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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL ESTUDO DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE UMA CENTRAL DE CONCRETO NO CANTEIRO DE OBRAS Pedro Henrique Amendola Fernandes Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Prof. Dr. José Carlos Paliari São Carlos - Dezembro, 2010 -

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ESTUDO DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE UMA CENTRAL DE CONCRETO NO CANTEIRO

DE OBRAS

Pedro Henrique Amendola Fernandes

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Prof. Dr. José Carlos Paliari

São Carlos - Dezembro, 2010 -

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por ter sempre me abençoado e guiado durante

todos os momentos da minha vida, permitindo que alcançasse meus objetivos traçados até

o momento.

Meus sinceros agradecimentos também a toda minha família, em especial aos meus

pais, grandes amigos e companheiros, que sempre me apoiaram e serviram de base para

todas minhas conquistas.

A todos os professores do Departamento de Engenharia Civil da Universidade

Federal de São Carlos, por seus ensinamentos e relação de amizade, em especial ao Paliari

pela ajuda oferecida na elaboração deste trabalho.

A todos os profissionais da obra Chácara Sant’anna e também as empresas

fornecedoras de materiais e mão-de-obra que colaboraram para o desenvolvimento deste

trabalho.

Aos meus amigos de faculdade, pelas árduas e longas batalhas vencidas, assim

como pelos momentos de felicidade e descontração vividos, agradeço a cada um deles.

E finalmente a minha namorada, Jaqueline Alves Camargo, que vivenciou e

compartilhou intensamente toda minha trajetória, dando a força e apoio necessários nos

momentos mais delicados.

A todos vocês, muito obrigado!

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RESUMO

O atual cenário da construção civil é marcado pela intensa competitividade entre as

empresas devido à imposição de mercado, o que as tem levado a buscar melhorias no

processo através de novos conhecimentos e técnicas eficientes. Além da reformulação nos

instrumentos de gestão do empreendimento, o canteiro de obras também sofreu

modificações para que o setor se desenvolvesse e inovasse como o fluxo e armazenamento

de matérias primas. O concreto, material básico do sistema estrutural, o qual corresponde

aproximadamente a 20% do custo total da obra, deve possuir as características e condições

de uso adequadas para a sua correta aplicação no canteiro de obras, garantindo e

proporcionando a qualidade estrutural a que está submetido. Devido às responsabilidades

técnicas e financeiras, o concreto recebe atenção diferenciada no planejamento da obra,

estudando-se até possibilidades de aperfeiçoamento e redução dos seus custos, por meio

de ações indiretas ou diretas como, por exemplo, a análise de viabilidade de produção do

concreto no canteiro de obras ou seu fornecimento por terceiros, pretensão de estudo deste

trabalho. Para isto, tomando-se um canteiro de obras real como referência (Chácara

Sant’anna – Grupo Gafisa), levou-se em conta o volume consumido de concreto, os tipos

produzidos conforme suas características e os insumos envolvidos, as alternativas de

produção com locação ou aquisição de betoneiras ou o seu fornecimento por terceiros, além

de outras questões relevantes que foram descritas ao decorrer do texto, que por fim,

possibilitam a análise conclusiva dos aspectos positivos e negativos dos métodos propostos.

Palavras-chave: Construção civil, concreto, central de concreto, sistema estrutural.

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ABSTRACT

ABSTRACT

The current stage of construction is marked by intense competition between

companies due to the imposition of the market, which has carried it out to seek process

improvements through new knowledge and effective techniques. Besides the reformulation of

the tools of project management, the construction site also has changed for the sector to

develop and innovate as the flow and storage of raw materials. The concrete is the base

material of the structural system, which is approximately 20% of the total cost of the work. It

must possess the appropriated characteristics and conditions of use to its correct

implementation at the construction site, ensuring quality and providing the structure that is

submitted. Due to technical and financial responsibilities, the concrete gets special attention

in planning the work, studying the possibilities for improvement and to reduce its costs

through indirect or direct actions such as, for example, analysis of the feasibility of concrete

production at the construction site or supply by third parties, it claim to this study. For this,

taking a real construction site as reference (Chácara Sant'anna - Gafisa Group), took into

account the volume of concrete consumed, the types produced according to their

characteristics and inputs involved in production with the alternatives leasing or purchase of

your mixer or supply by third parties, and other relevant issues which have been described

throughout the text, which ultimately allow conclusive analysis of the positive and negative

aspects of the proposed methods.

Key-words: Construction, concrete, central concrete, structural system.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Panteão Romano ......................................................................................................... 6

Figura 2: Coliseu romano ........................................................................................................... 7

Figura 3: Elementos lineares(a), bidimensionais(b) e tridimensionais(c) ................................ 14

Figura 4: Planta e corte de uma laje maciça ............................................................................. 16

Figura 5: Viga reta de concreto armado ................................................................................... 17

Figura 6: Detalhe esquemático de um pilar de concreto armado ............................................. 17 Figura 7: Detalhe de bloco sobre estaca e tubulão ................................................................... 18 Figura 8: Gráfico de consumo de areia na construção civil (Fonte: ANEPAC)....................... 19 Figura 9: Detalhe do equipamento de produção de concreto – betoneira ................................ 28 Figura 10: Equipamentos de produção do concreto dosado em central ................................... 29 Figura 11: Detalhe do sistema computacional dosador dos componentes de concreto ............ 30 Figura 12: Localização do empreendimento Chácara Sant’anna ............................................. 32 Figura 13 – Implantação geral do empreendimento ................................................................. 33 Figura 14 – Vista geral das duas torres do empreendimento .................................................... 34 Figura 15 – Perspectiva da Torre Ficus .................................................................................... 34 Figura 16 – Detalhe típico dos tubulões. .................................................................................. 43 Figura 17: Betoneira Profissional Hidráulica 600l, da Menegotti ............................................ 47 Figura 18: Betoneira Profissional Mecânica com Carregador 600l, da Menegotti .................. 48 Figura 19: Gráfico da curva de gasto financeiro ao longo dos meses ...................................... 73

Figura 20: Recipiente com capacidade volumétrica pré-definida ............................................ 76

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Divisão granulométrica da areia segundo a NBR 7211/2005................................... 20

Tabela 2: Divisão granulométrica da areia segundo a NBR 7211/2005................................... 20

Tabela 3: Valores estimados para teores de argamassa seca (α) .............................................. 23

Tabela 4: Valores estimados de relações água-cimento (x) ..................................................... 23

Tabela 5: Desvio padrão a ser adotado em função da condição de preparo do concreto ......... 24

Tabela 6: Relação entre trabalhabilidade e grandeza de abatimento ........................................ 26

Tabela 7: Tolerâncias para aceitação do concreto no estado fresco pelo Ensaio de Abatimento do Tronco de Cone ........................................................................................................... 26

Tabela 8: Volumes de concreto por pavimento dos pilares da Torre Ficus. ............................ 35

Tabela 9: Volumes de concreto por pavimento das vigas da Torre Ficus. ............................... 36

Tabela 10: Volumes de concreto por pavimento das lajes da Torre Ficus. .............................. 37

Tabela 11: Volume de concreto por pavimento da laje de escada da Torre Ficus. .................. 37

Tabela 12: Volumes de concreto por pavimento dos pilares da Torre Cipreste. ...................... 38

Tabela 13: Volumes de concreto por pavimento das vigas da Torre Cipreste. ........................ 39

Tabela 14: Volumes de concreto por pavimento das lajes da Torre Cipreste. ......................... 40

Tabela 15: Volume de concreto por pavimento da laje de escada da Torre Cipreste............... 40

Tabela 16: Volume de concreto dos blocos de fundação. ........................................................ 42

Tabela 17: Volume de concreto das estacas. ............................................................................ 42

Tabela 18: Volume de concreto dos tubulões. .......................................................................... 43

Tabela 19: Tipos de concreto e suas respectivas quantidades .................................................. 44

Tabela 20: Dados técnicos da Betoneira Profissional Hidráulica 600l .................................... 48

Tabela 21: Dados técnicos da Betoneira Profissional Mecânica com Carregador 600l ........... 49

Tabela 22: Valor financeiro dos componentes do concreto por m³ .......................................... 59

Tabela 23: Custos fixos por m³ dos diferentes tipos de concreto ............................................. 62

Tabela 24: Custo total por m³ dos diferentes tipos de concreto ............................................... 63

Tabela 25: Custo total dos diferentes tipos de concreto ........................................................... 63

Tabela 26: Custos fixos por m³ dos diferentes tipos de concreto ............................................. 67

Tabela 27: Custo total por m³ dos diferentes tipos de concreto. .............................................. 67

Tabela 28: Custo por m³ dos diferentes tipos de concreto fornecidos por empresa terceirizada. .......................................................................................................................................... 69

Tabela 29: Custo total do concreto fornecido por empresa terceirizada. ................................. 70

Tabela 30: Valor por m³ de concreto de acordo com os diferentes métodos de obtenção do mesmo ............................................................................................................................... 70

Tabela 31: Balanço econômico comparativo entre o Método 1 e Método 2 ............................ 71

Tabela 32: Balanço econômico comparativo entre o Método 1 e o concreto fornecido por terceiros ............................................................................................................................ 71

Tabela 33: Balanço econômico comparativo entre o Método 2 e o concreto fornecido por terceiros ............................................................................................................................ 72

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

1.1 Justificativa ............................................................................................................... 2

1.2 Objetivos .................................................................................................................... 3

1.2.1 Detalhamento dos objetivos .................................. Erro! Indicador não definido.

1.3 Metodologia ............................................................................................................... 4

1.4 Estrutura do trabalho .............................................................................................. 5

2. ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO ..................................................................... 6

2.1 Definições ................................................................................................................... 8

2.2 Vantagens e desvantagens do concreto armado .................................................... 9

2.2.1 Vantagens ............................................................................................................... 9

2.2.2 Desvantagens ........................................................................................................ 10

2.3 Classificação dos tipos de concreto ...................................................................... 11

2.4 Classificação geométrica dos elemenntos estruturais.......................................... 13

2.5 Principais elementos estruturais de concreto armado ........................................ 14

2.5.1 Lajes ..................................................................................................................... 15

2.5.2 Vigas ..................................................................................................................... 16

2.5.3 Pilares ................................................................................................................... 17

2.5.4 Bloco de fundação ................................................................................................ 17

2.6 Componentes e características do concreto ......................................................... 18

2.6.1 Eespecificação dos materiais ................................................................................ 18

2.6.2 Cálculo do traço ideal do concreto ....................................................................... 21

2.6.3 Definição de parâmetros e características do concreto ......................................... 25

2.7 Concreto: produção e fornecimento ..................................................................... 28

2.8 Fluxo de materiais e logística no canteiro de obras ............................................. 30

3. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................ 32

3.1 Caracterização do canteiro de obras .................................................................... 32

3.2 Cálculo do volume total de concreto do empreendimento .................................. 35

3.2.1 Torre fícus............................................................................................................. 35

3.2.2 Torre Cipreste ....................................................................................................... 37

3.2.3 Áreas comuns de periferia .................................................................................... 41

3.2.4 Fundação ............................................................................................................... 42

3.2.5 Volume total de concreto do empreendimento ..................................................... 43

3.2.6 Volume de concreto de acordo com dois parâmetros: fck e slump ...................... 44

3.3 Alternativas: produção ou fornecimento do concreto ......................................... 45

3.3.1 Produção em central de concreto no canteiro de obras ........................................ 45

3.3.2 Fornecimento do concreto por terceiros ............................................................... 69

3.4 Análise financeira comparativa ............................................................................. 70

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 75

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 78

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1. INTRODUÇÃO

As mudanças macroeconômicas decorrentes da crescente necessidade do aumento

de competitividade, provocada por imposições de mercado, tem levado as empresas dos

mais diversos segmentos produtivos a buscarem melhorias nos seus processos, visando

incrementar sua produtividade e, logicamente, aumentar seus lucros. Na indústria da

construção civil, mais especificamente no sub-setor de edificações, este fato fica fortemente

evidenciado pela intensa busca por melhorias nos processos produtivos, objetivando

alcançar os melhores resultados através da efetiva utilização dos recursos materiais e

físicos, redução dos desperdícios e maior planejamento das atividades, integrando as

diversas partes constituintes do processo em um todo.

Segundo Souza (2005), as técnicas construtivas vêm se modernizando notoriamente

nas últimas décadas, evoluindo desde o conhecimento até a sua efetiva introdução nas

habituais práticas do setor, culminando no enriquecimento do desenvolvimento e da

inovação. Para que este avanço ocorresse, foi necessária uma reformulação nos

instrumentos de gestão dos empreendimentos e nos canteiros de obras, abrangendo todas

as etapas do processo construtivo.

Estes canteiros de obras são definidos por Oliveira e Serra (2006) como a área

designada à condução dos trabalhos do ambiente da obra e da instalação dos

equipamentos necessários para a sua execução. Contudo, deve ser feito um planejamento

para que exista um melhor aproveitamento do tempo e do espaço de acordo com as

necessidades presentes nas diversas fases da obra, pois a construção civil é um processo

dinâmico e complexo, devido à presença de diversos fatores intervenientes.

De acordo ainda com o autor referenciado anteriormente, vale-se atentar que as

informações sobre fluxos e armazenagem tanto da matéria-prima como dos equipamentos

dentro do canteiro de obras, os quais devem ser previamente verificados para que não haja

interrupções e que o cronograma da obra seja cumprido.

Para Dias (1998), o departamento de suprimento é um setor essencial que tem por

finalidade completar as necessidades de materiais ou serviços e planejá-las adequadamente

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ao momento certo e quantidades equilibradas, maximizando-se a eficiência do processo

construtivo como um todo.

O projeto estrutural, englobando desde a fase de planejamento e projeto até a

execução física da estrutura propriamente dita, conforme Costa (1997) citado por

Albuquerque (1999) representa, singularmente, a etapa de maior representatividade no

custo total da construção (15% a 20% do custo total), portanto deve-se priorizar este

sistema e, por conseqüência, o seu principal componente: o concreto. Este possui como

principais componentes os agregados e o cimento Portland, na qual os primeiros são

representativos do maior volume da mistura e o segundo o de maior custo financeiro, sendo

de suma importância a utilização de agregados com especificações técnicas adequadas e

cimento de qualidade, garantindo as propriedades necessárias ao concreto a ser produzido.

Camacho (2006) salienta que o emprego reduzido de materiais e a redução no

número de subempreiteiras presentes na obra acabam por diminuir a complexidade da

etapa executiva e o risco de atraso no cronograma de execução em função de eventuais

faltas de materiais, equipamentos ou mão-de-obra. Deste modo, faz-se necessário a análise

do fornecimento de materiais por empresas terceirizadas ou, se possível, a produção dos

mesmos no próprio canteiro de obras, com o intuito de eliminar possíveis contratempos e

desvantagens econômicas geradas pela terceirização dos serviços.

Este trabalho tem como principal objetivo avaliar a viabilidade da implantação de

uma central de concreto no canteiro de obras tomado como referência para o estudo, de

acordo com as disposições técnicas e econômicas do empreendimento, e compará-las a

atual situação do fornecimento desta matéria-prima por empresas terceirizadas para se

verificar o modo mais eficiente de suprimento deste material conforme a demanda da obra.

1.1 JUSTIFICATIVA

A crescente competitividade no setor de engenharia civil, mais especificamente no

subsetor de edificações, tem gerado uma intensa procura por melhorias nos processos de

modo a aumentar a eficácia dos meios produtivos, impactando diretamente na redução de

custos e aumento dos lucros por parte das empresas, tornando-as cada vez mais fortes

economicamente dentro do mercado.

Como já visto anteriormente, segundo Costa (1997) citado por Albuquerque (1999), o

projeto estrutural como um todo é responsável por uma parcela de aproximadamente 20%

do custo total do empreendimento, portanto fica evidente sua imensa representatividade na

composição dos custos da obra, sendo um dos principais pontos a serem focados quando o

assunto é eliminação dos desperdícios e retenção de custos. Tratando-se de uma estrutura

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convencional de concreto armado, tem-se como seu principal elemento constituinte o

concreto, representando o material com maior volume e, conseqüentemente, maior custo do

concreto.

Por exercer um papel fundamental para a perfeita funcionalidade da estrutura do

edifício, o concreto deve possuir as características e condições de uso adequadas para sua

correta aplicação no canteiro de obras, de modo a proporcionar e garantir o desempenho

necessário às funções estruturais às quais está submetido. Para cumprir tais exigências,

muitas delas presentes em normas regulamentadoras, faz-se necessário um rigoroso

controle na produção ou recebimento do concreto, assegurando que os requisitos mínimos

de desempenho aceitáveis serão atingidos.

Tais responsabilidades técnico-financeiras fazem com que o concreto receba uma

atenção diferenciada no planejamento da obra, analisando as possibilidades de otimizar sua

utilização e reduzir seus custos, seja por meio de ações diretas ou indiretas, como por

exemplo a análise de viabilidade de produção do concreto no canteiro de obras ou seu

fornecimento por terceiros.

Portanto, este projeto tem sua justificativa apoiada basicamente em duas razões:

uma de natureza técnico-científica e outra de natureza econômica, uma vez que para se

implantar a central de concreto é necessário o levantamento e a interpretação das

informações técnicas e construtivas envolvidas na sua execução; enquanto que ao mesmo

tempo permitirá o confronto entre estes dados com a sua viabilidade econômica, fazendo

julgar se será mais vantajoso o seu fornecimento ou sua produção.

1.2 OBJETIVOS

Tomando-se um canteiro de obras real como base e referência para este estudo,

objetiva-se analisar criteriosamente o planejamento e viabilidade da implantação de uma

central para produção de concreto no interior do canteiro de obras, eliminando-se a

terceirização desta atividade que tem como principal impacto imediato o fator financeiro.

Serão avaliados três métodos de obtenção do concreto, sendo eles os produzidos no interior

do canteiro de obras com aquisição ou locação das unidades produtoras e o fornecido por

terceiros. Serão analisados ainda mais detalhadamente os aspectos financeiros envolvidos

em todo o processo, avaliando desde os custos relativos aos materiais componentes do

concreto até custos com energia, mão-de-obra e outros.

Será feito também um balanço comparativo entre os diferentes métodos de obtenção

do concreto, analisando e correlacionando os aspectos financeiros dos diferentes métodos.

Pretende-se ainda, após o estudo de exeqüibilidade, analisar os aspectos técnicos

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referentes ao canteiro de obras, verificando as principais características envolvidas no

processo de produção e fornecimento de concreto, com definição dos principais aspectos a

serem considerados no local de implantação desta central de concreto, adequando-a da

melhor forma para que seja incorporada perfeita e harmoniosamente dentro do canteiro de

obras.

