UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ...3 Stephanie Schuaste de Pinho AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E
SISTEMAS
Stephanie Schuaste de Pinho
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO LEAN: UMA ANÁLISE
COMPARATIVA EM OBRAS CIVIS CONVENCIONAIS E COM
CONTAINERS.
Trabalho de conclusão de Curso
apresentado ao Departamento de
Engenharia de Produção e Sistemas da
Universidade Federal de Santa
Catarina, como requisito parcial para a
obtenção do título de Engenharia, área
Civil, habilitação Produção Civil.
Orientadora: Prof.ª. Dr.ª. Marina
Bouzon.
Florianópolis
2018
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Stephanie Schuaste de Pinho
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO LEAN: UMA ANÁLISE
COMPARATIVA EM OBRAS CIVIS CONVENCIONAIS E COM
CONTAINERS.
Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado e
aprovado, em sua forma final, pelo Curso de Graduação em Engenharia
de Produção Civil, da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 20 de junho de 2018
__________________________
Prof.ª. Marina Bouzon, Dr.ª.
Coordenadora dos Cursos de
Graduação em Engenharia de Produção
Banca examinadora:
__________________________
Prof.ª. Marina Bouzon, Dr.ª.
Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina
__________________________
Marisa Nilson, M.Sc.
Membro da banca
Universidade Federal de Santa Catarina
__________________________
Prof. Guilherme Luz Tortorella, Dr.
Membro da banca
Universidade Federal de Santa Catarina
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Dedico este trabalho aos meus
filhos, Dimitri e Luara, que dão
sentido especial a minha
existência, oportunizando-me a
experimentação da maior e mais
pura forma de amor. Vocês me
inspiram e dão forças para
prosseguir.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por me guiar, proteger e dar coragem para
superar os desafios encontrados.
A UFSC, pelos anos nos quais pude adquirir conhecimentos,
desenvolver-me como pessoa e pelos amigos que encontrei ao longo
dessa jornada.
A minha orientadora Marina, pela paciência, correções e
suporte.
Aos meus filhos, Dimitri e Luara, pelo amor e inspiração.
Agradeço à todos meus amigos e amigas que, cada um de uma
forma, contribuiu para que eu chegasse aqui hoje. A minha amiga
Natália, por tantas horas de companheirismo, risadas e afeto. Aos meus
amigos Henrique e Douglas, que pude realizar diversos trabalhos e
estudos em conjunto, nos quais aprendi muito com ambos. Aos meus
amigos Pedro, Cadu, Bruna, Franciele e Carolina.
As minhas amigas Priscila e Joana, que iniciamos o curso em
conjunto, e que os caminhos nos dividiram, mas a amizade ficou.
Obrigada pelo apoio e carinho de sempre!
As empresas que concederam seu espaço e tempo para que esse
trabalho fosse desenvolvido.
A minha psicóloga Cidiane e psiquiatra Louise, pelo
acompanhamento, que foram cruciais para a finalização desse ciclo.
Ao grupo de estudos Glean, pela oportunidade de participação e
estudos, ponto chave para o direcionamento da minha vida profissional.
Ao meu companheiro Davi, principal incentivador para que este
trabalho fosse concluído.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha
formação, o meu muito obrigada!
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RESUMO
A construção civil é um dos setores que melhor garante a
qualidade de vida da população e tem um alto impacto na geração de
emprego e renda do país. Além disso, o setor é líder quando se trata de
maior consumo de matérias-primas e recursos naturais do planeta,
contudo, sendo também um dos campeões em desperdício. Desta forma,
ganhos de produtividade através da redução de desperdícios, tanto no
âmbito econômico quanto ambiental e social tem impactos elevados. Ao
encontro da demanda econômica e produtiva, surge como alternativa, a
partir do pesquisador Lauri Koskela, o Lean Construction,
implementando uma nova forma de entender o processo construtivo com
foco na redução de desperdícios, melhoria da qualidade e busca pelo
fluxo contínuo. Para avaliação destas obras, destaca-se a ferramenta
LCR, que oferece uma avaliação categorizada e de fácil visualização e
interpretação dos resultados. Além disso, neste contexto de necessidade
de novas práticas atrelado à de destinação de milhares de containers
descartados após o uso, é que surge a utilização dos containers na
construção civil. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é analisar,
comparativamente, as práticas Lean de empresas construtoras que
utilizam containers e alvenaria como matéria prima em suas
construções. Para tanto, realizou-se primeiramente uma
contextualização e revisão acerca do Lean Construction, além da
descrição da ferramenta utilizada para tal análise. A ferramenta foi
aplicadas em quatro obras, duas de cada modalidade construtiva.
Direcionando esta pesquisa, partiu-se das indicações de profissionais
atuantes da área da construção civil que aponta para a construção com
containers, como sendo mais enxuta e com menos desperdícios. Porém,
não foi encontrado na literatura, avaliações e aplicações de ferramentas
para confirmação desta afirmativa. Nesse sentido e se utilizando da
ferramenta LCR, é que esta pesquisa obteve como resultados as
melhores classificações para as obras com containers, indicando assim a
utilização destas matérias-primas como vantajosas para as dimensões
econômicas e produtivas dentro da construção civil.
Palavras chaves: Lean construction. Container. Avaliação Lean.
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ABSTRACT
Civil construction is one of the sectors that can best guarantee
the quality of life of a population and it has great impact in generation
employment and income in a country. Besides that, it is the leading
sector regarding the consumption of the planet´s raw materials and
natural resources, despite being one of the champions in waste as well.
Thus gains in productivity through the reduction of wastage in the
economic as well the social and environmental fields has high impact.
Meeting the economic and productive demands, starting with the
researcher Lauri Koskela, comes the alternative of Lean Construction,
implementing a new way of understanding the building process, with a
focus on the reduction of wastage, improvement of quality and a quest
for a continuous flow. In order to evaluate these works, we emphasize
the LCR tool, which offers a categorized evaluation of easy
visualization and interpretation of results. Besides, in this context of
need for new practices attached to the destination of thousands of
containers discarded after use comes the use of containers in civil
construction. In this context, the aim of this paper is to analyze
comparatively the lean practices of building companies that utilize
containers and masonry as raw materials in their construction works. To
this end, we have first contextualized and revised the concept of Lean
Construction, describing the tool utilized for such analysis as well. The
tool was applied to four pieces of work, two in each building modality.
Directing this research, the starting point was the indications given by
professionals from the civil construction area which lead to the process
of building with containers as the leanest, less wasteful way of building.
However, we have not found evaluations and appliance of tools in the
literature to confirm this affirmative. In this sense, and utilizing the LCR
tool, this research has obtained as results the best classifications for
works with containers, thus consolidating conclusively the utilization of
these materials as advantageous to the economic and productive
dimensions within the field of civil construction.
Keywords: Civil Construction. Container. Lean Evaluation.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Modelo de processo na filosofia gerencial tradicional. ........ 32 Figura 2 - Modelo de processo da construção enxuta. .......................... 34 Figura 3 - Processo de desenvolvimento do modelo LCR. ................... 39 Figura 4 – Dimensões container 20’ e 40’ fts. ....................................... 44 Figura 5 – Caracterização da pesquisa. ................................................. 49 Figura 6 – Delineamento da pesquisa. ................................................... 51
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Pontuação obtida por categoria da Empresa A .................... 58 Tabela 2 - Pontuação obtida por categoria da Empresa B ..................... 61 Tabela 3 - Pontuação obtida por categoria da Empresa C ..................... 65 Tabela 4 - Pontuação obtida por categoria da Empresa D ..................... 68 Tabela 5 – Pontuação e classificação geral das obras ........................... 71
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Comparativo entre gestão convencional e enxuta. .............. 31 Quadro 2 - Onze princípios do Lean Construction. .............................. 35 Quadro 3 – Categorias com pontos de avaliação da ferramenta LCR. .. 40 Quadro 4 - Classificação quanto ao grau de aplicação dos Conceitos da
Construção Enxuta. ............................................................................... 42 Quadro 5 – Vantagens e desvantagens do uso do Container na
construção civil. .................................................................................... 47 Quadro 6 - Itens avaliados no modelo LCR. ......................................... 54 Quadro 7 - Relação dos princípios com as categorias do LCR ............. 55 Quadro 8 – Pontuação das Empresas nos critérios. ............................... 56
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Percentual alcançado por categoria. da Empresa A. .......... 59 Gráfico 2 – Percentual alcançado por categoria, da Empresa B ............ 62 Gráfico 3 – Percentual alcançado por categoria, da Empresa C ............ 65 Gráfico 4 – Percentual alcançado por categoria, da Empresa D. .......... 68 Gráfico 5 – Classificação geral das obras.............................................. 70 Gráfico 6 – Percentual alcançado por categoria nas quatro obras. ........ 71 Gráfico 7 – Pontuações na categoria Foco no cliente ............................ 72 Gráfico 8 - Pontuações na categoria Desperdícios ................................ 74 Gráfico 9 - Pontuações na categoria Qualidade .................................... 75 Gráfico 10 – Pontuações na categoria Fluxo de materiais e produção
puxada ................................................................................................... 76 Gráfico 11 – Pontuações na categoria Organização, planejamento e
fluxo de informações. ............................................................................ 77 Gráfico 12 – Pontuações na categoria Melhorias contínuas .................. 78
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ISBU INTERMODAL STEEL BUILDING UNITS
LCR RAPID LEAN CONSTRUCTION-QUALITY
RATING MODEL
LC LEAN CONSTRUCTION
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 25
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA 25
1.2 OBJETIVOS 27
1.2.1 Objetivo geral 27
1.2.2 Objetivos específicos 27
1.3 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 28
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO 28
2. REFERENCIAL TEÓRICO 29
2.1 LEAN MANUFACTURING 29
2.1.1 Lean Construction 30
2.2 CONTAINERS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 42
2.2.1 Histórico de uso na construção civil 44
2.2.2 Vantagens e Desvantagens de uso na indústria da construção 45
3. MÉTODO DA PESQUISA 49
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 49
3.2 ETAPAS DA PESQUISA 51
4. RESULTADOS 53
4.1 APLICAÇÃO DO MODELO LCR 55
4.2 ANÁLISE COMBINADA DAS EMPRESAS 70
5. CONCLUSÕES 79
5.1 ATINGIMENTO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA 79
5.2 LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
80
6. REFERÊNCIAS 83
APÊNDICE A 87
24
25
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA
A construção civil está desacelerando no mercado nacional,
assim como a maioria dos demais setores industriais brasileiros, diante
da crise econômica instalada no país atualmente. Porém, trata-se de um
setor que, além de garantir melhoria na qualidade de vida, supre
necessidades fundamentais para a população, através de infraestrutura
básica como estradas, escolas, hospitais e moradias. Dessa forma, trata-
se de um setor que demanda de altos custos construtivos para resultar no
produto final, seja pela mão de obra ou de materiais.
Neste contexto, ao analisar o censo demográfico realizado pelo
IBGE (2010), obtém-se que o déficit habitacional brasileiro - quantidade
de indivíduos sem moradia adequada (ausência, coabitação excessiva ou
materiais não duráveis) no Brasil - é de quase 6,5 milhões de unidades,
representando 12,1% do total de domicílios no país. Dessa forma,
sistemas produtivos que conseguem reduzir seu prazo de entrega, a fim
de preencher essa lacuna, sem comprometer a qualidade do
empreendimento e custos envolvidos, obtêm vantagens competitivas
frente aos concorrentes.
Em termos sociais e econômicos, a construção civil tem grande
parcela no PIB brasileiro e geração de emprego, 6,4% e 9,2%
respectivamente (IBGE, 2013). É notório, dessa forma, que ganhos de
produtividade através da redução de desperdícios, tanto no âmbito
econômico quanto ambiental e social, tenham proporções elevadas. Ou
seja, qualquer mudança aparentemente pequena, tem forte impacto ao
olharmos globalmente.
Visto isso, Yuri Lima et al (2014), dizem-nos que a construção
civil lidera quando se trata de maior consumo de matérias-primas e
recursos naturais do planeta, além de ser um dos campeões em
desperdício - resultado da condução inadequada nas diversas etapas do
processo construtivo. Ainda segundo os autores, o setor é o terceiro
maior responsável pela emissão de gases para a atmosfera (que agravam
o efeito estufa), tanto na perspectiva direta, quanto na fabricação de suas
matérias primas, transportes envolvidos, entre outros.
A junção desses fatores com o fato da construção civil ser
responsável pelo consumo de materiais não-renováveis, pelos impactos
na fauna e flora, emissão de resíduos e uso do solo, fazem dela ponto
chave para o agravamento da crise ambiental em que vivemos. Além
disso, com a crescente preocupação ambiental, tanto dos consumidores
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finais assim como das legislações no âmbito construtivo, se faz
necessário a procura de alternativas que direcionem a construção para
este caminho mais “verde”.
Pela sua forte influência social e ambiental, mudanças de
comportamento e novas práticas são urgentes. Apesar de todo o
desenvolvimento obtido no último século, por exemplo, estima-se que
45% da população mundial seja pobre (CAIXA, 2010 apud ONU,
2009).
Diante dessa perspectiva quanto às demandas sociais, o desafio
se mostra bastante claro: a busca no equilíbrio entre proteção ambiental,
justiça social e viabilidade econômica, conhecido como os três pilares
da Sustentabilidade, de John Elkington (2011).
Visando sanar essas demandas, ferramentas de implementação e
avaliação que proporcionem este equilíbrio são inseridas no cenário
construtivo.
