UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) –...

40
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS DO ESPORTE MARIA LAVINIA TOMAS DA SILVA A DANÇATERAPIA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO 2018

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) –...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS DO ESPORTE

MARIA LAVINIA TOMAS DA SILVA

A DANÇATERAPIA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA:

UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

2018

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS DO ESPORTE

MARIA LAVINIA TOMAS DA SILVA

A DANÇATERAPIA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA:

UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a banca examinadora, do Centro Acadêmico de Vitória, da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito para obtenção do título de Licenciada em Educação Física, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Lara Colognese Helegda.

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

2018

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

Catalogação na Fonte

Sistema de Bibliotecas da UFPE. Biblioteca Setorial do CAV. Bibliotecária Giane da Paz Ferreira Silva, CRB-4/977

S586d Silva, Maria Lavinia Tomas da. A dançaterapia no desenvolvimento motor de crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista: uma revisão bibliográfica / Maria Lavinia Tomas da. - Vitória de Santo Antão, 2018.

40 folhas. Orientadora: Lara Colonese Helegda. TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de

Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. Inclui referências.

1. Dançaterapia. 2.Transtorno do espectro autista. 3. Desenvolvimento

motor. I.Helegda, Lara Colognese (Orientadora). II. Título.

793.3 CDD (23.ed ) BIBCAV/UFPE-224/2018

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

A DANÇATERAPIA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a banca examinadora, do Centro Acadêmico de Vitória, da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito para obtenção do título de Licenciada em Educação Física.

Aprovado em: 07/12/2018.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof.ª D.rª Lara Colognese Helegda (Orientadora)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Prof.º D.r Saulo Fernandes Melo de Oliveira (Examinador Interno)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Prof.º M.e Anderson Apolonio da Silva Pedroza (Examinador Externo)

Universidade Federal de Pernambuco

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

Aos meus pais, Alcione e Josenildo.

A minha avó Lourdes.

Ao meu irmão Felipe e a minha cunhada Nataely...

Porque a minha família é o meu alicerce!

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me permitido a chegar até onde eu cheguei, me dando sempre

perseverança para superar minhas dificuldades na formação acadêmica e na minha

vida pessoal.

A minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Lara Colonese Helegda, pela paciência e

complacência, nesta difícil missão de me orientar. Especialmente nos momentos em

que demonstrei insegurança e desespero ao desenvolver este trabalho. Por sua

colaboração e sugestões no projeto e na vida, e pela transmissão de grandes

conhecimentos. Pelos momentos em que pude contar com a sua ajuda como uma

amiga e uma figura materna.

A minha família, em especial aos meus pais Maria Alcione Barbosa da Silva e

Josenildo Tomás da Silva que me deram o devido amor, educação e suporte que me

permitiu conhecer e semear humildade e perseverança; aos meus tios, primos e

outros familiares, em especial ao meu irmão Luiz Felipe Tomas da Silva e minha

cunhada Nataely dos Prazeres Souza Tomas que serviram de inspiração e exemplo

me introduzindo aos sacrifícios de uma formação de nível superior; a minha avó

Maria de Lourdes Barbosa da Silva e nosso cachorro Teddy pela afetividade e

momentos de descontração que me fizeram entender o valor de uma vida que pode

ser compartilhada com quem tanto se ama.

A todos os professores do Curso de Licenciatura em Educação Física e aos

outros educadores que contribuíram na minha formação, em especial a Maria

Alessandra dos Santos e Marcelus Brito de Almeida por terem sido conforto e

extroverção nos momentos mais difíceis.

Aos meus amigos incríveis que tive o prazer de conhecer e ter suas

companhias durante a formação de Professora. Suas amizades foram fundamentais

desde os primeiros passos desta caminhada, em especial Natália Francielle Bezerra

da Silva e Maria Gabriela Barbosa das Mercês; e ao decorrer desta disciplina, em

especial Rayelle Thais Lima da Silva e Arianne Larissa dos Santos Silva Souza, que

foram responsáveis por tantos aconselhamentos, coletividade e inspiração.

Obrigada!

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

RESUMO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um agrupamento de desordens

neurológicas, responsáveis por afetar o desenvolvimento neuropsicomotor de

indivíduos. Dentre as caracteristcas das pessoas com TEA pode-se descatar

principalmente três: dificuldade em comunicar-se verbal e não verbalmente;

comportamentos repetitivos de movimentos e dificuldade na interação social. Além

disso, as crianças exibem dificuldade na capacidade de imitar gestos e dificuldade

de expressar-se utilizando gestos espontaneamente, tendo assim a interação social

prejudicada e reduzida. Desde cedo algumas crianças com TEA já apresentam

sintomas de disfunção motora e danos sensoriais. Com base em estudos prévios, foi

observado que a dançaterapia possui efeitos positivos para o indivíduo praticante da

modalidade, capacitando o método como um meio de intervenção a ser

experimentado no tratamento de diversas patologias físicas e mentais, incluindo o

TEA. A partir disso, foi considerado que a dançaterapia com os seus benefícios

atrelados, seria capaz de estimular o desenvolvimento motor de crianças e

adolescentes com TEA, podendo ser trabalhadas também na escola através das

abordagens pedagógicas da Educação Física: Psicomotricidade e

Desenvolvimentista. O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo de caráter

qualitativo e descritivo sobre os impactos positivos das aulas de dançaterapia na

vida de crianças e adolescentes com TEA, especificamente no desenvolvimento de

suas habilidades motoras. A metodologia se deu através de uma revisão da

literatura, entre janeiro e novembro de 2018, nas bases de dados PUBMED

(MEDLINE), BIREME (LILACS), SCIELO e Google Acadêmico, além de livros

consultados na Biblioteca do Centro Acadêmico de Vitória. Concluiu-se que a

dançaterapia possui eficácia no desenvolvimento motor de crianças e adolescentes

com TEA, além da melhora da sua expressão corporal, auxiliando a comunicação e

interação social; e que para avaliar a eficácia destas aulas no ambiente escolar, se

faz necessário a iniciação da aplicabilidade desta modalidade de dança na escola.

Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista. Dançaterapia. Habilidades Motoras.

Educação Física Escolar.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

ABSTRACT

Autism Spectrum Disorder (ASD) is a grouping of neurological disorders, responsible

for affecting the neuropsychomotor development of individuals. Among the

characteristics of people with ASD can be mainly three: difficulty in communicating

verbally and non-verbally; repetitive behavior of movements and difficulty in social

interaction. In addition, children exhibit difficulty in imitating gestures and difficulty

expressing themselves using gestures spontaneously, thus having impaired and

reduced social interaction. Early on, some children with ASD already have symptoms

of motor dysfunction and sensory damage. Based on previous studies, it was

observed that the dance therapy has positive effects for the individual practicing the

modality, enabling the method as a means of intervention to be tried in the treatment

of various physical and mental disorders, including ASD. From that, it was considered

that the dance therapy with its benefits linked, would be able to stimulate the motor

development of children and adolescents with ASD, and can be worked also in the

school through the pedagogical approaches of Physical Education: Psychomotricity

and Developmental. The objective of this work was to conduct a qualitative and

descriptive study about the positive impacts of dance classes on the life of children

and adolescents with ASD, specifically on the development of their motor skills. The

methodology was based on a review of the literature, between January and

November of 2018, in the databases PUBMED (MEDLINE), BIREME (LILACS),

SCIELO and Google Academic, in addition to books consulted in the Library of the

Academic Center of Vitória. It was concluded that the dance therapy has efficacy in

the motor development of children and adolescents with ASD, besides the

improvement of their corporal expression, aiding communication and social

interaction; and that in order to evaluate the effectiveness of these classes in the

school environment, it is necessary to initiate the applicability of this type of dance in

school.

