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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
KALINSON DE MELO MORAIS
O BALANÇO SOCIAL COMO INFORMAÇÃO ADICIONAL DAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS E SEUS EFEITOS NA TOMADA DE DECISÃO
NATAL
2018
KALINSON DE MELO MORAIS
O BALANÇO SOCIAL COMO INFORMAÇÃO ADICIONAL DAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS E SEUS EFEITOS NA TOMADA DE DECISÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de
Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte como requisito à obtenção do título de Bacharel
em Ciências Contábeis.
Orientadora: Prof. Dra. Amanda Borges de Albuquerque
Assunção
Natal
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Morais, Kalinson de Melo.
O Balanço social como informação adicional das demonstrações
contábeis e seus efeitos na tomada de decisão / Kalinson de Melo Morais. - 2018.
38f.: il.
Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais
Aplicadas, Departamento de Ciências Contábeis. Natal, RN, 2018.
Orientador: Profa. Dra. Amanda Borges de Albuquerque Assunção.
1. Contabilidade comportamental - Monografia. 2. Balanço
Social - Monografia. 3. Efeito Formulação - - Monografia. 4.
Percepção - Monografia. I. Assunção, Amanda Borges de Albuquerque. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
III. Título.
RN/UF/Biblioteca Setorial do CCSA CDU 657.36
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355
KALINSON DE MELO MORAIS
O BALANÇO SOCIAL COMO INFORMAÇÃO ADICIONAL DAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS E SEUS EFEITOS NA TOMADA DE DECISÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Ciências Contábeis da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como requisito à obtenção do título de Bacharel em Ciências
Contábeis.
____________________________________________________________
Prof. Dra. AMANDA BORGES DE ALBUQUERQUE ASSUNÇÃO
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Orientadora
____________________________________________________________
Prof. Msc. YURI GOMES PAIVA AZEVEDO
Membro Examinador Interno
_____________________________________________________________
Prof. Msc. RODOLFO MAIA ROSADO CASCUDO RODRIGUES
Membro Examinador Interno
Natal
2018
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, com sua infinita sabedoria e bondade, nos proporciona chegar a
lugares jamais imagináveis. Sou consciente do teu apoio e de tua presença constante ao meu lado!
A minha família, minha base e meu refúgio, especialmente a minha mãe pelo exemplo de
vida, e grande incentivadora dos meus estudos.
A professora Amanda Borges de Albuquerque Assunção pelo papel essencial de
orientação, por sua extrema competência e dedicação na realização do seu trabalho. Meus
sinceros agradecimentos!
Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse momento
tão importante. Meu muito obrigado!
RESUMO
O objetivo principal desse estudo é analisar a percepção dos tomadores de decisão diante da
divulgação do Balanço Social e da apresentação de informações financeiras utilizando-se de um
formato não tradicional, com o auxilio de recursos textuais e gráficos, verificando a presença do
efeito formulação no comportamento decisório dos participantes do estudo. A análise foi feita
através da participação de 142 estudantes do curso de ciências contábeis da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte. Esse questionário busca identificar se as divulgações do Balanço Social
(BS) e de informações econômico-financeiras por meio de recursos textuais e gráficos
influenciam a percepção dos respondentes no momento da precificação das ações de duas
empresas, no qual é feito uma análise comparativa entre a empresa que divulga o Balanço Social
e informações adicionais no formato de texto e gráficos com outra que não divulga tais
informações, verificando se o BS e esse novo formato de divulgação das demonstrações
contábeis alteram a percepção dos respondentes, analisando a presença do efeito formulação no
comportamento dos mesmos. A análise e conclusão dos resultados confirmam a presença do
efeito formulação no comportamento dos estudantes no momento de decisão, influenciados pela
divulgação do Balanço social e das informações financeiras apresentadas no formato de texto e
gráficos, como informações adicionais, ocorrendo uma melhor avaliação para a empresa que
divulgou as informações adicionais no decorrer do teste, e um efeito negativo para a empresa que
não divulgou nenhuma informação.
Palavras-Chave: percepção, Balanço Social, Efeito Formulação.
ABSTRACT
The main objective of this study is to analyze the perception of decision-makers regarding the
disclosure of the Social Balance Sheet and the presentation of financial information using a non-
traditional format, with the aid of textual and graphic resources, verifying the presence of the
formulation effect in the behavior of study participants. The analysis was done through the
participation of 142 students from the accounting sciences course of the Federal University of
Rio Grande do Norte. This questionnaire seeks to identify whether the Social Balance (BS) sheet
disclosures and economic-financial information through textual and graphical resources influence
the respondents' perception at the time of the stock pricing of two companies, in which a
comparative analysis is made between the company that discloses the Social Report and
additional information in the format of text and graphics with another that does not disclose such
information, verifying if the BS and this new format of disclosure of the financial statements
changes the perception of the respondents, analyzing the presence of the formulation effect in
their behavior. The analysis and conclusion of the results confirm the presence of the formulation
effect in the behavior of the students at the moment of decision, influenced by the disclosure of
the Social Balance and the financial information presented in the format of text and graphs, as
additional information, with a better evaluation for the company which disclosed the additional
information during the test, and a negative effect for the company that did not disclose any
information.
Key words: perception, Social Balance, Formulation Effect.
Lista de Figuras
Figura 1: Perfil dos Respondentes: Gênero........................................................................... 28
Figura 2: Perfil dos Respondentes: Período.......................................................................... 29
Figura 3: Média do Preço das Ações.................................................................................... 30
Figura 4: Média de Preços das Ações no 1° e 5° momentos................................................. 35
Lista de Tabelas
Tabela 1: Estatística Descritiva – Análise Geral.................................................................... 30
Tabela 2: Preços das ações de Gama e Delta entre os momentos.......................................... 32
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 10
2. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................................ 13
2.1 Efeito Formulação................................................................................................................. 13
2.2 Balanço Social....................................................................................................................... 15
2.3 Contabilidade Comportamental ........................................................................................... 19
3. METODOLOGIA................................................................................................................. 23
3.1 População............................................................................................................................. 24
3.2 Instrumento de Coleta e Experimento................................................................................... 24
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS.......................................................................................... 28
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 37
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 39
10
1. INTRODUÇÃO
A contabilidade como instrumento que produz informações econômico-financeiras das
empresas para os mais diversos usuários (administradores, investidores, fornecedores, instituições
financeiras, entre outros) é de fundamental importância no momento decisório, e para um melhor
entendimento dos seus efeitos sobre o comportamento dos usuários diante das situações de
decisão surge o estudo das finanças comportamentais. De acordo com Lima (2012) a maneira
como as informações contábeis são formuladas e apresentadas, com a adição de textos ou
gráficos, podem impactar na percepção dos tomadores de decisão, causando o surgimento de
efeitos cognitivos na maneira de interpretar essas informações e consequentemente influenciando
nas decisões dos usuários, ocorrendo assim o efeito formulação.
As finanças comportamentais estudam os elementos cognitivos e emocionais presentes na
tomada de decisão, no mesmo campo de aprendizado temos a contabilidade comportamental que
tem como objetivo principal o estudo da reação dos usuários da contabilidade diante das
informações contábeis em situações de tomada de decisão. A forma como os indivíduos tomam
suas decisões, nem sempre, seguem premissas inteiramente racionais, podendo incorrer vieses
comportamentais. O efeito formulação é um desses vieses, que analisa o comportamento no
processo decisório, causado pela maneira como as informações são apresentadas.
