UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina...

98
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS Bruna Pelizzaro UMA FERRAMENTA MULTICRITÉRIO DE APOIO À DECISÃO ENTRE OS MODAIS RODOVIÁRIO E AQUAVIÁRIO DE CABOTAGEM, PARA O TRANSPORTE DE CARGAS CONTEINERIZADAS NO BRASIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título em Engenharia Mecânica, habilitação Produção Mecânica. Orientadora: Prof.ª Marina Bouzon Florianópolis 2017

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E

SISTEMAS

Bruna Pelizzaro

UMA FERRAMENTA MULTICRITÉRIO DE APOIO À

DECISÃO ENTRE OS MODAIS RODOVIÁRIO E AQUAVIÁRIO

DE CABOTAGEM, PARA O TRANSPORTE DE CARGAS

CONTEINERIZADAS NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de

Engenharia de Produção e Sistemas da

Universidade Federal de Santa Catarina,

como requisito parcial para obtenção do

título em Engenharia Mecânica,

habilitação Produção Mecânica.

Orientadora: Prof.ª Marina Bouzon

Florianópolis

2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta
Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

3

Bruna Pelizzaro

UMA FERRAMENTA MULTICRITÉRIO DE APOIO À

DECISÃO ENTRE OS MODAIS RODOVIÁRIO E AQUAVIÁRIO

DE CABOTAGEM, PARA O TRANSPORTE DE CARGAS

CONTEINERIZADAS NO BRASIL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e

aprovado, em sua forma final, pelo Curso de Graduação em Engenharia

de Produção Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 14 de novembro de 2017.

_______________________

Prof.ª Marina Bouzon, Dr.ª

Coordenadora dos Cursos de Graduação em Engenharia de

Produção

Banca Examinadora:

_________________________

Prof.ª Marina Bouzon, Dr.ª

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

_________________________

Prof. Carlos Manuel Taboada Rodriguez, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

_________________________

Evandro Moritz Luz, MSc.

Universidade Federal de Santa Catarina

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

5

O presente trabalho é dedicado

primeiramente à minha família que me

apoiou durante toda a jornada da

graduação. Dedico também aos

amigos e namorado que estiveram

presentes em cada momento de

dificuldade e também de alegria. Por

fim, à professora Marina, minha

orientadora que fez um grande

trabalho e me auxiliou em todas as

necessidades.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta
Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

7

RESUMO

A busca por uma maior competitividade entre as empresas leva à

necessidade de redução de custos e da melhoria de processos nas mais

diversas áreas das organizações. Sendo assim, a escolha do modal de

transporte a ser usado se torna uma atividade decisiva para as empresas

e que tende a ser complexa devido à grande quantidade de variáveis

envolvidas. Nesse contexto, o presente estudo buscou desenvolver uma

ferramenta que auxilia no processo da tomada de decisão de qual o

modal mais vantajoso, entre o rodoviário e o aquaviário de cabotagem,

tanto em custos quanto em outros critérios, para cada tipo de carga.

Além disso o estudo também simulou alguns tipos de cargas de modo a

obter conclusões mais genéricas quanto a transportes para curto e longo

curso, e para cargas leves ou pesadas, com alto ou baixo volume e com

alto ou baixo valor agregado. Por fim, foi ainda realizada uma

priorização, através do método AHP, com especialistas na área de

logística, de quais os critérios qualitativos mais importantes a serem

considerados na escolha do modal adequado para cada carga. A

ferramenta criada além de mostrar os custos para cada carga simulada,

incluindo valores de estoque em trânsito, também ilustra graficamente

os resultados obtidos para cada modal. Dessa forma, as conclusões do

estudo mostraram que, assim como afirma a literatura, no quesito custos,

a cabotagem é mais vantajosa que o modal rodoviário para trechos

longos, e menos vantajosa para trechos curtos, entretanto o resultado do

melhor modal para cada caso pode variar de acordo com a importância

dada aos critérios qualitativos e quantitativos usados.

Palavras-chave: Custos Logísticos. Indicadores logísticos. Cabotagem.

Transporte Rodoviário. AHP (Analytic Hierarchy Process).

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta
Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

9

ABSTRACT

The search for greater competitiveness among companies creates the

necessity of reducing costs and improving processes in the most diverse

areas of organizations. Therefore, the modal transport is decisive for

companies and tends to be a complex choice due to the large amount of

variables involved. In this context, the present study sought to develop a

tool that assists in the decision-making process of the most

advantageous modal for each freight, between road transport and

cabotage, in terms of costs and other criteria. The study also simulated

different freights for more general conclusions based on short and long

distances transports, for light or heavy loads, with high or low volume

and value. In the end, a prioritization of the most important qualitative

criteria to be considered in the modal choice was done with specialists,

in order to provide the answer of the best modal for each freight

simulated. The created tool shows the costs for each case, including

values of stock in transit, and also illustrate graphically the results

obtained for each modal. The conclusions of the study confirmed that

cabotage is more advantageous for long distance transportation and less

advantageous for short stretches, although the best choice for each case

could vary according to the importance given to each qualitative

criterion.

Key words: Logistics costs. Logistics indicators. Cabotage. Road

transport. AHP (Analytic Hierarchy Process).

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta
Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Custos Logísticos em relação ao PIB no Brasil. .................... 24

Figura 2: Tarifas médias de frete rodoviário por região. ....................... 33

Figura 3: Avaliação das Rodovias pesquisadas. .................................... 36

Figura 4: Volume de cargas movimentado por cabotagem (em milhões

de toneladas). ......................................................................................... 38

Figura 5: Portos brasileiros de navegação de cabotagem. ..................... 43

Figura 6: Comparação entre custo real do frete e preços cobrados. ...... 48

Figura 7: Comparação entre características qualitativas Cabotagem x

Rodoviário. ............................................................................................ 55

Figura 8: Hierarquia de critérios/objetivos do AHP. ............................. 57

Figura 9: Escala de julgamento de importância do método AHP. ......... 57

Figura 10: Etapas de Pesquisa. .............................................................. 64

Figura 11: Tela inicial para inserção de dados. ..................................... 70

Figura 12: Imagem ilustrativa da demonstração de resultados da

ferramenta. ............................................................................................ 71

Figura 13: Imagem ilustrativa do Painel de Gráficos da ferramenta. .... 71

Figura 14: Imagem ilustrativa do Painel de Gráficos da ferramenta (II).

............................................................................................................... 72

Figura 15: Diferenças entre frete da cabotagem por sentido das rotas. . 73

Figura 16: Participação do custo de cabotagem no custo total do

transporte Porta a Porta para trecho curto. ............................................ 75

Figura 17: Participação do custo de cabotagem no custo total do

transporte Porta a Porta para trecho longo. ........................................... 75

Figura 18: Tempo de ciclo do pedido. ................................................... 77

Figura 19: Análise de Sensibilidade - Têxtil + Trecho curto. ............... 80

Figura 20: Análise de Sensibilidade - Têxtil + Trecho longo................ 81

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta
Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

13

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Rotas cabotagem carga conteinerizadas segundo Antaq. .... 43

Quadro 2 - Índice de Inconsistência Randômica. .................................. 58

Quadro 3 - Dados das cargas estudadas. ............................................... 69

Quadro 4 - Custos Transportes. ............................................................. 72

Quadro 5 - Variação percentual do custo de transporte considerando o

custo de estoque em trânsito. ................................................................. 74

Quadro 6 - Exemplo de matriz de avaliação respondida. ...................... 78

Quadro 7 – Peso de cada critério obtidos pelo AHP. ............................ 79

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta
Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

15

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Eficiência dos diferentes modais de transporte. ................... 53

Tabela 2 - Emissões dos diferentes modais de transporte. .................... 53

Tabela 3- Valores de ß calculados. ........................................................ 66

Tabela 4 - Valores de Ad Valorem segundo dados da NTC. ................ 67

Tabela 5 - Peso dos indicadores de desempenho por modal. ................ 79

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta
Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

17

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A: Transit Time considerado na ferramenta - Rodoviário.....95

Apêndice B: Transit Time considerado na ferramenta – Cabotagem.....97

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta
Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

19

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABEPRO Associação Brasileira de Engenharia de Produção

ABTC Associação Brasileira de Logística e Transporte de Cargas

AFRMM Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante

AHP Analytic Hierarchy Process

ANP Analytic Network Process

ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários

ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres

BAF Bunker Adjustment Factor

BOF Basic Ocean Freight

CNT Confederação Nacional do Transporte

ELECTRE Elimination Et Choice Traduisant La Réalité

ETC Empresas Transportadoras de Carga

FIESC Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

FTL Full Truck Load

GLP Gás Liquefeito de Petróleo

GRIS Taxa de Gerenciamento de Risco

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias

ILOS Instituto de Logística e Supply Chain

ISS Imposto sobre Serviços

LTL Less than a Truck Load

MACBETH Measuring Attractiveness by a Categorical Based Evaluation Technique

MCDM Multiple Criteria Decision Making

NTC Associação Nacional do Transporte de Cargas

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PIB Produto Interno Bruto

RC Razão de Consistência

RCTR-C Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário

de Cargas

RNA Redes Neurais Artificiais

SELIC Sistema Especial de Liquidação e de Custódia

TAC Transportadores Autônomos

TAS Taxa de Administração da Secretaria da Fazenda

TCP Transportadores de cargas próprias

TDE Taxa de Dificuldade de Entrega

TEU Twenty Foot Equivalent Unit

THC Terminal Handling Charges

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

TMA Taxa Mínima de Atratividade

TPB Tonelagem de Porte Bruto

TRF Taxa de Redespacho Fluvial

TRT Taxa de Restrição de Trânsito

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

21

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................... 23

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................... 23

1.2. JUSTIFICATIVA DO TEMA ............................................... 24

1.3. OBJETIVOS ......................................................................... 25

1.3.1. Objetivo geral ...................................................................... 25

1.3.2. Objetivos específicos ........................................................... 25

1.4. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO...................................... 26

1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................... 27

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................... 29

2.1. TRANSPORTES ................................................................... 29

2.1.1. Modal rodoviário ................................................................. 31

2.1.1.1 Histórico do modal rodoviário .............................................. 33

2.1.1.2 Infraestrutura brasileira para o modal rodoviário .................. 35

2.1.1.3. Vantagens e desvantagens do modal rodoviário ................... 36

2.1.2. Modal Aquaviário – Transporte de Cabotagem ............... 37

2.1.2.1. Histórico do transporte de cabotagem ................................... 40

2.1.2.2. Modalidades do transporte de cabotagem ............................. 41

2.1.2.3. Infraestrutura brasileira para o transporte de cabotagem ....... 41

2.1.2.4. Vantagens e desvantagens da cabotagem .............................. 44

2.2. INDICADORES LOGÍSTICOS ........................................... 45

2.2.1. Custos logísticos ................................................................... 45

2.2.1.1. Custos logísticos no modal rodoviário .................................. 46

2.2.1.2. Custos logísticos no transporte de cabotagem ....................... 48

2.2.2. Nível de serviço .................................................................... 50

2.2.3. Tempo de ciclo do pedido ................................................... 51

2.2.4. Avarias e Sinistralidade ...................................................... 51

2.2.5. Sustentabilidade .................................................................. 52

2.2.6. Comparativo entre os modais ............................................ 54

2.3 MÉTODOS MULTICRITÉRIO DE APOIO À DECISÃO .. 55

2.3.1 Processo Analítico Hierárquico – AHP ............................. 56

3. MÉTODOS..........................................................................

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO ............................. 61

3.2. ETAPAS DE PESQUISA ..................................................... 62

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................... 65

4.1. CÁLCULO DOS FRETES ................................................... 65

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

4.1.1. Frete do Rodoviário ........................................................... 65

4.1.2. Frete da Cabotagem ........................................................... 67

4.2. SIMULAÇÃO DE CARGAS ............................................... 68

4.3. INSERÇÃO DE DADOS ..................................................... 69

4.4. CUSTO PARA AS CARGAS SIMULADAS ...................... 72

4.5. INDICADORES DE DESEMPENHO PARA AS CARGAS

SIMULADAS E PRIORIZAÇÃO PELO AHP .................................... 76

4.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................ 82

5. CONCLUSÃO ..................................................................... 85

5.1. ANÁLISE DO ALCANCE DOS OBJETIVOS DE

PESQUISA ........................................................................................... 85

5.2. LIMITAÇÕES DO TRABALHO E SUGESTÕES PARA

PESQUISAS FUTURAS ...................................................................... 86

REFERÊNCIAS .................................................................................... 89

APÊNDICE A ......................................................................................95

APÊNDICE B........................................................................................97

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

23

1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo inicial apresenta-se de forma introdutória os

objetivos do presente trabalho de conclusão de curso, assim como o

contexto do mesmo.

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

Na era da tecnologia e informação em que vive o mundo atual,

a competição entre empresas se tornou cada vez maior e com ela a

incessante busca por estratégias de diferenciação. Para Degen (1989,

p.106-107), empresas com boa competitividade se destacam e obtêm

sucesso independentemente de suas capacidades de lucro e crescimento.

Dessa forma, os custos, foco de uma das estratégias mais comuns para

aumento de competitividade, têm se tornado cada vez mais relevantes

para o sucesso das empresas, que buscam sempre reduzi-los ao máximo

e assim entregar uma vantagem maior aos seus clientes.

Diversas são as fontes de custo de uma empresa. As atividades

do core business, ou seja, do núcleo do negócio, costumam ser as

atividades que representam os maiores custos para as empresas.

Entretanto, são nessas áreas também que as empresas possuem maior

conhecimento para reduzir os gastos, dessa forma, áreas de apoio, como

a logística, acabam sendo custosas e se tornam bastante relevantes na

composição total de custos da empresa.

No Brasil, de acordo com dados do Instituto de Logística e

Supply Chain, o custo logístico em relação ao PIB que em 2010 era de

10,6%, passou para 11,5% em 2012 e alcançou 12,7% em 2015, valores

representativos em comparação com os 7,8% dos Estados Unidos, país

de mesmas proporções territoriais. No mesmo sentido, pesquisa

realizada pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina,

mostrou que de cada real faturado no estado de Santa Catarina em 2014,

cerca de R$ 0,14, em média, foram gastos com atividades logísticas

(FIESC, 2014). Tendo em vista esses resultados, pode-se perceber a

relevância do setor logístico e de seus custos para a competitividade das

empresas e do país como um todo.

A Figura 1, ilustra a representatividade dos custos logísticos em relação ao PIB do Brasil e também o percentual de cada atividade

logística nesse total.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

24

Figura 1: Custos logísticos em relação ao PIB no Brasil.

Fonte: ILOS.

Nota-se pela Figura 1 que o transporte é responsável pela maior

parte destes custos, cerca de duas vezes o percentual do segundo

colocado, os custos de estoque (ILOS, 2013). Para o estado de Santa

Catarina a estimativa é que 50% dos custos logísticos totais sejam

ligados ao transporte (FIESC, 2014).

Os custos com transporte estão diretamente ligados ao modal

escolhido para efetuar a movimentação. Para tomada de decisões de

transportes é necessária a escolha correta do modal e também das

operações disponíveis, e só dessa forma se torna viável o alcance das

metas da empresa (KEEDI, 2004). Cada um dos modais, possui suas

características de desempenho, que também interferem na tomada de

decisão quanto ao mais vantajoso, como tempo em trânsito, burocracia

envolvida no processo e riscos. Dessa forma, a escolha do modal acaba

se tornando complexa e muitas vezes as empresas não possuem todas as

informações para tomar uma decisão totalmente embasada. Em outros

casos, alguns fatores e custos são simplesmente desconsiderados para

facilitar a decisão, e podem levar a uma escolha errônea.

1.2. JUSTIFICATIVA DO TEMA

O tema do presente estudo surgiu da percepção de uma certa

carência de informações por parte das indústrias catarinenses, para

tomada de decisão quanto ao melhor modal de transporte a ser usado

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

25

para cada caso, assim como de uma ferramenta que apoiasse essa

escolha.

Dessa forma, com a demanda identificada e também devido a

participação da autora do presente estudo no GELOG (Grupos de

Estudos Logísticos da Universidade Federal de Santa Catarina) surgiu a

ideia de desenvolver um modelo que pudesse suprir a demanda citada.

Por este motivo, as figuras referentes à ferramenta que aparecem neste

trabalho apresentam a logo deste Grupo de Estudos.

Diante desse contexto, a incerteza na escolha entre modais para

o transporte de cargas no Brasil é o tema do presente estudo. A

metodologia e o desenvolvimento ilustrarão o trabalho realizado na

construção de uma solução para o problema.

O enfoque principal do estudo se deu na comparação entre o

modal rodoviário e aquaviário de cabotagem para o transporte de cargas

conteinerizadas. A área de pesquisa do trabalho situa-se, segundo

classificação da ABEPRO (Associação Brasileira de Engenharia de

Produção), na área de Gestão da Produção, na subárea de Logística e

Gestão da Cadeia de Suprimentos e Distribuição.