Da demanda econômica, principalmente, surge em 1992,
pesquisas de Lauri Koskela, pesquisador finlandês que fundamenta o
Lean Construction, baseado na mentalidade enxuta desenvolvida anos
antes por Taiichi Ohno, vice presidente da Toyota. Através de Koskela,
é implementado uma nova forma de entender o processo construtivo,
com foco na redução de desperdícios, melhoria da qualidade e busca
pelo fluxo contínuo.
Pela dificuldade de avaliar as vantagens de aplicação da
metodologia Lean na construção, ferramentas e modelos foram
desenvolvidos, dentre eles, o Rapid Lean Construction- Quality Rating
Model (LCR). Esta ferramenta destaca-se dentre as demais, pois oferece
avaliação categorizada, de fácil visualização e interpretação dos
resultados (OLIVEIRA et al, 2010).
A indústria da construção é caracterizada, ainda, pela grande
quantidade de processos artesanais e informalidade na padronização dos
processos construtivos. Como resultado, tais características contribuem
para processos improvisados, aumentando assim as atividades que não
agregam valor e seus custos. Dessa forma, pela dificuldade na mudança
de antigos padrões, além de metodologias ultrapassadas, pesquisas para
mudar este cenário prático são urgentes.
Além disso, neste contexto de demanda de novas práticas
atrelado à necessidade de destinação de milhares de containers
descartados após o uso, surge a utilização destes na construção civil. Em
países europeus com Holanda e Inglaterra, o uso de containers com fins
construtivos já é bastante difundido, com diversidade de uso, visto seus
27
atrativos: baixo custo, flexibilidade e resistência (PAULA &
TIBÚRCIO, 2012).
As pesquisadoras Guedes e Buoro (2015) mostram no seu
trabalho que, segundo a ONU, até 2030 serão necessárias 877 milhões
de novas habitações em todo o mundo. Dessa forma, inovação e uso
equilibrado de recursos deverão fazer parte desta demanda. A utilização
de containers na construção entra nesse contexto, pois além de outros
benefícios, recuperam materiais descartados e reduzem a produção de
resíduos.
Nos últimos anos, foi crescente não só a quantidade de
pesquisas da incorporação da metodologia enxuta na construção, bem
como as relações dos princípios Lean nas empresas, como mostra a
pesquisa realizada por Ivna Campos et al (2012). Isso é resultado de um
mercado consumidor cada vez mais exigente quanto à qualidade e
rapidez na entrega de um empreendimento, por exemplo.
Dessa forma, somam-se os seguintes motivos: a maior
competitividade e o cenário econômico desfavorável do setor,
demonstrado pelo relatório do IBGE (2016); aliado ao fato de suas
atividades terem forte impacto ambiental e social, assumindo papéis
estratégicos pela geração de emprego e participação no PIB; além de
instrumento para sanar o déficit habitacional; todos juntos, já justificam
uma ampla discussão sobre o tema no sentido de buscar soluções para
melhoria das técnicas de produção e maximização dos resultados.
Apesar do uso crescente de novas metodologias construtivas no
mercado, ainda não se tem conhecimento de pesquisas na área que
correlacionem o uso de containers, por exemplo, com avaliações de
eficiência e maturidade Lean. Sendo assim, a análise de uma alternativa
construtiva como a utilização de containers, faz-se presente e relevante
visto essa demanda habitacional e de inovação, tanto na construção
como na pesquisa acadêmica.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho é analisar, comparativamente, as
práticas Lean de empresas construtoras convencionais e das que utilizam
containers como matéria prima.
1.2.2 Objetivos específicos
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Foram traçados os objetivos específicos a seguir:
● Contextualizar o Lean na Construção Civil:
● Identificar ferramentas existentes para avaliar maturidade Lean Construction:
● Adaptar a ferramenta à realidade da pesquisa:
● Aplicar método de avaliação nas construções definidas:
● Descrever e comparar resultados entre a construção
convencional, a com containers e a literatura buscada.
1.3 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
Este trabalho tem como tema central a avaliação e análise da
maturidade Lean com os dois tipos de construção: convencional e
ISBUs (Intermodal Steel Building Units).
Sabe-se que há divergências práticas e teóricas nas avaliações,
dependendo da destinação final da obra: seja ela de infraestrutura,
residencial, hospitalar, comercial; bem como o seu porte. Desta forma, o
trabalho se restringe a apenas um tipo de construção: a residencial de
pequeno porte. Ressalta-se ainda, que como apenas uma obra de cada
empresa foi avaliada, a caracterização se restringe a obra e não a
empresa como um todo. Foi também, limitação desta pesquisa, a não
avaliação dos impactos nos custos de forma quantitativa.
Com isso, ao final do trabalho, pôde ser verificado, não só as
divergências das obras convencionais e com container quanto a
maturidade Lean empregada, mas também se a construção - por ser em
container - impacta ou não por si só nos resultados, bem como a
magnitude desse impacto.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos. Este
primeiro é introdutório, e os demais serão apresentados brevemente a
seguir:
O segundo capítulo é destinado para o Referencial Teórico.
Nele, foram abordados definições e conteúdo teórico dos três eixos de
sustentação do trabalho: Lean Manufacturing, Lean Construction e
containers na construção civil.
No capítulo três é definido o Método utilizado. São
apresentados os materiais utilizados, levantamentos realizados e as
etapas desenvolvidas durante a pesquisa.
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Os dados obtidos em campo são mostrados no quarto capítulo,
Resultados, bem como a análise dos mesmos.
O quinto e último capítulo traz as Conclusões do trabalho, além
de reflexões a respeito do desenvolvimento do tema, de forma a finalizar
com sugestões para trabalhos futuros.
Por fim, são apresentadas as Referências utilizadas no trabalho
e o Apêndice.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo são abordados os conceitos necessários para o
bom entendimento e sustentação do trabalho realizado. O referencial
teórico aborda os três temas chave para o desenvolvimento da pesquisa.
O trabalho se inicia com as definições e ideias principais acerca
do Lean tanto no setor industrial como construtivo, de forma a finalizar
contextualizando a utilização de containers na construção civil.
2.1 LEAN MANUFACTURING
O Lean Manufacturing, ou manufatura enxuta como conhecido
no Brasil, teve início no Japão pós segunda guerra mundial, mas chamou
a atenção do ocidente a partir da década de 1970. Com baixo poder
econômico para investimentos industriais e necessidade urgente de
reduzir custos, entre outros fatores, gestores buscavam novas
alternativas de gerenciamento. É neste contexto que o vice-presidente da
Toyota, Taiichi Ohno, cria o modelo gerencial conhecido mais tarde
como Sistema Toyota de Produção. Sem condições de seguir um modelo
de larga escala como aplicado nos Estados Unidos por Henry Ford,
Ohno buscou qualidade e flexibilidade na produção de seus automóveis.
Concomitante com a produção de baixo custo, Ohno buscou produzir
pequenas quantidades de muitos tipos de carros (OHNO, 1997).
Em seu livro, Ohno (1997) deixa claro que a base desse sistema
é a eliminação de desperdícios. Para que isto ocorra, ele elenca dois
principais fatores: O Just-in-time e a Autonomação (automação com um
toque humano).
O primeiro, Just-in-time, significa que o produto chega ao
cliente (interno ou externo) apenas na quantidade e tempo que
demandar. Ou seja, será produzido apenas aquilo que será consumido.
Com isso, desperdícios de superprodução, estoques elevados, e demais
desperdícios decorrentes, são evitados.
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O segundo, Autonomação, surgiu muito antes da fábrica de
automóveis. Sua origem veio quando Toyoda Sakichi, fundador da
Toyota Motor Company, ainda trabalhava com tecelagem. Nessa época,
formulou um dispositivo no tear capaz de identificar e parar
instantaneamente caso um fio rompesse. Desta forma, além de não
necessitar do operador humano enquanto a máquina operava, caso um
problema ocorresse atuava-se na causa do problema e produtos
defeituosos não eram produzidos. A eliminação de desperdícios é
evidente com a aplicação desse conceito, evitando a superprodução,
retrabalho por produtos defeituosos, desperdício de mais tempo de
espera do operador, entre outros.
Toma-se como parâmetro sobre o que é desperdício, tudo aquilo
que só aumenta o custo e o cliente não está disposto a pagar. Ou seja,
não agrega valor ao cliente. Tendo isso em vista, Ohno (1997) elenca
sete principais desperdícios. São eles: I- Superprodução; II- Espera; III-
Transporte; IV- Processamento; V- Estoque; VI- Movimentação; e VII-
Defeitos.
Para Ohno (1997), o mais impactante dos desperdícios é o
Estoque em excesso, visto que ele acarreta os demais. Se a fábrica tiver
muito material em estoque, haverá a necessidade de um local específico
para ele, mais trabalhadores para controlá-lo, carregar os produtos, geri-
los. Com alto tempo de armazenamento, há maiores chances de perda de
produtos por danos (do tempo ou de acidentes).
2.1.1 Lean Construction
É evidente para os atuantes no mercado e acadêmicos da área,
as falhas e as incapacidades dos modelos convencionais de
gerenciamento da construção em balancear: entrega no prazo, dentro do
orçamento e na qualidade desejada (trade-off time-cost-quality)
(ABDELHAMID & SALEM, 2005).
Principalmente em construções habitacionais de pequeno porte,
prevalecem procedimentos e técnicas artesanais, além do pouco ou da
inexistência de controle dos processos. Garantir qualidade e
produtividade em um ambiente como este, torna-se distante de alcançar.
O Lean, por ser uma filosofia, pode ser aplicado nas mais
diversas indústrias, serviços e ambientes do mercado e sociedade. As
possibilidades são muitas, e os ganhos também: sejam eles econômicos,
sociais, ou até mesmo ambientais.
Para facilitar o entendimento, analisa-se o Lean Construction
como uma adaptação de realidades - da indústria para a construção.
31
Dessa forma, os modelos de gestão da construção tradicionais
comparados ao LC ficam evidentes, como mostra o quadro 1:
Quadro 1 - Comparativo entre gestão convencional e enxuta.
Gestão convencional Gestão enxuta
Sabe-se transformar materiais
em estruturas.
Sabe-se também transformar materiais
em estruturas.
Espera-se mudanças no
escopo e erros de projeto
durante a obra, resolvido em
campo pela equipe.
Projeta-se o produto e os processos
envolvidos em conjunto, de forma a
evitar erros ou omissões que levem a
problemas na construção.
Os gestores são os únicos
responsáveis pelo
planejamento.
Os gestores são os primeiros à planejar
os processos e fases construtivas, por
fim os demais trabalhadores planejam
as operações.
Assume-se que reduzir o
custo pontual, reduzirá o
global do projeto. Ou seja, o
custo final é a soma dos
pequenos custos individuais.
Trata-se todo o projeto como um
sistema e usa-se o Target Costing para
alcançar as reduções de custos - o custo
final é mais do que a soma das suas
partes.
Esforça-se para uma alta
produtividade local (empurrar
a produção), erroneamente,
ao deduzir que desta maneira
alcaçará uma eficiência
global.
Esforça-se para um alto rendimento do
projeto como um todo.
O processo é gerenciado
usando cronogramas com
custos acumulados.
Usa-se cronogramas que acumulam
custo como entrada para o controle e
planejamento da produção.
Guia-se pelo paradigma
custo-tempo-qualidade, de
forma a conseguir alcançar
um dos dois, e nunca três.
Desafia-se este paradigma custo-tempo-
qualidade ao remover as fontes de
desperdício nas fases de projeto e
produção, promovendo um melhor e
mais confiável fluxo construtivo.
Espera-se que o problema
ocorra para ser resolvido.
Não há controle das
operações no local, a menos
que haja desvios do custo ou
Planeja-se e controla-se as operações
no local que ocorrem para evitar
exceder prazos ou extrapolar o custo
estipulado.
32
tempo previsto.
Considera-se valor entregue
ao cliente quando o
desempenho é maximizado
em relação ao custo
(abordagem da Engenharia de
Valor - VE).
Considera-se fornecer valor entregue ao
cliente quando o mesmo é aumentado
(as reais necessidades do cliente são
atendidas). (Abordagem de
Gerenciamento do Valor - VBM).
Fonte: Adaptação de Abdelhamid e Salem (2005).
Os modelos tradicionais de gestão da construção não
conseguem mais suprir o nível de demanda atual, surgindo então a
necessidade de adaptações e novas metodologias. As falhas e
incapacidades de entregar no tempo previsto, dentro do orçamento e na
qualidade almejada do gerenciamento convencional são evidentes para
os atuantes do setor construtivo e acadêmicos, como mostram
Abdelhamid & Salem (2005). Uma gestão de baixa eficiência é indicada
neste contexto de falhas recorrentes nos projetos, que se manifestam em
problemas endêmicos de qualidade.
No modelo tradicional pode ser representado pela Figura 1,
abaixo:
Figura 1 - Modelo de processo na filosofia gerencial tradicional.
33
Fonte: Adaptado de Koskela, 1992.
O modelo tradicional, como expresso na figura 1, temos o
processo de conversão sendo subdividido em outros subprocessos.
Formoso (2000) nos exemplifica a execução da obra dividida no
subprocesso de estruturação, que por sua vez é subdividida em execução
de formas, corte, dobragem e etc.
Neste modelo, esforça-se para diminuir o custo local de cada
subprocesso - como o custo da execução das formas separadamente do
custo da execução do corte. Além disso, o custo de um subprocesso da
execução de estruturas de uma obra é dimensionado apenas a partir dos
seus insumos como matérias primas e custo de pessoal.