A divulgação do Balanço Social (BS) como informação adicional nas demonstrações
contábeis das empresas surge como um diferencial competitivo, podendo provocar uma avaliação
positiva por parte dos usuários da contabilidade, essa avaliação favorável à empresa pode ser
tratado como efeito formulação, caso venha influenciar no momento decisório. O BS como
ferramenta utilizada pelas empresas para a divulgação das ações sociais e ambientais, apesar da
sua não obrigatoriedade é um instrumento de importante valor para as empresas, que além de
divulgar sua atuação social, serve como meio estratégicos para melhorar a imagem da
organização perante seus clientes, empregados, acionistas entre outros, prestando contas e
oferecendo um maior nível de transparência do seu comprometimento ético e social, tendo como
consequência a geração de valor para o negócio.
Em relação às informações divulgadas aos stakeholders, tem-se o BS, como informação
adicional, nas demonstrações contábeis de uma determinada empresa, possivelmente mudará ou
11
influenciará a avaliação e posterior decisão de prováveis investidores, optando por aquela que
evidencia com maior transparência suas informações financeiras, o BS apresenta-se como um
diferencial dentre as demais, influenciando os usuários na tomada de decisão. Estudos que
abordam o tema efeito formulação de Lima (2012), Lima e Silva (2013), Martins et al (2013) e
Barreto, Macedo e Alves confirmam nos seus resultados que a forma como as informações
contábeis são apresentadas influenciam na percepção dos tomadores de decisão. Apesar do
aumento na publicação de trabalhos acerca do efeito formulação, ainda são poucos os que são
voltados para a análise dos efeitos causados pelas informações divulgadas voluntariamente.
O presente trabalho pretende analisar o comportamento dos usuários da contabilidade
diante da divulgação do Balanço Social, evidenciado nas demonstrações contábeis como
informação adicional, analisando sua relevância no conceito dos usuários da contabilidade. Busca
entender a divulgação dessa informação adicional e seus reflexos na tomada de decisão. Diante
desse contexto surge a seguinte problemática: Como o balanço social apresentado de forma
adicional pode influenciar os usuários da contabilidade diante das tomadas de decisões?
Tem-se como objetivo principal verificar se o BS exerce influência na tomada de decisão
de prováveis investidores e quais os efeitos cognitivos estão presentes nesse processo decisório,
verificando a influência do BS sobre os usuários ao utilizar ou não o balanço social como
informação influente nesse processo.
Pretende-se com esse estudo averiguar a presença do efeito formulação na tomada de
decisão por parte dos alunos do curso de ciências contábeis da UFRN diante da divulgação de
informações contábeis adicionais no formato escrito e em gráficos, verificando se esse formato
provoca uma percepção positiva no momento da precificação das ações das empresas avaliadas.
Verificar alternativas para um melhor formato na apresentação das demonstrações contábeis e
que provoquem uma melhor percepção nos usuários. Constatar a influência que o BS provoca na
percepção de avaliadores das ações de empresas, promovendo uma maior conscientização sobre a
importância da divulgação desse demonstrativo, e sua importância no contexto social no meio
empresarial. Analisar a importância da divulgação de informações voluntárias, no caso do BS, e
sua contribuição no aumento da transparência na relação entre empresa e usuários. Este estudo
pretende contribuir para os operadores da contabilidade e empresas no que se refere à divulgação
12
de informações contábeis e seu melhor formato para que despertem maior interesse de prováveis
investidores e induzam a decidirem a favor da empresa.
Compõe esse artigo, a introdução, o referencial teórico que fará uma contextualização
sobre o efeito formulação, trás um breve histórico dos primeiros registros do balanço social até a
sua estrutura atual, expondo alguns conceitos sobre sua estrutura e utilidade. Será abordado
também um histórico da evolução da contabilidade comportamental, conceitos de estudiosos
sobre o tema, suas teorias e aplicação no processo decisório. A metodologia utilizada para se
chegar aos resultados, análise dos dados, considerações finais e referências.
13
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Efeito Formulação
Kahneman e Tversky (1984 apud QUINTANILHA; MACEDO, 2013, p.5) destaca que “o
efeito formulação ou efeito framing aparece para demonstrar que de acordo com a maneira que
um problema ou as alternativas são apresentados a um individuo, as escolhas dele podem mudar”.
Na teoria da racionalidade econômica ilimitada, em situações de decisão, as
pessoas possuem uma percepção maximizada das informações, e o que poderia mudar suas
escolhas seria uma nova informação.
Pela teoria da racionalidade econômica ilimitada (homo economicus), os
indivíduos são capazes de processar as informações disponibilizadas sempre da
melhor forma possível [...]. O que afetaria suas expectativas seria nova
informação, e não uma nova divulgação daquelas já conhecidas com outro
formato. (LIMA, 2012, p.17)
O efeito formulação está diretamente ligado ao comportamento dos usuários das
informações contábeis no momento em que ocorre uma mudança em suas decisões causadas pelo
formato como as demonstrações são apresentadas. Apoiando essa teoria Barreto, Macêdo e Alves
(2014, p. 5) concluíram que “estudos [...] forneceram evidências de que era possível reverter uma
preferência entre alternativas de uma decisão em função de alterações na maneira de apresentar o
problema”.
Com a divulgação das mesmas informações, utilizando-se de um novo formato
para evidencia-las, pode provocar uma melhor percepção nos avaliadores, fazendo com que eles
se sintam mais atraídos por esse novo formato de divulgação. Kahneman e Tversky (1979 apud
LIMA, 2012, p.5) discorrem sobre o tema “Segundo a decisão das pessoas pode ser influenciada
por diferentes formas de divulgação de um mesmo resultado ou contexto, sem que ocorra,
necessariamente, a supressão ou distorção de informações”.
Informações apresentadas de maneiras diferentes podem obter decisões diferentes,
provocando percepções distintas entre quem analisa determinadas informações sobre a situação
econômico-financeira de uma empresa. No estudo de Lima (2012) concluiu que a maneira como
as demonstrações contábeis são evidenciadas podem provocar mudanças nas decisões, a mesma
situação, só que apresentada de maneiras diferentes pode obter opiniões distintas.
14
O efeito formulação é um dos vieses, dentre vários outros, analisados pela
contabilidade comportamental, que estuda os efeitos provocados aos usuários da contabilidade no
que se refere às práticas e métodos aplicados na formulação das demonstrações contábeis, assim
como os efeitos provocados pela evidenciação de informações quando apresentadas de forma
adicional e/ou evidencia em outro formato.
Quando uma empresa divulga uma maior quantidade de informações fica mais fácil para
os usuários das informações atribuírem um valor mais justo para ela, avaliando da forma mais
real a situação econômico-financeira e até mesmo as perspectivas futuras da empresa. Segundo
Lima (2012, p. 25) “a divulgação da maior quantidade possível de informações por parte das
entidades poderia permitir aos analistas avaliar melhor o desempenho esperado das firmas e
corrigir de forma mais coerente suas expectativas traduzidas nos preços atribuídos às ações”.
As empresas que divulgam informações extras, mesmo que não sejam obrigatórias, saem
na frente das suas concorrentes. Uma maior divulgação de informações contábeis passa uma
imagem de transparência nas ações de uma empresa gerando assim maior confiança nos
prováveis investidores, o que repercute em benefícios financeiros para a organização.
[...] o indivíduo, frente ao mesmo problema, pode apresentar respostas diferentes
em função de mudanças na forma como o problema é apresentado. Ou seja, a
maneira com que uma mesma questão é apresentada influencia a decisão dos
indivíduos [...]. (BARRETO; MACÊDO; ALVES, 2014, p. 6).
