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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO
ENGENHARIA DE PETRÓLEO
ESTUDO AVALIATIVO DA FORMAÇÃO DE HIDRATO EM LINHAS DE
ESCOAMENTO DE GÁS NATURAL
Thiago Gomes dos Santos
Orientador: Prof. Dr. Lindemberg de Jesus Nogueira Duarte
Natal/RN, Novembro de 2017
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
Thiago Gomes dos Santos
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Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
Thiago Gomes dos Santos
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SANTOS, Thiago Gomes dos. Estudo Avaliativo da Formação de Hidrato em Linhas de
Escoamento de Gás Natural. 45f. Trabalho de conclusão de curso - Curso de Engenharia de
Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, 2017.
RESUMO
___________________________________________________________________________
O estudo da formação de hidratos é tema recorrente devido os desafios impostos aos
sistemas de produção ou até mesmo de transporte de petróleo e gás, visando detalhamento das
variáveis operacionais desses fluidos. O presente trabalho traz uma abordagem sistemática
dos aspectos teóricos presentes na literatura que envolvem a formação de hidrato. A
metodologia e resultados apresentados englobam constituintes como: composição do
gás, pressão e temperatura do ambiente hidratado, conformações físicas de operação, presença
de contaminantes e quantidade de água em linhas de transmissão. É apresentada uma breve
contextualização de modelos matemáticos que alicerçam medidas para evitar o surgimento de
hidratos, assim como a utilização de ferramentas gráficas e software industrial que
possibilitam a plotagem de gráfico para obtenção de resultados e análise crítica deste
problema. E finalmente é feito um estudo de caso para injeção de inibidores de hidrato
que habilita os projetos da indústria de petróleo a operar em condições críticas de pressão e
temperatura.
Palavras-Chaves: Hidratos, modelos matemáticos, inibidores de hidrato.
Orientador: Prof. Dr. Lindemberg de Jesus Nogueira Duarte
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.2
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SANTOS, Thiago Gomes dos. Evaluative Study of Hydrate Formation in Natural Gas Flow
Lines. 45f. Term paper - Graduation course in Petroleum Engineering, Federal University of
Rio Grande do Norte, Natal, Brazil, 2017.
ABSTRACT
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The study of hydrate formation has great value due to the challenges imposed to the
production systems and transportation of Oil and Natural Gas. For that, the detailing of the
fluid’s operational variables is commonly pursued. This paper presents a systematic approach
of theoretical aspects in literature on hydrate formation. The methodology and results
presented comprise elements such as gas composition, hydrated environment’s pressure and
temperature, the presence of contaminants and the amount of water in flow lines. A brief
context of the mathematical models used to support measures to avoid hydrate formation is
presented, as well as the use of graphic tools and industrial software for graphs plotting in
order to obtain the results and to back the critical analysis of this paper. Finally, is made a
case study for the injection of hydrate inhibitor, that enables oil industry projects to operate in
critical conditions of pressure and temperature.
Keywords: Hydrate, mathematical models , hydrate inhibitors.
Tutor: Prof. Dr. Lindemberg de Jesus Nogueira Duarte
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar gostaria de agradecer a Deus, por estar presente em toda minha
trajetória de vida proporcionando coisas incríveis.
À minha família pelo apoio proporcionado em especial aos meus avós e pais.
Obrigado por me incentivar e pelo carinho em cada gesto de amor.
Aos meus colegas de curso pelas experiências trocadas ao decorrer desta vivência
acadêmica em especial a Aline, Clara, Francisco, Guilherme, Indianara, Marcelly, Olívia
e Thábata. Obrigado por transformar o caminho percorrido mais fácil, preenchendo
momentos de aflição com a alegria de vocês.
À equipe que dirige o curso de Engenharia de Petróleo pela UFRN pelos
esclarecimentos prestados em momentos de dúvidas.
À equipe de professores do curso de Engenharia de Petróleo, agradeço pelos
conhecimentos transferidos e experiências vividas. Em especial ao professor e meu orientador
deste projeto, Prof. Dr. Lindemberg de Jesus Nogueira Duarte.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos que amam e
expressam alegria em minhas conquistas. À minha vó
paterna Maria da Glória (in memoriam) que não
tivemos oportunidade de conviver por muito tempo, mas
admiro por toda minha vida. A vocês dedico minha
gratidão.
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_______________________________________________________________
SUMÁRIO
_______________________________________________________________
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
1.1. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................... 2
2. ASPECTOS TEÓRICOS .................................................................................................... 3
2.1 O GÁS NATURAL .......................................................................................................... 3
2.2 HIDRATO ........................................................................................................................ 5
2.2.1 ESTRUTURAS DO HIDRATO ................................................................................ 7
2.2.2 FORMAÇÃO DE HIDRATOS ................................................................................. 8
2.2.3 CINÉTICA DE FORMAÇÃO DOS HIDRATOS .................................................... 9
2.2.4 QUANTIDADE DE ÁGUA NAS LINHAS DE PRODUÇÃO DE GÁS .............. 10
2.2.5 TEMPERATURA DE FORMAÇÃO DE HIDRATO ............................................ 12
2.2.6. INIBIDORES ......................................................................................................... 12
3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................. 14
3.1 DADOS DO PROJETO ................................................................................................. 14
3.2 CÁLCULO DA MASSA DE ÁGUA CONDENSADA DO GÁS NATURAL ............ 15
3.3 MÉTODO TERMODINÂMICO SIMPLIFICADO ....................................................... 16
3.4 MÉTODO DE SLOAN .................................................................................................. 17
3.5 CÁLCULO DA TEMPERATURA DE FORMAÇÃO DE HIDRATO ......................... 18
3.6 SOFTWARE HYDRATE PLUS ..................................................................................... 18
3.7 CÁLCULO DE HINIBIDORES DE HIDRATO ........................................................... 19
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................................ 21
4.1 RESULTADOS PARA DENSIDADE DO GÁS ........................................................... 21
4.2 RESULTADOS DA TEMPERATURA DE FORMAÇÃO DE HIDRATO ................. 22
4.3 RESULTADOS PARA CÁLCULO DE MASSA DE ÁGUA CONDENSADA NO
GÁS NATURAL .................................................................................................................. 27
4.4 RESULTADOS INJEÇÃO DE INIBIDORES .............................................................. 29
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................ 32
5.1 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 32
5.2 RECOMENDAÇÕES ..................................................................................................... 33
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 34
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_______________________________________________________________
LISTA DE FIGURAS
_______________________________________________________________
Figura 2.1 - Sistema com gás associado.....................................................................................3
Figura 2.2- Sistema com gás não associado................................................................................4
Figura 2.3 - Cadeia produtiva do gás natural..............................................................................4
Figura 2.4 - Sólido cristalino de hidrato.....................................................................................5
Figura 2.5 - Hidrato sendo removido de dentro de uma tubulação de gás natural......................7
Figura 2.6- Estruturas de hidrato.................................................................................................8
Figura 2.7- Envelope de fases e curva de hidrato.......................................................................9
Figura 2.8- Gráfico de McKetta-Wehe.....................................................................................11
Figura 3.1- Dados operantes do Hydrate Puls..........................................................................19
Figura 4.1- Resultados para o modelo de Katz.........................................................................23
Figura 4.2- Simulação de resultados pelo software Hidrate Plus............................................24
Figura 4.3- Gráfico envolvendo temperatura de formação de hidrato e as condições de
operação....................................................................................................................................26
Figura 4.4- Representação da taxa de injeção de MEG em função da vazão de gás................30
Figura 4.5- Representação da taxa de injeção de etanol em função da vazão de gás...............30
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_______________________________________________________________
LISTA DE TABELAS
_______________________________________________________________
Tabela 3.1- Composição do gás................................................................................................14
Tabela 3.2- Condições de operação..........................................................................................15
Tabela 3.3- Coeficientes para a fórmula de Sloan....................................................................18
Tabela 3.4- Propriedades dos inibidores de hidrato..................................................................20
Tabela 4.1- Representação dos resultados para densidade do gás............................................21
Tabela 4.2- Resultados para temperatura de formação de hidrato............................................22
Tabela 4.3- Representação da diferença da TFH......................................................................24
Tabela 4.4- Comparação de resultados entre a correlação Safamirzaei e o software Hydrate
plus............................................................................................................................................25
Tabela 4.5- Dados de temperatura de formação de hidrato em pressões diversas....................26
Tabela 4.6- Resultados para o método de Sloan.......................................................................27
Tabela 4.7- Resultados para o modelo Termodinâmico Simplificado com dados de
plataforma.................................................................................................................................27
Tabela 4.8- Resultados para o modelo Termodinâmico Simplificado com dados nas condições
de temperatura mínima..............................................................................................................28
Tabela 4.9- Resultados para o inibidor MEG, vazão de 0,8 MMm³/dia...................................29
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_______________________________________________________________
LISTA DE SIGLAS
_______________________________________________________________
lbm
Pa
KPa
Psi
°C
°F
m3
𝐻2S
C𝑂2
𝑁2
C1
C2
C3
i-C4
n-C4
i-C5
n-C5
C6
C7 +
Libra-massa
Unidade de pressão em Pascal
Unidade de pressão em quilo Pascal
Unidade de pressão em libra força por polegada ao quadrado
Unidade de temperatura na escala Celsius
Unidade de temperatura na escala Fahrenheit
Unidade de volume em metros cúbicos
Gás Sulfídrico
Dióxido de Carbono
Gás Nitrogênio
Metano
Etano
Propano
Isobutano
n-Butano
Isopentano
n-Pentano
Hexano
Compostos mais pesados que o Heptano
MMscf Milhão de pés cúbicos na condição padrão
TFH Temperatura de Formação do Hidrato
IEA International Energy Agency
MEG Monoetilenoglicol
DEG Dietilenoglicol
TEG Trietilenoglicol
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1. INTRODUÇÃO
A Ciência de Engenharia de Petróleo está sujeita a diferentes tipos de barreiras a serem
contornadas pelos profissionais do ramo, para que os produtos derivados do petróleo
obtenham comercialização. Um desses produtos, o gás natural, apresenta um aumento de seu
consumo em diversos pontos do mundo devido o seu potencial energético, e no Brasil não é
diferente podendo ser notado no cenário industrial, geração de energia elétrica, no
automobilismo entre outras utilidades. O número crescente da demanda por energia, assim
como as descobertas de novas reservas impulsionam estudos na área.
