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Júlio César Teixeira da Silva

EFICIÊNCIA DO PROCESSO DE OBTENÇÃO DO BIODIESEL DE GIRASSOL

USANDO O CATALISADOR KNO3/Al2O3

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Química da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como parte dos requisitos para a obtenção

do título de Mestre em Química.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Souza de Araujo

Natal – RN

2012

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Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do Instituto de Química

Silva, Júlio César Teixeira da. Eficiência do processo de obtenção do biodiesel de girassol usando o catalisador

KNO3/Al2O3 / Júlio César Teixeira da Silva. Natal, RN, 2012 77 f.

Orientador: Antonio Souza de Araujo Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química.

1. Alumina- Al2O3 - Dissertação. 2. KNO3/Al2O3 - Dissertação. 3. Óleo de

girassol – Dissertação. 4. Transesterificação - Dissertação. 5. Biodiesel – Dissertação. 6. Catalisador heterogêneo - Dissertação. I. Araújo, Antonio Souza de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UFRN/BSE- Instituto de Química CDU 666.762.11(043)

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AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente por ter me abençoado e me possibilitado a oportunidade de cursar um

mestrado, que era um sonho e que hoje me vejo realizado em mais uma etapa de minha vida.

A Minha esposa, Jackeline, pela compreensão que teve durante os dois anos em que passei,

durante a realização desse sonho, e pela força dada nas horas mais difíceis, em que me via

cansado, mas ela me incentivava e dizia que eu iria conseguir.

A Meus pais, Maria do Carmo e Sebastião Renato, por toda a educação dada a mim, além do

incentivo e força para que eu conseguisse concluir meu trabalho de pesquisa.

Ao meu orientador, o professor Antônio, por toda a confiança, disponibilidade e paciência

que teve comigo, durante este período.

Ao Programa de Pós-graduação em Química da UFRN (PPGQ), especialmente ao

professor Antônio e a funcionária Gisele pela oportunidade e paciência que tiveram comigo

durante a realização deste trabalho.

Aos professores, meus mestres que contribuíram de uma forma ou de outra para o

enriquecimento do meu conhecimento científico e de mundo, em especial a Márcia Gorete,

Ótom, Ademir, Fabina, Josivânia, Humberto e Franklin.

Aos meus amigos do Laboratório de Catálise e petroquímica (LCP), por todos os

conhecimentos adquiridos e compartilhados dentro do laboratório, a Geraldo, Ana cláudia,

Vinícius, por todo apoio e amizade.

Especialmente a Edjane, Larissa, João Paulo, Mirna, Dedéia, Anne Gabriella, Luzia Patrícia,

Marcela, pela compreensão e amizade, por terem tido paciência comigo todas as vezes que ia

perguntar algo, a todos, muito obrigado!

A Amanda, por toda a atenção e paciência que teve comigo, onde favoreceu ao

enriquecimento dos meus saberes.

A Anne Gabriella, professora da UERN, pela realização das análises de Difração de Raios X.

A Capes, pelo apoio financeiro dado durante toda a realização desse projeto.

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“ Se a educação sozinha não muda a

Sociedade, sem ela, tampouco

a sociedade muda”

(Paulo Freire)

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RESUMO

Sabe-se que a matriz energética mundial está apoiada nos combustíveis fósseis. No

entanto, o panorama mundial está mudando rapidamente, por motivos ligados a três das

grandes preocupações da humanidade nesse início de século: meio ambiente, economia global

e energia. A produção de biodiesel é baseada na transesterificação de óleos vegetais ou

gorduras animais, utilizando catalisadores homogêneos ou heterogêneos. O processo de

transesterificação heterogênea apresenta conversões mais baixas em comparação com o

homogêneo, porém, não apresenta problemas de corrosão e reduz à ocorrência de reações

paralelas como saponificação. Neste sentido, este trabalho tem por finalidade a síntese de um

catalisador heterogêneo, o KNO3/Al2O3, que em seguida foi utilizado na reação de

transesterificação do óleo da Helianthus annuus L.(girassol). Os materiais sólidos (suporte e

catalisador) foram analisados por difração de raios-X (DRX) e microscópio eletrônico de

varredura (MEV). Após a análise da Al2O3, foi constatada uma estrutura monofásica

tetragonal amorfa, com padrões característicos desse material, o que pode ser visualizado no

difratograma do catalisador. O biodiesel obtido com 4% m/m de KNO3/Al2O3 foi o que

obteve uma melhor viscosidade cinemática 8,3 mm2/s, comparando com as normas da ANP, e

também apresentou a melhor taxa de conversão em ésteres etílicos, em conformidade com a

medida quantitativa a partir da TG, que foi de 60%. Enquanto o biodiesel com 6% m/m e com

8% m/m de KNO3/Al2O3 foi o que não transesterificou, pois foi observado na análise

termogravimétrica desses dois materiais, um único evento térmico, que corresponde a

decomposição ou volatilização dos triglicerídeos.

Palavras-chave: Al2O3. KNO3/Al2O3. Óleo de girassol. Transesterificação. Biodiesel.

Catalisador heterogêneo.

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ABSTRACT

It is known that the head office world energetics is leaning in the fossil fuels.

However, the world panorama is changing quickly, for linked reasons to three of the

humanity's great concerns in that century beginning: environment, global economy and

energy. The biodiesel production is based on the transesterificação of vegetable oils or animal

fats, using catalysts homogeneous or heterogeneous. The process of heterogeneous

transesterificação presents lower conversions in comparison with the homogeneous, however,

it doesn't present corrosion problems and it reduces to the occurrence of parallel reactions as

saponification. In this sense, this work has for purpose the synthesis of a heterogeneous

catalyst, KNO3/Al2O3, that soon afterwards was used in the reaction of transesterificação of

the oil of the Helianthus annuus L. (sunflower). The solid materials (it supports and catalyst)

they were analyzed by diffraction of ray-X (XRD) and electronic microscope of sweeping

(MEV). After the analysis of Al2O3, a structure monophase amorphous tetragonal was

verified, with characteristic patterns of that material, what could not be visualized in the

difratograma of the catalyst. The biodiesel obtained with 4% wt. of KNO3/Al2O3 it was what

obtained a better cinematic viscosity 8,3 mm2/s, comparing with the norms of ANP, and it

also presented the best conversion tax in ethyl ésteres, in accordance with the quantitative

measure starting from TG, that was of 60%. While the biodiesel with 6% wt. and with 8% wt.

of KNO3/Al2O3 it was it that no transesterificou, because it was observed in the analysis

termogravimétrica of those two materials, a single thermal event, that it corresponds the

decomposition or volatilization of the triglycerides.

Keywords: Al2O3. KNO3/Al2O3. Sunflower oil. Transesterification. Biodiesel. Heterogeneous

catalyst.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Distribuição energética.......................................................................... 18

Figura 2 A evolução dos biocombustíveis no Brasil............................................ 21

Figura 3 Causas do aquecimento global............................................................... 22

Figura 4 Efeito estufa........................................................................................... 24

Figura 5 Equação geral para uma reação de transesterificação e equação geral

da transesterificação de um triacilglicerídeo..........................................

27

Figura 6 Craqueamento termocatalítico de triglicerídeos.................................... 28

Figura 7 Reação de KOH com ROH, com consequente introdução de água no

meio reacional da transesterificação de óleos vegetais..........................

30

Figura 8 Saponificação de ésteres........................................................................ 30

Figura 9 Cana-de-açúcar....................................................................................... 32

Figura 10 Mecanismo para a transesterificação alcalina heterogênea de

triglicerídeos...........................................................................................

34

Figura 11 Mecanismo para transesterificação ácida e básica heterogênea de

Lewis e de Brønsted...............................................................................

35

Figura 12 Mecanismo para a transesterificação ácida heterogênea de

triglicerídeos...........................................................................................

36

Figura 13 Peça de um motor submetido à utilização do óleo vegetal bruto........... 41

Figura 14 Girassol.................................................................................................. 44

Figura 15 Fluxograma geral da síntese do catalisador KNO3 /Al2O3..................... 49

Figura 16 Detalhe do difratômetro de Raios-X...................................................... 50

Figura 17 Microscópico eletrônico de varredura.................................................... 51

Figura 18 Sistema utilizado na reação de transesterificação.................................. 52

Figura 19 Separação da fase aquosa e dos ésteres etílicos..................................... 53

Figura 20 Fluxograma geral da síntese do biodiesel de girassol utilizando KNO3

/Al2O3.....................................................................................................

54

Figura 21 Difratograma de Raios-X do suporte Al2O3........................................... 59

Figura 22 Difratograma de Raios-X do catalisador KNO3/Al2O3.......................... 61

Figura 23 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) do suporte Al2O3............. 61

Figura 24 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) do catalisador

KNO3/Al2O3...........................................................................................

62

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Figura 25 Curvas de TG das amostras de biodiesel sintetizado com o catalisador

KNO3/Al2O3 na proporção de 2%, 4%, 6% e 8%..................................

66

Figura 26 Curvas de DTG das amostras de biodiesel sintetizado com o

catalisador KNO3/Al2O3 na proporção de 2%, 4%, 6% e 8%................

67

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Emissões médias dos componentes emitidos na queima do biodiesel

comparadas ao diesel convencional.......................................................

25

Tabela 2 Vantagens e desvantagens do uso de metanol ou etanol na produção

do biodiesel.......................................................................................

32

Tabela 3 Ácidos graxos que ocorrem nos óleos e gorduras.................................. 39

Tabela 4 Composição em ácidos graxos de diversos óleos vegetais.................... 40

Tabela 5 Características de culturas oleaginosas no Brasil.................................. 42

Tabela 6 Valores de referência da composição dos ácidos graxos o óleo de

Girassol..................................................................................................

43

Tabela 7 Valores de referência das características Físico-Química do óleo de

Girassol..................................................................................................

43

Tabela 8 Propriedades físico-químicas do óleo e biodiesel de girassol................ 64

Tabela 9 Dados quantitativos da análise termogravimétrica das amostras de

biodiesel de girassol sintetizados com o catalisador

KNO3/Al2O3.........................................................................................

67

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LISTA DE ABREVIATURAS

AGE Ácido Graxo Essencial

Al2O3 Alumina

AM Alumina amorfa

ANP Agência nacional de Petróleo

B2 2% de biodiesel adicionado ao Diesel de petróleo

B5 5% de Biodiesel adicionado ao Diesel de petróleo

B20 20% de Biodiesel adicionado ao Diesel de petróleo

B100 Biodiesel Puro

CG Cromatografia gasosa

CGL Cromatografia gás-líquido

CGS Cromatografia gás-sólido

CMT Concentração máxima no local

CQT Craqueamento

DRX Difração de Raios X

EUA Estados Unidos da América

FAEE Ésteres etílicos de ácidos gordos

FAME Ésteres metílicos de ácidos gordos

HCQT Hidrocraqueamento

IBMA Instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis

IPCC International Panel on Climate Change

KNO3 Nitrato de Potássio

m/m massa – massa

mR Massa residual

MEV Microscopia eletrônica de Varredura

PDE Plano em desenvolvimento

PNPB Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel

Ppm Partes por milhão

RBTB Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel

TG/DTG Análise Termogravimétrica / Derivada

TMÁX Temperatura do pico da DTG

UE União europeia

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XRD Diffraction of ray-X

Wt. Weight- massa

Δm Variação da perda de massa

ΔT Variação da temperatura

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 14

2 OBJETIVO.................................................................................................. 16

2.1 Objetivo geral....................................................................................... 16

2.2 Objetivo específico................................................................................. 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................... 17

3.1 Biomassa................................................................................................... 17

3.1.1 Biocombustível............................................................................................ 17

3.2 EMISSÃO DE GASES ESTUFA................................................................. 22

3.3 BIODIESEL.................................................................................................. 25

3.4 PROCESSOS UTILIZADOS PARA OBTENÇÃO DE BIODIESEL......... 26

3.4.1 Transesterificação, Craqueamento e Esterificação................................ 26

3.4.2 Catalisador para a reação de transesterificação..................................... 28

3.4.2.1 Catálise homogênea..................................................................................... 29

3.4.2.2 Catálise heterogênea..................................................................................... 31

3.4.3 Mecanismo de Reação Catalítica............................................................... 31

3.5 O BIODIESEL E A POLÍTICA DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

BRASILEIRA...............................................................................................