1.3 METODOLOGIA

A fim de se atingir os objetivos propostos neste trabalho, foi inicialmente realizada a

caracterização da obra real tomada como objeto de estudo, tratando-se de uma obra de

grande porte do subsetor de edificações, mais especificamente do ramo de construção

residencial. Possui área total do terreno de aproximadamente 11790 m², sendo o

empreendimento constituído de duas torres, uma com área igual a 545 m² e outra de 817

m², com um total de 140 apartamentos, e apresentando estrutura convencional de concreto

armado e vedações constituídas de blocos de concreto.

Em seguida, efetuou-se um levantamento da estimativa de demanda de concreto a

ser utilizada no total do empreendimento, caracterizando-se o concreto a ser produzido e

quantificando o volume necessário de produção, verificando-se posteriormente se as

unidades de produção são suficientes para suprir o volume desejado. Para auxiliar nesta

etapa de análise do volume de produção necessário, foi estimada a demanda mensal de

concreto da obra, especificando as diversas etapas da cadeia produtiva.

Na etapa de produção, com a caracterização já realizada do concreto, torna-se

possível o cálculo aproximado do traço do concreto, que especifica a relação entre seus

componentes e suas quantidades, chegando-se a um valor aproximado das quantidades

totais de materiais necessários para produção do m³ do concreto e também de toda obra e,

conseqüentemente, do valor financeiro que estes representam.

Ainda dentro da etapa de produção do concreto, realizou-se um estudo que envolve

os diversos parâmetros desta etapa, efetuando-se um levantamento das despesas geradas

nas fases de implantação, operação e manutenção, na qual estão inclusos a energia, água,

mão-de-obra e sua estimativa de produtividade.

Em contrapartida, foram analisados os parâmetros que envolvem o concreto usinado

fornecido por terceiros, considerando-se principalmente o custo de aquisição deste material,

controle de qualidade do concreto adquirido e possíveis variáveis que interfiram no

recebimento e posterior aplicação no canteiro de obras.

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Após a conclusão das etapas anteriores e com os dados gerados, tornou-se possível

realizar-se o balanço financeiro comparativo entre os diferentes meios de obtenção do

concreto, verificando suas viabilidades econômicas e, posteriormente, analisando os

aspectos envolvidos em cada método.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo 1 foi feita uma breve introdução a respeito do momento em que a

engenharia civil está vivenciando, suas condições e imposições de mercado que acabam

por influenciar no desenvolvimento e comportamento do mercado da construção civil.

Citaram-se ainda os objetivos e justificativas acerca deste trabalho, descrevendo

brevemente a metodologia utilizada para tais fins.

O capítulo 2 refere-se ao embasamento teórico relativo ao sistema estrutural de

concreto armado, englobando e definindo suas principais características, tipos de elementos

estruturais e materiais componentes do concreto, informações sobre obtenção dos mesmos

e fluxos de materiais no canteiro de obras, além da definição de traços e parâmetros do

concreto.

Já o capítulo 3 traz o estudo de caso realizado na obra Chácara Sant’anna em São

Paulo, definindo todos os aspectos referentes à produção ou fornecimento de concreto,

como volumes, valores financeiros, entre outros, além de apresentar uma breve análise

comparativa entre os diferentes meios de obtenção do concreto.

No capítulo 4 foram feitas as considerações finais a respeito deste estudo de caso,

avaliando brevemente os parâmetros envolvidos em todos os processos de produção ou

fornecimento do concreto.

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2. ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO

Dentre os diversos sistemas estruturais empregados nas mais variadas obras de

construção civil, a estrutura de concreto armado é a mais difundida e utilizada no cenário

atual, tendo sido também um dos mais importantes elementos da arquitetura do século XX.

A utilização do concreto, diferente do atual, porém com características semelhantes,

perde-se na antiguidade, pois este já era conhecido e aplicado nos tempos do Império

Romano. Segundo Bastos (2006), a civilização romana foi a que mais se destacou na

aplicação dos concretos e argamassas, pois estes materiais permitiram que fossem criados

espaços amplos em forma de arco, abóbadas e cúpulas de grandes dimensões. Através da

combinação do concreto da época com tijolos de argila, pedra e outros materiais naturais,

conseguiram produzir magníficas obras, inéditas até aquele período, que geraram um

grande desenvolvimento, revolucionando a arquitetura daquele período.

Este mesmo autor cita ainda, como exemplos mais marcantes de construções

romanas que aplicaram o concreto existente na época, o Panteão e o Coliseu. O Panteão,

ilustrado na Figura 1, fora construído em 27 a.C com concretos de diferentes materiais, em

forma de abóbada de concreto, cujo diâmetro atinge expressivos 43,3 metros.

Figura 1: Panteão Romano

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Já o Coliseu, construído entre os anos 69 e 79 d.C., sustenta o status de ser a maior

obra já realizada pelos romanos, cuja estrutura foi concebida mesclando-se pedras e

concreto. Pode-se visualizar esta respeitosa construção na Figura 2 que segue.

Figura 2: Coliseu romano

A partir do momento em que ocorreu a união do ferro ao concreto, possibilitou-se que

o conjunto formado resistisse também às tensões de tração as quais os elementos

estruturais estão submetidos, e, conseqüentemente, as possibilidades de aplicação

aumentaram demasiadamente em relação ao concreto inicialmente utilizado pelos romanos.

A capacidade de resistir satisfatoriamente tanto às tensões de compressão como de tração

culminou no desenvolvimento de projetos de elementos estruturais de menor altura e com

vãos significativamente maiores, colocando o concreto armado na liderança mundial como

material estrutural para os diversos tipos de construção hoje existentes.

Esta liderança fica evidenciada nos números de consumo mundial deste material,

como apontado por Dumêt (2008, p. 2):

O consumo de concreto em 1920 era de aproximadamente 700 milhões de

toneladas por ano. Segundo Brunauer e Copeland (1964),citados por

MEHTA & MONTEIRO (1994): “O consumo mundial total de concreto, no ano

passado (1963), foi estimado em 3 bilhões de toneladas, ou seja, uma

tonelada por ser humano vivo. O homem não consome nenhum outro

material em tal quantidade, a não ser a água”. Agora, entrando no século

XXI, o consumo anual de concreto é próximo de 6 bilhões de toneladas, ou

seja, continua da ordem de uma tonelada por ser humano.

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2.1 DEFINIÇÕES

O concreto é o material resultante da mistura de um aglomerante hidráulico (o

cimento), um agregado miúdo (em geral a areia), um agregado graúdo (em geral a brita) e a

água, sendo que em casos específicos pode ser necessário o acréscimo de aditivos à

mistura, que conferem propriedades específicas ao material como, por exemplo, os aditivos

incorporadores de ar, que melhoram a trabalhabilidade do concreto. Estes componentes

devem ser adicionados à mistura em proporções exatas e bem definida, assegurando que o

concreto apresente as propriedades físicas exigidas em projeto.

A principal característica do concreto é sua elevada resistência aos esforços de

compressão, porém em contrapartida possui baixa resistência aos esforços de tração, sendo

esta da ordem de 10% da resistência à compressão, segundo Dumêt (2008). Vale ressaltar

que, ao longo do tempo, o concreto endurece em virtude de reações químicas que ocorrem

entre o cimento e a água, a chamada hidratação do concreto, resultando em um aumento

contínuo de sua resistência, propriedade esta que o distingue dos demais materiais de

construção. Outro aspecto importante é o fato deste material apresentar uma ruptura frágil,

rompendo com pequenas deformações.

Já o concreto armado caracteriza-se pela associação do concreto simples ao aço,

usualmente representado por barras de aço que são posicionadas no interior do concreto,

ficando envolvidas por este material. Ambos devem resistir solidariamente aos esforços

solicitantes, sendo o concreto o principal responsável por absorver e resistir aos esforços de

compressão, enquanto o aço resiste aos esforços de tração.

De acordo com Süssekind (1981), a funcionalidade da associação desses dois

materiais é assegurada pelas seguintes características:

- Aderência entre os materiais: para que o concreto armado trabalhe como um material

único, é fundamental garantir que haja uma perfeita aderência entre o aço e o concreto, o

que significa que os dois materiais possuam a mesma deformação em todos os pontos

(εs=εc), pois, caso contrário, estaria havendo um escorregamento de um material em relação

ao outro (εs≠εc). Portanto, na região tracionada, na qual o concreto possui resistência

praticamente nula, este sofre fissuração, tendendo a se deformar e, devido à aderência, os

esforços são transmitidos para as barras de aço forçando-as a trabalhar e,

conseqüentemente, absorver os esforços de tração; já nas regiões comprimidas, uma

parcela de compressão poderá ser absorvida pela armadura, caso o concreto, isoladamente,

não seja capaz de absorver a totalidade dos esforços de compressão.

- Coeficientes de dilatação térmica (α) do concreto e do aço praticamente iguais, à

temperatura ambiente: o coeficiente de dilatação térmica do aço é de α=1,2x10-5 /°C, e o do

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concreto varia de α=0,9x10-5 /°C à α=1,4x10-5 /°C, com valor mais freqüente em torno de

α=1,0x10-5 /°C. Para as temperaturas usuais das estruturas de concreto armado, essa

diferença não é significativa, adotando-se, portanto, para o concreto armado um coeficiente

de dilatação térmica de α=1,0x10-5 /°C. Essa diferença passa a ter importância quando as

estruturas atingem temperaturas elevadas, como no caso de incêndios, o que não é uma

situação corriqueira para a grande maioria das obras. Nas estruturas onde o risco de

incêndio é significativo, podem-se tomar algumas providências para minimizar o problema,

tais como: a utilização de cimentos mais resistentes ao fogo e o aumento do cobrimento das

peças.

- Proteção contra oxidação do aço da armadura: o concreto acaba por proteger de

duas maneiras o aço contra a oxidação, sendo uma proteção física por envolver as barras e

protegendo-as do meio externo, além de realizar uma proteção química, pois no ambiente

alcalino que se forma após a pega do concreto, surge uma camada quimicamente inibidora

em torno da armadura. Essa proteção quanto à corrosão das armaduras é fator

determinante na durabilidade do elemento estrutural, devendo-se atentar para que haja um

valor mínimo de cobrimento da armadura e mantê-lo o mais uniforme possível, evitando que

ocorra maior perigo de corrosão em uma determinada região do elemento estrutural, além

de verificar os cimentos, agregados, água de amassamento e aditivos utilizados na

produção do concreto, pois estes não devem conter uma quantidade de materiais passíveis

de favorecer a corrosão, em percentuais superiores a limites estabelecidos em norma.

2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONCRETO ARMADO

O concreto armado, assim como todo e qualquer outro material de construção,

apresenta vantagens e desvantagens em relação a sua aplicação, sendo as mais

significativas listadas a seguir:

2.2.1 VANTAGENS

Como vantagens do concreto armado, são citadas:

- O concreto fresco é facilmente moldável, adaptando-se a qualquer tipo de forma,

permitindo grande variabilidade de formas e de concepções arquitetônicas;

- É próprio para concepção de estruturas monolíticas, ou seja, sem juntas, que, por

serem muitas vezes hiperestáticas, apresentam uma elevada reserva de capacidade

resistente e segurança, pois fazem com que todo o conjunto trabalhe quando a peça é

solicitada;

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10

- Apresenta boa resistência à maioria dos tipos de solicitação, desde que seja feito um

correto dimensionamento e um adequado detalhamento das armaduras;

- É um material que, em comparação aos outros tipos de estruturas, apresenta boa

segurança contra o fogo, desde que a armadura seja convenientemente protegida pelo

cobrimento;

- Economia, devido principalmente à facilidade e à disponibilidade de obtenção de

seus principais materiais componentes (água, cimento e agregados), e a um custo

relativamente baixo;

- Baixo custo de mão-de-obra, pois em geral não exige profissionais com elevado nível

de qualificação;

- Seus processos construtivos são conhecidos e bem difundidos em quase todo o

país;

- É um material durável e protege a armação contra a corrosão;

- Os gastos de manutenção são reduzidos, desde que a estrutura seja bem projetada

e adequadamente construída;

- O concreto é pouco permeável à água, quando executado em boas condições de

plasticidade, adensamento e cura;

- É resistente a choques e vibrações, efeitos térmicos, atmosféricos e a desgastes

mecânicos;

- É um material “ecologicamente correto”, não só por requerer, na sua produção, um

consumo relativamente baixo de energia, como também por ser um material que pode

reciclar grande quantidade de restos industriais;

2.2.2 DESVANTAGENS

O concreto armado apresenta algumas restrições, que precisam ser analisadas mais

cuidadosamente, tomando-se as providências adequadas para atenuar suas conseqüências.

As principais são:

- Elevado peso próprio, da ordem de 25 kN/m³;

- Custo relativamente elevado das fôrmas para sua moldagem;

- Dificuldade de reformas, demolições e desmontes;

- Não apresenta um bom isolamento acústico nem térmico, o que pode ser corrigido

com o uso de materiais isolantes térmicos e acústicos, como o isopor e a cortiça;

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2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE CONCRETO

Atualmente existe uma enorme variedade de tipos de concreto, na qual cada tipo

apresenta características e aplicações particulares. A seguir serão descritos os tipos mais

conhecidos e que possuem maior destaque no mercado da engenharia civil atual.

Tipos de concreto de acordo com sua composição:

- Concreto simples: já citado anteriormente, este tipo de concreto é utilizado sem

armadura, ou com armadura menor que a mínima exigida em norma, resistindo basicamente

às tensões de compressão e possuindo um peso específico da ordem de 24 kN/m³; aplicado

principalmente nas fundações, como os blocos de concreto ciclópico, os tubulões e as

estacas de concreto;

- Concreto armado: também citado anteriormente, é o material resultante da ação

conjunta do concreto e do aço, que trabalha como armadura passiva, onde o primeiro resiste

às tensões de compressão e o último às de tração; possui um peso específico da ordem de

25 kN/m³; é utilizado em praticamente todo tipo de estrutura, até onde o binômio Eficiência x

Economia é satisfeito;

- Concreto protendido: é a ação conjunta do concreto e do aço, sendo que este atua

como armadura ativa, ou seja, são introduzidas tensões prévias na armadura; o concreto

protendido é utilizado, entre outras aplicações, nas estruturas com grandes vãos e cargas

elevadas, onde o concreto armado passa a não ser economicamente viável; o concreto

protendido, também, tem a vantagem de apresentar uma durabilidade maior, já que sua

fissuração é bem menor;

Tipos de concreto de acordo com seu peso específico:

- Concreto leve: é um concreto mais leve que o convencional, feito, na maioria das

vezes, com agregados leves celulares, podendo seu peso específico seco ao ar ser da

ordem de dois terços do peso do concreto convencional, e não ultrapassando o valor de

18,50 kN/m³; é muito utilizado nas peças de pré-moldados leves, e em estruturas onde se

pretende reduzir o peso próprio dos elementos;

- Concreto pesado: é o concreto produzido com minerais de alta massa específica,

apresentando-se cerca de 50% mais pesado que o concreto convencional; sua principal

aplicação é a blindagem em usinas nucleares, ou outros tipos de radiação;

- Concreto massa: é a denominação dada ao concreto utilizado em estruturas que

apresentam um grande volume de concreto, como as barragens, onde atenção especial

deve ser dada às elevadas temperaturas que ocorrem no seu interior, durante a

concretagem;

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Tipos de produção do concreto:

- Concreto moldado in loco: é o concreto confeccionado no próprio local onde será

posicionado definitivamente, utilizando-se fôrmas de madeira, metálicas ou plásticas para

moldar a estrutura a ser concebida; permite uma grande flexibilidade nas formas

geométricas da estrutura;

- Concreto pré-moldado: é o concreto produzido fora do local onde será

definitivamente aplicado, podendo ser no próprio canteiro de obra ou em fábricas de

prémoldagem; sua grande vantagem é a possibilidade de reutilização das fôrmas quando há

grande repetição dos elementos estruturais e a rapidez na montagem, porém, faz-se

necessário um cuidado especial com o seu transporte e içamento, pois os esforços gerados

nestas duas etapas são, na maioria dos casos, diferentes daqueles as quais os elementos

estarão submetidos na estrutura para a qual foram produzidos, podendo ocorrer fissuração

ou até mesmo a ruptura das peças;

Tipos de aplicação do concreto:

- Concreto bombeado: é o concreto que, no momento da concretagem, é

transportado por pressão através de tubos rígidos ou mangueiras flexíveis e descarregado

diretamente nos locais onde deve ser aplicado; muito utilizado nas obras de grandes

edificações, nas quais o concreto, normalmente, é fornecido em caminhões betoneiras, e

então bombeado;

- Concreto projetado: é o concreto projetado em alta velocidade, por uma bomba

pneumática, sobre uma superfície; é muito utilizado em obras de reparo, túneis, canais,

paredes finas, entre outros;

Tipos de concreto para aplicação em casos especiais:

- Concreto de alta resistência (CAR): segundo o CEB-FIP CM 90 (1993), é o concreto

com resistência à compressão acima de 60 MPa, porém esse limite pode variar de país para

país, utilizando-se no Brasil uma classificação conforme indicado abaixo; muito utilizado

atualmente em praticamente todo tipo de estrutura, especialmente em obras de vulto e em

pilares dos edifícios;

• baixa resistência: até 25 MPa;

• média resistência: de 25 à 50 MPa;

• alta resistência: de 50 à 90 MPa;

• ultra-alta resistência: acima de 90 MPa;

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- Concreto de alto desempenho (CAD): segundo o CEB-FIP CM 90 (1993), é o

concreto com fator A/C inferior a 0,40, ou seja, com baixa permeabilidade; apresenta um

desempenho diferenciado em relação ao convencional para determinadas propriedades,

como a resistência e a durabilidade; possui na sua composição, além dos materiais

comumente utilizados, algum material com propriedades pozolânicas, como por exemplo, a

sílica ativa ou a cinza volante, e aditivos superplastificantes para melhorar a sua

trabalhabilidade, que fica prejudicada com a adição dos finos; é utilizado em estruturas

sujeitas à compressão elevada (como os pilares), em elementos protendidos, em estruturas

submetidas a desgastes mecânicos e erosão, como rodovias, pisos industriais, pistas de

aeroportos, obras marítimas, entre outros;

- Concreto com fibras: contêm fibras de aço (concreto 2%, argamassa 10%), vidro

(5%), polipropileno, cimento amianto (10%), vegetais, entre outros, que aumentam sua

rigidez, ductilidade e durabilidade, controlam mais eficientemente a fissuração, além de

diminuírem a permeabilidade e as tensões nos estribos; muito utilizado em estruturas pré-

moldadas e em concreto projetado, lajes e pisos, túneis, entre outros;

- Concreto com polímeros: concreto contendo polímeros resulta num material com

permeabilidade muito baixa e excelente resistência química; utilizado como revestimento de

proteção de armaduras, contra corrosão, em pisos industriais e tabuleiros de pontes.

