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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA CAEN MESTRADO EM ECONOMIA PRISCILA SILVA RODRIGUES OFERTA DE TRABALHO DOS TAXISTAS E EFEITO UBER: UMA ANÁLISE PARA AS REGIÕES METROPOLITANAS DE PORTO ALEGRE E FORTALEZA FORTALEZA 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA – CAEN

MESTRADO EM ECONOMIA

PRISCILA SILVA RODRIGUES

OFERTA DE TRABALHO DOS TAXISTAS E EFEITO UBER: UMA ANÁLISE

PARA AS REGIÕES METROPOLITANAS DE PORTO ALEGRE E FORTALEZA

FORTALEZA

2017

PRISCILA SILVA RODRIGUES

OFERTA DE TRABALHO DOS TAXISTAS E EFEITO UBER: UMA ANÁLISE PARA

AS REGIÕES METROPOLITANAS DE PORTO ALEGRE E FORTALEZA

Dissertação submetida à Coordenação do

Curso de Pós-Graduação em Economia –

Mestrado Acadêmico – da Universidade

Federal do Ceará, como requisito parcial para

a obtenção do grau de Mestre em Economia.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Brito Soares.

FORTALEZA

2017

PRISCILA SILVA RODRIGUES

OFERTA DE TRABALHO DOS TAXISTAS E EFEITO UBER: UMA ANÁLISE PARA

AS REGIÕES METROPOLITANAS DE PORTO ALEGRE E FORTALEZA

Dissertação submetida à Coordenação do

Curso de Pós-Graduação em Economia –

Mestrado Acadêmico – da Universidade

Federal do Ceará, como requisito parcial para

a obtenção do grau de Mestre em Economia.

Aprovada em: 20/02/2017

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Prof. Dr. Ricardo Brito Soares (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________

Prof. Dr. Sérgio Aquino de Souza

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_____________________________________________________

Prof. Dr. Leandro de Almeida Rocco

Universidade Federal do Ceará (UFC)

A Deus.

À minha mãe, Damiana.

Aos meus familiares e amigos tão queridos.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primordialmente a Deus, meu criador, agradeço por sua ajuda, por ouvir

minhas orações e por me atender em cada momento, por toda força dada, pelas alegrias, por

cada lagrima acolhida, pela saúde, paz, afago, livramentos e sabedoria concedida a mim a

cada minuto e milésimo de segundo. Agradeço a ti Pai por acrescentar-me perseverança e

paciência, por sempre ajudar-me a trazer a memória o que me traz esperança, por sempre

lembrar-me a guardar a fé, a esperança e o amor, mas ao mesmo tempo entender que o

principal é o amor. Sou deveras grata e imensamente feliz. O que darei eu ao Senhor por todos

os benefícios que Ele me tem feito? Só posso dar graças.

Agradeço ao meu pai (in memoriam) Marques Antonio e a minha mãe Damiana,

mulher forte, guerreira que soube com tanto amor ensinar suas duas filhas o bom caminho que

elas deveriam andar, hoje somos adultas e não nos desviamos dele. Mãe muito obrigada.

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Ricardo Brito Soares que foi peça

fundamental na construção dessa dissertação e na conclusão deste trabalho, muito obrigada

professor por sua dedicação, tempo despendido, ideias, compreensão e apoio.

Agradeço aos professores Sérgio Aquino e Leandro Rocco por fazerem parte da

banca de avaliação.

Sou muito grata também a minha querida irmã, Débora, obrigada irmã por me dar

suporte, obrigada por toda ajuda, obrigada pela Marianna, por me dar a sobrinha mais linda

que me alegrou muito nesse momento e fez de mim a tia mais coruja que poderia existir.

Obrigada tia Isabel Cristina, Tia Assunção, Tia Bentanha, Tio Marcílio, Tia

Cosma, Tia Catarina, Jéssica Mayara, Eduardo Paulino, Carine e Camila. Muito obrigada a

minha família inteira, aos meus demais tios e tias, primos e primas, não dá para citar todos,

mas os amo e todos de forma direta ou indireta me apoiaram muito. Obrigada!

Agradeço aos meus pastores, Vicente Gomes e Raimunda Martins, pelas orações,

ensinamentos e suporte espiritual, assim como todos os meus irmãos em Cristo da Igreja do

Evangelho Quadrangular, em especial a Thayanne, Renata, Cleiton, Allan, Abimael e

Aldinéia pelo apoio e palavras de incentivo.

Agradeço as minhas amigas queridas, Eliane e Carol, muito obrigada por todo

apoio, por cada oração e por toda paciência. Muito obrigada mesmo, vocês tornaram os

momentos difíceis mais leves e celebraram comigo cada momento de alegria, amo muito

vocês. Muito obrigada Carol pela Ana Cecília, a titia ama muito. Obrigada, a todas minhas

amigas que fiz em João Pessoa, Celina, Paula, Clarice, Márcia, Aline, Jaci, Clodine e Jacky,

vocês são preciosas. E a todos os meus demais amigos e amigas que não tiveram seus nomes

citados aqui, me perdoem, mas todos estão em minha mente e em meu coração.

Sou grata também a todos os funcionários do CAEN, Cleber, Márcia, Carmem,

Adelino. Muito Obrigada a todos os professores que ministraram as disciplinas que cursei no

mestrado, Prof. Sebastião Carneiro, Prof. Emerson Pinheiro, Prof. Maurício Benegas, Prof.

Márcio Veras, Prof. Frederico, Prof. Leandro Rocco, Prof. Paulo Neto, Prof. José Raimundo e

Prof. Fabrício Linhares.

Agradeço a todos os meus companheiros de turma. A turma do mestrado 2015

com certeza entrou para a história. Nessa turma não fiz só “colegas” de mestrado, mas fiz

amigos que levarei por toda a vida. Muito obrigada turma pelas risadas, alegrias, intervalos

para o cafezinho que duravam horas e que tinham o poder milagroso de dissipar todo o

estresse, clarear as ideias e aliviar tensões, obrigada turma pela colaboração mútua, união,

carinho, altruísmo, empatia, e por tudo que tornaram esses dois anos de mestrado motivo de

boas recordações e momentos de felicidade.

Agradeço a Cinthia, minha amiga desde a graduação, aos estatísticos da turma,

Hellano, Eduardo e José Eduardo, vocês são ótimos e nos ajudaram muito. Agradeço ao

psicólogo/pai da turma, Marcos, também ao Francisco, Gabriel, Márcio, Isabelle, Natanael e

Fernando. Um agradecimento especial aos meus queridos amigos que dividiram comigo horas

de estudo, risadas, ajuda e tudo mais que não cabe aqui, pois como diria A Banda Mais Bonita

da Cidade “Coração não é tão simples quanto pensa nele cabe o que não cabe na dispensa,

cabe o meu amor” Daniel, Adreciane e Germano.

Muito obrigada aos demais amigos que fiz no Caen, vocês são preciosos.

Agradeço em especial a Janaína e a Juliane, amiga muito obrigada pela ajuda, pela companhia

desde a graduação, por ser sempre tão prestativa.

Meus agradecimentos também a CAPES pelo apoio financeiro, disponibilizando

bolsa de estudo durante o período em que cursei o mestrado.

“O trabalho está em todo o lado e o sofrimento

também: só que há trabalhos estéreis e

trabalhos fecundos, sofrimentos infames e

sofrimentos gloriosos”.

(Hughes Lamennais)

RESUMO

O táxi é um meio de transporte bastante utilizado em diversos países do mundo. Uma

quantidade expressiva de pessoas trabalham dirigindo táxis nos grandes centros urbanos. Os

principais concorrentes dos taxistas são os carros particulares e os meios de transporte em

massa, porém com a ascensão da tecnologia, e o advento de algumas inovações comerciais

surgiram empresas que usufruem do contexto da Economia de Partilha oferecendo serviços de

caronas compartilhadas, como é o caso da empresa Uber. Há a discussão se o aplicativo da

Uber funciona realmente como corrida compartilhada, caronas pagas ou se o serviço é

idêntico ao oferecido pelos táxis convencionais. Por esse motivo o aplicativo vem sofrendo

forte rejeição por parte dos taxistas. Nesse contexto, esta dissertação procura analisar

características do mercado de trabalho dos taxistas e tem como objetivo principal examinar a

oferta de trabalho dos taxistas e verificar se ocorreu algum impacto sobre a quantidade

ofertada de horas trabalhadas e sobre os rendimentos dos taxistas após o inicio das operações

do aplicativo Uber nas Regiões Metropolitanas de Fortaleza (RMF) e Porto Alegre (RMPA).

Para isso foram estimados dois modelos, um a partir das regressões de rendimentos

minceriano e quantidade de horas trabalhadas, e um segundo modelo utilizando o método de

diferenças em diferenças. Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED e se

referem aos anos de 2014 a 2016. Constatou-se que o coeficiente estimado para o Efeito Uber

não apresentou significância estatística em nenhuma das regiões metropolitanas estudadas,

entretanto esse resultado refere-se apenas ao efeito inicial, podendo apresentar resultados

diferentes em análises futuras. Outros resultados demonstraram que taxistas negros da RMPA

tendem a apresentar mais horas de trabalho e menor rendimento por hora. Taxistas que são

chefes de suas famílias também trabalham mais horas. Quanto maior a renda familiar desses

trabalhadores, mais horas são trabalhadas na semana e maior o rendimento por hora. Em

alguns dos modelos estimados para as duas regiões metropolitanas há um efeito educação.

Palavras- chaves: Táxis. Uber. Diferenças em Diferenças.

ABSTRACT

The taxi is a means of transport widely used in several countries of the world. An expressive

amount of people work by driving taxis in large urban centers. The main competitors of taxi

drivers are private cars and mass transportation, but with the rise of technology, and the

advent of some commercial innovations have emerged companies that enjoy the context of the

Sharing Economy offering services of shared carpool, such as case of Uber. There is

discussion as to whether the Uber application really works like shared racing, paid rides or if

the service is identical to that offered by conventional taxis. For this reason the application

has been strongly rejected by taxi drivers. In this context, this dissertation tries to analyze

characteristics of the labor market of taxi drivers and its main objective is to examine the job

offer of taxi drivers and to verify if there has been any impact on the quantity of hours worked

and on the income of taxi drivers after the start of operations of the Uber application in the

Metropolitan Regions of Fortaleza ( MRF) and Porto Alegre (MRPA). For this, two models

were estimated, one based on the regressions of mincerian yields and number of hours

worked, and a second model using the difference-in-differences method. The data are from

the Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) and refer to the years 2014 to 2016. It was

found that the estimated coefficient for the Uber Effect did not present statistical significance

in any of the metropolitan regions studied, however, this result refers only to the initial effect

and may present different results in future analyzes. Other results have shown that black

RMPA taxi drivers tend to show more hours of work and lower hourly yields. Taxi drivers

who are heads of their families also work longer hours. The higher the family income of these

workers, the more hours are worked in the week and the higher the income per hour. In some

of the models estimated for the two metropolitan regions there is an education effect.

Keywords: Uber. Taxi. Difference-in-differences.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Proporção e Valores Médios das Variáveis Observadas: Grupos de Tratado e

Controle, Taxistas e Autônomos...............................................................................................35

Tabela 2 – Resultados Econométricos: Região Metropolitana de Porto Alegre ......................43

Tabela 3 – Resultados Econométricos: Região Metropolitana de Fortaleza.............................47

LISTA DE TABELAS APÊNDICE A

Tabela 1 – Tarifas das Corridas de Táxis nas Cidades de Porto Alegre e Fortaleza.................56

Tabela 2 – Resultados dos Modelos de Diferenças em Diferenças Região Metropolitana de

Porto Alegre .............................................................................................................................57

Tabela 3 – Resultados do Modelo de Diferenças em Diferenças Região Metropolitana de

Fortaleza ...................................................................................................................................59

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Renda Média Familiar (R$) dos Taxistas e Autônomos das Regiões

Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza..............................................................................38

Gráfico 2 – Média do Rendimento por Hora dos Taxistas e Trabalhadores Autônomos das

Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza................................................................39

Gráfico 3 – Média das Horas Trabalhadas por Taxistas e Trabalhadores Autônomos nas

Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza................................................................39

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Procedimento do Método de diferenças em diferenças.........................................25

Quadro 2 – Descrição das variáveis..........................................................................................31

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................14

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO......................................................................................18

3. METODOLOGIA.......................................................................................................24

3.1. Método de Diferenças em Diferenças.........................................................................24

3.2. Especificação do modelo e estratégia empírica.........................................................27

3.3. Descrição das variáveis...............................................................................................30

3.4. Base de Dados..............................................................................................................32

3.5. Análise Descritiva da Base de Dados.........................................................................34

4. RESULTADOS ECONOMÉTRICOS......................................................................41

4.1. Região Metropolitana de Porto Alegre.....................................................................42

4.2. Região Metropolitana de Fortaleza...........................................................................46

5. CONCLUSÕES...........................................................................................................50

REFERÊNCIAS......................................................................................................................53

APÊNDICE A..........................................................................................................................56

14

1 INTRODUÇÃO

O táxi é um meio de transporte bastante utilizado em diversos países do mundo,

atendendo uma diversidade de necessidades quanto a mobilidade urbana, sendo um dos

principais meios de transporte urbano de passageiros. Só na cidade de São Paulo a frota de

táxi é estimada em 33.922 táxis, seguido pela cidade do Rio de Janeiro com 33.000, 6.996 em

Salvador, 4.392 em Fortaleza e 3.918 em Porto Alegre. Em outras grandes cidades como

Paris, Cidade do México e Tóquio essa frota é de 14.900, 57.000 e 55.000 respectivamente

(ADETAX, 2016).

Assim uma quantidade expressiva de pessoas trabalham dirigindo táxis, como

proprietários ou como empregados, o que leva a uma importante mão de obra dentro dos

grandes centros urbanos. Esses taxistas são em sua maioria autônomos, com flexibilidade de

horas de trabalho e adquirem sua renda dado a quantidade de corridas que conseguem fazer

durante os dias de trabalho.

Esse mercado de trabalho tem como uma característica o fato de que atua todos os

dias da semana, durante todas as horas do dia. Existem taxistas que chegam a trabalhar 112

horas por semana. Dados da PED revelaram que a média de horas de trabalho de taxistas nas

Regiões Metropolitanas de Fortaleza e Porto Alegre é de 60 horas de trabalho semanais, ou

seja, quase 9 horas por dia se o taxista trabalhar todos os dias da semana (PED,2016).

