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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES
CURSO DE TURISMO BACHARELADO
Ludimilla Lopes Pereira Nascimento
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL EM SÃO VICENTE/RN: UM ESTUDO DO
PERTENCIMENTO E DA VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
CURRAIS NOVOS/RN
2015
2
Ludimilla Lopes Pereira Nascimento
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL EM SÃO VICENTE/RN: UM ESTUDO DO
PERTENCIMENTO E DA VALORIZAÇÃO DO PATRIMONIO CULTURAL
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
– UFRN, campus Currais Novos, como pré-
requisito para obtenção do grau de bacharel em
turismo.
Orientadora: Profa. Dra. Paula Rejane
Fernandes
CURRAIS NOVOS/RN
2015
3
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial de Currais Novos
Nascimento, Ludimilla Lopes Pereira.
Educação patrimonial em São Vicente: um estudo do pertencimento e da valorização do patrimônio cultural /
Ludimilla Lopes Pereira Nascimento. – Currais Novos, RN, 2015.
71 f. : il. color.
Orientador(a): Profa. Dra. Paula Rejane Fernandes.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó.
Departamento de Ciências Sociais e Humanas. Curso de Turismo-Bacharelado.
1. Turismo – Monografia. 2. Educação patrimonial – Turismo – Monografia. 3. São Vicente/RN – Monografia.
I. Fernandes, Paula Rejane. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSCN CDU 338.48
4
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL EM SÃO VICENTE/RN: UM ESTUDO DO
PERTENCIMENTO E DA VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
O trabalho apresentado foi julgado e aprovado para obtenção do grau de bacharel em Turismo,
no curso de graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
Currais Novos/RN, ___ de ___________ de 2015.
____________________________________________________
Profa. Dra. Carolina Todesco
Coordenadora do Curso de Turismo
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Profa. Dra. Paula Rejane Fernandes
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Orientadora
__________________________________________________
Profa. Dra. Mabel Simone Guardia
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Examinador
__________________________________________________
Prof. Me. Rodrigo Cardoso da Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Examinador
5
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários, que assumo total
responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade Federal do Rio
Grande do Norte - UFRN, à Coordenação do Curso, a Banca Examinadora e o Orientador de
toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte ideológico empregado ao mesmo.
Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a propriedade
intelectual o artigo n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral: Pena – detenção, de 3 (três)
meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º, consignam, respectivamente:
§1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte, sem
autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão, de 1 (um) a 4
(quatro) anos, e multa, (...).
§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, aluga, introduz
no País, adquire oculta, empresta troca ou tem em depósito, com intuito de lucro, original ou
cópia de obra intelectual, (...) produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral.
Diante do que apresenta o artigo n.º 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente que poderei
responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja comprovado plágio integral
ou parcial do trabalho,
Currais Novos-RN, ___ de ____________ de 2015.
________________________________
Ludimilla Lopes Pereira Nascimento
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Dedico esta Monografia aos meus pais que
sempre me deram forças e incentivo nos estudo,
aos meus amigos e parentes que me apoiaram
nos momentos difíceis, e a cada minuto gasto
com a compilação desta pesquisa. E se hoje
conclui essa etapa da minha vida é porque
muitas outras virão a ser concluídas!
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a minha mãe Maria José e ao meu pai José Pereira, pois
sem eles não conseguiria chegar tão longe nos estudos; o exemplo e o orgulho foram pilares ao
qual me agarrei em momentos de tensões. Além deles, agradeço a força dada pela minha mana
Lidiane Pereira, ao meu tio Galegão e sua esposa Damiana, tio Cicinho, sua esposa e filhos, tia
Fátima com seu esposo Pedro e sua filha, minha prima, Marina, além da minha tia Marizé. Sem
esquecer os primos; somente eu sei a alegria que é ter pessoas do meu lado torcendo pelo meu
sucesso acadêmico.
