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Universidade Federal do Paraná Setor de Tecnologia Departamento de Engenharia Elétrica TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CONCEPÇÃO DE UM CHIP RFID COM UM SENSOR DE TEMPERATURA INTEGRADO EM TECNOLOGIA CMOS Aluno: Lucas Sakaae Rosa Utiyama Professor Orientador: Márlio José do Couto Bonfim JUNHO 2010

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Universidade Federal do Paraná

Setor de Tecnologia

Departamento de Engenharia Elétrica

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CONCEPÇÃO DE UM CHIP RFID COM UM SENSOR DE TEMPERATURA

INTEGRADO EM TECNOLOGIA CMOS

Aluno: Lucas Sakaae Rosa Utiyama

Professor Orientador: Márlio José do Couto Bonfim

JUNHO 2010

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Sumário

1 Introdução .................................................................................................................................. 4

2 Laboratório IMS-Bordeaux ......................................................................................................... 6

2.1 Apresentação Geral ............................................................................................................. 6

2.2 Departamento COFI ............................................................................................................ 6

2.2.1 Estruturação ................................................................................................................. 6

2.2.2 Natureza das pesquisas ................................................................................................ 7

3 Identificação por Rádio Frequência ........................................................................................... 8

4 O projeto Chip Calor ................................................................................................................. 10

4.1 Especificações.................................................................................................................... 10

4.1.1 Alimentação ............................................................................................................... 10

4.1.2 Sensor ......................................................................................................................... 10

4.1.3 Comunicação .............................................................................................................. 10

4.1.4 Normalização .............................................................................................................. 11

4.2 ISO/IEC 18000-2 ................................................................................................................ 12

4.2.1 Frequência de trabalho .............................................................................................. 14

4.2.2 Codificação dos dados do leitor para o TAG .............................................................. 14

4.2.3 Codificação dos dados do TAG para o leitor .............................................................. 15

4.2.4 Comandos ................................................................................................................... 15

4.2.5 – Diagrama de Estados ............................................................................................... 16

4.3 O Diagrama de Blocos ....................................................................................................... 17

4.3.1 Descrição dos Blocos .................................................................................................. 18

4.3.2 Sensor de temperatura integrado .............................................................................. 20

4.3.3 Contribuição ............................................................................................................... 23

5 Concepção Do Circuito Regulador de Tensão .......................................................................... 24

5.1 Princípio de Funcionamento ............................................................................................. 24

5.2 Dimensionamento dos Componentes ............................................................................... 26

5.3 Simulações ......................................................................................................................... 28

5.3.1 Regulação de Linha ..................................................................................................... 28

5.3.2 Regulação de Carga .................................................................................................... 29

5.3.3 Tolerância à variação de temperatura ....................................................................... 31

5.3.4 Análise em Regime Transitório .................................................................................. 32

6 Memória e Simulações Digitais ................................................................................................ 35

3

6.1 Interface com a Memória .................................................................................................. 36

6.2 Simulações Digitais ............................................................................................................ 37

7 Simulações Sistema .................................................................................................................. 39

7.1 Módulo Sensor de Temperatura e Regulador de Tensão ................................................. 39

7.2 Módulo Sensor de Temperatura, Regulador de Tensão e Memória ................................ 40

8 Concepção de um circuito digital de testes ISO 11784/85 ...................................................... 43

8.1 ISO 11784/85 ..................................................................................................................... 43

8.2 Diagrama de blocos ........................................................................................................... 44

8.3 Calculador CRC .................................................................................................................. 46

8.4 Sequenciador ..................................................................................................................... 47

9 Conclusão ................................................................................................................................. 50

10 Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 51

4

1 Introdução

Atualmente, os procedimentos automáticos de identificação são cada vez mais populares e

necessários, fornecendo de uma forma rápida informações sobre pessoas, animais e

mercadorias.

Muitos métodos de identificação são conhecidos e utilizados, particularmente os códigos de

barras, que graças a seus baixos custos de fabricação e utilização, são vastamente empregados

em cadeias de produção e distribuição. No entanto, para algumas aplicações em particular,

principalmente aquelas nas quais se precisa de mais segurança sobre a informação ou a

capacidade de armazenamento de dados deve ser grande, outras soluções de identificação são

muito melhor adaptadas, como os cartões com chip e a identificação por radiofreqüência

(RFID).

Os sistemas de RFID funcionam sem necessidade de contato entre o leitor e o dispositivo

transmissor-receptor (comumente chamado de TAG). O leitor envia um sinal eletromagnético

para o TAG que responde com seu número de identificação e outras informações, conforme a

aplicação [1]. Este modo de funcionamento sem contato é uma grande vantagem em

comparação com sistemas de cartões com chip, nos quais a necessidade de contato mecânico

limita as aplicações.

Entre outras vantagens, as técnicas de radiofrequência permitem a identificação rápida de

vários TAGs ao mesmo tempo, tornam muito difícil a modificação dos dados sem autorização e

são muito práticos quanto à posição e direção relativa do TAG, pois normalmente basta se

respeitar a distância máxima de leitura que a identificação será feita.

Atualmente, o controle da qualidade sobre certas mercadorias é cada vez mais importante.

Produtos como medicamentos e alimentos devem ser submetidos desde suas origens até o

consumidor final a um controle rigoroso da temperatura, o qual é chamado de “Cadeia do

Frio”.

Graças às características do RFID, várias aplicações são possíveis, indo muito além da simples

identificação. A integração dentro de um TAG de um sensor de temperatura permite

armazenar um histórico das temperaturas às quais esse produto foi submetido, satisfazendo

assim as necessidades da “Cadeia do Frio”. É a partir desta análise que foi concebida a idéia do

projeto Chip Calor.

O presente trabalho de conclusão de curso faz parte do desenvolvimento do projeto Chip Calor

e a maior parte dos trabalhos práticos foram realizados no laboratório IMS-Bordeaux, na

cidade de Talence, França.

Assim sendo, este trabalho é composto por:

Uma breve descrição do laboratório.

Algumas informações básicas sobre sistemas RFID.

Descrição geral do projeto Chip Calor.

5

Descrição específica das partes do projeto desenvolvidas neste trabalho de conclusão

de curso.

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2 Laboratório IMS-Bordeaux

2.1 Apresentação Geral

O laboratório IMS desenvolve ações de pesquisa originais e coerentes nos domínios de:

Mobilização e elaboração de materiais, sensores e micro sistemas para dispositivos

eletrônicos.

Modelização, concepção integração e análise da confiabilidade de componentes,

circuitos e montagens.

Identificação, comando, diagnóstico, tratamento de sinais e imagens, supervisão e

condução de processos complexos.

Os domínios de aplicação são principalmente as telecomunicações, os transportes, a saúde e a

energia. Eles são estudados e analisados através do financiamento de diversos projetos

europeus, franceses e da região da Aquitânia [2].

A organização operacional do laboratório IMS Bordeaux é feita pela divisão em três

departamentos, que se organizam conforme a tabela 2.1.

Departamento MCM Materiais

Micro-sistemas

Bio-eletrônica

Departamento COFI Concepção

Nanoeletrônica

Confiabilidade

Departamento LAPS Sinal

Automação

Produção Tabela 2.1 – Organização operacional do laboratório IMS Bordeaux.

2.2 Departamento COFI

2.2.1 Estruturação

O departamento é estruturado em três grupos de pesquisa:

Grupo Nanoeletrônica (Nanoelectronics Lab)

Grupo Confiabilidade (Reliability Lab)

Concepção

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2.2.2 Natureza das pesquisas

A evolução das tecnologias microeletrônicas permitiu a emergência de verdadeiros sistemas

complexos e heterogêneos compostos ao mesmo tempo circuitos eletrônicos analógicos e

digitais, sensores, acionadores, sem esquecer-se dos softwares embarcados. Estes sistemas,

seja sobre um chip de silício (SOC – System on Chip), seja encapsulados (SIP – System in

Packages) encontram-se no centro dos últimos desenvolvimentos da pesquisa em

microeletrônica.