A deficiência deste modelo se dá ao fato de que outros custos
envolvidos no processo não são explicitamente contabilizados, como
custos de movimentação de mão de obra, transporte de material, esperas
e etc. O que, segundo Formoso (2000), representa aproximadamente
67% do tempo gasto pelos operadores em atividades que não agregam
valor (atividades de fluxo). Apesar de alguns custos estarem implícitos
nos orçamentos convencionais, a sua não exposição dificulta a
percepção dos mesmos, dificultando sua eliminação, redução e
gerenciamento.
O esforço por melhorias neste sistema é centrado no
aprimoramento individual, de forma que muitas destas melhorias não
representam grande impacto no resultado como um todo, apesar de
tornar mais eficiente o subprocesso em si. Isso implica, inclusive, que ao
buscar uma alta utilização de recursos e eficiência em um determinado
processo (sem pensar no global), pode gerar buffers (espaços de tempo
ociosos) entre as atividades, ocasionando desperdícios nas mais variadas
formas, principalmente na espera.
Formoso (2000) exemplifica essa questão pelo melhoramento
da atividade de vedações verticais. Pode-se inserir um novo modelo de
vedações em vez da tradicional alvenaria, porém, apesar disso
representar uma melhora na produtividade na execução de paredes, caso
não tenha uma redução significativa das atividades que não agregam
valor, pouco influenciará na eficiência do processo como um todo.
Outro ponto negativo desse modelo tradicional reflete na
adequação às necessidades dos clientes. Seja pelo cliente final que
comprará o produto (apartamento, casa, etc) ou pelo cliente interno da
atividade subsequente. No primeiro caso, Formoso explica que nada
adianta produzir um empreendimento com eficácia se não há potencial
de venda, por não suprir as necessidades do cliente final. No segundo
34
caso, por exemplo, uma equipe que desempenha com eficácia a
superfície de concreto das lajes, pode ter alcançado seu objetivo com
perfeição, porém ao invés de facilitar para os próximos operadores
(clientes internos), o dificulta pois existe a necessidade de aderência
entre as lajes e argamassa de assentamento do piso a ser colocado.
Segundo Abdelhamid & Salem (2005), normalmente apenas
metade do programado é realizado no tempo previsto e que segundo o
relatório de Koskela (1992), o processo é visto apenas como uma
transformação de insumos, e normalmente não há o gerenciamento do
próprio processo de transformação.
Enquanto a produção tradicional tem a visão de transformação,
a nova visão da construção enxuta nos trás o conceito de fluxo. Desta
forma, o grande desafio enfrentado ao inserir o Lean na construção, é
adaptar os conceitos de fluxo e geração de valor presentes no Lean Thinking ao ambiente construtivo (SALVADOR, 2013).
O modelo de gerenciamento da construção enxuta, além das
atividades de conversão, analisa todo seu fluxo: Transporte, Espera,
Processamento, Inspeção, como mostra a figura 2:
Figura 2 - Modelo de processo da construção enxuta.
Fonte: Adaptado de Koskela, 1992.
Nesse modelo de gestão, o conceito de geração de valor é
norteador para o gerenciamento da obra, de forma que um processo só
gera valor quando as atividades de processamento são requeridos pelo
cliente (interno ou externo) (Formoso, 2000).
Historicamente, após consolidados conceitos da mentalidade
enxuta na indústria automobilística, o pesquisador finlandês Lauri Koskela foi pioneiro ao adaptar esta mentalidade para o setor da
construção civil, quando em 1992, ao publicar seu trabalho intitulado
“Application of the new production philosophy in the construction” pelo
CIFE (Integrated Facility Engineering).
35
Neste trabalho, Koskela (1992) elencou 11 princípios do Lean
Construction, mostrados no Quadro 2:
Quadro 2 - Onze princípios do Lean Construction.
Princípio Descrição
1. Reduzir a
parcela de
atividades que
não agregam
valor
Este é um dos principais fundamentos da construção
enxuta. As atividades podem ser classificadas nas que
agregam (o cliente está disposto a pagar, por
exemplonas atividades de conversão) ou não valor
(custam tempo e recurso, as quais o cliente não
requisitou, como: movimentações, espera, etc, que
devem ser minimizadas). Esse princípio significa que
não é o suficiente melhorar apenas as atividades de
conversão para reduzir perdas e melhorar a eficiência
geral da construção. Mais do que isso, é necessário
eliminar e reduzir demais operações de fluxo, como por
exemplo de transportes e movimentações (PÁDUA,
2014). Deve-se lembrar sempre que algumas atividades
apesar de não agregarem valor são inerentes e
importantes ao processo, como por exemplo o
treinamento de mão de obra.
2. Valor Identificar e considerar as necessidades do cliente
como norteadoras da definição de valor em cada fase
do processo, seja o consumidor final ou o interno.
3. Reduzir a
variabilidade
Um produto mais uniforme é mais aceito do ponto de
vista do cliente, com melhor qualidade. Desta forma, é
extremamente importante que cada etapa ocorra da
forma planejada, visto que reduzir a variabilidade dos
processos está ligado à variabilidade dos processos
anteriores (exemplo: blocos cerâmicos virem com
variedade dimensional), a do próprio processo (tempo
de execução diferente a cada ciclo) e da variabilidade
da demanda (solicitações de mudança no projeto)
(PÁDUA, 2014; FORMOSO, 2000). É de fácil
dedução de que ao reduzir a variabilidade no processo,
diminua as operações que não agregam valor (estoques,
transportes, movimentações, etc), bem como seu tempo
de execução (já que haverá menos paradas - menos
interferências entre as equipes - e maior aceitação do
36
resultado, evitando retrabalho, outro tipo de
desperdício, ou rejeição) (FORMOSO, 2000). Para
alcançar uma menor variabilidade, Pádua (2014) elenca
duas principais ações: padronizar e inspecionar de
forma eficiente.
4. Reduzir o
tempo de ciclo
Tempo de ciclo é originário da filosofia Just in Time.
Trata-se do conjunto do tempo de processamento,
inspeção, espera e movimentação a fim de produzir um
produto final, neste caso, a obra finalizada. Ao
diminuí-lo, consegue-se uma entrega mais rápida ao
cliente e facilita o gerenciamento, já que os trabalhos
em processos são menores. Além disso, a eficiência dos
ciclos posteriores tendem a aumentar, facilitando o
aprendizado da equipe; e com processos mais rápidos,
a assertividade da demanda tende a ser mais concisa,
diminuindo a vulnerabilidade à mudanças de demanda
(PÁDUA, 2014).
5. Simplificar Substituir, eliminar ou reduzir as atividades que não
agregam valor, a fim de simplificar a produção, pois
segundo Formosa (2000), quanto maior o número de
passos num processo, maior tende a ser o número de
atividades que não agregam valor, já que cada
atividade precisa de preparação e conclusão.
6. Aumentar a
flexibilidade na
execução do
produto
Este princípio significa reduzir os tamanhos dos lotes
para responder mais assertivamente à demanda, além
de ter funcionários multifuncionais. Flexibilizando o
projeto e construção,pode-se alterar características
solicitadas pelo cliente sem que o custo saia em
demasia do planejado.
7. Aumentar a
transparência
do processo
A falta de transparência aumenta a propensão à erros,
reduz a visibilidade dos mesmos, além de diminuir a
motivação para melhoria. Sendo que, ao aumentá-la,
temos um processo menos propenso a erros e mais fácil
de ser realizado. Deve-se então, fazer com que o fluxo
principal - do começo ao fim - seja compreensível à
37
todos os funcionários (Stalk&Hout, 1989 apud
Koskela, 1992). Para facilitar a visualização do
processo, usa-se controles visuais, sinalização,
implantação de sistemas de informação, além da
remoção de obstáculos visuais, por exemplo.
8. Controle no
processo global
Avaliar o processo como um todo, pelos profissionais
responsáveis.
9. Melhoria
contínua
Mensurar e monitorar melhorias, estabelecer metas de
superação, responsabilizar todos os funcionários pela
melhoria, padronizar e usar melhores práticas.
10. Melhoria
das conversões
Introduzir melhoria dos fluxos com a melhoria das
conversões: Quanto maior a complexidade do processo,
maior o impacto da melhoria.
11.
Benchmarking
Conhecer pontos fortes e fracos do processo, dos
líderes, dos concorrentes e conhecer as melhores
práticas envolvendo a construção civil. Fonte: Adaptado de Koskela (1992).
O conjunto destes princípios é a base da filosofia enxuta na
construção. Seu objetivo principal é racionalizar os processos, a fim de
diminuir os desperdícios - e consequentemente custos - de forma a
aumentar a qualidade do produto entregue ao cliente (de acordo com o
valor por ele estabelecido), respeitando os prazos pré determinados
(VASCONCELOS, 2013).
Assim, o Lean Construction tem como ideia central a percepção
de que ao olhar globalmente para os custos de um produto, neles há uma
parte que carrega consigo custos que não agregam valor algum do ponto
de vista do cliente.
Em geral, projetos que aplicam tal pensamento são mais fáceis
de gerenciar, entregues mais cedo, com maior qualidade e segurança, e
tudo isso com um menor custo (ABDELHAMID & SALEM, 2005).
Os desafios para esse setor são muitos, uma vez que há notórias
diferenças na indústria convencional e da construção. Nesta última,
geralmente são projetos de longa duração, únicos, com o produto
imóvel, mão-de-obra em sua maioria sem grande nível de instrução. Apesar disso, o setor aparenta ser propício para a aplicação de
uma metodologia voltada à redução de desperdícios e/ou questões
ambientais, uma vez que apresentam baixa produtividade, processos
empíricos e altos índices de desperdícios.
38
Diante da necessidade de uma ferramenta de avaliação de
aplicação do Lean (qualidade e grau de aplicação da mentalidade
enxuta) nas construções, surgiu o modelo criado em conjunto por
pesquisadores brasileiros e alemães: O Rapid Lean Construction-
Quality Rating Model (LCR)(HOFACKER et al, 2008).
Modelo de avaliação Lean Construction - LCR
Avaliar o status de aplicação de uma filosofia como o Lean
pode ser bastante desafiador. Princípios como a definição de fluxo de
valor, de fluxo contínuo e puxado e da busca da perfeição, propostos por
Womack (1996) são menos tangíveis e difíceis de identificar e
mensurar, ainda mais em um contexto construtivo.
Dessa forma, o modelo LCR surgiu com o objetivo de avaliar
quantitativamente o grau de desenvolvimento enxuto no ambiente da
Construção Civil. Surgiu, então, com a premissa de ter um tempo de
aplicação inferior a uma hora, de fácil entendimento, interface simples e
resumida, com critérios agrupados em categorias e pontuação na escala
Likert, e que sua aplicação pudesse ser feita apenas por entrevista ao
Engenheiro/mestre das obras, acompanhada da observação dos
pesquisadores (OLIVEIRA et al, 2010).
Com isso, pode-se ter um panorama geral de forma rápida e
clara dos resultados, de forma a trabalhar na confecção de uma agenda
de melhoria quanto ao local e finalidade da obra (infraestrutura, prédios
flexibilidade altos, casas), ou até mesmo localidade (Alemanha, Brasil, e
outros) (HOFACKER et al, 2008).
Para chegar ao modelo atual do LCR, foi necessária a
realização de brainstorming entre os pesquisadores, e a busca na
literatura a respeito dos princípios do LC e como avaliá-los
quantitativamente. Dois principais modelos existentes serviram de base
para isto: o The Rapid Plant Assessment, proposto por Goodson (2002),
usado na avaliação da produção de empresas de fabricação; e um
modelo proposto por Soriano Meier e Forrester (2001), o qual avalia o
grau enxuto das empresas de fabricação. O LCR também incorpora
parcialmente um questionário detalhado sobre questões de qualidade em
projetos de construção, desenvolvido pela UFPR (Grupotic, 2007) e o
benchmark dos princípios do LC elaborados no programa PROBRAL
(Hofacker, Kirsch, Gehbauer, 2007), como mostra a Figura 3:
39
Figura 3 - Processo de desenvolvimento do modelo LCR.
Fonte: Adaptado de Hofacker et al (2008).
Para os pesquisadores que desenvolveram a ferramenta, as
categorias que melhor definiam a maturidade Lean de uma construção
foram, então: I- Foco no Cliente; II- Desperdício; III- Qualidade; IV-
Fluxo de materiais e produção puxada; V- Organização, planejamento e
fluxo de informações; e VI- Melhorias contínuas. Dentro de cada
categoria, há pontos diferentes de avaliação que variam de 0 a 6,
totalizando 30 questões com pontuação máxima de 180 pontos.
Cabe salientar que a avaliação pontual de um canteiro de obras
com esse parâmetro, apenas sugere que aquele empreendimento
específico obtém tal maturidade Lean. Os autores da metodologia
estipulam o mínimo de cinco obras da mesma empresa para que ela - a
empresa - seja avaliada como um todo. A classificação final vai de D (0-
9% de pontuação, indicando baixa qualidade nos processos, sem
conhecimento da filosofia enxuta e insignificante foco em melhorias), à
AAA (95-100% de pontuação, busca pela perfeição e adequação
máxima ao Lean Thinking).
Tais parâmetros estão descritos no quadro 3 a seguir:
40
Quadro 3 – Categorias com pontos de avaliação da ferramenta LCR.
Categorias Ponto de Avaliação Pts.
1. Foco no
Cliente
1.1 Foco no cliente, em termos de vendas,
marketing e foco estratégico, detectando o que
é o valor para o cliente.
1.2 Comunicação regular com o cliente e
flexibilidade para adaptar mudanças.
1.3 Flexibilidade do projeto e comunicação
entre projetistas e gerente da construção
(durante a execução).
