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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIËNCIAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
Anderson da Conceição Santos Sobral
OS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA: IMPLICAÇÕES CRONOESTRATIGRÁFICAS,
PALEOECOLÓGICAS E PALEOBIOGEOGRÁFICAS
Dissertação de Mestrado
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ANDERSON DA CONCEIÇÃO SANTOS SOBRAL
Biólogo, Universidade Federal de Sergipe, 2007
OS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA: IMPLICAÇÕES CRONOESTRATIGRÁFICAS, PALEOECOLÓGICAS E PALEOBIOGEOGRÁFICAS
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Geociências do Centro de Tecnologia e Geociências da Universidade Federal de Pernambuco, orientada pela Profª Dra. Alcina Magnólia Franca Barreto (Departamento de Geologia, Universidade Federal de Pernambuco) e co-orientada pela Dra. Maria Helena Zucon (Departamento de Biologia, Universidade Federal de Sergipe), como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Geociências, área de concentração Geologia Sedimentar e Ambiental.
Recife – PE
2011
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S677a Sobral, Anderson da Conceição Santos.
Os amonóides da Bacia da Paraíba: implicações cronoestratigráficas, paleoecológicas e paleobiogeográficas / Anderson da Conceição Santos Sobral. - Recife: O Autor, 2011.
74 folhas, il., gráfs., tabs.
Orientadora: Profª. Drª. Alcina Magnólia Franca Barreto. Co-Orientadora: Profª. Drª. Maria Helena Zucon. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.
CTG. Programa de Pós-Graduação em Geociências, 2011. Inclui Referências Bibliográficas, Pranchas e Anexos.
1. Geociências. 2. Cephalopoda. 3. Formação Gramame. 4. Formação Itamaracá. 5. Cretáceo Superior. I. Barreto, Alcina Magnólia Franca. II. Zucon, Maria Helena. III. Título.
UFPE
551 CDD (22. ed.) BCTG/2011-118
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OS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA: IMPLICAÇÕES CRONOESTRATIGRÁFICAS, PALEOECOLÓGICAS E PALEOBIOGEOGRÁFICAS
ANDERSON DA CONCEIÇÃO SANTOS SOBRAL
Aprovado:
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Dedico este trabalho os meus pais Maria da Conceição Santos Sobral e Jose Adelson Sobral
(in memorian) e a minha tia Terezinha por apoiarem todos os projetos da minha vida.
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O que somos é apenas um passo para o que podemos nos tornar. (Autor desconhecido)
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AGRADECIMENTOS
Ao CNPq, pela concessão da bolsa que viabilizou a realização deste trabalho;
Ao corpo docente e administrativo do Programa de Pós-graduação em Geociências da UFPE pelo apoio e pelas valiosas informações compartilhadas;
A professora Alcina Barreto pelo acolhimento, pela confiança e parceria firmada na realização deste trabalho aceitando orientá-lo;
A professora Maria Helena Zucon pela primeira oportunidade no mundo científico, por aceitar co-orientar este trabalho;
Aos paleontólogos Geraldo Costa Barros Muniz e Karl Beurlen (in memorian) pelos fósseis que coletaram e foram analisados neste trabalho;
Aos demais familiares: irmã, tias e primos (as) pela torcida e pelos incentivos;
Aos amigos(as) do Paleolab UFPE Fabiana Marinho, David Holanda, Priscilla Albuquerque, Ricardo Lobo, Bruno Ferreira, Marcia Cristina, Paulo Victor, Édison Vicente, César Filgueiras, Tatiane Lima e Thays da Rocha pelo companheirismo, pelos ensinamentos compartilhados e por terem me ajudado durante o mestrado;
Aos amigos de Aracaju: Andreza Andrade, Edilene Macedo, Fabio Lira, Geize Caroline, Gilson Pereira, Lucileide Macedo, Marquezine Franco, Rick Taynor, pelos incentivos e apoio na minha mudança para Recife;
Aos amigos Claudio Cabral, Diogo Chalegre, Lidiane, Roberta Lane e Vladimir Filho pelo companheirismo no dia a dia;
Aos colegas do mestrado: Clarissa Raquel, Eduardo Barreto, Geiviane Karine, Natan Pereira, Rene Jota, Tiago Lopes pelas horas de estudo compartilhadas;
Agradeço a Deus pela força concedida para realização deste trabalho;
A todos(as) o meu OBRIGADO.
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RESUMO
A Bacia da Paraíba desempenha um papel importante para elucidar a história do Atlântico
Sul, uma vez que, integra o sistema de bacias marginais do leste sul-americano e foi à última
porção a se separar durante fragmentação do Gondwana. O presente trabalho tem como
objetivo o estudo dos amonóides da Bacia da Paraíba sob aspectos cronoestratigráficos,
paleobiogeográficos e paleoecológicos. A metodologia empregada durante a realização da
pesquisa foi divida nas seguintes etapas: levantamento do acervo paleontológico da coleção
científica do DGEO-CTG-UFPE; trabalhos em laboratório, para preparação, identificação,
classificação e catalogação do material; revisão taxonômica dos amonóides da bacia. Foram
registradas para a formação quatro ordens de amonóides típicas do Cretáceo, sete gêneros e
nove espécies: PHYLLOCERATINA Hypophylloceras (Neophylloceras) surya Forbes, 1846;
LYTOCERATINA, Gaudryceras varicostatum van Hoepen, 1921; AMMONITINA,
Hauericeras Grossouvre, 1894, Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti Seunes, 1890;
Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus von Hauer, 1858; Sphenodiscus lobatus Tuomey,
1854; ANCYLOCERATINA, Axonoceras cf. compressum Stephenson, 1941; Axonoceras
pingue Stephenson ?; Diplomoceras cylindraceum Defrance, 1816. Os amonóides da Bacia da
Paraíba apresentam idades que vão do Campaniano superior ao Maastrichtiano. A espécie
Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus é registrada pela primeira vez para a bacia. A
paleofauna estudada apresenta freqüência que varia entre comum e raro, indica ambiente
nerítico profundo de plataforma continental entre 100 e 200m para a bacia e 60% são
cosmopolitas sendo registradas em todas as paleoprovíncias, apresenta também uma maior
relação com a fauna sul americana e tetiana.
Palavras-chave: Cephalopoda, Formação Gramame, Formação Itamaracá, Cretáceo Superior.
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ABSTRACT
Paraíba Basin is important in the history of
South Atlantic, as it integrates the system marginal basins of south-east
American and was the last piece to fall apart during fragmentation of Gondwana. This paper
aims to study the ammonites in the Paraíba Basin
cronostratigraphic, paleoecological and paleobiogeographic aspects. The methodology
employed during the research was divided into the following steps:
survey of the paleontological collection of the DGEO-CTG-UFPE,
laboratory work, preparation, identification, classification and
cataloging the material, taxonomic revision of the ammonites of the basin. Were
registered for training four orders of typical Cretaceous ammonites, seven
genera and nine species: PHYLLOCERATINA Hypophylloceras (Neophylloceras) surya
Forbes, 1846; LYTOCERATINA, Gaudryceras varicostatum van HOEPEN, 1921;
AMMONITINA, Hauericeras Grossouvre, 1894, Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti
Seunes, 1890; Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus von Hauer, 1858; Sphenodiscus
lobatus Tuomey, 1854; ANCYLOCERATINA, Axonoceras cf. compressum Stephenson,
1941; Axonoceras pinge Stephenson; Diplomoceras cylindraceum Defrance, 1816. The
ammonites of Paraíba Basin exhibit ages ranging from the upper Campanian
Maastrichtian. The species Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus is recorded for
first time for the basin. The study presents paleofauna frequency ranging
between common and rare, indicates deep neritic environment of the continental shelf
between 100 and 200 for the basin are cosmopolitan and 60% being recorded in all
paleoprovíncias, also presents a greater relationship with the South American fauna and
Tetiana.
Keywords: Cephalopoda, Gramame Formation, Itamaracá Formation, Upper Cretaceous.
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ÍNDICE
AGRADECIMENTOS............................................................................................................ vi
RESUMO ................................................................................................................................vii
ABSTRACT ...........................................................................................................................viii
INDICE ......................................................................................................................................1
CAPÍTULO I ............................................................................................................................ 5
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 5
I. 1. OBJETIVOS .................................................................................................................... 6 I. 1.1. Geral ......................................................................................................................... 6I.1.2. Específicos ................................................................................................................. 6
I. 2. JUSTIFICATIVAS DA PESQUISA ................................................................................ 6 I.3. ÁREA DE ESTUDO ......................................................................................................... 7
CAPÍTULO II ........................................................................................................................... 8
MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 8
II. 1. SELEÇÃO DO MATERIAL DA COLEÇÃO DO DGEO-CTG-UFPE ......................... 8 II.2. TRABALHOS EM LABORATÓRIO E CRITÉRIOS TAXONÔMICOS ADOTADOS ................................................................................................................................................ 8 II. 3. RECONSTITUIÇÕES PALEOECOLÓGICAS E PALEOBIOGEOGRÁFICAS ....... 10
CAPÍTULO III ....................................................................................................................... 11
ASPECTOS GEOLÓGICOS DA BACIA DA PARAÍBA .................................................. 11
III. 1. HISTÓRICO DAS PESQUISAS NA BACIA DA PARAÍBA .................................. 11 III.2. GEOLOGIA DA BACIA DA PARAÍBA ................................................................... 13
CAPÍTULO IV ........................................................................................................................ 20
ESTUDO DOS AMONÓIDES EM BACIAS CRETÁCEAS NO BRASIL ...................... 20
IV. 1. 1. HISTÓRICO DO ESTUDO DOS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA .... 21 IV. 1. 2. OCORRÊNCIA DE AMONÓIDES OUTRAS BACIAS BRASILEIRAS ............ 23
IV. 1.2.1. Bacia de Sergipe-Alagoas ................................................................................. 23IV. 1.2.2. Bacia Potiguar................................................................................................... 24
CAPITULO V ......................................................................................................................... 26
ASPECTOS GERAIS DA CLASSE CEPHALOPODA ..................................................... 26
V. 1. ASPECTOS GERAIS DA ORDEM AMMONOIDEA ............................................... 27 V. 2. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS PRINCIPAIS DOS AMONÓIDES DO MESOZÓICO ....................................................................................................................... 28
CAPÍTULO VI ........................................................................................................................ 34
SISTEMÁTICA ...................................................................................................................... 34
CAPÍTULO VII ...................................................................................................................... 47
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ASPECTOS ESTRATIGRÁFICOS DOS AMONÓIDES NA BACIA DA PARAÍBA ... 47
VII. 1. BIOESTRATIGRAFIA COM BASE EM AMONÓIDES PARA O CRETÁCEO SUPERIOR ........................................................................................................................... 47 VIII.2. INTERVALO CAMPANIANO-MAASTRICHTIANO DAS BACIAS DO NORDESTE .......................................................................................................................... 48 VII.3. HISTÓRICO DA BIOESTRATIGRAFIA NA BACIA DA PARAÍBA ................... 49 VII.4. ANÁLISE DO LIMITE CAMPANIANO-MAASTRICHTIANO DA BACIA DA PARAÍBA COM BASE EM AMONÓIDES ........................................................................ 50
CAPÍTULO VIII. ................................................................................................................... 54
ASPECTOS PALEOECOLÓGICOS DOS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA . 54
VIII. 1. ASPECTOS PALEOECOLÓGICOS DOS AMONÓIDES .................................... 54 VIII.2. PALEOECOLOGIA COM BASE EM AMONÓIDES NA FORMAÇÃO GRAMAME .......................................................................................................................... 56
CAPÍTULO IX ........................................................................................................................ 60
ASPECTOS PALEOBIOGEOGRÁFICOS ......................................................................... 60
IX.1. DISTRIBUIÇÃO PALEOBIOGEOGRÁFICA DOS AMMONOIDEA .................... 61 IX 2. PALEOBIOGEOGRAFIA DAS ESPÉCIES ESTUDADAS ...................................... 62
CAPÍTULO X ......................................................................................................................... 66
CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 66
CAPÍTULO XI ........................................................................................................................ 67
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67
PRANCHAS
ANEXOS
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LISTA DE FIGURAS
Figura I.1: Mapa localização Bacia da Paraíba e dos afloramentos............................................7
Figura II. 1. Medidas aplicadas aos amonóides..........................................................................9
Figura II. 2. A) Forma da concha planispiral de amonóides e diferentes graus de recobrimento
das voltas; B) Tipos de seção transversal .................................................................................10
Figura III. 1. Coluna litoestratigráfica da Bacia da Paraíba......................................................14
Figura V.1. Relações morfológicas entre as classes dos moluscos ......................................... 27
Figura V.2. Distribuição estratigráfica dos principais grupos taxonômicos de Ammonoidea 28
Figura V.3. Diagrama da protoconcha de um amonóide .........................................................29
Figura V.4. Tipos de costela em conchas de amonóides......................................................... 31
Figura V.5. Tipos de ornamentação nas conchas de amonóides ............................................. 31
Figura V.6. Tipos de suturas nas conchas de amonóides .........................................................32
Figura VII.1. Zoneamento da “Bacia Pernambuco-Paraíba” (Souza-Lima, 2010)...................50
Figura VII.2. Perfil estratigráfico da Fazenda Santa Alexandrina, Conde-PB.........................52
Figura VII.3. Perfil estratigráfico da pedreira CINEXCAL, João Pessoa-PB..........................52
Figura VII.4. Perfil estratigráfico da pedreira CIPASA, Caaporã-PB......................................53
Figura VIII.1. Ambientes preferenciais dos amonóides de acordo com sua morfologia..........55
Figura VIII.2. Reconstituição da paleofauna de amonóides no Campaniano superior ............57
Figura VIII.3. Reconstituição da paleofauna de amonóides no Maastrichtiano.......................58
Figura VIII.4. Freqüência da paleofauna .................................................................................59
Figura IX. 1. Mapa representando as diferentes paleoprovíncias ........................................... 62
Figura IX. 2. Sobreposição de ocorrências no Campaniano Superior .....................................64
Figura IX.3. Sobreposição de ocorrências durante o Maastrichtiano.......................................65
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Afloramentos que forneceram amonóides para estudo sistemático............................7
Tabela 2. Histórico dos trabalhos sobre a paleontologia de amonóides na Bacia de Sergipe-
Alagoas .................................................................................................................................... 23
Tabela 3. Comparação morfométrica das espécies de Gaudryceras ........................................38
Tabela 4. Tabela de medidas Axonoceras pingue ....................................................................44
Tabela 5. Zoneamento para as bacias Potiguar e SE/AL nordeste do Brasil ...........................49
Tabela 6. Cronobiozoneamento com base em amonóides para Formação Gramame ..............53
Tabela 7. Número de ocorrências por província paleobiogeográfica Campaniano..................64
Tabela 8. Número de ocorrências por província paleobiogeográfica Maastrichtiano..............67
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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
A Bacia da Paraíba integra o sistema de bacias marginais do leste sul-americano é
conhecida, desde meados do século XIX, por sua riqueza em fósseis marinhos, principalmente
moluscos e está localizada na faixa litorânea nos estados de mesmo nome. As pesquisas têm
se intensificado nos últimos anos por diversos fatores, tais como: o contato litológico entre as
formações Gramame e Maria Farinha, que delimita o Cretáceo e Paleogeno; a proposta de
divisão em duas bacias distintas separadas pelo Lineamento Pernambuco e pesquisas
realizadas pela PETROBRAS, para identificar na bacia, ambiente propício à produção de
hidrocarbonetos.
A Ordem Ammonoidea apareceu no início do Devoniano e foi extinta no final do
Cretáceo e constitui o grupo mais importante para uso bioestratigráfico entre os macrofósseis.
Seus representantes tinham hábito de vida nectônico, morfologicamente apresentavam
características marcantes, com uma concha externa calcária, internamente dividida por vários
septos. Amonóides de qualquer espécie, não são encontrados em ambientes deposicionais
fluviais ou lacustres. A ampla distribuição geográfica deve-se em primeiro lugar ao modo de
vida tanto do adulto (nectônico) quanto do estágio larval (planctônico). Além disso, estima-se
que as conchas flutuavam na água durante muito tempo, sendo arrastadas pelas correntes
marinhas, de onde se seguiu uma ampla distribuição mesmo depois da morte do animal.
Tiveram extrema abundância e rápida evolução, circunstâncias favoráveis para uso em
análises bioestratigráficas.
Os fósseis de amonóides no Brasil são encontrados principalmente em pedreiras,
cortes de estradas e afloramentos naturais. Além da Bacia da Paraíba existe registro em
abundância na Bacia de Sergipe–Alagoas (Bengtson, 1999 e Zucon, 2005) e alguns poucos
exemplares encontrados na Bacia Potiguar (Muniz & Bengtson, 1986 e Souza-Lima et al.,
2007).Com esse trabalho foi possível identificar a paleofauna de amonóides da Bacia da
Paraíba e utilizá-los em análises bioestratigráficas, paleoecológicas e paleogeográficas.
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I. 1. OBJETIVOS
I. 1.1. Geral
O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos amonóides da Bacia da Paraíba
(Cretáceo Superior).
I.1.2. Específicos
• Preparar, identificar e classificar sistematicamente os amonóides triados do acervo;
• Estabelecer a distribuição temporal dos amonóides na Bacia da Paraíba;
• Elaborar reconstituições paleoecológicas de acordo com os ambientes preferenciais
dos táxons estudados;
• Analisar a paleobiogeografia dos táxons identificados na Bacia da Paraíba.
I. 2. JUSTIFICATIVAS DA PESQUISA
Os trabalhos sobre amonóides na Bacia da Paraíba são escassos quando comparados
ao volume de pesquisas elaboradas sobre outros táxons. Devendo-se os principais trabalhos a
Maury (1930), Oliveira & Silva Santos (1950), Oliveira & Andrade Ramos (1956), Kegel
(1957), Oliveira (1957), Andrade Ramos (1959), Beurlen (1961a), Beurlen (1967b) e Muniz
(1993). Mesmo os amonóides sendo os macrofósseis mais indicados para bioestratigrafia, as
publicações sobre o táxon na bacia estão voltadas apenas para a sistemática.
A pesquisa justifica-se como uma oportunidade de revisar e ampliar a diversidade
distribuição temporal das espécies. Nesta pesquisa reuniram-se informações já existentes
acerca desse grupo para a área estudada e aliaram-se novos dados na tentativa de contribuir
para um maior conhecimento geológico da Bacia da Paraíba.
