UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para...

116
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIËNCIAS PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS Anderson da Conceição Santos Sobral OS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA: IMPLICAÇÕES CRONOESTRATIGRÁFICAS, PALEOECOLÓGICAS E PALEOBIOGEOGRÁFICAS Dissertação de Mestrado 2011

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIËNCIAS

PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Anderson da Conceição Santos Sobral

OS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA: IMPLICAÇÕES CRONOESTRATIGRÁFICAS,

PALEOECOLÓGICAS E PALEOBIOGEOGRÁFICAS

Dissertação de Mestrado

2011�

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

ANDERSON DA CONCEIÇÃO SANTOS SOBRAL

Biólogo, Universidade Federal de Sergipe, 2007

OS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA: IMPLICAÇÕES CRONOESTRATIGRÁFICAS, PALEOECOLÓGICAS E PALEOBIOGEOGRÁFICAS

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Geociências do Centro de Tecnologia e Geociências da Universidade Federal de Pernambuco, orientada pela Profª Dra. Alcina Magnólia Franca Barreto (Departamento de Geologia, Universidade Federal de Pernambuco) e co-orientada pela Dra. Maria Helena Zucon (Departamento de Biologia, Universidade Federal de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Geociências, área de concentração Geologia Sedimentar e Ambiental.

Recife – PE

2011

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

S677a Sobral, Anderson da Conceição Santos.

Os amonóides da Bacia da Paraíba: implicações cronoestratigráficas, paleoecológicas e paleobiogeográficas / Anderson da Conceição Santos Sobral. - Recife: O Autor, 2011.

74 folhas, il., gráfs., tabs.

Orientadora: Profª. Drª. Alcina Magnólia Franca Barreto. Co-Orientadora: Profª. Drª. Maria Helena Zucon. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.

CTG. Programa de Pós-Graduação em Geociências, 2011. Inclui Referências Bibliográficas, Pranchas e Anexos.

1. Geociências. 2. Cephalopoda. 3. Formação Gramame. 4. Formação Itamaracá. 5. Cretáceo Superior. I. Barreto, Alcina Magnólia Franca. II. Zucon, Maria Helena. III. Título.

UFPE

551 CDD (22. ed.) BCTG/2011-118

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

OS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA: IMPLICAÇÕES CRONOESTRATIGRÁFICAS, PALEOECOLÓGICAS E PALEOBIOGEOGRÁFICAS

ANDERSON DA CONCEIÇÃO SANTOS SOBRAL

Aprovado:

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Dedico este trabalho os meus pais Maria da Conceição Santos Sobral e Jose Adelson Sobral

(in memorian) e a minha tia Terezinha por apoiarem todos os projetos da minha vida.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

O que somos é apenas um passo para o que podemos nos tornar. (Autor desconhecido)

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq, pela concessão da bolsa que viabilizou a realização deste trabalho;

Ao corpo docente e administrativo do Programa de Pós-graduação em Geociências da UFPE pelo apoio e pelas valiosas informações compartilhadas;

A professora Alcina Barreto pelo acolhimento, pela confiança e parceria firmada na realização deste trabalho aceitando orientá-lo;

A professora Maria Helena Zucon pela primeira oportunidade no mundo científico, por aceitar co-orientar este trabalho;

Aos paleontólogos Geraldo Costa Barros Muniz e Karl Beurlen (in memorian) pelos fósseis que coletaram e foram analisados neste trabalho;

Aos demais familiares: irmã, tias e primos (as) pela torcida e pelos incentivos;

Aos amigos(as) do Paleolab UFPE Fabiana Marinho, David Holanda, Priscilla Albuquerque, Ricardo Lobo, Bruno Ferreira, Marcia Cristina, Paulo Victor, Édison Vicente, César Filgueiras, Tatiane Lima e Thays da Rocha pelo companheirismo, pelos ensinamentos compartilhados e por terem me ajudado durante o mestrado;

Aos amigos de Aracaju: Andreza Andrade, Edilene Macedo, Fabio Lira, Geize Caroline, Gilson Pereira, Lucileide Macedo, Marquezine Franco, Rick Taynor, pelos incentivos e apoio na minha mudança para Recife;

Aos amigos Claudio Cabral, Diogo Chalegre, Lidiane, Roberta Lane e Vladimir Filho pelo companheirismo no dia a dia;

Aos colegas do mestrado: Clarissa Raquel, Eduardo Barreto, Geiviane Karine, Natan Pereira, Rene Jota, Tiago Lopes pelas horas de estudo compartilhadas;

Agradeço a Deus pela força concedida para realização deste trabalho;

A todos(as) o meu OBRIGADO.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

RESUMO

A Bacia da Paraíba desempenha um papel importante para elucidar a história do Atlântico

Sul, uma vez que, integra o sistema de bacias marginais do leste sul-americano e foi à última

porção a se separar durante fragmentação do Gondwana. O presente trabalho tem como

objetivo o estudo dos amonóides da Bacia da Paraíba sob aspectos cronoestratigráficos,

paleobiogeográficos e paleoecológicos. A metodologia empregada durante a realização da

pesquisa foi divida nas seguintes etapas: levantamento do acervo paleontológico da coleção

científica do DGEO-CTG-UFPE; trabalhos em laboratório, para preparação, identificação,

classificação e catalogação do material; revisão taxonômica dos amonóides da bacia. Foram

registradas para a formação quatro ordens de amonóides típicas do Cretáceo, sete gêneros e

nove espécies: PHYLLOCERATINA Hypophylloceras (Neophylloceras) surya Forbes, 1846;

LYTOCERATINA, Gaudryceras varicostatum van Hoepen, 1921; AMMONITINA,

Hauericeras Grossouvre, 1894, Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti Seunes, 1890;

Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus von Hauer, 1858; Sphenodiscus lobatus Tuomey,

1854; ANCYLOCERATINA, Axonoceras cf. compressum Stephenson, 1941; Axonoceras

pingue Stephenson ?; Diplomoceras cylindraceum Defrance, 1816. Os amonóides da Bacia da

Paraíba apresentam idades que vão do Campaniano superior ao Maastrichtiano. A espécie

Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus é registrada pela primeira vez para a bacia. A

paleofauna estudada apresenta freqüência que varia entre comum e raro, indica ambiente

nerítico profundo de plataforma continental entre 100 e 200m para a bacia e 60% são

cosmopolitas sendo registradas em todas as paleoprovíncias, apresenta também uma maior

relação com a fauna sul americana e tetiana.

Palavras-chave: Cephalopoda, Formação Gramame, Formação Itamaracá, Cretáceo Superior.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

ABSTRACT

Paraíba Basin is important in the history of

South Atlantic, as it integrates the system marginal basins of south-east

American and was the last piece to fall apart during fragmentation of Gondwana. This paper

aims to study the ammonites in the Paraíba Basin

cronostratigraphic, paleoecological and paleobiogeographic aspects. The methodology

employed during the research was divided into the following steps:

survey of the paleontological collection of the DGEO-CTG-UFPE,

laboratory work, preparation, identification, classification and

cataloging the material, taxonomic revision of the ammonites of the basin. Were

registered for training four orders of typical Cretaceous ammonites, seven

genera and nine species: PHYLLOCERATINA Hypophylloceras (Neophylloceras) surya

Forbes, 1846; LYTOCERATINA, Gaudryceras varicostatum van HOEPEN, 1921;

AMMONITINA, Hauericeras Grossouvre, 1894, Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti

Seunes, 1890; Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus von Hauer, 1858; Sphenodiscus

lobatus Tuomey, 1854; ANCYLOCERATINA, Axonoceras cf. compressum Stephenson,

1941; Axonoceras pinge Stephenson; Diplomoceras cylindraceum Defrance, 1816. The

ammonites of Paraíba Basin exhibit ages ranging from the upper Campanian

Maastrichtian. The species Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus is recorded for

first time for the basin. The study presents paleofauna frequency ranging

between common and rare, indicates deep neritic environment of the continental shelf

between 100 and 200 for the basin are cosmopolitan and 60% being recorded in all

paleoprovíncias, also presents a greater relationship with the South American fauna and

Tetiana.

Keywords: Cephalopoda, Gramame Formation, Itamaracá Formation, Upper Cretaceous.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

1�

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS............................................................................................................ vi

RESUMO ................................................................................................................................vii

ABSTRACT ...........................................................................................................................viii

INDICE ......................................................................................................................................1

CAPÍTULO I ............................................................................................................................ 5

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 5

I. 1. OBJETIVOS .................................................................................................................... 6 I. 1.1. Geral ......................................................................................................................... 6I.1.2. Específicos ................................................................................................................. 6

I. 2. JUSTIFICATIVAS DA PESQUISA ................................................................................ 6 I.3. ÁREA DE ESTUDO ......................................................................................................... 7

CAPÍTULO II ........................................................................................................................... 8

MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 8

II. 1. SELEÇÃO DO MATERIAL DA COLEÇÃO DO DGEO-CTG-UFPE ......................... 8 II.2. TRABALHOS EM LABORATÓRIO E CRITÉRIOS TAXONÔMICOS ADOTADOS ................................................................................................................................................ 8 II. 3. RECONSTITUIÇÕES PALEOECOLÓGICAS E PALEOBIOGEOGRÁFICAS ....... 10

CAPÍTULO III ....................................................................................................................... 11

ASPECTOS GEOLÓGICOS DA BACIA DA PARAÍBA .................................................. 11

III. 1. HISTÓRICO DAS PESQUISAS NA BACIA DA PARAÍBA .................................. 11 III.2. GEOLOGIA DA BACIA DA PARAÍBA ................................................................... 13

CAPÍTULO IV ........................................................................................................................ 20

ESTUDO DOS AMONÓIDES EM BACIAS CRETÁCEAS NO BRASIL ...................... 20

IV. 1. 1. HISTÓRICO DO ESTUDO DOS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA .... 21 IV. 1. 2. OCORRÊNCIA DE AMONÓIDES OUTRAS BACIAS BRASILEIRAS ............ 23

IV. 1.2.1. Bacia de Sergipe-Alagoas ................................................................................. 23IV. 1.2.2. Bacia Potiguar................................................................................................... 24

CAPITULO V ......................................................................................................................... 26

ASPECTOS GERAIS DA CLASSE CEPHALOPODA ..................................................... 26

V. 1. ASPECTOS GERAIS DA ORDEM AMMONOIDEA ............................................... 27 V. 2. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS PRINCIPAIS DOS AMONÓIDES DO MESOZÓICO ....................................................................................................................... 28

CAPÍTULO VI ........................................................................................................................ 34

SISTEMÁTICA ...................................................................................................................... 34

CAPÍTULO VII ...................................................................................................................... 47

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

2�

ASPECTOS ESTRATIGRÁFICOS DOS AMONÓIDES NA BACIA DA PARAÍBA ... 47

VII. 1. BIOESTRATIGRAFIA COM BASE EM AMONÓIDES PARA O CRETÁCEO SUPERIOR ........................................................................................................................... 47 VIII.2. INTERVALO CAMPANIANO-MAASTRICHTIANO DAS BACIAS DO NORDESTE .......................................................................................................................... 48 VII.3. HISTÓRICO DA BIOESTRATIGRAFIA NA BACIA DA PARAÍBA ................... 49 VII.4. ANÁLISE DO LIMITE CAMPANIANO-MAASTRICHTIANO DA BACIA DA PARAÍBA COM BASE EM AMONÓIDES ........................................................................ 50

CAPÍTULO VIII. ................................................................................................................... 54

ASPECTOS PALEOECOLÓGICOS DOS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA . 54

VIII. 1. ASPECTOS PALEOECOLÓGICOS DOS AMONÓIDES .................................... 54 VIII.2. PALEOECOLOGIA COM BASE EM AMONÓIDES NA FORMAÇÃO GRAMAME .......................................................................................................................... 56

CAPÍTULO IX ........................................................................................................................ 60

ASPECTOS PALEOBIOGEOGRÁFICOS ......................................................................... 60

IX.1. DISTRIBUIÇÃO PALEOBIOGEOGRÁFICA DOS AMMONOIDEA .................... 61 IX 2. PALEOBIOGEOGRAFIA DAS ESPÉCIES ESTUDADAS ...................................... 62

CAPÍTULO X ......................................................................................................................... 66

CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 66

CAPÍTULO XI ........................................................................................................................ 67

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67

PRANCHAS

ANEXOS

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

3�

LISTA DE FIGURAS

Figura I.1: Mapa localização Bacia da Paraíba e dos afloramentos............................................7

Figura II. 1. Medidas aplicadas aos amonóides..........................................................................9

Figura II. 2. A) Forma da concha planispiral de amonóides e diferentes graus de recobrimento

das voltas; B) Tipos de seção transversal .................................................................................10

Figura III. 1. Coluna litoestratigráfica da Bacia da Paraíba......................................................14

Figura V.1. Relações morfológicas entre as classes dos moluscos ......................................... 27

Figura V.2. Distribuição estratigráfica dos principais grupos taxonômicos de Ammonoidea 28

Figura V.3. Diagrama da protoconcha de um amonóide .........................................................29

Figura V.4. Tipos de costela em conchas de amonóides......................................................... 31

Figura V.5. Tipos de ornamentação nas conchas de amonóides ............................................. 31

Figura V.6. Tipos de suturas nas conchas de amonóides .........................................................32

Figura VII.1. Zoneamento da “Bacia Pernambuco-Paraíba” (Souza-Lima, 2010)...................50

Figura VII.2. Perfil estratigráfico da Fazenda Santa Alexandrina, Conde-PB.........................52

Figura VII.3. Perfil estratigráfico da pedreira CINEXCAL, João Pessoa-PB..........................52

Figura VII.4. Perfil estratigráfico da pedreira CIPASA, Caaporã-PB......................................53

Figura VIII.1. Ambientes preferenciais dos amonóides de acordo com sua morfologia..........55

Figura VIII.2. Reconstituição da paleofauna de amonóides no Campaniano superior ............57

Figura VIII.3. Reconstituição da paleofauna de amonóides no Maastrichtiano.......................58

Figura VIII.4. Freqüência da paleofauna .................................................................................59

Figura IX. 1. Mapa representando as diferentes paleoprovíncias ........................................... 62

Figura IX. 2. Sobreposição de ocorrências no Campaniano Superior .....................................64

Figura IX.3. Sobreposição de ocorrências durante o Maastrichtiano.......................................65

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

4�

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Afloramentos que forneceram amonóides para estudo sistemático............................7

Tabela 2. Histórico dos trabalhos sobre a paleontologia de amonóides na Bacia de Sergipe-

Alagoas .................................................................................................................................... 23

Tabela 3. Comparação morfométrica das espécies de Gaudryceras ........................................38

Tabela 4. Tabela de medidas Axonoceras pingue ....................................................................44

Tabela 5. Zoneamento para as bacias Potiguar e SE/AL nordeste do Brasil ...........................49

Tabela 6. Cronobiozoneamento com base em amonóides para Formação Gramame ..............53

Tabela 7. Número de ocorrências por província paleobiogeográfica Campaniano..................64

Tabela 8. Número de ocorrências por província paleobiogeográfica Maastrichtiano..............67

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

A Bacia da Paraíba integra o sistema de bacias marginais do leste sul-americano é

conhecida, desde meados do século XIX, por sua riqueza em fósseis marinhos, principalmente

moluscos e está localizada na faixa litorânea nos estados de mesmo nome. As pesquisas têm

se intensificado nos últimos anos por diversos fatores, tais como: o contato litológico entre as

formações Gramame e Maria Farinha, que delimita o Cretáceo e Paleogeno; a proposta de

divisão em duas bacias distintas separadas pelo Lineamento Pernambuco e pesquisas

realizadas pela PETROBRAS, para identificar na bacia, ambiente propício à produção de

hidrocarbonetos.

A Ordem Ammonoidea apareceu no início do Devoniano e foi extinta no final do

Cretáceo e constitui o grupo mais importante para uso bioestratigráfico entre os macrofósseis.

Seus representantes tinham hábito de vida nectônico, morfologicamente apresentavam

características marcantes, com uma concha externa calcária, internamente dividida por vários

septos. Amonóides de qualquer espécie, não são encontrados em ambientes deposicionais

fluviais ou lacustres. A ampla distribuição geográfica deve-se em primeiro lugar ao modo de

vida tanto do adulto (nectônico) quanto do estágio larval (planctônico). Além disso, estima-se

que as conchas flutuavam na água durante muito tempo, sendo arrastadas pelas correntes

marinhas, de onde se seguiu uma ampla distribuição mesmo depois da morte do animal.

Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias favoráveis para uso em

análises bioestratigráficas.

Os fósseis de amonóides no Brasil são encontrados principalmente em pedreiras,

cortes de estradas e afloramentos naturais. Além da Bacia da Paraíba existe registro em

abundância na Bacia de Sergipe–Alagoas (Bengtson, 1999 e Zucon, 2005) e alguns poucos

exemplares encontrados na Bacia Potiguar (Muniz & Bengtson, 1986 e Souza-Lima et al.,

2007).Com esse trabalho foi possível identificar a paleofauna de amonóides da Bacia da

Paraíba e utilizá-los em análises bioestratigráficas, paleoecológicas e paleogeográficas.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

6�

I. 1. OBJETIVOS

I. 1.1. Geral

O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos amonóides da Bacia da Paraíba

(Cretáceo Superior).

I.1.2. Específicos

• Preparar, identificar e classificar sistematicamente os amonóides triados do acervo;

• Estabelecer a distribuição temporal dos amonóides na Bacia da Paraíba;

• Elaborar reconstituições paleoecológicas de acordo com os ambientes preferenciais

dos táxons estudados;

• Analisar a paleobiogeografia dos táxons identificados na Bacia da Paraíba.

I. 2. JUSTIFICATIVAS DA PESQUISA

Os trabalhos sobre amonóides na Bacia da Paraíba são escassos quando comparados

ao volume de pesquisas elaboradas sobre outros táxons. Devendo-se os principais trabalhos a

Maury (1930), Oliveira & Silva Santos (1950), Oliveira & Andrade Ramos (1956), Kegel

(1957), Oliveira (1957), Andrade Ramos (1959), Beurlen (1961a), Beurlen (1967b) e Muniz

(1993). Mesmo os amonóides sendo os macrofósseis mais indicados para bioestratigrafia, as

publicações sobre o táxon na bacia estão voltadas apenas para a sistemática.

A pesquisa justifica-se como uma oportunidade de revisar e ampliar a diversidade

distribuição temporal das espécies. Nesta pesquisa reuniram-se informações já existentes

acerca desse grupo para a área estudada e aliaram-se novos dados na tentativa de contribuir

para um maior conhecimento geológico da Bacia da Paraíba.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

7�

I.3. ÁREA DE ESTUDO

A Bacia da Paraíba é entendida como a faixa sedimentar costeira dos estados da

Paraíba e Pernambuco entre a cidade de Recife e rio Mamanguape no litoral Norte da Paraíba

(Fig.I.1). Ao sul, está separada da Bacia de Pernambuco pelo Lineamento Pernambuco e ao

norte está separada da Bacia Potiguar pelo Alto de Mamanguape (Barbosa, 2004; Barbosa et

al. 2006).

Os fósseis utilizados neste trabalho estão depositados na coleção científica DGEO-

CTG-UFPE. Foram coletados por Karl Beurlen, Geraldo Muniz e em trabalho de campo

durante esta dissertação. Os exemplares procederam de três localidades listadas na tabela 1 e

têm seu posicionamento registrado na Fig.I.1, a pedreira CIPASA, Caaporã–PB; CINEXCAL,

João Pessoa – PB e Fazenda Santa Alexandrina, Conde – PB.

Tabela 1: Afloramentos que forneceram amonóides para estudo sistemático.

Afloramento Coordenadas Localização

Fazenda Santa Alexandrina

(FSA)

S 07° 15’ 22,9” / W 34°

56’ 29,2”

Margem direita do Rio Gramame, Conde - PB

CINEXCAL (CN) S 07° 04’/ W 34º 54’ Bairro Mandacaru, João Pessoa - PB

CIPASA (CP) S 07° 31’ 24,1” / W 34°

51’ 27,7”

Rodovia PB-044, Km 15, Caaporã - PB

Fig. I. 1. - Mapa localização da bacia e dos

afloramentos (modificado de Lima &

Koutsoukos, 2006).

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

CAPÍTULO II

MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia empregada durante a realização da pesquisa foi realizada em cinco

etapas: (1) levantamento do acervo paleontológico da coleção científica do Departamento de

Geologia – Centro de Tecnologia e Geociências – Universidade Federal de Pernambuco

(DGEO – CTG – UFPE); (2) trabalhos de campo, com coletas de amonóides; (3) trabalhos em

laboratório, para preparação, identificação, classificação e catalogação do material; (4) revisão

taxonômica dos amonóides da bacia e reconstituições bioestratigráficas, paleobiogeográficas e

paleoecológicas.

II. 1. SELEÇÃO DO MATERIAL DA COLEÇÃO DO DGEO-CTG-UFPE

Foi realizada uma triagem na coleção paleontológica do Departamento de Geologia -

Centro de Tecnologia e Geociências - Universidade Federal de Pernambuco (DGEO-CTG-

UFPE) a fim de selecionar os amonóides da Bacia da Paraíba para serem analisados. Do

levantamento 67 foram identificados sendo 51 da Fazenda Santa Alexandrina, 13 da pedreira

CIPASA e 3 da Pedreira CINEXCAL, ver relação no anexo I.

