UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68...

52
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Secagem da polpa de Pitanga (Eugenia uniflora) por atomização - Efeitos da adição do leite e aditivos Yuri Souza Araújo Orientadora: Profa Dra Maria de Fátima Dantas de Medeiros Natal/RN Novembro 2017

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Secagem da polpa de Pitanga (Eugenia uniflora) por atomização -

Efeitos da adição do leite e aditivos

Yuri Souza Araújo

Orientadora: Profa Dra Maria de Fátima Dantas de Medeiros

Natal/RN

Novembro 2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

Yuri Souza Araújo

Secagem da polpa de Pitanga (Eugenia uniflora) por atomização - Efeitos da adição do leite e aditivos

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao departamento de Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do Título de Engenheiro Químico. Orientadora: Profª. Drª. Maria de Fátima Dantas de Medeiros.

Natal, RN

Novembro 2017

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

Agradecimentos

Agradeço ao governo federal brasileiro por disponibilizar uma universidade

gratuita de alto nível e pela bolsa concedida para estudos no exterior.

Agradeço também a todos os servidores da universidade, em especial aos

professores do Departamento de Engenharia Química.

E principalmente a todo o pessoal do Laboratório de tecnologia de alimentos:

Amanda e Emanuelle pela parceria durante os experimentos. Suzi, Camilla e

Cinthia por me ensinarem todos os métodos laboratoriais. E por fim, minha

orientadora Professora Maria de Fatima por topar o desafio de me orientar e

sempre me incentivar na produção do trabalho.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

Sumário

1. ................................................................................................... 10

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 13

2.1. Objetivo geral .............................................................................................. 13

2.2. .................................................................................. 13

3. FICA .............................................................................. 14

3.1. Pitanga (Eugenia uniflora) ........................................................................... 14

3.2. Secagem de frutas tropicais ........................................................................ 16

3.3. Secador Spray Dryer ................................................................................... 17

3.4. Aditivos ....................................................................................................... 19

4. METODOLOGIA ................................................................................................ 21

4.1. Local ........................................................................................................... 21

4.2. Material ....................................................................................................... 21

4.3. Procedimento Experimental ........................................................................ 22

4.3.1. Secagem ................................................................................................. 23

4.4. Caracterização físico-químico ..................................................................... 25

4.4.1. pH ............................................................................................................ 25

4.4.2. Densidade ............................................................................................... 25

4.4.3. Sólidos solúveis ....................................................................................... 26

4.4.4. Sólidos totais ........................................................................................... 26

4.4.5. Acidez ...................................................................................................... 26

4.4.6. Atividade de água .................................................................................... 27

4.4.7. Umidade .................................................................................................. 28

4.4.8. Higroscopicidade ..................................................................................... 29

4.4.9. Solubilidade ............................................................................................. 30

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 31

5.1. Rendimento ................................................................................................. 31

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

5.1.1. Fatores de influência ............................................................................... 32

5.1.2. Comparação com o leito de jorro............................................................. 32

5.1.3. Comparação com outras frutas ............................................................... 33

5.2. Caracterização físico-química das misturas ................................................ 34

5.3. Caracterização físico-química do pó ........................................................... 36

5.3.1. Umidade .................................................................................................. 36

5.3.2. Atividade de água .................................................................................... 38

5.3.3. Solubilidade ............................................................................................. 39

5.3.4. Higroscopicidade ..................................................................................... 40

5.3.5. Acidez ...................................................................................................... 42

6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 44

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 45

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

Lista de figuras

Figura 1 - Pitangas de diversas cores ...................................................................... 14

Figura 2 - Diagrama do “ ray dry r” .................................................. 18

Figura 3 - Mistura pronta para a secagem ................................................................ 23

Figura 4 - Spray Dryer em funcionamento pleno ...................................................... 24

Figura 5 - Esquema da acidez total titulável por volumetria potenciométrica ............ 27

Figura 6 - Aqualab preparado para uso .................................................................... 28

Figura 7 - Pó seco após um dia na estufa ................................................................ 29

Figura 8 - Aspecto do pó após os sete dias no dessecador ..................................... 30

Figura 9 - Rendimento x (%)leite ............................................................................... 31

Figura 10 - Umidade x (%) leite ................................................................................. 37

Figura 11 - Atividade de água x (%) leite .................................................................. 39

Figura 12 - Solubilidade x (%) leite ............................................................................ 40

Figura 13 - Higroscopicidade x (%) leite .................................................................... 41

Figura 14 - Acidez x (%) leite .................................................................................... 42

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

Lista de Tabelas

Tabela 1- Composição da polpa de Pitanga ............................................................. 15

Tabela 2 - Concentracao das misturas com albumina .............................................. 22

Tabela 3 - Concentracao das misturas com Goma arábica....................................... 22

Tabela 4 - Concentracao das misturas com Whey Protein........................................ 22

Tabela 5 - Misturas sem adição de leite e adição de 4% de adjuvante ..................... 31

Tabela 6 - Misturas com 20% de leite e 6% de adjuvante ......................................... 31

Tabela 7 - Misturas com 40% de leite e 4% de adjuvante ......................................... 31

Tabela 8 - Caracterização de misturas sem leite e adição de 4% de adjuvante ....... 34

Tabela 9 - Caracterização de misturas com 20% de leite e 6% de adjuvante ........... 34

Tabela 10 - Caracterização de misturas com 40% de leite e 4% de adjuvante ......... 34

Tabela 11 - Umidade (%) do pó ................................................................................ 37

Tabela 12 - Atividade de água do pó ......................................................................... 38

Tabela 13 - Solubilidade (%) do pó ........................................................................... 40

Tabela 14 - Higroscopicidade (%) do pó ................................................................... 41

Tabela 15 - Acidez total titulável do pó ...................................................................... 42

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

RESUMO

Estudou-se secagem de polpa de pitanga (Eugenia uniflora) em secador spray

dryer utilizando diferentes formulações que incluíam a adição de leite e de whey,

goma arábica e albumina em diferentes proporções para avaliar o efeito destes

adjuvantes (agentes carreadores) e do leite no rendimento do processo e nas

características físico-químicas do produto obtido. Utilizou-se um atomizador

(spray dryer) do fabricante LABMAQ DO BRASIL LMTD, modelo MSD 1.0. As

condições de operação foram: temperatura e vazão do ar de secagem de 120°C,

e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do

compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados, os maiores

rendimentos foram obtidos sem a adição do leite, e dentre os aditivos, o whey

protein facilitou a maior produção de pó, atingindo um rendimento de até 47%.

Com relação à caracterização dos pós, os mesmos apresentaram cerca de 10%

de umidade em média, observando–se que com a adição do leite ocorre

importante diminuição no teor de umidade. Todas as atividades de água foram

inferiores a 0,4, o que garante a preservação do pó quanto à atividade

microbiana. Os pós apresentaram elevada solubilidade principalmente quando

processado sem adição do leite. Todavia, a adição do leite reduziu tanto a acidez

total tripulável dos pós como a higroscopicidade .

Palavras-chave: Pitanga, Atomização, Spray Dryer

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

Abstract

Drying of pitanga pulp (Eugenia uniflora) in spray dryer drier was studied using

different formulations that included the addition of milk and whey, gum and albumin in

different proportions to assess the effect of these adjuvants (carrier agents) and milk

on yield process and the physicochemical characteristics of the product obtained.

Using a spray dryer from manufacturer LABMAQ DO BRASIL LMTD, model MSD

1.0. The operating conditions were: initial temperature of 120 ° C, drying air flow rate

of 1.65 m³/min, feed flow rate of 0.68 L/h and air flow of the compressor atomization

of 0.35 L/min. According to the results, the highest yields were obtained without the

addition of milk, and among the additives, whey protein facilitated the highest

production of powder, reaching a yield of up to 47%. Regarding the characterization

of the powder, they presented about 10% of humidity, with the addition of milk being

responsible for a fall in half in the moisture content. All water activities were less than

0.4. This guarantees the preservation of the powder in terms of microbial activity. The

powders showed high solubility. However, addition of the milk reduced the solubility

of the powder. The basic potential of the milk also reduced the total crew acidity of

the powders. Hygroscopicity, which was in the range of 25%, dropped to 15% with

milk.

Key-words: Surinam Cherry, Spray Dryer, Milk

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

10

1.

A fruticultura é um dos segmentos econômicos mais importantes do

agronegócio brasileiro. O Brasil encontra-se no terceiro lugar no ranking de maiores

produtores de frutas do mundo com uma produção anual de cerca de 40 milhões de

toneladas (FAO, 2016). Em especifico na região nordestina, o desenvolvimento

desse setor econômico é responsável pelo desenvolvimento social das regiões

rurais. Ajuda a combater os problemas sociais de uma região que sofre tanto com a

seca, desemprego, fome e êxodo rural. Apesar do solo semiárido e de restrições

hídricas, o Nordeste conseguiu desenvolver esse tipo de ativada devido a dois

fatores: condições ambientais (luminosidade, umidade, temperatura) e investimentos

federais em programas de implantação de um sistema hídrico na região. Com isso

criaram-se polos de fruticultura irrigada no semiárido de Bahia, Pernambuco, Rio

Grande do Norte e Ceará. A fruticultura irrigada e cultivos de sequeiro (pequenos

produtores) somam uma área total cultivada de aproximadamente dois milhões de

hectares no Nordeste (Vidal, Ximenes, 2016).

