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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA OBTENÇÃO E ESTUDO DA MISCIBILIDADE DE BLENDAS BINÁRIAS DE POLIAMIDAS COM OLIGÔMEROS OU COPOLÍMEROS DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE "MESTRE EM CIÊNCIAS" ALUNO: JAIR FRANCISCO MAGGIONI ORIENTADOR: ALFREDO TIBÚRCIO NUNES PIRES FLORIANÓPOLIS SANTA CATARINA- BRASIL JULHO - 1995

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

OBTENÇÃO E ESTUDO DA MISCIBILIDADE DE BLENDAS BINÁRIAS DE

POLIAMIDAS COM OLIGÔMEROS OU COPOLÍMEROS

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE "MESTRE EM CIÊNCIAS"

ALUNO: JAIR FRANCISCO MAGGIONI ORIENTADOR: ALFREDO TIBÚRCIO NUNES PIRES

FLORIANÓPOLIS

SANTA CATARINA- BRASIL

JULHO - 1995

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Obtenção e Estudos de Blendas Binárias de Poliamidas com Oligômeros ou copolímeros.

Jair Francisco Maggioni

Esta tese foi julgada e aprovada em sua forma final pelo orientador e membros da banca examinadora.

Banca examinadora:

-^ Fq J L v J S W —

Coordenador Prof. Dr. Faruk José Nome Aguilera

Prof. Dr. Mauro César Marghetti Laranjeira

ijaV*0-Prof. Dr. Jo^eTRoberto Bertolino

Profa. Dr. SoniaMânaHickel Probst

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Ao meu pai Antonio, in memoriam. À minha mãe Aurora.Às minhas irmãs Tania, Ineide e Sara .

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AGRADECIMENTOS:

Ao Alfredo pela orientação, grande amizade demostrada durante a realização deste trabalho.

A toda turma do laboratório 202, Prof. Valdir, Prof. Pinheiro, Prof. Pétrus, dona Glória, Marli, Robério, Gilmene, James, Ricardo, Ivonete, Guilherme, Janaina.

Aos colegas do laboratório 303 Ângelo, Edson, Sandro, Jaime, Verinha, Edésio, Santiago, José pela amizade.

A todos os professores do departamento de Quimica da UFSC que de uma forma ou outra colaboraram para que este trabalho fosse concluído em especial a Profa. Graça e ao Prof. Bertolino.

A professora Suzana Pereira Nunes da Unicamp pelas discussões e sugestões.

A CAPES pela bolsa de estudos concedida.

A todos os amigos da química pela grande amizade e convívio durante todos estes anos ( Adolfo, Luiz, Paulo, Jacir).

A toda a minha familia.

A Deus por mais esta conquista.

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INDICE GERAL

PgABREVIATURAS E SÍMBOLOS................................................... xRESUMO......................................................................................... xn

ABSTRACT...................................................................................... xiv

1 INTRODUÇÃO............................................................................... 11.1 MASSA MOLAR............................................................... 3

1.2 CLASSIFICAÇÃO DE POLÍMEROS............................... 5

1.3 BLENDAS POLIMÉRICAS............................................... 61.4 CRISTALINEDADE.......................................................... 13

2 OBJETIVO...................................................................................... 16

3 MATERIAIS E ESTRUTURA......................................................... 17

4 EQUIPAMENTOS E MÉTODOS................................................... 184.1 PREPARAÇÃO DAS BLENDAS...................................... 184.2 DENSIDADE..................................................................... 184.3 CALORIMETRIA DE VARREDURA DIFERENCIAL

(DSC) 20

4.4 ESPECTROMETRIA DE INFRA VERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR) 22

4.5 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) 22

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................... ..244.1 BLENDA POLIAMIDA 6 / NOVOLAK........................... ..24

5.1.1 ANÁLISES DE DSC............................................. .... 245.1.2 ANÁLISES DE FTIR.............................................. ...31

5.2 BLENDA NOVOLAK / GRILAMID TR-55...................... ...37

5.2.1 ANÁLISES DE DSC........................................... .... 375.2.2 ANÁLISES DE FTIR............................................. ...43

5.2.3 MEDIDAS DE DENSIDADE............................... .....46

5.2.4 ANALISES DE MEV........................................... ..... 49

5.3 BLENDA POLIAMIDA 6 /GRILAMID TR-55.................. ..51

5.3.1 ANÁLISES DE DSC................................................. ..515.3.2 ANÁLISES DE MEV............................................... ...56

5.4 BLENDA POLIAMIDA 6 / ACLYN 291-A....................... ..58

5.4.1 ANÁLISES DE DSC................................................ ..585.4.2 ANÁLISES DE MEV.............................................. ..63

6 CONCLUSÃO................................................................................ ...657 BIBLIOGRAFIA.............................................................................. ..66

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INDICE d e fig u r a s

FIGURA PAGINA1 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE HOMOPOLÍMEROS..... 5

2 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE COPOLÍMEROS............ 6

3 MODELO DE FLORY PARA ENTROPIA........................................ 10

4 ESQUEMA ILUSTRATIVO DA OBTENÇÃO DE BLENDAS POLIMÉRICAS MISCÍVEIS, IMISCÍVEIS E COMPATÍVEIS........ 11

5 EFEITO DE COMPATIBILIZAÇÃO DE POLÍMEROS ATRAVÉSDO USO DE AGENTES COMPATffilLIZANTES............................ 12

6 POSSÍVEIS FORMAS DE ESTRUTURAS PARA UM POLÍMERO. 14

7 SISTEMA DE OBTENÇÃO DE UMA COLUNA DE GRADIENTEDE DENSIDADE............................................................................... 19

8 SENSORES DE TEMPERATURA PARA DSC................................ 20

9 TERMOGRAMA DE DSC DE UM POLÍMERO SEMI- CRISTALINO.................................................................................... 21

10 TERMOGRAMA DE DSC PARA A POLIAMIDA-6 PURA........... 26

11 TERMOGRAMA DE DSC PARA O NOVOLAK PURO................. 26

12 SOBREPOSIÇÃO DOS TERMOGRAMAS DE DSC PARA A BLENDA FORMADA POR NOVOLAK E POLIAMIDA-6............. 27

13 TEMPERATURA EM FUNÇÃO DA PERCENTAGEM EM PESO DE NOVOLAK PARA A BLENDA FORMADA POR NOVOLAKE POLIAMIDA-6............................................................................... 29

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FIGURA PÁGINA

14 ESPECTRO DE FTIR DA POLIAMIDA-6 PURA............................. 33

15 ESPECTRO DE FTIR DO NOVOLAK PURO.................................. 33

16 SOBREPOSIÇÃO DOS ESPECTROS DE FTIR PARA AS DIFERENTES COMPOSIÇÕES DA BLENDA FORMADA POR NOVOLAK E POLIAMEDA-6.......................................................... 36

17 TERMOGRAMA DE DSC PARA O GRILAMID TR-55 PURO....... 38

18 TERMOGRAMA DE DSC PARA O NOVOLAK PURO.................. 38

19 SOBREPOSIÇÃO DOS TERMOGRAMAS DE DSC PARA A BLENDA FORMADA POR NOVOLAK E GRILAMID TR-55....... 39

20 TEMPERATURA EM FUNÇÃO DA PERCENTAGEM EM PESODE NOVOLAK E GRILAMID TR-55............................................. 42

21ESPECTRO FTIR PARA O GRILAMID TR-55 PURO..................... 44

22 .SOBREPOSIÇÃO DOS ESPECTROS DE FTIR PARA AS DIFERENTES COMPOSIÇÕES DA BLENDA FORMADA POR NOVOLAK E GRILAMID TR-55..................................................... 45

23 INVERSO DA DENSIDADE EM FUNÇÃO DA PERCENTAGEM EM PESO DE NOVOLAK PARA A BLENDA FORMADA POR NOVOLAK E GRILAMID TR-55..................................................... 47

24 MEV PARA A BLENDA FORMADA POR NOVOLAK EGRILAMID TR-55............................................................................. 50

25 TERMOGRAMA DE DSC PARA O GRILAMID TR-55 PURO....... 52

26 TERMOGRAMA DE DSC PARA A POLIAMIDA-6 PURA........... 52

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FIGURA PÁGINA27 SOBREPOSIÇÃO DSO TERMOGRAMAS DE DSC PARA AS

DIFERENTES COMPOSIÇÕSES DA BLENDA FORMADA POR POLIAMIDA-6 E GRILAMID TR-55................................................ 53

28 TEMPERATURA EM FUNÇÃO DA PERCENTAGEM EM PESODE GRILAMID TR-55...................................................................... 55

29 MEV PARA A BLENDA FORMADA POR POLIAMIDA 6E GRILAMID TR-55........................................................................ 57

30 TERMOGRAMA DE DSC PARA O ACLYN 291-A PURO............ 59

31 TERMOGRAMA DE DSC PARA A POLIAMIDA-6 PURA............ 59

32 SOBREPOSIÇÃO DOS TERMOGRAMAS DE DSC PARA AS DIFERENTES COMPOSIÇÕES DA BLENDA FORMADA POR ACLYN 291-A E POLIAMIDA-6...................................................... 60

33 TEMPERATURA EM FUNÇÃO DA PERCENTAGEM EM PESO DE ACLYN 291-A PARA A BLENDA FORMADA POR ACLYN291-A E POLIAMIDA-6................................................................... 62

34 MEV PARA A BLENDA FORMADA POR ACLYN 291-A E POLIAMIDA-6.................................................................................. 64

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ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

PVC - poli ( cloreto de vinila)

PMMA- poli ( metacrilato demetila)

PEAD - poli etileno de alta densidade

PEBD - poli etileno de baixa densidade

Mn - Massa molar média em número

Mw - Massa molar média em peso

PET - poli ( etileno tereftalato)

PC poli carbonato

PBT - poli ( butileno tereftalato)

PA-6 - poliamida 6

PP poli propileno

PB polibutileno

> a° 1 Variação da energia livre molar de Gibbs da mistura

AHm - Variação da entalpia de mistura

ASm Variação da entropia da mistura

<|)i Fração de volume do componente i

ABS - Copolimero de acrilonitrila, butadieno e estireno

SAN - Copolímero de estireno e acrilonitrila

PS poliestireno

EPDM - Copolímero de etileno-propileno e dieno

ASA - Copolímero de acrilonitrila-(estireno)-acrilonitrila

PVDF - poli ( fluoreto de vinilideno )