Keywords: Autism Spectrum Disorder; Dançaterapia; Motor Skills; Schoolar Physical

Education.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fases do desenvolvimento motor............................................................ 15

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO, JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS ..................................................... 9

2 DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ................................. 12

2.1 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ..................................................... 12

2.2 SISTEMA DE NEURÔNIOS ESPELHOS ........................................................ 14

2.3 DESENVOLVIMENTO MOTOR E TEA ............................................................ 15

2.3.1 FASES DO DESENVOLVIMENTO MOTOR .............................................. 15

2.3.2 HABILIDADES MOTORAS E TEA ............................................................. 17

3 A DANÇA ............................................................................................................... 19

3.1 HISTÓRICO DA DANÇA NO BRASIL .............................................................. 19

3.2 A DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR BRASILEIRA ......................... 22

3.3 A DANÇATERAPIA E TEA .............................................................................. 23

4 ABORDAGENS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO ENSINO

DA DANÇA ................................................................................................................ 26

4.1 PSICOMOTRICIDADE ..................................................................................... 26

4.2 ABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA ........................................................ 27

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 29

6 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 35

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

9

1 INTRODUÇÃO, JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um agrupamento de desordens

neurológicas, responsáveis por afetar o desenvolvimento neuropsicomotor de

indivíduos (MACHADO, 2015). O transtorno recebe o nome de espectro por envolver

múltiplos fatores que se apresentam de maneiras diferentes de um indivíduo para o

outro, sempre se mantendo em uma linha gradativa, que é construída considerando

desde os sintomas mais leves, até os mais graves.

Para Assumpção e Pimentel (2000), são muitas as características relacionadas

ao TEA, porém existem pelo menos três delas que se sobressaem em relação as

demais, que podem se manifestar de forma isolada ou em conjunto. Sendo elas:

dificuldade em comunicar-se verbal e não verbalmente; comportamentos repetitivos

de movimentos e dificuldade na interação social (PECTRUS, et. al., 2008). Além

disso, as crianças exibem dificuldade na capacidade de imitar gestos e dificuldade

de expressar-se utilizando gestos espontaneamente, tendo assim a interação social

prejudicada e reduzida (INGERSOLL; SCHREIBMAN, 2006).

Estudos mostram que a embora o TEA possua uma base patológica

desconhecida, alguns autores consideram que a condição desta patologia está no

mau funcionamento do sistema de neurônios espelho (MACHADO, 2015).

Desde cedo algumas crianças com TEA já apresentam sintomas de disfunção

motora e danos sensoriais (ASSUMPÇÃO; PIMENTEL, 2000), que quando

identificados, podem ser trabalhados com a intenção de diminuir os impactos

negativos sobre o desenvolvimento da criança (PLAISTED; DAVIS, 2009).

Com base em estudos realizados previamente, foi observado que a dança

contém a capacidade de intervir de forma terapêutica no indivíduo praticante da

modalidade, capacitando o método como um meio de intervenção a ser

experimentado no tratamento de diversas patologias físicas e mentais, incluindo o

TEA.

A partir disso, foi considerado que a dança com os seus benefícios atrelados

seria capaz de estimular o desenvolvimento motor de crianças e adolescentes com

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

10

TEA, podendo ser trabalhadas também na escola através das abordagens

pedagógicas da Educação Física: Psicomotricidade e Desenvolvimentista, tendo em

vista os seus objetivos de atuação em campo.

Justifica-se esse estudo considerando que poucos trabalhos foram realizados

sobre o tema e, neste, propõe-se a análise e discussão da dança sendo utilizada

como um método terapêutico não farmacológico, para o aprimoramento do

desenvolvimento motor, visando a interferência na capacidade de expressão

corporal e comunicação por meio de gestos de pessoas com Transtorno do Espectro

Autista.

Contudo, realizou-se um estudo com metodologia de caráter qualitativo e

descritivo sobre os impactos positivos e negativos da dança utilizada como um

método terapêutico na vida de crianças e adolescentes com TEA, especificamente

no desenvolvimento de suas habilidades motoras.

Este tema foi escolhido com base em outras pesquisas realizadas

anteriormente sobre o tema, a fim de produzir uma obra que contivesse o máximo de

informações possíveis a serem encontradas nas delimitações propostas. Para isso,

o tipo de abordagem escolhida para contemplar o objetivo de melhor forma, foi a

revisão bibliográfica, vendo que esta é uma das abordagens de pesquisa mais

qualificada quando se trata de realizar uma compilação de conteúdos pré-existentes.

Os estudos selecionados para análise foram aqueles desenvolvidos sobre um

público de crianças e adolescentes, tendo em vista que são nessas fases da vida,

principalmente no caso das crianças, que acontecem em grande maioria o

desenvolvimento de suas habilidades motoras. No caso de crianças e adolescentes

com TEA, foi possível encontrar um número similar de artigos para ambas as fases,

e uma porção de artigos com a idade do público não especificada em números, onde

determinava apenas a fase de desenvolvimento em que se encontrava.

A Coleta de dados e Período de estudo ocorreu a partir de artigos e foi iniciada

em janeiro de 2018 utilizando como fonte as bases de dados PUBMED (MEDLINE),

BIREME (LILACS), SCIELO e Google Acadêmico, além de livros consultados na

Biblioteca do Centro Acadêmico de Vitória. A busca por novos artigos se deu até

novembro de 2018, visando a possibilidade de encontrar o máximo de teor possível.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

11

Os principais descritores utilizados para esta pesquisa foram: autismo;

transtorno do espectro autístico; dança; dançaterapia; terapia de movimentos;

desenvolvimento motor; habilidades motoras; sistema de neurônio espelhos. Foram

combinados entre si, buscando composições que contivessem pelo menos mais de

um descritor em comum. O mesmo procedimento foi realizado para as suas versões

na língua inglesa: autism; autism spectrum disorder; dance; dance therapy;

movement therapy; motor development; motor skills; mirror neuron sistem.

Ao final das buscas, o resultado foi a escolha de artigos e livros que abordam o

tema de maneira semelhante, considerando os critérios de eliminação, abrangendo

todos os tópicos selecionados para análise e discussão no desenvolvimento deste

trabalho.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

12

2 DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

2.1 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um agrupamento de desordens

neurológicas, responsáveis por afetar o desenvolvimento neuropsicomotor de

indivíduos. (TEIXEIRA-MACHADO, 2015) O transtorno recebe o nome de espectro

por envolver múltiplos fatores que se apresentam de maneiras diferentes de um

indivíduo para o outro, sempre se mantendo em uma linha gradativa (BRUNA,

2014), que é construída considerando desde os sintomas mais leves, até os mais

graves.

O nome TEA foi tecnicamente determinado pelo DMS-5, o Manual de

Diagnósticos e Estatísticas de Transtornos Mentais, para denominar o autismo e

outras síndromes com características similares, tais como: a síndrome de Asperger e

o Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra Especificação que pode ser

abreviado como PDD-NOS (sigla em inglês) ou TID-SOE (sigla em português)

(JOHNSON; MYERS, 2007).

As características de uma pessoa com TEA começam a serem firmadas a partir

dos seis anos de idade, porém, antes disso, por volta dos dois a três anos é que elas

já podem ser identificadas e diagnosticadas (ROGERS, 2009). Há, também, a

possibilidade, segundo Stefanatos (2008), de que algumas crianças se desenvolvam

e alcancem o marco do desenvolvimento esperado até determinada idade, mas

depois regridam.

Para Assumpção e Pimentel (2000), são muitas as características relacionadas

ao TEA, porém existem pelo menos três delas que se sobressaem em relação as

demais, que podem se manifestar de forma isolada ou em conjunto. São elas:

dificuldade em comunicar-se verbal e não verbalmente; comportamentos repetitivos

de movimentos e dificuldade na interação social (PECTRUS; et. al., 2008).

Além disso, as crianças exibem dificuldade na capacidade de imitar gestos e

dificuldade de expressar-se utilizando gestos espontaneamente, tendo assim a

interação social prejudicada e reduzida (INGERSOLL; SCHREIBMAN, 2006).