Devido à limitação da racionalidade dos usuários da contabilidade há uma
tendência a sofrerem influência pela forma como as demonstrações são apresentadas, ocorrendo
assim uma mudança na sua percepção em relação as suas decisões. Os métodos e práticas
aplicados na confecção dos demonstrativos contábeis podem melhorar o desempenho das
decisões dos usuários ou provocar vieses no momento de decisão, fazendo com que os indivíduoS
tomem um julgamento irracional.
[...] o campo das finanças comportamentais se fundamenta em um grande
número de evidências no campo da psicologia que indicam que as pessoas
não têm um comportamento racional quando o assunto é relacionado aos
seus investimentos (BRIGHAM; EHRHARDT, 2006 apud MARTINS et
al, 2013, p. 5 ).
Com uma maior divulgação de informações contábeis por parte da empresa ocorre uma
diminuição da assimetria informacional entre o agente e os usuários dessas informações e se
estabelece uma relação de maior confiança entre as partes. Barreto, Macêdo e Alves (2014, p. 5)
15
enfatizam sobre a importância de como as demonstrações contábeis são apresentadas para os
investidores, pois servirão como base para análise e possível decisão de investimentos.
O Balanço social se enquadra na teoria da divulgação voluntária, a divulgação de
informações adicionais voluntárias pode diminuir a assimetria informacional entre gestores e
investidores fazendo com que aumente o valor da empresa.
[...] a divulgação adicional de informações contábeis já apresentadas sob o
formato tradicional das demonstrações contábeis for interpretado pelos
analistas/investidores como “divulgação de nova informação”, sua divulgação
pode impactar a percepção dos indivíduos quanto ao nível de disclosure da
empresa [...] (LIMA, 2012, p. 40).
Ao apresentar as informações sociais e ambientais de forma destacada no BS,
provavelmente provocará uma melhor assimilação por parte dos usuários, fazendo com que os
mesmos se sintam confiantes e atraídos em decidirem de forma positiva na empresa analisada,
enxergando o BS como informação adicional. Diante das limitações do individuo em interpretar
de forma completa todas as informações disponíveis, a divulgação do BS poderá apresentar um
cenário mais favorável podendo auxilia-lo de forma a identificar a melhor decisão. Ao mudarem
sua percepção diante da divulgação do BS, e enxergando-o como uma nova informação, estará se
caracterizando o efeito formulação nesse comportamento.
2.2 Balanço Social
Em Martins et al (2013) afirma que as primeiras discussões no Brasil sobre o
comportamento ético das empresas surgiu na década de 60, se intensificando partir da década de
90 e com maior adesão por partes das empresas a partir de 2000. Em 1974 ocorreu à primeira
discursão a respeito do BS através da ADCR (Associação de Dirigentes e Cristões e
Empregados), mas somente em 1977 iniciaram as propostas de modelos de BS, porém não obteve
êxito. Em Ferreira et al (2011) afirma que o primeiro registro da publicação do balanço social por
uma empresa brasileira foi em 1984 pela Nitrofertil (BA). A CVM emitiu em 1997 uma instrução
normativa indicando que as empresas de capital aberto deveriam publicar o balanço social nas
suas demonstrações.
Ferreira et al (2011) relata que na década de noventa aconteceram algumas tentativas de
regulamentação da obrigatoriedade da divulgação do BS, através de projetos de lei, mas todas
16
não obtiveram êxito em sua aprovação. Atualmente alguns estados e municípios oferecem
incentivos por meio de prêmios, homenagens ou através da legislação local, para as empresas que
divulgam o BS nas suas demonstrações. Nos dias atuais não existe nenhuma legislação no âmbito
federal que obrigue as empresas a divulgarem o balanço social, assim como não existe padrão
único do modelo do BS, o mais adotado no Brasil é o modelo do IBASE.
O modelo de BS do IBASE é estruturado por sete grupos, que evidenciam as ações
sociais e ambientais internas e externas de uma organização, são eles: Base de cálculo,
indicadores sociais internos, indicadores sociais externos, indicadores ambientais, indicadores do
corpo funcional, informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial e outras
informações.
O balanço social como demonstrativo financeiro que divulga as ações sociais e ambientais
das empresas, serve também como instrumento estratégico para agregar valor econômico para as
organizações e atrair novos investidores e clientes, aliado com a intenção de ajudar à sociedade
oferecendo assistência as pessoas mais necessitadas e contribuindo para o cuidado com meio
ambiente. Apesar de não ser uma opinião unanime sobre as empresas atuarem na área social e
ambiental, essas ações certamente contribuem de forma positiva para a construção de uma boa
imagem das organizações. Um conceito do que venha a ser o balanço social está descrito a seguir:
O Balanço Social é composto por um conjunto de demonstrações de caráter
contábil, econômico e financeiro, cujo objetivo é levar ao conhecimento da
sociedade o maior número de informações possíveis sobre o comprometimento
social da empresa que o publica [...]. (VIEIRA, 2008, p. 5)
O Balanço social apresenta todos os investimentos realizados pela organização no que se
refere a melhorias nas condições de trabalho, valorização dos seus empregados, ações internas
para minimizar desperdícios e maximizar ao máximo a utilização das matérias primas disponíveis
no processo produtivo, ações para diminuir ou reparar danos provocados ao meio ambiente
proveniente da realização das atividades da empresa, ações sociais para a melhoria da qualidade
de vida da sociedade envolvida no meio em que está inserida a empresa, entre outros
investimentos socioambientais.
O balanço social pode fornecer informações de caráter qualitativo e quantitativo
das organizações, o seu comprometimento com o meio ambiente, com seus
17
colaboradores, com a geração e distribuição de riqueza e as mais variadas
formas para atender aos seus diversos tipos de usuários. (MAZZIONI; DI
DOMENICO; ZANIN, 2010, p.3).
Ao evidenciar o BS além de divulgar de forma transparente as ações sociais e ambientais
que a empresa realiza, mostrando o seu interesse na melhoria da qualidade de vida das pessoas,
faz com que todo esse esforço se transforme em marketing, divulgando a imagem de uma
empresa que realiza uma gestão de forma sustentável, atraindo assim o interesse de apoiadores e
consequentemente adicionado valor ao negócio.
A responsabilidade social está a cada dia mais evidente no mundo dos negócios surgindo
como um diferencial. Segundo Vieira (2008) é perceptível uma mudança no comportamento dos
consumidores, e se comprova que a riqueza gerada pelas empresas está ligada com as ações
sociais realizadas pelas mesmas. Existe uma maior conscientização por parte dos consumidores e
investidores na procura por empresas que possuem boas práticas e que invistam no social e no
meio ambiente, que agregue valor aos seus produtos e colaboradores e que realizem boas ações
no ambiente em que atuam.
A divulgação espontânea do BS é defendida por Perottoni (1998), argumentando que a
obrigatoriedade poderia limitar o nível de informações divulgadas comprometendo a finalidade
que se propõe o BS. Existem opiniões contrarias a padronização de um modelo único de BS, pois
os modelos propostos não abrangem as realidades das empresas, existe uma variada realidade de
situações que devem compor o demonstrativo. Perottoni (1998 apud FERREIRA et al, 2011, p.
