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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA Nayana Luíza Soares de Araújo CARACTERIZAÇÃO DO PADRÃO DE QUIMIOCINAS EM DIFERENTES FORMAS CLÍNICAS DA DOENÇA DE CHAGAS Natal 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA

Nayana Luíza Soares de Araújo

CARACTERIZAÇÃO DO PADRÃO DE QUIMIOCINAS EM DIFERENTES FORMAS

CLÍNICAS DA DOENÇA DE CHAGAS

Natal

2017

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NAYANA LUÍZA SOARES DE ARAÚJO

CARACTERIZAÇÃO DO PADRÃO DE QUIMIOCINAS EM DIFERENTES FORMAS

CLÍNICAS DA DOENÇA DE CHAGAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Biologia Parasitária

Orientador: Prof. Dr. Paulo Marcos da Matta Guedes

Natal

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Biociências - CB

Araújo, Nayana Luíza Soares de.

Caracterização do padrão de Quimiocinas em diferentes formas

clínicas da doença de chagas / Nayana Luíza Soares de Araújo. - Natal, 2017.

63 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós Graduação em

Biologia Parasitária. Orientador: Prof. Dr. Paulo Marcos da Matta Guedes.

1. Doença de Chagas - Dissertação. 2. Trypanosoma cruzi -

Dissertação. 3. Quimiocinas - Dissertação. 4. Receptores de

quimiocinas - Dissertação. 5. Formas clínicas - Dissertação. I. Guedes, Paulo Marcos da Matta. II. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 616.937

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NAYANA LUÍZA SOARES DE ARAÚJO

CARACTERIZAÇÃO DO PADRÃO DE QUIMIOCINAS EM DIFERENTES FORMAS

CLÍNICAS DA DOENÇA DE CHAGAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Biologia Parasitária

Natal, 24 de fevereiro de 2017

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Paulo Marcos da Matta Guedes

Departamento de Microbiologia e Parasitologia – UFRN

Profª. Drª. Renata Antonaci Gama

Departamento de Microbiologia e Parasitologia – UFRN

Drª. Manuela Sales Lima Nascimento

Instituto Internacional de Neurociência Edmond e Lily Safra – IIN-ELS

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus que me deu a vida, a saúde, o

entendimento, a força nas horas de fraqueza e o apoio da família e amigos, além de

todas as oportunidades e condições que me foram proporcionadas para chegar

neste momento.

A minha família. Meus pais, Josiel e Ivane, que sempre presentes, são minha

base, sendo indispensáveis em todas as conquistas que já tive e que terei, agradeço

pelo apoio contínuo, cuidado incessante e diárias orações, pelo carinho, amor e

incentivo. A minha irmã, Nayara, por estar sempre presente e pelo apoio

demonstrado com a sua maneira peculiar.

A Vinícius, meu companheiro de vida e sonhos, estando presente em todos os

momentos, me dando calma, incentivo, carinho e amor.

As minhas queridas amigas, Clara Moura, Emannuelly Medeiros, Ingrid

Gurgel, Jéssica Gadelha e Rafaela Medeiros, que me proporcionaram a alegria de

ter suas amizades, cada uma demonstrada de sua forma única e especial.

Ao professor Paulo Guedes pela oportunidade de fazer parte da equipe do

Laboratório de Imunoparasitologia, pela disponibilidade, incentivo e inestimáveis

ensinamentos. A todos os colegas do laboratório, Denis Dantas, Israelly Sena,

Larissa Henrique, Meire Cruz, Nathalie Sena e Tamyres Queiroga, pelo auxílio nas

várias etapas deste trabalho.

Aos professores que participaram da minha formação profissional, aos

colegas do mestrado e, por fim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram

para que eu conseguisse alcançar esta conquista.

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RESUMO

Quimiocinas atuam no recrutamento e acumulação de leucócitos durante o processo

inflamatório e por este papel têm importante participação no desenvolvimento das

diferentes manifestações clínicas da doença de Chagas. O objetivo deste estudo foi

avaliar a expressão de quimiocinas e receptores de quimiocinas em pacientes com

as diferentes formas clínicas desta doença. A quantificação do RNA mensageiro

(RNAm) das quimiocinas (CCL1, CCL2, CCL3, CCL4, CCL5, CCL17, CCL22, CCL24,

CCL27, CCL28, CXCL9, CXCL10) e receptores de quimiocinas (CCR2, CCR3,

CCR4, CCR5, CCR6, CCR7, CCR8, CCR10, CXCR3) de pacientes com as formas

indeterminada (n=18), cardíaca (n=17), digestiva (n=15) e cardiodigestiva (n=15) foi

realizada a partir de células mononucleares de sangue periférico (CMSP), por PCR

em tempo real. Pacientes com a forma cardíaca apresentaram maior expressão

relativa de RNAm de CXCL9, CXCL10, CXCR3 e CCR5 quando comparados aos

pacientes com a forma indeterminada. Por outro lado, pacientes com a forma

digestiva mostraram elevada expressão de transcritos de CCR3 em relação aos

pacientes com as formas indeterminada e cardíaca, além disso, houve correlação

positiva entre a expressão desse receptor com a dimensão do sigmoide. A

expressão relativa de CCL5 foi maior em pacientes com a forma cardiodigestiva em

comparação aos pacientes com as formas cardíaca e indeterminada. CXCL9,

CXCL10, CXCR3 e CCR5 participam da migração de células do perfil de resposta

Th1 e a elevada expressão dos seus RNAm em pacientes com cardiomiopatia

chagásica indica a contribuição dessas moléculas no processo inflamatório no tecido

cardíaco. Pacientes com a forma digestiva apresentaram maior expressão relativa

de CCR3, receptor envolvido com o perfil Th2 de resposta imune, indicando a

possível polarização para este perfil no desenvolvimento da forma digestiva. O

envolvimento de quimiocinas e seus receptores no desenvolvimento das diferentes

formas clínicas da doença de Chagas pode fornecer uma melhor compreensão dos

mecanismos de patogênese da doença.

Palavras-chave: Doença de Chagas. Trypanosoma cruzi. Quimiocinas. Receptores

de quimiocinas. Formas clínicas.

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ABSTRACT

Chemokines act in the recruitment and accumulation of leukocytes during the

inflammatory process and play an important role in the development of the different

clinical forms of Chagas’ disease. The aim of this study was to evaluate the

expression of chemokines and chemokine receptors in patients with the different

clinical forms of this disease. The mRNA quantification of chemokines (CCL1, CCL2,

CCL3, CCL4, CCL5, CCL17, CCL22, CCL24, CCL27, CCL28, CXCL9, CXCL10) and

chemokine receptors (CCR2, CCR3, CCR4, CCR5, CCR6, CCR7, CCR8, CCR10,

CXCR3) in patients with indeterminated form (n=18), cardiac form (n=17), digestive

form (n=15) and cardiodigestive form (n=15) was performed in peripheral-blood

mononuclear cells (PBMC) by real-time PCR. Patients with the cardiac form

displayed higher mRNA expression of CXCL9, CXCL10, CXCR3 and CCR5, than

patients with indeterminate form. On the other hand, patients with the digestive form

showed high transcript expression of CCR3, when compared to patients with

indeterminate and cardiac clinical forms of the disease. In addition there was positive

correlation beteween CCR3 mRNA expression and sigmoid dimension. The relative

expression of CCL5 was higher in cardiodigestive patients compared to those with

the cardiac and indeterminate forms. CXCL9, CXCL10, CXCR3 and CCR5

participate in the migration of Th1-profile cells and the high expression in patients

with chagasic cardiomyopathy indicates their contribution in the cardiac inflammatory

process. Patients with digestive form showed high of CCR3 mRNA expression which

is involved with Th2 immune profile, indicating possible polarization for this profile in

development of digestive form of disease. The involvement of chemokines and

chemokine receptors in different clinical forms of Chagas’ disease may provide a

better understanding of the mechanism of disease pathogenesis.

Keywords: Chagas’ disease. Trypanosoma cruzi. Chemokines. Chemokine

receptors. Clinical forms.

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 – Estrutura das quimiocinas ....................................................................... 20

Figura 2 – Perfil de quimiocinas e receptores de quimiocinas das respostas T helper ..................................................................................................... 22

Figura 3 – Delineamento experimental. .................................................................... 28

Figura 4 – Mapa do RN com destaque aos municípios de origem dos pacientes estudados ................................................................................................. 30

Tabela 1 – Caracterização da população estudada. Dados clínicos dos pacientes chagásicos crônicos. ................................................................................. 31

Tabela 2 – Sequência dos iniciadores utilizados nas q-PCR. ................................... 35

Figura 5 – Quimiocinas e receptores do padrão Th1 aumentados em pacientes cardíacos .................................................................................................. 37

Figura 6 – Expressão de CCR3 e CCL5 aumentadas em pacientes com as formas cardíaca e cardiodigestiva ........................................................................ 37

Figura 7 – Expressão de quimiocinas em pacientes com as diferentes formas clínicas da doença de Chagas ...................................................................... 38

Figura 8 – Expressão de receptores de quimiocinas em pacientes com as diferentes formas clínicas da doença de Chagas ...................................................... 39

Figura 9 – Correlações positivas entre a expressão de CCR3 e a dimensão do sigmoide .............................................................................................. 40

Figura 10 – Correlações entre a expressão de CCR3 e parâmetros digestivos .................................................................................................................. 40

Figura 11 – Correlações entre a expressão de CCL5 e parâmetros cardíacos e digestivos ............................................................................................... 41

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Figura 12 – Correlações entre a expressão aumentada de quimiocinas e receptores da resposta Th1 e parâmetros cardíacos.. .............................................. 42

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CARD Forma cardíaca

CARDIG Forma cardiodigestiva

CCC Cardiomiopatia chagásica crônica

CCL “C-C motif ligand” Ligante tipo C-C

CCR “C-C motif receptor” Receptor tipo C-X-C

CD “Cluster of differentiation” Grupo de diferenciação

cDNA “Complementary deoxyribonucleic acid” Ácido desoxirribonucleico complementar

CMSP Células mononucleares de sangue periférico

CN Controle negativo

CT “Cycle Threshold” Limiar do ciclo

CXCL “C-X-C motif ligand” Ligante tipo C-X-C

CXCR “C-X-C motif receptor” Receptor tipo C-X-C

DAMPs “Damage-asssociated molecular patterns” Padrões moleculares associados a danos

DIG Forma digestiva

DNA “Deoxyribonucleic acid” Ácido desoxirribonucleico

dNTP “Nucleotide triphosphates containing deoxyribose” Nucleotídeos trifosfatos contendo desoxirribose

