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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO THAIS ROSENTAL GABRIEL LOPES VIVÊNCIA DE PAIS DIANTE DO FILHO PREMATURO NO MÉTODO CANGURU NATAL 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO

THAIS ROSENTAL GABRIEL LOPES

VIVÊNCIA DE PAIS DIANTE DO FILHO PREMATURO NO MÉTODO CANGURU

NATAL

2017

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THAIS ROSENTAL GABRIEL LOPES

VIVÊNCIA DE PAIS DIANTE DO FILHO PREMATURO NO MÉTODO CANGURU

Dissertação apresentada à Banca Examinadora

do Programa de Pós-Graduação do

Departamento de Enfermagem, da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como requisito para obtenção de título de

mestre.

Área de Concentração: Enfermagem na

Atenção à Saúde.

Linha de Pesquisa: Atenção à Saúde Infanto-

Juvenil Mulher e Homem.

Orientadora: Profa. Dra. Jovanka Bittencourt

Leite de Carvalho.

NATAL

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Lopes, Thais Rosental Gabriel.

Vivencia de pais diante do filho prematuro no Método Canguru / Thais Rosental Gabriel Lopes. - 2017.

91 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro

de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Natal, RN, 2017. Orientadora: Profa. Dra. Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho.

1. Prematuridade - Dissertação. 2. Pai - Dissertação. 3. Método canguru -

Dissertação. 4. Enfermagem neonatal - Dissertação. 5. Humanização - Dissertação.

I. Carvalho, Jovanka Bittencourt Leite de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 616-053.32

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THAIS ROSENTAL GABRIEL LOPES

VIVÊNCIA DE PAIS DIANTE DO FILHO PREMATURO NO MÉTODO CANGURU

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Enfermagem, do Centro de

Ciências da Saúde, da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como requisito parcial

para obtenção do título de mestre.

APROVADO EM: 19/12/2017

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

Profa. Dra. Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Orientadora – Presidenta da Banca

______________________________________________________

Prof. Dr. Flávio César Bezerra da Silva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Membro externo

______________________________________________________

Profa. Dra. Ana Dorcas de Melo Inagaki

Universidade Federal de Sergipe

Membro externo

NATAL/RN

2017

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Ao meu anjo Nando, meu marido, companheiro e amigo; por compartilhar a realização

deste sonho, estando ao meu lado com apoio e carinho durante o percurso para

conclusão deste trabalho.

Aos meus pequenos David e Beatriz, que ainda pouco compreendem os momentos de

ausência física, no entanto me aguardavam com carinho. Obrigada por fazerem sentir-

me a dimensão do que é o amor.

À minha mãe Graça, por ser exemplo de mãe, mulher e profissional na área

educacional.

Ao meu pai Gabriel e irmãos Rodrigo e Leandro, fontes de inspiração para aprofundar-

me nos estudos sobre “o pai”.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

A DEUS

Pelo dom da vida e iluminação espiritual, por guiar-me em todos os caminhos percorridos

pela fé.

A minha orientadora

Professora Drª Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho, por ter me escolhido,

intencionalmente, para ser uma das “suas filhas” acadêmicas. Pelo apoio, amizade,

simplicidade e carinho durante a caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Ao Departamento de Enfermagem da UFRN, representado pela coordenação e vice-

coordenação do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Professoras Drª Ana Luísa

Brandão de Carvalho Lira e Drª Rejane Maria Paiva de Azevedo, pela oportunidade de

crescimento pessoal e profissional.

Às professoras da pós-graduação em Enfermagem, pelos ensinamentos e saberes

compartilhados.

À Prof.ª Drª Roseneide Santana de Brito, que acompanhou-me nessa trajetória na UFRN. Sua

presença foi fonte de luz, sabedoria e amizade. Imensamente grata pelo seu carinho!

Ao Prof. Dr. Flávio César Bezerra da Silva, pelos ensinamentos e carinho sempre presente

durante minha trajetória no Mestrado.

Aos professores, funcionários e ex-colegas de trabalho da Escola de Enfermagem da UFRN,

pelo incentivo no crescimento profissional. Muito obrigada!

Aos profissionais da Unidade Canguru Maternidade Escola Januário Cicco, pelo acolhimento

e colaboração durante toda a pesquisa.

Aos colegas do Mestrado, pelos momentos de amizade e aprendizagem. “Grupo é grupo!”

Ao grupo de pesquisa Jovanketes “o novo”, em especial Graci, Glauber, Silvinha, Tassinha;

pelo companheirismo e ajuda em todos os momentos. Imensamente grata a vocês!

À minha segunda família “Lopes & Carneiro”, em especial a minha sogra Cida; pelo apoio e

incentivo mesmo a distância. Muito obrigada!

A minhas amigas “Poderosas”, presentes de Deus! Obrigada por compartilharem todos

momentos dessa trajetória profissional.

À CAPES pela oportunidade de desenvolver o estudo com a concessão da bolsa.

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RESUMO

No mundo, mais de 2,7 milhões de recém-nascidos morrem todos os anos antes de completar

cinco anos de idade. Neste contexto, a Atenção Humanizada ao Recém-nascido de baixo peso

ao nascer – Método Canguru constitui uma estratégia de humanização direcionada à saúde

neonatal. A proposta deste método é realizar o contato pele-a-pele precoce e contínuo do recém-

nascido prematuro com a mãe, o pai e familiares. Esta prática aumenta do vínculo afetivo,

incentivo ao aleitamento materno, desenvolvimento neurocomportamental, alta precoce da

unidade de saúde, bem como o empoderamendo dos pais e familiares com vistas à continuidade

do método no ambiente familiar. Com base no exposto, objetivou-se compreender a vivência

de pais diante do filho prematuro no Método Canguru. Deste modo, realizou-se uma pesquisa

qualitativa, descritiva e interpretativa, junto a 15 homens que vivenciavam o método canguru

junto ao filho prematuro, na Unidade de Cuidados Intermediários Canguru da Maternidade

Escola Januário Cicco em Natal/RN, Brasil. Conforme os critérios de inclusão, os participantes

deveriam estar com idade igual ou superior a 18 anos e que estivessem vivenciando o Método

Canguru. A coleta de dados ocorreu no período março a julho de 2017. Para isso, utilizou-se

um instrumento contendo questões relativas à caracterização sócio demográfica e uma pergunta

aberta contemplando a questão da pesquisa. Antecedeu essas etapas a anuência do hospital

referido, a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, CAAE nº 62020016.1.0000.5537 e parecer nº 1.850.383 como também assinatura do

Termo de Consentimento Livre Esclarecido pelos entrevistados. Os dados coletados de acordo

com as etapas da “Teoria Fundamentada nos Dados” e analisados sob ótica dos princípios do

Interacionismo Simbólico. Seguindo as etapa desses referenciais, foram elaboradas três

categorias, a saber: “Sentimentos vivenciados pelos pais na realização do Método Canguru”;

“Visão dos pais sobre a Unidade Canguru” e “Participação de pais no Método Canguru”. A

análise das dimensões de tais categorias possibilitou a construção da categoria central “Vivência

de pais junto ao filho prematuro no Método Canguru”. Deste modo, conclui-se que os pais

vivenciam o Método Canguru com sentimentos diversos, tais como: preocupação,

responsabilidade, medo e satisfação. Esses estão relacionados ao modo como o pai interage

com o filho e a sua companheira durante o método canguru. Tais sentimentos são oportunizados

pela sua visão sobre a unidade canguru e sua participação nos cuidados ao filho no período em

que o assiste. Diante disso, entende-se ser relevante que os profissionais de saúde atuantes na

metodologia assistencial do Método Canguru, em especial o enfermeiro, possibilitem a maior

atenção ao pai no contexto da prematuridade, compreendendo as particularidades do cuidado

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dispensado pelo pai ao filho, na tentativa favorecer vínculo precoce entre a díade pai-filho,

continuidade com efetividade do Método Canguru após alta hospitalar, com vistas a minimizar

indicadores de morbidade e mortalidade neonatal.

Descritores: Pai. Prematuridade. Método Canguru. Humanização. Enfermagem Neonatal.

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ABSTRACT

Around the world, over 2,7 million newborn children die every year before reaching the age of

five. In this context, the Humanized Attention to low birth weight children - the Kangaroo

Method represent a humanization strategy guided towards neonatal health. This method’s

proposal is to make early and continuous skin-to-skin contact among the premature newborn

and its mother, father and relatives. This practice increases the emotional bond, supports

breastfeeding, neurobehavioral development, early discharge from the health unit, as well as

the empowerment of the parents and relatives aiming the method’s continuity at their home.

Based on what was exposed, the purpose was to comprehend the parents’ experience before the

premature son, inside the Kangaroo Unit of Intermediate Care from the Maternity School

Januário Cicco in Natal/RN, Brazil. According to the inclusion conditions, the participants must

have age equal or higher than 18 years old and be exercising the Kangaroo Method. The data

gathering occurred from March to July of 2017. It was used an instrument containing questions

related to the sociodemographic characterization and an open question deliberating about the

research. Before these stages, the referred hospital’s consent was made, the approval of the

Committee of ethics and Research of Universidad Federal do Rio Grande do Norte, CAAE nº

62020016.1.0000.5537 and report nº 1.850.383 as well as the signature of the consent term by

the interviewed. From the data gathered according to the stages of the Grounded Theory about

the data and analyzed under the optic of the Symbolic interactionism principles. Based on these

benchmarks’ stages, three categories were elaborated: “Experienced feelings by the parents in

the accomplishment of the Kangaroo Method”; “Parents’ vision about the Kangaroo Unit” and

“parent’s participation in the Kangaroo Method”. The analysis of the dimension of such

categories made it possible to construct a central category “Parents’ experience with the

premature son in the Kangaroo Method”. Therefore, one concludes that the parents experienced

the Kangaroo Method with several feelings, such as: Worries, responsibility, fear and

satisfaction. These are related to the way of how the father interacts with the son and his

companion during the Kangaroo Method. Such feelings are given by their vision about the

kangaroo unit and their participation in the son’s care during the method’s period. In light of

this, one understands to be relevant that the acting health professionals in the Kangaroo

Method’s Care methodology, specially the nurses, provides a bigger attention to the father in

the prematurity’s context, comprehending the care’s singularities given by the father to the son,

in the attempt of favoring the early bond between father and son, the effective continuity of the

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Kangaroo Method after the hospital discharge, aiming to minimize neonatal morbidity and

mortality indicators.

Keywords: Father. Prematurity. Kangaroo Method. Humanization. Neonatal Nursing.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA I – Representação Gráfica da Teoria.............................................................59

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LISTA DE QUADROS

QUADRO I – CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS EMERGIDAS DAS FALAS DOS

PAIS ENTREVISTADOS....................................................................................................... 35

QUADRO II – CATEGORIA I E SUAS SUBCATEGORIAS...............................................36

QUADRO III – CATEGORIA II E SUAS SUBCATEGORIAS............................................ 43

QUADRO IV – CATEGORIA III E SUAS SUBCATEGORIAS.......................................... 50

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LISTA DE SIGLAS

RNPT Recém-nascido pré-termo

RN Recém-nascido

FIGO Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia

BPN Baixo Peso ao Nascer

MBPN Muito Baixo Peso ao Nascer

EBPN Extremo Baixo Peso ao Nascer

GP Grande Prematuro

MS Ministério da Saúde

DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

TMI Índices de mortalidade infantil

SVS Secretaria de Vigilância em Saúde

PAISMC Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher e da Criança

PAISC Programa Atenção Integral à Saúde da Criança

PAISM Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher

CORSAMI Coordenação de Saúde da Mulher e à Coordenação de Saúde da Criança e do

Adolescente

ATSCAM Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno

ATSM Área Técnica de Saúde da Mulher

PHPN Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento

PNAISM Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher

RC Rede Cegonha

CD Crescimento e Desenvolvimento

MC Método Canguru

UTIN Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal

UCINCa Unidade de Cuidados Intensivos Canguru

SUS Sistema Único de Saúde

IMIP Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira

BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento

AHRNBP Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo-peso

UCIN Unidade de Cuidados Intermediário Neonatal Canguru

UNICEF Fundo das Nações Unidas

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OMS Organização Mundial da Saúde

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UTI Unidade de Tratamento Intensivo

IHAC Iniciativa Hospital Amigo da Criança

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

2 OBJETIVO .......................................................................................................................... 19

3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 20

3.1 PREMATURIDADE ...................................................................................................... 20

3.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DO MÉTODO CANGURU .............................................. 22

3.3 O CUIDADO À FAMÍLIA DIANTE DO FILHO PREMATURO................................ 24

4 PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO ................................................................. 27

4.1 TIPO DE ESTUDO ........................................................................................................ 27

4.2 CENÁRIO DA PESQUISA ............................................................................................ 27

4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO .................................................................................. 28

4.4 COLETA DE DADOS .................................................................................................... 28

4.5 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................ 30

4.6 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ........................................................................... 33

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 33

5.1 CARACTERIZAÇÃO SÓCIODEMOGRÁFICA DOS PARTICIPANTES ................. 34

5.2 APRESENTANDO AS CATEGORIAS ........................................................................ 35

5.2.1 Categoria I – Sentimentos vivenciados pelos pais na realização do Método

Canguru............................................................................................................................ 35

5.2.2 Visão dos pais sobre a Unidade Canguru ............................................................ 42

5.2.3 - Participação do pai no Método Canguru .......................................................... 49

5.3 INTEGRANDO AS CATEGORIAS .............................................................................. 58

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 59

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 63

APÊNDICES ........................................................................................................................... 73

APÊNDICE 01 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .......... 74

APÊNDICE 02 – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS - ROTEIRO DE

ENTREVISTA ........................................................................................................................ 77

APÊNDICE 03 – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ .......... 79

ANEXOS ................................................................................................................................. 83

ANEXO 01 – CARTA DE ANUÊNCIA DA MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO

CICCO ..................................................................................................................................... 84

ANEXO 02 – TERMO DE AUTORIZAÇÃO DA MATERNIDADE ESCOLA

JANUÁRIO CICCO ............................................................................................................... 85

ANEXO 03 –PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM

PESQUISA .............................................................................................................................. 86

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1 INTRODUÇÃO

A gestação é um fenômeno fisiológico que envolve a família em seus aspectos

emocionais e sociais. Entretanto, essa pode não evoluir como esperado, culminando em um

parto prematuro e, consequentemente, um recém-nascido pré-termo (RNPT) de médio e alto

risco. De acordo com Fontoura (2011), o parto prematuro constitui uma ocorrência preocupante

não somente pelos índices de mortalidade a ele associados, mas também às sequelas possíveis

de acometer o recém-nascido (RN) e repercutir no contexto familiar. O RNPT é aquele cujo

nascimento ocorre antes da 37ª semana de gestação e peso inferior a 2.500 gramas.

São classificados como prematuros extremos os nascidos entre 22ª a 30ª semana de

gestação e moderados aqueles com idade gestacional de 31ª a 36 ª semanas (RESENDE, 2014).

Igualmente, a classificação pode ser realizada de acordo com o peso ao nascer, segundo a

Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO). Assim, considera-se Baixo Peso

ao Nascer (BPN) o RN com 500 gramas e menos de 2.500 gramas; Muito Baixo Peso ao Nascer

(MBPN) para os que nascem com 500 gramas e menos de 1.500 gramas; Extremo Baixo Peso

ao Nascer (EBPN) os nascidos com mais de 500 gramas e menos de 1.000 gramas e Grande

Prematuro (GP) para os bebês que nascem antes de completar 32ª semana gestacional (FIGO,

2015).

Tal classificação é definida de acordo com maturação fisiológica do RN, pautada nas

funções orgânicas digestivas, respiratórias e circulatórias durante o desenvolvimento fetal.

Concebe-se que ao compreender a classificação da prematuridade, é possível direcionar os

cuidados específicos segundo as suas condições fisiológicas (GILMAN, 2015; NETO 2016).

Neste sentido, o Ministério da Saúde (MS) (2014) considera inúmeros

comprometimentos clínicos relacionados à imaturidade fisiológica do RN, tais como a

incapacidade de termorregulação, dificuldades cardiorrespiratórias, desequilíbrio acidobásico,

distúrbios neurológicos e metabólicos, entre outros. Estes agravos contribuem para o aumento

da incidência de morbidade e mortalidade neonatal (BRASIL, 2011).

Mundialmente, nascem cerca de 20 milhões de crianças prematuras, e destas, um terço

não chega a completar um ano de vida (ARAÚJO, 2012). De acordo com Atenção Integral às

Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), nas Américas no ano de 2012, aproximadamente

12% do total de neonatos, ou seja, 1.944.852 RN pesaram menos de 2.500 gramas, e desses,

6% nasceram antes de completar 37 semanas de gestação (BRASIL, 2014).