II.2. TRABALHOS EM LABORATÓRIO E CRITÉRIOS TAXONÔMICOS ADOTADOS

O material de estudo foi preparado nos métodos convencionais, utilizando-se

inicialmente água corrente, escovas finas, pincéis, pequenas talhadeiras e martelos

paleontológicos. A morfometria foi realizada utilizando-se um paquímetro, precisão de 0,2

mm, tendo sido descritos os espécimes com melhor estado de preservação. O registro

fotográfico foi feito mediante dois métodos; macrofotografia digital para o registro dos

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

9�

exemplares de grandes dimensões e fotografia digital na lupa para os fósseis de menor

dimensão.

Para descrição das espécies neste trabalho foram utilizados a morfometria (Fig.II.1) e

morfologia da concha (Fig. II. 2). Os autores adotados na identificação e classificação serão

citados no capítulo da sistemática, no entanto, pode-se destacar como bibliografia base o

“Treatise on Invertebrate Paleontology” Arkell et al. (1957) e Wright et al. (1996).

Fig. II. 1. Medidas e orientação aplicadas aos amonóides. Abreviações: D = diâmetro total, U = diâmetro umbilical, Wh = altura da volta, Wb = largura da volta (modificado de Cecca, 1997).

Segundo Wright et al. (1996) a seção transversal da volta pode ser quadrada,

retangular, triangular, poligonal, oval ou circular, variando em função do grau de achatamento

ou de arredondamento da concha, podendo então ser identificada como comprimida ou

deprimida como ilustrado na Fig. II. 2.A. Denomina-se comprimida, se a concha apresentar a

altura da volta maior do que a largura (largura/altura<1), e deprimida, quando apresentar a

altura menor do que a largura. Também é utilizado o termo inflado para a concha que possui a

altura da volta similar a largura. As fases de crescimento observadas na concha são

reconhecidas como inicial, média e tardia.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

10�

Fig. II. 2. A) Forma da concha planispiral de amonóides e diferentes graus de recobrimento das voltas B) Tipos de seção transversal (Fonte: Wrigth et al. 1996)

De acordo com Kennedy & Cobban (1976) existem diversos termos úteis para descrever

a forma final da concha, a involuta tem a última espiral cobrindo todas as espiras prévias, na

evoluta a maioria ou todas as espiras prévias são expostas. O umbílico, que é a superfície

côncava lateral através do qual passa o eixo espiral, pode ser quase plano ou escavado

profundamente. A concha pode ser normal em vez de ser de forma plana (planulata), muito

deprimida (oxicone), muito inflada (cadicone) ou quase globular (esferocone).

II. 3. RECONSTITUIÇÕES PALEOECOLÓGICAS E PALEOBIOGEOGRÁFICAS

Após a revisão sistemática, descrição de exemplares e junção dos dados estratigráficos,

elaborou-se a reconstituição paleoecológica para representar o Cretáceo Superior da bacia.

Para as análises paleoecológicas foram observadas a morfologia funcional da concha para

inferir o habitat preferêncial dos amonóides e foi contabilizada a freqüência do táxon estudado

de acordo com Dutra (2010). A freqüência é um índice relativo que define a percentagem de

indivíduo de um táxon em relação à associação total considerada. São feitas por grupo fóssil,

por taxon, ou hábito (planctônico e bentônico). Constante: F > 50%, Comum: 10% F <50%,

Raro: F < 10%.

Nas interpretações paleobiogeográficas foram consideradas as ocorrências citadas na

literatura das espécies identificadas, tais ocorrências foram ilustradas no mapa (disponível em

scotese.com) e interpretadas visando identificar áreas de maior ocorrência e prováveis rotas de

dispersão segundo Simpson (1965) e Gallo & Figueiredo (2010).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

CAPÍTULO III

ASPECTOS GEOLÓGICOS DA BACIA DA PARAÍBA

III. 1. HISTÓRICO DAS PESQUISAS NA BACIA DA PARAÍBA

As formações sedimentares que se estendem ao longo da faixa costeira dos estados de

Pernambuco e da Paraíba são conhecidas desde o século XIX. Os primeiros trabalhos foram

realizados por estrangeiros. Inicialmente Williamson (1868) trabalhou para a Sociedade de

Transação Geológica de Manchester, na oportunidade, escreveu sobre a geologia da Paraíba e

Pernambuco. Logo em seguida foram realizadas durante décadas as expedições Thayer e

Morgan, chefiadas inicialmente por Louis Agassiz e posteriormente por Hartt. Os trabalhos de

campo resultaram na publicação da obra Geology and Physical Geography of Brazil em 1870

com informações fossilíferas e geológicas de diversas áreas do país, incluindo a Bacia de

Pernambuco-Paraíba. Concomitantemente, Rathbun (1875) publicou um relatório sobre os

bivalves cretáceas coletados por Orville Derby e D. B. Wilmot em Pernambuco (Maury,

1930).

A Comissão Geológica do Império, criada em 1875 com o objetivo de desenvolver

pesquisas geológicas intensas, promover o conhecimento do solo brasileiro para fins de

ocupação e exploração econômica do país, por três anos esteve em trabalho de campo, mas

logo depois a comissão foi extinta (Cassab, 2010).

Após a extinção da comissão, o material foi organizado e depositado na Seção de

Geologia e Mineralogia do Museu Nacional. Orville Derby assumiu a comissão em 1879 e

incentivou o estudo do material, que resultou na publicação de vários trabalhos. Cope (1886)

escreveu o livro “Contribution to the Vertebrate Paleontology of Brazil” descrevendo

algumas espécies novas de peixes e répteis, White (1887) organizou trabalho geológico, sobre

as camadas calcárias da Formação Maria Farinha. A partir deste momento, diversos autores

contribuíram para o conhecimento geológico da Bacia da Paraíba e trabalhos com maior

enfoque paleontológico começaram a ser realizados.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

12�

No fim do século XIX, H. G. Summer o superintendente da estrada de ferro Conde

d’Eu, coletou e colecionou fósseis das pedreiras localizadas na Paraíba, com o material

Rathbun (1902) estudou os crustáceos e identificou a espécie Zanthopsis cretacea, Williston

(1902) analisou os peixes e identificou o Cimolichtys. Em paralelo, Branner (1902) assinalou

a ocorrência de depósitos cretáceos e terciários na costa nordeste do Brasil; Arnold (1902)

classificou os fósseis coletados em Ponta de Pedras, Pernambuco; Woodward (1907) publicou

notas sobre alguns peixes do Cretáceo Superior de Pernambuco e Sergipe.

Maury (1930) escreveu monografia sobre o Cretáceo do Estado da Paraíba, identificou

o material coletado na Fazenda Congo, margem direita do Rio Gramame e reuniu todas as

espécies fósseis até então conhecidas.

Oliveira (1940) introduziu as denominações “Formação Gramame”, para o complexo

cretáceo, e “Formação Maria Farinha”, para o complexo paleocênico; Oliveira & Leonardos

(1943) usaram o termo de “Grupo Paraíba” para as camadas do Cretáceo e mantiveram a

denominação de Maria Farinha, baseando-se em estudos paleontológicos; Duarte (1949)

realizou análises químicas em amostras procedentes da região de Olinda e Paulista e relatou a

ocorrência de rocha com teor considerável de fosfato; Kegel (1955) distinguiu dentro do

Grupo Paraíba as Formações Itamaracá e Gramame; Beurlen (1967a) propôs a eliminação do

nome Formação Itamaracá e incluiu os sedimentos na Formação Gramame.

Na literatura existem divergências sobre a nomenclatura da bacia. Diversos autores

(Asmus & Carvalho, 1978; Rand & Mabesoone, 1982; Mabesoone & Alheiros, 1988; 1991;

Feijó, 1994; Mabesoone, 1996 e Córdoba et.al. 2007) denominam a bacia como Pernambuco-

Paraíba. No entanto, trabalhos como os de Lima-Filho (1996, 1998a, 1998b) e Barbosa et al.

(2003) sugeriram a existência de duas bacias distintas, separadas pelo Lineamento

Pernambuco, Córdoba et al. (2007) retoma a utilização da nomenclatura “Bacia de

Pernambuco-Paraíba” e a divide em duas sub-bacias separadas pelo Lineamento Pernambuco.

O conhecimento geológico existente é proveniente na quase totalidade de trabalhos de

superfície desenvolvidos em afloramentos ao longo da costa, além de alguns poços rasos,

perfurados para água ou pesquisa mineral na região emersa e poucos poços mais profundo.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

13�

III.2. GEOLOGIA DA BACIA DA PARAÍBA

A Bacia da Paraíba compreende uma porção emersa de largura média entre 15 e 20km e

área de cerca de 8000 km² e outra porção oceânica de cerca de 30000 km², cuja largura

máxima atinge 60km no chamado Platô de Pernambuco, na região de Recife.

A Bacia da Paraíba estabeleceu-se como uma rampa suave de blocos falhados,

recebendo sua sequencia continental-transicional possivelmente já a partir do Coniaciano até

o Campaniano, seguida de uma sequencia marinha transgressivo-regressiva depositada entre o

Maastrichtiano e o Eoceno inferior (Mabesoone & Alheiros,1988, 1991; Lima Filho et al.

1998; Almeida, 2000; Barbosa, 2004).

Os registros preservados na Bacia da Paraíba mostram que os processos sedimentares

foram iniciados tardiamente, quando comparados às bacias adjacentes. Imediatamente ao sul

do Lineamento Pernambuco, na Formação Cabo, o estabelecimento do rift ocorreu no Eo-

aptiano, com o desenvolvimento do graben de Cupe. Ao norte do lineamento, a ruptura só

viria a acontecer no Turoniano. O retardamento ocorreu devido à resistência imposta pelas

rochas da Província da Borborema, cujas direções estruturais eram transversais à direção de

propagação da ruptura principal (Barbosa & Lima Filho, 2005).

A Bacia da Paraíba tem sido considerada por diversos autores, como “Bacia de

Pernambuco-Paraíba” (Asmus & Carvalho, 1978; Rand & Mabesoone, 1982; Mabesoone &

Alheiros, 1988, 1991; Feijó, 1994; Mabesoone, 1996, Córdoba et al. 2007) numa discussão

que se desenvolve a anos. Porém, trabalhos como o de Lima Filho (1996, 1998a, 1998b;

Barbosa et al. 2003, 2007) sugeriram a existência de duas bacias distintas, separadas pelo

Lineamento Pernambuco.

A Bacia da Paraíba, juntamente com a Bacia Potiguar é considerada o último elo

estrutural entre a América do Sul e a África. As sequências deposicionais presentes permitem

estabelecer um empilhamento similar ao das demais bacias costeiras, apesar da reduzida

espessura dos pacotes sedimentares (Feijó, 1994)

A bacia é constituída por cinco unidades litológicas (Fig.III.1): Formação Beberibe

(Santoniano-Campaniano, Beurlen, 1967 a, 1967b, Formação Itamaracá (Campaniano, Kegel,

1957; Beurlen 1967a, 1967b); Formação Gramame (Maastrichtiano, Maury, 1930; Muniz,

1993; Santos et al. 1994); Formação Maria Farinha (Paleoceno, Maury, 1930; Tinoco, 1971;

Muniz, 1993; Santos et al. 1994) e Formação Barreiras (Plio-Pleistoceno, Mabessone &

Alheiros, 1988).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

14�

Fig III.1. Coluna litoestratigráfica da Bacia da Paraíba (Fonte: Barbosa et al. 2003).

A Bacia da Paraíba comporta uma sucessão sedimentar que se inicia com arenitos de

origem continental, fluviais e fluvio-lacustres. Depositados sobre o embasamento cristalino –

Formação Beberibe. Em seguida ocorrem calcários com siliciclastos, arenitos calcíferos e

margas, cuja origem está associada a um evento transgressivo que recobriu os depósitos

continentais basais – Formação Itamaracá. Acima dos estratros da fase transgressiva ocorrem

calcários e margas sem influência de siliciclasto – Formação Gramame. Acima destes

separados por um evento erosivo regional, ocorrem calcários e margas com gradual

incremento na influencia de siliciclastos devido a um evento regressivo que se iniciou ao final

do Maastrichtiano – Formação Maria Farinha (Barbosa et al. 2007).

III. 2.1. Formação Beberibe

Kegel (1957) utilizou pela primeira vez o termo para descrever uma camada fossílifera

intercalada nas areias argilosas cretáceas, aflorantes no vale do rio de mesmo nome a oeste do

Recife, que o autor classificou como um membro da Formação Itamaracá.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

15�

Beurlen (1967a) abandonou o uso do termo de membro e adotou o nome de Formação

Beberibe. Segundo Oliveira et al. (2003) sua litologia é representada por arenitos continentais

friáveis,quartzosos de granulação grossa a fina, às vezes conglomerático, com matriz

microclástica, e intercalações de siltitos e folhelhos. Os grãos arenosos são angulosos e

subangulosos, com esfericidade relativamente alta e seleção fraca a má. Predomina a fáceis

fluvial, intercalando-se camadas de fáceis estuarina e raramente camadas de fáceis lagunar

(Beurlen, 1967a).

Segundo Barbosa et al. (2003), a formação representa cerca de 200m de espessura dos

arenitos não calcíferos da porção basal da bacia, diferente da proposta inicial feita por

Beurlen, que também incluiu para a formação, os arenitos calcíferos da Formação Itamaracá.

A sedimentação da Formação Beberibe se deu por um evento tectono-magmático no

final do Turoniano que teria movimentado o trecho localizado a norte do Lineamento

Pernambuco permitindo a deposição de clásticos grossos, seguida por uma grande

transgressão vinda do Atlântico Equatorial, de idade maastrichtiana, responsável pela

deposição da Formação Gramame (Lima Filho et al., 1998).

III.2.2. Formação Itamaracá

Kegel (1953) utilizou o termo pela primeira vez, para classificar um arenito calcífero

abundante em fósseis marinhos. Esta unidade representa a transição litorânea iniciada pela

transgressão marinha na bacia sobre os arenitos continentais da Formação Beberibe (Barbosa

et al. 2003).

Kegel (1955) afirma ocorrerem camadas de fáceis continental, intercaladas com a de

fáceis marinha, sobrepostos aos arenitos da Formação Beberibe. Sua idade é conhecida como

do Campaniano (Kegel, 1957; Beurlen, 1967a, 1967b).

Beurlen (1967 a) propôs a eliminação do termo Formação Itamaracá, tornando a

Formação Gramame mais espessa ao inserir em sua base os sedimentos da Formação

Itamaracá, incluindo a camada de fosfato.

Mabesoone & Tinoco (1971) ao revisarem a sequencia dos calcários da bacia

retonaram o uso do termo Formação Itamaracá, incluindo os arenitos calcíferos nesta

formação.

Muniz (1993) usou informalmente o termo “arenito calcífero” para se referir ao pacote

de cerca de 100m de arenitos pardos a cinzentos, quartzosos, de granulação média a grossa da

Formação Itamaracá.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

16�

Atualmente a Formação Itamaracá retomou sua hierarquia (Lima Filho & Souza, 2001;

Barbosa et al., 2003; Barbosa, 2004; Souza & Lima Filho, 2005; Barbosa et al. 2005), mas as

suas relações com a Formação Beberibe ainda não são bem conhecidas. Barbosa et al. (2003)

afirmam que as dificuldades em compreender a relação das duas unidades está no fato das

intercalações de ambientes transicionais e marinhos típicos de avanços e recuos de uma zona

costeira. Segundo eles, níveis síltico e areníticos de ambiente flúvio-lagunares e estuarinos

fossíliferos se intercalam com níveis argilosos, carbonáticos, de forte influência marinha.

Souza & Lima Filho (2005) definiram como marco estratigráfico radioativo a camada

fosfática de espessura entre 1 a 4m enriquecida por urânio e posicionada no topo da Formação

Itamaracá. Os autores identificaram o fosforito como apogeu do Trato de Sistema

Transgressivo (TST) da Bacia da Paraíba, caracterizado por taxa de sedimentação baixa em

zonas de ressurgência, indicando a possibilidade desse ambiente ter funcionado como uma

superfície endurecida (hardground). Isso corresponderia a uma Superfície de Inundação

Máxima (SIM), que marca a passagem para o Trato de Sistema de Mar Alto (TSMA). Esses

arenitos calcíferos tratados por Muniz (1993) no trato superior da Formação Itamaracá,

deixando para a Formação Gramame apenas as margas.

A Formação Itamaracá é representada por arenitos creme ou cinzento, de granulação

um tanto grossa e siltitos com níveis de calcarenitos e arenitos calcíferos fosfáticos com

fósseis de origem marinha, cuja sedimentação efetuou-se em ambiente marinho, próximo a

costa (Kegel, 1955; Oliveira & Andrade Ramos, 1956), ocorrendo principalmente em

subsuperfície (Oliveira et al. 2003). A Formação Itamaracá possui uma espessura em torno de

100m (Tinoco, 1976; Muniz, 1993)

Segundo Barbosa et al. (2003) existem níveis sílticos, e de arenitos grossos de

ambiente flúvio-lagunares e estuarinos contendo moldes de moluscos marinhos atribuídos a

ambiente de águas salobras e níveis argilosos, carbonáticos e fosfáticos, ricos em bioclastos ,

já com forte influência marinha.

O conteúdo fossilífero do nível fosfático é bastante diversificado, encerrando uma

malacofauna de característica bastante peculiares devido ao tamanho atrofiado de bivalves e

gastrópodes, tal malacofauna merece um amplo estudo sistemático e de caráter

paleoambiental (Almeida, 2007).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

17�

III. 2. 3. Formação Gramame

A Formação Gramame, definida por Oliveira (1940), ocorre sobre a Formação

Itamaracá, sendo a primeira unidade carbonática do domínio marinho. Esta unidade foi

depositada a partir do final do Campaniano, pois para esses autores a Formação Gramame

depositou-se acima dos níveis de fosfato e prosseguem durante todo o Maastrichtiano,

depositados em plataforma rasa com energia baixa a moderada e sob ações periódicas de

tempestade (Beurlen, 1967a, 1967b; Tinoco, 1971; Muniz, 1993; Albertão et al. 1994; Lima

& Koutsoukos, 2004; Barbosa et al. 2003, 2006; Barbosa, 2004, 2007).

Já para outros autores, a Formação Gramame tem espessura média de 30-40m,

podendo chegar de 100 a 150m. Os depósitos podem ser divididos em duas partes, a inferior

constituída por arenitos calcíferos, calcarenitos e a camada de fosfato, e a parte superior,

constituída por calcários cinzentos, argilas calcárias e margas (Muniz, 1993; Fauth &

Koutsoukos, 2002; Oliveira et al., 2003).

A Formação Gramame é caracterizada por depósitos de calcários margosos e margas

sem influência siliciclástica, depositados em plataforma rasa com energia baixa a moderada e

sob a ação periódica de tempestades (Barbosa, 2007). Os amonóides são encontrados nos

calcários margosos.

Segundo Muniz (1993) as melhores exposições das camadas calcárias dessa unidade

encontram-se em pedreiras que exploram os depósitos carbonáticos para fins industriais. Os

depósitos da formação encravados na porção continental atual, não se afastam muito do

litoral, estão distantes no nível do mar atual, cerca de 14,5 km. Em Pernambuco as melhores

exposições de sul para norte são: Fábrica de Cimento Poty; ilha de Itamaracá, terrenos do

Engenho São João e do Engenho Amparo; ilha de Itapessoca; Fábrica de cimento Nassau;

ponta do Seleiro; ponta do Funil; Fazenda Massanranduba e nas pedreiras Megaó de Cima e

Megaó de Baixo.

Na Paraíba, as melhores exposições também citadas de sul para norte são: Fazenda

Tabu; Fábrica de Cimento Poty da Paraíba (CIPASA), na cidade de Caaporã; Árvore Alta;

Engenho Garapu; Fazenda Abiaí; margem direita do Vale do Rio Gramame, principalmente

na Fazenda Santa Alexandrina, onde está instalada a CIGRA, Companhia Industrial Gramame

(fabricação de Cal); Pedreira Caxitu; Companhia de Cimento Portland (CIMEPAR), próximo

a João Pessoa (Muniz, 1993).

Barbosa (2004) demonstrou a partir de dados de poços e testemunhos de sondagem,

que o contato entre as formações Itamaracá e Gramame nas sub-bacias de Alhandra e Miriri

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

18�

ocorre de forma intercalada, mas é brusca na Sub-bacia Olinda, que passa rapidamente da

fáceis transicional para a fase marinha franca, representada pelas margas superiores da

Formação Gramame.

III. 2.4. Formação Maria Farinha

A continuação da sequencia marinha da Bacia da Paraíba, sem variação da litologia é

caracterizada por uma fase regressiva representada pela Formação Maria Farinha, de idade

paleocênica (Maury, 1930; Tinoco, 1971; Muniz, 1993; Santos et al. 1994).

Oliveira (1940) utilizou a denominação Formação Maria Farinha pela primeira vez,

com um sentido litoestratigráfico. Oliveira & Leonardos (1943) empregaram o termo para

denominar a unidade litoestratigráfica sobreposta a Formação Gramame.

