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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS ALINE FERREIRA SCHON Evolução microestrutural e comportamento mecânico da liga de brasagem Sn-2%Sb solidificada sob condições de resfriamento lento Natal 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

ALINE FERREIRA SCHON

Evolução microestrutural e comportamento mecânico da liga de

brasagem Sn-2%Sb solidificada sob condições de resfriamento lento

Natal

2019

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ALINE FERREIRA SCHON

Evolução microestrutural e comportamento mecânico da liga de

brasagem Sn-2%Sb solidificada sob condições de resfriamento lento

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Engenharia de

Materiais, do Centro de Tecnologia da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como parte dos requisitos para

obtenção do título de bacharel em

Engenharia de Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Bismarck Luiz Silva.

Natal

2019

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FICHA CATALOGRÁFICA

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Schon, Aline Ferreira.

Evolução microestrutural e comportamento mecânico da liga de

brasagem Sn-2%Sb solidificada sob condições de resfriamento lento

/ Aline Ferreira Schon. - 2019.

56f.: il.

Monografia (Graduação)_Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Tecnologia, Engenharia de Materiais, Natal,

2019.

Orientador: Dr. Bismarck Luiz Silva.

1. Ligas Sn-Sb - Monografia. 2. Solidificação - Monografia. 3.

Microestrutura - Monografia. I. Silva, Bismarck Luiz. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 620.1

Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429

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DEDICATÓRIA

Esse trabalho é dedicado à minha família, pelo apoio e amor oferecidos em todas as

etapas da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus.

A minha família, especialmente às minhas três maiores fortalezas, Geilza

Dantas Ferreira, Caroline Ferreira Schon e Felipe Matias Cortez Trigueiro, por todo

amor e carinho durante essa caminhada.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Bismarck Luiz Silva, pelos ensinamentos,

dedicação, ajudas, compromisso e confiança para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao Prof. José Eduardo Spinelli e a todos que compõem o Grupo de Pesquisa

“Microestrutura e Propriedades em Processos de Solidificação (M2PS)” do

Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos

(UFSCar), pelo apoio e ajuda com os ensaios.

Ao técnico e bolsista do Laboratório de Ensaios Mecânicos, Hudson Rafael

Pereira Diniz e Bruno Silva Sobral, pela disponibilidade e companheirismo.

Aos demais laboratórios: Laboratório de Caracterização Estrutural dos

Materiais (LCEM) e Laboratório de Caracterização dos Materiais (LCM), por

possibilitar a execução deste trabalho.

Aos amigos que fiz nessa jornada acadêmica, pelo companheirismo, incentivo

e os bons momentos compartilhados.

Aos professores que contribuíram de forma direta ou indireta para a minha

formação acadêmica.

E a todos aqueles que não foram mencionados, mas contribuíram para o meu

desenvolvimento, o meu muito obrigada.

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EPÍGRAFE

“Suba o primeiro degrau com fé. Não é

necessário que você veja toda a escada.

Apenas dê o primeiro passo”.

Martin Luther King.

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RESUMO

Na presente investigação, foi realizado um experimento de solidificação

direcional com o objetivo de examinar microestruturas distintas ao longo do lingote

Sn-2%Sb. As soldas Sn-Sb estão relacionadas a aplicações eletrônicas,

especialmente como potenciais candidatos para substituir ligas de solda contendo

chumbo (com 85% a 97% em peso de Pb), visto que este traz danos tanto ao meio

ambiente quanto ao ser humano. As condições impostas ao presente experimento

podem levar à estabilidade térmica e do soluto durante todo o crescimento do sólido

em direção ao líquido. Assim, o trabalho investigou os parâmetros térmicos de

solidificação (v e Ṫ) das microestruturas solidificadas ao longo do lingote Sn-2%Sb e

suas leis experimentais de crescimento dendrítico. Descobriu-se que as regiões

celulares, ricas em Sn, podem prevalecer para taxas de resfriamento superiores a

1,0 ºC/s, enquanto apenas a morfologia dendrítica da fase β-Sn aparece nas

amostras solidificadas com taxas menores que 0,3 ºC/s. O crescimento das

dendritas é retardado quando comparado aos resultados encontrados na literatura.

Na presença de fluxo convectivo originado termicamente ou pelo soluto, pode-se

relatar que as dendritas β-Sn crescem a taxas tão altas quanto 1,5 ºC/s (ou seja, 5

vezes maior). Dessa forma, as correntes de convecção induzem a ocorrência de

instabilidades na frente de solidificação e o crescimento dendrítico é beneficiado em

tais condições. Ensaios de tração também foram realizados para amostras de Sn-Sb

com dimensões celulares e dendríticas distintas. Verificou-se que um escoamento

plástico instável aconteceu durante todos os testes de tração. A formação de bandas

nas amostras foi reconhecida como sendo uma manifestação do efeito Portevin-Le

Chatelier (PLC). Um estágio de deformação homogêneo precedeu o início dos

serrilhados de tensões nas amostras da liga investigada. Verificou-se que as

amplitudes dos serrilhados eram mais baixas nas amostras celulares do que nas

associadas às microestruturas dendríticas.

Palavras-chave: Ligas Sn-Sb, Solidificação, microestrutura, propriedades mecânicas.

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ABSTRACT

In the present investigation a directional solidification experiment was

performed in order to examine distinct microstructures related to different slices of the

solidified Sn-2 wt.%Sb alloy casting. Sn-Sb welds are related to electronic

applications, especially as potential candidates to replace welding alloys containing

lead (containing 85 to 97wt.% of Pb) given that lead (Pb) is considered an important

environmental complaint and has devastating effects on the human body. The

imposed conditions in the present experiment may lead to solutal and thermal

stability of the melt throughout solid growth towards the liquid. Thus, the present work

investigated the thermal parameters of solidification (v and Ṫ), solidified

microstructures along the entire casting and experimental dendritic growth laws. It

was found that Sn-rich cells may prevail for cooling rates higher than 1.0 K/s whereas

only Sn-rich dendrites appear for specimens solidified at rates lower than 0.3 K/s.

The growth of dendrites is delayed when compared to previous results in the

literature. In the presence of convective flow originated either thermally or solutally,

β-Sn dendrites were reported to grow for samples solidified at rates as high as 1.5

K/s (i.e., 5 times higher). It appears that convection currents induce instabilities to

happen at the solidification front and the growth of dendrites is benefited over such

conditions. Tensile tests were also performed for Sn-Sb samples having distinct

cellular and dendritic dimensions. It was found that unstable plastic flow happened

during all tensile tests. The formation of bands along a specimen gauge was

recognized as being a manifestation of the Portevin – Le Chatelier (PLC) effect. A

homogeneous deformation stage preceded the start of serrations of stresses in the

samples of the investigated alloy. The amplitudes of the serrations were found to be

lower in the samples having cells as compared to those associated with dendritic

microstructures.

Keywords: Sn-Sb alloy, solidification, microstructure, tensile properties.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Fluxograma de fatores e eventos ocorridos durante a solidificação de um

metal (GARCIA, 2007)................................................................................................17

Figura 2 – Modos de transferência de calor atuantes no sistema metal/molde (DIAS,

2016)..........................................................................................................................18

Figura 3 – Representação esquemática de aspectos contidos na microestrutura de

um componente solidificado (XAVIER, 2018)............................................................20

Figura 4 – Representações esquemáticas da atuação dos fatores de influência na

formação das microestruturas de solidificação (adaptado de GARCIA, 2007)..........21

Figura 5 – Esquema representativo do crescimento de ramificações dendríticas,

definindo espaçamentos entre braços dendríticos primários (λ1), secundários (λ2) e

terciários (λ3). (Adaptado de COSTA, 2013) ............................................................22

Figura 6 - O esquema apresenta o a) e b) desenvolvimento de uma interface celular,

c) interface celular de uma liga do sistema Pb-Sn (Adaptado de GARCIA, 2007)....22

Figura 7 - Esquema de mudança morfológica na estrutura de crescimento à medida

que a velocidade é aumentada: a) crescimento celular regular em baixas

velocidades; b) crescimento celular com alteração na direção de crescimento; c)

transição celular-dendrítica; e d) crescimento dendrítico com início de formação de

instabilidades laterais (Adaptado de GARCIA, 2007).................................................23

Figura 8 - Tipos de diagramas de fases peritéticos (Adaptado de STEFANESCU,

2009)..........................................................................................................................24

Figura 9 - a) Diagrama de equilíbrio peritético e indicação da composição C0; b)

Idealização da formação estrutural na transformação peritética (DIAS, 2016)..........25

Figura 10 - a) Formação estrutural na transformação peritética em condições fora do

equilíbrio; b) Curva de resfriamento esquemática correspondente (DIAS, 2016)......27

Figura 11 - Diferentes escalas envolvidas na soldagem de microeletrônicos: a)

equipamento eletrônico (monitor), b) processador soldado a uma placa de circuito

impresso, c) seção transversal da junta soldada, e d) detalhe da interface entre a liga

de solda e o substrato (BELYAKOV, 2013)................................................................29

