UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ...Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E
SISTEMAS
Felipe Bento Soares
PROCEDIMENTO PARA ESCOLHA DE EMBALAGENS
LOGÍSTICAS DE ENCHIMENTO – O CASO DE UMA EMPRESA
DE VAREJO NO BRASIL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Engenharia de Produção e
Sistemas da Universidade Federal de Santa
Catarina, como requisito parcial para a obtenção
do título em Engenharia, área Civil, habilitação
Produção Civil.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Manuel Taboada
Rodriguez.
Coorientadora: Me. Marisa Nilson.
Florianópolis
2018
Felipe Bento Soares
PROCEDIMENTO PARA ESCOLHA DE EMBALAGENS
LOGÍSTICAS DE ENCHIMEMNTO – O CASO DE UMA
EMPRESA DE VAREJO NO BRASIL
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e
aprovado, em sua forma final, pelo Curso de Graduação em Engenharia
de Produção Civil, da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 25 de junho de 2018.
____________________________
Profa. Marina Bouzon, Dr
a.
Coordenadora dos Cursos de Graduação em Engenharia de Produção
Banca Examinadora:
____________________________________________
Prof. Carlos Manuel Taboada Rodriguez, Dr.
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina
____________________________________________
Marisa Nilson, Me.
Coorientadora
Universidade Federal de Santa Catarina
____________________________________________
Prof. Dimas Ailton Rocha, Dr.
Pró-Reitor
Centro Universitário Barriga Verde
Este trabalho é dedicado em especial a
minha mãe Simone, minha irmã Camila e
a minha avó Neuza, estas que sempre
foram meus maiores alicerces, guias e a
quem entrego meu amor incondicional.
Dedico este também aos meus familiares,
amigos e irmãos de vida que tanto
acreditaram, me apoiaram e motivaram
em minha jornada até aqui.
AGRADECIMENTOS
Gostaria que todos os citados direta ou indiretamente nestas
linhas saibam que participaram não apenas de minha formação
profissional, mas de minha rotina de batalhas constantes pela construção
de um sonho, que porém ainda não totalmente claro, vem sendo
decifrado em suas entrelinhas e seu caminho sendo aberto por meio do
amadurecimento e autoconhecimento conquistados. Vocês são o
propósito e meio para que eu alcance e viva este sonho.
Agradeço, primeiramente, a minha mãe Simone Bento, quem se
dedicou em todos os sentidos possíveis, se entregou de corpo e alma, e
batalhou bravamente para que este momento se concretizasse. Você me
mostrou que podemos conquistar o que sonhamos por meio da coragem,
do amor, e da persistência, mesmo em meio a muitas dificuldades. A
nossa história é a mais linda e mais inspiradora lição de vida que já ví ou
ouvi. Você sempre será meu maior exemplo de vida.
À minha irmã Camila agradeço pela compreensão e parceria em
todos os anos de minha vida, pelos risos e choros compartilhados, desde
as tardes empilhando almofadas no corredor de casa, até hoje. Agradeço
por ser meu exemplo de inteligência, e por repetidas vezes me mostrar o
valor do conhecimento e a beleza de uma mente brilhante. Você que por
diversas vezes foi uma professora para mim, continua me ensinando
muito além do que podem dizer os livros.
Aos meus queridos avós Neuza e Miguel, anjos que iluminam e
acompanham meus passos, e tamém acalmam minha alma, agradeço por
terem sido alicerce tão forte durante a infância, e cujo amor e carinho
são tão presentes e acolhedores até hoje. Agradeço por, em meio aos
problemas, terem proporcionado momentos de felicidade infantil plena e
os prazeres de uma vida simples, mas com muito amor.
Aos amigos de infância Alex Pinheiro da Silva, Guilherme
Cortizo, Peter Stephen Connatser e Rodrigo Bellini, agradeço por terem
sido irmãos inseparáveis, compartilhando das glórias e das dificuldades
de todos estes anos, por serem os que independentemente das barreiras
da distância, sempre foram fonte incessante de suporte e motivação.
Agradeço também aos amigos Eduardo Binello Mitestainer, Eduardo
Marçal e Renan Giassi por serem exemplos de humildade, inteligência e
parceria com que tive o enorme prazer de dividir a jornada acadêmica, e
se tornaram irmãos de vida.
Agradeço também a todos que de alguma forma fizeram parte do
meu caminho até aqui, sejam amigos, familiares, professores, monitores,
entre tantas outras pessoas que contribuíram para que hoje eu seja quem
eu sou pessoal e profissionalmente.
Agradeço ao professor Carlos Manuel Taboada Rodriguez por ser
uma figura inspiradora e apoiadora dos alunos de graduação, por nos
mostrar a beleza da logística, compartilhar seu vasto conhecimento e dar
a oportunidade de termos entidades de capacitação específica. Agradeço
à minha coorientadora Marisa Nilson, por acreditar na proposta desse
trabalho, me encorajar e explorar novas fronteiras de estudo,
compartilhar de seu grande conhecimento técnico, e me acompanhar
durante todo este processo.
Agradeço também ao professor Dimas Ailton Rocha por sua rica
contribuição acadêmica para este trabalho, sendo este o ponto de início
para explorar definições não encontradas na literatura. E além disso,
pela honra em tê-lo como professor desta banca.
Ao Grupo de Estudos Logísticos – GELOG e a todos os membros
integrantes deste, por todo o enriquecimento pessoal e profissional, por
todos os maravilhosos momentos e amizades, e ainda por toda a
motivação que me mantiveram no curso ao qual estou concluindo.
Aos profissionais que colaboraram imensamente com a
elaboração deste trabalho, em especial Cristiano Amorim, Gilvandro
Rufino, Leandro Silveira e Marcia Maria.
Por fim, agradeço a Universidade Federal de Santa Catarina e ao
corpo docente do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas
por prover os meios necessários para a formação em um curso público
bem conceituado, enfrentando todas as adversidades educacionais de
nosso país.
“O único caminho favorável é a coragem.”
(Autor Desconhecido)
RESUMO
A logística empresarial na atual conjuntura econômica dos países figura
como fator de caráter não apenas competitivo, porém vital, estando
presente desde nos diversos ambientes e atividades que se desdobram
em uma empresa na busca de entregar valor ao seu cliente final ao
menor custo possível. Dentre os custos agregados em processos
empresariais, os custos logísticos têm papel representativo,
desdobrando-se em custos administrativos, de armazenagem, de estoque
e de transportes, cada um com diferentes níveis de complexidade e
importância segundo o tipo de negócio e estrutura da empresa. Neste
contexto, a compreensão dos custos atrelados àos insumos, atividades e
a infraestrutura corporativa é necessária para que se aproveite as
oportunidades de ganho de eficiência de custos existentes. Assim
inserido no contexto da armazenagem, este trabalho define o conceito de
Embalagens Logísticas de Enchimento, e a partir destas delimitações
propõe um método genérico estruturado para entendimento da estrutura
de custos, e o levantamento de custos de recursos humanos, utilização
de máquinas, ocupação de espaço físico, aquisição de insumos e
oportunidade associados a estas embalagens. Como forma por a prova a
viabilidade do procedimento proposto, este estudo apresenta por meio
de um estudo de caso, em uma empresa varejista do Brasil, a aplicação
do procedimento e a determinação dos custos reais de cada embalagem
logística de enchimento presente no negócio pelo volume de vazio
preenchido em um pedido. Desta forma o estudo alcança seu objetivo
geral de propor um procedimento de escolha de qual embalagem se deve
utilizar baseando-se em critérios de custos. Conclui-se, portanto, que o
procedimento generalista proposto é apto para aplicação no estudo de
caso desenvolvido, e por meio deste são alcançados os objetivos do
estudo, agregando aos gestores do armazém o conhecimento dos custos
envolvidos nos processos de embalagens logísticas de enchimento, e aos
colaboradores um procedimento a ser seguido de forma a minimizar os
custos de suas decisões quanto à embalagem.
Palavras-chave: Embalagens Logísticas de
Enchimento. Custos Logísticos. Logística Empresarial.
ABSTRACT
The business logistics in the current economic situation of the
countries apears as a character not only competitive, but vital
character, being present from the different environments and
activities that unfold in a company in the quest to deliver value to its
final customer at the lowest possible cost. Among the added costs in
business processes, logistics costs have a representative role,
unfolding in administrative costs, storage, inventory and transport,
each with different levels of complexity and importance according to
the type of business and structure of the company. In this context, the
understanding of costs linked to inputs, activities and corporate
infrastructure is necessary to take advantage of existing cost
efficiency opportunities. Thus, in the context of storage, this work
defines the concept of filling logistics packaging, and from these
delimitations proposes a generic structured method for understanding
the cost structure, and the costing of human resources, use of
machines, occupation of physical space, acquisition of inputs and
opportunity associated with these packages. As a way to test the
viability of the proposed procedure, this study presents, through a
case study, in a Brazilian retailer, the application of the procedure
and the determination of the actual costs of each logistics packaging
of filling in the business by volume filled out in an order. In this way
the study reaches its general objective of proposing a procedure of
choice of which packaging should be used based on cost criteria. It is
concluded, therefore, that the proposed general procedure is apt to be
applied in the case study developed, and through this the objectives
of the study are reached, adding to the managers of the warehouse
the knowledge of the costs involved in the logistics packaging
processes of filling, and for employees a procedure to be followed in
order to minimize the costs of their packaging decisions.
Key Words: Filling Logistics Packaging. Logistics Costs. Business
Logistics.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Enquadramento Metodológico de Pesquisa ........................... 34 Figura 2: Etapas da logística empresarial para uma empresa de varejo. 41 Figura 3: Ciclo de atividades da distribuição física. .............................. 42 Figura 4: Canais Genéricos de Distribuição .......................................... 43 Figura 5: Canal de Distribuição ............................................................ 44 Figura 6: Projeto Típico de Armazém ................................................... 46 Figura 7: Etapas do Modelo de Apuração de Custos ............................ 60 Figura 8: Mapeamento de processos da manta de papelão .................... 68 Figura 9: Mapeamento de processo das almofadas de ar ...................... 70 Figura 10: Mapeamento de processo do plástico bolha ......................... 72 Figura 11: Mapeamento de processo da bucha plástica ........................ 74 Figura 12: Mapeamento de processo dos cubos de isopor .................... 76 Figura 13: mapeamento de processo das aparas de papel ..................... 77 Figura 14: Quadro de identificação dos custos de cada enchimento ..... 79 Figura 15: Priorização de escolha das embalagens logistica de
enchimento segundo critérios de custo. ................................................. 99
LISTA DE TABELAS
Tabela 1:Planilha base de custos logísticos das embalagens de
enchimento. ........................................................................................... 88 Tabela 2:Fatores de conversão de custos base. ..................................... 89 Tabela 3: Planilha comparativa de custos logísticos das embalagens de
enchimento. ........................................................................................... 90 Tabela 4: Representatividade de custo comparativa entre as embalagens
de enchimento para os canais B2B. ....................................................... 98 Tabela 5: Representatividade de custo comparativa entre as embalagens
de enchimento para os canais de e-commerce. ...................................... 98 Tabela 6: Representatividade do custo de enchimento na ROL (Canais
B2B) .................................................................................................... 100
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Custos logísticos em relação ao PIB .................................... 53 Gráfico 2: % dos custos logísticos em relação à receita líquida das
empresas ................................................................................................ 54 Gráfico 3: Composição de custo das aparas de papel. ........................... 92 Gráfico 4: Composição de custo da manta de papelão. ......................... 93 Gráfico 5: Composição de custo da bucha plástica. .............................. 94 Gráfico 6: Composição de custo do plástico bolha. .............................. 95 Gráfico 7: Composição de custo da almofada de ar. ............................. 96 Gráfico 8: Composição de custo dos cubos de isopor. .......................... 97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEPRO Associação brasileira de Engranharia de Produção
ABRE Associação brasileira de Embalagem
B2B Business to business
B2C Business to consumer
CD Centro de distribuição
CSCMP Council of Supply Chain Management Professionals
DRE Demonstração do Resultado do Exercício
FGV Fundação Getúlio Vargas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBRE Instituto Brasileiro de Economia
ILOS Instituto de Logística e Supply Chain
MP Matéria-prima
PA Produto Acabado
PIB Produto Interno Bruto
ROL Receita Operacional Líquida
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
ULMT Unidade Logística Manuseio, Movimentação e
Transporte
MTM Method-Time Measurement
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 27
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................... 27
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ......................................................... 29
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................ 30
1.4 OBJETIVOS ................................................................................... 31
1.4.1 Objetivo geral ............................................................................. 31
1.4.2 Objetivos específicos .................................................................. 31
1.5 METODOLOGIA ........................................................................... 32
1.5.1 Enquadramento metodológico ................................................. 33
1.5.2 Procedimentos metodológicos ................................................... 34
1.6 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA................................................. 36
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................... 38
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................... 39
2.1 LOGÍSTICA .................................................................................... 39
2.1.1 Um breve histórico da Logística ................................................ 39
2.1.2 Distribuição física ....................................................................... 42
2.1.2.1 Varejo ....................................................................................... 44
2.1.2.2 Centro de distribuição - CD ................................................... 45
2.2 EMBALAGEM ............................................................................... 47
2.2.1 Embalagem logística .................................................................. 49
2.2.2 Embalagem logística de enchimento ......................................... 49
2.3 CUSTOS ......................................................................................... 50
2.3.1 Análise gerencial de custos ........................................................ 50
2.3.2 Conceitos de custos ..................................................................... 51
2.3.3 Custos na logística ...................................................................... 52
2.3.3.1 Custo de estoque ........................................................................ 55
2.3.3.2 Custo de armazenagem .............................................................. 55
2.3.3.3 Custo de transporte.................................................................... 56
2.3.3.4 Custo de administração ............................................................. 57
3 PROCEDIMENTO PROPOSTO ................................................... 59
3.1 O PROCEDIMENTO ..................................................................... 59
3.1.1 Levantar os tipos de embalagens logísticas de enchimento
utilizados pela empresa. ...................................................................... 60
3.1.2 Mapear os processos envolvidos para a disponibilização e uso
de cada tipo de embalagem logística de enchimento. ....................... 61
3.1.3 Identificar os pontos geradores de custos na disponibilização e
uso das diferentes embalagens logísticas de enchimento. ................ 61
3.1.4 Estabelecer critérios de rateio e premissas a serem adotadas
para cada tipo embalagem logística de enchimento. ........................ 62
3.1.5 Levantar dados de custos necessários. ..................................... 63
3.1.6 Realizar o rateio e normalização para comparação dos custos.
.............................................................................................................. 63
3.2 ESTUDO DE CASO ....................................................................... 64
3.2.1 Levantamento dos Tipos de Embalagem Logística de
Enchimento .......................................................................................... 65
3.2.2 Mapeamento dos processos ....................................................... 66
3.2.2.1 Manta de papelão ...................................................................... 66
3.2.2.2 Almofadas de ar ........................................................................ 69
3.2.2.3 Plástico bolha ............................................................................ 71
3.2.2.4 Bucha plástica ........................................................................... 72
3.2.2.5 Cubos de isopor ......................................................................... 74
3.2.2.6 Aparas de Papel ......................................................................... 76
3.2.3 Identificação de pontos geradores de custos logísticos............ 78
3.2.4 Estabelecimento dos métodos de rateio e premissas a serem
adotadas ............................................................................................... 79
3.2.5 Levantamento dos dados junto à empresa ............................... 83
3.2.6 Realização de rateio e normalização para comparação de
custos .................................................................................................... 84
3.2.7 Discussão de resultados .............................................................. 91
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 101
5 REFERÊNCIAS ............................................................................. 103
27
1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo será feita uma abordagem inicial com o objetivo
de apresentar o leitor ao tema, o problema e a justificativa para a
realização da pesquisa. Em sequência, são apresentados os objetivos
geral e específicos, a metodologia adotada e a descrição da estrutura
geral do trabalho.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A logística como ciência atrelada à administração tangencia
diversas áreas de conhecimento e atividades empresariais. Bowersox &
Closs (2001) afirma que a logística envolve a integração de
informações, além de diferentes áreas como transportes, estoque,
armazenagem, todos estes em suas mais diferentes tarefas e
informações.