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I.3. ÁREA DE ESTUDO
A Bacia da Paraíba é entendida como a faixa sedimentar costeira dos estados da
Paraíba e Pernambuco entre a cidade de Recife e rio Mamanguape no litoral Norte da Paraíba
(Fig.I.1). Ao sul, está separada da Bacia de Pernambuco pelo Lineamento Pernambuco e ao
norte está separada da Bacia Potiguar pelo Alto de Mamanguape (Barbosa, 2004; Barbosa et
al. 2006).
Os fósseis utilizados neste trabalho estão depositados na coleção científica DGEO-
CTG-UFPE. Foram coletados por Karl Beurlen, Geraldo Muniz e em trabalho de campo
durante esta dissertação. Os exemplares procederam de três localidades listadas na tabela 1 e
têm seu posicionamento registrado na Fig.I.1, a pedreira CIPASA, Caaporã–PB; CINEXCAL,
João Pessoa – PB e Fazenda Santa Alexandrina, Conde – PB.
Tabela 1: Afloramentos que forneceram amonóides para estudo sistemático.
Afloramento Coordenadas Localização
Fazenda Santa Alexandrina
(FSA)
S 07° 15’ 22,9” / W 34°
56’ 29,2”
Margem direita do Rio Gramame, Conde - PB
CINEXCAL (CN) S 07° 04’/ W 34º 54’ Bairro Mandacaru, João Pessoa - PB
CIPASA (CP) S 07° 31’ 24,1” / W 34°
51’ 27,7”
Rodovia PB-044, Km 15, Caaporã - PB
Fig. I. 1. - Mapa localização da bacia e dos
afloramentos (modificado de Lima &
Koutsoukos, 2006).
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CAPÍTULO II
MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia empregada durante a realização da pesquisa foi realizada em cinco
etapas: (1) levantamento do acervo paleontológico da coleção científica do Departamento de
Geologia – Centro de Tecnologia e Geociências – Universidade Federal de Pernambuco
(DGEO – CTG – UFPE); (2) trabalhos de campo, com coletas de amonóides; (3) trabalhos em
laboratório, para preparação, identificação, classificação e catalogação do material; (4) revisão
taxonômica dos amonóides da bacia e reconstituições bioestratigráficas, paleobiogeográficas e
paleoecológicas.
II. 1. SELEÇÃO DO MATERIAL DA COLEÇÃO DO DGEO-CTG-UFPE
Foi realizada uma triagem na coleção paleontológica do Departamento de Geologia -
Centro de Tecnologia e Geociências - Universidade Federal de Pernambuco (DGEO-CTG-
UFPE) a fim de selecionar os amonóides da Bacia da Paraíba para serem analisados. Do
levantamento 67 foram identificados sendo 51 da Fazenda Santa Alexandrina, 13 da pedreira
CIPASA e 3 da Pedreira CINEXCAL, ver relação no anexo I.
II.2. TRABALHOS EM LABORATÓRIO E CRITÉRIOS TAXONÔMICOS ADOTADOS
O material de estudo foi preparado nos métodos convencionais, utilizando-se
inicialmente água corrente, escovas finas, pincéis, pequenas talhadeiras e martelos
paleontológicos. A morfometria foi realizada utilizando-se um paquímetro, precisão de 0,2
mm, tendo sido descritos os espécimes com melhor estado de preservação. O registro
fotográfico foi feito mediante dois métodos; macrofotografia digital para o registro dos
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exemplares de grandes dimensões e fotografia digital na lupa para os fósseis de menor
dimensão.
Para descrição das espécies neste trabalho foram utilizados a morfometria (Fig.II.1) e
morfologia da concha (Fig. II. 2). Os autores adotados na identificação e classificação serão
citados no capítulo da sistemática, no entanto, pode-se destacar como bibliografia base o
“Treatise on Invertebrate Paleontology” Arkell et al. (1957) e Wright et al. (1996).
Fig. II. 1. Medidas e orientação aplicadas aos amonóides. Abreviações: D = diâmetro total, U = diâmetro umbilical, Wh = altura da volta, Wb = largura da volta (modificado de Cecca, 1997).
Segundo Wright et al. (1996) a seção transversal da volta pode ser quadrada,
retangular, triangular, poligonal, oval ou circular, variando em função do grau de achatamento
ou de arredondamento da concha, podendo então ser identificada como comprimida ou
deprimida como ilustrado na Fig. II. 2.A. Denomina-se comprimida, se a concha apresentar a
altura da volta maior do que a largura (largura/altura<1), e deprimida, quando apresentar a
altura menor do que a largura. Também é utilizado o termo inflado para a concha que possui a
altura da volta similar a largura. As fases de crescimento observadas na concha são
reconhecidas como inicial, média e tardia.
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Fig. II. 2. A) Forma da concha planispiral de amonóides e diferentes graus de recobrimento das voltas B) Tipos de seção transversal (Fonte: Wrigth et al. 1996)
De acordo com Kennedy & Cobban (1976) existem diversos termos úteis para descrever
a forma final da concha, a involuta tem a última espiral cobrindo todas as espiras prévias, na
evoluta a maioria ou todas as espiras prévias são expostas. O umbílico, que é a superfície
côncava lateral através do qual passa o eixo espiral, pode ser quase plano ou escavado
profundamente. A concha pode ser normal em vez de ser de forma plana (planulata), muito
deprimida (oxicone), muito inflada (cadicone) ou quase globular (esferocone).
II. 3. RECONSTITUIÇÕES PALEOECOLÓGICAS E PALEOBIOGEOGRÁFICAS
Após a revisão sistemática, descrição de exemplares e junção dos dados estratigráficos,
elaborou-se a reconstituição paleoecológica para representar o Cretáceo Superior da bacia.
Para as análises paleoecológicas foram observadas a morfologia funcional da concha para
inferir o habitat preferêncial dos amonóides e foi contabilizada a freqüência do táxon estudado
de acordo com Dutra (2010). A freqüência é um índice relativo que define a percentagem de
indivíduo de um táxon em relação à associação total considerada. São feitas por grupo fóssil,
por taxon, ou hábito (planctônico e bentônico). Constante: F > 50%, Comum: 10% F <50%,
Raro: F < 10%.
Nas interpretações paleobiogeográficas foram consideradas as ocorrências citadas na
literatura das espécies identificadas, tais ocorrências foram ilustradas no mapa (disponível em
scotese.com) e interpretadas visando identificar áreas de maior ocorrência e prováveis rotas de
dispersão segundo Simpson (1965) e Gallo & Figueiredo (2010).
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CAPÍTULO III
ASPECTOS GEOLÓGICOS DA BACIA DA PARAÍBA
III. 1. HISTÓRICO DAS PESQUISAS NA BACIA DA PARAÍBA
As formações sedimentares que se estendem ao longo da faixa costeira dos estados de
Pernambuco e da Paraíba são conhecidas desde o século XIX. Os primeiros trabalhos foram
realizados por estrangeiros. Inicialmente Williamson (1868) trabalhou para a Sociedade de
Transação Geológica de Manchester, na oportunidade, escreveu sobre a geologia da Paraíba e
Pernambuco. Logo em seguida foram realizadas durante décadas as expedições Thayer e
Morgan, chefiadas inicialmente por Louis Agassiz e posteriormente por Hartt. Os trabalhos de
campo resultaram na publicação da obra Geology and Physical Geography of Brazil em 1870
com informações fossilíferas e geológicas de diversas áreas do país, incluindo a Bacia de
Pernambuco-Paraíba. Concomitantemente, Rathbun (1875) publicou um relatório sobre os
bivalves cretáceas coletados por Orville Derby e D. B. Wilmot em Pernambuco (Maury,
1930).
A Comissão Geológica do Império, criada em 1875 com o objetivo de desenvolver
pesquisas geológicas intensas, promover o conhecimento do solo brasileiro para fins de
ocupação e exploração econômica do país, por três anos esteve em trabalho de campo, mas
logo depois a comissão foi extinta (Cassab, 2010).
Após a extinção da comissão, o material foi organizado e depositado na Seção de
Geologia e Mineralogia do Museu Nacional. Orville Derby assumiu a comissão em 1879 e
incentivou o estudo do material, que resultou na publicação de vários trabalhos. Cope (1886)
escreveu o livro “Contribution to the Vertebrate Paleontology of Brazil” descrevendo
algumas espécies novas de peixes e répteis, White (1887) organizou trabalho geológico, sobre
as camadas calcárias da Formação Maria Farinha. A partir deste momento, diversos autores
contribuíram para o conhecimento geológico da Bacia da Paraíba e trabalhos com maior
enfoque paleontológico começaram a ser realizados.
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No fim do século XIX, H. G. Summer o superintendente da estrada de ferro Conde
d’Eu, coletou e colecionou fósseis das pedreiras localizadas na Paraíba, com o material
Rathbun (1902) estudou os crustáceos e identificou a espécie Zanthopsis cretacea, Williston
(1902) analisou os peixes e identificou o Cimolichtys. Em paralelo, Branner (1902) assinalou
a ocorrência de depósitos cretáceos e terciários na costa nordeste do Brasil; Arnold (1902)
classificou os fósseis coletados em Ponta de Pedras, Pernambuco; Woodward (1907) publicou
notas sobre alguns peixes do Cretáceo Superior de Pernambuco e Sergipe.
Maury (1930) escreveu monografia sobre o Cretáceo do Estado da Paraíba, identificou
o material coletado na Fazenda Congo, margem direita do Rio Gramame e reuniu todas as
espécies fósseis até então conhecidas.
Oliveira (1940) introduziu as denominações “Formação Gramame”, para o complexo
cretáceo, e “Formação Maria Farinha”, para o complexo paleocênico; Oliveira & Leonardos
(1943) usaram o termo de “Grupo Paraíba” para as camadas do Cretáceo e mantiveram a
denominação de Maria Farinha, baseando-se em estudos paleontológicos; Duarte (1949)
realizou análises químicas em amostras procedentes da região de Olinda e Paulista e relatou a
ocorrência de rocha com teor considerável de fosfato; Kegel (1955) distinguiu dentro do
Grupo Paraíba as Formações Itamaracá e Gramame; Beurlen (1967a) propôs a eliminação do
nome Formação Itamaracá e incluiu os sedimentos na Formação Gramame.
Na literatura existem divergências sobre a nomenclatura da bacia. Diversos autores
(Asmus & Carvalho, 1978; Rand & Mabesoone, 1982; Mabesoone & Alheiros, 1988; 1991;
Feijó, 1994; Mabesoone, 1996 e Córdoba et.al. 2007) denominam a bacia como Pernambuco-
Paraíba. No entanto, trabalhos como os de Lima-Filho (1996, 1998a, 1998b) e Barbosa et al.
(2003) sugeriram a existência de duas bacias distintas, separadas pelo Lineamento
Pernambuco, Córdoba et al. (2007) retoma a utilização da nomenclatura “Bacia de
Pernambuco-Paraíba” e a divide em duas sub-bacias separadas pelo Lineamento Pernambuco.
O conhecimento geológico existente é proveniente na quase totalidade de trabalhos de
superfície desenvolvidos em afloramentos ao longo da costa, além de alguns poços rasos,
perfurados para água ou pesquisa mineral na região emersa e poucos poços mais profundo.
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III.2. GEOLOGIA DA BACIA DA PARAÍBA
A Bacia da Paraíba compreende uma porção emersa de largura média entre 15 e 20km e
área de cerca de 8000 km² e outra porção oceânica de cerca de 30000 km², cuja largura
máxima atinge 60km no chamado Platô de Pernambuco, na região de Recife.
A Bacia da Paraíba estabeleceu-se como uma rampa suave de blocos falhados,
recebendo sua sequencia continental-transicional possivelmente já a partir do Coniaciano até
o Campaniano, seguida de uma sequencia marinha transgressivo-regressiva depositada entre o
Maastrichtiano e o Eoceno inferior (Mabesoone & Alheiros,1988, 1991; Lima Filho et al.
1998; Almeida, 2000; Barbosa, 2004).
Os registros preservados na Bacia da Paraíba mostram que os processos sedimentares
foram iniciados tardiamente, quando comparados às bacias adjacentes. Imediatamente ao sul
do Lineamento Pernambuco, na Formação Cabo, o estabelecimento do rift ocorreu no Eo-
aptiano, com o desenvolvimento do graben de Cupe. Ao norte do lineamento, a ruptura só
viria a acontecer no Turoniano. O retardamento ocorreu devido à resistência imposta pelas
rochas da Província da Borborema, cujas direções estruturais eram transversais à direção de
propagação da ruptura principal (Barbosa & Lima Filho, 2005).
A Bacia da Paraíba tem sido considerada por diversos autores, como “Bacia de
Pernambuco-Paraíba” (Asmus & Carvalho, 1978; Rand & Mabesoone, 1982; Mabesoone &
Alheiros, 1988, 1991; Feijó, 1994; Mabesoone, 1996, Córdoba et al. 2007) numa discussão
que se desenvolve a anos. Porém, trabalhos como o de Lima Filho (1996, 1998a, 1998b;
Barbosa et al. 2003, 2007) sugeriram a existência de duas bacias distintas, separadas pelo
Lineamento Pernambuco.
A Bacia da Paraíba, juntamente com a Bacia Potiguar é considerada o último elo
estrutural entre a América do Sul e a África. As sequências deposicionais presentes permitem
estabelecer um empilhamento similar ao das demais bacias costeiras, apesar da reduzida
espessura dos pacotes sedimentares (Feijó, 1994)
A bacia é constituída por cinco unidades litológicas (Fig.III.1): Formação Beberibe
(Santoniano-Campaniano, Beurlen, 1967 a, 1967b, Formação Itamaracá (Campaniano, Kegel,
1957; Beurlen 1967a, 1967b); Formação Gramame (Maastrichtiano, Maury, 1930; Muniz,
1993; Santos et al. 1994); Formação Maria Farinha (Paleoceno, Maury, 1930; Tinoco, 1971;
Muniz, 1993; Santos et al. 1994) e Formação Barreiras (Plio-Pleistoceno, Mabessone &
Alheiros, 1988).
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Fig III.1. Coluna litoestratigráfica da Bacia da Paraíba (Fonte: Barbosa et al. 2003).
A Bacia da Paraíba comporta uma sucessão sedimentar que se inicia com arenitos de
origem continental, fluviais e fluvio-lacustres. Depositados sobre o embasamento cristalino –
Formação Beberibe. Em seguida ocorrem calcários com siliciclastos, arenitos calcíferos e
margas, cuja origem está associada a um evento transgressivo que recobriu os depósitos
continentais basais – Formação Itamaracá. Acima dos estratros da fase transgressiva ocorrem
calcários e margas sem influência de siliciclasto – Formação Gramame. Acima destes
separados por um evento erosivo regional, ocorrem calcários e margas com gradual
incremento na influencia de siliciclastos devido a um evento regressivo que se iniciou ao final
do Maastrichtiano – Formação Maria Farinha (Barbosa et al. 2007).
III. 2.1. Formação Beberibe
Kegel (1957) utilizou pela primeira vez o termo para descrever uma camada fossílifera
intercalada nas areias argilosas cretáceas, aflorantes no vale do rio de mesmo nome a oeste do
Recife, que o autor classificou como um membro da Formação Itamaracá.
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Beurlen (1967a) abandonou o uso do termo de membro e adotou o nome de Formação
Beberibe. Segundo Oliveira et al. (2003) sua litologia é representada por arenitos continentais
friáveis,quartzosos de granulação grossa a fina, às vezes conglomerático, com matriz
microclástica, e intercalações de siltitos e folhelhos. Os grãos arenosos são angulosos e
subangulosos, com esfericidade relativamente alta e seleção fraca a má. Predomina a fáceis
fluvial, intercalando-se camadas de fáceis estuarina e raramente camadas de fáceis lagunar
(Beurlen, 1967a).
Segundo Barbosa et al. (2003), a formação representa cerca de 200m de espessura dos
arenitos não calcíferos da porção basal da bacia, diferente da proposta inicial feita por
Beurlen, que também incluiu para a formação, os arenitos calcíferos da Formação Itamaracá.
A sedimentação da Formação Beberibe se deu por um evento tectono-magmático no
final do Turoniano que teria movimentado o trecho localizado a norte do Lineamento
Pernambuco permitindo a deposição de clásticos grossos, seguida por uma grande
transgressão vinda do Atlântico Equatorial, de idade maastrichtiana, responsável pela
deposição da Formação Gramame (Lima Filho et al., 1998).
III.2.2. Formação Itamaracá
Kegel (1953) utilizou o termo pela primeira vez, para classificar um arenito calcífero
abundante em fósseis marinhos. Esta unidade representa a transição litorânea iniciada pela
transgressão marinha na bacia sobre os arenitos continentais da Formação Beberibe (Barbosa
et al. 2003).
Kegel (1955) afirma ocorrerem camadas de fáceis continental, intercaladas com a de
fáceis marinha, sobrepostos aos arenitos da Formação Beberibe. Sua idade é conhecida como
do Campaniano (Kegel, 1957; Beurlen, 1967a, 1967b).
Beurlen (1967 a) propôs a eliminação do termo Formação Itamaracá, tornando a
Formação Gramame mais espessa ao inserir em sua base os sedimentos da Formação
Itamaracá, incluindo a camada de fosfato.
Mabesoone & Tinoco (1971) ao revisarem a sequencia dos calcários da bacia
retonaram o uso do termo Formação Itamaracá, incluindo os arenitos calcíferos nesta
formação.
Muniz (1993) usou informalmente o termo “arenito calcífero” para se referir ao pacote
de cerca de 100m de arenitos pardos a cinzentos, quartzosos, de granulação média a grossa da
Formação Itamaracá.
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Atualmente a Formação Itamaracá retomou sua hierarquia (Lima Filho & Souza, 2001;
Barbosa et al., 2003; Barbosa, 2004; Souza & Lima Filho, 2005; Barbosa et al. 2005), mas as
suas relações com a Formação Beberibe ainda não são bem conhecidas. Barbosa et al. (2003)
afirmam que as dificuldades em compreender a relação das duas unidades está no fato das
intercalações de ambientes transicionais e marinhos típicos de avanços e recuos de uma zona
costeira. Segundo eles, níveis síltico e areníticos de ambiente flúvio-lagunares e estuarinos
fossíliferos se intercalam com níveis argilosos, carbonáticos, de forte influência marinha.