36

3.6 ÓLEOS E GORDURAS............................................................................... 38

3.7 GIRASSOL................................................................................................... 42

3.8 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO....................................................... 45

3.8.1 Termogravimetria (TG)............................................................................. 45

3.8.2 Difração de Raios-X.................................................................................... 46

4 MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................... 48

4.1 Preparação do catalisador........................................................................ 48

4.2 Caracterização do catalisador................................................................. 50

4.2.1 Técnicas de caracterização......................................................................... 50

4.3 REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO................................................... 52

4.3.1 Condições reacionais.................................................................................. 52

4.4 CARACTERIZAÇÃO DO BIODIESEL DE GIRASSOL........................... 55

4.4.1 Propriedades Físico-Químicas................................................................... 55

4.4.1.1 Estabilidade oxidativa............................................................................ 55

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4.4.1.2 Índice de acidez.................................................................................... 56

4.4.1.3 Viscosidade cinemática......................................................................... 57

4.4.1.4 Massa específica................................................................................... 57

4.4.2 Rendimento.................................................................................................. 58

4.4.3 Análise Termogravimétrica........................................................................ 58

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES.............................................................. 59

5.1 Síntese e caracterização dos sólidos catalíticos.......................................... 59

5.1.1 Técnicas........................................................................................................ 59

5.2 CARACTERIZAÇÃO DO BIODIESEL DE GIRASSOL........................... 64

5.2.1 Propriedades físico-químicas................................................................... 64

5.2.2 Análise termogravimétrica........................................................................ 66

6 CONCLUSÕES........................................................................................... 69

REFERÊNCIAS.................................................................................. 71

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1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que a matriz energética mundial está apoiada nos combustíveis fósseis. No entanto,

o panorama mundial está mudando rapidamente, por motivos ligados a três das grandes

preocupações da humanidade nesse início de século: meio ambiente, energia e economia global.

Embora a primeira vista possam parecer distintas, estas três áreas estão na realidade

completamente interligadas. As duas primeiras já algum tempo, estão na percepção do cidadão

comum, devidos aos evidentes problemas ambientais causados pela queima de combustíveis

fósseis. Quanto à economia, só o tempo dirá quais os efeitos permanentes que esta crise no

sistema financeiro internacional terá sobre o setor energético (VICHI; MANSOR, 2009).

Em virtude dessa situação, a sociedade está à procura de novas fontes de energia, que sejam

baratas, renováveis e menos poluentes, uma vez que o mundo enfrenta e sofre as consequências

do efeito estufa e aquecimento global, causados e agravados pelo uso de combustíveis fósseis.

Neste contexto, vem se intensificando o incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias

energéticas que supram as necessidades exigidas pelo mundo globalizado. Dentre várias

possibilidades, uma das alternativas é o biodiesel, definido pela Lei N° 11.097, como um

“biocombustível derivado de biomassa renovável para usos em motores a combustão interna com

ignição por compressão ou, conforme regulamento para geração de outro tipo de energia, que

possa substituir parcial ou totalmente combustível de origem fóssil”. Essa mesma lei determina

que todo diesel vendido no brasil, deve ser constituído pela mistura de óleo diesel/biodiesel – BX

– combustível comercial composto de 100% em volume de óleo diesel, conforme especificação

da ANP, e X% em volume do biodiesel, que deverá atender a regulamentação vigente.

Atualmente é adicionado biodiesel ao óleo diesel na proporção de 5%, em volume (BRASIL,

2009).

Este biocombustível pode ser produzido a partir de diferentes óleos vegetais (algodão,

pinhão manso, girassol, soja, canola, dendê, mamona entre outros), assim como, de gordura

animal. A reação de transesterificação pode ser feita por catálise homogênea ou heterogênea,

alguns grupos de pesquisa vem propondo o uso dos catalisadores heterogêneos, por que os

mesmos, não são corrosivos, apresentam menos problemas na eliminação, são fáceis de separar a

partir de produtos líquidos, são ambientalmente favoráveis e podem ser concebidos para ter

maior atividade, seletividade e tempo de vida. O Brasil está em posição favorável diante desta

realidade, devido a sua grande área territorial com potencial agrícola para produção de

leguminosas, bem como, para criação de animais e consequente produção de sebo.

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Este biocombustível apresenta muitas vantagens, dentre estas, algumas merecem destaque

como o fato de poluir menos que o diesel fóssil, por este possuir em sua composição óxido de

enxofre, por ser uma fonte de energia renovável, pois sua matéria prima poder ser cultivada e a

sua produção ajuda a diminuir os efeitos da emissão de CO2, uma vez que o sequestro de

carbono feito na plantação da leguminosa compensa o gás carbônico produzido na queima do

biodiesel, além de desenvolver o setor primário, podendo gerar rendas tanto aos grandes, como

aos pequenos agricultores (DARIO et al., 2008).

O mundo tem grande interesse na produção e comercialização deste combustível, em função

da crescente exigência pela redução da emissão de gases poluentes que resultaram em acordos

como o protocolo de Kyoto. O principal país produtor de biodiesel do mundo é a Alemanha,

seguido dos EUA, Brasil, França e Itália. Para cumprir as metas do protocolo e atingir as

quantidades necessárias para a mistura do óleo diesel/biodiesel utilizados pelos países, espera-se

uma demanda mundial de no mínimo 33,5 milhões de toneladas de biodiesel em 2011 (OSAKI;

BATALHA, 2008).

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2 OBJETIVO

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste trabalho é analisar a reação de transesterificação a partir do óleo de

girassol, utilizando como catalisador heterogêneo o KNO3/Al2O3 e analisando a taxa de

conversão do biodiesel obtido através da termogravimetria, deixando fixo algumas variáveis, tais

como: razão molar álcool/óleo, tempo de reação, tempo de calcinação, e fazendo variação da

quantidade de catalisador.

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

Sintetizar o KNO3/Al2O3;

Caracterizar o KNO3/Al2O3;

Caracterizar o biodiesel obtido através da catálise heterogênea;

Avaliar a taxa de conversão do óleo de girassol em biodiesel, utilizando a

termogravimetria (TG/DTG).

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 BIOMASSA

O aproveitamento da biomassa consiste na combustão de madeira ou de resíduos, para

produção de calor e/ou eletricidade. Esta fonte de energia renovável pode assumir várias formas:

a biomassa sólida (produtos e resíduos da agricultura, das florestas e a fração biodegradável dos

resíduos industriais e urbanos), o biocombustível gasoso (o biogás pode ter origem em efluentes

agropecuários/industriais e lamas das estações de tratamento dos efluentes domésticos e aterros

sanitários) e os biocombustíveis líquidos (biodiesel e bioetanol, obtidos a partir de óleos

orgânicos e da fermentação de resíduos naturais).

3.1.1 BIOCOMBUSTÍVEIS

São consideradas combustíveis as substâncias combustíveis produzidas a partir da biomassa e

neles se incluem o biodiesel (FAME ou FAEE), o bioálcool (bioetanol) e o biogás. Segundo o

D.L. 62/2006 de 21 de Março, os biocombustíveis podem ser disponibilizados nas seguintes

formas:

→ Biocombustíveis puros ou em concentração elevada em derivados de petróleo, em

conformidade com as normas específicas de qualidade para os transportes;

→ Biocombustíveis misturados com derivados do petróleo, em conformidade com as normas

comunitárias EN 228 e EN 590 que estabelecem as especificações técnicas aplicáveis aos

combustíveis para transportes;

→ Líquidos derivados de biocombustíveis, como o bio – ETBE especificado na alínea f) do nº 2,

do artigo 4º.

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O setor dos transportes rodoviários a nível mundial é 98% dependente do petróleo, onde

percebe-se que este combustível ainda é o mais usado, segundo a Figura 1. Na União Europeia

este setor é responsável por mais de 20% das emissões totais de CO2, sendo mais de 50% dessas

emissões provenientes do transporte rodoviário particular, que desde 1999 aumentou 22%.

Figura 1 Distribuição energética

Fonte: ANP

As alterações climáticas, o aumento do preço do petróleo e a segurança do abastecimento

energético conduziram ao crescente interesse sobre o potencial de utilização dos biocombustíveis

como 11 substitutos dos carburantes derivados do petróleo. O biodiesel é apontado como a

alternativa ideal para combater o aquecimento global do planeta e a subida constante do preço do

barril de petróleo. É neste contexto que surge o Plano de Ação para a Biomassa adoptado pela

UE em 7 de Dezembro de 2005, como estratégia de forma a promover um maior

desenvolvimento e utilização dos biocombustíveis. Esta estratégia visou os seguintes objetivos:

→ Continuar a promover os biocombustíveis na UE e nos países em desenvolvimento (PED);

→ Preparar a utilização dos biocombustíveis em grande escala e a melhoria da sua rentabilidade

através de uma cultura optimizada das matérias-primas utilizadas, a investigação de

biocombustíveis de 2ª geração e o apoio à penetração do mercado pelo reforço de projetos de

demonstração e eliminação de barreiras não técnicas;

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19

→ Examinar as possibilidades de produção de matérias-primas para o fabrico de

biocombustíveis nos PED e definir o papel que a União Europeia poderá desenvolver no apoio

do desenvolvimento da produção sustentada de biocombustíveis.

Com um conjunto de medidas estruturadas, destinadas a aumentar a procura, reforçar a

oferta, a suprimir barreiras técnicas e a desenvolver a investigação, pretende-se contribuir para a

realização dos objetivos fixados na Diretiva dos biocombustíveis – 2003/30/CE. Esta diretiva

cujo D.L. 62/2006 transpõe, cria mecanismos para promover a colocação no mercado de quotas

mínimas de biocombustíveis, em substituição dos combustíveis fósseis, com o objetivo de

contribuir para a segurança do abastecimento e para o cumprimento dos compromissos nacionais

em matéria de alterações climáticas. A diretiva aponta também como meta a colocação de

biocombustíveis no mercado de cada Estado membro, calculada com base no teor energético, o

valor de referência de 2% de toda a gasolina e gasóleo utilizados nos transportes, colocados no

mercado até 31 de Dezembro de 2005, e o valor de referência de 5,75% até 31 de Dezembro de

2010.

Em 2005 a produção mundial de bioetanol e biodiesel, atingiu aproximadamente 36000

milhões de litros e 4000 milhões de litros, respectivamente. Como se pode verificar, estes

números ainda não são muito significativos, mas revelam que estão a crescer a um ritmo elevado.

Segundo Sagar e Kartha, (2007) o bioetanol aumentou mais de 10% por ano e o biodiesel mais

de 25% por ano, durante o período de 2000 a 2004. Nos Estados Unidos, o biodiesel produzido

triplicou e a produção de bioetanol aumentou 25% entre 2005 e 2006.

Cabe salientar que em alguns segmentos, a biomassa manteve sua posição em razão da sua

natureza renovável, ampla disponibilidade, biodegradabilidade ou baixo custo, como no caso das

fibras de algodão e lã, da borracha natural, do etanol combustível e das tintas à base de resinas

alquídicas. No entanto, o constante aumento na demanda por fontes de energia, a ampliação da

consciência ecológica e o esgotamento das reservas de petróleo de fácil extração, aliado a um

possível desenvolvimento econômico-social, têm incentivado pesquisas no sentido de

desenvolver novos insumos básicos, de caráter renovável, para diversas áreas de interesse

industrial.

Neste contexto, os óleos e as gorduras animais e vegetais (triglicerídeos), in natura ou

modificados, têm tido um papel importante em muitos segmentos, tais como materiais

poliméricos, lubrificantes, biocombustíveis, revestimentos, adesivos estruturais, entre outros.

(SUAREZ et. al.,2007)

No fim do século XIX, Rudolph Diesel, inventor do motor diesel, utilizou em seus ensaios

petróleo cru e óleo de amendoim. Ele acreditava que esse motor poderia ser alimentado com

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óleos ou gorduras e contribuir para o desenvolvimento da agricultura nos países que os

utilizassem. No entanto, devido ao baixo custo e à alta disponibilidade do petróleo na época, este

passou a ser o combustível preferencial nesses motores (SUAREZ et al., 2007).

As crises de petróleo incentivaram o desenvolvimento de processos de transformação de

óleos e gorduras em derivados com propriedades físico-químicas mais próximas às dos

combustíveis fósseis, visando à substituição total ou parcial destes. De fato, o desabastecimento

de petróleo no mercado mundial durante a Segunda Guerra Mundial fez com que pesquisadores

de diversos países procurassem por alternativas, surgindo, na Bélgica, a idéia de transesterificar

óleos vegetais com etanol para produzir um biocombustível conhecido hoje como biodiesel

(SUAREZ et al., 2007).

Outros países também desenvolveram pesquisas com essa proposta, como a França e os

Estados Unidos. Outro processo estudado foi o craqueamento dos óleos e das gorduras para a

produção de um biocombustível chamado de bio-óleo. Diferentemente da transesterificação, que

se têm relatos apenas de estudos em bancada e testes-piloto em motores, o craqueamento chegou

a ser usado em larga escala, tendo sido na China a principal fonte substitutiva para o petróleo

(CHANG; WAN, 1947). Com o final da Segunda Guerra Mundial e a normalização do mercado

mundial de petróleo, o biodiesel e o bio-óleo foram temporariamente abandonados.