Além de trabalhadores autônomos esses taxistas também podem ser empregados,

com ou sem carteira de trabalho assinada, trabalhando para os proprietários dos veículos

licenciados, ou ainda podem alugar os táxis, sendo arrendatários. Existem ainda as frotas de

táxis, essas frotas são empresas que possuem várias licenças de táxi e contratam motoristas

para trabalhar. (MAYHEW,2000; GRISCI, et al, 2014)

Em muitos países os táxis são regulamentados e precisam seguir padrões. Em

algumas localidades os serviços oferecidos se dividem em um serviço de táxi comum e um

mais diferenciado, conhecido como táxi executivo.

Os principais concorrentes dos taxistas sempre foram os carros particulares de

transporte individual e os meios de transporte em massa, porém com a ascensão da tecnologia,

e o advento de algumas inovações comerciais, o maior acesso a celulares que comportam

aplicativos como os do Uber (por exemplo), simplicidade de uso da internet, facilitaram a

disseminação de serviços mais diversificados. Além dos atrativos mencionados, o uso de

aplicativos como o do Uber ainda oferecem um serviço mais flexível onde a oferta se ajusta a

15

procura, tendo suas tarifas variando em períodos de pico ou dependendo da localidade onde a

corrida for solicitada. (GONÇALVES, 2016)

Um dos principais atrativos citados pelos usuários do Uber faz referência a,

comodidade, tecnologia e as tarifas que são mais baixas. Comparando as tarifas de táxis com

as tarifas do Uber, temos que na cidade de Porto Alegre a tarifa por quilômetro rodado na

bandeira 1 é de R$ 2,59, em Fortaleza essa tarifa é de R$ 2,38 e em São Paulo de R$ 2,75, já

as tarifas do Uber (Ubex que é o serviço mais simples) R$1,40 e R$ 1,45 nas cidades de São

Paulo e Porto Alegre respectivamente, o que ilustra a real diferença de preço entre o serviço

oferecido. 1

O aplicativo Uber surgiu inicialmente com a ideia de Economia de Partilha2,

assim há a discussão se o Uber funciona realmente como uma espécie de corrida

compartilhada, caronas pagas ou se o serviço fornecido pelo aplicativo é idêntico ao serviço

oferecido pelos táxis convencionais ou um substituto próximo.

A empresa Uber começou suas atividades em 2009 na cidade de São Francisco,

com o objetivo principal de unir proprietários comuns de veículos a passageiros que desejam

fazer uma viagem de curta duração, esses passageiros solicitam os serviços a partir de um

aplicativo instalado em smartphones e tablets.

A empresa cresceu muito a partir de 2009 passando a operar em várias cidades

dos Estados Unidos e em vários outros países tanto da América do Sul, Norte e Central,

cidades europeias, Ásia, África, Oriente Médio, dentre outras localidades, hoje o aplicativo

pode ser usado em mais de 400 cidades pelo mundo, em 71 países diferentes. No Brasil o

aplicativo começou a operar na cidade do Rio de Janeiro em maio de 2014, e hoje está

presente em mais 20 cidades brasileiras.

Por outro lado o aplicativo vem sofrendo forte rejeição por parte dos taxistas.

Estes afirmam que o Uber pratica uma espécie de concorrência desleal, pois não possui os

mesmos custos. Para que alguém ofereça o serviço não necessita de uma licença e ainda existe

o complicador do serviço prestado pela empresa ser via aplicativo o que torna mais atrativo do

que os tradicionais táxis.

Portanto, essa dissertação procura analisar características do mercado de trabalho

dos taxistas quanto a oferta de trabalho e rendimentos por hora observando como esta

importante mão de obra se comporta e quais os fatores que influenciam a quantidade de horas

1 No Apêndice A, encontra-se uma tabela com todas as tarifas, para as cidades de Fortaleza e Porto Alegre.

2 Segundo Gonçalves (2016), Economia de Partilha é uma forma de se obter, fornecer e partilhar o acesso a bens

e serviços. Seria uma espécie de modelo econômico e social que permite a partilha de bens e serviços.

16

trabalhadas pelos taxistas e sobre seus rendimentos e tem como uma questão a ser investigada

a hipótese de que as caronas pagas pelo aplicativo Uber geram concorrência com as corridas

feitas pelos taxistas comuns, isso pode refletir em mais horas trabalhadas para adquirir o

mesmo montante de rentabilidade anterior e ainda implicar em um menor rendimento por hora

trabalhada.

Assim o objetivo principal deste trabalho é caracterizar a oferta de trabalho e

entender de que forma algumas variáveis impactam seus rendimentos e ainda observar se

ocorreu algum impacto sobre a quantidade ofertada de horas trabalhadas e sobre os

rendimentos dos taxistas após o inicio das operações do aplicativo Uber nas Regiões

Metropolitanas de Fortaleza e Porto Alegre. Busca-se, também, observar como as

características desses indivíduos e as características referentes a esse mercado de trabalho

podem ou não ter sofrido modificação dado os períodos antes e depois da entrada do

aplicativo Uber.

A estratégia utilizada por esse trabalho é investigar se ocorreu efeito advindo do

Uber sobre salários por hora e horas trabalhadas. Para isso um exercício empírico utilizando

um modelo de diferenças em diferenças foi realizado, seguindo alguns passos. Para ambas as

regiões metropolitanas analisadas selecionamos dois períodos, um período anterior a entrada

do Uber e um período após a entrada, depois foram escolhidos grupos de indivíduos que não

sofreram influencia alguma com a entrada do Uber e utilizamos esses grupos como um

contrafactual a fim de visualizar o que aconteceria com as Regiões Metropolitanas de

Fortaleza e Porto Alegre caso o Uber não houvesse dado inicio nessas localidades.

Os resultados esperados são que o desempenho dos taxistas nas duas regiões

analisadas seja inferior ao desempenho dos seus respectivos grupos de controle no período

após a entrada do aplicativo Uber. O exercício contrafactual foi realizado separadamente para

cada região metropolitana dado os períodos de tempo especificados.

As informações necessárias são do banco de dados da Pesquisa de Emprego e

Desemprego – PED que é realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados

(Fundação SEADE) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos (DIEESE) e se referem ao período de janeiro 2014 a setembro de 2016 para

a Região Metropolitana de Porto Alegre e janeiro de 2015 a setembro de 2016 para a Região

Metropolitana de Fortaleza.

Alguns resultados que caracterizam os taxistas demonstraram que taxistas negros

da RMPA tendem a apresentar uma quantidade maior de horas trabalhadas e menor

rendimento por hora do que os taxistas não negros. Os taxistas que são chefes de suas famílias

17

nas duas regiões metropolitanas investigadas trabalham mais horas que aqueles que ocupam

outra posição na família e tem rendimento por hora maiores. Quanto maior a renda familiar

desses trabalhadores, mais horas são trabalhadas na semana e maior o rendimento por hora.

Em alguns dos modelos estimados para as duas regiões metropolitanas há um

efeito educação, sinalizando que quanto maior o nível educacional do indivíduo menor a

quantidade de horas trabalhadas por este e maior os rendimentos advindos do trabalho.

Os resultados obtidos não demonstram evidência de que tenha havido algum

impacto negativo nos rendimentos por hora e na quantidade de horas trabalhadas dos taxistas

da Região Metropolitana de Porto Alegre quando comparado a Região Metropolitana de

Fortaleza e aos trabalhadores autônomos da RMPA a partir do inicio das operações do

aplicativo Uber.

Quanto ao exercício feito para a Região Metropolitana de Fortaleza, não foi

possível verificar Efeito Uber, não havendo evidência nos resultados encontrados de impactos

sobre número de horas trabalhadas ou sobre salário por hora.

O trabalho se desenvolveu ao longo de 5 seções. A primeira consta desta

introdução, a segunda trás uma breve revisão de literatura contendo uma explanação dos

principais trabalhos que tratam sobre oferta de trabalho dos taxistas, com o intuito de

compreender melhor como essa categoria de trabalho se comporta. A revisão exibe ainda dois

trabalhos que buscaram observar o inicio das operações da empresa Uber e o respectivo

impacto sobre a economia ou sobre o mercado de trabalho dos taxistas.

A terceira seção do trabalho trata da metodologia adotada e foi dividida em 5

subseções, a primeira tem o objetivo de pormenorizar o método de diferenças em diferenças,

a segunda aponta a especificação do modelo escolhido e as estratégias empíricas, a terceira

subseção descreve as variáveis utilizadas no exercício empírico, a quarta subseção descreve a

base de dados utilizada e por fim a quinta subseção traz análises descritivas das variáveis

incluídas nessa dissertação. Em uma quarta seção o trabalho revela os principais resultados

encontrados, na quinta e última seção as conclusões.

18

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

Não há na literatura tanto internacional como nacional uma vasta discussão sobre

o mercado de trabalho dos taxistas especificamente, porém alguns trabalhos se dedicaram a

analisar e inferir sobre alguns aspectos dessa classe trabalhadora. Portanto a literatura que se

segue inicialmente tratará de trazer uma breve revisão de alguns trabalhos com caráter mais

geral que tratam em sua maioria sobre os modelos de oferta de trabalho, outros que

investigaram relação entre capital humano, escolaridade, diferenciais de raça com relação aos

rendimentos e oferta de trabalho como um todo e posteriormente é abordada a literatura mais

especifica que analisa possíveis relações entre taxistas comuns e o serviço prestado pelo

aplicativo Uber.

Trabalhos como os de Camerer et al (1997), Dupas, Robinson e Saavedra (2016),

Jonason e Wallgren (2013), estudaram a oferta de trabalho dos taxistas em diferentes

localidades, buscando compreender como se dá a elasticidade da oferta desses trabalhadores.

Duas vertentes foram averiguadas a primeira afirma que a elasticidade da oferta

de trabalho de trabalhadores como os taxistas que possuem flexibilidade de horas é negativa,

ou seja, em dias com maior rendimento por hora esses taxistas trabalham menos, e outra que

afirma que a elasticidade é positiva, assim em dias onde o salário por hora é maior

trabalhadores substituem lazer por mais trabalho.

Camerer et al (1997), buscou compreender como se dava a oferta de trabalho dos

motoristas de táxi da cidade de Nova York. Os autores tinham como hipótese inicial a ideia

de que em modelos de ciclo de vida da oferta de trabalho, quando há aumentos nos salários de

forma transitória os trabalhadores tendem a ofertar mais horas de trabalho e sacrificar um

pouco mais as horas de lazer e de forma oposta quando o rendimento do trabalho não é tão

alto quanto gostariam esses dedicam menos horas ao trabalho e mais horas ao lazer como

exposto por trabalhos anteriores (LUCAS JR, RAPPING, 1969). Isso ocorre por que quando

os salários sofrem um aumento temporário o custo de oportunidade do lazer aumenta, o que

torna os indivíduos menos propensos ao lazer e mais propensos ao trabalho (JONASON,

WALLGREN, 2013).

Porém os autores fazem uma crítica a essas afirmações reiterando que as reais

mudanças transitórias de salários são difíceis de serem observadas e que a ideia de uma

substituição intertemporal entre trabalho e lazer dado variação transitória de salários deve ser

testada de forma conjunta com outras suposições. Uma das suposições é a de que seria

necessário um contexto onde os salários são constantes em um dia e não há correlação entre

19

os dias (MACURDY, 1981). Por esse motivo os autores escolheram analisar os taxistas da

cidade de Nova York, pois esses motoristas possuem salários que não são os mesmos a cada

dia, os salários flutuam em base diária, por diversos fatores que vão desde concorrência,

clima, dia da semana, horário, feriados, dentre outros.

Em dias com mais fluxo de passageiros, os taxistas tendem a trabalhar mais e

deter um maior salário por hora ao longo do dia, em dia de fluxo baixo estes acabam se

deparando com um salário por hora menor, esses salários por hora são correlacionados dentro

do dia, mas não entre os dias. Outro ponto relatado no trabalho em questão que justifica a

escolha por essa categoria de trabalhador se refere a flexibilidade de horas de trabalho, dado

que é o próprio taxista que decide quantas horas do dia vai trabalhar ou não.

Assim o trabalho analisou a relação entre salários e horas trabalhadas de taxistas

em Nova York. A estudo empírico utilizado por Camerer et al (1997) seguiu a partir da

análise de todas as folhas de viagens dos taxistas nova-iorquinos com o objetivo de saber

exatamente quantas horas cada taxista trabalhou durante aquele dia e quais os valores das

corridas realizadas, dado que nessas folhas de corrida os taxistas relatam todas as corridas, a

que horas elas começaram e terminaram bem como a tarifa cobrada pela corrida. Os dados são

referentes a três amostras de folhas de viagem. O trabalho empírico econométrico se resumiu

a estimação de funções de oferta de trabalho usando o número diário de horas como variável

dependente e o salário médio que o motorista de táxi ganhou como variável explicativa.

O trabalho chegou à conclusão contrária ao exposto sobre a substituição

intertemporal, dado que as elasticidades encontradas foram em sua maioria negativas, ou seja,

os motoristas de táxi trabalhavam menos horas por dia em dias que o fluxo de passageiros era

maior e que a rentabilidade também era maior e trabalhavam mais horas em dias que o fluxo

de passageiros era menor e que a rentabilidade do dia era menor. Umas das razões para esse

comportamento por parte dos trabalhadores taxista segundo os autores são referentes a fatores

psicológicos que não são incorporados em modelos convencionais de oferta de trabalho. Outra

razão exposta é a de que os motoristas de táxi são avessos a ter uma renda menor do que a sua

meta de renda diária, porém quando esse nível de renda é alcançado estes podem ter interesse

em encerrar suas atividades naquele dia.

Outro resultado importante encontrado diz respeito a experiência do taxista, os

resultados revelaram que taxistas menos experientes possuem elasticidade salarial fortemente

negativa, sendo esse valor maior para os taxistas com experiência, ou seja, taxistas sem

experiência tendem a trabalhar mais em dias de baixa remuneração e menos em dias de alta

remuneração se comparado aos taxistas mais experientes.