Souza & Lima Filho (2005) definiram como marco estratigráfico radioativo a camada
fosfática de espessura entre 1 a 4m enriquecida por urânio e posicionada no topo da Formação
Itamaracá. Os autores identificaram o fosforito como apogeu do Trato de Sistema
Transgressivo (TST) da Bacia da Paraíba, caracterizado por taxa de sedimentação baixa em
zonas de ressurgência, indicando a possibilidade desse ambiente ter funcionado como uma
superfície endurecida (hardground). Isso corresponderia a uma Superfície de Inundação
Máxima (SIM), que marca a passagem para o Trato de Sistema de Mar Alto (TSMA). Esses
arenitos calcíferos tratados por Muniz (1993) no trato superior da Formação Itamaracá,
deixando para a Formação Gramame apenas as margas.
A Formação Itamaracá é representada por arenitos creme ou cinzento, de granulação
um tanto grossa e siltitos com níveis de calcarenitos e arenitos calcíferos fosfáticos com
fósseis de origem marinha, cuja sedimentação efetuou-se em ambiente marinho, próximo a
costa (Kegel, 1955; Oliveira & Andrade Ramos, 1956), ocorrendo principalmente em
subsuperfície (Oliveira et al. 2003). A Formação Itamaracá possui uma espessura em torno de
100m (Tinoco, 1976; Muniz, 1993)
Segundo Barbosa et al. (2003) existem níveis sílticos, e de arenitos grossos de
ambiente flúvio-lagunares e estuarinos contendo moldes de moluscos marinhos atribuídos a
ambiente de águas salobras e níveis argilosos, carbonáticos e fosfáticos, ricos em bioclastos ,
já com forte influência marinha.
O conteúdo fossilífero do nível fosfático é bastante diversificado, encerrando uma
malacofauna de característica bastante peculiares devido ao tamanho atrofiado de bivalves e
gastrópodes, tal malacofauna merece um amplo estudo sistemático e de caráter
paleoambiental (Almeida, 2007).
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III. 2. 3. Formação Gramame
A Formação Gramame, definida por Oliveira (1940), ocorre sobre a Formação
Itamaracá, sendo a primeira unidade carbonática do domínio marinho. Esta unidade foi
depositada a partir do final do Campaniano, pois para esses autores a Formação Gramame
depositou-se acima dos níveis de fosfato e prosseguem durante todo o Maastrichtiano,
depositados em plataforma rasa com energia baixa a moderada e sob ações periódicas de
tempestade (Beurlen, 1967a, 1967b; Tinoco, 1971; Muniz, 1993; Albertão et al. 1994; Lima
& Koutsoukos, 2004; Barbosa et al. 2003, 2006; Barbosa, 2004, 2007).
Já para outros autores, a Formação Gramame tem espessura média de 30-40m,
podendo chegar de 100 a 150m. Os depósitos podem ser divididos em duas partes, a inferior
constituída por arenitos calcíferos, calcarenitos e a camada de fosfato, e a parte superior,
constituída por calcários cinzentos, argilas calcárias e margas (Muniz, 1993; Fauth &
Koutsoukos, 2002; Oliveira et al., 2003).
A Formação Gramame é caracterizada por depósitos de calcários margosos e margas
sem influência siliciclástica, depositados em plataforma rasa com energia baixa a moderada e
sob a ação periódica de tempestades (Barbosa, 2007). Os amonóides são encontrados nos
calcários margosos.
Segundo Muniz (1993) as melhores exposições das camadas calcárias dessa unidade
encontram-se em pedreiras que exploram os depósitos carbonáticos para fins industriais. Os
depósitos da formação encravados na porção continental atual, não se afastam muito do
litoral, estão distantes no nível do mar atual, cerca de 14,5 km. Em Pernambuco as melhores
exposições de sul para norte são: Fábrica de Cimento Poty; ilha de Itamaracá, terrenos do
Engenho São João e do Engenho Amparo; ilha de Itapessoca; Fábrica de cimento Nassau;
ponta do Seleiro; ponta do Funil; Fazenda Massanranduba e nas pedreiras Megaó de Cima e
Megaó de Baixo.
Na Paraíba, as melhores exposições também citadas de sul para norte são: Fazenda
Tabu; Fábrica de Cimento Poty da Paraíba (CIPASA), na cidade de Caaporã; Árvore Alta;
Engenho Garapu; Fazenda Abiaí; margem direita do Vale do Rio Gramame, principalmente
na Fazenda Santa Alexandrina, onde está instalada a CIGRA, Companhia Industrial Gramame
(fabricação de Cal); Pedreira Caxitu; Companhia de Cimento Portland (CIMEPAR), próximo
a João Pessoa (Muniz, 1993).
Barbosa (2004) demonstrou a partir de dados de poços e testemunhos de sondagem,
que o contato entre as formações Itamaracá e Gramame nas sub-bacias de Alhandra e Miriri
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ocorre de forma intercalada, mas é brusca na Sub-bacia Olinda, que passa rapidamente da
fáceis transicional para a fase marinha franca, representada pelas margas superiores da
Formação Gramame.
III. 2.4. Formação Maria Farinha
A continuação da sequencia marinha da Bacia da Paraíba, sem variação da litologia é
caracterizada por uma fase regressiva representada pela Formação Maria Farinha, de idade
paleocênica (Maury, 1930; Tinoco, 1971; Muniz, 1993; Santos et al. 1994).
Oliveira (1940) utilizou a denominação Formação Maria Farinha pela primeira vez,
com um sentido litoestratigráfico. Oliveira & Leonardos (1943) empregaram o termo para
denominar a unidade litoestratigráfica sobreposta a Formação Gramame.
As fáceis são pronunciadamente litorânea, caracterizada, na parte inferior da formação,
por calcários detríticos, bem puros, mais ou menos recritalizados, e na parte superior, pela
alternância de calcários detríticos puros, calcários argilosos margosos e argilas (Beurlen,
1967a).
A Formação Maria Farinha junto com a Formação Gramame mergulham, de um modo
geral, para leste. Esta formação constitui uma sequencia incompleta e truncada pela erosão
continental, sendo bastante fossilífera. Seus depósitos ocorrem preferencialmente na região de
Goiana e Recife, na porção sul da Bacia da Paraíba, devido à transgressão ter chegado mais
tarde nessa região (Barbosa et al., 2003) onde a transição Cretáceo-Paleógeno está preservada
em afloramentos (Albertão, 1993) e em subsuperfície (Tinoco, 1971).
Tida anteriormente como cretácea, a idade da Formação Maria Farinha foi discutida
por vários autores, como Branner (1902) e Derby (1907), e tem sido considerada como
paleocênica (Damiano) (Fauth & Koutsoukos, 2002), podendo chegar até o Eoceno
(Mabesoone, 1994) sua espessura esta em torno de 30m.
III.2.5. Formação Barreiras
Moraes Rego (1930) definiu a Formação Barreiras, sendo que Bigarella & Andrade
(1964) foram os primeiros a inciarem estudos sistemáticos deste complexo. É representada
por sedimentos neocenozóicos de origem predominantemente continental disposto em falésias
junto ao mar, ao longo de extensos trechos da costa brasileira (Feijó, 1994).
Sua base consiste, em geral, de uma camada de areia branca ou cinza clara, de vez em
quando com seixos de quartzo. A maioria das camadas é constituída de material sílico-argilos,
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com grande predominância de areia, às vezes, com ocorrência de seixos. Há predominância
de tonalidades roxas, vermelhas, acinzentadas e amareladas (Kegel, 1955).
Segunda Oliveira & Andrade Ramos (1956) em Pernambuco, as exposições da
Formação Barreiras formam uma estreita faixa de cerca de 4km na região do Cabo de Santo
Agostinho, alargando-se para o norte, atingindo cerca de 4km na região do Cabo de Santo
Agostinho, alargando-se para o norte, atingindo cerca de 25km de largura em Goiana. Esta
unidade cobre de forma discordante tanto o embasamento cristalino nas área de borda da
bacia quanto os estratos do Cretáceo e do Paleógeno (Barbosa, 2004). Sua idade se situa no
Plioceno-Pleistoceno, consistindo em depósitos de sedimentos areno-argilosos, pouco
consolidados com fáceis distintas de leques aluviais, canais fluviais e planícies de inundação
(Mabesoone & Alheiros, 1988).
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CAPÍTULO IV
ESTUDO DOS AMONÓIDES EM BACIAS CRETÁCEAS NO BRASIL
No Brasil, os amonóides ocorrem nas bacias costeiras de Sergipe-Alagoas, da Paraíba
e Potiguar, de onde numerosas espécies foram descritas desde o fim do século XIX
(Bengtson, 1999). Essas bacias apresentam bons afloramentos do Cretáceo marinho.
Neste capítulo são revisadas principalmente publicações voltadas à paleontologia dos
amonóides na Bacia da Paraíba. Foi dada uma maior ênfase para as formações Gramame e
Itamaracá, pois nela encontram-se os fósseis estudados. Também foi realizado um
levantamento das ocorrências dos amonóides nas demais bacias onde afloram rochas
cretáceas.
Além de amonóides, na Bacia da Paraíba, entre os macrofósseis de invertebrados,
ocorrem crustáceos, moluscos (bivalves, gastrópodes), corais, equinodermatas e tubos de
vermes. Destacam-se os trabalhos de Maury (1930) que realizou um estudo sobre a “Bacia da
Paraíba” onde descreveu e ilustrou inúmeras espécies de invertebrados, Muniz (1993) que
realizou um estudo da malacofauna da Formação Gramame; Almeida (2007) que estudou os
icnofósseis de macrobioerosão do limite Cretáceo Superior-Paleógeno.
O conteúdo fóssil de invertebrados na Bacia da Paraíba é extremamente rico nas
formações Beberibe, Itamaracá, Gramame e Maria Farinha; tanto em número de espécimes
preservados como em diversidade de espécies. Predominam formas marinhas, como os
vertebrados ocorrendo ainda plantas terrestres (Silva et al., 2007). Os fósseis encontram-se
conservados por preservação de partes duras, recristalizadas e substituidas, como moldes e
contramoldes. Com certa freqüência os amonóides são preservados nas rochas como moldes
compostos.
Entre as diversas bacias marginais brasileiras apenas as da Paraíba, Sergipe-Alagoas e
Potiguar, apresentam sedimentos cretáceos emersos com registro da presença de amonóides.
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IV. 1. 1. HISTÓRICO DO ESTUDO DOS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA
Os estudos paleontológicos do Cretáceo Superior da Bacia da Paraíba foram iniciados
por Burlamaqui (1855), Williamson (1868) e Branner (1902) que identificaram material
proveniente dos afloramentos do Rio Gramame, Paraíba.
Maury (1930) descreveu abundante fauna de invertebrados, principalmente
cefalópodes, compostos em sua totalidade por novas espécies, sendo 31 exemplares dos
seguintes gêneros: Parapachydiscus (21), Pseudophylites (2), Canadoceras (2), Sphenodiscus
(3) e Glyptoxoceras (3). Utilizando como fósseis guias as espécies Sphenodiscus brasiliensis,
S. parahybensis e Pachydiscus parahybensis classificou o calcário cinzento típico da parte
superior da Formação Gramame como Zona Sphenodiscus e datou provisoriamente a
sequência como Campaniano (ver anexos II, III e IV).
Oliveira & Silva Santos (1950) analisaram fósseis provenientes de afloramentos
localizados no lado oeste da Ilha de Itamaracá, composto por calcário cinza escuro. Entre o
material fossilífero analisado está o fragmento de um grande cefalópode, coletado na
localidade Pedreira do Presídio, identificado como Parapachydiscus sp.
Oliveira & Andrade Ramos (1956) publicaram a relação dos moluscos descritos por
Maury (1930), fazendo algumas modificações nominais e de posição estratigráfica na
Formação Gramame. As espécies de cefalópodes analisados foram Sphenodiscus brasiliensis;
Sphenodiscus parahybensis, Pachydiscus parahybensis e Glyptoxoceras? sp. indet. Para os
autores, os tipos utilizados por Maury (1930) também foram provenientes das camadas
inferiores, aumentando assim o range de distribuição das espécies, fazendo com a designação
Zona Sphenodiscus perca sua significação útil.
Kegel (1957) ao estudar a Formação Itamaracá analisou a sedimentologia e o conteúdo
paleontológico. Na oportunidade foram coletados na localidade denominada “Membro
Beberibe”, próxima ao Vale do Rio Beberibe, fragmentos de amonóides, todos conservados
em moldes, porém o autor não classificou os exemplares.
Oliveira (1957) descreveu os invertebrados do fosfato de Pernambuco que corresponde
à camada basal da Formação Gramame. O material foi coletado na localidade Forno da Cal,
município de Olinda, estado de Pernambuco, foram identificados três gêneros de cefalópodes
Pachydiscus sp., Sphenodiscus sp. e Baculites kegeli.
Andrade Ramos (1959) realizou revisão histórica do gênero Pachydiscus, referindo ao
mesmo as 21 espécies de amonóides, classificadas por Maury (1930) como Parapachydiscus
e apresenta uma lista dos Pachydiscus brasileiros com suas respectivas sinonímias.
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Beurlen (1961a) realizou o primeiro achado de cefalópode fora da Formação Gramame,
definiu a Formação Beberibe como Turoniano inferior com base na presença do amonóide
Choffaticeras koeneni Riedel, além da presença do bivalve inoceramídeo Inoceramus
labiatus. Correlacionou a Formação Beberibe com a Formação Sapucari (Cotinguiba) da
Bacia de Sergipe-Alagoas. Segundo o autor, a associação fossilífera está presente nos
sedimentos pernambucanos e africanos.
Posteriormente Beurlen (1967b) revisou a taxonomia do cefalópode encontrado na
formação Beberibe, como Pseudoschloenbachia umbulazi e indicou idade Santoniano
superior - Campaniano. A associação fóssil da área é formada em sua maioria por bivalves
Mulinoides, Tellina e Corbula. O autor comparou os exemplares estudados com fósseis do
Cretáceo Superior de Camarões.
Muniz (1993) elaborou o trabalho sobre a fauna malacológica da Formação Gramame.
Para isso descreveu taxonomicamente grande variedade de fósseis das classes Bivalvia,
Gastropoda e Cefalopoda. Entre os cefalópodes foram descritas cinco espécies: Phylloceras
(Hypophylloceras) cf. P. H. surya; Graudryceras brasiliense; Axonoceras cf. A. compressum
Stephenson; Axonoceras pingue Stephenson?; Hauericeras sp (ver anexos V e VI).
Muniz (1993) discutiu a idade da Formação Gramame e propôs a Zona Veniella
brasiliensis. Esse o intervalo estratigráfico vai desde a base da camada mais inferior de
calcarenitos até o topo da camada mais elevada dos calcários cor de camurça, com
possibilidades de ocorrer nas fáceis fosfáticas.
Lima & Koutsoukos (2006), em trabalho de estratigrafia integrada com base em
nanofósseis calcários e foraminíferos na Formação Gramame registrou por meio de fotografia
a ocorrência do molde de um cefalópode na litofácies Mudstones/Wakestones do banco 2 da
pedreira Nassau, Itapessoca-PE, porém os autores não classificaram os exemplares.
Sobral et al. (2010) apresentaram uma síntese da paleofauna de amonóides da bacia.
Registraram quatro subordens de amonóides, com oito gêneros correspondentes:
PHYLLOCERATINA, Hypophylloceras (Neophylloceras) cf. H. (N.) surya (Forbes, 1846);
LYTOCERATINA, Gaudryceras cf. G. varicostatum van Hoepen, 1921; AMMONITINA,
Hauericeras Grossouvre, 1894, Pachydiscus (Pachydiscus) cf. P. (P.) noetlingi Kennedy,
1999, Pachydiscus (Pachydiscus) cf. P. (P.) neubergicus von Hauer, 1858, Sphenodiscus
lobatus Tuomey, 1854; ANCYLOCERATINA, Axonoceras cf. compressum Stephenson,
1941, Axonoceras pingue Stephenson , Diplomoceras cylindraceum Defrance, 1816.
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IV. 1. 2. OCORRÊNCIA DE AMONÓIDES OUTRAS BACIAS BRASILEIRAS
IV. 1.2.1. Bacia de Sergipe-Alagoas
A Bacia sedimentar de Sergipe-Alagoas situa-se na faixa litorânea dos estados de
mesmo nome. Mede quase 400 km de comprimento e se estende desde a área de Estância,
onde é muito estreita, até as proximidades da fronteira de Alagoas com Pernambuco. Uma
estreita faixa de 20 a 50 km de largura representa a porção emersa da bacia, sendo que, boa
parte da extensão esta submersa (Ojeda & Fujita, 1976). Os limites são representados, pelo
lineamento Pernambuco ao norte, que vai separar a bacia Sergipe-Alagoas da Pernambuco-
Paraíba e a falha de Itapuã ao sul área limite com a bacia de Camamu (Souza-Lima et. al.,
2002).
A história geológica pós-paleozóica da bacia pode ser dividida em duas grandes
etapas. A primeira, do Jurássico Superior ao Cretáceo Inferior é constituída por terrenos não
marinhos equivalentes aos do Recôncavo; a segunda, do Cretáceo Inferior ao Terciário
Inferior, é constituída por formações marinhas (Brito, 1979).
Importantes afloramentos e um quase completo registro sedimentar tornam a Bacia de
Sergipe-Alagoas uma área importante para o estudo dos amonóides cretáceos no Brasil. A
área tem recebido grande atenção devido a sua importância na produção de petróleo, bem
como, pela sua posição geográfica que contribui para o entendimento dos fatores relacionados
com a separação das placas tectônicas da América do Sul e África (Bengtson, 1999). As
publicações científicas que se reportam a esta bacia com dados relevantes sobre a
paleontologia de amonóides são alvo de estudos a mais de um século (Tabela 2).
Tabela 2: Histórico dos trabalhos sobre amonóides na Bacia de Sergipe-Alagoas (modificado de Bengtson, 1999).