Desde que o petróleo foi descoberto, no final do século XIX, foi consumido pela sociedade

de forma abundante, principalmente na atual sociedade industrial e de consumo. Na década de 70

descobriu-se que o petróleo é uma fonte esgotável, tal afirmação elevou o preço do produto, em

pouco mais de sete anos o preço do barril de petróleo praticamente triplicou. Isso provocou o

aumento do valor do produto primário de países subdesenvolvidos, superando os produtos

industrializados oriundos de países desenvolvidos. Aos poucos, ou seja, gradativamente, o

petróleo foi deixando de ser utilizado no Brasil, e passou a ser usado outros biocombustíveis

como mostrado na Figura 2.

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Figura 2 A evolução dos biocombustíveis no brasil.

Fonte: ANP, 2012

Foram vários os fatores que propiciaram a elevação do preço do petróleo, dentre eles

podemos citar a criação da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), formada

pelos principais produtores de petróleo do mundo para unificar o preço do produto, promovendo

um cartel internacional e controlando a oferta do produto no mercado. O petróleo também serve

como instrumento político para exercer pressão sobre as grandes potências mundiais. Estados

Unidos e Europa apoiaram Israel na guerra contra os Árabes, fornecendo armamentos, tal fato

irritou os países Árabes, que utilizou o petróleo como meio de atingir as nações que apoiavam

Israel, pois diminuíram a produção e elevaram os preços. Entre as décadas de 80 e 90 várias

oscilações no valor do petróleo ocorreram. As crises do petróleo podem ser provocadas por

conflitos no Oriente Médio, que limita a produção e eleva o valor.

O nível de consumo de um importador interfere no preço, o que reforça a lei da oferta e

procura. Ao analisar esses fatos, que muitas vezes provocam divergências, dá para imaginar o

que acontecerá quando esse recurso esgotar, pois estimativas revelam que o combustível se

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findará daqui a 70 anos, aproximadamente, o que forçará o homem a buscar novas alternativas de

fonte de energia.

3.2 A EMISSÃO DE GASES ESTUFA

O aquecimento global, intensificado recentemente, tem fortes impactos ambientais como

derretimento das geleiras e calotas polares e também em processos biológicos como períodos de

floração das plantas, aceleração do ciclo de vida de insetos entre outros, o que gera problemas

que extrapolam a esfera ambiental e alcançam à esfera econômica, como mostrado na Figura 3.

Segundo Marengo (2006), o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas

(International Panel on Climate Change – IPCC) conclui, no seu Terceiro Relatório de Avaliação

TAR (IPCC 2001 a), que a temperatura média da atmosfera tem aumentado em 0,6 ºC +ou – 0,2

ºC durante o século XX. Os modelos globais do IPCC têm mostrado que entre 1900 e 2100 a

temperatura global pode aquecer entre 1,4 e 5,8 ºC, o que representa um aquecimento mais

rápido do que aquele detectado no século XX e que, aparentemente, não possui precedentes

durante, pelo menos, os últimos 10.000 anos (MARENGO, 2006).

Figura 3 Causas do aquecimento global (a) poluição do ar (b) queimadas e consequências (c) elevação do nível do

mar e cidades mais quentes.

(a) (b)

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(c) (d)

Fonte: pt.mundoquente.com.br/fotos/

O aquecimento também deve exacerbar o problema das ilhas de calor em todas as grandes

cidades, uma vez que prédios e asfalto retêm muito mais radiação térmica do que as áreas não-

urbanas (MARENGO, 2006).

Durante os primeiros séculos da Revolução Industrial, de 1760 até 1960, os níveis de

concentração de (dióxido de carbono) CO2 atmosférico aumentaram de uma estimativa de 277

partes por milhão (ppm) para 317 ppm, um acréscimo de 54 ppm. Os gases de efeito estufa

absorvem parte da energia do sol, refletida pela superfície do planeta, e a redistribuem em forma

de calor através das circulações atmosféricas e oceânicas (MARENGO, 2006).

Parte da energia é irradiada novamente ao espaço. Qualquer fator que altere esse processo,

afeta o clima global. Com o aumento das emissões dos gases de efeito estufa, observado

principalmente nos últimos 150 anos, mais calor passou a ficar retido (MARENGO, 2006).

Qualquer que seja o combustível orgânico utilizado, os produtos finais da combustão serão

sempre dióxido de carbono (CO2) e vapor d´água. No entanto, para se obter a queima total de

algum elemento, são necessárias algumas condições ideais (como a disponibilidade de oxigênio),

que nem sempre ocorrem de maneira prática, nas indústrias e nos motores dos veículos

(BRANCO et al., 2000).

O monóxido de carbono se forma na combustão incompleta. As maiores fontes de (monóxido

de carbono) CO são os veículos a motor, pois as condições ótimas de combustão nem sempre se

verificam, sendo obtidas somente quando o motor está regulado para operar com potência

máxima (FELLENBERG, 1980). A maior quantidade de CO é produzida por motores

trabalhando em marcha lenta (em ponto morto) e fornos e fornalhas emitem uma quantidade bem

menor de monóxido de carbono (FELLENBERG, 1980).

Nas grandes cidades a concentração de CO pode chegar a 100 ppm e ultrapassar em muito o

valor da concentração máxima no local (CMT), que foi fixado em 50 ppm segundo Portaria

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Nº167 do IBAMA, de 26 de dezembro de 2007. O monóxido de carbono não pode ser

aproveitado pelas plantas para a fotossíntese, mas existem algumas possibilidades de

combinação biológica deste gás (FELLENBERG, 1980).

Os dois monóxidos de carbono influenciam o meio ambiente de maneiras bem diferentes. O

dióxido de carbono não é um gás tóxico. Em concentrações muito grandes pode diminuir ou

bloquear a respiração. Já o balanço térmico da terra é visivelmente influencia do pelo CO2, pois

ele absorve e volta a irradiar parte da energia térmica desprendida pela superfície, energia esta

que assim retorna, em parte a terra (FELLENBERG, 1980).

Uma crescente concentração de CO2 (Tabela 1) na atmosfera tem por consequência um

armazenamento de calor, reduzindo em parte a perda de calor provocada pela poeira existente na

atmosfera (FELLENBERG, 1980). Esse processo na qual ocorre um aquecimento na superfície

terrestre e na atmosfera, é denominado efeito estufa, como se pode observar na Figura 4.

Figura 4 Efeito estufa

Fonte: Usp, 2003

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Tabela 1 Emissões médias dos componentes emitidos, na queima de biodiesel

comparadas ao diesel convencional

Componente emitido B100 B20

Total de hidrocarbonetos não queimados -67% -20%

CO -48% -12%

CO2 -79% -16%

Partículas sólidas -47% -12%

NOx +10% +2%

SOx -100% -20%

Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HPAs) -80% -13%

HPAs nitrados -90% -50%

Fonte: ANTON, 2006

3.3 BIODIESEL

Para atender às necessidades de uma civilização cada vez mais exigente, o aumento do

consumo dos combustíveis fósseis é de tal dimensão que suas reservas poderão se esgotar nos

próximos 50-100 anos, caso se mantenha as atuais taxas de crescimento. Neste contexto, os óleos

vegetais aparecem como uma alternativa de substituição ao diesel em motores de ignição por

compressão. O biodiesel surgiu então como uma evolução na tentativa de substituição do óleo

diesel por biomassa e encontra-se registrado na Agência do Meio Ambiente, podendo ser usado

como combustível puro a 100% (B100), como uma mistura com o diesel de petróleo (B20), ou

numa proporção baixa como aditivo de 1 a 5%. O biodiesel é um combustível renovável,

produzido a partir de oleaginosas como mamona, dendê, girassol e soja. Além de ser uma

tecnologia limpa, não polui o meio ambiente e também traz vantagens econômicas, pois sua

produção e o cultivo de matérias-primas contribuirão para a criação de milhares de novos

empregos na agricultura familiar, principalmente nas regiões mais pobres do Brasil (BRASIL,

2005), o que irá manter o trabalhador no campo e, consequentemente, reduzirá a migração para

as grandes cidades, favorecendo, assim, o ciclo da economia autossustentável, essencial para a

autonomia do País (REGITANO D’ARCE; FERRARI et al., 2005).

Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser

obtido por diferentes processos tais como o craqueamento, a esterificação ou pela

transesterificação. Pode ser produzido a partir de gorduras animais ou de óleos vegetais,

existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil que podem ser utilizadas, tais como mamona,

dendê, palma, girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras.

O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclodiesel

automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou estacionários (geradores

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de eletricidade, calor, etc). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções.

A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim sucessivamente, até

o biodiesel puro, denominado B100.

Segundo a Lei nº 11.097 (grifo nosso), de 13 de janeiro de 2005, biodiesel é um

biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a

combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento para

geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente

combustível de origem fóssil (BRASIL, 2009).

A transesterificação é processo mais utilizado atualmente para a produção de biodiesel.

Consiste numa reação química dos óleos vegetais ou gorduras animais com o álcool comum

(etanol) ou o metanol, estimulada por um catalisador, da qual também se extrai a glicerina,

produto com aplicações diversas na indústria química.

Além da glicerina, a cadeia produtiva do biodiesel gera uma série de outros co-produtos

(torta, farelo etc.) que podem agregar valor e se constituir em outras fontes de renda importantes

para os produtores. (BIODIESEL, 2011)

A norma internacional de certificação do biodiesel é ASTM D6751 (AMERICAN

STANDARD TESTING METHODS), (ASTM, 2010), a mais comum utilizada nos Estados

Unidos. Na europa, as exigências para o biodiesel é a EM 14105 (Comité Europeén de

Normalisation – CEN), (PLANCK, 1995) e no Brasil pela resolução 42 da Agência Nacional de

Petróleo, gás natural e biocombustível - ANP, 2010.

3.4 PROCESSOS UTILIZADOS PARA PRODUÇÃO DO BIODIESEL

3.4.1 Transesterificação, Craqueamento e Esterificação

O processo de transesterificação para obtenção de biodiesel consiste numa reação química

dos óleos ou gorduras vegetais ou animais com álcool comum (etanol) ou o metanol, na presença

de um catalisador. A transesterificação pode ser catalisada, convencionalmente, por espécies que

atuam como base ou ácido de bronsted e enzimas (BERRIOS, 2007).

Recentemente estudos envolvendo espécies que apresentam sítios ácidos de lewis foram

desenvolvidos e resultados bastante promissores foram obtidos (SUAREZ, 2007).

Assim, a reação de transesterificação (Figura 5) pode ser influenciada por vários fatores que

incluem o tipo de catalisador, razão molar álcool/óleo vegetal, temperatura, pureza dos reagentes

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(principalmente o conteúdo de água) e o teor de ácidos graxos livres, os quais têm influência no

curso de transesterificação.

Figura 5 a) Equação geral para uma reação de transesterificação; b) equação geral da transesterificação

de um triacilglicerídeo

Fonte: GEORGOGIANNI, 2007

O processo de craqueamento térmico ou pirólise de óleos vegetais e ou gorduras animais

consiste na transformação, a elevadas temperaturas (300 a 700 ºC), dos constituintes destes em

diversos tipos de hidrocarbonetos e compostos oxigenados.

Quanto ao craqueamento termocatalítico (Figura 6), a presença de um catalisador não altera

significativamente a composição dos produtos, no entanto, altera a distribuição dos mesmos. O

líquido orgânico derivado dos craqueamentos térmicos e termocatalíticos são denominados de

Diesel verde (LUZ JR, 2010).

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Figura 6 Craqueamento termocatalítico de triglicerídeos

Fonte: POUSA, 2007.

A esterificação requer dois reagentes, ácidos carboxílicos (ácidos graxos) e álcoois. São

reações catalisadas com ácidos e ocorrem lentamente na ausência de ácidos como ácido

sulfúrico, ácido fosfórico, ácido sulfônico e acido clorídrico (VYAS, 2010).

3.4.2 Catalisador para Reação de Transesterificação

Um catalisador é definido como sendo qualquer substância que tem a capacidade de

modificar a energia de ativação de uma reação química, mas sem sofrer alteração química. Um

catalisador altera a velocidade de reação, promovendo um caminho reacional diferente

(mecanismo) para a reação; todavia, este não afeta o equilíbrio químico uma vez que acelera

tanto a reação direta como também a reação reversa.

Quanto à natureza físico-química, os catalisadores podem ser classificados como homogêneos

ou heterogêneos. Catalisadores são ditos homogêneos se estes estão presentes na mesma fase dos

reagentes, ou seja, tais espécies estão presentes como solutos num líquido reacional. Por outro

lado, catalisadores heterogêneos são aqueles presentes numa fase diferente daquela dos reagentes

(ADAMSON, 1997).

De forma geral, os catalisadores heterogêneos podem ser utilizados puros ou suportados sobre

uma matriz catalítica. O processo de impregnação da fase ativamente catalítica sobre a superfície

da matriz é usualmente baseada na utilização de uma fase líquida (gel ou solução) contendo uma

fase sólida, previamente sintetizada, dispersa no meio reacional.