PES - poli (éter sulfona )

PVA - poli ( acetato de vinila)

PEK - poli ( éter cetona)

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Tm Temperatura de fusão

Te - Temperatura de transição vitrea

Tc Temperatura de cristalização

DSC Calorimetria de varredura diferencialFTIR Infra vermelho com transformada de Fourier

MEV - Microscopia eletrônica de varredura

PVPh - poli ( vinil fenol)PNMK - poli ( vinil cetona)

PCL policapralactona

HPMI - 4-hidroxifenil maleamida

ZnSPS - Poli ( estireno sulfonado neutralizado com Zn)

PHMCM- poly((N-alkylcarbazol-3-yl) methyl methacrylates)PDNBM- poly(2-((3,5-dinitrobenzoyl)oxy)ethyl methacrylate)

i -PMMA- poli ( metil metracrilato) isotáticos-PMMA- poli ( metil metacrilato) síndotatico

BAPC - Bisfenol-A-policarbonato

PHFA - poly(estireno-co-vinyl hexafluorodimethyl carbinol)

PPO poli (-2,6-dimetil-l,4-óxido fenileno)

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RESUMO

O estudo de blendas poliméricas ( misturas físicas de dois ou mais

polímeros) tem crescido muito nas últimas décadas, devido a facilidade de

obtenção de novos materiais com propriedades diferentes dos componentes

puros.Classifica-se como blendas miscíveis aquelas as quais um dos

componentes apresenta domínios de fase inferior a 15 nm . Quando os

domínios são superiores a esse valor tem-se blendas imiscíveis. A miscibilidade é favorecida quando existe interações fracas entre os

componentes da mistura.

Neste trabalho foi estudado a miscibilidade de blendas binárias envolvendo poliamida 6, grilamid TR-55 (um copolímero de poliamida alifática e aromática), novolak (um oligômero fenólico) e o Aclyn 291-A. As blendas

foram preparadas pela mistura mecânica dos componentes fundidos.Para a mistura de poliamida 6 e o novolak, foram realizados estudos de

FTIR e DSC para diferentes faixas de composição. O deslocamento e a variação da intensidade da transmitância da banda de absorção da hidroxila do

novolak, bem como a obtenção de valores diferentes de Tm, Tc ea presença de um único valor de Tg para diferentes percentagens em peso dos componentes

na blenda, indicaram a ocorrência de interações fracas entre os componentes,

formando uma blenda miscivel.

Para a blenda de poliamida 6 e o copolímero Grilamid TR-55 os valores de Tm, Tc e Tg mantiveram-se constantes, ou seja, iguais aos valores

correspondentes aos componentes puros. As análises de MEV mostraram a

presença de domínios, evidenciando a ocorrência de separação de fase, que

concordam com os resultados de DSC, indicando a imiscibilidade do sistema.

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Para os sistemas envolvendo Grilamid TR-55/novolak e poliamida

6/aclyn 291-A os resultados experimentais indicaram que as blendas, para a

faixa de composição de um dos componentes de 0 a 100% em peso, são

miscíveis e imiscíveis respectivamente.

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ABSTRACT

The study of polymer blends (physical mixtures of two or more polymers) has developed to great deal in the last decades, due to facilit the

easiness to attain new materials with distinct properties from pure components.

Miscible blends are the ones whose components present lower phase domains at 15 nm. When the domains are above this value we have imiscible

blends. The miscibility is favored when there are weak interactions between the mixture components.

In this work the miscibility of binary blends involving polyamid 6,

grilamid TR-55 (a polyamid aliphatic and aromatic copolymer), novolak (a

phenolic olygomer) and aclyn 291-A was studied. The blends were prepared from mechanical mixture of molten components.

Several FTIR and DSC studies were carried out concemig different composition ranges of polyamid 6 and novolak mixtures. The displacement and

the varation of transmitance intensity due to hydroxyl absortion band from

novolak, as well as the acquisition of distinct values of Tm> Tc and the presence of only one value to Tg for different percentages in weight of blend

coponents indicated the occurrence of weak interactions between the

components, showing the formation of a miscible blend.For the blend formed from polyamid 6 and the grilamid TR-55

copolymer mixtures, the values of Tm, Tc and Tg remained constant, i. e., such as the values from pure components. The MEV analysis showed the

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presence of domains, demostrating the occurence of phase separation, which

is in agreement DSC results, indicating the imiscibility of the system.For the grilamid TR-55/novolak and polyamid 6/aclyn 291-A systems

the results showed that the blends, for a composition range of one of their

components between 0 and 100 % in weight, are miscible and imiscible,

respectively.

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1- INTRODUÇÃO

A obtenção de novos polímeros tem apresentado um contínuo

desenvolvimento nos últimos anos.

Entende-se como polímeros as moléculas formadas pela repetição múltipla de uma ou mais espécies de átomos ou grupos de átomos

(monômeros), unidos uns aos outros de maneira que mudanças na massa

molar por acréscimo ou remoção de unidades monoméricas não alteram as

propriedades gerais. Estes podem ser naturais, como por exemplo amido,

algodão e proteínas ou sintéticos como polietileno, nylon e poli (cloreto de

vinila) (PVC).Através das reações de polimerização podem ser obtidos os

polímeros sintéticos. As primeiras rotas sintéticas para obtenção do poli (cloreto de vinila) (PVC) datam de 1872 sendo porém a sua produção

comercial iniciada a partir de 1927.1 Após essa data, o desenvolvimento de novos polímeros teve um crescimento acentuado conforme pode ser

observado na imensa variedade de materiais poliméricos que nos cercam no dia a dia. Por exemplo, atualmente os automóveis apresentam um elevado número de peças e acessórios constituídos de materiais

poliméricos, o que reduz consideravelmente o peso e custo fínal. O poli (metacrilato de metila) apresenta transparência e boa resistente ao impacto

podendo ser utilizado em substituição ao vidro. O polietileno é usado nos recipientes para embalagens de produtos alimentícios, farmacêuticos

e químicos bem como em embalagens em geral, devido ao seu baixo custo e alta resistência ao ataque de produtos químicos. Em tintas e adesivos de

papel é usado o poli (acetato de vinila) que apresenta uma grande propriedade de adesividade. Os poliglicóis por sua vez são muito utilizados

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como fluídos anticongelantes, os policarbonatos em tubos de centrífugas, placas resistentes a impactos e janelas de segurança.2

Os polímeros, por apresentarem propriedades tais como leveza,

resistência e durabilidade, estão substituindo com rapidez muitos materiais como a madeira, o vidro e o metal. Atualmente existem ao redor de seis mil empresas no país que atuam como produtores e modificadores de

polímeros.3 A atividade industrial nessa área é muito grande levando os polímeros a se tomarem um material intimamente ligado ao cotidiano do

ser humano, porém causando uma grande antipatia e desprezo dos

ambientalistas, devido a dificuldade de degradação da maior parte destes.

Nos países do primeiro mündo existe há algum tempo a preocupação com a reciclagem de polímeros. No Japão aproximadamente 70% dos resíduos urbanos são incinerados, porém este método de

tratamento para os resíduos poliméricos não é muito bem aceito pois pode aumentar a poluição atmosférica, impedindo a entrada de raios solares

necessários a sobrevivência de algumas espécies vegetais e animais.3 No Brasil cada habitante produz em média cerca de 600g de residuos sólidos

por dia, dos quais cerca de 7% são polímeros. A cidade de São Paulo produziu em 1993, 14 mil toneladas de resíduos sólidos por dia, dos quais5 a 7 % (em peso cerca de 840 toneladas) eram polímeros. Dos polímeros

reciclados no Brasil, cerca de 60% são constituídos de polietileno de baixa

e alta densidade, os demais 40% predominam poli (cloreto de vinila) [PVC], o poliestireno [PS], o polipropileno [PP].

A recuperação dos materiais poliméricos tem início com a

separação dos vários tipos de resíduos poliméricos que pode ser feita por

diferença de densidade em meio líquido, desses resíduos triturados, seguindo-se para a reciclagem que pode ser tanto primária, secundaria ou

terceária. No Brasil o maior mercado de reaproveitamento de material, é o

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da reciclagem primária, que consiste na regeneração de um único tipo de

polímero por vez. A reciclagem secundária processa os polímeros misturados, já na reciclagem terciária os polímeros são recuperados

através de processos químicos, porém, não é aplicada no país.4

A preocupação das autoridades e da população com a reciclagem

tenderá a aumentar na mesma proporção em que está aumentando a produção de novos materiais.

Comumente os termos plásticos e polímeros são utilizados como

sinônimos. Entretanto, a palavra plástico é um termo geral que significa capaz de ser moldado. Isto não significa que todos os materiais

comumente designados como plásticos tenham necessariamente estas propriedades, mas a exibem em algum momento de sua obtenção.

1.1-MASSA MOLAR

Os polímeros podem apresentar diferentes graus de polimerização

(número de monômeros na cadeia), ou seja, cadeias com diferentes massas molares.

Para substâncias constituídas de moléculas pequenas com fórmula molecular definida, tem-se um valor único e constante de massa molar,

enquanto que para polímeros, obtém-se massas molares médias, pois geralmente a síntese de polímeros resulta em macromoléculas com

diferentes graus de polimerização. A expressão desse valor médio depende

do método utilizado para a determinação da massa molar. Por exemplo, se utilizarmos técnicas como a crioscopia, osmometria ou determinação de

grupos terminais, obter-se-á uma MASSA MOLAR MÉDIA EM

NÚMERO denotada por (M n ) que é definida pela equação 1:

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onde n é o número de macromoléculas com massa molar M. Portanto, o valor médio resultante é devido a média aritmética das macromoléculas presentes.