Autor Formação Objetivos
Hyatt (1870) Riachuelo, Cotinguiba Taxonomia White (1887) Riachuelo, Cotinguiba Taxonomia, figuras Hyatt (1903) Cotinguiba Taxonomia, figuras Maury (1937) Riachuelo, Cotinguiba Taxonomia, figuras K. Beurlen (1952) Riachuelo Taxonomia, figuras Magalhães (1952) Cotinguiba Taxonomia, figuras Magalhães (1953b) Cotinguiba Taxonomia K. Bender (1959) Riachuelo, Cotinguiba Bioestratigrafia, figuras K. Beurlen (1961b) Cotinguiba Bioestratigrafia K. Beurlen (1961c) Riachuelo Bioestratigrafia G. Beurlen (1967) Riachuelo Taxonomia, figuras Brito (1967) Cotinguiba Taxonomia, figuras
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Brito & Rodrigues (1967) Riachuelo Taxonomia, figuras K. Beurlen (1968) Riachuelo Bioestratigrafia G. Beurlen (1969) Riachuelo Taxonomia, figuras Oliveira & Brito (1969) Cotinguiba Taxonomia, figuras Schaller (1970) Riachuelo, Cotinguiba Bioestratigrafia G. Beurlen (1970) Cotinguiba Taxonomia, figuras Brito (1970) Riachuelo Taxonomia, figuras Brito (1971) Riachuelo, Cotinguiba Taxonomia, figuras Reyment (1971) Riachuelo, Cotinguiba Bioestratigrafia Reyment & Tait (1972) Riachuelo, Cotinguiba Taxonomia, figuras Reyment et. al. (1976) Cotinguiba Bioestratigrafia P. Bengtson (1977) Riachuelo, Cotinguiba Bioestratigrafia, figuras P. Bengtson (1979) Cotinguiba Bioestratigrafia P. Bengtson (1983a) Cotinguiba Bioestratigrafia P. Bengtson (1983b) Cotinguiba Bioestratigrafia Brito (1984) Riachuelo Bioestratigrafia, figuras Koutsoukos & Bengtson (1993)
Cotinguiba Bioestratigrafia
S.I. Bengtson (1995) Cotinguiba Taxonomia, figuras P. Bengtson et. al. (1996) Calumbi Bioestratigrafia P. Bengtson (1998) Cotinguiba Bioestratigrafia Souza Lima & Bengtson (1999)
Riachuelo Bioestratigrafia, figuras
Souza Lima (2001) Calumbi Taxonomia, figuras Zucon (2005) Riachuelo Taxonomia, figuras
IV. 1.2.2. Bacia Potiguar
Oliveira (1957) estudou cefalópodes coletados no estado do Rio Grande do Norte,
durante estudos geológicos pelo nordeste do país. Trata-se de dois moldes internos de
amonóides, sendo os primeiros representantes do grupo, procedentes de camadas cretáceas
daquele estado, foram identificados como Pachydiscus sp. e Sphenodiscus sp. indet.
Beurlen (1961b) descreveu, sem ilustrações amonóides mal preservados coletados pelo
geólogo Jacob numa praia a leste de Aracati, no Ceará; Beurlen (1961a) apresentou síntese
sobre o Turoniano marinho das bacias do nordeste do Brasil, citando as formas encontradas na
Bacia Potiguar; Beurlen (1967b) citou a ocorrência dos amonóides de Retiro Grande (no
Ceará), posicionados na Formação Sebastianopólis.
Oliveira (1969) descreveu a espécie Coilopoceras lucianoi Oliveira, o material foi
coletado no município de Aracati, Ceará noroeste da bacia. Ocorre na parte basal da
Formação Jandaíra e confirma a idade turoniana até então atribuídas para aquelas camadas. A
imagem deste amonóide está estampada no símbolo da Sociedade Brasileira de Paleontologia.
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Muniz et al. (1984) descreveram fragmento de amonóide identificado como
Hoplitoides sp., procedente da localidade Angélica, próxima a Ipangassu, Rio Grande do
Norte; Muniz & Bengtson (1986) apresentaram a descrição de formas até então inéditas na
bacia, provenientes de uma pedreira nas proximidades de Mossoró. Foram descritos
Protexanites (Protexanites) aff. bourgeoisianus e Gauthiericeras ? sp. Esta associação indica
uma idade neoconiaciana para esta porção da Formação Jandaíra.
Souza-Lima & Srivastava (2006) apresentaram três novos registros de amonóides para
a bacia, citando a presença de Baculites sp. (Turoniano– Maastrichtiano Superior). A
associação de Texanites (Plesiotexanites) sp. Pachydiscus sp. indicativa de idade
eocampaniana. Souza-Lima et al. (2007) apresentaram zoneamento bioestratigráfico
preliminar para sequências carbonáticas da Formação Jandaíra, ampliando o range temporal
da associação do Turoniano ao Campaniano/Maastrichtiano, inferindo afinidades
paleobiogeográficas com outras bacias do Nordeste do Brasil.
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CAPITULO V
ASPECTOS GERAIS DA CLASSE CEPHALOPODA
Os cefalópodes são animais inteiramente marinhos e considerados os mais evoluídos
entre os moluscos. É um grupo abundante e bem sucedido desde o final do Cambriano até o
Presente, o que representa quase 500 milhões de anos. Dentro desta classe estão incluídos os
atuais Nautilus, os argonautas, lulas e polvos, e os extintos amonóides e beleminites.
Os espécimes modernos se distinguem dos outros moluscos por terem um
desenvolvimento proporcional da cabeça com o cérebro e órgãos sensoriais. Os paralelos
estruturais e funcionais entre os olhos destes e dos vertebrados, que são bem conhecidos,
servem para ilustrar as possibilidades de realizações evolutivas inerentes ao plano do molusco
arquétipo.
Todos os componentes do molusco arquétipo estão presentes nos cefalópodes, assim
como estão em outros moluscos (Fig. V. 1.). Os integrantes desta classe foram capazes de
desenvolver um meio efetivo de flutuar usando a câmara da concha, colonizando o habitat
nectônico, com seus ricos recursos alimentares e movendo-se ativamente para adquirir a
presa. Sua história evolutiva e morfologia funcional demonstram como eles foram capazes de
explorar, por serem quase todos carnívoros ativos. Excetuando-se os peixes, tornaram-se os
mais completos nadadores dos mares (Clarkson, 1996)
A distribuição estratigráfica da classe vai do Cambriano ao Recente. Tem havido
considerável dificuldade para se classificar os cefalópodes, especialmente em amplas
categorias naturais, mesmo assim são divididos em três subclasses (Rich et al. 1997):
• Ordem Nautiloidea (Cambriano – Recente): Concha externa, reta, curvadas ou
enroladas, câmaras com linhas de sutura simples; sifúnculo ou subcentral,
frequentemente com formas complexas, quatro brânquias presentes.
• Ordem Ammonoidea (Devoniano – Cretáceo): Concha externa; enrolada,
freqüentemente estriada, câmaras com linhas de sutura complexas, sifúnculo ventral,
brânquias desconhecidas.
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• Ordem Coleóidea (Carbonífero – Recente): Concha interna, reta ou enrolada,
pode faltar sifúnculo, duas brânquias.
Figura V.1- Relações morfológicas entre as classes dos moluscos com referência ao “Arquimolusco hipotético” (Fonte: Clarkson, 1996).
V. 1. ASPECTOS GERAIS DA ORDEM AMMONOIDEA
A ordem Ammonoidea apareceu no início do Devoniano e foi extinta no final do
Cretáceo, (Fig. V. 2) sendo os conhecimentos sobre eles limitados, quase inteiramente, às
partes duras da concha. As partes moles são completamente desconhecidas, exceto por
inferências que podem ser extraídas das câmaras de habitação e a partir da distribuição das
conchas no tempo e espaço e de suas associações ecológicas. Apesar disto, sua extrema
abundância, distribuição mundial, multiplicidade de formas e rápida evolução, fazem deles os
fósseis ideais para zoneamento bioestratigráfico, e assim, se justifica a grande atenção que
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eles têm recebido. Devido a essas características, os amonóides, entre os macrofósseis, são
importantes referências a nível mundial na bioestratigrafia, para zoneamento e datação das
camadas (Kennedy & Cobban, 1976).
Fig. V. 2- Distribuição estratigráfica dos principais grupos taxonômicos de Ammonoidea. (Fonte: Landman et al.1996).
Os amonóides são valiosos para o zoneamento das rochas do Mesozóico. Eles têm
demonstrado uma especial eficácia no Jurássico e Cretáceo, onde com sua alta freqüência de
espécies tem sido possível estabelecer zonas equivalentes a períodos de tempo menor que um
milhão de anos de duração (Clarkson, 1996).
V. 2. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS PRINCIPAIS DOS AMONÓIDES DO MESOZÓICO
A concha dos amonóides é univalve, enrolada normalmente em plano espiral, mas
também com muitas outras variedades de formas. E geralmente considerada como tendo sido
externa, ela forma um cone alongado dividido em três principais partes (Arkell et al., 1957):
a) A protoconcha ou câmara inicial;
b) Uma longa câmara septada ou fragmocone;
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c) Uma câmara terminal ou câmara de habitação.
O tamanho das câmaras adultas varia de alguns centímetros até três metros de diâmetro,
o fragmocone e a câmara de habitação juntos constituem a concha, em contraste com a
pequena câmara inicial, a protoconcha.
Alguns amonóides apresentam pronunciadas quilhas ventrais, que podem ser agudas. As
quilhas podem ser um sistema de sulcos paralelos triplos, duplos ou simples, dispostos ao
longo do ventre. Em seções transversas as espiras podem tomar muitas formas, que são
freqüentemente características de famílias particulares de amonóides e muito úteis na
taxonomia. A superfície externa de uma concha de amonóide é usualmente marcada por
fracas linhas de crescimento, mas em adição existem normalmente faixas distribuídas
radialmente projetando-se sobre a superfície (Rich et. al 1997 ).
Todas as conchas de amonóides começam com uma câmara embrionária globular com a
forma de um barril, que é a protoconcha (Fig. V.3) formando um ápice do cone sendo
diferente de todas as câmaras subseqüentes. Seu eixo maior é normal ao plano de enrolamento
e geralmente é mais largo que a câmara inicial da concha. Ele é separado da concha por um
prosifão e dois proseptos, que parecem ser contínuos com a parede da concha ao invés de
cimentado, como são os verdadeiros septos (Arkell et al, 1957).
Fig.V.3: Diagrama da protoconcha de um amonóide (Fonte: Landman et al.1996).
O fragmocone compreende o bulbo da concha do amonóide e dá a ela as características
de câmara septada. Essas eram estendidas em baixo do manto que se movia periodicamente,
conforme o crescimento da concha. Os septos tornam-se gradualmente mais amplos e
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espaçados até a maturidade, após o que tendem a tornar-se mais densos. Este fato facilita o
reconhecimento da maturidade da concha (Rich et al 1997).
As conchas externas dos cefalópodes podem ser segundo Clarkson (1996) de três tipos:
retas (ortocone), levemente encurvadas (cirtocone) ou fortemente encurvadas (girocones).
Quando o enrolamento é frouxo, recebe o nome de girocone, mas quando é muito extremado,
conduz às conchas involutas (a última volta sempre recobre as anteriores) e evolutas (as voltas
não recobrem as anteriores).
A câmara do corpo ou câmara de habitação é distinguida do resto da concha por não
apresentar separações ou septos. Ela varia grandemente em extensão nos diferentes grupos de
amonóides, desde menos da metade da volta a mais do que uma volta e meia. Devido ao fato
de não haver septo para obstruir a passagem da argila para dentro da câmara do corpo após a
degeneração do animal, freqüentemente a câmara do corpo é preservada sozinha em sua
forma original, ao passo que o fragmocone, com suas câmaras ocas podem estar parcialmente
preenchidas por cristais de calcita secundária. Em outras circunstâncias, especialmente em
folhelhos, são piritizadas intactas, mas a câmara do corpo pode estar destruída. Muito
raramente, moldes internos da câmara e habitação sofrem modificações na forma. O mais
comum é a contração da volta da seção que começa geralmente no dorso. Todas essas
características são evidências da maturidade da concha (Arkell, 1957).
A superfície, mesmo dos amonóides mais lisos, é coberta com linhas de crescimento,
cada uma das quais representa a forma de um perístoma. Em muitas conchas as linhas de
crescimento são acentuadas ou em relevo como lamelas, que podem ser onduladas ou
aparecem como finas linhas radiais ou acompanhadas por elas. Normalmente a superfície é
também coberta por costelas de relevo radial. As costelas não são necessariamente paralelas
às linhas de crescimento e comumente elas são independentes destas, (Fig. V.4)
morfologicamente podem ser simples, ramificadas (biplicadas ou triplicadas), em forma de
feixe (fasciculada), intimamente ligadas (densas), separadas (distantes), retas, curvas,
flexionadas (sigmóides), curvada apenas em direção a periferia (projetada) e suas direções
gerais podem ser radiais, inclinadas ou voltadas para trás, a (Fig. V.5) apresenta alguns tipos
de ornamentação que ocorrem nas conchas de amonóides segundo Arkell (1957).
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Fig. V.4. Tipos de costela em conchas de amonóides (Fonte: Arkell, 1957).
Fig. V.5. Tipos de ornamentações nas conchas de amonóides (Fonte: Arkell, 1957).
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A maioria dos amonóides é preservada como moldes internos e as junções entre septos e
parede da concha mostram claramente como as linhas de sutura em amonóides são sempre
mais complexas que nos nautilóides. Nos primeiros amonóides (Devoniano–Carboníferos) as
suturas são de forma relativamente simples e sem crenulações acessórias, mas no Permiano
alguns gêneros apresentam suturas mais complexas de um tipo que atingiu seu completo
florescimento no Mesozóico (Clarkson, 1996).
Tipos particulares de suturas são características de distintas famílias de amonóides e são
muito úteis na classificação e identificação destas. Existem alguns termos amplos e gerais
definindo grupos de amonóides, baseados na morfologia das suturas, que são frequentemente
usados para caracterizar graus de organização. Os “goniatites” são amonóides do Paleozóico
com suturas fortemente angulares e geralmente em zig-zag, sem nenhuma crenulação. Nem
todos amonóides com tais suturas são “goniatites”, existem alguns gêneros do Mesozóico com
suturas similares. Nos “ceratites” do Triássico os lobos são ornamentados, ainda que as selas
sejam inteiras, alguns gêneros do Cretáceo (Pseudoceratites) têm estruturas similares. Todos
amonóides do Mesozóico tem lobos complexos e finamente subdivididos, ainda que existam
alguns amonóides do Permiano com suturas também deste tipo (Clarkson, 1996).
Fig. V.6. Tipos de suturas nas conchas de amonóides (Fonte: Landman et al.1996).
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Em muitos amonóides do Paleozóico e Mesozóico a ontogenia da sutura foi descrita
normalmente pela quebra das câmaras até a protoconcha e expondo as suturas e voltas
internas. As primeiras suturas em todos os amonóides são menos complicadas que as últimas,
e o conjunto da história do desenvolvimento de sutura madura pode ser traçada usando
diagramas em série de sucessivas suturas. Talvez o maior valor da ontogenia sutural seja um
desembaralhamento filogenético, especialmente nas formas do Paleozóico (Arkell, 1957).
Durante a ontogenia, em gêneros do Paleozóico e Mesozóico, os lobos primários e as
selas aparecem primeiro, e normalmente a primeira e a segunda selas laterais são muito
distintas. Ainda que estas persistam nas suturas adultas, lobos adventícios ou selas podem
aparecer nas primeiras fases de crescimento, e eventualmente desenvolver-se tanto como os
primários. O único meio para distinguir é remetê-los aos estágios iniciais.
Nos amonóides onde a sutura atinge sua máxima complexidade, os lobos e selas são
todos crenulados, e as selas têm lobos acessórios. Algumas suturas peculiares estão presentes
em uns poucos gêneros do Mesozóico (Clarkson, 1996).
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CAPÍTULO VI
SISTEMÁTICA
Filo MOLLUSCA, Cuvier 1797
Classe CEPHALOPODA, Cuvier 1797
Ordem AMMONOIDEA Von Zittel, 1884
Subordem PHYLLOCERATINA Arkell, 1950
Superfamília PHYLLOCERATACEAE Zittel, 1884
Família PHYLLOCERATIDAE Zittel, 1884
Subfamília PHYLLOCERATINAE Zittel, 1884
Gênero Hypophylloceras Salfeld, 1924
Espécie tipo: Ammonites (Scaphites?) ramosus Meek 1857
Subgênero Neophylloceras Shimizu, 1934
1934 Neophyllocersas Shimizu, p. 61
1935 Paraphylloceras Shimizu (non Salfield, 1919), p. 180
1947 Hyporbulites Breistroffer, p. 82
1956 Epiphylloceras Collignon, p. 24.
Espécie tipo: Ammonites (Scaphites?) ramosus Meek, 1857
Diagnose: Concha moderada a fortemente comprimida, fortemente involuta com umbílico
pequeno e amplo, ornamentada com finas linhas espaçadas, radiais ou fracamente flexuosas
na superfície da concha. Ornamento adicional de costelas radiais, dobras largas ou estreitas,
estrias rasas, às vezes presente no flanco dorsal. Sutura complexamente dividida em pequenas
terminações tetrafilóide, selas margeando o lobo lateral (Henderson & Macnamara, 1985).
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Hypophylloceras (Neophylloceras) surya (Forbes, 1846)
PRANCHA I, figuras 1 e 2
1846 Ammonites surya Forbes, p. 106, pl. 7, fig. 10
1895 Phylloceras surya (Forbes); Kossmat, p. 109 (13), pl. 16 (2), fig. 1.
1956 Epiphylloceras mikobokense Collignon, p. 24, pl. 2, Figs. 3 e 3a; pl. 4, figs. 5, 5a e 5b.
1976 Phylloceras (Hypophylloceras) mikobokense (Forbes); Kennedy & Klinger, p. 368, pl. 12, fig. 1.
1985 Phylloceras (Neophylloceras) surya (Forbes); Henderson & McNamara, p. 42, pl. 1, figs. 7 e 8, 11 e 12;
pl. 2, figs. 1 e 2; texto-fig. 2g (a sinonímia completa).
1986 Phylloceras (Hypophylloceras) surya (Forbes); Stinnesbeck, p. 193, pl. 7, figs. 5 e 6.
1992 Phylloceras (Neophylloceras) surya (Forbes); Kennedy & Henderson, p. 391, pl. 1, figs. 1–7, 9, 13 e
14; pl. 15, figs. 4 e 5 (sinonímia com adicional).