Os catalisadores suportados consistem de uma fase ativa e uma fase inerte ao processo

catalítico, sendo a última um material quimicamente e termicamente estável, como a alumina.

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Este suporte, ou fase inerte, permite que a fase ativa exista como nanopartículas que são

resistentes à sinterização (ANJOS et. al., 2004).

O processamento de catalisadores suportados em superfícies ativas pode levar

frequentemente, ao surgimento de diferentes tipos de reações químicas decorrentes das

interações entre os sítios ativos e o suporte do catalisador. A quantidade relativa dos sítios de

Brønsted ou Lewis e suas características ácido/base estão relacionadas com a natureza dos

óxidos e grau de hidratação superficial. A superfície de óxidos inorgânicos pode,

consequentemente, ser representada como um ligante multidentado. Este dualismo da superfície

reativa pode ser interpretado como inerente a elevada atividade, reconhecido como uma

característica determinante nas propriedades de um suporte catalítico (FIGUEIREDO, 1989).

Suportes catalíticos à base de óxidos de zircônio, titânio, cério, alumínio, silício, nióbio e

zinco entre outros, são frequentemente usados na síntese do biodiesel. Estes suportes devem

possuir as mesmas características observadas nos sistemas catalíticos, tais como: atividade,

seletividade, estabilidade, resistência mecânica e condutividade térmica (FIGUEIREDO, 1989).

Alonso et. al. (2007) obtiveram biodiesel metílico de óleo de girassol utilizando alumina

impregnada com potássio metálico, sendo obtidos aproximadamente 99 % de monoésteres.

Valores inferiores foram obtidos para o catalisador heterogêneo de nitrato de potássio

impregnado em alumina, a partir do qual foram encontrados rendimentos de até 87 % (XIE et.

al., 2006).

Em ambos os casos, a alumina foi escolhida como suporte por possuir características

estruturais adequadas que permitem a ocupação de suas vacâncias catiônicas pelo metal alcalino,

podendo aumentar a basicidade superficial (KIM et. al., 2004).

3.4.2.1 Catálise homogênea

A catálise homogênea pode ser básica ou ácida. A reação via catálise homogênea, significa

que o catalisador está dissolvido no meio reacional, ou seja, o catalisador se apresenta na mesma

fase física que o meio reacional. Os catalisadores básicos homogêneos são líquidos como as

soluções de: hidróxidos de sódio (GEORGOGIANNI et al., 2009; GEORGOGIANNI et al.,

2008; GEORGOGIANNI et al., 2007; MARJANOVIĆ et al., 2010; PREDOJEVIĆ; ŠKRBIĆ,

2010) e hidróxido de potássio (BERCHMANS et al., 2010; ALAMU et al., 2008; JENA et al.,

2010; PREDOJEVIĆ; ŠKRBIĆ, 2009).

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Atualmente, o biodiesel, em escala industrial, é preparado usando-se catalisadores alcalinos,

principalmente hidróxidos de sódio e potássio, devido sua grande disponibilidade e baixo custo.

Mesmo que a transesterificação com os catalisadores homogêneos seja viável, o processo total

pela rota da catálise básica sofre limitações sérias que se traduzem em altos custos na fabricação

do biodiesel (REIS, 2008).

A utilização de hidróxidos introduz água (Figura 7) ao meio reacional, responsável pela

hidrólise dos ésteres, o que além de diminuir o rendimento destes, interfere na separação da

glicerina, devido à formação de emulsões (Figura 8). Essa reação de saponificação é outra

reação secundária da transesterificação, resultando na formação de sabões (JITPUTTI, 2006) que

aumenta muito o custo para a separação do produto. Assim o álcool, o catalisador e os

triglicerídeos devem ser essencialmente anidros, para minimizar a produção desses sabões.

Figura 7 Reação de KOH com ROH, com consequente introdução de água no meio reacional da

transesterificação de óleos vegetais

KOH + R-OH ROK + H2O

Fonte: KNOTHE, 2005.

Figura 8 Saponificação dos ésteres

Fonte: SCHUCHARDT, 2004.

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Os catalisadores ácidos usados em catálise homogênea são ácidos líquidos como: Ácido

sulfúrico (PARK et al., 2010; MARCHETTI; ERRAZU, 2008; ARANDA et al., 2008; LIU et

al., 2006; GOFF et al., 2004), ácido fosfórico (ARANDA et al., 2008), ácido hidroclórico (GOFF

et al., 2004) e ácido metanossulfônico (ARANDA et al., 2008).

Pesquisas vêm sendo realizadas com o intuito de melhorar os processos tecnológicos

industriais que utilizam catalisadores homogêneos. A substituição por catalisadores

heterogêneos, enzimáticos ou até mesmo a transesterificação em condições supercríticas sem

o uso de catalisadores são alternativas pesquisadas.

3.4.2.2 Catálise heterogênea

Portanto, existe um interesse crescente na possibilidade de substituir os catalisadores

homogêneos de hidróxidos alcalinos, carbonatos ou metal alcóxidos por catalisadores sólidos,

heterogêneos, insolúveis em álcoois, que podem potencialmente facilitar o refino do biodiesel e

glicerol produzido, além de diminuir os custos de produção devido à possibilidade da sua

reciclagem (BOURNAY, 2005). Além disso, são necessários catalisadores que sejam altamente

eficientes para a reação, o que já vem sendo obtido em escala de pesquisa (MEHER et al., 2006).

Catálise heterogênea é quando o catalisador não se dissolve no meio, ou seja, apresenta uma

fase diferente do meio reacional. Na catalise heterogênea, o catalisador é formado basicamente

pela fase ativa e um suporte, geralmente inertes em relação à reação considerada. O uso de um

suporte é essencial para uma melhor distribuição do componente ativo sobre sua grande área

superficial, além de contribuir para que o catalisador não se transfira para a fase líquida da

reação.

3.4.3. Mecanismo de Reação Catalítica

A reação de transesterificação de óleos vegetais ou gorduras animais com monoálcoois

conduz a cisão das moléculas dos triacilglicerídeos em uma mistura de ésteres dos ácidos graxos

e glicerina, como co-produto. O processo global de transesterificação de óleos vegetais é uma

sequência de três reações reversíveis e consecutivas, em que os monoglicerídeos e os

diglicerídeos são os intermediários. É importante relatar que apenas os alcoóis simples (metanol,

etanol, propanol, butanol e o álcool amílico) devem ser utilizados na transesterificação. As

vantagens do metanol em relação ao etanol são: ausência de água, menor cadeia e uma maior

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polaridade (Tabela 2). Esta última propriedade torna mais fácil o processo de separação do éster

da glicerina. Contudo, a utilização do etanol é motivada por razões ambientais, uma vez que este

apresenta baixa toxicidade, e é produzido a partir de fonte renovável (cana-de-açúcar), como

mostrado na Figura 9.

Figura 9 Cana-de-açúcar

Fonte: Embrapa, 2007

Tabela 2 Vantagens e desvantagens do uso de metanol ou etanol na produção do biodiesel

Álcool Vantagens Desvantagens

Metanol

- O consumo de metanol no processo de

transesterificação é cerca de 45% a menor que do

etanol anidro;

- O preço é quase metade do preço do etanol;

- É mais reativo;

- Para uma mesma taxa de conversão e as

mesmas condições operacionais, o tempo de

reação usando metanol é menos da metade do

tempo quando se emprega etanol;

- Considerando a mesma produção de biodiesel,

o consumo de vapor na rota metílica é cerca de

20% do consumo na rota etílica, e o consumo de

eletricidade é menos da metade;

- Os equipamentos de processo da planta com

rota metílica é cerca de ¼ dos volumes dos

equipamentos para a rota etílica, para uma

mesma produtividade e mesma qualidade.

- Apesar de poder ser

produzido a partir da

biomassa, é

tradicionalmente um

produto fóssil;

- É muito tóxico;

- Maior rico de incêndio,

chama transparente;

- transporte é controlado

pela polícia federal, por

se tratar de matéria-prima

para extração de droga;

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Etanol

- Produção de álcool no Brasil já consolidada;

- Produz biodiesel com maior índice de cetano e

maior lubricidade, se comparado ao biodiesel

metílico;

- Se for feito a partir da biomassa (como é o caso

de quase toda a totalidade da produção

brasileira), produz um combustível 100%

renovável;

- Gera ainda mais ocupação e renda no meio

rural;

- Gera ainda mais economia de divisas;

- Não é tão tóxico como o metanol;

- Menos riscos de incêndio.

- Os ésteres etílicos

apresentam maior

afinidade com a

glicerina, dificultando à

separação;

- Possui azeotropia

quando misturado com a

água, com isso sua

desidratação requer

maiores gastos

energéticos e

investimentos com

equipamentos;

- dependendo do preço

da matéria-prima, os

custos de produção de

biodiesel etílico pode ser

até 100% maiores que o

metílico.

A transesterificação pode ser conduzida por catalisadores ácidos ou básicos, tanto em

condições homogêneas, quanto heterogêneas (PINTO et. al., 2005; ZHU et. al., 1995). Mais

recentemente, os catalisadores heterogêneos apareceram com uma opção aos processos

homogêneos, pois apresentam fácil separação e regeneração (alta estabilidade térmica acima de

600 °C), baixa corrosão dos reatores, controle simultâneo das reações de transesterificações e

esterificação, baixas ou nenhuma toxicidade, e melhor pureza dos produtos, devido à eliminação

do processo de lavagem do biodiesel com água (REDDY et. al., 2006).

Os catalisadores heterogêneos ácidos e básicos podem ser classificados como catalisadores de

Brønsted ou Lewis, embora em muitos casos ambos os tipos de sítios podem estar presentes.

Ma et. al. (1999) mostraram que quando catalisadores homogêneos básicos, NaOH, KOH,

Na2CO3, são misturadas com álcool, o radical alcóxido é formado, atacando o átomo de carbono-

carbonílico da molécula do triglicerídeo. Muitas vezes um alcóxido de sódio e potássio são é

usados diretamente como catalisadores.

Ambos, catalisadores homogêneos ácidos de Brønsted e de Lewis, têm sido usados na síntese

de biodiesel em reações de transesterificação e esterificação. Porém, catalisadores ácidos de

Brønsted são mais tivos principalmente em reações de esterificação, enquanto catalisadores

ácidos de Lewis são mais ativos nas reações de transesterificação.

Em relação à catálise heterogênea, diferentes mecanismos são apresentados na literatura.

Alguns indicam que ocorre a adsorção do álcool na superfície do catalisador, enquanto outros

consideram que o triacilglicerídeo será adsorvido. Propuseram um mecanismo semelhante aos

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catalisadores homogêneos para catalisadores heterogêneos básicos de Brønsted como zeólitas

básicas. Neste caso, a espécie catalítica formada é um alcóxido heterogêneo. A formação de

grupos alcóxidos também é fundamental para catalise heterogênea básica de Lewis. Por

exemplo, no caso da transesterificação de acetato de etila catalisada por MgO, a reação ocorre

entre as moléculas de metanol adsorvido sobre os sítios básicos livres do óxido de magnésio e as

moléculas de acetato de etila na fase líquida. Cabe ressaltar que, nesse caso, ocorre a formação

das espécies RO- e H

+ no processo de adsorção.

O mecanismo proposto por Shuli et. al. (2007), para reação de transesterificação alcalina

heterogênea dos triglicerídeos é apresentado na Figura 10. Inicialmente uma base B reage com o

álcool, utilizado como agente de transesterificação, produzindo o ácido conjugado BH+ e um

alcóxido nucleófílo (etapa 1), que ataca o carbono da carbonila do triacilglicerol (etapa 2). O

intermediário tetraédrico gerado elimina uma molécula de éster e um íon alcóxido, que se

combina com o ácido BH+, produzindo um diacilglicerol e regenerando a base B (etapas 3 e 4).

Processos semelhantes irão ocorrer com o diacilglicerol até formação do mono-glicerídeos e

glicerina.

Figura 10 Mecanismo para a transesterificação alcalina heterogênea de triglicerídeos.

Fonte: Adaptação (Shuli et. al., 2009).

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De acordo com Liu et al. (2006), na catálise ácida homogênea e heterogênea de Brønsted, o

mecanismo procede através da protonação do grupo carbonila, aumentando a sua eletrofilicidade

tornando mais susceptível ao ataque nucleofílico do álcool. Do mesmo modo, a formação de uma

espécie mais eletrofílica ocorre também com catalisadores tipo ácido de Lewis. Neste último

caso, a etapa determinante da velocidade depende da ação cinética do catalisador. Após a

formação do complexo de Lewis, ocorre um ataque nucleofílico do álcool, e novo éster será

formado. O novo éster dessorve dos sítios de Lewis e o ciclo se repete. Se a força dos sítios

ácidos é muito elevada, a dessorção do produto não é favorecida, determinando uma taxa de

reação lenta. Esse mecanismo (Figura 11) foi confirmado tanto para catálise homogênea e

heterogênea pela observação de que uma escala ótima de força para os sítios ácidos de Lewis

existe e que catalisadores ácidos de Lewis muito fortes são menos ativos nas reações de

transesterificação (BONELLI et. al., 2007).

