o MAPA a importacircncia de sua atuaccedilatildeo estaacute sendo na identificaccedilatildeo de um programa

especiacutefico para o setor da tangerina e a distribuiccedilatildeo de mudas fiscalizadas e

certificadas para as regiotildees do Agreste paraibano

Apoacutes a consolidaccedilatildeo do APL as instituiccedilotildees esperam produtores realizando

comercializaccedilatildeo sem a presenccedila de atravessadores independecircncia dos produtores

de programas sociais como forma de complementaccedilatildeo da renda para sustento das

famiacutelias aumento da produccedilatildeo e melhoria na qualidade das frutas demarcaccedilatildeo da

77

identidade geograacutefica15 da tangerina maior participaccedilatildeo dos produtores na

cooperativa conscientizaccedilatildeo por parte dos produtores para a importacircncia do

desenvolvimento e estruturaccedilatildeo da cadeia produtiva incremento de novas

tecnologias aplicadas aos plantios e aumento do creacutedito qualificado para o APL

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia

das poliacuteticas puacuteblicas para o desenvolvimento do APL

A anaacutelise da competitividade sistecircmica do arranjo produtivo da tangerina

utilizou o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD conforme descrito

na seccedilatildeo 42 Para tanto foi elaborado um questionaacuterio com o objetivo de avaliar a

visatildeo dos produtores a partir dos niacuteveis Micro Meso Macro e Meta do modelo

proposto

A amostra utilizada para o referido estudo contempla cinco associaccedilotildees e

uma cooperativa Neste universo foram entrevistados os seis presidentes dessas

organizaccedilotildees localizadas nos municiacutepios de Matinhas Esperanccedila Alagoa Nova

Lagoa de Roccedila Lagoa Seca e Massaranduba A escolha dos entrevistados foi

devido agrave vivecircncia desses representantes como interlocutores junto agraves instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais e principalmente por serem produtores de

tangerina e liacutederes na regiatildeo

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro

Neste niacutevel buscou-se analisar a capacidade de organizaccedilatildeo dos produtores

a sua capacidade inovativa a logiacutestica existente na comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo

da produccedilatildeo bem como o niacutevel de competitividade dos produtores

Segundo os produtores de citros da regiatildeo o diferencial competitivo desse

arranjo eacute a sazonalidade da produccedilatildeo concentrando-se o plantio da tangerina

principalmente nos muniacutecipios de Matinhas Lagoa Seca e Alagoa Nova Este

15 A identidade geograacutefica tem como escopo conferir a determinado produto ou serviccedilo uma

identidade proacutepria criando um elo com suas especificidades regionais especialmente histoacutericas e culturais levando ao consumidor garantias como a rastreabilidade do produto e seguranccedila do alimento

78

diferencial faz com que natildeo existam concorrentes de outras regiotildees para a tangerina

produzida no APL

Entretanto o cultivo da tangerina ainda eacute realizado de forma tradicional e

arcaica em 80 das aacutereas produtivas do APL Segundo o presidente da associaccedilatildeo

de Lagoa Seca ldquonem todos os agricultores estatildeo conscientes da importacircncia da

praacutetica qualificadardquo Apesar de terem sido constatadas melhoria nas praacuteticas de

cultivo ainda eacute muito baixo o nuacutemero de produtores que optaram por teacutecnicas

ambientalmente corretas em seus pomares

Percebe-se mais uma vez que o cultivo da tangerina na regiatildeo natildeo eacute

realizado de forma adequada pela maioria dos produtores e que o processo de

modernizaccedilatildeo ainda depende da conscientizaccedilatildeo dos agricultores para o uso de

novas teacutecnicas agriacutecolas

Em relaccedilatildeo aos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica a maioria

dos entrevistados respondeu que existe uma grande deficiecircncia A presenccedila do

atravessador ainda eacute muito forte o que gera uma dependecircncia na comercializaccedilatildeo

pois esse tipo de transaccedilatildeo comercial eacute realizado diretamente nos pomares sem que

haja necessidade dos produtores se deslocarem para vender sua produccedilatildeo Esse

fato natildeo os estimula a venderem a tangerina em canais de distribuiccedilatildeo diversificados

e mais rentaacuteveis tais como atacadistas das regiotildees Sul e Sudeste supermercados

feiras agroecoloacutegicas e os programas PAA e PNAE

Sendo assim o escoamento da produccedilatildeo de tangerina eacute realizado pelos

atravessadores Estes satildeo os responsaacuteveis pela respectiva distribuiccedilatildeo no mercado

regional e em todo o Nordeste

Aleacutem do problema da comercializaccedilatildeo outros fatores correlacionados foram

identificados no APL ausecircncia da padronizaccedilatildeo da tangerina higienizaccedilatildeo e

classificaccedilatildeo dos frutos e baixa capacidade produtiva entre as safras o que impede

o arranjo de se consolidar no mercado

Por outro lado os produtores atraveacutes do Sindicato e da Coopertange vecircm

buscando a certificaccedilatildeo da tangerina como orgacircnica Essas organizaccedilotildees tecircm

consciecircncia que satildeo necessaacuterias mudanccedilas nas praacuteticas de cultivo para a obtenccedilatildeo

de tal certificaccedilatildeo o que proporcionaraacute maior agregaccedilatildeo de valor ao produto

79

Para melhor compreensatildeo dos fatores internos de competitividade das

associaccedilotildees e da cooperativa apresenta-se no Graacutefico 1 os resultados do

posicionamento dos produtores quanto algumas perspectivas de desenvolvimento

para o segmento

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter

uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

b) A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado c) A Coopertange (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente a

mercados mais exigentes e que pagam por qualidade

d) Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e) Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da

tangerina

f) Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

g) Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

h) A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro

Fonte Elaborado pela autora

Ao analisarmos as respostas concedidas pelos produtores de tangerina

observa-se uma dispersatildeo na maioria das respostas Percebe-se que natildeo existe um

consenso entre esses atores no tocante ao processo de seleccedilatildeo e homogeneidade

de mudas esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e dos canais

de comercializaccedilatildeo bem como para a questatildeo de incentivo a qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra O resultado da anaacutelise constata que cada ator externa uma preocupaccedilatildeo

diferente retratando a sua necessidade individual e sem uma visatildeo do coletivo

O Graacutefico 2 apresenta as principais formas de cooperaccedilatildeo entre os atores do

APL Neste graacutefico constata-se mais uma vez que o diaacutelogo entre os atores eacute muito

pequeno e que a conscientizaccedilatildeo para compras coletivas e venda de forma

cooperada natildeo eacute discutido e avaliado entre eles Para os demais itens percebe-se

que natildeo existe integraccedilatildeo entre os atores e que a maioria busca soluccedilotildees para os

80

seus problemas de forma particular natildeo observando sua participaccedilatildeo dentro de um

sistema cooperado em que seus problemas deveriam ser tratados coletivamente

Para a Associaccedilatildeo de Esperanccedila as respostas analisadas foram bem

diferentes pois as praacuteticas de comercializaccedilatildeo teacutecnicas agriacutecolas e intervenccedilotildees

governamentais ocorrem de maneira integrada

Isto eacute reflexo da atuaccedilatildeo da EMATER nessa regiatildeo que eacute atuante e

desempenha um papel de ATER16 de maneira continuada entre os produtores Essa

atuaccedilatildeo permite que os produtores dialoguem e busquem soluccedilotildees aos problemas

advindos de seus pomares hortas e plantaccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) Compra de insumos e equipamentos b) Venda de produtos

c) Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio d) Capacitaccedilatildeo de recursos humanos e) Obtenccedilatildeo de financiamento

f) Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees g) Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL

Fonte Elaborado pela autora

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo identificadas para o APL e

descritas no Graacutefico 3 foi observado que todas as informaccedilotildees sejam elas fontes

internas externas ou advindas de universidades centros de pesquisa e de outras

redes de informaccedilatildeo satildeo importantes para o desenvolvimento e estruturaccedilatildeo do

arranjo na visatildeo dos produtores entrevistados

Entretanto durante a entrevista foi observado certa anguacutestia por parte dos

atores no tocante a celeridade dessas informaccedilotildees Para eles existe uma

16

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

81

descontinuidade nas accedilotildees dos parceiros interrompendo-se assim a rede de

informaccedilatildeo criada entre os atores e as instituiccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h i j k l m n o p q r

Menos Importante

Meacutedia

Mais importante

Fontes internas

a) Pesquisa e Desenvolvimento b) Aacuterea de produccedilatildeo c) Aacuterea de vendas e marketing

d) Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes Externas e) Fornecedores de insumos

f) Clientes g) Concorrentes h) Outras empresas do setor

i) Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa j) Universidades

k) Institutos de pesquisas l) Centro de capacitaccedilatildeo profissional m) Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

n) Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes o) Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

p) Feiras especializadas q) Associaccedilotildees e sindicatos r) Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo

Fonte Elaborado pela autora

Nesta seccedilatildeo observa-se uma dicotomia na relaccedilatildeo entre produtores versus

instituiccedilotildees parceiras Do lado das instituiccedilotildees accedilotildees satildeo realizadas visando agrave

difusatildeo de informaccedilotildees para o setor e do lado dos produtores estes sentem a falta

da celeridade de tais informaccedilotildees e a elaboraccedilatildeo de programas especiacuteficos para o

segmento que possam ser executados de forma continuada

Debruccedilando-se sobre as respostas dos produtores principais atores da

atividade econocircmica foi possiacutevel averiguar que a falta de celeridade de informaccedilotildees

e a presenccedila dos parceiros de maneira esporaacutedica tecircm desmotivado esses atores a

buscarem a modernizaccedilatildeo para uma produccedilatildeo mais competitiva Esse reflexo pode

82

implicar na busca individualizada por respostas mais imediatas aos problemas

dentro do arranjo o que vem ocorrendo no APL em estudo

Outro fator determinante para o baixo investimento na produccedilatildeo de tangerina

eacute a desarticulaccedilatildeo entre os produtores para o uso de praacuteticas qualificadas em seus

plantios Isto eacute visivelmente comprovado quando observamos a falta de seleccedilatildeo e

padronizaccedilatildeo de frutos a venda da produccedilatildeo aos atravessadores a logiacutestica de

distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo natildeo realizada por uma empresa acircncora e o baixo niacutevel de

empreendedorismo dos produtores devido agrave ausecircncia de orientaccedilotildees teacutecnicas para

a gestatildeo do negoacutecio

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso

No niacutevel Meso foi possiacutevel analisar como os produtores estatildeo inseridos no

APL e como satildeo percebidas pelos produtores as poliacuteticas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais para a consolidaccedilatildeo desse

segmento

Os produtores filiados agraves organizaccedilotildees representativas do setor informaram

que do ponto de vista da esfera federal e estadual natildeo conhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina o que dificulta o desenvolvimento do APL

e da regiatildeo Esses produtores afirmam tambeacutem que tecircm conhecimento apenas das

poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar

Para o representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova seria necessaacuterio

tambeacutem ldquoo desenvolvimento de projetos coletivos para este setor visando incentivar

a qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra dos jovens e filhos dos agricultores para trabalharem

nos plantiosrdquo

Os representantes do setor tambeacutem questionam a falta de integraccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo por parte dos governos com outras instituiccedilotildees natildeo governamentais

para promover o arranjo e consequentemente ampliar a sua competitividade

Entretanto apesar de algumas accedilotildees serem realizadas de forma integrada

ainda satildeo muito tiacutemidas Segundo a representante da Coopertange ldquoNatildeo existe ateacute

o momento uma estrateacutegia de desenvolvimento para essa integraccedilatildeo de forma

continuadardquo

83

Para essas organizaccedilotildees coletivas e seus associados as contribuiccedilotildees das

instituiccedilotildees parceiras de apoio ao APL tecircm ocorrido de forma eventual Algumas

atividades citadas foram cursos de capacitaccedilatildeo treinamento elaboraccedilatildeo de

projetos debates palestras seminaacuterios visitas de intercacircmbio disponibilizaccedilatildeo de

mudas certificadas e apresentaccedilatildeo de viacutedeos

Os produtores tambeacutem citaram as instituiccedilotildees parceiras do arranjo Governo

do Estado SEDAP EMATER EMEPA EMPASA Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Matinhas SEBRAE Prefeituras Municipais BNB UFPB ndash Campus de

Bananeiras e de Areia Secretarias de Educaccedilatildeo (PNAE) MDS (PAA) UFCG Caixa

Econocircmica Banco do Brasil Foacuterum de Fruticultura da Borborema CONAB

Ministeacuterio da Sauacutede e EMBRAPA Aleacutem dessas outras entidades foram citadas

como potenciais parceiras MAPA INTERPA SENAR UEPB OCEPB Fundaccedilatildeo

Banco do Brasil e Bradesco

Outros oacutergatildeos natildeo governamentais citados no desenvolvimento de accedilotildees

conjuntas mesmo que de forma bastante incipiente foram a ASPTA17 e a FETAG18

Constatou-se tambeacutem que na visatildeo dos representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa a melhor maneira de se obter recursos junto agraves instituiccedilotildees de apoio a

fomento e entidades governamentais eacute atraveacutes da elaboraccedilatildeo de projetos e

programas voltados para a citricultura Outros mecanismos seriam a demanda

coletiva dos produtores e da governanccedila junto agraves instituiccedilotildees bem como a emissatildeo

da DAP19 (instrumento da SAFMDA20) para que esses produtores possam participar

de linhas de creacutedito especiacuteficas do PRONAF

A pesquisa tambeacutem avaliou se os produtores conhecem as leis ou instruccedilotildees

normativas que estabelecem requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina

na Paraiacuteba Trecircs dos entrevistados responderam que natildeo conhecem Para o

representante da Associaccedilatildeo de Massaranduba ldquoa maioria dos produtores do

municiacutepio conhece e utiliza cartilhas e livros teacutecnicos o que fez com que houvesse

uma reduccedilatildeo na queima e no desmatamento A praacutetica orientada para a reduccedilatildeo dos

17 Assessoria de Serviccedilos e Projetos da Agricultura Alternativa - Zona Rural 18 Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba 19 DAP ndash Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf - utilizada como instrumento de identificaccedilatildeo do agricultor familiar

para acessar poliacuteticas puacuteblicas como o Pronaf

20 A DAP foi criada pela Secretaria da Agricultura Familiar do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

84

impactos ambientais contribuiu com um trabalho de reflorestamento que vem sendo

desenvolvido na regiatildeo pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massarandubardquo

Foi observado entre os entrevistados que essa praacutetica eacute uma exceccedilatildeo no APL pois

eacute realizada somente pelos produtores desse municiacutepio

Jaacute o representante de Alagoa Nova diz ter conhecimento das leis mas elas

natildeo satildeo aplicadas porque natildeo existe uma assistecircncia teacutecnica continuada O

representante de Lagoa de Roccedila tambeacutem afirmou que conhece e pratica e quem o

orienta eacute seu neto aluno da Escola Teacutecnica que estaacute cursando Teacutecnico Agriacutecola

Quando se analisa a poliacutetica comercial brasileira para exportaccedilatildeo da

tangerina verifica-se que a metade dos entrevistados tem consciecircncia que existe

potencial de comercializaccedilatildeo e mercado para exportaccedilatildeo desse tipo de fruto

enquanto que outra metade natildeo tem conhecimento de tal poliacutetica

No Graacutefico 4 ao serem avaliadas algumas variaacuteveis do niacutevel Meso para o

desenvolvimento do arranjo pocircde-se averiguar que a relaccedilatildeo entre os produtores e

as poliacuteticas existentes tem acontecido de maneira diferenciada para cada

associaccedilatildeo e cooperativa podendo variar em funccedilatildeo do interesse pela demanda

grau de organizaccedilatildeo da entidade e niacutevel de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees que apoiam o

APL

0

1

2

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4

5

6

a b c d e f g h

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo

de negoacutecios b O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos

gestores governamentais

c A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo d A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor e O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

f As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

g A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

h A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso

Fonte Elaborado pela autora

85

A natildeo existecircncia de um consenso entre os produtores eacute decorrente das

respostas analisadas no referido graacutefico em que algumas organizaccedilotildees coletivas

discordam da efetividade dessas poliacuteticas e em contraponto outras concordam

parcialmente ou totalmente

O Graacutefico 5 avalia a relaccedilatildeo dos produtores com as instituiccedilotildees parceiras

governamentais e natildeo governamentais Verifica-se que os atores divergem em suas

respostas por possuiacuterem niacuteveis de parcerias diferentes com cada instituiccedilatildeo Logo

percebe-se que na visatildeo dos entrevistados algumas instituiccedilotildees tecircm atuaccedilatildeo

regular outras apresentam accedilotildees inexpressivas e as demais natildeo tecircm relaccedilatildeo de

parceria com os atores

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1

2

3

4

5

6

a b c d e

Oacutetimo

Bom

Regular

Ruim

Sem relaccedilatildeo

a AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio b Instituiccedilotildees financeiras

c Fornecedores e outras empresas do arranjo d Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades e Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

Fonte Elaborado pela autora

Constata-se no niacutevel Meso que os representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa natildeo conhecem poliacuteticas especiacuteficas para o setor seja pela sua

inexistecircncia ou mesmo pela insipiente difusatildeo de informaccedilotildees sobre programas e

projetos voltados para o APL O que geralmente ocorre eacute a utilizaccedilatildeo de poliacuteticas jaacute

existentes como por exemplo para agricultura familiar sem haver uma

preocupaccedilatildeo em atender os problemas especiacuteficos da citricultura

Outra questatildeo tambeacutem apontada pelos produtores eacute a falta de integraccedilatildeo das

instituiccedilotildees que apoiam o setor gerando accedilotildees individualizadas e descontiacutenuas

Este problema tambeacutem foi identificado no niacutevel Micro (seccedilatildeo 521) o que mais uma

vez comprova a necessidade de uma poliacutetica governamental especiacutefica e atuante

para o referido arranjo

86

O lado positivo da avaliaccedilatildeo deste niacutevel eacute que os produtores apontaram

diversas instituiccedilotildees com accedilotildees pontuais no arranjo produtivo local Isto indica que

existe uma preacute-disposiccedilatildeo e interesse dessas instituiccedilotildees em apoiarem um APL que

tem potencial comercial expressivo e que envolve uma parcela da populaccedilatildeo

residente na zona rural em atividades oriundas da citricultura

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro

As questotildees elaboradas para o niacutevel Macro natildeo retratam especificamente o

modelo definido para o referido niacutevel como detalhado na seccedilatildeo 42 Por outro lado

essas questotildees foram formatadas sob a oacutetica de um APL de baixa renda que

apresenta fragilidades advindas das poliacuteticas puacuteblicas para a agricultura familiar No

entanto observa-se um grande potencial para o aumento da produccedilatildeo de citros na

regiatildeo o que faz esse arranjo ter prioridades econocircmicas e sociais podendo atingir

os mercados nacional e internacional

Neste niacutevel procurou-se entender como os produtores percebem as poliacuteticas

econocircmicas e a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na disponibilizaccedilatildeo de creacuteditos e linhas de

financiamento como forma de consolidar o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

Em relaccedilatildeo agrave disponibilizaccedilatildeo de financiamento pelas instituiccedilotildees de fomento

para melhorar o processo produtivo no arranjo todas as associaccedilotildees afirmam que

as linhas de creacutedito satildeo provenientes do PRONAF atraveacutes do Banco do Nordeste ndash

BNB que credenciou teacutecnicos da EMATER para elaborar os projetos

Essa linha de financiamento concede aos produtores condiccedilotildees especiais tais

como carecircncia para pagamento rebate e juros baixos O acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos eacute realizado conjuntamente pelo BNB e EMATER Outras

instituiccedilotildees de fomento que aparecem muito timidamente satildeo Banco do Brasil e

Caixa Econocircmica

Foi observado que os produtores natildeo tecircm clareza sobre financiamentos para

expansatildeo da capacidade produtiva capital de giro e melhoria da produccedilatildeo A

burocracia ainda eacute grande para o agricultor familiar e as informaccedilotildees natildeo chegam

adequadamente agraves associaccedilotildees

87

Com relaccedilatildeo agrave poliacutetica puacuteblica que estabeleceu programas e accedilotildees para

Arranjos Produtivos Locais foi observado na pesquisa que a maioria dos

entrevistados natildeo percebeu nenhum benefiacutecio praacutetico a partir dessas medidas e que

ateacute hoje o setor natildeo tem uma poliacutetica especiacutefica para esse tipo de produccedilatildeo agriacutecola

Somente o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila afirmou que o Governo

Federal incentivou o desenvolvimento do APL da Citricultura aprovando o projeto

para aquisiccedilatildeo de uma packing house

Outro aspecto relatado pela maioria das organizaccedilotildees e produtores foi que

natildeo existe no Plano Pluri Anual ndash PPA dos Governos Municipais accedilotildees ou poliacuteticas

especiacuteficas para a tangerina Apenas o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila

afirmou que a prefeitura investe em accedilotildees direcionadas ao APL preparando

estradas para escoamento da produccedilatildeo e adquirindo 30 da produccedilatildeo agriacutecola do

municiacutepio para a merenda escolar atraveacutes do PNAE

Constatou-se tambeacutem que a prefeitura de Matinhas tem investido na melhoria

das estradas vicinais na criaccedilatildeo do Parque da Laranja para realizaccedilatildeo de eventos

na aquisiccedilatildeo de equipamentos para beneficiamento da tangerina bem como

propiciou a contrapartida para aquisiccedilatildeo da packing house

Outra questatildeo informada pelos representantes das organizaccedilotildees foi como

resolver a presenccedila do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no setor jaacute que o

APL conta com cinco associaccedilotildees e uma cooperativa Esses representantes

afirmaram que seria necessaacuterio um grande trabalho de conscientizaccedilatildeo que fizesse

os produtores participarem ativamente da cooperativa pois atualmente ainda existe

rejeiccedilatildeo por esse tipo de organizaccedilatildeo

Tambeacutem foi frisada a importacircncia da estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da

Coopertange pois ela poderaacute ser o elo de integraccedilatildeo entre o segmento e as

poliacuteticas existentes Essa entidade deve ser capaz de dialogar com os oacutergatildeos

governamentais e efetivar a citricultura como uma atividade competitiva e rentaacutevel

para os produtores Os entrevistados ainda citaram como importante o escoamento

da produccedilatildeo pela cooperativa e a parceria com a Ceasa para que a mesma compre

a tangerina diretamente da Coopertange

Evidenciou-se ainda que as associaccedilotildees e a cooperativa estatildeo envidando

esforccedilos para consolidar o referido APL realizando reuniotildees com os produtores

88

buscando novos parceiros fazendo anaacutelise de mercado para onde pretendem

escoar a produccedilatildeo desenvolvendo projetos participando de feiras agroecoloacutegicas e

pesquisando o uso de novas tecnologias

Por fim os entrevistados externaram os projetos e planos futuros que eles

esperam com a consolidaccedilatildeo do APL A presidente da Coopertange espera colocar

em funcionamento a cooperativa como empresa ancora do APL instalar a packing

house estimular o crescimento da produccedilatildeo buscar a transferecircncia de tecnologia de

forma permanente para os produtores e gerar a inclusatildeo social na regiatildeo

O representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova espera que as instituiccedilotildees

parceiras promovam maior divulgaccedilatildeo das informaccedilotildees para os produtores dos seis

municiacutepios que compotildeem o APL que haja um aumento de recursos para investir na

produccedilatildeo e mais tecnologia para o segmento Para o representante da Associaccedilatildeo

de Lagoa de Roccedila o mais importante eacute melhorar o preccedilo da tangerina no mercado

No municiacutepio de Esperanccedila a associaccedilatildeo almeja que as informaccedilotildees

advindas de programas governamentais possam chegar aos produtores de forma

efetiva e que haja um aumento na venda da produccedilatildeo advinda da agricultura

familiar A Associaccedilatildeo de Lagoa Seca pretende melhorar as condiccedilotildees sociais e

econocircmicas dos associados participantes do arranjo O desejo da presidente da

Associaccedilatildeo de Massaranduba eacute ldquover todos os produtores tirando proveito da

estrutura da Coopertangerdquo

No Graacutefico 6 satildeo avaliadas as poliacuteticas econocircmicas direcionadas para o APL

da Citricultura e analisado como os atores percebem a contribuiccedilatildeo dessas poliacuteticas

Ao serem questionados se os governos locais tecircm direcionado o orccedilamento para a

promoccedilatildeo do arranjo todos afirmam que natildeo Este entendimento sugere

provavelmente que os produtores natildeo entendem as accedilotildees realizadas pelos governos

locais como uma poliacutetica efetiva para o arranjo Quando indagado aos produtores se

a poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor a maioria afirmou

ser indiferente e natildeo perceber a eficaacutecia dessa poliacutetica pois a mesma apresenta

poucos reflexos no desenvolvimento do arranjo da citricultura Para os produtores de

citros a carga tributaacuteria e as leis trabalhistas natildeo influenciam no soerguimento da

atividade Verifica-se que algumas respostas apresentam-se de forma dispersa o

que retrata possivelmente a falta de um melhor entendimento sobre tais poliacuteticas

89

Considerando que o niacutevel Macro engloba poliacuteticas macroeconocircmicas as

poliacuteticas de financiamento utilizadas pela maioria dos produtores ainda satildeo

provenientes do PRONAF pois o APL em questatildeo encontra-se em fase de

organizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo tem como base a agricultura familiar e ainda se

apresenta como de baixa renda apesar do seu grande potencial socioeconocircmico

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5

6

a b c d e f

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

b A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor c A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos d O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

e A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo f As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro

Fonte Elaborado pela autora

Foi observado tambeacutem que a atividade econocircmica possui caracteriacutesticas

positivas tais como nuacutemero expressivo de produtores participantes de associaccedilotildees

e da cooperativa localizadas no arranjo produccedilatildeo diferenciada com propriedades

orgacircnicas e custo baixo de produccedilatildeo por serem frutos de sequeiro

No entanto o APL em questatildeo possui baixo investimento em pesquisa

desenvolvimento e inovaccedilatildeo baixa estrateacutegia para a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo falta

de alocaccedilatildeo de recursos para melhoria do plantio e equidade de renda dos

produtores desnivelada

Aleacutem disso um ponto forte evidenciado nesse aglomerado produtivo e que se

constitui como um dos seus maiores diferenciais eacute a produccedilatildeo de tangerina na

entressafra das outras regiotildees produtoras tendo como consequecircncia uma forte

demanda pela produccedilatildeo

Neste sentido faz-se necessaacuterio a criaccedilatildeo de mecanismos que possibilitem a

execuccedilatildeo de uma poliacutetica econocircmica mais proativa para a citricultura que natildeo sofra

90

soluccedilatildeo de continuidade e que os resultados de sua implementaccedilatildeo possam ser

acompanhados pela governanccedila parceiros institucionais e produtores

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta

O objetivo deste niacutevel eacute identificar o grau de cooperaccedilatildeo entre os atores o

seu empoderamento e capacidade de interferecircncia nas poliacuteticas puacuteblicas visando

aglutinar forccedilas e potencializar as vantagens competitivas do setor Esta anaacutelise

tambeacutem busca identificar se os produtores estatildeo desenvolvendo estrateacutegias que

venham promover o APL da Citricultura

Neste sentido dos seis atores entrevistados quatro responderam que

conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas governamentais voltados

para o arranjo Esses atores relataram que existe inclusive um bom relacionamento

com a EMATER e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel ndash

CMDRS Aleacutem disso as organizaccedilotildees coletivas conseguem com esses parceiros

institucionais apoio teacutecnico para produzir citros (tangerina limatildeo e laranja) e

hortaliccedila sem o uso de agrotoacutexico Os produtores rurais foram enfaacuteticos em dizer

que ldquonatildeo admitem a aplicaccedilatildeo de produtos quiacutemicos em seus pomaresrdquo

Os outros dois representantes responderam que natildeo conseguem influenciar

os governantes para a importacircncia de uma assistecircncia teacutecnica continuada pois ao

inveacutes de realizarem accedilotildees de ATER21 de forma permanente os apoios satildeo sempre

realizados de forma pontual a exemplo da ldquopraga da mosca negrardquo Para este

problema a assistecircncia teacutecnica concedida por parte das instituiccedilotildees governamentais

para evitar uma infestaccedilatildeo foi corretiva e natildeo preventiva

No entanto quando questionados sobre a preacute-disposiccedilatildeo agrave cooperaccedilatildeo os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa acreditam que os produtores estatildeo

confiantes na parceria com as instituiccedilotildees e tecircm certeza que gradativamente esse

processo estaraacute fortalecido Contudo a Associaccedilatildeo de Esperanccedila acredita que os

produtores natildeo estatildeo preparados e tecircm dificuldade de dialogar com as instituiccedilotildees

21

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

91

Quando abordados sobre a existecircncia da troca de conhecimentos entre os

parceiros quatro organizaccedilotildees responderam que existe um bom diaacutelogo com os

parceiros EMATER SPTA Polo Sindical da Borborema (composto por 16

sindicatos) EMEPA EMBRAPA UEPB (alunos de agroecologia) UFPB e feirantes

Aleacutem disso os representantes das organizaccedilotildees falaram da praacutetica de difundir entre

os produtores teacutecnicas aprendidas em palestras sobre plantaccedilatildeo orgacircnica e

defensivos orgacircnicos Por outro lado a Coopertange e a Associaccedilatildeo de Lagoa de

Roccedila acreditam que no passado jaacute houve troca de conhecimento entre os

produtores mas hoje natildeo mais

Percebe-se na anaacutelise do Graacutefico 7 que natildeo existe um consenso sobre a

efetividade das poliacuteticas como indutoras de desenvolvimento do APL Os produtores

tecircm respostas diferentes quando satildeo indagados sobre a atuaccedilatildeo dos governos em

prol do arranjo sobre a existecircncia de canais negociaccedilatildeo bem como na busca de um

modelo de governanccedila que facilite o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees governamentais e o

setor produtivo

Desta forma a inexistecircncia de um consenso de opiniatildeo e a falta de

consciecircncia sobre a importacircncia da organizaccedilatildeo dos produtores faz com que o

desenvolvimento do APL seja lento e suas accedilotildees desarticuladas

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

b O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

c As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no arranjo atuando de maneira

democraacutetica em defesa dos seus soacutecios d Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor

privado

e Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta

Fonte Elaborado pela autora

92

Neste niacutevel cujo objetivo eacute identificar a capacidade de organizaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa e seu poder de articulaccedilatildeo junto agraves instituiccedilotildees que

apoiam o APL constata-se que para o arranjo as instituiccedilotildees reconhecem o

potencial do setor e tecircm interesse em apoiar as dinacircmicas de desenvolvimento e

accedilotildees de caraacuteter efetivo para a consolidaccedilatildeo do arranjo Por outro lado os

produtores na sua maioria natildeo gozam de privileacutegios comparados a outras

atividades econocircmicas tradicionais existentes no Estado a exemplo dos setores

Sucroalcooleiro Coureiro-Calccediladista e Caprinovinocultura

Outra questatildeo conflitante diz respeito agrave atuaccedilatildeo democraacutetica das associaccedilotildees

e da cooperativa representantes legais dos produtores e que atuam na defesa dos

interesses do setor A falta de uniatildeo a inexistecircncia de diaacutelogo mais frequente entre

essas organizaccedilotildees e a carecircncia de um interlocutor que unifique a lideranccedila e

debata com o segmento as necessidades coletivas dos produtores fazem com que

a comunicaccedilatildeo entre os governos e o setor produtivo esteja fragilizada

No tocante a um modelo de governanccedila para o APL os produtores ainda natildeo

tecircm um consenso formatado sobre tal modelo Mas o mais interessante eacute que em

todo o estudo os beneficiaacuterios do arranjo tecircm esperanccedilas de que quando a packing

house estiver funcionando e a Coopertange assumir o papel de empresa acircncora do

sistema seraacute possiacutevel dar a este arranjo produtivo local um novo rumo de

cooperaccedilatildeo e sobre tudo uma nova dinacircmica comercial e ambiental para o APL da

citricultura

53 Conclusatildeo da Anaacutelise

Neste capiacutetulo foi possiacutevel avaliar o arranjo institucional e as contribuiccedilotildees e

falhas detectadas a partir das poliacuteticas puacuteblicas implementadas no Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Na seccedilatildeo 51 foram analisados os dados coletados nas entrevistas com os

stakeholders das instituiccedilotildees mais atuantes no arranjo A partir dessa anaacutelise pode-

se concluir que o suporte institucional existente para o APL possui parceiros

importantes e com potencial para apoiar a organizaccedilatildeo do arranjo bem como tem

capacidade teacutecnica para estimular e promover entre os produtores a cultura da

93

cooperaccedilatildeo Entretanto ficou evidenciado que este suporte institucional ainda eacute

fraacutegil e apresenta deficiecircncia na execuccedilatildeo das accedilotildees

A governanccedila praticada ainda eacute a governamental (prefeitura e Governo do

Estado) e se apresenta como a maior incentivadora do desenvolvimento da

citricultura na regiatildeo

No entanto percebe-se na fala de cada representante que as accedilotildees satildeo

realizadas isoladamente por cada entidade Mesmo que estas estejam integradas no

APL as accedilotildees continuam acontecendo conforme o planejamento institucional de

cada uma Essa realidade dificulta a flexibilidade dos gestores apoiarem outras

demandas mais significativas e impactantes para o arranjo

Contudo tentativa como a do SEBRAE de quebrar esse hiato possibilitou em

parceria com a Superintendecircncia Federal de Agricultura no Estado da Paraiacuteba a

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema Apesar da atuaccedilatildeo deste Foacuterum

natildeo foi possiacutevel identificar a existecircncia de accedilotildees integradas e executadas de

maneira continuada entre os seus representantes que pudessem ser elaboradas e

validadas como prioridade para o desenvolvimento da tangerina na Paraiacuteba Essa

constataccedilatildeo foi observada nas respostas dos entrevistados Eles tambeacutem afirmam

que a poliacutetica partidaacuteria existente na regiatildeo dificulta a implementaccedilatildeo de accedilotildees

integradas

Os gestores institucionais natildeo perceberam que as poliacuteticas puacuteblicas

existentes para atender agraves necessidades do setor devem ser trabalhadas a partir de

uma interseccedilatildeo dos programas governamentais e natildeo governamentais que

potencializem projetos estruturantes possibilitando a sustentabilidade da atividade

econocircmica de forma equilibrada em toda a regiatildeo

Para analisar a visatildeo dos produtores em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas direcionadas ao APL discutida na seccedilatildeo 52 utilizou-se como ferramenta o

modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD composto por quatro niacuteveis

O niacutevel Micro permitiu a identificaccedilatildeo dos problemas mais frequentes dos

produtores que apesar de estarem organizados em associaccedilotildees e cooperativa natildeo

possuem o habito de resolver os problemas do segmento de modo cooperado

94

Tal constataccedilatildeo recai sobre a falta de diaacutelogo entre os atores fazendo com

que um hiato seja gerado na comunicaccedilatildeo dos participantes do arranjo Este fato

impede os produtores de obterem resultados promissores para o segmento e de

vislumbrarem a possibilidade de investir em inovaccedilatildeo de forma coletiva e realizar

uma comercializaccedilatildeo com maior poder de negociaccedilatildeo de preccedilo e de expansatildeo de

mercado

Outros fatores importantes detectados nesse niacutevel foram a baixa capacidade

produtiva entre as safras apesar de existir uma aacuterea expressiva para a produccedilatildeo de

citros falta de celeridade nas informaccedilotildees e descontinuidade nas accedilotildees dos

parceiros

No niacutevel Meso verificou-se que os produtores desconhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina e questionam a falta de investimentos

financeiros para o setor a falta de orientaccedilatildeo de normas teacutecnicas de plantio e

manejo nos pomares a falta de integraccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre as instituiccedilotildees

governamentais e a falta de projetos que qualifiquem jovens e filhos de produtores

para atuarem no campo

Os produtores enfatizam tambeacutem a pouca atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees realizando

accedilotildees diferenciadas para cada associaccedilatildeo ou seja natildeo havendo criteacuterios para o

atendimento coletivo desses atores

Ao analisar o APL segundo o niacutevel Macro verificou-se que as poliacuteticas

macroeconocircmicas (cambial monetaacuteria e fiscal) e a poliacutetica de comeacutercio exterior natildeo

influenciam diretamente esse APL Por ser um arranjo de baixa renda e que utiliza

basicamente poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar adequadas para

uma agricultura diversificada e natildeo especificamente para tangerina tais poliacuteticas

acabam natildeo incentivando a expansatildeo do plantio Neste caso o planejamento e a

organizaccedilatildeo produtiva da atividade de maior potencial econocircmico na regiatildeo natildeo satildeo

priorizados

Ainda sobre a poliacutetica econocircmica brasileira eacute notoacuteria a carecircncia de

esclarecimentos sobre como essa poliacutetica poderia dinamizar o segmento e o

desconhecimento sobre os incentivos governamentais para formalizaccedilatildeo de

agronegoacutecios

95

O niacutevel Meta analisou a cooperaccedilatildeo dos atores dentro de uma visatildeo

sistecircmica em que estes acreditam que gradativamente o setor estaraacute fortalecido

mas que ainda natildeo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas

governamentais voltados para o setor

Identificou-se tambeacutem que natildeo existe um consenso entre os produtores sobre

a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao arranjo nem sobre a participaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa na defesa dos direitos dos seus associados e nem na

implementaccedilatildeo de um modelo de governanccedila que contribua com o desenvolvimento

do APL

Portanto apoacutes a anaacutelise da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees e da percepccedilatildeo dos

produtores rurais em relaccedilatildeo agraves poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina espera-se que as contribuiccedilotildees identificadas nesta pesquisa

sirvam de instrumento balizador na adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas para

a citricultura no Estado e que novas perspectivas de incremento ao setor sejam

planejadas com a participaccedilatildeo e integraccedilatildeo das organizaccedilotildees sociais que compotildeem

o arranjo

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Esta dissertaccedilatildeo analisou o Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina por se tratar de um APL de grande potencial econocircmico para

a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

O trabalho proposto teve como finalidade analisar a estrutura organizacional

do APL identificar as poliacuteticas promotoras do desenvolvimento avaliar a

contribuiccedilatildeo das poliacuteticas disponibilizadas e propor medidas para a reduccedilatildeo das

falhas oriundas do processo de implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas

Historicamente a regiatildeo em estudo eacute detentora de um nuacutemero expressivo de

produtores rurais que destinam suas atividades agriacutecolas no plantio de citros O

setor gera 4000 empregos diretos e 6000 empregos indiretos aproximadamente o

que torna o referido arranjo prioritaacuterio para o Estado

A produccedilatildeo de tangerina advinda do aglomerado produtivo apresenta como

diferencial competitivo a ocorrecircncia da safra na entressafra de outros estados e o

plantio com caracteriacutesticas orgacircnicas (sem uso de defensivos quiacutemicos)

Os stackholders entrevistados acreditam que o referido APL tem impacto na

economia local e regional tem mercado favoraacutevel para o escoamento da produccedilatildeo

eacute gerador de emprego e renda apresenta possibilidade de expansatildeo tem cultura

difundida na produccedilatildeo de tangerina e eacute promotor do desenvolvimento

socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Nos uacuteltimos anos apesar de ainda natildeo haver uma dinacircmica de trabalho

adequada para o segmento as instituiccedilotildees parceiras e suas respectivas poliacuteticas

contribuiacuteram para que o setor avanccedilasse

As principais poliacuteticas de apoio ao APL realizadas pelas instituiccedilotildees satildeo a

disponibilizaccedilatildeo de linhas de creacutedito destinadas agrave agricultura familiar (PRONAF)

estimulo agraves compras governamentais para os programas PNAE e PAA realizaccedilatildeo

de pesquisas de inovaccedilatildeo para a melhoria de mudas e plantas certificadas

97

promoccedilatildeo da transferecircncia de tecnologias e da capacitaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

orientaccedilotildees de ATER no plantio da tangerina

Sendo assim para analisar o impacto das poliacuteticas aplicadas ao APL em

estudo foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD Este

modelo analisa o arranjo com maior ecircnfase nos aspectos sociais e inclui a accedilatildeo do

Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade como fatores determinantes para o aumento

da competitividade sistecircmica A partir desse modelo foi possiacutevel pesquisar atraveacutes

dos niacuteveis Micro Meso Meta e Macro como o setor estaacute organizado e como as

poliacuteticas satildeo percebidas pelos produtores

Ao concluir a anaacutelise da pesquisa dois pontos foram priorizados e

referenciados dentro do estudo o primeiro eacute a visatildeo das instituiccedilotildees parceiras e

fomentadoras de poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

e o segundo a percepccedilatildeo dos produtores quanto agraves poliacuteticas disponibilizadas para o

aglomerado produtivo

Para as instituiccedilotildees o apoio ao segmento eacute realizado devido agrave importacircncia

econocircmica da produccedilatildeo de tangerina bem como 80 da populaccedilatildeo residir na zona

rural e ter como principal fonte de renda o cultivo da tangerina dancy Estes dois

fatores fazem com que as entidades governamentais vejam a atividade como

dinamizadora da economia para a regiatildeo

Outras accedilotildees advindas dessas entidades foram identificadas na pesquisa

contrataccedilatildeo de um especialista em tangerina melhoria das estradas vicinais para o

escoamento da produccedilatildeo promoccedilatildeo de visitas teacutecnicas e intercacircmbio reuniotildees

informativas sobre programas e poliacuteticas de desenvolvimento existentes para o

segmento e constituiccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema

Para os produtores esse apoio das instituiccedilotildees natildeo eacute percebido como poliacutetica

efetiva pois eacute executado sem um planejamento permanente de accedilotildees para o

periacuteodo de safra e de entressafra

As associaccedilotildees e a cooperativa tambeacutem sentem que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo

atuando de forma integrada ou seja natildeo foi visualizado um programa para a

citricultura principalmente para a tangerina em que houvesse a contribuiccedilatildeo de

todos os parceiros periodicamente visando o crescimento do APL

98

Aleacutem disso os produtores tambeacutem enfatizaram que o atendimento das

demandas por parte das instituiccedilotildees eacute realizado individualmente ou coletivamente

dependendo do tipo de accedilatildeo programada em cada oacutergatildeo o que muitas vezes

impede accedilotildees coletivas bem mais significativas para o APL como um todo

Esse apoio institucional realizado pelos parceiros de forma desarticulada e

com atendimentos diferenciados tem estimulado nos produtores descreacutedito nas

accedilotildees disponibilizadas pelos governos municipais e estadual

A falta de uma poliacutetica que intensifique as atividades econocircmicas e

tecnoloacutegicas no APL faz com que a produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba sofra um

descompasso entre a grande demanda por esses frutos de mesa e a baixa

competitividade desse setor

Sendo assim faz-se necessaacuterio a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas e adequaccedilatildeo

das jaacute existentes para que o arranjo possa se desenvolver com eficiecircncia e

competitividade

Sugere-se tambeacutem como alternativa complementar nas propostas de poliacuteticas

puacuteblicas a inserccedilatildeo das potencialidades de investimento dos municiacutepios que

compotildeem o APL (ver Apecircndice C) apresentadas nos Mapas de Oportunidades do

Estado da Paraiacuteba (FIEP 2009)

Na proacutexima seccedilatildeo seratildeo apresentadas as contribuiccedilotildees para a formulaccedilatildeo de

tais poliacuteticas

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

A pesquisa realizada no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina identificou que este APL natildeo possui infraestrutura tecnoloacutegica e logiacutestica

para vender em mercados que exigem qualidade e prazo de entrega a exemplo das

grandes redes de supermercado nacional ou para exportaccedilatildeo

Os avanccedilos obtidos a partir dos apoios institucionais ainda natildeo satildeo

suficientes para que o arranjo seja competitivo e desponte nacionalmente como um

99

aglomerado de excelecircncia na produccedilatildeo de tangerina Espera-se que com a

implementaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas para o segmento esse arranjo seja capaz de

promover o aumento da inclusatildeo social fazendo com que a dependecircncia do

agricultor por auxiacutelios governamentais como parte complementar de sua renda

sejam substituiacutedos por trabalho e geraccedilatildeo de riqueza

Para tanto diante das discussotildees geradas nesta dissertaccedilatildeo sugerem-se

algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de uma poliacutetica especiacutefica

para o segmento e a readequaccedilatildeo das poliacuteticas praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL Tais propostas satildeo

1 Formataccedilatildeo de uma poliacutetica governamental especiacutefica para a produccedilatildeo de citros

no APL que induza o aumento da produtividade dos plantios e a respectiva

comercializaccedilatildeo

Esta poliacutetica deve priorizar

A assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural de forma permanente executada pela

EMATER SENAR e MAPASEDAP

O aumento de recursos para o setor a ser incluiacutedo nos orccedilamentos estadual e

municipais bem como no das instituiccedilotildees estatais e privadas atuantes no

arranjo

O fomento a pesquisas e a inovaccedilatildeo direcionadas para a melhoria da

produccedilatildeo de tangerina e sua transferecircncia para os produtores

A implantaccedilatildeo de uma estufa destinada a produccedilatildeo de mudas certificadas

para o arranjo

O incentivo dos governos estadual e municipais em comprar um percentual da

produccedilatildeo advinda do APL

A compra de tangerina pelos programas governamentais federais (PNAE

PAA e CEASA) agrave cooperativa como forma de fortalecer a empresa acircncora do

segmento formalizar as vendas e reduzir a presenccedila do atravessador na

comercializaccedilatildeo

A capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica de jovens e filhos de agricultores oriundos desse

arranjo

100

2 Estimular os governos estadual e municipais a priorizarem em seus planos

plurianuais accedilotildees de incentivo ao desenvolvimento do APL da Citricultura

Este estiacutemulo deve partir de estrateacutegias que

Definam um programa que padronize as mudas de tangerina no Estado

Formalizem um programa de prevenccedilatildeo e combate agrave mosca negra e outras

pragas nos plantios de citros

Orientem e capacitem os produtores a realizarem o manejo de seus pomares

seguindo as orientaccedilotildees teacutecnicas e as normas ambientais

Formalizem premiaccedilotildees para os produtores mais criativos e competitivos

Formalizem convecircnio teacutecnico com o SEBRAE para formataccedilatildeo de um

programa de empreendedorismo visando desenvolver a gestatildeo dos

agronegoacutecios implantados no arranjo

3 Integraccedilatildeo de accedilotildees entre as instituiccedilotildees governamentais atuantes no APL

Tal poliacutetica deve visar

Reduzir gastos com atividades em duplicidade para fortalecer o segmento

com accedilotildees implementadas de forma continuada e aumentar a capacidade de

atendimento agraves demandas dos produtores

Direcionar a atuaccedilatildeo de cada instituiccedilatildeo com suas respectivas expertises para

resolver os gargalos teacutecnicos e tecnoloacutegicos dentro do arranjo

Aumentar o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees visando agrave integraccedilatildeo de accedilotildees

conjuntas

4 Incentivo a reduccedilatildeo de encargos fiscais e taxas para as organizaccedilotildees

(associaccedilotildees e cooperativas) que compotildeem o arranjo produtivo

Os arranjos produtivos locais necessitam de uma poliacutetica fiscal que reduza as

taxas e isenccedilotildees fiscais como forma de incentivar a participaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo das

organizaccedilotildees coletivas oriundas do referido arranjo Como propostas de incentivos

para o APL sugere-se

Isenccedilatildeo da taxa de alvaraacute da Agencia Estadual de Vigilacircncia Sanitaacuteria da

Paraiacuteba ndash AGEVISA em troca da participaccedilatildeo coletiva dos associados e

101

cooperados nos cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos Essa poliacutetica permitiraacute

capacitar as pessoas para manipularem os alimentos com maior seguranccedila e

higiene priorizando os empreendimentos localizados em APL

Criar uma licenccedila simplificada que substitua as trecircs licenccedilas ambientais

(licenccedila preacutevia licenccedila de instalaccedilatildeo e licenccedila de operaccedilatildeo) exigidas pela

SUDEMA visando reduzir o tempo de tramitaccedilatildeo dessas licenccedilas para

agilizar a implantaccedilatildeo de projetos em APLs de baixa renda

Subsidiar a implantaccedilatildeo da Tarifa Verde em aacutereas de citricultura (reduccedilatildeo no

valor da tarifa de energia no periacuteodo noturno) e a aquisiccedilatildeo do medidor para

afericcedilatildeo da energia com taxa diferenciada Essa poliacutetica permitiraacute que os

citricultores possam investir em irrigaccedilatildeo nos seus pomares

5 Poliacutetica de acompanhamento e avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo social educacional

econocircmica e de inovaccedilatildeo em APLs beneficiados por programas governamentais e

por instituiccedilotildees estatais

Esta poliacutetica deve buscar

Avaliar a efetividade do APL em estudo

Acompanhar os primeiros quatro anos de desenvolvimento do arranjo apoacutes a

transferecircncia de recursos advindos de programas e projetos tempo este

necessaacuterio para que os empreendimentos atinjam sua sustentabilidade

financeira

Realizar cursos de capacitaccedilatildeo para gestores e coordenadores de programas

em arranjos produtivos utilizando a competecircncia da RedeSist e do GPT APL

Estimular a formaccedilatildeo de agentes de APL como forma de reduzir o hiato

existente entre o setor produtivo e as instituiccedilotildees parceiras bem como

contribuir na difusatildeo das informaccedilotildees e na transferecircncia de accedilotildees de poliacuteticas

sociais e tecnoloacutegicas

Propor cursos teacutecnicos e de especializaccedilatildeo para jovens protagonistas da

regiatildeo que possam contribuir no processo de sustentabilidade do arranjo da

citricultura

102

Incentivar a criaccedilatildeo de um sistema de informaccedilatildeo para o APL e interligaacute-lo em

rede possibilitando avaliar quantitativamente e qualitativamente a evoluccedilatildeo

econocircmica e produtiva do arranjo

6 Aumentar os incentivos financeiros do Governo do Estado para o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

As propostas de accedilotildees governamentais para o aumento dos incentivos satildeo

Priorizar o referido arranjo em seus planos de accedilatildeo destinando recursos do

Fundo de Erradicaccedilatildeo e Combate agrave Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash

FUNCEP-PB para desenvolver accedilotildees de empreendedorismo implantaccedilatildeo de

agronegoacutecios e capacitaccedilatildeo profissional

Destinar um percentual dos recursos de ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento de pesquisas e inovaccedilatildeo para o arranjo

Apoiar a implantaccedilatildeo de uma cozinha industrial visando o aperfeiccediloamento de

jovens e mulheres da zona rural que fabricam doces geleias bolos biscoitos

sucos cocadas e casquinhas de tangerina como alternativa de ocupaccedilatildeo e

renda

Nesta dissertaccedilatildeo foi verificado que os produtores de tangerina utilizam

basicamente como linha de creacutedito o programa Pronaf Sugere-se que o Governo

Federal (SUDENE BNB FINEP BNDES Banco do Brasil e Caixa Econocircmica) insira

uma linha de financiamento diferenciada neste programa destinando mais recursos

para projetos coletivos voltados para o desenvolvimento do APL

62 Trabalhos Futuros

Ao teacutermino desta dissertaccedilatildeo espera-se que os resultados obtidos contribuam

na concepccedilatildeo de novas poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura - Segmento

Tangerina e que novas reflexotildees sejam geradas nas instituiccedilotildees e nas organizaccedilotildees

coletivas sobre o potencial econocircmico e social desse aglomerado produtivo Como

trabalhos futuros sugerem-se

103

Realizar um estudo sobre a cultura organizacional tradicional existente no

arranjo analisando os fatores que impedem seu desenvolvimento

Dar continuidade agraves pesquisas sobre poliacuteticas puacuteblicas indutoras de

desenvolvimento socioeconocircmico em APLs agriacutecolas de baixa renda visando

identificar quais dessas poliacuteticas poderiam ser replicadas no APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

Pesquisar porque a cultura da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica ainda natildeo eacute aplicada

como um vetor de desenvolvimento no APL estudado

Estudar a potencialidade do arranjo em desenvolver novos produtos com

maior valor agregado a partir da tangerina

Estudar a formataccedilatildeo de uma poliacutetica de educaccedilatildeo profissional para as aacutereas

de gestatildeo de negoacutecio e organizaccedilatildeo produtiva em APLs de baixa renda

Estudar se o niacutevel educacional dos produtores de tangerina tem influecircncia no

entendimento e absorccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

REFEREcircNCIAS

ALBAGLI S BRITO J Glossaacuterio de Arranjos Produtivos Locais In

ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS Uma Nova Estrateacutegia de Accedilatildeo para o

SEBRAE Rio de Janeiro IEUFRJ 2002

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112

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo

Nome da entidade _______________________________________________________________

Sigla da entidade ___________________________

Acircmbito de atuaccedilatildeo da instituiccedilatildeo ____________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Apoio da Instituiccedilatildeo para o desenvolvimento do APL

21 Como a instituiccedilatildeo identifica Arranjos Produtivos Locais (baseia-se nas

variaacuteveis abaixo)

( ) A concentraccedilatildeo de produtores de tangerina no territoacuterio

( ) Concentraccedilatildeo de indiviacuteduos ocupados

( ) Cooperaccedilatildeo entre os atores participantes do arranjo

( ) Existecircncia de mecanismos de governanccedila

22 Porque o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi selecionado para o

apoio existe alguma forma de priorizaccedilatildeo (ex impacto na economia

regionallocal impacto social tradiccedilatildeo regional outros) Justifique

113

23 A partir de quais criteacuterios a instituiccedilatildeo selecionou os beneficiaacuterios para

formalizar a parceria (atraveacutes de programas demanda dos produtores

demanda das associaccedilotildeescooperativas outros)

24 Como a Instituiccedilatildeo trabalha para que as informaccedilotildees acerca dos

programas de apoio ao APL cheguem ao seu puacuteblico-alvo

25 Quais os principais desafios que a instituiccedilatildeo enfrenta no apoio ao APL

(operacional financeiro qualificaccedilatildeo de pessoal outros)

26 Quais satildeo as vantagens em atuar a partir do enfoque em APL no

EstadoRegiatildeo Justifique

3 Quanto agrave relaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo com os produtores Associaccedilotildees e

Cooperativas

31 Quantas cooperativasassociaccedilotildees participam do programa de apoio

concedido pela instituiccedilatildeo Quais satildeo Sua localizaccedilatildeo

32 Quais satildeo as principais demandas de apoio por parte dos atores do APL

33 Quais satildeo as principais formas de apoio que a instituiccedilatildeo concede ao APL

34 Como a Instituiccedilatildeo avalia o grau de adesatildeo do puacuteblico alvo aos programas

oferecidos

35 Quais as principais dificuldades que o puacuteblico alvo encontra para participar

desses programas ofertados

36 A Instituiccedilatildeo acredita que os produtoresInstituiccedilotildeesassociaccedilotildees

cooperativas envolvidas no APL atuam de forma cooperada para realizar

suas atividades

37 Vocecirc poderia citar alguns exemplos de cooperaccedilatildeo entre produtores

Instituiccedilotildeesassociaccedilotildeescooperativas (especificar para o APL)

4 Parceiros atuantes no APL

114

41 Quais satildeo os principais parceiros que apoiam o APL De que forma

atuam Avalie a importacircncia da cooperaccedilatildeo

42 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual a Instituiccedilatildeo conhece

poliacuteticas especificas de apoio ao APL Quais

43 As accedilotildees da Instituiccedilatildeo satildeo realizadas de forma integrada com os governos

Federal Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo

buscando ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas

accedilotildees com o governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de

accedilatildeo conjunta

5 Visatildeo da Instituiccedilatildeo quanto agrave potencialidade do APL

51 Em relaccedilatildeo ao apoio de sua instituiccedilatildeo em que momento eacute percebido a

intensidade (mais forte ou mais fraca) da cooperaccedilatildeo dos beneficiados

(pex na eficiecircncia e na inovaccedilatildeo nos serviccedilos administrativos na

aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas vendas no financiamento desenvolvimento

de processos e produtos etc)

52 Como a Instituiccedilatildeo percebe a diferenciaccedilatildeo no sistema produtivo (pex a

grande maioria da produccedilatildeo vem de produtores informais que adota

sistema arcaico por outro lado temos uma pequena parcela em fase de

modernizaccedilatildeo)

53 Dos que buscam a modernizaccedilatildeo a produccedilatildeo eacute integrada horizontalmente

a atividades agroindustriais Como a Instituiccedilatildeo percebe essa

modernizaccedilatildeo

54 Para a Instituiccedilatildeo quais os principais problemas desse segmento

( ) ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina

( ) baixa capacidade gerencial

( ) dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo

( ) competiccedilatildeo com tangerina produzida em outras regiotildees brasileiras

( ) elevados custos de comercializaccedilatildeo

115

( ) outros (especifique) __________________________________________

6 Existecircncia de oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo ambiental e fiscalizaccedilatildeo

sanitaacuteria

61 A Instituiccedilatildeo conhece leis ou instruccedilotildees normativas que estabelecem os

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

62 Na produccedilatildeo como satildeo vistas as questotildees como controle da qualidade

versus tradiccedilatildeo na forma de produzir a tangerina

7 Quanto agrave comercializaccedilatildeo

71 Quais os principais concorrentes

72 uais os canais de distribuiccedilatildeo comercializaccedilatildeo e logiacutestica

73 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

8 Quanto a projetos e planos futuros

81 Quais satildeo os esforccedilos que a Instituiccedilatildeo estaacute fazendo para consolidar o APL

da Citricultura - Segmento Tangerina

82 Quais satildeo os projetos e planos futuros que a Instituiccedilatildeo espera com a

consolidaccedilatildeo do APL

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

116

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees

Cooperativas e Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da AssociaccedilatildeoCooperativaProdutor

Nome da entidadeprodutor _______________________________________________________________

Sigla da entidade (se houver) ___________________________

Ano de Fundaccedilatildeo _______________

Atividade principal _______________________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Dados econocircmicos sobre a CooperativaAssociaccedilatildeo 2008 2009 2010

CooperadosAssociados ( ) ( ) ( ) FATURAMENTO (mil) ndash R$ ( ) ( ) ( ) Mercado interno () ( ) ( ) ( ) Mercado externo () ( ) ( ) ( ) DESTINO DOS PRODUTOS Paraiacuteba ( ) ( ) ( ) Outros estados do Nordeste ( ) ( ) ( ) Outras regiotildees ( ) ( ) ( ) Outros paiacuteses ( ) ( ) ( )

117

3 Niacutevel de escolaridade do responsaacutevel pelas informaccedilotildees Niacutevel escolaridade Fundamental ( ) Meacutedio ( ) superior incompleto ( ) Superior completo ( ) Poacutes-graduaccedilatildeo ( ) Teacutecnico ( ) Outros _______________

Funccedilatildeo do respondente na CooperativaAssociaccedilatildeo_____________________

ANAacuteLISE META

1 Os atores do arranjo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e

programas governamentais voltados para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

2 Vocecirc acredita que os atores locais estatildeo predispostos agrave cooperaccedilatildeo dado o

atual niacutevel de confianccedila entre os parceiros

3 Existe a praacutetica de troca de conhecimento entre os parceiros que permitam

elevar a competitividade do arranjo frente a outros concorrentes nacionais

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL META (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

2 O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

3

As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no setor atuando de maneira democraacutetica em defesa dos seus soacutecios

4 Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor privado

5

Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

118

ANAacuteLISE MACRO

1 A partir do ano de 2006 o Governo Federal passou a incentivar o tema

Arranjos Produtivos Locais (APL) por meio da incorporaccedilatildeo programas e

accedilotildees no acircmbito do Plano Plurianual 2004-2007 e a criaccedilatildeo do Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL) foi

sentido algum beneficio praacutetico a partir dessa medida

2 Como resolver o problema do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no

setor jaacute que o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina tecircm

associaccedilotildees e cooperativas legalmente constituiacutedas

3 O governo local tem direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do

APL

4 Quais instituiccedilotildees disponibilizam linha de financiamento para melhorar o

processo produtivo A que condiccedilotildees Existe acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos

5 O que vocecirc pode informar sobre fontes de financiamento para expansatildeo de

capacidade capital de giro e melhoria da produccedilatildeo

6 Quais satildeo os esforccedilos que vocecirc estaacute fazendo para consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento da Tangerina

7 Quais satildeo os projetos e planos futuros que vocecirc espera com a consolidaccedilatildeo

do APL

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo totalmente

2 Discordo parcialmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

119

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

2 A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor

3 A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos

4 O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

5 A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo

6 As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

ANAacuteLISE MESO

1 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual existe poliacutetica especifica

de apoio ao APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina como produto

genuinamente regional Quais

2 As accedilotildees satildeo realizadas de forma integrada com os governos Federal

Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo buscando

ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas accedilotildees com o

governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de accedilatildeo conjunta

3 A poliacutetica comercial brasileira favorece as exportaccedilotildees desse tipo de fruta

4 Existe poliacutetica de financiamento especializada que ajude no desenvolvimento

de produtos com tradiccedilatildeo local

5 Como o arranjo poderia obter recursos financeiros junto aos organismos e

bancos governamentais

6 Como tem sido a contribuiccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees de apoio ao arranjo

7 Existe desenvolvimento de accedilotildees junto a organizaccedilotildees natildeo governamentais

8 Eacute possiacutevel identificar as instituiccedilotildees parceiras do arranjo e quais outras

poderiam participar

120

9 Existem eou conhece leis ou instruccedilotildees normativas estabelecendo

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MESO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo de negoacutecios

2

O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos gestores governamentais

3 A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo

4 A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor

5 O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

6 As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

7 A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

8 A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

121

Indique como se apresenta a relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

PARCEIROSSTAKEHOLDERS OacuteTIMO BOM REGULAR RUIM SEM RELACcedilAtildeO

AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio

Instituiccedilotildees financeiras

Fornecedores e outras empresas do arranjo

Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades

Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

NIacuteVEL MICRO

1 A atividade produtiva utiliza a mesma espeacutecie de laranja entre os

plantadores de tangerina da regiatildeo ou buscam mateacuteria-prima (novas

espeacutecies) em outros Estados

122

2 O processo de cultivo da tangerina sofreu alteraccedilotildees bruscas ao longo de

sua existecircncia na regiatildeo Por quecirc

3 Quais satildeo os diferenciais competitivos da CooperativaAssociaccedilatildeo

(sazonalidade preccedilo qualidade prazos de entrega)

4 Quais municiacutepios que concentram o maior plantio de tangerina

5 Na plantaccedilatildeo como satildeo vistos questotildees como controle da qualidade versus

tradiccedilatildeo na forma de cultivar a tangerina

6 Existe deficiecircncia nos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica

Analisar os destinos interno e externo para a venda

7 Existe algum tipo de procedimento que busque a certificaccedilatildeo da tangerina

como orgacircnica

8 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

9 Aponte os principais problemas desse segmento i) ausecircncia de

padronizaccedilatildeo da tangerina ii) baixa capacidade produtiva entre as safras iii)

dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo iv) competiccedilatildeo com outras

variedades de tangerinas v) elevados custos de comercializaccedilatildeo

10 Quais os principais concorrentes

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

123

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1

A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

2 A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado

3 A COOPERTANGE (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente ao mercado

4 Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina

5 Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da tangerina

6 Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

7 Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

8 A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Com relaccedilatildeo agraves principais formas de cooperaccedilatildeo no APL responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

Formas de Cooperaccedilatildeo (1) (2) (3) (4) (5)

1 Compra de insumos e equipamentos

2 Venda de produtos

3 Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio

4 Capacitaccedilatildeo de recursos humanos

5 Obtenccedilatildeo de financiamento

6 Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees

7 Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

124

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo responda seguindo o criteacuterio de importacircncia

1-2 Menos importante

3 Meacutedia

4-5 Mais importante

Fonte de Informaccedilatildeo

Escala de Importacircncia

Menos importante

Meacutedia Mais

importante

Fontes internas (1) (2) (3) (4) (5)

1 Pesquisa e Desenvolvimento

2 Aacuterea de produccedilatildeo

3 Aacuterea de vendas e marketing

4 Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes externas (1) (2) (3) (4) (5)

5 Fornecedores de insumos

6 Clientes

7 Concorrentes

8 Outras empresas do setor

9 Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa (1) (2) (3) (4) (5)

10 Universidades

11 Institutos de pesquisas

12 Centro de capacitaccedilatildeo profissional

13 Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

14 Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes (1) (2) (3) (4) (5)

15 Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

16 Feiras especializadas

17 Associaccedilotildees e sindicatos

18 Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

125

Com relaccedilatildeo agrave estrateacutegia empresarial e praacuteticas gerenciais responda seguindo o seguinte criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Natildeo conhecemos

2 Conhecemos mas nunca utilizamos

3 Utilizamos algumas vezes

4 Utilizamos com frequecircncia

5 Utilizamos sempre

Praacuteticas Gerenciais (1) (2) (3) (4) (5)

1 Planejamento estrateacutegico

2 Pesquisa de mercado

3 Sistema de gestatildeo ambiental

4 Praacuteticas de Produccedilatildeo Limpa

5 Ajuste da capacidade produtiva

6 Planejamento e controle da produccedilatildeo

7 Gerenciamento de projetos

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

126

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Municiacutepio de Matinhas

127

Municiacutepio de Alagoa Nova

128

Municiacutepio de Satildeo Sebastiatildeo de

Lagoa de Roccedila

129

Municiacutepio de Lagoa Seca

130

Municiacutepio de Esperanccedila

131

Municiacutepio de Massaranduba

Page 6: Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Mestrado ... · 2019. 10. 25. · pelos produtores. Para realizar a análise, foi utilizado o modelo do

RESUMO

Os Arranjos Produtivos Locais - APLs tecircm se tornado uma alternativa para o

desenvolvimento regional cujo objetivo eacute a cooperaccedilatildeo integrada entre o Governo

Federal os Estados da Federaccedilatildeo e o setor produtivo com a finalidade de promover

o crescimento socioeconocircmico dos territoacuterios brasileiros Na Paraiacuteba o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina objeto de estudo desta dissertaccedilatildeo estaacute

localizado na Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano e tecircm como principal atividade

econocircmica a produccedilatildeo de citros sendo o seu carro chefe a tangerina O referido

arranjo eacute promotor da principal fonte de renda da regiatildeo possuindo em seu entorno

vaacuterias instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais que realizam accedilotildees em

prol do fortalecimento produtivo Este trabalho procura analisar as poliacuteticas puacuteblicas

que estatildeo sendo direcionadas para o setor pelas instituiccedilotildees e como satildeo percebidas

pelos produtores Para realizar a anaacutelise foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo

de Desenvolvimento ndash IAD que avalia os impactos das poliacuteticas aplicadas ao arranjo

dando ecircnfase aos aspectos sociais a accedilatildeo do Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade

como fatores determinantes para o aumento da competitividade sistecircmica do setor

Com a utilizaccedilatildeo deste meacutetodo foi possiacutevel verificar que o apoio das instituiccedilotildees natildeo

eacute percebido pelos produtores como poliacutetica efetiva pois eacute executado sem um

planejamento de accedilotildees integradas e perioacutedicas Aleacutem disso verificou-se tambeacutem a

necessidade da integraccedilatildeo das instituiccedilotildees objetivando a concepccedilatildeo de uma poliacutetica

especiacutefica para o setor que venha estimular uma governanccedila proativa e indutora do

desenvolvimento socioeconocircmico na regiatildeo Ao termino deste trabalho satildeo

sugeridas algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de novas

poliacuteticas puacuteblicas e readequaccedilatildeo das jaacute existentes praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL

Palavras chave poliacuteticas puacuteblicas arranjo produtivo local desenvolvimento

sustentaacutevel citricultura Paraiacuteba

ABSTRACT

The Local Productive Arrangements ndash LPA have become an alternative to regional

development whose goal is the integrated cooperation among the Federal

Government the States of the Federation and the productive sector with the

purpose of promoting the socioeconomic growth of the Brazilian territories In

Paraiacuteba the LPA of Citrus - Tangerine Segment object of study of this dissertation

is located in the Agreste Paraibano Mesoregion and their main economic activity is

the citrus production and its flagship product is the tangerine The cited arrangement

is the promoter of the main source of income for the region having around it several

governmental and nongovernmental institutions that carry out actions in favor of

productive strengthening This article analyzes the public policies which are being

directed to the sector by financial institutions and how they are perceived by

producers To perform the analysis we used the model of the German Development

Institute - GDI that evaluates the impacts of policies applied to the arrangement

emphasizing the social aspects state action and the mobilization of society as

factors for increasing systemic competitiveness of the sector Using this method it

was possible to verify that the support of institutions is not perceived by producers as

effective policy because it runs without a plan of integrated periodic actions

Furthermore it was also verified the need for integration of the institutions aiming the

conception of a specific policy for the sector that comes to stimulate a proactive

governance and inducer of the socioeconomic development in the region At the end

of this study are suggested proposals that can help in formulating new public policies

and upgrading of existing ones operated by government institutions and NGOs

active in LPA

Key words public policy Local Productive Arrangements sustainable development

citros Paraiacuteba

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 14

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura -

Segmento da Tangerina 15

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 201043

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 47

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD 62

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina 16

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do

Nordeste 41

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

41

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo

para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo42

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro 79

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL 80

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo 81

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso 84

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros 85

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro 89

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta 91

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APL Arranjo Produtivo Local

ARTEZA Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos de Ribeira de Cabaceiras

Ltda

ASPIL Arranjo e Sistema Produtivo e Inovativo Local

ASPTA Assessoria Serviccedilos Projetos Agricultura Alternativa - Zona Rural

ATER Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

BIRD Banco Internacional para Reconstruccedilatildeo e Desenvolvimento

BNB Banco do Nordeste do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CAAPL Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais

CEASA Central de Abastecimento de Alimentos

CNPq Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento

COMPET Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores

Econocircmicos Tradicionais ndash SICTCTCNPq

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COOPERAR Projeto COOPERAR Paraiacuteba Brasil

COOPERTANGE Cooperativa dos Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda

CTCC Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado Albano Franco

DAP Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao PRONAF

EMATER Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba

EMEPA Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A

EMPASA Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviccedilos Agriacutecolas

ETENE Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste

EU Uniatildeo Europeia

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

FAEPA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FAPESQ Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do Estado da Paraiacuteba

FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste

FETAG Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FIEP Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

FUNCEP-PB Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da Pobreza do Estado da Paraiacuteba

FUNDECI Fundo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico

GTP APL Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INTERPA Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da Paraiacuteba

LABVEST Laboratoacuterio de Vestuaacuterio da Paraiacuteba

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal

MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDA Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MDS Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome

MEC Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

MGP Mestrado em Gestatildeo Puacuteblica

MPME Micro Pequena e Meacutedia Empresa

NE APLPB Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba

PAA Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos

PDP Plano de Desenvolvimento Preliminar

PNAE Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

RedeSist Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais

SAF Secretaria da Agricultura Familiar

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agraves Micros e Pequenas Empresas da Paraiacuteba

SECTMA Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente

SEDAP Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da

Pesca

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural

SEPLAG Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo

SETDE Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico

SICTCT Secretaria de Induacutestria Comeacutercio Turismo Ciecircncia e Tecnologia

STRM Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas

SUDEMA Superintendecircncia de Administraccedilatildeo do Meio Ambiente

TIC Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba

UFCG Universidade Federal de Campina Grande

UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

11 Justificativa 17

12 Problematizaccedilatildeo 18

13 Objetivos da Pesquisa 20

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo 20

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO 22

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel 22

22 Arranjo Produtivo Local 26

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs 31

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento Regional

Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs 37

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA

TANGERINA NA PARAIacuteBA 39

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 39

32 Estrutura Organizacional 46

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL 48

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo 49

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba 52

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA 59

41 Instrumento de Pesquisa 61

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da Pesquisa 62

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA 65

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

65

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia das poliacuteticas

puacuteblicas para o desenvolvimento do APL 77

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro 77

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso 82

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro 86

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta 90

53 Conclusatildeo da Anaacutelise 92

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 96

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 98

62 Trabalhos Futuros 102

REFEREcircNCIAS 104

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da

Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba 112

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees Cooperativas e

Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

116

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba 126

Mesorregiatildeo do Agreste

1 INTRODUCcedilAtildeO

Esta dissertaccedilatildeo tem como Aacuterea de Concentraccedilatildeo a Gestatildeo Puacuteblica para o

Desenvolvimento Regional e estaacute inserida na linha de pesquisa Capital Social

Desenvolvimento Sustentaacutevel e Conhecimento do Curso de Mestrado Profissional

em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste da Universidade Federal

de Pernambuco ndash UFPE

O desenvolvimento deste trabalho busca avaliar as poliacuteticas puacuteblicas1

existentes para o Arranjo Produtivo Local ndash APL2 da Citricultura da Paraiacuteba ndash

Segmento Tangerina e identificar as contribuiccedilotildees dessas poliacuteticas no

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo no periacuteodo de 2008 a 2011

A pesquisa realizada teve como foco a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

onde estaacute localizada a produccedilatildeo de tangerina do Estado Na Figura 1 satildeo

apresentados dados cartograacuteficos por sateacutelite da Mesorregiatildeo do Agreste o mapa

do Brasil com a localizaccedilatildeo do Estado da Paraiacuteba e o mapa da Paraiacuteba com a regiatildeo

onde estaacute inserido o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

1 As poliacuteticas puacuteblicas para o setor seratildeo apresentadas no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 23

2 O conceito de Arranjo Produtivo Local seraacute discutido no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 22

APL da Citricultura

15

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina abrange os municiacutepios de

Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila

Massaranduba e Matinhas (Figura 2) Essa regiatildeo possui uma aacuterea plantada de

1892 hectares (IBGE 2010b) o que a torna a maior produtora de tangerina do

Nordeste

O municiacutepio de Matinhas considerado sede do APL por ser o maior produtor

de tangerina da Paraiacuteba estaacute localizado a 143 km de Joatildeo Pessoa capital do

Estado e a 20 km de Campina Grande cidade polarizadora da regiatildeo

Geograficamente Matinhas tem uma aacuterea de 29 Kmsup2 com uma populaccedilatildeo de

4322 habitantes tendo 84 (3640 habitantes) na zona rural e 16 (682

habitantes) na zona urbana sendo considerado um municiacutepio tipicamente rural A

quase totalidade da populaccedilatildeo rural sobrevive economicamente do cultivo da

tangerina (IBGE 2010)

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura - Segmento da Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

Outro ponto importante a ser considerado na pesquisa eacute a anaacutelise do Iacutendice

de Desenvolvimento Humano ndash IDH elaborado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas

para o Desenvolvimento (PNUD 2011) Esta anaacutelise parte do pressuposto que para

aferir o avanccedilo de uma populaccedilatildeo natildeo se deve considerar apenas a dimensatildeo

econocircmica mas tambeacutem outras caracteriacutesticas sociais culturais e poliacuteticas que

16

influenciam a qualidade da vida humana Essas caracteriacutesticas satildeo essenciais para

que se possa avaliar o respectivo desenvolvimento sustentaacutevel da regiatildeo

O IDH tambeacutem conhecido como IDH Global eacute uma medida resumida do

progresso a longo prazo em trecircs dimensotildees baacutesicas do desenvolvimento humano

renda educaccedilatildeo e sauacutede (longevidade) O objetivo da criaccedilatildeo do IDH foi o de

oferecer um contraponto ao indicador do Produto Interno Bruto ndash PIB per capita que

considerava apenas a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento (PNUD 2011)

O IDH eacute um iacutendice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio das

Naccedilotildees Unidas3 e no Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal atraveacutes do

Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal ndash IDH-M Este iacutendice eacute um ajuste

metodoloacutegico ao IDH Global e foi publicado em 1998 e em 2003 (a partir dos dados

do Censo de 2000) Vale salientar que ainda natildeo foram publicados os iacutendices do

IDH-M dos municiacutepios pelos novos criteacuterios do PNUD4

No Quadro 1 satildeo apresentados os iacutendices IDH Global IDH-Renda IDH-

Longevidade e IDH-Educaccedilatildeo do Brasil e do Estado da Paraiacuteba (PNUD 2008) bem

como o IDH-M dos municiacutepios que constituem o APL da Citricultura - Segmento da

Tangerina (PNUD 2003) Segundo esses dados o IDH-M dos municiacutepios encontra-

se entre 0561 e 0622 todos abaixo dos iacutendices da Paraiacuteba e do Brasil

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IDH

Global IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Brasil (PNUD 2008) 0794 0713 0785 0883

Paraiacuteba (PNUD 2008) 0718 0638 0723 0793

Municiacutepios (PNUD 2003) IDH-M IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Matinhas 0576 0477 0606 0645

Esperanccedila 0632 0550 0660 0685

Alagoa Nova 0612 0510 0660 0666

Lagoa Seca 0612 0548 0600 0689

Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila 0622 0549 0631 0687

Massaranduba 0561 0499 0570 0613

Fonte PNUD (2003) e PNUD (2008)

3 httpwwwpnudorgbrODMaspx

4 Uma nova versatildeo com dados do Censo 2010 estaacute sendo produzida pelo PNUD e deveraacute ser lanccedilada no iniacutecio

de 2013

17

Verifica-se que embora a regiatildeo do APL esteja se desenvolvendo

economicamente a populaccedilatildeo natildeo possui uma seacuterie de condiccedilotildees que lhe

proporcionem bem-estar no que se refere aos niacuteveis educacional (reduccedilatildeo da

evasatildeo escolar) social (oportunidade de inclusatildeo social atraveacutes de trabalho e renda

e de serviccedilos de sauacutede) e cultural (direito agrave cidadania e lazer)

Um baixo iacutendice educacional por exemplo reflete diretamente na dificuldade

dos produtores rurais em serem capacitados e absorverem tecnologias que venham

agregar valor agrave produccedilatildeo de tangerina

Desta forma o APL da Citricultura necessita de poliacuteticas que venham

contribuir para a reduccedilatildeo do analfabetismo organizaccedilatildeo produtiva transferecircncia de

tecnologia absorccedilatildeo de tecnologias para os seus plantios modernizaccedilatildeo gerencial

de suas organizaccedilotildees associativas e conscientizaccedilatildeo dos produtores para o trabalho

de forma organizada e cooperativa

O trabalho de pesquisa realizado visou identificar os problemas existentes no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e analisar como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo direcionadas para a resoluccedilatildeo desses gargalos

11 Justificativa

A relevacircncia desta dissertaccedilatildeo foi estudar e documentar as poliacuteticas puacuteblicas

geradas pelos governos federal estadual e municipal em prol da sustentabilidade

socioeconocircmica do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Para este estudo foi relevante tambeacutem a anaacutelise do cenaacuterio atual e da

situaccedilatildeo produtiva e organizacional do APL avaliando os impactos socioeconocircmicos

gerados por esse segmento no Estado

A validaccedilatildeo deste trabalho visa identificar gargalos existentes na transferecircncia

de poliacuteticas puacuteblicas para o segmento bem como a necessidade de adequar tais

poliacuteticas para dar sustentabilidade agrave referida atividade econocircmica

As consideraccedilotildees e sugestotildees geradas neste documento poderatildeo contribuir

para a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas que possibilitem a integraccedilatildeo dos diversos

18

atores e a consolidaccedilatildeo do arranjo produtivo local como um instrumento de

desenvolvimento proativo para a regiatildeo e indutor de novos negoacutecios

Portanto esta dissertaccedilatildeo tem como finalidade pesquisar e avaliar as

contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas que estatildeo sendo aplicadas em um APL de baixa

renda cujas atividades produtivas e inovativas satildeo provenientes de populaccedilotildees que

desenvolvem atividades de agricultura familiar no Estado da Paraiacuteba bem como

propor medidas mais adequadas para implementaccedilatildeo de tais poliacuteticas que possam

fomentar a estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de um aglomerado produtivo sustentaacutevel

12 Problematizaccedilatildeo

A citricultura na Paraiacuteba vem sendo explorada desde meados da deacutecada de

60 quando surgiram os primeiros plantios de citros no municiacutepio de Matinhas A

partir de 1969 iniciou-se a utilizaccedilatildeo de mudas enxertadas onde o limatildeo galego foi

escolhido como porta enxerto para as principais variedades cultivadas no municiacutepio

Dados de 1996 constatam que a tangerina dancy jaacute era a laranja predominante com

mais de 85 da aacuterea plantada naquele municiacutepio Posteriormente a tangerina dancy

se alastrou pelos municiacutepios vizinhos (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

Nos uacuteltimos cinco anos conforme observado na pesquisa realizada diversas

instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que atuam na regiatildeo vecircm buscando o

desenvolvimento planejado dessa atividade com o objetivo de consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Este APL enfrenta o desafio de se desenvolver e buscar niacuteveis de qualidade

de vida para os produtores rurais similares ao de outros APLs economicamente

avanccedilados

Todavia esse desenvolvimento deve incluir necessariamente uma

infraestrutura que permita aos produtores de tangerina produzir frutos de qualidade e

comercializar seu produto de forma competitiva A qualidade da tangerina eacute um fator

determinante no processo de agregaccedilatildeo de valor para seu escoamento no mercado

O meacutetodo de produccedilatildeo de tangerina utilizado na regiatildeo faz com que o

produtor tenha uma perda anual consideraacutevel Segundo Lopes Albuquerque e

Moura (2006) no municiacutepio de Matinhas por exemplo 20 da produccedilatildeo de

19

tangerina se perdem no campo devido ao fruto ter tamanho inadequado e natildeo ter

preccedilo de mercado

Aleacutem disso outras perdas satildeo identificadas devido a utilizaccedilatildeo de mudas

inadequadas plantio e espaccedilamento incorretos adubaccedilotildees quiacutemica e orgacircnicas

deficientes manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequados tratos culturais deficientes

(podas incorretas impedimento na formaccedilatildeo da planta e raleamento de frutos)

problemas fitossanitaacuterios diversos colheita e comercializaccedilatildeo inadequada

transporte da produccedilatildeo assistecircncia teacutecnica pesquisas e financiamento agriacutecola

deficientes e cooperativismo e agroinduacutestria inexistentes (LOPESALBUQUERQUE

MOURA 2006)

Na tentativa de resolver tais gargalos os gestores puacuteblicos na maioria das

vezes buscam decisotildees imediatistas que soacute resolvem os problemas em curto prazo

e como consequecircncia os problemas natildeo satildeo sanados a exemplo do combate da

mosca negra com agrotoacutexicos como medida emergencial

Por outro lado observa-se que a partir de 2008 algumas estrateacutegias e accedilotildees

governamentais foram adotadas pelo setor puacuteblico tais como distribuiccedilatildeo de mudas

certificadas contrataccedilatildeo de um especialista em citricultura para orientar os

produtores aumento de pesquisas para combate agrave mosca negra e realizaccedilatildeo de

reuniotildees seminaacuterios e visitas teacutecnicas visando incentivar a melhoria da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo da tangerina As accedilotildees acima realizadas tiveram como objetivo

desenvolver o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e resgatar o dinamismo

das atividades agriacutecolas geradoras de trabalho e renda na zona rural

No entanto apesar das diversas poliacuteticas concebidas pelos governos o

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo ainda eacute baixo5 Desta forma questiona-

se por que esse APL ainda natildeo estaacute consolidado e estruturado e quais as

dificuldades na implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas para o setor

Sendo assim supotildee-se que exista uma deficiecircncia das poliacuteticas puacuteblicas

existentes e faz-se necessaacuterio avaliar como elas estatildeo sendo direcionadas para o

referido APL de modo a se questionar Como essas poliacuteticas podem constituir um

condicionante de desenvolvimento socioeconocircmico para o APL da Citricultura ndash

5 Conforme anaacutelise do IDH dos municiacutepios pertencentes ao APL (ver Quadro 1 do Capiacutetulo 1)

20

Segmento Tangerina na Paraiacuteba Quais as dificuldades que impedem a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas Como essas poliacuteticas poderiam ser adaptadas

para atuarem mais eficientemente

13 Objetivos da Pesquisa

Analisar a estrutura do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na

Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

Pesquisar e identificar poliacuteticas puacuteblicas de fomento para APLs de baixa renda

Avaliar a contribuiccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura nos

municiacutepios que compotildeem o arranjo e principalmente em Matinhas cidade

acircncora do referido APL

Propor medidas orientadoras para reduccedilatildeo das falhas oriundas do processo de

implementaccedilatildeo de poliacuteticas junto ao setor e que possam contribuir para a

consolidaccedilatildeo de um APL competitivo

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo

Esta dissertaccedilatildeo eacute composta por seis capiacutetulos

Este capiacutetulo Capiacutetulo 1 ndash Introduccedilatildeo descreve os objetivos do trabalho

sua justificativa e a identificaccedilatildeo do problema

O Capiacutetulo 2 ndash Referencial Teoacuterico eacute constituiacutedo da fundamentaccedilatildeo teoacuterica

atraveacutes da discussatildeo sobre as teorias e conceitos de desenvolvimento sustentaacutevel

arranjo produtivo local e poliacuteticas puacuteblicas para o APL

No Capiacutetulo 3 ndash Caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina na Paraiacuteba eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura na

Paraiacuteba e as poliacuteticas puacuteblicas existentes para esse APL

No Capiacutetulo 4 ndash Metodologia Aplicada na Pesquisa satildeo demonstrados os

procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa a escolha da amostra e a descriccedilatildeo

do instrumento de coleta de dados primaacuterio e secundaacuterio

21

No Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise das Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL da Citricultura

satildeo discutidos os resultados da pesquisa de campo realizada com as instituiccedilotildees

que apoiam o APL as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores rurais e

analisada a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao setor

O Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais e Recomendaccedilotildees apresenta as

consideraccedilotildees finais da pesquisa com o objetivo de propor adequaccedilotildees para as

poliacuteticas puacuteblicas analisadas

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

A revisatildeo da literatura que seraacute descrita se fez necessaacuteria para um melhor

entendimento do trabalho de dissertaccedilatildeo proposto Neste capiacutetulo seratildeo

apresentados os conceitos de desenvolvimento regional sustentaacutevel

responsaacuteveis pelo crescimento eficiente das atividades econocircmicas sociais e

territoriais a caracterizaccedilatildeo de um arranjo produtivo local descrevendo sua

estrutura organizacional e a integraccedilatildeo entre o setor produtivo e os diversos atores

que compotildeem o APL e a importacircncia das poliacuteticas puacuteblicas como indutoras de

accedilotildees que tecircm por finalidade impulsionar o setor produtivo e consolidar um APL

como um instrumento dinamizador do desenvolvimento socioeconocircmico de uma

regiatildeo

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel

O desenvolvimento regional sustentaacutevel eacute um fator preponderante para o

desenvolvimento de um territoacuterio O processo de crescimento econocircmico equilibrado

de uma regiatildeo em funccedilatildeo de sua territorialidade tem como princiacutepio a

desconcentraccedilatildeo e a potencializaccedilatildeo das comunidades locais e regionais

