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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO PARA A CONSERVAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS FONTES DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL SOBRE RECURSOS HÍDRICOS: DISPONIBILIZAÇÃO E ACESSIBILIDADE ANA MARGARIDA VIANNA RODRIGUES Belém Julho, 2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO PARA A CONSERVAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

FONTES DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL SOBRE

RECURSOS HÍDRICOS: DISPONIBILIZAÇÃO

E ACESSIBILIDADE

ANA MARGARIDA VIANNA RODRIGUES

Belém

Julho, 2003

ii

Ana Margarida Vianna Rodrigues

FONTES DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL SOBRE

RECURSOS HÍDRICOS: DISPONIBILIZAÇÃO

E ACESSIBILIDADE

Monografia apresentada ao Curso de Especialização do Centro de Educação da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial à obtenção do Título de Especialista em Educação Ambiental para Conservação de Recursos Hídricos. Orientadora: Profa. Maria Ludetana Araújo

Belém Centro de Educação da UFPA

2003

iii

Rodrigues, Ana Margarida Vianna Fontes de informação ambiental sobre recursos

hídricos: disponibilização e acessibilidade / Ana Margarida Vianna Rodrigues.- 2003. 74f, enc.

Orientadora: Maria Ludetana Araújo Monografia (especialização) – Universidade Federal

do Pará, Centro de Educação. 1.Recursos hídricos. 2.Informação. 3.Serviços de

informação. I.Araújo, Maria Ludetana. II.Universidade Federal do Pará. Centro de Educação. III.Título

CDD 551.48

iv

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO PARA A CONSERVAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

Monografia intitulada “Fontes de Informação ambiental sobre Recursos Hídricos: disponibilização e acessibilidade”, de autoria de Ana Margarida

Vianna Rodrigues.

_______________________________________________ Profa. Maria Ludetana Araújo

Orientadora

Belém, 28 de julho de 2003.

v

Aos meus pais, Raymundo e Libania Vianna, pelos sábios ensinamentos

durante minha trajetória de vida.

Ao meu tio Camillo Vianna com quem aprendi a amar e a respeitar a natureza.

Às minhas irmãs, Noemi Vianna Leão e Maria Stella Rodrigues pelo

permanente apoio.

Ao meu filho Rodrigo, que me incentivou e apoiou durante todo o período do

curso.

vi

AGRADECIMENTOS À Profa. Maria Ludetana Araújo, orientadora desta monografia, pela sua

paciência e desprendimento, apesar de sua infinidade de compromissos

profissionais, em dispor seu tempo e seu saber incomparável para a

concretização deste trabalho.

Às bibliotecárias Lídia Mara Albuquerque e Rosa Lourenço, pela revisão crítica

do texto e valiosas sugestões apresentadas.

À bibliotecária Eliane Santa Brígida pela editoração eletrônica e confecção dos

gráficos que enriqueceram e embelezaram esta monografia.

Ao Fábio Calliari que gentilmente elaborou o resumo em inglês.

vii

A educação é o elemento-chave na construção de uma sociedade baseada na informação, no

conhecimento e no aprendizado. (Takahashi, 2000)

viii

RODRIGUES, Ana Margarida Vianna. Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos:disponibilização e acessibilidade. Belém: UFPA, Centro de Educação, 2003. Resumo Esta pesquisa trata da problemática relacionada à disponibilização e acessibilidade

das fontes de informação ambiental na área de recursos hídricos, propondo-se

também a identificar as principais fontes eletrônicas usadas pelos profissionais da

área. Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionário entre

profissionais selecionados. Os resultados apontam para a necessidade de maior

disponibilidade das informações já que a maioria dos entrevistados enfrenta

dificuldades variadas para acessar informações. Procura-se mostrar a importância

da educação ambiental na sensibilização e conscientização da sociedade na

formação de cidadãos informados sobre a relevância da gestão e uso racional dos

recursos hídricos.

ix

RODRIGUES, Ana Margarida Vianna. Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos:disponibilização e acessibilidade. Belém: UFPA, Centro de Educação, 2003. Abstract

This research considers the problematic related to the disposal and accessibility of

the environmental information sources, concerning to hydric resorts; it means,also,

to identify the prime electronic sources used by the professionals of this branch of

knowledge.The data were collected by using a questionnaire to query selected

professionals. The results point to a necessity of magnify the disposal of

information, because of the difficulties in access it. One intends,too, to show the

importance of the environmental education, that gives rise to a more sensible and

conscious society, of well-informed citizens, able to deal rationally with the hydric

resources.

x

LISTA DE SIGLAS

ABONG Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais

ANA Agência Nacional de Águas

ABRH Associação Brasileira de Recursos Hídricos

CG Comitê Gestor

CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos

C&T Ciência e Tecnologia

CMSI Cúpula Mundial da Sociedade da Informação

CCN Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia

DENI Divisão de Recursos Hídricos e Inventário

DOU Diário Oficial da União

IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

MEC Ministério da Educação

MCT Ministério da Ciência e Tecnologia

NSF National Science Foundation

NTIC Novas Tecnologias da Informação e Comunicação

ONGs Organizações Não Governamentais

ONU Organização das Nações Unidas

OIT Organização Internacional do Trabalho

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PRODENG Companhia de Processamento de Dados de Minas Gerais

PROINFO Programa Nacional de Informática na Educação

RITS Rede de Informação do Terceiro Setor

RNP Rede Nacional de Pesquisa

SIGRH Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo

SIPOT Sistema de Informação do Potencial Hidrelétrico Brasileiro

SocInf Programa Sociedade da Informação

xi

SRH Secretaria de Recursos Hídricos

TICs Tecnologias de Informação e Comunicação

TI Tecnologia de Informação

UIT União Internacional das Telecomunicações

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

WWF World Wide Fund for Nature

WWW Worl Wide Web

xii

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Utilização da Internet comparada com outras mídias .......... 38

GRÁFICO 2 – Posição dos países por número de hots .............................. 39

GRÁFICO 3 – Nível de escolaridade .......................................................... 61

GRÁFICO 4 – Local de conclusão do último curso ..................................... 62

GRÁFICO 5 – Função principal exercida pelos profissionais ..................... 63

GRÁFICO 6 – Fontes de informação mais consultadas ............................. 63

GRÁFICO 7 – Dificuldade que enfrenta para acessar informações ............ 64

GRÁFICO 8 – Fontes que acessam com mais facilidade ........................... 65

GRÁFICO 9 – Endereços eletrônicos relevantes ........................................ 66

GRÁFICO 10 – O que falta na área de recursos hídricos ............................. 67

SUMÁRIO

p.

RESUMO .............................................................................................. viii

ABSTRACT .......................................................................................... ix

LISTA DE SIGLAS ............................................................................... x

LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................... xii

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 15

2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO; REVISÃO DE LITERATURA ........ 18

2.1 Programa Sociedade da Informação no Brasil ................................ 23

2.2 Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação ........................ 26

3 A INFORMAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO PARA A

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CONSERVAÇÃO DE RECURSOS

HÍDRICOS ............................................................................................ 27

3.1 A Ecologia da informação ................................................................. 33

3.2 Fontes de Informação, disponibilização e acessibilidade ............. 35

3.3 Internet: espaço digital e acessibilidade ......................................... 37

3.4 Principais Fontes eletrônicas selecionadas .................................... 40

4 ACESSO E APROPRIAÇÃO DE INFORMAÇÕES NO PROCESSO

DE CONSTRUÇÃO DE AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DE

CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS: OS RESULTADOS

DA PESQUISA ..................................................................................... 61

4.1 Nível de escolaridade ......................................................................... 61

4.2 Local de conclusão do último curso ................................................ 62

4.3 Tempo de atuação na área de recursos hídricos e educação

ambiental ............................................................................................ 62

4.4 Função principal exercida pelos profissionais ............................... 62

4.5 Fontes de informação mais consultadas ......................................... 63

4.6 Dificuldade que enfrenta para acessar informações ...................... 64

4.7 O que acessa com mais facilidade ................................................... 64

4.8 Títulos de periódicos mais utilizados .............................................. 65

4.9 Endereços eletrônicos apontados como relevantes na área de

recursos hídricos ............................................................................... 65

4.10 Fatores que poderão trazer melhorias para a disponibilização e

o acesso às fontes de informação na área de recursos hídricos .. 66

4.11 O que falta: maior divulgação ou maior produção na área de

recursos hídricos? ............................................................................. 66

5 CONCLUSÕES .................................................................................... 67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 70

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

15

1 INTRODUÇÃO

A importância da informação nos dias atuais é fator inquestionável. A

informação precisa, no momento certo, é responsável pelo sucesso ou fracasso

de qualquer iniciativa. A terminologia “sociedade da informação” segundo

Werthein (2000), passou a ser utilizada, nos últimos anos desse século, como

substituto para o conceito complexo de “sociedade pós-industrial”,

evidenciando a relevância da informação no cenário mundial e, é neste cenário

que surge a informação ambiental como conseqüência das crescentes

questões ambientais vivenciadas pela sociedade na busca incessante de

instrumentos para a preservação e conservação do meio ambiente.

O mundo passa por profundas transformações e as preocupações com a

situação ambiental e a existência de graves problemas fazem parte hoje do dia-

a-dia da população do planeta.