Figura 12 - Diagrama parcial de fases para o sistema Sn-Sb (DIAS, 2016)..............30

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Figura 13 - Diagrama de fases para o sistema Sn-Sb (OKAMOTO,2012).................31

Figura 14 - Microestruturas transversal e longitudinal da a) liga Sn-2%Sb e da b) liga

de Sn-5%Sb (DIAS, 2016)..........................................................................................32

Figura 15 - Dispositivo de solidificação unidirecional vertical ascendente.................34

Figura 16 - Esquema do processo de corte e preparação das amostras para ensaios

(Baseado em XAVIER, 2018).....................................................................................35

Figura 17 - Método utilizado para quantificar os espaçamentos: (a) Celular λc, por

análise triangular, e dendríticos da (b) Seção transversal para medição de λ1; (c)

Seção longitudinal para medição de λ2 (SILVA, 2016)..............................................36

Figura 18 - Esquematização de retirada dos corpos de prova para ensaios de tração

(Baseado em XAVIER, 2018).....................................................................................38

Figura 19 - Perfis térmicos durante a solidificação direcional da liga Sn-2%Sb........39

Figura 20 – Variação da taxa de resfriamento (ṪL) e da velocidade de deslocamento

da isoterma liquidus (VL) com a posição no lingote liga Sn-2%Sb.............................40

Figura 21 – Macroestrutura longitudinal da liga Sn-2%Sb.........................................41

Figura 22 - Crescimento de células β-Sn nas posições iniciais do lingote Sn-2%Sb.

As imagens ópticas estão relacionadas aos parâmetros térmicos alcançados: (a, b)

ṪL = 2,7 °C/s; VL = 0,31 mm/s e (c, d) = 1,1 °C/s; VL = 0,27 mm/s. T: amostras

transversais e L: amostras longitudinais em relação ao eixo vertical de crescimento

microestrutural............................................................................................................42

Figura 23 - Crescimento da fase β-Sn na forma de dendritas para posições mais

distantes base refrigerada da liga Sn-Sb. As imagens ópticas estão relacionadas aos

parâmetros térmicos alcançados: (a, b) ṪL=0,25 °C/s; VL=0,22 mm/s e (c, d) ṪL=0,07

°C/s; VL=0,16 mm/s. T: amostras transversais e L: amostras longitudinais em relação

ao eixo vertical de crescimento..................................................................................44

Figura 24 - Variação do espaçamento dendrítico primário (λ1) com taxa de

resfriamento para a liga Sn-2%Sb..............................................................................45

Figura 25 - Difratogramas de Raios-X para as posições 5mm, 30mm e 90 mm ao

longo do lingote Sn-2%Sb..........................................................................................46

Figura 26 – Perfil experimental de macrossegregação ao longo do lingote Sn-2%Sb.

Onde P é a posição a partir da interface metal / molde.............................................47

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Figura 27 - Imagens MEV destacando os tamanhos das fases β-Sn e SnSb através

das microestruturas da liga Sn-2%Sb: (a, b) células, ṪL=1,1 °C/s; e (c, d) dendritas,

ṪL=0,07 °C/s...............................................................................................................48

Figura 28 – Nas imagens são mostrados (a) Curvas tensão x deformação típicas

para a liga Sn-2%Sb solidificada a três taxas de resfriamento diferentes; e (b, c, d)

detalhes iniciais, magnitudes e formas dos serrilhados nas curvas...........................49

Figura 29 - (a) limite de resistência à tração (σt) e (b) alongamento (δ) em função do

espaçamento dendrítico primário/celular para a liga Sn-2%Sb..................................52

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

C0 – Composição nominal

DRX – Difração de Raios-X

EDS – Espectroscopia de Raios-X por Energia Dispersiva

FRX – Fluorescência de Raios-X

G – Gradiente Térmico

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

PLC - Portevin-Le Chatelier

SRC – Super-resfriamento Constitucional

L - Líquido

S - Sólido

S/L - Interface sólido/líquido

TE – Temperatura eutética

TL – Temperatura liquidus

Ṫ ou ṪL- Taxa de resfriamento

tSL – tempo local de solidificação

TS – Temperatura solidus

TV – Temperatura de vazamento

VE – Velocidade da frente eutética

VL – Velocidade da isoterma liquidus

v - velocidade de crescimento

α - Fase primária

β - Fase secundária

δ - Alongamento específico

λ1 – Espaçamento Dendrítico Primário

λ2 – Espaçamento Dendrítico Secundário

λ3 – Espaçamento Dendrítico Terciário

λC - Espaçamento Celular

σt - Limite de resistência à tração

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2 OBJETIVOS ............................................................................................................................................................ 15

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 15

3 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................................................... 16

3.1 SOLIDIFICAÇÃO DE METAIS E LIGAS ...................................................................... 16

3.2 INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS TÉRMICAS DE SOLIDIFICAÇÃO ..................... 18

3.3 MICROESTRUTURAS DE LIGAS MONOFÁSICAS ................................................. 20

3.4 SISTEMAS PERITÉTICOS .............................................................................................. 23

3.4.1 Solidificação de ligas peritéticas em equilíbrio ....................................... 24

3.4.2 Solidificação de ligas peritéticas fora do equilíbrio ............................... 26

3.5 LIGAS ALTERNATIVAS DE LIVRES DE Pb ............................................................... 27

4 METODOLOGIA ................................................................................................................................................... 33

4.1 PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO ................................................................................. 33

4.2 CARACTERIZAÇÃO MACRO E MICROESTRUTURAL ......................................... 34

4.3 CARACTERIZAÇÃO POR DIFRAÇÃO DE RAIOS-X (DRX) E

FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X (FRX) .............................................................................. 37

4.4 ANÁLISE POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) ........ 37

4.5 ENSAIOS DE TRAÇÃO ..................................................................................................... 37

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................................................. 39

5.1 PARÂMETROS TÉRMICOS ............................................................................................. 39

5.2 ESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO ............................................................................ 40

5.2.1 Macroestrutura ........................................................................................................ 40

5.2.2 Microestrutura ........................................................................................................ 41

5.3 ANÁLISES POR DRX E FRX ........................................................................................... 45

5.4 ANÁLISE POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA ....................... 47

5.5 ENSAIO DE TRAÇÃO ....................................................................................................... 48

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................................................................ 52

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................. 53

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................... 54

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos as ligas Pb-Sn têm sido extensivamente aplicadas, pois

possuem excelentes propriedades para utilização como interconexão (solda) de

dispositivos microeletrônicos em placas de circuito impresso ou equivalentes.

Principalmente nos últimos anos, onde a tecnologia tem avançado buscando

aprimorar a indústria microeletrônica. Essas ligas possuem baixo ponto de fusão,

baixo custo e bom molhamento em substratos metálicos usados na indústria

eletrônica, principalmente nos substratos de cobre (Cu) (ABTEW; SELVADURAY,

2000; A ME; SA A A, 2011) o entanto, novas diretrizes comerciais foram

estabelecidas no sentido de restringir/proibir o uso de Pb em processos produtivos.

A justificativa está relacionada às características inerentes a esse material, que vão

contra as regulamentações ambientais. Em função, da alta toxicidade do chumbo,

que pode causar consequências à saúde (MA; SUHLING, 2009; WU et al., 2004).

Devido a essa restrição, as indústrias voltadas ao ramo de processos de

junção tipo brasagem e também os centros de pesquisa, em todo o mundo,

passaram a desenvolver novas ligas livres de chumbo. Tem-se observado que

juntas brasadas de ligas do sistema Sn-Sb são empregadas em aplicações

eletrônicas (DIAS et al., 2015). Estas ligas exibem propriedades superiores de

resistência à tração e à fluência sobre a liga eutética Sn-Pb, além de ser uma

solução de baixo custo (MATHEW et al., 2005; ALAM; NAI; GUPTA, 2009). Uma

desvantagem é o alto ponto de fusão, o que causa dificuldades nas condições de

fabricação. No entanto, essa desvantagem, permite que estas ligas sejam

adequadas para aplicações em altas temperaturas (230 a 350°C), tornando-as

potenciais candidatas para substituir as ligas de alta temperatura mais comuns, que

são as ligas contendo cerca de 85-97% em peso Pb (CHEN et al., 2006; ALAM; NAI;

GUPTA, 2009; EL-DALY.; SWILEM; MOHAMAD, 2009).

Muitos estudos apresentaram resultados de solidificação unidirecional de ligas

peritéticas, realizadas em condições de regime permanente de solidificação, onde

tanto velocidade (v) quanto gradiente térmico (G) podem ser controlados de forma

independente ao longo do processo. A solidificação unidirecional de ligas peritéticas

em condições de fluxo de calor transitório - condição da maioria dos processos

industriais de solidificação, onde a velocidade de solidificação e gradiente são

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fatores interdependentes e não podem ser controlados individualmente - não tem

sido objeto de estudos experimentais sistemáticos. Condições de resfriamento a

partir do líquido fora de condições termodinâmicas de equilíbrio podem ‘bloquear’ a

reação peritética resultando em microestruturas diversas das previstas pelos

diagramas de equilíbrio.

