UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORA DE … · ZINCO: CONTROLE DA COMPOSIÇÃO E DA...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PR-REITORA DE PS-GRADUAO E PESQUISA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA E ENGENHARIA DE
MATERIAIS
GENELANE CRUZ SANTANA
POTENCIALIDADES DE NANOCRISTAIS SEMICONDUTORES BASE DE
ZINCO: CONTROLE DA COMPOSIO E DA ARQUITETURA MORFOLGICA
ATRAVS DA ABORDAGEM DE SNTESE
So Cristvo - SE
Fevereiro/2017
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POTENCIALIDADES DE NANOCRISTAIS SEMICONDUTORES A BASE DE
ZINCO: CONTROLE DA COMPOSIO E DA ARQUITETURA MORFOLGICA
ATRAVS DA ABORDAGEM DE SNTESE
GENELANE CRUZ SANTANA
TESE DE DOUTORADO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA E ENGENHARIA
DE MATERIAISDA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE COMO
PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO
GRAU DE DOUTOR EM CINCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS
ORIENTADORA : PROF. DR. IARA DE FTIMA GIMENEZ
So Cristvo SE
Fevereiro/ 2017
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FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
S232p
Santana, Genelane Cruz Potencialidades de nanocristais semicondutores base de zinco:
controle da composio e da arquitetura morfolgica atravs da abordagem de sntese / Genelane Cruz Santana ; orientadora Iara de Ftima Gimenez. So Cristovo, 2017.
120 f. : il.
Tese (doutorado em Cincia e Engenharia de Materiais)
Universidade Federal de Sergipe, 2017.
1. Poliuretanas. 2. Semicondutores - Dopagem. 3. xido de
zinco. 4. Sulfeto de zinco. I. Gimenez, Iara de Ftima, orient. II. Ttulo.
CDU 621.382:546.47
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Aos meus pais
Genevaldo Fagundes SantAna e Maria Lucia Cruz SantAna
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i
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida.
A minha orientadora, professora Dr Iara de Ftima, pelo profissionalismo e por todo
aprendizado, pacincia, amizade e incentivo durante esses anos.
Ao professor Dr Adriano Bof pela contribuio no trabalho desenvolvido e amizade.
A banca pelas contribuies dadas ao trabalho.
A minha famlia pelo amor incondicional.
Aos professores e funcionrios do Departamento de Cincia e Engenharia de Materiais.
Aos amigos: Renan, Rosi, Karine, Silvando, Ana Anglica, Gabriela, Alan, Thalita,
Gilberto, Jane Costa, Yane, Jeov, Wagner pela amizade, conversa, apoio, discusses.
Aos colegas de laboratrio e de curso: Ivory, Ricardo, Cristiane, Douglas, Mirna,
Jamilly, Cristiano, Charlene, Hlio, Joyce, Vivi, Luzia, Diego.
A Capes pela bolsa e auxlio.
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Resumo da Tese apresentada ao P2CEM/UFS como parte dos requisitos necessrios
para a obteno do grau de Doutor em Cincia e Engenharia de Materiais (D.Sc.)
POTENCIALIDADES DE NANOCRISTAIS SEMICONDUTORES BASE DE ZINCO:
CONTROLE DA COMPOSIO E DA ARQUITETURA MORFOLGICA ATRAVS DA
ABORDAGEM DE SNTESE
Genelane Cruz Santana
Fevereiro/2017
Orientadora: Prof. Dr. Iara de Ftima Gimenez
Programa de Ps-Graduao em Cincia e Engenharia de Materiais
A preparao de nanocristais semicondutores (NCS) tem sido objeto de pesquisa devido
s propriedades pticas de luminescncia que apresentam e ampla rea de aplicao.
Na primeira etapa deste trabalho foram preparados nanocristais de ZnS passivados com
2-mercaptoetanol (ME) e caracterizados. Os nanocristais obidos foram incorporados em
uma matriz polimrica pr-formada funcionando como um precursor do tipo poliol. Na
segunda etapa, uma vez que as propriedades pticas podem ser melhoradas com a
dopagem dos nanocristais, os mesmos foram dopados com Mn2+, porm uma
modificao na parte experimental levou a formao controladade ZnO no lugar de
ZnS, introduzindo uma nova rota para a obteno de ZnO. Os valores das concentraes
de Mn2+utilizadas foram inferiores a 1%. Alm disso, foi feito um estudo para
correlacionar a estrutura-propriedade no qual foi observado que a substituio dos ons
Mn2+ pelos ons Zn2+ influencia as propriedades pticas do ZnO. Atravs das
caracterizaes, ficou confirmada a formao do ZnO e que a forma com a qual o
passivante foi adicionado ao sistema favorecia a formao de ZnS (quando o passivante
foi adicionado diretmente) e de ZnO (quando feita uma soluo aquosa do passivante).
Como pequenas concentraes do dopante conduziram a resultados interessantes para o
ZnO, os mesmos valores foram utilizados para dopar o ZnS sendo, portanto, a
terceiraetapa deste trabalho. O ZnS apresentou uma automontagem aps o processo de
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dopagem. Esta automontagem no influenciou a energia obtida atravs de espectros de
absoro na regio UV-Vis. No entanto, observou-se que a concentrao dos ons
Mn2+aumenta no ZnS quando a presena do dopante foi analisada atravs da absoro
atmica.Este aumento est em concordncia com os espectros de emisso, os quais
mostram um aumento do defeito proveniente de vacncia de enxofre ou enxofre
intersticial aps o processo de dopagem indicando que os ons mangans, apesar da
pequena concentrao utilizada, esto presentes na estrutura do ZnS. A etapa final do
trabalho consta de um novo arranjo supramolecular da estrutura cristalina do
complexotiossemicarbazona de zinco [Zn(TPTSC)2], um potencial precursor molecular
do tipo single-source para a obteno de nanocristais semicondutores de ZnS em
trabalhos futuros.
Palavras-Chave: ZnS, ZnO, poliuretanos, dopagem, precursor molecular single-source.
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Thesis Abstract presented to P2CEM/UFS as a partial fulfillment of the requeriments
for the degree of Doctor in Materials Science and Engeneering(D.Sc.)
POTENTIALITIES OF ZINC-BASED SEMICONDUCTOR NANOCRYSTALS:
CONTROL OF COMPOSITION AND MORPHOLOGICAL ARCHITECTURE BY
SYNTHETIC APPROACH
Genelane Cruz Santana
February/2017
Advisor: Prof.Dr. Iara de Ftima Gimenez
Program of Materials Science and Engineering
The preparation of semiconductor nanocrystals (SNC) has been reported as the research
foccus in several works owing to the optical and luminescent properties as well as the
broad fields of application. In the first stage of this work, 2-mercaptoethanol-capped
ZnS nanocrystals were prepared and characterized. The resulting nanocrystals were
incorporated into a pre-formed polyurethane matrix playing the role of polyol-type
monomer. In the second stage,the ZnS nanocrystals were doped with Mn2+ cations,
considering that this strategy may improve the optical properties of the nanocrystals. In
this study, it was observed that the changes in experimental parameters may allow the
controlled formation of ZnO instead of ZnS, introducing a new route to ZnO
obtainment. Concentration values of Mn2+ were lower than 1 %. Moreover, a study was
carried out in order to clarify the structure-property relation, observing that the
substitution of Zn2+ ions by Mn2+ ones may influence the optical properties of ZnO.
From characterization data, the formation of ZnO was confirmed and it became clear
that dissolving or notpreviously the capping agent in water was the key factor for the
formation of ZnO instead of ZnS.Since small dopant concentrations lead to interesting
results for ZnO, the same conditions were used to study the doping of ZnS in the third
stage. This lead, however, to self-assembly of nanocrystals into nanowires after the
doping process. Self-assembly did not cause changes in the absorption energies
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v
according to UV/visible spectra.This was the case even when the dopant concentration
in the ZnS nanocrystals increased, as analyzed by atomic absorption spectrometry. On
the other hand, emission spectra were sensitive to changes in Mn2+ concentration,
showing a behavior consistent with increases in point defects such as sulfur vacancies
and interstitial sulfur. It was evidenced that Mn2+ ions are presente in the ZnS
structure.The last study reveals a novel supramolecular arrangement of the crystalline
structure of a zinc-thiosemicarbazone complex [Zn(TPTSC)2], which exhibits
potentiality as a single-source molecular precursor to ZnS nanocrystals in future works.
Keyword: ZnS, ZnO, polyurethanes, doping, precursor single molecular molecule.