As fáceis são pronunciadamente litorânea, caracterizada, na parte inferior da formação,

por calcários detríticos, bem puros, mais ou menos recritalizados, e na parte superior, pela

alternância de calcários detríticos puros, calcários argilosos margosos e argilas (Beurlen,

1967a).

A Formação Maria Farinha junto com a Formação Gramame mergulham, de um modo

geral, para leste. Esta formação constitui uma sequencia incompleta e truncada pela erosão

continental, sendo bastante fossilífera. Seus depósitos ocorrem preferencialmente na região de

Goiana e Recife, na porção sul da Bacia da Paraíba, devido à transgressão ter chegado mais

tarde nessa região (Barbosa et al., 2003) onde a transição Cretáceo-Paleógeno está preservada

em afloramentos (Albertão, 1993) e em subsuperfície (Tinoco, 1971).

Tida anteriormente como cretácea, a idade da Formação Maria Farinha foi discutida

por vários autores, como Branner (1902) e Derby (1907), e tem sido considerada como

paleocênica (Damiano) (Fauth & Koutsoukos, 2002), podendo chegar até o Eoceno

(Mabesoone, 1994) sua espessura esta em torno de 30m.

III.2.5. Formação Barreiras

Moraes Rego (1930) definiu a Formação Barreiras, sendo que Bigarella & Andrade

(1964) foram os primeiros a inciarem estudos sistemáticos deste complexo. É representada

por sedimentos neocenozóicos de origem predominantemente continental disposto em falésias

junto ao mar, ao longo de extensos trechos da costa brasileira (Feijó, 1994).

Sua base consiste, em geral, de uma camada de areia branca ou cinza clara, de vez em

quando com seixos de quartzo. A maioria das camadas é constituída de material sílico-argilos,

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

19�

com grande predominância de areia, às vezes, com ocorrência de seixos. Há predominância

de tonalidades roxas, vermelhas, acinzentadas e amareladas (Kegel, 1955).

Segunda Oliveira & Andrade Ramos (1956) em Pernambuco, as exposições da

Formação Barreiras formam uma estreita faixa de cerca de 4km na região do Cabo de Santo

Agostinho, alargando-se para o norte, atingindo cerca de 4km na região do Cabo de Santo

Agostinho, alargando-se para o norte, atingindo cerca de 25km de largura em Goiana. Esta

unidade cobre de forma discordante tanto o embasamento cristalino nas área de borda da

bacia quanto os estratos do Cretáceo e do Paleógeno (Barbosa, 2004). Sua idade se situa no

Plioceno-Pleistoceno, consistindo em depósitos de sedimentos areno-argilosos, pouco

consolidados com fáceis distintas de leques aluviais, canais fluviais e planícies de inundação

(Mabesoone & Alheiros, 1988).

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

CAPÍTULO IV

ESTUDO DOS AMONÓIDES EM BACIAS CRETÁCEAS NO BRASIL

No Brasil, os amonóides ocorrem nas bacias costeiras de Sergipe-Alagoas, da Paraíba

e Potiguar, de onde numerosas espécies foram descritas desde o fim do século XIX

(Bengtson, 1999). Essas bacias apresentam bons afloramentos do Cretáceo marinho.

Neste capítulo são revisadas principalmente publicações voltadas à paleontologia dos

amonóides na Bacia da Paraíba. Foi dada uma maior ênfase para as formações Gramame e

Itamaracá, pois nela encontram-se os fósseis estudados. Também foi realizado um

levantamento das ocorrências dos amonóides nas demais bacias onde afloram rochas

cretáceas.

Além de amonóides, na Bacia da Paraíba, entre os macrofósseis de invertebrados,

ocorrem crustáceos, moluscos (bivalves, gastrópodes), corais, equinodermatas e tubos de

vermes. Destacam-se os trabalhos de Maury (1930) que realizou um estudo sobre a “Bacia da

Paraíba” onde descreveu e ilustrou inúmeras espécies de invertebrados, Muniz (1993) que

realizou um estudo da malacofauna da Formação Gramame; Almeida (2007) que estudou os

icnofósseis de macrobioerosão do limite Cretáceo Superior-Paleógeno.

O conteúdo fóssil de invertebrados na Bacia da Paraíba é extremamente rico nas

formações Beberibe, Itamaracá, Gramame e Maria Farinha; tanto em número de espécimes

preservados como em diversidade de espécies. Predominam formas marinhas, como os

vertebrados ocorrendo ainda plantas terrestres (Silva et al., 2007). Os fósseis encontram-se

conservados por preservação de partes duras, recristalizadas e substituidas, como moldes e

contramoldes. Com certa freqüência os amonóides são preservados nas rochas como moldes

compostos.

Entre as diversas bacias marginais brasileiras apenas as da Paraíba, Sergipe-Alagoas e

Potiguar, apresentam sedimentos cretáceos emersos com registro da presença de amonóides.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

21�

IV. 1. 1. HISTÓRICO DO ESTUDO DOS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA

Os estudos paleontológicos do Cretáceo Superior da Bacia da Paraíba foram iniciados

por Burlamaqui (1855), Williamson (1868) e Branner (1902) que identificaram material

proveniente dos afloramentos do Rio Gramame, Paraíba.

Maury (1930) descreveu abundante fauna de invertebrados, principalmente

cefalópodes, compostos em sua totalidade por novas espécies, sendo 31 exemplares dos

seguintes gêneros: Parapachydiscus (21), Pseudophylites (2), Canadoceras (2), Sphenodiscus

(3) e Glyptoxoceras (3). Utilizando como fósseis guias as espécies Sphenodiscus brasiliensis,

S. parahybensis e Pachydiscus parahybensis classificou o calcário cinzento típico da parte

superior da Formação Gramame como Zona Sphenodiscus e datou provisoriamente a

sequência como Campaniano (ver anexos II, III e IV).

Oliveira & Silva Santos (1950) analisaram fósseis provenientes de afloramentos

localizados no lado oeste da Ilha de Itamaracá, composto por calcário cinza escuro. Entre o

material fossilífero analisado está o fragmento de um grande cefalópode, coletado na

localidade Pedreira do Presídio, identificado como Parapachydiscus sp.

Oliveira & Andrade Ramos (1956) publicaram a relação dos moluscos descritos por

Maury (1930), fazendo algumas modificações nominais e de posição estratigráfica na

Formação Gramame. As espécies de cefalópodes analisados foram Sphenodiscus brasiliensis;

Sphenodiscus parahybensis, Pachydiscus parahybensis e Glyptoxoceras? sp. indet. Para os

autores, os tipos utilizados por Maury (1930) também foram provenientes das camadas

inferiores, aumentando assim o range de distribuição das espécies, fazendo com a designação

Zona Sphenodiscus perca sua significação útil.

Kegel (1957) ao estudar a Formação Itamaracá analisou a sedimentologia e o conteúdo

paleontológico. Na oportunidade foram coletados na localidade denominada “Membro

Beberibe”, próxima ao Vale do Rio Beberibe, fragmentos de amonóides, todos conservados

em moldes, porém o autor não classificou os exemplares.

Oliveira (1957) descreveu os invertebrados do fosfato de Pernambuco que corresponde

à camada basal da Formação Gramame. O material foi coletado na localidade Forno da Cal,

município de Olinda, estado de Pernambuco, foram identificados três gêneros de cefalópodes

Pachydiscus sp., Sphenodiscus sp. e Baculites kegeli.

Andrade Ramos (1959) realizou revisão histórica do gênero Pachydiscus, referindo ao

mesmo as 21 espécies de amonóides, classificadas por Maury (1930) como Parapachydiscus

e apresenta uma lista dos Pachydiscus brasileiros com suas respectivas sinonímias.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

22�

Beurlen (1961a) realizou o primeiro achado de cefalópode fora da Formação Gramame,

definiu a Formação Beberibe como Turoniano inferior com base na presença do amonóide

Choffaticeras koeneni Riedel, além da presença do bivalve inoceramídeo Inoceramus

labiatus. Correlacionou a Formação Beberibe com a Formação Sapucari (Cotinguiba) da

Bacia de Sergipe-Alagoas. Segundo o autor, a associação fossilífera está presente nos

sedimentos pernambucanos e africanos.

Posteriormente Beurlen (1967b) revisou a taxonomia do cefalópode encontrado na

formação Beberibe, como Pseudoschloenbachia umbulazi e indicou idade Santoniano

superior - Campaniano. A associação fóssil da área é formada em sua maioria por bivalves

Mulinoides, Tellina e Corbula. O autor comparou os exemplares estudados com fósseis do

Cretáceo Superior de Camarões.

Muniz (1993) elaborou o trabalho sobre a fauna malacológica da Formação Gramame.

Para isso descreveu taxonomicamente grande variedade de fósseis das classes Bivalvia,

Gastropoda e Cefalopoda. Entre os cefalópodes foram descritas cinco espécies: Phylloceras

(Hypophylloceras) cf. P. H. surya; Graudryceras brasiliense; Axonoceras cf. A. compressum

Stephenson; Axonoceras pingue Stephenson?; Hauericeras sp (ver anexos V e VI).

Muniz (1993) discutiu a idade da Formação Gramame e propôs a Zona Veniella

brasiliensis. Esse o intervalo estratigráfico vai desde a base da camada mais inferior de

calcarenitos até o topo da camada mais elevada dos calcários cor de camurça, com

possibilidades de ocorrer nas fáceis fosfáticas.

Lima & Koutsoukos (2006), em trabalho de estratigrafia integrada com base em

nanofósseis calcários e foraminíferos na Formação Gramame registrou por meio de fotografia

a ocorrência do molde de um cefalópode na litofácies Mudstones/Wakestones do banco 2 da

pedreira Nassau, Itapessoca-PE, porém os autores não classificaram os exemplares.

Sobral et al. (2010) apresentaram uma síntese da paleofauna de amonóides da bacia.

Registraram quatro subordens de amonóides, com oito gêneros correspondentes:

PHYLLOCERATINA, Hypophylloceras (Neophylloceras) cf. H. (N.) surya (Forbes, 1846);

LYTOCERATINA, Gaudryceras cf. G. varicostatum van Hoepen, 1921; AMMONITINA,

Hauericeras Grossouvre, 1894, Pachydiscus (Pachydiscus) cf. P. (P.) noetlingi Kennedy,

1999, Pachydiscus (Pachydiscus) cf. P. (P.) neubergicus von Hauer, 1858, Sphenodiscus

lobatus Tuomey, 1854; ANCYLOCERATINA, Axonoceras cf. compressum Stephenson,

1941, Axonoceras pingue Stephenson , Diplomoceras cylindraceum Defrance, 1816.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

23�

IV. 1. 2. OCORRÊNCIA DE AMONÓIDES OUTRAS BACIAS BRASILEIRAS

IV. 1.2.1. Bacia de Sergipe-Alagoas

A Bacia sedimentar de Sergipe-Alagoas situa-se na faixa litorânea dos estados de

mesmo nome. Mede quase 400 km de comprimento e se estende desde a área de Estância,

onde é muito estreita, até as proximidades da fronteira de Alagoas com Pernambuco. Uma

estreita faixa de 20 a 50 km de largura representa a porção emersa da bacia, sendo que, boa

parte da extensão esta submersa (Ojeda & Fujita, 1976). Os limites são representados, pelo

lineamento Pernambuco ao norte, que vai separar a bacia Sergipe-Alagoas da Pernambuco-

Paraíba e a falha de Itapuã ao sul área limite com a bacia de Camamu (Souza-Lima et. al.,

2002).

A história geológica pós-paleozóica da bacia pode ser dividida em duas grandes

etapas. A primeira, do Jurássico Superior ao Cretáceo Inferior é constituída por terrenos não

marinhos equivalentes aos do Recôncavo; a segunda, do Cretáceo Inferior ao Terciário

Inferior, é constituída por formações marinhas (Brito, 1979).

Importantes afloramentos e um quase completo registro sedimentar tornam a Bacia de

Sergipe-Alagoas uma área importante para o estudo dos amonóides cretáceos no Brasil. A

área tem recebido grande atenção devido a sua importância na produção de petróleo, bem

como, pela sua posição geográfica que contribui para o entendimento dos fatores relacionados

com a separação das placas tectônicas da América do Sul e África (Bengtson, 1999). As

publicações científicas que se reportam a esta bacia com dados relevantes sobre a

paleontologia de amonóides são alvo de estudos a mais de um século (Tabela 2).

Tabela 2: Histórico dos trabalhos sobre amonóides na Bacia de Sergipe-Alagoas (modificado de Bengtson, 1999).

Autor Formação Objetivos

Hyatt (1870) Riachuelo, Cotinguiba Taxonomia White (1887) Riachuelo, Cotinguiba Taxonomia, figuras Hyatt (1903) Cotinguiba Taxonomia, figuras Maury (1937) Riachuelo, Cotinguiba Taxonomia, figuras K. Beurlen (1952) Riachuelo Taxonomia, figuras Magalhães (1952) Cotinguiba Taxonomia, figuras Magalhães (1953b) Cotinguiba Taxonomia K. Bender (1959) Riachuelo, Cotinguiba Bioestratigrafia, figuras K. Beurlen (1961b) Cotinguiba Bioestratigrafia K. Beurlen (1961c) Riachuelo Bioestratigrafia G. Beurlen (1967) Riachuelo Taxonomia, figuras Brito (1967) Cotinguiba Taxonomia, figuras

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

24�

Brito & Rodrigues (1967) Riachuelo Taxonomia, figuras K. Beurlen (1968) Riachuelo Bioestratigrafia G. Beurlen (1969) Riachuelo Taxonomia, figuras Oliveira & Brito (1969) Cotinguiba Taxonomia, figuras Schaller (1970) Riachuelo, Cotinguiba Bioestratigrafia G. Beurlen (1970) Cotinguiba Taxonomia, figuras Brito (1970) Riachuelo Taxonomia, figuras Brito (1971) Riachuelo, Cotinguiba Taxonomia, figuras Reyment (1971) Riachuelo, Cotinguiba Bioestratigrafia Reyment & Tait (1972) Riachuelo, Cotinguiba Taxonomia, figuras Reyment et. al. (1976) Cotinguiba Bioestratigrafia P. Bengtson (1977) Riachuelo, Cotinguiba Bioestratigrafia, figuras P. Bengtson (1979) Cotinguiba Bioestratigrafia P. Bengtson (1983a) Cotinguiba Bioestratigrafia P. Bengtson (1983b) Cotinguiba Bioestratigrafia Brito (1984) Riachuelo Bioestratigrafia, figuras Koutsoukos & Bengtson (1993)

Cotinguiba Bioestratigrafia

S.I. Bengtson (1995) Cotinguiba Taxonomia, figuras P. Bengtson et. al. (1996) Calumbi Bioestratigrafia P. Bengtson (1998) Cotinguiba Bioestratigrafia Souza Lima & Bengtson (1999)

Riachuelo Bioestratigrafia, figuras

Souza Lima (2001) Calumbi Taxonomia, figuras Zucon (2005) Riachuelo Taxonomia, figuras

IV. 1.2.2. Bacia Potiguar

Oliveira (1957) estudou cefalópodes coletados no estado do Rio Grande do Norte,

durante estudos geológicos pelo nordeste do país. Trata-se de dois moldes internos de

amonóides, sendo os primeiros representantes do grupo, procedentes de camadas cretáceas

daquele estado, foram identificados como Pachydiscus sp. e Sphenodiscus sp. indet.

Beurlen (1961b) descreveu, sem ilustrações amonóides mal preservados coletados pelo

geólogo Jacob numa praia a leste de Aracati, no Ceará; Beurlen (1961a) apresentou síntese

sobre o Turoniano marinho das bacias do nordeste do Brasil, citando as formas encontradas na

Bacia Potiguar; Beurlen (1967b) citou a ocorrência dos amonóides de Retiro Grande (no

Ceará), posicionados na Formação Sebastianopólis.

Oliveira (1969) descreveu a espécie Coilopoceras lucianoi Oliveira, o material foi

coletado no município de Aracati, Ceará noroeste da bacia. Ocorre na parte basal da

Formação Jandaíra e confirma a idade turoniana até então atribuídas para aquelas camadas. A

imagem deste amonóide está estampada no símbolo da Sociedade Brasileira de Paleontologia.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

25�

Muniz et al. (1984) descreveram fragmento de amonóide identificado como

Hoplitoides sp., procedente da localidade Angélica, próxima a Ipangassu, Rio Grande do

Norte; Muniz & Bengtson (1986) apresentaram a descrição de formas até então inéditas na

bacia, provenientes de uma pedreira nas proximidades de Mossoró. Foram descritos

Protexanites (Protexanites) aff. bourgeoisianus e Gauthiericeras ? sp. Esta associação indica

uma idade neoconiaciana para esta porção da Formação Jandaíra.

Souza-Lima & Srivastava (2006) apresentaram três novos registros de amonóides para

a bacia, citando a presença de Baculites sp. (Turoniano– Maastrichtiano Superior). A

associação de Texanites (Plesiotexanites) sp. Pachydiscus sp. indicativa de idade

eocampaniana. Souza-Lima et al. (2007) apresentaram zoneamento bioestratigráfico

preliminar para sequências carbonáticas da Formação Jandaíra, ampliando o range temporal

da associação do Turoniano ao Campaniano/Maastrichtiano, inferindo afinidades

paleobiogeográficas com outras bacias do Nordeste do Brasil.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

CAPITULO V

ASPECTOS GERAIS DA CLASSE CEPHALOPODA

Os cefalópodes são animais inteiramente marinhos e considerados os mais evoluídos

entre os moluscos. É um grupo abundante e bem sucedido desde o final do Cambriano até o

Presente, o que representa quase 500 milhões de anos. Dentro desta classe estão incluídos os

atuais Nautilus, os argonautas, lulas e polvos, e os extintos amonóides e beleminites.

Os espécimes modernos se distinguem dos outros moluscos por terem um

desenvolvimento proporcional da cabeça com o cérebro e órgãos sensoriais. Os paralelos

estruturais e funcionais entre os olhos destes e dos vertebrados, que são bem conhecidos,

servem para ilustrar as possibilidades de realizações evolutivas inerentes ao plano do molusco

arquétipo.

Todos os componentes do molusco arquétipo estão presentes nos cefalópodes, assim

como estão em outros moluscos (Fig. V. 1.). Os integrantes desta classe foram capazes de

desenvolver um meio efetivo de flutuar usando a câmara da concha, colonizando o habitat

nectônico, com seus ricos recursos alimentares e movendo-se ativamente para adquirir a

presa. Sua história evolutiva e morfologia funcional demonstram como eles foram capazes de

explorar, por serem quase todos carnívoros ativos. Excetuando-se os peixes, tornaram-se os

mais completos nadadores dos mares (Clarkson, 1996)

A distribuição estratigráfica da classe vai do Cambriano ao Recente. Tem havido

considerável dificuldade para se classificar os cefalópodes, especialmente em amplas

categorias naturais, mesmo assim são divididos em três subclasses (Rich et al. 1997):

• Ordem Nautiloidea (Cambriano – Recente): Concha externa, reta, curvadas ou

enroladas, câmaras com linhas de sutura simples; sifúnculo ou subcentral,

frequentemente com formas complexas, quatro brânquias presentes.

• Ordem Ammonoidea (Devoniano – Cretáceo): Concha externa; enrolada,

freqüentemente estriada, câmaras com linhas de sutura complexas, sifúnculo ventral,

brânquias desconhecidas.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

27�

• Ordem Coleóidea (Carbonífero – Recente): Concha interna, reta ou enrolada,

pode faltar sifúnculo, duas brânquias.

Figura V.1- Relações morfológicas entre as classes dos moluscos com referência ao “Arquimolusco hipotético” (Fonte: Clarkson, 1996).

V. 1. ASPECTOS GERAIS DA ORDEM AMMONOIDEA

A ordem Ammonoidea apareceu no início do Devoniano e foi extinta no final do

Cretáceo, (Fig. V. 2) sendo os conhecimentos sobre eles limitados, quase inteiramente, às

partes duras da concha. As partes moles são completamente desconhecidas, exceto por

inferências que podem ser extraídas das câmaras de habitação e a partir da distribuição das

conchas no tempo e espaço e de suas associações ecológicas. Apesar disto, sua extrema

abundância, distribuição mundial, multiplicidade de formas e rápida evolução, fazem deles os

fósseis ideais para zoneamento bioestratigráfico, e assim, se justifica a grande atenção que

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

28�

eles têm recebido. Devido a essas características, os amonóides, entre os macrofósseis, são

importantes referências a nível mundial na bioestratigrafia, para zoneamento e datação das

camadas (Kennedy & Cobban, 1976).

Fig. V. 2- Distribuição estratigráfica dos principais grupos taxonômicos de Ammonoidea. (Fonte: Landman et al.1996).

Os amonóides são valiosos para o zoneamento das rochas do Mesozóico. Eles têm

demonstrado uma especial eficácia no Jurássico e Cretáceo, onde com sua alta freqüência de

espécies tem sido possível estabelecer zonas equivalentes a períodos de tempo menor que um

milhão de anos de duração (Clarkson, 1996).