Outra maneira de se expressar massa molar é através da MASSA MOLAR MÉDIA EM MASSA denotada por ( Mw ) onde a massa das

macromoléculas é que terão predominância sobre o valor médio final. A

massa molar média em peso é definida pela equação 2:

Os métodos mais usados para determinação da massa molar média são o espalhamento de luz, coeficiente de sedimentação e difusão, entre

outros.A razão Mw/Mn é uma das maneiras de se determinar a

polidispersidade de um polímero, ou seja, a variação do grau de

polimerização. O polímero será monodisperso se o valor da razão Mw/Mn for igual a um, pois neste caso todas as cadeias poliméricas apresentam o

mesmo número de unidades de repetição. Os polímeros naturais, como as proteínas e ácidos nucleicos são monodispersos, já os polímeros

sintéticos geralmente são polidispersos devido a dificuldade para controlar

o grau de polimerização.Existem diversos métodos que podem ser utilizados para

fracionar polímeros polidispersos, tais como, cromatografia, precipitação

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íracionada e centrifugação em gradientes de densidade. A importância do

fracionamento está diretamente relacionada com a aplicação. Por exemplo

a dextrana pode ser utilizada como substituto do plasma sanguíneo, mas

deve ter uma massa molar média bem definida e de valor moderado, pois

caso esta massa molar seja muito pequena os vasos sanguíneos poderiam

estourar devido ao efeito osmótico, e se for muito elevada poderia obstruir

o fluxo sanguíneo prejudicando à saude.5

1.2. CLASSIFICAÇÃO DE POLÍMEROS

Os polímeros podem ser classificados como homopolímeros e

copolímeros, de acordo com as unidades de repetição. Homopolímero é

aquele constituído de unidades monoméricas idênticas (monômeros) os

quais podem ser lineares, ramificados ou reticulados. A figura 1 mostra

uma representação esquemática de homopolímeros.

Os copolímeros são aqueles constituídos de duas ou mais unidades

monoméricas diferentes de maneira que não apresentem uma regularidade

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de repetição na cadeia. Estes podem ser i) ao acaso, quando a sequência

das unidades monoméricas são distribuídas aleatoriamente; ii) enxertado se

existir ramificações constituídas de unidades monoméricas diferentes das

unidades monoméricas da cadeia principal; iii) em bloco quando formado

por conjuntos de unidades monoméricas diferentes. A figura 2 mostra um

esquema de copolímeros, onde as esferas coloridas denotam unidades de

repetição distintas.

em bloco 9 » > • t OQQQQQ

enxertado

ao acaso * • *

Figura 2- Representação esquemática de copolímeros, onde os círculos vazios

e cheios denotam unidades monoméricas diferentes.

1.3. BLENDAS POLIMÉRICAS

São muitas as aplicações para a imensa variedade de polímeros

produzidos comercialmente. Porém, a maior percentagem da produção

mundial de polímeros sintéticos são de polietileno, poli (cloreto de vinila),

poli propileno, poliamidas e poli (etileno tereftalato).

Nas últimas décadas, tem aumentado o interesse pela obtenção de

novos materiais, resultantes da mistura física de dois ou mais polímeros

e/ou copolímeros já existentes. Essas misturas, denominadas de

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BLENDAS POLIMÉRICAS, pennitem obter novos materiais com

propriedades intermediárias aos componentes puros, ou seja, com

aplicações específicas e com baixo custo operacional. As blendas

poliméricas podem ser obtidas entre outras maneiras, através da dissolução dos componentes em solvente comum e posterior eliminação do solvente,

ou pela mistura mecânica dos componentes fundidos.O grande número de publicações em revistas especializadas bem

como o aumento de registros de novas patentes demostram o grande

interesse na produção das blendas poliméricas, com as mais variadas aplicações.1 Blendas do tipo policarbonato [PC] misturado com o

copolímero de acrilonitrila, butadieno e estireno [ABS] são muito utilizadas em automóveis devido as suas propriedades, tais como alta resistência ao impacto, elevada resistência térmica e alta dureza.6 O poli

(etileno terefalato) [PET] quando misturado com o poli (butileno tereftalato) [PBT] forma um sistema miscível melhorando o brilho e a flexibilidade. Esta blenda é usada em aplicações elétricas e eletrônicas,

sistemas de freio e peças em contato com combustíveis em automóveis. Outra vantagem é o baixo custo apresentado em sua produção.7 O nylon 6 [PA-6] misturado com copolímero de acrilonitrila, butadieno e estireno

[ABS] apresenta uma melhor resistência ao impacto, ao calor e resistência

química. A blenda formada pelo poli propileno [PP] e poliamida [PA]

apresenta uma melhor resistência ao calor e é muito usada em automóveis. O poli (butileno tereftalato) [PBT] misturado com 10 % (em

peso) de poli (butileno) [PB] e 5 % (em peso) de polietileno de baixa

densidade (PEBD) ou 5 % de poli carbonato [PC] forma uma blenda com

alta resistência ao impacto e é produzido pela General Electric ( patente n° 71,773/ 7 julho de 1982). A Occidental Química produz um material

(patente n° 4.507,434/ 26 de março de 1985 ) com boas propriedades

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superficiais e forte resistência ao impacto e a chama. Esta blenda é

constituída de 40 a 60 % de PC com um copolímero enxertado de poli (cloreto de vinila ) e poliolefína. A Dow Chem. Co. fabrica uma blenda

(patente n° 4.579,914/ 1 de abril de 1986) composta de poli (esteramida

aromática) com 5 a 40 % em peso de uma poliamida linear alifática. O material resultante apresenta um aumento da dureza, melhor resistência a

solventes e a tensão e elongação.1

Quando as blendas poliméricas apresentam uma única fase com

domínios da ordem de 15 nm, são denominadas miscíveis. A ocorrência de interações específicas entre grupos de cadeias dos diferentes polímeros favorecem a miscibilidade do sistema. Interações do tipo dipolo-dipolo,

onde dipolos permanentes formados por átomos com diferentes densidades

de cargas irão atrair outros átomos formando as interações, podem ocorrer em diferentes tipos de polímeros. Um exemplo de blenda miscível formada por ligação dipolo-dipolo é o poli (cloreto de vinila) [PVC] com poliéster.1

Outro tipo de interação que vem sendo estudada por vários grupos8-14 são as formadas por pontes de hidrogênio. Essas ocorrem quando um átomo

de hidrogênio está ligado a um átomo com alta densidade eletrônica em

tomo do núcleo, geralmente em átomos ligados a oxigênios ou nitrogênios. A forte densidade de carga tanto do oxigênio como do nitrogênio atraem o elétron do hidrogênio, em consequência outro grupo "OH" ou "NH" será

atraído pelo dipolo formando a ligação por pontes de hidrogênio. As interações por pontes de hidrogênio podem ser tanto intramolecular como

intermolecular, ou seja, podem ocorrer tanto entre dois átomos ou grupos

de átomos de moléculas diferentes como na mesma molécula.15 O estudo de ligações de hidrogênio através de espectroscopia de infra-vermelho é

muito usado para observar a miscibilidade das blendas poliméricas.

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9

Para que uma mistura seja termodinamicamente favorável, o valor

da variação de energia livre molar de Gibbs da mistura (AGm) deve ser negativo. Portanto AGm determina a espontaneidade para obtenção de

blendas miscíveis e é dado pela equação 3:

tsAGm = AHm - T ASm (3)

onde; AHm é a variação da entalpia da mistura, ASm a variação de

entropia da mistura e T a temperatura absoluta. O valor da derivada

segunda da energia livre de Gibbs em relação à fração de volume (<|>i) do componente i a temperatura e pressão constantes, deve ser maior do que

zero, conforme mostra a equação 4:

^ô2AG«^

8*2>0 (4)

/ TP

Em soluções poliméricas ideais a variação de energia de ligação entre

os componentes da mistura e entre os componentes puros é nula, sendo a entalpia de mistura igual a zero e a contribuição para AGm é devido somente ao termo entrópico. Quando a variação de energia for diferente de

zero a solução não será ideal (AH * 0), tendo também a contribuição da

entalpia para o valor da energia livre.

Em misturas com componentes de baixa massa molar a contribuição da entropia é considerável, sendo a mistura espontânea quando o valor da

entalpia em módulo for menor do que o módulo do produto da entropia pela

temperatura absoluta. Em sistemas envolvendo moléculas de elevada massa molar (polímeros) o termo entrópico apresenta menor contribuição do que o

termo entálpico. Para entendermos melhor este comportamento usaremos

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o modelo proposto por Flory. Em uma caixa com 100 divisões

iguais são colocadas 50 esferas claras e 50 esferas escuras representando

dois tipos de solutos monoméricos (figura 3a). O número de combinações possíveis será da ordem de 10^0 combinações. Porém quando 10

monômeros encontrarem-se ligados entre si formando um conjunto de 5

cadeias de cada grupo, ( figura 3b) o número de combinações passa a ser da ordem de 10^, ou seja 10^7 vezes menor.

O • • o □ o • o • oo o • o □ o o •o •• o_ • o □ o • o o •o o • r a • o • o •o • o n o • o • o•"õ •o □ • o • o •o •• o □ o o • o •• o o •BI • o • • oo • • o □ o o • • o• o o • oa • o • o •

r a n n na u w s in n n acintiEsu c i u nW l i 1» 1H L Jfc. ák AI5335KS!E K K K

a bFigura 3: Modelo de Flory com uma rede 100 divisões iguais contendo:

a)50 esferas claras e 50 esferas escuras, resultando em 10^0 combinações possíveis, b) 10 esferas conectadas formando 5 cadeias de cada grupo resultando em 10 ̂combinações

Em blendas poliméricas a variação da entropia de mistura é geralmente muito pequena sendo o fator preponderante pela miscibilidade de

polímeros a variação da entalpia de mistura (AHm). Quando o AHm apresentar valores pequenos, se poderá ter misturas miscíveis devido

preponderantemente ao termo entálpico, como por exemplo, a blenda

formada por PEDA e PEBD.16 Entretanto, se os valores dos termos

entálpico e entrópico levarem a um valor positivo de AG, a mistura

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11

resultante será heterogênea, ou seja, blendas imiscíveis que apresentam separação de fase.

A figura 4 nos mostra um esquema geral de obtenção de blendas

poliméricas. Tanto a mistura de polímero-polímero, polímero-copolímero

e copolímero-copolímero resultará em blendas poliméricas. Estas por sua

vez podem ser tanto miscíveis ou imiscíveis. Alguns exemplos de blendas imisciveis são poli estireno [PS] com poli (metacrilato de metila ) [PMMA],

poli (butilenotereftalato) [PBT] com poli (etileno tereftalato) [PET] e

copolímero (de estireno e acrilonitrila) [SAN] com EPDM entre outras7.