“Até recentemente, o planeta era um grande mundo no qual as atividades humanas e seus efeitos estavam nitidamente confinados em nações, setores (energia, agricultura, comércio) e amplas áreas de interesse (ambiental, econômica, social). Esses compartimentos começaram a se diluir. Isto se aplica em particular às várias ‘crises globais’ que preocuparam à todos, sobretudo nos últimos 10 anos. Não são crises isoladas: uma crise do desenvolvimento, uma crise energética. São uma só.” (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991)

Dentre os graves problemas ambientais, o mundo se volta para a

questão da preservação dos recursos hídricos. A importância do elemento

água para a existência de vida na Terra é hoje, fato indiscutível. A água

sustenta a vida no nosso Planeta, daí a preocupação com a conservação

desse precioso líquido considerando a sua distribuição desigual sobre a Terra.

Segundo dados da Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e

Ambiental (2001), 70% do nosso planeta está coberto por água sendo que

97,5% correspondem a água salgada e apenas 2,5% são de água doce.

Cerca de 20% de toda a água doce do Planeta está concentrada no

Brasil e, mais de 80% dessa água doce ocorre nas regiões hidrográficas do

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

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Amazonas, do Tocantins e das bacias costeiras do Amapá. Esses dados

evidenciam a importância desse recurso estratégico para o Brasil, em especial,

para a Amazônia e, conseqüentemente, para o mundo todo.

Neste contexto a água passa a ser vista como um bem da humanidade

que deve ser preservado/conservado pelas nossas gerações para as gerações

futuras. Há necessidade assim de que noções incorretas sobre a água – como

aquela que a sociedade acreditava que ela seria um recurso infinitamente

abundante – sejam revisadas e modificadas.

Nas últimas décadas, os impactos e agressões que o homem vem

provocando no meio ambiente têm sido alvo de debates no mundo todo em

busca de soluções para essa complexa crise ambiental. Especialistas do

mundo todo indicam a necessidade de um novo olhar do homem para a

natureza, uma transformação comportamental profunda na relação homem x

natureza tem que ser efetivada através do repasse de informações que

desenvolvam a consciência da importância da preservação do meio ambiente.

De acordo com Lavorato (2003), o Relatório Planeta Vivo 2002,

elaborado pela World Wide Found for Nature (WWF) aponta que, a

humanidade está utilizando 20% a mais de recursos naturais que a capacidade

de reposição do nosso Planeta. Assim, as gerações atuais e futuras estão

sendo comprometidas com o uso acelerado e indiscriminado dos recursos

naturais da Terra. Entretanto, mesmo diante da magnitude dos problemas

ambientais da sociedade contemporânea e da necessidade de conservação

dos recursos naturais a opinião pública, bem como os gestores da política

ambiental nas esferas locais ainda dispõem de pouco acesso a informação

científica na área de conservação desses recursos. Na região amazônica em

virtude de sua grande disponibilidade de recursos naturais, em especial sua

disponibilidade hídrica, a população local parece ainda alheia a necessidade de

gerenciar o uso desses recursos.

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Assim, trabalhando há mais de cinco anos com informação ambiental e,

observando no cotidiano de minhas atividades, no contato direto com

pesquisadores atuantes na área de educação ambiental e recursos hídricos, as

dificuldades e os obstáculos que os mesmos se referem no acesso às

informações especializadas, optamos pela realização de uma pesquisa para

discutir como o acesso à informação qualificada condiciona as ações de

conservação do meio ambiente, em especial dos recursos hídricos.

O objetivo maior deste trabalho foi analisar as condições de

disponibilização da informação ambiental sobre a temática Recursos Hídricos e

os fatores que inibem o acesso à essas fontes.

Para a realização deste estudo a abordagem metodológica utilizada foi a

qualiquantitativa. Segundo Oliveira (2001), utilizando o método quantitativo

pode-se quantificar opiniões e dados nas formas de coleta de informações bem

como uso de recursos e técnicas estatísticas. Quanto ao método qualitativo,

Oliveira (2001), afirma que “não tem pretensão de numerar ou medir unidades

ou categorias homogêneas”.

Optamos portanto por esta abordagem qualiquantitativa por

considerarmos que ela é a mais apropriada ao estudo que será desenvolvido,

pois a abordagem qualitativa “nos remete a uma série de leituras sobre o

assunto da pesquisa abordando a opinião de vários autores possibilitando

correlação e comentários conclusivos sobre a temática.” (OLIVEIRA,2001)

Trabalhamos com um grupo de profissionais atuantes na área de

Recursos Hídricos e Educação Ambiental, em instituições governamentais e

não-governamentais, num total de 17 indivíduos selecionados.

Como instrumento para a coleta de dados decidimos pela aplicação do

questionário, com perguntas abertas e fechadas, objetivando verificar o grau

de apropriação e acessibilidade à informação técnica qualificada sobre a

temática em estudo, identificação de fontes principais e como essas

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informações são utilizadas e disseminadas nas ações desenvolvidas por estes

pesquisadores. Escolhemos o questionário por apresentar vantagens como as

citadas por Marconi e Lakatos (1999), que são “economia de tempo, consegue

alcançar um maior número de pessoas simultaneamente, obtém respostas

mais rápidas e precisas e, propicia maior liberdade nas respostas considerando

o anonimato”, vantagens estas que vêm ao encontro de nossas necessidades

para alcançarmos um resultado satisfatório.

Pretendemos com esta pesquisa, identificar as principais fontes de

informação disponíveis sobre recursos hídricos, em especial as eletrônicas, e

que fatores dificultam o acesso a essas fontes, considerando a importância da

temática recursos hídricos para a região amazônica e a necessidade de

apropriação dessas informações ambientais por parte dos profissionais e

pesquisadores na área, envolvidos com tomadas de decisão visando a

melhoria do processo de gestão ambiental de recursos hídricos e, portanto,

trazendo benefícios para o meio ambiente.

O estudo justifica-se ainda considerando a inexistência de pesquisas

principalmente no Pará sobre o tema abordado. Acreditamos que a pesquisa

será de relevância para os profissionais da área de informação e para os que

labutam com a problemática dos recursos hídricos em nossa região.

2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: REVISÃO DE LITERATURA

Todas as transformações significativas que vêm ocorrendo no cenário

mundial nos últimos anos apontam para um futuro cheio de esperanças em

busca de uma sociedade melhor e mais justa porém, essas mudanças junto

com as grandes oportunidades, nos apresentam também riscos e desafios.

Dentre as profundas mudanças ocorridas na sociedade destacamos a

ocasionada pelo fator informação. Passamos de uma sociedade industrial para

uma sociedade nominada do Conhecimento e da Informação.

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“Esta sociedade pós-industrial ou ‘informacional’ , como prefere Castell, está ligada à expansão e reestruturação do capitalismo desde a década de 80 do século que termina.” (WERTHEIN, 2000)

Essas transformações tecnológicas, organizacionais, informacionais,

culturais etc, caminham para uma sociedade da informação que, segundo

Werthein (2000), “definem um novo paradigma, o da tecnologia da informação,

que expressa a essência da presente transformação tecnológica em suas

relações com a economia e a sociedade”.

Neste contexto, para que a informação seja acessível e utilizável

necessita de mídia de acesso assim, nos últimos anos foi possível observar o

desenvolvimento das chamadas Tecnologias de Informação e Comunicação

(TICs). Em razão dos grandes impactos econômicos e sociais que vêm

ocorrendo no cenário mundial em decorrência do uso das tecnologias da

informação e comunicação vários estudos estão sendo desenvolvidos sobre a

difusão dessas tecnologias na denominada sociedade da informação. Segundo

Tigre (2002), “os avanços na difusão de TI dependem de inovações

complementares de natureza tecnológica, comercial, organizacional ou

institucional”. Há necessidade portanto de promover novas bases de

conhecimento e capacitação que permitam a absorção dessas novas TI

exigidas no novo cenário.

“Este fim de século acena com uma mutação revolucionária para toda a humanidade, só comparável à invenção da ferramenta e da escrita e que ultrapassa largamente a da Revolução Industrial... A Revolução Informacional está em seus primórdios e é, primeiramente uma revolução tecnológica que se segue à Revolução Industrial.. Mas é também muito mais que isto: constitui o anúncio e a potencialidade de uma nova civilização, pós-mercantil, emergente da ultrapassagem de uma divisão entre os que produzem e os que dirigem a sociedade... A transferência para as máquinas de um novo tipo de funções cerebrais abstratas encontra-se no cerne da Revolução Informacional. Tal transferência tem como conseqüência fundamental deslocar o trabalho humano da manipulação para o tratamento da informação” (LOJKINE, 1995 apud LASTRES,1999)

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Visualizamos assim grandes desafios que precisamos enfrentar na

trajetória da construção dessa nova sociedade onde a informação passa a ser

vista como um recurso estratégico, básico para o crescimento econômico,

juntamente com o conhecimento. De acordo com Werthein (2000), “os desafios

da sociedade da informação são inúmeros e incluem desde os de caráter

técnico e econômico, cultural, social e legal, até os de natureza psicológica e

filosófica”.

Diversas questões são discutidas nesta sociedade porém a preocupação

central, o grande desafio é a exclusão digital, que vem aumentar a exclusão

econômica e social. Atualmente já se fala em países ricos e pobres em

informação e, organismos nacionais e internacionais vêm debatendo a inclusão

digital. Este é um dos graves desafios das sociedades da informação.