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SUMRIO AGRADECIMENTOS .......................................................................................................i
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... viii
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... xi
CAPTULO 1 ................................................................................................................... 1
Introduo ......................................................................................................................... 1
1.1. Estrutura da tese ..................................................................................................... 1
1.2. Consideraes gerais sobre o tema da pesquisa ..................................................... 2
CAPTULO 2 ................................................................................................................... 4
2.1. Nanocristais semicondutores ................................................................................. 4
2.2. Reviso da Literatura ........................................................................................... 16
CAPTULO 3 ................................................................................................................. 19
3.1. Sntese de Poliuretanos (Pus) .................................................................................. 19
3.2. Objetivo Geral ......................................................................................................... 26
3.2.1. Objetivos Especficos ....................................................................................... 26
3.3. Procedimento Experimental .................................................................................... 27
3.3.1. Reagentes .......................................................................................................... 27
3.3.2. Sntese de ZnS passivado com 2-mercaptoetanol (ZnS_ME) .......................... 27
3.3.3. Sntese do pr-polimero (PP) ............................................................................ 27
3.3.4. Incorporao do ZnS_ME ao pr-polmero (PU/ZnS) ..................................... 28
3.3.5. Tcnicas de Caracterizao ............................................................................... 28
3.4. Resultados e Discusso ............................................................................................ 30
3.4.1. Espectroscopia de absoro na regio do ultravioleta-visvel (UV-Vis) .......... 30
3.4.2. Espectroscopia de absoro na regio do infravermelho (FTIR) ..................... 32
3.4.3. Anlise Termogravimtrica (TGA) .................................................................. 35
3.4.4. Difrao de Raios-X ......................................................................................... 39
3.4.5. Fotoluminescncia ............................................................................................ 40
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vii
3.4.6. Microscopia Eletrnica de Transmisso (MET) ............................................... 42
3.5. Concluso ................................................................................................................ 45
CAPTULO 4 ................................................................................................................. 46
4.1. xido de Zinco (ZnO)- Algumas consideraes ..................................................... 46
4.2. Objetivo Geral ......................................................................................................... 49
4.2.1. Objetivos especficos ........................................................................................ 49
4.3. Procedimento Experimental .................................................................................... 50
4.3.1. Reagentes .............................................................................................................. 50
4.3.2. Sntese e dopagem do ZnO passivado com 2-mercaptoetanol ......................... 50
4.4. Resultados e Discusso ............................................................................................ 52
4.5. Concluso ................................................................................................................ 65
CAPTULO 5 ................................................................................................................. 66
5.1. Sulfeto de Zinco (ZnS) ............................................................................................ 66
5.1.1. Automontagem utilizando nanopartcula como unidade formadora ................. 69
5.2. Objetivo Geral ......................................................................................................... 73
5.2.1. Objetivo especfico ........................................................................................... 73
5.3. Procedimento Experimental .................................................................................... 74
5.3.1. Reagentes .......................................................................................................... 74
5.3.2. Sntese e dopagem do ZnS passivado com 2-mercaptoetanol .......................... 74
5.4. Resultados e Discusso ............................................................................................ 76
5.5. Concluso ................................................................................................................ 87
CAPTULO 6 ................................................................................................................. 88
6.1. Complexos, Cristais e arquitetura supramolecular ................................................. 88
6.2. Objetivo Geral ......................................................................................................... 97
6.3. Procedimento Experimental .................................................................................... 98
6.3.1. Sntese do complexo tiossemicarbazona de zinco [Zn(TPTSC)2] .................... 98
6.4. Resultados e Discusso ............................................................................................ 99
6.5. Concluso .............................................................................................................. 103
CAPTULO 7 ............................................................................................................... 104
Trabalhos Futuros ......................................................................................................... 104
CAPTULO 8 ............................................................................................................... 105
Referncias Bibliogrficas ........................................................................................ 105
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Estruturas de bandas eletrnicas possveis no slido a zero graus Kelvin.........5
Figura 2: Representao da formao de um xciton, banda de valncia, banda de
conduo, energia do gap: (A) estado fundamental e (B) estado excitado........................7
Figura 3: Descrio esquemtica das mudanas de densidade de estados (E) em funo
do confinamento quntico.................................................................................................8
Figura 4: Partcula em uma caixa unidimensional com paredes impenetrveis. A sua
energia potencial zero entre x=0 e x=L e cresce abruptamente at o infinito quando ela
toca nas paredes.................................................................................................................9
Figura 5: Efeito do confinamento para diferentes tamanhos de partculas......................12
Figura 6: Variao das cores de emisso de disperses coloidais aquosas de nanocristais
de semicondutores de CdTe (a) e os correspondentes espectros de absoro ptica UV-
Vis (b) e de fotoluminescncia (c)...................................................................................14
Figura 7: Representao do diagrama de energia para os diferentes regimes de
confinamento devido ao efeito de tamanho.....................................................................15
Figura 8: Grupo uretano..................................................................................................19
Figura 9: Representao esquemtica de um poliuretano genrico.................................20
Figura 10: Representao das estruturas de ressonncia do grupo NCO........................20
Figura 11: Espectro de absoro do ZnS passivado com 2-
mercaptoetanol.................................................................................................................30
Figura 12: Espectro de emisso do ZnS passivado com 2-mercaptoetanol.....................31
Figura 13: Espectro de absoro na regio do infravermelho do pr-polmero (PP),
polietilenoglicol (PEG) e 1,6 diisocianato de hexametileno (HDI).................................33
Figura 14: Espectro de infravermelho do ZnS_ME, PU/ZnS-15 mg de ZnS, PU/ZnS-30
mg de ZnS e PU/ZnS-60 mg de ZnS...............................................................................35
Figura 15: Curvas termogravimtricas do ZnS_ME, PU, PU/ZnS-15 mg de ZnS,
PU/ZnS-30 mg de ZnS e PU/ZnS-60 mg de ZnS............................................................37
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ix
Figura 16: Derivada das perdas de massa do ZnS_ME, PU, PU/ZnS-15 mg de ZnS,
PU/ZnS-30 mg de ZnS e PU/ZnS-60 mg de ZnS............................................................38
Figura 17: Difratograma do ZnS_ME, PU, PU/ZnS-15 mg de ZnS, PU/ZnS-30 mg de
ZnS e PU/ZnS-60 mg de ZnS..........................................................................................39
Figura 18: Espectro de emisso (400-500 nm) do ZnS_ME, PU/ZnS-15 mg de ZnS,
PU/ZnS-30 mg de ZnS e PU/ZnS-60 mg de ZnS............................................................41
Figura 19: Espectro de emisso (610-720 nm) do ZnS_ME, PU/ZnS-15 mg de ZnS,
PU/ZnS-30 mg de ZnS e PU/ZnS-60 mg de ZnS............................................................41
Figura 20: Imagens de microscopia eletrnica de transmisso em diferentes regies da
mesma amostra PU/ZnS..................................................................................................43
Figura 21: Difratogramas de Raios-X dos compsitos poliuretano e ZnS (PU_ZnS) e
poliuretanos com ZnO com diferentes porcentagem do on dopante Mn2+.....................44
Figura 22: Espectros de FTIR do ZnO dopado com diferentes concentraes de ons
Mn2+.................................................................................................................................53
Figura 23: Difratogramas do ZnO dopado com diferentes concentraes de ons
Mn2+.................................................................................................................................54
Figura 24: Ampliaes das reflexes em (1 0 0 ), ( 0 0 2 ) e ( 1 0 0 ).............................56
Figura 25: Espectros de absoro por reflectncia difusa na regio UV-Vis das
nanopartculas ZnO no dopada e dopadas com diferentes concentraes de ons
Mn2+.................................................................................................................................59
Figura 26: Funo Kubelka-Munk e os valores de energia correspondentes ao
nanocristais de ZnO dopados com diferentes porcentagens de Mn2+..............................60
Figura 27 a: Espectro de emisso na regio (240-380 nm) das nanopartculas ZnO no
dopada e dopadas com diferentes concentraes de ons Mn2+.......................................62
Figura 27 b: Espectros de emisso na regio (470-520 nm) das nanopartculas ZnO no
dopada e dopadas com diferentes concentraes de ons Mn2+.......................................63
Figura 27 c: Espectro de emisso na regio (540-700nm) das nanopartculas de ZnO no
dopadas e dopadas com diferentes concentraes de ons Mn2+.....................................64
Figura 28: representao da estrutura cristalina do sulfeto de zinco: (A) blenda de zinco
e (B) wurtzita hexagonal..................................................................................................66
Figura 29: Diferentes morfologias para o ZnS................................................................67
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x
Figura 30: Difratogramas de raios-X das nanopartculas de ZnS dopadas com diferentes
concentraes de ons Mn2+.............................................................................................76
Figura 31: Espectros de absoro (UV-Vis) das nanopartculas de ZnS dopadas com
diferentes concentraes de ons Mn2+............................................................................77
Figura 32: Imagens de microscopia eletrnica de transmisso (MET) nanopartculas de
ZnS dopadas com diferentes concentraes de ons Mn2+..............................................78
Figura 33: Espectros de emissodas nanopartculas de ZnS dopadas com diferentes
concentraes de ons Mn2+.............................................................................................81
Figura 34: Ilustrao do diagrama de energia.................................................................82
Figura 35: Absoro atmica das nanopartculas de ZnS dopadas com diferentes
concentraes de ons Mn2+.............................................................................................83
Figura 36: Espectros na regio do infravermelho das nanopartculas de ZnS dopadas
com diferentes concentraes de ons Mn2+....................................................................84
Figura 37: Fragmento de estrutura supramolecular de um composto dodecaedro de
Ce3+..................................................................................................................................88
Figura 38: Ilustrao da estrutura qumica das tiossemicarbazonas e sua
numerao........................................................................................................................89
Figura 39: representao geral da obteno dos compostos
tiossemicarbazonas..........................................................................................................90
Figura 40: Comprimentos das ligaes de tiossemicarbazonas em Angstron
()....................................................................................................................................90
Figura 41: Representao das formas tautomricas e aninica dos compostos
tiossemicarbazonas..........................................................................................................91
Figura 42: Ilustrao do mecanismo de formao da tiossemicarbazona.......................92
Figura 43: Perspectiva da estrutura do complexo de zinco 1D ao longo do eixo a
mostando ligaes de hidrognio (linhas pontilhadas) e o empilhamento tipo -
.......................................................................................................................................94
Figura 44: Representao ORTEP da estrutura molecular do complexo [Zn(TPTSC)2]
com elipsides no nvel de probabilidadede 30%. A desordem representada por
ligaes abertas e cheias no solvente.............................................................................100
Figura 45: Vistado polmerounidimensional de ligaes de hidrognio, que se alonga ao
longo da direodoeixo cristalogrfico a. Asligaes de hidrognioso mostradascomo
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xi
linhas tracejadas. A desordem nas molculas de DMSO no so mostradas para uma
melhor visualizao.......................................................................................................101
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Valores e Estruturas de alguns semicondutores e correspondentes valores de
band gap............................................................................................................................6
Tabela 2: Principais diisocianatos .................................................................................21
Tabela 3: Parmetros de rede e dimetro mdio dos nanocristais de ZnO dopado com
diferentes concentraesde ons Mn2+............................................................................58
Tabela 4: Ligao de hidrognio...................................................................................102
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xii
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1
CAPTULO 1
Introduo
1.1. Estrutura da tese
O trabalho apresentado nesta tese est organizado da seguinte forma. No
captulo I soapresentadas as consideraes gerais sobre o tema da pesquisa. O captulo
II traz uma abordagem sobre os nanocristais semicondutores. Em seguida, para cada
captulo, a diviso composta da seguinte maneira: reviso da literatura, objetivo,
metodologia, resultados e discusso e concluso. Dessa formano captulo III so
apresentados os estudos sobre a sntese de poliuretanos a partir da superfcie da
nanopartcula de ZnS passivado com 2-mercaptoetanol. O captulo IV contm a sntese
e caracterizao de nanopartculas de ZnO dopadas com ons Mn2+. No captulo V
descreve-se a sntese de nanopartculas de ZnS dopadas com Mn2+ que foi acompanhada
de automontagem. O captulo VI apresenta a sntese de um novo cristal complexo
obtido a partir da interao do zinco com a tiossemicarbazona. No captulo VII so
abordados os trabalhos futuros.