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

13

Para Baghdadli et. al. (2012), quando se trata de comunicação verbal, parte

das crianças com TEA, até a sua vida adulta, não são capazes de desenvolver uma

oratória satisfatória que consiga contemplar suas necessidades diárias de

comunicação. Além de que seus gestos são menos frequentemente integrados às

palavras caracterizando, também, uma disfunção na sua comunicação não-verbal

(LANDA, 2007). A ecolalia é muito presente a partir dos três anos, onde as crianças

são mais propensas a repetir palavras e balbucios ao invés de se expressar

autonomamente (FERNANDES, 2008).

Os comportamentos repetitivos estão presentes em basicamente todos os

indivíduos com TEA e, segundo a Repetitive Behavior Scale-Revised (RBS-R), os

comportamentos repetitivos mais comuns são: comportamento ritualista;

uniformidade; comportamento compulsivo; estereotipia; comportamento restrito e

automutilação. Não aparecem todos em um único indivíduo, mas podem aparecer

um ou mais de um por indivíduo (LAM; AMAN, 2007).

Déficits sociais distinguem o autismo dos transtornos do espectro do autismo

de outros transtornos do desenvolvimento (RUFIN e TUCHMAN, 2008). Nesta

vertente que contempla a interação social, o indivíduo sente extrema dificuldade em

se comunicar por não entender o que as outras pessoas querem dizer, no sentido de

que para a comunicação acontecer, a expressividade oral deve ser realizada com

muita literalidade, para que a pessoa com TEA possa compreender o que lhe está

sendo passado (ATYPICAL, 2017).

O TEA é um transtorno de caráter altamente hereditário e tem a capacidade de

afetar o processamento de informações no cérebro, alterando a forma como as

células nervosas e suas sinapses se conectam e se organizam; como isso ocorre

ainda não é bem compreendido (LEVY et. al., 2009).

Estudos mostram que a embora o TEA possua uma base patológica

desconhecida, alguns autores consideram que parte da condição desta patologia,

voltada a disfunção de estímulos sensoriais, está no mau funcionamento do sistema

de neurônios espelho.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

14

2.2 SISTEMA DE NEURÔNIOS ESPELHOS

O sistema de neurônios espelhos (SNE) foi descoberto no fim da década de

1990 pela equipe de neurocientistas liderada por Giacomo Rizzolatti, Leonardo

Fogassi e Vittorio Gallese (FERREIRA; CECCONELLO; MACHADO, 2015).

Para Gaselle (2005), os neurônios espelho foram associados a muitas

modalidades do comportamento humano: imitação, aprendizado de novas

habilidades e leitura da intenção em outros humanos; e a sua disfunção poderia

estar envolvida com a gênese do autismo (RAMACHANDRAN; OBERMAN, 2006).

Em um estudo, o sistema de neurônios espelhos é detalhado por Lameira;

Gawryzewski e Pereira (2006, p. 129):

Os neurônios espelho desempenham uma função crucial para o comportamento humano. Eles são ativados quando alguém observa uma ação de outra pessoa. O mais impressionante é o fato desse espelhamento não depender obrigatoriamente da nossa memória. Se alguém faz um movimento corporal complexo que nunca realizamos antes, os nossos neurônios-espelho identificam no nosso sistema corporal os mecanismos proprioceptivos e musculares correspondentes e tendemos a imitar, inconscientemente, aquilo que observamos, ouvimos ou percebemos de alguma forma.

Muitos pesquisadores de neurociência cognitiva consideram que este sistema

fornece o mecanismo psicológico para a interação da percepção com a ação

(MACHADO, 2015).

Os neurônios espelho podem ser importantes para compreender a ação de

outras pessoas e para aprender novas aquisições motoras mediante a imitação.

Problemas neste sistema constituem a base de desordens cognitivas como o

autismo (DINSTEIN; THOMAS; BEHRMANN, et. al., 2008).

Estudos sugerem que atividades individuais e grupais de caráter imitativas

como a dança possuem grande eficácia no estímulo de melhor funcionamento do

sistema de neurônio espelhos.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

15

2.3 DESENVOLVIMENTO MOTOR E TEA

2.3.1 FASES DO DESENVOLVIMENTO MOTOR

Ao falar do desenvolvimento geral de crianças e adolescentes, vemos que o

desenvolvimento motor tem forte presença nesta fase da vida e a busca é sempre

por meios e alternativas que auxiliem no alcance da sua capacidade máxima.

Para Gallahue, Ozmun e Goodway (2013), o desenvolvimento motor é a

mudança contínua do comportamento motor ao longo do ciclo da vida, provocada

pela interação entre as exigências da tarefa motora, a biologia do indivíduo e as

condições do ambiente.

Para certas fases da vida é esperado que o ser humano consiga efetuar

algumas ações que estariam de acordo com a desenvoltura motora proposta para a

sua faixa etária, e através disso foram montadas perspectivas de fases de

desenvolvimento pelas quais os indivíduos pudessem mensurar os níveis de avanço,

podendo assim saber se estaria atingindo o que é esperado para a sua idade.

A figura abaixo mostra as fases do desenvolvimento citadas por Gallahue e

Ozmun (2003):

Figura 1: Ampulheta das fases do desenvolvimento motor.

Fonte: Gallahue; Ozmun, 2003.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

16

Como mostrado na figura 1, são quatro fases do desenvolvimento: fase motora

reflexiva, fase motora rudimentar, fase motora fundamental e fase motora

especializada.

A fase motora reflexiva compreende a primeira fase do desenvolvimento motor

humano. É nela que, como o nome já diz, a predominância será de reflexos; que vai

desde a vida intrauterina até um ano de idade. “Os movimentos reflexos são reações

involuntárias do corpo a várias formas de estimulação externa” (GALLAHUE;

OZMUN; GOODWAY, 2013, p. 140). Além de que “os movimentos involuntários

presentes nos bebês servem como base para movimentos voluntários futuros”

(GOMES; MAGALHÃES; MAIA, 2015, p. 20).

A fase motora rudimentar é a segunda fase do desenvolvimento motor e para

Gomes, Magalhães e Maia (ibidem), os primeiros movimentos voluntários são os

movimentos desenvolvidos nesta fase, que compreendem movimentos básicos que

acontecem de maneira previsível, como movimentos estabilizadores e tarefas

manipulativas, mas o nível de desenvolvimento dessas habilidades varia de uma

criança para outra. Esta fase se dá desde o nascimento até pelo menos dois anos

de idade.

A fase motora fundamental compreende a terceira fase. Nesta – que vai dos

dois anos até sete anos de idade – a criança possui um acervo maior de

movimentos voluntários, mas desta vez, específicos. É o período em que a criança

está descobrindo como desempenhar uma variedade de movimentos

estabilizadores, locomotores e manipulativos, primeiro de forma isolada e mais tarde

executando movimentos combinados (GALLAHUE; OZMUN, 2003).

A fase motora especializada é a quarta fase, onde os movimentos voluntários

agora também são complexos. Compreende desde os sete anos até os quatorze

anos por diante e “Esse é o período em que as habilidades estabilizadoras,

locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas,

combinadas e elaboradas para uso em situações crescentemente exigentes”

(GALAHUE; OZMUN, 2003, p. 105).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

17

2.3.2 HABILIDADES MOTORAS E TEA

Desde cedo algumas crianças com TEA já apresentam sintomas de disfunção

motora e danos sensoriais (ASSUMPÇÃO; PIMENTEL, 2000), que quando

identificados, podem ser trabalhados com a intenção de diminuir os impactos

negativos sobre o desenvolvimento da criança.

Muitos indivíduos com TEA demonstram habilidades superiores de percepção e

atenção, em relação à população em geral (PLAISTED; DAVIS, 2009). Em

contrapartida, embora possuam estas habilidades superiores, isso trará consigo

algum déficit de inteligência que poderá ter influência nas suas respostas sensoriais

(GESCHWIND, 2009).

Um estudo longitudinal realizado com famílias do Vale do Silício da Holanda

mostrou que a maior incidência de nascimentos de crianças com TEA se dá em

famílias em que pais e mães possuem o nível de inteligência superior, ou seja, foi

constatado que a hereditariedade da patologia está diretamente relacionada aos

genes que provém inteligência ao indivíduo.