Baggio (2000), afirma que “em plena Era da Informação, é fundamental

que se democratizem as ferramentas tecnológicas, um dos principais requisitos

do novo mercado de trabalho, para que os novos recursos de comunicação e

tecnologia não se transformem em um fator de aprofundamento de exclusão

social”.

Busca-se nessa nova sociedade, oportunidades iguais para todos os

cidadãos e aumento na qualidade de vida no planeta bem como respostas aos

grandes problemas que a humanidade enfrenta.

Borges (2000), afirma que “uma visão integrada do mundo moderno, dos

seus problemas e soluções e juntamente com os resultados e avanços das

ciências, das tecnologias, da vontade política dos dirigentes, aliados às

ferramentas capazes de organizar a complexidade e a produzir resultados, e

com a determinação do homem, poderão encontrar, na sociedade da

informação e do conhecimento, alternativas para diminuir os problemas da

vida humana, das organizações e da sociedade”.

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Estamos vivenciando em todo o planeta profundas transformações na

sociedade tanto no aspecto social, econômico, cultural, político e tecnológico e,

como afirma Vicari (apud BORGES, 2000), “A Sociedade da Informação cresce

rapidamente. No momento, não há falta de visões sobre o futuro – somente

escolher as certas é que é difícil”. O mundo transformou-se, a sociedade da

informação é um novo ambiente global, uma sociedade globalizada e

globalizante baseada em comunicação e informação cujas regras estão sendo

paulatinamente construídas .

“O homem, diante dessa nova realidade, continua o mesmo: íntegro na sua individualidade, na sua personalidade, nas suas aspirações, na defesa de seus direitos, na busca da sua felicidade e de suas realizações, e no comando desta mudança, como o único ser dotado de vontade, inteligência e conhecimento capaz de compreender os desafios e definir os passos que direcionarão seu próprio futuro”. (BORGES, 2000)

A questão do homem e da cidadania na sociedade da informação

também é abordada por Rocha (2000), que considera a importância da

informação para o exercício da cidadania. Afirma que “é, pois, através do

conhecimento do mundo, adquirido, formal e informalmente, a partir de suas

experiências e do convívio em sociedade, pelas trocas lingüísticas e

reconhecimento de símbolos, em um processo sistemático de formação

intelectual e moral do indivíduo, que se processa a construção de sua

dimensão enquanto cidadão.”

Toffler e Toffler (apud ROCHA, 2000), abordam que essa nova

sociedade que resulta do terceiro grande fluxo de mudança na história da

humanidade – a denominada Terceira Onda, determina uma nova postura

comportamental. “Essa nova civilização traz consigo novos estilos de família;

maneiras diferentes de trabalhar, amar e viver; uma nova economia; novos

conflitos políticos: e acima de tudo uma consciência modificada.”

Por outro lado Lazarte (2000), afirma que “além da dimensão econômica

e suas implicações, a sociedade da informação traz mudanças na forma em

que interpretamos o mundo, impacta nosso ambiente interior e põe novos

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desafios a nossas relações sociais”. Lazarte questiona a visão de que a

sociedade deve se adaptar ao novo modelo de acesso à informação. Afirma

que o ser humano e seus problemas devem se sobrepor a tecnologia que

deverá existir no sentido de contribuir para resolver os problemas do homem. O

autor aborda a questão da “ecologia informacional” afirmando a existência de

um desequilíbrio nesse ambiente informacional que se apresenta de inúmeras

formas sendo a mais marcante o “excesso de informação que supera a

capacidade do indivíduo de processá-la.”

Paralelamente ao desenvolvimento das Novas Tecnologias da

Informação e Comunicação (NTIC) há necessidade de que o cidadão não seja

esquecido, assim, a educação básica e a superior devem ser incentivadas

visando o desenvolvimento das capacidades humanas. Assman (2000), diz que

esta nova sociedade necessita tornar-se uma sociedade aprendente. As NTIC

provocaram uma transformação também no aprender e colocaram a espécie

humana em uma fase evolutiva inédita. O autor alerta para os riscos de

discriminação e desumanização que podem vir juntos a estas oportunidades de

crescimento e afirma também que “a mera disponibilização crescente da

informação não basta para caracterizar uma sociedade da informação. O mais

importante é o desencadeamento de um vasto e continuado processo de

aprendizagem”.

Tarapanoff, Araújo Júnior e Cormier (2000), abordam a questão do

surgimento de um novo ciclo produtivo baseado na informação e no

conhecimento. A informação emerge na sociedade da informação como um

bem econômico. Para os autores esta sociedade necessita de uma infra-

estrutura de telecomunicações de qualidade pois “o bem estar econômico das

nações depende, cada vez mais, de sua habilidade em acessar e explorar os

acervos de conhecimentos tanto internos como externos”. Os autores discutem

também o papel das unidades de informação (bibliotecas, centros e sistemas

de informação e de documentação) na chamada sociedade da informação.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

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Segundo Masuda (apud Ataíde, 2002), “na sociedade da informação

predominará o direito de uso, e não o direito de propriedade e que o princípio

da competição, será o princípio básico da sociedade. Para ele, os indivíduos

terão um objetivo social comum”. Contrariando Masuda e Drahos (apud Ataíde,

2002), “preconiza que a sociedade da informação pode se transformar em um

espaço mais desigual do que nós poderíamos esperar...”

Toda a sociedade entende que o objetivo principal das novas

tecnologias da informação e da comunicação é propiciar o bem-estar não

apenas dos cidadãos mas da comunidade em geral. Em busca da

concretização desses objetivos é importante que haja investimentos e políticas

públicas que visem promover o crescimento econômico, a redução da pobreza

e a igualdade social. Ferreira (2000), questiona os desafios do Estado na

construção da sociedade da informação no Brasil. Obstáculos como o

analfabetismo, capacitação de recursos humanos e as dificuldades do cidadão

brasileiro em acessar as novas tecnologias da informação terão que ser

trabalhados pelo Estado através de políticas públicas voltadas para o

enfrentamento desses desafios. Segundo Ferreira (2003), “a sociedade da

informação traz novas responsabilidades para todos os atores sociais nela

inseridos. Essas responsabilidades denotam o dever desses atores para a

provisão de um fluxo constante de informações que possibilitem a geração de

novos conhecimentos e tomada de decisão nas várias instâncias da sociedade,

inclusive no Estado”.

2.1 Programa Sociedade da Informação no Brasil

Considerando a incerteza social sobre a dimensão das mudanças bem

como o processo de inclusão dos brasileiros nesta nova sociedade, o governo

brasileiro consciente de sua tarefa em criar condições para que os cidadãos se

adaptem nesse contexto social e com o objetivo de preparar as bases para a

construção da sociedade da informação no Brasil, lançou em 1996, através do

Ministério da Ciência e Tecnologia, o denominado Programa Sociedade da

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

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Informação. O objetivo do Programa “é integrar, coordenar e fomentar ações

para a utilização de tecnologias de informação e comunicação, de forma a

contribuir para a inclusão social de todos os brasileiros na nova sociedade e,

ao mesmo tempo, contribuir para que a economia do país tenha condições de

competir no mercado global.” (TAKAHASHI, 2000).

O Programa trabalha com as seguintes linhas de ação:

Mercado, trabalho e oportunidades – O Governo pretende fomentar a

implantação do comércio eletrônico, ampliando a oferta de trabalho através de

novas formas de atuação por meio do uso das NTIC que também são

responsáveis pelo surgimento de produtos e serviços inovadores;

Universalização de serviços para a cidadania – Este é um fator fundamental

para a inclusão dos brasileiros nesse novo contexto social. O Governo

pretende trabalhar na busca de soluções que promovam um amplo acesso à

Internet fomentando a alfabetização digital dos brasileiros para que não

existam infoexcluídos;

Educação – É fator primordial na construção dessa sociedade daí o desafio

que o Governo Federal enfrenta, criando inúmeros projetos envolvendo a

necessidade da alfabetização digital, a informatização do ensino, a capacitação

de professores e o estímulo ao ensino à distância. Dentre esses projetos

podemos citar alguns já criados pelo Ministério da Educação (MEC): o

Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO) que pretende

introduzir NTIC nas escolas públicas de ensino médio e fundamental e, o TV

Escola que é de ensino à distância voltado para a capacitação de professores;

Conteúdos e identidade cultural – O Governo pretende estimular a geração

de produtos e serviços existentes na rede (denominados genericamente de

conteúdos) que dêem ênfase a identidade cultural do nosso país. Destaque

para o fomento a coleta, processamento e disponibilização de grandes acervos

de informações por meio da digitalização;

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

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Governo ao alcance de todos – Busca a informação da administração pública

e a capacitação em gestão de tecnologias de informação e comunicação. Com

esta linha de ação o Governo Federal objetiva informatizar suas operações e

serviços visando maior eficiência e aproximação do cidadão propiciando mais

transparência em suas atividades, disponibilizando serviços governamentais e

informações públicas via Internet. O fluxo livre das informações entre os

cidadãos e o Governo possibilita que todos conheçam as suas

responsabilidades cívicas, os seus direitos e possam então, emitir opiniões.

P&D, tecnologias-chave e aplicações – Nesta linha de ação o governo

pretende fomentar as inovações tecnológicas e a identificação de tecnologias

que sejam estratégicas para o desenvolvimento industrial e econômico do

Brasil, difundindo estas tecnologias e incentivando a formação de

pesquisadores nas áreas de NTIC;

Infra-estrutura avançada e novos serviços – Investimentos em infra-

estrutura básica de informações no país e o estabelecimento de políticas e

mecanismos de segurança e privacidade.