Ainda no ano de 2014, 34% dos nascidos vivos foram prematuros, e destes, 82%

evoluíram para óbitos neonatais, representando um problema de saúde pública (BRASIL,

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2013). Os índices de mortalidade infantil (TMI) são acompanhados por meio da análise

epidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), onde os indicadores são

relacionados aos níveis de desenvolvimento social e econômico, como também às condições de

saúde da população brasileira (BRASIL, 2011b).

Segundo dados da SVS do MS, os óbitos infantis no Brasil são descritos em neonatal

precoce (menor de sete dias), neonatal tardio (sete a 27 dias), pós-neonatal (28 a 365 dias).

Geralmente, a mortalidade infantil está associada a afecções perinatais e congênitas, infecções,

problemas respiratórios perinatais, transtornos cardiovasculares originados no período

neonatal, bem como asfixia ao nascer. Soma-se ainda anemias e desnutrição, más-formações

congênitas e síndrome da morte súbita na infância (BRASIL, 2011b; TEIXEIRA, 2016).

Diante do elevado número de óbitos neonatais e da morbidade e mortalidade materna e

perinatal ao longo dos anos, o MS tem implementando medidas que visam a diminuição desses

índices. Nesse sentido, instituiu em 1983 o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher

e da Criança (PAISMC). Posteriormente, em 1984, o PAISMC dividiu-se em dois programas

específicos - Programa Atenção Integral à Saúde da Criança (PAISC) e Programa de

Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) – cujo objetivo principal era reduzir as taxas

de morbidade e mortalidade materna e infantil por meio de ações integradas a estes públicos

(BRASIL, 2011).

Além disso, em 1998 a Coordenação de Saúde da Mulher e a Coordenação de Saúde da

Criança e do Adolescente (CORSAMI) foi substituída pelas áreas: Área Técnica de Saúde da

Criança e Aleitamento Materno (ATSCAM); Área Técnica de Saúde da Mulher (ATSM);

Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) como também a Política

Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) (BRASIL, 2011).

Dentre esses, destaca-se o PHPN que diante de seus resultados, suscitava a necessidade

de fortalecimento. Nessa direção, foi implantada no ano de 2012 a Rede Cegonha (RC),

contemplando um conjunto de mudanças no cuidado à mulher durante a gravidez, o parto e o

nascimento nos diferentes níveis de atenção. No que se refere à atenção básica, esse programa

destaca o cuidado à díade mãe e filho, práticas de aleitamento materno e consultas agendadas.

Dentre as ações planejadas estão o acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento – CD

das crianças no primeiro ano de vida (BRASIL, 2011).

Na atenção secundária e terciária, a RC enfatiza a regulação obstétrica humanizada, com

ampliação dos serviços e qualificação dos profissionais, de modo que o parto de risco habitual

seja estimulado. Além disso, preconiza assistência ao pré-natal e parto de alto risco. Convém

destacar que na esfera dos cuidados propiciados pela RC, ao bebê pré-termo, o Método Canguru

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(MC) apresenta-se como medida que aumenta as chances de vida do RN prematuro (BRASIL,

2011).

O MC consiste em uma técnica de contato pele a pele de maneira precoce, do bebê com

sua mãe ou com seu pai, ou ainda com outra pessoa que se disponha a realizá-lo. Para tanto, os

envolvidos no processo devem ser acompanhados e orientados por uma equipe capacitada,

permitindo uma assistência adequada de acordo com a estabilidade clínica do RN

(ARIVABENE, 2010; BRASIL, 2014). Todavia, faz-se necessário conhecer as particularidades

daqueles que vivenciam o MC.

Embora o MC originalmente seja praticado por mulheres, observa-se o pai cada vez

mais presente. Acredita-se que as mudanças ocorridas no cotidiano masculino são

impulsionadas pela inserção da mulher no mercado de trabalho, acarretando uma divisão entre

o tempo dedicado à família e à carreira profissional. Dessa forma, consequentemente, a

necessidade da participação do homem em atividades anteriormente tidas como específicas da

mulher, principalmente quando se refere aos cuidados destinados ao filho. Tratando-se do

prematuro, o reconhecimento da sua fragilidade desperta no pai emoções contraditórias como

fuga da realidade e alegria da aproximação diária com o filho no ambiente hospitalar (JESUS,

2015).

As questões inerentes ao pai no contexto da prematuridade, sobretudo quando se trata

do MC, vem despertando preocupações e interesse da autora deste estudo. No seu cotidiano

profissional, observa-se que alguns pais além de vivenciarem diferentes sentimentos, resistem

em usar a bolsa ou pano canguru própria para realização do método. Fato que pode dificultar a

sua efetivação no âmbito da assistência ao RN prematuro e assim contribuir para o não

compartilhamento com a mãe desses cuidados. Entretanto, a assistência compartilhada

empodera o pai para a terceira fase do MC. Nesse sentido, reconhece-se a importância de se

estudar a vivência do homem como pai canguru.

Embora, nos dias atuais o tempo destinado à realização do referido método pelo genitor

seja reduzido, observa-se que neste momento a mãe sente-se apoiada e volta o seu olhar para

cuidar de si. Neste contexto, pressupõe-se que o homem apesar de experienciar medo,

preocupação, insegurança, receio e vergonha também sente satisfação por entender a

importância de realizar o MC.

Diante disso, têm-se a seguinte questão de pesquisa: Como o pai vivencia o método

canguru no que tange aos cuidados com seu filho prematuro na Unidade Canguru? Entende-se

que a resposta a este questionamento trará repercussões sociais concernentes à saúde do

neonato, pois haverá revelações que nortearão estratégias de atenção ao pai canguru.

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O conhecimento da vivência do pai no MC justifica-se pela relevância da

implementação de estratégias relativas ao cuidado dispensado ao RN prematuro quando

internado na unidade canguru. Mediante os resultados, será possível apontar medidas voltadas

às necessidades paternas e familiares por ocasião da vivência do método, com vistas a atendê-

los de forma singular, na perspectiva de garantir os cuidados ao RN prematuro. Assim sendo, a

humanização da assistência ao prematuro e sua família será fortalecida e fundamentada na

realidade que envolve o homem em um contexto no qual a figura masculina zele pela

integridade familiar.

Neste cenário, realça-se o papel humanístico da Enfermagem, que com a atuação direta

e efetiva possibilita o empoderamento dos praticantes do método, em especial o pai. Desse

modo, dúvidas, anseios e preocupações, comuns nos primeiros cuidados dispensados ao RN

prematuro serão minimizadas e, consequentemente, a participação paterna será mais efetiva,

concorrendo para o sucesso do método.

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2 OBJETIVO

Compreender a vivência do pai diante do filho prematuro no Método Canguru.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

O presente capítulo abordará a Prematuridade; Aspectos Históricos do Método Canguru

e o Cuidado da família diante do filho prematuro.

3.1 PREMATURIDADE

A assistência à saúde neonatal foi precária até meados do século XIX, pois não havia

instituições de saúde específicas para o cuidado ao RN após o parto, como também,

profissionais de saúde preparados para lidar com a situação da prematuridade. Ademais, a

sociedade mostrava-se indiferente aos cuidados neonatais, e acreditava que a morte infantil

estava relacionada à adaptação do RN ao ambiente extrauterino (RODRIGUES, 2004).

Neste contexto, no ano de 1870, surgiu o Movimento pela Saúde da Criança nas

comunidades médicas europeias. Essas mostraram-se preocupadas com as altas taxas de

mortalidade neonatal associadas à prematuridade e infecções. Tal momento demarcou os

primeiros passos da medicina neonatal no mundo, pois as autoridades europeias impulsionaram

estudos sobre saúde da criança, com o objetivo de realizar medidas preventivas a este público.

Deste modo, apesar dos altos indicadores de mortalidade neonatal na Europa, várias pesquisas

realizadas na época contribuíram para a prevenção, promoção e manutenção da vida dos

prematuros (AVERY, 2007).

Com o avanço dos estudos acerca dos cuidados destinados aos prematuros, profissionais

médicos buscaram auxílio tecnológico na assistência destinada aos prematuros. Destacam-se,

nesse período, estudos realizados pelo obstetra e professor Stéphane Étienne Tarnierque, no ano

de 1880, que criou a primeira incubadora destinada aos bebês prematuros na maternidade de

Paris. Este artefato tecnológico contribuiu para a redução da mortalidade infantil em crianças

com peso inferior a 2.000 gramas ao nascer. Dois anos depois -1882- o obstetra e professor

francês Pierre Budin, ex-aluno de Tarnier, evidenciou a importância da puericultura e das

medidas interventivas precoces ao RN. Assim, seus estudos nortearam os princípios da

neonatologia (NETO, 2010).

Os avanços biomédicos e tecnológicos na pediatria permearam o início do século XX,

acarretando mudanças curriculares na medicina. Nesse ínterim, Julius Hess, no ano de 1922,

introduziu como disciplina obrigatória a neonatologia no curso de medicina. Salienta-se que

Hess foi o idealizador da incubadora Hess, além do primeiro centro de tratamento no Hospital

Michael Reese, em Chicago, para RN prematuros. Neste hospital, destaca-se a atuação da

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enfermeira Evelyn Lundeen, a qual assistia de forma integral os bebês que nasciam prematuros

com recursos mínimos (NETO, 2010).

A parceria com a enfermagem na assistência ao RN prematuro bem como os relatos de

Hess em seus estudos científicos evidenciaram a importância da capacitação da enfermagem

para eficácia do tratamento aos prematuros. Rodrigues (2004) demonstrou em seu estudo o

crescente incentivo à especialização em enfermagem neonatal na Europa.

A evolução assistencial na neonatologia refletiu em diversos contextos hospitalares no

mundo, com destaque para América Latina, acompanhou gradativamente a Europa e Estados

Unidos. O Brasil -1882- foi marco da história do cuidado infantil, com a inauguração da

primeira Policlínica do Rio de Janeiro. Nesta instituição, Dr. Arthur Moncovo de Figueiredo,

então renomado pediatra, ministrava cursos baseados em suas evidências sobre as principais

patologias infantis. Tal iniciativa permitiu expansão da pediatria nas faculdades do Rio de

Janeiro e Bahia (NETO, 2010).

Nessa direção, na década de 1920, surgiram os berçários destinados às crianças

prematuras com vistas à prevenção de infecções e estabilidade clínica por meio do controle de

temperatura, higiene, nutrição, repouso, dentre outros. Além disso, o RN a termo era assistido

em berçários, e os RN prematuros com complicações fisiopatológicas eram acompanhados no

berçário de alto risco (COSTA, 2015). Cabe mencionar que a assistência destinada às crianças

era realizada em casas de caridade e filantropia, voltadas para ações de promoção e prevenção

à saúde (OLIVEIRA, 2005).

Nos diversos contextos da saúde no mundo, médicos realizaram experimentos com

recursos tecnológicos já existentes, adaptando-os à assistência neonatal. Em meados da década

de 1970, médicos pediatras perceberam a necessidade de um local específico e centralizado

para o cuidado aos RN, surgindo assim, a maternidade de tratamento especial. Posteriormente,

este setor seria redefinido como Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN)

(RODRIGUES, 2004).

No Brasil, na década de 1960, foi implantada a primeira UTIN, como uma proposta

político-social adotando o modelo biomédico hegemônico na época. Assim, desde sua criação,

este setor compreende cuidados específicos que utilizam tecnologias modernas e assistência

especializada multiprofissional nos cuidados ao RN com instabilidade fisiológica ou portador

de patologias. Estes profissionais são capacitados para o cuidado integral e humanizado ao RN

prematuro (NETO, 2010; COSTA, 2012).

Ressalta-se que nas últimas décadas, a humanização da assistência tem sido associada

aos cuidados técnicos e específicos inerentes à UTIN. Nesta perspectiva, no final do século XX,

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surge a proposta de um cuidado diferenciado com a participação familiar e incentivo da

permanência na ambiência hospitalar. Tais ações favorecem o estreitamento do vínculo afetivo

bem como empoderamento dos cuidados inerentes ao RN prematuro, e assim minimiza

sentimentos diversos com a internação e tratamento do RNPT (NETO, 2010).

No tocante à assistência ao RN prematuro, esta é realizada primeiramente em nível

hospitalar, em locais específicos como UTIN e Unidade de Cuidados Intensivos Canguru

(UCINCa), por uma equipe multiprofissional adequada, com vistas a condicionar tal adaptação

com o mínimo esforço do RN. Posteriormente, após alta clínica, o RN prematuro recebe

assistência e acompanhamento no ambulatório do hospital em que permaneceu internado e pela

atenção primária à saúde (BRASIL, 2014; FONSECA, 2014).

Salienta-se que a assistência adequada ao RNPT visa adequar os cuidados

indispensáveis ao bebê prematuro, unificando os avanços tecnológicos clássicos à assistência

humanizada de forma a proporcionar ao bebê uma evolução clínica ascendente. Ademais,

concernente à sua família, espera-se proporcionar desenvolvimento das competências

parenterais por meio da participação diária dos cuidados necessários ao prematuro (MAIA,

2011).

3.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DO MÉTODO CANGURU

O MC surgiu na Colômbia no ano de 1979, a partir da necessidade de assistir um grande

número de prematuros de baixo peso, que superava a capacidade de assistência dimensionada

pelo hospital. Na oportunidade, os médicos Edgar Rey Sanabria e Hector Martinez observaram

que a superlotação de RNPT ocasionava a elevação das taxas de morbidade e mortalidade por

infecções cruzadas, as quais eram preveníeis pelo uso de tecnologias leves1 (BRASIL, 2014).

O objetivo prévio do MC era reduzir custos da assistência perinatal, proporcionando a

aproximação entre a mãe e o seu bebê, além da alta hospitalar precoce (NETTO, 2016).

Pesquisa comprovou que a aplicação do MC reduz o tempo de separação da díade mãe-

filho (ARIBAVENE, 2010). Tal atitude é capaz de estimular precocemente o aleitamento

materno e a confiança dos primeiros cuidados do filho prematuro, com vistas a adequarem os

cuidados após alta hospitalar, minimizando assim os custos hospitalares e consequentemente

do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2011a).

1 Entende-se como tecnologias leves, as relações entre indivíduos, produção e acolhimento, bem

como incentivo à autonomia dos cuidados promovendo efetividade do vínculo afetivo entre a

família e o paciente.

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23

Ademais, o MS aborda que o MC melhora:

[...] a qualidade do desenvolvimento neurocomportamental e psico-afetivo do

RN de baixo peso (por promover estimulação sensorial adequada e redução

do estresse e dor); controle térmico adequado; redução do risco de infecção

hospitalar; redução do estresse e da dor ao RN baixo-peso; propicia um melhor

relacionamento da família com a equipe de saúde (BRASIL, 2011a, p.20).

No Brasil, a prática do MC teve seu marco histórico no ano de 1991, no Alojamento

Conjunto do Hospital Guilherme Álvaro Santos, em Santos-SP e, posteriormente, em 1997, no

Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP). No ano de 1999 ocorreu o

primeiro encontro nacional, patrocinado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES),

com direcionamento para MC no Brasil, por meio de análises e avaliações de uma comissão da

área técnica da saúde da criança do MS (BRASIL, 2011a).

Neste contexto, por intermédio desta comissão, foi elaborado um documento com

diretriz para a norma Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo-peso (AHRNBP –

Método canguru) no ano de 1999. Assim, o MC foi implantado pelo MS por meio da Portaria

nº 693, de 5 de julho de 2000, sob a designação da AHRNBP nas unidades médico-assistenciais

do SUS. Salienta-se que tal portaria foi atualizada em 12 de julho de 2007, e republicada pela

Secretaria de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde sob o nº 1.683 (BRASIL, 2014).

O MC consiste em uma técnica que ocorre o contato pele a pele entre o RN prematuro

e os pais ou familiares que estejam dispostos a realizá-lo, e que ocorre em três fases distintas:

na UTIN, na UCINCa e domiciliar. Assim, ao realizar o MC, o RN é envolvido por faixas e

colocado em contato ventral somente de fralda, touca e meias, em posição vertical no tórax,

entre as mamas da pessoa que se destina a participar do método (BRASIL, 2014).

A primeira etapa do MC é realizada na UTIN e/ ou na Unidade de Cuidado Intermediário

Neonatal Canguru (UCIN). Nesses locais os pais devem ser estimulados a realizarem os

primeiros cuidados ao bebê e o contato pele a pele deve ser realizado de maneira crescente e

gradual conforme condições clínicas do RN. A segunda etapa é realizada no alojamento

conjunto na UCINCa; deve ser incentivado, o maior tempo possível, o contato entre o bebê e o

familiar que o acolhe. E, por fim, a terceira etapa é desenvolvida após a alta hospitalar, com

acompanhamento ambulatorial criterioso do bebê e sua família (ARIVABENE, 2010; BRASIL,

2014).