20

Dupas, Robinson e Saavedra (2016), estudaram a decisão de fornecimento de mão

de obra intertemporal de motoristas de táxi-bicicletas quenianos. A escolha por essa classe

trabalhadora veio por conta que estes possuem flexibilidade de horas trabalhadas. Segundo os

autores uma boa parte dos indivíduos que moram em países em desenvolvimento são

trabalhadores considerados independentes ou que possuem um auto-emprego, estes tem a

possibilidade de definir suas próprias quantidades de horas trabalhadas e tem maior

possibilidade de se ajustar as mudanças econômicas. O trabalho trás a tona a ideia do

autocontrole, dado que esse tipo de mercado de trabalho pode levar a uma desvantagem se

comparado aos demais visto que o trabalhador pode ser levado a trabalhar menos horas do que

realmente necessita.

Assim o trabalho buscou estudar como se dá o fornecimento de mão de obra de

motoristas de táxi-bicicleta. Os dados utilizados são referente a uma base construída a partir

de uma espécie de diário de passageiros mantidos por 259 motoristas em um período de 2

meses.

O modelo utilizado propôs que os motoristas de táxi-bicicleta tem suas

preferências dependentes de um valor de referência para o que eles desejam ter como renda,

assim dois modelos foram criados onde em cada modelo é determinado onde essa

dependência por um valor de referência de renda entra na função utilidade, no primeiro

modelo o termo de dependência é introduzido na função de custo do esforço, assim tem-se

que o motorista de táxi-bicicleta vão reduzindo o seu custo de esforço a medida que ele vai se

aproximando da renda desejada. O segundo modelo introduz a dependência como um efeito

em nível, seria uma espécie de impulso que ocorre quando o nível de renda é alcançado. Os

dois modelos foram simulados em calibração a fim de mantendo os custos de esforços

constantes observar e estimar os ganhos de renda desses trabalhadores.

As principais conclusões do trabalho foram que a oferta de mão de obra dos

motoristas de táxi-bicicleta está correlacionada positivamente com sua necessidade de renda.

Os motoristas trabalham mais quando surge uma necessidade inesperada por renda e quando

atingem o valor necessário de renda, estes cessam o trabalho e se houver mais oferta de

trabalho após haver completado o rendimento inicial desejado esses trabalhadores não ofertam

mais horas, ou seja, não haverá efeito algum sobre a oferta de trabalho.

Em um trabalho realizado com os taxistas da cidade de Estocolmo, Jonason e

Wallgren (2013), testaram duas teorias sobre oferta de trabalho, um modelo que afirma que a

elasticidade salarial é negativa, ou seja, nesse modelo os trabalhadores determinam uma meta

por um período curto de tempo (meta diária, por exemplo) e ao alcançar esta meta, o

21

trabalhador deixa o trabalho, assim como em Dupas, Robinson e Saavedra (2016). Considera-

se que esses indivíduos divergem da racionalidade advinda da teoria neoclássica. O outro

modelo faz referência ao modelo de racionalidade que afirma que essa elasticidade é positiva.

Como os demais trabalhos já citados aqui, este escolheu especificamente os

taxistas por causa da flexibilidade com relação a quantidade de horas trabalhadas. Diferente

dos resultados encontrados por Camerer et al (1997), o trabalho de, Jonason e Wallgren

(2013), encontraram uma elasticidade salarial positiva. Os resultados encontrados

demonstraram que há uma relação positiva entre o salário por hora dentro do dia, mas

diferentemente do caso dos taxistas de Nova York há autocorrelação positiva entre os dias.

No Brasil não encontramos pesquisas que tratam da oferta de trabalho e dos

rendimentos, bem como demais características do específico mercado de trabalho dos taxistas.

Porém como efeito de comparação, foram avaliados alguns trabalhos que traziam

características de trabalhadores como um todo e a relação da oferta de trabalho e modelos de

rendimento com educação, sexo e raça, que são algumas variáveis que este trabalho também

se propôs a observar.

Com relação a oferta de trabalho Jesus (2002), seguindo trabalhos como os de

MaCurdy (1981), MaCurdy (1983) e Zabel (1997) buscou estimar a elasticidade da oferta de

trabalho masculina, como em grande maioria os taxistas são do sexo masculino, presume-se

que o comportamento é semelhante aos dos demais trabalhadores, a hipótese desse trabalho

assim como o resultado encontrado por Wallgren (2013), pressupõe que a elasticidade do

trabalho masculino no Brasil é positiva, ou seja a oferta de trabalho aumenta a medida que o

salário real aumenta, porém os resultados encontrados foram o oposto, obtendo resultados

com elasticidades negativas para a oferta de horas do trabalhador brasileiro.

Trabalhos como os de Andrade e Menezes-Filho (2005) e Menezes-Filho (2001)

retratam a relação entre a evolução da oferta de trabalho e a educação no Brasil. No primeiro

trabalho citado os pesquisadores observaram que houve um aumento de trabalhadores com

nível médio e que os maiores diferenciais de salários encontram-se entre aqueles indivíduos

com alguma qualificação e aqueles que estão em um grau de qualificação intermediária. No

segundo trabalho o autor afirma que quanto maior os níveis educacionais maior os

rendimentos advindos do trabalho, o pesquisador demonstrou que aqueles trabalhadores com

nível de ensino superior apresentam um diferença salarial se comparado aos analfabetos

multiplicado em quase 12 vezes.

Outras pesquisas observaram os retornos da educação utilizando uma equação de

salários minceriana, Leal e Werlang (1991), Rocha (2012), Rodrigues (2010), De

22

Albuquerque e Mariano (2016). Os trabalhos concluíram que existe relação positiva, e que há

retornos da educação sobre os rendimentos. Assim esperamos que de mesma forma o mercado

de trabalho dos taxistas apresente um efeito positivo advindo da educação.

Vários trabalhos assim como Soares (2000); Campante, Crespo e Leite (2004) e

De Oliveira Guimarães (2006), empregaram um modelo de regressão de salários minceriana a

fim de observar os diferenciais de salários por cor/raça. De Oliveira Guimarães (2006),

encontrou em sua pesquisa que negros possuem um salário reduzido em 17% se comparado

ao salário do branco. Campante, Crespo e Leite (2004) além de trazer a questão da

discriminação por raça no mercado de trabalho brasileiro, concluem que não é só a

discriminação que faz com que negros e brancos tenham rendimentos tão diferentes, mas

também as desigualdades advindas da discriminação na inserção.

Soares (2000) afirma que negros ganham mais, não somente pela discriminação

em si, mas pelo fato que negros tem nível de escolaridade menor, assim o autor afirma que a

discriminação existente entre brancos e negros vem antes das diferenças salariais em si,

advém desde da formação escolar.

Gonçalves (2016), em seu trabalho buscou trazer a discussão da concorrência

entre Uber e taxistas na perspectiva da Organização Industrial, observado a existência ou não

de choques provocados pela a entrada do Uber no mercado. Os objetivos principais do

trabalho foram descrever o mercado de táxis nos períodos anteriores a entrada do Uber e

posterior a entrada, para isso o autor utilizou dados de 62 países, na base de dados analisada

constam a população de cada cidade onde o Uber atua, se nessas cidades existe aeroporto ou

não, as tarifas utilizadas pelo serviço de táxi comum e pelo serviço do Uber, indicadores que

representam o custo médio de vida, o poder de compra, o salário médio, o preço do

combustível e indicadores que revelam o tráfego de automóveis nas cidades incluídas.

A conclusão principal do autor é a de que o Uber exerce influencia sobre o

mercado de taxistas comuns visto que o serviço prestado pelo aplicativo é equivalente ao

serviço e substituto próximo as corridas de táxi convencionais, além de ter tarifas menores e

facilitar o acesso do consumidor por questões de introdução tecnológicas que facilitam no

momento da busca por um táxi. Isso leva a perdas por parte dos taxistas comuns, que perdem

corridas e tem seus rendimentos reduzidos e precisam lidar com maior concorrência no

mercado.

Na literatura nacional alguns trabalhos se dedicaram a analisar o mercado de

trabalho específico do taxista, porém voltando a atenção aos efeitos advindos a partir da

entrada do aplicativo Uber e das caronas compartilhadas. Esteves (2015), procurou examinar

23

se a entrada do aplicativo Uber nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e

Distrito Federal gerou ou resultou em algum impacto econômico sobre os taxistas dessas

cidades, porém não todos os taxistas, o trabalho do pesquisador selecionou apenas aqueles

taxistas que trabalhavam também via aplicativo.

O principal problema a ser investigado pelo autor era verificar se o uso do

aplicativo tem gerado substituição por parte dos consumidores desse serviço, ou se a entrada

do Uber levou ao aumento da rivalidade entre as corridas de táxis contratadas via aplicativo

de celular. O trabalho faz um exercício empírico a partir dos métodos de avaliação de

impacto, usando um modelo de diferenças em diferenças a fim de captar o efeito sobre o

número de corridas de táxi contratadas por meio de aplicativos de celular antes e depois da

entrada do aplicativo Uber.

Assim o trabalho utilizou as cidades citadas como grupos de tratamento que

podem ter sofrido algum efeito concorrencial com a entrada do aplicativo e as cidades de

Porto Alegre e Recife como grupo de controle. O período de tempo analisado foi o mês de

outubro de 2014, denominado pelo autor de período Antes da Entrada e maio de 2015 como

período Depois da entrada. Os dados utilizados são referentes as informações da soma do

número de corridas acumuladas a cada hora do dia para cada um dos 31 dias de cada mês

selecionado para análise.

Esteves (2015), em seu trabalho fez um exercício contra factual para cada

município do grupo de tratamento individualmente, porém contrário a suposição inicial dada

pelo autor os resultados não demonstraram nenhum indício de que o número de corridas

efetuadas pelos taxistas tenha diminuído ou sofrido algum impacto dado a entrada do

aplicativo Uber, no exercício contra factual, comparando os grupos de tratado e controle.

Uma causa para esse resultado relatada pelo autor é que o Uber não concorreu com os taxistas

dos aplicativos analisados. A entrada do Uber pode ter criado um novo mercado, uma nova

demanda com novos clientes que antes não usufruíam dos serviços de táxi via aplicativo.

24

3 METODOLOGIA

Como já abordado, o presente trabalho tem como objetivo observar alguns

aspectos referentes aos taxistas, o que determinam sua oferta de trabalho em consonância com

o que já há na literatura e como as características desses indivíduos e as características

referentes a esse mercado de trabalho podem ou não ter sofrido modificação dado os períodos

antes da entrada do aplicativo Uber e depois da entrada do aplicativo nas Regiões

Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza.

Para isso um objetivo mais específico foi traçado na perspectiva de fazer uma

análise contrafactual, ou seja, pretende-se responder o que aconteceria com os taxistas das

Regiões Metropolitanas de Fortaleza e Porto Alegre, caso o aplicativo Uber não tivesse

entrado, ou seja, o objetivo é saber se a entrada do aplicativo nessas regiões causou algum

impacto positivo ou negativo para a classe trabalhadora, especificamente os taxistas. Para isso

usamos um método não experimental ou de seleção não aleatória conhecido como método de

diferenças em diferenças.

Assim esta seção propõe além de uma sucinta descrição do método a partir do

modelo teórico, apresentar a especificação do modelo estimado, fazer uma explanação das

variáveis analisadas bem como da base de dados e por fim apresentar as estatísticas

descritivas pertencente aos dados analisados.

3.1 Método de diferenças em diferenças.

Os modelos de avaliação de impacto geralmente fazem referência e comparam

dois grupos, um de tratados, onde nesse grupo encontram-se os que sofreram a ação ou

impacto de determinado programa ou efeito e um grupo de controle, estes não sofreram

impacto do efeito em questão.

Nos modelos experimentais ou aleatórios é simples a identificação do grupo de

controle, pois são simplesmente aqueles que desejariam participar do programa ou sofrer o

efeito, porém não foram selecionados, ou seja, a seleção dos participantes ou não participantes

do programa é aleatório. Os modelos com dados experimentais corrigem o problema da falta

de um contrafactual facilitando o processo de avaliação, esses dados descartam problemas de

auto-seleção ligados a viés. (BLUNDELL, DIAS, 2000)

Nos modelos não aleatórios ou com dados não-experimentais a seleção do grupo

de controle não é tão simples, em muitos casos o grupo de controle apresenta algumas

25

características diferentes do grupo de tratamento, principalmente com relação às

características não observáveis. Mesmo que se consiga um grupo de controle com

características mais correlatas possível com o grupo de tratamento ainda não será possível

afirmar que não há diferenças nas características não observadas entre os dois grupos

Daí a importância do método de diferenças em diferenças, pois esse método

compara a variação observada no indicador de interesse em dois períodos de tempo, um

período anterior ao programa ou efeito e um período posterior, tanto para grupo de tratados

como para grupo de controle, o intuito é o de minimizar o efeito dos fatores não observados.

Esses fatores podem ser fixos no tempo e afetar tanto o grupo de tratamento quanto o grupo

de controle da mesma forma e podem também ser fixo para cada grupo em separado.

(PEIXOTO, et al, 2012)

Assim se designarmos T = {1,0}, onde T = 1, significa que o grupo em questão

está participando do programa (grupo de tratado) e 0 não está participando (grupo de

controle), t = {0,1} representam os períodos antes e depois do programa. O procedimento do

método segue alguns passos, primeiro, após a devida definição e separação de grupo de

tratado e grupo de controle, é calculado uma média da variável de referência para o grupo de

tratamento antes (T1t0) e depois (T1t1) do efeito, e depois adquiri-se a mesma média para o

grupo de controle antes (T0t0) e depois (T0t1), um segundo passo seria calcular a diferença das

médias antes e depois do efeito para grupo de tratamento (T1t1 – T1t0) e de controle (T0t1 –

T0t0) e por fim a diferença das diferenças (T1t1 – T1t0) - (T0t1 – T0t0).

Outra forma que leva aos mesmos resultados seria calcular a média da variável

para o grupo de tratamento e para o grupo de controle antes do programa (T1t0, T0t0,

respectivamente), depois calcular a média para os grupos de tratado e controle depois do

tratamento (T1t1, T0t1, respectivamente). Após esse procedimento faz-se a diferenças das

médias entre grupos de tratado e controle antes do programa (T1t0 - T0t0) e depois do programa

(T1t1 - T0t1) e por fim a diferença entre as diferenças das médias (T1t1 - T0t1) - (T1t0 - T0t0). O

Quadro 1 resume o procedimento explicado acima.

