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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ABRIGOS DE MORCEGOS ANTRÓPICOS: ESTRATÉGIAS DE COMBATE À RAIVA EM SÃO JOSÉ DO EGITO PE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ABRIGOS DE MORCEGOS ANTRÓPICOS: ESTRATÉGIAS DE COMBATE À

RAIVA EM SÃO JOSÉ DO EGITO – PE

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ABRIGOS ANTRÓPICOS DE MORCEGOS: ESTRATÉGIAS DE COMBATE À

RAIVA EM SÃO JOSÉ DO EGITO – PE

Emmanuel Messias Vilar Gonçalves da Silva

Orientador: Dr. Luiz Augustinho Menezes da Silva

Núcleo de Biologia/CAV/UFPE

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

2013

TCC apresentado ao Curso

de Graduação em

Licenciatura em Ciências

Biológicas como requisito

para incremento da Disciplina

Eletiva do Curso de

Licenciatura em Ciências

Biológicas.

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Catalogação na Fonte Sistema de Bibliotecas da UFPE. Biblioteca Setorial do CAV.

Bibliotecária Roseane Souza de Mendonça, CRB4: 1148

S586a Silva, Emmanuel Messias Vilar Gonçalves da.

Abrigos antrópicos de morcegos: estratégias de combate à raiva em São José do Egito-PE / Emmanuel Messias Vilar Gonçalves da Silva. Vitória de Santo Antão: O Autor, 2013.

41 folhas: il.; fig. Orientador: Luiz Augustinho Menezes da Silva. TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Ciências

Biológicas, 2013. Inclui bibliografia.

1. Morcego. 2. Transmissão da raiva - Combate. 3. Morcegos – Epidemiologia - São José do Egito-PE. 4. Abrigos antrópicos – Morcegos – São José do Egito-PE. I. Silva, Luiz Augustinho Menezes da (Orientador). II. Título.

599.4 CDD (23.ed.) BIBCAV/UFPE-002/2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Emmanuel Messias Vilar Gonçalves da Silva

ABRIGOS ANTRÓPICOS DE MORCEGOS: ESTRATÉGIAS DE COMBATE À

RAIVA EM SÃO JOSÉ DO EGITO – PE

Orientador: Dr. Luiz Augustinho Menezes da Silva

Núcleo de Biologia/CAV/UFPE

__________________________________________

Dr. Luiz Augustinho Menezes da Silva

Núcleo de Biologia/CAV/UFPE

__________________________________________

Profa. Dr.ª Angelica Maria Kazue Uejima

Núcleo de Biologia/CAV/UFPE

__________________________________________

Prof. Dr. André Maurício de Melo Santos

Núcleo de Biologia/CAV/UFPE

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

2013

Nota:______

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Dedico a meus pais e avós.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus pais Josuel Gonçalves e Marlene Vilar por terem apostado

e investido na minha formação intelectual, por terem me apoiado, me incentivado e,

sobretudo por terem paciência em lidar com a minha impaciência.

As minhas irmãs Juliana Vilar e Joseane Vilar, cunhados e sobrinhos pelo

apoio, respeito e força.

A Bruno Brandão por ter entrado neste barco na metade da jornada e ter me

ajudado a remar.

Aos meus amigos que cedem seus ombros e ouvidos para os meus

desabafos, em especial a Teone Pereira e Roseli Rodolfo por terem me ajudado na

construção deste trabalho e Arthur Domingos pelo companheirismo durante a

academia.

A meu orientador Luiz Augustinho pelo apoio, amizade e por me ensinar a

fazer ciência.

A Prefeitura de São José do Egito.

Ao Coordenador da vigilância Sanitária, Ednaldo Gomes.

Aos ajudantes de campo José Carlos, Petrônio Loredo, Antônio Carlos e José

Marcos.

A meus professores e professoras.

A Descartes por me fazer questionar o mundo que me cerca.

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RESUMO

Com fontes de atração para diversas espécies de morcegos, as cidades

fornecem abrigos em suas construções e na arborização urbana, bem como

alimento a partir da grande quantidade de insetos atraídos pela iluminação e da

disponibilidade de frutos e flores. Mesmo em uma área antropizada, os morcegos

não deixam de desempenhar seu papel ecológico, como o controle de pragas,

polinização e dispersão de sementes. Entretanto, quando instalados nos ambientes

urbanos podem ocasionar alguns transtornos, sobretudo a possibilidade da

transmissão de zoonoses incluindo a raiva. Diante disto, o presente trabalho exibe

um panorama da interação “humanos–morcegos”, identificando os abrigos

antrópicos, as espécies sinantrópicas, os problemas sofridos e causados pelos

morcegos e as medidas mitigadoras no município de São José do Egito. O município

encontra-se a 404 quilômetros da capital pernambucana entre 07º28'44" de latitude

sul e 37º16'28" de longitude oeste a 585m de altitude, sua população é de 31.838

habitantes e ocupa 792,00 km² de área. Os abrigos foram registrados a partir da

aplicação de questionários na população e dados da secretaria municipal de saúde,

sendo posteriormente mapeados. No total 283 residências foram visitadas,

confirmando 85 abrigos o que resultou em 0,6% do total de imóveis no município, 64

na zona urbana e 21 na zona rural. Foram identificadas 18 espécies de morcegos,

divididas em cinco famílias, doze foram encontradas em abrigos, são elas: Artibeus

planirostris, Platyrrhinus lineatus, Carollia perspicillata, Glossophaga soricina,

Thrachops cirrhosus, Myotis lavali, Molossus molossus, Eumops auripendulus,

Eumops glaucinus, Promops nasutus, Peropteryx macrotis e Dyphylla ecaudata. Na

zona urbana do município forro foi um abrigo que se destacou com 28 ocorrências,

já na zona rural o destaque foi para telhado com seis registros. Parte da população

relatou alguns problemas causados pelos morcegos, assim como foram registradas

algumas formas de controle indevido das colônias, diante disto é fato que a

presença dos morcegos em ambientes urbanos causa sérios problemas para o

grupo e para a população que entra em contato com estes animais e que a sua

investigação em abrigos antrópicos é de fundamental importância para o

reconhecimento da diversidade do grupo em uma determinada área.

Palavras-chave: abrigos, epidemiologia, morcegos, urbanos.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................07

2. REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................09

3. OBJETIVOS.....................................................................................................13

3.1 Objetivo geral............................................................................................13

3.2 Objetivos específicos.................................................................................13

4. METODOLOGIA..............................................................................................13

4.1 Área de estudo..........................................................................................13

4.2 Coleta de dados........................................................................................14

4.2.1 Registro e mapeamento dos abrigos utilizados por morcegos........14

4.2.2 Realização de coletas em áreas abertas........................................15

4.3 Identificação dos espécimes.....................................................................15

4.4 Desenvolvimento de ações de educação..................................................16

4.5 Levantamento de problemas e mitos relacionado aos morcegos.............16

5. RESULTADOS................................................................................................17

6. DISCUSSÃO....................................................................................................26

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................30

REFERÊNCIAS.....................................................................................................31

ANEXOS................................................................................................................38

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1. INTRODUÇÃO

A destruição dos abrigos naturais de morcegos, como consequência de

desmatamentos e/ou outras alterações ambientais mais profundas, decorrentes de

intensas atividades antrópicas, forçam os animais a se deslocarem para áreas

urbanas e adotarem domicílios ou outros tipos de construções como refúgios

alternativos (TADDEI 1997; LOCATELI 2004). Além disto, as cidades são fontes de

atração para uma diversidade de espécies de morcegos, uma vez que estas áreas

fornecem abrigo em suas construções, a iluminação atrai um grande número de

insetos que são o alimento das espécies insetívoras e a arborização urbana fornece

abrigo nas copas e ocos das árvores, além de alimento através de flores e frutos

(JARDIM, 2008).

