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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI CURSO DE ENFERMAGEM IZAAC BATISTA DE LIMA O DIÁLOGO DA ENFERMAGEM NO CUIDADO A CRIANÇA HOSPITALIZADA: UM CAMINHO EM DIREÇÃO À ALTERIDADE? SANTA CRUZ/RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI

CURSO DE ENFERMAGEM

IZAAC BATISTA DE LIMA

O DIÁLOGO DA ENFERMAGEM NO CUIDADO A CRIANÇA HOSPITALIZADA:

UM CAMINHO EM DIREÇÃO À ALTERIDADE?

SANTA CRUZ/RN

2015

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IZAAC BATISTA DE LIMA

O DIÁLOGO DA ENFERMAGEM NO CUIDADO A CRIANÇA HOSPITALIZADA:

UM CAMINHO EM DIREÇÃO À ALTERIDADE?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Graduação em Enfermagem, da

Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como requisito para obtenção do título de

Bacharel em Enfermagem.

Orientador: Ms. Osvaldo de GoesBay Júnior

SANTA CRUZ/RN

2015

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IZAAC BATISTA DE LIMA

O DIÁLOGO DA ENFERMAGEM NO CUIDADO A CRIANÇA HOSPITALIZADA:

UM CAMINHO EM DIREÇÃO À ALTERIDADE?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Graduação em Enfermagem, da

Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

como requisito para obtenção do título de

Bacharel em Enfermagem.

Aprovado em:______de______________de 2015.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________ Nota: ___

Profª. Ms. Osvaldo de GoesBay Júnior – Orientador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________ Nota: ___

Profª. Drª Quênia Camille Soares Martins

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________________ Nota: ____

Profª.Ms. Cristiane da Silva Ramos Marinho

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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DEDICATÓRIA

Dedico á minha família, minha mãe e meu pai

que sempre me consolou nos momentos difíceis,

sendo meu porto seguro e suporte para enfrentar e

jamais desistir da batalha.

SANTA CRUZ/RN

2015

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Agradecimento

Agradeço primeiro a Deus por ter me concedido chegar até aqui, sendo meu consolo a

cada dia, principalmente quando muitas vezes por cansaço ou angústia pensei em desistir, mas

Deus me deu forças para continuar a cada dia na caminhada.

Aos meus amigos e irmãos da igreja que sempre me apoiaram, oraram e dedicaram um

tempinho de suas vidas a me ajudarem e me confortarem sempre que necessário cada um sabe

o quanto essencial são para mim e para essa conquista.

Aos que meus colegas de trabalho da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, que

sempre me compreenderam em meus momentosde sobrecargas de deveres a ser cumprido

pela graduação.

Aos meus familiares que jamais mediram esforço em me ajudar, sendo meu porto

seguro sempre que necessário.

Ao professor Osvaldo Bay, que não mediu esforços para me orientar nesse trabalho,

sempre disposto a me ajudar, me aconselhando e tirando minhas dúvidas em relação a

realização desse artigo.

SANTA CRUZ/RN

2015

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Consagre ao Senhor

tudo o que você faz,

e os seus planos serão bem-sucedidos.

Provérbios 16:3

SANTA CRUZ/RN

2015

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DIÁLOGO DA ENFERMAGEM NO CUIDADO A CRIANÇA HOSPITALIZADA:

UM CAMINHO EM DIREÇÃO À ALTERIDADE?

RESUMO

Objetivou-se apreender o diálogo da equipe de enfermagem no cuidado a criança

hospitalizada na perspectiva do processo da alteridade. Trata-se de um estudo do tipo

exploratório, com abordagem qualitativa, realizada com enfermeiros do setor de pediatria

dHospital Universitário Ana Bezerra, localizado no município de Santa Cruz/RN. Utilizou-se

de instrumento semiestruturado elaborado pelos pesquisadores, onde tinham suas falas

devidamente gravadas. Os resultados evidenciam que há o processo dialógico entre

profissional enfermeiro e paciente, porém, ainda não é efetivado de forma concisa, tendo em

vista que esse processo ocorre mais precisamente na coleta da anamnese, deixando o todo o

processo do cuidado integral exíguo. Destaca a importância da comunicação efetiva para o

estabelecimento da prestação de assistência eficaz, favorecendo a comunicação e

empoderando o paciente de forma holística e integral.