Espera-se que haja um esforço conjunto do governo, setor acadêmico,

setor privado e a população visando a construção dessa nova sociedade. Uma

série de iniciativas já podem ser identificadas. Como exemplo recente,

destacamos a alteração na estrutura organizacional do Ministério da Ciência e

Tecnologia, por meio do Decreto nº. 4.724, publicado no Diário Oficial da União

(DOU), de 10 de junho de 2003. Entre outras mudanças foram criadas 3 novas

Secretarias, dentre elas a Secretaria de C&T para Inclusão Social. O objetivo

principal é o desenvolvimento de estratégias que visem o atendimento às

demandas sociais de conhecimentos científicos e tecnológicos da sociedade.

Atenção especial será para 2 regiões: Amazônia e Nordeste. A Secretaria tem

como meta também, trabalhar pela difusão de conhecimentos e tecnologias

apropriadas nas comunidades carentes no meio rural e urbano do Brasil.

(GESTÃO C&T, 2003).

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

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2.2 Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (CMSI)

A CMSI é conseqüência de um processo que resultou na aprovação,

pelos Estados Membros presentes à 56a. Assembléia Geral da Organização

das Nações Unidas (ONU), em 2001. De acordo com esta definição, a Cúpula

será realizada em 2 etapas: a 1a será em Genebra, no período de 10 a 12 de

dezembro de 2003 e a 2a e última, ocorrerá na Tunísia, em novembro de 2005.

Sua coordenação está a cargo da União Internacional das Telecomunicações

(UIT) tendo como objetivo discutir, analisar e propor ações nos diversos

segmentos que participam da Sociedade da Informação ou seja, a construção

da Sociedade da Informação torna-se um dos grandes temas a ser discutido no

Planeta. Inicialmente, os temas que foram propostos são: sociedade do

conhecimento, direitos e governo, infra-estrutura e ferramentas, cooperação e

investimentos, desenvolvimento e emprego.

Vários outros organismos internacionais participam da organização do evento e

das discussões preparatórias, além da UIT, entre eles podemos citar a

Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

(UNESCO) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Diversas reuniões preparatórias estão sendo desenvolvidas em todo o

mundo visando a discussão maior na CMSI. A Associação Brasileira de

Organizações Não-Governamentais (ABONG) em articulação com a Rede de

Informação do Terceiro Setor (RITS) vêm promovendo uma série de debates

que objetivam a participação do Brasil na Cúpula. Há necessidade de uma

preparação considerando que a Cúpula contará com a participação de países

desenvolvidos e grandes corporações, fortemente articulados. Nosso país

precisa estar preparado para defender seus interesses.

No período de 26 e 28 de setembro de 2002, no Rio de Janeiro, a

UNESCO e o Governo Federal promoveram o Fórum Internacional: América

Latina e Caribe na Sociedade da Informação. O evento contou com a

participação de representantes de 44 países que debateram sobre as principais

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

27

temáticas que serão alvo de discussão na CMSI como novas tecnologias em

comunicação e informação, educação à distância e o acesso a informação e

comunicação.

Em nosso país, uma das principais discussões que deverá ser levada

para a Cúpula é a inclusão digital. Reconhecidamente o Brasil é um dos países

mais avançados em e-governo1, entretanto, apenas 8% da população têm

acesso à Internet e aos serviços públicos disponibilizados na rede. (AFONSO,

2003)

Evidentemente não se espera que todos os problemas que serão

levados para discussão pela Cúpula sejam solucionados porém, a reunião será

um grande momento para criação de grupos de interesse em torno de temas

específicos que, certamente, serão resolvidos nos próprios países de origem.

Existe, entretanto, a expectativa de que a Cúpula elabore uma

Declaração de Princípios e também um Plano de Ação que possibilitem o real

desenvolvimento da Sociedade da Informação pois segundo Lima (2003), “a

sociedade da informação precisa ser uma sociedade para todos. Na definição

das medidas de política para a sua construção, devem-se estabelecer

condições para que todos os cidadãos tenham oportunidade de nela participar,

e desse modo beneficiar-se das vantagens que este novo momento do

desenvolvimento da civilização tem para oferecer.”

3 A INFORMAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO PARA A EDUCAÇÃO

AMBIENTAL E CONSERVAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

Em torno da década de 70, a humanidade se defrontou com a

questão ambiental. A sociedade percebeu que o uso ilimitado dos recursos

naturais como a água, o ar, o solo, estariam ameaçando a sobrevivência da

espécie humana assim como já se percebia a extinção de espécies animais e

1 Convencionou-se chamar e-governo para a prestação de serviços com o uso das novas tecnologias da informação, no âmbito do setor governamental.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

28

vegetais em decorrência da ação desordenada do homem com a natureza.

Catástrofes como as de Minamata, Torrey Canyon, Amoco Cadiz foram

também um alerta para a humanidade. (IBAMA, 1997)

O modelo de desenvolvimento econômico-industrial da época,

apresentava contradições com a realidade sócio-ambiental da sociedade,

surgindo no seio dessa sociedade uma consciência com relação a problemática

ambiental e, a necessidade de uma profunda mudança em busca de um novo

modelo de desenvolvimento. Segundo Lima (1999), “a questão ambiental

revela o retrato de uma crise pluridimensional que aponta para a exaustão de

um determinado modelo de sociedade que produz, desproporcionalmente, mais

problemas que soluções...”.

A temática ambiental ampliou-se no mundo todo evidenciando a

problemática relação entre sociedade e o meio ambiente surgindo aí a

necessidade da crescente relação educação e meio ambiente, abrindo caminho

para a discussão de novas escolhas necessárias nesta relação do homem com

a natureza na tentativa de alterar a realidade do nosso cotidiano em que há o

comprometimento da qualidade de vida da humanidade e até a grave ameaça

da continuidade da existência de vida no Planeta Terra.

De acordo com Porto (1996), “a educação ambiental surge nessa

época, como alternativa para reverter a situação e atuar para que o

conhecimento superasse a ignorância”. As discussões que se relacionam entre

educação e meio ambiente surgiram no contexto da crise ambiental no mundo

e foram estimuladas principalmente, através de iniciativas da ONU. (LIMA,

1999)

Dentre essas inúmeras iniciativas mundiais podemos destacar as

seguintes: publicação da obra Primavera Silenciosa por Rachel Carlson (1962);

publicação do Relatório Os Limites do Crescimento pelo Clube de Roma

(1972); Conferência das Nações Unidas para o Ambiente Humano, conhecida

como Conferência de Estocolmo (1972); Encontro de Belgrado(1975); Primeira

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

29

Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, conhecida como

Conferência de Tbilisi (1977); Encontro em Nairóbi (1982); Congresso

Internacional da UNESCO-PNUMA conhecido como Conferência de Moscou

(1987); Publicação do Relatório Nosso Futuro Comum também chamado como

Relatório Brutland (1987); Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Conferência da Cúpula da

Terra, Conferência do Rio ou Rio-92 (1992); e, a Cúpula Mundial sobre

Desenvolvimento Sustentável ou Rio + 10 (2002).

Todos esses eventos internacionais e mais, uma infinidade de reuniões

paralelas promovidas por organizações não-governamentais, governos

nacionais e estaduais, são responsáveis pela elaboração de importantes

acordos bem como deram origem a vários documentos que são referência

mundial sobre Educação Ambiental. Eles refletem a opinião de estudiosos de

todo o Planeta e apresentam o consenso das discussões efetuadas por

ocasião de suas realizações. São princípios norteadores para a nossa

sociedade que buscam encontrar um caminho para a salvação do Planeta

Terra. Apesar de receberem críticas de estudiosos devido à contradições

existentes, esses acordos e documentos são de importância inquestionável e

por isso, sem sombra de dúvida, respeitados e legitimados pela sociedade.

Desde o surgimento pela primeira vez, em 1965, da expressão

“Educação Ambiental” por ocasião da Conferência de Educação, na Grã-

Bretanha, até os dias atuais, constata-se a construção e evolução do conceito

de Educação Ambiental e, sua importância no audacioso projeto de transformar

o cidadão e, conseqüentemente, a sociedade.

Enrique Leff (2001), um dos grandes estudiosos sobre a temática

educação ambiental afirma que “as estratégias educativas para o

desenvolvimento sustentável implicam na necessidade de reavaliar e atualizar

os programas de educação ambiental frente aos consensos gerais da Agenda

21, ao mesmo tempo que renova suas orientações com base nos avanços do

saber e da democracia ambiental”.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

30

A Agenda 21 é um documento consensual contendo 40 capítulos,

originado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (1996), que contou com a participação de representantes de

179 países. O objetivo maior da Agenda 21 é estabelecer um modelo padrão

de desenvolvimento para o planeta, observando métodos de proteção

ambiental, justiça social e eficiência econômica. (BRASIL, 2003)

Hoje, a maioria das nações reconhece a necessidade urgente de

encontrar soluções para a problemática ambiental. É preciso reconhecer,

entretanto, que a crise ambiental que vive o Planeta está estreitamente

vinculada ao modelo de desenvolvimento adotado pelos países, ao processo

de acumulação de capital. Uma nação que negligencia as questões sócio-

ambientais privilegiando a questão econômica não pode esperar como

resultado, harmonia na relação homem x natureza.