Trabalhos na literatura reportam a solidificação de ligas metálicas com

transição celular-dendrítica, como Al-Si (GOMES, 2012; ROSA, 2007; REYES, 2016)

e ligas à base de Sn (XAVIER, 2018; DIAS, 2016). Estes autores relataram que a

transição afetou as propriedades finais do material. Xavier (2018) examinou os

arranjos microestruturais formados durante a solidificação direcional transitória das

ligas Sn-0,2%Ni e Sn-0,5%Ni. Na liga Sn-0,2%Ni, houve uma predominância da

fase eutética de não equilíbrio NiSn4 com morfologia do tipo placas. Quanto à liga

Sn0,5%Ni, apresentou uma transição de células do tipo placa para células de alta

taxa de resfriamento.

A pesquisa mais recente com ligas Sn-Sb para a finalidade mencionada foi

desenvolvida por Dias et al. (2016). Os autores investigaram o efeito de parâmetros

térmicos e do teor de antimônio na microestrutura de ligas Sn-Sb quase peritéticas

(2 e 5,5%Sb, em peso) solidificadas direcionalmente sob condições transitórias de

fluxo de calor. Estes relataram que uma transição reversa celular-dendrítica foi

observada para a liga Sn-5,5%Sb mesmo para valores moderados de velocidade de

deslocamento da isoterma liquidus (VL> 0,4 mm/s) e de taxas de resfriamento (ṪL >

1,2°C/s). Para a liga Sn-2%Sb, houve a obtenção de uma microestrutura

completamente celular. Em relação a resistência mecânica e à ductilidade, a liga Sn-

2%Sb não foi afetada pela escala microestrutural (espaçamento celular e dendrítico),

enquanto que a liga Sn-5,5%Sb, apresentou variação considerável dessas

propriedades.

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2 OBJETIVOS

Devido à importância da análise de ligas de brasagem livres de chumbo, para

aplicações em altas temperaturas, o presente projeto buscou realizar o estudo da

solidificação direcional da liga Sn-2%Sb sob condições transitórias de fluxos de

calor, a fim de encontrar inter-relações entre características microestruturais

(espaçamentos celulares e/ou dendríticos), parâmetros térmicos (taxa de

resfriamento e velocidade de solidificação) e propriedades mecânicas (limite de

resistência à tração (σt) e alongamento específico-δ) que auxiliem nas condições de

processamento de ligas Sn-Sb para aplicações em componentes eletrônicos. Para

realizar esse objetivo geral, as seguintes metas foram estabelecidas:

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Analisar os parâmetros térmicos de solidificação, como: velocidade de

deslocamento da isoterma liquidus (VL) e taxa de resfriamento (ṪL), obtidos

através dos registros térmicos realizados ao longo do lingote, em posições

pré-determinadas;

2. Avaliar o efeito dos valores de VL e ṪL na evolução da macroestrutura e das

microestruturas de solidificação na liga Sn-2%Sb devido ao recobrimento

chapa molde de aço carbono 1020, por meio da quantificação dos parâmetros

microestruturais (λ1, λC);

3. Fazer o levantamento das leis de crescimento dendrítico para a liga Sn-

2%Sb, comparando-as com as leis de crescimento celular presentes na

literatura;

4. Estudar as correlações experimentais entre parâmetros microestruturais e

propriedades mecânicas (leis tipo Hall-Petch), considerando as morfologias

de crescimento dendrítica e celular.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 SOLIDIFICAÇÃO DE METAIS E LIGAS

A solidificação é uma etapa necessária para fabricação de produtos

metálicos. Esse processo consiste numa transição, onde ocorre à mudança de fase

do estado líquido para sólido, caracterizado por gerar mudanças nas propriedades

dos materiais, através da modificação da microestrutura. De forma prática, esse

método se dá pelo vazamento do metal líquido em moldes ou lingoteiras, a uma

temperatura acima da temperatura de transformação líquido/sólido, para que o metal

possa se acomodar no molde antes do início da solidificação. O contato metal/molde

promove a liberação de calor latente, a uma temperatura determinada ou em um

intervalo de temperaturas, essa taxa de calor tem relação direta com os parâmetros

térmicos de solidificação: velocidade de avanço da isoterma liquidus (VL) ou frente

eutética (VE), gradiente térmico (G) e taxa de resfriamento (Ṫ). A Figura 1 expressa

esquematicamente a sequência dos fatores e eventos presentes na solidificação,

desde o metal líquido até o produto final (GARCIA, 2007).

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Figura 1 - Fluxograma de fatores e eventos ocorridos durante a solidificação de um metal

(GARCIA, 2007).

Experimentalmente, a técnica de solidificação direcional é bastante utilizada

em estudos de caracterização da macroestrutura e microestrutura, nas análises

térmicas (transferência de calor durante a solidificação), propriedades mecânicas e

de análise da composição de ligas metálicas, especialmente não ferrosas. Neste

âmbito, pode-se destacar dois segmentos de estudos: i) a técnica

Bridgman/Stockbarger que trata a solidificação em condições estacionárias de fluxo

de calor, onde o gradiente de temperatura (G) e a velocidade de crescimento (v) são

controlados de forma independente e mantidos constantes durante todo o processo

(XAVIER, 2018; GARCIA, 2007; GRUGEL, 1993); e ii) a técnica de solidificação em

condições transitórias de fluxo de calor, onde tanto os parâmetros térmicos de

solidificação quanto microestrutura serão funções do tempo e da posição dentro do

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metal. Nestas condições, inclui-se a maioria dos processos industriais que envolvem

a solidificação de metais e ligas, por isso são muito importantes (ROSA, 2007;

GARCIA, 2007; KURZ; FISHER, 2005; SILVA, 2016).

A Figura 2 apresenta formas de transferência de calor que podem ocorrer ao

longo da solidificação, direcional vertical ascendente, são elas: condução térmica no

metal e no molde, transferência newtoniana nas interfaces metal/molde, convecção

no metal líquido e na interface molde/ambiente e radiação térmica do molde para o

ambiente. A análise da transferência de calor na solidificação consiste

essencialmente em determinar a distribuição das temperaturas no sistema metal /

molde e a cinética de solidificação (DIAS, 2016; GARCIA, 2007).

Figura 2 - Modos de transferência de calor atuantes no sistema metal/molde (DIAS, 2016).

3.2 INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS TÉRMICAS DE SOLIDIFICAÇÃO

A microestrutura final da liga é determinada pelos parâmetros térmicos de

solidificação, para determinada composição química. O conhecimento dos

parâmetros influencia diretamente nas propriedades mecânicas e de fabricação, pois

afetam a redistribuição de soluto e a morfologia da interface sólido/líquido, definindo

a microestrutura, que pode ser: planar, celular ou dendrítica, sendo a dendrítica a

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mais encontrada nas ligas metálicas (ROCHA, 2003). Considerando a influência das

variáveis de solidificação, estudos desenvolvidos por Garcia (2007), afirma que

igualando a temperatura da ponta da dendrita (interface sólido/líquido) à temperatura

liquidus, é possível determinar a velocidade de solidificação (ou velocidade de

avanço da isoterma liquidus - VL), ou seja, a velocidade da ponta da dendrita será

igual a VL.

Levando em conta os processos de solidificação, mencionados anteriormente,

em regime estacionário, os valores de VL e GL são controlados independentemente e

outras condições podem ser produzidas para instabilizar a interface plana. Desta

forma, reduzindo o valor de GL/VL, seja por uma diminuição do gradiente de

temperatura no líquido ou por meio da elevação da velocidade, a região super-

resfriada é estendida e ocorre a instabilidade da interface plana, resultando na

formação de estruturas celulares. Reduzindo-se ainda mais os valores de GL/VL,

pode ser observada uma transição, onde as células anteriormente formadas

começam perder a forma circular original, e passa a apresentar uma configuração

dendrítica, essa transição celular/dendrítica ocorre até o grau de instabilidade

provocar a formação de estruturas completamente dendríticas (ROCHA, 2003;

PERES; SIQUEIRA; GARCIA, 2004).

Nas condições transitórias de extração de calor, a velocidade de solidificação

e o gradiente térmico são interdependentes (não podem ser controlados e variam

continuamente ao longo do processo), dificultando a avaliação da evolução

microestrutural. Materiais que apresentam microestruturas completamente celulares

ou dendríticas apresentam alguns parâmetros de análise, que são: espaçamentos

intercelulares (λC), interdendríticos primários (λ1), secundários (λ2) e terciários (λ3). A

microestrutura, combinadas à distribuição de defeitos e heterogeneidades químicas,

ilustrada na Figura 3, são responsáveis pela formação das propriedades mecânicas

resultantes.

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Figura 3 - Representação esquemática de aspectos contidos na microestrutura de um

componente solidificado (XAVIER, 2018).