Neste contexto, o eixo principal dos trabalhos realizados no departamento COFI (Concepção –

Confiabilidade, do francês Conception - Fiabilité) destina-se principalmente atualmente à

integração de circuitos e sistemas eletrônicos de alta confiabilidade com os seguintes pontos

fortes:

Concepção de funções analógicas e mistas.

Confiabilidade dos componentes, circuitos e montagens

Caracterização, análise e modelização de circuitos nanoeletrônicos.

As preocupações atuais não se limitam mais à redução das dimensões e das tensões de

alimentação que acompanham o aumento da densidade de integração, mas estendem-se à

concepção de arquiteturas inovantes, sua caracterização e análise. Ultrapassar os limites

associados às tecnologias atuais ou utilizar novos materiais em dimensões nanométricas para

os componentes do futuro necessita que se considerem diversos novos conceitos físicos, como

a física quântica.

O aspecto “sistema” que se torna cada vez mais importante, seja nos SOC ou nos SIP começa a

ser considerado. Destaca-se que os trabalhos do departamento apresentam de mais em mais

aspectos multidisciplinares que surgem de interfaces entre temas em áreas tão diversas como

a biologia, os lasers e os sistemas embarcados.

8

3 Identificação por Rádio Frequência

A identificação por rádio frequência se tornou uma forma automática de identificação muito

popular nos últimos anos. Ela permite o armazenamento de grandes quantidades de

informação, por ser baseada em chips de silício, e é reprogramável, sendo assim uma solução

melhor adaptada a diversas aplicações do que os códigos de barra, mais baratos.

Além disso, em sistemas de RFID, o fornecimento de energia ao dispositivo portátil e a troca de

informações entre este e o leitor é realizada sem a necessidade de contatos galvânicos, usando

somente campos magnéticos ou eletromagnéticos. Tais vantagens garantem que a RFID atinja

atualmente grandes mercados, por exemplo, os cartões sem contatos utilizados em sistemas

de transporte público.

Um sistema de RFID é composto de um transponder (TAG), localizado no objeto a localizar, e o

leitor, que dependendo da tecnologia e do design aplicados, pode realizar operações de leitura

ou também de leitura/escritura.

Um leitor contém tipicamente um módulo radiofrequência, uma unidade de controle lógico e

uma antena. Comumente, ele conterá também uma interface adicional para se comunicar com

outro sistema, como um computador.

O TAG, que representa o dispositivo que realmente carregará as informações, é normalmente

composto de uma antena e um chip eletrônico. Frequentemente, o TAG não conterá uma

bateria, sendo totalmente passivo quando fora do campo do leitor. O TAG é ativado quando

esta na zona de interrogação do leitor, tendo sua energia fornecida pela unidade de

acoplamento (antena) [1].

Sistemas de RFID podem ser classificados conforme diversos critérios:

Frequência de funcionamento: baixa frequência (< 135 kHz), alta frequência

(13,56 MHz), UHF (864/915 MHz), micro-ondas (2,45 GHz).

Modo de funcionamento: somente leitura ou leitura-escritura.

Modo de comunicação:

- FDX (Full Duplex): a comunicação do leitor para o TAG e do TAG para o leitor

podem ser feitas simultaneamente.

- HDX (Half Duplex): a comunicação se faz do leitor para o TAG ou do TAG para o

leitor, nunca as duas ao mesmo tempo.

Alimentação:

- Ativa: todos os blocos do TAG são alimentados por uma bateria que é também

utilizada para enviar o sinal para o leitor.

- Semi-ativa: todos os blocos do TAG são alimentados por uma bateria, mas,

quanto à comunicação com o leitor, a transferência de potência acontece

sempre do leitor para o TAG.

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- Semi-passiva: Nestes TAGs, o chip é alimentado por uma bateria quando ele

não está na presença do campo de um leitor. Quando o leitor se aproxima, o

TAG se ativa, passando a ser alimentado pelo sinal RF do leitor. Estes TAGs são

também chamados de Battery Assisted Passive (BAP).

- Passiva: O TAG não tem uma bateria e é alimentado pelo sinal RF do leitor

quando este se aproxima.

Quanto à capacidade de armazenamento de dados, TAGs RFID normalmente vão de alguns

poucos bytes a vários kbytes. A exceção são os chamados 1-bit transponders, cuja quantidade

de dados é suficiente para informar dois estados ao leitor: TAG está no campo ou nenhum TAG

no campo, útil para processos de monitoramento.

Outra diferenciação importante entre sistemas RFID ocorre quanto à questão da posição

relativa entre o TAG e o leitor. Fatores como a precisão angular do TAG, a distância máxima de

operação entre leitor e TAG, a distância mínima entre diversos TAGs em operação ou a

velocidade de um TAG dentro do campo de interrogação devem ser levados em consideração

dependendo da aplicação.

O procedimento de comunicação por radiofrequência é baseado em circuitos ressonantes LC

concebidos para oscilar em uma frequência de ressonância fR.

O leitor gera um campo magnético alternado na faixa de frequência desejada. Quando o

circuito LC ressonante do TAG é colocado neste campo magnético, energia deste campo será

induzida nas bobinas do circuito ressonante (Lei de Faraday). Se a frequência de oscilação fG

for igual à frequência de ressonância fR, o circuito LC oscilará, de modo a gerar uma corrente

no sentido de se opor ao campo externo [1]. Este acoplamento permitirá tanto a transferência

de energia como do sinal.

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4 O projeto Chip Calor

O projeto Chip Calor tem como objetivo a concepção de um TAG RFID com um sensor de

temperatura integrado funcionando a 125 kHz. Este chip deve ser compatível com os

parâmetros de comunicação estabelecidos pela norma ISO/IEC 18000-2. O chip será concebido

e fabricado em tecnologia CMOS 0,35 µm do fabricante AustriaMicroSystems.

4.1 Especificações

4.1.1 Alimentação

Sabendo que as funções de leitura e armazenamento da temperatura devem estar ativas

mesmo quando o chip não está dentro do campo do leitor, é necessário que o chip seja

alimentado por uma bateria. As principais limitações quanto à escolha da bateria são impostas

pelas dimensões do sensor e a capacidade em tensão e corrente da bateria.

O método utilizado nesse projeto será o semi-ativo, conforme a explicação dos tipos de

alimentação da seção 3. As principais razões da escolha são a necessidade de uma bateria para

as medidas de temperatura e a vantagem de não utilizá-la para a emissão do sinal RF,

economizando-a. Um primeiro protótipo será desenvolvido e as características da bateria

avaliadas.

4.1.2 Sensor

O Chip Calor possui um sensor de temperatura integrado que deve medir temperaturas de -

40˚C a 120˚C, dessa forma a maior parte das aplicações comerciais. Para a versão final, prevê-

se também a possibilidade de conexão de um sensor externo ao circuito, o qual não precisa

necessariamente ser um sensor de temperatura (pode tratar-se de um sensor de pressão ou

umidade, por exemplo). No entanto, para o primeiro protótipo, esta conexão não estará

disponível.

Tendo definida a faixa de temperaturas a medir e sabendo que a conversão analógica digital

das temperaturas medidas será feita sobre oito bits, estima-se uma resolução de:

4.1.3 Comunicação

11

Quanto à comunicação entre o leitor e o TAG, a transferência de potência acontece sempre do

leitor para o TAG (semi-ativo).

O princípio da modulação utilizada para enviar dados do TAG ao leitor é a modulação de carga.

Quando a distância entre o leitor e o TAG é suficientemente pequena (inferior a 16% do

comprimento de onda [1]), um acoplamento indutivo é estabelecido entre os dois indutores

que são as antenas do leitor e do TAG. Nessas condições, eles vão funcionar como o primário e

o secundário de um transformador, no qual a carga do secundário sobre o primário pode ser

modelizada como uma impedância transferida.

Enfim, basta comutar uma resistência no TAG para que uma variação da impedância seja

transferida ao leitor e este possa detectar variações de tensão e, consequentemente,

decodificar os bits transmitidos.