O MC vem ampliando a proposta de humanização e modificando a abordagem da

assistência ao RN prematuro. Ademais, este método possui o reconhecimento de órgãos

internacionais como o Fundo das Nações Unidas (UNICEF) e a Organização Mundial de Saúde

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(OMS). No entanto, faz-se necessário que tal prática tenha acessibilidade à população, através

de iniciativas assistenciais e políticas do SUS, para que o bebê e sua família sejam contemplados

com humanização da assistência preconizada pelo MC (BRASIL, 2014).

3.3 O CUIDADO À FAMÍLIA DIANTE DO FILHO PREMATURO

Ao estar com o RNPT na ambiência hospitalar emerge a insegurança do

desenvolvimento ainda incerto do filho. Nesta conjuntura, o MC ameniza este momento de

fragilidade vivido pelos familiares, propiciando a aproximação entre eles.

A experiência do cuidado à criança prematura confere aos pais e familiares um desafio,

pois, no imaginário destes, o filho seria acompanhado em casa após o parto. O “bebê idealizado”

pelos pais, muitas vezes é substituído pelo filho pequeno e frágil e que necessita de cuidados

intensivos. Nessa situação, torna-se imprescindível o olhar do cuidado a estes pais de forma a

distanciar sentimento de impotência e incapacidade diante da prematuridade (AMARAL,

2011).

Sobre o cuidado, Boff (2014, p.33) define como:

[...] Uma atitude de ocupação, de preocupação, de responsabilidade e de

envolvimento afetivo com o outro. “Esse cuidado surge quando a existência

de outra pessoa tem importância para o indivíduo que cuida, o qual passa a

dedicar-se a essa pessoa e participar de sua vida, buscando estar junto nos

sucessos e sofrimentos.

O nascimento do filho prematuro pode desestabilizar a estrutura familiar, pois a

idealização do bebê saudável é modificada com a chegada do filho RNPT. Ainda que nos dias

atuais existam diversas possibilidades terapêuticas, associadas aos artefatos tecnológicos e

recursos humanos especializados, permeia na família insegurança da evolução clínica do bebê

prematuro (NETO, 2016).

A inserção do pai enquanto companheiro deve iniciar-se desde a gestação, nascimento

até o período pós-parto. O homem, na maioria das vezes, é o primeiro a ter contato com o filho

e as circunstâncias da prematuridade podem desencadear sentimentos antagônicos. Pois no

imaginário do homem, cuidar do filho advindo de gestação incompleta, pode acarretar

sentimento de insegurança, incerteza e desamparo. Destarte, a forma como o pai lida com a

paternidade varia de acordo com grau, natureza e intensidade, visto que a chegada de um filho

traz mudanças desde as relações de parentalidade até expectativas dos cuidados inerentes aos

RNPT (CARVALHO, 2009).

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No tocante aos cuidados dispensados ao RN no MC, evidencia-se que o pai pode

participar ativamente junto com a mãe das tarefas com o bebê. Ele pode realizar o banho do

recém-nascido, trocar as fraldas, estimular a amamentação exclusiva, além de apoiar durante

todo período de internação da sua companheira e do seu filho. Estas ações corroboram com o

fortalecimento do vínculo entre pai e filho. Ademais, o toque diário permite estabelecer o

vínculo dos pais durante os cuidados com RNPT, além de desmistificar inseguranças e medos

que podem permear o íntimo destes (SILVA, 2013).

Ressalta-se que é de grande valia o apoio da equipe multiprofissional no cuidado e no

estreitamento das relações que permeiam o RNPT e sua família, pois o próprio ambiente

hospitalar é algo novo na vida do casal (MALDONADO; DICKSTEIN, 2011). Além disso,

deve-se conhecer o contexto socioeconômico e cultural ao qual a família está inserida, bem

como as dificuldades pessoais dos pais e familiares ao lidarem com a prematuridade. O

nascimento prematuro pode representar um momento de crise para toda a família e assim

culminar em um desequilíbrio familiar, devido ao fato da impossibilidade temporária da mãe e

do pai em tomarem decisões sobre o cuidado do RN prematuro (ZAMPIERI, 2012).

Nesse contexto, é fundamental o adequado acolhimento da família do RNPT com vistas

a manter o equilíbrio familiar no estreitamento do laço afetivo, contribuindo para o

desenvolvimento do RN, de modo que o RN prematuro tenha condições de ser cuidado pela sua

família após alta hospitalar. Assim, as ações que compõem esse método contribuem para uma

mudança institucional na busca pela assistência humanizada com o objetivo de promoção do

cuidado ao RN e apoio familiar, por meio de orientações continuadas (PERDOMINI, 2012).

Nesta perspectiva, o olhar dos profissionais para a família que se encontra em uma

situação de prematuridade deve ser integral e diferenciado, pois esta também necessita de uma

assistência imperativa com vistas a empoderá-la do cuidado do RN prematuro. Neste ponto de

vista, Mehry (2010) refere que a dimensão do sofrimento humano abrange vários aspectos

históricos socioculturais, onde todos os profissionais envolvidos devem ampliar a abordagem

sobre a família do RN prematuro.

Na literatura, estudos discorrem sobre a importância da presença do cônjuge à

companheira e enquanto pai ao filho recém-nascido, pois com a chegada de um novo membro

na família, fazem-se necessárias adaptações na rotina de todos os envolvidos no cuidado ao RN.

Este momento apresenta-se único na vida do casal e da família, o qual deve ser vivenciado com

harmonia e amor, para o fortalecimento do vínculo afetivo da tríade pai, mãe e filho. Essa

situação modifica o ciclo de vida da mulher e do homem, pois emerge não somente um novo

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ser, mas uma nova família, constituída de uma nova mulher e um novo homem

(MALDONADO; DICKSTEIN, 2011; ZAMPIERI, 2012).

No tocante à assistência prestada ao RN prematuro, pesquisa afirma que esta deve ser

realizada de maneira apropriada, pois o manuseio deste pode afetar sua estabilidade fisiológica

e comportamental devido a sua imaturidade morfológica e fisiológica, necessitando de um

cuidado individualizado (CONDE-AGUIDELO, 2011). Por tais motivos, recomenda-se que a

família seja acompanhada e orientada por uma equipe capacitada, permitindo-se um cuidado

adequado às necessidades singulares do bebê, no qual proporciona-se o desenvolvimento

crescente e seguro (MEDEIROS, 2010).

Nesta conjuntura, compreende-se a necessidade de direcionar o pai como coparticipante

nos cuidados inerentes do RN prematuro, exercendo a paternagem de modo a vivenciarem com

integralidade a evolução clínica do filho, favorecendo o fortalecimento do vínculo da tríade pai-

mãe-filho.

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4 PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO

Na perspectiva de responder o questionamento do estudo aventado, elegeu-se para

realizar a investigação a Teoria Fundamentada nos Dados, proposta por Strauss e Corbin (2011)

e os princípios do Interacionismo Simbólico, segundo Blumer (1969). Esses referenciais

teórico-metodológicos proporcionam entender e analisar o fenômeno estudado em

profundidade, de forma a compreender a vivência do pai diante do filho prematuro no Método

Canguru.

4.1 TIPO DE ESTUDO

De acordo com o propósito do estudo e considerando o referencial teórico-metodológico

empregado, esta pesquisa foi caracterizada como qualitativa, descritiva e interpretativa. A

pesquisa qualitativa propicia conhecer os significados das experiências vivenciadas pelas

pessoas no seu meio social e a maneira pela qual compreendem o mundo. Portanto, faz-se

necessário o uso de questionamentos apropriados na expectativa de apreender explicações sobre

fenômenos sociais de acordo com os significados particulares (POPE; MAYS, 2009).

Segundo Dantas et al. (2009), a Teoria Fundamentada nos Dados é considerada

interpretativa, pois extrai das experiências vivenciadas por indivíduos aspectos essenciais que

permitem construir bases teóricas. A Teoria Fundamentada nos Dados constata, de forma

interpretativa e sistemática, os significados atribuídos pelos indivíduos no contexto em que

estão inseridos (STRAUSS; CORBIN, 2011).

4.2 CENÁRIO DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada na Maternidade Escola Januário Cicco, localizada na cidade de

Natal-RN, pertencente ao complexo hospitalar de saúde da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte (UFRN). Essa instituição é referência terciária para assistência ao parto de alto risco

e cuidados intensivos a recém-nascidos procedentes da capital e demais municípios do Estado.

Na área de cuidados materno-infantis, a referida unidade hospitalar possui diferentes

setores, dentre esses destacam-se: obstetrícia, neonatologia, banco de leite, UTI materna e

UTIN e unidade canguru. Referente à assistência neonatal, a instituição dispõe de 10 leitos na

UTIN e 15 UCINCa. Essa foi adaptada há aproximadamente 15 anos com a finalidade de

atender as diretrizes estabelecidas pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC).

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Atualmente, apesar de funcionar em uma estrutura predial antiga, a unidade atende os

requisitos preconizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Na

UCINCa existem 08 enfermarias, as quais dispõem de 15 leitos e 15 berços destinados à díade

mãe-filho respectivamente, além de 02 leitos extras reservados aos prematuros em situação de

isolamento.

As enfermarias encontram-se equipadas com camas hospitalares, berços, sistema de

gases canalizados (oxigênio, ar comprimido, vácuo), banheiros, ar condicionado e cadeiras para

acompanhantes. Nesse ambiente, o RN permanece internado junto à mãe, e por vezes, aos pais

que são assistidos por uma equipe multiprofissional composta por enfermeiros, fisioterapeutas,

fonoaudiólogos, médicos, nutricionista e psicóloga. Dada essas características, elegeu-se a

UCINCa como local adequado para o estudo.

4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO

Participaram da pesquisa 15 pais que estavam acompanhando o filho prematuro e a sua

companheira na UCINCa. Os selecionados atenderam os critérios de elegibilidade: idade acima

de 18 anos, estar acompanhando o filho prematuro com no mínimo 48 horas de vida e internados

na UCINCa, bem como que apresentassem condições propícias, interesse e disponibilidade a

responder aos questionamentos. Foram excluídos do estudo os pais de prematuros com menos

de 1.000 gramas e/ou com má-formação congênita.

O número de participantes não foi pré-determinado, pois conforme os princípios de

saturação, isto ocorreu quando não surgiram novos dados referentes ao objetivo do estudo. Essa

saturação foi confirmada com a realização das últimas entrevistas, à medida que ocorriam

convergências e reincidências temáticas, não surgindo novos dados, novas propriedades, nem

novas dimensões (STRAUSS; CORBIN, 2011).

Os participantes da pesquisa foram definidos por amostragem teórica, a qual surgiu com

base nos conceitos que emergiram dos dados, de forma a explorar o escopo dimensional ou as

condições diversas ao longo das quais as propriedade de conceitos variaram (STRAUSS;

CORBIN, 2011).

4.4 COLETA DE DADOS

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A aproximação do pesquisador com o participante se deu por meio de conhecimento

prévio sobre os pais que atendiam aos critérios de inclusão pré-estabelecidos. Para isso,

utilizou-se os prontuários dos RNs internados na UCINCa. De forma geral, as entrevistas

tiveram o mesmo rigor de abordagem: explanação do TCLE (APÊNDICE 01) e do Termo de

Gravação de Voz (APÊNDICE 02) pelo pesquisador, e em seguida, indagou-se sobre a

compreensão dos entrevistados relativa aos documentos apresentados. Mediante a sua aceitação

em participar do estudo, solicitou-se a assinatura dos documentos. Sublinha-se que todos os

pais abordados aceitaram realizar a pesquisa.

A coleta de dados ocorreu entre os meses de março a julho de 2017, na MEJC, após

consentimento formal da instituição (ANEXO 01) por meio de entrevista individual em

profundidade. Essa técnica de entrevista explora um assunto em busca de percepções,

experiências e significados, visando maior intensidade nas respostas. Trata-se de um recurso

que, com base em teorias e pressupostos levantados pelo pesquisador, recolhe respostas da

experiência subjetiva de um participante-relator selecionado e de informações daquilo que se

deseja conhecer (MINAYO, 2010).

Para sua realização foi utilizado um instrumento constituído de duas partes: a primeira

contendo dados sóciodemográficos (APÊNDICE 04) com a finalidade de caracterização dos

participantes do estudo, e a segunda constou de uma questão norteadora (APÊNDICE 03). As

entrevistas foram registradas com gravador de voz digital portátil mediante o consentimento

dos entrevistados. Posteriormente, essas foram armazenadas no computador pessoal do

pesquisador, e transcritas na íntegra no software Microsoft Office Word® 2016. Convém

salientar que essa etapa ocorreu logo após cada entrevista.

A coleta de dados ocorreu em um local específico na UCINCa, climatizado e reservado

para que o pai ficasse à vontade, para expressar sua vivência no MC e seus pensamento sem

receios. Após acomodar-se o participante, fez-se a questão norteadora: - O senhor poderia falar

para mim como é vivenciar o Método Canguru com seu filho prematuro? A partir dessa

pergunta inicial, explorou-se os conceitos no sentido de ampliar a compreensão do que vinha

sendo relatado pelos entrevistados. Outrossim, utilizou-se nesta etapa os memorandos como

forma de registrar questões subjetivas observadas pela entrevistador.

Os memorandos são ferramentas importantes na TFD, construídos em todo o processo,

caracterizados como registros escritos de análise que podem variar em tipo e formato. Contêm

os produtos de codificação, dão direção à amostragem teórica e permitem ao pesquisador

organizar as ideias (STRAUSS; CORBIN, 2011).

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4.5 ANÁLISE DOS DADOS

Para análise do fenômeno em estudo, utilizou-se como referenciais teórico-

metodológicos a Teoria Fundamentada nos Dados, segundo Strauss e Corbin (2011), bem como

os princípios do Interacionismo Simbólico, de acordo com Blumer (1969).

A Teoria Fundamentada nos Dados foi criada em meados da década de 1960 com a

terminologia “Grounded Theory”, por meio da unificação das concepções de Barney Glaser e

Anselm Strauss. Salienta-se que, inicialmente, o sociólogo Barney Glaser, ao desenvolver suas

pesquisas, constatou a necessidade de realizar comparações dos dados de forma a ampliar,

identificar e relatar conceitos obtidos. Por outro lado, Anselm Strauss, influenciado pelo

Interacionismo Simbólico, considerava a teoria como a percepção de como as pessoas agem

baseado nos significados por ela atribuídos a partir da sua interação (STRAUSS; CORBIN,

2011).

De acordo ainda com esses autores, o termo “teoria fundamentada” significa que a teoria

foi derivada dos dados, os quais são sistematicamente coletados e analisados durante a

realização da pesquisa. Por ser baseada nos dados, essa teoria permite maior discernimento,

aprimorar conhecimento bem como apresentar uma orientação importante para a ação. O

desenvolvimento da teoria, baseia-se na construção indutiva e dedutiva que, mediante a

organização em categorias conceituais, possibilita a explicação do fenômeno investigado.

Desse modo, como produto final da Teoria Fundamentada nos Dados, pode-se, ainda,

estabelecer modelos teóricos ou reflexões teóricas (STRAUSS; CORBIN, 2011). Baseada

nessas observações, a primeira entrevista foi transcrita na íntegra. Posteriormente, realizou-se

a microanálise na perspectiva de elaborar os conceitos advindos do discurso do participante.

Essa microanálise é realizada linha por linha, parágrafo por parágrafo, na perspectiva de extrair

a ideia central de cada trecho, sendo essa etapa denominada de codificação aberta. Desse modo,

a partir dos códigos preliminares identificados nessa codificação, surgiram novos códigos e

novos conceitos.

Na etapa de codificação axial, realizou-se a avaliação dos dados, em busca de relacionar

as categorias e suas subcategorias, de acordo com suas propriedades e dimensões. De acordo

com Strauss e Corbin (2011), esta etapa compreende reagrupar dados da codificação aberta,

com a finalidade de tornar a análise coesa. Para tal, buscou-se responder as seguintes

indagações: quando? Onde? Por quê? Quem? Como e com quais? Com que consequências

acontece o fenômeno? Dessa forma, foi possível analisá-lo de modo mais abrangente.

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Assim, os grupos foram trabalhados e comparados constantemente, e várias hipóteses

foram construídas e testadas, pois com o surgimento de novos dados, novas suposições foram

formuladas e verificadas junto aos pais. A decisão de abordar novos participantes estava

atrelada à condição de que as hipóteses, uma vez confirmadas, seriam desconsideradas até que

ocorresse a saturação de dados.

Ao longo do processo, a comparação dos dados obtidos foi constante, e várias hipóteses

foram construídas e testadas, pois com o surgimento de novos dados, novas suposições foram

formuladas e verificadas junto aos pais. Dessa forma, gradativamente as categorias e

subcategorias emergiram. Na etapa de codificação seletiva, as categorias existentes foram

integradas e refinadas gerando assim a categoria central do estudo. Com objetivo de sanar

possíveis lacunas e excessos existentes na construção da teoria, as etapas anteriores foram

relidas e avaliados os conceitos apontados. Cabe salientar que, todas as etapas de codificação

da teoria fundamentada foram rigorosamente seguidas durante a pesquisa, assim como utilizou-

se o pensamento crítico-reflexivo e subjetividade para integração das categorias.