DP Desvio padrão

DPP Dipeptidil peptidase

DTU “Discrete Typing Unit” Unidades discretas de tipagem

ECG Eletrocardiograma

ELISA “Enzyme-linked immunosorbent assay” Ensaio imunoenzimático

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FEVE Fração de ejeção do ventrículo esquerdo

ICT Índice cardiotorácico

IFN Interferon

IgG Imunoglobulina isotipo G

IL Interleucina

IND Forma indeterminada

iNOS “Inducible nitric oxid synthase” Óxido nítrico sintase induzível

kDa KiloDalton

kDNA

“Kinetoplast Deoxyribonucleic acid” Ácido desoxirribonucleico do cinetoplasto

MC Megacólon

ME Megaesôfago

miRNA “Micro ribonucleic acid” Micro ácido ribonucleico

mRNA/RNAm “Messenger ribonucleic acid” Ácido ribonucleico mensageiro

NK “Natural killer” Matadora natural

NO “Nitric oxid” Óxido nítrico

PAMPs “Pathogen-associated molecular patterns” Padrões moleculares associados a patógenos

PBMC “Peripheral blood mononuclear cell” Células mononucleares de sangue periférico

PCR “Polimerase Chain Reaction” Reação em cadeia da polymerase

PRRs “Pattern recognition receptors” Receptores de reconhecimento de padrões

q-PCR “Quantitative PCR” PCR quantitativa

RN Rio Grande do Norte

RNA “Ribonucleic acid” Ácido ribonucleico

RNS “Reactive nitrogen species” Espécies reativas de nitrogênio

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Rq “Relative quantity” Quantidade relativa

SESAP Secretaria de Estado da Saúde Pública

SNP “Single nucletide polymorphism” Polimorfismo de um

nucleotídeo

TGF “Transforming growth factor” Fator de crescimento transformante

Th “T helper” Linfócito T auxiliar

TNF “Tumoral necrosis factor” Fator de necrose tumoral

Treg T regulatório (a)(s)

UERN Universidade Estadual do Rio Grande do Norte

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

WHO “World Health Organization” Organização Mundial da Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13

1.1 Aspectos históricos e epidemiológicos da doença de Chagas.............. 13

1.2 Agente etiológico, ciclo biológico e vias de transmissão ...................... 14

1.3 Patogenia da doença de Chagas ............................................................... 15

1.4 Resposta imunológica frente à infecção pelo Trypanosoma cruzi ........ 17

1.5 Quimiocinas, receptores de quimiocinas e seus papéis na doença de

Chagas ........................................................................................................... 20

2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 27

2.1 Objetivo geral .............................................................................................. 27

2.2 Objetivos específicos ................................................................................. 27

3 PACIENTES, SUJEITOS CONTROLE, MATERIAIS E MÉTODOS ................... 28

3.1 Delineamento experimental ....................................................................... 28

3.2 População de estudo .................................................................................. 29

3.3 Quantificação de RNAm das quimiocinas e receptores de quimiocinas

em células mononucleares de sangue periférico dos pacientes por PCR

em tempo real ............................................................................................... 32

3.3.1 Coleta de sangue e obtenção de CMSP ............................................. 32

3.3.2 Extração de RNA e síntese de cDNA .................................................. 32

3.3.3 PCR em tempo real (q-PCR)................................................................ 33

3.4 Análises estatísticas .................................................................................. 34

4 RESULTADOS ................................................................................................... 36

5 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 43

6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50

ANEXO A .................................................................................................................. 64

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13

1 INTRODUÇÃO

1.1 Aspectos históricos e epidemiológicos da doença de Chagas

No início do século XX, durante a campanha anti-palúdica realizada na região

norte do estado de Minas Gerais, Carlos Chagas descreveu a enfermidade causada

pelo protozoário Trypanosoma (Schisotrypanum) cruzi – a tripanosomíase americana

ou doença de Chagas – em animais e em humanos. O pesquisador realizou a

descrição da morfologia do agente etiológico, ciclo evolutivo, principais reservatórios

e vetor de transmissão, além de fazer o primeiro relato de caso clínico humano da

doença e suas manifestações clínicas (CHAGAS, 1909).

Existem cerca de 6 a 7 milhões de pessoas infectadas com T. cruzi no mundo,

principalmente nas áreas endêmicas dos 21 países da América Latina (WHO, 2016).

A doença de Chagas integra o conjunto de doenças negligenciadas, que são

aquelas causadas por agentes infecciosos e endêmicas em populações de baixa

renda, principalmente em países em desenvolvimento (ACADEMIA BRASILEIRA DE

CIÊNCIAS, 2010). No Brasil, estima-se que haja, pouco mais de 1.100.000

indivíduos infectados, dentre os quais mais de 200.000 apresentam a cardiopatia

chagásica (WHO, 2015); sendo a doença de Chagas causadora de 6.000 mortes por

ano no país (MARTINS-MELO et al., 2014). Na região nordeste, o controle e

prevenção da doença de Chagas são considerados negligenciados, o que resulta na

emergência de novos casos e no aumento da mortalidade, como ocorreu entre 1999

e 2007, período em que a taxa de mortalidade foi crescente (MARTINS-MELO et al.,

2012). No Rio Grande do Norte (RN) a ocorrência de casos está concentrada em

municípios centrais da mesorregião oeste do estado (BRITO et al., 2012). Segundo

dados da Secretaria do Estado da Saúde Pública foram notificados 210 casos da

forma crônica da doença entre os anos de 2007 e 2014, com maior número de

ocorrências nos municípios de Pau dos Ferros, Caicó, Mossoró e Assu (SESAP,

2014). Entretanto, de acordo com um estudo realizado entre os anos de 2007 e 2009,

em municípios da mesorregião oeste, a estimativa de sorologia positiva para

infecção pelo T. cruzi foi de 6,5%, correspondendo a um total de pouco mais de 14

mil indivíduos infectados. A infecção humana pelo parasito continua sendo alta e

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14

essa enfermidade ainda é considerada um problema de saúde pública no estado

(BRITO et al., 2012).

1.2 Agente etiológico, ciclo biológico e vias de transmissão

O Trypanosoma cruzi é um protozoário flagelado vetorialmente transmitido por

triatomíneos (BRENER, 1973) e atualmente está classificado filogeneticamente

como a seguir (ADL et al., 2012): Excavata (CAVALIER-SMITH, 2002; corrigido por

SIMPSON, 2003); Discoba, ribogrupo montado a partir de estudos filogenéticos

(HAMPL et al., 2009); Discicristata (CAVALIER-SMITH, 1998); Euglenozoa

(CAVALIER-SMITH, 1981, corrigido por SIMPSON, 1997); Kinetoplastea

(HONIGBERG, 1963); Metakinetoplastina, ribogrupo (MOREIRA, LÓPEZ-GARCÍA e

VICKERMAN, 2004); Trypanosomatida (KENT, 1880; corrigido por MOREIRA,

LÓPEZ-GARCÍA e VICKERMAN, 2004) que contém a espécie T. cruzi (Revisado em

ADL et al., 2012).

Triatomíneos são insetos hematófagos pertencentes à ordem Hemiptera,

subordem Heteroptera família Reduviidae, subfamília Triatominae (TARTAROTTI,

AZEREDO-OLIVEIRA e CERON, 2006), cujos gêneros de maior importância são

Pantrongylus, Triatoma e Rhodnius por reunírem melhor capacidade vetorial na

transmissão da doença de Chagas (REBÊLO, BARROS e MENDES, 1998).

Formas tripomastigotas metacíclicas do parasito, presentes em excretas

contaminadas do inseto (BRENER, 1973), adentram no organismo por mucosas ou

descontinuidades epiteliais (DE SOUZA, DE CARVALHO e BARRIAS, 2010) e

invadem as células no local da inoculação. Há intensa multiplicação no citoplasma

celular sob a forma de amastigota seguida pela conversão à forma tripomastigota,

que são liberadas com a ruptura da célula, se difundindo no organismo e assim

infectam novas células e disseminam a infecção (TYLER e ENGMAN, 2001). As

formas tripomastigotas sanguíneas também podem ser ingeridas por triatomíneos,

durante o repasto sanguíneo, iniciando o ciclo no hospedeiro invertebrado. No tubo

digestivo do inseto há a conversão à forma epimastigota. Sob esta forma há a

multiplicação do parasito. Por meio da metaciclogênese, os epimastigotas presentes

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no reto do inseto, se diferenciam em tripomastigotas metacíclicas, forma infectante

para o hospedeiro vertebrado (BRENER, 1973).

Além da transmissão vetorial, a infecção pelo T. cruzi pode ocorrer de

diferentes formas, como por transfusões sanguíneas, transplante de órgãos,

acidentes laboratoriais, pela via congênita e pela via oral, por meio de alimentos ou

bebidas contaminadas (WHO, 2015).

1.3 Patogenia da doença de Chagas

A fase aguda da doença de Chagas que é iniciada a partir da infecção pelo T.

cruzi tem pequena duração e geralmente ausência de manifestações clínicas.

Contudo, alguns indivíduos infectados, comumente os infantes, podem exibir uma

série de sinais e sintomas como febre, hepatomegalia, esplenomegalia,

linfoadenopatia, edema palpebral unilateral (sinal de Romaña), chagoma de

inoculação, entre outros. De forma eventual podem ocorrer casos de miocardite

aguda grave, que leva à insuficiência cardíaca, e de meningoencefalite, sendo estas

as principais causas de morte na fase aguda da doença de Chagas, sobretudo em

crianças de baixa idade (CHAGAS, 1916; DIAS, 1984; PRATA, 2001; RASSI

JÚNIOR, RASSI e REZENDE, 2012). A fisiopatogênese dessa fase é baseada na

ação direta do T. cruzi, pela invasão e posterior rompimento das células após a

intensa multiplicação intracelular, somada à reação inflamatória desencadeada pelo

parasito (DIAS, 1985).

Após 2 a 4 meses, com o fim da fase aguda, o paciente entra na fase crônica

que persiste por toda a sua vida, podendo ser classificada em formas clínicas

distintas – indeterminada, cardíaca, digestiva e cardiodigestiva (RASSI JÚNIOR,

RASSI e MARIN-NETO, 2010). Diversos fatores podem ter influência no

desenvolvimento da doença de Chagas. A combinação de fatores inerentes ao

parasito (tropismo tecidual, tamanho do inóculo, modo de transmissão, virulência,

variabilidade genética, entre outros) e ao hospedeiro (idade, sexo, etnia, resposta

imune, constituição genética) pode ser determinante para a evolução das

manifestações clínicas da doença (TAFURI, 1999; GUTIERREZ et al., 2009).