Descritores: Comunicação; Criança hospitalizada; Equipe de Enfermagem.

ABSTRACT

This study aimed to apprehend the nursing staff of the dialogue in the care of hospitalized

children from the perspective of otherness process. It is an exploratory study with a qualitative

approach, performed with nurses of Ana Bezerra University Hospital pediatric sector, located

in Santa Cruz / RN. We used a semi-structured instrument developed by the researchers,

where they had their lines properly recorded. The results show that there is a dialogic process

between nurse and patient professional, however, is still not carried out in a concise manner,

given that this process occurs specifically the collection of history, leaving the whole process

of the tiny comprehensive care. It highlights the importance of effective communication to

establish the provision of effective assistance, fostering communication and empowering the

patient in a holistic and comprehensive manner.

Keywords: Communication; Hospitalizedchild; Nursing staff.

RESUMEN

Este estudiotuvo como objetivo aprehenderelpersonal de enfermeríadel diálogo enel cuidado

de losniños hospitalizados desde la perspectiva delproceso de alteridad. Se trata de

unestudioexploratorioconabordajecualitativo, realizado conenfermeras d sector pediátrica Ana

Hospital Universitario Bezerra, situado en Santa Cruz / RN. Se utilizóun instrumento semi-

estructuradodesarrollado por los investigadores, donde teníansus líneas

registrancorrectamente. Los resultados muestran que hayunproceso de diálogo entre

laenfermera y profesionaldel paciente, sin embargo, todavía no se lleva a cabo de una manera

concisa, ya que este proceso se produceespecíficamentelacolección de la historia, dejando a

todo elproceso de lapequeñaatención integral. Se destaca laimportancia de

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lacomunicaciónefectiva para establecerlaprestación de asistenciaefectiva, fomentando

lacomunicación y faculta a la paciente de forma holística e integral.

Palabras clave:Comunicación; Niño hospitalizado; El personal de enfermería.

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Sumário 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 11

2. METODOLOGIA ................................................................................................................................. 12

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................................. 13

● TRAÇADO DO PERFIL PROFISSIONAL DOS PARTICIPANTES ................................. 13

● PERSPECTIVA DO DIÁLOGO ENTRE PROFISSIONAL ENFERMEIRO E PACIENTE

E/OU CUIDADOR .......................................................................................................................... 14

● EMPODERAMENTO DO DIÁLOGO PARA O PROCESSO DO CUIDAR ...................... 15

● MÉTODOS E ESTRATÉGIAS PARA O PROCESSO DIALÓGICO: DIFICULDADES E

FRAGILIDADES ............................................................................................................................. 17

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................... 18

REFERENCIAS ........................................................................................................................................ 20

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O DIÁLOGO DA ENFERMAGEM NO CUIDADO A CRIANÇA HOSPITALIZADA:

UM CAMINHO EM DIREÇÃO À ALTERIDADE?

1. INTRODUÇÃO

O processo do cuidar faz parte desde o princípio da vida humana. É algo que trás

consigo, uma tarefa de promoção à vida do outro que exige dedicação, respeito, paciência,

dentre outras virtudes. A enfermagem, por sua vez, exerce papel fundamental na prestação de

um cuidado humanizado e holístico, a fim de levar ao paciente, família e comunidade uma

assistência especializada e de caráter ético.

Segundo Ponte (2015) o cuidado deve ser prestado não apenas para o paciente, mas

sim, também, para seu cuidador/família a qual esta está vinculada, além disso, é algo que

envolve todo o cunho de caráter científico e a utilidade de técnicas para estabelecer todo o

processo da assistência.

Doravante a isto, a Política Nacional de Humanização (PNH) foi implementada pelo

Ministério da Saúde em 2003, a fim de repassar aos profissionais e gestores um olhar mais

sensível perante o cuidado e acolhimento ao indivíduo, a família e comunidade. Segundo as

diretrizes gerais para implementação da PHN nos diferentes níveis de atenção, cabe aos

trabalhadores e gestores ampliar o diálogo entre os profissionais e entre os profissionais do

serviço e comunidade. (BRASIL, 2004)

A hospitalização representa, muita das vezes, uma ruptura na vida cotidiana da

criança, tendo em vista que esta é afastada do seu convívio do núcleo família, social e escolar

e passa, neste momento, a conviver com pessoas desconhecidas, e além disso, deve-se levar

em conta toda a fragilidade da criança gerada pelo processo patológico. (BEZERRA et al,

2015)

BEZERRA et al, (2015) ressalta ainda que todo esse processo de adaptação gera na

criança inquietação e ansiedade, pelo fato das novas acomodações, horários a ser cumpridos,

medicações e procedimentos invasivos.