Em síntese, foi possível alcançar, a partir do grupo de entrevistados, a compreensão

sobre a vivência dos pais diante do filho prematuro no Método Canguru. Logo, foi

desconsiderado abordar um novo grupo amostral, visto que ocorreu a saturação teórica, a qual

ocorreu na 13ª entrevista. Cabe ressaltar que foi preciso retornar aos dados brutos

constantemente, à medida que eram analisados, na perspectiva de asseverar a coerência entre a

interpretação dos dados e o conteúdo das falas. Como resultados das três etapas de análise,

foram obtidas a categoria central, três categorias secundárias, seis subcategorias e 36

componentes. Desse modo, constatou-se a categoria central do estudo: Vivência de pais diante

do filho prematuro no Método Canguru, a qual representou o tema central da pesquisa.

Após o tratamento dos dados, esses foram analisados com base no Interacionismo

Simbólico. Tal referencial teórico-metodológico permitiu compreender o fenômeno da vivência

dos pais diante do filho prematuro no Método Canguru no contexto em que ocorreu. Além disso,

possibilitou apreendê-lo e identificar os significados emergentes sobre ele, por meio de um

processo interativo entre o homem com ele mesmo, com o filho prematuro, com a companheira,

bem como com a sociedade.

O Interacionismo Simbólico refere-se a uma corrente de pensamento que teve origem

na escola de Chicago com o professor e filósofo George Herbert Mead, no período de 1893 a

1931. Entretanto, foi seu discípulo, o sociólogo Herbert Blumer (1969) que apresentou os

pressupostos básicos para uma abordagem interacionista. Dessa forma, o Interacionismo

Simbólico utiliza-se da observação do comportamento humano objetivando desvelar as ações e

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apreender as significações estabelecidas e processadas na interação social. Além de possibilitar

compreender a maneira do ser humano interagir, interpretar, definir, perceber e agir diante do

seu cotidiano conforme os significados atribuídos à situação vivenciada (BRITO, 2011).

As interações e ações humanas desempenhadas pelos indivíduos decorrem de três

premissas: a primeira diz respeito ao modo como o ser humano age em relação às “coisas”

dependendo do significado que têm para ele, a qual segundo Blumer, representa tudo o que o

ser humano pode observar no ambiente que o cerca, de forma a gerar significados e ações sobre

esse. A segunda premissa, afirma que a fonte de significados deriva da interação social que o

indivíduo estabelece com o outro. E por fim, a terceira traduz que estes sentidos são

manipulados e modificados através de um processo de interpretação, que são usados para lidar

com as coisas que os sujeitos encontram (BLUMER, 1969).

Para melhor compreender este referencial, faz-se necessário entender alguns conceitos

pertinentes, quais sejam:

• Self – o ser humano se define através da interação social com os outros e consigo

mesmo, podendo tornar-se sujeito de suas próprias ações. O self é constituído de duas partes:

a) o “Eu”, o qual possui uma tendência impulsiva na resposta para atitude do outro; b) “Mim”,

determinado como outro generalizado ou incorporado no indivíduo, o qual é constituído de

atitudes, padrões, compreensões e expectativas compartilhadas em um grupo, direcionando ao

ato. Assim, os indivíduos interagem uns com os outros, incorporando o comportamento social.

• A mente – é a ação simbólica para o self, determinada pela interação com os outros.

Idealizada como um processo, o qual surge da interação do indivíduo consigo próprio,

utilizando símbolos como gestos comuns a um grupo específico.

• Os símbolos - objetos sociais usados pelo indivíduo para representar ou comunicar.

Dessa forma, tudo aquilo que os sentidos são capazes de apreender é passível de interpretação.

• A linguagem – é o núcleo simbólico indispensável para o desenvolvimento do Eu e da

Mente. Pela linguagem é possível a representação, os significados e os valores de uma

sociedade;

• A sociedade – grupo constituído de indivíduos que interagem entre si, e compartilham

significados por meio de gestos. A interpretação desses gestos torna-se símbolos (BLUMER,

1969).

A partir do exposto, afirma-se que esse referencial propiciou compreender a vivência

do pai diante do filho prematuro no Método Canguru.

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33

4.6 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

O estudo segue os preceitos éticos da Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de

Saúde, que regulamenta, em âmbito nacional, as pesquisas envolvendo seres humanos, na qual

se apresentam definições para pesquisadores que se propõem a colaborar para o

desenvolvimento científico, social e intelectual. Possibilita gerar benefícios para a sociedade,

assegurando os direitos e deveres a todos os envolvidos na investigação, o seu anonimato,

participação voluntária, isenção de ônus, além do não recebimento de incentivos por fazer parte

da investigação.

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisas (CEP) da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, via Plataforma Brasil. Obteve aprovação sob parecer nº

1.850.383, de 05/12/2016 (APÊNDICE 03) e Certificado de Apresentação para Apreciação

Ética (CAAE) nº 62020016.1.0000.5537.

Foram considerados os aspectos éticos que dizem respeito ao Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) e Termo de gravação de voz. Tais documentos assinados pelos

participantes, bem como o material apreendido das entrevistas permanecerão sob a

responsabilidade do Coordenador da pesquisa na Instituição sediadora, precisamente na Escola

de Saúde da UFRN, por um prazo mínimo de 05 anos. Também será garantido que as

informações obtidas só serão utilizadas para fins científicos e que nenhuma outra pessoa terá

acesso aos referidos documentos.

Salientou-se que a probabilidade de danos foi mínima, uma vez que não houve

procedimentos invasivos. Entretanto, pelo fato de os dados serem coletados por meio de

entrevista, poderia surgir algum constrangimento dos pais em relatar aspectos inerentes a sua

experiência com o filho prematuro. Dessa forma, explicou-se que se caso isto acontecesse, o

entrevistado seria acompanhado pela equipe multidisciplinar da UCINCa. Ademais, não houve

quaisquer gastos financeiros, por parte dos entrevistados, em decorrência da sua participação

na pesquisa.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da pesquisa foram analisadas sob a ótica dos princípios do Interacionismo

Simbólico discutidos em consonância com a literatura consultada sobre a vivência dos pais nos

cuidados com filho prematuro.

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34

5.1 CARACTERIZAÇÃO SÓCIODEMOGRÁFICA DOS PARTICIPANTES

Participaram do estudo 15 pais, que foram identificados como o código (E) e em número

(algarismo arábico) correspondente à sequência da entrevista (Ex: E1, E2, E3,…). Os

participantes da pesquisa encontravam-se na faixa etária entre 18 a 40 anos, com predomínio

de 18 a 25 anos de idade.

No tocante à escolaridade, os participantes referiram ter cursado ensino fundamental

incompleto (01), ensino fundamental completo (03), ensino médio incompleto (03), ensino

médio completo (4), ensino superior completo (03). Salienta-se ainda que (1) participante

referiu não possuir escolaridade. Relativo às profissões, os participantes apresentaram atuações

laborais diversas, tais como: porteiro (1), agricultor (2), mecânico (1), servente (1), auxiliar de

administração (1), auxiliar de produção(1), vendedor (1), estudante (1), motorista (1) e corretor

de imóveis(1). Ressalta-se que 04 pais referiram que não estavam trabalhando no momento.

Quanto ao estado civil, 04 eram casados, 07 possuíam união consensual e 04 se diziam

solteiros. Salienta-se que dos participantes, 03 residiam com seus pais e 12 participantes

moravam com a companheira. Dessa forma, a união estável foi representativa com tempo de

união em média de 5 anos com a companheira.

Concernente ao número de filhos, 08 homens já possuíam filhos e 07 experenciavam a

paternidade pela primeira vez. No entanto, para todos, a prematuridade, a experiência com a

prematuridade era vivenciada pela primeira vez.

Referente à procedência dos entrevistados, a maioria dos pais da pesquisa advinha de

Natal e interior do estado do Rio Grande do Norte. Tais dados levam a destacar que a maioria

dos pais se encontrava na fase adulta jovem. Esse período compreende uma fase considerada

favorável para acompanhamento dos filhos após seu nascimento. Concernente à escolaridade,

observou-se que a maioria dos pais possui conhecimento mínimo e necessário para

compreender sobre a prematuridade. Desse modo, pode-se afirmar que tal compreensão

favorece sua participação no MC, nos cuidados relativos ao RN prematuro e sua companheira.

A união estável demonstrada pelos entrevistados possuía relevância, pois a proximidade

dos pais permite o compartilhamento dos cuidados ao filho, o que interfere no seu

desenvolvimento. De acordo com MS (BRASIL, 2011), a estabilidade conjugal favorece o

aumento do vínculo afetivo e a união da tríade pai-mãe-filho, cooperando com a saúde do RN

prematuro.

Cabe salientar que, dentre os homens, 08 deles estavam vivenciando a paternidade pela

primeira vez. Tal fato implica um olhar diferenciado sobre a inserção deste pai nos cuidados

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35

com filho no MC, visto que a internação modifica a rotina familiar, necessitando de adaptações

de todos os envolvidos nos cuidados (SOARES, 2013).

5.2 APRESENTANDO AS CATEGORIAS

A seguir são apresentadas a categoria central, três categorias secundárias e suas

respectivas subcategorias.

QUADRO I – CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS EMERGIDAS DAS FALAS DOS

PAIS ENTREVISTADOS

SUBCATEGORIAS CATEGORIAS

VIV

ÊN

CIA

DE

PA

IS D

IAN

TE

DO

FIL

HO

PR

EM

AT

UR

O N

O M

ÉT

OD

O

CA

NG

UR

U

Sentimentos de pais relativos ao filho

prematuro e à sua companheira CATEGORIA I

Sentimentos vivenciados pelos pais na

realização do Método Canguru Sentimentos de pais relativos ao

Método Canguru

Unidade Canguru

CATEGORIA II

Visão dos pais sobre a Unidade Canguru Equipe de saúde que atua na Unidade

Canguru

Rede de Apoio ao pai no Método

Canguru CATEGORIA III

Participação de pais no Método

Canguru Conhecimento de pais sobre o

Método Canguru

Fonte: Dados das entrevistas junto aos participantes da pesquisa, 2017.

5.2.1 Categoria I – Sentimentos vivenciados pelos pais na realização do Método Canguru

A categoria apresentada abrange as seguintes subcategorias: sentimentos de pais

relativos ao filho prematuro como também e à sua companheira, e sentimentos de pais relativos

ao MC. Os conceitos e dimensões das subcategorias levam a compreender que o pai vivencia o

MC junto ao filho prematuro com sentimentos antagônicos, como visualiza-se no quadro II.

QUADRO II – CATEGORIA I E SUAS SUBCATEGORIAS

DIMENSÕES CONCEITOS SUBCATEGORIAS

CA

TE

GO

RIA

I –

SE

NT

IME

NT

OS

VIV

EN

CIA

DO

S

PE

LO

S P

AIS

NA

RE

AL

IZA

ÇÃ

O

DO

MC

Preocupando-se com possibilidade de

intercorrência com no método canguru. Preocupação

Sentimentos de pais

relativos ao filho

prematuro e à sua

companheira

Preocupando-se com a respiração do

RN prematuro.

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36

Preocupando-se com a saúde do RN

prematuro no MC.

Preocupando-se com a possibilidade

de não acompanhar o RN prematuro no MC.

Preocupando-se com a alta do RN

prematuro do MC.

Preocupando-se com a companheira

durante o MC.

Preocupando-se com a situação

financeira diante do filho prematuro.

Sentindo-se responsável em cuidar do

RN prematuro durante o MC.

Responsabilidade

Sentindo-se responsável em suprir as

necessidades (materiais) do RN

prematuro.

Sentindo a necessidade de retorno ao

trabalho.

Sentindo prazer em cuidar do RN

prematuro durante o MC. Satisfação

Sentimentos de pai

relativos ao Método

Canguru

Sentindo prazer em estar próximo do

filho prematuro no MC.

Sentindo medo em realizar o MC com

RN prematuro. Medo

Sentindo receio com a posição

canguru do RN prematuro.

Fonte: Dados das entrevistas junto aos participantes da pesquisa, 2017.

5.2.1.1 Sentimentos de pais relativos ao filho prematuro e à sua companheira

Esta subcategoria aborda sentimentos de preocupação e responsabilidade vivenciados

pelos pais junto ao filho prematuro e sua a companheira. Segundo Stork (2005), a preocupação

possui um significado abrangente como o ato de preocupar-se ou ocupar-se. Além disso, como

afirma Ferreira (2010), preocupação pode ser associada ao sentimento de inquietação, bem

como atenção dirigida a uma coisa ou pessoa. Tratando-se dos participantes da pesquisa, esses

referiram preocupação em diferentes dimensões, como pode ser visualizado no quadro II e

exemplificado nas falas dos entrevistados.

Eu me preocupo com as questões de saúde dele, porque ele ainda é prematuro

e tudo. E tem que ter todo cuidado do mundo[...] (E10)

Observo ele o tempo todo, fico olhando 90 % de tempo quando estou com ele

no MC, é um olhar de preocupação, porque como ele é prematuro às vezes, o

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37

doutor disse que quando o bebê nasce prematuro ele esquece de respirar[...]

(E6)

Os sentimentos expostos pelos pais demonstram seu envolvimento com o filho e a sua

companheira durante o MC, perpassado por um estado de inquietude referido como

preocupação. Porém, sob o ponto de vista do cuidado, essa preocupação é positiva, pois revela

o significado atribuído pelo pai ao filho prematuro e a sua companheira. No entanto, pode

causar-lhe reações adversas como estresse, ansiedade e dificultar sua participação no MC.

Durante a realização do método, os participantes foram unânimes ao afirmarem a

preocupação com o RN prematuro, associando-a às características físicas, fisiológicas e

neurocomportamentais. Os pais reconheceram a importância da respiração para a sobrevivência

do RN prematuro. Para eles, estar presente nos cuidados com o filho é dedicar o maior tempo

possível, e assim acompanhar cada detalhe da sua evolução clínica e sinais que podem impedir

sua estabilidade física e biológica.

O bebê prematuro possui diferenças, quando comparadas com o RN a termo, além do

peso e medida. Geralmente, apresentam perímetro cefálico maior que o tronco, pele fina e

transparente, lanugem escassa, tônus muscular diminuído e hipoatividade associada à

imaturidade neurológica. Fisiologicamente, os pulmões e as funções cerebrais do RN prematuro

encontram-se ainda em desenvolvimento. Assim, comumente pode evoluir para dificuldade

respiratória, também denominada apneia do RN. Tal evento ocorre em 84% dos prematuros e

se estabiliza à medida que eles se desenvolvem e crescem (DEUTSCH, DORNAUS,

WARSMAN, 2013).

Associada ao receio da imaturidade respiratória do RN prematuro, os pais referiram

preocupação com as possíveis intercorrências que podem acometer o filho durante o MC.

[...] quase ia enfartar quando ele passou mal ali no MC [..] (E4)

Fico preocupado com ela, se ela tiver com algum problema eu vou me sentir

muito mal [...]. (E5)

O fato do RN prematuro apresentar alguma intercorrência pode afetar o estado

emocional do pai diante da incerteza da sua sobrevida. Neste sentido, estudo realizado por

Tronchin (2006), evidencia que os pais de prematuros não imaginavam, até o nascimento

precoce, vivenciar eventos inesperados com o filho idealizado.

A prematuridade desencadeia afastamento paterno e filial causado pelas necessidades,

peculiaridades do RN prematuro. Contudo, o MC viabiliza a aproximação da díade pai e filho.

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38

Durante a realização do método, o pai interage com o filho a partir de símbolos interpretados,

o que interfere em suas ações diante da situação vivenciada. Desse modo, mesmo temendo

quaisquer problemas que possam acometer o RN no período em que são assistidos na UCINCa,

os pais reconhecem a importância da sua permanência na unidade:

Sei que aqui no canguru ela tá sendo bem cuidada e que aqui é o melhor para

ela no momento, enquanto ela não tá formada ainda, mas logo sairá daqui.

(E5)

Para mim como pai é muito gratificante saber que ele está se desenvolvendo,

que está bem cada vez mais e que está prestes a receber alta [...]. (E6)

Diante dessas falas, cabe enfatizar que o nascimento de um filho prematuro, bem como

a necessidade de permanecer no hospital, repercutem nos sentimentos paternos. Assim sendo,

esses pais sentem-se inseguros e receosos com a saúde do filho e preocupados com o seu

desenvolvimento. Tronchin (2006) e Marski (2015) apontaram que a alta do filho prematuro

constitui uma rescisão do trinômio pai-mãe-filho com o ambiente hospitalar, superação das

dificuldades vivenciadas e sentimento de conquista familiar. Ademais, os entrevistados também

mencionaram preocupação com a companheira, sobretudo no que se refere aos cuidados do RN

prematuro de forma compartilhada.

