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AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA POR MEIO DE
AUDIOMETRIA TONAL E EMISSÕES OTOACÚSTICAS NOS
PACIENTES PORTADORES DE MALÁRIA FALCIPARUM
TRATADOS COM QUININO
ÁLVARO SIQUEIRA DA SILVA
MANAUS 2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS MESTRADO MULTIDISCIPLINAR EM
PATOLOGIA TROPICAL
UUNNII VVEERRSSII DDAADDEE FFEEDDEERRAALL DDOO AAMM AAZZOONNAASS MM EESSTTRRAADDOO MM UULL TTII DDII SSCCII PPLL II NNAARR EEMM
PPAATTOOLL OOGGII AA TTRROOPPII CCAALL
ÁLVARO SIQUEIRA DA SILVA
AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA POR MEIO DE
AUDIOMETRIA TONAL E EMISSÕES OTOACÚSTICAS NOS
PACIENTES PORTADORES DE MALÁRIA FALCIPARUM
TRATADOS COM QUININO
Plano de Dissertação apresentado para Obtenção do Título de Mestre do Programa de Mestrado Multidisciplinar em Patologia Tropical da Universidade Federal do Amazonas, na área de concentração Diagnóstico e Controle.
Orientador: Prof. Dr. Gerson Suguiyama Nakajima Co-orientador: Prof. Dr. Antônio de Matos Tavares
MM AANNAAUUSS 2007
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Dr. Gerson Suguiyama Nakajima, pela parceria e confiança
depositada para realização do trabalho.
Ao Prof. Dr. Antonio de Matos Tavares, responsável pelo livre acesso à Fundação de
Medicina Tropical do Amazonas.
Ao Prof. Dr. João Bosco Lopes Botelho, exemplo vivo da magnitude da vida acadêmica,
amigo fiel e incentivador desta conquista.
Aos Médicos Residentes de Otorrinolaringologia do Hospital Santa Júlia, Daniele
Memória e Fernando Bezerra, pelos repetidos esforços nos atendimentos das incontáveis
solicitações.
Ao fonoaudiólogo Cristhian do Nascimento Melo e ao estatístico Felicien Vásquez, pelo
profissionalismo apresentado.
À minha irmã de coração Daniela Freire Azevedo, grande contribuinte para confecção
desta dissertação, minha eterna gratidão.
Aos pacientes, que mesmo no momento da enfermidade, colaboraram de forma
espontânea.
iv
RESUMO
Introdução: Com o freqüente interesse pelas doenças infecciosas e parasitárias, a malária ganha destaque, por se tratar de uma patologia endêmica na região Amazônica. O quinino utilizado no tratamento da malária falciparum, já com sua otoxicidade comprovada, necessita de novos estudos para caracterização dos danos causados à orelha interna, visando precocidade no diagnóstico, bem como buscar meios de evitarmos os malefícios deste tipo de droga.
Objetivo: Realizar avaliação audiológica por meio de audiometria tonal e emissões otoacústicas em pacientes com malária falciparum e tratados com quinino.
Casuística e Método: Foram selecionados 40 pacientes, com idade média de 33,5 anos, sendo 29 do sexo masculino (72,5%) e 11 do sexo feminino (27,5%). Os exames propostos foram realizados antes e no terceiro dia do uso do quinino.
Resultados: Com relação às queixas clínicas, os principais sintomas relatados foram zumbidos em 6 pacientes (15%) e hipoacusia em 5 pacientes (12,5%). Foram encontrados alterações audiométricas em 6 pacientes (15%), nas freqüências agudas (4, 6 e 8 kHz). Os exames de emissões otoacústicas mostraram no total, alterações em 5 pacientes (12,5%), também nas freqüências agudas. As distintas avaliações não mostraram predileção por lateralidade. Estabelecida relação entre os dois exames realizados, houve concordância entre os resultados, com sustentação pela significância estatística.
Conclusão: É possível a detecção precoce da ototoxicidade do quinino através de audiometria tonal e emissões otoacústicas, evitando efeitos colaterais indesejáveis e definitivos, buscando melhoria da qualidade de vida destes pacientes.
Palavras-chave: audiometria tonal; emissões otoacústicas; malária falciparum e quinino.
v
ABSTRACT
Introduction: With the frequent interest by infectious and parasitic diseases, malaria wins highlighted by the case of a disease endemic in the Amazon region. The quinine used in treatment of falciparum, already with its ototoxics proven, needs further studies to characterize the damage to the inner ear, to the early diagnostic and seek ways to avoid the harmfull effects of such drugs.
Objectives: The aim of report was to make na audiologic evaluation by tonal audiometry and otoacustics emissions in patients with falciparum malaria and treated with quinine.
Method: were selected 40 patients, with an average age of 33.5 years, with 29 of males (72.5%) and 14 females (27.5%). The proposed tests were perfomed before and the third day of the use of quinine.
Results: With respect to complaints clinics, the main symptoms reported were tinnitus in 6 patients (15%) and hearing loss in 5 patients (12.5%). Found changes audiometrics in 6 patients (15%), in acute frequencies (4, 6 and 8 kHz). The examinations otoacustics emissions shown in total, changes in 5 patients (12.5%), also in acute frequencies. The different evaluations showed no predilection for the affected side. Established relationship between the two tests, there was agreement between the results, with support for statistical significance.
Conclusion: It is possible the early detection of ototoxic of quinine through audiometry tonal and otoacustics emissions, avoiding unwanted side effects and final, seeking improvement of the quality of life of these patients.
keywords: tonal audiometry; otoacustics emissions; falciparum malaria and quinine.
vi
JUSTIFICATIVA
Os dados epidemiológicos do Amazonas, com valores computados entre janeiro e setembro de 2006, mostraram 12.190 casos de malária no total; sendo 2.662 causadas pela malária falciparum, 9.408 pela malária vivax e 120 da forma mista (FMT-AM, 2007). Alterações reversíveis das células ciliadas externas parecem desempenhar papel importante na ototoxicidade do quinino, com sintomas semelhantes aos ocasionados pelos salicilatos e consistem em zumbido, hipoacusia e vertigem, com efeitos que geralmente são dose-dependentes e reversíveis (JUNG et al., 1993). Relatos anteriores mostraram as lesões quando já havia dano à orelha interna, despertando, na atualidade, interesse para detecção precoce de ototoxicidade através de audiometria tonal e emissões otoacústicas por produto de distorção durante a administração da droga, independentemente do horário da sua administração, mostrando que os incrementos nas respostas poderiam ser um sinal precoce de ototoxicidade por aminoglicosídeos (VALLEJO et al., 2001). No Amazonas, Lima (2000) realizou estudo em pacientes com malária falciparum grau leve, submetidos ao esquema terapêutico na FMT-AM que não apresentou alteração da audiometria tonal. Contudo, este estudo relatou as queixas de zumbido e tontura, relacionados a ototoxicidade do quinino, sugerindo que os doentes poderiam ser avaliados através da audiometria de alta freqüência, eletrococleografia ou emissão otoacústica no pico de ação ototóxica máxima do quinino, que ocorre horas após a administração da droga, que pudesse evidenciar alterações precoces na orelha interna, mesmo que utilizado em baixa dose e por curto período de tempo. Diante de trabalho anterior realizado somente com audiometria tonal para verificação dos efeitos tóxicos do quinino no tratamento da malária falciparum na FMT-AM, que evidenciou queixas clínicas de zumbido e tontura, vimos necessidade da detecção precoce da ototoxicidade desta droga através das emissões otoacústicas.
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABR Auditory brainstem response PA Potencial de ação ATL Audiometria tonal liminar CIVES Centro de informações para viajantes DaPa Decapascal DB Decibel DDT Dicloro-difenil-tricloroetano DP Desvio padrão EOA-PD Emissões otoacústicas por produtos de distorção FMT-AM Fundação de Medicina Tropical do Amazonas G Grama Hz Hertz IC Intervalo de confiança IPA Índice parasitário anual IPRF Índice percentual de reconhecimento da fala kHz Kilo hertz MG Miligrama MG/L Miligrama por litro NA Nível de audição SNC Sistema Nervoso Central PS Potencial de somação SRT Índice de reconhecimento da fala SUS Sistema Único de Saúde UFAM Universidade Federal do Amazonas
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Número de casos da malária por estado na região amazônica.................................14
Tabela 2. Número de casos da malária por estado fora da região amazônica .........................15
Tabela 3. Distribuição segundo o sexo e idade dos pacientes com malária falciparum
e tratados com quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am............45
Tabela 4. Distribuição segundo sintomas otológicos nos pacientes com malária falciparum e
tratados com quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am...............47
Tabela 5. Distribuição segundo a média de decibéis (dB) em relação à frequência das
audiometrias nas orelhas direitas dos pacientes com malária falciparum antes e depois da
administração do quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am........48
Tabela 6. Distribuição segundo a frequência da ausência de emissões otoacústicas nas orelhas
direitas dos pacientes com malária falciparum antes (A) e depois (D) da administração do
quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am....................................49
Tabela 7. Distribuição segundo a frequência da audiometria nas orelhas direita e esquerda dos
pacientes com malária falciparum antes e depois da administração do quinino em Policlínicas
da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am...........................................................................51
Tabela 8. Distribuição segundo a média da audiometria em decibéis em relação as emissões
otoacústicas no ouvido direito e esquerdo dos pacientes com malária falciparum depois da
administração do quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am........52
Tabela 9. Distribuição segundo a frequência da ausência de emissões otoacústicas nas orelhas
esquerdas dos pacientes com malária falciparum antes (A) e depois (D) da administração do
quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am....................................52
Tabela 10. Distribuição segundo a média da audiometria em decibéis em relaçao a emissões
otoacústicas no ouvido direito e esquerdo dos pacientes com malária falciparum depois da
administração do quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-
Am.............................................................................................................................................53
ix
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico1. Distribuição segundo o sexo e idade dos pacientes com malária falciparum e
tratados com quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am...............46
Gráfico 2. Distribuição segundo sintomas otológicos nos pacientes com malária falciparum e
tratados ao quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am..................47
Gráfico 3. Distribuição segundo a média e IC95% dos decibéis (dB) em relação a frequência
das audiometrias nas orelhas direitas dos pacientes com malária falciparum antes (A) e depois
(D) da administração do quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-
Am.............................................................................................................................................49
Gráfico 4. Distribuição segundo a média e IC95% dos decibéis (dB) em relação à frequência
das audiometrias nas orelhas esquerdas dos pacientes com malária falciparum antes (A) e
depois (D) da administração do quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de
Manaus-Am...............................................................................................................................50
LISTA DOS APÊNDICES
Apêndice A. Equipe científica.................................................................................................68
Apêndice B. Questionário aplicado aos pacientes do estudo...................................................69
Apêndice C. Termo de Ciência e Consentimento Livre Esclarecido.......................................70
Apêndice D. Distribuição dos pacientes quanto ao sexo, idade, queixas otológicas e
resultados das audiometrias nas orelhas direitas.......................................................................72
Apêndice E. Distribuição dos pacientes quanto aos resultados das audiometrias nas orelhas
esquerdas...................................................................................................................................73
Apêndice F. Distribuição dos pacientes quanto aos resultados das emissões otoacústicas nas
orelhas esquerdas......................................................................................................................74
x
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................
2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................
2.1 Malária.........................................................................................................
2.2 Quinino.........................................................................................................
1.3 Avaliação audiológica..................................................................................
1.4 Avaliação audiométrica x ototoxicidade do quinino.................................
1.4 Detecção da ototoxicidade pelas emissões otoacústicas............................
2. OBJETIVOS...............................................................................................................
2.1 Geral..............................................................................................................
2.2 Específicos.....................................................................................................
3. METODOLOGIA......................................................................................................
3.1 Modelo de estudo..........................................................................................
3.2 Universo do estudo.......................................................................................
3.3 Esquema terapêutico....................................................................................
3.4 Avaliação otorrinolaringológica.................................................................
3.5 Avaliação audiológica..................................................................................
3.6 Considerações éticas....................................................................................
3.6 Metodologia estatística................................................................................
4. RESULTADOS...........................................................................................................
5. DISCUSSÃO...............................................................................................................
6. CONCLUSÕES..........................................................................................................
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................
APÊNDICES...................................................................................................................
11
13
13
17
24
33
35
37
37
37
38
38
38
40
40
41
44
44
45
54
58
59
67
11
11.. INTRODUÇÃO
A malária é uma doença infecciosa aguda ou crônica causada por protozoários parasitas do
gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito Anopheles. A doença mata 2 milhões
de pessoas por ano, uma taxa só comparável à da SIDA/AIDS, e afeta mais de 500 milhões de
pessoas todos os anos. É a principal parasitose tropical e uma das mais frequentes causas de
morbidade na África e no Brasil em destaque para região Amazônica.