1.4 Limpeza do canteiro de obras (5S).
2.
Desperdício
2.1 Desperdício dos materiais de construção:
detecção dos desperdícios e consciência no
canteiro.
2.2 Ações, conhecimento e incentivos para
eliminar desperdícios (super produção, tempos
de espera, transportes desnecessários,
retrabalhos, etc.).
2.3 Gerenciamento dos resíduos (reciclagem,
separação de entulho, etc).
2.4 Utilização dos espaços: o quanto o espaço é
eficientemente utilizado (áreas dedicadas aos
materiais, pequenas peças organizadas, menor
espaço possível utilizado).
2.5 Tempo desperdiçado (redução do tempo de
transporte, tempo de espera, padronização do
uso de equipamentos e transportes).
3. Qualidade
3.1 Controle de qualidade constante dos
materiais de construção (ex: certificação de
controle da resistência do concreto).
3.2 A empresa possui algum tipo de
certificação de qualidade (ex: ISO, PBQP-H).
3.3 Percepção visual da qualidade de execução
dos serviços
(variabilidade do padrão).
3.4 Segurança no canteiro de obras.
3.5 Busca e análise das causas dos retrabalhos
(5W).
41
3.6 Padronização de processos.
3.7 Sistema de gerenciamento visual
(sinalização clara, sinalização autoexplicativa e
sistemas de controle de qualidade).
3.8 Grau de mecanização (maquinário técnico)
para obter uma qualidade de padronização e
desempenho.
4. Fluxo de
materiais e
produção
puxada
4.1 Sistema de cartões Kanban (existência e
bom funcionamento).
4.2 Aplicação de conceitos Just-In-Time (ex:
medição da quantidade de armazenamento, ex:
estoque > 1 semana, não é JIT).
4.3 Uso de concreto usinado (uso =(6), feito no
canteiro = 0).
4.4 Sistema de pedido e tempo de reposição de
materiais (concreto, aço, tijolos) pelos
fornecedores (1 dia = (6), 1 semana = (3), > 2
semanas = (0)).
4.5 Uso de sistemas de suporte ao transporte
(grua) e padronização dos transportes (pallets).
5.
Organização,
planejamento
e fluxo de
informações
5.1 Como é a consciência, convencimento e
suporte da alta gerência na aplicação dos
conceitos da Lean Construction.
5.2 Motivação e responsabilidade dos
empregados (existem ações, métodos que
promovam isso?).
5.3 Polivalência dos times (o quão flexíveis
são os empregados para trabalhar em diferentes
serviços).
5.4 São feitas reuniões diárias com aplicação
do sistema Last-Planner (6)? Ou a estrutura de
planejamento da produção é tradicional (0)?
5.5 Ferramentas de comunicação (ex: aplicação
do Andon).
5.6 Aplicação de sistemas de informação vertical e horizontal.
6. Melhorias
contínuas
6.1 Busca da empresa pela perfeição, processo
de aplicação do
aprendizado de projeto para projeto.
42
6.2 Educação continuada dos empregados (ex:
qualidade, cursos de especialização, Lean,
etc...). Fonte: Adaptado de Hofacker et al (2008) e Oliveira et al (2010).
Para manter simples o modelo, todas as questões possuem
mesmo peso de ponderação. Para calcular o resultado, somam-se os
pontos e calcula-se a quantidade em porcentagem da pontuação atingida
sobre a pontuação total. Desta, forma, o resultado é definido segundo o
quadro 4 abaixo:
Quadro 4 - Classificação quanto ao grau de aplicação dos Conceitos da
Construção Enxuta.
Fonte: Adaptado de Hofackeret al., (2008).
2.2 CONTAINERS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Em 1937, Malcom McLean criou o container, revolucionando o
transporte de grandes cargas em navios e trens (PORTAL METALICA,
2017).
De acordo com o Art. 4º do Decreto Nº 80.145, de 15 de agosto
de 1977, a definição de container é:
O container é um recipiente construído de
material resistente, destinado a propiciar o
transporte de mercadorias com segurança,
inviolabilidade e rapidez, dotado de dispositivos
de segurança aduaneira e devendo atender às
condições técnicas e de segurança previstas pela
43
legislação nacional e pelas convenções
internacionais ratificadas pelo Brasil.
Ainda segundo o decreto, ele deve seguir os seguintes
requisitos:
a) ter caráter permanente e ser resistente para
suportar o seu uso repetido;
b) ser projetado de forma a facilitar sua
movimentação em uma ou mais modalidades de
transporte, sem necessidade de descarregar a
mercadoria em pontos intermediários;
c) ser provido de dispositivos que assegurem
facilidade de sua movimentação particularmente
durante a transferência de um veículo para outro,
em uma ou mais modalidades de transporte;
d) ser projetado de modo a permitir seu fácil
enchimento e esvaziamento;
e) ter o seu interior facilmente acessível à
inspeção aduaneira, sem a existência de locais
onde possam ocultar mercadorias.
Não há apenas um tipo de container encontrado no mercado,
ele pode variar de tamanho e estrutura, por exemplo. Os tipos mais
comuns e usados na arquitetura são os de 20 e 40 fts (pés), podendo ser
dry (seco) ou ainda, o menos utilizado, refeer (refrigerado).
As dimensões de ambos, normalizadas pela ISO 668:2013, são
mostrados na figura 4 abaixo.
44
Figura 4 – Dimensões container 20’ e 40’ fts.
Fonte: Portal habitissimo (2017)
Os containers tem sua estrutura e perfis em aço corten, e os
fechamentos são em painéis de chapa corrugada. Todos os painéis são
soldados à estrutura para aumentar a resistência. A face frontal é
composta por duas portas e o piso é compensado de madeira.
Todos containers são fabricados obedecendo um padrão,
podendo ser empilhadas até 12 unidades quando vazios (PORTAL
METALICA, 2017) e em até 9, considerando um peso máximo de 25
toneladas por pavimento, segundo a empresa Delta Containers de
Campo Largo/Paraná (OCCHI & ALMEIDA, 2016).
Estima-se que 90% do movimento de mercadorias mundiais são
em containers, e seu tempo útil de utilização dificilmente ultrapassa
uma década. Aliado a isso, o custo financeiro de enviá-lo de volta é
superior ao encomendar um novo (OCCHI & ALMEIDA, 2016). Com
isso, temos uma consequência assustadora: verdadeiros cemitérios de
aço sem serventia para a função pela qual foi construído inicialmente, o
transporte marítimo. Neste contexto de sustentabilidade e oportunidade
econômica, ele surge como alternativa construtiva.
2.2.1 Histórico de uso na construção civil
Em 1987 foi registrada (e publicada em 1989), pelo inventor
Phillip C. Clark, a patente US4854094A na qual descreve os princípios e
métodos básicos na transformação de containers marítimos em
habitação, intitulada de “Method for converting one or more steel shipping containers into a habitable building at a building site and the
product thereof”.
Sua primeira aparição com contexto habitacional foi através de
abrigos temporários e improvisados em países que tiveram desastres
naturais e em guerras, como a do Golfo em 1991, onde serviram
45
também para transporte de prisioneiros iraquianos (PORTAL
METALICA, 2017). Tecnicamente, quando usados para construções
permanentes, passam a se chamar ISBU (Intermodal Steel Building Unit) (SILVA, 2013).
Nesta transição de habitação temporária a permanentes, no
início dos anos 1990, a construção com containers foi incorporada em
países como Holanda, Inglaterra e Japão, inicialmente como escritórios,
hotéis e residências estudantis, e, posteriormente adaptada a residências
unifamiliares (OCCHI & ALMEIDA, 2016).
Seu uso, apesar de ainda tímido, cresceu exponencialmente nos
últimos 25 anos, graças a suas grandes vantagens frente à construção
convencional.
2.2.2 Vantagens e Desvantagens de uso na indústria
da construção
O container apresenta diversas características que o tornam
desejável para ser utilizado na construção, uma delas é por ser
extremamente resistente, preparado para resistir a intempéries comuns
como chuva, vento até incêndios, terremotos e furacões (ISBU
ASSOCIATION, 2017). Uma causa disso são suas ondulações e a
armação de aço rígido na qual estes painéis são soldados (SILVA,
2013).
Comparativamente construções convencionais e ISBUs, quando
se trata de características físicas, por exemplo, a última supera em todos
os parâmetros de resistência (SILVA, 2013).
Flexível, os ISBUs fornecem estrutura modular extremamente
robusta e possibilita fáceis combinações em diferentes arranjos,
atendendo a praticamente todos os tipos de unidades residenciais: das
mais caras às mais econômicas.
Além da possibilidade do empilhamento e cortes internos,
pode-se fazer uso de um mix de materiais construtivos, possibilitando
diversas identidades e projetos mais dinâmicos (GUEDES & BUORO,
2015).
Mobilidade também se destaca no mercado construtivo. A
possibilidade de transportar sua casa/escritório/loja de local com o
mínimo de prejuízos, é ponto positivo na utilização de containers.
Considerada também uma das maiores vantagens do uso de
container como matéria prima para a construção, é a redução dos
custos da obra. Na pesquisa realizada por Occhi e Almeida (2016), é
mostrado um exemplo retirado de Sotello (2012) na qual uma
46
construção de container de 60m² realizada em Santos, foi montada em 7
dias com um custo de aproximadamente 30% inferior se feita em
alvenaria. Previsibilidade de orçamento também é outra vantagem
citada por Tibúrcio e Paula (2012), visto que a obra é simplificada, com
menos processos e etapas.
A obra em si é limpa e rápida, visto que as operações de corte,
pintura, colocação de esquadrias, são feitas em fábrica e enviado o
container pré-pronto para a obra em si, apenas para conectar tubulações
e fazer ajustes finais. Ou seja, concomitante à preparação do terreno
(fundação simples, geralmente sapatas nas extremidades), a preparação
do container está sendo realizada na fábrica.
Ao tratar da sustentabilidade de materiais utilizados, deve-se
analisar todo o seu ciclo de vida. De forma que desde sua extração,
produção, distribuição/transporte, uso e descarte sejam de menor pegada
ecológica. No caso dos IBSUs, o container é a principal matéria prima
analisada. Segundo Tibúrcio e Paula (2012), o aço corten é reciclável,
podendo retornar aos fornos e serem reaproveitados sem perder
qualidade. Sua utilização também gera economia de recursos naturais,
pois se trata de um material descartado, além de dispensar o uso de
areia, tijolo, cimento. Dessa forma, os resíduos são mínimos, e grande
parte é reaproveitada.
Observa-se que apesar de inúmeros benefícios, algumas
medidas precisam ser feitas quanto às desvantagens, como a
precariedade do isolamento térmico e acústico (quando usados
containers Dry). Porém, a solução é simples, sustentável e relativamente
barata: a utilização de lã de vidro ou lã de rocha colocadas entre a
estrutura e placa. Recomenda-se também boas práticas construtivas,
como o estudo de ventos, sombreamento, entre outros (METALICA,
2012).
Apesar dos containers serem construídos visando o
carregamento de grandes cargas, seus pisos não preveem pesos elevados
em áreas concentradas. Dessa forma, para containers de 20 e 40 pés, a
carga máxima suportada por metro linear é 4,5 e 3 toneladas,
respectivamente, segundo o manual intitulado Estufagem de Containers,
produzido pela Hapag-Lloyd em 2008.
Devido ao seu uso prolongado no transporte de cargas, muitas
vezes desconhecidas pelo comprador quanto à sua natureza e toxicidade,
deve-se tomar medidas de precaução, como, além de verificar o tipo de
material transportado no passado, substituir completamente o piso de
madeira, jatear o aço com abrasivo e pintá-lo com tinta não tóxica
(METALICA, 2012).
47
As autoras Guedes & Buoro (2015) fazem uma compilação das
suas vantagens e desvantagens, resumidas no quadro 5, a seguir.
Quadro 5 – Vantagens e desvantagens do uso do Container na construção civil.
Vantagens Desvantagens
Modularidade – permite variadas
composições;
Custos com transporte do
container;
Disponibilidade - podem ser
adquiridos em qualquer parte do
mundo;
Pequena disponibilidade de
mão-de-obra especializada e
equipamentos específicos;
Custo acessível;
Requer estudo de adequação
para o uso de isolamento
térmico nas vedações;
Resistência;
Necessário que se faça laudo
de vistoria ao se adquirir um
container, para que seja
certificado que o material
está livre de contaminações e
de avarias em sua estrutura.
Durabilidade;
Recicláveis e reutilizáveis;
As construções podem ser facilmente
ampliadas ou reduzidas;
Empilháveis;
Economia na utilização de recursos
naturais, ocasionando redução de
impactos ambientais e minimização da
poluição do ar e sonora durante a
construção (ESSER, 2012);
Cerca de 85% do solo continua
permeável;
Permite que a construção possa ser
desmontada e transportada para outra
localidade;
Redução no custo final da obra em
aproximadamente 35% (ESSER,
2012);
Alta velocidade na construção;
48
Redução do trabalho informal;
Fonte: Adaptado de Guedes e Buoro (2015).
Diante dessas informações, nota-se grande potencial em seu uso
no setor construtivo: tanto econômico (eficiência), como ecológico,
principalmente nas suas etapas de maior impacto: manutenção e uso
(TIBURCIO & PAULA, 2012).
49
3. MÉTODO DA PESQUISA
Para GIL (2008, p.8), método é o “caminho para se chegar a
determinado fim”. Dessa forma, neste capítulo são mostrados os
métodos e as ferramentas utilizadas para que os objetivos desta pesquisa
científica fossem cumpridos. Além disso, também são mostradas as
etapas metodológicas adotadas para a obtenção dos dados necessários
para sua realização e análises.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Este trabalho é considerado uma pesquisa científica, pois utiliza
da aplicação de métodos científicos como forma de abordar o problema.