O consumidor de gás natural pode observar um valor bastante significativo para
obtenção desse produto, isso ocorre desde o valor de impostos tributários de cada país assim
como as etapas que esse gás passa até chegar ao consumo. Denota-se a necessidade de
separação de fase, processo de condicionamento para retira-se contaminantes, transportes até
unidades processadoras, processos de destilação e resfriamento para adquirir as formas
principais de consumo dentre elas o Gás Industrial e o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP).
No início das explorações de petróleo o gás natural era queimado e não aproveitado
devido à falta de tecnologia e aos custos agregados ao seu transporte, porém como a nova
ordem do planeta é a sustentabilidade essa prática foi questionada pelos órgãos protetores do
meio ambiente. Nesse contexto de geração de energia com menor impacto ambiental, o gás
natural ganhou destaque em relação a seus concorrentes, como o carvão e os outros derivados
do petróleo, devido às suas menores taxas de emissão de gases do efeito estufa (C𝐻4, C𝑂2,
dentre outros) (VAZ, MAIA e SANTOS, 2008).
Com o advento de novas tecnologias e aprimoramento de técnicas, a exploração de
poços de petróleo ficou cada vez mais ousada, buscando reservas em regiões de difícil acesso.
O gás natural por sua vez, em pontos de alta pressão e baixas temperaturas repara-se na
presença de outro obstáculo, a formação de hidratos de petróleo.
Os hidratos, que na literatura também são denominados de claratos, foi no início de
suas pesquisas confundido com o gelo por apresentar-se como sólido cristalino similar. Sua
formação depende da presença de água e gás natural, no qual componentes mais leves do gás
são mais propensos a sua formação. As moléculas de água são conhecidas como moléculas
hospedeiras e as do gás tituladas como hóspedes, formando uma estrutura de moléculas de
água que são ligadas por pontes de hidrogênio, por sua vez aprisionam as moléculas do gás
em condições específicas.
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O hidrato, ao ser formado, pode ocasionar diversos problemas entre eles o
entupimento de válvulas e tubulações, imobilização da coluna de perfuração entre outros que
evidenciam a necessidade de estudos que previnam esse fenômeno, pois essa substância causa
uma perda na produção de um poço. Logo, nesse trabalho o objetivo é realizar a leitura das
variáveis operacionais que proporcionam o surgimento dos cristais de hidrato e cálculos da
vazão de inibidor quando necessário, assim tentando eliminar tal problema que compromete
economicamente um projeto quando elaborado nessas condições. Recorrendo a ferramentas
como o Excel, softwares de planos industriais, e modelos termodinâmicos presentes na
literatura para auxiliar na proposta do trabalho e possíveis conclusões.
1.1.ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Esse trabalho foi dividido em seis capítulos.
O Capítulo 2 mostra uma revisão bibliográfica sobre hidratos, apresentando as
principais estruturas, suas características, o entendimento da cinética de formação, fatores
termodinâmicos relacionados e ação de inibidores.
O capítulo 3 apresenta a metodologia sugerida com objetivo de obter resultados, assim
sendo exposta em forma de tabelas de dados e equações de modelos matemáticos.
No capítulo 4 serão apresentados os resultados definidos pelo capítulo anterior
mostrando a sequência lógica adotada para avaliar os valores estimados.
No capítulo 5 está exposto com as conclusões definidas sobre o trabalho e
recomendações para pesquisas futuras.
No capítulo 6 estão listadas as referências bibliográficas utilizadas para consulta e
montagem desse trabalho.
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2. ASPECTOS TEÓRICOS
Essa seção relata os principais embasamentos teóricos presentes na literatura que
englobam a temática principal do trabalho.
2.1 O GÁS NATURAL
O gás natural é um combustível fóssil que permanece em estado gasoso nas condições
atmosféricas de pressão e temperatura. A composição dessa substância é essencialmente
formada por hidrocarbonetos parafínicos leves, principalmente o metano, podendo atingir
teores acima de 70%, assim como etano e propano em menores quantidades. Estando
presentes também compostos inorgânicos que são chamados de contaminantes dessa
substância por causarem poluição ao meio ambiente, diminuição do poder calorífico,
incrustações e corrosão.
O gás natural tem duas escalas de classificação: associado e não associado. O gás
natural associado encontra-se dissolvido no petróleo ou em forma de capa de gás em
condições de reservatório (Figura 2.1). Já o gás não associado encontra-se livre do óleo e da
água no reservatório sendo encontrado na camada rochosa (Figura 2.2). No primeiro caso é
evidenciada basicamente a produção de gás natural, já no segundo caso o uso pode-se destacar
pela manutenção do sistema produtivo do poço.
Figura 2.1 - Sistema com gás associado
Fonte: Rosa, 2006.
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Figura 2.2- Sistema com gás não associado
Fonte: Rosa, 2006.
Economicamente as etapas que envolvem a coleta do gás natural (Figura 2.3) têm
custos elevados por requisitar tecnologia e processos que agregam alto valor.
Figura 2.3 - Cadeia produtiva do gás natural
Fonte: Vaz, Maia e Santos, 2008.
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Segundo Vaz, Maia e Santos (2008), na Coferência Mundial das Nações Unidas (RIO-
92) e posteriormente na elaboração do Protocolo de Quioto (Painel de Mudanças Climáticas
em 1997) aplicaram correções nas estratégias de produção de energia primária no mundo.
Nessas circustâncias os combustíveis que gerassem menos impactos ambientais ganharam
destaque, sendo o gás natural viável por emitir menos gases poluentes. Os reflexos desses
acontecimentos em âmbito nacional foi a sanção da Lei n. 9.478/97 denominada como Lei do
Petróleo que aumentou a participação de combustíveis mais leves na matriz energética
brasileira.
