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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA MESTRADO ACADÊMICO EM ECONOMIA
JIVAGO RIBEIRO GONÇALVES
RELAÇÃO ENTRE DESEMPREGO E AVERSÃO AO RISCO: UMA ANÁLISE DO
MERCADO DE TRABALHO DE FORTALEZA-CE
FORTALEZA
2014
JIVAGO RIBEIRO GONÇALVES
RELAÇÃO ENTRE DESEMPREGO E AVERSÃO AO RISCO: UMA ANÁLISE DO
MERCADO DE TRABALHO DE FORTALEZA-CE
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Economia. Área de Concentração: Métodos Quantitativos Aplicados. Orientador: Prof. PhD. Ricardo Brito Soares
FORTALEZA
2014
JIVAGO RIBEIRO GONÇALVES
RELAÇÃO ENTRE DESEMPREGO E AVERSÃO AO RISCO: UMA ANÁLISE DO
MERCADO DE TRABALHO DE FORTALEZA-CE
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Economia. Área de Concentração: Métodos Quantitativos Aplicados.
Aprovada em: ___ / ___ / ______.
Banca Examinadora
___________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Brito Soares (Presidente)
Universidade Federal do Ceará - UFC
___________________________________________
Prof. Dr. José Raimundo de Carvalho
Universidade Federal do Ceará - UFC
___________________________________________
Prof. Dr. Emerson Luís Lemos Marinho
Universidade Federal do Ceará - UFC
Dedico este trabalho a minha mãe Virgínia e
a minha tia Ana Luíza.
AGRADECIMENTOS A Deus, por estar sempre presente em minha vida. A minha mãe Virgínia, minha tia Ana Luíza e meu tio Nelson, por acreditarem em mim, me apoiarem e me incentivarem. A toda minha família e amigos, pela torcida. A minha namorada Paulinha, pelo apoio. A todos os meus professores do colégio INEC, Universidade Federal do Piauí (UFPI), curso CATE e Curso de Pós-Graduação em Economia (CAEN), por contribuírem para o meu desenvolvimento intelectual e me tornar preparado para seguir pelo caminho profissional escolhido por mim. A todos os funcionários do CAEN, pela infinita disposição em ajudar. Ao meu orientador Ricardo Brito, pela disponibilidade manifestada em orientar este trabalho, pela valiosa ajuda na definição do objeto de estudo, pela orientação, pela revisão, pelos comentários, esclarecimentos, opiniões e sugestões. A CAPES, pelo apoio financeiro com a manutenção da bolsa de auxílio.
RESUMO
A teoria da busca por emprego prediz que indivíduos mais avessos ao risco possuem salários de reserva menores que indivíduos menos avessos ao risco e, por conseguinte, teriam uma menor probabilidade em estarem desempregados (PISSARIDES, 1974; NACHMAN, 1975; LIPPMAN e McCALL, 1976). Evidências empíricas para esta hipótese, no entanto, são bastante escassas nos mercados de trabalho de países desenvolvidos e praticamente inexistente em países com mercados caracterizados por um alto grau de informalidade. Este trabalho tem por objetivo averiguar esta teoria neste último contexto, e mais especificamente para o mercado de Fortaleza-CE (Brasil), utilizando para isso uma base de dados que contêm informações de mercado de trabalho, juntamente com indicadores de comportamento de risco dos indivíduos. A partir desta base de dados, classificaram-se os indivíduos quanto à aversão ao risco, realizaram-se estimativas de probabilidade de desemprego a partir de modelos Logit, e encontraram-se resultados condizentes com a teoria, principalmente quando se compara indivíduos nesta condição com aqueles no mercado informal. Palavras-chave: Busca por Emprego, Aversão ao Risco, Logit.
ABSTRACT
The job search theory predicts that more risk averse individuals have lower wages than less risk-averse individuals booking and therefore would be less likely to be unemployed (PISSARIDES, 1974; NACHMAN, 1975; LIPPMAN and McCALL, 1976). Empirical evidence for this hypothesis, however, are quite scarce in labor in developed and practically nonexistent in countries with markets characterized by a high degree of informality country markets. This paper aims to investigate this theory in the latter context, and more specifically for the market of Fortaleza, CE (Brazil), using for this purpose a database containing information of the labor market, along with indicators of risk behavior of individuals . From this database, classified themselves as individuals to risk aversion, there were estimates of the probability of unemployment from logit models, and met results consistent with the theory, especially when comparing individuals with this condition those in the informal market. Key-words: Job Search, Risk-aversion, Logit.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO 1: A RELAÇÃO ENTRE AVERSÃO AO RISCO E DESEMPREGO 11
1.1 Referencial Teórico 11
1.2 Evidências Empíricas 14 CAPÍTULO 2: METODOLOGIA 17
2.1 Medidas de Aversão ao Risco 17
2.2 Modelos Empíricos 21
CAPÍTULO 3: RESULTADOS 23
CONCLUSÃO 26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28
APÊNDICES 30
8
INTRODUÇÃO
O modelo de busca por emprego desenvolvido por McCall (1970) e Mortensen
(1970) analisa o processo de aceitação ou não de uma oferta de emprego pelos
indivíduos que estão desempregados. O modelo parte da ideia que todos os
indivíduos que estão buscando emprego possuem um salário de reserva, que
corresponde ao menor valor que torna o indivíduo disposto a deixar sua condição de
desempregado e aceitar uma oferta de emprego. Quanto menor for o salário de
reserva do indivíduo, maiores serão as chances dele aceitar uma proposta de
emprego e sair da condição de desempregado, bem como o período que ele
permanecerá desempregado será menor. O fator mais importante que determina a
condição de desemprego é a fricção entre oferta e demanda movida por informações
imperfeitas (STIGLER, 1961 e 1962) e desajustes temporais entre as ofertas
disponíveis e os tipos de trabalhadores.
O modelo tradicional de busca por emprego assume algumas hipóteses
extremamente simples e, dentre elas, está à hipótese que os indivíduos são neutros
ao risco. Entretanto, se considerarmos que os indivíduos possuem comportamentos
heterogêneos frente ao risco, poderemos tirar uma série de conclusões de como
este comportamento afeta a sua tomada de decisão no mercado de trabalho.
Segundo os trabalhos de Pissarides (1974), Feinberg (1977) e Pannenberg
(2007), trabalhadores muito avessos ao risco possuem baixos salários de reserva e
aceitam baixas ofertas salariais. Como consequência, esses indivíduos possuem
uma menor probabilidade de estarem desempregados (LIPPMAN e McCALL, 1976),
pois ficam menos tempo nesta condição (FEINBERG, 1977). Além disso, aversão ao
risco deveria reduzir a intensidade de busca por emprego dado que este processo
de searching é um investimento de risco (GUISO e PAIELLA, 2004; HANCHANE et
al., 2006; e PFEIFER, 2008). Assim, trabalhadores muito avessos ao risco estariam
menos propensos a mudar de emprego, vis-à-vis, indivíduos pouco avessos ao risco
(GUISO e PAIELLA, 2004; e PFEIFER, 2008).