Os abrigos antrópicos referem-se a locais de construção humana ocupados

por morcegos, dentre os abrigos utilizados por estes animais em áreas urbanas,

destacam-se coberturas com laje ou forro, espaços cobertos sem laje ou forro,

seguido de folhagens, ocos de árvore, edificações desabitadas e juntas de dilatação

(VIZOTTO e TADDEI, 1976; WILKINS, 1989; PACHECO et al. 2010). Fatores como

o tipo de material do qual é constituído o abrigo artificial, suas dimensões, amplitude

e fatores abióticos (luminosidade, umidade e temperatura) são limitantes para a

adaptação dos morcegos em cidades, já que a maioria procura características

semelhantes às encontradas nos refúgios naturais. De acordo com Lima (2008) há

63 espécies de morcegos ocorrendo em áreas urbanas e em muitos casos

associadas às construções antrópicas, porem sendo o Brasil um país de proporções

continentais, não há dados completos sobre o número total de espécies ocorrentes

nas cidades brasileiras (PACHECO et al. 2010), já que o conhecimento sobre

morcegos na grande maioria das cidades é restrito às espécies que são enviadas ou

coletadas esporadicamente pelos órgãos de saúde e/ou agricultura, municipais ou

estaduais. Segundo Bredt et al. (1998), as espécies de morcegos que são mais

encontradas em edificações pertencem as famílias Molossidae, Vespertilionidae,

Noctilionidae e Phyllostomidae, sendo a primeira a que apresenta maior ocorrência

nos centros urbanos brasileiros.

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Estudos com morcegos urbanos em Pernambuco registraram até o momento

25 espécies (SILVA 2000; GUERRA 2007; LEAL 2007 e 2008; MELO 2007). Com a

grande interação no meio urbano, os mamíferos voadores acabam causando alguns

transtornos, como: o acúmulo de fezes no forro de residências, sujeira em áreas

livres por conta da chuva de sementes, mau cheiro e sobretudo zoonoses (LIMA,

2008). Em Pernambuco já foi registrada a presença de uma espécie de morcego que

não é muito comum em áreas urbanas, Desmodus rotundus, morcego hematófago

que foi registrado em área urbana de Olinda, sangrando cães (DANTAS-TORRES et

al. 2006), sua presença em diferentes municípios na área Metropolitana do Recife e

da Zona da Mata ao Sertão está quase sempre relacionada a agressões em

humanos, animais domésticos e de criação (OLIVEIRA, et al. 2011).

Nas cidades predominam as espécies insetívoras (Molossidae e

Vespertilionidae) e fitófagas (Phyllostomidae), com baixos registros de hematófagos,

a atividade deste último se intensifica nas zonas rurais, provavelmente pela maior

disponibilidade de seus recursos alimentares e abrigos, sendo importante

acompanhar a sua atividade nos dois ambientes, uma vez que os hematófagos

apresentam características que facilitam a propagação da raiva. Entretanto, todos os

morcegos, independente do seu hábito alimentar, podem morder, se forem

indevidamente manipulados ou perturbados, e caso estejam doentes podem vir a

transmitir a raiva. No Brasil, a raiva em morcegos já foi diagnosticada em 41

espécies (SODRÉ et al. 2010) de diferentes hábitos alimentares, com registros em

áreas urbanas, inclusive coletadas em abrigos antrópicos. Esta doença é altamente

letal e específica dos mamíferos.

Reconhecendo a alteração do perfil epidemiológico da raiva e a importância

das ações de vigilância da raiva em espécies sinantrópicas, particularmente

morcegos, o Instituto Pasteur reformulou diretrizes para o monitoramento da raiva

nesse grupo (KOTAIT, 2003), dentre elas destacou a importância de estudar abrigos

e colônias de morcegos em áreas urbanas. Para um monitoramento eficiente das

zoonoses transmitidas pelos morcegos ou para solucionar problemas causados por

estes animais bem como minimizar os impactos negativos sofridos por essa fauna

quando estabelecidas no ambiente urbano, o mapeamento e caracterização de

abrigos são indispensáveis.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

A maior parte das espécies de morcegos, quase 88%, é exclusivamente

tropical (FINDLEY, 1993), a Ordem é atualmente composta por 18 famílias e mais de

1113 espécies. No Brasil são conhecidas 9 famílias, 65 gêneros e 174 espécies

(PAGLIA et al. 2012).

Ecologicamente, os morcegos atuam como agentes dispersores de sementes

contribuindo para a regeneração de áreas degradadas e os polinizadores são

responsáveis pela reprodução de várias espécies de plantas de interesse

econômico. Contribuem para o controle populacional de insetos, inclusive de

espécies vetoras de doenças para os seres humanos e outros animais, bem como

insetos pragas agrícolas (TADDEI, 1983; REIS et al. 2007). Os morcegos podem

transmitir algumas doenças, principalmente raiva, histoplasmose e criptococose e

causar eventuais transtornos as pessoas, quando estes invadem as habitações

humanas em áreas urbanas (BREDT, et al. 1998).

Os quirópteros podem explorar vários tipos de abrigos, refugiando-se durante

o dia em locais fechados que recebem pouca ou nenhuma influência do meio

externo, tais como: iluminação, temperatura, ventilação e umidade, neste caso

fazendo uso de cavernas, grutas, ocos de árvores, porões, sótãos, fossos de

elevador, furnas, minas, poços artesianos abandonados, bueiros, fendas de rochas

túneis de viação férrea, barragens, tocas, cupinzeiros, habitações humanas entre

outros. Locais abertos, praticamente sujeitos a influência do meio externo também

são utilizados: ramos de árvores, superfícies inferiores de folhas, sob pontes,

suspensos em cipós no interior de capões do mato e entre a folhagem densa da

copa de diversas árvores (TADDEI et al. 1983; BREDT et al. 1998).

A destruição de seus locais de abrigo naturais, como consequência de

desmatamentos e/ou outras alterações ambientais mais profundas, decorrentes de

intensas atividades antrópicas, forçam os animais a se deslocarem para áreas

urbanas e adotarem domicílios ou outros tipos de construções como refúgios

alternativos (TADDEI 1997; LOCATELI 2004). Nas cidades muitas espécies de

morcegos passam a viver em áreas verdes (praças, parques e reservas), devido a

uma maior oferta de recursos alimentares nesses ambientes. Algumas espécies de

morcegos, sobretudo as insetívoras, se mostram mais versáteis que outras na

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colonização do ambiente urbano, sendo por isso considerada acentuadamente

antropofílicas (TADDEI, 1983), dentre essas as famílias Vespertilionidae e

Molossidae são as mais comuns em ambientes urbanos (CHAVES, 2003). Segundo

Bredt et al. (1998), as espécies de morcegos que vivem alojadas em edificações

pertencem ás famílias Molossidae, Vespertilionidae, Noctilionidae, e Phyllostomidae,

sendo a primeira a que apresenta maior ocorrência nos centros urbanos brasileiros.