A simplicidade deste tipo de comunicação e do circuito necessário para implementá-la é outra

razão da escolha de um TAG semi-ativo. Sistemas que funcionam em outras faixas de

frequência necessitam de circuitos relativamente mais complexos para realizar a comunicação.

Figura 4.1 – Princípio da modulação de carga.

Os parâmetros de comunicação, como o tipo de modulação, o fluxo de bits e os códigos usados

são especificados pela norma adotada no projeto.

4.1.4 Normalização

Atualmente, a normalização para a RFID em baixa frequência se resume principalmente a três

protocolos:

As normas ISO 11784/85 se destinam a identificação de animais;

A norma ISO 14223 padroniza os chips chamados evoluídos para identificação

de animais (compatível também com as normas ISO 11784/85);

A norma ISO/IEC 18000-2.

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O projeto Chip Calor é padronizado pela norma ISO/IEC 18000-2, que será detalhada a seguir.

Esta norma permite a utilização de memórias de capacidade maior, sendo esta a principal

razão para a escolha desta norma para este projeto.

4.2 ISO/IEC 18000-2

A série de normas internacionais ISO/IEC 18000 descreve os protocolos para a identificação de

objetos por radiofrequência. Sua segunda parte, adotada no projeto (ISO/IEC 18000-2),

estabelece os parâmetros de comunicação para interfaces de ar em baixas frequências, neste

caso, menos que 135 kHz [3].

Esta norma impõe muitas exigências quanto ao formato dos dados, para assegurar a

compatibilidade entre leitores de diversos fabricantes. Estes devem ser capazes de se

comunicar com TAGs do tipo FDX (Full Duplex) e HDX (Half Duplex), os dois tipos de

comunicação previstos pela norma. Os principais conceitos sobre os quais a norma é baseada

são [3]:

Os TAGs esperam por um comando antes de se manifestar, ou seja, o

protocolo é baseado sobre:

o Um comando do leitor ao(s) TAG(s).

o Uma resposta do(s) TAG(s) ao leitor.

Cada TAG possui um número identificador próprio UID (Unique Identifier)

codificado sobre 64 bits, a partir do qual um segundo identificador sobre 48

bits pode ser obtido, o SUID (Simplified Unique Identifier), como mostrado na

figura 4.2.

Figura 4.2: Composição dos números identificadores dos TAGs.

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Trata-se de um protocolo em série, os dados são transmitidos bit a bit. O

número de bits transmitidos após um SoF (Start of Frame) é variável,

dependendo do comando em questão.

A transmissão começa sempre pelo bit menos significativo (LSB) e termina pelo

bit mais significativo (MSB).

Bits de flag são usados para garantir o controle dos comandos e das respostas. Cada flag tem

seu próprio significado. Os flags relativos aos comandos são diferentes dos relativos às

respostas.

A figura 4.3 mostra o formato de um comando enviado do leitor para o TAG.

Figura 4.3 – Formato de um comando enviado pelo leitor.

Na figura 4.3, o campo 5 com o código CRC (Cyclic Redundancy Check) é opcional.

A figura 4.4, mostra o formato da resposta emitida pelo TAG ao leitor. O formato da resposta

dependerá se o TAG identificou um erro no comando.

Figura 4.4 – Formato da resposta do TAG

Os parâmetros impostos pela norma são a frequência de transmissão, o fluxo de dados, a

ocupação espectral, a estrutura dos comandos, as especificações do sistema e a interface de

comunicação.

O método de comunicação escolhido para este projeto é o FDX. Algumas informações sobre

este tipo de sistema especificadas pela norma são apresentados na tabela 4.1:

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Parâmetro FDX

Frequência 125 kHz

Modulação leitor TAG OOK

Modulação TAG leitor ASK

Codificação dos dados leitor TAG

Pulse Interval Encoding (PIE)

Fluxo de bits leitor TAG 5.2 kbps

Codificação dos dados TAG leitor

Manchester / Dual Pattern Encoding

Fluxo de bits TAG leitor Manchester 4 kbps DPE 2 kbps

Ordem de transmissão dos bits LSB primeiro

Tabela 4.1: Especificação da norma ISO/IEC 18000-2 para sistemas FDX [3].

4.2.1 Frequência de trabalho

A frequência de transmissão do leitor para o TAG deverá ser fAc = 125 kHz = 1/TAc.

4.2.2 Codificação dos dados do leitor para o TAG

A comunicação é feita com uma codificação por intervalo de pulso (Pulse Interval Encoding –

PIE). O tempo entre as bordas de subida determinam se a informação é um bit ’1’, um bit ‘0’,

um sinal de “code violation” ou um sinal de “stop condition”.

Supondo uma distribuição igual entre ‘0’s e ‘1’s, o fluxo de dados será da ordem de 5.1 kbps.

Figura 4.5 – Codificação PIE

A tabela 4.2 mostra os tempos que nos permitem de diferenciar os quatro símbolos utilizados

por esta codificação.

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Significado Símbolo Min Max

Tempo – “Carrier off” TAP 4 * TAc 10 * TAc Tempo – bit 0 TAd0 18 * TAc 22 * TAc Tempo – bit 1 TAd1 26 * TAc 30 * TAc

Tempo – “code violation” TAcv 34 * TAc 38 * TAc Tempo – “stop condition” TAsc ≥ 42 * TAc -

Tabela 4.2 – Tempos entre as bordas do PIE

4.2.3 Codificação dos dados do TAG para o leitor

O TAG trabalha com dois tipos de codificação, o código Manchester a 4 kbps e o código “Dual

Pattern Coding” à 2kbps. A escolha da codificação é feita em função do comando enviado pelo

leitor. No caso de um comando inventário (Inventory) a código utilizado é o “Dual Pattern

Encoding”. Para os outros comandos, o código Manchester é utilizado. O SOF (Start of Frame)

é codificado em Manchester para todos os comandos.

A figura 4.6 mostra os padrões das duas codificações utilizadas.

Figura 4.6 – Codificação do TAG ao leitor

Na figura 4.6, as expressões load off e load on referem-se à carga no TAG estar desconectada

ou conectada, respectivamente, para a comutação no leitor conforme explicado na seção

4.1.3.

4.2.4 Comandos

Uma lista de comandos é também apresentada na norma. Os comandos são codificados sobre

6 bits e se classificam em quatro categorias diferentes [3]:

Obrigatórios: Implementados para todos os leitores e TAGs.

Opcionais: Os leitores devem implementar todos os comandos opcionais, mas

os TAGs não obrigatoriamente.

Clientes: Estes comandos não são especificados na norma.

Proprietários: Como os comandos clientes, os comandos proprietários não são

especificados pela norma. Comandos clientes e proprietários devem

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implementar as funcionalidades que não são previstas pelo documento

ISO/IEC 18000.

Todos os comandos são codificados sobre 6 bits. A diferenciação do tipo de comando é feita

pelo código do comando.

Tabela 4.3 – Tipos de Comandos

4.2.5 – Diagrama de Estados

A norma propõe um diagrama de estados para os TAGS, que podem ter até quatro estados

(Power-off, Ready, Selected e Quiet). A figura 4.7 mostra estes estados e as condições para

suas mudanças. O suporte ao estado Selected é opcional.

17

Figura 4.7 – Diagrama de estados do TAG.

4.3 O Diagrama de Blocos

A partir destas especificações, o seguinte diagrama de blocos é proposto:

18

Figura 4.8: Diagrama de blocos do projeto.

Para a concepção deste chip, certos blocos serão reutilizados de um projeto anterior,

enquanto outros serão desenvolvidos ao longo deste projeto.

4.3.1 Descrição dos Blocos

ANTENA

A antena do TAG consiste em um circuito LC paralelo cuja frequência de ressonância

corresponde àquela do sinal emitido pelo leitor (nesse caso, 125 kHz). Este indutor é acoplado

com o indutor do leitor por um campo magnético, o qual permite a indução de uma tensão no

chip.

MÓDULO ANALÓGICO

Modulador: Responsável pela modulação do sinal sobre a antena. Seu sinal de entrada

provém do codificador. Graças ao acoplamento magnético entre leitor e TAG, a

modulação será uma modulação de carga.