Entretanto, trabalhos empíricos que analisam a relação entre aversão ao risco
e condições no mercado de trabalho são escassos na literatura. Em grande parte
9
isso se deve à falta de informações conjuntas em uma mesma pesquisa sobre o tipo
do trabalhador com relação ao risco e a sua inserção no mercado. Mais
recentemente algumas pesquisas de mercado de trabalho vêm incluindo perguntas
diretas ou situacionais que permitem mensurações de riscos dos indivíduos,
possibilitando investigações empíricas sobre o assunto.
A Pesquisa da Renda e Riqueza Familiar realizada pelo Banco da Itália1, por
exemplo, possui informações sobre preços de reserva em loterias hipotéticas, o que
foi utilizada por Guiso e Paiella (2004) e Diaz-Serrano e O´Neil (2004) para a
classificação dos indivíduos quanto a aversão ao risco, e como isto afeta suas
participações no mercado de trabalho.
O Painel Socioeconômico Alemão2 também possibilita a construção de
indicadores de aversão ao risco tanto pelo método direto de auto percepção do
indivíduo quanto pela forma indireta de escolhas em situação de riscos envolvendo
mudanças de rendimentos (propostas de empregos com salário variável, por
exemplo). Dohmen et al. (2005) e Pfeifer (2008) utilizaram esta base de dados
investigando os efeitos que a aversão ao risco pode ter no tipo, estabilidade, salário
e satisfação com o emprego. Além destas bases de dados tradicionais da Europa,
Ding et al. (2010) realizaram uma pesquisa na Universidade de Pequim, em 2008,
com o objetivo de validar os 2 métodos (direto e indireto) de estimação de aversão
ao risco, e como elas repercutem de forma similar nas decisões individuais.
No Brasil, não se tem informações sobre estudos empíricos correlacionando a
aversão ao risco do indivíduo e sua condição no mercado de trabalho. Do ponto de
vista teórico, vale mencionar Cysne (2006), que transformando aversão ao risco em
impaciência (taxa de desconto) no modelo de trabalhadores heterogêneos de
Pissarides (1974), mostra como esta heterogeneidade pode afetar o desemprego, e
como este afeta a distribuição de renda.
Este trabalho utiliza uma base de dados de uma pesquisa realizada com
4.030 indivíduos no município de Fortaleza que contem informações sobre atitudes
de risco e posições no mercado de trabalho. Estas informações possibilitam a
investigação de possíveis correlações existentes entre aversão ao risco e
desemprego que é o foco deste trabalho. Esta correlação seria negativa conforme
1 Bank of Italy Survey of Household Income and Wealth (SHIW) 2 The German Socio-Economic Panel (GSOEP)
10
Pissarides (1974) e Lippman e McCall (1976), o que não foi verificado nos trabalhos
de Diaz-Serrano e O’Neill (2004) para a Itália e Pfeifer (2008) para a Alemanha. A
falta de proteção maior ao trabalhador na situação de desemprego, juntamente com
um mercado informal proeminente pode levar o caso Brasileiro a seguir conforme a
teoria. Desta forma, estimam-se modelos de probabilidade de desemprego versus
ocupações (formais ou informais), tendo-se como variável chave adicional a
qualificação do trabalhador quanto a sua aversão ao risco. Vale destacar ainda que
os modelos de probabilidade de desemprego são estimados por meio de modelos
logit com efeitos aleatórios (modelos em multinível) para os entrevistadores da
pesquisa3. Estes efeitos tanto podem estar capturando efeitos locais do mercado de
trabalho, dado que cada entrevistador é responsável por uma área geográfica
específica, quanto à própria influência do entrevistador. Pode-se argumentar, por
exemplo, que as respostas dos indivíduos entrevistados possam ser afetadas pela
clarividência das situações hipotéticas caracterizadoras de atitudes de risco, e que
esta é influenciada pela exposição do entrevistador. Como nos microdados da
pesquisa também se tomou o cuidado de identificar os entrevistadores, esta
hipótese será testada através do efeito aleatório do mesmo, e de como a inclusão do
efeito aleatório influencia os efeitos dos indicadores de risco.
Este trabalho está dividido em 3 capítulos para que se possa perceber a
contribuição do mesmo na literatura relativa ao mercado de trabalho e aversão ao
risco. No capítulo 1, apresenta-se o referencial teórico da relação entre aversão ao
risco e desemprego e algumas evidências empíricas sobre o tema. No capítulo 2,
apresentam-se trabalhos feitos anteriormente no intuído de medir aversão ao risco
dos indivíduos, e descrevem-se como os mesmos foram classificados na pesquisa
disponível. Ainda nesta seção apresenta-se o modelo empírico a ser estimado (Logit
com efeito aleatório), sendo os resultados expostos no capítulo 3. Vale adiantar que
os resultados foram em acordo com a hipótese teórica, o que passa ser discutido na
conclusão.
3 Foram utilizados 20 entrevistadores na pesquisa para cobrir a amostra que é representativa da cidade de
Fortaleza. Embora todos tenham sido instruídos no mesmo sentido para as perguntas hipotéticas da pesquisa,
pode-se supor que a capacidade de elucidação das situações para os entrevistados varie entre os entrevistadores.
11
CAPÍTULO 1
A RELAÇÃO ENTRE AVERSÃO AO RISCO E DESEMPREGO 1.1 Referencial Teórico
A teoria neoclássica da oferta de trabalho analisa o equilíbrio no mercado de
trabalho entre as forças de oferta e procura. Essa teoria parte de 2 pressupostos: o
primeiro pressuposto refere-se ao fato dos indivíduos não sofrerem de ilusão
monetária e, por isso, o que determinaria o equilíbrio no mercado de trabalho seria o
salário real, e não o nominal; e o segundo pressuposto refere-se ao fato de existir
informação perfeita no mercado de trabalho, ou seja, os agentes tem conhecimento
de todas as oportunidades de emprego existentes e os salários oferecidos pelas
firmas. Sendo assim, dado que os agentes possuem um tempo limitado (24 horas),
eles decidem quantas horas dedicar-se ao trabalho e quantas horas dedicar-se ao
lazer. Para essa teoria, indivíduos que decidem não dedicar nenhuma hora ao
trabalho são chamados de “não participantes” do mercado de trabalho. Ela assume,
portanto, que ou os indivíduos estão empregados, ou não participam do mercado de
trabalho, não admitindo assim a existência de indivíduos “desempregados”.
Entretanto, conforme observou Stigler (1961, 1962), essa hipótese de
informação perfeita no mercado de trabalho é simplista demais e não corresponde à
realidade uma vez que os indivíduos que estão buscando emprego não sabem quais
firmas estão, de fato, contratando, e quais são os salários pagos por elas. Assim,
partindo do pressuposto que no mercado de trabalho a informação não é perfeita, a
teoria da busca por emprego desenvolvida por McCall (1970) e Mortensen (1970)
considera o fato de haver indivíduos “desempregados”, ou seja, indivíduos que não
estão empregados, mas estão procurando emprego. Esses indivíduos são
conhecidos na literatura como “candidatos a emprego”.