A doença caracteriza-se pelos episódios febris, precedida por sintomas prodrômicos,
como sensação de mal estar, astenia, anorexia, mialgia e cefaléia. Pode ainda desenvolver
quadros mais graves, levando ao edema pulmonar, insuficiência renal e manifestações
cerebrais. O diagnóstico é feito pela demonstração da presença de parasitas em lâminas de
sangue periférico, sendo a gota espessa ainda o padrão ouro. A quantidade de drogas
antimaláricas disponíveis é grande, mas existem protocolos distintos de acordo com o tipo do
plasmódio. Nos casos de malária falciparum, existe o quinino, um alcalóide extraído da casca
da quina, utilizado desde o século XVII. Esta droga ocasiona, dentre outros efeitos colaterais,
o cinchonismo, caracterizado por zumbidos, déficit auditivo transitório, distúrbios visuais e
tremores, sintomas geralmente reversíveis após cessado o uso da mesma.
Na tentativa de evitar os efeitos nocivos das drogas ototóxicas, estudiosos voltaram-se
para o monitoramento deste efeito, através de exames audiológicos, em destaque para a
audiometria tonal e emissões otoacústicas.
O registro das emissões otoacústicas evocadas (EOA) é o mais novo método para
detecção de alterações auditivas de origem coclear. Podem ser classificadas em duas
categorias: as espontâneas e as evocadas. O produto de distorção, utilizado no presente estudo,
é um tipo de emissão que surge quase que instantaneamente com estímulo acústico, e pode ser
gerado em qualquer freqüência, por meio de estímulos selecionados, avaliando a atividade da
12
cóclea em freqüências específicas. Devido à sua maior semelhança com a curva audiométrica
e a possibilidade da avaliação da função das células ciliadas em diferentes pontos da cóclea,
os produtos de distorção proporcionam mais ampla aplicação clínica quando comparados às
emissões evocadas transitórias. As emissões otoacústicas evocadas por produto de distorção
podem ser obtidas nas freqüências entre 0,75 e 8 kHz, e nos indivíduos com limiares de até
aproximadamente 50 dB NA.
Os objetivos deste trabalho foram avaliar o comportamento clínico e auditivo dos
pacientes com malária falciparum, os sintomas com os achados audiométricos e das emissões
otoacústicas (produtos de distorção) nestes pacientes.
13
2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Malária
A malária é uma doença infecciosa potencialmente grave, causada por protozoários do
gênero Plasmodium, que são transmitidos de uma pessoa para outra pela picada de mosquitos
do gênero Anopheles. Cerca de 40% da população mundial vive em áreas com risco de
transmissão da malária, resultando em não menos que 300 milhões de pessoas infectadas no
mundo a cada ano, mais de 90% em países africanos, com um número de mortes entre 1 e 1,5
milhões (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
A transmissão ocorre em países da América do Norte (México), América Central,
América do Sul (principalmente na Bacia Amazônica), Caribe (República Dominicana e
Haiti), África, Ásia (Subcontinente Indiano, Sudeste Asiático e Oriente Médio), Europa
Oriental e Oceania. O risco de contrair de malária não é uniforme dentro de um mesmo país e,
freqüentemente, é desigual para locais situados em uma mesma região, além de sofrer
variações com as estações do ano e ao longo do tempo. A situação da malária parece estar
piorando, especialmente nas "fronteiras" de desenvolvimento econômico da América do Sul e
do Sudeste da Ásia (CIVES, 2007).
No Brasil, a existência de malária (febres terçãs e quartãs) é registrada de forma
esporádica pelo menos desde 1587. A partir de 1870 com o início da exploração da borracha
na região Amazônica, tornou-se um grande problema de Saúde Pública. A exploração da
borracha atraiu dezenas de milhares de imigrantes provenientes do Nordeste, que foram
sistematicamente dizimados pela malária. No Sudeste do país, na mesma época, a transmissão
crescia acentuadamente na Baixada Fluminense e no Vale do Paraíba, uma vez que a abolição
da escravatura, e o conseqüente colapso da aristocracia rural cafeeira, fez cessar os pequenos
14
trabalhos de combate à malária, para os quais contribuía a mão de obra escrava. Não sem
razão, no início do século vinte, a malária ocorria praticamente em todo o território brasileiro
(CIVES, 2007).
Em meados da década de 40, estimava-se que no país, para uma população de 55
milhões de habitantes, ocorriam entre 4 e 8 milhões de casos de malária por ano resultando
em cerca de 80 mil óbitos. O início do emprego extensivo do DDT a partir de 1947, tornou
possível em menos de uma década a redução do número casos para 249 mil por ano. Em 1970
foram registrados 52 mil casos, o menor número desde o início da aplicação do DDT, a quase
totalidade na região Amazônica. A partir de então a situação da malária começa
progressivamente a se agravar e, em 1999, foram registrados 635.646 mil casos na Região
Amazônica (Tabela 1).
Tabela 1: Número de casos por estado da malária na região amazônica: 1999 – 2006.
* dados sujeitos à alteração Fonte: Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde, 2007.
A migração interna, relacionada aos projetos agropecuários, à construção de rodovias
e hidroelétricas e às atividades de garimpo e mineração desenvolvidos na Região Amazônica,
foi o principal fator responsável pelo agravamento. Este movimento migratório desordenado
Estado/Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006*
Acre 23.730 21.560 7.774 9.216 12.247 31.720 57.105 93.537
Amazonas 167.722 96.026 48.385 70.223 140.642 147.482 222.545 180.290
Amapá 28.646 35.278 24.487 16.257 16.650 20.671 28.052 29.123
Maranhão 54.800 78.818 39.507 16.000 11.017 14.470 11.159 9.400
Mato Grosso 10.950 11.767 6.832 7.085 5.022 6.484 8.436 6.577
Pará 248.233 278.204 186.367 149.088 115.605 109.829 122.442 100.436
Rondônia 63.296 54.074 57.679 71.224 93.786 106.166 118.534 100.273
Roraima 36.238 35.874 16.028 8.036 11.819 26.201 31.961 20.036
Tocantins 2.031 1.640 1.244 1.130 1.207 850 718 375
Total 635.646 613.241 388.303 348.259 407.995 464.863 600.952 540.047
15
dificultou o controle da malária, permitindo um enorme afluxo de pessoas não-imunes para
áreas de alta transmissão. Além disto, permite o refluxo de indivíduos com a infecção para
regiões onde a transmissão da malária fora interrompida possibilitando, eventualmente, sua
reintrodução (Tabela 2).
Tabela 2: Número de casos da malária fora da região amazônica: 1999 – 2006. Estado/Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006*
Bahia 0 1 72 14 71 1 0 0
Ceará 0 2 0 402 4 3 1 2
Distrito Federal 0 0 0 0 0 0 2 0
Espírito Santo 13 5 14 0 0 74 68 39
Goiás 2 24 0 5 0 10 9 0
Mato Grosso do Sul 0 0 2 38 0 1 0 0
Minas Gerais 0 0 14 1 31 2 17 0
Paraná 47 16 133 106 5 4 2 7
Pernambuco 0 0 0 0 0 15 2 0
Piauí 3 29 13 9 38 120 23 25
Rio de Janeiro 1 0 0 1 19 2 3 3
Rio Grande do Sul 0 0 0 0 0 1 2 1
Santa Catarina 0 0 0 0 0 4 1 1
São Paulo 0 3 0 4 20 12 30 57
Total 66 80 248 580 188 249 160 135
* dados sujeitos à revisão Fonte: Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância em Saúde, 2007
Analisando o Índice Parasitário Anual (IPA) do ano de 2005, que representa o número
de exames positivos por mil habitantes, dado também oferecido pelo Ministério da Saúde, o
estado do Acre, apresenta o maior índice (86,78), ficando o Amazonas em quarto lugar, mas
ainda obtendo um valor elevado (68,99). O informe epidemiológico oferecido pela Fundação
de Medicina Tropical do Amazonas, no ano de 2006, até o mês de setembro, foram 12.190
casos de notificação da malária no total, sendo 2.662 causados pela malária falciparum, 9.408
16
pela malária vivax e 120 da forma mista, valores inferiores aos dois anos anteriores
(FMT/AM, 2007).
Transmissão
Em condições naturais, a malária é transmitida por fêmeas de mosquito do gênero
Anopheles, sendo o Anopheles darlingi o principal transmissor, responsável por 95% dos
casos. As manifestações clínicas da doença têm como sinais prodrômicos, sensação de mal
estar, astenia, anorexia, mialgia e cefaléia, acompanhados de febre com calafrios. Nos quadros
mais graves pode levar ao edema pulmonar, insuficiência renal e manifestações cerebrais
(FMT/AM, 2007).
Diagnóstico
Dentre outros métodos, a confirmação do diagnóstico é realizada na maioria das vezes
pela demonstração da presença dos parasitas em lâminas de sangue periférico (gota espessa).
Tratamento
Para o tratamento da malária, a quantidade de drogas antimaláricas disponíveis é
grande, mas nenhuma é completamente eficaz para todos os casos. Entre estas drogas, existe o
quinino, um alcalóide extraído da casca da quina, utilizado para o tratamento da malária desde
o século XVII. Foi muito utilizado até o desenvolvimento das drogas sintéticas, depois foi
substituída pela cloroquina, menos tóxica e de administração mais simples. Com o
aparecimento de cepas de Plasmodium falciparum resistentes à cloroquina, o quinino voltou a
assumir um papel importante na quimioterapia da malária (WHO, 1990).
17
2.2 Quinino
O quinino é o principal alcalóide da casca da quina, vegetação nativa de algumas
regiões da América do Sul. Seu uso no tratamento da malária foi descrito desde 1692. De
acordo com sua ação farmacológica, age primariamente como esquizonticida; exerce pouco
efeito sobre os esporozoítos ou formas pré-eritrocitárias dos parasitos maláricos. O alcalóide é
também gametocitocida para P. vivax e P. malarae, mas não para P. falciparum. Como agente
supressivo ou terapêutico, o quinino é mais tóxico e menos eficaz do que a cloroquina
(ROSENTHAL, 2005).
Quando administrado repetidamente ou em grandes doses, provoca um conjunto típico
de sintomas conhecido como “cinchonismo”. Na sua forma branda, consiste em zumbidos,
cefaléia, náuseas e distúrbios visuais; na forma mais grave com sintomas gastrointestinais,
cardiovasculares e dermatológicos (BARRIONUEVO et al., 1987; BHATTACHAYYA &
DAYAL, 1984).
Contrariando hipótese anterior de que os sinais e sintomas referidos estavam
relacionados com a malária falciparum e não com o quinino, Powell & McNamara (1972)
afirmaram que aproximadamente 70% das pessoas com a doença de forma assintomática ou
oligossintomática, tratadas com quinino, desenvolveram algum tipo de queixa durante a
administração da droga, tais como aumento da febre, mal estar geral, dores musculares,
anorexia leve e cefaléia. Os mesmos autores comprovaram que a febre aumenta o nível
plasmático do quinino, logo os pacientes com picos febris tiveram maiores chances de
apresentar “cinchonismo”, alguma das vezes de forma grave.
A intoxicação pelo quinino em geral deve-se à administração clínica de dose excessiva
ou hipersensibilidade. A dose oral letal do quinino para adultos é de aproximadamente 8g. A
18
audição e a visão são particularmente perturbadas. Sintomas sobre o sistema nervoso central
(SNC) são observados em quadros mais graves de intoxicação como: cefaléia, vômitos,
excitação, confusão mental, delírio e síncope. A respiração é estimulada no início, tornando-
se superficial e deprimida posteriormente. A pele torna-se fria e cianótica à medida que
progride a intoxicação; a temperatura e a pressão arterial caem, a fraqueza é extrema, o pulso
débil até evoluir para o óbito. Quando pequenas doses dos alcalóides da quina causam
manifestações tóxicas, o indivíduo em geral hipersensível à droga, apresenta o “cinchonismo”
em geral leve, mesmo com uma única dose (ROCHE et al, 1990).
O quinino e seus metabólitos são rapidamente absorvidos quando administrados por
via oral. A absorção ocorre quase completamente na porção superior do intestino delgado.