Segundo Ballou (2006, p.17): “a logística empresarial estuda
como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos
serviços de distribuição aos clientes e consumidores”.
Ainda segundo Ballou (2006) a logística manifesta-se criando
valor aos produtos em termos de tempo e lugar. Este conceito pode ser
entendido dado que se não há disponibilidade do produto certo, na
quantidade certa, na condição correta, no local certo, ao preço certo,
para o cliente certo e no tempo adequado, o valor percebido pelo
consumidor é afetado, ou mesmo inexistente. Logo, estas características
tornam-se barreiras, ou mesmo podem vir a impedir o consumo de um
produto ou serviço pelo cliente final. Visto isso é perceptível que
logística possui certo nível de complexidade em seu fluxo de
informações e movimentações de materiais, sejam elas de suprimento,
interna, ou de distribuição.
Para Rodríguez et al. (2015) o vigente modelo econômico
consiste essencialmente na relação de oferta e demanda em uma vasta
gama de perfis, sendo que esta dinâmica de necessidade e
disponibilização de bens acontece por meio de canais de distribuição.
Neste contexto insere-se o varejo, como elo final de uma cadeia
de distribuição.
28
Dentro dos canais de distribuição do varejo, sejam eles lojas
físicas, lojas virtuais, multicanais ou Omnichannel, existem diversos
elementos do sistema que contribuem para que os objetivos da logística
sejam alcançados, e nestes a embalagem é parte componente.
A Associação brasileira de Embalagem - ABRE ainda afirma que
em um contexto global as embalagens movimentam mais de R$500
bilhões, e representam dentre 1% a 2,5% do PIB de cada país.
Segundo Hellstrom (2007) o varejo é um dos maiores
consumidores dos diferentes tipos de embalagem existentes, visto que
na Suécia, por exemplo, são utilizadas mais de cem milhões de
embalagens anualmente.
Ainda o estudo macroeconômico da indústria brasileira de
embalagens, realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia – IBRE em
união com a Fundação Getúlio Vargas – FGV, previu em seu último
relatório um valor bruto de produção de embalagens de R$70,4 bilhões
em 2017, representando um crescimento de 3,5% sobre os R$68 bilhões
em 2016.
Para Moura e Banzato (1997) a embalagem é parte essencial da
distribuição, pois tanto seu projeto quanto seu uso, têm implicações
sobre as diferenciadas funções as quais vêm a cumprir, como produção,
marketing, qualidade e os custos do sistema em geral.
Bowersox e Closs (2001) explicam que a embalagem, do ponto
de vista do marketing e da qualidade, deve atender às diversas
expectativas ligadas ao consumo, como ter apelo comercial, ser
conveniente para a experiência do consumidor, ter boa acomodação para
exposição no espaço do varejista e também cumprir satisfatoriamente a
função de proteção ao produto.
Ainda de acordo com Bowersox e Closs (2001) a embalagem
deve atribuir eficiência a todos os processos aos quais atravessa, dando
ênfase à produção e a logística. Características de padronização,
unitização, peso e facilidade de manuseio vão impactar diretamente as
atividades, conferindo-lhes maiores facilidades de execução, desde a
indústria, até a distribuição.
Rocha (2016) complementa a visão de embalagens introduzindo o
conceito de embalagens logísticas, afirma que qualquer embalagem
pode ser agregada a outras, com a finalidade de colaborar para o
29
cumprimento da missão logística, tornando-se assim uma unidade
logística manuseio, movimentação e transporte – ULMT.
A partir da definição de embalagem logística, aprofundou-se o
conceito à parte componente deste sistema cujo objetivo é preencher
espaços vazios em embalagens secundárias ou terceárias. Define-se
então o conceito de embalagens logísticas de enchimento, aprofundada a
diante neste trabalho vista a lacuna na literatura.
Moura e Banzato (1997) afirmam que uma vez que a distribuição
segue leis econômicas, e que a embalagem figura como parte
componente do produto no canal de distribuição, a embalagem
desempenha função econômica, sendo assim as considerações de custo
são as mais relevantes em relação a esta. Portanto para ter a noção
completa da importância das embalagens nos processos logísticos, e as
competências e objetivos das mesmas, faz-se essencial ter uma
dimensão econômica do impacto das embalagens em um negócio.
Desta forma, todo profissional que lida com embalagens deve
possuir conhecimento acerca dos elementos que compõem seu custo,
para que sejam feitas estimativas de custo com qualidade e visando
eficiência (MOURA; BANZATO, 1997).
Com base nessa perspectiva, o presente trabalho refere-se a um
estudo sobre custos de embalagens logísticas, especificamente
embalagens logísticas de enchimento. Para abordar o tema e melhor
contextualizar a problemática utilizou-se o cenário de uma empresa do
varejo de produtos presenteáveis que atua em todo o Brasil e possui um
Centro de Distribuição – CD, localizado no sul do país. O estudo
procura determinar os custos relacionados às embalagens logísticas de
enchimento, pelo método de levantamento e alocação de custos
proposto, apoia-se na literatura acadêmica e na contribuição da empresa
com o fornecimento de dados necessários para o trabalho.
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA
Pahl e Beitz (1996) afirmam que os problemas de engenharia
possuem três pilares básicos: O estado inicial indesejável, ou seja, um
cenário no qual não se deseja permanecer; um estado final desejável,
30
situação almejada; e um obstáculo a ser ultrapassado que figura como
impecílio na transição da situação inicial à final.
Desta forma Novaes (2001) defende que geralmente não há um
caminho simples, retilíneo ou método totalmente pronto para superarem-
se os obstáculos no caminho da situação desejada, há que se tomar
caminhos sinuosos, que tendem ao cenário desejado, sem nunca alcança-
lo de fato. Assim buscam-se alternativas aplicáveis de forma a se obter o
maior avanço possível com o menor uso de recursos.
Visto que as situações reais que acontecem no mundo empresarial
não correspondem à realidade de aplicação de métodos, que muitas
vezes são restritos a situações específicas, Rodriguez et al. (2014)
declara que a logística enfrenta grande dificuldade de alocar seus custos
por meio da aplicação de métodos tradicionais, que estes métodos em
geral organizam-se departamentalmente, enquanto a logística é
organizada funcionalmente.
Dada a dificuldade de alocação de custos, e consequentemente a
desatenção quanto a mensuração dos mesmos, muitas empresas deixam
de controlar alguns custos que podem ter impactos significativos na
eficiência operacional e/ou financeira do negócio.
É neste contexto indesejável de ausência de mensuração de custos
associados às embalagens de enchimento utilizadas em empresas de
varejo, que se desenha o problema de pesquisa do presente trabalho, a
saber:
“Como estabelecer o melhor procedimento para uso das
embalagens logísticas de enchimento observados critérios de custo?”
1.3 JUSTIFICATIVA
A presente pesquisa motivou-se pela falta de observações sobre
estudos referentes aos custos logísticos nas empresas, considerado
especialmente a questão de embalagens e seu uso na distribuição de
cadeias varejistas.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, em 2015 o comércio varejista contribuiu em
aproximadamente 11,6% para a formação do PIB brasileiro, o que
evidencia a relevância do ambiente de estudo, e onde é possível se obter
31
ganhos de eficiência por meio do controle de custos de embalagens
como insumo de logística.
Portanto, considerada a importância do setor varejista no contexto
econômico nacional, a ausência de um método de custeio adequado e a
lacuna de pesquisa encontrada na literatura acerca da definição de
embalagens logísticas de enchimento, se tem motivação para neste
trabalho abordar a temática de escolha de embalagens logísticas de
enchimento por meio da observação de critérios de custos.
A área de pesquisa deste trabalho enquadra-se, segundo a
classificação da Associação Brasileira de Engranharia de Produção –
ABEPRO, na grande área de Logítica Empresarial e também Engenharia
Econômica, mais especificamente em Gestão de Custos.
1.4 OBJETIVOS
Para atender ao questionamento exposto acerca do tema,
desenhou-se um objetivo geral a ser alcançado como resultado do
trabalho, e como meio de alcaçá-lo desenvolveram-se outros três
objetivos específicos.
1.4.1 Objetivo geral
Propor um procedimento para a escolha de embalagem logística
de enchimento.
1.4.2 Objetivos específicos
I. Mapear o processo de preparação ou produção, disponibilização e
uso de diferentes embalagens logísticas de enchimento em uma empresa
de varejo.
II. Levantar os custos associados a cada tipo de embalagem de
enchimento em cada uma das etapas mapeadas.
32
III. Comparar os resultados quanto ao custo e processo para cada um
dos tipos de embalagem de enchimento.
1.5 METODOLOGIA
Para Andrade (2005) todo o trabalho de pesquisa compreende um
conjunto de procedimentos sistemáticos que têm o objetivo de encontrar
soluções para problemas observados por meio de metodologia de
pesquisa adequada.
Para Yin (2001) existem evidências alocadas no problema de
investigação que demonstram qual o tipo de pesquisa se deve adotar.
Quando a questão central do trabalho apresenta perguntas do tipo “o
que?”, pode-se aferir caráter exploratório ao estudo, enquanto quando se
apresentam questões do tipo “como?”, tem-se características
explanatórias. Sendo que pesquisas exploratórias lidam com eventos
contínuos e necessitam da aplicação no tempo, não como evento que se
repete periodicamente ou com incidência aleatória e instantânea. Neste
caso o autor afirma que o estudo de caso é a metodologia de pesquisa
mais comumente adotada.
Visto isso o presente trabalho apoia-se na metodologia de estudo
de caso. Segundo Miguel (2012) o estudo de caso é um estudo de caráter
empírico, que investiga de forma aprofundada, sob a perpectiva de um
ou mais objetos, um evento dentro de um contexto real e atual.
Segundo Mattar (1996) o estudo de caso tem por objetivo
aprofundar o conhecimento sobre um problema ainda não
satisfatoriamente compreendido, visando assim sugerir novas hipóteses
e questões, desenvolvendo a teoria.
Os aspectos metodológicos deste estudo serão abordados em duas
partes, primeiramente a classificação metodológica do trabalho, e então
são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para
coleta, tratamento e análise de dados.
33
1.5.1 Enquadramento metodológico
Este trabalho enquadra-se metodologicamente em sua natureza
como sendo teórico e empírico. Segundo Parra Filho e Santos (2000) as
pesquisas classificadas como teóricas devem colaborar para o avanço do
conhecimento teórico acerca do tema abordado. Já Miguel (2012)
ressalta que a pesquisa empírica descritiva deve elaborar um modelo
descritivo sobre situações reais, com o objetivo de melhorar a
compreensão dos processos concretos.
Quanto à natureza dos dados o presente trabalho contou com a
contribuição de uma empresa para a elaboração do estudo de caso,
concedendo à pesquisa os dados necessários, este fato configura uma
origem primária. Já a busca bibliográfica que apoia este trabalho traz
consigo dados secundários que serão utilizados.
O objetivo deste trabalho pode ser compreendido como
descritivo-exploratório. Em um primeiro momento é feito uma pesquisa
de referenciação acerca das teorias já estudadas sobre o tema, sendo
assim atribuido o caráter descritivo. O viés exploratório apresenta-se
segundo Beuren (2003) uma vez que a área estudada apresenta lacunas
de conhecimento sobre a temática específica a ser abordada.
Segundo Hayati et al. (2006) a combinação das abordagens
qualitativas e quantitativas, colabora para que estas complementem-se e
minimizem a subjetividade, aproximando o pesquisador do objeto de
estudo, desta forma proporciona ao estudo e seus dados uma maior
confiabilidade.
Portanto a característica qualitativa deste trabalho advinda da
subjetividade da metodologia e preenchimento de lacunas pelo autor é
complementada pelo viés quantitativo da abordagem de custos. Nilson
(2014) afirma que os métodos qualitativo e quantitativo não podem ser
plenamente dissociados, mas o primeiro se diferencia do segundo por
não apresentar instrumental estatístico ou matemático.
Neste estudo, para coletar e mapear literaturas acadêmicas já
publicadas sobre o tema, fez-se uso de um instrumento de intervenção, o
que permite a aplicação de um método de pesquisa científica, o
instrumento utilizado foi o ProKnow-C. Os procedimentos do mesmo
serão explanados na sessão a seguir.
A Figura 1 apresenta um resumo do enquadramento
metodológico do presente trabalho.