Estes tipos de concretos citados anteriormente podem ser encontrados

separadamente ou em conjunto, como por exemplo, uma estrutura em concreto armado

pode ser confeccionada com concreto de alto desempenho, ou uma estrutura em concreto

protendido pode utilizar concreto reforçado com fibras, e assim por diante. Podem ocorrer

ainda casos em que há o emprego de elementos de concreto armado convencional

juntamente com elementos de concreto pré-moldado em um mesmo sistema estrutural,

como, por exemplo, um edifício todo executado com concreto armado convencional, porém

com uma piscina na cobertura executada com elementos pré-moldados.

2.4 CLASSIFICAÇÃO GEOMÉTRICA DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS

Segundo uma classificação geométrica dos elementos estruturais apresentada por

Giongo (2007), cuja base de comparação é a ordem de grandeza das três dimensões

principais do elemento, ou seja, comprimento, altura e espessura, estes podem ser

classificados do seguinte modo:

- Elementos lineares: são aqueles que possuem a espessura da mesma ordem de

grandeza da altura, porém ambas significativamente menores que o comprimento, conforme

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Figura 3a que segue. Estes elementos são chamados de “barras”, tendo como principais

exemplos as vigas e pilares.

- Elementos bidimensionais: são aqueles na qual duas dimensões, a largura e o

comprimento, são da mesma ordem de grandeza e significativamente maiores que a terceira

dimensão, a espessura, como ilustrado na Figura 3b. Estes elementos são os chamados

elementos de superfície, tendo como principais exemplos as lajes, paredes de reservatórios,

entre outros. Estas estruturas de superfície podem ser classificadas em cascas, quando a

superfície da mesma é curva, e placas ou chapas, quando a superfície é plana. O que

diferencia as placas das chapas é a direção que recebem o carregamento, sendo que as

primeiras recebem o carregamento perpendicular ao seu plano, enquanto que as segundas

possuem o carregamento contido nesse plano. Podem-se citar as lajes como exemplo mais

comum de placa, enquanto as chapas possuem como exemplo mais comum as vigas-

parede.

- Elementos tridimensionais: são aqueles na qual as três dimensões possuem a

mesma ordem de grandeza, sendo chamados elementos de volume, como ilustrado na

Figura 3c. Os blocos e sapatas de fundação são os exemplos mais comuns.

Figura 3: Elementos lineares(a), bidimensionais(b) e tridimensionais(c)

2.5 PRINCIPAIS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE CONCRETO ARMADO

Nas construções de concreto armado, sejam elas de pequeno ou grande porte, há

três tipos principais de elementos estruturais comumente utilizados na concepção do

sistema estrutural, sendo os pilares, vigas e lajes. Além destes, podemos citar ainda outros

elementos que complementam este sistema, como os blocos e sapatas de fundação,

tirantes, tubulões, entre outros. Uma noção geral das características de alguns desses

elementos de concreto armado é apresentada a seguir.

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2.5.1 LAJES

As lajes são elementos planos que se destinam a receber a maior parte das ações

aplicadas na estrutura da edificação. Estas ações são comumente perpendiculares ao plano

da laje, podendo ser divididas em ações distribuídas na área, distribuídas linearmente ou

forças concentradas. As ações são normalmente transmitidas para as vigas de apoio nas

bordas da laje, mas eventualmente também podem ser transmitidas diretamente aos pilares.

Os esforços a que as lajes das construções estão submetidas são gerados por

cargas estáticas, devido à permanência de pessoas, móveis, pisos, paredes, entre outros,

ou cargas dinâmicas, como uma laje destinada a funcionar como estacionamento de

automóveis, além dos mais variados tipos de carga que podem existir em função da

finalidade arquitetônica do espaço físico a qual a laje faz parte.

As lajes maciças de concreto, com espessuras que normalmente variam de 7 cm a

15 cm, são comuns em edifícios de múltiplos pavimentos e em construções de grande porte,

como escolas, indústrias, hospitais, pontes, entre outros. De modo geral, não são aplicadas

em construções residenciais e outras de pequeno porte, pois nesses tipos de construção as

lajes nervuradas pré-fabricadas apresentam vantagens nos aspectos custo e facilidade de

construção.

Alguns dos tipos mais comuns de lajes são: maciça, nervurada, lisa e cogumelo.

“Lajes nervuradas são as lajes moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona

de tração para momentos positivos está localizada nas nervuras entre as quais pode ser

colocado material inerte” (NBR 6118/03, item 14.7.7). As lajes com nervuras pré-moldadas

são comumente chamadas pré-fabricadas.

A Figura 4 ilustra o esquema de uma laje maciça.

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Figura 4: Planta e corte de uma laje maciça

2.5.2 VIGAS

Segundo definição da NBR 6118/03 (item 14.4.1.1), vigas “são elementos lineares

em que a flexão é preponderante”. As vigas são classificadas como barras e são

normalmente retas e horizontais, destinadas a receber ações das lajes, de outras vigas, de

paredes de alvenaria, e eventualmente de pilares, além de outros casos mais específicos. A

função básica das vigas é vencer vãos e transmitir as ações nelas atuantes para os apoios,

geralmente os pilares, como ilustrado na Figura 5.

As ações atuantes neste elemento são geralmente perpendiculares ao seu eixo

longitudinal, podendo ser concentradas ou distribuídas. Podem ainda receber forças normais

de compressão ou de tração, na direção do eixo longitudinal. As vigas são também parte

integrante da estrutura de contraventamento, responsável por proporcionar a estabilidade

global dos edifícios às ações verticais e horizontais.

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Figura 5: Viga reta de concreto armado

2.5.3 PILARES

Pilares são “elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em

que as forças normais de compressão são preponderantes” (NBR 6118/2003, item 14.4.1.2).

São destinados a transmitir as cargas de toda a estrutura às fundações, embora possam

também transmitir para outros elementos de apoio. Estas cargas são transmitidas aos

pilares, na maior parte dos casos, pelas vigas, bem como diretamente pelas lajes. A Figura

6 demonstra um esquema estrutural com pilares e vigas.

Os pilares são os elementos estruturais de maior importância nas estruturas, tanto do

ponto de vista da capacidade resistente dos edifícios quanto no aspecto de segurança. Além

da transmissão das cargas verticais para os elementos de fundação, os pilares podem fazer

parte do sistema de contraventamento responsável por garantir a estabilidade global dos

edifícios às ações verticais e horizontais.

Figura 6: Detalhe esquemático de um pilar de concreto armado

2.5.4 BLOCO DE FUNDAÇÃO

Os blocos de fundação são utilizados para receber as ações dos pilares e transmiti-

las ao solo, por contato direto ou através de estacas ou tubulões, como demonstra a Figura

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7. Estacas são elementos destinados a transmitir as ações ao solo, por meio do atrito ao

longo da superfície de contato e pelo apoio da ponta inferior no solo. Os blocos sobre

estacas podem ser para um, duas, três e, teoricamente, para n estacas. Há uma infinidade

de diferentes tipos de estacas, cada qual com finalidades específicas.

Tubulões são também elementos destinados a transmitir as ações diretamente ao

solo, por meio do atrito do fuste com o solo e da superfície da base. Os blocos sobre

tubulões podem ser suprimidos, mas neste caso faz-se um reforço com armadura na parte

superior do fuste (cabeça do tubulão), que passa a receber o carregamento diretamente do

pilar.

Figura 7: Detalhe de bloco sobre estaca e tubulão

2.6 COMPONENTES E CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO

2.6.1 ESPECIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

Segundo Costa (1997) citado por Albuquerque (1999) o projeto estrutural,

englobando desde o planejamento e projeto até sua execução física propriamente dita

responde, individualmente, pela etapa de maior representatividade no custo total da

construção com aproximadamente 15% a 20% do custo total, portanto é de fácil percepção

a importância a ser dada a este sistema e, conseqüentemente, ao seu principal

componente, o concreto. Este possui diversas partes constituintes, sendo estas descritas

abaixo, como:

Considerado como produto básico da indústria da construção civil, o

concreto de cimento portland utiliza, em média, por metro cúbico, 42% de

agregado graúdo (brita), 40% de areia, 10% de cimento, 7% de água e 1%

de aditivos químicos. Como se observa, cerca de 80% do concreto é

constituído de agregados. Decorre daí a importância do uso de agregados

com especificações técnicas adequadas. (VALVERDE, 2001, p. 2).

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Observa-se que os materiais constituintes do concreto de maior relevância são os

agregados e o cimento portland, sendo os primeiros representativos do maior volume e o

segundo o de maior custo financeiro. Valverde (2001) apresenta um gráfico que ilustra a

distribuição setorial do consumo de areia e brita na construção civil no Brasil, que é

mostrado abaixo.

Figura 8: Gráfico de consumo de areia na construção civil (Fonte: ANEPAC)

A areia, chamada de agregado miúdo na construção civil, é um material de origem

mineral finamente dividido em grânulos, composta basicamente de dióxido de silício, com

0,063 a 2 mm. Resulta da desagregação de rochas, que pode ser causada por processos

naturais, como a ação da água ou vento, ou pelo homem, através de processos

mecanizados para a britagem de rochas.

Na natureza pode ser encontrada nos leitos dos rios, que é geralmente a de melhor

qualidade, ou em minas, quando passa a ser chamada de “areia de cava” ou “de barranco”.

Esta última caracteriza-se por apresentar um menor valor financeiro, porém pode conter

impurezas, necessitando de lavagem para que possa ser usada.

Segundo a NBR 7211/83, os agregados miúdos devem ser compostos por grãos de

minerais duros, compactos, estáveis, duráveis e limpos, e não devem conter substâncias de

natureza e em quantidade que possam afetar a hidratação e o endurecimento do cimento, a

proteção da armadura contra a corrosão, a durabilidade ou, quando for requerido, o aspecto

visual externo do concreto. Esta norma divide a areia granulometricamente em:

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Tabela 1: Divisão granulométrica da areia segundo a NBR 7211/2005

Tipo de

areia Granulometria entre (mm)

muito fina 0,15 e 0,6

fina 0,6 e 1,2

média 1,2 e 2,4

grossa 2,4 e 4,8

Já a brita, chamada de agregado graúdo na construção civil, é a rocha quebrada

mecanicamente em fragmentos de diversos diâmetros, diferenciando-se da areia por

apresentar maiores dimensões. Há diversos tipos de britas, classificados de acordo com seu

diâmetro em brita 1, 2, 3, pedrisco ou pó-de-pedra. A Tabela 2 mostra essa classificação de

acordo com a malha da peneira em que os elementos ficam retidos.

Tabela 2: Divisão granulométrica da areia segundo a NBR 7211/2005

Tipo de brita Malha (mm)

Pó-de-pedra 5

Pedrisco 12

Brita 1 24

Brita 2 30

Brita 3 38

A brita 1 é o tipo mais nobre de agregado graúdo, sendo o produto mais utilizado

pela construção civil, pois caracteriza-se por ser o mais adequado para a produção de

concreto para qualquer tipo de edificação cujo sistema estrutural é composto por elementos

de concreto armado.

O cimento é um dos materiais de construção mais utilizados na construção civil, por

conta da sua larga utilização em diversas fases da construção. Este pertence à classe dos

materiais classificados como aglomerantes hidráulicos, cuja principal característica consiste

que, em contato com a água, entra em processo físico-químico, tornando-se um elemento

sólido com grande resistência a compressão, além de apresentar boa resistência a água e

sulfatos.

A denominação "cimento Portland", foi criada em 1824 por Joseph Aspdin, um

químico e construtor britânico. Neste mesmo ano, ele queimou conjuntamente pedras

calcárias e argila, transformando-as num pó fino, percebendo que se obtinha uma mistura

que, após o tempo adequado de secagem, tornava-se tão dura quanto às pedras

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empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo

construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland, que recebeu esse nome por

apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha

britânica de Portland.

Em relação a fabricação do cimento Portland, vale salientar que os silicatos de cálcio

são seus principais constituintes,além de que as matérias primas para sua fabricação devem

possuir cálcio e sílica em proporções adequadas de dosagem.

A ASTM C 150¹ define o cimento Portland como um aglomerante hidráulico

produzido pala moagem do clínquer, que consiste essencialmente de silicatos de cálcio

hidráulicos, usualmente com uma ou mais formas de sulfato de cálcio como um produto de

adição. O clínquer possui um diâmetro médio entre 5 a 25 mm.

Com o passar do tempo as propriedades físico-químicas do cimento Portland tem

evoluído constantemente, inclusive com o emprego de aditivos que melhoram as

características do cimento. Hoje o cimento Portland é normalizado, existindo onze principais

tipos no mercado, que são listados a seguir:

• CP I – Cimento Portland comum

• CP I-S – Cimento Portland comum com adição

• CP II-E– Cimento Portland composto com escória

• CP II-Z – Cimento Portland composto com pozolana

• CP II-F – Cimento Portland composto com fíler

• CP III – Cimento Portland de alto-forno

• CP IV – Cimento Portland Pozolânico

• CP V-ARI – Cimento Portland de alta resistência inicial

• RS – Cimento Portland Resistente a Sulfatos

• BC – Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação

• CPB – Cimento Portland Branco

2.6.2 CÁLCULO DO TRAÇO IDEAL DO CONCRETO

Para atingir a máxima eficiência na utilização dos insumos para produção do

concreto, faz-se necessário a utilização de métodos de cálculo para encontrar o traço ideal

do concreto. Segundo Campiteli (2004) “O método preconizado pelo Instituto de Pesquisas

Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT – se apresenta bastante simples e eficiente e é

bastante conhecido no Brasil”. Este ainda resume seu trabalho dizendo que:

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Este trabalho propõe, entre outras, um critério para o cálculo do traço inicial

e para o ajuste do traço em laboratório. Trata-se de se atingir o traço

ajustado na fase de concreto fresco o mais rápido possível, com o mínimo

consumo de materiais, mantendo o mesmo rigor de procedimentos.

(CAMPITELI, 2004, p. 5).

Pode-se calcular o traço inicial através deste método utilizando-se as seguintes

fórmulas e tabelas sugeridas por Campiteli (2004):

� � ���.����� �� ������ �.���.� (1)

Onde: H – relação água-materiais secos em %;

S – abatimento do tronco de cone em mm;

DMC – Dimensão Máxima Característica do agregado graúdo em mm;

γ – massa específica do agregado graúdo em kg/dm³.

O traço do concreto, na forma cimento : areia : brita : água, pode ser calculado pela

fórmula:

1 ∶ �� . �� � 1� ∶ ��

� . �100 � �� ∶ ! (2)

Onde: H – relação água-materiais secos em %;

α – teor de argamassa seca;

x – relação água-cimento l/Kg.

Os teores de argamassa seca α podem ser adotados em função do módulo de finura

do agregado miúdo, conforme tabela proposta por Ângelo Derolle, técnico do Instituto de

Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, IPT, e adaptada por Campiteli (2004):

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23

Tabela 3: Valores estimados para teores de argamassa seca (α)

DMC (mm)

do agregado

graúdo

Módulo de Finura do Agregado Miúdo

menor do que entre maior do que

2,4 2,4 e 2,8 2,8

9,5 55 57 59

19 50 52 54

25 46 48 50

38 43 44,5 46

50 37 39 41

76 33 34,5 36

102 30 31 32

152 27 28 29

Segundo Campiteli (2004, p. 8):

Os valores estimados para a relação água-cimento, x, podem ser adotados

de equações de Abrams conhecidas, obtidas com os mesmos materiais a

serem utilizados na dosagem do concreto ou, pelo menos, de concretos

produzidos com o mesmo cimento. Na ausência de equações de Abrams

conhecidas, pode-se adotar valores tabelados.

Apresenta-se a seguir tabela adaptada de Tango (1993) citado por Campiteli (2004),

que sugere valores estimados de relações água-cimento para determinadas resistências à

compressão do concreto.

Tabela 4: Valores estimados de relações água-cimento (x)

fcj

(Mpa)

Estimativa da relação água/cimento - x (l/Kg)

Cimentos do tipo CP I, II, III e IV CP V

ARI Classe 25 Classe 32 Classe 40

10 0,79 0,89 0,96 0,96

15 0,64 0,74 0,81 0,81

20 0,53 0,63 0,71 0,71

25 0,45 0,55 0,62 0,62

30 0,38 0,48 0,56 0,56

35 0,32 0,42 0,50 0,50

De acordo com a norma brasileira NBR 12655/96, a resistência de dosagem pode

ser determinada pela fórmula:

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24

"#$ � "#% & 1,65 ∗ +, (3)

na qual: fcj - resistência média do concreto à compressão, para a idade de j dias (MPa);

fck - resistência característica do concreto8 à compressão (MPa);

Sd - Desvio padrão de dosagem (MPa);

1,65 - coeficiente que admite que até 5% dos valores de resistência poderão estar

abaixo de fck.

O desvio padrão de dosagem (Sd) é determinado de acordo com as seguintes

situações: quando for conhecido e quando não for conhecido o desvio padrão da resistência.

Quando for conhecido o desvio padrão, calculado estatisticamente, este não poderá ser

menor do que 2,0MPa. Quando não for conhecido, o desvio padrão então poderá ser

adotado um entre três valores, de acordo com o rigor com que se controlará a produção do

concreto: condições A, B ou C, como mostra a Tabela 5 a seguir.

Tabela 5: Desvio padrão a ser adotado em função da condição de preparo do concreto

Condição Desvio Padrão (Mpa)

A 4,0

B 5,5

C 7,0

Segundo a NBR 12655/96, têm-se:

- Condição A (aplicável às classes C10 até C80): o cimento e os agregados são

medidos em massa, a água de amassamento é medida em massa ou volume com

dispositivo dosador e corrigida em função da umidade dos agregados;

- Condição B (aplicável às classes C10 até C25): o cimento é medido em massa, a

água de amassamento é medida em volume mediante dispositivo dosador e os agregados

medidos em massa combinada com volume;

- Condição B (aplicável às classes C10 até C20): o cimento é medido em massa, a

água de amassamento é medida em volume mediante dispositivo dosador e os agregados

medidos em volume. A umidade do agregado miúdo é determinada pelo menos três vezes

durante o serviço do mesmo turno de concretagem. O volume de agregado miúdo é

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25

corrigido através da curva de inchamento estabelecida especificamente para o material

utilizado;

- Condição C (aplicável apenas aos concretos de classe C10 e C15): o cimento é

medido em massa, os agregados são medidos em volume, a água de amassamento é

medida em volume e a sua quantidade é corrigida em função da estimativa da umidade dos

agregados e da determinação da consistência do concreto, conforme disposto na NBR

7223, ou outro método normalizado.