Atualmente o gás natural tem grande destaque no cenário mundial fornecendo 22% da
energia utilizada do planeta, e representa cerca de um quarto da geração de eletricidade, além
de desempenhar um papel crucial como matéria-prima para a indústria. O gás natural é um
combustível versátil e seu crescimento está vinculado aos seus benefícios ambientais em
relação a outros combustíveis fósseis, em particular para a qualidade do ar e as emissões de
gases de efeito estufa (IEA, 2017).
2.2 HIDRATO
A formação de hidratos que são sólidos cristalinos da classe dos compostos de
inclusão é favorecida em altas pressões e baixas temperaturas. Também denominados de
claratos, têm formas visivelmente similares ao gelo (Figura 2.4) com massa específica entre
800 e 900 kg/m3 e possuem composição mal definida entre moléculas de hidrocarboneto de
baixo peso molecular e água. Nesse caso, as moléculas de água provocam um alinhamento em
orientações regulares e com presença de gás suas moléculas causam estabilização desse
alinhamento, tendo por consequência precipitações de sólidos. Esse fenômeno é um processo
físico, uma vez que, os componentes do gás são encapsulados na estrutura cristalina de
hidrato ficando retidos nessas cavidades ou armadilhas.
Figura 2.4 - Sólido cristalino de hidrato
Fonte: JPSE, 2007.
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A capacidade do clarato de aprisionar gases é fornecida pela sua forma geométrica, em
especial no caso do metano, sob condições normais de temperatura e pressão, ou seja,
273,15K e 101325 Pa, ou 1 atm, o hidrato pode armazenar cerca de 164 m3de gás para apenas
1 m3 de água, havendo variação de acordo com o gradiente geotérmico e com a produção
biológica de metano (MAX , 2006). Esse sólido cristalino tem maior tendência de reter gases
com maior teor de componentes leves, como por exemplo, o metano e o etano. Outros gases
mais pesados oferecem mais resistência ao armazenamento dessa estrutura devido ao tamanho
de sua cadeia de hidrocarbonetos. Além do tamanho das moléculas dos gases pode-se
mencionar a facilidade de formar hidrato evidenciando a presença de H2S e CO2, esses
contaminantes favorecem o surgimento desses cristais.
Historicamente os hidratos foram descobertos pelo Sir Humphry Davy no ano de
1810, entretanto até por meados da década de 30 o interesse nesse composto era apenas de
fins acadêmicos. Sendo que, no ano de 1934, Hammerschmidt, fez uma descoberta que a
formação de hidratos tinha relação no bloqueio de gasodutos, verificando uma frequência
mais comum em regiões frias (JPSE, 2007).
Um sólido dificultando a passagem de hidrocarbonetos nas tubulações não é viável
para a extração de óleo e gás, desse modo à indústria de petróleo impulsionou pesquisas para
descobrir maneiras de impedir a realização desse fenômeno. O bloqueio causado pelos
hidratos causam diversos danos ao equipamentos de produção e risco para o pessoal operante.
De acordo com Santos (2006), a formação de hidratos pode causar problemas tais como:
Entupimento das choke lines e das kill lines (tubulações de acesso secundário ao
poço);
Obstrução do espaço anular(espaço existente entre a coluna de perfuração e a
formação rochosa) abaixo do Blowout Preventer (BOP – sistema de segurança e
controle de cabeça de poço);
Prisão da coluna de perfuração devido à formação de hidratos no riser (equipamento
que conecta a cabeça do poço à plataforma), em frente ao BOP ou no revestimento;
Dificuldade na abertura e no fechamento das gavetas do BOP.
O objetivo principal nas pesquisas relacionadas a hidratos é a compressão dos fatores
de sua formação e os meios mais propícios. Compreendida essa fase e não havendo formas de
alterar as condições de operação da extração e transporte, o desenvolvimento de aditivos
químicos e outros métodos de inibição devem ser adotados, para assim evitar o entupimento
das tubulações (Figura 2.5).
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Figura 2.5 - Hidrato sendo removido de dentro de uma tubulação de gás natural
Fonte: Vaz, Maia e Santos, 2008.
2.2.1 ESTRUTURAS DO HIDRATO
A forma geométrica que a cadeia de hidrato está arranjada pode definir o poder de
retenção da molécula de gás. Estudos na área analisam dois tipos mais comuns, sendo assim
os cristais de hidrato são representados por uma rede onde as ligações de hidrogênio da água
resultam em estruturas com espaços vazios entres elas. As duas estruturas são constituídas por
cavidades no nível molecular, como “blocos de construção”, que têm doze faces com cinco
lados por face 512. A estrutura do tipo I é composta pela ligação dos vértices da cavidade 512
com interstícios de grandes cavidades compostos de doze pentágonos e dois hexágonos
(51262). Já a estrutura tipo II é formulada pela ligação dos vértices 512 com interstícios de
grandes cavidades compostos de doze pentágonos e quatro hexágonos (51264)(
SLOAN,1998).
A estrutura I aprisiona as moléculas de gases menores que o propano, isso ocorre
devido ao menor tamanho da cavidade dessa rede, então não havendo espaço para cadeias
grandes de hidrocarbonetos, essa estrutura é disposta sob a forma de cubo de corpo centrado
tendo sua estabilidade menor quando comparada à estrutura II. Nesse segundo caso de
estrutura observa-se uma boa retenção de moléculas maiores que o etano e menores que o
pentano, podendo ocorrer a presença de outras substâncias em quantidades mais singelas.
Abordagens desse tema também evidencia o aparecimento de uma estrutura “H”, porém as
outras duas são mais frequentes na indústria de petróleo, tais modelos são ilustrados pela
Figura 2.6.
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Figura 2.6- Estruturas de hidrato
Fonte: Adaptado de Institute of Petroleum Engineering, 2013.
2.2.2 FORMAÇÃO DE HIDRATOS
O surgimento de claratos pode ocorrer em locais mais prováveis, sendo eles pontos de
acúmulos de água tais como curvas em tubulações, conexões e válvulas. Obedecendo as
condições de formação constata-se a presença de cristais nesses pontos quando a temperatura
no interior do equipamento ou da tubulação for inferior àquela da formação de hidrato.
Na Figura 2.7 com auxílio do envelope de fases um gráfico que apresenta um
diagrama de pressão e temperatura (P x T) de um gás natural, pode-se incluir nesse gráfico a
zona de formação de hidratos para uma melhor compreensão do caso. Nesse esboço conjunto
nota-se que a curva de hidrato está na região bifásica, na qual o líquido e vapor estão em
equilíbrio, quando isso acontece deve-se mudar as condições de equilíbrio termodinâmico,
que no caso é deslocar o envelope para esquerda tornando mais estável e possivelmente
fornecendo aos projetos condições mais críticas de operação, assim inibindo ou retardando a
formação dos primeiros cristais.
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Figura 2.7- Envelope de fases e curva de hidrato
Fonte: Vaz, Maia e Santos 2008.
2.2.3 CINÉTICA DE FORMAÇÃO DOS HIDRATOS
Com o objetivo de entender o fenômeno de formação de hidrato torna-se preciso
assimilar a cinética da formação de hidrato e de sua dissociação. Efetivada a presença das
condições favoráveis para o aparecimento de hidrato, é necessário um tempo para sua
formação. Pode então afirmar que há um tempo de indução que é o período decorrido do
primeiro contato da água com o gás até o instante de detecção da fase hidrato no sistema(
SOUSA, 2009).
O tempo de formação de hidrato é influenciado pela temperatura denominada de sub-
resfriamento, estabelecida pela diferença entre a temperatura de formação e a temperatura de
operação. Quanto maior essa diferença mais rápido será o processo de formação dos cristais,
que tem início de seu crescimento pelos germes de nucleação, esses por sua vez se
desenvolvem e passam a serem chamados de anéis de nucleação. A nucleação ocorre com
maior probabilidade na interfase água-hidrocarboneto e o tempo necessário para sua formação
é registrado como período de latência ou tempo de incubação. Então, a cinemática de
formação de hidrato aborda estudos desses regimes de desenvolvimento para assim obter
conhecimento de caso para evitar a aparição dessa substância nos dutos de escoamento de gás.
