UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de...

67
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Instituto de Ciências Biomédicas Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas Infecção de corrente sanguínea de natureza hospitalar associada ao cateter venoso central: impacto da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis em neonatos críticos. Daiane Silva Resende Uberlândia MG Junho-2015

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Instituto de Ciências Biomédicas

Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas

Infecção de corrente sanguínea de natureza hospitalar associada ao cateter venoso central: impacto

da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e

patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis em neonatos críticos.

Daiane Silva Resende

Uberlândia – MG

Junho-2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Instituto de Ciências Biomédicas

Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas

Infecção de corrente sanguínea de natureza hospitalar associada ao cateter venoso central: impacto

da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e

patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis em neonatos críticos.

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Imunologia e Parasitologia Aplicadas da Universidade

Federal de Uberlândia como requisito parcial para

obtenção do título de Doutor

Daiane Silva Resende (Doutoranda)

Prof. Dr. Paulo P. Gontijo Filho (Orientador)

Prof. Dra. Rosineide Marques Ribas (Co-orientadora)

Uberlândia – MG

Junho 2015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

2

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

3

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

4

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

5

“Sua tarefa é descobrir o seu trabalho e, então, com

todo o coração, dedicar-se a ele.”

Buda

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

6

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, por estar presente em minha vida, me iluminando e amparando

a cada passo dado.

Agradeço aos meus pais Eurípedes e Antônio, pelo amor, pela dedicação, pelo apoio

incondicional. São a base da minha educação, do meu caráter e responsáveis pela pessoa que me

tornei. Agradeço pelo incentivo a minha vida acadêmica e por acreditarem em mim, principalmente

nas vezes que eu não acreditava. Obrigada por estarem comigo a todo momento (mesmo de longe),

por não deixarem eu desistir.

Agradeço a meu amado esposo Guilherme, pela gentileza de dividir comigo seus dias, pelo amor,

pelo companheirismo, por fazer meus dias coloridos (foram cinza muita vezes, né?). Você sempre

foi meu esteio, minha fortaleza. É com certeza a melhor pessoa que eu conheço! Obrigada por me

ensinar tanto! Você é o exemplo de profissional que quero ser. Obrigada por fazer de mim uma

pessoa muito melhor.

Agradeço a minha linda filha Helena por ser meu anjo da guarda. Tudo que eu faço é por você

minha filha. Obrigada pelo amor incondicional, por alegrar meus dias! Obrigada por compreender

minha ausência. Não foi fácil, mas conseguimos! Obrigada por cada sorriso, por cada beijo por cada

abraço! Sempre farei o meu melhor pensando em ser uma pessoa melhor pra você. Te amo!

Agradeço a toda minha família por me acolher e estar presentes em cada momento da minha vida,

principalmente os mais difíceis.

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Paulo Gontijo, pela valiosa oportunidade e por me orientar

com tanta sabedoria e experiência. Tenho um carinho muito grande e muita admiração pelo grande

profissional que é. Não é atoa que chamamos de pai. Tenho muito orgulho te ter passado tantos

anos como sua orientada, e onde eu for farei questão de dizer quem foi meu orientador. Obrigada

pelos grandes ensinamentos e por confiar em mim.

Agradeço a minha co-orientadora Profa. Dra. Rosineide Marques Ribas por sua disponibilidade e

incentivo que foram fundamentais para realização desse trabalho. Agradeço por me acolher quando

eu mais precisei, por acreditar no meu trabalho, principalmente quando tudo ficou difícil. Sou muito

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

7

grata pelo conhecimento compartilhado e por acreditar no meu trabalho. Obrigada pela convivência

e amizade.

Agradeço ao Prof. Dr. Jonny Yokosawa, e a todos do Laboratório de Virologia, em especial a

Thlema, por disponibilizar equipamentos e pela ajuda ao longo do trabalho.

Agradeço a Profa. Dra. Daise Aparecida Rossi e a todos do Laboratório de Biotenologia

Animal por todo auxílio prestado, sempre disponíveis e receptivos comigo.

Agradeço aos meus amigos do Laboratório de Microbiologia Molecular, Melina, Ana Luiza,

Bruna, Deivid, Iara, Raquel, Sabrina, Paola, Ana Paula, pela convivência, por ajudar em tudo

que foi preciso. Vocês foram muito importantes nessa caminhada. Obrigada pelos momentos

agradáveis que passamos. Trabalhar com amigos é maravilhoso.

Agradeço especialmente a amiga Melina, por me acolher na sua casa, e por me ajudar tanto com

meus experimentos. O que você fez por mim não tem preço! Mil vezes obrigada!

Agradeço com saudade aos ameus amigos de Uberlândia, Loiane, Saulo, Paula, Maca, Norival,

Cláudia, Hugo, Priscila, Michelle, Serginho que foram tão importantes nessa caminhada, foram

minha família em Uberlândia! Obrigada pela torcida, pelo apoio e pela amizade.

Agradeço a todos os professores do PPIPA que contribuíram para minha formação.

Agradeço às secretárias do PIPPA, Lucélia e Lucileide pela assistência e pela disponibilidade

Aos técnicos do Laboratório de Microbiologia Claudete, Ricardo, Samuel, Lícia Ludendorff e

especialmente a Cristiane Brito por todo apoio técnico e amizade.

Agradeço as alunas Anna Laura, Márcia, Jéssika e Bárbara (Hoje professora da ESTES) que me

ajudaram com a vigilância epidemiológica e processamento de amostras, vocês foram fundamentais

para o desenvolvimento do trabalho.

Agradeço a Profa. Dra. Vânia Abdallah e a toda equipe da UTIN do HC-UFU por apoiar sempre o

trabalho da Microbiologia na UTIN. Agradeço em especial a enfermeira Jane, pela coleta do

material da patogênese e pela amizade. Sem você esse trabalho não seria realizado.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

8

Agradeço a todos os neonatos e seus responsáveis pela contribuição e pela convivência diária.

Minha sincera gratidão e respeito pelo momento tão delicado de estar em uma UTIN. Sempre

acreditei na grandeza do meu trabalho pensando no bem estar de vocês. Dedico meu trabalho a cada

um de vocês.

Agradeço aos membros da banca examinadora: Profa. Dra. Natália Iório Lopes Pontes (UFF-

Nova Friburgo), Profa. Dra. Cristina da Cunha Hueb Barata de Oliveira (UFTM - Uberaba),

Profa. Dra. Helisângela de Almeida (UFU - Uberlândia), Dra. Cristiane Silveira de Brito

(UFU - Uberlândia) e Dr. Deivid Willian da Fonseca Batistão (UFU - Uberlândia), por

aceitarem com presteza nosso convite e pela contribuição na concretização deste trabalho.

Agradeço às agências de fomento FAPEMIG, CNPq e CAPES pela disponibilização de verba que

permitiu desde a aquisição de materiais diversos até o custeio de inscrições e viagens a eventos

científicos, que possibilitaram a realização e divulgação deste trabalho.

Muita coisa acontece nesses longos 4 anos de doutorado. Gostaria de agradecer a cada um que de

alguma forma me auxiliou para a conclusão desse trabalho. Vocês tem minha sincera gratidão.

MUITO OBRIGADA!

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

- ATCC: “American Type Culture Collection”

- BHI: “Brain Heart Infusion”

- CEP: Comitê de Ética em Pesquisa

- CLSI: “Clinical and Laboratory Standards Institute”

- CVC: Cateter vascular central

- DNA: Ácido Desoxirribonucléico

- EDTA: “Ethylenediamine Tetraacetic Acid”

- HCl: Ácido Clorídrico

- HC-UFU: Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia

- IH: Infecção Hospitalar

-ICS: Infecção de Corrente Sanguínea

-ICSh: Infecção de Corrente Sanguínea Hospitalar

- ica: “Intercellular Adhesion Locus”

- mec: “Methicillin Resistance"

- MRSA: Staphylococcus aureus Resistente a Meticilina

- MRSE: Staphylococcus epidermidis Resistente a Meticilina

- NCCLS: “ National Committee for Clinical for Laboratory Standars”

- NHSN : “National Heathcare Safety Network”

-PICC: “Peripherally Inserted Central Catheter”

- PFGE: “ Pulsed Field Gel Electrophoresis”

- SCCmec: “Staphylococcal Cassette Chromosome”

- SCN: Staphylococcus Coagulase Negativa

- TSA: “Trypticase Soy Agar”

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

10

- TSB: “Trypticase Soy Broth”

- UFC/ mL: Unidades Formadoras de Colônia por mililitro

- UTIN: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

- µg: Micrograma

-OMS: Organização Mundial da Saúde

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Sequência dos primers, e tamanho do produto amplificado nas reações de PCR

para identificação dos genes icaAD associados a formação de biofilme em S.

epidermidis .................................................................................................... 29

Tabela 2. Indicadores epidemiológicos de infecções de corrente sanguínea, no período de

outubro/2010 a agosto/2012.................................................................................. 33

Tabela 3. Fatores de risco e características gerais dos pacientes com e sem infecção de

corrente sanguínea e fatores de risco para estas infecções no período de

outubro/2010 a agosto/2012............................................................................ 34

Tabela 4. Microrganismos isolados de infecções de corrente sanguínea com critério

microbiológico de origem hospitalar no período de outubro/2010 a

agosto/2012............................................................................................................ 35

Tabela 5. Comparação das taxas de incidência de ICSh durante os meses de janeiro,

relocação da unidade e intervenção................................................................ 38

Tabela 6. Microrganismos isolados de neonatos incluídos no estudo da patogênese de

infecção de corrente sanguínea por S. epidermidis............................................ 40

Tabela 7. Colonização da ponta, canhão, sítio de inserção e mucosas nasal e intestinal

isoladas de 19 de neonatos com hemocultura positiva incluídos no estudo da

patogênese de S. epidermidis no período de janeiro/2011 a

agosto/2012.................................................................................................. 41

Tabela 8. Patogênese, perfil clonal e presença dos genes icaAD de S. epidermidis

isoladas de neonatos com infecção de corrente sanguínea de neonatos

internados na unidade de terapia intensiva neonatal do HC-

UFU.............................................................................................................. 45

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

12

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Curva endêmica de infecções de corrente sanguínea de origem hospitalar, no

período de outubro/2010 a agosto/2012............................................................ 37

Figura 2. Dendograma dos perfis genotípicos de amostras de Staphylococcus

epidermidis após fragmentação pela enzima de restrição SmaI e análise por

PFGE através da análise computadorizada........................................................ 43

Figura 3. Relação temporal/espacial entre os pacientes incluídos no estudo da

patogênese no período de outubro/2010 a agosto/2012..................................... 44

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

13

SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................................................... 14 ABSTRACT ....................................................................................................................................... 15 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 16 2. JUSTIFICATIVA .......................................................................................................................... 21 3. OBJETIVOS .................................................................................................................................. 22 3.1. OBJETIVO GERAL ................................................................................................................... 22 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................... 22 4. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................................... 23 4.1. INSTITUIÇÃO ........................................................................................................................... 23 4.2. DESENHO DO ESTUDO .......................................................................................................... 23 4.3. DEFINIÇÕES: ............................................................................................................................ 23 4.4. PRÉ-INTERVENÇÃO ............................................................................................................... 24 4.5. INTERVENÇÃO ........................................................................................................................ 24 4.6. PÓS-INTERVENÇÃO ............................................................................................................... 25 4.7. ESTUDO DA PATOGÊNESE ................................................................................................... 26 4.8. TÉCNICAS MICROBIOLÓGICAS ........................................................................................... 26 4.8.1. PELE NO SÍTIO DE INSERÇÃO DO CVC ......................................................................... 26 4.8.2. CANHÃO DO CATETER ..................................................................................................... 26 4.8.3. MUCOSA NASAL E INTESTINAL ..................................................................................... 26 4.8.4. PONTA DO CVC.................................................................................................................. 27 a) SEMI-QUANTITATIVA “ROLL-PLATE” (MAKI) ................................................................... 27 b) TÉCNICA DO “VORTEXING” ................................................................................................... 27 4.8.5. HEMOCULTURAS ............................................................................................................... 27 4.8.6. ESTOCAGEM DAS AMOSTRAS ........................................................................................ 28 4.8.7. CARACTERIZAÇÃO DO GÊNERO Staphylococcus.......................................................... 28 a) PRESENÇA DA ENZIMA CATALASE .................................................................................... 28 b) ÓXIDO-FERMENTAÇÃO DA GLICOSE .................................................................................. 28 c) SUSCETIBILIDADE À BACITRACINA .................................................................................... 28 d) COAGULASE LIGADA (FATOR “CLUMPING”) .................................................................... 29 e) COAGULASE LIVRE .................................................................................................................. 29 4.8.8. IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE Staphylococcus coagulase-negativa E OUTROS

COCOS GRAM POSITIVOS ............................................................................................................ 29 4.9. TESTE DE SUSCETIBILIDADE Á OXACILINA ................................................................... 30 4.10. TÉCNICAS MOLECULARES .............................................................................................. 30 4.10.1. EXTRAÇÃO DO DNA GENÔMICO ................................................................................... 30 4.10.2. DETECÇÃO DOS GENES icaAD ASSOCIADOS A FORMAÇÃO DE BIOFILME ........ 30 4.10.3. TIPAGEM MOLECULAR POR PFGE “PULSED FIELD GEL ELETROPHORESIS” ..... 31 5. RESULTADOS ............................................................................................................................. 34 6. DISCUSSÃO ................................................................................................................................. 48 7. CONCLUSÕES ............................................................................................................................. 56 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 57 ANEXO I ........................................................................................................................................... 63 ANEXO II .......................................................................................................................................... 64 APÊNDICE II .................................................................................................................................... 66

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

14

RESUMO

As infecções de corrente sanguínea de natureza hospitalar são as mais frequentes em unidades de

terapia intensiva neonatal (UTIN), aumentando consideravelmente o tempo de permanência na

unidade e os custos hospitalares, além de contribuírem para pior prognóstico do paciente,

principalmente em hospitais de países em desenvolvimento. Os objetivos do estudo foram: avaliar o

impacto de um pacote de medidas relativo aos cuidados e manutenção de Cateter Venoso Central

(CVC) na redução das infecções de corrente sanguínea de origem hospitalar (ICSh), e definir a

patogênese e epidemiologia molecular dessas infecções causadas por S. epidermidis em uma UTIN

de um hospital universitário brasileiro. O estudo incluiu os neonatos admitidos na unidade do

Hosiptal de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, durante o período de outubro/2010 a

agosto/2012. A vigilância epidemiológica utilizada para busca ativa de ICSh foi a do “National

Healthcare Safety Network” (NHSN), e um protocolo de inserção e manutenção do cateter venoso

baseado nas diretrizes do “Center for Disease Control” (CDC) foi adotado na unidade. No estudo da

patogênese das ICSh por S. epidermidis, foram realizadas culturas da pele no sítio de inserção e do

canhão do CVC, assim como das mucosas nasal e intestinal dos neonatos, a partir de 48 h até 14

dias da utilização do procedimento invasivo, ou sua positivação, e da ponta do CVC após sua

retirada. O trabalho obteve a aprovação do comitê de ética em pesquisa da UFU (protocolo 464/10).