Ao falar de bagagem corporal, estima-se que 60%–80% das pessoas com TEA

possuem sinais motores que incluem tonicidade muscular pobre, falta de

planejamento motor e andar na ponta dos pés. (GESCHWIND, ibidem.) Além de que

déficits na coordenação motora existem em todo o TEA e são maiores no autismo

propriamente dito (FOURNIER et. al., 2010).

Para Cunha (2010), crianças com TEA possuem dificuldades no

desenvolvimento motor, tendo em vista que, boa parte das habilidades motoras

desenvolvidas na fase fundamental partem também de estímulos que são gerados a

partir de atividades grupais, sendo estas negligenciadas graças a dificuldade de

sociabilização do indivíduo com TEA.

Para a elaboração de atividades para crianças que possuem um atraso no seu

repertório de movimentos e na interação social, se faz necessário após o diagnóstico

de TEA dado por profissionais da saúde, uma avaliação do nível de desenvolvimento

do indivíduo a fim de atender melhor às expectativas de evolução individual das

crianças em aulas. Para isto existem muitos testes que abrangem características

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

18

desde o repertório motor até a sociabilização, nível de intelecto, nível de

comunicação, entre outras.

Dessa forma, a avaliação do desenvolvimento motor de uma criança pode ser feita de diversas maneiras, por meio de vários métodos e instrumentos de avaliação que englobem avaliações da coordenação corporal, da motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal organização espacial e temporal, fazendo então um trabalho voltado para as carências encontradas no indivíduo, e, por meio das avaliações, obter intervenções que tragam resultados positivos, pois essa é a finalidade de qualquer avaliação (SOARES; CAVALCANTE NETO, 2015, p. 448).

Muitos profissionais da área da saúde a da educação possuem o subsídio para

identificar nos indivíduos as características que estão atreladas a essa patologia.

Através disso, é que se podem direcionar atividades específicas que auxiliem no

desenvolvimento neuropsicomotor de pessoas com TEA.

Intervenções terapêuticas direcionadas ao estímulo sensorial, como a dança,

tem mostrado resultados positivos no tratamento de crianças e adolescentes com

TEA, uma vez que ela é responsável por estimular a sensação, percepção e

consequentemente predispor a ação.

Conforme as pesquisas sobre o tema avançam, mais terapias e metodologias

de ensino são exploradas como meio de intervenção para a melhoria da qualidade

de vida da pessoa com TEA.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

19

3 A DANÇA

3.1 HISTÓRICO DA DANÇA NO BRASIL

O Brasil é um país conhecido por sua grande diversidade cultural construída ao

longo dos séculos e passada de geração para geração. Essa diversidade cultural se

expressa em inúmeras vertentes que fazem do país um local tão rico e atrativo, que

se torna difícil entender o quão contemplados são aqueles que podem conhecer um

pouco da sua riqueza.

Dentre essas riquezas culturais, pode-se citar a dança como uma forte

expressão do país, caracterizando, não apenas suas origens, mas também, as

peculiaridades de cada região com sua arte, cultura e danças típicas regionais,

estaduais e, ainda, brasileiras; mesmo com a influência de outros países, pode-se

encontrar elementos que substanciam a diversidade ao acervo de danças

brasileiras.

Ao falar da origem da dança no Brasil, nota-se que não há exatamente um

lugar específico que possa ser descrito como local do surgimento da mesma. Por se

tratar de um país de grande extensão territorial, acredita-se que a construção e

desenvolvimento desta prática se deu concomitantemente em várias partes dele

com ou sem a influência dos povos vindos de outras nações.

A chegada dos europeus e, posteriormente, dos africanos a América do Sul foi

um dos fatores responsáveis pela criação de um cenário de influências multiculturais

que serviu de subsídio para a progressão da dança com inúmeros propósitos

diferentes.

Segundo, Boucier (1999), a dança possuía a característica ritualista e

cerimonialista, onde povos e nações a utilizavam como um meio de se comunicar

com deuses e entidades com a intenção de pedir algo ou agradecer o que lhes foi

dado; além de que a dança também sempre esteve presente em rituais fúnebres,

educação de crianças, festas e treinamento militar, ou seja, no Brasil, não poderia

ser diferente.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

20

Com o passar dos séculos, o trânsito de imigrantes de outras partes do mundo

no Brasil, garantiram o acesso a inúmeras novas culturas que tiveram grande

influência e impacto sobre a dança.

Segundo Nanni (1995), considerando-se os dados históricos, a dança pode ser

classificada em: Étnicas, folclóricas, danças de salão ou sociais e dança teatral ou

artística.

Os primeiros apontamentos da dança, como elemento de construção cultural

do homem, surgiram nos primórdios por meio de registros de gravuras em paredes

de cavernas e outras superfícies. Após muitos anos de estudo, historiadores foram

capazes de identificar tais desenhos como movimentações rítmicas, com diversas

propriedades (DARIDO; RANGEL, 2014).

Ainda, há relatos de que a dança começou a ser civilizada quando os Jesuítas

chegaram ao Brasil e deram início a catequização dos índios, fazendo com que as

populações indígenas se organizassem em grupos e realizassem coreografias para

eventos em comunhão com os Jesuítas, dando origem as danças com influência de

brasileiros nativos. Vê-se posteriormente que a dança como um elemento cultural

começou a ser modificada sob a influência de escolas de balé vindas da Europa e

outras partes do mundo.

Para Ferreira (2012), há indícios que no início do século XX foi fundada a

primeira escola de dança do Brasil, estando ela situada na cidade do Rio de Janeiro,

trazendo consigo incontáveis características das escolas europeias de balé. Nas

décadas de 20 e 30, algumas professoras ministravam aulas de balé em clubes da

cidade. Declaradamente, elas nunca tiveram a intenção de formar bailarinas

profissionais, mas sim promover aulas de postura e etiqueta para moças de elite da

cidade (PEREIRA, 2003).

Por outro lado, alguns bailarinos com um propósito de caráter artístico,

trabalharam com a intenção de construir espetáculos com características similares

às do teatro e musicais, como também, aos espetáculos que antes eram

apresentados por companhias de dança estrangeiras.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

21

No Brasil, a vertente da dança ligada à Educação Física surge neste período,

por agregação de movimentos ginásticos às suas bases elementares, geralmente

ofertadas por bailarinas vindas do exterior.

Em sequência, esse modelo híbrido de abordagem foi sendo incorporado a

formação dos professores de educação física, tendo em vista o aprimoramento de

suas práticas docentes. Como resultado, temos a dança sendo atribuída as aulas de

Educação Física, sendo elas promovidas em escolas com a proposta educacional,

ou em clubes e academias, com o propósito de melhoramento da estética e

promoção de saúde.

Para Darido e Rangel (2014), embora o Brasil seja um país conhecido por sua

diversidade de manifestações rítmicas, são poucos os incentivos ao aprofundamento

de estilos específicos de danças (...) talvez por haver uma limitação na educação

para a dança.

Ao observar que a dança é capaz de abranger inúmeras vertentes do

conhecimento, torna-se válido avaliá-la como um objeto que pode ser aplicado no

contexto de cuidar e educar crianças de todas as idades. Mendes (1985), enfatiza

que a dança é capaz de expressar todas as emoções humanas sem o auxílio da

palavra, pois pode tudo expressar, revelando-se como arte, imagens e associações

cheias de riqueza e vitalidade, uma forma de comunicação, estado de espírito,

sentimentos e sensações.

No entanto, a dança e o movimento possuem uma ligação que inicia desde a

vida intrauterina. Nela ocorre os primeiros movimentos que levam o ser humano a se

expressar, sendo assim, sendo compreendido e entendendo as primeiras

manifestações do indivíduo. Assim, pode-se dizer que o movimento é a base da

dança, o elemento principal a ser trabalhado, lapidado e aperfeiçoado, como uma

habilidade básica de movimento (BAMBIRRA, 1993).