1993 Phylloceras (Hypophylloceras) cf.. P. (H.) surya (Forbes); Muniz, p. 148, pl. 15, figs. 4, 7.
1993 Phylloceras (Neophylloceras) surya (Forbes); Ward e Kennedy, p. 16, figs. 17.13, 18.3, 18.4, 18.16 e
18.17.
1993 Phylloceras (Neophylloceras) surya (Forbes); Birkelund, p.43, pl. 2, fig. 2.
1999 Phylloceras (Neophylloceras) surya (Forbes); Fatmi & Kennedy, p. 643, figs. 4.1–4.6 e 15.3.
2004 Hypophylloceras (Neophylloceras) sp. cf. H. (N.) surya (Forbes); Ifrim et al., texto-figs. 2c–e e 3a.
Material estudado: Um exemplar molde composto, DGEO–CTG–UFPE 3282, localidade
Fazenda Santa Alexandrina.
Descrição: Concha involuta; seção da volta oval, diâmetro máximo inferido do fragmento
120mm; diâmetro umbilical inferido 13mm; ornamentação bulae partem da borda do umbílico
e ligeiramente acima, entre estas bulae presença de finas linhas.
Discussão: O subgênero Neophylloceras foi introduzido por Shimizu (1934), somente aceito
após Wright & Matsumoto (1954) terem revisto a sua classificação e confirmado sua
validade, mesmo assim essa classificação tem sido muito debatida. Foi tratada como um
sinônimo subjetivo de Hypophylloceras Salfeld, 1924 por diversos autores, todos
consideraram Neophylloceras distinta em virtude de sua sutura ser mais complexa, as selas
com terminações filóides menos pronunciadas quando comparado com Hypophylloceras.
Birkelund (1965) e Matsumoto & Morozumi (1980) estabeleceram Neophylloceras como um
subgênero de Hypophylloceras, sugestão adotada por Wrigth et al. (1996) e utilizada por Ifrim
et al. (2004).
Muniz (1993) classificou este exemplar como Phylloceras (Hypophylloceras) cf. P.
(H.) surya, no entanto este subgênero foi renomeado oficialmente por Wright et al. (1996) no
Tratado Paleontológico de Invertebrados passando a ser chamado de Hypophylloceras
(Neophylloceras) com distribuição temporal do Albiano-Maastrichtiano.
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Ifrim et al. (2004) utilizaram a nova classificação proposta por Wright et al. (1996),
entre as características dos espécimes descritos os mais importantes são a largura do umbílico
e os bulbos dorso-ventrais. H. (N.) surya (Forbes, 1846); H. (N.) marshalli Shimizu, 1935 e
H. (N.) cottereaui Collignon, 1956 são espécies do subgênero em questão e possui forma
semelhante, todas têm umbílico largo.
O exemplar analisado é identificado como Hypophylloceras (Neophylloceras) surya,
por possuir ornamentação do tipo finas linhas e bulbos dorso-ventrais.Semelhante ao
exemplar descrito por Ifrim et al. (2004) concha discoidal involuta com taxa de expansão
intermediária, a compressão da seção espiral aumenta com o diâmetro; o umbílico de largura
0,20mm – 0,25mm são cercados por íngremes paredes umbilicais que passam para os flancos
em um diâmetro largo. Largura máxima da concha acima do meio do flanco, ligeiramente
convexos, flancos convergem ventralmente, ventre arredondado em uma curva larga. Estão
presentes nos flancos dorsais do espiral de seis a oito bulae (tubérculos) paralelos por meia-
volta que se irradiam, finas linhas ligeiramente radiais e côncavas presente entre dois bulae,
mas elas não são visíveis na região dorsal. No meio do flanco as finas linhas são retas, mas
tornam-se convexas para o ventre onde se cruzam radialmente; lobos suturais são incisões
profundas e finas, selas com terminações filóides e um lobo ventral raso, o lobo sutural é
recolhido.
Ocorrência: Índia, Madagascar, África do Sul, Austrália ocidental, EUA (Alasca, Califórnia),
Japão, Dinamarca, Paquistão e Chile Ifrim et al. (2004). A distribuição temporal da espécie
ocorreu durante Campaniano/Maastrichtiano.
Subordem LYTOCERATINA Hyatt, 1889
Superfamília TETRAGONITACEAE Hyatt, 1900
Família GAUDRYCERATIDAE Spath, 1927
Gênero Gaudryceras Grossouvre, 1984
Espécie tipo: Ammonites mitis Hauer, 1866, p. 305
Diagnose: Concha tipicamente evoluta, voltas iniciais deprimidas expandindo lentamente,
voltas finais comprimidas, expandindo mais rapidamente. Ornamento consiste de finas linhas,
flexuosas ou ramificadas, finas longo do desenvolvimento ontogenético, quando não,
engrossam e juntam no exterior da volta. Constrições estão presentes no molde interno, sendo
marcados na concha colares e depressões. Sutura com selas e lobos bífidos largos, lobo
suspensivo tipicamente retraído, com vários auxiliares (Wright et al. 1996).
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Gaudryceras varicostatum van Hoepen, 1921
PRANCHA II, figuras 01 e 02
1921 Gaudryceras varicostatum van Hoepen:7; pl.2, figs. 10 -12; texto figs 3, 4.
1921 Gaudryceras kayei (Forbes); Spath: 50 (tabela).
1922 Gaudryceras varicostatum Van Hoepen; Spath: 117
1922 Gaudryceras cinctum Spath: 118; pl. 9, figs. 3a – 3b.
1926 Gaudryceras propemite Marshall: 142; pl. 20, fig. 4; pl. 28, figs 3, 4.
1931 Lytoceras (Gaudryceras) varicostatum (van Hoepen); Collignon: 12; pl 2, figs 1 – 4; pl. 8, fig. 3
1956 Gaudryceras sp. aff. cinctum Spath; Collignon: 55; pl. 5, figs 4, 5.
1965 Gaudryceras varicostatum van Hoepen; Howarth: 362.
1965 Gaudryceras cinctum Spath: Howart: 362
1966 Gaudryceras varicostatum van Hoepen; Collinon: 3; pl. 456, fig. 1854
1970 Gaudryceras propemite Marshall; Henderson: 15; pl.2, fig. 6.
1993 Gaudriceras brasiliense Muniz (pág. 149, est.16, fig. 2 e 3).
Material estudado: Dois exemplares, moldes fragmentados, DGEO–CTG–UFPE 3290,
3291, localidade Fazenda Santa Alexandrina.
Descrição: Concha com enrolamento evoluto, seção da volta arredondada comprimida,
umbílico amplo e profundo, ornamentação apresenta costelas finas com interespaços mais
largos, concavidade voltada para trás na primeira metade dos flancos, depois se voltam para
frente até a região ventral, e linha de sutura não preservada.
Discussão: Das espécies identificadas por Kennedy & Klinger (1979) duas assemelham-se ao
exemplar aqui analisado, são elas: Gaudryceras varagurense Kossmat, 1895 e Gaudryceras
varicostatum van Hoepen, 1921. Dois elementos morfológicos podem ser observados no
exemplar estudado que possibilitam incluí-lo no gênero em questão, presença de
ornamentação em forma de finas linhas, espiral evoluto e comprimido.
Muniz (1993) propôs uma nova espécie Gaudryceras brasiliense, muito embora tenha
percebido afinidade com o Gaudryceras varagurense Kossmat 1895, no que toca a
ornamentação e características das seções das voltas, no entanto, nomeou a nova espécie
brasileira com base no diâmetro excepcionalmente maior e a não observação de colares e
constrições típicos das espécies do gênero.
Após uma nova análise do material percebe-se afinidade com a espécie Gaudryceras
varicostatum van Hoepen, 1921, por se tratar de fragmentos, alguns caracteres morfológicos
não puderam ser mensurados, como o diâmetro total da concha e diâmetro real do umbílico,
mas foi possível inferir a largura e altura da volta, bem como a forma do umbílico. A maior
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seção exposta, da última volta mede Wb/Wh = 61mm / 72mm = 0,85; já a seção da penúltima
volta mede Wb/Wh = 26mm / 28mm = 0,93, essas medidas nos exemplares de G.
varicostatum descritos por Kennedy & Klinger (1979) variaram entre 1,1 e 1,09, não
apresentando grande diferença dos fósseis da Formação Gramame. Além disso, colares e
constrições são caracteres gerais típicos do gênero, se as demais características forem
observadas no exemplar, a ausência destes pode ser irrelevante para diferenciar duas espécies,
uma vez que, segundo a diagnose da espécie essa característica é ocasional.
Segundo Kennedy & Klinger (1979) a G. varicostatum possui voltas iniciais maiores
de 40 mm, enrolamento evoluto, seção da volta deprimida, a maior largura próximo do
umbílico, os lados da volta e ventre são arredondados, sendo o final um pouco achatado. O
umbílico é amplo de profundidade moderada, com uma parede arredondada e borda
abruptamente arredondada. Na linha de junção do umbílico surgem finas linhas, densa,
prossiradiada flexuosa que alcança a frente do bordo e flanco interno, passa suavemente para
trás no meio do flanco. Algumas finas linhas ramificam no umbílico e algumas intercalam no
flanco. Ocasionalmente colares, costelas estão presentes na concha, corresponde ao local de
constrições, no molde de outra forma interna lisa (Kennedy & Klinger, 1979).
O exemplar DGEO-CTG-UFPE 3290 trata-se de um molde das voltas interiores da
concha que exibe a provável forma do umbílico que é amplo e profundo, semelhante ao de G.
varicostatum e diferente de G. varagurense que possui umbílico amplo e raso. Além disso, G.
varagurense apresenta medidas muito menores que G. varicostatum, ver tabela a seguir, que
também trás uma comparação com o exemplar aqui estudado.
Tabela 3: Comparação morfométrica das espécies de Gaudryceras.
G. varagurense G.variscostatum DGEO – CTG – UFPE
D 31,8 39,3 -x-
Wb 11,6 14,5 26,0
Wh 10,8 13,5 28,0
Wb/Wh 1,07 1,07 0,93
U 15,6 16,0 -x-
Ocorrência: Campaniano inferior da Polônia, Santoniano de Madagascar, Campaniano da
Nova Zelândia e África do Sul (Kennedy & Klinger, 1979).
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Subordem AMMONITINA Hyatt, 1889
Superfamília DESMOCERATACEAE Zittel, 1895
Família DESMOCERATIDAE Zittel, 1895
Subfamília HAURICERATINAE Matsumoto, 1938
Gênero Hauericeras Grossouvre, 1894
Espécie tipo: Amonnites pseudogardeni Schüter, 1872, pág. 54, designação original.
Diagnose: Seção da volta é alta, com faces planas, ventre arredondado pelo menos
inicialmente, nessa altura fastigado, e posteriormente agudo, alto, quilha septicaranada. Lisa e
com tubérculos fracos no rebordo, microconcha com babados, sutura com lobo suspenso
retraído ou não (Wright et al. 1996).
Hauericeras sp.
PRANCHA III, figuras 01 e 02
Material estudado: Um molde externo incompleto, DGEO–CTG–UFPE 3292, localidade
CIPASA.
Descrição: Concha evoluta; seção da volta comprimida; pouca ornamentação os flancos são
aplainados e convergem agudamente para o ventre, sem carena; superfície do molde lisa,
indícios da existência de constrições, sutura não preservada.
Discussão: DGEO–CTG–UFPE 3292 trata-se de um exemplar com pouca ornamentação,
reduzido índice de largura e espessura da volta, isso permite classificá-lo neste gênero.
Apresenta grande semelhança com Hauericeras pseudoangustum Collignon e H. angustum
Yabe, no entanto, exemplares que tenham os caracteres distintivos das espécies não foram
coletados o que dificulta a identificação a nível especifico, ficando o registro do gênero para a
Formação Gramame.
Ocorrência: Europa, África do Sul, Madagascar, Índia, Japão e Austrália. A distribuição
temporal do gênero ocorreu durante o Cretáceo Superior (Coniaciano – Maastrichtiano).
Família PACHYDISCIDAE Spath, 1922
Gênero Pachydiscus Zittel, 1884
Espécie tipo: Ammonites neubergicus Hauer, 1858.
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Diagnose: Concha comprimida; com lateral, lisa ou convexa; costelas tendendo a se
diferenciar em direção ao curto umbílico e se separa ventro-lateralmente, a última tende a ser
interrompida no ventre e desaparece.
Ocorrência: Cosmopolita, distribuição Campaniano-Maastrichtiano Superior.
Subgênero Pachydiscus Zittel, 1884
Espécie tipo: = Parapachydiscus Hyatt, 1900, p. 570; Joaquinites Anderson, 1958, p. 218.
Diagnose: Costelas persistindo (Wrigth et al. 1996).
Ocorrência: Mesma do gênero.
Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti Seunes, 1890
Prancha IV, figuras 01 e 02
1890 Pachydiscus jacquoti - Seunes: p.5 pl. 3(2); fig. 1-3
1960 Pachydiscus (Pachydiscus) llareni Wiedmann. - Wiedmann : p.764 pl. 4, fig. 6; pl. 5, fig. 4
1964 Pachydiscus (Pachydiscus) llareni Wiedmann. - Wiedmann : p.147 fig. 39
1986 Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti Seunes. - Kennedy : p.34 pl. 5, fig. 3-11, 15-19; pl. 6, texto-figura.
2d, e, 3o, s, 4b (com sinonímia completa)
1986 Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti Seunes. - Kennedy : fig. 9a, b
1987 Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti Seunes. - Kennedy : p.171 pl. 11, figs. 1-4; pl. 12, figs. 1-3, 8-10;
pl. 13, fig. 1-5; pl. 14, fig. 4-6, 8-10; pl. 15, fig. 1-3, 12, 13; texto-fig. 7b
1993 Pachydiscus jacquoti jacquoti Seunes. - Ward & Kennedy : p. 27, 35, 36, 37, 4 fig. 25.8, 25.13, 29.1-
29.4, 30.1-30.3, 31.2, 31.3, 31.6, 35.7, 39.4, 40.2
Material estudado: DGEO – CTG – UFPE 4220, 4222, 4666, 4667, 4688, 4708, 4711,4712,
4713, 4714, 4719,4721, 4724, 4728, 5260, 5261, 5486, localidade Fazenda Santa
Alexandrina.
Descrição: Concha moderadamente evoluta, seção transversal arredondada levemente
comprimida, umbílico moderadamente profundo, ornamentação com costelas que ocorrem no
umbílico onde são mais estreiras e no flanco externo onde ficam mais espaçadas.
Discussão: O enrolamento da concha, a seção da volta quando não fragmentada e as costelas
esparças são características diagnósticas que permitem classificar o material estudado como
Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti. Assemelham-se aos exemplares descritos por Ward &
Kennedy (1993) que apresenta as seguintes características: enrolamento moderadamente
evoluto; umbílico compreende cerca de 30% do diâmetro; bullae distante, em torno de 8 por
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volta; presença de costela estreita, distante e prosiradiada que no flanco externo enfraquece
consideravelmente; costelas ocasionalmente bifurcam em pares de bullae. Segundo
Henderson & Macnamara (1985) os exemplares de P. (P.) jacquoti são muitas vezes
confundidos com Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus, mas este possui seção transversal
mais comprimida.
Ocorrência: A espécie é conhecida na França (Maastrichtiano), Columbia Britânica
(Campaniano), Armênia e Madasgacar.
Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus (von Hauer, 1858)
PRANCHA V, figuras 01 e 02
1958 Ammonites neubergicus Von Hauer, p. 12, pl.2, figs. 1-3, pl.3, figs. 1, 2.
1986 Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus von Hauer, 1858 – Kennedy & Summesberger, p. 189, pl. 2,
figs 1,2; pl. 3, figs. 1,3; pl.4, figs. 1-5; pl. 5, figs. 1, 4; pl. 6, figs. 1, 2, 5; pl. 15, figs 7, 8; texto – fig. 5 a,
b.
1993 Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus neubergicus (Hauer, 1858) – Ward & Kennedy, p. 30, figs 25.9
– 25.12, 25.14, 25.16 – 25.18, 27.3 – 27.5, 27.7, 28.3, 30.4, 30.6.
2001 Pachydiscus neubergicus – Kennedy & Odin, p. 478, pl.1, fig.8.
2001 Pachydiscus neubergicus von Hauer, 1858 – Courville & Odin, p. 533, pl.6, figs.48-50.
2001 Pachydiscus neubergicus – Odin et.al, p.550, pl.2.
2001 Pachydiscus neubergicus (von Hauer) 1858 – Kuchler et.al. p. 726, pl.3, figs.1-3, 6, 7.
Material estudado: DGEO–CTG–UFPE 1803, 4111, 7101, 7102, 7103; moldes completos,
localidade pedreira CINEXCAL.
Descrição: Concha moderadamente evoluta, seção transversal oval e comprimida, parede do
umbílico rasa e ampla, flancos exteriores são convexos, ornamentação com costelas presentes
na região umbilical e continuam nos flancos, sutura levemente visível e aparentemente bífida.
Discussão: As feições morfológicas dos exemplares como enrolamento evoluto, tipo de
umbílico baixo e arredondado, ornamentação com finas linhas e costelas permitem classificá-
los como Pachydiscus (P.) neubergicus. Esta espécie já foi descrita por Martínez (1997), Jagt
& Felder (2003) e Ifrim et al. (2005).
Um ponto de divergência entre os autores quanto a morfologia da espécie é o
enrolamento da concha, Martínez (1997) descreve como involuto, Jagt & Felder (2003) como
moderadamente involuto e Ifrim et al. (2005) como moderadamente evoluto. Para as demais
características não ocorre divergência, é consenso que a espécie seja identificada com
umbílico estreito, baixo e arredondado, borda umbilical estreitamente arredondada; seção da
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volta comprimida, oval; flancos largos e convexos; presença de bullae e costelas, variando de
12 a 27 por meia volta.
A espécie P. (P.) neubergicus apresenta caracteres morfológicos parecidos com o P.