A pitangueira (Eugenia uniflora) é uma planta da família das mirtáceas. Nativa

do continente sul-americano, mais precisamente da costa leste, encontrada desde o

Suriname até a Argentina (Duke, James A., 2009). Sua fruta, a pitanga, apresenta-

se em forma de pequenas esferas carnosas de cor avermelhada ou alaranjada.

Possui um sabor equilibrado entre doce e ácido que depende da cor da fruta e um

cheiro característico leve. A pitangueira começa a dar frutos após dois anos do seu

plantio e se estabiliza após seis anos de idade (Lederman et al. 1992). Entra em

produção duas vezes por ano: março a abril (outono) e de agosto a dezembro

(primavera) (CEPLAC, 2012).

A pitanga após a colheita é bastante frágil de modo que qualquer choque

pode ocasionar a ruptura da película protetora e a fruta pode entrar em processo de

fermentação. Desse modo, o transporte e comercialização entre grandes distâncias

encontram barreiras na vulnerabilidade e dificuldade de armazenamento da fruta in

natura. A alternativa encontrada pela indústria para a comercialização é usar a fruta

imediatamente após a colheita para produzir polpas ou sucos congelados. Com isso,

aumenta-se o tempo de conservação do produto e anulam-se os possíveis danos

físicos durante o transporte em longas distâncias.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

11

Diversos estudos científicos relacionam a alimentação da população com o

desenvolvimento de tumores cancerígenos. Eles concluem que se deve tomar

cuidado com a ingestão de corantes e conservantes adicionados aos alimentos, uma

vez que tais substâncias se acumulam no corpo humano e ainda não há consenso

científico das doses diárias de ingestão e o risco de câncer. Atualmente as pessoas

estão mais preocupadas com o que estão ingerindo e há uma tendência no mercado

de exigir produtos frescos e naturais, o que tem contribuído para o crescimento do

consumo de polpas e de sucos congelados.

A industrialização da pitanga tem como principal atividade a produção da

polpa congelada. Deve-se usar como matéria-prima frutas limpas e isentas de

detritos. O despolpamento é o processo no qual se separa a polpa da casca,

semente e partes não comestíveis da fruta, produzindo uma polpa homogênea

pronta para o congelamento (Bezerra et al, 1997).

Outra alternativa para a comercialização de um produto a base da pitanga

seria a desidratação da polpa congelada a partir de uma operação de transferência

de massa para a remoção de umidade, ou seja, uma secagem. As vantagens desse

processo é a redução dos custos com armazenamento e transporte, como também

prolongar a vida útil e impedir a deterioração do valor de mercado das frutas (Gurjão,

2006).

A secagem vem se mostrando um processo cada vez mais importante na

indústria de alimentos. Atualmente existem vários métodos de secagem, cada qual

com suas vantagens, desvantagens e particularidades. Os métodos de secagem de

líquidos pastas e suspensões mais comuns são: secagem por atomização,

secagem em leite de jorro, desidratação em camada de espuma (foam-mat),

liofilização, encapsulação de sucos por co-cristalização com sacarose (Gurgel,

2014).

A secagem por atomização ou por spray dryer é um dos métodos mais

difundidos e utilizados desde o século 20 na indústria alimentícia e também

farmacêutica (Oliveira et al, 2013). Essa técnica consiste na atomização do liquido

em uma câmara de secagem que recebe um fluxo constante de ar quente. Após o

contato do rr com o líquido, a água evapora instantaneamente. A grande vantagem

desse método se deve ao fato de conservar as características nutricionais do

produto, pois o tempo de contato com a fonte de calor é mínimo. Inclusive, as

variações que podem ser encontradas nas características do pó, se devem as

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

12

condições operacionais do secador (Oliveira et al, 2006). Tudo isto justifica a

produção de estudos científicos em universidades e laboratórios de pesquisa para o

desenvolvimento da indústria nacional. Esse método exige a adição de um agente

secante a ser usado como adjuvante na secagem. O tipo de adjuvante e sua

concentração também influenciam diretamente na qualidade do pó obtido e no

rendimento do processo (Oliveira et al, 2010).

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

13

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Realizar o estudo sobre a secagem da polpa de pitanga no secador spray,

utilizando diferentes aditivos e comparar os resultados com os obtidos em secador

de leite de jorro em pesquisas anteriormente realizadas.

2.2.

• Obter o pó da pitanga com e sem adição de leite, utilizando como aditivos o whey

protein, albumina e goma arábica;

• Calcular o rendimento do processo e caracterizar o produto em pó obtido;

• Comparar o desempenho do processo utilizando as diferentes formulações e a

qualidade dos pós produzidos.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

14

3. FICA

3.1. Pitanga (Eugenia uniflora)

A pitangueira é uma árvore originária do Brasil. É uma planta de fácil cultivo e

por isso pode ser encontrada em qualquer área do território nacional. Não se mostra

exigente quanto ao solo, crescendo tanto em solos arenosos e nas margens de rios.

É muito apreciada no estrangeiro, onde recebe o nome de Surinam Cherry. Do

Brasil. Foi levada para outros países que possuem condições climáticas parecidas

como ilhas do Caribe, região sul dos Estados Unidos e até mesmo para a China,

evidenciando-se a capacidade de adaptação da pitangueira (Gomes, 2007). A

pitangueira cresce de forma ramificada e irregular podendo atingir 10 metros de

altura. As folhas são ovais e verdes e a fruta de coloração amarelada e avermelhada

quando maduras, podendo ja desprender-se da árvore.

A pitanga é uma fruta baga, globulosa com cerca de três cm de diâmetro.

Possui cerca de 10 sulcos longitudinais achatados nas extremidades. A polpa é

vermelha com um aroma característico e um sabor agridoce (Gomes, 2007). Possui

em média 77% de polpa e 23% de sementes, sendo rica em vitaminas A e C

(Bagetti, et al., 2009, Celli et al., 2011, Massarioli et al., 2013). Não se conhecem no

Brasil variedades perfeitamente definidas de pitangueiras, porém notam-se

diferenças consideráveis no tamanho do fruto e da semente, forma, e principalmente

sabor. Sabe-se que a quantidade de água de irrigação influencia no tamanho do

fruto, pouca água leva a formação de pitangas pequenas (Gomes, 2007). As cores

variam entre o vermelho, roxo, laranja e até quase pretas. A Figura 1 ilustra as

diferentes tonalidades da pitanga:

Figura 1 - Pitangas de diversas cores (Borges, 2014)

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

15

No exterior, o fruto é comparado com a cereja européia, pois é macia,

sucolenta, colorida e agridoce. Também é uma excelente fonte de antixoxidantes

(Filho et al., 2008). Esses fatores fazem com que o fruto seja aproveitado pela

indústria de alimentos para a produção de diversos produtos. Come-se crua, em

geleia ou em doce de calda. Comumente encontram-se sucos e polpas congeladas

em mercados de todo país. O refresco em pó é considerado um bom calmante. O

sorvete e o licor possuem sabor agradável (Gomes, 2007).

O consumo de frutas e hortaliças vem aumentando nos últimos anos devido

ao seu valor nutritivo e efeitos terapêuticos. Estudos recentes correlacionam

compostos bioativos presentes em frutas e vegetais com a prevenção de saúde e

retardo do envelhecimento (Jimenez-Garcia et al., 2013). A pitanga é fonte de

vitamina A e C e de compostos fenólicos e carotenóides caracterizando-se como

uma fonte de antixoxidantes (Bagetti, et al., 2009, 2011; Celli et al., 2011, Massarioli

et al., 2013). A pitanga madura possui um maior teor de antocioninas e de

carotenóides do que no estado semi-maduro justificado pelo fato que há síntese

desses pigmentos durante o amadurecimento. A pitanga na cor roxa possui uma

significativa diferença no teor desses fotoquimico em relação a potanga de outras

cores (Lima et al., 2002).

A Tabela 1 apresenta a composição da polpa de pitanga (Eugenia uniflora)

encontrada por diferentes autores:

Tabela 1- Composição da polpa de Pitanga

PROPRIEDADES KARWOWSKI (2012) SALGADO et al (1999)

Umidade (%) 90,31±0,19 90,47±0,36

Sólidos solúveis totais (°Brix) 8,00±0,01 9,33±0,57

pH 3,45±0,0 2,89±0,08

Fibra bruta (%) 2,20±0,02 *

Cinzas (%) 0,43±0,01 *

Acidez (% de ácido Cítrico) 0,99±0,06 1,69±0,25

Açúcares Totais (%) * 5,65±0,91

Proteínas (%) 0,80±0,04 *

Ácido ascórbico (mg/100g) 4,93±0,0 *

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

16

3.2. Secagem de frutas tropicais

Define-se secagem como uma operação unitária em que se remove água ou

outro solvente de um sistema sólido ou semi-sólido. Essa remoção pode ser feita por

meios mecânicos do tipo centrifugação ou prensagem. A secagem refere-se

também a vaporização térmica, em que evaporação ocorre com o auxilio de uma

corrente de gás quente (McCabe, 1993).

A secagem está entre as operações mais usuais da indústria química e é um

dos processos mais antigos utilizados pelo homem na conservação dos alimentos. A

grande maioria dos alimentos sofre deterioração com facilidade devido a

contaminação por micro-organismos. Ao diminuir a quantidade de água, criam-se

condições desfavoráveis para o crescimento microbiano no produto. Outra

consequência da secagem é a redução do peso e facilidade do manuseio,

resultando num baixo custo de transporte e armazenamento em relação aos

produtos enlatados e congelados. A secagem também pode ser feita para cumprir

especificações a respeito de um produto ou da matéria prima e valorizar seu valor de

mercado.