34
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
1.5.2 Procedimentos metodológicos
Segundo Gil (2002) o levantamento bibliográfico tem o objetivo
de permitir o pesquisador alcançar uma ampla gama de literatura já
consolidada. Sendo assim, adotou-se a metodologia Knowledge
Figura 1: Enquadramento Metodológico de Pesquisa
35
Development Process – Constructivist – ProKnow-C, para realizar um
levantamento acerca do tema.
Afonso et al. (2011) expõe que a metodologia ProKnow-C é
constituída por 4 etapas, primeiro a seleção do portifólio de revisão
bibliográfico, segundo a análise sistêmica do portifólio bibliográfico, em
sequência a análise bibliométrica do portifólio e por fim a elaboração
dos objetivos de pesquisa. Neste trabalho foram utilizadas apenas as 3
primeiras fases do método.
Para Ensslin et al. (2010) a metodologia ProKnow-C permite que
se sintetize um portifólio mais relevante perante o tema de pesquisa,
buscando manter apenas os documentos de alta afinidade com o tema.
O ProKnow-C foi elaborado segundo as seguintes etapas: 1)
definição dos eixos de pesquisa, onde definiu-se dois eixos de busca, o
primeiro referente ao termo “embalagem logística”, e o segundo sobre
embalagens e custos na logística. A opção de abordar no segundo eixo
todo o universo de literatura sobre embalagens surgiu com o intuito de
buscar trabalhos que também explorassem custos logísticos relacionados
a embalagens.
Os eixos definidos foram respectivamente:
“Logistics Packaging” OR “Logistic Packaging”
“Logistics” AND “Costs” AND “Packaging”
Tendo definidos os eixos de pesquisa, estes foram testados na
base unificada do Portal de Periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, com o
objetivo de identificar a relevância das palavras chave, e também
evidenciar em quais bases científicas encontram-se a maioria dos
documentos sobre o assunto.
Por meio do teste feito, as bases escolhidas para pesquisa foram:
Scopus, Web of Science, Proquest, Emerald e Gale, onde foram
exploradas as buscas em títulos ou resumos ou palavras chave, para cada
um dos dois eixos apresentados.
Neste trabalho optou-se por não considerar o cruzamento dos
eixos como um único eixo de pesquisa, uma vez que após realizar o
teste no Portal de Periódicos da CAPES, não se obteve retornos
consideráveis em número satisfatórios.
36
Como resultado das pesquisas com os dois eixos, foi obtido um
portifólio inicial de 7526 artigos, sendo 6765 para o primeiro eixo, e 761
para o segundo, sobre os quais aplicaram-se as etapas da metodologia de
seleção bibliografica citada anteriormente. Primeiro foi feita a filtragem
de arquivos duplicados, reduzindo o primeiro eixo a 5839 títulos e o
segundo a 664. Em seguida o foram filtrados apenas os documentos do
tipo artigo científico, o que resultou em 3307 e 406 artigos
respectivamente.
Já na próxima etapa foi feita a leitura dos títulos dos 3713
artigos, levando então a um novo portifólio de para o primeiro e
segundo eixos de respectivamente 31 para o primeiro eixo e 46 artigos
para o segundo. Por fim a última etapa de filtragem foi a leitura dos
resumos dos artigos, que resultou e um portifólio para leitura na integra
de 22 e 25 repectivamente. Dos quais teve-se acesso a 8 artigos na
integra para o primeiro eixo e 8 para o segundo.
Feito isso, teve início a análise bibliométrica do portifólio por
meio da leitura na íntegra dos 16 documentos encontrados, o objetivo
foi identificar a aderência e o nível de desenvolvimento científico já
estudado sobre o tema a ser abordado neste trabalho.
1.6 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA
Este estudo possui como objetivo principal o desenvolviemtno de
um procedimento para escolha de embalagens logísticas de enchimento
considerados os custos envolvidos. Para tanto, utilizou-se a metodologia
de estudo de caso que teve como objeto o Centro de Distribuição – CD
de uma empresa de varejo, local onde diariamente se recebem cargas em
containeres com elevado sortimento de produtos, e com cerca de 80% de
sua capacidade utilizada.
Além disso, foi observada a cadeia de distribuição desta entidade
que fatura por dia em torno de R$400.000,00 (quatrocentos mil reais),
sendo este faturamento oriundo da venda de produtos altamente
diversificados. A empresa atende 3 canais diferentes de venda, o varejo
e-commerce, a venda business to business – B2B multimarcas e o
atendimento à rede de franquias, também B2B.
De acordo com os números apresentados é possível ter a
dimensão do volume de embalagens envolvidas no sistema do CD
diariamente, e do quão presente é o impacto das mesmas, considerado
que estão presentes em todas as etapas executadas dentro do armazém:
37
recebimento, inspeção de qualidade, estocagem, picking, composição de
pedido e expedição.
Vista a amplitude e a profundidade que o estudo de custos do
sistema de embalagem pode tomar, faz-se necessário delimitar o escopo
do trabalho, de forma a não desvirtuar-se dos objetivos anteriormente
definidos.
Portanto este trabalho se foca nos custos atrelados às embalagens
de enchimento e seus processos relacionados, sendo assim não são
levados em conta custos de outros elementos, como os produtos ou
mesmo embalagens que não sejam de enchimento.
Dentre os custos levantados buscou-se garantir o melhor nível
possível de isolamento de custos, o intuito foi realizar uma análise
isolada apenas dos custos de embalagens de enchimento. Apesar disso
em alguns casos não é possível desvencilhar totalmente as informações
fornecidas pela empresa e nestes casos simplificações serão adotadas e
explicadas no decorrer do estudo.
Não serão contemplados neste trabalho os impactos da
embalagem no custo de frete de mercadorias para o cliente e-commerce,
tão pouco mensurar o impacto sobre o frete no canal B2B para o
mercado multimarcas ou B2B destinado a atender as franquias, pois
estes possuem contrato de frete cubado, onde atualmente a redução de
peso por meio de escolha da embalagem de enchimento não confere
economia à empresa.
Além disso, não foram considerados na composição e alocação de
custos de mão de obra questões como absenteísmo de colaboradores, ou
questões ambientais que confiram variação de eficiência pelos mesmos.
Portanto, são adotados valores médios experimentais coletados na
empresa por meio de dados de um período de exercício completo, ou
dados fornecidos diretamente pela empresa.
Além dos dados coletados diretamente na empresa referentes à
demanda anual dos enchimentos, despesas operacionais do armazém e
custo de mão de obra, foram adotados dados de custos de equipamentos
pesquisados na internet. Fato que se fez necessário uma vez que a
empresa não possuía estes valores e, que os valores informados estariam
desatualizados e não se obteve retorno dos fornecedores.
38
Este estudo não visa aprofundar a visão de custos no que se refere
ao valor do dinheiro no tempo devido à inflação, ou mesmo as
diferenças de saídas de caixa na empresa em função da sazonalidade de
faturamento, e consequentemente de volume expedido ou consumo de
enchimentos.
Os resultados obtidos com o custeio proposto e aplicado ao
estudo de caso são válidos para o cenário atual da empresa, visto que
alterações incorridas por variáveis presentes no custeio impactam
diretamente o custo final por volume de vazio preenchido proposto.
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho estrutura-se em 5 capítulos. O Primeiro capítulo
destina-se a introdução, onde contextualiza-se o problema de uma escala
macroscópica da visão científica de enganharia, afunilando-se para o
objeto central que oriente as observações deste estudo, a embalagem
logística de enchimento. Além disso, ainda no primeiro capítulo, são
apresentados a justificativa, demonstrando a relevência do estudo, e
também os objetivos geral e específicos por meio dos quais pretende-se
conduzir à conclusão do estudo, a metologia e as limitações do trabalho.
O segundo capítulo deste trabalho é destinado à apresentação do
conteúdo teórico de embasamento deste estudo. Este foi construído com
base em uma pesquisa acadêmica utilizando a metodologia proknow c
para construção do referencial teórico.
O terceiro capítulo se dedica à proposição de um procedimento de
levantamento de dados e alocação de custos para embalagens logísticas
de enchimento, no mesmo capitulo desenvolve-se um estudo de caso
como meio de aplicação do procedimento. Ao final deste capítulo são
discutidos os resultados analisando a aplicação do procedimento e o
resultado do estudo de caso.
No quarto capítulo são feitos os pareceres conclusivos finais
relativos aos objetivos gerais e específicos deste estudo.
39
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo é dedicado à apresentação do referencial teórico que
aborda temas pertinentes a pesquisa. A explanação parte da logística e
especifíca a distribuição física como cenário em que se insere o presente
estudo, em seguida é apresentado o elemento central de observação: a
embalagem. Para tanto busca-se definir embalagem logística de
enchimento. Uma vez entendidos estes conceitos, então o foco é
direcionado aos custos logísticos.
2.1 LOGÍSTICA
2.1.1 Um breve histórico da Logística
O surgimento de um conceito ou ideia, bem como o local de sua
origem, muitas vezes pode ser entendido por meio da observação da
origem etimológica das expressões que as definem. Alves (2000) e Colli
(2001) observam que o termo “logístico”, de origem francesa, carrega os
significados de prover, alojar ou introduzir.
De acordo com Ballou (2006) desde os tempos primordiais as
mercadorias muitas vezes eram produzidas em locais distantes dos
pontos de consumo ou disponibilizadas com sazonalidade, por exemplo,
produtos derivados de colheita. Moura (2006) explica que a origem da
logística vem da antiguidade, uma vez que suas práticas eram adotadas
desde o império romano. Tacla (2003) afirma que a evolução do
conceito da logística teve o ápice de sua evolução no período em que
ocorreu a Segunda Guerra Mundial.
Moura (2006) expõe que neste cenário pós Segunda Guerra
Mundial, o dinamismo econômico, em especial na Europa, foi altamente
suportado pelo conhecimento militar, visto que historiadores afirmam
que os países vencedores possuíam capacidade logística superior aos
demais.
É neste contexto que de acordo com Bowersox e Closs (2001), ao
final dos anos 50 a logística empresarial começa a ganhar sentido formal
e com uma base teórica reconhecida, antes disso existia uma
manifestação coloquial de suas funcionalidades. Logística empresarial
40
Ballou (2006) expõe que a novidade na logística empresarial é a
prática integrada de gestão entre áreas tradicionais como finanças,
marketing e produção, e do conceito de que a logística agrega valores
essenciais à satisfação do cliente quanto aos produtos e serviços
ofertados.
Fleury (2000) diz que desde 1990 o Brasil passou por um
processo de mudanças significativas quanto a suas praticas empresariais,
eficiência, qualidade e disponibilidade de infraestrutura de transportes e
comunicações, e que por meio destas a logística moderna se insere em
um cenário de grande competitividade.
A competitividade agregada pela logística às empresas pode ser
melhor ilustrada pelo conceito dos 7 C’s. Moller (1994) explica o
conceito como sendo o objetivo da logística em assegurar a
disponibilidade do produto certo, na condição certa, na quantidade
correta, no lugar e momento certo, e para o cliente certo ao custo certo.
A fim de tornar mais evidente o entendimento do conceito de
gerenciamento da logística empresarial, apresenta-se a definição
segundo o proposto pelo Council of Cupply Chain Management
Professionals (CSCMP):
Logística é a parcela do processo da cadeia de
suprimentos que planeja, implanta e controla de
forma eficiente e eficaz, o fluxo de matérias
primas do estoque em processo, produtos
acabados e informações relacionadas, desde seu
ponto de origem até o ponto de consumo, com o
propósito de atender aos requisitos dos
clientes/consumidores.
Para Novaes (2001) a rede logística é denominada pelos pontos
de origem e destino das mercadorias em uma cadeia, bem como seus
fluxos e todos os apectos que colaborem para a visualização do sistema
logístico em toda sua extensão.
A Figura 2 apresenta um esquema generalista quanto às etapas da
logística empresarial para uma empresa de varejo.
41
Fonte: Adaptado de Rodriguez et al. (2015).
Mattar (2011) explica que o sistema de suprimentos é composto
por três partes essenciais: aquisição de mercadorias, emissão de pedidos
e manipulação de mercadorias.
Bowersox e Closs (2001) afirmam que o apoio à manufatura
contempla o planejamento e a execução de atividades de armazenagem,
inclusive as ocorridas entre operações de produção e a distribuição
física.
Neste trabalho a fase do apoio à manufatura será abordada como
logística interna para o caso de empresas comerciais, ou seja, que não
exercem produção.
Rodriguez et al. (2015) definem que a distribuição física trata da
movimentação de bens destinadas à entrega aos clientes. Bowersox e
Closs (2001) complementam que as operações relacionadas à
distribuição física abrangem o processamento de pedido e a entrega de
mercadorias.
A Figura 3 demonstra de forma resumida as atividades básicas da
distribuição física.
Figura 2: Etapas da logística empresarial para uma empresa de varejo.
42
Fonte: Adaptado de Bowersox e Closs (2001).
É no contexto da distribuição física que se insere o presente
estudo, considerado que as embalagens logísticas de enchimento
encontram-se nas atividades que se desencadeiam a partir do pedido do
cliente em sistemas puxados.
.
2.1.2 Distribuição física
Segundo Moura (1997) nos anos 50 as empresas focalizavam sua
estratégia em conquistar incremento de vendas por meio do marketing, e
melhorar a qualidade e custo de seus produtos por meio da produção,
sendo estes dois espectos tratados separadamente.
Ainda Moura (1997) expõe no início da década de 1960 as
empresas passaram a almejar a integração de diferentes funções em um
só ponto, entre elas: armazenagem de produtos acabados, transporte a
centros regionais, armazenagem regional, distribuição aos clientes e
todas as trefas operacionais e administrativas intrínsecas destas funções.
Surge então o conceito de Distribuição Física, que visa melhorar o nível
de serviço, reduzir custos de transporte, armazenagem e distribuição.
Figura 3: Ciclo de atividades da distribuição física.
43
A Figura 4 introduz os canais de fluxo existentes entre o
suprimento e a distribuição física.
Fonte: Bowersox e Closs (2001).
Para possibilitar ainda um melhor entendimento da rede de
distribuição física, Novaes (2001) define que os pontos de partida são
definidos pelas fábricas e depósitos próprios, ou de terceiros, de onde o
produto acabado parte em direção ao cliente.
Tendo compreendido-se a definição da distribuição física e as
atividades desempenhadas por essa, bem como a conjuntura da cadeia
de distribuição, faz-se completo o insumo para abordar os atores desta
cadeia, dentre eles o varejo e o centro de distribuição, quando existente
na rede.