Assim, o modelo básico de busca por emprego descreve o comportamento de
indivíduos que não possuem emprego, mas que dedicam todos os seus esforços
para sair da situação de desemprego e tornarem-se empregados. Esse modelo está
fundamentado sob hipóteses excessivamente simples, as quais são: o modelo está
12
situado em um ambiente estacionário, os indivíduos possuem função de utilidade
linear (neutros ao risco), os indivíduos não podem procurar por outro emprego uma
vez que eles estejam empregados, não é permitido a eles escolher a intensidade de
busca por emprego, e os benefícios do seguro desemprego são exógenos ao
modelo.
Uma oferta de emprego consiste em uma proposta de trabalho com um
salário nominal constante w em que o trabalhador receberá em cada data este
salário enquanto ele permanecer trabalhando para esta firma. Assumindo que o
agente é neutro ao risco e, por uma questão de simplicidade, omite-se o cálculo da
desutilidade marginal do trabalho, a utilidade instantânea do agente será
simplesmente igual a w. Isso significa que durante um curto intervalo de tempo, dt
em duração, o agente obtém um nível de satisfação instantânea igual a w dt.
Segundo Lippman e McCall (1976), a quantidade de ofertas de emprego que
os indivíduos recebem depende diretamente do seu nível de esforço utilizado na
procura, ou seja, quanto mais um indivíduo se esforçar na busca por emprego, mais
ofertas de emprego ele receberá. Em contrapartida, procurar emprego envolve um
custo (imprimir currículos, usar transporte para ir a entrevistas de emprego, etc.), de
modo que quanto mais os indivíduos se esforçarem no processo de busca por
emprego, maiores serão seus gastos. Assim, os indivíduos desempregados
maximizarão a seguinte função de utilidade:
Yn = max (X1, X2, ... ,Xn) – nc
onde Y representa a chance do indivíduo conseguir um emprego no período n, X
representa a quantidade de ofertas de emprego em cada período, n representa a
quantidade de períodos e c o custo por período de buscar emprego.
Para simplificar a exposição, assumisse que um candidato a emprego pode
apenas encontrar um único empregador em qualquer data (MORTENSEN, 1986). O
empregador oferece ao candidato a emprego um salário constante w sob a duração
do seu emprego, o qual ele está livre para aceitar ou recusar. A estratégia de busca
por emprego ótima é:
i. Se o candidato a emprego não recebe oferta salarial no período n, ele
continuará procurando por emprego. Este comportamento resulta da
estacionariedade da utilidade intertemporal.
13
ii. Se o candidato a emprego recebe uma oferta salarial w, ele aceitará
se, e somente se, essa oferta salarial for maior ou igual ao seu salário
de reserva (w ≥ wr). Caso contrário, ele continuará procurando
emprego.
Esse salário de reserva do indivíduo que está buscando emprego (wr) é
definido pela teoria da busca por emprego como sendo o salário mínimo pelo qual o
indivíduo aceita uma proposta de emprego e, portanto, deixa sua condição de
“desempregado”. Há apenas um valor ótimo para esse salário de reserva, e ele
maximiza a utilidade intertemporal de um candidato a emprego (McCALL, 1970;
LIPPMAN e McCALL, 1976; E CAHUC e ZYLBERBERG, 2004).
Conforme Cahuc e Zylberberg (2004) existem um conjunto de fatores que
afeta o nível do salário de reserva (wr) do indivíduo, tais como a renda advinda com
o desemprego (seguro-desemprego), o custo do desemprego (custo de
oportunidade), condições no mercado de trabalho (taxa de chegada de ofertas de
emprego e taxa de demissões), taxa de juros que vigora no mercado, nível
educacional e tempo de experiência no mercado de trabalho. A teoria da busca por
emprego procura analisar como cada um desses fatores afeta o nível do salário de
reserva dos indivíduos. Entretanto, além desses fatores, é necessário levar-se em
conta o comportamento dos indivíduos frente ao risco por dois motivos: em primeiro
lugar, os indivíduos possuem comportamentos heterogêneos frente ao risco (GUISO
e PAIELLA, 2004); e, em segundo lugar, atitudes individuais frente ao risco afetam
as escolhas dos agentes econômicos (NACHMAN, 1975). Assim, neste trabalho,
será relaxada essa hipótese inicial de neutralidade ao risco dos indivíduos e
verificaremos como o grau de aversão ao risco dos indivíduos afeta esse processo
de busca por emprego.
Deixe ru ≡ − U’’/U’ denotar a medida de aversão ao risco absoluta de Arrow
Pratt. Um indivíduo com função de utilidade U1 é dito ser mais avesso ao risco que
um indivíduo com função de utilidade U2 se rU1 ≥ rU2 e ele terá aversão ao risco
absoluta decrescente se rU1 for uma função crescente do seu argumento. Portanto,
diz-se que um indivíduo é avesso ao risco quando ele prefere ter o valor esperado
de sua riqueza a apostá-la. De modo contrário, um indivíduo é considerado amante
ao risco quando ele prefere a distribuição aleatória de sua riqueza ao valor esperado
dela.
14
Ao relaxar a hipótese de neutralidade ao risco no modelo de busca por
emprego, Pissarides (1974), Nachman (1975) e Lippman e McCall (1976) chegaram
a conclusões semelhantes: quanto mais avesso ao risco for o indivíduo, menor será
o seu salário de reserva, o que implica em aceitar mais rapidamente uma oferta de
emprego uma vez que indivíduos mais avessos ao risco atribuem menor valor aos
ganhos futuros esperados de pesquisa e, portanto, estão mais inclinados a recusar a
proposta de continuar procurando emprego, em favor de estar empregado. Por
conseguinte, indivíduos mais avessos ao risco permaneceriam desempregados por
menos tempo em relação aos indivíduos menos avessos ao risco, bem como sua
probabilidade em estar desempregado em um dado período de tempo t seria menor.
1.2 Evidências Empíricas
Alguns estudos empíricos já foram realizados com o objetivo de averiguar a
relação entre a atitude dos indivíduos frente ao risco e suas decisões no mercado de
trabalho, tais como: suas escolhas ocupacionais, decisão em empreender, mudança
de emprego, investimento em treinamentos e busca por emprego.
Com relação às escolhas ocupacionais, indivíduos mais avessos ao risco são
menos prováveis a se tornarem autônomos ou empresários que indivíduos menos
avessos. Em contrapartida, eles possuem uma maior probabilidade em se tornarem
funcionários públicos em relação aos menos avessos ao risco (GUISO e PAIELLA,
2004). Em estudo semelhante, Bonin et al. (2006) concluíram que indivíduos mais
avessos ao risco possuem uma maior probabilidade em trabalhar no setor público,
vis-à-vis, trabalhar no setor privado. Isto se justifica em virtude de empregos públicos
darem uma maior estabilidade ao trabalhador que empregos privados, muito embora
os empregos públicos paguem, em média, salários menores que o setor privado. Em
decorrência disso, indivíduos mais avessos ao risco tendem a ganhar menos que
indivíduos menos avessos ao risco. (GUISO e PAIELLA, 2004; PANNENBERG,
2007; e PFEIFER, 2008).
