UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ...2014... · E SUCO DE UVA Trabalho...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SÁUDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
CURSO DE ODONTOLOGIA
SAMUEL ELEUTÉRIO PAIVA SOUSA
O PRÉ-AQUECIMENTO MELHORA A RESISTÊNCIA AO MANCHAMENTO DE
COMPÓSITOS DE BAIXA VISCOSIDADE EM BEBIDA À BASE DE COLA E
SUCO DE UVA
NATAL/RN
2014
Samuel Eleutério Paiva Sousa
O PRÉ-AQUECIMENTO MELHORA A RESISTÊNCIA AO MANCHAMENTO
DE COMPÓSITOS DE BAIXA VISCOSIDADE EM BEBIDA À BASE DE COLA
E SUCO DE UVA
Trabalho apresentado no curso de graduação em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para conclusão da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II. Orientador: Prof. Dr. Boniek Castillo Dutra Borges
NATAL
2014
O pré-aquecimento melhora a resistência ao manchamento de
compósitos de baixa viscosidade em bebida à base de cola e suco de uva
Samuel Eleutério Paiva Sousa, Graduando em Odontologia
Ellen Souza da Costa, Graduanda em Odontologia
Isauremi Vieira de Assunção, DDS, MSc, PhD
Alex José Souza dos Santos, DDS, MSc, PhD
Boniek Castillo Dutra Borges, DDS, MSc, PhD*
Instituição dos autores
Departamento de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), Natal, Brasil
*Autor de correspondência:
Av. Senador Salgado Filho, 1787, Lagoa Nova, Natal/RN, Brasil; CEP: 59056-
500; e-mail: [email protected]; Telefone/Fax: +55 84 32154101
O pré-aquecimento melhora a resistência ao manchamento de
compósitos de baixa viscosidade em bebida a base de cola e suco de uva
RESUMO: Objetivo: Avaliar a influência do pré-aquecimento de resinas
compostas fluídas fotoativadas de diferentes marcas na estabilidade de cor
quando submetidos ao contato com suco de uva, refrigerante de cola e água
destilada. Metodologia: Foram utilizadas duas resinas compostas fluídas:
Wave (SDI) e Tetric N-Flow (Ivoclar Vivadent). Cento e vinte espécimes (n=10)
foram fotoativados a diferentes temperaturas (25ºC e 68ºC). Após a
fotoativação, os espécimes foram imersos em água destilada (37ºC) por 24h
(T0) e, em seguida, imersos em diferentes soluções (água destilada,
refrigerante de cola ou suco de uva) durante 7 dias (T1) (37ºC). A cor dos
espécimes foi mensurada através de um espectrofotômetro manual Easy
Shade (Vita Zahnfabrik) após T0 e T1 por meio dos parâmetros da CIE-L*a*b*.
A mudança de cor total após T1 (ΔE) foi calculada. Os resultados foram
analisados através do teste ANOVA a 3 fatores, seguido de Tukey (p<0,05).
Resultados: Houve diferenças estatisticamente significativas na estabilidade
de cor entre as temperaturas (p<0,01), entre as soluções (p<0,01) e na
interação entre materiais x temperaturas x soluções (p<0,01). O suco de uva
gerou as maiores alterações de cor (ΔE) para os dois materiais testados e
ambas as temperaturas.
Palavras-chave: resinas compostas, corantes de alimentos, temperatura.
RELEVÂNCIA CLÍNICA: O pré-aquecimento de resinas compostas fluídas
antes de sua fotoativação melhora a sua estabilidade de cor frente a algumas
bebidas e isso aumentaria o tempo de uma restauração com esse tipo de
material no meio oral, reduzindo a necessidade de troca por razões estéticas.