BLENDAS POLIMÉRICAS

MISCÍVEIS IMISCÍVEIS

BLENDAS COMPATÍVEIS

1 COPOLIMERÕsl

Figura 4 : Esquema ilustrativo da obtenção de blendas poliméricas miscíveis,

imiscíveis e compatíveis.

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12

Todavia, blendas imiscíveis podem resultar em materiais com

propriedades mecânicas diferentes dos componentes puros devido a interações interfaciais que podem apresentar.

As blendas poliméricas compatíveis também são conhecidas como ligas poliméricas, e podem ser obtidas através da adição de "agentes

compatibilizantes". A grande tensão interfacial existente que impede a

miscibilidade entre os componentes é reduzida com a adição dos agentes compatibilizantes melhorando a dispersão das fases e aumentando a

adesão sem que ocorra a homogeneidade das fases, mas resultando em

materiais com boas propriedades mecânicas.17’18 Entre os compatibilizantes

utilizados, os copolímeros em blocos são os mais empregados pois os segmentos em bloco de cada tipo de unidade monomérica do copolímero

pode apresentar afinidade por um componente especifico da blenda, aumentando a adesão entre as fases. A figura 5 mostra um esquema desse

efeito de compatibilização.

polímero A polímero B copolímero

Figura 5: Efeito de compatibilização de polímeros através do uso de agente compatibflizante ( neste caso um copolímero ).

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13

Muitas blendas utilizadas comercialmente são provenientes de

sistemas polifásicos como por exemplo blendas de poli propileno [PP] e um

copolímero de etileno-proprileno e dieno (EPDM) utilizadas em pára- choques de carros, mangueiras e isolamento de cabos por apresentarem

maior resistência ao impacto. A mistura de PVC com o copolímero de

acrilonitrila-estireno-acrilonitrila [ASA] resulta em um material com melhor

processabilidade e resistência às interpéries do tempo, muito utilizado em

perfis rígidos para janelas, painéis e tubos para esgoto. Alguns tanques de automóveis utilizam a blenda comercialmente chamada de SELAR

(Fabricada pela DuPont) que é constituída de poli (amida) [PA] e poli etileno [PE], material este que apresenta uma maior resistência ao impacto.7

Na compatibilização de blendas poliméricas imiscíveis pode-se melhorar algumas propriedades em detrimento de outras. Por exemplo, a mistura de um polímero A com um polímero B pode resultar em um

material com um aumento da resistência ao impacto e uma diminuição da rigidez numa determinada composição da mistura. Porém, variando-se a composição pode-se alterar essa relação de modo a obter propriedades que satisfaçam as aplicações específicas.7

1.4- CRISTALINIDADE.

A cristalinidade é uma característica marcante e importante para os

materiais poliméricos. As diferentes formas em que um polímero pode cristalizar influenciará diretamente nas suas propriedades. Polímeros

cristalinos são aqueles onde todas as moléculas são geometricamente

orientadas na sua estrutura. Ramificações das cadeias ou uma pequena copolimerização podem limitar o alcance da cristalização. Por

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14

exemplo o poli (fluoreto de vinilideno) [PVDF] apresenta quatro formas de

cristalização (a, (3, y e Ô), sendo que a mais utilizada do ponto de vista tecnológico é a p por fornecer melhores propriedades piro e

piezoeléctricas.19Polímeros que não apresentam esse comportamento morfológico, ou

seja, uma orientação regular das cadeias, são denominados de amorfos. Copolímeros com duas ou mais unidades monoméricas bastante diferentes,

apresentam esta característica.20 Os polimeros semi-cristalinos são uma classe intermediária entre os polímeros cristalinos e amorfos, ou seja, parte

das cadeias encontram-se ordenadas e partes desordenadas.A figura 6 mostra um esquema ilustrativo das estruturas cristalina, semi-

cristalina e amorfa.

TIPOS DE ESTRUTURAS

Cristalino Semi-cristalino Amorfo

Figura 6: Possíveis formas de estruturas para um polímero

Alguns exemplos de polímeros cristalinos são o poli (tereftalato de

butileno) [PBT] , poli (etileno de alta densidade) [PEAD] e poli (éter sulfona) [PES]. Entre os polímeros semi-cristalinos pode-se citar o nylon 6

[PA-6], o poli propileno [PP ] e o poli (etileno tereftalato) [PET]. Entre os

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polímeros amorfos alguns exemplos são os poli carbonatos [PC], poli

(acetato de vinila) [PVAC] e poli (éter cetona) [PEK] entre outros.7

Uma característica de polímeros cristalinos é uma temperatura de transição de primeira ordem, ou seja, uma temperatura (endotérmica) na

qual ocorre uma mudança do estado sólido para o estado líquido. O

processo inverso, ou seja, a temperatura na qual ocorre a orientação das

cadeias poliméricas , (processo exotérmico), é denominada de temperatura de cristalização. Denota-se estas temperaturas por Tm e Tc ,

respectivamente.

O polimorfismo de um polímero, ou seja, as diferentes formas de cristalização poderá estar diretamente relacionada com o controle da

temperatura de cristalização. O polímero fundido apresenta-se como um

líquido viscoso, com suas moléculas totalmente desordenadas. Materiais amorfos que não formam cristais, como por exemplo poliestireno e o poli (metacrilato de metila), quando resfriados irão passar de um líquido viscoso diretamente para um polímero rígido e transparente. Estes polímeros

apresentam uma temperatura de transição de segunda ordem, denominadas de temperatura de transição vítrea, denotada por Tg, onde ocorre uma certa

mobilidade na cadeia polimérica. Portanto a Tm é uma temperatura

característica de polímeros cristalinos, enquanto Tg é uma temperatura carcterística de polímeros amorfos. Polímeros semi-cristalinos podem

apresentar Tm e Tg e quando resfriados a partir do estado fundido podem variar o grau de cristalinidade, dependendo da velocidade de resfriamento.

Por exemplo, a poliamida 66 fundida, quando resfriada rapidamente

transforma-se em um polímero rígido e transparente. Porém quando resfriado com um controle da velocidade de abaixamento da

temperatura ( por exemplo Io C/s), forma cristais em temperatura

inferior a temperatura de fusão (Tm) . Todavia estas partes cristalinas

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estarão totalmente cercadas por uma matriz amorfa, com a percentagem de

cristalinidade muito baixa. O polietileno linear quando resfriado de uma

temperatura acima do ponto de fusão até a temperatura ambiente, resultará

em um polímero com alta percentagem de cristalinidade. Algumas partes amorfas podem ser encontradas, mas em bem menor proporção do que a cristalina.24

2-OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo obter e estudar blendas binárias de;

i) Poliamida 6 ( um polímero semi-cristalino) com o Novolak (oligomêro fenólico amorfo)

ii) Grilamid TR-55 ( copolímero amorfo ) com o Novolak

iii) Poliamida 6 e Grilamid TR-55iv) Poliamida 6 e Aclyn 291-A

e caracterizar microscopicamente a existência de miscibilidade entre os componentes da blenda, bem como identificar o tipo de interações que

ocorrem em blendas miscíveis. Quando possível analisar a morfologia das

blendas.

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17

3- MATERIAIS E ESTRUTURAS:

Os polímeros empregados nesse trabalho foram utilizados sem purificação prévia e as estruturas estão relacionadas abaixo:

Poliamida 6: Polímero semi-cristalino.

O

( - C - Í C H J - N - ) ' #n

H

Grilamid TR-55: Copolímero amorfo constituído por uma poliamida alifática e uma poliamida aromática.

H

n— ( CHj )n — c ) — | n CHj-

CH, oII

N— C-

H

OIJ_

1

Aclyn 291-A: Copolímero formado por polietileno e ácido acrílico com 50% de Zinco substituído.

+ C H 2- C H 2y C H , - C H i tn

c= o

Novolak: Oligomêro fenólico amorfo.

Zn

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18

4. EQUIPAMENTOS E MÉTODOS

4.1- PREPARAÇÃO DAS BLENDAS:

As blendas foram obtidas fundindo-se o polímero de maior ponto de

fusão e adicionando-se sobre este o outro componente, sob agitação mecânica. Após os componentes estarem bem misturados, a blenda foi

resfriada e preparados filmes utilizando-se uma prensa com

aquecimento. Utilizou-se um espaçador entre as placas com o objetivo de se obter amostras com espessuras desejadas. As amostras foram

preparadas à diferentes composições, variando-se de 0 a 100% em peso a

quantidade de um dos componentes.

4.2- DENSIDADE:

O estudo de densidade em blendas poliméricas é utilizado para verificar a ocorrência de interações entre os componentes através do

aumento ou da diminuição do volume livre das moléculas.21»41’4243As medidas de densidade foram feitas utilizando-se uma coluna de

gradiente de densidade de um metro de altura. A coluna foi preparada

utilizando-se o seguinte procedimento: uma solução aquosa de sacarose de concentração conhecida ( densidade maior) foi colocada em um

recipiente "A" conectado pela parte inferior com um recipiente "B" de igual volume e contendo água pura ( densidade menor ). No recipiente

"A" colocou-se um agitador mecânico para homogeneização da solução.

A solução foi transferida do recipiente " A " para a coluna através de uma bomba dosadora peristáltica MILAN ( modelo 202 ). A medida

que o nível de solução do recipiente "A" diminuiu, a água contida no

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recipiente "B" foi transferida para o recipiente "A" devido ao princípio

dos vasos comunicantes, diluindo cada vez mais a solução de sacarose. O

sistema foi termostatizado a 20° C ( figura 7).