3.3 MICROESTRUTURAS DE LIGAS MONOFÁSICAS

A microestrutura de um metal puro é composta por apenas um tipo de átomo,

apresentando grãos com diferente orientação cristalográfica. Uma nova fase é

formada pela adição de outros elementos, que provocam alteração na rede cristalina

inicial. A escala em que é permitida a variação das proporções dos constituintes é

limitada, dependendo da solubilidade dos elementos em estudo, no estado sólido.

Alguns casos apresentam uma afinidade completa entre os dois elementos, levando

a formação de uma única fase para todo o intervalo de composição, como ocorre

com ligas Ag-Au e Cu-Ni, denominadas monofásicas (GARCIA, 2007).

No processo de solidificação de uma liga monofásica, a rejeição do soluto ou

do solvente à frente da fronteira sólido/líquido dá início ao fenômeno de super-

resfriamento constitucional (SRC). A morfologia gerada depende do valor do SRC,

por ordem crescente desse valor, são denominadas: planar, celular e dendrítica.

Alguns fatores influenciam na formação da microestrutura: concentração de soluto

(C0), velocidade de deslocamento da fronteira de solidificação (VL), e o gradiente

térmico (GL), como apresentado de forma esquemática na Figura 4.

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Figura 4 - Representações esquemáticas da atuação dos fatores de influência na formação

das microestruturas de solidificação (adaptado de GARCIA, 2007).

O aumento do valor de SRC induz instabilidades de maior ordem, gerando o

surgimento de braços secundários que caracterizam as redes dendríticas. As

distâncias entre centros de células e de ramificações ou braços dendríticos são

definidas como espaçamentos intercelulares e interdendríticos, que são muito

utilizados para caracterizar quantitativamente a microestrutura formada, conforme

apresentados na Figura 5.

A estrutura celular é formada quando o SRC é suficiente para iniciar o

processo de instabilização da interface S/L, onde ocorre o crescimento de uma

protuberância que rejeita o soluto tanto longitudinalmente (à frente da interface)

quanto lateralmente. Isto, provoca uma concentração maior de soluto nas regiões

laterais e a protuberância adquire uma forma estável, esse fenômeno pode ser

estendido para toda a interface, conforme Figura 6. Essa microestrutura é

caracterizada pelos seguintes aspectos: a superfície da célula é convexa em direção

ao líquido, para sistemas com coeficiente de destruição de soluto menor que 1, uma

maior quantidade de soluto se concentra nas paredes das células, e para sistemas

com o coeficiente maior que 1, a concentração de soluto é maior no centro das

células (GARCIA, 2007; STEFANESCU, 2015).

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Figura 5 - Esquema representativo do crescimento de ramificações dendríticas, definindo

espaçamentos entre braços dendríticos primários (λ1), secundários (λ2) e terciários (λ3).

(KURZ; FISHER; 1992).

Figura 6 - O esquema apresenta o a) e b) desenvolvimento de uma interface celular, c)

interface celular de uma liga do sistema Pb-Sn (Adaptado de GARCIA, 2007).

Para o caso da estrutura dendrítica o crescimento de células regulares ocorre

a baixas temperaturas e perpendicular à interface sólido/líquido, no sentido da

extração de calor. Reduzindo o gradiente de temperatura no líquido e aumentando a

velocidade, a região super-resfriada constitucionalmente é estendida e a célula

começa a mudar suas características. A direção cristalográfica preferencial influencia

o crescimento nesse sentido, ao mesmo tempo em que a seção transversal da

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célula começa a modificar a forma original, passando a apresentar uma configuração

do tipo cruz de malta Figura 7. Quanto maior a velocidade de crescimento, começam

a aparecer ramificações (braços secundários), definindo claramente o tipo de

estrutura dendrítica (GARCIA, 2007; FLEMINGS, 1974).

A transição celular-dendrítica inicia da influência do fator cristalográfico e tem

fim quando a direção preferencial de crescimento é atingida e os braços dendríticos

secundários estão bem definidos.

Figura 7 - Esquema de mudança morfológica na estrutura de crescimento à medida que a

velocidade é aumentada: a) crescimento celular regular em baixas velocidades; b)

crescimento celular com alteração na direção de crescimento; c) transição celular-dendrítica;

e d) crescimento dendrítico com início de formação de instabilidades laterais (Adaptado de

GARCIA, 2007).

3.4 SISTEMAS PERITÉTICOS

As reações peritéticas estão presentes em diversos sistemas binários de

interesse prático, principalmente em aplicação industrial, como, por exemplo: ferro-

carbono, cobre-estanho, ferro-níquel e outros. A reação peritética faz parte dos

sistemas complexos, que apresentam mais de um tipo de reação invariante,

envolvendo três fases em equilíbrio. Nesta reação, uma fase líquida (𝐿) reage com

uma fase sólida (α) formando durante a solidificação uma outra fase sólida (β) Essa

transformação é representada pela seguinte forma: 𝐿 + α → β

Os sistemas peritéticos podem ser caracterizados por três diferentes tipos de

diagramas de fases:

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i) Primeiro tipo, representado na Figura 8a, as linhas β-solidus e β-solvus

possuem inclinação de mesmo sinal, formando durante o resfriamento uma reação

peritética invariante do tipo 𝐿 + α → α + β

ii) o segundo diagrama (Figura 8b), as linhas β-solidus e β-solvus possuem

inclinação de sinais opostos, dando origem a uma reação invariante do tipo 𝐿 + α →

β, típico de ligas metálicas, assim como o primeiro tipo

iii) Por fim, a Figura 8c apresenta uma região de pouca ou nenhuma

solubilidade, e também apresenta uma reação invariante 𝐿 + α → β, nesse caso

forma-se uma fase β composta com uma terceira fase γ Diagrama visto para ligas

magnéticas e materiais cerâmicos (STEFANESCU, 2009; ASM Handbook Vol. 9,

2004).

Figura 8 - Tipos de diagramas de fases peritéticos (Adaptado de STEFANESCU, 2009).

As microestruturas obtidas a partir da solidificação peritética, podem ser

diversas, como: frente plana, celular, bandas, lamelas, estruturas tipo eutéticas, e

estruturas celulares-dendriticas. Essa formação de estrutura depende, sobretudo, da

razão entre o gradiente térmico e a velocidade de solidificação (GL/VL), e das

condições de nucleação (STEFANESCU, 2009).

3.4.1. Solidificação de ligas peritéticas em equilíbrio

O diagrama da Figura 9a representa a solidificação de uma liga que resulta

numa reação peritética. Em condições de equilíbrio, no resfriamento a partir do

estado líquido, o primeiro sólido a se formar terá composição α1 à temperatura 1, à

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continuidade do resfriamento aumenta a produção fase α com composições

estabelecidas pela linha solidus, enquanto o líquido se enriquece de soluto de

acordo com a linha liquidus A fase β é nucleada quando na temperatura P o

patamar peritético é alcançado este ponto não haverá mais a fase α, que é

dissolvida na fase líquida Lp conforme a regra das fases (F = C − P + 1) A formação

de βp e a dissolução de α ocorrem de forma simultânea βp ocorrem

simultaneamente, como na Figura 9b que ilustra a reação peritética no equilíbrio

para essa liga de composição C0 (GARCIA, 2007).

Figura 9 - a) Diagrama de equilíbrio peritético e indicação da composição C0; b) Idealização

da formação estrutural na transformação peritética (DIAS, 2016).

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3.4.2. Solidificação de ligas peritéticas fora do equilíbrio

As condições de resfriamento fora do equilíbrio, são mais similares à prática

de fundição e lingotamento. Considerando-se a mesma liga solidificada de

composição nominal C0 (Figura 10a) nessas novas condições, pode-se notar que

quando o resfriamento atinge a região de coexistência de α + 𝐿 , os cristais de α

nucleiam no líquido e crescem de forma dendrítica, que apresentam diferenças de

concentração de sua superfície ao centro, pois a difusão no estado sólido não tem

tempo de eliminar gradientes de concentração. Quando o peritético é atingido,

ocorre dissolução nas superfícies das ramificações dendríticas, e nessas mesmas

superfícies a fase β é solidificada a partir do líquido de composição LP

Essas regiões são energeticamente mais favoráveis à nucleação heterogênea

da fase β do que a simples nucleação homogênea no líquido sem apoio do substrato

sólido. Na temperatura peritética, a fase α fica isolada do líquido e envolvida por uma

camada de fase β, como o líquido fica separado da fase α, a reação peritética é

paralisada. O líquido remanescente tem composição LP e fica em contato com

sólido de composição βp Com continuidade do resfriamento a única solidificação

possível é da fase β e como novamente não haverá tempo para que a difusão no

estado sólido possa homogeneizar as ramificações dendríticas dessa fase, elas

apresentarão diferenças de composição da superfície ao centro (Figura 10a).

A Figura 10b mostra que a análise térmica da reação peritética fora do

equilíbrio não apresenta patamar peritético, já que durante o resfriamento a reação

peritética é rapidamente bloqueada. Diferente do que acontecia em condições de

equilíbrio (GARCIA, 2007).

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Figura 10 - a) Formação estrutural na transformação peritética em condições fora do

equilíbrio; b) Curva de resfriamento esquemática correspondente (DIAS, 2016).