Os grandes problemas ambientais que afligem os habitantes do Planeta

não serão resolvidos apenas por simples medidas paliativas. É preciso que

esforços sejam desenvolvidos na busca das reais causas dessa problemática

que deve ser encarada de forma holística. O ambiente precisa ser entendido

em sua totalidade. Há que se adotar um novo olhar sobre à questão ambiental,

uma nova abordagem, uma nova concepção Percebe-se, portanto, a

importância da educação ambiental como instrumento transformador da

sociedade.

A informação ambiental surge como resultado dessas preocupações da

humanidade diante das questões ambientais e da necessidade da preservação

do meio ambiente. Segundo Ercegovac (apud TARGINO, 1994), “a informação

ambiental decorre da preocupação da sociedade com os efeitos e impactos da

produção e do consumo sobre o ambiente”. Por outro lado, Vieira (apud

TARGINO, 1994), considera que a informação ambiental é uma manifestação

da sociedade pós-moderna que atribui grande valor à ecologia. O autor

conceitua a informação ambiental como “dados, informações, metodologias e

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

31

processos de representação, reflexão e transformação da realidade, os quais

facilitam a visão holística do mundo e, ademais, contribuem para a

compreensão, análise e interação harmônica dos elementos naturais, humanos

e sociais.”

O direito do cidadão à informação, previsto em nossa Constituição

Federal, pela Lei nº. 6.938 de 1981, a qual dispõe sobre a Política Nacional do

Meio Ambiente, prevê a divulgação de dados e informações ambientais para a

formação de consciência pública sobre a necessidade de preservação da

qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico.

Targino (1994), em seu estudo sobre informação ambiental explica que

“a política de informação ambiental é o corpo de princípios, critérios, objetivos,

metas e diretrizes básicas que atua como suporte dos programas e projetos

relativos às atividades que são compreendidas na produção e difusão de dados

relativos ao meio ambiente, tendo como responsável-mor o governo”. Para a

autora o efetivo exercício da cidadania só se concretiza na relação entre

cidadãos e o Estado e, que esta interação depende da qualidade das

informações que são geradas, disponibilizadas, acessadas e assimiladas. É,

por meio da informação ambiental que a comunidade será orientada na busca

de soluções para os problemas ambientais.

O ano de 2003 foi proclamado pela ONU como o Ano Internacional da

Água Doce. A água doce é apontada como o principal recurso natural do novo

milênio e, cerca de 47% dos recursos hídricos do planeta estão concentrados

na América do Sul, em especial no Brasil, particularmente na Amazônia. De

acordo com dados do Portal2 Olho D’Água, na região Amazônica, a cobertura

vegetal é responsável pela reciclagem de 6 a 7 bilhões de toneladas de água

doce por ano. A bacia do rio Amazonas por exemplo, possui uma vazão de 209

mil metros cúbicos por segundo, sendo apontada como a maior do planeta. A

2 É um site que reúne produtos e serviços de informação de determinada área de interesse e também de interesse geral. (TAKAHASHI, 2000)

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

32

importância da bacia amazônica é inquestionável para a sobrevivência não só

do ecossistema da região como para o equilíbrio da Terra.

“O Brasil, por suas iniciativas, tem sido reconhecido mundialmente no aprimoramento do aparato legal e institucional dos instrumentos relativos à gestão ambiental. No que se refere à gestão dos recursos hídricos, a edição de leis federais, como a “Lei das Águas” e a Lei de criação da Agência Nacional de Águas, complementadas com leis estaduais relativas aos recursos hídricos, compõem um arcabouço adequado aos novos conceitos de gestão ambiental e às nossas características federativas e de marcante diversidade social, biótica, econômica, cultural e geográfica”. (ROMANO FILHO; SARTINI; FERREIRA, 2002)

Lamentavelmente, no entanto, grande parte da sociedade não está

conscientizada sobre essa importância e a necessidade da gestão e do uso

racional desses recursos. As discussões sobre a temática são prementes. A

transformação da sociedade e dos cidadãos é necessária, implicando em

mudanças profundas que só serão possíveis através de um processo

educacional, daí a relevância da Educação Ambiental como ferramenta

fundamental nessa transformação da sociedade em busca de um

desenvolvimento sustentável.

A disseminação de informações também desponta como um dos fatores

importantes nesse processo pois sabemos que a inexistência de informações

bem como o desconhecimento são causadores de uma infinidade de

problemas ambientais.

Neste cenário a educação ambiental e a disponibilização e acesso às

informações ambientais por meio da utilização de mecanismos educativos têm

papel fundamental na sensibilização e conscientização da população visando o

uso eficiente e racional desse valioso e escasso recurso que é a água sendo

portanto, de grande interesse para a sociedade, identificar as fontes de

informação disponíveis e os mecanismos de acesso a esses conteúdos

informacionais.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

33

3.1 A Ecologia da Informação

A revolução tecnológica e a explosão informacional ou a abundância de

informações provocadas pelas NTIC e capitaneadas pela Internet com que se

depara o ser humano no mundo contemporâneo e os conseqüentes problemas

advindos destes fatores vêm sendo alvo de debates e pesquisas recentes de

estudiosos. Como lidar com esse excesso de informação provocado pela

explosão informacional.

Discute-se hoje o que fazer com toda essa informação abundante. Os

periódicos científicos são bom exemplo do crescimento exponencial do volume

de informações disponibilizadas atualmente. No início do século XX existiam

apenas 10 títulos de grande circulação no mundo. Em 1990 esse número

alterou para 100 mil títulos chegando aos tempos atuais com mais de 200 mil

títulos de periódicos científicos. Toda essa avalanche de informações provoca

no ser humano uma angústia considerando suas limitações físicas e de tempo

para selecionar e absorver todo esse acervo de conhecimentos.

Davenport (1998), afirma que “nosso fascínio pela tecnologia nos fez

esquecer o objetivo principal da informação: informar.” Para o autor todas

essas tecnologias de nada adiantam se as informações contidas nas mesmas

não forem de interesse para seus usuários, ou seja, só o uso de novas

tecnologias não é suficiente para atender as necessidades de informação dos

usuários. Davenport coloca que é preciso uma nova abordagem que ele

denomina de “ecologia da informação”, que “enfatiza o ambiente da

informação em sua totalidade, levando em conta os valores e as crenças

empresariais sobre informação (cultura); como as pessoas realmente usam a

informação e o que fazem com ela (comportamento e processos de trabalho);

as armadilhas que podem interferir no intercâmbio de informações (política); e

quais sistemas de informação já estão instalados apropriadamente (sim, por fim

a tecnologia).”

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

34

Podemos dizer então que a “Ecologia da Informação” estuda o meio

onde a informação tem origem considerando sua disseminação,

compartilhamento, incrementos, em processo permanente de surgimento de

novas informações de onde é gerado o conhecimento. Para Davenport (1998),

o básico não é a tecnologia e sim a “maneira como as pessoas criam,

distribuem, compreendem e usam a informação.” Os sistemas de informação

são analisados pela ótica da gestão. A Ecologia da Informação alerta que

investir só em tecnologias não traz resultados satisfatórios e muitas vezes no

lugar de benefícios traz até prejuízos.

A utilização das NTIC tem crescido assustadoramente na sociedade

contemporânea, não só no âmbito público como no privado. Observa-se no

entanto que os resultados nem sempre são os esperados com a

implementação das tecnologias causando uma certa frustração por parte dos

usuários dessas tecnologias. Questiona-se então, a abordagem apenas técnica

da problemática, com a introdução de novas tecnologias sem uma avaliação de

outros aspectos do meio onde a informação é produzida.

Nesta nova abordagem da informação o homem passa a ter papel neste

processo. Davenport (1998), afirma que podemos ver “a ecologia da

informação como administração holística da informação ou administração

informacional centrada no ser humano”. O importante não é ter toda essa

abundância de informações mas sim, o uso eficiente das informações

relevantes que são identificadas pelo cidadão.

“Antes de conhecer qualquer tarefa, temos que aprender a fazer a pergunta: ‘”De que tipo de informação necessito, sob que forma e quando? (...) As perguntas seguintes que as pessoas precisam aprender a fazer é: ‘”A quem devo que tipo de informação? Quando e onde?” (DRUCKER apud DAVENPORT, 1998)

A tecnologia deve contribuir para a solução dos problemas do ser

humano. O crescimento explosivo de informações leva a necessidade de um

novo comportamento cognitivo. É preciso saber identificar o que é realmente

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

35

importante e ignorar o não relevante. Para Lazarte (2000), “a informação só

tem sentido, só é relevante para nós, se ajudar na tomada de decisões.”

3.2 Fontes de Informação, disponibilização e acessibilidade

Da Babilônia, com os seus tabletes de barro e do Egito, com o papiro,

aos recursos informacionais existentes na atualidade, com as novas

tecnologias como livros e revistas em meios digitais removíveis (disquete, cd-

rom, videodiscos), livros e revistas on-line ( Internet, WWW ), bases eletrônicas

de dados, sistemas interativos on-line etc, o mundo assiste hoje a um

fenomenal aumento do volume e do fluxo de informações, consequência das

novas descobertas científicas, exigindo disseminação cada vez mais ampla,

rápida e eficiente dessas informações.