Café, achocolatados, leite, sopas e frutas são exemplos de alimentos

desidratados que quando reconstituídos em água, retornarão ao aspecto natural

sofrendo poucas alterações. Eles também conservam as características físicas e

nutritivas podendo ser consumidos diretamente (Embrapa, 2003).

O Brasil é um grande produtor de frutas e produtos agrícolas, porém possui

elevados níveis de perdas pós-colheita (Alves et al, 2010). As frutas são compostas

por grande quantidade de água e açúcares, ficando expostasa a atividade de

microorganismos. Portanto, há a uma real necessidade de implementação de

processos simples e baratos que possam oferecer meios de diminuir as perdas e

aumentar o tempo de consumo das frutas (Santos et. al., 2010).

Os métodos mais comuns para a secagem de polpa de frutas são por

liofilização, atomização, secagem em leito de jorro e secagem em camada de

espuma (foam-mat). A diversidade de tipos de secadores levanta questões de qual o

mais adequado para determinado processo. A resposta vem por meio de pesquisas

que buscam maneiras de aprimorar a eficiência dos equipamentos. A partir do

estudo da composição das polpas de frutas, tais como teores de açúcar, gordura,

amido, pectina, fibras além da água presente é possivel avaliar a influencia da

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

17

composição no process de secagem (Medeiros, 2001). Estudos como Braga et al

(2013) verificam a influência dos aditivos na secagem de frutas ricas em açúcares no

leito de jorro, constatando um aumento da eficiência com a adição de coadjuvantes.

3.3. Secador Spray Dryer

A utilização de um atomizador em escala industrial se deu a partir do século

20 para se obter leite e sabão em pó. Devido à estabilidade e boa qualidade do

produto final, viabilidade econômica e disponibilidade de equipamentos, seu uso

disseminou-se pela indústria alimentícia e farmacêutica (Keshani et al., 2015).

Corantes naturais, alimentos, suplementos alimentares e cosméticos são exemplos

de produtos que são obtidos através dessa técnica (Tonon et al., 2009).

A técnica consiste na atomização do produto em forma líquida ou pastosa

através de ar comprimido em uma câmara de secagem. O fluxo de ar quente entra

em contato com as gotículas da amostra e promove a evaporação quase

instantânea da água presente. É indicado para a secagem de material termo

sensível sem afetar a qualidade de seus constituintes, devido ao tempo mínimo de

contato com a fonte de calor (Mezhericher et al., 2010).

a - a r r dad a d r d d r a a

d d da ara r a d a ad r da ra r ncia de calor e massa

entre o ar aquec d a a formadas na ara de secagem, assim como

das caracter a do material alimentado r d d dad

d dad superficial (Oliveira et al., 2010).

a d r r a ada a a da r d

a r a ar a d d ar a d r d atomizado,

formando a a pelo bico atomizador

Um atomizador padrão da LABMAQ DO BRASIL LMTD é formado por:

1) a d a a do material (Transforma o liquido em névoa);

2) Sistema de aquecimento e controle de temperatura do ar de secagem;

a d a r d a da a a de material a ser

seco;

a da a a de ar para secagem;

ara de secagem (onde ocorre a mistura da névoa com o ar);

a d ara (onde se recuperam os sólidos secos).

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

18

A Figura 2 d r a d a ra a de "spray

dry r”:

Figura 2 - Diagrama esquemático do “ ray dry r” (Labmaq, 2003)

As variáveis do processo incluem as temperatura de saída e entrada,

tamanho e pressão do bico atomizador, vazão de ar e vazão de alimentação,

velocidade de atomização e tempo de residência. Todas essas variáveis influenciam

nas propriedades físico-químicas do produto final (Keshani et al., 2015). Tonon

(2009) pesquisou a influência da temperatura durante a secagem do suco de açaí

chegando a conclusão que uma maior temperatura resulta em um pó menos úmido e

mais higroscópico.

Outra influência na qualidade dos produtos é a própria caracterização da

mistura de alimentação e o tipo de aditivo usado. Pegado e Oliveira (2016) utilizou

4% de albumina adicionada à polpa de acerola, obtendo um produto com 4% de

umidade e 38% de rendimento. Souza et al. (2013) observou diferentes valores para

a solubilidade, higroscopicidade e teor de umidade ao variar a concentração do

aditivo e da temperatura de entrada do ar de secagem.

Zardo (2014) listou as vantagens do spray dryer em relação aos outros

métodos d a secar produtos termo sensíveis devido ao baixo

tempo de retenção, rapidez e alto rendimento, manipulando-se r d d a rd

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

19

a ar d r d dad ara a rar a d d

ra sem a necess dad d rr do processo.

3.4. Aditivos

Uma das características do secador spray é a necessidade de se utilizar um

aditivo para viabilizar a secagem. É necessário devido às perdas pela deposição do

material na parede do secador durante seu uso. Isso afeta a qualidade do produto e

o rendimento da produção (Keshani et al., 2015).

As frutas são ricas em açúcares de baixo peso molecular. Isso contribui para

características indesejáveis em produtos desidratados, tais como: baixa solubilidade,

alta higroscopicidade e a pegajosidade que contribui para adesão das partículas na

parede do equipamento durante o processo (Oliveira & Petrovick, 2010). Entretanto,

esses problemas podem ser resolvidos pela adição de carboidratos e proteínas de

alto peso molecular. Essas substâncias promovem a estabilização durante a

secagem e podem também proteger os compostos sensíveis (Jayasundera et al.,

2011). Os aditivos protegem o produto dos efeitos negativos e da degradação dos

bioativos no pó seco (Moraes, 2014). Também provocam alterações nas

características do produto seco sendo capaz de reduzir a higroscopicidade (Oliveira

& Petrovick, 2010).

Os aditivos naturais são componentes que podem trazer benefícios à saúde e

uma alternativa frente aos aditivos químicos. A legislação brasileira permite o uso de

adjuvantes para melhorar a textura, cor e sabor do produto, bem como aumentar a

eficiência de um processo industrial. Para a atomização, a goma arábica e a

maltodextrina são as mais utilizadas para a secagem de frutas. Por serem altamente

solúveis e possuírem baixa viscosidade, são vistas com bons olhos para esse tipo

de processo (Cano-Chauca, 2005).

Entretanto, estudos recentes vêm propondo outras alternativas. Catelam

(2010) utilizou em seu estudo leite como aditivo para a secagem de maracujá. Os

resultados mostraram que não houve aumento no rendimento, porém apresentou

resultados satisfatórios frente à utilização dos aditivos usuais. Gurgel (2014) também

utilizou leite na secagem em camada de espuma da polpa de graviola. Obteve

espumas com maior expansão, todavia menos estáveis. O pó obtido teve uma

menor solubilidade, o que prejudica a reconstituição da polpa.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

20

A proteína do soro do leite, whey protein, é outro aditivo testado devido a sua

riqueza nutricional. Feng et el (2012) utilizou whey protein e maltodextrina na

secagem de suco de beyberry. Os resultados mostraram que a adição de 1% da

proteína era suficiente para recupera 53% do pó. Enquanto era preciso 50 % da

maltodextrina para o mesmo rendimento.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

21

4. METODOLOGIA

4.1. Local

Todos os experimentos foram realizados nas dependências da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte - Campus Natal. As análises físico-químicas foram

feitas no Laboratório de Tecnologia de Alimentos do Departamento de Engenharia

Química. O processo de secagem foi realizado no Laboratório de Alimentos também

do Departamento de Engenharia de Química.

4.2. Material

Para o desenvolvimento desse trabalho foram utilizados os seguintes

produtos:

• Polpa de pitanga congelada;

• Leite em pó;

• Goma arábica;

• Albumina;

• Whey protein.

A polpa de pitanga da marca Delícia da Fruta foi comprada em mercado local

e mantida congelada no laboratório até o momento da secagem. A polpa veio

dividida em sacos de 100g cada. O leite em pó instantâneo da marca Ninho ® foi

utilizado para formar o leite reconstituído na proporção indicada pelo fabricante na

embalagem. A goma arábica InstantgumBA foi doada pelo fabricante para a

Universidade. A albumina da marca Naturovos sem sabor foi comprada em loja local

em um saco de 500g e conservada em refrigerador. O whey protein concentrado foi

comprado na farmácia de manipulação Companhia da Fórmula em embalagem de

200g.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

22

4.3. Procedimento Experimental

A polpa da pitanga foi retirada do congelador e descongelada à temperatura

ambiente, enquanto o leite a ser utilizado foi reconstituído a partir do leite em pó de

acordo com as recomendações do fabricante. O adjuvante foi pesado em uma

balança de precisão. Para cada experimento, utilizou-se uma proporção previamente

estabelecida. A mistura foi batida em um liquidificador doméstico por cerca de três

minutos. Para cada experimento, buscou-se preparar cerca de 400g de mistura dos

quais 350g foram levados para a secagem e 50g ficaram no laboratório para a

caracterização físico-química. Foram realizados nove experimentos de secagem,

dividios em três grupos para cada tipo de adjuvante. As formulaçoes encontram-se

nas tabelas 2, 3 e 4 a seguir:

Tabela 2 - Formulação das misturas com albumina

Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3

Polpa (%) 100 80 60

Leite (%) 0 20 40

Albumina (%)* 4 6 4

Tabela 3 - Formulação das misturas com Goma arábica

Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3

Polpa (%) 100 80 60

Leite (%) 0 20 40

Goma (%)* 4 6 4

Tabela 4 - Formulação das misturas com Whey Protein

Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3

Polpa (%) 100 80 60

Leite (%) 0 20 40

Whey (%)* 4 6 4

*A adição dos adjuvantes se dá em cima do total da mistura da polpa mais leite.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

23

A Figura 3 mostra uma solução ja preparada com a polpa, leite e albumina,

depositada em um Becker para seguir o procedimento de secagem:

Figura 3 - Mistura pronta para a secagem (Autoria própria)

4.3.1. Secagem

A secagem foi realizada no secador do tipo spray dryer da fabricante

LABMAQ DO BRASIL LMTD, modelo MSD 1.0. Como se trata de um estudo de

comparação dos aditivos, as condições de operação foram as mesmas para todos

os experimentos. Para cada ensaio foi prefixado:

• Temperatura de secagem: 120 °C;

• Vazão de ar de secagem da bomba: 1,65 m³/min;

• Fluxo de ar de atomização do compressor: 0,35 L/min;

• Vazão de alimentação da mistura: 0,68 L/h;

• Bico injetor com diâmetro de 1,2mm.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

24

A Figura 4 mostra o Spray Dryer montado e com todas as condições

operacionais estabelecidas:

Figura 4 - Spray Dryer em funcionamento pleno (Autoria própria)

Para realizar a secagem a solução é bombeada através de uma mangueira

de silicone até o bico injetor onde ocorre sua pulverização instantânea e a corrente

de ar quente seca as micropartículas. O pó produzido é recolhido por meio de um

recipiente coletor. Devido ao volume da mistura e a vazão de alimentação escolhida,

o tempo das secagens variou entre 32 e 35 minutos. Ao término do processo, o pó é

pesado e armazenado em refrigerador.

Vale destacar que se perde sólido durante o processo. Pequenas partículas

são expelidas por uma mangueira metálica, e partículas grandes ficam presas nas

paredes do equipamento. É necessário realizar um cálculo de rendimento da

produção do pó. O rendimento é dado em porcentagem dividindo a massa de pó

obtida pela massa de sólidos presentes na mistura. Os cálculos de rendimento são

feitos pelas Equações 1 e 2 abaixo:

Rendimento (%) =

x 100 Equação 1

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

25

Rendimento (%) =

Equacao 2

Onde:

M a a d obitdo (g);

Xsp ra d d d ;

Mmis = massa da mistura alimentada (g);

ra d lidos da mistura.

4.4. Caracterização físico-químico

A caracterização físico-química da mistura, do pó obtido e da polpa pura foi

realizada no Laboratório de Tecnologia de Alimentos. Todas as análises foram

realizadas em triplicata. Através dos seguintes métodos analíticos listados abaixo foi

determinado: pH; densidade, sólidos solúveis, sólidos totais, acidez, atividade de

água, umidade, higroscopicidade e solubilidade.

4.4.1. pH

Para a determinação do potencial Hidrogeniônico foi utilizado o Potenciômetro

modelo Tec-5 do fabricante TECNAL calibrado com soluções tampões de pH 4,00 e

7,00 conforme as normas analíticas do Instituto Adolf Lutz (1985). Foi determinado o

pH da polpa pura e das misturas.

4.4.2. Densidade

A densidade das misturas foi determinada de forma simples. As amostras

foram adicionadas em provetas calibradas com um volume de 30mL e pesadas em

balança de precisão da fabricante MARTE modelo AD330.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

26

4.4.3. Sólidos solúveis

O teor de sólidos solúveis totais (SST) das misturas foi determinado

diretamente por meio de um refratômetro de bancada (ATAGO, Smart-1) calibrado

com água destilada. Alíquotas de amostra foram transferidas diretamente para o

leitor do equipamento. O resultado é dado em unidade °Brix.

4.4.4. Sólidos totais

Para o cálculo de rendimento do processo é necessário ter em mãos a fração

de sólidos da mistura. Esta é obtida a partir do cálculo dos sólidos totais. Amostras

de 4g da mistura são adicionadas em pesa-filtros calibrados e secos, colocados na

estufa de circulação de ar quente à 70ºC por 24 horas. Após a evaporação do

líquido, pesa-se a massa de sólidos restante. O teor de sólidos totais em

porcentagem é dado pela Equação 3:

Sólidos (%) =

Equação 3

Onde:

Pf = Peso do pesa filtro após ser retirado da estufa (g);

Pi = Peso do pesa filtro vazio e seco (g);

Pa = Peso da amostra adicionada ao pesa-filtro (g)

4.4.5. Acidez

Foi determinada a acidez total dos pós obtidos a partir do método

311/IV de determinação de acidez total titulável por volumetria potenciométrica. Esse

método é indicado para soluções coloridas e é expresso em % de ácido cítrico.

Dilui-se 1g do pó em 50 mL de água destilada em frascos de Erlenmeyer.

Agita-se moderadamente e mergulha-se o eletrodo do Potenciômetro na solução.

Segue-se a titulação com hidróxido de sódio a 0,1 N até uma faixa de pH entre 8,2 à

8,4. A porcentagem de acidez total titulável é determinada pela equação 4:

Equação 4

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

27

Onde:

N r a dad da de NaOH (N);

a d cido = 0,06404;

V = volume de NaOH gasto na titulação (ml);

Fc a r d rr da o de NaOH;

P = peso da amostra (g).

A Figura 5 mostra como esse procedimento foi realizado:

Figura 5 – Esquema para determinação da acidez total titulável por volumetria

potenciométrica (Autor)

4.4.6. Atividade de água

A atividade de água do pó foi medida em um medidor do tipo AQUALAB

(SERIE 3TE, Brasil). A amostra é colocada em cápsulas de polietileno e inserida no

equipamento transcorrendo alguns minutos até a estabilização. A atividade de água

representa a água que se encontra livre no material, possibilitando reações químicas

e a proliferação de microorganismos. Para não comprometer o alimento, o ideal é

uma atividade de água abaixo de 0,4. A Figura 6 apresenta o equipamento utilizado:

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

28

Figura 6 - Aqualab preparado para uso (Autoria própria)

4.4.7. Umidade

A determinação da umidade do pó foi feita seguindo o método 313/IV (IAL,

2009). Foram pesados 2g do pó e transferidos para pesa-filtros calibrados e secos.

Em seguida, colocado em estufa com circulação forcada de ar (TECNAL TE-394/I,

Brasil) a 70ºC até adquirir peso constante. A Figura 7 mostra o pó já no pesa-filtro e

seu aspecto no fim da secagem na estufa. A umidade foi expressa em termos

percentuais de acordo com a Equação 5 abaixo:

Umidade (%) =

Equação 5

Onde:

Ppf = Peso do pesa-filtro seco;

Ppó = Peso do pó

Pf = Peso final após secagem na estufa.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

29

Figura 7 - Pó seco após um dia na estufa (autoria própria)

4.4.8. Higroscopicidade

A higroscopicidade é a capacidade que o pó tem de absorver água do

ambiente. Permite prever a estabilidade de alimentos desidratados durante o

armazenamento, tendo em vista que o ganho de água facilita a degradação do

alimento (Jaya & Das, 2009).

A determinação da higroscopicidade é feita pelo método sugerido por Tonon

et al. (2009). Ocorre da seguinte maneira: Amostras de 1 g são dispostas em

cápsulas e acondicionadas por sete dias em um dessecador, fixando-se uma

atmosfera com 75% de umidade relativa constante mantida por uma solução de

cloreto de sódio (NaCl) com concentração de 40%. A Figura 8 mostra o pó nas

cápsulas e seu aspecto após sete dias na atmosfera reproduzida. O percentual de

higroscopicidade das amostras foi calculado conforme descrit a a 6:

Higroscopicidade (%) =

Equação 6

Onde:

Mf = massa da amostra final (g);

Mi = massa da amostra inicial (g);

Ms a a a d (g);

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

30

Figura 8 - Aspecto do pó após os sete dias no dessecador (Autoria própria)

4.4.9. Solubilidade

A determinação da solubilidade do pó é feita pelo método descrito por Cano-

Chauca et al. (2005). Dissolve-se 1g do pó em béquer contendo 100mL de água. A

solução deve ser submetida à agitação mecânica de 2500 RPM por 5 minutos. Logo

após, as amostras são transferidas em igual quantidade para dois tubos falcon de

50mL e centrifugadas a 2600 rpm por 5 minutos. quota de 20mL do sobrenadante

f ra r da ara a- r r a ad da secagem em

estufa a 70º r a d dad a ad a ar r da d r a entre o

peso final e o inicial do material no pesa-filtro. A solubilidade em porcentagem foi

determinada pela Equação 7:

Solubilidade (%) =

Equação 7

Onde:

Mf = massa do pesa-filtro com a amostra depois da secagem (g);

Mpf = massa do pesa-filtro vazio (g);

P =peso do d do (g);

Msbn = massa da amostra sobrenadante (g).

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

31

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. Rendimento

De posse de todos os dados experimentais e a partir dos resultados

calculados pela Equação 2, os rendimentos de cada experimento são apresentados

nas tabelas 5, 6 e 7 e representados na Figura 9.

