UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE...

49
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA EQUAÇÃO GENERALIZADA DE LATTICE BOLTZMANN LUIZ ADOLFO HEGELE JÚNIOR Florianópolis – SC 2003

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

EQUAÇÃO GENERALIZADA DE

LATTICE BOLTZMANN

LUIZ ADOLFO HEGELE JÚNIOR

Florianópolis – SC

2003

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

2

LUIZ ADOLFO HEGELE JÚNIOR

EQUAÇÃO GENERALIZADA DE

LATTICE BOLTZMANN

* Monografia do trabalho realizado no

Laboratório de Meios Porosos e Propriedades Termofísicas no

período de 03/2000 a 12/2001.

Orientador: Paulo Cesar Philippi

Florianópolis

03/2003

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

3

AGRADECIMENTOS

A Paulo Cesar Philippi pela orientação.

Aos amigos e colegas de laboratório, especialmente a Luís Orlando

Emerich dos Santos, Paulo César Facin, Rodrigo Surmas, Fabiano Gilberto Wolf,

Carlos Enrique Pico Ortiz, Walter Félix Cardoso Neto e André Duarte Bueno, pelas

discussões e momentos de descontração.

Aos meus pais.

A tia Guísela.

Aos “Esponjas da Produção”.

A ANP, pelo suporte financeiro.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

4

EQUIPE TÉCNICA

Paulo Cesar Philippi – Professor

Luís Orlando Emerich dos Santos – Pesquisador

André Duarte Bueno – Pesquisador

Paulo César Facin – Doutorando

Fabiano Gilberto Wolf – Doutorando

Carlos Enrique Pico Ortiz – Doutorando

Rodrigo Surmas – Estagiário de Engenharia de Produção

Walter Félix Cardoso Neto – Administrador de rede

Luiz Adolfo Hegele Júnior – Estagiário de Engenharia de Produção

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

5

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS vi

LISTA DE TABELAS vii

LISTA DE SÍMBOLOS viii

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1

1.1 – LOCAL DO ESTÁGIO 1

1.2 – OBJETIVO GERAL 1

1.3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2

CAPÍTULO 2 – MODELOS DE LATTICE BOLTZMANN 3

2.1 – EQUAÇÃO GENERALIZADA DE LATTICE BOLTZMANN 3

2.1.1 – CONJUNTO ORTOGONAL DE VETORES 6

CAPÍTULO 3 – MODELO ATÉRMICO (D2Q9) 8

3.1 – CONJUNTO DE VETORES LINEARMENTE INDEPENDENTES

(D2Q9) 8

3.2 – CONJUNTO ORTOGONAL DE VETORES (D2Q9) 10

3.3 – EXPANSÃO DE CHAPMAN-ENSKOG (D2Q9) 12

3.1 – PRIMEIRA ORDEM DE KNUDSEN (D2Q9) 13

3.2 – SEGUNDA ORDEM DE KNUDSEN (D2Q9) 15

3.3 – SOMA DAS DUAS ORDENS DE KNUDSEN 15

3.4 – OBTENÇÃO DAS EQUAÇÕES MACROSCÓPICAS 16

CAPÍTULO 4 – MODELO TÉRMICO (D2Q17) 19

4.1 – ESCOLHA DA REDE 19

4.2 – CONJUNTO DE VETORES LINEARMENTE INDEPENDENTES

(D2Q17) 19

4.3 – CONJUNTO ORTOGONAL DE VETORES (D2Q17) 20

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

6

4.4 – DETERMINAÇÃO A PRIORI DOS MOMENTOS DE EQUILÍBRIO 21

4.5 – EXPANSÃO DE CHAPMAN-ENSKOG (D2Q17) 22

4.5.1 – PRIMEIRA ORDEM DE KNUDSEN (D2Q17) 22

4.5.2 – SEGUNDA ORDEM DE KNUDSEN (D2Q17) 24

4.6 – RESULTADOS PRELIMINARES 24

4.7 – CONCLUSÕES DO MODELO D2Q17 26

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES 27

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28

ANEXO A 31

ANEXO B 35

ANEXO C 38

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Da escala mesoscópica para a escala macroscópica 3

Figura 3.1 – Rede D2Q9, retirado de [14] 8

Figura 3.2 – Comparação de estabilidade entre o método dos momentos e o método

BGK 17

Figura 4.1. – Comparação entre GLBE D2Q17 e Chen et al., variando-se a energia 25

Figura 4.2. – Apuração do menor valor de para vários níveis de energia e

configurações 25

iN

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1. – Relação de ordens dos momentos e número de momentos LI para

a rede D2Q17 20

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

9

LISTA DE SÍMBOLOS

mb número de direções não-nulas da rede

icr velocidade das partículas em unidades de rede na direção i

αic velocidade projetada na direção α

jer autovetor de Λ relacionado a linha j

i indica uma direção na rede

I matriz identidade

αj quantidade de movimento (momentum) na direção α

iN densidade de partículas na direção i

Nr

vetor representando ),,,,( 210 mbNNNN K

)0()(i

eqi NN = distribuição de equilíbrio

iN̂ momento i

Nrˆ vetor representando )ˆ,,ˆ,ˆ,ˆ( 210 mbNNNN K

M matriz dos autovetores de Λ

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

10

αS ),...,,,,( 3210 ααααα mbcccccdiag

αu velocidade de um sítio (coordenada α )

xr posição na rede (discreto)

jyr um vetor

{ yr } conjunto de vetores { mbyyyy rK

rrr ,,,, 210 }

Símbolos gregos

Λ matriz de colisão

ρ densidade de um sítio

ε número de Knudsen

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

11

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 – LOCAL DE TRABALHO

O trabalho foi realizado no Laboratório de Meios Porosos e Propriedades

Termofísicas (LMPT), do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC.

A área de conhecimento do laboratório são as Ciências Térmicas.

A área específica de atuação deste trabalho é a pesquisa da solução por

métodos de lattice Boltzmann da equação de Navier-Stokes-Fourier, para posterior

aplicação na resolução de problemas que ocorrem em meios de geometria complexa,

tais como meios porosos.

O LMPT apresenta uma excelente infra-estrutura tanto em recursos

humanos, com pesquisadores e doutorandos, quanto recursos físicos, com computadores

e mesas individuais, sendo um local adequado para o objetivo a que propõe-se cumprir.

1.2 – OBJETIVO GERAL

Resgatar as equações de Navier-Stokes-Fourier bidimensionais utilizando

o Método dos Momentos, proposto por d’Humières [1].

1.3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Entender exatamente como funciona o Método dos Momentos,

procurando obter e deduzir informações sobre partes do método que em um primeiro

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

12

momento podem não ficar claras, mas que com estudo e reflexão devem ser justificadas

e compreendidas.

Este interesse pelo Método dos Momentos justifica-se pela maior

estabilidade deste em comparação com os métodos de lattice Boltzmann atuais, o que

configura um possível ganho computacional sem a necessidade de otimizar os códigos,

mas sim trabalhando teoricamente.