1.3. OBJETIVOS

De modo a atender os questionamentos iniciais abordados na

introdução, a estratégia do presente estudo foi desdobrada em um

objetivo geral e seis objetivos específicos.

1.3.1. Objetivo geral

Elaborar uma ferramenta multicritério de apoio à decisão entre os

modais rodoviário e aquaviário de cabotagem, para o transporte de carga

conteinerizada no Brasil.

1.3.2. Objetivos específicos

A fim de se alcançar o objetivo geral proposto foram detalhados

alguns objetivos específicos, são eles:

I. Coletar e organizar as informações referentes às taxas e custos

aplicados aos modais rodoviário e aquaviário.

II. Estabelecer indicadores que sirvam de comparação entre o

desempenho de cada modal.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

26

III. Criar uma ferramenta de apoio à tomada de decisão com base nos

custos e outros indicadores envolvidos na escolha dos modais de

transporte.

IV. Legitimar a ferramenta com especialistas da área.

V. Simular o uso da ferramenta criada para três tipos de cargas de modo

obter conclusões quanto às igualdades e diferenças entre elas.

VI. Criar modelo multicritério que priorize quais os principais critérios

de desempenho a serem considerados na escolha do modal de transporte.

1.4. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho conta com algumas restrições de modo a

garantir a acuracidade dos dados coletados e facilitar a busca pelos

mesmos.

A primeira restrição diz respeito a localização das cargas a serem

analisadas. Como a ferramenta foi criada com o objetivo de suprir

necessidades de informações para as empresas de Santa Catarina, ela se

limita a atender cargas com origem ou destino no estado.

Ainda com relação a localização, foi estabelecido que a

ferramenta contemplaria apenas cidades com mais de 200 mil

habitantes. Essa decisão foi tomada de modo a reduzir a quantidade de

dados necessários na ferramenta e assim otimizar sua performance.

Além de todas as cidades com mais de 200 mil habitantes, foram

adicionadas as principais cidades do estado de Santa Catarina e também

as principais cidades portuárias do Brasil, totalizando 92 cidades

estudadas.

Também com o objetivo de simplificar as análises foram

consideradas cargas com produtos de características semelhantes, ou

seja, a carga completa é composta por um único tipo de produto, que

tem volume, peso e valor de nota fiscal parecidos. Essa consideração é

razoável principalmente para grandes empresas que possuem um alto

fluxo de carga, caracterizando-os como stakeholders principais desse

estudo.

O tipo de carga contemplado pela ferramenta é o de carga

transportada em contêineres. Dessa forma, excluiu-se a análise de cargas

de granel sólido e líquido, especialmente por já existirem diversos estudos acerca do tema e por representarem os maiores percentuais de

movimentação de cargas de cabotagem atuais no país.

Por fim, o tipo de contêiner que baseou os dados da ferramenta e

as análises feitas no presente estudo foi o dry box, também conhecido

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

27

como dry standard, por serem os mais utilizados mundialmente, com

tamanho de 20 pés.

1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente estudo divide-se em cinco capítulos: Introdução,

Revisão Bibliográfica, Metodologia, Análise dos Resultados e

Conclusão.

O primeiro deles tem como objetivo introduzir o tema e o

contexto do estudo de forma breve. Já a Revisão Bibliográfica é um

compilado de diversos conceitos e estudos, de modo a representar o que

foi feito até então acerca do tema do estudo, com isso os objetivos

específicos I e II são atingidos.

O terceiro capítulo ilustra como foi o desenvolvimento do

trabalho e as metodologias usadas nos cálculos, alcançando assim o

objetivo específico III.

Na sequência, o capítulo de Análise de Resultados, busca

atingir os objetivos específicos IV, V e VI, ou seja, aplicação da

ferramenta, análise dos resultados obtidos e desenvolvimento do modelo

multicritério. Nesse capítulo também são caracterizadas as cargas

estudadas e são mostradas as conclusões sobre o transporte das mesmas.

Por fim, o capítulo de Conclusão, encerra o trabalho, mostrando

se os objetivos foram todos alcançados, quais as respostas para as

perguntas iniciais que geraram o estudo e sugestões de novas pesquisas

acerca do tema.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

28

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

29

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O presente capítulo tem como objetivo elucidar os principais

conceitos relacionados ao tema da pesquisa e também ilustrar a situação

brasileira na questão de infraestrutura dos sistemas de transporte. Para

tal, este tópico está dividido em três partes: Transportes, Indicadores e

Metodologias multicritério, de modo a caracterizar os modais e também

elencar as principais formas de avaliação dos mesmos.

2.1. TRANSPORTES

O transporte costuma ser o item mais representativo dentre os

custos logísticos e por isso é tão importante e deve ser estudado

(BALLOU, 2009). O sistema de transporte é o conjunto do meio de

transporte, da via de transporte, das instalações (como terminais de

carregamento) e do controle das atividades de transporte (FARIA,

2001). Além desses elementos que caracterizam o transporte de cargas,

ele possui ainda dois sujeitos principais: embarcador e transportador. O

primeiro refere-se àquele que necessita da movimentação, representado

por indústrias e os mais diversos tipos de fornecedores, já o segundo é

aquele que realiza a atividade de transporte da carga. Existe ainda a

possibilidade de que o transporte seja executado pela própria empresa

que necessita da movimentação, unificando as duas figuras. Entretanto,

é cada vez mais comum que as empresas foquem seus esforços nas

atividades principais (core business), àquelas que agregam valor

diretamente ao seu produto ou serviço, e optem pela terceirização de

atividades de apoio, como o transporte.

Um dos motivos da opção de muitos pela terceirização está na

alta complexidade envolvida no planejamento e na execução do

transporte, já que existe uma necessidade crescente de se atingir um

bom nível de serviço a um custo relativamente baixo. Nesse sentido, a

conquista dos 7C’s, são o objetivo principal da logística, sendo eles:

disponibilidade do produto certo, na quantidade e condição corretas,

para o cliente certo, no lugar certo, no momento certo e a um custo

correto (ROBLES, 2001). Percebe-se que o transporte trata de um fator

primordial para que esse objetivo seja atendido, já que está envolvido

diretamente na maioria dos C’s.

Segundo Alvarenga e Novaes (2000), para que haja um bom

planejamento do sistema de transporte é necessário que sejam

conhecidos os fluxos da rede, o nível de serviço atual e o desejado, os

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

30

equipamentos que estão acessíveis, as características da carga a ser

transportada e também que os responsáveis possuam uma visão

sistêmica de todo o conjunto. Desta forma, pode-se potencializar o uso

dos equipamentos, respeitando as exigências da carga e buscando um

melhor desempenho do sistema.

Existem cinco modais de transporte, sendo eles: aeroviário,

aquaviário, dutoviário, ferroviário e rodoviário (SILVA, 2004). Cada

modal possui características que podem tornar a movimentação mais

custosa ou mais vantajosa, dependendo de cada necessidade. Sendo

assim, a escolha correta do modal de transporte pode gerar vantagem

competitiva às organizações (BALLOU, 2009).

O modal aeroviário dentre todos é o que apresenta mais alto

custo, entretanto, é o mais rápido e recomendado para cargas menores e

com alto valor agregado (DIAS, 1987). De modo a amenizar os altos

custos desta modalidade a estratégia normalmente usada é a de fazer a

armazenagem pelo menor tempo possível e ter uma grande rotatividade

de produtos (SILVA, 2004). Segundo dados do ILOS, Instituto de

Logística e Supply Chain, (2012), apenas 0,04% das cargas

movimentadas no Brasil utilizam o transporte aéreo.

O modal ferroviário, em oposição ao aéreo, tem como

principais características a sua grande capacidade de carga e o baixo

custo. Indicado principalmente para longas distâncias, de acordo com

ILOS (2012), o modal representa cerca de 18% do total de carga

brasileira transportada. Bertaglia (2009) afirma que ainda faltam

inovações no setor ferroviário, Silva (2004) corrobora tal informação e

afirma que a infraestrutura brasileira para esse modal é arcaica, com

multiplicidade de tamanhos de bitolas (distância entre os trilhos da via

férrea), e com falta de armazéns ao longo das ferrovias do país. O uso

principal do modal no país é para o escoamento das produções agrícolas

e minerais do interior até os portos (ALVARENGA & NOVAES, 2000).

Também pouco utilizado, o transporte por dutos no Brasil

representa, segundo ILOS (2012), cerca de 3% da matriz de transporte

de cargas brasileira. Seu principal uso se dá para gases, óleos e minérios.

O grande benefício desta modalidade está na ininterrupção do fluxo,

característica interessante para situações em que existe pouca variedade

de produto a ser movimentada sempre entre as mesmas regiões, caso do petróleo e do gás natural no Brasil (SILVA, 2004). O mais conhecido

dutoviário do país é o Gasoduto Brasil-Bolívia, com 3150 km de

extensão, construído com o intuito de trazer gás natural do país vizinho

ao Brasil (TBG, 2017).

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

31

Os modais Rodoviários e Aquaviário, especialmente

Cabotagem, são o foco deste trabalho e, portanto, são melhores

detalhados nas seções seguintes.

Além do uso exclusivo de uma única modalidade de transporte,

é também bastante utilizada a combinação de modais, prática conhecida

como Multimodalidade ou Intermodalidade. A primeira delas trata da

movimentação de produtos por diversos modais sob a responsabilidade

de apenas um único operador logístico, com documentos e seguros

únicos do início ao fim do processo. Já no caso da intermodalidade, que

também utiliza diversos modais, a responsabilidade é dividida entre os

diversos transportadores envolvidos. Ambas as práticas são interessantes

quando se busca um aumento do nível do serviço prestado, pois

possibilitam maior flexibilidade e em muitos casos também a redução de

tempo e custos (SILVA, 2004).

2.1.1. Modal rodoviário

O transporte de cargas pelo modal rodoviário é “aquele que se

realiza em estradas de rodagem, com utilização de veículos como

caminhões e carretas” (FREITAS, 2004). Esse transporte pode ser

realizado tanto em rodovias brasileiras quanto internacionais, podendo

também atravessar diversos países em uma só viagem.

O modal rodoviário é o mais representativo hoje na matriz

brasileira de transportes de cargas. Segundo dados da CNT (2013),

61,1% da movimentação de cargas no Brasil é feita por esse meio.

Fleury (1998) afirma que o país tem uma dependência exacerbada deste

modal, e por isso o transporte brasileiro é tão custoso chegando a

representar 10% do PIB. O mesmo autor ainda afirma que se houvesse

uma troca do modal rodoviário para outro, seria possível atingir uma

economia de cerca de 1 bilhão por ano.

Segundo Valente (1994), existem quatro categorias de

transportadores atualmente no Brasil, sendo elas: os autônomos, as

empresas de transporte (ETC), as transportadoras de carga própria e as

locadoras de veículos. Já Gomes (2006) afirma que essa divisão se dá

entre três grupos: transportadores de cargas de terceiros (ETC),

transportadores autônomos (TAC) e os transportadores de carga própria (TCP).

Os transportes rodoviários de carga também podem ser

classificados quanto ao tipo de produto. Segundo Rodrigues (2004),

existem dois tipos principais de cargas: a carga geral e a carga à granel.

A primeira delas diz respeito a cargas fracionadas ou acondicionadas,

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

32

também se incluem nessa categoria cargas especiais, como refrigeradas

e vivas. Já as cargas à granel, segundo o mesmo autor, correspondem a

cargas homogêneas, como commodities, e não usam embalagens

individuais já que são transportadas em grandes quantidades.

Existe também uma diferenciação entre os tipos de veículos

usados no transporte. Entre os principais estão: caminhão plataforma,

caminhão baú, caminhão com caçamba e semi-reboques. Os caminhões

plataforma possuem uma base que pode ser usada para transportar

contêineres ou qualquer carga volumosa. O caminhão baú, por outro

lado, ao invés da base já contêm uma estrutura semelhante à de um

contêiner e que ajuda a proteger a carga que vai em seu interior. O

caminhão caçamba também possui uma estrutura em sua traseira, mas

diferente do baú ela é aberta, geralmente usada para transporte de

granéis com descarregamento por gravidade. Por fim, os semi-reboques,

se tratam de carrocerias que não possuem motor e devem ser acoplados

com os cavalos mecânicos, parte frontal do caminhão, formando as

carretas (RODRIGUES, 2004).

Outros dois conceitos também são bastante relevantes ao tratar-

se sobre transporte pelo modal rodoviário, o de FTL (Full Truck Load) e

LTL (Less than a Truck Load). Segundo Novaes (2004), o primeiro

deles indica a lotação total do caminhão com a carga de apenas um

embarcador, já a segunda, também conhecida como carga fracionada,

trata de não carregar completamente o caminhão com uma carga,

possibilitando assim o compartilhamento do veículo com mais de um

embarcador. Essa é uma das características do modal rodoviário que

possibilita grande flexibilidade nas movimentações, já que viabiliza o

transporte de cargas menores para os mais diversos locais do território.

Chopra e Meidl (2004) denominam a primeira opção de TL (Truck Load), e afirmam que nela a cobrança é feita contando com o caminhão

completo, independentemente da quantidade carregada, enquanto que no

LTL a cobrança é feita de acordo com a quantidade de carga

transportada.

Além do tamanho da carga, o peso da mesma e a distância

percorrida são consideradas para o cálculo do frete rodoviário. O custo

de depreciação, custo de oportunidade, custo com pessoal, custos

administrativos e seguros são custos fixos incidentes no frete. Já custos com pneus, combustível, manutenção, lubrificantes e pedágio são custos

variáveis, sendo que o pedágio não é diretamente proporcional à

distância e sim, varia de acordo com a rota (LIMA, 2001).

O preço do frete costuma variar também de acordo com a

demanda. A Figura 2, a seguir, ilustra a variação entre os fretes de uma

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

33

mesma rota só que com sentidos contrários. Essa variação é bastante

comum especialmente quando existe na rota um grande centro, cuja a

demanda para a entrada de produtos é superior à de saída, fazendo com

que os preços de frete sejam maiores no sentido em que a procura é

maior, seguindo a lei da oferta e demanda.

Figura 2: Tarifas médias de frete rodoviário por região.

FONTE: CEL/COPPEADD(2006) apud Hijjar (2008).

Além de todas as variáveis já citadas, muitos outros fatores são

considerados na cobrança dos fretes pelas empresas, e por isso as tabelas

de valores variam muito de transportadora para transportadora.

Facilidade no manuseio, dificuldade no acesso ao destino, riscos

envolvidos e efeitos da sazonalidade na demanda podem afetar muito os

valores cobrados para o transporte. Por este motivo, a escolha do modal

acaba se tornando muito complexa e variável de acordo com a época e a

situação em específico.

2.1.1.1 Histórico do modal rodoviário

A roda foi inventada devido a necessidade de movimentação de

cargas cada vez maiores, especialmente por causa do avanço da

agricultura, o que resultou nos primeiros transportes puxados por

animais domésticos e que possuíam o auxílio de rodas, possibilitando o

aumento da velocidade e do peso transportado (RODRIGUES, 2004).

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

34

Em meados de 1885 surgiam na Alemanha os primeiros

automóveis, mas só no ano de 1917 com a indústria americana e Henry

Ford é que o produto começou a ser produzido em grande escala. Com o

aumento da produção pelo mundo os automóveis chegaram ao Brasil, e

a partir da década de 1940 o país iniciou o processo de mudança de sua

matriz de transportes do ferroviário para o rodoviário (MELLO, 2004).

Desde a década de 1950 existe uma tendência mundial ao uso

do modal rodoviário para transporte de cargas, principalmente devido à

expansão da indústria automobilística (SCHROEDER & CASTRO,

1996). Do mesmo modo, governantes brasileiros tinham também nesse

período o desejo de interiorizar o desenvolvimento e, desta forma, com a

proposta de que “governar é construir estradas”, se deu a construção de

Brasília em um campo aberto, sendo conectada com o restante do

território brasileiro através de rodovias.

Entretanto, ao contrário do restante do mundo, o foco nesse

modal se deu quase a um nível de exclusividade, especialmente até a

década de 1970. Naquela época havia ainda alguma razão e

compatibilidade entre o modal e as necessidades de desenvolvimento do

país, contudo depois disso essa compatibilidade se torna questionável,

principalmente devido à forte relação do modal com os preços de

petróleo (SCHROEDER & CASTRO, 1996).

Ainda hoje a forte dependência do país por esse modal é

bastante evidente e se mostra como um problema tendo em vista que a

geografia brasileira não é favorável e a manutenção das rodovias

existentes não é feita corretamente. O Brasil apresenta grande parte de

sua economia concentrada até a 200 km da costa, além de um extenso

território com cerca de 7400 km de costa, mostrando uma vocação

maior para o modal aquaviário do que para o rodoviário (RODRIGUES,

2004). Além deste, o modal ferroviário também se enquadra nas

necessidades do país, especialmente para os transportes longos.