Quadro 1 – Procedimento do Método de diferenças em diferenças

Grupo Antes Depois Diferenças

Tratamento T1t0 T1t1 T1t1 - T1t0

Controle T0t0 T0t1 T0t1 - T0t0

Diferenças T1t0 - T0t0 T1t1 - T0t1

(T1t1 - T1t0) - (T0t1 - T0t0)

ou

(T1t1 - T0t1) - (T1t0 - T0t0) Fonte: Elaboração própria

26

Podemos escrever o estimador de diferenças em diferenças como na equação 1.

– – (1)

Outra forma de exprimir o estimador de diferenças em diferenças está na equação

2.

– – (2)

Apresentando o método de diferenças em diferenças por meio de uma regressão

linear, termos em um modelo mais simples onde possuímos apenas dois períodos de

observação, um primeiro período anterior a intervenção e outro posterior. Podemos expressar

o modelo da seguinte forma:

(3)

Onde T indica se o grupo é de tratado ou de controle, t denota o período de tempo

onde os grupos de tratado ou controle estão, no caso de dois períodos de tempo t = {1,2}, Y é

a variável de interesse, ou variável dependente onde se deseja captar o efeito, X é um vetor de

variáveis explicadas que representam as características observadas de cada grupo e ε é o

termo de erro. Logo se a hipótese de é satisfeita, verifica-se que o efeito

causado pelo programa será avaliado por que captura o impacto do programa a partir da

interação entre T e t.

Podemos a partir da equação (3) expressar outra equação onde há mais de dois

períodos de tempo (que podem ser anos, meses, trimestres, etc.), ou seja, t = 1,2,..., τ. Serão

adicionadas dummies de tempo à equação. Se a intervenção ocorrer em um período z onde, 1>

z< τ, então a equação (3) será agora:

(4)

Onde para a equação acima temos que Ti = {1,0}, assumindo valor 1 caso seja do

grupo de tratado e 0 se for do grupo de controle, Dit é uma variável binária que só possui valor

se i =1, ou seja, se refere ao grupo de tratados e o período t é referente a qualquer altura do

tempo após ocorrido a intervenção ou início do efeito advindo do programa. As variáveis dti2,

... , dtiτ podem assumir valor zero ou um, atribuindo valor 1 se o período observado for o

período t.

27

Na próxima subseção é abordada a especificação do modelo, ou seja, é

demonstrado como o método de diferenças em diferenças foi utilizado a fim de analisar o

efeito proposto neste trabalho com todas as variáveis analisadas.

3.2 Especificação do modelo e estratégia empírica

A partir da definição do método de diferenças em diferenças, abordado na

subseção anterior, a análise do efeito da entrada do aplicativo Uber nas Regiões

Metropolitanas de Fortaleza e Porto Alegre segue alguns passos em comum.

Inicialmente é identificado o período de tempo em que o aplicativo Uber deu

início, assim podemos saber qual período se refere ao pré-tratamento e qual se refere ao pós-

tratamento. Logo foi selecionado para a Região Metropolitana de Fortaleza o período entre

janeiro de 2015 e abril de 2016 como o período anterior a entrada do Uber (período pré-

tratamento).

Para a Região Metropolitana de Porto Alegre selecionamos o período de janeiro

de 2014 a outubro de 2015 como período anterior a entrada do Uber, dado que o aplicativo

passou a ser usado na região a partir do dia 19 de novembro de 2015.

Identificado o período anterior a entrada, selecionamos o período posterior a

entrada. Como o exercício econométrico proposto por essa dissertação realizou três exercícios

um para a RMF e dois para a RMPA. Em Fortaleza o período depois da entrada se restringe

no intervalo entre maio a setembro de 2016, na Região Metropolitana de Porto Alegre o

período após a entrada do Uber, no primeiro exercício, foi especificado entre os meses de

dezembro de 2015 a abril de 2016 e no segundo exercício o período foi de dezembro de 2015

a setembro de 2016. Em resumo temos que as regiões metropolitanas de Fortaleza e de Porto

Alegre dentro dos períodos elencados acima compõem os dois grupos de tratamento que

foram analisados separadamente.

Em seguida, dado que já foram estipulados os períodos antes e depois da entrada

do aplicativo Uber, foram escolhidos os grupos de controle, esses grupos de controle não

sofreram nenhuma influencia da entrada do aplicativo, nem no período antes da entrada e nem

no período depois da entrada do aplicativo.

Para a Região Metropolitana de Porto Alegre o grupo de controle escolhido para o

primeiro exercício foi a Região Metropolitana de Fortaleza, pois no período em que o Uber

entrou em Porto Alegre, Fortaleza ainda não fazia uso do aplicativo e dentro do período de

tempo selecionado para a análise a capital nordestina ainda não havia sido contemplada com o

28

inicio das operações do Uber. No segundo exercício feito para a RMPA o grupo de controle

selecionado foi os trabalhadores ocupados autônomos da mesma região metropolitana.

O aplicativo Uber iniciou atividades em Fortaleza no dia 29 de abril de 2016,

sendo uma das ultimas capitais a receber o aplicativo, por esse motivo não há como usar um

contrafactual a partir de outro município, visto a maioria dos demais municípios que

compõem a PED já faziam uso do aplicativo antes que Fortaleza. Assim como taxistas são em

sua maioria trabalhadores autônomos ou que se intitulam trabalhadores por contra própria,

optou-se por usar os taxistas da Região Metropolitana de Fortaleza como grupo de tratamento

e os trabalhadores autônomos da mesma região como grupo de controle.

A partir das informações acima, foram estabelecidos as estratégias empíricas e

especificados as regressões a serem estimadas a partir de um modelo de diferenças em

diferenças. Para cada exercício proposto dado as duas regiões metropolitanas escolhidas como

grupo de tratados serão estimados dois modelos de regressão com o objetivo de captar algum

efeito sobre as duas variáveis dependentes examinadas, rendimento por hora e horas

trabalhadas que podem ter recorrido após o inicio das operações do Uber nas duas regiões

escolhidas como grupo de tratamento.

Os dois modelos de regressão a serem estimados para os dois exercícios

realizados na Região Metropolitana de Porto Alegre são:

ç

ε (5)

ç

ε (6)

Onde lnRHit é o salário por hora dos taxistas no período t em logaritmo, lnHTit é o

logaritmo das horas semanais trabalhadas no período t; t é uma variável dummy que possui

valor igual a zero quando as variáveis se referem ao período antes da entrada do Uber e é

igual a um quando é referente ao período após o início de operação do aplicativo. X’it é o

vetor de variáveis explicativas que será exposto em mais detalhes na próxima subseção. T é

uma variável dummy com valor igual a zero quando as variáveis pertencem a Região

Metropolitana de Fortaleza e um quando pertencem a Região Metropolitana de Porto Alegre.

As variáveis janeiroi... dezembroi são variáveis dummies para cada mês do ano, ou seja

dezembroi é uma variável dummy que recebe valor um se a observação é referente ao mês de

dezembro, não importando o ano, e zero caso contrário. A variável Dit é a variável de

interação entre grupo de tratado e controle e o tempo da análise, ou seja, essa variável recebe

29

valor um se a observação é referente ao grupo de tratado no período após o início do uso do

aplicativo Uber e zero caso contrário. As letras , , e são constantes paramétricas,

salientando que capta o efeito do início da operação do Uber no grupo de tratamento.

Os dois modelos de regressão a serem estimados para a Região Metropolitana de

Fortaleza são:

ε

(7)

ε

(8)

Onde assim como para RMPA (Região Metropolitana de Porto Alegre) lnRHit e

lnHTit são o logaritmo do salário por hora e horas trabalhadas respectivamente, as demais

variáveis das equações 7 e 8 são análogas as já explicitadas nas equações 6 e 7, sendo que

Y’it é o vetor de variáveis explicativas do modelo utilizado para a RMF (Região

Metropolitana de Fortaleza).

Dado as equações acima especificadas, como já mencionado, a partir de um

modelo de diferenças em diferenças pretende-se captar possíveis diferenças nas duas variáveis

dependentes que possam ter ocorrido entre os grupos de controle e tratamento dado os dois

intervalos de tempo, antes e depois da entrada do aplicativo Uber, o que denominamos no

presente trabalho como Efeito Uber. Esse efeito é capturado pela constante , a hipótese é de

que essa constante tenha sinal negativo e estatisticamente significativo para a variável

rendimento por hora o que validaria a ideia de que o início da operação do aplicativo

prejudicou os rendimentos dos taxistas, e sinal positivo para a variável horas trabalhadas dado

que com o aumento da rivalidade entre taxistas e Uber, os taxistas precisem trabalhar mais

horas para alcançar o mesmo rendimento do período anterior a entrada do aplicativo.

Além do modelo de diferenças em diferenças foram estimadas duas equações, em

um modelo mais simples incluindo as variáveis exógenas selecionadas. A equação de horas

trabalhadas estimada é:

ε (9)

Onde lnHTi é o logaritmo natural do número de horas trabalhadas na semana pelo

taxista e Z’i é o vetor de variáveis explicativas, que correspondem as mesmas variáveis

utilizadas nos modelos de diferenças em diferenças.

30

Estima-se também uma equação de rendimentos, seguindo o modelo teórico

proposto por Mincer (1974) adaptado, incluindo além das variáveis de educação as demais

variáveis selecionadas para o modelo de diferença em diferenças. O objetivo dessa estimação

é captar o efeito das variáveis explicativas incluídas no modelo sobre a variação de

rendimentos dos taxistas. Assim a equação de rendimento a ser estimada é:

ε (10)

Onde lnRHi é o logaritmo natural do rendimento/hora do trabalhador e Zi o vetor

de variáveis independentes incluídas no modelo.

3.3 Descrição das variáveis

Nas duas regiões metropolitanas selecionadas, na análise, o grupo de tratamento

são taxistas moradores dessas localidades. Esses indivíduos em sua maioria são trabalhadores

autônomos, com flexibilidade de horas trabalhadas e que não possuem uma renda específica

já assegurada, assim duas variáveis foram escolhidas como variáveis dependentes ou

explicadas, a variável rendimento por hora e a variável horas semanais trabalhadas.

Entender como a medida de remuneração influencia na oferta de trabalho, ou em

quantidade de horas trabalhas é uma questão muito discutida na economia, o que interfere em

medidas tomadas e políticas públicas adotadas. (JONASON, WALLGREN, 2013). Muitas

pesquisas já foram desenvolvidas buscando compreender como funciona a oferta de trabalho

dado possibilidade de flexibilidade de horas e variações salariais, alguns desses trabalhos

foram descritos na seção 2, por esse motivo as variáveis rendimento por hora e horas

trabalhadas foram as variáveis escolhidas como dependentes, com o intuito de verificar um

possível efeito sobre os taxistas dado a entrada do Uber.

Outras variáveis foram introduzidas no modelo, na tentativa de observar

características da oferta de trabalho dos taxistas e ainda com intuito de minimizar o viés de

variável omitida, assim algumas variáveis explicativas foram selecionadas e acrescentadas ao

modelo, variáveis essas que podem causar algum efeito sobre a decisão do indivíduo ofertar

mais horas de trabalho ou não, por exemplo. Porém, mesmo com a introdução de tais

variáveis, é uma característica do modelo em questão o fato de que não podemos afirmar que

a introdução dessas variáveis elimine por completo o viés de estimação para captação do

Efeito Uber a partir da constante .

Algumas variáveis que compõem características familiares do indivíduo foram

selecionadas, a posição do indivíduo na família, ou seja, se este é chefe da família ou não,

31

outra variável escolhida é referente ao tamanho da família relatando o total de membros na

família do trabalhador e uma variável que revela a renda familiar.

Quadro 2 – Descrição das variáveis

Dependentes

Logaritmo natural do

rendimento por hora dos

indivíduos pertencentes aos

grupos de controle e

tratamento (lnRH)*

Representa os ganhos por hora dos indivíduos que compõem os grupos de

tratamento e controle nas duas regiões metropolitanas estudadas (RMF e RMPA)

Logaritmo natural das horas

semanais trabalhadas (lnHT Quantidades de horas efetivamente trabalhadas pelos ocupados na semana.

Independentes

Características do Indivíduo

Educação

Foram criados dummies que revelam o nível educacional do indivíduo, essas

dummies recebem valor um se o indivíduo cursou até determinado nível de estudo

e zero caso contrário. Os níveis de estudo foram divididos em: ensino

fundamental completo, médio completo e superior completo. (Como base

encontram-se os indivíduos sem educação ou analfabetos)

Homem Recebe valor 1 se o indivíduo é homem e 0 se é mulher

Branco Recebe valor 1 se o indivíduo é da cor branca e 0 se caso contrário **

Negro Recebe valor 1 se o indivíduo é da cor negra e 0 se caso contrário **

Idade Idade do indivíduo medida em anos

Características Geográficas

Porto Alegre Recebe valor 1 se o trabalhador reside em Porto Alegre e 0 se reside em algum

outro município da região metropolitana ***

Fortaleza Recebe valor 1 se o trabalhador reside em Fortaleza e 0 se reside em algum outro

município da região metropolitana***

Metropolitana Recebe valor 1 se o trabalhador reside na região metropolitana e 0 se reside na

capital

Características da família

Tamanho da família Número de membros da família

Chefe Igual a 1 se o indivíduo é chefe da família e 0 se pertence à outra posição dentro

da família

Renda familiar Variável que revela a renda familiar do indivíduo analisado ****

(Renda familiar )2

Termo quadrático da variável renda familiar ****

Características do Trabalho

Instrumento próprio***** Recebe valor 1 se o instrumento de trabalho é próprio e 0 caso o instrumento de

trabalho não seja do indivíduo.

Estabilidade Quantidade de meses trabalhados na atividade principal

Meses

Foram criados dummies para cada mês, assim janeiro recebe valor 1 se a

informação for referente ao mês de janeiro e zero caso contrário, para todos os

demais meses segue-se o mesmo raciocínio.

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da PED

*A variável rendimento por hora foi construída a partir de duas variáveis da PED, as variáveis são referentes ao

rendimento bruto da ocupação principal e o número de horas semanais trabalhadas.

**Quanto à cor do indivíduo, esta não é declarada pelo mesmo, mas advém da observação do pesquisador no

momento da entrevista. ***A variável Porto Alegre foi utilizada no segundo exercício feito para a RMPA, a

variável Fortaleza foi empregue no exercício feito para a RMF. ****Aqui foi adotada a seguinte expressão

e

. ****Essa variável foi incluída para captar se o táxi é próprio ou não e foi

introduzida apenas no exercício feito para a RMF.