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2
1.2. Consideraes gerais sobre o tema da pesquisa
A nanotecnologia e a nanocincia so campos de pesquisa relativamente bem
estabelecidos, dedicados a aumentar o controle sobre estruturas de materiais na escala
nanomtrica, em pelo menos uma dimenso. Desta forma, a investigao das
propriedades em escala nanomtrica bem como das suas aplicaes associadas constitui
uma rea de pesquisa desafiadora e promissora (TRANDAFILOVIC et al., 2012,
MANSUR et al., 2012). Adicionalmente, trata-se de sistemas com elevada
potencialidade quanto manipulao experimental de caractersticas tais como
composio e arquitetura morfolgica mediante as abordagens sintticas. Neste
contexto, incluem-se estratgias para que se obtenham arquiteturas slidas aplicveis,
em contraste ao carter coloidal normalmente decorrente da sntese qumica de
nanopartculas. O foco do presente trabalho explorar as potencialidades de
nanocristais semicondutores base de zinco em estratgias sintticas distintas, tais
como a atuao como monmeros na sntese qumica de polmeros, dopagem
acompanhada ou no de auto-organizao e obteno de recursos apropriados sntese
via precursores moleculares do tipo single-source.
Dentre os materiais nanoestruturados, destacam-se os nanocristais
semicondutores, tambm conhecidos como pontos qunticos (ou quantum dots),
nanomateriais promissores referentes explorao de seus recursos em vrias reas da
cincia, principalmente aquelas associadas com aplicao biomdica. Alm disso, os
nanocristais semicondutores 12-16 baseados em Cd tm excelentes atributos nas
propriedades pticas, que podem ser ajustadas por tamanho e composio na fabricao
de diodos emissores de luz branca. Porm sua inerente toxicidade limita seu uso,
particularmente, para aplicaes biomdicas (HU et al., 2009, ZHANG et al.,2009,
ZHOU et al.,2013).
Atualmente, os nanocristais semicondutores de calcogenetos de zinco (ZnS e
ZnO) de amplo band gap, dopados com ons de metal de transio, principalmente
Mn2+ podem no somente superar essa preocupao, mas tambm manter as vantagens
dos nanocristais emissores(ZHOU et al.,2013). No entanto, para muitas aplicaes,
necessrio que a superfcie dos pontos qunticos seja quimicamente modificada ou que
estes sejam incorporados a uma matriz slida (HU et al., 2009, ZHANG et al.,2009, LU
et al.,2011, MANSUR et al.,2012, SILVA et al.,2010).Para essa finalidade, destaca-se
como matriz a classe dos poliuretanos que devido a sua ampla diversidade estrutural,
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3
possvel obter infinitas variaes do produto pela combinao de diferentes tipos de
matrias-primas como poliol, diisocianatos e aditivos, adaptando a estrutura do
polmero para a obteno da propriedade desejada (OH et al., 2011, ZIA et al.,2010).
Por outro lado, a estratgia para o desenvolvimento de um precursos molecular
do tipo single-source foi baseada no reconhecimento molecular por parte de unidades
discretas para formao de arquiteturas supramoleculares ordenadas, possibilita a
obteno de estruturas cristalinas de complexos de metais de transio. Dentro deste
contexto, para favorecer a formao do cristal, faz-se necessrio que o ligante apresente
em seu esqueleto molecular tomos capazes de formar ligaes de hidrognio, tais como
-N, -O, -S, esse ligante pertence ao grupo das tiossemicarbazonas (OLIVEIRA et al.,
2014, AZARKISH et al., 2017). Neste captulo proposto um precursor potencialmente
apropriado para a sntese de nanocristais base de zinco, em trabalhos futuros.Neste
contexto, este trabalho tem o objetivo de contribuir no avano da pesquisa de novos
materiais que apresenta grande potencial para novas aplicaes.
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CAPTULO 2
2.1. Nanocristais semicondutores
Um slido pode ser considerado como consistindo em um grande nmero de
tomosque se encontram inicialmente separados uns dos outros e que so
subsequentemente agrupados e ligados para formar o arranjo atmico ordenado
encontrado no material cristalino. Em distncias de separao relativamente grandes,
cada tomo independente de todos os demais, e ir possuir os nveis de energia
atmica e a configurao eletrnica que teria se estivesse isolado. Entretanto, conforme
os tomos ficam mais prximos uns dos outros, os eltrons so atrados pelos ncleos de
tomos adjacentes ou repelidos pelos eltrons desses mesmos tomos. Essa influncia
tal que, no slido, cada estado atmico distinto pode ser dividido em uma srie de
estados eletrnicos espaados e prximos uns dos outros, para formar o que
denominado banda de energia eletrnica (CALLISTER 2008).
Entre duas bandas de energia consecutivas existe uma regio onde no existem
estados disponveis, isto , uma regio de energia onde no se encontram eltrons. Esta
regio chamada de gap de energia. possvel ento definir qualquer tipo de slido,
temperatura de zero Kelvin (zero absoluto), com relao largura energtica do gap, e
tambm em relao ocupao das bandas de energia (TUMELERO 2010).
Quatro estruturas diferentes de bandas eletrnicas (Figura 1) so possveis nos
slidos a zero graus Kelvin. Na primeira (a) a camada mais externa apenas
parcialmente preenchida. A energia correspondente ao mais alto nvel ocupado
chamada de Energia de Fermi (Ef), conforme indicado. Este tipo de estrutura tpico de
alguns metais, em particular daqueles que tem um nico eltron de valncia no orbital s,
como o cobre.
Para o segundo tipo de estrutura (b), tambm encontrada nos metais, h uma
sobreposio de uma banda vazia ou de conduo (BC) para uma banda preenchida ou
de valncia (BV). As duas estruturas finais (c) e (d) so semelhantes: uma banda (de
valncia) completamente preenchida e separada de uma banda (de conduo) vazia.
Um espao (banda proibida) separa as duas bandas.Nos materiais muito puros, os
eltrons no podem ter energias dentro desse espaamento. A diferena entre as
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estruturas est na largura da banda proibida, que relativamente grande em materiais
isolantes (c) e pequena para os semicondutores (d) (CALLISTER 2008).
Figura 1: Estruturas de bandas eletrnicas possveis no slido a zero graus
Kelvin.
Dentre os materiais, destacam-se os semicondutores, uma das classes de
materiais mais versteisconhecidas, devido s suas variedades estruturais, composies
qumicas e propriedades (eltricas, eletrnicas, magnticas, pticas, trmicas, entre
outras), esses materiais possuem as mais diversas aplicaes (nas reas de computao,
comunicao, microeletrnica, optoeletrnica etc.). So classificados de acordo com o
grupo na tabela peridica, por exemplo, silcio e germnio so do grupo 14, GaN, GaP,
GaAs, InP e InAs so 13-15, enquanto ZnO, ZnS, CdS, cdSe e CdTe so 12-16 (Tabela
1)( PASSOS 2015).
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Tabela 1: Valores e Estruturas de alguns semicondutores e correspondentes
valores de band gap
Os semicondutores podem ser classificados de duas formas: intrnsecos e
extrnsecos. Em palavras simples, um semicondutor intrnseco um que composto por
um material semicondutor muito puro. Em termos mais tcnicos, pode-se afirmar que
um semicondutor intrnseco aquele em que o nmero de buracos igual ao nmero de
eltrons na banda de conduo. J os semicondutores extrnsecos so aqueles em que o
estado puro do material semicondutor deliberadamente diludo pela adio de
quantidades muito pequenas de impurezas conhecidas como dopantes. Mediante a
dopagem possvel controlar as propriedade eltricas do semicondutor.
O tipo de dopante d origem a dois tipos de semicondutores extrnsecos:os
semicondutores do tipoN, onde os eltrons so os portadores marjoritrios em virtude de
sua concentrao, e do tipoP, no qual o nmero de buracos muito maior do que o
nmero de eltrons (TUMELERO, 2010, RAHMAN, 2014, CALLISTER, 2008).
Com a absoro de um fton de energia, nos semicondutores, eltrons so
conduzidos da banda de valncia para a banda de conduo deixando na banda de
valncia uma carga eltrica oposta conhecida como buraco. Este buraco possui
magnitude de carga igual a do eltron, mas de sinal oposto. O conjunto eltron-buraco
chamado de xciton, que possui existncia vinculada a foras coulombianas fracas,
formando um estado ligado (Figura 2).
-
7
Figura 2: Representao da formao de um xciton, banda de valncia, banda de
conduo, energia do gap: (A) estado fundamental e (B) estado excitado (SILVA 2012).
O par eltron-buraco denominado de xciton pode ser descrito, em analogia a
um sistema hidrogenide, dessa forma, assim como o tomo de hidrognio, o xciton
ligado possui um raio associado denominado raio de Bohr do xciton (equao 1)
=40
2
2(
1
1
) =
402
21
equao 1
onde a constante dieltrica relativa do meio onde se encontram o eltron e o
buraco, e
, so as massas efetivas do eltron e do buraco, a massa reduzida
e o raio de Bohr do xciton.
Quando o tamanho do material semicondutor macrocristalino (bulk) se reduz a
escala nonomtrica, ou seja, quando as dimenses do cristal so reduzidas a tamanhos
inferiores ou comparveis ao raio de xciton de Bohr aB, as dimenses da partcula
confinam a funo de onda do xciton, aumentando o valor do band gap, devido
barreira de potencial de superfcie (MARTINSet al., 2012).
Uma das principais propriedades a ser considerada a funo densidade de
estados eletrnicos (Figura 3). No caso do semicondutor bulk (3-D), a densidade de
estados (E) varia de um modo contnuo. Quando se colocam barreiras de potencial
limitando o seu movimento em uma das direes da ordem de raios de Bohr dos
portadores no material, verifica-se que ocorre uma mudana na densidade de estados de
-
8
energia permitidos. Limitando um dos lados deste cubo tridimensional, os eltrons
ficam aprisionados em um plano (2D) e a densidade de estados eletrnicos torna-se
quantizada, estes so os chamados poos qunticos. Progredindo na limitao das
dimenses, existem ento os chamados fios qunticos (1-D) e os pontos qunticos (0-D)
(OLIVEIRA ,2009, PASSOS, 2015)
Figura 3: Descrio esquemtica das mudanas de densidade de estados (E) em funo
do confinamento quntico (OLIVEIRA , 2009).