Nesta perspectiva, o setor de pediatria é um ambiente pelo qual a equipe de

enfermagem assumem um elo entre pacientes e profissionais, favorecendo o convívio e

adaptação das crianças no leito hospitalar, bem como reduzir os impactos psicoemocionais. A

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prestação da assistência está focada nas principais necessidades que a criança/paciente e

família/acompanhante apresentam.

Com o objetivo de motivar a criança hospitalizada e dar o sentido de realidade, o

profissional enfermeiro deve levar em consideração todos os aspectos biopsicossociais

envolvidos no processo da assistência. O plano de cuidado deve ser centrado não apenas na

técnica, mas sim, na perspectiva do sujeito de forma singular.

Por conseguinte, esse processo dar-se a partir da comunicação/diálogo, sendo estes,

fundamentais no processo da assistência e no traçado do cuidado da equipe de enfermagem.

Logo, a comunicação percute como um recurso que concede ao profissional da saúde uma

relação interpessoal para com o paciente, a fim de criar estratégias básicas para o

fortalecimento desta ferramenta. (SANTOS; et al, 2015).

Neste sentido, o presente estudo tem por objetivo apreender o diálogo da equipe de

enfermagem no cuidado a criança hospitalizada na perspectiva do processo da alteridade com

as seguintes questões norteadoras: 1. Fale um pouco de como é realizado o diálogo no

momento da interação profissional de enfermagem e paciente? 2. Sobre a dinâmica do

cotidiano do cuidar, qual a sua percepção sobre a participação do cuidador (família)no

processo interacional de comunicação em saúde? 3. Para você, quais as dificuldades no

diálogo prejudicam o processo interacional profissional-paciente?

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo do tipo descritivo exploratório, com abordagem qualitativa

(MINAYO, 2008), realizado com cinco profissionais Enfermeiros do setor de pediatria de um

Hospital Universitário do Rio Grande do Norte.

A coleta de dados foi realizada de setembro a novembro de 2015 por meio de

entrevista com questionário semiestruturado da qual teve seu conteúdo gravado através de um

gravador de voz e teve duração média de 22 a 30 minutos.

Para critérios de elegibilidade, foram inclusos na pesquisa profissionais Enfermeiros

do setor de pediatria do hospital estudado, além disso, estar executando de forma ativa suas

funções.

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A fim de respeitar o anonimato do participante, foi utilizado a letra P (participante) e o

numeral (1, 2, 3, 4 e 5) para indicar cada entrevistado.

Para explorar os dados obtidos, foi realizada a análise temática ou categorial inserida

na análise do conteúdo de Bardin, que por sua vez, é composta por três eixos embasadores:

análise prévia do conteúdo; a exploração do material onde os dados foram codificados; e por

fim, a fase de interpretação dos resultados. (BARDIN, 2011).

Vale salientar que o presente estudo respeitou todos os quesitos éticos de pesquisa que

envolve seres humanos, conforme firmado na Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional

de Saúde.

O projeto foi previamente submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa

(CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí (FACISA/UFRN) com parecer

consubstanciado nº 1.206.345.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise temática dos dados obtidos foram criteriosamente agrupados e classificados

de acordo com os seguintes eixos norteadores: Traçado do perfil profissional dos

participantes; Perspectiva do diálogo entre profissional enfermeiro e paciente e/ou cuidador;

Empoderamento do diálogo para o processo do cuidar; e Métodos e estratégias para o

processo dialógico: Facilidades e dificuldades.

● TRAÇADO DO PERFIL PROFISSIONAL DOS PARTICIPANTES

Ao traçar o perfil profissional dos entrevistados do setor de pediatria cerca de 60% do

sexo feminino, com idade variante de 25 a 36 anos. Para o tempo de formação acadêmica

variou de 2 a 11 anos. Por conseguinte, com relação a variação do tempo de formação

acadêmica, nos possibilita enxergar o real cenário intitulado no setor, onde cada profissional

exerce sua metodologia de serviço diferente, uns mais recentes outros mais experientes na

unidade.