2.6.3 DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS E CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO

Geyer e Sá (2006) ressaltam a importância de se controlar a qualidade do concreto

no estado fresco para que se obtenha a qualidade final desejada da estrutura de concreto

armado, juntamente com o controle tecnológico dos ensaios de resistência à compressão

simples do concreto endurecido. Este controle do concreto no estado fresco não deve

restringir-se ao Ensaio do Abatimento do Tronco de Cone (Slump Test), pois este ensaio

avalia apenas um parâmetro da mistura que é a consistência, sendo importante a análise de

outras características do material antes do seu processo de endurecimento igualmente

responsáveis pela qualidade final do concreto, dentre as quais destacam-se a

trabalhabilidade, a coesão, a segregação, a exsudação e o ar incorporado.

“A qualidade das estruturas acabadas está intimamente ligada à sua qualidade no

estado fresco, determinando ou não, a presença de falhas de concretagem, segregação,

exsudação e vazios no concreto” (GEYER;SÁ, 2006, p. 1).

Para a definição de trabalhabilidade, ACI 116R90 citado por Geyer e Sá (2006) diz

que esta é “uma propriedade do concreto recém misturado que determina a facilidade e a

homogeneidade com a qual o material pode ser misturado, lançado, adensado e acabado”.

A obtenção de um concreto com trabalhabilidade adequada, ao contrário do que se imagina,

não depende única e exclusivamente da quantidade de água utilizada na mistura, sendo que

sua adição em quantidades inadequadas pode levar à segregação dos materiais, exsudação

ou, simplesmente, a um aumento do abatimento. Geyer e Sá (2006) ressaltam ainda que:

A trabalhabilidade depende de uma seleção e proporção adequada dos

materiais e muitas vezes do uso de adições e aditivos. Os teores de pasta,

de argamassa e de agregados, em função da trabalhabilidade desejada,

devem ser compatibilizados. Isto se consegue mediante o conhecimento das

características de cada componente e de seu proporcionamento correto na

mistura.

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26

Neville (1997) citado por Geyer e Sá (2006) indica correlações entre trabalhabilidade

e ensaio de abatimento, como mostra a Tabela 6.

Tabela 6: Relação entre trabalhabilidade e grandeza de abatimento

Trabalhabilidade Abatimento (mm)

Muito baixa 5 a 10

Baixa 15 a 30

Média 15 a 75

Alta 80 a 155

Muito alta 160 ao demotonamento

De acordo com a NBR 12655 (1996) deve-se realizar o Ensaio de Abatimento do

Tronco de Cone (Slump Test) para a aceitação do concreto fresco, de forma que atenda as

especificações de projeto e execução da estrutura. Para o concreto produzido pelo

executante da obra, devem ser realizados ensaios de consistência sempre que ocorrerem

alterações na umidade dos agregados e nas situações listadas a seguir:

a) Na primeira amassada do dia;

b) Ao reiniciar o preparo após uma interrupção da jornada de concretagem de

pelo menos 2 (duas) horas;

c) Na troca dos operadores;

d) Cada vez que forem moldados corpos-de-prova.

Já para o concreto preparado por empresas terceirizadas (concreteiras) devem ser

realizados ensaios de consistência a cada betonada que chega a obra.

Segundo a NBR 7212 (1984), a aceitação ou não dos resultados obtidos no Ensaio

de Abatimento do Tronco de Cone deve obedecer aos critérios da Tabela 7.

Tabela 7: Tolerâncias para aceitação do concreto no estado fresco pelo Ensaio de Abatimento do Tronco de Cone

Abatimento (mm)

Tolerância (mm)

10 a 90 ± 10 100 a 150 ± 20 Acima de 160 ± 30

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Esta norma estabelece ainda que, em alguns casos, o abatimento pode ser corrigido

na obra através da adição de água, sendo que essa correção somente pode ser realizada

antes do início da descarga do caminhão e nas seguintes condições:

a) O abatimento inicial tem que ser igual ou superior a 10 mm;

b) A correção não pode aumentar o abatimento em mais de 25 mm;

c) O abatimento, após a correção, não pode ser superior ao especificado;

d) O tempo transcorrido entre a primeira adição de água e o início da descarga

não pode ser superior a 15 minutos.

Em relação à propriedade de coesão, Geyer e Sá (2006) afirmam que concreto

coeso é aquele que apresenta homogeneidade e sem separação de materiais da mistura em

todas as fases de sua utilização, quer seja na produção, no transporte, no lançamento, ou

mesmo no seu adensamento durante a concretagem da estrutura. Enunciam ainda que:

A coesão depende muito da proporção de partículas finas na mistura e, em

especial, nas misturas com baixos teores de cimento, deve ser dada atenção

à granulomentria na extremidade fina da curva granulométrica. Muitas vezes

é necessário fazer várias misturas experimentais com diferentes proporções

entre agregados graúdos e miúdos para se encontrar uma mistura com

coesão adequada.

A segregação é definida por Geyer e Sá (2006) como sendo a separação dos

materiais do concreto no estado fresco de modo que sua distribuição não seja mais

uniforme. Dividem a segregação em dois tipos principais, na qual o primeiro, típico de

concretos secos e pobres, os grãos maiores do agregado tendem a separar-se dos demais

durante as operações de lançamento com energia demasiada ou vibração excessiva. Já o

segundo, comum em misturas muito plásticas, manifesta-se pela nítida separação da pasta

da mistura, sendo também conhecido por exsudação, na qual a água da mistura tende a ser

elevar à superfície do concreto recentemente lançado, podendo ocasionar problemas como

enfraquecimento da aderência pasta-agregado (zona de transição), aumento da

permeabilidade do concreto e, caso a água seja impedida de evaporar pela camada que lhe

é superposta, poderá resultar ainda em uma camada de concreto fraca, porosa e de baixa

durabilidade.

Em relação ao ar incorporado no concreto, Geyer e Sá (2006) relatam que os vazios

de ar aprisionado “na maioria das vezes são causados por deficiência nas dosagens e

escolha dos materiais, são nefastos à qualidade final do concreto, podendo comprometer as

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propriedades mecânicas de resistência à compressão e módulo de elasticidade”. Destacam

também outro aspecto negativo que diz respeito à aparência final do concreto, com a

formação de macro bolhas superficiais, principalmente no caso de concreto aparente.

2.7 CONCRETO: PRODUÇÃO E FORNECIMENTO

Há dois principais métodos de obtenção do concreto a serem empregados no

processo de execução do sistema estrutural do empreendimento, sendo estes por meio da

produção do concreto dentro do canteiro de obras ou através do fornecimento deste material

por empresas terceirizadas especializadas na sua produção em grande escala.

Para a produção dentro do canteiro de obras, faz-se necessário a compra dos

materiais componentes do concreto, a obtenção das unidades produtoras, no caso os

equipamentos chamados betoneiras, a contratação de mão-de-obra para operação destes

equipamentos, além de diversos outros aspectos a serem considerados, como

disponibilidade de local para implantação da central de concreto, locais para

armazenamento dos materiais, entre outros. A figura a seguir ilustra estes equipamentos a

serem utilizados na produção do concreto, indicando suas principais partes constituintes.

Figura 9: Detalhe do equipamento de produção de concreto – betoneira

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Esta produção no canteiro de obras pode ser realizada de duas maneiras, na qual a

primeira considera a aquisição dos equipamentos de produção, enquanto a segunda

considera a locação dos mesmos.

Já o fornecimento de concreto é realizado por empresas terceirizadas especializadas

na produção deste material, apresentando a estrutura necessária para a produção em larga

escala do mesmo. Nestas empresas é realizado um controle rigoroso do processo de

fabricação, assegurando que as características do concreto solicitadas pelos clientes sejam

atendidas.

O processo de produção do concreto realizado nestas empresas, de uma maneira

simplificada, trata-se de equipamentos dosadores de materiais que despejam os mesmos

diretamente no caminhão betoneira, através de um sistema computadorizado que libera as

quantidades exatas dos componentes de acordo com o traço do concreto a ser produzido.

As Figuras 10 e 11 a seguir ilustram este sistema de produção.

Figura 10: Equipamentos de produção do concreto dosado em central

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Figura 11: Detalhe do sistema computacional dosador dos componentes de concreto

2.8 FLUXO DE MATERIAIS E LOGÍSTICA NO CANTEIRO DE OBRAS

Santos e Faria Filho (1998) tratam da logística e gestão no canteiro de obras,

fazendo uma análise geral dos aspectos que influenciam nos fluxos e atividades da obra.

Dizem que o modelo atual de gestão entende que a produção é uma série de processos que

convertem materiais, mão-de-obra, entre outros, em produtos acabados, sendo que cada

processo é subdividido em processos menores que também se caracterizam por

conversões. Enfatizam que este modelo ignora o fluxo de insumos e de informações, que

geralmente não agregam valor de forma direta, porém são imprescindíveis à agregação de

valor ao produto final. Estes fluxos, se otimizados através de uma logística eficiente,

contribuiriam sobremaneira para a redução de atividades de espera, inspeção e transporte,

aumentando a produtividade e a própria agregação de valor. Além disso, ressaltam que o

modelo atual enfoca o controle de atividades isoladas, perdendo muitas vezes o foco no

impacto que essas atividades têm no empreendimento como um todo, sendo que isto ainda

acaba por gerar muitas atividades de controle, aumentando o número de atividades que não

agregam valor ao produto final.

Segundo Santos e Faria Filho (1998):

Pode se obter uma maior eficiência no sistema de gestão da empresa

investindo numa logística eficiente de canteiro onde procura-se otimizar os

fluxos físicos e as informações, numa logística de rua onde se procura

otimizar a gestão dos materiais e dos componentes e ainda em alguns

conceitos da produção enxuta onde tentar-se-á aplicar na construção civil

vários conceitos utilizados por empresas japonesas, com destaque para a

Toyota Motor Company, onde há uma visão de gestão voltada para a

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redução dos prazos, dos custos, das perdas e dos desperdícios, e um

ambiente baseado na melhoria contínua e na otimização da flexibilidade.

Cardoso (1996) citado por Santos e Faria Filho (1998) ressalta que a logística de

canteiro deve ser preparada antes do início da obra, levando em consideração no layout do

canteiro locais para descargas e transportes de materiais, zonas de estocagem, zonas para

pré-fabricação, visando sempre facilitar o fluxo dos materiais e trabalhadores. Outro aspecto

importante é que na obra geralmente existem dois ou mais empreiteiros além da equipe da

empresa, sendo que suas atividades devem ser planejadas de modo que uma equipe não

atrapalhe os serviços da outra, nem que haja favorecimento do trabalho de uma equipe em

relação às outras.

A equipe da obra (engenheiros, mestres, técnicos) desempenhará um papel

importante nesta organização, sendo também responsáveis por detectar se está ocorrendo

alguma disfunção, como roubos, perdas, problemas de comunicação, ou ainda atrasos nos

prazos de entrega e qualidade da entrega, que acabem por prejudicar tanto a logística do

canteiro quanto a logística de rua.

Os aspectos essenciais a esta logística de rua são uma gestão da logística de

suprimento de materiais e componentes, constituição de um serviço de compra eficiente,

elaboração de mecanismos de seleção de fornecedores e desenvolvimento de um bom

relacionamento com estes fornecedores.

De acordo com Santos e Faria Filho (1998), a seleção dos fornecedores é

indispensável, sendo que “a empresa deverá elaborar um cadastro de fornecedores tendo

como base os preços, o cumprimento dos prazos de execução ou de entrega combinados,

conformidade do serviço ou do produto e outros itens que a empresa julgar pertinentes”.

Julgam ser imprescindível para a obtenção de uma melhoria na eficiência da

produção a máxima redução dos desperdícios, sendo listados abaixo os tipos mais comuns

segundo Ohno (1997) citado por Santos e Faria Filho (1998):

• Desperdício de tempo disponível (espera);

• Desperdício em transporte;

• Desperdício do processo em si;

• Desperdício de estoque disponível;

• Desperdício de movimento;

• Desperdício de produzir produtos defeituosos, gerando retrabalho.

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3. ESTUDO DE CASO

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS

O canteiro de obras utilizado como objeto de estudo de caso trata-se do

empreendimento denominado Chácara Sant’anna, situado na zona norte de São Paulo, no

bairro Santana, entre as ruas Conselheiro Pedro Luís e Engº Mac Lean. No mapa a seguir,

retirado do site Google Maps, é possível visualizar a localização exata do empreendimento.

Figura 12: Localização do empreendimento Chácara Sant’anna

Um aspecto positivo, que chama a atenção da maioria dos clientes, é o fato de que

esta obra possui um amplo terreno de aproximadamente 11790 m², oferecendo confortáveis

áreas de lazer para seus moradores, com bosque privativo, circuito para caminhada, quadra

poliesportiva, quadra de tênis, três piscinas, espaço churrasqueira gourmet, salão de festas,

sala de cinema, espaço SPA, sala de ginástica, sauna, brinquedoteca, dog space, entre

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outros. Na Figura 13 a seguir tem-se uma visão geral em planta do empreendimento, sendo

de fácil percepção o amplo terreno citado.

Figura 13 – Implantação geral do empreendimento

O empreendimento é constituído de duas torres com um total de 140 apartamentos,

variando de 189 a 373 m² e seis variações de plantas, permitindo uma melhor escolha e

personalização dos apartamentos para os clientes. A primeira torre, chamada Cipreste,

apresenta área total do pavimento de aproximadamente 545 m² e dois apartamentos por

andar, cada um com área igual a 254 m²; a torre possui três subsolos, térreo, 23 pavimentos

tipo, duplex e ático, totalizando 30 pavimentos. A segunda torre, chamada Ficus, apresenta

área total do pavimento de aproximadamente 817 m² e quatro apartamentos por andar, cada

um com área igual a 189 m²; esta torre possui três subsolos, térreo, 22 pavimentos tipo,

duplex e ático, totalizando 29 pavimentos. O térreo e subsolos das duas torres são

interligados, sendo localizadas nestes últimos as vagas de garagem e depósitos dos

apartamentos.

O sistema construtivo utilizado no empreendimento é o tradicional, com estrutura

composta por pilares, vigas e lajes executados em concreto armado, e vedações compostas

por alvenaria modular de blocos de concreto, favorecendo a racionalização de materiais e,

conseqüentemente, diminuindo o índice de desperdício dos mesmos. Pode-se notar na

Figura 14 uma vista geral das duas torres, ilustrando claramente os sistemas estruturais e

de vedação utilizados.

A previsão de conclusão física da obra é para agosto de 2011.

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Figura 14 – Vista geral das duas torres do empreendimento

Uma melhor visualização do produto final do empreendimento está disponível no site

da empresa Gafisa S/A. Segue Figura 15 que ilustra a perspectiva de uma das torres da

obra.

Figura 15 – Perspectiva da Torre Ficus

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3.2 CÁLCULO DO VOLUME TOTAL DE CONCRETO DO EMPREENDIMENTO

Primeiramente, para realizar-se o estudo comparativo entre os diferentes meios de

obtenção do concreto, deve-se efetuar a quantificação do volume total de concreto

necessário para a execução completa do sistema estrutural do empreendimento. Com o

intuito de facilitar esta quantificação e agilizar o processo, são feitas algumas considerações

de modo a simplificar o método de cálculo, porém sem que haja grande discrepância no

valor final do volume calculado.

Como não há mudanças significativas na estrutura dos diferentes pavimentos

(pavimento tipo, duplex inferior, duplex superior, subsolos, entre outros), na qual as

dimensões e posicionamento dos pilares, vigas e lajes se mantêm praticamente os mesmos

ao longo de toda a estrutura, considerou-se a estrutura do pavimento tipo como sendo o

padrão de todos os pavimentos, calculando-se o volume de concreto deste pavimento e

multiplicando-o pelo número total de pavimentos da torre em questão. O pé-direito para

todos os pavimentos foi considerado igual a 2,88 metros.

3.2.1 TORRE FÍCUS

Para o pavimento tipo da Torre Ficus, são listados os volumes de pilares, vigas e

lajes segundo as tabelas que seguem.

Tabela 8: Volumes de concreto por pavimento dos pilares da Torre Ficus.

Pilares Quantidade Comp.(m) Larg.(m) Altura(m) Volume unit.(m³)

Volume Total(m³)

P1, P3,P49,P50 4 0,39 0,39 2,88 0,44 1,75

P2,P47 2 0,64 0,45 2,88 0,83 1,66

P4,P7,P46,P48 4 1,00 0,19 2,88 0,55 2,19

P5,P6,P44,P45 4 1,24 0,25 2,88 0,89 3,57

P8, P9,P42,P43 4 0,70 0,39 2,88 0,79 3,14

P10,P11,P40,P41 4 1,48 0,19 2,88 0,81 3,24

P12,P13,P38,P39 4 0,75 0,30 2,88 0,65 2,59

P14,P15,P36,P37 4 1,03 0,19 2,88 0,56 2,25

P16,P21,P34,P35 4 1,71 0,19 2,88 0,94 3,74

P17,P20,P30,P33 4 2,39 0,22 2,88 1,51 6,06

P18,P19,P31,P32 4 2,39 0,19 2,88 1,31 5,23

P22,P23,P28,P29 4 0,84 0,19 2,88 0,46 1,84

P24,P26 2 2,17 0,19 2,88 1,19 2,37

P25 1 2,53 0,19 2,88 1,38 1,38

P27 1 1,40 0,25 2,88 1,01 1,01

TOTAL 42,04

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Tabela 9: Volumes de concreto por pavimento das vigas da Torre Ficus.

Vigas Quantidade Larg.(m) Altura(m) Comp.(m) Volume unit.(m³)

Volume Total(m³)

V1 2 0,14 0,44 2,25 0,14 0,28

V60,V65 4 0,14 0,44 0,72 0,04 0,18

V2 2 0,19 0,54 20,22 2,07 4,15

V3,V4 4 0,19 0,54 6,07 0,62 2,49

V5 2 0,14 0,54 3,06 0,23 0,46

V7a,V8b 4 0,19 0,54 5,65 0,58 2,32

V7b,V8a 4 0,25 0,30 4,30 0,32 1,29

V9 2 0,19 0,54 5,35 0,55 1,10

V10,V11 4 0,19 0,64 16,28 1,98 7,92

V12,V13 4 0,19 0,54 2,67 0,27 1,10

V14 2 0,19 0,54 27,14 2,78 5,57

V15,V16 4 0,19 0,54 3,00 0,31 1,23

V17 2 0,19 0,64 6,85 0,83 1,67

V37,V85 4 0,19 0,54 5,85 0,60 2,40

V39,V83 4 0,19 0,54 2,03 0,21 0,83

V42,V80 4 0,19 0,54 0,51 0,05 0,21

V45,V77 4 0,19 0,54 4,10 0,42 1,68

V47a,V75 4 0,19 0,20 1,00 0,04 0,15

V47b 2 0,19 0,54 2,24 0,23 0,46

V49,V73 4 0,14 0,44 2,01 0,12 0,50

V53,V71 4 0,14 0,54 2,43 0,18 0,73

V56a,V68a 4 0,19 0,64 1,54 0,19 0,75

V57B,V69b 4 0,25 0,30 1,34 0,10 0,40

V62 2 0,19 0,54 4,14 0,42 0,85

V18 1 0,14 0,54 3,79 0,29 0,29

V50 1 0,19 0,54 2,61 0,27 0,27

V51,V71,V64 3 0,14 0,54 2,61 0,20 0,59

V58 1 0,14 0,44 2,61 0,16 0,16

V70 1 0,19 0,54 1,80 0,18 0,18

TOTAL 40,20

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37

Tabela 10: Volumes de concreto por pavimento das lajes da Torre Ficus.