(P.) gollevillensis este se diferencia do anteriormente citado, por possuir uma maior proporção
de bullae no ventre do que de costelas. Além disso, a ocorrência de P. (P.) gollevillensis até o
presente momento é estritamente Austral, enquanto o P. (P.) neubergicus embora também
tenha maior ocorrência no hemisfério norte, também foi registrada no hemisfério sul. No
Brasil o gênero já havia sido identificado, para a Bacia da Paraiba, Oliveira (1957) e Andrade
Ramos (1959) registraram a ocorrência de Pachydiscus sp., sem maiores descrições
morfológicas.
A linhagem P. (P.) neubergicus junto com outras espécies são parte do grupo de
formas maastrichtianas similares, neubergicus foram provavelmente o antecessores de
gollevillensis. Pachydiscus gollevillensis são muito espalhados no Maastrichtiano superior, às
vezes registrado para o Maastrichtiano inferior (Gallemi et al. 1995).
Ocorrência: Espanha, França, Áustria, Dinamarca, Bulgária, Rússia Européia, Índia, Nigéria,
Madagascar, Emirados Árabes, Estados Unidos (Nova Jersey), a distribuição temporal é
registrada para todo o Maastrichtiano.
Superfamília ACANTHOCERATACEAE Grossouvre, 1894
Família SPHENODISCIDAE Hyatt, 1900
Subfamília SPHENODISCINAE Hyatt, 1900
Gênero Sphenodiscus Meek, 1871
Espécie tipo: Ammonites lobatus Tuomey, 1856, p. 168
Diagnose: Concha geralmente lisa, involuta e comprimida, tendendo a ser oxicone; muitas
espécies com flanco simples e tubérculos ventrolaterais. Todas as celas da sutura
normalmente recortadas, mas algumas auxiliares possivelmente completas. Primeira sela
lateral normalmente com dois lobos adventícios distintos tão grandes como o primeiro lobo
lateral, mas em espécies antigas possivelmente seja pequeno, geralmente folíolos não são
uniformemente longos, gargalos estreitos e formato final de rim (Wright et al. 1996).
Sphenodiscus lobatus (Tuomey, 1854)
PRANCHA VI, figuras 01 e 02
1852 Ammonites lenticularis Owen, p. 579, pl. 8, fig. 5.
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43�
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1854 Ammonites lobata Tuomey, p. 168.
1928 Sphenodiscus lenticularis (Owen). Böse, p.293, pl. 14, figs. 9-11.
1941 Sphenodiscus tirensis Stephenson, 1941, p.435, pl. 93, figs.1-3; pl. 94, figs. 1-2.
1995 Sphenodiscus lobatus (Tuomey). Cobban e Kennedy, p. 12, figs. 6.2-6.3, 8.4, 8.6-8.11, 12.18-12.19,
16.16-16.17 (com sinonímia adicional);
Material estudado: Nove moldes, alguns se apresentam fragmentados, DGEO – CTG –
UFPE 4221, 4675, 4690, 4697, 4698, 4699, 4701, 4704, 4705, 4707, 4725, 5251. Localidade
Fazenda Santa Alexandrina.
Descrição: Concha involuta, seção ventral triangular comprimida, o ventre é fastigado ou
ligeiramente arredondado, largura máxima da espiral no meio do flanco. Ornamentação quase
ausente, superfície da concha é lisa ou podem conter costelas côncavas que se apresentam
fracas, baixas e largas. Linha de sutura selas trífidas e arredondadas.
Discussão: Entre os Sphenodiscus típicos do Campaniano-Maastrichtiano, os exemplares
DGEO-CTG-UFPE apresentam as características do Sphenodiscus lobatus destaca-se concha
comprimida, involuta e linha de sutura arredondada, a espécie já foi estudada por Ifrim et al.
(2004) e Ifrim & Stinnesbeck (2010). Espécie comum no Maastrichtiano a Sphenodiscus
pleurisepta, difere claramente dos exemplares aqui descritos, pois apresenta concha
ligeiramente ornamentada com uma fileira de bolhas, seção transversal comprimida Wb/Wh
aproximadamente 0,30mm, amplitude é maior no meio dos flancos, ventre arredondado.
Ocorrência: Esta espécie foi descrita no nordeste do México, para os EUA (Alabama,
Mississippi e nordeste do Texas, Carolina do Norte, Maryland, Nova Jersei), Israel e Nigéria
(Ifrim at al., 2005).
Subordem ANCYLOCERATINA Wiedmann, 1960
Superfamília TURRILITACEAE Gill, 1871
Família NOSTOCERATIDAE Hyatt, 1894
Gênero Axonoceras Stephenson, 1941
Espécie tipo: Axonoceras compressum Stephenson, 1941
Axonoceras cf. compressum Stephenson, 1941
PRANCHA VII, figuras 1 e 2
Material estudado: DGEO-CTG-UFPE 3273, 3274, 3275, 3276, 3277 e 3278
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Localidade de coleta: Fazenda Santa Alexandrina, calcário cor de camurça da porção inferior
da Formação Gramame.
Descrição: Concha evoluta, deprimida; seção transversal no estágio inicial circular, estágio
final sub-retangular onde a espessura da volta é maior que a largura; umbílico amplo e raso;
flanco coberto por costelas, maior quantidade na região ventral, diminui em direção a região
dorsal, tubérculos na região ventral distanciados 1,5 mm entre si.
Discussão: As dimensões dos exemplares e a variabilidade das costelas são as grandes
afinidades com a espécie descrita por Stephenson (1941). Os exemplares estudados só não
exibem descontato no enrolamento, característica observada na espécie, mas que não é
constante. Outra espécie pode ser comparada ao material estudado, Axonoceras angolanum
Haas (1943), no entanto é uma espécie bem maior, mais frouxamente enrolada e com costelas
rursirradiadas; além disso, seu enrolamento interno adquire uma forma mais ou menos
triangular, o que não ocorre com A. compressum Stephenson.
Ocorrência: A espécie foi registrada para Angola, Madagascar e EUA (Texas) (Muniz,
1993), sua distribuição temporal esta entre o Campaniano-Maastrichtiano.
Axonoceras pingue Stephenson, 1941
PRANCHA VIII, figuras 1 e 2
Material estudado: DGEO - CTG - UFPE 3279, 3280, 3281; moldes completos, localidade
Fazenda Santa Alexandrina.
Localidade de coleta: Fazenda Santa Alexandrina, calcário cor de camurça da porção inferior
da Formação Gramame.
Descrição: Concha moderadamente evoluta, deprimida, com seção transversal arredondada;
umbílico raso, ornamentação com presença de costelas de até tamanho 10 mm, alternância de
intensidade das costelas; tubérculos ventrais, algumas costelas não apresentam tubérculos.
Tabela 4. Tabela de medidas Axonoceras pingue
Wb Wh Wb/Wh
DGEO - CTG - UFPE 3279 10,0 10,30 0,97
DGEO - CTG - UFPE 3280 8,50 8,57 0,99
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45�
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Discussão: As características das costelas e tubérculos, bem como a seção transversal da volta
próximas das medidas obtidas por Stephenson (1941) aproximam os exemplares aqui
analisados a espécie Axonoceras pingue.
Família DIPLOMOCERATIDAE Spath, 1926
Subfamília DIPLOMOCERATINAE Spath, 1926
Gênero Diplomoceras Hyatt, 1900
Espécie tipo: Baculites cylindracea Defrance, 1816, p. 160, por designação original.
Diagnose: Espira livre e helicoidal pelo menos em algumas espécies, seguida de 2 ou 3
subparalelas, voltas retas ou eixo curvo ou criocônica, seção circular para oval, costelas finas,
densas, bastante moderada e única, mais fracos dentro do que fora da concha; constrição na
apertura (Wright et al. 1996).
Diplomoceras cylindraceum (Defrance, 1816)
PRANCHA IX, figura 01 e 02
1816 Baculites cylindracea Defrance, p. 160.
1872 Hamites cf. cylindraceus Defrance; Schluter, p. 103, pl. 29, figs. 8,9; pl. 31, figs. 10-14.
1986a Diplomoceras cylindraceum (Defrance); Kennedy, p. 181, pl. 17, fig. 3; pl. 18, fig. 5; pl. 21, figs 2–3, 5–6; pl. 22,
fig. 6; pl. 23, figs 1–2; pl. 24, figs 1–3; pl. 25, figs 1–8; pl. 26, fig. 18; pl. 33, fig. 16; pl. 36, fig. 6; texto-figs 9–10
(a sinonímia completa).
1986b Diplomoceras cylindraceum (Defrance); Kennedy, p. 51, pl. 4, figs 1–2; pl. 9, figs 8–10; pl. 10; texto-figs 3i–l, 6,
7g–m (a sinonímia completa).
1989 Diplomoceras lambi (Spath); Olivero e Zinsmeister, p.27, figs 2.1–2.4.
1989 Diplomoceras maximum (Spath); Olivero e Zinsmeister, p. 629, figs 2.5, 4.1–4.4, 5.1–5.4. 1992 Diplomoceras
cylindraceum (Defrance); Henderson et al., p. 140, figs 5, 6a–e, h–k, 7.
1992 Diplomoceras cylindraceum (Defrance); Kennedy e Henderson, p. 704, pl. 6, figs 1–3; texto-figs 1b, 3 (e sinonímia
completa)
Material estudado: São sete moldes fragmentados, número de tombamento DGEO – CTG –
UFPE 1077 a,b,c, 4695, 4692, 7104, 7105, localidade CIPASA.
Descrição: Concha reta, lateralmente comprimida, seção oval, ornamentada com costelas
finas, regulares, rusiradiadas, ligeiramente inclinadas em relação ao eixo principal e envolvem
a seção da volta, espaço entre costelas de 3mm.
Discussão: Os espécimes aqui apresentados são similares aos registrados por Niebuhr (2003),
Ifrim et al. (2004), Ifrim et al. (2010), Kin (2010), principalmente em relação a ornamentação.
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As costelas são finas e estão separadas por interespaços maiores, além disso, estão dispostas
de maneira inclinada.
O exemplar descrito por Niebuhr (2003) apresenta costelas distintas são anulares,
estreitas, afiadas, e separadas por interespaços bem maiores. São regularmente espaçadas e
variam de rectiradiado para ligeiramente prorsirradiado. Seção da volta é oval-comprimida,
apenas o ventre é ligeiramente menor do que o dorso.
Ifrim et al. (2010) descreveu exemplares com as seguintes características: fragmento
curto, reto com seção da volta oval e costelas densas, estas cruzam o dorso em uma variedade
de convexidade, são retas e ligeiramente rursiradiada no flanco e cruza o ventre em uma larga
concavidade, costela índice é aproximadamente a 11.
Kin (2010) descreveu uma pequena porção do fragmocone; que apresentou costelas
estreitas e acentuadas, separadas por interespaços maiores. Costela tem a forma de anéis
anulares, ligeiramente prosiradiado no lado ventral. Seção da volta provavelmente
comprimida- oval a piriforme no contorno, lado ventral arredondado ligeiramente mais
estreito, costela índice é 13, Wb/Wh é 0.69.
Outros gêneros de amonóides com morfologia semelhante foram registrados na Bacia
da Paraíba; Glyptoxoceras que faz parte da mesma família de Diplomoceras cylindraceum
descrito por Maury (1930), mas difere porque as ornamentações anulares nestes são dispostas
em linha reta, além disso, apresentam constrições. Exemplares do gênero Baculites, família
Baculitidae foram descrito por Oliveira (1957), mas difere dos exemplares aqui descritos por
apresentar bullae crescente e tubérculo arredondado.
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CAPÍTULO VII
ASPECTOS ESTRATIGRÁFICOS DOS AMONÓIDES NA BACIA DA PARAÍBA
VII. 1. BIOESTRATIGRAFIA COM BASE EM AMONÓIDES PARA O CRETÁCEO SUPERIOR
O Maastrichtiano, andar do topo do Período Cretáceo foi definido com base na fauna
coletada em fáceis calcárias perto de Maastricht, a seção tipo foi elaborada na pedreira ENSI
em Limbourg, Holanda, onde somente as camadas superiores estão presentes. Nas
proximidades também foram descritas seções de referência tais como Kronsmoor e Hemmor
que fica no norte da Alemanha e corresponde a parte inferior da seção tipo (Kennedy, 1984).
Segundo Ward et al. (1986) as áreas conhecidas como estrato tipo do Maastrichtiano
foram escolhas problemáticas. Primeiro, as seções são incompletas e não contem o limite
Maastrichtiano/Paleoceno. O limite Campaniano/Maastrichtiano está presente nessas seções,
mas é difícil definir com evidências macrofaunais. Segundo é o problema levantado pela
natureza das fáceis e faunas que compõe o estratotipo. As fáceis são calcárias, depositados em
uma província biogeográfica boreal. A natureza das rochas e sua configuração influenciaram
fortemente o conjunto de animais que habitam esta área e tende a incluir no estratotipo fauna
de natureza bastante provinciana. Devido a estes dois fatores, correlação com as fáceis
calcárias e fauna são difíceis. Faunas tetianas de outras áreas equatoriais, por exemplo,
contêm pouca ou nenhuma co-ocorrência de elementos faunais.
Não existia concenso bioestratigráfico para o Campaniano/Maastrichtiano, Wright (em
Arkell et al. 1957) publicou um zoneamento preliminar com base em amonóides para o
Cretáceo das áreas clássicas da Europa ocidental, com a seguinte sequência padrão:
Maastrichtiano superior - Sphenodiscus sp., Maastrichtiano inferior - Pachydiscus
neubergicus.
No entanto, posteriormente o zoneamento macrofóssil para esta idade passou a ser
feito principalmente através do uso Belemnites, com a seguinte sequência padrão:
Maastrichtiano superior - Belemnella casimirovensis/Belemnitella junior; Maastrichtiano
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inferior–Belemnitella occidentalis e B. lanceolata (Ward et al., 1986). Muitas seções
estratigráficas tetianas, no entanto, contêm uma fauna de cefalópodes, onde estes dois
elementos estão em falta ou na melhor das hipóteses raras, como a paleofauna descrita por
Kennedy e Klinger (1979) para África do Sul.
Kennedy (1984) sugere que a subdivisão do Maastrichtiano pode ser possível através
do uso das espécies de amonóides do gênero Pachydiscus. No Simpósio sobre os limites dos
estágios do Cretáceo que ocorreu em Bruxelas 1995 foi recomendado que o ponto de base do
período Maastrichtiano como a seção estratotipo global seja o nível do Pachydiscus
neubergicus mais inferior da Pedreira Tercis, perto de Dax, em Landes, sudoeste da França
Cristensen et al. (2000), marcador usado atualmente pela comissão internacional de
estratigrafia.
VIII.2. INTERVALO CAMPANIANO-MAASTRICHTIANO DAS BACIAS DO NORDESTE
O intervalo marinho Campaniano-Maastrichtiano das bacias do Nordeste do Brasil,
apesar da diferente representatividade e escassa continuidade lateral e vertical em
afloramentos numa mesma bacia, estudos bioestratigráficos tem sido baseados na rica
diversidade de seu conteúdo fóssil.
O Campaniano é bem representado na bacia de Sergipe-Alagoas; já a Bacia de
Pernambuco-Paraíba se destaca pelo expressivo registro maastrichtiano. O conhecimento
relativo desses andares na bacia Potiguar é escasso, mas delineia-se um grande potencial para
estudos complementares naquela bacia.
Souza-Lima et al. (2003) identificou amonóides coletados em afloramentos do
Cretáceo superior da Bacia Sergipe-Alagoas. A parte inferior do Campaniano superior está
representada pela zona Pachydiscus (Pachydiscus) haldemsis, e a superior representada pela
Nostoceras hyatti (?), amonóides do Maastrichtiano são desconhecidos na bacia.
Souza-Lima et al. (2007) propõe para o Campaniano inferior da Bacia Potiguar, a zona
Texanites (Plesiotexanites) sp. e para o Campaniano superior-Maastrichtiano Zona
Sphenodiscus sp. / Pachydiscus sp. apresentado na Tabela 5.
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Tabela 5. Ocorrências de amonóides nas bacias Potiguar e SE/AL nordeste do Brasil Souza-
Lima et al.(2003, 2007).
Bacia Potiguar Bacia SE/AL
Fm. Jandaíra Fm. Calumbi M
aast
rich
tiano
Superior Pachydiscus sp.
Sphenodiscus sp.
?
Inferior
Cam
pani
ano
Superior
Inferior
Texanites (Plesiotexanites) sp. Pachydiscus (P.) haldensis
Nostoceras hyatti ?
VII.3. HISTÓRICO DA BIOESTRATIGRAFIA NA BACIA DA PARAÍBA
Diversas pesquisas sobre o tema foram desenvolvidas na Formação Gramame o
primeiro trabalho bioestratigráfico com base em macrofósseis foi realizado por Maury (1930)
que datou a porção inferior da Formação Gramame como Campaniano, denominando-a Zona
“Roudairia” e atribuiu ao calcário cinzento da porção superior idade maastrichtiana.
Beurlen (1967 a, b) datou a Formação Gramame como Maastrichtiano, com base na
presença do amonóide Sphenodiscus, propondo a inclusão da biozona anteriormente
identificada por Maury como base da formação.
Muniz (1993) propôs uma zona denominada Zona Veniella brasiliensis com amplitude
que vai desde a base da camada mais inferior de calcarenitos até o topo da mais elevada
camada fossilífera dos calcários cor de camurça ou amarelo-claros, havendo indícios de que
possa ocorrer também na fáceis fosfática.
Com base em microfósseis, a idade maastrichtiana, durante algumas décadas foi
consenso. Segundo Mabesoone et al. (1968), Tinoco (1967, 1971, 1976), o fundamento
micropaleontológico dessa idade é a presença associação de foraminíferos liderados por
Globotruncana contusa e G. stuarti. Lima (1985) realizou os primeiros trabalhos com
pesquisa palinológica na “Bacia de Pernambuco-Paraíba” na Formação Itamaracá e atribuiu
idade neocampaniana para a parte inferior da seção e neo-campaniana – eo-mastrichtiana para
a parte superior.
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Lima & Koutsoukos (2006) elaboraram bioestratigrafia com base em nanofósseis
calcários para a Bacia de Pernambuco-Paraíba e atribuíram idade maastrichtiana à pedreira
CIPASA com afloramento da Formação Gramame, identificando as biozonas CC25A,
CC25B, e CC25C.
Almeida (2007) identificou na Pedreira da Fazenda Santa Alexandrina, para a
Formação Gramame Icnofáceis Cruziana que de acordo com a ecologia do grupo indica
ambiente de plataforma e para Formação Itamaracá Icnofósseis Trypanites que indica um
Beachrock.