Os materiais semicondutores na escala nanomtrica so denominados de
nanocristais semicondutoresque so partculas cristalinas, com dimenses tpicas da
ordem de 1-100 nm e exibem novas propriedades pticas e eletrnicas.
Em comparao ao macrocristalino(bulk), os nanocristais tm um diverso e
crescente intervalo de parmetros que podem ajustar seu band gap eletrnico, incluindo
tamanho, forma e composio. Esteajuste se deve ao mais popular termo no mundo
nano que o efeito deconfinamento quntico, fazendo com que as propriedades destes
-
9
materiais se tornem dependentes do tamanho (SURESH et al., 2013, SMITH et al.,
2010, XAVIER 2013, REPP et al., 2016).
Qualitativamente, o efeito de confinamento quntico pode ser compreendido
como um problema da partcula na caixa, onde o espaamento dos nveis de energia
aumenta com a reduo das dimenses da caixa. Este efeito se caracteriza atravs da
restrio da movimentao dos portadores de carga eltron-buraco (xciton) em uma,
duas ou trs dimenses aumentando sua energia com a quantizao
Para explicar a quantizao da energia, o modelo da partcula na caixa consiste
no seguinte: uma partcula de massa m est confinada entre duas paredes em x=0 e x=L,
a energia potencial zero dentro da caixa e aumenta abruptamente at o infinito nas
paredes (Figura 4). Analogamente, um eltron quando confinado, ao se aplicar um
potencial de energia, s pode se mover na regio do espao ao qual est confinado.
Figura 4: Partcula em uma caixa unidimensional com paredes impenetrveis. A sua
energia potencial zero entre x=0 e x=L e cresce abruptamente at o infinito quando ela
toca nas paredes.
De acordo com o modelo, o eltron descrito como uma funo de onda que
resolvida atravs da equao de Schrdinger. No caso de uma partcula livre, qualquer
valor de energia corresponde a uma soluo aceitvel, pois de acordo com a mecnica
quntica a equao de Schrdinger vista apropriadamente nas equaes 2 e 2.a
2
2m
2
2= equao 2
-
10
= 2
2
2
2 equao 2.a
As autofunes e autovalores so identificados de acordo com a equao 3:
= + =
22
2
equao 3
possvel verificar que as funes so solues da equao substituindo no
lado esquerdo da equao 2 e mostrando que o resultado da substituio igual a .
Neste caso, todos os valores de k so aceitveis e, portanto, todos os valores da energia
so permitidos. Segue-se que a energia de translao de uma partcula livre no
quantizada.
Entretanto, quando a partcula est confinada em uma certa regio, as funes de
ondaimpostas aceitveis devem satisfazer a certas condies de contorno, que so as
restries impostas funo em certas localizaes. Uma funo de onda decresce
exponencialmente com a distncia dentro de uma barreira, tal como uma parede, e o
decrscimo infinitamente rpido quando a energia potencial infinita. Este
comportamento consistente com o fato de que fisicamente impossvel a partcula ser
encontrada com uma energia potencial infinita.
A equao de Schrdinger na regio entre as paredes, em que V=0, semelhante
da partcula livre (equao 2), de modo que a soluo geral tem a forma da equao 4.
Entretanto, posvel usar a relao = cos sen para escrever
= + = (cos + sen ) + (cos sen )
= ( + ) cos + ( ) sen
equao 4
Se todos os fatores numricos so absorvidos nos coeficientes C e D, ento a
soluo geral fica na forma da equao 5
-
11
() = sen + cos =22
2
equao5
Conclui-se que a funo de onda deve ser nula quando V for infinito, ou seja, em
xL. A continuidade da funo de onda exige ento que ela seja nula, no
interior da caixa, em x=0 e em x=L. Ou seja, as condies de contorno so(0) =
0 e() = 0. Estas condies de contorno implicam na quantizao, conforme pode
ser observado a seguir:
Em x=0:
() = sen + cos
(0) = sen 0 + cos 0
(0) =
Mas a condio de contorno diz que a funo deve ser zero
(0) = 0 , logo D tambm tem que ser 0. Dessa forma a funo de onda fica
() = sen
Para x=L:
O valor de () = sen , que tambm deve ser zero (() = 0). Dessa
forma kL deve ser escolhido, de modo que sin kL=0, o que leva a
kL=n
1,2,3..
A funo de onda ento fica
() = sen(
)
-
12
Como:
=22
2 , onde = /, a energia fica limitada aos valores de n.
Assim, a energia da partcula confinada em determinada direo quantizada e
esta quantizao das condies de contorno impostas a para que ela seja uma funo
de onda aceitvel. Esta uma concluso geral: a necessidade de satisfazer s condies
de contorno faz com que somente algumas funes de onda sejam aceitveis e,
consequentemente, os observveis se restrinjam a certos valores discretos (ATINKS)
Esta ideia simples promove uma base para compreenso do aumento do band
gap com a reduo do tamanho da partcula. Porm o uso do modelo da Aproximao
da Massa Efetiva (AME) descreve a variao do band gap com o tamanho para
nanocristais semicondutores. O efeito do confinamento quntico para diferentes
tamanhos de partculas mostrada na Figura 5 (GAPONIK).
Figura 5: Efeito do confinamento para diferentes tamanhos de partculas.
Para um potencial infinito fora do nanocristal e zero dentro, Brus e outros
autores propuseram a seguinte equao 6 para o band gap, ER, de um ponto quntico de
raio R:
=22
22[
1
+
1
]
1.82
equao 6
-
13
onde Eg o band gap do bulk e R o raio da nanopartcula. O primeiro termo
corresponde a energia cintica para a no interao eltron e buraco em uma caixa
espacial de raio R. O segundo termo, 1.82
, devido a interao coulombiana entre o
eltron e o buraco.
Aps a excitao com energias acima do intervalo de banda e promoo de um
eltron para a banda de conduo, o eltron pode recombinar com o buraco deixado na
banda de valncia dando origem a uma emisso de luz. A recombinao direta dos
eltrons e dos buracos das bandas a partir das bandas de conduo e de valncia
referida como o processo de recombinao "aresta de banda".
Quando defeitos esto presentes na estrutura cristalina, ou na superfcie
cristalina, os eletrons e orifcios podem recombinar a partir de "armadilhas" formados
nestes defeitos, e a emisso pode ser deslocada para outros comprimentos de onda
(TOMCZAK et al., 2009). Quando o tamanho da partcula se aproxima do raio de
xciton de Bohr, o efeito de confinamento quntico causa aumento da energia. Como
uma consequncia, a absoro e emisso de luz passam por pronunciado deslocamento
na freqncia com a reduo do tamanho da partcula (Figura 6) (REPP et al., 2016).
-
14
Figura 6: Variao das cores de emisso de disperses coloidais aquosas de nanocristais
de semicondutores de CdTe (a) e os correspondentes espectros de absoro ptica UV-
Vis (b) e de fotoluminescncia (c) (SILVA et al., 2010).
Dependendo da relao entre o raio (R) do nanocristal e o raio de Bohr do
xciton (aB) trs regimes de confinamento so definidos. Na figura 7 possvel observar
uma representao simplificada das modificaes introduzidas nos diagramas de nveis
de energia devido ao efeito do tamanho.
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15
Figura 7: Representao do diagrama de energia para os diferentes regimes de
confinamento devido ao efeito de tamanho.
Se R>>aB, obtm-se o regime de confinamento fraco e somente os xcitons tem
o seu movimento confinado. Neste caso os estados dos portadores so os mesmos do
semicondutor bulk, no ocorrendo o confinamento dos portadores individualmente, no
entanto, o movimento global pode ser afetado pela superfcie e isso resulta, para o
estado de menor energia, na formao de um xciton confinado.
Se R aB, tem-se um regime de confinamento intermedirio e somente os
eltrons tm o seu movimento quantizado. Os autores Efros e Brus estudaram este caso
considerando que o eltron mais leve que o buraco, tendo assim uma energia cintica
maior, cujo potencial que age sobre o buraco pode ser visto como uma mdia sobre o
movimento do eltron.
Se R
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16
Os parmetros de tamanho e da forma so controlados a partir da sntese desses
nanocristais. Esta pode ser realizada pelo mtodo top-down, que utiliza tcnicas fsicas
em que os nanocristais podem ser crescidos por litografia, ou pelo mtodo bottom-up,
que emprega tcnicas de qumica coloidal, onde incluem-se as rotas no-aquosa ou
aquosa. Dentre elas, a mais utilizada para preparar pontos qunticos a rota por soluo
no-aquosa, pois possvel obter nanocristais com tamanhos relativamente uniformes,
apesar de ser possvel produzir apenas pequenas quantidades do material. (SILVA 2010,
SILVA 2012, TALAPINA et al., 2002, WU et al., 2009).
2.2. Reviso da Literatura
CAO et al. (2010) sintetizaram nanocristais de ZnS dopado com ons Mn2+ pelo
mtodo solvotrmico a 180C em diferentes solventes. Os resultados mostraram a
eficcia do mtodo, pois foram produzidos nanocristais de ZnS com diferentes formas a
depender do solvente utilizado. Os nanocristais preparados em etanol obtiveram seus
dimetros entre 10-15 nm com estrutura cbica. J os nanocristais de ZnS preparados
com o etilenodiamina e gua mostraram tamanho entre 8-10 nm com estrutura
hexagonal.
Ainda na sntese de nanopartculas, a precipitao seletiva de tamanhos um
mtodo de ps-preparo muito utilizado em snteses coloidais de pontos qunticos
quando se deseja obter fraes de nanopartculas com distribuies mais estreitas de
tamanhos, nas quais so obtidos nanopartculas com cores de emisso homogneas, o
que muito importante do ponto de vista da aplicao tecnolgica (VIOL et al., 2011)
VIOL et al. (2011) utilizaram a tcnica de precipitao seletiva de tamanho ps-
preparo na sntese de nanocristais semicondutores CdTe e CdSe preparados via rota
coloidal em gua. A sntese de nanopartculas de CdTe e CdSe e o efeito da precipitao
seletiva de tamanho ps-preparativa foram caracterizados principalmente por
espectroscopia de absoro ultravioleta e visvel (UV-Vis). Foi demonstrado que a
precipitao seletiva de tamanho capaz de isolar partculas de diferentes tamanhos, e
tambm purificar as nanopartculas.