Lajes Quantidade Espessura(m) Área(m²) Volume unit.(m³)

Volume Total(m³)

L1,L2 4 0,12 33,31 4,00 15,99

L3,L4 4 0,13 37,40 4,86 19,45

L5,L6 4 0,10 2,90 0,29 1,16

L7,L8 4 0,12 41,96 5,04 20,14

L9 2 0,10 26,91 2,69 5,38

L10,L15 4 0,10 3,30 0,33 1,32

L11,L14 4 0,10 17,60 1,76 7,04

L12,L13 4 0,12 8,73 1,05 4,19

L16 2 0,12 23,47 2,82 5,63

L17 1 0,10 8,77 0,88 0,88

TOTAL 81,18

Tabela 11: Volume de concreto por pavimento da laje de escada da Torre Ficus.

Laje Quantidade Comp.(m) Área(m²) Volume unit.(m³)

Volume Total(m³)

Lescada 1 2,61 0,70 1,83 1,83

TOTAL 1,83

Desta forma, o pavimento tipo da Torre Ficus possui um volume de concreto igual a:

42,04 & 40,20 & 81,18 & 1,83 � 123, 43 5³

Como dito anteriormente, esta torre possui 29 pavimentos, portanto o volume total de

concreto desta torre é de aproximadamente:

�29 ∗ 165,25� � 42,04 � 8. 93:, 41 5³

Pode-se notar na equação anterior que se subtraiu do volume total da torre o volume

dos pilares de um pavimento, pois o terceiro subsolo apóia-as diretamente nas fundações.

3.2.2 TORRE CIPRESTE

Para o pavimento tipo da Torre Cipreste, são listados os volumes de pilares, vigas e

lajes segundo as tabelas que seguem.

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38

Tabela 12: Volumes de concreto por pavimento dos pilares da Torre Cipreste.

Pilares Quantidade Comp.(m) Larg.(m) Altura(m) Volume unit.(m³)

Volume Total(m³)

P1 2 1,27 0,19 2,88 0,69 1,39

P9 2 1,25 0,19 2,88 0,68 1,37

P18 2 1,25 0,19 2,88 0,68 1,37

P23 2 1,58 0,19 2,88 0,86 1,73

P11 2 0,77 0,32 2,88 0,71 1,42

P28 2 0,39 0,39 2,88 0,44 0,88

P25 2 1,25 0,25 2,88 0,90 1,80

P20,P15 4 2,29 0,19 2,88 1,25 5,01

P13 2 1,21 0,25 2,88 0,87 1,74

P2 2 1,00 0,19 2,88 0,55 1,09

P7 2 1,44 0,19 2,88 0,79 1,58

P3 2 1,10 0,19 2,88 0,60 1,20

P30 1 1,54 0,28 2,88 1,24 1,24

P26 1 1,54 0,40 2,88 1,77 1,77

P21 1 1,85 0,19 2,88 1,01 1,01

P16 1 2,95 0,19 2,88 1,61 1,61

TOTAL 26,22

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39

Tabela 13: Volumes de concreto por pavimento das vigas da Torre Cipreste.

Viga Quantidade Larg.(m) Altura(m) Comp.(m) Volume unit.(m³)

Volume Total(m³)

V1 2 0,14 0,54 1,68 0,13 0,25

V48,V50 4 0,14 0,54 0,76 0,06 0,23

V2 2 0,19 0,54 14,33 1,47 2,94

V3a 2 0,19 0,54 2,98 0,31 0,61

V3b 2 0,19 0,64 1,67 0,20 0,41

V4 2 0,14 0,54 2,20 0,17 0,33

V5 2 0,14 0,54 4,58 0,35 0,69

V6 2 0,19 0,64 3,45 0,42 0,84

V7a 2 0,19 0,54 1,50 0,15 0,31

V7b 2 0,20 0,30 2,00 0,12 0,24

V8 2 0,19 0,54 6,03 0,62 1,24

V9 2 0,14 0,64 2,01 0,18 0,36

V10 2 0,14 0,54 6,03 0,46 0,91

V11a 2 0,19 0,64 3,76 0,46 0,91

V11b 2 0,19 0,54 3,68 0,38 0,76

V12 2 0,19 0,64 3,47 0,42 0,84

V27 2 0,19 0,54 8,57 0,88 1,76

V29 2 0,14 0,54 2,09 0,16 0,32

V30c 2 0,25 0,30 7,75 0,58 1,16

V30d 2 0,19 0,54 2,20 0,23 0,45

V32 2 0,19 0,54 1,20 0,12 0,25

V34 2 0,14 0,64 4,66 0,42 0,83

V35 2 0,19 0,54 7,83 0,80 1,61

V37 2 0,19 0,54 4,66 0,48 0,96

V39 2 0,19 0,54 1,51 0,15 0,31

V42 2 0,14 0,54 4,81 0,36 0,73

V43 2 0,19 0,54 6,72 0,69 1,38

V45 2 0,14 0,64 2,90 0,26 0,52

V54 2 0,19 0,54 5,63 0,58 1,16

V13 1 0,19 0,64 6,18 0,75 0,75

V15 1 0,14 0,44 2,11 0,13 0,13

V40 1 0,14 0,44 2,57 0,16 0,16

V43 1 0,19 0,54 2,57 0,26 0,26

V46 1 0,19 0,44 2,57 0,22 0,22

V51 1 0,14 0,44 2,57 0,16 0,16

V52 1 0,19 0,54 2,57 0,26 0,26

TOTAL 25,24

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40

Tabela 14: Volumes de concreto por pavimento das lajes da Torre Cipreste.

Lajes Quantidade Espessura(m) Área(m²) Volume unit.(m³)

Volume Total(m³)

L1 2 0,10 1,49 0,15 0,30

L2 2 0,10 4,18 0,42 0,84

L3 2 0,10 13,56 1,36 2,71

L4 2 0,10 16,08 1,61 3,22

L5 2 0,13 40,65 5,28 10,57

L6 2 0,10 4,14 0,41 0,83

L7 2 0,14 65,90 9,23 18,45

L8 2 0,10 13,92 1,39 2,78

L9 2 0,10 1,56 0,16 0,31

L10 2 0,12 30,99 3,72 7,44

L11 2 0,12 3,04 0,36 0,73

L12 2 0,12 31,82 3,82 7,64

L13 1 0,10 3,88 0,39 0,39

L14 1 0,10 4,41 0,44 0,44

L15 1 0,10 2,68 0,27 0,27

TOTAL 56,91

Tabela 15: Volume de concreto por pavimento da laje de escada da Torre Cipreste.

Laje Quantidade Comp.(m) Área(m²) Volume unit.(m³)

Volume Total(m³)

Lescada 1 2,57 0,70 1,80 1,80

TOTAL 1,80

Desta forma, o pavimento tipo da Torre Cipreste possui um volume de concreto igual

a:

26,22 & 25,24 & 56,91 & 1,80 � 11:, 19 5³

Como dito anteriormente, esta torre possui 30 pavimentos, portanto o volume total de

concreto desta torre é de aproximadamente:

�30 ∗ 110,17� � 26,22 � <. 49=, == 5³

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41

Pode-se notar na equação anterior que se subtraiu do volume total da torre o volume

dos pilares de um pavimento, pois o terceiro subsolo apóia-as diretamente nas fundações.

3.2.3 ÁREAS COMUNS DE PERIFERIA

Para o cálculo do volume de concreto da área de periferia do empreendimento,

encontrou-se a taxa média de concreto por unidade de área dos pavimentos das torres

Ficus e Cipreste, multiplicando este valor pela área total da periferia, obtendo-se assim o

volume total aproximado de concreto destas áreas.

A taxa média de concreto foi calculada dividindo-se o volume total de concreto do

pavimento pela área total do mesmo, obtendo-se para a Torre Ficus uma taxa de concreto

de:

165,25 m³817 m² � 0,20226 m³ m²@

Já para a Torre Cipreste, obteve-se uma taxa de concreto de:

110,17 m³545 m² � 0,20215 m³ m²@

Portanto, a taxa média de concreto é igual a:

0,20226 & 0,202152 � 0,2022 m³ m²@

A área de um pavimento da periferia é de aproximadamente 3.015 m², sendo que no

total são quatro pavimentos (terceiro subsolo, segundo subsolo, primeiro subsolo e térreo),

totalizando uma área de periferia de aproximadamente 12.060 m². Portanto, o volume total

de concreto da área de periferia é aproximadamente igual a:

0,2022 m³ m²@ ∗ 12.060 A² � 4. 8<=, 3< 5³

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42

3.2.4 FUNDAÇÃO

Os volumes dos blocos de fundação são listados na tabela 16 a seguir.

Tabela 16: Volume de concreto dos blocos de fundação.

Blocos Quantidade Comp.(m) Larg.(m) Altura(m) Volume unit.(m³)

Volume Total(m³)

BL1 12 3,50 1,30 1,50 6,83 81,90

BL2 9 3,20 1,20 1,40 5,38 48,38

BL3 8 2,80 2,80 1,20 9,41 75,26

BL4 14 2,80 1,10 1,20 3,70 51,74

BL5 2 4,50 4,50 2,10 42,53 85,05

BL6 1 5,70 3,50 2,40 47,88 47,88

BL7 1 5,20 5,20 2,40 64,90 64,90

BL8 1 5,20 3,20 1,60 26,62 26,62

BL9 10 3,90 1,40 2,00 10,92 109,20

BL10 4 3,90 1,50 2,00 11,70 46,80

BL11 8 3,50 3,50 1,90 23,28 186,20

BL12 1 5,70 1,30 1,90 14,08 14,08

BL13 2 3,30 2,00 2,00 13,20 26,40

BL14 2 1,60 0,63 1,00 1,01 2,02

BL15 1 4,00 0,70 1,60 4,48 4,48

TOTAL 870,92

Para o cálculo do volume de concreto das estacas, considerou-se uma profundidade

média de 12 metros, sendo os valores listados na tabela que segue.

Tabela 17: Volume de concreto das estacas.

Estacas Quantidade Ø (m) Área (m²) Profund.(m) Volume unit.(m³)

Volume Total(m³)

E1 78 0,70 0,38 12,00 4,62 360,22 E2 39 0,80 0,50 12,00 6,03 235,24 E3 65 0,90 0,64 12,00 7,63 496,22 E4 28 1,00 0,79 12,00 9,42 263,89

TOTAL 1355,57

Já para o cálculo dos tubulões, analisou-se a planta de fundações e adotou-se uma

profundidade média de 6 metros. A seguir, a figura 16 ilustra o detalhe típico de um tubulão.

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43

Figura 16 – Detalhe típico dos tubulões.

Os volumes de concreto dos tubulões são listados na tabela a seguir.

Tabela 18: Volume de concreto dos tubulões.

Tubulões Quantidade P(m) h(m) F(m) B(m) H(m) Volume unit.(m³)

Volume Total(m³)

T1 16 6,00 0,70 0,70 2,00 1,20 4,47 71,60

T2 10 6,00 0,70 0,70 2,30 1,40 5,23 52,31

T3 19 6,00 0,70 0,70 1,80 1,00 3,98 75,70

T4 20 6,00 0,70 0,70 1,60 0,80 3,59 71,76

T5 6 6,00 0,70 0,70 1,40 0,60 3,28 19,66

T6 16 6,00 0,70 0,70 1,20 0,60 3,18 50,92

TOTAL 341,94

Portanto, para o volume total de concreto a ser utilizado na fundação, tem-se:

870,92 & 1.355,57 & 341,94 � 4. 32=, 8< 5³

3.2.5 VOLUME TOTAL DE CONCRETO DO EMPREENDIMENTO

Portanto, com os valores encontrados anteriormente, pode-se chegar ao volume total

de concreto a ser utilizado no empreendimento, sendo de aproximadamente:

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44

4.750,21 & 3.278,88 & 2.438,53 & 2.568,43 � 1<. :<2, :3 5³

3.2.6 VOLUME DE CONCRETO DE ACORDO COM DOIS PARÂMETROS: FCK E SLUMP

Em obras de grande porte, como é o caso deste empreendimento em estudo, há

uma variação nas características do concreto a ser empregado na execução dos diferentes

elementos estruturais, sendo essa variação decorrente de alguns aspectos relacionados à

etapa de concretagem.

Um parâmetro em questão, o fck, resistência característica do concreto à

compressão, varia de acordo com o tipo de elemento estrutural e também de acordo com o

pavimento em que este se encontra. Nesta obra, as vigas e lajes são executadas com

concreto que possui fck igual a 30 MPa, independente do pavimento em que se encontram.

Já os pilares são executados com concreto com fck igual a 35 MPa, desde o terceiro subsolo

até o 12º pavimento tipo, e a partir do 13º pavimento tipo é executado com concreto com fck

igual a 30 MPa. Os blocos de fundação são executados com concreto com fck igual a 30

MPa, enquanto as estacas e tubulões utilizam concreto com fck igual a 20 MPa.

O outro parâmetro, o slump, que mede a fluidez e consistência do concreto, varia de

acordo com aspectos presentes na etapa de concretagem dos elementos estruturais.

Considerando-se que a concretagem é feita por bombeamento, este parâmetro pode variar

de acordo com o comprimento de tubulação necessário para realizar a concretagem, além

de variar também de acordo com a altura do pavimento a ser concretado. Além disso, este

parâmetro influencia também no acabamento do concreto, pois de acordo com o slump o

concreto apresenta maior ou menor facilidade de ser sarrafeado pelos operários.

Portanto, de acordo com os parâmetros citados, são listados na Tabela 19 a seguir

os tipos de concreto e suas respectivas quantidades totais empregadas no empreendimento.

Tabela 19: Tipos de concreto e suas respectivas quantidades

Concreto Quantidade (m³) fck (MPa) slump (mm)

35 90 ± 20 1.623,90

30 90 ± 20 3.690,63

30 60 ± 20 6.024,01

20 60 ± 10 1.697,51

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45

3.3 ALTERNATIVAS: PRODUÇÃO OU FORNECIMENTO DO CONCRETO

Para a análise de viabilidade de produção de concreto dentro do canteiro de obras,

devem ser analisados todos os custos e aspectos envolvidos tanto no caso desta produção

quanto no caso do fornecimento por terceiros, além de julgar-se necessário a padronização

dos dados obtidos de modo a permitir a futura análise comparativa entre os diferentes

métodos de aquisição do concreto.

São descritos a seguir os diversos custos envolvidos em ambos os métodos, além

das considerações e aspectos envolvidos em cada processo.

3.3.1 PRODUÇÃO EM CENTRAL DE CONCRETO NO CANTEIRO DE OBRAS

Para a análise da produção de concreto em uma central instalada dentro do canteiro

de obras, faz-se necessário a definição de diversos parâmetros, tais como a demanda diária

máxima de concreto da obra, a capacidade de produção da unidade produtora, a definição e

quantificação dos materiais componentes do concreto, análise de custos inicial, fixo e

variável, além de outros parâmetros a serem considerados.

3.3.1.1 Demanda diária máxima de concreto (DDMC)

A demanda de concreto deve ser estimada considerando-se que a estrutura terá

duas etapas bem definidas no seu ciclo de concretagem. Este é definido como sendo o

número de dias necessário para que, após a concretagem de um pavimento da estrutura, o

próximo pavimento seja concretado. As duas etapas bem definidas são caracterizadas pela

concretagem dos pilares em um primeiro momento, seguido da concretagem das vigas e

lajes do pavimento.

A obra utilizada como objeto de estudo deste trabalho, apresenta um ciclo de

concretagem de cinco dias, sendo que:

- 1º dia: na parte da manhã, inicia-se o posicionamento dos gastalhos e montagem

de fôrmas de pilares; na parte da tarde, inicia-se a montagem da armação dos pilares;

- 2º dia: na parte da manhã, inicia-se o fechamento das fôrmas de pilares; na parte

da tarde, inicia-se a montagem das fôrmas de vigas e lajes;

- 3º dia: na parte da manhã, inicia-se a concretagem dos pilares; na parte da tarde,

inicia-se a montagem da armação das vigas;

- 4º dia: na parte da manhã, inicia-se a montagem da armação das lajes; na parte da

tarde, finaliza-se a montagem das armações;

- 5º dia: inicia-se a concretagem das vigas e lajes; na parte da tarde, término da

concretagem do pavimento.

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46

Deste modo, de acordo com o ciclo de concretagem descrito, pode-se definir que a

maior demanda de concreto, para uma determinada etapa, seria na concretagem de vigas e

lajes dos pavimentos da torre de maior área, ou seja, a Torre Ficus, cujo volume desses

elementos somados totaliza uma demanda de 123,21 m³ de concreto. Porém, há a

possibilidade de que concretagens de pavimentos de ambas as torres aconteçam no mesmo

dia, sendo que, neste caso, a demanda diária se caracterizaria pela concretagem de vigas e

lajes de ambas as torres, totalizando um volume de concreto de aproximadamente 207,16

m³.

Há ainda que se considerar uma possível porcentagem de perda de material, sendo

esta caracterizada principalmente pelo desperdício gerado no transporte e aplicação do

material, como também por perdas de material incorporado na estrutura, criando elementos

estruturais com dimensões maiores que as especificadas em projeto. Portanto, de acordo

com o controle de concretagem da obra, a porcentagem de perda de concreto apresenta um

valor médio de aproximadamente 8%, obtendo-se uma demanda diária máxima de concreto

de aproximadamente:

BBCD � 1,08 ∗ 207,16 � 44<, 9< 5³

3.3.1.2 Capacidade de produção da central de concreto

A central de concreto a ser implantada no canteiro de obras apresenta como

unidades produtoras os equipamentos denominados betoneiras, cujo volume de produção

horária varia de acordo com o modelo do equipamento, a capacidade do tambor, número de

ciclos por hora, entre outros.