Além do ganho computacional, este método poderá ser facilmente

estendido para modelos bifásicos, área em que o LMPT tem feito significativos esforços

nos últimos anos, principalmente com relação a modelagem de escoamentos bifásicos

em rochas-reservatório de petróleo.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

13

CAPÍTULO 2 – MODELOS DE LATTICE BOLTZMANN (MLB)

Os modelos de lattice Boltzmann [2,3,4,5] surgiram como uma evolução

do lattice gas (LG) [6,7,8,9,10] , uma classe de autômatos celulares criada com a

intenção de mimetizar substâncias do mundo real a quais chamamos de fluidos.

Os modelos de lattice Boltzmann buscam reproduzir as equações da

hidrodinâmica, as equações de Navier-Stokes (N-S), através de simulações de escala

mesoscópica. Comumente falando, observando as moléculas de um gás real utilizando-

se de uma “lupa”, ver-se-ia algo parecido com o resultado da simulação deste modelo.

Recupera-se as equações de N-S através de um método de perturbação, a

análise de Chapman-Enskog [11], que pode ser comparada a um efeito de zoom out nas

partículas que constituem o “fluido”: seria como tirar a “lupa” e voltar a enxergar o

fluido real a olho nu. De uma maneira analítica, o resultado final são as equações de

Navier-Stokes.

Equações de Navier-Stokes (macroscópica)

Equação de Evolução (mesoscópica)

Análise de Chapman-Enskog

Figura 2.1 – Da escala mesoscópica para escala macroscópica

2.1 – EQUAÇÃO GENERALIZADA DE LATTICE BOLTZMANN (EGLB)

Também conhecida como Método dos Momentos, a equação

generalizada de lattice-Boltzmann foi proposta por d’Humières em 1992 [1]. Até então,

utilizava-se para os MLB a distribuição de equilíbrio derivada da distribuição de

Maxwell-Boltzmann [12,13]. D’Humières adicionou graus de liberdade à distribuição

de equilíbrio, retirando assim o vínculo de existir apenas um tempo de relaxação para o

equilíbrio. A equação de evolução para o modelo proposto por d’Humières é a seguinte:

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

14

∑ −Λ−=++j

eqjjijiii txNtxNtxNtcxN )],(),([),()1,( rrrrr , (2.1)

a qual nos diz que as partículas de fluido da direção i do sítio xr no tempo t da rede,

, foram relaxadas para um equilíbrio previamente definido ),( txNir )(eqN

r em um

processo no qual atua a matriz de colisão Λ, e que estas partículas (já relaxadas) se

encontrarão no próximo passo de tempo no sítio icx rr + . O índice i varre todas as

direções da rede: velocidades não-nulas, mais uma direção alocada para as partículas

com velocidade nula, totalizando direções. O conjunto de vetores , i=0,..., ,

é o que representa as velocidades da rede, e a cada velocidade

mb

1+mb icr mb

icr está associado uma

determinada densidade de partículas . iN

Analisando a eq. (2.1), pode-se dividir a evolução do modelo em duas

etapas principais: i) a colisão, na qual as partículas são relaxadas em direção a um

equilíbrio prescrito, ou seja, na qual o estado do sítio é alterado, conforme regras

especiais; ii) e a propagação, na qual a informação do sítio é passada aos sítios

vizinhos.

Para recobrar as equações de N-S, deve-se conservar a densidade e a

quantidade de movimento durante a fase de colisão [5,14], de modo que:

∑∑ ==i

eqi

ii NN ,ρ (2.2)

∑∑ ==i

ieqi

iii ucNcN ,ααα ρ (2.3)

onde ρ é a densidade e é a componente αu α da velocidade.

Deste modo, a matriz de colisão Λ é escolhida para ter os seus

autovalores nulos associados aos autovetores das quantidades conservadas durante a

colisão, ditas hidrodinâmicas, e os demais autovalores, que são os diversos tempos de

relaxação, devem estar associados aos autovetores das quantidades não conservadas,

ditas cinéticas [15].

Os modos cinéticos, no entanto, são relaxados no espaço de momentos, e

não no espaço de velocidades, ou seja, não se faz a colisão com as informações contidas

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

15

no vetor , mas sim com estas informações transformadas

para o espaço de momentos, cuja relação é

),,,,( 210 mbNNNNN Kr

=

=Nrˆ M N

r, (2.4)

onde é o vetor de momentos e M é a matriz formada pelos autovetores da matriz de

colisão, que deverão formar um conjunto ortogonal para o conjunto . O porquê

dos autovetores da matriz de colisão necessariamente formarem um conjunto ortogonal

será explicado mais adiante.

Nrˆ

1+ℜ mb

Para tornar mais clara esta transformação de espaços, toma-se como

exemplo o autovetor da matriz de colisão associado à densidade )1,,1,1(0 Kr =e , definido

como sendo a primeira linha da matriz M. Aplicando a eq. (2.4) e tomando apenas o

primeiro elemento de , , tem-se Nrˆ 0N̂

∑ ∑ ∑ ====⋅=i i i

iiii NNNeNeN ρ1ˆ 000rr ,

que é a densidade.

Aplicando-se o procedimento anterior para o autovetor da matriz de

colisão associado à quantidade de movimento em x, obtêm-se o momento xuρ ; para o

autovetor da matriz de colisão associado à energia, obter-se-á a energia; e assim por

diante, até recuperar-se todas as com os momentos necessários para a completa

descrição do estado de um sítio qualquer da rede.

1+mb

Para obter a equação generalizada de lattice-Boltzmann em sua forma

mais simples, multiplica-se a eq. (2.1) por M e aplica-se as definições dos parágrafos

anteriores, e vem que (em notação vetorial)

M ='Nr

M −Nr

M Λ )( eqNNrr

− ,

onde 'Nr

é o estado pós-colisional. A matriz identidade I pode ser escrita como

I = M-1M,

onde M-1 é a inversa da matriz M, e faz-se

M ='Nr

M −Nr

M Λ M-1M )( eqNNrr

− ,

e substituindo de uma maneira genérica M '' N̂Nrr

= , tem-se

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

16

−= NN ˆˆ ' rr M Λ M-1 ( eqNN ˆˆ rr

− ).

A matriz =Λ M Λ Mˆ -1 é uma transformação da matriz Λ pela matriz

ortogonal M, e a matriz resultante é uma matriz diagonal formada pelos autovalores

da matriz Λ [16], que foram justamente definidos como sendo os tempos de relaxação

do modelo. Este é motivo pelo qual a matriz M é formada por um conjunto ortogonal de

vetores: ela possui a propriedade de diagonalizar a matriz de colisão!

Λ̂

Então, a equação generalizada de lattice-Boltzmann pode ser escrita em

sua forma resumida como:

−= NN ˆˆ ' rrΛ̂ ( eqNN ˆˆ rr

− ), (2.5)

onde , e são os tempos de relaxação associados aos

autovetores de Λ e seus valores estão no intervalo ]0,2[. Se os tempos não nulos de

relaxação (referentes às quantidades cinéticas) forem iguais, a Equação Generalizada de

lattice-Boltzmann se reduz ao modelo BGK [4,5].