No total, 112 recém-nascidos desenvolveram ICS (20,3%) totalizando 178 episódios (32,3%), com

139 (25,2%) definidos como de natureza hospitalar. As taxas de incidência durante a investigação

de ICSh foram de 16,1/1000 pacientes-dia e 23,0/1000 CVC-dia, com variações significativas

durante o período de investigação, sendo maiores (59,6/1000 pacientes-dia) nos meses de janeiro de

2011 e 2012 quando comparadas com as taxas dos outros meses (16,6/1000 pacientes-dia,

IRR:3,59; P<0,001). Adicionalmente, também houve uma redução significativa nas taxas destas

infecções no período de relocação da Unidade para uma unidade provisória, com taxa de 10,3/1000

pacientes-dia vs 26,7/1000 pacientes-dia, no período anterior de vigilância (IRR=2,59; P=0,007). A

adoção do protocolo de prevenção e controle dessas infecções, resultou na redução significativa da

incidência de ICSh de 23,4/1000 pacientes-dia durante a pré-intervenção para 14,7/1000 pacientes-

dia (IRR=1,59; P=0,04). O S. epidermidis foi o agente etiológico mais frequente, respondendo por

38,3% dos episódios de sepse, seguido pelo Staphylococcus aureus (12,5%). Na avaliação por

análise molecular das amostras de 8 casos de ICSh por S. epidermidis, 50,0% foram relacionadas

ao CVC e a contaminação do canhão (68,4%), colonização da pele no sítio de inserção (57,8%), e

mucosas nasal e intestinal (73,6%) dos neonatos foram elevadas. Todos os isolados de S.

epidermidis dos 19 neonatos incluídos no estudo da patogênese foram resistentes a oxacilina, com

63,1% mostrando perfil de multirresistência. Foram encontrados 7 perfis genotípicos distintos de

MRSE, diferenciados por um coeficiente de similaridade de 80,0%, com a presença de um clone

dominante na unidade (clone A), incluindo 77,8% das amostras, sugestivo de transmissão horizontal

através das mãos de profissionais da unidade. Na metade das infecções de corrente sanguínea por S.

epidermidis analisadas por técnica molecular, os resultados foram sugestivos de sua disseminação

através da translocação da mucosa intestinal. A continuidade nessas investigações utilizando

população maior de neonatos é necessária para uma melhor definição da origem de S. epidermidis,

de forma a possibilitar a adoção de medidas mais efetivas na prevenção destas infecções em

neonatos.

Palavras-chave: Neonatos, Infecção de Corrente Sanguíena, “Bundle”

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

15

ABSTRACT

Nocomial bloodstream infections (BSI) are most frequent infection in neonatal intensive care units

(NICU), increasing considerably the length of stay in the unit and hospital costs besides

contributing to poor prognosis, manly in hospitals developing countries settings. The aims of the

study were to assess the impact of a care bundle for managment of Central Venous Catheter (CVC)

to reduce nosocomial bloodstream infection, and to describe the pathogenesis and molecular

epidemiology of infections due to S. epidermidis in a NICU of a Brazilian university hospital. The

study included newborns admitted to the unit of Clinical Hospital of Federal University of

Uberlândia from October / 2010 to August / 2012. Epidemiological surveillance used to follow BSI

was the "National Healthcare Safety Network" (NHSN), and an insertion protocol for insetion and

maintenance of central venous catheter based on Center for Disease Control (CDC) guidelines was

adopted in unit. For the study of the pathogenesis of these infections due to S. epidermidis, cultures

of the skin in the insertion site and CVC hub, as well as the nasal and intestinal mucosa of neonates

were performed from 48 hrs to 14 days using the invasive procedure, or positive hemoculture, and

the tip of the CVC after its withdrawal. The study was approved by the ethics committee in research

of the UFU (protocol 464/10). A total of 112 infants developed BSI (20.3%) totaling 178 episodes

(32.3%), 139 (25.2%) defined as hospital acquired. Incidence rates of BSI during the sudy research

were 16.1 /1000 patient-days and 23.0/1000 CVC-days, but with significant variations during the

investigation period, with increasing rates (59.6 / 1000 patient-days) in January 2011 and 2012

when compared with the rates of other months (16.6/1000 patient-days; IRR 3.59; P <0.001) In

addition, there was also a significant reduction in the rate of these infections during the relocation of

the unit for a provisory site, with rate of 10.3/1000 patient-days vs 26.7 / 1000 patient-days in the

previous monitoring period (IRR= 2.59; P=0.007). The adoption the bundle resulted in significant

reduction of BSI incidence of 23.4/1000 patient-days during the pre-intervention period to 14.7 /

1000 patient-days (IRR = 1.59; P = 0.04). S. epidermidis was the most frequent etiologic agent,

accounting for 38.3% of the episodes of sepsis, followed by Staphylococcus aureus (12.5%). When

analyzed by molecular techniques 8 cases of BSI due S. epidermidis 50,0% were related to CVC.

The contamination of hub (68.4%), and skin at the insertion site colonization (57.8%), and nasal

and intestinal mucoca (73.6%) of neonates was high. All isolates of S. epidermidis of 19 newborns

in the study of the pathogenesis were resistant to oxacillin and 63.1% with multidrug resistance

profile. S distinct genotypic profiles of MRSE were found by a 80.0% similarity coefficient, with

the presence of a dominant clone in the unit (clone A), including 77.8% of the samples, suggesting

horizontal transmission through the hands of unit staff. Half of bloodstream infections by S.

epidermidis analyzed by molecular techniques were indicative as acquired by intestinal

translocation. It is necessary to continue these investigations using a larger population of neonates

for a better definition of the origin of S. epidermidis, to enable adoption of effective measures to

prevent these infection in newborns.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

16

1. INTRODUÇÃO

As infecções hospitalares (IHs) são responsáveis por taxas significativas de morbidade em

Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) (PITTET et al., 2008; POSFAY-BARBE; PITTET,

2008) resultando em hospitalização prolongada e aumento nos custos hospitalares (WEI et al.,

2005). Elas são consideradas um grave problema de saúde pública principalmente em países em

desenvolvimento como o Brasil, devido à maior limitação de recursos humanos e financeiros

(PITTET et al., 2008).

O “Center for Disease Control and Prevention” (CDC) estima que de 5,0 a 10,0% dos pacientes

desenvolvem IHs (YOKOE et al., 2008). Muitos estudos identificam que neonatos são mais

susceptíveis às IHs quando comparados com pacientes adultos (COUTO et al., 2007; ORSI et al.,

2009), em virtude da combinação de dispositivos invasivos e sistema imune imaturo.

A vigilância epidemiológica de IHs representa um dos componentes mais importantes a ser

implementado por serviços de controle de infecção, pois proporciona o monitoramento destas

infecções, os fatores de risco associados e os agentes etiológicos (GASTMEIER et al., 2006). O

sistema adotado nos Estados Unidos denominado “The National Healthcare Safety Network”

(NHSN) desenvolvido pelo CDC é o mais conhecido e utilizado. Ele relaciona as infecções à

dispositivos inseridos (Cateter Venoso central, prótese ventilatória e sonda vesical), uso de

antimicrobianos, procedimentos/infecções e sítio cirúrgico (NHSN, 2008).

Há variações nos indicadores epidemiológicos de IHs entre UTINs em todo o mundo. Um

estudo americano mostrou que 11,4% dos pacientes em UTINs desenvolveram IH, destes, 45,7%

com extremo baixo peso ao nascer (<1000g) (STOVER et al., 2001) enquanto Geffers et al, (2008)

em um estudo realizado na Alemanha, mostraram taxas de IH superiores a 40% em neonatos com

extremo baixo peso.

As Infecções de Corrente Sanguínea (ICSs) são as mais comuns em neonatos (CANTEY;

MILSTONE, 2015), sendo responsáveis por 30

a 50% das IHs em UTINs. No Brasil, as

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

17

informações disponíveis sobre taxas de infecções de corrente sanguínea hospitalares (ICSh) por

pacientes-dia ou dispositivo-dias são limitadas. A incidência destas infecções em estudos realizados

em UTINs brasileiras (BRITO et al., 2010; COUTO et al., 2007; PESSOA-SILVA et al., 2007;

RESENDE et al., 2011) é mais elevada do que as observadas em unidades nos Estados Unidos ou

Europa (DUDECK et al., 2013; PITTET et al., 2008).

A maioria destas infecções está relacionada ao uso de cateteres venosos centrais (ICS-AC). O

CVC está entre um dos recursos mais importantes utilizados no atendimento de excelência ao

neonato crítico. Sua utilização em UTINs é frequente com a finalidade de administração de

nutrientes e medicamentos por longos períodos de tempo, além do acesso direto ao sistema vascular

(PERLMAN; SAIMAN; LARSON, 2007; SERRANO et al. 2007). Entretanto o uso destes

dispositivos também está associado com um risco considerável de infecção, sendo mais alto em

unidades de países em desenvolvimento, com taxa média de 16,1 por 1000 CVC-dias em unidades

localizadas em cinco países em desenvolvimento(SAFDAR; MAKI, 2004). Já em países

desenvolvidos, como os Estados Unidos, a taxa é de 6,6 por 1000 CVC- dias (PITTET et al., 2008).

Em um estudo realizado em sete unidades localizadas em cidades brasileiras, esta taxa chegou a

22,7 por 1000 CVC-dias (PESSOA-SILVA et al., 2007).

O principal patógeno responsável por ICS, independente de ser associado ou relacionado ao

CVC, em países desenvolvidos é o grupo dos Staphylococcus coagulase negativa (SCN), seguido do

S. aureus (AZIZ et al., 2005; BRADY, 2005). Entre os SCN, destaca-se a espécie S. epidermidis,

devido a prevalência deste microrganismo na microbiota da pele e o potencial de formar biofilme.

Este microrgansimo coloniza mucosas, incluindo as do intestino, narina e garganta e podem

translocar destes sítios para a corrente sanguínea (OTTO, 2009, 2012). Como a pele do recém-

nascido é mais fina e não totalmente queratinizada, o SCN pode atravessá-la mais facilmente do que

a maioria dos demais pacientes. Além disso, os prematuros têm permeabilidade intestinal maior que

juntamente com a ausência de flora normal estabelecida, podem levar a translocação deste

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

18

microrganismo do lúmen intestinal para a corrente sanguínea (CHEUNG; OTTO, 2010; DONNELL

et al., 2002).

Além do SCN, outros agentes etiológicos importantes incluindo espécies de Candida e Bacilos

Gram negativos (BGNs) da família Enterobacteriaceae e não fermentadores como Pseudomonas

aeruginosa são prevalentes (BENJAMIN et al., 2010; SMITH et al., 2010; SRIVASTAVA;

SHETTY, 2007). Os fatores de risco envolvidos na aquisição de ICS neonatal incluem fatores

intrínsecos como: prematuridade, fragilidade da pele, baixa idade gestacional, peso inferior a 1000 g

e, extrínsecos como: uso e técnica de inserção de cateter venoso central (CVC) e infusão de

emulsão lipídica quando uso de nutrição parenteral (BARBADORO et al., 2011; GEFFERS et al.,

2008; STOLL et al., 2002; YUMANI; VAN DEN DUNGEN; VAN WEISSENBRUCH, 2013).

Independentemente da fonte dos microrganismos que colonizam os cateteres, vários fatores

podem determinar o desenvolvimento da infecção de corrente sanguínea: a habilidade do patógeno

de produzir biofilme, o diagnóstico da infecção, o tipo do cateter, o material, além do tempo de uso

do cateter intravascular, o procedimento na inserção do dispositivo, a paramentação da equipe, o

sítio de inserção do cateter intravascular, as infusões utilizadas e a frequência de manipulação

(PASCUAL, 2002).

A patogênese das infecções associadas aos CVC é multifatorial e complexa (BRITO et al.,

2014). Os cateteres venosos podem ser colonizados por via hematogênica, a partir de infecções em

outros sítios, nas bacteremias secundárias, translocação da mucosa intestinal ou através da infusão

de fluidos (EGGIMANN; PITTET, 2002; GARLAND et al., 2008). Os dados disponíveis sugerem

que a maioria das infecções resultam da colonização da pele no sítio de inserção (75-90,0%) e do

canhão do cateter (66,0%) e, migração destes microrganismos por vias extralúmen e intralúmen nos

CVCs de curta (≤ 7 dias) e longa duração (> 7 dias), respectivamente (CRUMP; COLLIGNON,

2000). Entretanto, em pacientes com ICS, o fluido infundido contaminado, também pode funcionar

como fonte de colonização da ponta do cateter nas bacteremias primárias (GARLAND et al., 2008).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

19

Para melhor conhecimento da patogênese das ICS-AC é fundamental determinar a similaridade

das linhagens de microrganismos isolados das pontas de cateteres e das hemoculturas, assim como

de outros sítios também importantes, como o canhão e sítio de inserção do CVC, além das mãos dos

profissionais de saúde. Os testes bioquímicos e o perfil de resistência aos antimicrobianos podem

determinar o gênero e a espécie do microrganismo em questão, auxiliando não só no tratamento das

ICS-AC, mas também no diagnóstico dessas infecções. Porém estes testes nem sempre são precisos

e suficientes (MARTÍN-LOZANO et al., 2002).

O uso de técnicas moleculares representa um potencial discriminatório adicional, principalmente

em infecções onde o patógeno pode fazer parte da microbiota normal (SEYBOLD et al., 2009).

Além de possuírem especificidade e sensibilidade mais refinadas, são capazes de estabelecer

relações genéticas entre os isolados obtidos durante a pesquisa da patogênese das ICS-AC

(O’GRADY et al., 2002). O “Pulsed Field Gel Electrophoresis” (PFGE) é considerado o padrão

ouro em estudos epidemiológicos, devido ao seu alto padrão discriminatório (MIRAGAIA et al.,

2002).

Estratégias de prevenção de infecções de corrente sanguínea associadas a CVCs são baseadas no

conhecimento da patogênese dessas infecções e medidas que diminuem o risco de colonização da

pele e do canhão do cateter, têm impacto na redução das taxas das mesmas (CICALINI;

PALMIERI; PETROSILLO, 2004). Nos últimos anos em função de sua maior simplicidade e dos

resultados favoráveis obtidos, a utilização de “bundles” é recomendada para controle e prevenção

de ICS (LEVY et al., 2004; POWERS; WIRTSCHAFTER, 2010). O “bundle” é um grupo de

intervenções que, quando executadas em conjunto, obtem-se melhores resultados, do que quando

implementada uma medida individual (LACHMAN; YUEN, 2009). Devem incluir: higiene mãos,

utilização de precauções com barreiras mais estritas durante a inserção de CVCs, anti-sepsia da pele

com clorexidina, a não utilização do sítio femural e a remoção de CVC desnecessários

(BORGHESI; STRONATI, 2008; PRONOVOST et al., 2010).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

20

Os “bundles” para ICS-AC foram os primeiros a serem descritos na literatura. Pronovost et al,

(2006), mostrou que uma intervenção em 103 UTIs de adultos no estado de Michigan, Estados

Unidos, resultou em uma redução nas taxas de IH de mais de 66%. Costello et al, (2009), em um

estudo retrospectivo em uma UTI pediátrica cardíaca, conseguiu uma redução de 50% nas taxas de

ICS-AC. Em relação a neonatos os dados são bastante limitados, porém há estudos que apontam

redução significativa nestas infecções (JEONG et al., 2013; RESENDE et al., 2011; RESENDE et

al., 2014).