Extração do clock: Extrai um sinal de clock do sinal RF sobre a antena. Este sinal

sincroniza as tarefas realizadas pelo CHIP durante uma leitura.

Demodulador: Responsável por demodular o sinal RF recebido pela antena. O sinal

resultante é entrada do bloco decodificador.

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PMU (Power Management Unity – Unidade de Gerenciamento de Potência)

Regulador: A regulação de tensão é importante para que as variações da tensão da

bateria, devidas principalmente a sua descarga, não perturbem o funcionamento do

circuito. Responsável então por fornecer uma tensão constante e estável aos outros

blocos.

Limitador: Responsável por proteger a antena de possíveis sobretensões.

Referência de Tensão: É importante que o sensor de temperatura seja preciso em

toda a faixa de temperatura requerida pelas especificações do projeto. Este bloco deve

fornecer uma referência de tensão constante, estável, precisa e independente da

temperatura.

POR: Responsável por informar ao módulo digital que há um campo magnético

próximo ao chip, de forma a colocar o sequenciador num estado inicial.

MÓDULO DIGITAL

Decodificador: Recebe o sinal de saída do demodulador, o decodifica e transmite para

o sequenciador de instruções. A codificação utilizada para a transmissão leitor para

TAG é do tipo PIE (Pulse Interval Encoding).

Sequenciador: É o cérebro do circuito. Responsável pelo comando das funções

realizadas pelo TAG, como a interpretação dos comandos enviados pelo leitor, o

cálculo do CRC (cyclic redundancy code) e a leitura da memória.

Codificador: Serve para converter o sinal na saída da memória (em formato NRZ) para

os formatos especificados pela norma, ou seja, ou o código Manchester ou o código

Dual Pattern Encoding (somente no caso de resposta ao comando de inventário, um

comando obrigatório).

Gestão do clock: Recebe na entrada o clock na frequência do sinal RF e tem em sua

saída três frequências diferentes que serão usadas conforme as necessidades do chip.

MEMÓRIA

Memória: Do tipo EEPROM (Eletrically-Erasable Programmable Read Only Memory),

será adquirida de um fabricante sob a forma de IP (Intelectual Property). Servirá para

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armazenar as temperaturas lidas e sua capacidade, ainda a ser definida, estará entre 1

e 8 kbits.

Circuito de Registro: Fornece o nível de tensão exigido para o registro dos dados na

memória.

SENSOR INTEGRADO

Controle de Gravação: Deve gerenciar o endereçamento da memória onde serão

gravadas as temperaturas.

Sensor de Temperatura: Baseado em um circuito PTAT (Proportional-To-Absolute-

Temperature), deve fornecer uma corrente proporcional à temperatura.

ADC: Baseado na utilização de um oscilador controlado em corrente seguido de um

contador 8 bits, permite a geração de uma frequência proporcional à corrente (e

consequentemente à temperatura) e a conversão desta frequência em um valor digital

pela contagem de pulsos.

Oscilador Local: Tem por objetivo manter o chip funcionando na ausência do sinal RF,

para realização das leituras de temperatura.

Sendo este sensor integrado um dos diferenciais do projeto, em termos de circuitos

analógicos, uma explicação um pouco mais detalhada deste bloco é feita na próxima seção,

apesar de seus blocos terem sido concebidos antes do início do trabalho em questão.

4.3.2 Sensor de temperatura integrado

4.3.2.1 Sensor de temperatura

O sensor de temperatura deve ser preciso em toda faixa de funcionamento do projeto. Uma

solução muito comum é uma configuração que produz uma corrente proporcional à

temperatura (PTAT – Proportional-To-Absolute Temperature).

Esta configuração é baseada sobre a diferença de tensão produzida sobre uma resistência

pelas tensões VBE de dois transistores bipolares submetidos a diferentes densidades de

corrente. Esta diferença de tensão é proporcional à temperatura. A figura 4.9 mostra o

comportamento das tensões VBE dos dois transistores em função da temperatura e também a

tensão VPTAT que aparece entre elas. Define-se a corrente que passa pela resistência submetida

à tensão VPTAT como IPTAT.

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Figura 4.9 – Princípio de geração da corrente IPTAT.

A corrente IPTAT pode ser usada para gerar uma fonte de tensão independente da temperatura.

Para tanto, basta passar esta corrente por uma resistência em série com um transistor bipolar

cuja tensão VBE é inversamente proporcional à temperatura. Escolhendo o valor correto para a

resistência, a soma das duas tensões será constante em relação à temperatura – Tensão de

BandGap.

Para implementar tal circuito, é utilizada a estrutura da figura 4.10.

x2

R1

Va Vb

Vc

R2

Vbg

VBE

P1P2

N1N2

Q1Q2 Q3

P3

Figura 4.10 – Estrutura dos circuitos sensor de temperatura e referência de tensão.

Na figura 4.10, os transistores P1 e P2 formam um espelho de corrente. Os transistores N1 e

N2 são dimensionados de forma a garantir que Va = Vb. Logo, a diferença de tensão entre Vb e

Vc será a diferença entre as tensões VBE dos transistores Q2 e Q1 respectivamente e, por

conseqüência, produz-se a corrente IPTAT sobre R1. Somente esta parte do circuito já configura

a estrutura do sensor de temperatura.

O terceiro ramo do circuito produzirá uma tensão independente da temperatura. O transistor

P3 reproduz a corrente de P1 (espelho de corrente), portanto a corrente IPTAT. Tem-se então a

resistência R2 em série com um transistor bipolar. A tensão sobre R2 será diretamente

proporcional à temperatura, enquanto que VBE de Q3 é inversamente proporcional, permitindo

que, após o correto dimensionamento de R3, a soma das duas tensões (Vbg) seja constante.

22

4.3.2.2 Oscilador Local

O oscilador local é um circuito oscilador controlado por corrente. A corrente de controle é

criada a partir da tensão de bandgap. Pode-se ver o esquemático na figura 4.11.

Vcap

Vbg

Vout

I

I

P1

N1

P2

N2 C1

S-T

Figura 4.11 – Esquemático do oscilador local.

Os transistores P1 e N1 vão reproduzir uma corrente a partir da tensão Vbg, que passará por P2

e N2. Estes dois trabalharão como interruptores, comandados por VOUT, alternando-se entre os

estados de aberto e fechado.

Desta forma, a corrente I irá carregar C1 quando P2 está aberto e descarregá-lo quando N2

está aberto. A carga do capacitor aumenta a tensão VCAP, de forma a comutar o Trigger de

Schimdt (S-T) quando o limite de comutação é ultrapassado. Para o caso da descarga do

capacitor, o circuito funciona de forma análoga.

4.3.2.3 Conversor Analógico Digital

Este conversor é feito por um oscilador local controlado em corrente seguido de um contador

8 bits. Esta montagem tem por objetivo gerar uma frequência proporcional a uma temperatura

e convertê-la a um valor digital por contagem de pulsos.

O oscilador controlado em corrente (CCO) funciona da mesma forma que aquele mostrado na

figura 4.11, sendo seu esquemático mostrado na figura 4.12.

23

Vcap

Vpol

Vout

IPTAT

IPTAT

P1

N1

P2

N2 C1

P3

N3

Figura 4.12 – Esquemático do oscilador do conversor analógico digital

A diferença em relação ao esquema do oscilador local são os transistores P3 e N3, que

reproduzem a corrente IPTAT, graças à tensão VPOL, proveniente da porta dos transistores PMOS

do circuito da figura 4.12. A frequência de operação é, portanto proporcional a corrente IPTAT e

à temperatura. Um simples circuito contador sobre um tempo fixo, conectado à VOUT permitirá

a conversão a um valor digital da medida da temperatura.

4.3.3 Contribuição

A contribuição deste Trabalho de Conclusão de Curso para o projeto Chip Calor consiste

basicamente de:

Concepção completa do circuito regulador de tensão;

Simulações digitais - desenvolvimento e validação de blocos de interface com a

memória.