“A sociedade e as organizações vêm sofrendo grandes transformações com a globalização: de sociedade industrial para sociedade de informação; de organizações mecanizadas e estruturadas em hierarquias para organizações informatizadas e baseadas na cooperação. O fator gerador dessa nova sociedade é o acesso e a distribuição, sem fronteiras, do conhecimento.” (ABREU; FRANÇA; SINZATO; 1999)

Os questionamentos com relação a disponibilização e as dificuldades de

acesso aos recursos informacionais considerando a grande quantidade de

informação existente nos mais variados suportes, vem sendo uma preocupação

permanente para os usuários das fontes de informação e para os profissionais

que trabalham com informação. A questão da qualidade da informação também

se faz presente.

Segundo Araujo (apud FREIRE E ARAÚJO,1999), “a informação é a

mais poderosa força de transformação do homem. O poder da informação,

aliado aos modernos meios de comunicação de massa, tem capacidade

ilimitada de transformar culturalmente o homem, a sociedade e a própria

humanidade como um todo.”

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

36

A explosão informacional é um elemento transformador e inovador em

nossa sociedade mas também um elemento dificultador considerando a

necessidade do usuário de saber identificar e selecionar fontes de informação

certificadas. Um dos grandes desafios da sociedade atual é possibilitar ao

cidadão não apenas o acesso à informação mas poder oferecer a possibilidade

de se apropriar dessa informação de forma crítica transformando-a em

conhecimento que seja capaz de promover mudanças.

Há porém deficiência na disponibilização e acesso aos recursos

informacionais, em decorrência do grande volume de informações existentes e

na impossibilidade das bibliotecas e ou centros de documentação e informação

proverem o acesso à essas informações de forma adequada.

“Os reflexos desse cenário se apresentam no formato de insatisfação e frustração dos usuários que não conseguem ter, e, nos dias atuais, ver suas necessidades de informação, potenciais e/ou reais, atendidas.” (CARVALHO; KANISKI, 2000)

A solução para esse problema vem sendo buscado através da utilização

dos novos recursos das tecnologias da informação porém, o uso dessas novas

tecnologias da informação não dispensa a necessidade de organização de todo

esse conhecimento por meio dos processos de seleção, indexação e

acessibilidade dessas fontes de informação.

“Na realidade, ao que assistimos hoje é o estabelecimento de novas parcerias, a busca de ações e ferramentas que nos permitam localizar, filtrar, organizar e resumir informações que sejam úteis aos usuários, independentemente do lugar onde eles (usuários) e elas (informações) estejam localizados e a qualquer momento resultando em economia de tempo para usuários e profissionais da informação”. (CARVALHO; KANISKI, 2000)

De acordo com Torres, Mazzoni e Alves (2002), “a acessibilidade é um

processo dinâmico associado não só ao desenvolvimento tecnológico, mas

principalmente ao desenvolvimento da sociedade”. As discussões sobre

acessibilidade hoje são, principalmente voltadas para o espaço digital formado

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

37

pelas novas tecnologias de informação e comunicação e como as pessoas

estão interagindo com as informações disponibilizadas nesse novo espaço.

Segundo Cunha (2001), “o uso regular e efetivo das fontes apropriadas,

impressas ou eletrônicas, é a chave para se alcançar o sucesso na pesquisa e

desenvolvimento, como também em quaisquer atividades ligadas à ciência e

tecnologia.”

O saber acessar as fontes de informação mais apropriadas para a

pesquisa que está sendo desenvolvida é de fundamental importância tendo

como conseqüência uma série de vantagens entre as quais, economia de

tempo e de recursos materiais, humanos e financeiros. Segundo Mueller

(2000), “apesar de toda a evolução tecnológica – e mesmo por causa dela – a

necessidade de se conhecer as fontes e saber identificar e promover o acesso

à informação pertinente continua sendo tão importante quanto sempre foi para

os profissionais que se dedicam ao atendimento do usuário”. Os profissionais

que trabalham com informação precisam cada vez mais ser treinados para que

possam ser capazes de reconhecer as fontes de informação e como acessá-las

de forma mais eficiente e econômica.

3.3 Internet: espaço digital e acessibilidade

A Internet é uma rede mundial de computadores, onde podemos

armazenar, intercambiar e difundir informações em tempo real com usuários no

mundo inteiro. Sua origem remonta à segunda metade da década de 60

através de um Projeto patrocinado pelo Departamento de Defesa dos Estados

Unidos. No final da década de 80 o referido projeto passou a ser liderado pela

National Science Foundation (NSF) que, a partir do ano de 1989 passou a

divulgar a rede e a estimular a conexão com outros países visando à educação

e a pesquisa. Na década de 90 a Internet passa a ser um fenômeno global e os

serviços disponibilizados na rede até então restritos à temática educação e

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

38

pesquisa se ampliaram, os conteúdos diversificaram e o acesso ficou mais fácil

e amigável.

A explosão da Internet no mundo é um fenômeno que chama atenção

em decorrência da rapidez da sua difusão na sociedade. Podemos visualizar

melhor a velocidade desta disseminação observando o GRAF. 1 que mostra o

tempo que esta tecnologia levou para se consolidar, comparada com outras

mídias como o rádio, a TV e a TV à cabo.

GRÁFICO 1 – Utilização da Internet comparada com outras mídias

Fonte: BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia (2001)

No Brasil, a evolução da Internet deu-se em 1989 a partir de uma rede

acadêmica, a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), com a implantação de pontos

em 21 estados brasileiros. Ao lado das instituições acadêmicas a participação

de Organizações Não-Governamentais (ONG’s) e do Governo Federal, por

meio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) foram fundamentais para o

desenvolvimento da Internet no Brasil sendo, a partir de 1995 estabelecidas as

regras gerais para a disponibilização de serviços Internet em nosso país,

através do Comitê Gestor da Internet (CG), instituído em abril de 1995 por

iniciativa do Governo Federal pela ação conjunta do Ministério das

Comunicações e do Ministério da Ciência e Tecnologia tendo como missão

“organizar e supervisionar as funções básicas de infra-estrutura para serviços

Internet no Brasil, bem como planejar e encaminhar a sua evolução no futuro,

contemplando adequadamente os interessados do setor público, setor privado,

e as prioridades científicas e tecnológicas do País.” (TAKAHASHI, 2000)

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

39

A seguir (GRAF. 2), apresentamos a posição dos países de acordo com

o número de hosts3. A evolução do Brasil no ranking mundial vem sendo

bastante significativa. Em 1988 o país ocupava o 18o. lugar, em 1999 14º, em

2000 e 2001 passou para o 12º lugar, em 2002 para o 10º e, em 2003 ocupa a

9a. posição.

GRÁFICO 2 – Posição dos países por número de hosts

Fonte: COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL (2003)

A Internet é hoje um espaço digital onde pessoas do mundo todo se

encontram num processo contínuo de comunicação e intercâmbio de

informações formando uma grandiosa comunidade virtual.

“Agora, atrelado ao processo revolucionário das novas tecnologias, entramos em uma fase mais avançada, que traz como potencial a aceleração da integração entre usuários e fontes de informação, reforçando o desenvolvimento de cidadãos (...) O que fica evidente é que o usuário da informação precisa conhecer de perto esse percurso histórico que lhe exige nova postura, passando à condição de tomador de decisões e de gestor de suas atividades. É preciso que tenha clareza das suas intenções, do seus objetivos e que

3 No contexto da Internet um host é um computador ou dispositivo que possua um endereço Internet e possa se comunicar com outros hosts.

3.864.315

2.993.982

2.891.4072.583.753

2.564.3392.415.286

9º BRASIL com 2.237.527

9.260.117

1º EUA com 120.571.516

2.170.233

1º EUA

2º Japão

3º Itália

4º Canadá

5º Alemanha

6º Reino Unido

7º Austrália

8º Holanda

9º BRASIL

10º Taiwan

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

40

saiba gerir suas necessidades diante das informações que lhe são acessibilizadas e disponibilizadas.” (CARVALHO; KANISKI, 2000)

Os usos das tecnologias de informação são cada vez mais ampliados e

difundidos trazendo vantagens e desvantagens. São as NTIC que possibilitam

a construção de um novo espaço, o digital. O acesso do cidadão a este espaço

digital deve ser buscado e garantido evitando-se exclusões.

Na Internet, a temática da acessibilidade está intimamente relacionada a

questão da efetiva disponibilização da informação a todos os usuários,

independente da tecnologia e da plataforma que usadas bem como das

capacidades sensoriais e funcionais do usuário (NUNES, 2002). Segundo

Torres, Mazonni e Alves (2002), “uma Internet acessível implica que ela esteja

disponível às pessoas tanto no aspecto financeiro quanto no formato, ou na

mídia, em que as informações são divulgadas”.

A acessibilidade digital é portanto tema preocupante que deve estar

presente na elaboração de políticas públicas de informatização assim como,

particularmente, deve ser observado pelas bibliotecas e pelos profissionais da

área da informação, garantindo a acessibilidade aos conteúdos informacionais

considerando as características dos usuários não só quanto as suas limitações,

e bem como, quanto as suas preferências.