Tabela 5 - Misturas sem adição de leite e adição de 4% de adjuvante

Adjuvante Rendimento (%)

Albumina 38,16

Goma arábica 34,6

Whey Protein 47,56

Tabela 6 - Misturas com 20% de leite e 6% de adjuvante

Adjuvante Rendimento (%)

Albumina 29,87

Goma arábica 28,19

Whey Protein 39,7

Tabela 7 - Misturas com 40% de leite e 4% de adjuvante

Adjuvante Rendimento (%)

Albumina 21,98

Goma arábica 21,7

Whey Protein 29,06

Figura 9 - Rendimento em função da fração de leite (%)

20

25

30

35

40

45

50

0 10 20 30 40

Ren

dim

en

to

Concentração de leite

Albumina

Goma

Whey

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

32

5.1.1. Fatores de influência

A partir da leitura do gráfico ilustrado na Figura 9 se verifica a duas que a

adição de leite reduz linearmente o rendimento. Em todos os casos os coeficientes

de correlação são superiores a 99%. Isso se explica devido à pegajosidade do leite.

A mistura pegajosa facilita o acúmulo de material nas paredes da câmara de

secagem e do ciclone. Uma forma de minimizar esse efeito é ajustando a pressão do

sistema de atomização para diminuir a deposição do pó sobre as paredes do

equipamento.

Entre os adjuvantes escolhidos, o Whey Protein é aquele que apresenta a

maior produção de pó. Enquanto a albumina e a goma arábica apresentam

rendimentos semelhantes. Durante a atomização a propriedade de adesão entre as

partículas e a parede do equipamento é de grande importância. Partículas com alto

teor de açúcar, como as polpas de fruta, promovem maior adesão com a superfície

da parede (Bandhari, 2005). No entanto, quando as proteínas são introduzidas na

solução de alimentação, elas formam um filme de proteção na interface ar-água das

gotículas. Esse filme endurece quando em contato com ar seco, de modo que

diminui a coalescência de gotículas bem como interações pegajosas das partículas

na câmera de secagem do atomizador (Adhikari, 2007). Além disso, efeitos de

difusividade também influenciam no aumento de recuperação do pó. Proteínas são

moléculas de alto peso molecular e consequentemente de baixa difusividade, com

isso tendem a permanecer na superfície das gotículas, enquanto frutose, sacarose e

glicose, de maior difusividade, transferem-se para o centro da gotícula (Fang e

Bandhari, 2012).

5.1.2. Comparação com o leito de jorro

Lima e Medeiros (2017) avaliaram o rendimento da secagem da polpa de

pitanga em leite de jorro testando diferentes formulações que incluíam proteína do

soro do leite, leite em pó e leite fluido. O teste de maior rendimento foi aquele que

contava com 29% de leite fluido e 1% de Whey Protein. O valor do rendimento de

38% se assemelha com os valores obtidos nesse trabalho.

Delmiro e Medeiros (2015) testaram os efeitos da adição de leite animal e

vegetal no desempenho do processo de frutas tropicais incluindo a pitanga. O uso

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

33

do leite fluido promoveu rendimento abaixo de 15% e novamente, apenas com a

adição da proteína isolada do soro do leite, o processo teve um rendimento de 38%.

Kátia (2011) fez um estudo da funcionalidade dos bagaços de frutas tropicais

desidratadas em leito de jorro. A pitanga se destacou por apresentar uma eficiência

alta de 56%.

5.1.3. Comparação com outras frutas

Silva e Medeiros (2017) testou a secagem da casca de berinjela adicionando

5% de maltodextrina, goma arábica, albumina e whey protein. Para as mesmas

condições operacionais do secador utilizado neste r desse trabalho, os resultados

obtidos foram semelhantes. Apenas o rendimento do ensaio com goma arábica é

significativamente mais baixo que os demais.

Lima (2017) obteve resultados para casca do jambo utilizando diferentes

condições de operação. Utilizou goma arábica como adjuvante com concentração de

5 a 10 %. O rendimento variou em uma faixa de 46 a 58 %.

O estudo feito por Tonon (2009) teve como matéria prima o açaí. Investigou

as influencias das variáveis do processo para a qualidade e estabilidade do produto.

Utilizou como agentes adjuvantes: maltodextrina 10DE, maltodextrina 20DE, goma

arábica e fécula de mandioca. Em 17 ensaios, o rendimento variou entre 35 à 55%.

A conclusão foi de que temperaturas mais altas resultaram em maior eficiência

enquanto uma maior vazão mássica leva a menores valores de rendimento.

Germano (2016) obteve resultados com baixo desempenho para a secagem

da banana verde no spray dryer. Apenas 20% de rendimento utilizando 5% de

albumina como aditivo. Concluiu que devem sem usados outros aditivos e condições

operacionais que favoreçam a produção de pó.

Rocha (2013) desidratou polpa de manga e de suco de caju integral avaliando

a influencia das condições do processo sobre o rendimento e umidade do pó.

Utilizou 28 configurações diferentes para cada ensaio, com resultados que variam

entre 10% e 30%. Um ensaio utilizando 30% de maltodextrina e 150ºC de

temperatura de entrada de ar, se destacou e apresentou um rendimento de 68%. Ao

analisar todos os resultados, o autor concluiu que o aumento da temperatura de

entrada do ar e da vazão de ar quente acarreta um maior rendimento do processo e

que a concentração do aditivo e a vazão de alimentação se encontravam numa faixa

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

34

ótima. O efeito da temperatura pode ser explicado pela maior eficiência na

transferência de massa e calor. Goula (2004) explica que temperaturas elevadas

resultam em partículas mais secas e com menor aderência nas paredes internas do

equipamento, aumentando a recuperação de pó.

5.2. Caracterização físico-química das misturas

Os dados obtidos a partir das análises físico-químicas da polpa de pitanga

pura e das misturas preparadas para a secagem estão apresentados nas tabelas 8,

9 e 10 abaixo:

Tabela 8 - Caracterização de misturas sem leite e adição de 4% de adjuvante

Ensaio pH Densidade(g/ml) Brix Umidade(%)

Pura 2,75 1,01 4,52 94,1

Albumina 3,6 0,97 9,29 90,9

Goma 3 1,01 8,40 91,3

Whey 3,27 0,99 9,16 91,9

Tabela 9 - Caracterização de misturas com 20% de leite e 6% de adjuvante

Ensaio pH Densidade(g/ml) Brix Umidade(%)

Albumina 4,16 1,04 12,58 85,8

Goma 3,95 1,07 13,02 86,9

Whey 3,8 1,05 12,5 86,5

Tabela 10 - Caracterização de misturas com 40% de leite e 4% de adjuvante

Ensaio pH Densidade(g/ml) Brix Umidade(%)

Albumina 4,25 1,07 12,61 86,6

Goma 3,92 1,03 12,62 85

Whey 4,22 1,06 12,8 84,1

Nsse estudo foi encontrado um pH muito ácido para a polpa de pitanga pura

(2,75). De acordo com Vascocelos e Melo Filho (2010) alimentos com pH menor que

4,5 sao classificados como acidos. Baruffaldi & Oliveira (1998) classificam a pitanga

como uma fruta muito ácida. Oliveira (2012) ao avaliar o pH de 7 polpas frutas

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

35

tropicais encontrou o valor de 3,18 para a pitanga. O segundo menor pH das frutas

testadas. Outros estudos determinaram o pH da polpa de pitanga com valores

proximos a 3. Lima (2017) obteve exatamente 3 e Oliveira (2006) encontrou 3,052.

Borges (2014) encontrou valores diferentes para a pitanga roxa (3,68) e vermelha

(3,27). Os frutos mais ácidos possuem a desvantagem de serem preteridos para

consumo, porém sao indicados para a fabricação de sorvetes e bebidas, já que

necessitam de menor adição de acidulantes (Villachica et al., 1996).

A densidade das misturas pouco variou para as diferentes formulações,

indicando que a adição de leite e aditivos tem pouca influência nesse aspecto. Valor

semelhanto encontrado em Lima et el (2017) de 1,01. No entanto, Lancha (2012)

encontrou valores altos de densidade absoluta para o pó reconstituído da pitanga.

Na secagem em spray utilizou 5% de maltodextrina como aditivo e teve um produto

seco com densidade absoluta de 1,545 g/mL.

O índice de sólidos solúveis ºBrix da polpa testada foi de apenas 4,52. Esse

valor é considerado baixo para frutas tropicais. Lima (2017) encontrou um valor

ainda mais baixo de 3,82. Lenderman et al (1992) determinou que o valor médio dos

solidos soluveis totais para a polpa integral encontra-se entre uma faixa de 6,1 a 9,5

ºBrix. Katia (2014) encontrou valores de 7,0 para a pitanga vermelha e 7,68 para a

pitanga roxa. Oliveira et al. (2006) testou o ºBrix da polpa natural e da polpa

formulada com adição 15% de maltodextrina e 30% de agua destilada. Os

resultados mostraram um aumento de 120% dos sólidos solúveis totais para a polpa

de pitanga formulada. Lima (2017) encontrou um valor ainda mais baixo de ºBrix

3,82. Porém com a adiçao de leite fluido, leite em pó e proteína do soro do leite, o

valor aumentou em mais de 60%. O mesmo ocorreu no presente trabalho. A adição

de 4% dos aditivos dobrou o grau de sólidos presentes na mistura. E ainda mais, a

adição do leite aumentou em 150% o ºBrix. Isso se explica pelo fato do leite fluido

possuir um maior percentual de sólidos solúveis que a polpa integral.

O teor de umidade representa a quantidade total de água das misturas.