Neste sentido o processo de desenvolvimento de uma regiatildeo dependeraacute

necessariamente da sua capacidade de organizaccedilatildeo social associado ao aumento

da autonomia regional para a tomada de decisotildees ao crescimento da capacidade

para reter e reinvestir o excedente econocircmico gerado pelo processo de

desenvolvimento sub-regional a um crescente processo de induccedilatildeo social e a um

processo permanente de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do ecossistema regional

(VERGOLINO DIAS MAGALHAtildeES GALVAtildeO 2008)

Segundo Boisier (1992) a capacidade de organizaccedilatildeo social de uma dada

regiatildeo eacute considerada um fator endoacutegeno capaz de transformar o crescimento em

desenvolvimento mediante a constituiccedilatildeo de uma rede de instituiccedilotildees e agentes

apoiados pela cultura local e por um projeto poliacutetico regional

23

O desenvolvimento de uma determinada regiatildeo implica na necessidade de

autonomia decisoacuteria de captaccedilatildeo e reinversatildeo do excedente econocircmico de inclusatildeo

social de consciecircncia e accedilatildeo ambientalista de sincronia intersetorial e territorial e

de percepccedilatildeo coletiva de pertencer agrave regiatildeo

Para que haja a concretizaccedilatildeo desse desenvolvimento a proposta de

dinamizaccedilatildeo tambeacutem deveraacute estar respaldada na diversificaccedilatildeo da base produtiva

na verticalizaccedilatildeo da atividade econocircmica na agregaccedilatildeo de valor ao produto local

na geraccedilatildeo de emprego e renda na criaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo de associaccedilotildees

cooperativas de produtores e na participaccedilatildeo dos atores locais

Para que tal iniciativa tenha ecircxito torna-se necessaacuterio a elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que visem a melhoria do niacutevel de educaccedilatildeo e

capacitaccedilatildeo profissional da populaccedilatildeo envolvida e da infraestrutura econocircmica e

social das aacutereas beneficiadas (VERGOLINO et al 2008)

Esforccedilos empreendidos nos uacuteltimos anos estatildeo baseados na ideia de que a

conquista da sustentabilidade passa pela implementaccedilatildeo de processos de

desenvolvimento orientados por princiacutepios de cooperaccedilatildeo entre indiviacuteduos

A interdependecircncia de tais processos ocorre em um sistema complexo que

adota como padratildeo organizativo de uma rede autopoieacutetica6 que tende a se

manifestar nas coletividades humanas que busca fortalecer uma atividade

econocircmica mediante uma cooperaccedilatildeo muacutetua

Para tanto se faz necessaacuteria a formaccedilatildeo da consciecircncia sobre as relaccedilotildees

muacuteltiplas desse sistema e como os indiviacuteduos devem participar de forma

cooperativa Esta relaccedilatildeo cooperativa se manifesta atraveacutes da formaccedilatildeo de

associaccedilotildees que estabelecem ligaccedilotildees e lhes concedem empoderamentos para

buscar parcerias que possam ajudar na estruturaccedilatildeo de suas organizaccedilotildees

A partir da conscientizaccedilatildeo cada integrante dessa associaccedilatildeo passa a

conhecer as possibilidades e as necessidades de cada membro da organizaccedilatildeo

Nas localidades onde ocorrem processos de desenvolvimento baseados em

parcerias entre muacuteltiplos atores produtivos governamentais empresariais e sociais

6 A teoria autopoieacutetica tem como ideia baacutesica um sistema organizado autossuficiente Este sistema produz e

recicla seus proacuteprios componentes diferenciando-se do meio exterior

24

pode-se dizer metaforicamente que existe parceria e que estas coevoluem

estabelecendo entre si relaccedilotildees em que todos ganham nesta rede

Desta forma o sistema seraacute sustentaacutevel agrave medida que sua flexibilidade e sua

diversidade estatildeo estreitamente ligadas com esta nova estrutura denominada de

rede sistecircmica Com essa conectividade o desenvolvimento sustentaacutevel local flui de

forma integrada e passa a ser uma estrateacutegia que facilita a conquista da

sustentabilidade social econocircmica cultural e ambiental de um territoacuterio ou regiatildeo

Segundo Buarque (1999) desenvolvimento sustentaacutevel eacute ldquoo processo de

mudanccedila social e elevaccedilatildeo das oportunidades da sociedade compatibilizando no

tempo e no espaccedilo o crescimento e a eficiecircncia econocircmica a conservaccedilatildeo

ambiental a qualidade de vida e a equidade social partindo de um claro

compromisso com o futuro e a solidariedade entre geraccedilotildeesrdquo

Nesta oacutetica o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um processo que gera a

melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos com base no fortalecimento

econocircmico e competitivo em consonacircncia com os recursos naturais e ambientais

Por outro lado o desenvolvimento de uma sociedade natildeo deve ser

confundido com crescimento econocircmico que eacute apenas uma condiccedilatildeo necessaacuteria

poreacutem natildeo eacute suficiente Este desenvolvimento estaacute diretamente ligado agrave reduccedilatildeo da

desigualdade social (SACHS 2005)

Neste sentido noccedilotildees como as de capital social e de territorialidade tambeacutem

satildeo fatores importantes para compreensatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel e da

reduccedilatildeo das desigualdades sociais A importacircncia da reflexatildeo sobre esse tema

contribui para melhor entendimento dos processos de inovaccedilatildeo e de accedilotildees indutoras

do desenvolvimento local

A territorialidade neste contexto reflete a vivecircncia dos atores de uma

determinada regiatildeo em toda a sua abrangecircncia e em suas muacuteltiplas dimensotildees ndash

cultural poliacutetica econocircmica e social O capital social expressa a valorizaccedilatildeo de

recursos inseridos nas estruturas sociais (conhecimento taacutecito por exemplo) que

natildeo satildeo contabilizados por outras formas de capital (ALBAGLI MACIEL 2004)

Sendo assim o conhecimento taacutecito o processo de aprendizado a

sedimentaccedilatildeo do conhecimento e respectivo desenvolvimento de um grupo social

25

em um espaccedilo geograacutefico passa forccedilosamente pela dinacircmica inovativa local

particularmente no que tange agrave produccedilatildeo e ao compartilhamento de informaccedilotildees e

conhecimento para os atores de um determinado territoacuterio em que se desenvolve

uma atividade econocircmica

Segundo Franco (2000) o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um modo de

promover o desenvolvimento que leva em conta o papel de todos os fatores que

envolvem coletividade sociedade niacutevel educacional da populaccedilatildeo

empreendedorismo geraccedilatildeo de emprego e renda fatores econocircmicos e sociais e

governos para tornar dinacircmicas as potencialidades que podem ser identificadas

quando olhamos para uma unidade socioterritorial delimitada

Entretanto segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) o crescimento econocircmico

eficiente a equidade social e a manutenccedilatildeo do meio ambiente ldquo natildeo satildeo

assegurados pela simples disponibilidade de bens e serviccedilos haacute que se incorporar a

participaccedilatildeo e integraccedilatildeo ativa do cidadatildeo no jogo poliacutetico e social para que os

objetivos acima sejam alcanccedilaacuteveisrdquo

Contudo se faz necessaacuterio repensar a dimensatildeo poliacutetica pois o

desenvolvimento sustentaacutevel ainda enfrenta problemas para sua efetividade tendo

em vista que ainda natildeo exista um consenso para a soluccedilatildeo das tensotildees entre os

objetivos de eficiecircncia equidade e conservaccedilatildeo Esses problemas devem ser

tratados pelos gestores puacuteblicos a partir de uma metodologia de planejamento que

trate essas dificuldades com metas a meacutedio e longo prazo Desta forma novas

iniciativas de competitividade e desenvolvimento sustentaacutevel poderatildeo ser exequiacuteveis

em regiotildees economicamente carentes de accedilotildees governamentais

Ainda segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) ldquo o planejamento nessa

concepccedilatildeo propicia a construccedilatildeo de hegemonias atraveacutes das estrateacutegias

prioridades e instrumentos de accedilatildeo onde se abre a possibilidade para a participaccedilatildeo

mais efetiva da sociedade e incorpora-se um maior leque de atores sociaisrdquo

Neste contexto a importacircncia estrateacutegica dos Arranjos Produtivos Locais no

desenvolvimento regional sustentaacutevel vem ganhando forccedila devido a concepccedilatildeo de

organizaccedilatildeo de empresas que desenvolvem suas atividades econocircmicas em um

mesmo espaccedilo geograacutefico Essa forma de organizaccedilatildeo aumenta a participaccedilatildeo dos

diversos atores atuantes no arranjo e propicia a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

26

que venham consolidar o desenvolvimento social econocircmico e ambiental de um

territoacuterio

22 Arranjo Produtivo Local

O economista Alfred Marshall no fim do seacuteculo XIX elaborou o conceito de

distritos industriais em sua obra Princiacutepio de Economia (Marshall 1996) Este

conceito apresenta como padratildeo de organizaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de pequenas

empresas de mesma especialidade econocircmica aglomeradas em um mesmo

territoacuterio com relaccedilotildees articuladas e de proximidade Marshall jaacute ressaltava as

vantagens da vizinhanccedila de empresas do mesmo ramo em uma dada localidade

Esta proximidade permite que os atores pratiquem uma cooperaccedilatildeo ativa e

produtora de sinergia (LE BOURLEGAT 2006)

As vaacuterias estrateacutegias de consolidaccedilatildeo de sistema produtivo local a exemplo

dos distritos industriais italianos tambeacutem chamada de Terceira Itaacutelia (centro e

nordeste italiano) satildeo as que mais se aproximam do conceito de Marshall onde

uma aglomeraccedilatildeo de pequenas empresas eacute organizada por uma divisatildeo de trabalho

baseada no equiliacutebrio entre concorrecircncia e cooperaccedilatildeo funcionando em rede Essa

estrateacutegia impulsiona inovaccedilotildees contiacutenuas e especializa a produccedilatildeo de produtos de

alta qualidade (AMARAL FILHO et al 2002)

Segundo Casarotto Filho e Pires (2001) os distritos industriais italianos satildeo

constituiacutedos de pequenas e meacutedias empresas especializadas em um setor com

modelo altamente competitivo de grande interaccedilatildeo com compartilhamento das

estruturas produtivas e com ambiente social territorial

Para Castanhar (2006) os distritos industriais possuem relaccedilotildees sociais

poliacuteticas e econocircmicas que influenciam o interior do sistema produtivo Neste caso o

sucesso dos distritos depende da dimensatildeo econocircmica (organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

tecnologia mercados produtividade) e das dimensotildees social e poliacutetico-institucional

A partir de 1990 o economista Michael Porter em seu livro Competitive

Advantages of Nations (PORTER 1999) definiu o conceito de cluster como ldquoum

agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e

instituiccedilotildees correlatas numa determinada aacuterea vinculada por elementos comuns e

27

complementaresrdquo ou seja eacute uma concentraccedilatildeo de empresas que se comunicam por

possuiacuterem caracteriacutesticas semelhantes e coabitarem no mesmo local Elas

colaboram entre si e assim se tornam mais eficientes

Segundo Schmitz e Nadvi (1999) o termo cluster eacute definido como sendo uma

concentraccedilatildeo setorial e espacial de empreendimentos com ecircnfase na visatildeo de

empresas conectadas em fatores locais voltados para a competiccedilatildeo em mercados

globalizados

Para Galvatildeo (2000) um cluster pode ser considerado como ldquotodo tipo de

aglomeraccedilatildeo de atividades geograficamente concentradas e setorialmente

especializadas ndash natildeo importando o tamanho das unidades produtivas nem a

natureza da atividade econocircmica desenvolvida podendo ser da induacutestria de

transformaccedilatildeo do setor de serviccedilos e ateacute da agriculturardquo

Amato Neto (2008) afirma que um cluster pode ser estruturado por

aglomeraccedilotildees de empresas envolvendo fornecedores de mateacuteria-prima e

equipamentos canais de distribuiccedilatildeo e de assistecircncia aos seus produtos

Ainda para Amato Neto (2008) um cluster possui um ambiente favoraacutevel para

a divisatildeo de tarefas entre empresas bem como para a especializaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

requisitos indispensaacuteveis para a competiccedilatildeo em mercados externos Neste

ambiente as empresas pertencentes a um cluster possuem grande sinergia

Segundo Porter (1999 p239) a dimensatildeo da competitividade para

aglomerados produtivos sugere novas pautas de accedilotildees para as empresas governos

e instituiccedilotildees Para o autor eacute necessaacuterio dar ecircnfase agrave localizaccedilatildeo e aos espaccedilos

geograacuteficos em que estatildeo inseridas as empresas que aleacutem de competirem

cooperam entre si Esse conceito analisa a natureza da competiccedilatildeo e o papel da

localizaccedilatildeo na identificaccedilatildeo de vantagens competitivas A teoria sobre aglomerados

para o autor busca avaliar os efeitos na competitividade decorrentes da

aproximaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees que estatildeo economicamente interligadas

num determinado territoacuterio

No Brasil pesquisadores preocupados em compreender a natureza e

consequecircncias dos atuais desafios do desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico e

portanto da dificuldade de definir e implementar poliacuteticas adequadas aos mesmos

28

criaram em 1997 a RedeSist7 uma rede de pesquisa interdisciplinar e multi-

institucional sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro - UFRJ contando com a participaccedilatildeo de vaacuterias universidades e institutos de

pesquisa

De acordo com o conceito de sistemas e arranjos produtivos desenvolvido

pela RedeSist quando houver produccedilatildeo de bens ou serviccedilo existiraacute um arranjo que

envolve atividades e atores demandantes de mateacuteria-prima maacutequinas e insumos

Esses arranjos poderatildeo se apresentar em diferentes niacuteveis desde os mais

rudimentares que natildeo possuam uma forte articulaccedilatildeo entre os agentes ateacute os mais

complexos e articulados que apresentam interaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e confianccedila entre os

atores

Em 2002 Albagli e Brito definem Arranjo Produtivo Local ndash APL como

ldquoaglomerados territoriais de agentes econocircmicos poliacuteticos e sociais com foco em

um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas e que apresentam viacutenculos e

interdependecircnciardquo

Neste sentido a formaccedilatildeo de um APL manteacutem ligaccedilatildeo estreita com os fatores

histoacutericos que criam identidades e viacutenculos territoriais com base social cultural

poliacutetica e econocircmica comum Tal formaccedilatildeo cria facilidades para o desenvolvimento

de ambientes favoraacuteveis agrave cooperaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo e agrave confianccedila entre os agentes

locais envolvidos

Lastres e Cassiolato (2003) coordenadores da RedeSist acrescentam

Arranjos Produtivos Locais satildeo aglomeraccedilotildees territoriais de agentes econocircmicos

poliacuteticos e sociais - com foco em um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas -

que apresentam viacutenculos mesmo que incipientes Geralmente envolvem a

participaccedilatildeo e a interaccedilatildeo de empresas - que podem ser desde produtoras de bens

e serviccedilos finais ateacute fornecedoras de insumos e equipamentos prestadoras de

consultoria e serviccedilos comercializadoras clientes entre outros - e suas variadas

formas de representaccedilatildeo e associaccedilatildeo Incluem tambeacutem diversas outras instituiccedilotildees

puacuteblicas e privadas voltadas para formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

(como escolas teacutecnicas e universidades) pesquisa desenvolvimento e engenharia

poliacutetica promoccedilatildeo e financiamento

7 Redisist - httpwwwredesistieufrjbr

29

Em 2005 sentindo a necessidade de ampliar e adequar o conceito de APL

para um novo cenaacuterio econocircmico e social do paiacutes a RedeSist propocircs uma definiccedilatildeo

mais completa O novo conceito denominado Arranjo e Sistema Produtivo e

Inovativo Local ndash ASPIL tem como foco um conjunto especiacutefico de atores e

atividades econocircmicas e que privilegia a investigaccedilatildeo das articulaccedilotildees entre as

empresas associaccedilotildees cooperativas e demais atores que compotildeem o arranjo os

fluxos de conhecimento em particular o taacutecito os processos de aprendizado para

capacitaccedilatildeo produtiva a forma organizacional e inovativa aleacutem da importacircncia da

proximidade geograacutefica e identidade histoacuterica institucional social e cultural com

base em vantagens competitivas e economicamente sustentadas (LASTRES

CASSIOLATO CAMPOS 2006)

A abrangecircncia do conceito acima converge para uma visatildeo de agrupamento

de produtores ou empresas ao conceito de territorialidade tendo como resultado a

construccedilatildeo sociopoliacutetica necessaacuteria para se constituir as bases para um efetivo

pacto territorial em prol do desenvolvimento local de uma regiatildeo Essa conexatildeo

permite que atividades produtivas e territorialidade seja o principal lastro de

sustentabilidade de um APL

Com o objetivo de discutir a dimensatildeo conceitual do que realmente eacute um APL

e quais as vantagens que os agentes participantes desta conformaccedilatildeo

sociogeograacutefica de produccedilatildeo logram Costa (2007 p127) define o termo APL como

Um espaccedilo social econocircmico e historicamente construiacutedo atraveacutes de uma

aglomeraccedilatildeo de empresas (ou produtores) similares eou fortemente inter-

relacionadas ou interdependentes que interagem numa escala espacial local

definida e limitada atraveacutes de fluxos de bens e serviccedilos Para isto desenvolvem

suas atividades de forma articulada por uma loacutegica socioeconocircmica comum que

aproveita as economias externas o binocircmio cooperaccedilatildeo-competiccedilatildeo a identidade

sociocultural do local a confianccedila muacutetua entre os agentes do aglomerado as

organizaccedilotildees ativas de apoio para a prestaccedilatildeo de serviccedilos os fatores locais

favoraacuteveis (recursos naturais recursos humanos cultura sistemas cognitivos

logiacutestica infraestrutura etc) o capital social e a capacidade de governanccedila da

comunidade

Neste caso um APL pode ser entendido como um grupo de atores

pertencentes a um aglomerado produtivo que tecircm como finalidade o crescimento de

uma produccedilatildeo por meio da interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo O autor destaca que o termo

30

APL se refere agrave concentraccedilatildeo de quaisquer atividades similares atuantes em um

mesmo espaccedilo geograacutefico natildeo importando o tamanho das empesas podendo estas

pertencer ao setor primaacuterio secundaacuterio ou ateacute mesmo terciaacuterio variando desde

estruturas artesanais ateacute arranjos de grandes empresas com elevado grau de

tecnologia

A partir dessas definiccedilotildees o entendimento e aplicaccedilatildeo do conceito de APL se

tornou nos uacuteltimos anos uma ferramenta importante no desenvolvimento

socioeconocircmico de uma regiatildeo Entretanto se faz necessaacuterio o compartilhamento e

socializaccedilatildeo desse conceito entre os diversos atores que compotildeem um

agrupamento produtivo sobretudo em territoacuterios que desenvolvem atividades

econocircmicas agriacutecolas e artesanais que ainda possuem baixos iacutendices de

desenvolvimento socioeconocircmico de organizaccedilatildeo produtiva e de inclusatildeo social

Para obtenccedilatildeo desse nivelamento estrateacutegias educacionais com abordagens

especiacuteficas tais como conhecimentos e inovaccedilatildeo se fazem necessaacuterios para que o

conceito de APL seja compreendido por todos os atores e parceiros Essa

compreensatildeo requer a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos instituiccedilotildees de ensino

pesquisa e do setor privado como forma de sensibilizar o agrupamento produtivo

para a importacircncia de um APL e as vantagens que esse aglomerado poderaacute trazer

para um territoacuterio ou mesmo uma regiatildeo

Com essa visatildeo o conhecimento e a inovaccedilatildeo fontes de vantagens

competitivas resultam de um processo de aprendizado interativo e de natureza

social Uma condiccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do aprendizado por

interaccedilatildeo eacute o estabelecimento de uma mesma forma de comunicaccedilatildeo entre os

agentes de modo a facilitar o intercacircmbio de informaccedilotildees Nos APLs normalmente

o canal de comunicaccedilatildeo jaacute estaacute criado o que simplifica o fluxo e a difusatildeo de

informaccedilotildees e conhecimento Em consequecircncia poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a

estruturaccedilatildeo de APLs podem contribuir para a obtenccedilatildeo de vantagens competitivas

advindas dos processos de interaccedilatildeo por parte das empresas inseridas nos arranjos

Neste caso as condiccedilotildees institucionais e culturais permitem o intercacircmbio de

conhecimento sobretudo o conhecimento taacutecito fundamental para o processo

inovativo que traz consigo o conhecimento intriacutenseco dos atores que jaacute participam

de uma aglomeraccedilatildeo produtiva

31

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs

Nesta seccedilatildeo seraacute discutido o conceito de poliacuteticas puacuteblicas e quais as

poliacuteticas existentes voltadas para Arranjos Produtivos Locais no acircmbito federal

estadual e municipal

Poliacuteticas puacuteblicas satildeo accedilotildees governamentais assumidas pelos governos e

instituiccedilotildees puacuteblicas estatais com o objetivo de concretizar os direitos humanos

coletivos ou direitos sociais garantidos em lei Natildeo se pode falar em poliacutetica puacuteblica

dissociada da relaccedilatildeo entre estado e sociedade

As poliacuteticas compreendem tudo o que o Estado faz em prol do

desenvolvimento do paiacutes Nessa compreensatildeo essas poliacuteticas podem oportunizar a

melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo redistribuindo renda e reduzindo as

desigualdades sociais

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo explicitadas sistematizadas ou formuladas em

documentos (leis programas linhas de financiamentos) que orientam accedilotildees que

normalmente envolvem aplicaccedilotildees de recursos puacuteblicos

Tais poliacuteticas tambeacutem traduzem no seu processo de elaboraccedilatildeo e

implantaccedilatildeo e sobretudo em seus resultados formas de exerciacutecio do poder poliacutetico

e econocircmico (accedilotildees governamentais) envolvendo a distribuiccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de

poder o papel do conflito social nos processos de decisatildeo a reparticcedilatildeo de custos e

benefiacutecios socioeconocircmicos

Como o poder eacute uma relaccedilatildeo social que envolve vaacuterios atores com projetos e

interesses diferenciados e ateacute contraditoacuterios haacute necessidade de mediaccedilotildees sociais

e institucionais para que se possa obter um miacutenimo de consenso e assim as

poliacuteticas puacuteblicas possam ser legitimadas e obter eficaacutecia (TEIXEIRA 2002)

O estudo e a anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas que deram subsiacutedios a este

trabalho mostram que algumas regiotildees brasileiras tecircm alcanccedilado destaque no

cenaacuterio nacional cujas atividades econocircmicas e sociais satildeo voltadas para o

desenvolvimento de APLs Esses arranjos vecircm se consolidando a cada dia onde

poliacuteticas satildeo implementadas e executadas de forma adequada agraves necessidades de

cada territoacuterio

32

Ressalta-se que para a obtenccedilatildeo de resultados positivos com a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas satildeo necessaacuterias estrateacutegias de acompanhamento e

de afericcedilatildeo dos resultados alcanccedilados levando-se em consideraccedilatildeo programas que

sejam intensos em conhecimento regional cultural social e que proporcionem

sustentabilidade ambiental

Uma percepccedilatildeo mais holiacutestica do soerguimento de uma regiatildeo recai sobre a

visatildeo da participaccedilatildeo da sociedade na formulaccedilatildeo de poliacuteticas que contemplem a

reduccedilatildeo da desigualdade social e a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e renda principalmente

em aacutereas rurais

Sendo assim na concepccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica vaacuterios fatores devem ser

considerados o desenvolvimento regional como parte essencial da estrateacutegia do

desenvolvimento nacional as vocaccedilotildees econocircmicas existentes em cada regiatildeo a

formulaccedilatildeo de programas que permitam associar as diferentes dimensotildees do

desenvolvimento sustentaacutevel a implantaccedilatildeo de projetos estruturantes e a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas agraves necessidades das comunidades e agraves

condiccedilotildees das diferentes regiotildees e territoacuterios brasileiros

Dentro desta visatildeo a poliacutetica para APL desponta como um indutor de

desenvolvimento econocircmico social e cultural sobretudo em regiotildees produtivas

ainda consideradas de baixa renda

Buscando efetivar accedilotildees que permitam aos estados brasileiros a se

desenvolverem economicamente e com equidade social o Governo Federal tem

monitorado as accedilotildees dos programas governamentais colocados em seu Plano

Plurianual ndash PPA buscando averiguar o desenvolvimento e atuaccedilatildeo desses

programas

Este acompanhamento eacute realizado por oacutergatildeos federais e tem como finalidade

verificar a eficiecircncia dos programas e obter dados que comprovem o

desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes sobretudo das regiotildees mais carentes A

implementaccedilatildeo desses programas tem como prioridades a inclusatildeo social de

indiviacuteduos a geraccedilatildeo de emprego e renda a ampliaccedilatildeo de novos empreendimentos

em aacutereas produtivas a fixaccedilatildeo das populaccedilotildees rurais em aacutereas com potencial

econocircmico e cultural para ampliaccedilatildeo de agronegoacutecios o espraiamento da agricultura

familiar e a estruturaccedilatildeo de APLs economicamente viaacuteveis

33

Neste sentido o governo brasileiro tambeacutem tem despertado para a grande

problemaacutetica do desemprego e para o crescente nuacutemero de habitantes nas

metroacutepoles Como alternativa os oacutergatildeos governamentais entenderam que os APLs

podem ser uma estrateacutegia para valorizaccedilatildeo do local empregando pessoas da

comunidade evitando assim o ecircxodo para os grandes centros urbanos

Uma das estrateacutegias que o Governo Federal encontrou para alavancar os

APLs foi a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que apoiem e ajudem no desenvolvimento

dessas aglomeraccedilotildees de empresas e de organizaccedilotildees produtivas Essas poliacuteticas de

incentivos aos arranjos produtivos locais no paiacutes tecircm se tornado consistentes jaacute

sendo possiacutevel visualizar resultados satisfatoacuterios com sua implementaccedilatildeo

(BARROSO SOARES 2009)

Aleacutem do mais as poliacuteticas de desenvolvimento local principalmente aquelas

direcionadas para APLs tecircm gerado respostas positivas aos desafios impostos por

um novo padratildeo social e tecnoloacutegico de produccedilatildeo e pelas novas estrateacutegias de

desenvolvimento regional endoacutegeno

Sendo assim em uma economia que tem como um dos principais elementos

de competitividade a inovaccedilatildeo poliacuteticas que estimulem a cooperaccedilatildeo o aprendizado

e o intercacircmbio de conhecimento tornam-se significativas para que o processo

inovativo produza soluccedilotildees agraves necessidades impostas por esse novo padratildeo vigente

dentro dos arranjos produtivos (GOacuteES GUERRA 2008)

Eacute de relevacircncia ainda frisar que estas accedilotildees de poliacuteticas tanto puacuteblicas como

privadas contribuem para o aprimoramento desses processos inovativos tanto

histoacutericos como sociais e fomentam a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de APLs que

por sua vez permitem um melhor direcionamento das poliacuteticas de desenvolvimento

regional (ALBAGLI BRITO 2002)

Essas iniciativas governamentais segundo Brito e Cassiolato (2002) vecircm se

intensificando cada vez mais no uso de accedilotildees que visam o aumento das

articulaccedilotildees e interaccedilotildees entre empresas eou atores locais O desdobramento

desse processo contribui para a identificaccedilatildeo de fatores relacionados ao grau de

competitividade e perspectivas de desenvolvimento em escala local e regional

Historicamente o estudo das aglomeraccedilotildees produtivas na forma de APLs

ganhou relevacircncia na uacuteltima deacutecada no Brasil a partir de experiecircncias bem-

34

sucedidas de organizaccedilatildeo produtivaindustrial em diferentes paiacuteses em particular na

Itaacutelia Estas experiecircncias chamaram a atenccedilatildeo de diversos oacutergatildeos puacuteblicos e

instituiccedilotildees nacionais e locais que passaram a implementar medidas de apoio para

promover a competitividade das empresas integrantes de aglomeraccedilotildees industriais

(SCHIMIDT FILHO PAULA 2008)

No Brasil a partir de 1997 o conceito de APL e Sistemas Inovativos Locais foi

rapidamente disseminado na esfera do ensino e da pesquisa e na esfera

governamental com a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

No final da deacutecada de 90 a academia passa a discutir a importacircncia do

conceito de APL e incorpora o desejo e a necessidade de promover uma discussatildeo

mais profunda sobre as novas ameaccedilas e oportunidades para os paiacuteses latino-

americanos ndash e particularmente o Brasil ndash diante das mudanccedilas recentes

Com o objetivo de ampliar e divulgar estudos sobre o referido tema em 1997

foi criada a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais ndash

RedeSist sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro

Os pesquisadores participantes dessa rede visam desenvolver trabalhos de

pesquisa e discutir temas que estatildeo relacionados aos novos requerimentos e formas

de desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico bem como averiguar o papel os

objetivos e os instrumentos de poliacuteticas tecnoloacutegicas e industriais adotadas no novo

cenaacuterio internacional Atualmente a RedeSist conta com a participaccedilatildeo de vaacuterias

universidades e institutos de pesquisa no Brasil aleacutem de manter parcerias com

outras instituiccedilotildees da Ameacuterica Latina Europa e Aacutesia (RedeSist 2011)

Os principais resultados das pesquisas realizadas pela RedeSist confirmam

que a aglomeraccedilatildeo de empresas e o aproveitamento das sinergias coletivas geradas

por suas interaccedilotildees vecircm fortalecendo suas chances de sobrevivecircncia e crescimento

constituindo-se em importante fonte geradora de vantagens competitivas

duradouras

A participaccedilatildeo dinacircmica em arranjos produtivos locais tem auxiliado

especialmente as empresas enquadradas como Micro Pequena e Meacutedia Empresa -

MPME a ultrapassarem as barreiras que impedem seu crescimento a produzirem

35

eficientemente e a comercializarem seus produtos em mercados nacionais e ateacute

internacionais

Partindo da necessidade de modernizaccedilatildeo do Estado e de investimentos no

setor produtivo do paiacutes o Governo Federal buscou efetivar poliacuteticas para que os

oacutergatildeos puacuteblicos tivessem maior controle nos seus gastos e que o Brasil investisse

em programas e projetos estruturantes

A ideia dessas poliacuteticas era natildeo mais financiar projetos isolados e sim investir

em projetos coletivos que pudessem beneficiar territoacuterios socioeconocircmicos para as

regiotildees com vocaccedilotildees naturais jaacute identificadas e promotoras de atividades

econocircmicas sustentaacuteveis

Em 1998 o Governo institui o Programa de Estabilidade Fiscal e em 2000 a

Lei de Responsabilidade Fiscal ndash LRF (Lei Complementar 101 de 04 de maio de

2000 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 05052000) Esta lei regulamentava o

planejamento fiscal como forma de orientar os gastos futuros

Em 1999 visando a Reforma do Estado o Governo promulgou a lei 981199

que definia as diretrizes para elaboraccedilatildeo da lei orccedilamentaacuteria de 2000 e em 21 de

julho de 2000 publicou a LEI Nordm 9989 que instituiu o Plano Plurianual ndash PPA para o

quadriecircnio 2000-2003 (Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 27072000) Esse PPA teve como

objetivo elaborar normas para a programaccedilatildeo dos recursos e do ciclo de gestatildeo do

setor puacuteblico definindo as estrateacutegias para a elaboraccedilatildeo do plano e do orccedilamento

bem como o acompanhamento da execuccedilatildeo orccedilamentaacuteria financeira e a avaliaccedilatildeo

do desempenho da accedilatildeo governamental

A incorporaccedilatildeo do conceito de APL como poliacutetica puacuteblica pelo Governo

Federal teve iniacutecio em 1999 no acircmbito do Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia ndash

MCT Em parceria com os Estados da Federaccedilatildeo foram identificados APLs que

tiveram projetos de cooperaccedilatildeo entre institutos de pesquisa e empresas visando

aprimorar produtos e processos oriundos desses aglomerados Foi tambeacutem incluiacuteda

pela primeira vez uma accedilatildeo para APLs no Plano Plurianual do Governo (PPA 2000-

2003) de responsabilidade do MCT (LASTRES 2007)

Neste periacuteodo tambeacutem foram apoiadas pesquisas acadecircmicas tanto de cunho

teoacuterico como empiacuterico financiadas pelas agecircncias vinculadas ao MCT Conselho

36

Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash CNPq e a Financiadora de

Estudos e Projetos ndash FINEP

Reconhecendo a importacircncia dos APLs que refletem uma nova percepccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento em que o local passa a ser visto como eixo

orientador de promoccedilatildeo social o Governo Federal instituiu atraveacutes da Portaria

Interministerial nordm 200 de 03082004 (e reeditada em 24102005) o Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais ndash GTP APL coordenado pelo

Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

O GTP APL tem como finalidade elaborar e propor diretrizes gerais para as

accedilotildees coordenadas de apoio a Arranjos Produtivos Locais Este grupo elaborou em

2004 um Termo de Referecircncia para Poliacutetica Nacional de Apoio ao Desenvolvimento

de Arranjos Produtivos Locais - Versatildeo para discussatildeo do GT Interministerial (MDIC

2004) definindo a caracterizaccedilatildeo de um APL a partir de duas premissas ter um

nuacutemero significativo de empreendimentos no territoacuterio e de indiviacuteduos que atuam em

torno de uma atividade produtiva predominante e compartilhar formas percebidas de

cooperaccedilatildeo e algum mecanismo de governanccedila8 podendo ser incluiacutedas pequenas

meacutedias e grandes empresas

Para solidificar esta poliacutetica o trabalho do GTP APL conta com a participaccedilatildeo

de 33 oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais e tem mapeado 142 APLs

prioritaacuterios (de maior relevacircncia socioeconocircmica) identificados atraveacutes do Plano de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP nos 27 estados brasileiros Outra accedilatildeo

importante orientada pelo GTP APL em todo o Brasil foi a instalaccedilatildeo dos Nuacutecleos

Estaduais que tecircm como objetivo organizar as demandas dos APLs analisar suas

propostas e promover as articulaccedilotildees institucionais com vistas ao apoio demandado

Os Nuacutecleos Estaduais satildeo compostos por entidades dos diversos segmentos da

sociedade capazes de planejar e executar accedilotildees identificadas na elaboraccedilatildeo dos

PDPs (GTP-APL 2007)

A partir de 2007 com o intuito de fomentar projetos produtivos de APLs de

baixa renda e ampliar o alcance de sua atuaccedilatildeo o BNDES utilizando recursos natildeo

8 Mecanismo de governanccedila ndash Existecircncia de canais (pessoas fiacutesicas ou organizaccedilotildees) capazes de Liderar e organizar atores em prol de objetivos comuns nas atividades em APL ou coordenar as accedilotildees dos diferentes atores para o cumprimento de objetivos comuns ou negociar os processos decisoacuterios locais ou promover processos de geraccedilatildeo disseminaccedilatildeo e uso de conhecimentos (MDIC 2004)

37

reembolsaacuteveis do Fundo Social firma parceria com os governos dos Estados

(LASTRES LEMOS KAPLAN GARCEZ MAGALHAtildeES 2010) Esta parceria

objetivava complementar o apoio financeiro concedido pelos Estados a

empreendimentos solidaacuterios de baixa renda contribuindo dessa forma para a

reduccedilatildeo de desigualdades sociais e geraccedilatildeo de trabalho e renda A poliacutetica adotada

tinha como finalidade desenvolver e adensar atividades econocircmicas em aacutereas de

populaccedilotildees de baixa renda cujas caracteriacutesticas produtivas estivessem naturalmente

sendo desenvolvidas como aglomerados produtivos

Outra agecircncia de fomento agrave pesquisa e desenvolvimento de APLs eacute o Fundo

de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash FUNDECI administrado pelo

Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste ndash ETENE do Banco do

Nordeste do Brasil SA ndash BNB Essa agecircncia tem apoiado projetos de pesquisa

difusatildeo e transferecircncia de tecnologia para arranjos produtivos locais no Nordeste

brasileiro9

Tendo em vista que diversas instituiccedilotildees estatildeo aplicando poliacuteticas puacuteblicas

para o desenvolvimento socioeconocircmico voltado para APLs faz-se necessaacuterio

analisar quais as contribuiccedilotildees que tais poliacuteticas tem proporcionado para a

estruturaccedilatildeo de Arranjos Produtivos Locais na Paraiacuteba e quais os entraves

encontrados na sua implementaccedilatildeo

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento

Regional Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs

O conceito de sustentabilidade parte da necessidade de estimular e

potencializar os recursos locais capazes de promover o crescimento econocircmico

social e cultural e de minimizar os impactos ambientais

Haddad (2003) afirma que este conceito natildeo se prende somente a

produtividade dos recursos naturais e de conservaccedilatildeo da base fiacutesica de uma regiatildeo

ou paiacutes mas frisa a importacircncia da equidade interpessoal (sustentabilidade social) e

9 httpwwwbnbgovbrcontentaplicacaosobre_nordestefundecigeradosfundeci_obtendoasp

38

intertemporal (sustentabilidade ambiental) considerando uma regiatildeo que natildeo sofra

com o uso indevido dos recursos naturais por empreendimentos econocircmicos

A importacircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel eacute priorizada

segundo as dimensotildees sociais considerando o processo de organizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo e a participaccedilatildeo da sociedade civil na formataccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

para as regiotildees Este desenvolvimento enfatiza tambeacutem a valorizaccedilatildeo dos recursos

econocircmicos humanos institucionais e culturais

Esse padratildeo de desenvolvimento avalia as capacidades e potencialidades

existentes no territoacuterio Novas poliacuteticas devem proporcionar o fortalecimento de um

ambiente adequado e satisfatoacuterio agrave criaccedilatildeo e implantaccedilatildeo de sistemas produtivos

locais bem como ampliar as relaccedilotildees sociais econocircmicas tecnoloacutegicas e

comerciais entre os diversos atores participantes do processo de desenvolvimento

Partindo desta ideia o conceito de APL pode ser fortalecido se a este for

associada a visatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel enfocando o aprendizado jaacute

adquirido pelos atores a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica capaz de melhorar os sistemas

produtivos e a territorialidade

A estrateacutegia de analisar o APL da Citricultura sob a oacutetica do desenvolvimento

sustentaacutevel teve como objetivo entender o territoacuterio estudado e averiguar o

desenvolvimento socioeconocircmico do APL sua trajetoacuteria e seu crescimento regional

Sendo assim tal anaacutelise permitiu ampliar os conhecimentos sobre a sinergia

coletiva gerada no arranjo e propor accedilotildees para que empresas associaccedilotildees e

cooperativa existentes no aglomerado produtivo sejam indutoras de vantagens

competitivas duradouras

No proacuteximo capiacutetulo eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina da Paraiacuteba bem como suas potencialidades problemas

identificados e as instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo promotoras de poliacuteticas puacuteblicas

para o segmento

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA TANGERINA NA PARAIacuteBA

A partir dos diagnoacutesticos elaborados pela EMEPA (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2006 e LOPES ALBUQUERQUE BRITO 2008) eacute possiacutevel caracterizar o

Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba pois

mesmo natildeo estando consolidado este segmento apresenta um conjunto de

variaacuteveis e accedilotildees de trabalho relacionados a um APL Este aglomerado produtivo

possui produtores participantes de associaccedilotildees nos municiacutepios de produccedilatildeo de

tangerina distribuidores comercializadores (atravessadores) mercado consumidor

demandante organizaccedilotildees voltadas agrave formaccedilatildeo e treinamento de recursos

humanos informaccedilatildeo pesquisa e desenvolvimento instituiccedilotildees de apoio ao fomento

e a regulaccedilatildeo e uma clara percepccedilatildeo de cooperaccedilatildeo e governanccedila atraveacutes da

existecircncia de uma cooperativa

Nesta seccedilatildeo seraacute apresentado o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

como ele estaacute estruturado e quais os problemas que impedem a sua consolidaccedilatildeo

como um arranjo produtivo local sustentaacutevel

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

O Brasil eacute o maior produtor mundial de laranja cuja produccedilatildeo foi

aproximadamente 191 milhotildees de toneladas em 2010 seguido dos Estados Unidos

da Ameacuterica - EUA com 75 milhotildees O Brasil tambeacutem eacute o maior exportador de suco

de laranja concentrado tendo exportado no ano de 2009 aproximadamente 575 mil

toneladas (FAO 2012) Os principais mercados consumidores de suco satildeo a Uniatildeo

Europeia comprando 72 e os Estados Unidos 121 (MDIC 2012)

A cultura ciacutetrica eacute a mais importante dentre as fruteiras cultivadas no Brasil

No entanto a produccedilatildeo brasileira estaacute concentrada em laranjas (cultivares Pera Rio

Valecircncia e Pera Natal) para a fabricaccedilatildeo de suco destinado aos mercados de

exportaccedilatildeo (PEREIRA 2009)

40

O grande propulsor do crescimento da induacutestria ciacutetrica nacional foi a geada

que atingiu em 1962 os pomares da Floacuterida nos Estados Unidos considerados ateacute

entatildeo os maiores produtores mundiais de laranja (NEVES 2010)

A consolidaccedilatildeo da induacutestria brasileira ocorreu definitivamente apoacutes as geadas

que voltaram a castigar a Floacuterida no final da deacutecada de 1980 causando perdas

substanciais na produccedilatildeo americana de laranja Com isso as exportaccedilotildees de suco

brasileiro se firmaram e a induacutestria nacional entrou numa fase de franca expansatildeo

(NEVES 2010)

A citricultura no Brasil desenvolveu-se dessa forma para a oferta de suco ao

mercado internacional Apenas 18 da produccedilatildeo satildeo destinados ao mercado

interno e nesse percentual os citros de mesa aparecem com baixa

representatividade (MAPA 2009)

A produccedilatildeo de citros encontra-se distribuiacuteda em quase todo o territoacuterio

nacional localizando-se principalmente nos estados de Satildeo Paulo Bahia Minas

Gerais Sergipe e Paranaacute (IBGE 2012)

Na regiatildeo Sudeste satildeo produzidos 8414 dos citros ao contraacuterio da regiatildeo

Nordeste responsaacutevel por apenas 912 da produccedilatildeo (MAPA 2009)

A regiatildeo Nordeste possui alguns polos de produccedilatildeo de citros de mesa

todavia natildeo satildeo suficientes para atender a demanda dos mercados de consumo ou

seja a produccedilatildeo de laranjas tangerinas limas aacutecidas e limotildees eacute menor que a

demandada pelo mercado consumidor (MAPA 2009)

Os estados da Bahia e de Sergipe destacam-se como os principais

produtores de citros (principalmente laranja) Entretanto a Paraiacuteba assume o

ranking de maior produtor de tangerina dentre os nove estados nordestinos (Quadro

2)

41

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do Nordeste

Estados Nordestinos produtores

Aacuterea plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Nordeste 3815 41267 10817 17216

Maranhatildeo 23 68 2957 46

Piauiacute 22 182 8273 148

Cearaacute 333 2207 6628 1162

Rio Grande do Norte 20 240 12000 72

Paraiacuteba 1892 14436 7630 4999

Pernambuco 333 3366 10108 2663

Sergipe 431 6586 15281 2314

Bahia 761 14182 18636 5813

Fonte IBGE (2010b)

A produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba (IBGE 2010b) concentra-se no Planalto da

Borborema (Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano) com aproximadamente 3150 ha

cultivados sendo 1892 ha de tangerinas 867 ha de laranjas e 391 ha de lima aacutecida

Tahiti tambeacutem conhecida entre os consumidores brasileiros como limatildeo Tahiti

No Quadro 3 eacute apresentado um comparativo da produccedilatildeo de citros (laranja

tangerina e limatildeo) da Paraiacuteba entre os anos de 2008 e 2010 Verifica-se que houve

um pequeno aumento na aacuterea plantada (44) e na quantidade produzida (33) de

tangerina

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

Produto Ano Aacuterea

plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Tangerina 2008 1812 13974 7711 4261

2010 1892 14404 7630 4999

Laranja 2008 1007 5527 5489 1874

2010 862 5314 6164 1910

Limatildeo 2008 304 2212 7276 1515

2010 391 2527 6462 1602

Fonte IBGE (2008) e IBGE (2010b)

42

A regiatildeo possui um importante diferencial competitivo devido a sua safra

ocorrer nos meses de agosto a dezembro sendo a Paraiacuteba o uacutenico estado brasileiro

a produzir tangerina dancy nesse periacuteodo Essa produccedilatildeo gera forte impacto de

venda pois os valores de comeacutercio estatildeo em franca ascensatildeo Observa-se no

Quadro 3 que o valor pago pela produccedilatildeo aumentou em 17 de 2008 para 2010

Este diferencial competitivo eacute evidenciado por Pozzan e Triboni (2005) onde

afirmam que a oferta de tangerina no paiacutes acumula-se nos meses de abril a

setembro (Quadro 4) ficando os outros meses com uma oferta abaixo da

capacidade dos mercados Nesses meses os preccedilos de comercializaccedilatildeo atingem

patamares bastante compensadores devido agrave baixa oferta de produtos de qualidade

no mercado

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo

Cultura Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Laranja

Tangerina

Lima e lima aacutecida

Manga

Goiaba

Cana

Cafeacute

Soja

Natildeo irrigada hachurado escuro = colheita da safra principal hachurado claro = colheita da safra extemporacircnea

Fonte Pozzan amp Triboni (2005)

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina da Paraiacuteba eacute composto pelos

municiacutepios de Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de

Roccedila Massaranduba e Matinhas pertencentes agrave Mesorregiatildeo do Agreste

Paraibano Nesta regiatildeo concentra-se a maior produccedilatildeo desse fruto de mesa no

Estado Segundo o IBGE (2010b) a produccedilatildeo de tangerina na regiatildeo foi 14404

toneladas em 2010 Na Figura 3 eacute apresentada a produccedilatildeo colhida em 2010 em

cada municiacutepio pertencente ao APL

43

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 2010

Fonte Adaptado do IBGE (2010b)

A plantaccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba estaacute localizada numa altitude acima de

500m o que favorece a existecircncia de um microclima ameno com irregularidades

pluviomeacutetricas ocorrendo em meacutedia de 1000 a 1200 mmano distribuiacutedas de

marccedilo a agosto A partir do mecircs de setembro as chuvas satildeo esparsas ocorrendo

um periacuteodo de veranico A umidade relativa do ar eacute em meacutedia de 85 nos meses

mais frios do ano (maio a agosto) e a temperatura noturna varia de 10 a 18ordmC

Durante o dia a temperatura varia de 20 a 25ordmC nos meses mais frios e acima de

25ordmC no periacuteodo de veratildeo O clima exerce grande influecircncia sobre o vigor e a

longevidade das plantas qualidade e quantidade de frutos (LOPES

ALBUQUERQUE MOURA 2007)

A maioria dos produtores utilizam basicamente matildeo-de-obra familiar e

ocasionalmente contratam trabalhadores durante principalmente o periacuteodo de

colheita Satildeo aproximadamente dois mil pequenos produtores envolvidos com suas

respectivas famiacutelias O setor gera aproximadamente 4000 empregos diretos e 6000

empregos indiretos Os trabalhadores contratados satildeo da regiatildeo e natildeo haacute muitos

empregos formais A citricultura assume uma grande importacircncia para a regiatildeo e

para o Estado devido ao nuacutemero de pessoas envolvidas e agrave geraccedilatildeo de emprego e

renda (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

A citricultura da regiatildeo apresenta-se como tipicamente de minifuacutendio e

familiar com meacutedia de 223 haproprietaacuterio e 83 com um a trecircs membros da famiacutelia

envolvidos na atividade Quanto agrave experiecircncia com o cultivo da laranja 68 dos

44

citricultores vivenciam a atividade haacute mais de dez anos (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2007)

Contudo este segmento ainda possui diversos problemas que impedem o

pleno ecircxito da cultura de tangerina no APL O principal problema eacute a baixa

produtividade com rendimento meacutedio de 7630 kgha muito abaixo da produtividade

de Sergipe e Bahia com 15281 kgha e 18636 kgha respectivamente (Quadro 2)

Aleacutem disso analisando a produccedilatildeo de tangerina nos anos 2008 e 2010

(Quadro 3) verifica-se que houve um crescimento relativamente pequeno

considerando a existecircncia de diversas accedilotildees realizadas por instituiccedilotildees parceiras

atuantes no arranjo em prol do desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo10 Nota-

se inclusive que o rendimento meacutedio caiu 105 nesse periacuteodo

Segundo Lopes Albuquerque e Moura (2006) alguns dos problemas teacutecnicos

identificados como responsaacuteveis por essa baixa produtividade satildeo ausecircncia de

mudas de qualidade (mudas certificadas) espaccedilamentos inadequados adubaccedilatildeo

deficiente manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequado tratos culturais deficientes

problemas fitossanitaacuterios alternacircncia de produccedilatildeo colheita e poacutes-colheita

inadequadas (embalagens improacuteprias) e comercializaccedilatildeo deficitaacuteria

Outros problemas verificados pelo MAPA (2009) foram setor de fornecimento

de insumos eacute precaacuterio e insuficiente estradas vicinais e municipais natildeo satildeo

asfaltadas ainda natildeo haacute empacotadoras de frutas nem nenhuma estrutura para o

beneficiamento eou industrializaccedilatildeo natildeo haacute estruturas para a produccedilatildeo de

borbulhas sementes e mudas certificadas ausecircncia de um local especiacutefico para

armazenagem de insumos (calcaacuterio adubos e defensivos agriacutecolas) natildeo haacute

sistemas de irrigaccedilatildeo implantados as sedes das associaccedilotildees satildeo precaacuterias e muitas

vezes as reuniotildees satildeo realizadas em oacutergatildeos puacuteblicos o que pode desestimular a

participaccedilatildeo efetiva dos associados

Visando observar in loco os problemas identificados acima foram realizadas

visitas teacutecnicas na regiatildeo durante o ano de 2011 para entrevistar os representantes

das associaccedilotildees e da cooperativa dos municiacutepios pertencentes ao APL Essas

10

Na seccedilatildeo 33 seratildeo apresentadas as instituiccedilotildees parceiras atuantes no arranjo e o apoio dessas entidades ao

APL

45

visitas tiveram como objetivo observar a forma como os produtores realizam o

plantio dos pomares de tangerina e a organizaccedilatildeo produtiva existente em cada

municiacutepio Constatou-se que os plantios satildeo realizados sem criteacuterios teacutecnicos

(espaccedilamentos incorretos) e plantados muitas vezes de morro abaixo ocasionando

risco de erosatildeo do solo nos periacuteodos chuvosos

Foi identificada tambeacutem a existecircncia de baixos investimentos em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica bem como a falta de investimentos em sistemas irrigados ou unidades

demonstrativas que elevassem a produtividade do plantio da tangerina no APL

Percebeu-se ainda que os produtores natildeo investem na modernizaccedilatildeo dos

seus plantios pois para eles natildeo existe um esclarecimento sobre a importacircncia de

uma expansatildeo da produccedilatildeo visando o desenvolvimento do agronegoacutecio na regiatildeo

Aleacutem disso verificou-se que a venda da produccedilatildeo sazonal eacute realizada

diretamente entre produtores e atravessadores Estes uacuteltimos compram os frutos nos

pomares ou seja adquirem o lote de tangerina ainda na tangerineira Os

atravessadores ficam responsaacuteveis pela colheita retirando apenas as tangerinas

que tecircm aceitabilidade no mercado e deixando as de tamanho inadequado nos

pomares

Contudo na visita a cidade de Matinhas foi identificada a existecircncia de uma

cooperativa localizada naquele municiacutepio fundada em 1996 por um grupo de

citricultores com o objetivo de obter melhores condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo de

citros produzidos na regiatildeo De acordo com a atual presidente a Cooperativa dos

Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda ndash Coopertange passou por diversos

problemas de gestatildeo o que a impediu de cumprir com suas obrigaccedilotildees junto aos

seus cooperados ateacute 2009

A partir de 2010 a Coopertange sofreu uma reestruturaccedilatildeo e uma nova

diretoria foi eleita Esta diretoria passou a buscar parceiros e projetos que pudessem

ampliar os negoacutecios com a produccedilatildeo de laranja Nesse ano foi elaborado um projeto

para adquirir uma packing house destinada agrave lavagem classificaccedilatildeo e embalagem

de frutos Tal inovaccedilatildeo que ainda se encontra em fase de implantaccedilatildeo (construccedilatildeo

do galpatildeo e aquisiccedilatildeo do equipamento) abriraacute a possibilidade de conquistar novos

mercados e realizar negociaccedilotildees diretas com clientes sem passar por

atravessadores

46

Apesar da referida cooperativa natildeo estar atuando plenamente como empresa

acircncora a mesma tem desenvolvido accedilotildees buscando atingir seus objetivos junto ao

APL Tais accedilotildees foram aprovaccedilatildeo da DAP (Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf) para a

cooperativa o que facilita a venda de forma coletiva da produccedilatildeo de citros

proveniente da agricultura familiar parceria com a UFPB para realizaccedilatildeo de cursos

de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de viveiristas e produccedilatildeo de mudas padronizadas e

certificadas cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos e a formataccedilatildeo do modelo

administrativo da Coopertange a EMEPA (pesquisa para combate da mosca negra)

COOPERAR (projeto de uma faacutebrica para produccedilatildeo de polpa de tangerina) e BNB

(apoio a participaccedilatildeo de feiras e seminaacuterios) Estas accedilotildees visam consolidar a

Coopertange como a principal representante do APL

32 Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional delineada para o trabalho de dissertaccedilatildeo apresenta

os niacuteveis de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina

O APL eacute composto por oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais

empresas associaccedilotildees de produtores rurais e uma cooperativa As relaccedilotildees entre

esses oacutergatildeos determinam uma estrutura organizacional que define a dinacircmica do

arranjo

Na Figura 4 eacute apresentada essa estrutura organizacional com os niacuteveis de

atuaccedilatildeo e de envolvimento de cada instituiccedilatildeo A Coopertange eacute responsaacutevel pelo

diaacutelogo entre os produtores e as instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

Esta cooperativa tambeacutem eacute responsaacutevel pelo fomento agrave comercializaccedilatildeo e

inclusatildeo social dos seus cooperados Atualmente a referida cooperativa apesar de

contar com apenas 40 cooperados produtores e liacutederes das associaccedilotildees que

pertencem ao APL vem se estruturando para assumir a governanccedila do arranjo

No primeiro ciacuterculo (Figura 4) satildeo apresentados os municiacutepios que compotildeem

o arranjo caracterizados pela distacircncia entre eles e a Coopertange de no maacuteximo 35

quilocircmetros e por terem como principal atividade a produccedilatildeo de tangerina dancy Em

cada municiacutepio existe uma associaccedilatildeo de produtores rurais responsaacutevel pelas

47

reivindicaccedilotildees dos seus associados e atua como interlocutora junto agrave empresa

acircncora e agraves instituiccedilotildees parceiras

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

No segundo ciacuterculo pode-se visualizar a infraestrutura para o

desenvolvimento do arranjo composta por instituiccedilotildees de apoio teacutecnico fomento e

inovaccedilatildeo Dentre os apoios mais relevantes encontram-se extensatildeo rural

(EMATER) pesquisa e transferecircncia de tecnologia (UFPB UFCG EMBRAPA

UEPB e EMEPA) serviccedilo de apoio agrave capacitaccedilatildeo teacutecnica e tecnoloacutegica (UFPB

Escola Teacutecnica Agriacutecola de Lagoa Seca e SENAR) fomento e creacutedito rural (BB BNB

e Caixa Econocircmica Federal) oacutergatildeos governamentais responsaacuteveis pelas poliacuteticas

puacuteblicas (Governo do Estado Prefeituras Municipais MAPA MDA e CONAB)

organizaccedilotildees sindicais (FAEPA Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Associaccedilotildees

dos Produtores Rurais) serviccedilo de apoio agrave estruturaccedilatildeo de micro e pequenas

empresas (SEBRAE) e Foacuterum de Fruticultura da Borborema Este uacuteltimo tem uma

atuaccedilatildeo importante na organizaccedilatildeo do APL pois busca arregimentar todos os

parceiros visando trazer soluccedilotildees para o soerguimento do setor

48

No terceiro ciacuterculo estatildeo representados os empreendimentos de suporte ao

segmento (implementos agriacutecolas e fornecedores de insumo) logiacutestica (transporte

armazenamento e entrega) manutenccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (empresas

especializadas em metal-mecacircnica existente no distrito industrial de Campina

Grande) venda de veiacuteculos utilitaacuterios escritoacuterio de design (criaccedilatildeo de embalagens

roacutetulos e programaccedilatildeo visual para as empresas) e faacutebricas de embalagens

(localizadas em Campina Grande) Na regiatildeo encontra-se tambeacutem matildeo-de-obra

qualificada (agrocircnomos e especialistas em fruticultura) para atender as demandas

especiacuteficas do segmento da citricultura

A estrutura organizacional formatada tem como finalidade mapear os

principais parceiros envolvidos no arranjo e apresentar uma forma estruturada de

visualizaccedilatildeo dos atores com potencial para atender agraves demandas objetivando a

melhoria da produtividade da tangerina o aumento da competitividade do setor e a

organizaccedilatildeo dos produtores para buscar novos nichos de mercado

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL

Nesta seccedilatildeo seratildeo descritas algumas poliacuteticas puacuteblicas identificadas para o

arranjo oriundas de programas governamentais e entidades parceiras natildeo

governamentais que vecircm atuando no desenvolvimento socioeconocircmico do territoacuterio

em que se insere o APL

Para melhor compreensatildeo dessas poliacuteticas faz-se necessaacuterio conhecer as

instituiccedilotildees que atuam no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina e seu objetivos visando entender o apoio dessas entidades ao APL

estudado Tais objetivos satildeo descritos na seccedilatildeo 331

Em seguida na seccedilatildeo 332 eacute apresentado um histoacuterico das poliacuteticas puacuteblicas

implementadas para APLs na Paraiacuteba e que vecircm contribuindo para a consolidaccedilatildeo

do APL

49

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo

De acordo com os dados coletados durante a pesquisa documental e em

visitas teacutecnicas foram identificadas as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais mais atuantes no arranjo sendo elas MAPA SEDAP EMEPA

EMATER PMM UFPB SEBRAE e STRM

O Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA eacute

responsaacutevel pela gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de estiacutemulo agrave agropecuaacuteria pelo

fomento do agronegoacutecio e pela regulaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo de serviccedilos vinculados ao

setor O MAPA busca integrar sob sua gestatildeo os aspectos mercadoloacutegico

tecnoloacutegico cientiacutefico ambiental e organizacional do setor produtivo e tambeacutem dos

setores de abastecimento armazenagem e transporte de safras aleacutem da gestatildeo da

poliacutetica econocircmica e financeira para o agronegoacutecio

O MAPA tem como missatildeo promover o desenvolvimento sustentaacutevel e a

competitividade do agronegoacutecio em benefiacutecio da sociedade brasileira (MAPA 2012)

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca

ndash SEDAP eacute um oacutergatildeo da administraccedilatildeo direta do Governo do Estado da Paraiacuteba e

tem como finalidade formular implementar coordenar e monitorar as poliacuteticas

puacuteblicas voltadas ao desenvolvimento sustentaacutevel da agricultura e da pecuaacuteria

A SEDAP trabalha em sintonia com as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais incentivando o desenvolvimento por meio da interiorizaccedilatildeo das

accedilotildees estrateacutegicas implementadas por seus oacutergatildeos vinculados Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER Empresa Estadual de Pesquisa

Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash EMEPA Empresa Paraibana de Abastecimento e

Serviccedilos Agriacutecolas ndash EMPASA e Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da

Paraiacuteba ndash INTERPA

A missatildeo da SEDAP eacute planejar articular e promover as poliacuteticas de

desenvolvimento rural no Estado atraveacutes da pesquisa assistecircncia teacutecnica extensatildeo

rural defesa sanitaacuteria animal e vegetal regularizaccedilatildeo fundiaacuteria reforma agraacuteria

organizaccedilatildeo das comunidades rurais proteccedilatildeo alimentar e coordenaccedilatildeo das

cadeias produtivas e arranjos produtivos locais (SEDAP 2012)

50

A Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash

EMEPA-PB tem por finalidade o desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico aplicados

agrave agropecuaacuteria do Estado da Paraiacuteba competindo-lhe promover planejar

estimular supervisionar coordenar e executar atividades de pesquisa e

experimentaccedilatildeo colaborar na formaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica do

setor agriacutecola do Estado bem como programar e desenvolver pesquisas

diretamente ou em cooperaccedilatildeo com instituiccedilotildees puacuteblicas compreendidas na aacuterea de

atuaccedilatildeo da SEDAP e apoiar na formulaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica de

ciecircncia e tecnologia relativa ao setor agriacutecola na Paraiacuteba (EMEPA 2012b)

A Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER-PB eacute

uma empresa de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural vinculada agrave SEDAP

integrante do Sistema Brasileiro de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash

SIBRATER Satildeo objetivos baacutesicos da EMATER-PB colaborar com os oacutergatildeos

competentes da SEDAP e do MAPA na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo das poliacuteticas de

assistecircncia teacutecnica e extensatildeo no Estado e planejar coordenar e executar

programas de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural visando agrave difusatildeo de

conhecimentos de natureza teacutecnica econocircmica e social para aumento da produccedilatildeo

e produtividade agriacutecola e a melhoria das condiccedilotildees de vida no meio rural do Estado

da Paraiacuteba de acordo com a poliacutetica de accedilatildeo dos Governos Federal e Estadual

(EMATER 2012)

A Prefeitura Municipal de Matinhas ndash PMM eacute a sede do poder executivo do

municiacutepio de Matinhas O prefeito como representante do executivo tem como

dever acompanhar a execuccedilatildeo dos programas governamentais e fiscalizar a

aplicaccedilatildeo dos recursos A PMM tem como uma de suas principais accedilotildees o estiacutemulo

agrave organizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo Local da Citricultura na regiatildeo de Matinhas

(PMM 2012)

A Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino

superior vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo tem como objetivo promover o

desenvolvimento socioeconocircmico da Paraiacuteba do Nordeste e do Brasil Para tanto

propotildee-se na sua aacuterea de competecircncia a empreender accedilotildees visando

especificamente aos seguintes resultados formar profissionais nos niacuteveis de ensino

fundamental meacutedio superior e de poacutes-graduaccedilatildeo realizar atividades de pesquisa e

51

de extensatildeo pautar as suas atividades acadecircmicas pela busca do progresso das

ciecircncias letras e artes

A missatildeo da UFPB eacute definida como estar integrada agrave sociedade promover o

progresso cientiacutefico tecnoloacutegico cultural e socioeconocircmico local regional e

nacional atraveacutes das atividades de ensino pesquisa e extensatildeo atrelado ao

desenvolvimento sustentaacutevel e ampliando o exerciacutecio da cidadania (UFPB 2012)

O Banco do Nordeste ndash BNB eacute uma instituiccedilatildeo financeira e de concessatildeo de

creacutedito Poreacutem para cumprir a missatildeo de desenvolvimento em uma regiatildeo com

muitas potencialidades ainda natildeo exploradas o BNB entende que o creacutedito eacute

necessaacuterio mas natildeo deve ser o uacutenico serviccedilo oferecido Esta instituiccedilatildeo busca

contribuir para garantir a sustentabilidade dos empreendimentos financiados

associada agrave melhoria das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo nordestina

Dentre as accedilotildees e instrumentos criados pelo Banco destacam-se os Agentes

de Desenvolvimento as Agecircncias Itinerantes as Poliacuteticas de Desenvolvimento

Territorial o CREDIAMIGO o PRONAF e o Programa de Desenvolvimento do

Turismo no Nordeste - PRODETUR no apoio agrave infraestrutura turiacutestica regional

A missatildeo do BNB eacute atuar como agente catalisador do desenvolvimento

sustentaacutevel do Nordeste integrando-o na dinacircmica da economia nacional (BNB

2012)

O Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash

SEBRAE-PB eacute uma instituiccedilatildeo voltada agrave concepccedilatildeo e execuccedilatildeo de iniciativas de

apoio aos empreendimentos de micro e pequeno porte Em razatildeo da importacircncia do

segmento para a geraccedilatildeo de emprego e de riqueza cabe ao SEBRAE colaborar

com accedilotildees e projetos para a consolidaccedilatildeo de um modelo de

desenvolvimento sustentaacutevel baseado na facilitaccedilatildeo do acesso a insumos

produtivos ndash conhecimento creacutedito tecnologia e capacitaccedilatildeo ndash para todos aqueles

que investem ou pretendem investir em uma atividade produtiva

Mais do que uma provedora de soluccedilotildees educacionais para o empreendedor

(treinamentos consultorias eventos teacutecnicos) a instituiccedilatildeo busca tambeacutem contribuir

para a geraccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis agrave valorizaccedilatildeo e ao estiacutemulo do

empreendedorismo Este estiacutemulo tem como finalidade o aumento da

competitividade de empresas e produtos visando fortalecer as vocaccedilotildees

52

econocircmicas e promover o desenvolvimento da Paraiacuteba no contexto nacional e

internacional

A missatildeo do SEBRAE eacute promover a competitividade e o desenvolvimento

sustentaacutevel das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas - STRM eacute uma

entidade sindical sem fins lucrativos com sede no municiacutepio de Matinhas Estado da

Paraiacuteba e eacute regido pela legislaccedilatildeo em vigor pelos Estatutos da Confederaccedilatildeo

Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG e da Federaccedilatildeo dos

Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba - FETAG-PB bem como pelo

seu regimento e estatuto

Satildeo objetivos do STRM defender os interesses coletivos e individuais da

categoria trabalhadora rural do municiacutepio inclusive em questotildees judiciais ou

administrativas desenvolver organizar e apoiar as accedilotildees que visem a conquista de

melhores condiccedilotildees de vida e de trabalho para a categoria trabalhadora rural e para

o conjunto da classe trabalhadora e defender e lutar pela manutenccedilatildeo e ampliaccedilatildeo

das liberdades e garantias democraacuteticas como instrumento de defesa dos direitos e

conquistas dos trabalhadores trabalhadoras e suas organizaccedilotildees

Aleacutem disso o sindicato deve ainda participar da elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de um projeto de desenvolvimento rural sustentaacutevel e solidaacuterio visando a

valorizaccedilatildeo e fortalecimento da agricultura familiar com o estabelecimento de uma

poliacutetica agriacutecola diferenciada e a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo comercializaccedilatildeo

financiamento e assessoramento teacutecnico que promova o desenvolvimento social e

econocircmico dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (STRM 1972)

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba

Em 1997 o Governo do Estado da Paraiacuteba com o apoio do MCTCNPq criou

o Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores Econocircmicos

Tradicionais ndash COMPET visando promover o desenvolvimento industrial a partir de

uma visatildeo regional com vocaccedilatildeo econocircmica preexistente Essa iniciativa gerou

accedilotildees voltadas para a modernizaccedilatildeo dos setores econocircmicos tradicionais (Tecircxtil e

Confecccedilatildeo Couro e Calccedilados e Sucro-alcooleiro) e tinha como objetivo potencializar

53

as cadeias produtivas de cada segmento atraveacutes da estruturaccedilatildeo de micro e

pequenas empresas em municiacutepios polarizadores dessas atividades O programa do

Governo do Estado promovia uma interaccedilatildeo entre essas empresas e as instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais apoiadoras do programa Tal poliacutetica foi uma

das primeiras iniciativas a ser trabalhada pelo Estado como proposta de

agrupamentos produtivos

Os resultados obtidos com a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica para o setor Couro

e Calccedilados foram implantaccedilatildeo da Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos em Couro

de Ribeira de Cabaceiras Ltda ndash ARTEZA modernizaccedilatildeo do Curtume Coletivo

Miguel de Souza Meira como unidade de beneficiamento de peles e couros

utilizando tanino vegetal extraiacutedo do angico e estruturaccedilatildeo de 16 oficinas de

confecccedilatildeo em couro de sandaacutelias masculinas e femininas chapeacuteus boneacutes

acessoacuterios e produtos de decoraccedilatildeo Para o setor Sucroalcooleiro foi estruturada a

unidade Chatilde dos Jardins localizada no Campus II da UFPB no municiacutepio de Areia

Esta unidade teve como objetivo transferir a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica para os engenhos

da regiatildeo bem como capacitar produtores e teacutecnicos na produccedilatildeo de cachaccedila de

qualidade No setor Tecircxtil e Confecccedilatildeo foi implantado o primeiro Laboratoacuterio de

Vestuaacuterio da Paraiacuteba ndash LABVEST no Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado

Albano Franco ndash CTCCSENAI em Campina Grande-PB Este laboratoacuterio tinha como

finalidade atender agraves micro e pequenas empresas do setor atraveacutes de consultorias

especializadas plotagem de peccedilas padratildeo utilizadas na induacutestria de confecccedilatildeo e

cursos de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de matildeo-de-obra qualificada (COMPET 2007)

No ano de 2000 a Secretaria Estadual de Induacutestria Comeacutercio Turismo

Ciecircncia e Tecnologia ndash SICTCT da Paraiacuteba a partir dos resultados positivos obtidos

com o programa COMPET adotou como poliacutetica de expansatildeo empresarial o

conceito de arranjo produtivo local para fomentar o desenvolvimento

socioeconocircmico nas regiotildees com vocaccedilotildees produtivas priorizadas pelo Estado

Essa poliacutetica resultou no apoio a programas voltados para a

caprinovinocultura e artesanato As principais accedilotildees da caprinovinocultura foram

melhoramento geneacutetico de caprinos e ovinos visando o aumento do plantel na

Paraiacuteba e implantaccedilatildeo do Programa do Leite como projeto de seguranccedila alimentar

para famiacutelias carentes o que permitiu a instalaccedilatildeo de vaacuterias unidades de

beneficiamento de leite de cabra no Cariri paraibano As accedilotildees realizadas pelo

54

Programa de Artesanato promoveu o mapeamento do artesanato conforme as

tipologias desenvolvidas nas diversas regiotildees do Estado fomentou a melhoria da

qualidade de peccedilas artesanais promoveu a vinda de consultores especialistas para

capacitar artesatildeos e aumentou a inclusatildeo de artesatildeos na produccedilatildeo de peccedilas

artesanais com grande aceitaccedilatildeo de mercado

Em 2004 o Governo Estadual incluiu o Programa de Apoio ao

Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais no seu PPA (2004-2007) como

poliacutetica indutora de desenvolvimento econocircmico e de inclusatildeo social Essa decisatildeo

governamental permitiu que arranjos produtivos recebessem accedilotildees voltadas para a

organizaccedilatildeo produtiva e estruturaccedilatildeo do setor de forma a beneficiar cooperativas

micro e pequenas empresas com potencial competitivo Os setores incluiacutedos no PPA

foram Couro-Calccedilados e Afins Mineral Piscicultura Algodatildeo Colorido Fruticultura

aleacutem da caprinovinocultura e artesanato (SICTCT 2004)

Entendendo a importacircncia dos APLs para o Estado e visando seu

desenvolvimento o Governo Estadual em 27042007 criou atraveacutes de ata

seguindo a orientaccedilatildeo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio

Exterior ndash MDIC o Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba ndash Nuacutecleo APL-PB Este nuacutecleo tinha como objetivo ser uma instacircncia de

caraacuteter institucional capaz de fomentar o desenvolvimento socioeconocircmico do

Estado Para tanto foi elaborada a Minuta de Constituiccedilatildeo do Nuacutecleo contendo os

objetivos especiacuteficos estrateacutegia e papel do nuacutecleo na elaboraccedilatildeo dos Planos de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP composiccedilatildeo do Nuacutecleo Executivo parcerias

operacionalizaccedilatildeo dos APLs experiecircncias positivas e desafios bem como o

Regimento Interno do Nuacutecleo APL-PB

O referido Nuacutecleo foi constituiacutedo pelas seguintes instituiccedilotildees Secretaria de

Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE Secretaria de

Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente - SECTMA Secretaria de

Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo - SEPLAG

Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca - SEDAP

Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash

SEBRAEPB Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Federaccedilatildeo da

Agricultura do Estado da Paraiacuteba ndash FAEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do

Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

55

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG Universidade Estadual da

Paraiacuteba ndash UEPB e representante da classe trabalhadora do Estado da Paraiacuteba

Em 2008 como forma de promover a transferecircncia de tecnologias resultantes

de pesquisas validadas a Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria S A ndash

EMEPA institui a Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais ndash

CAAPL Essa coordenadoria tem como objetivo promover e acompanhar junto aos

APLs a transferecircncia de teacutecnicas e tecnologias adequadas agraves atividades produtivas

pesquisadas no acircmbito da EMEPA Os APLs apoiados pela EMEPA satildeo

Caprinovinocultura Bovinocultura de Leite Fruticultura Tropical (citros abacaxi

manga goiaba cajaacute e umbu) Mandioca e Cultura do Inhame (EMEPA 2012a)

Em 2009 o Decreto ndeg 30853 de 13 de novembro de 2009 instituiu o Nuacutecleo

Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da Paraiacuteba passando a se

chamar Nuacutecleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos

Locais da Paraiacuteba ndash NEAPLrsquosPB cuja finalidade eacute o fortalecimento dos APLs como

estrateacutegia para fomentar o desenvolvimento sustentaacutevel de regiotildees e aplicar a

poliacutetica puacuteblica instituiacuteda pelo Governo Federal no desenvolvimento econocircmico

social e cultural em que estatildeo inseridos os APLs da Paraiacuteba Neste decreto foi

modificada a representatividade das instituiccedilotildees passando a ser composto por

Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE

Secretaria de Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo -

SEPLAG Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca -

SEDAP Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente -

SECTMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Serviccedilo de Apoio

agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash SEBRAEPB Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba - EMATER Empresa Estadual de

Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A - EMEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa

do Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG e Universidade Estadual da

Paraiacuteba - UEPB

Outro parceiro que se fez presente desde 2009 foi o BNDES que atraveacutes de

Contrato de Concessatildeo e Colaboraccedilatildeo Financeira Natildeo-Reembolsaacutevel nordm 09215191

em parceria com o Governo do EstadoFUNCEP-PB disponibilizou o 1ordm Edital 2009-

Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

56

Paraiacuteba tendo sido aprovado 33 projetos que beneficiam APLs de baixa renda Este

edital teve o aporte de R$ 7 milhotildees oriundos do BNDES e R$ 7 milhotildees de

contrapartida do Governo do Estado via Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da

Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash FUNCEP-PB Os APLs beneficiados com esse

edital foram Artesanato Fruticultura Leite Bovino Mandiocultura Apicultura

Algodatildeo Colorido Sisal Confecccedilatildeo Floricultura Ostreicultura Avicultura

Piscicultura Caprinocultura Hortifrutigranjeiro e Gastronomia (mandioca e coco)

Em 2010 a EMEPA formalizou um convecircnio com o BNB visando o apoio agrave

transferecircncia de tecnologias geradas e validadas pela referida empresa de pesquisa

para os seguintes APLs bovinocultura de leite fruticultura nos segmentos de uva

banana tangerina e abacaxi e caprinovinocultura Esses APLs foram priorizados

pelo Governo do Estado EMEPA e BNB

Outra instituiccedilatildeo que vem atuando de forma proativa em APLs de micro e

pequenas empresas incluindo as cooperativas eacute o Serviccedilo de Apoio agraves Micros e

Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash SEBRAE-PB Este oacutergatildeo tem desenvolvido suas

accedilotildees com o apoio da RedeSist na construccedilatildeo de conhecimentos teoacutericos e

metodoloacutegicos sobre aglomerados produtivos Como resultado foram gerados

estudos sobre inovatividade e cooperaccedilatildeo de APLs no Estado da Paraiacuteba

(LASTRES 2006)

Com a finalidade de integrar as accedilotildees de estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do

arranjo o Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA juntamente

com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca ndash

SEDAP vem atuando nos municiacutepios participantes do APL com a concessatildeo de

mudas fiscalizadas e certificadas de tangerina buscando a melhoria dos pomares e

o aumento da produtividade

Essa iniciativa teve iniacutecio nos anos de 2007 e 2008 quando foi desenvolvida

uma parceria entre a PMM MAPA e Embrapa Cruz das Almas ndash BA que concedeu

diversas variedades de copas porta enxertos e combinaccedilotildees de enxertias visando

averiguar quais as combinaccedilotildees que melhor se adaptariam ao clima e solo do Brejo

paraibano

A parceria com as referidas instituiccedilotildees fomentou a implantaccedilatildeo de duas

Unidades Demonstrativas de Citros A primeira unidade foi instalada no municiacutepio de

57

Areia no Campus II da UFPB servindo de laboratoacuterio de pesquisa da citricultura

para professores e alunos do curso de Agronomia A segunda unidade foi instalada

em uma aacuterea concedida pela Prefeitura Municipal de Matinhas Esta unidade natildeo

teve acompanhamento teacutecnico e manejo correto o que ocasionou a morte de boa

parte das mudas

Em 2009 o Foacuterum de Fruticultura da Borborema em parceria com a

Embrapa-BA e a UFPB implantou mais seis Unidades Demonstrativas em aacutereas de

plantio dos produtores participantes do arranjo As unidades foram distribuiacutedas da

seguinte forma duas unidades em Alagoa Nova duas unidades em Lagoa Seca

uma em Esperanccedila e uma em Matinhas

Tais unidades tiveram como objetivo promover a transferecircncia de tecnologias

para os produtores beneficiados por essa poliacutetica Entretanto foi observado que

essa accedilatildeo ficou comprometida devido a falta de compromisso e acompanhamento

das instituiccedilotildees parceiras bem como pela falta de adubaccedilatildeo por parte dos

produtores e de assistecircncia teacutecnica pelos oacutergatildeos que promovem ATER na regiatildeo

Outra instituiccedilatildeo presente no arranjo eacute a Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e

Extensatildeo Rural da Paraiacuteba ndash EMATER que tem como principais accedilotildees atraveacutes de

seu escritoacuterio regional o acompanhamento do cultivo da tangerina a orientaccedilatildeo

teacutecnica e o manejo adequado do plantio No entanto esta assistecircncia eacute falha e

descontiacutenua devido agrave empresa possuir um corpo teacutecnico reduzido dificuldades com

transporte para os teacutecnicos e falta de logiacutestica para executar as atividades no

campo

O municiacutepio de Matinhas por ser o principal produtor de tangerina possui

uma prefeitura bastante atuante na implementaccedilatildeo de accedilotildees e busca de parcerias

para promover o desenvolvimento da atividade na regiatildeo A relevacircncia dessas accedilotildees

fez com que fosse implantado no municiacutepio o Parque da Laranja Nesse local satildeo

realizados eventos culturais seminaacuterios feiras de negoacutecio e a Festa da Laranja que

jaacute estaacute consolidada no calendaacuterio estadual de eventos A Prefeitura de Matinhas

tambeacutem envida esforccedilos para que o projeto da packing house seja concretizado A

mesma concedeu a aacuterea onde esta sendo construiacutedo o galpatildeo que abrigaraacute a

packing

58

Como visto neste capiacutetulo foram apresentadas as caracteriacutesticas do APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais que atuam no arranjo bem como as principais poliacuteticas executadas

por essas instituiccedilotildees No entanto faz-se necessaacuterio o uso de uma metodologia que

possa analisar o arranjo nas diversas fases de organizaccedilatildeo e averiguar a efetividade

das poliacuteticas implementadas como condicionante de desenvolvimento No proacuteximo

capiacutetulo seraacute apresentada a metodologia a ser utilizada nesta pesquisa

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA

Este capiacutetulo apresenta a metodologia utilizada para o desenvolvimento da

pesquisa descrevendo os procedimentos metodoloacutegicos que permitiratildeo uma

compreensatildeo do estudo proposto bem como a justificativa para a escolha da

amostra dos entrevistados e para a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta de dados

primaacuterio

O meacutetodo aplicado nesta pesquisa partindo do conceito descrito por Vergara

(2010 p42) utiliza a investigaccedilatildeo descritiva pois o objeto de estudo possui

ldquocaracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo ou de determinado fenocircmeno que podem

tambeacutem estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis e definir sua natureza Este meacutetodo

natildeo tem compromisso de explicar os fenocircmenos que descrevem embora sirva de

base para tal explicaccedilatildeordquo No caso deste trabalho se faz necessaacuterio entender a

atuaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas existente para o aglomerado produtivo em estudo a

partir do levantamento da aplicaccedilatildeo de tais poliacuteticas e quais as suas contribuiccedilotildees

para o desenvolvimento do APL

O problema pesquisado foi tratado de forma qualitativa pois neste caso

existe a necessidade de se entender o Arranjo Produtivo Local da Citricultura -

Segmento Tangerina segundo a visatildeo dos atores que compotildeem o APL A partir

deste entendimento foi analisado como esses atores percebem a contribuiccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas para o referido segmento e a influecircncia dessas poliacuteticas para o

desenvolvimento regional

Segundo Godoy (1995) a pesquisa se desenvolve de acordo com a

perspectiva dos stakeholders11 na qual o pesquisador busca compreender os

problemas sob a oacutetica desses atores

O trabalho tambeacutem utiliza a pesquisa de natureza exploratoacuteria com a

finalidade de conseguir uma maior compreensatildeo do problema investigado Para tal

11 Stakeholders - partes interessadas que devem estar de acordo com as praacuteticas de governanccedila corporativa

executadas pela empresa

60

compreensatildeo foram revisados temas como poliacuteticas puacuteblicas para APL de baixa

renda desenvolvimento regional e competitividade sistecircmica

Inicialmente foram levantados dados secundaacuterios a partir de uma revisatildeo

bibliograacutefica (documentos arquivos e publicaccedilotildees) para que se pudesse obter uma

compreensatildeo dos fatos observados in loco sobre o arranjo produtivo local e sua

estrutura organizacional

As fontes de evidecircncias utilizadas para o estudo de caso que serviram de

base documental para fundamentar a pesquisa foram documentaccedilatildeo sobre as

poliacuteticas puacuteblicas existentes (leis decretos e outros documentos governamentais)

registros em arquivos (mapas tabelas e dados estatiacutesticos) observaccedilotildees diretas

realizadas in loco coletas de dados atraveacutes da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios e

entrevistas aleacutem de outras fontes que deram subsiacutedios agrave pesquisa tais como livros

artigos e bibliotecas virtuais

Neste sentido como forma de validar o trabalho de pesquisa foi realizado um

estudo de caso sobre o tema pois este meacutetodo segundo Yin (2004) contribui para

a compreensatildeo dos fenocircmenos individuais organizacionais e poliacuteticos de uma

regiatildeo

Segundo Lazzarini (1997) o estudo de caso pode ser uacutetil em termos

qualitativos pois o objetivo principal eacute a contextualizaccedilatildeo do problema natildeo se

propondo apenas a determinar a ocorrecircncia de um dado fenocircmeno no universo

pesquisado

O estudo de caso deste trabalho compreendeu os seis municiacutepios que

compotildeem o APL sendo Matinhas a cidade referecircncia do arranjo por se tratar do

municiacutepio onde sua principal atividade econocircmica eacute a tangerina e por ser o maior

produtor da regiatildeo

A amostra pesquisada eacute composta de cinco associaccedilotildees e uma cooperativa

cujos entrevistados satildeo produtores de tangerina e liacutederes da regiatildeo A pesquisa

tambeacutem incluiu na amostra nove instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

A escolha deste universo teve como base a representatividade de cada organizaccedilatildeo

dentro do arranjo e atende aos criteacuterios metodoloacutegicos da anaacutelise qualitativa que

este trabalho pretende identificar

61

41 Instrumento de Pesquisa

Visando buscar subsiacutedios que permitam a caracterizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba um levantamento de dados

foi realizado utilizando a teacutecnica de entrevista guiada por um formulaacuterio direcionado

para os gestores das instituiccedilotildees selecionadas (Apecircndice A) e outro para os

produtores de tangerina liacutederes na regiatildeo (Apecircndice B)

Segundo Gil (2008) a entrevista tem como caracteriacutestica a formataccedilatildeo de uma

lista de perguntas denominada de questionaacuterio ou formulaacuterio Neste trabalho o

termo formulaacuterio foi adotado tendo em vista que as entrevistas aconteceram face a

face com cada entrevistado e as respostas registradas pelo entrevistador

Os formulaacuterios aplicados nas instituiccedilotildees satildeo semiestruturados com o

objetivo de avaliar o interesse e motivaccedilatildeo dessas Instituiccedilotildees em trabalhar com o

APL aleacutem de avaliar a cooperaccedilatildeo entre esses atores e identificar as accedilotildees

realizadas em prol da sustentabilidade dessa atividade na regiatildeo A pesquisa traccedilou

o cenaacuterio atual do aglomerado descrevendo como satildeo escolhidos os beneficiaacuterios

as principais demandas do arranjo as dificuldades para implementaccedilatildeo das

poliacuteticas e os projetos jaacute realizados e em andamento

Para os produtores de tangerina optou-se por um formulaacuterio semiestruturado

que tem como base o modelo desenvolvido pelo Instituto Alematildeo de

Desenvolvimento ndash IAD (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-STAMER

1994) no qual a competitividade sistecircmica abrange quatro niacuteveis (meta macro

meso e micro) A partir desta metodologia pretende-se identificar as relaccedilotildees de

cooperaccedilatildeo entre os integrantes do arranjo praacuteticas gerenciais relaccedilatildeo entre os

parceiros principais fontes de informaccedilatildeo entre outros

Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos formulaacuterios os resultados obtidos foram analisados e

interpretados com a finalidade de obter subsiacutedios que permitiram avaliar as poliacuteticas

puacuteblicas atuantes no APL

E por uacuteltimo foram identificadas as contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina observando o aumento da produccedilatildeo e

melhoria da qualidade do fruto sua comercializaccedilatildeo em novos nichos de mercado e

a inclusatildeo social dos produtores rurais

62

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da

Pesquisa

O modelo proposto eacute baseado no conceito analiacutetico formulado pelos

pesquisadores Klaus Esser Wolfgang Hillebrand Dirk Messner e Joumlrg Meyer-Stamer

do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD no iniacutecio dos anos 90

Para esses pesquisadores a competitividade eacute entendida de maneira

sistecircmica contribuindo para o desenvolvimento socioeconocircmico em niacuteveis

municipal regional estadual ou nacional (Figura 5)

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD

12

Fonte Esser Hillebrand Messner Meyer-Stamer (1994)

Sob este enfoque os autores afirmam que a competitividade eacute tambeacutem fruto

de diaacutelogo e tomada de decisotildees conjuntas pelos grupos de atores envolvidos