Figura 11 Mecanismo para transesterificação ácida e básica heterogênea de Lewis e de Brønsted

O mecanismo proposto por (SHULI et. al., 2009) para a reação de transesterificação ácida

heterogênea de triglicerídeo esta representada na Figura 12. São necessários 3 mols de álcool

para cada mol de triglicerídeo. Uma carbonila de um triglicerídeo sofre um ataque eletrofílico da

espécie A+ (etapa 1), formando um carbocátion. A seguir, este carbocátion sofre um ataque

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nucleofílico de uma molécula do monoálcool, formando um intermediário tetraédrico (etapa 2).

Então, ocorre a eliminação de, neste caso, um diglicerídeo e um éster graxo de monoálcool,

juntamente com a regeneração da espécie A+ (etapas 3, 4 e 5). Em processos semelhantes serão

formados os monoglicerídeos e a glicerina (POUSA et. al., 2007). Em escala industrial, é

utilizado um excesso de álcool de modo a elevar o rendimento da reação (deslocar a reação para

a formação dos produtos), e permitir uma melhor separação do glicerol formado.

Figura 12 Mecanismo para a transesterificação ácida heterogênea de triglicerídeos.

Fonte: Adaptação (Shuli et. al., 2009).

3.5 O BIODIESEL E A POLÍTICA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA BRASILEIRA

Discutir e consolidar as políticas nacionais de ciência e tecnologia é tarefa que cabe a vários

segmentos da sociedade, com destaque para o envolvimento da comunidade científica e

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tecnológica e do setor produtivo. O Brasil começou a trabalhar com o biodiesel, que é uma

mistura de ésteres de ácidos graxos. Esta mudança de paradigma requer um esforço concentrado

de todos os atores envolvidos, sendo que o profissional da Química tem papel de destaque em

diversas etapas da cadeia produtiva desse novo combustível. A análise dessa situação nos leva

diretamente a reflexões sobre as políticas nacionais de ciência e tecnologia e o papel dos

pesquisadores neste contexto.

O PNPB do Governo Federal, que envolve diversos ministérios,

“objetiva a implementação de forma sustentável, tanto técnica, como

economicamente, da produção e uso do Biodiesel, com enfoque na

inclusão social e no desenvolvimento regional, através da geração de

emprego e renda”.

A principal ação do Ministério da Ciência e Tecnologia no PNPB é o gerenciamento da RBTB,

criada e implementada em março de 2004 com o intuito de articular a pesquisa e

desenvolvimento do processo de produção, de forma a identificar e eliminar os gargalos

tecnológicos da área.

A RBTB é um bom exemplo de como se estrutura uma base científico-tecnológica para dar

apoio e orientar um programa político-social e econômico. Porém, analisando-se algumas ações

e discursos governamentais, percebe-se que as dimensões sociais e política, muitas vezes, são

colocadas à frente do conhecimento científico disponível nessa comunidade. Um exemplo é o

fomento que vem sendo dado por diversos órgãos para produção de biodiesel a partir do óleo de

mamona, que resultou no cultivo dessa oleaginosa em quase todo o território nacional. No

entanto, a composição química peculiar desse óleo vegetal, com aproximadamente 90% do ácido

graxo 12-hidroxi-cis-9-octadecenóico, conduz a limitações, tanto em relação a cinética da

alcoólise do triacilglicerídeo, como também da separação e purificação dos produtos dessa

reação. Por outro lado, também se percebe uma resistência da comunidade científica e

empresarial às rotas tecnológicas alternativas para obtenção de biocombustíveis de óleos e

gorduras, como as de CQT e HCQT.

Suarez et al. (2006) falaram deve-se ter consciência que talvez a rota de transesterificação,

baseada em uma tecnologia amplamente consagrada em nível mundial desde os anos 1930, não

seja a mais apropriada em algumas situações.

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3.6 ÓLEOS E GORDURAS

Os óleos e gorduras são substâncias insolúveis em água (hidrofóbicas), de origem animal,

vegetal ou mesma microbiana, formadas predominantemente de produtos de condensação entre

“glicerol” e “ácidos graxos” chamados triglicerídeos (MORETTO, 1998).

Bailey chamou de gorduras os óleos sólidos e de óleos as gorduras líquidas à temperatura

ambiente, pois quimicamente não há distinção entre as duas espécies (MARKLEY, 1960).

Outros autores preferem defini-los como uma classe de compostos que consiste em ésteres-

gliceróis de ácidos graxos e seus derivados (MORRISON et al., 1973; MARKLEY et al., 1960).

Os ácidos graxos de cadeia longa são os principais componentes dos óleos e gorduras. Estes

compostos são constituídos por átomos de carbono e hidrogênio (cadeia hidrocarbonada) e um

grupo carboxila. Quando estes ácidos graxos possuem apenas ligações simples entre os carbonos

da cadeia hidrocarbonada, são denominados de ácidos graxos saturados, ocorrendo uma ou mais

duplas ligações são denominados de insaturados (monoinsaturados ou polinsaturados,

respectivamente). As diferenças entre os ácidos graxos podem ser devido ao comprimento da

cadeia, ao número e posição de duplas ligações na cadeia hidrocarbonada e à configuração (cis

ou trans). Na forma de ácidos graxos livres, ocorrem em quantidades pequenas como

componentes naturais dos óleos e gorduras. Na forma associada formando glicerídeos e não

glicerídeos chegam a representar até 96% do peso total dessas moléculas (MORETTO, 1998).

Os ácidos graxos ocorrem na natureza como substâncias livres e esterificadas, a maioria deles

encontram-se esterificados com o glicerol (1,2,3-triidroxipropano), formando triglicerídios ou

triacilgliceróis. Os ácidos graxos que ocorrem com mais freqüência na natureza são conhecidos

pelos seus nomes comuns, como nos casos dos ácidos butírico, cáprico, láurico, mirístico,

palmítico, esteárico, araquídico entre os saturados e os ácidos oléico, linoléico, linolênico e

araquidônico entre os insaturados (MORETTO et al., 1998; BOBBIO et al., 2001).

A Tabela 3 mostra a relação de alguns ácidos saturados e insaturados. A estrutura de um

ácido graxo pode também ser indicada mediante uma notação simplificada, na qual se escreve o

número de átomos de carbono seguido de dois pontos e depois um número que indica quantas

ligações duplas estão presentes na molécula. O ácido linoléico C18, neste caso,

seria representado por C 18:2.

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Tabela 3 Ácidos graxos que ocorrem nos óleos e gorduras.

Símbolo Fórmula Nome sistemático Nome trival

Numérico

Ácidos graxos saturados

C 4:0 CH3 –(CH2)2-COOH Butanóico Butírico

C 6:0 CH3 –(CH2)4-COOH Hexanóico Capróico

C 8:0 CH3 –(CH2)6-COOH Octnanóico Caprílico

C 10:0 CH3 –(CH2)8-COOH Decanóico Cáprico

C 12:0 CH3 –(CH2)10-COOH Dodecanóico Láurico

C 14:0 CH3 –(CH2)12-COOH Tetradecanóico Mirístico

C 16:0 CH3 –(CH2)14-COOH Hexadecanóico Palmítico

C 18:0 CH3 –(CH2)16-COOH Octadenóico Esteárico

C 20:0 CH3 –(CH2)18-COOH Eicoisanóico Araquídico

C 22:0 CH3 –(CH2)20-COOH Docosanóico Behênico

C 24:0 CH3 –(CH2)22-COOH Tetracosanóico Lignocérico

Ácidos graxos insaturados

C 16:1 (9) 9 – Hexadecenóico Palmitoleico

C 18: (9) 9 - Octadecenóico Oléico

C 18:1 (11) 11 - Octadecenóico Vacênico

C 18:2 (9, 12) 9,12 - Octadecadienóico Linoléico

C 18:3 (9, 12, 15) 9,12,15 - Octadecatrienóico Linolênico

C 20:4 (5, 8, 11, 14) 5,8,11,14 – Eicosatetraenóico Araquidônico

Fonte: (MORETTO et al., 1998; SOLOMONS et al., 2006).

A ausência de ligações duplas na cadeia de grupos acila (R-CO-), contribui para que óleos e

gorduras que contêm quantidades apreciáveis desta unidade de ácidos graxos saturados sejam

mais estáveis diante do processo degradativo da rancidez autoxidativa. Portanto, é importante

saber qual é a composição de cada óleo em termos de ácidos graxos, quando ele for empregado

na produção de biodiesel.

A composição em ácidos graxos de diversos óleos vegetais pode apresentar grande variedade

como mostra a Tabela 4. A comparação entre os óleos de soja, canola e girassol mostra certa

semelhança entre soja e girassol. No caso desses dois óleos, os ácidos graxos estão presentes em

quantidades semelhantes, com o ácido linoléico presente em maior quantidade seguido dos

ácidos oléico, esteárico, palmítico e linolênico. O óleo de canola se diferencia dos outros três

pelo fato de apresentar o ácido oléico como seu maior constituinte. Na produção de biodiesel, a

massa específica média dos ésteres de ácidos graxos, característica relevante em um

combustível, depende da composição em ácidos graxos de cada óleo.

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Tabela 4 Composição em ácidos graxos de diversos óleos vegetais.

Saturados Insaturados

Ácidos graxos

Palmítico Esteárico Oléico linolêico linolênico

Canola 4% 2% 61% 20% 9%

Amendoim 10% 2% 49% 31% -

Palma 45% 4% 40% 10% -

Milho 11% 2% 25% 60% 1%

Oliva 11% 2% 73% 8% 1%

Soja 10% 10% 23% 54% 7%

Girassol 6% 5% 18% 65% ˂1%

Fonte: ACH Food Companies, Inc. (2004).

A aplicação direta dos óleos vegetais in natura em motor diesel é limitada em virtude de

algumas propriedades físicas dos mesmos, principalmente a sua alta viscosidade, baixa

volatilidade e seu caráter poliinsaturado, que implicam em alguns problemas nos motores, bem

como numa combustão incompleta. É considerado também um erro técnico e econômico por

diversos motivos, como as moléculas dos óleos vegetais contêm glicerina, se usados sem

nenhuma adaptação em motores projetados para queimar óleo diesel observa-se problemas de

carbonização e depósitos nos bicos injetores e sedes de válvulas e desgaste prematuro dos

pistões, anéis de segmento e cilindros e, em médio prazo, faz o "motor fundir" como atestam

vários fabricantes, dentre eles a Valtra Tratores.

Monte (2006) apresentou resultados de testes feitos em trator Valtra da marca, utilizando o

óleo de girassol puro. O objetivo era rodar 200 horas para avaliação de durabilidade, mas foi

interrompido com cerca de 60 horas, devido a alta temperatura do óleo no Carter medindo 120

ºC, além de batidas no motor. Após estas poucas horas de uso, ocorreu queda de 7,8% na

potência e aumento de 15,5% do consumo de combustível. O motor foi encaminhado ao

fabricante que constatou diversos problemas, tais como: acúmulo de carvão no bico injetor e na

cabeça do êmbolo; obstrução do pescador do óleo de Carter; desgaste prematuro do retentor e

formação de depósito na bomba injetora. Este teste mostrou que o óleo vegetal puro não deve ser

usado no motor. Os depósitos de material sólido podem ser observados em duas peças do motor

na Figura 13.

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Figura 13 Peças de um motor submetido à utilização do óleo vegetal bruto. A – mancal do

virabrequim. B – bico injetor.

Fonte: VALTRA, 2005

Muitas publicações consideradas históricas demonstraram que o uso direto dos óleos vegetais

in natura, realmente resulta em problemas operacionais como depósitos no motor, sendo a maior

causa para a má atomização do combustível, a alta viscosidade destes óleos (MATHOT, 1921;

SCHMIDT, 1934; GAUPP, 1937).

Estudos com misturas de óleos vegetais in natura em diesel na proporção de 30% para óleo

vegetal e 70% de diesel realizado no Instituto de Pesquisa Tecnológica – IPT e a PETROBRÁS

obtiveram resultados pouco satisfatórios. Dentre os problemas observados, registrou-se a

redução da eficiência do motor e o aumento do consumo (HOLANDA, 2004).