Método científico é definido como o “conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos para se atingir o conhecimento” (GIL, 2008, p.8).
Dentro dos dois grandes subgrupos principais de classificação
de método, há os que:
● proporcionam as bases lógicas da investigação;
● indicam os meios técnicos da investigação.
O presente trabalho se encaixa no último, já que indicam meios
técnicos de investigação, e, como método específico, se enquadra como
método comparativo.
Definido o trabalho como comparativo, busca-se, então, a
investigação a fim de ressaltar as diferenças e similaridades entre eles
(GIL, 2008). Para caracterizá-la, como explicita a Figura 5, é
classificada dentro de cinco critérios: área de pesquisa, natureza,
objetivos, procedimentos técnicos e abordagem.
Figura 5 – Caracterização da pesquisa.
50
Fonte: Autora.
A natureza do trabalho é considerada uma pesquisa aplicada, já
que tem o interesse na aplicação, utilização e consequências práticas dos
conhecimentos (GIL, 2008). Quanto aos fins, este trabalho possui
caráter exploratório, pois trata-se de uma investigação sobre a interação
da filosofia Lean dentro do contexto das obras ISBUs e convencionais,
objetivando uma maior familiaridade com o problema.
Em relação aos meios de investigação, este trabalho classifica-
se como pesquisa bibliográfica e de campo, conforme etapas descritas
no ítem 3.2. É considerada bibliográfica pois é desenvolvida a partir de
um material já elaborado, e de campo já que visa o aprofundamento na
prática das questões propostas (GIL, 2008).
Por fim, a abordagem do trabalho é qualitativa, pois a análise é
cíclica ou concomitante à coleta de dados; o processo é sistemático e
compreensivo, mas não rígido; o acompanhamento dos dados inclui uma
atividade reflexiva; os dados são segmentados (ou seja, subdivididos em
relevantes e significativas, mantendo conexão com o todo, com a
finalidade de gerar algum tipo de explicação, e não apenas descrição); e
a principal ferramenta intelectual é a comparação (GIL, 2008).
Dessa forma, conhecer e alinhar o método desta pesquisa
possibilitam alcançar coerência no desenvolvimento da mesma, provendo melhores condições de entender e explicar os fenômenos
estudados (MIGUEL, 2007).
51
3.2 ETAPAS DA PESQUISA
Para a realização do trabalho foram necessárias atividades em
três pilares: literatura, desenvolvimento conceitual e campo. O
detalhamento é demonstrado na Figura 6.
Figura 6 – Delineamento da pesquisa.
Fonte: Elaborado pela autora.
A metodologia adotada inicialmente foi de revisão
bibliográfica, com a finalidade de obter uma maior familiaridade com os
temas Lean Construction e construção com containers. Dessa forma, foi
possível delimitar o escopo e contra-escopo da pesquisa, além de
estabelecer quais tarefas deveriam ser cumpridas de acordo com o
planejamento inicial. Nesta etapa de revisão bibliográfica, buscas online
foram feitas nos periódicos da Abepro, Google Acadêmico e bases de
dados como Scielo e Scopus. Além de artigos, foi feita a leitura de livros
pertinentes ao assunto, obtidos na Biblioteca da UFSC ou versões online
dos mesmos.
Com a revisão literária finalizada, pôde-se definir o objetivo
geral da pesquisa, ou seja, o seu propósito. Para que ele fosse alcançado,
elencou-se cinco passos em sequência de execução, servindo como guia
ao longo do trabalho. Posteriormente, adaptou-se o modelo de avaliação, de forma a adequar-se à realidade do mesmo.
Visto isso, os dados junto às empresas foram coletados através
da realização de um estudo de campo em quatro obras da cidade de
Florianópolis e Itajaí. Na empresa A, B e C foram realizadas duas
visitas. Já na empresa D, foram três. Nas empresas A, B e C, a primeira
52
visita foi no escritório das mesmas e tiveram duração de
aproximadamente 45 minutos cada. Dessa forma, se apresentou a
proposta do trabalho e questões iniciais foram alinhadas junto com ao
responsável. Nesta visita inicial, pôde-se obter um panorama geral da
empresa. O segundo encontro foi na obra em estudo, com duração de
aproximadamente uma hora e meia cada. Nele, foi aplicado o
questionário do Anexo A, assim como a demonstração e visualização da
obra como um todo. Na empresa D a dinâmica se alterou, visto que a
fábrica da construção com container se localiza na cidade de Itajaí.
Além da visita inicial de alinhamento, tiveram mais duas para a
aplicação da metodologia. A segunda visita foi a aplicação do
questionário com o arquiteto através de uma reunião no escritório da
empresa em Florianópolis. Nessa ocasião, apenas os questionamentos
que não necessitam da visitação física na obra foram realizados para fins
de adiantamento. Esta reunião teve duração de aproximadamente uma
hora. Por fim, os demais questionamentos foram sanados com a visita na
fábrica localizada em Itajaí, no dia combinado junto ao arquiteto, pois
ele está na fábrica apenas esporadicamente. Ressalta-se, também, que
nas empresas A e B, convencionais, os responsáveis entrevistados são
engenheiros(as). Nas empresas C e D, com container, são arquitetos.
Para a avaliação da maturidade Lean, utilizou-se do método
LCR (Rapid Lean Construction- Quality Rating Model) (HOFACKER
et al. (2008). O modelo tem seis categorias, divididas em subcritérios.
Dessa forma, para cada subcritério do modelo, foram elaboradas
perguntas como descritores avaliativos e dispostas no questionário do
Apêndice A. Este questionário foi aplicado in loco e pontuado como
mostra o Quadro 8, disposto no capítulo quatro, Resultados. A escolha
por essa ferramenta se deu principalmente por ser de fácil e rápida
aplicação, objetiva e por contemplar todos os princípios da filosofia.
Dessa forma, a aplicação do modelo possibilitou classificar as obras
quanto à adequação aos critérios Lean.
Por fim, foi retomado o assunto principal, onde apresentou-se
os resultados das análises e algumas questões foram respondidas de
acordo com o problema inicialmente apresentado. Além disso, nesta
etapa, foram identificadas novas oportunidades de pesquisa,
promovendo o desenvolvimento científico.
53
4. RESULTADOS
Neste capítulo são mostrados os resultados da análise da relação
de maturidade Lean de construções convencionais e com containers. O
objetivo aqui apresentado é mostrar se e como a metodologia
construtiva com containers, é vantajosa frente à convencional, tomando
como parâmetros valores do Lean.
Primeiro, é realizada a seleção e adaptação da metodologia
estudada com a realidade do trabalho. Posteriormente, faz-se a análise
em si dos critérios. Para avaliar como se comportam as construções com
containers frente a metodologia Lean Thinking e, consequentemente,
Lean Construction, tomar-se-á como parâmetro e suporte de análise o
modelo LCR (fundamentado nos 11 Princípios do LC).
A seguir, no quadro 6, são demonstrados os critérios avaliados:
54
Quadro 6 - Itens avaliados no modelo LCR.
Fonte: Elaborado pela autora.
Cada categoria do modelo LCR é embasada em princípios do
LC, como podemos ver no Quadro 7, a seguir:
55
Quadro 7 - Relação dos princípios com as categorias do LCR
Fonte: Elaborado pela autora.
Relacionar tais princípios torna mais fácil o estudo e avaliação
das obras, além de entender como o método LCR se estrutura.
4.1 APLICAÇÃO DO MODELO LCR
Esta metodologia de avaliação, após adaptada (Apêndice A), foi
aplicada em quatro obras de quatro diferentes empresas, na região da
Grande Florianópolis e Itajaí. Aplicou-se em duas obras nos meses de
Novembro e Dezembro de 2017, e nas outras duas em Março e Abril de
2018. Como determina o modelo, os itens foram mensurados pela autora
através da pontuação de 0 a 6 pontos cada. O modelo foi preenchido após a visita, para que o detalhamento
e desenvolvimento do trabalho dos colaboradores das empresas fluísse
da melhor forma. Cada visita durou aproximadamente uma hora, como
diz a normativa do LCR. No próximo capítulo, são apresentados os
resultados da aplicação do LCR e classificação dos mesmos.
56
Para a realização da análise dos critérios descritos a seguir,
aplicou-se o questionário do Apêndice A, realizado pela autora com
base nos tópicos do LCR, embasados nos onze princípios do LC. Nele
está detalhado de que forma foi possível avaliar cada um dos macro
critérios do modelo, ao inserir descritores avaliativos.
Como resultado da aplicação do questionário em cada uma das
obras (A, B, C e D), obteve-se a seguinte pontuação como mostrado no
quadro 8 – mensuração de acordo com a avaliação da autora, de 0 a 6,
como determina o modelo – as pontuações serão detalhadas e explicadas
mais à frente:
Quadro 8 – Pontuação das Empresas nos critérios.
Categorias Ponto de Avaliação A B C D
1. Foco no
Cliente
1.1. Detectar o que é o valor
para o cliente. 1 3 4 6
1.2. Comunicação (com cliente)
e flexibilidade para mudanças. 3 3 6 6
1.3 Flexibilidade do projeto e
comunicação interna. 2 2 5 6
1.4 Limpeza do canteiro de
obras (5S). 2 1 4 5
2. Desperdício
2.1 Desperdício de materiais de
construção. 3 1 5 6
2.2 Ações, conhecimento e
incentivos para eliminar
desperdícios. 3 3 5 3
2.3 Gerenciamento dos resíduos. 3 3 5 5
2.4 Eficiência na utilização dos
espaços. 0 1 4 5
2.5 Tempo desperdiçado. 2 1 4 4
3. Qualidade
3.1 Controle de qualidade. 2 4 3 5
3.2 Certificação de qualidade. 0 0 0 0
3.3 Variabilidade . 1 3 5 5
3.4 Segurança. 1 3 5 5
3.5 Busca e análise das causas
dos retrabalhos (5W). 0 4 2 5
3.6 Padronização de processos. 0 0 6 3
57
3.7 Sistema de gerenciamento
visual. 0 3 0 3
3.8 Grau de mecanização. 1 1 0 0
4. Fluxo de
materiais e
produção
puxada
4.1 Sistema de cartões Kanban
(existência e bom
funcionamento). 0 0 0 0
4.2 Just-In-Time 3 3 3 3
4.3 Uso de concreto usinado
(uso =(6), feito no canteiro = 0). 6 0 6 6
4.4 Sistema de pedido e tempo
de reposição de materiais. 3 0 3 3
4.5 Uso de sistemas de suporte
ao transporte (grua) e
padronização dos transportes
(pallets). 0 0 0 0
5.
Organização,
planejamento
e fluxo de
informações
5.1 Relação da alta gerência com
o LC. 3 5 5 3
5.2 Motivação e
responsabilidade dos
empregados. 0 2 3 5
5.3 Polivalência dos times. 0 0 0 0
5.4 Last-Planner. 0 0 0 0
5.5 Ferramentas de comunicação
(ex: aplicação do Andon). 0 0 0 3
5.6 Aplicação de sistemas de
informação vertical e horizontal. 0 0 3 3
6. Melhorias
contínuas
6.1 Busca da empresa pela
perfeição, processo de aplicação
do
aprendizado de projeto para
projeto. 3 3 5 5
6.2 Educação continuada dos
empregados. 0 6 4 6
Total 42 55 95 109
Fonte: Elaborado pela autora.
58
Empresa A
A empresa A utiliza métodos construtivos convencionais, é
localizada na cidade de Palhoça, Grande Florianópolis, e trabalham com
a elaboração de projetos, construção de empreendimentos de alto padrão
e administração de obras. Tem como objetivo: “oferecer ao cliente o
melhor imóvel, atendendo suas expectativas e necessidades”.
Nesta empresa, foi realizada a visita em uma obra localizada no
bairro Pedra Branca, na cidade de Palhoça. A casa em estudo tem 93 m²
de área construída e a engenheira responsável não tinha conhecimento
prévio sobre Lean Construction.
Através dos dados obtidos com a mesma, foi possível aplicar o
modelo LCR e chegar nos dados apresentados a seguir na tabela e
gráfico 1.
A empresa teve pontuação total de 42, dos 180 pontos,
alcançando um percentual de 23% aproximadamente. Obtendo uma
classificação DDD.
Tabela 1 – Pontuação obtida por categoria da Empresa A
Fonte: Autora.
59
Gráfico 1 – Percentual alcançado por categoria. da Empresa A.
Fonte: Autora.
Como pode ser visto na tabela e gráfico 1, acima, a obra
estudada apresentou maior pontuação proporcional na categoria de
Fluxo de materiais e produção puxada, alcançando 40% da pontuação
nesse quesito. Apesar de não ser uma boa porcentagem, foi a maior pelo
fato da obra possuir pedidos de reposições de materiais frequentes (sob
demanda, pequenos lotes, favorecendo o Just in Time e assim evitando
desperdícios), além de fazer uso de concreto usinado.
Nota-se que seu pior desempenho é na categoria Organização,
planejamento e fluxo de informações, onde alcançou apenas 8% da
pontuação possível neste item. Tal pontuação é resultado da inexistência
de meios de incentivos para os empregados, inflexibilidade dos times de
trabalho, no qual todos são especialistas e atuam em apenas uma
operação, não há reuniões Last Planner, nem algo similar, de forma que
o planejamento é realizado apenas a longo prazo, em Excel, pois a
médio e curto prazo não há sequenciamento nem gerenciamento.