4
INTRODUÇÃO
As resinas compostas fluídas foram desenvolvidas com o objetivo de
fornecer melhores propriedades de manuseio visto que a viscosidade do
material em algumas situações pode afetar procedimentos restauradores
interferindo negativamente no tempo de operação e na qualidade da
restauração.1 Esses materiais têm sido utilizados em reparos de restaurações
permanentes2 ou provisórias,3 restaurações de lesões cervicais,4 em pequenas
restaurações oclusais5 e como selantes de fóssulas e fissuras.6 É esperado
que essas resinas apresentem boas propriedades estéticas, que podem ser
significativamente comprometidas com a descoloração desses materiais. As
resinas compostas fluídas fotoativadas são passíveis de adquirir diversos graus
de descoloração, essa mudança de cor nos materiais resinosos é decorrente
de fatores extrínsecos e intrínsecos.7,8,9
Entre os fatores intrínsecos está a mudança de estrutura química desses
materiais. Aspectos como o grau de conversão adquirida pela matriz orgânica
de um compósito são fatores determinantes para sua estabilidade de cor,
sendo a quantidade de monômeros convertidos em polímeros durante a
polimerização diretamente proporcional à resistência ao manchamento.10 A
explicação para esse fato é que os monômeros que não foram convertidos
originam produtos de degradação colorimétricos, que degradam a cadeia
polimérica recém-formada, por facilitarem a passagem de solventes
provenientes do ambiente oral.11 Já os fatores extrínsecos envolvem a cor do
material empregado, sendo os mais escuros menos susceptíveis a absorver
pigmentos12 e a adsorção ou absorção de substâncias exógenas provenientes,
por exemplo, da alimentação.9 Bebidas escuras como suco de uva e
5
refrigerantes à base de cola, podem causar manchas de diferentes graus
nesses materiais, que variam de acordo com a composição de cada um.8
Uma técnica que vem sendo estudada e desenvolvida para melhorar as
propriedades físicas e mecânicas dos materiais resinosos é o seu aquecimento
antes do contato com a superfície dentária, e, portanto, antes de sua
fotoativação. Foi demonstrado in vitro, que compósitos pré-aquecidos
necessitam de uma menor quantidade de luz para atingirem altos graus de
conversão quando comparados com a fotoativação desses materiais em
temperatura ambiente. Ou seja, o aquecimento induz a conversão de uma
maior quantidade de monômeros em polímeros, diminuindo a quantidade de
monômeros livres e possivelmente evitando os inconvenientes supracitados.13
Apesar de existirem algumas suposições, ainda não há muitos estudos
que comprovem a eficácia do pré-aquecimento de resinas compostas fluídas
fotoativadas frente à instabilidade de cor desses materiais. Assim sendo,
pesquisas in vitro realizadas no sentido de observar esses efeitos são de
grande relevância para a comunidade científico-odontológica, pois isso
aumentaria o tempo desse material no meio oral, reduzindo a necessidade de
troca por motivos estéticos.
Desta forma o presente estudo propõe-se a avaliar a influência do pré-
aquecimento de resinas compostas fluídas fotoativadas de diferentes marcas
na estabilidade de cor quando submetidos ao contato com suco de uva,
refrigerante de cola e água destilada. A hipótese nula testada foi que as
temperaturas não influenciariam no manchamento de ambos os materiais
testados, independente do tipo de solução.
6
MATERIAIS E MÉTODOS
Os materiais de teste e preparação das amostras
As resinas compostas fluídas Wave (SDI, Bayswater, Austrália) e Tetric®
N-Flow (Ivoclar Vivadent, Schaan, Liechtenstein) ambas nas cores A2 foram
empregadas neste trabalho (Tabela1).
Como soluções de coloração, foram utilizadas: suco de uva Del Valle
Mais (Coca-Cola®, Brasil), refrigerante de cola (Coca-Cola®, Brasil) e água
destilada. O pH das soluções foi verificado por meio de um pHmetro (Medidor
de pH de bancada, modelo NT-PHM/NT-PHP, Nova Técnica, Piracicaba,
Brasil) (Tabela 2).
Cento e vinte corpos-de-prova (sessenta de cada resina, com diâmetro
de 5mm e uma espessura de 1mm) foram preparados utilizando uma matriz de
teflon e divididos em grupos de acordo com a resina utilizada, com a
temperatura (68o C, pré-aquecido; e 25 o C, temperatura ambiente) e o tipo de
solução de coloração na qual foram armazenados, totalizando 12 grupos
(n=10).
Para aquecimento da resina, a sua bisnaga foi armazenada em estufa
(Estufa de secagem e esterilização, Modelo 315 SE, FANEM, São Paulo,
Brasil) a 68º C por um período de duas horas previamente a sua inserção na
matriz.14,15 Além disso, as matrizes, lâminas e placas de vidro utilizadas para a
confecção dos corpos de prova dos grupos aquecidos também foram
aquecidas de modo a reduzir a troca de calor das resinas com esses materiais.
Na confecção dos corpos-de prova utilizando-se a resina pré-aquecida, o
material foi inserido na matriz imediatamente após removê-lo da estufa.