XIA et al. (2015) sintetizaram nanocristais de ZnS e ZnSe precipitados em vidro
atravs do tratamento trmico. Os espectros de absoro, padro de DRX e microscopia
eletrnica de transmisso de alta resoluo de todas as amostras confirmaram que os
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17
nanocristais de ZnSe e ZnS foram formados no vidro.Os ombros de absoro doZnSe e
ZnS apareceram a 2,76 e 3,78 eV, correspondendo s energias dobad gap do bulkdos
cristais de ZnSe e ZnS, respectivamente. Em vez das emisses intrnsecas, observou-se
fotoluminescncia visvel de banda larga a partir dos defeitos de superfcie dos cristais
obtidos.
CHANDRAKAR et al. (2015) prepararam nanopartculas de ZnS pelo mtodo
de precipitao qumica utilizando diferentes concentraes do agente de recobrimento
o mercaptoetanol. Os tamanhos das nanopartculas ficaram entre 1e 3 nm. Com a
reduo do tamanho de partcula a banda de emisso desloca de 468 nm para 408 nm
caracterizando o blue shift (regio do azul).
As rotas coloidais baseadas na sntese e precipitao controlada em geometrias
restritas tm sido exploradas de forma a obter pontos qunticos de alta
qualidade.Contudo, a superfcie de ponto quntico tem de ser protegida e funcionalizada
para proporcionar a ampliao do espetro de aplicao (HEZINGER et al.,, 2008,
TOMCZAK et al., 2009).
Neste contexto, polmeros podem ser utilizados como substitutos das pequenas
molculas de ligantes orgnicos ou como modificadores de superfcie. De acordo com a
literatura, a superfcie dos nanocristais quando preparados por fase no aquosa pode ser
modificada por troca de ligante, encapsulamento em slica como tambm por
recobrimento com polmeros. No caso dos polmeros, estratgias como interaes
hidrofbicas entre a superfcie dos nanocristais contendo o ligante e polmeros
anfiflicos (WU et al., 2009, SIEGWART et al.,2012); ligao entre os ligantes e
polmeros multidentados (JANCZEWSKI et al.,2009) e reaes de polimerizao
diretamente na superfcie dos nanocristais (TOMCZAK et al.,2009) tm sido abordadas
com frequncia.
Todos os mtodos citados anteriormente para o recobrimento da superfcie dos
nanocristais com polmeros, com exceo do uso de polmeros anfiflicos, requerem a
troca de ligante como uma das etapas, uma vez que os nanocristais j esto formados, o
que, geralmente, conduz a perdas das suas propriedades.
Uma variedade de matrizes polimricas tem sido usada no preparo de
nanocompsitos, bem como diferentes mtodos de preparao incluindo a mistura
simples de componentes, preparao dos nanocristais in situ na cadeia polimrica ou
polimerizao dos monmeros in situ na presena dos nanocristais. Este se destaca, pois
possibilita um maior controle sobre as propriedades fsica/qumicas da matriz, como
-
18
tambm uma boa disperso do nanocristal, originando nanocompsitos homogneos de
fcil processamento e baixo custo de produo (ESTEVES et al., 2004, KICKELBICK
et al., 2003).
A incorporao de polmeros diretamente na superfcie do nanocristal
explorada no contexto de aplicaes na rea biolgica e optoeletrnica (TOMCZAK et
al., 2009).
-
19
CAPTULO 3
3.1. Sntese de Poliuretanos (Pus)
Em 1849, Wurtz divulgou a sntese em laboratrio de uma substncia que
denominou uretano (ou uretana) (Figura 8), sendo este o produto da reao qumica
entre um grupo isocianatocom outro composto que apresenta o grupo hidroxila.
Entretanto, esta descoberta s teve aplicao industrial quase 100 anos depois, quando
Otto Bayer props o uso de diisocianatos e diis para a preparao de macromolculas,
dando incio a classe de polmeros chamada de poliuretanos (PUs) (OH et al., 2011,
ZIA et al., 2010, SARIER et al., 2007, KRICHELDORF et al., 2005).
Figura 8: Grupo uretano
Os poliuretanos ou PUs so caracterizados pela presena do grupo uretano em
sua estrutura (Figura 8), mas tambm podem apresentar na cadeia polimrica grupos
steres, teres, amida, uria, hidrocarbonetos, entre outros. A principal reao envolvida
nas preparaes dos PUs ocorre entre um composto hidroxilado (poliol) e um
diisocianato (NCO-R-NCO) formando a ligao uretnica, que caracteriza esta classe de
polmeros. Dependendo da aplicao do produto final, tambm podem ser usados
agentes de cura, reticuladores ou extensores de cadeia, agentes de expanso,
catalisadores, aditivos, cargas, etc. Uma reao genrica para a obteno de poliuretanos
apresentada na Figura 9 (OH et al., 2011, CHATTOPADHYAY et al., 2009,
COUTINHO et al., 2002, DONNELLY et al., 1991):
-
20
Figura 9: Representao esquemtica de um poliuretano genrico
(CHATTOPADHYAY et al., 2009).
Como dito anteriormente, os diisocianatos e os poliis so as substncias-chave
para a sntese do poliuretano. Os diisocianatos so caracterizados pela presena do
grupo NCO, o qual apresenta elevada reatividade originada pela sua estrutura eletrnica,
que pode ser representada pelas estruturas de ressonncia mostradas na Figura 10
(KRICHELDORF et al., 2005, WIRPSKA 1993):
Figura 10: Representao das estruturas de ressonncia do grupo NCO
Comercialmente, podem ser encontrados diisocianatos que apresentam grupos
aromticos, alifticos, cicloalifticos e policclicos. Geralmente, os aromticos so mais
reativos que os alifticos (CHATTOPADHYAY et al., 2009, KRICHELDORF et al.,
2005, VILLAR, 2004).
Os compostos hidroxilados empregados na sntese vo desde lcoois de baixa
massa molar at polmeros sintticos de massa molar relativamente elevada
(oligmeros), como politeres, polisteres, polihidrocarbonetos, cuja terminao deve
ser de pelo menos dois grupos hidroxila (OH). Compostos de origem natural, tais como
os triacilgliceris (leo de mamona, por exemplo), tambm podem ser usados, de
acordo com a caracterstica esperada para o produto final (CHATTOPADHYAY et al.,
2009, VILLAR, 2004, COUTINHO et al., 2002). Na Tabela 2, so apresentados alguns
diisocianatos mais comumente utilizados para a fabricao de poliuretanos (SULTAN
etal.,2011, KRICHELDORF et al., 2005).
-
21
Tabela 2: Principaisdiisocianatos
Os poliuretanos podem ser considerados copolmeros em blocos, definidos como
macromolculas compostas de segmentos ou blocos de dois homopolmeros
essencialmente puros, com caractersticas e massas moleculares diferentes que se
alternam na cadeia polimrica atravs da ligao uretnica. Esses blocos distintos,
chamados de segmentos flexveis (poliol) e segmentos rgidos (ligao uretnica) so
conhecidos por ter uma estrutura de microfases separadas e exercem efeitos nas
propriedades finais do copolmero (ALKAN et al., 2012, ZIA et al., 2008).
A maior vantagem na preparao de PUs que eles podem ser sintetizados a
partir de vrios tipos de polmeros que contm diferentes propriedades mecnicas e
fsicas, fato que os torna teis em algumas aplicaes, tais como adesivos,
revestimentos, materiais biomdicos, elastmeros e peles sintticas. Alm disso, os PUs
tm um grande nmero de aplicaes comerciais em que podem ser moldados,
injetados, extrudados e reciclados (ZIA et al., 2008).
Entretanto, para muitas aplicaes, modificaes das propriedades fsicas e
qumicas destes materiais, atravs de reao ou de mistura com outros polmeros
-
22
biodegradveis ou no-biodegradveis, so muitas vezes necessrias para satisfazer os
desempenhos exigidos.
Devido crescente preocupao com questes e exigncias ambientais,
materiais polimricos biodegradveis e biocompatveis tem sido o centro de interesse
pblico, proteo ambiental e desenvolvimento sustentvel. Esses polmeros so
desejveis tanto comercialmente quanto em aplicaes mdicas tais como embalagens,
implantes cirrgicos, liberao de frmacos, mas seu uso ainda limitado devido ao seu
alto custo ou ao seu baixo desempenho.
A grande variedade de isocianatos e poliis disponveis para a sntese de
poliuretanos possibilita a produo de polmeros lineares ou reticulados contendo no s
ligaes uretnicas, que so a base de sua classificao, mas tambm outros tipos de
ligaes provenientes dos monmeros e extensores de cadeia utilizados, o que leva a
uma ampla gama de produtos, com propriedades finais variadas. , portanto, de grande
interesse que materiais base de poliuretanos cada vez menos txicos e poluentes sejam
continuamente desenvolvidos, uma vezque sua presena e importncia na vida cotidiana
so bastante significativas (COUTINHO et al., 1999).
Do ponto de vista qumico existem dois mtodos principais de preparao de
PUs. No primeiro, todos os reagentes so misturados em uma nica etapa (one-shot) e,
no segundo, procede-se a preparao de um pr-polmero de baixa massa molar, seguida
de extenso da cadeia at obteno de um polmero com massa molar mais elevada e
formao de ligaes cruzadas. De forma resumida, a sntese de polmeros da classe dos
poliuretanos pode ser realizada de duas formas: por uma ou duas etapas (DA RZ et al.,
2009, GURUNATHANA et al., 2015, PATEL et al., 2015).
Dentre os mtodos de sntese, destaca-se a formao de pr-polmeros nos quais
podem ser incorporados diferentes compostos com funcionalidade para a reticulao do
polmero final.
A exemplo, o trabalho desenvolvido por DA RZ et al. (2009) descreve a
preparao e a caracterizao de um polmero de amido, utilizado como poliol,
reticulado com diisocianato. As anlises por espectroscopia na regio do infravermelho
confirmaram a ocorrncia da reao pela presena da banda de carbonilauretnica (1710
cm-1). Os testes de solubilidade e de intumescimento tambm demonstraram uma
estrutura com reticulao. Nos difratogramas de raios-X foi observado que o produto
formado apresentou carter amorfo, em contraste com o observado para o amido nativo,
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23
demonstrando a perda da organizao macromolecular, decorrente da formao das
ligaes cruzadas.