7), defende a ideia de que “não deveria existir uma legislação que tornasse obrigatória a
divulgação das atividades sociais realizadas pelas empresas[...]a receptividade e os resultados
obtidos junto ao público seriam fatores motivadores”. A visão de uma gestão de transparência e
consciência do seu papel social dentro do ambiente onde se está inserido deveria ser fatores
norteadores para se decidir pela publicação do BS.
As empresas procuram atrair a atenção dos stakeholders através das ações sociais e
ambientais desenvolvidas pela organização, para que isso aconteça e necessário investir em boas
práticas que satisfaçam todos os envolvidos no ciclo comercial e a sociedade no geral. Sociedade
essa que se torna mais fiscalizadora das boas práticas sociais e ambientais pautados numa relação
ética entre empresa e sociedade, cobrando cada vez mais a prestação de conta sobre tais ações. O
18
Balanço Social é um instrumento divulgador das ações socioambientais das organizações com
gestões socialmente responsáveis. Autores descrevem a forma de atuação de uma gestão
socialmente responsável, no trecho a seguir:
A responsabilidade social corporativa pressupõe uma atuação organizacional
preocupada com o desenvolvimento sustentável, em que as dimensões
econômicas, sociais e ambientais sejam consideradas, e deve ser convergente
com as estratégias de sustentabilidade de longo prazo [...]. (MAZZIONI; DI
DOMENICO; ZANIN, 2010, p.3)
Existem questionamentos se as empresas que divulgam o balanço social têm o intuito de
divulgar o seu engajamento com as questões sociais e ambientais, por razões enobrecedoras, ou
por estratégias de autopromoção, com o intuído de divulgar uma boa imagem da organização a
fim de conquistar mais apoiadores. Uma gestão sustentável prioriza o desenvolvimento
sustentável de forma a conciliar o crescimento econômico com investimentos na preservação do
meio ambiente e melhorias na qualidade de vida das pessoas no meio em que a organização está
inserida.
A ideia de que desenvolvimento econômico pode andar juntos com o desenvolvimento
social e ambiental, através de uma gestão que preza pela sustentabilidade do negócio é defendida
por Vieira (2008, p.8) “A responsabilidade social passa, portanto, também pelo princípio de
desenvolvimento sustentável que, numa concepção prática, envolve o crescimento econômico
sem prejudicar o progresso social e a preservação do meio ambiente”.
É observada a mudança de comportamento por parte dos consumidores que estão mais
conscientes do seu papel de agente fiscalizador por práticas que melhorem as condições de vida
da população e preservem o meio ambiente. Oferecer um produto de qualidade a um preço justo,
oferecer condições adequadas de trabalho e boas remunerações para seus colaboradores,
minimizar os danos causados ao meio ambiente decorrentes das atividades da empresa e investir
na melhoria na qualidade de vida da sociedade em geral, essas são atitudes que certamente irão
atrair o olhar dos consumidores e apoiadores de uma gestão comprometida com uma situação
social mais justa.
As empresas realizando as tarefas que o estado por ineficiência muitas vezes deixa de
cumprir, assumindo o papel de agente social modificador da realidade do meio em que estão
inseridos. O BS como parte integrante das demonstrações contábeis servirá de ferramenta de
informação para divulgar o compromisso ético social realizado pela empresa, seja ele interno ou
19
externo, facilitando o acesso à informação aos diversos usuários. Mazzioni, Di Domenico e
Zanin (2010, p.5) salientam a importância da divulgação de relatórios sociais “Os relatórios
sociais que registram as ações de responsabilidade social geram transparência nas atividades,
demonstram o envolvimento da empresa com a sociedade e os benefícios proporcionados para a
comunidade em geral”.
Por se tratar de uma demonstração opcional, a divulgação do BS dá ênfase a uma gestão
de governança corporativa, já que a mesma preza por transparência na divulgação das ações
empresarias, quanto maior a evidenciação de como é investido os recursos da entidade maior
credibilidade será passada para os diversos tipos de usuários dessas informações, gerando uma
relação de confiança entre as partes envolvidas, diferencial competitivo e agregando valor
econômico ao negócio. Quanto maior o nível de transparência das informações financeiras entre
empresa e seus investidores e clientes, maior o grau de confiança estabelecido, porém deve-se
manter informações pertinentes à organização sob sigilo para que não comprometa a segurança
do negócio.
Jacques (2011, p. 10) afirma que “[...] as empresas que adotam boas práticas de
governança corporativa são melhores vistas pelo mercado de capitais devido ao maior nível de
evidenciação e transparência em suas informações [...]”.
A evidenciação do BS como informação adicional nas demonstrações contábeis, um
demonstrativo não obrigatório, mas que pode ser utilizado como um diferencial entre os
concorrentes, servindo para alavancar o marketing da empresa em um ambiente cada vez mais
competitivo. A divulgação de informações não obrigatórias como item adicional nas
demonstrações contábeis, pode provocar uma reação positiva nos usuários das informações ou
negativa para os que não concordam com a participação das empresas em ações sociais, e
defendem que o único objetivo da empresa deve ser o de gerar lucro, podendo provocar também
uma opinião de indiferença.
2.3 Contabilidade Comportamental
Segundo Siegel e Ramanauskas-Marconi (1989 apud LUCENA; FERNANDES; SILVA,
2011, p. 3-4) os primeiros registros sobre os estudos relacionados a assuntos comportamentais na
20
contabilidade se iniciaram na década de 1950, o estudo nessa área vem crescendo cada vez mais
com o passar dos anos com a publicação de estudos acadêmicos. A contabilidade comportamental
surge como um trabalho que trata do comportamento dos usuários da contabilidade diante da
tomada de decisão tomando como orientação as informações fornecidas pela contabilidade,
incluindo também o que é produzido como informações adicionais, e como essas informações
podem mudar determinado comportamento.
A contabilidade comportamental serve como ponte de ligação entre a contabilidade e a
ciência social, estudando o comportamento dos operadores de contabilidade no momento da
produção dos demonstrativos contábeis e como os usuários dessas informações sofrem influencia
no momento de decisão, como é confirmado no trecho seguinte.
“A Contabilidade Comportamental é uma interface da contabilidade com a
ciência social, preocupando-se com a maneira como o comportamento humano
influencia dados contábeis e decisões de negócios e como a informação contábil
afeta decisões de negócio e o comportamento humano” (CARVALHO et al,
2013, p.3).
A contabilidade comportamental estuda a maneira como os vieses cognitivos acontecem
no comportamento dos usuários da contabilidade, no momento decisório, acerca das
demonstrações contábeis, podendo modificar a maneira tradicional de se fazer contabilidade,
sendo necessário a confirmação do surgimento desses comportamentos e seus efeitos.
O universo de estudos da Contabilidade Comportamental está inserido na
identificação de como as falhas cognitivas, os atalhos mentais e os julgamentos
podem influenciar o processo de decisão dos usuários externos e/ou internos
[...]. (LUCENA; FERNANDES; SILVA, 2011, p. 6).
A contabilidade comportamental como ferramenta influenciadora no momento da
realização da contabilidade, no que se refere à maneira como são elaboradas os demonstrativos,
procurando influenciar de maneira positiva os usuários dessas informações.
Lucena, Fernandes e Silva (2011) relatam que a contabilidade comportamental procura
interpretar como a atuação de fatores cognitivos pode alterar as decisões dos usuários das
informações contábeis, e como podem mudar a visão empresarial no que se refere ao
comportamento dos tomadores de decisão, afirmando que falhas cognitivas são reais e podem
mudar o comportamento no momento da decisão.