Para a população das cidades, a presença de morcegos habitando o forro de

suas casas não é agradável. A sujeira provocada pelas fezes, o barulho produzido

pela ecolocalização e o medo que a população tem desses animais são transtornos

comuns associados aos morcegos em áreas urbanas (BREDT et al. 1998). A

presença dos morcegos nas áreas urbanas gera o risco de transmissão de

zoonoses, sobretudo a raiva (HILL e SMITH 1984). No Brasil a raiva em morcegos já

foi diagnosticada em 41 espécies (SODRÉ et al. 2010).

A raiva pode ser considerada como uma antropozoonose, caracterizada por

encefalite aguda e letal transmitida por um vírus da família Rhabdoviridae

(DIMMOCK et al. 2001). O vírus rábico pode ser didaticamente apresentado em

quatro ciclos epizootiológicos de transmissão (BRASIL, 2004):

- Ciclo urbano - caracterizado pela presença de vírus da raiva entre animais

domésticos de estimação (cães e gatos);

- Ciclo rural - o morcego hematófago Desmodus rotundus é o principal transmissor

da doença aos animais de produção (bovinos, equinos, caprinos e outros);

- Ciclo silvestre terrestre - ocorrem entre animais como raposa, lobo, macaco,

guaxinim e quati;

- Ciclo silvestre aéreo - que acontece entre morcegos e é importante na

disseminação do vírus no ambiente, transpondo barreiras geográficas, por serem os

únicos mamíferos que voam, sendo os únicos responsáveis pela manutenção deste

ciclo.

A raiva está entre as dez principais causas de morte em humanos dentre as

doenças infecciosas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000), sendo responsável

anualmente por cerca de 55.000 mortes e 10 milhões de tratamentos pós-

expositivos em todo o mundo (ARAUJO et al. 2008). A transmissão ocorre

principalmente por meio de mordeduras e arranhões em contato com a saliva de

animais infectados, podendo ainda ocorrer através de inalação de partículas virais.

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Não há tratamento para a raiva depois de estabelecido o quadro clínico, com

raríssimas exceções alguns indivíduos sobreviveram à doença (DE MATTOS et al.

2001; LIERBERMAN, 1988). Portanto, o combate à doença deve ser realizado por

meio de medidas profiláticas.

A eliminação da raiva nas Américas tem sido tema de várias reuniões

internacionais nas últimas décadas, entre elas se destaca a Reunião de Guaiaquil,

onde os países firmaram um plano de ação conjunta com o objetivo de eliminar a

raiva urbana das grandes cidades das Américas, até o final da década de 1980

(ORGANIZACION PANAMERICANA DE LA SALUD, 1983). No Brasil, em 1973,

instituía-se o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR), com o objetivo de

promover atividades sistemáticas de combate à raiva humana, mediante o controle

da antropozoonose nos animais domésticos e o tratamento específico das pessoas

agredidas. Com o grande sucesso do PNPR, os morcegos se tornaram o maior

reservatório do vírus rábico, já que os animais domésticos saíram de foco com o

grande controle neste grupo. Os morcegos hematófagos, especialmente o

Desmodus rotundus, são os reservatórios do vírus da raiva nos países da América

Latina (TORRES e QUEIROZ-LIMA, 1935)

O principal transmissor da raiva dos herbívoros no Brasil é o morcego

Desmodus rotundus, responsável pela morte de 40 mil cabeças de gado anualmente

(KOTAIT et al. 1998). A raiva transmitida por esta espécie também é conhecida

como “raiva desmodina”, e o ciclo epidemiológico da raiva entre morcegos e bovinos

é conhecido como raiva dos herbívoros ou “raiva rural”. Desmodus rotundus,

também é responsável pela agressão a humanos além de ataques aos animais, em

toda América Latina. As agressões concentram-se nas regiões mais pobres do

Continente, havendo relatos em quase todos os países latino americanos, inclusive,

o Brasil (UIEDA, 1993).

Além da participação do morcego hematófago no ciclo da raiva, sabe-se que

outras espécies de morcegos podem eventualmente participar do ciclo. Entretanto,

as ações de controle e monitoramento da raiva em morcegos no Brasil ainda são

incipientes quando direcionadas as áreas urbanas, de fato esse controle é mais

efetivo nas zonas rurais devido à raiva rural que causa sérios prejuízos à pecuária.

Uma vez que há grande interação no campo entre morcegos hematófagos e

herbívoros terrestres, animais domésticos e estes com a população algumas

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medidas são tomadas a fim de controlar populações de D. rotundus, a mais comum

ocorre com o uso de anticoagulantes (Warfarina). A fim de minimizar os efeitos da

raiva dos herbívoros Schneider et al. (1996) propõem diferentes estratégias para o

combate ao D. rotundus.

No ambiente urbano outras medidas são tomadas para controlar a raiva em

morcegos, além disso, a presença desses animais no ambiente urbano, interagindo

com a população local trazem alguns outros transtornos que devem ser resolvidos

e/ou orientados pela Vigilância Ambiental. O Instituto Pasteur, reconhecendo a

alteração do perfil epidemiológico da raiva e a importância das ações de vigilância

da raiva em espécies sinantrópicas, particularmente morcegos, reformulou diretrizes

para o monitoramento da raiva nesse grupo. Dentre as diretrizes inseridas no

documento, podemos destacar: 1. Capacitar agentes; 2. Estimular a formação de

uma rede de laboratórios regionais para identificação de morcegos; 3. Levantamento

da quiropterofauna urbana; 4. Propor sistema de informação integrada; 5. Promoção

em saúde; 6. Medidas profiláticas.

O controle do ciclo urbano da raiva e as modificações no ambiente

provocadas pela intervenção humana estão provocando o aparecimento de novos

ciclos epidemiológicos da enfermidade e evidenciando ciclos já existentes. Os casos

de raiva provenientes de variantes silvestres com acometimento de seres humanos

na região nordeste e a notificação de casos de morcegos positivos encontrados em

áreas urbanas da mesma região comprovam este fato. Estes ciclos epidemiológicos

devem ser estudados a fim de se determinar os possíveis reservatórios, implicando

na determinação dos melhores métodos de profilaxia e controle para a raiva.

Considerando que a raiva é uma doença que se apresenta em forma heterogênea e

a variedade de espécies de animais susceptíveis, para alcançar efetivo controle da

doença e reduzir substancialmente o risco de mortes humanas, é fundamental o

fortalecimento do sistema de informação e vigilância epidemiológica da doença. A

vigilância e informação da raiva cobra particular importância no nível local que por

sua dinâmica própria os fatores de risco necessitam ser avaliados em forma

contínua.

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Mapear e caracterizar os abrigos antrópicos utilizados por morcegos nas

áreas urbana e rural, a fim de minimizar os transtornos causados pelos mamíferos

voadores a população humana.