Souza-Lima (2010) propôs um zoneamento preliminar para o Maastrichtiano marinho
do nordeste do Brasil baseado em amonóides e destacou que o limite Campaniano-
Maastrichtiano encontra-se bem definido na “Bacia de Pernambuco-Paraíba” com a primeira
ocorrência de Pachydiscus (P.) neubergicus. Segundo o autor, o Maastrichtiano inferior é
assinalado pela associação P.(Pachydiscus)jacquoti /Diplomoceras cylindraceum (ex
Glyptoxoceras parahybense Maury, 1930), enquanto o Maastrichtiano superior caracteriza-se
por Menuites fresvillensis (ex Canadoceras riogramamense Maury, 1930) (Fig. VII.1).
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Fig. VII.1. Zoneamento para “Bacia de Pernambuco-Paraíba” (Souza-Lima, 2010).
VII.4. ANÁLISE DO LIMITE CAMPANIANO-MAASTRICHTIANO DA BACIA DA PARAÍBA COM BASE EM AMONÓIDES
A localidade Fazenda Santa Alexandrina é um dos três afloramentos na formação que
exibem os arenitos calcíferos do topo da Formação Itamaracá, fontes dos inúmeros fósseis que
resultaram nas monografias de Maury (1930) que identificou a “zona Roudairia” e Muniz
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(1993) que classificou a litologia da área como “calcarenitos cremes e muito fossilíferos” na
localidade os arenitos calcíferos formam um pacote exposto de até 7m, sotopostos às margas
que atualmente correspondem ao que se define como Formação Gramame (Barbosa et al.,
2003).
A localidade Fazenda Santa Alexandrina é marcada pela abundância das espécies,
Sphenodiscus lobatus, 15 exemplares e Pachydiscus (P.) jacquoti, 17 exemplares, numa
amostra de 51 espécimes, as demais espécies somam 19 exemplares, coletados na camada de
calcário com influência de siliciclastos, denominada por Muniz (1993) como “calcário cor de
camurça” (Fig. VII.2). Um exemplar de Gaudryceras varicostatum foi coletado no arenito
calcífero que corresponde a Formação Itamaracá. Nesta associação fossilífera percebe-se uma
mistura temporal com representantes do Campaniano Superior e do Maastrichtiano (Tabela 6)
cronoestratigraficamente apresentam os amonóides mais antigos das três localidades
analisadas.
A pedreira CINEXCAL apresenta calcários, margas e calcários com bioturbação em
1,5m do perfil (Fig. VII.3). Dos sítios fossilíferos estudados, este possui a menor diversidade
com uma espécie identificada Pachydiscus (P.) neubergicus, três exemplares que foram
coletados nos calcários. Esta espécie é considerada fóssil guia para a base do Maastrichtiano
segundo Cristensen et al. (2000).�
No afloramento da Pedreira CIPASA fica bem evidente que os depósitos desta
formação mostram internamente o padrão “shallowing-upwarding”, caracterizados pela
repetição calcário/marga definindo pacotes de ampla distribuição sub-horizontais, mostrando
domínio de processos de agradação em uma extensa plataforma carbonática de baixo
gradiente (Fig. VII.4). Segundo Barbosa (2007), esses depósitos são correspondentes ao
regime de mar alto na bacia
A análise dos amonóides coletados no calcário com bioturbação da pedreira CIPASA
permitiu a identificação de associação fossilífera típica do Maastrichtiano (Tabela 6) onde é
mais abundante Diplomoceras cylindraceum com sete espécimes, seguido de Pachydiscus
(P.) neubergicus com cinco espécimes e Hauericeras sp. com um espécime.
Numa análise baseada na litologia dos exemplares estudados, somada as informações
cronoestratigráficas da associação fossilífera, a localidade Fazenda Santa Alexandrina
apresenta-se com idade inferior (Campaniano superior - Maastrichtiano) às outras duas
localidades CIPASA e CINEXCAL (Maastrichtiano).
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Fig. VII.2. Perfil estratigráfico da Fazenda Santa Alexandrina, Conde-PB.
Fig. VII.3. Perfil estratigráfico da Pedreira CINEXCAL, João Pessoa-PB.
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Fig. VII. 4. Perfil estratigráfico da Pedreira
CIPASA, Caaporã-PB
Tabela 6: Distribuição temporal dos amonóides da Bacia da Paraíba.
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Maastrichtiano
Superior
Maastrichtiano
Inferior
Campaniano
Superior
Fazenda Santa Alexandrina CIPASA/CINEXCAL
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CAPÍTULO VIII.
ASPECTOS PALEOECOLÓGICOS DOS AMONÓIDES DA BACIA DA PARAÍBA
A Paleoecologia tem como seu principal objetivo refazer as relações entre os
organismos do passado e seu meio ambiente, inferidas a partir do registro fóssil. Os estudos
Paleoecológicos englobam dois tipos principais de enfoque: o primeiro envolve o estudo de
uma única espécie ou grupo taxonômico restrito, onde todos os dados pertinentes à vida e a
constituição do nicho ecológico devem ser buscados. Trata-se de uma abordagem biológica,
denominada paleoautoecologia. Por sua vez, o estudo de comunidades de organismos fósseis,
suas interrelações e distribuição ecológica, compõem a paleossinecologia (Dutra, 2010).
VIII. 1. ASPECTOS PALEOECOLÓGICOS DOS AMONÓIDES
Praticamente em todos os tipos de sedimentos de ambientes marinhos podem aparecer
amonóides em abundância. Apenas em recifes de corais e depósitos de areias oolíticas existe
uma ausência notável deles, ou são perdidos, quebrados ou desgastados. Em tais ambientes,
os amonóides encontrados podem ter flutuado, e levados para longe do ambiente de vida
(Wright et al.,1996).
É consenso que raramente os amonóides viveram em águas rasas, em áreas perto da
costa onde areias foram depositadas. Atingiram sua maior abundância e variedade nas águas
de 37 a 180m de profundidade. Não habitavam as lagoas, córregos e baias de água salobra de
deltas. (Rich et al., 1997).
No entanto, algumas exceções são conhecidas. Amonóides estreitos como
Engonoceras e Diplomoceras prosperaram em ambientes de recifes de coral e rudistas, onde a
água era rasa e agitada, estes atingiram um enorme número nos mares entre 9 a 37m de
profundidade (Rich et al. 1997). Os amonóides com morfótipo oxicone também são
interpretados como indicativos para ambientes da costa perto de águas rasas (Fig. VIII.1)
(Ifrim & Stinnesbeck, 2010).
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A capacidade dos Sphenodiscus de variar sua sutura e forma da concha parece estar
relacionada à sua capacidade de acomodar esses parâmetros para a profundidade da água que
viveu. Este gênero ocorreu nas águas com profundidades em torno da base da onda, ou um
pouco abaixo (Rich et al., 1997).
Na América do Norte, a ocorrência de Sphenodiscus é indicador de ambientes perto da
costa. As espécies encontradas na área foram dispersas ou migraram do nordeste do México
para o resto da América do Norte com a flutuação do nível do mar (Ifrim & Stinnesbeck,
2010). Na América do Sul, ainda não são conhecidos estudos sob esses aspectos.
Segundo Lehman (1981) as formas da subordem Ammonitina, principalmente da
família Desmoceratidae, são típicas de zonas mais profundas (oceânicas). Enquanto que as
formas com a ornamentação altamente desenvolvida da família Acanthoceratidae, são típicas
da área infranerítica na profundidade entre 2-10m. Espécies das ordens Phyloceratina e
Lytoceratina são característicos de área de maior profundidade (oceânicas), depositando-se
próximo a borda da zona batial, cerca de 200m de profundidade. Os amonóides de concha reta
também são limitados a situações de plataforma continental interna e da bacia marítima
epicontinentais, podendo ser associado com sedimentos marinhos relativamente baixos são
caracterizados por fenômenos recorrentes de endemismo (Fig. VIII.1).
Fig.VIII.1. Ambientes preferenciais dos amonóides de acordo com sua morfologia (Fonte:
Landman et al.,1996). Legenda: 1- forma oxicone, 2 e 3-forma de ornamentação
desenvolvidas, 4- forma inflada lisa, 5- forma lisa evoluta e com constrição, 6-forma lisa
evoluta e inflada, 7- forma lisa evoluta e serpenticone, 8- forma escafone, 9- forma torticone
elicoidal, 10-forma baculicone, 11- forma criocone, 12- forma ancilocone, 13- forma torticone
irregular.
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VIII.2. PALEOECOLOGIA COM BASE EM AMONÓIDES NA FORMAÇÃO GRAMAME
Diversos estudos sobre o ambiente deposicional da Formação Gramame foram
realizados, Tinoco (1976) e Fauth & Koutsoukos (2002), com base em foraminíferos
planctônicos e ostracodes inferiram um ambiente profundo de plataforma externa. Beurlen
(1967b) interpretou que a associação macrofossilífera da Formação Gramame indica um
ambiente nerítico com fundo lodoso, relativamente distante da costa.
Lima & Koutsoukos (2006) concluíram com base em nanofósseis calcários que
durante o Maastrichtiano, o clima na área onde se depositou a Formação Gramame era seco e
quente, com alternância de períodos úmidos, com baixo fluxo de sedimentos terrígenos. Estas
condições foram fundamentais para o desenvolvimento generalizado de um sistema de rampa
carbonática em ambiente nerítico exterior ao estabelecimento de batial, com a deposição de
calcário Mudstones/Wackstones em períodos de seca alternado com
Mudstones/Wackstones/Argiloso em períodos úmidos da Formação Gramame.
Estas rochas da Formação Gramame são compostas por biota variada e tal fato
corroborou para a interpretação de que as mesmas se depositaram sob condições de mar
aberto, em águas quentes e calmas e com lâmina d’água entre 100 e 200m (Córdoba et al.,
2007).
Silva et al. (2007) ao analisar a fauna de vertebrados, incluindo peixes ósseos,
cartilaginosos e répteis caracterizou o Cretáceo Superior, a Formação Gramame como
ambiente marinho profundo, de plataforma externa.
Com base na identificação das espécies de amonóides com ocorrência na Bacia da
Paraíba foi possível ilustrar o ambiente de vida das faunas em dois momentos diferentes da
história geológica da bacia são eles: Campaniano superior e Maastrichtiano (Fig.VIII.2 e
Fig.VIII.3).
Durante o Campaniano superior a Bacia da Paraíba foi habitada por amonóides das
espécies: Sphenodiscus lobatus, Pachydiscus (P.) jacquoti, Hypophylloceras (N.) surya,
Gaudryceras varicostatum, Axonoceras cf. compressum, Axonoceras pingue Uma paleofauna
composta em sua maioria por amonóides que habitam o domínio nerítico profundo, entre 100
e 200m, apresentando conchas evolutas que favorecem migração vertical e horizontal
(Fig.VIII.3). Apenas o Sphenodiscus lobatus por ter concha oxicone habitava locais mais
rasos, com lâmina d’água menor que 100 m e devido sua morfologia favorecia migração
lateral.
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Analisando a freqüência das espécies coletadas que compõem a paleofauna do
Campaniano tardio foi possível verificar que Sphenodiscus lobatus, Pachydiscus (P.)
jacquoti, Axonoceras cf. compressum e Axonoceras pingue são indivíduos comuns e
Hypophylloceras (P.) surya e Gaudryceras varicostatum são indivíduos raros (Fig.VIII.4A).
No Maastrichtiano superior a paleofauna apresentou freqüência variada, os Pachydiscus (P.)
neubergicus são constantes, os Diplomoceras cylindraceum comuns e os Hauericeras sp.
raros (Fig.VIII.4B).
A B
Fig.VIII.4. Freqüência da paleofauna: A) do Campaniano Superior, B) do Maastrichtiano
O Maastrichtiano apresentou menor diversidade de amonóides acompanhando uma
tendência mundial como apresentado na Fig. V. 2. A área estudada foi ocupada por
Hauericeras e Pachydiscus (P.) neubergicus. Estes cefalópodes possuíam conchas evolutas
que ofereciam maior estabilidade e permitiam a migração vertical e horizontal, em função
disso habitavam o domínio nerítico profundo de plataforma continental. Também foi ocupada
por Diplomoceras cylindraceum um amonóide de espiras livres, sem muita estabilidade, que
por isso fazia apenas migração vertical e habitavam o domínio nerítico raso (Fig.VIII.4).
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CAPÍTULO IX
ASPECTOS PALEOBIOGEOGRÁFICOS
A Paleobiogeografia é o ramo da Paleontologia que lida com a distribuição de grupos
de organismos representados exclusivamente por fósseis. As informações sobre distribuição
geográfica aparecem condensadas na maioria dos trabalhos de Sistemática e são apresentadas
em mapas. O fato de toda espécie concentrar-se em uma área geográfica constitui um padrão
biogeográfico particular. Algumas são mais restritas, adquirindo status de relíquias
biogeográficas, enquanto que outras apresentam ampla distribuição, sendo quase cosmopolita
(Gallo & Figueiredo, 2010).
O ponto de partida para estudo paleobiogeográfico é o reconhecimento de centros de
endemismo, ou seja, coincidência detectada na sobreposição de áreas de distribuição de taxas
não relacionados. Trata-se de um padrão compartilhado, portanto possibilita a realização de
testes e geração de hipóteses (Simpson, 1965).
O fenômeno da dispersão pode ser abordado em diferentes níveis de generalidade.
Pode ser organísmica, relativa aos mecanismos intrínsecos que permitem o espalhamento de
um indivíduo em dada área devido a adaptações particulares; específica, quando a expansão
da área de distribuição da espécie é influenciada por eventos históricos de grande escala e da
biota, quando acontece ultrapassagem de extensas áreas preexistentes por elementos da biota
(Gallo & Figueiredo, 2010).
O paleomastozoólogo George Gaylord Simpson reconheceu três tipos de rotas de
dispersão para grupos de espécies com base no grau de similaridade faunística: (1) corredor,
onde as condições ecológicas de cada extremidade da área de distribuição são similares, de
forma que o livre fluxo seria favorecido, contribuindo para uma maior homogeneidade; (2)
filtro, onde a mescla de condições ecológicas favoráveis e desfavoráveis restringe o livre
fluxo e somente formas bem adaptadas teriam condições de alcançar os extremos e (3) páreo,
onde a distância e as condições ecológicas nas regiões intermediárias seriam muito restritivas
(Simpson, 1965).
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IX.1. DISTRIBUIÇÃO PALEOBIOGEOGRÁFICA DOS AMMONOIDEA
Muitos gêneros do Paleozóico e Mesozóico são cosmopolitas, sua distribuição parece
ter sido pouco influenciada pela latitude e desta forma por qualquer zona climática.
Entretanto, algumas associações são muito mais amplamente distribuídas que outras. Em
todas as faunas existem gêneros, subfamílias e mesmo famílias que são restritas em sua
distribuição a certas partes do mundo. Para o Jurássico e o Cretáceo o conhecimento avançou
ao ponto onde mapas podem ser traçados com segurança mostrando a distribuição da fauna
(Wright et al. 1996).
No final do Jurássico dois grupos distintos de cefalópodes, distribuíram-se pelas
paleoprovíncias, Boreal e Tetyano-Pacífico. Tornaram-se diferenciados, portanto, estabelecer
correlações entre eles é extremamente difícil. Para alguns períodos uma subdivisão da fauna
Tetyana e Pacífica mais superior são possíveis. Nestas épocas várias províncias
desenvolveram características marcantes. Por exemplo, no Toarciano, Calloviano e
Oxfordiano, certas famílias especiais definiram uma província Indiano-Etiopiano da Fauna
Tethyana, contudo formas errantes da província foram posteriormente encontradas no oeste
Tethyano (Arkell, 1957).
Na literatura do século XIX, a subordem Phylloceratina e Lytoceratina foram sempre
colocadas como características da paleoprovíncia do Tethys e depósitos peculiares de águas
mais profundas. Ocorrências isoladas destas subordens agora são conhecidas nos depósitos
Jurássicos e Cretáceos no Círculo Ártico, norte da Sibéria e Groenlândia (Wrigth et al. 1996).
As faunas de amonóides do Mesozóico, das regiões Árticas e a rica fauna de Cretáceo
Superior do continente Antártico, provam que pode não ter existido nenhuma camada de gelo
no Mesozóico – pelo menos nenhum que seja perto de suas posições presentes. As únicas
posições nas quais os pólos frios podem ter se situado sem afetar as evidências, são no norte
do Pacifico e a correspondente posição no Atlântico Sul (Arkell, 1957). Isto concorda com a
ocorrência a longo tempo conhecida da flora similar temperada do Jurássico no Graham Land
e o oeste da Groenlândia. A evidência é inequívoca, e ela pode ser mais amplamente
percebida e avaliada por paleometeorologista e astrônomos.
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IX 2. PALEOBIOGEOGRAFIA DAS ESPÉCIES ESTUDADAS
Durante o Cretáceo superior os organismos tiveram livre fluxo pelo Oceano Atlântico
recém formado, que tinha conexão com o Oceano Pacífico pela área que hoje corresponde a
América Central e também tinha conexão com o Oceano Tethys promovendo assim amplo
intercâmbio de faunas. A paleofauna da Bacia da Paraíba foi aqui correlacionada com as
bacias cretáceas no mundo visando compreender a sua importância paleobiogeográfica, estas
bacias que representam diferentes paleoprovíncias (Fig. IX.1).
Fig. IX. 1. Mapa representando diferentes paleoprovíncias no mundo durante o
Cretáceo superior.
A espécie Hypophylloceras (Neophylloceras) surya apresenta distribuição cosmopolita
(Fig.IX.2) sendo que a área com registros mais antigos localiza-se no Oceano Tethys sul, com
idade Campaniano inferior (Ifrim et al. 2004). A fauna descrita neste trabalho e a fauna da
América do norte são datadas como Campaniano superior. Isto sugere uma rota de migração
de sul para norte no Oceano Atlântico, a mesma rota pode ser sugerida para explicar a
habitação do Tethys norte e Pacífico.
Gaudryceras varicostatum apresenta distribuição espaçada, a área com registro mais
antigo é a África do Sul com Santoniano, seguido de Nova Zelândia Campaniano inferior
(Kennedy & Klinger, 1979), a paleofauna no Brasil é do Campaniano tardio.