Nas demais categorias também não foram obtidos bons
resultados. Em Foco no cliente, a porcentagem de 33% foi alcançada
considerando o fato da empresa não realizar pesquisas de mercado, nem
buscar identificar o perfil do seu cliente. Busca as tendências no
mercado em geral, porém não especificamente no seu nicho. A empresa
tem um padrão de comunicação semanal com o cliente via e-mail, no
qual é enviado um relatório do andamento da obra, com fotos e demais
60
informações. Mostra-se bastante flexível com o projeto, já que é
realizado de acordo com as especificações do cliente, porém após
aprovado o projeto, apresenta inflexibilidade para mudanças. A limpeza
no canteiro não é padronizada nem sinalizada, os rejeitos vão para o
aterro sanitário ou alguns específicos são separados para coleta.
Na categoria Desperdícios, alcançou-se um percentual de 37%.
Não há controle do que é desperdiçado, porém como é obra pequena e o
pedido é feito em pequenos lotes, a engenheira julga pouco desperdício.
Não é pensado previamente nenhuma ação preventiva para eliminá-los,
apenas de forma “empírica”. Resíduos vão para o aterro e não são
reaproveitados, apenas alguns vão para coleta especial. A utilização de
espaços não ocorre da melhor forma, a fim de eliminar desperdícios de
transporte e movimentação, pois todo o estoque localiza-se em um
container na entrada da obra. Não há conhecimento dos tempos de
operação.
Em Qualidade, apenas 10% da pontuação foi atingida. A
empresa não possui nenhum tipo de certificação, como PBQH ou ISO.
Além disso, no recebimento dos seus materiais não é realizado nenhum
teste de qualidade, apenas é conferida a nota fiscal com a quantidade
entregue. Não há padrão no recebimento nem checklist de verificação. O
controle de qualidade dos serviços é realizado pela engenheira ou mestre
de obras, e só então o processo subsequente é realizado, e para isso, há
quesitos descritos e padronizados para verificação. Nota-se bastante
variação do padrão, e a orientação aos funcionários é feita apenas de
forma verbal. Não há fichas padrão de operações, por exemplo. Há o uso
de EPI, porém não há qualquer tipo de sinalização de áreas inseguras
nem programas educativos para prevenção de acidentes, até mesmo por
serem funcionários terceirizados. Quando os erros ocorrem, são
descritos em um relatório semanal interno, e busca-se evitá-los nas
próximas ocasiões. Os estoques não são identificados e os funcionários
não tem acesso a nenhum indicador, apenas sabem do andamento da
obra de forma subjetiva, pelo “hábito” e experiência.
Na última categoria, Melhoria Contínua, a empresa chegou no
percentual de 25%. A empresa busca a melhoria contínua através do
registro dos problemas e o aprendizado com os mesmos. Tais
aprendizados não são formalizados nem repassados a todos os
envolvidos. A empresa busca filtrar os funcionários com melhores
desempenhos, mas não há nenhum tipo de treinamento oferecido nem há
cultura do feedback.
Empresa B
61
A empresa B, com mais de 25 anos de atividades na
Construção, utiliza métodos construtivos convencionais. Localiza-se na
cidade de Florianópolis e já tem mais de 200 obras concluídas. Apesar
de até hoje só ter realizado projetos e obras convencionais, sua sede foi
construída com containers.
Nesta empresa, foi realizada a visita em uma obra localizada no
bairro Ribeirão da Ilha, na cidade de Florianópolis. A casa em estudo
tem 124 m² de área construída e o engenheiro responsável não tinha
conhecimento prévio sobre Lean Construction. Através dos dados
obtidos com o engenheiro, foi possível aplicar o modelo LCR e chegar
nos dados apresentados a seguir na tabela e gráfico 2.
A empresa teve pontuação total de 55 dos 180 pontos,
alcançando um percentual de 31% aproximadamente, obtendo uma
classificação C.
Tabela 2 - Pontuação obtida por categoria, da Empresa B
Fonte: Autora.
62
Gráfico 2 – Percentual alcançado por categoria, da Empresa B
Fonte: Autora.
Como pode ser visto na tabela e gráfico 2, acima, a obra
estudada apresentou maior pontuação proporcional na categoria de
Melhorias contínuas, alcançando um percentual de 75%. Esse alto
alcance se dá pelo fato do alto investimento na educação dos
funcionários, com treinamentos periódicos, patrocínio ou descontos na
realização de cursos e especializações dos mesmos, além da existência
da cultura do feedback programado, em que semanalmente o mestre de
obras e o engenheiro se reúnem com a equipe para dar o feedback geral
e individual da semana. A empresa diz buscar a melhoria contínua
através do registro dos problemas e tenta evitar nas próximas obras, mas
não há repasse para os envolvidos. Há também a procura pelas melhores
práticas e materiais de acordo com o orçamento disponível.
O pior desempenho observado, alcançando apenas 10% da
pontuação, foi o critério de Fluxo de materiais e produção puxada. São
fatores determinantes para esse resultado, a empresa não fazer uso de
quadro Kanban e fazer a produção do concreto no canteiro. A reposição
de materiais tem longos tempos (maior que uma semana), favorecendo
altos níveis de estoque. Porém, para favorecer o Just in Time, são
organizados na obra estoques necessários para a operação apenas na
hora que são solicitados.
63
Todas as demais categorias ficaram abaixo dos 40% da
pontuação. Foco no cliente obteve 38%. Nessa categoria, para detectar o
que é valor para o cliente, a empresa já realizou pesquisas de mercado,
porém não estão atualizadas, já que a última foi feita há cerca de dois
anos. A empresa tem padrão de comunicação semanal com o cliente,
através de relatório sobre o andamento da obra (e-mail), além de contato
diário no aplicativo Whatsapp, por onde se envia fotos e informações.
Como é realizado sob pedido e demanda, é bastante flexível
inicialmente, porém estruturalmente falando, há barreiras para algumas
alterações, mostrando inflexibilidade para mudanças após o início da
obra. Além disso, não há comunicação interna dos operadores de
processos subsequentes. Não há sinalização para a limpeza do canteiro,
os rejeitos vão para aterro e poucos são separados para coleta especial.
Em Desperdícios, categoria que alcançou um percentual de
30%, observou-se que não há controle do que é desperdiçado e
visualmente há bastante sobra de materiais e altos estoques. As ações
para evitar perdas e desperdícios são feitas de forma natural dos
operadores, não há nenhum estudo prévio para isso. Os resíduos vão
para aterro e poucos para coleta especial. A utilização dos espaços
também é precária, pois não é pensado o melhor layout para reduzir
tempos. A única ação nesse sentido é o estoque intermediário estar
próximo do posto de trabalho e não há conhecimento dos tempos das
operações, apenas uma ideia.
A empresa não possui certificação de qualidade e seus
processos não são oficialmente padronizados, resultando em pequenas
variabilidades perceptíveis na execução das tarefas. Porém essa
variabilidade é amortecida pelos treinamentos oferecidos anteriormente
aos funcionários. No recebimento de matérias-primas, há checklist de
verificação e quando possível é coletado uma amostra do produto e feito
inspeção visual. Nos processos, o controle de qualidade é realizado pelo
mestre de obras. Apenas após a confirmação do mesmo é possível dar
andamento para o processo subsequente. Há uso de EPI, mas não há
sinalizações de áreas inseguras. Antes do início da obra, no treinamento
oferecido, há orientações de segurança para os funcionários. Os erros
são discutidos assim que ocorrem (ou quando possível), registrados em
relatório e feito brainstorming com os operadores para buscar as causas.
Alguns estoques são identificados e os funcionários tem acesso apenas a
um indicador colocado na entrada da obra, sobre a percentagem
concluída. Estes fatores geraram um alcance de 38% no quesito
Qualidade.
64
Por último, a categoria Organização, planejamento e fluxo de
informações, obteve 19% da pontuação atingida. Os times de trabalho
são altamente especializados, inexistindo a polivalência na execução das
tarefas. Não há reuniões Last Planner, já que o planejamento é realizado
apenas inicialmente (longo prazo), através do gráfico de gantt e
planilhas de Excel. Os passos intermediários não são gerenciados nem
oficialmente sequenciados (médio e curto prazo). Um ponto positivo
nessa categoria é que, apesar de não conhecer previamente a temática do
Lean Construction, o engenheiro mostrou-se bastante aberto a filosofia e
relata abertura da alta gerência em possíveis aplicações de alguns
conceitos do LC. Para motivar os funcionários, a empresa seleciona
mensalmente o funcionário destaque, expõe na entrada da obra e oferece
brinde.
Empresa C
A empresa C é um escritório de Arquitetura que, além de
projetos e obras convencionais (alvenaria), trabalha na construção com
containers. Realizam “projetos residenciais com foco nas necessidades
dos clientes e uso consciente das potencialidades do lugar.”
A obra estudada localiza-se no bairro Campeche/Florianópolis,
tem 90% da sua estrutura construída com containers, e tem 92 m² de
área construída. O responsável pelas visitas e por responder o
questionário é Arquiteto e já tinha ouvido falar anteriormente sobre o
Lean Construction, porém julga ainda pouco conhecimento no assunto.
As informações obtidas foram compiladas e analisadas de
acordo com o modelo LCR, resultando no alcance de 95 pontos, 53% da
pontuação máxima do modelo de avaliação. Esta porcentagem encaixa a
obra na Classificação B.
Na tabela e gráfico 3, abaixo, são explicitadas tais informações:
65
Tabela 3 - Pontuação obtida por categoria, da Empresa C
Fonte: Autora.
Gráfico 3 – Percentual alcançado por categoria, da Empresa C
Fonte: Autora.
Três categorias disputam o posto de destaque da empresa: Foco
no cliente (79%), Desperdícios (77%) e Melhorias contínuas (75%). A primeira colocada alcançou quase 80% dos critérios da categoria, pois a
empresa realizou pesquisa de mercado há menos de um ano, o progresso
da obra é relatado ao cliente diariamente através do aplicativo
Whatsapp, além de relatórios semanais por e-mail. A divulgação e
marketing da empresa é de alto investimento, e antes de iniciar a obra,
66
há bastante flexibilidade para alterações. Depois torna-se um pouco
mais difícil, mas ainda há facilidade. Segundo o arquiteto, comparado a
projetos de alvenaria, as mudanças são mais fáceis de executar tanto no
projeto, quanto na construção em si. A comunicação entre os processos
se dá através de uma tabela em um quadro a vista, na qual o operador
registra quando finalizado seu processo (nome, data, hora). Assim o
operador subsequente tem conhecimento a vista. A limpeza do canteiro
na fábrica é realizada diariamente por empresa terceirizada, e há poucos
rejeitos, pois a maioria é reaproveitado na própria obra. Não há qualquer
tipo de sinalização de limpeza e organização.
Na categoria Desperdícios, com 77% de alcance do percentual,
observou-se que apesar de não ter controle do que é desperdiçado, é
praticamente zero de materiais, pois os mesmos são reaproveitados na
obra quase em sua totalidade. Semanalmente, há reuniões para avaliar as
melhores práticas e possíveis economias nos processos. A pessoa que
implementa, sugere ou consegue alguma economia, ganha um brinde da
empresa. A empresa tem um registro de toda reposição de estoques,
possuindo um indicador do tempo médio de reposição de pedido. O
layout por ser bastante enxuto, é eficiente, porém foram observadas
distâncias passíveis de redução, por exemplo. Os tempos das operações
são padronizados, porém não há registro, caso alguma saia do tempo
previsto.
Em Melhorias contínuas, o alcance de 75% se deu devido a
busca da empresa pela perfeição, que se dá no processo de identificação
das causas dos problemas, bem como o repasse a todos envolvidos de
forma informal. O investimento na educação continuada dos
funcionários poderia ser melhor, porém apresenta também uma boa
avaliação, visto que realiza treinamentos periódicos e há a cultura do
feedback.
A categoria Qualidade alcança 44% da pontuação. A empresa
não possui certificação de qualidade, porém mantém os processos
padronizados em forma de folha de operação padrão para cada
atividade, muito porque, segundo o arquiteto, são tarefas em sua maioria
com grande especialização e poucos funcionários experientes na área.
Tal padronização garante um maior controle da variabilidade dos
processos, garantindo uma maior qualidade do produto final. No
recebimento de matérias-primas, há uma tabela de verificação de
critérios pré-estabelecidos, como quantidade, cor, etc. O controle de
qualidade dos processos internos são realizados de forma empírica pelos
funcionários. Há uso de EPI e apenas duas sinalizações de segurança em
relação a eletricidade. Além disso, não há qualquer tipo de sistema de
67
gerenciamento visual que possibilite os funcionários saberem o
andamento da obra.
Em penúltimo lugar, com 40%, encontra-se a categoria Fluxo
de materiais e produção puxada. Mesmo com a inexistência de sistema
Kanban, a empresa possui tempos de reposição relativamente
frequentes, o que possibilita um maior alcance do Just in Time. Além
disso, apesar de pouco usado, quando necessita, faz uso do concreto
usinado.
Por último, com alcance de 31%, tem-se a categoria
Organização, planejamento e fluxo de informações. Os funcionários,
como já exposto anteriormente, são altamente especializados nas
funções que exercem, impossibilitando a polivalência nas funções. Além
disso, o planejamento é realizado pontualmente e a longo prazo, por
planilhas de Excel. O arquiteto mostrou-se bastante aberto aos conceitos
da manufatura enxuta, sobre o qual conhecia apenas superficialmente
antes da aplicação do questionário do presente trabalho. A fim de
motivar os funcionários, além do funcionário destaque e oferta de
benefício no mês, há uma avaliação final do destaque da obra e
premiação.