Não esquecendo os amigos de infância Otávio e Micarla que tanto incentivaram
essa minha luta de quatro anos, sendo com eles que compartilhei as experiências das viagens e
pratiquei meu lado psicóloga. Só sabe o quanto é difícil quem realmente cursa e se dedica à
academia. Aos amigos da faculdade sentirei saudades das inúmeras viagens, dos diversos tipos
de eventos, das reuniões, das brigas, dos encontros e desencontros. Foi ao lado de Lidiane
Santos, Marinelma Feitosa, Paulo Roberto e Henrique Oliveira que passei mais tempo e aprendi
o valor de compartilhar experiências, as trocas de informações e os auxílios nos trabalhos.
Aos professores agradeço por todos os aprendizados e os exemplos de vida, se não
fosse por vocês não teria o conhecimento que hoje disponho; aos mais íntimos peço desculpas
pelos aperreios e ao mesmo tempo agradeço pelas chamadas de atenção! Um agradecimento
em especial à professora Mabel que proporcionou meu primeiro contato com a história de São
Vicente e após a elaboração de um roteiro onde pude entender de qual forma poderia contribuir
com minha cidade. Nada mais gratificante que mostrar a minha comunidade sua cultura, sua
história.
A INOVATUR como laboratório de Turismo, me dispõe de experiências que vão
além de exercícios de fixação, a minha atuação como mestre de cerimônia veio a me mostrar
que assim como a área de gastronomia, a área de eventos também é encantadora.
Durante o período da academia aprendi, cresci, e me tornei uma pessoa inteligente,
com capacidade de criticar e auto se criticar, de planejar, organizar e conduzir tarefas
importantes.
Agradeço às escolas por permitirem que eu aplicasse meus questionários e com eles
desenvolver minha pesquisa, mostrando formas de trabalhar a metodologia de Educação
Patrimonial. Por fim, o meu muito obrigada a todos que de alguma forma contribuíram com
minha pesquisa e principalmente a minha orientadora Paula Rejane!
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Somos o resultado dos livros que lemos,
das viagens que fazemos e das pessoas que
amamos!
Airton Ortiz
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NASCIMENTO, Ludimilla Lopes Pereira. Educação Patrimonial em São Vicente/RN: Um
estudo sobre o pertencimento e a valorização do patrimônio cultural. Currais Novos: UFRN,
2015.
RESUMO
A metodologia da educação patrimonial tem como objetivo relacionar o patrimônio cultural da
localidade com sua população, ampliando o entendimento dos vários aspectos que constituem
o nosso patrimônio cultural e o que isso tem a ver com a formação da cidadania, identidade
cultural, memória; em suma, elementos que fazem parte de nossa vida, mas que não nos damos
conta do quão importante elas são. Face ao exposto e na tentativa de sensibilizar a comunidade
local sobre o pertencimento e a valorização do patrimônio faz-se necessário a transmissão dos
contextos históricos culturais para efeitos de conhecimento cultural. Em razão disto o presente
trabalho está dividido em três capítulos, no qual o primeiro capítulo é referente à história do
município, o segundo é mais teórico e menciona a parte de roteirização: uma proposta de
educação patrimonial, tendo como subtópico uma sugestão de roteiro pedagógico, e por fim o
terceiro capítulo traz a pesquisa concretizada. Eles falam sobre a importância da valorização
cultural e o sentimento de pertencimento local a partir da metodologia a dotada. Para tanto, o
objetivo geral desta pesquisa é investigar de que formas a Educação Patrimonial auxilia os
alunos a compreenderem o sentimento do pertencimento e da valorização cultural, partindo
desse contexto é necessário identificar o nível de conhecimento dos alunos referentes à sua
cultura, expor estratégias que proporcione experiência e contato com o patrimônio cultural,
além de desenvolver a Educação Patrimonial por meio da proposta de um roteiro pedagógico.
No que tange a metodologia deste estudo, a pesquisa tem caráter qualiquantitativa, pois avalia
opiniões e percepções e os dados obtidos são convertidos em expressões numéricas, ilustrados
nos diversos gráficos dispostos no capítulo três. Por fim, a proposta do city tour denominado
Caminhos de Luiza está ilustrado pelas figuras construídas a partir do Google Earth, e no quadro
de forma clara, pontual e descritiva.