Simulações sistema – simulações de diversos blocos do chip operando em conjunto.

Desenvolvimento de um circuito de testes compatível com a norma ISSO 11784/85

Nas próximas seções, estes trabalhos realizados dentro do projeto Chip Calor serão descritos.

24

5 Concepção Do Circuito Regulador de Tensão

A alimentação do CHIP será realizada por uma bateria. No entanto, é necessário que os blocos

analógicos do CHIP tenham uma tensão de alimentação constante e estável, principalmente os

blocos oscilador local e o conversor analógico digital, que são muito sensíveis à tensão de

alimentação.

Sabendo que o nível de tensão da bateria diminui com o tempo, deve-se conceber um bloco

regulador de tensão para garantir o bom funcionamento dos blocos analógicos do CHIP

durante toda a vida da bateria.

5.1 Princípio de Funcionamento

O tipo de regulador utilizado é um Regulador LDO (Low Drop-Out). Um regulador LDO é um

circuito que fornece uma tensão DC estável com uma baixa queda de tensão entre sua entrada

(a tensão fornecida pela bateria) e sua saída (a tensão que será utilizada para alimentar o

CHIP).

O esquema básico de um regulador LDO é mostrado na figura 5.1.

Figura 5.1: Esquema de base de um regulador LDO.

Pode-se ver no esquema: uma tensão de referência, um amplificador de erro, um dispositivo

de passagem e um loop de realimentação.

A referência é uma tensão DC estável limitada quanto à sua capacidade de corrente.

Normalmente, trata-se de um diodo Zener ou uma tensão de BandGap. Neste projeto, será

usada uma tensão de BandGap devido às necessidades de alta precisão, baixa tensão de

operação e ainda porque na tecnologia utilizada, diodos Zener não estão disponíveis.

25

O funcionamento deste circuito é baseado na realimentação do sinal de erro originado da

comparação entre a tensão de referência e a tensão de saída. Este sinal, amplificado pelo

amplificador de erro, controla a corrente de saída do dispositivo de passagem e

consequentemente, a tensão de saída [4].

Trata-se de um loop de realimentação para controlar o nível de tensão. Como toda

realimentação, este circuito pode se tornar instável. Normalmente, reguladores LDO precisam

de grandes capacitores para estabilizar o loop. Nesse projeto, o tamanho do circuito regulador

deve ser o menor possível, desde que garantindo um funcionamento correto e estável. O uso

do capacitor torna-se então um problema.

Por isso, outro esquema é proposto na figura 5.2.

Figura 5.2: Esquema proposto para o regulador de tensão.

Neste esquema, o princípio do regulador de tensão é o mesmo. Os mesmos blocos da figura

5.1 estão presentes, logo os blocos fundamentais. Observa-se também a presença de um

diferenciador.

Observa-se a montagem deste esquema com transistores:

26

Figura 5.3: Transistores do regulador de tensão.

O estágio diferenciador deve garantir que o capacitor CINT seja na ordem de grandeza de

algumas dezenas de pico farads sem prejudicar a estabilidade do circuito, assim como

melhorar a resposta do circuito regulador em regime transitório.

O princípio de funcionamento deste estágio diferenciador é a separação dos pólos na entrada

e na saída do dispositivo de passagem, graças ao capacitor CF [5].

5.2 Dimensionamento dos Componentes

A tensão de alimentação da bateria para este protótipo é de 4 V. Em função deste valor, serão

dimensionados os componentes da figura 5.3.

Os transistores M1 a M7, ME e Mgm1 compõem o amplificador de erro. Sabendo que os pólos

parasitas introduzidos por este circuito amplificador de erro (em frequência muito alta) podem

ser desprezados em relação ao pólo do dispositivo de passagem (em frequência relativamente

baixa), o dimensionamento destes transistores depende somente da consumação de potência

[5].

O dimensionamento dos transistores do estágio diferenciador é baseado principalmente no

compromisso entre a estabilidade do circuito e a velocidade da resposta em regime transiente.

Os valores das capacitâncias são:

Cf 2 pF Cf2 1 pF

Tabela 5.1: Dimensionamento dos capacitores do estágio diferenciador.

É importantíssimo que todos os capacitores introduzidos sejam de tamanho reduzido,

lembrando que o objetivo deste bloco é exatamente reduzir o circuito.

O dispositivo de passagem (PASS), as resistências do loop de realimentação e o capacitor na

saída são os componentes mais críticos a dimensionar, pois vão afetar diretamente os

aspectos mais importantes do regulador.

27

A queda de tensão entre a entrada e a saída do regulador é determinada pelo tamanho do

transistor que constitui o dispositivo de passagem (a relação W/L, onde W é a largura do canal

e L o comprimento), assim como pela máxima corrente que o circuito deverá fornecer. Tem-se

então a equação:

, onde é a mobilidade das lacunas e a constante do óxido, ambas parâmetros

tecnológicos, portanto imutáveis no caso deste projeto.

Manipulando a equação 1, tem-se:

Tem-se então uma relação onde se deve buscar o equilíbrio entre o tamanho do transistor, a

corrente máxima a fornecer e a queda de tensão. Se se deseja diminuir a queda de tensão ou

aumentar a corrente fornecida, será preciso aumentar a relação W/L.

Finalmente, por meio de simulações em Spectre para estimar a corrente máxima do circuito,

define-se que:

L = 2 µm

W = 150 µm

O dimensionamento das resistências do loop de realimentação determina a relação entre a

tensão de saída e a tensão de referência, assim como a corrente no transistor de passagem.

Primeiramente, um equilíbrio entre o tamanho das resistências e a corrente no transistor de

passagem, ou seja, o rendimento do circuito, é estabelecido por:

Tem-se ainda que:

Então, fixam-se as resistências à:

RF1 = 123,5 kΩ

RF2 = 153,3 kΩ

Desta forma, a partir da equação 3 garante-se que IPASS será aproximadamente 15 µA e utiliza-

se resistências de tamanho compatível com a aplicação.

28

Logo, resta somente o capacitor de saída a dimensionar (CINT). A maior dificuldade de seu

dimensionamento é causada pela grande área ocupada por capacitores em chips nessa

tecnologia e a necessidade de estabilizar o circuito. O tamanho do capacitor irá determinar o

pólo de saída do circuito, tendo um papel importante na estabilização do mesmo.

Decidiu-se que a maneira mais simples de dimensionar este capacitor seria por meio de

simulações, sabendo que as equações em frequência do circuito da figura 5.3 são muito

complexas para uma resolução puramente analítica. As simulações feitas serão detalhadas no

capítulo seguinte e o valor escolhido para o capacitor foi de 20 pF.

5.3 Simulações

Os principais parâmetros para avaliar um regulador de tensão são a regulação de linha, a

regulação de carga, a tolerância à variação de temperatura e a variação da tensão de saída

resultante de um pulso de corrente de carga [5]. O regulador foi simulado em Spectre.

5.3.1 Regulação de Linha

A regulação de linha é definida pela relação entre a variação da tensão na saída do regulador

pela variação da tensão de alimentação que a provocou.

Este parâmetro leva em conta a variação após que o regime permanente é atingido.

Uma simulação da regulação de linha do regulador concebido foi feita variando a tensão de

alimentação e observando a variação da tensão de saída, conforme a figura 5.4.

Figura 5.4: Esquema da simulação da variação de linha.

O resultado da simulação da regulação de linha é mostrado na figura 5.5.

29

Figura 5.5: Regulação de linha.

Estando regulado para fornecer uma tensão de 2,5 V quando alimentado a 4V, faz-se a tensão

variar de 3 a 4,5 V e observa-se uma variação de 2,45 a 2,53 V. Calcula-se então que:

Sabendo que as principais variações da tensão de alimentação serão causadas pelo

envelhecimento da bateria, uma regulação de 5,33 % está de acordo com os objetivos do

projeto.

5.3.2 Regulação de Carga

A regulação de carga é uma medida da variação da tensão de saída do regulador quando se

varia as condições de carga. A regulação de carga melhora à medida que a impedância do

transistor de passagem diminui.