V. 2. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS PRINCIPAIS DOS AMONÓIDES DO MESOZÓICO

A concha dos amonóides é univalve, enrolada normalmente em plano espiral, mas

também com muitas outras variedades de formas. E geralmente considerada como tendo sido

externa, ela forma um cone alongado dividido em três principais partes (Arkell et al., 1957):

a) A protoconcha ou câmara inicial;

b) Uma longa câmara septada ou fragmocone;

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

29�

c) Uma câmara terminal ou câmara de habitação.

O tamanho das câmaras adultas varia de alguns centímetros até três metros de diâmetro,

o fragmocone e a câmara de habitação juntos constituem a concha, em contraste com a

pequena câmara inicial, a protoconcha.

Alguns amonóides apresentam pronunciadas quilhas ventrais, que podem ser agudas. As

quilhas podem ser um sistema de sulcos paralelos triplos, duplos ou simples, dispostos ao

longo do ventre. Em seções transversas as espiras podem tomar muitas formas, que são

freqüentemente características de famílias particulares de amonóides e muito úteis na

taxonomia. A superfície externa de uma concha de amonóide é usualmente marcada por

fracas linhas de crescimento, mas em adição existem normalmente faixas distribuídas

radialmente projetando-se sobre a superfície (Rich et. al 1997 ).

Todas as conchas de amonóides começam com uma câmara embrionária globular com a

forma de um barril, que é a protoconcha (Fig. V.3) formando um ápice do cone sendo

diferente de todas as câmaras subseqüentes. Seu eixo maior é normal ao plano de enrolamento

e geralmente é mais largo que a câmara inicial da concha. Ele é separado da concha por um

prosifão e dois proseptos, que parecem ser contínuos com a parede da concha ao invés de

cimentado, como são os verdadeiros septos (Arkell et al, 1957).

Fig.V.3: Diagrama da protoconcha de um amonóide (Fonte: Landman et al.1996).

O fragmocone compreende o bulbo da concha do amonóide e dá a ela as características

de câmara septada. Essas eram estendidas em baixo do manto que se movia periodicamente,

conforme o crescimento da concha. Os septos tornam-se gradualmente mais amplos e

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

30�

espaçados até a maturidade, após o que tendem a tornar-se mais densos. Este fato facilita o

reconhecimento da maturidade da concha (Rich et al 1997).

As conchas externas dos cefalópodes podem ser segundo Clarkson (1996) de três tipos:

retas (ortocone), levemente encurvadas (cirtocone) ou fortemente encurvadas (girocones).

Quando o enrolamento é frouxo, recebe o nome de girocone, mas quando é muito extremado,

conduz às conchas involutas (a última volta sempre recobre as anteriores) e evolutas (as voltas

não recobrem as anteriores).

A câmara do corpo ou câmara de habitação é distinguida do resto da concha por não

apresentar separações ou septos. Ela varia grandemente em extensão nos diferentes grupos de

amonóides, desde menos da metade da volta a mais do que uma volta e meia. Devido ao fato

de não haver septo para obstruir a passagem da argila para dentro da câmara do corpo após a

degeneração do animal, freqüentemente a câmara do corpo é preservada sozinha em sua

forma original, ao passo que o fragmocone, com suas câmaras ocas podem estar parcialmente

preenchidas por cristais de calcita secundária. Em outras circunstâncias, especialmente em

folhelhos, são piritizadas intactas, mas a câmara do corpo pode estar destruída. Muito

raramente, moldes internos da câmara e habitação sofrem modificações na forma. O mais

comum é a contração da volta da seção que começa geralmente no dorso. Todas essas

características são evidências da maturidade da concha (Arkell, 1957).

A superfície, mesmo dos amonóides mais lisos, é coberta com linhas de crescimento,

cada uma das quais representa a forma de um perístoma. Em muitas conchas as linhas de

crescimento são acentuadas ou em relevo como lamelas, que podem ser onduladas ou

aparecem como finas linhas radiais ou acompanhadas por elas. Normalmente a superfície é

também coberta por costelas de relevo radial. As costelas não são necessariamente paralelas

às linhas de crescimento e comumente elas são independentes destas, (Fig. V.4)

morfologicamente podem ser simples, ramificadas (biplicadas ou triplicadas), em forma de

feixe (fasciculada), intimamente ligadas (densas), separadas (distantes), retas, curvas,

flexionadas (sigmóides), curvada apenas em direção a periferia (projetada) e suas direções

gerais podem ser radiais, inclinadas ou voltadas para trás, a (Fig. V.5) apresenta alguns tipos

de ornamentação que ocorrem nas conchas de amonóides segundo Arkell (1957).

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

31�

Fig. V.4. Tipos de costela em conchas de amonóides (Fonte: Arkell, 1957).

Fig. V.5. Tipos de ornamentações nas conchas de amonóides (Fonte: Arkell, 1957).

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

32�

A maioria dos amonóides é preservada como moldes internos e as junções entre septos e

parede da concha mostram claramente como as linhas de sutura em amonóides são sempre

mais complexas que nos nautilóides. Nos primeiros amonóides (Devoniano–Carboníferos) as

suturas são de forma relativamente simples e sem crenulações acessórias, mas no Permiano

alguns gêneros apresentam suturas mais complexas de um tipo que atingiu seu completo

florescimento no Mesozóico (Clarkson, 1996).

Tipos particulares de suturas são características de distintas famílias de amonóides e são

muito úteis na classificação e identificação destas. Existem alguns termos amplos e gerais

definindo grupos de amonóides, baseados na morfologia das suturas, que são frequentemente

usados para caracterizar graus de organização. Os “goniatites” são amonóides do Paleozóico

com suturas fortemente angulares e geralmente em zig-zag, sem nenhuma crenulação. Nem

todos amonóides com tais suturas são “goniatites”, existem alguns gêneros do Mesozóico com

suturas similares. Nos “ceratites” do Triássico os lobos são ornamentados, ainda que as selas

sejam inteiras, alguns gêneros do Cretáceo (Pseudoceratites) têm estruturas similares. Todos

amonóides do Mesozóico tem lobos complexos e finamente subdivididos, ainda que existam

alguns amonóides do Permiano com suturas também deste tipo (Clarkson, 1996).

Fig. V.6. Tipos de suturas nas conchas de amonóides (Fonte: Landman et al.1996).

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

33�

Em muitos amonóides do Paleozóico e Mesozóico a ontogenia da sutura foi descrita

normalmente pela quebra das câmaras até a protoconcha e expondo as suturas e voltas

internas. As primeiras suturas em todos os amonóides são menos complicadas que as últimas,

e o conjunto da história do desenvolvimento de sutura madura pode ser traçada usando

diagramas em série de sucessivas suturas. Talvez o maior valor da ontogenia sutural seja um

desembaralhamento filogenético, especialmente nas formas do Paleozóico (Arkell, 1957).

Durante a ontogenia, em gêneros do Paleozóico e Mesozóico, os lobos primários e as

selas aparecem primeiro, e normalmente a primeira e a segunda selas laterais são muito

distintas. Ainda que estas persistam nas suturas adultas, lobos adventícios ou selas podem

aparecer nas primeiras fases de crescimento, e eventualmente desenvolver-se tanto como os

primários. O único meio para distinguir é remetê-los aos estágios iniciais.

Nos amonóides onde a sutura atinge sua máxima complexidade, os lobos e selas são

todos crenulados, e as selas têm lobos acessórios. Algumas suturas peculiares estão presentes

em uns poucos gêneros do Mesozóico (Clarkson, 1996).

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

CAPÍTULO VI

SISTEMÁTICA

Filo MOLLUSCA, Cuvier 1797

Classe CEPHALOPODA, Cuvier 1797

Ordem AMMONOIDEA Von Zittel, 1884

Subordem PHYLLOCERATINA Arkell, 1950

Superfamília PHYLLOCERATACEAE Zittel, 1884

Família PHYLLOCERATIDAE Zittel, 1884

Subfamília PHYLLOCERATINAE Zittel, 1884

Gênero Hypophylloceras Salfeld, 1924

Espécie tipo: Ammonites (Scaphites?) ramosus Meek 1857

Subgênero Neophylloceras Shimizu, 1934

1934 Neophyllocersas Shimizu, p. 61

1935 Paraphylloceras Shimizu (non Salfield, 1919), p. 180

1947 Hyporbulites Breistroffer, p. 82

1956 Epiphylloceras Collignon, p. 24.

Espécie tipo: Ammonites (Scaphites?) ramosus Meek, 1857

Diagnose: Concha moderada a fortemente comprimida, fortemente involuta com umbílico

pequeno e amplo, ornamentada com finas linhas espaçadas, radiais ou fracamente flexuosas

na superfície da concha. Ornamento adicional de costelas radiais, dobras largas ou estreitas,

estrias rasas, às vezes presente no flanco dorsal. Sutura complexamente dividida em pequenas

terminações tetrafilóide, selas margeando o lobo lateral (Henderson & Macnamara, 1985).

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

35�

Hypophylloceras (Neophylloceras) surya (Forbes, 1846)

PRANCHA I, figuras 1 e 2

1846 Ammonites surya Forbes, p. 106, pl. 7, fig. 10

1895 Phylloceras surya (Forbes); Kossmat, p. 109 (13), pl. 16 (2), fig. 1.

1956 Epiphylloceras mikobokense Collignon, p. 24, pl. 2, Figs. 3 e 3a; pl. 4, figs. 5, 5a e 5b.

1976 Phylloceras (Hypophylloceras) mikobokense (Forbes); Kennedy & Klinger, p. 368, pl. 12, fig. 1.

1985 Phylloceras (Neophylloceras) surya (Forbes); Henderson & McNamara, p. 42, pl. 1, figs. 7 e 8, 11 e 12;

pl. 2, figs. 1 e 2; texto-fig. 2g (a sinonímia completa).

1986 Phylloceras (Hypophylloceras) surya (Forbes); Stinnesbeck, p. 193, pl. 7, figs. 5 e 6.

1992 Phylloceras (Neophylloceras) surya (Forbes); Kennedy & Henderson, p. 391, pl. 1, figs. 1–7, 9, 13 e

14; pl. 15, figs. 4 e 5 (sinonímia com adicional).

1993 Phylloceras (Hypophylloceras) cf.. P. (H.) surya (Forbes); Muniz, p. 148, pl. 15, figs. 4, 7.

1993 Phylloceras (Neophylloceras) surya (Forbes); Ward e Kennedy, p. 16, figs. 17.13, 18.3, 18.4, 18.16 e

18.17.

1993 Phylloceras (Neophylloceras) surya (Forbes); Birkelund, p.43, pl. 2, fig. 2.

1999 Phylloceras (Neophylloceras) surya (Forbes); Fatmi & Kennedy, p. 643, figs. 4.1–4.6 e 15.3.

2004 Hypophylloceras (Neophylloceras) sp. cf. H. (N.) surya (Forbes); Ifrim et al., texto-figs. 2c–e e 3a.

Material estudado: Um exemplar molde composto, DGEO–CTG–UFPE 3282, localidade

Fazenda Santa Alexandrina.

Descrição: Concha involuta; seção da volta oval, diâmetro máximo inferido do fragmento

120mm; diâmetro umbilical inferido 13mm; ornamentação bulae partem da borda do umbílico

e ligeiramente acima, entre estas bulae presença de finas linhas.

Discussão: O subgênero Neophylloceras foi introduzido por Shimizu (1934), somente aceito

após Wright & Matsumoto (1954) terem revisto a sua classificação e confirmado sua

validade, mesmo assim essa classificação tem sido muito debatida. Foi tratada como um

sinônimo subjetivo de Hypophylloceras Salfeld, 1924 por diversos autores, todos

consideraram Neophylloceras distinta em virtude de sua sutura ser mais complexa, as selas

com terminações filóides menos pronunciadas quando comparado com Hypophylloceras.

Birkelund (1965) e Matsumoto & Morozumi (1980) estabeleceram Neophylloceras como um

subgênero de Hypophylloceras, sugestão adotada por Wrigth et al. (1996) e utilizada por Ifrim

et al. (2004).

Muniz (1993) classificou este exemplar como Phylloceras (Hypophylloceras) cf. P.

(H.) surya, no entanto este subgênero foi renomeado oficialmente por Wright et al. (1996) no

Tratado Paleontológico de Invertebrados passando a ser chamado de Hypophylloceras

(Neophylloceras) com distribuição temporal do Albiano-Maastrichtiano.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

36�

Ifrim et al. (2004) utilizaram a nova classificação proposta por Wright et al. (1996),

entre as características dos espécimes descritos os mais importantes são a largura do umbílico

e os bulbos dorso-ventrais. H. (N.) surya (Forbes, 1846); H. (N.) marshalli Shimizu, 1935 e

H. (N.) cottereaui Collignon, 1956 são espécies do subgênero em questão e possui forma

semelhante, todas têm umbílico largo.

O exemplar analisado é identificado como Hypophylloceras (Neophylloceras) surya,

por possuir ornamentação do tipo finas linhas e bulbos dorso-ventrais.Semelhante ao

exemplar descrito por Ifrim et al. (2004) concha discoidal involuta com taxa de expansão

intermediária, a compressão da seção espiral aumenta com o diâmetro; o umbílico de largura

0,20mm – 0,25mm são cercados por íngremes paredes umbilicais que passam para os flancos

em um diâmetro largo. Largura máxima da concha acima do meio do flanco, ligeiramente

convexos, flancos convergem ventralmente, ventre arredondado em uma curva larga. Estão

presentes nos flancos dorsais do espiral de seis a oito bulae (tubérculos) paralelos por meia-

volta que se irradiam, finas linhas ligeiramente radiais e côncavas presente entre dois bulae,

mas elas não são visíveis na região dorsal. No meio do flanco as finas linhas são retas, mas

tornam-se convexas para o ventre onde se cruzam radialmente; lobos suturais são incisões

profundas e finas, selas com terminações filóides e um lobo ventral raso, o lobo sutural é

recolhido.

Ocorrência: Índia, Madagascar, África do Sul, Austrália ocidental, EUA (Alasca, Califórnia),

Japão, Dinamarca, Paquistão e Chile Ifrim et al. (2004). A distribuição temporal da espécie

ocorreu durante Campaniano/Maastrichtiano.

Subordem LYTOCERATINA Hyatt, 1889

Superfamília TETRAGONITACEAE Hyatt, 1900

Família GAUDRYCERATIDAE Spath, 1927

Gênero Gaudryceras Grossouvre, 1984

Espécie tipo: Ammonites mitis Hauer, 1866, p. 305

Diagnose: Concha tipicamente evoluta, voltas iniciais deprimidas expandindo lentamente,

voltas finais comprimidas, expandindo mais rapidamente. Ornamento consiste de finas linhas,

flexuosas ou ramificadas, finas longo do desenvolvimento ontogenético, quando não,

engrossam e juntam no exterior da volta. Constrições estão presentes no molde interno, sendo

marcados na concha colares e depressões. Sutura com selas e lobos bífidos largos, lobo

suspensivo tipicamente retraído, com vários auxiliares (Wright et al. 1996).

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

37�

Gaudryceras varicostatum van Hoepen, 1921

PRANCHA II, figuras 01 e 02

1921 Gaudryceras varicostatum van Hoepen:7; pl.2, figs. 10 -12; texto figs 3, 4.

1921 Gaudryceras kayei (Forbes); Spath: 50 (tabela).

1922 Gaudryceras varicostatum Van Hoepen; Spath: 117

1922 Gaudryceras cinctum Spath: 118; pl. 9, figs. 3a – 3b.

1926 Gaudryceras propemite Marshall: 142; pl. 20, fig. 4; pl. 28, figs 3, 4.

1931 Lytoceras (Gaudryceras) varicostatum (van Hoepen); Collignon: 12; pl 2, figs 1 – 4; pl. 8, fig. 3

1956 Gaudryceras sp. aff. cinctum Spath; Collignon: 55; pl. 5, figs 4, 5.

1965 Gaudryceras varicostatum van Hoepen; Howarth: 362.

1965 Gaudryceras cinctum Spath: Howart: 362

1966 Gaudryceras varicostatum van Hoepen; Collinon: 3; pl. 456, fig. 1854

1970 Gaudryceras propemite Marshall; Henderson: 15; pl.2, fig. 6.

1993 Gaudriceras brasiliense Muniz (pág. 149, est.16, fig. 2 e 3).

Material estudado: Dois exemplares, moldes fragmentados, DGEO–CTG–UFPE 3290,

3291, localidade Fazenda Santa Alexandrina.

Descrição: Concha com enrolamento evoluto, seção da volta arredondada comprimida,

umbílico amplo e profundo, ornamentação apresenta costelas finas com interespaços mais

largos, concavidade voltada para trás na primeira metade dos flancos, depois se voltam para

frente até a região ventral, e linha de sutura não preservada.

Discussão: Das espécies identificadas por Kennedy & Klinger (1979) duas assemelham-se ao

exemplar aqui analisado, são elas: Gaudryceras varagurense Kossmat, 1895 e Gaudryceras

varicostatum van Hoepen, 1921. Dois elementos morfológicos podem ser observados no

exemplar estudado que possibilitam incluí-lo no gênero em questão, presença de

ornamentação em forma de finas linhas, espiral evoluto e comprimido.

Muniz (1993) propôs uma nova espécie Gaudryceras brasiliense, muito embora tenha

percebido afinidade com o Gaudryceras varagurense Kossmat 1895, no que toca a

ornamentação e características das seções das voltas, no entanto, nomeou a nova espécie

brasileira com base no diâmetro excepcionalmente maior e a não observação de colares e

constrições típicos das espécies do gênero.

Após uma nova análise do material percebe-se afinidade com a espécie Gaudryceras

varicostatum van Hoepen, 1921, por se tratar de fragmentos, alguns caracteres morfológicos

não puderam ser mensurados, como o diâmetro total da concha e diâmetro real do umbílico,

mas foi possível inferir a largura e altura da volta, bem como a forma do umbílico. A maior

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

38�

seção exposta, da última volta mede Wb/Wh = 61mm / 72mm = 0,85; já a seção da penúltima

volta mede Wb/Wh = 26mm / 28mm = 0,93, essas medidas nos exemplares de G.

varicostatum descritos por Kennedy & Klinger (1979) variaram entre 1,1 e 1,09, não

apresentando grande diferença dos fósseis da Formação Gramame. Além disso, colares e

constrições são caracteres gerais típicos do gênero, se as demais características forem

observadas no exemplar, a ausência destes pode ser irrelevante para diferenciar duas espécies,

uma vez que, segundo a diagnose da espécie essa característica é ocasional.

Segundo Kennedy & Klinger (1979) a G. varicostatum possui voltas iniciais maiores

de 40 mm, enrolamento evoluto, seção da volta deprimida, a maior largura próximo do

umbílico, os lados da volta e ventre são arredondados, sendo o final um pouco achatado. O

umbílico é amplo de profundidade moderada, com uma parede arredondada e borda

abruptamente arredondada. Na linha de junção do umbílico surgem finas linhas, densa,

prossiradiada flexuosa que alcança a frente do bordo e flanco interno, passa suavemente para

trás no meio do flanco. Algumas finas linhas ramificam no umbílico e algumas intercalam no

flanco. Ocasionalmente colares, costelas estão presentes na concha, corresponde ao local de

constrições, no molde de outra forma interna lisa (Kennedy & Klinger, 1979).

O exemplar DGEO-CTG-UFPE 3290 trata-se de um molde das voltas interiores da

concha que exibe a provável forma do umbílico que é amplo e profundo, semelhante ao de G.

varicostatum e diferente de G. varagurense que possui umbílico amplo e raso. Além disso, G.

varagurense apresenta medidas muito menores que G. varicostatum, ver tabela a seguir, que

também trás uma comparação com o exemplar aqui estudado.

Tabela 3: Comparação morfométrica das espécies de Gaudryceras.

G. varagurense G.variscostatum DGEO – CTG – UFPE

D 31,8 39,3 -x-

Wb 11,6 14,5 26,0

Wh 10,8 13,5 28,0

Wb/Wh 1,07 1,07 0,93

U 15,6 16,0 -x-

Ocorrência: Campaniano inferior da Polônia, Santoniano de Madagascar, Campaniano da

Nova Zelândia e África do Sul (Kennedy & Klinger, 1979).

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

39�

Subordem AMMONITINA Hyatt, 1889

Superfamília DESMOCERATACEAE Zittel, 1895

Família DESMOCERATIDAE Zittel, 1895

Subfamília HAURICERATINAE Matsumoto, 1938

Gênero Hauericeras Grossouvre, 1894

Espécie tipo: Amonnites pseudogardeni Schüter, 1872, pág. 54, designação original.

Diagnose: Seção da volta é alta, com faces planas, ventre arredondado pelo menos

inicialmente, nessa altura fastigado, e posteriormente agudo, alto, quilha septicaranada. Lisa e

com tubérculos fracos no rebordo, microconcha com babados, sutura com lobo suspenso

retraído ou não (Wright et al. 1996).

Hauericeras sp.

PRANCHA III, figuras 01 e 02

Material estudado: Um molde externo incompleto, DGEO–CTG–UFPE 3292, localidade

CIPASA.

Descrição: Concha evoluta; seção da volta comprimida; pouca ornamentação os flancos são

aplainados e convergem agudamente para o ventre, sem carena; superfície do molde lisa,

indícios da existência de constrições, sutura não preservada.

Discussão: DGEO–CTG–UFPE 3292 trata-se de um exemplar com pouca ornamentação,

reduzido índice de largura e espessura da volta, isso permite classificá-lo neste gênero.