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A forma indeterminada é caracterizada pela positividade de exames

parasitológicos e/ou reatividade em exames sorológicos, havendo, contudo, a

ausência tanto de manifestações clínicas quanto de anormalidades no

eletrocardiograma (ECG) e em exames radiográficos de tórax, esôfago e cólon

(DIAS et al., 2016). As estimativas de incidência das formas clínicas não são bem

definidas, contudo aproximadamente 50–70% dos indivíduos cronicamente

infectados não desenvolvem doença aparente, sendo enquadrados na forma em

questão, na qual podem permanecer durante toda a vida. Entretanto, uma parcela

desses pacientes desenvolvem uma das outras formas clínicas da doença de

Chagas comumente décadas após a infecção (WHO, 2002; RASSI JÚNIOR, RASSI

e MARIN-NETO, 2010).

A forma cardíaca – ou cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) – atinge por

volta de 20 a 30% dos pacientes (RASSI JÚNIOR, RASSI e REZENDE, 2012;

ANDRADE et al., 2015) e assinala-se pela presença de alterações

eletrocardiográficas com apresentações clínicas que variam da ausência de

sintomatologia até manifestações graves do acometimento cardíaco como a

insuficiência cardíaca, a ocorrência de eventos tromboembólicos e de arritmias

complexas (DIAS et al., 2016), decorrentes das perturbações musculares e nervosas

que ocorrem no coração, incluindo a hipertrofia das fibras cardíacas (CHAGAS e

VILLELA, 1922). A geração das lesões é possivelmente relacionada a diversos

fatores como a presença do parasito no tecido cardíaco associada à resposta

inflamatória e fibrosante e à ocorrência de fenômenos autoimunes (MARIN-NETO et

al., 2007; BONNEY e ENGMAN, 2008) marcados pela presença de autoanticorpos e

de linfócitos autorreativos direcionados ao miocárdio (HIGUCHI et al., 2003; NUNES

et al., 2013).

A forma digestiva da doença de Chagas é resultante do comprometimento de

órgãos do trato gastrointestinal e afeta de 8 a 15% dos indivíduos infectados (RASSI

JÚNIOR, RASSI e REZENDE, 2012; ANDRADE et al., 2015). Ao causar alterações

anatômicas e funcionais, manifesta-se especialmente na forma de megaesôfago e

megacólon, tendo por principais sintomas a disfagia e a constipação,

respectivamente. As alterações são diagnosticadas por exames radiográficos

simples e contrastados (DIAS et al., 2016). Tal comprometimento é decorrente da

destruição de neurônios intramurais do sistema nervoso autônomo parassimpático

acarretadas por lesões inflamatórias (TEIXEIRA et al., 2011) causadas pelo

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17

parasitismo tecidual e ação do sistema imune (MENEGHELLI, 2004). A forma

cardiodigestiva, que consiste numa combinação entre a CCC e o megaesôfago ou

megacólon ou ambos (RASSI JÚNIOR, RASSI e REZENDE, 2012) e afeta

aproximadamente 8% dos indivíduos infectados (ANDRADE et al., 2015).

1.4 Resposta imunológica frente à infecção pelo Trypanosoma cruzi

As lesões crônicas da doença de Chagas possuem caráter inflamatório e

fibrosante, acometendo tanto as fibras musculares como o sistema nervoso

autônomo dos órgãos envolvidos, sendo responsáveis pela perda progressiva da

função cardíaca e/ou digestiva (TAFURI, 1999; DIAS et al., 2016). A resposta

imunológica à infecção pelo T. cruzi tem participação na formação dessas lesões,

por outro lado é indispensável para a sobrevivência do hospedeiro. O

desenvolvimento adequado da imunidade envolve diversos tipos celulares e

moléculas mediadoras e é essencial para o controle parasitário (MACHADO et al.,

2012a).

A imunidade inata é fundamental para a destruição direta do patógeno por

macrófagos e células dendríticas. A ativação adequada desses tipos celulares

promove a ativação da imunidade adaptativa (TARLETON, 2007) e contribui com a

produção de citocinas e outros mediadores pró-inflamatórios. A imunidade inata é

desencadeada pelo reconhecimento de padrões moleculares associados a

patógenos (PAMPs) por receptores de reconhecimento de padrões (PRRs). Esta

interação deflagra a ativação ou inibição de fatores de transcrição, e consequente

modulação da produção de citocinas, quimiocinas e outras moléculas participantes

da resposta contra a infecção (BAFICA et al., 2006; KAYAMA e TAKEDA, 2010).

Em resposta à infecção parasitária há o aumento da síntese da interleucina

(IL)-12, principalmente pelos macrófagos infectados. Esta citocina é essencial para a

progressão da resposta imune pela ativação de células natural killer (NK) e da

indução do desenvolvimento de linfócitos T CD4+ ao fenótipo Th1 (MACHADO et al.,

2012a). Linfócitos T CD4+ e CD8+ são importantes fontes de interferon (IFN)-γ

(KOGA et al., 2006), citocina fundamental na ativação dos macrófagos e na indução

da expressão da enzima óxido nítrico sintase induzível (iNOS). A iNOS é necessária

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para produção do óxido nítrico (NO) mediador essencial da morte parasitária

intracelular (BIRON e GAZZINELLI, 1995; KAYAMA e TAKEDA, 2010). O eixo IL-

12/IFN-γ/iNOS é indispensável no controle da replicação parasitária, tendo enorme

importância na resistência do hospedeiro à infecção (MICHAILOWSKY et al., 2001).

O fator de necrose tumoral (TNF)-α, em sinergismo com o IFN-γ, estimula a

produção de NO e funciona assim como um segundo sinal à atividade tripanocida

dos macrófagos (SILVA et al., 1995). Outras citocinas, como IL-4, IL-10 e o fator de

transformação de crescimento (TGF)-β, também produzidas durante o curso da

infecção, são consideradas reguladoras da resposta imune, mirando na prevenção

da exacerbação do processo inflamatório (SOUZA et al., 2014). Contudo essas

citocinas são associadas à susceptibilidade à infecção por inibirem a produção dos

derivados de nitrogênio, como o óxido nítrico (SILVA et al., 1995).

As variadas citocinas produzidas durante a resposta imune inata tem o

importante papel de direcionar a diferenciação dos linfócitos T CD4+ nos diferentes

fenótipos de resposta, como Th1, Th2 (MOSMANN e COFFMAN, 1989), T regulador

(Treg) (SAKAGUCHI, 2000; SAKAGUCHI, 2005), Th17 (BETTELLI et al., 2006;

MANGAN et al., 2006), Th9 (VELDHOEN et al., 2008; CHANG et al., 2010) e Th22

(DUHEN et al., 2009; TRIFARI et al., 2009).

O perfil Th1 é predominante no curso da infecção, tendo caráter protetivo, em

modelo experimental, por ser crucial para o controle do parasitismo pela produção

de citocinas pró-inflamatórias, como o IFN-γ (MARIANO et al., 2008). O IFN-γ é

indutor da troca de isotipos de imunoglobulinas, suscitando anticorpos fixadores de

complemento (MARINHO et al., 2004). Além disso, esta citocina promove a atividade

dos linfócitos T CD8+ (GUEDES et al., 2010a) que são considerados um dos

principais efetores no controle da replicação do T. cruzi por mediar a morte das

células infectadas (MARTIN e TARLETON, 2004), contudo esses linfócitos são

responsáveis pela imunopatogênese da doença de Chagas (BRENER e

GAZZINELLI, 1997).

Os perfis de resposta imunológica são importantes influenciadores do

desenvolvimento das formas clínicas cardíaca e indeterminada da doença de

Chagas. O desenvolvimento da cardiomiopatia chagásica está associado com a

resposta do perfil Th1 exacerbada e a forma indeterminada derivaria da reposta Th1

balanceada por Th2 (GOMES et al., 2005; GUEDES et al., 2012). A ausência de

mecanismos regulatórios que viriam a balancear a resposta Th1, contrapondo-se a

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ela, foi demonstrada pela redução da expressão de genes característicos de células

T dos fenótipos Th2 e regulador em pacientes que apresentam a cardiopatia

chagásica (CUNHA-NETO et al., 2009). Células do perfil fenotípico Th1, produtoras

de citocinas pró-inflamatórias, principalmente IFN-γ, são indispensáveis para o

controle da infecção pelo T. cruzi, porém a falta de regulação da resposta Th1 por

citocinas anti-inflamatórias produzidas por outros perfis de resposta imune participa

do desenvolvimento da cardiomiopatia chagásica (BASSO, 2013; FRADE et al.,

2013).

Acredita-se que subpopulações de linfócitos Treg estejam envolvidas no

controle do dano cardíaco ao modular as respostas Th1 e Th17 de forma negativa e

positiva, respectivamente. A utilização de anticorpos anti-CD25 induzindo a depleção

de Treg leva à redução do parasitismo e inflamação cardíaca em camundongos

infectados com o T. cruzi (BONNEY et al., 2015). A resposta Th17 está envolvida na

patogenia da doença de Chagas, pela indução da miocardite, contudo participa na

modulação de Th1, controlando dessa forma a inflamação cardíaca (GUEDES et al.,

2010a). O sinergismo entre Th17 e Treg conduziria ao desenvolvimento da forma

indeterminada ou de uma cardiomiopatia leve na doença de Chagas (GUEDES et al.,

2012). Tais perfis podem também estar envolvidos no desencadeamento da forma

digestiva da doença, tendo sido demonstrada uma exacerbação de Th17 frente à

Treg em pacientes com lesões digestivas, enquanto que em pacientes da forma

indeterminada há um favorecimento do perfil Treg (ABREU et al., 2016).

Observou-se que a expressão de RNAm de IL-9 e IL-22, características das

respostas Th9 e Th22, respectivamente, se apresentou elevada em pacientes com a

forma indeterminada em relação aos com a forma cardíaca. Assim as respostas Th9

e Th22 podem ter participação na prevenção do desenvolvimento da cardiomiopatia

chagásica crônica, possivelmente por meio da regulação da resposta Th1 e de

citocinas inflamatórias (GUEDES et al., 2016).

Os diferentes perfis de diferenciação de linfócito T CD4 (Th1, Th2, Th9, Th17,

Th22, Treg) são importantes no mecanismo imunomodulatório envolvido no

desenvolvimento das diferentes formas clinicas da doença de Chagas, assim como

na apresentação da infecção assintomática (RIBEIRÃO et al., 2000; ABEL et al.,

2001; GOMES et al., 2003; GUEDES et al., 2012; GUEDES et al., 2016). O

direcionamento das diversas células efetoras para o sítio inflamatório tem como

principal determinante a expressão seletiva de quimiocinas (MARIANO et al., 2008).