Figura 4: Canais Genéricos de Distribuição
44
2.1.2.1 Varejo
Como apresentado na introdução deste trabalho Rodriguez et al.
(2015) definem o varejo como o importante elo final da cadeia de
distribuição. Para Mattar (2011) o varejo manifesta-se como qualquer
atividade comercial de negócio de bens ao consumidor final, este estágio
representa a última etapa agregadora de valor presente nos canais de
distribuição.
A Figura 5 demonstra as principais entidades alocadas em cada
etapa do canal de distribuição.
Fonte: Rodriguez et al. (2015).
Angelo e Silveira (1997) ainda complementam que o varejo é
parte vital ao marketing de bens e consumos, por este ser o responsável
por levar o produto ao consumidor final. Para o fabricante os varejistas
podem figurar como uma opção de canal de distribuição, junto aos
atacadistas ou a distribuição direta. Sob a perspectiva do fabricante, este
figura como um intermediário, uma ponte entre a produção e o
consumidor.
Stanton e Walker (2007) definem que o varejo compreende todas
as atividades fim dos ofertantes perante o consumidor, ou seja, todas as
atividades diretamente ligadas à venda de mercadoria ou prestação de
serviços ao consumidor final, sendo o objetivo deste o consumo de uso
pessoal e não com fins comerciais.
Observado o ambiente de varejo em uma escala reduzida,
Rodriguez et al. (2015) define que o sistema de suprimentos do varejo é
concretizado por três atividades base: a compra de mercadorias, sendo
Figura 5: Canal de Distribuição
45
esta guiada pela gestão de estoques, nível de serviço e previsão de
demanda do varejista; a emissão de pedidos ao fornecedor, ou no caso
deste estudo o fornecedor franqueador; e a manipulação de mercadorias,
sendo contemplados nesta parte atividades de armazenagem e exposição
para venda.
Quando observada neste estudo a atividade de colocação de
pedido pelo varejista ao fornecedor franqueador, esta desencadeia uma
série de atividades logísticas de alta semelhança e na mesma cadeia de
suprimentos, porém agora à montante do canal de suprimentos do
varejista, onde se encontra o centro de distribuição da empresa foco do
estudo.
2.1.2.2 Centro de distribuição - CD
Para este trabalho a abordagem dos CDs se torna relevante visto
que o cenário onde desenrola-se a pesquisa está contido no interior do
centro de distribuição de uma empresa.
Para Rodrigues e Pizzolato (2003) o CD pode ser compreendido
por uma configuração regional de armazém que recebe cargas
consolidadas de diversos fornecedores. As cargas recebidas além de
serem fracionadas e ressortidas para a distribuição ao varejo, podem
permanecer estocadas no CD.
Calazans (2001) aponta que as atividades básicas de um CD são o
recebimento, a movimentação de mercadoria, a separação e expedição
de pedidos. Além destas atividades básicas de armazenagem as
empresas podem internalizar em seus CDs outras atividades não citadas,
como por exemplo, processos de auditoria de qualidade em lotes
recebidos.
A Figura 6 demonstra o projeto genérico de um armazém, onde se
pode observar a presença da área de embalagem.
46
Fonte: Bowersox e Closs (2001).
É possível apontar vantagens significativas da adoção deste tipo
de estrutura na cadeia de suprimentos. Bowersox & Closs (2001)
apontam que o sistema permite a agregação de valor ao produto por
meio da postergação de etapas produtivas, além disso também agrega-se
a possibilidade de diferentes operações que podem ser realizadas neste
ambiente, como é o caso da consolidação, crossdocking, break bulk e
mesmo os estoques, que possibilitam regular redes varejistas ou
acumular produtos para picos de demanda.
Pizzolato e Pinho (2003) complementam outra vantagem inerente
da adoção de centros de distribuição como sendo o ganho de qualidade
de relacionamento com o cliente uma vez que geralmente o sistema
permite os clientes serem atendidos mais rapidamente e com maior
frequência.
Figura 6: Projeto Típico de Armazém
47
2.2 EMBALAGEM
Quando se aborda a temática de distribuição física na cadeia de
suprimentos, uma das ferramentas básicas e presentes em cada etapa de
processamento contida neste sistema, nos mais diversos setores e dos
mais diversos tipos de produtos, é a embalagem.
A embalagem pode ser entendida sob perspectivas diferentes,
podendo, desta forma, atender a diferentes necessidades atraladas a
utilização da mesma.
Para Moura e Banzato (1997) a definição ampla de embalagem
pode possuir diferentes perspectivas, se visto pelo âmbito do marktging
a embalagem pode ser entendida como instrumento físico de
apresentação do produto, a fim de gerar vendas. Sob a ótica da
distribuição física é um meio de proteção física, estocagem e transporte
do produto.
Os autores afirmam que embalagem pode ser definida como o
sistema integrado de materiais empregados com o objetivo de levar o
produto ao consumidor final por meio do canal de distribuição,
envolvendo, contendo e protegendo o mesmo durante a movimentação,
transporte, armazenagem e comercialização.
Estabelecidas diferentes visões e definições para o conceito de
embalagem, se faz possível apresentar algumas funções atreladas ao seu
uso.
Lockamy III (1995) exalta seis funções primárias que devem ser
cumpridas por meio de atributos das embalagens, são elas: contenção,
no sentido de servir de contenedor ao produto ou componentes;
proteção; fracionamento; unitização; conveniência, no sentido de
facilitação de uso do produto; e comunicação.
A função de contenção de um produto pode ser entendida como
sendo a capacidade de manter unidas diferentes partes componentes de
um mesmo produto, ou mesmo produtos que contenham acessórios,
componentes de uma embalagem de venda final. Esta mesma função
está atrelada à de proteção, uma vez que deve ser conferida por meio da
mesma estrutura.
As funções de unitização e fracionamento podem estar contidas
em um mesmo sistema de embalagem, ambas com funções diferentes e
48
opostas, uma busca confinar em um único epaço mais de um produto, e
a outra fracionar conjuntos.
A conveniência refere-se a capacidade de uma embalagem
exercer influência como facilitadora da utilização de um produto, ou
seja, a embalagem é componente ativo na interação do cliente final com
o produto, pode-se citar, por exemplo, o uso de embalagens de produtos
alimentícios para a preparação dos mesmos.
Comunicação é um atributo essencial da embalagem na medida
em que vem atender necessidades de identificação na logística, além de
atribuir ao produto características de venda desejadas pelo marketing,
agregando atratividade de venda ao produto.
Enaltecidas cada uma das atribuições que podem ser associadas
ao conceito de embalagem, faz-se possível apresentar as diferentes
classificações designadas a elas, para melhor entendê-las. Carvalho
(2008) divide as embalagens em quatro diferentes classes.
A embalagem primária é a parte do sistema de embalagem que
atingirá o destino final do produto, ela geralmente envolve diretamente
este, e carrega consigo informações sobre o produto, além de cumprir
funções comerciais e de marketing. Exemplo: pacotes que envolvem
alimentos a granel, como arroz ou feijão.
A Embalagem secundária trata-se de uma embalagem que visa
principalmente proteger e unitizar embalagens primárias, por exemplo,
caixas de cerveja.
Embalagem terciária (ou de transporte) é a classificação que
refere-se à caixas destinadas a conter embalagens primárias ou
secundárias que contenham primárias, desta vez as funções essenciais
são a unitização eficiente para distribuição e transporte, exposição de
informações comerciais e proteção. Geralmente não contempla funções
de marketing.
As embalagens quaternárias são uma evolução no volume de
unitização a partir da embalagem de transporte, um bom exemplo é o
pallet.
49
2.2.1 Embalagem logística
Todas as atribuições amplas de embalagens vêm apoiar a visão
específica a qual desejamos atingir para direcionar o foco deste estudo.
Assim o conceito de embalagem logística dará um direcionamento
específico aos atributos que devem ser considerados quando observamos
os objetos deste trabalho.
O conceito de embalagem logística elaborado por Rocha (2016,
p.208) é apresentado como:
Embalagem Logística é a unidade composta pelas
diversas embalagens e outros elementos, com
funções de fixação, informação, sustentação,
proteção e segurança durante o manuseio,
movimentação, transporte e estocagem do produto
na sua embalagem de envase ao longo da cadeia
de suprimentos, racionalizando o cumprimento da
missão da logística.
A partir de agora este trabalho foca-se dentro do universo amplo
de embalagens nas atribuições relacionadas exclusivamente à logística.
2.2.2 Embalagem logística de enchimento
Em vias de apresentar-se uma definição anteriormente
consolidada na literatura, foi feita uma revisão bibliográfica sistemática
apoiada pela metodologia ProKnow-C tal como foi descrito na
metodologia deste trabalho.
Mesmo após os processos de filtragem e análise bibliométrica,
dos 7625 títulos inicialmente levantados, não foi encontrada uma
definição explícita que aborde as embalagens logísticas de enchimento,
tão pouco um estudo sobre custos em que essas embalagens sejam o
objeto central da pesquisa.
Negrão e Camargo (2008) observam que a embalagem é em sí
um sistema, e não apenas um componente, que visa atender às
necessidades da logística e do marketing por meio de suas
funcionalidades básicas, apresentadas anteriormente neste trabalho.
Sendo assim pode-se compreender que outros elementos do sistema de
50
embalagem vêm a conferir ou complementar os requisitos básicos, como
por exemplo, o de proteção e contenção.
Tal como apresentado o conceito de embalagens logísticas
definido por Rocha (2016), e considerada a lacuna de definições acerca
das embalagens logísticas de enchimento verificada na literatura, é
possível expandir esta visão para possibilitar o entendimento do
conceito de embalagem logística de enchimento. Portanto, apresenta-se
a seguir uma definição que fornece o entendimento necessário para o
presente estudo.
Embalagem logística de enchimento é a parte do material
empregado no sistema de embalamento com a função de preencher
vazios no interior de embalagens secundárias ou terceárias. Este
material visa cumprir a missão logística de garantir que os produtos
contidos no sistema não se movimentem ou absorvam diretamente
impactos externos, prevenindo que o produto sofra avarias durante as
etapas de distribuição física da mercadoria.
No desenvolvimento deste trabalho serão apresentados diferentes
tipos de embalagens logísticas de enchimento encontradas no ambiente
em que se dá o estudo de caso. Algumas das embalagens são
classificadas quanto a critérios do marketing que não é o foco principal
deste estudo, sendo apresentado apenas para entendimento das
delimitações do estudo de caso. Entretanto o desenvolvimento foca-se
em embasar o conhecimento para que se possa determinar critérios
baseados em custos, mais especificamentes custos da embalagem
logística de enchimento
2.3 CUSTOS
2.3.1 Análise gerencial de custos
Martins (2010) afirma que no contexto das últimas décadas a
Contabilidade de Custos passou por um processo de deixar de ser um
mecanismo auxiliar nas avaliações de gerenciamento de estoques e
resultados de lucro, para se tornar ferramenta amplamente adotada e que
confere diferencial competitivo.
51
Bornia (2010) complementa, e ainda especifíca que a
Contabilidade de Custos surgiu com o desenvolvimento das empresas
industriais, com o objetivo de dominar o custo do produto fabricado.
Antes disso, com a produção artesã, adotava-se em geral apenas a
Contabilidade Financeira, cujo objetivo principal é a avaliação
patrimonial em um período de exercício.
Para Favarin et al. (2012) existe elevado grau de competitividade
no mercado em que as empresas encontram-se inseridas, de forma que
torna-se imprescindível dedicar maiores esforços no sentido de conhecer
e controlar fatores geradores de custos e receitas.
Favarin et al. (2012) descrevem ainda como fundamental não só
o conhecimento dos custos e despesas da empresa em foco, mas também
a realização do rateio destes para os produtos e/ou serviços vendidos
pela mesma, para somente assim ter-se uma visão real do negócio.
Sendo assim a Contabilidade de Custos se mostra como peça
indispensável em um ambiente de alta competitividade, tal qual se
apresenta na atualidade.
2.3.2 Conceitos de custos
Bornia (2010) afirma que as definições básicas quanto aos termos
utilizados nas literaturas de custos não são homogêneas. Martins (2010)
ainda reitera que há uma profusão de nomes para designar um conceito
singular, e vice-versa. Sendo assim esta sessão do trabalho dedica-se a
explicar as adoções de cada um dos termos que serão encontrados no
desenvolvimento do estudo.
Gasto: conceito definido por Martins (2010) como sendo o
sacrifício financeiro ou desembolso advindo da aquisição de bens e/ou
serviços quaisquer.
Desembolso: para Martins (2010) este termo define o momento
de pagamento de algo que foi adquirido pelo comprador, sendo que este
pode ocorrer antes, durante ou depois da posse do que foi adquirido.
Investimento: Faria e Costa (2007) definem como investimento
os gastos que são convertidos em ativos para a empresa, ou seja, bens e
direitos obtidos.
Despesas: Bornia (2010) define as despesas como sendo o valor
de insumos consumidos fora das atividades de fabricação, portanto estas
52
se diferenciam dos custos por serem atreladas, em geral, com atividades
administrativas, de finanças ou comerciais dentro da empresa.
Perda: Bornia (2010) explica que a perda é vista pela literatura
contábil, em geral, por ser o valor originado no consumo anormal de
insumos. Sendo assim este valor é separado dos custos, portanto não é
incorporado ao estoque.
Desperdício: para Bornia (2010) este conceito define um esforço
econômico que não agrega valor ao produto, e tão pouco serve de apoio
ou suporte direto para a produção e/ou serviço executados.
Custos Diretos: Faria & Costa (2007) afirma que os custos diretos
são aqueles que podem ser diretamente alocados aos objetos que os
geram, estes apresentam mensuração simples no momento da sua
ocorrência.
Custos Indiretos: Martins (2010) coloca os custos indiretos como
sendo os custos que não possuem medida clara e objetiva de alocação,
portanto esta deve ser realizada segundo critérios estimados.
2.3.3 Custos na logística
Para Lima (1998) dentre os principais desafios que existem para a
logística moderna, destaca-se a dificuldade das empresas em realizar um
bom gerenciamento na relação de trade-offs entre custos e nível de
serviço ofertado aos clientes, ao passo que os clientes muitas vezes não
vêm agregação de valor a partir disso.