PALAVRAS-CHAVES: Pertencimento, Valorização, Educação Patrimonial.
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NASCIMENTO, Ludimilla Lopes Pereira. Heritage education in São Vicente/RN: a study
about belonging and valorization of cultural heritage. Currais Novos, RN: 2015. Term paper
(Graduation in Tourism) Federal University of Rio Grande do Norte. Center Education Higher
of Seridó. Social and Human Sciences Department. Graduation in Tourism
ABSTRACT
The methodology of heritage education has as a goal to list the cultural heritage local with the
population expanding the understanding of many aspects that are our cultural heritage and what
this has to know with the citizenship formation, cultural identify, memory; in short, elements
that does part of our life, but we don’t give importance how important there are. View of was
exposed and in attempt of awareness with the local community about belonging and
valorization of heritage was made necessary the streaming of historical cultural contexts for
effects of cultural knowledge. This work is divided in three chapters in which the first chapter
refers the history about the county, the second is more theoretical and mentions the part of
routing: a proposal of heritage education having as subtopic a suggestion of educational
sightseeing, and for end the third brings the concretized search. They speak about the
importance of cultural valorization and the feeling of local belonging starting of methodology
adopted. Therefore, the general goal of this research is to investigated what forms the heritage
education helps the students to understand the belonging feeling and the cultural valorization,
based on this context is necessary to identify the level of knowledge of students relatives for
their culture, show strategy that provides the experience and contact with the cultural heritage
beyond to developed the heritage education through for a educational sightseeing. In reference
of the methodology of this study the research is qualitative, because it’s rating the opinions and
perceptions and the data obtained was converted in numeric expressions illustrated in the
several graphics organized in the third chapter. Lastly, the proposal of city tour was named
Luzia’s Way is illustrated for the images building of Google Earth and on the chart in a clear
form, timely and descriptively.
Key-words: Belonging. Valorization. Heritage Education.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - A Quixabeira e o povoado Luiza, início do século XX ...................................... 31
FIGURA 2 - Igreja de São Francisco em período de festejos e foto atual .............................. 32
FIGURA 3 - Obelisco em homenagem ao fundador da cidade ............................................... 34
FIGURA 4 - Mercado público em 1936 .................................................................................. 35
FIGURA 5 - Primeira parte do roteiro ..................................................................................... 43
FIGURA 6 - Segunda parte do roteiro ..................................................................................... 44
FIGURA 7 - Sistema de Turismo (SISTUR) ........................................................................... 53
FIGURA 8 - Slide da apresentação ......................................................................................... 60
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Idade dos alunos questionados ........................................................................ 48
GRÁFICO 2 - Elementos considerados patrimônio: Francisca Pires ..................................... 49
GRÁFICO 3 - Elementos considerados patrimônio: Aristófanes Fernandes .......................... 50
GRÁFICO 4 - Quantidade dos alunos que desconhecem a história de sua cidade ................. 51
GRÁFICO 5 - Locais mais visitados: Aristófanes Fernandes................................................. 55
GRÁFICO 6 - Locais mais visitados: Francisca Pires ............................................................ 56
GRÁFICO 7 - Idade dos alunos questionados ........................................................................ 57
GRÁFICO 8 - Percentual dos alunos que contariam a história............................................... 58
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LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Quadro metodológico ...................................................................................... 23
QUADRO 2 - Distâncias entre os municípios ......................................................................... 40
QUADRO 3 - Sequência do city tour ...................................................................................... 44
QUADRO 4 - Opinião dos alunos a respeito da iniciativa de preservação da história ........... 52
QUADRO 5 - Sentimento de pertencimento exposto por meio de palavras ........................... 59
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
IBGE – Instituto de Geografia e Estatística
CAO – Conjunto das Ações Operacionais
COE – Conjunto da Organização Estrutural
CRA – Conjunto das Relações Ambientais
KM – Quilometro
MTUR – Ministério do Turismo
PNT – Plano nacional do Turismo
RN – Rio Grande do Norte
SISTUR – Sistema de Turismo
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 16
METODOLOGIA ................................................................................................................... 22
I CAPÍTULO: CONTEXTO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE SÃO VICENTE ....... 25
II CAPÍTULO: ROTEIRIZAÇÃO TURÍSTICA: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO
PATRIMONIAL ..................................................................................................................... 38
PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: ROTEIRO “CAMINHOS DE LUIZA” ... 42
III CAPÍTULO: ANÁLISE E DISCUSSÃO DA PESQUISA ............................................ 47
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 63
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67
APÊNDICE - QUESTIONÁRIO .......................................................................................... 71
16
INTRODUÇÃO
A interiorização da atividade turística sugere que municípios sejam trabalhados e
planejados turisticamente no intuito de surgirem como alternativas em meio aos locais
sazonados; nota-se que o comportamento do turista vem mudando com o tempo, suas
motivações de viagens são outras. Além disso, antes de promover tais lugares é preciso que a
comunidade local tenha consciência do valor que sua cultura tem, devem ter conhecimento das
contribuições que o turismo pode oportunizar.