A g ita d o r

BanhaTerm ostatizado

-C irc u la ç ã o d o b a n h o term ostatizado

S o lu çã o de Sacarose

C o lu n a de den sidad e

S a íd a d ‘á g u a

Figura 7 : Sistema de obtenção de uma coluna com gradiente de densidade

A calibração da coluna, ou seja, a determinação da densidade em

função da altura foi feita através de medidas do índice de refração,

utilizando-se um refratômetro modelo CARL ZEISS, os quais estão

diretamente relacionados com a densidade. As amostras foram colocadas

no topo da coluna, tomando-se o cuidado de evitar a presença de bolhas de ar nas amostras. As amostras se deslocaram até o ponto onde sua

densidade se igualava a densidade do meio.A solução de sacarose foi utilizada na obtenção da coluna, devido

ao baixo custo, facilidade de preparação, além das blendas possuírem

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valores de densidade intermediários entre esta solução de sacarose e a

água pura . O valor da densidade das blendas a diferentes composições

foi a média aritmética de três medidas.

4.3- CALORIMETRIA DE VARREDURA DIFERENCIAL

A técnica de calorimetria de varredura diferencial (DSC) é muito

utilizada no estudo de blendas poliméricas, podendo fornecer

informações com relação a miscibilidade entre os componentes

poliméricos.O processo consiste no aquecimento simultâneo de uma referência

(R) e de uma amostra (A) ( figura 8) com a temperatura tendo um

aumento linear em função do tempo.

S e n s o re s d e platina

Aquecedores individuais

Figura 8 : Sensores de temperatura para DSC.

Uma variação da temperatura gera uma diferença de potencial que é

captado por dois termopares conectados na amostra e na referência. Esta

variação de temperatura (ÁT) é compensada por um fluxo de calor que é registrada em um termograma como mostrado na figura 9.

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Figura 9: Termograma de DSC de um polímero semi-cristalino apresentandoTg (temperatura de transição vitrea), Tc (temperatura de cristalização) e Tm (temperatura de fusão).

A figura 9 mostra um termograma característico de um material semi- cristalino, apresentando temperatura de fusão (Tm), temperatura de

transição vítrea (Tg) e temperatura de cristalização (Tc), sendo que a Tg apresenta uma variação em relação à linha base, à Tm um pico

endotérmico e à Tc um pico exotérmico.Neste trabalho foi usado um DSC - 50 da Shimadzu. As amostras

foram colocadas em recipientes apropriados de alumínio, com o peso

máximo de 10 mg. Foram usadas taxas de aquecimento de 20 °C/min, 12 °C/min e 10°C/min para diferentes séries de amostras. Para cada

experimento de DSC foram realizados dois aquecimentos, que

denominaremos de corrida. Após a primeira corrida, a amostra era

resfriada rapidamente em nitrogênio líquido para que através desse choque térmico identificássemos com melhor definição os valores de

temperatura de transição vítrea das blendas.

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4.4- ESPECTROMETRIA DE INFRA-VERMELHO

A espectrometria de infravermelho tem sido muito utilizada para

identificação da ocorrência ou não de interações fracas entre os

componentes poliméricos, através da observação do deslocamento de

bandas características de certos grupos funcionais, como por exemplo

hidroxílas, nitrilas e carbonila, entre outros.O equipamento utilizado neste trabalho foi um FTIR-BOMEM (MB

SERIES). Os espectros foram obtidos através de filmes de espessura

mínima preparados fundindo-se as blendas sobre uma cela de NaCl. Para as blendas que predominam o componente amorfo foram preparados

filmes em uma prensa hidráulica, sob aquecimento.

4.5- M3CROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

A Microscopia Eletrônica de Varredura é uma técnica muito utilizada no estudo da morfologia de polímeros.22«23 Em blendas

poliméricas a observação da microestrutura interna da amostra através da

microscopia eletrônica de varredura (MEV) resulta em micrografias com resoluções em três dimensões, o que permite estudar melhor a ocorrência

ou não de miscibilidade entre os componentes bem como o

comportamento da morfologia resultante.Neste trabalho foi usado um Microscópio Eletrônico de Varredura

modelo PHILIPS XL 30. As amostras para análise de MEV foram

fraturadas em nitrogênio líquido, o que evita que a mobilidade das

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cadeias destorça as estruturas da superfície de fratura. Logo após as

amostras foram coladas em um porta amostra e transportadas para um

metalizador modelo P-S2 DIODE SPUTTERING SYSTEM fabricado

pela ISI ( International Scientific Instruments ) onde foram recobertas

com uma fina camada de ouro, seguindo depois para as análises no MEV.

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5-RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1- BLENDA POLIAMIDA 6 / NOVOLAKInicialmente serão apresentados os resultados obtidos para as

blendas formadas por poliamida 6 e novolak, sendo que para as mesmas foram

feitas análises de DSC e FTIR .

5.1.1 -ANALISES DE DSC:Diversos pesquisadores utilizam a técnica de DSC para avaliar a Tg em

função da percentagem em peso de um dos componentes da blenda. A

presença de um único valor de Tg em uma blenda constituída de polímeros amorfos caracteriza-a como miscível. Em sistemas envolvendo polímeros

semi-cristalinos com uma alta percentagem de cristalinidade, a determinação da Tg pode não ser perceptível. Nestas blendas a variação da Tc e da Tm podem indicar a ocorrência de miscibilidade.32 33 O sistema é imiscível quando

não ocorre variação dos valores de Tg e Tm dos componentes puros nas blendas a diferentes composições1. Sistemas parcialmente miscíveis podem apresentar dois ou mais valores de Tg tendendo a se deslocarem um em

direção ao outro, a medida que o grau de interação aumenta.Quando a diferença da Tg dos componentes puros é menor do que 20°C

esta técnica deve ser evitada para o estudo de miscibilidade, pois pode ocorrer

uma sobreposição dos valores dos Tg . Portanto, uma blenda imiscível poderia levar a uma análise errônea, pois seria observado somente um valor

de Tg e não dois valores, conforme esperado para sistemas imiscíveis. Para

esses tipos de sistemas a utilização de outras técnicas se fazem necessárias

para o estudo da miscibilidade.No trabalho desenvolvido por J.R. DECARLI30, é utilizado a análise

térmica ( DSC ) para determinar o grau de transesterificação da blenda

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formada por PC / PBT, através da variação ou desaparecimento do pico da Tm do PBT. A. MATSUMOTO e col.31 estudaram a cura de resinas epoxi para

blendas formadas por fenol novolak e 4-hidroxifenil maleamida (HPMI), tendo

observado um aumento no valor da Tg da blenda a medida que aumentava a

quantidade de HPMI. O valor da Tg para polímeros ou blendas determinadas através de experimentos de DSC dependem da velocidade de varredura, ou

seja, dependem da taxa de aquecimento utilizada para realização do

experimento.As figuras 10 e 11 mostram os termogramas dos dois componentes

puros da blenda, a poliamida 6 e o novolak. A poliamida 6, um polímero semi-

cristalino, apresenta uma temperatura de transição vítrea (Tg), uma temperatura de cristalização (Tc) e uma temperatura de fusão (Tm) com valores de 45.7 °C, 69.4 °C e 221.7 °C respectivamente. O novolak apresenta

apenas uma Tg com valor de 70.4 °C, as velocidades de aquecimentos utilizadas foram de 12°C/min.

A figura 12 mostra a sobreposição dos termogramas a diferentes composições para a blenda poliamida 6 \ novolak. A velocidade de varredura

foi de 12°C\min. Os valores de Tg, Tc e Tm obtidos a partir de cada

termograma são apresentados na tabela 1 e no gráfico de temperatura em função da percentagem em peso de novolak, mostrado na figura 13. A linha cheia no gráfico corresponde aos valores de Tg calculados a partir da equação

de Fox.

1 W, W2 +

Tgb Tgl Tg2 (5)

Onde Tgt é a temperatura de transição vitrea da blenda, Wj e W2 são as massas dos componentes 1 e 2 da blenda ( poliamida 6 e novolak

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DSCmW

0.00 100.00 200.00Tem p[C]

FIGURA 10- Termograma de DSC para a poliamida 6 pura. (Velocidade de

varredura de 12°C/min).

DSC

Tem p[C]

FIGURA 11- Termograma de DSC para o Novolak puro. (Velocidade de varredura de 12°

C/min).

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DSC

0.00 100.00 200.00Temp[C]

FIGURA 12- Sobreposição dos termogramas de DSC para a blenda formada por Novolak e

poliamida 6. Os números ao lado de cada termograma indicam a percentagem

em peso de cada componente da blenda. Todas as corridas foram realizadas

com velocidade de varredura de 12°C/min.

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TABELA 1- Valores de Tm, Tg e Tc obtidos por DSC para as diferentes composições da

blenda formada por Novolak e poliamida 6 (todas as corridas a 12°C/min).

Novolak / poliamida 6 % ( m/m)

Tm Tc t 9

0/100 221.7 69.4 45.7

10/90 218.6 81.1 50.9

20/80 215.3 96.6 56.5

30/70 206.5 117.7 61.1

35/65 202.3 123.0 66.1

45/55 187.6 149.1 70.1

55/45 77.3

70 / 30 83.8

85/15 86.3

95/05 83.7i

100/0 — 70.4

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FIGURA 13- Temperatura em função da percentagem em peso de Novolak para blenda

formada por Novolak e poliamida 6, (■) Tm, ( • ) Tc e (A)Tg.

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respectivamente) e Tgx eTg2 as temperaturas de transição vítrea dos componentes 1 e 2 respectivamente. A medida que aumenta a quantidade de

novolak na blenda (figura 13) a Tm varia de 34,1 °C para a faixa de percentagem em peso de 0 a 45% de novolak na blenda. A temperatura de

cristalização aumenta de 69,4 °C a 149,1°C para a mesma faixa de composição anterior de novolak. Para composições de mistura com

percentagem em peso de novolak superior a 45%, não foi observado Tm e Tc» devido a predominância do componente amorfo na mistura que impede a

cristalização da poliamida 6 . Resultados análogos foram observados por XINYA LU e col.34 para blendas formadas por poliamida 6\ Zn SPS poli

(estireno sulfonado neutralizado com Zn). Para as diferentes composições das blendas foi observado apenas um uníco valor de Tg, que aumentou de 45,7 °C, para o novolak puro, até 86.3°C para a composição de 85% em peso de

novolak. O desvio positivo dos valores de Tg comparados com os calculados pela equação de Fox, estão relacionados a fortes interações que ocorrem entre

as cadeias dos polímeros constituintes da blenda. Estas interações entre as cadeias resulta num decréscimo da mobilidade das cadeias poliméricas.