21
Tversky e Kahneman (1974 apud PEREIRA et al, 2017, p. 3) “apontaram as emoções e a
falta de conhecimento apropriado sobre a situação em que se busca tomada de decisão, como
limitações da racionalidade do indivíduo”.
As limitações que diminuem a percepção dos indivíduos no momento de decisão são
consequências de fatores ligados a motivos psicológicos e profissionais, isso faz com que em
determinados momento ocorram viesses cognitivos em suas decisões.
Segundo Quintanilha e Macedo (2013, p.4) “As emoções aparecem como influência nas
escolhas de um homem que até então era visto como Econômico [...] E a falta de conhecimento
pode advir de diversos fatores como: profissionais pouco qualificados ou assimetria de
informações [...]”.
A forma de se fazer contabilidade, seja nas práticas adotadas e/ou métodos aplicados
podem influenciar nas decisões dos usuários, ficando evidente o poder de influência dos
profissionais de contabilidade, que podem usa-la de forma a favorecer a organização em
determinadas situações e se autopromoverem como profissionais. Informações adicionais ou a
maneira como são apresentadas, poderá a atrair os usuários de forma a decidir de uma maneira
mais consciente ou provocando vieses cognitivos, interpretando de forma limitada as informações
divulgadas. O efeito formulação está presente na interpretação dos operadores de contabilidade
no momento da elaboração dos demonstrativos, de forma a atrair os usuários em decisões de
apoio à empresa.
Pereira; Silva e Tavares JR (2017, p. 3) afirmam que o formato escolhido para
apresentação das informações contábeis é escolhido pelos administradores do negócio, sofrendo
influencia dos stakenholders, podendo provocar vieses tanto nos operadores quanto nos usuários.
Devido à influência dos operadores de contabilidade sobre as demonstrações contábeis e a
sua real intenção de induzir os usuários na tomada de decisão, para atrair um maior número de
apoiadores e se auto promover como profissionais no mercado, torna-se necessário identificar se
os efeitos cognitivos no momento da elaboração das demonstrações surtirão os efeitos esperados,
e se esses efeitos cognitivos, por parte dos usuários, serão mantidos.
De acordo com Carvalho et al (2013) a contabilidade comportamental inclui também o
estudo do comportamento dos operadores de contabilidade no momento das escolhas dos
22
métodos e práticas contábeis adotadas na elaboração dos relatórios, podendo atrair ou afastar
possíveis apoiadores do negócio.
Lima e Silva (2013, p.3) afirmam que “A racionalidade implica que os indivíduos, no
processo de tomada de decisão, consideram todas as alternativas possíveis e possui determinado
padrão em suas preferências (maximização do retorno e aversão ao risco)”. Trazendo esse
pensamento para a realidade do estudo das empresas que evidenciam o BS em suas
demonstrações, apresentarão uma situação satisfatória, provavelmente passará uma imagem de
maior segurança para a cadeia de pessoas envolvidas no seu ciclo de negócio, fazendo com que a
ideia de prováveis retornos financeiros seja maximizada e de possíveis perdas sejam
minimizadas, induzindo a retornos positivos.
[...] o ser humano não age tão somente de forma racional, as suas decisões
ganham quase sempre um cunho psicológico, em que se avaliam os resultados
originados pelas suas decisões, pois questões do tipo perda, ganhos, risco,
retorno, fracasso, excesso de confiança, podem induzir suas escolhas.
(LUCENA, 2011, p.3)
23
3. METODOLOGIA
Com a aplicação dos elementos metodológicos pretende-se encontrar as respostas para o
problema de pesquisa, correlacionando as variáveis escolhidas para análise, construindo situações
que conduzam ao esclarecimento de prováveis comportamentos da amostra em estudo, com o
auxílio da estatística.
Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem
como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. [...] A
pesquisa é requerida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a
utilização cuidadosa de métodos e técnicas de investigação científica. (GIL,
2010, p.1).
Segundo Gil (2010) “as pesquisas descritivas se objetivam em analisar o comportamento
de determinados grupos específicos, utilizando variáveis e correlacionando-as”, nesse sentido, o
presente trabalho pode ser caracterizado como uma pesquisa descritiva, considerando que foi
analisado o comportamento dos estudantes do curso de Ciências contábeis da UFRN no momento
decisório diante da divulgação do BS e de informações adicionais em formato de textos e
gráficos.
A forma de abordagem da pesquisa se apresenta de forma quantitativa, pois pretende
avaliar a relação entre as variáveis utilizadas no questionário, aplicando métodos estatísticos para
análise dos dados coletados. Fazendo uma correspondência entre as variáveis em estudo,
relacionando o nível de evidenciação das demonstrações e situações financeiras distintas de duas
empresas fictícias, Gama e Delta.
Essa pesquisa é considerada como quase-experimento, pois o ambiente e o grupo da
pesquisa não foram manipulados e/ou controlados e a determinação do tratamento pode ser tratado
como não aleatória. Foi aplicado um questionário apresentando cinco situações em que Gama e
Delta divulgam demonstrações contábeis, onde os estudantes de contabilidade da UFRN teriam
que analisar as informações divulgadas e atribuir um valor as ações das duas empresas, dentro de
uma margem de cotação do mercado, divulgada no questionário.
O presente estudo tomou como base a tese de doutorado de Lima (2012), em sua tese ele
analisou o impacto da divulgação adicional de informações contábeis com o uso de recursos
textuais e/ou gráficos sobre a percepção dos indivíduos quanto ao nível de disclosure de uma
entidade. No meu estudo, além de analisar o comportamento dos avaliadores diante da divulgação
24
de informações contábeis adicionais, apresentadas em formato de textos e gráficos, diferenciou-
se da tese a parte em que analisou-se a percepção dos respondentes, na avaliação das ações de
uma empresa, diante da divulgação do BS como informação adicional nas demonstrações
contábeis, observando a presença do efeito formulação no comportamento dos respondentes da
pesquisa.
3.1 População
O universo da pesquisa compreende os alunos do curso de Ciências Contábeis da UFRN.
A escolha desse público dar-se-á devido à familiarização dos alunos ao tema em estudo e pela
conveniência no acesso para a aplicação do questionário, fazendo com que o rendimento dos
resultados esperados com a pesquisa seja maximizado. Os questionários foram aplicados em sala
de aula, com os alunos do primeiro ao nono período que estavam presentes, com o objetivo de
atingir uma amostra que traduza o comportamento desse grupo.
3.2 Instrumento de Coleta e Experimento
Nesta pesquisa, foi aplicado um questionário contendo a simulação de demonstrativos
contábeis e informações adicionais das empresas Gama e Delta, aonde uma das empresas
apresenta em determinados momentos o BS e informações extras em formato de notas
explicativas e gráficos como informações adicionais.
Esse questionário tem como objetivo verificar a ocorrência do efeito formulação por parte
dos respondentes, assim como do efeito da apresentação do BS. Além do balanço Social,
informações referentes a projeções econômico-financeiras em formato de notas explicativas e
gráficos, também foram evidenciadas.
A quantidade de questionários aplicados totalizou um número de 205, sendo que após
feita a tabulação dos dados obteve-se um total de 142 questionários válidos e 63 inválidos, dentre
as falhas constatou-se a precificação das ações das empresas fora da margem dos valores da
cotação indicada no questionário e a falta de resposta de algum dos itens de identificação da
caracterização do respondente.