3.5. LIGAS ALTERNATIVAS DE LIVRES DE Pb

A brasagem é um processo de soldagem onde se utiliza a adição de um metal

diferente dos metais base. As partes a serem unidas são preenchidas, na região da

folga entre as peças, por capilaridade pela liga de solda líquida, sem que ocorra

fusão entre o material base e o de adição. Essa junção se dá a baixas temperaturas,

acima de 450 °C e abaixo do ponto de fusão dos metais a serem unidos, e devido a

essa característica são inseridos na composição do metal de adição elementos

como: chumbo, estanho, índio, bismuto, cádmio entre outros, que possuem baixo

ponto de fusão (BRANDI, 2012).

Neste contexto, o processo de soldagem branda (brasagem fraca) é muito

importante industrialmente, sendo bastante utilizado na produção de equipamentos

com tecnologia de ponta, principalmente quando envolvem indústrias elétrica e

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eletrônica, na soldagem de placas de circuitos impressos, de componentes,

microeletrônicos, sensores e em ligações de terminais elétricos. No entanto, muitos

dos elementos utilizados na liga de solda, anteriormente citados, possuem alta

toxicidade (principalmente o chumbo) causando a contaminação de águas e/ou solo,

gerando problemas ambientais e de saúde (BELYAKOV, 2013; BRESCIANI, 1992).

Diante dessa problemática, foi impulsionado um movimento em direção ao

uso de ligas sem chumbo na indústria microeletrônica, sobretudo por políticas de

saúde e meio ambiente (ROHS, 2006). Em alguns países, já pode ser observada à

fabricação de produtos eletrônicos com ligas sem chumbo, mas estudos ainda vêm

sendo desenvolvidos com perspectivas de um futuro mais sustentável no setor

tecnológico. Com base nisso, diversas investigações vêm sendo trabalhadas em

ligas à base de Sn, com intuito de substituir as tradicionais e populares ligas de Sn-

Pb.

O potencial do estanho, como base da composição de ligas de solda para

aplicações eletrônicas, vem do seu comportamento em relação a molhabilidade e

difusibilidade. Este elemento apresenta ponto de fusão médio (PFSn=231°C) e

quando em estado sólido pode assumir as formas cristalinas cúbicas para a fase

estanho cinza (Sn-α), estável abaixo de 13°C; e tetragonal de corpo centrado para

estanho branco (Sn-β), fase estável a temperatura ambiente (FIOR CCI;

BENEDETTI FILHO; OLIVEIRA, 2012).

A seleção da liga, para aplicação de soldagem por brasagem de eletrônico,

leva em consideração a critério de comparação principalmente as propriedades das

ligas de Sn-Pb, mas também avalia os custos de fabricação, a disponibilidade da

matéria prima e as características de molhamento. Algumas características são

importantes nas ligas livres de Pb, elas devem possuir baixas temperaturas de

trabalho durante operações de conexão com objetivo de evitar danos à placa de

circuitos, entretanto essas devem ser altas suficientes para fundir e molhar os

componentes da placa no decorrer do processamento. Além disso, necessitam de

uma adequada resistência mecânica e condutividade elétrica. A formação de uma

junta soldada depende ainda das reações de interface, que envolvem o crescimento

de intermetálicos e dissolução parcial do substrato (BRESCIANI, 1992;

HANDWERKER; KATTHER; MOON, 2004; SPINELLI, 2005). Como exemplo do

resultado desse processo, pode ser observada a Figura 11 que apresenta uma junta

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soldada em um componente eletrônico, destacando as diferentes escalas de

observação.

Figura 11 - Diferentes escalas envolvidas na soldagem de microeletrônicos: a) equipamento

eletrônico (monitor), b) processador soldado a uma placa de circuito impresso, c) seção

transversal da junta soldada, e d) detalhe da interface entre a liga de solda e o substrato

(BELYAKOV, 2013).

As ligas a base de estanho possuem propriedades interessantes para

substituição de ligas contendo chumbo, por isso têm sido bastante investigadas em

diversos trabalhos que buscam propor soluções para a mesma problemática, com

ligas binárias de Sn-Ni (XAVIER, 2018); Sn-Sb (DIAS, 2016); Sn-Bi (SILVA, 2016);

Sn-Mg (CRUZ, 2016). No entanto, investigações com ligas de Sn-Sb ainda se

mostram bastante escassas na literatura.

O antimônio é um elemento da família 5A, que em temperatura ambiente

encontra-se no estado sólido, apresentando algumas características, como material

fundível, quebradiço, branco prateado, com uma baixa condutividade térmica e

elétrica, e evapora em baixas temperaturas. Este elemento semi-metálico

(metalóide) se parece com os metais no aspecto e nas propriedades físicas, mas

quimicamente não se comporta como eles. Pode ser atacado por ácidos, oxidantes e

halogênios. O antimônio é bastante aplicado em ligas metálicas por promover uma

melhoria das propriedades, aumentando consideravelmente a dureza e a resistência

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mecânica. Desta forma, estimasse resultados positivos de sua combinação nas

ligas de Sn-Sb (YUAN et al., 2011; SHOTYK; KRACHLER; CHEN, 2004).

A Figura 12 apresenta um diagrama parcial de fases para o sistema Sn-Sb,

em sua análise pode ser observada a ocorrência de um ponto peritético para 11,55%

Sb (% em peso), apresentando ainda duas soluções sólidas: uma delas rica em Sn e

outra solução sólida intermediária (SnSb). No entanto, estudos baseados em

cálculos termodinâmicos suplementados, desenvolvidos por Chen et al. (2008),

indica à presença da fase Sb2Sn3 estável até à temperatura ambiente.

Figura 12 - Diagrama parcial de fases para o sistema Sn-Sb (DIAS, 2016).

A Figura 13 mostra uma comprovação da presença de fase Sb2Sn3 em

temperatura ambiente, através de resultados de análise térmica diferencial,

micrografias e dados de difração de raios-X.

Dias et al. (2016) investigaram o efeito de parâmetros térmicos e teor de

antimônio na microestrutura de ligas Sn-Sb quase peritéticas (2,0 e 5,5% em peso

Sb) solidificadas direcionalmente sob condições transitórias de fluxo de calor. Esses

autores relataram que uma transição reversa celular-dendrítica foi observada para a

liga Sn-5,5%Sb mesmo para valores moderados de crescimento (VL>0,4mm/s) e

Teor de Sb (% em peso)

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taxas de resfriamento (ṪL >1,2°C/s). Para a liga Sn-2%Sb, foi obtida uma

microestrutura celular completa (Figura 14).

Figura 13 - Diagrama de fases para o sistema Sn-Sb (OKAMOTO,2012).

Figura 14 - Microestruturas transversal e longitudinal das ligas (a) Sn-2%Sb e (b) Sn-5%Sb

(DIAS, 2016).

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4 METODOLOGIA

4.1. PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO

Nessa seção será apresentada uma descrição do processo solidificação

unidirecional da liga Sn-2%Sb. Para preparação da liga foram utilizados estanho

(99,96%) e antimônio (99,63%), em sua forma comercialmente pura, pesados em

quantidade correspondente a sua porcentagem (em peso) para a liga em estudo. As

etapas de preparação e fusão da liga Sn-2%Sb foram realizadas com a colaboração

do grupo M2PS/DEMA (Microestrutura e Propriedades em Processos de

Solidificação) no Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCar, sob a

coordenação do Prof. José Eduardo Spinelli.

Os parâmetros estruturais são diretamente afetados pelo comportamento

térmico do sistema-molde durante a solidificação. Para a liga trabalhada, foi utilizada

uma chapa-molde de aço carbono 1020, revestida com uma suspensão refratária

sílica-aluminosa. As paredes internas da lingoteira também foram internamente

revestidas com essa suspensão para minimizar a perda de calor e facilitar a

desmoldagem do lingote. A lingoteira possui 8 furos de 1,5mm de diâmetro em suas

laterais para a passagem de termopares que registram a evolução das temperaturas

do metal. Para a liga Sn-2%Sb foram utilizados termopares tipo J nas posições:

5mm, 10mm, 15mm, 20mm, 25mm, 43,5mm, 58,5mm e 74mm à partir da interface

metal/molde. A Figura 15 mostra um desenho esquemático do aparato experimental

utilizado.

Para fusão da liga foi usado um forno de indução. Nesse processo o metal

líquido é vertido na lingoteira, que se encontra acoplada ao dispositivo de

solidificação, promovendo a solidificação espontânea do metal. Com o intuito de

refundir o material, o sistema de aquecimento do dispositivo foi acionado (por

resistências elétricas). Desta forma, após a liga Sn-2%Sb atingir certa temperatura

(260°C), ou seja, a temperatura para um superaquecimento de aproximadamente

10% acima da temperatura liquidus (238°C), a solidificação direcional foi iniciada

através do acionamento de um jato d’água na parte inferior do molde Com isso, a

solidificação se desenvolveu de forma vertical, de baixo para cima. Os dados

coletados pelos termopares foram armazenados na memória de um computador e

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foram posteriormente utilizados para levantamento das variáveis térmicas de

solidificação.