Há vários fabricantes destes equipamentos no mercado da construção civil, cada

qual com seus modelos específicos de betoneiras que apresentam características

particulares. No caso deste estudo de caso, por tratar-se de um volume elevado de concreto

a ser produzido, é preferível a utilização de modelos de betoneiras mais robustos, que

apresentam uma capacidade do tambor elevada e, conseqüentemente, uma maior produção

horária de concreto.

Por meio de consultas e pesquisas no mercado da construção civil dos diversos

fabricantes, foram selecionados os dois principais que possuem modelos de betoneiras

cujas características melhor se adéquam ao empreendimento em estudo, sendo eles

Menegotti e CSM.

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47

A Menegotti possui três modelos principais que atendem às expectativas da obra,

que são a Betoneira Profissional Hidráulica 600l, a Betoneira Profissional Mecânica com

Carregador 600l e a Betoneira Profissional Mecânica sem Carregador 600l. Já a CSM

possui como principais modelos as betoneiras CS 600l, a CS 600l com Motovibrador e a

S.R.E. (Sistema de Redução de Esforço) 600l.

A análise a ser feita neste trabalho contempla dois métodos de aquisição das

unidades produtoras, sendo um a aquisição de fato destes equipamentos por meio da

compra dos mesmos, enquanto o segundo avalia a possibilidade de alugá-los. Dentre os

modelos apresentados, a Betoneira Profissional Hidráulica 600l, da Menegotti, foi escolhida

como unidade produtora a ser adquirida neste estudo de caso por meio da compra da

mesma, pois, segundo informações do site do fabricante, é o equipamento que possui maior

produção horária dentre os citados anteriormente, com capacidade de gerar 6,6 m³/h de

concreto. A figura a seguir ilustra o modelo selecionado.

Figura 17: Betoneira Profissional Hidráulica 600l, da Menegotti

Pode-se verificar na figura anterior o detalhe do carregador de materiais desta

betoneira, que facilita o abastecimento e manuseio do equipamento, contribuindo para o

aumento da produtividade do mesmo.

Os principais dados técnicos relativos a este modelo de betoneira são apresentados

na tabela a seguir.

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48

Tabela 20: Dados técnicos da Betoneira Profissional Hidráulica 600l

Dados Técnicos Unidade Hidráulica 600l

Volume total l 600

Capacidade de mistura l 440

Rendimento final da mistura l 400

Quantidade de ciclos/hora ciclos/hora 15

Produção horária m³/h 6,6

Rotação do tambor rpm 28 (60Hz)

Correia - Em "V" A-96

Peso sem motor kg 958

Dimensões (C x L x A), com o carregador abaixado mm 2466 x 3042 x 2463

Dimensões (C x L x A), com o carregador levantado mm 2466 x 2416 x 3026

Espessura da chapa do tambor mm 3

Rodas - Pneumática Aro 13"

Pressão de trabalho kgf/cm² 150

Já no caso de se alugar estes equipamentos, a betoneira a ser adquirida desta

maneira é a Betoneira Profissional Mecânica com Carregador 600l, também da Menegotti.

Foi escolhido este modelo, pois, após pesquisa no mercado da construção civil, constatou-

se que o modelo escolhido anteriormente para compra não está disponível no mercado para

ser alugado, pois seu preço para aquisição é muito alto e, deste modo, as empresas optam

por modelos mais baratos. A seguir, a Figura 18 ilustra este modelo e a Tabela 21 descreve

seus dados técnicos.

Figura 18: Betoneira Profissional Mecânica com Carregador 600l, da Menegotti

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49

Tabela 21: Dados técnicos da Betoneira Profissional Mecânica com Carregador 600l

Dados Técnicos Unidade Mecânica c/

Carregador 600l

Volume total l 600 Capacidade de mistura l 440 Rendimento final da mistura l 400 Quantidade de ciclos/hora ciclos/hora 15 Produção horária m³/h 6 Rotação do tambor rpm 28 (60Hz) Correia - Em "V" A-90 Peso sem motor kg 1040 Dimensões (C x L x A), com o carregador abaixado mm 2398 x 3765 x 2390 Dimensões (C x L x A), com o carregador levantado mm 2398 x 1900 x 2800 Espessura da chapa do tambor mm 3 Rodas - Pneumática Aro 13" Caixa d'Água l 45

Portanto, pode-se determinar a capacidade de produção da central de acordo com o

modelo de betoneira utilizado, como segue.

- Betoneira Profissional Hidráulica 600l: com a produção horária do equipamento de

aproximadamente 6,6 m³/h e considerando-se uma jornada de trabalho com início às 8:00 h

e término às 17:00 h, com uma hora de almoço, ou seja, um total de oito horas diárias,

chega-se a uma produção diária por betoneira igual a:

EFG,HçãG ,KáFKM KN,KOK,HMP � 6,6A�Q ∗ 8 Q � 34, = 5³

Porém, há que se considerarem alguns fatores importantes de redução desta

produtividade, como limitações e desgaste do equipamento, tempo ocioso e improdutivo dos

operários, tempos técnicos de manuseio e transporte de materiais, entre outros. Segundo

dados apresentados na disciplina Gestão de Equipamentos na Construção Civil, ministrado

pela Profª Dra. Sheyla Mara Baptista Serra, a produtividade pode ser considerada como

70% da produtividade teórica, sendo assim a produtividade diária individual desta betoneira

seria de aproximadamente:

EFG,HçãG ,KáFKM KN,KOK,HM � 52,8 A³ ∗ 0,70 � <2, R2 5³

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50

Portanto, a produção total da central de concreto no canteiro de obras com este

modelo de betoneira será igual a:

EFG,HçãG ,KáFKM SGSMP ,M TUNSFMP ,U TGNTFUSG � V ∗ <2, R2 5³

O volume final de capacidade de produção da central de concreto dependerá

diretamente do número de betoneiras (n) que compõe esta central, sendo este número

estimado de acordo com a demanda diária de concreto da obra.

Para o caso da demanda diária máxima de concreto, como citado anteriormente,

seriam necessárias, aproximadamente, seis betoneiras do modelo especificado para

produzir o volume de concreto que atenda tal demanda, sendo ainda necessária uma

betoneira para funcionar como reserva caso um dos equipamentos venha a apresentar

defeitos ou mau funcionamento durante o período de produção. Portanto, seriam

necessárias no total sete betoneiras para atender ao caso crítico da obra, que se trata da

demanda diária máxima de concreto. Neste caso, a central de produção de concreto

apresentaria uma capacidade de produção diária de aproximadamente:

EFG,HçãG ,KáFKM SGSMP ,M TUNSFMP ,U TGNTFUSG � 6 ∗ 36,96 A³ � 441, 92 5³

- Betoneira Profissional Mecânica com Carregador 600l: com a produção horária do

equipamento de aproximadamente 6,0 m³/h e considerando-se uma jornada de trabalho com

início às 8:00 h e término às 17:00 h, com uma hora de almoço, ou seja, um total de oito

horas diárias, chega-se a uma produção diária por betoneira igual a:

EFG,HçãG ,KáFKM KN,KOK,HMP � 6,0A�Q ∗ 8 Q � 8=, : 5³

Por meio das mesmas considerações de produtividade realizadas anteriormente,

têm-se o valor da nova produtividade diária individual:

EFG,HçãG ,KáFKM KN,KOK,HMP � 48 A³ ∗ 0,7 � <<, 2: 5³

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51

Portanto, a produção total da central de concreto no canteiro de obras com este

modelo de betoneira será igual a:

EFG,HçãG ,KáFKM SGSMP ,M TUNSFMP ,U TGNTFUSG � V ∗ <<, 2: 5³

O volume final de capacidade de produção da central de concreto dependerá

diretamente do número de betoneiras (n) que compõe esta central, sendo este número

estimado de acordo com a demanda diária de concreto da obra.

Para o caso da demanda diária máxima de concreto, como citado anteriormente,

seriam necessárias, aproximadamente, sete betoneiras do modelo especificado para

produzir o volume de concreto que atenda tal demanda, sendo ainda necessária uma

betoneira para funcionar como reserva caso um dos equipamentos venha a apresentar

defeitos ou mau funcionamento durante o período de produção. Portanto, seriam

necessárias no total oito betoneiras para atender ao caso crítico da obra, que se trata da

demanda diária máxima de concreto. Neste caso, a central de produção de concreto

apresentaria uma capacidade de produção diária de aproximadamente:

EFG,HçãG ,KáFKM SGSMP ,M TUNSFMP ,U TGNTFUSG � 7 ∗ 33,6 A³ � 4<3, 4 5³

3.3.1.3 Definição e quantificação dos componentes do concreto

Com a definição dos tipos de concreto a serem utilizados no empreendimento

(Tabela 16) pode-se, através do cálculo do traço de cada tipo de concreto, determinar as

quantidades dos seus componentes a serem utilizados e, conseqüentemente, o valor

financeiro a ser gasto com estes materiais.

Para o cálculo do traço ideal de concreto utiliza-se o método simplificado sugerido

por Campiteli (2004), o qual faz uso de fórmulas e tabelas que auxiliam no cálculo de

maneira fácil e ágil. Neste cálculo, há alguns parâmetros considerados que são comuns

para todos os tipos de concreto, sendo eles:

- Dimensão Máxima Característica (DMC) do agregado graúdo igual a 25 mm;

- Massa específica do agregado graúdo (γ) igual a 3,021 kg/dm³;

- Cimento utilizado Votorantim CP II E 32;

- Módulo de Finura (MF) do agregado miúdo igual a 2,92;

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52

- Desvio padrão de dosagem (Sd) da condição A, igual a 4,0 MPa.

Além disto, considera-se ainda que a obra realizará o processo de produção do

concreto de modo rigorosamente correto e controlado, garantindo as condições adequadas

para a produção do mesmo, sendo utilizado o desvio padrão de dosagem (Sd) da condição

A, igual a 4,0 MPa.

A seguir são apresentados os cálculos dos traços para os tipos de concreto

determinados anteriormente.

• fck = 35 MPa e slump = 90 ± 20

Para este tipo de concreto, tem-se o valor da relação água-materiais secos (H) em %

dado pela fórmula 1:

� � 783. �148 � 25� & �163 � 25�. 904410.3,021 � 8,16%

O teor de argamassa seca, adotado da Tabela 1, é igual a: α = 50%.

Pela fórmula 3, tem-se:

"#$ � 35 & 1,65 ∗ 4 � 41,6 CEM

Interpolando-se os dados da tabela 2, tem-se o valor estimado da relação água-

cimento igual a x = 0,357 e, finalmente, o traço inicial do concreto é dado pela fórmula 2:

1 ∶ X50 . 0,3578,16 � 1Y ∶ Z0,357

8,16 . �100 � 50�[ ∶ 0,357

\FMçG KNKTKMP � 1 ∶ 1,1875 ∶ 2,1875 ∶ 0,357

Para que haja uma padronização nas informações de modo a permitir uma futura

análise comparativa, as quantidades dos componentes encontradas no traço inicial serão

manipuladas com o intuito de se obter as quantidades de componentes necessárias para a

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53

produção de 1 m³ de concreto. Portanto, a seguir são definidas as densidades dos materiais

e suas respectivas quantidades por m³ de concreto produzido.

- Cimento: massa específica do cimento CP II E 32 igual aproximadamente a 3.150

kg/m³;

- Agregado miúdo (areia): massa específica aparente igual aproximadamente a 1.500

kg/m³;

- Agregado graúdo (brita 1): massa específica aparente igual aproximadamente a

1.450 kg/m³;

- Água: densidade de aproximadamente 1.000 kg/m³.

Considerando-se que o volume do concreto é a soma das parcelas de volume de

seus componentes, em função do traço determinado anteriormente os valores de massa de

cada componente por m³ deste tipo de concreto a ser produzido são:

- Cimento: 335,68 kg/m³ de concreto;

- Agregado miúdo (areia): 398,62 kg/m³ de concreto;

- Agregado graúdo (brita 1): 734,31 kg/m³ de concreto;

- Água: 119,84 kg/m³ de concreto.

• fck = 30 MPa e slump = 90 ± 20

Para este tipo de concreto, tem-se o valor da relação água-materiais secos (H) em %

dado pela fórmula 1:

� � 783. �148 � 25� & �163 � 25�. 904410.3,021 � 8,16%

O teor de argamassa seca, adotado da tabela 1, é igual a: α = 50%.

Pela fórmula 3, tem-se:

"#$ � 30 & 1,65 ∗ 4 � 36,6 CEM

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54

Interpolando-se os dados da tabela 2, tem-se o valor estimado da relação água-

cimento igual a x = 0,404 e, finalmente, o traço inicial do concreto é dado pela fórmula 2:

1 ∶ X50 . 0,4048,16 � 1Y ∶ Z0,404

8,16 . �100 � 50�[ ∶ 0,404

\FMçG KNKTKMP � 1 ∶ 1,4755 ∶ 2,4755 ∶ 0,404

Com os valores de massa específica já definidos anteriormente e, considerando-se

que o volume do concreto é a soma das parcelas de volume de seus componentes, em

função do traço determinado anteriormente os valores de massa de cada componente por

m³ deste tipo de concreto a ser produzido são:

- Cimento: 292,57 kg/m³ de concreto;

- Agregado miúdo (areia): 431,69 kg/m³ de concreto;

- Agregado graúdo (brita 1): 724,25 kg/m³ de concreto;

- Água: 118,20 kg/m³ de concreto.

• fck = 30 MPa e slump = 60 ± 20

Para este tipo de concreto, tem-se o valor da relação água-materiais secos (H) em %

dado pela fórmula 1:

� � 783. �148 � 25� & �163 � 25�. 604410.3,021 � 7,85%

O teor de argamassa seca, adotado da tabela 1, é igual a: α = 50%.

Pela fórmula 3, tem-se:

"#$ � 30 & 1,65 ∗ 4 � 36,6 CEM

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55

Interpolando-se os dados da tabela 2, tem-se o valor estimado da relação água-

cimento igual a x = 0,404 e, finalmente, o traço inicial do concreto é dado pela fórmula 2:

1 ∶ X50 . 0,4047,85 � 1Y ∶ Z0,404

7,85 . �100 � 50�[ ∶ 0,404

\FMçG KNKTKMP � 1 ∶ 1,5732 ∶ 2,5732 ∶ 0,404

Com os valores de massa específica já definidos anteriormente e, considerando-se

que o volume do concreto é a soma das parcelas de volume de seus componentes, em

função do traço determinado anteriormente os valores de massa de cada componente por

m³ deste tipo de concreto a ser produzido são:

- Cimento: 282,17 kg/m³ de concreto;

- Agregado miúdo (areia): 443,91 kg/m³ de concreto;

- Agregado graúdo (brita 1): 726,07 kg/m³ de concreto;

- Água: 114,00 kg/m³ de concreto.

• fck = 20 MPa e slump = 60 ± 10

Para este tipo de concreto, tem-se o valor da relação água-materiais secos (H) em %

dado pela fórmula 1:

� � 783. �148 � 25� & �163 � 25�. 604410.3,021 � 7,85%

O teor de argamassa seca, adotado da tabela 1, é igual a: α = 50%.

Pela fórmula 3, tem-se:

"#$ � 20 & 1,65 ∗ 4 � 26,6 CEM

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56

Interpolando-se os dados da tabela 2, tem-se o valor estimado da relação água-

cimento igual a x = 0,5276 e, finalmente, o traço inicial do concreto é dado pela fórmula 2:

1 ∶ X50 . 0,52767,85 � 1Y ∶ Z0,5276

7,85 . �100 � 50�[ ∶ 0,5276

\FMçG KNKTKMP � 1 ∶ 2,3605 ∶ 3,3605 ∶ 0,5276

Com os valores de massa específica já definidos anteriormente e, considerando-se

que o volume do concreto é a soma das parcelas de volume de seus componentes, em

função do traço determinado anteriormente os valores de massa de cada componente por

m³ deste tipo de concreto a ser produzido são:

- Cimento: 210,99 kg/m³ de concreto;

- Agregado miúdo (areia): 498,04 kg/m³ de concreto;

- Agregado graúdo (brita 1): 709,03 kg/m³ de concreto;

- Água: 111,32 kg/m³ de concreto.

Considerando-se que em um mês são executados quatro pavimentos de cada torre,

a obra apresenta um total de 16 (dezesseis) concretagens por mês, e um volume de

concreto de aproximadamente 1.101,68 m³/mês.Portanto, considerando-se um concreto

com fck igual a 30 MPa e slump 60 ± 20 seriam necessários em um mês para produção de

concreto:

DKAUNSG � 282,17]^A� ∗ 1101,68A�

Aê` � 310.861,05]^/Aê`

b^FU^M,G AKú,G �MFUKM� � 443,91]^A� ∗ 1101,68A�

Aê` � 489.046,77]^/Aê`

b^FU^M,G ^FMú,G �dFKSM� � 726,07]^A� ∗ 1101,68A�

Aê` � 800.888,31]^/Aê`

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57

Á^HM � 114,00]^A� ∗ 1101,68A�

Aê` � 125.591,52]^/Aê`

Portanto, seriam necessários em um mês para a produção de concreto

aproximadamente 6.217 sacos de 50 kg de cimento, 24.452 sacos de 20 kg de areia e 552

m³ de agregado graúdo.

3.3.1.4 Definição de custos envolvidos no processo

Podem-se definir neste contexto três principais tipos de custos envolvidos no

processo de produção de concreto na obra, que seriam os custos iniciais ou de implantação,

os fixos e os variáveis. Há ainda dois possíveis métodos para obtenção dos equipamentos

de produção, as betoneiras, sendo o primeiro considerando-se a aquisição destes

equipamentos e outro se considerando o aluguel dos mesmos.

Vale salientar que, para que haja uma padronização dos dados de modo a permitir a

posterior análise dos resultados, os custos serão manipulados de modo que se obtenha o

custo total para produção do concreto necessário para execução de todo o

empreendimento, assim como o custo aproximado por m³ de concreto produzido.

• Primeiro método: aquisição das betoneiras

Neste primeiro método, o custo inicial ou de implantação diz respeito aos gastos

financeiros iniciais para compra de equipamentos, materiais e alterações necessárias no

canteiro de obras para que a produção de concreto seja iniciada. Neste estudo de caso será

considerado o custo inicial relativo à compra dos equipamentos de produção de concreto, ou

seja, as betoneiras, e equipamentos diversos que auxiliam na produção, além dos custos

para preparo e construção da estrutura do local onde será locada a central de concreto.

Após pesquisa com diversos fornecedores da região da cidade de São Paulo, no que

diz respeito ao valor de compra da Betoneira Profissional Hidráulica 600l, foi possível

estimar um valor médio para compra de aproximadamente R$ 18.500,00 por equipamento,

portanto, como seriam necessários sete equipamentos deste modelo para atender a

demanda da obra, o valor total de aquisição das betoneiras seria de aproximadamente R$

129.500,00.