A importância das mãos na transmissão de infecções hospitalares é mundialmente conhecida,

uma vez que elas constituem o modo mais comum de disseminar microrganismos no ambiente

hospitalar (ALLEGRANZI; PITTET, 2009). A lavagem das mãos é a medida mais simples e efetiva

na prevenção e redução do risco de transmissão de microrganismos de um paciente a outro, que

consequentemente contribui com o desenvolvimento de IHs (PITTET, 2001; SILVESTRI et al.,

2005). Embora a lavagem das mãos permaneça como uma das principais medidas de prevenção de

infecções hospitalares, a adesão dos profissionais de saúde é baixa, raramente excedendo 40% na

maioria dos estudos realizados (PESSOA-SILVA et al., 2007) variando entre as diversas unidades

do hospital e as condições de trabalho, principalmente em países onde faltam recursos humanos e

financeiros (BORGES et al., 2012), fato que favorece a transmissão de microrganismos no ambiente

hospitalar.

A redução das taxas de ICS-AC torna-se possível, através da implementação medidas de

prevenção e controle destas infecções. No entanto, a sustentabilidade dos resultados favoráveis

depende da mobilização de todos os profissionais da unidade à adesão destas medidas, a educação

continuada, além da retroalimentação dos dados encontrados na unidade.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

21

2. JUSTIFICATIVA

A UTIN do HC-UFU atende a uma população física e imunologicamente debilitada,

necessitando de cuidados intensivos e uso de diferentes procedimentos invasivos, com destaque

para o CVC, procedimento diretamente relacionado a um maior risco de ICSh.

Existe uma grande experiência da equipe executora na área de IH em neonatologia. Vários

trabalhos foram publicados referindo-se à ICS como principal síndrome infecciosa e CVC como

principal fator de risco (BRITO et al, 2007; BRITO et al., 2010; RESENDE et al., 2011; BRITO et

al., 2014; RESENDE et al, 2015). Atualmente, a freqüência de ICS associadas ao uso de CVC é alta

na UTIN, mesmo após reforma da unidade (VON DOLINGER DE BRITO et al., 2007), desta

forma há a necessidade da implementação de medidas de controle e prevenção destas infecções.

Um estudo recente realizado na unidade (RESENDE et al., 2011) utilizando um pacote de

medidas para controle e prevenção de ICS-AC, mostrou bons resultados na redução das taxas destas

infecções. Porém, tal resultado não se manteve após seu término, provavelmente devido ao fato de

se tratar de um estudo com enfoque educativo de curto prazo envolvendo os profissionais de saúde

da unidade. A nossa proposta atual é baseada em medidas de controle e prevenção de ICS-AC

previamente discutidas e elaboradas pela equipe executora do projeto, juntamente com os

profissionais da unidade, incluindo a chefia, que sejam implementadas como rotina na unidade em

relação aos cuidados com o CVC, não sendo apenas um trabalho educativo.

Os estudos quanto à patogênese das ICS em neonatos são muito limitados. Devido ao fato do

Staphylococcus epidermidis ser o principal agente de ICS-AC na nossa unidade, este grupo de

microrganismo foi priorizado, com investigações no que se refere a sua identificação em espécie,

resistência aos antimicrobianos, e tipagem molecular.

Tendo em vista todos estes importantes aspectos, este trabalho destaca-se por sua finalidade e

abrangência sendo justificável sua execução.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

22

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar o impacto de um pacote de medidas dirigido aos cuidados e manutenção do CVC, na

redução das ICS-AC, bem como a patogênese destas infecções, em uma Unidade de Terapia

Intensiva Neonatal do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar as taxas de incidência das ICS hospitalares em neonatos críticos;

Caracterizar os fatores de risco associados ao desenvolvimento de infecção de corrente

sanguínea.

Comparar as taxas de ICS hospitalares, antes e após a intervenção na unidade;

Verificar o papel potencial da colonização da pele no sítio de inserção do CVC, do canhão,

das pontas do cateter e da mucosa intestinal na patogênese das ICS-AC por S epidermidis;

Analisar a suscetibilidade à oxacilina de S. epidermidis isolados do canhão; ponta do CVC;

da pele no sítio de inserção do CVC e das mucosas nasal e intestinal.

Identificar a presença dos genes da adesina intercelular polissacarídea icaAD nos isolados de

sangue.

Verificar a similaridade clonal entre os isolados de S. epidermidis isolados do canhão; ponta

do CVC; da pele no sítio de inserção do CVC e das mucosas nasal e intestinal

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

23

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. INSTITUIÇÃO

O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) é um hospital de

assistência terciária, de ensino, com 530 leitos. A UTIN compreende 15 leitos e faz parte do

Berçário de Alto Risco da instituição.

4.2. DESENHO DO ESTUDO

O modelo de estudo foi prospectivo quanto à avaliação da adesão dos profissionais de saúde da

unidade aos procedimentos incluídos no “bundle”, visando os cuidados e manutenção do CVC e,

de coorte prospectiva para busca de pacientes em uso de CVC com e sem infecções de corrente

sanguínea associada ao CVC, e caso controle para avaliação dos fatores de risco. O estudo foi

dividido em três etapas, a saber: pré-intervenção (outubro/2010 a janeiro/2012), intervenção

(fevereiro/2012) e pós-intervenção (março/2012 a agosto/2012), além do estudo da patogênese

(janeiro a agosto 2011).

A vigilância epidemiológica foi realizada pelo sistema NHSN para avaliação da ocorrência de

ICSh em neonatos críticos, no período de outubro/2010 a agosto/2012. Os neonatos foram

monitorados diariamente, com o preenchimento de uma ficha individual com dados pessoais,

demográficos, fatores de risco e diagnósticos clínicos (ANEXO I), sendo incluídos apenas aqueles

com autorização dos respectivos responsáveis através de termo de consentimento livre e esclarecido

(APÊNDICE I).

4.3. DEFINIÇÕES:

“Bundle”: pacote de medidas com potencial no controle das infecções hospitalares que,

quando executadas em conjunto, resultam em melhores resultados, do que quando implementada

uma medida individual (LACHMAN; YUEN, 2009).

.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

24

Infecção de corrente sangüínea hospitalar: uma ou mais hemoculturas apresentando o

mesmo microrganismo, após 48-72 horas de vida, e suspeita clínica de infecção (NHSN, 2008).

Infecção sanguínea primária: bacteremia ou candidemia sem documentação de infecção

em sítio conhecido (EGGIMANN et al., 2004).

Infecção de corrente sanguínea associada ao cateter: bacteremia com critério

microbiológico, com cultura de sangue periférico, manifestações clínicas de sepse, mas sem a

realização ou confirmação laboratorial da colonização da ponta do CVC (ONCÜ et al., 2003).

Infecção relacionada ao cateter definida: bacteremia primária com cultura de sangue

periférico positiva para o mesmo organismo encontrado no canhão ou na ponta do cateter

(GARLAND et al., 2008).

Sistema NHSN: sistema de vigilância epidemológico proposto pelo “Centers for Disease

Control and Prevention” com a participação de 300 hospitais gerando um banco de dados de

infecção hospitalar nacional nos Estados Unidos.

Infecção de corrente sanguínea /1000 pacientes-dia: número total de infecção de corrente

sanguíena / número pacientes-dia x 1000.

Infecção de corrente sanguínea /1000 CVC-dia: número total de infecção de corrente

sanguíena / número CVC-dia x 1000.

4.4. PRÉ-INTERVENÇÃO

Foi realizado entre os meses de outubro/2010 e janeiro/2012, através de vigilância

epidemiológica pelo sistema NHSN, com busca de ICS-AC.

4.5. INTERVENÇÃO

O pacote de medidas para controle e prevenção das ICSh foi discutido e elaborado pela equipe

executora do projeto, juntamente com profissionais da unidade, dentre eles a médica responsável

pela unidade, e incluiu os procedimentos para inserção, cuidados e manutenção do CVC, adaptados

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

25

do “guideline” do “Centers for Disease Control and Prevention” (O’GRADY et al., 2011) listados

abaixo:

Evitar a contaminação e colonização do CVC enfatizando a importância da higiene

adequada das mãos e técnica asséptica durante a inserção e manipulação do CVC, utilizando

precauções com barreira máxima envolvendo campo estéril longo, uso de avental e luvas estéreis,

além de máscara e gorro;

Preparar a pele antes da inserção do CVC usando clorexidina como antisséptico antes do

acesso vascular;

Substituir dos equipos a cada 48/72 hs e 24h quando da infusão de lipídios;

Realizar o curativo, incluindo o uso de gaze estéril nas primeiras 24h, e após o curativo

oclusivo transparente permeável para cobrir o sítio de inserção do CVC, com troca apenas quando

apresentar-se frouxo ou sujo, ou quando houver perda do acesso venoso;

Remoção do CVC quando não for mais necessário.

O período de intervenção foi dividido em duas etapas: higiene das mãos e cuidados e

manutenção do CVC. Nestas oportunidades houve a retroalimentação dos profissionais com os

indicadores epidemiológicos das ICSh da unidade. A intervenção foi realizada em fevereiro/2012,

com reuniões semanais, com a duração de 30 minutos, nos períodos matutino, vespertino e noturno.

Adicionalmente, cartazes coloridos em tamanho A3 foram afixados em áreas estratégicas da

UTI, com ênfase na importância da higiene das mãos, além de cuidados e manutenção do CVC no

controle de infecções de corrente sanguínea associadas ao CVC. Estes foram trocados

semanalmente.

4.6. PÓS-INTERVENÇÃO

A vigilância epidemiológica de ICSh foi continuada no período de março a agosto de 2012, e um

“check list” foi elaborado para monitorar a adesão dos profissionais aos procedimentos incluídos no

“bundle”. (APÊNDICE II).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

26

4.7. ESTUDO DA PATOGÊNESE

No estudo da patogênese foram incluídos 94 neonatos, escolhidos aleatoriamente, e em uso de

CVC. Foram coletadas amostras dos sítios listados abaixo antes da positivação da cultura de sangue.

4.8. TÉCNICAS MICROBIOLÓGICAS

A coleta de material para a realização das culturas microbiológicas para o estudo da patogênese

foi realizada a partir dos seguintes sítios:

4.8.1. Pele No Sítio De Inserção do CVC

Foram realizadas coletas com 48h, no sétimo e após quatorze dias da inserção do dispositivo, ou

até positivação da hemocultura, com utilização de um campo fenestrado delimitando uma área de

20 cm2

através de um swab pré-umedecido em salina, e posteriormente colocado em um tubo

contendo 1mL de salina estéril. Os tubos foram agitado em vortex 0,1mL da suspensão resultante

foi inoculado em placas de Ágar Sangue e Manitol Salgado, seguindo-se incubação à 37ºC por 24h.

As culturas foram consideradas como positivas quando de um crescimento de ≥ 200 UFC/ 20 cm2

de camada córnea (MAKI; RINGER; ALVARADO, 1991).

4.8.2. Canhão Do Cateter

Foram realizadas coletas com 48h, no sétimo e após quatorze dias da inserção do dispositivo, ou

até positivação da hemocultura, com uso de um swab, colocado em um tubo contendo 1mL salina

estéril. No laboratório, o tubo foi agitado em vortex e, cerca de 0,1mL do líquido, inoculado em

placas de Ágar Sangue e Manitol Salgado incubadas a 37ºC por 24h.

4.8.3. Mucosa Nasal E Intestinal

Foram realizadas coletas com 48h, no sétimo e após quatorze dias da inserção do dispositivo, ou

até positivação da hemocultura Foram coletados material na narina e na região perianal com auxílio

de swab estéril e transportados rapidamente para o Laboratório de Microbiologia em tubos

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

27

contendo 1,0 ml de solução salina estéril. O tubo foi agitado em vortex e um inóculo de 0,1 mL

semeado em placas de Agar Manitol Salgado e “Trypticase Soy Agar” (TSA), seguindo-se

incubação a 37°C por 48 horas.

4.8.4. Ponta do CVC

O cateter foi removido em condições assépticas, sua ponta foi cortada com tesoura estéril e

transportada para o laboratório de microbiologia em tubo estéril. As culturas foram realizadas

através das seguintes técnicas:

a) Semi-Quantitativa “Roll-Plate” (Maki)

Um segmento de 5cm da ponta do cateter foi utilizado para o cultivo em Ágar Sangue e Manitol

Salgado, através da sua rolagem por quatro a cinco vezes sobre a superfície das placas, seguindo-se

incubação à 35°C por 48h. O crescimento de ≥ 15 colônias foi indicativo de colonização/infecção e

considerada como uma cultura semi-quantitativa positiva (MAKI; WEISE; SARAFIN, 1977).

b) Técnica do “Vortexing”

As culturas das pontas de cateter foram realizadas quantitativamente (BRUN-BUISSON et al.,

1987), com modificações: um segmento de aproximadamente 5cm da ponta de cateter foi colocado

em um tubo contendo 10mL de solução salina fosfatada tamponada (PBS) acrescido de 0,1% de

Tween 80 e agitado em vortex por 1 minuto. Uma alíquota de 0,1mL da suspensão resultante foi

semeada em placa de Ágar Sangue seguindo incubação à 35°C por 48 horas. A cultura foi

considerada positiva quando o crescimento foi ≥ 103 UFC/mL.

4.8.5. Hemoculturas

O agente etiológo das hemoculturas positiva foi identificado no laboratório de Hospital de

Clínicas pelo sistema automatizado Vitek 2®

(Biomérieux, França).

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

28

4.8.6. Estocagem das Amostras

As culturas provenientes dos diversos sítios descritos anteriormente foram estocadas em tubos

contendo o meio “Brain Heart Infusion” (BHI) acrescido de glicerol 20%, e mantidos no freezer a -

20°C até a realização dos testes fenotípicos e genotípicos.

4.8.7. Caracterização do Gênero Staphylococcus

As amostras foram coradas pelo método de Gram, objetivando-se a observação das

características morfotinturiais. Após a confirmação dessas características, elas foram submetidas

aos testes de catalase, coagulase, óxido-fermentação da glicose e suscetibilidade à bacitracina,

realizados segundo Bannerman (2003) e MacFaddin (1976).

a) Presença da Enzima Catalase

Foi verificada em lâmina de microscopia pela mistura da suspensão bacteriana com solução de

peróxido de hidrogênio a 3%. A formação de bolhas foi indicativo da presença da enzima. As

amostras padrão S. epidermidis ATCC-12228 (American Type Culture Collection) e Enterococcus

faecalis ATCC -29212 foram utilizadas como controles positivo e negativo, respectivamente.

b) Óxido-Fermentação da Glicose

O metabolismo fermentativo ou oxidativo foi verificado em meio OF acrescido de 1% de

glicose. A amostra foi sub-cultivada em dois tubos contendo o meio de OF, sendo um deles coberto

com uma camada de óleo mineral. Em seguida, os tubos foram incubados por 48 hs à 370C, e a

mudança de cor, quando presente em ambos foi indicativa de metabolismo fermentativo, enquanto

a observação de alteração de cor apenas no tubo sem o óleo de metabolismo oxidativo. As amostras

controle utilizadas foram as de Staphylococcus aureus ATCC-25923 (fermentador) e P. aeruginosa

ATCC-25853 (oxidativo).

c) Suscetibilidade à Bacitracina

O inóculo foi feito a partir de uma suspensão bacteriana em salina estéril padronizada segundo a

turvação correspondente ao tubo 0,5 da escala McFarland (108 UFC/mL). Foi semeada com

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

29

auxílio de swab em Ágar Mueller-Hinton e incubada a 370C por 24h, após a aplicação de um disco

contendo 0,04U de bacitracina na superfície do meio. As amostras que apresentaram halos de

inibição menores ou iguais a 10mm foram consideradas resistentes a bacitracina, utilizando-se

como controle positivo (bacitracina resistente) uma amostra de Staphylococcus sp. e como controle

negativo Micrococcus luteus ATCC 10240.

d) Coagulase Ligada (Fator “Clumping”)

Foi realizado sobre uma lâmina de microscopia pela adição de uma gota de plasma de coelho e

outra de uma suspensão bacteriana preparada em salina. O controle do teste foi realizado utilizando-

se apenas a suspensão bacteriana. A leitura do teste foi feita após 60 segundos pela visualização da

formação de grumos. A amostra padrão utilizada como controle positivo foi S. aureus ATCC 25923

e a de S. epidermidis ATCC 12228 como controle negativo.

e) Coagulase Livre

A partir de colônias isoladas em Agar sangue, uma alça microbiológica contendo a cultura foi

transferida para tubo com plasma de coelho diluído 1:4 (v:v) em solução salina. A leitura foi feita

após 4 hs. e a confirmação do resultado negativo realizada em 24 h, após a incubação à 37ºC em

estufa. As amostras padrão de Staphylococcus aureus ATCC 25923 e S. epidermidis ATCC 12228

foram utilizadas como controles positivo e negativo, respectivamente.