Na tentativa de sensibilizar a comunidade local sobre a valorização e pertencimento
do patrimônio faz-se necessário a transmissão dos contextos históricos culturais para efeitos de
conhecimento cultural. Defende Ribeiro e Santos (2008) a importância de transmitir
informações no intuito de criar a consciência de valor cultural, e convém ressaltar que para
Lemos (2004) um objeto isolado de um contexto deve ser entendido como um fragmento, um
pedaço, de uma ampla urdidura de dependências e entrelaçamentos de necessidades e interesses
satisfeitos dentro das possibilidades locais da sociedade a que ele pertence ou pertenceu.
São pelos aspectos culturais que o segmento do turismo cultural se apropria e
desenvolve determinadas atividades, contemplando bens materiais e imateriais, na tentativa de
enfatizar determinada época e seus acontecimentos; Dias (2009) ressalta que quando o turista
conhece outras formas de cultura geram-se possibilidades no crescimento do turismo
sustentável, no qual, permite um desenvolvimento social justo.
Baseado em Gonçalves (2013), pode-se afirmar que o turismo pedagógico tenta
aproximar assuntos abordados em sala de aula com a realidade/prática, como por exemplo,
ciclos econômicos desenvolvidos em tais localidades e seus contextos históricos, sendo essas
informações utilizadas como motivação para o aprendizado e podendo até aperfeiçoa-las
quando forem abordadas em aulas de campo; assim como nos eventos culturais que também
aproximam a realidade com o passado, por meio da gastronomia, músicas, danças, teatro,
artesanato e até mesmo pela comparação das vestimentas.
Neste prisma, pode-se entender que a cidade de São Vicente (assim como as outra)
desenvolve atividades de cunho cultural, não podendo ser denominadas turísticas pela ausência
dos recursos turísticos consolidados; pois como defende Bezerra (2009, p.5) em sua monografia
intitulada de Estudo do potencial turístico do município de São Vicente “os atrativos ainda não
foram divulgados e tampouco convertidos em produtos turísticos”. Percebemos a possibilidade
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de uso destes para tais fins, encontrar-se aqui um estudo do pertencimento e da valorização do
patrimônio histórico.
Em função do conceito do turismo enfatizar alguns elementos como o deslocamento
dos indivíduos do seu lugar habitual para outro desconhecido, bem como a permanência maior
que 24 horas e inferior a um ano havendo pernoite, e seja por quaisquer motivações exceto por
atividades desenvolvidas e que implique na remuneração monetária, a temática trabalhada neste
estudo não se classifica como turismo pedagógico, nem tão pouco ao turismo cultural, em suma
o termo adequado é educação patrimonial.
Tais denominações não se encaixam pelo fato do deslocamento implicar na
permanência, sendo esta com pernoite. Sobre a educação patrimonial Gonçalves (2013) destaca
que a prática pedagógica no âmbito da educação patrimonial como planejamento possui por
base que o turismo sustentável deve envolver atividades de caráter multidisciplinar,
assegurando a preservação dos processos ecológicos, a diversidade da fauna e flora e dos
recursos naturais e culturais; qualidade de vida compatível com a cultura e os valores dos
residentes, conservando e fortalecendo a identidade da comunidade e a geração de recursos
econômicos para sua exploração no presente e no futuro.