Hauericeras é um gênero cosmopolita que apresenta registro em todas as províncias
paleogeográficas. Segundo, Wright et al. (1996) os registros mais antigos estão localizados na
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região sul do Oceano Tethys, na Austrália, Índia e Madagascar. Em função disso é possível
inferir que a rota de distribuição do gênero ocorreu de sul para norte pelo Atlântico e também
no Oceano Tethys, não atingindo o Pacífico.
Sphenodiscus lobatus apresenta registro bastante expressivo na província
paleogeográfica do Atlântico. No Brasil e Nigéria as faunas são datadas para o Campaniano
superior, segundo (Ifrim et al., 2005), nos EUA e México ocorre no limite Campaniano
superior – Maastrichtiano o que sugere uma rota de dispersão da espécie de sul para norte
pelo Atlântico recém formado, e de oeste para leste do Atlântico Norte para o Oceano de
Thethys.
Axonoceras pingue apresenta ocorrência restrita ao Atlântico Sul e região sul do
Oceano Tethys Kennedy & Klinger (1979) registraram a espécie no Campaniano inferior em
Madagascar e Angola. Para o Brasil a espécie é registrada no Campaniano superior na Bacia
da Paraíba, isso sugere que possivelmente a rota de dispersão da espécie foi de sul para norte
pelo Atlântico, não atingindo as províncias do norte e o Oceano Pacífico. Axonoceras
compressum é contemporâneo ao Axonoceras pingue, no entanto, obteve maior sucesso na
dispersão conseguiu atingir a província do norte sendo registrado nos EUA.
Pachydiscus (P.) neubergicus apresenta distribuição cosmopolita sendo registrado em
todas as províncias paleogeográficas. A Eurásia possui maior diversidade e abundância, os
registros mais antigos segundo Niebuhr (2003) estão nessa área. As rotas de dispersão são de
norte para sul pelo Oceano Tethys, de leste para o oeste do Oceano Tethys para o Atlântico
Norte e de norte para sul do Atlântico Norte para o Atlântico Sul.
O Diplomoceras cylindraceum apresenta distribuição semelhante ao Pachydiscus (P.)
neubergicus embora possuam habitat preferencial diferente, como explicado no item anterior
(Fig.IX.2).
Uma coincidência detectada na sobreposição das áreas de distribuição de taxas, o
Oceano Tethys é a paleoprovíncia biogeográfica com maior número de ocorrência. Das seis
espécies identificadas para a Bacia da Paraíba, cinco ocorrem nesta província durante o
Campaniano superior, sendo que os registros mais antigos para essas espécies vêm dessa
província (Tabela 7).
O evento tectônico que promoveu a separação da América do Sul e África caracteriza-
se como um importante fator na dispersão dos organismos marinhos que viveram durante o
Cretáceo superior, no Atlântico Sul.
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Fig. IX. 2. Sobreposição de ocorrências no Campaniano Superior.
Tabela 7. Número de ocorrências por província paleobiogeográfica do Campaniano superior.
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Pacífico 1 2 0 0 0 0 3
Durante o Maastrichtiano a configuração paleobiogeográfica estabelecida foi diferente
da observada no Campaniano superior. Paleoecologicamente as espécies foram menos
diversas, mais abundantes e bastante dispersas. Percebe-se que a maioria das espécies
identificadas na Bacia da Paraíba quase cosmopolitas, sendo registrado em todas as províncias
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biogeográficas o Oceano Tethys é a área que apresenta o maior número de ocorrências das
espécies (Tabela 8).
Fig.IX. 3. Sobreposição de ocorrências durante o Maastrichtiano.
Tabela. 8. Número de ocorrências por província paleobiogeográfica Maastrichtiano.
Táxon
Província P.(
P.)
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Atlântico Sul 2 3 2 7
Atlântico Norte 1 1 1 3
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Pacífico 0 2 1 3
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CAPÍTULO X
CONCLUSÕES
Foram registradas para a Bacia da Paraíba quatro subordens de amonóides típicas do
Cretáceo, distribuídas em sete gêneros e nove espécies: PHYLLOCERATINA
Hypophylloceras (Neophylloceras) surya; LYTOCERATINA, Gaudryceras varicostatum;
AMMONITINA, Hauericeras sp., Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti jacquoti; Pachydiscus
(Pachydiscus) neubergicus; Sphenodiscus lobatus; ANCYLOCERATINA, Axonoceras cf.
compressum; Axonoceras pingue; Diplomoceras cylindraceum.
A classificação taxonômica dos exemplares foi revisada. A espécie classificada por
Muniz (1993) como Phylloceras (Hypophylloceras) cf. P. H. surya Forbes 1846, atualmente,
segundo Ifrim et al. (2005, 2010) é classificada como Hypophylloceras (Neophylloceras)
surya. A espécie Gaudryceras brasiliense Muniz, 1993 é considerada sinônimo de
varicostatum. A espécie Glyptoxoceras parahybense Maury, 1930, atualmente segundo Ifrim
et al. (2005, 2010) e Nieburh (2003) é classificada como Diplomoceras cylindraceum. A
espécie Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus é registrada pela primeira vez para a bacia.
Os amonóides da Bacia da Paraíba apresentam idades que vão do Campaniano ao
Maastrichtiano. Devido ao pouco controle estratigráfico torna-se difícil o estabelecimento de
zoneamento bioestratigráfico formal a partir da fauna estudada.
A paleofauna de amonóides indica ambiente nerítico profundo de plataforma
continental entre 100 e 200m. Este ambiente está em conformidade com os propostos por
Lima & Koutsoukos (2006) a partir de foraminíferos e Silva et al. (2007) baseado em
vertebrados. No Campaniano superior os amonóides apresentaram alta diversidade, freqüência
entre comum e raro; para o Maastrichtiano apresentou baixa diversidade e freqüência
variando entre constante e raro.
Das espécies identificadas na bacia, 60% são cosmopolitas sendo registradas em todas
as paleoprovíncias, ocorreu uma dispersão específica provavelmente influenciada pelo grande
evento tectônico que separou a América do Sul da África. A paleofauna do Campaniano teve
importantes relações paleobiogeográficas com o Tethys e o Atlântico sul. Já a paleofauna do
Maastrichtiano teve grande influência da paleoprovíncia Thethys.
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CAPÍTULO XI
REFERÊNCIAS
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Arkell, W. J. 1957. Introduction to Mesozoic Ammonoidea. In: Moore, R. C. Treatise on Invertebrate Paleontology: Part L Mollusca 4 – Cephalopoda Ammonoidea, /L81 – L129. Geological Society of America and University of Kansas Press, Boulder, Lawrence.
Arnold, R. 1902. Fossils from Ponta de Pedras, coast of Pernambuco. In: Branner, J. C. (ed.), Geology of the norteast coast of Brazil. Bulletin Geological Society America, 13: 47.
Albertão, G. A. 1993. Abordagem Interdisciplinar e epistemiológica sobre as evidências do limite Cretáceo-Terciário, com base em leituras efetuadas no registro sedimentar das bacias da costa leste brasileira. Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, MG. Tese de Mestrado, 255p.
Albertão, G.A.; Koutsoukos, E A.M; Regali, M.P.S.; Attrep Jr., M & Martins Jr., P.P. 1994. The Cretaceous-Tertiary boundary in southern low-latitude regions: preliminary study in Pernambuco, northeastern Brazil. Terra Nova, 6: 366-375.
Almeida, J. A. C. 2000. Calcários recifais eocênicos da Formação Maria Farinha na Sub-Bacia de Alhandra, Paraíba: aspectos taxionômicos, paleoecológicos, paleoambientais e estratigráficos. Dissertação de Mestrado, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, 164p.
Almeida, J. A C. 2007. Icnofósseis de macrobioerosão na Bacia da Paraíba (Cretáceo superior – Paleógeno), Nordeste do Brasil. Tese de Doutorado, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, 213p.
Asmus, H. E. & Carvalho, J. C. 1978. Condicionamento tectônico da sedimentação nas bacias marginais do Nordeste do Brasil (Sergipe-Alagoas e Pernambuco-Paraíba). In: PROJETO REMAC (ed.), Aspectos estruturais da margem continental leste e sudeste do Brasil. PETROBRAS/CENPES, 4: 1-24.
Barbosa, J.A. 2004. Evolução da Bacia Paraíba durante o Maastrictiano-Paleoceno – Formações Gramame e Maria Farinha, NE do Brasil. Dissertação de Mestrado, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, 230p.
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68�
�
Barbosa, J.A. 2007. A deposição carbonática na faixa costeira Recife-Natal, NE do Brasil: aspectos estratigráficos, geoquímicos e paleontológicos. Tese de Doutorado, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, 270p.
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PRANCHAS
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PRANCHA I
Hypophylloceras (Neophylloceras) surya Forbes, 1846
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Figura 1: Vista lateral mostrando a ornamentação
Figura 2: Vista lateral mostrando as suturas
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PRANCHA II
Gaudryceras varicostatum van Hoepen, 1921
DGEO-CTG-UFPE 3290
Figura 1:Vista lateral
Figura 2: Molde externo
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PRANCHA III
Hauericeras sp
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Figura 1: Vista lateral
Figura 2: Vista frontal (seção transversal)
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PRANCHA IV
Pachydiscus (Pachydiscus) jacquoti Seunes, 1890
DGEO-CTG-UFPE 6220
Figura 1: Vista lateral
Figura 2: Vista frontal (seção transversal)
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PRANCHA V
Pachydiscus (Pachydiscus) neubergicus von Hauer, 1858
DGEO-CTG-UFPE 6220
Figura 1: Vista lateral
Figura 2: Vista frontal (seção transversal)
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PRANCHA VI
Sphenodiscus lobatus Tuomey, 1854
DGEO-CTG-UFPE 4221
Figura 1: Vista lateral
Figura 2:Vista frontal (seção transversal)
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PRANCHA VII
Axonoceras cf. compressum Stephenson, 1941
DGEO-CTG-UFPE 3277
Figura 1:Vista lateral, zoom 2x.
Figura 2:Vista frontal (seção transversal), zoom 2x.
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PRANCHA VIII
Axonoceras pingue Stephenson, 1941
DGEO-CTG-UFPE 3279
Figura 1 Vista lateral, zoom 2x.
Figura 2: Vista ventral, zoom 2x.
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PRANCHA IX
Diplomoceras cylindraceum Defrance, 1816
DGEO-CTG-UFPE 1077
Figura 1: Vista lateral
Figura 2: Vista frontal (seção transversal)
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ANEXOS
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Anexo I
Relação do material fóssil analisado no trabalho.
Nº DGEO-CTG-UFPE
Identificação Localidade de coleta
1069 Pachydiscus (P.) neubergicus CINEXCAL
1077* Diplomoceras cylindraceum CIPASA
1803 Pachydiscus (P.) neubergicus CINEXCAL
3273 Axonoceras cf. compressum Fazenda Santa Alexandrina
3274 Axonoceras cf. compressum Fazenda Santa Alexandrina
3275 Axonoceras cf. compressum Fazenda Santa Alexandrina
3276 Axonoceras cf. compressum Fazenda Santa Alexandrina
3277 Axonoceras cf. compressum Fazenda Santa Alexandrina
3278 Axonoceras cf. compressum Fazenda Santa Alexandrina
3279 Axonoceras pingue Fazenda Santa Alexandrina
3280 Axonoceras pingue Fazenda Santa Alexandrina
3281 Axonoceras pingue Fazenda Santa Alexandrina
3290 Gaudryceras varicostatum Fazenda Santa Alexandrina
3291 Gaudryceras varicostatum Fazenda Santa Alexandrina
3292* Hypophylloceras (N.) surya Fazenda Santa Alexandrina
3292 Hauericeras sp. CIPASA
4111 Pachydiscus (P.) neubergicus CINEXCAL
4219 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4220 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4221 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4222 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4585 Pachydiscus (P.) neubergicus CINEXCAL
4666 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4667 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4675 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
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4688 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4689 Pachydiscus (P.)neubergicus CINEXCAL
4690 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4692 Diplomoceras cylindraceum CIPASA
4693 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4695 Diplomoceras cylindraceum CIPASA
4696 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4697 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4698 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4699 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4700 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4701 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4704 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4705 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4707 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4708 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4711 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4712 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4713 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4714 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4716
4718
Hypophylloceras (N.) surya Fazenda Santa Alexandrina
4719 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4721 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4724 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
4725 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
4728 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
5201 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
5251 Sphenodiscus lobatus Fazenda Santa Alexandrina
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5260 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
5261 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
5486 Pachydiscus (P.) jacquoti Fazenda Santa Alexandrina
7101 Pachydiscus (P.) neubergicus CIPASA
7102 Pachydiscus (P.) neubergicus CIPASA
7103 Pachydiscus (P.) neubergicus CIPASA
7104 Diplomoceras cylindraceum CIPASA
7105 Diplomoceras cylindraceum CIPASA
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Anexo II
Pranchas de Maury (1930)
Figura 1. a Sphenodiscus brasiliensis, sp. nov. Tamanho natural. Um molde interno com alguma substância da concha ainda aderente, mostrando estriações na superfície, a sutura sendo também claramente visível. Espécime coletado no calcário cinzento, Rio Gramame, Estado da Paraíba do Norte.
Figura 1.b) Sphenodiscus brasiliensis, sp. nov. Linha de sutura mostrando lóbulos e selas. 1.c) Sphenodiscus parahybensis, sp. nov. Tamanho natural. Molde interno coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinzento, próximo ao Rio Gramame, estado da Paraíba do norte.
Figura 2.a) Parapachydiscus sumneri, sp. nov. Tamanho natural. Molde interno, vista periférica. Coletado na Zona Sphenodiscus, em calcário cinzento, Maastrichtiano, margem do Rio Gramame, estado da Paraíba.
Figura 2.b) Parapachydiscus sumneri, sp. nov. Tamanho natural. Uma vista lateral do mesmo especimen representado na figura 1.
Figura 2.c) Parapachydiscus eurydice, sp. nov. Tamanho natural. Molde interno, coletado na Zona Sphenodiscus de Maury (1930), em calcário cinzento, margem do Rio Gramame, estado da Paraíba. Idade Maastrichtiano.
Figura 3.a) Parapachydiscus gettyi, sp. nov. Tamanho natural. Vista lateral de um molde interno. Zona Sphenodiscus. Coletado em calcário cinzento, idade Maastrichtiano, Rio Gramame, Paraíba.
Figura 3.b) Parapachydiscus gettyi, sp. nov. Uma vista periférica do mesmo espécime visto na figura 1.
Figura 5)Parapachydiscus dossantosi, sp. nov. Tamanho natural, molde interno, tendo sido inteiramente dissolvida a substância da concha. Coletado na Zona Sphenodiscus, calcário cinza, idade Maastrichtiano, Rio Gramame, Paraíba.
Figura 6.a) Parapachydiscus dossantosi, sp. nov. Tamanho natural. Vista lateral de um molde interno, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinzento, margem do Rio Gramame, Estado da Paraíba.
Figura 6.b) Parapachydiscus dossantosi, sp. nov. Vista periférica do mesmo espécime representado na figura 1.
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Anexo III
Pranchas de Maury (1930)
Figura 1a) Parapachydiscus euzebioi, sp. nov. Tamanho natural, molde interno. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Estado da Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 2a e b) Parapachydiscus reedsi, sp. nov. Tamanho natural. Molde interno, coletado na Zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 3a) Canadoceras andrômeda, sp. nov. Tamanho natural, molde interno, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 3b) Parapachydiscus bruneti, sp. nov. Tamanho natural, molde interno, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 3c) Parapachydiscus bruneti, sp. nov. Vista periférica do mesmo espécime representado na figura 2.
Figura 3d) Parapachydiscus williamsoni, sp. nov. Tamanho natural, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 3e) Parapachydiscus williamsoni, sp. nov. Vista periférica do mesmo espécime representado na figura 4.
Figura 4a) Parapachydiscus orpheus, sp. nov. Tamanho natural aproximadamente, molde interno, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 4b) Canadoceras williamsoni, sp. nov. Vista periférica do mesmo espécime representado na figura 4.
Figura 5) Parapachydiscus oceanus, sp. nov. Desenho reduzido, o molde natural mede 235mm, no maior diâmetro. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
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Anexo IV
Pranchas de Maury (1930)
Figura 1) Parapachydiscus albuquerquei, sp. nov. Desenho reduzido, o molde natural mede 235mm, no maior diâmetro. A vista periférica deste espécime está representada na estampa 28, figura 2, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 2) Parapachydiscus arionis, sp. nov. Desenho reduzido, o molde natural mede 250mm, no maior diâmetro. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 3) Parapachydiscus psyche, sp. nov. o molde natural tem 250mm, no maior diâmetro. coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 4) Pseudophyllites amphitrite, sp. nov. o molde interno tem 210mm, no maior diâmetro. As finas estrias que ornamentam a concha estão visíveis em uma pequena porção do molde. Uma vista periférica deste espécime nesta representada na estampa 28, figura 1. coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 5a) Pseudophyllites amphitrite, sp. nov. vista periférica do mesmo espécime visto na estampa 27, figura 1. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 5b) Parapachydiscus albuquerquei, sp. nov. vista periférica, uma vista lateral deste espécime está representada na estampa 24, figura 1. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 6) Pseudophyllites nereidideditus, sp. nov. Desenho ligeiramente reduzido, o molde natural mede 210mm. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 7) Parapachydiscus athena, sp. nov. Desenho ligeiramente reduzido, o molde natural mede 210mm, coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 8) Parapachydiscus hera, sp. nov. o molde interno tem 265mm, no maior diâmetro. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
Figura 9) Parapachydiscus endymion, sp. nov. O molde natural é muito grande, medindo 300mm, no maior diâmetro. Coletado na zona Sphenodiscus, em calcário cinza, margem do Rio Gramame, Paraíba, idade Maastrichtiano.
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Anexo V
Pranchas de Muniz (1993)
Figuras 1-3. Axonoceras cf. A. compressum
Figuras 4-7. Phylloceras (Hypophylloceras) cf. P. H. surya
Figuras 5 e 6. Axonoceras pingue
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Anexo V
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Anexo VI
Pranchas de Muniz (1993)
Figura 1. Hauericeras sp.
Figura 2, 3. Graudyceras brasiliense
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Anexo VI