Há ainda que se considerar a aquisição de equipamentos diversos que auxiliam na

produção e manipulação do concreto, tais como pá de pedreiro, enxada, colher de pedreiro,

entre outros. Através de consulta aos sites da C&C – Casa e Construção e IBalança, são

listados abaixo alguns destes equipamentos e seus respectivos valores financeiros:

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- Pá de bico com cabo de madeira 71 cm Tramontina: R$ 33,50

- Enxada larga forjada leve com cabo de madeira 1,50 m Tramontina: R$ 32,00

- Colher para pedreiro 10” Famastil: R$ 12,90

- Recipiente para dosagem dos materiais e abastecimento das betoneiras: R$ 32,50

- Medidor de umidade para agregados com 4 pinos e visor digital: R$ 119,00.

- Balança Micheletti MIC 2A 200kg: R$ 431,04

Deste modo, julgando-se necessária a aquisição de seis pás de pedreiro, seis

enxadas, seis colheres para pedreiro, doze recipientes para dosagem dos materiais, dois

medidores de umidade e três balanças, o custo financeiro para aquisição destes

equipamentos é de R$ 2.391,52.

Os custos de preparo do local e construção da estrutura onde será locada a central

de concreto devem considerar a área necessária para abrigar os equipamentos de

produção, de modo a permitir a livre circulação de pessoas e materiais e também o perfeito

manuseio dos equipamentos, incluindo possíveis serviços de manutenção. De acordo com

as dimensões dos equipamentos definidas pelo fabricante e considerando-se um

espaçamento entre betoneiras igual a 1 metro, o comprimento necessário desta estrutura é

de aproximadamente 25 metros; já a largura, considerando-se um espaço livre para

circulação de pessoas e materiais igual a 2 metros na frente e 1 metro atrás, é de

aproximadamente 5,50 metros.

Portanto, o local destinado a central de concreto deverá ter uma área de

aproximadamente 137,5 m², com pé-direito igual a 3,5 metros. Considerando-se uma

estrutura simples, com piso de concreto, fechamento em alvenaria e telhado com telhas de

fibrocimento, além de infra-estrutura hidráulica e elétrica, pode-se estimar um custo de

execução desta central de aproximadamente R$ 15.000,00.

Portanto, o custo total de implantação desta central de concreto é de

aproximadamente R$ 146.891,52. Para uma análise simplificada deste custo por m³ de

concreto, pode-se dividir este valor de implantação da central pela quantidade total de

concreto a ser produzida no empreendimento, obtendo-se o valor aproximado de:

DH`SG ,U KAfPMNSMçãG � g$ 146.891,5213.036,05 A� � i$11, 49/5³

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59

Os custos fixos são relativos aos custos das matérias-prima para produção do

concreto, sendo que estas envolvem desde os materiais componentes do concreto até a

água e energia utilizadas neste processo. Além destes, há ainda os gastos com mão-de-

obra, pois é necessária a formação de uma equipe para produção e manipulação do

concreto.

Com relação aos materiais componentes do concreto, serão adotados os preços

reais que a obra tomada como objeto de estudo negocia com seus fornecedores, pois, por

se tratar de uma grande construtora cujo volume de obras em andamento é bastante

significativo, esta consegue condições comerciais favoráveis, reduzindo o preço unitário dos

materiais adquiridos para a obra. Para o caso da água e energia, foram consultados os

preços que constam nas contas de água e luz da Sabesp e AES Eletropaulo,

respectivamente. Portanto, têm-se os seguintes valores:

- Cimento Portland CP II E 32 Votorantim: R$ 14,54/ saco de 50kg, ou seja, R$

0,2908/kg;

- Agregado miúdo (areia): R$ 1,40 / saco de 20kg, ou seja, R$ 0,07/kg;

- Agregado graúdo (brita 1): R$ 59,00/m³, ou seja, R$ 0,0407/kg;

- Água: R$ 11,06/m³, ou seja, R$ 0,011/kg;

- Energia: R$ 0,29444/kWh.

Com estes valores financeiros e com os quantitativos dos componentes de cada tipo

de concreto definidos anteriormente, pode-se chegar ao preço total por m³ relativo aos

materiais componentes de cada tipo de concreto, que são mostrados na tabela a seguir.

Tabela 22: Valor financeiro dos componentes do concreto por m³

Tipo de concreto Componentes (R$/m³ de concreto) Total

(R$/m³) fck (Mpa)

slump (mm)

Cimento Areia Brita Água

35 90 ± 20 R$ 97,62 R$ 27,90 R$ 29,89 R$ 1,32 R$ 156,73

30 90 ± 20 R$ 85,08 R$ 30,22 R$ 29,48 R$ 1,30 R$ 146,08

30 60 ± 20 R$ 82,06 R$ 31,07 R$ 29,55 R$ 1,25 R$ 143,93

20 60 ± 10 R$ 61,36 R$ 34,86 R$ 28,86 R$ 1,22 R$ 126,30

O custo de mão-de-obra depende diretamente do número de operários que compõe

a equipe de produção. Neste estudo de caso, são considerados um oficial mais dois

serventes para operar duas betoneiras, portanto para operar as seis betoneiras seriam

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60

necessários três oficiais e seis serventes, além de um tecnólogo do concreto para garantir a

correta execução dos procedimentos e a conseqüente qualidade do concreto a ser

produzido. Foi realizada uma pesquisa com os empreiteiros presentes no canteiro de obras,

chegando-se aos seguintes valores destes operários: R$ 4,50/hora para oficiais e R$

3,77/hora para serventes. Vale salientar que estes são os valores definidos como piso

salarial pelo sindicato da categoria na cidade de São Paulo. Já para o caso do tecnólogo do

concreto, segundo dados coletados no departamento de engenharia da obra Chácara

Sant’anna, o salário seria de aproximadamente R$ 2.449,00/mês.

Considerando-se que em um mês são executados quatro pavimentos de cada torre,

a obra apresenta um total de 16 (dezesseis) concretagens por mês, e um volume de

concreto de aproximadamente 1.101,68 m³/mês. Deste modo, o número de dias por mês

que seriam necessários os serviços dos oficiais e serventes para operarem a central de

concreto seria igual a 16 (dezesseis) dias, sendo que no restante do mês os mesmos

poderiam exercer funções diversas no canteiro de obras, como atuar na limpeza e

organização do canteiro e serviços gerais. Portanto, com a jornada de trabalho de oito horas

diárias, os oficiais e serventes representam um custo de mão-de-obra de aproximadamente:

j"KTKMK` � g$4,50 Q⁄ ∗ 8Q ∗ 16 ,KM` Aê`⁄ � g$ 576,00/Aê`

+UFOUNSU` � g$3,77 Q⁄ ∗ 8Q ∗ 16,KM` Aê`⁄ � g$ 482,56/Aê`

Porém, estes valores não contemplam o valor total gasto com estes funcionários pela

empresa contratante, pois não estão embutidos os valores referentes aos impostos e

encargos sociais. Segundo dados apresentados na disciplina Gestão de Equipamentos na

Construção Civil, ministrado pela Profª Dra. Sheyla Mara Baptista Serra, deve-se aplicar

uma porcentagem de cerca de 127% referente a estes encargos, obtendo os valores de

aproximadamente:

j"KTKMK` � g$ 576,00/Aê` ∗ 2,27 � g$ 1.307,52/Aê`

+UFOUNSU` � g$ 482,56/Aê` ∗ 2,27 � g$1.095,41/Aê`

Pode-se então calcular o valor desta mão-de-obra por m³ de concreto, obtendo-se:

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j"KTKMK` � g$1.307,52/Aê` 1.101,68 A³/Aê` ∗ 3 � g$3,56/A³

+UFOUNSU` � g$ 1.095,41/Aê`1.101,68 A³/Aê` ∗ 6 � g$5,97/A³

\UTNóPG^G ,G TGNTFUSG � g$ 2.449,00/Aê` 1.101,68 A³/Aê`m � g$2,22/A³

Portanto, o valor total da mão-de-obra por m³ de concreto é de aproximadamente:

CãG � ,U � GdFM SGSMP � g$ 3,56A� & g$5,97

A� & g$2,22A� � i$11, 93/5<

No que diz respeito aos gastos com energia, o fabricante Menegotti não informa o

consumo de energia do equipamento, porém outro fabricante de betoneiras, a Fischer,

informa que o consumo de energia de um modelo com as mesmas características do

escolhido neste estudo de caso é de aproximadamente 1,5 kW/h. Portanto, considerando o

número de horas trabalhadas por mês já citado anteriormente, os custos com energia por m³

de concreto para os seis equipamentos é de aproximadamente:

DH`SG ,U UNUF^KM � 1,5]n/Q ∗ 8Q ∗ 16,KM` ∗ g$0,29444/]nQ1.101,68A³/Aê` ∗ 6 � i$:, <1/5<

Somando-se os valores descritos acima se tem os valores de custos fixos dos tipos

de concreto, conforme Tabela 23 que segue.

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62

Tabela 23: Custos fixos por m³ dos diferentes tipos de concreto

Tipo de concreto Custos fixos (R$/m³ de concreto) Total

(R$/m³) fck (Mpa)

slump (mm)

Componentes Mão-de-obra Energia

35 90 ± 20 R$ 156,73 R$ 11,75 R$ 0,31 R$ 168,79

30 90 ± 20 R$ 146,08 R$ 11,75 R$ 0,31 R$ 158,14

30 60 ± 20 R$ 143,93 R$ 11,75 R$ 0,31 R$ 155,99

20 60 ± 10 R$ 126,30 R$ 11,75 R$ 0,31 R$ 138,36

Já os custos variáveis são caracterizados por possíveis manutenções e consertos

dos equipamentos, sendo que as manutenções devem ocorrer periodicamente, de modo a

evitar um desgaste excessivo do equipamento e a conseqüente substituição de peças antes

do prazo de vida útil das mesmas, enquanto os consertos ocorrem ocasionalmente caso o

equipamento apresente mau funcionamento ou alguma peça seja danificada por mau uso.

Segundo o fabricante, estes equipamentos são robustos e preparados para o uso

intensivo sem que haja problemas significantes com manutenções e consertos. Assim, após

pesquisa no mercado dos fornecedores destes equipamentos, segundo o fornecedor

Brasília Equipamentos e Ferramentas, pode-se adotar o valor aproximado de R$ 50,00/mês

para manutenções e R$ 100,00 para eventuais consertos por betoneira. Portanto, têm-se os

valores aproximados referentes aos custos variáveis por m³ de concreto:

DH`SG ,U AMNHSUNçãG � g$50,00 ∗ 7/1101,68 A� � g$0,32/A³

DH`SG ,U TGN`UFSG` � g$100,00 ∗ 7/1101,68 A� � g$0,64/A³

O custo variável total é de aproximadamente:

DH`SG OMFKáOUP SGSMP � g$0,32 & g$0,64 � i$:, R2/5³

Portanto, somando-se todos os custos por m³ de concreto detalhados anteriormente,

chega-se aos valores totais aproximados de cada tipo de concreto, mostrado na Tabela 24

que segue.

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63

Tabela 24: Custo total por m³ dos diferentes tipos de concreto

Tipo de concreto Custos aproximados (R$/m³) Total (R$/m³) fck (Mpa) slump (mm) Implantação Fixo Variável

35 9 ± 2 R$ 11,27 R$ 168,79 R$ 0,96 R$ 181,02

30 9 ± 2 R$ 11,27 R$ 158,14 R$ 0,96 R$ 170,37

30 6 ± 2 R$ 11,27 R$ 155,99 R$ 0,96 R$ 168,22

20 6 ± 1 R$ 11,27 R$ 138,36 R$ 0,96 R$ 150,59

Outra análise que pode ser feita diz respeito ao custo total para produção do

concreto necessário para execução do empreendimento como um todo. Deste modo, o valor

aproximado do custo de implantação é:

DH`SG ,U KAfPMNSMçãG � g$129.500,00 & g$2.391,52 & g$15.000,00 � i$182. =R1, 34

O custo fixo total referente aos componentes do concreto é descrito na tabela a

seguir.

Tabela 25: Custo total dos diferentes tipos de concreto

Concreto Quantidade (m³)

Custo (R$/m³)

Custo Total (R$) fck (MPa) slump (mm)

35 90 ± 20 1.623,90 R$ 156,73 R$ 254.513,85

30 90 ± 20 3.690,63 R$ 146,08 R$ 539.127,23

30 60 ± 20 6.024,01 R$ 143,93 R$ 867.035,76

20 60 ± 10 1.697,51 R$ 126,30 R$ 214.395,51

TOTAL R$ 1.875.072,35

O custo total de mão-de-obra depende do tempo de duração da execução da

estrutura de concreto do empreendimento. Com as considerações feitas anteriormente, que

estima a execução de um volume de concreto de quatro pavimentos de cada torre por mês,

ou seja, um volume de concreto de 1101,68 m³/mês, o tempo de duração da execução da

estrutura de concreto do empreendimento é de aproximadamente:

\UAfG ,U U!UTHçãG ,M U`SFHSHFM � 13.036,05A³1101,68A³/Aê` � 11,83 AU`U` ≅ 12 AU`U`

Portanto, os gastos com mão-de-obra são:

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64

j"KTKMK` � 12 ∗ g$1.307,52 ∗ 3 � g$47.070,72

+UFOUNSU` � 12 ∗ g$1.095,41 ∗ 6 � g$78.869,52

\UTNóPG^G ,G TGNTFUSG � 12 ∗ g$2.449,00 � g$29.388,00

DH`SG SGSMP AãG � ,U � GdFM � g$47.070,72 & g$78.869,52 & g$29.388,00 � i$133. <4=, 48

O custo de energia é de aproximadamente:

DH`SG SGSMP ,U UNUF^KM � 12 ∗ 1,5]nQ ∗ 8Q ∗ 16,KM` ∗ g$0,29444

]nQ ∗ 6 � i$8. :9:, <8

O custo variável é de:

DH`SG ,U AMNHSUNçãG � 12 ∗ g$50,00 ∗ 7 � g$4.200,00

DH`SG ,U TGN`UFSG` � 12 ∗ g$100,00 ∗ 7 � g$8.400,00

DH`SG OMFKáOUP SGSMP � g$4.200,00 & g$8.400,00 � i$14. 2::, ::

Portanto, o custo total para produção do concreto do empreendimento como um todo

é de aproximadamente:

pqrst uvuwx � g$146.891,52 & g$1.875.072,35 & g$155.328,24 & g$4.070,34& g$12.600,00

yést{t 1 � p|}uv uvuwx � i$4. 1R<. R24, 83

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65

• Segundo método: locação das betoneiras

Neste método, o custo inicial ou de implantação diz respeito aos mesmos gastos

financeiros iniciais para compra de equipamentos, materiais e alterações necessárias no

canteiro de obras para que a produção de concreto seja iniciada. O valor médio do custo de

frete para a região de São Paulo é de R$ 300,00, sendo necessários dois fretes, um para

entrega e outro para retirada dos equipamentos da obra.

Julgando-se necessária a aquisição de sete pás de pedreiro, sete enxadas, sete

colheres para pedreiro, 14 recipientes para dosagem dos materiais, dois medidores de

umidade e três balanças, o custo financeiro para aquisição destes equipamentos é de R$

2.534,92.

Deste modo, o custo de implantação seria de aproximadamente:

DH`SG ,U KAfPMNSMçãG � g$15.000,00 & R$2.534,92 & R$600,00 � �$1=. 1<8, R4

Portanto, pode-se obter os valores relativos ao custo de implantação por m³ de

concreto da seguinte maneira:

DH`SG ,U KAfPMNSMçãG � g$ 18.134,9213.036,05 A� � i$1, <R/5³

Os custos fixos relativos aos componentes do concreto são os mesmos do método

anterior, sendo os valores mostrados na Tabela 22. Já os custos com mão-de-obra se

mantêm os mesmos para tecnólogo do concreto, porém altera-se o número de serventes e

oficiais, que passa a ser igual a sete e quatro funcionários, respectivamente, para auxiliarem

na produção do concreto, pois neste método consideram-se no total oito betoneiras do

modelo Profissional Mecânica com Carregador 600l ao invés de sete betoneiras do modelo

citado anteriormente. Assim, o custo de mão-de-obra para locação dos equipamentos é de

aproximadamente:

j"KTKMK` � g$1.307,52/Aê` 1.101,68 A³/Aê` ∗ 4 � g$4,75/A³

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+UFOUNSU` � g$ 1.095,41/Aê`1.101,68 A³/Aê` ∗ 7 � g$6,96/A³

O custo de mão-de-obra total para este método é de:

CãG � ,U � GdFM SGSMP � g$4,75A� & g$6,96

A� & g$2,22A� � i$1<, R</5<

O custo com energia elétrica, considerando-se o mesmo consumo do equipamento

citado anteriormente, porém agora com sete betoneiras em funcionamento, é de

aproximadamente:

DH`SG ,U UNUF^KM � 1,5]n/Q ∗ 8Q ∗ 16,KM` ∗ g$0,29444/]nQ1.101,68A³/Aê` ∗ 7 � i$:, <2/5<

Neste método há que se considerar ainda o custo fixo relativo aos custos de locação

dos equipamentos. Após pesquisa com diversas empresas de locação de equipamentos

situadas na região de São Paulo, pôde-se verificar que o valor médio para locação destas

betoneiras do modelo Profissional Mecânica com Carregador 600l, da Menegotti, é por volta

de R$ 1.450,00 cada equipamento por mês. Assim, o valor de locação dos equipamentos

por m³ de concreto, considerando-se o volume mensal de concreto citado anteriormente, é

de:

DH`SG ,U PGTMçãG � g$1.450,00/Aê`1.101,68A³/Aê` ∗ 8 � g$10,53/A³

Portanto, os custos fixos totais por m³ de concreto, de acordo com o tipo de concreto

a ser executado, são demonstrados na tabela que segue.

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67

Tabela 26: Custos fixos por m³ dos diferentes tipos de concreto

Tipo de concreto Custos fixos (R$/m³ de concreto) Total

(R$/m³) fck (Mpa)

slump (mm)

Componentes Mão-de-obra Energia Locação

35 90 ± 20 R$ 156,73 R$ 13,93 R$ 0,36 R$ 10,53 R$ 181,55

30 90 ± 20 R$ 146,08 R$ 13,93 R$ 0,36 R$ 10,53 R$ 170,90

30 60 ± 20 R$ 143,93 R$ 13,93 R$ 0,36 R$ 10,53 R$ 168,75

20 60 ± 10 R$ 126,30 R$ 13,93 R$ 0,36 R$ 10,53 R$ 151,12

No que diz respeito aos custos variáveis, para o caso de locação de equipamentos,

os fornecedores fornecem a manutenção dos mesmos sem custo adicional, desde que os

equipamentos sejam manuseados de forma adequada evitando danos causados por mau

uso. Deste modo, o custo variável se resume aos gastos com conserto dos equipamentos,

sendo:

DH`SG OMFKáOUP � g$ 100,00/Aê`1.101,68A³/Aê` ∗ 8 � i$:, 9</5³

Portanto, somando-se os custos detalhados anteriormente, para o caso de locação

dos equipamentos de produção, os valores por m³ de concreto produzido para os diversos

tipos de concreto são listados na tabela a seguir.