),,,,(ˆ 210 mbssssdiag K=Λ is

2.1.1 – CONJUNTO ORTOGONAL DE VETORES

Para se formar um conjunto ortogonal de vetores, que viu-se necessário

para a descrição do modelo, busca-se primeiro formar um conjunto linearmente

independente de vetores gerados pela classe

niy

mix

nmi cce ≡),( . (2.6)

A ordem de um determinado vetor (que dará origem a um momento) é

definida como sendo a maior soma dos expoentes m e n. Momentos com ordens até três

possuem significado físico de fácil compreensão, como a densidade, que é o momento

de ordem 0; o momentum x, que pode ser representado por , que é um

momento de ordem 1; ou o momentum y, que pode ser representado como ∑ e

também é um momento de ordem 1.

∑i

iieN )0,1(

iiieN )1,0(

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

17

A energia total, soma das energias cinética e de flutuação, pode ser

representada como )(21 )2,0()0,2(∑ +

iiii eeN , ou 2

21

ii

icN∑ , e é um momento de ordem 2,

sendo formado por uma combinação linear de momentos mais simples.

Parte-se, então, de um conjunto de vetores LI para gerar um

conjunto ortogonal através do procedimento de Gram-Schmidt.

1+mb

Com um conjunto ortogonal estabelecido, é feita a análise assintótica de

Chapman-Enskog, que será vista no capítulo 3.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

18

CAPÍTULO 3 – MODELO ATÉRMICO (D2Q9)

A rede D2Q9 fica caracterizada pelo conjunto de velocidades { cr },

representado analiticamente por: )0,0(0 =cr , )0,1(1 =cr , )1,0(2 =cr , ,

, , ,

)0,1(3 −=cr

)1,0(4 −=cr )1,1(5 =cr )1,1(6 −=cr )1,1(7 −−=cr e )1,1(8 −=cr ; e graficamente segundo

a fig. 3.1 [14]:

Fig. 3.1 – Rede D2Q9, retirado de [14].

3.1 – CONJUNTO DE VETORES LINEARMENTE INDEPENDENTES (D2Q9)

Deve-se achar os momentos de ordem menor que irão formar o conjunto

linearmente independente. Começa-se por estes momentos por eles serem os mais

importantes. Então, chamando de k os momentos, e utilizando os vetores já definidos

para a rede D2Q9, tem-se:

icr

)1,1,1,1,1,1,1,1,1(00 == ii ck ;

)0,2,0,2,0,1,0,1,0(1 −−== ixi ck ;

)2,0,2,0,1,0,1,0,0(2 −−== iyi ck ;

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

19

sempre aumentando a ordem do momento, e exigindo a independência linear dos

mesmos, ou seja, o último vetor (momento) a ser acrescentado não poderá ser uma

combinação linear dos primeiros. Em se tratando de álgebra linear, basta ver se o posto

(rank) dos vetores é igual ao número de vetores existentes. Se o posto for menor, o

conjunto será linearmente dependente. Se for igual, o conjunto será linearmente

independente. Isto é muito útil pois assim pode-se usar softwares que realizem esta

tarefa automaticamente, que se torna trabalhosa ao se utilizar redes com muitas

velocidades (direções).

A determinação de momentos linearmente independentes para a rede

D2Q9 continua:

)1,1,1,1,0,1,0,1,0(23 == ixi ck ;

)1,1,1,1,0,0,0,0,0(4 == iyixi cck ;

)1,1,1,1,1,0,1,0,0(25 == iyi ck .

O momento é exatamente igual a , e genericamente falando para

a rede D2Q9 [14]:

3αic αic

ni

ni cc αα =+2 ,

onde n é um número inteiro positivo.

Então, dos quatro momentos diferentes de 3 ª ordem utiliza-se apenas

dois

)1,1,1,1,0,0,0,0,0(26 −−== iyixi cck ;

)1,1,1,1,0,0,0,0,0(27 −−== ixiyi cck .

Precisando apenas de mais um momento para completar o conjunto de

vetores, a escolha deve ser o momento de menor ordem ainda não utilizado, e tem-se:

)4,4,4,4,1,1,1,1,0(48 == ii ck .

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

20

Os vetores ,3kr

4kr

e 5kr

serão reordenados de forma que se configure um

vetor para a energia, e os “novos” vetores, que continuarão serem independentes

linearmente, representados por 3lr

, 4lr

e 5lr

serão:

iii kkl 533 += ;

iii kkl 534 −= ;

ii kl 45 = .

Do mesmo modo, faz-se para os momento 6kr

e , que serão

transformados em e através de:

7kr

6lr

7lr

iyiiyiyixiyiyixiyii ccccccccckl 22232366 )( =+=+=+= ;

ixiixiyixixixiyixii ccccccccckl 22232377 )( =+=+=+= ,

representando o fluxo de energia nas direções y e x, respectivamente.

O momento representa o quadrado da energia, sem um significado

físico muito claro, como prevenido anteriormente.

8kr

Os demais vetores ilr

que não foram mencionados são igualados aos

vetores correspondentes , formando o conjunto { likr r

}:

00 ii cl = ; xii cl =1 ; yii cl =2 ; 2

3 ii cl = ; 224 yixii ccl −= ;

yixii ccl =5 ; xiii ccl 26 = ; yiii ccl 2

7 = ; 48 ii cl = .

3.2 – CONJUNTO ORTOGONAL DE VETORES (D2Q9)

Com o conjunto completo de vetores LI { lr

}, gera-se então um conjunto

ortogonal { er } com o processo de ortogonalização de Gram-Schmidt [16].

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

21

É importante falar que ordem do momento e ordem do tensor são coisas

distintas. O momentum é um momento de ordem 1 e tensor de ordem 1 (um vetor); a

energia é um momento de ordem 2 e um tensor de ordem 0 (um escalar). Por isso, a

ortogonalização deve ser feita cuidadosamente: dos tensores de ordem mais baixa para

mais alta, e dentro dessa classe, de momentos de ordem mais baixa para ordem mais

alta.

No caso da rede D2Q9, o conjunto de vetores ortogonalizados fica o

seguinte:

00 ii ce = ; ixi ce =1 ; iyi ce =2 ; 02

3 43 iii cce −= ;

224 iyixi cce −= ; iyixi cce =5 ; )53( 02

6 iiixi ccce −= ;

)53( 027 iiiyi ccce −= ;

2)8219( 024

8iii

iccc

e+−

= ;

que formam a matriz M da seguinte maneira:

⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟

⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜

−−−−−−−

−−−−−

−−−−−−−

−−−−−−

=

⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟

⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜

=

111122224111120200

111102020111100000

000011110222211114111110100

111101010111111111

876543210

eeeeeeeee

M

rrrrrrrrr

A nomenclatura dos momentos, ou seja, como se chamará cada

componente do vetor , é a seguinte: Nrˆ

ρ=0N̂ , xjN =1ˆ , yjN =2ˆ , eN =3ˆ , xxxx SMN 2ˆ 4 ==

xySN =5ˆ , xqN =6ˆ , yqN =7ˆ , EN =8ˆ .

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

22

3.3 – EXPANSÃO DE CHAPMAN-ENSKOG (D2Q9)

A partir desta parte, utilizar-se-á a notação de Einstein para as derivadas,

o que também indica soma sobre índices repetidos.