Apresenta grande semelhança com Hauericeras pseudoangustum Collignon e H. angustum

Yabe, no entanto, exemplares que tenham os caracteres distintivos das espécies não foram

coletados o que dificulta a identificação a nível especifico, ficando o registro do gênero para a

Formação Gramame.

Ocorrência: Europa, África do Sul, Madagascar, Índia, Japão e Austrália. A distribuição

temporal do gênero ocorreu durante o Cretáceo Superior (Coniaciano – Maastrichtiano).

Família PACHYDISCIDAE Spath, 1922

Gênero Pachydiscus Zittel, 1884

Espécie tipo: Ammonites neubergicus Hauer, 1858.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

40�

Diagnose: Concha comprimida; com lateral, lisa ou convexa; costelas tendendo a se

diferenciar em direção ao curto umbílico e se separa ventro-lateralmente, a última tende a ser

interrompida no ventre e desaparece.

Ocorrência: Cosmopolita, distribuição Campaniano-Maastrichtiano Superior.

Subgênero Pachydiscus Zittel, 1884

Espécie tipo: = Parapachydiscus Hyatt, 1900, p. 570; Joaquinites Anderson, 1958, p. 218.

Diagnose: Costelas persistindo (Wrigth et al. 1996).

Ocorrência: Mesma do gênero.

Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti Seunes, 1890

Prancha IV, figuras 01 e 02

1890 Pachydiscus jacquoti - Seunes: p.5 pl. 3(2); fig. 1-3

1960 Pachydiscus (Pachydiscus) llareni Wiedmann. - Wiedmann : p.764 pl. 4, fig. 6; pl. 5, fig. 4

1964 Pachydiscus (Pachydiscus) llareni Wiedmann. - Wiedmann : p.147 fig. 39

1986 Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti Seunes. - Kennedy : p.34 pl. 5, fig. 3-11, 15-19; pl. 6, texto-figura.

2d, e, 3o, s, 4b (com sinonímia completa)

1986 Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti Seunes. - Kennedy : fig. 9a, b

1987 Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti Seunes. - Kennedy : p.171 pl. 11, figs. 1-4; pl. 12, figs. 1-3, 8-10;

pl. 13, fig. 1-5; pl. 14, fig. 4-6, 8-10; pl. 15, fig. 1-3, 12, 13; texto-fig. 7b

1993 Pachydiscus jacquoti jacquoti Seunes. - Ward & Kennedy : p. 27, 35, 36, 37, 4 fig. 25.8, 25.13, 29.1-

29.4, 30.1-30.3, 31.2, 31.3, 31.6, 35.7, 39.4, 40.2

Material estudado: DGEO – CTG – UFPE 4220, 4222, 4666, 4667, 4688, 4708, 4711,4712,

4713, 4714, 4719,4721, 4724, 4728, 5260, 5261, 5486, localidade Fazenda Santa

Alexandrina.

Descrição: Concha moderadamente evoluta, seção transversal arredondada levemente

comprimida, umbílico moderadamente profundo, ornamentação com costelas que ocorrem no

umbílico onde são mais estreiras e no flanco externo onde ficam mais espaçadas.

Discussão: O enrolamento da concha, a seção da volta quando não fragmentada e as costelas

esparças são características diagnósticas que permitem classificar o material estudado como

Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti. Assemelham-se aos exemplares descritos por Ward &

Kennedy (1993) que apresenta as seguintes características: enrolamento moderadamente

evoluto; umbílico compreende cerca de 30% do diâmetro; bullae distante, em torno de 8 por

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

41�

volta; presença de costela estreita, distante e prosiradiada que no flanco externo enfraquece

consideravelmente; costelas ocasionalmente bifurcam em pares de bullae. Segundo

Henderson & Macnamara (1985) os exemplares de P. (P.) jacquoti são muitas vezes

confundidos com Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus, mas este possui seção transversal

mais comprimida.

Ocorrência: A espécie é conhecida na França (Maastrichtiano), Columbia Britânica

(Campaniano), Armênia e Madasgacar.

Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus (von Hauer, 1858)

PRANCHA V, figuras 01 e 02

1958 Ammonites neubergicus Von Hauer, p. 12, pl.2, figs. 1-3, pl.3, figs. 1, 2.

1986 Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus von Hauer, 1858 – Kennedy & Summesberger, p. 189, pl. 2,

figs 1,2; pl. 3, figs. 1,3; pl.4, figs. 1-5; pl. 5, figs. 1, 4; pl. 6, figs. 1, 2, 5; pl. 15, figs 7, 8; texto – fig. 5 a,

b.

1993 Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus neubergicus (Hauer, 1858) – Ward & Kennedy, p. 30, figs 25.9

– 25.12, 25.14, 25.16 – 25.18, 27.3 – 27.5, 27.7, 28.3, 30.4, 30.6.

2001 Pachydiscus neubergicus – Kennedy & Odin, p. 478, pl.1, fig.8.

2001 Pachydiscus neubergicus von Hauer, 1858 – Courville & Odin, p. 533, pl.6, figs.48-50.

2001 Pachydiscus neubergicus – Odin et.al, p.550, pl.2.

2001 Pachydiscus neubergicus (von Hauer) 1858 – Kuchler et.al. p. 726, pl.3, figs.1-3, 6, 7.

Material estudado: DGEO–CTG–UFPE 1803, 4111, 7101, 7102, 7103; moldes completos,

localidade pedreira CINEXCAL.

Descrição: Concha moderadamente evoluta, seção transversal oval e comprimida, parede do

umbílico rasa e ampla, flancos exteriores são convexos, ornamentação com costelas presentes

na região umbilical e continuam nos flancos, sutura levemente visível e aparentemente bífida.

Discussão: As feições morfológicas dos exemplares como enrolamento evoluto, tipo de

umbílico baixo e arredondado, ornamentação com finas linhas e costelas permitem classificá-

los como Pachydiscus (P.) neubergicus. Esta espécie já foi descrita por Martínez (1997), Jagt

& Felder (2003) e Ifrim et al. (2005).

Um ponto de divergência entre os autores quanto a morfologia da espécie é o

enrolamento da concha, Martínez (1997) descreve como involuto, Jagt & Felder (2003) como

moderadamente involuto e Ifrim et al. (2005) como moderadamente evoluto. Para as demais

características não ocorre divergência, é consenso que a espécie seja identificada com

umbílico estreito, baixo e arredondado, borda umbilical estreitamente arredondada; seção da

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

42�

volta comprimida, oval; flancos largos e convexos; presença de bullae e costelas, variando de

12 a 27 por meia volta.

A espécie P. (P.) neubergicus apresenta caracteres morfológicos parecidos com o P.

(P.) gollevillensis este se diferencia do anteriormente citado, por possuir uma maior proporção

de bullae no ventre do que de costelas. Além disso, a ocorrência de P. (P.) gollevillensis até o

presente momento é estritamente Austral, enquanto o P. (P.) neubergicus embora também

tenha maior ocorrência no hemisfério norte, também foi registrada no hemisfério sul. No

Brasil o gênero já havia sido identificado, para a Bacia da Paraiba, Oliveira (1957) e Andrade

Ramos (1959) registraram a ocorrência de Pachydiscus sp., sem maiores descrições

morfológicas.

A linhagem P. (P.) neubergicus junto com outras espécies são parte do grupo de

formas maastrichtianas similares, neubergicus foram provavelmente o antecessores de

gollevillensis. Pachydiscus gollevillensis são muito espalhados no Maastrichtiano superior, às

vezes registrado para o Maastrichtiano inferior (Gallemi et al. 1995).

Ocorrência: Espanha, França, Áustria, Dinamarca, Bulgária, Rússia Européia, Índia, Nigéria,

Madagascar, Emirados Árabes, Estados Unidos (Nova Jersey), a distribuição temporal é

registrada para todo o Maastrichtiano.

Superfamília ACANTHOCERATACEAE Grossouvre, 1894

Família SPHENODISCIDAE Hyatt, 1900

Subfamília SPHENODISCINAE Hyatt, 1900

Gênero Sphenodiscus Meek, 1871

Espécie tipo: Ammonites lobatus Tuomey, 1856, p. 168

Diagnose: Concha geralmente lisa, involuta e comprimida, tendendo a ser oxicone; muitas

espécies com flanco simples e tubérculos ventrolaterais. Todas as celas da sutura

normalmente recortadas, mas algumas auxiliares possivelmente completas. Primeira sela

lateral normalmente com dois lobos adventícios distintos tão grandes como o primeiro lobo

lateral, mas em espécies antigas possivelmente seja pequeno, geralmente folíolos não são

uniformemente longos, gargalos estreitos e formato final de rim (Wright et al. 1996).

Sphenodiscus lobatus (Tuomey, 1854)

PRANCHA VI, figuras 01 e 02

1852 Ammonites lenticularis Owen, p. 579, pl. 8, fig. 5.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

43�

1854 Ammonites lobata Tuomey, p. 168.

1928 Sphenodiscus lenticularis (Owen). Böse, p.293, pl. 14, figs. 9-11.

1941 Sphenodiscus tirensis Stephenson, 1941, p.435, pl. 93, figs.1-3; pl. 94, figs. 1-2.

1995 Sphenodiscus lobatus (Tuomey). Cobban e Kennedy, p. 12, figs. 6.2-6.3, 8.4, 8.6-8.11, 12.18-12.19,

16.16-16.17 (com sinonímia adicional);

Material estudado: Nove moldes, alguns se apresentam fragmentados, DGEO – CTG –

UFPE 4221, 4675, 4690, 4697, 4698, 4699, 4701, 4704, 4705, 4707, 4725, 5251. Localidade

Fazenda Santa Alexandrina.

Descrição: Concha involuta, seção ventral triangular comprimida, o ventre é fastigado ou

ligeiramente arredondado, largura máxima da espiral no meio do flanco. Ornamentação quase

ausente, superfície da concha é lisa ou podem conter costelas côncavas que se apresentam

fracas, baixas e largas. Linha de sutura selas trífidas e arredondadas.

Discussão: Entre os Sphenodiscus típicos do Campaniano-Maastrichtiano, os exemplares

DGEO-CTG-UFPE apresentam as características do Sphenodiscus lobatus destaca-se concha

comprimida, involuta e linha de sutura arredondada, a espécie já foi estudada por Ifrim et al.

(2004) e Ifrim & Stinnesbeck (2010). Espécie comum no Maastrichtiano a Sphenodiscus

pleurisepta, difere claramente dos exemplares aqui descritos, pois apresenta concha

ligeiramente ornamentada com uma fileira de bolhas, seção transversal comprimida Wb/Wh

aproximadamente 0,30mm, amplitude é maior no meio dos flancos, ventre arredondado.

Ocorrência: Esta espécie foi descrita no nordeste do México, para os EUA (Alabama,

Mississippi e nordeste do Texas, Carolina do Norte, Maryland, Nova Jersei), Israel e Nigéria

(Ifrim at al., 2005).

Subordem ANCYLOCERATINA Wiedmann, 1960

Superfamília TURRILITACEAE Gill, 1871

Família NOSTOCERATIDAE Hyatt, 1894

Gênero Axonoceras Stephenson, 1941

Espécie tipo: Axonoceras compressum Stephenson, 1941

Axonoceras cf. compressum Stephenson, 1941

PRANCHA VII, figuras 1 e 2

Material estudado: DGEO-CTG-UFPE 3273, 3274, 3275, 3276, 3277 e 3278

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

44�

Localidade de coleta: Fazenda Santa Alexandrina, calcário cor de camurça da porção inferior

da Formação Gramame.

Descrição: Concha evoluta, deprimida; seção transversal no estágio inicial circular, estágio

final sub-retangular onde a espessura da volta é maior que a largura; umbílico amplo e raso;

flanco coberto por costelas, maior quantidade na região ventral, diminui em direção a região

dorsal, tubérculos na região ventral distanciados 1,5 mm entre si.

Discussão: As dimensões dos exemplares e a variabilidade das costelas são as grandes

afinidades com a espécie descrita por Stephenson (1941). Os exemplares estudados só não

exibem descontato no enrolamento, característica observada na espécie, mas que não é

constante. Outra espécie pode ser comparada ao material estudado, Axonoceras angolanum

Haas (1943), no entanto é uma espécie bem maior, mais frouxamente enrolada e com costelas

rursirradiadas; além disso, seu enrolamento interno adquire uma forma mais ou menos

triangular, o que não ocorre com A. compressum Stephenson.

Ocorrência: A espécie foi registrada para Angola, Madagascar e EUA (Texas) (Muniz,

1993), sua distribuição temporal esta entre o Campaniano-Maastrichtiano.

Axonoceras pingue Stephenson, 1941

PRANCHA VIII, figuras 1 e 2

Material estudado: DGEO - CTG - UFPE 3279, 3280, 3281; moldes completos, localidade

Fazenda Santa Alexandrina.

Localidade de coleta: Fazenda Santa Alexandrina, calcário cor de camurça da porção inferior

da Formação Gramame.

Descrição: Concha moderadamente evoluta, deprimida, com seção transversal arredondada;

umbílico raso, ornamentação com presença de costelas de até tamanho 10 mm, alternância de

intensidade das costelas; tubérculos ventrais, algumas costelas não apresentam tubérculos.

Tabela 4. Tabela de medidas Axonoceras pingue

Wb Wh Wb/Wh

DGEO - CTG - UFPE 3279 10,0 10,30 0,97

DGEO - CTG - UFPE 3280 8,50 8,57 0,99

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

45�

Discussão: As características das costelas e tubérculos, bem como a seção transversal da volta

próximas das medidas obtidas por Stephenson (1941) aproximam os exemplares aqui

analisados a espécie Axonoceras pingue.

Família DIPLOMOCERATIDAE Spath, 1926

Subfamília DIPLOMOCERATINAE Spath, 1926

Gênero Diplomoceras Hyatt, 1900

Espécie tipo: Baculites cylindracea Defrance, 1816, p. 160, por designação original.

Diagnose: Espira livre e helicoidal pelo menos em algumas espécies, seguida de 2 ou 3

subparalelas, voltas retas ou eixo curvo ou criocônica, seção circular para oval, costelas finas,

densas, bastante moderada e única, mais fracos dentro do que fora da concha; constrição na

apertura (Wright et al. 1996).

Diplomoceras cylindraceum (Defrance, 1816)

PRANCHA IX, figura 01 e 02

1816 Baculites cylindracea Defrance, p. 160.

1872 Hamites cf. cylindraceus Defrance; Schluter, p. 103, pl. 29, figs. 8,9; pl. 31, figs. 10-14.

1986a Diplomoceras cylindraceum (Defrance); Kennedy, p. 181, pl. 17, fig. 3; pl. 18, fig. 5; pl. 21, figs 2–3, 5–6; pl. 22,

fig. 6; pl. 23, figs 1–2; pl. 24, figs 1–3; pl. 25, figs 1–8; pl. 26, fig. 18; pl. 33, fig. 16; pl. 36, fig. 6; texto-figs 9–10

(a sinonímia completa).

1986b Diplomoceras cylindraceum (Defrance); Kennedy, p. 51, pl. 4, figs 1–2; pl. 9, figs 8–10; pl. 10; texto-figs 3i–l, 6,

7g–m (a sinonímia completa).

1989 Diplomoceras lambi (Spath); Olivero e Zinsmeister, p.27, figs 2.1–2.4.

1989 Diplomoceras maximum (Spath); Olivero e Zinsmeister, p. 629, figs 2.5, 4.1–4.4, 5.1–5.4. 1992 Diplomoceras

cylindraceum (Defrance); Henderson et al., p. 140, figs 5, 6a–e, h–k, 7.

1992 Diplomoceras cylindraceum (Defrance); Kennedy e Henderson, p. 704, pl. 6, figs 1–3; texto-figs 1b, 3 (e sinonímia

completa)

Material estudado: São sete moldes fragmentados, número de tombamento DGEO – CTG –

UFPE 1077 a,b,c, 4695, 4692, 7104, 7105, localidade CIPASA.

Descrição: Concha reta, lateralmente comprimida, seção oval, ornamentada com costelas

finas, regulares, rusiradiadas, ligeiramente inclinadas em relação ao eixo principal e envolvem

a seção da volta, espaço entre costelas de 3mm.

Discussão: Os espécimes aqui apresentados são similares aos registrados por Niebuhr (2003),

Ifrim et al. (2004), Ifrim et al. (2010), Kin (2010), principalmente em relação a ornamentação.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

46�

As costelas são finas e estão separadas por interespaços maiores, além disso, estão dispostas

de maneira inclinada.

O exemplar descrito por Niebuhr (2003) apresenta costelas distintas são anulares,

estreitas, afiadas, e separadas por interespaços bem maiores. São regularmente espaçadas e

variam de rectiradiado para ligeiramente prorsirradiado. Seção da volta é oval-comprimida,

apenas o ventre é ligeiramente menor do que o dorso.

Ifrim et al. (2010) descreveu exemplares com as seguintes características: fragmento

curto, reto com seção da volta oval e costelas densas, estas cruzam o dorso em uma variedade

de convexidade, são retas e ligeiramente rursiradiada no flanco e cruza o ventre em uma larga

concavidade, costela índice é aproximadamente a 11.

Kin (2010) descreveu uma pequena porção do fragmocone; que apresentou costelas

estreitas e acentuadas, separadas por interespaços maiores. Costela tem a forma de anéis

anulares, ligeiramente prosiradiado no lado ventral. Seção da volta provavelmente

comprimida- oval a piriforme no contorno, lado ventral arredondado ligeiramente mais

estreito, costela índice é 13, Wb/Wh é 0.69.

Outros gêneros de amonóides com morfologia semelhante foram registrados na Bacia

da Paraíba; Glyptoxoceras que faz parte da mesma família de Diplomoceras cylindraceum

descrito por Maury (1930), mas difere porque as ornamentações anulares nestes são dispostas

em linha reta, além disso, apresentam constrições. Exemplares do gênero Baculites, família

Baculitidae foram descrito por Oliveira (1957), mas difere dos exemplares aqui descritos por

apresentar bullae crescente e tubérculo arredondado.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

CAPÍTULO VII

ASPECTOS ESTRATIGRÁFICOS DOS AMONÓIDES NA BACIA DA PARAÍBA

VII. 1. BIOESTRATIGRAFIA COM BASE EM AMONÓIDES PARA O CRETÁCEO SUPERIOR

O Maastrichtiano, andar do topo do Período Cretáceo foi definido com base na fauna

coletada em fáceis calcárias perto de Maastricht, a seção tipo foi elaborada na pedreira ENSI

em Limbourg, Holanda, onde somente as camadas superiores estão presentes. Nas

proximidades também foram descritas seções de referência tais como Kronsmoor e Hemmor

que fica no norte da Alemanha e corresponde a parte inferior da seção tipo (Kennedy, 1984).

Segundo Ward et al. (1986) as áreas conhecidas como estrato tipo do Maastrichtiano

foram escolhas problemáticas. Primeiro, as seções são incompletas e não contem o limite

Maastrichtiano/Paleoceno. O limite Campaniano/Maastrichtiano está presente nessas seções,

mas é difícil definir com evidências macrofaunais. Segundo é o problema levantado pela

natureza das fáceis e faunas que compõe o estratotipo. As fáceis são calcárias, depositados em

uma província biogeográfica boreal. A natureza das rochas e sua configuração influenciaram

fortemente o conjunto de animais que habitam esta área e tende a incluir no estratotipo fauna

de natureza bastante provinciana. Devido a estes dois fatores, correlação com as fáceis

calcárias e fauna são difíceis. Faunas tetianas de outras áreas equatoriais, por exemplo,

contêm pouca ou nenhuma co-ocorrência de elementos faunais.

Não existia concenso bioestratigráfico para o Campaniano/Maastrichtiano, Wright (em

Arkell et al. 1957) publicou um zoneamento preliminar com base em amonóides para o

Cretáceo das áreas clássicas da Europa ocidental, com a seguinte sequência padrão:

Maastrichtiano superior - Sphenodiscus sp., Maastrichtiano inferior - Pachydiscus

neubergicus.

No entanto, posteriormente o zoneamento macrofóssil para esta idade passou a ser

feito principalmente através do uso Belemnites, com a seguinte sequência padrão:

Maastrichtiano superior - Belemnella casimirovensis/Belemnitella junior; Maastrichtiano

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

48�

inferior–Belemnitella occidentalis e B. lanceolata (Ward et al., 1986). Muitas seções

estratigráficas tetianas, no entanto, contêm uma fauna de cefalópodes, onde estes dois

elementos estão em falta ou na melhor das hipóteses raras, como a paleofauna descrita por

Kennedy e Klinger (1979) para África do Sul.

Kennedy (1984) sugere que a subdivisão do Maastrichtiano pode ser possível através

do uso das espécies de amonóides do gênero Pachydiscus. No Simpósio sobre os limites dos

estágios do Cretáceo que ocorreu em Bruxelas 1995 foi recomendado que o ponto de base do

período Maastrichtiano como a seção estratotipo global seja o nível do Pachydiscus

neubergicus mais inferior da Pedreira Tercis, perto de Dax, em Landes, sudoeste da França

Cristensen et al. (2000), marcador usado atualmente pela comissão internacional de

estratigrafia.