Para que ocorra a modernizaccedilatildeo econocircmica e o desenvolvimento da

competitividade sistecircmica faz-se necessaacuteria a formaccedilatildeo de estruturas em toda a

sociedade O desenvolvimento dessa competitividade eacute portanto um projeto de

transformaccedilatildeo social que vai aleacutem de uma simples correccedilatildeo do contexto

macroeconocircmico

12

httpwwwmeyer-stamerdesystemichtml

63

O desenvolvimento da competitividade abordada pelos autores pode ser

impulsionada com a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que venham contribuir na

consolidaccedilatildeo de aglomerados produtivos O papel do governo neste caso se faz

presente agrave medida que as poliacuteticas nacionais incrementam a competitividade e

transformam um territoacuterio em um ambiente macroeconocircmico poliacutetico social e

ambiental fortemente constituiacutedo onde um aglomerado de empresas associaccedilotildees

ou cooperativas atuam com sucesso

No modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD as poliacuteticas

puacuteblicas atuam nos quatro niacuteveis da competitividade sistecircmica conforme

apresentado no modelo mencionado (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-

STAMER 1994)

a) Niacutevel Meta Neste niacutevel existe um conjunto de fatores que permite a formaccedilatildeo

de um consenso social sobre a necessidade de uma poliacutetica econocircmica voltada

para o mercado mundial ldquo() um padratildeo baacutesico de organizaccedilatildeo juriacutedica poliacutetica

econocircmica e macrossocial que permita aglutinar as forccedilas dos atores

potencializar as vantagens nacionais de inovaccedilatildeo crescimento econocircmico e

competitividade e colocar em marcha processos sociais de aprendizagem e

comunicaccedilatildeordquo (ESSER et al 1994 p 1) por fim ldquo() a disposiccedilatildeo e a

capacidade de implementar uma estrateacutegia de meacutedio a longo prazo com vistas

ao desenvolvimento tecnoloacutegico-industrial orientado agrave competitividaderdquo (ESSER

et al 1994 p 1)

b) Niacutevel Macro Este niacutevel engloba as poliacuteticas macroeconocircmicas tais como as

poliacuteticas cambial monetaacuteria fiscal e a poliacutetica de comeacutercio exterior (evidenciada

pela conexatildeo da economia nacional em mercados internacionais) e das poliacuteticas

de regulamentaccedilatildeo da concorrecircncia entre as empresas as quais impedem a

formaccedilatildeo de monopoacutelios e carteacuteis

c) Niacutevel Meso Refere-se agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo em que estatildeo inseridas as

empresas agrave dotaccedilatildeo de fatores de produccedilatildeo desses espaccedilos e agraves poliacuteticas

implementadas que venham contribuir para essa consolidaccedilatildeo tais como a

poliacutetica de infraestrutura fiacutesica (transporte energia e telecomunicaccedilotildees) a

poliacutetica de infraestrutura industrial a poliacutetica educacional (qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra) e as poliacuteticas ambientais e regionais Este niacutevel abrange tambeacutem as

poliacuteticas seletivas de importaccedilatildeo e de exportaccedilatildeo

64

d) Niacutevel Micro Refere-se aos fatores de competitividade ligados agrave organizaccedilatildeo

interna das empresas agraves estrateacutegias empresariais e agraves relaccedilotildees

interempresariais Este niacutevel envolve a capacidade de gestatildeo a aplicaccedilatildeo de

best practices em todas as etapas do ciclo de produccedilatildeo (desenvolvimento de

produtos produccedilatildeo propriamente dita e comercializaccedilatildeo) a gestatildeo da inovaccedilatildeo

a integraccedilatildeo em redes de cooperaccedilatildeo tecnoloacutegica a logiacutestica empresarial e a

interaccedilatildeo entre provedores produtores e usuaacuterios

Sendo assim o modelo do IAD difere do proposto por Michael Porter

(PORTER 1999) pois coloca as poliacuteticas puacuteblicas como um dos fatores

determinantes de competitividade das empresas Na visatildeo liberal de Porter a

empresa eacute a unidade de anaacutelise fundamental para a competitividade enquanto no

modelo do IAD a ecircnfase eacute para os aspectos sociais que incluem a accedilatildeo do Estado

e a mobilizaccedilatildeo da sociedade (DINIZ FILHO VICENTINI 2004)

Nesta oacutetica no proacuteximo capiacutetulo seratildeo analisadas como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo aplicadas no APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina utilizando

como ferramenta entrevistas com os gestores das instituiccedilotildees parceiras e com os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa produtores de tangerina do APL

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA

Este capiacutetulo apresenta o resultado da pesquisa de campo realizada com as

instituiccedilotildees que apoiam o Arranjo Produtivo Local da Citricultura - Segmento

Tangerina e com as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores que participam

desse APL analisando as contribuiccedilotildees das poliacuteticas existente e os gargalos que

ainda persistem no setor

Para melhor compreensatildeo os resultados obtidos foram analisados em duas

etapas ou seja foram entrevistados dois tipos de stakeholders O primeiro grupo

gestores das Instituiccedilotildees responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

para o setor O segundo grupo formado pelos produtores e representantes das

associaccedilotildees e da cooperativa dos seis municiacutepios que compotildeem o arranjo produtivo

da tangerina

A pesquisa com esses stakeholders permitiu a obtenccedilatildeo de dados primaacuterios

em que foi possiacutevel identificar a visatildeo das instituiccedilotildees promotoras das poliacuteticas

puacuteblicas como tambeacutem a visatildeo das organizaccedilotildees (associaccedilotildees e cooperativa) e

produtores beneficiados por essas poliacuteticas

Neste capiacutetulo seraacute analisada a efetividade de tais poliacuteticas sob a oacutetica dos

produtores das Instituiccedilotildees Puacuteblicas e das entidades natildeo governamentais atuantes

no APL A partir dessa anaacutelise tenta-se identificar tambeacutem o porquecirc da existecircncia

de diversas poliacuteticas que natildeo conseguem efetivar seus objetivos junto ao setor

produtivo

Para realizar a pesquisa foram utilizados como instrumento de coleta dois

modelos de questionaacuterios que se encontram nos Anexos 1 e 2 As entrevistas

ocorreram nos meses de setembro de 2011 a marccedilo de 2012

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas

As instituiccedilotildees pesquisadas foram aquelas que contribuiacuteram para o

desenvolvimento do APL no periacuteodo de 2008 a 2011 totalizando nove entidades

66

governamentais e natildeo governamentais (MAPA SEDAP EMEPA EMATER PMM

UFPBRedeSist BNB SEBRAE e STRM)13

Tais instituiccedilotildees apontaram as suas contribuiccedilotildees e accedilotildees para consolidaccedilatildeo

do APL estudado Nesta pesquisa foi identificado o niacutevel de envolvimento das

instituiccedilotildees quais os programas implementados para o segmento quais os gargalos

existentes e qual a efetividade das poliacuteticas implementadas na visatildeo de cada

instituiccedilatildeo

O objetivo da primeira questatildeo da pesquisa foi saber como as instituiccedilotildees

identificam um APL Cinco responderam que se baseiam na cooperaccedilatildeo entre os

atores participantes do arranjo trecircs como sendo a concentraccedilatildeo de produtores de

tangerina no territoacuterio e uma instituiccedilatildeo respondeu que depende da concentraccedilatildeo de

indiviacuteduos ocupados em uma atividade Nota-se que apesar das instituiccedilotildees estarem

presentes com suas accedilotildees no APL ainda natildeo existe um consenso sobre o conceito

de arranjo o que gera entendimentos e atuaccedilotildees diferenciadas por parte de cada

instituiccedilatildeo na disponibilizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o setor

Esta constataccedilatildeo tambeacutem foi identificada por Cavalcanti Torres Almeida e

Pereira (2010) ao analisar a visatildeo das instituiccedilotildees de apoio a APLs na Paraiacuteba

Segundo os autores verifica-se que a maioria dessas instituiccedilotildees natildeo deteacutem um

conceito formal de APL Aleacutem disso embora se digam atuantes nessa perspectiva

muitas vezes natildeo tecircm noccedilatildeo da complexidade que envolve as relaccedilotildees de um

arranjo produtivo

Essa deficiecircncia conceitual pode indicar a origem das dificuldades e

limitaccedilotildees da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas nos

APLs do Estado da Paraiacuteba

Entretanto apesar das diferentes percepccedilotildees conceituais todas as

instituiccedilotildees entrevistadas vecircm apoiando o APL sob demanda Os representantes das

instituiccedilotildees foram enfaacuteticos nas suas respostas pois acreditam que este arranjo estaacute

sendo beneficiado por ser de grande impacto para a economia local regional e

estadual por possuir tradiccedilatildeo no cultivo de tangerina por ser gerador de emprego e

renda por ser a principal cadeia produtiva agriacutecola dos municiacutepios envolvidos por

13

Os nomes das Instituiccedilotildees estatildeo descritos na Lista de Abreviaturas e Siglas

67

ter mercado favoraacutevel para escoamento da produccedilatildeo e com possibilidade de

expansatildeo por se tratar de uma cultura difundida e proacutespera na produccedilatildeo de laranja

e por ser promotora do desenvolvimento socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Ao analisar as respostas dos stakeholders institucionais pode-se dizer que o

APL em estudo tem sua atividade reconhecida como geradora de impacto

econocircmico e de perspectiva sustentaacutevel para o Estado e que existe interesse dessas

instituiccedilotildees continuarem priorizando o referido APL

No entanto foi identificado que as poliacuteticas implementadas natildeo satildeo

suficientes para alavancar o segmento pois tais poliacuteticas foram formatadas visando

promover a agricultura familiar e natildeo o desenvolvimento do APL Sendo assim essa

atuaccedilatildeo fica dependendo de accedilotildees preexistentes que limitam a execuccedilatildeo de

atividades mais amplas e integradas com toda a cadeia produtiva

Nesse sentido para que as poliacuteticas puacuteblicas sejam implementadas com

maior eficiecircncia no APL faz-se necessaacuterio um instrumento governamental que

estimule os Governos Estaduais e Municipais atraveacutes de suas Secretarias a

discutirem a estruturaccedilatildeo de poliacuteticas e a compreenderem as vantagens da inserccedilatildeo

dessas poliacuteticas em seus planos plurianuais

Nos estados brasileiros onde os Nuacutecleos Estaduais de Apoio aos APLs satildeo

proativos estes exercem um importante papel como elo entre as instituiccedilotildees e o

setor produtivo auxiliando na formataccedilatildeo de programas e projetos governamentais

que atendam agraves necessidades dos segmentos econocircmicos de forma continuada

(GTP APL 2007)

Quanto aos criteacuterios de seleccedilatildeo dos beneficiaacuterios para formalizaccedilatildeo de

parceria as respostas divergem quatro instituiccedilotildees responderam que atendem as

demandas diretamente aos produtores uma instituiccedilatildeo atende somente demandas

coletivas atraveacutes de associaccedilotildees e de cooperativas quatro instituiccedilotildees utilizam

como criteacuterio a elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos participativos onde as demandas satildeo

selecionadas e os produtores atendidos mediante programas e projetos elaborados

pelas proacuteprias instituiccedilotildees Esses diagnoacutesticos tambeacutem possibilitam o levantamento

das potencialidades e gargalos da atividade Algumas instituiccedilotildees buscam parcerias

para atender as demandas que natildeo estatildeo no escopo de sua atuaccedilatildeo

68

Com relaccedilatildeo aos criteacuterios de atendimento das demandas dos produtores de

tangerina as formas empregadas pelas instituiccedilotildees satildeo vaacutelidas Entretanto tal

atendimento eacute pontual e sem planejamento o que dificulta a realizaccedilatildeo de accedilotildees

continuadas Essa forma de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees promove o descreacutedito entre os

produtores pois as soluccedilotildees encontradas resolvem os problemas apenas

momentaneamente Por outro lado accedilotildees advindas de um programa estruturante

poderiam imprimir um caraacuteter preventivo e permanente pois a concepccedilatildeo de tal

programa permitiria a integraccedilatildeo das instituiccedilotildees parceiras de modo a suprir

gargalos existentes no arranjo e fazer com que essas parcerias desenvolvam accedilotildees

dentro de uma visatildeo sistecircmica no APL

Vale salientar que as instituiccedilotildees tambeacutem afirmam que procuram manter os

produtores informados dos programas e das poliacuteticas de desenvolvimento para o

segmento da citricultura promovendo reuniotildees com os agricultores visitas de

intercacircmbio cursos de capacitaccedilatildeo treinamento diagnoacutestico situacional eventos

temaacuteticos (por exemplo a Festa da Laranja) e divulgaccedilatildeo na miacutedia

As instituiccedilotildees parceiras tambeacutem apontaram vaacuterios desafios que elas

enfrentam para conceder apoio institucional ao APL tais como aumentar a

realizaccedilatildeo do nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo visando qualificar os produtores e

gestores das associaccedilotildees e da cooperativa aumentar os recursos financeiros para

atuar no APL transferir tecnologias adequadas aos produtores rurais de forma

permanente aumentar as pesquisas para controle de pragas e sanidade dos frutos

incentivar na regiatildeo o uso de mudas padronizadas e certificadas desvincular as

poliacuteticas partidaacuterias para que o arranjo possa ter autonomia na sua gestatildeo

conscientizar os produtores para um melhor aproveitamento da safra e propor um

programa especiacutefico para atender o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina no

qual os produtores possam ser orientados a produzirem com qualidade maior

produtividade e eficiecircncia

Observa-se que as instituiccedilotildees tecircm consciecircncia da existecircncia de desafios a

serem superados entretanto eacute latente a necessidade de uma accedilatildeo coletiva por

parte dessas instituiccedilotildees que possa apoiar o setor nas diversas fases da cadeia

produtiva enfatizando a importacircncia do sistema de agregaccedilatildeo de valor da tangerina

Este sistema deve ser orientado para a qualidade percebida no mercado ao serviccedilo

disponibilizado aos clientes e o preccedilo relativo aferido ao produto

69

Com relaccedilatildeo agraves vantagens em atuar na regiatildeo com a visatildeo de APL as

instituiccedilotildees possuem entendimentos variados agrupamento dos municiacutepios

fortalecendo as atividades e ganhando visibilidade fechamento do ciclo de plantio

produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e com isso aumentando a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e

renda no arranjo possibilidade de promover a diversificaccedilatildeo produtiva formaccedilatildeo de

um novo capital social e econocircmico cadeia produtiva estruturada organizada e com

mercado demandante produtores e parceiros atuando no mesmo territoacuterio o que

fortalece o desenvolvimento do APL e o aumento da capacidade de gestatildeo do

negoacutecio

Neste sentido a percepccedilatildeo dos parceiros institucionais quando falam de

vantagens em atuar no APL formata um arranjo ideal Entretanto natildeo basta apenas

o entendimento das instituiccedilotildees quanto agrave importacircncia desse arranjo se natildeo houver

uma articulaccedilatildeo que envolva as associaccedilotildees e a cooperativa para que estas se

tornem protagonistas da organizaccedilatildeo do arranjo e demandantes de poliacuteticas para o

setor

As demandas mais frequentes de apoio solicitadas pelos produtores

participantes do APL foram a necessidade de assistecircncia teacutecnica e financiamento

para produccedilatildeo de laranja Nesta questatildeo na visatildeo das instituiccedilotildees satildeo

consideradas tambeacutem quatro outras demandas importantes para complementar o

desenvolvimento econocircmico ampliaccedilatildeo de mercado para o escoamento da

produccedilatildeo de laranja implantaccedilatildeo da packing house mudas fiscalizadas e

certificadas e controle da proliferaccedilatildeo da mosca negra

Quanto ao apoio realizado ao APL as respostas aferidas pelas instituiccedilotildees

consistem em transferecircncia de tecnologia assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural

elaboraccedilatildeo de projetos de financiamento para os produtores (Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF) e elaboraccedilatildeo de projetos para

comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo para o PNAE (Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar) e PAA (Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ndash Conab) Aleacutem desses

apoios foi relatada na pesquisa a contrataccedilatildeo de um especialista para acompanhar

a produccedilatildeo de laranja apoio na realizaccedilatildeo de eventos temaacuteticosculturais realizaccedilatildeo

de cursos de capacitaccedilatildeo e pesquisas para o setor disponibilizaccedilatildeo de linhas de

creacutedito para os produtores atraveacutes do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste ndash FNE disponibilizado atraveacutes do Banco do Nordeste

70

Sobre a demanda dos produtores em contra ponto ao apoio das instituiccedilotildees

para o segmento verificou-se durante a entrevista com os stakeholders que ainda eacute

muito pequeno o apoio realizado em relaccedilatildeo agrave demanda Um dos principais fatores eacute

a carecircncia de teacutecnicos extensionistas atuando no APL Isto reflete diretamente na

dificuldade de execuccedilatildeo das accedilotildees previstas pelas instituiccedilotildees bem como de

continuidade dos programas governamentais

Para a maioria das instituiccedilotildees a participaccedilatildeo dos produtores ainda eacute muito

baixa porque eles natildeo estatildeo preparados para aceitar as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas

existentes devido a sua cultura de plantio e colheita repassada de pai para filho de

forma inadequada Outros fatores que impedem maior adesatildeo dos agricultores no

uso de novas tecnologias satildeo as experiecircncias pouco animadoras com projetos e

programas governamentais que eles jaacute participaram e que natildeo houve continuidade

Ainda em relaccedilatildeo agrave adesatildeo as instituiccedilotildees acreditam que os produtores satildeo abertos

para as novas tecnologias mas no entanto eles satildeo reticentes para implementaacute-las

devido ao custo e a falta de orientaccedilatildeo teacutecnica

Quando questionados sobre os obstaacuteculos que os produtores encontram para

participarem dos programas ofertados pelas instituiccedilotildees os gestores elencaram

falta de apoio teacutecnico e logiacutestica dos programas para mobilizar os produtores

dificuldade em atender as exigecircncias para obtenccedilatildeo do creacutedito rural dificuldade de

obtenccedilatildeo de registros cartoriais das aacutereas dos produtores o que impede o acesso agraves

linhas de financiamento produtores inadimplentes falta de parceiros institucionais

que repassem as informaccedilotildees corretas sobre as poliacuteticas puacuteblicas e que dominem

essas poliacuteticas (por exemplo a Secretaria de Educaccedilatildeo de Campina Grande natildeo

conseguiu abrir o edital para participaccedilatildeo dos produtores no PNAE) e ineacutercia dos

produtores para implementarabsorver as novas tecnologias disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees

Observa-se que cada parceiro tem consciecircncia das dificuldades enfrentadas

pelos produtores para participarem das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas e

segundo a visatildeo das instituiccedilotildees os problemas que afetam os produtores dificultam

a mudanccedila no cenaacuterio em que estaacute inserido o arranjo

Neste sentido as instituiccedilotildees deveriam analisar este cenaacuterio de acordo com

as necessidades dos produtores cujo objetivo seria auxiliar na soluccedilatildeo dos

71

obstaacuteculos identificados na pesquisa Nesta anaacutelise as instituiccedilotildees parceiras

deveriam indagar aos produtores as seguintes questotildees Seraacute que os teacutecnicos estatildeo

falando a linguagem dos produtores A assistecircncia teacutecnica atende agraves demandas

realizadas O nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo eacute suficiente para abranger a maioria

do segmento As pesquisas validadas e transferidas suprem as expectativas dos

produtores Seraacute que uma estufa na regiatildeo para produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mudas

fiscalizadas e certificadas natildeo seria uma soluccedilatildeo mais adequada A implantaccedilatildeo de

unidades demonstrativas com orientaccedilatildeo adequada e permanente aos produtores

natildeo provocaria maior credibilidade do tipo ldquoSatildeo Tomeacuterdquo (ver para crer) Seraacute que os

gastos dos recursos provenientes dos financiamentos aos produtores estatildeo sendo

bem orientados Essas indagaccedilotildees deveriam ser priorizadas dentro das instituiccedilotildees

parceiras e retro alinhadas a cada falha percebida

Na visatildeo dos stakeholders institucionais a atuaccedilatildeo cooperada dos

produtores instituiccedilotildees associaccedilotildees e cooperativas ainda eacute muito pequena pois

existe uma dissociaccedilatildeo entre os atores gerando uma cooperaccedilatildeo fragmentada e

descontiacutenua e consequentemente fazendo com que a integraccedilatildeo entre os elos de

cooperaccedilatildeo do sistema natildeo exista Desta forma a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees ocorre

isoladamente cada uma atuando apenas na sua competecircncia

Entretanto existem algumas experiecircncias de cooperaccedilatildeo que podem ser

citadas cursos realizados pelo Sindicato (STRM) em parceria com o SEBRAE

(capacitaccedilatildeo em associativismo) SENAR (produccedilatildeo de mudas frutiacuteferas de citros) e

COOPERAR (construccedilatildeo de cisternas) visita teacutecnica dos produtores de citros de

Matinhas ao Centro de Pesquisa da EMBRAPA em Cruz das Almas na Bahia

juntamente com teacutecnicos da EMATER EMEPA MAPA SEBRAE UFPB e PMM

para conhecer novas variedades de tangerina e aprender como desenvolver porta

enxertos para produzir mudas padronizadas e certificadas parceria entre a UFPB e

a PMM para realizaccedilatildeo dos cursos de capacitaccedilatildeo sobre manejo da mancha-marrom

-de-alternaria combate agrave mosca negra das frutas e produccedilatildeo de mudas aleacutem da

capacitaccedilatildeo de alunos do ensino fundamental para atuarem como agentes de

veiculaccedilatildeo de novas tecnologias junto agraves suas famiacutelias e outros produtores

integraccedilatildeo existente entre os diversos segmentos de ensino pesquisa e extensatildeo

para o APL (EMEPA ndash pesquisa UFPB ndash ensino EMATER ndash assistecircncia teacutecnica) e

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema formado por um grupo de 27

72

instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo do Agreste paraibano que passou a discutir os

problemas e soluccedilotildees dos municiacutepios produtores de tangerina da Paraiacuteba

Na pesquisa com as instituiccedilotildees foi possiacutevel identificar os principais parceiros

do APL bem como suas atuaccedilotildees e a importacircncia dessa cooperaccedilatildeo dentro do

arranjo Ao responder essa questatildeo as instituiccedilotildees enumeraram por ordem de

atuaccedilatildeo os oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais mais empenhados no

desenvolvimento do aglomerado produtivo

O SEBRAE foi o citado por seis instituiccedilotildees aparecendo como um dos mais

atuantes por ter conseguido formalizar o Foacuterum de Fruticultura da Borborema o qual

arrebanhou parceiros para ajudar no desenvolvimento da citricultura segmento da

tangerina na regiatildeo aleacutem de promover o empreendedorismo e apoiar eventos

voltados para o arranjo produtivo local

Em seguida vieram a EMEPA por ser um parceiro presente e sempre estar

ajudando os produtores a resolverem os problemas oriundos de pragas manejo e

plantio bem como desenvolver pesquisas voltadas para o melhoramento da

produccedilatildeo de tangerina a EMATER por promover a extensatildeo rural mesmo que de

forma precaacuteria e a Prefeitura Municipal de Matinhas pelo apoio aos produtores e

porta voz das reivindicaccedilotildees do setor

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam poliacuteticas puacuteblicas

especiacuteficas de apoio ao APL as respostas foram edital puacuteblico para o

desenvolvimento de APLs de baixa renda do Governo do EstadoBNDES Grupo

Permanente de Trabalho de Apoio aos APLs ndash GPT APL e Nuacutecleo Estadual de

Apoio aos APLs da Paraiacuteba ndash NE APLPB programa gerenciado pelo MDIC Foacuterum

de Fruticultura da Borborema e programas federais que beneficiam os produtores

de tangerina ndash PAACONAB e PNAEMinisteacuterio da Educaccedilatildeo

Ao analisar as respostas das instituiccedilotildees indutoras do Arranjo Produtivo Local

da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi possiacutevel diagnosticar que os programas

governamentais (federal estadual e municipal) possuem accedilotildees planejadas para a

regiatildeo mas no entanto eacute percebida a fragilidade de tais accedilotildees devido as mesmas

serem aplicadas de forma pontual Essas accedilotildees satildeo realizadas isoladamente onde

cada instituiccedilatildeo cumpre apenas o que interessa ser executado A comunicaccedilatildeo entre

os parceiros e a governanccedila que deveria acontecer de forma sistecircmica eacute insipiente

73

natildeo existindo estrateacutegia conjunta formatada para erradicar os problemas

evidenciados pelas instituiccedilotildees dentro do APL

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees como eacute percebida a intensidade da

cooperaccedilatildeo entre os beneficiados as respostas foram descritas conforme as

necessidades eventuais dos produtores sendo mais forte quando se fala em

comercializaccedilatildeo das tangerinas elaboraccedilatildeo de projetos agropecuaacuterios (PRONAF) e

implantaccedilatildeo do projeto da packing house aprovado no I Edital 200914

As respostas concedidas pelos entrevistados para percepccedilatildeo da existecircncia de

uma cooperaccedilatildeo mais fraca seguem a seguinte ordem financiamento para

desenvolver seus plantios produccedilatildeo de mudas certificadas inovaccedilatildeo tecnoloacutegica no

campo adesatildeo proativa dos produtores na zona rural assistecircncia teacutecnica

desenvolvimento de processos e produtos e coesatildeo entre associaccedilotildees e

cooperativa

Ao analisar as respostas acima citadas percebe-se que a visatildeo das

instituiccedilotildees eacute consensual sendo acordados os pontos fortes e fracos de cooperaccedilatildeo

No entanto natildeo foi registrada nenhuma preocupaccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees para

amenizar a fragilidade da cooperaccedilatildeo Mais uma vez eacute percebida a falta de uma

estrateacutegia conjunta capaz de dialogar coletivamente com o setor produtivo visando

fortalecer o processo de cooperaccedilatildeo para que os problemas do setor sejam

amenizados

Em relaccedilatildeo ao sistema de produccedilatildeo realizado na zona rural pelos produtores

as instituiccedilotildees concordam que o sistema eacute arcaico e extrativista e enfatizam que no

momento em que os produtores perceberem os ganhos possiacuteveis que seratildeo obtidos

com novas tecnologias os mesmos faratildeo uma adesatildeo natural aos programas

governamentais e ter-se-aacute um novo modelo de produccedilatildeo

A anaacutelise tambeacutem mostra que para uma pequena parcela de produtores a

inovaccedilatildeo tecnoloacutegica jaacute foi utilizada e ganhos satildeo visiacuteveis fazendo com que esses

produtores natildeo tenham necessidade de formalizar demanda aos programas sociais

para complementarem sua renda Segundo os stakeholders das instituiccedilotildees a

14 I Edital 2009 ndash Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais

Paraiacuteba lanccedilado em outubro2009 com recursos oriundos do Governo do EstadoFUNCEP e

BNDES

74

adesatildeo por parte dos outros produtores natildeo ocorreu porque eles ainda natildeo estatildeo

convencidos de que existam ganhos efetivos

Segundo a EMATER apenas 20 dos produtores de tangerina estatildeo em

processo de melhoria do plantio e da produccedilatildeo Essa visatildeo eacute acordada por 60 das

repostas dos entrevistados O restante dos produtores segundo as instituiccedilotildees natildeo

aderiu ao processo de modernizaccedilatildeo e consequentemente o desenvolvimento do

agronegoacutecio ficou comprometido a exemplo da grande quantidade de tangerinas

que natildeo satildeo comercializadas devido ao seu tamanho e que poderiam ser

aproveitadas em uma unidade de processamento de suco na regiatildeo

No tocante a novas tecnologias existe uma forte resistecircncia dos produtores

em adotar essas inovaccedilotildees principalmente pelo fato de envolver investimentos o

que eacute encarado por eles como gasto Neste caso natildeo existe a visatildeo do retorno

desse investimento Esse pensamento ainda eacute fortemente compartilhado entre os

produtores devido ao cultivo da tangerina ser de sequeiro e segundo eles natildeo

necessitar de muitos recursos para produzir tangerina

Aleacutem disso os plantadores de citros continuam a produzir com padrotildees de

comercializaccedilatildeo diferentes do padratildeo adotado pelo Sudeste do paiacutes a exemplo de

Satildeo Paulo onde os frutos satildeo comercializados por tamanho textura de pele e cor

Na Paraiacuteba pode-se encontrar em uma mesma caixa frutos verdes e amarelos o

que foge dos padrotildees de comercializaccedilatildeo exigidos pelos grandes mercados

Durante a anaacutelise foram verificados tambeacutem quais os principais problemas do

segmento Segundo a visatildeo das instituiccedilotildees foi dada ecircnfase na baixa capacidade

gerencial ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina dificuldade de acesso

aos canais de comercializaccedilatildeo aleacutem de investimentos em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam os principais concorrentes

da tangerina produzida no APL 100 dos entrevistados responderam que natildeo

existiam concorrentes pois o periacuteodo de produccedilatildeo da tangerina na Paraiacuteba eacute uacutenico

no paiacutes ou seja a produccedilatildeo ocorre na entressafra dos outros estados

As instituiccedilotildees tambeacutem informaram sobre a comercializaccedilatildeo os canais de

distribuiccedilatildeo e logiacutestica existente no arranjo A venda da produccedilatildeo eacute realizada no

comeacutercio local e regional principalmente para a CEASA de Campina Grande A

tangerina tambeacutem eacute comercializada nos principais estados do Nordeste tais como

75

Pernambuco ndash Petrolina Rio Grande do Norte ndash Natal Cearaacute ndash Fortaleza Bahia ndash

Juazeiro Alagoas ndash Maceioacute

Dos nove entrevistados cinco disseram que os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os

atravessadores o restante informou que a comercializaccedilatildeo eacute feita em mercados

abertos EMPASA CEASA feiras livres PNAE PAA (CONAB) feiras

agroecoloacutegicas e grandes supermercados No entanto para a questatildeo logiacutestica os

stakeholders reconhecem que eacute fraca para dar suporte ao escoamento da produccedilatildeo

Segundo uma instituiccedilatildeo governamental entrevistada os atravessadores

compram a tangerina dos produtores e as vendem para a CEASA Ao inveacutes da

CEASA como entreposto comercial de apoio aos produtores adquirir as tangerinas

diretamente das associaccedilotildees e cooperativas agriacutecolas ela acaba ldquooficializandordquo a

atividade dos atravessadores

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se elas conheciam leis ou instruccedilotildees

normativas para a produccedilatildeo de tangerina seis dos entrevistados afirmaram que sim

Entretanto estes conhecimentos natildeo foram explicitados nem dado ecircnfase aos

problemas ambientais existentes nos plantios tais como o plantio eacute aleatoacuterio sem

levar em conta nenhum padratildeo de espaccedilamento plantios realizados no sentido da

declividade (ldquomorro abaixordquo) sem uso de curvas de niacutevel e retirada da cobertura

vegetal do solo sem plano de manejo provocando erosatildeo

Aleacutem disso de acordo com a Prefeitura Municipal de Matinhas apesar de

saber das leis existe uma dificuldade de aplicar e cobrar as poliacuteticas ambientais

devido a distribuiccedilatildeo fundiaacuteria ou seja propriedades de pequenas extensotildees

territoriais Por exemplo a lei de preservaccedilatildeo ambiental prevecirc que 20 de mata

devam ser nativas ou devam existir 30 de faixa de APP ndash Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente nos riachos A maioria dos produtores da regiatildeo possuem 25 ha

contando que nesta aacuterea estaacute incluiacuteda a casa de moradia Logo se a lei fosse

aplicada ficaria impossiacutevel sobrar aacuterea para uma famiacutelia produzir e tirar seu sustento

Segundo a EMATER natildeo cabe a ela executar as instruccedilotildees normativas

ambientais pois sua funccedilatildeo e de oacutergatildeo educador cabendo ao MAPA a defesa

vegetal e a SUDEMA a fiscalizaccedilatildeo para o cumprimento das leis O restante das

instituiccedilotildees (trecircs) natildeo conhece regulamentaccedilatildeo ambiental especiacutefica para a

produccedilatildeo de tangerina

76

O que se pode verificar na anaacutelise dessa questatildeo eacute que mais uma vez eacute

percebida a falta de integraccedilatildeo das instituiccedilotildees no tocante agrave necessidade de accedilotildees

conjuntas para fazerem cumprir as leis e instruccedilotildees normativas ambientais Tais

accedilotildees poderiam contribuir para o segmento obter o certificado de agricultura

orgacircnica e o selo de produccedilatildeo ecologicamente correta entre outros

A pesquisa tambeacutem procurou identificar quais satildeo os projetos e planos futuros

que as instituiccedilotildees possuem para apoiar e consolidar o APL da Citricultura As

instituiccedilotildees entrevistadas responderam que diversos esforccedilos estatildeo sendo

envidados

O Sindicato dos Trabalhadores de Matinhas vem atuando de forma a

conscientizar os 60 dos produtores que ainda natildeo acreditam em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica devido agrave demora na realizaccedilatildeo das accedilotildees por parte das instituiccedilotildees

governamentais A EMATER busca realizar seminaacuterios capacitar os produtores

divulgar poliacuteticas puacuteblicas existentes para o setor bem como promover dias de

campo com os agricultores visando o aprendizado in-loco

A Prefeitura Municipal de Matinhas envida esforccedilos para consolidar a

Coopertange como empresa acircncora do APL A SEDAP atraveacutes de suas empresas

vinculadas concede apoio logiacutestico na distribuiccedilatildeo de mudas A EMEPA procura

aprovar projetos e pesquisas destinados agrave produccedilatildeo de mudas certificadas

submetendo-os aos Ministeacuterios

Os parceiros BNB e SEBRAE responderam que levam informaccedilotildees e

procuram outros parceiros para execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

sustentabilidade do APL aleacutem de atuar na capacitaccedilatildeo e consultorias teacutecnicas Para

o MAPA a importacircncia de sua atuaccedilatildeo estaacute sendo na identificaccedilatildeo de um programa

especiacutefico para o setor da tangerina e a distribuiccedilatildeo de mudas fiscalizadas e

certificadas para as regiotildees do Agreste paraibano

Apoacutes a consolidaccedilatildeo do APL as instituiccedilotildees esperam produtores realizando

comercializaccedilatildeo sem a presenccedila de atravessadores independecircncia dos produtores

de programas sociais como forma de complementaccedilatildeo da renda para sustento das

famiacutelias aumento da produccedilatildeo e melhoria na qualidade das frutas demarcaccedilatildeo da

77

identidade geograacutefica15 da tangerina maior participaccedilatildeo dos produtores na

cooperativa conscientizaccedilatildeo por parte dos produtores para a importacircncia do

desenvolvimento e estruturaccedilatildeo da cadeia produtiva incremento de novas

tecnologias aplicadas aos plantios e aumento do creacutedito qualificado para o APL

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia

das poliacuteticas puacuteblicas para o desenvolvimento do APL

A anaacutelise da competitividade sistecircmica do arranjo produtivo da tangerina

utilizou o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD conforme descrito

na seccedilatildeo 42 Para tanto foi elaborado um questionaacuterio com o objetivo de avaliar a

visatildeo dos produtores a partir dos niacuteveis Micro Meso Macro e Meta do modelo

proposto

A amostra utilizada para o referido estudo contempla cinco associaccedilotildees e

uma cooperativa Neste universo foram entrevistados os seis presidentes dessas

organizaccedilotildees localizadas nos municiacutepios de Matinhas Esperanccedila Alagoa Nova

Lagoa de Roccedila Lagoa Seca e Massaranduba A escolha dos entrevistados foi

devido agrave vivecircncia desses representantes como interlocutores junto agraves instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais e principalmente por serem produtores de

tangerina e liacutederes na regiatildeo

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro

Neste niacutevel buscou-se analisar a capacidade de organizaccedilatildeo dos produtores

a sua capacidade inovativa a logiacutestica existente na comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo

da produccedilatildeo bem como o niacutevel de competitividade dos produtores

Segundo os produtores de citros da regiatildeo o diferencial competitivo desse

arranjo eacute a sazonalidade da produccedilatildeo concentrando-se o plantio da tangerina

principalmente nos muniacutecipios de Matinhas Lagoa Seca e Alagoa Nova Este

15 A identidade geograacutefica tem como escopo conferir a determinado produto ou serviccedilo uma

identidade proacutepria criando um elo com suas especificidades regionais especialmente histoacutericas e culturais levando ao consumidor garantias como a rastreabilidade do produto e seguranccedila do alimento

78

diferencial faz com que natildeo existam concorrentes de outras regiotildees para a tangerina

produzida no APL

Entretanto o cultivo da tangerina ainda eacute realizado de forma tradicional e

arcaica em 80 das aacutereas produtivas do APL Segundo o presidente da associaccedilatildeo

de Lagoa Seca ldquonem todos os agricultores estatildeo conscientes da importacircncia da

praacutetica qualificadardquo Apesar de terem sido constatadas melhoria nas praacuteticas de

cultivo ainda eacute muito baixo o nuacutemero de produtores que optaram por teacutecnicas

ambientalmente corretas em seus pomares

Percebe-se mais uma vez que o cultivo da tangerina na regiatildeo natildeo eacute

realizado de forma adequada pela maioria dos produtores e que o processo de

modernizaccedilatildeo ainda depende da conscientizaccedilatildeo dos agricultores para o uso de

novas teacutecnicas agriacutecolas

Em relaccedilatildeo aos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica a maioria

dos entrevistados respondeu que existe uma grande deficiecircncia A presenccedila do

atravessador ainda eacute muito forte o que gera uma dependecircncia na comercializaccedilatildeo

pois esse tipo de transaccedilatildeo comercial eacute realizado diretamente nos pomares sem que

haja necessidade dos produtores se deslocarem para vender sua produccedilatildeo Esse

fato natildeo os estimula a venderem a tangerina em canais de distribuiccedilatildeo diversificados

e mais rentaacuteveis tais como atacadistas das regiotildees Sul e Sudeste supermercados

feiras agroecoloacutegicas e os programas PAA e PNAE

Sendo assim o escoamento da produccedilatildeo de tangerina eacute realizado pelos

atravessadores Estes satildeo os responsaacuteveis pela respectiva distribuiccedilatildeo no mercado

regional e em todo o Nordeste

Aleacutem do problema da comercializaccedilatildeo outros fatores correlacionados foram

identificados no APL ausecircncia da padronizaccedilatildeo da tangerina higienizaccedilatildeo e

classificaccedilatildeo dos frutos e baixa capacidade produtiva entre as safras o que impede

o arranjo de se consolidar no mercado

Por outro lado os produtores atraveacutes do Sindicato e da Coopertange vecircm

buscando a certificaccedilatildeo da tangerina como orgacircnica Essas organizaccedilotildees tecircm

consciecircncia que satildeo necessaacuterias mudanccedilas nas praacuteticas de cultivo para a obtenccedilatildeo

de tal certificaccedilatildeo o que proporcionaraacute maior agregaccedilatildeo de valor ao produto

79

Para melhor compreensatildeo dos fatores internos de competitividade das

associaccedilotildees e da cooperativa apresenta-se no Graacutefico 1 os resultados do

posicionamento dos produtores quanto algumas perspectivas de desenvolvimento

para o segmento

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter

uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

b) A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado c) A Coopertange (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente a

mercados mais exigentes e que pagam por qualidade

d) Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e) Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da

tangerina

f) Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

g) Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

h) A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro

Fonte Elaborado pela autora

Ao analisarmos as respostas concedidas pelos produtores de tangerina

observa-se uma dispersatildeo na maioria das respostas Percebe-se que natildeo existe um

consenso entre esses atores no tocante ao processo de seleccedilatildeo e homogeneidade

de mudas esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e dos canais

de comercializaccedilatildeo bem como para a questatildeo de incentivo a qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra O resultado da anaacutelise constata que cada ator externa uma preocupaccedilatildeo

diferente retratando a sua necessidade individual e sem uma visatildeo do coletivo

O Graacutefico 2 apresenta as principais formas de cooperaccedilatildeo entre os atores do

APL Neste graacutefico constata-se mais uma vez que o diaacutelogo entre os atores eacute muito

pequeno e que a conscientizaccedilatildeo para compras coletivas e venda de forma

cooperada natildeo eacute discutido e avaliado entre eles Para os demais itens percebe-se

que natildeo existe integraccedilatildeo entre os atores e que a maioria busca soluccedilotildees para os

80

seus problemas de forma particular natildeo observando sua participaccedilatildeo dentro de um

sistema cooperado em que seus problemas deveriam ser tratados coletivamente

Para a Associaccedilatildeo de Esperanccedila as respostas analisadas foram bem

diferentes pois as praacuteticas de comercializaccedilatildeo teacutecnicas agriacutecolas e intervenccedilotildees

governamentais ocorrem de maneira integrada

Isto eacute reflexo da atuaccedilatildeo da EMATER nessa regiatildeo que eacute atuante e

desempenha um papel de ATER16 de maneira continuada entre os produtores Essa

atuaccedilatildeo permite que os produtores dialoguem e busquem soluccedilotildees aos problemas

advindos de seus pomares hortas e plantaccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) Compra de insumos e equipamentos b) Venda de produtos

c) Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio d) Capacitaccedilatildeo de recursos humanos e) Obtenccedilatildeo de financiamento

f) Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees g) Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL

Fonte Elaborado pela autora

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo identificadas para o APL e

descritas no Graacutefico 3 foi observado que todas as informaccedilotildees sejam elas fontes

internas externas ou advindas de universidades centros de pesquisa e de outras

redes de informaccedilatildeo satildeo importantes para o desenvolvimento e estruturaccedilatildeo do

arranjo na visatildeo dos produtores entrevistados

Entretanto durante a entrevista foi observado certa anguacutestia por parte dos

atores no tocante a celeridade dessas informaccedilotildees Para eles existe uma

16

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

81

descontinuidade nas accedilotildees dos parceiros interrompendo-se assim a rede de

informaccedilatildeo criada entre os atores e as instituiccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h i j k l m n o p q r

Menos Importante

Meacutedia

Mais importante

Fontes internas

a) Pesquisa e Desenvolvimento b) Aacuterea de produccedilatildeo c) Aacuterea de vendas e marketing

d) Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes Externas e) Fornecedores de insumos

f) Clientes g) Concorrentes h) Outras empresas do setor

i) Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa j) Universidades

k) Institutos de pesquisas l) Centro de capacitaccedilatildeo profissional m) Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

n) Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes o) Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

p) Feiras especializadas q) Associaccedilotildees e sindicatos r) Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo

Fonte Elaborado pela autora

Nesta seccedilatildeo observa-se uma dicotomia na relaccedilatildeo entre produtores versus

instituiccedilotildees parceiras Do lado das instituiccedilotildees accedilotildees satildeo realizadas visando agrave

difusatildeo de informaccedilotildees para o setor e do lado dos produtores estes sentem a falta

da celeridade de tais informaccedilotildees e a elaboraccedilatildeo de programas especiacuteficos para o

segmento que possam ser executados de forma continuada

Debruccedilando-se sobre as respostas dos produtores principais atores da

atividade econocircmica foi possiacutevel averiguar que a falta de celeridade de informaccedilotildees

e a presenccedila dos parceiros de maneira esporaacutedica tecircm desmotivado esses atores a

buscarem a modernizaccedilatildeo para uma produccedilatildeo mais competitiva Esse reflexo pode

82

implicar na busca individualizada por respostas mais imediatas aos problemas

dentro do arranjo o que vem ocorrendo no APL em estudo

Outro fator determinante para o baixo investimento na produccedilatildeo de tangerina

eacute a desarticulaccedilatildeo entre os produtores para o uso de praacuteticas qualificadas em seus

plantios Isto eacute visivelmente comprovado quando observamos a falta de seleccedilatildeo e

padronizaccedilatildeo de frutos a venda da produccedilatildeo aos atravessadores a logiacutestica de

distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo natildeo realizada por uma empresa acircncora e o baixo niacutevel de

empreendedorismo dos produtores devido agrave ausecircncia de orientaccedilotildees teacutecnicas para

a gestatildeo do negoacutecio

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso

No niacutevel Meso foi possiacutevel analisar como os produtores estatildeo inseridos no

APL e como satildeo percebidas pelos produtores as poliacuteticas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais para a consolidaccedilatildeo desse

segmento

Os produtores filiados agraves organizaccedilotildees representativas do setor informaram

que do ponto de vista da esfera federal e estadual natildeo conhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina o que dificulta o desenvolvimento do APL

e da regiatildeo Esses produtores afirmam tambeacutem que tecircm conhecimento apenas das

poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar

Para o representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova seria necessaacuterio

tambeacutem ldquoo desenvolvimento de projetos coletivos para este setor visando incentivar

a qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra dos jovens e filhos dos agricultores para trabalharem

nos plantiosrdquo

Os representantes do setor tambeacutem questionam a falta de integraccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo por parte dos governos com outras instituiccedilotildees natildeo governamentais

para promover o arranjo e consequentemente ampliar a sua competitividade

Entretanto apesar de algumas accedilotildees serem realizadas de forma integrada

ainda satildeo muito tiacutemidas Segundo a representante da Coopertange ldquoNatildeo existe ateacute

o momento uma estrateacutegia de desenvolvimento para essa integraccedilatildeo de forma

continuadardquo

83

Para essas organizaccedilotildees coletivas e seus associados as contribuiccedilotildees das

instituiccedilotildees parceiras de apoio ao APL tecircm ocorrido de forma eventual Algumas

atividades citadas foram cursos de capacitaccedilatildeo treinamento elaboraccedilatildeo de

projetos debates palestras seminaacuterios visitas de intercacircmbio disponibilizaccedilatildeo de

mudas certificadas e apresentaccedilatildeo de viacutedeos

Os produtores tambeacutem citaram as instituiccedilotildees parceiras do arranjo Governo

do Estado SEDAP EMATER EMEPA EMPASA Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Matinhas SEBRAE Prefeituras Municipais BNB UFPB ndash Campus de

Bananeiras e de Areia Secretarias de Educaccedilatildeo (PNAE) MDS (PAA) UFCG Caixa

Econocircmica Banco do Brasil Foacuterum de Fruticultura da Borborema CONAB

Ministeacuterio da Sauacutede e EMBRAPA Aleacutem dessas outras entidades foram citadas

como potenciais parceiras MAPA INTERPA SENAR UEPB OCEPB Fundaccedilatildeo

Banco do Brasil e Bradesco

Outros oacutergatildeos natildeo governamentais citados no desenvolvimento de accedilotildees

conjuntas mesmo que de forma bastante incipiente foram a ASPTA17 e a FETAG18

Constatou-se tambeacutem que na visatildeo dos representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa a melhor maneira de se obter recursos junto agraves instituiccedilotildees de apoio a

fomento e entidades governamentais eacute atraveacutes da elaboraccedilatildeo de projetos e

programas voltados para a citricultura Outros mecanismos seriam a demanda

coletiva dos produtores e da governanccedila junto agraves instituiccedilotildees bem como a emissatildeo

da DAP19 (instrumento da SAFMDA20) para que esses produtores possam participar

de linhas de creacutedito especiacuteficas do PRONAF

A pesquisa tambeacutem avaliou se os produtores conhecem as leis ou instruccedilotildees

normativas que estabelecem requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina

na Paraiacuteba Trecircs dos entrevistados responderam que natildeo conhecem Para o

representante da Associaccedilatildeo de Massaranduba ldquoa maioria dos produtores do

municiacutepio conhece e utiliza cartilhas e livros teacutecnicos o que fez com que houvesse

uma reduccedilatildeo na queima e no desmatamento A praacutetica orientada para a reduccedilatildeo dos

17 Assessoria de Serviccedilos e Projetos da Agricultura Alternativa - Zona Rural 18 Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba 19 DAP ndash Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf - utilizada como instrumento de identificaccedilatildeo do agricultor familiar

para acessar poliacuteticas puacuteblicas como o Pronaf

20 A DAP foi criada pela Secretaria da Agricultura Familiar do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

84

impactos ambientais contribuiu com um trabalho de reflorestamento que vem sendo

desenvolvido na regiatildeo pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massarandubardquo

Foi observado entre os entrevistados que essa praacutetica eacute uma exceccedilatildeo no APL pois

eacute realizada somente pelos produtores desse municiacutepio

Jaacute o representante de Alagoa Nova diz ter conhecimento das leis mas elas

natildeo satildeo aplicadas porque natildeo existe uma assistecircncia teacutecnica continuada O

representante de Lagoa de Roccedila tambeacutem afirmou que conhece e pratica e quem o

orienta eacute seu neto aluno da Escola Teacutecnica que estaacute cursando Teacutecnico Agriacutecola

Quando se analisa a poliacutetica comercial brasileira para exportaccedilatildeo da

tangerina verifica-se que a metade dos entrevistados tem consciecircncia que existe

potencial de comercializaccedilatildeo e mercado para exportaccedilatildeo desse tipo de fruto

enquanto que outra metade natildeo tem conhecimento de tal poliacutetica

No Graacutefico 4 ao serem avaliadas algumas variaacuteveis do niacutevel Meso para o

desenvolvimento do arranjo pocircde-se averiguar que a relaccedilatildeo entre os produtores e

as poliacuteticas existentes tem acontecido de maneira diferenciada para cada

associaccedilatildeo e cooperativa podendo variar em funccedilatildeo do interesse pela demanda

grau de organizaccedilatildeo da entidade e niacutevel de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees que apoiam o

APL

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo

de negoacutecios b O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos

gestores governamentais

c A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo d A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor e O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

f As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

g A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

h A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso

Fonte Elaborado pela autora

85

A natildeo existecircncia de um consenso entre os produtores eacute decorrente das

respostas analisadas no referido graacutefico em que algumas organizaccedilotildees coletivas

discordam da efetividade dessas poliacuteticas e em contraponto outras concordam

parcialmente ou totalmente

O Graacutefico 5 avalia a relaccedilatildeo dos produtores com as instituiccedilotildees parceiras

governamentais e natildeo governamentais Verifica-se que os atores divergem em suas

respostas por possuiacuterem niacuteveis de parcerias diferentes com cada instituiccedilatildeo Logo

percebe-se que na visatildeo dos entrevistados algumas instituiccedilotildees tecircm atuaccedilatildeo

regular outras apresentam accedilotildees inexpressivas e as demais natildeo tecircm relaccedilatildeo de

parceria com os atores

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a b c d e

Oacutetimo

Bom

Regular

Ruim

Sem relaccedilatildeo

a AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio b Instituiccedilotildees financeiras

c Fornecedores e outras empresas do arranjo d Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades e Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

Fonte Elaborado pela autora

Constata-se no niacutevel Meso que os representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa natildeo conhecem poliacuteticas especiacuteficas para o setor seja pela sua

inexistecircncia ou mesmo pela insipiente difusatildeo de informaccedilotildees sobre programas e

projetos voltados para o APL O que geralmente ocorre eacute a utilizaccedilatildeo de poliacuteticas jaacute

existentes como por exemplo para agricultura familiar sem haver uma

preocupaccedilatildeo em atender os problemas especiacuteficos da citricultura

Outra questatildeo tambeacutem apontada pelos produtores eacute a falta de integraccedilatildeo das

instituiccedilotildees que apoiam o setor gerando accedilotildees individualizadas e descontiacutenuas

Este problema tambeacutem foi identificado no niacutevel Micro (seccedilatildeo 521) o que mais uma

vez comprova a necessidade de uma poliacutetica governamental especiacutefica e atuante

para o referido arranjo

86

O lado positivo da avaliaccedilatildeo deste niacutevel eacute que os produtores apontaram

diversas instituiccedilotildees com accedilotildees pontuais no arranjo produtivo local Isto indica que

existe uma preacute-disposiccedilatildeo e interesse dessas instituiccedilotildees em apoiarem um APL que

tem potencial comercial expressivo e que envolve uma parcela da populaccedilatildeo

residente na zona rural em atividades oriundas da citricultura

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro

As questotildees elaboradas para o niacutevel Macro natildeo retratam especificamente o

modelo definido para o referido niacutevel como detalhado na seccedilatildeo 42 Por outro lado

essas questotildees foram formatadas sob a oacutetica de um APL de baixa renda que

apresenta fragilidades advindas das poliacuteticas puacuteblicas para a agricultura familiar No

entanto observa-se um grande potencial para o aumento da produccedilatildeo de citros na

regiatildeo o que faz esse arranjo ter prioridades econocircmicas e sociais podendo atingir

os mercados nacional e internacional

Neste niacutevel procurou-se entender como os produtores percebem as poliacuteticas

econocircmicas e a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na disponibilizaccedilatildeo de creacuteditos e linhas de

financiamento como forma de consolidar o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

Em relaccedilatildeo agrave disponibilizaccedilatildeo de financiamento pelas instituiccedilotildees de fomento

para melhorar o processo produtivo no arranjo todas as associaccedilotildees afirmam que

as linhas de creacutedito satildeo provenientes do PRONAF atraveacutes do Banco do Nordeste ndash

BNB que credenciou teacutecnicos da EMATER para elaborar os projetos

Essa linha de financiamento concede aos produtores condiccedilotildees especiais tais

como carecircncia para pagamento rebate e juros baixos O acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos eacute realizado conjuntamente pelo BNB e EMATER Outras

instituiccedilotildees de fomento que aparecem muito timidamente satildeo Banco do Brasil e

Caixa Econocircmica

Foi observado que os produtores natildeo tecircm clareza sobre financiamentos para

expansatildeo da capacidade produtiva capital de giro e melhoria da produccedilatildeo A

burocracia ainda eacute grande para o agricultor familiar e as informaccedilotildees natildeo chegam

adequadamente agraves associaccedilotildees

87

Com relaccedilatildeo agrave poliacutetica puacuteblica que estabeleceu programas e accedilotildees para

Arranjos Produtivos Locais foi observado na pesquisa que a maioria dos

entrevistados natildeo percebeu nenhum benefiacutecio praacutetico a partir dessas medidas e que

ateacute hoje o setor natildeo tem uma poliacutetica especiacutefica para esse tipo de produccedilatildeo agriacutecola

Somente o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila afirmou que o Governo

Federal incentivou o desenvolvimento do APL da Citricultura aprovando o projeto

para aquisiccedilatildeo de uma packing house

Outro aspecto relatado pela maioria das organizaccedilotildees e produtores foi que

natildeo existe no Plano Pluri Anual ndash PPA dos Governos Municipais accedilotildees ou poliacuteticas

especiacuteficas para a tangerina Apenas o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila

afirmou que a prefeitura investe em accedilotildees direcionadas ao APL preparando

estradas para escoamento da produccedilatildeo e adquirindo 30 da produccedilatildeo agriacutecola do

municiacutepio para a merenda escolar atraveacutes do PNAE

Constatou-se tambeacutem que a prefeitura de Matinhas tem investido na melhoria

das estradas vicinais na criaccedilatildeo do Parque da Laranja para realizaccedilatildeo de eventos

na aquisiccedilatildeo de equipamentos para beneficiamento da tangerina bem como

propiciou a contrapartida para aquisiccedilatildeo da packing house

Outra questatildeo informada pelos representantes das organizaccedilotildees foi como

resolver a presenccedila do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no setor jaacute que o

APL conta com cinco associaccedilotildees e uma cooperativa Esses representantes

afirmaram que seria necessaacuterio um grande trabalho de conscientizaccedilatildeo que fizesse

os produtores participarem ativamente da cooperativa pois atualmente ainda existe

rejeiccedilatildeo por esse tipo de organizaccedilatildeo

Tambeacutem foi frisada a importacircncia da estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da

Coopertange pois ela poderaacute ser o elo de integraccedilatildeo entre o segmento e as

poliacuteticas existentes Essa entidade deve ser capaz de dialogar com os oacutergatildeos

governamentais e efetivar a citricultura como uma atividade competitiva e rentaacutevel

para os produtores Os entrevistados ainda citaram como importante o escoamento

da produccedilatildeo pela cooperativa e a parceria com a Ceasa para que a mesma compre

a tangerina diretamente da Coopertange

Evidenciou-se ainda que as associaccedilotildees e a cooperativa estatildeo envidando

esforccedilos para consolidar o referido APL realizando reuniotildees com os produtores

88

buscando novos parceiros fazendo anaacutelise de mercado para onde pretendem

escoar a produccedilatildeo desenvolvendo projetos participando de feiras agroecoloacutegicas e

pesquisando o uso de novas tecnologias

Por fim os entrevistados externaram os projetos e planos futuros que eles

esperam com a consolidaccedilatildeo do APL A presidente da Coopertange espera colocar

em funcionamento a cooperativa como empresa ancora do APL instalar a packing

house estimular o crescimento da produccedilatildeo buscar a transferecircncia de tecnologia de

forma permanente para os produtores e gerar a inclusatildeo social na regiatildeo

O representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova espera que as instituiccedilotildees

parceiras promovam maior divulgaccedilatildeo das informaccedilotildees para os produtores dos seis

municiacutepios que compotildeem o APL que haja um aumento de recursos para investir na

produccedilatildeo e mais tecnologia para o segmento Para o representante da Associaccedilatildeo

de Lagoa de Roccedila o mais importante eacute melhorar o preccedilo da tangerina no mercado

No municiacutepio de Esperanccedila a associaccedilatildeo almeja que as informaccedilotildees

advindas de programas governamentais possam chegar aos produtores de forma

efetiva e que haja um aumento na venda da produccedilatildeo advinda da agricultura

familiar A Associaccedilatildeo de Lagoa Seca pretende melhorar as condiccedilotildees sociais e

econocircmicas dos associados participantes do arranjo O desejo da presidente da

Associaccedilatildeo de Massaranduba eacute ldquover todos os produtores tirando proveito da

estrutura da Coopertangerdquo

No Graacutefico 6 satildeo avaliadas as poliacuteticas econocircmicas direcionadas para o APL

da Citricultura e analisado como os atores percebem a contribuiccedilatildeo dessas poliacuteticas

Ao serem questionados se os governos locais tecircm direcionado o orccedilamento para a

promoccedilatildeo do arranjo todos afirmam que natildeo Este entendimento sugere

provavelmente que os produtores natildeo entendem as accedilotildees realizadas pelos governos

locais como uma poliacutetica efetiva para o arranjo Quando indagado aos produtores se

a poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor a maioria afirmou

ser indiferente e natildeo perceber a eficaacutecia dessa poliacutetica pois a mesma apresenta

poucos reflexos no desenvolvimento do arranjo da citricultura Para os produtores de

citros a carga tributaacuteria e as leis trabalhistas natildeo influenciam no soerguimento da

atividade Verifica-se que algumas respostas apresentam-se de forma dispersa o

que retrata possivelmente a falta de um melhor entendimento sobre tais poliacuteticas

89

Considerando que o niacutevel Macro engloba poliacuteticas macroeconocircmicas as

poliacuteticas de financiamento utilizadas pela maioria dos produtores ainda satildeo

provenientes do PRONAF pois o APL em questatildeo encontra-se em fase de

organizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo tem como base a agricultura familiar e ainda se

apresenta como de baixa renda apesar do seu grande potencial socioeconocircmico

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a b c d e f

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

b A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor c A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos d O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

e A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo f As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro

Fonte Elaborado pela autora

Foi observado tambeacutem que a atividade econocircmica possui caracteriacutesticas

positivas tais como nuacutemero expressivo de produtores participantes de associaccedilotildees

e da cooperativa localizadas no arranjo produccedilatildeo diferenciada com propriedades

orgacircnicas e custo baixo de produccedilatildeo por serem frutos de sequeiro

No entanto o APL em questatildeo possui baixo investimento em pesquisa

desenvolvimento e inovaccedilatildeo baixa estrateacutegia para a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo falta

de alocaccedilatildeo de recursos para melhoria do plantio e equidade de renda dos

produtores desnivelada

Aleacutem disso um ponto forte evidenciado nesse aglomerado produtivo e que se

constitui como um dos seus maiores diferenciais eacute a produccedilatildeo de tangerina na

entressafra das outras regiotildees produtoras tendo como consequecircncia uma forte

demanda pela produccedilatildeo

Neste sentido faz-se necessaacuterio a criaccedilatildeo de mecanismos que possibilitem a

execuccedilatildeo de uma poliacutetica econocircmica mais proativa para a citricultura que natildeo sofra

90

soluccedilatildeo de continuidade e que os resultados de sua implementaccedilatildeo possam ser

acompanhados pela governanccedila parceiros institucionais e produtores

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta

O objetivo deste niacutevel eacute identificar o grau de cooperaccedilatildeo entre os atores o

seu empoderamento e capacidade de interferecircncia nas poliacuteticas puacuteblicas visando

aglutinar forccedilas e potencializar as vantagens competitivas do setor Esta anaacutelise

tambeacutem busca identificar se os produtores estatildeo desenvolvendo estrateacutegias que

venham promover o APL da Citricultura

Neste sentido dos seis atores entrevistados quatro responderam que

conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas governamentais voltados

para o arranjo Esses atores relataram que existe inclusive um bom relacionamento

com a EMATER e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel ndash

CMDRS Aleacutem disso as organizaccedilotildees coletivas conseguem com esses parceiros

institucionais apoio teacutecnico para produzir citros (tangerina limatildeo e laranja) e

hortaliccedila sem o uso de agrotoacutexico Os produtores rurais foram enfaacuteticos em dizer

que ldquonatildeo admitem a aplicaccedilatildeo de produtos quiacutemicos em seus pomaresrdquo

Os outros dois representantes responderam que natildeo conseguem influenciar

os governantes para a importacircncia de uma assistecircncia teacutecnica continuada pois ao

inveacutes de realizarem accedilotildees de ATER21 de forma permanente os apoios satildeo sempre

realizados de forma pontual a exemplo da ldquopraga da mosca negrardquo Para este

problema a assistecircncia teacutecnica concedida por parte das instituiccedilotildees governamentais

para evitar uma infestaccedilatildeo foi corretiva e natildeo preventiva

No entanto quando questionados sobre a preacute-disposiccedilatildeo agrave cooperaccedilatildeo os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa acreditam que os produtores estatildeo

confiantes na parceria com as instituiccedilotildees e tecircm certeza que gradativamente esse

processo estaraacute fortalecido Contudo a Associaccedilatildeo de Esperanccedila acredita que os

produtores natildeo estatildeo preparados e tecircm dificuldade de dialogar com as instituiccedilotildees

21

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

91

Quando abordados sobre a existecircncia da troca de conhecimentos entre os

parceiros quatro organizaccedilotildees responderam que existe um bom diaacutelogo com os

parceiros EMATER SPTA Polo Sindical da Borborema (composto por 16

sindicatos) EMEPA EMBRAPA UEPB (alunos de agroecologia) UFPB e feirantes

Aleacutem disso os representantes das organizaccedilotildees falaram da praacutetica de difundir entre

os produtores teacutecnicas aprendidas em palestras sobre plantaccedilatildeo orgacircnica e

defensivos orgacircnicos Por outro lado a Coopertange e a Associaccedilatildeo de Lagoa de

Roccedila acreditam que no passado jaacute houve troca de conhecimento entre os

produtores mas hoje natildeo mais

Percebe-se na anaacutelise do Graacutefico 7 que natildeo existe um consenso sobre a

efetividade das poliacuteticas como indutoras de desenvolvimento do APL Os produtores

tecircm respostas diferentes quando satildeo indagados sobre a atuaccedilatildeo dos governos em

prol do arranjo sobre a existecircncia de canais negociaccedilatildeo bem como na busca de um

modelo de governanccedila que facilite o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees governamentais e o

setor produtivo

Desta forma a inexistecircncia de um consenso de opiniatildeo e a falta de

consciecircncia sobre a importacircncia da organizaccedilatildeo dos produtores faz com que o

desenvolvimento do APL seja lento e suas accedilotildees desarticuladas

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a b c d e

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

b O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

c As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no arranjo atuando de maneira

democraacutetica em defesa dos seus soacutecios d Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor

privado

e Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta

Fonte Elaborado pela autora

92

Neste niacutevel cujo objetivo eacute identificar a capacidade de organizaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa e seu poder de articulaccedilatildeo junto agraves instituiccedilotildees que

apoiam o APL constata-se que para o arranjo as instituiccedilotildees reconhecem o

potencial do setor e tecircm interesse em apoiar as dinacircmicas de desenvolvimento e

accedilotildees de caraacuteter efetivo para a consolidaccedilatildeo do arranjo Por outro lado os

produtores na sua maioria natildeo gozam de privileacutegios comparados a outras

atividades econocircmicas tradicionais existentes no Estado a exemplo dos setores

Sucroalcooleiro Coureiro-Calccediladista e Caprinovinocultura

Outra questatildeo conflitante diz respeito agrave atuaccedilatildeo democraacutetica das associaccedilotildees

e da cooperativa representantes legais dos produtores e que atuam na defesa dos

interesses do setor A falta de uniatildeo a inexistecircncia de diaacutelogo mais frequente entre

essas organizaccedilotildees e a carecircncia de um interlocutor que unifique a lideranccedila e

debata com o segmento as necessidades coletivas dos produtores fazem com que

a comunicaccedilatildeo entre os governos e o setor produtivo esteja fragilizada

No tocante a um modelo de governanccedila para o APL os produtores ainda natildeo

tecircm um consenso formatado sobre tal modelo Mas o mais interessante eacute que em

todo o estudo os beneficiaacuterios do arranjo tecircm esperanccedilas de que quando a packing

house estiver funcionando e a Coopertange assumir o papel de empresa acircncora do

sistema seraacute possiacutevel dar a este arranjo produtivo local um novo rumo de

cooperaccedilatildeo e sobre tudo uma nova dinacircmica comercial e ambiental para o APL da

citricultura

53 Conclusatildeo da Anaacutelise

Neste capiacutetulo foi possiacutevel avaliar o arranjo institucional e as contribuiccedilotildees e

falhas detectadas a partir das poliacuteticas puacuteblicas implementadas no Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Na seccedilatildeo 51 foram analisados os dados coletados nas entrevistas com os

stakeholders das instituiccedilotildees mais atuantes no arranjo A partir dessa anaacutelise pode-

se concluir que o suporte institucional existente para o APL possui parceiros

importantes e com potencial para apoiar a organizaccedilatildeo do arranjo bem como tem

capacidade teacutecnica para estimular e promover entre os produtores a cultura da

93

cooperaccedilatildeo Entretanto ficou evidenciado que este suporte institucional ainda eacute

fraacutegil e apresenta deficiecircncia na execuccedilatildeo das accedilotildees

A governanccedila praticada ainda eacute a governamental (prefeitura e Governo do

Estado) e se apresenta como a maior incentivadora do desenvolvimento da

citricultura na regiatildeo

No entanto percebe-se na fala de cada representante que as accedilotildees satildeo

realizadas isoladamente por cada entidade Mesmo que estas estejam integradas no

APL as accedilotildees continuam acontecendo conforme o planejamento institucional de

cada uma Essa realidade dificulta a flexibilidade dos gestores apoiarem outras

demandas mais significativas e impactantes para o arranjo

Contudo tentativa como a do SEBRAE de quebrar esse hiato possibilitou em

parceria com a Superintendecircncia Federal de Agricultura no Estado da Paraiacuteba a

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema Apesar da atuaccedilatildeo deste Foacuterum

natildeo foi possiacutevel identificar a existecircncia de accedilotildees integradas e executadas de

maneira continuada entre os seus representantes que pudessem ser elaboradas e

validadas como prioridade para o desenvolvimento da tangerina na Paraiacuteba Essa

constataccedilatildeo foi observada nas respostas dos entrevistados Eles tambeacutem afirmam

que a poliacutetica partidaacuteria existente na regiatildeo dificulta a implementaccedilatildeo de accedilotildees

integradas

Os gestores institucionais natildeo perceberam que as poliacuteticas puacuteblicas

existentes para atender agraves necessidades do setor devem ser trabalhadas a partir de

uma interseccedilatildeo dos programas governamentais e natildeo governamentais que

potencializem projetos estruturantes possibilitando a sustentabilidade da atividade

econocircmica de forma equilibrada em toda a regiatildeo

Para analisar a visatildeo dos produtores em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas direcionadas ao APL discutida na seccedilatildeo 52 utilizou-se como ferramenta o

modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD composto por quatro niacuteveis

O niacutevel Micro permitiu a identificaccedilatildeo dos problemas mais frequentes dos

produtores que apesar de estarem organizados em associaccedilotildees e cooperativa natildeo

possuem o habito de resolver os problemas do segmento de modo cooperado

94

Tal constataccedilatildeo recai sobre a falta de diaacutelogo entre os atores fazendo com

que um hiato seja gerado na comunicaccedilatildeo dos participantes do arranjo Este fato

impede os produtores de obterem resultados promissores para o segmento e de

vislumbrarem a possibilidade de investir em inovaccedilatildeo de forma coletiva e realizar

uma comercializaccedilatildeo com maior poder de negociaccedilatildeo de preccedilo e de expansatildeo de

mercado

Outros fatores importantes detectados nesse niacutevel foram a baixa capacidade

produtiva entre as safras apesar de existir uma aacuterea expressiva para a produccedilatildeo de

citros falta de celeridade nas informaccedilotildees e descontinuidade nas accedilotildees dos

parceiros

No niacutevel Meso verificou-se que os produtores desconhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina e questionam a falta de investimentos

financeiros para o setor a falta de orientaccedilatildeo de normas teacutecnicas de plantio e

manejo nos pomares a falta de integraccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre as instituiccedilotildees

governamentais e a falta de projetos que qualifiquem jovens e filhos de produtores

para atuarem no campo

Os produtores enfatizam tambeacutem a pouca atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees realizando

accedilotildees diferenciadas para cada associaccedilatildeo ou seja natildeo havendo criteacuterios para o

atendimento coletivo desses atores

Ao analisar o APL segundo o niacutevel Macro verificou-se que as poliacuteticas

macroeconocircmicas (cambial monetaacuteria e fiscal) e a poliacutetica de comeacutercio exterior natildeo

influenciam diretamente esse APL Por ser um arranjo de baixa renda e que utiliza

basicamente poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar adequadas para

uma agricultura diversificada e natildeo especificamente para tangerina tais poliacuteticas

acabam natildeo incentivando a expansatildeo do plantio Neste caso o planejamento e a

organizaccedilatildeo produtiva da atividade de maior potencial econocircmico na regiatildeo natildeo satildeo

priorizados

Ainda sobre a poliacutetica econocircmica brasileira eacute notoacuteria a carecircncia de

esclarecimentos sobre como essa poliacutetica poderia dinamizar o segmento e o

desconhecimento sobre os incentivos governamentais para formalizaccedilatildeo de

agronegoacutecios

95

O niacutevel Meta analisou a cooperaccedilatildeo dos atores dentro de uma visatildeo

sistecircmica em que estes acreditam que gradativamente o setor estaraacute fortalecido

mas que ainda natildeo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas

governamentais voltados para o setor

Identificou-se tambeacutem que natildeo existe um consenso entre os produtores sobre

a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao arranjo nem sobre a participaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa na defesa dos direitos dos seus associados e nem na

implementaccedilatildeo de um modelo de governanccedila que contribua com o desenvolvimento

do APL

Portanto apoacutes a anaacutelise da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees e da percepccedilatildeo dos

produtores rurais em relaccedilatildeo agraves poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina espera-se que as contribuiccedilotildees identificadas nesta pesquisa

sirvam de instrumento balizador na adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas para

a citricultura no Estado e que novas perspectivas de incremento ao setor sejam

planejadas com a participaccedilatildeo e integraccedilatildeo das organizaccedilotildees sociais que compotildeem

o arranjo

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Esta dissertaccedilatildeo analisou o Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina por se tratar de um APL de grande potencial econocircmico para

a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

O trabalho proposto teve como finalidade analisar a estrutura organizacional

do APL identificar as poliacuteticas promotoras do desenvolvimento avaliar a

contribuiccedilatildeo das poliacuteticas disponibilizadas e propor medidas para a reduccedilatildeo das

falhas oriundas do processo de implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas

Historicamente a regiatildeo em estudo eacute detentora de um nuacutemero expressivo de

produtores rurais que destinam suas atividades agriacutecolas no plantio de citros O

setor gera 4000 empregos diretos e 6000 empregos indiretos aproximadamente o

que torna o referido arranjo prioritaacuterio para o Estado

A produccedilatildeo de tangerina advinda do aglomerado produtivo apresenta como

diferencial competitivo a ocorrecircncia da safra na entressafra de outros estados e o

plantio com caracteriacutesticas orgacircnicas (sem uso de defensivos quiacutemicos)

Os stackholders entrevistados acreditam que o referido APL tem impacto na

economia local e regional tem mercado favoraacutevel para o escoamento da produccedilatildeo

eacute gerador de emprego e renda apresenta possibilidade de expansatildeo tem cultura

difundida na produccedilatildeo de tangerina e eacute promotor do desenvolvimento

socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Nos uacuteltimos anos apesar de ainda natildeo haver uma dinacircmica de trabalho

adequada para o segmento as instituiccedilotildees parceiras e suas respectivas poliacuteticas

contribuiacuteram para que o setor avanccedilasse

As principais poliacuteticas de apoio ao APL realizadas pelas instituiccedilotildees satildeo a

disponibilizaccedilatildeo de linhas de creacutedito destinadas agrave agricultura familiar (PRONAF)

estimulo agraves compras governamentais para os programas PNAE e PAA realizaccedilatildeo

de pesquisas de inovaccedilatildeo para a melhoria de mudas e plantas certificadas

97

promoccedilatildeo da transferecircncia de tecnologias e da capacitaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

orientaccedilotildees de ATER no plantio da tangerina

Sendo assim para analisar o impacto das poliacuteticas aplicadas ao APL em

estudo foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD Este

modelo analisa o arranjo com maior ecircnfase nos aspectos sociais e inclui a accedilatildeo do

Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade como fatores determinantes para o aumento

da competitividade sistecircmica A partir desse modelo foi possiacutevel pesquisar atraveacutes

dos niacuteveis Micro Meso Meta e Macro como o setor estaacute organizado e como as

poliacuteticas satildeo percebidas pelos produtores

Ao concluir a anaacutelise da pesquisa dois pontos foram priorizados e

referenciados dentro do estudo o primeiro eacute a visatildeo das instituiccedilotildees parceiras e

fomentadoras de poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

e o segundo a percepccedilatildeo dos produtores quanto agraves poliacuteticas disponibilizadas para o

aglomerado produtivo

Para as instituiccedilotildees o apoio ao segmento eacute realizado devido agrave importacircncia

econocircmica da produccedilatildeo de tangerina bem como 80 da populaccedilatildeo residir na zona

rural e ter como principal fonte de renda o cultivo da tangerina dancy Estes dois

fatores fazem com que as entidades governamentais vejam a atividade como

dinamizadora da economia para a regiatildeo

Outras accedilotildees advindas dessas entidades foram identificadas na pesquisa

contrataccedilatildeo de um especialista em tangerina melhoria das estradas vicinais para o

escoamento da produccedilatildeo promoccedilatildeo de visitas teacutecnicas e intercacircmbio reuniotildees

informativas sobre programas e poliacuteticas de desenvolvimento existentes para o

segmento e constituiccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema

Para os produtores esse apoio das instituiccedilotildees natildeo eacute percebido como poliacutetica

efetiva pois eacute executado sem um planejamento permanente de accedilotildees para o

periacuteodo de safra e de entressafra

As associaccedilotildees e a cooperativa tambeacutem sentem que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo

atuando de forma integrada ou seja natildeo foi visualizado um programa para a

citricultura principalmente para a tangerina em que houvesse a contribuiccedilatildeo de

todos os parceiros periodicamente visando o crescimento do APL

98

Aleacutem disso os produtores tambeacutem enfatizaram que o atendimento das

demandas por parte das instituiccedilotildees eacute realizado individualmente ou coletivamente

dependendo do tipo de accedilatildeo programada em cada oacutergatildeo o que muitas vezes

impede accedilotildees coletivas bem mais significativas para o APL como um todo

Esse apoio institucional realizado pelos parceiros de forma desarticulada e

com atendimentos diferenciados tem estimulado nos produtores descreacutedito nas

accedilotildees disponibilizadas pelos governos municipais e estadual

A falta de uma poliacutetica que intensifique as atividades econocircmicas e

tecnoloacutegicas no APL faz com que a produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba sofra um

descompasso entre a grande demanda por esses frutos de mesa e a baixa

competitividade desse setor

Sendo assim faz-se necessaacuterio a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas e adequaccedilatildeo

das jaacute existentes para que o arranjo possa se desenvolver com eficiecircncia e

competitividade

Sugere-se tambeacutem como alternativa complementar nas propostas de poliacuteticas

puacuteblicas a inserccedilatildeo das potencialidades de investimento dos municiacutepios que

compotildeem o APL (ver Apecircndice C) apresentadas nos Mapas de Oportunidades do

Estado da Paraiacuteba (FIEP 2009)

Na proacutexima seccedilatildeo seratildeo apresentadas as contribuiccedilotildees para a formulaccedilatildeo de

tais poliacuteticas

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

A pesquisa realizada no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina identificou que este APL natildeo possui infraestrutura tecnoloacutegica e logiacutestica

para vender em mercados que exigem qualidade e prazo de entrega a exemplo das

grandes redes de supermercado nacional ou para exportaccedilatildeo

Os avanccedilos obtidos a partir dos apoios institucionais ainda natildeo satildeo

suficientes para que o arranjo seja competitivo e desponte nacionalmente como um

99

aglomerado de excelecircncia na produccedilatildeo de tangerina Espera-se que com a

implementaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas para o segmento esse arranjo seja capaz de

promover o aumento da inclusatildeo social fazendo com que a dependecircncia do

agricultor por auxiacutelios governamentais como parte complementar de sua renda

sejam substituiacutedos por trabalho e geraccedilatildeo de riqueza

Para tanto diante das discussotildees geradas nesta dissertaccedilatildeo sugerem-se

algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de uma poliacutetica especiacutefica

para o segmento e a readequaccedilatildeo das poliacuteticas praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL Tais propostas satildeo

1 Formataccedilatildeo de uma poliacutetica governamental especiacutefica para a produccedilatildeo de citros

no APL que induza o aumento da produtividade dos plantios e a respectiva

comercializaccedilatildeo

Esta poliacutetica deve priorizar

A assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural de forma permanente executada pela

EMATER SENAR e MAPASEDAP

O aumento de recursos para o setor a ser incluiacutedo nos orccedilamentos estadual e

municipais bem como no das instituiccedilotildees estatais e privadas atuantes no

arranjo

O fomento a pesquisas e a inovaccedilatildeo direcionadas para a melhoria da

produccedilatildeo de tangerina e sua transferecircncia para os produtores

A implantaccedilatildeo de uma estufa destinada a produccedilatildeo de mudas certificadas

para o arranjo

O incentivo dos governos estadual e municipais em comprar um percentual da

produccedilatildeo advinda do APL

A compra de tangerina pelos programas governamentais federais (PNAE

PAA e CEASA) agrave cooperativa como forma de fortalecer a empresa acircncora do

segmento formalizar as vendas e reduzir a presenccedila do atravessador na

comercializaccedilatildeo

A capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica de jovens e filhos de agricultores oriundos desse

arranjo

100

2 Estimular os governos estadual e municipais a priorizarem em seus planos

plurianuais accedilotildees de incentivo ao desenvolvimento do APL da Citricultura

Este estiacutemulo deve partir de estrateacutegias que

Definam um programa que padronize as mudas de tangerina no Estado

Formalizem um programa de prevenccedilatildeo e combate agrave mosca negra e outras

pragas nos plantios de citros

Orientem e capacitem os produtores a realizarem o manejo de seus pomares

seguindo as orientaccedilotildees teacutecnicas e as normas ambientais

Formalizem premiaccedilotildees para os produtores mais criativos e competitivos

Formalizem convecircnio teacutecnico com o SEBRAE para formataccedilatildeo de um

programa de empreendedorismo visando desenvolver a gestatildeo dos

agronegoacutecios implantados no arranjo

3 Integraccedilatildeo de accedilotildees entre as instituiccedilotildees governamentais atuantes no APL

Tal poliacutetica deve visar

Reduzir gastos com atividades em duplicidade para fortalecer o segmento

com accedilotildees implementadas de forma continuada e aumentar a capacidade de

atendimento agraves demandas dos produtores

Direcionar a atuaccedilatildeo de cada instituiccedilatildeo com suas respectivas expertises para

resolver os gargalos teacutecnicos e tecnoloacutegicos dentro do arranjo

Aumentar o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees visando agrave integraccedilatildeo de accedilotildees

conjuntas

4 Incentivo a reduccedilatildeo de encargos fiscais e taxas para as organizaccedilotildees

(associaccedilotildees e cooperativas) que compotildeem o arranjo produtivo

Os arranjos produtivos locais necessitam de uma poliacutetica fiscal que reduza as

taxas e isenccedilotildees fiscais como forma de incentivar a participaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo das

organizaccedilotildees coletivas oriundas do referido arranjo Como propostas de incentivos

para o APL sugere-se

Isenccedilatildeo da taxa de alvaraacute da Agencia Estadual de Vigilacircncia Sanitaacuteria da

Paraiacuteba ndash AGEVISA em troca da participaccedilatildeo coletiva dos associados e

101

cooperados nos cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos Essa poliacutetica permitiraacute

capacitar as pessoas para manipularem os alimentos com maior seguranccedila e

higiene priorizando os empreendimentos localizados em APL

Criar uma licenccedila simplificada que substitua as trecircs licenccedilas ambientais

(licenccedila preacutevia licenccedila de instalaccedilatildeo e licenccedila de operaccedilatildeo) exigidas pela

SUDEMA visando reduzir o tempo de tramitaccedilatildeo dessas licenccedilas para

agilizar a implantaccedilatildeo de projetos em APLs de baixa renda

Subsidiar a implantaccedilatildeo da Tarifa Verde em aacutereas de citricultura (reduccedilatildeo no

valor da tarifa de energia no periacuteodo noturno) e a aquisiccedilatildeo do medidor para

afericcedilatildeo da energia com taxa diferenciada Essa poliacutetica permitiraacute que os

citricultores possam investir em irrigaccedilatildeo nos seus pomares

5 Poliacutetica de acompanhamento e avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo social educacional

econocircmica e de inovaccedilatildeo em APLs beneficiados por programas governamentais e

por instituiccedilotildees estatais

Esta poliacutetica deve buscar

Avaliar a efetividade do APL em estudo

Acompanhar os primeiros quatro anos de desenvolvimento do arranjo apoacutes a

transferecircncia de recursos advindos de programas e projetos tempo este

necessaacuterio para que os empreendimentos atinjam sua sustentabilidade

financeira

Realizar cursos de capacitaccedilatildeo para gestores e coordenadores de programas

em arranjos produtivos utilizando a competecircncia da RedeSist e do GPT APL

Estimular a formaccedilatildeo de agentes de APL como forma de reduzir o hiato

existente entre o setor produtivo e as instituiccedilotildees parceiras bem como

contribuir na difusatildeo das informaccedilotildees e na transferecircncia de accedilotildees de poliacuteticas

sociais e tecnoloacutegicas

Propor cursos teacutecnicos e de especializaccedilatildeo para jovens protagonistas da

regiatildeo que possam contribuir no processo de sustentabilidade do arranjo da

citricultura

102

Incentivar a criaccedilatildeo de um sistema de informaccedilatildeo para o APL e interligaacute-lo em

rede possibilitando avaliar quantitativamente e qualitativamente a evoluccedilatildeo

econocircmica e produtiva do arranjo

6 Aumentar os incentivos financeiros do Governo do Estado para o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

As propostas de accedilotildees governamentais para o aumento dos incentivos satildeo

Priorizar o referido arranjo em seus planos de accedilatildeo destinando recursos do

Fundo de Erradicaccedilatildeo e Combate agrave Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash

FUNCEP-PB para desenvolver accedilotildees de empreendedorismo implantaccedilatildeo de

agronegoacutecios e capacitaccedilatildeo profissional

Destinar um percentual dos recursos de ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento de pesquisas e inovaccedilatildeo para o arranjo

Apoiar a implantaccedilatildeo de uma cozinha industrial visando o aperfeiccediloamento de

jovens e mulheres da zona rural que fabricam doces geleias bolos biscoitos

sucos cocadas e casquinhas de tangerina como alternativa de ocupaccedilatildeo e

renda

Nesta dissertaccedilatildeo foi verificado que os produtores de tangerina utilizam

basicamente como linha de creacutedito o programa Pronaf Sugere-se que o Governo

Federal (SUDENE BNB FINEP BNDES Banco do Brasil e Caixa Econocircmica) insira

uma linha de financiamento diferenciada neste programa destinando mais recursos

para projetos coletivos voltados para o desenvolvimento do APL

62 Trabalhos Futuros

Ao teacutermino desta dissertaccedilatildeo espera-se que os resultados obtidos contribuam

na concepccedilatildeo de novas poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura - Segmento

Tangerina e que novas reflexotildees sejam geradas nas instituiccedilotildees e nas organizaccedilotildees

coletivas sobre o potencial econocircmico e social desse aglomerado produtivo Como

trabalhos futuros sugerem-se

103

Realizar um estudo sobre a cultura organizacional tradicional existente no

arranjo analisando os fatores que impedem seu desenvolvimento

Dar continuidade agraves pesquisas sobre poliacuteticas puacuteblicas indutoras de

desenvolvimento socioeconocircmico em APLs agriacutecolas de baixa renda visando

identificar quais dessas poliacuteticas poderiam ser replicadas no APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

Pesquisar porque a cultura da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica ainda natildeo eacute aplicada

como um vetor de desenvolvimento no APL estudado

Estudar a potencialidade do arranjo em desenvolver novos produtos com

maior valor agregado a partir da tangerina

Estudar a formataccedilatildeo de uma poliacutetica de educaccedilatildeo profissional para as aacutereas

de gestatildeo de negoacutecio e organizaccedilatildeo produtiva em APLs de baixa renda

Estudar se o niacutevel educacional dos produtores de tangerina tem influecircncia no

entendimento e absorccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

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APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo

Nome da entidade _______________________________________________________________

Sigla da entidade ___________________________

Acircmbito de atuaccedilatildeo da instituiccedilatildeo ____________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Apoio da Instituiccedilatildeo para o desenvolvimento do APL

21 Como a instituiccedilatildeo identifica Arranjos Produtivos Locais (baseia-se nas

variaacuteveis abaixo)

( ) A concentraccedilatildeo de produtores de tangerina no territoacuterio

( ) Concentraccedilatildeo de indiviacuteduos ocupados

( ) Cooperaccedilatildeo entre os atores participantes do arranjo

( ) Existecircncia de mecanismos de governanccedila

22 Porque o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi selecionado para o

apoio existe alguma forma de priorizaccedilatildeo (ex impacto na economia

regionallocal impacto social tradiccedilatildeo regional outros) Justifique

113

23 A partir de quais criteacuterios a instituiccedilatildeo selecionou os beneficiaacuterios para

formalizar a parceria (atraveacutes de programas demanda dos produtores

demanda das associaccedilotildeescooperativas outros)