Kajiyama (2008) verificou dois modelos matemáticos para simular e avaliar a

influência da umidade inicial da alimentação no tempo de secagem do atomizador. A

conclusão é de que o tempo total de secagem diminui com o aumento da umidade e

que para alimentos termolábeis a degradação térmica é menor para aquele de maior

teor de umidade. A polpa pura usada como matéria-prima nos experimentos do

presente trabalho apresentou um alto teor de umidade de 94,1%. Resultado mais

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

36

alto que Salgado et al. (1999) que reportou um valor de 90,47% e Katia (2014) que

obteve 89,9%. Com a adição dos aditivos, o teor de umidade caiu em media 4%. A

umidade reduziu em mais 5% com a adição do leite. Taco (2011) informa que o teor

de sólidos totais do leite da vaca chega a um valor de 13%, o que explica a queda

da umidade com a adição desse fluido. Para Oliveira (2006) a umidade caiu em 8%

com a adição de maltodextrina e água destilada. Nos testes feitos por Lima (2017) a

umidade caiu 3% com adição de leite fluido/ whey protein e 5% com a adição de leite

em pó.

5.3. Caracterização físico-química do pó

Rendimento não é o único fator a se levar em consideração durante a

secagem em spray dryer. É muito importante caracterizar o pó para verificar se

atende às exigências de controle sanitário e a viabilidade de sua comercialização.

5.3.1. Umidade

O teor de umidade é expresso em porcentagem do peso total e fornece a

informação da quantidade total de água contida no pó. A umidade é um importante

parâmetro na avaliação do estado de conservação, qualidade do alimento, valor

nutritivo e especificações de padrões de identidade. Alexandre (2007) ao estudar

isotermas de adsorção de umidade da pitanga em pó, concluiu que as umidades de

equilíbrio diminuem com o aumento da temperatura. O mesmo comportamento foi

observado por Park et el (2001) quanto a umidade da pera desidratada e por Tonon

et el (2009) para a atomização do suco de açaí.

A ANVISA por meio da resolução (RDC nº93, 2000) define:

2.2.1.1. Massa Alimentícia Seca: é o produto que durante a elaboração é

submetido a processo de secagem, de forma que o produto final apresente umidade

máxima de 13,0% (g/100g).

Na Tabela 11 são mostrados os resultados referente à umidade dos pós

obtidos e na Figura 10 encontra-se ilustrado o comportamento da umidade em

função da fração de leite na mistura

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

37

Tabela 11 - Umidade (%) do pó

Sem leite 20% de leite 40% de leite

Albumina 10,18 7,34 4,65

Goma 7,17 4,52 2,07

Whey 9,09 6,46 4,2

Figura 10 – Umidade em função da fração de leite (%)

Nesse estudo todos os pós obedecem ao critério técnico estabelecido, pois o

maior teor de umidade atingiu ficou abaixo de 13%. Também é possível observar

que quanto maior o percentual de leite, menor a umidade do pó. A redução possui

caráter de regressão linear com coeficientes de correlação superiores a 99% para as

três retas. Pode-se explicar esse comportamento pelo fato do leite fluido possui um

maior potencial de sólidos em sua composição. O aditivo com o melhor resultado foi

a goma arábica. A albumina e o whey são duas proteínas globulares com um grande

numero de ramificações com grupos hidrofílicos e que, portanto podem se ligar mais

facilmente com moléculas de agua presentes no ambiente.

Borges (2011) encontrou valores de 8% para a umidade do bagaco de

pitanga. Oliveira et el (2006) obteve o valor de 8,12% no estudo para a umidade do

pó de pitanga na secagem por atomizador com adição de 15% de maltodextrina.

Também no spray dryer e com adição de 5% de goma arábica, Borges (2014)

0

2

4

6

8

10

12

0 10 20 30 40

Um

idad

e

Concentração de leite

Albumina

Goma

Whey

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

38

chegou a valores de 6,22%. Para Lima (2017), o pó obtido na secagem por leito de

jorro apresentou valores próximos entre si, levando a crer que as diferentes

formulações não influenciaram na umidade do produto. Delmiro (2015) chegou aos

mesmos resultados na secagem da polpa de pitanga no leito de jorro com adição de

leite de vaca e proteína do leite. O resultado em torno de 5% pouco variou com a

formulação.

5.3.2. Atividade de água

Atividade de água é definida como a água livre no alimento disponível para o

desenvolvimento de microrganismos e para as reações químicas e bioquímicas.

Quanto maior a atividade de água, mais fácil ocorre à proliferação microbiana.

Portanto é importante determinar a atividade de agua do pó, pois ela interfere

diretamente na conservação e estabilidade de um alimento. Araújo (2001)

determinou que uma atividade de água abaixo de 0,4 torna o alimento estável, não

sendo necessário uso de conservantes. Na tabela 12 e Figura 11 são apresentados

os resultados da atividade de água dos pós de pitanga

Tabela 12 - Atividade de água do pó

Sem leite 20% de leite 40% de leite

Albumina 0,352 0,234 0,299

Goma 0,326 0,179 0,293

Whey 0,326 0,232 0,292

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

39

Figura 11 - Atividade de água em função da fração de leite (%)

Todos os experimentos resultaram em pó com atividade de água abaixo de

0,4. Logo estão em condições adequadas para conservação e armazenamento.

Nota-se que a adição dos agentes carreadores tem um maior efeito na diminuição

da atividade de água, pois foi nos ensaios com 6% dos aditivos a leitura da atividade

de água foi menor. A adição de leite também causou uma redução na atividade de

água. Lima (2017) e Delmiro (2015) também obtiveram valores menores que 0,4

para a secagem da polpa de pitanga no leite de jorro. Todavia maiores que o do

presente experimento. Borges (2014) obteve valores menores que 0,4 na secagem

da pitanga por atomização, mas maiores que 0,4 para a secagem por liofilização.

Conclui-se que a secagem por spray dryer produz um pó com mais estabilidade que

os outros métodos de secagem.

5.3.3. Solubilidade

Solubilidade é a quantidade máxima em que o pó pode se dissolver em um

liquido expresso em termos de porcentagem soluto/solvente. Quanto maior a

solubilidade do pó melhor. Na tabela 13 e Figura 12 são apresentados os resultados

da solubilidade em água dos pós de pitanga

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0 10 20 30 40

Ati

vid

ad

e d

e a

gu

a

Concentração de leite

Albumina

Goma

Whey

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

40

Tabela 13 - Solubilidade (%) do pó

Sem leite 20% de leite 40% de leite

Albumina 83,69 71,911 69,78

Goma 85,87 70,19 68,77

Whey 90,93 68,14 62,43

Figura 12 – Solubilidade em função da fração de leite (%)

Os resultados mostraram que a adição do leite diminui a solubilidade do

produto seco. A solubilidade atingiu o valor máximo de 90,93% e mínimo de 62,43%

para o Whey Protein. A solubilidade das proteínas depende de sua composição em

aminoácidos e da proporção entre os grupos hidrofóbicos e de grupos hidrofílicos

(Sgarbieri, 2006). A goma arábica é a única entre as gomas alimentícias que

apresenta alta solubilidade e baixa viscosidade em solução, o que facilita o processo

de atomização (Tonon 2009). Borges (2014) observou que a adição de goma

arábica aumentou a solubilidade das amostras atomizadas, assim como as amostras

oriundas da atomização possuíam maior solubilidade frente às amostras oriundas da

liofilização. Silva (2017) testou quatro tipos de aditivos da secagem da berinjela e

encontrou resultados maiores para a albumina comparada com a proteína do soro

do leite.

5.3.4. Higroscopicidade

Uma das características físico-químicas muito importantes dos alimentos

secos e desidratados é a sua Higroscopicidade, isto é, a tendência em absorver

água, normalmente da atmosfera (Sauchelli, 1960). Possui efeito desfavorável em

60

65

70

75

80

85

90

95

0 10 20 30 40

So

lub

ilid

ad

e

Concentração de leite

Albumina

Goma

Whey

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

41

produtos granulados ou em pó, pois o acúmulo de água leva a formação de

aglomerados que dificultam a posterior solubilidade. Nas frutas, os açúcares

(glicose, sacarose, frutose) possuem terminais polares nas suas moléculas que

interagem com a água. Na tabela 14 e Figura 13 são apresentados os resultados da

Higroscopicidade dos pós de pitanga

Tabela 14 - Higroscopicidade (%) do pó

Sem leite 20% de leite 40% de leite

Albumina 23,63 18,03 14,66

Goma 26,44 17,93 14,88

Whey 22,49 15,66 12,59

Figura 13 - Higroscopicidade em função da fração de leite (%)

Os resultados do estudo mostram que a adição do leite foi eficaz em reduzir

a higroscopicidade e que o pó com whey protein foi o menos higroscópico. Silva

(2017) apresentou resultados semelhantes no estudo da atomização da casca de

berinjela, a adição de proteína do leite diminuía a higroscopicidade enquanto a goma

arábica e a albumina tiveram resultados semelhantes. Alexandre (2007) obteve

resultados mais altos na secagem da polpa de pitanga por meio de camada de

espuma, assim como Borges (2014) por meio da liofilização. Pode-se concluir que a

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

30

0 10 20 30 40

Hig

rosco

pic

idad

e

Concentração de leite

Albumina

Goma

Whey

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

42

secagem por atomização produz pós menos higroscópicos em relação aos outros

métodos de secagem.

5.3.5. Acidez

A acidez total titulável é a quantidade de ácido de uma amostra que reage

com uma base de concentração conhecida. Os ácidos presentes nas frutas são

importantes, pois podem influenciar no odor, sabor, estabilidade e manutenção da

qualidade. O ácido orgânico encontrado na pitanga é o acido cítrico. A acidez total

titulável indica a massa em gramas do ácido presente em 100 gramas da amostra. .