25
Considerando os períodos iniciais, as turmas do primeiro ao quinto período e os períodos
finais, as do sexto ao nono, dos questionários validos 84 alunos são dos períodos iniciais e 57 são
dos períodos finais do curso, isso se dá devido às turmas iniciais apresentarem um número maior
de alunos. Foram aplicados questionários nas turmas do primeiro ao nono períodos dos alunos
graduandos do curso de ciências contábeis da UFRN, no início do mês de junho de 2018, de
forma presencial. Foi aplicado um único modelo de questionário para todos os participantes
da pesquisa. As perguntas iniciais foram direcionadas para identificar o perfil dos alunos, como
gênero, idade e grau de integralização do curso, estado civil, inserção no mercado de trabalho e
renda.
Posteriormente, foram apresentadas as informações contábeis das duas empresas para
análise e precificação de suas ações, dentro de uma margem de cotação de mercado para
empresas do setor em que ambas estão inseridas, identificando a provável existência do efeito
formulação nas decisões dos estudantes.
Constituía o questionário cinco questões contendo informações adicionais envolvendo a
evidenciação do balanço e social e informações adicionais econômico-financeiras, as quais
simulavam situações em que o aluno tinha que decidir pela empresa que lhe despertasse maior
confiança e interesse em possíveis investimentos, baseando-se nas informações apresentadas. A
forma como os cinco cenários se apresentam, foi intencional para que se perceba a importância
dada às empresas que divulgam o BS como informação adicional em suas demonstrações.
Análise inicial do comportamento decisório por parte dos respondentes, parte do momento
em são apresentadas informações contábeis de Gama e Delta em níveis iguais e com situações
econômico-financeiras semelhantes. Análise em momentos posteriores com a divulgação de
informações adicionais por parte de uma das empresas, por meio do BS e informações adicionais,
e situações patrimoniais e financeiras semelhantes das duas empresas, já que a diferença dos
valores das demonstrações contábeis no primeiro momento, das duas empresas, possui uma
diferença de apenas 3%, diferença essa que, se for feito testes de algum índice financeiro das
duas empresas, obterá os mesmos resultados.
26
Momento 1:
As duas empresas divulgam o mesmo nível de informações, são apresentadas as
demonstrações contábeis do terceiro e do quarto trimestre de Gama e Delta (Balanço Patrimonial,
Demonstração do Resultado do exercício) e uma projeção para o trimestre posterior da Receita
Bruta de Vendas, Lucro Líquido e Ativo Circulante, é apresentada uma cotação de meados do
segundo trimestre, das ações de Gama e Delta com valores iguais. Em seguida e informado uma
margem de cotação de R$ 65,00 à R$ 80,00 para precificação das duas empresas, baseado numa
cotação de mercado de empresas do mesmo setor de atividade de Gama e Delta. Os valores das
demonstrações de Gama são todos fictícios, criados exclusivamente para aplicação do teste, já os
valores das demonstrações de Delta foram deduzidos 3% dos valores de Gama, a partir dessa
margem de diferença entende-se que as empresas apresentam situação econômico-financeira
semelhante, e se caso haja a utilização de algum calculo utilizando quaisquer umas das contas
para obter a avalição de algum índice de desempenho os resultados serão bem próximos. A seguir
pede-se para precificar as ações das duas empresas.
Momento 2:
Nesse segundo momento, Gama e Delta apresentam as mesmas informações do primeiro
momento com situações econômico-financeiras semelhantes (Balanço Patrimonial,
Demonstração do Resultado do Exercício e Projeções de alguns indicadores com situações
econômicas financeiras semelhantes). A empresa Delta divulga o BS nas suas demonstrações, ao
passo que gama não divulga nenhuma informação extra.
Momento 3:
Nesse momento as duas empresas divulgam as mesmas informações apresentadas no
primeiro momento (Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício e Projeções
de alguns indicadores) com situações econômicas financeiras semelhantes. A empresa Delta
divulga informações em formato de texto discorrendo sobre seu desempenho nas atividades
operacionais e as perspectivas microeconômicas para o setor de atividade. Gama não divulgou
informações adicionais.
27
Momento 4:
Nesse momento Gama e Delta divulgam o Balanço Patrimonial, Demonstração do
Resultado do Exercício e Projeções de alguns indicadores com situações econômicas financeiras
semelhantes que já foram disponibilizadas no primeiro momento. Delta divulgou informações
adicionais, enfatizando por meio de textos seu desempenho no Ativo Não Circulante e Receita
Bruta de Vendas, além de uma projeção positiva para esse ultimo indicador, Lembrando que tais
dados constam nas demonstrações contábeis divulgas pelas duas empresas em todos os
momentos. Gama continuou sem divulgar nenhuma informação extra.
Momento 5:
No momento 5, é apresentado os mesmos demonstrativos apresentados no primeiro
momento, com situações econômico-financeiras parecidas. Delta utiliza de recursos textuais e
gráficos para enfatizar o desempenho do Lucro Líquido e Ativo Circulante dos dois trimestres e a
projeção para o semestre posterior, lembrando que essas informações constam nas demonstrações
contábeis divulgadas anteriormente pelas duas empresas. Gama não divulgou informação
adicional.
Para análise dos resultados foi utilizada a estatística descritiva, aplicando o teste de
frequência das variáveis para identificar as características do perfil dos participantes do teste.
Para averiguar o nível de significância dos valores das médias dos preços atribuídos as ações das
duas empresas, foi aplicado o Teste- T, considerando um valor máximo para o p-value de 0,05,
como nível de significância considerável.
28
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Considerando somente os questionários com todas as questões respondidas e precificadas
na margem sugerida, chegou-se a um número de 142 questionários válidos, a primeira parte do
questionário buscava caracterizar o perfil do respondente obtendo os seguintes resultados: a
divisão do gênero foi de 77(54,23%) homens e 65(45,77%) mulheres, a idade média foi de
aproximadamente 25 anos.
A grande maioria dos respondentes são solteiros representando um total de 110 (77,46%)
estudantes, seguido dos casados totalizando 22(15,49) estudantes, logo após temos os em união
estável com 8 (5,63%) estudantes e por último os divorciados com 2(1,41%) estudantes. No que
se refere à situação da inserção no mercado de trabalho do total dos respondentes 57 (40,14%)
tem emprego fixo, 42 (29,58 %) estão desempregados, 31(21,83%) estão estagiando, 6 (4,23%)
são empresários, 5 ( 3,52%) são autônomos e 1( 0,70%) está aposentado. A média da renda
familiar dos respondentes foi de R$ 5.134, 96 reais, e a média do número de pessoas que vivem
com esse valor foi de aproximadamente 4 pessoas.
Gráfico 1: Perfil do Respondentes :Gênero
Considerando os alunos iniciantes do curso, os que estudam do primeiro ao quinto período
e períodos finais do sexto ao nono períodos, 85 (59,15%) alunos estudam nos períodos iniciais e
54,23%
45,77% Maculino
Feminino
29
57 (40,14%) nos períodos finais. O gráfico a seguir apresenta de forma discriminada a divisão
dos alunos por período:
Gráfico 2: Perfil dos Respondentes: Período
Para chegarmos às conclusões acerca do estudo, obtivemos as médias dos preços
atribuídos às ações de Gama e Delta nos cincos momentos, pode-se verificar que as médias de
preços das ações das duas empresas variaram a cada momento, como mostra o gráfico 3.