24 Como a Instituiccedilatildeo trabalha para que as informaccedilotildees acerca dos

programas de apoio ao APL cheguem ao seu puacuteblico-alvo

25 Quais os principais desafios que a instituiccedilatildeo enfrenta no apoio ao APL

(operacional financeiro qualificaccedilatildeo de pessoal outros)

26 Quais satildeo as vantagens em atuar a partir do enfoque em APL no

EstadoRegiatildeo Justifique

3 Quanto agrave relaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo com os produtores Associaccedilotildees e

Cooperativas

31 Quantas cooperativasassociaccedilotildees participam do programa de apoio

concedido pela instituiccedilatildeo Quais satildeo Sua localizaccedilatildeo

32 Quais satildeo as principais demandas de apoio por parte dos atores do APL

33 Quais satildeo as principais formas de apoio que a instituiccedilatildeo concede ao APL

34 Como a Instituiccedilatildeo avalia o grau de adesatildeo do puacuteblico alvo aos programas

oferecidos

35 Quais as principais dificuldades que o puacuteblico alvo encontra para participar

desses programas ofertados

36 A Instituiccedilatildeo acredita que os produtoresInstituiccedilotildeesassociaccedilotildees

cooperativas envolvidas no APL atuam de forma cooperada para realizar

suas atividades

37 Vocecirc poderia citar alguns exemplos de cooperaccedilatildeo entre produtores

Instituiccedilotildeesassociaccedilotildeescooperativas (especificar para o APL)

4 Parceiros atuantes no APL

114

41 Quais satildeo os principais parceiros que apoiam o APL De que forma

atuam Avalie a importacircncia da cooperaccedilatildeo

42 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual a Instituiccedilatildeo conhece

poliacuteticas especificas de apoio ao APL Quais

43 As accedilotildees da Instituiccedilatildeo satildeo realizadas de forma integrada com os governos

Federal Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo

buscando ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas

accedilotildees com o governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de

accedilatildeo conjunta

5 Visatildeo da Instituiccedilatildeo quanto agrave potencialidade do APL

51 Em relaccedilatildeo ao apoio de sua instituiccedilatildeo em que momento eacute percebido a

intensidade (mais forte ou mais fraca) da cooperaccedilatildeo dos beneficiados

(pex na eficiecircncia e na inovaccedilatildeo nos serviccedilos administrativos na

aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas vendas no financiamento desenvolvimento

de processos e produtos etc)

52 Como a Instituiccedilatildeo percebe a diferenciaccedilatildeo no sistema produtivo (pex a

grande maioria da produccedilatildeo vem de produtores informais que adota

sistema arcaico por outro lado temos uma pequena parcela em fase de

modernizaccedilatildeo)

53 Dos que buscam a modernizaccedilatildeo a produccedilatildeo eacute integrada horizontalmente

a atividades agroindustriais Como a Instituiccedilatildeo percebe essa

modernizaccedilatildeo

54 Para a Instituiccedilatildeo quais os principais problemas desse segmento

( ) ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina

( ) baixa capacidade gerencial

( ) dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo

( ) competiccedilatildeo com tangerina produzida em outras regiotildees brasileiras

( ) elevados custos de comercializaccedilatildeo

115

( ) outros (especifique) __________________________________________

6 Existecircncia de oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo ambiental e fiscalizaccedilatildeo

sanitaacuteria

61 A Instituiccedilatildeo conhece leis ou instruccedilotildees normativas que estabelecem os

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

62 Na produccedilatildeo como satildeo vistas as questotildees como controle da qualidade

versus tradiccedilatildeo na forma de produzir a tangerina

7 Quanto agrave comercializaccedilatildeo

71 Quais os principais concorrentes

72 uais os canais de distribuiccedilatildeo comercializaccedilatildeo e logiacutestica

73 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

8 Quanto a projetos e planos futuros

81 Quais satildeo os esforccedilos que a Instituiccedilatildeo estaacute fazendo para consolidar o APL

da Citricultura - Segmento Tangerina

82 Quais satildeo os projetos e planos futuros que a Instituiccedilatildeo espera com a

consolidaccedilatildeo do APL

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

116

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees

Cooperativas e Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da AssociaccedilatildeoCooperativaProdutor

Nome da entidadeprodutor _______________________________________________________________

Sigla da entidade (se houver) ___________________________

Ano de Fundaccedilatildeo _______________

Atividade principal _______________________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Dados econocircmicos sobre a CooperativaAssociaccedilatildeo 2008 2009 2010

CooperadosAssociados ( ) ( ) ( ) FATURAMENTO (mil) ndash R$ ( ) ( ) ( ) Mercado interno () ( ) ( ) ( ) Mercado externo () ( ) ( ) ( ) DESTINO DOS PRODUTOS Paraiacuteba ( ) ( ) ( ) Outros estados do Nordeste ( ) ( ) ( ) Outras regiotildees ( ) ( ) ( ) Outros paiacuteses ( ) ( ) ( )

117

3 Niacutevel de escolaridade do responsaacutevel pelas informaccedilotildees Niacutevel escolaridade Fundamental ( ) Meacutedio ( ) superior incompleto ( ) Superior completo ( ) Poacutes-graduaccedilatildeo ( ) Teacutecnico ( ) Outros _______________

Funccedilatildeo do respondente na CooperativaAssociaccedilatildeo_____________________

ANAacuteLISE META

1 Os atores do arranjo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e

programas governamentais voltados para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

2 Vocecirc acredita que os atores locais estatildeo predispostos agrave cooperaccedilatildeo dado o

atual niacutevel de confianccedila entre os parceiros

3 Existe a praacutetica de troca de conhecimento entre os parceiros que permitam

elevar a competitividade do arranjo frente a outros concorrentes nacionais

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL META (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

2 O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

3

As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no setor atuando de maneira democraacutetica em defesa dos seus soacutecios

4 Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor privado

5

Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

118

ANAacuteLISE MACRO

1 A partir do ano de 2006 o Governo Federal passou a incentivar o tema

Arranjos Produtivos Locais (APL) por meio da incorporaccedilatildeo programas e

accedilotildees no acircmbito do Plano Plurianual 2004-2007 e a criaccedilatildeo do Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL) foi

sentido algum beneficio praacutetico a partir dessa medida

2 Como resolver o problema do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no

setor jaacute que o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina tecircm

associaccedilotildees e cooperativas legalmente constituiacutedas

3 O governo local tem direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do

APL

4 Quais instituiccedilotildees disponibilizam linha de financiamento para melhorar o

processo produtivo A que condiccedilotildees Existe acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos

5 O que vocecirc pode informar sobre fontes de financiamento para expansatildeo de

capacidade capital de giro e melhoria da produccedilatildeo

6 Quais satildeo os esforccedilos que vocecirc estaacute fazendo para consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento da Tangerina

7 Quais satildeo os projetos e planos futuros que vocecirc espera com a consolidaccedilatildeo

do APL

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo totalmente

2 Discordo parcialmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

119

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

2 A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor

3 A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos

4 O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

5 A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo

6 As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

ANAacuteLISE MESO

1 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual existe poliacutetica especifica

de apoio ao APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina como produto

genuinamente regional Quais

2 As accedilotildees satildeo realizadas de forma integrada com os governos Federal

Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo buscando

ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas accedilotildees com o

governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de accedilatildeo conjunta

3 A poliacutetica comercial brasileira favorece as exportaccedilotildees desse tipo de fruta

4 Existe poliacutetica de financiamento especializada que ajude no desenvolvimento

de produtos com tradiccedilatildeo local

5 Como o arranjo poderia obter recursos financeiros junto aos organismos e

bancos governamentais

6 Como tem sido a contribuiccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees de apoio ao arranjo

7 Existe desenvolvimento de accedilotildees junto a organizaccedilotildees natildeo governamentais

8 Eacute possiacutevel identificar as instituiccedilotildees parceiras do arranjo e quais outras

poderiam participar

120

9 Existem eou conhece leis ou instruccedilotildees normativas estabelecendo

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MESO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo de negoacutecios

2

O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos gestores governamentais

3 A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo

4 A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor

5 O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

6 As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

7 A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

8 A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

121

Indique como se apresenta a relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

PARCEIROSSTAKEHOLDERS OacuteTIMO BOM REGULAR RUIM SEM RELACcedilAtildeO

AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio

Instituiccedilotildees financeiras

Fornecedores e outras empresas do arranjo

Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades

Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

NIacuteVEL MICRO

1 A atividade produtiva utiliza a mesma espeacutecie de laranja entre os

plantadores de tangerina da regiatildeo ou buscam mateacuteria-prima (novas

espeacutecies) em outros Estados

122

2 O processo de cultivo da tangerina sofreu alteraccedilotildees bruscas ao longo de

sua existecircncia na regiatildeo Por quecirc

3 Quais satildeo os diferenciais competitivos da CooperativaAssociaccedilatildeo

(sazonalidade preccedilo qualidade prazos de entrega)

4 Quais municiacutepios que concentram o maior plantio de tangerina

5 Na plantaccedilatildeo como satildeo vistos questotildees como controle da qualidade versus

tradiccedilatildeo na forma de cultivar a tangerina

6 Existe deficiecircncia nos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica

Analisar os destinos interno e externo para a venda

7 Existe algum tipo de procedimento que busque a certificaccedilatildeo da tangerina

como orgacircnica

8 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

9 Aponte os principais problemas desse segmento i) ausecircncia de

padronizaccedilatildeo da tangerina ii) baixa capacidade produtiva entre as safras iii)

dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo iv) competiccedilatildeo com outras

variedades de tangerinas v) elevados custos de comercializaccedilatildeo

10 Quais os principais concorrentes

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

123

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1

A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

2 A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado

3 A COOPERTANGE (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente ao mercado

4 Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina

5 Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da tangerina

6 Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

7 Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

8 A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Com relaccedilatildeo agraves principais formas de cooperaccedilatildeo no APL responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

Formas de Cooperaccedilatildeo (1) (2) (3) (4) (5)

1 Compra de insumos e equipamentos

2 Venda de produtos

3 Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio

4 Capacitaccedilatildeo de recursos humanos

5 Obtenccedilatildeo de financiamento

6 Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees

7 Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

124

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo responda seguindo o criteacuterio de importacircncia

1-2 Menos importante

3 Meacutedia

4-5 Mais importante

Fonte de Informaccedilatildeo

Escala de Importacircncia

Menos importante

Meacutedia Mais

importante

Fontes internas (1) (2) (3) (4) (5)

1 Pesquisa e Desenvolvimento

2 Aacuterea de produccedilatildeo

3 Aacuterea de vendas e marketing

4 Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes externas (1) (2) (3) (4) (5)

5 Fornecedores de insumos

6 Clientes

7 Concorrentes

8 Outras empresas do setor

9 Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa (1) (2) (3) (4) (5)

10 Universidades

11 Institutos de pesquisas

12 Centro de capacitaccedilatildeo profissional

13 Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

14 Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes (1) (2) (3) (4) (5)

15 Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

16 Feiras especializadas

17 Associaccedilotildees e sindicatos

18 Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

125

Com relaccedilatildeo agrave estrateacutegia empresarial e praacuteticas gerenciais responda seguindo o seguinte criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Natildeo conhecemos

2 Conhecemos mas nunca utilizamos

3 Utilizamos algumas vezes

4 Utilizamos com frequecircncia

5 Utilizamos sempre

Praacuteticas Gerenciais (1) (2) (3) (4) (5)

1 Planejamento estrateacutegico

2 Pesquisa de mercado

3 Sistema de gestatildeo ambiental

4 Praacuteticas de Produccedilatildeo Limpa

5 Ajuste da capacidade produtiva

6 Planejamento e controle da produccedilatildeo

7 Gerenciamento de projetos

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

126

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Municiacutepio de Matinhas

127

Municiacutepio de Alagoa Nova

128

Municiacutepio de Satildeo Sebastiatildeo de

Lagoa de Roccedila

129

Municiacutepio de Lagoa Seca

130

Municiacutepio de Esperanccedila

131

Municiacutepio de Massaranduba

Page 7: Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Mestrado ... · 2019. 10. 25. · pelos produtores. Para realizar a análise, foi utilizado o modelo do

ABSTRACT

The Local Productive Arrangements ndash LPA have become an alternative to regional

development whose goal is the integrated cooperation among the Federal

Government the States of the Federation and the productive sector with the

purpose of promoting the socioeconomic growth of the Brazilian territories In

Paraiacuteba the LPA of Citrus - Tangerine Segment object of study of this dissertation

is located in the Agreste Paraibano Mesoregion and their main economic activity is

the citrus production and its flagship product is the tangerine The cited arrangement

is the promoter of the main source of income for the region having around it several

governmental and nongovernmental institutions that carry out actions in favor of

productive strengthening This article analyzes the public policies which are being

directed to the sector by financial institutions and how they are perceived by

producers To perform the analysis we used the model of the German Development

Institute - GDI that evaluates the impacts of policies applied to the arrangement

emphasizing the social aspects state action and the mobilization of society as

factors for increasing systemic competitiveness of the sector Using this method it

was possible to verify that the support of institutions is not perceived by producers as

effective policy because it runs without a plan of integrated periodic actions

Furthermore it was also verified the need for integration of the institutions aiming the

conception of a specific policy for the sector that comes to stimulate a proactive

governance and inducer of the socioeconomic development in the region At the end

of this study are suggested proposals that can help in formulating new public policies

and upgrading of existing ones operated by government institutions and NGOs

active in LPA

Key words public policy Local Productive Arrangements sustainable development

citros Paraiacuteba

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 14

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura -

Segmento da Tangerina 15

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 201043

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 47

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD 62

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina 16

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do

Nordeste 41

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

41

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo

para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo42

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro 79

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL 80

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo 81

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso 84

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros 85

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro 89

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta 91

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APL Arranjo Produtivo Local

ARTEZA Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos de Ribeira de Cabaceiras

Ltda

ASPIL Arranjo e Sistema Produtivo e Inovativo Local

ASPTA Assessoria Serviccedilos Projetos Agricultura Alternativa - Zona Rural

ATER Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

BIRD Banco Internacional para Reconstruccedilatildeo e Desenvolvimento

BNB Banco do Nordeste do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CAAPL Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais

CEASA Central de Abastecimento de Alimentos

CNPq Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento

COMPET Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores

Econocircmicos Tradicionais ndash SICTCTCNPq

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COOPERAR Projeto COOPERAR Paraiacuteba Brasil

COOPERTANGE Cooperativa dos Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda

CTCC Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado Albano Franco

DAP Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao PRONAF

EMATER Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba

EMEPA Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A

EMPASA Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviccedilos Agriacutecolas

ETENE Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste

EU Uniatildeo Europeia

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

FAEPA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FAPESQ Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do Estado da Paraiacuteba

FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste

FETAG Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FIEP Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

FUNCEP-PB Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da Pobreza do Estado da Paraiacuteba

FUNDECI Fundo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico

GTP APL Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INTERPA Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da Paraiacuteba

LABVEST Laboratoacuterio de Vestuaacuterio da Paraiacuteba

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal

MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDA Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MDS Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome

MEC Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

MGP Mestrado em Gestatildeo Puacuteblica

MPME Micro Pequena e Meacutedia Empresa

NE APLPB Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba

PAA Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos

PDP Plano de Desenvolvimento Preliminar

PNAE Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

RedeSist Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais

SAF Secretaria da Agricultura Familiar

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agraves Micros e Pequenas Empresas da Paraiacuteba

SECTMA Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente

SEDAP Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da

Pesca

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural

SEPLAG Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo

SETDE Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico

SICTCT Secretaria de Induacutestria Comeacutercio Turismo Ciecircncia e Tecnologia

STRM Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas

SUDEMA Superintendecircncia de Administraccedilatildeo do Meio Ambiente

TIC Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba

UFCG Universidade Federal de Campina Grande

UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

11 Justificativa 17

12 Problematizaccedilatildeo 18

13 Objetivos da Pesquisa 20

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo 20

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO 22

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel 22

22 Arranjo Produtivo Local 26

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs 31

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento Regional

Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs 37

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA

TANGERINA NA PARAIacuteBA 39

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 39

32 Estrutura Organizacional 46

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL 48

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo 49

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba 52

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA 59

41 Instrumento de Pesquisa 61

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da Pesquisa 62

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA 65

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

65

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia das poliacuteticas

puacuteblicas para o desenvolvimento do APL 77

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro 77

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso 82

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro 86

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta 90

53 Conclusatildeo da Anaacutelise 92

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 96

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 98

62 Trabalhos Futuros 102

REFEREcircNCIAS 104

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da

Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba 112

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees Cooperativas e

Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

116

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba 126

Mesorregiatildeo do Agreste

1 INTRODUCcedilAtildeO

Esta dissertaccedilatildeo tem como Aacuterea de Concentraccedilatildeo a Gestatildeo Puacuteblica para o

Desenvolvimento Regional e estaacute inserida na linha de pesquisa Capital Social

Desenvolvimento Sustentaacutevel e Conhecimento do Curso de Mestrado Profissional

em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste da Universidade Federal

de Pernambuco ndash UFPE

O desenvolvimento deste trabalho busca avaliar as poliacuteticas puacuteblicas1

existentes para o Arranjo Produtivo Local ndash APL2 da Citricultura da Paraiacuteba ndash

Segmento Tangerina e identificar as contribuiccedilotildees dessas poliacuteticas no

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo no periacuteodo de 2008 a 2011

A pesquisa realizada teve como foco a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

onde estaacute localizada a produccedilatildeo de tangerina do Estado Na Figura 1 satildeo

apresentados dados cartograacuteficos por sateacutelite da Mesorregiatildeo do Agreste o mapa

do Brasil com a localizaccedilatildeo do Estado da Paraiacuteba e o mapa da Paraiacuteba com a regiatildeo

onde estaacute inserido o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

1 As poliacuteticas puacuteblicas para o setor seratildeo apresentadas no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 23

2 O conceito de Arranjo Produtivo Local seraacute discutido no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 22

APL da Citricultura

15

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina abrange os municiacutepios de

Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila

Massaranduba e Matinhas (Figura 2) Essa regiatildeo possui uma aacuterea plantada de

1892 hectares (IBGE 2010b) o que a torna a maior produtora de tangerina do

Nordeste

O municiacutepio de Matinhas considerado sede do APL por ser o maior produtor

de tangerina da Paraiacuteba estaacute localizado a 143 km de Joatildeo Pessoa capital do

Estado e a 20 km de Campina Grande cidade polarizadora da regiatildeo

Geograficamente Matinhas tem uma aacuterea de 29 Kmsup2 com uma populaccedilatildeo de

4322 habitantes tendo 84 (3640 habitantes) na zona rural e 16 (682

habitantes) na zona urbana sendo considerado um municiacutepio tipicamente rural A

quase totalidade da populaccedilatildeo rural sobrevive economicamente do cultivo da

tangerina (IBGE 2010)

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura - Segmento da Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

Outro ponto importante a ser considerado na pesquisa eacute a anaacutelise do Iacutendice

de Desenvolvimento Humano ndash IDH elaborado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas

para o Desenvolvimento (PNUD 2011) Esta anaacutelise parte do pressuposto que para

aferir o avanccedilo de uma populaccedilatildeo natildeo se deve considerar apenas a dimensatildeo

econocircmica mas tambeacutem outras caracteriacutesticas sociais culturais e poliacuteticas que

16

influenciam a qualidade da vida humana Essas caracteriacutesticas satildeo essenciais para

que se possa avaliar o respectivo desenvolvimento sustentaacutevel da regiatildeo

O IDH tambeacutem conhecido como IDH Global eacute uma medida resumida do

progresso a longo prazo em trecircs dimensotildees baacutesicas do desenvolvimento humano

renda educaccedilatildeo e sauacutede (longevidade) O objetivo da criaccedilatildeo do IDH foi o de

oferecer um contraponto ao indicador do Produto Interno Bruto ndash PIB per capita que

considerava apenas a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento (PNUD 2011)

O IDH eacute um iacutendice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio das

Naccedilotildees Unidas3 e no Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal atraveacutes do

Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal ndash IDH-M Este iacutendice eacute um ajuste

metodoloacutegico ao IDH Global e foi publicado em 1998 e em 2003 (a partir dos dados

do Censo de 2000) Vale salientar que ainda natildeo foram publicados os iacutendices do

IDH-M dos municiacutepios pelos novos criteacuterios do PNUD4

No Quadro 1 satildeo apresentados os iacutendices IDH Global IDH-Renda IDH-

Longevidade e IDH-Educaccedilatildeo do Brasil e do Estado da Paraiacuteba (PNUD 2008) bem

como o IDH-M dos municiacutepios que constituem o APL da Citricultura - Segmento da

Tangerina (PNUD 2003) Segundo esses dados o IDH-M dos municiacutepios encontra-

se entre 0561 e 0622 todos abaixo dos iacutendices da Paraiacuteba e do Brasil

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IDH

Global IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Brasil (PNUD 2008) 0794 0713 0785 0883

Paraiacuteba (PNUD 2008) 0718 0638 0723 0793

Municiacutepios (PNUD 2003) IDH-M IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Matinhas 0576 0477 0606 0645

Esperanccedila 0632 0550 0660 0685

Alagoa Nova 0612 0510 0660 0666

Lagoa Seca 0612 0548 0600 0689

Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila 0622 0549 0631 0687

Massaranduba 0561 0499 0570 0613

Fonte PNUD (2003) e PNUD (2008)

3 httpwwwpnudorgbrODMaspx

4 Uma nova versatildeo com dados do Censo 2010 estaacute sendo produzida pelo PNUD e deveraacute ser lanccedilada no iniacutecio

de 2013

17

Verifica-se que embora a regiatildeo do APL esteja se desenvolvendo

economicamente a populaccedilatildeo natildeo possui uma seacuterie de condiccedilotildees que lhe

proporcionem bem-estar no que se refere aos niacuteveis educacional (reduccedilatildeo da

evasatildeo escolar) social (oportunidade de inclusatildeo social atraveacutes de trabalho e renda

e de serviccedilos de sauacutede) e cultural (direito agrave cidadania e lazer)

Um baixo iacutendice educacional por exemplo reflete diretamente na dificuldade

dos produtores rurais em serem capacitados e absorverem tecnologias que venham

agregar valor agrave produccedilatildeo de tangerina

Desta forma o APL da Citricultura necessita de poliacuteticas que venham

contribuir para a reduccedilatildeo do analfabetismo organizaccedilatildeo produtiva transferecircncia de

tecnologia absorccedilatildeo de tecnologias para os seus plantios modernizaccedilatildeo gerencial

de suas organizaccedilotildees associativas e conscientizaccedilatildeo dos produtores para o trabalho

de forma organizada e cooperativa

O trabalho de pesquisa realizado visou identificar os problemas existentes no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e analisar como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo direcionadas para a resoluccedilatildeo desses gargalos

11 Justificativa

A relevacircncia desta dissertaccedilatildeo foi estudar e documentar as poliacuteticas puacuteblicas

geradas pelos governos federal estadual e municipal em prol da sustentabilidade

socioeconocircmica do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Para este estudo foi relevante tambeacutem a anaacutelise do cenaacuterio atual e da

situaccedilatildeo produtiva e organizacional do APL avaliando os impactos socioeconocircmicos

gerados por esse segmento no Estado

A validaccedilatildeo deste trabalho visa identificar gargalos existentes na transferecircncia

de poliacuteticas puacuteblicas para o segmento bem como a necessidade de adequar tais

poliacuteticas para dar sustentabilidade agrave referida atividade econocircmica

As consideraccedilotildees e sugestotildees geradas neste documento poderatildeo contribuir

para a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas que possibilitem a integraccedilatildeo dos diversos

18

atores e a consolidaccedilatildeo do arranjo produtivo local como um instrumento de

desenvolvimento proativo para a regiatildeo e indutor de novos negoacutecios

Portanto esta dissertaccedilatildeo tem como finalidade pesquisar e avaliar as

contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas que estatildeo sendo aplicadas em um APL de baixa

renda cujas atividades produtivas e inovativas satildeo provenientes de populaccedilotildees que

desenvolvem atividades de agricultura familiar no Estado da Paraiacuteba bem como

propor medidas mais adequadas para implementaccedilatildeo de tais poliacuteticas que possam

fomentar a estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de um aglomerado produtivo sustentaacutevel

12 Problematizaccedilatildeo

A citricultura na Paraiacuteba vem sendo explorada desde meados da deacutecada de

60 quando surgiram os primeiros plantios de citros no municiacutepio de Matinhas A

partir de 1969 iniciou-se a utilizaccedilatildeo de mudas enxertadas onde o limatildeo galego foi

escolhido como porta enxerto para as principais variedades cultivadas no municiacutepio

Dados de 1996 constatam que a tangerina dancy jaacute era a laranja predominante com

mais de 85 da aacuterea plantada naquele municiacutepio Posteriormente a tangerina dancy

se alastrou pelos municiacutepios vizinhos (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

Nos uacuteltimos cinco anos conforme observado na pesquisa realizada diversas

instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que atuam na regiatildeo vecircm buscando o

desenvolvimento planejado dessa atividade com o objetivo de consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Este APL enfrenta o desafio de se desenvolver e buscar niacuteveis de qualidade

de vida para os produtores rurais similares ao de outros APLs economicamente

avanccedilados

Todavia esse desenvolvimento deve incluir necessariamente uma

infraestrutura que permita aos produtores de tangerina produzir frutos de qualidade e

comercializar seu produto de forma competitiva A qualidade da tangerina eacute um fator

determinante no processo de agregaccedilatildeo de valor para seu escoamento no mercado

O meacutetodo de produccedilatildeo de tangerina utilizado na regiatildeo faz com que o

produtor tenha uma perda anual consideraacutevel Segundo Lopes Albuquerque e

Moura (2006) no municiacutepio de Matinhas por exemplo 20 da produccedilatildeo de

19

tangerina se perdem no campo devido ao fruto ter tamanho inadequado e natildeo ter

preccedilo de mercado

Aleacutem disso outras perdas satildeo identificadas devido a utilizaccedilatildeo de mudas

inadequadas plantio e espaccedilamento incorretos adubaccedilotildees quiacutemica e orgacircnicas

deficientes manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequados tratos culturais deficientes

(podas incorretas impedimento na formaccedilatildeo da planta e raleamento de frutos)

problemas fitossanitaacuterios diversos colheita e comercializaccedilatildeo inadequada

transporte da produccedilatildeo assistecircncia teacutecnica pesquisas e financiamento agriacutecola

deficientes e cooperativismo e agroinduacutestria inexistentes (LOPESALBUQUERQUE

MOURA 2006)

Na tentativa de resolver tais gargalos os gestores puacuteblicos na maioria das

vezes buscam decisotildees imediatistas que soacute resolvem os problemas em curto prazo

e como consequecircncia os problemas natildeo satildeo sanados a exemplo do combate da

mosca negra com agrotoacutexicos como medida emergencial

Por outro lado observa-se que a partir de 2008 algumas estrateacutegias e accedilotildees

governamentais foram adotadas pelo setor puacuteblico tais como distribuiccedilatildeo de mudas

certificadas contrataccedilatildeo de um especialista em citricultura para orientar os

produtores aumento de pesquisas para combate agrave mosca negra e realizaccedilatildeo de

reuniotildees seminaacuterios e visitas teacutecnicas visando incentivar a melhoria da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo da tangerina As accedilotildees acima realizadas tiveram como objetivo

desenvolver o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e resgatar o dinamismo

das atividades agriacutecolas geradoras de trabalho e renda na zona rural

No entanto apesar das diversas poliacuteticas concebidas pelos governos o

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo ainda eacute baixo5 Desta forma questiona-

se por que esse APL ainda natildeo estaacute consolidado e estruturado e quais as

dificuldades na implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas para o setor

Sendo assim supotildee-se que exista uma deficiecircncia das poliacuteticas puacuteblicas

existentes e faz-se necessaacuterio avaliar como elas estatildeo sendo direcionadas para o

referido APL de modo a se questionar Como essas poliacuteticas podem constituir um

condicionante de desenvolvimento socioeconocircmico para o APL da Citricultura ndash

5 Conforme anaacutelise do IDH dos municiacutepios pertencentes ao APL (ver Quadro 1 do Capiacutetulo 1)

20

Segmento Tangerina na Paraiacuteba Quais as dificuldades que impedem a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas Como essas poliacuteticas poderiam ser adaptadas

para atuarem mais eficientemente

13 Objetivos da Pesquisa

Analisar a estrutura do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na

Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

Pesquisar e identificar poliacuteticas puacuteblicas de fomento para APLs de baixa renda

Avaliar a contribuiccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura nos

municiacutepios que compotildeem o arranjo e principalmente em Matinhas cidade

acircncora do referido APL

Propor medidas orientadoras para reduccedilatildeo das falhas oriundas do processo de

implementaccedilatildeo de poliacuteticas junto ao setor e que possam contribuir para a

consolidaccedilatildeo de um APL competitivo

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo

Esta dissertaccedilatildeo eacute composta por seis capiacutetulos

Este capiacutetulo Capiacutetulo 1 ndash Introduccedilatildeo descreve os objetivos do trabalho

sua justificativa e a identificaccedilatildeo do problema

O Capiacutetulo 2 ndash Referencial Teoacuterico eacute constituiacutedo da fundamentaccedilatildeo teoacuterica

atraveacutes da discussatildeo sobre as teorias e conceitos de desenvolvimento sustentaacutevel

arranjo produtivo local e poliacuteticas puacuteblicas para o APL

No Capiacutetulo 3 ndash Caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina na Paraiacuteba eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura na

Paraiacuteba e as poliacuteticas puacuteblicas existentes para esse APL

No Capiacutetulo 4 ndash Metodologia Aplicada na Pesquisa satildeo demonstrados os

procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa a escolha da amostra e a descriccedilatildeo

do instrumento de coleta de dados primaacuterio e secundaacuterio

21

No Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise das Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL da Citricultura

satildeo discutidos os resultados da pesquisa de campo realizada com as instituiccedilotildees

que apoiam o APL as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores rurais e

analisada a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao setor

O Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais e Recomendaccedilotildees apresenta as

consideraccedilotildees finais da pesquisa com o objetivo de propor adequaccedilotildees para as

poliacuteticas puacuteblicas analisadas

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

A revisatildeo da literatura que seraacute descrita se fez necessaacuteria para um melhor

entendimento do trabalho de dissertaccedilatildeo proposto Neste capiacutetulo seratildeo

apresentados os conceitos de desenvolvimento regional sustentaacutevel

responsaacuteveis pelo crescimento eficiente das atividades econocircmicas sociais e

territoriais a caracterizaccedilatildeo de um arranjo produtivo local descrevendo sua

estrutura organizacional e a integraccedilatildeo entre o setor produtivo e os diversos atores

que compotildeem o APL e a importacircncia das poliacuteticas puacuteblicas como indutoras de

accedilotildees que tecircm por finalidade impulsionar o setor produtivo e consolidar um APL

como um instrumento dinamizador do desenvolvimento socioeconocircmico de uma

regiatildeo

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel

O desenvolvimento regional sustentaacutevel eacute um fator preponderante para o

desenvolvimento de um territoacuterio O processo de crescimento econocircmico equilibrado

de uma regiatildeo em funccedilatildeo de sua territorialidade tem como princiacutepio a

desconcentraccedilatildeo e a potencializaccedilatildeo das comunidades locais e regionais

Neste sentido o processo de desenvolvimento de uma regiatildeo dependeraacute

necessariamente da sua capacidade de organizaccedilatildeo social associado ao aumento

da autonomia regional para a tomada de decisotildees ao crescimento da capacidade

para reter e reinvestir o excedente econocircmico gerado pelo processo de

desenvolvimento sub-regional a um crescente processo de induccedilatildeo social e a um

processo permanente de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do ecossistema regional

(VERGOLINO DIAS MAGALHAtildeES GALVAtildeO 2008)

Segundo Boisier (1992) a capacidade de organizaccedilatildeo social de uma dada

regiatildeo eacute considerada um fator endoacutegeno capaz de transformar o crescimento em

desenvolvimento mediante a constituiccedilatildeo de uma rede de instituiccedilotildees e agentes

apoiados pela cultura local e por um projeto poliacutetico regional

23

O desenvolvimento de uma determinada regiatildeo implica na necessidade de

autonomia decisoacuteria de captaccedilatildeo e reinversatildeo do excedente econocircmico de inclusatildeo

social de consciecircncia e accedilatildeo ambientalista de sincronia intersetorial e territorial e

de percepccedilatildeo coletiva de pertencer agrave regiatildeo

Para que haja a concretizaccedilatildeo desse desenvolvimento a proposta de

dinamizaccedilatildeo tambeacutem deveraacute estar respaldada na diversificaccedilatildeo da base produtiva

na verticalizaccedilatildeo da atividade econocircmica na agregaccedilatildeo de valor ao produto local

na geraccedilatildeo de emprego e renda na criaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo de associaccedilotildees

cooperativas de produtores e na participaccedilatildeo dos atores locais

Para que tal iniciativa tenha ecircxito torna-se necessaacuterio a elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que visem a melhoria do niacutevel de educaccedilatildeo e

capacitaccedilatildeo profissional da populaccedilatildeo envolvida e da infraestrutura econocircmica e

social das aacutereas beneficiadas (VERGOLINO et al 2008)

Esforccedilos empreendidos nos uacuteltimos anos estatildeo baseados na ideia de que a

conquista da sustentabilidade passa pela implementaccedilatildeo de processos de

desenvolvimento orientados por princiacutepios de cooperaccedilatildeo entre indiviacuteduos

A interdependecircncia de tais processos ocorre em um sistema complexo que

adota como padratildeo organizativo de uma rede autopoieacutetica6 que tende a se

manifestar nas coletividades humanas que busca fortalecer uma atividade

econocircmica mediante uma cooperaccedilatildeo muacutetua

Para tanto se faz necessaacuteria a formaccedilatildeo da consciecircncia sobre as relaccedilotildees

muacuteltiplas desse sistema e como os indiviacuteduos devem participar de forma

cooperativa Esta relaccedilatildeo cooperativa se manifesta atraveacutes da formaccedilatildeo de

associaccedilotildees que estabelecem ligaccedilotildees e lhes concedem empoderamentos para

buscar parcerias que possam ajudar na estruturaccedilatildeo de suas organizaccedilotildees

A partir da conscientizaccedilatildeo cada integrante dessa associaccedilatildeo passa a

conhecer as possibilidades e as necessidades de cada membro da organizaccedilatildeo

Nas localidades onde ocorrem processos de desenvolvimento baseados em

parcerias entre muacuteltiplos atores produtivos governamentais empresariais e sociais

6 A teoria autopoieacutetica tem como ideia baacutesica um sistema organizado autossuficiente Este sistema produz e

recicla seus proacuteprios componentes diferenciando-se do meio exterior

24

pode-se dizer metaforicamente que existe parceria e que estas coevoluem

estabelecendo entre si relaccedilotildees em que todos ganham nesta rede

Desta forma o sistema seraacute sustentaacutevel agrave medida que sua flexibilidade e sua

diversidade estatildeo estreitamente ligadas com esta nova estrutura denominada de

rede sistecircmica Com essa conectividade o desenvolvimento sustentaacutevel local flui de

forma integrada e passa a ser uma estrateacutegia que facilita a conquista da

sustentabilidade social econocircmica cultural e ambiental de um territoacuterio ou regiatildeo

Segundo Buarque (1999) desenvolvimento sustentaacutevel eacute ldquoo processo de

mudanccedila social e elevaccedilatildeo das oportunidades da sociedade compatibilizando no

tempo e no espaccedilo o crescimento e a eficiecircncia econocircmica a conservaccedilatildeo

ambiental a qualidade de vida e a equidade social partindo de um claro

compromisso com o futuro e a solidariedade entre geraccedilotildeesrdquo

Nesta oacutetica o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um processo que gera a

melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos com base no fortalecimento

econocircmico e competitivo em consonacircncia com os recursos naturais e ambientais

Por outro lado o desenvolvimento de uma sociedade natildeo deve ser

confundido com crescimento econocircmico que eacute apenas uma condiccedilatildeo necessaacuteria

poreacutem natildeo eacute suficiente Este desenvolvimento estaacute diretamente ligado agrave reduccedilatildeo da

desigualdade social (SACHS 2005)

Neste sentido noccedilotildees como as de capital social e de territorialidade tambeacutem

satildeo fatores importantes para compreensatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel e da

reduccedilatildeo das desigualdades sociais A importacircncia da reflexatildeo sobre esse tema

contribui para melhor entendimento dos processos de inovaccedilatildeo e de accedilotildees indutoras

do desenvolvimento local

A territorialidade neste contexto reflete a vivecircncia dos atores de uma

determinada regiatildeo em toda a sua abrangecircncia e em suas muacuteltiplas dimensotildees ndash

cultural poliacutetica econocircmica e social O capital social expressa a valorizaccedilatildeo de

recursos inseridos nas estruturas sociais (conhecimento taacutecito por exemplo) que

natildeo satildeo contabilizados por outras formas de capital (ALBAGLI MACIEL 2004)

Sendo assim o conhecimento taacutecito o processo de aprendizado a

sedimentaccedilatildeo do conhecimento e respectivo desenvolvimento de um grupo social

25

em um espaccedilo geograacutefico passa forccedilosamente pela dinacircmica inovativa local

particularmente no que tange agrave produccedilatildeo e ao compartilhamento de informaccedilotildees e

conhecimento para os atores de um determinado territoacuterio em que se desenvolve

uma atividade econocircmica

Segundo Franco (2000) o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um modo de

promover o desenvolvimento que leva em conta o papel de todos os fatores que

envolvem coletividade sociedade niacutevel educacional da populaccedilatildeo

empreendedorismo geraccedilatildeo de emprego e renda fatores econocircmicos e sociais e

governos para tornar dinacircmicas as potencialidades que podem ser identificadas

quando olhamos para uma unidade socioterritorial delimitada

Entretanto segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) o crescimento econocircmico

eficiente a equidade social e a manutenccedilatildeo do meio ambiente ldquo natildeo satildeo

assegurados pela simples disponibilidade de bens e serviccedilos haacute que se incorporar a

participaccedilatildeo e integraccedilatildeo ativa do cidadatildeo no jogo poliacutetico e social para que os

objetivos acima sejam alcanccedilaacuteveisrdquo

Contudo se faz necessaacuterio repensar a dimensatildeo poliacutetica pois o

desenvolvimento sustentaacutevel ainda enfrenta problemas para sua efetividade tendo

em vista que ainda natildeo exista um consenso para a soluccedilatildeo das tensotildees entre os

objetivos de eficiecircncia equidade e conservaccedilatildeo Esses problemas devem ser

tratados pelos gestores puacuteblicos a partir de uma metodologia de planejamento que

trate essas dificuldades com metas a meacutedio e longo prazo Desta forma novas

iniciativas de competitividade e desenvolvimento sustentaacutevel poderatildeo ser exequiacuteveis

em regiotildees economicamente carentes de accedilotildees governamentais

Ainda segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) ldquo o planejamento nessa

concepccedilatildeo propicia a construccedilatildeo de hegemonias atraveacutes das estrateacutegias

prioridades e instrumentos de accedilatildeo onde se abre a possibilidade para a participaccedilatildeo

mais efetiva da sociedade e incorpora-se um maior leque de atores sociaisrdquo

Neste contexto a importacircncia estrateacutegica dos Arranjos Produtivos Locais no

desenvolvimento regional sustentaacutevel vem ganhando forccedila devido a concepccedilatildeo de

organizaccedilatildeo de empresas que desenvolvem suas atividades econocircmicas em um

mesmo espaccedilo geograacutefico Essa forma de organizaccedilatildeo aumenta a participaccedilatildeo dos

diversos atores atuantes no arranjo e propicia a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

26

que venham consolidar o desenvolvimento social econocircmico e ambiental de um

territoacuterio

22 Arranjo Produtivo Local

O economista Alfred Marshall no fim do seacuteculo XIX elaborou o conceito de

distritos industriais em sua obra Princiacutepio de Economia (Marshall 1996) Este

conceito apresenta como padratildeo de organizaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de pequenas

empresas de mesma especialidade econocircmica aglomeradas em um mesmo

territoacuterio com relaccedilotildees articuladas e de proximidade Marshall jaacute ressaltava as

vantagens da vizinhanccedila de empresas do mesmo ramo em uma dada localidade

Esta proximidade permite que os atores pratiquem uma cooperaccedilatildeo ativa e

produtora de sinergia (LE BOURLEGAT 2006)

As vaacuterias estrateacutegias de consolidaccedilatildeo de sistema produtivo local a exemplo

dos distritos industriais italianos tambeacutem chamada de Terceira Itaacutelia (centro e

nordeste italiano) satildeo as que mais se aproximam do conceito de Marshall onde

uma aglomeraccedilatildeo de pequenas empresas eacute organizada por uma divisatildeo de trabalho

baseada no equiliacutebrio entre concorrecircncia e cooperaccedilatildeo funcionando em rede Essa

estrateacutegia impulsiona inovaccedilotildees contiacutenuas e especializa a produccedilatildeo de produtos de

alta qualidade (AMARAL FILHO et al 2002)

Segundo Casarotto Filho e Pires (2001) os distritos industriais italianos satildeo

constituiacutedos de pequenas e meacutedias empresas especializadas em um setor com

modelo altamente competitivo de grande interaccedilatildeo com compartilhamento das

estruturas produtivas e com ambiente social territorial

Para Castanhar (2006) os distritos industriais possuem relaccedilotildees sociais

poliacuteticas e econocircmicas que influenciam o interior do sistema produtivo Neste caso o

sucesso dos distritos depende da dimensatildeo econocircmica (organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

tecnologia mercados produtividade) e das dimensotildees social e poliacutetico-institucional

A partir de 1990 o economista Michael Porter em seu livro Competitive

Advantages of Nations (PORTER 1999) definiu o conceito de cluster como ldquoum

agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e

instituiccedilotildees correlatas numa determinada aacuterea vinculada por elementos comuns e

27

complementaresrdquo ou seja eacute uma concentraccedilatildeo de empresas que se comunicam por

possuiacuterem caracteriacutesticas semelhantes e coabitarem no mesmo local Elas

colaboram entre si e assim se tornam mais eficientes

Segundo Schmitz e Nadvi (1999) o termo cluster eacute definido como sendo uma

concentraccedilatildeo setorial e espacial de empreendimentos com ecircnfase na visatildeo de

empresas conectadas em fatores locais voltados para a competiccedilatildeo em mercados

globalizados

Para Galvatildeo (2000) um cluster pode ser considerado como ldquotodo tipo de

aglomeraccedilatildeo de atividades geograficamente concentradas e setorialmente

especializadas ndash natildeo importando o tamanho das unidades produtivas nem a

natureza da atividade econocircmica desenvolvida podendo ser da induacutestria de

transformaccedilatildeo do setor de serviccedilos e ateacute da agriculturardquo

Amato Neto (2008) afirma que um cluster pode ser estruturado por

aglomeraccedilotildees de empresas envolvendo fornecedores de mateacuteria-prima e

equipamentos canais de distribuiccedilatildeo e de assistecircncia aos seus produtos

Ainda para Amato Neto (2008) um cluster possui um ambiente favoraacutevel para

a divisatildeo de tarefas entre empresas bem como para a especializaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

requisitos indispensaacuteveis para a competiccedilatildeo em mercados externos Neste

ambiente as empresas pertencentes a um cluster possuem grande sinergia

Segundo Porter (1999 p239) a dimensatildeo da competitividade para

aglomerados produtivos sugere novas pautas de accedilotildees para as empresas governos

e instituiccedilotildees Para o autor eacute necessaacuterio dar ecircnfase agrave localizaccedilatildeo e aos espaccedilos

geograacuteficos em que estatildeo inseridas as empresas que aleacutem de competirem

cooperam entre si Esse conceito analisa a natureza da competiccedilatildeo e o papel da

localizaccedilatildeo na identificaccedilatildeo de vantagens competitivas A teoria sobre aglomerados

para o autor busca avaliar os efeitos na competitividade decorrentes da

aproximaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees que estatildeo economicamente interligadas

num determinado territoacuterio

No Brasil pesquisadores preocupados em compreender a natureza e

consequecircncias dos atuais desafios do desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico e

portanto da dificuldade de definir e implementar poliacuteticas adequadas aos mesmos

28

criaram em 1997 a RedeSist7 uma rede de pesquisa interdisciplinar e multi-

institucional sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro - UFRJ contando com a participaccedilatildeo de vaacuterias universidades e institutos de

pesquisa

De acordo com o conceito de sistemas e arranjos produtivos desenvolvido

pela RedeSist quando houver produccedilatildeo de bens ou serviccedilo existiraacute um arranjo que

envolve atividades e atores demandantes de mateacuteria-prima maacutequinas e insumos

Esses arranjos poderatildeo se apresentar em diferentes niacuteveis desde os mais

rudimentares que natildeo possuam uma forte articulaccedilatildeo entre os agentes ateacute os mais

complexos e articulados que apresentam interaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e confianccedila entre os

atores

Em 2002 Albagli e Brito definem Arranjo Produtivo Local ndash APL como

ldquoaglomerados territoriais de agentes econocircmicos poliacuteticos e sociais com foco em

um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas e que apresentam viacutenculos e

interdependecircnciardquo

Neste sentido a formaccedilatildeo de um APL manteacutem ligaccedilatildeo estreita com os fatores

histoacutericos que criam identidades e viacutenculos territoriais com base social cultural

poliacutetica e econocircmica comum Tal formaccedilatildeo cria facilidades para o desenvolvimento

de ambientes favoraacuteveis agrave cooperaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo e agrave confianccedila entre os agentes

locais envolvidos

Lastres e Cassiolato (2003) coordenadores da RedeSist acrescentam

Arranjos Produtivos Locais satildeo aglomeraccedilotildees territoriais de agentes econocircmicos

poliacuteticos e sociais - com foco em um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas -

que apresentam viacutenculos mesmo que incipientes Geralmente envolvem a

participaccedilatildeo e a interaccedilatildeo de empresas - que podem ser desde produtoras de bens

e serviccedilos finais ateacute fornecedoras de insumos e equipamentos prestadoras de

consultoria e serviccedilos comercializadoras clientes entre outros - e suas variadas

formas de representaccedilatildeo e associaccedilatildeo Incluem tambeacutem diversas outras instituiccedilotildees

puacuteblicas e privadas voltadas para formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

(como escolas teacutecnicas e universidades) pesquisa desenvolvimento e engenharia

poliacutetica promoccedilatildeo e financiamento

7 Redisist - httpwwwredesistieufrjbr

29

Em 2005 sentindo a necessidade de ampliar e adequar o conceito de APL

para um novo cenaacuterio econocircmico e social do paiacutes a RedeSist propocircs uma definiccedilatildeo

mais completa O novo conceito denominado Arranjo e Sistema Produtivo e

Inovativo Local ndash ASPIL tem como foco um conjunto especiacutefico de atores e

atividades econocircmicas e que privilegia a investigaccedilatildeo das articulaccedilotildees entre as

empresas associaccedilotildees cooperativas e demais atores que compotildeem o arranjo os

fluxos de conhecimento em particular o taacutecito os processos de aprendizado para

capacitaccedilatildeo produtiva a forma organizacional e inovativa aleacutem da importacircncia da

proximidade geograacutefica e identidade histoacuterica institucional social e cultural com

base em vantagens competitivas e economicamente sustentadas (LASTRES

CASSIOLATO CAMPOS 2006)

A abrangecircncia do conceito acima converge para uma visatildeo de agrupamento

de produtores ou empresas ao conceito de territorialidade tendo como resultado a

construccedilatildeo sociopoliacutetica necessaacuteria para se constituir as bases para um efetivo

pacto territorial em prol do desenvolvimento local de uma regiatildeo Essa conexatildeo

permite que atividades produtivas e territorialidade seja o principal lastro de

sustentabilidade de um APL

Com o objetivo de discutir a dimensatildeo conceitual do que realmente eacute um APL

e quais as vantagens que os agentes participantes desta conformaccedilatildeo

sociogeograacutefica de produccedilatildeo logram Costa (2007 p127) define o termo APL como

Um espaccedilo social econocircmico e historicamente construiacutedo atraveacutes de uma

aglomeraccedilatildeo de empresas (ou produtores) similares eou fortemente inter-

relacionadas ou interdependentes que interagem numa escala espacial local

definida e limitada atraveacutes de fluxos de bens e serviccedilos Para isto desenvolvem

suas atividades de forma articulada por uma loacutegica socioeconocircmica comum que

aproveita as economias externas o binocircmio cooperaccedilatildeo-competiccedilatildeo a identidade

sociocultural do local a confianccedila muacutetua entre os agentes do aglomerado as

organizaccedilotildees ativas de apoio para a prestaccedilatildeo de serviccedilos os fatores locais

favoraacuteveis (recursos naturais recursos humanos cultura sistemas cognitivos

logiacutestica infraestrutura etc) o capital social e a capacidade de governanccedila da

comunidade

Neste caso um APL pode ser entendido como um grupo de atores

pertencentes a um aglomerado produtivo que tecircm como finalidade o crescimento de

uma produccedilatildeo por meio da interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo O autor destaca que o termo

30

APL se refere agrave concentraccedilatildeo de quaisquer atividades similares atuantes em um

mesmo espaccedilo geograacutefico natildeo importando o tamanho das empesas podendo estas

pertencer ao setor primaacuterio secundaacuterio ou ateacute mesmo terciaacuterio variando desde

estruturas artesanais ateacute arranjos de grandes empresas com elevado grau de

tecnologia

A partir dessas definiccedilotildees o entendimento e aplicaccedilatildeo do conceito de APL se

tornou nos uacuteltimos anos uma ferramenta importante no desenvolvimento

socioeconocircmico de uma regiatildeo Entretanto se faz necessaacuterio o compartilhamento e

socializaccedilatildeo desse conceito entre os diversos atores que compotildeem um

agrupamento produtivo sobretudo em territoacuterios que desenvolvem atividades

econocircmicas agriacutecolas e artesanais que ainda possuem baixos iacutendices de

desenvolvimento socioeconocircmico de organizaccedilatildeo produtiva e de inclusatildeo social

Para obtenccedilatildeo desse nivelamento estrateacutegias educacionais com abordagens

especiacuteficas tais como conhecimentos e inovaccedilatildeo se fazem necessaacuterios para que o

conceito de APL seja compreendido por todos os atores e parceiros Essa

compreensatildeo requer a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos instituiccedilotildees de ensino

pesquisa e do setor privado como forma de sensibilizar o agrupamento produtivo

para a importacircncia de um APL e as vantagens que esse aglomerado poderaacute trazer

para um territoacuterio ou mesmo uma regiatildeo

Com essa visatildeo o conhecimento e a inovaccedilatildeo fontes de vantagens

competitivas resultam de um processo de aprendizado interativo e de natureza

social Uma condiccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do aprendizado por

interaccedilatildeo eacute o estabelecimento de uma mesma forma de comunicaccedilatildeo entre os

agentes de modo a facilitar o intercacircmbio de informaccedilotildees Nos APLs normalmente

o canal de comunicaccedilatildeo jaacute estaacute criado o que simplifica o fluxo e a difusatildeo de

informaccedilotildees e conhecimento Em consequecircncia poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a

estruturaccedilatildeo de APLs podem contribuir para a obtenccedilatildeo de vantagens competitivas

advindas dos processos de interaccedilatildeo por parte das empresas inseridas nos arranjos

Neste caso as condiccedilotildees institucionais e culturais permitem o intercacircmbio de

conhecimento sobretudo o conhecimento taacutecito fundamental para o processo

inovativo que traz consigo o conhecimento intriacutenseco dos atores que jaacute participam

de uma aglomeraccedilatildeo produtiva

31

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs

Nesta seccedilatildeo seraacute discutido o conceito de poliacuteticas puacuteblicas e quais as

poliacuteticas existentes voltadas para Arranjos Produtivos Locais no acircmbito federal

estadual e municipal

Poliacuteticas puacuteblicas satildeo accedilotildees governamentais assumidas pelos governos e

instituiccedilotildees puacuteblicas estatais com o objetivo de concretizar os direitos humanos

coletivos ou direitos sociais garantidos em lei Natildeo se pode falar em poliacutetica puacuteblica

dissociada da relaccedilatildeo entre estado e sociedade

As poliacuteticas compreendem tudo o que o Estado faz em prol do

desenvolvimento do paiacutes Nessa compreensatildeo essas poliacuteticas podem oportunizar a

melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo redistribuindo renda e reduzindo as

desigualdades sociais

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo explicitadas sistematizadas ou formuladas em

documentos (leis programas linhas de financiamentos) que orientam accedilotildees que

normalmente envolvem aplicaccedilotildees de recursos puacuteblicos

Tais poliacuteticas tambeacutem traduzem no seu processo de elaboraccedilatildeo e

implantaccedilatildeo e sobretudo em seus resultados formas de exerciacutecio do poder poliacutetico

e econocircmico (accedilotildees governamentais) envolvendo a distribuiccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de

poder o papel do conflito social nos processos de decisatildeo a reparticcedilatildeo de custos e

benefiacutecios socioeconocircmicos

Como o poder eacute uma relaccedilatildeo social que envolve vaacuterios atores com projetos e

interesses diferenciados e ateacute contraditoacuterios haacute necessidade de mediaccedilotildees sociais

e institucionais para que se possa obter um miacutenimo de consenso e assim as

poliacuteticas puacuteblicas possam ser legitimadas e obter eficaacutecia (TEIXEIRA 2002)

O estudo e a anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas que deram subsiacutedios a este

trabalho mostram que algumas regiotildees brasileiras tecircm alcanccedilado destaque no

cenaacuterio nacional cujas atividades econocircmicas e sociais satildeo voltadas para o

desenvolvimento de APLs Esses arranjos vecircm se consolidando a cada dia onde

poliacuteticas satildeo implementadas e executadas de forma adequada agraves necessidades de

cada territoacuterio

32

Ressalta-se que para a obtenccedilatildeo de resultados positivos com a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas satildeo necessaacuterias estrateacutegias de acompanhamento e

de afericcedilatildeo dos resultados alcanccedilados levando-se em consideraccedilatildeo programas que

sejam intensos em conhecimento regional cultural social e que proporcionem

sustentabilidade ambiental

Uma percepccedilatildeo mais holiacutestica do soerguimento de uma regiatildeo recai sobre a

visatildeo da participaccedilatildeo da sociedade na formulaccedilatildeo de poliacuteticas que contemplem a

reduccedilatildeo da desigualdade social e a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e renda principalmente

em aacutereas rurais

Sendo assim na concepccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica vaacuterios fatores devem ser

considerados o desenvolvimento regional como parte essencial da estrateacutegia do

desenvolvimento nacional as vocaccedilotildees econocircmicas existentes em cada regiatildeo a

formulaccedilatildeo de programas que permitam associar as diferentes dimensotildees do

desenvolvimento sustentaacutevel a implantaccedilatildeo de projetos estruturantes e a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas agraves necessidades das comunidades e agraves

condiccedilotildees das diferentes regiotildees e territoacuterios brasileiros

Dentro desta visatildeo a poliacutetica para APL desponta como um indutor de

desenvolvimento econocircmico social e cultural sobretudo em regiotildees produtivas

ainda consideradas de baixa renda

Buscando efetivar accedilotildees que permitam aos estados brasileiros a se

desenvolverem economicamente e com equidade social o Governo Federal tem

monitorado as accedilotildees dos programas governamentais colocados em seu Plano

Plurianual ndash PPA buscando averiguar o desenvolvimento e atuaccedilatildeo desses

programas

Este acompanhamento eacute realizado por oacutergatildeos federais e tem como finalidade

verificar a eficiecircncia dos programas e obter dados que comprovem o

desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes sobretudo das regiotildees mais carentes A

implementaccedilatildeo desses programas tem como prioridades a inclusatildeo social de

indiviacuteduos a geraccedilatildeo de emprego e renda a ampliaccedilatildeo de novos empreendimentos

em aacutereas produtivas a fixaccedilatildeo das populaccedilotildees rurais em aacutereas com potencial

econocircmico e cultural para ampliaccedilatildeo de agronegoacutecios o espraiamento da agricultura

familiar e a estruturaccedilatildeo de APLs economicamente viaacuteveis

33

Neste sentido o governo brasileiro tambeacutem tem despertado para a grande

problemaacutetica do desemprego e para o crescente nuacutemero de habitantes nas

metroacutepoles Como alternativa os oacutergatildeos governamentais entenderam que os APLs

podem ser uma estrateacutegia para valorizaccedilatildeo do local empregando pessoas da

comunidade evitando assim o ecircxodo para os grandes centros urbanos

Uma das estrateacutegias que o Governo Federal encontrou para alavancar os

APLs foi a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que apoiem e ajudem no desenvolvimento

dessas aglomeraccedilotildees de empresas e de organizaccedilotildees produtivas Essas poliacuteticas de

incentivos aos arranjos produtivos locais no paiacutes tecircm se tornado consistentes jaacute

sendo possiacutevel visualizar resultados satisfatoacuterios com sua implementaccedilatildeo

(BARROSO SOARES 2009)

Aleacutem do mais as poliacuteticas de desenvolvimento local principalmente aquelas

direcionadas para APLs tecircm gerado respostas positivas aos desafios impostos por

um novo padratildeo social e tecnoloacutegico de produccedilatildeo e pelas novas estrateacutegias de

desenvolvimento regional endoacutegeno

Sendo assim em uma economia que tem como um dos principais elementos

de competitividade a inovaccedilatildeo poliacuteticas que estimulem a cooperaccedilatildeo o aprendizado

e o intercacircmbio de conhecimento tornam-se significativas para que o processo

inovativo produza soluccedilotildees agraves necessidades impostas por esse novo padratildeo vigente

dentro dos arranjos produtivos (GOacuteES GUERRA 2008)

Eacute de relevacircncia ainda frisar que estas accedilotildees de poliacuteticas tanto puacuteblicas como

privadas contribuem para o aprimoramento desses processos inovativos tanto

histoacutericos como sociais e fomentam a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de APLs que

por sua vez permitem um melhor direcionamento das poliacuteticas de desenvolvimento

regional (ALBAGLI BRITO 2002)

Essas iniciativas governamentais segundo Brito e Cassiolato (2002) vecircm se

intensificando cada vez mais no uso de accedilotildees que visam o aumento das

articulaccedilotildees e interaccedilotildees entre empresas eou atores locais O desdobramento

desse processo contribui para a identificaccedilatildeo de fatores relacionados ao grau de

competitividade e perspectivas de desenvolvimento em escala local e regional

Historicamente o estudo das aglomeraccedilotildees produtivas na forma de APLs

ganhou relevacircncia na uacuteltima deacutecada no Brasil a partir de experiecircncias bem-

34

sucedidas de organizaccedilatildeo produtivaindustrial em diferentes paiacuteses em particular na

Itaacutelia Estas experiecircncias chamaram a atenccedilatildeo de diversos oacutergatildeos puacuteblicos e

instituiccedilotildees nacionais e locais que passaram a implementar medidas de apoio para

promover a competitividade das empresas integrantes de aglomeraccedilotildees industriais

(SCHIMIDT FILHO PAULA 2008)

No Brasil a partir de 1997 o conceito de APL e Sistemas Inovativos Locais foi

rapidamente disseminado na esfera do ensino e da pesquisa e na esfera

governamental com a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

No final da deacutecada de 90 a academia passa a discutir a importacircncia do

conceito de APL e incorpora o desejo e a necessidade de promover uma discussatildeo

mais profunda sobre as novas ameaccedilas e oportunidades para os paiacuteses latino-

americanos ndash e particularmente o Brasil ndash diante das mudanccedilas recentes

Com o objetivo de ampliar e divulgar estudos sobre o referido tema em 1997

foi criada a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais ndash

RedeSist sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro

Os pesquisadores participantes dessa rede visam desenvolver trabalhos de

pesquisa e discutir temas que estatildeo relacionados aos novos requerimentos e formas

de desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico bem como averiguar o papel os

objetivos e os instrumentos de poliacuteticas tecnoloacutegicas e industriais adotadas no novo

cenaacuterio internacional Atualmente a RedeSist conta com a participaccedilatildeo de vaacuterias

universidades e institutos de pesquisa no Brasil aleacutem de manter parcerias com

outras instituiccedilotildees da Ameacuterica Latina Europa e Aacutesia (RedeSist 2011)

Os principais resultados das pesquisas realizadas pela RedeSist confirmam

que a aglomeraccedilatildeo de empresas e o aproveitamento das sinergias coletivas geradas

por suas interaccedilotildees vecircm fortalecendo suas chances de sobrevivecircncia e crescimento

constituindo-se em importante fonte geradora de vantagens competitivas

duradouras

A participaccedilatildeo dinacircmica em arranjos produtivos locais tem auxiliado

especialmente as empresas enquadradas como Micro Pequena e Meacutedia Empresa -

MPME a ultrapassarem as barreiras que impedem seu crescimento a produzirem

35

eficientemente e a comercializarem seus produtos em mercados nacionais e ateacute

internacionais

Partindo da necessidade de modernizaccedilatildeo do Estado e de investimentos no

setor produtivo do paiacutes o Governo Federal buscou efetivar poliacuteticas para que os

oacutergatildeos puacuteblicos tivessem maior controle nos seus gastos e que o Brasil investisse

em programas e projetos estruturantes

A ideia dessas poliacuteticas era natildeo mais financiar projetos isolados e sim investir

em projetos coletivos que pudessem beneficiar territoacuterios socioeconocircmicos para as

regiotildees com vocaccedilotildees naturais jaacute identificadas e promotoras de atividades

econocircmicas sustentaacuteveis

Em 1998 o Governo institui o Programa de Estabilidade Fiscal e em 2000 a

Lei de Responsabilidade Fiscal ndash LRF (Lei Complementar 101 de 04 de maio de

2000 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 05052000) Esta lei regulamentava o

planejamento fiscal como forma de orientar os gastos futuros

Em 1999 visando a Reforma do Estado o Governo promulgou a lei 981199

que definia as diretrizes para elaboraccedilatildeo da lei orccedilamentaacuteria de 2000 e em 21 de

julho de 2000 publicou a LEI Nordm 9989 que instituiu o Plano Plurianual ndash PPA para o

quadriecircnio 2000-2003 (Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 27072000) Esse PPA teve como

objetivo elaborar normas para a programaccedilatildeo dos recursos e do ciclo de gestatildeo do

setor puacuteblico definindo as estrateacutegias para a elaboraccedilatildeo do plano e do orccedilamento

bem como o acompanhamento da execuccedilatildeo orccedilamentaacuteria financeira e a avaliaccedilatildeo

do desempenho da accedilatildeo governamental

A incorporaccedilatildeo do conceito de APL como poliacutetica puacuteblica pelo Governo

Federal teve iniacutecio em 1999 no acircmbito do Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia ndash

MCT Em parceria com os Estados da Federaccedilatildeo foram identificados APLs que

tiveram projetos de cooperaccedilatildeo entre institutos de pesquisa e empresas visando

aprimorar produtos e processos oriundos desses aglomerados Foi tambeacutem incluiacuteda

pela primeira vez uma accedilatildeo para APLs no Plano Plurianual do Governo (PPA 2000-

2003) de responsabilidade do MCT (LASTRES 2007)

Neste periacuteodo tambeacutem foram apoiadas pesquisas acadecircmicas tanto de cunho

teoacuterico como empiacuterico financiadas pelas agecircncias vinculadas ao MCT Conselho

36

Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash CNPq e a Financiadora de

Estudos e Projetos ndash FINEP

Reconhecendo a importacircncia dos APLs que refletem uma nova percepccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento em que o local passa a ser visto como eixo

orientador de promoccedilatildeo social o Governo Federal instituiu atraveacutes da Portaria

Interministerial nordm 200 de 03082004 (e reeditada em 24102005) o Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais ndash GTP APL coordenado pelo

Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

O GTP APL tem como finalidade elaborar e propor diretrizes gerais para as

accedilotildees coordenadas de apoio a Arranjos Produtivos Locais Este grupo elaborou em

2004 um Termo de Referecircncia para Poliacutetica Nacional de Apoio ao Desenvolvimento

de Arranjos Produtivos Locais - Versatildeo para discussatildeo do GT Interministerial (MDIC

2004) definindo a caracterizaccedilatildeo de um APL a partir de duas premissas ter um

nuacutemero significativo de empreendimentos no territoacuterio e de indiviacuteduos que atuam em

torno de uma atividade produtiva predominante e compartilhar formas percebidas de

cooperaccedilatildeo e algum mecanismo de governanccedila8 podendo ser incluiacutedas pequenas

meacutedias e grandes empresas

Para solidificar esta poliacutetica o trabalho do GTP APL conta com a participaccedilatildeo

de 33 oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais e tem mapeado 142 APLs

prioritaacuterios (de maior relevacircncia socioeconocircmica) identificados atraveacutes do Plano de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP nos 27 estados brasileiros Outra accedilatildeo

importante orientada pelo GTP APL em todo o Brasil foi a instalaccedilatildeo dos Nuacutecleos

Estaduais que tecircm como objetivo organizar as demandas dos APLs analisar suas

propostas e promover as articulaccedilotildees institucionais com vistas ao apoio demandado

Os Nuacutecleos Estaduais satildeo compostos por entidades dos diversos segmentos da

sociedade capazes de planejar e executar accedilotildees identificadas na elaboraccedilatildeo dos

PDPs (GTP-APL 2007)

A partir de 2007 com o intuito de fomentar projetos produtivos de APLs de

baixa renda e ampliar o alcance de sua atuaccedilatildeo o BNDES utilizando recursos natildeo

8 Mecanismo de governanccedila ndash Existecircncia de canais (pessoas fiacutesicas ou organizaccedilotildees) capazes de Liderar e organizar atores em prol de objetivos comuns nas atividades em APL ou coordenar as accedilotildees dos diferentes atores para o cumprimento de objetivos comuns ou negociar os processos decisoacuterios locais ou promover processos de geraccedilatildeo disseminaccedilatildeo e uso de conhecimentos (MDIC 2004)

37

reembolsaacuteveis do Fundo Social firma parceria com os governos dos Estados

(LASTRES LEMOS KAPLAN GARCEZ MAGALHAtildeES 2010) Esta parceria

objetivava complementar o apoio financeiro concedido pelos Estados a

empreendimentos solidaacuterios de baixa renda contribuindo dessa forma para a

reduccedilatildeo de desigualdades sociais e geraccedilatildeo de trabalho e renda A poliacutetica adotada

tinha como finalidade desenvolver e adensar atividades econocircmicas em aacutereas de

populaccedilotildees de baixa renda cujas caracteriacutesticas produtivas estivessem naturalmente

sendo desenvolvidas como aglomerados produtivos

Outra agecircncia de fomento agrave pesquisa e desenvolvimento de APLs eacute o Fundo

de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash FUNDECI administrado pelo

Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste ndash ETENE do Banco do

Nordeste do Brasil SA ndash BNB Essa agecircncia tem apoiado projetos de pesquisa

difusatildeo e transferecircncia de tecnologia para arranjos produtivos locais no Nordeste

brasileiro9

Tendo em vista que diversas instituiccedilotildees estatildeo aplicando poliacuteticas puacuteblicas

para o desenvolvimento socioeconocircmico voltado para APLs faz-se necessaacuterio

analisar quais as contribuiccedilotildees que tais poliacuteticas tem proporcionado para a

estruturaccedilatildeo de Arranjos Produtivos Locais na Paraiacuteba e quais os entraves

encontrados na sua implementaccedilatildeo

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento

Regional Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs

O conceito de sustentabilidade parte da necessidade de estimular e

potencializar os recursos locais capazes de promover o crescimento econocircmico

social e cultural e de minimizar os impactos ambientais

Haddad (2003) afirma que este conceito natildeo se prende somente a

produtividade dos recursos naturais e de conservaccedilatildeo da base fiacutesica de uma regiatildeo

ou paiacutes mas frisa a importacircncia da equidade interpessoal (sustentabilidade social) e

9 httpwwwbnbgovbrcontentaplicacaosobre_nordestefundecigeradosfundeci_obtendoasp

38

intertemporal (sustentabilidade ambiental) considerando uma regiatildeo que natildeo sofra

com o uso indevido dos recursos naturais por empreendimentos econocircmicos

A importacircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel eacute priorizada

segundo as dimensotildees sociais considerando o processo de organizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo e a participaccedilatildeo da sociedade civil na formataccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

para as regiotildees Este desenvolvimento enfatiza tambeacutem a valorizaccedilatildeo dos recursos

econocircmicos humanos institucionais e culturais

Esse padratildeo de desenvolvimento avalia as capacidades e potencialidades

existentes no territoacuterio Novas poliacuteticas devem proporcionar o fortalecimento de um

ambiente adequado e satisfatoacuterio agrave criaccedilatildeo e implantaccedilatildeo de sistemas produtivos

locais bem como ampliar as relaccedilotildees sociais econocircmicas tecnoloacutegicas e

comerciais entre os diversos atores participantes do processo de desenvolvimento

Partindo desta ideia o conceito de APL pode ser fortalecido se a este for

associada a visatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel enfocando o aprendizado jaacute

adquirido pelos atores a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica capaz de melhorar os sistemas

produtivos e a territorialidade

A estrateacutegia de analisar o APL da Citricultura sob a oacutetica do desenvolvimento

sustentaacutevel teve como objetivo entender o territoacuterio estudado e averiguar o

desenvolvimento socioeconocircmico do APL sua trajetoacuteria e seu crescimento regional

Sendo assim tal anaacutelise permitiu ampliar os conhecimentos sobre a sinergia

coletiva gerada no arranjo e propor accedilotildees para que empresas associaccedilotildees e

cooperativa existentes no aglomerado produtivo sejam indutoras de vantagens

competitivas duradouras

No proacuteximo capiacutetulo eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina da Paraiacuteba bem como suas potencialidades problemas

identificados e as instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo promotoras de poliacuteticas puacuteblicas

para o segmento

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA TANGERINA NA PARAIacuteBA

A partir dos diagnoacutesticos elaborados pela EMEPA (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2006 e LOPES ALBUQUERQUE BRITO 2008) eacute possiacutevel caracterizar o

Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba pois

mesmo natildeo estando consolidado este segmento apresenta um conjunto de

variaacuteveis e accedilotildees de trabalho relacionados a um APL Este aglomerado produtivo

possui produtores participantes de associaccedilotildees nos municiacutepios de produccedilatildeo de

tangerina distribuidores comercializadores (atravessadores) mercado consumidor

demandante organizaccedilotildees voltadas agrave formaccedilatildeo e treinamento de recursos

humanos informaccedilatildeo pesquisa e desenvolvimento instituiccedilotildees de apoio ao fomento

e a regulaccedilatildeo e uma clara percepccedilatildeo de cooperaccedilatildeo e governanccedila atraveacutes da

existecircncia de uma cooperativa

Nesta seccedilatildeo seraacute apresentado o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

como ele estaacute estruturado e quais os problemas que impedem a sua consolidaccedilatildeo

como um arranjo produtivo local sustentaacutevel

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

O Brasil eacute o maior produtor mundial de laranja cuja produccedilatildeo foi

aproximadamente 191 milhotildees de toneladas em 2010 seguido dos Estados Unidos

da Ameacuterica - EUA com 75 milhotildees O Brasil tambeacutem eacute o maior exportador de suco

de laranja concentrado tendo exportado no ano de 2009 aproximadamente 575 mil

toneladas (FAO 2012) Os principais mercados consumidores de suco satildeo a Uniatildeo

Europeia comprando 72 e os Estados Unidos 121 (MDIC 2012)

A cultura ciacutetrica eacute a mais importante dentre as fruteiras cultivadas no Brasil

No entanto a produccedilatildeo brasileira estaacute concentrada em laranjas (cultivares Pera Rio

Valecircncia e Pera Natal) para a fabricaccedilatildeo de suco destinado aos mercados de

exportaccedilatildeo (PEREIRA 2009)

40

O grande propulsor do crescimento da induacutestria ciacutetrica nacional foi a geada

que atingiu em 1962 os pomares da Floacuterida nos Estados Unidos considerados ateacute

entatildeo os maiores produtores mundiais de laranja (NEVES 2010)

A consolidaccedilatildeo da induacutestria brasileira ocorreu definitivamente apoacutes as geadas

que voltaram a castigar a Floacuterida no final da deacutecada de 1980 causando perdas

substanciais na produccedilatildeo americana de laranja Com isso as exportaccedilotildees de suco

brasileiro se firmaram e a induacutestria nacional entrou numa fase de franca expansatildeo

(NEVES 2010)

A citricultura no Brasil desenvolveu-se dessa forma para a oferta de suco ao

mercado internacional Apenas 18 da produccedilatildeo satildeo destinados ao mercado

interno e nesse percentual os citros de mesa aparecem com baixa

representatividade (MAPA 2009)

A produccedilatildeo de citros encontra-se distribuiacuteda em quase todo o territoacuterio

nacional localizando-se principalmente nos estados de Satildeo Paulo Bahia Minas

Gerais Sergipe e Paranaacute (IBGE 2012)

Na regiatildeo Sudeste satildeo produzidos 8414 dos citros ao contraacuterio da regiatildeo

Nordeste responsaacutevel por apenas 912 da produccedilatildeo (MAPA 2009)

A regiatildeo Nordeste possui alguns polos de produccedilatildeo de citros de mesa

todavia natildeo satildeo suficientes para atender a demanda dos mercados de consumo ou

seja a produccedilatildeo de laranjas tangerinas limas aacutecidas e limotildees eacute menor que a

demandada pelo mercado consumidor (MAPA 2009)

Os estados da Bahia e de Sergipe destacam-se como os principais

produtores de citros (principalmente laranja) Entretanto a Paraiacuteba assume o

ranking de maior produtor de tangerina dentre os nove estados nordestinos (Quadro

2)

41

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do Nordeste

Estados Nordestinos produtores

Aacuterea plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Nordeste 3815 41267 10817 17216

Maranhatildeo 23 68 2957 46

Piauiacute 22 182 8273 148

Cearaacute 333 2207 6628 1162

Rio Grande do Norte 20 240 12000 72

Paraiacuteba 1892 14436 7630 4999

Pernambuco 333 3366 10108 2663

Sergipe 431 6586 15281 2314

Bahia 761 14182 18636 5813

Fonte IBGE (2010b)

A produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba (IBGE 2010b) concentra-se no Planalto da

Borborema (Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano) com aproximadamente 3150 ha

cultivados sendo 1892 ha de tangerinas 867 ha de laranjas e 391 ha de lima aacutecida

Tahiti tambeacutem conhecida entre os consumidores brasileiros como limatildeo Tahiti

No Quadro 3 eacute apresentado um comparativo da produccedilatildeo de citros (laranja

tangerina e limatildeo) da Paraiacuteba entre os anos de 2008 e 2010 Verifica-se que houve

um pequeno aumento na aacuterea plantada (44) e na quantidade produzida (33) de

tangerina

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

Produto Ano Aacuterea

plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Tangerina 2008 1812 13974 7711 4261

2010 1892 14404 7630 4999

Laranja 2008 1007 5527 5489 1874

2010 862 5314 6164 1910

Limatildeo 2008 304 2212 7276 1515

2010 391 2527 6462 1602

Fonte IBGE (2008) e IBGE (2010b)

42

A regiatildeo possui um importante diferencial competitivo devido a sua safra

ocorrer nos meses de agosto a dezembro sendo a Paraiacuteba o uacutenico estado brasileiro

a produzir tangerina dancy nesse periacuteodo Essa produccedilatildeo gera forte impacto de

venda pois os valores de comeacutercio estatildeo em franca ascensatildeo Observa-se no

Quadro 3 que o valor pago pela produccedilatildeo aumentou em 17 de 2008 para 2010

Este diferencial competitivo eacute evidenciado por Pozzan e Triboni (2005) onde

afirmam que a oferta de tangerina no paiacutes acumula-se nos meses de abril a

setembro (Quadro 4) ficando os outros meses com uma oferta abaixo da

capacidade dos mercados Nesses meses os preccedilos de comercializaccedilatildeo atingem

patamares bastante compensadores devido agrave baixa oferta de produtos de qualidade

no mercado

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo

Cultura Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Laranja

Tangerina

Lima e lima aacutecida

Manga

Goiaba

Cana

Cafeacute

Soja

Natildeo irrigada hachurado escuro = colheita da safra principal hachurado claro = colheita da safra extemporacircnea

Fonte Pozzan amp Triboni (2005)

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina da Paraiacuteba eacute composto pelos

municiacutepios de Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de

Roccedila Massaranduba e Matinhas pertencentes agrave Mesorregiatildeo do Agreste

Paraibano Nesta regiatildeo concentra-se a maior produccedilatildeo desse fruto de mesa no

Estado Segundo o IBGE (2010b) a produccedilatildeo de tangerina na regiatildeo foi 14404

toneladas em 2010 Na Figura 3 eacute apresentada a produccedilatildeo colhida em 2010 em

cada municiacutepio pertencente ao APL

43

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 2010

Fonte Adaptado do IBGE (2010b)

A plantaccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba estaacute localizada numa altitude acima de

500m o que favorece a existecircncia de um microclima ameno com irregularidades

pluviomeacutetricas ocorrendo em meacutedia de 1000 a 1200 mmano distribuiacutedas de

marccedilo a agosto A partir do mecircs de setembro as chuvas satildeo esparsas ocorrendo

um periacuteodo de veranico A umidade relativa do ar eacute em meacutedia de 85 nos meses

mais frios do ano (maio a agosto) e a temperatura noturna varia de 10 a 18ordmC

Durante o dia a temperatura varia de 20 a 25ordmC nos meses mais frios e acima de

25ordmC no periacuteodo de veratildeo O clima exerce grande influecircncia sobre o vigor e a

longevidade das plantas qualidade e quantidade de frutos (LOPES

ALBUQUERQUE MOURA 2007)

A maioria dos produtores utilizam basicamente matildeo-de-obra familiar e

ocasionalmente contratam trabalhadores durante principalmente o periacuteodo de

colheita Satildeo aproximadamente dois mil pequenos produtores envolvidos com suas

respectivas famiacutelias O setor gera aproximadamente 4000 empregos diretos e 6000

empregos indiretos Os trabalhadores contratados satildeo da regiatildeo e natildeo haacute muitos

empregos formais A citricultura assume uma grande importacircncia para a regiatildeo e

para o Estado devido ao nuacutemero de pessoas envolvidas e agrave geraccedilatildeo de emprego e

renda (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

A citricultura da regiatildeo apresenta-se como tipicamente de minifuacutendio e

familiar com meacutedia de 223 haproprietaacuterio e 83 com um a trecircs membros da famiacutelia

envolvidos na atividade Quanto agrave experiecircncia com o cultivo da laranja 68 dos

44

citricultores vivenciam a atividade haacute mais de dez anos (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2007)

Contudo este segmento ainda possui diversos problemas que impedem o

pleno ecircxito da cultura de tangerina no APL O principal problema eacute a baixa

produtividade com rendimento meacutedio de 7630 kgha muito abaixo da produtividade

de Sergipe e Bahia com 15281 kgha e 18636 kgha respectivamente (Quadro 2)

Aleacutem disso analisando a produccedilatildeo de tangerina nos anos 2008 e 2010

(Quadro 3) verifica-se que houve um crescimento relativamente pequeno

considerando a existecircncia de diversas accedilotildees realizadas por instituiccedilotildees parceiras

atuantes no arranjo em prol do desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo10 Nota-

se inclusive que o rendimento meacutedio caiu 105 nesse periacuteodo

Segundo Lopes Albuquerque e Moura (2006) alguns dos problemas teacutecnicos

identificados como responsaacuteveis por essa baixa produtividade satildeo ausecircncia de

mudas de qualidade (mudas certificadas) espaccedilamentos inadequados adubaccedilatildeo

deficiente manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequado tratos culturais deficientes

problemas fitossanitaacuterios alternacircncia de produccedilatildeo colheita e poacutes-colheita

inadequadas (embalagens improacuteprias) e comercializaccedilatildeo deficitaacuteria

Outros problemas verificados pelo MAPA (2009) foram setor de fornecimento

de insumos eacute precaacuterio e insuficiente estradas vicinais e municipais natildeo satildeo

asfaltadas ainda natildeo haacute empacotadoras de frutas nem nenhuma estrutura para o

beneficiamento eou industrializaccedilatildeo natildeo haacute estruturas para a produccedilatildeo de

borbulhas sementes e mudas certificadas ausecircncia de um local especiacutefico para

armazenagem de insumos (calcaacuterio adubos e defensivos agriacutecolas) natildeo haacute

sistemas de irrigaccedilatildeo implantados as sedes das associaccedilotildees satildeo precaacuterias e muitas

vezes as reuniotildees satildeo realizadas em oacutergatildeos puacuteblicos o que pode desestimular a

participaccedilatildeo efetiva dos associados

Visando observar in loco os problemas identificados acima foram realizadas

visitas teacutecnicas na regiatildeo durante o ano de 2011 para entrevistar os representantes

das associaccedilotildees e da cooperativa dos municiacutepios pertencentes ao APL Essas

10

Na seccedilatildeo 33 seratildeo apresentadas as instituiccedilotildees parceiras atuantes no arranjo e o apoio dessas entidades ao

APL

45

visitas tiveram como objetivo observar a forma como os produtores realizam o

plantio dos pomares de tangerina e a organizaccedilatildeo produtiva existente em cada

municiacutepio Constatou-se que os plantios satildeo realizados sem criteacuterios teacutecnicos

(espaccedilamentos incorretos) e plantados muitas vezes de morro abaixo ocasionando

risco de erosatildeo do solo nos periacuteodos chuvosos

Foi identificada tambeacutem a existecircncia de baixos investimentos em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica bem como a falta de investimentos em sistemas irrigados ou unidades

demonstrativas que elevassem a produtividade do plantio da tangerina no APL

Percebeu-se ainda que os produtores natildeo investem na modernizaccedilatildeo dos

seus plantios pois para eles natildeo existe um esclarecimento sobre a importacircncia de

uma expansatildeo da produccedilatildeo visando o desenvolvimento do agronegoacutecio na regiatildeo

Aleacutem disso verificou-se que a venda da produccedilatildeo sazonal eacute realizada

diretamente entre produtores e atravessadores Estes uacuteltimos compram os frutos nos

pomares ou seja adquirem o lote de tangerina ainda na tangerineira Os

atravessadores ficam responsaacuteveis pela colheita retirando apenas as tangerinas

que tecircm aceitabilidade no mercado e deixando as de tamanho inadequado nos

pomares

Contudo na visita a cidade de Matinhas foi identificada a existecircncia de uma

cooperativa localizada naquele municiacutepio fundada em 1996 por um grupo de

citricultores com o objetivo de obter melhores condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo de

citros produzidos na regiatildeo De acordo com a atual presidente a Cooperativa dos

Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda ndash Coopertange passou por diversos

problemas de gestatildeo o que a impediu de cumprir com suas obrigaccedilotildees junto aos

seus cooperados ateacute 2009

A partir de 2010 a Coopertange sofreu uma reestruturaccedilatildeo e uma nova

diretoria foi eleita Esta diretoria passou a buscar parceiros e projetos que pudessem

ampliar os negoacutecios com a produccedilatildeo de laranja Nesse ano foi elaborado um projeto

para adquirir uma packing house destinada agrave lavagem classificaccedilatildeo e embalagem

de frutos Tal inovaccedilatildeo que ainda se encontra em fase de implantaccedilatildeo (construccedilatildeo

do galpatildeo e aquisiccedilatildeo do equipamento) abriraacute a possibilidade de conquistar novos

mercados e realizar negociaccedilotildees diretas com clientes sem passar por

atravessadores

46

Apesar da referida cooperativa natildeo estar atuando plenamente como empresa

acircncora a mesma tem desenvolvido accedilotildees buscando atingir seus objetivos junto ao

APL Tais accedilotildees foram aprovaccedilatildeo da DAP (Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf) para a

cooperativa o que facilita a venda de forma coletiva da produccedilatildeo de citros

proveniente da agricultura familiar parceria com a UFPB para realizaccedilatildeo de cursos

de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de viveiristas e produccedilatildeo de mudas padronizadas e

certificadas cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos e a formataccedilatildeo do modelo

administrativo da Coopertange a EMEPA (pesquisa para combate da mosca negra)

COOPERAR (projeto de uma faacutebrica para produccedilatildeo de polpa de tangerina) e BNB

(apoio a participaccedilatildeo de feiras e seminaacuterios) Estas accedilotildees visam consolidar a

Coopertange como a principal representante do APL

32 Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional delineada para o trabalho de dissertaccedilatildeo apresenta

os niacuteveis de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina

O APL eacute composto por oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais

empresas associaccedilotildees de produtores rurais e uma cooperativa As relaccedilotildees entre

esses oacutergatildeos determinam uma estrutura organizacional que define a dinacircmica do

arranjo

Na Figura 4 eacute apresentada essa estrutura organizacional com os niacuteveis de

atuaccedilatildeo e de envolvimento de cada instituiccedilatildeo A Coopertange eacute responsaacutevel pelo

diaacutelogo entre os produtores e as instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

Esta cooperativa tambeacutem eacute responsaacutevel pelo fomento agrave comercializaccedilatildeo e

inclusatildeo social dos seus cooperados Atualmente a referida cooperativa apesar de

contar com apenas 40 cooperados produtores e liacutederes das associaccedilotildees que

pertencem ao APL vem se estruturando para assumir a governanccedila do arranjo

No primeiro ciacuterculo (Figura 4) satildeo apresentados os municiacutepios que compotildeem

o arranjo caracterizados pela distacircncia entre eles e a Coopertange de no maacuteximo 35

quilocircmetros e por terem como principal atividade a produccedilatildeo de tangerina dancy Em

cada municiacutepio existe uma associaccedilatildeo de produtores rurais responsaacutevel pelas

47

reivindicaccedilotildees dos seus associados e atua como interlocutora junto agrave empresa

acircncora e agraves instituiccedilotildees parceiras

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

No segundo ciacuterculo pode-se visualizar a infraestrutura para o

desenvolvimento do arranjo composta por instituiccedilotildees de apoio teacutecnico fomento e

inovaccedilatildeo Dentre os apoios mais relevantes encontram-se extensatildeo rural

(EMATER) pesquisa e transferecircncia de tecnologia (UFPB UFCG EMBRAPA

UEPB e EMEPA) serviccedilo de apoio agrave capacitaccedilatildeo teacutecnica e tecnoloacutegica (UFPB