Sowunmi (1996) aplicou pela via intramuscular 500mg de quinino em indivíduos sadios e
comparou com outro grupo ao qual foram administrados 500mg da droga por via oral,
observando que a concentração de pico foi significativamente menor na via de administração
oral e o tempo médio para alcançar este pico foi maior por esta via. As concentrações
plasmáticas máximas dos alcalóides do quinino ocorrem uma a três horas após a ingestão de
dose oral única. Com administração prolongada de doses diárias totais de 1g da droga, a
concentração plasmática média é de aproximadamente 7µg/ml. Após o término do tratamento
pelo quinino, a concentração plasmática cai, com meia-vida de aproximadamente 12 horas.
Cerca de 70% do quinino plasmático encontra-se ligado a proteínas plasmáticas (WEBSTER,
1985). A ocorrência de efeitos adversos no SNC é dependente da dose e concentração
plasmática do quinino, embora a concentração do alcalóide no líquido cefalorraquidiano
corresponda a apenas 2 a 5% da concentração no plasma (SOWUNMI & SALAKO, 1996).
Supanaranond et al (1991) mostraram que a média de ligação às proteínas plasmáticas nos
doentes com malária aguda é de 94,7%, enquanto que nos convalescentes é de 92,8%.
19
As concentrações de quinino no plasma após ingestão de 10mg de sulfato de
quinino/Kg de peso corporal dosada pelo método da cromatografia líquida de alta resolução,
mostram variabilidade na taxa de absorção da droga entre os doentes na fase aguda da
malária, enquanto que os doentes na fase de convalescença têm variabilidade menor. O pico
da concentração plasmática ocorre em média entre uma e seis horas após a administração da
droga na fase aguda e cerca de três horas nos convalescentes. Os alcalóides da quina são
extensamente metabolizados, em especial no fígado, onde menos de 5% da dose administrada
é eliminada sem alteração na urina. A depuração da droga é de aproximadamente 18 horas,
independente de se iniciar ou não o tratamento com uma dose de ataque (WALLER et al.,
1990).
Devido à ototoxicidade já conhecida do quinino, é necessário um controle rigoroso
durante seu uso terapêutico. Este controle pode ser realizado tanto através da determinação
dos seus níveis plasmáticos, quanto pela cromatografia ou pela audiometria. Nas áreas
endêmicas de malária, em geral, a cromatografia não está disponível. A audiometria, por sua
vez, pode servir como indicador da concentração plasmática do quinino durante o tratamento
da malária. Se o paciente possuir exame audiométrico normal antes do tratamento, alterações
verdadeiras dos limiares podem ser obtidas, permitindo estimativa mais precisa da
concentração plasmática (KARLSSON et al., 1990).
Durante o tratamento da malária com dose padrão de quinino, são alcançadas
concentrações plasmáticas de 20 a 37,5 µmol/litro. A perda auditiva e o zumbido são
considerados os efeitos colaterais mais comuns, quando as concentrações excedem 20-30
µmol/litro. Entre 5 e 10 µmol/litro, há variações individuais e quando a concentração de
quinino excede 15 µmol/litro, a perda auditiva e o zumbido estão sempre presentes. A
audiometria de tom puro de doente sem histórico de perda auditiva, mostrando um limite
20
auditivo médio acima de 25 dB, indica uma concentração de quinino acima de 20 µmol/litro .
Se a audiometria puder ser obtida antes do tratamento, é esperada uma alteração média do
limiar de pelo menos 20dB, correspondente à concentração plasmática da droga de 20
µmol/litro (KARLSSON et al., 1990).
Os fatores de predisposição à ototoxicidade pelo quinino, tais como idade, perda de
audição preexistente e terapêutica ototóxica prévia devem ser levados em consideração,
porém o quinino pode levar à diminuição da acuidade auditiva mesmo em pessoas saudáveis.
Além disso, fatores externos, como o ruído, também podem potencializar o dano do sistema
auditivo quando combinados a agentes terapêuticos ototóxicos (PAINTAUD et al., 1994).
A perda auditiva causada pelo uso do quinino é transitória. Usualmente o primeiro
efeito colateral ocorre poucas horas após o início da terapêutica com altas doses de quinino
para o tratamento da malária. Estima-se que 20% dos doentes apresentem perda de audição
após tratamento prolongado com esta droga. Esta perda auditiva é bilateral e simétrica,
afetando primeiramente as altas freqüências (4, 6 e 8 kHz), com um corte característico em
4kHz. Quando doses moderadas são utilizadas, a perda auditiva pode ser resolvida com ou
sem interrupção do tratamento (MILLER, 1985).
Alván et al (1989) demonstraram que após a ingestão de 1g de quinino, houve
dificuldade de ouvir o som de um relógio, percebido mais ou menos duas horas após a ingesta
da droga, confirmado pela audiometria para verificar a baixa da acuidade auditiva após a
administração de quinino. A administração do quinino aumenta a amplitude de vibração do
pico das curvas de ressonância mecânica e a sensibilidade da sintonia (KARLSSON, 1991).
Alván et al (1991) também observaram o pico da perda auditiva ocorrido durante o
pico de ação antitérmica do quinino. Foi relatada também perda auditiva e zumbidos nas
21
orelhas logo no primeiro dia de tratamento do quinino, que regrediu 24 horas após a
suspensão da droga e depois de uma semana nenhum sintoma foi relatado (NIELSEN-
ABBRING et al., 1990).
O zumbido é o sintoma mais relatado com o uso do quinino, geralmente leve, podendo
ser acompanhado de vertigem, estando diretamente relacionado com o nível plasmático da
droga. Logo, o zumbido é percebido em pacientes com níveis plasmáticos elevados, porém
foram descritos casos que referiram zumbidos com níveis plasmáticos baixos (2 a 3 mg/L) e
que não notaram o sintoma com níveis altos (9 a 10 mg/L). Há um decréscimo do zumbido
conforme a progressão do tratamento com quinino. O zumbido ocorre principalmente do
segundo ao quinto dias do tratamento, podendo estar associado à baixa da acuidade auditiva e
plenitude auricular (POWELL & MCNAMARA, 1972).
O zumbido ocasionado pelo uso do quinino é semelhante ao causado pelo salicilato,
caracterizado por ruído de banda estreita e alto tom. Estudos eletrofisiológicos sugeriram que
o zumbido está associado às alterações na atividade espontânea neural no sistema auditivo,
como hiperatividade dos neurônios e aumento da atividade oxidativa destas células
(KALTENBACH, 2000).
As células ciliadas externas compreendem o sítio onde ocorrem as alterações que
cursam com o zumbido e a perda auditiva neurossensorial. No passado, acreditava-se que a
administração prolongada de quinino em doses elevadas conduziria à perda destas células
ciliadas externas, o que possivelmente seria responsável pela baixa da audição (RUED et al.,
1952). Este achado poderia representar uma conseqüência à exposição prolongada, com perda
auditiva permanente, contudo, perdas auditivas reversíveis não apresentam alteração
morfológica dessa natureza (JUNG et al., 1993).
22
Jarboe & Hallworth (1999) sugeriram que o mecanismo de ação da perda auditiva
ocorreu pelo efeito deletério sobre a estrutura contrátil das células ciliadas do órgão de Corti.
Porém, embora as células ciliadas externas isoladas de cobaios tenham sua geração de força
ativa diminuída na presença do quinino, com alongamento do eixo maior e alargamento do
diâmetro celular, nenhuma alteração consistente nas suas propriedades mecânicas pode ser
observada.
Alterações reversíveis das células ciliadas externas parecem desempenhar papel
importante na ototoxicidade do quinino, com sintomas semelhantes aos ocasionados pelos
salicilatos e consistem de zumbido, hipoacusia e vertigem, com efeitos que geralmente são
dose-dependentes e reversíveis (JUNG el al., 1993). A ototoxicidade ocasionada pelos
salicilatos está associada a níveis diminuídos de prostraglandinas (vasodilatadoras) e aumento
dos leucotrienos (vasoconstritores), comprovados por estudo realizado em cobaios (RHEE et
al., 1999).
O quinino possui também a ação de bloquear canais de potássio dependentes de
cálcio, os quais são encontrados numa extensa variedade de células, mas foi evidenciado que
a droga bloqueia estes canais nas células ciliadas vestibulares (OHMORI, 1984). Puel et al.
(1990) e Smith et al. (1985) sugeriram que o quinino poderia atuar nos canais das células
ciliadas externas da cóclea e nos canais das células endoteliais da estria vascular.
Na microscopia eletrônica de transmissão foi observado que as células ciliadas
externas apresentam estruturas de microtúbulos centrais e edema das cisternas (KARLSSON
et al., 1995).
Nas cobaias expostas ao quinino, notou-se vasoconstrição nos capilares do ligamento
espiral, na estria vascular, membrana basilar e no tímpano. Os capilares mostram o lúmen
23
estreitado, devido ao edema do endotélio. O quinino não afeta de forma considerável os
potenciais de membrana do gânglio neural, da espiral e nem a resistência de entrada do sinal,
no repouso, entretanto, os potenciais de ação gerados pelo gânglio são aumentados pela droga
em altas concentrações. A amplitude dos potenciais de ação é reduzida; a corrente de potássio
celular é bloqueada na dependência da voltagem gerada; a corrente de sódio também é
reduzida com altas doses, enquanto a corrente de cálcio não é afetada. Estes achados sugerem
a modulação da onda do limiar do potencial de ação do gânglio neural são primariamente
responsáveis pelos efeitos ototóxicos do quinino e o zumbido pode ser explicado pelo
alargamento do potencial de ação e a perda auditiva pela inibição da corrente de sódio pela
droga, o que dificulta a geração dos potenciais de ação pós-sinápticos (LIN et al., 1998).
Leecs & Jung (1992) demonstraram uma parada temporária do fluxo sanguíneo através
dos capilares terminais na membrana basilar da cóclea, onde perceberam um decréscimo
importante na circulação sangüínea após a colocação de quinino sobre a membrana da janela
redonda com conseqüente perda da audição.
Outro efeito vascular do quinino refere-se à sua interação com plaquetas, ligando-se às
proteínas plasmáticas, atua como hapteno, induzindo a produção de anticorpos, que se
ancoram nas membranas das plaquetas circulantes, ativando a cascata do sistema
complemento. Este fato pode contribuir para o aparecimento de púrpura trombocitopênica,
coagulação intravascular disseminada e anemia hemolítica. É possível que reações subclínicas
deste tipo sejam responsáveis pela microtromboembolia da circulação vestibular (MOSS,
1980).
24
2.3 Avaliação Audiológica
As avaliações audiológicas têm por objetivo não apenas verificar quanto e como um
indivíduo ouve mais, também, ajudar a direcionar o diagnóstico nos casos de lesão do sistema
auditivo, tanto no tocante ao local quanto à causa da lesão (FUKUDA, 2006).
Tipos de avaliações audiológicas:
2.3.1 Testes com diapasão
O diapasão é um instrumento de metal em molde de forquilha que ao ser percutido
produz um tom puro cuja freqüência varia conforme a espessura de suas hastes.
Pouco usado atualmente, pode ser útil na ausência de recursos mais sofisticados
devido ao baixo custo e simplicidade de execução dos testes. Serve para diagnosticar possível
perda auditiva e tipo da perda.
Teste de Rinne – percute-se o diapasão e coloca-se primeiramente na mastóide
(transmissão por via óssea) do paciente e após nova percussão coloca-se na frente do pavilhão
auricular (transmissão por via aérea). Normalmente o som é ouvido mais intensamente e
prolongadamente por via aérea, resultando no Rinne positivo. Caso o resultado se inverta,
denominamos Rinne negativo, significando que o paciente deve ter perda auditiva do tipo
condutiva.
Teste de Weber – toca-se o diapasão e coloca-se no vértex ou na fronte do
paciente que deve ouvir o som igualmente com ambas as orelhas. Caso o paciente ouça
melhor com uma das orelhas, dizemos que o Weber está lateralizado. Ele pode lateralizar
para melhor orelha no caso de perda neurosensorial ou para pior orelha na perda condutiva.
Teste de Schwabach – é a comparação do tempo de escuta do som entre o
examinador e o paciente. O diapasão deve ser posicionado na mastóide de cada um. Se o
25
tempo do paciente for maior dizemos que o Schwabach está prolongado, indicando alteração
do tipo condutivo. Se for menor, dizemos que o Schwabach está encurtado, o que é sinal de
alteração do tipo neurossensorial.
2.3.2 Audiometria tonal
A audiometria é o teste que quantifica a audição do indivíduo. Via de regra, ela deve
ser executada em um ambiente acusticamente isolado para não sofrer interferência do ruído
externo. Este ambiente pode ser uma cabine acústica ou uma sala com isolamento acústico.