Dada à relevância aos conceitos e áreas de abrangências, o segmento do turismo
cultural
Pode ser um importante aliado na preservação e na manutenção da memória viva de
manifestações culturais matérias e imateriais. Sabemos que o turismo como fenômeno
social, baseado no deslocamento humano se alimenta da cultura ou da diversidade
cultural das comunidades visitadas, baseadas em um sistema de atrações e de serviços
oferecidos – transporte, hospedagem, restauração, imagem projetada e promoção dos
destinos – compondo com outros recursos como a gastronomia, o artesanato e a
comunidade local ponto de partida para a manutenção do destino e de tal
comercialização. (RIBEIRO; SANTO: 2008, p.9).
Outro conceito sobre turismo cultural é mencionado por Brasil (2010, p. 15) que
“compreende as atividades turísticas relacionadas à vivências do conjunto de elementos
significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e
promovendo os bens materiais e imateriais da cultura”. Como mencionado, a cultura não pode
ser entendida por meio de um elemento, este contexto deve ser explicado por meio de inúmeros
aspectos, ou seja, um conjunto de informações.
Na verdade, ambas as temáticas contribuem de forma significativa para o
desenvolvimento da metodologia de educação patrimonial. Nesse prisma, para Albuquerque
et. al (2012)
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A educação patrimonial se configura como um processo de suscitar o
aprendizado através da sua cultura, proporcionando no aluno sentimento de
conhecer e perceber a importância do seu passado, para compreender o
presente e projetar o futuro, ou seja, é um processo permanente e sistémico de
trabalho educativo (ALBUQUERQUE et. al.: 2012, p. 2). ~
Para tanto, a exposição de tais conceitos serve para uma melhor compreensão do
estudo. No decorrer das pesquisas sobre as possíveis temáticas a serem trabalhadas surgiu
confusão e dúvidas, sobre qual o termo correto. Assim como existe a necessidade de a
comunidade local ter conhecimento de sua cultura, para este estudo, também faz-se necessário
ter consciência qual a denominação mais adequada.
Como visto, a metodologia da Educação Patrimonial tem como objetivo relacionar
o patrimônio cultural da localidade com sua população, ampliando o entendimento dos vários
aspectos que constituem o nosso patrimônio cultural e o que isso tem a ver com a formação da
cidadania, identidade cultural, memória; em suma, elementos que fazem parte de nossa vida,
mas que não percebemos o quão importante são elas. A educação patrimonial trabalha com
estratégias de ensino-aprendizagem, dinâmicas e significativas, tendo como relações a
valorização, o pertencimento e a preservação.
Ao tomar como princípio a não valorização cultural pela comunidade local, surge
o seguinte questionamento: De que forma pode-se trabalhar com a comunidade local estudantil
para que haja a valorização de sua cultura, e assim salvaguardá-la? E como gerar um sentimento
de pertencimento na população vicentina pelo seu patrimônio histórico?
Como mencionado anteriormente, o sentimento de pertencimento a determinada
cultura ocorre após o reconhecimento da história; e sendo por esse fato que o estudo determina
como público alvo os alunos do 9º ano de duas escolas Escola Estadual Aristófanes Fernandes
e Escola Municipal Francisca Pires de Albuquerque; O propósito inicial é identificar o grau de
conhecimento deles sobre sua cultura, além de observar a valorização ou desvalorização dos
recursos histórico-culturais, devendo, estes serem usados como elementos de caráter
pedagógico e multidisciplinar para a elaboração de um roteiro.
Para tanto, o objetivo geral é investigar de que formas a educação patrimonial
auxilia aos alunos a compreenderem o valor do pertencimento e da valorização cultural; e a fim
de atingir tal resultado é necessário identificar o nível de conhecimento dos alunos referente à
sua cultura, expor estratégias que proporcione experiência e contato com o patrimônio cultural,
e por fim, desenvolver a educação patrimonial, e elaborando uma proposta de roteiro
pedagógico com base na metodologia da Educação Patrimonial.