Ainda sobre a relação entre aversão ao risco e escolha ocupacional, Falco
(2010) utilizou uma base de dados de Gana e concluiu que indivíduos mais avessos
ao risco possuem uma maior chance de trabalhar no mercado formal que indivíduos
menos avessos ao risco.
15
Com relação à mudança de emprego, indivíduos mais avessos ao risco
possuem uma menor propensão a mudar de emprego em relação aos indivíduos
menos avessos ao risco. (GUISO e PAIELLA, 2004; PFEIFER, 2008).
Quando se analisa a relação entre aversão ao risco e investimento em capital
humano, percebe-se que indivíduos mais avessos ao risco investem menos em
treinamentos que indivíduos menos avessos ao risco, pois capital humano pode ser
considerado um ativo de risco e o retorno sobre seu investimento é incerto (GUISO e
PAIELLA, 2004; HANCHANE et al., 2006; e PFEIFER, 2008).
Quanto a análise da relação entre busca por emprego e aversão ao risco,
despontam 3 trabalhos: Feinberg (1977), Diaz-Serrano e O’Neill (2004) e Pfeifer
(2008).
Feinberg (1977) utilizou uma base de dados do Painel de Estudos da
Dinâmica da Renda, preparada pelo Centro de Pesquisa da Universidade de
Michigan para os anos de 1969, 1970 e 1971, classificou os indivíduos quanto à
aversão ao risco a partir de informações comportamentais dos mesmos, e concluiu
que indivíduos mais avessos ao risco permanecem por menos tempo
desempregados, o que está de acordo com a teoria. Diaz-Serrano e O’Neill (2004)
estimaram um modelo Probit utilizando dados dos anos de 1995 e 2000 (dados em
painel) de uma pesquisa feita pelo Banco da Itália sobre a riqueza e a renda das
famílias italianas. Os resultados encontrados por eles mostraram que indivíduos
mais avessos ao risco, ao contrário do que a teoria afirma, são significativamente
mais prováveis estarem desempregados. Outro a realizar estudo semelhante foi
Pfeifer (2008) que utilizou dados do Painel Socioeconômico Germânico e realizou
estimativas Probit para averiguar como o grau de aversão ao risco dos indivíduos
afetava emprego em tempo integral, trabalho temporário, mudança de emprego e
realização de treinamentos. Os resultados encontrados por ele também apontaram
que indivíduos mais avessos ao risco são menos prováveis em estarem
empregados. Estes resultados contra intuitivos encontrados em Diaz-Serrano e
O’Neill (2004) e Pfeifer (2008) foram justificados por uma menor quantidade de
ofertas de emprego aos indivíduos mais avessos ao risco, dado que os mesmos se
esforçam menos na busca por emprego para um mesmo custo unitário fixo, ou seja,
como os indivíduos mais avessos procuram menos emprego em relação aos
indivíduos menos avessos, eles tendem a receber menos propostas e, portanto,
16
tendem a continuar desempregados mesmo com um menor salário de reserva. Um
sistema de proteção ao desemprego mais amplo e generoso permitiria esse esforço
menor.
Outra característica importante destes mercados de trabalho, vis-à-vis, o
mercado brasileiro é que o mercado informal é de pouca relevância. Os indivíduos
que estão procurando emprego na Europa estão “restritos” a trabalhar quase que
apenas na formalidade contratual, ao contrário dos trabalhadores brasileiros que
contam com um amplo mercado informal no país que ocorre a margem da estrutura
fiscal do estado. Assim, aqueles que buscam emprego e não conseguem no Brasil,
acabam tendo no mercado informal uma opção com menor custo de entrada.
Diante do exposto acima, podem-se testar duas hipóteses de relacionamento
entre aversão ao risco e condições no mercado de trabalho no Brasil:
i. quanto menos avesso ao risco for o indivíduo, maior será a
probabilidade dele estar desempregado, conforme afirmaram
Pissarides (1974) e Lippman e McCall (1976);
ii. esta probabilidade é ainda maior quando a alternativa ao desemprego
é o mercado informal.
Para testar essas hipóteses, serão estimados modelos de probabilidade de
desemprego para indivíduos com medidas diferentes de aversão ao risco. As formas
específicas deste modelo e deste indicador de aversão ao risco são mostradas no
próximo capítulo.
17
CAPÍTULO 2
METODOLOGIA 2.1 Medidas de Aversão ao Risco
A aversão ao risco dos indivíduos é um importante conceito teórico, com
potencial poder preditivo para vários comportamentos individuais como: escolha
ocupacional, empreendedorismo, escolha de portfólio, demanda por seguros (vida,
saúde, bens), busca por emprego, etc. Contudo, encontrar medidas de aversão ao
risco ou estimá-las não é uma tarefa fácil. Essa dificuldade decorre do fato que nas
bases de dados tradicionais disponíveis, não há informações que permitam aos
pesquisadores realizar tal análise de risco, e quando existentes ainda são
aproximadas ou sujeitas às críticas de subjetivismo ou imprecisão das percepções
dos entrevistados.
Dentre as informações incluídas nas pesquisas já realizadas para a medição
do grau de aversão ao risco dos indivíduos destacam-se duas possibilidades: medir
aversão ao risco de uma forma “direta”, acrescentando às pesquisas uma pergunta
onde os entrevistados se auto avaliam em uma escala de 0 a 10, onde 0 representa
o indivíduo totalmente avesso ao risco e 10 representa o indivíduo amante ao risco;
ou medir aversão ao risco por meio de uma forma “indireta”, que pode ser feita de 2
maneiras: ou através da análise comportamental dos indivíduos, ou através de
loterias.
Os primeiros estudiosos que se aventuraram em medir o grau de aversão ao
risco dos indivíduos, por não disporem de uma base de dados que lhes permitissem
realizar uma análise comportamental de risco “direta”, utilizaram medidas “indiretas”
de aversão ao risco, ou seja, a partir das respostas dadas pelos entrevistados nas
pesquisas sobre seu comportamento em determinadas situações cotidianas, criava-
se uma metodologia para classifica-los quanto à aversão risco.
Feinberg (1977), por exemplo, realizou um estudo da relação entre aversão
ao risco e a duração do desemprego. Ele utilizou uma base de dados do Painel de
Estudos da Dinâmica da Renda, preparada pelo Centro de Pesquisa da
18
Universidade de Michigan para os anos de 1969, 1970 e 1971. Como esta base de
dados utilizada não continha uma medida de risco direta, ele construiu um índice de
risco dos indivíduos considerando seu comportamento em determinadas situações
tais como se o indivíduo possui seguro para o seu carro, se ele utiliza cinto de
segurança enquanto dirige, e se ele fuma. Assim, indivíduos que possuem carros
segurados, usam cinto de segurança enquanto dirigem e não fumam, foram
classificados como mais avessos ao risco, vis-à-vis, indivíduos que não possuem
carros segurados, que dirigem sem cinto e que fumam.