32

Quanto à localização do indivíduo foi incluso uma variável que revela se este

reside na capital ou em algum outro município da região metropolitana. As variáveis que

compõem características individuais são se o trabalhador é homem, se é branco, negro, a

idade, variáveis dummies para captar a escolaridade.

Para captar informações sobre o trabalho do indivíduo as variáveis que revelam se

o instrumento de trabalho é próprio ou não e a variável que indica a estabilidade do indivíduo

em seu trabalho principal foram incluídas.

O quadro 2 descreve as variáveis utilizadas nas regressões.

3.4 Base de Dados

Os dados selecionados e utilizados na pesquisa são provenientes do banco de

dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED que é realizada pela Fundação Sistema

Estadual de Análise de Dados (Fundação SEADE) e pelo Departamento Intersindical de

Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Essa pesquisa corresponde a um

levantamento de dados domiciliar contínuo e é realizada mensalmente desde 1984 quando

iniciou na Região Metropolitana de São Paulo. Atualmente a pesquisa acontece nas Regiões

Metropolitanas de Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte e São Paulo,

bem como no Distrito Federal.

A PED é uma pesquisa amostral domiciliar, os dados da referida pesquisa são

obtidos via entrevista em unidades domiciliares selecionadas, o questionário da pesquisa é

aplicado a todos os moradores dos domicílios selecionados. As respostas obtidas via

questionário são codificadas numericamente e vão compor o bando de dados da PED, além

desses dados coletados dentro do banco ainda há a disponibilidades de indicadores que trazem

informações como a condição de atividade dos indivíduos, a posição na ocupação destes,

assim como algumas características familiares, informações sobre rendimento, horas de

trabalho pelos ocupados, quantidade de membros da família, informações sobre escolaridade

entre outros indicadores.

Os microdados da PED foram escolhidos para a realização do trabalho, pois, além

de fornecer dados que trazem características socioeconômicas do mercado de trabalho ainda

nos permite a identificação da Classificação Brasileira de Ocupação – CBO, assim foi

possível identificar exatamente os taxistas dentro dessa base de dados bem como também foi

possível identificar a condição de trabalho do indivíduo, ou seja, se este é empregado,

33

autônomo, trabalha por conta própria, entre outros. Além disso, essa base de dados se

enquadra na metodologia escolhida para analise visto que fornece micro dados para um

intervalo de meses antes e depois do inicio da operação do aplicativo Uber nas Regiões

Metropolitanas selecionadas.

A ideia inicial seria trabalhar com as bases de dados para o Distrito Federal e

todas as Regiões Metropolitanas que abrangem a pesquisa, porém, a identificação da

classificação CBO do taxista só foi possível nos bancos de dados referentes as Regiões

Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza o que restringiu a escolha das regiões analisadas

no presente trabalho.

A partir das informações acima os dados extraídos da pesquisa são em nível de

indivíduo e foram selecionados de acordo com o exercício empírico realizado. Para o

exercício empírico onde RMF foi escolhida como grupo de tratamento, foram selecionados

dentro da base de dados da Região Metropolitana de Fortaleza todos os taxistas, sendo estes

em sua maioria autônomos e uma menor parte de taxistas empregados, bem como foi

selecionado também todos os indivíduos ocupados autônomos (exceto os taxistas) ou

trabalhadores por conta própria que foi usado como grupo de controle nesse exercício. O

período selecionado corresponde aos meses de janeiro a dezembro de 2015 e janeiro a

setembro de 2016. Ao todo a base inicial extraída para Fortaleza e sua Região Metropolitana

consta de 110.691 observações para o período de referência.

Alguns filtros foram aplicados para atender os objetivos do trabalho proposto.

Foram excluídos os indivíduos não ocupados, aqueles que não são nem taxistas e nem

autônomos. Foram excluídos os que não declararam remuneração, cor, nível educacional e

idade. Assim foram considerados apenas os indivíduos ocupados taxistas ou autônomos que

trabalharam na semana de referência da pesquisa e que tem mais de 17 anos de idade. Após

esses filtros restaram um total de 11.852 observações, sendo que desse total, 276 observações

são referentes a taxistas que operam na Região Metropolitana de Fortaleza e 11.576 são de

trabalhadores autônomos que trabalham nas mais variadas ocupações.

Para o segundo exercício empírico onde a Região Metropolitana de Porto Alegre é

analisada como grupo de tratamento para o Efeito Uber e a Região Metropolitana de Fortaleza

foi escolhido como controle foi agrupado as bases de dados para as Regiões Metropolitanas

de Fortaleza e Porto Alegre, essa base inicial consta de 283.523 informações. O período de

tempo que compõe a base de dados se refere aos meses de janeiro a dezembro de 2014,

janeiro a dezembro de 2015 e janeiro a abril de 2016.

34

Foram excluídos dessa base de dados os indivíduos não ocupados, aqueles que

não são taxistas, os que não declararam remuneração, cor, nível educacional e idade. Portanto

foram mantidos apenas taxistas ocupados que trabalharam na semana da pesquisa, com idade

acima de 17 anos. Ao final dos filtros permaneceu um total de 716 observações, das quais 362

são da Região Metropolitana de Porto Alegre e 354 são da Região Metropolitana de Fortaleza.

No terceiro exercício que foi feito também para a RMPA que selecionou os

taxistas da região como grupo de tratado e os trabalhadores autônomos como grupo de

controle, a base de dados inicial constava de 156.949 informações. O período de tempo que

compõe a base vai de janeiro de 2014 a setembro de 2016. Foram excluídos da base de dados

assim como nos demais exercícios os indivíduos que não são nem taxistas e nem

trabalhadores autônomos, os que não estavam ocupados, os que não declararam remuneração ,

cor, nível educacional e idade.

Após os filtros a base de dados permaneceu com um total de 9.365 observações

das quais 425 observações são de taxistas da RMPA e 8.940 são de trabalhadores autônomos

em geral.

3.5 Análise Descritiva da Base de Dados

Nessa subseção serão analisadas as estatísticas descritivas das variáveis incluídas

nos exercícios empíricos dessa dissertação. A análise será dividida para as duas regiões

metropolitanas investigadas, que corresponde a Região Metropolitana de Porto Alegre e a

Região Metropolitana de Fortaleza. As variáveis observadas são referentes as características

do indivíduo, características familiares, características do trabalho dentre outras variáveis já

explicitadas na subseção 3.3. Todas as características serão avaliadas para grupo de

tratamento e controle separadamente, ou seja, serão observados os valores médios e

proporções das variáveis com referência aos taxistas das duas regiões metropolitanas e

também aos autônomos, dado o período antes da entrada do Uber e após a entrada.

A tabela 1 apresenta a proporção e os valores médios para algumas variáveis

selecionadas no modelo, nela contém as porcentagens referentes a algumas características dos

taxistas e dos trabalhadores autônomos tanto das Regiões Metropolitanas de Porto Alegre

quanto de Fortaleza, apresentando essa proporção para o período em análise antes da entrada

do aplicativo Uber e depois da entrada do aplicativo.

35

Observando as variáveis que caracterizam a escolaridade dos indivíduos

analisados nessa dissertação, temos informação para três níveis distintos de educação, ensino

fundamental, médio e ensino superior.

Os taxistas da RMPA em sua maioria possuem ensino médio completo,

representando quase 50% dos taxistas, na RMF isso também foi observado sendo que no

período após a entrada do Uber cerca de 55% dos taxistas da amostra tinham nível médio

completo. Agregando os três níveis de educação listados temos que o período após a entrada

do Uber 85,71% dos taxistas possuíam algum grau de escolaridade na RMPA e 74,88% dos

taxistas na RMF também possuem algum grau educacional.

Tabela 1 – Proporção e Valores Médios das Variáveis Observadas: Grupos de Tratado e

Controle, Taxistas e Autônomos.

CARACTERÍSTICAS

Grupos de Tratamento Grupos de Controle

Taxistas da

RMPA Taxistas da RMF

Autônomos da

RMPA

Autônomos da

RMF

Antes

do Uber

Depois

do Uber

Antes

do Uber

Depois

do Uber

Antes

do Uber

Depois

do Uber

Antes

do Uber

Depois

do Uber

Características do Indivíduo

Escolaridade

Ensino fundamental (%) 27,74 34,59 26,09 24,64 21,24 22,01 22,27 22,14

Ensino médio (%) 47,95 48,87 48,79 55,07 39,62 42,10 33,87 36,23

Ensino superior (%) 3,08 2,26 0,00 1,45 7,40 7,56 2,81 3,49

Gênero Homem (%) 95,89 97,74 100 100 65,90 65,58 53,97 55,79

Cor Branco (%) 90,75 94,74 20,29 23,19 88,49 90,44 15,51 17,41

Negro (%) 5,82 2,26 0,00 1,45 4,97 5,53 3,11 3,83

Média de Idade 47,38 46,23 44,85 43,43 44,56 45,25 43,26 43,28

Porto Alegre / Fortaleza (%) 56,16 59,40 71,98 76,81 34,72 37,85 70,93 68,29

Características da Família

Tamanho Médio da família 2,99 2.95 3,44 3,39 3,02 3,02 3,50 3,54

Chefe de família (%) 80,14 72.93 81,64 82,61 63,88 62,26 56,17 53,92

Renda Média da Família

(R$) 3.326,15 3.698,08 3.060,00 2.781,97 3.269,65 3.399,98 2.182,40 2.413,89

Características do trabalho

Rendimento Médio por Hora

(R$) 9,87 9,32 7,69 7,90 12,14 12,28 7,19 7,31

Médias das Horas

Trabalhadas na Semana 59,92 58,15 59,69 59,52 40,93 40,29 40,38 40,77

Estabilidade Média em

Meses 120,60 114,74 116,83 102,07 102,97 105,43 75,00 75,32

Fonte: Elaboração própria. PED 2014, 2015 e 2016 para as Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza.

36

Observando os níveis educacionais dos trabalhadores autônomos, estes também

em sua maioria possuem nível médio, porém a porcentagem de indivíduos que tem apenas o

nível fundamental também é grande.

Quanto ao sexo dos taxistas nas duas Regiões Metropolitanas podemos afirmar

que quase o total dos taxistas é do sexo masculino, chegando a 100% dos taxistas da base de

dados da RMF, tanto nos períodos anteriores ao Uber quanto posteriores, demonstrando que a

participação das mulheres nessa classificação de trabalho é muito pequena. Essa característica

já é diferente se observarmos os trabalhadores autônomos, pois na RMPA cerca de 35% dos

autônomos são do sexo feminino e na RMF cerca de 55% são homens, já demonstrando que a

participação feminina é significativa no trabalho autônomo.

Observando as estatísticas referente a cor/raça dos indivíduos as duas regiões

metropolitanas usadas como grupo de tratamento são bem diferentes, dado que em sua

maioria os taxistas e autônomos da RMPA são pessoas consideradas de pele branca enquanto

que na RMF os taxistas e autônomos são em sua maioria não brancos. As estatísticas mostram

que cerca de 90% dos taxistas da RMPA são brancos e apenas cerca de 5% são negros, essa é

uma diferença esperada visto que há mudanças históricas de colonização e povoamento entre

essas duas regiões. Se analisarmos os resultados referente as pessoas de pele negra, vemos

que tanto na RMPA quanto na RMF a porcentagem de negros é muito baixa, tanto para

taxistas quanto para autônomos.

Em relação à idade dos taxistas esta é em média de 46 anos para os taxistas da

RMPA e de 44 anos para os taxistas da RMF. Já os trabalhadores autônomos da RMPA têm

em média 45 anos de idade e os autônomos da RMF têm em média 43 anos de idade.

Com relação à localização geográfica que residem os taxistas, estes em sua

maioria moram ou na cidade de Porto Alegre ou na cidade de Fortaleza, ou seja, a maioria

reside nas capitais das regiões metropolitanas, principalmente no período após a entrada do

Uber, onde na RMPA antes do Uber cerca de 56,16% dos taxistas moravam em Porto Alegre

e após a entrada do Uber essa proporção passou para 59,40% dos taxista. Na RMF no período

anterior a entrada do Uber 71,98% dos taxistas morava em Fortaleza e no período após o

inicio do uso do aplicativo 76,81% dos taxistas residiam na cidade na capital nordestina.

A maior parte dos trabalhadores autônomos da RMPA reside nas demais cidades

da região metropolitana e esse valor diminui após a entrada do Uber, sendo de 65,28% e

62,15% respectivamente. Os trabalhadores autônomos da RMF assim como os taxistas da

mesma região residem em sua maioria na capital Fortaleza, porém a proporção de autônomos

37

que residiam em Fortaleza diminuiu no período pós-entrada do Uber, sendo de 70,93% e

68,29% respectivamente.

Analisando as variáveis que compõem as características familiares dos indivíduos

estudados temos que o total de membros da família é em média de 3 pessoas tanto para

taxistas quanto para trabalhadores autônomos nas duas regiões metropolitanas estudadas.

A proporção de taxistas chefes de família diminuiu se compararmos os períodos

antes e depois do Uber para a RMPA passando de 80,14% para 72,93% dos taxistas, porém

essa proporção é alta em ambos os períodos e para as duas regiões metropolitanas analisadas,

sendo que no período após a entrada do Uber na Região Metropolitana de Fortaleza cerca de

82,61% dos taxistas eram chefes de suas famílias, essas estatísticas podem sinalizar a

importância desse trabalho na composição da renda familiar.

A renda familiar é uma variável importante que pode influenciar na oferta de

trabalho do indivíduo, como visto nas estatísticas a maior parte dos taxistas são homens e

chefes de família, ou seja, são os maiores responsáveis pela manutenção de suas casas e

sustento de suas famílias, porém com as mudanças culturais e inserção da mulher no mercado

de trabalho que se intensificou a partir da década de 70 muitas das famílias hoje não possuem

apenas a renda advinda do chefe da família, mas também a mulher como cônjuge representa

uma proporção importante na renda total da família o que pode influenciar na quantidade de

horas ofertadas de trabalho e consequentemente na renda do trabalhador. (SEDLACEK,

SANTOS, 1991; LEONE, 2000). Há ainda a renda de outros membros da família como filhos

e outros parentes que acrescentam ao montante total da renda familiar.