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O trabalho justifica-se pela necessidade de conhecer a história do município de São
Vicente e compartilhar com a comunidade estudantil tais informações. É necessário ter noção
dos fragmentos históricos, pois só depois de disseminar tal conteúdo é possível trabalhar o
município com fins turísticos, assim agregando valor ao local e demais municípios já
desenvolvidos na região do Seridó, ampliando o leque de opções das atividades turísticas.
Dentre os municípios do Seridó destaca-se a cidade de são Vicente com uma
população de 6.364 habitantes distribuídos em uma unidade territorial de 197,817 Km2 numa
densidade demográfica de 30,47 hab/Km2, dados esses que estão de acordo com o censo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2014. A economia é baseada
no comércio familiar e a renda adquirida pelos “trecheiros” (pessoas que trabalham em outras
localidades que não é a sua de residência e que mandam sua renda adquirida aos seus
familiares).
A história da cidade de São Vicente que remete ao seu surgimento e
desenvolvimento tem potencial para ser trabalhada como uma área de interesse cultural
destacada pelos seus elementos: casas e prédios do período Rococó1 e neoclássico2, edificações
com fins de homenagear, além das personalidades vicentinas que “contribuíram” para o
desenrolar dos fatos históricos.
Historiar os fatos importantes aos jovens vicentinos gerou-se um interesse cultural,
além da ampliação de seus conhecimentos históricos. Um importante elemento, inexistente
hoje, na história é a quixabeira, uma árvore de tronco e copa enorme a qual polarizava a feira
comercial que ocorria aos sábados e necessitava de quatro homens fortes para abraçá-la
(ARAÚJO, 1997).
1 De acordo com Proença (2010) o Rococó teve início na França, no século XVIII. O termo “rococó” originou-se
da palavra francesa rocaille que em português significa concha. Esse estilo desenvolveu-se de modo mais suave
que o Barroco, haja vista, as cores fortes que foram substituídas pelos tons pasteis como verde claro e cor-de-rosa
onde permitiam a produção de certos efeitos de delicadeza e leveza dos tecidos, maciez da pele feminina,
sedosidade dos cabelos, luzes e brilhos; na arte esse estilo refletia o prazer dos artistas em passar nas pinturas cenas
graciosas, realizando uma sensualidade sutil. Na arquitetura refletia na decoração dos interiores que revestiam-se
de formas ovais e as paredes eram cobertas com pinturas de cores claras, suaves e ornamentos com motivos florais
feitos com truques e frisos que emolduravam quadros, espelhos, guirlandas que se entrelaçam em sucessivas linhas
curvas. 2 Baseado em Proença (2010) o estilo Neoclássico iniciou-se no final do século XVIII e começo do século XIX
como uma nova tendência estética que expressava os valores próprios da burguesia fortalecida que assumiu a
direção da sociedade europeia após a Revolução Francesa. Denominada de neoclassicista por retomar os princípios
a arte grego0romana. O estilo que veio substituir o rococó só seria perfeitamente belo na medida que imitasse, não
somente, as formas da natureza, mas também ao que os artistas clássicos gregos e os renascentistas italianos havia
criado, ou seja, um trabalho de imitação das técnicas e convenções, por isso a presença do convencionalismo e o
tecnicismo. Enquanto na arquitetura neoclássica seque os modelos greco-romanos, a arte inspirava-se nas
esculturas clássicas grego e trazia consigo o equilíbrio das composições e a harmonia do colorido. Quadros
pintados por Jacques Louis David registravam o governo de Napoleão por meio dos fatos históricos e sem dúvida
suas obras expressavam um vibrante realismo, porém outras expressavam fortes emoções.
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Por meados do século XX a árvore foi derrubada, contudo, conta os moradores que
existem duas versões sobre tal fato. Uma das hipóteses menciona ter sido consequência de três
anos consecutivos de seca que gerou uma fraqueza no solo e devido a magnitude de seu tamanho
quando, no quarto ano, houve uma enchente no rio, que pelo fato do ano ter sido repleto de
chuvas abundantes, o solo desgastado e empobrecido não suportou a árvore e está veio a queda.