ZOU et al. (2011) estudaram o efeito do amido na estrutura e propriedade do
poliuretano disperso em gua (WPU). Esta estratgia propicia a ocorrncia de ligao de
hidrognio, uma interao essencial em poliuretanos que afeta a estrutura de separao
de fases e propriedades mecnicas dos materiais. Os autores concluram que a adio do
amido matriz PU parece reduzir ligeiramente a frao do pico relacionado ao grupo
carbonila livre localizado em 1732 cm-1 cuja frao para WPU foi de 65,2%, enquanto
para os compsitos WPU contendo 30% de amido foi de 61,6%. Isto indica que a
ligao de hidrognio associada com o segmento rgido (C=O) e o segmento flexvel
do diol foi melhorado, o que foi atribudo s ligaes de hidrognio recm-formadas
entre os componentes.
No trabalho de ZHANG et al., 2012, foram sintetizados pr-polmeros de
poliuretanos utilizando trs tipos de poliol baseados na policaprolactona, a fim de
avaliar o efeito do nmero de hidroxilas sobre a compatibilidade entre o amido e os
poliuretanos formados. Com o amento do nmero de grupos OH, a compatibilidade
entre o amido e os poliuretanos foi melhorada sem prejudicar a viscosidade do material.
A tenacidade, bem como a estabilidade trmica dos compsitos, foi simultaneamente
aumentada enquanto a cristalinidade diminuiu.
Comportamento similar foi verificado por ZHAO et al. (2013) que prepararam
nanocompsitos PU/nanocristais celulose (WBPU/CNCs) para serem utilizados como
agente de antifeltragem (reduzem o efeito de encolhimento de tecidos de l). Devido
existncia de grupos OH ativos na superfcie dos CNCs, bem como grupos amino (-
NH2) e cido carboxlico (COOH) na l e NCO do WBPU, fortes interaes entre
todos os componentes podem ocorrer quando a superfcie do nanocompsito revestida
com a l. Aps a adio de 1% CNCs na matriz WBPU o pico de vibrao de
estiramento da carbonila do WBPU foi deslocado para maiores nmeros de onda, de
1652 para 1661 cm-1. Isto sugere que a incorporao de CNCsrompe as ligaes de
hidrognio entre o NH e C=O devido forte interao entre CNCs e WBPU que foi
confirmada pela distribuio e disperso uniformes das partculas na matriz, verificada
atravs da microscopia eletrnica de varredura MEV.Alm disso, esses carboidratos
possuem caractersticas similares ao polietileno glicol (PEG), um poliol bastante
utilizado na sntese de pr-polmeros de poliuretanos.
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24
Mais recentemente TOOSI et al. (2015) utilizaram o polibutadieno com
terminao hidroxila como poliol na sntese de poliuretanos a partir de pr-polmeros
com propriedades mecnicas adequadas. De acordo com os estudos, a funcionalidade do
polibutadieno o fator mais importante pois interfere diretamente no ponto de
gelificao, o qual est diretamente relacionado com as propriedades mecnicas.
ZIELENIEWSKA et al. (2015) avaliaram o uso de diferentes tipos de poliol na
fabricao de espumas rgidas de poliuretanos pr-formados, com o objetivo de
determinar a influncia do teor de poliol nas propriedades do polmero formado. Como
resultado, a espuma de poliuretano sintetizada utilizando 50% de poliol a base de
plantas foi selecionada como produto ideal para indstria de cosmticos, devido a sua
estrutura porosa regular, boas propriedades mecnicas e biolgicas, elevada estabilidade
trmica, elevada resistncia ao envelhecimento e baixa absoro de gua.
JIA et al. (2015) utilizaram trs poliis sintetizados a partir do leo de soja para
produzir espumas rgidas de poliuretano. Com 25% em peso de teor de poliol base de
soja, a introduo de fenol resultou na melhoria da resistncia compresso, da
estabilidade trmica e da temperatura de transio vtrea da bio-espuma.
Na literatura so encontrados poucos trabalhos que descrevem a utilizao de
nanocristais semicondutores com a finalidade de poliol. Neste sentido, o pr-polmero
pode exercer duas funes, uma como um passivante a mais superfcie do nanocristal
e, a outra como uma matriz desejvel como suporte para manter e/ou melhorar suas
propriedades, em especial de luminescncia, ampliando o campo de aplicaes.
Muitos polmeros podem ser usados como estabilizantes especficos para a
sntese em soluo de nanocristais e preparao de nanocompsitos pontos
qunticos/polmero com diferentes propriedades, sendo esta uma rea de interesse em
pesquisa devido as suas propriedades pticas e eletrnicas (LU et al.,
2011,TRANDAFILOVIC et al., 2008). Tais propriedades so proporcionadas pela forte
interao interfacial entre a carga e polmero, tornando-os muito atrativos para vrias
aplicaes biolgicas tais como biossensores pticos, marcadores biolgicos, dentre
outros (YUAN et al., 2012, GUO et al., 2006).
Uma vez que os nanocristais semicondutores estejam incorporados na matriz, o
polmero pode atuar no s como um estabilizador de superfcie, mas tambm pode
propiciar um crescimento controlado dos nanocristais. Aspectos importantes envolvidos
na formao destes sistemas so a uniformidade, a continuidade da fase, os tamanhos
-
25
dos cristais, os quais possuem influncia direta sobre as propriedades pticas, fsicas e
mecnicas (FABREGAT et al., 2012, BARDAJEE et al., 2011).
Embora exista um nmero razovel de publicaes envolvendo nanocristais em
polmeros para a formao de hbridos (LIN et al., 2010, LIU et al., 2012, PRASANTH
et al., 2015), pouco se tem com relao a preparao e caracterizao utilizando o
poliuretano como matriz. Atravs deste, devido a sua ampla diversidade estrutural,
possvel obter infinitas variaes do produto pela combinao de diferentes tipos de
matrias-primas como os poliis, diisocianatos e aditivos, adaptando a estrutura do
polmero para a obteno da propriedade desejada (OH et al., 2011).
Um vasto nmero de trabalhos envolvendo poliuretanos encontrado na
literatura, mas alguns relatam a formao do mesmo a partir da superfcie de
nanocristais. Nanocristais de CdS foram incorporados na matriz poliuretano via
polimerizao in situ em sistema de micela reversa (HIRAI et al., 1999, HIRAI et
al.,1991). Considerando a elevada rea superficial, CHEN et al.,2007 utilizaram o 2-
mercaptoetanol como ligante orgnico para evitar aglomeraes na matriz de
poliuretano. Os estudos relacionados com hbridos ZnS/PU avaliaram a incorporao do
ZnS com a finalidade de aumentar o ndice de refrao do nanocompsito produzido
(LU et al., 2003, LIU et al.,2010, LIN et al., 2010).
Assim, a utilizao de uma matriz polimrica como suporte para nanocristais
vivel e potencialmente vantajosa. No entanto, necessrio resolver a compatibilidade
entre as nanopartculas e a matriz polimrica, adaptando as caractersticas da superfcie
das nanoparticulas estrutura dos monmeros. Para atender a este objetivo, no presente
trabalho foram sintetizados nanocristais de ZnS passivados com 2 mercaptoetanol, para
serem utilizados como poliol na sntese de um novo poliuretano.
-
26
3.2. Objetivo Geral
Sntesar e incorporar ZnS_ME em matriz pr- polimrica de uretano
3.2.1. Objetivos Especficos
- Sintetizar ZnS passivado com 2 mercaptoetanol (ZnS_ME)
- Incorporar diferentes quantidades em massa do ZnS_ME em matriz pr-polimrica de
uretano
- Caracterizar os nanocristais e compsitos obtidos utilizando as seguintes tcnicas:
Espectroscopia na regio do infravermelho com transformada de Fourier
(FTIR):
Difratometria de raios X (DRX)
Anlise termogravimtrica (TGA)
Espectroscopia de absoro na regio do ultravioleta-visvel (UV-Vis)
Espectroscopia de emisso fluorescente (FL)
Microscopia Eletrnica de Transmisso (MET)
-
27
3.3. Procedimento Experimental
3.3.1. Reagentes
Para a sntese do pr-polmero:1,6 diisocianato de hexametileno (HDI) da
Sigma-Aldrich, Poli(etilenoglicol) de massa molar 1500 g.mol-1, N,N-
dimetilffformamida P.A.- Dinmica, 2-etilhexanoato de estanho (II)- Sigma-Aldrich.
Para a sntese da nanopartcula: 2-mercaptoetanol P.S Dinmica, Tiouria-
Acros Organics, Acetato de zinco P.A. dihidratado- Acros Organics/Synth, lool
isoproplico P.A.- Neon.
3.3.2. Sntese de ZnS passivado com 2-mercaptoetanol (ZnS_ME)
As nanopartculas de ZnS_ME foram sintetizadas, de acordo com o
procedimento descrito na literatura (LIU et al., 2010) com algumas modificaes: foram
adicionandos 6,6 mmol de acetato de zinco, 4,5 mmol de tiouria e 13,2 mmol do 2-
mercaptoetanol em 50 mL de N,N dimetilformamida (DMF). A mistura ficou sob
agitao durante 10 min temperatura ambiente.Em seguida levada ao micro-ondas
onde permaneceu a uma temperatura de 100C por 30 minutos. Aps este tempo,
adicionou-se lcool isoproplico soluo transparente at ocorrer a precipitao de um
slido branco, oZnS_ME. Os nanocristais de ZnS_ME foram lavados trs vezes com
gua destilada, centrifugados e secos em estufa a vcuo por 24h.
3.3.3. Sntese do pr-polimero (PP)
O pr-polmero formado a partir da reao entre o polietilenoglicol (PEG) e o
diisocianato de hexametileno (HDI) com razo NCO/OH=4.Em balo de fundo
redondo, foi adicionado 1g de polietilenoglicol (PEG), massa molar 1500g/mol, em
10mL de dimetilformamida (DMF) at completa solubilizao. Em seguida, 0,45mL de
diisocianato de 1,6-hexametileno (HDI) foi adicionado lentamente ao balo na presena
de duas gotas do catalisador 2-etilhexanoato de estanho (II). Aps adio completa do
-
28
HDI e catalisador, a mistura reacional foi submetida a agitao, mantendo temperatura
com banho de silicone de 70C, livre de umidade por um tempo de 4h. Aps este tempo
o pr-polmero formado foi resfriado a temperatura ambiente.