Escola Teacutecnica Agriacutecola de Lagoa Seca e SENAR) fomento e creacutedito rural (BB BNB

e Caixa Econocircmica Federal) oacutergatildeos governamentais responsaacuteveis pelas poliacuteticas

puacuteblicas (Governo do Estado Prefeituras Municipais MAPA MDA e CONAB)

organizaccedilotildees sindicais (FAEPA Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Associaccedilotildees

dos Produtores Rurais) serviccedilo de apoio agrave estruturaccedilatildeo de micro e pequenas

empresas (SEBRAE) e Foacuterum de Fruticultura da Borborema Este uacuteltimo tem uma

atuaccedilatildeo importante na organizaccedilatildeo do APL pois busca arregimentar todos os

parceiros visando trazer soluccedilotildees para o soerguimento do setor

48

No terceiro ciacuterculo estatildeo representados os empreendimentos de suporte ao

segmento (implementos agriacutecolas e fornecedores de insumo) logiacutestica (transporte

armazenamento e entrega) manutenccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (empresas

especializadas em metal-mecacircnica existente no distrito industrial de Campina

Grande) venda de veiacuteculos utilitaacuterios escritoacuterio de design (criaccedilatildeo de embalagens

roacutetulos e programaccedilatildeo visual para as empresas) e faacutebricas de embalagens

(localizadas em Campina Grande) Na regiatildeo encontra-se tambeacutem matildeo-de-obra

qualificada (agrocircnomos e especialistas em fruticultura) para atender as demandas

especiacuteficas do segmento da citricultura

A estrutura organizacional formatada tem como finalidade mapear os

principais parceiros envolvidos no arranjo e apresentar uma forma estruturada de

visualizaccedilatildeo dos atores com potencial para atender agraves demandas objetivando a

melhoria da produtividade da tangerina o aumento da competitividade do setor e a

organizaccedilatildeo dos produtores para buscar novos nichos de mercado

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL

Nesta seccedilatildeo seratildeo descritas algumas poliacuteticas puacuteblicas identificadas para o

arranjo oriundas de programas governamentais e entidades parceiras natildeo

governamentais que vecircm atuando no desenvolvimento socioeconocircmico do territoacuterio

em que se insere o APL

Para melhor compreensatildeo dessas poliacuteticas faz-se necessaacuterio conhecer as

instituiccedilotildees que atuam no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina e seu objetivos visando entender o apoio dessas entidades ao APL

estudado Tais objetivos satildeo descritos na seccedilatildeo 331

Em seguida na seccedilatildeo 332 eacute apresentado um histoacuterico das poliacuteticas puacuteblicas

implementadas para APLs na Paraiacuteba e que vecircm contribuindo para a consolidaccedilatildeo

do APL

49

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo

De acordo com os dados coletados durante a pesquisa documental e em

visitas teacutecnicas foram identificadas as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais mais atuantes no arranjo sendo elas MAPA SEDAP EMEPA

EMATER PMM UFPB SEBRAE e STRM

O Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA eacute

responsaacutevel pela gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de estiacutemulo agrave agropecuaacuteria pelo

fomento do agronegoacutecio e pela regulaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo de serviccedilos vinculados ao

setor O MAPA busca integrar sob sua gestatildeo os aspectos mercadoloacutegico

tecnoloacutegico cientiacutefico ambiental e organizacional do setor produtivo e tambeacutem dos

setores de abastecimento armazenagem e transporte de safras aleacutem da gestatildeo da

poliacutetica econocircmica e financeira para o agronegoacutecio

O MAPA tem como missatildeo promover o desenvolvimento sustentaacutevel e a

competitividade do agronegoacutecio em benefiacutecio da sociedade brasileira (MAPA 2012)

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca

ndash SEDAP eacute um oacutergatildeo da administraccedilatildeo direta do Governo do Estado da Paraiacuteba e

tem como finalidade formular implementar coordenar e monitorar as poliacuteticas

puacuteblicas voltadas ao desenvolvimento sustentaacutevel da agricultura e da pecuaacuteria

A SEDAP trabalha em sintonia com as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais incentivando o desenvolvimento por meio da interiorizaccedilatildeo das

accedilotildees estrateacutegicas implementadas por seus oacutergatildeos vinculados Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER Empresa Estadual de Pesquisa

Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash EMEPA Empresa Paraibana de Abastecimento e

Serviccedilos Agriacutecolas ndash EMPASA e Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da

Paraiacuteba ndash INTERPA

A missatildeo da SEDAP eacute planejar articular e promover as poliacuteticas de

desenvolvimento rural no Estado atraveacutes da pesquisa assistecircncia teacutecnica extensatildeo

rural defesa sanitaacuteria animal e vegetal regularizaccedilatildeo fundiaacuteria reforma agraacuteria

organizaccedilatildeo das comunidades rurais proteccedilatildeo alimentar e coordenaccedilatildeo das

cadeias produtivas e arranjos produtivos locais (SEDAP 2012)

50

A Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash

EMEPA-PB tem por finalidade o desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico aplicados

agrave agropecuaacuteria do Estado da Paraiacuteba competindo-lhe promover planejar

estimular supervisionar coordenar e executar atividades de pesquisa e

experimentaccedilatildeo colaborar na formaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica do

setor agriacutecola do Estado bem como programar e desenvolver pesquisas

diretamente ou em cooperaccedilatildeo com instituiccedilotildees puacuteblicas compreendidas na aacuterea de

atuaccedilatildeo da SEDAP e apoiar na formulaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica de

ciecircncia e tecnologia relativa ao setor agriacutecola na Paraiacuteba (EMEPA 2012b)

A Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER-PB eacute

uma empresa de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural vinculada agrave SEDAP

integrante do Sistema Brasileiro de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash

SIBRATER Satildeo objetivos baacutesicos da EMATER-PB colaborar com os oacutergatildeos

competentes da SEDAP e do MAPA na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo das poliacuteticas de

assistecircncia teacutecnica e extensatildeo no Estado e planejar coordenar e executar

programas de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural visando agrave difusatildeo de

conhecimentos de natureza teacutecnica econocircmica e social para aumento da produccedilatildeo

e produtividade agriacutecola e a melhoria das condiccedilotildees de vida no meio rural do Estado

da Paraiacuteba de acordo com a poliacutetica de accedilatildeo dos Governos Federal e Estadual

(EMATER 2012)

A Prefeitura Municipal de Matinhas ndash PMM eacute a sede do poder executivo do

municiacutepio de Matinhas O prefeito como representante do executivo tem como

dever acompanhar a execuccedilatildeo dos programas governamentais e fiscalizar a

aplicaccedilatildeo dos recursos A PMM tem como uma de suas principais accedilotildees o estiacutemulo

agrave organizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo Local da Citricultura na regiatildeo de Matinhas

(PMM 2012)

A Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino

superior vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo tem como objetivo promover o

desenvolvimento socioeconocircmico da Paraiacuteba do Nordeste e do Brasil Para tanto

propotildee-se na sua aacuterea de competecircncia a empreender accedilotildees visando

especificamente aos seguintes resultados formar profissionais nos niacuteveis de ensino

fundamental meacutedio superior e de poacutes-graduaccedilatildeo realizar atividades de pesquisa e

51

de extensatildeo pautar as suas atividades acadecircmicas pela busca do progresso das

ciecircncias letras e artes

A missatildeo da UFPB eacute definida como estar integrada agrave sociedade promover o

progresso cientiacutefico tecnoloacutegico cultural e socioeconocircmico local regional e

nacional atraveacutes das atividades de ensino pesquisa e extensatildeo atrelado ao

desenvolvimento sustentaacutevel e ampliando o exerciacutecio da cidadania (UFPB 2012)

O Banco do Nordeste ndash BNB eacute uma instituiccedilatildeo financeira e de concessatildeo de

creacutedito Poreacutem para cumprir a missatildeo de desenvolvimento em uma regiatildeo com

muitas potencialidades ainda natildeo exploradas o BNB entende que o creacutedito eacute

necessaacuterio mas natildeo deve ser o uacutenico serviccedilo oferecido Esta instituiccedilatildeo busca

contribuir para garantir a sustentabilidade dos empreendimentos financiados

associada agrave melhoria das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo nordestina

Dentre as accedilotildees e instrumentos criados pelo Banco destacam-se os Agentes

de Desenvolvimento as Agecircncias Itinerantes as Poliacuteticas de Desenvolvimento

Territorial o CREDIAMIGO o PRONAF e o Programa de Desenvolvimento do

Turismo no Nordeste - PRODETUR no apoio agrave infraestrutura turiacutestica regional

A missatildeo do BNB eacute atuar como agente catalisador do desenvolvimento

sustentaacutevel do Nordeste integrando-o na dinacircmica da economia nacional (BNB

2012)

O Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash

SEBRAE-PB eacute uma instituiccedilatildeo voltada agrave concepccedilatildeo e execuccedilatildeo de iniciativas de

apoio aos empreendimentos de micro e pequeno porte Em razatildeo da importacircncia do

segmento para a geraccedilatildeo de emprego e de riqueza cabe ao SEBRAE colaborar

com accedilotildees e projetos para a consolidaccedilatildeo de um modelo de

desenvolvimento sustentaacutevel baseado na facilitaccedilatildeo do acesso a insumos

produtivos ndash conhecimento creacutedito tecnologia e capacitaccedilatildeo ndash para todos aqueles

que investem ou pretendem investir em uma atividade produtiva

Mais do que uma provedora de soluccedilotildees educacionais para o empreendedor

(treinamentos consultorias eventos teacutecnicos) a instituiccedilatildeo busca tambeacutem contribuir

para a geraccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis agrave valorizaccedilatildeo e ao estiacutemulo do

empreendedorismo Este estiacutemulo tem como finalidade o aumento da

competitividade de empresas e produtos visando fortalecer as vocaccedilotildees

52

econocircmicas e promover o desenvolvimento da Paraiacuteba no contexto nacional e

internacional

A missatildeo do SEBRAE eacute promover a competitividade e o desenvolvimento

sustentaacutevel das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas - STRM eacute uma

entidade sindical sem fins lucrativos com sede no municiacutepio de Matinhas Estado da

Paraiacuteba e eacute regido pela legislaccedilatildeo em vigor pelos Estatutos da Confederaccedilatildeo

Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG e da Federaccedilatildeo dos

Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba - FETAG-PB bem como pelo

seu regimento e estatuto

Satildeo objetivos do STRM defender os interesses coletivos e individuais da

categoria trabalhadora rural do municiacutepio inclusive em questotildees judiciais ou

administrativas desenvolver organizar e apoiar as accedilotildees que visem a conquista de

melhores condiccedilotildees de vida e de trabalho para a categoria trabalhadora rural e para

o conjunto da classe trabalhadora e defender e lutar pela manutenccedilatildeo e ampliaccedilatildeo

das liberdades e garantias democraacuteticas como instrumento de defesa dos direitos e

conquistas dos trabalhadores trabalhadoras e suas organizaccedilotildees

Aleacutem disso o sindicato deve ainda participar da elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de um projeto de desenvolvimento rural sustentaacutevel e solidaacuterio visando a

valorizaccedilatildeo e fortalecimento da agricultura familiar com o estabelecimento de uma

poliacutetica agriacutecola diferenciada e a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo comercializaccedilatildeo

financiamento e assessoramento teacutecnico que promova o desenvolvimento social e

econocircmico dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (STRM 1972)

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba

Em 1997 o Governo do Estado da Paraiacuteba com o apoio do MCTCNPq criou

o Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores Econocircmicos

Tradicionais ndash COMPET visando promover o desenvolvimento industrial a partir de

uma visatildeo regional com vocaccedilatildeo econocircmica preexistente Essa iniciativa gerou

accedilotildees voltadas para a modernizaccedilatildeo dos setores econocircmicos tradicionais (Tecircxtil e

Confecccedilatildeo Couro e Calccedilados e Sucro-alcooleiro) e tinha como objetivo potencializar

53

as cadeias produtivas de cada segmento atraveacutes da estruturaccedilatildeo de micro e

pequenas empresas em municiacutepios polarizadores dessas atividades O programa do

Governo do Estado promovia uma interaccedilatildeo entre essas empresas e as instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais apoiadoras do programa Tal poliacutetica foi uma

das primeiras iniciativas a ser trabalhada pelo Estado como proposta de

agrupamentos produtivos

Os resultados obtidos com a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica para o setor Couro

e Calccedilados foram implantaccedilatildeo da Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos em Couro

de Ribeira de Cabaceiras Ltda ndash ARTEZA modernizaccedilatildeo do Curtume Coletivo

Miguel de Souza Meira como unidade de beneficiamento de peles e couros

utilizando tanino vegetal extraiacutedo do angico e estruturaccedilatildeo de 16 oficinas de

confecccedilatildeo em couro de sandaacutelias masculinas e femininas chapeacuteus boneacutes

acessoacuterios e produtos de decoraccedilatildeo Para o setor Sucroalcooleiro foi estruturada a

unidade Chatilde dos Jardins localizada no Campus II da UFPB no municiacutepio de Areia

Esta unidade teve como objetivo transferir a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica para os engenhos

da regiatildeo bem como capacitar produtores e teacutecnicos na produccedilatildeo de cachaccedila de

qualidade No setor Tecircxtil e Confecccedilatildeo foi implantado o primeiro Laboratoacuterio de

Vestuaacuterio da Paraiacuteba ndash LABVEST no Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado

Albano Franco ndash CTCCSENAI em Campina Grande-PB Este laboratoacuterio tinha como

finalidade atender agraves micro e pequenas empresas do setor atraveacutes de consultorias

especializadas plotagem de peccedilas padratildeo utilizadas na induacutestria de confecccedilatildeo e

cursos de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de matildeo-de-obra qualificada (COMPET 2007)

No ano de 2000 a Secretaria Estadual de Induacutestria Comeacutercio Turismo

Ciecircncia e Tecnologia ndash SICTCT da Paraiacuteba a partir dos resultados positivos obtidos

com o programa COMPET adotou como poliacutetica de expansatildeo empresarial o

conceito de arranjo produtivo local para fomentar o desenvolvimento

socioeconocircmico nas regiotildees com vocaccedilotildees produtivas priorizadas pelo Estado

Essa poliacutetica resultou no apoio a programas voltados para a

caprinovinocultura e artesanato As principais accedilotildees da caprinovinocultura foram

melhoramento geneacutetico de caprinos e ovinos visando o aumento do plantel na

Paraiacuteba e implantaccedilatildeo do Programa do Leite como projeto de seguranccedila alimentar

para famiacutelias carentes o que permitiu a instalaccedilatildeo de vaacuterias unidades de

beneficiamento de leite de cabra no Cariri paraibano As accedilotildees realizadas pelo

54

Programa de Artesanato promoveu o mapeamento do artesanato conforme as

tipologias desenvolvidas nas diversas regiotildees do Estado fomentou a melhoria da

qualidade de peccedilas artesanais promoveu a vinda de consultores especialistas para

capacitar artesatildeos e aumentou a inclusatildeo de artesatildeos na produccedilatildeo de peccedilas

artesanais com grande aceitaccedilatildeo de mercado

Em 2004 o Governo Estadual incluiu o Programa de Apoio ao

Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais no seu PPA (2004-2007) como

poliacutetica indutora de desenvolvimento econocircmico e de inclusatildeo social Essa decisatildeo

governamental permitiu que arranjos produtivos recebessem accedilotildees voltadas para a

organizaccedilatildeo produtiva e estruturaccedilatildeo do setor de forma a beneficiar cooperativas

micro e pequenas empresas com potencial competitivo Os setores incluiacutedos no PPA

foram Couro-Calccedilados e Afins Mineral Piscicultura Algodatildeo Colorido Fruticultura

aleacutem da caprinovinocultura e artesanato (SICTCT 2004)

Entendendo a importacircncia dos APLs para o Estado e visando seu

desenvolvimento o Governo Estadual em 27042007 criou atraveacutes de ata

seguindo a orientaccedilatildeo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio

Exterior ndash MDIC o Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba ndash Nuacutecleo APL-PB Este nuacutecleo tinha como objetivo ser uma instacircncia de

caraacuteter institucional capaz de fomentar o desenvolvimento socioeconocircmico do

Estado Para tanto foi elaborada a Minuta de Constituiccedilatildeo do Nuacutecleo contendo os

objetivos especiacuteficos estrateacutegia e papel do nuacutecleo na elaboraccedilatildeo dos Planos de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP composiccedilatildeo do Nuacutecleo Executivo parcerias

operacionalizaccedilatildeo dos APLs experiecircncias positivas e desafios bem como o

Regimento Interno do Nuacutecleo APL-PB

O referido Nuacutecleo foi constituiacutedo pelas seguintes instituiccedilotildees Secretaria de

Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE Secretaria de

Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente - SECTMA Secretaria de

Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo - SEPLAG

Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca - SEDAP

Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash

SEBRAEPB Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Federaccedilatildeo da

Agricultura do Estado da Paraiacuteba ndash FAEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do

Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

55

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG Universidade Estadual da

Paraiacuteba ndash UEPB e representante da classe trabalhadora do Estado da Paraiacuteba

Em 2008 como forma de promover a transferecircncia de tecnologias resultantes

de pesquisas validadas a Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria S A ndash

EMEPA institui a Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais ndash

CAAPL Essa coordenadoria tem como objetivo promover e acompanhar junto aos

APLs a transferecircncia de teacutecnicas e tecnologias adequadas agraves atividades produtivas

pesquisadas no acircmbito da EMEPA Os APLs apoiados pela EMEPA satildeo

Caprinovinocultura Bovinocultura de Leite Fruticultura Tropical (citros abacaxi

manga goiaba cajaacute e umbu) Mandioca e Cultura do Inhame (EMEPA 2012a)

Em 2009 o Decreto ndeg 30853 de 13 de novembro de 2009 instituiu o Nuacutecleo

Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da Paraiacuteba passando a se

chamar Nuacutecleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos

Locais da Paraiacuteba ndash NEAPLrsquosPB cuja finalidade eacute o fortalecimento dos APLs como

estrateacutegia para fomentar o desenvolvimento sustentaacutevel de regiotildees e aplicar a

poliacutetica puacuteblica instituiacuteda pelo Governo Federal no desenvolvimento econocircmico

social e cultural em que estatildeo inseridos os APLs da Paraiacuteba Neste decreto foi

modificada a representatividade das instituiccedilotildees passando a ser composto por

Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE

Secretaria de Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo -

SEPLAG Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca -

SEDAP Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente -

SECTMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Serviccedilo de Apoio

agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash SEBRAEPB Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba - EMATER Empresa Estadual de

Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A - EMEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa

do Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG e Universidade Estadual da

Paraiacuteba - UEPB

Outro parceiro que se fez presente desde 2009 foi o BNDES que atraveacutes de

Contrato de Concessatildeo e Colaboraccedilatildeo Financeira Natildeo-Reembolsaacutevel nordm 09215191

em parceria com o Governo do EstadoFUNCEP-PB disponibilizou o 1ordm Edital 2009-

Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

56

Paraiacuteba tendo sido aprovado 33 projetos que beneficiam APLs de baixa renda Este

edital teve o aporte de R$ 7 milhotildees oriundos do BNDES e R$ 7 milhotildees de

contrapartida do Governo do Estado via Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da

Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash FUNCEP-PB Os APLs beneficiados com esse

edital foram Artesanato Fruticultura Leite Bovino Mandiocultura Apicultura

Algodatildeo Colorido Sisal Confecccedilatildeo Floricultura Ostreicultura Avicultura

Piscicultura Caprinocultura Hortifrutigranjeiro e Gastronomia (mandioca e coco)

Em 2010 a EMEPA formalizou um convecircnio com o BNB visando o apoio agrave

transferecircncia de tecnologias geradas e validadas pela referida empresa de pesquisa

para os seguintes APLs bovinocultura de leite fruticultura nos segmentos de uva

banana tangerina e abacaxi e caprinovinocultura Esses APLs foram priorizados

pelo Governo do Estado EMEPA e BNB

Outra instituiccedilatildeo que vem atuando de forma proativa em APLs de micro e

pequenas empresas incluindo as cooperativas eacute o Serviccedilo de Apoio agraves Micros e

Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash SEBRAE-PB Este oacutergatildeo tem desenvolvido suas

accedilotildees com o apoio da RedeSist na construccedilatildeo de conhecimentos teoacutericos e

metodoloacutegicos sobre aglomerados produtivos Como resultado foram gerados

estudos sobre inovatividade e cooperaccedilatildeo de APLs no Estado da Paraiacuteba

(LASTRES 2006)

Com a finalidade de integrar as accedilotildees de estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do

arranjo o Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA juntamente

com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca ndash

SEDAP vem atuando nos municiacutepios participantes do APL com a concessatildeo de

mudas fiscalizadas e certificadas de tangerina buscando a melhoria dos pomares e

o aumento da produtividade

Essa iniciativa teve iniacutecio nos anos de 2007 e 2008 quando foi desenvolvida

uma parceria entre a PMM MAPA e Embrapa Cruz das Almas ndash BA que concedeu

diversas variedades de copas porta enxertos e combinaccedilotildees de enxertias visando

averiguar quais as combinaccedilotildees que melhor se adaptariam ao clima e solo do Brejo

paraibano

A parceria com as referidas instituiccedilotildees fomentou a implantaccedilatildeo de duas

Unidades Demonstrativas de Citros A primeira unidade foi instalada no municiacutepio de

57

Areia no Campus II da UFPB servindo de laboratoacuterio de pesquisa da citricultura

para professores e alunos do curso de Agronomia A segunda unidade foi instalada

em uma aacuterea concedida pela Prefeitura Municipal de Matinhas Esta unidade natildeo

teve acompanhamento teacutecnico e manejo correto o que ocasionou a morte de boa

parte das mudas

Em 2009 o Foacuterum de Fruticultura da Borborema em parceria com a

Embrapa-BA e a UFPB implantou mais seis Unidades Demonstrativas em aacutereas de

plantio dos produtores participantes do arranjo As unidades foram distribuiacutedas da

seguinte forma duas unidades em Alagoa Nova duas unidades em Lagoa Seca

uma em Esperanccedila e uma em Matinhas

Tais unidades tiveram como objetivo promover a transferecircncia de tecnologias

para os produtores beneficiados por essa poliacutetica Entretanto foi observado que

essa accedilatildeo ficou comprometida devido a falta de compromisso e acompanhamento

das instituiccedilotildees parceiras bem como pela falta de adubaccedilatildeo por parte dos

produtores e de assistecircncia teacutecnica pelos oacutergatildeos que promovem ATER na regiatildeo

Outra instituiccedilatildeo presente no arranjo eacute a Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e

Extensatildeo Rural da Paraiacuteba ndash EMATER que tem como principais accedilotildees atraveacutes de

seu escritoacuterio regional o acompanhamento do cultivo da tangerina a orientaccedilatildeo

teacutecnica e o manejo adequado do plantio No entanto esta assistecircncia eacute falha e

descontiacutenua devido agrave empresa possuir um corpo teacutecnico reduzido dificuldades com

transporte para os teacutecnicos e falta de logiacutestica para executar as atividades no

campo

O municiacutepio de Matinhas por ser o principal produtor de tangerina possui

uma prefeitura bastante atuante na implementaccedilatildeo de accedilotildees e busca de parcerias

para promover o desenvolvimento da atividade na regiatildeo A relevacircncia dessas accedilotildees

fez com que fosse implantado no municiacutepio o Parque da Laranja Nesse local satildeo

realizados eventos culturais seminaacuterios feiras de negoacutecio e a Festa da Laranja que

jaacute estaacute consolidada no calendaacuterio estadual de eventos A Prefeitura de Matinhas

tambeacutem envida esforccedilos para que o projeto da packing house seja concretizado A

mesma concedeu a aacuterea onde esta sendo construiacutedo o galpatildeo que abrigaraacute a

packing

58

Como visto neste capiacutetulo foram apresentadas as caracteriacutesticas do APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais que atuam no arranjo bem como as principais poliacuteticas executadas

por essas instituiccedilotildees No entanto faz-se necessaacuterio o uso de uma metodologia que

possa analisar o arranjo nas diversas fases de organizaccedilatildeo e averiguar a efetividade

das poliacuteticas implementadas como condicionante de desenvolvimento No proacuteximo

capiacutetulo seraacute apresentada a metodologia a ser utilizada nesta pesquisa

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA

Este capiacutetulo apresenta a metodologia utilizada para o desenvolvimento da

pesquisa descrevendo os procedimentos metodoloacutegicos que permitiratildeo uma

compreensatildeo do estudo proposto bem como a justificativa para a escolha da

amostra dos entrevistados e para a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta de dados

primaacuterio

O meacutetodo aplicado nesta pesquisa partindo do conceito descrito por Vergara

(2010 p42) utiliza a investigaccedilatildeo descritiva pois o objeto de estudo possui

ldquocaracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo ou de determinado fenocircmeno que podem

tambeacutem estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis e definir sua natureza Este meacutetodo

natildeo tem compromisso de explicar os fenocircmenos que descrevem embora sirva de

base para tal explicaccedilatildeordquo No caso deste trabalho se faz necessaacuterio entender a

atuaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas existente para o aglomerado produtivo em estudo a

partir do levantamento da aplicaccedilatildeo de tais poliacuteticas e quais as suas contribuiccedilotildees

para o desenvolvimento do APL

O problema pesquisado foi tratado de forma qualitativa pois neste caso

existe a necessidade de se entender o Arranjo Produtivo Local da Citricultura -

Segmento Tangerina segundo a visatildeo dos atores que compotildeem o APL A partir

deste entendimento foi analisado como esses atores percebem a contribuiccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas para o referido segmento e a influecircncia dessas poliacuteticas para o

desenvolvimento regional

Segundo Godoy (1995) a pesquisa se desenvolve de acordo com a

perspectiva dos stakeholders11 na qual o pesquisador busca compreender os

problemas sob a oacutetica desses atores

O trabalho tambeacutem utiliza a pesquisa de natureza exploratoacuteria com a

finalidade de conseguir uma maior compreensatildeo do problema investigado Para tal

11 Stakeholders - partes interessadas que devem estar de acordo com as praacuteticas de governanccedila corporativa

executadas pela empresa

60

compreensatildeo foram revisados temas como poliacuteticas puacuteblicas para APL de baixa

renda desenvolvimento regional e competitividade sistecircmica

Inicialmente foram levantados dados secundaacuterios a partir de uma revisatildeo

bibliograacutefica (documentos arquivos e publicaccedilotildees) para que se pudesse obter uma

compreensatildeo dos fatos observados in loco sobre o arranjo produtivo local e sua

estrutura organizacional

As fontes de evidecircncias utilizadas para o estudo de caso que serviram de

base documental para fundamentar a pesquisa foram documentaccedilatildeo sobre as

poliacuteticas puacuteblicas existentes (leis decretos e outros documentos governamentais)

registros em arquivos (mapas tabelas e dados estatiacutesticos) observaccedilotildees diretas

realizadas in loco coletas de dados atraveacutes da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios e

entrevistas aleacutem de outras fontes que deram subsiacutedios agrave pesquisa tais como livros

artigos e bibliotecas virtuais

Neste sentido como forma de validar o trabalho de pesquisa foi realizado um

estudo de caso sobre o tema pois este meacutetodo segundo Yin (2004) contribui para

a compreensatildeo dos fenocircmenos individuais organizacionais e poliacuteticos de uma

regiatildeo

Segundo Lazzarini (1997) o estudo de caso pode ser uacutetil em termos

qualitativos pois o objetivo principal eacute a contextualizaccedilatildeo do problema natildeo se

propondo apenas a determinar a ocorrecircncia de um dado fenocircmeno no universo

pesquisado

O estudo de caso deste trabalho compreendeu os seis municiacutepios que

compotildeem o APL sendo Matinhas a cidade referecircncia do arranjo por se tratar do

municiacutepio onde sua principal atividade econocircmica eacute a tangerina e por ser o maior

produtor da regiatildeo

A amostra pesquisada eacute composta de cinco associaccedilotildees e uma cooperativa

cujos entrevistados satildeo produtores de tangerina e liacutederes da regiatildeo A pesquisa

tambeacutem incluiu na amostra nove instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

A escolha deste universo teve como base a representatividade de cada organizaccedilatildeo

dentro do arranjo e atende aos criteacuterios metodoloacutegicos da anaacutelise qualitativa que

este trabalho pretende identificar

61

41 Instrumento de Pesquisa

Visando buscar subsiacutedios que permitam a caracterizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba um levantamento de dados

foi realizado utilizando a teacutecnica de entrevista guiada por um formulaacuterio direcionado

para os gestores das instituiccedilotildees selecionadas (Apecircndice A) e outro para os

produtores de tangerina liacutederes na regiatildeo (Apecircndice B)

Segundo Gil (2008) a entrevista tem como caracteriacutestica a formataccedilatildeo de uma

lista de perguntas denominada de questionaacuterio ou formulaacuterio Neste trabalho o

termo formulaacuterio foi adotado tendo em vista que as entrevistas aconteceram face a

face com cada entrevistado e as respostas registradas pelo entrevistador

Os formulaacuterios aplicados nas instituiccedilotildees satildeo semiestruturados com o

objetivo de avaliar o interesse e motivaccedilatildeo dessas Instituiccedilotildees em trabalhar com o

APL aleacutem de avaliar a cooperaccedilatildeo entre esses atores e identificar as accedilotildees

realizadas em prol da sustentabilidade dessa atividade na regiatildeo A pesquisa traccedilou

o cenaacuterio atual do aglomerado descrevendo como satildeo escolhidos os beneficiaacuterios

as principais demandas do arranjo as dificuldades para implementaccedilatildeo das

poliacuteticas e os projetos jaacute realizados e em andamento

Para os produtores de tangerina optou-se por um formulaacuterio semiestruturado

que tem como base o modelo desenvolvido pelo Instituto Alematildeo de

Desenvolvimento ndash IAD (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-STAMER

1994) no qual a competitividade sistecircmica abrange quatro niacuteveis (meta macro

meso e micro) A partir desta metodologia pretende-se identificar as relaccedilotildees de

cooperaccedilatildeo entre os integrantes do arranjo praacuteticas gerenciais relaccedilatildeo entre os

parceiros principais fontes de informaccedilatildeo entre outros

Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos formulaacuterios os resultados obtidos foram analisados e

interpretados com a finalidade de obter subsiacutedios que permitiram avaliar as poliacuteticas

puacuteblicas atuantes no APL

E por uacuteltimo foram identificadas as contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina observando o aumento da produccedilatildeo e

melhoria da qualidade do fruto sua comercializaccedilatildeo em novos nichos de mercado e

a inclusatildeo social dos produtores rurais

62

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da

Pesquisa

O modelo proposto eacute baseado no conceito analiacutetico formulado pelos

pesquisadores Klaus Esser Wolfgang Hillebrand Dirk Messner e Joumlrg Meyer-Stamer

do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD no iniacutecio dos anos 90

Para esses pesquisadores a competitividade eacute entendida de maneira

sistecircmica contribuindo para o desenvolvimento socioeconocircmico em niacuteveis

municipal regional estadual ou nacional (Figura 5)

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD

12

Fonte Esser Hillebrand Messner Meyer-Stamer (1994)

Sob este enfoque os autores afirmam que a competitividade eacute tambeacutem fruto

de diaacutelogo e tomada de decisotildees conjuntas pelos grupos de atores envolvidos

Para que ocorra a modernizaccedilatildeo econocircmica e o desenvolvimento da

competitividade sistecircmica faz-se necessaacuteria a formaccedilatildeo de estruturas em toda a

sociedade O desenvolvimento dessa competitividade eacute portanto um projeto de

transformaccedilatildeo social que vai aleacutem de uma simples correccedilatildeo do contexto

macroeconocircmico

12

httpwwwmeyer-stamerdesystemichtml

63

O desenvolvimento da competitividade abordada pelos autores pode ser

impulsionada com a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que venham contribuir na

consolidaccedilatildeo de aglomerados produtivos O papel do governo neste caso se faz

presente agrave medida que as poliacuteticas nacionais incrementam a competitividade e

transformam um territoacuterio em um ambiente macroeconocircmico poliacutetico social e

ambiental fortemente constituiacutedo onde um aglomerado de empresas associaccedilotildees

ou cooperativas atuam com sucesso

No modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD as poliacuteticas

puacuteblicas atuam nos quatro niacuteveis da competitividade sistecircmica conforme

apresentado no modelo mencionado (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-

STAMER 1994)

a) Niacutevel Meta Neste niacutevel existe um conjunto de fatores que permite a formaccedilatildeo

de um consenso social sobre a necessidade de uma poliacutetica econocircmica voltada

para o mercado mundial ldquo() um padratildeo baacutesico de organizaccedilatildeo juriacutedica poliacutetica

econocircmica e macrossocial que permita aglutinar as forccedilas dos atores

potencializar as vantagens nacionais de inovaccedilatildeo crescimento econocircmico e

competitividade e colocar em marcha processos sociais de aprendizagem e

comunicaccedilatildeordquo (ESSER et al 1994 p 1) por fim ldquo() a disposiccedilatildeo e a

capacidade de implementar uma estrateacutegia de meacutedio a longo prazo com vistas

ao desenvolvimento tecnoloacutegico-industrial orientado agrave competitividaderdquo (ESSER

et al 1994 p 1)

b) Niacutevel Macro Este niacutevel engloba as poliacuteticas macroeconocircmicas tais como as

poliacuteticas cambial monetaacuteria fiscal e a poliacutetica de comeacutercio exterior (evidenciada

pela conexatildeo da economia nacional em mercados internacionais) e das poliacuteticas

de regulamentaccedilatildeo da concorrecircncia entre as empresas as quais impedem a

formaccedilatildeo de monopoacutelios e carteacuteis

c) Niacutevel Meso Refere-se agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo em que estatildeo inseridas as

empresas agrave dotaccedilatildeo de fatores de produccedilatildeo desses espaccedilos e agraves poliacuteticas

implementadas que venham contribuir para essa consolidaccedilatildeo tais como a

poliacutetica de infraestrutura fiacutesica (transporte energia e telecomunicaccedilotildees) a

poliacutetica de infraestrutura industrial a poliacutetica educacional (qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra) e as poliacuteticas ambientais e regionais Este niacutevel abrange tambeacutem as

poliacuteticas seletivas de importaccedilatildeo e de exportaccedilatildeo

64

d) Niacutevel Micro Refere-se aos fatores de competitividade ligados agrave organizaccedilatildeo

interna das empresas agraves estrateacutegias empresariais e agraves relaccedilotildees

interempresariais Este niacutevel envolve a capacidade de gestatildeo a aplicaccedilatildeo de

best practices em todas as etapas do ciclo de produccedilatildeo (desenvolvimento de

produtos produccedilatildeo propriamente dita e comercializaccedilatildeo) a gestatildeo da inovaccedilatildeo

a integraccedilatildeo em redes de cooperaccedilatildeo tecnoloacutegica a logiacutestica empresarial e a

interaccedilatildeo entre provedores produtores e usuaacuterios

Sendo assim o modelo do IAD difere do proposto por Michael Porter

(PORTER 1999) pois coloca as poliacuteticas puacuteblicas como um dos fatores

determinantes de competitividade das empresas Na visatildeo liberal de Porter a

empresa eacute a unidade de anaacutelise fundamental para a competitividade enquanto no

modelo do IAD a ecircnfase eacute para os aspectos sociais que incluem a accedilatildeo do Estado

e a mobilizaccedilatildeo da sociedade (DINIZ FILHO VICENTINI 2004)

Nesta oacutetica no proacuteximo capiacutetulo seratildeo analisadas como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo aplicadas no APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina utilizando

como ferramenta entrevistas com os gestores das instituiccedilotildees parceiras e com os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa produtores de tangerina do APL

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA

Este capiacutetulo apresenta o resultado da pesquisa de campo realizada com as

instituiccedilotildees que apoiam o Arranjo Produtivo Local da Citricultura - Segmento

Tangerina e com as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores que participam

desse APL analisando as contribuiccedilotildees das poliacuteticas existente e os gargalos que

ainda persistem no setor

Para melhor compreensatildeo os resultados obtidos foram analisados em duas

etapas ou seja foram entrevistados dois tipos de stakeholders O primeiro grupo

gestores das Instituiccedilotildees responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

para o setor O segundo grupo formado pelos produtores e representantes das

associaccedilotildees e da cooperativa dos seis municiacutepios que compotildeem o arranjo produtivo

da tangerina

A pesquisa com esses stakeholders permitiu a obtenccedilatildeo de dados primaacuterios

em que foi possiacutevel identificar a visatildeo das instituiccedilotildees promotoras das poliacuteticas

puacuteblicas como tambeacutem a visatildeo das organizaccedilotildees (associaccedilotildees e cooperativa) e

produtores beneficiados por essas poliacuteticas

Neste capiacutetulo seraacute analisada a efetividade de tais poliacuteticas sob a oacutetica dos

produtores das Instituiccedilotildees Puacuteblicas e das entidades natildeo governamentais atuantes

no APL A partir dessa anaacutelise tenta-se identificar tambeacutem o porquecirc da existecircncia

de diversas poliacuteticas que natildeo conseguem efetivar seus objetivos junto ao setor

produtivo

Para realizar a pesquisa foram utilizados como instrumento de coleta dois

modelos de questionaacuterios que se encontram nos Anexos 1 e 2 As entrevistas

ocorreram nos meses de setembro de 2011 a marccedilo de 2012

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas

As instituiccedilotildees pesquisadas foram aquelas que contribuiacuteram para o

desenvolvimento do APL no periacuteodo de 2008 a 2011 totalizando nove entidades

66

governamentais e natildeo governamentais (MAPA SEDAP EMEPA EMATER PMM

UFPBRedeSist BNB SEBRAE e STRM)13

Tais instituiccedilotildees apontaram as suas contribuiccedilotildees e accedilotildees para consolidaccedilatildeo

do APL estudado Nesta pesquisa foi identificado o niacutevel de envolvimento das

instituiccedilotildees quais os programas implementados para o segmento quais os gargalos

existentes e qual a efetividade das poliacuteticas implementadas na visatildeo de cada

instituiccedilatildeo

O objetivo da primeira questatildeo da pesquisa foi saber como as instituiccedilotildees

identificam um APL Cinco responderam que se baseiam na cooperaccedilatildeo entre os

atores participantes do arranjo trecircs como sendo a concentraccedilatildeo de produtores de

tangerina no territoacuterio e uma instituiccedilatildeo respondeu que depende da concentraccedilatildeo de

indiviacuteduos ocupados em uma atividade Nota-se que apesar das instituiccedilotildees estarem

presentes com suas accedilotildees no APL ainda natildeo existe um consenso sobre o conceito

de arranjo o que gera entendimentos e atuaccedilotildees diferenciadas por parte de cada

instituiccedilatildeo na disponibilizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o setor

Esta constataccedilatildeo tambeacutem foi identificada por Cavalcanti Torres Almeida e

Pereira (2010) ao analisar a visatildeo das instituiccedilotildees de apoio a APLs na Paraiacuteba

Segundo os autores verifica-se que a maioria dessas instituiccedilotildees natildeo deteacutem um

conceito formal de APL Aleacutem disso embora se digam atuantes nessa perspectiva

muitas vezes natildeo tecircm noccedilatildeo da complexidade que envolve as relaccedilotildees de um

arranjo produtivo

Essa deficiecircncia conceitual pode indicar a origem das dificuldades e

limitaccedilotildees da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas nos

APLs do Estado da Paraiacuteba

Entretanto apesar das diferentes percepccedilotildees conceituais todas as

instituiccedilotildees entrevistadas vecircm apoiando o APL sob demanda Os representantes das

instituiccedilotildees foram enfaacuteticos nas suas respostas pois acreditam que este arranjo estaacute

sendo beneficiado por ser de grande impacto para a economia local regional e

estadual por possuir tradiccedilatildeo no cultivo de tangerina por ser gerador de emprego e

renda por ser a principal cadeia produtiva agriacutecola dos municiacutepios envolvidos por

13

Os nomes das Instituiccedilotildees estatildeo descritos na Lista de Abreviaturas e Siglas

67

ter mercado favoraacutevel para escoamento da produccedilatildeo e com possibilidade de

expansatildeo por se tratar de uma cultura difundida e proacutespera na produccedilatildeo de laranja

e por ser promotora do desenvolvimento socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Ao analisar as respostas dos stakeholders institucionais pode-se dizer que o

APL em estudo tem sua atividade reconhecida como geradora de impacto

econocircmico e de perspectiva sustentaacutevel para o Estado e que existe interesse dessas

instituiccedilotildees continuarem priorizando o referido APL

No entanto foi identificado que as poliacuteticas implementadas natildeo satildeo

suficientes para alavancar o segmento pois tais poliacuteticas foram formatadas visando

promover a agricultura familiar e natildeo o desenvolvimento do APL Sendo assim essa

atuaccedilatildeo fica dependendo de accedilotildees preexistentes que limitam a execuccedilatildeo de

atividades mais amplas e integradas com toda a cadeia produtiva

Nesse sentido para que as poliacuteticas puacuteblicas sejam implementadas com

maior eficiecircncia no APL faz-se necessaacuterio um instrumento governamental que

estimule os Governos Estaduais e Municipais atraveacutes de suas Secretarias a

discutirem a estruturaccedilatildeo de poliacuteticas e a compreenderem as vantagens da inserccedilatildeo

dessas poliacuteticas em seus planos plurianuais

Nos estados brasileiros onde os Nuacutecleos Estaduais de Apoio aos APLs satildeo

proativos estes exercem um importante papel como elo entre as instituiccedilotildees e o

setor produtivo auxiliando na formataccedilatildeo de programas e projetos governamentais

que atendam agraves necessidades dos segmentos econocircmicos de forma continuada

(GTP APL 2007)

Quanto aos criteacuterios de seleccedilatildeo dos beneficiaacuterios para formalizaccedilatildeo de

parceria as respostas divergem quatro instituiccedilotildees responderam que atendem as

demandas diretamente aos produtores uma instituiccedilatildeo atende somente demandas

coletivas atraveacutes de associaccedilotildees e de cooperativas quatro instituiccedilotildees utilizam

como criteacuterio a elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos participativos onde as demandas satildeo

selecionadas e os produtores atendidos mediante programas e projetos elaborados

pelas proacuteprias instituiccedilotildees Esses diagnoacutesticos tambeacutem possibilitam o levantamento

das potencialidades e gargalos da atividade Algumas instituiccedilotildees buscam parcerias

para atender as demandas que natildeo estatildeo no escopo de sua atuaccedilatildeo

68

Com relaccedilatildeo aos criteacuterios de atendimento das demandas dos produtores de

tangerina as formas empregadas pelas instituiccedilotildees satildeo vaacutelidas Entretanto tal

atendimento eacute pontual e sem planejamento o que dificulta a realizaccedilatildeo de accedilotildees

continuadas Essa forma de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees promove o descreacutedito entre os

produtores pois as soluccedilotildees encontradas resolvem os problemas apenas

momentaneamente Por outro lado accedilotildees advindas de um programa estruturante

poderiam imprimir um caraacuteter preventivo e permanente pois a concepccedilatildeo de tal

programa permitiria a integraccedilatildeo das instituiccedilotildees parceiras de modo a suprir

gargalos existentes no arranjo e fazer com que essas parcerias desenvolvam accedilotildees

dentro de uma visatildeo sistecircmica no APL

Vale salientar que as instituiccedilotildees tambeacutem afirmam que procuram manter os

produtores informados dos programas e das poliacuteticas de desenvolvimento para o

segmento da citricultura promovendo reuniotildees com os agricultores visitas de

intercacircmbio cursos de capacitaccedilatildeo treinamento diagnoacutestico situacional eventos

temaacuteticos (por exemplo a Festa da Laranja) e divulgaccedilatildeo na miacutedia

As instituiccedilotildees parceiras tambeacutem apontaram vaacuterios desafios que elas

enfrentam para conceder apoio institucional ao APL tais como aumentar a

realizaccedilatildeo do nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo visando qualificar os produtores e

gestores das associaccedilotildees e da cooperativa aumentar os recursos financeiros para

atuar no APL transferir tecnologias adequadas aos produtores rurais de forma

permanente aumentar as pesquisas para controle de pragas e sanidade dos frutos

incentivar na regiatildeo o uso de mudas padronizadas e certificadas desvincular as

poliacuteticas partidaacuterias para que o arranjo possa ter autonomia na sua gestatildeo

conscientizar os produtores para um melhor aproveitamento da safra e propor um

programa especiacutefico para atender o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina no

qual os produtores possam ser orientados a produzirem com qualidade maior

produtividade e eficiecircncia

Observa-se que as instituiccedilotildees tecircm consciecircncia da existecircncia de desafios a

serem superados entretanto eacute latente a necessidade de uma accedilatildeo coletiva por

parte dessas instituiccedilotildees que possa apoiar o setor nas diversas fases da cadeia

produtiva enfatizando a importacircncia do sistema de agregaccedilatildeo de valor da tangerina

Este sistema deve ser orientado para a qualidade percebida no mercado ao serviccedilo

disponibilizado aos clientes e o preccedilo relativo aferido ao produto

69

Com relaccedilatildeo agraves vantagens em atuar na regiatildeo com a visatildeo de APL as

instituiccedilotildees possuem entendimentos variados agrupamento dos municiacutepios

fortalecendo as atividades e ganhando visibilidade fechamento do ciclo de plantio

produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e com isso aumentando a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e

renda no arranjo possibilidade de promover a diversificaccedilatildeo produtiva formaccedilatildeo de

um novo capital social e econocircmico cadeia produtiva estruturada organizada e com

mercado demandante produtores e parceiros atuando no mesmo territoacuterio o que

fortalece o desenvolvimento do APL e o aumento da capacidade de gestatildeo do

negoacutecio

Neste sentido a percepccedilatildeo dos parceiros institucionais quando falam de

vantagens em atuar no APL formata um arranjo ideal Entretanto natildeo basta apenas

o entendimento das instituiccedilotildees quanto agrave importacircncia desse arranjo se natildeo houver

uma articulaccedilatildeo que envolva as associaccedilotildees e a cooperativa para que estas se

tornem protagonistas da organizaccedilatildeo do arranjo e demandantes de poliacuteticas para o

setor

As demandas mais frequentes de apoio solicitadas pelos produtores

participantes do APL foram a necessidade de assistecircncia teacutecnica e financiamento

para produccedilatildeo de laranja Nesta questatildeo na visatildeo das instituiccedilotildees satildeo

consideradas tambeacutem quatro outras demandas importantes para complementar o

desenvolvimento econocircmico ampliaccedilatildeo de mercado para o escoamento da

produccedilatildeo de laranja implantaccedilatildeo da packing house mudas fiscalizadas e

certificadas e controle da proliferaccedilatildeo da mosca negra

Quanto ao apoio realizado ao APL as respostas aferidas pelas instituiccedilotildees

consistem em transferecircncia de tecnologia assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural

elaboraccedilatildeo de projetos de financiamento para os produtores (Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF) e elaboraccedilatildeo de projetos para

comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo para o PNAE (Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar) e PAA (Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ndash Conab) Aleacutem desses

apoios foi relatada na pesquisa a contrataccedilatildeo de um especialista para acompanhar

a produccedilatildeo de laranja apoio na realizaccedilatildeo de eventos temaacuteticosculturais realizaccedilatildeo

de cursos de capacitaccedilatildeo e pesquisas para o setor disponibilizaccedilatildeo de linhas de

creacutedito para os produtores atraveacutes do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste ndash FNE disponibilizado atraveacutes do Banco do Nordeste

70

Sobre a demanda dos produtores em contra ponto ao apoio das instituiccedilotildees

para o segmento verificou-se durante a entrevista com os stakeholders que ainda eacute

muito pequeno o apoio realizado em relaccedilatildeo agrave demanda Um dos principais fatores eacute

a carecircncia de teacutecnicos extensionistas atuando no APL Isto reflete diretamente na

dificuldade de execuccedilatildeo das accedilotildees previstas pelas instituiccedilotildees bem como de

continuidade dos programas governamentais

Para a maioria das instituiccedilotildees a participaccedilatildeo dos produtores ainda eacute muito

baixa porque eles natildeo estatildeo preparados para aceitar as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas

existentes devido a sua cultura de plantio e colheita repassada de pai para filho de

forma inadequada Outros fatores que impedem maior adesatildeo dos agricultores no

uso de novas tecnologias satildeo as experiecircncias pouco animadoras com projetos e

programas governamentais que eles jaacute participaram e que natildeo houve continuidade

Ainda em relaccedilatildeo agrave adesatildeo as instituiccedilotildees acreditam que os produtores satildeo abertos

para as novas tecnologias mas no entanto eles satildeo reticentes para implementaacute-las

devido ao custo e a falta de orientaccedilatildeo teacutecnica

Quando questionados sobre os obstaacuteculos que os produtores encontram para

participarem dos programas ofertados pelas instituiccedilotildees os gestores elencaram

falta de apoio teacutecnico e logiacutestica dos programas para mobilizar os produtores

dificuldade em atender as exigecircncias para obtenccedilatildeo do creacutedito rural dificuldade de

obtenccedilatildeo de registros cartoriais das aacutereas dos produtores o que impede o acesso agraves

linhas de financiamento produtores inadimplentes falta de parceiros institucionais

que repassem as informaccedilotildees corretas sobre as poliacuteticas puacuteblicas e que dominem

essas poliacuteticas (por exemplo a Secretaria de Educaccedilatildeo de Campina Grande natildeo

conseguiu abrir o edital para participaccedilatildeo dos produtores no PNAE) e ineacutercia dos

produtores para implementarabsorver as novas tecnologias disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees

Observa-se que cada parceiro tem consciecircncia das dificuldades enfrentadas

pelos produtores para participarem das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas e

segundo a visatildeo das instituiccedilotildees os problemas que afetam os produtores dificultam

a mudanccedila no cenaacuterio em que estaacute inserido o arranjo

Neste sentido as instituiccedilotildees deveriam analisar este cenaacuterio de acordo com

as necessidades dos produtores cujo objetivo seria auxiliar na soluccedilatildeo dos

71

obstaacuteculos identificados na pesquisa Nesta anaacutelise as instituiccedilotildees parceiras

deveriam indagar aos produtores as seguintes questotildees Seraacute que os teacutecnicos estatildeo

falando a linguagem dos produtores A assistecircncia teacutecnica atende agraves demandas

realizadas O nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo eacute suficiente para abranger a maioria

do segmento As pesquisas validadas e transferidas suprem as expectativas dos

produtores Seraacute que uma estufa na regiatildeo para produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mudas

fiscalizadas e certificadas natildeo seria uma soluccedilatildeo mais adequada A implantaccedilatildeo de

unidades demonstrativas com orientaccedilatildeo adequada e permanente aos produtores

natildeo provocaria maior credibilidade do tipo ldquoSatildeo Tomeacuterdquo (ver para crer) Seraacute que os

gastos dos recursos provenientes dos financiamentos aos produtores estatildeo sendo

bem orientados Essas indagaccedilotildees deveriam ser priorizadas dentro das instituiccedilotildees

parceiras e retro alinhadas a cada falha percebida

Na visatildeo dos stakeholders institucionais a atuaccedilatildeo cooperada dos

produtores instituiccedilotildees associaccedilotildees e cooperativas ainda eacute muito pequena pois

existe uma dissociaccedilatildeo entre os atores gerando uma cooperaccedilatildeo fragmentada e

descontiacutenua e consequentemente fazendo com que a integraccedilatildeo entre os elos de

cooperaccedilatildeo do sistema natildeo exista Desta forma a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees ocorre

isoladamente cada uma atuando apenas na sua competecircncia

Entretanto existem algumas experiecircncias de cooperaccedilatildeo que podem ser

citadas cursos realizados pelo Sindicato (STRM) em parceria com o SEBRAE

(capacitaccedilatildeo em associativismo) SENAR (produccedilatildeo de mudas frutiacuteferas de citros) e

COOPERAR (construccedilatildeo de cisternas) visita teacutecnica dos produtores de citros de

Matinhas ao Centro de Pesquisa da EMBRAPA em Cruz das Almas na Bahia

juntamente com teacutecnicos da EMATER EMEPA MAPA SEBRAE UFPB e PMM

para conhecer novas variedades de tangerina e aprender como desenvolver porta

enxertos para produzir mudas padronizadas e certificadas parceria entre a UFPB e

a PMM para realizaccedilatildeo dos cursos de capacitaccedilatildeo sobre manejo da mancha-marrom

-de-alternaria combate agrave mosca negra das frutas e produccedilatildeo de mudas aleacutem da

capacitaccedilatildeo de alunos do ensino fundamental para atuarem como agentes de

veiculaccedilatildeo de novas tecnologias junto agraves suas famiacutelias e outros produtores

integraccedilatildeo existente entre os diversos segmentos de ensino pesquisa e extensatildeo

para o APL (EMEPA ndash pesquisa UFPB ndash ensino EMATER ndash assistecircncia teacutecnica) e

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema formado por um grupo de 27

72

instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo do Agreste paraibano que passou a discutir os

problemas e soluccedilotildees dos municiacutepios produtores de tangerina da Paraiacuteba

Na pesquisa com as instituiccedilotildees foi possiacutevel identificar os principais parceiros

do APL bem como suas atuaccedilotildees e a importacircncia dessa cooperaccedilatildeo dentro do

arranjo Ao responder essa questatildeo as instituiccedilotildees enumeraram por ordem de

atuaccedilatildeo os oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais mais empenhados no

desenvolvimento do aglomerado produtivo

O SEBRAE foi o citado por seis instituiccedilotildees aparecendo como um dos mais

atuantes por ter conseguido formalizar o Foacuterum de Fruticultura da Borborema o qual

arrebanhou parceiros para ajudar no desenvolvimento da citricultura segmento da

tangerina na regiatildeo aleacutem de promover o empreendedorismo e apoiar eventos

voltados para o arranjo produtivo local

Em seguida vieram a EMEPA por ser um parceiro presente e sempre estar

ajudando os produtores a resolverem os problemas oriundos de pragas manejo e

plantio bem como desenvolver pesquisas voltadas para o melhoramento da

produccedilatildeo de tangerina a EMATER por promover a extensatildeo rural mesmo que de

forma precaacuteria e a Prefeitura Municipal de Matinhas pelo apoio aos produtores e

porta voz das reivindicaccedilotildees do setor

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam poliacuteticas puacuteblicas

especiacuteficas de apoio ao APL as respostas foram edital puacuteblico para o

desenvolvimento de APLs de baixa renda do Governo do EstadoBNDES Grupo

Permanente de Trabalho de Apoio aos APLs ndash GPT APL e Nuacutecleo Estadual de

Apoio aos APLs da Paraiacuteba ndash NE APLPB programa gerenciado pelo MDIC Foacuterum

de Fruticultura da Borborema e programas federais que beneficiam os produtores

de tangerina ndash PAACONAB e PNAEMinisteacuterio da Educaccedilatildeo

Ao analisar as respostas das instituiccedilotildees indutoras do Arranjo Produtivo Local

da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi possiacutevel diagnosticar que os programas

governamentais (federal estadual e municipal) possuem accedilotildees planejadas para a

regiatildeo mas no entanto eacute percebida a fragilidade de tais accedilotildees devido as mesmas

serem aplicadas de forma pontual Essas accedilotildees satildeo realizadas isoladamente onde

cada instituiccedilatildeo cumpre apenas o que interessa ser executado A comunicaccedilatildeo entre

os parceiros e a governanccedila que deveria acontecer de forma sistecircmica eacute insipiente

73

natildeo existindo estrateacutegia conjunta formatada para erradicar os problemas

evidenciados pelas instituiccedilotildees dentro do APL

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees como eacute percebida a intensidade da

cooperaccedilatildeo entre os beneficiados as respostas foram descritas conforme as

necessidades eventuais dos produtores sendo mais forte quando se fala em

comercializaccedilatildeo das tangerinas elaboraccedilatildeo de projetos agropecuaacuterios (PRONAF) e

implantaccedilatildeo do projeto da packing house aprovado no I Edital 200914

As respostas concedidas pelos entrevistados para percepccedilatildeo da existecircncia de

uma cooperaccedilatildeo mais fraca seguem a seguinte ordem financiamento para

desenvolver seus plantios produccedilatildeo de mudas certificadas inovaccedilatildeo tecnoloacutegica no

campo adesatildeo proativa dos produtores na zona rural assistecircncia teacutecnica

desenvolvimento de processos e produtos e coesatildeo entre associaccedilotildees e

cooperativa

Ao analisar as respostas acima citadas percebe-se que a visatildeo das

instituiccedilotildees eacute consensual sendo acordados os pontos fortes e fracos de cooperaccedilatildeo

No entanto natildeo foi registrada nenhuma preocupaccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees para

amenizar a fragilidade da cooperaccedilatildeo Mais uma vez eacute percebida a falta de uma

estrateacutegia conjunta capaz de dialogar coletivamente com o setor produtivo visando

fortalecer o processo de cooperaccedilatildeo para que os problemas do setor sejam

amenizados

Em relaccedilatildeo ao sistema de produccedilatildeo realizado na zona rural pelos produtores

as instituiccedilotildees concordam que o sistema eacute arcaico e extrativista e enfatizam que no

momento em que os produtores perceberem os ganhos possiacuteveis que seratildeo obtidos

com novas tecnologias os mesmos faratildeo uma adesatildeo natural aos programas

governamentais e ter-se-aacute um novo modelo de produccedilatildeo

A anaacutelise tambeacutem mostra que para uma pequena parcela de produtores a

inovaccedilatildeo tecnoloacutegica jaacute foi utilizada e ganhos satildeo visiacuteveis fazendo com que esses

produtores natildeo tenham necessidade de formalizar demanda aos programas sociais

para complementarem sua renda Segundo os stakeholders das instituiccedilotildees a

14 I Edital 2009 ndash Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais

Paraiacuteba lanccedilado em outubro2009 com recursos oriundos do Governo do EstadoFUNCEP e

BNDES

74

adesatildeo por parte dos outros produtores natildeo ocorreu porque eles ainda natildeo estatildeo

convencidos de que existam ganhos efetivos

Segundo a EMATER apenas 20 dos produtores de tangerina estatildeo em

processo de melhoria do plantio e da produccedilatildeo Essa visatildeo eacute acordada por 60 das

repostas dos entrevistados O restante dos produtores segundo as instituiccedilotildees natildeo

aderiu ao processo de modernizaccedilatildeo e consequentemente o desenvolvimento do

agronegoacutecio ficou comprometido a exemplo da grande quantidade de tangerinas

que natildeo satildeo comercializadas devido ao seu tamanho e que poderiam ser

aproveitadas em uma unidade de processamento de suco na regiatildeo

No tocante a novas tecnologias existe uma forte resistecircncia dos produtores

em adotar essas inovaccedilotildees principalmente pelo fato de envolver investimentos o

que eacute encarado por eles como gasto Neste caso natildeo existe a visatildeo do retorno

desse investimento Esse pensamento ainda eacute fortemente compartilhado entre os

produtores devido ao cultivo da tangerina ser de sequeiro e segundo eles natildeo

necessitar de muitos recursos para produzir tangerina

Aleacutem disso os plantadores de citros continuam a produzir com padrotildees de

comercializaccedilatildeo diferentes do padratildeo adotado pelo Sudeste do paiacutes a exemplo de

Satildeo Paulo onde os frutos satildeo comercializados por tamanho textura de pele e cor

Na Paraiacuteba pode-se encontrar em uma mesma caixa frutos verdes e amarelos o

que foge dos padrotildees de comercializaccedilatildeo exigidos pelos grandes mercados

Durante a anaacutelise foram verificados tambeacutem quais os principais problemas do

segmento Segundo a visatildeo das instituiccedilotildees foi dada ecircnfase na baixa capacidade

gerencial ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina dificuldade de acesso

aos canais de comercializaccedilatildeo aleacutem de investimentos em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam os principais concorrentes

da tangerina produzida no APL 100 dos entrevistados responderam que natildeo

existiam concorrentes pois o periacuteodo de produccedilatildeo da tangerina na Paraiacuteba eacute uacutenico

no paiacutes ou seja a produccedilatildeo ocorre na entressafra dos outros estados

As instituiccedilotildees tambeacutem informaram sobre a comercializaccedilatildeo os canais de

distribuiccedilatildeo e logiacutestica existente no arranjo A venda da produccedilatildeo eacute realizada no

comeacutercio local e regional principalmente para a CEASA de Campina Grande A

tangerina tambeacutem eacute comercializada nos principais estados do Nordeste tais como

75

Pernambuco ndash Petrolina Rio Grande do Norte ndash Natal Cearaacute ndash Fortaleza Bahia ndash

Juazeiro Alagoas ndash Maceioacute

Dos nove entrevistados cinco disseram que os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os

atravessadores o restante informou que a comercializaccedilatildeo eacute feita em mercados

abertos EMPASA CEASA feiras livres PNAE PAA (CONAB) feiras

agroecoloacutegicas e grandes supermercados No entanto para a questatildeo logiacutestica os

stakeholders reconhecem que eacute fraca para dar suporte ao escoamento da produccedilatildeo

Segundo uma instituiccedilatildeo governamental entrevistada os atravessadores

compram a tangerina dos produtores e as vendem para a CEASA Ao inveacutes da

CEASA como entreposto comercial de apoio aos produtores adquirir as tangerinas

diretamente das associaccedilotildees e cooperativas agriacutecolas ela acaba ldquooficializandordquo a

atividade dos atravessadores

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se elas conheciam leis ou instruccedilotildees

normativas para a produccedilatildeo de tangerina seis dos entrevistados afirmaram que sim

Entretanto estes conhecimentos natildeo foram explicitados nem dado ecircnfase aos

problemas ambientais existentes nos plantios tais como o plantio eacute aleatoacuterio sem

levar em conta nenhum padratildeo de espaccedilamento plantios realizados no sentido da

declividade (ldquomorro abaixordquo) sem uso de curvas de niacutevel e retirada da cobertura

vegetal do solo sem plano de manejo provocando erosatildeo

Aleacutem disso de acordo com a Prefeitura Municipal de Matinhas apesar de

saber das leis existe uma dificuldade de aplicar e cobrar as poliacuteticas ambientais

devido a distribuiccedilatildeo fundiaacuteria ou seja propriedades de pequenas extensotildees

territoriais Por exemplo a lei de preservaccedilatildeo ambiental prevecirc que 20 de mata

devam ser nativas ou devam existir 30 de faixa de APP ndash Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente nos riachos A maioria dos produtores da regiatildeo possuem 25 ha

contando que nesta aacuterea estaacute incluiacuteda a casa de moradia Logo se a lei fosse

aplicada ficaria impossiacutevel sobrar aacuterea para uma famiacutelia produzir e tirar seu sustento

Segundo a EMATER natildeo cabe a ela executar as instruccedilotildees normativas

ambientais pois sua funccedilatildeo e de oacutergatildeo educador cabendo ao MAPA a defesa

vegetal e a SUDEMA a fiscalizaccedilatildeo para o cumprimento das leis O restante das

instituiccedilotildees (trecircs) natildeo conhece regulamentaccedilatildeo ambiental especiacutefica para a

produccedilatildeo de tangerina

76

O que se pode verificar na anaacutelise dessa questatildeo eacute que mais uma vez eacute

percebida a falta de integraccedilatildeo das instituiccedilotildees no tocante agrave necessidade de accedilotildees

conjuntas para fazerem cumprir as leis e instruccedilotildees normativas ambientais Tais

accedilotildees poderiam contribuir para o segmento obter o certificado de agricultura

orgacircnica e o selo de produccedilatildeo ecologicamente correta entre outros

A pesquisa tambeacutem procurou identificar quais satildeo os projetos e planos futuros

que as instituiccedilotildees possuem para apoiar e consolidar o APL da Citricultura As

instituiccedilotildees entrevistadas responderam que diversos esforccedilos estatildeo sendo

envidados

O Sindicato dos Trabalhadores de Matinhas vem atuando de forma a

conscientizar os 60 dos produtores que ainda natildeo acreditam em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica devido agrave demora na realizaccedilatildeo das accedilotildees por parte das instituiccedilotildees

governamentais A EMATER busca realizar seminaacuterios capacitar os produtores

divulgar poliacuteticas puacuteblicas existentes para o setor bem como promover dias de

campo com os agricultores visando o aprendizado in-loco

A Prefeitura Municipal de Matinhas envida esforccedilos para consolidar a

Coopertange como empresa acircncora do APL A SEDAP atraveacutes de suas empresas

vinculadas concede apoio logiacutestico na distribuiccedilatildeo de mudas A EMEPA procura

aprovar projetos e pesquisas destinados agrave produccedilatildeo de mudas certificadas

submetendo-os aos Ministeacuterios

Os parceiros BNB e SEBRAE responderam que levam informaccedilotildees e

procuram outros parceiros para execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

sustentabilidade do APL aleacutem de atuar na capacitaccedilatildeo e consultorias teacutecnicas Para

o MAPA a importacircncia de sua atuaccedilatildeo estaacute sendo na identificaccedilatildeo de um programa

especiacutefico para o setor da tangerina e a distribuiccedilatildeo de mudas fiscalizadas e

certificadas para as regiotildees do Agreste paraibano

Apoacutes a consolidaccedilatildeo do APL as instituiccedilotildees esperam produtores realizando

comercializaccedilatildeo sem a presenccedila de atravessadores independecircncia dos produtores

de programas sociais como forma de complementaccedilatildeo da renda para sustento das

famiacutelias aumento da produccedilatildeo e melhoria na qualidade das frutas demarcaccedilatildeo da

77

identidade geograacutefica15 da tangerina maior participaccedilatildeo dos produtores na

cooperativa conscientizaccedilatildeo por parte dos produtores para a importacircncia do

desenvolvimento e estruturaccedilatildeo da cadeia produtiva incremento de novas

tecnologias aplicadas aos plantios e aumento do creacutedito qualificado para o APL

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia

das poliacuteticas puacuteblicas para o desenvolvimento do APL

A anaacutelise da competitividade sistecircmica do arranjo produtivo da tangerina

utilizou o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD conforme descrito

na seccedilatildeo 42 Para tanto foi elaborado um questionaacuterio com o objetivo de avaliar a

visatildeo dos produtores a partir dos niacuteveis Micro Meso Macro e Meta do modelo

proposto

A amostra utilizada para o referido estudo contempla cinco associaccedilotildees e

uma cooperativa Neste universo foram entrevistados os seis presidentes dessas

organizaccedilotildees localizadas nos municiacutepios de Matinhas Esperanccedila Alagoa Nova

Lagoa de Roccedila Lagoa Seca e Massaranduba A escolha dos entrevistados foi

devido agrave vivecircncia desses representantes como interlocutores junto agraves instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais e principalmente por serem produtores de

tangerina e liacutederes na regiatildeo

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro

Neste niacutevel buscou-se analisar a capacidade de organizaccedilatildeo dos produtores

a sua capacidade inovativa a logiacutestica existente na comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo

da produccedilatildeo bem como o niacutevel de competitividade dos produtores

Segundo os produtores de citros da regiatildeo o diferencial competitivo desse

arranjo eacute a sazonalidade da produccedilatildeo concentrando-se o plantio da tangerina

principalmente nos muniacutecipios de Matinhas Lagoa Seca e Alagoa Nova Este

15 A identidade geograacutefica tem como escopo conferir a determinado produto ou serviccedilo uma

identidade proacutepria criando um elo com suas especificidades regionais especialmente histoacutericas e culturais levando ao consumidor garantias como a rastreabilidade do produto e seguranccedila do alimento

78

diferencial faz com que natildeo existam concorrentes de outras regiotildees para a tangerina

produzida no APL

Entretanto o cultivo da tangerina ainda eacute realizado de forma tradicional e

arcaica em 80 das aacutereas produtivas do APL Segundo o presidente da associaccedilatildeo

de Lagoa Seca ldquonem todos os agricultores estatildeo conscientes da importacircncia da

praacutetica qualificadardquo Apesar de terem sido constatadas melhoria nas praacuteticas de

cultivo ainda eacute muito baixo o nuacutemero de produtores que optaram por teacutecnicas

ambientalmente corretas em seus pomares

Percebe-se mais uma vez que o cultivo da tangerina na regiatildeo natildeo eacute

realizado de forma adequada pela maioria dos produtores e que o processo de

modernizaccedilatildeo ainda depende da conscientizaccedilatildeo dos agricultores para o uso de

novas teacutecnicas agriacutecolas

Em relaccedilatildeo aos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica a maioria

dos entrevistados respondeu que existe uma grande deficiecircncia A presenccedila do

atravessador ainda eacute muito forte o que gera uma dependecircncia na comercializaccedilatildeo

pois esse tipo de transaccedilatildeo comercial eacute realizado diretamente nos pomares sem que

haja necessidade dos produtores se deslocarem para vender sua produccedilatildeo Esse

fato natildeo os estimula a venderem a tangerina em canais de distribuiccedilatildeo diversificados

e mais rentaacuteveis tais como atacadistas das regiotildees Sul e Sudeste supermercados

feiras agroecoloacutegicas e os programas PAA e PNAE

Sendo assim o escoamento da produccedilatildeo de tangerina eacute realizado pelos

atravessadores Estes satildeo os responsaacuteveis pela respectiva distribuiccedilatildeo no mercado

regional e em todo o Nordeste

Aleacutem do problema da comercializaccedilatildeo outros fatores correlacionados foram

identificados no APL ausecircncia da padronizaccedilatildeo da tangerina higienizaccedilatildeo e

classificaccedilatildeo dos frutos e baixa capacidade produtiva entre as safras o que impede

o arranjo de se consolidar no mercado

Por outro lado os produtores atraveacutes do Sindicato e da Coopertange vecircm

buscando a certificaccedilatildeo da tangerina como orgacircnica Essas organizaccedilotildees tecircm

consciecircncia que satildeo necessaacuterias mudanccedilas nas praacuteticas de cultivo para a obtenccedilatildeo

de tal certificaccedilatildeo o que proporcionaraacute maior agregaccedilatildeo de valor ao produto

79

Para melhor compreensatildeo dos fatores internos de competitividade das

associaccedilotildees e da cooperativa apresenta-se no Graacutefico 1 os resultados do

posicionamento dos produtores quanto algumas perspectivas de desenvolvimento

para o segmento

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter

uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

b) A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado c) A Coopertange (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente a

mercados mais exigentes e que pagam por qualidade

d) Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e) Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da

tangerina

f) Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

g) Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

h) A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro

Fonte Elaborado pela autora

Ao analisarmos as respostas concedidas pelos produtores de tangerina

observa-se uma dispersatildeo na maioria das respostas Percebe-se que natildeo existe um

consenso entre esses atores no tocante ao processo de seleccedilatildeo e homogeneidade

de mudas esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e dos canais

de comercializaccedilatildeo bem como para a questatildeo de incentivo a qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra O resultado da anaacutelise constata que cada ator externa uma preocupaccedilatildeo

diferente retratando a sua necessidade individual e sem uma visatildeo do coletivo

O Graacutefico 2 apresenta as principais formas de cooperaccedilatildeo entre os atores do

APL Neste graacutefico constata-se mais uma vez que o diaacutelogo entre os atores eacute muito

pequeno e que a conscientizaccedilatildeo para compras coletivas e venda de forma

cooperada natildeo eacute discutido e avaliado entre eles Para os demais itens percebe-se

que natildeo existe integraccedilatildeo entre os atores e que a maioria busca soluccedilotildees para os

80

seus problemas de forma particular natildeo observando sua participaccedilatildeo dentro de um

sistema cooperado em que seus problemas deveriam ser tratados coletivamente

Para a Associaccedilatildeo de Esperanccedila as respostas analisadas foram bem

diferentes pois as praacuteticas de comercializaccedilatildeo teacutecnicas agriacutecolas e intervenccedilotildees

governamentais ocorrem de maneira integrada

Isto eacute reflexo da atuaccedilatildeo da EMATER nessa regiatildeo que eacute atuante e

desempenha um papel de ATER16 de maneira continuada entre os produtores Essa

atuaccedilatildeo permite que os produtores dialoguem e busquem soluccedilotildees aos problemas

advindos de seus pomares hortas e plantaccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) Compra de insumos e equipamentos b) Venda de produtos

c) Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio d) Capacitaccedilatildeo de recursos humanos e) Obtenccedilatildeo de financiamento

f) Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees g) Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL

Fonte Elaborado pela autora

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo identificadas para o APL e

descritas no Graacutefico 3 foi observado que todas as informaccedilotildees sejam elas fontes

internas externas ou advindas de universidades centros de pesquisa e de outras

redes de informaccedilatildeo satildeo importantes para o desenvolvimento e estruturaccedilatildeo do

arranjo na visatildeo dos produtores entrevistados

Entretanto durante a entrevista foi observado certa anguacutestia por parte dos

atores no tocante a celeridade dessas informaccedilotildees Para eles existe uma

16

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

81

descontinuidade nas accedilotildees dos parceiros interrompendo-se assim a rede de

informaccedilatildeo criada entre os atores e as instituiccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h i j k l m n o p q r

Menos Importante

Meacutedia

Mais importante

Fontes internas

a) Pesquisa e Desenvolvimento b) Aacuterea de produccedilatildeo c) Aacuterea de vendas e marketing

d) Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes Externas e) Fornecedores de insumos

f) Clientes g) Concorrentes h) Outras empresas do setor

i) Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa j) Universidades

k) Institutos de pesquisas l) Centro de capacitaccedilatildeo profissional m) Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

n) Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes o) Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

p) Feiras especializadas q) Associaccedilotildees e sindicatos r) Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo

Fonte Elaborado pela autora

Nesta seccedilatildeo observa-se uma dicotomia na relaccedilatildeo entre produtores versus

instituiccedilotildees parceiras Do lado das instituiccedilotildees accedilotildees satildeo realizadas visando agrave

difusatildeo de informaccedilotildees para o setor e do lado dos produtores estes sentem a falta

da celeridade de tais informaccedilotildees e a elaboraccedilatildeo de programas especiacuteficos para o

segmento que possam ser executados de forma continuada

Debruccedilando-se sobre as respostas dos produtores principais atores da

atividade econocircmica foi possiacutevel averiguar que a falta de celeridade de informaccedilotildees

e a presenccedila dos parceiros de maneira esporaacutedica tecircm desmotivado esses atores a

buscarem a modernizaccedilatildeo para uma produccedilatildeo mais competitiva Esse reflexo pode

82

implicar na busca individualizada por respostas mais imediatas aos problemas

dentro do arranjo o que vem ocorrendo no APL em estudo

Outro fator determinante para o baixo investimento na produccedilatildeo de tangerina

eacute a desarticulaccedilatildeo entre os produtores para o uso de praacuteticas qualificadas em seus

plantios Isto eacute visivelmente comprovado quando observamos a falta de seleccedilatildeo e

padronizaccedilatildeo de frutos a venda da produccedilatildeo aos atravessadores a logiacutestica de

distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo natildeo realizada por uma empresa acircncora e o baixo niacutevel de

empreendedorismo dos produtores devido agrave ausecircncia de orientaccedilotildees teacutecnicas para

a gestatildeo do negoacutecio

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso

No niacutevel Meso foi possiacutevel analisar como os produtores estatildeo inseridos no

APL e como satildeo percebidas pelos produtores as poliacuteticas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais para a consolidaccedilatildeo desse

segmento

Os produtores filiados agraves organizaccedilotildees representativas do setor informaram

que do ponto de vista da esfera federal e estadual natildeo conhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina o que dificulta o desenvolvimento do APL

e da regiatildeo Esses produtores afirmam tambeacutem que tecircm conhecimento apenas das

poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar

Para o representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova seria necessaacuterio

tambeacutem ldquoo desenvolvimento de projetos coletivos para este setor visando incentivar

a qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra dos jovens e filhos dos agricultores para trabalharem

nos plantiosrdquo

Os representantes do setor tambeacutem questionam a falta de integraccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo por parte dos governos com outras instituiccedilotildees natildeo governamentais

para promover o arranjo e consequentemente ampliar a sua competitividade

Entretanto apesar de algumas accedilotildees serem realizadas de forma integrada

ainda satildeo muito tiacutemidas Segundo a representante da Coopertange ldquoNatildeo existe ateacute

o momento uma estrateacutegia de desenvolvimento para essa integraccedilatildeo de forma

continuadardquo

83

Para essas organizaccedilotildees coletivas e seus associados as contribuiccedilotildees das

instituiccedilotildees parceiras de apoio ao APL tecircm ocorrido de forma eventual Algumas

atividades citadas foram cursos de capacitaccedilatildeo treinamento elaboraccedilatildeo de

projetos debates palestras seminaacuterios visitas de intercacircmbio disponibilizaccedilatildeo de

mudas certificadas e apresentaccedilatildeo de viacutedeos

Os produtores tambeacutem citaram as instituiccedilotildees parceiras do arranjo Governo

do Estado SEDAP EMATER EMEPA EMPASA Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Matinhas SEBRAE Prefeituras Municipais BNB UFPB ndash Campus de

Bananeiras e de Areia Secretarias de Educaccedilatildeo (PNAE) MDS (PAA) UFCG Caixa

Econocircmica Banco do Brasil Foacuterum de Fruticultura da Borborema CONAB

Ministeacuterio da Sauacutede e EMBRAPA Aleacutem dessas outras entidades foram citadas

como potenciais parceiras MAPA INTERPA SENAR UEPB OCEPB Fundaccedilatildeo

Banco do Brasil e Bradesco

Outros oacutergatildeos natildeo governamentais citados no desenvolvimento de accedilotildees

conjuntas mesmo que de forma bastante incipiente foram a ASPTA17 e a FETAG18

Constatou-se tambeacutem que na visatildeo dos representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa a melhor maneira de se obter recursos junto agraves instituiccedilotildees de apoio a

fomento e entidades governamentais eacute atraveacutes da elaboraccedilatildeo de projetos e

programas voltados para a citricultura Outros mecanismos seriam a demanda

coletiva dos produtores e da governanccedila junto agraves instituiccedilotildees bem como a emissatildeo

da DAP19 (instrumento da SAFMDA20) para que esses produtores possam participar

de linhas de creacutedito especiacuteficas do PRONAF

A pesquisa tambeacutem avaliou se os produtores conhecem as leis ou instruccedilotildees

normativas que estabelecem requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina

na Paraiacuteba Trecircs dos entrevistados responderam que natildeo conhecem Para o

representante da Associaccedilatildeo de Massaranduba ldquoa maioria dos produtores do

municiacutepio conhece e utiliza cartilhas e livros teacutecnicos o que fez com que houvesse

uma reduccedilatildeo na queima e no desmatamento A praacutetica orientada para a reduccedilatildeo dos

17 Assessoria de Serviccedilos e Projetos da Agricultura Alternativa - Zona Rural 18 Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba 19 DAP ndash Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf - utilizada como instrumento de identificaccedilatildeo do agricultor familiar

para acessar poliacuteticas puacuteblicas como o Pronaf

20 A DAP foi criada pela Secretaria da Agricultura Familiar do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

84

impactos ambientais contribuiu com um trabalho de reflorestamento que vem sendo

desenvolvido na regiatildeo pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massarandubardquo

Foi observado entre os entrevistados que essa praacutetica eacute uma exceccedilatildeo no APL pois

eacute realizada somente pelos produtores desse municiacutepio

Jaacute o representante de Alagoa Nova diz ter conhecimento das leis mas elas

natildeo satildeo aplicadas porque natildeo existe uma assistecircncia teacutecnica continuada O

representante de Lagoa de Roccedila tambeacutem afirmou que conhece e pratica e quem o

orienta eacute seu neto aluno da Escola Teacutecnica que estaacute cursando Teacutecnico Agriacutecola

Quando se analisa a poliacutetica comercial brasileira para exportaccedilatildeo da

tangerina verifica-se que a metade dos entrevistados tem consciecircncia que existe

potencial de comercializaccedilatildeo e mercado para exportaccedilatildeo desse tipo de fruto

enquanto que outra metade natildeo tem conhecimento de tal poliacutetica

No Graacutefico 4 ao serem avaliadas algumas variaacuteveis do niacutevel Meso para o

desenvolvimento do arranjo pocircde-se averiguar que a relaccedilatildeo entre os produtores e

as poliacuteticas existentes tem acontecido de maneira diferenciada para cada

associaccedilatildeo e cooperativa podendo variar em funccedilatildeo do interesse pela demanda

grau de organizaccedilatildeo da entidade e niacutevel de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees que apoiam o

APL

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo

de negoacutecios b O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos

gestores governamentais

c A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo d A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor e O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

f As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

g A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

h A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso

Fonte Elaborado pela autora

85

A natildeo existecircncia de um consenso entre os produtores eacute decorrente das

respostas analisadas no referido graacutefico em que algumas organizaccedilotildees coletivas

discordam da efetividade dessas poliacuteticas e em contraponto outras concordam

parcialmente ou totalmente

O Graacutefico 5 avalia a relaccedilatildeo dos produtores com as instituiccedilotildees parceiras

governamentais e natildeo governamentais Verifica-se que os atores divergem em suas

respostas por possuiacuterem niacuteveis de parcerias diferentes com cada instituiccedilatildeo Logo

percebe-se que na visatildeo dos entrevistados algumas instituiccedilotildees tecircm atuaccedilatildeo

regular outras apresentam accedilotildees inexpressivas e as demais natildeo tecircm relaccedilatildeo de

parceria com os atores

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e

Oacutetimo

Bom

Regular

Ruim

Sem relaccedilatildeo

a AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio b Instituiccedilotildees financeiras

c Fornecedores e outras empresas do arranjo d Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades e Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

Fonte Elaborado pela autora

Constata-se no niacutevel Meso que os representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa natildeo conhecem poliacuteticas especiacuteficas para o setor seja pela sua

inexistecircncia ou mesmo pela insipiente difusatildeo de informaccedilotildees sobre programas e

projetos voltados para o APL O que geralmente ocorre eacute a utilizaccedilatildeo de poliacuteticas jaacute

existentes como por exemplo para agricultura familiar sem haver uma

preocupaccedilatildeo em atender os problemas especiacuteficos da citricultura

Outra questatildeo tambeacutem apontada pelos produtores eacute a falta de integraccedilatildeo das

instituiccedilotildees que apoiam o setor gerando accedilotildees individualizadas e descontiacutenuas

Este problema tambeacutem foi identificado no niacutevel Micro (seccedilatildeo 521) o que mais uma

vez comprova a necessidade de uma poliacutetica governamental especiacutefica e atuante

para o referido arranjo

86

O lado positivo da avaliaccedilatildeo deste niacutevel eacute que os produtores apontaram

diversas instituiccedilotildees com accedilotildees pontuais no arranjo produtivo local Isto indica que

existe uma preacute-disposiccedilatildeo e interesse dessas instituiccedilotildees em apoiarem um APL que

tem potencial comercial expressivo e que envolve uma parcela da populaccedilatildeo

residente na zona rural em atividades oriundas da citricultura

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro

As questotildees elaboradas para o niacutevel Macro natildeo retratam especificamente o

modelo definido para o referido niacutevel como detalhado na seccedilatildeo 42 Por outro lado

essas questotildees foram formatadas sob a oacutetica de um APL de baixa renda que

apresenta fragilidades advindas das poliacuteticas puacuteblicas para a agricultura familiar No

entanto observa-se um grande potencial para o aumento da produccedilatildeo de citros na

regiatildeo o que faz esse arranjo ter prioridades econocircmicas e sociais podendo atingir

os mercados nacional e internacional

Neste niacutevel procurou-se entender como os produtores percebem as poliacuteticas

econocircmicas e a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na disponibilizaccedilatildeo de creacuteditos e linhas de

financiamento como forma de consolidar o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

Em relaccedilatildeo agrave disponibilizaccedilatildeo de financiamento pelas instituiccedilotildees de fomento

para melhorar o processo produtivo no arranjo todas as associaccedilotildees afirmam que

as linhas de creacutedito satildeo provenientes do PRONAF atraveacutes do Banco do Nordeste ndash

BNB que credenciou teacutecnicos da EMATER para elaborar os projetos

Essa linha de financiamento concede aos produtores condiccedilotildees especiais tais

como carecircncia para pagamento rebate e juros baixos O acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos eacute realizado conjuntamente pelo BNB e EMATER Outras

instituiccedilotildees de fomento que aparecem muito timidamente satildeo Banco do Brasil e

Caixa Econocircmica

Foi observado que os produtores natildeo tecircm clareza sobre financiamentos para

expansatildeo da capacidade produtiva capital de giro e melhoria da produccedilatildeo A

burocracia ainda eacute grande para o agricultor familiar e as informaccedilotildees natildeo chegam

adequadamente agraves associaccedilotildees

87

Com relaccedilatildeo agrave poliacutetica puacuteblica que estabeleceu programas e accedilotildees para

Arranjos Produtivos Locais foi observado na pesquisa que a maioria dos

entrevistados natildeo percebeu nenhum benefiacutecio praacutetico a partir dessas medidas e que

ateacute hoje o setor natildeo tem uma poliacutetica especiacutefica para esse tipo de produccedilatildeo agriacutecola

Somente o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila afirmou que o Governo

Federal incentivou o desenvolvimento do APL da Citricultura aprovando o projeto

para aquisiccedilatildeo de uma packing house

Outro aspecto relatado pela maioria das organizaccedilotildees e produtores foi que

natildeo existe no Plano Pluri Anual ndash PPA dos Governos Municipais accedilotildees ou poliacuteticas

especiacuteficas para a tangerina Apenas o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila

afirmou que a prefeitura investe em accedilotildees direcionadas ao APL preparando

estradas para escoamento da produccedilatildeo e adquirindo 30 da produccedilatildeo agriacutecola do

municiacutepio para a merenda escolar atraveacutes do PNAE

Constatou-se tambeacutem que a prefeitura de Matinhas tem investido na melhoria

das estradas vicinais na criaccedilatildeo do Parque da Laranja para realizaccedilatildeo de eventos

na aquisiccedilatildeo de equipamentos para beneficiamento da tangerina bem como

propiciou a contrapartida para aquisiccedilatildeo da packing house

Outra questatildeo informada pelos representantes das organizaccedilotildees foi como

resolver a presenccedila do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no setor jaacute que o

APL conta com cinco associaccedilotildees e uma cooperativa Esses representantes

afirmaram que seria necessaacuterio um grande trabalho de conscientizaccedilatildeo que fizesse

os produtores participarem ativamente da cooperativa pois atualmente ainda existe

rejeiccedilatildeo por esse tipo de organizaccedilatildeo

Tambeacutem foi frisada a importacircncia da estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da

Coopertange pois ela poderaacute ser o elo de integraccedilatildeo entre o segmento e as

poliacuteticas existentes Essa entidade deve ser capaz de dialogar com os oacutergatildeos

governamentais e efetivar a citricultura como uma atividade competitiva e rentaacutevel

para os produtores Os entrevistados ainda citaram como importante o escoamento

da produccedilatildeo pela cooperativa e a parceria com a Ceasa para que a mesma compre

a tangerina diretamente da Coopertange

Evidenciou-se ainda que as associaccedilotildees e a cooperativa estatildeo envidando

esforccedilos para consolidar o referido APL realizando reuniotildees com os produtores