Faria e Costa (2007) afirmam que no Brasil os custos logísticos
têm alta criticidade, uma vez que o país conta com extensas proporções
geográficas e carece de infraestrutura eficiente de transportes.
Sendo assim outros fatores de custos logísticos precisam intervir
de forma a tentar reduzir o custo logístico total, uma vez que o custo de
transportes apresenta maior dificuldade para isto.
O Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS, 2017) apresenta
no Gráfico 1, segundo seu panorama acerca dos custos logísticos na
economia do Brasil, as participações dos custos logísticos do país frente
ao PIB do mesmo nos anos apresentados:
53
Gráfico 1: Custos logísticos em relação ao PIB
Fonte: Adaptado de ILOS (2017).
O panorama do ILOS (2017) ainda deixa explicito que no ano de
2015 os custos de transporte representaram em números absolutos do
PIB um total de R$412,48 bilhões, os custos de estoque por sua vez
R$242,05 bilhões, enquanto os custos administrativos tiveram um total
de R$26,71 bilhões e os custos de armazenagem R$48,38 bilhões.
Dada a grandeza em relação ao PIB de cada classificação de
custo em números absolutos, é interessante entender também o quanto
cada um desses custos representa em relação à receita líquida das
empresas de cada setor.
Este estudo utilizará a abordagem de Novaes (2001) como
referência, este entende como sendo os principais componentes dos
custos logísticos os custos de estoque, transporte e armazenagem. Em
complemento será acrescentada a visão de Lima (2006) quanto ao custo
administrativo.
O Gráfico 2 apresenta a representatividade dos custos em relação
a receita líquida para cada um dos setores do mercado brasileiro,
54
apresentando os custos segundo classificação de custos citada
anteriormente.
Gráfico 2: % dos custos logísticos em relação à receita líquida das empresas
Fonte: Adaptado de ILOS (2017).
55
2.3.3.1 Custo de estoque
Para Novaes (2001) o custo de estoque é uma consequência do
custo de capital oriundo de manter-se mercadoria parada em estoque
como ativo.
Para Ballou (2006) esta visão pode ser complementada em
momentos diferentes, pois o custo de estoque pode ser dividido em três
partes, o custo de aquisição, ou seja, o gasto com a aquisição ou a
fabricação do produto ou matéria prima; o custo de manutenção como
sendo a desvalorização do montante imobilizado como ativo no estoque,
o custo do espaço ocupado e também dos esforços de estocagem; ou o
custo de falta, que se refere ao custo de vendas perdidas pela ruptura de
estoques.
Este trabalho faz uma abordagem direta ao custo de aquisição de
materiais e ao custo de manutenção quanto aos aspectos do espaço
ocupado pelo mesmo, e aos esforços de recursos humanos relacionados
ao mesmo.
2.3.3.2 Custo de armazenagem
Para Novaes (2001) os custos de armazenagem podem ser
entendidos como os custos decorridos dos processos que definem a
armazenagem em sí, ou seja, custos de mão de obra, custo das
instalações físicas, o custo dos diferentes equipamentos utilizados nas
atividades de movimentação de materiais e ainda carga e descarga, e
vigilância.
Rodriguez et al. (2014) complementa que os custos de
armazenagem são compostos pelos custos de infraestrutura e pessoal
que atuam no armazém para tornar a movimentação de material
possível, desconsiderando-se o custo de estoque.
Ainda Rodriguez et al. (2014) define os principais pontos de
geração de custos de armazenagem, os quais podem ser observados a
seguir.
1. Custo de capital da compra de terreno e construção do
armazém, ou aluguel do mesmo;
56
2. Manutenção, água, luz, imposto predial e territorial urbano -
IPTU e seguros;
3. Equipamentos de movimentação de materiais:
a. Aluguel de equipamentos;
b. Manutenção e depreciação;
4. Mão de obra inclusive férias e encargos;
5. Tecnologia da informação e comunicação:
a. Aluguel das tecnologias;
b. Manutenção, depreciação de equipamentos.
6. Administração e material de escritório.
2.3.3.3 Custo de transporte
Para Novaes (2001) o custo de transporte é a parcela dos custos
logísticos com maior influência, e afirma que isto se prova ao passo que
este pode ter uma participação de até dois terços no mesmo.
Em uma visão complementar Lima (2006) prova que em 2004, no
Brasil, os custos de transporte tiveram uma participação de
aproximadamente 60% nos custos logísticos do país no mesmo período,
isto representou 7,5% do produto interno bruto - PIB nacional.
Rodriguez et al. (2014) define que os custos de transporte
manifestam-se em forma de gastos com frete, uma vez que o
embarcador utiliza transporte terceiro. Isto ocorre no suprimento uma
vez que se adota transporte free on board - FOB, incluindo-se assim
custos de administração deste transporte e pagamento de fretes, já
quanto opta-se por transporte cost insurance freight - CIF, o custo de
frete é intrínseco, o custo de administração pode ser incorporado pelo
fornecedor pela prestação de serviço.
Para Bowersox e Closs (2001) a apropriação de diferentes
componentes de custos seria preocupação exclusiva de transportadoras
no caso de transporte realizado por terceiros, contudo esta influencia a
margem de negociação de preço, portanto o embarcador também a deve
dominar.
57
Bowersox e Closs (2001) abrem a estrutura do custo de
transportes em quatro classificações do ponto de vista do transportador:
1. Os custos variáveis são explícitos e previsíveis segundo
o nível de atividade de transporte, e podem geralmente
ser expressos segundo um determinado valor por
quilometragem rodada.
2. Os custos fixos tratam-se dos que independem do nível
de atividade do transportador, incluem gastos com
terminais, direitos de acesso, sistemas de informação e
custo de capital dos veículos.
3. Custos conjuntos são aqueles assumidos pelo
embarcador e pelo transportador uma vez que são
tomadas decisões especiais, por exemplo, quando se opta
por um transporte de urgência que não contempla uma
carga de retorno, então o custo deve contemplar um
trecho de deslocamento sem transporte de carga.
4. Custos comuns são oriundos do custo administrativo de
atendimento aos clientes, estes são cobrados de acordo
com o nível de atividade ou mesmo a quantidade de
embarques que o cliente realiza.
2.3.3.4 Custo de administração
Rodriguez et al. (2014) explica que custos de administração
compreendem a conjuntura de pessoal e material para a realização e
gestão de pedidos e decisões logísticas, são inclusos neste contexto
salários e encargos de diretores, gestores e analistas, além de material de
almoxarifado, infraestrutura de comunicação, entre outros.
Lima (2006) aponta que em 2004, no Brasil, os custos
administrativos alcançaram a participação de 4% do custo logístico do
ano, o que corresponde a 0,5% do PIB, ou R$ 8,5 bilhões.
58
59
3 PROCEDIMENTO PROPOSTO
O presente estudo aborda, como visto previamente no referencial
teórico, a temática de custos que por sua vez toma parte altamente
estratégica quando usada como ferramenta de apoio a gestão e tomada
de decisão dentro de empresas.
No caso das embalagens, mais especificamente se adentrarmos ao
universo das embalagens logísticas de enchimento, definidas
anteriormente no referencial teórico, investigando-se a literatura
científica não foi possível encontrar estudo que abordasse
explicitamente o caso da clareza de apuração e gestão de custo destas.
É neste contexto que este trabalho vem propor um procedimento
para auxiliar no levantamento de dados e alocação de custos às
embalagens logísticas de enchimento. De forma a contribuir para a
geração de informações relevantes para a tomada de decisão.
3.1 O PROCEDIMENTO
Esta sessão descreve o procedimento proposto para levantamento
e apuração de custos de embalagens logísticas de enchimento. Para tanto
é apresentado um fluxo das etapas, sendo em seguida explicadas cada
uma delas.
A Figura 7 ilustra e descreve cada etapa do fluxo proposto.
60
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
3.1.1 Levantar os tipos de embalagens logísticas de enchimento
utilizados pela empresa.
A primeira etapa do procedimento consiste basicamente na
identificação dos objetos de estudo aos quais se deseja realizar a
atribuição de custos.
É de bom tom que para a definição dos objetos de estudo ocorra à
participação de um colaborador do empreendimento envolvido, uma vez
que pode haver uma substitubilidade relativamente alta entre os
diferentes tipos de embalagem logística de enchimento utilizadas, e isto
Figura 7: Etapas do Modelo de Apuração de Custos
61
pode fazer com que hajam inconsistências nos dados apresentados pela
empresa.
3.1.2 Mapear os processos envolvidos para a disponibilização e uso
de cada tipo de embalagem logística de enchimento.
Os enchimentos podem ser comprados pela empresa já em forma
de produto acabado, neste caso precisam apenas ser estocados e
distribuídos para que possam então ser usados. Ou podem passar por
algum processo de transformação afim de que estejam prontos para uso.
Ainda existe a possibilidade de serem resultantes de reaproveitamento,
neste caso poderão passar ou não por processo de transformação para
reutilização.
Quando uma embalagem de enchimento necessita processamento
para uso, novas atividades são desencadeadas, de forma que pode ser
necessário a utilização de mão de obra exclusiva ou não para este
processo, e/ou utilização de máquinas, trazendo outra perspectiva além
da movimentação destes materiais pela planta da empresa.
Portanto o mapeamento deve contemplar todos os esforços
geradores de custos que possam se manifestar em forma de atividades e
movimentação geradas pela força de trabalho humana da empresa, bem
como etapas em que há processamento de matéria prima ou produto
semiacabado da embalagem logística enchimento, sendo este realizado
pelo colaborador, pela máquina ou pela interação homem e máquina.
3.1.3 Identificar os pontos geradores de custos na disponibilização e
uso das diferentes embalagens logísticas de enchimento.
Para que se observe as diferentes pespectivas sob as quais os
mapeamentos devem ser analisados, definiu-se três pilares geradores de
custos que guiam o método, são eles:
1. Custos relacionados à ocupação de espaço;
2. Custos de utilização de esforço de mão de obra;
3. Custos atrelados à utilização de máquinas;
62
Para que sejam identificados os custos consequentes da utilização
de cada enchimento, sob a perspectiva da ocupação do espaço físico, é
preciso verificar as áreas ocupadas pelos estoques de cada um dos
enchimentos, bem como se estes espaços são destinados exclusivamente
a esta finalidade, ou se trata-se de um espaço rotativo.
Além disso, o espaço físico de processamento, nos casos em que
este é necessário, também deve ser levado em consideração, a fim de
obter um custo que possa ser comparável às embalagens que não
demandam tal custo.
Quando se analisa o fluxo das embalagens sob a perspectiva da
utilização do esforço de mão de obra é importante notar que este custo
pode estender-se durante todo o fluxo. Desde o recebimento do
enchimento, até a utilização do mesmo. Passando por todas as
interações, homem e máquina, incluídas todas as movimentações
atreladas as embalagens logísticas de enchimento.
Como citado anteriormente o enchimento pode ser comprado
pronto, neste caso o custo de transformação e processamentos do
produto é absorvido pelo fornecedor, sendo então considerado por este
no custeio de venda, no caso da empresa focal, este custo será absorvido
pelo custo de aquisição do enchimento.
Em outros casos os enchimentos podem ser comprados em forma
de matéria prima, ou mesmo produto semiacabado, nestes casos são
necessárias etapas de processamento na planta da empresa focal, então é
preciso destacar os custos incorridos nestas. Se há´interação máquina
homem nos processos, então é importante que seja levado em
consideração o tempo e custo da mão de obra envolvida, bem como o
consumo energético do equipamento, depreciação do mesmo, e o custo
da área dedicada ao processamento.
3.1.4 Estabelecer critérios de rateio e premissas a serem adotadas
para cada tipo embalagem logística de enchimento.
É importante que sejam definidas as premissas adotadas para o
cálculo, deixar claro todas as considerações feitas para se chegar aos
valores finais, bem como as simplificações adotadas e sua relevância.
63
3.1.5 Levantar dados de custos necessários.
É possível que dados previamente considerados no rateio adotado
não possuam registro já feito pela empresa, ou mesmo que não seja
possível consolidar histórico durante o estudo, então surge a entrada de
dados qualitativos, que por sua vez geram a necessidade de reavaliação
do método e das unidades de rateio previamente adotadas.
3.1.6 Realizar o rateio e normalização para comparação dos custos.
Observadas as adoções previamente realizadas, e tendo em mãos
os dados necessários, é possível realizar o rateio dos custos identificados
em duas etapas, uma relativa à disponibilização dos recursos de
enchimento e outra relacionada à utilização dos mesmos.
Esta classificação tem o objetivo de permitir que haja um melhor
entendimento se a embalagem logística de enchimento se torna mais
cara ao ser disponibilizada para uso, sendo que isto pode ou não incluir
etapas produtivas, ou então se a parcela de maior participação no custo
do enchimento está contida no uso.
Para ambos os espectros dos rateios, são classificados quanto a
seu posicionamento no fluxo de processo todos os pontos geradores de
custos identificados, baseando-se nos três pilares previamente citados.
Para os casos em que se utilizam mais de um tipo de embalagem
logística de enchimento, além da classificação dos pontos geradores de
custo, é necessário que seja feita a convergência das unidades de custo
para uma base comum e comparativa, já que o estudo busca embasar
tomadas de decisão quanto à escolha de uso, e não apenas o
conhecimento dos custos.
O procedimento sugere que as medidas sejam convertidas para
uma base de custo por volume de vazio preenchido nas embalagens
secundárias ou terceárias as quais o enchimento se destina, por exemplo,
R$/L ou R$/m³. Esta definição é apoiada na definição de embalagem
logística de enchimento, a qual reitera a função da mesma de preencher
vazios.
Uma vez realizado o rateio e mensurado o custo em base comum,
além de se enterder as premissas e delimitações do método, pode-se
então utilizar a informação para entendimento da composição de custo
64
do pedido expedido para um cliente. Desta forma é possível apoiar a
tomada de decisão quanto à utilização das embalagens logísticas de
enchimento que se possuem, ou optar pela busca de novas soluções
pautando-se em valores estipulados como meta.
Como forma de ilustrar a aplicação do procedimento proposto, e
comprovar sua aplicabilidade, a próxima sessão descreve um estudo de
caso. No mesmo é explorado o cenário de uma empresa de varejo com
diferentes canais de distribuição que utiliza diversas embalagens
logísticas de enchimento.