Portanto, a dança e o movimento podem ser elementos que educam,

expressam e libertam a busca de valores, sensibilidade, linguagem corporal, como

também, força, resistência, impulso e desaceleração ao movimento, sendo ainda

utilizados como forma de terapia.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

22

Por isso, não somente como demonstração de gestos corporais, a dança está

ligada ao respeito e ao modo com que o corpo se movimenta e, mais do que isso, a

uma construção, organização, transformação e projeção do Ser no tempo e no

espaço como fator de comunhão cultural, social e intelectual (NANNI, 1995).

3.2 A DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR BRASILEIRA

Ao falar sobre a educação básica, a qual é oferecida desde a educação infantil

até ensino médio, sabe-se que na Educação Física enquanto componente curricular,

tem a dança inserida como um de seus componentes obrigatórios. Entretanto, ainda

são encontradas muitas dificuldades para a realização desta prática na escola.

Além da dança, também são ditos como pilares da Educação Física os

esportes, os jogos, as lutas e as ginásticas. Para Cunha (1992), a dança merece

destaque junto às outras práticas da Educação Física, uma vez que as mesmas se

complementam.

Compreendendo que a dança pode ser precursora de diversos benefícios, para

os alunos através da sua prática no ambiente escolar. Dentre os benefícios da

prática da dança na escola, pode-se salientar o aprimoramento do repertorio motor,

a melhora da expressividade corporal, afetividade e interação social, como avaliado

por Alves e Andrade (2013, p.1):

A dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, podem-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade.

Considerando a afirmação dos autores Alves e Andrade (2013), é possível

perceber que através da prática da dança pode-se oportunizar ao aluno, uma maior

aquisição do conhecimento sobre seu corpo, seus sentimentos e a relação para com

a sociedade, no qual o professor de Educação Física na escola demonstra um papel

importante para o incentivo desta prática, através de suas aulas, gerando assim a

oportunidade e ambiente favorável a vivência da dança.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

23

3.3 A DANÇATERAPIA E TEA

Para Resende (2008), a dança utilizada como um instrumento terapêutico – ou

dançaterapia – trata-se de um modelo de intervenção onde o praticante busca

desenvolver suas habilidades motoras e expressividade artística através de

sequências de movimentos e dinâmicas individuais ou em grupo. Orientadas pelo

instrutor da terapia, tem o objetivo de que ao final de cada sessão – ou de um

conjunto de sessões – o indivíduo possa ter aprimorado a percepção sobre o seu

próprio corpo em movimentos específicos ou globais além de desenvolver-se

intelectualmente, tendo lhe atribuindo a capacidade de aceitação corporal,

desinibição, expressividade, autocontrole, concentração, interação social, dentre

outros.

Desenvolvida por María Fux, bailarina argentina de renome mundial, a

dançaterapia tem a proposta integrativa, tendo em vista incluir um público

diversificado que, na maioria das vezes, é excluído das propostas de atividades

artísticas, em ambientes com indivíduos neurotípicos dominantes em quantidade.

Este público diversificado inclui pessoas com Síndrome de Down, surdos, pessoas

com deficiência mental e física, idosos, entre outros (MARÍA FUX, 1988).

Diferente da metodologia tradicional do ensino da dança, os novos métodos de

trabalhar a dança como um instrumento terapêutico, conta com algumas

especificidades que possuem a intenção de garantir uma melhor qualidade e

aproveitamento da terapia. Essas especificidades incluem desde a - escolha do

ambiente onde serão executadas as sessões, até o tipo de atividades que são

aplicadas, considerando faixa etária dos participantes, a bagagem corporal e

emocional e o objetivo a ser atingido (VIANNA, 1998).

Foi analisado também que a dançaterapia é um trabalho que contempla muitas

áreas de estudo, por isso são muitos os profissionais envolvidos nesta prática. Seu

trabalho engloba não só os profissionais da saúde, como fisioterapeutas e

psicólogos, mas se amplia para diversas áreas, como as artes, a educação e

ginásticas (WIKIDANÇA, 2013).

Com o passar do tempo e com as análises feitas, foi observado que o método

continha a capacidade de intervir de forma terapêutica no indivíduo praticante da

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

24

modalidade, capacitando o método como um meio de intervenção a ser

experimentado no tratamento de diversas patologias físicas e mentais, incluindo o

TEA.

Segundo Machado (2015), na pessoa com TEA, a dança como terapia favorece

o desempenho gestual e motor, principalmente no equilíbrio e na marcha, além de

contribuir para a melhora da qualidade de vida do indivíduo. Outros estudos

ressaltam a importância do movimento rítmico no desenvolvimento de habilidades

motoras negligenciadas por causa da condição do espectro autista.

É importante ressaltar que a dançaterapia, em sua particularidade, busca

atender à necessidade específica do praticante, e para isso as aulas podem ser

moldadas de acordo com a demanda. Para o caso do indivíduo com TEA, foi

analisado que as sessões podem ser oferecidas individualmente ou em grupo

visando melhoras na capacidade de interação pessoal do indivíduo.

Um estudo realizado por Machado (2015) sugere que ao depender do nível de

autismo do praticante, as sessões de dançaterapia podem iniciar-se individualmente,

para que não haja inibição ou resistência do praticante. Além de que se faz

necessário um ambiente específico para desenvolvimento do trabalho sem

interferência do meio externo, a maneira que desvie a atenção do participante das

atividades.

Em adição a isso, outros estudos sugerem a realização das sessões de

dançaterapia em grupo, visando não só o aprimoramento das capacidades e

habilidades motoras, mas também a interação social, como foi relatado nos

resultados de um estudo realizado por (WOLFF, ARRIECHE; SOUZA, 2012, p. 05):

Os pais relataram achar importante a realização das aulas de dança

visto que contribuem com o bem estar da criança, tornando-a mais feliz. Outro aspecto citado foi que a dança auxiliou na coordenação motora e na relação interpessoal, pois as crianças passaram a ter mais contato com outras crianças.

Também, foi observado, que a faixa etária dos participantes influencia

também na receptividade do tratamento, tendo em vista que os comandos dados a

crianças e adolescentes serão entendidos e absorvidos de acordo com a sua fase

de desenvolvimento e também a gravidade no seu nível de autismo.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

25

Um estudo, realizado com uma criança de dez anos de idade, mostrou

resultados significativos no seu desenvolvimento sócio-emocional, considerando que

esse alcance deveu-se ao interesse apresentado pela criança na progressão das

atividades. Enquanto outros estudos trazem a interferência positiva da dançaterapia

no desenvolvimento motor e expressividade corporal das crianças e principalmente

adolescentes.

Vale salientar que a maioria dos estudos encontrados se trata de estudos de

caso, por isso os resultados se atentam a particularidade de cada indivíduo

estudado. Além de que ainda são poucos os estudos desenvolvidos retratando a

dançaterapia no tratamento das condições atribuídas a pessoas com TEA, no

melhoramento da sua qualidade de vida e no seu desenvolvimento motor, mas ainda

um levantamento pôde ser feito incluindo bons resultados desta prática.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

26

4 ABORDAGENS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO

ENSINO DA DANÇA

4.1 PSICOMOTRICIDADE

Psicomotricidade, segundo Ferreira (2004, p. 1654), é a capacidade de

determinar e coordenar mentalmente os movimentos corporais; a atividade ou

conjunto de funções psicomotoras.

Para a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (1999), a mesma é definida

como:

Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto (SBP, 1999).

Também conhecida por educação psicocinética ou educação psicomotora, se

trata de uma proposta divulgada inicialmente em programas de escolas especiais

para alunos portadores de deficiência física e mental (DARIDO; RANGEL, ibidem).

Nesta modalidade, a atenção é voltada para o desenvolvimento da criança,

considerando sua aprendizagem, processos afetivos, cognitivos e psicomotores,

visando a construção integral do desenvolvimento do aluno.

Esta modalidade é a primeira a ser inserida por volta dos anos 70 em

contraposição aos modelos anteriores (DARIDO; RANGEL, 2014). Tornando-se

assim, relevante em alguns programas de Educação Física escolar.