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Pode-se dividir as pesquisas em diversas vertentes sendo elas: nucleação, crescimento,
inibição e dissociação. A nucleação obedece três mecanismos, que são eles:
Nucleação homogênea: acontece em meio aquoso no qual não há presença de uma
interface sólido-fluida.
Nucleação heterogênea: resulta da colisão entre os cristais, é denominada de
heterogênea porque há formação sobre superfícies pré-existentes listadas como
substratos, como por exemplo, as superfícies dos próprios cristais, paredes das
tubulações e partículas em suspensão.
Nucleação secundária: está associada à presença dos próprios cristais de núcleos
primários. (DUARTE, 2015)
O estudo da cinemática de formação de hidratos constata uma dificuldade adicional,
uma região de metaestabilidade, ou seja, a formação do clarato não ocorre sempre no mesmo
ponto de pressão e temperatura dentro de um intervalo de tempo definido, evidenciando um
fenômeno termodinamicamente instável. Nessa circunstância, os resultados para os processos
de ensaios apresentam um alto teor de dificuldade para estabelecer conclusões confiáveis,
assim impondo uma barreira aos avanços nessa área. Após a fase de nucleação, o crescimento
dos cristais é feito por difusão das moléculas de hidrocarbonetos na fase aquosa, os estudos
nessa etapa são baseados em identificar substâncias que inibam esse processo de
desenvolvimento. Quando a formação de hidratos não é evitada com êxito os processos de
dissociação podem ser utilizados, assim como descompressão e aquecimento.
2.2.4 QUANTIDADE DE ÁGUA NAS LINHAS DE PRODUÇÃO DE GÁS
Quanto menos água o gás transportado contém, menor é o risco de hidratação. O gás
natural pode ser desidratado com dosagem de glicóis ou com peneiras moleculares. Para
avaliar a quantidade de água livre presente no escoamento de gás utilizam-se técnicas como:
teste do ponto de orvalho, eletrólise, condutividade, titulação, adsorção e absorção.
Desenvolvendo essas atividades recorre-se a gráficos que tem suas limitações de dados,
modelos termodinâmicos baseados no equilíbrio de fases e correlações empíricas e semi-
empíricas desenvolvidas com aplicações restritas. Em geral, determinar a quantidade de água
pelos gráficos envolve processos matemáticos mais práticos, no entanto possibilita uma escala
menor de dados a serem observados e com menor precisão.
As correlações mais empregadas para estimar a quantidade de água do gás natural são
as seguintes: McKetta-Wehe (1958), Robinson et al. (1978) e Campbell (1976).
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A Figura 2.8 demonstra o modelo proposto por McKetta-Wehe. O gráfico mostra o
teor de água de um gás doce em função da pressão e temperatura de interesse. Além disso,
correções simples são fornecidas para contabilizar densidade do gás e salinidade da água. Se
usado com cuidado, e apenas para gás doce, este gráfico é surpreendentemente preciso,
podem ser obtidos erros de menos de 5%. Por outro lado, o gráfico é um pouco difícil de ler,
provavelmente a maior fonte de erro. Devido à sua facilidade de uso e sua alta precisão, o
gráfico de McKetta-Wehe deve estar na caixa de ferramentas de todos os engenheiros que
trabalham com gás natural na indústria (CARROLL,2009).
Figura 2.8- Gráfico de McKetta-Wehe
Fonte: Carrol, 2009
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2.2.5 TEMPERATURA DE FORMAÇÃO DE HIDRATO
Caso as condições de operação sejam mantidas fora dos limites de formação de
hidrato, o gás úmido também pode ser transportado. Nesse caso, deve ser considerado, o
conjunto de pontos pressão e temperatura do trajeto desse fluido. Essa abordagem faz
necessário o uso de técnicas recorrentes à termodinâmica de formação de hidrato, para
informar as zonas de trabalho com segurança, assim como intervalos não desejáveis.
A maioria das correlações propostas tem como variável a ser estimada a temperatura
porque a pressão geralmente é especificada por requisitos de processo dos projetos. A
Temperatura de formação de Hidratos (THF) foi um dos primeiros parâmetros a serem
investigados pelos estudiosos desse tema. De acordo com Ribeiro (2016), as pesquisas
tiveram avanços sinigvicativos ao decorrer dos anos podendo citar os trabalhos de
Hammerschmidt(1934), Elgibaly e Elkamel (1981), Kobayashi et al (1987), Motiee (1981),
Ostergaard(2000), Towler e Mokhatab(2005), Amerripour e Barrufet (2009), Zahedi et al
(2009), Bahadori e Vuthaluru (2009, tais correlações oferecem equações que depedem da
pressão e densidade. Ressalva-se que, cada caso obdece um limite de densidade específica do
gás, para assim ofertarem resultados coerentes, ou seja, cada autor observou em suas
propostas índice mínimo e máximo dessa variável para prosseguir os processos matemáticos.
No ano de 2015, o artigo de Safamirzaei, obeteve destaque por comparar as correlações
citadas, e também incluindo uma nova correlação de sua autoria avaliando parâmetros
ajustávies, a precisão e a simplicidade de cada modelo. Essa última será adotada na
metodologia desse projeto, então detalhada no capítulo específico.
2.2.6. INIBIDORES
A injeção de inibidores é uma medida preventiva à formação de hidrato, portanto
efetuada antes da obstrução do fluxo de vazão do gás. Os inibidores são classificados em
inibidores cinéticos, termodinâmicos e antiaglomerante. Nesse trabalho serão efetuados
estudos com auxílio dos inibidores termodinâmicos, que têm como objetivo minimizar a
atividade da água livre do sistema.
Os inibidores termodinâmicos podem ser classificados como sais inorgânicos, álcoois
e glicóis que consistem na redução de temperatura de formação de hidratos pela mudança do
potencial químico da água. Evidencia-se que o Metanol, etanol, monoetilenoglicol (MEG),
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dietilenoglicol (DEG) e trietilenoglicol (TEG) são os mais usados deste grupo, ressaltando
que alguns deles são regenerados e retornados ao processo (CARROLL, 2009).
Cada projeto tem suas particularidades de operação e esse fato que vai determinar a
escolha do melhor inibidor para aplicação em campo. Portanto, a escolha entre alternativas de
inibidores deve basear-se nas limitações físicas e econômicas, denota-se também que as
condições operacionais podem limitar o número de opções disponíveis. Os sais por sua vez,
agregam como vantagens não possuir teor inflamável e não poluir o meio ambiente, no
entanto pode ser inconvenientes por apresentar características de adensantes ofertando
aumento de pressão, precipitação após atingir seu nível de solubilidade e risco de corrosão aos
equipamentos. Os glicóis podem ser recuperados, pois boa parcela dessas substâncias retorna
as unidades produtoras, porém possuem alta viscosidade. No caso dos álcoois, no Brasil, por
exemplo, há disponibilidade em larga escala proporcionando uma razão de mercado favorável
ao seu uso, contudo possuem alta volatilidade necessitando de quantidades maiores por suas
eventuais perdas, também ocasionando poluição aos ambientes onde aplicados.
Usualmente, o teor do inibidor em função da razão da mistura água-inibidor varia de
20% a 50% em massa, a depender do inibidor e das condições de operação do escoamento.
Para definir o teor mínimo de inibidor a ser utilizado, e então assegurar que o ponto de hidrato
não seja atingido, recorre-se a um método relativamente simples proposto por
Hammerschmidt em 1939, uma formulação empírica capaz de estimar a redução da
temperatura de formação do hidrato devido a injeção de inibidor. E de acordo com Vaz, Maia
e Santos (2008) os dados iniciais necessários para calcular a taxa de injeção de inibidor são:
Pressão e temperatura do gás a ser injetado na linha de gás – Po e To ;
Densidade do gás – Dg;
Vazão volumétrica de gás na condição de 1 atm e 15,5 °C – Vgás;
Pressão e temperatura nas condições críticas de escoamento (maior pressão e menor
temperatura – condição mais favorável para ocorrência de hidrato) – Pc e Tc;
Tipo de inibidor e Massa específica do inibidor – Mesp.