Comportamentos análogos foram observados por V. PERCEC e col.35, no estudo das blendas formadas por PHMCM-1 e PDNBM e por T.K.KWEI30, na análise da miscibilidade de duas resinas de novolak com i-PMMA e com s-

PMMA. Ambos os autores observaram que os resultados obtidos também

apresentavam um desvio positivo nos valores da Tg das blendas quando

comparados com os calculados pela equação de Fox.

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31

5.1.2-ANÁLISES DE FTIR:

Como já foi citado anteriormente, a miscibilidade de blendas poliméricas pode ser avaliada por FTIR, através da observação do

deslocamento de bandas características, devido a existência de interações

específicas tais como pontes de hidrogênio. Considerando que o poliamida 6 e o novolak apresentam grupos funcionais que possibilitam a formação de

pontes de hidrogênio intermoleculares, foi feita uma análise da possibilidade deste tipo de interação.

Existem muitos trabalhos publicados a respeito do estudo das ligações de hidrogênio. Por exemplo no trabalho feito por C. QIN e colaboladores24

foi estudado a formação de blendas entre poli (vinil fenol) [PVPh] e poli (vinil metil cetona) [PVMK], e através de dados de FTIR foi confirmado a

ocorrência de interações entre os componentes através formação da pontes de hidrogênio. M. M. COLEMAN e col.25 estudaram a blenda obtida de poli (e- capralactona) [PCL] e poli (cloreto de vinila ) [PVC] e observaram através de

análises de FTIR a ocorrência de interações envolvendo o grupo carbonila do PCL com PVC. ERIC J. MOSKALA e col.27 observaram através de análises

de FTIR a formação de interações envolvendo os grupos carbonilas e hidroxilas na blenda envolvendo o poli (vinil acetato) [PVAc] e o poli (vinil

fenol) [PVPh], ocorrendo um aumento de intensidade de absorção do grupo

carbonila em função da adição de PVPh na blenda.No espectro de infra-vermelho, o grupo hidroxila apresenta uma banda

larga e intensa na região de 3000 a 3600 cm"1. Isto pode ser observado no

espectro FTIR do poli(vinil fenol) [PVPh], estudado por COLEMAN e col.26, onde se observou uma larga banda proveniente da sobreposição de duas

outras, uma em 3525 cm-1 caracterizando o grupo hidroxila livre e outra em

3360 cm~l caracterizando o grupo hidroxila formando pontes de hidrogênio.

Outro grupo que absorve na região de 3300 cm- 1 é o NH, que apresenta uma

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banda estreita e intensa. ROBERTS e col.28 obtiveram espectros de FTIR da poli amida 6 , onde encontraram uma banda devido ao estiramento de NH em

3293 cm-1. As figuras 14 e 15 mostram os espectros de FTIR dos dois

componentes puros, poliamida 6 e novolak respectivamente. O espectro do poliamida 6 mostra uma banda característica de deformação axial de NH em tomo de 3301 cm_1(a), duas bandas em 2937 cm-1 e 2865 cm-1 (b) devido à

deformação axial de CH alifático, e outra banda forte em 1641 cm-1 (c) atribuída à deformação da amida I (C=0). Este agrupamento funcional (amida

I) sofre o efeito de ressonância que aumenta o comprimento da ligação e reduz a freqüência de absorção, sendo esta banda observada em comprimentos de

ondas mais baixos, em 1544,3 cm-1 (d) existe uma banda característica de

amida II ( NH).O novolak apresenta uma banda larga e forte na região de 3000 a 3600

cm-1 (a) resultante de vibrações do grupo hidroxila, sendo que em 3495 cm-1

tem-se um ombro característico de grupo hidroxila livre e em 3358 cm”1

encontra-se uma banda característica de hidroxila formando pontes de hidrogênio. Em 1606 cm-1 (b) observou-se uma banda proveniente do anel aromático, já as bandas em 1506 e 1440 cm-1 (c) são resultantes de

deformação axial das ligações C—C do anel. Em 1344 cm-Observa-se uma banda de deformação angular no plano, do grupo hidroxila e em 1229 cm-1

uma deformação axial do C-O. Em freqüências mais baixas, 819 e 763 cm-1 ,

são observadas bandas de deformações angulares fora do plano do grupo CH.

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FIGURA 14- Espectro de Infra Vermelho com transformada de Fourier da poliamida 6

pura.

FIGURA 15- Espectro de Infra Vermelho com Transformada de Fourier do Novolak puro.

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A figura 16 mostra a seqüência de espectros das blendas de poliamida 6/

novolak a várias composições (m/m) na região de 3800 a 2800 cm“l . F. CANGELOSI e M.T. SHAW29 mostraram que ocorre um aumento na

frequência de absorção do grupo hidroxila a medida que a quantidade de novolak diminui na amostra, para as blendas formadas por novolak e SAN.

Esse comportamento também foi observado para o sistema que estudamos

poliamida 6 / Novolak. A banda de absorção do grupo hidroxila aumenta em tomo de 40 cm-l a medida que a quantidade de Novolak diminui. Os

resultados obtidos por CANGELOSI mostram que o Novolak não afeta a

frequência de absorção da nitrila do SAN e analogamente também não foi

observado um deslocamento muito grande da banda de NH (amida) da poliamida a medida que aumenta a quantidade de novolak na blenda . Outra

observação que pode ser considerada, é uma diminuição da intensidade da banda de hidoxila livre (3495cm"l) quando comparado com a de hidroxila

formando pontes de hidrogênio intramoleculares, porém este resultado não pode ser quantizado. Tanto esta diminuição de intensidade bem como o deslocamento observado, demostram que ocorre algum tipo de interação entre os componentes da blenda. A localização da dos dois grupos, hidroxila e NH,

que absorvem quase na mesma região dificulta a observação destes deslocamentos devido ao "mascaramento" que uma banda pode causar na

banda característica de outro grupo, ou seja, os dois grupos apresentam

absorção na mesma região, porém nas amostras onde predominam os grupos

hidroxilas (formando ligações intramoleculares) a banda de NH que poderia

formar pontes de hidrogênio com as hidroxilas livres é "mascarada". Contudo nas blendas onde predomina uma maior porcentagem de poliamida 6 , a grande

quantidade de grupos NH "mascara" um possível deslocamento que

eventualmente pudesse ocorrer. Para uma melhor observação da ocorrência

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destes deslocamentos deve-se usar técnicas mais especificas, como por exemplo espectroscopia de Raman. Portanto os dados obtidos por FTIR, confirmam os resultados obtidos por DSC, ou seja a indicação da existência

interações por pontes de hidrogênio.

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número de onda, cnv'

FIGURA 16- Sobreposição dos espectros de Infra Vermelho com Transformada de Fourier

para as diferentes composições da blenda formada por Novolak e poliamida

6. Os números ao lado de cada espectro indicam a percentagem em peso de

cada componente da blenda.

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5.2-BLENDA NOVOLAK / GRILAMID TR-55:

A seguir serão apresentados os resultados de FTIR, DSC, densidade e MEV para a blenda Novolak/ Grilamid TR-55

5.2.1-ANALISES DSC :

As figuras 17 e 18 mostram os termogramas de DSC do novolak e

grilamid TR-55 puros respectivamente, onde a velocidade de varredura utilizada foi de 10° C/min. O grilamid apresenta uma Tg com valor de 159,6°

C e o novolak um Tg com valor de 70,8° C. A figura 19 mostra a sobreposição

dos termogramas para as diferentes composições da blenda, todas as corridas foram realizadas a 10° C/min. Pode-se observar apenas um único valor de Tg

para as blendas em estudo.Polímeros totalmente amorfos apresentam apenas temperatura de

transição vítrea (Tg). Como já foi citado anteriormente, a existência de interações em sistemas envolvendo materiais amorfos pode ser estudada por DSC, onde a presença de um único valor de Tg nas diversas composições da

blenda pode indicar miscibilidade do sistema. A utilização deste critério de Tg

na avaliação de miscibilidade de blendas poliméricas, é usada por vários

autores.32’38

T. K. Kwei e col. 37 estudaram a miscibilidade de blendas envolvendo

poliestireno [PS], Bisfenol-A-Policarbonato [BAPC] e poli (estireno-co-vinil

fenil hexacloro dimetil carbinol) [PHFA]. Para blendas envolvendo PS e

BAPC, foram observados dois valores de Tg indicando sistemas imiscíveis, já

para as blendas envolvendo PHFA e BAPC, foram observados apenas um

valor de Tg nas diferentes composições, o que indica miscibilidade.

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DSC

50.00 100.00 150.00 200.00Te m p [C ]

FIGURA 17- Termograma de DSC para o Grilamid puro. (Velocidade de varredura de 10°

C/min).

DSCmW

50.00 100.00 150.00Te m p [C ]

FIGURA 18- Termograma de DSC par o Novolak puro. (Velocidade de varredura de 10°

C/min).

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ÜJZQO

39

FIGURA 19- Sobreposição dos termogramas de DSC para a blenda formada por Novolak

e Grilamid TR-55. Os números ao lado de cada termograma indicam

a percentagem em peso de cada componente da blenda. Todas as corridas

foram realizadas com velocidade de varredura de 10°C/min.

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40

Os valores de Tg obtidos a partir de cada termograma são apresentados

na tabela 2 e no gráfico de temperatura em função da percentagem em peso de

grilamid TR-55, mostrado na figura 20. A linha cheia indica os valores de Tg calculados utilizando a equação de Fox. Não são observados desvios nos

valores experimentais de Tg comparados com os obtidos pela equação de Fox,

indicando que as interações entre os componentes são numéricamente

menores que as que ocorrem no sistema poliamida 6 / novolak, pois estrutura

do grilamid TR-55 dificulta a ocorrência de interações. Os valores da Tg para as diferentes composições da blenda encontram-se entre os valores dos dois

componentes puros obtendo-se um comportamento esperado para sistemas

miscíveis. Através destes dados, pode-se observar que ocorre interação no

sistema.

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TABELA 2- Valores de T g , para as diferentes composições da blenda Novolak e

Grilamid. Todas as corridas foram realizadas a 10°C/min.