Estou vendo o que ela (companheira) está aqui passando, só ela sabe mesmo

o que ela está passando, porque é mãe, e tem nosso filho para cuidar[...] eu me

preocupo e quando venho e cuido do nosso filho. (E7)

[...]ela fica com ele um período no braço, depois ela vai dormir e eu fico com

ele para não cansar muito[...]porque ela não dorme direto aqui no canguru.

(E12)

Esses pais explanaram a preocupação com o bem-estar da companheira. Isto leva a

compartilhar os cuidados com o RN prematuro mediante o reconhecimento de que a mãe na

UCINCa dedica-se integralmente aos cuidados do filho prematuro. Assim sendo, os pais

interagem com o ambiente, com o filho e com o momento vivenciado pela companheira. Desse

processo interativo, o pai passa a adotar atitudes e comportamentos favoráveis ao

desenvolvimento do filho e ao bem-estar materno no MC. Sob esse aspecto, Souza (2014)

chama atenção à necessidade de conforto e apoio à companheira no enfrentamento da

internação do filho prematuro.

De modo geral, as atitudes paternas transcendem o cuidado propriamente dito, dada a

importância da sua presença no MC. A preocupação com a assistência destinada ao RN

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39

prematuro e à companheira reafirma a necessidade de incluir-se nos cuidados ao filho na

UCINCa. Porém, nem sempre é possível o pai se fazer presente, dado as atribuições que esse

desempenha no trabalho e na família.

Referente às questões laborais, os participantes afirmaram preocupar-se com as questões

financeiras advindas do momento vivenciado.

Estou gostando muito de estar dando a assistência o máximo que posso,

mesmo não dando uma assistência melhor [...]pois não estou numa situação

financeira boa [...]Queria poder dar mais conforto, comprar o que ela precisa

aqui no MC. (E7)

Também tenho que olhar alguma coisa(trabalho) para comprar as coisas para

eles senão não vai dar não, porque a situação financeira é complicada [...].

(E8)

Observa-se nessas falas que suprir as necessidades materiais do filho prematuro é

motivo de preocupação para os pais. Isso é compreensível diante da situação da crise política-

administrativa atual do Brasil, com repercussão para maioria da população. Para Piccinini

(2007), o homem desempenha um papel protetor à mulher e aos filhos. Na visão hegemônica

da paternidade, ele ainda é visto como provedor financeiro e responsável pelo sustento familiar,

como confirmado no presente estudo. Nesta abordagem, estudo de Carvalho (2009) demonstrou

que o pai encontra-se muitas vezes dividido entre o papel de provedor familiar e de estar junto

ao filho no período do seu internamento hospitalar.

Mesmo tendo vontade de permanecer junto ao filho no MC, os entrevistados foram

impedidos de acompanhá-los devido a responsabilidade em retornar ao trabalho.

Não posso passar muitos dias longe do trabalho, tem que estar trabalhando,

organizando as coisas em casa, aí eu vou voltar agora. (E2)

Tenho que voltar a trabalhar. Fico com vontade de ficar aqui [...], mas como

é que vou comprar as coisas para o menino (filho) senão tiver trabalhando?

(E4)

Durante a coleta de dados, observou-se a preocupação dos pais para organizar e conciliar

os horários de trabalho com o MC. Entretanto, como medida de minimizar esta problemática

nos hospitais vinculados ao SUS, a visita aberta do pai é preconizada. O acompanhante junto à

criança internada vem sendo motivo de preocupação para gestores no âmbito da saúde desde a

década de 1990, quando foi instituído o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Tal

medida ministerial assegura a permanência de pais e responsáveis, em tempo integral, nos

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40

estabelecimentos de saúde, visto a importância da presença desses nos cuidados à criança

hospitalizada (BRASIL, 2010).

De acordo com os entrevistados, existe o desejo de ficar mais tempo com o filho

prematuro. Entretanto, sua ausência é justificada mediante a nova rotina familiar. Na ausência

da companheira, o pai assume atividades do lar, e se coloca como suporte à díade mãe-filho

internados. A necessidade de deixar o filho prematuro no MC, imposta pelo estilo de vida e

compromissos familiares, confere um desafio, superação paterna e adaptação do homem nas

relações familiares e sociais. Essa afirmativa foi revelada por Blomqvist et al. (2011) quando

detectaram as dificuldades dos pais em conciliar o MC e outras atividades extra hospitalares.

Para alguns autores (SOARES,2015; PERDOMINI,2011; FEELEY,2013), o homem

tem se envolvido afetivamente com a companheira e os filhos, modificando o papel de provedor

familiar socioculturalmente estabelecido. Essa mudança pode acarretar no íntimo do pai

sentimentos diversos e antagônicos no que se refere ao comprometimento da saúde de seus

familiares.

Concebe-se que o sentimento de preocupação dos pais esboçado nesta subcategoria é

amenizado por sensações positivas como a satisfação, prazer, orgulho em cuidar e participar do

MC junto ao filho prematuro. Soma-se a esses, a ambivalência emocional quando referiram

sentimento de medo em realizar o MC, dada as circunstâncias da prematuridade, conforme é

explanado na subcategoria a seguir.

5.2.1.2 Sentimentos de pais relativos ao Método Canguru

Nesta subcategoria são expostos os sentimentos paternos de satisfação e medo na

realização do MC. Esses podem ser associados ao fato de os pais experienciarem a aproximação

com o filho, e se apropriarem dos cuidados necessários ao novo membro da família. Convém

salientar que na UTIN o pai tem o primeiro contato com o filho prematuro. Porém, a

convivência de ambos só se efetiva na UCINCa. Dessa forma, o encontro do pai com filho após

a primeira fase do MC é motivo de satisfação. De acordo com Ferreira (2010), este sentimento

contempla o contentamento e o prazer advindo da realização do que se espera ou deseja.

O sentimento de satisfação referido pelos entrevistados expressa que a aproximação dele

com o RN lhe confere a possibilidade de cuidar do filho na UCINCa.

Acho bom...só em sentir ele ali próximo de mim, é bom demais[...]uma

alegria, sinto um amor em estar mais perto dele no canguru e poder dar mais

amor para ele[...]. Dá vontade de ficar com ele ali nos meus braços direto. (E4)

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41

A experiência para um pai que nunca fez (método canguru) é muito

interessante, superagradável, é ótima. E você ter contato com seu próprio

sangue, sua própria carne, é muito bom[...]. (E1)

A experiência de estar próximo ao filho possibilita ao pai ver, tocar e cuidar do bebê

prematuro. Isto contribui para o fortalecimento de laços afetivos entre pai e o filho, iniciando

neste primeiro momento o processo de vinculação. Concordando com Soares (2015), o toque e

o som da voz do pai proporcionam ao RN prematuro benefícios neurocomportamentais e

ajudam no seu desenvolvimento.

Em estudo realizado por Silva, Budô e Silva (2013), os homens apresentaram

dificuldades em definir os sentimentos após o nascimento do filho. Porém, descreveram como

prazeroso e satisfatório. Segundo esses autores, estar com o filho no MC proporciona ao pai um

sentimento de realização pessoal, contentamento, favorecendo o contato pele a pele e

consequentemente o vínculo precoce entre ambos. Compreende-se que o contato diário entre

pai e filho conduz à intimidade que lhe confere a identidade paterna e intensifica seu amor pelo

filho.

Assim, ao cuidar do filho prematuro, o pai vivencia a paternidade de forma ampla e

significativa, além de favorecer a evolução clínica do RN no MC. Ao apresentar atitudes de

proximidade com o filho prematuro, os pais entrevistados se envolveram e disponibilizaram

tempo para cuidar dele. Essa atitude é compreensível quando se considera que o ato de cuidar

é desenvolvido mediante a interação de um com o outro. Neste contexto, o ato de cuidar é

inerente ao ser humano e, é por meio desse que ocorre a sobrevivência. Concordando com Boff

(2014), o cuidar abrange diversas definições, porém o cuidado é a condição prévia que permite

um ser a vir à existência.

O cuidado ao filho sempre esteve atrelado à responsabilidade feminina, tornando o

papel do homem como coadjuvante no desenvolvimento dos filhos (SILVA, BUDÓ, SILVA,

2013). Entretanto, o “novo pai”, conforme Silva, Piccinini (2007), é aquele que participa,

compartilha e interage com o filho, diferente do modelo hegemônico e tradicional,

transformando assim a família contemporânea. Nesse entendimento, pesquisas realizadas

indicaram que é imperativo reconhecer a presença paterna no MC, para que não se sintam

excluídos dos cuidados ao filho (BERNARDO, ZUCCO, 2015; JESUS, 2015 & PICCININI,

2007).

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42

Tratando-se deste estudo, observa-se nas falas que os pais interagiram e compartilharam

do momento vivenciado pela companheira no MC. Associado à satisfação e prazer em cuidar

do RN prematuro, os pais referiram a sensação de medo em posicioná-lo no MC.

Fico com medo quando faço o canguru, fico observando ela o tempo todo,

puxando e passando...para ver se ela soltou o braço ou a perna dela tá para

fora, e tomo cuidado com isso para colocar o bracinho dela no lugar de novo.

(E5)

[...]Tenho medo demais... Pego com tanto cuidado[...]de machucar porque ele

muito novinho ele. Quando peguei ele fiquei com medo bem molinho bem

pequenininho. (E4)

Esses sentimentos foram atribuídos à prematuridade do filho e suas características

físicas e fisiológicas. Considerando que o medo significa perturbação angustiante perante um

risco, ameaça real ou imaginária (FERREIRA, 2010), entende-se que o medo do pai em realizar

o MC guarda relação não só com a prematuridade, mas também com a sua inexperiência no

cuidado. O RN prematuro apresenta flexibilidade física, não tendo o controle de seus membros

e região cervical, o que propicia ao pai insegurança em posicionar o filho no contato pele a pele.

Pesquisas realizadas no Brasil por Medeiros, Piccinini (2015) e Santos (2015) confirmaram que

o receio dos pais em segurar o filho prematuro no colo deve-se à delicadeza e fragilidade do

RN, gerando no pai insegurança em realizar o método.

Observou-se que os pais reconheceram a fragilidade anatômica e ponderal do filho.

Todavia, revelaram seu interesse em cuidar dele e confirmam o despreparo para essa tarefa.

Nesse ínterim, concebe-se que os sentimentos apresentados pelos pais durante a realização do

MC estão vinculados a sua inexperiência paterna diante da prematuridade do novo papel

familiar.

5.2.2 Visão dos pais sobre a Unidade Canguru

Concernente à segunda categoria, esta refere-se à visão dos pais sobre a Unidade

Canguru, a qual contempla duas subcategorias: Unidade Canguru e Equipe de Saúde que atua

na Unidade Canguru, conforme visualiza-se no quadro III.

QUADRO III – CATEGORIA II E SUAS SUBCATEGORIAS

DIMENSÕES CONCEITOS SUBCATEGORIAS C AT E G O RI

A

II

VI

SÃ O

D OS

PA IS

SO B R E

A

U NI

D A D E

C A N G U R U

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43

Reconhecendo a importância da unidade

canguru como um local seguro para o RN

prematuro.

Unidade

Identificação

da Canguru

Unidade Canguru

Reconhecendo a unidade canguru como local

mais adequado para as mães do que para os pais.

Reconhecendo que a unidade canguru não

possui local para o descanso do pai.

Reconhecendo a unidade canguru como

local de aprendizado sobre os cuidados com o RN

prematuro.

Reconhecendo os cuidados prestados ao RN

prematuro no MC.

Orientações

transmitidas

ao pai pela

equipe de

saúde

Equipe de saúde

que atua na

Unidade Canguru

Transmitindo orientação para realizar o MC

com filho prematuro.

Transmitindo orientações sobre o cuidado

com RN prematuro no MC.

Informando ao pai sobre o estado de saúde

do RN prematuro no MC.

Transmitindo orientações sobre medicações

administradas ao RN prematuro.

Transmitindo orientações sobre a dieta por

sonda do RN prematuro.

Fonte: Dados obtidos na pesquisa sobre a Vivência de pais com filho prematuro no Método

Canguru, 2017.

5.2.2.1 Unidade Canguru

A Unidade Canguru configura-se como um local destinado à assistência humanizada

neonatal, onde o RN prematuro permanece internado junto a sua mãe, após a alta da UTIN.

Dessa forma, se faz necessário que o local possua recursos físicos, materiais e pessoais com

vistas a atender as necessidades da díade mãe e filho. Com relação a esse ambiente, os

participantes da pesquisa reconheceram a importância da referida unidade para

restabelecimento do bebê prematuro.

Aqui no canguru tem tudo o que meu filho prematuro precisa. Assistência de

saúde, medicamentos[...] e em casa não tem esses cuidados. (E3)

[...]aqui sempre há comida na hora, administram os medicamentos, cuidados

com a limpeza da enfermaria, isso gostei, achei bem satisfatório. (E6)

Embora não especifique os equipamentos e materiais para assistência ao filho

prematuro, esses pais afirmaram que a unidade dispõe de recursos necessários ao RN

prematuro. Para assistência neonatal adequada, segundo normas ministeriais, a Unidade

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44

Canguru deve oferecer à díade mãe e filho um ambiente confortável e seguro, dado ao tempo

de internamento de ambos.

No entanto, observou-se que as enfermarias permanecem continuamente com fluxo de

pessoas. Esta situação concorre para ausência de privacidade e de conforto dos envolvidos no

MC, contrariando alguns aspectos da assistência humanizada. De acordo com o recomendado

pelo Política Nacional de Humanização (PNH, 2013), o espaço físico deve oferecer um

ambiente confortável e privativo, onde os indivíduos possam ser assistidos de forma individual.

O fato dos entrevistados considerarem a Unidade Canguru como um local adequado ao RN

prematuro, levou a reconhecê-la como segura para o filho.

Aqui ele (filho) está em segurança e não corre risco de quase nada. Quer dizer

risco corre, mas é menos do que quando está em casa. (E3)

Me sinto seguro com ele aqui (Unidade Canguru), porque os cuidados em casa

vai ser um pouco diferente[...]. (E11)

A ausência de riscos foi observada como benéfica para a evolução do filho prematuro.

Foi perceptível, durante a coleta de dados, que os participantes mostraram-se confiantes na

assistência prestada ao RN prematuro. Assim sendo, apontaram recursos estruturais, materiais

e pessoais como apropriados para o atendimento à companheira e ao filho durante o período de

internação. Estudo realizado por Balbino et al. (2015) evidenciou que a medida em que os pais

conhecem a rotina da Unidade Canguru, sentem-se seguros com o ambiente neonatal e se

adaptam aos recursos oferecidos pela unidade.

Apesar da totalidade dos pais relatarem sobre a segurança na UCINCa, os entrevistados

consideraram a unidade como um local destinado à presença feminina.

[...] aqui é um lugar mais para mulheres. Assim, já que elas estão numa

situação meio que delicada, não estão muito confortáveis, algumas mães se

sentem mal por ter um homem no local. (E6)

Acho que a presença de homens aqui no canguru muito desconfortável, porque

quando chego no quarto só tem mulher[...] e elas sentem vergonha por estar

ali[...], fico até sem jeito. (E7)

Os pais afirmaram que a sua presença na enfermaria causava desconforto a outras mães.

Isto é compreensível quando constata-se que a presença masculina tende a provocar

constrangimento, sobretudo, quando trata-se da mulher no puerpério. Assim, a mulher é

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obrigada a dividir o mesmo ambiente para realizar atividades de natureza diversas, como:

repouso e amamentação do filho.

A situação apresentada pelos participantes é admissível, uma vez que o MS (Brasil,

2011) assegura a presença contínua das mães na segunda etapa do MC, durante o período de

internamento do RN prematuro. Porém, essa política ministerial prevê que o pai e/ou outros

familiares participem dos cuidados neonatais no MC. Isto anuncia a necessidade de se rever a

estrutura física da Unidade Canguru, de modo a proporcionar privacidade aos pais que realizam

essa metodologia assistencial. A estrutura física da Unidade Canguru foi considerada pelos

participantes como inadequada, pois não possui local apropriado para o repouso dos pais.

[...]aqui é ruim para descanso nas cadeiras, que nem braço tem para gente

apoiar. Nenhuma dessas cadeiras aqui é boa para dormir, nem as de rodinha.

(E14)

Aqui no canguru [...]para os acompanhantes é um pouco ruim, porque tem que

dormir nas cadeiras e ai aumenta um pouco o cansaço. A gente enrola no

lençol e dorme na cadeira[...]. (E12)

Igualmente aos demais entrevistados, esses pais admitiram a ausência de estrutura

adequada para o seu repouso na Unidade Canguru. Essa disponibiliza apenas uma cadeira de

polietileno para acomodar o pai ou outro acompanhante, tendo em vista que em muitas

situações, passam dia e noite nesse ambiente. Concebe-se que a inadequação da unidade

interfere tanto física quanto psicologicamente naqueles que praticam o método, refletindo no

apoio e cuidado dispensado à díade mãe e filho.