A regulação de carga foi simulada conforme o esquema da figura 5.6.

30

Figura 5.6: Esquema da simulação da regulação de carga.

A figura 5.7 apresenta a regulação de carga obtida.

Figura 5.7: Regulação de carga.

Na figura 5.7, percebe-se que para correntes inferiores a 8 mA, o regulador mantém a tensão

de saída constante a 2,5 V. Porém, para correntes de carga superiores a esse limite, tem-se

uma grande queda de tensão. Define-se um limite que não deve ser ultrapassado para

assegurar o bom funcionamento do regulador.

31

5.3.3 Tolerância à variação de temperatura

Sabendo que o regulador vai alimentar um circuito sensor de temperatura, é fundamental que

ele tolere as variações de temperatura, principalmente na faixa de funcionamento do sensor (-

40°C a 120°C). Nesta faixa, a tensão deve ser constante e próxima a 2,5 V.

A simulação realiza-se seguindo o esquema da figura 5.8.

Figura 5.8: Esquema da simulação da tolerância à variação de temperatura.

Na figura 5.9, observa-se o comportamento do regulador em função da temperatura.

32

Figura 5.9: Tolerância do regulador à variação de temperatura.

Percebe-se que quando a temperatura varia na faixa de funcionamento do sensor, a tensão de

saída varia de 0,09 V.

Esta variação é pequena, mas não desprezível para a aplicação, podendo acarretar erros na

medida da temperatura.

Nos trabalhos realizados neste projeto (Chip Calor) antes do começo deste Trabalho de

Conclusão de Curso, foi construída uma tabela de conversão para obter o verdadeiro valor da

temperatura a partir da temperatura binária fornecida pelo bloco conversor analógico-digital.

Esta tabela deverá ser recalibrada para considerar o erro introduzido pelo regulador.

5.3.4 Análise em Regime Transitório

Uma análise do comportamento do regulador quando uma variação da corrente de carga

acontece foi feita. Esta análise permite verificar, por exemplo, se o regulador será estável

quando o bloco analógico digital começa a realizar a conversão de uma medida, e, portanto,

fizer uma solicitação de corrente.

Para esta simulação, uma fonte de pulsos de corrente de 100 µA foi introduzida na saída do

circuito, para simular a corrente de carga, conforme a figura 5.10.

33

Figura 5.10: Esquema da simulação da análise em regime transitório.

Os resultados são mostrados na figura 5.11.

Figura 5.11: Resposta às variações de carga.

A simulação mostra que a situação mais crítica se passa no momento que se varia de uma

corrente nula à corrente máxima. Nesse instante, observa-se uma grande variação da tensão

de saída, que chega a mais de 2,6 V. No entanto, esta tensão decresce rapidamente ao nível de

2,5 V, sem desestabilizar o loop.

A estabilidade do circuito é completamente dependente do tamanho do capacitor na saída.

Esta simulação leva em conta pequenos pulsos de corrente, porque os mesmos estão de

acordo com as necessidades do CHIP e, dessa forma, não se corre o risco de superestimar o

tamanho do capacitor.

34

A validação da escolha do capacitor ficará mais clara a partir de outra simulação, a qual será

analisada no capítulo de simulações sistema.

35

6 Memória e Simulações Digitais

Neste projeto, uma memória é necessária para gravar as temperaturas medidas. A memória

utilizada foi adquirida sob a forma de propriedade intelectual do fabricante

austriasmicrosystems. Na tabela 6.1, encontram-se as suas principais características:

austriamicrosystems 0.35µm CMOS - C35

Tipo da memória: spram Alimentação: 3.3V

Capacidade em bytes: 128 Número de bits do barramento de endereço: 7

Número de bits do barramento de dados: 8 Configuração do barramento de dados: unidirecional

Tabela 6.1: Características da memória.

Na figura 6.1, pode-se ver as entradas e saídas da memória, as quais são detalhadas na tabela

6.2.

Figura 6.1: Esquema da memória.

Sinal Direção Função

CS entrada O relógio da memória. Ela é ativada quando detecta uma borda de subida em

CS. RD entrada Leitura ativada. WR entrada Escritura ativada.

AD [6:0] entrada Barramento de endereços. NRST entrada Desativa o acesso à

memória na próxima borda de subida de CS. Sinal ativo

quando no nível baixo. EN entrada Coloca a saída em alta

impedância. Ativo no nível alto.

DI [n :0] DO [n :0]

entrada saída

Barramento de dados de entrada

Barramento de dados de saída

Tabela 6.2: Entradas e saídas da memória [6].

36

Sabendo que o fabricante da memória fornece sua descrição comportamental, o objetivo no

projeto é o desenvolvimento dos blocos que realizarão a interface com a memória e a

validação de todo sistema.

6.1 Interface com a Memória

Os blocos concebidos para a interface com a memória são o circuito de leitura (dentro do bloco

sequenciador no diagrame de blocos do projeto) e o controle de escritura. Estes blocos foram

desenvolvidos paralelamente junto a outros membros da equipe, principalmente seus testes e

validação.

O bloco circuito de leitura é de lógica puramente combinatória e funciona de forma

extremamente simples. Seu esquema é apresentado na figura 6.2. Quando a entrada R_notW

é ativa, o bloco envia sinais que realizam uma leitura: NRST e RD vão ao nível alto, enquanto

EN e WR vão ao nível baixo.

Figura 6.2: Esquema do circuito de leitura.

Igualmente simples, o circuito controle de escritura tem as entradas e saídas apresentadas na

figura 6.3.

Figura 6.3: Esquema do circuito de controle de escritura.

Neste bloco, quando a entrada CAD_valid é ativada, os sinais de saída são ativados de forma a

realizar a escritura da entrada CAD na memória, ou seja, NRST e WR vão ao nível alto e EN e

RD vão ao nível baixo.

O endereço no qual o dado será gravado é gerenciado internamente por este bloco. Ele

começa sempre pelo endereço 0 e, utilizando um contador de 7 bits, ele incrementa o

37

endereço cada vez que uma operação de escritura é realizada, colocando o endereço correto

na saída AD.

Tendo estes dois blocos concebidos, simulações foram realizadas para verificar a interface

entre a memória e os outros blocos digitais do circuito.

6.2 Simulações Digitais

A simulação que foi realizada testa a memória e os blocos de interface.

Figura 6.4: Esquema da simulação da memória e sua interface.

Como mostrado na figura 6.4, um circuito multiplexador é utilizado para selecionar o circuito

que vai se comunicar com a memória (circuito de leitura ou controle de escritura).

O objetivo desta simulação é de escrever três dados nos três primeiros endereços da memória

e em seguida recuperar os mesmos.

38

Figura 6.5: Simulação da escritura e da leitura de três dados na memória.

Primeiramente, realiza-se a escritura dos três valores. Conforme o seguinte:

Os sinais enviados para controlar a memória (NRST, WR, RD, EN) estão

corretos;

Inicia-se pelo endereço 0 e incrementa-se sucessivamente;

Os dados escritos são: 10101010, 11110000 e 01010010.

Após, realiza-se a operação de leitura, na qual:

Os sinais enviados para controlar a memória (NRST, WR, RD, EN) estão

corretos;

A leitura dos endereços 0, 1 e 2 recupera: 10101010, 11110000 e 01010010.

Desta forma, verifica-se que os blocos de interface com a memória gerenciam corretamente os

sinais de controle, que o bloco controle de escritura incrementa devidamente os endereços e

por fim que os dados escritos na memória são exatamente os mesmos que são recuperados

após a operação de leitura. Os blocos concebidos e a memória são assim validados.

39

7 Simulações Sistema

Uma parte importante do trabalho realizado neste projeto é relativa ao desenvolvimento de

simulações de sistemas compostos por vários blocos do CHIP. Tais simulações têm o objetivo

de validar blocos anteriormente concebidos, principalmente o regulador de tensão, assim

como verificar funcionamento geral de diversos blocos do CHIP desenvolvidos durante o

projeto CHIP CALOR.