O equipamento mais utilizado é o audiômetro, que emite tons puros e permite também a
emissão da voz do examinador. Geralmente a pessoa avaliada recebe o estímulo sonoro
através de fones, porém, também poderão ser utilizadas caixas acústicas com alto-falantes
(audiometria em campo). Pode ser realizado a partir de 4 anos de idade, desde que o paciente
tenha compreensão suficiente para executar as respostas.
Utilizado na detecção dos limiares auditivos da via aérea e óssea. Para testar a via
aérea utiliza-se um fone de ouvido sendo emitidos tons puros nas freqüências de 250, 500,
1000, 2000, 3000, 4000, 6000 e 8000 Hz, e cada freqüência é testada separadamente com
intensidades decrescentes de 120 a –5 dB . O paciente deve sinalizar com a mão ou apertar
um botão cada vez que ouvir o tom. Já para a via óssea é utilizado um vibrador colocado na
região mastóide, avaliando-se somente as freqüências de 500, 1000, 2000, 3000 e 4000 Hz até
a intensidade máxima de 70 dB devido às limitações do audiômetro. Testa-se uma orelha de
cada vez. Quando há suspeita de perdas assimétricas, utiliza-se um ruído tipo chiado
denominado “mascaramento” para impedir a interferência da melhor orelha na pior.
Crianças entre 3 e 6 anos podem necessitar de aparatos (brinquedos) que as
estimulem a executar a tarefa de ouvir e responder aos sons. Um artifício bastante usado é um
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boneco de palhaço com botão no nariz. Cada vez que a criança ouve o som e aperta o botão
corretamente aparece um desenho em uma TV à sua frente.
Os resultados do exame são representados graficamente e com as seguintes
representações:
O (círculo na cor vermelha) para os limiares da via aérea na orelha direita.
X (xis na cor azul) para os limiares da via aérea na orelha esquerda.
< (sinal de menor na cor vermelha) para os limiares da via óssea na orelha direita.
> (sinal de maior na cor azul) para os limiares da via óssea na orelha esquerda.
Cada um destes sinais pode vir acompanhado de uma seta para baixo, caso a
máxima intensidade do aparelho tenha sido emitida e o paciente não tenha conseguido ouvir.
Os sinais de cada orelha são interligados formando uma curva.
Limiares entre 0 e 25 dB NA são considerados normais. Limiares maiores são
considerados como perda auditiva. De acordo com a média dos limiares nas freqüências de
500, 1000 e 2000 Hz a perda auditiva pode ser classificada em graus:
Leve 26 – 40 dB NA
Moderada 41 – 70 dB NA
Severa 71 – 90 dB NA
Profunda > 90 dB NA
Em crianças, o intervalo entre 16 e 25 dB NA é considerado perda discreta.
Como já foi dito, quando os limiares estão anormais dizemos que há perda
auditiva. Se a curva dos limiares aéreo e ósseo estiverem acopladas, isto é, se os limiares das
duas vias forem iguais, dizemos que a perda é neurossensorial. Quando somente o limiar da
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via aérea estiver aumentado significa que temos alteração na via condutiva, havendo então,
uma diferença entre o limiar da via aérea e o da via óssea denominada “gap”. Caso haja
“gap” e os limiares da via óssea também estejam aumentados teremos uma perda mista
(condutiva e neurossensorial).
Audiometria vocal
Visa avaliar a capacidade do indivíduo em perceber e compreender os sons da fala.
Ao invés de tons puros o examinador fala algumas palavras e pede para o paciente repetir. É
realizado em duas etapas:
a) Pesquisa do limiar de reconhecimento da fala (índice de reconhecimento da fala
–SRT):
É a mínima intensidade na qual o indivíduo consegue repetir pelo menos 50% das
palavras que foram faladas. Geralmente corresponde à média dos limiares nas freqüências de
500, 1000 e 2000 Hz.
b) Pesquisa do índice percentual de reconhecimento da fala (IPRF):
Mais conhecido como “discriminação vocal”, neste teste, o examinador fala cerca
de 25 palavras, geralmente monossílabos, em uma intensidade 25 ou 30 dB NA acima da
média dos limiares em 500, 1000 e 2000 Hz. A porcentagem de acertos corresponde ao IPRF
que normalmente é maior ou igual a 92%. Patologias retrococleares costumam cursar com
IPRF baixos.
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Audiometria comportamental
Utilizada para crianças menores de 3 anos de idade ou com atraso do
desenvolvimento neuropsicomotor. A estimulação sonora é feita através de instrumentos
musicais, que emitem sons com freqüência e intensidade próprios. Observa-se se a criança
tem reação de susto com sons de elevada intensidade (reflexo cócleo-palpebral), se olha para a
fonte sonora, etc.
2.3.3 Imitanciometria
É o exame no qual verificamos as condições da orelha média, mais
especificamente do sistema tímpano-ossicular, e da via do reflexo do estapédio. É composto
de duas etapas: a timpanometria e a pesquisa do reflexo do estapédio.
Timpanometria
Corresponde à medida da pressão na orelha média, obtida através da admitância
ou impedância do sistema tímpano-ossicular. Ao se injetar uma pressão positiva no meato
acústico externo, o conjunto tímpano-ossicular é deslocado medialmente. Com +200 daPa
esse deslocamento é máximo e portanto a impedância também o será. Conforme a pressão
diminui, no momento em que a pressão de ar do conduto se iguala à pressão da orelha média,
a membrana timpânica atinge sua posição de menor impedância, ocorrendo um pico no
timpanograma, que normalmente é igual ou próximo de 0 daPa.
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Curvas da timpanometria
Tipo A = curva normal com pico próximo ou igual a 0 daPa
Tipo As = pico em 0daPa mas com amplitude reduzida; sinal de rigidez do
conjunto tímpano-ossicular
Tipo Ad = pico em 0 daPa mas com amplitude muito aumentada; sinal de
flacidez, desarticulação
Tipo B = ausência de pico; sinal de líquido na orelha média
Tipo C = pico deslocado para pressões negativas; sinal de disfunção da tuba
auditiva.
Pesquisa do reflexo do estapédio
Este reflexo tem a função de proteger a cóclea quando o ouvido é exposto a um
som de intensidade muito elevada. Quando a via do reflexo é ativada, o músculo do estapédio
de ambas orelhas se contrai, enrijecendo a cadeia ossicular, o que leva a uma mudança na
imitância. Esta via é composta pela cóclea, o VIII nervo, o núcleo coclear ventral, o
complexo olivar superior, o núcleo motor do facial e o ramo motor do nervo facial.
Neste teste detectamos a intensidade sonora mínima para qual ocorre o reflexo nas
freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. Um tom puro é emitido com a pressão no pico de
complacência máxima. Em indivíduos normais o reflexo é desencadeado com intensidade
entre 70 e 100 dB NA acima do limiar auditivo. Quando a diferença entre o limiar do reflexo
e o limiar auditivo é menor que 60 dB NA dizemos que há recrutamento, o que é sugestivo de
lesão coclear.
30
A ausência de reflexo significa que o paciente tem perda auditiva em grau intenso
o suficiente para inibir o reflexo ou que a orelha média apresenta alteração ou que há lesão na
via do reflexo.
2.3.4 Emissões otoacústicas
São sons de baixíssima intensidade que resultam do mecanismo ativo de recepção
do som pela cóclea no qual as células ciliadas externas desempenham o papel principal.
Estes sons percorrem o caminho reverso ao do som que entra pelas nossas orelhas, sendo
imperceptíveis ao homem, mas podendo ser captados por microfones muito sensíveis
colocados no meato acústico externo. Rápido e de fácil aplicação, este teste tem conseguido
espaço na triagem auditiva de recém-nascidos e crianças pequenas, auxiliando ainda no
reconhecimento de simuladores. Uma sonda conectada a um computador é colocada no
ouvido do paciente com oliva igual ao da imitanciometria. O exame dura cerca de 3 minutos
e não depende da cooperação do paciente quanto à atenção e compreensão para sua execução;
exige apenas que não haja alteração na orelha externa ou média. O exame deve ser
programado no computador que se encarrega de emitir os sons que servem de estímulo para as
orelhas e de analisar a otoemissão que surge em resposta a esse som.
De acordo com o estímulo sonoro usado, o exame de otoemissão pode ser do tipo
transiente evocada quando o estímulo são clicks ou por produto de distorção quando o
estímulo são pares de tons puros. Quando a amplitude das otoemissões estão diminuídas ou
não há otoemissões podemos dizer que há alteração no funcionamento das células ciliadas
externas ou na via auditiva eferente. Também nestes casos o limiar auditivo costuma estar
aumentado, situando-se geralmente acima de 30-40 dB NA.
31
2.3.5 Potenciais evocados auditivos
São potenciais elétricos que surgem através de um estímulo acústico (geralmente
click fornecido através de fones) e que refletem a atividade do sistema auditivo. Estes
potenciais elétricos podem ser de curta, média ou longa latência dependendo do tempo que a
onda leva para ser captada. Quanto mais distante o sítio gerador, maior é o tempo de latência
da onda que representa o potencial. Assim, os potenciais gerados na cóclea têm curta latência
e os gerados no córtex, longa latência. Estes potenciais dependem do limiar auditivo do
paciente. Quanto pior o limiar, menor amplitude eles tendem a apresentar, podendo inclusive
não ser visualizados. Na prática do dia-a-dia do otorrinolaringologista, os únicos potenciais
elétricos são os de curta latência, obtidos em dois exames: a eletrococleografia e as respostas
auditivas de tronco encefálico.
2.3.6 Eletrococleografia
É o exame que confirma o diagnóstico de hipertensão endolinfática. Os eletrodos
são colocados nas orelhas, sendo que o mais importante deles deve ser colocado o mais
próximo possível da membrana timpânica da orelha testada ou, melhor ainda, transfixar a
membrana (eletrodo em agulha). São medidos dois potenciais: o de somação (SP), que parece
relacionar-se à excursão da membrana basilar em direção à escala média; e o potencial de
ação (AP), que representa a despolarização das células ciliadas internas e das células do
gânglio espiral ou de Corti. A amplitude dos dois potenciais é medida e comparada. Uma
relação SP/AP maior que 30-35% é considerado como sinal de hipertensão endolinfática.
32
2.3.7 Respostas auditivas de tronco encefálico (ABR)
Mais conhecida pela antiga designação BERA – brainstem evoked response
audiometry – termo inadequado, pois não se trata de uma audiometria, este exame é de grande
utilidade principalmente na avaliação auditiva de crianças com pouca colaboração, pois pode
ser realizado sob sedação ou anestesia geral. Os eletrodos são colocados geralmente nas
orelhas, vértex e fronte. As ondas obtidas correspondem à despolarização no nervo auditivo
(onda I e II), núcleo coclear (onda III), complexo olivar superior e leminisco lateral (onda IV)
e colículo inferior (onda V) e existe atualmente a onda VII. O aumento da latência das ondas
acima dos valores padrões pode significar alteração patológica nesta via, daí a sua grande
indicação que é o diagnóstico de neurinoma do acústico ou schwanoma vestibular (termo
atual). É normal que com a redução da intensidade dos estímulos, a latência das ondas
aumente e a amplitude diminua. A última onda a desaparecer com a redução do estímulo é a
onda V. Desta forma, podemos obter o limiar auditivo para click, que corresponderá a menor
intensidade onde a onda V é visualizada. Este limiar é muito próximo do limiar audiométrico
ao redor de 4000 Hz.
2.3.8 Avaliação do processamento auditivo central
Existem indivíduos com queixa de ouvir mal mas, quando submetidos à
audiometria mostram resultados normais. Isto é possível devido a problemas no
processamento auditivo central, ou seja, o indivíduo escuta bem, mas a informação auditiva
ouvida não é bem interpretada. Muitas vezes este tipo de alteração também ocorre
concomitantemente a alteração de limiares auditivos com redução da discriminação vocal. O
local de disfunção não necessariamente tem de estar no córtex cerebral, podendo localizar-se
33
em qualquer parte da via auditiva central a partir dos núcleos cocleares no tronco encefálico.
Indivíduos com a alteração do processamento auditivo central comumente têm dificuldade em
conversar em ambiente ruidoso, com várias pessoas ao mesmo tempo ou ao telefone. No caso
de crianças, podem apresentar dificuldade de aprendizado na escola, geralmente relacionado à
leitura e escrita. A avaliação é feita em cabine acústica, com fones. Os testes são
padronizados, apresentados através de CD ou fita cassete. São diversos, na maioria com
palavras ou frases, podendo ou não ter estimulação auditiva contralateral simultânea ou
alternada. As alterações encontradas podem indicar o sítio de lesão da via auditiva, mas é
mais conveniente interpretá-los com relação ao tipo e grau de disfunção.