Tomando )1,( ++ tcxN iirr , expandindo em séries de Taylor, e desprezan-

do termos de terceira ordem

itiitt

iiiitiiiii

NcN

NccNNctxNtcxN

∂∂+∂+

∂∂+∂+∂+=++

αα

βαβααα

21

21),()1,( rrr

(3.1)

O número de Knudsen ε [11] é a razão entre o livre caminho médio das

moléculas do fluido l e o comprimento característico do escoamento L. Assume-se ε

1 e faz-se a decomposição das derivadas espacial e temporal em ordens de ε , e vem

que:

22

1 ∂+∂=∂ εεt (3.2)

'αα ε∂=∂ . (3.3)

Expandindo (ou ) em torno do equilíbrio também sobre potências

de Knudsen,

iN iN̂

)2(2)1()0( )( iiieqii NNNNN εε ++== , ou (3.4)

)2(2)1()0( ˆˆ)ˆ(ˆˆiii

eqii NNNNN εε ++== , (3.5)

e substituindo as eqs. (3.2), (3.3) e (3.4) em (3.1), tem-se:

∑∑ Λ−+Λ−=∂∂+

∂∂+∂+∂+∂+∂+∂

jjij

jjij

eqi

eqiii

eqiiii

eqii

eqi

NNN

NccNNNcNcN

)()()21

21()(

)2(2)1(11

''2)1(

1)1(

'2

'1

εε

εε βαβααααα

.

(3.6)

Igualando os termos de mesma ordem de ε , tem-se para a primeira

ordem em ε :

∑Λ−=∂+∂j

jijeqii

eqi NNcN )1(

'1 αα , (3.7)

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

23

e para a segunda ordem em ε :

∑Λ−=∂∂+∂∂+∂+∂+∂j

jijeqi

eqiii

eqiiii NNNccNNNc )2(

11''2)1(

1)1(

' 21

21

βαβααα . (3.8)

É interessante observar que, até esta parte da expansão de Chapman-

Enskog, não fez-se ainda nenhuma menção à rede utilizada, nem ao conjunto de vetores

ortogonais que será utilizado e nem às quantidades conservadas. Portanto, tudo o que foi

feito (para a expansão de Chapman-Enskog) até aqui é genérico e pode ser aplicado a

qualquer modelo que possua características semelhantes.

3.3.1 – PRIMEIRA ORDEM DE KNUDSEN (D2Q9)

Tomando a eq. (3.7) em sua forma vetorial,

)1('1 NNSN eqeq rrr

Λ−=∂+∂ αα , (3.7)

onde é a matriz diagonal no espaço cujos elementos são os , multiplica-se

por M, e vem que

αS iN αic

)1('1 ˆˆˆˆˆ NNSN eqeq

rrrΛ−=∂+∂ αα , (3.9)

com . 1ˆ −= MMSS αα

Sendo a equação (3.9) uma equação vetorial, pode-se abri-la para todos

os seus componentes:

)1(00'01 ˆˆˆˆˆ NNSN eqeq Λ−=∂+∂ αα , (3.10)

)1(11'11 ˆˆˆˆˆ NNSN eqeq Λ−=∂+∂ αα , (3.11)

)1(22'21 ˆˆˆˆˆ NNSN eqeq Λ−=∂+∂ αα , (3.12)

M M M M

)1(88'81 ˆˆˆˆˆ NNSN eqeq Λ−=∂+∂ αα . (3.18)

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

24

É preciso fazer algumas considerações: i) não existem correções de

primeira ordem de Knudsen para as grandezas conservadas (conforme definido nas eqs.

(2.2) e (2.3)), portanto o lado direito das eqs. (3.10), (3.11) e (3.12) é nulo, o que já se

esperava, pois os tempos de relaxação destas grandezas também são nulos; ii) o termo

é mais inteligível se for escrito da forma , que pode ser

colocado em função de momentos conhecidos, pois qualquer vetor no é uma

combinação linear do conjunto { e

eqiNS ˆˆ 'αα ∂ ∑∂

ijii

eqi ecN αα '

1+ℜ mb

r }. Na prática, procede-se da seguinte maneira: o

vetor é colocado em função dos vetores de base {jii ec α er }, e então faz-se o produto

interno com o vetor , restando com isso apenas momentos conhecidos que

representam e seus respectivos coeficientes.

Nr

∑i

jiieqi ecN α

Com estas considerações, as eqs. (3.10) até(3.18) reduzem-se a:

0''1 =∂+∂+∂ yyxx jjρ , (3.19)

0)4(61 )0(

')0(

')0(

'1 =∂+∂++∂+∂ xyyxxxxx SSej ρ , (3.20)

0)4(61 )0(

')0(

')0(

'1 =∂−∂++∂+∂ xxyxyxyy SSej ρ , (3.21)

)1()1(3

)0('

)0('

)0(1 )()( eesqjqje eyyyxxx λ−=−=+∂++∂+∂ , (3.22)

)1()1(4

)0('

)0('

)0(1 )(

61)(

61

xxxxyyyxxxxx SSsqjqjS νλ−=−=−∂−−∂+∂ , (3.23)

)1('

)1(5

)0('

)0('

)0(1 )2(

31)2(

31

xyxyxxyyyxxy SSsqjqjS νλ−=−=+∂++∂+∂ . (3.24)

As igualdades acima representam as equações das primeiras seis

quantidades da primeira ordem de Knudsen: e . O motivo pelo

qual as últimas três equações não aparecem ( e

)0()0( ,,,, xxyx Sejjρ )0(xyS

)0()0( , yx qq )0(E ) ficará claro a seguir,

quando procede-se com o desenvolvimento da segunda ordem de Knudsen.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

25

3.3.2 – SEGUNDA ORDEM DE KNUDSEN (D2Q9)

Tomando a eq. (3.8) em sua forma vetorial e utilizando a eq. (3.7), tem-

se:

)2()1('

)1(12 )

2()

2( NNISNIN eq rrrr

Λ=∂Λ−+∂Λ−+∂ αα ,

e multiplicando esta equação por M, vem que

)2()1('

)1(12 ˆˆˆ)

2

ˆ(ˆˆ)

2

ˆ(ˆ NNISNIN eq

rrrrΛ=∂Λ−+∂Λ−+∂ αα . (3.25)

Sendo a eq. (3.25) vetorial, pode-se explicitá-la em equações (9 neste caso), mas

somente utilizar-se-ão as equações relativas aos momentos conservados. Assim, não

existirão mais termos do tipo no lado direito da equação.

1+mb

)2(ˆiN

Do mesmo modo que ocorreu na expansão da primeira ordem, o termo

)1(' ˆ)

2

ˆ(ˆ NIS

r

αα ∂Λ− também é um produto interno entre os vetores e icr )1(Nr

, ponderado

pela matriz de colisão. Explicitando, então, este termo para os três momentos

conservados, a segunda ordem de Knudsen fica:

02 =∂ ρ ,

02

22

212

2 )1('

')1('

)1('2 =∂−+∂−+∂−+∂ xyyxxxx

ex SSej νν λλλ ,

02

22

212

2 )1('

)1('

')1('2 =∂−+∂−+∂−+∂ xxyxyxy

ey SSej νν λλλ .