4.8.8. Identificação Das Espécies De Staphylococcus Coagulase-Negativa e Outros Cocos Gram

Positivos

As amostras de SCN e outros cocos Gra-positivos isolados foram identificadas quanto á espécie

no Laboratório de Microbiologia do HC-UFU pelo sistema automatizado Vitek 2®

(Biomérieux,

França).

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

30

4.9. TESTE DE SUSCETIBILIDADE Á OXACILINA

As amostras foram subcultivadas em “Trypticase Soy Agar” (TSA) pela técnica de esgotamento

e incubadas à 37oC por 24 horas. Em seguida, cerca de 3 a 5 colônias foram semeadas em tubos

contendo 3mL de caldo BHI, incubando-se à 37oC. A suspensão resultante foi padronizada quanto a

turvação segundo a escala 0,5 de MacFarland, que corresponde a uma concentração de

aproximadamente 1,2x108 UFC/mL, e, com o auxílio de um swab estéril semeou-se em placas de

Agar Mueller-Hinton acrescida de 6µg de oxacilina, segundo a metodologia do “Clinical and

Laboratory Standards Institute” - CLSI (2010). As leituras foram realizadas após a incubação a

37oC, por 18h.

4.10. TÉCNICAS MOLECULARES

4.10.1. EXTRAÇÃO DO DNA GENÔMICO

As amostras de S. epidermidis foram cultivadas em ágar BHI a 37°C por 24h. Colônias

bacterianas isoladas de cada amostra foram ressuspendidas em 1mL de tampão Tris-EDTA 1x (TE,

10 mM Tris HCl, 1 mM EDTA [pH 8,0]) e centrifugadas por 2 minutos a 12000xg. O “pellet”

bacteriano foi ressuspendido novamente em 1mL de tampão TE e centrifugadas por 2 minutos a

12000xg e posteriormente ressuspendido em 1mL de tampão TE e fervidos 10 minutos em

termobloco. Os tubos foram novamente centrifugados por 2 minutos a 12000xg e 500µL do

sobrenadante foi recuperado. O DNA extraído foi quantificado por espectrofotometria (Nanodrop®

).

4.10.2. DETECÇÃO DOS GENES ICAAD ASSOCIADOS A FORMAÇÃO DE BIOFILME

A detecção dos genes associados com a produção de biofilme em S. epidermidis foi realizada

para os gene icaAD (ARCIOLA; BALDASSARRI; MONTANARO, 2001). A reação foi preparada

para um volume final de 25µL utilizando os seguintes reagentes: 10 ng de DNA bacteriano Mix de

dNTP a 0,2mM, RED Taq® DNA Polimerase (Sigma-Aldrich, Estados Unidos) com MgCl2 a

0,05U/µL, tampão da Taq 1X e 0,5µM de cada primer e água ultrapura estéril para completar o

volume total da reação. As condições de amplificação tanto para icaA e icaD foram as seguintes:

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

31

desnaturação inicial a 94°C durante 5 minutos, seguidos de 50 ciclos com desnaturação a 94° C por

30s, anelamento a 55,5°C por 30 segundos, extensão a 72° C por 30s, e extensão finala 72°C por 1

minuto, após a conclusão dos 50 ciclos. Após os primeiros 30 ciclos, mais 0,05U de RED Taq®

DNA Polimerase foi adicionada. A sequência dos primers utilizados e o tamanho do produto

amplificado de cada gene estão descritas na Tabela 1. A eletroforese foi realizada a 100V por

aproximadamente 60 minutos em agarose 1,5% preparada em Tris-borato-EDTA (TBE) 0,5X. Após

eletroforese, o gel foi corado com SYBR® Safe (Invitrogen, Brasil) e então fotografado utilizando o

sistema de fotodocumentação L-Pix EX (Loccus Biotecnologia, Brasil). O Staphylococcus

epidermidis ATCC 35984 PCR foi utilizado como controle positivo para o ensaio.

Tabela 1: Sequência dos primers, e tamanho do produto amplificado nas reações de PCR para

identificação dos genes icaAD associados a formação de biofilme em S. epidermidis

Gene alvo Primer Sequências (5'-3') Produto Amplificado

(pares de base)

icaA

icaAF

icaAR

TCTCTTGCAGGAGCAATCAA

TCAGGCACTAACATCCAGCA

188

icaD

icaDF

icaDR

ATGGTCAAGCCCAGACAGAG

CGTGTTTTCAACATTTAATGCAA

198

F: “Foward”; R: “Reverse”

4.10.3. TIPAGEM MOLECULAR POR PFGE “PULSED FIELD GEL ELETROPHORESIS”

O protocolo experimental utilizado nesse estudo para tipagem molecular pela técnica de PFGE

foi formulado a partir das metodologias propostas por Goering (2010) e McDougal et al. (2003).

Uma única colônia de cada amostra teste de S. epidermidis foi inoculada em 3mL de caldo TSB e

incubada overnight (16-18 horas) a 37ºC, sob agitação vigorosa a 200rpm. Após o período de

incubação, a medida da densidade óptica (OD) da suspensão bacteriana resultante foi ajustada para

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

32

0,9 - 1,10 (OD640nm). Uma alíquota de 200 μL da suspensão celular foi transferida para um tubo

eppendorf, centrifugada a 12.000xg, 4ºC por 2 minutos e o sobrenadante completamente descartado.

O precipitado foi gentilmente ressuspendido em 200μL do tampão de lise - EC (6mM Tris HCl,

1M NaCl, 100 mM EDTA, Brij 58 0,5%, deoxicolato de sódio 0,2%, lauril sarcosinato de sódio

0,5%). Imediatamente, 200 μL de Agarose low melting point (Ludwig Biotecnologia, Brasil) 2%

(p/v) preparada em tampão EC e previamente equilibrada a 55ºC foram adicionadas a suspensão

celular, seguido por 30 μL de lisostafina (solução estoque a 1mg/mLem 20 mM de tampão acetato

de sódio [pH 4,5], Sigma Aldrich, Estados Unidos). A solução foi rapidamente homogeneizada,

dispensada em moldes e mantida à temperatura ambiente por aproximadamente 15 minutos até a

solidificação.

Os blocos de Agarose foram removidos e transferidos para tubos contendo 10mL de tampão EC

e incubados a 37º C, sob leve agitação (50rpm), durante 1h. Após a incubação, o tampão EC foi

substituído por tampão Tris-EDTA (TE, 10mM Tris HCl, 1mM EDTA [pH 8,0]) e os tubos

novamente incubados a 55ºC, sob agitação a 50rpm por 1h. O TE foi então descartado, substituído

por uma nova solução do tampão e os tubos incubados overnight, a 37ºC, sob agitação a 50rpm. A

etapa de lavagem se repetiu por pelo menos mais 2 vezes, a 37ºC, sob agitação a 50rpm durante h

cada. Os blocos foram então estocados a 4ºC, em tampão TE, até a digestão enzimática.

Para digestão do DNA, uma pequena parte do bloco de Agarose (~2 mm) foi incubada em 4 μL

da solução tampão da enzima SmaI 1X (Sigma-Aldrich, Estados Unidos) e mantida a 25º C por 4h.

Essa solução foi desprezada, e uma nova solução acrescida de 30U da enzima de restrição SmaI foi

adicionada em cada tubo. A reação foi incubada a 25º C por 10h.

A eletroforese foi realizada em gel de Agarose 1% (Agarose Campo Pulsado, Agargen, Brasil)

preparado em TBE 0,5X. Os blocos de Agarose já digeridos foram dispostos no pente e o peso

molecular (Lambda Ladder PFG Marker, New England Biolabs) carregado diretamente nos poços

somente após a solidificação do gel. A corrida eletroforética foi realizada no aparelho CHEF

DR®

III (BioRad, Estados Unidos), utilizando-se a solução tamponante TBE 0,5X, nas seguintes

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

33

condições: pulso inicial de 5 segundos e final de 40 segundos, ângulo de 120º, 200 V (6V/cm), a

temperatura de 12º C durante 21 horas. Após a eletroforese, o gel foi corado com brometo de etídio

1µg/mL sob leve agitação por 45 minutos, e descorado em água destilada pelo mesmo período de

tempo.

O perfil eletroforético de macrorrestrição foi analisado utilizando o software GelCompar II

versão 6.6 (Applied Maths, Bélgica). A similaridade genética dos isolados foi determinada pelo

índice de similaridade de Dice e o dendrograma foi construído segundo o método UPGMA

(Unweighted Pair Group Method with Arithmetic Averages). Isolados com similaridade genética

superior a 80% foram considerados do mesmo perfil clonal, os parâmetros de tolerância e

otimização foram de 1,25 e 0,5%, respectivamente.

4.11. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise estatística dos fatores de risco para desenvolvimento de ICSh foi realizada utilizando-se o

variáveis com o n menor ou igual a 5. Os números de pacientes que apresentavam determinado fator

de risco foram comparados individualmente contra uma variável resposta (análise univariada)

através de tabelas de contingência do tipo dois por dois (2 x 2). Para comparação das taxas de ICSh

nos meses de janeiro foram avaliadas as taxas destes meses específicos com os outros meses do

período de estudo, excluindo período de relocação. As taxas de incidência de ICSh no período de

relocação foram calculados também para três períodos: meses anteriores (outubro de 2010 a março

de 2011), relocação (abril de 2011 a outubro de 2011) e meses posteriores (março-agosto de 2012).

As taxas de incidência de ICSh no período de intervenção foi calculada no período pré intervenção

(outubro de 2010 a janeiro de 2012) e pós-intervenção (fevereiro 2012 a agosto de 2012), também

excluindo período de relocação. Foi calculado o “incidence rate ratio” (IRR) para cada evento. O

gráfico para a avaliação da curva endêmica de ICSh por 1000 pacientes-dia e 1000 CVC-dia foi

calculado baseado na distribuição probabilística de Poisson segundo Arantes et al., (2003). O

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

34

Software utilizado para estes testes foi o GraphPad Prism, versão 4.0 (San Diego, Estados Unidos).

Para a análise multivariada foiutilizado o modelo de regressão logística (análise multivariada)

através do programa BioStat versão 5.0 (Belém, Brasil). A significância estatística foi definida por

um valor de P ≤ 0,05.

4.12. COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HC-UFU sob análise final nº para

033/11 e protocolo registro CEP/UFU 464/10 (Anexo II).

5. RESULTADOS

No total, 551 recém-nascidos foram internados na UTIN durante o período de outubro/2010 a

agosto/ 2012. 112 recém-nascidos desenvolveram ICS (20,3%) totalizando 178/551 episódios

(32,3%), com 139/551 (25,2%) definidas como de origem hospitalar, e apenas 39/551 (6,8%) como

sepse de origem materna. Nas de origem hospitalar, 76,9% dos episódios tiveram hemocultura

positiva (Tabela 2). Setenta e oito (69,6%) crianças tiveram um único episódio de sepse e trinta e

quatro (38,3%) crianças tiveram dois ou mais episódios. Das ICSh, 53,0% ocorreram em crianças

com baixo peso ao nascer (<1500g). A taxa de incidência global de ICSh no estudo foi de 16,1/1000

pacientes-dia e 23,0/1000 CVC-dia. O tempo médio de permanência foi de 18,8 dias e a taxa de

densidade de utilização do CVC foi de 0,7 (Tabela 2).

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

35

Tabela 2. Indicadores epidemiológicos de infecções de corrente sanguínea na unidade de terapia

intensiva neonatal do HC-UFU, no período de outubro/2010 a agosto/2012

Indicadores epidemiológicos N (%)

Infecção de corrente sanguínea 178 (32,3)

Materna 39 (6,8)

Critério Clínico 36 (92,3)

Critério Microbiológico 3 (7,6)

Hospitalar 139 (25,2)

Critério Clínico 32 (23,2)

Critério Microbiológico 107 (76,9)

Infecção de corrente sanguínea /1000 pacientes-dia 16,1

Infecção de corrente sanguínea /1000 CVC-dia 23,0

Tempo médio de permanência (dias) 18,8

Densidade de utilização 0,7

* CVC: Cateter venoso central

As características gerais dos pacientes e os resultados da análise univariada e multivariada

dos fatores de risco potenciais para o desenvolvimento de ICSh são apresentadas na tabela 3. Pela

análise univariada, a idade gestacional <37 semanas (P = 0,01), peso ao nascer <1500 g (P= 0,001),

o uso de CVC (P<0,001), nutrição parenteral (P<0,001) e ventilação mecânica (P<0,001) foram

apontados como fatores de risco significantes. Os seguintes fatores de risco permaneceram

independentemente associados com ICSh: o uso de CVC (P <0,001), tempo de permanência maior

que 7 dias (P<0,001) e ventilação mecânica (P <0,001) pela análise multivariada (Tabela 3). .

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

36

Tabela 3. Fatores de risco e características gerais de pacientes com e sem infecção de corrente sanguínea hospitalar internados na unidade de terapia

intensiva neonatal do HC-UFU, no período de outubro/2010 a agosto/2012.