Somente a partir dos anos 90 foram incluídas nas pesquisas realizadas
perguntas diretas sobre risco ou loterias para avaliação da disposição dos indivíduos
a correr riscos. Guiso e Paiella (2004) utilizaram dados retirados da Pesquisa da
Renda e Riqueza Familiar realizada pelo Banco da Itália em 1995. Nessa pesquisa,
realizada com 8.135 famílias italianas, havia uma questão que era uma loteria com
possibilidade de ganhar 10 milhões de Liras com probabilidade de 50%, e
possibilidade de perder o valor investido de 50%. Perguntou-se aos entrevistados
qual o valor máximo que eles estariam dispostos a pagar para participar dessa
loteria. Os autores partiram do princípio que quanto mais avesso ao risco for o
indivíduo, menor será o valor que ele estará disposto a pagar para participar da
loteria, podendo até mesmo não querer pagar nada. Sendo assim, e dado que o
valor esperado do jogo é de 5.000.000 de Liras, indivíduos que estavam dispostos a
pagar um valor inferior ao valor esperado do jogo foram classificados como avessos
ao risco, indivíduos que estavam dispostos a pagar um valor exatamente igual ao
valor esperado do jogo foram classificados como neutros ao risco e indivíduos que
estavam dispostos a pagar mais do que o valor esperado do jogo foram classificados
como amantes ao risco.
Diaz-Serrano e O’Neill (2004) utilizaram os mesmos dados de Guiso e Paiella
(2004) só que acrescidos da pesquisa realizada no ano 2000. Ambos utilizaram a
mesma metodologia para classificar os indivíduos quanto à aversão ao risco, isto é,
diferença entre o preço máximo que os indivíduos estavam dispostos a pagar para
participar da loteria e o seu valor esperado. Ambos os estudos chegaram a
resultados semelhantes: a maior parte dos entrevistados foi classificada como
avessa ao risco.
19
Dohmen et al. (2005) utilizaram uma amostra de 22.000 indivíduos de uma
pesquisa realizada em 2004 pelo Painel Socioeconômico Alemão. Os autores
mediram aversão ao risco utilizando dois métodos: um “método direto” e um “método
indireto”. O “método direto” consistiu em perguntar aos entrevistados qual a
disposição dos mesmos em tomar risco, em geral, utilizando como parâmetro uma
escala de 0 a 10 sendo que quanto mais próximo de 0, mais avesso ao risco é o
indivíduo, e quanto mais próximo de 10, menos avesso ao risco ele será, ou seja,
será amante ao risco. Além disso, eles foram questionados qual era a sua
disposição em tomar riscos em temas específicos como dirigir carro, finanças,
esportes e lazer, carreira e saúde. O “método indireto” consistiu em um experimento
onde, hipoteticamente, os indivíduos deveriam considerar o recebimento de uma
herança de 100.000 euros e que um banco de boa credibilidade faria uma proposta
de investimento onde eles teriam a opção de investir 0, 20.000, 40.000, 60.000,
80.000 ou 100.000 euros com possibilidade de dobrar seu investimento em 2 anos
com probabilidade de 50%, ou perder metade do dinheiro investido com
probabilidade de 50%. Eles encontraram resultados bastante similares utilizando os
dois métodos e, por isso, concluíram que ambos são eficazes em medir aversão ao
risco dos indivíduos.
Pfeifer (2008) utilizou a mesma base de dados que Dohmen et al. (2005), mas
levou em consideração nas suas estimativas de aversão ao risco apenas as
respostas dos entrevistados sobre o quanto eles estariam dispostos a correr riscos
em suas carreiras. Ele concluiu que, em média, os indivíduos tendem a ser mais
avessos ao risco com relação à carreira.
Ding et al. (2010) realizaram estudos semelhantes aos de Dohmen et al.
(2005). Eles realizaram uma pesquisa na Universidade de Pequim, em 2008, com o
objetivo de validar os 2 métodos de estimar atitudes de risco: o “método direto” onde
pergunta-se aos indivíduos o grau de aversão ao risco deles em uma escala de
atitude de risco e o “método indireto” onde pergunta-se o preço de reserva de um
ticket de loteria hipotético. Assim, eles questionaram os entrevistados sobre o seu
grau de aversão ao risco de uma maneira geral, variando de 0 (totalmente avesso ao
risco) a 10 (amante do risco). Também se questionou o grau de aversão dos
mesmos com relação a questões específicas tais como finanças, lazer, carreira,
saúde e educação. Além do “método direto”, utilizou-se o “método indireto” que
20
consistiram em 6 loterias diferentes onde entre uma loteria e outra eles mudavam o
valor do prêmio e a probabilidade de ganho. Eles concluíram que existe uma
substancial heterogeneidade nas atitudes de risco, ou seja, indivíduos que são muito
avessos ao risco nas áreas de finanças e carreira, podem ser pouco avessos em
lazer e esportes, por exemplo. Além disso, ambos os métodos mostraram-se
satisfatórios na estimação do grau de aversão ao risco dos indivíduos.
Neste estudo, utilizou-se a base de dados de Carvalho (2012), na qual foram
entrevistados 4.030 cidadãos no município de Fortaleza sobre suas condições
socioeconômicas, experiências de vitimização (vítima de arrombamento domiciliar,
roubo pessoal, agressão física, violência doméstica de gênero), expectativa de
vitimização (expectativa de o indivíduo ser vítima de algum crime) e avaliação de
risco (disposição do indivíduo a correr riscos em determinadas situações que
envolvem finanças, emprego, esportes e vida). Nessa pesquisa, foram utilizados 20
entrevistadores, onde cada um ficou responsável por realizar entrevistas em uma
determinada região da cidade. As variáveis utilizadas nesse estudo foram as
variáveis socioeconômicas e a disposição dos indivíduos em correr risco em suas
carreiras.
Entretanto, como nessa base de dados não há medidas diretas de risco dos
indivíduos, utilizou-se um “método indireto” por meio de loterias para classificar a
amostra quanto ao grau de aversão ao risco dos indivíduos. É importante salientar
que todos os indivíduos tiveram que responder a essas loterias, independente de
estarem ou não empregados.4
Nessa pesquisa foram apresentadas 3 propostas de mudança de emprego
aos entrevistados em forma de “loterias”. Inicialmente, os entrevistados deveriam
supor que estavam empregados e que recebiam uma renda hipotética de R$ X,
sendo que essa renda era a única renda familiar. A partir disso, foram feitas ofertas
de mudança de emprego em forma de “loterias” onde a probabilidade de ganho e de
perda eram iguais, isto é: P(Ganhar) = P(Perder) = ½. Sabendo disso, era feita ao
indivíduo uma proposta de um novo emprego, tão satisfatório quanto o atual, onde
em caso de “ganho”, o indivíduo teria um aumento no salário atual de 50%, e em
4 Neste trabalho, assumisse que o grau de aversão ao risco dos indivíduos é uma característica intrínseca a eles e,
portanto, independe da sua situação no mercado de trabalho (não procura emprego, procura emprego,
empregado). Esse pressuposto também foi assumido por Diaz-Serrano e O’Neill (2004) e Pfeifer (2008).