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
Nesse capítulo será apresentada a metodologia seguida para a elaboração de gráficos e
planilhas, objetivando uma dissertação de resultados no capítulo seguinte. Prever as condições
operantes favoráveis à formação de cristais de hidrato é assunto de interesse para indústria de
petróleo. Logo, atualmente existem correlações, métodos e até mesmo softwares disponíveis
aos estudos desse caso. Abordando os conceitos da literatura e implemento da ferramenta de
Microsoft Excel serão apresentados os modelos de Sloan e Termodinâmico Simplificado para
o cálculo de água livre no escoamento de gás, assim como cálculo da temperatura de
formação de hidrato pela correlação de Safamirzaei. O software industrial denominado de
Hidrate Plus será utilizado para comparação de resultados. Se evidenciado a presença de
hidrato nas condições de transmissão do gás, será analisada a injeção de inibidores para três
vazões distintas desse gás.
3.1 DADOS DO PROJETO
Os modelos disponíveis para análise de formação de hidratos esboçam em suas leituras
três variáveis, sendo elas pressão, temperatura e densidade do gás. Como um dos objetivos
desse trabalho é detalhar a temperatura de formação, será preciso conhecer a densidade do gás
do projeto e assim poder estimar a pressão.
Tabela 3.1- Composição do gás
COMPONETES DO GÁS Fração
C1 0,867
C2 0,0535
C3 0,0217
i- C4 0,0036
n-C4 0,0076
i-C5 0,0023
n-C5 0,0028
C6 0,0029
C7 + 0,0025
N2 0,0106
CO2 0,0153
H2 S 0,0102
Na Tabela 3.1, foi considerado um poço hipotético, porém com a sua composição de
gás similar aos poços produtores do Rio Grande do Norte, que têm características
homogêneas da região e dispõe de poços maduros com formações geológicas semelhantes,
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adotando uma simulação do escoamento de gás saindo de uma plataforma e percorrendo um
gasoduto. Esses dados de composição serão úteis para determinar a densidade da mistura que
obedecem a equação 1.
𝑑𝑔 = ∑Miyi
28,97 (1)
Na Tabela 3.2 são expostas as condições de operação simuladas nesse suposto poço.
Recorre-se aos modelos matemáticos para verificar se tais variáveis conduzem à formação de
hidrato, e como já foi mencionada, a presença de três possíveis vazões do gás para uma
análise dos seus efeitos nas injeções futuras de inibidores de hidrato.
Tabela 3.2- Condições de operação
VARIÁVEIS VALORES
Temperatura na chegada da plataforma 7 °C
Temperatura mínima atingida -2°C
Pressão de chegada 0,7 Mpa
Pressão no ponto de temperatura mínima 10,5 Mpa
Vazão 1 0,8 MM m³/dia
Vazão 2 1 MM m³/dia
Vazão 3 1,2 MM m³/dia
3.2 CÁLCULO DA MASSA DE ÁGUA CONDENSADA DO GÁS NATURAL
O cálculo de massa de água condensada é uma etapa crucial na averiguação da
formação dos primeiros cristais. Caso note-se a presença elevada de água é possível que essa
substância esteja aprisionando em sua rede ligada a pontes de hidrogênio as moléculas do gás,
assim formando hidrato em pontos de elevada pressão e baixas temperaturas.
Para efeito do cálculo da massa de água dissolvida é necessário o conhecimento da
massa de água que chega associada ao gás à plataforma, assim como essa massa na condição
de escoamento com a mínima temperatura atingida no projeto, então sendo preciso conhecer a
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pressão e temperatura nessas condições. O valor de massa condensada que foi removida do
gás é a diferença entre essas duas medidas, considerando também partículas contaminantes
que estão presentes na composição do gás, esse procedimento é ilustrado pela equação 2.
𝑊𝐺= 𝑊𝑖 − 𝑊𝑚𝑖𝑛 (2)
Onde:
WG= Massa de água do gás removida e condensada;
Wi = Massa de água dissolvida no gás natural na condição de chegada da plataforma;
Wmin= Massa de água dissolvida no gás natural em condições de temperatura mínima.
Devido à necessidade e importância que esse tema tem para uma eficaz extração e
transporte de gás natural, vários estudiosos elaboraram suas pesquisas embasados em
formular a melhor maneira de obter a massa de água do gás removida. Ao longo dos anos os
modelos foram se aprimorando para diminuir ruídos e amplificar as condições de operação
para adquirir êxito com variáveis em escalas reais de atuação em campos de petróleo. Em
trabalhos publicados recentemente (Lin , 2014) e (Lin, 2015) foram comparados os diferentes
métodos de cálculo de massa de água dissolvida no gás doce e ácido. Então, observando essas
publicações para esse trabalho foram escolhidos os modelos de Sloan e Termodinâmico
Simplificado que melhor se adequam aos intervalos das constantes presentes em extrações de
gás do ramo petrolífero.
3.3 MÉTODO TERMODINÂMICO SIMPLIFICADO
Esse é um modelo que fornece resultados satisfatórios em projetos elaborados na faixa
de temperatura entre 0 e 37,8°C e pressões abaixo de 13,8 MPa. Dependendo do sistema de
equilíbrio de fase, termodinâmico o modelo sempre possui alta precisão. No entanto, é muito
difícil ser executado por cálculos de dispositivos que operem com sequências de passos
manuais. Para simplificar a termodinâmica desse processo a publicação de Mohammadi et al.
(2004), desenvolveu um modelo termodinâmico simplificado para estimar o conteúdo de
água, considerando os efeitos físicos ilustrado pela equação 3 (Lin, 2014).
𝑤𝐻2𝑂 = 761900,42𝑃𝑠𝑤 exp [
(𝑃 − 𝑃𝑤𝑠)𝑉𝐻2𝑂
𝑅𝑇 ]
𝜑𝐻2𝑂 . 𝑃 (3)
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A equação 3 opera com variáveis como fugacidade da água(𝜑𝐻2𝑂) expressa na
equação 4. E para diferentes estados de equilíbrio o volume molar da água(𝑉𝐻2𝑂) e pressão de
vapor saturado da água(𝑃𝑤𝑠 ) .
𝜑𝐻2𝑂= exp((
0,069−30,905𝑇 )).𝑃+(
0,3179𝑇 −0,0007654).𝑃2 (4)
Nas condições de equilíbrio de líquido-vapor, 𝑉𝐻2𝑂 e 𝑃𝑤𝑠 são expressos pelas
equações 5 e 6, respectivamente:
vH2O,liq = 4,501. 10−2 − 6,710x10−4. T + 1,784x10−6. T ² (5)
Psw,sol = 10−6. exp (73,649 − 7258,2
T− 7,3073. ln (T) + 4,1353x10−6. T2) (6)
Nas condições de equilíbrio de sólido-vapor, 𝑉𝐻2𝑂 e 𝑃𝑤𝑠 são expressos pelas equações
7 e 8, respectivamente:
VH2O,sol = 19,655 + 0,0022364. (T − 273,15) (7)
𝑃𝑠𝑤,𝑠𝑜𝑙 = 1,31579.10 − 1032,5576407/𝑇 + 51,0557191. 𝑙𝑜𝑔(𝑇) − 0,0977. 𝑇
+ 7,0358. 10−5. 𝑇2 − 102,5115496 (8)
3.4 MÉTODO DE SLOAN
A fórmula de Sloan obtém resultados por processos matemáticos mais rápidos, na qual
a massa de água dissolvida no gás é calculada em função da temperatura (T−1) na escala
Kelvin e o logaritmo neperiano da pressão absoluta em KPa. Esse modelo apresenta
considerável precisão operando em ampla faixa de pressão e temperatura no intervalo de - 40
°C a 0°C. A equação 9 ilustra a cálculo da massa de água e observa-se a presença de variáveis
que são predeterminadas pela literatura ilustradas na Tabela 3.3.