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Associado ao fato de quimiocinas poderem induzir a produção de mediadores

inflamatórios e microbicidas em leucócitos, como NO, as quimiocinas possuem papel

fundamental no desenvolvimento das diferentes manifestações clinicas da doença

de Chagas bem como na apresentação da forma indeterminada.

1.5 Quimiocinas, receptores de quimiocinas e seus papéis na doença de

Chagas

As quimiocinas constituem uma grande família de moléculas secretadas de

baixo peso molecular, variando entre 6 e 14 kDa. Essas proteínas solúveis têm por

principal função induzir a quimiotaxia de células responsivas, principalmente

leucócitos, participando de diversos processos fisiológicos e patológicos no

organismo. Quimiocinas são caracterizadas por possuírem pares de cisteínas

conservadas ligadas por pontes dissulfeto em sua porção aminoterminal e

atualmente existem cerca de 50 quimiocinas humanas identificadas. Estruturalmente,

as quimiocinas são classificadas em quatro subfamílias – CC, CXC, CX3C e C – de

acordo com o arranjo das cisteínas conservadas. A subfamília CC apresenta as

cisteínas adjacentes, a CXC e CX3C contêm, respectivamente um e três

aminoácidos separando as cisteínas, e a subfamília C, diferentemente das

anteriores possui apenas um par de cisteínas (Figura 1) (BLANCHET et al., 2012;

JUAN, PEDROSA e COLOBRAN, 2013).

Figura 1 – Estrutura das quimiocinas. Modelo esquemático demonstrando a interação entre as cisteínas conservadas e a classificação estrutural das subfamílias das quimiocinas. Modificado de Sahingur e Yeudall, 2015.

De forma ampla, sob a óptica funcional, as quimiocinas podem ser

consideradas homeostáticas, sendo constitutivamente expressas e responsáveis

pela coordenação do tráfego normal e contínuo de leucócitos como ocorre nos

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processos de hematopoese, homing leucocitário e vigilância imunológica; ou

inflamatórias, quando sua expressão é aumentada frente a estímulos infecciosos,

inflamatórios, tumorais, dentre outros, de forma que participam do desenvolvimento

da resposta imune inata e adaptativa. Algumas quimiocinas, contudo, podem exercer

as duas funções a depender do contexto biológico ou estado patológico (LE et al.,

2004; MOSER e WILLIMANN, 2004; ALLEN, CROWN e HANDEL, 2007).

A partir da interação das quimiocinas com seus receptores tem-se os diversos

efeitos dessas moléculas, como por exemplo: proliferação, maturação, diferenciação

celular, entretanto as principais ações resultantes da ligação quimiocina-receptor são

a quimiotaxia e adesão celular (ROT e VON ANDRIAN, 2004). Cerca de 20

receptores de quimiocinas já foram identificados e são agrupados, de acordo com as

subfamílias de quimiocinas ligantes, em CCR, CXCR, CX3CR e XCR (BLANCHET et

al., 2012). Os receptores de quimiocinas são receptores de superfície associados à

proteína G com sete domínios transmembrana, que ao serem ativados pelos seus

ligantes, desencadeiam uma cascata de transdução de sinais, baseada em

segundos mensageiros, iniciando uma série de eventos coordenados, tanto

bioquímicos como celulares, que incluem alterações no fluxo iônico, na avidez de

integrinas, no potencial transmembrana, além de rearranjo e movimentação da

actina, o que resulta na mudança de forma celular, bem como no aumento da

locomoção das células (MURDOCH e FINN, 2000; CHARO e RANSOHOFF, 2006).

As quimiocinas agem como mediadoras do processo inflamatório pelo

recrutamento, acumulação e ativação leucocitária nos locais de injúria ou infecção

(TALVANI et al., 2004a; GOMES et al., 2005; MARINO et al., 2005). O

desencadeamento da resposta imune inata leva a produção de quimiocinas que,

solúveis ou associadas a moléculas de glicosaminoglicanos, se dispõem em

gradiente promovendo o recrutamento leucocitário (RAMAN, SOBOLIK-DELMARIE,

RICHMOND, 2011). O rolamento leucocitário é intermediado por selectinas e seus

ligantes que estão presentes nos leucócitos e na superfície das células endoteliais.

As integrinas também participam do processo de rolamento e além de mediarem a

adesão mais forte dos leucócitos ao endotélio (Revisado por LEY et al., 2017). A

interação dos receptores de quimiocinas presentes nos leucócitos com as

quimiocinas deflagra um sinal que ocasiona alteração na avidez das integrinas

leucocitárias promovendo firme ligação às moléculas de adesão endoteliais, o que

leva à acumulação leucocitária e possibilita a migração transendotelial (BAGGIOLINI,

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1998; MURDOCH e FINN, 2000). Vale ressaltar que a expressão diferenciada de

receptores de quimiocinas nos diversos subtipos leucocitários é a responsável pela

amplitude de efeitos das quimiocinas. Linfócitos de diferentes perfis de resposta

imune também expressam receptores de quimiocinas de maneira díspar e,

consequentemente, migram heterogeneamente em resposta as diversas quimiocinas

(Figura 2) (BAGGIOLINI, 1998; BONECCHI et al., 1998).

Figura 2 – Perfil de quimiocinas e receptores de quimiocinas das respostas T helper. Em cada perfil, quimiocinas estão listadas nos quadros da esquerda em cores correspondentes aos seus receptores listados no quadro da direita. Figura elaborada pela autora com dados obtidos de: BONECCHI et al,, 1998; NAKAYAMA et al., 2003; BROMLEY, MEMPEL e LUSTER, 2008; GUEDES et al., 2010a; GUEDES et al., 2010b; YSSEL e BENSUSSAN, 2010; JABEEN et al., 2013; ALVAREZ et al., 2015; ZHANG et al., 2015; QIN et al., 2016; XIAO et al., 2016.

No contexto da doença de Chagas, quimiocinas como CCL2, CCL3, CCL4 e

CCL5 colaboram com a indução da morte parasitária ao causar o aumento de

produção e liberação do óxido nítrico por parte dos macrófagos infectados pelo T.

cruzi (ALIBERTI et al., 1999; TEIXEIRA, GAZZINELLI e SILVA, 2002; MARINO et al.,

2005; MACHADO et al., 2012a). O papel mais notório das quimiocinas e de seus

receptores na doença de Chagas está relacionado ao infiltrado inflamatório nos

órgãos afetados, ao participar da indução do influxo leucocitário e da manutenção da

inflamação local induzida pelo parasito. Desta forma, essas moléculas mediadoras

são essenciais para suscitar a resposta inflamatória, que é fundamental na

CCR2 CCR5

CXCR3

Th1

CCL2 CCL3 CCL4 CCL5

CXCL9 CXCL10

CCR2 CCR3 CCR4 CCR8

Th2

CCL1 CCL2 CCL5 CCL17 CCL22 CCL24 CCL28

CCR4 CCR7 CCR8

Treg

CCL1 CCL17 CCL22

CCR4 CCR6

Th17

CCL17 CCL20 CCL22

CCR4 CCR6 CCR10

Th22

CCL20 CCL22 CCL27 CCL28

CCR4 CCR6 CCR8

Th9

CCL20 CCL22

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resistência à infecção, mas também responsável pela patogênese da doença

(TEIXEIRA, GAZZINELLI e SILVA, 2002; TALVANI et al., 2004a).

O infiltrado inflamatório durante todo o curso da doença de Chagas é

composto predominantemente por linfócitos T CD8+ (HIGUCHI et al., 1993; SUN e

TARLETON, 1993; HARDISON et al., 2006a) que em sua maioria expressam CCR5,

apontando para um papel central deste receptor, bem como de seus ligantes, no

curso da resposta à infecção pelo T. cruzi (GOMES et al., 2005; MACHADO et al.,

2005).

O papel do receptor CCR5 no âmbito da doença de Chagas tem se

notabilizado pela sua considerável participação na formação do infiltrado inflamatório

nos órgãos afetados, tendo assim, em conjunto com seus ligantes – CCL3, CCL4 e

CCL5, expressos por macrófagos e cardiomiócitos infectados – uma parte crítica no

desencadeamento das lesões inflamatórias e, consequentemente, na patogênese da

doença (MACHADO et al., 2005; MARINO et al., 2005). A ausência de tal receptor

em camundongos knockout resultou na redução significativa do infiltrado inflamatório

cardíaco, demonstrando a sua grande importância no acúmulo leucocitário,

entretanto a deficiência de CCR5 ocasionou maiores parasitismo e mortalidade dos

animais, sugerindo assim uma atuação protetora no controle da infecção

(MACHADO et al., 2005; HARDISON et al., 2006a). CCL3, CCL4 e CCL5, além de

sua função quimioatrativa, incitam o aumento da fagocitose do parasito e da

produção de NO, favorecendo assim a atividade tripanocida dos macrófagos

(VILLALTA et al., 1998).

O eixo CCL2-CCR2 é bastante representativo no curso da infecção pelo T.

cruzi, participando do recrutamento leucocitário para os tecidos e do controle da

replicação do parasito, pelo aumento da atividade fagocitária e produção de óxido

nítrico pelos macrófagos, exercendo assim um importante papel protetivo (PAIVA et

al., 2009; GUEDES et al., 2010b). Em modelo animal foi demonstrado que ausência

de CCL2, em camundongos knockout, levou a uma maior susceptibilidade à infecção

pelo T. cruzi, ocasionando maiores parasitismo e mortalidade dos animais e

apresentando contração do infiltrado inflamatório e redução no recrutamento de

linfócitos T CD8+ ativados (PAIVA et al., 2009). Todavia, essa quimiocina possui

papel essencial na de fibrose cardíaca e, logo, na insuficiência cardíaca (MARINO et

al., 2005), havendo relação entre a concentração plasmática de CCL2 e o grau de

disfunção do coração em pacientes chagásicos cardiopatas crônicos (TALVANI et al.,

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2004b). Além do mais, CCL2 pode exercer efeitos não imunológicos sobre

cardiomiócitos e fibrócitos, como a modulação da expressão gênica e proteica,

influenciando assim em vias significativas para o desenvolvimento da CCC,

ocasionando, por exemplo, a fibrose e a hipertrofia dos cardiomiócitos (CUNHA-

NETO et al., 2009).