Novolak \ Grilamid (% m \ m )

Temperatura(°C)

0\100 159.6

20 \ 80 137.2

30 \ 70 129.7

40 \ 60 116.4

60 \ 40 104.7

70 \ 30 92.3

80 \ 20 87.2

100 \ 0 70.8

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Tem

pera

tura

'C

42

% de Novolak (m/m) I

FIGURA 20- Temperatura de transição vitrea em função da percentagem em peso de

Novolak para a blenda formada por Novolak e Grilamid. A linha corresponde

aos valores calculados pela equação de Fox.

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43

5.2.2- ANÁLISES DE FTIR :

A figura 21 mostra o espectro de FTIR para o Grilamid TR-55, um

copolímero formado pela poliamida 12 e uma poliamida aromática. Em 3307

cm-1 tem-se uma banda de deformação axial do grupo NH, em 3071 cm-1

existe uma banda de CH aromático, em 2921 e 2857 cnr1 existe duas bandas

resutantes da deformação de C-H alifático, em 1644 cm-1 uma banda

característica de amida I. A banda de amida II se localiza-se em 1533 cm-1, e em 1456, 1322 e 1274 cm*1 encontram-se três bandas resultantes de

deformação de -CH2 e -CH3 . A figura 22 mostra a seqüência de espectros

FTER para o sistema novolak \ grilamid com ampliação feita na região de 3800 a 2500 cm-l. A absorção dos grupos hidroxilas e NH, na mesma região novamente dificultam uma análise da ocorrência ou não de deslocamentos das

bandas (ou seja, a sobreposição de uma banda sobre a outra causa um mascaramento). O que pode ser observado é um comportamento igual ao obtido para o sistema poliamida 6 \ novolak, ou seja, a diminuição da

intensidade das bandas de absorção do grupo de hidroxila livre, quando

comparado com a de hidroxilas formando pontes de hidrogênio, o que evidencia a ocorrência de alguma interação envolvendo os grupos hidroxilas

do novolak com os grupos NH do grilamid TR-55.

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Tran

smitâ

ncia

%44

4000 3000 2000 1000 400número de onda, cm- 1

FIGURA 21- Espectro de Infira Vermelho com Transformada de Fourier para o Grilamid

TR-55 puro.

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FIGURA 22- Sobreposição dos espectros de Infra Vermelho com Transformada de Fourier

para as diferentes composições da blenda formada por Novolak e Grilamid.

Os números ao lado de cada espectro indicam a percentagem em peso de

cada componente da blenda.

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5.2.3-MEDIDAS DE DENSIDADE:

Para o sistema Grilamid/ Novolak foram feitas medidas de densidade

através de uma coluna de gradiente de densidade. Para o grilamid TR-55, a

densidade foi calculada através do uso de picnômetros, pois não foi possível obter este valor através da coluna, uma vez que o valor da densidade do

grilamid TR-55 estava abaixo dos limites da coluna. A tabela 5 mostra os

valores de densidade obtidos para as diferentes composições da blenda. A

figura 23 mostra um gráfico do inverso da densidade em função da percentagem em peso do Novolak. A linha cheia obedece a equação abaixo,

onde w e p são as frações em pesos e densidade dos componentes 1 (novolak) e 2 ( grilamid TR-55), respectivamente.

1 _ w l w2— ~ — + ---- ( 6 ).Pb Pi P i K }

É possível observar um desvio negativo em relação aos valores obtidos

pela aditividade da equação. Este desvio mostra que ocorre um aumento no valor da densidade observado da blenda. J.R. FRIED e col.41 utilizaram as

medidas de densidade para análise da blenda formada por poliestireno [PS] e

poli (-2,6-dimetil-l,4- oxido fenileno) [PPO] bem como para um copolímero B

e PPO, e observaram um desvio negativo no valor do recíproco da densidade.

Estas blendas apresentam uma boa compatibilização.HICKMA e UCEDA 42 e ZAKRZEWSKI 43 sugerem que um aumento

no valor da densidade para as blendas é resultado de uma forte interação

favorecendo um melhor empacotamento entre as moléculas. Neste caso, as

interações existentes diminuem as distâncias entre as moléculas o que resulta

em um aumento de densidade, pois se a massa continua a mesma e o volume

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diminue ocorrendo um aumento no valor da densidade. Portanto, os dados obtidos para a blenda grilamid / novolak demostram que ocorre algum tipo de

interação entre os componentes da blenda.

TABELA 3- Valores de densidade obtidos por coluna de gradiente de densidade para as

diferentes composições da blenda formada por Novolak e Grilamid

TR-55, na temperatura = 20 ‘ C.

Novolak / grilamid % (m/m)

Densidade experimental (g/mL)

1 / densidade experimental (mL/g)

Densidade teórica ( g/mL)

1 / densidade teórica (mL/g)

100/0 1.253 0.798 1.253 0.798

80 /20 1.216 0.822 1.206 0.829

70/30 1.198 0.835 1.184 0.845

60 / 40 1.174 0.852 1.163 0.860

40 /60 1.140 0.877 1.122 0.891

20 /80 1.088 0.919 1.084 0.922

0/100 1.049 0.953 1.049 0.953

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l/den

sidad

e (m

L/g

)

48

% de Novolak ( m/m)

FIGURA 23- Inverso da densidade em função da percentagem em peso de Novolak para a

blenda formada por Novolak e Grilamid TR-55, (■) densidade experimental,

( —) densidade calculada a partir da equação n.6

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5.2.4-ANÁLISES DE MEV:

Para observar o comportamento morfológico da blenda grilamid TR-55 /

novolak foram feitas analises de microscopia eletrônica de varredura. A

superfície de fratura do grilamid TR-55 puro (figura 24-e), mostra uma única fase com algumas irregularidades característica da amostra. Para as diferentes

composições da blenda (fotos a, b, c e d) o comportamento morfológico observado não mostra separação de fase nem presença de domínios o que

demostra um sistema homogêneo, evidenciando que realmente ocorre

interação entre os componentes. Estes resultados comprovam os dados obtidos por DSC e FTIR demostrando que a blenda é miscível.

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Figura 24: micrografias de MEV para a blenda Novolak / Grilamid TR-55, aumento de 3000 X,

(a) novolak 80% / grilamid 20%, (b) novolak, 60 % / grilamid 40%, (c) novolak 40% /

grilamid 60%, (d) novolak 20% / grilamid 80% e (e) grilamid TR-55 100%.

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5.3-BLENDA POLIAMIDA 6 \ GRILAMID:

5.3.1 -ANÁLISES DE DSC:

Em trabalhos anteriores T. S. ELLIS 40, estudou a formação de blendas

poliméricas de poli-amidas alifáticas. Ele concluiu que em blendas onde os

componentes tem aproximadamente a mesma proporção de unidades de

amidas é possível a ocorrência de miscibilidade.

Com objetivo de se avaliar a ocorrência de interações entre duas poli-

amidas estudou-se o sistema poliamida 6 e grilamid TR-55. Neste caso, a

proporção de unidades de amidas na unidade monomérica de cada um dos

polímeros não é a mesma , porém a presença de grupos NH e CO em ambos

os componentes, podem resultar em interações por pontes de hidrogênio.

As figuras 25 e 26 mostram os termogramas de DSC para os dois

componentes puros. Foram realizadas duas corridas para ambos os

componentes a 20° C/min sendo que estes termogramas são resultantes da

segunda corrida . A poliamida 6 apresenta uma Tg, uma Tc e uma Tm com

valores de 37.4°C, 64.8°C e 215.2°C respectivamente. O grilamid TR-55

apresenta uma Tg com valor de 162.0°C. A figura 27 mostra a sobreposição

dos termogramas para as várias composições da blenda, todas realizadas com

velocidade de varredura de 20° C/ min. Pode-se avaliar que não ocorre um

deslocamento muito grande dos picos de Tc e Tm. A tabela 3 apresenta os

valores de Tgj ( poliamida 6), Tc , Tg2 (grilamid) e Tm para as diferentes

composições das blendas obtidos apartir de cada termograma. Estes valores

são mostrados no gráfico de temperatura em função da percentagem em peso

de grilamid TR-55 mostrado na figura 28. Como já foi citato anteriormente

quando os valores de Tg, Tc e/ou Tm nas diferentes composições da blenda

não sofrerem variação comparado com os compostos puros, pode-se

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DSC,T)W

-2 .0 0\

Grilamid TR—55

-3 .0 0 Tg = -162/' C

-4 .0 0 " I ! ! 1100.00 200.00

1 emp[C]

F IG U R A 25- Termograma de DSC para o Grilamid TR-55 puro. (Velocidade de

varredura de 20°C/min).

DSCmW

0.00

V---------------------J 64,8

Tg = 37,4\ r —

10.00

! i ' i i ! i ! i

V Tm - 215,2

1 I 1 1 1 I ! i ! 1 1 I— 100.00 0.00 J 00.00 200.00 300.00

Temp[C]

F IG U R A 26- Termograma de DSC para a poliamida 6 pura. (Velocidade de varredura de

20° C/min).

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0.00 100.00 200.00Temp[C]

F IG U R A 27- Sobreposição dos termogramas de DSC para as diferentes composições da

blenda formada por poliamida 6 e Grilamid TR-55. Os números ao lado de cada

termograma indica a percentagem em peso de cada componente da blenda, todas

as corridas foram realizadas com velocidade de varredurade 20°C/min.

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T A B E L A 4- Valores de Tg , Tm e Tc obtidos por DSC para as diferentes composições da

blenda formada por poliamida 6 e Grilamid TR-55. Todas as corridas foram

realizadas a 20 °C/min.