Figura 15 - Dispositivo de solidificação unidirecional vertical ascendente.

4.2. CARACTERIZAÇÃO MACRO E MICROESTRUTURAL

Após a obtenção dos perfis térmicos, os lingotes obtidos foram seccionados

longitudinalmente ao meio através de uma serra fita modelo FM-500, sendo uma das

metades aproveitada para caracterização macroestrutural, que permite aferir os

efeitos da solidificação quanto à direcionalidade em que o processo ocorreu. E a

outra metade da peça usada na avaliação microestrutural, para investigar a

influência das variáveis de solidificação na constituição microestrutural final. A parte

central do lingote Sn-2%Sb foi utilizado para retirada dos corpos de prova de tração,

conforme será discutido em breve.

Para avaliar a macroestrutura do material, foi feito inicialmente a metalografia

do material, onde a peça cortada longitudinalmente teve sua superfície nivelada

através do lixamento manual com lixas de granulometria 180, 360, 420 e 600 mesh.

Em seguida, foi atacada quimicamente com uma solução aquosa de Nital (2%) -

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2mL de HNO3 + 98mL de álcool etílico. O ataque foi realizado na superfície da

amostra com auxílio de um algodão embebido no reagente químico, por cerca de 40

segundos, até a obtenção de uma macroestrutura de qualidade. Logo após, a

amostra foi lavada em água corrente e secada através de uma fonte externa. As

imagens da macroestrutura foram registradas a partir de um scaner ou câmera

digital.

Para o estudo microestrutural, considerando as seções transversais e

longitudinais, foram coletadas amostras do lingote Sn-2%Sb nas posições 5mm,

10mm, 15mm, 20mm, 30mm, 50mm, 70mm e 90mm da peça a partir da base do

lingote, conforme Figura 16. Os corpos de prova extraídos foram identificados com a

posição da superfície a ser analisada em relação à interface metal/molde e

embutidas para posterior preparação metalográfica.

Figura 16 - Esquema do processo de corte e preparação das amostras para ensaios

(Baseado em XAVIER, 2018).

Inicialmente foi feito o processo de lixamento com água, em modo manual,

seguindo a sequência de lixas com granulometria 180, 360, 420, 600, 1200 e 2000

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mesh, em lixadeiras manuais refrigeradas a água. Concluída essa etapa, as

amostras foram polidas com pasta de diamante de granulometria 1 e 0,25 µm e

também em suspensão aquosa de alumina de 1 µm. Obtendo-se uma superfície

adequadamente polida, as amostras foram atacadas quimicamente com uma

solução de 100 ml H2O + 5g FeCl3 + 5 ml HCl. Para promover o ataque, a amostra

foi submetida a uma imersão no reagente químico por cerca de 5-10 segundos,

retirada para um banho em água corrente e secada. As micrografias foram obtidas

através de um microscópio ótico da marca Nikon modelo Eclipse MA200. A partir das

imagens obtidas no microscópio ótico, os espaçamentos dendríticos primários (λ1)

e/ou celulares (λC) e secundários (λ2) foram medidos através do software Image J. O

processo de solidificação submete a amostra a um fluxo transitório de calor, que

pode acarretar em um crescimento irregular das dendritas, por este motivo, o

método do triângulo foi utilizado para medidas diretas dos espaçamentos dendríticos

primários (λ1) e/ou celulares (λC), fundamentado no critério da vizinhança, foram

realizadas com base na secção transversal. Para quantificar o espaçamento

dendrítico secundário (λ2) foi utilizado o método do intercepto, realizando as

medições de λ2 na secção longitudinal (Figura 17) (ROSA, 2007; GOMES, 2013).

Figura 17 - Método utilizado para quantificar os espaçamentos: (a) Celular λc, por análise

triangular, e dendríticos da (b) Seção transversal para medição de λ1; (c) Seção longitudinal

para medição de λ2 (SILVA, 2016).

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4.3. CARACTERIZAÇÃO POR DIFRAÇÃO DE RAIOS-X (DRX) E

FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X (FRX)

As análises de difração de raios-x foram realizadas em amostras retiradas de

posições específicas dos lingotes solidificados direcionalmente, quais sejam: 5mm,

30mm e 70mm. O difratômetro de raios-x utilizado é da marca Shimadzu, modelo

XRD-7000, com velocidade de varredura Rietveld (1°/min) e faixa angular padrão de

10º a 80º.

A análise elementar da liga Sn-2%Sb foi feita através da análise por

fluorescência de raios-X, técnica que permite identificar de forma quantitativa os

elementos presentes na liga. As posições analisadas foram as transversais 10mm,

20mm, 30mm, 40mm, 50mm, 60mm, 70mm, 80mm e 90mm ao longo do lingote Sn-

2%Sb. O equipamento utilizado é da marca Shimadzu modelo EDX-720.

4.4. ANÁLISE POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

A análise por MEV-FEG, modelo Zeiss Auriga 40, visa obter imagens

detalhadas das regiões dendríticas/celulares a fim de investigar as fases formadas,

morfologia e fração destas nas microestruturas finais em cada posição ao longo

lingote Sn-2%Sb. Foram realizadas análises por espectroscopia de energia

dispersiva (EDS), (marca Bruker, modelo Nano 410-M).

4.5. ENSAIOS DE TRAÇÃO

Os ensaios de tração foram realizados na Universidade Federal de São

Carlos, com apoio do grupo M2PS/DEMA (Microestrutura e Propriedades em

Processos de Solidificação) no Departamento de Engenharia de Materiais da

UFSCar, sob a coordenação do Prof. José Eduardo Spinelli. Para realizar os ensaios

de tração foram extraídos corpos de prova para diferentes posições ao longo do

comprimento do lingote Sn-2%Sb. Em cada posição (6mm, 20mm, 34mm, 48mm,

62mm, 76mm e 90mm), foram produzidas três amostras, conforme mostra o

esquema da Figura 18. Essas amostras foram preparadas de acordo com a norma

ASTM E 8M/04. O equipamento utilizado para os ensaios de tração é uma máquina

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universal de ensaios mecânicos Instron modelo 5500R com taxa de deformação de

3 x 10-3 s-1. A partir das curvas tensão-deformação, foi possível determinar o limite

de resistência à tração (σt) e alongamento específico (δ)

Figura 18 - Esquematização de retirada dos corpos de prova para ensaios de tração

(Baseado em XAVIER, 2018).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 PARÂMETROS TÉRMICOS DE SOLIDIFICAÇÃO

A Figura 19 mostra os perfis térmicos obtidos durante a solidificação

direcional da liga Sn-2%Sb, sendo cada curva equivalente a um termopar distribuído

ao longo do lingote Sn-Sb, em diferentes posições. Para obtenção desses dados foi

realizado um mapeamento do processo de evolução da temperatura nos

termopares, em função do tempo decorrente para solidificação da peça. A partir dos

dados indicados na Figura 19 pode-se obter a relação de posição (P) de cada

termopar em relação à interface metal/molde, em função do tempo de passagem da

isoterma liquidus (tL). Com isso, foi possível plotar as evoluções de velocidade da

isoterma liquidus (VL) e da taxa de resfriamento (ṪL) em função da posição ao longo

do lingote Sn-2%Sb.

0 100 200 300 400 500 600

100

120

140

160

180

200

220

240

260

280

300

Te

mp

era

tura

(°C

)

Tempo (s)

Posiçao dos termopares na interface metal/molde: 5mm 10mm 15mm 20mm

25mm 43.5mm 58.5mm 74mm

Sn-2%Sb~

Figura 19 - Perfis térmicos durante a solidificação direcional da liga Sn-2%Sb.

Outro parâmetro importante é a velocidade de deslocamento da isoterma

liquidus e a taxa de resfriamento, que são apresentadas na Figura 20, variando com

a posição no lingote. Nota-se, que à medida que se afasta da base refrigerada os

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valores decaem, apresentando uma sucinta tendência a resultados mais próximos

nas posições mais afastadas, mas sempre exibem uma considerável diferença entre

os valores. Comparando as velocidades de deslocamento da isoterma liquidus para

a liga em estudo com os resultados apresentados na tese de Dias (2016), a liga

trabalhada no presente experimento apresenta velocidades menores. O mesmo

ocorre com os valores de taxa de resfriamento.

0 10 20 30 40 50 60 70 80

0,0

1,0

2,0

3,0

~

TL = 8 (P)

-1.32 - baixo X - esquerda Y

VL = 0.4 (P)

-0.2 - cima X - direita Y

Sn-2%Sb

Ta

xa

de

re

sfr

iam

en

to, T

L (

°C/s

)

~

80 70 60 50 40 30 20 10 0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Posiçao, P (mm)

Ve

locid

ad

e d

a iso

term

a liq

uid

us, V

L (

mm

/s)

Posiçao, P (mm)

Figura 20 – Variação da taxa de resfriamento (ṪL) e da velocidade de deslocamento da

isoterma liquidus (VL) com a posição no lingote liga Sn-2%Sb.