2.4 Avaliação audiométrica x ototoxicidade do quinino
A audiometria é representada por uma avaliação subjetiva, que tem um papel chave no
diagnóstico, identificando e localizando o distúrbio, quantificando o grau de perda auditiva e
servindo, ainda, como referencial para outros testes diagnósticos e diversos planejamentos
terapêuticos (CAMPOS & COSTA, 2002).
Estudos audiométricos foram realizados no passado durante a terapêutica com quinino,
que evidenciaram a perda auditiva induzida reversível pelo quinino (FALBE-HANSEN,
1941). Entretanto, perdas de audição não reversíveis foram também relatadas, relacionadas a
altas doses ou ao uso prolongado no quinino (FORBES, 1943). Contudo, nenhum dado
audiométrico apropriado estava disponível naquela época para comprovar estas afirmações
(NIELSEN-ABBRING et al., 1990).
Roche et al.(1990) realizaram estudo com doentes que recebiam quinino para
tratamento da malária falciparum e que apresentavam perda auditiva, vertigens e zumbidos;
34
mostraram reduções do limiar acústico nas freqüências agudas, com resolução total após o
final do tratamento.
Existe uma estreita correlação entre as alterações dos limiares de audição e a
concentração de quinino no sangue de cobaias. Ao ser infundido de 5 a 50 mg/Kg de quinino
via endovenosa, obtiveram mudanças graduais nos limiares até 35 dB e uma única injeção
intramuscular de hidrocloreto de quinino na dose de 150 mg/Kg induzia uma perda auditiva
de 20db, com pico 8 horas após a injeção, retornando ao normal 18 horas após. O nível de
quinino plasmático no pico de perda auditiva era de 365 ng/ml (LEECS & JUNG, 1992).
O consumo diário de quinino até 160 mg não altera a resposta audiométrica
(DREWITT et al., 1993). Alterações audiométricas após administração de quinino
endovenoso em indivíduos saudáveis e em doentes com malária falciparum, avaliadas tanto
pela audiometria tonal quanto pela audiometria de alta freqüência, ocorreram em 9 entre 12
indivíduos saudáveis; os doentes com malária apresentaram alteração dos limiares auditivos,
com retorno aos limiares normais após uma semana (TANGE et al., 1996).
No Amazonas, estudo realizado em pacientes com malária falciparum grau leve,
submetidos ao esquema terapêutico na FMT-AM, não apresentaram alteração da audiometria
tonal. Contudo, a referência do zumbido e tontura reafirmaram a otoxicidade do quinino,
sugerindo que os doentes poderiam ser avaliados através da audiometria de alta freqüência,
eletrococleografia ou emissão otoacústica no pico de ação ototóxica máxima do quinino,
horas após a administração da droga, que pudesse evidenciar alterações precoces na orelha
interna, mesmo que utilizado em baixa dose e por curto período de tempo (LIMA, 2000).
35
2.5 Detecção da ototoxicidade pelas emissões otoacústicas
As emissões otoacústicas são sons de baixa intensidade gerados pela cóclea e
transmitidos para a orelha média e canal auditivo. É um teste de aplicação clínica muito
recente, que desperta interesse crescente, informando sobre o funcionamento do órgão de
Corti e do sistema eferente auditivo, dados que nenhum outro exame consegue fornecer
(MUNHOZ et al., 2003).
Ocorre relação consistente entre as mudanças no limiar da emissão otoacústica
evocada e na alteração do limiar de audição induzida pelo quinino, refletindo uma mudança
na amplificação da atividade biomecânica dentro da cóclea. Brass & Kemp (1993) mostraram
que a cóclea ativa mecanicamente o aumento na velocidade da membrana basilar transversal
até 40 dB, no pico de resposta. As emissões otoacústicas estão intimamente ligadas a estes
processos ativos assim como o quinino, que supõe-se agir em nível de células ciliadas
externas (KARLSSON et al., 1995). Há um sistema de amplificação não linear da cóclea,
envolvendo as células ciliadas externas como se fosse um retroalimentador, agindo de forma
dinâmica, em uma faixa de cerca de 40 dB acima do limiar de audição normal (ZWICKER,
1986).
Em voluntários sadios, o quinino torna as curvas de sintonias psicoacústicas rasas,
embora os limiares de reflexo estapédico não sejam afetados e a mudança nos limiares de
emissão otoacústica evocada sigam, paralelamente, os limiares da audiometria de tom puro.
Ocorrem também alterações qualitativas nas emissões, tais como: o expoente da função
resposta / estímulo se alteram de 0,34 para 0,56, o tempo de reflexo é encurtado e o espectro
de força se altera nas freqüências mais baixas. Todas estas alterações são devido à disfunção
das células ciliadas externas (KARLSSON et al., 1991).
36
Há uma preocupação atual dos pesquisadores para detecção precoce da ototoxicidade
de algumas drogas, pois os estudos anteriores utilizaram a monitorização tradicional, que
detectava as lesões quando já havia dano à orelha interna. Vallejo et al. (2001) mostraram que
a otoxicidade pode ser monitorada eficazmente com otoemissões acústicas por produto de
distorção durante a administração da droga, independentemente do horário da sua
administração, mostrando que os incrementos nas respostas poderiam ser um sinal precoce de
otoxicidade por aminoglicosídeos.
Zocolli et al. (2003) realizaram um estudo para avaliar grau de ototoxicidade através
das otoemissões acústicas evocadas - produtos de distorção, em pacientes antes e depois da
aplicação do quimioterápico cisplatina, onde os resultados não mostraram mudanças
significativas nas respostas das otoemissões nas freqüências de 2,3 e 4 kHz, porém, em 1 e 6
kHz, ocorreram alterações na sensibilidade auditiva após a aplicação da droga. Estudo
posterior confirmou as alterações nas emissões otoacústicas nas freqüências agudas e dados
concordantes com os resultados obtidos através de audiometria tonal (ALMEIDA et al. 2006).
Na literatura, houve uma preocupação com os efeitos do chumbo no sistema auditivo,
uma vez que foram observados efeitos negativos após a exposição ocupacional a este metal.
Logo, foi realizado trabalho para detecção precoce de ototoxicidade em indivíduos expostos
ao chumbo e ao ruído, que não evidenciaram o efeito tóxico do chumbo nos resultados das
emissões otoacústicas, visto que as menores amplitudes das otoemissões foram observadas no
grupo exposto somente ao ruído (ALVARENGA et al., 2003).
37
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
Detectar a presença de efeitos ototóxicos do quinino nos pacientes submetidos ao
tratamento da malária falciparum em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-
Am.
2.2 Específicos
2.2.1 Detectar precocemente as ações ototóxicas do quinino através das audiometrias tonais e
emissões otoacústicas;
2.2.3 Verificar se há relação entre os resultados dos exames audiométricos e emissões
otoacústicas;
2.2.3 Comparar os resultados obtidos neste estudo com os relatados na literatura.
38
3. METODOLOGIA
3.1 Modelo do Estudo
Estudo clínico tipo série de casos, com avaliação audiológica dos pacientes em
tratamento para malária falciparum, através dos exames de audiometria tonal e emissões
otoacústicas.
3.2. Universo do Estudo
3.2.1 Casuística
Foram incluídos neste estudo doentes sem distinção de gênero com diagnóstico de
malária falciparum de grau leve, atendidos em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde do
Município de Manaus-Am, no período de junho de 2006 a junho de 2007.
A malária falciparum de grau leve ou não grave foi definida como a malária causada
pelo Plasmodium falciparum que apresentasse parasitemia abaixo de 60.000/mm3 no sangue
(FMT-AM, 2007).
3.2.2 Diagnóstico pela gota espessa
O diagnóstico foi obtido através da gota espessa, exame de rotina nas referidas
instituições onde foi realizado o estudo. É o método adotado oficialmente no Brasil para o
diagnóstico da malária. Mesmo após o avanço de técnicas diagnósticas, este exame continua
sendo um método simples, eficaz, de baixo custo e fácil realização. Sua técnica baseia-se na
observação do parasito através de microscopia óptica, após coloração com corante vital (azul
39
de metileno e Giemsa), permitindo a diferenciação específica dos parasitos a partir da análise
da sua morfologia, e pelos estágios de desenvolvimento dos parasitos encontrados no sangue
periférico (FMT-AM, 2007).
3.2.3 Critérios de Inclusão
- Pacientes de ambos sexos com idade acima de dezoito anos;
- Somente pacientes com diagnóstico obtido pela gota espessa de malária falciparum
de grau leve;
- Pacientes sem histórico de diagnóstico de malária anterior;
- Pacientes sem uso prévio de quinino.
3.2.4 Critérios de Exclusão
- Pacientes com história prévia de perda auditiva ou com sintomas vestibulares
periféricos;
- Pacientes grávidas;
- Pacientes que faziam uso de outras drogas ototóxicas, como exemplo, o ácido
acetilssalicílico, furosemida e aminoglicosídeos;
- Pacientes com alterações inflamatórias e/ou infecciosas na orelha externa ou média,
detectados através da otoscopia;
- Pacientes com alterações na audiometria tonal e/ou emissões otoacústicas, antes da
administração da primeira dose da droga em estudo;
- Pacientes com uso prévio de quinino.
40
3.3. Esquema terapêutico
Foi administrado sulfato de quinino via oral na dose de 500mg a cada oito horas,
durante três dias consecutivos, associado à doxiciclina, via oral, 100mg de doze em doze
horas, durante sete dias consecutivos. As drogas foram adquiridas gratuitamente na Rede
Municipal de Saúde de Manaus, oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
3.4 Avaliação otorrinolaringológica
Todos os pacientes foram submetidos à anamnese, com interesse principalmente nos
antecedentes de patologias das orelhas, bem como doenças sistêmicas e uso de outras drogas
ototóxicas. Foi ainda realizado o exame otorrinolaringológico (boca, orofaringe, nariz, seios
pananasais e orelhas), obedecendo a seguinte seqüência:
Orofaringoscopia: Realizada com auxílio de abaixadores de língua descartáveis, com
inspeção do estado dos lábios, mucosa jugal, assoalho de boca, estado de conservação dos
dentes, aspecto da língua, arcos palatoglosso e palatofaríngeo, tonsilas palatinas e parede
posterior da orofaringe.
Rinoscopia anterior e palpação dos seios paranasais: realizadas através de espéculos nasais
de metal esterelizáveis, onde buscou-se a visualização das narinas, coloração de mucosa nasal,
posicionamento do septo nasal, aspecto e tamanho dos cornetos nasais inferiores, presença de
secreção nas fossas nasais e palpação dos seios paranasais, utilizando a dígito-compressão,
principalmente dos seios maxilares, etmoidais anteriores e frontais.
Otoscopia: realizada através da retificação do pavilhão auricular e com o auxílio de um
otoscópio de luz halógena da marca Welch Allyn, para observação do conduto e aspecto da
41
pele que recobre o mesmo, presença de cera fisiológica e/ou secreção, integridade da
membrana timpânica e orelha média.
3.5 Avaliação audiológica
Os exames propostos foram realizados inicialmente antes da primeira dose do quinino,
no terceiro dia de uso da droga.
Audiometria tonal
Os doentes foram submetidos ao exame de audiometria tonal, realizados em cabine
acústica da marca VIBRASSOM e audiômetro da marca MAICO MA 41, para avaliação das
freqüências de 250, 500, 1.000, 2.000, 3.000, 4.000, 6.000 e 8000 Hz.
Técnica:
Para testar a via aérea utilizou-se um fone de ouvido pelo qual eram emitidos tons
puros nas freqüências de 250, 500, 1000, 2000, 3000, 4000, 6000 e 8000 Hz, e cada
freqüência era testada separadamente com intensidades decrescentes de 120 a –5 dB. O
paciente sinalizava com a mão cada vez que ouvia o tom.
Para testar a via óssea foi utilizado um vibrador colocado na região mastóide, cujo
objetivo era avaliar as freqüências de 500, 1000, 2000, 3000 e 4000 Hz até a intensidade
máxima de 70 dB devido às limitações do audiômetro. Testava-se uma orelha de cada vez.
Quando suspeitava-se de perdas assimétricas, utilizava-se um ruído tipo “chiado” denominado
“mascaramento”, para impedir a interferência da melhor orelha na pior (FUKUDA, 2006).
42
Interpretação dos resultados
• Normal: limiares entre 0 e 25 dB NA;
• Perda auditiva: limiares acima de 25 dB NA
De acordo com a média dos limiares nas freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz, a perda
auditiva era classificada em graus:
• Leve: 26 a 46 dB NA;
• Moderada: 47 a 70 dB NA;
• Severa: 71 a 90 dB NA;
• Profunda: acima de 90 dB NA.