O gráfico 1 mostra a evolução do período antes do Uber e depois do Uber da

renda familiar em reais dos taxistas e trabalhadores autônomos nas Regiões Metropolitana de

Porto Alegre e Fortaleza.

38

Gráfico 1 – Renda Média Familiar (R$) dos taxistas e autônomos das Regiões

Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza.

Fonte: Elaboração própria. PED 2014, 2015 e 2016 para as Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza.

Observa-se que a renda familiar dos taxistas da RMPA aumentou de um período

para outro sendo no período antes da entrada do Uber de em média R$ 3.326,15 e passando

para R$ 3.698,08 apresentando uma diferença de mais de R$ 300,00. Para os taxistas da RMF

o resultado foi contrário, pois houve uma redução da média de renda familiar após a entrada

do Uber, passando de R$ 3.060,00 para R$ 2.781,97, com uma diferença de cerca de R$

300,00.

Os autônomos da RMPA possuem uma média de renda familiar muito próxima a

média de renda familiar dos taxistas. Na RMF existe uma diferença na renda familiar se

compararmos taxista e autônomos de R$ 877,70 no período anterior a entrada do Uber e de

mais de R$ 300,00 no período posterior.

Quanto às características do trabalho dos taxistas e autônomos, temos que com

relação à estabilidade dos taxistas, na RMPA estes têm em média cerca de 120 meses (10

anos) de estabilidade no período anterior ao Uber e 114 meses (9,5 anos) no período após a

entrada do Uber, os taxistas da RMF revelam um resultado parecido, porém com menos

meses de estabilidade em média, 116 e 102 meses (9,5 e 8,5anos) de estabilidade para os

períodos antes da entrada do Uber e depois da entrada respectivamente.

antes do uber depois do uber antes do uber depois do uber

RMPA RMF

3326.15 3698.08 3060.00 2781.97

3269.65 3399.98

2182.40 2413.89

taxistas autônomos

39

Gráfico 2 – Média do Rendimento por hora dos taxistas e trabalhadores autônomos das

Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza.

Fonte: Elaboração própria. PED 2014, 2015 e 2016 para as Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza.

O rendimento por hora dos taxistas da RMPA é de cerca de R$ 9,00 por hora

trabalhada e na RMF esse valor é de cerca de R$ 7,00 por hora trabalhada, porém na RMPA

houve uma queda do rendimento por hora após a entrada do Uber e em Fortaleza ocorreu um

aumento do rendimento por hora, porém a diferença não chegou a ser de R$ 0,50 nas duas

regiões. Notamos pelo gráfico 2 que os autônomos da RMPA tem um rendimento por hora

maior que os taxista com uma diferença de aproximadamente R$ 2,00.

O gráfico 3 faz uma comparação entre taxistas e autônomos nos dois períodos

analisados, anterior e posterior ao Uber para as Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e

Fortaleza.

Gráfico 3- Média das horas trabalhadas por taxistas e trabalhadores autônomos nas

Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza.

Fonte: Elaboração própria. PED 2014, 2015 e 2016 para as Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza.

antes do uber depois do uber antes do uber depois do uber

RMPA RMF

9.87 9.32 7.69 7.90

12.14 12.28

7.19 7.31

taxistas autônomos

antes do uber depois do uber antes do uber depois do uber

RMPA RMF

59.92 58.15 59.69 59.52

40.93 40.29 40.38 40.77

taxistas autônomos

40

Os taxistas trabalham em média quase 60 horas por semana, tanto taxista da

RMPA, quanto da RMF, não havendo grandes mudanças entre os dois períodos estudados se

antes ou depois do Uber. Porém observando a tabela 1 e o gráfico 3 vemos que os autônomos

das duas regiões metropolitanas também trabalham uma mesma quantidade de horas por

semana (cerca de 40 horas semanais) entretanto se comparado aos taxistas os trabalhadores

autônomos trabalham menos horas, com uma diferença de quase 20 horas no total da semana.

41

4 RESULTADOS ECONOMÉTRICOS

O trabalho proposto buscou observar alguns aspectos referentes aos taxistas e

como as características desses indivíduos e as características inerentes a esse mercado de

trabalho podem ou não ter sofrido modificação dado os períodos antes e depois da entrada do

aplicativo Uber. Busca-se ainda analisar características do mercado de trabalho dos taxistas

quanto a oferta de trabalho e rendimentos por hora observando como esta importante mão de

obra se comporta e quais os fatores que influenciam a quantidade de horas trabalhadas pelos

taxistas e sobre seus rendimentos observando se ocorreu algum impacto sobre a quantidade

ofertada de horas trabalhadas e sobre os rendimentos dos taxistas após o início das operações

do aplicativo Uber nas Regiões Metropolitanas de Fortaleza e Porto Alegre.

Os resultados esperados são que o desempenho dos taxistas nas duas regiões

analisadas seja inferior ao desempenho dos seus respectivos grupos de controle no período

após a entrada do aplicativo Uber. Buscando investigar as hipóteses levantadas foi utilizado

no exercício empírico um modelo de diferenças em diferenças, seguindo alguns passos. Para

ambas as regiões metropolitanas analisadas, selecionamos dois períodos, um período anterior

a entrada do Uber e um período após a entrada, depois foram escolhidos grupos de indivíduos

que não sofreram influência alguma com a entrada do Uber e utilizamos esses grupos como

um contrafactual a fim de visualizar o que aconteceria com as Regiões Metropolitanas de

Fortaleza e Porto Alegre caso o Uber não houvesse dado inicio nessas localidades.

Assim, esta seção irá apresentar os resultados advindos das regressões dos

modelos de diferença em diferença, e ainda os resultados de um modelo de regressão simples

com o objetivo de observar como as variáveis selecionadas explicam o rendimento do taxista

e sua oferta de horas de trabalho. Os resultados buscarão apresentar o efeito pós-entrada do

Uber sobre os salários por hora e o número de horas trabalhadas dos taxistas das Regiões

Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza.

Como já mencionado na seção 3 dessa dissertação esse efeito, que chamamos de

Efeito Uber, é capturado pela constante da variável de interação presente nas funções de

regressão especificadas pelas equações 5, 6,7 e 8.

O trabalho empírico foi executado separadamente e será apresentado na

dissertação dentro dessa seção dividida em duas subseções, a primeira apresentará os

resultados referente a Região Metropolitana de Porto Alegre e a segunda subseção apresentará

os resultados para a Região Metropolitana de Fortaleza.

42

4.1 Região Metropolitana de Porto Alegre

Como explicitado na seção 3 o primeiro exercício empírico foi realizado para a

Região Metropolitana de Porto Alegre, onde esta região foi especificada como grupo de

tratamento e a Região Metropolitana de Fortaleza foi usada como grupo de controle, o período

observado foi de janeiro de 2014 a outubro de 2015, como período anterior a entrada do Uber,

e de novembro de 2015 a abril de 2016 como período posterior a entrada do Uber.

O segundo exercício também sucedeu para a RMPA, entretanto, nesse caso os

taxistas dessa região metropolitana foram selecionados como o grupo de tratamento e os

trabalhadores autônomos da mesma região foram escolhidos como controle.

A tabela 2 revela os resultados econométricos obtidos a partir das equações 5, 6, 9

e 10 especificadas na seção de metodologia do trabalho. Nessa tabela encontram-se os

resultados obtidos a partir dos exercícios econométricos propostos, a segunda e a quinta

coluna apresentam os resultados da estimação de um modelo de regressão linear simples

observando apenas os taxistas da RMPA, onde buscamos compreender como os controles

selecionados explicam as duas variáveis dependentes estimadas nos modelos de diferenças em

diferenças. Os resultados estão nas colunas com título Modelo 1.

As colunas 3 e 6 apresentam os resultados do primeiro exercício empírico feito

para a RMPA, (intitulado na tabela por Modelo 2), já as colunas 4 e 7 apresentam os

resultados da regressão feita no segundo exercício empírico realizado para a RMPA

(Modelo3).

Observando as variáveis que caracterizam o indivíduo incluídas como controle,

temos para as equações de horas trabalhadas no Modelo 1 que a maioria das variáveis

apresentou significância a 5%. O coeficiente para taxistas negros apontou sinal positivo,

indicando que negos trabalham mais horas, assim também como os taxistas do sexo

masculino. A variável que revela a idade dos taxistas da RMPA apontou sinal negativo,

sinalizando o que já era esperado, que quanto mais anos de idade menor a quantidade de horas

trabalhadas.

Quanto as variáveis que refletem o nível de escolaridade dos taxistas da RMPA,

apenas o nível superior indicou significância estatística, e exibiu um sinal negativo, ou seja,

aqueles com nível superior tendem a trabalhar menos horas, o que pode evidenciar que quanto

maior o grau de instrução do indivíduo menor a carga de horas trabalhadas por este.

43

Tabela 2 – Resultados Econométricos: Região Metropolitana de Porto Alegre

Variáveis Dependentes: Logaritmo natural do rendimento/hora e quantidade de horas trabalhadas

Horas Trabalhadas Rendimento/hora

Regressor Coeficiente Coeficiente

Modelo 1 Modelo2 Modelo 3 Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3

Branco 0.1381 -0.0423 0.0240 -0.1522 -0.0894 0.0355

(0.0998) (0.0435) (0.0270) (0.1284) (0.0578) (0.0312)

Negro 0.2688** 0.0485 0.0026 -0.2790*** -0.1638 -0.0009

(0.1229) (0.0909) (0.0373) (0.1580) (0.1205) (0.0429)

Homem 0.2559** 0.2113 0.1176* -0.3314** -0.3445** 0.1874*

(0.1116) (0.1299) (0.0156) (0.1435) (0.1724) (0.0180)

Chefe 0.0624 0.0743** 0.1018* 0.1120 0.2199* 0.2427*

(0.0532) (0.0397) (0.0163) (0.0684) (0.0526) (0.0187)

Porto Alegre/Metrópole* 0.0208 0.0132 -0.0523* 0.0110 -0.0275 0.0405*

(0.0390) (0.0313) (0.0137) (0.0503) (0.0417) (0.0157)

Idade -0.0037** -0.002 -0.0031* -0.0052** -0.0048* -0.0059*

(0.0018) (0.0014) (0.0005) (0.0024) (0.0018) (0.0007)

Ensino Fundamental -0.0581 -0.0148 0.0017 0.0395 0.0814 0.0523*

(0.0541) (0.0393) (0.0175) (0.0700) (0.0523) (0.0200)

Ensino Médio -0.0786 -0.0183 -0.0064 0.1153*** 0.0679 0.1235*

(0.0539) (0.0366) (0.0165) (0.0697) (0.0486) (0.0189)

Ensino Superior -0.3233** -0.259** -0.0631 0.3406** 0.1986 0.2361*

(0.1455) (0.1544) (0.0314) (0.1872) (0.2049) (0.0361)

Estabilidade 0.00005 0.0001 0.0004* 0.0004 0.0005** 0.0003*

(0.0002) (0.0001) (0.00006) (0.0002) (0.0002) (0.0001)

Tamanho da Família -0.025 -0.0056 0.0067 -0.0680* -0.0763* -0.0707*

(0.0174) (0.0122) (0.005) (0.0223) (0.0162) (0.0057)

Renda Familiar 0.0838** 0.0098 0.0553* 0.2862* 0.2561* 0.2307*

(0.0375) (0.0124) (0.0058) (0.0484) (0.0165) (0.0067)

(Renda Familiar)2

-0.0081** -0.0006 -0.0026* -0.0148* -0.0073* -0.0067*

(0.0038) (0.0006) (0.0004) (0.0049) (0.0008) (0.0004)

Tempo -0.0165 -0.09563 -0.0185 0.0437 0.0910 0.0182

(0.0425) (0.04728) (0.0151) (0.0546) (0.0628) (0.0173)

Efeito Uber 0.1058 0.0036

-0.0589 -0.0077

(0.0717) (0.0684)

(0.0951) (0.0781)

Constante 3.7306* 3.939* 3.3925* 2.0422* 1.7042* 1.6145*

(0.1859) (0.1567) (0.0465) (0.2394) (0.2080) (0.0535)

Número de Observações 253 552 6161 253 552 6109

Fonte: Elaboração Própria. Dados da pesquisa.

Notas: Entre parênteses os erros-padrão. Níveis de significância: *1%, **5% e ***10%. A variável Porto

Alegre/Metrópole, no Modelo 1 a tabela apresenta o resultado dos indivíduos que moram nos municípios das

regiões metropolitanas e não nas capitais Porto Alegre e Fortaleza, no Modelo 2 a variável Porto Alegre designa

aqueles indivíduos que moram na cidade de Porto Alegre.

Com relação a renda familiar dos taxistas da RMPA, temos que há uma relação

positiva entre a renda familiar e a quantidade de horas de trabalho ofertada pelo taxistas,

44

porém com um impacto pequeno. O Modelo 3 apresentou um resultado semelhante, porém

nesse modelo esse resultado caracteriza taxistas e autônomos da RMPA. O termo quadrático

da renda familiar apresentou sinal negativo, evidenciando que a medida que a renda familiar

cresce as horas trabalhadas aumentam porém de forma decrescente.

Observando as mesmas variáveis nas equações de horas trabalhadas nos Modelos

2 e 3 vemos que no Modelo 3 os trabalhadores (taxistas e autônomos) homens trabalham

cerca de 12% mais horas que a mulheres. Se o indivíduo é chefe de família tende a trabalhar

mais horas, tanto no Modelo 2 quanto no Modelo 3, sendo que no modelo 3 o chefe de família

(autônomo ou taxista) tem um total de horas trabalhadas 10% maior do que os indivíduos que

ocupam os demais componentes familiares.

Dado a localização da moradia do indivíduo os resultados do Modelo 3 mostraram

que trabalhadores (taxistas e autônomos) que moram em municípios das regiões

metropolitanas tendem a ofertar menos horas de trabalho, esse fato pode ser decorrente dado

que o tempo de locomoção ao trabalho pode ser maior e assim levar a uma menor oferta de

horas trabalhadas.

Assim como o Modelo 1, o Modelo 3 também indica que os indivíduos mais

velhos trabalham menos horas durante a semana. No Modelo 2, bem como no Modelo 1,

aqueles taxistas com nível superior apresentam menor quantidade de horas trabalhadas na

semana.