𝑊𝐻2𝑂 = 16,02 𝑥 𝑒𝑥𝑝 [𝑎1 + 𝑎2𝑙𝑛𝑃 +𝑎3 + 𝑎4𝑙𝑛𝑃
𝑇+
𝑎5
𝑇²+ 𝑎6(𝑙𝑛𝑃)²] (9)
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Tabela 3.3- Coeficientes para a fórmula de Sloan
a1= 21,58610805 a2 = −1,280044975
a3= −4808,426205 a4= 113,0735222
a5= −40377,6358 a6= 0,038508508
3.5 CÁLCULO DA TEMPERATURA DE FORMAÇÃO DE HIDRATO
Para calcular a temperatura de formação de hidrato e junto com a densidade do gás
determinar a pressão de formação, então foi utilizada a correlação de Safamirzaei (2015).
Nessa pesquisa, Safamirzaei fez comparações de trabalhos anteriores para confrontá-los e
discutir a maneira mais eficiente de prever a temperatura de formação dos cristais, incluindo
também uma nova correlação proposta por ele, na qual foram avaliados o número de
parâmetros ajustáveis, a precisão e a simplicidade de cada modelo. Descrita pela equação 10,
essa correção é aplicada para densidade relativa do gás superior a 0,55.
𝑇(𝐾) = 𝐴. 𝛾𝐵(𝑙𝑛𝑃(𝑘𝑝𝑎))𝐶 (10)
Onde:
T – Temperatura de Formação do Hidrato, K;
γ – densidade do gás
P – Pressão, Kpa
A , B , C – coeficientes:
A = 194,681789;
B = 0,044232;
C = 0,189829.
3.6 SOFTWARE HYDRATE PLUS
O Hydrate Plus é um software industrial que permite a previsão de temperaturas de
formação de hidrato e minimiza custos de injeção de inibidores com interface de fácil acesso.
Para sua utilização é preciso fornecer a composição do gás, e nesse trabalho as condições de
formação de hidrato foram calculadas a partir do método de equilíbrio Mann et.Al, que é um
dos modelos acoplados nessa ferramenta matemática. A tela inicial que precisa ser preenchida
para fins de cálculos é demostrada na Figura 3.1.
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Figura 3.1- Dados operantes do Hydrate Puls
3.7 CÁLCULO DE INIBIDORES DE HIDRATO
Ao analisar a presença de hidrato é feito o processo de aplicação de inibidor, sendo
que os mais utilizados são álcoois (metanol ou etanol) ou glicóis: monoetilenoglicol (MEG),
dietilenoglicol (DEG) e trietilenoglicol (TEG). Para determinar a quantidade dessa substância
química, que será injetado no início do escoamento ao sair da plataforma, foi utilizada a
correlação de Hammerschimidt representada pela equação 11 e os inibidores pela Tabela 3.4.
O valor estimado por essa correlação recebe o adicional de segurança que pode variar de 2 a 4
vezes da grandeza avaliada pela equação.
𝑊𝐼 = 100. ∆𝑇. 𝑀𝑀𝑖
∆𝑇 ∗ 𝑀𝑀𝑖 + 𝐾ℎ (11)
Onde:
ΔT = depressão do ponto de formação do hidrato;
MMi= massa molecular do inibidor;
Kh= constante de Hammerschimdt;
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Wi= Porcentagem em massa do inibidor na água líquida.
Tabela 3.4- Propriedades dos inibidores de hidrato
Tipo 1 2 3 4 5
Inibidor Metanol Etanol MEG DEG TEG
MM 32,042 46,07 62,07 106 150,17
massa específica 6,61 6,58 9,31 9,35 9,4
Kh °F 2335 2335 4000 4000 4000
Kh °C 1297 1297 2222 2222 2222
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesse capítulo serão apresentados os principais resultados obtidos para esse trabalho.
Em planilhas de Excel foram postos os dados do projeto e implementações das equações de
cada modelo, então seguindo passos para determinar as condições de formação de hidrato e
cálculos da vazão de inibidores.
4.1 RESULTADOS PARA DENSIDADE DO GÁS
A densidade de uma mistura gasosa proporciona efeitos diretos na circulação desse
fluido, esse parâmetro estar presente no cálculo da temperatura de formação de hidrato.
Conhecendo os componentes e suas respectivas contribuições para integrar a mistura, assim é
efetuado o cálculo da densidade. Os resultados desse processo são ilustrados pela tabela 4.1.
Tabela 4.1- Representação dos resultados para densidade do gás
Fração Composição Massa Molar y.MM
C1 0,867 16,04 13,907
C2 0,0535 30,07 1,609
C3 0,0217 44,1 0,957
i-C4 0,0036 58,12 0,209
n-C4 0,0076 58,12 0,442
i-C5 0,0023 72,15 0,166
n-C5 0,0028 72,15 0,202
C6 0,0029 86,18 0,250
C7 + 0,0025 114,23 0,286
N2 0,0106 28,02 0,297
C02 0,0153 44,01 0,673
H2S 0,0102 34,08 0,348
Soma 1 MM mistura 19,345
Densidade 0,667752226
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4.2 RESULTADOS DA TEMPERATURA DE FORMAÇÃO DE HIDRATO
Seguindo a correlação de Safamirzaei, na equação 10 para a representação da
temperatura de formação dos cristais é preciso da pressão em cada ponto que seja de interesse
estimar, da densidade do gás e dos coeficientes com valores já determinados. Observando
essas variáveis de operação foram obtidos os resultados da tabela 4.2.
Tabela 4.2- Resultados para temperatura de formação de hidrato
Variáveis Operacionais Valor Unidade
Densidade do gás 0,67
Pressão na Plataforma 700,00 Kpa
Temperatura na Plataforma 7,00 c
Pressão em T mínimo 10500,00 Kpa
Tempertura Mínima Operação -2,00 °C
Temperatura de Formação de Hidrato Com pressão 700 KPa 0,08 °C
Temperatura de Formação de Hidrato
Com pressão 10500,00 KPa 18,63 °C
Nesse caso é possível notar quando o gás chega à plataforma com temperatura de 7 °C
a temperatura de formação encontra-se na escala de 0,08 °C, logo, nesse ponto não há
existência da formação dos cristais. Porém, ao analisar no ponto de operação em condições
mais severas de -2 °C a temperatura de formação encontra-se com valor de 18,63 °C, assim
indicando a formação de hidratos.
Para efeitos de comparação com o modelo de Katz e colaboradores (1940), que
também fornece as condições de formação de hidrato, no entanto para gases que contenham
teores de contaminantes inferiores a 3% da soma de suas contribuições de massa molar e para
componentes pesados C3+ teores inferiores a 7%. Verificando essas condições o gás do
projeto apresenta as configurações adequadas para esse método. Para esse resultado tem-se
duas linhas de passos a serem seguidas, ou verifica-se a temperatura passando parâmetros de
pressão e densidade, ou verifica-se a pressão passando parâmetros de temperatura e
densidade. Nesse caso, serão utilizados os dados de pressão do projeto e assim serão e
expostos resultados para temperatura de formação de hidrato e analisar se existe coerência
com a correlação de Safamirzaei.
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Para obter a temperatura pelo modelo de Katz, traça-se uma reta em sentido horizontal
partindo do ponto da pressão até interceptar o valor correspondente a densidade do gás. Nesse
ponto, traça-se outra reta no sentido vertical até interceptar o eixo da temperatura, essa leitura
representará a maior temperatura a qual os cristais de hidrato podem ocorrer. Esse
procedimento é ilustrado pela Figura 4.1 pelas restas pontilhadas em cor vermelha.
Figura 4.1- Resultados para o modelo de Katz
Nessa análise, convertendo os dados de pressão do projeto avaliados em 700 e 10500
KPa para psia que representa o eixo das pressões na Figura 4.1, então assim obtendo 116,23 e
1537,89 psia respectivamente. Os resultados obtidos para as temperaturas foram 33 e 69 °F
que na escala Celcius são representados como 0,56 e 20,56 °C. Para comparar os dois
modelos de Katz e Safamirzaei, observam-se as seguintes diferenças na Tabela 4.3.