3.2 Objetivos específicos

- Registrar os abrigos antrópicos de morcegos em áreas urbanas e rurais;

- Identificar as espécies que utilizam abrigos antrópicos;

- Levantar os problemas relacionados aos morcegos propondo medidas mitigadoras;

- Listar as espécies de morcegos que ocorrem nas áreas urbanas;

- Levantar os principais mitos, crendices e lendas a respeito dos morcegos

disseminados na população, orientando assim sobre a importância desses animais e

os cuidados necessários para um bom convívio;

4. METODOLOGIA

4.1 Área de estudo

São José do Egito Localizada a uma latitude 07º28'44"sul e a uma longitude

37º16'28" oeste, estando a uma altitude de 585 metros. (Figura 1) é servida pelas

rodovias PE-275, PE-280 e BR-232 e dista da capital pernambucana cerca de 404

quilômetros. Administrativamente, o município é composto pelos distritos sede,

Bonfim, Riacho do Meio e pelos povoados de Batatas, Curralinho, Mundo Novo, São

Sebastião de Aguiar, Vila do Espírito Santo e Juazerinho. Sua população de 31.838

habitantes (IBGE/2010). Possui uma área de 792,00 km². Segundo dados da

secretaria de saúde (departamento de endemias) São José conta com um total de

12.351 imóveis entre residencias, estabelecimentos comerciais, prédios publicos e

instalações.

O clima é semiárido, a temperatura média anual é de 27°C, precipitação

pluviométrica de 624 mm e os meses mais chuvosos são março e abril. Quanto à

vegetação predomina a caatinga hiperxerófila. O munícipio tem como fonte

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econômica principal o comércio, além da agropecuária, com maior potencialidade de

desenvolvimento para a suinocultura, a avicultura de corte e de postura e também a

bovinocultura de leite. Referente a saúde São José do Egito possui dois hospitais,

sendo um particular e outro público, com total de 73 leitos, o que representa 2,03

leitos por 1.000 habitantes. São eles, Clínica Santa Maria (privada, mas conveniada

ao SUS) e o Hospital Geral Maria Rafael de Siqueira (público municipal).

Figura 1 - Diagrama com mapa evidenciando a área urbana de São José do Egito.

4.2 Coletas de Dados

O trabalho ocorreu entre os meses de agosto/2011 e julho/2012 através de

idas mensais a campo, com duração média de quatro noites, contando com o apoio

logistico da Secretaria Municipal de Saúde de São José do Egito que forneceu

hospedagem, transporte, alimentação e suporte técnico, necessários para a efetiva

realização do trabalho, para deslocamento nas várias áreas do município e

investigação de abrigos.

4.2.1 Registro e mapeamento dos abrigos ultilisados por morcegos

Os abrigos foram registrados a partir da aplicação de um questionário (Anexo

C) junto a população local, os locais foram escolhidos aleatoriamente e pelo

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levantamento das denúncias encaminhadas a vigilância sanitária. Na zona rural a

investigação de abrigos ficou limitada apenas as áreas de denuncia de ataque de

morcegos hematófagos, devido a sua grande extenção e da disponibilidade de

transporte, tornando-se inviável realizar buscas aleatórias de abrigos. Ao momento

que se constava no questionário a presensa de morcegos em uma residência, uma

visita ao local era marcada a fim de confirmar os abrigos, em seguida levantavam-se

as características do mesmo e a coordenada geográfica e quando possívels os

animais eram capturados para identificação. Os pontos de abrigos foram plotados

em mapas fornecidos pela Secretaria de Obras do município, ultilizando como apoio

o software gratuito Google Earth 6.2 para georeferenciar a plotagem.

4.2.2 Realizações de coletas em áreas abertas e abrigos

A captura dos quirópteros em áreas abertas foi realizada com utilização de

cinco redes de neblina (mist nets) de 07 e 14 metros de comprimento, posicionadas

próximas a pontos de forrageamento, edificações e corredores de voo. As capturas

tinham início as 17 e término às 24h e foram realizadas de acordo com as fases da

lua de quarto minguante e nova. Estas coletas se concentraram em locais de grande

atividade de morcegos. As coletas em abrigos (figura 2) foram realizadas

principalmente no período diurno mediante autorização dos proprietários e

acompanhamento da equipe de vigilância sanitária do município. Os morcegos eram

capturados nos abrigos com a utilização de puçá, pinças e redes de neblina

dependendo do tamanho e condições dos mesmos.

4.3 Identificação dos espécimes

Os animais foram identificados com base nos trabalhos de Vizotto e Taddei

(1973), Eisenberg (1989), Redford e Eisenberg (1992), Eisenberg e Redford (1999),

Gregorin e Taddei (2002) além de outras quando necessário e a classificação seguiu

Paglia et al. (2012). Dois espécimes foram mortos para elaboração de uma coleção

testemunho e encontram-se em fase de encaminhamento para deposição na

coleção de mamíferos Deoclécio Guerra da UFPE.

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16

Figura 2. Rede armada na saída do abrigo, em destaque (seta) via de entrada e saída

dos animais.

4.4 Desenvolvimentos de ações de educação

Para um eficiente levantamento de dados e desenvolvimento do trabalho foi

necessária à participação da comunidade local. Com esta parceria foi realizado um

trabalho de educação ambiental voltado à importância ecológica e manejo dos

morcegos. Foram realizadas palestras para alunos e agentes de endemias e saúde,

enfatizando a importância dos morcegos. Durante estas intervenções conceitos

relacionados a mitos e crendices em relação aos morcegos foram levantados e

esclarecidos.

4.5 Levantamento de problemas e mitos relacionado aos morcegos

Para a investigação dos problemas sofridos e causados pelos morcegos, foi

utilizado o questionário de entrevistas (anexo C). Esta sondagem foi realizada nas

residências que tinham abrigos confirmados. As perguntas eram feitas

informalmente para não intimidar os moradores.

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5. RESULTADOS

Foram identificadas na região de São José do Egito 18 espécies de

morcegos, divididas em cinco famílias (Tabela 01), doze espécies foram

encontradas em abrigos. A maior riqueza foi na família Phyllostomidae. As demais

famílias foram Noctilionidae, Vespertilionidae, Emballonuridae e Molossidae, esta

ultima apresentou o maior número de indivíduos coletados, a maioria deles foi

capturada em abrigos de área urbana ou enviada pela comunidade para a vigilância

sanitária por meio de doação.

Tabela 1. Lista de morcegos capturados no município de São José do Egito e frequência absoluta dos indivíduos.

Família Espécie H.A. C.A. C.L. T.C.