CXCL9 e CXCL10 são expressas principalmente por macrófagos presentes

no miocárdio, nas fases aguda e crônica da doença de Chagas, sendo personagens

importantes na tanto na iniciação como na manutenção da inflamação cardíaca.

Estas quimiocinas cumprem papel protetor na resposta do hospedeiro à infecção

pelo controle da replicação do parasito, demonstrado em modelo animal pela

neutralização dessas quimiocinas por anticorpos que resultou num aumento da

parasitemia e do parasitismo tecidual (HARDISON et al., 2006b). Receptor de

CXCL9 e CXCL10, o CXCR3 tem sua expressão aumentada em pacientes com

cardiopatia chagásica quando comparada com pacientes com cardiopatias não

inflamatórias (CUNHA-NETO et al., 2009).

As expressões das quimiocinas CCL19 e CCL21 estão aumentadas no

miocárdio de pacientes com cardiomiopatia chagásica crônica e estão relacionadas

com a indução da hipertrofia dos cardiomiócitos e também com moléculas

participantes do processo de fibrose (CUNHA-NETO et al., 2009; NOGUEIRA et al.,

2012). O CCR7, receptor dessas quimiocinas, associado ao fenótipo de células de

memória (NOGUEIRA et al., 2012), também tem sua expressão aumentada no

miocárdio de pacientes cursando cronicamente com a cardiomiopatia chagásica

quando comparados a pacientes com cardiopatias não inflamatórias (CUNHA-NETO

et al., 2009).

Quimiocinas podem participar na diferenciação de linfócitos T, nos perfis

fenotípicos Th1 e Th2 (MARINO et al., 2005; MACHADO et al., 2012b), por meio da

modulação da produção de citocinas, influenciando a efetividade da resposta imune

adaptativa frente a infecções. Em camundongos knockout para CCR1 houve

redução no tamanho de granulomas induzidos por ovos de Schistosoma mansoni

associada ao aumento da expressão de IFN-γ e redução de IL-4 (GAO et al., 1997).

A ausência de CCL2 em camundongos levou a menor produção de IL-4, IL-5 e IL-10,

evitando a polarização para o perfil Th2. Esses camundongos knockout mostraram

maior resistência à infecção por Leishmania major (GU et al., 2000). Em

contrapartida, camundongos CCR2-/- tiverem maior resposta Th2 frente à infecção

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pulmonar por Cryptococcus neoformans, com produção aumentada de IL-4, IL-5 e

reduzida de IFN-γ (TRAYNOR et al., 2000).

Os variados fenótipos de reposta imunológica podem ser particularizados pelo

perfil de expressão de quimiocinas e seus receptores (Figura 2). CXCR3 e CCR5 e

seus respectivos ligantes (CXCL9, CXCL10, CCL3, CCL4 e CCL5) são fortemente

associados à resposta Th1 (GUEDES et al., 2010b). Ambos têm a expressão

notoriamente elevada em células mononucleares de sangue periférico (CMSP) de

pacientes com a forma cardíaca da doença de Chagas quando comparados aos

pacientes enquadrados na forma indeterminada (GOMES et al., 2005). A resposta

Th2 é marcada pela presença dos receptores CCR3, CCR4 e CCR8 e suas

quimiocinas ligantes, CCL1, CCL17, CCL22, CCL24 (Revisado em GUEDES et al.,

2010b) e CCL28 (ALVAREZ et al, 2015). Foi demonstrado que pacientes com a

forma indeterminada tem maior expressão de CCR3 em CMSP, inclusive em

conjunto com citocinas de caráter anti-inflamatório, como IL-4 e IL-10, quando

comparados aos que apresentam a forma cardíaca da doença (GOMES et al., 2005).

Os receptores CCR4 e CCR6 são considerados marcadores do perfil de resposta

Th17 (Revisado em GUEDES et al., 2010a) quando acompanhado das quimiocinas

CCL17, CCL20 e CCL22, ao passo que, a expressão de CCR4 e CCR8 associada a

CCL1, CCL17 e CCL22 caracterizam a presença de linfócitos Treg (Revisado em

GUEDES et al., 2010b). Na resposta Th22 tem-se a expressão preferencial de CCR4,

CCR6 e CCR10 juntamente com as quimiocinas CCL22, CCL20, CCL27 (XIAO et al.,

2016) e CCL28 (YSSEL e BENSUSSAN, 2010). Células do perfil de resposta Th9

são responsivas à CCL20 pelo receptor CCR6 (QIN et al., 2016) e à CCL22 por

meio de CCR4 e também expressam CCR8 (JABEEN et al., 2013). O receptor CCR7

está presentes em linfócitos T indiferenciados além de relacionado a linfócitos Treg

(BROMLEY, MEMPEL e LUSTER, 2008). A quimiocina CCL2 se destaca pelo

recrutamento de monócitos (DESHMANE et al., 2009) e é a principal ligante de

CCR2, altamente expresso em monócitos, mas também expressos em linfócitos Th1

e Th2 (BONECCHI et al., 1998; LUTHER e CYSTER, 2001).

A expressão diferenciada das quimiocinas e seus receptores conduzem a

diferentes perfis de resposta tecidual podendo ser um importante fator influenciador

no desenvolvimento das formas clínicas crônicas da doença de Chagas.

Compreender a participação dos mecanismos imunológicos dessas moléculas e seu

envolvimento na geração e manutenção das lesões das diversas apresentações da

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doença é fundamental para o melhor entendimento da patogênese da enfermidade,

bem como possibilitaria a identificação de novos marcadores imunológicos e novas

alternativas terapêuticas.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar o padrão de expressão de quimiocinas e receptores de quimiocinas

em pacientes portadores das diferentes formas clínicas da doença de Chagas.

2.2 Objetivos específicos

• Avaliar a relação entre a expressão de quimiocinas e o

desenvolvimento das diferentes formas clínicas da doença de Chagas.

• Avaliar a relação entre a expressão de receptores de quimiocinas e o

desenvolvimento das diferentes formas clínicas da doença de Chagas.

• Identificar marcadores de patogenicidade da doença de Chagas.

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3 PACIENTES, SUJEITOS CONTROLE, MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Delineamento experimental

Figura 3 – Delineamento experimental.

65 indivíduos chagásicos crônicos

18 forma indeterminada

17 forma cardíaca

15 forma digestiva

15 forma cardiodigestiva

Extração de RNAm

Síntese de cDNA

Obtenção de CMSP

Correlacionar o perfil de expressão das quimiocinas e dos receptores de quimiocinas ao grau de dilatação do esôfago ou cólon, ao índice cardiotorácico

e à fração de ejeção do ventrículo esquerdo

15 controles saudáveis

Coleta de sangue

Determinação da expressão dos receptores de quimiocinas (CCR2,

CCR3, CCR4, CCR5, CCR6, CCR7, CCR8, CCR10, CXCR3) por q-PCR

Determinação da expressão das quimiocinas (CCL1, CCL2, CCL3, CCL4, CCL5, CCL17, CCL22, CCL24, CCL27, CCL28, CXCL9 e CXCL10) por q-PCR

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3.2 População de estudo

Foram selecionados sessenta e cinco indivíduos chagásicos crônicos, os

quais apresentavam faixa etária entre 18 e 69 anos (Tabela 1), residentes de dez

municípios da Mesorregião Oeste do estado do Rio Grande do Norte, a saber:

Alexandria, Apodi, Caraúbas, Governador Dix-Sept Rosado, Ipanguaçu, Mossoró,

Pendências, Rodolfo Fernandes, Serra do Mel e Severiano Melo (Figura 4). Os

pacientes fazem parte de projetos envolvendo estudos da morbidade da doença de

Chagas e perfil imunológico dos pacientes sororreativos sendo acompanhados por

um médico cardiologista. Quinze indivíduos saudáveis residentes da mesma área

foram empregados como controles não infectados.

Amostras de sangue periférico dos pacientes foram coletadas e nelas

realizada a triagem sorológica pelo Laboratório de Biologia de Parasitos e de

Doença de Chagas (UFRN). O critério de inclusão adotado foi a sorologia reativa na

hemaglutinação indireta e no imunoensaio enzimático, seguindo as recomendações

da Organização Mundial de Saúde e o Consenso Brasileiro em Doença de Chagas

(DIAS et al., 2016).

Os pacientes com sorologia positiva foram submetidos à avaliação clínica e

realização de exames, como ECG, 2D-ecocardiograma (Ecocardiograma

Transtorácico Bidimensional), radiografia do tórax e radiografias contrastadas do

esôfago e cólon (enema opaco). Aos pacientes com alterações eletrocardiográficas

e/ou ecocardiográficas sugestivas de cardiopatia chagásica foi indicada a avaliação

pelo Holter 24 horas. A partir da avaliação clínica e dos resultados dos exames

complementares os pacientes foram classificados, segundo o II Consenso Brasileiro

em doença de Chagas (DIAS et al., 2016), nas diferentes formas clínicas da doença

de Chagas (Tabela 1).

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30

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Tabela 1 – Caracterização da população estudada. Dados clínicos dos pacientes chagásicos crônicos.

Formas Clínicas

Indeterminada Cardíaca Digestiva Cardiodigestiva

Total

Gênero M 10 11 5 10 36

F 8 6 10 5 29

Total 18 17 15 15 65

Média de idade 41,4±10,7 49,7±11,8 57,6±8,9 65±10,6

MC - - 9 8

ME - - 3 3

MC+ME - - 3 4

FEVE±DP 64,6±3,42 55,8±14,96 65,0±6,48 56,2±13,84

ICT±DP 0,43±0,05 0,48±0,05 0,42±0,03 0,50±0,05

M: masculino; F: feminino; DP: desvio padrão; MC: megacólon; ME: megaesôfago; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo em %; ICT: índice cardiotorácico. Valores de normalidade: ICT ≤ 0,5; FEVE > 55% *Dados cedidos pelo médico colaborador deste trabalho.

Os indivíduos com sorologia positiva e/ou com exame parasitológico positivo

para T. cruzi e ausência de sintomas e de alterações nos exames complementares

foram classificados como forma indeterminada (IND, n=18); os que apresentaram

alterações eletrocardiográficas sugestivas de comprometimento cardíaco, sendo ou

não sintomáticos, foram enquadrados na forma cardíaca (CARD, n=17); aqueles

avaliados clinicamente e que possuíam exames de imagem contrastados alterados

exibindo a presença de megaesôfago e/ou megacólon, classificados como forma

digestiva (DIG, n=15) e os pacientes com cardiomiopatia combinada com

megaesôfago e/ou megacólon, como forma cardiodigestiva (CARDIG, n=15).