Nos anos recentes, crises afetaram o setor de transporte

rodoviário de cargas brasileiro, causadas principalmente pela redução de

demanda decorrente dos anos de recessão da economia brasileira e

mundial, como 2008 e mais recentemente 2015, quando o setor teve

uma queda de 4,6%. Segundo dados do ILOS (2016), enquanto os

outros modais continuavam ocupando quase que plenamente suas capacidades, o rodoviário sofreu a maior redução. Entretanto, as

perspectivas são para que nos próximos anos os resultados voltem a ser

positivos e o setor se recupere.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

35

2.1.1.2 Infraestrutura brasileira para o modal rodoviário

Conforme dados da ANTT (2017), existem 110.909 empresas

que atuam no transporte de cargas atualmente no Brasil, totalizando,

juntamente com as cooperativas e os autônomos, 1.636.388 veículos no

transporte rodoviário de cargas. Estes números comprovam a

complexidade para se determinar o custo do frete e também os

indicadores de desempenho por modal, já que cada empresa costuma

calcular o frete com uma metodologia diferente e também oferecer

níveis de serviços diferentes.

O Brasil possui uma das maiores malhas rodoviárias do mundo,

ocupando, entretanto, apenas 12,3% destas são pavimentadas,

totalizando 1.351.979 quilômetros não pavimentados, que representam

78,6% da malha, o restante, 9,1% são de rodovias que ainda estão em

planejamento. Dentre as pavimentadas, mais de 55% está sob concessão

dos estados e cerca de 30% são rodovias federais (CNT, 2016).

Além da falta de pavimentação, outros problemas na

infraestrutura das rodovias brasileiras são também bastante conhecidos e

geram muita perda todos os anos no país, consequência de poucos

investimentos no setor e de uma matriz desbalanceada de transporte de

cargas. Os investimentos brasileiros nos primeiros anos do século XXI

oscilaram em torno de 2% do PIB, enquanto que a Índia, Vietnã e

Tailândia, chegaram a investir 7,3%, 9,9%, 15,4% dos seus PIB’s,

respectivamente (FRISCHTAK, 2008).

A densidade da malha rodoviária do Brasil também é baixa

comparada com a de outros países com dimensões semelhantes.

Atualmente a cada 1000 km2 de área existem 25 km de rodovias

pavimentadas, enquanto nos Estados Unidos esse número é 438,1 km e

na China de 359,9 km. (CNT, 2016).

Outro fator a ser considerado é o aumento do tráfego, o

aumento das rodovias não acompanha o aumento da frota brasileira, que

nos últimos 10 anos foi de 110,4% enquanto que o das rodovias foi de

11,7%. Além de aumentar o tempo de viagem, o excesso de frota agrava

ainda mais a condição das rodovias do país (CNT, 2016).

De 2015 para 2016, ocorreu uma alta de 26,6% do número de

pontos críticos nas estradas brasileiras, sendo considerados críticos aqueles trechos com grandes buracos, pontes caídas, quedas de barreiras

ou erosões. Em 2016, foi constatado também que 58,2% das rodovias do

país apresentavam problemas. As más condições das rodovias

representam um aumento de cerca de 24,9% no custo operacional do

transporte. A Figura 3 apresenta a avaliação das rodovias segundo os

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

36

critérios de Estado Geral, Pavimento, Sinalização e Geometria da Via

(CNT, 2016).

Figura 3: Avaliação das Rodovias pesquisadas.

FONTE: CNT (2016).

Como citado anteriormente, a estratégia do governo na década

de 1950 foi o incentivo da indústria automobilística com grandes

investimentos na infraestrutura das rodovias. Porém, a partir da década

de 1980, o setor público reduziu sua capacidade de investimento, o que

resultou em problemas na manutenção das vias e também em pouco

crescimento do setor. Todavia, com a Lei de Concessões 9.879/95, uma

nova estratégia passou a ser adotada pelo governo brasileiro,

viabilizando a operação de vias públicas por empresas privadas

(MARCHETTI & FERREIRA, 2012).

Segundo o mapeamento desenvolvido pelo Ministério dos

Transporte, em 2011, o Brasil necessitava de R$428 bilhões em

investimento no setor de transportes, especialmente para a expansão de

diferentes modais. Do montante, cerca de 124 bilhões deveria ser

voltado ao modal rodoviário, tanto de capital público quanto privado.

Desta forma, o objetivo do governo brasileiro para os próximos anos

está em ampliar o programa de concessões de rodovias, de modo a

viabilizar os investimentos necessários e desse modo garantir as

manutenções e uma melhoria na qualidade das vias (MARCHETTI &

FERREIRA, 2012).

2.1.1.3. Vantagens e desvantagens do modal rodoviário

As principais características deste modal estão ligadas à alta

flexibilidade, tanto de tamanho de carga quanto de acesso a diversos

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

37

lugares, e a seu baixo custo relativo, ou seja, o custo para movimentar

um caminhão é, na grande maioria das vezes, menor que o de

transportar um navio ou um trem, por exemplo. Por outro lado, o modal

rodoviário é também conhecido por apresentar altos custos de frete

unitário. Os altos custos relacionados a esse modal se dão

principalmente devido à sua baixa capacidade de carga,

comparativamente aos demais modais, e aos problemas com

infraestrutura para esse modal no território brasileiro. Dessa forma, o

uso mais comum deste modal se dá para trechos menores. É

economicamente inviável empregar este modal para longas distâncias, já

que ele necessita de grande quantidade de energia e tem baixa

capacidade de carga. Portanto, ele é indicado para longos trechos só

como um auxiliar a outros modais (FARIA, 2001).

Apesar disso, o modal rodoviário é extremamente utilizado

devido a dois fatores principais: a necessidade de muitas entregas, já que

os clientes buscam reduzir cada vez mais seus estoques o que

consequentemente acarreta em mais viagens com cargas menores, e as

grandes distâncias entre os diversos clientes, que estão de certa forma

espalhados no território, fazendo com que os lotes para transporte sejam

também de tamanho reduzido (NOVAES, 2004). No modal rodoviário o

cliente não precisa ir buscar a sua mercadoria, da mesma forma, a

unidade de carga, ou caminhão, vai ao encontro da mercadoria na hora

da sua expedição, ao contrário dos outros modais em que a mercadoria

deve ir até a unidade de carga. Em contrapartida, a frequente

manutenção das vias exigida por esse modal e a baixa capacidade de

tração dos veículos, são desvantagens do transporte rodoviário

(FREITAS, 2004).

Por fim, percebe-se que o modal rodoviário apresenta, como

todos os outros, vantagens e desvantagens, e ainda que não seja o mais

recomendado para o extenso território brasileiro, é ainda o mais

utilizado para o transporte devido às suas diversas possibilidades e

questões históricas do país, conforme comentado anteriormente.

2.1.2. Modal Aquaviário – Transporte de Cabotagem

O transporte aquaviário se dá quando o veículo se movimenta

em um meio líquido, estando incluídos nessa categoria o transporte

marítimo, fluvial e lacustre (vias marítimas, em rios e navegação em

lagos, respectivamente) (FARIA, 2001).

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

38

Quando trata-se de transporte marítimo, ele pode ser dividido

em duas categorias: a navegação de longo curso e a cabotagem. A de

longo curso é a mais comum, se dá entre diferentes nações, sendo

bastante usada especialmente para importações e exportações. Já a

cabotagem, segundo a Lei 10.893/04, é a navegação ao longo da costa

de um único país ou nas vias navegáveis do mesmo.

As principais rotas de cabotagem atualmente ligam as diversas

regiões do país, sendo a principal delas, Amazonas-São Paulo,

responsável por 26,5% de toda a navegação do país. Na sequência estão

Amazonas-Pernambuco e Ceará-São Paulo, com 8,8% e 7,2%,

respectivamente, dos transportes por cabotagem brasileiros. Com

relação ao estado de Santa Catarina, as maiores parcelas do transporte

estão no recebimento de cargas do norte e nordeste país, sendo os

estados de Pernambuco, Amazonas e Ceará os mais significativos (CNT,

2013).

Pode-se perceber pela Figura 4, um crescimento de 23% no

volume de carga transportada por cabotagem ao longo de seis anos,

entre 2006 e 2012, mostrando que o modal vem se desenvolvendo e

tomando forças.

Figura 4: Volume de cargas movimentado por cabotagem (em milhões de

toneladas).

FONTE: CNT (2013).

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

39

Também pela Figura 4, nota-se a grande participação de

produtos transportados a granel no total de cargas, isso se dá

especialmente pelo baixo valor agregado desse tipo de produto e os

grandes volumes que precisam ser transportados. Por se tratarem de

commodities, os prazos também não costumam ser tão curtos. Produtos

que possuem essas características tem grandes chances de obter

vantagens através do uso da cabotagem. Entre os granéis líquidos, os

principais produtos transportados são combustíveis e óleos minerais que

somam 77,2% de todas as cargas de cabotagem no país atualmente,

enquanto contêineres representam apenas 5,1% do total.

Segundo dados da Agência Nacional de Transportes

Aquaviários (Antaq, 2013), existem 42 empresas autorizadas a atuar no

transporte de cabotagem no Brasil. Dentre estas, apenas seis possuem

capacidade de Tonelagem de Porte Bruto (TPB) acima de 100 mil

toneladas, são elas: Petrobras, Norsul, Elcano, Aliança, Log-In e

Mercosul Line. De acordo com Fonseca (2015), a Petrobras atualmente

representa 26% do total da frota brasileira, sendo grande parte dela

constituída de petroleiros. A Norsul aparece em segundo lugar entre elas

e tem o seu trabalho especializado em granéis, já a Elcano, empresa

espanhola, atua no Brasil com navios graneleiros, petroleiros e GLP, e

atende principalmente a companhia Vale do Rio Doce. Por fim, Aliança,

Log In e Mercosul Line atuam como operadores logísticos multimodais

de linhas conteinerizadas.

Pode-se perceber que grande parte do uso da cabotagem se dá

para longas distâncias e principalmente com cargas de baixo valor

agregado e commodities. Desta forma, o presente trabalho aborda as

cargas conteinerizadas, pois é nesse tipo de transporte em que se

concentram mais dúvidas quanto a vantagem do uso da cabotagem.

Ademais, é importante caracterizar ainda os tipos de

contêineres que podem ser usados na cabotagem. Os principais deles,

segundo Nobre (2006) são:

- Contêiner Dry Standard de 20’ e 40’ – Ambos completamente

fechados, destinados para cargas secas. O de 40’ possui

aproximadamente o dobro do comprimento do de 20’, e as demais

medidas, altura e largura se mantêm iguais. Dessa forma, o de 40’ é

bastante usado para cargas muito volumosas e leves. - Contêiner Dry Standard 40’ High Cube (HC) – É bastante

semelhante ao Standard de 40’, apenas possui altura maior, cerca de 1

pé, equivalente a 30 centímetros.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

40

- Open Top – Contêiner aberto na parte superior, coberto apenas

por uma lona chamada de Tarpaulin. Usado para cargas com grande

altura.

-Reefer – Contêiner refrigerado, pode ser usado para cargas que

precisem de aquecimento, resfriamento ou congelamento.

- Tank – Contêiner também completamente fechado e isolado

termicamente, é usado para granéis líquidos, como produtos químicos.

- Flat Rack – Aberto nas laterais e no topo, possui apenas as

cabeceiras, usado para transportar cargas com geometrias que não

enquadram nos demais tipos de contêiner.

- Plataform – Parecido com o Flat Rack e com a mesma

finalidade, porém não possui nenhum dos lados, nem as cabeceiras,

servindo apenas como uma base para a carga.

Como citado nas limitações do trabalho, este estudo abrange

principalmente os contêineres Dry Standard de 20’, bastante utilizados

no mercado atualmente.

2.1.2.1. Histórico do transporte de cabotagem

O desenvolvimento da navegação de cabotagem no Brasil

advém do período das grandes navegações e do descobrimento do país,

que deram início a colonização principalmente de regiões no litoral.

Durante um longo período a cabotagem foi o único meio de interligação

entre portos brasileiros, usada principalmente para a realização de trocas

comerciais (CNT, 2013).

Em 1890, nasceu a Lloyd, empresa estatal que tinha como

objetivo fazer navegação de cabotagem e também marítima com

bandeira brasileira. Anos depois, mesmo com o grande desenvolvimento

do modal rodoviário no país, o Brasil ainda precisava crescer no modal

aquaviário para acompanhar suas necessidades e com isso, em 1955 o

governo efetuou a compra de 12 navios, construção de 21 e reforma de

mais 7 (NETO, 2001).

Ao longo dos governos dos anos seguintes, período do regime

militar no Brasil, outros planos se seguiram com o objetivo de incentivar

a navegação brasileira, porém quando o período se encerrou a situação

ainda não era satisfatória. No início da década de 1990, algumas empresas começaram a efetuar seus transportes pela cabotagem, que

chegou a representar mais de 18% do transporte de carga no trecho

Santos - Manaus, auxiliado também pelo alto preço do frete no período

(CRUZ, 2007). Em 1993, foi estabelecida a Lei dos Portos que

contribuiu para melhorar a produtividade do setor aquaviário brasileiro.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

41

Já nos anos mais recentes, os Programas de Aceleração do Crescimento

- PAC 1 e PAC 2, além do Plano Nacional de Logística e Transporte,

são algumas iniciativas que tentam impulsionar novamente a navegação

no país.

Entretanto, com o passar dos anos, o modal foi sendo deixado

de lado, seus veículos sucateados e atualmente ele se encontra longe de

alcançar todo seu potencial. Além da falta de investimento, diversas são

as dificuldades enfrentadas ainda hoje para esse tipo de transporte, como

os inúmeros encargos sociais, a burocracia necessária para a execução

de suas atividades, o elevado tempo de espera em terminais portuários e

o alto custo do combustível (CNT, 2013).

2.1.2.2. Modalidades do transporte de cabotagem

De acordo com Keedi (2006), a “ova” e a “desova”, que são,

respectivamente, a consolidação e a retirada da carga de um contêiner,

podem ser efetuadas em diversos locais os quais são denominados de

“porta” ou “porto”. No caso da modalidade “porta”, o embarcador

receberá o contêiner em domicílio e lá será efetuada a “ova”, já para a

modalidade “porto”, essa atividade acontece, como o próprio nome já

diz, em um dos terminais do porto. O mesmo autor afirma que existem,

desta forma, quatro categorias de movimentação pelo modal aquaviário,

que seriam as combinações das modalidades: Porta a Porta, Porta a

Porto, Porto a Porto e Porto a Porta.

Já para Cruz, Araújo e Alencar (2015), a divisão da cabotagem

deve conter, além das modalidades “porta” e “porto”, também a

modalidade “píer”, na qual o contêiner obrigatoriamente deve

permanecer no porto para a ova e a desova, enquanto que no “porto” o

contêiner pode sair do porto e ser ovado ou desovado no cliente, desde

que o mesmo se responsabilize pelos custos da atividade. Ou seja, de

forma geral, as modalidades além de mostrarem o local de ocorrência da

atividade, elas também identificam quem será o responsável por ela.

Existe ainda uma classificação não oficial com o nome de

“cabotagem de longo curso”, que trata de navegação entre as costas de

países vizinhos, como Brasil e Argentina, por exemplo, contudo esse

caso não será tratado no presente trabalho.

2.1.2.3. Infraestrutura brasileira para o transporte de cabotagem

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

42

Segundo dados da Secretaria Nacional de Portos do Brasil,

atualmente o país possui 37 portos públicos, ou seja, com administração

feita pela União. Ao todo são 235 instalações portuárias, sendo elas

marítimas ou fluviais, privadas ou públicas, o mesmo levantamento

indica que não há nenhuma instalação portuária lacustre no país.

Atualmente, o segmento de cabotagem é visto como estratégico

e por isso a mesma só pode ser praticada por navios de empresas

nacionais ou por navios internacionais que tenham tripulação nacional.

Ao todo 14 empresas são habilitadas para esse tipo de transporte. A frota

brasileira para a modalidade é, segundo a Antaq, de 155 embarcações,

número considerado insuficiente diante das quantidades transportadas

no Brasil. Sendo a idade média destas embarcações, por pesquisas da

CNT (2013), de 16,5 anos, um valor considerado alto, tendo em vista

que segundo a Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal a

vida útil de navios grandes é de, em média, 20 anos. Atualmente, 29

portos brasileiros recebem embarcações em rotas de cabotagem,

espalhados ao longo de 16 estados brasileiros, como ilustrado na Figura

5, mostrando mais uma vez o potencial e alcance desse modal.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

43

Figura 5: Portos brasileiros de navegação de cabotagem.

Fonte: CNT (2013)

Atualmente os armadores especializados em carga

conteinerizada no Brasil são: Aliança, Log In e Mercosul Line. As rotas

executadas por eles são as elencadas no Quadro 1.

Quadro 1 - Rotas cabotagem carga conteinerizadas segundo Antaq.