É valido salientar a importância que a psicomotricidade representa para

educação de movimentos da criança, pois essa é uma alternativa que permite o

autoconhecimento do seu leque de atitudes voluntárias, possibilitando-lhe uma

imagem própria, auxiliando para construção da sua personalidade, como descrita

por Le Bouch apud Darido e Rangel, (2011, p. 8):

Assim, a psicomotricidade defende uma ação educativa que deva ocorrer a partir dos movimentos espontâneos da criança e das atitudes corporais, favorecendo a gênese da imagem do corpo, núcleo central da personalidade. A educação psicomotora, na opinião do autor, refere-se à formação de base indispensável a toda criança, seja ela normal ou com problemas, e responde a uma dupla finalidade; assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

27

possibilidades da criança ajudar sua afetividade a expandir-se e equilibrar-se, através do intercâmbio com o ambiente humano.

A proposta como um todo é garantir ao aluno que ele possa realizar atividades

que estimulem o seu desenvolvimento corpóreo e também seu intelecto, fazendo

com que mais de uma qualidade seja explorada e aprimorada concomitantemente a

fim de prover ao aluno uma experiência integralizada do seu desenvolvimento na

escola.

No caso da dança, a psicomotricidade se torna uma alternativa de abordagem

pedagógica com indícios de grande efetividade, uma vez que, nas atividades

elaboradas considerando essa metodologia, o aluno será capaz de desenvolver

habilidades motoras que estão diretamente relacionadas à dança, tais como, a

lateralidade, noção de tempo e espaço, direção e sentido, afetividade e reflexão do

movimento.

4.2 ABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA

Este tipo de abordagem, como o nome já diz, é a que busca o desenvolvimento

da bagagem de movimentos corporais da criança, reconhecendo que as mesmas

são seres totalmente integrados com características motoras, cognitivas e afetivas e

buscando caracterizar a progressão normal do crescimento físico. Esta é a

abordagem que reconhece as individualidades e se atenta ao encorajamento da

singularidade.

Segundo Gallahue (2008), esta abordagem tem por objetivo enfatizar a

aquisição de novas habilidades de movimento e crescente competência física

baseada no nível desenvolvimentista único do indivíduo, baseando-se na proposição

central de que cada criança possui seu próprio timing e padrão de crescimento e

desenvolvimento.

Para os principais autores que defendem esta abordagem, a Educação Física

tem o papel de proporcionar ao aluno as condições para que o seu acervo de

comportamento motor seja desenvolvido, oferecendo experiências de movimentos

que sejam adequadas para sua faixa etária, tendo sua eficácia mensurada por meio

de parâmetros pré-estabelecidos, como mostra Darido e Rangel (2011, p. 9):

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

28

Foi proposta uma taxionomia para o desenvolvimento motor: o estabelecimento de uma classificação hierárquica dos movimentos dos seres humanos durante seu ciclo de vida, desde a fase dos movimentos fetais, espontâneos e reflexos, rudimentares e fundamentais, até a combinação de movimentos fundamentais e culturalmente determinados.

É válido ressaltar a importância que, assim como em outras metodologias de

ensino, o professor possui na aplicabilidade desta abordagem, sendo ele

responsável pela observação sistemática do comportamento motor dos seus alunos,

visando a identificação de qual fase se encontram e se há erros a serem corrigidos

durante o desenvolvimento do processo.

“Os autores mostram-se preocupados com a valorização do processo de

aquisição de habilidades, evitando o que dominam imediatismo e a busca do

produto” (DARIDO; RANGEL, ibidem)

Para o ensino da dança, na abordagem desenvolvimentista se vê na criança a

oportunidade de utilizar seu repertório motor e se expressarem de modo único

(GALLAHUE, 2008).

Por se tratar de uma forma de movimento expressivo, atende as expectativas

da abordagem voltadas para a unicidade da criança, garantindo a oportunidade da

utilização do corpo como um instrumento de comunicação e auto-expressão, desde

as danças estruturadas como as danças criativas.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No Brasil, ao falar da parte da população composta por pessoas com TEA, vê-

se que muitos são aqueles que não compreendem a importância de ações voltadas

para este público em específico. Assim, como outras deficiências, esta é uma que

necessita de atenção especial visando que são seres humanos que fazem parte da

nossa sociedade merecendo os mesmos direitos.

Para exemplificar isto, pode-se notar no corpo do texto a referência às

pessoas com esta deficiência sempre como pessoas com TEA, salientando que,

antes de qualquer deficiência que alguém possua ou venha a possuir, existe uma

pessoa; um sujeito que carrega consigo uma bagagem emocional, uma história e

uma personalidade que merece respeito e tratamento com equidade.

Na sociedade, sabe-se que os indivíduos considerados neurotípicos – termo

utilizado para identificar pessoas sem TEA – possuem dificuldade de identificar e se

relacionar com indivíduos com TEA e principalmente a dificuldade de reconhecer

que embora eles precisem de uma atenção especial, são pessoas que podem ser

inseridas no dia a dia de uma sociedade desenvolvida desde que possuam seus

espaços e peculiaridades respeitadas.

Por isso, a proposta inicial do trabalho foi levantar a discussão sobre um

problema, que por mais que esteja presente na vida de milhões de brasileiros, ainda

se torna negligenciado e obsoleto muitas vezes até por falta de informação.

Trazendo para a realidade que atinge diretamente os mais próximos, pode-se

fazer uma análise do que se está sendo feito para garantir uma melhor qualidade de

vida para aqueles que são pouco representados.

Como mencionado por autores no desenvolvimento do trabalho, ao falar das

particularidades das pessoas com TEA, pode-se identificar além das dificuldades

relacionadas ao intelecto, dificuldades relacionadas com o desenvolvimento do seu

comportamento motor e da sua expressividade e comunicação em meio a

sociedade.

Para isto, na tentativa de solucionar problemas como este, surgem

possibilidades de melhoramento das condições em que o indivíduo é sujeito a se

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

30

desenvolver, começando pelos estímulos ofertados no primeiro círculo social a qual

a pessoa é exposta: a família.

Antes de qualquer coisa, se faz necessário o diagnóstico do indivíduo para

identificar qual das patologias dentro do TEA ele se encaixa. A primeira identificação

será feita pela família, que encontrará na criança atrasos no desenvolvimento da

fala, do comportamento motor e lacunas na interação social. A partir disso, já se vê a

necessidade da família no reconhecimento e identificação do nível de

desenvolvimento em que a criança deve se encontrar ao atingir determinada faixa

etária.

Após o diagnóstico, se faz necessário uma análise, de como será possível

introduzir no dia a dia destes indivíduos, um modelo de vida similar ao que é

oferecido aos neurotípicos, que estão presentes na nossa sociedade em grande

escala.

Tendo em vista as disfunções associadas ao aparato motor da pessoa com

TEA, alternativas vão sendo buscadas na intenção de proporcionar a estes

indivíduos o desenvolvimento da sua capacidade máxima, utilizando-se de artifícios

acessíveis e de fácil compreensão de funcionamento, para que esteja ao alcance de

todos os necessitados.

A dançaterapia foi avaliada como um objeto que possui a capacidade de

influenciar diretamente o melhoramento da aquisição de habilidades motoras em

indivíduos neurotípicos e com TEA. Não só sendo considerada eficaz neste quesito,

mas também sendo associada ao aprimoramento da interação social, que antes se

via comprometida pelas disfunções associadas à patologia.

Considerando que o trabalho teve como público avaliado pessoas com TEA, as

considerações dos benefícios da dançaterapia serão voltadas a este público.

No âmbito da Educação Física, a Dança está presente como conteúdo a ser

trabalhado na escola desde as séries iniciais até as últimas da educação básica,

tendo em vista que ela é uma das áreas mais responsáveis pelo desenvolvimento da

criança, englobando desde questões motoras, até cognitivas e afetivas.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

31

Quando se trata da educação para pessoas com TEA, vê-se que a dança

quando trabalhada na forma de terapia, possui grande eficácia em vários aspectos já

citados anteriormente. A análise que precisa ser feita é até que ponto esta

modalidade de dança é ofertada para o público em geral e principalmente pessoas

com TEA.