Analisando as três regressões de rendimento temos que, no Modelo 1 o coeficiente

referente a variável negro apresenta significância a 10% e sinal negativo, ou seja, caso o

taxista seja negro o seu rendimento por hora é reduzido em aproximadamente 28% com

relação ao não negro, o que pode evidenciar discriminação contra trabalhadores negros no

mercado de trabalho de taxistas na RMPA. Assim como encontrado por Soares (2000),

Campante, Crespo e Leite (2004) e De Oliveira Guimarães (2006) que analisaram

características do mercado de trabalho no Brasil.

Curiosamente o Modelo 1 apresentou que taxistas homens tendem a ter

rendimento por hora menor que as mulheres, esse fato vislumbra uma mudança nesse

mercado, as mulheres são “preferidas” na hora da solicitação do serviço por motivos de

segurança, uma hipótese é que mulheres (clientes) preferem taxistas do mesmo sexo o que

pode fazer com que taxistas do sexo feminino tenham uma maior demanda de trabalho e

assim mais corridas por hora e maior rendimento por hora.

Dados da Associação das Empresas de Táxis de Frota do Município de São Paulo

revelaram que 5% dos táxis são dirigidos por mulheres na capital, em Porto Alegre dados do

45

Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintaxi) indicaram que o número de mulheres taxistas

dobrou de 2015 para 2016.

Com relação a idade, quanto mais velho o taxista, vemos que menor o seu

rendimento por hora trabalhada. Esse resultado é similar para os demais modelos,

apresentando resultado estatisticamente significante e sinal negativo.

Os níveis de educação dos taxistas da RMPA revelaram que aqueles com nível

médio tem rendimento por hora de aproximadamente 11% maior do que os taxistas com

outros níveis de educação e aqueles com nível superior exibem rendimento por hora cerca de

34% maior que os taxistas sem educação ou com ensino fundamental e médio. O que pode

demonstrar retornos positivos advindos da educação como foi constatado por Leal e Werlang

(1991), Rocha (2012), Rodrigues (2010) e De Albuquerque e Mariano (2016).

Dado as características familiares os resultados demonstraram, para os três

modelos, sinal negativo e significante para a variável tamanho da família, indicando que

aqueles trabalhadores com famílias maiores tendem a ter um rendimento por hora menor.

Observou-se a partir dos resultados tabelados que quanto maior a renda familiar

do taxista, maior o seu rendimento por hora, porém esse rendimento decresce a medida que a

renda familiar aumenta. Os resultados são equivalentes nos três modelos estimados.

Os Modelos 2 e 3 apresentaram que taxistas (taxistas e autônomos no Modelo 3)

que são chefes de suas famílias tem um rendimento por hora cerca de 20% maior do que o

rendimento por hora dos demais componentes familiares.

Outro resultado encontrado é que o Modelo 3 indica que trabalhadores (taxistas e

autônomos) que moram na cidade de Porto Alegre tendem a apresentar maior salário por hora

do que os que residem nos demais municípios da região metropolitana.

A variável estabilidade no trabalho apresentou um impacto muito pequeno, porém

estatisticamente significante e positivo nos Modelos 2 e 3, ou seja, aqueles trabalhadores com

maior quantidade de meses trabalhando no mesmo posto de trabalho revelam rendimentos por

hora maiores.

Como já mencionado, no modelo de diferenças em diferenças o resultado

principal está no valor do coeficiente estimado para a variável Efeito Uber, esses valores são

encontrados na tabela 2, abaixo do valor do coeficiente encontra-se entre parênteses as

respectivas estimativas de erros-padrão.

O coeficiente estimado usando a variável rendimento por hora é negativo para

ambos os modelos, porém não apresentou valor estatisticamente diferente de zero, assim não

podemos inferir que o salário por hora dos taxistas tenha sofrido efeito negativo na Região

46

Metropolitana de Porto Alegre quando comparado a Região Metropolitana de Fortaleza ou

aos trabalhadores autônomos da RMPA a partir do início das operações do aplicativo Uber.

O resultado encontrado para a variável horas trabalhadas foi diferente,

apresentando um coeficiente positivo para os dois modelos. Esse resultado pode revelar que

os taxistas da RMPA estão tendo que trabalhar mais horas por dia após a entrada do Uber, o

que condiz com um dos resultados encontrados por Camerer, et al (1997), que afirma que

quando os taxistas estão em dias de trabalho onde as corridas de táxis são mais escassas estes

acabam por trabalhar mais horas de trabalho na busca por alcançar uma espécie de meta

salarial pelo dia. Porém assim como na estimação com a variável rendimento por hora como

variável dependente, os resultados não apresentaram significância estatística. Logo, para esses

exercícios econométricos não encontramos para a RMPA evidência de ocorrência do Efeito

Uber, seja sobre o rendimento dos taxistas ou sobre a quantidade de horas ofertada por esses

trabalhadores.

4.2 Região Metropolitana de Fortaleza

O segundo exercício empírico foi realizado para a Região Metropolitana de

Fortaleza, onde os taxistas da região foram inseridos no grupo de tratamento e todos os

autônomos da RMF foram inseridos como grupo de controle. O motivo de não usamos outra

Região Metropolitana como grupo de controle nesse exercício já foi explicitado na seção de

metodologia e faz referência ao fato de que das Regiões Metropolitanas incluídas na PED,

Fortaleza foi uma das últimas a receber o aplicativo Uber e ainda temos que só foi possível

identificar o taxista na pesquisa para as Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza.

O período observado foi de janeiro de 2015 a abril de 2016 como período anterior a entrada

do Uber e de maio de 2016 a setembro de 2016 como período posterior a entrada do Uber.

A tabela 3 revela os resultados econométricos obtidos a partir das equações 7, 8, 9

e 10 especificadas na seção de metodologia da dissertação. Nessa tabela encontram-se os

resultados encontrados a partir da regressão, assim como no exercício feito para a Região

Metropolitana de Porto Alegre, as colunas do Modelo 1 apresentam os resultados para a

estimação de um modelo de regressão linear simples que usou as variáveis horas trabalhadas e

um modelo minceriano com uma equação tendo o rendimento por hora como variável

dependente, já as colunas intituladas como Modelo 2 apresentam os resultados da regressão

do modelo de diferenças em diferenças.

47

Tabela 3 – Resultados Econométricos: Região Metropolitana de Fortaleza

Variáveis Dependentes: Logaritmo natural do rendimento/hora e quantidade de horas trabalhadas

Horas Trabalhadas Rendimento/hora

Regressor Coeficiente Coeficiente

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 1 Modelo 2

Branco -0.0629 -0.0279*** 0.0009 0.0236

(0.0520) (0.0161) (0.0659) (0.0203)

Negro 0.2381 0.0495 0.4054 0.0358

(0.3341) (0.0335) (0.4234) (0.0422)

Homem **** - 0.1036* - 0.2944*

- (0.0139) - (0.0175)

Chefe 0.1637* 0.1179* 0.2298* 0.2615*

(0.0564) (0.0146) (0.0714) (0.0184)

Fortaleza -0.007 0.0157 0.0217 0.0272***

(0.0462) (0.0128) (0.0586) (0.0162)

Idade 0.0029 -0.0007 -0.0067* -0.0119*

(0.002) (0.0005) (0.0025) (0.0007)

Ensino Fundamental 0.0813 -0.0042 0.0379 0.1457*

(0.0602) (0.0159) (0.0764) (0.0200)

Ensino Médio 0.0715 -0.0369** 0.07** 0.184*

(0.0543) (0.0150) (0.0688) (0.0189)

Ensino Superior -0.1654* -0.1022* 1.9664* 0.2245*

(0.3323) (0.0378) (0.4212) (0.0475)

Estabilidade -0.0003 0.0006* 0.0011* 0.0008*

(0.0002) (0.00007) (0.0003) (0.00009)

Táxi Próprio -0.1179*** -0.1144* -0.0045 -0.0686*

(0.0639) (0.0189) (0.0810) (0.0241)

Tamanho da Família -0.0201 -0.0075*** -0.0442** -0.0624*

(0.0167) (0.0041) (0.0216) (0.0052)

Renda Familiar -0.0182 0.055* 0.2615* 0.3175*

(0.0187) (0.0052) (0.0231) (0.0066)

(Renda Familiar)2

0.0008 -0.0019* -0.0076* -0.0087*

(0.0009) (0.0003) (0.0011) (0.0004)

Tempo -0.0548 0.0366 0.0540 0.0331

(0.0414) (0.0169) (0.0524) (0.0212

Efeito Uber -0.0231

0.0371

(0.0869)

(0.1085)

Constante 4.0503* 3.442* 1.2383* 1.2705*

(0.1443) (0.0437) (0.1829) (0.0552)

Número de observações 264 11071 264 10868

Fonte: Elaboração Própria. Dados da pesquisa.

Notas: Entre parênteses os erros-padrão. Níveis de significância: *1%, **5% e ***10%. ****A variável homem

foi omitida no Modelo 1, pois todos os taxistas da base de dados da RMF eram do sexo masculino.

48

A regressão de horas trabalhadas revelou poucas variáveis com impactos

estatisticamente significantes no Modelo 1, porém alguns resultados encontrados nessa

estimação coincidem com os resultados encontrados para a RMPA.

Os taxistas chefes de suas famílias da RMF, assim como na RMPA tendem a

trabalhar mais horas que os demais componentes da família. Esse resultado é similar para o

Modelo 2.

Aqueles taxistas com nível superior trabalham menos horas por semana, os dois

modelos estimados apresentam o mesmo resultado, a diferença é que no Modelo 2, a variável

que revela os trabalhadores com nível médio, também demonstrou um resultado significante,

revelando que os trabalhadores com nível médio também tendem a trabalhar menos horas,

porém o impacto é menor se comparado com os indivíduos com nível superior e fundamental,

sinalizando que quanto maior o nível educacional, menor a oferta de horas trabalhadas por

esses trabalhadores.

Diferentemente dos modelos estimados para a RMPA, no modelo estimado para a

RMF foi possível introduzir uma variável a mais, essa variável é uma dummy que possui valor

um se o instrumento de trabalho é próprio e zero caso contrário, a variável foi incorporada ao

modelo na tentativa de observar se o táxi que o taxista dirige é dele ou de outra pessoa. Essa

variável apresentou um resultado estatisticamente significante nos dois modelos e sinal

negativo, evidenciando que quando o táxi é próprio, a quantidade de horas trabalhada é

menor.

Com relação as variáveis que compõem algumas características da família temos

que no Modelo 2 quanto maior a família, menor a quantidade de horas trabalhadas, resultado

similar ao encontrado para a RMPA.

A renda familiar apresentou sinal negativo no Modelo 1, porém não apresentou

significância estatística. No Modelo 2 o sinal foi positivo e apresentou significância a 1%,

evidenciando que quanto maior a renda familiar do taxista ou autônomo da RMF, maior a

quantidade de horas trabalhadas.

As regressões de rendimento apresentaram resultados muito parecidos aos

encontrados para a Região Metropolitana de Porto Alegre, porém com algumas diferenças,

por exemplo, homens tendem a ter rendimento por hora cerca de 30% maior do que mulheres,

o que difere dos resultados encontrados para os modelos 1 e 2 da RMPA mas, é similar ao

encontrado no Modelo 3 que é idêntico ao exercício que gerou esse resultado para RMF.

Taxistas chefes de família apresentam um rendimento por hora aproximadamente

22% maior do que os que ocupam outra posição na família. O Modelo 2 demonstra que

49

aqueles trabalhadores que residem em Fortaleza apresentam rendimento por hora maior do

que os que residem em alguma cidade da região metropolitana. Com relação a idade dos

taxistas, aqueles com mais idade possuem rendimento por hora menor do que os mais jovens.

No Modelo 2 estimado todas as variáveis de nível educacional apresentaram

significância estatística e sinal positivo o que sinaliza um efeito do nível educacional sobre o

rendimento dos taxistas na RMF.

A variável táxi próprio apresentou um sinal negativo e é estatisticamente

significante a 1%, revelando que aqueles taxistas que são donos dos veículos tem um

rendimento por hora menor do que aqueles que não são proprietários.

Com relação as características familiares, taxistas com famílias maiores possuem

rendimento por hora menor. Quanto maior a renda familiar, maior o rendimento por hora dos

taxistas.

Para esse exercício econométrico não encontramos para a Região Metropolitana

de Fortaleza evidência empírica de ocorrência do Efeito Uber sobre a quantidade de horas

trabalhadas pelos taxistas ou sobre os seus salários por hora.

O coeficiente estimado usando a variável rendimento por hora é positivo, porém

não apresentou valor estatisticamente diferente de zero, assim não podemos inferir que o

rendimento por hora dos taxistas da RMF tenha sofrido efeito positivo quando comparado aos

autônomos da mesma região no período a partir do inicio das operações do aplicativo Uber.

O resultado encontrado para a variável horas trabalhadas apresentou coeficiente

negativo, porém esse resultado não obteve significância estatística. Assim, para esse exercício

econométrico não encontramos para a Região Metropolitana de Fortaleza evidência empírica

de ocorrência do Efeito Uber sobre a quantidade de horas trabalhadas pelos taxistas ou sobre

os seus salários por hora.

Um resultado similar foi encontrado por Esteves (2015), porém este analisou um

possível efeito do Uber sobre o número de corridas realizadas pelos taxistas das cidades de

São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Distrito Federal. Em seu trabalho não foram

encontrados para nenhum dos casos estatísticas com o sinal esperado e estatisticamente

significantes.

50

5 CONCLUSÕES

O objetivo inicial e principal dessa dissertação era observar alguns aspectos

referentes aos taxistas, observar quais fatores influenciam sua oferta de trabalho e seus

rendimentos e como as características desses indivíduos e as características referentes a esse

mercado de trabalho podem ou não ter sofrido modificação dado os períodos antes da entrada

do aplicativo Uber e depois da entrada do aplicativo.

Buscou-se verificar se ocorreu algum impacto sobre a quantidade ofertada de

horas trabalhadas e sobre os rendimentos dos taxistas após o início das operações do

aplicativo Uber nas Regiões Metropolitanas de Fortaleza e Porto Alegre.

As hipóteses prévias eram que as caronas pagas realizadas a partir de um mercado

de Economia de Partilha oferecidas pela empresa Uber via aplicativo geram concorrência com

as corridas feitas pelos taxistas comuns, isso pode refletir em mais horas trabalhadas para

adquirir o mesmo montante de rentabilidade anterior e ainda implicar em um menor salário

por hora trabalhada.