3.2 ESTUDO DE CASO
A empresa que permitiu a realização deste trabalho é um grupo
de comércio que atua no varejo com três diferentes marcas. O grupo
conta com 296 colaboradores e classifica-se, de acordo com Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, pelo
critério de classificação de empresas quanto ao número de empregados,
como empresa de grande porte.
A oferta de produtos dentre as três marcas gira em torno de 3000
SKUs e possuem alta variabilidade de características como dimensões,
peso e preço. Além disso, mais de 90% do valor médio de estoque
destes produtos é oriundo de importações, sendo assim a empresa possui
em sua infraestrutura um Centro de Distriuição (CD).
O Centro de Distribuição como apresentado no referencial teórico
cumpre um papel de ponto centralizador, em que se finaliza a log´sitica
de suprimentos e iniciaa lógica de distribuição. Neste contexto o CD
tem por objetivo servir de estoque de produtos comprados a fim de
abastecer uma demanda prevista não imediata, além disso visa
concentrar as atividades de recebimento, fracionamento da carga, e
resortimento segundo a demanda da rede de lojas as quais se atende,
sendo estas franquias, lojistas do mercado multimarcas ou atendimento
e-commerce.
Foi no ambiente do CD onde se iniciou o estudo, a partir de
necessidades e dificuldades observadas pelos gestores da mesma, que
identificaram os objetos em que o trabalho seria focado.
65
3.2.1 Levantamento dos Tipos de Embalagem Logística de
Enchimento
Tendo consolidado o entendimento dos conceitos referentes aos
diferentes tipos de embalagens apresentados na sessão Referencial
Teórico, pode-se explorar o ambiente em que ocorrem as principais
atividades relacionadas aos sistemas de embalagens utilizados no centro
de distribuição da empresa.
No CD objeto de estudo adentram as embalagens primárias dos
produtos, que em sua maioria são recebidas da mesma forma que irão
atingir o consumidor final, com exceção de alguns itens de grande
volume que são reembalados, porém estes não serão tratados neste
trabalho. As embalagens secundárias, terceárias e quartenárias oriundas
dos fornecedores de produtos importados ou nacionais, são mantidas por
meio das atividades de inspeção de qualidade no recebimento, até o
momento em que se esgotam os produtos nelas contidos.
A partir do momento que uma demanda é recebida e um pedido
necessita ser composto, desencadeia-se uma série de processos, e novos
insumos entram no sistema para compor um novo sistema de
embalagens, com novas embalagens secundárias e de enchimento.
No contexto deste estudo são portanto contabilizados seis tipos de
embalagens logísticas de enchimento, sendo que três delas são de uso
exclusivo do e-commerce e três de uso para os envios destinados aos
clientes B2B.
As embalagens que atendem exclusivamente o e-commerce por
terem requisitos de marketing mais apropriados são a almofada de ar, o
plástico bolha e os cubos de isopor.
Já para o envio ao varejista (B2B) os tipos de enchimento são a
manta de papelão, as aparas de papel e a bucha plástica.
A seguir apresentam-se as embalagens de enchimento utilizadas
na composição de pedidos que são expedidos pelo CD para cada um dos
canais de distribuição, e também são descritos os processos incorridos
por estes até sua disponibilização para uso.
66
3.2.2 Mapeamento dos processos
A presente sessão do trabalho dedica-se a apresentar as
embalagens de enchimento que serão tratadas, bem como descrever os
processos necessários a disponibilização para uso destas, e identificar
custos nestes processos.
Foram encontradas entre os diversos canais de distribuição da
empresa 6 tipos de embalagens de enchimento, dedicados a compor o
sistema. Não foram observados critérios específicos de uso além da
disponibilidade e de premissas básicas de marketing que restringem
alguns canais ao uso de determinados enchimentos, contudo
basicamente não há consideração estruturada quanto ao custo de
nenhum dos 6 enchimentos.
3.2.2.1 Manta de papelão
A nomenclatura “manta de papelão” foi criada neste trabalho para
designar o material oriundo do reaproveitamento das embalagens
terceárias de papelão que são recebidas dos fornecedores, este material é
processado e transformado então em embalagem de enchimento
destinado a distribuição.
O processo manta de papelão inicia-se no momento em que
cargas são recebidas de diversos fornecedores, passam pelo processo de
qualidade no recebimento e são destinadas ao estoque de produtos
disponíveis para a venda, sendo que destes uma pequena fração é
destinado ao estoque e-commerce, separado fisicamente do estoque dos
canais de franquias e mercado multimarcas.
Uma vez que a venda de produtos resulta em caixas vazias, estas
são avaliadas quanto a seu estado de conservação, caso a caixa esteja em
boas condições ela é reutilizada como embalagem terceária para os
canais de franquia ou mercado multimarcas. Caso esta embalagem não
esteja em bom estado, porém não esteja em um estado de descarte, ela é
reaproveitada.
Para o reaproveitamento das caixas é verificada a presença de
grampos metálicos que possam danificar as máquinas utilizadas em seu
processamento, feito isso elas são abertas em folhas planas de papelão
em dimensões menores, a fim de facilitar a atividade do operador da
máquina de corte.
67
A partir daí as placas são destinadas a uma máquina que picota a
chapa de papelão e a transforma em uma rede de papelão, denominada
anteriormente de manta. Este material é então reaproveitado para
preenchimento de vazios em embalagens secundárias na distribuição.
Ao final do processo as caixas que contêm as mantas são posicionadas
em cada bancada de embalagem para expedição, formando um estoque
pulmão.
Na Figura 8 pode-se observar o mapeamento do processo em que
consta cada etapa do fluxo e transformação do material.
68
Figura 8: Mapeamento de processos da manta de papelão
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
69
3.2.2.2 Almofadas de ar
As almofadas de ar são dispositivos de preenchimentos de vazios
facilmente encontrados em embalagens de produtos de alto valor
agregado, especialmente equipamentos de tecnologia.
Como a nomenclatura almofada de ar bem descreve, esta
embalgem de enchimento é composta de um saco de material plástico
que é recebido em bobinas que passam por processos de enchimento e
vedação por meio de maquinário específico.
Com o produto pronto e disponibilizado para uso, basta aos
colaboradores posicioná-los no interior das embalagens terceárias de
distribuição.
É importante observar que este tipo de embalagem só é utilizado
pela empresa para o e-commerce, uma vez que observa-se neste uma
percepção mais satisfatória pelo cliente final. Moura e Banzato (1997)
explicam que a embalagem de apresentação ou venda deve de um lado
satisfazer as necessidades do consumidor, porém também deve ser
agradável ao consumidor.
O processo das almofadas de ar é composto por poucas etapas,
incia pela alimentação da máquina de enchimento e vedação com as
bobinas contidas no almoxarifado. Garantido este abastecimento, os
colaboradores que realizam as composições de pedido do e-commerce destacam-se de sua atividade de tempos em tempos para ativar a
produção e alimentação do estoque de almofadas e deixa-las prontas
para uso.
Além do estoque de almofadas prontas que é posicionado logo
abaixo da máquina, existe um estoque pulmão de almofadas posicionado
próximo às bancadas de composição de pedidos. Segundo a demanda os
funcionários precisam reabastecer este pulmão com almofadas prontas
contidas no estoque das máquinas.
A partir deste ponto a utilização é simples e ocorre de acordo com
o procedimento elaborado pelo próprio operador devido a variabilidade
volumétrica de embalagens primárias e secundárias que serão
posicionadas no interior de cada embalagem terceária de expedição.
A Figura 9 dedica-se ao mapeamento de atividades e
movimentações às quais as almofadas de ar são submetidas.
70
Figura 9: Mapeamento de processo das almofadas de ar
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
71
3.2.2.3 Plástico bolha
A utilização de plástico bolha é altamente difundida em diversos
produtos das mais variadas faixas de preço e canais de distribuição,
porém sua utilização é comumente mais adotada afim de garantir
proteção contra choque físico direto ao invés de preencher vazios, e isto
pode ter implicações nos custos.
O plástico bolha é utilizado como embalagem de enchimento sem
passar por processos de preparação que necessitem máquinas. Uma vez
que a bobina está disponível para uso do operador basta este selecionar a
metragem da bobina que deseja e realizar o corte da mesma, feito isto
ele pode retornar a sua bancada de embalamento e posicionar segundo
seu procedimento empírico de uso.
Na Figura 10 é apresentado o mapeamento de processo relativo
ao plástico bolha. Este enchimento é utilizado em todos os canais de
distribuição da empresa, porém mais frequentemente nos canais de e-
commerce.
72
Figura 10: Mapeamento de processo do plástico bolha
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
3.2.2.4 Bucha plástica
A nomenclatura “bucha plastica” é mais um termo definido neste
trabalho a fim de designar um nome para um material oriundo de
reaproveitamento.
O surgimento desta embalagem de enchimento dá-se a partir do
reaproveitamento dos filmes plásticos utilizados para conter caixas
posicionadas sobre pallets que ultrapassam determinada altura, e são
posicionados em estantes porta palete.
73
Este filme plástico tem origem de cargas recebidas dos
fornecedores, quando recebem cargas paletizadas. Porém também é
comprado pela empresa pela empresa, uma vez que o processo de
qualidade muitas vezes acaba por fracionar paletes logo após o
recebimento, e então é necessário aplicar o filme novamente para que os
paletes prossigam ao estoque.
Este material não passa por etapas de processamento em
máquinas para ser reaproveitado como embalagem de enchimento. Ele é
retirado dos paletes esvaziados e então levado a um estoque
intermediário, no qual o responsável de cada bancada de composição de
pedidos seleciona a quantidade necessária, corta e enrola em forma de
bucha que será usada pelo mesmo em sua técnica de enchimento de
caixas.
Esta embalagem de enchimento compõe apenas as embalagens
destinadas aos canais de abastecimento de franquias e mercado
multimarcas por não aderir aos requisitos de marketing para
atendimento do cliente final.
A Figura 11 ilustra todo o processo relacionado à
disponibilização da bucha plástica como embalagem logística de
enchimento.
74
Figura 11: Mapeamento de processo da bucha plástica
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
3.2.2.5 Cubos de isopor
Os cubos de isopor são componentes do sistema de embalagens, e
também cumprem o papel de embalagem de enchimento, que são
empregados exclusivamente no canal de e-commerce, uma vez que a
empresa tem uma percepção de custo elevado para este material, pois
apesar de não conhecer o custo real de se empregar a utilização do
mesmo, por percepção empírica, considera o custo de aquisição elevado.
75
Este insumo é adquirido em sacos plásticos de 350 litros. O
isopor não passa por nenhum tipo de processamento de preparo no
interior do CD, ele é adquirido em cubos menores que têm arestas que
variam na faixa dos 1,5 a 2,5 cm em média. Este material é armazenado
próximo as bancadas de embalgem do e-commerce.
O processo de uso consiste basicamente na disponibilização dos
cubos no estoque pulmão que fica junto às bancadas de embalamento do
canal. Inicialmente, se não há isopor no estoque pulmão, o colaborador
retira o compartimento de estoque pulmão, que se trata de uma caixa de
papelão, dirigi-se ao estoque principal de isopor, onde preenche este
compartimento, e retorna ao posto.
De volta ao posto e posicionado o compartimento já carregado, o
colaborador pode fazer uso dos cubos de isopor sendo auxiliado por um
pequeno balde plástico. Mais uma vez o procedimento de
posicionamento do isopor na embalagem terceária é empírico e adotado
por cada operador segundo sua percepção de eficiência.
A Figura 12 dedica-se a ilustrar de forma explicativa todos os
processos envolvidos na disponibilização dos cubos de isopor.
76
Figura 12: Mapeamento de processo dos cubos de isopor
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
3.2.2.6 Aparas de Papel
A embalagem logística de enchimento nomeada como aparas de
papel trata-se de retalhos feitos por uma empresa que compra papéis de
propaganda, jornais e diversos outros materiais impressos que não são
mais úteis.
77
A aquisição deste insumo é feita por meio do pagamento por
tonelada adquirida, o recebimento é fracinado em blocos prensados das
aparas de papel, estes têm pesos que variam entre 200 e 400
quilogramas.
Este enchimento requer uma etapa de movimentação e uma etapa
de processamento antes de apresentar-se pronto para utilização. Como
os blocos ocupam um espaço considerável no estoque, eles são
posicionados em outro galpão, e quando há demanda para estes, eles são
manejados até o galpão principal, onde vão passar por um processo de
destrinchamento e disponibilização para uso nos estoques pulmão e
então sejam efetivamente usados.
A Figura 13 ilustra os processos para disponibilização das aparas
de papel
Figura 13: mapeamento de processo das aparas de papel
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
78
3.2.3 Identificação de pontos geradores de custos logísticos
Como citado na sessão que descreve o método, para a
identificação dos fatores geradores de custos o estudo apoiou-se em três
pilares principais e abrangentes de custo que comumente apresentam-se
em armazéns. São estes: os custos referentes à ocupação do espaço,
custos relacionados à mão de obra empregada nas atividades e o custo
atrelado à utilização de máquinas.
Em complemento à observação dos processos sob os pilares
citados acima, fez-se útil dividir a mensuração e avaliação de custo em
dois momentos distintos, sendo eles os custos que estão contidos até a
disponibilização para o uso das embalagens logísticas de enchimento, e
os custos que são decorrentes do uso efetivo destas.
Estes extratos para classificação dos custos mostrou-se relevante
uma vez que os diferentes comportamentos dos tipos de embalagens
logísticas de enchimento apresentam características singulares, e
algumas delas possuem, por exemplo, grande perda no uso. Então surge
o questionamento sobre qual etapa apresenta maior concentração dos
custos de cada embalagem, se é o próprio uso ou o ato de deixá-la
pronta para este.
Além das novas classificações citadas acima, identificou-se no
contexto do trabalho que uma das embalagens logísticas de enchimento,
é oriunda de reaproveitamento de material. Este material possibilita que
a empresa adquira uma receita caso o venda, e não o utilize de matéria
prima para produzir enchimento. Sendo assim, para este caso
acrescentou-se a classe de custo de oportunidade.
Foram entendidos por fontes geradores de custos quisquer
atividades que uma vez executadas desencadeiam gastos a empresa, e
que podem impactar no custo final das embalageens logísticas de
enchimento estudadas.
A seguir se apresentam na Figura 14 os custos identificados e
classificados por meio dos dados fornecidos pelos gestores do centro de
distribuição e os colaboradores envolvidos diretamente nos processos
nos quais os enchimentos são utilizados. Além da observação dos
mapeamentos para identificação e posicionamento de cada gerador de
custo nos fluxos de processo.