EmballonuridaeF

PeropteryxG Peropteryx macrotis (Wagner, 1843) INS 12 0 12

MolossidaeF

EumopsG Eumops auripendulus (Shaw, 1800) INS 0 2 2

Eumops glaucinus (Wagner, 1843) INS 6 3 9

MolossusG Molossus molossus (Pallas, 1766) INS 261 15 276

PromopsG Promops nasutus (Spix, 1823) INS 2 0 2

NoctilionidaeF

NoctilioG Noctilio leporinus (Linnaeus, 1758) PIS 0 1 1

PhyllostomidaeF

ArtibeusG

Artibeus lituratus (Olfers, 1818) FRU 0 1 1

Artibeus planirostris (Spix, 1823) FRU 22 47 69

CarolliaG Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) FRU 8 17 25

DesmodusG Desmodus rotundus (É. Geoffroy, 1810) HEM 0 5 5

DiphyllaG Diphylla ecaudata Spix, 1823 HEM 1 4 5

GlossophagaG

Glossophaga soricina (Pallas, 1766) NEC 44 4 48

LonchorhinaG Lonchorhina aurita Tomes, 1863 ONI 30 0 30

PhyllostomusG Phyllostomus discolor Wagner, 1843 ONI 0 3 3

PlatyrrhinusG Platyrrhinus lineatus (É. Geoffroy, 1810) FRU 1 7 8

ThrachopsG

Trachops cirrhosus (Spix, 1823) CAR 15 1 16

VespertilionidaeF

EptesicusG Eptesicus furinales (d’Orbigny&Gervais, 1847) INS 0 1 1

MyotisG Myotis lavali (Moratelli, Peracchi, Dias & Oliveira, 2011)

INS 10 8 18

Total 18 espécies 412 119 531 Legenda. F – família, G– Gênero, C.A.- Capturas em abrigos, C.L.- Capturas livres, T.C.- Total de capturas, H.A. – Hábitos alimentares, INS – Insetívoro, PIS – Piscívoro, FRU – Frugívoro, HEM – Hematófago, NEC – Nectarívoro, ONI – Onívoro, CAR – Carnívoro.

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Do total de imóveis de São José do Egito 2,29% (n= 283) foram visitados,

destes 50,5% (n= 143) afirmaram haver morcegos se abrigando em suas

dependências, dentre eles 85 foram visitados e todos confirmados, o que resultou

em 0,6% do total de imóveis no município. Exclusivamente na zona urbana

registrou-se um total de 64 abrigos divididos em nove tipos (tabela 2), e 21 na zona

rural divididos em oito tipos.

Tabela 2. Quantidade de morcegos capturados em abrigos da zona urbana.

Espécie/Abrigos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Total

Artibeus planirostris 0 0 0 18 1 1 0 1 0 21

Eumops glaucinus 0 0 0 0 0 0 1 1 0 2

Glossophaga soricina 1 12 0 1 0 0 8 2 0 24

Molossus molossus 0 0 19 0 0 0 127 94 7 247

Myotis lavali 0 0 0 0 0 0 2 1 0 3

Peropteryx macrotis 0 0 0 0 0 0 2 10 0 12

Promops nasutus 0 0 0 0 0 2 0 0 0 2

Total 1 12 19 19 1 2 140 109 7 311

Legenda: 1=Caibro; 2=caixa d’água; 3=cumeeira; 4=azeitona; 5=palmeira; 6=coqueiro; 7=forro; 8=telhado; 9=viga.

Na área urbana o abrigo que se destacou em maior número de capturas foi

“forro” com 28 ocorrências e 140 morcegos capturados, com a predominância dos

Molossídeos (Tabela 3). Dentre os abrigos urbanos três não são considerados

antrópicos, pois são abrigos naturais, árvores utilizadas na arborização urbana

(Coqueiro - Cocos nucifera, Azeitona preta – Syzygium cumini e Palmeira leque

Livistona rotundifolia). Os abrigos tiveram uma ampla distribuição (anexo A), apesar

da maioria deles ter sido localizada no centro da cidade. De forma geral os abrigos

da cidade não divergiam muito, as construções tinham em sua maioria um padrão de

estabelecer entre a laje e o telhado um espaço muito amplo usado como depósito e

reservatórios de água, apresentando pouca luminosidade (figura 3). Eram lugares

pouco visitados, com espaços diferentes para saída e entrada dos animais que

variou de frestas e falhas no telhado até grandes aberturas, facilitando a presença

dos morcegos no local. Até as casas de forro e telha tinham certa amplitude entre

ambos, a média da altura dos abrigos em seu interior variava entre 20 cm a 0,5m. O

clima da região favorece o aquecimento dos abrigos, cuja posição variava entre

poente e nascente e grande parte dos abrigos detinham pouca luminosidade.

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Tabela 3. Relação dos abrigos da zona urbana por bairro, espécie residente e número de animais capturados e/ou observados.

Bairro Total de

abrigos Tipos de abrigo

N de abrigos

Espécies (N abrigo)

Nº capturas e/ou observado

Jardim Bela Vista

2 Forro 1 M.m (01) 10

Pé de azeitona

1 G.s (01) 1

A.p (01) 18

Centro

25 Caibro 1 G.s (01) 1

Forro 15

M.m (05) 29

E.g (01) 1

A.p(02) 4

NI (07) 0

Palmeira 1 A.p (01) 1

Telhado 6

M.m (02) 2

P.m(01) 10

NI (03) 0

Viga 2 M.m (02) 2

Ipiranga

6 Telhado 4 M.m (03) 10

NI (01) 0

Forro 1 NI (01) 0

Coqueiro 1 A.p (01) 0

Novo Horizonte

13 Forro

4 M.m (03) 7

G.s (01) 1

Telhado

6 M.m (05) 17

G.s (01) 1

Viga 4 M.m (04) 4

NI 1 E.g 2

Pajeú

4 Forro 3

M.m (02) 64

G.s (01) 107

Telhado 1 M.m (01) 1

Planalto

8 Caixa d’água

1 G.s(01) 12

Cumeeira 1 M.m (01) 19

Forro 2 M.m (01) 13

NI (01) 0

Telhado 4

E.g (01) 1

G.s (01) 1

M.m (01) 60

NI (01) 0

Coqueiro 1 P. n (01) 2

Vila da Cohab

3 Forro

2 M.l (01) 4

M.m (01) 9

Coqueiro 1 NI (01) 0 Legenda: M.m=Molossus molossus, A.p=Artibeus planirostris, G.s=Glossophaga soricina, E.g=Eumops glaucinus, P.m=Peropteryx macrotis, P.n=Promops nasutus, M.l=Myotis lavali, NI= não identificado

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Figura 3 – Abrigo de molossídeos (Molossus molossus) no telhado de uma residência

de zona urbana, setas indicam os espécimes no abrigo.

Na zona rural de 25 localidades visitadas 12 apresentaram abrigos (anexo B),

sendo a localidade “Curralinho” com o maior número (Tabela 4). O abrigo que se

destacou foi “telhado” com seis ocorrências em seis localidades diferentes e

apresentou o maior número de capturas com 35 morcegos capturados, de um total

geral de 101 capturas (Tabela 5). De todos os abrigos da zona rural dois (furnas e

frestas de rochas) foram naturais. Os abrigos rurais no geral caracterizaram-se como

abrigos amplos, arejados e pouco iluminados, estando alocados em sua maioria em

espaços desabitados como, casas abandonadas, cocheiras, quarto de ferramentas,

garagens e celeiros.

0,5 m

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Tabela 4. Relação dos abrigos da zona rural por localidade, espécie residente e número de animais capturados e/ou observados.