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade

do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) sobre o protocolo de número Nº

027.2011 (Anexo A). Todos os pacientes assinaram o termo de consentimento livre

e esclarecido estando em conformidade com a Resolução 196/96-CNS/MS. Todos

os experimentos descritos foram realizados em conformidade com os princípios

éticos contidos nas diretrizes do Conselho Nacional de Saúde e declaração de

Helsinki sobre pesquisa envolvendo humanos.

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3.3 Quantificação de RNAm das quimiocinas e receptores de quimiocinas

em células mononucleares de sangue periférico dos pacientes por PCR

em tempo real

3.3.1 Coleta de sangue e obtenção de CMSP

Quinze mililitros de sangue periférico de cada paciente foram coletados em

tubos a vácuo contendo o anticoagulante EDTA (Vacutainer®, BD Biosciences, USA)

para a separação das células mononucleares de sangue periférico (CMSP). O

sangue foi lentamente transferido para tubos cônicos de polipropileno com

capacidade de 50mL (Falcon, BD Biosciences, USA) contendo uma solução Ficoll-

Hypaque na proporção 2:1 (Histopaque® 1.077-Sigma-Aldrich, USA) e centrifugados

a 800 x g por 30 minutos. O anel de células formado foi transferido para um novo

tubo de 15mL e submetido à nova centrifugação a 110 x g durante 20 minutos. Por

fim, as células que passaram pelo procedimento de separação foram

ressuspendidas em 500µL de Trizol (Invitrogen, Carlsbad, CA, USA) e

armazenadas à -20ºC.

3.3.2 Extração de RNA e síntese de cDNA

A extração de RNA das células mononucleares de sangue periférico foi

realizada através do kit SV RNA Isolation System (Promega, USA). Ao conteúdo de

CMSP obtidas na etapa anterior e ressuspendidas em Trizol (Invitrogen) adicionou-

se 200µL de clorofórmio (Sigma-Aldrich), em seguida tais amostras foram agitadas

durante 30 segundos e incubadas por 15 minutos à temperatura ambiente. Após

esse procedimento, os tubos foram centrifugados a 12000 x g por 15 minutos a 4°C.

A fase aquosa, contendo o RNA, foi transferida para um tubo estéril e acrescidos a

ela 500µL de álcool 95%. Esta mistura foi transferida para uma coluna acoplada a

um tubo coletor, fornecidos pelo kit, e em seguida os tubos foram centrifugados a

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12000 x g por 2 minutos a 4o C (as centrifugações posteriores seguem o mesmo

parâmetro); o líquido presente no tubo coletor foi descartado. Foram adicionados

400µL de solução de lavagem (RNA wash solution) e realizada nova centrifugação.

Após se desprezar o sobrenadante, foi adicionado 50µL de solução DNAse

(preparada com 40µL do tampão amarelo, 5µL de MgCl2 0,09M e 5µL de DNAse I,

fornecidos no kit) e as colunas foram incubadas por 15 minutos à temperatura

ambiente. Em seguida 200µL de solução de parada (DNAse stop solution) foram

adicionados e os tubos foram centrifugados. O sobrenadante foi desprezado e

adicionado 250µL de solução de lavagem para a posterior centrifugação. A coluna foi

então transferida para tubo estéril e 20µL de água livre de RNAse foram adicionados.

Uma nova centrifugação foi realizada e a coluna foi descartada. O RNA purificado foi

armazenado à -20ºC.

Para a síntese do cDNA, a partir da fita de RNA total, foi utilizado o kit High

Capacity cDNA Reverse Transcription (Applied Biosystems, USA) e o termociclador

convencional (MJ Research PTC-150 MiniCycler). Os ciclos da reação foram de 10

minutos a 25ºC, 120 minutos a 37ºC, 5 minutos a 85ºC e infinito a 4ºC. A preparação

da mistura foi realizada adicionando 2µL da solução tampão 10x, 0,8µL de

nucleotídeos trifosfatos contendo desoxirribose (dNTPs) 25x, 1µL da enzima

(MultiScribe™ Reverse Transcriptase) e 2µL de oligonucleotídeos e 4,2 µL de água

livre de RNAse totalizando 10µL da mistura, a qual foi adicionada à 10µL de cada

amostra de RNA extraído.

3.3.3 PCR em tempo real (q-PCR)

A análise quantitativa da expressão dos genes das quimiocinas e dos

receptores de quimiocinas foi realizada por meio de reações de PCR em tempo real,

utilizando o sistema SYBR Green® Master Mix (Applied Biosystems, USA) em

termociclador 7500 Fast Real time (Applied Biosystems, USA). Os iniciadores

específicos para as quimiocinas e receptores de quimiocinas foram desenhados com

o auxílio do software Primer Express (Applied Biosystems, USA) ou foram utilizados

iniciadores já descritos na literatura (Tabela 2).

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As reações foram realizadas em placas de 96 poços MicroAmp® Fast Optical

(Applied Biosystems, USA) e, para cada gene alvo foi preparado uma mistura

composta de 0,7µL de cada iniciador (direto e reverso), 5µL de Sybr® green (Applied

Biosystems, USA), 1,6 µL de água livre de RNAse e 2µL do cDNA sintetizado a partir

do RNA mensageiro e oligonucleotídeos específicos. As condições da PCR foram

padronizadas para cada par de iniciadores de acordo com a concentração,

temperatura de anelamento, ausência de formação de dímeros (determinada pela

curva de dissociação do produto gerado pela q-PCR), eficiência de amplificação dos

genes alvos e gene constitutivo.

A determinação dos níveis de expressão dos genes alvo foi realizada por meio

da normalização das amostras quanto à expressão constitutiva de β-actina. Os

cálculos da expressão relativa de quimiocinas e receptores de quimiocinas foi

realizada a partir da fórmula 2-(∆∆CT) utilizando o programa Microsoft Excel 2010

(Microsoft, USA), onde ∆CT corresponde à diferença entre o cycle threshold (CT) da

molécula alvo e o CT da β-actina para cada amostra; e ∆∆CT é resultante da

diferença entre o ∆CT de cada amostra e média de ∆CT dos controles negativos.

3.4 Análises estatísticas

Os dados foram expressos em média ± desvio padrão da média. As análises

estatísticas foram realizadas com o software PRISM® 5.0 (GraphPad, San Diego,

CA, USA). Para a verificação da distribuição normal dos dados, foi empregado o

teste D’Agostino-Pearson. A distribuição dos dados foi não paramétrica e os testes

Kruskall-Wallis e Dunn, foram empregados para a determinação das diferenças entre

expressão dos genes das quimiocinas e seus receptores entre os diferentes grupos

(IND, CARD, CARDIG, DIG). Para a determinação da correlação entre a expressão

de cada molécula que teve expressão diferencial aumentada e os parâmetros

clínicos foi realizado o teste de correlação de Spearman. Em todos os casos, as

diferenças foram consideradas estatisticamente significantes quando o valor de

p<0,05.

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Tabela 2 – Sequência dos iniciadores utilizados nas q-PCR.

Iniciadores Direto Reverso Tm Referência

Hu-β-actina TGACTCAGGATTTAAAAACTGGAA GCCACATTGTGAACTTTGGG 56,8º Guedes et al., 2016

CCL1 CCTGCGCCTTGGACACAGT CAGAGCCCACAATGGAAAGAAA 60,0º Kato et al.,

2009

CCL2 GATGCAATCAATGCCCCAGTC TCCTTGGCCACAATGGTCTTG 59,9º Hwang et al., 2013

CCL3 TCTGCATCACTTGCTGCTGACAC CACTCAGCTCCAGGTCGCTGAC 63,8º Feuser et al., 2012

CCL4 CGTGTATGACCTGGAACTGAACTG TCCCTGAAGACTTCCTGTCTCTGA 61,9º Kato et al.,

2009

CCL5 GAAGAAATGGGTTCGGAA AGCTAGGACAAGAGCAAGCA 56,4º O presente

estudo

CCL17 GGGATGCCATCGTTTTTGT TCTTCACTCTCTTGTTGTTGGG 56,8º O presente

estudo

CCL22 GTCTCCAAGCCTCTAGCATAGA TGATATGTAACTGCCTTTTGGC 58,2º O presente

estudo

CCL24 CCCTGCTGCATGTTCTTTGT TTCTTGGTGGTGAAGATCACTC 58,0º O presente

estudo

CCL27 CTACAGCAGCATTCCTACTGC ATGGAGCTTTCTCTCTTGGTG 58,9º Hanamoto et al., 2004

CCL28 AGAAGCCATACTTCCCATTGC AGCTTGCACTTTCATCCACTG 58,0º Hanamoto et al., 2004

CXCL9 CCAGTGCACCTGTCATATGCTCT CCAACATGGAGTAGCCAGGAAA 61,0º O presente

estudo

CXCL10 GCCAATTTTGTCCACGTGTTG AGCCTCTGTGTGGTCCATCCT 59,9º Matsuda et

al.,2007

CCR2 CTCTACTCGCTGGTGTTCATCT CACAATGGGAGAGTAATAAGAAAAAGC 59,4º Cheong et al., 2007

CCR3 TGGACATATCAAGGACTTCACTAAA ACAAGAAGACCAGTGGTACCTG 58,5º O presente

estudo

CCR4 GGATATAGCAGATACCACCCTC AAATCATCTTGCACAGACCTAG 58,2º Cardoso et al., 2008

CCR5 CACCTGCAGCTCTCATTTTCC TTGTAGGGAGCCCAGAAGAG 59,4º Seay et al.,

2013

CCR6 ATCGTAATGAAGTTGGGGTT ATCACAAATTTCAGACCCCT 53,7º Jordan et al., 1999

CCR7 GTGCCCGCGTCCTTCTCATCAG GGCCAGGACCACCCCATTGTAG 65,6º Sperveslage et al., 2011

CCR8 AGTATGCACATCTTGGATGG TGTAGTCTACGCTGGAGGAA 56,7º Jordan et al., 1999

CCR10 TGCTGGATACTGCCGATCTACTG TCTAGATTCGCAGCCCTAGTTGTC 61,9º Hanamoto et al., 2004

CXCR3 CCAAGTGCTAAATGACGCCG GCAAGAGCAGCATCCACATC 59,8º Willox et al.,

2010

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4 RESULTADOS

Pacientes com a forma cardíaca da doença apresentaram elevada expressão

relativa de RNAm das quimiocinas CXCL9 (p<0,05) (Figura 5A) e CXCL10 (p<0,01)

(Figura 5B) e dos receptores de quimiocinas CXCR3 (p<0,05) (Figura 5C) e CCR5

(p<0,05) (Figura 5D), com diferenças significativas quando comparadas às suas

expressões em pacientes com a forma indeterminada e, no caso da quimiocina

CXCL10, com a forma digestiva também (p<0,05) (Figura 5B).