Empresa D
A empresa D, é um escritório de Arquitetura pioneiro na
especialização de projetos com containers. Atua desde 2007 neste ramo,
e seu escritório sede localiza-se na Lagoa da Conceição, em
Florianópolis. Apesar de apenas projetarem, e quem realiza a obra é uma
empresa terceirizada localizada em Itajaí, o Arquiteto acompanha desde
a fundação no terreno, a construção na fábrica e implementação dos
containers semi-finalizados no terreno. Neste caso, foram
acompanhadas as etapas de construção na fábrica, juntamente com o
Arquiteto. A empresa tem como compromisso “ser referência em
criatividade, eficiência, reciclagem e compromisso social, buscando
sempre uma arquitetura de baixo impacto ambiental que respeite o meio
ambiente em que se insere, valorize mão de obra local e a identidade da
população, reduza desperdícios, direcione os resíduos e contribua
positivamente para o cenário urbano.”
A obra em estudo localiza-se na praia dos Açores e
praticamente todos seus 78m² de área construída são containers. O
responsável pelas informações obtidas no questionário é Arquiteto e
nunca tinha ouvido falar anteriormente sobre o Lean Construction.
68
Visto isso, aplicou-se o modelo LCR, resultando na pontuação
total de 109, o que representa 61%. Com este percentual, a obra se
encaixa na classificação BB.
Na tabela e gráfico 4, abaixo, são explicitadas tais informações.
Tabela 4 - Pontuação obtida por categoria da Empresa D
Fonte: Autora.
Gráfico 4 – Percentual alcançado por categoria, da Empresa D.
Fonte: Autora.
A primeira categoria, Foco no Cliente, teve 96% dos seus
critérios atendidos. Este excelente resultado é fruto de uma política
69
bastante voltada ao cliente, desde pesquisas semestrais de mercado, até
comunicação irrestrita com clientes, através de telefone, Whatsapp, e e-
mails. A divulgação e marketing da empresa tem bastante investimento,
sendo considerada a empresa referência na cidade neste ramo. Há
flexibilidade para mudanças e alterações desde a fase de projeto até sua
execução. Ambos arquitetos da empresa D, concordam quanto a
facilidade com alterações quando comparado a projetos de alvenaria. A
comunicação interna é feita através de um quadro de gestão visual, onde
é anotado e demonstrado a todos, qual processo está sendo executado,
qual o processo futuro, bem como as datas previstas. Ao finalizar, o
quadro é atualizado pelo operador. Além disso, a limpeza do canteiro na
fábrica é diária e há algumas sinalizações e identificações facilitando a
organização.
Em segundo lugar, com um alcance de 92%, tem-se a categoria
Melhorias Contínuas. Além da sua busca pela perfeição dos processos
com a sistematização e solução dos problemas que ocorrem, repassando
de forma formal aos funcionários semanalmente, há alto investimento na
educação continuada dos funcionários. Treinamentos são oferecidos,
além do pagamento de cursos de especialização para estes. Há também a
cultura do feedback informal diário, e formal, ao final do projeto.
A categoria Desperdícios alcançou 77%, visto que há controle
do que se tem de desperdícios, pois se faz o uso de reciclagem e
reaproveitamento na própria obra. Os indicadores são registrados no
escritório da empresa e utilizados anualmente para análise dos futuros
projetos. Porém, durante a obra, as ações para eliminá-los são informais
e pouco incentivadas. A utilização do espaço é bastante enxuta e
pensada na economia de tempo, movimentação e transportes.
Em seguida, na categoria Qualidade, com o percentual de 54%.
A obra não tem certificação de qualidade como ISO ou PBQH,
entretanto seu controle de qualidade é bastante eficiente: No
recebimento de matérias primas, é realizado um checklist de verificação
e teste do material, além de inspeção visual. Os processos seguem a
padronização estabelecida informalmente no início do projeto. O
arquiteto nota pequena variabilidade no resultado final, e atribui este
bom resultado à menor quantidade de etapas – quando comparada a
obras convencionais – e também por serem processamentos menos
propensos a variações da qualidade da mão de obra. Os funcionários
fazem uso de EPI e há sinalização de segurança nas áreas inseguras. Há
apenas um indicador no quadro de gestão visual informando o
andamento da obra.
70
Fluxo de materiais e produção puxada, com alcance de 40%, é
resultado do uso (quando preciso) de concreto usinado, média semanal
para reposição de matérias primas e inexistência de sistema Kanban.
Para finalizar, a categoria Organização, planejamento e fluxo de
informações alcançou 39%. Assim como na empresa C, os funcionários
são especializados, impossibilitando a polivalência dos times. Há, na
obra, um sinalizador de uso geral que possibilita a comunicação de
qualquer erro que ocorra (andon). O arquiteto mostrou interesse no Lean Construction, porém apresentou resistência e acredita que não seria tão
necessário para este tipo específico de obra. Para motivar os
funcionários, há prêmio no final da obra para o funcionário destaque,
além de que semanalmente há a exposição dos funcionários que
atingiram as metas de trabalho no quadro de gestão visual..
4.2 ANÁLISE COMBINADA DAS EMPRESAS
Visto isso, como resultado final, as duas obras com Containers,
C e D, obtiveram melhores classificações, B e BB respectivamente.
Enquanto que as convencionais, obras das empresas A e B, obtiveram
respectivamente classificação DDD e C, como pode-se observar no
gráfico e tabela 5, abaixo.
Gráfico 5 – Classificação geral das obras
Fonte: Autora.
71
Tabela 5 – Pontuação e classificação geral das obras
Fonte: Autora.
Em análise do gráfico 6, pode ser observado que as empresas
com Containers possuem melhores classificações em todas as
categorias. Porém, essa discrepância fica mais evidente nas categorias
Foco no Cliente e Desperdícios.
Gráfico 6 – Percentual alcançado por categoria nas quatro obras.
Fonte: Autora.
72
Em Foco no Cliente, essa diferença de pontuação entre os dois
tipos construtivos se dá ao fato das empresas, para atingirem seu
mercado alvo, investirem mais tanto na questão do maketing, como na
flexibilidade e atendimento às necessidades dos mesmos. Além disso,
acerca das obras com conteiners, por ser um modelo construtivo ainda
não tão difundido comercialmente, o contato com o cliente é próximo,
para que seja possível tirar eventuais dúvidas e transmitir segurança.
Estruturalmente falando, há também discrepância nas
possibilidades de alterações após o início da obra, influenciando assim o
quesito flexibilidade. A construção modular do container permite deixar
em aberta com facilidade a possibilidade de expansão ou alterações no
projeto (reformas), como também pode ser visto na literatura (PORTAL
POS EM ENGENHARIA, 2017). Por serem obras nas quais seus
processos, são em sua maioria, em fábrica e modularizado, há maior
controle dos mesmos, permitindo uma melhor organização e limpeza do
canteiro. Com a utilização das estruturas de aço do container, os
processos por si só já são mais limpos e resultam em menos rejeitos para
descarte.
As diferenças podem ser melhores observadas no Gráfico 7,
abaixo.
Gráfico 7 – Pontuações na categoria Foco no cliente
Fonte: Autora.
73
Na categoria Desperdícios, como mostra o Gráfico 8, as
diferenças são evidentes em todos os cinco subcritérios. As obras com
containers apresentam refugo de material de construção quase zero,
enquanto as convencionais, mesmo que para obras de pequeno porte em
que há pouco desperdício, ainda é bastante superior quando comparado
às obras com container. O subcritério que aborda as ações e incentivos
para eliminação de desperdícios tiveram as mesmas pontuações nas
empresas convencionais (A e B) e na empresa D. A empresa C, com
container, destacou-se, porém de forma pontual. Esse resultado já era
esperado visto que as ações e conhecimentos para reduzir desperdícios
independem do tipo construtivo. Apesar de ambas as empresas com
containers terem obtido melhor pontuação no subcritério de
Gerenciamento de Resíduos, há pouca relação com o tipo construtivo.
Entretanto, como poucos são gerados, e há reaproveitamento de
material, ambas alcançaram a pontuação 5, enquanto que as
convencionais obtiveram 3. O subcritério de maior discrepância é sobre
Eficiência na utilização de espaços. É inquestionável que a utilização de
containers permita tal eficiência, através de um layout simplificado e
acessível, diminuindo tempos de movimentação e transporte, por
exemplo. Além disso, a construção é móvel, diferentemente da
construção convencional. Cada container é trabalhado individualmente
e após isso eles são unidos, permitindo um layout mais enxuto. Por esse
motivo, menos tempo é desperdiçado, como mostra o quinto subcritério.
Por serem móveis, a fundação já é feita concomitantemente à
construção, e trabalha-se de forma mais independente nos processos,
permitindo uma diferença grande no tempo construtivo, sendo até três
vezes mais rápida, como mostra a literatura (PORTAL PÓS EM
ENGENHARIA, 2017).
74
Gráfico 8 - Pontuações na categoria Desperdícios
Fonte: Autora.
As diferenças avaliativas entre os dois tipos de construção,
apesar de presentes, não estão tão intensas na categoria Qualidade,
como mostra o Gráfico 9. O subcritério que se destaca nesse sentido é a
Segurança e Variabilidade. As obras com containers são mais seguras,
pois são realizadas em sua grande maioria em ambiente controlado
(fábrica), menos propenso a intempéries e trabalhos em altura, por
exemplo. Por depender menos de processos artesanais, como a
construção de pequeno porte com alvenaria, o resultado apresenta menor
variabilidade.
75
Gráfico 9 - Pontuações na categoria Qualidade
Fonte: Autora.
As categorias Fluxo de materiais e produção puxada,
Organização, planejamento e fluxo de informações, e Melhorias
Contínuas não apresentam variações significativas quanto ao tipo
construtivo, sendo inteiramente relativas à obra estudada, como
mostram os gráficos 10, 11 e 12. As áreas dos gráficos onde não há
barra de gráfico correspondente a obra, denotam a pontuação zero
alcançada naquele subcritério avaliativo. O pouco percentual maior nas
empresas com Container pode ser resultado da política e dinâmica
individual das empresas.
76
Gráfico 10 – Pontuações na categoria Fluxo de materiais e produção puxada
Fonte: Autora.
A categoria Fluxo de materiais e Produção puxada apresenta
subcritérios independentes do tipo construtivo, por exemplo a existência
de sistemas Kanban, o alcance do Just in time, tempos de reposição de
materiais, uso de concreto usinado, entre outros. Dessa forma, a
utilização de containers pode não (ou pouco) influenciar tais
parâmetros.
77
Gráfico 11 – Pontuações na categoria Organização, planejamento e fluxo de
informações.
Fonte: Autora.
A categoria Organização, planejamento e fluxo de
informações segue a mesma lógica da categoria quatro, tendo
subcritérios avaliativos independentes do tipo construtivo, como por
exemplo a relação da alta gerência com o Lean Construction, a
responsabilidade e motivação dos funcionários, entre outros.
78
Gráfico 12 – Pontuações na categoria Melhorias contínuas
Fonte: Autora.
Por fim, temos a categoria de Melhorias contínuas,
representada por dois subcritérios: Busca da empresa pela perfeição,
processo de aplicação do aprendizado de projeto para projeto; e
Educação continuada dos empregados. Estes dois subcritérios são
relativos a política da empresa quanto aos métodos e processos de
aprendizados, assim como a política de gerenciamento dos seus recursos
humanos.
Apesar de apenas três das seis categorias serem relativas ao tipo
construtivo, seu impacto foi evidente nas classificações finais das obras.
As obras com containers (obras C e D) alcançaram pontuações B e BB,
respectivamente, enquanto as obras convencionais (obras A e B)
obtiveram DDD e C.
79
5. CONCLUSÕES
Este capítulo final apresenta as considerações finais acerca do
que foi desenvolvido na pesquisa, de forma a retomar a análise dos
resultados encontrados e confrontá-los aos objetivos propostos pela
investigação. Também aqui, são apresentadas as limitações enfrentadas,
além das sugestões para futuras pesquisas de forma a colaborar para o
desenvolvimento de novos conhecimentos científicos.
5.1 ATINGIMENTO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA
Este trabalho foi concebido com o objetivo geral de: analisar,
comparativamente, as práticas Lean de empresas construtoras
convencionais e as que utilizam containers como matéria prima. Este
objetivo foi atingido quando aplicada a ferramenta LCR, encontrada na
literatura, em quatro obras: duas em container e duas em alvenaria.
Desta maneira e a partir do método e metodologia utilizada, foi possível
perceber que obras com containers parecem apresentar maior
atingimento das práticas Lean do que as obras convencionais,
conseguindo maiores pontuações nos critérios de avaliação, e melhor
desempenho em eficiência construtiva e temporal.
Para que fosse possível tal análise comparativa, traçaram-se
cinco objetivos específicos e para cada um deles, foi possível alcançar
suas profícuas resoluções. O primeiro referia-se a contextualização da
relação do Lean na construção civil. Para isso, foi usado como base,
trabalhos de grandes pesquisadores da área, como Lauri Koskela. Após
o entendimento da relação Lean no ambiente construtivo, foi possível
atingir o segundo objetivo específico da pesquisa: identificar
ferramentas utilizadas na mensuração do seu grau de maturação. A
ferramenta LCR (HOOFACKER, 2008) foi escolhida pois, além da sua
maior incidência em trabalhos científicos pesquisados, é uma ferramenta
que apesar de simples, consegue contemplar de forma completa todos os
onze princípios do Lean Construction.