3.4 Principais fontes eletrônicas selecionadas

A seguir são apresentadas algumas fontes eletrônicas de informação

identificadas por ocasião da pesquisa e, arroladas com o objetivo de divulgá-las

entre os interessados no tema.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

41

Agência Nacional de Águas (ANA)

www.ana.gov.br

[email protected]

A ANA é uma autarquia sob regime especial com autonomia administrativa e

financeira. Criada em 2000 tem como responsabilidade a implementação da

Política Nacional de Recursos Hídricos e a Lei nº. 9.433 (Lei das Águas), que

disciplina o uso dos recursos hídricos no Brasil. Tem também como missão

oferecer suporte técnico à criação dos comitês de bacias hidrográficas. O site

disponibiliza informações sobre bacias hidrográficas, leis e regulamentos do

setor de recursos hídricos, monitoramento hidrológico, além de projetos e

tecnologias.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

42

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)

http://www.aneel.gov.br

[email protected]

Instituição vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME) que tem por

objetivo regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e

comercialização de energia elétrica. É responsável pela articulação entre

Estados e Distrito Federal visando o aproveitamento energético dos cursos de

água e a compatibilização com a Política Nacional de Recursos Hídricos. O site

apresenta informações hidrológicas, dados sobre bacias hidrográficas

brasileiras e uma base de dados do Centro de Documentação sobre energia

elétrica e recursos hídricos.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

43

ÁGUAONLINE

http://www.aguaonline.com.br [email protected]

É uma revista digital que tem como objetivo atender à demanda por informação

sobre o assunto água, saneamento e meio ambiente.Apresenta informações

sobre empresas & produtos, legislação, eventos, publicações e projetos.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

44

Água para todos

http://estadao.com.br/ext/ciencia/agua

[email protected]

O Água para todos é um site especial do jornal O Estadão que aborda a

discussão sobre o uso da água e a divulgação de notícias diversas, dentre elas

informações sobre fóruns nacionais e internacionais a respeito do futuro da

água no mundo. Apresenta também interessante galeria de imagens.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

45

Água web site

http://aguawebsite.hpg.ig.com.br/index.html

Disponibiliza informações variadas sobre o consumo de água no Brasil e no

mundo, poluição das águas, conservação e preservação, tratamento da água

etc. Apresenta ainda dicas de como economizar e as limitações dos recursos

hídricos.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

46

Associação Brasileira De Águas Subterrâneas

http://www.abas.org

[email protected]

O site divulga o periódico ABAS Informa on line assim como o ABAS News,

informações sobre eventos, publicações, projetos e um clipping diário.

Disponibiliza também uma área dedicada às crianças, o Abas Infantil, com

joguinhos, dicas de higiene e detalhamento sobre como a água está dividida no

mundo. Oferece endereços de e-mail gratuitamente para seus associados.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

47

Associação Brasileira de Recursos Hídricos - ABRH

http://www.abrh.org.br

O site apresenta Banco de Dados de artigos científicos, informações sobre

eventos, legislação, sugestões sobre livros, notícias sobre recursos hídricos

bem como disponibiliza a Revista ABRH Notícias e Lista de Discussão.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

48

Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH

http://www.cnrh-srh.gov.br [email protected]

A instituição é responsável pela normatização dos instrumentos de gestão e a

discussão dos problemas brasileiros na área de recursos hídricos. Conta com a

participação de representantes de vários ministérios, secretarias, conselhos

estaduais, usuários e organizações civis na área de recursos hídricos. O site

disponibiliza a agenda de reuniões assim como as Câmaras Técnicas

elaboradas pelo grupo de trabalho. Divulga também legislação e resoluções do

órgão.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

49

Grupo de Trabalho Gestão Urbana Participativa de Rios Urbanos em Cidades da América e Caribe

http://www.riosurbanos.com.br [email protected]

O Grupo foi criado durante o I Seminário de Gestão dos Rios Urbanos de

Cidades da América Latina e Caribe em 1999, em Belém (PA). O objetivo do

Grupo é desenvolver e compartilhar experiências sobre gestão de recursos

hídricos. O site divulga artigos e publicações de interesse, experiências,

notícias diversas e relaciona os integrantes do Grupo.

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50

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

http://www.ibama.gov.br [email protected]

Órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, tem como finalidade executar

as políticas nacionais de meio ambiente que se referem às atribuições do

Governo Federal, relativas à preservação, à conservação e ao uso sustentável

dos recursos ambientais, sua fiscalização e controle. Aborda também ações de

gestão, proteção e controle da qualidade dos recursos hídricos. Na área

específica sobre recursos hídricos o site disponibiliza informações sobre

atividades de monitoramento da qualidade da água no Brasil que são

executadas pelo órgão.

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51

Infoagua

http://www.infoagua.org [email protected]

É um portal de informações direcionado para profissionais, instituições,

empresas e associações voltados à preservação do meio ambiente aquático na

América Latina e no Caribe. Apresenta informações agrupadas em grandes

temas tais como: contaminação, manejo de bacias hidrográficas, águas

residuais e tratamento de rios. O site disponibiliza também um dicionário de

água.

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52

Ministério do Meio Ambiente (MMA)

http://www.mma.gov.br [email protected]

O site é bastante diversificado apresentando informações sobre temas tais

como: Agenda 21, Amazônia, Biodiversidade e Florestas, Desenvolvimento

Sustentável, Educação Ambiental, Qualidade Ambiental nos Assentamentos

Humanos e Recursos Hídricos. Sobre esta última, os usuários podem consultar

o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, o estágio atual da

Política Nacional e o Programa de Águas Subterrâneas entre outras. Apresenta

também dados sobre eventos e disponibiliza vários documentos em meio

eletrônico.

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53

Navegando pelas águas: informações de recursos hídricos

http://www.hidricos.mg.gov.br

Tem como proposta ser uma biblioteca virtual elaborada pela Companhia de

Processamento de Dados de Minas Gerais (PRODENG). Contém informações

e documentos técnicos referentes a Planos Diretores, programas, inventários,

legislação, mapas e outras informações consideradas relevantes para a gestão

das bacias hidrográficas do Brasil. O site pretende ser um guia sobre

instituições que atuam na área de recursos hídricos.

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54

Pará30graus

http://www.para30graus.pa.gov.br

O site é um serviço disponibilizado pela Secretaria Executiva de Ciência,

Tecnologia e Meio Ambiente (SECTAM) , órgão gestor da Política Estadual de

Recursos Hídricos. Apresenta informações sobre previsões meteorológicas e

monitora os recursos hídricos do estado do Pará.

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55

Portal de Recursos Hídricos

http://www5.prossiga.br/recursoshidricos/index.html

O portal é um serviço do Programa Prossiga (MCT) reunindo informações

sobre gestão de bacias hidrográficas, instituições, organizações, bases de

dados e bibliotecas, publicações, programas e projetos, fóruns e lista de

discussão e eventos. Permite que o usuário se cadastre com o objetivo de

repasse de informações especializadas.

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56

Saneamento Básico: o site!

http://www.saneamentobasico.com.br [email protected]

Portal direcionado aos profissionais e empresas da área de saneamento

básico. Oferece informações de variados jornais e revistas do país nas áreas

de recursos hídricos, tratamento de água e esgoto, lixo e concessão e

privatização do setor.

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57

Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Ministério do Meio Ambiente (MMA)

http://www.mma.gov.br/port/srh/capa/index.html [email protected]

A instituição é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e tem como principais

atribuições o planejamento e a coordenação de ações referentes aos recursos

hídricos no Brasil. É também responsável pela implementação da Política e do

Sistema Nacional de Recursos Hídricos assim como articular a integração do

gerenciamento dos recursos hídricos com o meio ambiente. O site apresenta

sua coleção de publicações técnicas, um calendário de eventos e informações

sobre o estágio atual da Política Nacional, o Sistema e o Plano Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos e o Programa de Águas Subterrâneas.

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58

Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo (SIGRH)

http://www.sigrh.sp.gov.br [email protected]

O portal possibilita o acesso às bases de consultas voltadas aos profissionais

que atuam no gerenciamento de recursos hídricos do Estado de São Paulo.

Divulga deliberações, atas e regulamentos dos comitês de bacia do Estado

bem como documentação técnica aprovada pelas câmaras técnicas. Apresenta

base de consulta sobre legislação em recursos hídricos e dados

hidrometeorológicos.

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59

Sistema de Informação do Potencial Hidrelétrico Brasileiro – SIPOT / Eletrobrás

http://www.eletrobras.gov.br/atuação/sipot/default.asp

www.eletrobrás.gov.br/fale_conosco/

É um sistema de informação do potencial hidrelétrico brasileiro

responsabilidade é da Divisão de Recursos Hídricos e Inventário (DENI) da

Eletrobrás. O sistema armazena informações sobre identificação e localização

das usinas hidrelétricas, níveis d´água, volumes de reservatório, áreas

inundadas e queda, além dos dados hidrológicos, como séries de vazões

naturais e de evaporação.

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60

Universidade da Água

http://www.uniagua.org.br [email protected]

A Universidade da Água é uma organização não governamental (ONG) com

sede em São Paulo que tem como missão promover a proteção, preservação e

recuperação da água do Planeta por meio da educação ambiental. O site

disponibiliza informações sobre a água no mundo, tais como: classes,

qualidade, estação de tratamento, curiosidades, legislação e dicas úteis

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

61

4 ACESSO E APROPRIAÇÃO DE INFORMAÇÕES NO PROCESSO DE

CONSTRUÇÃO DE AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DE

CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS: OS RESULTADOS DA

PESQUISA

Como resultado da aplicação do questionário junto a um grupo

selecionado de profissionais atuantes na área de recursos hídricos e educação

ambiental, apresentamos a seguir os dados obtidos.