79
Figura 14: Quadro de identificação dos custos de cada enchimento
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
3.2.4 Estabelecimento dos métodos de rateio e premissas a serem
adotadas
Dentre os métodos de custeio disponíveis na literatura, a maioria
apresenta restrições quanto às organizações, fontes de custos e
rateamento. Este estudo caso contou portanto com uma metodologia de
rateamento simples para os custos, cujos critérios foram estabelecidos
pelo autor e serão apresentados adiante junto aos cálculos, e cujas
classificações foram apresendas na Figura 14.
80
Para que fosse possível delimitar a mensuração de cada um dos
fatores agregadores de custo para cada um dos tipos de embalagem
logística de enchimento, incialmente se avaliou a disponibilidade e a
qualidade dos dados dispostos pela empresa.
Este primeiro passo tornou possível definir as fronteiras da
complexidade de rateamento, considerado que para aprofundar as
informações seria necessário consolidar o histórico de dados, além de
propor um método sistemático de apuração e registro dos mesmos.
Sendo assim foram estabelecidas premissas gerais, que incidem
sobre os cálculos para todas as embalagens logísticas de enchimento
tratadas, e específicas, para determinados enchimentos descritos no
estudo, para viabilizar a realização dos cálculos dos custos em cada um
de seus pontos geradores. A seguir são explicadas as premissas
adotadas.
Premissas Gerais
Quanto ao custo de espaço físico foi considerada uma metragem
térrea dos galpões. Uma vez que as atividades relativas às embalagens
de enchimento não podem ser verticalizadas, e sua estocagem vertical
acarretaria em agregação de custo por meio da utilização de
equipamentos, o que tornaria onerosa uma função entendida como
saturada pelos gestores do armazém.
Quando o estudo refere-se ao custo de espaço ocupado, foram
considerados os custos comuns que incidem na maioria das áreas do
armazém. Estes dados foram levantados por meio da demosntração de
resultado do exercício – DRE do centro de custo de logística da
empresa, no qual encontra-se o CD, os custos médios mensais com
aluguel, manutenção e reparos, limpeza e conservação, segurança e
vigilância, seguros e bens, àgua e esgoto, energia elétrica, materiais de
limpez e conservação, manutenção de máquinas e equipamentos,
serviços e dedetização e imposto predial e territorial urbano - IPTU.
Optou-se por não expurgar destes números a influência de
despesas das áreas administrativas, ou da manutenção de máquinas que
não estão envolvidas com processos das embalagens logísticas de
enchimento por não existir esse registro. Além disso não foi considerada
a sazonalidade com que variam estes custos, optou-se por trabalhar com
81
uma média mensal baseada em um histórico de dois anos completos,
esta foi então utilizada como uma constante.
Premissas também foram adotadas quanto aos custos atrelados às
atividades produtivas existentes para alguns tipos de enchimentos.
Dentre as atividades produtivas temos algumas que contam com a
utilização de máquinas, para estas estimou-se um custo de energia
elétrica consumida tendo por base o volume anual médio consumido, na
produtividade e potência do equipamento e na taxa de cobrança na qual
se enquadra o armazém, ou seja, foram desprezados desperdícios por
operação ineficiente do equipamento, ou mesmo oscilações nas taxas de
cobrança e consumo da máquina.
Nas embalagens logístiscas de enchimento que contam com a
utilização de equipamentos que consomem energia elétrica, esta foi
descontada da consideração de energia elétrica que incide no custo de
espaço físico. Isto foi feito uma vez que este foi avaliado, e poderia
incidir duplamente nos enchimentos que as contêm, e
desnecessariamente nos enchimentos que não utilizam máquinas em seu
processo.
Ainda para as máquinas utilizadas em processos prodtivos das
embalagens logísticas de enchimento, foi considerado o custo da
depreciação destes equipamentos segundo uma depreciação total de 10
anos em relação ao valor inicial. Para este cálculo não se considerou o
valor do dinheiro no tempo pela pouca influência esperada nos
resultados.
Ainda quanto aos processos produtivos, e também aos processos
de abastecimento de estoques e movimentação de insumos considerou-
se um custo por hora de mão de obra da operação do CD da empresa,
fornecido pela empresa, sendo que este considera férias e encargos.
Quanto aos custos atrelados à utilização dos enchimentos, onde se
faz necessário registrar tempos de movimentações dos colaboradores, se
utilizou uma média de algumas tomadas de tempos, levando em conta
perfis diferentes de pessoas. Não foi possível se aprofundar, e não foi
julgada válida a adoção de valores como experimentais ideais como os
estudados na medição de tempo de método - MTM.
A respeito dos pesos de cada objeto estudado optou-se por não
abordar a questão das diferenças encontradas. Uma vez que a empresa
contrata fretes terceiros que realizam sua cobrança pelo cálculo de peso
cubado, ou seja, a cobrança baliza-se por um fator de peso por volume,
82
porém na grande maioria dos casos, a empresa apresenta um peso leve
em relação à cubagem, desta forma o ganho em peso não configura
vantagem perante àos custos com frete.
Premissas Específicas
Para os enchimentos relativos aos canais B2B, mais
especificamente a manta de papelão, e a bucha plástica foi considerada
uma área pulmão pelo número médio de bancadas ativas no ano. A
informação gerencial é que em média 12 bancadas operam, e este
número seria ideal para o cálculo.
Quanto ao custo de aquisição de insumo, para os dois tipos de
enchimento citados anteriormente, é considerado que este custo é zero,
uma vez que sua matéria prima é oriunda de reaproveitamento de
material utilizado em outras operações do armazém.
Para a manta de papelão é agregado um custo de oportunidade, o
qual é somado aos demais custos pelo valor atual de revenda do material
que poderia ser usado como receita para a empresa.
A almofada de ar é uma embalagem logística de enchimento que
necessita de processo produtivo no interior do CD, sendo que esta dá-se
a partir de bobinas que ficam estocadas em um almoxarifado. A área
deste almoxarifado é desprezada uma vez que esta seria de difícil
mensuração por ser verticalizada, e além disso é pouco significativa pela
sua ordem e grandeza, portanto o custo de espaço físico começa a ser
contabilizo a partir da imobilização da área dedicada à produção.
Ainda sobre as premissas relativas às almofadas de ar, o custo de
perda estudado considera todos os custos agregados em etapas anteriores
à utilização do insumo.
83
3.2.5 Levantamento dos dados junto à empresa
Estabelecidas as premissas que serão adotadas, e conhecida a
conjuntura de dados necessários para efetuar os rateamentos de custos
para cada uma das embalagens logísticas de enchimento em cada um de
seus geradores de custo, tanto na disponibilização como em seu uso,
foram elaboradas visitas técnicas ao armazém da empresa e marcadas
entrevistas com o corpo gerencial e colaboradores do mesmo.
Nas visitas técnicas foram obtidos diferentes tipos de dados e
informações citados a seguir:
Metragem ocupada por estoques principais de matéria
prima, estoque de enchimentos prontos, e estoques
pulmão;
Metragem ocupada pelas áreas de produção no caso da
manta de papelão e das almofadas de ar;
Metragem de área ocupada pela atividade de
destrinchamento dos blocos prensados de aparas de
papel;
Tomada de tempo para utilização de cada enchimento, e tempos
de deslocamento nas diferentes atividades.
Em entrevistas realizadas com os gestores e colaboradores foram
obtidas também informações relativas a:
Número médio de bancadas em atividade no armazém durante
um ano;
Estimativa percebida de perda na utilização de almofadas de ar;
Percentual da compra de Bucha Plástica que era reaproveitada
como bucha plástica.
Além disso, a empresa forneceu documentos acerca da aquisição
de insumos para os enchimentos, e alguns controles e estudos
anteriormente feitos sobre a perda de almofadas de ar na produção desta,
e acerca da produtividade e tempos de um operador que produz manta
de papelão.
84
Obtidos todos os dados e informações necessárias para realização
dos cálculos, a seguinte etapa foi apurar parâmetros necessários e
realizar os rateios, estes serão descritos a seguir e então apresentados os
resultados.
3.2.6 Realização de rateio e normalização para comparação de custos
Uma vez reunidos todos os dados e informações cabíveis e
encontradas as restrições às quais o procedimento de alocação de custos
se submete no caso particular estudado, iniciou-se o rateio de custos
para cada ponto gerador atrelado a cada tipo de embalagem logística de
enchimento.
Foi definido inicialmente que os rateios deveriam alcançar uma
medida de custo por unidade de medida que melhor compreendesse as
características do enchimento, permitindo maior facilidade de
mensuração e também maior veracidade e sensibilidade nos dados
qualitativos agregados ao estudo. Sendo assim cada cálculo descrito
abaixo visa alcançar uma medida de custo comum para de enchimento.
A seguir são abordadas as lógicas e considerações de cálculo
adotadas para cada uma das fontes de custo observadas para cada
enchimento tratado neste trabalho. Inicialmente serão abordados os
custos associados à disponibilização da embalagem logística de
enchimento pronta para uso, ou seja, todas as etapas compreendidas
entre a aquisição e a iminência de uso.
No que tange os custos relativos ao espaço físico ocupado foram
consideradas áreas de produção, áreas de estoque de produto acabado -
PA de enchimentos comprados, e estoque de PA de enchimentos
produzidos, além da área ocupada por estoques pulmão, que é o último
contenedor no fluxo destinado a utilização da embalagem logística de
enchimento.
Primeiramente foi estudada a DRE da empresa no que tange ao
centro de custos de logística, onde apresentam-se os custos do CD da
empresa, afim de reconhecer os custos comuns que impactam sobre cada
metro quadrado do armazém.
O estudo concluiu que deveriam considerar-se os custos
enquadrados nas seguintes classificações:
85
Aluguel;
Manutenção e reparos;
Limpeza e conservação;
Segrança e vigilância;
Seguro;
Àgua e esgoto;
Materiais de limpeza;
Manutanção de máquinas;
Serviços de dedetização;
IPTU.
De posse dos valores médios mensais desses custos, e também da
metragem plana do armazém, foi calculado um índice de custo por
metragem por mês (R$/m²*Mês).
Posteriormente este índice servira de base para o cálculo dos
custos das áreas relativas a cada tipo de estoque e das áreas de produção
encontadas para cada tipo de embalagem logística de enchimento poe
meio da medição in loco de suas áreas, às quais foram aplicadas o índice
anteriormente citado.
Para os custos atrelados aos meios de produção, nas embalagens
logísticas de enchimento em que estes custos se manifestam, foram
estudados cada tipo de máquina envolvida nestes processos quanto ao
seu consumo, neste caso de eletricidade, e também considerada sua
depreciação linear.
Para as almofadas de ar, que contam com a máquina de
enchimento e selagem do plástico, bem como para as mantas de papelão,
cuja máquina faz a picotagem das chapas de papelão, foram levantadas a
potência elétrica e a produtividade dos equipamentos.
Com estes números foi levantado o consumo de eletricidade em
KWh para a produção anual, a este foi aplicada a taxa de cobrança a
qual o CD está submetido, e então foi encontrado o custo por
quilograma por meio do peso líquido total anual da produção de manta.
Além da alocação de custo do consumo elétrico dos
equipamentos, foi adicionado a este também a depreciação sobre custo
86
de aquisição dos mesmos, foi adotado que as máquinas teriam seu valor
integral de compra depreciado em 10 anos. No caso das almofadas de ar
o custo foi alocado a cada unidade produzida anualmente nos primeiros
10 anos, já para a manta fez-se a alocação para cada quilo produzido
também nos primeiros 10 anos de utilização da máquina.
Para os custos atrelados aos recursos humanos envolvidos nos
processos de cada embalagem logística de enchimento foram levados
em consideração dois pontos principais: o esforço despendido no sentido
de movimentar e alimentar quantidades de matérias primas de
enchimento e enchimentos prontos entre estoques e produção; e a
dedicação à produção nos casos e que esta se apresenta.
Para cada movimentação e atividade de produção foram
mensurados os tempos de cada colaborador, a partir destes tempos e dos
volumes produzidos por ano, sob as respectivas medidas principais de
cada enchimento, foi aplicado o custo horário de mão de obra
considerando-se férias e encargos fornecido pela empresa.
Para este cáculo foi considerado o número de movimentações e
produções necessárias para realizar a quantidade total anual, como
realizada por um único colaborador, sendo assim, considerou-se um
cenário ideal de produção, sem considerar qualquer tipo de sazonalidade
ou desperdício de tempo da mão de obra. O cálculo foi distribuído ao
volume total do exercício para cada tipo de embalagem logística de
enchimento.
Quanto ao custo de insumos nos casos em que as unidades de
aquisição eram idênticas às unidades da alocação de custos, foram
considerados os próprios custos de aquisição, contemplado o frete, de
cada fornecedor, como os custos oficiais de insumo. Este evento ocorreu
para os cubos de isopor e para a as aparas de papel.
No caso do plástico bolha e das almofadas a aquisição é feita por
bobinas com determinada área e determinada quantidade de almofadas
respectivamente. Para estes foram levantados os custos por metragem
quadrada e por unidade respectivamente.
Ainda quanto ao custo de aquisição de insumos, estes foram
considerados zero para a manta de papelão e para a bucha plástica uma
vez que estes insumos são adiquiridos por meio de compra, porém
destinados a outras atividades, portanto neste estudo considerados como
reaproveitamentos.
87
Explicados os custos decorrentes da disponibilização dos
enchimentos para uso, agora toma-se por foco os cálculos e
considerações acerca dos custos atrelados ao uso de cada uma des
embalagens logísticas de enchimento.
As almofadas de ar como um caso singular, apresentam no caso
estudado um desempenho contestável, ao passo que são reconhecidos
pelos colaboradores como um insumo que apresenta alta perda.
Foram entrevistados os envolvidos na utilização deste tipo de
enchimento, e apurou-se que cerca de 20% das almofadas
disponibilizadas para uso são perdidas até o fechamento da embalagem
secundária ou terceária que será enviada ao cliente.
A partir desse nível de perda avaliado, e considerando o custo da
almofada de ar já disponibilizada, ou seja, agregados os custos de todos
os processos e movimentações incorridos até este ponto do fluxo, foi
contabilizado em quanto a perda de almofadas de ar o custo final
unitário de disponibilização.