A realidade enfrentada pelo pai-canguru condiz com a situação vivenciada por outros

homens, quando se trata dos serviços de saúde como pré-natal e parto, que embora seja

preconizado a sua presença, as instituições de saúde não oferecem condições apropriadas para

seu acolhimento. De modo geral, o pai-canguru ainda é visto como um acompanhante ou

familiar e não como membro efetivo dessa metodologia assistencial. Estudos confirmam que a

presença do pai estimula a lactação, aumenta do vínculo entre a díade pai-filho, e permite a sua

capacitação para os cuidados ao RN prematuro (SANTOS, 2012; SPHEAR; SEIDL, 2013;

JESUS, 2015).

Entende-se que a participação dos pais no MC é um momento único para que aprendam

a cuidar do novo membro da família. Neste sentido, os participantes do estudo reconheceram a

Unidade Canguru como essencial para a apreensão de conhecimentos sobre o filho prematuro.

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[...] Acho que em casa os cuidados com ele serão melhores, mas acredito que

não seria tão melhor se não tivesse passado por aqui no MC[...]. Tem coisas

que fiz aqui que nunca imaginaria fazer, tenho certeza absoluta disso. (E13)

Aqui no canguru aprendi muitas coisas, a pegar nela (filha) direitinho, dar

banho, vestir roupa, tudo que um pai tem que fazer [...]. (E12)

A partir da análise dessas falas, percebe-se que os pais interagem com seus filhos, por

meio dos cuidados diários dispensados ao filho na Unidade Canguru. Aos poucos, os genitores

aprendem a nova tarefa de cuidar, como também de distinguir e responder às expectativas do

RN prematuro. Porém, para efetivação dessa aprendizagem é preciso desejo e vontade do pai

no exercício contínuo da paternagem. A visão paterna sobre o cuidar correlaciona-se com a

manutenção da vida, supressão das necessidades básicas do filho nesta fase, e no

acompanhamento de seu desenvolvimento. Resultados semelhantes foram encontrados por

Silva, Budô e Silva (2013), quando os pais buscaram aprender a cuidar do filho internado.

Estudos recentes assinalaram que o conhecimento do pai ao cuidar do filho internado

ainda é pouco valorizado e estimulado pela companheira e profissionais de saúde (MATOS,

2017; HELTH, JARDEN, 2012; FEELEY, 2013). Corroborando com essa afirmativa, pesquisas

confirmaram a necessidade da inclusão paterna na assistência ao RN prematuro, em todas as

fases do MC (LEAL, 2014; SANTOS, 2013). Observou-se durante a realização deste estudo

que os pais veem o MC como uma oportunidade de prepará-los para lidar com a prematuridade

do filho, e assim contribuir para seus cuidados (CAÑAS-LOPERA, RODRÍGUEZ-HOLGUÍN,

YA, 2014). Pesquisas realizadas sobre a presença dos pais demonstraram que esses se

consideram tão importantes quanto as mães nos cuidados ao filho prematuro (HELTH,

JARDEN 2017; CONG et al. 2015).

No cenário da Unidade Canguru onde o estudo em apreço se desenvolveu, faz-se

necessário que os pais e familiares adquiram conhecimento sobre a prematuridade e os

protocolos indicados para o acompanhamento dos filhos na Unidade Canguru. Dessa forma, a

equipe de saúde pode suavizar a caminhada dos envolvidos com a criança prematura, bem como

o empoderamento daqueles que irão assisti-lo nesta fase.

5.2.2.2 Equipe de saúde que atua na Unidade Canguru

A subcategoria aqui descrita refere-se à equipe de saúde multiprofissional que presta

assistência à díade mãe e filho na UCINCa. Esses profissionais acompanham o

desenvolvimento do RN prematuro, realizam intervenções quando necessárias, além disso

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capacitam os pais e familiares para a continuidade do MC. Desse modo, para que o

relacionamento diário dos profissionais de saúde com a tríade pai, mãe e filho seja efetivado, é

preciso compreender o sentido de humanizar a assistência, em consonância com os objetivos

propostos pelo MC.

A equipe que atua na UCINCa é constituída por médicos, enfermeiros, técnicos de

enfermagem, assistente social, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos,

fisioterapeutas e nutricionistas (BRASIL, 2011). Para eficácia do MC, é imprescindível que a

equipe de saúde esteja atualizada e capacitada sobre os cuidados neonatais, como também

conheça os aspectos inerentes à família do RN prematuro. Pois, para assistir ao RN prematuro

e família, os profissionais de saúde devem considerar valores, crenças, saberes e sentimentos

dos envolvidos. De acordo com o MC, a mãe, o pai e demais familiares que o praticam, recebem

as orientações pertinentes ao RN prematuro, de modo que a compreensão das minudências da

prematuridade concorrerá para empoderamento desses e no desenvolvimento do RN.

A palavra orientação pode ser definida como ato ou efeito de orientar, indicar e/ou

encaminhar o indivíduo a algum lugar específico (FERREIRA, 2010). Dessa forma, a equipe

multidisciplinar realiza as orientações necessárias a respeito do MC. Dentre essas, os

profissionais de enfermagem foram referidos como fonte de orientação sobre a realização do

MC.

O pessoal aqui é muito atencioso[...]São muito carinhosos e brincam com

todas as crianças, e me sinto seguro por isso (E5)

A enfermagem é bem atenciosa, passam informações [...] Já me ensinaram a

fazer o pacotinho dele, pegar um pano grande e dobrar o pano com ele dentro,

então tenho aprendido muita coisa aqui[...]trocar fralda, dar banho, colocar ele

para arrotar e no bercinho (E 13)

Nessas falas os pais reconhecem o cuidado realizado pela equipe de saúde ao RN

prematuro, com destaque para enfermagem. Esses profissionais devem atentar para a dinâmica

paterna junto ao filho, perceber suas fragilidades e potencializar suas habilidades. Santos (2013)

identificou que esta equipe, por estar mais próxima dos cuidados diários ao RN, conseguia

otimizar o tempo disponível pelo homem na Unidade Canguru.

A atenção e o carinho dispensados pelos profissionais permite ao pai sentir-se seguro

sobre a assistência prestada na UCINCa. À medida que acompanha o trabalho realizado pelos

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profissionais, o pai constrói uma simbologia sobre assistência realizada ao filho prematuro.

Assim, o significado atribuído aos cuidados determina sua visão sobre a equipe de saúde.

A iniciativa da equipe de enfermagem condiciona o pai à prática do método e os

benefícios da posição canguru para o RN prematuro. Estudos confirmam que realizar a posição

canguru compreende um momento novo e repleto de expectativas para os pais na efetividade

da sua condução (SANTOS, 2013; SHOREY, 2016; SPHEAR, SEIDL, 2011). Nesse sentido,

chama-se atenção para a necessidade da equipe de enfermagem entender as características

individuais de cada pai, o desejo de realizar o contato pele a pele, e ainda sanar as dúvidas

referentes a esse momento com o filho prematuro. Concorda-se com Costa (2012) que o

acolhimento realizado pela equipe da UCINCa é essencial para a concretude das orientações e

eficácia do MC.

Os cuidados apontados pelos entrevistados estão relacionados às necessidades básicas

para o filho no MC, como higiene, banho, sono e repouso. Esses cuidados devem ser orientados

de forma simples, com linguagem coloquial, de modo a favorecer a compreensão. Entende-se

que o aprendizado ocorre de forma dinâmica, por meio da interação diária entre os pais, RN e

profissionais de saúde. Dessa forma, o olhar crítico paterno sobre a assistência realizada ao

prematuro propicia a busca de informações acerca da alimentação e saúde do filho.

Eu tenho que procurar saber dele, para saber se ele tem alguma doença, se tá

precisando de alguma coisa [...]sempre pergunto a ela (enfermeira) se vai fazer

alguma coisa (exame) (E 3)

Até agora a gente só tem dado a alimentação pela sonda nos braços, a

enfermeira recomendou sempre que for dar a alimentação dele tem que

colocar ele em pezinho e colocar ele no braço para dar o leite na sonda (E6)

Alguns participantes demonstraram inquietudes relativas às informações repassadas

sobre o filho. Nesse sentido, entende-se que tanto o pai, quanto a mãe e familiares têm direito

a informação sobre o estado de saúde do RN prematuro e procedimentos a serem realizados

pela equipe de saúde. Semelhante à situação expressa pelos entrevistados, estudo de Diaz

(2016) apontou que os pais sentiram necessidade de ter informações sobre a evolução clínica e

tratamento indicado ao RN prematuro, como também acerca da sua alimentação.

Os pais reconheceram a necessidade do uso da sonda nasogástrica e/ou orogástrica para

o RN receber a nutrição, visto não possuírem o reflexo de sucção e deglutição formado. Convém

lembrar que o momento da alimentação é singular para o homem, pois na concepção masculina,

cabe à mulher o ato de amamentar o RN. Participar da alimentação do filho confere ao pai um

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significado de cuidado, responsabilidade e vinculação. Essa atitude paterna decorre da sua

interação com o ambiente e com a assistência ao RN prematuro na UCINCa.

Silva, Budó, Silva (2013) levam a refletir sobre o posicionamento da enfermagem junto

aos pais do RN prematuro, a importância de “fazer com” antes de “fazer por”, pois o ato de

cuidar requer não somente emoções, atitudes e intenções, mas também um olhar humanístico,

social, ético, biológico e espiritual. Dessa forma, ao orientar e/ou informar o pai que vivencia

o MC com o filho na Unidade Canguru, os profissionais de saúde compartilham o conhecimento

sobre o RN, tornando o pai agente ativo no processo de cuidados. Tendo em vista a

disponibilidade da enfermagem neste contexto, essa equipe torna-se capaz de observar as

reações e dúvidas dos pais inerentes ao cuidado com o filho.

A atuação da enfermagem teve um destaque sobre os demais profissionais de saúde da

UCINCa. Portanto, a enfermagem possui uma posição imperativa para a concretização do MC,

pois junto aos demais integrantes da equipe multiprofissional, mantem o relacionamento diário

e contínuo com o RN prematuro e sua família. Isso contribui para seu papel educador ao integrar

a ciência com a proposta do MC. Assim, pode transformar e minimizar os receios paternos e

aumentar o vínculo entre pai e filho, como também favorecer o sucesso da participação paterna

no MC.

5.2.3 - Participação do pai no Método Canguru

A análise dos dados coletados conduziu à terceira categoria, intitulada Participação do

pai no Método Canguru e duas subcategorias as quais se relacionam com o Conhecimento do

pai sobre o MC e a Rede de Apoio ao pai no MC.

QUADRO IV – CATEGORIA III E SUAS SUBCATEGORIAS

DIMENSÕES CONCEITOS SUBCATEGORIAS

C A T E G O R I A I I I – P A R T I C I P A Ç Ã O D E P A I S N O M É T O D O C A N G U R U

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Realizando a posição canguru com as

mãos.

Desconhecendo o uso da bata para

realizar a posição canguru.

Reconhecendo a importância da

lavagem das mãos antes de realizar o

MC.

Comparando a posição do RN

prematuro no MC com relação ao berço.

Reconhecendo o MC como estímulo

ao aleitamento materno.

Reconhecendo a importância da

participação paterna no MC para sucesso

do aleitamento materno.

Reconhecendo a importância do

aleitamento materno para alta hospitalar

do RN prematuro.

Reconhecendo a importância da

continuidade do MC após alta do RN

prematuro da unidade canguru.

CONHECIMENT

O

Conhecimento de

pais sobre o Método

Canguru

Sendo apoiado pelos familiares no

período de internação do RN prematuro

no MC.

Recebendo o apoio financeiro da

família durante o período no MC.

Recebendo o apoio das mães

durante os cuidados com RN prematuro

na unidade canguru.

Sentindo apoio da companheira no

MC.

AJUDA

Rede de Apoio aos

pais no Método

Canguru

Fonte: Dados das entrevistas junto aos participantes da pesquisa, 2017.

5.2.3.1 Conhecimento de pais sobre o Método Canguru

Nesta subcategoria são expostos conhecimentos dos pais durante a realização do MC.

Tais conhecimentos surgiram a partir da interação e observação do pai com o ambiente que o

rodeia, associado ao conhecimento científico repassado a ele pelos profissionais de saúde. O

termo conhecimento significa ato ou efeito de conhecer, assim como ter competência e

sabedoria sobre algum assunto (FERREIRA, 2010). Para Morin (2008), o conhecimento torna-

se multidimensional, pois acontece simultaneamente nos aspectos físico, biológico, cultural,

social, mental e psicológico, os quais não devem ser dissociados, pois caso contrário, o

conhecimento será afetado.

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O conhecimento do pai sobre os cuidados com o filho prematuro no MC ocorre de

forma gradual e crescente, enquanto permanece na UCINCa. Nessa etapa, os pais conhecem e

adquirem habilidade para dar continuidade ao contato pele a pele, e consequentemente, sentem-

se confiantes em cuidar do filho. Entretanto, observa-se desconhecimento de alguns pais sobre

o modo de posicionar o RN prematuro de forma correta. Segundo normas do MC, essa posição

promove conforto, organização postural, estímulos táteis e proprioceptivos, o que contribui para

o desenvolvimento do prematuro. O RN é posicionado com os membros superiores e inferiores

aduzidos, cabeça lateralizada, envolvidos por uma faixa de tecido de algodão moldável, o que

transmite maior segurança ao RN prematuro e a quem se dispõe realizá-lo (BRASIL, 2011).

Salienta-se que na Unidade Canguru, a posição canguru é realizada por uma vestimenta

confeccionada de tecido, com dimensão de aproximadamente 60 centímetros quadrados e com

duas faixas laterais. Essa foi idealizada pela equipe multiprofissional da UCINCa e denominada

de bolsa ou pano canguru. No entanto, presenciou-se durante a realização da pesquisa, que os

participantes realizavam a posição canguru utilizando as mãos, sem uso da vestimenta indicada

ao método.

[...] eu uso as minhas mãos para fazer o canguru, porque ele é quase do

tamanho da minha mão e fica bem apoiado[...] e dorme, porque tanto sente o

calor da minha mão como do meu corpo, sente-se bem. (E1)

Quando faço o canguru, coloco as mãos mais para cima, para ela não ficar

com as costas muito para trás e caindo, para ficar bem para frente no peito

(E7)

Associado ao fato de realizar a posição canguru com as mãos, alguns pais referiram o

desconhecimento da bolsa canguru, podendo constituir riscos ao RN prematuro e desconforto

paterno. A bolsa permite maior autonomia e flexibilidade de movimentos, bem como expressão

de segurança dada a condição de prematuridade do RN.

Outro ponto afirmado pelos entrevistados foi o desejo de permanecer com o filho na

posição canguru, comparando-o com o berço. Eles observaram que após realizarem a posição

canguru com os filhos, esses reagiam ao serem colocados no berço de acrílico, o que levou a

considerá-lo como um local sem “calor humano”. Sobre esse aspecto, Jesus et al. (2015)

comprovaram que o cuidado dispensado pelo homem ao filho no MC na posição canguru, pode

ser compreendido como o reconhecimento do próprio filho e da sua função paterna naquele

momento.

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No âmbito dos cuidados ao RN prematuro, os pais reconheceram a importância da

higienização das mãos antes de realizar o MC, conforme falas a seguir:

[...]acho importante lavar as mãos antes de fazer o MC, por causa dos riscos

de infecções, bactérias e microrganismo no meu filho que é prematuro (E 6)

[...]antes de pegar ela no MC eu lavo as mãos[...]Tem que ter bastante higiene

para passar segurança e não passar nada de mal para ela(filha) (E7)

Nessas falas, os pais demonstraram saber a importância da higienização das mãos para

saúde do RN prematuro. Essa prática é considerada uma medida simples e efetiva, capaz de

prevenir agravos à saúde do RN prematuro quando realizada de forma criteriosa. Corroborando

com tal assertiva, Deutsche et al. (2013) mencionaram que a prática da higienização das mãos

deve ser adotada por todos que assistem o RN prematuro, pois as mãos constituem a principal

via de transmissão de microrganismos.

Com relação aos pais, resultados semelhantes foram encontrados no estudo de Silva,

Budó e Silva (2013), no qual a figura paterna prestava o cuidado ao RN prematuro com atitude

de proteção a possíveis riscos, e consequentemente, a manutenção da sua vida. Entende-se que

o cuidado com a higienização das mãos no MC advém da valorização da saúde do filho em

situação de imaturidade fisiológica, o que o deixa mais susceptível a infecções.

Bhattacharya (2014) confirma a importância de cuidados específicos com o RN

prematuro, visto que esses possuem maior probabilidade de desenvolverem infecções

hospitalares. Naves et al. (2012) alertaram sobre as infecções oportunistas desencadeadas por

bactérias gram-positivas, as quais colonizam a superfície da pele e mucosas. Nessa abordagem,

o estudo de Martinez, Campos, Nogueira (2009) confirmou que aproximadamente 30% das

infecções são preveníveis pela higienização adequada das mãos.