A maior expressão relativa de RNAm de CCR3 foi observada em pacientes

com a forma digestiva da doença de Chagas, diferindo significativamente de sua

expressão em pacientes com a forma cardíaca (p<0,01) e indeterminada (p<0,05)

(Figura 6A). A quimiocina CCL5 apresentou expressão relativa maior em pacientes

com a forma clínica cardiodigestiva, com diferenças significativas quando

comparada à expressão em pacientes com a forma indeterminada (p<0,01) e

cardíaca (p<0,001) (Figura 6B).

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Figura 5 – Quimiocinas e receptores do padrão Th1 aumentados em pacientes cardíacos. Expressão relativa de RNAm de CXCL9 (A), CXCL10 (B), CXCR3 (C) e CCR5 (D) determinadas por q-PCR a partir de células mononucleares do sangue periférico de pacientes com as formas clínicas indeterminada (IND, n=18), cardíaca (CARD, n=17), cardiodigestiva (CARDIG, n=15) e digestiva (DIG, n=15). Os dados são representativos de experimentos independentes expressos em média ± DP. CN: Controle negativo (indivíduos saudáveis). *p<0,05. **p<0,01.

Figura 6 – Expressão de CCR3 e CCL5 aumentadas em pacientes com as formas cardíaca e cardiodigestiva. Expressão relativa de RNAm de CCR3 (A) e CCL5 (B) determinadas por q-PCR a partir de células mononucleares do sangue periférico de pacientes com as formas clínicas indeterminada (IND, n=18), cardíaca (CARD, n=17), cardiodigestiva (CARDIG, n=15) e digestiva (DIG, n=15). Os dados são representativos de experimentos independentes expressos em média ± DP. CN: Controle negativo (indivíduos saudáveis). *p<0,05. **p<0,01. ***p<0,001

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As quimiocinas CCL1, CCL2, CCL3, CCL4, CCL17, CCL22, CCL24, CCL27 e

CCL28 (Figura 7) e os receptores de quimiocinas CCR2, CCR4, CCR6, CCR7,

CCR8 e CCR10 (Figura 8) não apresentaram diferenças significativas em suas

expressões entre os diferentes grupos.

Figura 7 – Expressão de quimiocinas em pacientes com as diferentes formas clínicas da doença de Chagas. Expressão relativa de RNAm de CCL1 (A), CCL2 (B), CCL3 (C), CCL4 (D), CCL17 (E), CCL22 (F), CCL24 (G), CCL27 (H) e CCL28 (I) determinadas por q-PCR a partir de células mononucleares do sangue periférico de pacientes com as formas clínicas indeterminada (IND, n=18), cardíaca (CARD, n=17), cardiodigestiva (CARDIG, n=15) e digestiva (DIG, n=15). Os dados são representativos de experimentos independentes expressos em média ± DP. CN: Controle negativo (indivíduos saudáveis).

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Figura 8 – Expressão de receptores de quimiocinas em pacientes com as diferentes formas clínicas da doença de Chagas. Expressão relativa de RNAm de CCR2 (A), CCR4 (B), CCR6 (C), CCR7 (D), CCR8 (E) e CCR10 (F) determinadas por q-PCR a partir de células mononucleares do sangue periférico de pacientes com as formas clínicas indeterminada (IND, n=18), cardíaca (CARD, n=17), cardiodigestiva (CARDIG, n=15) e digestiva (DIG, n=15). Os dados são representativos de experimentos independentes expressos em média ± DP. CN: Controle negativo (indivíduos saudáveis).

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No intuito de verificar se há correlação entre a expressão diferencial das

quimiocinas e dos receptores de quimiocinas e as manifestações clínicas crônicas

da doença de Chagas foi realizado o teste de Spearman com os dados de

expressão que apresentaram alterações significativas entre os grupos e os

parâmetros característicos das diferentes formas clínicas, a saber o grau de

dilatação do esôfago e do cólon, o índice cardiotorácico e a fração de ejeção do

ventrículo esquerdo (FEVE). Constatou-se uma correlação positiva (p<0,05) entre a

expressão relativa de RNAm de CCR3 em pacientes com as formas digestiva

(Figura 9A) e cardiodigestiva (Figura 9B) e a dimensão, em centímetros, do

segmento do intestino correspondente ao sigmoide. Não houve correlações

significativas entre outras moléculas e os parâmetros observados (Figuras 10-12).

Figura 9 – Correlações positivas entre a expressão de CCR3 e a dimensão do sigmoide. A correlação foi feita utilizando a expressão de CCR3 e a dimensão em centímetros do sigmoide dos pacientes que apresentam a forma digestiva (A) e dos pacientes que apresentam a forma cardiodigestiva (B). A linha representa a regressão linear da comparação. *p<0,05

Figura 10 – Correlações entre a expressão de CCR3 e parâmetros digestivos. Correlações entre a expressão de CCR3 e o grau de dilatação do esôfago (A) e a dimensão do reto em centímetros (B) em pacientes com a forma digestiva. A linha representa a regressão linear da comparação.

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Figura 11 – Correlações entre a expressão de CCL5 e parâmetros cardíacos e digestivos. Correlações entre a expressão de CCL5 e o ICT (A), FEVE (B) o grau de dilatação do esôfago (C), a dimensão do sigmoide em centímetros (D) e a dimensão do reto em centímetros (E) em pacientes com a forma cardiodigestiva. A linha representa a regressão linear da comparação. ICT: índice cardiotorácico; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo

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Figura 12 – Correlações entre a expressão aumentada de quimiocinas e receptores da resposta Th1 e parâmetros cardíacos. Correlações entre a expressão de CXCL9, CXCL10, CXCR3 e CCR5 e o ICT, respectivamente (A), (C), (E), (G) e FEVE (B), (D), (F), (H) em pacientes com a forma cardíaca. A linha representa a regressão linear da comparação. ICT: índice cardiotorácico; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo.

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5 DISCUSSÃO

O estabelecimento da cardiomiopatia chagásica está associado com uma

intensa resposta Th1 específica contra o T. cruzi (GOMES et al., 2005), aqui refletido

pelas diferenças nos perfis de expressão relativa de RNAm das quimiocinas CXCL9

e CXCL10 e dos receptores de quimiocinas CCR5 e CXCR3. A resposta Th1 induz

intensa produção de IFN-γ, participando da eliminação do parasito, logo, tem um

papel no controle do parasitismo, contudo também agrava a inflamação no coração

durante o curso da infecção, estando assim envolvida no desenvolvimento e

gravidade da doença cardíaca (GOMES et al., 2003). Ademais, essa citocina

estimula e mantém a síntese de quimiocinas como CXCL9 e CXCL10, detectadas no

infiltrado inflamatório cardíaco, composto por células T CD4+ e T CD8+, em modelos

experimentais (TEIXIERA, GAZZINELLI e SILVA, 2002). O receptor dessas

quimiocinas, o CXCR3, é preferencialmente expresso em células T CD4+ do perfil

Th1, células T CD8+ efetoras e células NK (GROOM e LUSTER, 2011), sendo esse

um importante eixo de migração de células da resposta Th1 para os sítios de

inflamação (CRIPPS et al., 2012). Assim como o CXCR3, o receptor CCR5 e seus

ligantes são considerados centrais no perfil de resposta Th1, tendo relevância no

recrutamento leucocitário e na inflamação tecidual, estando envolvidos com a

patogênese da forma cardíaca da doença de Chagas (GOMES et al., 2005). O

RNAm dos ligantes de CCR5 – CCL3, CCL4, CCL5 – não apresentou expressão

diferencial aumentada na forma cardíaca. O IFN-γ teria a capacidade de inibir a

produção de grande parte das outras quimiocinas, levando assim a seletividade na

expressão de CXCL9 e CXCL10 (BAGGIOLOINI, 1998), o que poderia justificar a

ausência de diferença significativa na expressão relativa de outras quimiocinas que

são reconhecidamente integrantes do perfil de resposta Th1 em pacientes com a

cardiomiopatia chagásica.

A susceptibilidade genética tem sido associada com as diferenças nas

apresentações clínicas da doença de Chagas. Esta susceptibilidade provavelmente

é parcialmente resultante da existência de polimorfismos genéticos funcionalmente

relevantes, que quando em genes relacionados à resposta imune, levam a variações

na intensidade dessa resposta influenciando assim os mecanismos inflamatórios que

são fundamentais à patogênese da cardiomiopatia chagásica crônica (BILATE e

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CUNHA-NETO, 2008; CUNHA-NETO et al., 2009). Estudos têm relacionado

desenvolvimento da forma cardíaca da doença de Chagas com a presença de

polimorfismos de um nucleotídeo (single nucleotide polymorphisms – SNPs) em

genes de quimiocinas, devido à importância destas moléculas na migração

leucocitária e, consequentemente, no processo inflamatório do qual decorre a

patogênese da cardiomiopatia chagásica (CUNHA-NETO et al., 2009).

SNPs no gene do CCR5 têm sido associados tanto com o desenvolvimento

quando com a gravidade da cardiomiopatia na doença de Chagas (DE OLIVEIRA et

al., 2016). Um polimorfismo na região promotora de CCR5 (CCR5 59029 A G) teria a

capacidade de influenciar a apresentação clínica da doença ao reduzir a expressão

desse receptor de quimiocina e, consequentemente, a intensidade da resposta

inflamatória por reduzir a migração de células do perfil Th1. Na população estudada,

a frequência do genótipo CCR5 59029 A/G era maior em pacientes assintomáticos

quando comparados aos que apresentavam a forma cardíaca da doença de Chagas.

O alelo CCR5 59029 G teria um papel protetor no desenvolvimento da

cardiomiopatia chagásica crônica (CALZADA et al., 2001). Outro polimorfismo

associado à progressão da doença é o alelo CCCR5 2733 G, que está relacionado

com baixo risco de desenvolvimento da doença cardíaca, tendo sido observado em

maior frequência em pacientes que apresentam a forma indeterminada em relação

aos com a forma cardíaca. Além disso, há casos em quem se correlaciona a

gravidade da doença com a presença de polimorfismos. A frequência do alelo CCR5

2554 T foi maior em pacientes com menor gravidade da cardiomiopatia chagásica

(FLÓREZ, MARTÍN e GONZÁLEZ, 2012). Estudos mostraram que o genótipo CCR5

rs3176763 C/C teria caráter protetor enquanto que o CCR5 rs3176763 C/A teria

associação com a forma cardíaca da doença (FRADE et al., 2013) e o CCR5

rs1799988 C/C com o risco aumentado desenvolvimento de cardiomiopatia grave

(NOGUEIRA et al., 2012).