Localidade Total de

abrigos Tipos de abrigo

N de abrigos

Espécies (N abrigo)

Nº capturas e/ou observado

Capela de São Pedro

1 Telhado 1 G.s (01) 17

Curralinho 5

Caixa d’água 1 C.p (01) 1

Telhado 1 C.p (01) 1

Forro 1 NI (01) 0

Casa abandonada

2 D.e(1) 1

NI(1) 2

Fazenda Veneza

1 Telhado 1 M.m (01) 18

P.l (01) 2

Faz. Riacho Fundo

1 Casa abandonada

1 T.c (01) 8

Passagem da Cobra

4 Casa abandonada

2 T.c (01) 8

C.p (01) 3

G.s (01) 23

Viga 1 E.g (01) 4

Telhado 1 NI (01) 0

Riachão

1 Casa abandonada

1 T.c (01) 5

C.p (01) 4

Retiro 1 Frestas de rochas

1 NI(1) 6

São Miguel 1 Cisterna 1 G.s(1) 1

NI(1) 5

Sítio Angico

1 Telhado

1 M.l (01) 2

M.m (01) 11

Sítio Ladeira Dantas

2 Cumeeira 1 M.l (1) 5

Cisterna 1 L.a(1) 30

Sítio Oiti 2

Furnas 1 T.c (1) 1

Frestas de rochas

1 A.p (1) 1

NI (1) 9

Sítio Queimadas

1 Telhado 1 G.s (1) 1

C.p (1) 1

T.c(1) 1

D.e(1) 1

Legenda: M.m=Molossus molossus, G.s=Glossophaga soricina, E.g=Eumops glaucinus, P.l=Platyrrhinus lineatus, T.c=Trachops cirrhosus, C.p=Carollia perspicillata, M.l=Myotis lavali, D.e=Diphylla ecaudata, NI= não identificado.

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Tabela 5. Quantidade de morcegos capturados em abrigos da zona Rural.

Espécie/Abrigos 1 2 3 4 5 6 7 8 Total

Artibeus planirostris 0 0 0 0 0 0 0 1 1

Carollia perspicillata 4 1 1 0 2 0 0 0 8

Diphylla ecaudata 1 0 0 0 0 0 0 0 1

Eumops glaucinus 0 0 0 0 0 4 0 0 4

Glossophaga soricina 0 4 0 0 16 0 0 0 20

Lonchorhina aurita 0 0 0 0 0 0 30 0 30

Molossus molossus 0 0 0 0 14 0 0 0 14

Myotis lavali 0 5 0 0 2 0 0 0 7

Platyrrhinus lineatus 0 0 0 0 0 1 0 0 1

Trachops cirrhosus 14 0 0 1 0 0 0 0 15

Total 19 10 1 1 34 5 30 1 101

Legenda: 1=Casa abandonada; 2= cumeeira; 3= caixa d’água; 4=furnas; 5=telhado; 6=Viga; 7=Cisterna; 8=Fretas de rochas.

Molossus molossus apresentou maior distribuição na cidade, ocupando

abrigos em todos os bairros investigados e em sua maioria abrigos estreitos e

quentes, predominando o refugio em forro (n=13) e telhado (n=12).

Artibeus planirostris foi encontrado abrigando-se em três bairros da cidade e

em dois estava associado a abrigos naturais, nas plantas de C. nucifera (Coqueiro),

S. cumini (azeitona preta) e L. rotundifolia (Palmeira leque), nesta ultima o animal

compartilhava o abrigo com andorinhas. Os únicos abrigos antrópicos em que o

animal foi encontrado eram uma casa em construção em que três animais estavam

se abrigando em uma forração de laje, onde não foi realizada captura e uma escola

desativada. Um espécime proveniente desta escola foi doado para a secretaria de

saúde, sendo revisitada posteriormente.

Glossophaga soricina esteve presente em cinco dos sete bairros investigados,

ocupando cinco tipos de abrigos onde apenas um foi natural, alocado na área

urbana do município, compartilhando a copa de S. cumini com A. planirostris (tabela

6). A espécie foi encontrada formando uma grande colônia em um cômodo de um

galpão para estoque de móveis, foram contados aproximadamente 100 indivíduos,

todos juntos aderidos ao forro de laje do local e cinco indivíduos mortos no piso, dois

foram capturados vivos e cinco foram recolhidos. Todos os abrigos onde esta

espécie foi encontrada eram amplos, com pouca luminosidade e com grandes

aberturas para a entrada e saída dos animais. O abrigo que apresentou a maior

colônia, além de ter estas características era pouco perturbado, oferecendo além de

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tudo segurança para que os animais pudessem reproduzir e cuidar de seus filhotes,

já que a colônia está no local a mais de dois anos e meio. Na zona rural G. soricina,

esteve presente em três localidades, relacionada a telhados e casa abandonada,

neste os morcegos também foram observados pendurados no telhado, porém a casa

em si era usada como abrigo já que várias partes do local havia sinais bem

localizados de fezes. A espécie destacou-se na zona rural por apresentar o maior

número de animais capturados e/ou observados, com uma casa abandonada em

“Passagem da Cobra” abrigando 23 animais.

Tabela 6. Espécies coabitando o mesmo abrigo.

Espécies Tipo de abrigo

Zona Número de registros

Glossophaga soricina X Artibeus planirostris Pé de azeitona Urbana 1

Eumops glaucinus X Molossus molossus Forro Urbana 1

Molossus molossus X Myotis lavali Forro Urbana 1

Telhado Rural 2

Thrachops cirrhosus X Carollia perspicillata Casa abandonada

Rural 2

Diphylla ecaudata X Glossophaga soricina X

Carollia perspicillata X Thrachops cirrhosus

Casa abandonada

Rural 1

Eumops glaucinus, foi encontrada em três bairros da cidade, presente em

apenas um abrigo em cada bairro (forro e telhado). No bairro Novo Horizonte, o

animal foi doado à secretaria de saúde, o animal foi encontrado no chão da

residência, possivelmente proveniente de um abrigo no telhado da mesma. Na zona

rural E. glaucinus, foi encontrado em apenas uma localidade se abrigando na viga

do telhado de um quarto de primeiro andar, ficando aproximadamente a 6 metros do

chão. A viga era voltada para o exterior e coberta por uma madeira, deixando um

pequeno espaço entre ambas, local onde os morcegos aproveitaram para se alojar.

Na mesma viga dividia espaço com pequenos molossídeos provavelmente M.

molossus e um Vespertilionidae semelhante a Myotis sp. que levantou voo,

pousando próximo ao local, mas que não foram coletados.

Peropteryx macrotis foi registrada apenas no centro da cidade, abrigando-se

no telhado de uma residência, onde 10 animais foram observados e capturados.

Myotis lavali foi encontrada apenas (relacionado a abrigo) no bairro “Vila da

Cohab” abrigando-se no forro de um clube de eventos que raramente é utilizado. O

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forro era bem amplo e escuro, o chão abaixo da entrada do abrigo estava repleto de

fezes assim como a parede manchada. Na zona rural foi registrada e capturada em

duas localidades, abrigando-se em cumeeira e em telhado. No Sítio Angico a

espécie estava compartilhando abrigo com M. molossus.

Promops nasutus, foi registrada em apenas um bairro, se abrigando em um

coqueiro (C. nucifera) onde apenas dois animais foram capturados.

Carollia perspicillata, foi capturada e observada em duas localidades,

abrigando-se em telhados e casa abandonada, abrigos que se destacam por serem

amplos e estes em particular eram pouco iluminados e com grandes saídas, como

aberturas no telhado e frestas na parede.

Platyrrhinus lineatus foi registrada na Fazenda Veneza onde dois indivíduos

foram vistos abrigando-se em um telhado, o local era pouco iluminado e pouco

visitado já que era a coberta de um depósito da fazenda.