VIII.2. INTERVALO CAMPANIANO-MAASTRICHTIANO DAS BACIAS DO NORDESTE

O intervalo marinho Campaniano-Maastrichtiano das bacias do Nordeste do Brasil,

apesar da diferente representatividade e escassa continuidade lateral e vertical em

afloramentos numa mesma bacia, estudos bioestratigráficos tem sido baseados na rica

diversidade de seu conteúdo fóssil.

O Campaniano é bem representado na bacia de Sergipe-Alagoas; já a Bacia de

Pernambuco-Paraíba se destaca pelo expressivo registro maastrichtiano. O conhecimento

relativo desses andares na bacia Potiguar é escasso, mas delineia-se um grande potencial para

estudos complementares naquela bacia.

Souza-Lima et al. (2003) identificou amonóides coletados em afloramentos do

Cretáceo superior da Bacia Sergipe-Alagoas. A parte inferior do Campaniano superior está

representada pela zona Pachydiscus (Pachydiscus) haldemsis, e a superior representada pela

Nostoceras hyatti (?), amonóides do Maastrichtiano são desconhecidos na bacia.

Souza-Lima et al. (2007) propõe para o Campaniano inferior da Bacia Potiguar, a zona

Texanites (Plesiotexanites) sp. e para o Campaniano superior-Maastrichtiano Zona

Sphenodiscus sp. / Pachydiscus sp. apresentado na Tabela 5.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

49�

Tabela 5. Ocorrências de amonóides nas bacias Potiguar e SE/AL nordeste do Brasil Souza-

Lima et al.(2003, 2007).

Bacia Potiguar Bacia SE/AL

Fm. Jandaíra Fm. Calumbi M

aast

rich

tiano

Superior Pachydiscus sp.

Sphenodiscus sp.

?

Inferior

Cam

pani

ano

Superior

Inferior

Texanites (Plesiotexanites) sp. Pachydiscus (P.) haldensis

Nostoceras hyatti ?

VII.3. HISTÓRICO DA BIOESTRATIGRAFIA NA BACIA DA PARAÍBA

Diversas pesquisas sobre o tema foram desenvolvidas na Formação Gramame o

primeiro trabalho bioestratigráfico com base em macrofósseis foi realizado por Maury (1930)

que datou a porção inferior da Formação Gramame como Campaniano, denominando-a Zona

“Roudairia” e atribuiu ao calcário cinzento da porção superior idade maastrichtiana.

Beurlen (1967 a, b) datou a Formação Gramame como Maastrichtiano, com base na

presença do amonóide Sphenodiscus, propondo a inclusão da biozona anteriormente

identificada por Maury como base da formação.

Muniz (1993) propôs uma zona denominada Zona Veniella brasiliensis com amplitude

que vai desde a base da camada mais inferior de calcarenitos até o topo da mais elevada

camada fossilífera dos calcários cor de camurça ou amarelo-claros, havendo indícios de que

possa ocorrer também na fáceis fosfática.

Com base em microfósseis, a idade maastrichtiana, durante algumas décadas foi

consenso. Segundo Mabesoone et al. (1968), Tinoco (1967, 1971, 1976), o fundamento

micropaleontológico dessa idade é a presença associação de foraminíferos liderados por

Globotruncana contusa e G. stuarti. Lima (1985) realizou os primeiros trabalhos com

pesquisa palinológica na “Bacia de Pernambuco-Paraíba” na Formação Itamaracá e atribuiu

idade neocampaniana para a parte inferior da seção e neo-campaniana – eo-mastrichtiana para

a parte superior.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

50�

Lima & Koutsoukos (2006) elaboraram bioestratigrafia com base em nanofósseis

calcários para a Bacia de Pernambuco-Paraíba e atribuíram idade maastrichtiana à pedreira

CIPASA com afloramento da Formação Gramame, identificando as biozonas CC25A,

CC25B, e CC25C.

Almeida (2007) identificou na Pedreira da Fazenda Santa Alexandrina, para a

Formação Gramame Icnofáceis Cruziana que de acordo com a ecologia do grupo indica

ambiente de plataforma e para Formação Itamaracá Icnofósseis Trypanites que indica um

Beachrock.

Souza-Lima (2010) propôs um zoneamento preliminar para o Maastrichtiano marinho

do nordeste do Brasil baseado em amonóides e destacou que o limite Campaniano-

Maastrichtiano encontra-se bem definido na “Bacia de Pernambuco-Paraíba” com a primeira

ocorrência de Pachydiscus (P.) neubergicus. Segundo o autor, o Maastrichtiano inferior é

assinalado pela associação P.(Pachydiscus)jacquoti /Diplomoceras cylindraceum (ex

Glyptoxoceras parahybense Maury, 1930), enquanto o Maastrichtiano superior caracteriza-se

por Menuites fresvillensis (ex Canadoceras riogramamense Maury, 1930) (Fig. VII.1).

Fig. VII.1. Zoneamento para “Bacia de Pernambuco-Paraíba” (Souza-Lima, 2010).

VII.4. ANÁLISE DO LIMITE CAMPANIANO-MAASTRICHTIANO DA BACIA DA PARAÍBA COM BASE EM AMONÓIDES

A localidade Fazenda Santa Alexandrina é um dos três afloramentos na formação que

exibem os arenitos calcíferos do topo da Formação Itamaracá, fontes dos inúmeros fósseis que

resultaram nas monografias de Maury (1930) que identificou a “zona Roudairia” e Muniz

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

51�

(1993) que classificou a litologia da área como “calcarenitos cremes e muito fossilíferos” na

localidade os arenitos calcíferos formam um pacote exposto de até 7m, sotopostos às margas

que atualmente correspondem ao que se define como Formação Gramame (Barbosa et al.,

2003).

A localidade Fazenda Santa Alexandrina é marcada pela abundância das espécies,

Sphenodiscus lobatus, 15 exemplares e Pachydiscus (P.) jacquoti, 17 exemplares, numa

amostra de 51 espécimes, as demais espécies somam 19 exemplares, coletados na camada de

calcário com influência de siliciclastos, denominada por Muniz (1993) como “calcário cor de

camurça” (Fig. VII.2). Um exemplar de Gaudryceras varicostatum foi coletado no arenito

calcífero que corresponde a Formação Itamaracá. Nesta associação fossilífera percebe-se uma

mistura temporal com representantes do Campaniano Superior e do Maastrichtiano (Tabela 6)

cronoestratigraficamente apresentam os amonóides mais antigos das três localidades

analisadas.

A pedreira CINEXCAL apresenta calcários, margas e calcários com bioturbação em

1,5m do perfil (Fig. VII.3). Dos sítios fossilíferos estudados, este possui a menor diversidade

com uma espécie identificada Pachydiscus (P.) neubergicus, três exemplares que foram

coletados nos calcários. Esta espécie é considerada fóssil guia para a base do Maastrichtiano

segundo Cristensen et al. (2000).�

No afloramento da Pedreira CIPASA fica bem evidente que os depósitos desta

formação mostram internamente o padrão “shallowing-upwarding”, caracterizados pela

repetição calcário/marga definindo pacotes de ampla distribuição sub-horizontais, mostrando

domínio de processos de agradação em uma extensa plataforma carbonática de baixo

gradiente (Fig. VII.4). Segundo Barbosa (2007), esses depósitos são correspondentes ao

regime de mar alto na bacia

A análise dos amonóides coletados no calcário com bioturbação da pedreira CIPASA

permitiu a identificação de associação fossilífera típica do Maastrichtiano (Tabela 6) onde é

mais abundante Diplomoceras cylindraceum com sete espécimes, seguido de Pachydiscus

(P.) neubergicus com cinco espécimes e Hauericeras sp. com um espécime.

Numa análise baseada na litologia dos exemplares estudados, somada as informações

cronoestratigráficas da associação fossilífera, a localidade Fazenda Santa Alexandrina

apresenta-se com idade inferior (Campaniano superior - Maastrichtiano) às outras duas

localidades CIPASA e CINEXCAL (Maastrichtiano).

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

52�

Fig. VII.2. Perfil estratigráfico da Fazenda Santa Alexandrina, Conde-PB.

Fig. VII.3. Perfil estratigráfico da Pedreira CINEXCAL, João Pessoa-PB.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

53�

Fig. VII. 4. Perfil estratigráfico da Pedreira

CIPASA, Caaporã-PB

Tabela 6: Distribuição temporal dos amonóides da Bacia da Paraíba.

And

ares

Tax

as

Sphe

nodi

scus

loba

tus

Pac

hydi

scus

(P

.) ja

cquo

ti

Hyp

ophy

lloc

eras

(N

.) s

urya

Gau

dric

eras

var

icos

tatu

m

Axo

noce

ras

cf. c

ompr

essu

m

Axo

noce

ras

ping

ue

Pac

hydi

scus

(P

.) n

eube

rgic

us

Dip

lom

ocer

as c

ilind

race

um

Hau

eric

eras

sp.

Maastrichtiano

Superior

Maastrichtiano

Inferior

Campaniano

Superior

Fazenda Santa Alexandrina CIPASA/CINEXCAL

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

CAPÍTULO VIII.

ASPECTOS PALEOECOLÓGICOS DOS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA

A Paleoecologia tem como seu principal objetivo refazer as relações entre os

organismos do passado e seu meio ambiente, inferidas a partir do registro fóssil. Os estudos

Paleoecológicos englobam dois tipos principais de enfoque: o primeiro envolve o estudo de

uma única espécie ou grupo taxonômico restrito, onde todos os dados pertinentes à vida e a

constituição do nicho ecológico devem ser buscados. Trata-se de uma abordagem biológica,

denominada paleoautoecologia. Por sua vez, o estudo de comunidades de organismos fósseis,

suas interrelações e distribuição ecológica, compõem a paleossinecologia (Dutra, 2010).

VIII. 1. ASPECTOS PALEOECOLÓGICOS DOS AMONÓIDES

Praticamente em todos os tipos de sedimentos de ambientes marinhos podem aparecer

amonóides em abundância. Apenas em recifes de corais e depósitos de areias oolíticas existe

uma ausência notável deles, ou são perdidos, quebrados ou desgastados. Em tais ambientes,

os amonóides encontrados podem ter flutuado, e levados para longe do ambiente de vida

(Wright et al.,1996).

É consenso que raramente os amonóides viveram em águas rasas, em áreas perto da

costa onde areias foram depositadas. Atingiram sua maior abundância e variedade nas águas

de 37 a 180m de profundidade. Não habitavam as lagoas, córregos e baias de água salobra de

deltas. (Rich et al., 1997).

No entanto, algumas exceções são conhecidas. Amonóides estreitos como

Engonoceras e Diplomoceras prosperaram em ambientes de recifes de coral e rudistas, onde a

água era rasa e agitada, estes atingiram um enorme número nos mares entre 9 a 37m de

profundidade (Rich et al. 1997). Os amonóides com morfótipo oxicone também são

interpretados como indicativos para ambientes da costa perto de águas rasas (Fig. VIII.1)

(Ifrim & Stinnesbeck, 2010).

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

55�

A capacidade dos Sphenodiscus de variar sua sutura e forma da concha parece estar

relacionada à sua capacidade de acomodar esses parâmetros para a profundidade da água que

viveu. Este gênero ocorreu nas águas com profundidades em torno da base da onda, ou um

pouco abaixo (Rich et al., 1997).

Na América do Norte, a ocorrência de Sphenodiscus é indicador de ambientes perto da

costa. As espécies encontradas na área foram dispersas ou migraram do nordeste do México

para o resto da América do Norte com a flutuação do nível do mar (Ifrim & Stinnesbeck,

2010). Na América do Sul, ainda não são conhecidos estudos sob esses aspectos.

Segundo Lehman (1981) as formas da subordem Ammonitina, principalmente da

família Desmoceratidae, são típicas de zonas mais profundas (oceânicas). Enquanto que as

formas com a ornamentação altamente desenvolvida da família Acanthoceratidae, são típicas

da área infranerítica na profundidade entre 2-10m. Espécies das ordens Phyloceratina e

Lytoceratina são característicos de área de maior profundidade (oceânicas), depositando-se

próximo a borda da zona batial, cerca de 200m de profundidade. Os amonóides de concha reta

também são limitados a situações de plataforma continental interna e da bacia marítima

epicontinentais, podendo ser associado com sedimentos marinhos relativamente baixos são

caracterizados por fenômenos recorrentes de endemismo (Fig. VIII.1).

Fig.VIII.1. Ambientes preferenciais dos amonóides de acordo com sua morfologia (Fonte:

Landman et al.,1996). Legenda: 1- forma oxicone, 2 e 3-forma de ornamentação

desenvolvidas, 4- forma inflada lisa, 5- forma lisa evoluta e com constrição, 6-forma lisa

evoluta e inflada, 7- forma lisa evoluta e serpenticone, 8- forma escafone, 9- forma torticone

elicoidal, 10-forma baculicone, 11- forma criocone, 12- forma ancilocone, 13- forma torticone

irregular.

�������

���� ���

�������

��������

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

56�

VIII.2. PALEOECOLOGIA COM BASE EM AMONÓIDES NA FORMAÇÃO GRAMAME

Diversos estudos sobre o ambiente deposicional da Formação Gramame foram

realizados, Tinoco (1976) e Fauth & Koutsoukos (2002), com base em foraminíferos

planctônicos e ostracodes inferiram um ambiente profundo de plataforma externa. Beurlen

(1967b) interpretou que a associação macrofossilífera da Formação Gramame indica um

ambiente nerítico com fundo lodoso, relativamente distante da costa.

Lima & Koutsoukos (2006) concluíram com base em nanofósseis calcários que

durante o Maastrichtiano, o clima na área onde se depositou a Formação Gramame era seco e

quente, com alternância de períodos úmidos, com baixo fluxo de sedimentos terrígenos. Estas

condições foram fundamentais para o desenvolvimento generalizado de um sistema de rampa

carbonática em ambiente nerítico exterior ao estabelecimento de batial, com a deposição de

calcário Mudstones/Wackstones em períodos de seca alternado com

Mudstones/Wackstones/Argiloso em períodos úmidos da Formação Gramame.

Estas rochas da Formação Gramame são compostas por biota variada e tal fato

corroborou para a interpretação de que as mesmas se depositaram sob condições de mar

aberto, em águas quentes e calmas e com lâmina d’água entre 100 e 200m (Córdoba et al.,

2007).

Silva et al. (2007) ao analisar a fauna de vertebrados, incluindo peixes ósseos,

cartilaginosos e répteis caracterizou o Cretáceo Superior, a Formação Gramame como

ambiente marinho profundo, de plataforma externa.

Com base na identificação das espécies de amonóides com ocorrência na Bacia da

Paraíba foi possível ilustrar o ambiente de vida das faunas em dois momentos diferentes da

história geológica da bacia são eles: Campaniano superior e Maastrichtiano (Fig.VIII.2 e

Fig.VIII.3).

Durante o Campaniano superior a Bacia da Paraíba foi habitada por amonóides das

espécies: Sphenodiscus lobatus, Pachydiscus (P.) jacquoti, Hypophylloceras (N.) surya,

Gaudryceras varicostatum, Axonoceras cf. compressum, Axonoceras pingue Uma paleofauna

composta em sua maioria por amonóides que habitam o domínio nerítico profundo, entre 100

e 200m, apresentando conchas evolutas que favorecem migração vertical e horizontal

(Fig.VIII.3). Apenas o Sphenodiscus lobatus por ter concha oxicone habitava locais mais

rasos, com lâmina d’água menor que 100 m e devido sua morfologia favorecia migração

lateral.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

57�

Fig.

VII

I.2.

Rec

onst

itui

ção

da p

aleo

faun

a de

am

onói

des

no C

ampa

nian

o su

peri

or. 1

. Sph

enod

iscu

s lo

batu

s; 2

. Pac

hydi

scus

(P

.) ja

cquo

ti; 3

. Axo

noce

ras

cf. c

ompr

essu

m; 4

. Hyp

ophy

lloc

eras

(N

eoph

yllo

cera

s) s

urya

; 5. G

audr

ycer

asva

rico

stat

um; 6

. Axo

noce

ras

ping

ue.

����

��

��

��

��

���

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

58�

Fig.

VII

I. 3

. Rec

onst

ituiç

ão d

a pa

leof

auna

de

amon

óide

s no

Maa

stri

chtia

no. 1

. Dip

lom

ocer

as c

ilin

drac

eum

, 2. P

achy

disc

us

(P.)

neu

berg

icus

; 3. H

auer

icer

as s

p.

����

��

��

��

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

59�

Analisando a freqüência das espécies coletadas que compõem a paleofauna do

Campaniano tardio foi possível verificar que Sphenodiscus lobatus, Pachydiscus (P.)

jacquoti, Axonoceras cf. compressum e Axonoceras pingue são indivíduos comuns e

Hypophylloceras (P.) surya e Gaudryceras varicostatum são indivíduos raros (Fig.VIII.4A).

No Maastrichtiano superior a paleofauna apresentou freqüência variada, os Pachydiscus (P.)

neubergicus são constantes, os Diplomoceras cylindraceum comuns e os Hauericeras sp.

raros (Fig.VIII.4B).

A B

Fig.VIII.4. Freqüência da paleofauna: A) do Campaniano Superior, B) do Maastrichtiano

O Maastrichtiano apresentou menor diversidade de amonóides acompanhando uma

tendência mundial como apresentado na Fig. V. 2. A área estudada foi ocupada por

Hauericeras e Pachydiscus (P.) neubergicus. Estes cefalópodes possuíam conchas evolutas

que ofereciam maior estabilidade e permitiam a migração vertical e horizontal, em função

disso habitavam o domínio nerítico profundo de plataforma continental. Também foi ocupada

por Diplomoceras cylindraceum um amonóide de espiras livres, sem muita estabilidade, que

por isso fazia apenas migração vertical e habitavam o domínio nerítico raso (Fig.VIII.4).

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

CAPÍTULO IX

ASPECTOS PALEOBIOGEOGRÁFICOS

A Paleobiogeografia é o ramo da Paleontologia que lida com a distribuição de grupos

de organismos representados exclusivamente por fósseis. As informações sobre distribuição

geográfica aparecem condensadas na maioria dos trabalhos de Sistemática e são apresentadas

em mapas. O fato de toda espécie concentrar-se em uma área geográfica constitui um padrão

biogeográfico particular. Algumas são mais restritas, adquirindo status de relíquias

biogeográficas, enquanto que outras apresentam ampla distribuição, sendo quase cosmopolita

(Gallo & Figueiredo, 2010).

O ponto de partida para estudo paleobiogeográfico é o reconhecimento de centros de

endemismo, ou seja, coincidência detectada na sobreposição de áreas de distribuição de taxas

não relacionados. Trata-se de um padrão compartilhado, portanto possibilita a realização de

testes e geração de hipóteses (Simpson, 1965).

O fenômeno da dispersão pode ser abordado em diferentes níveis de generalidade.

Pode ser organísmica, relativa aos mecanismos intrínsecos que permitem o espalhamento de

um indivíduo em dada área devido a adaptações particulares; específica, quando a expansão

da área de distribuição da espécie é influenciada por eventos históricos de grande escala e da

biota, quando acontece ultrapassagem de extensas áreas preexistentes por elementos da biota

(Gallo & Figueiredo, 2010).

O paleomastozoólogo George Gaylord Simpson reconheceu três tipos de rotas de

dispersão para grupos de espécies com base no grau de similaridade faunística: (1) corredor,

onde as condições ecológicas de cada extremidade da área de distribuição são similares, de

forma que o livre fluxo seria favorecido, contribuindo para uma maior homogeneidade; (2)

filtro, onde a mescla de condições ecológicas favoráveis e desfavoráveis restringe o livre

fluxo e somente formas bem adaptadas teriam condições de alcançar os extremos e (3) páreo,

onde a distância e as condições ecológicas nas regiões intermediárias seriam muito restritivas

(Simpson, 1965).

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

61�

IX.1. DISTRIBUIÇÃO PALEOBIOGEOGRÁFICA DOS AMMONOIDEA

Muitos gêneros do Paleozóico e Mesozóico são cosmopolitas, sua distribuição parece

ter sido pouco influenciada pela latitude e desta forma por qualquer zona climática.

Entretanto, algumas associações são muito mais amplamente distribuídas que outras. Em

todas as faunas existem gêneros, subfamílias e mesmo famílias que são restritas em sua

distribuição a certas partes do mundo. Para o Jurássico e o Cretáceo o conhecimento avançou

ao ponto onde mapas podem ser traçados com segurança mostrando a distribuição da fauna

(Wright et al. 1996).

No final do Jurássico dois grupos distintos de cefalópodes, distribuíram-se pelas

paleoprovíncias, Boreal e Tetyano-Pacífico. Tornaram-se diferenciados, portanto, estabelecer

correlações entre eles é extremamente difícil. Para alguns períodos uma subdivisão da fauna

Tetyana e Pacífica mais superior são possíveis. Nestas épocas várias províncias

desenvolveram características marcantes. Por exemplo, no Toarciano, Calloviano e

Oxfordiano, certas famílias especiais definiram uma província Indiano-Etiopiano da Fauna

Tethyana, contudo formas errantes da província foram posteriormente encontradas no oeste

Tethyano (Arkell, 1957).