3.3.3 – SOMA DAS DUAS ORDENS DE KNUDSEN

A derivada temporal foi decomposta em ordens de Knuden como

22

1 ∂+∂=∂ εεt ,

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

26

e para obter as equações de Navier-Stokes deve-se fazer as seguintes substituições:

ρερερ 22

1 ∂+∂=∂t ,

xxxt jjj 22

1 ∂+∂=∂ εε ,

yyyt jjj 22

1 ∂+∂=∂ εε .

Substitui-se os termos e já conhecidos e forma-se a derivada

temporal completa das grandezas conservadas: massa, momentum em x e momentum

em y. A observação a ser feita é que os termos em para o momentum possuem

momentos em ordem superior de Knudsen: , e . Estes termos devem ser

substituídos pelos termos contidos nas equações de primeira ordem ( ) de , e

(eqs. (3.22), (3.23) e (3.24), respectivamente), e é este o motivo pelo qual apenas

equações destes momentos aparecem no conjunto de equações na primeira ordem de

Knudsen. As outras equações existem, mas não afetam o modo hidrodinâmico do

modelo.

1∂ 2∂

t∂

2∂

)1(e )1(xxS )1(

xyS

1∂ )0(e )0(xxS

)0(xyS

3.4 – OBTENÇÃO DAS EQUAÇÕES MACROSCÓPICAS

Para recuperar as equações de Navier-Stokes, devemos obter os diversos

momentos de equilíbrio e )0()0()0()0()0( ,,,, yxxyxx qqSSe )0(E em função dos momentos

conservados xj,ρ e . yj

As equações atérmicas de Navier-Stokes são escritas em sua forma mais

geral como:

0=∂+∂ ααρ jt ,

[ ] )()()( γγααββαβαβαβα ρζρνρ uuupuujt ∂∂+∂+∂∂+−∂=∂+∂ ,

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

27

onde ν e ζ são o primeiro e o segundo coeficientes de viscosidade, respectivamente.

Para obtê-las, os momentos de equilíbrio devem ser escolhidos da seguinte maneira:

)(32 22)0(yx uue ++−= ρρ , )(

222)0(yxxx uuS −= ρ , yxxy uuS ρ=)0( ,

xx jq −=)0( , yy jq −=)0( , )(3 22)0(yx uuE +−= ρρ ,

igualando respectivos momentos de equilíbrio aos termos das equações de Navier-

Stokes [14].

A viscosidade é relacionada aos tempos de relaxação pela relação

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−=⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛−==

211

31

211

31

'νν λλζν ,

o que indica que os tempos de relaxação νλ e 'νλ devem ser iguais.

A velocidade do som é dada por sc 312 =sc .

Aplicada a análise de estabilidade de von Neumann sobre a equação de

dispersão linearizada deste modelo, formalizada por Lallemand & Luo [17] e utilizada

em outros trabalhos [18,19,20,21,22], podem ser escolhidos valores “ótimos” para o

demais tempos de relaxação (relativos a e )0()0( , yx qq )0(E ) e a sua interdependência,

para aumentar a estabilidade do modelo.

A estabilidade do método dos momentos frente ao BGK pode ser vista na

figura abaixo.

Figura 3.2 - Comparação de estabilidade entre o método dos momentos e o método BGK.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

28

A tendência dos modelos de lattice-Boltzmann é de que quando diminui-

se a viscosidade (ou seja, quando o tempo de relaxação está próximo de 2), deve-se

aumentar a velocidade para que o modelo mantenha a estabilidade, prática usual quando

o método BGK é aplicado. A estabilidade do método dos momentos praticamente não é

afetada pela diminuição da viscosidade.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

29

CAPÍTULO 4 – MODELO TÉRMICO (D2Q17)

4.1 – ESCOLHA DA REDE

Para que um modelo de lattice-Boltzmann possa simular as equações de

Navier-Stokes-Fourier 2D, ou seja, um escoamento térmico, é necessário que ele

satisfaça a, no mínimo, treze momentos de equilíbrio [23], onde estão incluídos

quantidades conservadas, vínculos de isotropia na viscosidade, e também vínculos de

isotropia na difusividade térmica [24,27]. Precisa-se, então, de uma rede com, no

mínimo, treze direções para que se possa a elaborar um modelo que preencha alguns

requisitos mínimos.

A hipótese de se utilizar uma rede hexagonal foi abandonada, por esta

não possuir isotropia do tensor de 6 ª ordem, condição esta para a estabilidade e

inexistência de termos não-lineares nas equações macroscópicas [24,25,26].

Escolheu-se a rede quadrada com dezessete direções (incluindo a

partícula parada) D2Q17 por dois motivos principais: i) a rede possui mais graus de

liberdade do que o mínimo necessário, e eles deverão ser utilizados para o aumento da

estabilidade e/ou a garantia da isotropia; ii ) pode ter isotropia do tensor de 6 ª ordem.

A rede D2Q17 é definida pelos conjunto de vetores: ,

, , ,

)0,0(0 =cr

)0,1(1 =cr )1,0(2 =cr )0,1(3 −=cr )1,0(4 −=cr , )1,1(5 =cr , )1,1(6 −=cr , ,

, , ,

)1,1(7 −−=cr

)1,1(8 −=cr )0,2(9 =cr )2,0(10 =cr )0,2(11 −=cr , )2,0(12 −=cr , ,

, e

)2,2(13 =cr

)2,2(14 −=cr )2,2(15 −−=cr )2,2(16 −=cr .

4.2 – CONJUNTO DE VETORES LINEARMENTE INDEPENDENTES

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

30

Para uma rede com dezessete direções, precisa-se de dezessete momentos

para a completa representação no espaço de momentos. Procura-se, então, estes

momentos nas ordens mais baixas (por estes serem os mais importantes) para que estes

sejam linearmente independentes.

A independência linear falha pela primeira vez apenas no momento de

quarta ordem em que ,e utiliza-se apenas quatro momentos nesta ordem

(ao invés de cinco); e também falha nos momentos de quinta ordem, onde tem-se apenas

dois momentos LI dos demais. A relação exata entre a ordem e o número de momentos

LI que a rede D2Q17 possui pode ser verificada na tabela 1.

xiyiyixi cccc 33 =

Ordem 0 1 2 3 4 5 Total

Momentos LI 1 2 3 4 4 2 16

Tabela 4.1. – Relação de ordens dos momentos e número de momentos LI para a rede D2Q17.

Para completar dezessete momentos, escolhe-se o momento de sexta

ordem , e o conjunto LI sobre o qual será montada é apresentado abaixo: 6ic

00 ii cl = ; 2

1 ii cl = ; 42 ii cl = ; 6

3 ii cl = ; xi cl =4 ;

xiii ccl 25 = ; xiii ccl 4

6 = ; yii cl =7 ; yiii ccl 28 = ; yiii ccl 4

9 = ;

2210 yixii ccl −= ; yixii ccl =11 ; ( )222

12 yixiii cccl −= yixiii cccl 213 = ;

2214 yixii ccl = ; ( )22

15 yixixii cccl −= ; ( )2216 yixiyii cccl −= .