Total

N=551

(%)

Neonatos Análise Univariada Análise Multivariada

Com ICSh

112 (20,3%)

Sem ICSh

430 (79,6%)

P OR (95%CI) P OR (95%CI)

Características

Idade Gestational < 37 semanas 366 (67,5) 86 (76,7) 280 (65,1) 0,01 1,77 (1,07-2,95) 0,04 1,83 (1,03-3,26)

Peso ao nascer < 1500 g 173 (31,9) 60 (53,5) 113 (26,2) <0,001 3,24 (2,06-5,09) 0,01 2,70 (1,16-3,74)

Apgar em 5 min <5 14 (2,5) 2 (1,7) 12 (2,7) 0,74 0,69 (0,10-2,50) - -

SNAPPE II

0-10 192 (35,4) 28 (25,0) 164 (38,1) 0,01 0,54 (0,33-0,88) - -

11-20 119 (21,9) 20 (17,8) 99 (23,0) 0,29 0,73 (0,41-1,27) - -

21-30 65 (11,9) 22 (19,6) 43 (10,0) 0,008 2,20 (1,21- 4,00) - -

31-40 41 (7,5) 11 (9,8) 30 (6,9) 0,41 1,45 (0,66-3,14) - -

>40 72 (13,2) 21 (18,7) 51 (11,8) 0,07 1,71 (0,95-3,09) - -

Cateter Venoso Central 359 (66,2) 106 (94,6) 253 (58,8) <0,001 12,36 (5,10-31,93) <0,001 5,10 (2,32-11,26)

Nutrição Parenteral 223 (41,1) 77 (68,7) 146 (33,9) <0,001 4,28 (2,68-6,86) - -

Ventilação Mecânica 242 (44,6) 76 (67,8) 166 (38,6) <0,001 3,36 (2,11-5,35) <0,001 2,72 (1,65-2,42)

Tempo de Permanência> 7 dias 308 (56,8) 90 (80,3) 218 (50,6) <0,001 3,38 (2,35-6,80) <0,001 3.13 (1,85-5,31)

ICSh: Infecção de corrente sanguínea hospitalar; OR: “Odds ratio”.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

37

No estudo, foi verificado que 66,3% (71/107) das ICSh com critério microbiológico foram

causadas por cocos Gram-positivos, 25,2% (27/107) por bacilos Gram-negativos e 8,4% (9/107) por

espécies de Candida. O S. epidermidis foi o agente etiológico mais frequentemente isolado,

correspondendo a 38,3% dos episódios, seguido pelo S. aureus (13,0%). Entre os bacilos Gram

negativos, K. pneumoniae foi a espécie mais frequente (8,4%) (Tabela 4).

Tabela 4. Microrganismos isolados de infecções de corrente sanguínea de origem hospitalar com

critério microbiológico em pacientes internados na unidade de terapia intensiva neonatal do HC-

UFU, no período de outubro/2010 a agosto de 2012.

ICSh: Infecção de corrente sanguínea hospitalar; SCN: Staphylococcus coagulase negativa; CGP:Cocos gram postivos;

BGN: Bacilo gram negativo. *Outros SCN: S. haemolyticus N=3(2,8%); S. capitis N=3 9(2,8%); S. lugdunensis N=1

(0,9%). **Outros CGP:não identificada a espécie; ***Outos BGN: não identificada a espécie.

Microrganismos Episódios de ICSh

N =107 (%)

Staphylococcus epidermidis 41(38,3)

Outros SCN* 7 (6,5)

Staphylococcus aureus 14 (13,0)

Enterococcus faecalis 6 (5,6)

Ourtos CGP** 3 (2,8)

Escherichia coli 8 (7,4)

Enterobacter cloacae 1 (0,9)

Klebsiella pneumoniae 9 (8,4)

Citrobacter Koseri 2 (1,8)

Serratia marscecens 2 (1,8)

Stenotrophomonas maltophylia 1(0,9)

Acinetobacter baumannii 2 (1,8)

Pseudomonas aeruginosa 1 (0,9)

Outros BGN*** 1 (0,9)

Candida spp. 9 (8,4)

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

38

As taxas mensais de incidência de ICSh/1000 pacientes-dia revelaram variações importantes

durante o período de estudo (Figura1), sendo significantemente maiores (59,6/1000 pacientes-dia)

nos meses de janeiro de 2011 e 2012 quando comparadas com as taxas dos outros meses estudados

(16,6/1000 pacientes-dia) de acordo com a análise do IRR (IRR=3,59; P<0,001). Foi verificada

também uma redução significativa nas taxas destas infecções no período de relocação da Unidade

para uma unidade provisória quando comparada com as taxas dos meses anteriores: 10,3/1000

pacientes-dia e 26,7/1000 pacientes-dia, respectivamente (IRR=2,59; P=0,007) (Tabela 5).

Adicionalmente, após o início da adoção do pacote de medidas preventivas criado no estudo,

foi observada uma redução significativa nas taxas de incidência de ICSh de 23,4/1000 pacientes-dia

para 14,7/1000 pacientes-dia, verificadas nos períodos de pré-intervenção e pós-intervenção,

respectivamente (IRR=1.59; P=0.04) (Tabela 5). Não foi verificada quebra nas barreiras de

precaução e as medidas foram seguidas conforme o estabelecido no protocolo. Estes dados foram

verificados a partir do preenchimento de um “check list” utilizado no mês de março.

Merece registro que não houve diferença significativa nas características: idade gestacional,

SNAPPE-II, número de neonatos internados com baixo peso e APGAR<5 em 5 minutos entre estes

períodos, descartando a possibilidade de variáveis que pudessem ter impacto na taxa de infecção da

unidade.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

39

Figura 1. Curva endêmica de infecções de corrente sanguínea de origem hospitalar em neonatos internados na unidade de terapia intensiva neonatal

do HC-UFU, no período de outubro/2010 a agosto/2012.

Relocação Intervenção

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

40

Tabela 5. Comparação das taxas de incidência de ICSh/1000 pacientes-dia durante os meses de janeiro, relocação da unidade e intervenção.

Eventos Taxa de incidência IRR P (95%CI)

Meses de Janeiro Outros meses

- TI ( Meses de Janeiro )/ TI ( Outros meses)

<0,001 (1,85-6,60) Meses de janeiro 59,6 16,6 - 3,59

Meses anteriores

Relocação

Meses posteriores

TI( Meses anteriores)/ TI( Relocação)

0,007 (1,20-3,66) Relocação 26,7 10,3 16,7 2,59

Pré-intervenção

Pós intervenção

- TI ( Pré-intervenção )/ TI ( Pós intervenção)

0,04 (1,01-2,69) Intervenção 23,4 14,7 - 1,59

TI: taxa de incidência; IRR: “Incidence rate ratio”

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

41

Durante os meses de janeiro a agosto de 2011, foi realizada coleta de amostras do sítio de

inserção, canhão e ponta do CVC, além das mucosas intestinal e nasal para determinação da

patogênese de ICS-AC em um grupo de 94 pacientes selecionados aleatoriamente. Os

microrganismos isolados destes sítios estão detalhados na Tabela 6. Neste grupo foram

identificadas 19 (20,2%) neonatos com bacteremia primária por S. epidermidis, sendo que 84,2%

utilizavam o PICC, mantido por tempo superior a 7 dias. Apenas 3 pacientes (15,8 %) tiveram o

cateter por tempo menor que 7 dias, sendo um do tipo umbilical, uma flebotomia e apenas 1 PICC.

A maioria dos neonatos era de baixo peso (68,4%) e faziam uso de nutrição parenteral (78,9%)

(Tabela 6).

.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

42

Tabela 6. Microrganismos isolados de neonatos incluídos no estudo da patogênese de infecção de corrente sanguínea por S. epidermidis.

Paciente

Infectado

Sítios de Isolamento

Duração Tipo de CVC Sangue

Periférico

Ponta Canhão Sítio de

inserção

Intestinal Narina

1 S. epidermidis - S. epidermidis - S. epidermidis S. epidermidis 9 PICC

13 S. epidermidis - S. epidermidis S. capitis S. epidermidis S. warneri 6 Flebotomia

15 S. epidermidis - S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis - 1 PICC

20 S. epidermidis S. epidermidis - S. epidermidis S. lugdunensis S. epidermidis 16 PICC

22 S. epidermidis S. epidermidis S. capitis S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis 12 PICC

26 S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis NR S. epidermidis S. epidermidis 48 PICC

29 S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis - S. epidermidis 17 PICC

37 S. epidermidis - S. epidermidis S. epidermidis S. haemolyticus S. epidermidis 19 PICC

45 S. epidermidis NR S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis 17 PICC

47 S. epidermidis - S. epidermidis S. epidermidis NR NR 24 PICC

49 S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis S. capitis 27 PICC

51 S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis 9 PICC

52 S. epidermidis - S. haemolyticus S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis 5 Umbilical

57 S. epidermidis S. epidermidis S. aureus S. capitis S. epidermidis S. epidermidis 11 PICC

62 S. epidermidis NR S. epidermidis NR S. epidermidis S. epidermidis 15 PICC

69 S. epidermidis - NR NR S. epidermidis S. epidermidis 15 PICC

75 S. epidermidis - S. epidermidis E. faecium - E. faecalis 34 PICC

82 S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis 10 PICC

86 S. epidermidis S. epidermidis S. epidermidis - S. epidermidis S. epidermidis 7 Umbilical

CVC: Cateter venoso central; PICC: Cateter central de inserção periférica. NR: Não realizada.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

43

Dos 19 pacientes que apresentaram S. epidermidis no sangue, a maioria apresentou a mesma

espécie em todos os outros sítios avaliados. A taxa de colonização/contaminação dos sítios

incluídos na patogênese está descritas na Tabela 7. 47,3% dos pacientes com ICSh tiveram a ponta

do CVC contaminada pelo S. epidermidis. Taxas superiores a 50,0% foram observadas para

contaminação do canhão (68,4%), colonização da pele no sítio de inserção (57,8%), e nas mucosas

nasal e intestinal (73,6%). Em 3 pacientes, o canhão apresentou outros microrganismos que não o S.

epidermidis (15,7%). A pele no sítio de inserção foi colonizada por outros microrganismo também

em 3 neonatos (15,7%), e 5 pacientes (26,3%) tiveram as mucosas nasal e intestinal colonizada por

outros microrganismos.

Tabela 7. Colonização da ponta, canhão, sítio de inserção e mucosas nasal e intestinal isoladas de

19 de neonatos com hemocultura positiva incluídos no estudo da patogênese de S. epidermidis.

Microrganismo Ponta

N (%)

Canhão

N (%)

Sítio de Inserção

N (%)

Intestino

N (%)

Narina

N (%)

Total

S. epidermidis 9 (47,3) 13 (67,4) 11 (57,8) 14 (73,6) 14 (73,6) 61

S. capitis - 1 (5,2) 2 (10,4) - 1 (5,2) 4

S. haemolyticus - 1 (5,2) - 1 (5,2) - 2

S. lugdunensis - - - 1 (5,2) - 1

S. aureus - 1 (5,2) - - - 1

S. warneri - - - - 1 (5,2) 1

E. facecalis - - - - 1 (5,2) 1

E. faecium - - 1 (5,2) - - 1

O perfil de resistência das amostras de S. epidermidis isoladas de sangue dos 19 neonatos

incluídos no estudo da patogênese mostrou que 63,1% dos isolados apresentaram perfil de

multirresistência, com 89,4% resistentes a gentamicina, 57,8% resistentes a clindamicina e a

eritromicina, e 15,7% resistentes a ciprofloxcina e sulfazotrim. Todos os isolados de S. epidermidis

pertenciam ao fenótipo MRSE. 80,0% dos isolados de sangue apresentaram o gene icaAD.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

44

A similaridade genética entre as amostras recuperadas dos diferentes sítios avaliados para o

estudo da patogênese foi realizada pela técnica de PFGE, e em função do custo, foram incluídos 32

isolados de S. epidermidis. Não foi possível determinar o perfil de macrorestrição para 5 isolados,

devido a degradação do DNA. Os resultados obtidos gerando o dendograma de similaridade

genética está apresentado na Figura 2. No total, foram encontrados 7 perfis genotípicos distintos de

MRSE diferenciados entre si por um coeficiente de similaridade acima de 80,0%. Observou-se a

disseminação de um clone prevalente na unidade (clone A), detectado em 77,8% das amostras

analisadas. Apenas o clone A presentou 4 subtipos (A1, A2, A3 e A4). 60,0% dos isolados de

sangue pertencentes ao clone A foram caraterizado como multirresistentes.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

45

Figura 2. Dendrograma gerado por análise computadorizada de perfis clonais de DNA de amostras

clínicas de S. epidermidis baseado no PFGE. A análise foi realizada pelo método de Dice/UPGMA

(parâmetro de tolerância de 1,25%, otimização 0,5%, similaridade ≥ 80,0%).

Observou-se a disseminação do clone A durante todo o período de investigação da

patogênese de ICS-AC (janeiro a agosto /2011), de forma mais intensa no mês de janeiro (Figura

3). A Figura 3 mostra relação temporal entre os pacientes infectados, incluindo sua evolução para

óbito e aquisição de infecção de corrente sanguínea. Dos 19 pacientes incluídos no estudo da

patogênese de ICS-AC, 17 foram colonizados pelo S. epidermidis antes de desenvolver a infecção,

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

46

considerando uma média de 9,6 dias (variação 2-23) entre a admissão e a colonização. Uma vez

colonizado, o paciente desenvolveu a infecção em média 15 dias (variação 1-44) após a

colonização. Apenas para dois pacientes não foi possível avaliar a colonização antes da infecção,

uma vez que a coleta só pôde ser realizada após a identificação do microrganismo no sangue. Foi

observado um cluster no mês de janeiro caracterizado pela presença do clone A.

Figura 3. Relação temporal/espacial entre os pacientes incluídos no estudo da patogênese no

período de outubro/2010 a agosto/2012. 2 pacientes foram excluídos por ter sangue positivo para S.

epidermidis antes da primeira coleta.

Adicionalmente, metade dos casos de ICS foram considerados infecção de corrente

sanguínea relacionada ao cateter (ICS-RC) de acordo com a definição de Garland e colaboradores

(2008). Quanto a via de disseminação do microrganismo, em 50,0% dos casos a infecção foi

sugestiva de aquisição por translocação bacteriana a partir da mucosa intestinal, somente um caso

foi caracterizada infecção adquirida extraluminalmente 12,5% e em 37,5% não foi possível

determinar a via de disseminação. A presença do gene icaAD foi frequente (80,0%) nos isolados de

sangue pertencentes ao clone A (Tabela 8).

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

47

Tabela 8. Patogênese, perfil clonal e presença dos genes icaAD de S. epidermidis isoladas de neonatos com infecção de corrente sanguínea de

neonatos internados na unidade de terapia intensiva neonatal do HC-UFU.