Todos os participantes obtinham curso de pós-graduação, sobressaindo capacitações

voltadas para Enfermagem do trabalho, urgência e emergência e terapia intensiva. Tais dados

propõe enxergar a preocupação dos profissionais em estar se atualizando e capacitando-se

para o mercado de trabalho, mercado este, cada vez concorrido, ondeé exigido do profissional

capacidade não apenas técnica ou algo empírico, mas sim também, de caráter científico.

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O tempo profissional em saúde da criança variou de 7 meses a 1 ano, indicando pouca

experiência no que tange o público pediátrico, logo, subtende-se também, que são necessários

investimentos em cursos/capacitações e educação continuada e permanente para o

profissional. Já o tempo de experiência foi de 1 a 6 anos.

Doravante a isto, em estudo (ACOSTA, 2012), mostra que a experiência profissional está

diretamente ligada a melhor assistência e discernimento do processo do cuidar que, por sua

vez, a falta de experiência deixaria o profissional desvantajoso no que tange ao entendimento

do processo do cuidado.

● PERSPECTIVA DO DIÁLOGO ENTRE PROFISSIONAL ENFERMEIRO E

PACIENTE E/OU CUIDADOR

Os dados evidenciam que há o processo do diálogo entre os profissionais enfermeiros

do serviço e o paciente e/ou cuidador. Destarte, cabe destacar que a forma dialógica entre

ambos será expressa de forma singular e individual, oferecendo ao paciente e seu cuidador

uma maneira flexiva do processo da emissão, processamento e entendimento da mensagem.

O processo do diálogo implica no estabelecimento de interação entre duas ou mais

pessoas, a fim do emissor repassar a informação e o receptor conseguir interpreta-la de

maneira eficaz. Quando voltamos para a assistência de enfermagem, pode-se perceber que o

plano de cuidado é traçado não apenas abordando os conceitos técnicos vigentes, mas sim, o

processo da fala, do sentimento, do olhar e do toque. (FERREIRA, 2006).

“[...] As vezes é mais dificultado esse contato, as vezes, até pela técnica, onde as meninas

(técnicas de Enfermagem) as vezes não se comunicam de forma tão eficiente, mas a gente

vai tentando driblar esse vício, digamos assim.” [P5]

Já para P1, o processo de comunicação dar-se a partir do entendimento do processo de

comunicação:

“[...] Por essa dificuldade que nós temos de se comunicar no que diz respeito a entender

a real necessidade do outro, então eu procuro, não utilizar termos técnicos para que o

paciente compreenda, mas às vezes eu penso que ele compreendeu, ele até me confirma

que compreendeu, mas na realidade a gente observa que a comunicação não foi efetiva,

em alguns momentos”. [P1]

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Segundo Santos (2011) a anamnese é uma ferramenta essencial para traçar o

planejamento da assistência, realizar o diagnóstico e implementar o cuidado, desta forma,

vários participantes citaram a anamnese como principio fundamental da comunicação, tendo

em vista que trata-se do primeiro contato profissional-paciente. É desta ferramenta que os

profissionais iniciam o processo da comunicação.

“[...] a gente dispõe de um histórico de enfermagem, o processo de enfermagem em si, então,

para a construção desse histórico é necessário a entrevista, o diálogo, a anamnese, então,

inicia-se o contato. [P5]

A comunicação não deve ser realizada apenas no ato da anamnese, mas sim, em todo o

processo da internação hospitalar, sendo exercida também no desenvolvimento do plano do

cuido ao paciente diariamente, aja vista que se trata de uma ferramenta fundamental para a

compreensão tanto das queixas as quais o paciente ou cuidador relata, como também, para o

entendimento enfatizado do profissional.

“[...] existe o diálogo sim, a gente conversa, pergunta, não é só uma parte de anamnese não.

Às vezes a mãe já chega chorando, a gente vai fazer aquele acolhimento de acalmar, sabe,

pra facilitar o atendimento e isso não é feito sem diálogo, né?”. [P3]

● EMPODERAMENTO DO DIÁLOGO PARA O PROCESSO DO CUIDAR

Os resultados também mostra a realidade de que o diálogo deve ser algo que tenha

flexibilidade para quem usa, de ser uma ferramenta que deve ser usado além do processo

constituinte da assistência.