21
caso de “perda”, seu salário atual diminuiria em 33%. Caso ele aceitasse essa
proposta, ele receberia uma nova proposta de mudança de emprego onde em caso
de “ganho” seu salário atual aumentaria em 50% e em caso de “perda” seu salário
atual diminuiria em 50%. Entretanto, caso ele tivesse recusado a primeira proposta
de mudança de emprego, ele receberia uma nova proposta onde em caso de “perda”
seu salário atual diminuiria em 20%.5 As propostas de mudança de emprego estão
apresentadas no apêndice A.
Para classificarmos os indivíduos quanto ao grau de aversão ao risco, nos
apoiamos na ideia que indivíduos mais avessos ao risco tendem a ser menos
propensos a mudar de emprego do que os indivíduos menos avessos (GUISO e
PAIELLA, 2004; e PFEIFER, 2008). Sendo assim, e considerando as 3 propostas de
mudança de emprego feitas aos indivíduos, percebe-se que há 4 combinações
possíveis:
i) O indivíduo recusar as 3 propostas de emprego;
ii) O indivíduo aceitar a proposta de emprego onde há possibilidade de perda
salarial de 20% e recusar as demais;
iii) O indivíduo aceitar as propostas de emprego com possibilidade de perda
salarial de 20% e 33%, e recusar a proposta com possibilidade de perda
salarial de 50%;
iv) O indivíduo aceitar todas as propostas de mudança de emprego.
Diante dessas combinações possíveis, criamos uma escala de 1 a 4, onde 1
representa o indivíduo muito avesso ao risco e 4 o indivíduo pouco avesso ao risco.
Assim, quanto mais próximo de 4 na escala, menos avesso ao risco será o indivíduo.
Classificamos então os indivíduos da seguinte forma: aqueles que recusaram
as 4 propostas de mudança de emprego, nós o chamamos de “risco 1”; os
indivíduos que aceitaram apenas a proposta com possibilidade de perda de 20%,
chamamos de “risco 2”; indivíduos que aceitaram as propostas com possibilidade de
perda salarial de 20% e 33% foram classificados como “risco 3”; e os indivíduos que
aceitaram todas as 3 propostas foram classificados como “risco 4”. Feita essa
classificação, verificamos que a maior parte da nossa amostra (77,95%) foi
5 Utilizando a fórmula de aversão ao risco P((1 + 𝛼) . X) + (1 – P) [(1 – 𝛽) . X], onde p representa a
probabilidade de ganho, 𝛼 é o aumento salarial, 𝛽 é a perda salarial e X o salário atual. Resolvendo essa equação, todos os indivíduos são avessos ao risco, só que em graus diferentes.
22
considerada de “risco 1”, ou seja, muito avessa ao risco, em conformidade com o
que observaram Dohmen et al. (2005) e Ding et al. (2010). Indivíduos classificados
como risco 2, 3 e 4, representaram, respectivamente, 4,3%, 6,6% e 11,2% da nossa
amostra.
Além de levarmos em conta nos modelos a variável de risco criada por nós,
acrescentamos aos modelos de desemprego alguns cofatores tradicionais de
características dos indivíduos tais como chefe de família, mulher, idade, casado,
negro, programa social (Bolsa Família, etc.) e nível de escolaridade. As estatísticas
descritivas dessas variáveis estão apresentadas nas tabelas B.1 e B.2 do apêndice
deste trabalho.
2.2 Modelos Empíricos
Afim de averiguar como o grau de aversão ao risco dos indivíduos afeta a
probabilidade de desemprego, utilizou-se modelos Logit e modelos Logit com efeito
aleatório (modelo multinível). Os modelos Logit com efeito aleatório foram utilizados
em virtude de a pesquisa ter sido realizada por 20 entrevistadores distribuídos cada
um em uma diferente região da cidade de Fortaleza. Esses entrevistadores possuem
capacidades distintas em apresentar de forma clara as propostas de mudança de
emprego aos entrevistados, podendo assim viesar as respostas dos entrevistados.
Sendo assim, o modelo Logit com efeito aleatório busca capturar um possível efeito
dos entrevistadores sobre as respostas dos entrevistados. Caso contrário, os
coeficientes dos modelos Logit e Logit com efeito aleatório tenderão a ser
estatisticamente iguais.
Na formulação clássica de resposta latente para variáveis dicotômicas, existe
um indicador contínuo de propensão ao trabalho y*, cujo um determinado nível limite
(threshold) determina o estado da natureza observado do indivíduo (desemprego = 1
ou ocupação =0):
𝑦𝑖 = {1 𝑠𝑒 𝑦∗ > 00 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑜𝑠
Um modelo de regressão linear é então especificado para a variável latente
y*, sendo para este trabalho definida por:
yi*= Zi + εi
23
onde Zi =𝛽0 + 𝛽1 Aversão ao risco + 𝛽2 Idade + 𝛽3 Idade ao quadrado + 𝛽4 Chefe de
família + 𝛽5 Mulher + 𝛽6 Casado + 𝛽7 Negro + 𝛽8 Programa Social + 𝛽9 Fundamental
Completo + 𝛽10 Médio Completo + 𝛽11 Superior Completo.
O erro residual εi é assumido ter média condicional igual a zero (E(εi/X) = 0), e
ser independente entre si6. Neste caso, a probabilidade de um indivíduo estar
desempregado é igual a:
Pr(yi
* > 0/X) = Pr(Zi + εi > 0/X) = Pr{ εi > - Zi/X} = F(Zi)
onde F(.) é função densidade acumulada de εi, cuja função logística é igual a:
Pr(εi < Z) = exp(Z)/(1 + exp(Z))
No modelo Logit com efeito aleatório pode-se relaxar a hipótese de
independência entre as observações de um mesmo grupo adicionando um
intercepto aleatório para pessoas do mesmo grupo. A regressão para a variável
latente ficaria então:
yih*= Zih + ζh + εih
sendo que o subscrito h refere-se ao grupo (nível) a que pertence o indivíduo i, e a
distribuição do seu termo aleatório específico é dado por ζh ~ N(0,ψ). Este termo é
também independente entre grupos e das variáveis observáveis X. O modelo pode
ser estimado por máxima verossimilhança, utilizando a técnica de adaptive
quadrature para aproximar as integrais envolvidas no modelo (Rabe-Hesketh e
Skrondal, 2012)7.
O modelo apresentado acima foi estimado sob 3 variações:
i. Modelo 1: consideramos os indivíduos desempregados como variável
dependente, vis-à-vis, os indivíduos empregados (sem fazer distinção
do tipo de emprego);
ii. Modelo 2: consideramos os indivíduos desempregados, vis-à-vis, os
indivíduos que trabalham no mercado informal;
iii. Modelo 3: consideramos os indivíduos desempregados, vis-à-vis, os
indivíduos que trabalham no mercado formal.