Paciente Sítio Classificação

ICS

Aquisição Tipo CVC PFGE icaAD Tempo de

CVC

Peso ao

nascer

Nutrição

parenteral

1 Sangue

Canhão

Intestino ICS-RC definida

Translocação

Intestinal PICC

A

A

A

+

NR

NR 9 1155 Sim

13 Sangue

Canhão

Intestino

ICS-AC Translocação

Intestinal Flebotomia

A

C

A

+

NR

NR

6 1580 Sim

20 Sangue

Ponta

Sítio de Inserção

Narina

ICS-RC definida Extraluminal PICC

A

A

A

A

+

NR

NR

NR

16 871 Sim

45 Sangue

Canhão

Intestino

Narina

ICS-RC definida Translocação

Intestinal PICC

A

A

A

A

+

NR

NR

NR

17 1098 Sim

57 Sangue

Ponta

Intestino

Narina

ICS-RC definida Translocação

Intestinal PICC

A

A

A

A

-

NR

NR

NR

11 1130 Sim

62 Sangue

Canhão

Intestino

Narina

ICS-AC Indeterminada PICC

E

A

B

A

+

NR

NR

NR

15 3010 Sim

75 Sangue

Canhão ICS-AC Indeterminada PICC

F

A

-

NR 34 2970 Sim

86 Sangue

Canhão ICS-AC Indeterminada Umbilical

G

D

+

NR 7 1160 Sim

CVC: Cateter venoso central; ICS-RC: Infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter; ICS-AC: Infecção de corrente sanguínea associada ao cateter ; PFGE: “Pulsed Field

Gel Eletrophoresis”; PICC: Peripherical inserted catheher; NR: não realizada.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

48

6. DISCUSSÃO

As infecções de corrente sanguínea hospitalares em unidades de terapia intensiva neonatal são

as mais frequentes, aumentam consideravelmente o tempo de permanência e custos hospitalares,

além de contribuírem para o pior prognóstico do paciente, situação ainda mais significativa nas

unidades localizadas em hospitais de países em desenvolvimento (HOOVEN; POLIN, 2014). Os

nossos resultados mostraram a importância dessas infecções, com indicadores epidemiológicos

expressivos de 16,1/1000 pacientes-dia no período avaliado, com taxas muito maiores que aquelas

relatadas em países desenvolvidos como os Estados Unidos, que apresentam indicadores de

5,8/1000 pacientes-dia (BIZZARRO et al., 2010). Dados semelhantes aos nossos são relatados na

literatura para os países em desenvolvimento, assim como em outros estudos brasileiros. Pessoa-

Silva e colaboradores (2004), em São Paulo e Couto e colaboradores (2007), em Belo Horizonte,

que encontraram indicadores de ICS de 24,9/1000 pacientes-dia 29,8/1000 pacientes-dia,

respectivamente. Incidências de ICS na UTIN do HC-UFU são relatadas desde 2011, como as

apontadas por Resende e colaboradores (2011) e Brito e colaboradores (2014) com indicadores de

21,9/1000 pacientes-dia e 15,1/1000 pacientes-dia respectivamente.

As diferenças nas taxas é reflexo da complexidade epidemiológica dessas infecções no mundo

todo, e em países em desenvolvimento como o Brasil as diferenças macro e micro regionais são

extremamente significativas, bem como as características da população hospitalar. Além disso, há

falta de recursos econômicos, e deficiência nas práticas de controle e prevenção de infecções

hospitalares, principalmente em hospitais de grande porte (PITTET et al., 2008).

A importância de prevenção e controle destas infecções é evidente, particularmente em países

em desenvolvimento, em decorrência principalmente de problemas sociais, precariedade do sistema

de saúde e poucos recursos humanos. A utilização de um pacote de medidas como as apresentadas

em nosso estudo, aumenta a possibilidade do sucesso de campanhas de prevenção, devido a sua

simplicidade e baixo custo (BOYCE; PITTET, 2002).

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

49

O uso do CVC, é frequente nestas unidades com a finalidade de acesso direto ao sistema

vascular e administração de nutrientes e medicamentos por longos períodos de tempo (PERLMAN

et al., 2007; SERRANO et al., 2007). Atualmente, o CVC é o procedimento invasivo mais utilizado

no atendimento ao neonato crítico (PERLMAN et al., 2007; SERRANO et al., 2007). Entretanto, o

uso deste dispositivo também está associado com um maior risco de infecção, e taxas também

elevadas, como as encontradas por Safdar e Maki (2004) em unidades de cinco países em

desenvolvimento, com média de 16,1/1000 CVC-dias.

Os fatores de risco associados com o desenvolvimento de ICS incluem além do uso do CVC, a

prematuridade, baixa idade gestacional, baixo peso ao nascer, fragilidade da pele, uso de, nutrição

parenteral, a hospitalização prolongada e antibioticoterapia de amplo espectro (PERLMAN;

SAIMAN; LARSON, 2007; SRIVASTAVA; SHETTY, 2007; STOLL et al., 2002). No nosso estudo,

os resultados da análise multivariada identificaram o baixo peso ao nascer, tempo de permanência

na unidade > 7 dias, o uso de CVC, ventilação mecânica e nutrição parenteral, como fatores de risco

independentes para a ICSh, semelhante ao encontrado em outros estudos (GRISARU-SOEN et al.,

2012; MAHIEU et al., 2001).

A prematuridade e o baixo peso ao nascer (<1500g) são apontados como um dos principais

fatores de risco de IHs em neonatos críticos (ALY et al., 2005). A incidência de prematuridade no

Brasil é de 11%, variando entre 10 a 43% na América Latina (MAHIEU et al., 2001). Um estudo

americano mostrou que 11,4% dos pacientes em UTINs desenvolveram ICS, com cerca da metade

(45,7%) representado por neonatos prematuros, com extremo baixo peso ao nascer (<1000g)

(STOVER et al., 2001). No nosso estudo, os resultados foram semelhantes, com 53% das ICS

detectadas em crianças com baixo peso ao nascer.

Os micoorganismos que causam infecções neonatais diferem de uma unidade para outra e

podem também mudar ao longo do tempo dentro do mesmo hospital (GRAY, 2007). Em unidades

de terapia intensiva neonatal de hospitais de países desenvolvidos, o SCN é o principal agente

etiológico de ICS, representando 70,0% das infecções estafilocócicas (CHEUNG; OTTO, 2010).

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

50

Nossos resultados mostram que o SCN também, com destaque para o S. epidermidis, foi o principal

agente dessas infecções na unidade. De acordo com a literatura, os BGN e Candida spp. também

estão entre os agentes mais frequentes de sepse neonatal, sobretudo em países em desenvolvimento

(ZAIDI et al., 2005), como evidenciado no estudo multicêntrico realizado por Couto e

colaboradores (2007), em Belo Horizonte, com taxas de 51,6% de ICS causadas por BGN, com

destaque para a Klebsiella sp (26,6%). Os nossos dados demonstram que cerca de um quarto dos

episódios de sepse foram causados por BGN, também sendo Klebsiella pneumoniae, o agente

etiológico mais isolado entre os BGNs.

Em uma primeira etapa do estudo, caracterizamos a alta incidência de ICS na unidade através

dos indicadores epidemiológicos além dos fatores de risco para essas infecções em neonatos

críticos. A pesquisa permitiu implementar um protocolo de inserção e manutenção do cateter venoso

central na unidade.

Embora fatores inesperados foram identificados durante o período de estudo, conseguimos

demonstrar uma redução significativa nas taxas de ICSh entre os recém-nascidos após a

implementação do pacote de medidas no mês de fevereiro/2012. O estudo mostrou que o trabalho

educativo direcionado aos profissionais de enfermagem com os procedimentos recomendados no

“bundle” para a inserção e cuidado com o CVC, além do “feedback” dos resultados para a equipe

da unidade, resultou em redução significativa nas taxas de ICSh.

Para reforçar a importância do trabalho educativo com o profissionais de saúde da UTIN,

merece destaque um estudo realizado em 2008 por nossa equipe, utilizando intervenção simples,

caracterizada apenas pela apresentação de medidas para cuidados com a inserção do cateter para o

qual permitiu reduzir de forma significatica as taxas de ICS-AC de 24,1/1000 pacientes-dia para

14,9/1000 pacientes-dia no período estudado (RESENDE et al., 2011). Nossos resultados também

são consistentes com outros estudos que mostram redução significativa nas taxas de ICS após a

implementação de medidas de controle e prevenção, principalmente aquelas associada com o

cuidado com o CVC (SHEPHERD et al., 2015; TSAI et al., 2014; ZHOU et al., 2015)

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

51

Os programas de intervenção, incluindo aqueles que adotam “bundles” de prevenção e controle

de infecções devem ter continuidade, sobretudo nas UTINs de hospitais universitários, onde ocorre

frequentemente a admissão de estudantes e profissionais de saúde em busca de treinamento. Além

disso, os recursos educacionais existentes para a melhorar adesão só são eficazes quando são

contínuos e integrados com medidas que motivam e alteram o comportamento dos profissionais

(ERDEI et al., 2015; FARRINGTON, 2007).

Durante o período de estudo foram documentados dois eventos que tiveram impacto na curva

endêmica das infecções de corrente sanguínea a saber: período hiperendêmico nos meses de janeiro

e redução das taxas endêmicas durante o período de relocação da unidade. Ao nosso ver, uma

possível justificativa para a maior incidência nos meses de janeiro (verão) foi uma redução do

número de enfermeiras em função de férias anuais. Outros estudos mostram uma forte associação

entre aumento dessas taxas de infecções com a quantidade de profissionais de enfermagem

disponíveis (CIMIOTTI et al., 2006; LEISTNER et al., 2013; ROGOWSKI et al., 2013). Assim, é

importante assegurar que os profissionais recebam treinamento referente a técnicas de controle de

infecção, além de garantir que a UTIN possua o número de profissionais adequado com o devido

“expertise” (STONE et al., 2008). Essa redução no número de profissionais mais experientes,

somada ao aumento da carga de trabalho na unidade de terapia intensiva, pode resultar em menor

adesão à higienização das mãos e mais quebra nas técnicas assépticas, aumentando o risco de

infecção. Estudos realizados em países do ocidente mostraram relação direta entre a falta de

profissionais com treinamento adequado e as taxas de infecção em UTI neonatais (GRAY; OMAR,

2013; ROGOWSKI et al., 2013).

Já durante a relocação da unidade para uma área improvisada, houve uma redução nos

indicadores de ICSh. Neste ambiente, o maior isolamento dos pacientes, mais espaço adotado por

berço, e a preocupação com medidas de controle e prevenção desta infeções, particularmente quanto

a adesão da higiene das mãos durante esse período, justifica a redução nos indicadores

epidemiológicos detectados. Estes aspectos também foram abordados em outros estudos, com

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

52

impacto significativo sobre as taxas de infecção (JONES et al., 2012; VON DOLINGER DE

BRITO et al., 2007).

Estudos de epidemiologia molecular utilizando PFGE evidenciaram a prevalência de clones

específicos de S. epidermidis em UTIN além de genótipos altamente resistentes aos

antimicrobianos, principalmente a oxacilina (HIRA et al., 2007). Uma proporção significativa de

infecções por S. epidermidis pode ser atribuídas por transmissão cruzada entre pacientes e certos

isolados se tornam endêmicas em longos períodos em UTINs (MILISAVLJEVIC et al., 2005). Isto

foi observado no nosso estudo quando detectamos a maioria dos isolados de S.epidermidis de

sangue, mucosa, sítio de inserção e ponta do cateter dos recém nascidos pertencentes ao mesmo

clone (77,7%), sugestivo de transmissão cruzada na unidade.

O sucesso desses clones predominantes pode estar associado a fatores não caracterizados até o

momento, que favorecem a estes microrganismos vantagens na colonização ou na sua capacidade de

infectar pacientes. Um desses fatores pode ser a resistência aos agentes antimicrobianos

considerando que em muitas investigações os clones principais foram mais resistentes do que os

esporádicos, principalmente a oxacilina (VILLARI; SARNATARO; IACUZIO, 2000). A frequência

de isolados resistentes á oxacilina, particularmente em UTIs é usualmente elevada correspondendo

a 53,0% na Europa (MIRAGAIA et al., 2002), 70,0% nos Estados Unidos (HIRA et al., 2007), e

ainda mais expressivas em relatos brasileiros, destacando-se o estudo de Brito e colaboradores

(2014), em investigação na mesma unidade do nosso estudo, com 83,0% dos isoladas de sangue

resistente a esse antimicrobiano. Nesses estudos, também foi observado que a maioria desses

isolados pertenciam a clones dominantes. Na nossa investigação, verificou-se frequência de MRSE

ainda maior, com 100,0% das amostras de S. epidermidis identificadas com este fenótipo, 63,1%

apresentaram perfil de multirresistência e a maioria pertenciam a um clone dominante (clone A)

disseminado em todo o período de estudo. As evidências sugerem que estes clones resistentes a

oxacilina e multirresistentes observados no ambiente hospitalar, são transferidos por contaminação

cruzada através de mãos colonizadas de profissionais de saúde da unidade (HIRA et al., 2007;

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

53

JAMALUDDIN et al., 2008; TERNES et al., 2013). Assim, a falta de adesão as práticas de controle

e prevenção de infecções hospitalares, em especial a higiene das mãos é apontada como a principal

responsável pela disseminação de microrganismos em hospitais, sendo imprescindível sua aplicação

em estratégias educacionais de controle de infecção (ALLEGRANZI; PITTET, 2009; BOYCE;

PITTET, 2002; ZINGG et al., 2014). Dessa forma, o presente estudo mostrou a importâcia das

técnicas de tipgem molecular na análise de isolados de SCN na UTIN, revelando perfis moleculares

idênticos, em períodos de tempo diferentes, confirmando a transmissão microbiana cruzada entre os

pacientes. Além disso, permitiu esclarecer aspectos relacionados a origem do microrganismo

responsável pela infecção de corente sanguínea.

Embora a patogenia de infecções de corrente sanguínea associada ao CVC seja essencial para a

melhor definição na adoção de estratégias mais efetivas de prevenção e controle, há poucos estudos

no que diz respeito a origem e a via de disseminação dos microrganismos até a ponta do cateter e o

sangue (BRITO et al., 2014; GARLAND et al., 2008). Em pacientes adultos, a maioria dessas

infecções são provenientes da disseminação intraluminal através do cateter, como resultado da

contaminação do canhão do cateter devido manipulação pelos profissionais de saúde,

principalmente naqueles de permanência prolongada (GARLAND et al., 2005; MAHIEU et al.,

2001; SAFDAR; MAKI, 2004). Entretanto, em pacientes internados em UTIs a disseminação

hematogênica, com translocação bacteriana a partir do lúmem intestinal pode ser também uma via

importante (CRNICH; MAKI, 2002). Adicionalmente, naqueles cateteres de curta duração a

disseminação extraluminal, acontece a partir da contaminação da pele no sítio de inserção do

cateter e os microrganismos migram a partir do tecido subcutâneo através de mecanismo de

capilaridade até a ponta do dispositivo (COOPER; SCHILLER; HOPKINS, 1988; HAUSCHILD;

STEPANOVIĆ, 2008; ZINGG et al., 2011).

Os estudos que investigam a patogênese de ICS-AC em neonatos são limitados e os resultados

controversos (DE BRITO et al., 2010; LEPAINTEUR et al., 2013). Estes pacientes possuem certas

particularidades que podem interferir de maneira significativa nos critérios utilizados para definir o

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

54

do papel do CVC nas ICS-AC. Além disso, poucos estudos utilizaram técnicas moleculares para

avaliar a origem dos microrganismos que colonizam o cateter (BRITO et al., 2014; HORAN;

ANDRUS; DUDECK, 2008; HORBAR et al., 2001). Essas técnicas são ferramentas indispensáveis

na análise clonal de isolados clínicos, possibilitando definir a origem do microrganismo

(MIRAGAIA et al., 2002).

A análise molecular pela técnica de PFGE de amostras de S. epidermidis provenientes de

sangue de neonatos foi utilizada na investigação de Garland et al. (2008), que evidenciou que a

maioria das infecções em neonatos relacionadas a uso de CVC foi proveniente da contaminação

intraluminal do cateter, com as amostras de sangue e canhão pertencentes ao mesmo clone. No

entanto, Brito et al. (2014) relataram que a maioria dessas infeções nestes pacientes tem origem

desconhecida, semelhante aos resultados observados por Lepainteur et al. (2013), com 70,0% dessas

infeções sem uma definição da origem do microrganismo. Esses trabalhos relativos a epidemiologia

molecular foram baseados na análise de poucas amostras clínicas, assim como na nossa série.

Entretanto, no nosso estudo foi possível determinar a origem do microrganismo na maioria dos

casos.