4.1 Nível de Escolaridade

A maioria possui curso de especialização (11), sendo que 3, têm

mestrado e, apenas 2 têm doutorado. Nos últimos anos algumas instituições de

ensino superior no estado do Pará têm ofertado cursos de especialização, com

certa regularidade, na área de educação ambiental porém, não há oferta de

cursos de mestrado e doutorado para a área no Estado, o que justifica os

números abaixo, onde a maioria detém o título de especialista. (GRAF. 3)

1

11

3

2

0

GRADUAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO

MESTRADO

DOUTORADO

PÓS-DOUTORADO

GRÁFICO 3 – Nível de escolaridade

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

62

UNB6%

CESEP6%

ITAL6%

UFRA6%

JICA/JAPÃO6%

CIAF (Bogotá)6%

UFVIÇOSA-MG6%

INPE6%

UFPA52%

4.2 Local de conclusão do último curso

Cerca de 77% dos profissionais concluíram seus estudos no estado do

Pará, 17% em universidades de outros estados e, somente 6% estudaram no

exterior. O GRAF. 4 mostra a divisão dos entrevistados pelas unidades de

ensino. Podemos observar que dos 77% que terminaram seus estudos no

Pará, 52% são oriundos da Universidade Federal do Pará, uma das instituições

de ensino superior que vêm ofertando cursos de especialização na área de

educação ambiental com regularidade.

GRÁFICO 4 – Local de conclusão do último curso

4.3 Tempo de atuação na área de recursos hídricos e educação ambiental

A média de atuação dos profissionais é de 7.3 anos. Observou-se que a

maioria dos profissionais desenvolve atividades há pouco tempo na área em

estudo.

4.4 Função principal exercida pelos profissionais A maioria exerce suas atividades como técnico e pesquisador. (GRAF.

5)

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

63

9

3

0

TÉCNICO

PESQUISADOR

PROFESSOR

GRÁFICO 5 – Função principal exercida pelos profissionais

4.5 Fontes de informação mais consultadas

As fontes de informação apontadas em primeiro lugar foram as fontes

impressas (livros, periódicos etc.) e fontes eletrônicas (Internet) . Em segundo

lugar, são apontadas as bibliotecas e centros de informação. Depois, são

indicados os eventos (congressos, seminários etc.), a instituição onde

desenvolvem suas atividades e, finalmente, aparecem os colegas ou “colégio

invisível”. Aqui, observou-se que as fontes de informação eletrônicas

apresentam a mesma pontuação que as fontes de informação tradicionais

como livros e periódicos. (GRAF. 6)

GRÁFICO 6 – Fontes de informação mais consultadas

15

16

16

6

12

8

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

BIBLIOTECAS / CENTOSDE INFORMAÇÕES

FONTES IMPRESSAS

FONTES ELETRÔNICAS

COLEGAS

EVENTOS

PRÓPRIA INSTITUIÇÃO

OUTROS

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

64

4.6 Dificuldade que enfrenta para acessar informações

A maioria (63%) enfrenta dificuldades variadas sendo as mais

apontadas, a pouca disponibilização de bibliografias, pouca divulgação e

reduzido número de informações confiáveis. Os profissionais também

apresentam como entrave para acessar informações, a dispersão dos dados e,

com relação a Internet, consideram que há publicidade em excesso na rede

assim como fazem referência à dificuldades que enfrentam com os sistemas de

busca. (GRAF. 7)

GRÁFICO 7 – Dificuldade que enfrenta para acessar informações

4.7 O que acessa com mais facilidade

Segundo 62% dos profissionais, as fontes eletrônicas são as mais

acessíveis, em seguida, com 38%, aparecem as fontes impressas. Aqui,

constatou-se que, apesar das dificuldades apontadas pelos profissionais para

acessar fontes eletrônicas, elas têm mais acessibilidade que as fontes

impressas. (Graf. 8)

NENHUMA DIFICULDADE

37%

ALGUMA DIFICULDADE

63%

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

65

GRÁFICO 8 – Fontes que acessa com mais facilidade

4.8 Títulos de periódicos mais utilizados

Os dois títulos mais apontados foram: o periódico eletrônico Aguaonline

e a Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental. Constatou-se aqui o

resultado obtido quanto às fontes que mais acessam, quando as fontes

impressas e as eletrônicas apresentaram a mesma pontuação. Foram

indicados dois títulos de periódicos: um título eletrônico, o Aguaonline, e um

título impresso, a Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental. Considerando

algumas respostas, observou-se também que ainda existe um certo

desconhecimento com relação a conceituação de periódico.

4.9 Endereços eletrônicos apontados como relevantes na área de

recursos hídricos

Em primeiro lugar foi apontado o site do Ministério do Meio Ambiente,

em seguida o da Agência Nacional de Águas, instituições governamentais,

cujos sites, realmente, apresentam uma diversidade de informações relevantes

sobre educação ambiental e recursos hídricos. O GRAF. 9 demonstra apenas

os sites citados em primeiro lugar.

FONTES IMPRESSAS

38%

FONTES ELETRÔNICAS

62%

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

66

GRÁFICO 9 – Endereços eletrônicos relevantes

4.10 Fatores que poderão trazer melhorias para a disponibilização e o

acesso às fontes de informação na área de recursos hídricos.

De uma maneira geral todas as opiniões apontam para a questão da

disponibilização tais como: disponibilização na Internet de trabalhos

institucionais, divulgação do material existente nas bibliotecas, divulgação das

ações institucionais, serviços de alerta, divulgação das fontes de informação e

intercâmbio de informações entre os estados brasileiros.

4.11 O que falta: maior divulgação ou maior produção na área de recursos

hídricos?

De acordo com 60% dos pesquisados falta maior divulgação e 40%

indicam que falta maior produção. Este resultado vem confirmar a necessidade

de uma maior disponibilização das fontes de informação, já apontada

anteriormente como um dos fatores para melhoria na área em estudo. (GRAF.

10)

3

1

5

2

1

1

1

1

1

ana.gov.br

www.abrh

mma.gov.br

fontedagua

para30graus.pa.gov.br

unilivre.com

planetaagua

aguaonline.com.br

cetesb.sp.gov.br

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67

GRÁFICO 10 – O que falta na área de recursos hídricos

5 CONCLUSÕES

Consideramos que os dados quantitativos obtidos por ocasião da

pesquisa não permitem avaliações e afirmações definitivas sobre o tema

abordado porém, algumas constatações são evidenciadas com os resultados

alcançados após a análise dos dados resultantes dos questionários aplicados.

São elas:

• Pode-se perceber que existe um certo desconhecimento do que seja um

periódico levando em conta que alguns profissionais apontaram outros

tipos documentais como sendo títulos de periódicos. Notou-se também

que periódicos importantes na área não foram citados fato que confirma

nossa hipótese de que o crescimento exponencial da literatura

especializada, em particular, periódicos científicos é um fator dificultador

para o acesso à informação especializada;

• Observou-se que as fontes de informação eletrônica apresentaram a

mesma pontuação que as fontes impressas no que diz respeito a

frequência de consulta por parte dos profissionais porém, eles apontam

que as fontes eletrônicas possuem uma maior acessibilidade que as

fontes de informação tradicionais impressas, como livros e periódicos;

MAIOR PRODUÇÃO

40%

MAIOR DIVULGAÇÃO

60%

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

68

• Os profissionais, na sua maioria , enfrentam dificuldades variadas para

acessar às informações que são de interesse. Dentre os entraves,

apontam problemas com a utilização dos sistemas de busca na Internet,

o que confirma uma das hipóteses deste estudo de que as novas

tecnologias podem ser um fator a mais de dificuldade para o acesso às

fontes de informação;

• Apontou-se também que existe dispersão de dados, reduzido número

de informações confiáveis e excesso de publicidade na Internet o que

dificulta o acesso à informação qualificada e, ocasiona perda de tempo

para os profissionais, o que confirma a hipótese desta pesquisa de que

o surgimento da Internet, com seus mais de 40 milhões de páginas veio

tomar um tempo maior do pesquisador na localização de fontes

certificadas;

• Na indicação de endereços eletrônicos relevantes na área em estudo,

por parte dos profissionais, constatou-se que endereços importantes não

foram mencionados como o Portal de Recursos Hídricos do Programa

Prossiga, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

(IBICT), órgão vinculado ao MCT, que é um Programa voltado para a

informação acadêmica na área de C&T;

• O grupo estudado considera que há necessidade de uma maior

divulgação das fontes de informação e, sugere como melhoria, maior

disponibilidade das fontes eletrônicas e impressas.

Os resultados do estudo indicam a existência de problemas na

disponibilização e acessibilidade às informações ambientais porém é preciso

caminhar na busca de soluções, adotando medidas que minimizem os entraves

envolvendo a cooperação entre usuários e fornecedores de informação. Deve-

se investir em especial, na problemática do acesso, fomentando o

compartilhamento de recursos informacionais e o trabalho em rede. Aqui,

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

69

consideramos que o profissional da informação tem função de extrema

relevância buscando ampliar os serviços de cooperação, tratando e eliminando

as barreiras para o acesso à informação. O setor governamental desempenha

também papel fundamental através de investimentos no desenvolvimento de

políticas públicas que permitam a difusão das informações disponíveis e o

acesso a essas informações ambientais pelos cidadãos.

Ana Margarida Vianna Rodrigues Fontes de informação ambiental sobre recursos hídricos

70

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