6 Neste caso X é a matriz de variáveis explicativas do modelo. 7 Os modelos foram estimados pelo comando xtmelogit, contidos no programa Stata 12.
24
CAPÍTULO 3
RESULTADOS
3.1 Análise de Resultados
As estimativas dos 3 modelos apresentados na seção anterior estão
representadas na Tabela 1. Constata-se que os efeitos aleatórios para todas as
versões do modelo são significantes mostrando a importância desta especificação
funcional.8
Os 3 modelos apresentaram coeficientes positivos para as variáveis de risco
(risco 2, risco 3 e risco 4), o que indica que quanto menos avesso ao risco for o
indivíduo, maior será a probabilidade dele estar desempregado. No sentido oposto,
indivíduos mais avessos ao risco são também mais avessos ao desemprego.
Entretanto, este resultado em acordo com a teoria de busca por emprego
apresentou significância estatística apenas para a variável de risco 3 nos modelos 1
e 2. No Modelo 2, a saída do desemprego é para o mercado informal, o que
corrobora a hipótese inicial que indivíduos muito avessos ao risco preferem trabalhar
no mercado informal a permanecerem desempregados.
No mercado formal, mesmo pessoas com baixos salários de reserva
determinados por uma alta aversão ao risco, podem encontrar dificuldades de
entrada, o que pode justificar o efeito reduzido das variáveis de risco. Como o custo
de entrada no mercado informal é reduzido, a impaciência tem efeitos mais
imediatos na busca por uma ocupação.
Nas demais variáveis, tudo como esperado na literatura. A idade apresentou
um efeito em forma de “U” sobre a chance de o indivíduo estar desempregado o que
significa que indivíduos muito jovens ou muito velhos possuem chances maiores de
estarem nesta condição. Indivíduos chefe de família e casado apresentaram um
efeito negativo sobre a chance de desemprego dado que o comprometimento
familiar leva-os a aceitar mais rapidamente uma proposta de emprego.
8 Os testes de verossimilhança do logit com efeito aleatório versus o Logit simples também confirmaram a
preferência estatística pelo primeiro.
25
Em contrapartida, mulheres, negros e indivíduos que recebem programa
social possuem chances maiores de estar desempregados. Este último resultado
corrobora a ideia que a transferência governamental torna os indivíduos mais
seletivos as propostas de empregos, aumentando suas chances de desemprego.
Com relação à educação percebe-se que a mesma é um fator importante de
inserção no mercado formal. Quanto mais educado for o indivíduo, menor será a
probabilidade dele está desempregado.
Mostrou-se, portanto nestes resultados que o tipo de trabalhador quanto ao
risco possui um papel importante na saída da sua condição de desemprego em
paralelo com as tradicionais restrições de acesso como as do capital humano, da
discriminação, ou da composição familiar. Indivíduos mais avessos ao risco são
também mais avessos ao desemprego, o que lhes faz aceitar mais rapidamente
qualquer oferta ou ocupação disponível no mercado. Essa “pressa” por ocupação
ficou mais nítida ainda quando o canal de saída é o mercado informal, dado que os
custos de entrada neste setor são menores e as possibilidades
operacionais/técnicas maiores.
Nesta condição existe um reforço à informalidade nas situações de incerteza,
além de haver uma resistência deste setor quando as condições macroeconômicas
são mais favoráveis.
Vale destacar também do ponto de vista metodológico, a importância do efeito
aleatório de grupo na modelagem de busca por emprego, sendo este definido pelo
entrevistador. É mais provável que este resultado sinalize efeitos espaciais de oferta,
dado que cada um dos 20 entrevistadores ocupava um espaço geográfico na cidade.
Mais não se pode descartar também, a possibilidade de influência do mesmo,
principalmente para as questões de entendimento do entrevistador das situações
hipotéticas levantadas no questionário.
26
Tabela 1 – Modelos Logit de Probabilidade de Desemprego.
DESEMPREGO X OCUPAÇÃO
DESEMPREGO X EMPREGO INFORMAL
DESEMPREGO X EMPREGO FORMAL
Logit Logit multinível
Logit Logit multinível
Logit Logit multinível
Risco 2 0.2256 (0.364)
0.1717 (0.419)
0.2273 (0.419)
0.1838 (0.533)
0.2281 (0.437)
0.1580 (0.601)
Risco 3 0.5271 (0.009)*
0.4800 (0.007)*
0.6114 (0.007)*
0.5634 (0.018)**
0.3963 (0.102)
0.3340 (0.182)
Risco 4 0.0733 (0.685)
0.0161 (0.198)
0.2583 (0.198)
0.0372 (0.862)
- 0.0274 (0.894)
0.0064 (0.975)
Idade - 0.1501 (0.000)*
- 0.1513 (0.000)*
- 0.1259 (0.000)*
- 0.1268 (0.000)*
- 0.1638 (0.000)*
- 0.1664 (0.000)*
Idade 2 0.0012 (0.001)*
0.0012 (0.001)*
0.0008 (0.062)***
0.0008 (0.071)***
0.0016 (0.000)*
0.0016 (0.000)*
Chefe de Família
- 0.7150 (0.000)*
- 0.7186 (0.000)*
- 0.4940 (0.004)*
- 0.4633 (0.009)*
- 0.9416 (0.000)*
- 0.9591 (0.000)*
Mulher 0.3641 (0.004)*
0.3222 (0.025)**
0.1801 (0.199)
0.0385 (0.825)
0.6152 (0.000)*
0.6353 (0.000)*
Casado - 0.5593 (0.001)*
- 0.5624 (0.001)*
- 0.4699 (0.009)*
- 0.4920 (0.007)*
- 0.6852 (0.000)*
- 0.6701 (0.000)*
Negro 0.2218 (0.310)
0.1958 (0.381)
0.1178 (0.614)
0.0446 (0.856)
0.2405 (0.359)
0.2111 (0.431)
Programa Social
0.2275 (0.091)***
0.2286 (0.092)***
0.0372 (0.797)
0.0336 (0.820)
0.5199 (0.001)*
0.5374 (0.001)*
Fundamental Completo
0.0877 (0.615)
0.0747 (0.671)
0.2490 (0.178)
0.2532 (0.181)
- 0.3563 (0.091)***
- 0.3696 (0.082)***
Médio Completo
0.0903 (0.581)
0.0931 (0.572)
0.5751 (0.001)*
0.6262 (0.000)*
- 0.6273 (0.001)*
- 0.6411 (0.001)*
Superior Completo
- 0.3539 (0.381)
- 0.3300 (0.415)
0.3875 (0.390)
0.4423 (0.335)
- 1.3502 (0.001)*
- 1.3521 (0.001)*
Constante 1.6394 (0.001)*
1.6654 (0.001)*
1.7550 (0.001)*
1.8057 (0.002)*
2.9246 (0.000)*
2.9640 (0.000)*
Efeito Aleatório Sd (constante)
0.2333 (0.041)**
0.4492 (0.000)*
0.2149 (0.083)***
Número de observações
2426
1512
1291
Fonte: Elaborado pelo autor. Notas: (1) Os valores entre parênteses são o p-valor, sendo que (*) significa estatisticamente significante ao nível de 1%, (**) significa estatisticamente significante ao nível de 5% e (***) significa estatisticamente significante ao nível de 10%. (2) Resultados gerados pelo Stata 12.