A aplicação da dançaterapia possui benefícios que se estende além dos

benefícios da dança tradicional. Não se trata de uma modalidade vaga, de objetivos

redundantes, mas sim de uma prática inovadora que engloba várias outras

modalidades de dança, como a dança criativa e a dança educação a fim de

estimular o praticante sempre com algo novo, fugindo do tecnicismo, das regras e de

aulas que se tornam cansativas e desestimulantes; é uma modalidade que consegue

alcançar o participante de dentro para fora, estimulando seus desejos voluntários e

involuntários, pois é nela que a pessoa pode se redescobrir, fazendo coisas que

achou que nunca seria capaz de fazer.

Porém, por ser uma modalidade de dança pouco difundida e com algumas

peculiaridades, se vê que não faz alcance de um público que poderia ser muito

beneficiado com a sua prática.

O grande questionamento é para entender como uma prática eficaz no

alcance dos seus objetivos se encontra sendo tão negligenciada a ponto de

profissionais da área da Educação Física não possuírem o conhecimento mínimo

sobre ela.

Sabe-se que a dançaterapia tem grande incidência de aplicabilidade nas

academias e principalmente espaços voltados unicamente para a prática da dança;

também em espaços teatrais, vendo que esta também é um estilo de dança que

vislumbra a criatividade, onde o aluno tem liberdade para “fazer o que quer”. Em

decorrência disso, sabe-se que desde quando foi criada, a dançaterapia possuía a

intenção de atrair pessoas que não participavam por não se encaixar no padrão de

dançarinos, incluindo principalmente pessoas com deficiências e, não menos

importantes, pessoas com TEA.

Tendo em vista que já possui uma eficácia comprovada na no

desenvolvimento motor de pessoas com TEA, a proposta seria inserir a dançaterapia

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

32

na vida dessas pessoas desde o seu primeiro contato com a sociedade, que para

muitas crianças em geral, esse primeiro contato se dá através da frequência à

escola.

Para levar em consideração a iniciação desta prática, devem-se analisar os

possíveis empecilhos que podem se tornar bloqueadores desta ação.

Como foi mencionado anteriormente, a dançaterapia possui particularidades

que pode tornar a sua aplicabilidade inviabilizada no ambiente escolar, uma vez que

muitas escolas não possuem um espaço dedicado para atividades como dança, e

muitas vezes nem se quer um espaço dedicado aos esportes e outras atividades

englobadas pela Educação Física.

A proposta seria a inserção das terapias em dança aos poucos e de maneira

flexível, moldando espaços para que ela pudesse ser adaptada à medida que as

pessoas pudessem vivenciá-la de maneira proveitosa, obtendo mais resultados

positivos do que negativos na sua aplicação.

Nesta etapa vê-se a importância da formação do Professor de Educação Física

na escola. Até onde se sabe, nos cursos de formação para professores, a

dançaterapia não é uma modalidade que é trabalhada em aula, vendo que é

necessária uma formação externa à faculdade, o que se trata de cursos, workshops

e afins. São cursos ofertados em grande escala em algumas regiões específicas do

país, mas que ainda se torna disponível através de cursos online e plataforma de

vídeos como o YouTube. Para estes em principal, se torna necessário checar a

procedência dos profissionais que difundem o conteúdo.

Referente às escolas, a preocupação principal está voltada para o ambiente no

qual as aulas de dançaterapia poderão ser realizadas. Em relação às escolas

particulares, imagina-se que algumas – poucas – podem fornecer o espaço

adequado para a realização das aulas, tendo em vista que a estruturação do

ambiente foge aos padrões de uma escola tradicional se assim se fizer desejado.

No caso de escolas públicas, sabe-se que a realidade da estruturação de um

ambiente para a realização destas aulas, está fora do alcance em muitas regiões do

país. Neste caso, já é de grande proveito quando a escola oferece ao menos um

espaço para a realização das aulas de Educação Física como um todo, que na

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

33

maioria das vezes se detém a uma “quadra”, muitas vezes não coberta, apenas com

o desenho no chão do que seria as demarcações de uma quadra poliesportiva, se

fazendo assim necessário, uma extrema adaptabilidade para que ao menos as

atividades mais comuns e conhecidas pelos alunos, possam ser vivenciadas.

Dando continuidade ao que se entende sobre a Dança na Educação Física

escolar brasileira, é necessário avaliar em qual contexto a dançaterapia pode ser

incluída nas aulas, sob as perspectivas das abordagens pedagógicas utilizadas

pelos professores.

As abordagens descritas no desenvolvimento do trabalho – Psicomotricidade e

Desenvolvimentista – foram as que mais demonstraram subsídio para trabalhar a

dançaterapia na escola, visando o desenvolvimento motor de crianças e

adolescentes com TEA. Sendo a abordagem Desenvolvimentista uma que se dedica

em grande escala ao desenvolvimento motor e aquisição de habilidades motoras da

criança; e a Psicomotricidade, a que vislumbra o funcionamento concomitante do

aparato motor e cognitivo, buscando o desenvolvimento completo do ser. Além de

que, ambas as abordagens são indicadas para aulas com crianças e adolescentes

das séries iniciais.

Ao atrelar estas abordagens às condições de uma pessoa com TEA, se faz

necessário entender até onde cada uma delas se mostra eficaz, e o porquê disto.

Na abordagem Psicomotricidade, pode-se enxergar a ligação direta de três

fatores que caracterizam a abordagem com as particularidades do TEA. Trata-se da

cognição, aparato motor e afetivo. Então, para o aluno com TEA, a Psicomotricidade

se torna efetiva a partir do momento que ela insere o aluno com TEA e suas

particularidades em uma aula que seja capaz de estimular estas três características.

Como a ideia da Psicomotricidade se dá na condição de desenvolver as três

partes em conjunto, se torna necessário a análise do funcionamento e aplicação das

atividades em etapas, para não sobrecarregar o aluno com TEA. Então há uma

construção de uma série de acontecimentos para trabalhar a psique do aluno,

partindo para o aprimoramento do seu aparato motor, até alcançar o seu afetivo,

realizando atividades que promovam a interação social do aluno com TEA em

relação ao seu meio.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

34

Com a dançaterapia sendo trabalhada na perspectiva Psicomotora, o

desenvolver das atividades não seria diferente. A busca seria por um ponto onde os

objetivos de ambas as formas de trabalhar se encontrassem, sempre vislumbrando o

benefício da criança com TEA. Para isto, toda a preocupação desde com o

professor, até o ambiente e a preparação das aulas devem ser consideradas.

Em relação à abordagem Desenvolvimentista, como visto no seu conceito

anteriormente, ela estará mais voltada para todas as atividades que desenvolvam

habilidades motoras propriamente ditas. Tendo em vista que as atividades desta

abordagem possam ser trabalhadas, a depender do professor, de maneira que mais

do corpo seja exigido, se faz necessário analisar as possibilidades de atividades que

alcancem a atenção do aluno com TEA, mas sempre focando no desenvolvimento

das suas habilidades.

Para isto, uma construção do perfil das aulas terá que ser completamente

adaptada ao nível de desenvolvimento do aluno com TEA, sem deixar que atenda às

necessidades dos alunos neurotípicos.

Através disso é que se torna evidente a adaptabilidade da dançaterapia para

ser aplicada nas aulas de dança na escola. Uma vez que ela possibilita aos alunos

esta liberdade de expressão, através de comandos guiados, visando o melhor

encaminhamento da aula. Com base nisso, o aluno poderá desenvolver-se como um

ser completo, aprimorando habilidades negligenciadas e garantindo uma melhor

qualidade de vida.