7
A matriz de teflon foi posicionada entre duas lâminas de vidro e esta
sobre uma placa de vidro. A inserção das resinas foi executada no centro da
matriz com auxílio da ponta fornecida pelo fabricante. As temperaturas finais
dos compósitos antes da fotoativação foram aferidas com um termômetro
infravermelho (modelo MS6530H, Commercial Electric, Atlanta, USA). Todos os
espécimes foram fotoativados por 20s através do aparelho diodo emissor de
luz (LED) Coltolux LED (Coltène, Suíça). A distância entre a fonte de luz e a
amostra foi padronizada pela utilização da lâmina de vidro de 1 milímetro, visto
que a ponta do aparelho estava em contato com a lâmina durante o processo
de polimerização.
Após a polimerização, os corpos-de-prova foram removidos da matriz e
receberam marcações com uma lâmina de bisturi nº 15 em sua base, com o
intuito de diferenciar a base do topo. Após isso, foram imersas em água
destilada e armazenadas em recipiente escuro a 37o C durante 24 horas.
Avaliação da estabilidade de cor
A avaliação da cor inicial foi efetuada após o período de 24 horas de
armazenamento em água por meio do aparelho espectrofotômetro manual
Easy Shade (Vita Zahnfabrik, Bad Säckingen, Alemanha) no topo dos corpo-
de-provas. Para padronização do posicionamento da ponta do aparelho na
superfície da amostra, bem como minimizar a entrada de luz durante a leitura,
foi confeccionada uma matriz em silicone de adição de consistência densa
(Futura AD, DFL, Rio de Janeiro, Brasil) para cobrir toda a amostra possuindo
apenas um orifício central superior para alocação da ponta do Easy Shade.
8
Após a leitura inicial, as amostras foram aleatoriamente distribuídas, a
partir de cada material, temperatura, e armazenadas em eppendorfs contendo
1,5mL da solução. Em seguida os eppendorfs foram colocados em recipiente
escuro e umidade relativa à 37o C durante 7 dias, quando uma nova leitura foi
efetuada.
Para execução de cada leitura, as amostras que estavam imersas em
suco de uva e coca-cola foram previamente lavadas (individualmente) em água
corrente durante 10 segundos, secas com papel absorvente e posicionadas
contra um fundo de porcelana branco. As leituras foram executadas em
triplicata para cada amostra e o espectrofotômetro foi desligado e calibrado
após a medição de cada grupo. A cor foi obtida através dos parâmetros do CIE-
L*a*b*, fornecidos pelo próprio aparelho espectrofotômetro. O valor de L*
(luminosidade), a* (eixo verde-vermelho) e b* (eixo amarelo-zul) foram
registrados a cada leitura. A mudança de cor (ΔE) entre o período inicial
(24horas) e o subsequente (7 dias) foi calculada pela seguinte equação: ΔE =
[ΔL*2 + Δa*2 + Δb*2]1/2, em que ΔL* representa L* final (após 7 dias) – L*
inicial; Δa* representa a* final (após 7 dias) – a* inicial; e Δb* representa b* final
(após 7 dias) – b* inicial.
Análise estatística
Após análise da distribuição amostral pelo teste de Kolmogorov-Smirnov,
em que se constatou normalidade dos dados, executou-se o teste de Análise
de Variância (ANOVA) a 3 fatores, seguido do teste de Tukey (p<0,05). As
análises foram executadas no programa ASSISTAT Beta 7,6.
RESULTADOS
9
Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os materiais
(p>0,05). Entretanto, houve diferenças estatisticamente significativas entre as
temperaturas (p<0,01), entre as soluções (p<0,01) e na interação entre
materiais x temperaturas x soluções (p<0,01). A comparação entre os grupos
está mostrada na Tabela 3. Em ambos materiais, o pré-aquecimento favoreceu
à menor alteração de cor pelas soluções corantes (Coca-Cola e suco de uva),
ao passo que não houve influência para a solução controle (água destilada).
Para ambos os materiais, na temperatura ambiente, o suco de uva gerou os
maiores valores de alteração de cor (ΔE) e a água destilada os menores. Na
temperatura aquecida (68o C), o suco de uva também gerou os maiores valores
de alteração de cor (ΔE), enquanto a Coca-Cola propiciou a mesma alteração
que a solução controle (água destilada).