88

buscando novos parceiros fazendo anaacutelise de mercado para onde pretendem

escoar a produccedilatildeo desenvolvendo projetos participando de feiras agroecoloacutegicas e

pesquisando o uso de novas tecnologias

Por fim os entrevistados externaram os projetos e planos futuros que eles

esperam com a consolidaccedilatildeo do APL A presidente da Coopertange espera colocar

em funcionamento a cooperativa como empresa ancora do APL instalar a packing

house estimular o crescimento da produccedilatildeo buscar a transferecircncia de tecnologia de

forma permanente para os produtores e gerar a inclusatildeo social na regiatildeo

O representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova espera que as instituiccedilotildees

parceiras promovam maior divulgaccedilatildeo das informaccedilotildees para os produtores dos seis

municiacutepios que compotildeem o APL que haja um aumento de recursos para investir na

produccedilatildeo e mais tecnologia para o segmento Para o representante da Associaccedilatildeo

de Lagoa de Roccedila o mais importante eacute melhorar o preccedilo da tangerina no mercado

No municiacutepio de Esperanccedila a associaccedilatildeo almeja que as informaccedilotildees

advindas de programas governamentais possam chegar aos produtores de forma

efetiva e que haja um aumento na venda da produccedilatildeo advinda da agricultura

familiar A Associaccedilatildeo de Lagoa Seca pretende melhorar as condiccedilotildees sociais e

econocircmicas dos associados participantes do arranjo O desejo da presidente da

Associaccedilatildeo de Massaranduba eacute ldquover todos os produtores tirando proveito da

estrutura da Coopertangerdquo

No Graacutefico 6 satildeo avaliadas as poliacuteticas econocircmicas direcionadas para o APL

da Citricultura e analisado como os atores percebem a contribuiccedilatildeo dessas poliacuteticas

Ao serem questionados se os governos locais tecircm direcionado o orccedilamento para a

promoccedilatildeo do arranjo todos afirmam que natildeo Este entendimento sugere

provavelmente que os produtores natildeo entendem as accedilotildees realizadas pelos governos

locais como uma poliacutetica efetiva para o arranjo Quando indagado aos produtores se

a poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor a maioria afirmou

ser indiferente e natildeo perceber a eficaacutecia dessa poliacutetica pois a mesma apresenta

poucos reflexos no desenvolvimento do arranjo da citricultura Para os produtores de

citros a carga tributaacuteria e as leis trabalhistas natildeo influenciam no soerguimento da

atividade Verifica-se que algumas respostas apresentam-se de forma dispersa o

que retrata possivelmente a falta de um melhor entendimento sobre tais poliacuteticas

89

Considerando que o niacutevel Macro engloba poliacuteticas macroeconocircmicas as

poliacuteticas de financiamento utilizadas pela maioria dos produtores ainda satildeo

provenientes do PRONAF pois o APL em questatildeo encontra-se em fase de

organizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo tem como base a agricultura familiar e ainda se

apresenta como de baixa renda apesar do seu grande potencial socioeconocircmico

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1

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3

4

5

6

a b c d e f

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

b A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor c A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos d O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

e A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo f As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro

Fonte Elaborado pela autora

Foi observado tambeacutem que a atividade econocircmica possui caracteriacutesticas

positivas tais como nuacutemero expressivo de produtores participantes de associaccedilotildees

e da cooperativa localizadas no arranjo produccedilatildeo diferenciada com propriedades

orgacircnicas e custo baixo de produccedilatildeo por serem frutos de sequeiro

No entanto o APL em questatildeo possui baixo investimento em pesquisa

desenvolvimento e inovaccedilatildeo baixa estrateacutegia para a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo falta

de alocaccedilatildeo de recursos para melhoria do plantio e equidade de renda dos

produtores desnivelada

Aleacutem disso um ponto forte evidenciado nesse aglomerado produtivo e que se

constitui como um dos seus maiores diferenciais eacute a produccedilatildeo de tangerina na

entressafra das outras regiotildees produtoras tendo como consequecircncia uma forte

demanda pela produccedilatildeo

Neste sentido faz-se necessaacuterio a criaccedilatildeo de mecanismos que possibilitem a

execuccedilatildeo de uma poliacutetica econocircmica mais proativa para a citricultura que natildeo sofra

90

soluccedilatildeo de continuidade e que os resultados de sua implementaccedilatildeo possam ser

acompanhados pela governanccedila parceiros institucionais e produtores

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta

O objetivo deste niacutevel eacute identificar o grau de cooperaccedilatildeo entre os atores o

seu empoderamento e capacidade de interferecircncia nas poliacuteticas puacuteblicas visando

aglutinar forccedilas e potencializar as vantagens competitivas do setor Esta anaacutelise

tambeacutem busca identificar se os produtores estatildeo desenvolvendo estrateacutegias que

venham promover o APL da Citricultura

Neste sentido dos seis atores entrevistados quatro responderam que

conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas governamentais voltados

para o arranjo Esses atores relataram que existe inclusive um bom relacionamento

com a EMATER e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel ndash

CMDRS Aleacutem disso as organizaccedilotildees coletivas conseguem com esses parceiros

institucionais apoio teacutecnico para produzir citros (tangerina limatildeo e laranja) e

hortaliccedila sem o uso de agrotoacutexico Os produtores rurais foram enfaacuteticos em dizer

que ldquonatildeo admitem a aplicaccedilatildeo de produtos quiacutemicos em seus pomaresrdquo

Os outros dois representantes responderam que natildeo conseguem influenciar

os governantes para a importacircncia de uma assistecircncia teacutecnica continuada pois ao

inveacutes de realizarem accedilotildees de ATER21 de forma permanente os apoios satildeo sempre

realizados de forma pontual a exemplo da ldquopraga da mosca negrardquo Para este

problema a assistecircncia teacutecnica concedida por parte das instituiccedilotildees governamentais

para evitar uma infestaccedilatildeo foi corretiva e natildeo preventiva

No entanto quando questionados sobre a preacute-disposiccedilatildeo agrave cooperaccedilatildeo os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa acreditam que os produtores estatildeo

confiantes na parceria com as instituiccedilotildees e tecircm certeza que gradativamente esse

processo estaraacute fortalecido Contudo a Associaccedilatildeo de Esperanccedila acredita que os

produtores natildeo estatildeo preparados e tecircm dificuldade de dialogar com as instituiccedilotildees

21

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

91

Quando abordados sobre a existecircncia da troca de conhecimentos entre os

parceiros quatro organizaccedilotildees responderam que existe um bom diaacutelogo com os

parceiros EMATER SPTA Polo Sindical da Borborema (composto por 16

sindicatos) EMEPA EMBRAPA UEPB (alunos de agroecologia) UFPB e feirantes

Aleacutem disso os representantes das organizaccedilotildees falaram da praacutetica de difundir entre

os produtores teacutecnicas aprendidas em palestras sobre plantaccedilatildeo orgacircnica e

defensivos orgacircnicos Por outro lado a Coopertange e a Associaccedilatildeo de Lagoa de

Roccedila acreditam que no passado jaacute houve troca de conhecimento entre os

produtores mas hoje natildeo mais

Percebe-se na anaacutelise do Graacutefico 7 que natildeo existe um consenso sobre a

efetividade das poliacuteticas como indutoras de desenvolvimento do APL Os produtores

tecircm respostas diferentes quando satildeo indagados sobre a atuaccedilatildeo dos governos em

prol do arranjo sobre a existecircncia de canais negociaccedilatildeo bem como na busca de um

modelo de governanccedila que facilite o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees governamentais e o

setor produtivo

Desta forma a inexistecircncia de um consenso de opiniatildeo e a falta de

consciecircncia sobre a importacircncia da organizaccedilatildeo dos produtores faz com que o

desenvolvimento do APL seja lento e suas accedilotildees desarticuladas

0

1

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5

6

a b c d e

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

b O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

c As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no arranjo atuando de maneira

democraacutetica em defesa dos seus soacutecios d Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor

privado

e Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta

Fonte Elaborado pela autora

92

Neste niacutevel cujo objetivo eacute identificar a capacidade de organizaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa e seu poder de articulaccedilatildeo junto agraves instituiccedilotildees que

apoiam o APL constata-se que para o arranjo as instituiccedilotildees reconhecem o

potencial do setor e tecircm interesse em apoiar as dinacircmicas de desenvolvimento e

accedilotildees de caraacuteter efetivo para a consolidaccedilatildeo do arranjo Por outro lado os

produtores na sua maioria natildeo gozam de privileacutegios comparados a outras

atividades econocircmicas tradicionais existentes no Estado a exemplo dos setores

Sucroalcooleiro Coureiro-Calccediladista e Caprinovinocultura

Outra questatildeo conflitante diz respeito agrave atuaccedilatildeo democraacutetica das associaccedilotildees

e da cooperativa representantes legais dos produtores e que atuam na defesa dos

interesses do setor A falta de uniatildeo a inexistecircncia de diaacutelogo mais frequente entre

essas organizaccedilotildees e a carecircncia de um interlocutor que unifique a lideranccedila e

debata com o segmento as necessidades coletivas dos produtores fazem com que

a comunicaccedilatildeo entre os governos e o setor produtivo esteja fragilizada

No tocante a um modelo de governanccedila para o APL os produtores ainda natildeo

tecircm um consenso formatado sobre tal modelo Mas o mais interessante eacute que em

todo o estudo os beneficiaacuterios do arranjo tecircm esperanccedilas de que quando a packing

house estiver funcionando e a Coopertange assumir o papel de empresa acircncora do

sistema seraacute possiacutevel dar a este arranjo produtivo local um novo rumo de

cooperaccedilatildeo e sobre tudo uma nova dinacircmica comercial e ambiental para o APL da

citricultura

53 Conclusatildeo da Anaacutelise

Neste capiacutetulo foi possiacutevel avaliar o arranjo institucional e as contribuiccedilotildees e

falhas detectadas a partir das poliacuteticas puacuteblicas implementadas no Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Na seccedilatildeo 51 foram analisados os dados coletados nas entrevistas com os

stakeholders das instituiccedilotildees mais atuantes no arranjo A partir dessa anaacutelise pode-

se concluir que o suporte institucional existente para o APL possui parceiros

importantes e com potencial para apoiar a organizaccedilatildeo do arranjo bem como tem

capacidade teacutecnica para estimular e promover entre os produtores a cultura da

93

cooperaccedilatildeo Entretanto ficou evidenciado que este suporte institucional ainda eacute

fraacutegil e apresenta deficiecircncia na execuccedilatildeo das accedilotildees

A governanccedila praticada ainda eacute a governamental (prefeitura e Governo do

Estado) e se apresenta como a maior incentivadora do desenvolvimento da

citricultura na regiatildeo

No entanto percebe-se na fala de cada representante que as accedilotildees satildeo

realizadas isoladamente por cada entidade Mesmo que estas estejam integradas no

APL as accedilotildees continuam acontecendo conforme o planejamento institucional de

cada uma Essa realidade dificulta a flexibilidade dos gestores apoiarem outras

demandas mais significativas e impactantes para o arranjo

Contudo tentativa como a do SEBRAE de quebrar esse hiato possibilitou em

parceria com a Superintendecircncia Federal de Agricultura no Estado da Paraiacuteba a

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema Apesar da atuaccedilatildeo deste Foacuterum

natildeo foi possiacutevel identificar a existecircncia de accedilotildees integradas e executadas de

maneira continuada entre os seus representantes que pudessem ser elaboradas e

validadas como prioridade para o desenvolvimento da tangerina na Paraiacuteba Essa

constataccedilatildeo foi observada nas respostas dos entrevistados Eles tambeacutem afirmam

que a poliacutetica partidaacuteria existente na regiatildeo dificulta a implementaccedilatildeo de accedilotildees

integradas

Os gestores institucionais natildeo perceberam que as poliacuteticas puacuteblicas

existentes para atender agraves necessidades do setor devem ser trabalhadas a partir de

uma interseccedilatildeo dos programas governamentais e natildeo governamentais que

potencializem projetos estruturantes possibilitando a sustentabilidade da atividade

econocircmica de forma equilibrada em toda a regiatildeo

Para analisar a visatildeo dos produtores em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas direcionadas ao APL discutida na seccedilatildeo 52 utilizou-se como ferramenta o

modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD composto por quatro niacuteveis

O niacutevel Micro permitiu a identificaccedilatildeo dos problemas mais frequentes dos

produtores que apesar de estarem organizados em associaccedilotildees e cooperativa natildeo

possuem o habito de resolver os problemas do segmento de modo cooperado

94

Tal constataccedilatildeo recai sobre a falta de diaacutelogo entre os atores fazendo com

que um hiato seja gerado na comunicaccedilatildeo dos participantes do arranjo Este fato

impede os produtores de obterem resultados promissores para o segmento e de

vislumbrarem a possibilidade de investir em inovaccedilatildeo de forma coletiva e realizar

uma comercializaccedilatildeo com maior poder de negociaccedilatildeo de preccedilo e de expansatildeo de

mercado

Outros fatores importantes detectados nesse niacutevel foram a baixa capacidade

produtiva entre as safras apesar de existir uma aacuterea expressiva para a produccedilatildeo de

citros falta de celeridade nas informaccedilotildees e descontinuidade nas accedilotildees dos

parceiros

No niacutevel Meso verificou-se que os produtores desconhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina e questionam a falta de investimentos

financeiros para o setor a falta de orientaccedilatildeo de normas teacutecnicas de plantio e

manejo nos pomares a falta de integraccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre as instituiccedilotildees

governamentais e a falta de projetos que qualifiquem jovens e filhos de produtores

para atuarem no campo

Os produtores enfatizam tambeacutem a pouca atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees realizando

accedilotildees diferenciadas para cada associaccedilatildeo ou seja natildeo havendo criteacuterios para o

atendimento coletivo desses atores

Ao analisar o APL segundo o niacutevel Macro verificou-se que as poliacuteticas

macroeconocircmicas (cambial monetaacuteria e fiscal) e a poliacutetica de comeacutercio exterior natildeo

influenciam diretamente esse APL Por ser um arranjo de baixa renda e que utiliza

basicamente poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar adequadas para

uma agricultura diversificada e natildeo especificamente para tangerina tais poliacuteticas

acabam natildeo incentivando a expansatildeo do plantio Neste caso o planejamento e a

organizaccedilatildeo produtiva da atividade de maior potencial econocircmico na regiatildeo natildeo satildeo

priorizados

Ainda sobre a poliacutetica econocircmica brasileira eacute notoacuteria a carecircncia de

esclarecimentos sobre como essa poliacutetica poderia dinamizar o segmento e o

desconhecimento sobre os incentivos governamentais para formalizaccedilatildeo de

agronegoacutecios

95

O niacutevel Meta analisou a cooperaccedilatildeo dos atores dentro de uma visatildeo

sistecircmica em que estes acreditam que gradativamente o setor estaraacute fortalecido

mas que ainda natildeo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas

governamentais voltados para o setor

Identificou-se tambeacutem que natildeo existe um consenso entre os produtores sobre

a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao arranjo nem sobre a participaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa na defesa dos direitos dos seus associados e nem na

implementaccedilatildeo de um modelo de governanccedila que contribua com o desenvolvimento

do APL

Portanto apoacutes a anaacutelise da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees e da percepccedilatildeo dos

produtores rurais em relaccedilatildeo agraves poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina espera-se que as contribuiccedilotildees identificadas nesta pesquisa

sirvam de instrumento balizador na adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas para

a citricultura no Estado e que novas perspectivas de incremento ao setor sejam

planejadas com a participaccedilatildeo e integraccedilatildeo das organizaccedilotildees sociais que compotildeem

o arranjo

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Esta dissertaccedilatildeo analisou o Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina por se tratar de um APL de grande potencial econocircmico para

a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

O trabalho proposto teve como finalidade analisar a estrutura organizacional

do APL identificar as poliacuteticas promotoras do desenvolvimento avaliar a

contribuiccedilatildeo das poliacuteticas disponibilizadas e propor medidas para a reduccedilatildeo das

falhas oriundas do processo de implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas

Historicamente a regiatildeo em estudo eacute detentora de um nuacutemero expressivo de

produtores rurais que destinam suas atividades agriacutecolas no plantio de citros O

setor gera 4000 empregos diretos e 6000 empregos indiretos aproximadamente o

que torna o referido arranjo prioritaacuterio para o Estado

A produccedilatildeo de tangerina advinda do aglomerado produtivo apresenta como

diferencial competitivo a ocorrecircncia da safra na entressafra de outros estados e o

plantio com caracteriacutesticas orgacircnicas (sem uso de defensivos quiacutemicos)

Os stackholders entrevistados acreditam que o referido APL tem impacto na

economia local e regional tem mercado favoraacutevel para o escoamento da produccedilatildeo

eacute gerador de emprego e renda apresenta possibilidade de expansatildeo tem cultura

difundida na produccedilatildeo de tangerina e eacute promotor do desenvolvimento

socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Nos uacuteltimos anos apesar de ainda natildeo haver uma dinacircmica de trabalho

adequada para o segmento as instituiccedilotildees parceiras e suas respectivas poliacuteticas

contribuiacuteram para que o setor avanccedilasse

As principais poliacuteticas de apoio ao APL realizadas pelas instituiccedilotildees satildeo a

disponibilizaccedilatildeo de linhas de creacutedito destinadas agrave agricultura familiar (PRONAF)

estimulo agraves compras governamentais para os programas PNAE e PAA realizaccedilatildeo

de pesquisas de inovaccedilatildeo para a melhoria de mudas e plantas certificadas

97

promoccedilatildeo da transferecircncia de tecnologias e da capacitaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

orientaccedilotildees de ATER no plantio da tangerina

Sendo assim para analisar o impacto das poliacuteticas aplicadas ao APL em

estudo foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD Este

modelo analisa o arranjo com maior ecircnfase nos aspectos sociais e inclui a accedilatildeo do

Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade como fatores determinantes para o aumento

da competitividade sistecircmica A partir desse modelo foi possiacutevel pesquisar atraveacutes

dos niacuteveis Micro Meso Meta e Macro como o setor estaacute organizado e como as

poliacuteticas satildeo percebidas pelos produtores

Ao concluir a anaacutelise da pesquisa dois pontos foram priorizados e

referenciados dentro do estudo o primeiro eacute a visatildeo das instituiccedilotildees parceiras e

fomentadoras de poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

e o segundo a percepccedilatildeo dos produtores quanto agraves poliacuteticas disponibilizadas para o

aglomerado produtivo

Para as instituiccedilotildees o apoio ao segmento eacute realizado devido agrave importacircncia

econocircmica da produccedilatildeo de tangerina bem como 80 da populaccedilatildeo residir na zona

rural e ter como principal fonte de renda o cultivo da tangerina dancy Estes dois

fatores fazem com que as entidades governamentais vejam a atividade como

dinamizadora da economia para a regiatildeo

Outras accedilotildees advindas dessas entidades foram identificadas na pesquisa

contrataccedilatildeo de um especialista em tangerina melhoria das estradas vicinais para o

escoamento da produccedilatildeo promoccedilatildeo de visitas teacutecnicas e intercacircmbio reuniotildees

informativas sobre programas e poliacuteticas de desenvolvimento existentes para o

segmento e constituiccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema

Para os produtores esse apoio das instituiccedilotildees natildeo eacute percebido como poliacutetica

efetiva pois eacute executado sem um planejamento permanente de accedilotildees para o

periacuteodo de safra e de entressafra

As associaccedilotildees e a cooperativa tambeacutem sentem que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo

atuando de forma integrada ou seja natildeo foi visualizado um programa para a

citricultura principalmente para a tangerina em que houvesse a contribuiccedilatildeo de

todos os parceiros periodicamente visando o crescimento do APL

98

Aleacutem disso os produtores tambeacutem enfatizaram que o atendimento das

demandas por parte das instituiccedilotildees eacute realizado individualmente ou coletivamente

dependendo do tipo de accedilatildeo programada em cada oacutergatildeo o que muitas vezes

impede accedilotildees coletivas bem mais significativas para o APL como um todo

Esse apoio institucional realizado pelos parceiros de forma desarticulada e

com atendimentos diferenciados tem estimulado nos produtores descreacutedito nas

accedilotildees disponibilizadas pelos governos municipais e estadual

A falta de uma poliacutetica que intensifique as atividades econocircmicas e

tecnoloacutegicas no APL faz com que a produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba sofra um

descompasso entre a grande demanda por esses frutos de mesa e a baixa

competitividade desse setor

Sendo assim faz-se necessaacuterio a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas e adequaccedilatildeo

das jaacute existentes para que o arranjo possa se desenvolver com eficiecircncia e

competitividade

Sugere-se tambeacutem como alternativa complementar nas propostas de poliacuteticas

puacuteblicas a inserccedilatildeo das potencialidades de investimento dos municiacutepios que

compotildeem o APL (ver Apecircndice C) apresentadas nos Mapas de Oportunidades do

Estado da Paraiacuteba (FIEP 2009)

Na proacutexima seccedilatildeo seratildeo apresentadas as contribuiccedilotildees para a formulaccedilatildeo de

tais poliacuteticas

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

A pesquisa realizada no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina identificou que este APL natildeo possui infraestrutura tecnoloacutegica e logiacutestica

para vender em mercados que exigem qualidade e prazo de entrega a exemplo das

grandes redes de supermercado nacional ou para exportaccedilatildeo

Os avanccedilos obtidos a partir dos apoios institucionais ainda natildeo satildeo

suficientes para que o arranjo seja competitivo e desponte nacionalmente como um

99

aglomerado de excelecircncia na produccedilatildeo de tangerina Espera-se que com a

implementaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas para o segmento esse arranjo seja capaz de

promover o aumento da inclusatildeo social fazendo com que a dependecircncia do

agricultor por auxiacutelios governamentais como parte complementar de sua renda

sejam substituiacutedos por trabalho e geraccedilatildeo de riqueza

Para tanto diante das discussotildees geradas nesta dissertaccedilatildeo sugerem-se

algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de uma poliacutetica especiacutefica

para o segmento e a readequaccedilatildeo das poliacuteticas praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL Tais propostas satildeo

1 Formataccedilatildeo de uma poliacutetica governamental especiacutefica para a produccedilatildeo de citros

no APL que induza o aumento da produtividade dos plantios e a respectiva

comercializaccedilatildeo

Esta poliacutetica deve priorizar

A assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural de forma permanente executada pela

EMATER SENAR e MAPASEDAP

O aumento de recursos para o setor a ser incluiacutedo nos orccedilamentos estadual e

municipais bem como no das instituiccedilotildees estatais e privadas atuantes no

arranjo

O fomento a pesquisas e a inovaccedilatildeo direcionadas para a melhoria da

produccedilatildeo de tangerina e sua transferecircncia para os produtores

A implantaccedilatildeo de uma estufa destinada a produccedilatildeo de mudas certificadas

para o arranjo

O incentivo dos governos estadual e municipais em comprar um percentual da

produccedilatildeo advinda do APL

A compra de tangerina pelos programas governamentais federais (PNAE

PAA e CEASA) agrave cooperativa como forma de fortalecer a empresa acircncora do

segmento formalizar as vendas e reduzir a presenccedila do atravessador na

comercializaccedilatildeo

A capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica de jovens e filhos de agricultores oriundos desse

arranjo

100

2 Estimular os governos estadual e municipais a priorizarem em seus planos

plurianuais accedilotildees de incentivo ao desenvolvimento do APL da Citricultura

Este estiacutemulo deve partir de estrateacutegias que

Definam um programa que padronize as mudas de tangerina no Estado

Formalizem um programa de prevenccedilatildeo e combate agrave mosca negra e outras

pragas nos plantios de citros

Orientem e capacitem os produtores a realizarem o manejo de seus pomares

seguindo as orientaccedilotildees teacutecnicas e as normas ambientais

Formalizem premiaccedilotildees para os produtores mais criativos e competitivos

Formalizem convecircnio teacutecnico com o SEBRAE para formataccedilatildeo de um

programa de empreendedorismo visando desenvolver a gestatildeo dos

agronegoacutecios implantados no arranjo

3 Integraccedilatildeo de accedilotildees entre as instituiccedilotildees governamentais atuantes no APL

Tal poliacutetica deve visar

Reduzir gastos com atividades em duplicidade para fortalecer o segmento

com accedilotildees implementadas de forma continuada e aumentar a capacidade de

atendimento agraves demandas dos produtores

Direcionar a atuaccedilatildeo de cada instituiccedilatildeo com suas respectivas expertises para

resolver os gargalos teacutecnicos e tecnoloacutegicos dentro do arranjo

Aumentar o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees visando agrave integraccedilatildeo de accedilotildees

conjuntas

4 Incentivo a reduccedilatildeo de encargos fiscais e taxas para as organizaccedilotildees

(associaccedilotildees e cooperativas) que compotildeem o arranjo produtivo

Os arranjos produtivos locais necessitam de uma poliacutetica fiscal que reduza as

taxas e isenccedilotildees fiscais como forma de incentivar a participaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo das

organizaccedilotildees coletivas oriundas do referido arranjo Como propostas de incentivos

para o APL sugere-se

Isenccedilatildeo da taxa de alvaraacute da Agencia Estadual de Vigilacircncia Sanitaacuteria da

Paraiacuteba ndash AGEVISA em troca da participaccedilatildeo coletiva dos associados e

101

cooperados nos cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos Essa poliacutetica permitiraacute

capacitar as pessoas para manipularem os alimentos com maior seguranccedila e

higiene priorizando os empreendimentos localizados em APL

Criar uma licenccedila simplificada que substitua as trecircs licenccedilas ambientais

(licenccedila preacutevia licenccedila de instalaccedilatildeo e licenccedila de operaccedilatildeo) exigidas pela

SUDEMA visando reduzir o tempo de tramitaccedilatildeo dessas licenccedilas para

agilizar a implantaccedilatildeo de projetos em APLs de baixa renda

Subsidiar a implantaccedilatildeo da Tarifa Verde em aacutereas de citricultura (reduccedilatildeo no

valor da tarifa de energia no periacuteodo noturno) e a aquisiccedilatildeo do medidor para

afericcedilatildeo da energia com taxa diferenciada Essa poliacutetica permitiraacute que os

citricultores possam investir em irrigaccedilatildeo nos seus pomares

5 Poliacutetica de acompanhamento e avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo social educacional

econocircmica e de inovaccedilatildeo em APLs beneficiados por programas governamentais e

por instituiccedilotildees estatais

Esta poliacutetica deve buscar

Avaliar a efetividade do APL em estudo

Acompanhar os primeiros quatro anos de desenvolvimento do arranjo apoacutes a

transferecircncia de recursos advindos de programas e projetos tempo este

necessaacuterio para que os empreendimentos atinjam sua sustentabilidade

financeira

Realizar cursos de capacitaccedilatildeo para gestores e coordenadores de programas

em arranjos produtivos utilizando a competecircncia da RedeSist e do GPT APL

Estimular a formaccedilatildeo de agentes de APL como forma de reduzir o hiato

existente entre o setor produtivo e as instituiccedilotildees parceiras bem como

contribuir na difusatildeo das informaccedilotildees e na transferecircncia de accedilotildees de poliacuteticas

sociais e tecnoloacutegicas

Propor cursos teacutecnicos e de especializaccedilatildeo para jovens protagonistas da

regiatildeo que possam contribuir no processo de sustentabilidade do arranjo da

citricultura

102

Incentivar a criaccedilatildeo de um sistema de informaccedilatildeo para o APL e interligaacute-lo em

rede possibilitando avaliar quantitativamente e qualitativamente a evoluccedilatildeo

econocircmica e produtiva do arranjo

6 Aumentar os incentivos financeiros do Governo do Estado para o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

As propostas de accedilotildees governamentais para o aumento dos incentivos satildeo

Priorizar o referido arranjo em seus planos de accedilatildeo destinando recursos do

Fundo de Erradicaccedilatildeo e Combate agrave Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash

FUNCEP-PB para desenvolver accedilotildees de empreendedorismo implantaccedilatildeo de

agronegoacutecios e capacitaccedilatildeo profissional

Destinar um percentual dos recursos de ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento de pesquisas e inovaccedilatildeo para o arranjo

Apoiar a implantaccedilatildeo de uma cozinha industrial visando o aperfeiccediloamento de

jovens e mulheres da zona rural que fabricam doces geleias bolos biscoitos

sucos cocadas e casquinhas de tangerina como alternativa de ocupaccedilatildeo e

renda

Nesta dissertaccedilatildeo foi verificado que os produtores de tangerina utilizam

basicamente como linha de creacutedito o programa Pronaf Sugere-se que o Governo

Federal (SUDENE BNB FINEP BNDES Banco do Brasil e Caixa Econocircmica) insira

uma linha de financiamento diferenciada neste programa destinando mais recursos

para projetos coletivos voltados para o desenvolvimento do APL

62 Trabalhos Futuros

Ao teacutermino desta dissertaccedilatildeo espera-se que os resultados obtidos contribuam

na concepccedilatildeo de novas poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura - Segmento

Tangerina e que novas reflexotildees sejam geradas nas instituiccedilotildees e nas organizaccedilotildees

coletivas sobre o potencial econocircmico e social desse aglomerado produtivo Como

trabalhos futuros sugerem-se

103

Realizar um estudo sobre a cultura organizacional tradicional existente no

arranjo analisando os fatores que impedem seu desenvolvimento

Dar continuidade agraves pesquisas sobre poliacuteticas puacuteblicas indutoras de

desenvolvimento socioeconocircmico em APLs agriacutecolas de baixa renda visando

identificar quais dessas poliacuteticas poderiam ser replicadas no APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

Pesquisar porque a cultura da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica ainda natildeo eacute aplicada

como um vetor de desenvolvimento no APL estudado

Estudar a potencialidade do arranjo em desenvolver novos produtos com

maior valor agregado a partir da tangerina

Estudar a formataccedilatildeo de uma poliacutetica de educaccedilatildeo profissional para as aacutereas

de gestatildeo de negoacutecio e organizaccedilatildeo produtiva em APLs de baixa renda

Estudar se o niacutevel educacional dos produtores de tangerina tem influecircncia no

entendimento e absorccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

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111

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YIN R K Estudo de Caso ndash Planejamento e Meacutetodos Editora Bookman

2004

112

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo

Nome da entidade _______________________________________________________________

Sigla da entidade ___________________________

Acircmbito de atuaccedilatildeo da instituiccedilatildeo ____________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Apoio da Instituiccedilatildeo para o desenvolvimento do APL

21 Como a instituiccedilatildeo identifica Arranjos Produtivos Locais (baseia-se nas

variaacuteveis abaixo)

( ) A concentraccedilatildeo de produtores de tangerina no territoacuterio

( ) Concentraccedilatildeo de indiviacuteduos ocupados

( ) Cooperaccedilatildeo entre os atores participantes do arranjo

( ) Existecircncia de mecanismos de governanccedila

22 Porque o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi selecionado para o

apoio existe alguma forma de priorizaccedilatildeo (ex impacto na economia

regionallocal impacto social tradiccedilatildeo regional outros) Justifique

113

23 A partir de quais criteacuterios a instituiccedilatildeo selecionou os beneficiaacuterios para

formalizar a parceria (atraveacutes de programas demanda dos produtores

demanda das associaccedilotildeescooperativas outros)

24 Como a Instituiccedilatildeo trabalha para que as informaccedilotildees acerca dos

programas de apoio ao APL cheguem ao seu puacuteblico-alvo

25 Quais os principais desafios que a instituiccedilatildeo enfrenta no apoio ao APL

(operacional financeiro qualificaccedilatildeo de pessoal outros)

26 Quais satildeo as vantagens em atuar a partir do enfoque em APL no

EstadoRegiatildeo Justifique

3 Quanto agrave relaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo com os produtores Associaccedilotildees e

Cooperativas

31 Quantas cooperativasassociaccedilotildees participam do programa de apoio

concedido pela instituiccedilatildeo Quais satildeo Sua localizaccedilatildeo

32 Quais satildeo as principais demandas de apoio por parte dos atores do APL

33 Quais satildeo as principais formas de apoio que a instituiccedilatildeo concede ao APL

34 Como a Instituiccedilatildeo avalia o grau de adesatildeo do puacuteblico alvo aos programas

oferecidos

35 Quais as principais dificuldades que o puacuteblico alvo encontra para participar

desses programas ofertados

36 A Instituiccedilatildeo acredita que os produtoresInstituiccedilotildeesassociaccedilotildees

cooperativas envolvidas no APL atuam de forma cooperada para realizar

suas atividades

37 Vocecirc poderia citar alguns exemplos de cooperaccedilatildeo entre produtores

Instituiccedilotildeesassociaccedilotildeescooperativas (especificar para o APL)

4 Parceiros atuantes no APL

114

41 Quais satildeo os principais parceiros que apoiam o APL De que forma

atuam Avalie a importacircncia da cooperaccedilatildeo

42 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual a Instituiccedilatildeo conhece

poliacuteticas especificas de apoio ao APL Quais

43 As accedilotildees da Instituiccedilatildeo satildeo realizadas de forma integrada com os governos

Federal Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo

buscando ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas

accedilotildees com o governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de

accedilatildeo conjunta

5 Visatildeo da Instituiccedilatildeo quanto agrave potencialidade do APL

51 Em relaccedilatildeo ao apoio de sua instituiccedilatildeo em que momento eacute percebido a

intensidade (mais forte ou mais fraca) da cooperaccedilatildeo dos beneficiados

(pex na eficiecircncia e na inovaccedilatildeo nos serviccedilos administrativos na

aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas vendas no financiamento desenvolvimento

de processos e produtos etc)

52 Como a Instituiccedilatildeo percebe a diferenciaccedilatildeo no sistema produtivo (pex a

grande maioria da produccedilatildeo vem de produtores informais que adota

sistema arcaico por outro lado temos uma pequena parcela em fase de

modernizaccedilatildeo)

53 Dos que buscam a modernizaccedilatildeo a produccedilatildeo eacute integrada horizontalmente

a atividades agroindustriais Como a Instituiccedilatildeo percebe essa

modernizaccedilatildeo

54 Para a Instituiccedilatildeo quais os principais problemas desse segmento

( ) ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina

( ) baixa capacidade gerencial

( ) dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo

( ) competiccedilatildeo com tangerina produzida em outras regiotildees brasileiras

( ) elevados custos de comercializaccedilatildeo

115

( ) outros (especifique) __________________________________________

6 Existecircncia de oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo ambiental e fiscalizaccedilatildeo

sanitaacuteria

61 A Instituiccedilatildeo conhece leis ou instruccedilotildees normativas que estabelecem os

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

62 Na produccedilatildeo como satildeo vistas as questotildees como controle da qualidade

versus tradiccedilatildeo na forma de produzir a tangerina

7 Quanto agrave comercializaccedilatildeo

71 Quais os principais concorrentes

72 uais os canais de distribuiccedilatildeo comercializaccedilatildeo e logiacutestica

73 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

8 Quanto a projetos e planos futuros

81 Quais satildeo os esforccedilos que a Instituiccedilatildeo estaacute fazendo para consolidar o APL

da Citricultura - Segmento Tangerina

82 Quais satildeo os projetos e planos futuros que a Instituiccedilatildeo espera com a

consolidaccedilatildeo do APL

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

116

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees

Cooperativas e Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da AssociaccedilatildeoCooperativaProdutor

Nome da entidadeprodutor _______________________________________________________________

Sigla da entidade (se houver) ___________________________

Ano de Fundaccedilatildeo _______________

Atividade principal _______________________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Dados econocircmicos sobre a CooperativaAssociaccedilatildeo 2008 2009 2010

CooperadosAssociados ( ) ( ) ( ) FATURAMENTO (mil) ndash R$ ( ) ( ) ( ) Mercado interno () ( ) ( ) ( ) Mercado externo () ( ) ( ) ( ) DESTINO DOS PRODUTOS Paraiacuteba ( ) ( ) ( ) Outros estados do Nordeste ( ) ( ) ( ) Outras regiotildees ( ) ( ) ( ) Outros paiacuteses ( ) ( ) ( )

117

3 Niacutevel de escolaridade do responsaacutevel pelas informaccedilotildees Niacutevel escolaridade Fundamental ( ) Meacutedio ( ) superior incompleto ( ) Superior completo ( ) Poacutes-graduaccedilatildeo ( ) Teacutecnico ( ) Outros _______________

Funccedilatildeo do respondente na CooperativaAssociaccedilatildeo_____________________

ANAacuteLISE META

1 Os atores do arranjo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e

programas governamentais voltados para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

2 Vocecirc acredita que os atores locais estatildeo predispostos agrave cooperaccedilatildeo dado o

atual niacutevel de confianccedila entre os parceiros

3 Existe a praacutetica de troca de conhecimento entre os parceiros que permitam

elevar a competitividade do arranjo frente a outros concorrentes nacionais

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL META (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

2 O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

3

As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no setor atuando de maneira democraacutetica em defesa dos seus soacutecios

4 Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor privado

5

Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

118

ANAacuteLISE MACRO

1 A partir do ano de 2006 o Governo Federal passou a incentivar o tema

Arranjos Produtivos Locais (APL) por meio da incorporaccedilatildeo programas e

accedilotildees no acircmbito do Plano Plurianual 2004-2007 e a criaccedilatildeo do Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL) foi

sentido algum beneficio praacutetico a partir dessa medida

2 Como resolver o problema do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no

setor jaacute que o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina tecircm

associaccedilotildees e cooperativas legalmente constituiacutedas

3 O governo local tem direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do

APL

4 Quais instituiccedilotildees disponibilizam linha de financiamento para melhorar o

processo produtivo A que condiccedilotildees Existe acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos

5 O que vocecirc pode informar sobre fontes de financiamento para expansatildeo de

capacidade capital de giro e melhoria da produccedilatildeo

6 Quais satildeo os esforccedilos que vocecirc estaacute fazendo para consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento da Tangerina

7 Quais satildeo os projetos e planos futuros que vocecirc espera com a consolidaccedilatildeo

do APL

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo totalmente

2 Discordo parcialmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

119

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

2 A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor

3 A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos

4 O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

5 A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo

6 As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

ANAacuteLISE MESO

1 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual existe poliacutetica especifica

de apoio ao APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina como produto

genuinamente regional Quais

2 As accedilotildees satildeo realizadas de forma integrada com os governos Federal

Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo buscando

ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas accedilotildees com o

governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de accedilatildeo conjunta

3 A poliacutetica comercial brasileira favorece as exportaccedilotildees desse tipo de fruta

4 Existe poliacutetica de financiamento especializada que ajude no desenvolvimento

de produtos com tradiccedilatildeo local

5 Como o arranjo poderia obter recursos financeiros junto aos organismos e

bancos governamentais

6 Como tem sido a contribuiccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees de apoio ao arranjo

7 Existe desenvolvimento de accedilotildees junto a organizaccedilotildees natildeo governamentais

8 Eacute possiacutevel identificar as instituiccedilotildees parceiras do arranjo e quais outras

poderiam participar

120

9 Existem eou conhece leis ou instruccedilotildees normativas estabelecendo

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MESO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo de negoacutecios

2

O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos gestores governamentais

3 A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo

4 A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor

5 O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

6 As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

7 A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

8 A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

121

Indique como se apresenta a relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

PARCEIROSSTAKEHOLDERS OacuteTIMO BOM REGULAR RUIM SEM RELACcedilAtildeO

AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio

Instituiccedilotildees financeiras

Fornecedores e outras empresas do arranjo

Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades

Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

NIacuteVEL MICRO

1 A atividade produtiva utiliza a mesma espeacutecie de laranja entre os

plantadores de tangerina da regiatildeo ou buscam mateacuteria-prima (novas

espeacutecies) em outros Estados

122

2 O processo de cultivo da tangerina sofreu alteraccedilotildees bruscas ao longo de

sua existecircncia na regiatildeo Por quecirc

3 Quais satildeo os diferenciais competitivos da CooperativaAssociaccedilatildeo

(sazonalidade preccedilo qualidade prazos de entrega)

4 Quais municiacutepios que concentram o maior plantio de tangerina

5 Na plantaccedilatildeo como satildeo vistos questotildees como controle da qualidade versus

tradiccedilatildeo na forma de cultivar a tangerina

6 Existe deficiecircncia nos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica

Analisar os destinos interno e externo para a venda

7 Existe algum tipo de procedimento que busque a certificaccedilatildeo da tangerina

como orgacircnica

8 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

9 Aponte os principais problemas desse segmento i) ausecircncia de

padronizaccedilatildeo da tangerina ii) baixa capacidade produtiva entre as safras iii)

dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo iv) competiccedilatildeo com outras

variedades de tangerinas v) elevados custos de comercializaccedilatildeo

10 Quais os principais concorrentes

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

123

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1

A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

2 A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado

3 A COOPERTANGE (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente ao mercado

4 Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina

5 Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da tangerina

6 Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

7 Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

8 A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Com relaccedilatildeo agraves principais formas de cooperaccedilatildeo no APL responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

Formas de Cooperaccedilatildeo (1) (2) (3) (4) (5)

1 Compra de insumos e equipamentos

2 Venda de produtos

3 Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio

4 Capacitaccedilatildeo de recursos humanos

5 Obtenccedilatildeo de financiamento

6 Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees

7 Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

124

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo responda seguindo o criteacuterio de importacircncia

1-2 Menos importante

3 Meacutedia

4-5 Mais importante

Fonte de Informaccedilatildeo

Escala de Importacircncia

Menos importante

Meacutedia Mais

importante

Fontes internas (1) (2) (3) (4) (5)

1 Pesquisa e Desenvolvimento

2 Aacuterea de produccedilatildeo

3 Aacuterea de vendas e marketing

4 Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes externas (1) (2) (3) (4) (5)

5 Fornecedores de insumos

6 Clientes

7 Concorrentes

8 Outras empresas do setor

9 Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa (1) (2) (3) (4) (5)

10 Universidades

11 Institutos de pesquisas

12 Centro de capacitaccedilatildeo profissional

13 Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

14 Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes (1) (2) (3) (4) (5)

15 Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

16 Feiras especializadas

17 Associaccedilotildees e sindicatos

18 Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

125

Com relaccedilatildeo agrave estrateacutegia empresarial e praacuteticas gerenciais responda seguindo o seguinte criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Natildeo conhecemos

2 Conhecemos mas nunca utilizamos

3 Utilizamos algumas vezes

4 Utilizamos com frequecircncia

5 Utilizamos sempre

Praacuteticas Gerenciais (1) (2) (3) (4) (5)

1 Planejamento estrateacutegico

2 Pesquisa de mercado

3 Sistema de gestatildeo ambiental

4 Praacuteticas de Produccedilatildeo Limpa

5 Ajuste da capacidade produtiva

6 Planejamento e controle da produccedilatildeo

7 Gerenciamento de projetos

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

126

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Municiacutepio de Matinhas

127

Municiacutepio de Alagoa Nova

128

Municiacutepio de Satildeo Sebastiatildeo de

Lagoa de Roccedila

129

Municiacutepio de Lagoa Seca

130

Municiacutepio de Esperanccedila

131

Municiacutepio de Massaranduba

Page 8: Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Mestrado ... · 2019. 10. 25. · pelos produtores. Para realizar a análise, foi utilizado o modelo do

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 14

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura -

Segmento da Tangerina 15

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 201043

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina 47

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD 62

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina 16

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do

Nordeste 41

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

41

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo

para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo42

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro 79

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL 80

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo 81

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso 84

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros 85

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro 89

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta 91

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APL Arranjo Produtivo Local

ARTEZA Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos de Ribeira de Cabaceiras

Ltda

ASPIL Arranjo e Sistema Produtivo e Inovativo Local

ASPTA Assessoria Serviccedilos Projetos Agricultura Alternativa - Zona Rural

ATER Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

BIRD Banco Internacional para Reconstruccedilatildeo e Desenvolvimento

BNB Banco do Nordeste do Brasil SA

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social

CAAPL Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais

CEASA Central de Abastecimento de Alimentos

CNPq Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento

COMPET Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores

Econocircmicos Tradicionais ndash SICTCTCNPq

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COOPERAR Projeto COOPERAR Paraiacuteba Brasil

COOPERTANGE Cooperativa dos Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda

CTCC Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado Albano Franco

DAP Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao PRONAF

EMATER Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba

EMEPA Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A

EMPASA Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviccedilos Agriacutecolas

ETENE Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste

EU Uniatildeo Europeia

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

FAEPA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FAPESQ Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do Estado da Paraiacuteba

FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste

FETAG Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba

FIEP Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaccedilatildeo

FUNCEP-PB Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da Pobreza do Estado da Paraiacuteba

FUNDECI Fundo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico

GTP APL Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

INTERPA Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da Paraiacuteba

LABVEST Laboratoacuterio de Vestuaacuterio da Paraiacuteba

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal

MAPA Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento

MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia

MDA Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior

MDS Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome

MEC Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

MGP Mestrado em Gestatildeo Puacuteblica

MPME Micro Pequena e Meacutedia Empresa

NE APLPB Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba

PAA Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos

PDP Plano de Desenvolvimento Preliminar

PNAE Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

PNUD Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

RedeSist Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais

SAF Secretaria da Agricultura Familiar

SEBRAE Serviccedilo de Apoio agraves Micros e Pequenas Empresas da Paraiacuteba

SECTMA Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente

SEDAP Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da

Pesca

SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Rural

SEPLAG Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo

SETDE Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico

SICTCT Secretaria de Induacutestria Comeacutercio Turismo Ciecircncia e Tecnologia

STRM Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas

SUDEMA Superintendecircncia de Administraccedilatildeo do Meio Ambiente

TIC Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UEPB Universidade Estadual da Paraiacuteba

UFCG Universidade Federal de Campina Grande

UFPB Universidade Federal da Paraiacuteba

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 14

11 Justificativa 17

12 Problematizaccedilatildeo 18

13 Objetivos da Pesquisa 20

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo 20

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO 22

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel 22

22 Arranjo Produtivo Local 26

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs 31

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento Regional

Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs 37

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA

TANGERINA NA PARAIacuteBA 39

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 39

32 Estrutura Organizacional 46

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL 48

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo 49

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba 52

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA 59

41 Instrumento de Pesquisa 61

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da Pesquisa 62

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA 65

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

65

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia das poliacuteticas

puacuteblicas para o desenvolvimento do APL 77

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro 77

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso 82

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro 86

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta 90

53 Conclusatildeo da Anaacutelise 92

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES 96

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina 98

62 Trabalhos Futuros 102

REFEREcircNCIAS 104

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da

Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba 112

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees Cooperativas e

Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

116

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba 126

Mesorregiatildeo do Agreste

1 INTRODUCcedilAtildeO

Esta dissertaccedilatildeo tem como Aacuterea de Concentraccedilatildeo a Gestatildeo Puacuteblica para o

Desenvolvimento Regional e estaacute inserida na linha de pesquisa Capital Social

Desenvolvimento Sustentaacutevel e Conhecimento do Curso de Mestrado Profissional

em Gestatildeo Puacuteblica para o Desenvolvimento do Nordeste da Universidade Federal

de Pernambuco ndash UFPE

O desenvolvimento deste trabalho busca avaliar as poliacuteticas puacuteblicas1

existentes para o Arranjo Produtivo Local ndash APL2 da Citricultura da Paraiacuteba ndash

Segmento Tangerina e identificar as contribuiccedilotildees dessas poliacuteticas no

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo no periacuteodo de 2008 a 2011

A pesquisa realizada teve como foco a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

onde estaacute localizada a produccedilatildeo de tangerina do Estado Na Figura 1 satildeo

apresentados dados cartograacuteficos por sateacutelite da Mesorregiatildeo do Agreste o mapa

do Brasil com a localizaccedilatildeo do Estado da Paraiacuteba e o mapa da Paraiacuteba com a regiatildeo

onde estaacute inserido o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Figura 1 Mapas com localizaccedilatildeo do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

1 As poliacuteticas puacuteblicas para o setor seratildeo apresentadas no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 23

2 O conceito de Arranjo Produtivo Local seraacute discutido no capiacutetulo 2 seccedilatildeo 22

APL da Citricultura

15

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina abrange os municiacutepios de

Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila

Massaranduba e Matinhas (Figura 2) Essa regiatildeo possui uma aacuterea plantada de

1892 hectares (IBGE 2010b) o que a torna a maior produtora de tangerina do

Nordeste

O municiacutepio de Matinhas considerado sede do APL por ser o maior produtor

de tangerina da Paraiacuteba estaacute localizado a 143 km de Joatildeo Pessoa capital do

Estado e a 20 km de Campina Grande cidade polarizadora da regiatildeo

Geograficamente Matinhas tem uma aacuterea de 29 Kmsup2 com uma populaccedilatildeo de

4322 habitantes tendo 84 (3640 habitantes) na zona rural e 16 (682

habitantes) na zona urbana sendo considerado um municiacutepio tipicamente rural A

quase totalidade da populaccedilatildeo rural sobrevive economicamente do cultivo da

tangerina (IBGE 2010)

Figura 2 Mapa da Paraiacuteba com localizaccedilatildeo dos municiacutepios que compotildee o APL da Citricultura - Segmento da Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

Outro ponto importante a ser considerado na pesquisa eacute a anaacutelise do Iacutendice

de Desenvolvimento Humano ndash IDH elaborado pelo Programa das Naccedilotildees Unidas

para o Desenvolvimento (PNUD 2011) Esta anaacutelise parte do pressuposto que para

aferir o avanccedilo de uma populaccedilatildeo natildeo se deve considerar apenas a dimensatildeo

econocircmica mas tambeacutem outras caracteriacutesticas sociais culturais e poliacuteticas que

16

influenciam a qualidade da vida humana Essas caracteriacutesticas satildeo essenciais para

que se possa avaliar o respectivo desenvolvimento sustentaacutevel da regiatildeo

O IDH tambeacutem conhecido como IDH Global eacute uma medida resumida do

progresso a longo prazo em trecircs dimensotildees baacutesicas do desenvolvimento humano

renda educaccedilatildeo e sauacutede (longevidade) O objetivo da criaccedilatildeo do IDH foi o de

oferecer um contraponto ao indicador do Produto Interno Bruto ndash PIB per capita que

considerava apenas a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento (PNUD 2011)

O IDH eacute um iacutendice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milecircnio das

Naccedilotildees Unidas3 e no Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal atraveacutes do

Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal ndash IDH-M Este iacutendice eacute um ajuste

metodoloacutegico ao IDH Global e foi publicado em 1998 e em 2003 (a partir dos dados

do Censo de 2000) Vale salientar que ainda natildeo foram publicados os iacutendices do

IDH-M dos municiacutepios pelos novos criteacuterios do PNUD4

No Quadro 1 satildeo apresentados os iacutendices IDH Global IDH-Renda IDH-

Longevidade e IDH-Educaccedilatildeo do Brasil e do Estado da Paraiacuteba (PNUD 2008) bem

como o IDH-M dos municiacutepios que constituem o APL da Citricultura - Segmento da

Tangerina (PNUD 2003) Segundo esses dados o IDH-M dos municiacutepios encontra-

se entre 0561 e 0622 todos abaixo dos iacutendices da Paraiacuteba e do Brasil

Quadro 1 IDH do Brasil Paraiacuteba e municiacutepios do APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina

Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IDH

Global IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Brasil (PNUD 2008) 0794 0713 0785 0883

Paraiacuteba (PNUD 2008) 0718 0638 0723 0793

Municiacutepios (PNUD 2003) IDH-M IDH

Renda IDH

Longevidade IDH

Educaccedilatildeo

Matinhas 0576 0477 0606 0645

Esperanccedila 0632 0550 0660 0685

Alagoa Nova 0612 0510 0660 0666

Lagoa Seca 0612 0548 0600 0689

Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de Roccedila 0622 0549 0631 0687

Massaranduba 0561 0499 0570 0613

Fonte PNUD (2003) e PNUD (2008)

3 httpwwwpnudorgbrODMaspx

4 Uma nova versatildeo com dados do Censo 2010 estaacute sendo produzida pelo PNUD e deveraacute ser lanccedilada no iniacutecio

de 2013

17

Verifica-se que embora a regiatildeo do APL esteja se desenvolvendo

economicamente a populaccedilatildeo natildeo possui uma seacuterie de condiccedilotildees que lhe

proporcionem bem-estar no que se refere aos niacuteveis educacional (reduccedilatildeo da

evasatildeo escolar) social (oportunidade de inclusatildeo social atraveacutes de trabalho e renda

e de serviccedilos de sauacutede) e cultural (direito agrave cidadania e lazer)

Um baixo iacutendice educacional por exemplo reflete diretamente na dificuldade

dos produtores rurais em serem capacitados e absorverem tecnologias que venham

agregar valor agrave produccedilatildeo de tangerina

Desta forma o APL da Citricultura necessita de poliacuteticas que venham

contribuir para a reduccedilatildeo do analfabetismo organizaccedilatildeo produtiva transferecircncia de

tecnologia absorccedilatildeo de tecnologias para os seus plantios modernizaccedilatildeo gerencial

de suas organizaccedilotildees associativas e conscientizaccedilatildeo dos produtores para o trabalho

de forma organizada e cooperativa

O trabalho de pesquisa realizado visou identificar os problemas existentes no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e analisar como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo direcionadas para a resoluccedilatildeo desses gargalos

11 Justificativa

A relevacircncia desta dissertaccedilatildeo foi estudar e documentar as poliacuteticas puacuteblicas

geradas pelos governos federal estadual e municipal em prol da sustentabilidade

socioeconocircmica do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Para este estudo foi relevante tambeacutem a anaacutelise do cenaacuterio atual e da

situaccedilatildeo produtiva e organizacional do APL avaliando os impactos socioeconocircmicos

gerados por esse segmento no Estado

A validaccedilatildeo deste trabalho visa identificar gargalos existentes na transferecircncia

de poliacuteticas puacuteblicas para o segmento bem como a necessidade de adequar tais

poliacuteticas para dar sustentabilidade agrave referida atividade econocircmica

As consideraccedilotildees e sugestotildees geradas neste documento poderatildeo contribuir

para a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas que possibilitem a integraccedilatildeo dos diversos

18

atores e a consolidaccedilatildeo do arranjo produtivo local como um instrumento de

desenvolvimento proativo para a regiatildeo e indutor de novos negoacutecios

Portanto esta dissertaccedilatildeo tem como finalidade pesquisar e avaliar as

contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas que estatildeo sendo aplicadas em um APL de baixa

renda cujas atividades produtivas e inovativas satildeo provenientes de populaccedilotildees que

desenvolvem atividades de agricultura familiar no Estado da Paraiacuteba bem como

propor medidas mais adequadas para implementaccedilatildeo de tais poliacuteticas que possam

fomentar a estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de um aglomerado produtivo sustentaacutevel

12 Problematizaccedilatildeo

A citricultura na Paraiacuteba vem sendo explorada desde meados da deacutecada de

60 quando surgiram os primeiros plantios de citros no municiacutepio de Matinhas A

partir de 1969 iniciou-se a utilizaccedilatildeo de mudas enxertadas onde o limatildeo galego foi

escolhido como porta enxerto para as principais variedades cultivadas no municiacutepio

Dados de 1996 constatam que a tangerina dancy jaacute era a laranja predominante com

mais de 85 da aacuterea plantada naquele municiacutepio Posteriormente a tangerina dancy

se alastrou pelos municiacutepios vizinhos (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

Nos uacuteltimos cinco anos conforme observado na pesquisa realizada diversas

instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas que atuam na regiatildeo vecircm buscando o

desenvolvimento planejado dessa atividade com o objetivo de consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Este APL enfrenta o desafio de se desenvolver e buscar niacuteveis de qualidade

de vida para os produtores rurais similares ao de outros APLs economicamente

avanccedilados

Todavia esse desenvolvimento deve incluir necessariamente uma

infraestrutura que permita aos produtores de tangerina produzir frutos de qualidade e

comercializar seu produto de forma competitiva A qualidade da tangerina eacute um fator

determinante no processo de agregaccedilatildeo de valor para seu escoamento no mercado

O meacutetodo de produccedilatildeo de tangerina utilizado na regiatildeo faz com que o

produtor tenha uma perda anual consideraacutevel Segundo Lopes Albuquerque e

Moura (2006) no municiacutepio de Matinhas por exemplo 20 da produccedilatildeo de

19

tangerina se perdem no campo devido ao fruto ter tamanho inadequado e natildeo ter

preccedilo de mercado

Aleacutem disso outras perdas satildeo identificadas devido a utilizaccedilatildeo de mudas

inadequadas plantio e espaccedilamento incorretos adubaccedilotildees quiacutemica e orgacircnicas

deficientes manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequados tratos culturais deficientes

(podas incorretas impedimento na formaccedilatildeo da planta e raleamento de frutos)

problemas fitossanitaacuterios diversos colheita e comercializaccedilatildeo inadequada

transporte da produccedilatildeo assistecircncia teacutecnica pesquisas e financiamento agriacutecola

deficientes e cooperativismo e agroinduacutestria inexistentes (LOPESALBUQUERQUE

MOURA 2006)

Na tentativa de resolver tais gargalos os gestores puacuteblicos na maioria das

vezes buscam decisotildees imediatistas que soacute resolvem os problemas em curto prazo

e como consequecircncia os problemas natildeo satildeo sanados a exemplo do combate da

mosca negra com agrotoacutexicos como medida emergencial

Por outro lado observa-se que a partir de 2008 algumas estrateacutegias e accedilotildees

governamentais foram adotadas pelo setor puacuteblico tais como distribuiccedilatildeo de mudas

certificadas contrataccedilatildeo de um especialista em citricultura para orientar os

produtores aumento de pesquisas para combate agrave mosca negra e realizaccedilatildeo de

reuniotildees seminaacuterios e visitas teacutecnicas visando incentivar a melhoria da produccedilatildeo e

comercializaccedilatildeo da tangerina As accedilotildees acima realizadas tiveram como objetivo

desenvolver o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina e resgatar o dinamismo

das atividades agriacutecolas geradoras de trabalho e renda na zona rural

No entanto apesar das diversas poliacuteticas concebidas pelos governos o

desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo ainda eacute baixo5 Desta forma questiona-

se por que esse APL ainda natildeo estaacute consolidado e estruturado e quais as

dificuldades na implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas para o setor

Sendo assim supotildee-se que exista uma deficiecircncia das poliacuteticas puacuteblicas

existentes e faz-se necessaacuterio avaliar como elas estatildeo sendo direcionadas para o

referido APL de modo a se questionar Como essas poliacuteticas podem constituir um

condicionante de desenvolvimento socioeconocircmico para o APL da Citricultura ndash

5 Conforme anaacutelise do IDH dos municiacutepios pertencentes ao APL (ver Quadro 1 do Capiacutetulo 1)

20

Segmento Tangerina na Paraiacuteba Quais as dificuldades que impedem a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas Como essas poliacuteticas poderiam ser adaptadas

para atuarem mais eficientemente

13 Objetivos da Pesquisa

Analisar a estrutura do APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina na

Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

Pesquisar e identificar poliacuteticas puacuteblicas de fomento para APLs de baixa renda

Avaliar a contribuiccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura nos

municiacutepios que compotildeem o arranjo e principalmente em Matinhas cidade

acircncora do referido APL

Propor medidas orientadoras para reduccedilatildeo das falhas oriundas do processo de

implementaccedilatildeo de poliacuteticas junto ao setor e que possam contribuir para a

consolidaccedilatildeo de um APL competitivo

14 Estrutura do Trabalho de Dissertaccedilatildeo

Esta dissertaccedilatildeo eacute composta por seis capiacutetulos

Este capiacutetulo Capiacutetulo 1 ndash Introduccedilatildeo descreve os objetivos do trabalho

sua justificativa e a identificaccedilatildeo do problema

O Capiacutetulo 2 ndash Referencial Teoacuterico eacute constituiacutedo da fundamentaccedilatildeo teoacuterica

atraveacutes da discussatildeo sobre as teorias e conceitos de desenvolvimento sustentaacutevel

arranjo produtivo local e poliacuteticas puacuteblicas para o APL

No Capiacutetulo 3 ndash Caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina na Paraiacuteba eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura na

Paraiacuteba e as poliacuteticas puacuteblicas existentes para esse APL

No Capiacutetulo 4 ndash Metodologia Aplicada na Pesquisa satildeo demonstrados os

procedimentos para a realizaccedilatildeo da pesquisa a escolha da amostra e a descriccedilatildeo

do instrumento de coleta de dados primaacuterio e secundaacuterio

21

No Capiacutetulo 5 ndash Anaacutelise das Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL da Citricultura

satildeo discutidos os resultados da pesquisa de campo realizada com as instituiccedilotildees

que apoiam o APL as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores rurais e

analisada a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao setor

O Capiacutetulo 6 ndash Consideraccedilotildees Finais e Recomendaccedilotildees apresenta as

consideraccedilotildees finais da pesquisa com o objetivo de propor adequaccedilotildees para as

poliacuteticas puacuteblicas analisadas

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

A revisatildeo da literatura que seraacute descrita se fez necessaacuteria para um melhor

entendimento do trabalho de dissertaccedilatildeo proposto Neste capiacutetulo seratildeo

apresentados os conceitos de desenvolvimento regional sustentaacutevel

responsaacuteveis pelo crescimento eficiente das atividades econocircmicas sociais e

territoriais a caracterizaccedilatildeo de um arranjo produtivo local descrevendo sua

estrutura organizacional e a integraccedilatildeo entre o setor produtivo e os diversos atores

que compotildeem o APL e a importacircncia das poliacuteticas puacuteblicas como indutoras de

accedilotildees que tecircm por finalidade impulsionar o setor produtivo e consolidar um APL

como um instrumento dinamizador do desenvolvimento socioeconocircmico de uma

regiatildeo

21 Desenvolvimento Regional Sustentaacutevel

O desenvolvimento regional sustentaacutevel eacute um fator preponderante para o

desenvolvimento de um territoacuterio O processo de crescimento econocircmico equilibrado

de uma regiatildeo em funccedilatildeo de sua territorialidade tem como princiacutepio a

desconcentraccedilatildeo e a potencializaccedilatildeo das comunidades locais e regionais

Neste sentido o processo de desenvolvimento de uma regiatildeo dependeraacute

necessariamente da sua capacidade de organizaccedilatildeo social associado ao aumento

da autonomia regional para a tomada de decisotildees ao crescimento da capacidade

para reter e reinvestir o excedente econocircmico gerado pelo processo de

desenvolvimento sub-regional a um crescente processo de induccedilatildeo social e a um

processo permanente de conservaccedilatildeo e preservaccedilatildeo do ecossistema regional

(VERGOLINO DIAS MAGALHAtildeES GALVAtildeO 2008)

Segundo Boisier (1992) a capacidade de organizaccedilatildeo social de uma dada

regiatildeo eacute considerada um fator endoacutegeno capaz de transformar o crescimento em

desenvolvimento mediante a constituiccedilatildeo de uma rede de instituiccedilotildees e agentes

apoiados pela cultura local e por um projeto poliacutetico regional

23

O desenvolvimento de uma determinada regiatildeo implica na necessidade de

autonomia decisoacuteria de captaccedilatildeo e reinversatildeo do excedente econocircmico de inclusatildeo

social de consciecircncia e accedilatildeo ambientalista de sincronia intersetorial e territorial e

de percepccedilatildeo coletiva de pertencer agrave regiatildeo

Para que haja a concretizaccedilatildeo desse desenvolvimento a proposta de

dinamizaccedilatildeo tambeacutem deveraacute estar respaldada na diversificaccedilatildeo da base produtiva

na verticalizaccedilatildeo da atividade econocircmica na agregaccedilatildeo de valor ao produto local

na geraccedilatildeo de emprego e renda na criaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo de associaccedilotildees

cooperativas de produtores e na participaccedilatildeo dos atores locais

Para que tal iniciativa tenha ecircxito torna-se necessaacuterio a elaboraccedilatildeo e

implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que visem a melhoria do niacutevel de educaccedilatildeo e

capacitaccedilatildeo profissional da populaccedilatildeo envolvida e da infraestrutura econocircmica e

social das aacutereas beneficiadas (VERGOLINO et al 2008)

Esforccedilos empreendidos nos uacuteltimos anos estatildeo baseados na ideia de que a

conquista da sustentabilidade passa pela implementaccedilatildeo de processos de

desenvolvimento orientados por princiacutepios de cooperaccedilatildeo entre indiviacuteduos

A interdependecircncia de tais processos ocorre em um sistema complexo que

adota como padratildeo organizativo de uma rede autopoieacutetica6 que tende a se

manifestar nas coletividades humanas que busca fortalecer uma atividade

econocircmica mediante uma cooperaccedilatildeo muacutetua

Para tanto se faz necessaacuteria a formaccedilatildeo da consciecircncia sobre as relaccedilotildees

muacuteltiplas desse sistema e como os indiviacuteduos devem participar de forma

cooperativa Esta relaccedilatildeo cooperativa se manifesta atraveacutes da formaccedilatildeo de

associaccedilotildees que estabelecem ligaccedilotildees e lhes concedem empoderamentos para

buscar parcerias que possam ajudar na estruturaccedilatildeo de suas organizaccedilotildees

A partir da conscientizaccedilatildeo cada integrante dessa associaccedilatildeo passa a

conhecer as possibilidades e as necessidades de cada membro da organizaccedilatildeo

Nas localidades onde ocorrem processos de desenvolvimento baseados em

parcerias entre muacuteltiplos atores produtivos governamentais empresariais e sociais

6 A teoria autopoieacutetica tem como ideia baacutesica um sistema organizado autossuficiente Este sistema produz e

recicla seus proacuteprios componentes diferenciando-se do meio exterior

24

pode-se dizer metaforicamente que existe parceria e que estas coevoluem

estabelecendo entre si relaccedilotildees em que todos ganham nesta rede

Desta forma o sistema seraacute sustentaacutevel agrave medida que sua flexibilidade e sua

diversidade estatildeo estreitamente ligadas com esta nova estrutura denominada de

rede sistecircmica Com essa conectividade o desenvolvimento sustentaacutevel local flui de

forma integrada e passa a ser uma estrateacutegia que facilita a conquista da

sustentabilidade social econocircmica cultural e ambiental de um territoacuterio ou regiatildeo

Segundo Buarque (1999) desenvolvimento sustentaacutevel eacute ldquoo processo de

mudanccedila social e elevaccedilatildeo das oportunidades da sociedade compatibilizando no

tempo e no espaccedilo o crescimento e a eficiecircncia econocircmica a conservaccedilatildeo

ambiental a qualidade de vida e a equidade social partindo de um claro

compromisso com o futuro e a solidariedade entre geraccedilotildeesrdquo

Nesta oacutetica o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um processo que gera a

melhoria da qualidade de vida dos indiviacuteduos com base no fortalecimento

econocircmico e competitivo em consonacircncia com os recursos naturais e ambientais

Por outro lado o desenvolvimento de uma sociedade natildeo deve ser

confundido com crescimento econocircmico que eacute apenas uma condiccedilatildeo necessaacuteria

poreacutem natildeo eacute suficiente Este desenvolvimento estaacute diretamente ligado agrave reduccedilatildeo da

desigualdade social (SACHS 2005)

Neste sentido noccedilotildees como as de capital social e de territorialidade tambeacutem

satildeo fatores importantes para compreensatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel e da

reduccedilatildeo das desigualdades sociais A importacircncia da reflexatildeo sobre esse tema

contribui para melhor entendimento dos processos de inovaccedilatildeo e de accedilotildees indutoras

do desenvolvimento local

A territorialidade neste contexto reflete a vivecircncia dos atores de uma

determinada regiatildeo em toda a sua abrangecircncia e em suas muacuteltiplas dimensotildees ndash

cultural poliacutetica econocircmica e social O capital social expressa a valorizaccedilatildeo de

recursos inseridos nas estruturas sociais (conhecimento taacutecito por exemplo) que

natildeo satildeo contabilizados por outras formas de capital (ALBAGLI MACIEL 2004)

Sendo assim o conhecimento taacutecito o processo de aprendizado a

sedimentaccedilatildeo do conhecimento e respectivo desenvolvimento de um grupo social

25

em um espaccedilo geograacutefico passa forccedilosamente pela dinacircmica inovativa local

particularmente no que tange agrave produccedilatildeo e ao compartilhamento de informaccedilotildees e

conhecimento para os atores de um determinado territoacuterio em que se desenvolve

uma atividade econocircmica

Segundo Franco (2000) o desenvolvimento local sustentaacutevel eacute um modo de

promover o desenvolvimento que leva em conta o papel de todos os fatores que

envolvem coletividade sociedade niacutevel educacional da populaccedilatildeo

empreendedorismo geraccedilatildeo de emprego e renda fatores econocircmicos e sociais e

governos para tornar dinacircmicas as potencialidades que podem ser identificadas

quando olhamos para uma unidade socioterritorial delimitada

Entretanto segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) o crescimento econocircmico

eficiente a equidade social e a manutenccedilatildeo do meio ambiente ldquo natildeo satildeo

assegurados pela simples disponibilidade de bens e serviccedilos haacute que se incorporar a

participaccedilatildeo e integraccedilatildeo ativa do cidadatildeo no jogo poliacutetico e social para que os

objetivos acima sejam alcanccedilaacuteveisrdquo

Contudo se faz necessaacuterio repensar a dimensatildeo poliacutetica pois o

desenvolvimento sustentaacutevel ainda enfrenta problemas para sua efetividade tendo

em vista que ainda natildeo exista um consenso para a soluccedilatildeo das tensotildees entre os

objetivos de eficiecircncia equidade e conservaccedilatildeo Esses problemas devem ser

tratados pelos gestores puacuteblicos a partir de uma metodologia de planejamento que

trate essas dificuldades com metas a meacutedio e longo prazo Desta forma novas

iniciativas de competitividade e desenvolvimento sustentaacutevel poderatildeo ser exequiacuteveis

em regiotildees economicamente carentes de accedilotildees governamentais

Ainda segundo Sicsuacute Lima e Silva (2011) ldquo o planejamento nessa

concepccedilatildeo propicia a construccedilatildeo de hegemonias atraveacutes das estrateacutegias

prioridades e instrumentos de accedilatildeo onde se abre a possibilidade para a participaccedilatildeo

mais efetiva da sociedade e incorpora-se um maior leque de atores sociaisrdquo

Neste contexto a importacircncia estrateacutegica dos Arranjos Produtivos Locais no

desenvolvimento regional sustentaacutevel vem ganhando forccedila devido a concepccedilatildeo de

organizaccedilatildeo de empresas que desenvolvem suas atividades econocircmicas em um

mesmo espaccedilo geograacutefico Essa forma de organizaccedilatildeo aumenta a participaccedilatildeo dos

diversos atores atuantes no arranjo e propicia a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

26

que venham consolidar o desenvolvimento social econocircmico e ambiental de um

territoacuterio

22 Arranjo Produtivo Local

O economista Alfred Marshall no fim do seacuteculo XIX elaborou o conceito de

distritos industriais em sua obra Princiacutepio de Economia (Marshall 1996) Este

conceito apresenta como padratildeo de organizaccedilatildeo a concentraccedilatildeo de pequenas

empresas de mesma especialidade econocircmica aglomeradas em um mesmo

territoacuterio com relaccedilotildees articuladas e de proximidade Marshall jaacute ressaltava as

vantagens da vizinhanccedila de empresas do mesmo ramo em uma dada localidade

Esta proximidade permite que os atores pratiquem uma cooperaccedilatildeo ativa e

produtora de sinergia (LE BOURLEGAT 2006)

As vaacuterias estrateacutegias de consolidaccedilatildeo de sistema produtivo local a exemplo

dos distritos industriais italianos tambeacutem chamada de Terceira Itaacutelia (centro e

nordeste italiano) satildeo as que mais se aproximam do conceito de Marshall onde

uma aglomeraccedilatildeo de pequenas empresas eacute organizada por uma divisatildeo de trabalho

baseada no equiliacutebrio entre concorrecircncia e cooperaccedilatildeo funcionando em rede Essa

estrateacutegia impulsiona inovaccedilotildees contiacutenuas e especializa a produccedilatildeo de produtos de

alta qualidade (AMARAL FILHO et al 2002)

Segundo Casarotto Filho e Pires (2001) os distritos industriais italianos satildeo

constituiacutedos de pequenas e meacutedias empresas especializadas em um setor com

modelo altamente competitivo de grande interaccedilatildeo com compartilhamento das

estruturas produtivas e com ambiente social territorial

Para Castanhar (2006) os distritos industriais possuem relaccedilotildees sociais

poliacuteticas e econocircmicas que influenciam o interior do sistema produtivo Neste caso o

sucesso dos distritos depende da dimensatildeo econocircmica (organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

tecnologia mercados produtividade) e das dimensotildees social e poliacutetico-institucional

A partir de 1990 o economista Michael Porter em seu livro Competitive

Advantages of Nations (PORTER 1999) definiu o conceito de cluster como ldquoum

agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e

instituiccedilotildees correlatas numa determinada aacuterea vinculada por elementos comuns e

27

complementaresrdquo ou seja eacute uma concentraccedilatildeo de empresas que se comunicam por

possuiacuterem caracteriacutesticas semelhantes e coabitarem no mesmo local Elas

colaboram entre si e assim se tornam mais eficientes

Segundo Schmitz e Nadvi (1999) o termo cluster eacute definido como sendo uma

concentraccedilatildeo setorial e espacial de empreendimentos com ecircnfase na visatildeo de

empresas conectadas em fatores locais voltados para a competiccedilatildeo em mercados

globalizados

Para Galvatildeo (2000) um cluster pode ser considerado como ldquotodo tipo de

aglomeraccedilatildeo de atividades geograficamente concentradas e setorialmente

especializadas ndash natildeo importando o tamanho das unidades produtivas nem a

natureza da atividade econocircmica desenvolvida podendo ser da induacutestria de

transformaccedilatildeo do setor de serviccedilos e ateacute da agriculturardquo

Amato Neto (2008) afirma que um cluster pode ser estruturado por

aglomeraccedilotildees de empresas envolvendo fornecedores de mateacuteria-prima e

equipamentos canais de distribuiccedilatildeo e de assistecircncia aos seus produtos

Ainda para Amato Neto (2008) um cluster possui um ambiente favoraacutevel para

a divisatildeo de tarefas entre empresas bem como para a especializaccedilatildeo e inovaccedilatildeo

requisitos indispensaacuteveis para a competiccedilatildeo em mercados externos Neste

ambiente as empresas pertencentes a um cluster possuem grande sinergia

Segundo Porter (1999 p239) a dimensatildeo da competitividade para

aglomerados produtivos sugere novas pautas de accedilotildees para as empresas governos

e instituiccedilotildees Para o autor eacute necessaacuterio dar ecircnfase agrave localizaccedilatildeo e aos espaccedilos

geograacuteficos em que estatildeo inseridas as empresas que aleacutem de competirem

cooperam entre si Esse conceito analisa a natureza da competiccedilatildeo e o papel da

localizaccedilatildeo na identificaccedilatildeo de vantagens competitivas A teoria sobre aglomerados

para o autor busca avaliar os efeitos na competitividade decorrentes da

aproximaccedilatildeo das empresas e instituiccedilotildees que estatildeo economicamente interligadas

num determinado territoacuterio

No Brasil pesquisadores preocupados em compreender a natureza e

consequecircncias dos atuais desafios do desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico e

portanto da dificuldade de definir e implementar poliacuteticas adequadas aos mesmos

28

criaram em 1997 a RedeSist7 uma rede de pesquisa interdisciplinar e multi-

institucional sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro - UFRJ contando com a participaccedilatildeo de vaacuterias universidades e institutos de

pesquisa

De acordo com o conceito de sistemas e arranjos produtivos desenvolvido

pela RedeSist quando houver produccedilatildeo de bens ou serviccedilo existiraacute um arranjo que

envolve atividades e atores demandantes de mateacuteria-prima maacutequinas e insumos

Esses arranjos poderatildeo se apresentar em diferentes niacuteveis desde os mais

rudimentares que natildeo possuam uma forte articulaccedilatildeo entre os agentes ateacute os mais

complexos e articulados que apresentam interaccedilatildeo cooperaccedilatildeo e confianccedila entre os

atores

Em 2002 Albagli e Brito definem Arranjo Produtivo Local ndash APL como

ldquoaglomerados territoriais de agentes econocircmicos poliacuteticos e sociais com foco em

um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas e que apresentam viacutenculos e

interdependecircnciardquo

Neste sentido a formaccedilatildeo de um APL manteacutem ligaccedilatildeo estreita com os fatores

histoacutericos que criam identidades e viacutenculos territoriais com base social cultural

poliacutetica e econocircmica comum Tal formaccedilatildeo cria facilidades para o desenvolvimento

de ambientes favoraacuteveis agrave cooperaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo e agrave confianccedila entre os agentes

locais envolvidos

Lastres e Cassiolato (2003) coordenadores da RedeSist acrescentam

Arranjos Produtivos Locais satildeo aglomeraccedilotildees territoriais de agentes econocircmicos

poliacuteticos e sociais - com foco em um conjunto especiacutefico de atividades econocircmicas -

que apresentam viacutenculos mesmo que incipientes Geralmente envolvem a

participaccedilatildeo e a interaccedilatildeo de empresas - que podem ser desde produtoras de bens

e serviccedilos finais ateacute fornecedoras de insumos e equipamentos prestadoras de

consultoria e serviccedilos comercializadoras clientes entre outros - e suas variadas

formas de representaccedilatildeo e associaccedilatildeo Incluem tambeacutem diversas outras instituiccedilotildees

puacuteblicas e privadas voltadas para formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

(como escolas teacutecnicas e universidades) pesquisa desenvolvimento e engenharia

poliacutetica promoccedilatildeo e financiamento

7 Redisist - httpwwwredesistieufrjbr

29

Em 2005 sentindo a necessidade de ampliar e adequar o conceito de APL

para um novo cenaacuterio econocircmico e social do paiacutes a RedeSist propocircs uma definiccedilatildeo

mais completa O novo conceito denominado Arranjo e Sistema Produtivo e

Inovativo Local ndash ASPIL tem como foco um conjunto especiacutefico de atores e

atividades econocircmicas e que privilegia a investigaccedilatildeo das articulaccedilotildees entre as

empresas associaccedilotildees cooperativas e demais atores que compotildeem o arranjo os

fluxos de conhecimento em particular o taacutecito os processos de aprendizado para

capacitaccedilatildeo produtiva a forma organizacional e inovativa aleacutem da importacircncia da

proximidade geograacutefica e identidade histoacuterica institucional social e cultural com

base em vantagens competitivas e economicamente sustentadas (LASTRES

CASSIOLATO CAMPOS 2006)

A abrangecircncia do conceito acima converge para uma visatildeo de agrupamento

de produtores ou empresas ao conceito de territorialidade tendo como resultado a

construccedilatildeo sociopoliacutetica necessaacuteria para se constituir as bases para um efetivo

pacto territorial em prol do desenvolvimento local de uma regiatildeo Essa conexatildeo

permite que atividades produtivas e territorialidade seja o principal lastro de

sustentabilidade de um APL

Com o objetivo de discutir a dimensatildeo conceitual do que realmente eacute um APL

e quais as vantagens que os agentes participantes desta conformaccedilatildeo

sociogeograacutefica de produccedilatildeo logram Costa (2007 p127) define o termo APL como

Um espaccedilo social econocircmico e historicamente construiacutedo atraveacutes de uma

aglomeraccedilatildeo de empresas (ou produtores) similares eou fortemente inter-

relacionadas ou interdependentes que interagem numa escala espacial local

definida e limitada atraveacutes de fluxos de bens e serviccedilos Para isto desenvolvem

suas atividades de forma articulada por uma loacutegica socioeconocircmica comum que

aproveita as economias externas o binocircmio cooperaccedilatildeo-competiccedilatildeo a identidade

sociocultural do local a confianccedila muacutetua entre os agentes do aglomerado as

organizaccedilotildees ativas de apoio para a prestaccedilatildeo de serviccedilos os fatores locais

favoraacuteveis (recursos naturais recursos humanos cultura sistemas cognitivos

logiacutestica infraestrutura etc) o capital social e a capacidade de governanccedila da

comunidade

Neste caso um APL pode ser entendido como um grupo de atores

pertencentes a um aglomerado produtivo que tecircm como finalidade o crescimento de

uma produccedilatildeo por meio da interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo O autor destaca que o termo

30

APL se refere agrave concentraccedilatildeo de quaisquer atividades similares atuantes em um

mesmo espaccedilo geograacutefico natildeo importando o tamanho das empesas podendo estas

pertencer ao setor primaacuterio secundaacuterio ou ateacute mesmo terciaacuterio variando desde

estruturas artesanais ateacute arranjos de grandes empresas com elevado grau de

tecnologia

A partir dessas definiccedilotildees o entendimento e aplicaccedilatildeo do conceito de APL se

tornou nos uacuteltimos anos uma ferramenta importante no desenvolvimento

socioeconocircmico de uma regiatildeo Entretanto se faz necessaacuterio o compartilhamento e

socializaccedilatildeo desse conceito entre os diversos atores que compotildeem um

agrupamento produtivo sobretudo em territoacuterios que desenvolvem atividades

econocircmicas agriacutecolas e artesanais que ainda possuem baixos iacutendices de

desenvolvimento socioeconocircmico de organizaccedilatildeo produtiva e de inclusatildeo social

Para obtenccedilatildeo desse nivelamento estrateacutegias educacionais com abordagens

especiacuteficas tais como conhecimentos e inovaccedilatildeo se fazem necessaacuterios para que o

conceito de APL seja compreendido por todos os atores e parceiros Essa

compreensatildeo requer a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos instituiccedilotildees de ensino

pesquisa e do setor privado como forma de sensibilizar o agrupamento produtivo

para a importacircncia de um APL e as vantagens que esse aglomerado poderaacute trazer

para um territoacuterio ou mesmo uma regiatildeo

Com essa visatildeo o conhecimento e a inovaccedilatildeo fontes de vantagens

competitivas resultam de um processo de aprendizado interativo e de natureza

social Uma condiccedilatildeo necessaacuteria para o desenvolvimento do aprendizado por

interaccedilatildeo eacute o estabelecimento de uma mesma forma de comunicaccedilatildeo entre os

agentes de modo a facilitar o intercacircmbio de informaccedilotildees Nos APLs normalmente

o canal de comunicaccedilatildeo jaacute estaacute criado o que simplifica o fluxo e a difusatildeo de

informaccedilotildees e conhecimento Em consequecircncia poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a

estruturaccedilatildeo de APLs podem contribuir para a obtenccedilatildeo de vantagens competitivas

advindas dos processos de interaccedilatildeo por parte das empresas inseridas nos arranjos

Neste caso as condiccedilotildees institucionais e culturais permitem o intercacircmbio de

conhecimento sobretudo o conhecimento taacutecito fundamental para o processo

inovativo que traz consigo o conhecimento intriacutenseco dos atores que jaacute participam

de uma aglomeraccedilatildeo produtiva

31

23 Poliacuteticas Puacuteblicas para APLs

Nesta seccedilatildeo seraacute discutido o conceito de poliacuteticas puacuteblicas e quais as

poliacuteticas existentes voltadas para Arranjos Produtivos Locais no acircmbito federal

estadual e municipal

Poliacuteticas puacuteblicas satildeo accedilotildees governamentais assumidas pelos governos e

instituiccedilotildees puacuteblicas estatais com o objetivo de concretizar os direitos humanos

coletivos ou direitos sociais garantidos em lei Natildeo se pode falar em poliacutetica puacuteblica

dissociada da relaccedilatildeo entre estado e sociedade

As poliacuteticas compreendem tudo o que o Estado faz em prol do

desenvolvimento do paiacutes Nessa compreensatildeo essas poliacuteticas podem oportunizar a

melhoria da qualidade de vida da populaccedilatildeo redistribuindo renda e reduzindo as

desigualdades sociais

As poliacuteticas puacuteblicas satildeo explicitadas sistematizadas ou formuladas em

documentos (leis programas linhas de financiamentos) que orientam accedilotildees que

normalmente envolvem aplicaccedilotildees de recursos puacuteblicos

Tais poliacuteticas tambeacutem traduzem no seu processo de elaboraccedilatildeo e

implantaccedilatildeo e sobretudo em seus resultados formas de exerciacutecio do poder poliacutetico

e econocircmico (accedilotildees governamentais) envolvendo a distribuiccedilatildeo e redistribuiccedilatildeo de

poder o papel do conflito social nos processos de decisatildeo a reparticcedilatildeo de custos e

benefiacutecios socioeconocircmicos

Como o poder eacute uma relaccedilatildeo social que envolve vaacuterios atores com projetos e

interesses diferenciados e ateacute contraditoacuterios haacute necessidade de mediaccedilotildees sociais

e institucionais para que se possa obter um miacutenimo de consenso e assim as

poliacuteticas puacuteblicas possam ser legitimadas e obter eficaacutecia (TEIXEIRA 2002)

O estudo e a anaacutelise das poliacuteticas puacuteblicas que deram subsiacutedios a este

trabalho mostram que algumas regiotildees brasileiras tecircm alcanccedilado destaque no

cenaacuterio nacional cujas atividades econocircmicas e sociais satildeo voltadas para o

desenvolvimento de APLs Esses arranjos vecircm se consolidando a cada dia onde

poliacuteticas satildeo implementadas e executadas de forma adequada agraves necessidades de

cada territoacuterio

32

Ressalta-se que para a obtenccedilatildeo de resultados positivos com a

implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas satildeo necessaacuterias estrateacutegias de acompanhamento e

de afericcedilatildeo dos resultados alcanccedilados levando-se em consideraccedilatildeo programas que

sejam intensos em conhecimento regional cultural social e que proporcionem

sustentabilidade ambiental

Uma percepccedilatildeo mais holiacutestica do soerguimento de uma regiatildeo recai sobre a

visatildeo da participaccedilatildeo da sociedade na formulaccedilatildeo de poliacuteticas que contemplem a

reduccedilatildeo da desigualdade social e a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e renda principalmente

em aacutereas rurais

Sendo assim na concepccedilatildeo de uma poliacutetica puacuteblica vaacuterios fatores devem ser

considerados o desenvolvimento regional como parte essencial da estrateacutegia do

desenvolvimento nacional as vocaccedilotildees econocircmicas existentes em cada regiatildeo a

formulaccedilatildeo de programas que permitam associar as diferentes dimensotildees do

desenvolvimento sustentaacutevel a implantaccedilatildeo de projetos estruturantes e a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas agraves necessidades das comunidades e agraves

condiccedilotildees das diferentes regiotildees e territoacuterios brasileiros

Dentro desta visatildeo a poliacutetica para APL desponta como um indutor de

desenvolvimento econocircmico social e cultural sobretudo em regiotildees produtivas

ainda consideradas de baixa renda

Buscando efetivar accedilotildees que permitam aos estados brasileiros a se

desenvolverem economicamente e com equidade social o Governo Federal tem

monitorado as accedilotildees dos programas governamentais colocados em seu Plano