Na tabela 14 e Figura 13 são apresentados os resultados da acidez titulável dos pós

de pitanga

Tabela 15 - Acidez total titulável do pó

Sem leite 20% de leite 40% de leite

Albumina 10,28 6,02 4,9

Goma 10,67 7,14 5,5

Whey 12,15 7,56 5,47

Figura 14 - Acidez em função da fração de leite (%)

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

0 10 20 30 40

Acid

ez

Concentração de leite

Albumina

Goma

Whey

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

43

. Como era de se esperar, a adição do leite diminui a acidez do pó devido ao

caráter básico do leite. Os resultados desse estudo mostram a pitanga como uma

fruta de acidez elevada. Borges (2014) encontrou os valores de 1,81 para a polpa de

pitanga vermelha. Oliveira et al. (2006) observou uma queda de aproximadamente

32% entre a polpa natural e a polpa formulada com adição de 30% de maltodextrina.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

44

6. CONCLUSÃO

O estudo da secagem da polpa de pitanga no spray dryer obteve resultados

satisfatórios. Variando os tipos de adjuvante e concentração de leite em cada

mistura, os resultados variaram demonstrando o efeito de cada um na

caracterização do pó. Isso serve como guia para a formulação de um melhor produto

na indústria alimentícia. Vale destacar que a utilização dos adjuvantes possibilitou a

produção de pó, o que não ocorre quando se tenta desidratar apenas a polpa pura.

O pó obtido apresentou bom aspecto visual, porém, às vezes se mostrava de difícil

manipulação devido à pegajosidade.

Os parâmetros analisados variaram em sua maioria em relação à

concentração do leite, apresentando regressão linear. Enquanto estudos recentes

vêm apresentando o leite como uma alternativa viável como adjuvante da secagem,

o presente estudo não trouxe bons resultados em termos de rendimento. Apesar de

apresentar bons resultados com outras frutas, a combinação entre o leite e a pitanga

não é boa para a secagem em spray. Altas concentrações do leite causaram em

média a queda do rendimento em 20%. A solubilidade também caiu em média 25%.

Por outro lado a adição do leite diminui a umidade, higroscopicidade e acidez o que

ajuda na conservação do produto. A atividade de água é o único parâmetro que não

varia em relação ao leite. Quanto maior a concentração de adjuvantes, menor é o

valor da atividade de água.

Já o whey protein se destacou entre a albumina e a goma arábica como o

melhor adjuvante. O rendimento com o uso da proteína do leite teve pico de 47% e

menor valor em 29%. Também é o que apresenta a maior solubilidade (90%) e

menor higroscopicidade (12,59%). Vale destacar que a proteína do soro do leite é o

insumo de maior valor nutritivo, porém maior valor de mercado. A albumina

encontra-se quase sempre em valores intermediários, sendo apenas o melhor no

quesito acidez. Já a goma arábica é a que tem o menor rendimento (22,69%) e

maior higroscopicidade (26,44%), todavia se destaca quando a umidade (2,07%) e

atividade de água (0,179).

Quanto à comparação com outros métodos de secagem, o atomizador ficou

em vantagem. O rendimento foi superior ao do leito de jorro. As características do pó

obtido no spray quando comparadas com as do pó produzido no leito de jorro foram

semelhantes ou de qualidade superior ao do jorro.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

45

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A AGRICULTURA E

ALIMENTAÇÃO. FAO. FAOSTAT. Divisão de estatística. Disponível em:

http://www.fao.org/faostat/en/#data/QC Acesso em: 15 NOV. 2017.

VIDAL, XIMENES Comportamento recente da fruticultura nordestina: área, valor

da produção e comercialização, Caderno Setorial ETENE, ANO 1 nº2, outubro

2016

MCCABE, W.L.; SMITH, J.C.; HARRIOTT, P. Unit operations of chemical

engineering. 5th Ed. New York: McGraw-Hill, 1993. p.767-809.

DUKE, JAMES A. (2009). "Duke's Handbook of Medicinal Plants of Latin

America". p. 309. Acesso em: 17 Nov 2017.

LEDERMAN, I.E.; BEZERRA, J.E.F.; CALADO, G. A pitangueira em Pernambuco.

Recife: IPA, 1992. 20p. (Documentos, 19)

CEPLAC - Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira. Disponivel

em: http://www.ceplac.gov.br/radar/pitanga.htm Acesso em: 20 Nov 2017

BEZERRA, J.E.F.; LEDERMAN, I.E.; PEDROSA, A.C.; MOURA, R.J.M. de;

DANTAS, A.P. Recomendações para o cultivo de fruteiras tropicais. Recife, PE.;

IPA, 1997a. 64p. (IPA. Documentos, 24).

GURJÃO, K.C. de O. Desenvolvimento, armazenamento e secagem de

Tamarindo. Areia: UFPA 2006.165 p. (Tese de Doutorado em Agronomia).

GURGEL, C. E. M. R. Secagem da polpa de graviola (annona muricata l.) em

camada de espuma - desempenho do processo e características do produto.

2014. 66 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

46

SILVA, P.I., STRINGHETA, P.C., TEÓFILO, R.F., OLIVEIRA, I.R.N. Parameter

optimization for spray-drying microencapsulationof jaboticaba (Myrciaria

jaboticaba) peel extracts usingsimultaneous analysis of responses. Journal

Food Eng. 117,538–544, 2013.

OLIVEIRA, F.M.N.; FIGUEIRÊDO, R,M.F.; QUEIROZ,A.J.M. Análise comparativa

de polpas de pitanga integral, formulada e em pó. Revista Brasileira de

Produtos Agroindustriais, v.8, p.25-33, 2006.

OLIVEIRA, O. W. ; PETROVICK, P. R. Secagem por aspersão (spray drying) de

extratos vegetais: bases e aplicações. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.

20, 641-650, 2010.

RAIMUNDO PIMENTEL GOMES Fruticultura Brasileira, 13º edição, p-384-389,

2007

BAGETTI, M.; FACCO, E. M. P.; RODRIGUES, D. B.; VIZZOTTO, M.; EMANUELLI,

T. Antioxidant capacity and composition of pitanga seeds. Ciências Rural, v.39,

8 2 0 −2 10 2009

CELLI, G.B. PEREIRA-NETTO, A.B.; BETA, T. Comparative analysis de total

phenolic content, antioxidant activity, and flavonoids profile of fruits from two

varieties of Brazilian cherry (Eugenia uniflora L.) throughout the fruit

developmental stages. Food Research international, v.44, p.2442-2451, 2011.

MASSARIOLI, A.P.; OLDONI, T.L. C.; MORENO,I.A.M.; ROCHA,A.A. & ALENCAR,

S. M. de. Antioxidant activity of different pitanga (Eugenia uniflora L.) fruit

fractions. Journal of Food, Agriculture & Environment, v.11, p. 288-293, 2013.

FILHO,G.L.; ROSSO, V.R.; MEIRELES, A.M.; ROSA,P.T.;

OLIVEIRA,A.;MERCADANTE,A.Z.& CABRAL,F.A. Supercritical CO2 extraction of

carotenoids from pitanga fruits (Eugenia uniflora L.). Journal of Supercritical

Fluids, v.46, p.33-39, 2008.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

47

JIMENEZ-GARCIA, S.N.; GUEVARA-GONZALEZ, R.G.; MIRANDA-LOPEZ,R.;

FEREGRINO-PEREZ, A.A.; TORRES-PACHECO,I.; VAZQUEZ-CRUZ, M.A.

Functional properties and quality characteristics of bioactive compounds in

berries:Biochemistry, biotechnology and genomics. Food Research

International, v. 54 1195-1207, 2013.

LIMA, V. L. A. G. de; MÉLO, E. A.; LIMA, D. E. S. Fenólicos e carotenóides totais

em pitanga. Scientia Agricola, v. 59, p. 447-450, 2002.

SALGADO, S. M., GUERRA, N.B., MELO FILHO, A. B. Frozen Fruit Pulps: Effects

of The Processing on Dietary Fiber Contents. Revista Nutrição. Campinas. 12(3):

303- 308, set./dez., 1999

KARWOWSKI, M. S. M. Estudo da estabilidade, comportamento reológico e dos

compostos fenólicos de frutas da Mata Atlântica. Dissertação. 99f. Universidade

Federal do Paraná. Tecnologia de Alimentos. 2012.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Secagem como

Métodos de Conservação de Frutas, Dezembro 2003

ALVES, J. A. et. al.; Qualidade de produto minimamente processado à base de

abóbora, cenoura, chuchu e mandioquinha-salsa. Ciência e Tecnologia de

Alimentos, Campinas, v. 30, n. 3, 2010.

SANTOS, K. A. et al. Composição Química da Berinjela (Solanum Melongena).

Boletim do Centrode Pesquisa e Processamento de Alimentos (B.CEPPA).

Curitiba, v. 20, n. 2, p. 247- 256, julho/dezembro, 2002.

MEDEIROS, M. F. D. Influencia da composição química dos materiais no

desempenho do processo de secagem de polpas de frutas em leito de jorro,

Tese de Doutorado em Engenharia Química Unicamp, 2001

BRAGA, M.B.; ROCHA, S.C.S. Drying of milk–blackberry pulp mixture in

spouted bed Can. J. Chem. Eng., 91 (2013), pp. 1780–1792.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

48

KESHANI, S.; WAN DAUD, W. R.; NOUROUZI, M.M.; NAMVAR, F. & HASEMI, M.