Quando os limiares eram anormais considerávamos que havia perda auditiva. Se
a curva dos limiares aéreo e ósseo tivessem acopladas ou indubitavelmente iguais,
afirmávamos que a perda é do tipo neurossensorial.
Quando somente o limiar da via aérea estivesse aumentado, significava que havia
alteração na via condutiva, havendo nesse caso, uma diferença entre o limiar da via aérea e o
da via óssea denominada “gap”. Em caso positivo para a “gap” e os limiares da via óssea
pudessem também estar aumentados, afirmávamos que havia uma perda mista (condutiva e
neurossensorial). Os pacientes com perda auditiva condutiva ou mista foram imediatamente
afastados do estudo, seguindo os critérios de exclusão.
Emissões otoacústicas
Posteriormente, os pacientes foram submetidos ao exame de emissões otoacústicas,
também realizado antes do tratamento e no terceiro dia de uso do quinino com o aparelho ILO
92 OTODYNAMICS, com sonda A para adultos, avaliando-se as freqüências de 1.000, 2.000,
3.000, 4.000, 6.000 e 8000 Hz.
43
Técnica
O exame era rápido (durava cerca de três minutos) e de fácil aplicação. Uma sonda
conectada a um computador era colocada no ouvido do paciente com uma oliva em sua
extremidade. O computador era programado e se encarregava de emitir os sons que serviam
de estímulo para as orelhas e de analisar a otoemissão que surgia em resposta a esse som.
Estes sons, de baixíssima intensidade, resultavam do mecanismo ativo de recepção do som
pela cóclea no qual as células ciliadas externas desempenhavam o papel principal. Os mesmos
(sons) percorriam o caminho reverso ao do som que entrava pelas orelhas, sendo
imperceptíveis ao homem, mas podendo ser captados por microfones muito sensíveis
colocados no meato acústico externo (FUKUDA, 2006).
A emissão otoacústica utilizada foi a de categoria evocada do tipo produtos de
distorção. Foram obtidos por estimulo sonoro tipo “click”, composto por dois tons puros de
freqüências diferentes (f1 e f2).
Resposta ao estímulo
A resposta era caracterizada pela ocorrência de um terceiro tom cuja freqüência era um
produto de distorção tipicamente 2 f1-f2 sendo que a relação f1/f2 era de aproximadamente
1,2.
Quando a amplitude das emissões otoacústicas encontrava-se diminuída ou quando
não havia otoemissões, a conclusão era que havia alterações no funcionamento das células
ciliadas externas ou na via auditiva eferente (MARTIN et al, 1990; NORTON &
WILKINS,1994).
44
3.6 Considerações Éticas
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação de Medicina
Tropical do Amazonas (FMT-AM).
3.7 Metodologia Estatística A amostra utilizada na análise foi composta por 40 pacientes submetidos ao quinino
para o tratamento da Malária falciparum em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de
Manaus-Am, com o objetivo de analisar os efeitos ototóxicos do quinino através da
audiometria e emissões otoacústicas.
Os dados foram apresentados através de tabelas e gráficos onde calcularam as
frequências absolutas simples e relativas juntamente com os respectivos intervalos de
confiança (IC 95%) para os dados qualitativos e médias, mediana e desvio-padrão (DP) para
os dados quantitativos.
Na análise de comparação das médias, utilizou-se o teste t de Student, quando os dados
encontravam-se normalmente distribuídos e o teste de Mann-Whitney quando rejeitada a
hipótese de normalidade (VIEIRA, 2004).
O software utilizado na análise foi o programa Epi-Info 3.3 for Windows desenvolvido
e distribuído pelo CDC e o nível de significância utilizado nos testes foi de 5%.
45
4- RESULTADOS
Após seguimento da metodologia do trabalho, foram avaliados 40 pacientes, (80
orelhas estudadas); 29 do sexo masculino (72,5%), 11 do sexo feminino (27,5%), cuja faixa
etária foi (Tabela 3 e gráfico 1):
• 18-25 anos: 11 pacientes (27,5%)
• 26-30 anos: 07 pacientes (17,5%)
• 31-35 anos: 06 pacientes (15,0%)
• 36-40 anos: 07 pacientes (17,5%)
• 41-50 anos: 05 pacientes (12,5%)
• > 51 anos: 04 pacientes (10,0%)
Tabela 3. Distribuição segundo o sexo e idade dos pacientes com malária falciparum e
tratados com quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am.
Variáveis (n = 40) n %
Sexo Masculino 29 72,5
Feminino 11 27,5
Idade (anos)
18 |--- 25 11 27,5
26 |--- 30 7 17,5
31 |--- 35 6 15,0
36 |--- 40 7 17,5
41 |--- 50 5 12,5
> 51 4 10,0
Média ± DP 33,6 ± 11,5
Mediana 33,5
Amplitude 18 - 62
46
Gráfico1. Distribuição segundo o sexo e idade dos pacientes com malária falciparum e
tratados com quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am.
717,5%
1127,5%
410%
512,5%
717,5%
615%
18-25 anos
26-30 anos
31-35 anos
36-40 anos
41-50 anos
> 51 anos
Após a administração do quinino, observamos alguns sintomas otológicos tais
como: hipoacusia, zumbidos, tontura e otalgia.
A hipoacusia foi diagnosticada em cinco pacientes (12,5%), sendo em quatro
bilaterais (10,0%) e unilateral (2,5%).
Zumbidos foram percebidos em seis pacientes (15,0%), onde em cinco foram
bilaterais (12,5%) e unilateral (2,5%).
A Tontura e a Otalgia ocorreram em um paciente cada (2,5%), conforme Tabela 4.
O Gráfico 2 representa o percentual dos pacientes com queixa otológica deste estudo, levando
em consideração a lateralidade do sintoma.
47
Tabela 4. Distribuição segundo sintomas otológicos nos pacientes com malária falciparum e
tratados com quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am.
Variáveis (n = 40) n (%) IC95% Zumbido 6 (15,0) 5,7 – 29,8
Hipoacusia 5 (12,5) 4,2 – 26,8
Tontura 1 (2,5) 0,1 – 13,2
Otalgia 1 (2,5) 0,1 – 13,2
Gráfico 2. Distribuição segundo sintomas otológicos nos pacientes com malária falciparum e
tratados com quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am.
0
2
4
6
8
10
12
14
Hipoacusia Zumbido Tontura e Otalgia
BILATERAL
UNILATERAL
GERAL
48
Audiometria tonal
Foram realizadas audiometrias previamente e posteriormente ao uso do quinino;
os resultados foram de 100% normais antes do uso quinino, ou seja, em quarenta pacientes
(80 orelhas); 85% normais pós quinino, ou seja, trinta e quatro pacientes (68 orelhas) e 15%
alteradas pós quinino; seis pacientes (12 orelhas), dos quais todos os casos foram bilaterais.
As audiometrias estudadas por freqüência no pós uso do quinino nas orelhas
direitas e esquerdas, têm seus resultados demonstrados nas Tabelas 5 e 6.
Após aplicação estatística, não houve significância, porém, as alterações notadas
foram nas freqüências agudas (4, 6 e 8 kHz) em ambas orelhas, com intervalo de confiança de
95%, revelando um dado clínico importante, demonstrados nos Gráficos 3 e 4.
Tabela 5. Distribuição segundo a média de decibéis (dB) em relação à frequência das
audiometrias nas orelhas direitas dos pacientes com malária falciparum antes e depois da
administração do quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am.
Decibéis (dB)
Khz Antes Depois p Média DP Mediana Média DP Mediana
0,25 12,8 4,8 15,0 12,6 5,7 10,0 0,912*
0,50 12,1 5,0 10,0 13,1 5,5 12,5 0,400*
1 12,6 4,1 10,0 13,2 5,2 10,0 0,554*
2 13,1 4,8 15,0 13,9 5,4 15,0 0,660*
3 13,6 4,5 15,0 14,8 5,4 15,0 0,317*
4 14,0 4,8 15,0 14,9 7,3 15,0 0,891**
6 15,5 4,5 15,0 18,2 11,3 15,0 0,942**
8 15,6 4,8 15,0 19,8 12,1 15,0 0,330**
p< 0,05; * t de Student; ** Teste de Mann-Whitney.
49
Tabela 6. Distribuição segundo a média de decibéis (dB) em relação à frequência das
audiometrias nas orelhas esquerdas dos pacientes com malária falciparum antes e depois da
administração do quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am.
Decibéis (dB)
Khz Antes Depois p Média DP Mediana Média DP Mediana
0,25 12,2 4,1 12,5 13,5 4,7 15,0 0,207*
0,50 12,8 4,5 15,0 13,2 4,2 15,0 0,609*
1 12,9 4,4 12,5 13,5 4,8 15,0 0,546*
2 13,8 4,3 15,0 13,5 4,9 15,0 0,811*
3 13,9 4,6 15,0 13,9 5,5 15,0 0,998*
4 13,6 4,5 15,0 15,5 8,8 15,0 0,845**
6 14,4 5,1 15,0 17,8 12,9 15,0 0,863**
8 15,6 4,7 15,0 18,8 14,3 15,0 0,605**
p< 0,05; t de Student; ** Teste de Mann-Whitney.
Gráfico 3. Distribuição segundo a média e IC95% dos decibéis (dB) em relação a frequência
das audiometrias nas orelhas direitas dos pacientes com malária falciparum antes (A) e
depois (D) da administração do quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de
Manaus/Am.
dB
Khz 8643210,50,25
DADADADADADADADA
60
50
40
30
20
10
0
50
Gráfico 4. Distribuição segundo a média e IC95% dos decibéis (dB) em relação à frequência
das audiometrias nas orelhas esquerdas dos pacientes com malária falciparum antes (A) e
depois (D) da administração do quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de
Manaus-Am.
dB
Khz 8643210,50,25
DADADADADADADADA
70
60
50
40
30
20
10
0
Quando realizamos uma análise clínica, levando em consideração somente as
frequências agudas (4, 6 e 8 kHz), podemos observar que houve aumento dos limiares
auditivos em ambas orelhas nessas frequências referidas, confirmando as alterações
audiométricas depois do uso do quinino (Tabela 7).
51
Tabela 7. Distribuição segundo a frequência da audiometria nas orelhas direita e esquerda
dos pacientes com malária falciparum antes e depois da administração do quinino em
Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am.
Decibéis (dB)
Ouvido/Khz Antes (≥25) Depois (≥25)
n (%) IC95% n (%) IC95%
Direito
4 2(5,0) 0,6 – 16,9 6(15,0) 6,2 – 30,5
6 4(10,0) 2,8 – 23,7 6(15,0) 6,2 – 30,5
8 4(10,0) 2,8 – 23,7 7(17,5) 7,9 – 33,4
Esquerdo
4 2(5,0) 0,6 – 16,9 6(15,0) 6,2 – 30,5
6 3(7,5) 6(15,0) 6,2 – 30,5
8 3(7,5) 6(15,0) 6,2 – 30,5
Emissões otoacústicas
Além das audiometrias tonais, foram feitas emissões otoacústicas antes e depois
do uso do quinino, seus resultados mostraram 100% dos pacientes (40 pessoas e 80 orelhas),
presentes antes do uso quinino; depois do uso da droga, na orelha direita em 3 pacientes
(7,5%) estavam ausentes na freqüência de 4 kHz, em 5 pacientes (12,5%) em 6 kHz e em 4
pacientes (10,0%) também ausentes na freqüência de 8 kHz .Na orelha esquerda em 2
pacientes (5,0%) estavam ausentes na freqüência de 4 kHz, em 5 pacientes (12,5%) também
ausentes nas freqüências 6 e 8 kHz .
Os valores acima citados com seus respectivos intervalos de confiança de 95%,
estão representados nas tabelas 8 e 9.
52
Tabela 8. Distribuição segundo a frequência da ausência de emissões otoacústicas nas
orelhas direitas dos pacientes com malária falciparum antes (A) e depois (D) da
administração do quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am.
Emissões (EOA)
Khz Antes Depois
n (%) IC95% n (%) IC95%
1 - - - -
2 - - - -
3 - - - -
4 - - 3 (7,5) 1,6 – 20,4
6 - - 5 (12,5) 4,2 – 26,8
8 - - 4 (10,0) 2,8 – 23,7
Tabela 9. Distribuição segundo a frequência da ausência de emissões otoacústicas nas
orelhas esquerdas dos pacientes com malária falciparum antes (A) e depois (D) da
administração do quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am.