Na literatura do século XIX, a subordem Phylloceratina e Lytoceratina foram sempre

colocadas como características da paleoprovíncia do Tethys e depósitos peculiares de águas

mais profundas. Ocorrências isoladas destas subordens agora são conhecidas nos depósitos

Jurássicos e Cretáceos no Círculo Ártico, norte da Sibéria e Groenlândia (Wrigth et al. 1996).

As faunas de amonóides do Mesozóico, das regiões Árticas e a rica fauna de Cretáceo

Superior do continente Antártico, provam que pode não ter existido nenhuma camada de gelo

no Mesozóico – pelo menos nenhum que seja perto de suas posições presentes. As únicas

posições nas quais os pólos frios podem ter se situado sem afetar as evidências, são no norte

do Pacifico e a correspondente posição no Atlântico Sul (Arkell, 1957). Isto concorda com a

ocorrência a longo tempo conhecida da flora similar temperada do Jurássico no Graham Land

e o oeste da Groenlândia. A evidência é inequívoca, e ela pode ser mais amplamente

percebida e avaliada por paleometeorologista e astrônomos.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

62�

IX 2. PALEOBIOGEOGRAFIA DAS ESPÉCIES ESTUDADAS

Durante o Cretáceo superior os organismos tiveram livre fluxo pelo Oceano Atlântico

recém formado, que tinha conexão com o Oceano Pacífico pela área que hoje corresponde a

América Central e também tinha conexão com o Oceano Tethys promovendo assim amplo

intercâmbio de faunas. A paleofauna da Bacia da Paraíba foi aqui correlacionada com as

bacias cretáceas no mundo visando compreender a sua importância paleobiogeográfica, estas

bacias que representam diferentes paleoprovíncias (Fig. IX.1).

Fig. IX. 1. Mapa representando diferentes paleoprovíncias no mundo durante o

Cretáceo superior.

A espécie Hypophylloceras (Neophylloceras) surya apresenta distribuição cosmopolita

(Fig.IX.2) sendo que a área com registros mais antigos localiza-se no Oceano Tethys sul, com

idade Campaniano inferior (Ifrim et al. 2004). A fauna descrita neste trabalho e a fauna da

América do norte são datadas como Campaniano superior. Isto sugere uma rota de migração

de sul para norte no Oceano Atlântico, a mesma rota pode ser sugerida para explicar a

habitação do Tethys norte e Pacífico.

Gaudryceras varicostatum apresenta distribuição espaçada, a área com registro mais

antigo é a África do Sul com Santoniano, seguido de Nova Zelândia Campaniano inferior

(Kennedy & Klinger, 1979), a paleofauna no Brasil é do Campaniano tardio.

Hauericeras é um gênero cosmopolita que apresenta registro em todas as províncias

paleogeográficas. Segundo, Wright et al. (1996) os registros mais antigos estão localizados na

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

63�

região sul do Oceano Tethys, na Austrália, Índia e Madagascar. Em função disso é possível

inferir que a rota de distribuição do gênero ocorreu de sul para norte pelo Atlântico e também

no Oceano Tethys, não atingindo o Pacífico.

Sphenodiscus lobatus apresenta registro bastante expressivo na província

paleogeográfica do Atlântico. No Brasil e Nigéria as faunas são datadas para o Campaniano

superior, segundo (Ifrim et al., 2005), nos EUA e México ocorre no limite Campaniano

superior – Maastrichtiano o que sugere uma rota de dispersão da espécie de sul para norte

pelo Atlântico recém formado, e de oeste para leste do Atlântico Norte para o Oceano de

Thethys.

Axonoceras pingue apresenta ocorrência restrita ao Atlântico Sul e região sul do

Oceano Tethys Kennedy & Klinger (1979) registraram a espécie no Campaniano inferior em

Madagascar e Angola. Para o Brasil a espécie é registrada no Campaniano superior na Bacia

da Paraíba, isso sugere que possivelmente a rota de dispersão da espécie foi de sul para norte

pelo Atlântico, não atingindo as províncias do norte e o Oceano Pacífico. Axonoceras

compressum é contemporâneo ao Axonoceras pingue, no entanto, obteve maior sucesso na

dispersão conseguiu atingir a província do norte sendo registrado nos EUA.

Pachydiscus (P.) neubergicus apresenta distribuição cosmopolita sendo registrado em

todas as províncias paleogeográficas. A Eurásia possui maior diversidade e abundância, os

registros mais antigos segundo Niebuhr (2003) estão nessa área. As rotas de dispersão são de

norte para sul pelo Oceano Tethys, de leste para o oeste do Oceano Tethys para o Atlântico

Norte e de norte para sul do Atlântico Norte para o Atlântico Sul.

O Diplomoceras cylindraceum apresenta distribuição semelhante ao Pachydiscus (P.)

neubergicus embora possuam habitat preferencial diferente, como explicado no item anterior

(Fig.IX.2).

Uma coincidência detectada na sobreposição das áreas de distribuição de taxas, o

Oceano Tethys é a paleoprovíncia biogeográfica com maior número de ocorrência. Das seis

espécies identificadas para a Bacia da Paraíba, cinco ocorrem nesta província durante o

Campaniano superior, sendo que os registros mais antigos para essas espécies vêm dessa

província (Tabela 7).

O evento tectônico que promoveu a separação da América do Sul e África caracteriza-

se como um importante fator na dispersão dos organismos marinhos que viveram durante o

Cretáceo superior, no Atlântico Sul.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

64�

Fig. IX. 2. Sobreposição de ocorrências no Campaniano Superior.

Tabela 7. Número de ocorrências por província paleobiogeográfica do Campaniano superior.

Táxon

Província G. v

aric

osta

tum

H. (

P.)

sur

ya

S. lo

batu

s

P. (

P.)

jacq

uoti

A. c

ompr

essu

m

A. p

ingu

e

Som

a

Atlântico Sul 2 2 2 2 2 2 12

Atlântico Norte 0 1 2 0 1 0 4

Tethys 1 5 1 4 1 1 13

Pacífico 1 2 0 0 0 0 3

Durante o Maastrichtiano a configuração paleobiogeográfica estabelecida foi diferente

da observada no Campaniano superior. Paleoecologicamente as espécies foram menos

diversas, mais abundantes e bastante dispersas. Percebe-se que a maioria das espécies

identificadas na Bacia da Paraíba quase cosmopolitas, sendo registrado em todas as províncias

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

65�

biogeográficas o Oceano Tethys é a área que apresenta o maior número de ocorrências das

espécies (Tabela 8).

Fig.IX. 3. Sobreposição de ocorrências durante o Maastrichtiano.

Tabela. 8. Número de ocorrências por província paleobiogeográfica Maastrichtiano.

Táxon

Província P.(

P.)

neu

berg

icus

D. c

ylin

drac

eum

Hau

eric

eras

sp.

Som

a

Atlântico Sul 2 3 2 7

Atlântico Norte 1 1 1 3

Tethys 9 12 3 24

Pacífico 0 2 1 3

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

CAPÍTULO X

CONCLUSÕES

Foram registradas para a Bacia da Paraíba quatro subordens de amonóides típicas do

Cretáceo, distribuídas em sete gêneros e nove espécies: PHYLLOCERATINA

Hypophylloceras (Neophylloceras) surya; LYTOCERATINA, Gaudryceras varicostatum;

AMMONITINA, Hauericeras sp., Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti jacquoti; Pachydiscus

(Pachydiscus) neubergicus; Sphenodiscus lobatus; ANCYLOCERATINA, Axonoceras cf.

compressum; Axonoceras pingue; Diplomoceras cylindraceum.

A classificação taxonômica dos exemplares foi revisada. A espécie classificada por

Muniz (1993) como Phylloceras (Hypophylloceras) cf. P. H. surya Forbes 1846, atualmente,

segundo Ifrim et al. (2005, 2010) é classificada como Hypophylloceras (Neophylloceras)

surya. A espécie Gaudryceras brasiliense Muniz, 1993 é considerada sinônimo de

varicostatum. A espécie Glyptoxoceras parahybense Maury, 1930, atualmente segundo Ifrim

et al. (2005, 2010) e Nieburh (2003) é classificada como Diplomoceras cylindraceum. A

espécie Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus é registrada pela primeira vez para a bacia.

Os amonóides da Bacia da Paraíba apresentam idades que vão do Campaniano ao

Maastrichtiano. Devido ao pouco controle estratigráfico torna-se difícil o estabelecimento de

zoneamento bioestratigráfico formal a partir da fauna estudada.

A paleofauna de amonóides indica ambiente nerítico profundo de plataforma

continental entre 100 e 200m. Este ambiente está em conformidade com os propostos por

Lima & Koutsoukos (2006) a partir de foraminíferos e Silva et al. (2007) baseado em

vertebrados. No Campaniano superior os amonóides apresentaram alta diversidade, freqüência

entre comum e raro; para o Maastrichtiano apresentou baixa diversidade e freqüência

variando entre constante e raro.

Das espécies identificadas na bacia, 60% são cosmopolitas sendo registradas em todas

as paleoprovíncias, ocorreu uma dispersão específica provavelmente influenciada pelo grande

evento tectônico que separou a América do Sul da África. A paleofauna do Campaniano teve

importantes relações paleobiogeográficas com o Tethys e o Atlântico sul. Já a paleofauna do

Maastrichtiano teve grande influência da paleoprovíncia Thethys.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

CAPÍTULO XI

REFERÊNCIAS

Andrade Ramos, J. R. 1959. Os Pachydiscus brasileiros. Notas preliminares e estudos. Boletim DGM/DNPM, 110: 1-25.

Arkell, W. J. 1957. Introduction to Mesozoic Ammonoidea. In: Moore, R. C. Treatise on Invertebrate Paleontology: Part L Mollusca 4 – Cephalopoda Ammonoidea, /L81 – L129. Geological Society of America and University of Kansas Press, Boulder, Lawrence.

Arnold, R. 1902. Fossils from Ponta de Pedras, coast of Pernambuco. In: Branner, J. C. (ed.), Geology of the norteast coast of Brazil. Bulletin Geological Society America, 13: 47.

Albertão, G. A. 1993. Abordagem Interdisciplinar e epistemiológica sobre as evidências do limite Cretáceo-Terciário, com base em leituras efetuadas no registro sedimentar das bacias da costa leste brasileira. Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, MG. Tese de Mestrado, 255p.

Albertão, G.A.; Koutsoukos, E A.M; Regali, M.P.S.; Attrep Jr., M & Martins Jr., P.P. 1994. The Cretaceous-Tertiary boundary in southern low-latitude regions: preliminary study in Pernambuco, northeastern Brazil. Terra Nova, 6: 366-375.

Almeida, J. A. C. 2000. Calcários recifais eocênicos da Formação Maria Farinha na Sub-Bacia de Alhandra, Paraíba: aspectos taxionômicos, paleoecológicos, paleoambientais e estratigráficos. Dissertação de Mestrado, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, 164p.

Almeida, J. A C. 2007. Icnofósseis de macrobioerosão na Bacia da Paraíba (Cretáceo superior – Paleógeno), Nordeste do Brasil. Tese de Doutorado, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, 213p.

Asmus, H. E. & Carvalho, J. C. 1978. Condicionamento tectônico da sedimentação nas bacias marginais do Nordeste do Brasil (Sergipe-Alagoas e Pernambuco-Paraíba). In: PROJETO REMAC (ed.), Aspectos estruturais da margem continental leste e sudeste do Brasil. PETROBRAS/CENPES, 4: 1-24.

Barbosa, J.A. 2004. Evolução da Bacia Paraíba durante o Maastrictiano-Paleoceno – Formações Gramame e Maria Farinha, NE do Brasil. Dissertação de Mestrado, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, 230p.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

68�

Barbosa, J.A. 2007. A deposição carbonática na faixa costeira Recife-Natal, NE do Brasil: aspectos estratigráficos, geoquímicos e paleontológicos. Tese de Doutorado, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, 270p.

Barbosa, J. A.; Lima Filho, M. F. 2005. Os Domínios da Bacia da Paraíba. In: Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo e Gás. Boletim Trabalhos: 1-6

Barbosa, J. A.; Souza, E. M.; Lima Filho, M. F. & Neumann, V. H. 2003. A Estratigrafia da Bacia Paraíba: Uma reconsideração. Estudos Geológicos, 13: 89-108.

Barbosa, J. A. Kellner, A. W. A. & Viana, M. S. 2005. Preliminary information on a crocodyliformes from the Paleocene of the Paraíba basin, NE Brazil. II Congresso Latino-Americano de Paleontologia de Vertebrados, Museu Nacional/ UFRJ, Boletim de resumos, 46-47.

Barbosa, J. A.; Viana, M.S.S.; Neumann, V.H. 2006. Paleoambientes e icnofáceis da seqüência carbonática da Bacia da Paraíba (Cretáceo-Paleogeno), Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Geociências, 36: 73-90.

Barbosa, J. A.; Neumann, V.H.; Lima Filho, M.; Souza, E.M.; Moraes, M.A. 2007. Estratigrafia da faixa costeira Recife-Natal (Bacia da Paraíba e Plataforma de Natal), NE Brasil. Estudos Geológicos, 17 (2): 3-30.

Bengtson, P. 1999. Research on Cretaceous ammonites of Brazil in the 20th century and the state of the art. In: Dias-Brito, D., de Castro, J.C. & Rohn R. (ed), Boletim do 5° Simpósio sobre o Cretáceo do Brasil, 1er Simpósio sobre el Cretácico de América del Sur. UNESP: 591–598.

Beurlen, K. 1961a. O Turoniano marinho do Nordeste do Brasil. Boletim da Sociedade Brasileira de Geologia, 16(1): 43-54.

Beurlen, K. 1961b. Observações geo-paleontológicas no Cretáceo do Rio Grande do Norte e Ceará, com descrição de amonóides. Coleção Mossoroense, Série B, 58: 12p.

Beurlen K. 1967a. Estratigrafia da faixa Sedimentar costeira Recife-João Pessoa. Boletim da Sociedade Brasileira de Geologia, 16(1): 43-53.

Beurlen K. 1967b. Paleontologia da faixa sedimentar costeira Recife-João Pessoa. Boletim da Sociedade Brasileira de Geologia, 16(1): 73-79.

Birkelund, T. 1965. Ammonites from the Upper Cretaceous of West Greenland. Meddelserom Gronland, 179 (7): 1-192.

Branner, J.C. 1902. Geology of the Northeast coast of Brazil. Geological Society of America Bulletin, 13: 41-98.

Brito, I. M. 1979. Bacias sedimentares e Formações Pós-paleozóicas do Brasil. Editora Interciência, 179p.

Burlamaqui. 1855. Noticia acerca dos animais de raças extintas descobertos em vários pontos do Brasil. Trabalhos da Sociedade Vellosiana, 20: 19p.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

69�

Cassab, R.C.T. 2010. Histórico das pesquisas paleontológicas no Brasil. In: Carvalho, I. S. Paleontologia. Editora Interciência: 13-18.

Cecca, I:.. 1997. Late Jurassic and Early Cretaceous uncoiled anunonites: trophism-related evolutionary processes. Acad. Sci. Paris, sér. II 325 (6): 629-634.

Clarkson, E.N.K. 1996. Invertebrate Palaeontology and Evolution. 3rd Edition. Chapman and Hall, London, 434p.

Córdoba,V.C.; Sá, E.F.J.; Sousa,D.C.; Antunes,A.F. 2007. Bacia de Pernambuco-Paraíba. Boletim de Geociências. 15 (2): 391-403.

Cope, E. D. 1886. A contribution to the vertebrate paleontology of Brazil. Proceeding of the American Philosophical Society, 23 (121): 1-21.

Cristensen, W. K, Hancock, J. M., Peake, N. B. & Kennedy, W. J. 2000. The base of the Maastrichtian. Bulletim of the Geological Society of Denmark 47: 81-85.

Dutra, T. L. 2010. Paleoecologia. In: Carvalho, I.S. (ed.) Paleontologia. Editora Interciência, p. 340-349.

Duarte, P. J. 1949. Depósitos de fosfato na Formação Maria Farinha. Anais Sociedade de Biologia de Pernambuco, 9 (1): 37-42.

Fauth, G. & Koutsoukos, E. A. M. 2002. Paleoecological inferences from marine ostracode assemblage of the Maastrichtian and Danian in the Pernambuco-Paraíba Basin. In: 6º Simpósio sobre o Cretáceo do Brasil e 2º Simpósio sobre El Cretácico de América Del Sur. São Pedro, Boletim de Resumos, 1: 261- 265.

Feijó, F. P. 1994. Bacia Pernambuco-Paraíba. Boletim de Geociências da Petrobrás, 8 (1): 143-148.

Gallemi, J.; Lopez, G.; Martínez, R.; Muñoz, J.; Pons, J. M. 1995. Distribution of some Campanian and Maastrichtian macrofaunas in southeast Spain. Cretaceus Research 16, 257-271.

Gallo, V. & Figueiredo, F. 2010. Paleobiogeografia. In: Carvalho, I. S. (ed.) Paleontologia. Editora Interciência: 352-370.

Haas, 1943. Some abnormally coiled ammonites from formations of the West Indies. Quaternaly Journal Geological Society London 22: 570-590.

Henderson, R. A. & Macnamara, K.J. 1985. Maastrichtian non-heteromorph ammonites from the Miria Formation, Western Australia. Paleontology 28 (1): 35-88.

Ifrim, C. & Stinnesbeck, W. 2010. Migration pathways of late Campanian and Maastrichtian shallow fácies ammonite Sphenodiscus in North America. Palaeogeography (no prelo).

Ifrim, C., Stinnesbeck, W. & López-Oliva, J. G. 2004. Maastrichtian cephalopods from Cerralvo, north-eastern Mexico. Paleontology 47 (6): 1575-1627.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

70�

Ifrim, C., Stinnesbeck, W., Schafhauser, A. 2005. Maastrichtian shallow-water ammonites of northeastern Mexico. Revista Mexicana de Ciências Geológicas 22 (1): 48–64.

Ifrim, C., Stinnesbeck, W., Garza, R.R. & Ventura, J.F. 2010. Hemipelagic cephalopods from the Maastrichtian (late Cretaceous) Parras Basin at La Parra, Coahuila, Mexico, and their implications for the correlation of the lower Difunta Group. Journal of South. American Earth Sciences: 22p.

Jagt, J. W. M. & Felder, W. M. 2003. The stratigraphic range of the índex ammonite Pachydiscus neubergicus (von Hauer, 1858) in the type área of the Maastrichtian Stage. Netherlands Journal of Geosciences/Geologie em Mijnbouw, 82 (3): 261-268.

Kegel, W. 1953. In: Relatório annual do director (ano 1952). Boletim DGM/DNPM, 80p.

Kegel, W. 1955. Geologia do Fosfato de Pernambuco. Boletim DGM/DNPM, 157: 53.

Kegel, W. 1957. Novo membro fossilífero da Formação Itamaracá (Cretáceo Superior) de Pernambuco. Anais da Academia Brasileira de Ciências. 29 (3): 373-375.

Kennedy, W. J. 1984. Ammonite faunas and the ‘standard zones’ of the Cenomanian to Maastrichtian Stages in their type áreas, with some proposals for the definition of the stage boundaries by ammonites. Bullitin Geological Society Denmark 33: 147-161.

Kennedy, W. J. & Cobban, W. A. 1976. Aspects of ammonites biology, biogeography and biostratigraphy. Special Pap. Paleontology 17: 94.

Kennedy, W. J. & Klinger. 1979. Cretaceous faunas from Zululand and Natal, South Africa. The amonite family Gaudryceratidae. Bulletin Brit. Museum Nat. His. (Geol.) 31 (2): 121-174.

Kim, A. 2010. Early Maastrichtian ammonites and nautiloids from Hrebenne, southeast Poland, and phenotypic plasticity of Acanthoscaphites tridens (Kner,1848). CretaceousResearch. 31: 27-60.

Landman, N.H., Tanabe, K. e Davis, R.A. 1996. Ammonoid Paleobiology. PlenumPress:100p.

Lehman, U. 1981. The ammonites: their life and their world. Cambridge University Press: 120p.

Lima, M.R. 1985. Primeiros resultados palinológicos de sedimentos da bacia costeira Pernambuco-Paraíba. In: IX Congresso Brasileiro de Paleontologia. Fortaleza, CE. Boletim de resumos, 29.

Lima, F.H.O. & Koutsoukos, E.A.M. 2004. Calcareous nannofossil biostratigraphy in the Maastrichtian of the Pernambuco-Paraíba Basin, NE Brazil. In: 6º Simpósio sobre o Cretáceo do Brasil e 2º Simpósio sobre el Cretácico de América Del Sur. Boletim de resumos: 279-284.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

71�

Lima, F.H.O. & Koutsoukos, E.A.M., 2006. Towards an Integrated Stratigraphy of the Gramame Formation (Maastrichtian), CIPASA Quarry, Pernambuco-Paraíba Basin, NE Brazil. Anuário do Instituto de Geociências UFRJ 29 (1): 81-94.

Lima Filho, M. F. 1996. Correlação da Bacia Cabo com as Bacias do Oeste Africano. Simpósio Aspectos Tectônicos, Deposicionais e Evolutivos de Bacias Rift. XXXIX Congresso Brasileiro de Geologia, Salvador-BA, Anais, 5: 347-349.