DISCUSSÃO
A hipótese nula testada nesta investigação foi rejeitada, uma vez que os
materiais pré-aquecidos apresentaram maior resistência à coloração em
refrigerante de cola e suco de uva do que os materiais fotoativados à
temperatura ambiente. De fato, tem sido evidenciado o aumento do grau de
conversão de materiais resinosos quando pré-aquecido, especialmente as
resinas de baixa viscosidade.16 A temperatura elevada diminui a viscosidade do
material e aumenta a mobilidade dos radicais, resultando em uma
polimerização adicional e uma conversão mais elevada.17 Segundo Daronch et
al.18 a frequência de colisão entre grupos não-reativos e os radicais aumenta a
medida que se aumenta a temperatura de cura, quando abaixo da temperatura
de transição vítrea. Quando o polímero apresenta menor grau de conversão,
tem-se maior formação de produtos da degradação colorimétrica, e maior
10
penetração de solventes provenientes do meio oral na cadeia polimérica.19,20
Dessa forma pode-se atribuir a maior estabilidade de cor dos materiais pré-
aquecidos ao maior grau de conversão apresentado pelos mesmos.
Em uma situação clínica, dois fatores devem ser levados em
consideração em relação ao pré-aquecimento das resinas: o primeiro é a
temperatura na qual o material é inserido na cavidade, o outro seria o tempo
decorrido entre a inserção do material na cavidade, adaptação e sua
fotoativação. Porém estudos têm mostrado que mesmo que a resina esfrie até
cerca de 40ºC os benefícios se mantêm comparados ao compósito fotoativado
em temperatura ambiente.21 Além disso, pesquisas recentes investigaram os
efeitos do pré-aquecimento dos compósitos em temperaturas até 68ºC e
inseriram-no diretamente na dentina sem observar efeitos adversos.22,23
De acordo com Bagheri et al.24 o compósito é capaz absorver água e
outros fluidos e isso é outro fator que resulta em sua descoloração. Uma
elevada sorção de água pode hidrolisar o silano causando a formação de
microfissuras, essas microfissuras existentes entre as partículas de carga e a
matriz orgânica permitem a penetração de pigmentos e consequente
descoloração.
Estudos anteriores têm demonstrado que as maiores alterações de cor
foram observadas quando os materiais foram imersos em vinho tinto.24,25,26 No
entanto não foi explicado se a mudança de cor foi causada pelo álcool ou pela
presença de pigmentos no vinho. Com o intuito de eliminar estas variações,
suco de uva foi utilizado neste estudo como uma bebida alternativa.
11
No presente estudo as amostras imersas no suco de uva mostraram os
maiores valores de alteração de cor (ΔE), nas duas temperaturas avaliadas.
Segundo Fontes et al.27 alterações de cor com ΔE>3.3 são facilmente
perceptíveis ao olho humano e clinicamente inaceitáveis. É provável que o
baixo pH do suco de uva tenha afetado a superfície da resina, aumentando a
susceptibilidade de absorção do pigmento.27,28 Embora o refrigerante de cola
também possua um baixo pH, que pode danificar a integridade da superfície
dos materiais, esta solução não produziu tanta alteração de cor quanto no suco
de uva. Os espécimes imersos nessa solução, após os sete dias, apresentaram
valores de ΔE bem próximos aos do grupo controle (água destilada) quando
pré-aquecidos. As alterações de cor nesses grupos não foram facilmente
observadas, mas encontravam-se em um intervalo que é considerado
clinicamente aceitável (1.0< ΔE<3.3).27 Segundo Sajewicz,29 bebidas com pH
semelhantes, mas diferentes ácidos principais geram diferentes superfícies na
estrutura do esmalte. O refrigerante de cola contém ácido carbônico e ácido
fosfórico em sua composição já o suco de uva, ácido cítrico, desse modo os
diferentes ácidos encontrados nas bebidas poderia explicar estes resultados.
A capacidade de um compósito de absorver fluidos está fortemente
relacionada à natureza do material. Foi observado que materiais hidrófobos
apresentam baixa absorção de água, mas foram pigmentadas por soluções
hidrófobas, enquanto materiais hidrófilos foram coradas por substâncias
hidrófilas em soluções aquosas.24 A cor das uvas provém das antocianinas, um
pigmento vacuolar solúvel em água que possui caráter hidrófilo.30 Podemos
então considerar que possa ter ocorrido alguma absorção pelo componente
12
hidrófilo da matriz orgânica, principalmente o TEGDMA que também possui
afinidade com a água.31,20
O tipo de matriz orgânica utilizada no material resinoso tem mostrado
desempenhar um papel importante na susceptibilidade ao manchamento.24
Embora os fabricantes dos materiais utilizados no estudo não forneçam as
quantidades e os tipos de constituintes da matriz orgânica presentes em sua
composição, podemos inferir que esses materiais apresentem composições
similares no que diz respeito a esses constituintes, pois não encontramos
diferenças estatisticamente significantes na estabilidade de cor quando
comparamos os dois materiais.