Lembrando que o modelo de Safamirzaei é mais recente e atualizado para minimizar erros
intrínsecos de estudos anteriores. Esse trabalhou, adotou o valor da correção de Safamizaei no
cálculo da temperatura de formação de hidrato quando esse parâmetro é requisitado em outros
métodos.
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Tabela 4.3- Representação da diferença da TFH
TFH por Safamirzaei (2015) TFH por Katz (1940) Diferença em °C
0,08 0,56 0,46
18,63 20,56 1,93
O software Hydrate Plus também foi utilizado para obter a TFH, fornecendo os dados
de operação com 10500 KPa, então nota-se a demonstração do resultado obtido na Figura 4.2.
Figura 4.2- Simulação de resultados pelo software Hidrate Plus
Verifica-se nessas condições uma TFH com valor de 16,27 °C muito próxima da
grandeza expressa pela correlação que indica que essa temperatura seria de 18,63 °C, porém
para as condições em 700 KPa de chegada na plataforma verifica-se um maior ruído,
possivelmente por se encontrar próximo do range mínimo de 350 KPa oferecidos pela
ferramenta. Valores inferiores a esse o software informa uma mensagem de erro e pede para
adicionar outro valor. Então foi incrementado nove ∆P no valor de 980 KPa até chegar no
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limite de 10500 KPa. Esse processo foi feito para analisar o que acontecia nos intervalos de
operação e comparar as duas formas de cálculo e assim verificado que a medida que a pressão
vai aumentando os resultados ficam mais similares, esse processo é exposto na Tabela 4.4.
Tabela 4.4- Comparação de resultados entre a correlação Safamirzaei e o software Hydrate plus
Pressão (KPa)
TFH por
Safamirzaei (°C)
TFH pelo software
Hydrate Plus (°C)
Faixa de
incompatibilidade
entre os métodos (°C)
700 0,08 -23,05 23,13
1680 6,66 0 6,66
2660 9,87 4,48 5,39
3640 11,97 7,39 4,58
4620 13,53 9,47 4,06
5600 14,76 11,06 3,70
6580 15,77 12,50 3,27
7560 16,63 13,63 3
8540 17,38 14,58 2,8
9520 18,04 15,41 2,63
10500 18,63 16,27 2,36
O projeto apresenta uma faixa de operação na zona de formação de hidrato, logo, para
melhor análise da região de operação com risco, foi plotado um gráfico (Figura 4.3) usando
dados da Tabela 4.5. Esses valores simulam resultados para pressões inferiores a pressão
mínima e superiores a máxima, assim como estimativas entre essas duas variáveis. Em
campos de petróleo é comum o operador utilizar um componente de segurança, então obtendo
um intervalo confiável que possa trabalhar, nesse caso foi escolhido um ∆T igual a 3°C. No
gráfico, a região à esquerda das curvas de formação de hidrato indicam condições favoráveis à
sua formação.
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Tabela 4.5- Dados de temperatura de formação de hidrato em pressões diversas
TFH TFH
segurança Pressão
-10,71 -7,71 200
-7,01 -4,01 300
-4,51 -1,51 400
-2,64 0,36 500
-1,15 1,85 600
0,08 3,08 700
6,66 9,66 1680
9,87 12,87 2660
11,97 14,97 3640
13,53 16,53 4620
14,76 17,76 5600
15,77 18,77 6580
16,63 19,63 7560
17,38 20,38 8540
18,04 21,04 9520
18,63 21,63 10500
19,16 22,16 11480
19,64 22,64 12460
20,09 23,09 13440
20,5 23,5 14420
20,88 23,88 15400
Figura 4.3- Gráfico envolvendo temperatura de formação de hidrato e as condições de operação
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
-25 -15 -5 5 15 25
Pre
ssão
(K
pa)
Temperatura (°C)
Curva de Formação de Hidrato
TFH
P,Toperação
TFH seg
Plataforma
Ponto crítico
de operação
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4.3 RESULTADOS PARA CÁLCULO DE MASSA DE ÁGUA CONDENSADA NO GÁS
NATURAL
O procedimento de cálculo de massa de água condensada busca analisar a quantidade
de água presente no sistema, uma vez que, a água livre é uma das condições para se formar
hidrato. Pelo Método de Sloan (equação 9) obtêm-se os resultados da Tabela 4.6 e para o
modelo Termodinâmico simplificado (equação 3) os resultados contidos nas Tabelas 4.7 e 4.8
a seguir:
Tabela 4.6- Resultados para o método de Sloan
Método de Sloan (-40ºC a 0ºC)
T plat 7,00 °C
Tmin -2,00 °C
Pabs 0,80153 Mpa
a1 21,586
a2 -1,280
a3 -4808,426
a4 113,074
a5 -40377,636
a6 0,039
Resultados
WH2O Plat 970,20 mgH2O/m³ gás
WH2O TMin 528,54 mgH2O/m³ gás
Tabela 4.7- Resultados para o modelo Termodinâmico Simplificado com dados de plataforma
Modelo Termodinâmico Simplificado (0 a 37,8°C)
T plat 7,00 ºC
T plat 280,15 K
P plat 0,80153 Mpa
R 8314 m³.Mpa/mol.K
TFH 18,63 °C
Fugacidade 0,967655981
Estado de equilíbrio de gás líquido
Psw 0,0010 Mpa
V mol H2O -0,0030 m³/mol
Estado de equilíbrio gás-sólido
Psw 0,0011 Mpa
V mol H2O 19,6707 m³/mol
Psw calc 0,0010 Mpa
V H20 calc -0,0030 m³/mol
Resultado
WH2O Plat 964,9904265 mg H2O/m³
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Tabela 4.8- Resultados para o modelo Termodinâmico Simplificado com dados nas condições de
temperatura mínima
Modelo Termodinâmico Simplificado (0 a 37,8°C)
T min -2,00 ºC
T min 271,15 K
P, Tmin 10,60153 Mpa
R 8314 m³.Mpa/mol.K
TFH 0,08 °C
Fugacidade 0,649803625
Estado de equilíbrio de gás-líquido
Psw 0,0005 Mpa
V mol H2O -0,0058 m³/mol
Estado de equilíbrio gás-sólido
Psw 0,0005 Mpa
V mol H2O 19,6505 m³/mol
Psw calc 0,0005 Mpa
V H20 calc 19,6505 m³/mol
Resultado
WH2O Tmin 56,84877944 mg H2O/m³
A compreensão dos resultados para o método de Sloan é simples, apenas uma
implementação da equação que rege esse método passando os parâmetros de plataforma e nas
condições de escoamento com temperatura mínima. Já para o modelo Termodinâmico
Simplificado é utilizada uma condição, caso a temperatura de operação em cada situação
fosse menor ou igual à TFH as variantes de estado de equilíbrio escolhidas seriam as de
estado gás-sólido, caso contrário as variantes do estado gás-líquido e assim feito o
preenchimento da equação desse modelo. Seguindo o método de Sloan no qual apresenta um
range de temperatura entre -40 e 0 °C, então para esse projeto foi adotada a massa de água
condensada na condição de transmissão com temperatura de -2 °C por esse modelo. No caso
da condição de plataforma à 7°C foi adotada a massa de água condensada pelo modelo
Termodinâmico Simplificado, pois o mesmo dispõe de um range de 0 a 37,8 °C.