3.3.4. Incorporao do ZnS_ME ao pr-polmero (PU/ZnS)
Diferentes quantidades em massa (5, 30 e 60 mg) do ZnS_ME foram dispersas
em 10mLde DMF e adicionadas lentamente ao pr-polmero (PP). Em seguida, o
sistema foi aquecido a 80C sob agitao magntica durante 4 h. Aps este tempo, as
misturas foram vertidas em acetona, centrifugados, lavados trs vezes com gua
destilada e secas, em estufa a vcuo, por 24h.
As amostras obtidas de acordo com o procedimento descrito foram denominadas
da seguinte forma: sulfeto de zinco puro passivado com 2-mecaptoetanol (ZnS_ME);
PU/ZnS com 15mg do ZnS_ME; PU/ZnS com 30mg do ZnS_ME e PU/ZnS com
60mg do ZnS_ME.
3.3.5. Tcnicas de Caracterizao
Espectroscopia na regio do infravermelho com transformada de Fourier
(FTIR): os espectros das amostras, em forma de pastilha de KBr, foram obtidos em um
equipamento da Perkin Elmer Spectrum BX, com resoluo de 4 cm-1, na faixa de 4000-
400cm -1 com 16 acumulaes.
Difratometria de raios X (DRX): as fases cristalinas foram obtidas em um
difratmetro Rigaku RINT 2000/PC com fonte de radiao Cu-k alfa (1,54056 A) operando
em 40kV/40 mA. Todas as medidas foram realizadas em modo contnuos scan com
velocidade de varredura de 2/min no intervalo de 2 teta 10-60.
Anlise termogravimtrica (TGA): o comportamento trmico das amostras
foirealizado no intervalo de temperatura entre 30 a 600 C com taxa de aquecimento de 10
/min, em atmosferade nitrognio (N2) e fluxo de 100 mL/min em um equipamento da marca
TA INSTRUMENTS SDT 2960.
-
29
Espectroscopia de absoro na regio do ultravioleta-visvel (UV-Vis): Utilizou-se
um espectrofotmetro Perkin Elmer Lambda 45. As medidas foram realizadas, em
temperatura ambiente, na regio de 200-600nm.
Espectroscopia de emisso fluorescente (FL): os espectros foram obtidos utilizando
um espectrofotmetro Perkin Elmer Lambda 55, com excitao em 267 nm.
Microscopia Eletrnica de Transmisso (MET): as amostras foram preparadas por
dissoluo em lcool isoproplico e gotejadas sobre grades de cobre recobertas com carbono.
Foram analisadas no equipamento JOEL-JEM 1400 Plus operando a uma voltagem 120 Kv.
-
30
3.4. Resultados e Discusso
3.4.1. Espectroscopia de absoro na regio do ultravioleta-visvel (UV-
Vis)
O sulfeto de zinco (ZnS_ME) foi sintetizado a partir do acetato de zinco e da
tiouria em N,N-dimetilformamida (DMF) usando como agente passivante o 2-
mercaptoetanol. Sua formao foi confirmada atravs dos espectros de absoro (Figura
11) e emisso (Figura 12) que mostram o mximo de absoro em 267nm e emisso 337
nm. O ZnS_ME sintetizado, quando comparado ao ZnS tipo macrocristalino (bulk), que
possui absoro em aproximadamente 338 nm (3,66 eV) (UMMARTYOTIN et al.,
2012), exibe um deslocamento tpico no espectro de absoro para menores
comprimentos de onda (blue shift), fato este indicativo do efeito de tamanho sobre as
propriedades espectroscpicas, ou seja, confinamento da partcula (WANG et al., 2013,)
200 300 400
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
Ab
sorb
n
cia
(nm)
ZnS_ME
Figura 11: Espectro de absoro do ZnS passivado com 2-mercaptoetanol.
-
31
Figura 12: Espectro de emisso do ZnS passivado com 2-mercaptoetanol.
Medidas de luminescncia so identificadas como uma das tcnicas mais
importantes para avaliar o estado de energia da superfcie das partculas. Na
espectroscopia de absoro UV-Vis, o deslocamento do mximo de absoro observado
do ZnS_ME para menores comprimentos de onda (blue shift) em relao ao ZnSbulk,
indica formao de nanopartculas. O nvel de defeitos tambm desempenha um papel
importante na determinao da caracterstica de luminescncia das nanopartculas, pois
atravs destes, tambm pode ser verificada a eficincia do passivante pela presena ou
ausncia de uma banda de emisso adicional em menores energias, referente a
participao de nveis de energia associados aos defeitos de superfcie (WANG et al.,
2013).
Como no foramobservadas bandas de emisso em menores energias, este fato
pode estar indicando efetiva ao do passivante 2-mercaptoetanol. Sua escolha foi
proposital, pois o mesmo possui em sua estrutura molecular (SHCH2CH2OH) o
grupamento hidroxila (-OH) que, aps a sntese dos nanocristais, fica exposto na
superfcie do ZnS_ME. Um dos objetivos deste trabalho estabilizar, manter e/ou
melhorar as propriedades de luminescncia do nanocristal em uma matriz polimrica. A
superfcie do ZnS_MEpossibilita a produo de um material com caractersticas nicas,
300 400 500
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Inte
nsi
da
de
(nm)
Zns_ME_exc 267337
-
32
ou seja, o ZnS_ME pode atuar comoum poliolna sntese de polmeros, mais
especificadamente poliuretanos.
3.4.2. Espectroscopia de absoro na regio do infravermelho (FTIR)
Desta forma, o processo de sntese do poliuretano (PU) foi realizado em duas
etapas. A primeira se deu com a formao de um pr-polmero produzido pela reao de
um di ou poliisocianato, em excesso, com um di ou poliol, gerando uma mistura
homognea contendo grupos isocianatos (NCO) livres para reao. A segunda ocorreu
com a incorporao do ZnS_ME para a produo do polmero final.
Os espectros de absoro na regio do infravermelho do pr-polmero (PP), do
polietilenoglicol (PEG) e do 1,6 diisocianato de hexametileno (HDI) podem ser
observados na Figura 13. O espectro do PEG apresenta uma banda de absoro em
torno 3430 cm-1, caracterstica de estiramento de grupos OH. Alm desta, hbandas em
2940 e 2908 cm-1 correspondentes aos estiramentos simtrico e assimtrico de grupos
CH. No espectro do HDI observam-se bandas de absoro caractersticas na regio
3600-3000 cm-1 relacionadas vibrao de grupos NH. As bandas entre 2936 e 2860
cm-1 correspondente aos estiramentos simtrico e assimtrico de grupos CH. A banda
que surge em torno de 2278 cm-1refere-se ao acoplamento NCO. As bandas em 1714
cm-1e em 1365 e 1223 cm-1so atribudas, respectivamente, vibrao de grupos C=O ,
deformao dos grupos CN e CH (EL-SAYED MOHAMED et al., 2009, ALKAN et
al., 2012, XIONG et al., 2013).
No espectro do pr-polmero, verifica-se a presena do pico em 2276 cm-1 e
outro mais discreto em 3342 cm-1 os quais podem ser atribudos aos grupos NCO (livre)
e NH (amida), respectivamente, indicando a formao do pr-polmero de poliuretano
(XIONG et al., 2013). A banda em 1712 cm-1, atribuda vibrao do grupo carbonila, e
a reduo da intensidade da banda referente vibrao de estiramento dos grupos OH
confirmam o xito na obteno de uma nova matriz pr-polimrica (WANG et al., 2010,
ZOU et al., 2011).
-
33
Figura 13: Espectro de absoro na regio do infravermelho do pr-polmero (PP),
polietilenoglicol (PEG) e 1,6 diisocianato de hexametileno (HDI).
A matriz formada vida grupamentos reativos, neste caso, pelos grupos OH
presentes na estrutura do ZnS_ME provinientes do passivante 2-mercaptoetanol.
A presena do passivante pode ser confirmada atravs de suas bandas de
vibrao caractersticas observadas no espectro da Figura 14. As bandas em 3361 e
1278 cm-1correspondem, respectivamente, vibrao de estiramento e deformao de
grupos OH. Em 2920 observada uma banda atribuda vibrao de estiramnto de
grupos metileno, j a banda correspondente deformao desses grupos grupos
observada em 2840 cm-1. Suas vibraes de deformao so observadas em em 1475 e
1417 cm-1. A banda de vibrao de estiramento dos grupos SH entre 2550-2565 cm-1
no observada, este fato indica que os grupos mercapto (SH) do ME esto ligados a
superfcie do ZnS_ME (LIU et al., 2012, ZHAO et al., 2013). Outra banda caracterstica
do ME a de vibrao de estiramento de grupos C-O presente na estrutura do ME esta
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
PEG_1500
Tra
nsm
itan
cia
(u
.a.)
N de onda (cm-1)
PPolimero
HDI
-
34
localiza-seentre 1000-1255 cm-1. O interesse nessas regies de absoro destacadas se
d porque se alguma interao ocorrer com a superfcie do ZnS_ME, mudanas
suscetveis podem ser observadas.
Aps a confirmao dos grupos do passivante presente no ZnS_ME obtido,
foram sintetizados, a partir da superfcie do ZnS_ME, compsitos utilizando como
matriz o pr-polmero de poliuretano (PU/ZnS) com diferentes quantidades de
ZnS_ME, conforme descrito no item 3.3.3. Os espectros so mostrados na Figura 14.
Como pode ser observado, o espectro do ZnS_ME apresenta uma banda em 3361 cm-
1referente vibrao de estiramento de grupos OH provenientes do passivante. O
mesmo pode ser considerado um poliol que reage com o excesso de NCO livre do pr-
polmero fazendo parte do polmero final. Assim, espera-se a formao de ligao
covalente entre os grupos OH (presentes na superfcie do ZnS_ME) e os grupos NCO
livres (pr-polimero). Este comportamento pode ser verificado na Figura 14. Ao
adicionar o ZnS ao pr-polmero, a intensidade da banda correspondente vibrao dos
grupos OH (3361 cm-1) diminui consideravelmente, indicando que, durante a reao de
condensao, parte dos grupos OH presentes na superfcie interagem com os grupos
NCO presentes no pr-polmero.