Fonte: Autoria própria.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

44

Para que ocorra um desenvolvimento do transporte por

cabotagem é necessário que ocorram viagens com maior frequência para

carga geral, o que demandaria também um maior número de navios,

além de uma integração melhor dos serviços de cabotagem e rodoviário,

de modo a viabilizar uma operação porta a porta competitiva. Também é

de suma importância que os custos portuários sejam mais competitivos,

e só assim, com todas essas melhorias no aquaviário, a cabotagem e o

rodoviário seriam compatíveis (MARCHETTI & FERREIRA, 2012).

2.1.2.4. Vantagens e desvantagens da cabotagem

O modal aquaviário tem como características, em todas as suas

três formas, a grande capacidade de carga e o baixo custo de frete

unitário, diferentemente do modal rodoviário, como mostrado

anteriormente. Tendo em vista a sua grande capacidade de carga, o

consumo de energia do modal aquaviário é baixa, o que reduz também

os custos envolvidos nesse tipo de transporte. Entretanto, novamente em

oposição ao rodoviário, esse modal não possui um grande alcance, já

que nem todas as cidades possuem vias navegáveis em seus entornos, e

ele também possui limitações com relação a velocidade e prazos de

entrega (BOWERSOX, 2009).

Uma das grandes vantagens da cabotagem está no ganho de

escala no transporte, uma embarcação é capaz de movimentar valores

similares a 143 carretas. Além disso o Brasil possui uma costa de longa

extensão e que se localiza próximo a importantes centros do país,

gerando, assim, um grande potencial para esse modal (CNT, 2013).

Também devido à sua grande capacidade de carga, os custos fixos

podem ser absorvidos entre todas as cargas, fazendo com que o custo se

torne vantajoso.

A cabotagem é a forma mais barata de efetuar a movimentação

de grandes cargas por grandes distâncias, com um grande montante de

uma só vez, e também tem a vantagem de poder ser utilizada para

diversos tipos de cargas (FADDA, 2007). Isso ocorre principalmente

porque existem altos custos nos terminais de carregamento de carga e

baixos custos ao longo do percurso, garantindo que quanto maior a

distância e a carga transportada menor será o preço (BALLOU, 2009). O tempo de trânsito (transit time) do modal ainda é uma de suas

maiores desvantagens, especialmente em um mundo cada vez mais

globalizado em que se é exigido que as cargas sejam entregues cada vez

em um tempo menor. A demora além de afetar o prazo de entrega, afeta

também os custos, tendo em vista que o custo com estoque em trânsito é

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

45

maior, ou seja, o custo de oportunidade que se contabiliza por estar com

capital imobilizado em forma de mercadoria por um maior período de

tempo.

2.2. INDICADORES LOGÍSTICOS

Com a crescente competitividade entre as empresas, têm se

tornado cada vez mais crítico manter-se competitivo no mercado, e com

isso a avaliação e o controle do desempenho se tornaram cruciais para as

organizações (BOWERSOX; CLOSS; COOPER, 2006).

Indicadores de desempenho são métricas quantitativas que

indicam a performance de uma empresa. De modo geral, o uso dos

indicadores permite que todas as partes da organização estejam

alinhadas quanto a sua estratégia e os seus objetivos. Eles devem ser

capazes de não apenas fornecer dados, mas também de promover

comparações e evoluções com as metas da organização. Assim, a

organização consegue executar um controle e pode criar planos de ação

com base nos resultados obtidos.

De acordo com Daugherty et al. (1996), não há unanimidade

sobre o conceito de desempenho, e nem de quais os melhores

indicadores para medir o mesmo. No caso da logística, Chow (1994)

afirma que nenhum indicador isolado consegue medir o desempenho

logístico de uma organização ou de uma cadeia de suprimentos, ele

também reconhece que entre os próprios autores do tema não existe

consenso sobre quais são os indicadores mais importantes e

recomendados para o uso.

Diante de uma vasta gama de indicadores logísticos existentes,

o presente estudo elencou aqueles que possuíam maior relação com o

setor de transporte e, principalmente, aqueles que poderiam servir para

diferenciar um modal do outro, e desta forma auxiliar na tomada de

decisão de qual modal utilizar para cada carga. Os mesmos serão

detalhados a seguir.

2.2.1. Custos logísticos

De acordo com Ballou (2009), a logística envolve os processos

de movimentação e armazenagem de produtos desde o primeiro

fornecedor até o consumidor final, assim como o fluxo de informações

associado a estes. Desta forma, os custos logísticos podem ser definidos

como os custos envolvidos nesses processos ao longo da cadeia de

suprimentos. Freires (2011) divide esses custos em quatro categorias,

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

46

sendo elas: custos de estoque, custos de armazenagem, custo de

processamento de pedidos e custos de transportes.

No presente trabalho, os custos logísticos considerados são

especialmente os de transporte, já que a armazenagem, estocagem e o

processamento de pedidos, normalmente, dizem respeito a etapas

anteriores ao transporte e tendem a não interferir na escolha do modal de

transporte.

2.2.1.1. Custos logísticos no modal rodoviário

Um dos grandes objetivos dos cálculos dos custos envolvidos

com as operações logísticas de transporte está na obtenção do preço de

frete. De acordo com Caixeta-Filho (1998), o governo brasileiro não

efetua nenhum tipo de controle e nem a gestão do mercado de fretes do

país, desta forma, existe um livre mercado baseado em negociações e na

oferta e demanda pelos serviços de transporte rodoviário. Segundo

Hijjar (2008), o poder de barganha das empresas contratantes do serviço

de transporte é bastante alto no país, especialmente devido à elevada

concorrência.

Diante de tal cenário, cada transportadora utiliza o método que

considera mais adequado para contabilizar seus custos e posteriormente

calcular o valor do frete. O resultado destes cálculos costuma ser

apresentado em tabelas de Frete peso, e as negociações posteriores entre

transportadora e contratante podem fazer ainda com que esses valores

sejam alterados. Logo, a tomada de decisão de qual a melhor opção de

transportadora que se enquadre nas necessidades de qualidade e custo da

empresa contratante se torna complexa, já que é inviável ter acesso a

todas as tabelas e saber exatamente todas as opções detalhadas

disponíveis de serviço.

Segundo Miklius, Casavant e Garrod (1976), um dos primeiros

fatores considerados pelas transportadoras é o tipo de carga. Isso ocorre

principalmente porque muitas envolvem condições especiais de

manuseio ou armazenagem, como cargas refrigeradas ou vivas, e outras

também envolvem risco, como é o caso da indústria química. Desta

forma, o preço do frete tende a encarecer diante dessas características.

Além do tipo de carga, outras variáveis importantes relacionadas a ela são o peso e o peso cubado. De acordo com

Nascimento et al (2010), a cubagem está relacionada a cargas que são

mais volumosas do que pesadas, ou seja, os veículos possuem certo

limite de capacidade e para algumas cargas este é atingido antes do

limite de peso. Para tornar a cobrança justa, é feito o cálculo do peso

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

47

cubado multiplicando-se as três dimensões da carga (altura,

comprimento e largura) por 300. Obtêm-se assim o peso cubado, que

deve ser comparado com o peso bruto, por fim, àquele que apresentar o

maior valor é usado para o cálculo do preço do frete.

Também em relação à capacidade de carga, Fleury (2002)

afirma que uma das opções mais vantajosas no quesito custos é a

consolidação da carga, e umas das estratégias para isso é esperar até

preencher completamente um veículo antes de ele ser enviado. Hijjar

(2008) aborda o mesmo ponto e acrescenta que apesar de os custos de

compra e manutenção de veículos maiores serem também maiores, estes

são compensados pelo grande volume movimentado de uma só vez.

Existem ainda taxas relacionadas aos riscos ou seguros da

carga. Segundo a Agência Nacional do Transporte de Cargas (NTC,

2014), o gerenciamento de riscos, também conhecido como GRIS, é

contabilizado como um percentual do valor da nota fiscal, e tem

objetivo de ser um fundo para ressarcir perdas, prevenir e reduzir riscos.

Além dos riscos, uma outra taxa é aplicada a mercadorias de maior

valor, de modo a cobrir as despesas extras relacionadas à realização do

transporte de uma carga mais valiosa, chamada de Ad Valorem ou Frete

Valor. Algumas empresas optam por unificar em suas tabelas o GRIS e

o Ad Valorem em uma taxa única, de modo a facilitar os cálculos

Além das taxas já comentadas, existem ainda os seguros

envolvidos no transporte. O primeiro deles é o de Responsabilidade

Civil do Transportador Rodoviário de Cargas (RCTR-C), que é

obrigatório no Brasil e cobre problemas com os produtos apenas dos

momentos em que eles estão sendo transportados, casos em que o

próprio transportador seja responsável, como colisões e capotamentos.

Esse seguro é de responsabilidade da transportadora. Já o Seguro

Transporte Nacional, também obrigatório no país, é contratado pelo

embarcador da carga, ele cobre, além das situações de acidente com o

veículo, os casos de roubos e furtos.

Por fim, outras inúmeras taxas podem ser cobradas de acordo

com cada transportadora e com as peculiaridades do serviço contratado.

Algumas das mais comuns são: TRT (Taxa de Restrição de Trânsito),

TDE (Taxa de Dificuldade de Entrega), TAS (Taxa de administração da

Secretaria da Fazenda) e TRF (Taxa de Redespacho Fluvial). Os impostos também incidem sobre o transporte, o ICMS (Imposto sobre

Circulação de Mercadorias e Serviços) e o ISS (Imposto Sobre Serviço)

são os mais comuns e os seus valores variam de acordo com a origem e

destino da carga. Porém o ISS é taxado apenas nos casos de transporte

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

48

dentro de um único município, caso não considerado neste estudo, desta

forma o único imposto que será levado em conta é o ICMS.

A complexidade para os cálculos dos reais custos envolvidos no

transporte é tamanha que segundo Hijjar (2008), em muitos casos os

custos não estão sendo cobertos pelo preço cobrado. A Figura 6 ilustra

alguns valores de tarifas referenciais, que seriam os custos comuns do

mercado, e os preços praticados pelas transportadoras. A figura faz

referência à carga seca com apenas uma entrega por viagem, mas

possivelmente o estudo possa ser estendido para transportes com

diferentes características já que existe atualmente uma reclamação geral

entre as transportadoras quanto aos preços de frete praticados no país.

Figura 6: Comparação entre custo real do frete e preços cobrados.

FONTE: Hijjar (2008).

Pode-se perceber ao longo da seção, que os custos logísticos

ligados ao modal rodoviário e o cálculo do frete é uma parte bastante

complexa do presente estudo. Nas próximas seções e ao longo da

metodologia, são mostradas em detalhes a linha lógica e as

considerações feitas para a execução dos cálculos na ferramenta

construída.

2.2.1.2. Custos logísticos no transporte de cabotagem

A composição de fretes de cabotagem, assim como a do

rodoviário, varia de transportador para transportador e as informações

quanto a ela não são tão difundidas na literatura. De acordo com

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

49

informações do armador Mercosul Line (2017), o frete da empresa é a

soma entre BAF (Bunker Adjustment Factor), BOF (Basic Ocean

Freight), THC (Terminal Handling Charges) e Impostos, sendo que o

BAF representa os custos ligados ao combustível usado no trecho.

O mesmo armador calcula o BAF conforme equação (1).

𝐵𝐴𝐹 = (𝑃𝐴𝐶 − 𝑃𝐵𝐶) 𝑥 (𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑥 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚) (1)

Sendo:

PAC = Preço Atual Combustível

PBC = Preço Base Combustível

Cada empresa pode apresentar maneiras diferentes de fazer o

cálculo do BAF, ou até mesmo ter uma tabela com valores fixos para tal

taxa.

Já o BOF, que diz respeito aos valores do frete em si e engloba

valores como volume de carga e o lucro do armador, geralmente possui

valores tabelados que podem ser negociados de acordo com cada

prestador de serviço e cada cliente. Ele pode ser considerado equivalente

ao Frete Peso do frete rodoviário.

O THC, por sua vez, representa a taxa cobrada pelo porto para

fazer o manuseio de dado contêiner, que inclui o carregamento do

mesmo no navio e as movimentações necessárias, ela varia de porto para

porto e apresenta em sua maioria valores entre R$ 400,00 e R$ 800,00.

Essa taxa deve ser paga tanto ao porto de origem quanto ao de destino.

Em muitos casos os armadores fazem negociações com os portos e

depois só repassam os valores no frete para os embarcadores, de modo a

facilitar a transação.

Por fim quanto aos impostos presentes na cabotagem, eles são

os mesmos incidentes no transporte rodoviário, sendo o principal deles o

ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias). Além dos impostos,

algumas outras taxas podem também entrar no cálculo do frete da

cabotagem, como o AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da

Marinha Mercante), instituído pelo Decreto-lei nº 2.404/1987, que gera

um adicional de 10% sobre o valor do frete e é de responsabilidade do

proprietário da carga. Ademais ainda existe o conceito de demurrage, que pode

também se tornar um custo da cabotagem. Segundo Torres, Azevedo e

Gontijo (2017), a demurrage, também conhecida como sobreestadia, é

uma multa cobrada do embarcador quando é ultrapassado o período para

a devolução do contêiner para o armador. Esse tempo é contado desde a

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

50

atracação do navio no porto de destino até a devolução do contêiner ao

embarcador. Os armadores de cabotagem disponibilizam um free time para os contêineres, que varia de 7 a 10 dias, e caso esse prazo seja

ultrapassado essa multa diária é cobrada. Segundo dados da Mercosul

Line, essa multa varia de R$ 60,00 a R$250,00 por dia de atraso.

Pode-se perceber que tanto o frete do rodoviário quanto da

cabotagem apresentam diversas metodologias de cálculo de acordo com

as necessidades e preferências de cada transportador, e seus valores

finais podem sofrer variações tanto devido a negociações quanto por

variações de demanda, o que ressalta mais uma vez a complexidade

envolvida no cálculo e comparação destes fretes.

2.2.2. Nível de serviço

O nível de serviço é um dos parâmetros mais usados na

logística, faz parte da estratégia de cada organização estabelecer o nível

de serviço pretendido e a partir dele desdobrar sua estratégia. De acordo

com Christopher (2009), dentro dos “Quatro P’s” do marketing -

produto, preço, promoção e praça - o último deles pode ser melhor

descrito como o produto certo, no lugar certo e na hora correta. Para

Christopher e também para Fleury (2002), o nível de serviço é

justamente o P de praça do marketing.

O nível de serviço é a qualidade no fluxo entre todos os elos da

cadeia de suprimentos, iniciando no recebimento do pedido e se

estendendo até a entrega final do produto (BALLOU, 2009). Esse

indicador é chave para fidelizar clientes.

Para Meindl & Chopra (2004), o nível de serviço está

diretamente ligado com o custo do transporte da cadeia, quanto maior o

nível de serviço, mais rápida deve ser a resposta ao cliente e, portanto,

mais frequente serão as entregas. Desta forma, a redução de custos,

possível com a consolidação de carga, se torna inviável, e

consequentemente o preço do transporte para um alto nível de serviço é

maior. Por isso é tão importante que as empresas escolham um nível de

serviço adequado, de forma que o custo seja condizente com o serviço

prestado.

O cálculo do nível de serviço pode ser feito através da multiplicação entre os percentuais de alcance de cada um dos 7C’s da

logística, ou seja, para o C de produto certo, será feito o percentual de

quantos produtos certos foram entregues diante do total, o mesmo será

repetido para cada um dos C’s e por fim os valores devem ser

multiplicados. Percebe-se assim que o nível de serviço está diretamente

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

51

relacionado com o prestador de serviço, e não aos modais diretamente,

dois armadores de cabotagem podem entregar diferentes níveis de

serviço, por exemplo. Da mesma forma, um embarcador deve saber com

qual nível de serviço deseja entregar aos seus clientes e assim optar

entre as opções de modais e cada um dos transportadores.

2.2.3. Tempo de ciclo do pedido

É o tempo decorrido desde o momento da realização do pedido

até a entrega final para o cliente. Neste critério sabe-se que o modal

rodoviário leva vantagem, pois tem como uma de suas características a

agilidade e a alta frequência de viagens, graças à baixa capacidade de

carga.

Como já citado, além dos problemas com a demora para a

entrega do produto ao cliente, outro ponto negativo de tempos altos de

ciclo de pedido é o custo com estoque em trânsito. Segundo Ballou

(2009), o estoque em trânsito diz respeito ao tempo que a carga é

mantida nos veículos, e é considerado pelo autor como um tipo especial

de armazenagem. O custo associado a ele é o custo de oportunidade

causado pela imobilização de capital em forma de estoque, que poderia

estar rendendo para a empresa em algum investimento. Desta forma, o

custo de estoque em trânsito está ligado a uma taxa de rendimento a ser

determinada pela empresa, que representa o retorno que teria uma outra

fonte de investimento, também conhecida como TMA (Taxa mínima de

atratividade).