A proposta desde trabalho é evidenciar que, mesmo com as dificuldades

encontradas no caminho a ser percorrido durante sua trajetória, a criança com TEA

terá mais possibilidades de desenvolver-se em sociedade, sendo beneficiado nas

suas características físicas, mentais e sócio-afetivas, se tornando um ser que não

precisa ser excluído porque é diferente, mas sim, um que pode ser tratado com

equidade e beneficiado pelos que vivem ao seu redor.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

35

6 CONCLUSÃO

Concluiu-se com base nos estudos analisados que a dançaterapia possui

eficácia no desenvolvimento motor de crianças e adolescentes com TEA, além da

melhora da sua expressão corporal, auxiliando a comunicação e interação social.

E que para avaliar a eficácia destas aulas no ambiente escolar, se faz

necessário a iniciação da aplicabilidade desta modalidade de dança na escola,

iniciando pela preparação do professor de Educação Física, do ambiente escolar e

por fim, inserção deste modelo nas aulas considerando as abordagens pedagógicas.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

36

REFERÊNCIAS

ASSUMPÇÃO JR, F.B.; PIMENTEL, A. C. M. Autismo infantil. Revista Brasileira de Psiquiatria. São Paulo, v. 22, n. 2, p. 37-39, 2000.

ATYPICAL. Direção de Michael Patrick Jann; Seth Gordon; Joe Kessler. [s.l]: Netflix, 2017. (42 min), son., color.

BAGHDADLI, A. et. al. Developmental trajectories of adaptive behaviors from early childhood to adolescence in a cohort of 152 children with autism spectrum disorders. Journal of Autism and Developmental Disorders. New Heaven, v. 42, p. 1314-1325, 2012.

BAMBIRRA, W. Dançar & sonhar: a didática do ballet infantil. Belo Horizonte: Del Rey, 1993.

BOURCIER, P. História da dança no Ocidente. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

CUNHA, E. Autismo e inclusão: psicopedagogia e práticas educativas na escola e na família. 2.ed. Rio de Janeiro: Wak, 2010.

CUNHA, M. Aprenda dançando, dance aprendendo. 2. ed. Porto Alegre: Luzatto, 1992.

DARIDO S. C; RANGEL, I. C. A. Educação Física na escola: implicações para prática pedagógica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

DINSTEIN, I. et. al. A mirror up to nature. Current Biology. Cambridge, v. 18, p. 13–18, 2008.

FERNANDES, F. S.; O corpo no autismo. Revista de Psicologia da Vetor Editora. São Paulo, v. 9, n. 1, p. 109-114, 2008.

FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004.

FERREIRA, T. A escola no teatro e o teatro na escola. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2010.

FERREIRA, V. R. T.; CECCONELLO, W. W.; MACHADO, M. R. Neurônios-espelho como possível base neurológica das habilidades sociais. Psicologia em Revista. Belo Horizonte, v. 23, n. 1, p. 147-159, 2017.

FOURNIER, K. A. et. al. Motor coordination in autism spectrum disorders: a synthesis and meta-analysis. Journal of Autism and Developmental Disorders. New Heaven, v. 40, n.10, p. 1227–1240, 2010.

FUX, M. Dança terapia. São Paulo: Summus, 1988.

GALLAHUE, D. L.; DONNELLY, F. C. Educação física desenvolvimentista para todas as crianças. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2008.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

37

GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C.; GOODWAY, J. D. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

GALLAUE, D. L.; OZMUN, J. C. Desenvolvimento Motor. São Paulo: Phorte, 2003.

GALLESE, V. et. al. Mirror neuron forum. Perspectives on Psychological Science. Thousand Oaks, v. 6, n. 4, p. 369-407, 2011.

GESCHWIND, D. H. Advances in autism. Annual Review of Medicine. Ottawa, v. 60, p. 367–80, 2009.

GOMES, A. A.; MAGALHÃES, N. G.; MAIA, P. P. Avaliação do desenvolvimento motor na fase fundamental de crianças em uma instituição de ensino de Pirajuí/SP - Estudo comparativo. 2015. 59f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) - Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium. Lins, São Paulo, 2015.

INGERSOLL, B.; SCHREIBMAN, L. Teaching reciprocal imitation skills to young children with autism using a naturalistic behavioral approach: effects on language pretend play, and joint attention. Journal of Autism and Developmental Disorders. New Heaven, v. 36, n. 4, p. 487-505, 2006.

JONHSON, C. P.; MYERS, S. M. Identifications and evaluations of children with autism spectrum disorders. Pediatrics. Amsterdan, v.120, n. 5, p. 1183-1215, 2007.

LAM, K. S. L.; AMAN, M. G. The respective behavior scale-revised: independente validation in individuals with autism spectrum disorders. Journal of Autism and Developmental Disorders. New Heaven, n. 37, p. 855-866, 2007.

LAMEIRA, A. P.; GAWRYSZEWSKI, L. G.; PEREIRA JR, A. Neurônios espelho. Psicologia USP. São Paulo, v. 17, n. 4, p. 123-133, 2006.

LANDA, R. Early comunication development and intervention for children with autism. Mental Retardation and Developmental Disabilities Research Reviews. New Jersey, v. 13, p. 16-25, 2007.

LEVY, S. E.; MANDELL, D. S.; SCHULTZ, R. T. Autism. Lancet. New York, v. 374, n. 16, p. 27-38, 2009.

MACHADO, L. T. Dançaterapia no autismo: um estudo de caso. Estudo desenvolvido na Academia Sergipana de Ballet – Aracaju (SE), Brasil.

MENDES, M. G. A dança. São Paulo: Ática, 1985.

NANNI, D. Dança – Educação: pré-escola à universidade. Rio de janeiro: Sprint, 1995.

PECTRUS C. et. al. Effects of exercise interventions on stereotypic behaviors in children with autism spectrum disorder. Physiotherapy. Amsterdan, v. 60, n. 2, p. 134-45, 2008.

PEREIRA, R. A Formação do Balé Brasileiro. Rio de Janeiro, FGV: 2003.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · TCC (Graduação em Educação Física) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura em Educação Física, 2018. ...

38

PEREIRA, S. R. C. et. al. Dança na escola: desenvolvendo a emoção e o pensamento. Revista Kinesis. Porto Alegre, n. 25, p. 60- 61, 2001.

PLAISTED, G. K.; DAVIS, G. Perception and apperception in autism: rejecting the inverse assumption. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences. London, n. 364, n. 1522, p. 1393–1398, 2009.

RAMACHADRAN, V. S.; OBERMAN, L. M. Broken mirrors: a theory of autism. Scientific American. USA, v. 295, p. 62-69, 2006.

RAPIN, I.; TUCHMAN, R. F. Autism: definition, neurobiology, screening, diagnosis. Pediatric Clinics of North America, Maryland Heights, v. 55, n. 5, p. 1129–1146, 2008.

RESENDE, C. O que Pode um Corpo?: O método Angel Vianna de conscientização do movimento como um instrumento terapêutico. Physis - Revista de Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 18, n. 3, p. 563-574, 2008.

ROGERS, S. J. What are infant siblings teaching ua about autism in infancy? Autism Research. Kansas City, v. 2, p. 125-137, 2009.

SBP. Sociedade Brasileira De Psicomotricidade. Disponível em: <www.psicomotricidade.com.br>. Acesso em: 16 nov. 2018.

SOARES, A. M.; CAVALCANTI NETO, L. J. Avaliação do Comportamento Motor em Crianças com Transtorno do Espectro do Autismo: uma Revisão Sistemática. Revista Brasileira de Educação Especial. Bauru, v. 21, n. 3, p. 445-458, 2015.

STEFANATOS, G. A. Regression in autistic spectrum disorders. Neurophysical Review. USA, v. 18, p. 305-866, 2008.

VIANNA, K. A dança. São Paulo: Summus, 1988.

WIKIDANÇA. Dançaterapia. Disponível em: <www.wikidanca.net>. Acesso em: 16 nov. 2018.

WOLFF, S. S.; ARRIECHE, L.; SOUZA, A. T. G. Aulas de dança para crianças e adolescentes autistas sob o olhar dos pais. In: CONGRESSO DA ABRACE., 7., 2012., Porto Alegre. Anais... Pelotas: UFPEL.