Contudo, a ferramenta aponta apenas os critérios a serem
avaliados, porém não determina de que forma avaliar detalhadamente.
Desta forma, para atingir o terceiro objetivo específico: adaptá-la a
realidade do trabalho; subdividiu-se cada critério em perguntas, criando-
se um questionário de aplicação como exposto no Apêndice A, de forma
ao desenvolvimento de descritores avaliativos que possibilitassem a
melhor mensuração dos critérios da ferramenta LCR. O atingimento do
quarto objetivo específico iniciou em Novembro de 2017, finalizando-se
80
assim em Abril de 2018, com a última aplicação do método em uma das
quatro obras analisadas.
Por fim, o último objetivo específico previa, com base na
literatura e na análise pratica, a descrição e comparação dos resultados
encontrados, após a aplicação do método nas construções com
containers e convencionais. Este objetivo foi atingido de forma a
confirmar o veredicto das construções com Containers, como sendo
mais adeptas aos critérios Lean, em resumo: fazer mais com menos.
Pôde-se verificar que no geral, as obras com containers realmente são
mais seguras, feitas em menos tempo, com menos desperdício, além de
menos custos, como já previa a literatura e atuantes da área. Entretanto,
entende-se que este estudo não teve caráter generalista, então estas
suposições deveriam ser confirmadas em futuros trabalhos. Esta e outras
limitações são melhor discorridas no sub-tópico seguinte.
5.2 LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS
FUTURAS
Embora o estudo em que se propôs o presente trabalho tenha
sido completamente concluído, ao longo do seu desenvolvimento foram
encontradas algumas limitações, mas que assim, fornecem
oportunidades de futuras pesquisas. Uma destas limitações foi a
impossibilidade da apresentação dos resultados para as empresas, visto a
dificuldade de conciliar horários com os responsáveis pelas obras. Tal
feedback seria importante para que pudesse criar a consciência de se
pensar novas práticas e potenciais de ganhos com a melhoria dos pontos
de fragilidade de cada obra. Além disso, um plano de ação poderia ser
desenvolvido, a fim de melhorar o desempenho Lean dessas
construtoras. Tendo em vista este retorno, espera-se realizar esta
devolutiva quando da versão final do trabalho defendido.
Neste mesmo sentido, e como possibilidade de fortalecimento
do método aqui desenvolvido, espera-se buscar a validação dos valores
dados (de zero a seis) pela pesquisadora no questionário LCR, com os
engenheiros e arquitetos entrevistados. Seria importante garantir que
fossem discutidos a coerência da mensuração e engajamento dos
entrevistados com a metodologia, a fim de ficar mais fidedigno as
pontuações obtidas. Ademais, o questionário foi aplicado em apenas
uma obra de cada construtora, podendo vir a ser aplicado em 3 unidades
ou mais, a fim para melhorar o grau de generalização das respostas e
tornar ainda mais robusto o instrumento utilizado.
81
Além disso, como o trabalho foi realizado com a aplicação da
ferramenta por apenas uma pesquisadora, destaca-se que para que
pudesse diminuir o desvio padrão dos resultados, seria interessante que a
pesquisa possa vir a ser realizada por mais do que um avaliador, como
feito no trabalho de Oliveira et al (2010). Sugere-se então, para
trabalhos futuros, além da maior quantidade de obras avaliadas, a
realização por no mínimo dois avaliadores, além do aprimoramento dos
descritores avaliativos criados pela autora neste trabalho, consolidando
ainda mais e trazendo mais confiabilidade aos resultados, que com a
utilização de tratamentos estatísticos, podem confirmar ainda mais a
proposição levantada por este estudo: de que obras com containers
tendem a ser mais enxutas.
Por fim, outra linha de pesquisa emergente que pode ser
abordada, seria verificar o grau de desenvolvimento lean e também
green (ambiental) desses dois tipos construtivos e, desta maneira,
mesmo que após todo o trabalho finalizado e tendo concluído que os
métodos utilizados atingiram o objetivo esperado, percebe-se o quanto a
pesquisa científica no campo da Engenharia de Produção pode continuar
se desenvolvendo e se aprimorando.
82
83
6. REFERÊNCIAS
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Paradigm for Managing Construction Projects”. The International
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86
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f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil). Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil: Estruturas e Construção Civil,
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.
87
APÊNDICE A
Quadro 7 - Questionário de aplicação do modelo LCR. Fonte: Elaborado pela
Autora.
Perguntas iniciais
A empresa conhece LEAN? (A – Fluência no assunto, B – Conhecimento
avançado, C – Nível médio, D – Pouco familiarizado, E – Desconheço)
Qual nível de entendimento prévio sobre a filosofia? Qual a função da pessoa
que respondeu questionário? Porte da construção? Tempo de atuação?
Localização? Quantos funcionários?
Questionário avaliação LEAN LCR
Categorias Subcritérios de
avaliação Perguntas
1 Foco no
cliente
1.
1
Detectar o que é
valor para o
cliente
O que você entende de reduzir as
atividades que não agregam valor ao
cliente?
Como a empresa busca saber o que o
cliente deseja?
Há realização de algum tipo de
pesquisa?
Sabe identificar qual é o perfil do seu
cliente?
Faz algo diferente pra atender essa
parcela da população?
Já foi realizado algum estudo de
mercado?
1.
2
Comunicação
regular com o
cliente e
flexibilidade para
adaptar
mudanças.
Há algum tipo de informativo periódico
sobre o progresso da obra?
Como é a divulgação/marketing no site,
google e redes sociais?
Como é a flexibilidade para mudanças
antes do início da obra?
88
1.
3
Flexibilidade no
projeto e
comunicação
entre projetistas
e gerente da
construção.
Após o início da obra, é possível
alterar?
Caso positivo, como é o impacto custo-
tempo-quantidade de processos
envolvidos (facilidade) para realizar a
mudança?
E após a obra concluída?
Como é a comunicação do processo
precedente com o subsequente?
O cliente interno consegue se
manifestar sobre o trabalho executado
anteriormente?
Para IBSU: Acha que é mais flexível
que a construção convencional? Por
quê?
1.
4
Limpeza no
canteiro (5S)
A limpeza do canteiro é padronizada?
Como é realizada?
Para onde vão os rejeitos?
Há sinalização?
Para IBSU: Acha que é mais limpa que
a construção convencional? Por quê?
2 Desperdício
2.
1
Desperdício dos
materiais de
construção
Tem controle do que é desperdiçado?
Qual a % (itens que mais impactam)?
Perguntar para IBSU: Acha que
desperdiça menos que a convencional,
por quê? Quantidade de tipos de
matérias primas?
2.
2
Ações,
conhecimentos e
incentivos para
eliminar
desperdícios.
É realizada alguma ação ou incentivo
pra eliminar desperdícios? Qual?
2.
3
Gerenciamento
de resíduos
O que é feito com os resíduos? São
reaproveitados?
Há coleta especial? Há retorno
89
financeiro com os rejeitos?
2.
4
Utilização dos
espaços
Qual política de estoques (sabe quanto
tempo o material fica parado, por
exemplo)?
O layout foi planejado para minimizar
o transporte e tempos de
movimentação?
2.
5
Tempo
desperdiçado
Há conhecimento dos tempos de cada
operação?
Se uma operação foge do tempo
proposto, há conhecimento, registro?
Medidas para que não ultrapasse? Há
controle sobre produtividade dos
funcionários?
Utiliza pré-fabricação?
3 Qualidade
3.
1
Controle de
qualidade
constante dos
materiais de
construção
No recebimento de materiais, há ficha
de verificação para saber se está dentro
do padrão?
Como é feito este recebimento? Há
inspeção? De que tipo? Quantidade?
Qualidade através de inspeção visual?
3.
2
A empresa
possui algum
tipo de
certificação da
qualidade (ISO,
PBQH) ?
A empresa possui algum tipo de
certificação da qualidade (ISO,
PBQH)?
90
3.
3
Percepção visual
da qualidade de
execução dos
serviços
(variabilidade do
padrão).
Existe controle da qualidade após a
etapa do serviço ser feita?
Como é feito a inspeção para saber se
está de acordo com o padrão?
Por quem é feita?
É empírico ou tem processo padrão
para realização? (ex: checklist). Como é
verificado se o resultado do serviço se
encontra dentro do padrão esperado?
São percebidas variações no
desempenho das atividades entre
pessoas ou turnos?
A seu ver, a que se deve essa variação
(quantidade de serviços, motivação,
etc)?
Perguntar IBSU: Você acha que por ser
em container, o resultado é mais
uniforme, não tão propenso a
diferenças no resultado? Por quê?
3.
4
Segurança no
canteiro de obras
Há uso de EPI?
Há água potável, filtrada e fresca
disponível?
Há PCMAT? + 20 trabalhadores;
Ha sinalização de áreas inseguras? Há
plataformas para carga e descarga de
materiais? Há proteção contra
incêndio?
Há planejamento e execução de
manutenções preventivas?
(maquinário);
É segura a forma que os materiais e
equipamentos estão armazenados?
Há programa educativo para prevenção
de acidentes? Treinamentos de
segurança?
91
Para container: Há algum regulador de
segurança na montagem ou no canteiro
de obras?
Medidas de segurança adotadas?
Os locais de trabalho liberados para
produção estão devidamente
protegidos, ou seja, o local está limpo e
organizado, e os materiais, ferramentas
e projetos necessários já se encontram
neste?
3.
5
Busca e análise
das causas dos
retrabalhos
(5W2H)
Há rastreamento dos defeitos, erros (Há
registro dos problemas)?
Estoques estão identificados?
Existe um plano de ação para que não
ocorra novamente ou é apenas
solucionado na hora?
3.
6
Padronização dos
processos
Há ficha de operação formalizando
como realizar as atividades? Há
padrão?
3.
7
Sistema de
gerenciamento
visual
Todos sabem do andamento da obra?
De que forma? Há indicadores
disponíveis a todos?
3.
8
Grau de
mecanização
para obter uma
qualidade de
padronização e
desempenho.
O que é mecanizado? De que forma
isso impacta no desempenho e
qualidade?
4
Fluxo de
materiais e
produção
puxada
4.
1
Sistema de
cartões Kanban
Há quadro kanban (quadro para
gerenciamento visual de estoque por
exemplo, para sinalizar que precisa de
um material)? Levar foto explicativa.
4.
2
Aplicação de
conceitos JUST
Como é o gerenciamento de estoques?
Há pedidos de reposição frequentes?
92
IN TIME Longos tempos de estoque (>1
semana?)?
4.
3
Uso de concreto
usinado
(uso=(6), feito no
canteiro=(0).
Concreto é realizado no canteiro?
4.
4
Sistema de
pedido e tempo
de reposição de
materiais.
Como é calculado o tempo para repor
os materiais e definido o pedido? (1 dia
= (6), 1 semana = (3), > 2 semanas =
(0))
4.
5
Uso de sistemas
de suporte ao
transporte (grua)
e padronização
dos transportes
(pallets).
Uso de sistemas de transporte
mecanizados? São padronizados?
5
Organização,
planejamento
e fluxo de
informações
5.
1
Como é a
consciência,
convencimento e
suporte da alta
gerência na
aplicação dos
conceitos do
Lean
Construction.
Como é a consciência, convencimento
e suporte da alta gerência na aplicação
dos conceitos do Lean Construction (ou
melhorias na otimização dos
processos).
5.
2
Motivação e
responsabilidade
dos empregados.
Existem ações e métodos que
promovam isso?
5.
3
Polivalência dos
times
O quanto são flexíveis os empregados
da obra, para trabalhar em diferentes
serviços?
93
5.
4
Reuniões LAST
PLANNER.
Há conhecimento do gerenciamento
LAST PLANNER? Como é realizado o
planejamento (longo prazo - define-se o
sequenciamento, a duração e o ritmo
das grandes etapas da obra -=gantt?),
Há planejamento médio e curto prazo?
como? Excel? o que inclui?
Há cálculo se está cumprindo o
planejado? % de etapas finalizadas no
prazo?
Registro das justificativas de
atraso/problemas? Há replanejamento?
Como é feito controle do
planejamento/orçamento? Pouco,
médio, alto? Como? Software?
5.
5
Ferramentas de
comunicação
Há conhecimento e listagem dos
Stakeholders do projeto? (as partes
envolvidas com o projeto, como
Cliente, Construtora, Engenheiro,
Arquiteto, Gerente de Projeto etc.).
É pensado os tópicos gerais que
deveriam ser comunicados, como o
andamento do projeto, realizações,
desafios futuros, mudanças
significativas, status do orçamento e
cronograma?
De que forma será comunicado e pra
quem será informado? (itens regulares
(que precisam se repetir todos os dias
ou semanalmente, por exemplo), e
eventuais (como a comunicação sobre
imprevistos ao longo do projeto).
Há cronograma de reuniões? Se haverá
comunicação escrita (e-mails,
documentos, etc)?
5.
6
Aplicação de
sistemas de
informação
vertical e
horizontal
94
Definido responsáveis por cada tipo de
comunicação e frequência? Softwares
utilizados?
6 Melhorias
contínuas
6.
1
Busca da
empresa pela
perfeição,
processo de
aplicação do
aprendizado de
projeto para
projeto.
O que você entende por melhoria
contínua? O que é feito para que ela
ocorra?
Identificação dos problemas e atuação
nas causas?
Benchmark – referência de ponta: há
uso de algo que é considerado o melhor
do mercado?
Melhores práticas aprendidas são
formalizadas para serem executadas a
partir dali?
6.
2
Educação
continuada dos
empregados.
Há treinamentos? Especialização
oferecidas? Cultura do feedback
programado ou espontâneo?