Desta forma, isso se torna uma desvantagem grande para o

modal aquaviário. O maior tempo de ciclo da cabotagem está ligado não

só à velocidade dos navios, mas também aos trâmites legais que o modal

envolve. Lanchmann e Castro Jr (2009) afirmam que a obrigatoriedade

de alguns documentos para processar informações com a Marinha

Mercante e a posterior liberação da carga pode atrasar em até quatro dias

o tempo de ciclo das cargas. O fato de as cargas de cabotagem serem

tratadas da mesma forma que as cargas de navegação de longo curso,

sujeita aos mesmos controles alfandegários, acaba resultando em até

uma semana extra no tempo de ciclo das mercadorias (CARVALHO,

ROBLES & ASSUMPÇÃO, 2010).

2.2.4. Avarias e Sinistralidade

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

52

A ocorrência de sinistros, acontecimentos que causam danos ou

prejuízos, com as cargas é algo que têm preocupado cada vez mais

embarcadores e transportadores no Brasil. Um dos tipos mais frequentes

de sinistros são os roubos. De acordo com dados da Associação

Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC, 2016), nos últimos

anos houve um aumento considerável no roubo de cargas no país.

Enquanto em 1990 foram registradas cerca de 2.000 ocorrências ao

longo do ano, em 2015 esse número foi de 19.250 ocorrências.

O modal rodoviário é o mais visado nesse quesito, graças à alta

exposição da carga ao longo de todo o percurso, os roubos são bastante

frequentes e oneram muito das empresas. Segundo dados da Associação

Brasileira de Logística e Transporte de Cargas (ABTC, 2003), cerca de

20% do custo do frete é composto por valores gastos com seguro. As

cargas mais visadas são àquelas que são de difícil reconhecimento,

como alimentos, cigarros, confecções e eletroeletrônicos, e grande parte

dos roubos, cerca de 59%, ocorrem em rodovias federais.

Em relação a cabotagem, como ocorre menor exposição da

carga ao longo de todo o percurso ela tende a ser um modal bem mais

seguro e que envolve menores riscos. Porém, segundo Cruz, Araújo &

Alencar (2015), poucas empresas usam o desconto no seguro que elas

têm por direito ao usar o modal de cabotagem, muitas por nem terem

conhecimento sobre o fato. As autoras também afirmam que atualmente

não existe uma base de dados confiável com relação aos sinistros na

cabotagem no Brasil, o que acaba dificultando na real execução desses

descontos.

2.2.5. Sustentabilidade

Outro aspecto importante a se considerar na escolha dos modais

de transporte é a sustentabilidade. Segundo a Comissão Brundt-land

(WCED, 1987), o desenvolvimento sustentável se baseia na ideia de

satisfazer as necessidades atuais sem comprometer o futuro, ou seja, o

conceito de sustentabilidade está diretamente ligado a possuir uma visão

de longo prazo para a organização e seus consumos.

As dimensões da sustentabilidade são três, o conjunto delas é

chamado de tripple bottom line, sendo elas: dimensão ambiental, dimensão econômica e dimensão social. Segundo Almeida (2002), a

primeira delas incentiva as organizações a pensarem no reflexo de suas

atividades sobre o meio ambiente, já a segunda, trata da economia

formal e também da informal, por fim, a dimensão social, está

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

53

relacionada com as qualidades do ser humano, como suas habilidades,

dedicação e experiências.

Para fins de comparação, iremos tratar no presente estudo

especialmente da dimensão ambiental. As Tabelas 1 e 2, ilustram a

eficiência e as emissões de gases dos diferentes modais. O modal

rodoviário é o que apresenta o maior consumo de combustível,

mostrando-se também o mais poluente, com 116 kg de gases por TKU

(Tonelada quilômetro útil). Já o hidroviário se mostra no outro extremo,

com baixo consumo energético e também menores índices de emissão.

Tabela 1 - Eficiência dos diferentes modais de transporte.

Fonte: BNDS.

Tabela 2 - Emissões dos diferentes modais de transporte.

Fonte: BNDS.

O modal rodoviário é responsável por um grande consumo de

energia, só no ano de 2004 cerca de 92% do consumo total de energia

despendido em transportes no Brasil foi de responsabilidade desse

modal. Além disso, quanto pior forem as condições das rodovias, maior

a emissão de gases envolvida no transporte, já que maior será o desgaste do veículo e consequentemente maior o consumo de combustível

(BARTHOLOMEU & CAIXETA FILHO, 2008).

A emissão de gases não só é grave para o meio ambiente como

também para a sociedade como um todo. Dados da CNT (2016)

afirmam que os gases veiculares podem causar diversas doenças e

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

54

inclusive levar à morte em alguns casos. Em 2013, no mundo,

ocorreram cerca de 5,5 milhões de mortes prematuras, sendo que 10%

delas foram relacionadas com a poluição do ar.

Akabane (2014) também evidencia a discrepância entre os

modais quanto a emissão de CO2. Comparativamente com um navio de

cabotagem de 8.000 TEUs, um caminhão de três eixos é 233% mais

poluente. Já uma locomotiva a diesel, representando o modal

ferroviário, é 133% e um Boeing 747, representando o aéreo é 3500%.

O mesmo autor desenvolveu estudos comparando o desempenho entre

rodoviário e cabotagem no trecho entre Campinas e Manaus. Os

resultados obtidos foram que a emissão pela cabotagem, incluindo

também os trechos rodoviários de intermodalidade necessários para a

execução do trecho, é de cerca de 32 mil toneladas, enquanto que do

rodoviário é de cerca de 624 mil.

Percebe-se assim, que nesse critério não há dúvidas quanto ao

melhor modal para o uso. Porém, infelizmente ele ainda é pouco levado

em conta diante dos demais.

2.2.6. Comparativo entre os modais

Além de todos os indicadores já citados, que podem ser usados na

escolha do modal de carga, existem ainda outros critérios qualitativos

que também devem ser considerados. A Figura 7 ilustra alguns deles

juntamente com outros já comentados anteriormente.

O primeiro deles, confiabilidade quanto a prazo, é considerado

melhor para a cabotagem do que para o rodoviário, tendo em vista que

as rotas possuem padrões fixos com tempos pré-determinados de

paradas em cada local, facilitando o controle do tempo e garantindo uma

maior confiabilidade. Para o rodoviário não se pode dizer o mesmo,

problemas como trânsito, desastres naturais ou até mesmo protestos,

podem fazer com que o tempo de viagem sofra uma grande variação, e

tendo em vista que esses fatores não são previsíveis essa confiabilidade

quanto a prazo não é tão alta.

Já a cadência diz respeito à frequência de saída dos veículos

para dado local, assim, ela é alta para o rodoviário e baixa para a

cabotagem, que para a maioria das rotas não possui saída todos os dias, por exemplo. Por fim, no quesito esforço burocrático, a cabotagem sai

atrás, exigindo mais documentações para embarque e consolidação das

cargas do que as necessárias para o rodoviário.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

55

Figura 7: Comparação entre características qualitativas Cabotagem x

Rodoviário.

FONTE: Autoria própria.

Em suma, existem diferenças diversas entre os modais e muitas

características devem ser levadas em consideração na escolha do mais

adequado para o transporte de cada carga. Entretanto, não existe

resposta única, uma mesma carga em um mesmo trecho pode ser melhor

para um embarcador sendo transportada pela cabotagem e melhor para

outro pelo rodoviário. Desta forma, as características devem ser

analisadas com cuidado e de acordo com a situação em específico, assim

como com todas as exigências do cliente e com os valores de custo em

mente.

2.3 MÉTODOS MULTICRITÉRIO DE APOIO À DECISÃO

Os métodos de decisão multicritério (métodos MCDM) são

aqueles que consideram em sua avaliação diferentes parâmetros. Dessa

forma, as diversas alternativas são avaliadas de acordo com diversos

critérios e por fim tem-se uma ordenação das preferências.

(KAHRAMAN, 2008)

De acordo com Dias et al (1996), duas fases principais existem

no processo de auxílio à decisão, a de estruturação e avaliação. A

primeira delas trata da definição de critérios e alternativas, e a segunda

da avaliação das mesmas, dando pesos de importância para os critérios e

notas de desempenho para as alternativas. Por fim, ocorre a síntese dos

resultados e a tomada de decisão final. Duas abordagens são dadas ao

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

56

MCDM: Multiple Attribute Decision Making (MADM) e Multiple

Objective Decision Making (MODM) (BHUTTA & HUQ, 2002).

A abordagem MADM tem como objetivo selecionar uma

alternativa levando em conta diferentes atributos, que muitas vezes são

discordantes. Assim, cria-se uma classificação para as múltiplas

alternativas. Já a abordagem MODM, envolve a otimização de mais de

um critério simultaneamente, ou seja, problemas que possuem objetivos

múltiplos, muitas vezes é resolvida através de modelos matemáticos

(KAHRAMAN, 2008). O enfoque dado no presente estudo será na

MADM.

Existem diversos modelos e métodos de aplicação para MCDM,

entre eles: Método Analítico Hierárquico (AHP), Método Analítico de

Redes (ANP), Fuzzy, Redes Neurais Artificiais (RNA), Algoritmo

Genético, Measuring Attractiveness by a Categorical Based Evaluation

Technique (MACBETH) e Elimination Et Choice Traduisant La Réalité

(ELECTRE). Segundo Vaidya e Kumar (2006), o método AHP é o mais

usado de acordo com uma análise de cerca de 20 anos de publicações

acadêmicas acerca do tema.

Cada um dos métodos de MCDM tem suas peculiaridades e usa

diferentes passos para se chegar no objetivo final, que é a tomada de

decisão em si. Exemplos do uso dos MCDM podem ser encontrados nos

mais diversos setores, em priorização de projetos, alocação de recursos,

seleção de sistema de TI (Tecnologia da Informação), entre outros

casos. Especialmente em logística ele é bastante usado para resolver

problemas de escolha de fornecedores ou de prestadores de serviços

logísticos.

No presente estudo um método MCDM será usado com o

intuito de tomar a decisão quanto ao modal a ser utilizado no transporte

de cargas conteinerizadas de modo a priorizar quais os indicadores de

desempenho mais relevantes a serem considerados na escolha do modal.

2.3.1 Processo Analítico Hierárquico – AHP

Por se tratar de um método bastante usado, já consolidado e, de

certa maneira, de fácil aplicação, o AHP foi escolhido para ser usado no

presente trabalho. Desenvolvida por Saaty na década de 1970, a metodologia foi

amplamente estudada e utilizada desde então. A sua aplicação acontece

em duas fases, sendo a primeira delas a de construção da hierarquia e a

segunda de avaliação da mesma (VARGAS, 1990).

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

57

A hierarquia proposta pelo método pode ser visualizada na

Figura 8. Na qual, primeiro é definido o objetivo ou meta de decisão,

seguido da definição dos critérios e das alternativas em níveis

consecutivos (SAATY, 1990).

Figura 8: Hierarquia de critérios/objetivos do AHP.

Fonte: Vargas (2010).

Construída a hierarquia parte-se então para a avaliação dos

critérios. Essa se dá em uma análise paritária, ou seja, o avaliador deve,

seguindo uma escala, escolher qual o critério mais importante na opinião

dele perante um par de critérios. E assim sucessivamente, até que todos

os critérios sejam combinados com todos. A escala mais utilizada para

essa avaliação é a criada por Saaty (2005), e pode ser vista na Figura 9.

Figura 9: Escala de julgamento de importância do método AHP.

Fonte: De Abreu (2000).

Segundo Saaty (2000), o homem é capaz de estabelecer relações

entre ideias de modo que elas tenham coerência e as relações entre elas

apresentem consistência. Dessa forma, uma etapa complementar do

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

58

método AHP é a análise de consistência das respostas. Para isso, é

calculada a Razão de Consistência (RC). O objetivo desse cálculo é

garantir que mesmo a análise sendo feita par a par, o resultado geral seja

coerente, por exemplo, se para dado avaliador o critério A é mais

importante que o critério B e critério B é mais importante que o C, na

hora de analisar o par A/C a resposta deveria ser que A é muito mais

importante que C. Assim, o cálculo busca entender se essa consistência

foi alcançada na análise.

𝑅𝐶 = (Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎)/(Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑅𝑎𝑛𝑑ô𝑚𝑖𝑐𝑜)

(2)

O índice de consistência randômico é uma constante que

depende do número de critérios envolvidos na escolha, como pode ser

visualizado no Quadro 2. Já o índice de consistência é calculado através

da fórmula a seguir.

(𝜆𝑚á𝑥 − 𝑛)/(𝑛 − 1) (3)

Onde n é o número de critérios avaliados e 𝜆𝑚á𝑥 é o maior

autovalor da matriz de julgamentos. Para que a matriz de avaliação seja

considerada consistente o RC deve ser inferior a 0,1 (SAATY, 2000).

Ou seja, a inconsistência deve ser menor que 10%.

Quadro 2 - Índice de Inconsistência Randômica.

Fonte: Costa (2006).

Por fim, após garantir que todas as matrizes de avaliações

possuam valores de RC adequados, elas devem ser normalizadas de

modo a obter o peso final de cada critério, ou seja, seu índice de

prioridade.

No presente estudo, os critérios foram os indicadores de desempenho e, portanto, foi feita uma priorização entre eles de modo a

atingir o objetivo da escolha do modal. Nesse caso, os modais

(alternativas) foram considerados com peso 0 para o modal com pior

desempenho naquele indicador e peso 1 para com a melhor

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

59

performance, de acordo com a revisão bibliográfica acerca do tema.

Entretanto, pelo método AHP esse valor poderia ser também calculado

ao invés de apenas estabelecidos.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

60

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

61

3. MÉTODOS

Este capítulo tem como objetivo ilustrar o método usado no

presente estudo de modo a atingir os objetivos propostos no primeiro

capítulo. Além disso, este tópico descreve os passos realizados de modo

a obter todas as informações e validações necessárias.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho se caracteriza como uma pesquisa científica

e foi desenvolvido com base na metodologia de Desenvolvimento

Teórico-Conceitual, tendo em vista que foi criado um modelo, a partir

da literatura e também de dados coletados em campo, que resultou na

criação de uma ferramenta. Por fim, foi também realizada uma avaliação

da ferramenta desenvolvida.

A fim de promover uma melhor delimitação do tema do estudo,

a pesquisa científica pode ser classificada de acordo com cinco critérios

principais, sendo eles: área de pesquisa, finalidade da pesquisa,

objetivos, procedimentos técnicos e abordagem. A área de pesquisa

pode ser enquadrada em uma das onze áreas da Engenharia de

Produção, a de Gestão da Produção, e é melhor descrita pela subárea

de Logística e Gestão da Cadeia de Suprimentos e Distribuição

(ABEPRO, 2017)

Quanto à finalidade da pesquisa, este estudo atende às

características da pesquisa aplicada, tendo em vista que seu

desenvolvimento busca aplicação imediata para alguns casos

específicos. Já conforme os objetivos, de acordo com Gil (2008), a

pesquisa pode ser enquadrada em três diferentes grupos: estudos

exploratórios, estudos descritivos e pesquisas explicativas. O presente

estudo se encontra no primeiro grupo, tendo em vista que o objetivo

dessa pesquisa é gerar uma visão geral e aproximada, sobre determinado

tema ainda não tão explorado.

Em relação aos procedimentos técnicos, a classificação a ser

dada é a de Estudo de Campo, já que as coletas de dados foram

efetuadas em um modo mais de observação da situação do que de

questionamento, além do que as principais análises se deram em torno das relações entre variáveis e dados e não só o estudo dos dados em si.

E, finalmente, quanto à abordagem o presente estudo se caracteriza por

uma abordagem Qualitativa, devido especialmente aos dados por si só já

serem o objetivo de estudo sem precisar de tratativa estatística. Desta

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

62

forma, os dados sofreram redução, e depois foram organizados para

chegar nas conclusões cabíveis (GIL, 2008).

3.2. ETAPAS DE PESQUISA

A Figura 10 ilustra as etapas seguidas de modo a atingir os

objetivos do presente estudo. Ela foi dividida em três grupos: Revisão

de Literatura, Desenvolvimento Conceitual e Pesquisa de Campo. O

primeiro deles engloba as atividades de revisão bibliográfica e

contribuição para o meio acadêmico, o segundo que agrupa as atividades

diretamente ligadas à ferramenta em si e o último que reúne as

atividades de coleta de dados e pesquisas em campo.

A primeira etapa do trabalho consistiu em entender qual o status quo acerca do tema a ser tratado e também revisar a literatura pertinente

ao assunto. O foco maior foi o de indicadores de desempenho e não de

custos já que há pouco conteúdo acadêmico sobre o real cálculo dos

fretes no país, especialmente devido a sua grande pluralidade. Nessa

etapa, também foram delimitados quais os indicadores mais relevantes

para o tema e de que forma eles deveriam estar presentes na ferramenta.

Além da revisão de indicadores, fez-se um estudo sobre o tema de

transportes em geral e as características de cada modal.

A etapa seguinte se deu através de diversas pesquisas e

cotações, tanto com transportadoras do rodoviário quanto com

armadores de cabotagem. Para isso, no caso do rodoviário, além de

entrar em contato com algumas transportadoras para fazer cotações de

diferentes cargas foi feito também o uso da plataforma Fretebras.