Outro assunto mencionado pelos pais durante a pesquisa, foi sobre o aleitamento

materno no contexto do MC.

Fico mais calmo com relação a ela, ver que tá evoluindo. [...] ela está

conseguindo mamar aqui no canguru, e isso é muito bom para saúde dela (E5)

A pessoa que está amamentando ou dando leite para criança precisa de ajuda,

porque depois ela vai trocar a fralda do filho, arrumar as coisas, tomar um

banho, e fica difícil para um mãe sozinha. [...] eu aqui ela fica bem melhor e

ajudo bastante (E7)

Essas falas retratam o reconhecimento paterno da importância do MC para o aleitamento

materno. O RN prematuro tende a se desenvolver gradativamente quando recebe o leite

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materno, visto possuírem imaturidade do trato gastrointestinal, considerada comum à sua idade

gestacional. Esse alimento possui na sua composição proteínas, sódio, lipídios, eletrólitos,

minerais, calorias e também propriedades imunológicas (MELO, 2013; AZEVEDO, 2014).

Tais características levam a considerá-lo o aporte nutricional mais adequado ao RN, sobretudo

ao prematuro. Logo, a oferta do leite materno exclusivo deve ocorrer o mais precocemente

possível, sob incentivo de profissionais de saúde, do companheiro e de familiares.

O significado para o pai do aleitamento materno no ambiente do MC interfere na sua

postura com relação à dinâmica familiar, visto que esse ampara sua companheira nos momentos

dedicados à nutrição do filho. Ademais, adota atitudes que contribuem para o bem-estar da mãe.

O posicionamento do pai junto à companheira no ciclo gravídico e puerperal e

aleitamento materno vem sendo transformado ao longos dos últimos anos, pois o homem

contemporâneo tem participado ativamente desses períodos. Esse envolvimento colabora para

a saúde materna e neonatal, uma vez que o companheiro é considerado pela mulher como apoio

nas situações diversas (BRITO; OLIVEIRA, 2006). Nessa linha de pensamento, estudos de

Pizzalunga e Lamounier (2011) corroboraram com tal assertiva ao elencar que a ajuda do pai

transforma a relação conjugal e interfere diretamente sobre a saúde do filho. Apesar do ato de

nutrir o filho por meio do leite materno ainda estar atrelado nos aspectos históricos, econômicos,

socioculturais e emocionais das mães, pesquisas revelaram que o apoio à mãe é crucial para o

sucesso do aleitamento materno (PRADO, ABRÃO, 2014; SIMÕES et al. 2015; SILVA et al.

2016).

Portanto, o MC constitui a oportunidade dos pais e familiares participarem do

aleitamento materno exclusivo e conhecer seus benefícios à saúde materna e sobretudo

neonatal. Outrossim, a análise dos dados também apontou que os pais reconhecem a

importância do aleitamento materno para alta hospitalar do filho prematuro.

Estou acreditando que ele (RN prematuro) vai ter alta [...] porque ele já está

conseguindo mamar e logo nós vamos embora, porque ele vai estar melhor (E

8)

Acho que quando está perto de ter alta a gente sabe pelo crescimento e

desenvolvimento do menino[...] porque nosso filho começou a mamar no

peito. (E 12)

Os entrevistados relacionaram o ato de mamar do RN a sua alta hospitalar. A alta

simboliza ao pai o reconhecimento de que o RN prematuro encontra-se estável e em condições

de ser assistido em casa, no ambiente familiar.

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A importância do aleitamento materno exclusivo para alta hospitalar está associado aos

benefícios que o leite materno promove à saúde do RN prematuro, bem como ao incentivo à

manutenção do vínculo afetivo entre a díade mãe-filho e da participação paterna. A presença e

o apoio do pai como também seu conhecimento sobre o aleitamento materno, propiciam a

continuidade da amamentação e a eficácia nutricional do filho prematuro. Estudo realizado por

Menezes et al. (2014) com avaliação do RN prematuro assistido no MC e até o sexto mês de

vida, demonstrou baixa frequência do aleitamento materno exclusivo após alta hospitalar do

RN, relacionado a diversos fatores, dentre eles a não continuidade da posição canguru.

A amamentação compreende um dos componentes para a terceira fase do método

(BRASIL, 2011). Neste sentido, chama-se atenção às orientações advindas da enfermagem, de

forma a garantir o incentivo à amamentação, as quais devem ser iniciadas junto aos pais e

familiares nas primeiras fases do MC até a alta hospitalar do RN prematuro.

Ao participar MC, o pai se reconhece como indivíduo que pode interferir, por meio de

ações, nos aspectos biopsicossocial e comportamental do RN prematuro proposto pelo método

canguru. Outrossim, ele conhece e compreende a subjetividade do cuidado ao filho prematuro.

A experiência do cuidado, segundo Boff (2014) é moldado na prática, no convívio entre

pessoas, onde é possível compreender as necessidades do outro e proporcionar apoio àquele

que carece de cuidados. Sob a perspectiva do apoio, esse é essencial durante a segunda fase do

MC, pois o método compreende um período de transformações físicas, corporais e

comportamentais dos envolvidos na assistência neonatal ao RN prematuro.

5.2.3.2 Rede de Apoio ao pai no MC

Essa subcategoria diz respeito à rede de apoio que favorece o pai a participar do MC.

Compreende-se que o método proporciona descobertas, adaptações e conhecimentos sobre o

cuidado do bebê prematuro, requerendo assim uma rede de apoio para aqueles que o realizam.

Rede de apoio ou rede social, segundo Sluzki (1997), é definida como o relacionamento

entre os indivíduos, seja por necessidade, interesses e afinidades. Por meio da comunicação, as

pessoas interagem com as outras e ampliam seus contatos. Esses compreendem não somente as

relações da família nuclear, mas os vínculos interpessoais ampliados como: colegas de trabalho

e de estudo, amigos e pessoas da sua convivência na comunidade.

Sob esse aspecto, Custódio (2014) demonstrou que os cuidados com o RN prematuro

desencadeiam uma tensão familiar diante da necessidade de atenção ao neonato, exigindo assim

uma nova adaptação dos pais e seus familiares. Santos (2013) acrescenta que o apoio do pai,

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familiares e amigos próximos é essencial para o sucesso do MC. Salienta-se sobretudo o papel

paterno como indispensável, dada as circunstância do acompanhamento à mãe no MC, que se

abstém da dimensão social para assistir o RN prematuro. Dessa forma, o pai apoia a

companheira e é apoiado pelos demais familiares.

Quando volto para trabalhar minha sogra fica com ela e com meu filho no MC

para dar cobertura porque ela já teve três filhos e tem mais experiência. Ou

então vem minha cunhada, ou irmã dela (E 4)

Hoje quem fez o canguru foi o pai da minha esposa. Ficou andando com ele

até dormir [...]A família nos ajuda quando não posso estar aqui (no MC) ou

quando vou trabalhar (E15)

Observa-se nessas falas que o apoio advém de familiares distintos como: sogra, irmã,

cunhada e sogro. Marski (2016) corrobora com esses dados ao elencar o apoio ao pai recebido

por intermédio da irmã, sogra e cunhada no período que assistem o filho no âmbito hospitalar.

Isto retrata a inter-relação familiar, a qual é de suma importância para o indivíduo, pois de

acordo com Lobo e Lobo (2012), a família é compreendida como uma instituição formadora de

papéis e relações interpessoais vivenciadas pelo ser humano. Essas pessoas são unidas pela

consanguinidade, afeto e interesses em comum. Desse modo, as interações estabelecidas entre

o pai e seus familiares, contribuem para o seu enfrentamento diante das dificuldades e demandas

requeridas pela assistência ao filho prematuro no MC. Portanto, a família é fonte de apoio nos

momento de dificuldade.

Nesse contexto, ao dispor de apoio à tríade pai, mãe e filho, os familiares também

precisam ser amparados pelos profissionais de saúde da UCINCa. Destacando a enfermagem,

a qual deve estar atenta às configurações familiares, propiciar o envolvimento dos parentes

consanguíneos nos cuidados ao bebê prematuro. Nesse sentindo, Santos (2013) confirmou que,

faz-se necessário envolvê-los precocemente nos cuidados neonatais, pois constituem figuras

permanentes na vida do bebê. A família é compreendida como um grupo social, composto por

membros em interação simbólica entre si. Baseado nas experiências que vivenciam, os

familiares atribuem significados em comum, o que repercute nas suas atitudes uns com outros,

e sobretudo quando um membro familiar torna-se necessitado de compartilhar fatos inesperados

como a prematuridade.

Dessa forma, os familiares prestam apoio emocional, afetivo e, em muitas situações,

financeiro.

Quando preciso de um apoio financeiro, para uma necessidade, comprar

alguma coisa eles (família)nos ajudam (E 5)

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Meus pais me ajudam muito financeiramente, quando preciso dinheiro para

comprar alimentos, roupinhas para nossa filha, de uma coisa ou outra (E 6)

Em decorrência do tempo de internação do RN prematuro na segunda fase do MC, os

gastos familiares acabam por serem maiores nesse período. Nessa circunstância, os familiares

ajudam nos custeios necessários provenientes da internação do RN prematuro. Conforme

destacaram Piazzalunga e Lamounier (2014), a figura masculina preocupa-se com questões

financeiras ainda no período gestacional, e com a situação inesperada da prematuridade, tal

sentimento pode ser aflorado dada a responsabilidade de provedor financeiro. Somam-se a essa

situação os gastos relacionados às necessidades pessoais da companheira, pois apesar da

instituição garantir seis refeições diárias, existem outras provisões tais como produtos para

higiene pessoal.

Outro ponto destacado no presente estudo é o fato de 50% dos entrevistados procederem

do interior do Estado, o que contribui também para o gasto financeiro. Esta situação foi

confirmada por Aires (2015) e Diaz (2016) quando frisaram que os participantes dos seus

estudos afirmaram a necessidade de apoio financeiro devido aos gastos com transporte para

deslocamento, em virtude da distância entre o domicílio e as unidade de saúde.

Além do apoio dos familiares, os pais também receberam cuidados com o filho por

intermédio de outras pessoas, ou seja, de outras mães internadas no canguru.

As mães do quarto ajudaram muito a mim e minha esposa no começo, e

quando a gente tinha dúvidas, perguntava para elas que têm mais tempo aqui,

mais experiência. No começo a gente não sabia nem dar banho e elas foram

nos orientando como uma escola (E 12)

[...]Ontem mesmo fui trocar a fralda dele sozinho e minha esposa não estava,

aí uma mãe disse: “assim não”! e me ajudou. (E 15)

O apoio prestado aos pais pelas demais mulheres praticantes do MC, demonstra haver

interação dos pais e as demais mulheres praticantes do método. Isto evidencia que há interação

dos pais com outras pessoas que dividem o mesmo ambiente, em situações semelhantes. Dessa

forma, o compartilhamento de experiências favorece sua adaptação como também seu

conhecimento sobre os cuidados com o filho. O sentimento de incertezas, medos da evolução

do RN prematuro, assim como as alegrias de cada desenvolvimento positivo do filho, confere

uma melhor adaptação entre as famílias que perpassam pelas mesmas circunstâncias.

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57

Concorda-se com Santos (2013) quando refere que os cuidados com RN prematuro no

MC, o aprendizado pode acontecer com as outras experiências de outrem. Tal situação

possibilita aos pais a assistirem ao filho prematuro de forma criativa, reinventando uma nova

rotina, a partir das trocas e reflexões críticas. Assim, a confiança do pai em cuidar do filho

prematuro aproxima-o do MC e, consequentemente, participa de forma efetiva.

A convivência diária permite que a experiência em lidar com a prematuridade seja

compartilhada entre as mães, pais e familiares no MC. Dessa forma, ao vivenciar junto a sua

companheira os cuidados com o filho prematuro, o pai depara-se com trocas de saberes

relacionadas com as necessidades básicas do RN prematuro. Entende-se que a aproximação dos

pais e familiares com outras famílias deve ser vista como um apoio mútuo, pois no período que

permanecem na instituição hospitalar, estabelecem relação com diferentes pessoas que passam

a fazer parte do seu convívio diário.

Diante dessa realidade, chama-se atenção para a equipe de saúde no sentido de atentar

sobre a troca de informação entre as pessoas que convivem no mesmo ambiente do MC. Pois,

o cuidado ao RN prematuro deve ser de forma individualizada, respeitando a sua imaturidade,

e assim evitar possíveis danos à saúde do RN prematuro. Deste modo, cabe à equipe de saúde

realizar as orientações iniciais, acompanhar as habilidades e iniciativas do pai e da mãe com o

passar do tempo.

Nesse contexto, o casal precisa estar próximo e aberto a aprender junto, pois essa fase

do MC requer o compartilhamento adequado de cuidados com o filho. Sob esta perspectiva, o

pai sentiu-se apoiado pela companheira no MC:

[...] chorei tanto ali agarrado com minha mulher, ela me apoiou muito quando

ele passou mal. Deus me livre não quero passar mais por isso mais nunca. (E4)

[...]um apoia o outro aqui (Unidade Canguru), na hora de trocar do bebê, de

dar a dieta[...]E por eu estar aqui acho que fortaleceu nós dois. (E6)

As falas dos entrevistados demonstraram cumplicidade do casal no enfrentamento das

dificuldades encontradas com prematuridade do filho. Sob este aspecto, Feeley (2013)

confirmou que a figura materna pode interferir direta e indiretamente nos cuidados realizados

pelo pai ao novo membro da família. A interpretação do pai sobre o apoio da sua companheira

no MC pode influenciar nas suas atitudes com o filho. Assim, a mãe deve ajudá-lo na prática

diária do MC, contribuindo para o seu empoderamento também no exercício da paternagem.

Nessa dimensão, o entendimento mútuo das responsabilidades advindas das funções

parenterais com o RN prematuro requer a compreensão de que cada indivíduo lida com as

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58

situações de crise. Relativo ao apoio mútuo, Marski (2016) evidenciou que essa situação ocorre

mais comumente quando a rede de apoio aos pais é restrita, não havendo outras redes de apoio

durante o período em que o filho permanece internado. Entende-se que essa realidade tende a

aproximar o casal, visto que possuem somente um ao outro para dividir as atribuições paternais.

A reciprocidade no cuidado à criança, entre o pai e companheira, favorece a

identificação das necessidades do bebê prematuro, e assim, o planejamento de um cuidado mais

integral e humano. A troca de experiências entre pai e mãe do RN prematuro possibilita melhor

relacionamento entre ambos, o que consequentemente favorece o desempenho dos papéis na

família, e minimiza as dificuldades enfrentadas nos período que assistem o RN prematuro no

MC.

A equipe de saúde, especialmente a enfermagem, por meio de intervenções diárias deve

fortalecer as redes de apoio ao pai, com vistas a minimizar o impacto que a assistência neonatal

pode causar a ele. Para isso, faz-se necessário direcionar estratégias conforme a sua necessidade

e contexto pessoal, as quais consequentemente poderão repercutir de forma positiva no sucesso

do MC.

Portanto, observou-se que os pais vivenciam o MC diante do filho prematuro em

circunstâncias paradigmáticas, quais sejam: ações/estratégicas, condições contextuais,

interventoras, causais e as consequências. Dessa forma, o conhecimento paterno sobre o MC

está relacionado à condição causal, assim como a visão dos pais sobre a Unidade Canguru à

condição interventora. Os sentimentos do homem para com o filho e a sua companheira estão

relacionados à condição contextual em que o pai está inserido. No tocante à visão sobre o MC,

esta se relaciona à condição interventora, pois compreende o período de internamento do seu

filho.

Entende-se que na Unidade Canguru, o pai compreende a eficácia do MC para o filho,

apesar dele apresentar o desconhecimento dos cuidados a um prematuro, bem como quanto a

se tornar efetiva a posição canguru. Ademais, a rede de apoio concede ao pai assistir o RN

prematuro com amplitude, assim como o ampara nos momentos de ausência pessoal.

5.3 INTEGRANDO AS CATEGORIAS

A Vivência de pais diante do filho que nasce prematuro e encontra-se em cuidados no

Método Canguru é um fenômeno vivenciado pelos pais durante o período de assistência ao filho

prematuro. Este fenômeno envolve conceitos e desperta significados distintos.

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59

Para identificar os conceitos relativos a esse fenômeno utilizou-se a Teoria

Fundamentada nos Dados, a qual possibilitou compreender que o pai vivencia o Método

Canguru. Dessa forma, ao analisar as categorias emergentes no processo de análise–

Sentimentos de pais na realização no Método Canguru; Visão dos pais sobre a Unidade

Canguru e Participação de pais no Método Canguru -, originando a categoria central

Vivência de pais diante do filho prematuro no Método Canguru, responsável por integrar

todos os conceitos emergentes, constituindo a essência das categorias acima descritas.