Plurianual ndash PPA buscando averiguar o desenvolvimento e atuaccedilatildeo desses

programas

Este acompanhamento eacute realizado por oacutergatildeos federais e tem como finalidade

verificar a eficiecircncia dos programas e obter dados que comprovem o

desenvolvimento sustentaacutevel do paiacutes sobretudo das regiotildees mais carentes A

implementaccedilatildeo desses programas tem como prioridades a inclusatildeo social de

indiviacuteduos a geraccedilatildeo de emprego e renda a ampliaccedilatildeo de novos empreendimentos

em aacutereas produtivas a fixaccedilatildeo das populaccedilotildees rurais em aacutereas com potencial

econocircmico e cultural para ampliaccedilatildeo de agronegoacutecios o espraiamento da agricultura

familiar e a estruturaccedilatildeo de APLs economicamente viaacuteveis

33

Neste sentido o governo brasileiro tambeacutem tem despertado para a grande

problemaacutetica do desemprego e para o crescente nuacutemero de habitantes nas

metroacutepoles Como alternativa os oacutergatildeos governamentais entenderam que os APLs

podem ser uma estrateacutegia para valorizaccedilatildeo do local empregando pessoas da

comunidade evitando assim o ecircxodo para os grandes centros urbanos

Uma das estrateacutegias que o Governo Federal encontrou para alavancar os

APLs foi a criaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que apoiem e ajudem no desenvolvimento

dessas aglomeraccedilotildees de empresas e de organizaccedilotildees produtivas Essas poliacuteticas de

incentivos aos arranjos produtivos locais no paiacutes tecircm se tornado consistentes jaacute

sendo possiacutevel visualizar resultados satisfatoacuterios com sua implementaccedilatildeo

(BARROSO SOARES 2009)

Aleacutem do mais as poliacuteticas de desenvolvimento local principalmente aquelas

direcionadas para APLs tecircm gerado respostas positivas aos desafios impostos por

um novo padratildeo social e tecnoloacutegico de produccedilatildeo e pelas novas estrateacutegias de

desenvolvimento regional endoacutegeno

Sendo assim em uma economia que tem como um dos principais elementos

de competitividade a inovaccedilatildeo poliacuteticas que estimulem a cooperaccedilatildeo o aprendizado

e o intercacircmbio de conhecimento tornam-se significativas para que o processo

inovativo produza soluccedilotildees agraves necessidades impostas por esse novo padratildeo vigente

dentro dos arranjos produtivos (GOacuteES GUERRA 2008)

Eacute de relevacircncia ainda frisar que estas accedilotildees de poliacuteticas tanto puacuteblicas como

privadas contribuem para o aprimoramento desses processos inovativos tanto

histoacutericos como sociais e fomentam a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de APLs que

por sua vez permitem um melhor direcionamento das poliacuteticas de desenvolvimento

regional (ALBAGLI BRITO 2002)

Essas iniciativas governamentais segundo Brito e Cassiolato (2002) vecircm se

intensificando cada vez mais no uso de accedilotildees que visam o aumento das

articulaccedilotildees e interaccedilotildees entre empresas eou atores locais O desdobramento

desse processo contribui para a identificaccedilatildeo de fatores relacionados ao grau de

competitividade e perspectivas de desenvolvimento em escala local e regional

Historicamente o estudo das aglomeraccedilotildees produtivas na forma de APLs

ganhou relevacircncia na uacuteltima deacutecada no Brasil a partir de experiecircncias bem-

34

sucedidas de organizaccedilatildeo produtivaindustrial em diferentes paiacuteses em particular na

Itaacutelia Estas experiecircncias chamaram a atenccedilatildeo de diversos oacutergatildeos puacuteblicos e

instituiccedilotildees nacionais e locais que passaram a implementar medidas de apoio para

promover a competitividade das empresas integrantes de aglomeraccedilotildees industriais

(SCHIMIDT FILHO PAULA 2008)

No Brasil a partir de 1997 o conceito de APL e Sistemas Inovativos Locais foi

rapidamente disseminado na esfera do ensino e da pesquisa e na esfera

governamental com a elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

No final da deacutecada de 90 a academia passa a discutir a importacircncia do

conceito de APL e incorpora o desejo e a necessidade de promover uma discussatildeo

mais profunda sobre as novas ameaccedilas e oportunidades para os paiacuteses latino-

americanos ndash e particularmente o Brasil ndash diante das mudanccedilas recentes

Com o objetivo de ampliar e divulgar estudos sobre o referido tema em 1997

foi criada a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais ndash

RedeSist sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro

Os pesquisadores participantes dessa rede visam desenvolver trabalhos de

pesquisa e discutir temas que estatildeo relacionados aos novos requerimentos e formas

de desenvolvimento industrial e tecnoloacutegico bem como averiguar o papel os

objetivos e os instrumentos de poliacuteticas tecnoloacutegicas e industriais adotadas no novo

cenaacuterio internacional Atualmente a RedeSist conta com a participaccedilatildeo de vaacuterias

universidades e institutos de pesquisa no Brasil aleacutem de manter parcerias com

outras instituiccedilotildees da Ameacuterica Latina Europa e Aacutesia (RedeSist 2011)

Os principais resultados das pesquisas realizadas pela RedeSist confirmam

que a aglomeraccedilatildeo de empresas e o aproveitamento das sinergias coletivas geradas

por suas interaccedilotildees vecircm fortalecendo suas chances de sobrevivecircncia e crescimento

constituindo-se em importante fonte geradora de vantagens competitivas

duradouras

A participaccedilatildeo dinacircmica em arranjos produtivos locais tem auxiliado

especialmente as empresas enquadradas como Micro Pequena e Meacutedia Empresa -

MPME a ultrapassarem as barreiras que impedem seu crescimento a produzirem

35

eficientemente e a comercializarem seus produtos em mercados nacionais e ateacute

internacionais

Partindo da necessidade de modernizaccedilatildeo do Estado e de investimentos no

setor produtivo do paiacutes o Governo Federal buscou efetivar poliacuteticas para que os

oacutergatildeos puacuteblicos tivessem maior controle nos seus gastos e que o Brasil investisse

em programas e projetos estruturantes

A ideia dessas poliacuteticas era natildeo mais financiar projetos isolados e sim investir

em projetos coletivos que pudessem beneficiar territoacuterios socioeconocircmicos para as

regiotildees com vocaccedilotildees naturais jaacute identificadas e promotoras de atividades

econocircmicas sustentaacuteveis

Em 1998 o Governo institui o Programa de Estabilidade Fiscal e em 2000 a

Lei de Responsabilidade Fiscal ndash LRF (Lei Complementar 101 de 04 de maio de

2000 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 05052000) Esta lei regulamentava o

planejamento fiscal como forma de orientar os gastos futuros

Em 1999 visando a Reforma do Estado o Governo promulgou a lei 981199

que definia as diretrizes para elaboraccedilatildeo da lei orccedilamentaacuteria de 2000 e em 21 de

julho de 2000 publicou a LEI Nordm 9989 que instituiu o Plano Plurianual ndash PPA para o

quadriecircnio 2000-2003 (Diaacuterio Oficial da Uniatildeo de 27072000) Esse PPA teve como

objetivo elaborar normas para a programaccedilatildeo dos recursos e do ciclo de gestatildeo do

setor puacuteblico definindo as estrateacutegias para a elaboraccedilatildeo do plano e do orccedilamento

bem como o acompanhamento da execuccedilatildeo orccedilamentaacuteria financeira e a avaliaccedilatildeo

do desempenho da accedilatildeo governamental

A incorporaccedilatildeo do conceito de APL como poliacutetica puacuteblica pelo Governo

Federal teve iniacutecio em 1999 no acircmbito do Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia ndash

MCT Em parceria com os Estados da Federaccedilatildeo foram identificados APLs que

tiveram projetos de cooperaccedilatildeo entre institutos de pesquisa e empresas visando

aprimorar produtos e processos oriundos desses aglomerados Foi tambeacutem incluiacuteda

pela primeira vez uma accedilatildeo para APLs no Plano Plurianual do Governo (PPA 2000-

2003) de responsabilidade do MCT (LASTRES 2007)

Neste periacuteodo tambeacutem foram apoiadas pesquisas acadecircmicas tanto de cunho

teoacuterico como empiacuterico financiadas pelas agecircncias vinculadas ao MCT Conselho

36

Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash CNPq e a Financiadora de

Estudos e Projetos ndash FINEP

Reconhecendo a importacircncia dos APLs que refletem uma nova percepccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de desenvolvimento em que o local passa a ser visto como eixo

orientador de promoccedilatildeo social o Governo Federal instituiu atraveacutes da Portaria

Interministerial nordm 200 de 03082004 (e reeditada em 24102005) o Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais ndash GTP APL coordenado pelo

Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior ndash MDIC

O GTP APL tem como finalidade elaborar e propor diretrizes gerais para as

accedilotildees coordenadas de apoio a Arranjos Produtivos Locais Este grupo elaborou em

2004 um Termo de Referecircncia para Poliacutetica Nacional de Apoio ao Desenvolvimento

de Arranjos Produtivos Locais - Versatildeo para discussatildeo do GT Interministerial (MDIC

2004) definindo a caracterizaccedilatildeo de um APL a partir de duas premissas ter um

nuacutemero significativo de empreendimentos no territoacuterio e de indiviacuteduos que atuam em

torno de uma atividade produtiva predominante e compartilhar formas percebidas de

cooperaccedilatildeo e algum mecanismo de governanccedila8 podendo ser incluiacutedas pequenas

meacutedias e grandes empresas

Para solidificar esta poliacutetica o trabalho do GTP APL conta com a participaccedilatildeo

de 33 oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais e tem mapeado 142 APLs

prioritaacuterios (de maior relevacircncia socioeconocircmica) identificados atraveacutes do Plano de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP nos 27 estados brasileiros Outra accedilatildeo

importante orientada pelo GTP APL em todo o Brasil foi a instalaccedilatildeo dos Nuacutecleos

Estaduais que tecircm como objetivo organizar as demandas dos APLs analisar suas

propostas e promover as articulaccedilotildees institucionais com vistas ao apoio demandado

Os Nuacutecleos Estaduais satildeo compostos por entidades dos diversos segmentos da

sociedade capazes de planejar e executar accedilotildees identificadas na elaboraccedilatildeo dos

PDPs (GTP-APL 2007)

A partir de 2007 com o intuito de fomentar projetos produtivos de APLs de

baixa renda e ampliar o alcance de sua atuaccedilatildeo o BNDES utilizando recursos natildeo

8 Mecanismo de governanccedila ndash Existecircncia de canais (pessoas fiacutesicas ou organizaccedilotildees) capazes de Liderar e organizar atores em prol de objetivos comuns nas atividades em APL ou coordenar as accedilotildees dos diferentes atores para o cumprimento de objetivos comuns ou negociar os processos decisoacuterios locais ou promover processos de geraccedilatildeo disseminaccedilatildeo e uso de conhecimentos (MDIC 2004)

37

reembolsaacuteveis do Fundo Social firma parceria com os governos dos Estados

(LASTRES LEMOS KAPLAN GARCEZ MAGALHAtildeES 2010) Esta parceria

objetivava complementar o apoio financeiro concedido pelos Estados a

empreendimentos solidaacuterios de baixa renda contribuindo dessa forma para a

reduccedilatildeo de desigualdades sociais e geraccedilatildeo de trabalho e renda A poliacutetica adotada

tinha como finalidade desenvolver e adensar atividades econocircmicas em aacutereas de

populaccedilotildees de baixa renda cujas caracteriacutesticas produtivas estivessem naturalmente

sendo desenvolvidas como aglomerados produtivos

Outra agecircncia de fomento agrave pesquisa e desenvolvimento de APLs eacute o Fundo

de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico ndash FUNDECI administrado pelo

Escritoacuterio Teacutecnico de Estudos Econocircmicos do Nordeste ndash ETENE do Banco do

Nordeste do Brasil SA ndash BNB Essa agecircncia tem apoiado projetos de pesquisa

difusatildeo e transferecircncia de tecnologia para arranjos produtivos locais no Nordeste

brasileiro9

Tendo em vista que diversas instituiccedilotildees estatildeo aplicando poliacuteticas puacuteblicas

para o desenvolvimento socioeconocircmico voltado para APLs faz-se necessaacuterio

analisar quais as contribuiccedilotildees que tais poliacuteticas tem proporcionado para a

estruturaccedilatildeo de Arranjos Produtivos Locais na Paraiacuteba e quais os entraves

encontrados na sua implementaccedilatildeo

24 Consideraccedilotildees sobre a importacircncia do Desenvolvimento

Regional Sustentaacutevel na organizaccedilatildeo de APLs

O conceito de sustentabilidade parte da necessidade de estimular e

potencializar os recursos locais capazes de promover o crescimento econocircmico

social e cultural e de minimizar os impactos ambientais

Haddad (2003) afirma que este conceito natildeo se prende somente a

produtividade dos recursos naturais e de conservaccedilatildeo da base fiacutesica de uma regiatildeo

ou paiacutes mas frisa a importacircncia da equidade interpessoal (sustentabilidade social) e

9 httpwwwbnbgovbrcontentaplicacaosobre_nordestefundecigeradosfundeci_obtendoasp

38

intertemporal (sustentabilidade ambiental) considerando uma regiatildeo que natildeo sofra

com o uso indevido dos recursos naturais por empreendimentos econocircmicos

A importacircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel eacute priorizada

segundo as dimensotildees sociais considerando o processo de organizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo e a participaccedilatildeo da sociedade civil na formataccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

para as regiotildees Este desenvolvimento enfatiza tambeacutem a valorizaccedilatildeo dos recursos

econocircmicos humanos institucionais e culturais

Esse padratildeo de desenvolvimento avalia as capacidades e potencialidades

existentes no territoacuterio Novas poliacuteticas devem proporcionar o fortalecimento de um

ambiente adequado e satisfatoacuterio agrave criaccedilatildeo e implantaccedilatildeo de sistemas produtivos

locais bem como ampliar as relaccedilotildees sociais econocircmicas tecnoloacutegicas e

comerciais entre os diversos atores participantes do processo de desenvolvimento

Partindo desta ideia o conceito de APL pode ser fortalecido se a este for

associada a visatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel enfocando o aprendizado jaacute

adquirido pelos atores a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica capaz de melhorar os sistemas

produtivos e a territorialidade

A estrateacutegia de analisar o APL da Citricultura sob a oacutetica do desenvolvimento

sustentaacutevel teve como objetivo entender o territoacuterio estudado e averiguar o

desenvolvimento socioeconocircmico do APL sua trajetoacuteria e seu crescimento regional

Sendo assim tal anaacutelise permitiu ampliar os conhecimentos sobre a sinergia

coletiva gerada no arranjo e propor accedilotildees para que empresas associaccedilotildees e

cooperativa existentes no aglomerado produtivo sejam indutoras de vantagens

competitivas duradouras

No proacuteximo capiacutetulo eacute apresentada a caracterizaccedilatildeo do APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina da Paraiacuteba bem como suas potencialidades problemas

identificados e as instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo promotoras de poliacuteticas puacuteblicas

para o segmento

3 CARACTERIZACcedilAtildeO DO APL DA CITRICULTURA ndash SEGMENTO DA TANGERINA NA PARAIacuteBA

A partir dos diagnoacutesticos elaborados pela EMEPA (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2006 e LOPES ALBUQUERQUE BRITO 2008) eacute possiacutevel caracterizar o

Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba pois

mesmo natildeo estando consolidado este segmento apresenta um conjunto de

variaacuteveis e accedilotildees de trabalho relacionados a um APL Este aglomerado produtivo

possui produtores participantes de associaccedilotildees nos municiacutepios de produccedilatildeo de

tangerina distribuidores comercializadores (atravessadores) mercado consumidor

demandante organizaccedilotildees voltadas agrave formaccedilatildeo e treinamento de recursos

humanos informaccedilatildeo pesquisa e desenvolvimento instituiccedilotildees de apoio ao fomento

e a regulaccedilatildeo e uma clara percepccedilatildeo de cooperaccedilatildeo e governanccedila atraveacutes da

existecircncia de uma cooperativa

Nesta seccedilatildeo seraacute apresentado o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

como ele estaacute estruturado e quais os problemas que impedem a sua consolidaccedilatildeo

como um arranjo produtivo local sustentaacutevel

31 O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

O Brasil eacute o maior produtor mundial de laranja cuja produccedilatildeo foi

aproximadamente 191 milhotildees de toneladas em 2010 seguido dos Estados Unidos

da Ameacuterica - EUA com 75 milhotildees O Brasil tambeacutem eacute o maior exportador de suco

de laranja concentrado tendo exportado no ano de 2009 aproximadamente 575 mil

toneladas (FAO 2012) Os principais mercados consumidores de suco satildeo a Uniatildeo

Europeia comprando 72 e os Estados Unidos 121 (MDIC 2012)

A cultura ciacutetrica eacute a mais importante dentre as fruteiras cultivadas no Brasil

No entanto a produccedilatildeo brasileira estaacute concentrada em laranjas (cultivares Pera Rio

Valecircncia e Pera Natal) para a fabricaccedilatildeo de suco destinado aos mercados de

exportaccedilatildeo (PEREIRA 2009)

40

O grande propulsor do crescimento da induacutestria ciacutetrica nacional foi a geada

que atingiu em 1962 os pomares da Floacuterida nos Estados Unidos considerados ateacute

entatildeo os maiores produtores mundiais de laranja (NEVES 2010)

A consolidaccedilatildeo da induacutestria brasileira ocorreu definitivamente apoacutes as geadas

que voltaram a castigar a Floacuterida no final da deacutecada de 1980 causando perdas

substanciais na produccedilatildeo americana de laranja Com isso as exportaccedilotildees de suco

brasileiro se firmaram e a induacutestria nacional entrou numa fase de franca expansatildeo

(NEVES 2010)

A citricultura no Brasil desenvolveu-se dessa forma para a oferta de suco ao

mercado internacional Apenas 18 da produccedilatildeo satildeo destinados ao mercado

interno e nesse percentual os citros de mesa aparecem com baixa

representatividade (MAPA 2009)

A produccedilatildeo de citros encontra-se distribuiacuteda em quase todo o territoacuterio

nacional localizando-se principalmente nos estados de Satildeo Paulo Bahia Minas

Gerais Sergipe e Paranaacute (IBGE 2012)

Na regiatildeo Sudeste satildeo produzidos 8414 dos citros ao contraacuterio da regiatildeo

Nordeste responsaacutevel por apenas 912 da produccedilatildeo (MAPA 2009)

A regiatildeo Nordeste possui alguns polos de produccedilatildeo de citros de mesa

todavia natildeo satildeo suficientes para atender a demanda dos mercados de consumo ou

seja a produccedilatildeo de laranjas tangerinas limas aacutecidas e limotildees eacute menor que a

demandada pelo mercado consumidor (MAPA 2009)

Os estados da Bahia e de Sergipe destacam-se como os principais

produtores de citros (principalmente laranja) Entretanto a Paraiacuteba assume o

ranking de maior produtor de tangerina dentre os nove estados nordestinos (Quadro

2)

41

Quadro 2 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo de Tangerina nos estados do Nordeste

Estados Nordestinos produtores

Aacuterea plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Nordeste 3815 41267 10817 17216

Maranhatildeo 23 68 2957 46

Piauiacute 22 182 8273 148

Cearaacute 333 2207 6628 1162

Rio Grande do Norte 20 240 12000 72

Paraiacuteba 1892 14436 7630 4999

Pernambuco 333 3366 10108 2663

Sergipe 431 6586 15281 2314

Bahia 761 14182 18636 5813

Fonte IBGE (2010b)

A produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba (IBGE 2010b) concentra-se no Planalto da

Borborema (Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano) com aproximadamente 3150 ha

cultivados sendo 1892 ha de tangerinas 867 ha de laranjas e 391 ha de lima aacutecida

Tahiti tambeacutem conhecida entre os consumidores brasileiros como limatildeo Tahiti

No Quadro 3 eacute apresentado um comparativo da produccedilatildeo de citros (laranja

tangerina e limatildeo) da Paraiacuteba entre os anos de 2008 e 2010 Verifica-se que houve

um pequeno aumento na aacuterea plantada (44) e na quantidade produzida (33) de

tangerina

Quadro 3 Aacuterea plantada quantidade produzida e valor da produccedilatildeo dos citros produzidos na Paraiacuteba

Produto Ano Aacuterea

plantada (ha)

Quantidade produzida (t)

Rendimento meacutedio (kgha)

Valor da produccedilatildeo

(1000 R$)

Tangerina 2008 1812 13974 7711 4261

2010 1892 14404 7630 4999

Laranja 2008 1007 5527 5489 1874

2010 862 5314 6164 1910

Limatildeo 2008 304 2212 7276 1515

2010 391 2527 6462 1602

Fonte IBGE (2008) e IBGE (2010b)

42

A regiatildeo possui um importante diferencial competitivo devido a sua safra

ocorrer nos meses de agosto a dezembro sendo a Paraiacuteba o uacutenico estado brasileiro

a produzir tangerina dancy nesse periacuteodo Essa produccedilatildeo gera forte impacto de

venda pois os valores de comeacutercio estatildeo em franca ascensatildeo Observa-se no

Quadro 3 que o valor pago pela produccedilatildeo aumentou em 17 de 2008 para 2010

Este diferencial competitivo eacute evidenciado por Pozzan e Triboni (2005) onde

afirmam que a oferta de tangerina no paiacutes acumula-se nos meses de abril a

setembro (Quadro 4) ficando os outros meses com uma oferta abaixo da

capacidade dos mercados Nesses meses os preccedilos de comercializaccedilatildeo atingem

patamares bastante compensadores devido agrave baixa oferta de produtos de qualidade

no mercado

Quadro 4 Eacutepocas indicadas para colheita de diversas culturas dentro da faixa ideal de maturaccedilatildeo para comercializaccedilatildeo e industrializaccedilatildeo no Estado de Satildeo Paulo

Cultura Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Laranja

Tangerina

Lima e lima aacutecida

Manga

Goiaba

Cana

Cafeacute

Soja

Natildeo irrigada hachurado escuro = colheita da safra principal hachurado claro = colheita da safra extemporacircnea

Fonte Pozzan amp Triboni (2005)

O APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina da Paraiacuteba eacute composto pelos

municiacutepios de Esperanccedila Alagoa Nova Lagoa Seca Satildeo Sebastiatildeo de Lagoa de

Roccedila Massaranduba e Matinhas pertencentes agrave Mesorregiatildeo do Agreste

Paraibano Nesta regiatildeo concentra-se a maior produccedilatildeo desse fruto de mesa no

Estado Segundo o IBGE (2010b) a produccedilatildeo de tangerina na regiatildeo foi 14404

toneladas em 2010 Na Figura 3 eacute apresentada a produccedilatildeo colhida em 2010 em

cada municiacutepio pertencente ao APL

43

Figura 3 Quantidade colhida (t) de tangerina nos municiacutepios produtores da Paraiacuteba em 2010

Fonte Adaptado do IBGE (2010b)

A plantaccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba estaacute localizada numa altitude acima de

500m o que favorece a existecircncia de um microclima ameno com irregularidades

pluviomeacutetricas ocorrendo em meacutedia de 1000 a 1200 mmano distribuiacutedas de

marccedilo a agosto A partir do mecircs de setembro as chuvas satildeo esparsas ocorrendo

um periacuteodo de veranico A umidade relativa do ar eacute em meacutedia de 85 nos meses

mais frios do ano (maio a agosto) e a temperatura noturna varia de 10 a 18ordmC

Durante o dia a temperatura varia de 20 a 25ordmC nos meses mais frios e acima de

25ordmC no periacuteodo de veratildeo O clima exerce grande influecircncia sobre o vigor e a

longevidade das plantas qualidade e quantidade de frutos (LOPES

ALBUQUERQUE MOURA 2007)

A maioria dos produtores utilizam basicamente matildeo-de-obra familiar e

ocasionalmente contratam trabalhadores durante principalmente o periacuteodo de

colheita Satildeo aproximadamente dois mil pequenos produtores envolvidos com suas

respectivas famiacutelias O setor gera aproximadamente 4000 empregos diretos e 6000

empregos indiretos Os trabalhadores contratados satildeo da regiatildeo e natildeo haacute muitos

empregos formais A citricultura assume uma grande importacircncia para a regiatildeo e

para o Estado devido ao nuacutemero de pessoas envolvidas e agrave geraccedilatildeo de emprego e

renda (LOPES ALBUQUERQUE MOURA 2006)

A citricultura da regiatildeo apresenta-se como tipicamente de minifuacutendio e

familiar com meacutedia de 223 haproprietaacuterio e 83 com um a trecircs membros da famiacutelia

envolvidos na atividade Quanto agrave experiecircncia com o cultivo da laranja 68 dos

44

citricultores vivenciam a atividade haacute mais de dez anos (LOPES ALBUQUERQUE

MOURA 2007)

Contudo este segmento ainda possui diversos problemas que impedem o

pleno ecircxito da cultura de tangerina no APL O principal problema eacute a baixa

produtividade com rendimento meacutedio de 7630 kgha muito abaixo da produtividade

de Sergipe e Bahia com 15281 kgha e 18636 kgha respectivamente (Quadro 2)

Aleacutem disso analisando a produccedilatildeo de tangerina nos anos 2008 e 2010

(Quadro 3) verifica-se que houve um crescimento relativamente pequeno

considerando a existecircncia de diversas accedilotildees realizadas por instituiccedilotildees parceiras

atuantes no arranjo em prol do desenvolvimento socioeconocircmico da regiatildeo10 Nota-

se inclusive que o rendimento meacutedio caiu 105 nesse periacuteodo

Segundo Lopes Albuquerque e Moura (2006) alguns dos problemas teacutecnicos

identificados como responsaacuteveis por essa baixa produtividade satildeo ausecircncia de

mudas de qualidade (mudas certificadas) espaccedilamentos inadequados adubaccedilatildeo

deficiente manejo e conservaccedilatildeo do solo inadequado tratos culturais deficientes

problemas fitossanitaacuterios alternacircncia de produccedilatildeo colheita e poacutes-colheita

inadequadas (embalagens improacuteprias) e comercializaccedilatildeo deficitaacuteria

Outros problemas verificados pelo MAPA (2009) foram setor de fornecimento

de insumos eacute precaacuterio e insuficiente estradas vicinais e municipais natildeo satildeo

asfaltadas ainda natildeo haacute empacotadoras de frutas nem nenhuma estrutura para o

beneficiamento eou industrializaccedilatildeo natildeo haacute estruturas para a produccedilatildeo de

borbulhas sementes e mudas certificadas ausecircncia de um local especiacutefico para

armazenagem de insumos (calcaacuterio adubos e defensivos agriacutecolas) natildeo haacute

sistemas de irrigaccedilatildeo implantados as sedes das associaccedilotildees satildeo precaacuterias e muitas

vezes as reuniotildees satildeo realizadas em oacutergatildeos puacuteblicos o que pode desestimular a

participaccedilatildeo efetiva dos associados

Visando observar in loco os problemas identificados acima foram realizadas

visitas teacutecnicas na regiatildeo durante o ano de 2011 para entrevistar os representantes

das associaccedilotildees e da cooperativa dos municiacutepios pertencentes ao APL Essas

10

Na seccedilatildeo 33 seratildeo apresentadas as instituiccedilotildees parceiras atuantes no arranjo e o apoio dessas entidades ao

APL

45

visitas tiveram como objetivo observar a forma como os produtores realizam o

plantio dos pomares de tangerina e a organizaccedilatildeo produtiva existente em cada

municiacutepio Constatou-se que os plantios satildeo realizados sem criteacuterios teacutecnicos

(espaccedilamentos incorretos) e plantados muitas vezes de morro abaixo ocasionando

risco de erosatildeo do solo nos periacuteodos chuvosos

Foi identificada tambeacutem a existecircncia de baixos investimentos em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica bem como a falta de investimentos em sistemas irrigados ou unidades

demonstrativas que elevassem a produtividade do plantio da tangerina no APL

Percebeu-se ainda que os produtores natildeo investem na modernizaccedilatildeo dos

seus plantios pois para eles natildeo existe um esclarecimento sobre a importacircncia de

uma expansatildeo da produccedilatildeo visando o desenvolvimento do agronegoacutecio na regiatildeo

Aleacutem disso verificou-se que a venda da produccedilatildeo sazonal eacute realizada

diretamente entre produtores e atravessadores Estes uacuteltimos compram os frutos nos

pomares ou seja adquirem o lote de tangerina ainda na tangerineira Os

atravessadores ficam responsaacuteveis pela colheita retirando apenas as tangerinas

que tecircm aceitabilidade no mercado e deixando as de tamanho inadequado nos

pomares

Contudo na visita a cidade de Matinhas foi identificada a existecircncia de uma

cooperativa localizada naquele municiacutepio fundada em 1996 por um grupo de

citricultores com o objetivo de obter melhores condiccedilotildees de comercializaccedilatildeo de

citros produzidos na regiatildeo De acordo com a atual presidente a Cooperativa dos

Citricultores de Matinhas e Regiatildeo Ltda ndash Coopertange passou por diversos

problemas de gestatildeo o que a impediu de cumprir com suas obrigaccedilotildees junto aos

seus cooperados ateacute 2009

A partir de 2010 a Coopertange sofreu uma reestruturaccedilatildeo e uma nova

diretoria foi eleita Esta diretoria passou a buscar parceiros e projetos que pudessem

ampliar os negoacutecios com a produccedilatildeo de laranja Nesse ano foi elaborado um projeto

para adquirir uma packing house destinada agrave lavagem classificaccedilatildeo e embalagem

de frutos Tal inovaccedilatildeo que ainda se encontra em fase de implantaccedilatildeo (construccedilatildeo

do galpatildeo e aquisiccedilatildeo do equipamento) abriraacute a possibilidade de conquistar novos

mercados e realizar negociaccedilotildees diretas com clientes sem passar por

atravessadores

46

Apesar da referida cooperativa natildeo estar atuando plenamente como empresa

acircncora a mesma tem desenvolvido accedilotildees buscando atingir seus objetivos junto ao

APL Tais accedilotildees foram aprovaccedilatildeo da DAP (Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf) para a

cooperativa o que facilita a venda de forma coletiva da produccedilatildeo de citros

proveniente da agricultura familiar parceria com a UFPB para realizaccedilatildeo de cursos

de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de viveiristas e produccedilatildeo de mudas padronizadas e

certificadas cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos e a formataccedilatildeo do modelo

administrativo da Coopertange a EMEPA (pesquisa para combate da mosca negra)

COOPERAR (projeto de uma faacutebrica para produccedilatildeo de polpa de tangerina) e BNB

(apoio a participaccedilatildeo de feiras e seminaacuterios) Estas accedilotildees visam consolidar a

Coopertange como a principal representante do APL

32 Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional delineada para o trabalho de dissertaccedilatildeo apresenta

os niacuteveis de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina

O APL eacute composto por oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais

empresas associaccedilotildees de produtores rurais e uma cooperativa As relaccedilotildees entre

esses oacutergatildeos determinam uma estrutura organizacional que define a dinacircmica do

arranjo

Na Figura 4 eacute apresentada essa estrutura organizacional com os niacuteveis de

atuaccedilatildeo e de envolvimento de cada instituiccedilatildeo A Coopertange eacute responsaacutevel pelo

diaacutelogo entre os produtores e as instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

Esta cooperativa tambeacutem eacute responsaacutevel pelo fomento agrave comercializaccedilatildeo e

inclusatildeo social dos seus cooperados Atualmente a referida cooperativa apesar de

contar com apenas 40 cooperados produtores e liacutederes das associaccedilotildees que

pertencem ao APL vem se estruturando para assumir a governanccedila do arranjo

No primeiro ciacuterculo (Figura 4) satildeo apresentados os municiacutepios que compotildeem

o arranjo caracterizados pela distacircncia entre eles e a Coopertange de no maacuteximo 35

quilocircmetros e por terem como principal atividade a produccedilatildeo de tangerina dancy Em

cada municiacutepio existe uma associaccedilatildeo de produtores rurais responsaacutevel pelas

47

reivindicaccedilotildees dos seus associados e atua como interlocutora junto agrave empresa

acircncora e agraves instituiccedilotildees parceiras

Figura 4 Estrutura do APL da Citricultura - Segmento Tangerina

Fonte Elaborado pela autora

No segundo ciacuterculo pode-se visualizar a infraestrutura para o

desenvolvimento do arranjo composta por instituiccedilotildees de apoio teacutecnico fomento e

inovaccedilatildeo Dentre os apoios mais relevantes encontram-se extensatildeo rural

(EMATER) pesquisa e transferecircncia de tecnologia (UFPB UFCG EMBRAPA

UEPB e EMEPA) serviccedilo de apoio agrave capacitaccedilatildeo teacutecnica e tecnoloacutegica (UFPB

Escola Teacutecnica Agriacutecola de Lagoa Seca e SENAR) fomento e creacutedito rural (BB BNB

e Caixa Econocircmica Federal) oacutergatildeos governamentais responsaacuteveis pelas poliacuteticas

puacuteblicas (Governo do Estado Prefeituras Municipais MAPA MDA e CONAB)

organizaccedilotildees sindicais (FAEPA Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Associaccedilotildees

dos Produtores Rurais) serviccedilo de apoio agrave estruturaccedilatildeo de micro e pequenas

empresas (SEBRAE) e Foacuterum de Fruticultura da Borborema Este uacuteltimo tem uma

atuaccedilatildeo importante na organizaccedilatildeo do APL pois busca arregimentar todos os

parceiros visando trazer soluccedilotildees para o soerguimento do setor

48

No terceiro ciacuterculo estatildeo representados os empreendimentos de suporte ao

segmento (implementos agriacutecolas e fornecedores de insumo) logiacutestica (transporte

armazenamento e entrega) manutenccedilatildeo de maacutequinas e equipamentos (empresas

especializadas em metal-mecacircnica existente no distrito industrial de Campina

Grande) venda de veiacuteculos utilitaacuterios escritoacuterio de design (criaccedilatildeo de embalagens

roacutetulos e programaccedilatildeo visual para as empresas) e faacutebricas de embalagens

(localizadas em Campina Grande) Na regiatildeo encontra-se tambeacutem matildeo-de-obra

qualificada (agrocircnomos e especialistas em fruticultura) para atender as demandas

especiacuteficas do segmento da citricultura

A estrutura organizacional formatada tem como finalidade mapear os

principais parceiros envolvidos no arranjo e apresentar uma forma estruturada de

visualizaccedilatildeo dos atores com potencial para atender agraves demandas objetivando a

melhoria da produtividade da tangerina o aumento da competitividade do setor e a

organizaccedilatildeo dos produtores para buscar novos nichos de mercado

33 Poliacuteticas Puacuteblicas para o APL

Nesta seccedilatildeo seratildeo descritas algumas poliacuteticas puacuteblicas identificadas para o

arranjo oriundas de programas governamentais e entidades parceiras natildeo

governamentais que vecircm atuando no desenvolvimento socioeconocircmico do territoacuterio

em que se insere o APL

Para melhor compreensatildeo dessas poliacuteticas faz-se necessaacuterio conhecer as

instituiccedilotildees que atuam no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina e seu objetivos visando entender o apoio dessas entidades ao APL

estudado Tais objetivos satildeo descritos na seccedilatildeo 331

Em seguida na seccedilatildeo 332 eacute apresentado um histoacuterico das poliacuteticas puacuteblicas

implementadas para APLs na Paraiacuteba e que vecircm contribuindo para a consolidaccedilatildeo

do APL

49

331 Identificaccedilatildeo das Instituiccedilotildees atuantes no Arranjo

De acordo com os dados coletados durante a pesquisa documental e em

visitas teacutecnicas foram identificadas as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais mais atuantes no arranjo sendo elas MAPA SEDAP EMEPA

EMATER PMM UFPB SEBRAE e STRM

O Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA eacute

responsaacutevel pela gestatildeo das poliacuteticas puacuteblicas de estiacutemulo agrave agropecuaacuteria pelo

fomento do agronegoacutecio e pela regulaccedilatildeo e normatizaccedilatildeo de serviccedilos vinculados ao

setor O MAPA busca integrar sob sua gestatildeo os aspectos mercadoloacutegico

tecnoloacutegico cientiacutefico ambiental e organizacional do setor produtivo e tambeacutem dos

setores de abastecimento armazenagem e transporte de safras aleacutem da gestatildeo da

poliacutetica econocircmica e financeira para o agronegoacutecio

O MAPA tem como missatildeo promover o desenvolvimento sustentaacutevel e a

competitividade do agronegoacutecio em benefiacutecio da sociedade brasileira (MAPA 2012)

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca

ndash SEDAP eacute um oacutergatildeo da administraccedilatildeo direta do Governo do Estado da Paraiacuteba e

tem como finalidade formular implementar coordenar e monitorar as poliacuteticas

puacuteblicas voltadas ao desenvolvimento sustentaacutevel da agricultura e da pecuaacuteria

A SEDAP trabalha em sintonia com as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais incentivando o desenvolvimento por meio da interiorizaccedilatildeo das

accedilotildees estrateacutegicas implementadas por seus oacutergatildeos vinculados Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER Empresa Estadual de Pesquisa

Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash EMEPA Empresa Paraibana de Abastecimento e

Serviccedilos Agriacutecolas ndash EMPASA e Instituto de Terras e Planejamento Agriacutecola da

Paraiacuteba ndash INTERPA

A missatildeo da SEDAP eacute planejar articular e promover as poliacuteticas de

desenvolvimento rural no Estado atraveacutes da pesquisa assistecircncia teacutecnica extensatildeo

rural defesa sanitaacuteria animal e vegetal regularizaccedilatildeo fundiaacuteria reforma agraacuteria

organizaccedilatildeo das comunidades rurais proteccedilatildeo alimentar e coordenaccedilatildeo das

cadeias produtivas e arranjos produtivos locais (SEDAP 2012)

50

A Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A ndash

EMEPA-PB tem por finalidade o desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico aplicados

agrave agropecuaacuteria do Estado da Paraiacuteba competindo-lhe promover planejar

estimular supervisionar coordenar e executar atividades de pesquisa e

experimentaccedilatildeo colaborar na formaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica do

setor agriacutecola do Estado bem como programar e desenvolver pesquisas

diretamente ou em cooperaccedilatildeo com instituiccedilotildees puacuteblicas compreendidas na aacuterea de

atuaccedilatildeo da SEDAP e apoiar na formulaccedilatildeo orientaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da poliacutetica de

ciecircncia e tecnologia relativa ao setor agriacutecola na Paraiacuteba (EMEPA 2012b)

A Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash EMATER-PB eacute

uma empresa de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural vinculada agrave SEDAP

integrante do Sistema Brasileiro de Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural ndash

SIBRATER Satildeo objetivos baacutesicos da EMATER-PB colaborar com os oacutergatildeos

competentes da SEDAP e do MAPA na formulaccedilatildeo e execuccedilatildeo das poliacuteticas de

assistecircncia teacutecnica e extensatildeo no Estado e planejar coordenar e executar

programas de assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural visando agrave difusatildeo de

conhecimentos de natureza teacutecnica econocircmica e social para aumento da produccedilatildeo

e produtividade agriacutecola e a melhoria das condiccedilotildees de vida no meio rural do Estado

da Paraiacuteba de acordo com a poliacutetica de accedilatildeo dos Governos Federal e Estadual

(EMATER 2012)

A Prefeitura Municipal de Matinhas ndash PMM eacute a sede do poder executivo do

municiacutepio de Matinhas O prefeito como representante do executivo tem como

dever acompanhar a execuccedilatildeo dos programas governamentais e fiscalizar a

aplicaccedilatildeo dos recursos A PMM tem como uma de suas principais accedilotildees o estiacutemulo

agrave organizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo Local da Citricultura na regiatildeo de Matinhas

(PMM 2012)

A Universidade Federal da Paraiacuteba ndash UFPB instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino

superior vinculada ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo tem como objetivo promover o

desenvolvimento socioeconocircmico da Paraiacuteba do Nordeste e do Brasil Para tanto

propotildee-se na sua aacuterea de competecircncia a empreender accedilotildees visando

especificamente aos seguintes resultados formar profissionais nos niacuteveis de ensino

fundamental meacutedio superior e de poacutes-graduaccedilatildeo realizar atividades de pesquisa e

51

de extensatildeo pautar as suas atividades acadecircmicas pela busca do progresso das

ciecircncias letras e artes

A missatildeo da UFPB eacute definida como estar integrada agrave sociedade promover o

progresso cientiacutefico tecnoloacutegico cultural e socioeconocircmico local regional e

nacional atraveacutes das atividades de ensino pesquisa e extensatildeo atrelado ao

desenvolvimento sustentaacutevel e ampliando o exerciacutecio da cidadania (UFPB 2012)

O Banco do Nordeste ndash BNB eacute uma instituiccedilatildeo financeira e de concessatildeo de

creacutedito Poreacutem para cumprir a missatildeo de desenvolvimento em uma regiatildeo com

muitas potencialidades ainda natildeo exploradas o BNB entende que o creacutedito eacute

necessaacuterio mas natildeo deve ser o uacutenico serviccedilo oferecido Esta instituiccedilatildeo busca

contribuir para garantir a sustentabilidade dos empreendimentos financiados

associada agrave melhoria das condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo nordestina

Dentre as accedilotildees e instrumentos criados pelo Banco destacam-se os Agentes

de Desenvolvimento as Agecircncias Itinerantes as Poliacuteticas de Desenvolvimento

Territorial o CREDIAMIGO o PRONAF e o Programa de Desenvolvimento do

Turismo no Nordeste - PRODETUR no apoio agrave infraestrutura turiacutestica regional

A missatildeo do BNB eacute atuar como agente catalisador do desenvolvimento

sustentaacutevel do Nordeste integrando-o na dinacircmica da economia nacional (BNB

2012)

O Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash

SEBRAE-PB eacute uma instituiccedilatildeo voltada agrave concepccedilatildeo e execuccedilatildeo de iniciativas de

apoio aos empreendimentos de micro e pequeno porte Em razatildeo da importacircncia do

segmento para a geraccedilatildeo de emprego e de riqueza cabe ao SEBRAE colaborar

com accedilotildees e projetos para a consolidaccedilatildeo de um modelo de

desenvolvimento sustentaacutevel baseado na facilitaccedilatildeo do acesso a insumos

produtivos ndash conhecimento creacutedito tecnologia e capacitaccedilatildeo ndash para todos aqueles

que investem ou pretendem investir em uma atividade produtiva

Mais do que uma provedora de soluccedilotildees educacionais para o empreendedor

(treinamentos consultorias eventos teacutecnicos) a instituiccedilatildeo busca tambeacutem contribuir

para a geraccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis agrave valorizaccedilatildeo e ao estiacutemulo do

empreendedorismo Este estiacutemulo tem como finalidade o aumento da

competitividade de empresas e produtos visando fortalecer as vocaccedilotildees

52

econocircmicas e promover o desenvolvimento da Paraiacuteba no contexto nacional e

internacional

A missatildeo do SEBRAE eacute promover a competitividade e o desenvolvimento

sustentaacutevel das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matinhas - STRM eacute uma

entidade sindical sem fins lucrativos com sede no municiacutepio de Matinhas Estado da

Paraiacuteba e eacute regido pela legislaccedilatildeo em vigor pelos Estatutos da Confederaccedilatildeo

Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG e da Federaccedilatildeo dos

Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba - FETAG-PB bem como pelo

seu regimento e estatuto

Satildeo objetivos do STRM defender os interesses coletivos e individuais da

categoria trabalhadora rural do municiacutepio inclusive em questotildees judiciais ou

administrativas desenvolver organizar e apoiar as accedilotildees que visem a conquista de

melhores condiccedilotildees de vida e de trabalho para a categoria trabalhadora rural e para

o conjunto da classe trabalhadora e defender e lutar pela manutenccedilatildeo e ampliaccedilatildeo

das liberdades e garantias democraacuteticas como instrumento de defesa dos direitos e

conquistas dos trabalhadores trabalhadoras e suas organizaccedilotildees

Aleacutem disso o sindicato deve ainda participar da elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo

de um projeto de desenvolvimento rural sustentaacutevel e solidaacuterio visando a

valorizaccedilatildeo e fortalecimento da agricultura familiar com o estabelecimento de uma

poliacutetica agriacutecola diferenciada e a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo comercializaccedilatildeo

financiamento e assessoramento teacutecnico que promova o desenvolvimento social e

econocircmico dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (STRM 1972)

332 Histoacuterico das Poliacuteticas para APLs na Paraiacuteba

Em 1997 o Governo do Estado da Paraiacuteba com o apoio do MCTCNPq criou

o Programa de Modernizaccedilatildeo e Competitividade dos Setores Econocircmicos

Tradicionais ndash COMPET visando promover o desenvolvimento industrial a partir de

uma visatildeo regional com vocaccedilatildeo econocircmica preexistente Essa iniciativa gerou

accedilotildees voltadas para a modernizaccedilatildeo dos setores econocircmicos tradicionais (Tecircxtil e

Confecccedilatildeo Couro e Calccedilados e Sucro-alcooleiro) e tinha como objetivo potencializar

53

as cadeias produtivas de cada segmento atraveacutes da estruturaccedilatildeo de micro e

pequenas empresas em municiacutepios polarizadores dessas atividades O programa do

Governo do Estado promovia uma interaccedilatildeo entre essas empresas e as instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais apoiadoras do programa Tal poliacutetica foi uma

das primeiras iniciativas a ser trabalhada pelo Estado como proposta de

agrupamentos produtivos

Os resultados obtidos com a implementaccedilatildeo dessa poliacutetica para o setor Couro

e Calccedilados foram implantaccedilatildeo da Cooperativa dos Curtidores e Artesatildeos em Couro

de Ribeira de Cabaceiras Ltda ndash ARTEZA modernizaccedilatildeo do Curtume Coletivo

Miguel de Souza Meira como unidade de beneficiamento de peles e couros

utilizando tanino vegetal extraiacutedo do angico e estruturaccedilatildeo de 16 oficinas de

confecccedilatildeo em couro de sandaacutelias masculinas e femininas chapeacuteus boneacutes

acessoacuterios e produtos de decoraccedilatildeo Para o setor Sucroalcooleiro foi estruturada a

unidade Chatilde dos Jardins localizada no Campus II da UFPB no municiacutepio de Areia

Esta unidade teve como objetivo transferir a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica para os engenhos

da regiatildeo bem como capacitar produtores e teacutecnicos na produccedilatildeo de cachaccedila de

qualidade No setor Tecircxtil e Confecccedilatildeo foi implantado o primeiro Laboratoacuterio de

Vestuaacuterio da Paraiacuteba ndash LABVEST no Centro de Tecnologia do Couro e do Calccedilado

Albano Franco ndash CTCCSENAI em Campina Grande-PB Este laboratoacuterio tinha como

finalidade atender agraves micro e pequenas empresas do setor atraveacutes de consultorias

especializadas plotagem de peccedilas padratildeo utilizadas na induacutestria de confecccedilatildeo e

cursos de capacitaccedilatildeo para formaccedilatildeo de matildeo-de-obra qualificada (COMPET 2007)

No ano de 2000 a Secretaria Estadual de Induacutestria Comeacutercio Turismo

Ciecircncia e Tecnologia ndash SICTCT da Paraiacuteba a partir dos resultados positivos obtidos

com o programa COMPET adotou como poliacutetica de expansatildeo empresarial o

conceito de arranjo produtivo local para fomentar o desenvolvimento

socioeconocircmico nas regiotildees com vocaccedilotildees produtivas priorizadas pelo Estado

Essa poliacutetica resultou no apoio a programas voltados para a

caprinovinocultura e artesanato As principais accedilotildees da caprinovinocultura foram

melhoramento geneacutetico de caprinos e ovinos visando o aumento do plantel na

Paraiacuteba e implantaccedilatildeo do Programa do Leite como projeto de seguranccedila alimentar

para famiacutelias carentes o que permitiu a instalaccedilatildeo de vaacuterias unidades de

beneficiamento de leite de cabra no Cariri paraibano As accedilotildees realizadas pelo

54

Programa de Artesanato promoveu o mapeamento do artesanato conforme as

tipologias desenvolvidas nas diversas regiotildees do Estado fomentou a melhoria da

qualidade de peccedilas artesanais promoveu a vinda de consultores especialistas para

capacitar artesatildeos e aumentou a inclusatildeo de artesatildeos na produccedilatildeo de peccedilas

artesanais com grande aceitaccedilatildeo de mercado

Em 2004 o Governo Estadual incluiu o Programa de Apoio ao

Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais no seu PPA (2004-2007) como

poliacutetica indutora de desenvolvimento econocircmico e de inclusatildeo social Essa decisatildeo

governamental permitiu que arranjos produtivos recebessem accedilotildees voltadas para a

organizaccedilatildeo produtiva e estruturaccedilatildeo do setor de forma a beneficiar cooperativas

micro e pequenas empresas com potencial competitivo Os setores incluiacutedos no PPA

foram Couro-Calccedilados e Afins Mineral Piscicultura Algodatildeo Colorido Fruticultura

aleacutem da caprinovinocultura e artesanato (SICTCT 2004)

Entendendo a importacircncia dos APLs para o Estado e visando seu

desenvolvimento o Governo Estadual em 27042007 criou atraveacutes de ata

seguindo a orientaccedilatildeo do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio

Exterior ndash MDIC o Nuacutecleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

Paraiacuteba ndash Nuacutecleo APL-PB Este nuacutecleo tinha como objetivo ser uma instacircncia de

caraacuteter institucional capaz de fomentar o desenvolvimento socioeconocircmico do

Estado Para tanto foi elaborada a Minuta de Constituiccedilatildeo do Nuacutecleo contendo os

objetivos especiacuteficos estrateacutegia e papel do nuacutecleo na elaboraccedilatildeo dos Planos de

Desenvolvimento Preliminar ndash PDP composiccedilatildeo do Nuacutecleo Executivo parcerias

operacionalizaccedilatildeo dos APLs experiecircncias positivas e desafios bem como o

Regimento Interno do Nuacutecleo APL-PB

O referido Nuacutecleo foi constituiacutedo pelas seguintes instituiccedilotildees Secretaria de

Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE Secretaria de

Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente - SECTMA Secretaria de

Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo - SEPLAG

Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca - SEDAP

Serviccedilo de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash

SEBRAEPB Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Federaccedilatildeo da

Agricultura do Estado da Paraiacuteba ndash FAEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa do

Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

55

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG Universidade Estadual da

Paraiacuteba ndash UEPB e representante da classe trabalhadora do Estado da Paraiacuteba

Em 2008 como forma de promover a transferecircncia de tecnologias resultantes

de pesquisas validadas a Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuaacuteria S A ndash

EMEPA institui a Coordenadoria de Agronegoacutecio e Arranjos Produtivos Locais ndash

CAAPL Essa coordenadoria tem como objetivo promover e acompanhar junto aos

APLs a transferecircncia de teacutecnicas e tecnologias adequadas agraves atividades produtivas

pesquisadas no acircmbito da EMEPA Os APLs apoiados pela EMEPA satildeo

Caprinovinocultura Bovinocultura de Leite Fruticultura Tropical (citros abacaxi

manga goiaba cajaacute e umbu) Mandioca e Cultura do Inhame (EMEPA 2012a)

Em 2009 o Decreto ndeg 30853 de 13 de novembro de 2009 instituiu o Nuacutecleo

Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da Paraiacuteba passando a se

chamar Nuacutecleo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos

Locais da Paraiacuteba ndash NEAPLrsquosPB cuja finalidade eacute o fortalecimento dos APLs como

estrateacutegia para fomentar o desenvolvimento sustentaacutevel de regiotildees e aplicar a

poliacutetica puacuteblica instituiacuteda pelo Governo Federal no desenvolvimento econocircmico

social e cultural em que estatildeo inseridos os APLs da Paraiacuteba Neste decreto foi

modificada a representatividade das instituiccedilotildees passando a ser composto por

Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econocircmico - SETDE

Secretaria de Estado do Governo Secretaria de Estado do Planejamento e Gestatildeo -

SEPLAG Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca -

SEDAP Secretaria de Estado da Ciecircncia e Tecnologia e do Meio Ambiente -

SECTMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado da Paraiacuteba ndash FIEP Serviccedilo de Apoio

agraves Micro e Pequenas Empresas do Estado da Paraiacuteba ndash SEBRAEPB Empresa de

Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural da Paraiacuteba - EMATER Empresa Estadual de

Pesquisa Agropecuaacuteria da Paraiacuteba S A - EMEPA Fundaccedilatildeo de Apoio agrave Pesquisa

do Estado da Paraiacuteba - FAPESQ Universidade Federal da Paraiacuteba - UFPB

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG e Universidade Estadual da

Paraiacuteba - UEPB

Outro parceiro que se fez presente desde 2009 foi o BNDES que atraveacutes de

Contrato de Concessatildeo e Colaboraccedilatildeo Financeira Natildeo-Reembolsaacutevel nordm 09215191

em parceria com o Governo do EstadoFUNCEP-PB disponibilizou o 1ordm Edital 2009-

Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da

56

Paraiacuteba tendo sido aprovado 33 projetos que beneficiam APLs de baixa renda Este

edital teve o aporte de R$ 7 milhotildees oriundos do BNDES e R$ 7 milhotildees de

contrapartida do Governo do Estado via Fundo de Combate e Erradicaccedilatildeo da

Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash FUNCEP-PB Os APLs beneficiados com esse

edital foram Artesanato Fruticultura Leite Bovino Mandiocultura Apicultura

Algodatildeo Colorido Sisal Confecccedilatildeo Floricultura Ostreicultura Avicultura

Piscicultura Caprinocultura Hortifrutigranjeiro e Gastronomia (mandioca e coco)

Em 2010 a EMEPA formalizou um convecircnio com o BNB visando o apoio agrave

transferecircncia de tecnologias geradas e validadas pela referida empresa de pesquisa

para os seguintes APLs bovinocultura de leite fruticultura nos segmentos de uva

banana tangerina e abacaxi e caprinovinocultura Esses APLs foram priorizados

pelo Governo do Estado EMEPA e BNB

Outra instituiccedilatildeo que vem atuando de forma proativa em APLs de micro e

pequenas empresas incluindo as cooperativas eacute o Serviccedilo de Apoio agraves Micros e

Pequenas Empresas da Paraiacuteba ndash SEBRAE-PB Este oacutergatildeo tem desenvolvido suas

accedilotildees com o apoio da RedeSist na construccedilatildeo de conhecimentos teoacutericos e

metodoloacutegicos sobre aglomerados produtivos Como resultado foram gerados

estudos sobre inovatividade e cooperaccedilatildeo de APLs no Estado da Paraiacuteba

(LASTRES 2006)

Com a finalidade de integrar as accedilotildees de estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo do

arranjo o Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento ndash MAPA juntamente

com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuaacuteria e da Pesca ndash

SEDAP vem atuando nos municiacutepios participantes do APL com a concessatildeo de

mudas fiscalizadas e certificadas de tangerina buscando a melhoria dos pomares e

o aumento da produtividade

Essa iniciativa teve iniacutecio nos anos de 2007 e 2008 quando foi desenvolvida

uma parceria entre a PMM MAPA e Embrapa Cruz das Almas ndash BA que concedeu

diversas variedades de copas porta enxertos e combinaccedilotildees de enxertias visando

averiguar quais as combinaccedilotildees que melhor se adaptariam ao clima e solo do Brejo

paraibano

A parceria com as referidas instituiccedilotildees fomentou a implantaccedilatildeo de duas

Unidades Demonstrativas de Citros A primeira unidade foi instalada no municiacutepio de

57

Areia no Campus II da UFPB servindo de laboratoacuterio de pesquisa da citricultura

para professores e alunos do curso de Agronomia A segunda unidade foi instalada

em uma aacuterea concedida pela Prefeitura Municipal de Matinhas Esta unidade natildeo

teve acompanhamento teacutecnico e manejo correto o que ocasionou a morte de boa

parte das mudas

Em 2009 o Foacuterum de Fruticultura da Borborema em parceria com a

Embrapa-BA e a UFPB implantou mais seis Unidades Demonstrativas em aacutereas de

plantio dos produtores participantes do arranjo As unidades foram distribuiacutedas da

seguinte forma duas unidades em Alagoa Nova duas unidades em Lagoa Seca

uma em Esperanccedila e uma em Matinhas

Tais unidades tiveram como objetivo promover a transferecircncia de tecnologias

para os produtores beneficiados por essa poliacutetica Entretanto foi observado que

essa accedilatildeo ficou comprometida devido a falta de compromisso e acompanhamento

das instituiccedilotildees parceiras bem como pela falta de adubaccedilatildeo por parte dos

produtores e de assistecircncia teacutecnica pelos oacutergatildeos que promovem ATER na regiatildeo

Outra instituiccedilatildeo presente no arranjo eacute a Empresa de Assistecircncia Teacutecnica e

Extensatildeo Rural da Paraiacuteba ndash EMATER que tem como principais accedilotildees atraveacutes de

seu escritoacuterio regional o acompanhamento do cultivo da tangerina a orientaccedilatildeo

teacutecnica e o manejo adequado do plantio No entanto esta assistecircncia eacute falha e

descontiacutenua devido agrave empresa possuir um corpo teacutecnico reduzido dificuldades com

transporte para os teacutecnicos e falta de logiacutestica para executar as atividades no

campo

O municiacutepio de Matinhas por ser o principal produtor de tangerina possui

uma prefeitura bastante atuante na implementaccedilatildeo de accedilotildees e busca de parcerias

para promover o desenvolvimento da atividade na regiatildeo A relevacircncia dessas accedilotildees

fez com que fosse implantado no municiacutepio o Parque da Laranja Nesse local satildeo

realizados eventos culturais seminaacuterios feiras de negoacutecio e a Festa da Laranja que

jaacute estaacute consolidada no calendaacuterio estadual de eventos A Prefeitura de Matinhas

tambeacutem envida esforccedilos para que o projeto da packing house seja concretizado A

mesma concedeu a aacuterea onde esta sendo construiacutedo o galpatildeo que abrigaraacute a

packing

58

Como visto neste capiacutetulo foram apresentadas as caracteriacutesticas do APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina as instituiccedilotildees governamentais e natildeo

governamentais que atuam no arranjo bem como as principais poliacuteticas executadas

por essas instituiccedilotildees No entanto faz-se necessaacuterio o uso de uma metodologia que

possa analisar o arranjo nas diversas fases de organizaccedilatildeo e averiguar a efetividade

das poliacuteticas implementadas como condicionante de desenvolvimento No proacuteximo

capiacutetulo seraacute apresentada a metodologia a ser utilizada nesta pesquisa

4 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA

Este capiacutetulo apresenta a metodologia utilizada para o desenvolvimento da

pesquisa descrevendo os procedimentos metodoloacutegicos que permitiratildeo uma

compreensatildeo do estudo proposto bem como a justificativa para a escolha da

amostra dos entrevistados e para a elaboraccedilatildeo do instrumento de coleta de dados

primaacuterio

O meacutetodo aplicado nesta pesquisa partindo do conceito descrito por Vergara

(2010 p42) utiliza a investigaccedilatildeo descritiva pois o objeto de estudo possui

ldquocaracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo ou de determinado fenocircmeno que podem

tambeacutem estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis e definir sua natureza Este meacutetodo

natildeo tem compromisso de explicar os fenocircmenos que descrevem embora sirva de

base para tal explicaccedilatildeordquo No caso deste trabalho se faz necessaacuterio entender a

atuaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas existente para o aglomerado produtivo em estudo a

partir do levantamento da aplicaccedilatildeo de tais poliacuteticas e quais as suas contribuiccedilotildees

para o desenvolvimento do APL

O problema pesquisado foi tratado de forma qualitativa pois neste caso

existe a necessidade de se entender o Arranjo Produtivo Local da Citricultura -

Segmento Tangerina segundo a visatildeo dos atores que compotildeem o APL A partir

deste entendimento foi analisado como esses atores percebem a contribuiccedilatildeo das

poliacuteticas puacuteblicas para o referido segmento e a influecircncia dessas poliacuteticas para o

desenvolvimento regional

Segundo Godoy (1995) a pesquisa se desenvolve de acordo com a

perspectiva dos stakeholders11 na qual o pesquisador busca compreender os

problemas sob a oacutetica desses atores

O trabalho tambeacutem utiliza a pesquisa de natureza exploratoacuteria com a

finalidade de conseguir uma maior compreensatildeo do problema investigado Para tal

11 Stakeholders - partes interessadas que devem estar de acordo com as praacuteticas de governanccedila corporativa

executadas pela empresa

60

compreensatildeo foram revisados temas como poliacuteticas puacuteblicas para APL de baixa

renda desenvolvimento regional e competitividade sistecircmica

Inicialmente foram levantados dados secundaacuterios a partir de uma revisatildeo

bibliograacutefica (documentos arquivos e publicaccedilotildees) para que se pudesse obter uma

compreensatildeo dos fatos observados in loco sobre o arranjo produtivo local e sua

estrutura organizacional

As fontes de evidecircncias utilizadas para o estudo de caso que serviram de

base documental para fundamentar a pesquisa foram documentaccedilatildeo sobre as

poliacuteticas puacuteblicas existentes (leis decretos e outros documentos governamentais)

registros em arquivos (mapas tabelas e dados estatiacutesticos) observaccedilotildees diretas

realizadas in loco coletas de dados atraveacutes da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios e

entrevistas aleacutem de outras fontes que deram subsiacutedios agrave pesquisa tais como livros

artigos e bibliotecas virtuais

Neste sentido como forma de validar o trabalho de pesquisa foi realizado um

estudo de caso sobre o tema pois este meacutetodo segundo Yin (2004) contribui para

a compreensatildeo dos fenocircmenos individuais organizacionais e poliacuteticos de uma

regiatildeo

Segundo Lazzarini (1997) o estudo de caso pode ser uacutetil em termos

qualitativos pois o objetivo principal eacute a contextualizaccedilatildeo do problema natildeo se

propondo apenas a determinar a ocorrecircncia de um dado fenocircmeno no universo

pesquisado

O estudo de caso deste trabalho compreendeu os seis municiacutepios que

compotildeem o APL sendo Matinhas a cidade referecircncia do arranjo por se tratar do

municiacutepio onde sua principal atividade econocircmica eacute a tangerina e por ser o maior

produtor da regiatildeo

A amostra pesquisada eacute composta de cinco associaccedilotildees e uma cooperativa

cujos entrevistados satildeo produtores de tangerina e liacutederes da regiatildeo A pesquisa

tambeacutem incluiu na amostra nove instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

A escolha deste universo teve como base a representatividade de cada organizaccedilatildeo

dentro do arranjo e atende aos criteacuterios metodoloacutegicos da anaacutelise qualitativa que

este trabalho pretende identificar

61

41 Instrumento de Pesquisa

Visando buscar subsiacutedios que permitam a caracterizaccedilatildeo do Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba um levantamento de dados

foi realizado utilizando a teacutecnica de entrevista guiada por um formulaacuterio direcionado

para os gestores das instituiccedilotildees selecionadas (Apecircndice A) e outro para os

produtores de tangerina liacutederes na regiatildeo (Apecircndice B)

Segundo Gil (2008) a entrevista tem como caracteriacutestica a formataccedilatildeo de uma

lista de perguntas denominada de questionaacuterio ou formulaacuterio Neste trabalho o

termo formulaacuterio foi adotado tendo em vista que as entrevistas aconteceram face a

face com cada entrevistado e as respostas registradas pelo entrevistador

Os formulaacuterios aplicados nas instituiccedilotildees satildeo semiestruturados com o

objetivo de avaliar o interesse e motivaccedilatildeo dessas Instituiccedilotildees em trabalhar com o

APL aleacutem de avaliar a cooperaccedilatildeo entre esses atores e identificar as accedilotildees

realizadas em prol da sustentabilidade dessa atividade na regiatildeo A pesquisa traccedilou

o cenaacuterio atual do aglomerado descrevendo como satildeo escolhidos os beneficiaacuterios

as principais demandas do arranjo as dificuldades para implementaccedilatildeo das

poliacuteticas e os projetos jaacute realizados e em andamento

Para os produtores de tangerina optou-se por um formulaacuterio semiestruturado

que tem como base o modelo desenvolvido pelo Instituto Alematildeo de

Desenvolvimento ndash IAD (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-STAMER

1994) no qual a competitividade sistecircmica abrange quatro niacuteveis (meta macro

meso e micro) A partir desta metodologia pretende-se identificar as relaccedilotildees de

cooperaccedilatildeo entre os integrantes do arranjo praacuteticas gerenciais relaccedilatildeo entre os

parceiros principais fontes de informaccedilatildeo entre outros

Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos formulaacuterios os resultados obtidos foram analisados e

interpretados com a finalidade de obter subsiacutedios que permitiram avaliar as poliacuteticas

puacuteblicas atuantes no APL

E por uacuteltimo foram identificadas as contribuiccedilotildees das poliacuteticas puacuteblicas no

APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina observando o aumento da produccedilatildeo e

melhoria da qualidade do fruto sua comercializaccedilatildeo em novos nichos de mercado e

a inclusatildeo social dos produtores rurais

62

42 Detalhamento do Modelo selecionado para a Realizaccedilatildeo da

Pesquisa

O modelo proposto eacute baseado no conceito analiacutetico formulado pelos

pesquisadores Klaus Esser Wolfgang Hillebrand Dirk Messner e Joumlrg Meyer-Stamer

do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD no iniacutecio dos anos 90

Para esses pesquisadores a competitividade eacute entendida de maneira

sistecircmica contribuindo para o desenvolvimento socioeconocircmico em niacuteveis

municipal regional estadual ou nacional (Figura 5)

Figura 5 Modelo de Anaacutelise da Competitividade Sistecircmica ndash IAD

12

Fonte Esser Hillebrand Messner Meyer-Stamer (1994)

Sob este enfoque os autores afirmam que a competitividade eacute tambeacutem fruto

de diaacutelogo e tomada de decisotildees conjuntas pelos grupos de atores envolvidos

Para que ocorra a modernizaccedilatildeo econocircmica e o desenvolvimento da

competitividade sistecircmica faz-se necessaacuteria a formaccedilatildeo de estruturas em toda a

sociedade O desenvolvimento dessa competitividade eacute portanto um projeto de

transformaccedilatildeo social que vai aleacutem de uma simples correccedilatildeo do contexto

macroeconocircmico

12

httpwwwmeyer-stamerdesystemichtml

63

O desenvolvimento da competitividade abordada pelos autores pode ser

impulsionada com a implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas que venham contribuir na

consolidaccedilatildeo de aglomerados produtivos O papel do governo neste caso se faz

presente agrave medida que as poliacuteticas nacionais incrementam a competitividade e

transformam um territoacuterio em um ambiente macroeconocircmico poliacutetico social e

ambiental fortemente constituiacutedo onde um aglomerado de empresas associaccedilotildees

ou cooperativas atuam com sucesso

No modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD as poliacuteticas

puacuteblicas atuam nos quatro niacuteveis da competitividade sistecircmica conforme

apresentado no modelo mencionado (ESSER HILLEBRAND MESSNER MEYER-

STAMER 1994)

a) Niacutevel Meta Neste niacutevel existe um conjunto de fatores que permite a formaccedilatildeo

de um consenso social sobre a necessidade de uma poliacutetica econocircmica voltada

para o mercado mundial ldquo() um padratildeo baacutesico de organizaccedilatildeo juriacutedica poliacutetica

econocircmica e macrossocial que permita aglutinar as forccedilas dos atores

potencializar as vantagens nacionais de inovaccedilatildeo crescimento econocircmico e

competitividade e colocar em marcha processos sociais de aprendizagem e

comunicaccedilatildeordquo (ESSER et al 1994 p 1) por fim ldquo() a disposiccedilatildeo e a

capacidade de implementar uma estrateacutegia de meacutedio a longo prazo com vistas

ao desenvolvimento tecnoloacutegico-industrial orientado agrave competitividaderdquo (ESSER

et al 1994 p 1)

b) Niacutevel Macro Este niacutevel engloba as poliacuteticas macroeconocircmicas tais como as

poliacuteticas cambial monetaacuteria fiscal e a poliacutetica de comeacutercio exterior (evidenciada

pela conexatildeo da economia nacional em mercados internacionais) e das poliacuteticas

de regulamentaccedilatildeo da concorrecircncia entre as empresas as quais impedem a

formaccedilatildeo de monopoacutelios e carteacuteis

c) Niacutevel Meso Refere-se agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo em que estatildeo inseridas as

empresas agrave dotaccedilatildeo de fatores de produccedilatildeo desses espaccedilos e agraves poliacuteticas

implementadas que venham contribuir para essa consolidaccedilatildeo tais como a

poliacutetica de infraestrutura fiacutesica (transporte energia e telecomunicaccedilotildees) a

poliacutetica de infraestrutura industrial a poliacutetica educacional (qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra) e as poliacuteticas ambientais e regionais Este niacutevel abrange tambeacutem as

poliacuteticas seletivas de importaccedilatildeo e de exportaccedilatildeo

64

d) Niacutevel Micro Refere-se aos fatores de competitividade ligados agrave organizaccedilatildeo

interna das empresas agraves estrateacutegias empresariais e agraves relaccedilotildees

interempresariais Este niacutevel envolve a capacidade de gestatildeo a aplicaccedilatildeo de

best practices em todas as etapas do ciclo de produccedilatildeo (desenvolvimento de

produtos produccedilatildeo propriamente dita e comercializaccedilatildeo) a gestatildeo da inovaccedilatildeo

a integraccedilatildeo em redes de cooperaccedilatildeo tecnoloacutegica a logiacutestica empresarial e a

interaccedilatildeo entre provedores produtores e usuaacuterios

Sendo assim o modelo do IAD difere do proposto por Michael Porter

(PORTER 1999) pois coloca as poliacuteticas puacuteblicas como um dos fatores

determinantes de competitividade das empresas Na visatildeo liberal de Porter a

empresa eacute a unidade de anaacutelise fundamental para a competitividade enquanto no

modelo do IAD a ecircnfase eacute para os aspectos sociais que incluem a accedilatildeo do Estado

e a mobilizaccedilatildeo da sociedade (DINIZ FILHO VICENTINI 2004)

Nesta oacutetica no proacuteximo capiacutetulo seratildeo analisadas como as poliacuteticas puacuteblicas

estatildeo sendo aplicadas no APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina utilizando

como ferramenta entrevistas com os gestores das instituiccedilotildees parceiras e com os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa produtores de tangerina do APL

5 ANAacuteLISE DAS POLIacuteTICAS PUacuteBLICAS PARA O APL DA CITRICULTURA

Este capiacutetulo apresenta o resultado da pesquisa de campo realizada com as

instituiccedilotildees que apoiam o Arranjo Produtivo Local da Citricultura - Segmento

Tangerina e com as associaccedilotildees a cooperativa e os produtores que participam

desse APL analisando as contribuiccedilotildees das poliacuteticas existente e os gargalos que

ainda persistem no setor

Para melhor compreensatildeo os resultados obtidos foram analisados em duas

etapas ou seja foram entrevistados dois tipos de stakeholders O primeiro grupo

gestores das Instituiccedilotildees responsaacuteveis pela implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

para o setor O segundo grupo formado pelos produtores e representantes das

associaccedilotildees e da cooperativa dos seis municiacutepios que compotildeem o arranjo produtivo

da tangerina

A pesquisa com esses stakeholders permitiu a obtenccedilatildeo de dados primaacuterios

em que foi possiacutevel identificar a visatildeo das instituiccedilotildees promotoras das poliacuteticas

puacuteblicas como tambeacutem a visatildeo das organizaccedilotildees (associaccedilotildees e cooperativa) e

produtores beneficiados por essas poliacuteticas

Neste capiacutetulo seraacute analisada a efetividade de tais poliacuteticas sob a oacutetica dos

produtores das Instituiccedilotildees Puacuteblicas e das entidades natildeo governamentais atuantes

no APL A partir dessa anaacutelise tenta-se identificar tambeacutem o porquecirc da existecircncia

de diversas poliacuteticas que natildeo conseguem efetivar seus objetivos junto ao setor

produtivo

Para realizar a pesquisa foram utilizados como instrumento de coleta dois

modelos de questionaacuterios que se encontram nos Anexos 1 e 2 As entrevistas

ocorreram nos meses de setembro de 2011 a marccedilo de 2012

51 Anaacutelise da atuaccedilatildeo das Instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas

As instituiccedilotildees pesquisadas foram aquelas que contribuiacuteram para o

desenvolvimento do APL no periacuteodo de 2008 a 2011 totalizando nove entidades

66

governamentais e natildeo governamentais (MAPA SEDAP EMEPA EMATER PMM

UFPBRedeSist BNB SEBRAE e STRM)13

Tais instituiccedilotildees apontaram as suas contribuiccedilotildees e accedilotildees para consolidaccedilatildeo

do APL estudado Nesta pesquisa foi identificado o niacutevel de envolvimento das

instituiccedilotildees quais os programas implementados para o segmento quais os gargalos

existentes e qual a efetividade das poliacuteticas implementadas na visatildeo de cada

instituiccedilatildeo

O objetivo da primeira questatildeo da pesquisa foi saber como as instituiccedilotildees

identificam um APL Cinco responderam que se baseiam na cooperaccedilatildeo entre os

atores participantes do arranjo trecircs como sendo a concentraccedilatildeo de produtores de

tangerina no territoacuterio e uma instituiccedilatildeo respondeu que depende da concentraccedilatildeo de

indiviacuteduos ocupados em uma atividade Nota-se que apesar das instituiccedilotildees estarem

presentes com suas accedilotildees no APL ainda natildeo existe um consenso sobre o conceito

de arranjo o que gera entendimentos e atuaccedilotildees diferenciadas por parte de cada

instituiccedilatildeo na disponibilizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas para o setor

Esta constataccedilatildeo tambeacutem foi identificada por Cavalcanti Torres Almeida e

Pereira (2010) ao analisar a visatildeo das instituiccedilotildees de apoio a APLs na Paraiacuteba

Segundo os autores verifica-se que a maioria dessas instituiccedilotildees natildeo deteacutem um

conceito formal de APL Aleacutem disso embora se digam atuantes nessa perspectiva

muitas vezes natildeo tecircm noccedilatildeo da complexidade que envolve as relaccedilotildees de um

arranjo produtivo

Essa deficiecircncia conceitual pode indicar a origem das dificuldades e

limitaccedilotildees da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas nos

APLs do Estado da Paraiacuteba

Entretanto apesar das diferentes percepccedilotildees conceituais todas as

instituiccedilotildees entrevistadas vecircm apoiando o APL sob demanda Os representantes das

instituiccedilotildees foram enfaacuteticos nas suas respostas pois acreditam que este arranjo estaacute

sendo beneficiado por ser de grande impacto para a economia local regional e

estadual por possuir tradiccedilatildeo no cultivo de tangerina por ser gerador de emprego e

renda por ser a principal cadeia produtiva agriacutecola dos municiacutepios envolvidos por

13

Os nomes das Instituiccedilotildees estatildeo descritos na Lista de Abreviaturas e Siglas

67

ter mercado favoraacutevel para escoamento da produccedilatildeo e com possibilidade de

expansatildeo por se tratar de uma cultura difundida e proacutespera na produccedilatildeo de laranja

e por ser promotora do desenvolvimento socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Ao analisar as respostas dos stakeholders institucionais pode-se dizer que o

APL em estudo tem sua atividade reconhecida como geradora de impacto

econocircmico e de perspectiva sustentaacutevel para o Estado e que existe interesse dessas

instituiccedilotildees continuarem priorizando o referido APL

No entanto foi identificado que as poliacuteticas implementadas natildeo satildeo

suficientes para alavancar o segmento pois tais poliacuteticas foram formatadas visando

promover a agricultura familiar e natildeo o desenvolvimento do APL Sendo assim essa

atuaccedilatildeo fica dependendo de accedilotildees preexistentes que limitam a execuccedilatildeo de

atividades mais amplas e integradas com toda a cadeia produtiva

Nesse sentido para que as poliacuteticas puacuteblicas sejam implementadas com

maior eficiecircncia no APL faz-se necessaacuterio um instrumento governamental que

estimule os Governos Estaduais e Municipais atraveacutes de suas Secretarias a

discutirem a estruturaccedilatildeo de poliacuteticas e a compreenderem as vantagens da inserccedilatildeo

dessas poliacuteticas em seus planos plurianuais

Nos estados brasileiros onde os Nuacutecleos Estaduais de Apoio aos APLs satildeo

proativos estes exercem um importante papel como elo entre as instituiccedilotildees e o

setor produtivo auxiliando na formataccedilatildeo de programas e projetos governamentais

que atendam agraves necessidades dos segmentos econocircmicos de forma continuada

(GTP APL 2007)

Quanto aos criteacuterios de seleccedilatildeo dos beneficiaacuterios para formalizaccedilatildeo de

parceria as respostas divergem quatro instituiccedilotildees responderam que atendem as

demandas diretamente aos produtores uma instituiccedilatildeo atende somente demandas

coletivas atraveacutes de associaccedilotildees e de cooperativas quatro instituiccedilotildees utilizam

como criteacuterio a elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos participativos onde as demandas satildeo

selecionadas e os produtores atendidos mediante programas e projetos elaborados

pelas proacuteprias instituiccedilotildees Esses diagnoacutesticos tambeacutem possibilitam o levantamento

das potencialidades e gargalos da atividade Algumas instituiccedilotildees buscam parcerias

para atender as demandas que natildeo estatildeo no escopo de sua atuaccedilatildeo

68

Com relaccedilatildeo aos criteacuterios de atendimento das demandas dos produtores de

tangerina as formas empregadas pelas instituiccedilotildees satildeo vaacutelidas Entretanto tal

atendimento eacute pontual e sem planejamento o que dificulta a realizaccedilatildeo de accedilotildees

continuadas Essa forma de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees promove o descreacutedito entre os

produtores pois as soluccedilotildees encontradas resolvem os problemas apenas

momentaneamente Por outro lado accedilotildees advindas de um programa estruturante

poderiam imprimir um caraacuteter preventivo e permanente pois a concepccedilatildeo de tal

programa permitiria a integraccedilatildeo das instituiccedilotildees parceiras de modo a suprir

gargalos existentes no arranjo e fazer com que essas parcerias desenvolvam accedilotildees

dentro de uma visatildeo sistecircmica no APL

Vale salientar que as instituiccedilotildees tambeacutem afirmam que procuram manter os

produtores informados dos programas e das poliacuteticas de desenvolvimento para o

segmento da citricultura promovendo reuniotildees com os agricultores visitas de

intercacircmbio cursos de capacitaccedilatildeo treinamento diagnoacutestico situacional eventos

temaacuteticos (por exemplo a Festa da Laranja) e divulgaccedilatildeo na miacutedia

As instituiccedilotildees parceiras tambeacutem apontaram vaacuterios desafios que elas

enfrentam para conceder apoio institucional ao APL tais como aumentar a

realizaccedilatildeo do nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo visando qualificar os produtores e

gestores das associaccedilotildees e da cooperativa aumentar os recursos financeiros para

atuar no APL transferir tecnologias adequadas aos produtores rurais de forma

permanente aumentar as pesquisas para controle de pragas e sanidade dos frutos

incentivar na regiatildeo o uso de mudas padronizadas e certificadas desvincular as

poliacuteticas partidaacuterias para que o arranjo possa ter autonomia na sua gestatildeo

conscientizar os produtores para um melhor aproveitamento da safra e propor um

programa especiacutefico para atender o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina no

qual os produtores possam ser orientados a produzirem com qualidade maior

produtividade e eficiecircncia

Observa-se que as instituiccedilotildees tecircm consciecircncia da existecircncia de desafios a

serem superados entretanto eacute latente a necessidade de uma accedilatildeo coletiva por

parte dessas instituiccedilotildees que possa apoiar o setor nas diversas fases da cadeia

produtiva enfatizando a importacircncia do sistema de agregaccedilatildeo de valor da tangerina

Este sistema deve ser orientado para a qualidade percebida no mercado ao serviccedilo

disponibilizado aos clientes e o preccedilo relativo aferido ao produto

69

Com relaccedilatildeo agraves vantagens em atuar na regiatildeo com a visatildeo de APL as

instituiccedilotildees possuem entendimentos variados agrupamento dos municiacutepios

fortalecendo as atividades e ganhando visibilidade fechamento do ciclo de plantio

produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo e com isso aumentando a geraccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e

renda no arranjo possibilidade de promover a diversificaccedilatildeo produtiva formaccedilatildeo de

um novo capital social e econocircmico cadeia produtiva estruturada organizada e com

mercado demandante produtores e parceiros atuando no mesmo territoacuterio o que

fortalece o desenvolvimento do APL e o aumento da capacidade de gestatildeo do

negoacutecio

Neste sentido a percepccedilatildeo dos parceiros institucionais quando falam de

vantagens em atuar no APL formata um arranjo ideal Entretanto natildeo basta apenas

o entendimento das instituiccedilotildees quanto agrave importacircncia desse arranjo se natildeo houver

uma articulaccedilatildeo que envolva as associaccedilotildees e a cooperativa para que estas se

tornem protagonistas da organizaccedilatildeo do arranjo e demandantes de poliacuteticas para o

setor

As demandas mais frequentes de apoio solicitadas pelos produtores

participantes do APL foram a necessidade de assistecircncia teacutecnica e financiamento

para produccedilatildeo de laranja Nesta questatildeo na visatildeo das instituiccedilotildees satildeo

consideradas tambeacutem quatro outras demandas importantes para complementar o

desenvolvimento econocircmico ampliaccedilatildeo de mercado para o escoamento da

produccedilatildeo de laranja implantaccedilatildeo da packing house mudas fiscalizadas e

certificadas e controle da proliferaccedilatildeo da mosca negra

Quanto ao apoio realizado ao APL as respostas aferidas pelas instituiccedilotildees

consistem em transferecircncia de tecnologia assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural

elaboraccedilatildeo de projetos de financiamento para os produtores (Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF) e elaboraccedilatildeo de projetos para

comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo para o PNAE (Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo

Escolar) e PAA (Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ndash Conab) Aleacutem desses

apoios foi relatada na pesquisa a contrataccedilatildeo de um especialista para acompanhar

a produccedilatildeo de laranja apoio na realizaccedilatildeo de eventos temaacuteticosculturais realizaccedilatildeo

de cursos de capacitaccedilatildeo e pesquisas para o setor disponibilizaccedilatildeo de linhas de

creacutedito para os produtores atraveacutes do Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste ndash FNE disponibilizado atraveacutes do Banco do Nordeste

70

Sobre a demanda dos produtores em contra ponto ao apoio das instituiccedilotildees

para o segmento verificou-se durante a entrevista com os stakeholders que ainda eacute

muito pequeno o apoio realizado em relaccedilatildeo agrave demanda Um dos principais fatores eacute

a carecircncia de teacutecnicos extensionistas atuando no APL Isto reflete diretamente na

dificuldade de execuccedilatildeo das accedilotildees previstas pelas instituiccedilotildees bem como de

continuidade dos programas governamentais

Para a maioria das instituiccedilotildees a participaccedilatildeo dos produtores ainda eacute muito

baixa porque eles natildeo estatildeo preparados para aceitar as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas

existentes devido a sua cultura de plantio e colheita repassada de pai para filho de

forma inadequada Outros fatores que impedem maior adesatildeo dos agricultores no

uso de novas tecnologias satildeo as experiecircncias pouco animadoras com projetos e

programas governamentais que eles jaacute participaram e que natildeo houve continuidade

Ainda em relaccedilatildeo agrave adesatildeo as instituiccedilotildees acreditam que os produtores satildeo abertos

para as novas tecnologias mas no entanto eles satildeo reticentes para implementaacute-las

devido ao custo e a falta de orientaccedilatildeo teacutecnica

Quando questionados sobre os obstaacuteculos que os produtores encontram para

participarem dos programas ofertados pelas instituiccedilotildees os gestores elencaram

falta de apoio teacutecnico e logiacutestica dos programas para mobilizar os produtores

dificuldade em atender as exigecircncias para obtenccedilatildeo do creacutedito rural dificuldade de

obtenccedilatildeo de registros cartoriais das aacutereas dos produtores o que impede o acesso agraves

linhas de financiamento produtores inadimplentes falta de parceiros institucionais

que repassem as informaccedilotildees corretas sobre as poliacuteticas puacuteblicas e que dominem

essas poliacuteticas (por exemplo a Secretaria de Educaccedilatildeo de Campina Grande natildeo

conseguiu abrir o edital para participaccedilatildeo dos produtores no PNAE) e ineacutercia dos

produtores para implementarabsorver as novas tecnologias disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees

Observa-se que cada parceiro tem consciecircncia das dificuldades enfrentadas

pelos produtores para participarem das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas e

segundo a visatildeo das instituiccedilotildees os problemas que afetam os produtores dificultam

a mudanccedila no cenaacuterio em que estaacute inserido o arranjo

Neste sentido as instituiccedilotildees deveriam analisar este cenaacuterio de acordo com

as necessidades dos produtores cujo objetivo seria auxiliar na soluccedilatildeo dos

71

obstaacuteculos identificados na pesquisa Nesta anaacutelise as instituiccedilotildees parceiras

deveriam indagar aos produtores as seguintes questotildees Seraacute que os teacutecnicos estatildeo

falando a linguagem dos produtores A assistecircncia teacutecnica atende agraves demandas

realizadas O nuacutemero de cursos de capacitaccedilatildeo eacute suficiente para abranger a maioria

do segmento As pesquisas validadas e transferidas suprem as expectativas dos

produtores Seraacute que uma estufa na regiatildeo para produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de mudas

fiscalizadas e certificadas natildeo seria uma soluccedilatildeo mais adequada A implantaccedilatildeo de

unidades demonstrativas com orientaccedilatildeo adequada e permanente aos produtores

natildeo provocaria maior credibilidade do tipo ldquoSatildeo Tomeacuterdquo (ver para crer) Seraacute que os

gastos dos recursos provenientes dos financiamentos aos produtores estatildeo sendo

bem orientados Essas indagaccedilotildees deveriam ser priorizadas dentro das instituiccedilotildees

parceiras e retro alinhadas a cada falha percebida

Na visatildeo dos stakeholders institucionais a atuaccedilatildeo cooperada dos

produtores instituiccedilotildees associaccedilotildees e cooperativas ainda eacute muito pequena pois

existe uma dissociaccedilatildeo entre os atores gerando uma cooperaccedilatildeo fragmentada e

descontiacutenua e consequentemente fazendo com que a integraccedilatildeo entre os elos de

cooperaccedilatildeo do sistema natildeo exista Desta forma a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees ocorre

isoladamente cada uma atuando apenas na sua competecircncia

Entretanto existem algumas experiecircncias de cooperaccedilatildeo que podem ser

citadas cursos realizados pelo Sindicato (STRM) em parceria com o SEBRAE

(capacitaccedilatildeo em associativismo) SENAR (produccedilatildeo de mudas frutiacuteferas de citros) e