Atualmente o site da Fretebras é considerado um dos maiores na área de

oferta de frete de carga rodoviária do país, desse modo, através da

plataforma, foi possível a obtenção de uma grande quantidade de dados

de frete advindas de diferentes transportadoras e também de autônomos.

Com isso, buscou-se tornar os valores que baseiam os cálculos da

ferramenta mais próximos da realidade. Nessa etapa também foram

coletados dados como o transit time para cada trecho e especificidades

de cada taxa para os cálculos de frete.

Na sequência, com base em todos os dados coletados e os

indicadores priorizados foi criada a versão preliminar da ferramenta, com a introdução dos parâmetros necessários e dos bancos de dados

obtidos nas etapas anteriores. Para criar na ferramenta um cálculo

automático dos fretes, foram efetuados dois procedimentos diferentes:

um para cabotagem e outro para o rodoviário. No caso da cabotagem a

abordagem foi simples, já que existe atualmente uma quantidade

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

63

limitada de rotas e poucos armadores no Brasil, foi efetuada uma

cotação direta com dois dos armadores para uma carga padronizada e

todas as rotas disponíveis. Na sequência, os dados foram introduzidos na

ferramenta sem a necessidade de tratamentos matemáticos. Já para o

rodoviário, que se encontra em situação oposta, com rotas flexíveis e

uma grande quantidade de prestadores de serviço, foi necessário

encontrar um modelo matemático que pudesse aproximar os valores

para cada caso. A próxima seção aborda em detalhes o procedimento

usado.

A quinta etapa consistiu na validação da versão preliminar da

ferramenta com os especialistas, para isso foram contatados dois

especialistas a fim de garantir que a ferramenta atende aos requisitos

necessários e que está também de acordo com a realidade. Os

especialistas se tratavam de pessoas que trabalham com o setor de

transportes, um deles Gerente de Comércio Exterior de uma indústria

catarinense e o outro Diretor de Logística de uma empresa prestadora de

serviços de trading e logística também do estado de Santa Catarina.

Na etapa posterior, a partir dos feedbacks recebidos foram

efetuadas as alterações pertinentes na ferramenta e então foi construída a

versão final dela. Os principais feedbacks recebidos foram com relação

às considerações feitas nos cálculos dos custos de transportes. E também

com relação à variável de demanda que não foi inclusa na ferramenta e

altera bastante os valores de frete, especialmente do rodoviário.

A sétima etapa tratou de aplicar a ferramenta de modo a simular

alguns padrões de carga que fossem interessantes para serem estudados

de acordo com o core das indústrias do estado de Santa Catarina, e a

partir das cargas simuladas foi possível a análise de padrões e dos

resultados de todo o trabalho.

Na sequência, através da aplicação do método AHP com o

auxílio de mais alguns especialistas na área de logística, foram

priorizados os critérios considerados mais relevantes na escolha do

modal excluindo o critério de custo, que costuma ser o que prevalece.

Dessa forma, buscou-se qual seria a sequência de prioridade dos demais

critérios. Os especialistas consultados nessa etapa foram professores da

área de logística e pessoas que tem envolvimento com o setor de

transportes. A última etapa então, consistiu na consolidação de todas as

análises e conhecimentos obtidos através do presente documento, de

modo a agregar para a literatura e contribuir com possíveis pesquisas

semelhantes ou mais avançadas acerca do tema.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

64

Figura 10: Etapas de Pesquisa.

FONTE: Autoria própria.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

65

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No presente capítulo são apresentados os métodos usados nos

cálculos de frete, as simulações das cargas e também a discussão dos

principais resultados.

4.1. CÁLCULO DOS FRETES

A seguir são detalhados como foram estimados os resultados de frete

usados pela ferramenta.

4.1.1. Frete do Rodoviário

Como já comentado anteriormente, se fez necessária a criação

de um método exclusivo para o modal rodoviário de modo a aproximar

os cálculos para as mais diversas situações e torná-lo fiel com os valores

encontrados nas cotações efetuadas. Para isso, foram primeiramente

elencadas as principais variáveis envolvidas no frete, e que seriam

também os valores a serem inseridos pelo usuário da ferramenta para a

obtenção do cálculo. As variáveis que foram priorizadas foram a

distância, o peso e o volume da carga.

Desta forma, com o auxílio dos dados de frete obtidos pela

plataforma Fretebras e pelos orçamentos realizados foram calculadas

médias simples para cada raio de distância. Foram divididos, com base

no comportamento dos dados cinco raios: até 250 km, entre 250 e 500

km, entre 500 e 1000 km, entre 1000 e 2000 km e acima de 2000 km.

Para obtenção das médias foram usadas cotações de diferentes tipos de

carga, e com diferentes origens e destinos, com isso foi obtida uma

tarifa genérica (𝛼) para cada raio de distância. Na sequência essa tarifa

genérica (𝛼) foi dividida pela tonelagem da carga, tendo em vista que as

cotações foram obtidas para diferentes cargas com diferentes pesos.

Esse novo valor (𝛽), constante que correlaciona peso e distância, foi

calculado para cada raio e foi também o valor final usado para

aproximação dos fretes na ferramenta. Notou-se que havia pouca

variação no valor de 𝛽 dentro de uma faixa de raios, e, portanto, os

valores puderam ser aproximados. Assim, obteve-se a seguinte equação

(2).

𝐹𝑟𝑒𝑡𝑒 = 𝛽 ∗ 𝑃𝑒𝑠𝑜 ∗ 𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 (4)

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

66

Sendo que o peso da carga é um dado que deve ser informado

pelo usuário na inserção de dados inicial, assim como as dimensões da

carga, desta forma é calculado o peso cubado do carregamento e o maior

valor entre eles é então usado no cálculo do frete base. Já a distância é

obtida a partir da escolha das cidades de origem e destino pelo usuário.

Os valores de ß calculados podem ser visualizados na Tabela 3.

Tabela 3- Valores de ß calculados.

Fonte: Autoria própria.

Dessa forma, chegou-se a um valor constante para cada faixa de

distância e que não muda com o tipo de produto, essa aproximação é

possível já que as variações que diferentes produtos poderiam causar já

são consideradas nas variáveis de volume e peso. Além disso, produtos

com maior valor gerariam maiores custos relacionados a taxas

adicionais, que devem também ser incluídos na ferramenta.

Assim, para o cálculo final do frete rodoviário foram

adicionados ainda os valores de GRIS e Ad Valorem, que variam com o

valor da carga, e a partir do resultado foram feitos os cálculos dos

impostos incidentes e do custo de estoque em trânsito, a soma de todos

esses valores resulta no custo final do frete calculado pela ferramenta.

Para o Ad Valorem, os valores considerados foram os estabelecidos pela

NTC, ilustrados na Tabela 4.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

67

Tabela 4 - Valores de Ad Valorem segundo dados da NTC.

Fonte: Autoria própria (adaptado de NTC).

O valor considerado para o GRIS foi de 0,2% sobre o valor total

da nota fiscal da carga, conforme valores encontrados em grande parte

das tabelas de frete das transportadoras consideradas. Já para o ICMS as

taxas variam de acordo com os estados de origem e destino da

mercadoria transportada, e desta forma de acordo com os dados de

entrada inseridos pelo usuário a tarifa correta é escolhida.

O valor da TMA usada para os cálculos de estoque em trânsito

da ferramenta pode ser escolhido pelo usuário no momento de inserção

de dados, e caso o usuário opte por não preencher essa informação o

valor de 12,5% a.a. será considerado para fins de cálculo. Esse valor foi

estabelecido com base na média da taxa SELIC (Sistema Especial de

Liquidação e Custódia) nos últimos 12 meses, que representa uma média

dos juros que o governo paga por empréstimos tomados dos bancos e

pode ser usada como uma aproximação para valores de retorno de

investimento.

Por fim, com relação aos seguros, os seus valores não foram

incluídos na ferramenta, tendo em vista que grande parte das empresas

optam atualmente por ter uma apólice de seguro própria, diretamente

vinculada com a seguradora e não com a transportadora. Dessa forma,

no custo final dado pela ferramenta a empresa deve incluir ainda os

valores de seguro da carga negociados com a sua seguradora, tanto para

a carga no rodoviário como na cabotagem.

4.1.2. Frete da Cabotagem

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

68

Como já comentado anteriormente não houve uma metodologia

específica para o cálculo do frete de cabotagem e sim uma cotação com

todos os armadores de diversas rotas. O objetivo dessa coleta foi

justamente tornar os dados os mais fidedignos possíveis com a

realidade, opção inviável para o rodoviário já que são muitas

transportadoras diferentes com muitos trechos e preços diferentes.

4.2. SIMULAÇÃO DE CARGAS

A fim de validar a ferramenta construída e obter resultados mais

concretos foram simuladas três cargas para dois diferentes trechos.

Como a ferramenta tem o intuito de atender análises de transportes entre

Santa Catarina e outros trechos do país, primeiramente buscou-se

produtos que poderiam se beneficiar dessa análise e que possuíssem

características diferentes de carga, na sequência, foram priorizados

aqueles que possuíam representatividade na economia do estado, com

um maior número de empresas atuantes ou uma grande capacidade

produtiva. Com isso, três setores foram priorizados: têxtil, embalagens e

eletroeletrônicos.

Depois de determinados os produtos a serem simulados, partiu-

se para a obtenção dos dados. Para isso, foi contatada uma empresa de

cada setor a fim de obter-se o perfil de cada carga, ou seja, os valores

médios de nota fiscal, de peso e volume de um carregamento

convencional de cada uma delas. É importante ressaltar que as respostas

foram baseadas nos produtos que possuíam maior demanda de cada

empresa, e não nas possíveis exceções.

A indústria do setor de confecções têxteis contatada situa-se em

Lages - Santa Catarina, e atende um mercado popular, focada em classes

C e D, e, portanto, seus produtos não possuem um grande valor

agregado. As roupas são transportadas em embalagens plásticas dentro

de caixas de papelão. Para esses produtos, o volume, ou peso cubado, se

mostrou mais representativo que o peso, dessa forma, a carga têxtil

estudada ficou caracterizada como uma carga de baixo valor agregado,

com baixa densidade.

No caso do setor de embalagens, a empresa estudada localiza-se

em Florianópolis - Santa Catarina, e atua no ramo de fabricação de

embalagens plásticas para outras indústrias, principalmente dos ramos

alimentício, de bebidas e produtos de higiene e limpeza. Sua carga é

transportada principalmente em bobinas, deixando a carga bastante

compacta, dessa forma, seu perfil de carga ficou como carga de baixo

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

69

valor agregado com peso predominante sobre volume, ou seja, carga de

alta densidade.

Por fim, a empresa de eletroeletrônicos estudada, também

situada em Florianópolis, tem foco em equipamentos de

telecomunicação. Sua carga é transportada em caixas de papelão e foi

caracterizada como de alto valor agregado, com volume predominante

sobre o peso, ou seja, baixa densidade.

O Quadro 3 ilustra um compilado dos dados médios de carga

coletados.

Quadro 3 - Dados das cargas estudadas.

Fonte: Autoria própria.

Além dos diferentes tipos de carga, duas situações foram

simuladas, uma viagem com trecho curto e outra com trecho longo. Para

isso foram escolhidas as cidades de Manaus e São Paulo como destino,

para trecho longo e curto, respectivamente. Como cidade de origem foi

usada a capital de Santa Catarina, Florianópolis.

De modo a obter uma comparação mais fiel entre os modais, a

comparação foi feita entre o rodoviário e a cabotagem da modalidade

porta a porta, considerando, portanto, os custos de rodoviário envolvidos

na movimentação da carga de Florianópolis até a cidade portuária

escolhida e também da cidade portuária final até a cidade de destino.

4.3. INSERÇÃO DE DADOS

Para a simulação das cargas o primeiro passo a ser dado é a

inserção de dados na ferramenta. Na Figura 11, pode ser observada a

tela inicial para a entrada de dados.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

70

Figura 11: Tela inicial para inserção de dados.

Fonte: Autoria própria.

Inicialmente são inseridos os dados referentes as características

físicas da carga, como dimensões e peso, na sequência entram o valor da

soma das notas fiscais e o número de notas fiscais na carga. Na

sequência, o usuário deve escolher origem e destino, os portos de

origem e de destino já são preenchidos automaticamente de acordo com

os portos próximos às cidades de início e destino de acordo com as rotas

disponíveis.

Os últimos três campos ilustrados na Figura 9, são opcionais,

caso o usuário não saiba o valor do transporte rodoviário da sua carga

até o porto, ou seja, não há uma cotação de contrato já conhecida ou não

são usados veículos próprios para o transporte, a ferramenta irá calcular

esse valor. Da mesma forma, se o usuário não quiser inserir uma TMA,

ela será considerada igual a valores correspondentes à taxa SELIC,

como já explicado anteriormente.

Na sequência os indicadores são calculados pela ferramenta, e

são apresentados como ilustrado na Figura 12.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

71

Figura 12: Imagem ilustrativa da demonstração de resultados da ferramenta.

Fonte: Autoria própria.

Juntamente com os cálculos são gerados gráficos que ajudam na

visualização do resultado, como pode ser observado nas Figura 13 e

Figura 14.

Figura 13: Imagem ilustrativa do Painel de Gráficos da ferramenta.

Fonte: Autoria própria.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

72

Figura 14: Imagem ilustrativa do Painel de Gráficos da ferramenta (II).

Fonte: Autoria própria.

4.4. CUSTO PARA AS CARGAS SIMULADAS

Dessa forma, com os devidos dados de cada tipo de carga e

fazendo um preenchimento adequado das entradas na ferramenta, as

simulações foram feitas e os resultados podem ser observados no

Quadro 4, a seguir.

Quadro 4 - Custos Transportes.

Fonte: Autoria própria.

Algumas análises interessantes podem ser feitas a partir dos

resultados obtidos. A primeira delas é de qual o modal com menor custo

para cada caso. Pode-se perceber, como já era previsto pela literatura,

que a cabotagem é mais vantajosa que o rodoviário para distâncias mais

longas. De acordo com as simulações para todos os tipos de carga a cabotagem se torna uma opção mais econômica no trecho longo, de

Santa Catarina para Manaus, em contrapartida para o trecho de menor

distância o rodoviário se mostrou mais vantajoso no caso de duas das

três cargas simuladas. A exceção foi para a carga de embalagens que

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

73

tem perfil de ser mais pesada que volumosa, e acabou tendo um valor

mais vantajoso para a cabotagem mesmo no trecho curto.

Uma segunda análise importante referente ao Quadro 4 é a

relevância do valor do produto transportado no preço final do transporte,

mesmo a carga de eletrônicos possuindo um menor volume e menor

peso do que a carga de embalagens, por exemplo, ela ainda assim

apresenta um custo muito superior, devido aos altos riscos envolvidos e

seguros envolvidos na movimentação de carga de alto valor.

É importante ressaltar que a diferença dos valores para

cabotagem de um mesmo trecho para diferentes cargas se deu

especialmente devido aos trechos de rodoviário necessários para

deslocamentos até o porto, tendo em vista que o custo da cabotagem está

principalmente vinculado à distância, enquanto que do rodoviário está,

além de vinculado à distância, também ao peso e volume da carga.

Os resultados acima colocados corroboram a literatura e levam

a impressão de que se existe um certo ponto de inflexão para uma certa

distância na qual a cabotagem passa a ser mais vantajosa do que o

transporte rodoviário, contudo essa análise é errônea tendo em vista que

os preços das rotas de cabotagem variam com a demanda, e como já

citado, um mesmo trecho entre ida e volta podem apresentar uma grande

variação. A seguir no Figura 15 são elencadas algumas rotas de

cabotagem e seus preços nos trechos de ida e volta.

Figura 15: Diferenças entre frete da cabotagem por sentido das rotas.

Fonte: Autoria própria.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

74

Outro ponto importante a se considerar sobre as informações

contidas no Quadro 4 é que elas se referem a valores obtidos sem

considerar o custo de estoque em trânsito, que como já comentado,

quase nunca é considerado pelas empresas por se tratar de um custo,

mas não de um desembolso. Sendo assim, o Quadro 5 ilustra a variação

do custo de transporte com a adição do custo de estoque em trânsito, em

comparação com o valor desconsiderando esse custo. Os custos de

estoque em trânsito foram calculados com base na TMA inserida pelo

usuário na página inicial da ferramenta, do valor da carga e também do

tempo de transporte, dessa forma, obteve-se o custo equivalente ao

capital imobilizado.

Quadro 5 - Variação percentual do custo de transporte considerando o custo de

estoque em trânsito.

Fonte: Autoria própria.

A partir do Quadro 5, pode-se perceber que a média de aumento

do custo de transporte com a adição do custo de estoque em trânsito é

muito superior na cabotagem do que no rodoviário, isso se dá devido aos

altos tempos de ciclo necessários na cabotagem, esses valores são ainda

mais significativos para a carga de eletrônicos, que justamente por

possuir um valor mais alto de nota fiscal, ou seja, um maior valor

agregado, gera um maior capital imobilizado e consequentemente um

alto custo de estoque em trânsito. É perceptível também que o problema

se agrava ainda mais ao envolver trecho de longas distâncias, tendo na

média um acréscimo percentual de cerca de 3,27% para o rodoviário e

de cerca de 16,02% para a cabotagem.