Em estudo recente, Almeida et al. (2007), também utilizou óleos vegetais in natura em

motores do ciclo diesel e constatou que ocorreu maior desgaste do motor em relação ao diesel e

biodiesel e odor desagradável dos gases de exaustão, levando à recomendação contrária ao uso

de óleos vegetais em motor diesel com injeção direta. Portanto, a idéia de utilizar óleo no tanque

de combustível tem de ser combatida. A economia de hoje pode significar um “desastre”

financeiro amanhã. Seria mais uma catástrofe, dentre tantas que o produtor vem enfrentando nos

últimos anos. O uso de óleo vegetal in natura em motores diesel é um retrocesso técnico e

econômico para o país e deve ser combatido antes que os prejuízos se tornem insustentáveis e

quebrem a já abalada infraestrutura logística brasileira. Assim, visando reduzir a viscosidade dos

óleos vegetais (uma das propriedades que mais afetam problemas nos motores), diferentes

alternativas têm sido consideradas, tais como: diluição, microemulsão com metanol ou etanol,

craqueamento catalítico e reação de transesterificação com metanol ou etanol (SCHWAB, 1987).

Destas, a transesterificação é o método mais utilizado para produção do biodiesel (KNOTHE

et al., 2006), pois no caso do craqueamento catalítico, o óleo vegetal, na presença de um

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catalisador específico, recebe um tratamento térmico entre 400 a 500 ºC, transformando-se em

hidrocarbonetos de cadeias menores (CHAVES, 2008).

3.7 GIRASSOL

Dentre as culturas oleaginosas no Brasil, a do girassol (Helianthus annuus L.) é a que mais

cresceu nos últimos anos, tanto em área de cultivo como em produção, sendo classificada

atualmente como a segunda maior fonte de matéria-prima para a indústria de óleo comestível do

mundo (COBIA et al., 1978). Além disso, a massa resultante da extração do óleo rende uma torta

altamente protéica, usada na produção de ração (EMBRAPA/SOJA, 2010).O girassol é uma

cultura que apresenta características desejáveis sob o ponto de vista agronômico, como ciclo

curto, elevada qualidade e bom rendimento em óleo (SILVA et al., 1985), que fazem dela uma

boa opção aos produtores brasileiros.

As sementes de girassol (Figura 14) possuem um teor de óleo que pode oscilar entre 38 e

48%. Dependendo do solo, do clima e do tipo de adubação usada, chega a render cerca de 600

quilos de óleo por hectare. Apesar de ter um teor oléico menor do que o da mamona (Tabela 4)

apresenta vantagens em relação a esta, uma vez que, de acordo com a EMBRAPA, a mamona

possui baixa produtividade de grãos por hectare.

Tabela 5 Características de culturas oleaginosas no Brasil.

Espécie Origem

do óleo

Teor de

óleo(%)

Meses de

colheita / ano

Rendimento

(t óleo/há)

Dendê/Palma Amêndoa 22,0 12 3,0 – 6,0

Coco Fruto 55,0 – 60,0 12 1,3 – 1,9

Babaçu Amêndoa 66,0 12 0,1 – 0,3

Girassol Grão 38,0 – 48,0 3 0,5 – 1,9

Colza/Canola Grão 40,0 – 48,0 3 0,5 – 0,9

Mamona Grão 45,0 – 50,0 3 0,5 – 0,9

Amendoim Grão 40,0 – 43,0 3 0,6 – 0,8

Soja Grão 18,0 3 0,2 – 0,4

Algodão Grão 15,0 3 0,1 – 0,2

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Os maiores produtores do grão de girassol são Argentina, Rússia, Ucrânia, USA, China,

França e Índia. A produção brasileira ainda é pouco expressiva, mas atualmente o produto vem e

consolidando e conquistando seu espaço no mercado, de modo que esta oleaginosa já ocupa o

quarto lugar em volume de produção, perdendo apenas para a soja, palma e colza.

Tabela 6 Valores de referência da composição dos ácidos graxos do óleo de Girassol

ÁCIDOS GRAXOS VALORES DE REFERÊNCIA

Ácido mirístico (C14:0) <0,5

Ácido Palmítico (C16:0) 3,0 – 10,0

Ácido Palmitoléico (C16:1) <1,0

Ácido Esteárico (C18:0) 1,0 – 10,0

Ácido Oleico (C18:1) 14,0 – 35,0

Ácido Linoleico (C18:2) 55,0 – 75,0

Ácido Linolênico (C18:3) <0,3

Outros <3,0

Fonte: Valores de Referência: RDC N° 482, de 23/09/1999, da Agência Nacional

da Vigilância Sanitária – ANVISA

Tabela 7 Valores de referência das características Físico-Química do óleo de Girassol

PROPRIEDADES VALORES DE REFERÊNCIA

Massa Específica a 20°C (g/cm3) 0,915 – 0,920

Índice de Refração a 40°C 1,467 – 1,469

Índice de Iodo (g I2 / 100g) 110 – 143

Índice de Saponificação (mg KOH/g) 188 – 194

Matéria Insaponificável (%) <1,5%

Acidez (g ácido oleico/100g) <0,3

Índice de Peróxido (meq/Kg) <10,0

Fonte: Valores de Referência: RDC N° 482, de 23/09/1999, da Agência Nacional

da Vigilância Sanitária – ANVISA

Assim como todos os óleos vegetais, o óleo de girassol é essencialmente constituído por

triacilgliceróis (98 a 99%). Tem elevado teor em ácidos insaturados (cerca de 83%), mas um

reduzido teor em ácido linolénico (≤ 0,2%). O óleo de girassol é especialmente rico no AGE,

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ácido linoleico. Segundo experimentos de pesquisadores da UNICAMP e do ITAL (Instituto de

tecnologia em Alimentos), o óleo de girassol quando submetido à transesterificação por via

etílica obtém um rendimento em biodiesel de cerca de 70%.

Estudos na Universidade Federal de Ponta Grossa atestaram que a viscosidade cinemática do

biodiesel de girassol é da ordem de 8,5 mm2/s, ou seja, um pouco superior aos padrões da ANP.

O ponto de fulgor é a menor temperatura na qual o biodiesel, sendo aquecido na presença de uma

pequena chama, gera uma quantidade de vapores que em contato com o ar geram uma mistura

potencialmente inflamável. Vê-se, portanto, que isto é um bom indicativo para decidir quais

procedimentos de segurança utilizar durante o transporte e o armazenamento do biocombustível.

Figura 14 Girassol

Fonte: Embrapa, 2010

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3.8 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO

3.8.1 TERMOGRAVIMETRIA (TG)

A análise termogravimétrica é definida como um processo contínuo que mede a variação de

massa de uma substância ou material em função da temperatura ou tempo.

Souza et al. (2005) estudaram a termogravimetria como sendo um tipo de análise que vem

sendo aplicada em várias áreas científicas por possibilitar uma avaliação rápida das

transformações ocorridas quando materiais de diferentes naturezas são submetidos a variações de

temperatura por um determinado tempo.

A termobalança consiste na combinação de uma microbalança eletrônica adequada com um

forno e um programador linear de temperatura, permitindo a pesagem contínua de uma amostra

em função da temperatura, à medida que a amostra é aquecida, resfriada, ou mantida constante

(CONCEIÇÃO, 2004). Os fornos, de maneira geral, são capazes de operar até 1000-1200°C,

existindo também fornos que podem operar até 1600-2400°C. O porta amostra deve ser

escolhido de acordo com a amostra a ser analisada e com a temperatura máxima de aquecimento

aplicada à amostra. Estes são geralmente constituídos de alumínio (temperatura máxima de

600°C), alumina (temperatura máxima de 1200°C), platina, níquel, quartzo, tungstênio, grafite e

cobre (SANTOS, 2010).

Os métodos termogravimétricos são classificados em: dinâmico, isotérmico e quase

isotérmico. No método dinâmico a perda de massa é registrada continuamente à medida que a

temperatura aumenta. Este método é o mais geral, quando se utiliza o termo termogravimetria

normalmente refere-se à termogravimetria dinâmica. No método isotérmico a variação de massa

da amostra é registrada em função do tempo, mantendo-se a temperatura constante, sendo

geralmente utilizados em trabalhos cinéticos. No método quase isotérmico a partir do momento

em que começa a perda de massa da amostra, a temperatura é mantida constante até que a massa

se estabiliza novamente, neste momento recomeça-se o aquecimento e este procedimento pode

ser repetido em cada etapa da decomposição (YOSHIDA et al., 1993; CONCEIÇÃO et al.,

2005).

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A termogravimetria muitas aplicações, dentre elas estão:

Estudo da decomposição e da estabilidade térmica de substâncias orgânicas e

inorgânicas;

Estudo cinético de reações, inclusive de reação no estado sólido e descoberta de novos

compostos químicos;

Estudos sobre a velocidade de destilação e evaporação de líquidos e de sublimação de

sólidos;

Estudos sobre desidratação, higroscopicidade, absorção, adsorção, determinação do teor

de umidade, fação volátil e do teor de cinzas de vários materiais;

Composição do resíduo e decomposição térmica em várias condições de atmosfera e

temperatura.

3.8.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X

Em 1895, William Rontgen descobriu os raios-X, os quais foram definidos como radiações

eletromagnéticas cujo comprimento de onda varia de 0,1 a 100 A°. A técnica de difração de

raios-X baseia-se no uso dessas radiações de forma controlada em um equipamento para se obter

informações sobre as propriedades de um determinado material. Esta técnica tem muitas

aplicações, dentre elas pode-se citar (SANTOS, 1988):

- Determinação da estrutura cristalina e grau de cristalinidade;

- Identificação e análise quantitativa de fases;

- Determinação de parâmetros da cela unitária;

- Determinação da textura e tamanhos dos cristais.

O material pode ser analisado na forma de sólidos em pó, monocristais, matrizes, folha e

fibra. Apesar de ser bastante empregada em catálise, principalmente da determinação da estrutura

cristalina de zeólitas e peneiras moleculares, a técnica apresenta também suas limitações, dentre

elas (ARAÚJO, 2009).

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- Usadas apenas em materiais cristalinos. Materiais amorfos geralmente não reproduzem difração

proveitosa;

- picos sobrepostos podem geralmente atrasar a identificação na análise quantitativa;

- Efeitos de matriz: materiais fortemente difratados podem encobrir os fracamente difratados;

- Amostras fluorescentes podem elevar a linha de difração ou pode causar saturação em certos

tipos de detectores.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 PREPARAÇÃO DO CATALISADOR

O catalisador foi sintetizado pelo método de impregnação via úmida, utilizando uma solução

aquosa de nitrato de potássio no suporte alumina. A impregnação na deposição da fase ativa, ou

seu precursor, em um suporte na forma e tamanho adequados à sua aplicação final (XIE, 2006).

Para esta síntese foi utilizado nitrato de potássio P.A 99% da VETEC, a alumina que foi

adquirida da ALCOA Inc. e água destilada. Na síntese foi usada a alumina amorfa – Al2O3(AM).

O procedimento empregado para a síntese dos materiais (KNO3/Al2O3) foi realizado segundo

(Amish et al.,2008). Prepara – se uma solução de 35% de KNO3(aq), em seguida tira – se uma

alíquota de 30 mL da mesma que é misturado com 10 g de alumina, a mistura resultante foi

mantida por cerca de 25 minutos sob agitação constante, a uma temperatura de 50° C. Após a

mistura foi transferida para um cadinho e levado a estufa para secagem a 120° C durante 20 h.

transcorrido esse tempo, o material foi levado para ser resfriado a temperatura ambiente no

dessecador por 24 h. Antes de cada reação de transesterificação, o catalisador foi calcinado em

um forno do tipo mufla em temperatura desejada (normalmente 500°C) durante 4 h, aumentando

em 10° C, em ar sintético sob fluxo de 100 mL/min. Após a estufa foi observado uma massa

exatamente igual a 18,78 g, já depois da calcinação foi verificado uma massa de 16, 67 g de

catalisador. Todo o procedimento desta síntese pode ser observado na Figura 15.

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49

Figura 15 Fluxograma geral da síntese do catalisador KNO3 /Al2O3

SÍNTESE DO CATALISADOR

35% m/m KNO3(aq) Al2O3 (AM)

Secagem na estufa a

120° C por 20 h

Calcinação a 500° C

por 4 h em Ar sintético

Resfriado a

temperatura ambiente

em dessecador por 24h

Agitação a 50° C

por 25 min

KNO3/Al2O3

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50

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO CATALISADOR

O Material preparado foi caracterizado por algumas técnicas, que foram: difração de raio-X

(DRX), análise termogravimétrica (TG/DTG) e microscopia eletrônica de varredura (MEV).

4.2.1 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO

A difração de raios-X (DRX) é um método apropriado para caracterização e identificação da

estrutura e de fases cristalinas. Os difratograma de raios-X dos materiais foram obtidos em um

equipamento da shimadzu, modelo XRD 6000, como mostrado na Figura 16, utilizando

radiações de CuKα, filtro de níquel, voltagem de 30 KV e corrente do tubo de 30 mA. Os dados

foram coletados na faixa de 2ө de 10-70 graus com velocidade de goniômetro de 2 C°/min com

um passo de 0,02 graus. A análise foi feita com o intuito de caracterizar os picos característicos

desses materiais.