Uma avaliação adequada da estabilidade de cor de materiais resinosos
pode ser realizada através de uma avaliação visual com guia de cores ou por
meio da utilização de um espectrofotômetro digital.32 Considerando a cor como
um fenômeno complexo, vários fatores como a iluminação do ambiente,
translucidez, opacidade, dispersão da luz e o próprio olho humano, podem
influenciar a percepção geral de cor.33 Para eliminar possíveis erros subjetivos
na avaliação da cor, o presente estudo utilizou um espectrofotômetro para
medição de cor.
Como os materiais dentários restauradores são continuamente expostos
à saliva, bebidas e pigmentos de comidas é importante determinar sua
suscetibilidade à mudança de cor, pois a descoloração desses materiais pode
ser a razão para troca de restaurações dentárias em áreas estéticas. Este
processo preocupa tanto o paciente quanto o dentista e requer gasto de tempo
e dinheiro.34 Além disso é importante enfatizar que as soluções testadas nesse
estudo não representam todas as substâncias as quais os materiais
13
restauradores podem ser expostos no meio oral, sendo necessários mais
estudos para investigar a estabilidade de cor dos compósitos. Além disso,
esses materiais só estão expostos ao meio oral em algumas situações clínicas
como em reparos de restaurações dentárias permanentes2 ou provisórias,3
restaurações de lesões cervicais4 e em pequenas restaurações oclusais,5
somente nesses casos o profissional deve se preocupar em utilizar os
compósitos pré-aquecidos na tentativa de aumentar a resistência à
pigmentação desses materiais.
CONCLUSÃO
Dentro das limitações deste estudo, podemos concluir que: o pré-
aquecimento das resinas compostas fluídas fotoativadas aumenta a
estabilidade de cor desses materiais quando submetido ao contato com suco
de uva e coca-cola e o suco de uva promoveu as maiores alterações de cor
mesmo quando os compósitos foram pré-aquecidos.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Adriano Rivanaldo, pelo apoio fornecido
durante as etapas laboratoriais, a Ivoclar Vivadent pelo auxílio fornecido
através da concessão de material para execução deste trabalho.
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18
Tabela 1- Nome comercial, composição, número de lote e fabricante dos
materiais utilizados no estudo.
Material Composição Lote Fabricante
Wave
35% em peso de ester metacrilato
funcional e 65% em peso de
partículas inorgânicas
130110NZ SDI, Bayswater,
Austrália
Tetric®
N-Flow
36% em peso de dimetacrilatos
(incluindo TEGDMA) 63% de
partículas (óxido de bário, trifluoreto
de itérbio, sílica altamente dispersa
e óxidos mistos) e 1% em peso de
pigmentos, catalizadores e
estabilizadores
T00421
Ivoclar Vivadent,
Schaan,
Liechtenstein
19
Tabela 2- As soluções de coloração usadas no estudo.
Solução de
armazenamento Composição pH Lote Fabricante
Suco de uva
Del Valle Mais
Água, suco concentrado
de uva, açúcar, aroma
natural, acidulante ácido
cítrico e espessante
goma xantana.
3.3 MM
P100414
Coca-Cola®,
Brasil
Refrigerante de
cola
Água gaseificada,
açúcar, extrato de noz
de cola, cafeína,
corante caramelo IV,
acidulante INS 338 e
aroma natural
3.0 P050714 Coca-Cola®,
Brasil
Água destilada - 6.3 - -
20
Tabela 3- Alteração de cor (ΔE) de acordo com os materiais, temperaturas e
soluções avaliadas.
Materiais Soluções
Temperaturas
Ambiente (25o C) Aquecida (68o C)
Wave
Água destilada 1,3 (0,5) Ac 1,3 (0,5) Ab
Coca-Cola 3,3 (0,8) Ab 2,6 (0,7) Bb
Suco de uva 26,2 (2,6) Aa 17,2 (2,3) Ba
Tetric® N-Flow
Água destilada 2,2 (1,1) Ac 1,5 (0,5) Ab
Coca-Cola 3,6 (1,1) Ab 2,3 (0,5) Bb
Suco de uva 16,1 (1,4) Aa 11,7 (2,7) Ba
Médias seguidas de letras maiúsculas distintas indicam diferenças
estatisticamente significativas entre as temperaturas para o mesmo material e a
mesma solução (p<0,05). Médias seguidas de letras minúsculas distintas
indicam diferenças estatisticamente significativas entre as soluções para o
mesmo material e a mesma temperatura (p<0,05).