Figura 01- Representação gráfica

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento desta pesquisa propiciou compreender como se dá a participação do

pai no Método Canguru junto ao filho prematuro. No intuito de desvendar esse fenômeno,

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60

recorreu-se ao referencial teórico-metodológico que pudesse adentrar no universo do homem

em busca de respostas para os questionamentos iniciais do estudo.

Assim sendo, a escolha pela Teoria Fundamentada nos Dados possibilitou imergir nos

dados teóricos, a partir das falas dos entrevistados, descobrindo códigos, subcategorias e

categorias, bem como as relações estabelecidas entre os conceitos da teoria emergente. Assim,

após análise das dimensões, suscitou a categoria central “Vivência de pais diante do filho

prematuro no Método Canguru”. Essa categoria revela a trajetória realizada pelos homens

durante sua vivência no Método Canguru e dos significados de tal momento para o pai.

Cabe ressaltar que o método utilizado viabiliza o surgimento de uma teoria a partir dos

dados teóricos coletados, que quando analisados, permitem abranger inúmeros aspectos do

fenômeno em estudo. Dessa forma, o uso do referido método juntamente com o Interacionismo

Simbólico possibilitou compreender a interação entre a vivência do pai junto ao filho prematuro

no Método Canguru e os significados dessa interação para o pai.

Comprovou-se que os participantes, durante a sua vivência, interagiram consigo

mesmos e com outras pessoas, como o filho prematuro, a companheira, os profissionais de

saúde da Unidade Canguru, familiares e outras pessoas da convivência hospitalar. As falas das

entrevistas revelaram que o envolvimento paterno nos cuidados ao filho prematuro dependia de

fatores inerentes ao seu desejo de participar, como atividades laborais, situação econômica da

família, local inadequado para descanso do pai, dentre outros.

Diante do contexto da vivência do pai com o filho prematuro, conclui-se que os pais

participam do Método Canguru com sentimentos antagônicos, tais como relação ao filho

prematuro, preocupação com o filho prematuro e sua companheira que se encontrava internada

junto ao filho, e responsabilidade de exercer o papel paterno na família na provisão de recursos

materiais ou de acordo com as necessidades do RN internado. Além desses, os participantes

relataram sentimento de satisfação em cuidar do filho prematuro e medo de realizá-lo frente às

particularidades da prematuridade.

Os pais demostraram também sentimentos relacionados ao Método Canguru, quais

sejam: satisfação e medo. Relativo à satisfação paterna, essa estava atrelada às descobertas

realizadas pelo pai ao cuidar do filho no Método Canguru. O medo observado estava atrelado

à sensação de impotência diante da situação de prematuridade do filho. Deste modo, a

enfermagem deve valorizar o cuidado paterno, além de minimizar os sentimentos antagônicos,

quais sejam: preocupações e medo, e intervir de forma positiva no seu conhecimento sobre a

realização do Método Canguru.

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61

Constatou-se que durante a sua vivência no Método Canguru, os pais tiveram

oportunidade de conhecer a Unidade Canguru e a equipe de saúde que atua nesse local. Desse

modo, as falas revelaram que o pai reconhece a Unidade Canguru como apropriada e segura

para os cuidados indispensáveis ao filho. Contudo, demonstraram que o homem ainda é visto

como coadjuvante nos cuidados ao filho, pois sentiram-se desconfortáveis em compartilhar o

mesmo ambiente referido como “feminino” por eles. Além disso, os entrevistados relataram

não conseguirem descansar na Unidade Canguru, fato esse relacionado à estrutura física. Tais

situações refletem sobre a importância de inserir os pais, modificando suas impressões sobre a

figura masculina no âmbito dos cuidados ao filho.

A equipe de saúde, na visão paterna, é indispensável no aprendizado sobre o Método

Canguru, pois são responsáveis por transmitir informações acerca da assistência neonatal e

devem reconhecer a seriedade de suas atitudes de forma a promover o processo interativo entre

pai e tudo o que o cerca. Neste sentido, a enfermagem assume um papel importante, pois

compreende, dentro da equipe de saúde, o profissional que mais tempo permanece junto ao pai

no MC.

Versando-se sobre a participação paterna no Método Canguru, os entrevistados

mencionaram que estar na Unidade Canguru compreende uma oportunidade de aprender a

cuidar dos filhos assim como as peculiaridades do método. Tal conhecimento favorece nos

benefícios indicados pela metodologia assistencial. Associado a esses benefícios, percebeu-se

que o apoio recebido pelos pais durante essa vivência propicia a eles sentimentos

imprescindíveis pra concretude do método. A partir disso, será possível refletir sobre como

promover e incentivar o apoio recebido pelos pais, dignificando sua participação efetiva nos

cuidados ao filho prematuro.

Assim, as conclusões aqui obtidas permitem apontar como intervenção o

reconhecimento dos pais enquanto sujeitos do cuidado profissional, pois receber apoio ao

processo de tornarem-se pais, revelou-se essencial. Nesse sentido, garantir a proximidade física

do filho durante todo percurso assistencial ao recém-nascido prematuro, sobretudo na Unidade

Canguru, configura-se um caminho importante para continuidade efetiva do método após alta

hospitalar.

Neste contexto, chama-se atenção para a importância da enfermagem como profissional

que atua ininterruptamente no aprendizado dos pais e familiares, a fim de promover o cuidado

integral e humanizado ao RN prematuro. Concebe-se que por meio da interação entre os pais

com o filho prematuro, o MC, e a enfermagem, se propicia um significado sobre o seu papel no

contexto do cuidado ao filho prematuro.

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Acredita-se que os aspectos destacados nesta investigação contribuem para minimizar

lacunas presentes na literatura científica sobre a participação e inserção dos pais nos cuidados

ao filho prematuro no Método Canguru. Outrossim, indica-se o desenvolvimento de novos

estudos com vistas a compreender melhor a vivência de pais nas demais etapas indicadas pela

Assistência Humanizada ao Recém-Nascido baixo peso ao nascer - Método Canguru. Acredita-

se que as informações expostas nesta obra possam contribuir para melhorar a assistência

neonatal, minimizando os indicadores de morbidade e mortalidade ainda crescentes na

população brasileira.

Espera-se por fim, que se possibilite a maior atenção ao pai no contexto da

prematuridade, compreendendo as particularidades do cuidado paterno, na tentativa de

favorecer vínculo precoce entre a díade pai-filho, na continuidade com efetividade do Método

Canguru após alta hospitalar, com vistas a minimizar indicadores de morbidade e mortalidade

neonatal.

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73

APÊNDICES

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74

APÊNDICE 01 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO E DOUTORADO

Campus Universitário – Lagoa Nova – 59078-970 – Departamento de Enfermagem –

Natal/RN Telefone: (84) 3215-3196 – E-mail: [email protected]

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para o senhor participar da pesquisa “VIVÊNCIA DE PAIS

DIANTE DO FILHO PREMATURO NO MÉTODO CANGURU” coordenada pelo (a)

Prof. (a) Dr (a) Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho.

Essa pesquisa procura compreender a vivência do pai diante do filho prematuro no

Método Canguru, nas maternidades v Escola Januário Cicco – MEJC. O motivo que nos leva a

fazer este estudo é a busca pela compreensão do como é vivenciado método canguru pelos pais

de filhos prematuros.

A sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer

momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade.

Caso decida em aceitar o convite, a coleta de informações será realizada por um

instrumento de coleta de dados, no qual obteremos informações sobre a sua vivência no método

canguru através de marcação em folha de papel e gravação de voz, mediante a autorização do

senhor.

Durante a realização será submetido à entrevista com previsão de riscos mínimos, ou

seja, o risco que o senhor corre é riscos mínimos, ou seja, que tal risco é semelhante aquele

sentido numa consulta (exame físico ou psicológico) de rotina.

Pode acontecer um desconforto ao ser entrevistado que será minimizado através de um

ambiente previamente reservado bem como climatizada, de modo que o pai sinta-se à vontade

para expressar sua vivência no MC, para que possa expressar seu pensamento sem medo ou

vergonha, deixando-o livre a falar o seu pensamento e assegurando a confidencialidade e

melhor assistência pela equipe de saúde aos pais que vivenciam o Método Canguru.

Ao mesmo tempo, diante de sua participação, há o entendimento de que você poderá se

beneficiar quando da elaboração dos resultados e apresentação à direção do hospital,

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possibilitando uma reflexão da equipe de enfermagem e/ou melhoria do seu processo de

trabalho. Este projeto possibilitará uma reflexão da equipe de enfermagem e/ou melhoria do

seu processo de trabalho, bem como adequar inserção dos pais nos cuidados ao filho prematuro

e assim propicia a mãe e ao bebe um apoio nas questões inerentes à prematuridade.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em

momento algum. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será

feita de forma a não identificar os voluntários.

Se o senhor tiver algum gasto, que seja devido à sua participação na pesquisa, você será

ressarcido, caso solicite ao pesquisador. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano

comprovadamente decorrente desta pesquisa, você terá direito à indenização.

O senhor ficará com uma cópia deste termo e toda dúvida sobre a ética dessa pesquisa

deverá ligara para o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, telefone (84) 3215-3135. Esse documento foi impresso em duas vias, uma ficará com

você e a outra com a pesquisadora responsável. Campus Universitário, s/n, BR 101 – Lagoa

Nova – Natal/RN – CEP: 59072-970. Fone/fax: (84) 3215-3196. E-mail: [email protected]

Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética

e Pesquisa da UFRN- Praça do Campus Universitário, Lagoa Nova. Caixa Postal 1666, CEP

59072-970 Natal/RN. Telefone (84)3215-3135.

Consentimento Livre e Esclarecido

Eu, _______________________________________________________, declaro que

compreendi os objetivos desta pesquisa, importância e o modo como ela será realizada, além

de conhecer os riscos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus

direitos, concordo em participar voluntariamente da pesquisa “VIVÊNCIA DE PAIS

DIANTE DO FILHO PREMATURO NO MÉTODO CANGURU”, e autorizo a divulgação

das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que

nenhum dado possa me identificar.

Natal/RN, ____de_____________ 2017.

___________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

Declaração do Pesquisador responsável:

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Como pesquisador responsável pelo estudo “VIVÊNCIA DE PAIS NO MÉTODO

CANGURU”, declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os

procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao

participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do

mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei

infringindo as normas e diretrizes propostas pela resolução 466/12 do Conselho Nacional de

Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal/RN, ____ /_____/_________.

Prof. (a) Dr (a) Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho

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APÊNDICE 02 – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS - ROTEIRO DE

ENTREVISTA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO E DOUTORADO

Campus Universitário – Lagoa Nova – 59078-970 – Departamento de Enfermagem –

Natal/RN Telefone: (84) 3215-3196 – E-mail: [email protected]

ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Pesquisa: VIVÊNCIA DE PAIS DIANTE DO FILHO PREMATURO NO MÉTODO

CANGURU

Pesquisadoras responsáveis: Prof.(a) Dr (a) Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho e Thais

Rosental Gabriel Lopes

ENTREVISTA Nº:_________ DATA DE REALIZAÇÃO/HORÁRIO:_______________

Data:___/___/___

Dados de identificação

Faixa Etária:

( ) 18 anos a 25 anos ( ) 26 anos a 30 anos ( ) 31 anos a 35 anos

( ) 36 anos a 40 anos ( ) acima de 40 anos.

Escolaridade:

( ) Analfabeto ( ) Ensino Fundamental Incompleto

( ) Ensino Fundamental Completo ( ) Ensino Médio Incompleto

( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Superior Incompleto

( ) Ensino Superior Completo ( ) Pós-Graduação

Ocupação: _______________________. Está trabalhando? ( ) Sim ( ) Não.

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Naturalidade: ________________.

Cidade onde mora:__________________( ) Zona Urbana ( ) Zona Rural

O casal mora com quem? ______________________.

Tempo de convivência com a mulher? _______. Quantidade de filhos: _____

QUESTÃO NORTEADORA

O senhor poderia falar para mim como é vivenciar o Método Canguru com seu filho

prematuro?

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APÊNDICE 03 – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ

Eu, .... (nome do participante da pesquisa), depois de entender os riscos e benefícios que a

pesquisa intitulada Vivência de pais diante do filho prematuro no Método Canguru poderá

trazer e, entender especialmente os métodos que serão usados para a coleta de dados, assim

como, estar ciente da necessidade da gravação de minha entrevista, AUTORIZO, por meio deste

termo, os pesquisadores (nome de todos os pesquisadores envolvidos na pesquisa) a realizar a

gravação de minha entrevista sem custos financeiros a nenhuma parte.

Esta AUTORIZAÇÃO foi concedida mediante o compromisso dos pesquisadores acima citados

em garantir-me os seguintes direitos:

1. Poderei ler a transcrição de minha gravação;

2. Os dados coletados serão usados exclusivamente para gerar informações para a pesquisa aqui

relatada e outras publicações dela decorrentes, quais sejam: revistas científicas, congressos e

jornais;

3. Minha identificação não será revelada em nenhuma das vias de publicação das informações

geradas;

4. Qualquer outra forma de utilização dessas informações somente poderá ser feita mediante

minha autorização;

5. Os dados coletados serão guardados por cinco anos, sob a responsabilidade do (a)

pesquisador (a) coordenador (a) da pesquisa (nome completo do pesquisador responsável), e

após esse período, serão destruídos e,

6. Serei livre para interromper minha participação na pesquisa a qualquer momento e/ou

solicitar a posse da gravação e transcrição de minha entrevista.

Natal, ____ de __________________ 2017.

____________________________________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

Prof. (a) Dr (a) Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho

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APÊNDICE 04 – QUADRO - DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS

Entrevistad

o

Faixa

etária

(anos)

Escolaridade Ocupação Está

trabalhando

?

Naturalidade Cidade

onde mora

Região Com

quem o

marido

reside?

Tempo de

convivência

com

companheira

Número

de filhos

Possui

filho

prematuro

?

E1 26 a 30 Ensino

Médio

Completo

Porteiro Sim Natal - RN Natal - RN Zona

Urbana

Esposa 2 anos 1 Não

E2 26 a 30 Ensino

Fundamental

Completo

Agricultor Sim Patú - RN Patú - RN Zona

Urbana

Esposa 7 anos 1 Não

E3 18 a 25 Ensino

Médio

Incompleto

Estudante Não São Pedro -

RN

Natal - RN Zona

Urbana

Pais 0 0 -

E4 18 a 25 Ensino

Fundamental

Incompleto

Servente Sim Várzea - RN Várzea -

RN

Zona

Urbana

Esposa 5 anos 0 -

E5 18 a 25 Ensino

Superior

Completo

Mecânico Sim São Paulo -

SP

Natal - RN Zona

Urbana

Pais 6 anos 1 Não

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E6 26 a 30 Ensino

Médio

Completo

Mecânico Sim João Pessoa -

PB

Natal - RN Zona

Urbana

Pais 9 anos 0 -

E7 18 a 25 Ensino

Fundamental

Completo

Auxiliar de

produção

Não Goianinha -

RN

Jardim do

Seridó -

RN

Zona

Urbana

Esposa 1 anos 1 Não

E8 26 a 30 Ensino

Médio

Incompleto

Agricultor Não Coronel

Ezequiel -

RN

Sítio

Cachoeira

- RN

Zona

Rural

Esposa 5 anos 0 -

E9 18 a 25 Ensino

Superior

Completo

Corretor de

imóveis

Sim Macau - RN Natal - RN Zona

Urbana

Esposa 4 anos 1 Não

E10 31 a 35 Ensino

Médio

Completo

Motorista Sim Santo

Antônio - RN

Santo

Antônio -

RN

Zona

Urbana

Esposa 16 anos 0 -

E11 Acima

de 40

Ensino

Fundamental

Completo

Agricultor Sim Boa Saúde -

RN

Natal - RN Zona

Urbana

Esposa 3 anos 2 Não

E12 26 a 30 Ensino

Médio

Completo

Vendedor de

calçados

Sim Tangará - RN Tangará -

RN

Zona

Urbana

Esposa 4 anos 0 -

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E13 31 a 35 Ensino

Superior

Completo

Servidor

Público

Sim Natal - RN Natal - RN Zona

Urbana

Esposa 3 anos 0 -

E14 18 a 25 Ensino

Médio

Incompleto

Construção

civil

Não Japi - RN Japi - RN Zona

Urbana

Esposa 8 meses 2 Não

E15 18 a 25 Ensino

Médio

Incompleto

Auxiliar

administrativ

o

Não Natal - RN Baia

Formosa -

RN

Zona

Urbana

Esposa 1 ano e 3

meses

0 -

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ANEXOS

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ANEXO 01 – CARTA DE ANUÊNCIA DA MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO

CICCO

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ANEXO 02 – TERMO DE AUTORIZAÇÃO DA MATERNIDADE ESCOLA

JANUÁRIO CICCO

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ANEXO 03 –PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM

PESQUISA

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