4.3 – CONJUNTO ORTOGONAL DE VETORES

Segue-se então o processo de ortogonalização de Gram-Schmidt sobre o

conjunto de vetores { }, originando uma base para o ℜlr 17 { er } cujos vetores estão

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

31

representados no anexo A, bem como a matriz M formada por eles. A nomenclatura

para os referidos momentos é apresentada a seguir:

ρ=0N̂ ; )17602(ˆ 2

1 −+= ueN ρ

; EN =2ˆ ; ζ=3N̂ ; xjN =4ˆ ; xqN =5ˆ ;

xhN =6ˆ ; yjN =7ˆ ; yqN =8ˆ ; yhN =9ˆ ; xxSN =10ˆ ; xySN =11ˆ ;

xxN π=12ˆ ; xyN π=13ˆ ; wwN π=14ˆ ; xmN =15ˆ ; ymN =16ˆ .

4.4 – DETERMINAÇÃO A PRIORI DOS MOMENTOS DE EQUILÍBRIO

A função distribuição de Maxwell-Boltzmann para sistemas de partículas

em equilíbrio, em duas dimensões, é a seguinte

( )( )

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎡−=

eeeuf

u

2exp

2,,

2)0(

rr

r ζ

πρρ , (4.1)

onde ζr

é a velocidade microscópica das moléculas (limite do caso contínuo do

conjunto { c }) e u a velocidade macroscópica. r r

Para determinar os momentos da distribuição de Maxwell-Boltzmann,

define-se primeiramente a função peso (o momento) como sendo, por exemplo, 1, xζ ,

ou qualquer potência de ζr

, e daí integra-se no espaço de velocidade microscópica

obtendo-se o momento correspondente, que será igualado ao momento de equilíbrio do

modelo discreto, o D2Q17, que deverá ser 1, , ou qualquer potência de ixc icr ,

respectivamente. Integrando a função 1, do contínuo, por exemplo (massa), tem-se a

densidade, integrando xζ tem-se o momentum x, e assim por diante, que deverá ser

igualado ao momento equivalente no modelo discreto.

Uma outra consideração para o cálculo dos momentos de equilíbrio foi a

isotropia do tensores de 4ª e 6ª ordem. Segundo Chen et al. [24], os termos não-lineares

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

32

não aparecem nas equações macroscópicas se este tensor o tensor de 6ª ordem for

isotrópico. Para forçar a esta isotropia, faz-se [24]:

03216416

13

12

9

8

5

4

1=−+− ∑

=∑=

∑=

∑= i

ii

ii

ii

i NNNN , (4.2)

para o tensor de 4ª ordem, e:

051264816

13

12

9

8

5

4

1=−+− ∑

=∑=

∑=

∑= i

ii

ii

ii

i NNNN , (4.3)

para o tensor de 6ª ordem.

Os momentos de equilíbrio a serem integrados no contínuo são exatamente os

momentos ortogonalizados no modelo discreto, e o resultado desta operação se encontra

no anexo B.

4.5 – EXPANSÃO DE CHAPMAN-ESNKOG (D2Q17)

4.5.1 – PRIMEIRA ORDEM DE KNUDSEN (D2Q17)

Com o conjunto de vetores ortogonais definidos, parte-se para a primeira

ordem da expansão de Chapman-Enkog do modelo D2Q17.

Seguindo os passos executados para a rede D2Q9, mas agora para a rede

D2Q17, tem-se:

0''1 =∂+∂+∂ yyxx jjρ ;

051

10951

10917602 )0(

')0(

'2

1 =⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +∂+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ +∂+⎥

⎤⎢⎣

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −+∂ yyyxxx qjqjueρ ;

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

33

021

2)0(

')0(

2'1 =∂+

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡+⎟

⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛+∂+∂ xyyxxxx SSuej ρ ;

021

2)0(

2'

)0('1 =

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡−⎟

⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛+∂+∂+∂ xxyxyxy SueSj ρ ;

)1()0()0('

)0()0()0(2'

)0(1

51101

21

5147

21

17602

327527

xqxyxyy

xxxxxx

qS

SEueq

λπ

πρ

−=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +∂

+⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡ +−+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −+∂+∂

;

)1()0()0()0(2'

)0()0('

)0(1

21

5147

21

17602

327527

51101

yqxxxxy

xyxyxy

qSEue

Sq

λπρ

π

−=⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡ −++⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −+∂

+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +∂+∂

;

)1()0()0()0('

)0()0()0('

)0(1

31

15547

1517

31

15547

1517

xxxxSyyyyy

xxxxxxx

Smhqj

mhqjS

λ−=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +++−∂

+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +−−∂+∂

;

)1()0()0()0('

)0()0()0('

)0(1

21

61

155101

1534

21

61

155101

1534

xyxySxxxxy

yyyyxxy

Smhqj

mhqjS

λ−=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −++∂

+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +++∂+∂

;

onde se obtém a Equação de Euler simplesmente substituindo os momentos de

equilíbrio na equação de conservação de quantidade de movimento, com a pressão

termodinâmica

ep ρ= ,

com Ρ = 1. N

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

34

Como no caso anterior do modelo D2Q9, os outros momentos que não

tiveram suas respectivas equações de primeira ordem apresentadas não influenciarão na

modelagem hidrodinâmica do modelo D2Q17.

4.5.2 – SEGUNDA ORDEM DE KNUDSEN

Para a segunda ordem em Knudsen, utilizando o mesmo método aplicado

na rede D2Q9, tem-se:

02 =∂ ρ ;

( )[ ] ( ) 02

12 )1('

)1('

22 =∂+∂⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛−++∂ yyxx

q qqueλ

ρ ;

( ) 02

15121 )0(

')1(

'2 =∂⎟⎟

⎜⎜

⎛−+∂−+∂ xyy

xySxxxxxSx SSj

λλ ;

( ) 05121

21 )1(

')0(

'2 =∂−−∂⎟⎟

⎜⎜

⎛−+∂ xxyxxSxyx

xySy SSj λ

λ.

Para completar a expansão de Chapman-Enskog e obter as equações de

Navier-Stokes-Fourier, deve-se ainda juntar as várias ordens das derivadas temporais da

densidade, momentum x, momentum y e energia, o que não será feito neste trabalho.

4.6 – RESULTADOS PRELIMINARES

Como primeiro teste, compara-se a estabilidade frente ao modelo de

Chen et al, apresentado na fig. 4.1.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

35

0.35 0.45 0.55 0.65 0.75 0.85 0.95-0.1

-0.08

-0.06

-0.04

-0.02

0

e

N m

ínim

o

Comparação do Valor Mínimo de N[i] de Equilíbrio

GLBE Y. Chen

Para ux=uy=0.0

Figura 4.1. – Comparação entre GLBE D2Q17 e Chen et al, variando-se a energia.

Fica claro pela figura que o modelo de Chen et al., para esta

configuração, que em princípio seria a mais estável, não apresenta valores positivos para

suas populações mínimas, enquanto no método dos momentos a população mínima fica

positiva para valores de energia entre 0.38 e 0.8 unidades, aproximadamente.

Outro teste de estabilidade do modelo pode ser feito se plotarmos o

gráfico de para diversas configurações de velocidade, o que é feito

na fig. 4.2, e verifica-se que o modelo é menos estável quanto maior for a velocidade, o

que já era esperado.