Lima Filho, M.F. 1998a. Análise estratigráfica e Estrutural da Bacia Pernambuco. Tese de Doutorado. Pós Graduação IG-USP. 180 p.

Lima Filho, M.F. 1998b. The main tectonic-magmatic events in Pernambuco basin (NE Brazil). In: Mabessone, J. M. (ed.) Contribuições Científicas do LAGESE (Laboratório de Geologia Sedimentar para o Projeto IGPC Nº 381 “Correlações Mesozóicas no Atlântico Sul”. Universidade Federal de Pernambuco. Departamento de Geologia, Publicação Especial 4.

Lima Filho, M.F. & Souza, E.M. 2001. Marco estratigráfico nos arenitos calcíferos do Campaniano da Bacia da Paraíba: estratigrafia e significado paleoambiental. 19º Simpósio de Geologia do Nordeste, Natal – RN, Boletim de resumos, 87-88.

Lima Filho, M. F., Monteiro, A. B., Souza, E. M. 1998. Carbonate sections of the Paraiba and Pernambuco Basins, Northeastern Brazil: Implications for the late stages of opening of Southern Atlantic Ocean. Alicante (Espanha), 15th, International Sedimentology Congress, Resumos, 504 –505.

Mabesoone, J.M. 1994. Sedimentary basins of Northeast Brazil. Departamento de Geologia, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco. Publicação Especial 2.

Mabesoone, J.M. 1996. Bacia Sedimentar Costeira Pernambuco-Paraíba-Rio Grande do Norte. In: IV Simpósio sobre o Cretáceo do Brasil, Águas de São Pedro-SP. Boletim de resumos, 81-84.

Mabesoone, J.M. & Alheiros, M.M. 1988. Origem da bacia sedimentar costeira Pernambuco-Paraíba. Revista Brasileira. Geociências, 18(4): 476-482.

Mabesoone, J.M. & Alheiros M.M. 1991. Base estrutural-Faixa sedimentar costeira de Pernambuco, Paraíba e parte do Rio Grande do Norte. Estudos Geológicos, 10: 33-43.

Mabesoone, J.M. & Tinoco, I.M. 1971. Geologia da faixa sedimentar costeira Pernambuco-Paraíba, Recife, Universidade Federal Pernambuco, Resumo do II Seminário Departamental (Mimeografado).

Mabesoone J.M., Tinoco I.M., Coutinho P.N. 1968. The Mesozoic-Tertiary boundary in northeastern Brazil. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, 4: 161-185.

Martínez, R. 1997. Campanian and Maastrichtian ammonites from southeast Spain. Cretaceous Research 18: 373-384.

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

72�

Matsumoto, T. & Morozomi, Y. 1980. Late Cretaceous ammonites from the Izumi Montains, southwest Japan. Bulletin Osaka Museum Nat. History, 33: 1-31.

Maury, C. J. 1930. O Cretáceo da Parahyba do Norte. Monografia do Serviço Geológico Mineral Rio de Janeiro, 8: 1-305.

Muniz, G. C. B. 1993. Novos moluscos da Formação Gramame, Cretáceo Superior dos Estados da Paraíba e de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Departamento de Geologia – UFPE. Publicação Especial N° 1: 202 p.

Muniz, G.C.B. & Bengtson, P. 1986. Amonóides Coniacianos da Bacia Potiguar, Brasil. Anais Academia Brasileira de Ciências. 58 (3): 445-455.

Muniz, G. C. B., Diniz, R. F. & Oliveira, M. I. M. 1984. Um outro cefalópode procedente do Estado do Rio Grande do Norte, Formação Jandaíra, Cretáceo do Nordeste. EstudosPesquisas, 6 (7): 57-60.

Nieburh, B. Late Campanian and Early Maastrichtian ammonites from the White chalk of Kronsmoor (northern Germany) – taxonomy and stratigraphy. Acta Geologica Polonica53 (4): 257-281.

Ojeda, H. A. O.; Fugita, M. 1976. Bacia Sergipe-Alagoas: Geologia regional e perspectivas petrolíferas. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 28. Porto Alegre, 1976. Anais Porto Alegre, SBG. 2: 137-158.

Oliveira, E. P. 1940. História da pesquisa de petróleo no Brasil. Rio de Janeiro, Ministério da Agricultura, Serviço Público Agrícola, 15: 1-208.

Oliveira, P. E. 1957. Invertebrados Cretácicos do Fosfato de Pernambuco. Boletim. DGM/DNPM, 172: 1-29.

Oliveira, P. E. 1969. Novo amonóide do Cretáceo do Ceará. Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Boletim de Geologia, 4: 5-9.

Oliveira, A. I. & Leonardos, O. H. 1943. Geologia do Brasil. 2ed. Serviço Didática. 823p.

Oliveira, P. E. & Silva Santos, R. 1950. Fósseis Cretáceos da Ilhá de Itamaracá. Rio de Janeiro. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 22 (1): 107-112.

Oliveira, P. E. & Andrade Ramos, J. R. 1956. Geologia das quadrículas de Recife e Pontas de Pedra. Boletim DGM/DNPM, 151: 1-60.

Oliveira, L. T., Demetrio, J. G. A., Tomé, M. E. T. & Vasconcelos, C. L. 2003. Análise da geometria dos aquiferos costeiros da porção norte da região metropolitan do Recife-PE a partir de perfis litológicos de poços tubulares. Revista Águas Subterrâneas 17: 9-22.

Rand, H.M. & Mabesoone, J.M. 1982. Northeastern Brazil and the final separation of South America and Africa. Paleogeography, Paleoclimatology, Paleoecology, 38: 163-183.

Rathbun, J. M. 1902. Description of Zanthopsis cretacea sp. nov. from the Parahyba do Norte. Bulletin Geological Society of America, 13: 43-44.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

73�

Rathbun, R. 1875. Preliminary reporto n the Cretaceous Lamellibranchs collected in the vicinity of Pernambuco, Brazil. Proceeding of the Boston Society Natural History, 241-256.

Rich, V., Rich P., TH, Fenton. MA, & Fenton CL. 1997. The Fossil Book : A Record of Prehistoric Life. Dover Publ., 760 p.

Santos, M.E.M.; Cassab, R.T., Fernandes, A.C.S.; Campos, D. A.; Brito, I.M.; Carvalho, I.S.; Tinoco, I.M.; Duarte, L.; Carvalho, M.S. & Lima, M.R. 1994. The Pernambuco-Paraíba Basin. In: Beurlen, G.; Campos, D. A. & Vivers, M.C. (Eds.) Stratigraphic range of Cretaceous of mega and macrofossils of Brazil. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Geociências: 245-272.

Shimizu, S. 1934. Ammonites. In: Shimizu, S. and Obata,T. Cephalopoda. Iwanami’s Lacture Series of Geology and Paleontology, 137p.

Silva, M.C.; Barreto, A.M.F; Carvalho, I.S.; Carvalho, M.S.S. 2007. Vertebrados e Paleoambientes do Neocretáceo-Damiano da Bacia da Paraíba, Nordeste do Brasil. Estudos Geológicos. 17 (2): 85-95.

Simpson, G. G. 1965. The Geography of Evolution. Chilton, Philadelphia, Pennsylvania, 249p.

Sobral, A.C.S., Zucon, M.H. & Barreto, A.M.F. 2010. Amonóides da Bacia de Pernambuco-Paraíba, NE, Brasil. Estudos Geológicos 20 (1): 27-46.

Souza-Lima, W. 2010. Um zoneamento preliminar para o Campaniano-Maastrichtiano marinho do nordeste do Brasil, baseado em amonóides. In: Paleo 2010 – Nordeste, Vitória de Santo Antão, Boletim de resumos: 6-7.

Souza-Lima, W. & Srivastava, N. K. 2006. Novos registros de amonóides da Formação Jandaíra, bacia Potiguar emersa (RN). In: Viana, M. S. S. & Souza-Lima, W. (coord.), Paleo 2006, Sobral, Ceará, 2006. Fundação Paleontológica Phoenix, Universidade do Vale do Rio Acaraú, Boletim de resumos: 19.

Souza-Lima, W.; Albertão, G. A. & Lima, F. H. de O. 2003. Bacias sedimentares brasileiras: Bacia de Pernambuco-Paraíba. Phoenix, 55: 1-6.

Souza-Lima, W.; Andrade, E. de J.; Bengtson, P. & Galm, P. C. 2002. A bacia de Sergipe-Alagoas : evolução geológica, estratigrafia e conteúdo fóssil. Fundação Paleontológica Phoenix, Edição especial, 1, 34 pp.

Souza-Lima, W., Andrade, E. de J. & Srivastava, N. K. 2007. A bioestratigrafia esquecida: amonóides da bacia Potiguar. In: Carvalho, I. de S.; Cassab, R. de C. T.; Schwanke, C.; Carvalho, M. de A.; Fernandes, A. C. S.; Rodrigues, M. A. da C.; Carvalho, M. S. S.; Arai, M. & Oliveira, M. E. Q. (eds.), Paleontologia: Cenários de vida. Editora Interciência, Rio de Janeiro, 1: 601-619.

Stephenson, L.W. 1941. The larger invertebrate fossils of the Navarro Group of Texas. University Texas. Bulletin 4101. 641p.

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

74�

Tinoco, I. M. 1967. Micropaleontologia da faixa sedimentar costeira Recife. João Pessoa.Boletim da Sociedade Brasileira de Geologia, 16 (1): 79-83.

Tinoco, I. M.1971. Contribuição ao conhecimento da gênese do fosfato de Olinda. Arquivo do Museu Nacional 54: 177-182.

Tinoco, I. M. 1976. Foraminíferos planctônicos e a passagem entre o Cretáceo e o Terciário, em Pernambuco, Nordeste do Brasil. In: 29º Congresso Brasileiro Geologia, Ouro Preto, Anais, 2: 17 – 36.

Tomé, M.E.T.; Lima Filho, M.F.; Neumann, V.H.M.L. 2006. Análise Estratigráfica do Albiano-Turoniano da Bacia de Pernambuco: Considerações sobre a Paleogeografia e Geração de Hidrocarbonetos. Geociências, 25 (1), p. 49-58.

Ward, P. D. & Kennedy, W. J. 1993. Maastrichtian ammonites from the Biscay region (France, Spain). The paleontological Society Memoir 34: 1-58.

Ward, P. D., Wiedmann, J., Mount, J. F. 1986. Maastrichtian molluscan biostratigraphy and extinction patterns in a Cretaceous/Tertiary boundary section exposed at Zumaya, Spain. Geology 14: 899-903.

White, C. A. 1887. Contribuições a Paleontologia do Brasil. Arquivos do Museu Nacional 7: 1-273.

Williston, S. W. 1902. Description of a new species of Cimolichtys from Parayba do Norte Geology of the Northeast Coast of Brazil by John C. Branner. Bulletin Geological Society America, 13: 44-45.

Williamson. 1868. Geology of Parahyba and Pernambuco gold Regions. Transactions Manchester Geological Society, 6. 115p.

Woodward, A. S. 1907. Notes on some Upper Cretaceous fish-remains from the provinces of Sergipe and Pernambuco, Brazil. Geological Magazine, 4 (515): 193-197.

Wright, C. W. & Matsumoto, T. 1954. Some doubtful Creataceous ammonite genera from Japan and Saghalien. Mem. Fac. Sci. Kyushu Univ, 4: 107-134.

Wrigth, C. W.; Callomon, J. H.; Howarth, M. K. 1996. Cretaceuos Ammonoidea. In: Kaesler, R. L. (Ed.) Treatise on Invertabrate Paleontology: Part L Mollusca 4 (Revised). Geological Society of América, University of Kansas.

Zucon, M. H. 2005 Amonóides da Transição Aptiano–Albiano da Bacia de Sergipe, Brasil. Tese Doutorado. Pós-graduação em Geociências – UFBA. 120p.

www.scotese.com Acesso em: 21/01/2011

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

PRANCHAS

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

PRANCHA I

Hypophylloceras (Neophylloceras) surya Forbes, 1846

DGEO–CTG–UFPE 3282

Figura 1: Vista lateral mostrando a ornamentação

Figura 2: Vista lateral mostrando as suturas

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

PRANCHA II

Gaudryceras varicostatum van Hoepen, 1921

DGEO-CTG-UFPE 3290

Figura 1:Vista lateral

Figura 2: Molde externo

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

PRANCHA III

Hauericeras sp

DGEO-CTG-UFPE 3292

Figura 1: Vista lateral

Figura 2: Vista frontal (seção transversal)

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

PRANCHA IV

Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti Seunes, 1890

DGEO-CTG-UFPE 6220

Figura 1: Vista lateral

Figura 2: Vista frontal (seção transversal)

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

PRANCHA V

Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus von Hauer, 1858

DGEO-CTG-UFPE 6220

Figura 1: Vista lateral

Figura 2: Vista frontal (seção transversal)

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

PRANCHA VI

Sphenodiscus lobatus Tuomey, 1854

DGEO-CTG-UFPE 4221

Figura 1: Vista lateral

Figura 2:Vista frontal (seção transversal)

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

PRANCHA VII

Axonoceras cf. compressum Stephenson, 1941

DGEO-CTG-UFPE 3277

Figura 1:Vista lateral, zoom 2x.

Figura 2:Vista frontal (seção transversal), zoom 2x.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

PRANCHA VIII

Axonoceras pingue Stephenson, 1941

DGEO-CTG-UFPE 3279

Figura 1 Vista lateral, zoom 2x.

Figura 2: Vista ventral, zoom 2x.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

PRANCHA IX

Diplomoceras cylindraceum Defrance, 1816

DGEO-CTG-UFPE 1077

Figura 1: Vista lateral

Figura 2: Vista frontal (seção transversal)

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

ANEXOS

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Anexo I

Relação do material fóssil analisado no trabalho.

Nº DGEO-CTG-UFPE

Identificação Localidade de coleta

1069 Pachydiscus (P.) neubergicus CINEXCAL

1077* Diplomoceras cylindraceum CIPASA

1803 Pachydiscus (P.) neubergicus CINEXCAL

3273 Axonoceras cf. compressum Fazenda Santa Alexandrina

3274 Axonoceras cf. compressum Fazenda Santa Alexandrina

3275 Axonoceras cf. compressum Fazenda Santa Alexandrina

3276 Axonoceras cf. compressum Fazenda Santa Alexandrina

3277 Axonoceras cf. compressum Fazenda Santa Alexandrina

3278 Axonoceras cf. compressum Fazenda Santa Alexandrina

3279 Axonoceras pingue Fazenda Santa Alexandrina

3280 Axonoceras pingue Fazenda Santa Alexandrina

3281 Axonoceras pingue Fazenda Santa Alexandrina

3290 Gaudryceras varicostatum Fazenda Santa Alexandrina

3291 Gaudryceras varicostatum Fazenda Santa Alexandrina

3292* Hypophylloceras (N.) surya Fazenda Santa Alexandrina

3292 Hauericeras sp. CIPASA

4111 Pachydiscus (P.) neubergicus CINEXCAL

4219 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4220 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4221 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4222 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4585 Pachydiscus (P.) neubergicus CINEXCAL

4666 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4667 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4675 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

4688 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4689 Pachydiscus (P.)neubergicus CINEXCAL

4690 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4692 Diplomoceras cylindraceum CIPASA

4693 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4695 Diplomoceras cylindraceum CIPASA

4696 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4697 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4698 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4699 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4700 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4701 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4704 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4705 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4707 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4708 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4711 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4712 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4713 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4714 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4716

4718

Hypophylloceras (N.) surya Fazenda Santa Alexandrina

4719 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4721 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4724 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

4725 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

4728 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

5201 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

5251 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

5260 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

5261 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

5486 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina

7101 Pachydiscus (P.) neubergicus CIPASA

7102 Pachydiscus (P.) neubergicus CIPASA

7103 Pachydiscus (P.) neubergicus CIPASA

7104 Diplomoceras cylindraceum CIPASA

7105 Diplomoceras cylindraceum CIPASA

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Anexo II

Pranchas de Maury (1930)

Figura 1. a Sphenodiscus brasiliensis, sp. nov. Tamanho natural. Um molde interno com alguma substância da concha ainda aderente, mostrando estriações na superfície, a sutura sendo também claramente visível. Espécime coletado no calcário cinzento, Rio Gramame, Estado da Paraíba do Norte.

Figura 1.b) Sphenodiscus brasiliensis, sp. nov. Linha de sutura mostrando lóbulos e selas. 1.c) Sphenodiscus parahybensis, sp. nov. Tamanho natural. Molde interno coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinzento, próximo ao Rio Gramame, estado da Paraíba do norte.

Figura 2.a) Parapachydiscus sumneri, sp. nov. Tamanho natural. Molde interno, vista periférica. Coletado na Zona Sphenodiscus, em calcário cinzento, Maastrichtiano, margem do Rio Gramame, estado da Paraíba.

Figura 2.b) Parapachydiscus sumneri, sp. nov. Tamanho natural. Uma vista lateral do mesmo especimen representado na figura 1.

Figura 2.c) Parapachydiscus eurydice, sp. nov. Tamanho natural. Molde interno, coletado na Zona Sphenodiscus de Maury (1930), em calcário cinzento, margem do Rio Gramame, estado da Paraíba. Idade Maastrichtiano.

Figura 3.a) Parapachydiscus gettyi, sp. nov. Tamanho natural. Vista lateral de um molde interno. Zona Sphenodiscus. Coletado em calcário cinzento, idade Maastrichtiano, Rio Gramame, Paraíba.

Figura 3.b) Parapachydiscus gettyi, sp. nov. Uma vista periférica do mesmo espécime visto na figura 1.

Figura 5)Parapachydiscus dossantosi, sp. nov. Tamanho natural, molde interno, tendo sido inteiramente dissolvida a substância da concha. Coletado na Zona Sphenodiscus, calcário cinza, idade Maastrichtiano, Rio Gramame, Paraíba.

Figura 6.a) Parapachydiscus dossantosi, sp. nov. Tamanho natural. Vista lateral de um molde interno, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinzento, margem do Rio Gramame, Estado da Paraíba.

Figura 6.b) Parapachydiscus dossantosi, sp. nov. Vista periférica do mesmo espécime representado na figura 1.

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

���

� �

� � � �

� �

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Anexo III

Pranchas de Maury (1930)

Figura 1a) Parapachydiscus euzebioi, sp. nov. Tamanho natural, molde interno. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Estado da Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 2a e b) Parapachydiscus reedsi, sp. nov. Tamanho natural. Molde interno, coletado na Zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 3a) Canadoceras andrômeda, sp. nov. Tamanho natural, molde interno, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 3b) Parapachydiscus bruneti, sp. nov. Tamanho natural, molde interno, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 3c) Parapachydiscus bruneti, sp. nov. Vista periférica do mesmo espécime representado na figura 2.

Figura 3d) Parapachydiscus williamsoni, sp. nov. Tamanho natural, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 3e) Parapachydiscus williamsoni, sp. nov. Vista periférica do mesmo espécime representado na figura 4.

Figura 4a) Parapachydiscus orpheus, sp. nov. Tamanho natural aproximadamente, molde interno, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 4b) Canadoceras williamsoni, sp. nov. Vista periférica do mesmo espécime representado na figura 4.

Figura 5) Parapachydiscus oceanus, sp. nov. Desenho reduzido, o molde natural mede 235mm, no maior diâmetro. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

� �

��

���

� �

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Anexo IV

Pranchas de Maury (1930)

Figura 1) Parapachydiscus albuquerquei, sp. nov. Desenho reduzido, o molde natural mede 235mm, no maior diâmetro. A vista periférica deste espécime está representada na estampa 28, figura 2, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 2) Parapachydiscus arionis, sp. nov. Desenho reduzido, o molde natural mede 250mm, no maior diâmetro. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 3) Parapachydiscus psyche, sp. nov. o molde natural tem 250mm, no maior diâmetro. coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 4) Pseudophyllites amphitrite, sp. nov. o molde interno tem 210mm, no maior diâmetro. As finas estrias que ornamentam a concha estão visíveis em uma pequena porção do molde. Uma vista periférica deste espécime nesta representada na estampa 28, figura 1. coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 5a) Pseudophyllites amphitrite, sp. nov. vista periférica do mesmo espécime visto na estampa 27, figura 1. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 5b) Parapachydiscus albuquerquei, sp. nov. vista periférica, uma vista lateral deste espécime está representada na estampa 24, figura 1. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 6) Pseudophyllites nereidideditus, sp. nov. Desenho ligeiramente reduzido, o molde natural mede 210mm. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 7) Parapachydiscus athena, sp. nov. Desenho ligeiramente reduzido, o molde natural mede 210mm, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 8) Parapachydiscus hera, sp. nov. o molde interno tem 265mm, no maior diâmetro. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Figura 9) Parapachydiscus endymion, sp. nov. O molde natural é muito grande, medindo 300mm, no maior diâmetro. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

� �

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Anexo V

Pranchas de Muniz (1993)

Figuras 1-3. Axonoceras cf. A. compressum

Figuras 4-7. Phylloceras (Hypophylloceras) cf. P. H. surya

Figuras 5 e 6. Axonoceras pingue

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Anexo V

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Anexo VI

Pranchas de Muniz (1993)

Figura 1. Hauericeras sp.

Figura 2, 3. Graudyceras brasiliense

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do ... Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias

Anexo VI