COOPERAR (construccedilatildeo de cisternas) visita teacutecnica dos produtores de citros de

Matinhas ao Centro de Pesquisa da EMBRAPA em Cruz das Almas na Bahia

juntamente com teacutecnicos da EMATER EMEPA MAPA SEBRAE UFPB e PMM

para conhecer novas variedades de tangerina e aprender como desenvolver porta

enxertos para produzir mudas padronizadas e certificadas parceria entre a UFPB e

a PMM para realizaccedilatildeo dos cursos de capacitaccedilatildeo sobre manejo da mancha-marrom

-de-alternaria combate agrave mosca negra das frutas e produccedilatildeo de mudas aleacutem da

capacitaccedilatildeo de alunos do ensino fundamental para atuarem como agentes de

veiculaccedilatildeo de novas tecnologias junto agraves suas famiacutelias e outros produtores

integraccedilatildeo existente entre os diversos segmentos de ensino pesquisa e extensatildeo

para o APL (EMEPA ndash pesquisa UFPB ndash ensino EMATER ndash assistecircncia teacutecnica) e

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema formado por um grupo de 27

72

instituiccedilotildees atuantes na regiatildeo do Agreste paraibano que passou a discutir os

problemas e soluccedilotildees dos municiacutepios produtores de tangerina da Paraiacuteba

Na pesquisa com as instituiccedilotildees foi possiacutevel identificar os principais parceiros

do APL bem como suas atuaccedilotildees e a importacircncia dessa cooperaccedilatildeo dentro do

arranjo Ao responder essa questatildeo as instituiccedilotildees enumeraram por ordem de

atuaccedilatildeo os oacutergatildeos governamentais e natildeo governamentais mais empenhados no

desenvolvimento do aglomerado produtivo

O SEBRAE foi o citado por seis instituiccedilotildees aparecendo como um dos mais

atuantes por ter conseguido formalizar o Foacuterum de Fruticultura da Borborema o qual

arrebanhou parceiros para ajudar no desenvolvimento da citricultura segmento da

tangerina na regiatildeo aleacutem de promover o empreendedorismo e apoiar eventos

voltados para o arranjo produtivo local

Em seguida vieram a EMEPA por ser um parceiro presente e sempre estar

ajudando os produtores a resolverem os problemas oriundos de pragas manejo e

plantio bem como desenvolver pesquisas voltadas para o melhoramento da

produccedilatildeo de tangerina a EMATER por promover a extensatildeo rural mesmo que de

forma precaacuteria e a Prefeitura Municipal de Matinhas pelo apoio aos produtores e

porta voz das reivindicaccedilotildees do setor

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam poliacuteticas puacuteblicas

especiacuteficas de apoio ao APL as respostas foram edital puacuteblico para o

desenvolvimento de APLs de baixa renda do Governo do EstadoBNDES Grupo

Permanente de Trabalho de Apoio aos APLs ndash GPT APL e Nuacutecleo Estadual de

Apoio aos APLs da Paraiacuteba ndash NE APLPB programa gerenciado pelo MDIC Foacuterum

de Fruticultura da Borborema e programas federais que beneficiam os produtores

de tangerina ndash PAACONAB e PNAEMinisteacuterio da Educaccedilatildeo

Ao analisar as respostas das instituiccedilotildees indutoras do Arranjo Produtivo Local

da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi possiacutevel diagnosticar que os programas

governamentais (federal estadual e municipal) possuem accedilotildees planejadas para a

regiatildeo mas no entanto eacute percebida a fragilidade de tais accedilotildees devido as mesmas

serem aplicadas de forma pontual Essas accedilotildees satildeo realizadas isoladamente onde

cada instituiccedilatildeo cumpre apenas o que interessa ser executado A comunicaccedilatildeo entre

os parceiros e a governanccedila que deveria acontecer de forma sistecircmica eacute insipiente

73

natildeo existindo estrateacutegia conjunta formatada para erradicar os problemas

evidenciados pelas instituiccedilotildees dentro do APL

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees como eacute percebida a intensidade da

cooperaccedilatildeo entre os beneficiados as respostas foram descritas conforme as

necessidades eventuais dos produtores sendo mais forte quando se fala em

comercializaccedilatildeo das tangerinas elaboraccedilatildeo de projetos agropecuaacuterios (PRONAF) e

implantaccedilatildeo do projeto da packing house aprovado no I Edital 200914

As respostas concedidas pelos entrevistados para percepccedilatildeo da existecircncia de

uma cooperaccedilatildeo mais fraca seguem a seguinte ordem financiamento para

desenvolver seus plantios produccedilatildeo de mudas certificadas inovaccedilatildeo tecnoloacutegica no

campo adesatildeo proativa dos produtores na zona rural assistecircncia teacutecnica

desenvolvimento de processos e produtos e coesatildeo entre associaccedilotildees e

cooperativa

Ao analisar as respostas acima citadas percebe-se que a visatildeo das

instituiccedilotildees eacute consensual sendo acordados os pontos fortes e fracos de cooperaccedilatildeo

No entanto natildeo foi registrada nenhuma preocupaccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees para

amenizar a fragilidade da cooperaccedilatildeo Mais uma vez eacute percebida a falta de uma

estrateacutegia conjunta capaz de dialogar coletivamente com o setor produtivo visando

fortalecer o processo de cooperaccedilatildeo para que os problemas do setor sejam

amenizados

Em relaccedilatildeo ao sistema de produccedilatildeo realizado na zona rural pelos produtores

as instituiccedilotildees concordam que o sistema eacute arcaico e extrativista e enfatizam que no

momento em que os produtores perceberem os ganhos possiacuteveis que seratildeo obtidos

com novas tecnologias os mesmos faratildeo uma adesatildeo natural aos programas

governamentais e ter-se-aacute um novo modelo de produccedilatildeo

A anaacutelise tambeacutem mostra que para uma pequena parcela de produtores a

inovaccedilatildeo tecnoloacutegica jaacute foi utilizada e ganhos satildeo visiacuteveis fazendo com que esses

produtores natildeo tenham necessidade de formalizar demanda aos programas sociais

para complementarem sua renda Segundo os stakeholders das instituiccedilotildees a

14 I Edital 2009 ndash Programa Produzir Desenvolvimento ndash Apoio aos Arranjos Produtivos Locais

Paraiacuteba lanccedilado em outubro2009 com recursos oriundos do Governo do EstadoFUNCEP e

BNDES

74

adesatildeo por parte dos outros produtores natildeo ocorreu porque eles ainda natildeo estatildeo

convencidos de que existam ganhos efetivos

Segundo a EMATER apenas 20 dos produtores de tangerina estatildeo em

processo de melhoria do plantio e da produccedilatildeo Essa visatildeo eacute acordada por 60 das

repostas dos entrevistados O restante dos produtores segundo as instituiccedilotildees natildeo

aderiu ao processo de modernizaccedilatildeo e consequentemente o desenvolvimento do

agronegoacutecio ficou comprometido a exemplo da grande quantidade de tangerinas

que natildeo satildeo comercializadas devido ao seu tamanho e que poderiam ser

aproveitadas em uma unidade de processamento de suco na regiatildeo

No tocante a novas tecnologias existe uma forte resistecircncia dos produtores

em adotar essas inovaccedilotildees principalmente pelo fato de envolver investimentos o

que eacute encarado por eles como gasto Neste caso natildeo existe a visatildeo do retorno

desse investimento Esse pensamento ainda eacute fortemente compartilhado entre os

produtores devido ao cultivo da tangerina ser de sequeiro e segundo eles natildeo

necessitar de muitos recursos para produzir tangerina

Aleacutem disso os plantadores de citros continuam a produzir com padrotildees de

comercializaccedilatildeo diferentes do padratildeo adotado pelo Sudeste do paiacutes a exemplo de

Satildeo Paulo onde os frutos satildeo comercializados por tamanho textura de pele e cor

Na Paraiacuteba pode-se encontrar em uma mesma caixa frutos verdes e amarelos o

que foge dos padrotildees de comercializaccedilatildeo exigidos pelos grandes mercados

Durante a anaacutelise foram verificados tambeacutem quais os principais problemas do

segmento Segundo a visatildeo das instituiccedilotildees foi dada ecircnfase na baixa capacidade

gerencial ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina dificuldade de acesso

aos canais de comercializaccedilatildeo aleacutem de investimentos em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se conheciam os principais concorrentes

da tangerina produzida no APL 100 dos entrevistados responderam que natildeo

existiam concorrentes pois o periacuteodo de produccedilatildeo da tangerina na Paraiacuteba eacute uacutenico

no paiacutes ou seja a produccedilatildeo ocorre na entressafra dos outros estados

As instituiccedilotildees tambeacutem informaram sobre a comercializaccedilatildeo os canais de

distribuiccedilatildeo e logiacutestica existente no arranjo A venda da produccedilatildeo eacute realizada no

comeacutercio local e regional principalmente para a CEASA de Campina Grande A

tangerina tambeacutem eacute comercializada nos principais estados do Nordeste tais como

75

Pernambuco ndash Petrolina Rio Grande do Norte ndash Natal Cearaacute ndash Fortaleza Bahia ndash

Juazeiro Alagoas ndash Maceioacute

Dos nove entrevistados cinco disseram que os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os

atravessadores o restante informou que a comercializaccedilatildeo eacute feita em mercados

abertos EMPASA CEASA feiras livres PNAE PAA (CONAB) feiras

agroecoloacutegicas e grandes supermercados No entanto para a questatildeo logiacutestica os

stakeholders reconhecem que eacute fraca para dar suporte ao escoamento da produccedilatildeo

Segundo uma instituiccedilatildeo governamental entrevistada os atravessadores

compram a tangerina dos produtores e as vendem para a CEASA Ao inveacutes da

CEASA como entreposto comercial de apoio aos produtores adquirir as tangerinas

diretamente das associaccedilotildees e cooperativas agriacutecolas ela acaba ldquooficializandordquo a

atividade dos atravessadores

Quando perguntado agraves instituiccedilotildees se elas conheciam leis ou instruccedilotildees

normativas para a produccedilatildeo de tangerina seis dos entrevistados afirmaram que sim

Entretanto estes conhecimentos natildeo foram explicitados nem dado ecircnfase aos

problemas ambientais existentes nos plantios tais como o plantio eacute aleatoacuterio sem

levar em conta nenhum padratildeo de espaccedilamento plantios realizados no sentido da

declividade (ldquomorro abaixordquo) sem uso de curvas de niacutevel e retirada da cobertura

vegetal do solo sem plano de manejo provocando erosatildeo

Aleacutem disso de acordo com a Prefeitura Municipal de Matinhas apesar de

saber das leis existe uma dificuldade de aplicar e cobrar as poliacuteticas ambientais

devido a distribuiccedilatildeo fundiaacuteria ou seja propriedades de pequenas extensotildees

territoriais Por exemplo a lei de preservaccedilatildeo ambiental prevecirc que 20 de mata

devam ser nativas ou devam existir 30 de faixa de APP ndash Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente nos riachos A maioria dos produtores da regiatildeo possuem 25 ha

contando que nesta aacuterea estaacute incluiacuteda a casa de moradia Logo se a lei fosse

aplicada ficaria impossiacutevel sobrar aacuterea para uma famiacutelia produzir e tirar seu sustento

Segundo a EMATER natildeo cabe a ela executar as instruccedilotildees normativas

ambientais pois sua funccedilatildeo e de oacutergatildeo educador cabendo ao MAPA a defesa

vegetal e a SUDEMA a fiscalizaccedilatildeo para o cumprimento das leis O restante das

instituiccedilotildees (trecircs) natildeo conhece regulamentaccedilatildeo ambiental especiacutefica para a

produccedilatildeo de tangerina

76

O que se pode verificar na anaacutelise dessa questatildeo eacute que mais uma vez eacute

percebida a falta de integraccedilatildeo das instituiccedilotildees no tocante agrave necessidade de accedilotildees

conjuntas para fazerem cumprir as leis e instruccedilotildees normativas ambientais Tais

accedilotildees poderiam contribuir para o segmento obter o certificado de agricultura

orgacircnica e o selo de produccedilatildeo ecologicamente correta entre outros

A pesquisa tambeacutem procurou identificar quais satildeo os projetos e planos futuros

que as instituiccedilotildees possuem para apoiar e consolidar o APL da Citricultura As

instituiccedilotildees entrevistadas responderam que diversos esforccedilos estatildeo sendo

envidados

O Sindicato dos Trabalhadores de Matinhas vem atuando de forma a

conscientizar os 60 dos produtores que ainda natildeo acreditam em inovaccedilatildeo

tecnoloacutegica devido agrave demora na realizaccedilatildeo das accedilotildees por parte das instituiccedilotildees

governamentais A EMATER busca realizar seminaacuterios capacitar os produtores

divulgar poliacuteticas puacuteblicas existentes para o setor bem como promover dias de

campo com os agricultores visando o aprendizado in-loco

A Prefeitura Municipal de Matinhas envida esforccedilos para consolidar a

Coopertange como empresa acircncora do APL A SEDAP atraveacutes de suas empresas

vinculadas concede apoio logiacutestico na distribuiccedilatildeo de mudas A EMEPA procura

aprovar projetos e pesquisas destinados agrave produccedilatildeo de mudas certificadas

submetendo-os aos Ministeacuterios

Os parceiros BNB e SEBRAE responderam que levam informaccedilotildees e

procuram outros parceiros para execuccedilatildeo de accedilotildees que promovam a

sustentabilidade do APL aleacutem de atuar na capacitaccedilatildeo e consultorias teacutecnicas Para

o MAPA a importacircncia de sua atuaccedilatildeo estaacute sendo na identificaccedilatildeo de um programa

especiacutefico para o setor da tangerina e a distribuiccedilatildeo de mudas fiscalizadas e

certificadas para as regiotildees do Agreste paraibano

Apoacutes a consolidaccedilatildeo do APL as instituiccedilotildees esperam produtores realizando

comercializaccedilatildeo sem a presenccedila de atravessadores independecircncia dos produtores

de programas sociais como forma de complementaccedilatildeo da renda para sustento das

famiacutelias aumento da produccedilatildeo e melhoria na qualidade das frutas demarcaccedilatildeo da

77

identidade geograacutefica15 da tangerina maior participaccedilatildeo dos produtores na

cooperativa conscientizaccedilatildeo por parte dos produtores para a importacircncia do

desenvolvimento e estruturaccedilatildeo da cadeia produtiva incremento de novas

tecnologias aplicadas aos plantios e aumento do creacutedito qualificado para o APL

52 Anaacutelise da visatildeo dos produtores rurais quanto agrave importacircncia

das poliacuteticas puacuteblicas para o desenvolvimento do APL

A anaacutelise da competitividade sistecircmica do arranjo produtivo da tangerina

utilizou o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD conforme descrito

na seccedilatildeo 42 Para tanto foi elaborado um questionaacuterio com o objetivo de avaliar a

visatildeo dos produtores a partir dos niacuteveis Micro Meso Macro e Meta do modelo

proposto

A amostra utilizada para o referido estudo contempla cinco associaccedilotildees e

uma cooperativa Neste universo foram entrevistados os seis presidentes dessas

organizaccedilotildees localizadas nos municiacutepios de Matinhas Esperanccedila Alagoa Nova

Lagoa de Roccedila Lagoa Seca e Massaranduba A escolha dos entrevistados foi

devido agrave vivecircncia desses representantes como interlocutores junto agraves instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais e principalmente por serem produtores de

tangerina e liacutederes na regiatildeo

521 Anaacutelise do Niacutevel Micro

Neste niacutevel buscou-se analisar a capacidade de organizaccedilatildeo dos produtores

a sua capacidade inovativa a logiacutestica existente na comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo

da produccedilatildeo bem como o niacutevel de competitividade dos produtores

Segundo os produtores de citros da regiatildeo o diferencial competitivo desse

arranjo eacute a sazonalidade da produccedilatildeo concentrando-se o plantio da tangerina

principalmente nos muniacutecipios de Matinhas Lagoa Seca e Alagoa Nova Este

15 A identidade geograacutefica tem como escopo conferir a determinado produto ou serviccedilo uma

identidade proacutepria criando um elo com suas especificidades regionais especialmente histoacutericas e culturais levando ao consumidor garantias como a rastreabilidade do produto e seguranccedila do alimento

78

diferencial faz com que natildeo existam concorrentes de outras regiotildees para a tangerina

produzida no APL

Entretanto o cultivo da tangerina ainda eacute realizado de forma tradicional e

arcaica em 80 das aacutereas produtivas do APL Segundo o presidente da associaccedilatildeo

de Lagoa Seca ldquonem todos os agricultores estatildeo conscientes da importacircncia da

praacutetica qualificadardquo Apesar de terem sido constatadas melhoria nas praacuteticas de

cultivo ainda eacute muito baixo o nuacutemero de produtores que optaram por teacutecnicas

ambientalmente corretas em seus pomares

Percebe-se mais uma vez que o cultivo da tangerina na regiatildeo natildeo eacute

realizado de forma adequada pela maioria dos produtores e que o processo de

modernizaccedilatildeo ainda depende da conscientizaccedilatildeo dos agricultores para o uso de

novas teacutecnicas agriacutecolas

Em relaccedilatildeo aos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica a maioria

dos entrevistados respondeu que existe uma grande deficiecircncia A presenccedila do

atravessador ainda eacute muito forte o que gera uma dependecircncia na comercializaccedilatildeo

pois esse tipo de transaccedilatildeo comercial eacute realizado diretamente nos pomares sem que

haja necessidade dos produtores se deslocarem para vender sua produccedilatildeo Esse

fato natildeo os estimula a venderem a tangerina em canais de distribuiccedilatildeo diversificados

e mais rentaacuteveis tais como atacadistas das regiotildees Sul e Sudeste supermercados

feiras agroecoloacutegicas e os programas PAA e PNAE

Sendo assim o escoamento da produccedilatildeo de tangerina eacute realizado pelos

atravessadores Estes satildeo os responsaacuteveis pela respectiva distribuiccedilatildeo no mercado

regional e em todo o Nordeste

Aleacutem do problema da comercializaccedilatildeo outros fatores correlacionados foram

identificados no APL ausecircncia da padronizaccedilatildeo da tangerina higienizaccedilatildeo e

classificaccedilatildeo dos frutos e baixa capacidade produtiva entre as safras o que impede

o arranjo de se consolidar no mercado

Por outro lado os produtores atraveacutes do Sindicato e da Coopertange vecircm

buscando a certificaccedilatildeo da tangerina como orgacircnica Essas organizaccedilotildees tecircm

consciecircncia que satildeo necessaacuterias mudanccedilas nas praacuteticas de cultivo para a obtenccedilatildeo

de tal certificaccedilatildeo o que proporcionaraacute maior agregaccedilatildeo de valor ao produto

79

Para melhor compreensatildeo dos fatores internos de competitividade das

associaccedilotildees e da cooperativa apresenta-se no Graacutefico 1 os resultados do

posicionamento dos produtores quanto algumas perspectivas de desenvolvimento

para o segmento

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter

uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

b) A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado c) A Coopertange (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente a

mercados mais exigentes e que pagam por qualidade

d) Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e) Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da

tangerina

f) Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

g) Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

h) A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Graacutefico 1 Variaacuteveis do Niacutevel Micro

Fonte Elaborado pela autora

Ao analisarmos as respostas concedidas pelos produtores de tangerina

observa-se uma dispersatildeo na maioria das respostas Percebe-se que natildeo existe um

consenso entre esses atores no tocante ao processo de seleccedilatildeo e homogeneidade

de mudas esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina e dos canais

de comercializaccedilatildeo bem como para a questatildeo de incentivo a qualificaccedilatildeo da matildeo-

de-obra O resultado da anaacutelise constata que cada ator externa uma preocupaccedilatildeo

diferente retratando a sua necessidade individual e sem uma visatildeo do coletivo

O Graacutefico 2 apresenta as principais formas de cooperaccedilatildeo entre os atores do

APL Neste graacutefico constata-se mais uma vez que o diaacutelogo entre os atores eacute muito

pequeno e que a conscientizaccedilatildeo para compras coletivas e venda de forma

cooperada natildeo eacute discutido e avaliado entre eles Para os demais itens percebe-se

que natildeo existe integraccedilatildeo entre os atores e que a maioria busca soluccedilotildees para os

80

seus problemas de forma particular natildeo observando sua participaccedilatildeo dentro de um

sistema cooperado em que seus problemas deveriam ser tratados coletivamente

Para a Associaccedilatildeo de Esperanccedila as respostas analisadas foram bem

diferentes pois as praacuteticas de comercializaccedilatildeo teacutecnicas agriacutecolas e intervenccedilotildees

governamentais ocorrem de maneira integrada

Isto eacute reflexo da atuaccedilatildeo da EMATER nessa regiatildeo que eacute atuante e

desempenha um papel de ATER16 de maneira continuada entre os produtores Essa

atuaccedilatildeo permite que os produtores dialoguem e busquem soluccedilotildees aos problemas

advindos de seus pomares hortas e plantaccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g

Nunca

Raramente

Moderadamente

Frequentemente

Sempre

a) Compra de insumos e equipamentos b) Venda de produtos

c) Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio d) Capacitaccedilatildeo de recursos humanos e) Obtenccedilatildeo de financiamento

f) Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees g) Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

Graacutefico 2 Principais formas de cooperaccedilatildeo no APL

Fonte Elaborado pela autora

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo identificadas para o APL e

descritas no Graacutefico 3 foi observado que todas as informaccedilotildees sejam elas fontes

internas externas ou advindas de universidades centros de pesquisa e de outras

redes de informaccedilatildeo satildeo importantes para o desenvolvimento e estruturaccedilatildeo do

arranjo na visatildeo dos produtores entrevistados

Entretanto durante a entrevista foi observado certa anguacutestia por parte dos

atores no tocante a celeridade dessas informaccedilotildees Para eles existe uma

16

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

81

descontinuidade nas accedilotildees dos parceiros interrompendo-se assim a rede de

informaccedilatildeo criada entre os atores e as instituiccedilotildees

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h i j k l m n o p q r

Menos Importante

Meacutedia

Mais importante

Fontes internas

a) Pesquisa e Desenvolvimento b) Aacuterea de produccedilatildeo c) Aacuterea de vendas e marketing

d) Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes Externas e) Fornecedores de insumos

f) Clientes g) Concorrentes h) Outras empresas do setor

i) Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa j) Universidades

k) Institutos de pesquisas l) Centro de capacitaccedilatildeo profissional m) Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

n) Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes o) Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

p) Feiras especializadas q) Associaccedilotildees e sindicatos r) Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

Graacutefico 3 Principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo

Fonte Elaborado pela autora

Nesta seccedilatildeo observa-se uma dicotomia na relaccedilatildeo entre produtores versus

instituiccedilotildees parceiras Do lado das instituiccedilotildees accedilotildees satildeo realizadas visando agrave

difusatildeo de informaccedilotildees para o setor e do lado dos produtores estes sentem a falta

da celeridade de tais informaccedilotildees e a elaboraccedilatildeo de programas especiacuteficos para o

segmento que possam ser executados de forma continuada

Debruccedilando-se sobre as respostas dos produtores principais atores da

atividade econocircmica foi possiacutevel averiguar que a falta de celeridade de informaccedilotildees

e a presenccedila dos parceiros de maneira esporaacutedica tecircm desmotivado esses atores a

buscarem a modernizaccedilatildeo para uma produccedilatildeo mais competitiva Esse reflexo pode

82

implicar na busca individualizada por respostas mais imediatas aos problemas

dentro do arranjo o que vem ocorrendo no APL em estudo

Outro fator determinante para o baixo investimento na produccedilatildeo de tangerina

eacute a desarticulaccedilatildeo entre os produtores para o uso de praacuteticas qualificadas em seus

plantios Isto eacute visivelmente comprovado quando observamos a falta de seleccedilatildeo e

padronizaccedilatildeo de frutos a venda da produccedilatildeo aos atravessadores a logiacutestica de

distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo natildeo realizada por uma empresa acircncora e o baixo niacutevel de

empreendedorismo dos produtores devido agrave ausecircncia de orientaccedilotildees teacutecnicas para

a gestatildeo do negoacutecio

522 Anaacutelise do Niacutevel Meso

No niacutevel Meso foi possiacutevel analisar como os produtores estatildeo inseridos no

APL e como satildeo percebidas pelos produtores as poliacuteticas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais para a consolidaccedilatildeo desse

segmento

Os produtores filiados agraves organizaccedilotildees representativas do setor informaram

que do ponto de vista da esfera federal e estadual natildeo conhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina o que dificulta o desenvolvimento do APL

e da regiatildeo Esses produtores afirmam tambeacutem que tecircm conhecimento apenas das

poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar

Para o representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova seria necessaacuterio

tambeacutem ldquoo desenvolvimento de projetos coletivos para este setor visando incentivar

a qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra dos jovens e filhos dos agricultores para trabalharem

nos plantiosrdquo

Os representantes do setor tambeacutem questionam a falta de integraccedilatildeo e

comunicaccedilatildeo por parte dos governos com outras instituiccedilotildees natildeo governamentais

para promover o arranjo e consequentemente ampliar a sua competitividade

Entretanto apesar de algumas accedilotildees serem realizadas de forma integrada

ainda satildeo muito tiacutemidas Segundo a representante da Coopertange ldquoNatildeo existe ateacute

o momento uma estrateacutegia de desenvolvimento para essa integraccedilatildeo de forma

continuadardquo

83

Para essas organizaccedilotildees coletivas e seus associados as contribuiccedilotildees das

instituiccedilotildees parceiras de apoio ao APL tecircm ocorrido de forma eventual Algumas

atividades citadas foram cursos de capacitaccedilatildeo treinamento elaboraccedilatildeo de

projetos debates palestras seminaacuterios visitas de intercacircmbio disponibilizaccedilatildeo de

mudas certificadas e apresentaccedilatildeo de viacutedeos

Os produtores tambeacutem citaram as instituiccedilotildees parceiras do arranjo Governo

do Estado SEDAP EMATER EMEPA EMPASA Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Matinhas SEBRAE Prefeituras Municipais BNB UFPB ndash Campus de

Bananeiras e de Areia Secretarias de Educaccedilatildeo (PNAE) MDS (PAA) UFCG Caixa

Econocircmica Banco do Brasil Foacuterum de Fruticultura da Borborema CONAB

Ministeacuterio da Sauacutede e EMBRAPA Aleacutem dessas outras entidades foram citadas

como potenciais parceiras MAPA INTERPA SENAR UEPB OCEPB Fundaccedilatildeo

Banco do Brasil e Bradesco

Outros oacutergatildeos natildeo governamentais citados no desenvolvimento de accedilotildees

conjuntas mesmo que de forma bastante incipiente foram a ASPTA17 e a FETAG18

Constatou-se tambeacutem que na visatildeo dos representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa a melhor maneira de se obter recursos junto agraves instituiccedilotildees de apoio a

fomento e entidades governamentais eacute atraveacutes da elaboraccedilatildeo de projetos e

programas voltados para a citricultura Outros mecanismos seriam a demanda

coletiva dos produtores e da governanccedila junto agraves instituiccedilotildees bem como a emissatildeo

da DAP19 (instrumento da SAFMDA20) para que esses produtores possam participar

de linhas de creacutedito especiacuteficas do PRONAF

A pesquisa tambeacutem avaliou se os produtores conhecem as leis ou instruccedilotildees

normativas que estabelecem requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina

na Paraiacuteba Trecircs dos entrevistados responderam que natildeo conhecem Para o

representante da Associaccedilatildeo de Massaranduba ldquoa maioria dos produtores do

municiacutepio conhece e utiliza cartilhas e livros teacutecnicos o que fez com que houvesse

uma reduccedilatildeo na queima e no desmatamento A praacutetica orientada para a reduccedilatildeo dos

17 Assessoria de Serviccedilos e Projetos da Agricultura Alternativa - Zona Rural 18 Federaccedilatildeo dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraiacuteba 19 DAP ndash Declaraccedilatildeo de Aptdatildeo ao Pronaf - utilizada como instrumento de identificaccedilatildeo do agricultor familiar

para acessar poliacuteticas puacuteblicas como o Pronaf

20 A DAP foi criada pela Secretaria da Agricultura Familiar do Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

84

impactos ambientais contribuiu com um trabalho de reflorestamento que vem sendo

desenvolvido na regiatildeo pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massarandubardquo

Foi observado entre os entrevistados que essa praacutetica eacute uma exceccedilatildeo no APL pois

eacute realizada somente pelos produtores desse municiacutepio

Jaacute o representante de Alagoa Nova diz ter conhecimento das leis mas elas

natildeo satildeo aplicadas porque natildeo existe uma assistecircncia teacutecnica continuada O

representante de Lagoa de Roccedila tambeacutem afirmou que conhece e pratica e quem o

orienta eacute seu neto aluno da Escola Teacutecnica que estaacute cursando Teacutecnico Agriacutecola

Quando se analisa a poliacutetica comercial brasileira para exportaccedilatildeo da

tangerina verifica-se que a metade dos entrevistados tem consciecircncia que existe

potencial de comercializaccedilatildeo e mercado para exportaccedilatildeo desse tipo de fruto

enquanto que outra metade natildeo tem conhecimento de tal poliacutetica

No Graacutefico 4 ao serem avaliadas algumas variaacuteveis do niacutevel Meso para o

desenvolvimento do arranjo pocircde-se averiguar que a relaccedilatildeo entre os produtores e

as poliacuteticas existentes tem acontecido de maneira diferenciada para cada

associaccedilatildeo e cooperativa podendo variar em funccedilatildeo do interesse pela demanda

grau de organizaccedilatildeo da entidade e niacutevel de atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees que apoiam o

APL

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f g h

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo

de negoacutecios b O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos

gestores governamentais

c A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo d A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor e O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

f As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

g A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

h A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

Graacutefico 4 Variaacuteveis do Niacutevel Meso

Fonte Elaborado pela autora

85

A natildeo existecircncia de um consenso entre os produtores eacute decorrente das

respostas analisadas no referido graacutefico em que algumas organizaccedilotildees coletivas

discordam da efetividade dessas poliacuteticas e em contraponto outras concordam

parcialmente ou totalmente

O Graacutefico 5 avalia a relaccedilatildeo dos produtores com as instituiccedilotildees parceiras

governamentais e natildeo governamentais Verifica-se que os atores divergem em suas

respostas por possuiacuterem niacuteveis de parcerias diferentes com cada instituiccedilatildeo Logo

percebe-se que na visatildeo dos entrevistados algumas instituiccedilotildees tecircm atuaccedilatildeo

regular outras apresentam accedilotildees inexpressivas e as demais natildeo tecircm relaccedilatildeo de

parceria com os atores

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e

Oacutetimo

Bom

Regular

Ruim

Sem relaccedilatildeo

a AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio b Instituiccedilotildees financeiras

c Fornecedores e outras empresas do arranjo d Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades e Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

Graacutefico 5 Relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

Fonte Elaborado pela autora

Constata-se no niacutevel Meso que os representantes das associaccedilotildees e da

cooperativa natildeo conhecem poliacuteticas especiacuteficas para o setor seja pela sua

inexistecircncia ou mesmo pela insipiente difusatildeo de informaccedilotildees sobre programas e

projetos voltados para o APL O que geralmente ocorre eacute a utilizaccedilatildeo de poliacuteticas jaacute

existentes como por exemplo para agricultura familiar sem haver uma

preocupaccedilatildeo em atender os problemas especiacuteficos da citricultura

Outra questatildeo tambeacutem apontada pelos produtores eacute a falta de integraccedilatildeo das

instituiccedilotildees que apoiam o setor gerando accedilotildees individualizadas e descontiacutenuas

Este problema tambeacutem foi identificado no niacutevel Micro (seccedilatildeo 521) o que mais uma

vez comprova a necessidade de uma poliacutetica governamental especiacutefica e atuante

para o referido arranjo

86

O lado positivo da avaliaccedilatildeo deste niacutevel eacute que os produtores apontaram

diversas instituiccedilotildees com accedilotildees pontuais no arranjo produtivo local Isto indica que

existe uma preacute-disposiccedilatildeo e interesse dessas instituiccedilotildees em apoiarem um APL que

tem potencial comercial expressivo e que envolve uma parcela da populaccedilatildeo

residente na zona rural em atividades oriundas da citricultura

523 Anaacutelise do Niacutevel Macro

As questotildees elaboradas para o niacutevel Macro natildeo retratam especificamente o

modelo definido para o referido niacutevel como detalhado na seccedilatildeo 42 Por outro lado

essas questotildees foram formatadas sob a oacutetica de um APL de baixa renda que

apresenta fragilidades advindas das poliacuteticas puacuteblicas para a agricultura familiar No

entanto observa-se um grande potencial para o aumento da produccedilatildeo de citros na

regiatildeo o que faz esse arranjo ter prioridades econocircmicas e sociais podendo atingir

os mercados nacional e internacional

Neste niacutevel procurou-se entender como os produtores percebem as poliacuteticas

econocircmicas e a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na disponibilizaccedilatildeo de creacuteditos e linhas de

financiamento como forma de consolidar o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

Em relaccedilatildeo agrave disponibilizaccedilatildeo de financiamento pelas instituiccedilotildees de fomento

para melhorar o processo produtivo no arranjo todas as associaccedilotildees afirmam que

as linhas de creacutedito satildeo provenientes do PRONAF atraveacutes do Banco do Nordeste ndash

BNB que credenciou teacutecnicos da EMATER para elaborar os projetos

Essa linha de financiamento concede aos produtores condiccedilotildees especiais tais

como carecircncia para pagamento rebate e juros baixos O acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos eacute realizado conjuntamente pelo BNB e EMATER Outras

instituiccedilotildees de fomento que aparecem muito timidamente satildeo Banco do Brasil e

Caixa Econocircmica

Foi observado que os produtores natildeo tecircm clareza sobre financiamentos para

expansatildeo da capacidade produtiva capital de giro e melhoria da produccedilatildeo A

burocracia ainda eacute grande para o agricultor familiar e as informaccedilotildees natildeo chegam

adequadamente agraves associaccedilotildees

87

Com relaccedilatildeo agrave poliacutetica puacuteblica que estabeleceu programas e accedilotildees para

Arranjos Produtivos Locais foi observado na pesquisa que a maioria dos

entrevistados natildeo percebeu nenhum benefiacutecio praacutetico a partir dessas medidas e que

ateacute hoje o setor natildeo tem uma poliacutetica especiacutefica para esse tipo de produccedilatildeo agriacutecola

Somente o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila afirmou que o Governo

Federal incentivou o desenvolvimento do APL da Citricultura aprovando o projeto

para aquisiccedilatildeo de uma packing house

Outro aspecto relatado pela maioria das organizaccedilotildees e produtores foi que

natildeo existe no Plano Pluri Anual ndash PPA dos Governos Municipais accedilotildees ou poliacuteticas

especiacuteficas para a tangerina Apenas o representante da Associaccedilatildeo de Esperanccedila

afirmou que a prefeitura investe em accedilotildees direcionadas ao APL preparando

estradas para escoamento da produccedilatildeo e adquirindo 30 da produccedilatildeo agriacutecola do

municiacutepio para a merenda escolar atraveacutes do PNAE

Constatou-se tambeacutem que a prefeitura de Matinhas tem investido na melhoria

das estradas vicinais na criaccedilatildeo do Parque da Laranja para realizaccedilatildeo de eventos

na aquisiccedilatildeo de equipamentos para beneficiamento da tangerina bem como

propiciou a contrapartida para aquisiccedilatildeo da packing house

Outra questatildeo informada pelos representantes das organizaccedilotildees foi como

resolver a presenccedila do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no setor jaacute que o

APL conta com cinco associaccedilotildees e uma cooperativa Esses representantes

afirmaram que seria necessaacuterio um grande trabalho de conscientizaccedilatildeo que fizesse

os produtores participarem ativamente da cooperativa pois atualmente ainda existe

rejeiccedilatildeo por esse tipo de organizaccedilatildeo

Tambeacutem foi frisada a importacircncia da estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da

Coopertange pois ela poderaacute ser o elo de integraccedilatildeo entre o segmento e as

poliacuteticas existentes Essa entidade deve ser capaz de dialogar com os oacutergatildeos

governamentais e efetivar a citricultura como uma atividade competitiva e rentaacutevel

para os produtores Os entrevistados ainda citaram como importante o escoamento

da produccedilatildeo pela cooperativa e a parceria com a Ceasa para que a mesma compre

a tangerina diretamente da Coopertange

Evidenciou-se ainda que as associaccedilotildees e a cooperativa estatildeo envidando

esforccedilos para consolidar o referido APL realizando reuniotildees com os produtores

88

buscando novos parceiros fazendo anaacutelise de mercado para onde pretendem

escoar a produccedilatildeo desenvolvendo projetos participando de feiras agroecoloacutegicas e

pesquisando o uso de novas tecnologias

Por fim os entrevistados externaram os projetos e planos futuros que eles

esperam com a consolidaccedilatildeo do APL A presidente da Coopertange espera colocar

em funcionamento a cooperativa como empresa ancora do APL instalar a packing

house estimular o crescimento da produccedilatildeo buscar a transferecircncia de tecnologia de

forma permanente para os produtores e gerar a inclusatildeo social na regiatildeo

O representante da Associaccedilatildeo de Alagoa Nova espera que as instituiccedilotildees

parceiras promovam maior divulgaccedilatildeo das informaccedilotildees para os produtores dos seis

municiacutepios que compotildeem o APL que haja um aumento de recursos para investir na

produccedilatildeo e mais tecnologia para o segmento Para o representante da Associaccedilatildeo

de Lagoa de Roccedila o mais importante eacute melhorar o preccedilo da tangerina no mercado

No municiacutepio de Esperanccedila a associaccedilatildeo almeja que as informaccedilotildees

advindas de programas governamentais possam chegar aos produtores de forma

efetiva e que haja um aumento na venda da produccedilatildeo advinda da agricultura

familiar A Associaccedilatildeo de Lagoa Seca pretende melhorar as condiccedilotildees sociais e

econocircmicas dos associados participantes do arranjo O desejo da presidente da

Associaccedilatildeo de Massaranduba eacute ldquover todos os produtores tirando proveito da

estrutura da Coopertangerdquo

No Graacutefico 6 satildeo avaliadas as poliacuteticas econocircmicas direcionadas para o APL

da Citricultura e analisado como os atores percebem a contribuiccedilatildeo dessas poliacuteticas

Ao serem questionados se os governos locais tecircm direcionado o orccedilamento para a

promoccedilatildeo do arranjo todos afirmam que natildeo Este entendimento sugere

provavelmente que os produtores natildeo entendem as accedilotildees realizadas pelos governos

locais como uma poliacutetica efetiva para o arranjo Quando indagado aos produtores se

a poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor a maioria afirmou

ser indiferente e natildeo perceber a eficaacutecia dessa poliacutetica pois a mesma apresenta

poucos reflexos no desenvolvimento do arranjo da citricultura Para os produtores de

citros a carga tributaacuteria e as leis trabalhistas natildeo influenciam no soerguimento da

atividade Verifica-se que algumas respostas apresentam-se de forma dispersa o

que retrata possivelmente a falta de um melhor entendimento sobre tais poliacuteticas

89

Considerando que o niacutevel Macro engloba poliacuteticas macroeconocircmicas as

poliacuteticas de financiamento utilizadas pela maioria dos produtores ainda satildeo

provenientes do PRONAF pois o APL em questatildeo encontra-se em fase de

organizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo tem como base a agricultura familiar e ainda se

apresenta como de baixa renda apesar do seu grande potencial socioeconocircmico

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e f

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

b A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor c A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos d O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

e A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo f As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

Graacutefico 6 Variaacuteveis do Niacutevel Macro

Fonte Elaborado pela autora

Foi observado tambeacutem que a atividade econocircmica possui caracteriacutesticas

positivas tais como nuacutemero expressivo de produtores participantes de associaccedilotildees

e da cooperativa localizadas no arranjo produccedilatildeo diferenciada com propriedades

orgacircnicas e custo baixo de produccedilatildeo por serem frutos de sequeiro

No entanto o APL em questatildeo possui baixo investimento em pesquisa

desenvolvimento e inovaccedilatildeo baixa estrateacutegia para a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo falta

de alocaccedilatildeo de recursos para melhoria do plantio e equidade de renda dos

produtores desnivelada

Aleacutem disso um ponto forte evidenciado nesse aglomerado produtivo e que se

constitui como um dos seus maiores diferenciais eacute a produccedilatildeo de tangerina na

entressafra das outras regiotildees produtoras tendo como consequecircncia uma forte

demanda pela produccedilatildeo

Neste sentido faz-se necessaacuterio a criaccedilatildeo de mecanismos que possibilitem a

execuccedilatildeo de uma poliacutetica econocircmica mais proativa para a citricultura que natildeo sofra

90

soluccedilatildeo de continuidade e que os resultados de sua implementaccedilatildeo possam ser

acompanhados pela governanccedila parceiros institucionais e produtores

524 Anaacutelise do Niacutevel Meta

O objetivo deste niacutevel eacute identificar o grau de cooperaccedilatildeo entre os atores o

seu empoderamento e capacidade de interferecircncia nas poliacuteticas puacuteblicas visando

aglutinar forccedilas e potencializar as vantagens competitivas do setor Esta anaacutelise

tambeacutem busca identificar se os produtores estatildeo desenvolvendo estrateacutegias que

venham promover o APL da Citricultura

Neste sentido dos seis atores entrevistados quatro responderam que

conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas governamentais voltados

para o arranjo Esses atores relataram que existe inclusive um bom relacionamento

com a EMATER e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel ndash

CMDRS Aleacutem disso as organizaccedilotildees coletivas conseguem com esses parceiros

institucionais apoio teacutecnico para produzir citros (tangerina limatildeo e laranja) e

hortaliccedila sem o uso de agrotoacutexico Os produtores rurais foram enfaacuteticos em dizer

que ldquonatildeo admitem a aplicaccedilatildeo de produtos quiacutemicos em seus pomaresrdquo

Os outros dois representantes responderam que natildeo conseguem influenciar

os governantes para a importacircncia de uma assistecircncia teacutecnica continuada pois ao

inveacutes de realizarem accedilotildees de ATER21 de forma permanente os apoios satildeo sempre

realizados de forma pontual a exemplo da ldquopraga da mosca negrardquo Para este

problema a assistecircncia teacutecnica concedida por parte das instituiccedilotildees governamentais

para evitar uma infestaccedilatildeo foi corretiva e natildeo preventiva

No entanto quando questionados sobre a preacute-disposiccedilatildeo agrave cooperaccedilatildeo os

representantes das associaccedilotildees e da cooperativa acreditam que os produtores estatildeo

confiantes na parceria com as instituiccedilotildees e tecircm certeza que gradativamente esse

processo estaraacute fortalecido Contudo a Associaccedilatildeo de Esperanccedila acredita que os

produtores natildeo estatildeo preparados e tecircm dificuldade de dialogar com as instituiccedilotildees

21

ATER ndash Assistecircncia Teacutecnica e Extensatildeo Rural

91

Quando abordados sobre a existecircncia da troca de conhecimentos entre os

parceiros quatro organizaccedilotildees responderam que existe um bom diaacutelogo com os

parceiros EMATER SPTA Polo Sindical da Borborema (composto por 16

sindicatos) EMEPA EMBRAPA UEPB (alunos de agroecologia) UFPB e feirantes

Aleacutem disso os representantes das organizaccedilotildees falaram da praacutetica de difundir entre

os produtores teacutecnicas aprendidas em palestras sobre plantaccedilatildeo orgacircnica e

defensivos orgacircnicos Por outro lado a Coopertange e a Associaccedilatildeo de Lagoa de

Roccedila acreditam que no passado jaacute houve troca de conhecimento entre os

produtores mas hoje natildeo mais

Percebe-se na anaacutelise do Graacutefico 7 que natildeo existe um consenso sobre a

efetividade das poliacuteticas como indutoras de desenvolvimento do APL Os produtores

tecircm respostas diferentes quando satildeo indagados sobre a atuaccedilatildeo dos governos em

prol do arranjo sobre a existecircncia de canais negociaccedilatildeo bem como na busca de um

modelo de governanccedila que facilite o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees governamentais e o

setor produtivo

Desta forma a inexistecircncia de um consenso de opiniatildeo e a falta de

consciecircncia sobre a importacircncia da organizaccedilatildeo dos produtores faz com que o

desenvolvimento do APL seja lento e suas accedilotildees desarticuladas

0

1

2

3

4

5

6

a b c d e

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Indiferente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

a Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

b O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

c As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no arranjo atuando de maneira

democraacutetica em defesa dos seus soacutecios d Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor

privado

e Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

Graacutefico 7 Variaacuteveis do Niacutevel Meta

Fonte Elaborado pela autora

92

Neste niacutevel cujo objetivo eacute identificar a capacidade de organizaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa e seu poder de articulaccedilatildeo junto agraves instituiccedilotildees que

apoiam o APL constata-se que para o arranjo as instituiccedilotildees reconhecem o

potencial do setor e tecircm interesse em apoiar as dinacircmicas de desenvolvimento e

accedilotildees de caraacuteter efetivo para a consolidaccedilatildeo do arranjo Por outro lado os

produtores na sua maioria natildeo gozam de privileacutegios comparados a outras

atividades econocircmicas tradicionais existentes no Estado a exemplo dos setores

Sucroalcooleiro Coureiro-Calccediladista e Caprinovinocultura

Outra questatildeo conflitante diz respeito agrave atuaccedilatildeo democraacutetica das associaccedilotildees

e da cooperativa representantes legais dos produtores e que atuam na defesa dos

interesses do setor A falta de uniatildeo a inexistecircncia de diaacutelogo mais frequente entre

essas organizaccedilotildees e a carecircncia de um interlocutor que unifique a lideranccedila e

debata com o segmento as necessidades coletivas dos produtores fazem com que

a comunicaccedilatildeo entre os governos e o setor produtivo esteja fragilizada

No tocante a um modelo de governanccedila para o APL os produtores ainda natildeo

tecircm um consenso formatado sobre tal modelo Mas o mais interessante eacute que em

todo o estudo os beneficiaacuterios do arranjo tecircm esperanccedilas de que quando a packing

house estiver funcionando e a Coopertange assumir o papel de empresa acircncora do

sistema seraacute possiacutevel dar a este arranjo produtivo local um novo rumo de

cooperaccedilatildeo e sobre tudo uma nova dinacircmica comercial e ambiental para o APL da

citricultura

53 Conclusatildeo da Anaacutelise

Neste capiacutetulo foi possiacutevel avaliar o arranjo institucional e as contribuiccedilotildees e

falhas detectadas a partir das poliacuteticas puacuteblicas implementadas no Arranjo Produtivo

Local da Citricultura ndash Segmento Tangerina na Paraiacuteba

Na seccedilatildeo 51 foram analisados os dados coletados nas entrevistas com os

stakeholders das instituiccedilotildees mais atuantes no arranjo A partir dessa anaacutelise pode-

se concluir que o suporte institucional existente para o APL possui parceiros

importantes e com potencial para apoiar a organizaccedilatildeo do arranjo bem como tem

capacidade teacutecnica para estimular e promover entre os produtores a cultura da

93

cooperaccedilatildeo Entretanto ficou evidenciado que este suporte institucional ainda eacute

fraacutegil e apresenta deficiecircncia na execuccedilatildeo das accedilotildees

A governanccedila praticada ainda eacute a governamental (prefeitura e Governo do

Estado) e se apresenta como a maior incentivadora do desenvolvimento da

citricultura na regiatildeo

No entanto percebe-se na fala de cada representante que as accedilotildees satildeo

realizadas isoladamente por cada entidade Mesmo que estas estejam integradas no

APL as accedilotildees continuam acontecendo conforme o planejamento institucional de

cada uma Essa realidade dificulta a flexibilidade dos gestores apoiarem outras

demandas mais significativas e impactantes para o arranjo

Contudo tentativa como a do SEBRAE de quebrar esse hiato possibilitou em

parceria com a Superintendecircncia Federal de Agricultura no Estado da Paraiacuteba a

criaccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema Apesar da atuaccedilatildeo deste Foacuterum

natildeo foi possiacutevel identificar a existecircncia de accedilotildees integradas e executadas de

maneira continuada entre os seus representantes que pudessem ser elaboradas e

validadas como prioridade para o desenvolvimento da tangerina na Paraiacuteba Essa

constataccedilatildeo foi observada nas respostas dos entrevistados Eles tambeacutem afirmam

que a poliacutetica partidaacuteria existente na regiatildeo dificulta a implementaccedilatildeo de accedilotildees

integradas

Os gestores institucionais natildeo perceberam que as poliacuteticas puacuteblicas

existentes para atender agraves necessidades do setor devem ser trabalhadas a partir de

uma interseccedilatildeo dos programas governamentais e natildeo governamentais que

potencializem projetos estruturantes possibilitando a sustentabilidade da atividade

econocircmica de forma equilibrada em toda a regiatildeo

Para analisar a visatildeo dos produtores em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo das poliacuteticas

puacuteblicas direcionadas ao APL discutida na seccedilatildeo 52 utilizou-se como ferramenta o

modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento ndash IAD composto por quatro niacuteveis

O niacutevel Micro permitiu a identificaccedilatildeo dos problemas mais frequentes dos

produtores que apesar de estarem organizados em associaccedilotildees e cooperativa natildeo

possuem o habito de resolver os problemas do segmento de modo cooperado

94

Tal constataccedilatildeo recai sobre a falta de diaacutelogo entre os atores fazendo com

que um hiato seja gerado na comunicaccedilatildeo dos participantes do arranjo Este fato

impede os produtores de obterem resultados promissores para o segmento e de

vislumbrarem a possibilidade de investir em inovaccedilatildeo de forma coletiva e realizar

uma comercializaccedilatildeo com maior poder de negociaccedilatildeo de preccedilo e de expansatildeo de

mercado

Outros fatores importantes detectados nesse niacutevel foram a baixa capacidade

produtiva entre as safras apesar de existir uma aacuterea expressiva para a produccedilatildeo de

citros falta de celeridade nas informaccedilotildees e descontinuidade nas accedilotildees dos

parceiros

No niacutevel Meso verificou-se que os produtores desconhecem poliacuteticas

especiacuteficas para o segmento da tangerina e questionam a falta de investimentos

financeiros para o setor a falta de orientaccedilatildeo de normas teacutecnicas de plantio e

manejo nos pomares a falta de integraccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre as instituiccedilotildees

governamentais e a falta de projetos que qualifiquem jovens e filhos de produtores

para atuarem no campo

Os produtores enfatizam tambeacutem a pouca atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees realizando

accedilotildees diferenciadas para cada associaccedilatildeo ou seja natildeo havendo criteacuterios para o

atendimento coletivo desses atores

Ao analisar o APL segundo o niacutevel Macro verificou-se que as poliacuteticas

macroeconocircmicas (cambial monetaacuteria e fiscal) e a poliacutetica de comeacutercio exterior natildeo

influenciam diretamente esse APL Por ser um arranjo de baixa renda e que utiliza

basicamente poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a agricultura familiar adequadas para

uma agricultura diversificada e natildeo especificamente para tangerina tais poliacuteticas

acabam natildeo incentivando a expansatildeo do plantio Neste caso o planejamento e a

organizaccedilatildeo produtiva da atividade de maior potencial econocircmico na regiatildeo natildeo satildeo

priorizados

Ainda sobre a poliacutetica econocircmica brasileira eacute notoacuteria a carecircncia de

esclarecimentos sobre como essa poliacutetica poderia dinamizar o segmento e o

desconhecimento sobre os incentivos governamentais para formalizaccedilatildeo de

agronegoacutecios

95

O niacutevel Meta analisou a cooperaccedilatildeo dos atores dentro de uma visatildeo

sistecircmica em que estes acreditam que gradativamente o setor estaraacute fortalecido

mas que ainda natildeo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e programas

governamentais voltados para o setor

Identificou-se tambeacutem que natildeo existe um consenso entre os produtores sobre

a efetividade das poliacuteticas aplicadas ao arranjo nem sobre a participaccedilatildeo das

associaccedilotildees e da cooperativa na defesa dos direitos dos seus associados e nem na

implementaccedilatildeo de um modelo de governanccedila que contribua com o desenvolvimento

do APL

Portanto apoacutes a anaacutelise da atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees e da percepccedilatildeo dos

produtores rurais em relaccedilatildeo agraves poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina espera-se que as contribuiccedilotildees identificadas nesta pesquisa

sirvam de instrumento balizador na adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas para

a citricultura no Estado e que novas perspectivas de incremento ao setor sejam

planejadas com a participaccedilatildeo e integraccedilatildeo das organizaccedilotildees sociais que compotildeem

o arranjo

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E RECOMENDACcedilOtildeES

Esta dissertaccedilatildeo analisou o Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash

Segmento Tangerina por se tratar de um APL de grande potencial econocircmico para

a Mesorregiatildeo do Agreste Paraibano

O trabalho proposto teve como finalidade analisar a estrutura organizacional

do APL identificar as poliacuteticas promotoras do desenvolvimento avaliar a

contribuiccedilatildeo das poliacuteticas disponibilizadas e propor medidas para a reduccedilatildeo das

falhas oriundas do processo de implementaccedilatildeo dessas poliacuteticas

Historicamente a regiatildeo em estudo eacute detentora de um nuacutemero expressivo de

produtores rurais que destinam suas atividades agriacutecolas no plantio de citros O

setor gera 4000 empregos diretos e 6000 empregos indiretos aproximadamente o

que torna o referido arranjo prioritaacuterio para o Estado

A produccedilatildeo de tangerina advinda do aglomerado produtivo apresenta como

diferencial competitivo a ocorrecircncia da safra na entressafra de outros estados e o

plantio com caracteriacutesticas orgacircnicas (sem uso de defensivos quiacutemicos)

Os stackholders entrevistados acreditam que o referido APL tem impacto na

economia local e regional tem mercado favoraacutevel para o escoamento da produccedilatildeo

eacute gerador de emprego e renda apresenta possibilidade de expansatildeo tem cultura

difundida na produccedilatildeo de tangerina e eacute promotor do desenvolvimento

socioeconocircmico coletivo da regiatildeo

Nos uacuteltimos anos apesar de ainda natildeo haver uma dinacircmica de trabalho

adequada para o segmento as instituiccedilotildees parceiras e suas respectivas poliacuteticas

contribuiacuteram para que o setor avanccedilasse

As principais poliacuteticas de apoio ao APL realizadas pelas instituiccedilotildees satildeo a

disponibilizaccedilatildeo de linhas de creacutedito destinadas agrave agricultura familiar (PRONAF)

estimulo agraves compras governamentais para os programas PNAE e PAA realizaccedilatildeo

de pesquisas de inovaccedilatildeo para a melhoria de mudas e plantas certificadas

97

promoccedilatildeo da transferecircncia de tecnologias e da capacitaccedilatildeo de matildeo-de-obra e

orientaccedilotildees de ATER no plantio da tangerina

Sendo assim para analisar o impacto das poliacuteticas aplicadas ao APL em

estudo foi utilizado o modelo do Instituto Alematildeo de Desenvolvimento - IAD Este

modelo analisa o arranjo com maior ecircnfase nos aspectos sociais e inclui a accedilatildeo do

Estado e a mobilizaccedilatildeo da sociedade como fatores determinantes para o aumento

da competitividade sistecircmica A partir desse modelo foi possiacutevel pesquisar atraveacutes

dos niacuteveis Micro Meso Meta e Macro como o setor estaacute organizado e como as

poliacuteticas satildeo percebidas pelos produtores

Ao concluir a anaacutelise da pesquisa dois pontos foram priorizados e

referenciados dentro do estudo o primeiro eacute a visatildeo das instituiccedilotildees parceiras e

fomentadoras de poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina

e o segundo a percepccedilatildeo dos produtores quanto agraves poliacuteticas disponibilizadas para o

aglomerado produtivo

Para as instituiccedilotildees o apoio ao segmento eacute realizado devido agrave importacircncia

econocircmica da produccedilatildeo de tangerina bem como 80 da populaccedilatildeo residir na zona

rural e ter como principal fonte de renda o cultivo da tangerina dancy Estes dois

fatores fazem com que as entidades governamentais vejam a atividade como

dinamizadora da economia para a regiatildeo

Outras accedilotildees advindas dessas entidades foram identificadas na pesquisa

contrataccedilatildeo de um especialista em tangerina melhoria das estradas vicinais para o

escoamento da produccedilatildeo promoccedilatildeo de visitas teacutecnicas e intercacircmbio reuniotildees

informativas sobre programas e poliacuteticas de desenvolvimento existentes para o

segmento e constituiccedilatildeo do Foacuterum de Fruticultura da Borborema

Para os produtores esse apoio das instituiccedilotildees natildeo eacute percebido como poliacutetica

efetiva pois eacute executado sem um planejamento permanente de accedilotildees para o

periacuteodo de safra e de entressafra

As associaccedilotildees e a cooperativa tambeacutem sentem que as instituiccedilotildees natildeo estatildeo

atuando de forma integrada ou seja natildeo foi visualizado um programa para a

citricultura principalmente para a tangerina em que houvesse a contribuiccedilatildeo de

todos os parceiros periodicamente visando o crescimento do APL

98

Aleacutem disso os produtores tambeacutem enfatizaram que o atendimento das

demandas por parte das instituiccedilotildees eacute realizado individualmente ou coletivamente

dependendo do tipo de accedilatildeo programada em cada oacutergatildeo o que muitas vezes

impede accedilotildees coletivas bem mais significativas para o APL como um todo

Esse apoio institucional realizado pelos parceiros de forma desarticulada e

com atendimentos diferenciados tem estimulado nos produtores descreacutedito nas

accedilotildees disponibilizadas pelos governos municipais e estadual

A falta de uma poliacutetica que intensifique as atividades econocircmicas e

tecnoloacutegicas no APL faz com que a produccedilatildeo de citros na Paraiacuteba sofra um

descompasso entre a grande demanda por esses frutos de mesa e a baixa

competitividade desse setor

Sendo assim faz-se necessaacuterio a formulaccedilatildeo de novas poliacuteticas e adequaccedilatildeo

das jaacute existentes para que o arranjo possa se desenvolver com eficiecircncia e

competitividade

Sugere-se tambeacutem como alternativa complementar nas propostas de poliacuteticas

puacuteblicas a inserccedilatildeo das potencialidades de investimento dos municiacutepios que

compotildeem o APL (ver Apecircndice C) apresentadas nos Mapas de Oportunidades do

Estado da Paraiacuteba (FIEP 2009)

Na proacutexima seccedilatildeo seratildeo apresentadas as contribuiccedilotildees para a formulaccedilatildeo de

tais poliacuteticas

61 Recomendaccedilotildees para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

A pesquisa realizada no Arranjo Produtivo Local da Citricultura ndash Segmento

Tangerina identificou que este APL natildeo possui infraestrutura tecnoloacutegica e logiacutestica

para vender em mercados que exigem qualidade e prazo de entrega a exemplo das

grandes redes de supermercado nacional ou para exportaccedilatildeo

Os avanccedilos obtidos a partir dos apoios institucionais ainda natildeo satildeo

suficientes para que o arranjo seja competitivo e desponte nacionalmente como um

99

aglomerado de excelecircncia na produccedilatildeo de tangerina Espera-se que com a

implementaccedilatildeo de poliacuteticas adequadas para o segmento esse arranjo seja capaz de

promover o aumento da inclusatildeo social fazendo com que a dependecircncia do

agricultor por auxiacutelios governamentais como parte complementar de sua renda

sejam substituiacutedos por trabalho e geraccedilatildeo de riqueza

Para tanto diante das discussotildees geradas nesta dissertaccedilatildeo sugerem-se

algumas propostas que possam contribuir na formulaccedilatildeo de uma poliacutetica especiacutefica

para o segmento e a readequaccedilatildeo das poliacuteticas praticadas pelas instituiccedilotildees

governamentais e natildeo governamentais atuantes no APL Tais propostas satildeo

1 Formataccedilatildeo de uma poliacutetica governamental especiacutefica para a produccedilatildeo de citros

no APL que induza o aumento da produtividade dos plantios e a respectiva

comercializaccedilatildeo

Esta poliacutetica deve priorizar

A assistecircncia teacutecnica e extensatildeo rural de forma permanente executada pela

EMATER SENAR e MAPASEDAP

O aumento de recursos para o setor a ser incluiacutedo nos orccedilamentos estadual e

municipais bem como no das instituiccedilotildees estatais e privadas atuantes no

arranjo

O fomento a pesquisas e a inovaccedilatildeo direcionadas para a melhoria da

produccedilatildeo de tangerina e sua transferecircncia para os produtores

A implantaccedilatildeo de uma estufa destinada a produccedilatildeo de mudas certificadas

para o arranjo

O incentivo dos governos estadual e municipais em comprar um percentual da

produccedilatildeo advinda do APL

A compra de tangerina pelos programas governamentais federais (PNAE

PAA e CEASA) agrave cooperativa como forma de fortalecer a empresa acircncora do

segmento formalizar as vendas e reduzir a presenccedila do atravessador na

comercializaccedilatildeo

A capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica de jovens e filhos de agricultores oriundos desse

arranjo

100

2 Estimular os governos estadual e municipais a priorizarem em seus planos

plurianuais accedilotildees de incentivo ao desenvolvimento do APL da Citricultura

Este estiacutemulo deve partir de estrateacutegias que

Definam um programa que padronize as mudas de tangerina no Estado

Formalizem um programa de prevenccedilatildeo e combate agrave mosca negra e outras

pragas nos plantios de citros

Orientem e capacitem os produtores a realizarem o manejo de seus pomares

seguindo as orientaccedilotildees teacutecnicas e as normas ambientais

Formalizem premiaccedilotildees para os produtores mais criativos e competitivos

Formalizem convecircnio teacutecnico com o SEBRAE para formataccedilatildeo de um

programa de empreendedorismo visando desenvolver a gestatildeo dos

agronegoacutecios implantados no arranjo

3 Integraccedilatildeo de accedilotildees entre as instituiccedilotildees governamentais atuantes no APL

Tal poliacutetica deve visar

Reduzir gastos com atividades em duplicidade para fortalecer o segmento

com accedilotildees implementadas de forma continuada e aumentar a capacidade de

atendimento agraves demandas dos produtores

Direcionar a atuaccedilatildeo de cada instituiccedilatildeo com suas respectivas expertises para

resolver os gargalos teacutecnicos e tecnoloacutegicos dentro do arranjo

Aumentar o diaacutelogo entre as instituiccedilotildees visando agrave integraccedilatildeo de accedilotildees

conjuntas

4 Incentivo a reduccedilatildeo de encargos fiscais e taxas para as organizaccedilotildees

(associaccedilotildees e cooperativas) que compotildeem o arranjo produtivo

Os arranjos produtivos locais necessitam de uma poliacutetica fiscal que reduza as

taxas e isenccedilotildees fiscais como forma de incentivar a participaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo das

organizaccedilotildees coletivas oriundas do referido arranjo Como propostas de incentivos

para o APL sugere-se

Isenccedilatildeo da taxa de alvaraacute da Agencia Estadual de Vigilacircncia Sanitaacuteria da

Paraiacuteba ndash AGEVISA em troca da participaccedilatildeo coletiva dos associados e

101

cooperados nos cursos de manipulaccedilatildeo de alimentos Essa poliacutetica permitiraacute

capacitar as pessoas para manipularem os alimentos com maior seguranccedila e

higiene priorizando os empreendimentos localizados em APL

Criar uma licenccedila simplificada que substitua as trecircs licenccedilas ambientais

(licenccedila preacutevia licenccedila de instalaccedilatildeo e licenccedila de operaccedilatildeo) exigidas pela

SUDEMA visando reduzir o tempo de tramitaccedilatildeo dessas licenccedilas para

agilizar a implantaccedilatildeo de projetos em APLs de baixa renda

Subsidiar a implantaccedilatildeo da Tarifa Verde em aacutereas de citricultura (reduccedilatildeo no

valor da tarifa de energia no periacuteodo noturno) e a aquisiccedilatildeo do medidor para

afericcedilatildeo da energia com taxa diferenciada Essa poliacutetica permitiraacute que os

citricultores possam investir em irrigaccedilatildeo nos seus pomares

5 Poliacutetica de acompanhamento e avaliaccedilatildeo da evoluccedilatildeo social educacional

econocircmica e de inovaccedilatildeo em APLs beneficiados por programas governamentais e

por instituiccedilotildees estatais

Esta poliacutetica deve buscar

Avaliar a efetividade do APL em estudo

Acompanhar os primeiros quatro anos de desenvolvimento do arranjo apoacutes a

transferecircncia de recursos advindos de programas e projetos tempo este

necessaacuterio para que os empreendimentos atinjam sua sustentabilidade

financeira

Realizar cursos de capacitaccedilatildeo para gestores e coordenadores de programas

em arranjos produtivos utilizando a competecircncia da RedeSist e do GPT APL

Estimular a formaccedilatildeo de agentes de APL como forma de reduzir o hiato

existente entre o setor produtivo e as instituiccedilotildees parceiras bem como

contribuir na difusatildeo das informaccedilotildees e na transferecircncia de accedilotildees de poliacuteticas

sociais e tecnoloacutegicas

Propor cursos teacutecnicos e de especializaccedilatildeo para jovens protagonistas da

regiatildeo que possam contribuir no processo de sustentabilidade do arranjo da

citricultura

102

Incentivar a criaccedilatildeo de um sistema de informaccedilatildeo para o APL e interligaacute-lo em

rede possibilitando avaliar quantitativamente e qualitativamente a evoluccedilatildeo

econocircmica e produtiva do arranjo

6 Aumentar os incentivos financeiros do Governo do Estado para o APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

As propostas de accedilotildees governamentais para o aumento dos incentivos satildeo

Priorizar o referido arranjo em seus planos de accedilatildeo destinando recursos do

Fundo de Erradicaccedilatildeo e Combate agrave Pobreza do Estado da Paraiacuteba ndash

FUNCEP-PB para desenvolver accedilotildees de empreendedorismo implantaccedilatildeo de

agronegoacutecios e capacitaccedilatildeo profissional

Destinar um percentual dos recursos de ciecircncia e tecnologia para o

desenvolvimento de pesquisas e inovaccedilatildeo para o arranjo

Apoiar a implantaccedilatildeo de uma cozinha industrial visando o aperfeiccediloamento de

jovens e mulheres da zona rural que fabricam doces geleias bolos biscoitos

sucos cocadas e casquinhas de tangerina como alternativa de ocupaccedilatildeo e

renda

Nesta dissertaccedilatildeo foi verificado que os produtores de tangerina utilizam

basicamente como linha de creacutedito o programa Pronaf Sugere-se que o Governo

Federal (SUDENE BNB FINEP BNDES Banco do Brasil e Caixa Econocircmica) insira

uma linha de financiamento diferenciada neste programa destinando mais recursos

para projetos coletivos voltados para o desenvolvimento do APL

62 Trabalhos Futuros

Ao teacutermino desta dissertaccedilatildeo espera-se que os resultados obtidos contribuam

na concepccedilatildeo de novas poliacuteticas puacuteblicas para o APL da Citricultura - Segmento

Tangerina e que novas reflexotildees sejam geradas nas instituiccedilotildees e nas organizaccedilotildees

coletivas sobre o potencial econocircmico e social desse aglomerado produtivo Como

trabalhos futuros sugerem-se

103

Realizar um estudo sobre a cultura organizacional tradicional existente no

arranjo analisando os fatores que impedem seu desenvolvimento

Dar continuidade agraves pesquisas sobre poliacuteticas puacuteblicas indutoras de

desenvolvimento socioeconocircmico em APLs agriacutecolas de baixa renda visando

identificar quais dessas poliacuteticas poderiam ser replicadas no APL da

Citricultura ndash Segmento Tangerina

Pesquisar porque a cultura da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica ainda natildeo eacute aplicada

como um vetor de desenvolvimento no APL estudado

Estudar a potencialidade do arranjo em desenvolver novos produtos com

maior valor agregado a partir da tangerina

Estudar a formataccedilatildeo de uma poliacutetica de educaccedilatildeo profissional para as aacutereas

de gestatildeo de negoacutecio e organizaccedilatildeo produtiva em APLs de baixa renda

Estudar se o niacutevel educacional dos produtores de tangerina tem influecircncia no

entendimento e absorccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas disponibilizadas pelas

instituiccedilotildees governamentais e natildeo governamentais

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112

APEcircNDICE A - Entrevista Semiestruturada para Instituiccedilotildees que apoiam APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo

Nome da entidade _______________________________________________________________

Sigla da entidade ___________________________

Acircmbito de atuaccedilatildeo da instituiccedilatildeo ____________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Apoio da Instituiccedilatildeo para o desenvolvimento do APL

21 Como a instituiccedilatildeo identifica Arranjos Produtivos Locais (baseia-se nas

variaacuteveis abaixo)

( ) A concentraccedilatildeo de produtores de tangerina no territoacuterio

( ) Concentraccedilatildeo de indiviacuteduos ocupados

( ) Cooperaccedilatildeo entre os atores participantes do arranjo

( ) Existecircncia de mecanismos de governanccedila

22 Porque o APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina foi selecionado para o

apoio existe alguma forma de priorizaccedilatildeo (ex impacto na economia

regionallocal impacto social tradiccedilatildeo regional outros) Justifique

113

23 A partir de quais criteacuterios a instituiccedilatildeo selecionou os beneficiaacuterios para

formalizar a parceria (atraveacutes de programas demanda dos produtores

demanda das associaccedilotildeescooperativas outros)

24 Como a Instituiccedilatildeo trabalha para que as informaccedilotildees acerca dos

programas de apoio ao APL cheguem ao seu puacuteblico-alvo

25 Quais os principais desafios que a instituiccedilatildeo enfrenta no apoio ao APL

(operacional financeiro qualificaccedilatildeo de pessoal outros)

26 Quais satildeo as vantagens em atuar a partir do enfoque em APL no

EstadoRegiatildeo Justifique

3 Quanto agrave relaccedilatildeo da Instituiccedilatildeo com os produtores Associaccedilotildees e

Cooperativas

31 Quantas cooperativasassociaccedilotildees participam do programa de apoio

concedido pela instituiccedilatildeo Quais satildeo Sua localizaccedilatildeo

32 Quais satildeo as principais demandas de apoio por parte dos atores do APL

33 Quais satildeo as principais formas de apoio que a instituiccedilatildeo concede ao APL

34 Como a Instituiccedilatildeo avalia o grau de adesatildeo do puacuteblico alvo aos programas

oferecidos

35 Quais as principais dificuldades que o puacuteblico alvo encontra para participar

desses programas ofertados

36 A Instituiccedilatildeo acredita que os produtoresInstituiccedilotildeesassociaccedilotildees

cooperativas envolvidas no APL atuam de forma cooperada para realizar

suas atividades

37 Vocecirc poderia citar alguns exemplos de cooperaccedilatildeo entre produtores

Instituiccedilotildeesassociaccedilotildeescooperativas (especificar para o APL)

4 Parceiros atuantes no APL

114

41 Quais satildeo os principais parceiros que apoiam o APL De que forma

atuam Avalie a importacircncia da cooperaccedilatildeo

42 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual a Instituiccedilatildeo conhece

poliacuteticas especificas de apoio ao APL Quais

43 As accedilotildees da Instituiccedilatildeo satildeo realizadas de forma integrada com os governos

Federal Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo

buscando ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas

accedilotildees com o governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de

accedilatildeo conjunta

5 Visatildeo da Instituiccedilatildeo quanto agrave potencialidade do APL

51 Em relaccedilatildeo ao apoio de sua instituiccedilatildeo em que momento eacute percebido a

intensidade (mais forte ou mais fraca) da cooperaccedilatildeo dos beneficiados

(pex na eficiecircncia e na inovaccedilatildeo nos serviccedilos administrativos na

aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas vendas no financiamento desenvolvimento

de processos e produtos etc)

52 Como a Instituiccedilatildeo percebe a diferenciaccedilatildeo no sistema produtivo (pex a

grande maioria da produccedilatildeo vem de produtores informais que adota

sistema arcaico por outro lado temos uma pequena parcela em fase de

modernizaccedilatildeo)

53 Dos que buscam a modernizaccedilatildeo a produccedilatildeo eacute integrada horizontalmente

a atividades agroindustriais Como a Instituiccedilatildeo percebe essa

modernizaccedilatildeo

54 Para a Instituiccedilatildeo quais os principais problemas desse segmento

( ) ausecircncia de padronizaccedilatildeo do plantio de tangerina

( ) baixa capacidade gerencial

( ) dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo

( ) competiccedilatildeo com tangerina produzida em outras regiotildees brasileiras

( ) elevados custos de comercializaccedilatildeo

115

( ) outros (especifique) __________________________________________

6 Existecircncia de oacutergatildeos de regulamentaccedilatildeo ambiental e fiscalizaccedilatildeo

sanitaacuteria

61 A Instituiccedilatildeo conhece leis ou instruccedilotildees normativas que estabelecem os

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

62 Na produccedilatildeo como satildeo vistas as questotildees como controle da qualidade

versus tradiccedilatildeo na forma de produzir a tangerina

7 Quanto agrave comercializaccedilatildeo

71 Quais os principais concorrentes

72 uais os canais de distribuiccedilatildeo comercializaccedilatildeo e logiacutestica

73 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

8 Quanto a projetos e planos futuros

81 Quais satildeo os esforccedilos que a Instituiccedilatildeo estaacute fazendo para consolidar o APL

da Citricultura - Segmento Tangerina

82 Quais satildeo os projetos e planos futuros que a Instituiccedilatildeo espera com a

consolidaccedilatildeo do APL

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

116

APEcircNDICE B - Entrevista Semiestruturada para Associaccedilotildees

Cooperativas e Produtores que participam do APL da Citricultura - Segmento Tangerina na Paraiacuteba

1 Identificaccedilatildeo da AssociaccedilatildeoCooperativaProdutor

Nome da entidadeprodutor _______________________________________________________________

Sigla da entidade (se houver) ___________________________

Ano de Fundaccedilatildeo _______________

Atividade principal _______________________________________________

Nome do entrevistado _____________________________________________

Funccedilatildeo desempenhada pelo entrevistado __________________________________________

Endereccedilo (Rua Av Praccedila) _______________________________________________________________

Bairro __________________________ CEP __________________________

Cidade _______________________ Telefone Fax _____________________

E-mail _____________________________ Site ________________________

2 Dados econocircmicos sobre a CooperativaAssociaccedilatildeo 2008 2009 2010

CooperadosAssociados ( ) ( ) ( ) FATURAMENTO (mil) ndash R$ ( ) ( ) ( ) Mercado interno () ( ) ( ) ( ) Mercado externo () ( ) ( ) ( ) DESTINO DOS PRODUTOS Paraiacuteba ( ) ( ) ( ) Outros estados do Nordeste ( ) ( ) ( ) Outras regiotildees ( ) ( ) ( ) Outros paiacuteses ( ) ( ) ( )

117

3 Niacutevel de escolaridade do responsaacutevel pelas informaccedilotildees Niacutevel escolaridade Fundamental ( ) Meacutedio ( ) superior incompleto ( ) Superior completo ( ) Poacutes-graduaccedilatildeo ( ) Teacutecnico ( ) Outros _______________

Funccedilatildeo do respondente na CooperativaAssociaccedilatildeo_____________________

ANAacuteLISE META

1 Os atores do arranjo conseguem interferir na elaboraccedilatildeo de planos e

programas governamentais voltados para o APL da Citricultura ndash Segmento

Tangerina

2 Vocecirc acredita que os atores locais estatildeo predispostos agrave cooperaccedilatildeo dado o

atual niacutevel de confianccedila entre os parceiros

3 Existe a praacutetica de troca de conhecimento entre os parceiros que permitam

elevar a competitividade do arranjo frente a outros concorrentes nacionais

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL META (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos estadual e local estatildeo interessados no desenvolvimento do arranjo

2 O produtor de tangerina desfruta de prestigio diante de outras atividades agriacutecolas setoriais do Estadolocal

3

As associaccedilotildees e cooperativas tecircm uma ampla participaccedilatildeo no setor atuando de maneira democraacutetica em defesa dos seus soacutecios

4 Existem meios eficazes e canais de comunicaccedilatildeo e negociaccedilatildeo entre governo local e o setor privado

5

Existe uma busca por um bom modelo de governanccedila para contribuir efetivamente com o desenvolvimento do arranjo

118

ANAacuteLISE MACRO

1 A partir do ano de 2006 o Governo Federal passou a incentivar o tema

Arranjos Produtivos Locais (APL) por meio da incorporaccedilatildeo programas e

accedilotildees no acircmbito do Plano Plurianual 2004-2007 e a criaccedilatildeo do Grupo de

Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP APL) foi

sentido algum beneficio praacutetico a partir dessa medida

2 Como resolver o problema do atravessador e a reduccedilatildeo da informalidade no

setor jaacute que o APL da Citricultura ndash Segmento da Tangerina tecircm

associaccedilotildees e cooperativas legalmente constituiacutedas

3 O governo local tem direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do

APL

4 Quais instituiccedilotildees disponibilizam linha de financiamento para melhorar o

processo produtivo A que condiccedilotildees Existe acompanhamento na

aplicaccedilatildeo dos recursos

5 O que vocecirc pode informar sobre fontes de financiamento para expansatildeo de

capacidade capital de giro e melhoria da produccedilatildeo

6 Quais satildeo os esforccedilos que vocecirc estaacute fazendo para consolidar o APL da

Citricultura ndash Segmento da Tangerina

7 Quais satildeo os projetos e planos futuros que vocecirc espera com a consolidaccedilatildeo

do APL

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo totalmente

2 Discordo parcialmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

119

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Os governos locais tecircm direcionado parte de seu orccedilamento agrave promoccedilatildeo do APL

2 A poliacutetica econocircmica brasileira favorece o crescimento do setor

3 A atual poliacutetica de juros dos bancos puacuteblicos ajuda na concessatildeo de creacuteditos

4 O governo tem incentivado a formalizaccedilatildeo dos negoacutecios

5 A carga tributaacuteria prejudica na formalizaccedilatildeo

6 As leis trabalhistas prejudicam na formalizaccedilatildeo

ANAacuteLISE MESO

1 Do ponto de vista das esferas Federal e Estadual existe poliacutetica especifica

de apoio ao APL da Citricultura ndash Segmento Tangerina como produto

genuinamente regional Quais

2 As accedilotildees satildeo realizadas de forma integrada com os governos Federal

Estadual e Municipal eou instituiccedilotildees promotoras do arranjo buscando

ampliar sua competitividade (pex existe comunicaccedilatildeo dessas accedilotildees com o

governo e as outras instituiccedilotildees) Quais as estrateacutegias de accedilatildeo conjunta

3 A poliacutetica comercial brasileira favorece as exportaccedilotildees desse tipo de fruta

4 Existe poliacutetica de financiamento especializada que ajude no desenvolvimento

de produtos com tradiccedilatildeo local

5 Como o arranjo poderia obter recursos financeiros junto aos organismos e

bancos governamentais

6 Como tem sido a contribuiccedilatildeo por parte das instituiccedilotildees de apoio ao arranjo

7 Existe desenvolvimento de accedilotildees junto a organizaccedilotildees natildeo governamentais

8 Eacute possiacutevel identificar as instituiccedilotildees parceiras do arranjo e quais outras

poderiam participar

120

9 Existem eou conhece leis ou instruccedilotildees normativas estabelecendo

requisitos e procedimentos para produccedilatildeo de tangerina na Paraiacuteba

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Discordo parcialmente

2 Discordo totalmente

3 Indiferente

4 Concordo parcialmente

5 Concordo totalmente

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MESO (1) (2) (3) (4) (5)

1 Governo e outras organizaccedilotildees desenvolvem poliacuteticas para a promoccedilatildeo do arranjo e promoccedilatildeo de negoacutecios

2

O arranjo avalia periodicamente as poliacuteticas de promoccedilatildeo produtiva e comercial dos oacutergatildeos gestores governamentais

3 A maioria das instituiccedilotildees parceiras busca responder agraves demandas do arranjo

4 A participaccedilatildeo em associaccedilotildees e cooperativas fortalece o setor

5 O arranjo tem seus interesses coletivos defendidos por algum tipo de representante

6 As instituiccedilotildees locais de ensino superior respondem agraves necessidades dos produtores e do mercado de trabalho

7 A alianccedila com universidades tem fortalecido o desenvolvimento do APL

8 A coordenaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo entre instituiccedilotildees e o setor produtivo eacute bem estabelecida e praacutetica

121

Indique como se apresenta a relaccedilatildeo do arranjo com seus parceiros

PARCEIROSSTAKEHOLDERS OacuteTIMO BOM REGULAR RUIM SEM RELACcedilAtildeO

AssociaccedilotildeesCooperativas e instituiccedilotildees de apoio

Instituiccedilotildees financeiras

Fornecedores e outras empresas do arranjo

Instituiccedilotildees de pesquisa e Universidades

Governos e suas secretarias eou oacutergatildeos

NIacuteVEL MICRO

1 A atividade produtiva utiliza a mesma espeacutecie de laranja entre os

plantadores de tangerina da regiatildeo ou buscam mateacuteria-prima (novas

espeacutecies) em outros Estados

122

2 O processo de cultivo da tangerina sofreu alteraccedilotildees bruscas ao longo de

sua existecircncia na regiatildeo Por quecirc

3 Quais satildeo os diferenciais competitivos da CooperativaAssociaccedilatildeo

(sazonalidade preccedilo qualidade prazos de entrega)

4 Quais municiacutepios que concentram o maior plantio de tangerina

5 Na plantaccedilatildeo como satildeo vistos questotildees como controle da qualidade versus

tradiccedilatildeo na forma de cultivar a tangerina

6 Existe deficiecircncia nos canais de comercializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e logiacutestica

Analisar os destinos interno e externo para a venda

7 Existe algum tipo de procedimento que busque a certificaccedilatildeo da tangerina

como orgacircnica

8 A produccedilatildeo de laranja eacute vendida no comeacutercio local regiatildeo ou no mercado

nacional

9 Aponte os principais problemas desse segmento i) ausecircncia de

padronizaccedilatildeo da tangerina ii) baixa capacidade produtiva entre as safras iii)

dificuldade de acesso a canais de distribuiccedilatildeo iv) competiccedilatildeo com outras

variedades de tangerinas v) elevados custos de comercializaccedilatildeo

10 Quais os principais concorrentes

Responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

123

VARIAacuteVEIS NIacuteVEL MACRO (1) (2) (3) (4) (5)

1

A mateacuteria prima (mudas) eacute selecionada de modo que permita ao produto (tangerina) manter uma homogeneidade proacutepria da regiatildeo

2 A produccedilatildeo de tangerina responde a demanda do mercado

3 A COOPERTANGE (empresa acircncora) se preocupa em ter um diferencial competitivo frente ao mercado

4 Existem esforccedilos para o desenvolvimento da produccedilatildeo de tangerina

5 Existe pesquisa e desenvolvimento para a melhoria da qualidade e aumento da produccedilatildeo da tangerina

6 Esforccedilos satildeo realizados para o desenvolvimento dos canais de comercializaccedilatildeo interno e externo

7 Existe preocupaccedilatildeo sobre os impactos ambientais gerados pelo plantio e cultivo de tangerina

8 A matildeo-de-obra eacute incentivada a passar por treinamentocapacitaccedilotildees

Com relaccedilatildeo agraves principais formas de cooperaccedilatildeo no APL responda seguindo o criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Nunca

2 Raramente

3 Moderadamente

4 Frequentemente

5 Sempre

Formas de Cooperaccedilatildeo (1) (2) (3) (4) (5)

1 Compra de insumos e equipamentos

2 Venda de produtos

3 Desenvolvimento de teacutecnicas de plantio

4 Capacitaccedilatildeo de recursos humanos

5 Obtenccedilatildeo de financiamento

6 Reivindicaccedilotildees a governosinstituiccedilotildees

7 Participaccedilatildeo em feiras seminaacuterios etc

124

Com relaccedilatildeo agraves principais fontes de informaccedilatildeo para o arranjo responda seguindo o criteacuterio de importacircncia

1-2 Menos importante

3 Meacutedia

4-5 Mais importante

Fonte de Informaccedilatildeo

Escala de Importacircncia

Menos importante

Meacutedia Mais

importante

Fontes internas (1) (2) (3) (4) (5)

1 Pesquisa e Desenvolvimento

2 Aacuterea de produccedilatildeo

3 Aacuterea de vendas e marketing

4 Serviccedilo de atendimento ao cliente

Fontes externas (1) (2) (3) (4) (5)

5 Fornecedores de insumos

6 Clientes

7 Concorrentes

8 Outras empresas do setor

9 Empresas de consultoria

Universidades e Institutos de Pesquisa (1) (2) (3) (4) (5)

10 Universidades

11 Institutos de pesquisas

12 Centro de capacitaccedilatildeo profissional

13 Assistecircncia teacutecnica e manutenccedilatildeo

14 Instituiccedilotildees de testes e certificaccedilotildees

Outras fontes (1) (2) (3) (4) (5)

15 Seminaacuterios conferecircncias cursos publicaccedilotildees especializadas

16 Feiras especializadas

17 Associaccedilotildees e sindicatos

18 Informaccedilotildees de redes baseadas na Internet

125

Com relaccedilatildeo agrave estrateacutegia empresarial e praacuteticas gerenciais responda seguindo o seguinte criteacuterio de classificaccedilatildeo

1 Natildeo conhecemos

2 Conhecemos mas nunca utilizamos

3 Utilizamos algumas vezes

4 Utilizamos com frequecircncia

5 Utilizamos sempre

Praacuteticas Gerenciais (1) (2) (3) (4) (5)

1 Planejamento estrateacutegico

2 Pesquisa de mercado

3 Sistema de gestatildeo ambiental

4 Praacuteticas de Produccedilatildeo Limpa

5 Ajuste da capacidade produtiva

6 Planejamento e controle da produccedilatildeo

7 Gerenciamento de projetos

______________ ________________ 2011

_____________________________ Responsaacutevel pelas respostas

_________________________________ Entrevistadora

126

APEcircNDICE C ndash Mapas de Oportunidades dos Municiacutepios que Compotildeem o APL da Citricultura ndash

Segmento Tangerina no Estado da Paraiacuteba

Municiacutepio de Matinhas

127

Municiacutepio de Alagoa Nova

128

Municiacutepio de Satildeo Sebastiatildeo de

Lagoa de Roccedila

129

Municiacutepio de Lagoa Seca

130

Municiacutepio de Esperanccedila

131

Municiacutepio de Massaranduba

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