Polimorfismos nos genes de CXCL9 e CXCL10 também teriam influência na

progressão da doença de Chagas. O genótipo CXCL9 rs10336 C/C e o CXCL10

rs3921 G/G levariam à diminuição da expressão do RNAm de CXCL9 e CXCL10,

respectivamente, no miocárdio, estando associados à proteção da cardiomiopatia

chagásica grave. Esses genótipos modulariam a expressão local não só de

quimiocinas, mas também a de outras quimiocinas-chave, resultando assim na

variação da intensidade da miocardite por alterar a migração celular para o tecido

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cardíaco (NOGUEIRA et al., 2012). Vale lembrar que a relação dos polimorfismos

genéticos como a susceptibilidade ao desenvolvimento e gravidade da

cardiomiopatia chagásica é complexa, visto que cada polimorfismo não agiria de

forma independente, mas contribuiria com pequenas parcelas influenciando a

expressão das moléculas e, logo, patogênese dessa forma clínica da doença

(FLÓREZ, MARTÍN, GONZÁLEZ, 2012).

A variabilidade genética do parasito também participa na determinação das

formas clínicas da doença de Chagas. As diversas cepas do T. cruzi são agrupadas,

por critérios genéticos, em discrete typing units (DTUs), sendo separadas em seis

grupos (Tc I–VI). No Rio Grande do Norte há a presença de TcI, TcII e TcIII, os

grupos Tc-I e Tc-II estão associados com o desenvolvimento das formas

indeterminada, cardíaca e digestiva da doença, enquanto o grupo Tc-III é sempre

associado com a forma clínica indeterminada. Estudos mostraram que, in vitro, a

cepa AQ1.7 pertencente ao grupo TcI, aumentou a quantidade de células dendríticas

expressando CCR5 (COSTA et al., 2014). Guedes et al. (2010b) ao investigar os

perfis Th1, Th2 e Th17 de quimiocinas e receptores de quimiocinas no tecido

cardíaco de cães da raça Beagle infectados com as cepas Y, ABC e Berenice-78

(TcII) do T. cruzi verificou que a expressão de CXCL9, CCL1 e CCL5 em cães

infectados com as cepas Y e ABC foi elevada quando comparados com os

infectados com a cepa Berenice-78. O perfil de expressão das quimiocinas e

receptores de quimiocinas se apresentou significativamente diferente entre os

grupos de cães que desenvolveram a forma cardíaca ou a forma indeterminada,

refletindo uma exacerbada resposta Th1 nos grupos de animais que apresentaram a

cardiomiopatia chagásica. É possível então que as diferentes cepas possuam função

na modulação de parâmetros pró-inflamatórios como a expressão das quimiocinas e

seus receptores, tendo assim influência na resposta imune do hospedeiro, e

consequentemente no desenvolvimento das apresentações clínicas da doença.

A expressão relativa de RNAm do receptor CCR3 foi encontrada aumentada

em pacientes com a forma digestiva da doença de Chagas em relação aos que

apresentam as formas indeterminada e cardíaca. Além disso, foi possível

estabelecer correlação positiva entre a expressão relativa do RNAm de CCR3 e a

dimensão do sigmoide. A forma digestiva da doença é resultado inflamação nas

camadas de musculatura lisa e destruição de neurônios autônomos parassimpáticos

(VAGO, 1996; DA SILVEIRA et al., 2005). O receptor CCR3 é expresso

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preferencialmente em células que compõe a resposta Th2 (SEBASTIANI et al., 2001;

GUEDES et al., 2010b) a qual está associada com a susceptibilidade à infecção,

expressa por maior parasitismo e inflamação tecidual (KUMAR e TARLETON, 2001).

O possível favorecimento à resposta Th2 na forma digestiva poderia ser indicado

como responsável por menor controle parasitário, levando assim a provável

persistência do parasito no local. Vago (1996) e Lages-Silva et al. (2001)

demonstraram a presença do kDNA do T. cruzi no esôfago de pacientes com a forma

digestiva da doença de Chagas. O processo inflamatório que ocorre nas camadas

musculares e nos plexos neuronais juntamente com redução do quantitativo

neuronal local levaria à ocorrência das megassíndromes (DA SILVEIRA et al., 2009).

Em pacientes com forma cardiodigestiva houve uma maior expressão relativa

do RNAm de CCL5 quando comparados com pacientes com a forma cardíaca e

indeterminada. Apesar de CCL5 ter como principal receptor o CCR5, característico

da resposta Th1, esta quimiocina também se liga ao receptor CCR3, marcador da

resposta Th2 (BAGGIOLINI, 1998). A elevada expressão diferencial de CCL5 poderia

induzir migração de células dos perfis de resposta Th1 ou Th2, provavelmente não

favorecendo o estabelecimento de um tipo de resposta em detrimento do outro.

Entender os mecanismos de controle da expressão e de função das

quimiocinas pode ser a chave para o desenvolvimento de terapêuticas de doenças

de cunho inflamatório (PANGANIBAN et al., 2014). Há vários níveis onde o controle

pode ser executado. No nível pós-transcricional existe uma grade variedade de

mecanismos que modulam a expressão proteínas envolvidas na mediação da

resposta inflamatória, como as quimiocinas e seus receptores. O complexo inibidor

da tradução ativado por IFN-γ (gamma-interferon activated inhibitor of translation –

GAIT) ao se ligar em seu sítio de ação no RNAm de um grupo de moduladores

inflamatórios, dentre estes CCL22, CCR3, CCR4, CCR6, leva à inibição da síntese

proteica, tendo assim papel na regulação da inflamação mediada pela resposta

imune (ANDERSON, 2010). Micro-RNAs (miRNA) também são considerados

reguladores pós-transcricionais ao atuarem degradando o RNAm ou impedindo a

tradução proteica, por se ligarem a molécula de RNAm, em ambos os casos,

promovem a inibição da expressão gênica (MASI et al., 2016). A regulação de

quimiocinas como CCL2, CCL4 e CCL8 que estão envolvidas na inflamação alérgica

e asma tem participação da ação conjunta de miRNAs, como por exemplo miR-1248,

Let-7-a (PANGANIBAN et al., 2014) que tem sua expressão relativa reduzida em

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pacientes asmáticos em relação a pacientes com doença pulmonar obstrutiva

crônica e a indivíduos saudáveis. A repressão desses miRNAs pode levar ao

aumento de mediadores alérgicos tendo possivelmente papel na patogênese

(PINKERTON et al., 2013). miRNAs podem se tornar a alvos de novos agentes anti-

inflamatórios por diversas estratégias, como a administração de miRNAs miméticos

em casos onde há baixa expressão desses reguladores ou, por outro lado, quando

há a expressão aumentada deles, o uso de inibidores de miRNAs (PANGANIBAN et

al., 2014).

Modificações pós-traducionais são capazes de mascarar as quimiocinas, ou

seja, ainda que haja a expressão gênica e também a tradução em proteína, podem

ocorrer mudanças que culminam na perda de sua função. Neste contexto, Molon;

Viola; Bronte (2012) descrevem o efeito que espécies reativas de nitrogênio (RNS)

exercem sobre moléculas sinalizadoras de células T, sendo a rede de quimiocinas

frequentemente afetada por células cancerígenas. O metabolismo desregulado da

arginina leva a produção intratumoral de RNS, ocasionando a formação de CCL2

nitrosilada (N-CCL2), tal molécula não é eficaz no recrutamento de células T,

havendo assim o fracasso por parte das células T em se infiltrar nos tumores.

Portanto as espécies reativas de nitrogênio, ao mascararem a quimiocina CCL2 por

um mecanismo pós-traducional acarreta um bloqueio na entrada de linfócitos T

citotóxicos nos tumores, os tornando ineficazes no combate à massa tumoral.

Outro exemplo de modificação pós-traducional ocorre através da ação da

dipeptidil peptidase 4 (DPP4)/CD26 ao clivar dipeptídeos na porção N-terminal

causa o truncamento de CXCL12, levando a inativação da quimiocina e ao

consequente bloqueio da quimiotaxia mediada por ela. CXCL12 tem participação no

controle da hematopoese e sua inativação influencia na quimiotaxia e sobrevivência

de células progenitoras hematopoeticas. Interessantemente, o produto da ação da

DPP4 sob CXCL12 tem a capacidade de bloquear a atividade quimiotática de

moléculas de CXCL12 que não sofreram ação da enzima. Além de CXCL12, uma

série de fatores estimuladores de colônia e de outras quimiocinas têm sítios de

clivagem para DPP4. A modificação causada por DPP4 modifica as atividades

funcionais das quimiocinas, enquanto a inibição dessa enzima leva a um aumento

da atividade desses mediadores quimiotáticos (BROXMEYER et al., 2016). A

ocorrência de modificações pós-transcricionais e pós-traducionais nas quimiocinas e

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seus receptores abre possibilidades para utilização do controle de expressão e

função por meio desses mecanismos.

A compreensão do controle biológico do tráfego leucocitário em resposta à

infecção pelo T. cruzi pode embasar novos tratamentos que não prejudiquem o

controle parasitário (LANNES-VIEIRA et al., 2009). O entendimento da expressão

diferencial de quimiocinas e seus receptores nas formas clínicas da doença pode ser

uma alternativa útil no campo da aplicação de novas estratégias terapêuticas.

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6 CONCLUSÃO

Pacientes com a forma cardíaca da doença de Chagas apresentam maior

expressão relativa de RNAm dos receptores de quimiocinas CCR5 e CXCR3 e das

quimiocinas CXCL9 e CXCL10, moléculas típicas da resposta Th1, sugerindo

prevalência deste perfil de resposta imune nesta forma clínica.

A expressão relativa de RNAm de CCL5, quimiocina contribuiria para

migração de células dos perfis de resposta Th1 e Th2, está elevada em pacientes

com a forma cardiodigestiva da doença de Chagas, esta.

Pacientes com a forma digestiva da doença apresentam elevada expressão

relativa de RNAm do receptor CCR3, característico da resposta Th2. A expressão

deste receptor correlaciona-se positivamente com a dimensão do sigmoide em

pacientes com acometimento do trato digestivo.

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ANEXO A – Protocolo de aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa da

Universidade Estadual do Rio Grande do Norte.