12,68%
19,72%
16,90%
3,52%6,34%
13,38%
8,45%
12,68%
5,63%1° Período
2° Período
3° Período
4° Período
5° Período
6° Período
7° Período
8° Período
9° Período
30
Gráfico 3: Média do Preço das Ações
Fonte: Dados da Pesquisa, 2018
No momento 1, as duas empresas divulgam o mesmo nível de informações, sendo que
Gama apresenta uma pequena vantagem em termos absolutos, pois os valores das demonstrações
contábeis de Delta apresentam uma redução de 3% em relação aos valores das demonstrações de
Gama. Porém essa diferença não pode ser considerada, já que se forem calculados índices de
desempenho econômico-financeiro das demonstrações contábeis de Gama e Delta, divulgadas no
primeiro momento, obterão resultados iguais para as duas empresas.
No momento 2, Delta divulga o BS, que não é uma demonstração obrigatória, no
momento 3 ela apresenta informações sobre o cenário microeconômico, no qual Gama também se
insere, e nos momentos 4 e 5 apresenta informações sobre desempenho e projeções sobre índices
já divulgados no momento 1. Nesse caso, havendo uma análise ótima das informações divulgadas
nos cinco momentos, as informações adicionais divulgadas por Delta não deveriam influenciar a
percepção dos estudantes, já que a situação econômico-financeira das duas empresas se mantem
no mesmo nível durante os cinco momentos.
Através do gráfico 3 observamos que a medida que Delta vai divulgando informações
adicionais, provoca uma percepção positiva na avaliação dos respondentes, refletida na
73,59
69,74 69,62
68,26 68,53
71,45
73,9374,73
75,36
76,66
66,00
68,00
70,00
72,00
74,00
76,00
78,00
1 2 3 4 5
Gama
Delta
31
precificação das ações, em contra partida, Gama que não divulga nenhuma informação extra,
ocorre uma percepção negativa na avaliação dos preços das ações, sofrendo uma diminuição em
sua média de preços, se comparando com momento 1.
Tabela 1: Estatística Descritiva – Análise Geral
Fonte: Dados da Pesquisa, 2018
A aplicação do teste estatístico é necessária para verificar se há diferença entre as médias
de precificação obtidas nos cinco momentos, observando o nível de significância. De acordo com
a tabela 1, foi comprovado estatisticamente que, nos cinco momentos, as variações das médias de
preços atribuídas para as duas empresas são consideradas significativamente diferentes, é o que
mostra resultado do p-value do teste t que foi de 0,000 em todos os momentos. Até mesmo no
momento 1, onde Gama e Delta apresentam o mesmo nível de informações, e que as ações de
Gama receberam uma média de preços melhor que as de Delta, com uma diferença de R$ 2,14,
de acordo com p-value do teste t essa diferença pode ser considerada estatisticamente válida,
conforme tabela 1.
Momentos Empresas Média Desvio
Padrão
Teste T p-value
1 Gama
Delta
73,58
71,44
3,58
3,73 5,222 0,000
2 Gama
Delta
69,73
73,92
4,10
4,21 -7,908 0,000
3 Gama
Delta
69,62
74,72
4,51
3,86 -10,193 0,000
4 Gama
Delta
68,26
75,36
3,83
4,08 -14,953 0,000
5 Gama
Delta
68,52
76,66
4,62
4,06 -13,972 0,000
32
Essa avaliação favorável a Gama, no primeiro momento, pode ter ocorrido por ela
apresentar valores nas suas Demonstrações maiores do que os de Delta, influenciando assim na
precificação a maior de suas ações, por parte dos respondentes. Situação essa, que se inverte no
momento 2, no qual as ações de Delta são melhor avaliadas que as de Gama, aumentando essa
diferença a cada momento, a medida em que Delta vai divulgando informações financeiras extras
no decorrer dos momentos no contra ponto em que Gama não divulga nenhuma informação
adicional.
Acredita-se que à percepção dos respondentes muda no momento em que Delta vai
divulgando informações adicionais, passando a avaliar melhor o valor de suas ações. Avaliação
oposta ocorre com as ações de Gama, que não divulga nenhuma informação adicional, sendo
avaliadas a um preço menor, essa falta de divulgação de informações adicionais pode ter
impactado de forma negativa a percepção dos respondentes. Supõe-se que ao divulgar mais
informações que Gama, diminua-se o nível de assimetria informacional entre o agente e o usuário
das informações, passando uma imagem de maior transparência nas suas ações gerando um nível
maior de confiança para os seus avaliadores. Avalia-se também que ao divulgar o BS apresenta
uma imagem de empresa preocupada com o cuidado ao meio ambiente através das ações
socioambientais, provocando assim uma maior empatia por parte dos respondentes.
Verifica-se também um aumento da diferença na média dos preços das ações de Gama e
Delta durante o cinco momentos, onde Gama foi melhor avaliada somente no primeiro momento
quando obteve uma média de R$ 73,59 e Delta de R$ 71,45. No segundo momento, quando Delta
começa a divulgar informações adicionais, a situação de avaliação das duas empresas se inverte e
a diferença só aumenta até o quinto momento. Nos momentos 2, 3, 4 e 5 as diferenças das médias
de preços são de R$ 4,19, R$ 5,11, R$ 7,10 e R$ 8,13 respectivamente. Considerando os
resultados obtidos com a análise estatística, obteve- significância na diferença entre os preços
atribuídos as duas empresas nos cinco momentos da avaliação (p-value do teste t de 0,000 em
todos os momentos), conforme apresentado na tabela 1.
33
Tabela 2: Preços das ações de Gama e Delta entre os momentos
Fonte: Dados da Pesquisa, 2018
Nos momentos 2 e 4 as médias de preços de Gama foram de R$ 69,74 e R$68,26
respectivamente, um valor considerado estatisticamente significativo com base no p-value obtido
que foi de 0,000 para os dois momentos. Nos momentos 2 e 5, nos quais Delta divulgou o BS e
informações sobre desempenho e projeção do lucro líquido e do ativo não circulante
respectivamente, utilizando-se de recursos textuais e gráficos, obteve uma média de preço de R$
73,93 e R$ 76,66 respectivamente, o p-value obtido nos dois momentos foi de 0,000 e 0,001
respectivamente, um nível de significância dentro da margem considerável, o que é possível
comprovar estatisticamente essa variação.
No momento 3, em que novas informações sobre perspectivas econômicas de mercado
são divulgadas por Delta, a média de preço da ação de Delta aumentou R$ 0,80, com um p-value
de 0,036, portanto, estatisticamente significante. Já no momento 3, Gama obteve uma diferença
de R$ 0,12 a menos que no momento 2, o p-value obtido foi de 0,751,valor acima da margem
considerado pelo teste, que é de 0,05, obtendo um nível de significância irrelevante, não podendo
considerar a diferença entre as médias nos dois momentos..
Gama Delta
Momentos Teste T p-value Teste T p-value
1 e 2 9,39 0,000 -6,376 0,000
2 e 3 0,318 0,751 -2,117 0,036
3 e 4 4,481 0,000 -1,713 0,089
4 e 5 -0,871 0,386 -3,472 0,001
1 e 5 10,979 0,000 -10,948 0,000
34
No momento 5, em que o preço da ação de Gama é avaliado á R$ 68,53, se comparado ao
valor da avaliação do momento 4, houve um aumento de R$ 0,27, de acordo com o nível obtido
do p-value de 0,386, obtendo um valor acima do considerado pelo Teste- t, estatisticamente essa
diferença não apresenta significância, não existindo diferença entre as médias. No momento 4,
quando informações sobre desempenho e projeções de investimentos no ativo não circulante e
receita bruta de vendas foram divulgadas por Delta, o preço das ações de Delta foram avaliadas
no valor de R$ 75,36, tendo um aumento de R$ 0,63, essa variação obteve um p-value de 0,089,
considerando uma margem de confiança de 10% para teste t, pode-se aceitar esse valor como de
nível significante.