É interessante ressaltar também, que mesmo com a adição do

valor de estoque em trânsito o modal mais vantajoso para cada situação

se manteve o mesmo na presente simulação, porém isso pode variar de

acordo com as distâncias envolvidas e a TMA usada.

Como já mencionado, para que se faça uma comparação justa

entre os modais é necessário que se utilize a cabotagem na modalidade

porta a porta incluindo também os custos dos trechos de rodoviário

necessários para levar a mercadoria até o porto e também do porto até o

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

75

destino final. Feito isso, é interessante analisar quanto do custo da

modalidade porta a porta é realmente um custo vindo do trecho de

navegação. Para todos esses cálculos foram usadas as metodologias

elencadas no início do presente capítulo, considerando as cotações com

os armadores para os custos de cabotagem e a estimativa de frete pelo

método desenvolvido para o rodoviário. A Figura 16 e a Figura 17

ilustram esses valores.

Figura 16: Participação do custo de cabotagem no custo total do transporte Porta

a Porta para trecho curto.

Fonte: Autoria própria.

Figura 17: Participação do custo de cabotagem no custo total do transporte Porta

a Porta para trecho longo.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

76

Fonte: Autoria própria.

É possível perceber nas Figuras 16 e 17 que a cabotagem

representa um custo pequeno ao analisar produtos de alto valor

agregado, isso ocorre especialmente devido a metodologia empregada

no desenvolvimento do trabalho, tendo em vista que o

GRIS/AdValorem foram adicionados para o modal rodoviário e não

para a cabotagem. Não existe um consenso quanto ao uso de taxas desse

tipo para a cabotagem, o presente estudo seguiu os dados da empresa

Mercosul Line que não considera essas taxas, porém alguns trabalhos e

autores defendem que para a navegação, principalmente no caso de

navegação marítima o frete considera também o valor da carga, isso se

dá especialmente para cargas com valores acima de mil dólares por

tonelada.

Além disso, percebe-se pelas Figuras 16 e 17 que a cabotagem

se torna mais significativa no percentual do custo para longos trechos.

Isso é razoável tendo em vista que as distâncias percorridas pelo

rodoviário, do ponto de origem até o porto e do porto até o destino final,

não aumentam com o aumento do trecho, já que tendem a ser trechos de

cidades dentro do mesmo estado, enquanto que a distância percorrida

pela navegação aumenta bastante conforme o aumento do trecho.

Por fim, é importante ressaltar que os dados apresentados acima

são específicos das cargas simuladas e generalizações tendem a diminuir

sua acuracidade. Dessa forma, é importante que cada caso seja estudado

de acordo com as suas especificidades.

4.5. INDICADORES DE DESEMPENHO PARA AS CARGAS

SIMULADAS E PRIORIZAÇÃO PELO AHP

Como muitas vezes o fator do preço não é o único fator

relevante na escolha no modal de transporte, na presente seção são

abordados os demais indicadores que resultaram do estudo.

Levando em conta o Tempo de Ciclo do Pedido, os tempos

médios para os dois trechos considerados tiveram redução acima de

60% no tempo para o trecho no rodoviário em relação ao tempo

necessário para cabotagem. A Figura 18 ilustra a situação.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

77

Figura 18: Tempo de ciclo do pedido.

Fonte: Autoria própria.

Existem diversas características específicas de cada caso que

devem ser consideradas também ao analisar o tempo e que a simulação

não consegue abranger. Na maioria dos casos as embarcações de

cabotagem possuem dia fixo na semana para embarque e desembarque

em cada porto. Caso a empresa consiga terminar de consolidar a carga

só na terça-feira, e o embarque do navio seja feito às segundas, o tempo

de ciclo do pedido aumentaria em quase uma semana de espera,

enquanto que para o rodoviário essa situação dificilmente aconteceria, já

que de acordo com as negociações com as transportadoras seria possível

que a carga fosse despachada em qualquer dia da semana, conforme a

necessidade do embarcador.

Esse tempo de uma semana entre a saída de uma embarcação e

outra de cada porto é bastante comum e se aplica a todos os armadores

atuantes no Brasil, salvo exceções de atrasos, carregamentos especiais

ou viagens com trechos mais curtos que podem ser mais frequentes.

Com exceção do tempo de ciclo do pedido, os demais

indicadores de desempenho usados pelo presente trabalho, são de maior

dificuldade na obtenção e também podem ter uma importância maior ou

menor de acordo com quem necessita do transporte. Usualmente o

critério custo é o principal para a escolha do modal usado. Como já

citado também, o nível de serviço está mais relacionado com a empresa

contratada para o serviço de transporte do que necessariamente com o

modal usado. Dessa forma, uma nova análise foi feita em busca de

priorizar quais dos demais critérios (Tempo de ciclo do pedido,

Avarias/Sinistralidade, Sustentabilidade, Confiabilidade quanto a prazo,

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

78

Cadência e Esforço burocrático) eram os mais relevantes na escolha do

modal.

Para isso, o método AHP foi usado. Em um primeiro momento

foram entregues as matrizes de avaliação para os especialistas, que

puderam fazer o julgamento dos critérios par a par, e atribuir um maior

peso aos critérios que consideram mais importantes. Um exemplo de

uma matriz de avaliação pode ser visualizado no Quadro 6. A avaliação

foi feita comparando o critério da horizontal com o da vertical. Portanto,

para o avaliador do exemplo ilustrado Sustentabilidade é menos

importante que o Tempo de ciclo do pedido, por exemplo.

Quadro 6 - Exemplo de matriz de avaliação respondida.

Fonte: Autoria própria.

Na sequência, a partir das matrizes obtidas, foi feita uma análise

de inconsistência das respostas para garantir resultados adequados.

Todas as avaliações obtiveram Razão de Consistência inferior a 10% e,

portanto, puderam ser utilizadas nos cálculos.

Assim, com a compilação dos dados das avaliações puderam ser

obtidas as prioridades de cada critério a serem usadas nos cálculos. O

Quadro 7 ilustra os pesos resultantes obtidos.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

79

Quadro 7 – Peso de cada critério obtidos pelo AHP.

Fonte: Autoria própria.

O resultado dos pesos finais mostra que o tempo é de extrema

importância para o transporte, os dois indicadores com maiores pesos

estão diretamente relacionados ao prazo do pedido. Outro ponto

importante dessa análise é que a Sustentabilidade é ainda considerada

irrelevante comparada aos demais critérios. Ou seja, a escolha do modal

na maioria dos casos não leva em conta esse aspecto. O esforço

burocrático também se mostrou pouco representativo, ponto positivo

para a cabotagem, tendo em vista que se o preço for significativamente

mais baixo é pouco provável que o maior esforço burocrático do modal

impeça o seu uso.

A Tabela 5 ilustra em quais critérios cada modal leva vantagem

e na sequência o peso dos mesmos foram usados para calcular o peso

total dos indicadores de desempenho para cada modal. Sendo assim, se

apenas os indicadores de desempenho forem considerados a cabotagem

poderia ser avaliada como levemente superior ao modal rodoviário.

Tabela 5 - Peso dos indicadores de desempenho por modal.

Fonte: Autoria própria.

Todo esse processo de priorização dos indicadores de

desempenho foi feito com o intuito de entender se o peso dado a esses

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

80

critérios podem ou não influenciar no resultado final do modal a ser

escolhido. Sendo assim, foi feita uma análise de sensibilidade com

relação à importância dada ao custo de modo a perceber se influenciaria

na escolha no modal. O procedimento foi efetuado para dois fretes, a

carga têxtil para trecho curto e longo.

A análise foi efetuada considerando que se o peso dado ao

critério de custo é de 70%, por exemplo, os critérios de desempenho

teriam peso de 30%. Dessa forma, os resultados obtidos podem ser

observados na Figura 19 e na Figura 20.

Figura 19: Análise de Sensibilidade - Têxtil + Trecho curto.

Fonte: Autoria própria.

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

81

Figura 20: Análise de Sensibilidade - Têxtil + Trecho longo.

Fonte: Autoria própria.

As duas análises apresentam resultados diferentes. Na primeira,

de trecho curto, o resultado do melhor modal a ser usado muda de

acordo com a importância dada aos indicadores de desempenho. A

cabotagem que tem um custo mais alto do que o rodoviário se mostra

mais vantajosa caso o peso do desempenho seja menor que cerca de

20%. Ou seja, caso os critérios de desempenho tenham importância

superior a 80%.

No entanto a segunda análise, carga têxtil de longo curso, ilustra

um caso em que independente do peso dado ao custo a cabotagem

sempre será melhor. Isso ocorre porque a navegação apresenta custo

mais baixo para esse caso e também vantagem nos indicadores de

desempenho.

O mais importante a se considerar dessas análises é que em

situações em que o custo seja muito semelhante entre os dois modais

outros critérios podem alterar o resultado da escolha. Os resultados

podem variar também de acordo com os pesos dado a cada critério,

dentre os critérios de desempenho. Dessa forma, o mais interessante na

hora da escolha é que o embarcador defina quais os critérios são

relevantes para sua carga e dê a eles os pesos adequados, gerando assim

um resultado personalizado para cada situação. Essa definição é

importante tendo em vista que para certos embarcadores um atraso pode

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

82

significar grandes multas enquanto que para outros existe flexibilidade

de agenda de entrega, fazendo com que os critérios tenham diferentes

importâncias para cada situação, embarcador e carga.

4.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A princípio uma análise genérica resulta na conclusão de que

para as cargas estudadas a cabotagem, assim como prevê a literatura, é

mais vantajosa que o rodoviário para distâncias longas e menos para

trechos curtos. De modo a aprofundar e entender melhor as situações

apresentadas, uma breve análise de cada caso é feita a seguir.

Para a carga de eletrônicos, um dos pontos de maior atenção é

o estoque em trânsito, existe um aumento significativo do custo total de

transporte ao incluirmos esse custo o que pode ser bastante negativo

para empresa. Outro ponto importante a se observar é o tempo de

entrega para o cliente final, por se tratar de uma carga de alto valor

quanto mais tempo ela demorar para chegar ao seu destino, mais o fluxo

de caixa da empresa será prejudicado. Isso ocorre porque é feito um alto

investimento em matéria-prima e mão de obra que, devido ao longo

tempo de ciclo do pedido, demora mais para retornar para a empresa.

Além disso, o fato de as tecnologias se tornarem obsoletas em pouco

tempo também leva a pensar que o rodoviário poderia ser mais

interessante nesse caso.

Ainda sobre a carga de eletrônicos é interessante analisar

também que ao usar a cabotagem, uma grande parte do custo está no

transporte rodoviário necessário para as pontas. No caso de a empresa

optar por usar o transporte aquaviário, é imprescindível que haja uma

negociação com a transportadora de modo a tentar reduzir o custo do

rodoviário nas pontas. A opção de primarizar essa parte do transporte

pode parecer uma boa ideia também inicialmente, mas deve-se observar

que seria necessário que a empresa atuasse tanto no estado de expedição

da carga quanto no de destino, o que seria custoso e complexo.

Por fim, em se tratando de cargas de alto valor agregado, apesar

de a cabotagem apresentar vantagens em questões de segurança, ela

apresenta alguns riscos extras, que apenas em casos específicos, como

empresas que recebam adiantado o valor da carga ou que não tenham

problema com tempo de ciclo do pedido, valem a pena. Desta forma,

provavelmente a melhor opção para essa carga seria o transporte pelo

modal rodoviário, mas cada empresa deve estudar melhor a situação e

entender suas peculiares para a tomada dessa decisão.

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

83

Quanto as cargas de confecções têxteis e de embalagens, ambas

possuem um valor total de nota fiscal da carga não tão alto,

possibilitando um custo de estoque em trânsito não tão significativo e

problemas menores para o fluxo de caixa da empresa.

Para a carga de embalagens, por se tratar de um produto,

especialmente no caso da empresa estudada, que é produzido sob

encomenda, com um prazo pré-estabelecido e que tem certa folga no

tempo de produção, o tempo de ciclo do pedido provavelmente não seria

um problema, e por se tratar de encomenda uma parcial do pagamento

pode ser cobrada logo no início de modo a equilibrar também o fluxo de

caixa. Dessa forma, a cabotagem pode se apresentar como uma solução

bastante interessante e vantajosa. Porém é importante analisar também a

opção do modal rodoviário devido a opção de carga fracionada, que

pode ser bastante atrativa para essa carga.

Como o caminhão provavelmente estaria próximo de atingir o

peso máximo, mas ainda teria bastante espaço livre, uma possibilidade é

usar o veículo para transportar outra carga, de uma outra empresa com

um produto de características opostas, ou seja, com bastante volume e

pouco peso. Essa estratégia poderia baratear o modal rodoviário e torná-

lo mais atrativo para a empresa.

Na confecção têxtil, os princípios acima também são aplicáveis,

porém existe um cuidado extra a se tomar. Por tratar-se de um produto

que segue tendências da moda, imobilizá-lo em um longo tempo de

transporte pode ser prejudicial à estratégia competitiva da empresa, já

que seu tempo de resposta ao mercado fica mais lento. Em

contrapartida, como a empresa estudada tem foco em produtos para

classes C e D, a redução de custos com transporte poderia proporcionar

uma opção de diminuir os preços para o cliente final e assim se tornar

mais competitivo no mercado.

Por fim, para o caso da indústria têxtil, existem vantagens e

desvantagens que devem ser analisadas de acordo com o momento e a

estratégia da empresa, e tanto um como outro modal podem ser mais

benéficos. Em uma observação não tão aprofundada sobre o caso,

possivelmente a melhor recomendação seja usar o modal rodoviário,

tendo em vista o baixo tempo de resposta ao mercado e também por a

carga se tratar se um produto de alto volume e que pode ter uma infinidade de lugares como destino, o modal rodoviário poderia

proporcionar mais flexibilidade quanto às quantidades enviadas e a

frequência das entregas.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

84

Além de todas as considerações para cada carga, é importante

lembrar que o peso dado aos critérios de desempenho pode alterar o

resultado do modal considerado mais vantajoso para cada carga.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

85

5. CONCLUSÃO

O presente capítulo tem como objetivo rever os resultados do

trabalho de modo a verificar se todos os objetivos específicos propostos

foram alcançados e também elencar as limitações da pesquisa e

possíveis novos estudos acerca do tema.

5.1. ANÁLISE DO ALCANCE DOS OBJETIVOS DE PESQUISA

O primeiro objetivo específico do trabalho diz respeito a uma

coleta de dados e custos relacionados aos modais focos. O presente

estudo atingiu esse objetivo tendo em vista que realizou pesquisa com

diferentes transportadoras e também armadores de modo a entender e

coletar os preços praticados pelo mercado. Além disso foi desenvolvida

uma metodologia que busca calcular os preços para todos os outros

casos não obtidos em pesquisa de campo e assim, garantir uma

aproximação dos custos e taxas para as mais diversas situações.

Já o segundo objetivo do estudo se refere a um levantamento do

status quo acerca dos critérios de desempenho dos modais. Da mesma

forma que o primeiro objetivo, o levantamento de dados foi realizado

em fontes diversas, e o objetivo pode ser atendido de forma satisfatória,

sendo que foram estabelecidos os principais parâmetros relevantes na

tomada de decisão.

Quanto ao terceiro objetivo proposto, de criação de uma

ferramenta de apoio à decisão, ele pode ser considerado atingido, já que

a mesma foi criada com todos os pré-requisitos estabelecidos, como

envolver custos e critérios qualitativos e também atender a todas as

especificidades do presente trabalho, como uso para carga

conteinerizada e comparação entre cabotagem porta-a-porta e

rodoviário.

O quarto objetivo também foi alcançado, tendo em vista que a

validação ocorreu com dois especialistas. Porém, dentre todos os

objetivos, esse é o que poderia ter sido ainda melhor explorado, já que

se mais especialistas tivessem avaliado a ferramenta, mais precisa e

robusta ela seria.

Na sequência, o último objetivo, de simulação de cargas foi atingido ao longo do desenvolvimento do trabalho, onde foram além de

simuladas as cargas, geradas análises e as generalizações pertinentes.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

86

E por fim, o objetivo de priorização dos critérios de

desempenho também foi alcançado, com a execução de avaliações de

especialistas e a aplicação do método AHP.

Dessa forma, com a conclusão desse trabalho, espera-se que as

principais dúvidas acerca do tema, como a dificuldade no acesso e

compilação de informações quanto à cabotagem e o modal rodoviário, e

a complexidade na escolha do modal que melhor atenda as

especificações de cada carga, sejam sanadas de modo a otimizar a

tomada de decisões e também o resultado das empresas beneficiadas

pelo estudo.