},...,,{ 10 mbNNNmín

Figura 4.2. – Apuração do menor valor de Ni para vários níveis de energia e configurações

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

36

4.7 – CONCLUSÕES SOBRE O MODELO D2Q17 E OS MODELOS TÉRMICOS

O modelo aqui proposto possui graus de liberdade suficiente para a

simulação de escoamentos térmicos, e redes similares foram utilizadas para este tipo de

problema, inclusive garantindo isotropia do tensor de 6ª ordem [24] , o que eliminaria

termos não-lineares nas equações de conservação.

Os modelos de McNamara & Alder [27] e Chen et al. [24] utilizam os

mesmos momentos de equilíbrio que estão definidos aqui, mas neste modelo a

derivação dos momentos se faz a priori. Nos outros modelos, respeitam-se a também a

representação exata dos treze primeiros momentos da distribuição de Maxwell-

Boltzmann, derivando-se a posteriori este vínculo.

A principal limitação dos modelos anteriores é o número de Prandtl fixo:

o número de Prandtl do modelo de McNamara & Alder é fixo porque para restabelecer

as equações macroscópicas, a difusividade térmica e a viscosidade devem ser iguais; no

modelo de Chen et al. o número de Prandt é fixo porque o modelo por eles usado é do

tipo BGK, com apenas um tempo de relaxação, não existindo maneira para relaxar

separadamente a difusividade e a viscosidade.

Este vínculo não acontece no Método dos Momentos, pois existem vários

tempos de relaxação, e a viscosidade e a difusividade poderão ser ajustadas de modos

distintos, o que fará com que possam ser simulados escoamento com diferentes números

de Prandtl.

Para trabalhos futuros, para este mesmo modelo, fica a determinação

teórica dos coeficientes de transporte, através da soma das duas ordens de Knudsen; a

análise da equação de dispersão do modelo [17], e a simulação de problemas simples,

como um vórtice se deslocando a velocidade constante, ou um escoamento Coutte com

diferença de temperatura entre placas planas.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

37

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES

O estágio desenvolvido no LMPT foi altamente satisfatório. Aprendi

muito sobre o ato de pesquisar, provar e entender assuntos desconhecidos por mim,

de perder alguns dias em alguma coisa que acabou não dando certo, e depois ver que

este tempo, na verdade, pode ter sido ganho.

Aprender sobre um método e pesquisá-lo a fundo foi (e espero que

continue sendo) uma experiência agradabilíssima. Saber que isto pode interessar a

indústria e a outros pesquisadores é animador e desafiante ao mesmo tempo. Tem-se

muito trabalho a fazer!

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] D. d'Humières, Generalized Lattice Boltzmann Equations, Prog.Aeronaut.

Astronaut., 159, 450-458 (1992).

[2] G. McNamara & G. Zanetti. Use of the Boltzmann Equation to simulate lattice

gas automata, Phys. Rev. Lett. 61, 2332 (1988).

[3] F. Highera & J. Jimenez. Boltzmann approach to lattice gas simulations,

Europhys. Lett. 9, 663 (1989).

[4] S. Chen, H. Chen, D. Martinez & W. Matthaeus. Lattice Boltzmann model for

simulation of magnetohydrodynamics, Phys. Rev. Lett. 67(27). 3776 (1991).

[5] Y. Qian, D. d’Humières & P. Lallemand. Lattice BGK models for the Navier-

Stokes equation, Europhys. Lett. 17(6), 479 (1992).

[6] J. Hardy, Y. Pomeau & O. de Pazzis. Time Evolution of a Two-Dimensional

Model System. I. Invariant States and Time Correlation Functions. J. Math.

Phys., v.14, p.1746-1759 (1973).

[7] U. Frisch, B. Hasslacher & Y. Pomeau. Lattice-Gas Automata for the Navier-

Stokes Equation. Phys. Rev. Lett., v.56, p. 1505-1508 (1986).

[8] D. d’Humières, P. Lallemand, U. Frisch. Lattice gas models for 3D

hydrodynamics. Europhys. Lett., v.2, p.291-297 (1986).

[9] U. Frisch, D. d’Humières, B. Hasslacher, P. Lallemand & J. Rivet. Lattice Gas

Hydrodynamics in Two and Three Dimensions. Complex Systems, v. 1, p.649-

707 (1987).

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

39

[10] S. Wolfram. Cellular Automaton Fluids: Basic Theory. J. Stat. Phys., v. 45, p.

471-526 (1986).

[11] S. Chapman & T. G. Cowling. The Mathematical Theory of Non-uniform

Gases. Cambridge University Press, 1952.

[12] E. H. Kennard, Kinetic Theory of Gases, McGraw-hill Book Company, 1938.

[13] H. Macedo, Elementos da Teoria Cinética dos Gases, Editora Guanabara Dois,

1978.

[14] D. d’Humières, Beyond BGK, Notas da palestra no DFG-KONWIHR Workshop

em “Lattice Boltzmann Method, Theory and Applications in Fluid Mechanics”,

Erlangen-Nürbert University, March 26-28, Erlangen University, Germany

(1991).

[15] J.-P. Rivet & J. P. Boon, Lattice Gas Hydrodynamics, Cambridge University

Press (2001).

[16] G. Hadley, Linear Algebra, Addison-Wesley Publishing Company, 3rd Ed. (1969).

[17] P. Lallemand & L.-S. Luo, Theory of the lattice Boltzmann method: Dispersion,

dissipations, isotropy, Galilean invariance, and stability. Phys. Rev. E, 61(6),

6546 (2000).

[18] D. d’Humières, I. Ginzburg, M. Kraczyk, P. Lallemand & L.-S. Luo. Multiple-

relaxation-time lattice Boltzmann models in three dimensions, in Phil. Trans.

R. Soc. Lond. A, 360, 437-451 (2002).

[19] D. d’Humières, M. Bouzidi & P. Lallemand. Thirteen-velocity three-dimensional

lattice Boltzmann model. Phys. Rev. E, 63(6), 66702 (2001).

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

40

[20] M. Bouzidi, D. d’Humières, P. Lallemand & L.-S. Luo. Lattice Boltzmann

Equation on a Two-Dimensional Rectangular Grid. Journal of Comp. Phys.,

172, 704-717 (2001).

[21] P. Lallemand, D. d’Humières, L.-S. Luo & R. Rubinstein. Theory of the lattice

Boltzmann method: Three-dimensional model for linear viscoelastic fluids.

Phys. Rev. E, 67(2), 21203 (2003).

[22] I. Ginzburg & K. Steiner, Lattice Boltzmann model for free-surface flow and its

application to filling process in casting, Journal of Comp. Phys., 185 (1), 61-

99 (2003).

[23] S. Succi, The Lattice Boltzmann Equation for Fluid Dynamics and Beyond.

Oxford Science Publications, Clarendon Press, Oxford, 2001.

[24] Y.Chen, H. Ohashi, M Akiyama, Thermal lattice Bhatnagar-Gross-Krook

model without nonlinear deviations in macrodynamic equations. Phys. Rev.

E, 50(4), 2776 (1994).