Figura 16 Detalhe do difratômetro de Raios-X

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51

4.2.1 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA

A análise termogravimétrica (TG) está relacionada à perda de peso do material em função da

temperatura.

A amostra de KNO3/Al2O3, foi analisada por termogravimetria (TG/DTG) com o objetivo de

observar as (possíveis) decomposições térmicas do KNO3/Al2O3 e da alumina, assim como, a

desidratação dos grupos Al-OH da alumina. Teve também como objetivo observar modificações

na curva termogravimétrica da Al2O3 (AM) quando comparada à curva da amostra de

KNO3/Al2O3 decorrentes da impregnação do nitrato de potássio.

As análises termogravimétricas (TG/DTG) para essas amostras foram realizadas com o uso

da termobalança SHIMADZU, modelo TG-50. As curvas termogravimétricas foram obtidas

aquecendo cada uma das amostras, contidas em um cadinho de porcelana, de 30°C a 600°C, com

uma razão de aquecimento de 10° C.min-1

e sob atmosfera inerte de nitrogênio com fluxo de 100

mL.min-1

.

4.2.1 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

As análises de microscopia eletrônica de varredura para o suporte e o catalisador forma

realizadas em um equipamento Philipps modelo XL30-ESEM.

Figura 17 Microscópico eletrônico de varredura

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52

4.3 REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO

A reação de transesterificação etílica via catálise heterogênea foi realizada com um sistema

de refluxo aberto, com um balão de fundo chato de 500 mL conectado a um condensador. A

mistura reacional foi adicionada ao balão sobre aquecimento e agitação constante durante 8

horas.

Figura 18 Sistema utilizado na reação de transesterificação.

4.3.1 CONDIÇÕES REACIONAIS

Segundo (Xie; Li, 2006) alguns parâmetros foram fixado, tais como: razão molar de

etanol:óleo de girassol de 15:1, tempo de reação de 8 horas de refluxo. Uma condição importante

que foi investigada é a quantidade de catalisador, a qual influencia diretamente na viabilidade

econômica da transesterificação. As sínteses ocorreram variando a porcentagem de catalisador de

2% a 8%. Essa porcentagem está relacionada à massa do óleo.

No final da reação, a mistura foi resfriada e separada por filtração para remoção do

catalisador. Em seguida, o filtrado foi transferido para um funil de decantação, onde ficou em

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53

repouso por 24 horas. Foram observadas à formação de duas fases, sendo a superior formada

pelos ésteres etílicos impuros, e a fase inferior formada pelo glicerol e etanol.

Figura 19 Separação da fase aquosa e dos ésteres etílicos.

Passado por um período de 24 horas de decantação, o glicerol e etanol foram removidos

ficando o biodiesel impuro. Para a remoção completa do etanol, o biodiesel foi submetido a um

tratamento de 5 lavagens com água morna, a uma temperatura de exatos 80° C, sendo controlada

pelo pH da água residual da lavagem, que indica o fim do processo de lavagem. A umidade

residual presente nos ésteres etílicos após a lavagem foi eliminada por aquecimento a 110° C em

estufa durante um período de 3 horas. Em seguida colocou – se a amostra no dessecador até

atingir a temperatura ambiente, que é de aproximadamente 25° C, para ser utilizado nas análises

experimentais.

A Figura 20 mostra o fluxograma geral da obtenção do biodiesel de girassol por

transesterificação etílica utilizando KNO3/Al2O3.

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54

Figura 20 Fluxograma geral da síntese do biodiesel de girassol utilizando KNO3 /Al2O3

SÍNTESE DO BIODIESEL

KNO3/Al2O3

Óleo de Girassol

Etanol anidro

Transesterificação

KNO3/Al2O3 usado Decantação

Fase aquosa Biodiesel impuro

Lavagem e secagem

Biodiesel puro

Filtração

Fase sólida Fase líquida

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55

4.4 CARACTERIZAÇÃO DO BIODIESEL DE GIRASSOL

As amostras de biodiesel foram caracterizadas pelas propriedades físico-químicas:

estabilidade oxidativa, índice de acidez, viscosidade cinemática e massa específica. Além dessas

análises foi também realizada a termogravimetria.

4.4.1 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS

A análise das amostras de biodiesel produzido a partir do óleo de girassol foram realizadas

segundo as normas da American Society for Testing and Materials (ASTM).

4.4.1.1 Estabilidade Oxidativa

Para estudar a estabilidade oxidativa e determinar os períodos de indução das amostras de

biodiesel sintetizados, foram realizadas análises de acordo com o método Rancimat segundo a

norma Européia (EN14112), utilizando o equipamento de marca METROHM e modelo

Rancimat 843. As amostras de biodiesel foram aquecidas a uma temperatura de 110, 9° C, onde

o equipamento vai registrar a condução de íons para a água destilada presente em um recipiente.

O biodiesel é aquecido e os ácidos são quebrados.

Os produtos formados pela decomposição são soprados por um fluxo de ar dentro de uma

célula de medição abastecida por água destilada. O tempo de indução é determinado pela medida

da condutividade. A avaliação é automática.

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56

4.4.1.2 Índice de Acidez

O método utilizado para determinação do índice de acidez foi realizado de acordo com a

NBR 14448, utilizando um Titulador Potenciométrico Automático, modelo AT-500N e marca

KEM, equipado com um eletrodo de indicador de vidro e um eletrodo de referência ou eletrodo

combinado, a leitura do resultado é realizada ao final do ponto de equivalência. Inicialmente,

pesou-se 20 g da amostra em uma balança analítica, marca Mettler Toledo, com precisão

0,0001g, com auxílio de um béquer e adicionou-se 125 mL de solução solvente, composta por 5

mL de água destilada, 495mL de isopropanol e 500 mL de tolueno. A solução solvente foi

anteriormente titulada com solução alcoólica de hidróxido de potássio 0,1N sendo o valor obtido,

em mL, correspondente ao branco. A solução de hidróxido de potássio foi padronizada por uma

solução alcoólica de ácido clorídrico e assim determinada a real concentração da solução

titulante (GONDIM, 2009).

O cálculo do índice de acidez foi realizado pela seguinte equação:

(Va – Vb) x Ct x 5,61

m

Onde: IA = índice de acidez; VA = volume (mL) da solução alcoólica de KOH a 0,1N gasto na

titulação da amostra; VB = volume (mL) da solução alcoólica de KOH gasto na titulação da

solução solvente (branco); Ct = concentração (N) da solução de KOH obtida na padronização e

m = massa (g) da amostra.

IA =

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57

4.4.1.3 Viscosidade Cinemática

Viscosidade cinemática e densidade são os parâmetros exigidos para biodiesel e diesel, por

ser fundamental para as propriedades do combustível. Em um motor diesel, o combustível é

borrifado no ar comprimido, e atomizada em pequenas gotas perto da saída do bocal

(ALPTEKIN et al., 2008). Uma das razões mais importantes dos óleos vegetais não ser utilizado

em motores diesel é a sua alta viscosidade, por isso é necessário sua transesterificação.

A viscosidade cinemática de todas as amostras de biodiesel, a 40 ºC foi determinada em um

viscosímetro automático Tanaka, modelo AKV-202, de acordo com a norma ASTM D 445.

Depois de sugar 15 mL da amostra e analisá-la, o equipamento forneceu diretamente a

viscosidade cinemática da mesma de acordo com a referida norma. O cálculo da viscosidade

cinemática foi realizado conforme a equação a seguir:

V = K x t

Sabendo que,

V = Viscosidade cinemática (mm2/s2);

k = Constante do tubo capilar para o biodiesel – 0,01572 mm2/s2;

t = tempo gasto para o liquido fluir no viscosímetro (s).

4.4.1.4 Massa específica

A massa específica é uma propriedade do combustível que afeta diretamente as

características de desempenho do motor. Muitas características de desempenho, tais como o

número de cetano e de valor de aquecimento, estão relacionadas com a densidade (TAT et al.,

2000). A massa específica e viscosidade dos combustíveis afeta o início da injeção, a pressão de

injeção, e as características de pulverização de combustível, de modo que elas influenciam o

desempenho do motor de combustão e emissões de escape (ALPTEKIN, 2008).

A massa específica das amostras de biodiesel foram determinadas segundo a norma ASTM D

4052 realizada em um densímetro digital de bancada da Anton Paar, modelo DMA 4500 M. O

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equipamento foi calibrado com água pura a 4 ºC. A amostra foi injetada na célula do densímetro

até o preenchimento total da mesma, a leitura para determinação da massa específica foi

realizada diretamente no visor do equipamento a 20 ºC.

4.4.2 Rendimento

O cálculo do rendimento da reação de transesterificação baseou-se na equação abaixo:

m1

m2

Onde: m1 = massa do biodiesel obtido pela reação de transesterificação (g); m2 = massa do óleo

de girassol antes de reagir (g).

4.4.3 Análise termogravimétrica

As análises termogravimétricas (TG/DTG) foram realizadas com o objetivo de observar a

diferença da estabilidade térmica e os processos de decomposição do biodiesel de girassol. Além

disso, essa técnica foi comparada com o rendimento da reação de transesterificação, a fim de

verificar sua eficácia como análise para determinar o teor de ésteres totais.

As amostras de óleo de biodiesel de girassol foram analisadas usando uma termobalança

Mettler Toledo TGA/SDTA, modelo 851e. As curvas termogravimétricas foram obtidas

aquecendo cada uma das amostras, contidas em um cadinho de porcelana, da temperatura

ambiente até 900ºC, com uma razão de aquecimento de 10 ºC.min-1

e sob atmosfera dinâmica de

hélio (25 mL.min-1

).

x 100% r =

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59

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DOS SÓLIDOS CATALÍTICOS

A seguir serão discutidos os resultados de caracterização dos suportes e da síntese e

caracterização dos catalisadores sintetizados pelo método da impregnação via úmida com

solução aquosa com 35% de KNO3 em alumina amorfa.

5.1.1 Técnicas

Os difratogramas de Raios-X da amostra do suporte e do catalisador são mostrados nas

Figuras 21 e 22.

Figura 21 Difratograma de Raios-x do suporte Al2O3

10 20 30 40 50 60 70

0

100

200

300

400

500

600

4

Inte

nsid

ad

e(u

.a)

2

1

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60

A Figura 21 mostra os padrões de DRX do Al2O3. A amostra de Al2O3 exibi pontos

característicos em 2Ө = 14°, 28°, 38°, 49° e 67° e pode-se verificar a partir da referência

cristalográfica PDF-(16-0384), analisadas pelo banco de dados JCPDS (ICDD-2002), do

programa X’Pert HighScore que os mesmos indicam estrutura amorfa desse suporte.

A Figura 22 mostra o DRX do catalisador obtido quando o nitrato de potássio foi

impregnado no suporte. Observa – se que ocorre uma completa modificação no difratograma

com o aparecimento de novos picos todos mais estreitos, o que indica um material cristalino.

Observa – se o aparecimento de uma nova fase intermediária que de acordo com a literatura, é

interpretada como sendo o K2O, cujos picos podem ser observados para valores 2Ө = 31° e 55°

(XIE, W., 2006).

Estudos (XIE, W., 2006) indicam que o catalisador KNO3/Al2O3 apresenta elevada atividade

catalítica quando preparado com calcinação, pois apresenta uma maior quantidade de sítios

básicos, que servem como sítios ativos para a reação de transesterificação do óleo de girassol

com etanol.

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61

Figura 22 Difratograma de Raios-x do catalisador KNO3 / Al2O3 ; ( ) KNO3; (x) K2O.

10 20 30 40 50 60 70

0

100

200

300

400

500

Inte

nsid

ad

e (

u.a

)

2

5.1.1 Técnicas

As Figuras 23 e 24 apresentam as micrografias eletrônicas de varredura do suporte e do

catalisador.

Figura 23 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) do suporte Al2O3

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62

Figura 24 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) do catalisador KNO3/Al2O3

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63

As micrografias do Al2O3 mostram a formação de aglomerados heterogêneos apresentando

estrutura amorfa, com partículas de tamanho irregulares aproximadamente entre 2-60 μm, sendo

algumas destas partículas esféricas, como mostra a Figura 23. Após a impregnação com KNO3,

a estrutura apresentou uma alta dispersão na superfície do suporte também com tamanhos

irregulares ente 2-60 μm, mostrando-se mais homogêneo.

Evangelista (2011) mostrou as micrografias referentes à Al2O3 cristalina, mostrando que a

mesma apresenta uma estrutura cristalina, com partículas de tamanho irregulares

aproximadamente entre 1-10 μm. Apresenta também uma estrutura principal hexagonal, com

estruturas secundárias, e quando este suporte é impregnado com sal de nitrato, a Al2O3 cristalina

apresenta um maior empacotamento, quando comparado a Al2O3 amorfa, que apresenta mais

espaços livres (vacâncias) para impregnação.