5.2. LIMITAÇÕES DO TRABALHO E SUGESTÕES PARA

PESQUISAS FUTURAS

O presente trabalho embora integralmente concluído possui

algumas limitações que podem ser melhor exploradas em um outro

estudo mais aprofundado acerca do tema.

Uma primeira sugestão seria um estudo mais aprofundado

quanto ao aproveitamento do espaço dos contêineres. Sabe-se que certos

produtos e geometrias inviabilizam o uso integral de todo o volume do

contêiner, além disso, algum espaço pode ficar desocupado na entrada

do contentor, essas folgas acabam comprometendo o cálculo da

quantidade de contêineres necessários para cada carga. No presente

trabalho, como foram simuladas cargas com dados reais da quantidade

transportada em cada contêiner pelas empresas, essa simplificação no

cálculo do volume disponível não comprometeu as análises.

Outro ponto possível de ser incluído em outros estudos e

modelos, é a questão de variação de preços a partir de negociações. A

negociação, tanto com armadores quanto com transportadoras, pode

gerar uma redução grande de custos e outras vantagens, e por isso é

importante de ser considerada na tomada de decisões, especialmente

para grandes empresas, que possuem maiores cargas e maior frequência

de carregamento. Dessa forma, criar um modelo que consiga prever

essas variações consistiria em um trabalho interessante, porém

complexo e que teria um foco diferente do objetivado pelo presente

trabalho. Além das variações de preço devido à negociações, a questão da

demanda não foi integralmente incluída na ferramenta, tendo em vista

que os dados coletados foram de um dado período no tempo, e ao longo

do tempo esses números tendem a variar, com aumento de demanda por

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

87

período de safra por exemplo, ou variação nos preços devido à variações

no preço dos combustíveis. A melhor solução seria criar uma ferramenta

que fosse alimentada com dados do mercado de fretes diariamente, de

forma dinâmica, assim, seria possível garantir sua perpetuidade e

atualização.

Outra consideração que deve ser feita é quanto aos especialistas

usados para a análise do AHP. A grande maioria deles executa trabalho

acadêmico na área de logística ou trabalha diretamente com portos,

porém seria interessante adicionar também a opinião de empresas

embarcadoras para obter uma análise mais completa e sem tendência

acerca do tema.

Por fim, algumas simplificações foram necessárias no presente

trabalho para simplificar a compilação dos dados, contudo a ferramenta

e o estudo seriam bem mais completos sem as mesmas. Dessa forma,

uma outra possibilidade seria um estudo complementar a esse com a

inclusão de outros modais para comparação e também a inclusão de

todas as cidades e portos existentes no país.

Após todas as considerações feitas, conclui-se que o trabalho

atingiu seus objetivos e a ferramenta responde às dúvidas iniciais que

geraram todo o desenvolvimento do estudo. Apesar disso, como existem

muitas especificidades de cada caso, ela pode ser considerada um apoio

à tomada de decisões, porém não deve ser a única fonte de dados usada.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

88

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

89

REFERÊNCIAS

AKABANE, Getulio K. Análise Exploratória da Sustentabilidade

Ambiental do Transporte por Cabotagem: Um Estudo de Caso em uma

Empresa Transportadora na Rota Manaus (AM) a Santos (SP). In:

ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE GESTÃO EMPRESARIAL

E MEIO AMBIENTE, 17., 2016, São Paulo.

ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Nova

fronteira, 2002.

ALVARENGA, Antonio Carlos; NOVAES, Antônio Galvão N.

Logística aplicada: suprimento e distribuição física. Edgard Blucher,

2000.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO.

Áreas e Sub-áreas de Engenharia de Produção. Disponível em:

<https://www.abepro.org.br/interna.asp?p=399&m=424&ss=1&c=362>.

Acesso em: 14 de agosto de 2017.

ABTC - Associação Brasileira de Transporte de Cargas. Roubo de

Carga. Disponível em:

<http://www.abtc.org.br/roubo_cargas.php?tipo=introducao>. Acesso

em: 12 de setembro de 2017.

ANTAQ - Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Desempenho

Portuário – Sistema Permanente de Acompanhamento de Preços e

Desempenho Operacional dos Serviços Portuários. XXI Encontro

Nacional de Entidades Portuárias e Hidroviárias – Eneph. Santos,

SP.

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos-:

Logística Empresarial. Bookman Editora, 2009.

BARTHOLOMEU, Daniela Bacchi; CAIXETA FILHO, José Vicente.

Impactos econômicos e ambientais decorrentes do estado de conservação das rodovias brasileiras: um estudo de caso. Revista de

economía e sociología rural, v. 46, n. 3, p. 703-738, 2008.

BHUTTA, Khurrum S.; HUQ, Faizul. Supplier selection problem: a

comparison of the total cost of ownership and analytic hierarchy process

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

90

approaches. Supply Chain Management: An International Journal,

v. 7, n. 3, p. 126-135, 2002.

BOWERSOX, Donald; CLOSS, David. J.; COOPER, M. Bixby. Gestão

logística de cadeias de suprimento. Porto Alegre: Bookman, 2006.

BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística empresarial: o

processo de integração da cadeia de suprimento. Atlas, 2009.

BRASIL. Decreto - Lei nº 2404, de 1987. Do Adicional Ao Frete Para

A Renovação da Marinha Mercante - Afrmm. Brasília, DF.

BRASIL. Lei nº 10.893, de 2004. Adicional ao Frete para a

Renovação da Marinha Mercante - AFRMM e o Fundo da Marinha

Mercante – FMM. Brasília, DF.

CARVALHO, R. O.; ROBLES, L. T.; ASSUNPÇÃO, M. R. P.

Prestação de serviços de logística integrada na cabotagem por armadores

que operam no porto de Santos: Porto a porto para porta a porta. XXX

ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO.

Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade

das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos,

SP, Brasil, v. 12, p. a15, 2010.

CHOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Gerenciamento da Cadeia de

Suprimentos: Estratégia, Planejamento e Operação. In: Gerenciamento

da Cadeia de Suprimentos: Estratégia, Planejamento e Operação.

Pearson Prentice Hall, 2003.

CHOW, Garland; HEAVER, Trevor D.; HENRIKSSON, Lennart E.

Logistics performance: definition and measurement. International

journal of physical distribution & logistics management, v. 24, n. 1,

p. 17-28, 1994.

CNT – Confederação Nacional dos Transportes. Pesquisa Rodoviária –

Relatório Gerencial. Brasília, 2016. Disponível em:

<http://pesquisarodoviascms.cnt.org.br/Relatorio%20Geral/Pesquisa%2

0CNT%20(2016)%20-%20LOW.pdf>. Acesso em: 04 maio 2017.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

91

CNT- Confederação Nacional dos Transportes. Relatório de Rodovias.

Brasília 2016. Disponível

em:<http://pesquisarodoviascms.cnt.org.br//PDFs/Resumo_Principais_D

ados_Pesquisa_CNT_2016_FINAL.pdf>. Acesso em: 04 maio 2017.

CNT - Confederação Nacional dos Transportes. Pesquisa CNT do

transporte aquaviário – cabotagem. Brasília 2013. Disponível em <

http://www.cnt.org.br/Pesquisa/pesquisa-transporte-aquaviario-

cabotagem-2013>. Acesso em: 07 maio 2017.

CRUZ, Simone Maria Lucena; DE ARAÚJO B, Maria Creuza Borges;

ALENCAR C, Luciana Hazin. Transporte de cabotagem no Porto de

Suape, Pernambuco: uma pesquisa exploratória. 2015.

CRUZ, Thania Regina Pantoja da Vera. Causas e conseqüências da

limitação da cabotagem no transporte de carga pela costa brasileira: uma

avaliação hierárquica no trecho Manaus-Santos. 2007.

DAUGHERTY, Patricia J.; ELLINGER, Alexander E.; GUSTIN, Craig

M. Integrated logistics: achieving logistics performance improvements.

Supply Chain Management: An International Journal, v. 1, n. 3, p.

25-33, 1996

DEGEN, Ronald Jean; MELLO, Alvaro Augusto Araujo. O

empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. McGraw-

Hill, 1989.

DIAS, Luis; CLÍMACO, João. O processamento paralelo e o apoio

multicritério à decisão: Algumas experiências computacionais.

In: Investigação Operacional. APDIO, 1996. p. 181-199.

DIAS, Marco Aurélio P. Transportes e distribuição física. São Paulo:

Atlas, 1987.

FADDA, Eliane A. Considerações sobre o transporte marítimo de

cabotagem no Brasil. In: XX Copinaval-Congresso Panamericano de

Engenharia Naval, Transporte Marítimo e Engenharia Portuária,

São Paulo. 2007.

FARIA, Sérgio Fraga Santos. Fragmentos da história dos transportes.

Aduaneiras, 2001.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

92

FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina. Custos

Logísticos na Indústria Catarinense 2014. Disponível em:< http://www2.fiescnet.com.br/web/uploads/recursos/a7ddb9166233acb24

5e1df3aeaa34259.pdf>. Acesso em:10 de outubro de 2017.

FLEURY, Paulo F. Gestão estratégica do transporte, 2002.

FLEURY, Paulo Fernando. Perspectivas para a logística brasileira.

Revista Tecnologística, v. 30, 1998.

FONSECA, Rafael Oliveira. A navegação de cabotagem de carga no

Brasil. Mercator-Revista de Geografia da UFC, v. 14, n. 1, p. 21-46,

2015.

FREIRES, F. Gerenciamento de custos e riscos. Curitiba: IESDE

Brasil, 2011.

FREITAS, Maxsoel Bastos. Transporte rodoviário de cargas e sua

respectiva responsabilidade civil. 2004.

FRISCHTAK, Cláudio R. O investimento em infraestrutura no Brasil:

histórico recente e perspectivas. 2008.

GOMES, Ricardo Almeida. Transporte rodoviário de carga e

desenvolvimento econômico no Brasil: uma análise descritiva. 2010.

HIJJAR, Maria Fernanda. Preços de frete rodoviário no Brasil. Revista

Tecnologística, Rio de Janeiro, n. 147, p. 60, 2008.

ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain. Custos Logísticos no

Brasil – 2013. São Paulo 2013. Disponível em: <

http://www.ilos.com.br/web/custos-logisticos-no-brasil/ >. Acesso em:

07/05/2017.

KAHRAMAN, Cengiz (Ed.). Fuzzy multi-criteria decision making:

theory and applications with recent developments. Springer Science & Business Media, 2008.

KEEDI, Samir. Logística de transporte internacional. Aduaneiras,

2004.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

93

KEEDI, Samir. Transportes, Unitização e Seguros Internacionais de

Carga (Prática e Exercícios). Edições Aduaneiras, 2006.

LANCHMANN, Marianne Von; CASTRO JR, Osvaldo A. A navegação

de cabotagem na visão dos transportadores: o valor da cabotagem

brasileira. 1º Seminário sobre o Desenvolvimento da Navegação de

Cabotagem Brasileira. Brasília, DF: Lanchmann, 2009.

LARRAÑAGA, Félix Alfredo. A gestão logística global. Aduaneiras,

2003.

LIMA, Maurício Pimenta. O custeio do transporte rodoviário. Artigos

CEL, 2001.

MARCHETTI, Dalmo dos Santos; FERREIRA, Tiago Toledo. Situação

atual e perspectivas da infraestrutura de transportes e da logística no

Brasil. Rio de Janeiro: Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social, p. 232-270, 2012.

MELLO, José Carlos. Apostila da Escola de Comando e Estado Maior

do Exército. Organização Corixo GETRAM. 2004.

MERCOSUL LINE. Tarifas e Documentação. Disponível em:

<http://www.mercosul-line.com.br/areacliente_tarifas.php>. Acesso em:

05/09/2017.

MESQUITA, Patricia Laurentino de. Sistema Portuário

Nacional. Disponível em: <http://www.portosdobrasil.gov.br/assuntos-

1/sistema-portuario-nacional>. Acesso em: 20 ago. 2017.

MIA, Irene et al. The Brazil competitiveness report 2009. In: Genebra:

World Economic Forum e Fundação Dom Cabral. Recuperado em.

2009. p. 2010. Disponível em: <http://www.inter-

metall.es/recursos/Docs/DocsInformes/brasil.pdf> Acesso em:

29/09/2017.

MIKLIUS, Walter; GARROD, Peter V.; CASAVANT, Kenneth L.

Estimation of demand for transportation of agricultural commodities.

American Journal of Agricultural Economics, v. 58, n. 2, p. 217-223,

1976.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

94

NASCIMENTO, Sabrina do; GALLON, Alessandra Vasconcelos;

BEUREN, Ilse Maria. Formação de preços em empresa de transporte

rodoviário de cargas. Pensar Contábil, v. 11, n. 46, 2010.

NETO, Oswaldo Lima. Transportes no Brasil: história e reflexões.

GEIPOT, Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes,

Ministério dos Transportes, 2001.

NOBRE, Marisa et al. A gestão logística do contêiner vazio. 2006.

NOVAES, Antonio. Logística e gerenciamento da cadeia de

distribuição. Elsevier Brasil, 2016

ROBLES, Léo Tadeu. A prestação de serviços de logística integrada

na indústria automobilística no Brasil: em busca de alianças

logísticas estratégicas. 2001. Tese de Doutorado. Universidade de São

Paulo.

RODRIGUES, Paulo Roberto Ambrosio. Introdução aos sistemas de

transporte no Brasil e à logística internacional. Edições Aduaneiras,

2004.

SAATY, Thomas L. Decision making for leaders: the analytic

hierarchy process for decisions in a complex world. RWS

publications, 1990.

SAATY, Thomas L. How to make a decision: the analytic hierarchy

process. European journal of operational research, v. 48, n. 1, p. 9-

26, 1990.

SCHROEDER, E. M.; CASTRO, José Carlos de. Transporte Rodoviário

de Carga: situação atual e perspectivas. Revista do BNDES, n. 6, 1996.

SILVA, Luiz Augusto Tagliacollo. Logística no comércio exterior. São

Paulo: Aduaneiras, p. 34-56, 2004.

TBG- Transportadora Brasileira Gasoduto. Informações

Técnicas. Disponível em: <http://www.tbg.com.br/pt_br/o-

gasoduto/informacoes-tecnicas.htm>. Acesso em: 20/09/2017.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

95

TORRES, Alander Vieira; DE AZEVEDO, Andressa Amaral;

GONTIJO, Tiago Silveira. Sincronização Logística: Um estudo sobre a

redução do custo logístico no transporte de cargas de empresas do setor

automobilístico. Revista Caribena de Ciencias Sociales, 2017.

VALENTE, Amir Mattar. Um sistema de apoio a decisão para o

planejamento de fretes e programação de frotas no transporte

rodoviário de cargas. 1994. 172 f. Tese (Doutorado) - Curso de

Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina,

Florianópolis, 1994.

VAIDYA, Omkarprasad S.; KUMAR, Sushil. Analytic hierarchy

process: An overview of applications. European Journal of

operational research, v. 169, n. 1, p. 1-29, 2006.

VARGAS, Luis G. An overview of the analytic hierarchy process and

its applications. European journal of operational research, v. 48, n. 1,

p. 2-8, 1990.

[WCED] WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND

DEVELOPMENT, Bruntland Commission. Our common future. Report

of the world commission on environment and development, 1987.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

96

Apêndice A: Transit Time considerado na ferramenta - Rodoviário

Rodoviário

Min. Méd. Max.

AC 14 17 19

AL 7 10,2 12

AM 16 25,3 47

AP 13 21,6 29

BA 5 11 14

CE 8 13,1 14

DF 6 6,5 7

ES 5 9,3 11

EX 4 4,5 6

GO 6 8,2 13

MA 8 13 20

MG 3 8,2 13

MS 5 8,8 11

MT 6 11,1 18

PA 8 15,2 29

PB 7 10,9 12

PE 7 11,6 18

PI 8 13,8 23

PR 1 5,5 8

RJ 3 6,3 9

RN 8 11,7 13

RO 8 12,3 14

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

97

Rodoviário

Min. Méd. Max.

RS 1 5,8 9

SC 1 4,8 8

SE 7 9,8 11

SP 2 5,5 9

TO 6 13,2 15

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO … · 1 universidade federal de santa catarina departamento de engenharia de produÇÃo e sistemas bruna pelizzaro uma ferramenta

98

Apêndice B: Transit Time – Cabotagem

Lead Time Cabotagem- Médias -

Chegada SC

Itajai Navegantes Imbituba

Vitória - - 11

Suape 8 11 12

Itaguai - - 7

Manaus 13 - 19

Santos - 1 5

Fortaleza - 8 -

Salvador - 5 10

Paranagua - - -

Pecem - - 14

Lead Time Cabotagem- Médias - Saída SC

Itajai Navegantes Imbituba

Vitória - - 16

Suape 6 6 10

Itaguai 2 - 5

Manaus 13 - 20

Santos - 2 4

Rio de

Janeiro 4 - -

Fortaleza - 8 -

Salvador - 12 8

Paranagua 27 - -

Pecem 8 - 12