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4.4 RESULTADOS INJEÇÃO DE INIBIDORES
Uma medida para evitar o bloqueio dos dutos, a diminuição de vazão ou até mesmo
danificação de equipamentos quando comprovadas condições de operação com indícios da
formação de hidrato é utilizar um inibidor dessa substância. A correlação seguida por esse
trabalho possibilita o uso de cinco inibidores distintos, no entanto a princípio o escolhido foi o
Monoetilemoglicol (MEG) por sua capacidade de regeneração, ou seja, esse produto químico
pode ser reutilizado, também utilizando o etanol para possíveis comparações. Ao adicionar o
MEG em uma linha de produção o mesmo tem a capacidade de se condensar e chegar
novamente junto com produtos residuais, podendo passar por processo de separação e ser
reinjetado, por esse motivo é considerado um aditivo verde que oferece poucos danos ao meio
ambiente. Na Tabela 4.9 estão os resultados para o inibidor MEG com a vazão de gás de 0,8
MMm³/dia:
Tabela 4.9- Resultados para o inibidor MEG, vazão de 0,8 MMm³/dia
Variáveis Valor Unidade
Massa água P,T plat 964,99 mg/Sm³
Massa água P,T min 528,54 mg/Sm³
Conversor mg/m³ -> lb/MMscf 0,06 -
Massa água P,T plat 60,26 lb/MMscf
Massa água P,T min 33,01 lb/MMscf
Água a ser removida do gás 27,25 lb/MMscf
Escolha do inibidor MEG Massa molar do Inibidor 62,07 g/mol
Massa específica do inibidor 9,31 ppg
KH do inibidor (°F) 4000,00 I100 132,8680711 lb/MMscf
Massa da solução comercial 177,2 lb/MMscf
Volume da solução comercial 19,0 gal/MMscf
Taxa de injeção de inibidor/h 22,4 gal/h
Taxa de injeção de inibidor/d 537,6 gal/d
O presente trabalho é projetado para o estudo de três vazões distintas de gás. Notou-se
que quanto maior a vazão de produção eleva-se a necessidade da adição de inibidores, essa
análise já era esperada, pois quanto maior o fluxo de gás possivelmente essa corrente teria
maior potencial de arrastar moléculas de água. O resultado da quantidade de inibidores para
cada vazão encontra-se na tabela 4.10 e o esboço vazão de inibidor por dia versus vazão de
operação na figura 4.4.
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Figura 4.4- Representação da taxa de injeção de MEG em função da vazão de gás
O inibidor MEG apresenta resultados mais lentos comparado com álcool denominado
etílico(etanol) bastante utilizado no Brasil em unidades marítimas, caso o operador note a
necessidade de obstruir camadas de hidrato com maior rapidez é recomentado o uso desse
segundo inibidor. Porém, esse álcool é facilmente vaporizado por ser muito volátil, assim não
possibilitando o seu reuso, e caso utilizado em grandes quantidades poderá ocorrer
precipitação de sais. A seguir na tabela 4.11 os dados que o operador deve seguir fazendo uso
desse inibidor e na figura 4.5 a representação gráfica:
Figura 4.5- Representação da taxa de injeção de etanol em função da vazão de gás
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Verifica-se na figura 4.5 valores de taxa de injeção de inibidor maiores comparados
com os valores expostos na 4.4, possívelmente agregando maior custo de operação.
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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Nesse capítulo serão apresentadas as principais conclusões de acordo com o corpo do
trabalho, além de recomendações nessa área de estudo.
5.1 CONCLUSÕES
A importância da pesquisa sobre a formação dos cristais de hidrato, dentro do
panorama da indústria de petróleo, torna o tema de grande significado, estimulando estudos a
serem desenvolvidos e aprimoramento das técnicas já conhecidas para assim contornar
problemas inerentes aos projetos de extração e transporte de hidrocarbonetos que trabalhem
em condições de altas pressões e baixas temperaturas. O fator econômico é primordial no
incentivo de novas pesquisas, pois um decréscimo na produção é evidenciado quando há a
presenta de hidratos ou até mesmo uma parada total da produção para solucionar esse
problema. Além disso, pode-se ser notada a avaliação de possível impacto aos equipamentos e
segurança da operação.
Esse trabalho apresentou análises da formação de hidratos equiparando modelos
matemáticos que têm elevada aplicação na engenharia de petróleo, assim buscando um
confronto de resultados e discussões relacionadas.
Para o cálculo de água condensada, um parâmetro de grande relevância no indicativo
da formação dos cristais, foi visto que os métodos de Sloan(1998) e Termodinâmico
Simplificado(2004) apresentaram resultados próximos para a condição de operação na
chegada da plataforma e destoam na condição de temperatura mínima. Porém, como cada
modelo tem seu intervalo de operação, portanto foi possível combinar os dois, então adotando
o valor da massa de água condensada do gás natural no range confiável.
A variável de temperatura de formação de hidrato foi detalhada por três seguimentos e
ambos apresentaram semelhança. Calculando de maneira analítica a TFH pelo modelo
proposto por Safarmizaei (2015) e comparando no primeiro caso com a representação gráfica
de Katz (1940), observou-se que nas duas condições de operação os modelos indicam valores
em escala similar. Já para o segundo caso que foi comparar o modelo de Safarmizaei com o
software Hydrate Plus, nota-se disparidade nas condições com pressões mais baixas, contudo
essa ferramenta digital contém limite de range para seu uso próximo a menor pressão do
projeto, esse erro não foi notado quando compara-se pressões maiores. Pode-se concluir com
esses dados que a máxima temperatura de sub-resfriamento fica estabelecida em torno de 20
°C, que é a diferença entre -2°C do projeto e 18,63 °C de TFH nesse ponto, assim
estabelecendo alta força motriz para formação de hidrato.
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Por fim, ao deparar-se com a presença de hidrato há necessidade de calcular taxas de
injeção de inibidores e pelas equações Hammerschmidt pode-se trabalhar com 5 diferentes
tipos. Os resultados nesse caso foram especificados para dois desses tipos, o MEG e caso o
operador necessite de resultados em menor tempo, por exemplo, notada a presença de corrosão na
via de transmissão foi adotado o inibidor etanol. Logo, observou-se que quanto maior a vazão de
operação uma maior quantidade de inibidor é solicitada, então formando assim gráficos crescentes
lineares em função das três vazões do projeto. Conclui-se que, os laudos desse tema associam-se
as boas estratégias de extração e escoamento do gás natural, assim evidenciando opções de
decisões a serem acertadas para evitar incidentes inesperados.
5.2 RECOMENDAÇÕES
A compreensão relativa à presença de hidrato nas vias de transmissão de gás natural
vem crescendo gradativamente, evidenciado que as reservas modernas de hidrocarbonetos
encontram-se em ambientes que necessitam potencialmente de capital intelectual para obter
sua extração e adequado transporte. Nesse contexto, os estudos para evitar obstáculos para
indústria do petróleo devem sempre estar se atualizando e buscando melhores adaptações que
trabalhem em conjunto com a evolução da tecnologia. Esse trabalho pode ser aplicado em um
campo real visando comparar a lucratividade do gás residual do poço depois de detectada a
presença de hidrato, nessa situação fazendo uma análise se esse volume apresenta receita
suficiente para arcar com gastos de injeção de inibidores e/ou processos de dissociação.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Publishing, Houston, Texas, 2009.
DUARTE, Lindemberg de Jesus Nogueira. Hidratos. Natal: Eletrônico, 2015. Color.
HAMMERSCHMIDT, E.G., 1934. Formation of gas hydrates in natural gas
transmission lines. Ind. Eng. Chem. 26, 851–855.
IEA. International Energy Agency. World Energy Outlook 2017. Nov. 2017.
Istitute of Petroleum Engineering. What are Gas Hydrates? - Heriot-Watt University,
Edinburgh 2013.
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gas hydrate/clathrate: The major organic carbon reserve of the Earth.
Lin, Z., Luling, L., Jia, Z., Li, Q., Junming, F. 2015. Analytical methods to calculate water
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approach for estimating the water content of natural gases. Ind. Eng. Chem. Res. 43,
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RESERVETÓRIO. Rio de Janeiro. Interciencia. Petrobras, 2006.
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correlation. Gas processing. Agosto-2015
Sloan, E. D. Jr., 1998, “Clathrate Hydrates of Natural Gases”, 2nd ed., Marcel Dekker,
New York, USA;
SOUSA, J. S. A. Produção de Petróleo I. Bahia: Salvador, 2009.
VAZ, C. E. M., MAIA, J. L. P., DOS SANTOS, W. G. Tecnologia da Indústria do Gás
Natural. Ed.1, Blucher, 2008.