7.1 Módulo Sensor de Temperatura e Regulador de Tensão

Sabendo que o principal objetivo do circuito regulador de tensão é de fornecer uma tensão

constante e estável ao circuito sensor de temperatura e, dessa forma, garantir que este realize

corretamente as medidas de temperatura, é essencial simular a realização destas medidas o

alimentando com o regulador de tensão, para assim validar ambos os circuitos.

O esquema utilizado para esta simulação é mostrado na figura 7.1.

Figura 7.1: Esquema para simulação da medida de uma temperatura.

A simulação de uma medida de temperatura a 27 ˚C, com o sensor alimentado pelo circuito

regulador, é mostrada na figura 7.2:

40

Figura 7.2: Medida de uma temperatura.

Primeiramente, percebe-se que durante toda a medida da temperatura a tensão fornecida

pelo regulador (vdd) é constante e em torno de 2,5 V. A tensão freq_CONST é à saída do

oscilador local e ela tem exatamente a frequência de 125 kHz. Logo, o sinal fim, obtido

diretamente de freq_CONST, controla devidamente o tempo de medida (2,048 ms).

A saída do bloco conversor analógico digital sobre 8 bits (out_0 à out_7) simplesmente conta

as bordas de subida de um sinal de tensão proporcional à temperatura durante o tempo de

medida. Nota-se que a temperatura medida é 01110001, correspondendo a 113 em decimal.

Uma tabela de conversão foi construída anteriormente no projeto, para passar do valor binário

fornecido pelo sensor de temperatura ao valor real da mesma em graus Celsius. Consultando

esta tabela, percebe-se que a temperatura medida foi de 29 ˚C. O erro aparece devido à

dependência do regulador de tensão em função da temperatura. No entanto, como explicado

anteriormente, sabe-se que se trata de um erro constante, que sempre se reproduzirá na

mesma quantidade e, portanto, basta recalibrar esta tabela de conversão para eliminá-lo.

7.2 Módulo Sensor de Temperatura, Regulador de Tensão e Memória

Uma simulação de uma operação de medida da temperatura e seu registro na memória foi

realizada com o objetivo de testar o funcionamento do conjunto composto pelo sensor de

temperatura, o circuito regulador de tensão e a memória, conforme a figura 7.3.

41

Figura 7.3: Esquema para simulação da medida e da escritura de uma temperatura.

Nesta simulação, a leitura da memória não é realizada pelo bloco digital do circuito,

principalmente para não gerar um tempo de simulação muito longo. A leitura é comandada

por um bloco construído especialmente para este teste, que se comunicará com o bloco

circuito de leitura. Portanto, o objetivo desta simulação não é a validação da parte digital do

circuito, mas sim da interface entre o sensor de temperatura e a memória.

O resultado é mostrado na figura 7.4.

Figura 7.4: Simulação de uma medida e escritura de uma temperatura.

42

Neste caso, a medida da temperatura e a conversão analógico digital são realizadas. Observa-

se que o valor medido corresponde a 01100100. Enfim, após a escritura deste valor na

memória, realiza-se uma leitura e recupera-se o mesmo valor.

43

8 Concepção de um circuito digital de testes ISO 11784/85

As normas ISO 11784/85 impõem muito menos restrições que a norma ISO/IEC 18000-2 em

nível de protocolos de comunicação. Um leitor compatível com essas normas (ISO 11784/85)

está disponível no laboratório onde é realizado este Trabalho de Conclusão de Curso. Dessa

forma, uma maneira simples de testar a parte analógica do projeto CHIP CALOR,

principalmente o sensor de temperatura, consiste em adaptar o circuito do projeto CHIP

CALOR para que ele possa estabelecer comunicação com este leitor.

Muitos blocos construídos em projetos anteriores podem ser reutilizados, o que facilita

bastante a concepção do circuito de testes.

Em seguida, as principais exigências da norma ISO 11784/85 são explicadas.

8.1 ISO 11784/85

As normas ISO 11784/85 descrevem os conceitos técnicos de identificação de animais por

radiofrequência.

Estas normas detalham os sistemas FDX (Full Duplex) e HDX (Half Duplex). No caso deste

projeto, o modo de comunicação é FDX. Algumas características do modo de comunicação FDX

impostas pela norma são:

Parâmetro Sistema FDX

Frequência de ativação 134,2kHz Modulação AM-PSK Código DBP modificado Fluxo de Bits 4194 bits/s

Tabela 8.1: Características da comunicação FDX impostas pela norma ISO 11784/85 [7].

Após entrar na zona de campo magnético de um leitor, o transmissor FDX envia seu código. A

estrutura do código é composta por:

- Um cabeçalho de 11 bits (00000000001) utilizado para identificar o começo do código

de identificação.

- Um código de identificação de 64 bits transmitido em 8 blocos de 8 bits.

- Dois blocos de 8 bits que contém os 16 bits do código de detecção de erros.

- Três blocos de 8 bits com os 24 bits de trailer (não utilizados no projeto).

O código de detecção de erros é calculado somente sobre o código de identificação. Cada

bloco de 8 bits é separado por 1 bit de controle de valor 1, para evitar a repetição do

cabeçalho. A figura 8.1 ilustra a estrutura descrita.

44

Figura 8.1: Estrutura do código emitido pelo transmissor.

O código CRC é calculado da seguinte forma:

- Polinômio: X16 + X12 + X5 + 1.

- Os dados são enviados pelo transmissor começando pelo LSB (bit menos significativo).

- O registrador a deslocamento do CRC é inicializado por zeros, conforme a figura 8.2.

Figura 8.2: Estrutura de cálculo do código CRC.

8.2 Diagrama de blocos

Conhecendo as principais exigências impostas pela norma, o diagrama de blocos da figura 8.3

é proposto para realizar a adaptação.

45

Figura 8.3: Diagrama de blocos do circuito de adaptação da norma ISO 11784/85.

Os blocos codificadores DBP, divisor de frequência e contador síncrono de 7 bits já haviam sido

desenvolvidos em um projeto anterior e podem ser reaproveitados. O captador de

temperatura e o CAN são os blocos do CHIP CALOR que desejamos testar. Então, só restam o

sequenciador e o calculador CRC a desenvolver.

Estes circuitos devem construir o código que será enviado para o leitor, colocando os bits na

ordem especificada pela norma.

Os 8 bits que formam a temperatura medida pelo sensor farão parte do código de

identificação. Como este código é formado por 64 bits, todos os outros 56 bits podem ser

colocados a 1. Os 16 bits do CRC são calculados, como especificado pela norma, a partir dos 64

bits do código de identificação. Os 24 bits do trailer, o qual não utilizamos, são também

colocados a 1.

O código construído é mostrado sobre a tabela B.1. Na qual T é um bit que representa uma

temperatura e C é um bit do CRC.

Linha 0 0000 0000 Linha 8 1111 1111

Linha 1 0011 1111 Linha 9 11TT TTTT

Linha 2 1111 1111 Linha 10 TT1C CCCC

Linha 3 1111 1111 Linha 11 CCC1 CCCC

Linha 4 1111 1111 Linha 12 CCCC 1111

Linha 5 1111 1111 Linha 13 1111 1111

Linha 6 1111 1111 Linha 14 1111 1111

Linha 7 1111 1111 Linha 15 1111 1111 Tabela 8.2: Código enviado pelo transmissor.

46

É fundamental que os códigos VHDL e os esquemáticos associados sejam muito simples, pois

não se tem disponível um software de síntese automático compatível com esta tecnologia.

O procedimento será então, escrever o código VHDL, sintetizá-lo usando o software de outra

tecnologia e em seguida fazer manualmente a transferência de tecnologia. Para a

transferência manual, é necessário que o esquemático seja conciso em nível de quantidade de

portas lógicas.

8.3 Calculador CRC

As entradas e saídas do circuito calculador CRC são mostradas na figura 8.4.

Figura 8.4: Esquema do circuito calculador CRC.