5.2 ESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO

5.2.1 Macroestrutura

A preparação metalográfica permitiu à observação da macroestrutura

revelada no lingote unidirecional da liga de Sn-2%Sb, como mostrado na Figura 21.

O resultado mostra que ocorreu um crescimento direcional, com morfologia colunar e

vertical dos grãos, propiciados pela extração de calor unidirecional ascendente,

desde a base e ao longo do comprimento do lingote.

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40

Figura 21 - Macroestrutura longitudinal da liga Sn-2%Sb.

5.2.2 Microestruturas

A Figura 22 mostra as microestruturas transversais e longitudinais obtidas

para a liga Sn-2%Sb. Observa-se que para as regiões mais próximas da base

refrigerada apresentam uma fase β-Sn, onde pode ser notada uma microestrutura

celular, para taxas de resfriamento de 2,7 °C/s (baseado na lei experimental da

solidificação) e 1,1 °C/s, obtido a partir dos dados apresentadas na Figura 20. As

microestruturas são constituídas por uma matriz rica em Sn (fase β-Sn) circundada

pela fase Sn-Sb (α) (regiões mais escuras na Figura 23). A zona correspondente a

altas taxas de resfriamento e altas velocidades de deslocamento da isoterma

liquidus desenvolve estruturas de interface muito finas durante o processo de

crescimento, as quais tornam mais favorável ao desenvolvimento de estruturas

celulares. Na posição a cerca de 5 mm da superfície resfriada (isto é, ṪL= 1,1 °C/s),

a microestrutura começa a revelar o aparecimento de microestruturas dendríticas,

caracterizadas por perturbações iniciais no padrão celular. No entanto, o

crescimento efetivo dos ramos laterais é mais notável para as posições associadas

com taxas de resfriamento variando entre 0,3 °C/s e 1,0 °C/s, mas ocorrendo em

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concorrência com o crescimento celular. Essa zona microestrutural foi definida como

zona de transição celular/dendrítica.

Figura 22 - Crescimento de células β-Sn nas posições iniciais do lingote Sn-2%Sb. As

imagens ópticas estão relacionadas aos parâmetros térmicos alcançados: (a, b) ṪL = 2,7

°C/s; VL = 0,31 mm/s e (c, d) ṪL = 1,1 °C/s; VL = 0,27 mm/s. T: amostras transversais e L:

amostras longitudinais em relação ao eixo vertical de crescimento microestrutural.

Um estudo anterior realizado com uma liga de Sn-0,2%Ni com solidificação

vertical ascendente, em um molde de aço refrigerado, demonstrou um valor crítico

de 1,2 °C/s para o predomínio da estrutura celular a altas taxas de resfriamento

(CRUZ, 2018), que é bastante semelhante aos resultados encontrados na presente

investigação. Ambos os estudos resultaram em uma fusão solutal e termicamente

estáveis, uma vez que a rejeição de Sb ou Ni na frente sólido-líquido induz a

incidência local de líquidos enriquecidos com soluto mais densos que o líquido

restante. A configuração do crescimento da base até o topo do lingote Sn-Sb

também resulta na elevação da temperatura a partir da frente de solidificação até ao

topo, inibindo a convecção para os dois casos.

(d)

500μm

500μm

100μm

L

(c)

100μm

100μm

(b

)

T T

100μm 500μm

500μm

L

(a)

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Resultados encontrados para condições instáveis de solidificação no que diz

respeito à convecção no líquido, em contraste, enfatizaram que a formação celular

pode ocorrer para taxas de resfriamento mais altas. Por exemplo, uma investigação

com a liga Sn-0,2%Ni solidificada direcionalmente (na vertical) contra molde de Cu

demonstrou crescimento celular para valores de ṪL> 5,5 °C/s (XAVIER, 2017). Outra

investigação (ROCHA, 2018) categorizou uma região de microestrutura

completamente celular acontecendo para valores de ṪL> 5,0 °C/s durante todo o

crescimento horizontal da liga Sn-2%Sb. Em ambos os casos, a microestrutura

celular está relacionada a altas taxas de resfriamento devido às fortes instabilidades

na interface sólido-líquido para condições de resfriamento mais lentas. No caso da

liga Sn-Ni, as instabilidades são motivadas pela dissolução do cobre no molde

dentro do líquido (TAKEMOTO, 2006). No caso do estudo com a liga Sn-2%Sb

(ROCHA, 2018), a configuração da direção do crescimento induz a convecção

térmica e de soluto na frente de crescimento, o que impede a morfologia celular de

ocorrer em condições de refrigeração mais lentas.

Para regiões mais distantes da superfície refrigerada do lingote Sn-Sb (isto é,

P>20 mm), a matriz começa a desenvolver uma microestrutura dendrítica como

mostrado na Figura 23, ocorrendo logo após a zona de transição. Isso caracteriza

inesperadamente, uma transição reversa celular-dendrítica. As micrografias na

Figura 23 mostram os braços secundários ramificando-se dos braços primários, o

que caracteriza muito claramente o desenvolvimento de um arranjo dendrítico. A

zona de microestrutura dendrítica ocorreu para ṪL<0,3 °C/s. O crescimento

dendrítico é retardado em comparação com resultados anteriores (ROCHA, 2018)

com a mesma liga solidificada horizontalmente. Neste caso, a taxa de resfriamento

crítica para obtenção da morfologia dendrítica é menor que 1,5 °C/s.

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Figura 23 - Crescimento da fase β-Sn na forma de dendritas para posições mais distantes

base refrigerada da liga Sn-Sb. As imagens ópticas estão relacionadas aos parâmetros

térmicos alcançados: (a, b) ṪL=0,25 °C/s; VL=0,22 mm/s e (c, d) ṪL=0,07 °C/s; VL=0,16 mm/s.

T: amostras transversais e L: amostras longitudinais em relação ao eixo vertical de

crescimento.

Existem poucas pesquisas dedicadas a entender o efeito da convecção no

líquido no espaçamento dendrítico primário/celular em ligas peritéticas. No caso da

liga Sn-2%Sb, a possibilidade é comparar às condições de solidificação executadas

no presente trabalho (convecção muito fraca no líquido) com aquela realizada por

Rocha et al. (2018) (forte convecção na fundição), que são bastante diferentes. As

relações da função de potência λ1=70(ṪL)-0.5 e λ1=118(ṪL)

-0.55 representam o

crescimento dendrítico para as amostras solidificadas com convecção fraca e forte

no líquido, respectivamente. Os expoentes são bastante semelhantes. No entanto,

os multiplicadores diferem em 70%. A convecção dá origem ao aumento da difusão

do soluto, reduzindo a camada limite do soluto (HU, 2011). Sob tais condições, as

camadas peritéticas finas formadas são preferencialmente dissolvidas devido às

fortes correntes de convecção. Como consequência, o crescimento lateral da fase α

(SnSb) é beneficiado, o que promove um aumento resultante em λ1. Além disso, a

dissolução da fase β no líquido restringe o mecanismo de nucleação de uma nova

500μm 500μm

(a) (c) T T

500μm 500μm

(b) (d) L L

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fase dendrítica primária em forma de bastões, diminuindo a fração de volume local

das dendritas.

10-2

10-1

100

102

103

Sn-2%Sb - Solidificaçao Ascendente

1 = 70 (T) -0.5

Transiçao

Dendritico

Espa

ça

me

nto

de

nd

ritico

pri

ma

rio

,

1 (m

)

Taxa de resfriamento, T (°C/s)

Celular

Morfologia dendritica na

solidificaçao horizontal

1 = 118 (TL) -0.55

~

~

(ROCHA, 2018)

~

`

Figura 24 - Variação do espaçamento dendrítico primário (λ1) com taxa de resfriamento para

a liga Sn-2%Sb.

5.3 ANÁLISES POR DRX E FRX

De acordo com a Figura 25 parece que a fase SnSb apresenta uma ligeira

tendência de maior fração volumétrica no início do lingote (5mm) e menor para as

posições mais afastadas da interface metal/molde (30 e 90mm). Por outro lado, a

fase β-Sn mostra-se mais presente para as posições mais afastadas da base

refrigerada o geral, pode ser confirmada a presença das fases SnSb e β-Sn, já

mencionadas anteriormente. A partir da Figura 26 é possível observar que não

houve uma variação significativa do antimônio (Sb) ao longo do lingote Sn-2%Sb,

apresentando um valor médio próximo de 2% (em peso).

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30 40 50 60 70 80

200

400

600

800

1000

1200

1400 Sn

SnSb

Inte

nsid

ad

e (

a.u

.)

Ângulo de difraçao, 2

Sn-2%Sb

P=5mm

TL= 1,1°C/s

P=30mm

TL= 0,09°C/s

P=90mm

TL= 0,02°C/s

~

Figura 25 - Difratogramas de Raios-X para as posições 5mm, 30mm e 90 mm ao longo do

lingote Sn-2%Sb.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

0,50

0,75

1,00

1,25

1,50

1,75

2,00

2,25

2,50

2,75

3,00

Te

or

de

Sb

(%

pe

so

)

Posiçao (mm)

Sn-2%Sb

~

Figura 26 - Perfil experimental de macrossegregação ao longo do lingote Sn-2%Sb. Onde P

é a posição a partir da interface metal/molde.