Spray drying: An overview on wall deposition, process and modeling. Journal of

Food Engineering, v. 146, 152-162, 2015.

TONON,R.V.; BRABET,C.; HUBINGER1,M.D. Influência da temperatura do ar de

secagem e da concentração de agente carreador sobre as propriedades físico-

químicas do suco de açaí em pó. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.29, p. 444-

450, 2009.

MEZHERICHER, M.; LEVY, A.; BORDE, I. Spray drying modelling based on

advanced droplet drying kinetics. Chemical Engineering and Processing: Process

Intensification, v. 49, p. 1205-1213, 2010.

Labmaq do Brasil Ltda. (2003) Manual de Operações do Mini-Spray Dryer MSD

1.0. Depto de Engenharia. ([email protected]).

PEGADO, Waleska; OLIVEIRA, Joyce. Secagem da polpa de acerola em camada

de espuma e no spray dryer com adição de adjuvantes. 2016. 9 f.Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.

SOUZA, V.B., THOMAZINI,M., BALIEIRO, J.C.C.& FÁVARO-TRINDADE,C.S.

Effect of spray drying on the physicochemical properties and color stability of

the powdered pigment obtained from vinification byproducts of the Bordo

grape (Vitis labrusca),2013. doi.org/10.1016/j.fbp.2013.11.001.

ZARDO, Ivanor. Extração e microencapsulação de compostos antociânicos do

bagaço de mirtilo (Vaccinium corymbosum L.). 2014. 118 f. Dissertação

(Mestrado) - Curso de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do

Sul, Porto Alegre, 2014.

JAYASUNDERA, M., ADHIKARI, B., ADHIKARI, R., ALDRED, P. The effect of

protein types and low molecular weight surfactants on spray drying of sugar-

rich foods. Food Hydrocolloids, v. 25, 459-469, 2011.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

49

MORAES, Francisca Pereira de. POLPA DESIDRATADA DE CAJU AMARELO (

Anacardium occidentale L. ) POR ATOMIZAÇÃO EM SPRAY DRY ER :

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO - QUÍMICA, BIOATIVA E ESTUDO DA VIDA DE

PRATELEIRA DO PRODUTO. 2014. 140 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de

Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.

JAYASUNDERA, M., ADHIKARI, B., ADHIKARI, R., ALDRED, P. The effect of

protein types and low molecular weight surfactants on spray drying of sugar-

rich foods. Food Hydrocolloids, v. 25, 459-469, 2011.

CANO-CHAUCA. M.; STRINGHETA. P.C.; RAMOS. A.M.; CAL-VIDA. J. Effect of

the carriers on the microstructure of mango powder obtained by spray drying

and its functional characterization. Food Science e Emerging Technologies, p.

420-428, 2005.

CATELAM, K. T. Estudo da influência da proporção de um “m x” leite/polpa de

maracujá na produção de pó obtido por três diferentes métodos de secagem.

Dissertação. 139 f. Engenharia e Ciência de Alimentos, Universidade Estadual

Paulista Júlio de Mesquita Filho. São José do Rio Preto/SP. 2010.

FANG, Z., BHANDARI, B. Comparing the efficiency of protein and maltodextrin

on spray drying of bayberry juice. Food Research International v. 48 (2012) 478–

483f.

IAL - INSTITUTO ADOLF LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolf Lutz. 3ª ed.

São Paulo. v.1, 533p, 2008.

JAYA, S. & DAS, H. Glass transsition and sticky point temperatures and

stability/mobility diagrama of fruit powders. Food and bioprocess technology. v.2,

89-95, 2009.

BHANDARI, B.R.; HOWES, T. Relating the stickiness property of foods

undergoing drying and dried products to their surface energetics. Drying

Technology 2005, 23(4), 781–797.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

50

SHRESTHA, A.K.; HOWES, T.; ADHIKARI, B.P.; BHANDARI, B.R. Effect of protein

concentration on the surface composition, water sorption and glass transition

temperature of spray-dried skim milk powders. Food Chemistry 2007, 104(4),

1436–1444.

A. B. M. LIMA, S. C. de M. DANTAS, S. M. de P. JÚNIOR, T. N. P. DANTAS e M. F.

D. de MEDEIROS INFLUÊNCIA DOS ADJUVANTES NA SECAGEM DA POLPA

DE PITANGA EM LEITO DE JORRO, COBEQ IC 2017

S. M. de PONTES JÚNIOR, S. C. M. DANTAS, T. M. DELMIRO1 e M. F. D. de

MEDEIROS Secagem de polpas de frutas em leite de jorro. Efeitos da adição de

leites vegetal e animal e da proteína isolada de leite no desempenho do

processo e qualidade do produto em pó produzido COBEQ IC 2015

E. C. LIMA, M. E. RODRIGUES, J. L. MAIA, T. N. P. DANTAS, M. F. D. MEDEIROS .

RENDIMENTO E CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO EXTRATO DA

CASCA DO JAMBO PROCESSADO EM SPRAY DRYER – INFLUÊNCIA DAS

VARIÁVEIS DE OPERAÇÃO. COBEQ IC 2017

R. H. SILVA, E.C. LIMA, S. C. M. DANTAS, T.N.P. SECAGEM DO EXTRATO DA

CASCA DE BERINJELA EM SPRAY DRYER COM ADIÇÃO DE ADJUVANTES

COBEQ IC 2017

BORGES, KATIA ESTUDO DAS CARACTERISTICAS FISICO-QUIMICAS E

FUNCIONALIDADE DE BAGAÇOS DE FRUTAS TROPICAIS DESIDRATADAS EM

LEITO DE JORRO Dissertaçâo de Mestrado em Engenharia Quimica UFRN 2011

GERMANO, LÍVIA MARIA LISBOA PESSOA. METÓDOS ALTERNATIVOS DE

SECAGEM DE BANANA VERDE. 2016. 44 f. TCC (Graduação) - Curso de

Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

51

ROCHA, ERICA MILO DE FREITAS FELIPE, DESIDRATAÇÃO DE POLPA DE

MANGA E SUCO DE CAJU INTEGRAL POR ATOMIZAÇÃO E

CARACTERIZAÇÃO DOS PRODUTOS OBTIDOS. Tese de Doutorado em Ciencia

e Tecnologia de Alimentos UFC 2013

GOULA, A.M.; ADAMOPOULOS, K.G.; KAZAKIS, N.A. Influence of spray drying

conditions on tomato powder properties. Drying Technology, v.22, n.5, p.1129-

1151, 2004.

BARUFFALDI, R.; OLIVEIRA, M. N. Conservação de Alimentos por Tratamento

Térmico / Operações e Processos Unitários. In: Fundamentos de Tecnologia de

Alimentos. São Paulo, SP: Atheneu, v. 3, capítulo 3, p. 27-61 e capítulo 5, p. 83-122,

1998.

OLIVEIRA, J. M., LESSIO, B. C., MORGANTE, C. M., SANTOS, M. M. AND

*AUGUSTO, P. E. D. Specific heat (Cp) of tropical fruits: Cajá, Cashew Apple,

Cocoa, Kiwi, Pitanga, Soursop fruit and Yellow melon (UNICAMP), Campinas,

SP, Brazil 2012

VILLACHICA, H. et al. Frutales y hortalizas promissoras de la Amazônia. Lima:

Tratado de Cooperación Amazônica. Secretaria Pró-Tempore, 1996. p. 152-156

ULIA P. LANCHA; SÍLVIA P. M. GERMER; REBECA C. DALLA DEA; CRISTHIANE

C. FERRARI; IZABELA D. ALVIM DESIDRATAÇÃO DE POLPA DE PITANGA E

JABUTICABA EM SPRAY DRYER: CONDIÇÕES DE PROCESSO E

PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DO PÓ 6º Congresso Interinstitucional de

Iniciação Científica - CIIC 2012

TATUMI KAJIYAMA, KIL JIN PARK INFLUÊNCIA DA UMIDADE INICIAL DA

ALIMENTAÇÃO NO TEMPO DE SECAGEM EM SECADOR ATOMIZADOR Revista

Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.10, n.1, p.1-8, 2008

Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação – NEPA Tabela Brasileira de

Composição de Alimentos – TACO 4ª edição revisada e ampliada Campinas 2011

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...e 1,65 m³/min, vazão de alimentação de 0,68 L/h e fluxo de ar de atomização do compressor de 0,35 L/min. De acordo com os resultados,

52

HOFSKY VIEIRA. ALEXANDRE, ROSSANA MARIA FEITOSA DE FIGUEIRÊDO,

ALEXANDRE JOSÉ DE MELO QUEIROZ Isotermas de adsorção de umidade da

pitanga em pó REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA Volume 7-

Número 1 2007

KIL JIN PARK, MAURÍCIO KENZE MORENO YADO, FERNANDO PEDRO REIS

BROD ESTUDO DE SECAGEM DE PÊRA BARTLETT (Pyrus sp.) EM FATIAS

Depto. Pré-Processamento de Produtos Agropecuários, Faculdade de Engenharia

Agrícola, UNICAMP 2001

JANESCA A. ROMAN,VALDEMIRO C. SGARBIERI The hydrophilic, foaming and

emulsifying properties of casein concentrates produced by various methods,

International Journal of Food Science & Technology Volume 41, Issue 6

June 2006

SAUCHELLI, V., Chemistry and technology of fertilizers. New York, Reinhold,

1960. 692p.