Trachops cirrhossus foi encontrada em quatro localidades, em três a espécie

estava se abrigando em casas abandonadas e apenas um era um abrigo natural,

furnas. Com boa distribuição na zona rural, nitidamente a espécie tem preferência

por abrigos amplos, habitando não só um cômodo da casa como a casa de um

modo geral e em uma casa abandonada foi registrada coabitando com C.

perspicillata.

Diphylla ecaudata, foi encontrada abrigando-se em duas localidades da zona

rural, em “Curralinho” estava se abrigando em uma casa abandonada e no “Sítio

Queimadas” em um telhado também de casa abandonada, só que este

compartilhava o abrigo com outras espécies de morcegos.

Foram realizadas 85 entrevistas com esta sondagem, porém nem todos os

moradores sentiram-se a vontade para falar sobre os problemas causados pelos

morcegos e, sobretudo se tentaram alguma medida de controle. 50 moradores

relataram alguns problemas causados pelos morcegos (figura 4), destacando-se a

sujeira como um dos maiores problemas causados pelos quirópteros seguido de

medo e incômodo.

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Figura 4. Problemas causados pelos morcegos, junto à população.

Dezessete pessoas relataram medidas de controle e manejo das colônias

(figura 5), o método mais citado foi matar o animal. Dois dos casos mais brutais de

tentativa de controle em São José do Egito foi de um senhor que estava eliminando

os animais com um maçarico, incinerando-os vivos e de outro que montou uma

cortina de giletes exatamente na saída do abrigo que pelas características era de

molossídeos. Em conversas durante as entrevista a população ia relatando alguns

mitos e crendices em relação aos morcegos, que imediatamente eram esclarecidos.

Surgiram mitos, como: o morcego é um rato velho que cria asas, é um vampiro,

todos chupam sangue, são nojentos e atacam as pessoas. Além das dúvidas e

esclarecimentos no ato da entrevista, foram realizadas palestras e exposições em

escolas e praças sobre a importância dos morcegos.

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Figura 5. Métodos utilizados para controle de colônias pela população local.

No período que compreende de 2008 a 2012 foram encaminhados 48

morcegos encontrados em abrigos para análise rábica (C. perspicillata, A.

planirostris, M. molossus, M. lavali, P. macrotis, G. soricina). Em destaque, para uma

fêmea adulta de Glossophaga soricina, encontrada em junho de 2011 no bairro

Centro que teve o laudo positivo para a raiva, este animal foi encontrado morto,

pendurado no abrigo junto com outros espécimes. Esta mesma área de ocorrência já

teve registro positivos para a raiva em outras espécies de morcegos nos anos de

2009 e 2010. Nenhuma das outras amostras encaminhadas para análise foi positiva.

6. DISCUSSÃO

O número de espécies registrado (n = 18) representa 10,3% da riqueza de

morcegos sugerida para o Brasil (n = 174) (PAGLIA et al. 2012) e 25,7% do total de

espécies descritas para Pernambuco (GUERRA, 2008; SILVA e MARINHO-FILHO,

2009; LIRA et al. 2009). A predominância da riqueza de filostomídeos na amostra

pode estar relacionada ao fato destes serem a família mais rica na região

Neotropical (FENTON et al. 1992; KOOPMAN, 1993) e mais facilmente capturada.

6%

13%

19%

6%

6%

38%

6%

6%

Vedou a entrada do abrigo

Dedetização

Limpeza do abrigo

Retelhar a casa

Papel pega rato

Matou

Cortina de lâminas

Incineração

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Os ambientes urbanos, sem planejamento adequado, contribuem para o

estabelecimento de morcegos fitófagos e insetívoros nas cidades (HARMANI et al.,

1996; FENTON, 1997), que adaptaram-se às construções humanas, em substituição

às cavernas, ocos de árvores e outros tipos de abrigos naturais (KUNZ, 1982). O

processo sinantrópico que vem ocorrendo com algumas espécies de morcegos, tem

causado incômodos à população quanto: a) ao adentramento de morcegos nas

edificações; b) à visualização em seus abrigos diurnos e noturnos; c) às

vocalizações emitidas; d) ao mau cheiro, decorrente da presença de colônias e do

acúmulo de suas fezes e urina nos abrigos diurnos; e) à presença de fezes no

interior dos cômodos ou em paredes, muros, bancos, carros, etc.; f) voos rasantes

realizados pelos morcegos fitófagos junto à fonte de alimento. Podem, ainda, ocorrer

interações indesejáveis entre morcegos e seres humanos e seus animais de

estimação e, com isso, aumentar o risco da transmissão da raiva e outras doenças,

caso o morcego se encontre infectado.

Os abrigos preferenciais em São José do Egito são os espaços entre o forro e

o telhado, entre a laje e o telhado e nas vigas e caibro de sustentação dos telhados.

Todavia fatores como o tipo de material do qual é constituído o abrigo artificial, suas

dimensões, amplitude e fatores abióticos (luminosidade, umidade e temperatura) são

limitantes para a adaptação dos morcegos em cidades (CORTÊS et al. 1994), já que

a maioria procura características semelhantes às encontradas nos refúgios naturais.

A temperatura é uma variável sempre considerada nos trabalhos do Rio Grande do

Sul, uma vez que os morcegos ocupam locais com temperaturas superiores a 38 ºC

no verão e a 15 ºC no inverno (PACHECO et al. 2010). Uma característica marcante

quanto aos abrigos artificiais é que a grande maioria tinha espaços amplos, até o

espaço entre o forro e o telhado na maioria das casas eram de uma distancia de no

mínimo meio metro. A preferência por estes abrigos de grande amplitude também é

demonstrada no trabalho de Côrtes et al. (1994).

As espécies apresentam variabilidade quanto ao número de indivíduos

formando agrupamentos que se alteram conforme a região ou cidade, assim como a

escolha do abrigo. Segundo Pacheco et al. (2010) Molossus molossus demonstra

ser a espécie mais oportunista quanto a escolha de abrigos, uma vez que explora

uma diversidade de estruturas nas edificações, preferindo abrigos mais estreitos

onde o espaçamento entre as telhas e o forro não ultrapassa 50 cm e mesmo

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quando a cobertura é maior e mais alta, os morcegos permanecem na parte mais

baixa, normalmente, nos cantos ou entre as vigas de madeira e a parede. Essa foi a

espécies mais amplamente encontrada utilizando abrigos antrópicos o que pode

está relacionado à sua grande adaptação ao ambiente urbano (FABIAN e

GREGORIN 2008), bem como por ser um dos morcegos mais comuns das caatingas

(LEAL et al. 2003).

As espécies frugívoras exploram uma grande variedade de árvores como

abrigo (PACHECO, 2010). Artibeus planirostris demonstra ser uma espécie bem

adaptada a explorar esta característica, ocupando as copas de árvores como

principais abrigos (PACHECO et al., 2008; SAZIMA et al., 1994; SILVA e

ANACLETO, 2011), fato que ficou bem evidenciado neste trabalho, pois foi a

espécie mais encontrada abrigando-se em plantas.