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5.4 ANÁLISE POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

Em processos industriais são comumente utilizadas taxas de resfriamento

relativamente altas, deixando evidente que à reação peritética é raramente

observada Isso ocorre porque β circunda α e a reação peritética é sufocada, uma

vez que L (líquido) não pode alcançar α (CAMPBELL, 2012) A liga Sn-2%Sb

apresenta uma composição monofásica e, possivelmente, tende a formar a fase β-

Sn antes que a reação peritética seja atingida. Devido à solidificação de não-

equilíbrio, a acumulação local de Sb à frente da interface de solidificação é induzida,

o que contribui para que a reação peritética ocorra. Pode ser observado que a

morfologia celular obtida para maiores taxas de resfriamento favorece o líquido a

atingir a fase α para produzir β Como resultado, camadas α mais finas relacionadas

à reação incompleta serão formadas como visto na Figura 27 (a, b). Por outro lado, a

morfologia dendrítica mais complexa tende a isolar a fase α do líquido e, como

resultado, a formação de β da reação peritética não pode mais ocorrer Camadas

mais espessas caracterizam a microestrutura resultante como observado na Figura

27 (c, d).

Figura 27 - Imagens MEV destacando os tamanhos das fases β-Sn e SnSb através das

microestruturas da liga Sn-2%Sb: (a, b) células, ṪL=1,1 °C/s; e (c, d) dendritas, ṪL=0,07 °C/s.

(a)

(c)

(b)

(d)

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5.5 ENSAIO DE TRAÇÃO

A Figura 28 (a) mostra curvas de tensão x deformação obtidas para amostras

associadas a diferentes taxas de resfriamento e microestruturas ao longo do lingote

Sn-2%Sb. Os dados apresentados na Figura 28 (a) são mostrados de forma

ampliada nas Figuras 28 (b), (c) e (d) para as taxas de resfriamento de 0,9 °C/s, 0,1

°C/s e 0,03 °C/s, respectivamente. Uma região de deformação homogêneo precedeu

o início do efeito de Portevin-Le Chatelier (PLC) nas amostras da liga investigada.

Com base na contagem das regiões serrilhadas formadas nos gráficos, observa-se

que a primeira banda média de PLC estava a 24% ± 3% de deformação. Ainda

pode-se notar que as bandas emergem aproximadamente para o mesmo nível de

deformação em todos os testes. A amplitude média do serrilhado aumenta com o

aumento do espaçamento celular/dendrítico (λ1), sendo os valores das amplitudes

médias experimentais, de: 1,2±0,3 MPa, 3,8±0,5 MPa, 4,1±0,1 MPa e 4,3±MPa para

as amostras com λc = 99,0 μm (células β-Sn), λ1=179 μm (dendritas β-Sn), λ1=225

μm e λc=261 μm, respectivamente Para maiores valores de espaçamento

(celular/dendrítico), maiores são as amplitudes geradas de banda PLC em

comparação com os menores espaçamentos. Além disso, o tipo de serrilhado muda

do tipo A nas amostras associadas à microestrutura celular para o tipo B nas

amostras de microestrutura dendrítica.

Pode-se assumir que a difusão induzida pela tensão é mais eficiente no caso

das amostras que apresentam espaçamento celular mais refinado. Assim, o soluto

está mais disponível para bloquear e liberar repetidamente os movimentos de

discordâncias durante a deformação no regime plástico. Como resultado, as bandas

PLC menores e mais espaçadas prevaleceram nas amostras com microestrutura

celular, como observado na Figura 28 (b).

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0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70

0

5

10

15

20

25

30

35

40~Posiçoes ao longo do comprimento da fundiçao:

6mm 48mm 90mmSn-2%Sb

Te

nsa

o,

(M

Pa

)

Deformaçao, (%)

(a)

~

~

|

25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

6mm

Efeito de Portevin–Le Chatelier

Te

nsa

o,

(M

Pa

)

Deformaçao, (%)

(b)

1,2 MPa

~

|

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49

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

48mm

Efeito de Portevin–Le Chatelier

Te

nsa

o,

(M

Pa

)

Deformaçao, (%)

4,2 MPa

~

|

(c)

25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

7

8

9

10

11

12

13

14

15

1690mm

Efeito de Portevin–Le Chatelier

Te

nsa

o,

(M

Pa

)

Deformaçao, (%)

(d)

3,2 MPa

~

|

Figura 28 – Nas imagens são mostrados (a) Curvas tensão x deformação típicas para a liga

Sn-2%Sb solidificada a três taxas de resfriamento diferentes; e (b, c, d) detalhes iniciais,

magnitudes e formas dos serrilhados nas curvas.

Os resultados dos ensaios de tração estão resumidos na Figura 29, onde o

limite de resistência à tração (σt) e o alongamento na fratura (δ) estão relacionados

com os espaçamentos dendríticos primários.Pode-se perceber que as mudanças no

espaçamento dendrítico não afetam a resistência mecânica da liga Sn-2%Sb, mas

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50

podem ter um impacto considerável na ductilidade. O melhor arranjo microestrutural

que combina resistência e ductilidade para a liga Sn-2%Sb é o celular, que possui

um valor de resistência à tração de 27MPa e uma ductilidade de 51%. Isso pode ser

explicado, pela prevalência de células muito pequenas ricas em Sn, reforçadas por

camadas SnSb de escala mais fina, encontradas para posições mais próximas do

lingote Sn-2%Sb.

0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16

5

10

15

20

25

30

35

40

u

, R

esis

tên

cia

à T

raça

o (

MP

a)

1/(1)0.5

( µm ) - 0.5

Sn-2%Sb(a)

Crescimento

CelularZona de transiçao

celular-dendritica

Crescimento

Dendritico ~

|

0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16

0

10

20

30

40

50

60

70

80

, A

lon

ga

me

nto

na

Fra

tura

(%

)

1/(1)1/2

( µm ) - 1/2

Sn-2%Sb

= -470 (11/2

) + 76: R2=0.85 (b)

Crescimento

CelularZona de transiçao

celular-dendritica

Crescimento

Dendritico

Figura 29 - (a) limite de resistência à tração (σt) e (b) alongamento (δ) em função do

espaçamento dendrítico primário/celular para a liga Sn-2%Sb.

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51

6 CONCLUSÃO

Com base nos resultados para a liga Sn-2%Sb solidificada unidirecionalmente

em condições transitórias de fluxo de calor, foram investigadas a evolução das

morfologias microestruturais; a escala da matriz β-Sn e as propriedades mecânicas

de tração. Com isso, pode-se destacar os seguintes pontos:

● Para taxas de resfriamento (ṪL) superiores a 1°C/s à matriz β-Sn apresentou

uma morfologia celular, mas após a transição inversa celular/dendrítica,

prevaleceu um padrão dendrítico para ṪL < 0,3°C/s. A microestrutura da liga

Sn-2%Sb é constituída por esta matriz β-Sn circundada pela fase Sn-Sb (α);

● As seguintes funções experimentais de potência, λ1=70 (ṪL)-0,5 e λ1=118(ṪL)

-

0,55, relacionam o espaçamento dendrítico primário (λ1) com a taxa de

resfriamento. Estas equações representam a evolução do crescimento

dendrítico para peças solidificadas sob condições fracas e fortes de

convecção no líquido, respectivamente;

● Os ensaios de tração foram caracterizados pela ocorrência do efeito Portevin-

Le Chatelier (PLC), em que um estágio de deformação homogêneo precedeu

o início das regiões serrilhadas de tensões. A amplitude média de serrilhados

aumentou com o aumento dos espaçamentos celulares/dendríticos e foi

menor nas amostras de microestrutura celular, quando comparada com a

morfologia dendrítica;

● O melhor arranjo microestrutural que combina resistência mecânica e

ductilidade foi o celular, que apresenta uma resistência máxima de 27MPa e

uma ductilidade de 51%, causado pela prevalência de células ricas em Sn

muito refinadas e reforçadas por camadas refinadas da fase SnSb.

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SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

- Realizar experimentos de solidificação direcional em regime transitório de

fluxo de calor contra chapa-molde de aço carbono com maior espessura de camada

isolante na liga Sn-2%Sb, com o objetivo de estudar uma microestrutura

completamente celular, correlacionando tamanho, distribuição e morfologias de

fases com as variáveis térmicas de solidificação e propriedades mecânicas de tração

e dureza. Além disso, realizar também uma comparação direta em termos de

microestrutura e propriedades com a morfologia dendrítica;

- Efetuar ensaios de molhamento na liga Sn-2%Sb com e sem recobrimento

de uma camada isolante, a fim de verificar a eficiência térmica em cada caso e

relacionar com os dados obtidos na solidificação direcional como a taxa de

resfriamento (Ṫ) e o coeficiente de transferência de calor metal/molde, hi.

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