“... sem comunicação nós não temos como desenvolver o cuidado...” (P1).

Sabe-se que o cuidado de enfermagem não deve estar limitado as questões técnicas e

científicas do individuo; porem é através do processo dialógico que podemos compartilhar de

linhas complementares do cuidado relacionado aos preceitos éticos, estéticos, filosófico,

humanísticos, solidários e culturais, fazendo com que o plano de cuidado seja eficiente,

centrado não apenas no modelo biomédico mais que tenha um olhar holístico e integral ao

humano. (Schaurich, Crossetti, 2008)

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O processo de diálogo não cria somente um elo entre o paciente e o profissional, por

se tratar da pediatria, o acompanhante é parte fundamental na efetivação do trabalho.

“... a gente tenta valorizar o conhecimento do mundo, o conhecimento cultural,

o conhecimento social daquela pessoa e o lugar que ela está inserida, tentando trazer

eles para nós e assim nós sermos parceiros no cuidar.” (P1).

“... a parte inicial ela é de suma importância, é onde ela vai criar aquele

vinculo.... é por que sem a comunicação, nem a gente consegue aprender o que a

criança tem, o estado de saúde dela, nem consegue fazer com que a mãe, se motive a

participar desse cuidado” (P4).

Evidentemente o diálogo traz consigo o empoderamento aqueles que estão inseridos

no discurso, tornando o paciente/acompanhante um protagonista do plano do cuidado.

(Taddeoet al. 2012).

Isto é reconhecido na fala do P5, onda se afirma que a enfermagem através do diálogo

com seu paciente, dar o verdadeiro conhecimento sobre sua saúde.

“... então, eu acho que é de extrema importância, sim, por que é a enfermagem que

mais empodera usuário do conhecimento sobre seu estado saúde/doença e sua

terapêutica.”(P5).

É importante destacar que quando existe de fato o diálogo entre profissional e

paciente, e este dar liberdade de se construir elo e permitir uma posição, seja qual for de

interpretar de acordo com sua realidade e/ou conhecimento (Herrmann, __), logo, estaremos

permitindo também criar seres questionadores e embasados na sua alteridade.

“[...]as vezes elas gostam de questionar uma coisas sem ter conhecimento para

isso.”(P3)

Por conseguinte, seres questionadores permitem uma maior chance de diálogo o que se

permite entender que mais dialogo entre profissional e paciente/acompanhante pode resultar

em uma coleta de dados maior, favorecendo o planejamento e a execução do plano de

cuidado.

“... na hora que a mãe é questionadora, esses questionamentos influenciam

positivamente no cuidado”(P1)

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“[...] olha, eu noto que aqui essas mães são tachadas de chatas e aí a gente

tem que entender que isso é um direito da mãe e é um dever nosso dizer quais drogas

no paciente serão administradas, se identificar...quando tem alguma mãe ou se

depara com alguém assim ou responsável assim não gosta, tacha logo de chata, que

não vê a hora da criança receber alta e eu acho que errado, uma postura inadequada

do profissional”(P3)

● MÉTODOS E ESTRATÉGIAS PARA O PROCESSO DIALÓGICO:

DIFICULDADES E FRAGILIDADES

Considerando as diversas formas que o diálogo assume no planejamento e execução

do processo do cuidado, do qual leva aqueles que compõem o diálogo a compartilharem de

sentimentos e sensações de maneira ativa e passiva trabalhando embasados na teoria

humanística do cuidar. (Lúcio et al. 2008).

Perante isto, trás a realidade de que nem sempre o processo dialógico vai ocorrer de

maneira satisfatória e eficaz para os que a compõem. Segundo Lúcio (2008), em alguns casos

o diálogo intuitivo é aquele que precede o encontro, o relacionamento, a presença, o chamado

e a resposta do qual está diretamente influenciado por sentimentos surgidos pela antecipação

do encontro, a singularidade de cada ser e a decisão de revelar-se ou conter-se com o outro.

Será mais presenciado na pediatria, tendo em vista que nessa relação EU-TU existe uma busca

do EU ser mais, podendo causar certa opressão perante os pacientes e acompanhantes,

causando por sua vez, uma arbitrariedade entre os profissionais e pacientes envolvidos no

processo do cuidado.