As médias nos preços de Gama nos momentos 1 e 5, foram de R$ 73,59 e R$ 68,53, um
decréscimo de R$ 5,06, um valor bem expressivo, em relação aos demais, essa diferença é
comprovada estatisticamente pelo p-value do teste t que foi de 0,000. Sugere-se que essa
desvalorização das ações de Gama se dá pela falta de divulgação de informações adicionais nos
momentos do teste, ao contrário de Delta, que divulgou informações extras no decorrer dos
momentos, mudando a percepção dos respondentes no momento da avaliação das ações, fazendo
com que fosse melhor avaliada.
Já a diferença da média de preço das ações de Delta nos momentos 1 e 5, foi crescente no
valor de R$ 5,21. Diferença considerada significante pelo p-value do teste t de 0,000,
confirmando essa variação. Como pode-se visualizar no gráfico 4, no momento 5 a diferença na
avaliação das ações de Gama e Delta alcança seu maior nível, com uma diferença de R$ 8,13.
35
Gráfico 4: Média de Preços das Ações no 1° e 5° momentos (Gama e Delta)
Os resultados obtidos com experimento comprova estatisticamente a diferença das médias
atribuídas entre Gama e Delta nos cinco momentos dentro da margem do teste aplicado, obtendo
um p-value de 0,000, um nível de significância considerado pelo Teste t, em todos os momentos.
Já os resultados estatísticos obtidos entre as médias de cada empresa de forma separada, em cada
momento, apesar de não ter sido total, foi bem expressivo obtendo um nível de significância em
quase todos os momentos.
Os resultados comprovam que a percepção dos respondentes foi influenciada pela
divulgação do BS e pelo formato como as informações contábeis foram apresentadas, se
assemelhando aos resultados de outros estudos sobre o tema, como o de Quintanilha e Macêdo
(2013) que comprovou a presença parcial do efeito formulação nas escolhas dos respondentes do
experimento sobre a análise do comportamento decisório sob a perspectiva da teoria dos
prospectos; em Ferreira et al (2011) foi comprovado a geração de valor econômico com a
divulgação do BS na sociedade; Mazzioni, Di Domenico e Zanin (2010) comprovam a
contribuição do BS no processo decisório; Jacques et al (2011) conclui nos seus resultados sobre
a importância da adoção de boas práticas de Governança Corporativa, como a transparência, para
se destacar no mercado; em Carvalho et al (2013) comprovou parcialmente que a forma como as
demonstrações contábeis são apresentadas pode mudar a percepção dos usuários da
73,59
71,45
68,53
76,66
64,00
66,00
68,00
70,00
72,00
74,00
76,00
78,00
Gama Delta
1° Momento
5°Momento
36
contabilidade; Martins et al (2013) concluiu sobre a importância da aplicabilidade do BS na
contabilidade de universidades e sua viabilidade.
Nos estudos de Lima et al( 2012), Lima (2012) e Lima e Silva(2013) comprovam que o
formato como são apresentadas as informações contábeis podem influenciar na percepção dos
avaliadores no momento decisório. Porem em outros estudos foram testados comparativos de
formatos na maneira de divulgar informações contábeis e não foi constatado mudança
considerável na avaliação por parte dos usuários.
37
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados obtidos com a aplicação do experimento junto aos alunos do curso
de Ciências Contábeis da UFRN, estatisticamente ficou confirmado à influência que informações
adicionais, como o Balanço Social, exerce sobre a percepção dos tomadores de decisão, entende-
se que uma avaliação positiva é feita pelos usuários da contabilidade para as empresas que
divulgam relatórios financeiros evidenciando ações sociais e ambientais, bem como informações
adicionais e recursos visuais. Como já mencionado anteriormente no estudo, empresas que
investem em ações sociais e ambientais são melhores avaliadas pelos consumidores e
investidores, despertando o interesse dos stakeholders.
Os resultados obtidos nesse trabalho corroboram a tese de doutorado de Lima (2011), em
que a percepção dos usuários da contabilidade é influenciada pela forma como as informações
contábeis são apresentadas. A análise dos resultados confirma a presença do efeito formulação
nas decisões dos participantes, verificou-se que a cada momento em que Delta divulgava um
nova informação o preço de sua ação foi melhor avaliado que a de Gama, consequentemente a
falta de divulgação por parte de Gama surtiu efeito contrário, já que a cada momento em que não
divulgou nenhuma informação extra suas ações sofreram uma desvalorização constante nos
momentos de avaliação.
Entende-se que, a cada momento em que Delta evidencia um maior numero de
informações passou para seus avaliadores, uma imagem de maior transparência em suas
transações diminuindo a assimetria informacional e passando um maior nível de confiança para
os usuários das informações. Corroborando com o que foi mencionado no trabalho, afirmando
que a divulgação de informações adicionais diminui a assimetria informacional entre o agente e o
usuário da informação, transmitindo mais confiança na relação entre a empresa e os usuários das
informações. Quanto maior o nível de Disclosure contábil disponível melhor a avaliação feita
pelos seus usuários.
A partir das conclusões obtidas com esse estudo, pretende-se auxiliar os operadores da
contabilidade em elaborar relatórios contábeis em um formato mais atrativo para que possam
melhorar seu desempenho profissional e atingir os objetivos da contabilidade, que é o de orientar
os usuários das informações contábeis no momento decisório. E que o resultado obtido com a
38
divulgação do BS, que além da utilização como uma estratégia de marketing, sirva de inspiração
para as empresas em divulgar suas ações na área social e ambiental, utilizando-se dessa
ferramenta tão importante de transparência.
Como em alguns processos de pesquisas encontramos certas limitações, o acesso às obras
traduzidas sobre finanças comportamentais foi uma delas, assim com a amostragem restrita para
análise da pesquisa e o tempo limitado para ampliar a quantidade de informações de cunho social
para verificar melhor a percepção das pessoas ao terem acesso a essas informações divulgadas
pelas empresas. Sugere-se a ampliação da amostra analisada e uma maior variedade de
informações de cunho social para compor o instrumento de coleta, a fim de avaliar melhor a
percepção das pessoas sobre as ações sociais realizadas pelas empresas.
39
REFERÊNCIAS:
BARRETO, Patrycia Scavello; MACEDO, Marcelo Alvaro da Silva; ALVES, Francisco Jose
dos Santos. Os Efeitos Framing e Certeza sob a Ótica da tomada de Decisão em Ambiente
Contábil. Revista de Administração, Contabilidade e Economia da Fundace, v. 5, n. 2, 2014.
CARVALHO, V. G. et al. A forma como o balanço patrimonial é apresentado altera a percepção
do usuário externo quanto à interpretação do conteúdo informacional? uma Investigação no
contexto brasileiro e cabo-Verdiano. Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis,
v. 10, n. 21, p. 71-86, set./dez. 2013.
FERREIRA, R. N. et al. Investimentos sociais e riqueza gerada: uma análise a partir do balanço
social. Pretexto, Belo Horizonte, v. 12, n.4, p. 09-32, out. /dez. 2011.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
JACQUES, F. V. S. et al. Contabilidade e a sua relevância nas boas práticas de governança
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jul./dez. 2011.
LIMA, D. H. S.; SILVA, C. A. T. Formulation effect: uma análise da influência da forma de
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