Grilamid / Poliamida 6% ( m/m)

Tg poliamida 6 Tc poliamida 6 Tg grilamid Tm poliamida 6

0 / 1 0 0 37.4 64.8 ------ 215.2

1 0 / 9 0 36.9 62.5 ------ 214.6

2 0 / 8 0 42.2 70.1 162.4 292.0

4 0 / 6 0 35.6 64.2 155.9 214.9

6 0 / 4 0 40.6 68.5 160.4 219.1

8 0 / 2 0 37.0 70.5 161.3 218.4

9 0 / 1 0 37.9 70.6 162.1 219.5

1 00 / 0 ------ ------ 162.1

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| Te

mpe

ratu

ra

(*C)

55

220 n- y -----------1 --------------------------- ------------------------ * ----------------------- ---------------rTm poliamida 6

200 -

180 -

160 - A----- - — a_________*--------------* ------ATg Grilamid

140 -

120 -

100 -

80 - Tc poliamida 6- _________ • __________________________ * --------- -------- • -------- •

60 ' - • *

40 | p.-----■---------------------B--------------■--------------v----- mTg poliamida 6

0 ---------- 1---------- 1---------- »---------- 1---------- 1---------- 1_______ i_______ I_______ i_______

0 20 40 60 80 100

% de Grilamid ( m/m )

240 ------------------------------------------------------------------------------------------------■

T ▼ --------T --------▼

1 i

' 1

| i«

4 TTm poliamida 6

A ------------------ a ---------

-

-----* ---------

Tg Grilamid

Tc poliamida 6• --------- -------- • -------- •

'ÍT------• “

■ _i— ■ ■ ■ — -■

--------- ■— ... L , ,i __1

Tg poliamida 6

_ i i i

F IG U R A 28- Temperatura em função da percentagem em peso de Grilamid TR-55, (▼)Tm

poliamida 6, (A -)Tg grilamid,(• ) Tc poliamida 6 e (■ ) Tg poliamida 6.

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considerar que não esta ocorrendo miscibilidade no sistema. Isto pode ser

observado no sistema poliamida 6 / grilamid TR-55, os resultados obtidos

demostram que não ocorre nenhuma variação significativa, mantendo-se

constante em todas as composições, este comportamento demostra que não

ocorre interações especificas nesta blenda.

5.3.2-ANÁLISES DE MEV :

Fotos As fotos 29-a e 29-f mostram irregularidades na superfície de

fratura da poliamida 6 e do grilamid TR-55 respectivamente característica

desses materiais. Para as composições 80 e 60% de PA-6 (m/m)(fotos 29-b e

29-c) da blenda observa-se separação de fase, onde o componente em menor

quantidade (grilamid TR-55) existe em forma de glóbulos (domínios), esses

domínios existentes possuem tamanho acima de 1600nm. Isto continua a ser

observado para as composições 40% e 20% de PA-6 (m/m)(fotos 29-d e 29-e),

porém a partir dessas composições ocorre uma inversão de fase, ou seja, o

componente em menor quantidade passa a ser a poliamida 6, para essas

composições o tamanho dos dominios existentes esta acima de 300 nm. Esta

morfologia é diferente da observado para a blenda de grilamid TR-55 /

novolak, pois não se observa fases homogêneas, mas sim a presença de

domínios de fases distintas. Aparentemente ocorre uma pequena adesão entre

as fases, que podem mudar as propriedades macroscópicas das blendas. Os

dados obtidos pelas análises de microscopia eletrônica de varredura

comprovam os dados anteriores obtidos por DSC, ou seja, de que a blenda é

imiscível.

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Figura 29: Micrografias de MEV para a blenda poliamida 6 / grilamid TR-55, aumento de

3000 X, (a) poliamida 6 100%, (b) poliamida 6 80%/grilamid 20%,

(c) poliamida 6 60%/grilamid 40%, (d) poliamida 6 40%/grilamid 60%,

(e) poliamida 6 20%/grilamid 80%, (f) grilamid TR-55 100%.

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5.4-BLENDA POLIAMIDA 6 / ACLYN 291-A:

Dando continuidade ao trabalho, fez-se medidas de DSC e MEV para a

blenda formada por poliamida 6 e aclyn 291-A.

5.4.1-ANALISES DE DSC:

O termo ionômero identifica uma classe de materiais poliméricos

contendo grupos de radicais ligados a cadeia polimérica.

Estes podem formar interações específicas entre componentes em uma

blenda polimérica podendo resultar em blendas miscíveis, parcialmente

miscíveis ou imiscíveis.34 Alguns autores também tem estudado a coordenação

de metais de transição com polímeros, com o objetivo de melhorar a qualidade

de algumas blendas poliméricas.41

Afim de se obter sistemas miscíveis envolvendo polímeros e ionômeros

estudou-se a blenda formada por poliamida 6 e aclyn 291-A, um ionômero

formado por etileno e ácido acrílico com 50% de Zn substituído. Blendas

contendo ionômeros tem sido utilizadas para melhorar resistência ao impacto

de poliamidas.34

As figuras 30 e 31 mostram os termogramas de DSC do Aclyn 291-A e

da poliamida 6, onde o Aclyn 291-A apresenta uma Tm com valor de 92.5°C,

a poliamida 6 apresenta uma Tg, uma Tc e uma Tm com valores de 37,4 °C,

61,0 °C e 221,7 °C respectivamente. A velocidade das análises foram de 10 0

C/min. A figura 32 mostra a sobreposição dos termogramas para a blenda

poliamida 6 e aclyn 291-A.

L. A. Belfiore e col.41 estudaram a blenda contendo metal de

transição ( acetato de zinco) e o poli ( 4-vinil piridina ), sendo observado um

aumento do valor da Tg da blenda em composições onde o polímero estava em

excesso. X. LU e R.A. WEISS 34 estudaram a blenda formada por poliamida 6

e poli (estireno sulfonado neutralizado com zinco) [ZnSPS] e observaram

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DSCmW

0.00 50.00 100.00 150.00Temp[C]

F IG U R A 30- Termograma de DSC para o Aclyn 291-A puro, (Velocidade de

varredura de 10°C/min).

DSC

0.00 100.00 200.00 300.00i emp[C]

F IG U R A 31- Termograma de DSC para a poliamida 6 pura. (Velocidade de

varredura de 10°C/min).

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o o

z m

60

0.00 100.00 200.00Temp[C]

F IG U R A 32- Sobreposição dos termogramas de DSC para as diferentes composições da

blenda formada por Aclyn 291-A e poliamida 6. Os números ao lado de cada

termograma indicam a percentagem em peso de cada componente da blenda.

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T A B E L A 5- Valores de Tm obtidos por DSC para as diferentes composições da blenda

formada por Aclyn 291-A e poliamida 6. As velocidades de varredura foram

de 10°C/min.

poliamida 6 / aclyn 291-A % ( m/m )

Tg poliamida 6 Tc poliamida 6 Tm aclyn 291-A Tm poliamida 6

100/0 37.4 61.0 221.7

90/10 34.1 58.2 92.1 221.0

80/20 35.0 59.9 91.8 221.5

70/30 35.0 58.0 91.9 222.1

50/50 33.3 56.7 91.3 221.1

35/65 34.0 54.0 91.6 221.5

15/85 34.0 51.0 91.5 220.9

0/100 .......... - .. . _ 92.5 ________

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% de Aclyn 291-A (m/m) |

F IG U R A 33- Temperatura em função da percentagem em peso de Aclyn 291-A para a

blenda formada por Aclyn e poliamida 6, (■ ) Tg poliamida 6, (* )T c

poliamida 6 , ( w) Tm poliamida 6 e (A) Tm Aclyn 291-A.

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mudanças tanto na Tg como na Tc e Tm, evidenciando a ocorrência de

interações entre os componentes. Os valores da temperatura de transição

vitrea, temperatura de cristalização e temperaturas de fusão da poliamida 6 e

do aclyn 291-A estão relacionados na tabela 5 e no gráfico da temperatura em

função da percentagem em peso de aclyn 291-A (figura 33). Não observa-se

variações significativas das temperaturas, mantendo-se constante para as

diferentes composições da blenda, indicando que não ocorrem interações

envolvendo o dois componentes do sistema em estudo.

5.4.2-ANÁLISES DEMEV:

Fotos de MEV para as blendas de PA-6 e Aclyn 291-A para as

composições em peso de PA-6 igual a 90, 70, 50,35 e 15 % são mostradas nas

figuras 34-a, b, c, d, e e. Na figura 34-a (90% de PA-6 e 10% de aclyn 291-

A), não se observa separação de fases. Para percentegens de PA-6 inferiores

70, 50, 35 e 15 % (fotos 34-b, c, d, e e) pode-se vizualizar presença de

domínios. Estes domínios aumentam a medida que o Aclyn 291-A é

adicionado a blenda, estando com tamanhos superiores a 4500 nm para essas

percentagens em peso de poliamida 6 . Estas observações são coerentes com

os resultados de DSC, os quais, indicam imiscibilidade da blenda.

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Figura 34: Micrografias de MEV para a blenda poliamida 6 / aclyn 291-A, (a) poliamida 6

90%/aclyn 10%, (b) poliamida 6 70%/aclyn 30%, (c) poliamida 6 50%/aclyn 50%,

(d) poliamida 35%/aclyn 65% e (e) poliamida 15%/aclyn 85%.

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Através das análises dos espectros de FTIR, termogramas de DSC,

medidas de densidade e micrografias de MEV pode-se concluir:As blendas de poliamida 6/novolak e grilamid TR-55/novolak

mostraram mudanças na intensidade de absorção e deslocamentos na banda da hidroxila, a blenda de poliamida 6 e novolak apresentou variações nos valores

de Tc e Tm do componente semi-cristalino e um único valor de Tg

apresentando desvios em relação aos valores calculados pela equação de Fox. Para as blendas de grilamid TR-55 e novolak observou-se um único valor de

Tg, aumento no valor da densidade e fases homogêneas nas diferentes composições da blenda. Estas blendas são miscíveis e ocorrem interações por pontes de hidrogênio.

Nas blendas de poliamida 6 e grilamid TR-55 e poliamida 6 e aclyn 291- A não foi observado mudanças nos valores das temperaturas dos componentes

da blenda e as micrografias de MEV mostraram a presença de domínios em

ambos os sistemas indicando separação de fase. Estes resultados mostram que não ocorrem interações entre os componentes das blendas, sendo estas blendas imiscíveis.

Trabalhos posteriores serão direcionados no sentido de avaliar as

propriedades mecânicas dessas blendas bem como estudar a formação de blendas ternárias de poliamida 6, grilamid TR-55 e novolak. Considerando que ambas as poliamidas apresentaram miscibilidade com o novolak através de

pontes de hidrogênio, é de se esperar que esta blenda ternária seja miscível podendo o novolak servir como um compatibilizante do sistema.

6- CONCLUSÃO:

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