Emissões (EOA)
Khz Antes Depois
n (%) IC95% n (%) IC95%
1 - - - -
2 - - - -
3 - - - -
4 - - 2 (5,0) 0,6 – 16,9
6 - - 5 (12,5) 4,2 – 26,8
8 - - 5 (12,5) 4,2 – 26,8
53
Relação entre os resultados da audiometria tonal e emissões otoacústicas Apesar de que a audiometria tonal tenha realizado a avaliação quantitativa e as
emissões otoacústicas a avaliação qualitativa, quando levamos em consideração os dois
exames utilizados na metodologia, percebemos que há concordância nos resultados, pois as
freqüências alteradas (4, 6 e 8 kHz) em ambas orelhas, foram percebidas nos mesmos
pacientes com alteração desses limiares auditivos, dados estes sustentados pela significância
estatística da análise paramétrica t de Student (p < 0,001) nas frequências de 4, 8 kHz na
orelha direita e 4 kHz na orelha esquerda; e pela análise não-paramétrica de Mann-Whitney
(0,001 em 6 kHz, na orelha direita, 0,008 em 6 kHz e 0,002 em 8 kHz na orelha esquerda),
valores estes demonstrados na Tabela 10.
Tabela 10. Distribuição segundo a média da audiometria em decibéis em relação a emissões
otoacústicas no ouvido direito e esquerdo dos pacientes com malária falciparum depois da
administração do quinino em Policlínicas da Rede Municipal de Saúde de Manaus-Am.
Otomissões
Ouvido/Khz Ausente Presente p Média DP Mediana Média DP Mediana
Direito
4 30,0 5,0 30,0 13,8 5,4 15,0 <0,001* 6 38,0 16,4 35,0 15,5 5,8 15,0 0,001** 8 42,5 6,5 42,5 16,4 7, 6 15,0 <0,001*
Esquerdo 4 37,5 10, 6 37,5 14,0 5,9 15,0 <0,001* 6 39,0 18,8 40,0 14,5 6,9 15,0 0,008** 8 41,0 21,0 35,0 15, 6 7, 6 15,0 0,002**
p < 0,05; * t de Student; ** Teste de Mann-Whitney.
54
5- DISCUSSÃO
A proposta desta investigação, prospectiva, que proporcionou uma casuística que
envolveu 40 pacientes com rígidos critérios de inclusão e exclusão, oriundos de atendimento
em Policlínicas da rede Municipal de Saúde da cidade de Manaus, Amazonas, representa sua
importância no contexto de Saúde Pública, visto que o uso de drogas como o quinino, se
mantém como alternativa viável, apesar de sua longevidade atingir mais de século e meio
(167 anos) e trazer complicações importantes como por exemplo, as alterações na orelha
interna.
No passado, utilizava-se em grande escala, o quinino no tratamento da malária
falciparum, obtendo-se com esta droga resultados satisfatórios (CALVOSA et al, 2002);
contudo, houve mudança neste perfil, em resposta ao surgimento e da disseminação de cepas
do P. falciparum multirresistentes (PINELI,1999).
A associação de drogas envolvendo o quinino e a doxiciclina, utilizadas neste estudo,
fazia parte do protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde. O mesmo não reduz o número
de complicações inerentes ao uso das drogas em questão, pois como no caso da hipoacusia
que foi diagnosticada neste estudo em 5/40 (12,5%) dos pacientes dos quais 4/40 (10%) eram
bilaterais e 1/40 (2,5%) unilateral, achado que difere de Lima (2000) que não verificou tal
sintoma, porém de acordo com Miller (1985), que achou em 3/18 (16%) dos seus pacientes
avaliados.
Devido ao aumento dos casos de resistência à droga e efeitos colaterais
indesejáveis, o Ministério da Saúde recentemente modificou o protocolo da malária
falciparum não-grave, utilizando artemeter-lumefantrina, uma associação de medicamentos já
usada para tratar a malária na África e Ásia; além da ausência dos efeitos colaterais
apresentados pelo quinino, a nova droga deixa a pessoa mais resistente à doença.
55
Zumbidos Lima (2000) em 30 casos estudados, detectou a queixa de zumbido em três pacientes
(10%), achado também encontrado em nosso estudo, em que 15% dos pacientes (6/40)
apresentaram tal sintoma, dos quais 12,5% (5/40) eram bilaterais. O zumbido é uma queixa
freqüente em pacientes que administram drogas ototóxicas, como exemplo, temos a cisplatina,
uma droga quimioterápica, onde estudo mostrou que quase metade dos doentes (5/11 ou
46%), apresentaram zumbidos (ZOCOLI et al., 2003). Almeida et al. (2006) também
mostraram que 3/8 (37,5%) dos pacientes tratados com cisplatina queixaram-se de zumbidos.
Tontura e otalgia
Sintomas precoces referidos durante e após o uso da droga quinino como tontura e
otalgia se manifestaram neste estudo envolvendo um paciente distinto (2,5%) para cada
sintomatologia; formaram percentual 1/30 (3,3%) semelhante ao de Lima (2000); porém
diferente de Tange et al. (1996); que não encontraram tal queixa, embora todos os sintomas
reflitam manifestação temporária ou enquanto da utilização da droga.
Audiometria tonal
A quantificação da audição dos indivíduos que fazem uso de drogas consideradas
ototóxicas, representada pela audiometria nos protocolos prospectivos, têm tido importante
papel no controle das complicações como a perda auditiva neurossensorial, seja temporária ou
definitiva. Neste estudo, 6/40 (15%) pacientes apresentaram bilateralmente a audiometria
alterada notadamente nas freqüências agudas (4, 6 e 8 kHz), semelhante aos achados de
Roche et al. (1990), que perceberam em 3/16 (19%) alterações na audiometrias, também nas
mesmas freqüências citadas.
56
Notou-se ainda que apesar da não-significância estatística, quando realizada uma
análise clínica, levando em consideração somente as frequências agudas (4, 6 e 8 kHz), foi
observado que houve aumento dos limiares auditivos em ambas orelhas nessas frequências
referidas, tornando-se um dado clínico irrelevante, confirmando as alterações audiométricas
após o uso do quinino e destacando a importância deste exame na busca da ototoxicidade
precoce (CAMPOS & COSTA, 2002).
Emissões otoacústicas
As emissões otoacústicas são sons de baixa intensidade gerados pela cóclea e
transmitidos para a orelha média e canal auditivo. É um teste de aplicação clínica recente, que
desperta interesse crescente, informa sobre o funcionamento do órgão de Corti e do sistema
eferente auditivo, dados que nenhum outro exame consegue fornecer (MUNHOZ et al., 2003).
Neste estudo, a avaliação estatística foi sustentada pelos intervalos de confiança de
95%, mostrando ausência de emissões otoacústicas em 5/40 (12,5%) pacientes, nas
freqüências agudas (4, 6 e 8 kHz) em ambas orelhas, também sem lateralidade e com uma
discreta predileção pela freqüência de 6 kHz.
Apesar de não haver trabalho anterior utilizando emissões otoacústicas em usuários de
quinino, podemos comparar nossos resultados com os de outros estudos que utilizaram o
referido exame para verificar alterações da orelha interna em pacientes que utilizaram outras
drogas ototóxicas, a exemplo do aminoglicosídeo (amicacina), em que Vallejo et al (2001)
encontraram alterações de EOA em 15% (3/20) dos pacientes avaliados.
Zocoli et al (2003) e Almeida et al. (2006) em estudo que envolveu pacientes em uso
do quimioterápico cisplatina, detectaram alterações de OEA em 9/11(81,8%) e 5/8 (62,5%)
dos envolvidos, respectivamente. Os trabalhos citados foram unânimes em relatar alterações
57
das emissões otoacústicas, em destaque para as freqüências agudas, dado concordante com
nosso estudo.
Vale destacar a importância das emissões otoacústicas na detecção precoce de
agressão às células ciliadas, não somente pelas drogas ototóxicas, mas também por exposição
ao chumbo e ruídos sonoros intensos, em estudos dirigidos por Alvarenga et al (2003) e
somente por ruídos (uso de walkman) dos autores Silveira et al (2001).
Relação entre os resultados da audiometria tonal e emissões otoacústicas (EOA)
O recente descobrimento das EOA tem mostrado que a cóclea não só é capaz de
receber sons como antigos conceitos afirmavam, mas a de que produz energia acústica por
meio do processo eletrobiomecânico ativo coclear, fenômeno este que vem sendo atribuído a
contrações rápidas e lentas das células ciliadas externas e controladas através das vias
auditivas eferentes (LOPES FILHO, 1997).
Há evidências de que pequenas alterações do funcionamento coclear podem ser
detectadas pelas OEA, mesmo antes de apresentar qualquer mudança no audiograma
(CARNICELLI,1997). O método é mais sensível que a audiometria tonal, sendo a pesquisa de
ototoxicidade uma das indicações mais precisas, porém, ambos apresentam sensibilidade para
detectar mudanças temporárias significantes nos limiares de audibilidade e amplitude após
exposição dentre outros, às drogas ototóxicas ou ruído, variando de acordo com as freqüências
estudadas (VALLEJO et al., 2001).
Neste estudo, considerando as freqüências (4, 6 e 8 kHz) bilateralmente, a análise das
associações entre a audiometria tonal e emissões otoacústicas mostrou-se significativa
estatisticamente, revelando a concordância entre os exames, semelhante aos encontrados na
literatura (AZEVEDO, 2003).
58
6. CONCLUSÕES
Após finalização de minucioso estudo, do qual foram utilizados dados do quadro
clínico, exames complementares como audiometria tonal e emissões otoacústicas de pacientes
que administraram quinino no tratamento da malária falciparum, podemos concluir:
▪ Houve confirmação da ação nociva do quinino à orelha interna;
▪ É possível a detecção precoce da ototoxicidade do quinino através dos exames
de audiometria tonal e emissões otoacústicas produtos de distorção;
▪ É representativo o número de pacientes com queixa de zumbidos; sintoma este
que serve de alerta para os danos causados por drogas ototóxicas;
▪ Levando em consideração a avaliação quantitativa da audiometria tonal e
qualitativa das emissões otoacústicas, houve similaridade nos resultados dos exames em
questão, principalmente nas freqüências acometidas (agudas: 4, 6 e 8 kHz), achado
comprovado pela significância estatística;
▪ Neste estudo que utilizou as emissões otoacústicas, avaliou e comprovou efeitos
colaterais indesejáveis do quinino, resultados semelhantes e que estão de acordo com outros
trabalhos que analisaram outras drogas ototóxicas.
59
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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APÊNDICE A – Equipe Científica
NOME PROFISSÃO FUNÇÃO TITULAÇÃO
Gerson S. Nakajima Médico Orientador Doutorado
Antonio de M. Tavares Médico Co-orientador Doutorado
João Bosco Botelho Médico Colaborador Livre- docência
Álvaro Siqueira da Silva Médico Orientando Mestrando
Daniele Memória Médica Colaboradora Graduada
Cristhian Nascimento Melo Fonoaudiólogo Colaborador Graduado
69
APÊNDICE B – Ficha clínica aplicado aos pacientes do estudo
FICHA CLÍNICA Registro: Nome: Sexo: Idade: Profissão: Contato: - Queixas após o uso do quinino: 1) Hipoacusia: ( ) sim ( ) não 2) Zumbidos: ( ) sim ( ) não 3) Tontura: ( ) sim ( ) não 4) Otalgia: ( ) sim ( ) não - Resultado das audiometrias pré uso do quinino: Freqüência(kHz) 0,25 0.5 1 2 3 4 6 8 Orelha direita Orelha esquerda - Resultado das audiometrias pós uso do quinino: Freqüência(kHz) 0,25 0.5 1 2 3 4 6 8 Orelha direita Orelha esquerda - Resultado das otoemissões acústicas pré uso do quinino: Freqüência(kHz) 1 2 3 4 6 8 A= ausente P= presente Orelha direita Orelha esquerda - Resultado das otoemissões acústicas pós uso do quinino: Freqüência(kHz) 1 2 3 4 6 8 A= ausente P= presente Orelha direita Orelha esquerda
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APÊNDICE C – TERMO DE CIÊNCIA E CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA,CONTROLE DE ENDEMIAS E
COORDENADORIA DE PESQUISA GERÊNCIA DE MALÁRIA
Investigador: Álvaro Siqueira da Silva Instituição: Mestrado em Patologia Tropical da Universidade Federal do Amazonas Telefone: 81182500 / 35842890 Título: AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA POR MEIO DE AUDIOMETRIA TONAL E EMISSÕES OTOACÚSTICAS NOS PACIENTES PORTADORES DE MALÁRIA FALCIPARUM TRATADOS COM QUININO No do protocolo: Descrição e objetivo do Estudo: Este é um estudo prospectivo clínico com o propósito de uma avaliação audiológica dos pacientes com malária por Plasmodium falciparum não graves tratados com quinino e doxiciclina com idade entre 18 e 50 anos. Este estudo será iniciado para avaliar quantos indivíduos acima de 18 anos tratados para malária por Plasmodium falciparum em regime ambulatorial com quinino e doxiclina, terão alterações na orelha interna. Se eu voluntariamente concordar em participar do estudo, eu permitirei que sejam realizados os exames físico otorrinolaringológico, audiometria tonal e emissões otoacústicas. Nenhum desses exames necessita de internação hospitalar. Além desses exames serão realizadas perguntas sobre mim mesmo e estado de saúde. Os procedimentos serão realizados em duas ocasiões. Risco associado ao Estudo: Os exames citados não causam nenhum desconforto para o paciente. Benefícios Participando deste estudo, eu não obterei nenhum benefício adicional, mas estarei contribuindo para o conhecimento de quantas pessoas apresentarão alteração audiológica com o tratamento com quinino e doxiciclina para malária falciparum.