C. perspicillata foi representada em abrigos artificiais nas áreas rurais,

segundo Brosset et al. (1996), Wilson et al. (1996), Estrada e Coates-Estrada (2002)

a presença desta espécie em construções antrópicas dentro da caatinga pode ser

explicada pelo fato de possuir uma maior eficiência em adaptar-se aos processos de

fragmentação ou modificação do habitat, porém esta espécie não foi encontrada na

área urbana.

Nas cidades, G. soricina segundo Nogueira et al. (2007), costuma se abrigar

em casas e cômodos abandonados, telhados, ductos de ventilação, poços de

elevadores, garagens, andar técnico (água, eletricidade, gás, esgoto, etc.),

necessitando de uma grande abertura para adentrar no abrigo. Quando podem

formar colônias bem numerosas chegando a até 2.000 indivíduos em construções

abandonadas na Caatinga (BARQUEZ et al. 1999). Exigências essas identificas para

a espécie no trabalho.

Eumops glaucinus, foi encontrada em apenas três abrigos e ao contrário do

que demonstra Pacheco et al. (2010) para o Distrito Federal, em São José do Egito,

a espécie foi considerada rara na área urbana, apesar disto esta espécie se mostra

atraída para os meios urbanos pela grande quantidade de alimento (insetos) e a

grande diversidade de abrigos antrópicos. A raridade da espécie na amostra pode

ser evidenciada pela dificuldade da captura, por estes animais voarem alto e na

dificuldade de localizar os seus abrigos (FABIAN e GREGORIN, 2008).

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Peropteryx macrotis foi registrada em um abrigo estreito (telhado) formando

uma colônia de 10 indivíduos, segundo Pacheco et al. (2010) esta espécie no

Distrito federal costuma se abrigar em cavernas no ambiente natural, já nos

ambientes urbanos prefere abrigos cujo substrato se assemelha ao das cavernas

(concreto, cimento, tijolo etc.).

Assim como no trabalho de Reis et al. (2006), os morcegos insetívoros da

família Vespertilionidae tiveram uma representação pequena em edificações urbanas

comparada aos da família Molossidae, porém Myotis lavali chegou a ser encontrada

coabitando com M. molossus. Outras espécies do gênero Myotis (KAUP, 1829), já

foram registradas coabitando com algumas espécies de morcegos, a exemplo do

Myotis levis (I. GEOFFROY, 824) que foi registrada coabitando com Desmodus

rotundus (ACHAVAL et al. 2004) e com Histiotus montanus (MIRANDA et al. 2006),

e Myotis nigricans que foi registrada coabitando com M. molossus (FABIÁN, 2008).

Promops nasutus foi registrada em apenas um abrigo, segundo Pacheco

(2010) a espécie é considerada rara para os estados de SP, PR, RS e DF no que se

refere a regiões urbanas. De acordo com Paglia et al. (2012), a espécie já foi

registrada nos biomas Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e

Pampa e segundo Guerra (2008), não há registro da espécie para Pernambuco,

sendo este o primeiro registro para o Estado.

Platyrrhinus lineatus foi uma espécie pouco representada, no que se refere a

abrigos, estando melhor amostrada em capturas livres. Segundo Pacheco et al.

(2010) esta espécie costuma se abrigar em locais relativamente bem iluminados

como construções abandonadas, beirais de casas altas, marquises e garagens.

Thrachops cirrhosus foi encontrado em quatro abrigos e um deles foi natural,

furnas. Esta espécie costuma se abrigar principalmente em árvores e troncos ocos

(KUNZ, 1982; PATTERSON, 1992, KRULL e KALKO, 1994), cavernas (JONES,

1966), bueiros (STARRETT e CASEBEER, 1968; HANDLEY, 1976) e edifícios

(TUTTLE, 1976). Já foram registrados coabitando com muitas outras espécies de

morcegos, incluindo D. rotundus, D. ecaudata, Tonatia brasiliense (Peters, 1867),

Micronycteris megalotis (Gray, 1842), G. soricina, Anoura geoffroyi Gray, 1838, A.

caudifer (E. Geoffroy, 1818), Saccopteryx leptura (Schreber 1774), S. bilineata

(Temminck, 1838), Lonchorhina aurita, Lonchophylla mordax Thomas, 1903, Mimon

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(Ruschi, 1951), e Peropteryx kappleri Peters, 1867 (GOODWIN e GREENHALL,

1961; MARQUES, 1985; RUSCHI, 1953).

Diphylla ecaudata foi registrada em duas localidades e em um dos abrigos

coabitava com Glossophaga soricina, Carollia perspicillata e Trachops cirrhosus,

porém segundo Reis et al. (2007) D. ecaudata mesmo em colônias com muitos

indivíduos, matem o hábito solitário, não se agregando a grandes grupos.

Por vários motivos já comentados, os morcegos acabam sendo atraídos para

os centros urbanos e com isto a possibilidade de contato com estes animais é maior.

Além da sujeira em residências e o medo que estes animais causam na população,

o problema maior é a possibilidade de transmissão do vírus da raiva (CÔRTES,

1994), como relatado neste trabalho, com a presença do vírus rábico em morcego

nectarívoro em um abrigo de área urbana. A ocorrência de morcegos positivos para

raiva no ambiente urbano não é tão incomum, há diversos relatos em diferentes

localidades do país, Sodré et al. (2010), relataram a presença do vírus em 41

espécies no Brasil. Dentre os dados para Pernambuco destaca-se o levantamento

de Melo (2011) e Silva et al. (2011). Apesar do incremento nos últimos anos de

casos positivos nesse grupo animal, ainda há necessidade de melhorar o

monitoramento. Como mostra Pacheco (2010) com relação a raiva, é comum,

quando da análise de documentos oficiais, a separação dos morcegos em apenas

dois grupos: “hematófagos” e “não hematófagos”. Esta separação acaba dificultando

o entendimento do papel de cada espécie na epidemiologia da raiva, impedindo

assim a elaboração de estratégias mais especificas de vigilância epidemiológica.

7. Considerações finais

A composição de espécies urbanas foi representada por animais de fácil

adaptação aos ambientes antrópicos, com predomínio de Molossus molossus, este

ocorrendo em um maior número de abrigos e com ampla distribuição no município.

Os Molossidae tiveram preferências para forro e caibros como abrigos e os

Phyllostomidae foram encontrados em abrigos mais amplos como telhados mais

altos além de vegetação urbana. A investigação em abrigos é fundamental para a

ampliação da riqueza de uma determinada localidade, já que explora outras

metodologias de capturas além das redes de neblina, a prova disto foi o novo

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registro de Promops nasutus para Pernambuco. A presença de morcegos nos

ambientes urbanos, principalmente instalados em residências representa um forte

problema para o grupo, já que são constantemente eliminados pela população. As

campanhas de educação ambiental são medidas que minimizam a interação

negativa, assim como o manejo ecológico das colônias de morcegos, que incluem

como medidas mais eficientes: vedação da entrada e saída dos abrigos,

retelhamento e limpeza, vistorias periódicas do forro, telhados e lajes e realização de

pequenas reformas na estrutura do telhado das residências a fim de diminuir a

probabilidade de instalação dos morcegos.

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ANEXOS

Anexo A. Pontos de abrigos na área urbana.

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Anexo B. Pontos dos abrigos em localidades rurais.

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Anexo C. Ficha de entrevista para a investigação de abrigos.