[25] P. Pavlo, G. Vahala, L. Vahala, Higher Order Isotropic Velocity Grids in

Lattice Methods, Phys. Rev. Lett., 80(18), 3960 (1998).

[26] M. Watari & M. Tsutahara, Two-dimensional thermal model of the finite-

difference lattice Boltzmann method with high spatial isotropy, a ser

publicado na Phys. Rev. E, 2003.

[27] G. McNamara & B. Alder, Analysis of the lattice Boltzmann treatment of

hydrodynamics. Physica A, 194, 218-228, (1993).

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

41

ANEXO A

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

42

Apresenta-se de forma analítica o conjunto ortogonal que forma a base

para o ℜ17.

10 =ie

17602

1 −= ii ce

1091240

109969 24

2 +−= iii cce

1192592

108538866

368944691 246

3 −+−= iiii ccce

xii ce =4

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −=

17602

5 ixii cce

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +−=

594

551 24

6 iixii ccce

yii ce =7

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −=

17602

8 iyii cce

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +−=

594

551 24

9 iiyii ccce

2210 yixii cce −=

yixii cce =11

( ) ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −−=

1765222

12 iyixii ccce

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −=

171302

13 iyixii ccce

91936048

919317795

3677232731

367724175 24622

14 +−+−= iiiyixii ccccce

( ) ⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡ +−+−=465

15883196

31 2422

15 iiyixixii ccccce

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

43

( ) ⎥⎦⎤

⎢⎣⎡ −+−−=

4651588

3196

31 2422

16 iiyixiyii ccccce

A matriz M, gerada por estes vetores, é apresentada a seguir.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

44

i

k

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

- 6017

- 4317

- 4317

- 4317

- 4317

- 2617

- 2617

- 2617

- 2617

817

817

817

817

7617

7617

7617

7617

1240109

380109

380109

380109

380109

- 262109

- 262109

- 262109

- 262109

- 892109

- 892109

- 892109

- 892109

464109

464109

464109

464109

- 2592119

5395218445

5395218445

5395218445

5395218445

17342418445

17342418445

17342418445

17342418445

- 15367218445

- 15367218445

- 15367218445

- 15367218445

2673618445

2673618445

2673618445

2673618445

0 1 0 - 1 0 1 - 1 - 1 1 2 0 - 2 0 2 - 2 - 2 2

0 - 143

0 143

0 - 113

113

113

- 113

- 103

0 103

0 143

- 143

- 143

143

0 485

0 - 485

0 125

- 125

- 125

125

- 12 0 12 0 125

- 125

- 125

125

0 0 1 0 - 1 1 1 - 1 - 1 0 2 0 - 2 2 2 - 2 - 20 0 - 14

30 14

3- 11

3- 11

3113

113

0 - 103

0 103

143

143

- 143

- 143

0 0 485

0 - 485

125

125

- 125

- 125

0 - 12 0 12 125

125

- 125

- 125

0 1 - 1 1 - 1 0 0 0 0 4 - 4 4 - 4 0 0 0 00 0 0 0 0 1 - 1 1 - 1 0 0 0 0 4 - 4 4 - 40 - 48

174817

- 4817

4817

0 0 0 0 1217

- 1217

1217

- 1217

0 0 0 0

0 0 0 0 0 - 9617

9617

- 9617

9617

0 0 0 0 2417

- 2417

2417

- 2417

60489193

- 46089193

- 46089193

- 46089193

- 46089193

40329193

40329193

40329193

40329193

- 10089193

- 10089193

- 10089193

- 10089193

729193

729193

729193

729193

0 256155

0 - 256155

0 - 224155

224155

224155

- 224155

112155

0 - 112155

0 - 8155

8155

8155

- 8155

0 0 - 256155

0 256155

224155

224155

- 224155

- 224155

0 - 112155

0 112155

8155

8155

- 8155

- 8155

y

{

Matriz M

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

45

ANEXO B

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

46

Momentos de equilíbrio para o D2Q17.

ρ=)(0

ˆ eqN ,

)17602(ˆ 2)(

1 −+= ueN eq ρ

( ) ρρρρρ10912402

10996988ˆ 2422)()(

2 ++−++== ueueueEN eqeq

( ) ⎥⎥

⎢⎢

+−+

+−+−==

2

422)()(

3570.225337.2714

785.112674.542280.902760.401

445.18ˆ

ue

uueN eqeq ρζ

xeq jN =)(

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −+=

3174ˆ 22)(

5 eujN xeq

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +−−++=

594

5204

5512412ˆ 2224)(

6 eueeuujN xeq

yeq jN =)(

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −+=

3174ˆ 22)(

8 eujN yeq

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +−−++=

594

5204

5512412ˆ 2224)(

9 eueeuujN yeq

( )22)(10

ˆ yxeq uuN −= ρ

yxeq uuN ρ=)(

11ˆ

( ) ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −+−=

17656ˆ 222)(

12 ueuuN yxeq ρ

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −+=

171306ˆ 2)(

13 ueuuN yxeq ρ

( )[ ]2422)(14 1637482.140185.8640.29480.65128.16

544.733ˆ ueuueN eq +−++−+= ρ

( ) ⎥⎦⎤

⎢⎣⎡ −+−−+++= 222224)(

15 3196

31322

465588.12412

31ˆ yxx

eq uuueeeuujN

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

47

( ) ⎥⎦⎤

⎢⎣⎡ −+−−+++−= 222224)(

16 3196

31322

465588.12412

31ˆ xyy

eq uuueeeuujN

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

48

ANEXO C

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ...dihlmann/Aninha/Graduacao/Monografia_Fim_de...universidade federal de santa catarina departamento de engenharia mecÂnica

49

Resumo submetido ao VIII Workshop on Partial Differential

Equations, a ser realizado no IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), Rio de

Janeiro, de 21 a 25 de julho de 2003.

Generalized lattice-Boltzmann equation for

thermo-hydrodynamics partial differential equations

The statement that lattice-Boltzmann (LB) methods can approximate the

solutions of hydrodynamic partial differential equations is, presently, well accepted for

athermal, incompressible flow. Thermodynamically consistent LB models have been

proposed in the last ten years, presenting, nevertheless, some important difficulties:

fixed Prandtl number, failure of Galilean invariance, anisotropy of 6th rank tensors

and/or numerical instability. In 1992, d'Humières proposed to model the collision

operator in the space spanned by the b-macroscopic moments of a b-directions lattice,

instead of using the velocity space (D. d'Humières, Prog.Aeronaut. Astronaut., 159,

450-458). D'Humières idea was not pursued until about 2000, when it was rescued for

the description of two and three-dimensional athermal flows, with marked advantages

when compared to BGK-based models. Present work is based on this idea, trying to

describe thermo-hydrodynamics macroscopic equations, which main problems remain,

still, unsolved. A two-dimensional square lattice, with 17 degrees of freedom, is

employed. A Gram-Schmidt procedure is used to find an orthogonal set of eigenvectors

for the collision matrix. Finally, a Chapman-Enskog analysis is performed and it is

shown that the correct partial differential equations describing compressible, non-

isothermal flow are retrieved. Some, preliminary, numerical results from LB simulation

are also presented.