A segunda possibilidade é que por motivos da cuja polarizar um grande comércio na região, o
prefeito, da época, da cidade de Florânia mandou derruba-la na tentativa de redirecionar tais
comerciantes à sua cidade, não aceitava que um distrito exercesse poder maior sobre tal
comércio (MEDEIROS, 2004). Até os dias atuais, essas versões são disseminadas entre os
moradores. O ponto essencial de tal informação é a queda da árvore, independente dos motivos,
apesar de que ao uni-las pode-se deduzir que ambas ocorreram em conjunto, tanto a vontade do
prefeito quanto a enchente.
Anos depois, uma nova quixabeira foi plantada no lado oposto ao local da antiga na
tentativa de ilustrar sua importância; restando aos dias atuais fotos e relatos de sua magnitude
que poderia ser demonstrada em um museu, lugar este propício para ter acesso a tais
informações.
Após vários estudos e levantamento bibliográfico realizado buscou-se usar como
base autores que usam o Seridó e mais a fundo São Vicente como área de pesquisa, foi possível
identificar que o acervo existente sobre a localidade em questão escasso. Ao fim desta pesquisa,
mais um material dará importância a tal localidade e sua história, acrescentando aos jovens
desta cidade um reconhecimento sobre suas raízes que começam a aparecer por volta do século
XVIII.
O trabalho tem relevância em âmbito acadêmico, desde o momento em que as
informações coletadas poderão nortear novas pesquisas, além de gerar um banco de dados sobre
a área estudada. Desde que a disciplina de elaboração de roteiros turísticos exigiu a elaboração
de um roteiro em determinados municípios do Rio Grande do Norte, o grupo de alunos
composto por Josefa Lidiane, Ludimilla Lopes, Marinelma Freire e Paulo Roberto escolheram
o município de São Vicente, e a partir desta escolha, pôde observar-se que os próprios alunos
desconheciam a história, motivo suficiente para aprofundar o estudo.
Para a sociedade é válido no aspecto sociocultural, no que se refere à propagação
de dados concretos sobre a existência do seu patrimônio cultural (o qual necessita de
valorização), além da exposição dos fatos históricos em sua sequência cronológica no decorrer
desta pesquisa.
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O estudo proporciona uma relevância pessoal, em razão de gerar sentimentos de
pertencimento e valorização cultural pelo patrimônio existente no município. Sentimentos estes
que elucidam a qual cultura pertencemos. Isso autoriza concluir que o ato de conhecer a sua
cultura melhora o ponto de vista crítico em relação aos costumes e tradições repassados de
geração em geração.
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METODOLOGIA
O estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa pela utilização de técnicas
de coleta de dados nessa vertente, sendo as mais utilizadas à observação, a entrevista em
profundidade e a análise de dados, sendo também utilizado o questionário onde as perguntas
são entregues por escrito e os informantes preenchem as respostas (DENKER, 2003). Levando
em conta que se pretende identificar a concepção dos alunos em relação ao sentimento de
pertencimento local por meio da valorização dos recursos histórico-culturais existentes na
cidade de São Vicente faz-se uso de tais métodos.
Além dessa metodologia será utilizada também o Discurso do Sujeito Coletivo
(DSC) “É uma técnica de tabulação e organização de dados qualitativos e tem como fundamento
a teoria da representação social” (FIGUEIREDO et. al., 2013, p. 45). É por meio desse
procedimento que se torna possível a identificação de opiniões da população a qual servirá de
base para determinar os resultados da pesquisa.
Ao fim da aplicação dos questionários os dados são analisados e apresentados em
base nos informativos numéricos a pesquisa também adquire caráter quantitativo. Baseado em
Gomes (2013) a pesquisa quantitativa é um método que trabalha com indicadores numéricos;
sendo usada para medir opiniões, atitudes e preferências.
Durante a pesquisa foi apresentado um city tour que será ilustrado por uma figura
onde mostra a disposição dos recursos e o trajeto a ser percorrido durante toda execução do
trajeto, com a finalidade de uma melhor visualização.