27
CONCLUSÃO
A teoria da busca por emprego prediz que existe uma relação negativa entre
aversão ao risco e a probabilidade do indivíduo estar desempregado. Sendo assim,
buscou-se neste trabalho evidencias empíricas que corroborem – ou refutem - tal
teoria. Para tal, utilizou-se uma base de dados de 4.030 indivíduos de Fortaleza com
informações que possibilitaram a classificação do trabalhador quanto risco,
juntamente com sua posição no mercado de trabalho.
A hipótese teórica foi testada utilizando-se de um modelo Logit com efeito
aleatório para o entrevistador da pesquisa, onde a probabilidade de desemprego,
vis-à-vis, ocupação (formal ou informal) foi função de fatores tradicionais da literatura
mais um indicador de risco por parte dos trabalhadores. Os resultados empíricos
foram favoráveis à teoria, onde indivíduos mais avessos ao risco mostraram também
ser mais avessos ao desemprego principalmente quando o canal de saída é o
mercado informal.
Em um mercado com trabalhadores heterogêneos reforça-se ainda mais a
necessidade de canais de busca por emprego mais efetivos. Diferenciais no risco de
desemprego motivados pelas características da oferta de trabalho podem levar a
desigualdades persistentes e ainda maiores para o país (CYSNE, 2006). Neste
contexto, as agências públicas de encaminhamento possuem um papel fundamental
de não apenas capturar as disponibilidades de vagas das demandas, mas também
estabelecer o pareamento adequado para aqueles que procuram seus serviços.
Vale destacar, no entanto, que a assertiva da teoria encontrada no presente
trabalho, merece algumas ressalvas que a metodologia empregada não foi capaz de
abordar. Primeiro, o fato do indicador de risco não ter sido significante para a saída
do desemprego para o setor formal demanda investigações mais apuradas que
podem ser realizadas ou com uma base de dados maior do tipo transversal, ou por
meio de painel, como realizada nas pesquisas tradicionais da Europa. Neste ponto,
vale uma sugestão de inclusão de perguntas/cenários classificadores de risco em
pesquisas tradicionais do mercado de trabalho do Brasil.
28
Segundo, com mais informações disponíveis, poder-se-ia testar o ponto mais
forte da teoria da busca por emprego com risco que seria o tempo menor de
desemprego para os mais avessos ao risco e a menor probabilidade de transição.
Finalmente, é possível que uma única medição de aversão ao risco de forma
indireta não seja capaz de capturar os tipos específicos desejados de trabalhadores.
Método diretos e indiretos para o cálculo do coeficiente de aversão ao risco devem
melhorar a caracterização dos trabalhadores e, portanto, as tendências
diferenciadas no mercado de trabalho.
29
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30
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31
APÊNDICE A – PROPOSTAS DE MUDANÇA DE EMPREGO “Proposta 1: Suponha que o(a) Sr.(a) seja a única pessoa que possui renda em sua
família, no valor de R$ X. Este emprego é satisfatório e garantirá o mesmo nível de
renda até a sua aposentadoria. Aparece uma oportunidade de iniciar em um novo
emprego, tão satisfatório quanto o atual, e que tem uma chance de 50% de dobrar o
salário atual, e 50% de diminuir o salário atual em 33%. O(a) Sr.(a) deve escolher
entre os dois empregos. O(a) Sr.(a) aceitaria o novo emprego.”
( ) Sim (vá para proposta 2)
( ) Não (vá para proposta 3)
NS/NR
“Proposta 2: Suponha que o novo emprego, tão satisfatório quanto o atual, tem uma
chance de 50% de dobrar o salário atual, e 50% de diminuir o salário atual em 50%.
O(a) Sr.(a) deve escolher entre os dois empregos. O(a) Sr.(a) aceitaria o novo
emprego.”
( ) Sim
( ) Não
NS/NR
“Proposta 3: Suponha que o novo emprego, tão satisfatório quanto o atual, tem uma
chance de 50% de dobrar o salário atual, e 50% de diminuir o salário atual em 20%.
O(a) Sr.(a) deve escolher entre os dois empregos. O(a) Sr.(a) aceitaria o novo
emprego.”
( ) Sim
( ) Não
NS/NR
32
APÊNDICE B – ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS Tabela B.1 – Estatísticas descritivas das variáveis Chefes de Família, Gênero, Estado Civil, Raça, Programa Social, Mercado de Trabalho, Tipo de Emprego, Escolaridade e Grau de Aversão ao Risco.
FREQUÊNCIA PORCENTAGEM VÁLIDA
RELAÇÃO COM O CHEFE DE FAMÍLIA
Chefe de família 1860 46,17 Cônjuge 842 20,90 Filho/Enteado 959 23,80 Pai/Mãe 25 0,62 Outro Parente 288 7,15 Outro 55 1,36
GÊNERO
Homens 1840 45,7 Mulheres 2190 54,3
ESTADO CIVIL
Solteiro (a) 1409 35,0 Casado (a) 1330 33,0 Amigado (a) 772 19,2 Separado (a) 294 7,2 Viúvo (a) 225 5,6
RAÇA
Brancos 1250 31,02 Negros 353 8,76 Pardos 2412 59,85 Amarelos 7 0,17 Indígena 8 0,20
PROGRAMA SOCIAL
Sim 1132 28,1 Não 2898 71,9
MERCADO DE
TRABALHO
Empregados 2132 52,94 Procurando emprego 391 9,71 Não procura emprego 1504 37,35
33
Tabela B.1 – Continuação: Estatísticas descritivas das variáveis Chefes de Família, Gênero, Estado Civil, Raça, Programa Social, Emprego, Escolaridade e Grau de Aversão ao Risco.
FREQUÊNCIA PORCENTAGEM VÁLIDA
TIPO DE EMPREGO
Emprego Formal 952 44,65 Emprego Informal 1180 55,35
ESCOLARIDADE
Sem instrução 1559 38,69 Ensino Fund. Completo 966 23,97 Ensino Médio Completo 1326 32,90 Curso Superior Completo 179 4,44
AVERSÃO AO RISCO Totalmente avesso ao risco
3068 77,9
Risco 1 171 4,3 Risco 2 260 6,6 Risco 3 437 11,2
TOTAL 4030 100 Fonte: Elaborado pelo autor. Notas: (1) Nem todas as variáveis possuem um total de 4030 indivíduos, pois possuem missings. (2) A porcentagem válida foi calculada desconsiderando-se os missings.
Tabela B.2 – Idade.
ESTATÍSTICAS ANOS
Média 39,6 Mediana 37 Moda 18 Desvio padrão 16,9 Mínimo 16 Máximo 94
Total de observações: 3949 Fonte: Elaborado pelo autor. Nota: A variável Idade apresentou 81 missings.