O princípio do circuito desenvolvido é o seguinte: sabendo que os 56 primeiros bits que serão

utilizados para calcular o CRC estão sempre em ‘1’ (tabela B.1), não é necessário passá-los pelo

registrador de deslocamento cada vez que o CRC é calculado. Na prática, um valor inicial fixo

para este registrador pode ser deduzido e, em seguida, basta passar os 8 bits representantes

da temperatura para calcular o valor final do código CRC.

A utilização deste valor inicial torna o cálculo do CRC mais rápido e o esquemático sintetizado

mais simples.

A entrada cad em paralelo vem diretamente do conversor analógico digital. É essencial que, no

momento em que se inicia o cálculo do CRC, a conversão já tenha terminado. Isso é garantido

pelo sinal init, que é enviado pelo sequenciador no momento em que a conversão já se

completou.

A entrada clk é o relógio. É utilizado um relógio a 134,2 kHz, o que permite um cálculo muito

rápido do CRC em comparação com o fluxo de bits enviados pelo sequenciador ao codificador

DBP.

Uma simulação do calculador CRC foi realizada, na qual se calcula o código CRC resultante de

um valor binário igual a ‘110100110’ na entrada cad, sabendo a priori que o valor esperado na

saída crc é igual a ‘0110010111011100’. O resultado da simulação é mostrado na figura 8.5.

47

Figura 8.5: Simulação do cálculo do CRC.

Percebe-se na figura 8.5 que no momento que o sinal init inicia o cálculo, já existe um valor

inicial na saída do CRC, devido aos 56 primeiros bits fixos em ‘1’. Em seguida, este valor muda

oito vezes, até atingir seu valor final, o qual se verifica ser o valor correto.

8.4 Sequenciador

Na figura 8.6, observam-se as entradas e saídas do circuito sequenciador.

Figura 8.6: Esquema do circuito sequenciador.

A simplicidade do esquemático sintetizado é uma das principais metas da concepção deste

sequenciador em VHDL.

48

A entrada clk é o relógio a 134,2 kHz do sequenciador. Esta freqüência é dividida internamente

por 32 e, portanto, a cada 32 ciclos de relógio um bit é enviado para a saída dbp. O

endereçamento é baseado sobre o valor da entrada adress.

A entrada adress vem do bloco contador síncrono 7 bits. Trata-se na realidade de um sinal de 7

bits que conta de 0 a 127 em uma velocidade igual à da frequência do relógio dividida por 32. É

este sinal que permitirá ao sequenciador tomar a decisão de qual bit enviar.

O valor da entrada cad representa a temperatura medida pelo sensor e convertida a um valor

binário, enquanto que a entrada crc contém os 16 bits calculados pelo calculador CRC.

As saídas cadout e ctr permitem ao sequenciador disparar a conversão analógico digital e o

cálculo do CRC respectivamente no momento preciso. Como explicado anteriormente, basta

garantir que a conversão esteja completa antes de iniciar o calculador CRC para que o cálculo

seja realizado corretamente.

Finalmente, a saída dbp é ligada ao codificador DBP. A partir do endereço e da especificação da

tabela 8.2, o sequenciador comuta a saída dbp.

Uma simulação foi realizada com o sequenciador e o calculador CRC. Os sinais de clk, adress

(saída do contador síncrono 7 bits) e o valor binário da temperatura são todos simulados por

um circuito de testes (testbench), pois se tem como objetivo somente simular o sequenciador

e o calculador CRC.

Na figura 8.7, observa-se a simulação realizada com o sequenciador e o calculador CRC em

nível comportamental, ou seja, a simulação do código VHDL antes de sua síntese.

Figura 8.7: Simulação do sequenciador.

A simulação mostra que o sequenciador funciona como previsto. Os dez primeiros bits estão

todos em ‘0’ (o cabeçalho do código). Em seguida, há uma longa sequência de bits a nível ‘1’,

que compõem o último bit do cabeçalho, uma parte do código de identificação e os bits de

controle.

Por fim, enviam-se os bits do cad e, logo em seguida os bits calculados pelo calculador CRC.

Uma nova sequência de bits em nível ‘1’ termina o código.

O código CHDL que descreve este circuito é bastante simples, pois basta que ele selecione

entre um bit da entrada cad, um bit da entrada crc ou bit a ‘1’, a partir do valor da entrada

adress, para enviá-lo à saída dbp. Os circuitos descritos por estes códigos VHDL do

49

sequenciador e do calculador CRC foram sintetizados e, após simulações usando o software

AdvanceMS, os mesmos resultados das simulações comportamentais foram obtidos.

50

9 Conclusão

Atualmente, as exigências de qualidades sobre os produtos são cada vez mais rigorosas. Várias

mercadorias, principalmente medicamento e alimentos, precisam de um controle de

temperatura muito rígido. Neste contexto, o projeto “Chip Calor” se apresenta como uma

solução confiável e prática, graças às diversas vantagens da identificação por radiofreqüência

em relação a outras técnicas de identificação tradicionais.

O TAG RFID em desenvolvimento neste projeto é um circuito bastante complexo, contendo um

módulo de gerenciamento da potência, um bloco digital, um bloco analógico e uma memória.

Assim sendo, a realização deste trabalho foi bastante enriquecedora quanto à formação em

concepção de circuitos.

O projeto me permitiu compreender o processo de concepção de um circuito analógico, ou

seja, a definição de um diagrama de blocos, a concepção dos esquemáticos dos circuitos, as

simulações, o desenho dos layouts, as simulações post-layout, a fabricação e os testes finais.

De forma similar, as etapas de concepção de um circuito digital também foram observadas,

sendo neste caso a codificação do circuito em uma linguagem de descrição de hardware, a

síntese em um esquemático correspondente a uma tecnologia específica, a criação da

interconexões entre as portas lógicas, o desenho das máscaras e a fabricação. Como

normalmente a maior partes destas etapas é feita automaticamente por softwares, cabe ao

engenheiro o trabalho de otimização das estruturas (quanto à superfície de silício ocupada,

frequência de funcionamento ou consumação, conforme o projeto) e de simulação e

validação.

A utilização de ferramentas CAD como Cadence e de simuladores como Spectre e ADS foram

também muito importantes para minha formação em microeletrônica. Sabendo que certas

simulações podem levar muito tempo, é notável a importância de conhecer corretamente o

funcionamento do circuito e do simulador para chegar mais facilmente a uma solução.

Dentro do que foi proposto quanto ao projeto Chip Calor, no caso o desenvolvimento do

circuito regulador de tensão, as simulações envolvendo a memória e sua interface, as

simulações globais e a adaptação do circuito baseado na norma ISSO 11784/85, os resultados

obtidos foram satisfatórios.

A continuação do projeto consiste em completar as simulações globais do circuito, integrando

as partes analógicas e digitais. Uma simulação na qual uma medida de temperatura é realizada

e armazenada na memória e, em seguida, a leitura da memória é simulada a partir de sinais

enviados pela antena, usando a parte de comunicação e a parte digital do circuito, é ainda

muito importante.

Após esta simulação, pode-se passar finalmente ao desenho final dos layouts das partes

digitais e analógicas, as simulações post-layout, que levam em conta todos os elementos

passivos parasitas existentes devido às interconexões, o envio para a fabricação e os testes

físicos de caracterização final.

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10 Referências Bibliográficas

[1] K. Finkenzeller, “RFID Handbook”, 2nd Edition. John Willey & Sons Ltd, 2003

[2] http://www.ims-bordeaux.eu/

[3] ISO/IEC 18000-2, First Edition, 2004-09-15

[4] Rincón-Mora, Gabriel Afonso, Current Efficient, Low Voltage, Low Drop-Out

Regulators, 1996

[5] Milliken, Robert Jon, A Capacitor-Less Low Drop-Out Voltage Regulator With

Fast Transient Response, 2005

[6] Wiltgen Junior, Alberto, Conception du Module Numérique d’un TAG RFID avec

Capteur de Température, 2009

[7] ISO 11785, Radio-Frequency Identification of Animals – Technical Concept,

First Edition, 1996-10-15.