Outra caracterstica observada nos espectros da Figura 14 que com o consumo
dos grupos OH, surge uma nova banda de vibrao em 3342 cm-1 relacionada ao
estiramento de gruposNH de amida a qual confirmada pelo aparecimento da banda
em 1717 cm-1 que est relacionada a carbonilado grupo uretano (-CO-NH-). No entanto,
para a amostra com maior quantidade de ZnS_ME essa banda no observada. Bandas
relacionadas deformao angular de grupos CN e NH tambm foram verificadas nas
duas amostras na regio entre 1579-1462 cm-1.
Alm disso, a regio entre 1000-1262 cm-1 fortemente modificada pelo
aparecimento de apenas uma banda deslocada para maiores comprimentos de onda e em
1115 cm-1. Os resultados obtidos sugerem a formao de uma ligao covalente (C-O-
NH) entre ZnS_ME e o pr-polmero (LU et al., 2003, LIU et al., 2010).
-
35
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
ZnS_ME
PU/ZnS-15 mg de ZnS
PU/ZnS-30 mg de ZnS
1462
15791
717
3361
3342
Tran
smit
n
cia
N de onda (cm-1
)
3565
PU/ZnS-60 mg de ZnS
Figura 14: Espectro de infravermelho do ZnS_ME, PU/ZnS-15 mg de ZnS, PU/ZnS-30
mg de ZnS e PU/ZnS-60 mg de ZnS.
3.4.3. Anlise Termogravimtrica (TGA)
A formao de ligao covalente, ou seja, a interao entre o polmero e os
nanocristais de ZnS_ME tambm tambm pode ser verificada atravs do
comportamento trmico dos materiais produzidos. As curvas termogravimtricas
encontram-se na Figura 15. Observa-se um ganho em sua estabilidade trmica, no
intervalo de temperatura de decomposio entre 300 e 420 C, relativos decomposio
parcial da matriz polimrica, em comparao ao termograma do ZnS_ME puro que
possui intervalo de decomposio entre 273 e 326 C relacionado perda do ME
pressente no ZnS. importante destacar que a temperatura de degradao do ZnS_ME
-
36
maior do que a temperatura de fuso do ME (157 C) indicando que entre ambas
asligaes so formadas.
O poliuretano apresenta, em sua decomposio, dois estgios principais,
caracterizados pela decomposio de segmentos rgidos ou da ligao uretnica
(primeiro estgio aps liberao de molculas de gua) e segmentos flexveis (segundo
estgio). Estes segmentos, denominados de microfases, so o resultado de
incompatibilidade termodinmica entre os segmentos rgidos (uretano e ureia) e os
segmentos flexveis (polister ou politer) que so bastante afetados, principalmente por
ligaes de hidrognio, determinando a microestrutura, bem como as propriedades
mecnicas e trmicas dos polmeros (MOTH et al.,2004 e GAO et al., 2012).
Verificam-se (Figura 15) similaridades nas curvas termogravimtricas
relacionadas aos compsitos PU/ZnS. Para as amostras com diferentes quantidades de
ZnS_ME, observa-se que a estabilidade trmica, em relao ao PU, diminui quando
15mg so adicionados eaumenta quando so adicionados 30 mg e torna a diminuir
quando 60 mg so adicionados. Este fato sugere interao entre a matriz PU e o
ZnS_ME. A amostra PU/ZnS-15 mg de ZnS apresenta uma etapa de perda massa
associada evaporao de gua adsorvida a superfcie entre 40-140C, diferentemente
das outras amostras que no apresentam essa etapa de perda de massa. Para todas as
amostras, observa-se uma segundaetapa observda entre 300-350 C atribuda
decomposio do passivante e ao incio da decomposio da ligao uretnica. O ltimo
estgio de decomposio entre 390-450 C corresponde degradao dos segmentos
flexveis, sendo observado apenas para as amostras PU/ZnS-30 mg de ZnS e PU/ZnS-60
mg de ZnS (Figura 16).
-
37
Figura 15: Curvas termogravimtricas do ZnS_ME, PU, PU/ZnS-15 mg de ZnS,
PU/ZnS-30 mg de ZnS e PU/ZnS-60 mg de ZnS.
100 200 300 400 500 600
Perd
a d
e m
ass
a (
%)
Temperatura (C)
ZnS_ME
PU
PU/ZnS-15 mg de ZnS
PU/ZnS-30 mg de ZnS
PU/ZnS-60 mg de ZnS
-
38
100 200 300 400 500 600
ZnS_ME
PU
PU/ZnS-15 mg de ZnS
PU/ZnS-30 mg de ZnS
Der
iva
da
da
per
da
ma
ssa
Temperatura (C)
PU/ZnS-60 mg de ZnS
Figura 16: Derivada das perdas de massa do ZnS_ME, PU, PU/ZnS-15 mg de ZnS,
PU/ZnS-30 mg de ZnS e PU/ZnS-60 mg de ZnS.
-
39
3.4.4. Difrao de Raios-X
Sabe-se que o sulfeto de zinco pode se cristalizar em duas fases distintas, com
diferentes sequncias de empacotamento: a primeira a fase cbica (estrutura blenda de
zinco) e a segunda a fase hexagonal (estrutura da wurtzita) (LIN et al., 2010). De
acordo com o difratograma (Figura 17), o ZnS_ME sintetizado neste trabalho apresenta
uma estrutura com empacotamento cbico relacionado a blenda de zinco com planos (1
1 1), (2 2 0) e (3 1 1) em 2= 28,14, 48,60 e 55,44.
Alm disso, no se observa o pico de difrao relacionado ao ZnS_ME quando
estes so incorporados na matriz. Por outro lado, observa-se que medida que a
quantidade de ZnS aumenta na matriz, a intensidade do halo proveniente da matriz
reduz. Comportamento similar foi verificado por LIU et al., 2010, os quais associam
este comportamento a formao de ligao covalente sugerindo a efetivao da
incorporao da nanopartcula na matriz de poliuretano.
10 20 30 40 50 60
55,4448,60
28,1
4
25,8
1
Inte
nsi
da
de
PU/ZnS- 60 mg de ZnS
PU/ZnS- 30 mg de ZnS
PU/ZnS- 15 mg de ZnS
PU
ZnS_ME
2
23,4
0
Figura 17: Difratograma do ZnS_ME, PU, PU/ZnS-15 mg de ZnS, PU/ZnS-30 mg de
ZnS e PU/ZnS-60 mg de ZnS.
-
40
O conjunto de resultados apresentados indicam que a incorporao do ZnS_ME
na matiz polimrica promoveu interao entre ambas as partes. Neste contexto, sabe-se
que as propriedades pticas das nanopartculas semicondutoras podem ser modificadas
com o ajuste do tamanho da partcula (LIN et al., 2010), coma dopagem com ons
desejveis (KLAUSCH et al.,2010), ou alternativamente atravs da funcionalizao da
superfcie usando ligantes orgnicos funcionais ou cromforos (TOMCZAK et al.,
2009). Com o propsito de complementar as discusses anteriores, foram realizadas as
caracterizaes pticas para verificar a influncia da matriz na fotoluminescncia do
ZnS_ME puro e avaliar como o sistema se comporta quando a quantidade do mesmo
aumenta .
3.4.5. Fotoluminescncia
Na Figura 18 so mostrados os espectros de emisso do ZnS_ME e dos
compsitos com diferentes quantidades de ZnS_ME na matriz polimrica com excitao
em 267 nm. Quando comparados ao ZnS_ME, que apresenta emisso em 337 nm
relacionada recombinao do par eltron-buraco aps relaxao, as amostras contendo
diferentes quantidades de ZnS_ME exibem um aumento no mximo da intensidade de
emisso e um discreto deslocamento para maiores comprimentos de onda medida que
a quantidade de ZnS aumenta. As posies observadas foram 337 nm, 340nm, 345nm e
345 nm, fato que pode estar indicando crescimento do ZnS quando incorporado a
matriz.Alm disso, com exceo do ZnS_ME, todas as amostras apresentaram duas
bandas com baixa intensidade, em duas regies do espectro: uma entre 400-500nm
(Figura 18) e a outra em maiores comprimentos de ondas ( baixa energia) entre 610-720
(Fgura 19) ambas originadas a partir da emisso provinda de alguns centros ativos,
provavelmente estados da superfcie, vacncias ou interstcios dentro da estrutura.
-
41
Figura 18: Espectro de emisso (400-500 nm) do ZnS_ME, PU/ZnS-15 mg de ZnS,
PU/ZnS-30 mg de ZnS e PU/ZnS-60 mg de ZnS.
Figura 19: Espectro de emisso (610-720 nm) do ZnS_ME, PU/ZnS-15 mg de ZnS,
PU/ZnS-30 mg de ZnS e PU/ZnS-60 mg de ZnS.
300 400 500
0
200
400
600
345
340
ZnS_ME
PU/ZnS-15 mg de ZnS
PU/ZnS-30 mg de ZnS
PU/ZnS-60 mg de ZnSIn
ten
sid
ad
e
(nm)
337
650 700 7500
200
Inte
nsi
da
de
(nm)
ZnS_ME
PU/ZnS-15 mg de ZnS
PU/ZnS-30 mg de ZnS
PU/ZnS-60 mg de ZnS
-
42
Encontram-se, na literatura, trabalhos que tratam da emisso do ZnS no azul,
atribuindo esta banda de emisso tanto a vacncia de enxofre (sitio doador) quanto a
vacncia de zinco. Por outro lado, a origem da banda em menor energia pode ser
atribuda recombinao do par eltron-buraco nas armadilhas provenientes da
superfcie ( LIU et al.,2012).
3.4.6. Microscopia Eletrnica de Transmisso (MET)
As imagens de microscopia eletrnica de transmisso dos nanocristais contendo
diferentes quantidades de ZnS_ME no PU so apresentados na Figura 20. Observa-se
que os poliuretanos preparados com os nanocristais como poliol tm regies de
distribuio aproximadamente homogneas dos nanocristais. Ao redor destas,
observam-se os nanocristais que pertencem regies menos densas do polmero,
sugerindo que, de fato, os nanocristais de tamanhos reduzi