“... não é um diálogo aberto, como a gente fala, é um diálogo direcionado da equipe

para o acompanhante e não o contrário, que ela está aberta ali para explicar, conversar, ele

é um diálogo bem direcionado.”[P4]

“...É, de certa forma, num período bem curto, realmente, eu reconheço que esse

período é bem curto, principalmente porque ele acontece no início do turno que junta com

outras atribuições, então, esse diálogo, ele existe, essa escuta ela existe, só que ele é muito

restrito e muitas vezes a gente tem que interromper, onde a gente se sente as vezes até mal,

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em estar interrompendo, mas a gente sabe que tem que mães que vão conversar mesmo, vão

desabafar, vão passar horas conversando e entra em assuntos que não tem mais nem haver

com a patologia. Então, a gente precisa limitar isso aí, mas de forma restrita.”[P4]

A comunicação deve ser algo relevante ao conhecimento do outro, desta forma, deve-

se criar estratégias favoráveis para que ocorra o reconhecimento e o entendimento da

mensagem passada.

“... Muitas vezes, elas dizem que entendeu, mas pela expressão, ela não entendeu…

Uma vez, eu utilizei de imagem, chamei ela no computador para ela ver o que era e para ver

como ficava depois, uma infecção de pele, mas realmente foi uma vez. Nas outras, a

explicação foi mais oral mesmo [...]”[P5]

“Com os pacientes, ainda fica mais difícil por nosso público ser de crianças, talvez a

comunicação com adultos seja mais fácil, com a criança dependendo da idade, se a gente não

utilizar a comunicação não verbal, e só utilizasse a comunicação verbal, essa comunicação

não vai acontecer.” [P1]

É notória a dificuldade que a equipe enfrenta pelo fato do público ser constituído

exclusivamente por crianças, colocando os pais ou acompanhante como peça fundamental no

processo do entendimento. Além disso, as formas pelas quais os profissionais irão repassa-las

devem ser de caráter simplificado, dependendo do grau de escolaridade do acompanhante.

“Nós temos um perfil de pais de todas as formas, alguns são alfabetizados, outros não

são alfabetizados, e aí se a gente vai utilizar de termos técnicos, de conhecimentos científicos,

a gente observa que a comunicação mais uma vez não acontece.” [P1]

“Eu acho que o que deveria prejudicar, mas aí seria uma coisa mínima, é não ter

acontecido o processo de entendimento de ambas as partes, porque às vezes o enfermeiro

também quer que o cliente entenda, mas ele também não se preocupa em entender de onde o

cliente vem a sua história de vida.” [P3]

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É notável o quão fundamental é o processo do dialogismo entre profissional e

paciente, além de ser a ponte que interliga os dois mundos, conhecimentos, é o responsável de

se garantir que exista o acolhimento de dados para elaboração de plano de cuidado. Quando

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executado de maneira sábia propagasse seus resultados positivos para além das linhas

limítrofes da anamnese, favorecendo aoaos dois eixos pontos crucias e emponderando-os para

que ambos sejam corresponsáveis de um cuidado holístico e resolutivo.

Entretanto, reconhece as dificuldades encontradas no estudo, ao qual obscura a

relevância de tal pratica e o uso desta ferramente eu seu desenvolvimento voltado para oplano

de cuidado. Por conseguinte faz com que o profissional utilize não apenas de suas armaduras

tecnicistas, mas sim, empoderedo ponte de vista da comunicação como um fator

predominantemente agregador do processo do cuidado. Aplicando-se de ferramentas

mecanicista e biomédica para obter resultados/respostas rápidas e sem que seja preciso

criação de vinculo entre profissional/paciente.

Este estudo demonstrou que ainda perdura uma grande lacuna dentro da academia,

onde direto ou indiretamente há o distanciamento entre o saber ouvir e a virtude de respeitar a

interlocução do outro. Exerce, por sua vez, o papel efetivo da alteridade em condutas de

assistência e favorecendo um olhar holístico sobre as particularidades de cada paciente

acometido com seus respectivos agravos.

Destarte, percebe-se ainda,a necessidade de estudos pautados na temática, a fim de

aperfeiçoar o serviço prestado, além da interação dialógica entre profissionais e pacientes,

estabelecendo cada vez mais relações de vínculos.

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REFERENCIAS

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