Tabela 27: Custo total por m³ dos diferentes tipos de concreto.

Tipo de concreto Custos aproximados (R$/m³) Total (R$/m³) fck (Mpa) slump (mm) Implantação Fixo Variável

35 90 ± 20 R$ 1,39 R$ 181,55 R$ 0,73 R$ 183,67

30 90 ± 20 R$ 1,39 R$ 170,90 R$ 0,73 R$ 173,02

30 60 ± 20 R$ 1,39 R$ 168,75 R$ 0,73 R$ 170,87

20 60 ± 10 R$ 1,39 R$ 151,12 R$ 0,73 R$ 153,24

O outro tipo de análise que pode ser feita, que diz respeito ao custo total para

produção do concreto necessário para execução do empreendimento como um todo, para o

caso de locação dos equipamentos de produção apresenta um custo aproximado de

implantação de:

DH`SG ,U KAfPMNSMçãG � g$2.534,92 & g$15.000,00 & g$600,00 � i$1=. 1<8, R4

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O custo fixo total referente aos componentes do concreto é igual ao método anterior,

sendo descrito na tabela 25 já apresentada.

O custo total de mão-de-obra, considerando o tempo de duração da execução da

estrutura de concreto armado do empreendimento de aproximadamente doze meses, como

calculado anteriormente, é calculado a seguir.

j"KTKMK` � 12 ∗ g$1.307,52 ∗ 4 � g$62.760,96

+UFOUNSU` � 12 ∗ g$1.095,41 ∗ 7 � g$92.014,44

\UTNóPG^G ,G TGNTFUSG � 12 ∗ g$2.449,00 � g$29.388,00

DH`SG SGSMP AãG � ,U � GdFM � g$62.760,96 & g$92.014,44 & g$29.388,00 � i$1=8. 12<, 8:

O custo de energia é de aproximadamente:

DH`SG SGSMP ,U UNUF^KM � 12 ∗ 1,5]nQ ∗ 8Q ∗ 16,KM` ∗ g$0,29444

]nQ ∗ 7 � i$8. 98=, 9<

O custo fixo total referente à locação dos equipamentos é de aproximadamente:

DH`SG` ,U PGTMçãG � g$1.450,00Aê` ∗ 12 AU`U` ∗ 8 � i$1<R. 4::, ::

Já o custo variável, que neste método refere-se apenas aos gastos com conserto dos

equipamentos, é de:

DH`SG SGSMP OMFKáOUP � 12 ∗ g$100,00 ∗ 8 � i$R. 2::, ::

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69

Portanto, o custo total para produção do concreto do empreendimento como um todo

é de aproximadamente:

pqrst uvuwx � g$18.134,92 & g$1.875.072,35 & g$184.163,40 & g$4.748,73& g$139.200,00 & g$9.600,00

yést{t 4 � p|}uv uvuwx � i$4. 4<:. R1R, 8:

3.3.2 FORNECIMENTO DO CONCRETO POR TERCEIROS

Para a análise do concreto fornecido por terceiros pesquisou-se o preço unitário do

m³ de cada tipo de concreto segundo tabela de preços enviada pelo fornecedor contratado

pela obra objeto deste estudo de caso. Por questões de sigilo de informações, este

fornecedor não autorizou a divulgação do nome da empresa e da tabela de preços

negociados com a construtora.

Vale salientar que os preços apresentados neste trabalho são exclusivos para a

construtora da obra em questão, pois por se tratar de uma grande empresa, são realizadas

parcerias que permitem uma melhor negociação dos preços unitários do m³ de concreto,

melhorando as condições comerciais e o conseqüente valor final dos gastos com concreto.

A seguir são apresentados os tipos de concreto e seus respectivos valores por m³

negociados com o fornecedor.

Tabela 28: Custo por m³ dos diferentes tipos de concreto fornecidos por empresa terceirizada.

Tipo de concreto Valor

(R$/m³) fck (Mpa)

slump (cm)

35 90 ± 20 R$ 230,00

30 90 ± 20 R$ 215,00

30 60 ± 20 R$ 217,28

20 60 ± 10 R$ 209,54

Portanto, de acordo com os valores unitários sugeridos na tabela anterior, chega-se

aproximadamente ao valor total gasto com concreto fornecido por empresas terceirizadas,

que é apresentado na tabela que segue.

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70

Tabela 29: Custo total do concreto fornecido por empresa terceirizada.

Tipo de concreto Quantidade (m³)

Valor Unitário (R$/m³)

Valor Total (R$/m³) fck (Mpa) slump (cm)

35 90 ± 20 1.623,90 R$ 230,00 R$ 373.497,00

30 90 ± 20 3.690,63 R$ 215,00 R$ 793.485,45

30 60 ± 20 6.024,01 R$ 217,28 R$ 1.308.896,89

20 60 ± 10 1.697,51 R$ 209,54 R$ 355.696,25

TOTAL = R$ 2.831.575,59

3.4 ANÁLISE FINANCEIRA COMPARATIVA

Com os dados gerados anteriormente, torna-se exeqüível uma análise simplificada

dos resultados obtidos. Esta análise segue o raciocínio utilizado até o momento, priorizando

a análise dos aspectos financeiros envolvidos no processo de produção ou fornecimento de

concreto para a obra, porém analisando também aspectos técnicos que envolvem a

implantação da central de concreto no canteiro de obras ou o fornecimento do mesmo por

empresas terceirizadas.

Em um primeiro momento, pode-se analisar o preço por m³ de concreto dos três

métodos avaliados anteriormente, verificando-se simplificadamente aquele que apresenta o

custo mais baixo e também o mais elevado. A Tabela 30 apresenta os valores dos

diferentes tipos de concreto de acordo com o método de obtenção do mesmo.

Tabela 30: Valor por m³ de concreto de acordo com os diferentes métodos de obtenção do mesmo

Tipo de concreto Valor Unitário (R$/m³)

fck (Mpa)

slump (mm)

Produzido no canteiro de obras Fornecido por

terceiros Método 1 Método 2

35 90 ± 20 R$ 181,02 R$ 183,67 R$ 230,00

30 90 ± 20 R$ 170,37 R$ 173,02 R$ 215,00

30 60 ± 20 R$ 168,22 R$ 170,87 R$ 217,28

20 60 ± 10 R$ 150,59 R$ 153,24 R$ 209,54

De acordo com os valores apresentados nesta tabela, verifica-se que em um primeiro

momento o Método 1, que diz respeito ao concreto produzido em central dentro do canteiro

de obras com aquisição dos equipamentos de produção, caracteriza-se por ser o mais

econômico financeiramente, de acordo com os parâmetros analisados neste trabalho. Já o

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71

concreto fornecido por terceiros apresenta-se com valores bem elevados em comparação

aos outros métodos, sendo o de custo mais elevado.

A seguir, é feito um balanço comparativo entre os diferentes métodos considerados

neste trabalho para obtenção de concreto, verificando-se a diferença financeira dos tipos de

concreto entre os diferentes métodos, tornando-se capaz a mensuração da diferença

econômica total dos processos distintos. Esta comparação é feita nas tabelas que seguem,

nas quais são confrontados os diferentes métodos entre si.

Tabela 31: Balanço econômico comparativo entre o Método 1 e Método 2

Tipo de concreto Quantidade

(m³)

Valor Unitário (R$/m³)

Diferença Total

Diferença fck (Mpa)

slump (mm)

Produzido no canteiro de obras

Método 1 Método 2

35 90 ± 20 1.623,90 R$ 181,02 R$ 183,67 R$ 2,65 R$ 4.303,33

30 90 ± 20 3.690,63 R$ 170,37 R$ 173,02 R$ 2,65 R$ 9.780,17

30 60 ± 20 6.024,01 R$ 168,22 R$ 170,87 R$ 2,65 R$ 15.963,63

20 60 ± 10 1.697,51 R$ 150,59 R$ 153,24 R$ 2,65 R$ 4.498,40

TOTAL = R$ 34.545,53

Verifica-se nesta tabela que o Método 1, considerando-se o custo final do processo

de produção do concreto, apresenta-se mais vantajoso economicamente que o Método 2,

com uma diferença no valor total de aproximadamente R$34.545,53, o que pode ser

considerado uma diferença pouco significativa, tendo em vista que o custo total de obtenção

do concreto da obra é da ordem de R$2.000.000,00 de reais. Deste modo, essa diferença

representaria algo em torno de 1,57% do custo financeiro total do Método 1.

Tabela 32: Balanço econômico comparativo entre o Método 1 e o concreto fornecido por terceiros

Tipo de concreto Quantidade

(m³)

Valor Unitário (R$/m³)

Diferença Total Diferença fck (Mpa)

slump (mm)

Produzido Fornecido por terceiros Método 1

35 90 ± 20 1.623,90 R$ 181,02 R$ 230,00 R$ 48,98 R$ 79.538,62

30 90 ± 20 3.690,63 R$ 170,37 R$ 215,00 R$ 44,63 R$ 164.712,82

30 60 ± 20 6.024,01 R$ 168,22 R$ 217,28 R$ 49,06 R$ 295.537,93

20 60 ± 10 1.697,51 R$ 150,59 R$ 209,54 R$ 58,95 R$ 100.068,21

TOTAL = R$ 639.857,58

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72

Nesta tabela, fica evidente a vantagem econômica do concreto produzido através do

Método 1 sobre o fornecido por terceiros, com uma diferença no custo total de

aproximadamente R$ 639.857,58. Essa diferença apresentada é bastante significativa, pois

representa algo em torno de 29,16% do custo financeiro total do Método 1.

Tabela 33: Balanço econômico comparativo entre o Método 2 e o concreto fornecido por terceiros

Tipo de concreto Quantidade

(m³)

Valor Unitário (R$/m³)

Diferença Total

Diferença fck (Mpa)

slump (mm)

Produzido Fornecido por terceiros Método 2

35 90 ± 20 1.623,90 R$ 183,67 R$ 230,00 R$ 46,33 R$ 75.235,29

30 90 ± 20 3.690,63 R$ 173,02 R$ 215,00 R$ 41,98 R$ 154.932,65

30 60 ± 20 6.024,01 R$ 170,87 R$ 217,28 R$ 46,41 R$ 279.574,30

20 60 ± 10 1.697,51 R$ 153,24 R$ 209,54 R$ 56,30 R$ 95.569,81

TOTAL = R$ 605.312,05

O balanço econômico comparativo entre o Método 2 e o concreto fornecido por

terceiros mostrado na tabela anterior, evidencia a vantagem econômica do Método 2,

apresentando uma diferença entre os custos de aproximadamente R$ 605.312,05. Esta é

também uma diferença econômica significativa, pois representa algo em torno de 27,13% do

valor total do Método 2.

O gráfico a seguir ilustra a curva de gasto financeiro ao longo dos meses de duração

da execução da estrutura de concreto da obra para os diferentes meios de obtenção do

mesmo. Para elaboração de tal gráfico, considerou-se o valor financeiro de cada tipo de

concreto de acordo com o peso que os mesmos representam no quantitativo total do volume

de concreto, chegando-se a um valor financeiro médio para os diversos tipos de concreto.

Este valor encontrado foi multiplicado pelo volume médio mensal de concreto, chegando-se

a um avanço de custo médio por mês.

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73

Figura 19: Gráfico da curva de gasto financeiro ao longo dos meses

É possível verificar neste gráfico que o Método 1 apresenta o maior custo financeiro

inicial, porém o menor custo financeiro ao final da produção do concreto. Já o concreto

fornecido por terceiros apresenta o menor custo inicial, no caso este custo é nulo, entretanto

apresenta o custo financeiro mais elevado ao final da produção do concreto. O Método 2

apresenta-se na faixa intermediária tanto para o custo inicial quanto para o custo final da

produção de concreto.

Portanto, do ponto de vista econômico no que diz respeito aos custos para obtenção

do concreto, a produção do mesmo através do Método 1 apresenta-se como melhor opção.

Porém, há necessidade de se analisar outros fatores impactantes na escolha do meio de

obtenção do concreto, como disponibilidade de espaço no canteiro de obras, logística do

canteiro, áreas para armazenamento de materiais e equipamentos, entre outros.

Por exemplo, como verificado anteriormente no item 3.3.1.3, para a produção mensal

de 1101,68 m³ de concreto, são necessários aproximadamente 6.217 sacos de 50 kg de

cimento, 24.452 sacos de 20 kg de areia e 552 m³ de agregado graúdo. A armazenagem

destes materiais é um trabalho complexo que envolve estudo de logística no canteiro, de

modo a evitar que o fluxo de materiais e serviços na obra seja prejudicado. Deve-se

salientar também que o local de armazenagem destes materiais deve apresentar livre

R$ 0,00R$ 200.000,00R$ 400.000,00R$ 600.000,00R$ 800.000,00

R$ 1.000.000,00R$ 1.200.000,00R$ 1.400.000,00R$ 1.600.000,00R$ 1.800.000,00R$ 2.000.000,00R$ 2.200.000,00R$ 2.400.000,00R$ 2.600.000,00R$ 2.800.000,00R$ 3.000.000,00R$ 3.200.000,00

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Tota

l Ga

sto

Meses

Comparação entre os 3 métodos de aquisição

do concreto

Método 1

Método 2

Fornecido por terceiros

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acesso de pessoas e equipamentos, com o intuito de facilitar o manuseio destes materiais e

conseqüentemente otimizar os processos produtivos da obra.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a sucinta análise dos resultados obtidos neste estudo de caso, verifica-se que,

quanto ao aspecto financeiro que envolve os meios de obtenção do concreto, o Método 1,

que considera a produção do concreto dentro do canteiro de obras com a aquisição das

unidades produtoras, apresenta-se como o mais econômico dentre os métodos propostos.

Além de apresentar o menor custo final, deve-se salientar ainda que neste método os

equipamentos de produção são de propriedade da obra, representando um bem móvel e, de

certa maneira, um investimento realizado, sendo possível a posterior venda destes

equipamentos, recuperando parte do dinheiro investido, ou então a utilização destes

equipamentos em outras obras, diminuindo o custo de implantação nas mesmas.

Porém, há que se considerar outros aspectos envolvidos neste processo, como o

alto custo de implantação deste sistema que demanda um investimento inicial significativo,

que pode dificultar sua viabilização caso os recursos inicias disponíveis não sejam

suficientes.

Neste caso, o Método 2, que considera também a produção do concreto dentro do

canteiro de obras, porém com a locação das unidades produtoras, torna-se mais

interessante e viável pois seu custo financeiro final é praticamente o mesmo do Método 1,

entretanto não demanda um investimento inicial tão significativo.

Os aspectos negativos de maior relevância que envolvem tanto o Método 1 quanto o

Método 2, dizem respeito ao local para implantação da central e ao recebimento,

armazenamento e transporte dos materiais componentes do concreto a ser produzido. Para

a escolha do local a ser implantada a central de concreto, deve-se analisar criteriosamente o

layout do canteiro, de modo a posicionar esta central em um ponto estratégico,

proporcionando o fluxo otimizado de pessoas e materiais, conseqüentemente aumentando a

produtividade do processo. Esta central deve estar próxima aos locais de armazenamento

de materiais, além de encontrar-se em um ponto médio entre as duas torres, facilitando o

serviço de transporte e concretagem de ambas.

Em relação ao recebimento, armazenamento e transporte dos materiais

componentes do concreto, julga-se necessário a realização de um estudo de logística que

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permita o correto armazenamento dos mesmos, pois a área destinada a este fim possui

dimensões significativas que podem prejudicar o andamento dos outros serviços da obra.

Portanto, para o emprego de um destes dois métodos de obtenção de concreto, deve-se

verificar previamente se o espaço disponível no canteiro de obras é suficiente e analisar os

locais de fluxo de materiais e pessoas de modo a evitar que o mesmo seja prejudicado.

Já o concreto fornecido por empresas terceirizadas apresenta um custo financeiro

significativamente maior que os outros métodos, algo em torno de 28% mais caro, o que

pode facilmente inviabilizar o seu emprego. Além disso, na escolha deste método devem-se

considerar alguns aspectos que merecem a atenção do avaliador, como a questão do

volume real fornecido, flexibilidade na produção e atrasos na entrega.

É de difícil controle a mensuração do volume real de concreto fornecido pelas

empresas terceirizadas, fazendo-se necessária a verificação se o volume de concreto

comprado está sendo realmente entregue na obra durante as concretagens. Para tal

controle, uma das alternativas é o uso de recipientes com capacidade volumétrica pré-

definida, que permite a verificação do volume real contido nos caminhões-betoneira. A figura

a seguir ilustra um exemplo deste tipo de recipiente.

Figura 20: Recipiente com capacidade volumétrica pré-definida

Em relação à flexibilidade na produção, no caso de porventura ser necessária a

alteração das características do concreto durante a execução de uma concretagem, como,

por exemplo, a alteração do slump, que influencia na trabalhabilidade deste material, ou o

volume de concreto a ser produzido, o fato de ser uma produção em série em usina de

concreto acaba por dificultar essas mudanças repentinas, o que pode prejudicar o

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desenrolar deste serviço. Estas alterações são mais bem absorvidas quando o concreto é

produzido no próprio canteiro de obras, pois há uma maior flexibilidade já que a própria obra

realiza sua produção.

Outro problema que pode ocorrer neste método é o atraso na entrega do concreto

que, em casos mais críticos, pode obrigar que a concretagem ultrapasse os horários

permitidos, causando problemas com a vizinhança e também o gasto adicional com horas

extras dos operários.

Como aspectos positivos deste método, podem-se citar a ausência de materiais para

produção do concreto a serem armazenados na obra, o que facilita o layout do canteiro e

favorece a logística da obra, livrando e disponibilizando estas áreas para outros fins, além

de não ser necessário o gerenciamento e controle da equipe de produção do concreto, o

que evita a sobrecarga de serviços a serem controlados pela equipe que administra a obra.

Portanto, conclui-se que para a definição do método de obtenção de concreto a ser

empregado em determinada obra, é necessária a análise dos custos financeiros envolvidos,

além de outros aspectos relevantes, como espaço disponível e layout do canteiro,

disponibilidade de equipamentos no mercado, entre outros, que podem viabilizar ou não o

emprego de cada método em determinada obra.

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5. REFERÊNCIAS

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