71
Confidencialidade e avaliação dos registros Minha participação neste estudo será confidencial e os registros dos testes relacionados ao estudo serão mostrados apenas aos representantes da Fundação de Medicina do Amazonas e da Universidade Federal do Amazonas, bem como as autoridades normativas nacionais e internacionais, com o objetivo de garantir informações da pesquisa clínica para fins normativos. Minha identidade permanecerá sempre em confidencialidade. Direito a retirada do estudo Eu tenho o direito de fazer qualquer pergunta referentes aos riscos potenciais ou conhecidos por mim durante a participação no estudo. Eu serei notificado com referência a qualquer nova informação relacionada com o estudo e serei capaz de contactar com o Dr. Álvaro Siqueira, através do telefone 3584-2890 Despesas e compensações financeiras Participando desse estudo você ou o paciente não receberá qualquer benefício adicional, nem ganhará dinheiro, mas estará contribuindo para o conhecimento científico da malária. Se tiver algum prejuízo, os pesquisadores responsáveis poderão ressarci-lo das despesas decorrentes da sua participação ou ainda indenizá-lo diante eventuais danos decorrentes da pesquisa. Participação voluntária A minha participação nesse estudo é voluntária. Se eu recusar a participação neste estudo, não haverá qualquer tipo de dano ou perda de benefícios que tenho direito. Eu tenho o direito de ter uma cópia assinada deste documento. Consentimento pós-informação Estou devidamente informado e esclarecido sobre o conteúdo deste termo, livremente, expresso o meu consentimento para minha inclusão, como sujeito nesta pesquisa. _____________________________ _________________ Paciente ou representante legal Data _____________________________ _________________ Pesquisador responsável Data
72
APENDICE D: Distribuição dos pacientes quanto ao sexo, idade, queixas otológicas em ambas orelhas e resultados das audiometrias nas orelhas direitas.
registro sexo Idade hipoacusia zumbido tontura otalgia Aar 0,25 Aar 0,5 Aar 1 Aar 2 Aar 3 Aar 4 Aar 6 Aar 8 Adr 0,25 Adr 0,5 Adr 1 Adr 2 Adr 3 Adr 4 Adr 6 Adr 8 1 Mas 39 não não não Não 10 5 10 5 10 15 10 10 10 5 10 5 10 15 10 10 2 Mas 19 não não não Não 15 15 20 10 15 15 10 15 15 15 20 10 15 15 10 15 3 Fem 37 não não não Não 15 5 5 5 10 10 15 15 15 5 5 5 10 10 15 15 4 Mas 36 não não não Não 5 5 10 5 0 10 10 5 5 5 10 5 5 5 10 5 5 Mas 45 não não não Não 15 10 10 10 10 15 15 15 15 10 10 10 10 15 15 15 6 Mas 22 não não não Não 20 20 15 20 20 20 20 20 20 15 15 20 20 15 20 20 7 Mas 27 não não não Não 20 20 15 15 20 15 15 15 20 15 10 15 20 15 15 25 8 Fem 34 não não não Não 15 10 15 10 10 15 15 15 15 10 15 10 20 10 10 20 9 Mas 20 não não não Não 10 10 20 20 15 15 15 15 10 10 20 20 15 10 15 15 10 Fem 61 sim sim não Não 15 10 15 15 15 10 20 20 15 10 15 15 15 30 35 35 11 Mas 18 não não não Não 5 5 5 5 10 10 10 10 5 10 5 10 10 10 10 10 12 Mas 38 não não não Não 10 5 10 15 10 10 15 20 5 10 10 15 10 10 15 20 13 Mas 21 não não não Não 15 15 15 20 15 20 20 20 15 15 15 15 15 15 15 20 14 Mas 24 não não não Não 15 10 10 15 15 15 15 15 10 15 10 15 15 15 15 15 15 Mas 51 não não não Não 10 5 10 15 15 10 10 10 5 10 10 15 15 10 10 15 16 Fem 27 não não não Não 15 15 20 20 25 25 25 20 10 20 15 20 15 20 20 15 17 Mas 37 não não não Não 15 10 10 10 15 15 15 10 10 10 10 10 10 15 15 10 18 Mas 29 não não não Não 10 10 10 10 10 15 15 15 10 10 10 15 10 10 20 15 19 Fem 46 sim sim sim Não 20 20 20 20 20 25 25 25 25 25 25 25 25 35 35 45 20 Mas 26 não não não Não 15 15 10 15 10 20 20 20 15 10 10 15 10 15 15 20 21 Mas 33 não não não Não 10 15 10 5 15 15 15 20 10 15 10 10 15 15 15 20 22 Fem 52 sim sim não Não 15 15 15 20 15 20 15 25 20 25 25 25 25 25 35 40 23 Mas 24 não não não Não 5 5 5 5 5 5 10 10 5 5 5 5 5 5 10 10 24 Mas 33 não não não Não 15 10 15 10 10 10 15 15 15 10 15 10 10 10 15 15 25 Fem 26 não não não Não 10 10 10 15 20 15 20 10 10 10 15 15 10 10 20 10 26 Mas 36 não não não Não 10 15 15 10 15 15 15 20 10 15 15 10 20 15 15 20 27 Mas 23 não não não Não 15 15 15 15 10 10 15 10 10 15 10 15 15 15 15 15 28 Fem 34 não não não Não 20 20 10 10 10 10 15 15 15 15 15 10 15 10 15 15 29 Mas 62 não não não Não 15 10 15 15 15 10 10 15 15 15 15 15 10 10 10 15 30 Fem 20 não não não Não 10 15 10 15 15 10 15 15 10 15 10 15 15 10 15 10 31 Mas 34 sim sim não Não 20 25 20 15 15 20 25 25 25 25 25 25 25 35 60 45 32 Mas 49 não não não Não 15 10 15 15 20 10 15 10 15 10 15 15 20 15 15 15 33 Mas 19 não não não Não 10 15 10 15 15 10 15 15 10 15 10 10 15 10 10 20 34 Fem 37 não não não não 10 15 15 20 15 20 20 15 20 20 15 15 25 25 45 60 35 Mas 28 sim sim não não 10 10 15 15 15 10 15 15 10 10 15 15 15 15 15 15 36 Mas 46 não não não não 5 10 10 10 10 15 10 15 5 10 10 10 10 10 10 15 37 Fem 25 não não não não 10 15 10 10 15 15 10 10 10 15 10 10 15 10 10 10 38 Mas 34 não não não não 5 5 10 15 15 10 15 15 5 5 10 15 15 15 15 15 39 Mas 24 não sim não sim 15 15 15 15 15 20 25 25 25 25 25 25 25 30 45 50 40 Mas 47 não não não não 15 15 10 15 10 5 10 15 10 15 10 15 10 10 15 15
73
APENDICE E: Distribuição dos pacientes quanto aos resultados das audiometrias nas orelhas esquerdas.
registro Aal 0,25 Aal 0,5 Aal 1 Aal 2 Aal3 Aal 4 Aal 6 Aal 8 Adl 0,25 Adl 0,5 Adl 1 Adl 2 Adl 3 Adl 4 Adl 6 Adl 8 1 10 5 5 5 10 10 10 10 10 10 5 5 15 10 10 15 2 15 10 20 15 15 10 10 15 15 10 15 15 15 10 15 15 3 15 5 5 10 10 10 15 15 15 10 10 10 15 10 15 15 4 5 5 10 10 5 5 10 10 5 10 10 10 5 10 10 10 5 15 10 10 10 10 15 15 15 15 10 10 10 10 15 15 10 6 20 15 10 20 15 20 20 20 15 15 10 15 10 20 20 5 7 20 15 15 15 20 15 15 20 15 10 15 5 15 15 15 10 8 10 15 10 10 20 10 15 20 15 20 15 10 20 10 15 20 9 15 15 20 15 10 10 10 15 20 15 20 10 10 10 15 15 10 15 15 15 15 20 15 20 20 15 15 15 20 20 25 35 30 11 10 5 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 12 10 15 10 15 10 10 15 10 5 15 10 15 5 10 15 10 13 15 15 15 15 10 15 15 5 10 15 15 15 10 15 15 10 14 10 15 10 15 15 15 15 15 15 15 10 15 15 15 10 15 15 5 10 10 15 15 15 10 20 10 15 15 15 20 10 15 20 16 15 20 10 20 15 20 15 15 15 10 10 20 15 15 15 15 17 10 10 15 10 15 15 15 15 10 10 15 10 15 15 15 15 18 10 15 15 15 15 15 20 10 10 15 15 15 10 15 10 10 19 20 25 25 25 20 20 25 25 20 20 20 25 25 25 35 35 20 15 10 10 15 15 15 20 20 15 15 10 15 15 15 15 15 21 10 15 15 10 15 15 10 15 10 15 15 10 15 10 10 10 22 15 20 15 20 15 20 25 20 15 15 25 25 25 30 40 35 23 5 5 5 5 5 5 10 10 5 5 5 5 5 5 10 10 24 15 10 15 10 10 10 15 15 10 10 10 10 10 10 15 15 25 10 10 15 15 10 10 20 10 15 10 15 15 15 10 20 10 26 10 10 15 10 20 15 15 20 10 10 15 10 10 10 15 20 27 10 15 10 15 15 15 10 15 10 15 10 15 15 15 10 15 28 15 10 15 10 15 15 15 15 15 10 10 10 15 15 15 15 29 10 15 15 15 10 10 10 10 10 15 15 15 10 15 10 10 30 15 10 10 15 15 10 15 15 15 10 10 15 15 10 15 15 31 15 15 20 15 20 25 25 25 25 25 25 20 20 45 50 65 32 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15 10 10 15 15 15 33 10 15 10 15 15 10 10 20 10 10 15 15 10 10 10 20 34 15 20 20 25 25 25 20 25 25 25 25 25 25 30 55 65 35 10 10 15 15 5 15 10 15 15 10 15 15 5 15 10 15 36 5 10 10 10 10 10 5 15 10 10 10 10 10 10 5 15 37 10 15 10 10 15 10 10 10 10 15 10 10 15 10 10 10 38 5 10 10 15 10 15 5 15 15 10 10 15 10 15 5 15 39 55 15 15 15 20 10 20 20 20 15 20 15 25 45 60 60 40 15 15 10 10 15 15 10 15 20 15 10 10 15 15 10 15
74
APENDICE F: Distribuição dos pacientes quanto aos resultados das emissões otoacústicas em ambas orelhas. registro Oar1 Oar 2 Oar 3 Oar 4 Oar 6 Oar 8 Odr 1 Odr 2 Odr 3 Odr4 Odr 6 Odr 8 Oal 1 Oal 2 Oal 3 Oal 4 Oal 6 Oal 8 Odl 1 Odl 2 Odl 3 Odl4 Odl 6 Odl 8
1 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 2 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 3 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 4 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 5 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 6 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 7 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 8 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 9 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 10 P P P P P P P P P A A A P P P P P P P P P P A A 11 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 12 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 13 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 14 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 15 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 16 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 17 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 18 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 19 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 20 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 21 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 22 P P P P P P P P P A A A P P P P P P P P P A A A 23 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 24 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 25 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 26 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 27 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 28 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 29 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 30 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 31 P P P P P P P P P A A A P P P P P P P P P A A A 32 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 33 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 34 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 35 P P P P P P P P P P A P P P P P P P P P P P A A 36 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 37 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 38 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P 39 P P P P P P P P P P A A P P P P P P P P P P A A 40 P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P
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