Assim foram utilizados dois modelos, o primeiro a partir de uma regressão de

horas trabalhadas e outro com uma regressão minceriana de rendimentos por hora, o segundo

modelo se refere a um método de avaliação de impacto com dados não-experimentais, via

seleção de dois grupos, um grupo de tratamento e um de controle, esse método é mais

conhecido como Método de Diferenças em Diferenças.

A análise foi feita em separado, e os resultados divididos em dois grupos, o

primeiro foi referente a Região Metropolitana de Porto Alegre, e o segundo faz alusão a

Região Metropolitana de Fortaleza. Dentro de cada grupo foram executadas duas regressões

diferentes, uma aplicando a variável horas trabalhadas como variável de interesse e outra

usando a variável rendimento por hora.

Para a Região Metropolitana de Porto Alegre foi constatado que o coeficiente

estimado para o Efeito Uber na regressão de rendimento por hora não apresentou valor

estatisticamente diferente de zero, assim não se pode inferir que o rendimento por hora dos

taxistas tenha sofrido efeito negativo na Região Metropolitana de Porto Alegre quando

comparado a Região Metropolitana de Fortaleza e aos trabalhadores autônomos da Região

Metropolitana de Porto Alegre a partir do inicio das operações do aplicativo Uber.

O resultado encontrado para a variável horas trabalhadas foi diferente,

apresentando um coeficiente positivo, o que pode sinalizar que a entrada do Uber na RMPA

51

provocou um efeito positivo na quantidade de horas trabalhadas se comparada com o mesmo

período na RMF, porém esse resultado também não apresentou significância estatística.

Na Região Metropolitana de Fortaleza, não foi possível verificar Efeito Uber, não

havendo evidência nos resultados encontrados de impactos sobre número de horas trabalhadas

ou sobre rendimento por hora.

Outros resultados importantes encontrados demonstraram que os taxistas negros

da RMPA tendem a apresentar uma quantidade maior de horas trabalhadas e menor

rendimento por hora do que os taxistas não negros. Os taxistas que são chefes de suas famílias

nas duas regiões metropolitanas investigadas trabalham mais horas que aqueles que ocupam

outra posição na família e tem rendimento por hora maiores. Quanto maior a renda familiar

desses trabalhadores, mais horas são trabalhadas na semana e maior o rendimento por hora.

Em alguns dos modelos estimados para as duas regiões metropolitanas há um

efeito educação, sinalizando que quanto maior o nível educacional do indivíduo menor a

quantidade de horas trabalhadas por este e maior os rendimentos advindos do trabalho.

Dados os resultados encontrados para os dois grupos de tratamento, não é sensato

ou possível afirmar que o ingresso do Uber nessas duas Regiões Metropolitanas tenha de fato

impactado os rendimentos e a quantidade de horas trabalhadas pelos taxistas nessas

localidades. O que leva também a não afirmação de que o Uber seja um concorrente aos

taxistas e que sua entrada tem gerado perdas aos motoristas de táxi. Porém também não se

pode concluir que não há efeito algum, visto as complexidades de se analisar esse mercado, o

pequeno número de observações, o período de tempo incluso no trabalho que aglutinou um

período curto de meses após a entrada do Uber e ainda a possibilidade de variáveis

importantes na determinação do efeito não terem sido incluídas no modelo.

Portanto o que concluímos foi que não podemos afirmar que ocorreu Efeito Uber

sobre a quantidade de horas trabalhadas e os rendimentos por hora dos taxistas das Regiões

Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza após o inicio das operações da empresa Uber.

Resultados semelhantes aos encontrados aqui foram descobertos por Esteves (2015), porém

este analisou um possível efeito do Uber sobre o número de corridas realizadas pelos taxistas

das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Distrito Federal.

Um dos motivos que podem ter levado a esses resultados é o fato de que o Uber

não é exatamente um concorrente aos táxis convencionais. Como esse serviço tornou-se mais

popular devido sua tecnologia e preços mais baixos, pode ter havido a criação de um novo

mercado, com novos consumidores e não exatamente o Uber tenha atraído pessoas que antes

consumiam os serviços de táxis das duas Regiões Metropolitanas analisadas.

52

É importante salientar que os resultados obtidos referem-se ao impacto inicial

dado inicio das operações do aplicativo nas duas regiões metropolitanas analisadas, assim,

uma análise futura pode apresentar resultados diferentes dos encontrados nesse trabalho.

Dados os resultados obtidos aqui, um interessante exercício posterior seria

verificar esse efeito para outras regiões onde o Uber já está mais consolidado, ou reestimar as

regressões aqui demonstradas em algum período futuro, ou com outros grupos de controle.

Apesar dos resultados não demonstrarem um impacto expressivo, essa dissertação

trouxe a contribuição de investigar os trabalhadores taxistas, buscando compreender quais

fatores determinam a sua oferta de horas trabalhas e os rendimentos por hora, e ainda analisar

o impacto inicial do Uber nas Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e Fortaleza, o que pode

levar a uma discussão sobre a Economia de Partilha nessas regiões, mobilidade urbana e o

mercado de transporte individual de passageiros.

O presente trabalho não tem a pretensão de encerrar os estudos acerca do tema e

problema exposto, tendo em vista algumas dificuldades encontradas no decorrer de sua

execução como falta de informações, o intervalo temporal da análise pós-entrada do Uber e

ainda da complexidade de se analisar este específico mercado de trabalho e essa especifica

mão de obra dado que engloba não só características econômicas e de mercado, mas também

sociais e psicológicas. Assim essa dissertação possui o anseio de despertar o interesse acerca

do tema proposto e influenciar futuras pesquisas na área.

53

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56

APÊNDICE A

Tabela 1 - Tarifas das Corridas de Táxi nas Cidades De Porto Alegre e Fortaleza

Porto Alegre

Bandeirada Inicial

R$ 5.18

Quilômetro Rodado Bandeira 1

R$ 2.59

Quilômetro Rodado Bandeira 2

R$ 3.36

Hora Parada

R$ 18.31

Fortaleza

Bandeirada Inicial

R$ 4.76

Quilômetro Rodado Bandeira 1

R$ 2.38

Quilômetro Rodado Bandeira 2

R$ 3.57

Hora Parada

R$ 23.80

Tarifa Classe especial (Aeroporto) Zona 1 R$ 21.30

Zona 2 R$ 31.95

Zona 3 R$ 42.60

Elaborado pelo autor a partir de dados da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e da Empresa de

Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor)

57

Tabela 2 – Resultados dos Modelos de Diferenças em Diferenças Região Metropolitana

de Porto Alegre

Variáveis Dependentes: Logaritmo natural do rendimento/hora e quantidade de horas trabalhadas

Horas Trabalhadas Rendimento/hora

Regressor Coeficiente Coeficiente Coeficiente Coeficiente

Grupo de Controle:

Fortaleza

Grupo de Controle:

Autônomos

Grupo de Controle:

Fortaleza

Grupo de Controle :

Autônomos

Branco -0.0423 0.0240 -0.0894 0.0355

(0.0435) (0.0270) (0.0578) (0.0312)

Negro 0.0485 0.0026 -0.1638 -0.0009

(0.0909) (0.0373) (0.1205) (0.0429)

Homem 0.2113 0.1176* -0.3445** 0.1874*

(0.1299) (0.0156) (0.1724) (0.0180)

Chefe 0.0743** 0.1018* 0.2199* 0.2427*

(0.0397) (0.0163) (0.0526) (0.0187)

Porto

Alegre/Metrópole* 0.0132 -0.0523* -0.0275 0.0405*

(0.0313) (0.0137) (0.0417) (0.0157)

Idade -0.002 -0.0031* -0.0048* -0.0059*

(0.0014) (0.0005) (0.0018) (0.0007)

Ensino Fundamental -0.0148 0.0017 0.0814 0.0523*

(0.0393) (0.0175) (0.0523) (0.0200)

Ensino Médio -0.0183 -0.0064 0.0679 0.1235*

(0.0366) (0.0165) (0.0486) (0.0189)

Ensino Superior -0.259** -0.0631 0.1986 0.2361*

(0.1544) (0.0314) (0.2049) (0.0361)

Estabilidade 0.0001 0.0004* 0.0005** 0.0003*

(0.0001) (0.00006) (0.0002) (0.0001)

Tamanho da Família -0.0056 0.0067 -0.0763* -0.0707*

(0.0122) (0.005) (0.0162) (0.0057)

Renda Familiar 0.0098 0.0553* 0.2561* 0.2307*

(0.0124) (0.0058) (0.0165) (0.0067)

(Renda Familiar)2

-0.0006 -0.0026* -0.0073* -0.0067*

(0.0006) (0.0004) (0.0008) (0.0004)

Janeiro -0.0703 -0.0423 0.0080 0.0599

(0.0564) (0.0280) (0.0750) (0.0321)

Fevereiro -0.1472** 0.0532*** 0.1026 -0.0296

(0.0574) (0.0280) (0.0762) (0.0320)

Março -0.0500 0.0487 0.0427 0.0012

(0.6660) (0.0315) (0.0884) (0.0361)

Maio -0.0317 -0.0114 0.0852 -0.0160

(0.7084) (0.0277) (0.0940) (0.0318)

Junho -0.0272 -0.0034 0.0346 0.0066

(0.06560) (0.0268) (0.0870) (0.0307)

Julho 0.0326 0.0367 0.0289 -0.0465

(0.0639) (0.0269) (0.0847) (0.0308)

Agosto 0.0037 0.0555** -0.0081 -0.0337

58

Continua

Variáveis Dependentes: Logaritmo natural do rendimento/hora e quantidade de horas trabalhadas

Horas Trabalhadas Rendimento/hora

Regressor Coeficiente Coeficiente Coeficiente Coeficiente

Grupo de Controle:

Fortaleza

Grupo de Controle :

Autônomos

Grupo de Controle:

Fortaleza

Grupo de Controle :

Autônomos

(0.07627) (0.0273) (0.1012) (0.0313)

Setembro -0.1255 -0.0130 0.1544 0.0214

(0.07762) (0.0273) (0.1029) (0.0313)

Outubro -0.0102 -0.0211 -0.0407 0.0321

(0.0636) (0.0319) (0.0844) (0.0365)

Novembro -0.0512 0.0126 -0.0504 -0.1033

(0.0655) (0.0306) (0.0869) (0.0350)

Dezembro 0.0202 0.0182 -0.0874 -0.0220

(0.0636) (0.0316) (0.0851) (0.0365)

Tempo -0.0956** -0.0185 0.0910 0.0182

(0.0473) (0.0151) (0.6276) (0.0173)

Tratamento -0.0134 0.3871* 0.2089* -0.2507

(0.04953) (0.0381) (0.0658) (0.0436)

Efeito Uber 0.1058 0.0036 -0.0589 -0.0077

(0.0717) (0.0684) (0.0951) (0.0781)

Constante 3.939* 3.3925* 1.7042* 1.6145*

(0.1567) (0.0465) (0.2080) (0.0535)

Fonte: Elaboração Própria. Dados da pesquisa.

Notas: Entre parênteses os erros-padrão. Níveis de significância: *1%, **5% e ***10%. A variável Porto

Alegre/Metrópole, no modelo onde o grupo de controle é a tabela apresenta o resultado dos indivíduos que

moram nos municípios das regiões metropolitanas e não nas capitais Porto Alegre e Fortaleza, no que usa os

autônomos como controle a variável Porto Alegre designa aqueles indivíduos que moram na cidade de Porto

Alegre.

59

Tabela 3 – Resultados do Modelo de Diferenças em Diferenças Região Metropolitana de

Fortaleza

Variáveis Dependentes: Logaritmo natural do rendimento/hora e quantidade de horas trabalhadas

Horas Trabalhadas Rendimento/hora

Regressor Coeficiente Coeficiente

Branco -0.0279*** 0.0236

(0.0161) (0.0203)

Negro 0.0495 0.0358

(0.0335) (0.0422)

Homem 0.1036* 0.2944*

(0.0139) (0.0175)

Chefe 0.1179* 0.2615*

(0.0146) (0.0184)

Fortaleza 0.0157 0.0272***

(0.0128) (0.0162)

Idade -0.0007 -0.0119*

(0.0005) (0.0007)

Ensino Fundamental -0.0042 0.1457*

(0.0159) (0.0200)

Ensino Médio -0.0369** 0.184*

(0.0150) (0.0189)

Ensino Superior -0.1022* 0.2245*

(0.0378) (0.0475)

Estabilidade 0.0006* 0.0008*

(0.00007) (0.00009)

Táxi Próprio -0.1144* -0.0686*

(0.0189) (0.0241)

Tamanho da Família -0.0075*** -0.0624*

(0.0041) (0.0052)

Renda Familiar 0.055* 0.3175*

(0.0052) (0.0066)

(Renda Familiar)2

-0.0019* -0.0087*

(0.0003) (0.0004)

Janeiro 0.0504*** 0.0075

(0.0266) (0.0335)

Fevereiro 0.0502*** -0.0136

(0.0271) (0.0342)

Abril 0.0170 -0.0763**

(0.0265) (0.0335)

Maio 0.0183 -0,0650***

(0.0281) (0.0353)

Junho 0.0613** -0.0941*

(0.0277) (0.0350)

Julho 0.0094 -0.0225

(0.0277) (0.0349)

60

Continua

Variáveis Dependentes: Logaritmo natural do rendimento/hora e quantidade de horas trabalhadas

Horas Trabalhadas Rendimento/hora

Regressor Coeficiente Coeficiente

Agosto -0.0171 -0.0072

(0.0280) (0.0354)

Setembro 0.01231 -0.2630

(0.0281) (0.0354)

Outubro -0.0144 -0.0090

(0.0323) (0.0407)

Novembro 0.0372 -0.4951

(0.0329) (0.0415)

Dezembro 0.0116 0.0015

(0.0330) (0.0416)

Tempo 0.0367 0.0331

(0.0169) (0.0212)

Tratamento 0.3688 -0.1428**

(0.0447) (0.0558)

Efeito Uber -0.0231 0.0371

(0.0869) (0.1085)

Constante 3.442* 1.2705*

(0.0437) (0.0552)

Fonte: Elaboração Própria. Dados da pesquisa.

Notas: Entre parênteses os erros-padrão. Níveis de significância: *1%, **5% e ***10%.