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64

5.2 CARACTERIZAÇÃO DO BIODIESEL DE GIRASSOL

A seguir serão discutidos os resultados de caracterização físico-química de cada amostra de

biodiesel, juntamente com suas respectivas análises de TG/DTG.

5.2.1 Propriedades físico-químicas

Algumas propriedades combustíveis do óleo de girassol e biodiesel são mostradas na Tabela

8.

Tabela 8 Propriedades físico-químicas do óleo e biodiesel de girassol

Propriedades Viscosidade

cinemática a 40°

C (mm2/s)

Massa

específica a

20° C

(kg/m3)

Estabilidade

oxidativa

(h)

Índice de

acidez

(mgKOH/g)

Óleo de girassol 33,2 922,2

4,4

0,03

Biodiesel a 2% 11,0

905,5

0,4

2,2

Biodiesel a 4% 8,3 895,7 0,9 0,1

Biodiesel a 6% 34,0 921,9

0,9

0,08

Biodiesel a 8% 31,7 918,1 2,2 0,09 Condições reacionais: Quantidade de catalisador 2%, 4%, 6% e 8% de KNO3/Al2O3; Razão molar de etanol/óleo de

girassol 15:1; Tempo de reação de 8 horas e temperatura de refluxo.

O óleo de girassol apresenta valores muito elevados das propriedades combustíveis,

especialmente viscosidade, assim, limitando o seu uso direto como combustível para motores

diesel. Após a transesterificação, a viscosidade cinemática é reduzida no biodiesel 2% e 4%,

tendo um comportamento diferenciado no biodiesel 6% e 8%, que ao invés de diminuir,

aumentou. Essa baixa viscosidade do biodiesel 4%, quer dizer que ele será queimado na câmara

de combustão com maior facilidade, do que os demais, diminuindo assim a possibilidade de

acúmulo de resíduos nos filtros de combustível e nos sistemas de injeção.

Como mostra Zheng et al. (2006), a diminuição da viscosidade é um fator positivo, uma vez

que altos valores podem gerar problemas como desgaste das partes lubrificadas do sistema de

injeção, vazamento da bomba de combustível e atomização incorreta na câmara.

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65

As amostras originadas de matérias-primas com maior concentração de ácidos graxos

saturados em sua composição devem ser mais viscosas que aquelas que apresentam maior

presença de ácidos graxos insaturados (Marchetti et al., 2007; Kucek et al., 2007).

Essa significativa diminuição se dá pelo fato da cadeia dos ésteres ser menor do que a dos

triglicerídeos. Esta propriedade funciona como indicativo de que a conversão dos ácidos

carboxílicos em ésteres etílicos foi suficiente, uma vez que a mudança nos valores é expressiva.

Com relação à massa específica, ocorreu uma diminuição em todas as amostras de biodiesel,

como pode ser observado na Tabela 8. A amostra de biodiesel (4%), foi a que teve o menor

valor de viscosidade cinemática, era esperado que o mesmo apresentasse a menor massa

específica, e realmente apresentou, pois foi o que apresentou maior conversão. Já com relação as

amostras de biodiesel 6% e 8%, apresentaram um valor bem próximo ao valor do óleo,

mostrando que não transesterificou.

O biodiesel é susceptível à oxidação quando exposto ao ar, luz, umidade calor, etc. e este

processo de oxidação em última análise afeta a qualidade o combustível. Em função disto, a

estabilidade à oxidação vem sendo uma propriedade bastante investigada.

Biodiesel de forma geral, absorve água, que pode provocar a sua própria degradação

hidrolítica. Este é considerado um fator de grande importância de avaliação do biocombustível,

embora a presença de substâncias, tais como, mono e diglicerídeos (intermediários da reação) ou

glicerol, possam influencia-lo fortemente, dadas as suas capacidades de emulsificar em contato

com a água (PUCKET et al., 1948). Todas as amostras de biodiesel não ficaram dentro das

especificações da ANP, segundo o B100, que é de no mínimo um período de indução de 6h.

A acidez elevada pode danificar o filtro de combustível, reduzindo a sua durabilidade, além

de tornar o combustível corrosivo. Nas quatro amostras de biodiesel, pode-se verificar que todas

apresentam valores menores que 0,5, que é o valor padrão segundo as normas da ANP para

biodiesel puro, com exceção da amostra de biodiesel 2% que está fora do padrão aceitável.

Algumas propriedades físico-químicas com óleo de girassol bruto foram analisadas por

(FERRARI et al., 2009), segundo metodologias recomendadas pela ANP, apresentando como

resultados: ponto de fulgor (310,5 ºC), índice de acidez (0,07 mg KOH.g-1

), índice de peróxido

(5,88 meq.kg-1

), viscosidade cinemática a 40 ºC (31,49 mm2.s

-1) e resíduo de carbono (0,42%

m.m-1

). CHAVES (2008) caracterizou o óleo de girassol refinado quanto ao teor de umidade

(0,0568%), índice de acidez (0,0557 mg KOH.g-1

), índice de peróxido (8,0581%), e índice de

iodo (123,6408 cg I2.g-1

). O valor encontrado do índice de iodo concordou com os dados da

composição química do mesmo, a presença de um maior teor em ésteres insaturados

(McCORNICK et al., 2001).

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66

5.2.2 Análise termogravimétrica

As análises de TG/DTG das amostras de biodiesel sintetizados com o catalisador

KNO3/Al2O3, nas proporções de catalisador a 2%, 4%, 6% e 8% são mostrados nas Figuras 25 e

26. Os dados quantitativos das perdas de massas identificadas nestas curvas são descritas na

Tabela 9.

Figura 25 Curvas de TG das amostras de biodiesel sintetizado com o catalisador KNO3/Al2O3 na proporção de 2%,

4%, 6% e 8%.

100 200 300 400 500 600

0

20

40

60

80

100

MA

SS

A (

%)

Temperatura (°C)

Biodiesel(2%)

Biodiesel(4%)

Biodiesel(6%)

Biodiesel(8%)

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67

Figura 26 Curvas de DTG das amostras de biodiesel sintetizado com o catalisador KNO3/Al2O3 na proporção de

2%, 4%, 6% e 8%.

Tabela 9 Dados quantitativos da análise termogravimétrica das amostras de biodiesel de girassol sintetizados com o

catalisador KNO3/Al2O3

Amostras Etapas ∆T(°C) Tmáx.(°C) ∆m(%) mR (%)

2%-KNO3/Al2O3 1

2

188,0-320,2

320,2-488,5

269,4

412,5

45,2

49,2

5,6

4%-KNO3/Al2O3 1

2

177,2-309,3

309,3-483,1

278,5

428,7

68,1

25,5

6,4

6%-KNO3/Al2O3 1 246,0-492,3 416,2 98,5 1,4

8%-KNO3/Al2O3 1 189,8-486,7 416,2 99,4 0,6

Δm = Perda de massa; mR = massa residual; Tmáx = temperatura do pico da DTG

Para o óleo ocorre uma única perda de massa, que é a atribuída à decomposição ou

volatilização dos triglicerídeos, mostrando uma massa residual muito baixa, sugerindo que o óleo

apresenta um alto grau de pureza e baixo teor de ácidos graxos livres. O óleo de girassol

100 200 300 400 500 600

-0,10

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0,00

DT

G

Temperatura (oC)

BIO 2% KNO3/Al

2O

3

BIO 4% KNO3/Al

2O

3

BIO 6% KNO3/Al

2O

3

BIO 8% KNO3/Al

2O

3

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apresenta uma perda de massa no intervalo de 300 a 495°C, uma temperatura máxima de

416,2°C e uma massa residual de 1.4%. Os biodieseis apresentam dois eventos térmicos, sendo a

primeira perda de massa equivalente a formação de ésteres etílicos, onde as temperaturas iniciais

da termodecomposição são inferiores ao do óleo. Os resultados mostram que com o aumento da

quantidade de catalisador (2%, 4%, 6% e 8%), ocorre uma variação crescente na taxa de

conversão somente entre as amostras de biodiesel 2% e 4%, pois nas demais (6% e 8%), não

ocorreu a transesterificação.

Pode ser observado pela medida da TG que o melhor resultado obtido, foi com o biodiesel

que apresenta 4% m/m. de catalisador KNO3/Al2O3, produzindo em torno de 68,1% de

conversão em biodiesel. A segunda perda de massa é atribuída a resíduos de triglicerídeos.

Quanto maior a quantidade de catalisador usado na reação, menor será a quantidade de massa

nesta segunda perda, pois maior vai ser a conversão. Como pode se observar nas amostras de

biodiesel 2% m/m e 4% m/m.

De acordo com Tavares et al. (2009), a estabilidade térmica é um parâmetro importante para

avaliação de condições de processamento e estocagem de materiais. Esta propriedade de óleos

vegetais e seus derivados é um fator determinante na sua qualidade.

Dentre as vantagens da utilização desta técnica destacam-se a pequena quantidade de

amostra para os ensaios, obtenção de uma variedade de resultados em um único gráfico e a não

necessidade de preparo da amostra. Com as curvas obtidas da variação de massa em função da

temperatura podem-se tirar conclusões, por exemplo, sobre a estabilidade térmica e sobre a

composição de qualquer composto intermediário que possa ser formado, além da composição do

resíduo, se este existir (TAVARES, 2009).

Através da análise qualitativa realizada pela termogravimetria, nas amostras de BIODIESEL

2% m/m e BIODIESEL 4% m/m, houve uma variação crescente na taxa de conversão de

triglicerídeos em ésteres etílicos, entretanto, o mesmo não pode ser observado para as amostras

BIODIESEL 6% m/m e BIODIESEL 8% m/m.

Pode ser observado que pela análise qualitativa dos resultados obtidos pelas curvas da TG e

da Tabela 9, a amostra de BIODIESEL 4% m/m obteve melhor conversão dos triglicerídeos em

ésteres etílicos, com conversão em biodiesel de aproximadamente 68,1%.

Xie (2006) mostrou na reação de transesterificação do óleo de soja, que com o aumento da

porcentagem de catalisador na reação, a partir de 6% m/m, ocorreu uma redução na taxa de

conversão em biodiesel na reação, a qual foi atribuída ao excesso de KNO3 impregnado em

alumina, que não foi bem disperso e cobriu a superfície do composto diminuindo a atividade

catalítica do catalisador.

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6 CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos por algumas técnicas nesse trabalho para o suporte, o

catalisador e também as amostras de biodieseis, pode-se concluir que:

O suporte apresentou padrões característicos, quando foi feito as análises de DRX.

O catalisador heterogêneo KNO3/Al2O3 quando foi analisado por DRX, apresentou picos

característicos não só dele, mas também da Al2O3, KNO3 e K2O (sítio básico) que condiz

uma alta basicidade.

O aumento na quantidade de catalisador usado na reação (2%, 4%, 6% e 8%), provocou

uma ascensão na conversão em ésteres etílicos na reação, exceto em 6% e 8%.

Observou-se na TG das amostras de biodiesel 2% e 4% a presença de dois pontos onde

ocorrem perdas de massa, um na qual corresponde a conversão de ésteres etílicos e o

outro que faz referência a resíduos de triglicerídeos.

Já nas amostras de biodiesel 6% e 8% só apresentaram um único ponto de perda de

massa, que não corresponde à formação de ésteres etílicos, e sim a decomposição ou

volatilização de triglicerídeos.

A viscosidade cinemática dos biodieseis obtidos está superior às normas padrões da ANP,

a amostra que mais se aproxima é biodiesel com 4% de catalisador, que apresenta uma

viscosidade igual a 8,3 mm2/s.

Pelo presente trabalho observou-se que pelas curvas termogravimétricas é possível

evidenciar, qualitativamente, o comportamento térmico das amostras de biodiesel e óleo

de girassol. Além de acompanhar a influência da concentração do catalisador na

conversão dos triglicerídeos em ésteres etílicos. O catalisador biodiesel 4% KNO3/Al2O3

apresentou melhor atividade catalítica na reação de transesterificação do óleo de girassol

nas condições adotadas, tendo uma conversão de ésteres etílicos de 68,1%. Há uma

necessidade de aperfeiçoarmos as condições reacionais para aumentarmos essa

conversão.

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O aumento na quantidade de catalisadores (2% e 4%) aumentou a conversão em

biodiesel, e como esperado, diminui os valores de massa específica e viscosidade

cinemática, indicando um aumento na formação dos ésteres metílicos. Confirmando que

essas análises podem ser utilizadas como indicadores comparativos e qualitativos do teor

de ésteres formados;

A perda de massa do biodiesel determinada via TG pode ser relacionada ao teor de

ésteres totais, apesar dessa análise não quantificá-los separadamente. Propõe-se essa técnica

como uma análise quantitativa da conversão dos ácidos graxos a ésteres etílicos;

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