Além do custo de perda, exclusivo das almofadas de ar, foi
calculado um custo de uso para cada uma das embalagens. Este foi
determinado a partir da mensuração de tempo demandada a cada
colaborador para a utilização dos enchimentos em suas unidades de
medida adotadas, e a estes tempos foi aplicado o custo por hora homem
fornecido pela empresa.
A seguir são apresentados na Tabela 1 os resultados dos cálculos
elaborados segundo cada unidade padrão adotada para cada classificação
de custo relacionada às embalages logísticas de enchimento.
88
Tabela 1:Planilha base de custos logísticos das embalagens de enchimento.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
89
Estes valores foram apresentados segundo unidades de medida
que permitem maior sensibilidade e mensurabilidade nos levantamentos
e elaboração de cálculos. A partir dessas foi estabelecido uma base
comum a qual todas estas se tornem comparáveis.
A fim de comparar os enchimentos da melhor forma, retomou-se
o princípio básico da função a qual estes atendem, que é preencher o
vazio em embalagens secundárias e/ou terceárias. Sendo assim a base
comum de comparação escolhida foi o custo por litro de vazio
preenchido (R$/L).
A partir da base adotada, buscou-se o conhecimento de quanto
cada unidade de medida adotada, para cada embalagem logística de
enchimento, correponde em litros, sim se estabeleceram fatores de
conversão direta.
Na Tabela 2 apresentam-se os fatores encontrados por meio de
medidas in loco dos volumes com cada um dos tipos de enchimento.
Tabela 2:Fatores de conversão de custos base.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Aplicados os fatores apresentados anteriormente a cada um dos
componentes de custo, bem como ao custo total encontrado para cada
um dos enchimentos, obteve-se os custos abaixo em bases comparáveis
de custo por preenchimento de vazio em litros, como pode ser
observado na Tabela 3.
90
Tabela 3: Planilha comparativa de custos logísticos das embalagens de enchimento.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
91
3.2.7 Discussão de resultados
Os resultados deste trabalho serão discutidos em duas frentes,
primeiramente sera discutida a proposição e aplicação do procedimento
proposto, e em um segundo momento os resultados obtidos poe meio do
uso do procedimento e as interpretações dos mesmos.
O procedimento proposto para o levantamento de custos
logísticos referentes às previamente definidas embalagens logísticas de
enchimento cumpriu sua proposta generalista, ou seja, adaptou-se ao
caso sem maiores problemas.
Ao adotar o fluxo do procedimento se fez claro que este
contempla em suas etapas atividades de entendimento e enquadramento
do caso estudado na sua metodologia, por meio da etapa de mapeamento
e levantamentos dos pontos específicos de geração de custo.
É também evidenciado por meio da aplicação que os três pilares
definidos no método como forma de basear a observação de geradores
de custo dentro dos processos estudados, que os principais custos
referentes às atividades de um armazém podem ser contemplados e
enquadrados em uma das três vertentes.
A última etapa do método, referente ao rateio e à normalização
dos custos se demonstra como etapa essencial em que os levantamentos
e rateios passam a ser levados a bases comparáveis. Assim se permitie a
interpretação de diferentes possibilidades de tomada de decisão
baseadas nos dados levantados e informações sintetizadas a partir
destes.
A aplicação da metodologia proposta ao estudo de caso fez
possível apurar o custo das diferentes embalagens logísticas de
enchimento em função de cada uma de suas características de processos,
movimentações e ocupação de espaço.
O Gráfico 3 permite observar que para as aparas de papel os
custos possuem maior representatividade quando observa-se o custo de
aquisição, ou seja, o insumo em sí é o principal ponto que onera esta
embalagem logística de enchimento, mesmo sendo a com menor custo
entre as que atendem os canais de varejo B2B.
Uma vez que este custo está atrelado diretamente à quantidade
utilizada, seria necessário realizar uma melhor negociação de compra,
ou mudança de fornecedor.
92
Gráfico 3: Composição de custo das aparas de papel.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Direcionado o olhar para os custos normalizados da manta de
papelão, nota-se um grande peso quanto ao custo de RH, o que pode ser
mitigado o custo de produção por meio da melhoria do processo
produtivo, adquirindo-se eficiência, ou mesmo por meio da terceirização
desta atividade. Além do custo de produção há um alto nível de
movimentação entre as bancadas de embalagem e o estoque principal de
manta pronta, o que onera muito tempo de mão de obra.
No Gráfico 4 é apresentada a estrutura de custos da manta de
papel segundo a aplicação do procedimento de levantamento e alocação
de custos proposto neste estudo.
6,74% 5,65%
45,22%
0,00% 0,00%
42,39%
0,00%
Composição de Custo: Aparas de Papel
Espeço Físico (Produção +Estoques)RH (Produção + Alim.Estoques)Aquisição de Insumo (Ou PA)
Meios de Produção (Energia+ Depreciação)Perda atrelado ao Uso
Eficiência do Uso
93
Gráfico 4: Composição de custo da manta de papelão.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Além do custo de produção outro custo que faz-se notável na
manta de papelão é o custo aqui denominado de oportunidade, ou seja,
da possibilidade de revender o papelão que seria reaproveitado.
Para a bucha plástica o custo mais representativo é o da ocupação
de espaço físico, uma vez que são disponibilizados grandes
contenedores como estoque principal, e um espaço em cada bancada é
ocupado para que se tenham os estoques pulmão. Esta estrutura é
semelhante a encontrada para as mantas de papelão, porém o retaio
destes custos pelo volume utilizado, muito inferior ao da manta, faz com
que sua representatividade cresça, uma vez que os espaços são mantidos
reservados, mesmo quando não há material nestes, portanto o custo
permanece.
No Gráfico 5 é apresentada a estrutura de custos da bucha
plástica segundo a aplicação do procedimento de levantamento e
alocação de custos proposto neste estudo.
12,75%
42,65%
0,00% 10,29%
0,00%
9,56%
24,75%
Composição de Custo: Manta de Papelão Espeço Físico (Produção +
Estoques)RH (Produção + Alim.Estoques)Aquisição de Insumo (Ou PA)
Meios de Produção (Energia+ Depreciação)Perda atrelado ao Uso
Eficiência do Uso
Receita de Venda(Oportunidade)
94
Gráfico 5: Composição de custo da bucha plástica.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Quanto aos enchimentos adotados no e-commerce pode-se
observar em geral uma elevação notável nos custos em comparação aos
demais, isto se da principalmente pelas exigências de marketing sobre os
enchimentos que atingirão os clientes finais, de forma que as
embalagens logísticas de enchimento usadas tenham o próprio custo de
aquisição já superior aos demais.
O plástico bolha apresenta uma representatividade muito grande
do custo de ocupação do espaço físico, este assim como a bucha plástica
apresenta tal grandeza pela relação entre demanda e espaço imobilizado
ser muito baixa. Além disso, o custo de aquisição também é
representativo.
No Gráfico 6 é apresentada a estrutura de custos do plástico bolha
segundo a aplicação do procedimento de levantamento e alocação de
custos proposto neste estudo.
70,84% 8,71%
0,00%
0,00%
0,00% 20,45%
0,00%
Composição de Custo: Bucha Plástica Espeço Físico (Produção +
Estoques)
RH (Produção + Alim.Estoques)
Aquisição de Insumo (OuPA)
Meios de Produção (Energia+ Depreciação)
Perda atrelado ao Uso
Eficiência do Uso
Receita de Venda(Oportunidade)
95
Gráfico 6: Composição de custo do plástico bolha.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
A almofada de ar tal como as outras embalagens de enchimento
logísticas dedicadas ao e-commerce possui maior representatividade em
custos quando se refere ao custo de aquisição, contudo outro ponto que
foi evidenciado no estudo foi a participação do custo de perda, sendo
que este pode ser em parte considerado um desperdício. Logo podem ser
tomadas medidas para mitigar a representatividade desta parcela do
custo total, como pode ser observado no Gráfico 7.
62,88%
0,10%
33,85%
0,00% 0,00%
3,17% 0,00%
Composição de Custo: Plástico Bolha Espeço Físico (Produção +
Estoques)RH (Produção + Alim.Estoques)Aquisição de Insumo (Ou PA)
Meios de Produção (Energia+ Depreciação)Perda atrelado ao Uso
Eficiência do Uso
96
Gráfico 7: Composição de custo da almofada de ar.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Por fim os cubos de isopor possuem em sua aquisição
representatividade predominante sobre os demais custos, sendo seguido
de longe pelo custo do espaço dedicado, pelo mesmo motivo que o
plástico bolha e a bucha plástica, como pode ser observado no Gráfico 8
e comparado ao Gráfico 5.
0,47% 0,35%
66,33% 9,46%
15,33%
8,05% 0,00%
Composição de Custo: Almofada de Ar
Espeço Físico (Produção +Estoques)RH (Produção + Alim.Estoques)Aquisição de Insumo (Ou PA)
Meios de Produção (Energia+ Depreciação)Perda atrelado ao Uso
Eficiência do Uso
97
Gráfico 8: Composição de custo dos cubos de isopor.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Tal como previa o objetivo geral do estudo pode-se a partir de
então elencar as embalagens logísticas de enchimento de acordo com
sua eficiência de custos. A seguir são apresentadas as comparações de
pares dentro dos canais em que são utilizadas.
Nas Tabelas 4 e 5 apresenta-se a representatividade do custo total
do enchimento da linha sobre o custo total do enchimento da coluna,
como forma de comparar todos os pares dentro do ambiente de uso dos
mesmos.
10,95% 4,60%
81,14%
0,00%
0,00% 3,31% 0,00%
Composição de Custo: Cubos de Isopor
Espeço Físico (Produção +Estoques)RH (Produção + Alim.Estoques)Aquisição de Insumo (Ou PA)
Meios de Produção (Energia+ Depreciação)Perda atrelado ao Uso
Eficiência do Uso
98
Tabela 4: Representatividade de custo comparativa entre as embalagens de
enchimento para os canais B2B.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Tabela 5: Representatividade de custo comparativa entre as embalagens de
enchimento para os canais de e-commerce.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Entendidas as composições de custos de cada enchimento e
observada à comparação de pares de embalagens logísticas de
enchimento em cada ambiente de uso, se faz possível elaborar o
sequenciamento de escolha dos enchimentos com base nos critérios de
custo estudados. Portanto, o objetivo geral do estudo foi atingido.
A Figura 16 apresenta um rankeamento simples referente às
escolhas que devem ser tomadas perante à disponibilidade de
Embalagem Logísticas de Enchimento em seus repectivos canais,
apoiando-se em critérios de custos.
99
Figura 15: Priorização de escolha das embalagens logistica de enchimento
segundo critérios de custo.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
Cumprido o objetivo geral do estudo, buscou-se na empresa uma
medida do impacto das escolhas baseadas nos custos estudados, para
isto optou-se por avaliar o índice de vazio por pedido faturado, e a
receita operacional líquida – ROL médio por pedido.
Nesta etapa o estudo mantém seu foco exclusivamente nos canais
de varejo B2B, uma vez que estes representaram 95,58% do faturamento
da empresa em 2017, sendo portanto o ambiente em que os ganhos
tornam-se mais expressivos.
A empresa forneceu um relatório de controle de volume expedido
de 95 pedidos, a este foi agregada a volumetria individual dos produtos
neles contidos a fim de encontrar o volume de vazios, neste caso dado
pela diferença entre eles, e então calcular o percentual médio de vazios
nos pedidos.
Em posse destes valores é possível levantar a representatividade
média do custo de cada embalagem logística de enchimento na ROL dos
pedidos expedidos no CD.
Calculando sobre a base de faturamentos e a DRE da empresa,
com base no ano de 2017, avaliou-se um índice médio de vazios por
pedido de 58,33% do volume total, e uma ROL média por pedido de
R$4.085,12 na amostra estudada.
A partir dos valores encontrados e descritos anteriormente, e dos
custos logísticos totais de cada enchimento, elaborou-se uma tabela para
100
apresentar a participação dos custos dos enchimentos na receita líquida
média por pedido.
A Tabela 6 apresenta a representatividade do custo de cada tipo
de embalagem logística de enchimento disponível para os canais B2B
perante a ROL média dos pedidos.
Tabela 6: Representatividade do custo de enchimento na ROL (Canais B2B)
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
A representatividade dos custos exposta perante a ROL, além de dar
noção mais evidente do impacto da escolha de embalagens no resultado da
empresa, expõe a relevância do controle para a mesma. Faz-se interessante que
a empresa analise tal índice também com outras variáveis, como faturamento ou
mesmo margem.
101
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aplicação do procedimento proposto prova-se relevante e
viável uma vez que, por meio do seu fluxo generalista, cumpriu o papel
de apurar os custos das embalagens logísticas de enchimento no estudo
de caso apresentado.
Quando se estabeleceram premissas e bases sólidas para o rateio
de custos, a utilização do fluxo do procedimento destacou-se como uma
nova possibilidade de ferramenta gerencial de avaliação de custos,
podendo agregar o conhecimento quanto a custos cuja busca na
literatura não identificou precursores.
O procedimento foi efetivo em alcançar através de suas etapas os
objetivos específicos deste estudo, iniciando-se com a identificação e os
mapeamentos de processos de cada Embalagem Logística de
Enchimento, ilustrando e tornando facilmente pontuáveis quaisquer
processos ou movimentações geradores de custo.
Além disso, o procedimento reserva uma etapa para que se
escolha a metodologia de rateio que melhor se adapte aos custos
encontrados, e que então sejam estabelecidas as premissas necessárias.
A proposta de procedimento funcionou também como meio de
alcançar o objetivo geral deste trabalho, onde no estudo de caso de uma
empresa buscou-se propor um procedimento de escolha de embalagem
logística de enchimento, sendo este discutido e apresentado na sessão
3.2.9.
Por meio do estudo de caso foi possível gerar à empresa o
conhecimento de custos antes não mensurados de qualquer forma, como
por exemplo os custos atrelados ao uso das embalagens, os custos
referentes ao espaço físico imobilizado e das atividades produtivas
necessárias em alguns casos.
Sendo assim este trabalho contribui com a elaboração de um
procedimento generalista a ser replicado em outros estudos de caso e
gera conhecimentos e um procedimento baseado em custos logísticos
para apoio à operação de uma empresa de comércio varejista.
102
103
5 REFERÊNCIAS
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