A possibilidade de contaminação do cateter pela via hematogênica, como resultado da

translocação bacteriana pela mucosa intestinal, em pacientes críticos pode ser incluída como fonte

alternativa de ICS-AC (COSTA; MICELI; ANAISSIE, 2004). A colonização de mucosas da narina,

garganta e particularmente intestino, somada a atrofia desta última resultante do uso de alimentação

parenteral e de medicamentos, além da imaturidade imunológica do neonato prematuro reforçam

essa hipótese. No nosso estudo, cerca de 74,0% dos neonatos com ICS tiveram a presença de S.

epidermidis na mucosa intestinal, a maioria deles utilizando a nutrição parenteral, e com baixo peso

as nascer. Vale ressaltar que a translocação bacteriana a partir mucosa intestinal até a corrente

sanguínea foi frequente (50,0%), sendo este o único trabalho que também avaliou a mucosa

intestinal além do CVC como origem do microrganismo do sangue.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

55

O cuidado com o cateter é essencial para prevenir infecções associadas a esse dispositivo

(PRONOVOST et al., 2006). O uso de novas tecnologias como a antissepsia da pele com

clorexidina, curativos impregnados com clorexidina, e cateteres recobertos com soluções

antimicrobianas, reduz a colonização cutânea na inserção do cateter, e são mais efetivas na

prevenção de infecção adquiridas por disseminação extraluminal, no entanto não tem impacto

naquelas adquiridas através da contaminação do lúmem do cateter (SAFDAR; MAKI, 2005).

Assim, intervenções que resultam numa redução da manipulação do canhão do cateter, bem

como a sua desinfecção antes do uso, são medidas simples e podem reduzir de forma significativa a

incidência de ICS-AC naqueles neonatos em uso de cateteres de longa duração, a exemplo do PICC.

Em síntese, estratégias utilizadas para reduzir as ICS-AC devem ser combinadas de modo a

prevenir tanto a contaminação extraluminal, com foco no sítio de inserção, quanto intraluminal,

com a preocupação quanto ocanhão do cateter (GARLAND et al., 2008). A falta de melhor

esclarecimento quanto a patogênese de ICS-AC em neonatos limita o direcionamento de medidas

específicas de intervenção. No momento, é necessário o uso de intervenções abrangentes que

possam controlar todas as possíveis vias que podem levar o microrganismo até a corrente

sanguínea.

No nosso trabalho, elaboramos uma intervenção voltada aos cuidados com a inserção e

manipulação do cateter a fim de garantir o melhor impacto na redução das taxas de ICS-AC.

Verificou-se que foi possível reduzir essas taxas, entretanto não foi possível manter o bom

resultado a longo prazo, considerando que a intervenção foi por tempo determinado. Medidas de

controle e prevenção devem ser adotadas como rotina em UTINs, e devem ser de forma contínua,

com a participação de todos os profissionais da unidade, incluindo a chefia, assim os resultados

serão mais consistentes e duradouros.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

56

7. CONCLUSÕES

A incidência de ICS de natureza hospitalar na unidade estudada foi alta (16,1/1000 pacientes-

dia), com os indicadores epidemiológicos mostrando aumento significativo das taxas de ICSh nos

meses de janeiro, correspondente ao pico das férias da equipe de enfermagem, e reduções

significativas no período em que a unidade foi relocada para outra área física, onde o espaço entre

os berços era maior e preocupação com higiene das mãos foi mais frequente, assim como após a

implementação do protocolo de inserção e manutenção do CVC. Os nossos dados evidenciam a

importância e viabilidade de técnicas simples e específicas, de baixo custo que implementadas

resultaram na prevenção e redução dessas infecções na UTIN, independente do mecanismo de

patogenia.

O Staphylococcus epidermidis foi principal agente etiológico isolado das infecções de

corrente sanguínea e os fatores de risco associados ao desenvolvimento destas infecções foram

semelhantes aos descritos na literatura.

Todos os isolados de S. epidermidis recuperados foram resistentes à oxacilina, na maioria com

os genes icaAD e predominância de um único clone (A), sugestivo de contaminação cruzada na

unidade, evidenciando a necessidade de um maior rigor na adesão à higiene das mãos.

Os dados obtidos sugerem que a maioria das infecções de corrente sanguínea por este

microrganismo foi resultante de translocação bacteriana do lúmen intestinal a partir da mucosa e

disseminação hematogênica, diferente da patogenia dessas infecções em pacientes adultos.

Entretanto, há necessidade de estudos adicionais com maior número de isolados clínicos para

melhor definição do mecanismo de patogênese de ICS-AC em neonatos críticos.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

57

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLEGRANZI, B.; PITTET, D. Role of hand hygiene in healthcare-associated infection

prevention. Journal of Hospital Infection, v. 73, n. 4, p.305-15, ago. 2009.

ALY, H. et al. Is bloodstream infection preventable among premature infants? A tale of two cities.

Pediatrics, v. 115, n. 6, p. 1513–8, jun. 2005.

ARANTES, A. et al. Use of statistical process control charts in the epidemiological surveillance of

nosocomial infections. Revista de Saúde Pública, v. 37, n. 6, p. 768-74, 2003.

ARCIOLA, C. R.; BALDASSARRI, L.; MONTANARO, L. Presence of icaA and icaD genes and

slime production in a collection of staphylococcal strains from catheter-associated infections.

Journal of clinical microbiology, v. 39, n. 6, p. 2151–6, jun. 2001.

AZIZ, K. et al. Variations in rates of nosocomial infection among Canadian neonatal intensive care

units may be practice-related. BMC pediatrics, v. 5, p. 22, jul. 2005.

BANNERMAN T. L Staphylococcus, Micrococcus, and other catalase-positive cocci that grow

aerobically. In PR Murray, EJ Baron, JH Jorgensen, MA Pfaller, RH Yolken (eds), Manual of

Clinical Microbiology, American Society of Microbiology, Washington, p. 384-404, 2003.

BARBADORO, P. et al. Gestational age as a single predictor of health care-associated bloodstream

infections in neonatal intensive care unit patients. American Journal of Infection Control, v. 39,

n. 2, p. 159–162, mar. 2011.

BENJAMIN, D. K. et al. Neonatal candidiasis: epidemiology, risk factors, and clinical judgment.

Pediatrics, v. 126, n. 4, p. e865–e873, out. 2010.

BIZZARRO, M. J. et al. A quality improvement initiative to reduce central line-associated

bloodstream infections in a neonatal intensive care unit. Infection control and hospital

epidemiology, v. 31, n. 3, p. 241–248, mar. 2010.

BORGES, L. F. DE A. E. et al. Low compliance to handwashing program and high nosocomial

infection in a brazilian hospital. Interdisciplinary perspectives on infectious diseases, v. 2012, p.

579681, jan. 2012.

BORGHESI, A.; STRONATI, M. Strategies for the prevention of hospital-acquired infections in

the neonatal intensive care unit. Journal of Hospital Infection, v. 68, p. 293-300, abr. 2008.

BOYCE, J. M.; PITTET, D. Guideline for Hand Hygiene in Health-Care Settings:

recommendations of the Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee and the

HICPAC/SHEA/APIC/IDSA Hand Hygiene Task Force. Infection control and hospital

epidemiology, v. 23, n. 12 Suppl, p. S3–S40, dez. 2002.

BRADY, M. T. Health care-associated infections in the neonatal intensive care unit. American

Journal of Infection Control. v. 33, p. 268-275, jun. 2005

BRITO, C. S. et al. Genotypic study documents divergence in the pathogenesis of bloodstream

infection related central venous catheters in neonates. Brazilian Journal of Infectious Diseases, v.

18, n. 4, p. 387–393, jul. 2014.

BRITO, C. S. DE et al. Occurrence of bloodstream infection with different types of central vascular

catheter in critically neonates. Journal of Infection, v. 60, n. 2, p. 128–132, fev. 2010.

___. Are there any differences among pathogenesis of catheter-related primary bloodstream

infection in adults and neonates patients? American journal of infection control, v. 38, n. 6, p.

494–5, ago. 2010.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

58

BRUN-BUISSON, C. et al. Diagnosis of central venous catheter-related sepsis. Critical level of

quantitative tip cultures. Archives of internal medicine, v. 147, n. 5, p. 873–877, mai.1987.

CANTEY, J. B.; MILSTONE, A. M. Bloodstream infections: epidemiology and resistance. Clinics

in perinatology, v. 42, n. 1, p. 1–16, vii, mar. 2015.

CHEUNG, G. Y. C.; OTTO, M. Understanding the significance of Staphylococcus epidermidis

bacteremia in babies and children. Current opinion in infectious diseases, v. 23, n. 3, p. 208–216,

jun. 2010.

CICALINI, S.; PALMIERI, F.; PETROSILLO, N. Clinical review: new technologies for prevention

of intravascular catheter-related infections. Critical Care, v. 8, n. 3, p. 157–162, 2004.

CIMIOTTI, J. P. et al. Impact of staffing on bloodstream infections in the neonatal intensive care

unit. Archives of pediatrics & adolescent medicine, v. 160, n. 8, p. 832–836, 2006.

COOPER, G. L.; SCHILLER, A. L.; HOPKINS, C. C. Possible role of capillary action in

pathogenesis of experimental catheter-associated dermal tunnel infections. Journal of Clinical

Microbiology, v. 26, n. 1, p. 8–12, 1 jan. 1988.

COSTA, S. F.; MICELI, M. H.; ANAISSIE, E. J. Mucosa or skin as source of coagulase-negative

staphylococcal bacteraemia? The Lancet. Infectious diseases, v. 4, n. 5, p. 278–86, maio 2004.

COUTO, R. C. et al. A 10-year prospective surveillance of nosocomial infections in neonatal

intensive care units. American Journal of Infection Control, v. 35, n. 3, p. 183–189, 2007.

CRNICH, C. J.; MAKI, D. G. The promise of novel technology for the prevention of intravascular

device-related bloodstream infection. I. Pathogenesis and short-term devices. Clinical infectious

diseases : an official publication of the Infectious Diseases Society of America, v. 34, n. 9, p.

1232–42, 1 maio 2002.

CRUMP, J. A.; COLLIGNON, P. J. Intravascular catheter-associated infections. European journal

of clinical microbiology & infectious diseases : official publication of the European Society of

Clinical Microbiology, v. 19, n. 1, p. 1–8, jan. 2000.

DOLINGER DE BRITO, D. VON et al. Effect of neonatal intensive care unit environment on the

incidence of hospital-acquired infection in neonates. Journal of Hospital Infection, v. 65, n. 4, p.

314–318, abr. 2007.

DONNELL, S. C. et al. Infection rates in surgical neonates and infants receiving parenteral

nutrition: A five-year prospective study. Journal of Hospital Infection, v. 52, n. 4, p. 273–280,

dez. 2002.

DUDECK, M. A. et al. National Healthcare Safety Network (NHSN) report, data summary for

2012, Device-associated module. American journal of infection control, v. 41, n. 12, p. 1148–66,

dez. 2013.

EGGIMANN, P. et al. Catheter-related infections. Microbes and infection / Institut Pasteur, v. 6,

n. 11, p. 1033–42, set. 2004.

EGGIMANN, P.; PITTET, D. Overview of catheter-related infections with special emphasis on

prevention based on educational programs. Clinical Microbiology and Infection, v.8, n.5, p.295-

309, mai. 2002.

ERDEI, C. et al. Is Zero Central Line-Associated Bloodstream Infection Rate Sustainable? A 5-

Year Perspective. Pediatrics, 18 maio 2015.

FARRINGTON, M. Infection control education: how to make an impact--tools for the job. The

Journal of hospital infection, v. 65 Suppl 2, p. 128–32, jun. 2007.

GARLAND, J. S. et al. A vancomycin-heparin lock solution for prevention of nosocomial

bloodstream infection in critically ill neonates with peripherally inserted central venous catheters: a

prospective, randomized trial. Pediatrics, v. 116, n. 2, p. e198–205, 1 ago. 2005.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

59

___. Cohort study of the pathogenesis and molecular epidemiology of catheter-related bloodstream

infection in neonates with peripherally inserted central venous catheters. Infection control and

hospital epidemiology, v. 29, n. 3, p. 243–249, mar. 2008.

GASTMEIER, P. et al. Effectiveness of a nationwide nosocomial infection surveillance system for

reducing nosocomial infections. Journal of Hospital Infection, v. 64, n. 1, p. 16–22, set. 2006.

GEFFERS, C. et al. Incidence of healthcare-associated infections in high-risk neonates: results from

the German surveillance system for very-low-birthweight infants. Journal of Hospital Infection, v.

68, n. 3, p. 214–221, mar. 2008.

GOERING, R. V. Pulsed field gel electrophoresis: a review of application and interpretation in the

molecular epidemiology of infectious disease. Infection, Genetics and Evolution, v. 10, n. 7, p.

866-75, out 2010.

GRAY, J.; OMAR, N. Nosocomial infections in neonatal intensive care units in developed and

developing countries: how can we narrow the gap? The Journal of hospital infection, v. 83, n. 3,

p. 193–5, mar. 2013.

GRAY, J. W. Surveillance of infection in neonatal intensive care units. Early Human

Development, v. 83, n. 3, p. 157–163, mar. 2007.

GRISARU-SOEN, G. et al. Late-onset bloodstream infections in preterm infants: A 2-year survey.

Pediatrics International, v. 54, n. 6, p. 748–753, dez. 2012.

HAUSCHILD, T.; STEPANOVIĆ, S. Identification of Staphylococcus spp. by PCR-restriction

fragment length polymorphism analysis of dnaJ gene. Journal of Clinical Microbiology, v. 46, n.

12, p. 3875–3879, dez. 2008.

HIRA, V. et al. Clinical and molecular epidemiologic characteristics of coagulase-negative

staphylococcal bloodstream infections in intensive care neonates. The Pediatric infectious disease

journal, v. 26, n. 7, p. 607–12, jul. 2007.

HOOVEN, T. A.; POLIN, R. A. Healthcare-associated infections in the hospitalized neonate: A

review. Early Human Development, v. 90, n. SUPPL.1, p. S4–S6, mar. 2014.

HORAN, T. C.; ANDRUS, M.; DUDECK, M. A. CDC/NHSN surveillance definition of health

care-associated infection and criteria for specific types of infections in the acute care setting.

American journal of infection control, v. 36, n. 5, p. 309–32, jun. 2008.

HORBAR, J. D. et al. Collaborative Quality Improvement for Neonatal Intensive

CarePEDIATRICS, 2001.

JAMALUDDIN, T. Z. M. T. et al. Extreme genetic diversity of methicillin-resistant Staphylococcus

epidermidis strains disseminated among healthy Japanese children. Journal of clinical

microbiology, v. 46, n. 11, p. 3778–83, nov. 2008.

JEONG, I. S. et al. Effect of central line bundle on central line-associated bloodstream infections in

intensive care units. American journal of infection control, v. 41, n. 8, p. 710–6, ago. 2013.

JONES, A. R. et al. Reduction in late-onset sepsis on relocating a neonatal intensive care nursery.

Journal of paediatrics and child health, v. 48, n. 10, p. 891–5, out. 2012.

LACHMAN, P.; YUEN, S. Using care bundles to prevent infection in neonatal and paediatric ICUs.

Current opinion in infectious diseases, v. 22, n. 3, p. 224–228, jun. 2009.

LEISTNER, R. et al. The impact of staffing on central venous catheter-associated bloodstream

infections in preterm neonates - results of nation-wide cohort study in Germany. Antimicrobial

resistance and infection control, v. 2, n. 1, p. 11, abr. 2013.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

60

LEPAINTEUR, M. et al. Role of the central venous catheter in bloodstream infections caused by

coagulase-negative staphylococci in very preterm neonates. The Pediatric infectious disease

journal, v. 32, n. 6, p. 622–8, jun. 2013.

LEVY, M. M. et al. Sepsis change bundles: converting guidelines into meaningful change in

behavior and clinical outcome. Critical care medicine, v. 32, n. 11 Suppl, p. S595–7, nov. 2004.

MCDOUGAL, L. K. et al. Pulsed-field gel electrophoresis typing of oxacillin-resistant

Staphylococcus aureus isolates from the United States: establishing a national database. Journal of

Clinical Microbiology, v. 41, n. 11, p. 5113-20, nov 2003.

MAHIEU, L. M. et al. Risk factors for central vascular catheter-associated bloodstream infections

among patients in a neonatal intensive care unit. The Journal of hospital infection, v. 48, n. 2, p.

108–16, jun. 2001.

MAKI, D. G.; RINGER, M.; ALVARADO, C. J. Prospective randomized trial of povidone-iodine ,

alcohol , and chlorhexidine for prevention of infection associated with central venous and arterial

catheters. Lancet, p. 339–343, ago.1991.

MAKI, D. G.; WEISE, C. E.; SARAFIN, H. W. A semiquantitative culture method for identifying

intravenous-catheter-related infection. The New England journal of medicine, v. 296, n. 23, p.

1305–1309, jun.1977.

MARTÍN-LOZANO, D. et al. Comparison of a repetitive extragenic palindromic sequence-based

PCR method and clinical and microbiological methods for determining strain sources in cases of

nosocomial Acinetobacter baumannii bacteremia. Journal of Clinical Microbiology, v. 40, n. 12,

p. 4571–4575, dez. 2002.

MILISAVLJEVIC, V. et al. Genetic relatedness of Staphylococcus epidermidis from infected

infants and staff in the neonatal intensive care unit. American journal of infection control, v. 33,

n. 6, p. 341–7, ago. 2005.

MIRAGAIA, M. et al. Molecular characterization of methicillin-resistant Staphylococcus

epidermidis clones: evidence of geographic dissemination. Journal of clinical microbiology, v. 40,

n. 2, p. 430–8, fev. 2002.

O’GRADY, N. P. et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related infections.

American Journal of Infection Control, v.23, n. 12, p.759-69, dez. 2002.

O’GRADY, N. P. et al. Guidelines for the Prevention of Intravascular Catheter-Related Infections ,

2011, Oklahoma Foundation for Medical Quality. Healthcare Infection Control Practices

Advisory Committee (HICPAC), p. 1–83, 2011.

ONCÜ, S. et al. Central venous catheter related infections: risk factors and the effect of

glycopeptide antibiotics. Annals of clinical microbiology and antimicrobials, v. 2, p. 3, fev. 2003.

ORSI, G. B. et al. Hospital-acquired infection surveillance in a neonatal intensive care unit.

American Journal of Infection Control, v. 37, n. 3, p. 201–203, abr. 2009.

OTTO, M. Staphylococcus epidermidis--the “accidental” pathogen. Nature reviews.

Microbiology, v. 7, n. 8, p. 555–567, ago. 2009.

___. Molecular basis of Staphylococcus epidermidis infections. Seminars in Immunopathology, v.

34, n. 2, p. 201-14, mar. 2012.

PASCUAL, A. Pathogenesis of catheter-related infections: lessons for new designs. Clinical

microbiology v. 8, n. 5, p. 256–64, mai. 2002.

PERLMAN, S. E.; SAIMAN, L.; LARSON, E. L. Risk factors for late-onset health care-associated

bloodstream infections in patients in neonatal intensive care units. American Journal of Infection

Control, v. 35, n. 3, p. 177–182, abr. 2007.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

61

PESSOA-SILVA, C. L. et al.. Pediatrics, v. 120 Reduction of health care associated infection risk

in neonates by successful hand hygiene promotion, n. 2, p. e382–e390, ago. 2007.

PITTET, D. Improving adherence to hand hygiene practice: A multidisciplinary approach.

Emerging Infectious Diseases, v. 7, n. 2, p. 234-40, mar. 2001.

PITTET, D. et al. Infection control as a major World Health Organization priority for developing

countries. The Journal of hospital infection, v. 68, n. 4, p. 285–292, abr. 2008.

POSFAY-BARBE, K. M.; ZERR, D. M.; PITTET, D. Infection control in paediatrics. The Lancet

Infectious Diseases, v. 8, n. 1, p.10-31, jan. 2008.

POWERS, R. J.; WIRTSCHAFTER, D. W. Decreasing central line associated bloodstream

infection in neonatal intensive care. Clinics in Perinatology, v. 37, v.1, p. 247-7, mar. 2010.

PRONOVOST, P. et al. An intervention to decrease catheter-related bloodstream infections in the

ICU. The New England journal of medicine, v. 355, n. 26, p. 2725–2732, dez. 2006.

PRONOVOST, P. J. et al. Sustaining reductions in catheter related bloodstream infections in

Michigan intensive care units: observational study. BMJ (Clinical research ed.), v. 340, p. c309,

fev. 2010.

RESENDE, D. S. et al. Late onset sepsis in newborn babies: epidemiology and effect of a bundle to

prevent central line associated bloodstream infections in the neonatal intensive care unit. The

Brazilian journal of infectious diseases : an official publication of the Brazilian Society of

Infectious Diseases, v. 19, n. 1, p. 52–7, jan. 2015.

___. Reduction of catheter-associated bloodstream infections through procedures in newborn babies

admitted in a university hospital intensive care unit in Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical, v. 44, n. 6, p. 731–734, nov. 2011.

ROGOWSKI, J. A et al. Nurse staffing and NICU infection rates. JAMA pediatrics, v. 167, n. 5, p.

444–50, mai. 2013.

SAFDAR, N.; MAKI, D. G. The pathogenesis of catheter-related bloodstream infection with

noncuffed short-term central venous catheters. Intensive Care Medicine, v. 30, n. 1, p. 62–67, jan.

2004.

SAFDAR, N.; MAKI, D. G. Risk of catheter-related bloodstream infection with peripherally

inserted central venous catheters used in hospitalized patients. Chest, v. 128, n. 2, p. 489–95, ago.

2005.

SERRANO, M. et al. Retained central venous lines in the newborn: report of one case and

systematic review of the literature. Neonatal network : NN, v. 26, n. 2, p. 105–10, jan. 2007.

SEYBOLD, U. et al. Clonal diversity in episodes with multiple coagulase-negative staphylococcus

bloodstream isolates suggesting frequent contamination. Infection, v. 37, n. 3, p. 256–260, jun.

2009.

SHEPHERD, E. G. et al. Significant Reduction of Central-Line Associated Bloodstream Infections

in a Network of Diverse Neonatal Nurseries. The Journal of pediatrics, pii: S0022-3476 , n.15, p.

00347-924, abr. 2015.

SILVESTRI, L. et al. Handwashing in the intensive care unit: A big measure with modest effects.

Journal of Hospital Infection, v. 9, n. 3, p. 172-9, mar. 2005.

SMITH, A. et al. Concordance of Gastrointestinal Tract Colonization and Subsequent Bloodstream

Infections With Gram-negative Bacilli in Very Low Birth Weight Infants in the Neonatal Intensive

Care Unit. The Pediatric infectious disease journal, v. 29, n. 9, p. 831–835, set. 2010.

SRIVASTAVA, S.; SHETTY, N. Healthcare-associated infections in neonatal units: lessons from

contrasting worlds. Journal of Hospital Infection, v. 6, p. 292-306, abr. 2007.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

62

STOLL, B. J. et al. Late-onset sepsis in very low birth weight neonates: the experience of the

NICHD Neonatal Research Network. Pediatrics, v. 110, n. 2 Pt 1, p. 285–291, aug. 2002.

STONE, P. W. et al. Hospital staffing and health care-associated infections: a systematic review of

the literature. Clinical infectious diseases : an official publication of the Infectious Diseases

Society of America, v. 47, n. 7, p. 937–44, 1 out. 2008.

STOVER, B. H. et al. Nosocomial infection rates in US children’s hospitals' neonatal and pediatric

intensive care units. American journal of infection control, v. 29, n. 3, p. 152–157, jun. 2001.

TERNES, Y. M. et al. Molecular epidemiology of coagulase-negative Staphylococcus carriage in

neonates admitted to an intensive care unit in Brazil. BMC infectious diseases, v. 13, p. 572, jan.

2013.

TSAI, M.-H. et al. Incidence, clinical characteristics and risk factors for adverse outcome in

neonates with late-onset sepsis. The Pediatric infectious disease journal, v. 33, n. 1, p. e7–e13,

jan. 2014.

VILLARI, P.; SARNATARO, C.; IACUZIO, L. Molecular epidemiology of Staphylococcus

epidermidis in a neonatal intensive care unit over a three-year period. Jornal of Clinical

Microbiology, v. 38, n. 5, p. 1740–1746, mai. 2000.

YOKOE, D. S. et al. Executive Summary: A Compendium of Strategies to Prevent

Healthcare‐Associated Infections in Acute Care Hospitals •. Infection Control and Hospital

Epidemiology, v. 29, p. S12–S21, set. 2008.

YUMANI, D. F. J.; DUNGEN, F. A M. VAN DEN; WEISSENBRUCH, M. M. VAN. Incidence

and risk factors for catheter-associated bloodstream infections in neonatal intensive care. Acta

paediatrica, v. 102, n. 7, p. e293–8, jul. 2013.

ZAIDI, A. K. M.; HUSKINS, W. C.; THAVER, D.; BHUTTA, Z. A.; ABBAS, Z.; GOLDMANN,

D. A. Hospital-acquired neonatal infections in developing countries. The Lancet. v. 365, p. 1175-

1188, mar. 2005.

ZHOU, Q. et al. Successful reduction in central line-associated bloodstream infections in a Chinese

neonatal intensive care unit. American journal of infection control, v. 43, n. 3, p. 275–9, 1 mar.

2015.

ZINGG, W. et al. Individualized Catheter Surveillance among Neonates: A Prospective, 8‐Year,

Single‐Center Experience. Infection Control and Hospital Epidemiology, v. 32, n. 1, p. 42–49,

jan. 2011.

___. Hospital-Wide Multidisciplinary, Multimodal Intervention Programme to Reduce Central

Venous Catheter-Associated Bloodstream Infection. Plos One, v. 9, n. 4, p. e93898, abr. 2014.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

63

ANEXO I

FICHA DE VIGILÂNCIA DE INFECÇÃO HOSPITALAR

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

64

ANEXO II

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

65

APÊNDICE I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você/seu filho (a) está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada “O Papel de um Pacote de Medidas

na Redução de Infecções de Corrente Sanguínea e Estudo de sua Patogênese em Neonatos Críticos”, sob a

responsabilidade dos pesquisadores Dr. Paulo Pinto Gontijo Filho, Dra. Denise Von Dolinger de Brito, Dra. Vânia

Olivetti Steffen Abdalla, Jane Eire Urzedo, Ms. Daiane Silva Resende

Nesta pesquisa nós estamos buscando avaliar o impacto de um pacote de medidas dirigido aos cuidados e

manutenção do Cateter Venoso Central , na redução das Infecções de Corrente Sanguínea Associada ao Cateter, bem

como a patogênese destas infecções, na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital de Clínicas da UFU.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi obtido pelo pesquisador Ms. Daiane Silva Resende, na Unidade

de Terapia Intensiva Neonatal.

Na sua participação seu filho (a) foi submetido aos procedimentos abaixo relacionados:

- coleta do material no local de entrada do cateter, por meio de um swab estéril;

- coleta do material no cateter, por meio de um swab estéril;

- coleta da ponta do cateter, quando ele for retirado do neonato (pelos profissionais da unidade).

Todo material foi analisado no Laboratório de Microbiologia, Instituto de Ciências Biomédicas, Campus

Umuarama, Bloco 4C, andar superior, localizado na Rua Amazônia, sem número, telefone: 3218-2236. Em nenhum

momento você foi identificado. Os resultados da pesquisa foram publicados e ainda assim a sua identidade foi

preservada. Você não terá nenhum gasto e ganho financeiro por participar na pesquisa. A pesquisa não oferece nenhum

risco e nenhum benefício ao neonato. Você é livre para deixar de participar da pesquisa a qualquer momento sem

nenhum prejuízo ou coação.Uma cópia deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficará com você. Qualquer

dúvida a respeito da pesquisa, você poderá entrar em contato com:

-Prof. Dr. Paulo P. Gontijo Filho (Coordenador, ARIMP, UFU)

-Ms. Daiane Silva Resende (Responsável, UFU)

Laboratório de Microbiologia- (034) 3218-2236.

Poderá também entrar em contato com o Comitê de Ética na Pesquisa com Seres-Humanos – Universidade Federal

de Uberlândia: Av. João Naves de Ávila, nº 2121, bloco J, Campus Santa Mônica – Uberlândia –MG, CEP: 38408-100;

fone: 34-32394131.

Uberlândia, ....... de ........de 200.......

_______________________________________________________________

Assinatura dos pesquisadores

Eu aceito participar do projeto citado acima, voluntariamente, após ter sido devidamente esclarecido.

_____________________________________________________________________

Participante da pesquisa

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - repositorio.ufu.br · da adoção de um pacote de medidas de prevenção e controle e patogenia de infecções por Staphylococcus epidermidis

66

APÊNDICE II

INSERÇÃO E MANUTENÇÃO DO CVC

DATA____/________/________ TURNO: ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite

PROFISSIONAL A REALIZAR A INSERÇÃO: ( ) Médico ( ) Enfermeiro ( )Técnico

TIPO DO CVC: ( ) Umbilical ( ) PICC ( ) Intracath ( ) Flebotomia

INSERÇÃO DO CVC

Higiene das mãos antes da inserção ( ) Cirúrgica ( ) Simples

Técnicas Assépticas ( ) Luvas estéreis ( ) Gorro

( ) Máscara ( ) Campos estéreis longos

Uso de Antissépticos ( ) Clorexidina ( ) Outros antissépticos

( ) Não usou

Sítio de Inserção ( ) Periférico ( ) Jugular

( ) Subclávia ( ) Outro ____________________

CUIDADOS COM O CURATIVO

Higiene das mãos antes do contato com o CVC ( ) Sim ( ) Não

Uso de luvas ( ) Sim ( ) Não

Uso de curativo oclusivo transparente ( ) Sim ( ) Não

Uso de Antissépticos para desinfecção do “hub” do

canhão

( ) Sim ( ) Não

Troca adequada (se o curativo estiver sujo, danificado

ou perda do acesso venoso)

( ) Sim ( ) Não

TROCA DO EQUIPO

Higiene das mãos antes do contato com o CVC ( ) Sim ( ) Não

Troca adequada (a cada 72h ou 24 h para NPP) ( ) Sim ( ) Não

REMOÇÃO DO CVC :

Data da inserção ___/___/_____

Data da remoção___/___/_____

Motivo da Retirada: ___________________________________________________