Todas essas metodologias são necessárias, pois é a partir dos resultados obtidos que
pode-se aplicar a educação patrimonial a qual necessita de quatro etapas, sendo elas a
observação, o registro, a exploração e a apropriação, que de acordo com o GRUNBERG (2007)
Na observação usamos exercícios sensoriais por meio de perguntas,
experimentações, provas, medições, jogos de adivinhação e detetive, etc., de
forma que se explore, ao máximo, o bem cultural ou tema observado. O
registro ocorre por meio de desenhos, descrições verbais ou escritas, gráficos,
fotografias, maquetes, mapas, busca-se fixar o conhecimento percebido,
aprofundando a observação e o pensamento lógico e intuitivo. Na exploração
a análise do bem cultural ocorre com discussões, questionamentos, avaliações,
pesquisas em outros lugares (como bibliotecas, arquivos, cartórios, jornais,
revistas, entrevistas com familiares e pessoas da comunidade), desenvolvendo
as capacidades de análise e espírito crítico, interpretando as evidências e os
significados. E por fim, na apropriação ocorre a recriação do bem cultural,
através de releitura, dramatização, interpretação em diferentes meios de
expressão (pintura, escultura, teatro, dança, música, fotografia, poesia, textos,
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filmes, vídeos, etc.), provocando, nos participantes, uma atuação criativa e
valorizando assim o bem trabalhado (GRUNBERG, 2007, p.6). (Grifo nosso)
Com a primeira aplicação dos questionários é possível identificar o nível de
conhecimento e sentimento de pertencimento com o local; após essa etapa, segue-se para o city
tour, o qual tem a finalidade de ampliar os conhecimentos sobre a cultura vicentina; somente
ao fim desta segunda etapa é que se reaplica um novo questionário para que seja possível medir
o quão importante é a disseminação de tais informações. Espera-se que no fim desta terceira
etapa o resultado seja superior ao do início da pesquisa.
Em primeiro momento a aplicação dos questionários ocorreu com cinquenta e dois
(52) alunos num total de sessenta (60) havendo uma análise comparativa entre eles, haja vista,
trinta e três (33) terem sidos aplicados na Escola Estadual Aristófanes Fernandes no dia 20 de
Outubro e dezenove (19) aplicados na Escola Municipal Francisca Pires de Albuquerque no dia
21 de Outubro. Dois colégios, dois cenários com resultados diferentes.
A necessidade de abranger tais locais e compará-los surge diante a pequena
quantidade de escolas no município. O quadro 1 vem sintetizar os objetivos da pesquisa, suas
técnicas de coleta e análise de dados.
QUADRO 1 - Quadro metodológico
PROBLEMÁTICA/
OBJETIVO
GERAL
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
TÉCNICAS DE
COLETA
TÉCNICAS DE
ANÁLISE
PROBLEMÁTICA
A não valorização da
cultura vicentina.
OBJETIVO
GERAL Investigar de que
formas a educação
patrimonial auxilia
aos alunos a
compreenderem o
valor do
pertencimento e da
valorização cultural
Identificar o nível de
conhecimento dos alunos
referente à sua cultura;
Aplicação de
questionários com ao
alunos.
Análise dos dados
qualiquantitativos
Expor estratégias que
proporcione experiência e
contato com o patrimônio
cultural,
Método da
observação in loco,
Ilustração da proposta
de city tour e
aplicação de novos
questionários
Análise dos dados
qualitativos
Elaborar uma proposta de
roteiro pedagógico com
base na metodologia da
Educação Patrimonial.
Método da
observação in loco e
através do valor
interpretativo
atribuído pela autora
Utilização do Google
Earth para criar uma
figura que ilustrasse
o percurso a ser
desenvolvido.
FONTE: Adaptado por Silva, 2015.
24
Por fim, a pesquisa adquire caráter de pesquisa-ação por envolve-se num “ciclo o
qual se aprimora a prática pela oscilação sistemática entre agir no campo da prática e investigar
a respeito dela” (TRIPP, 2005, p. 445-446), em suma, planeja-se, implementa-se, descreve e
avalia uma mudança para a melhoria de sua prática, aprendendo mais, no decorrer do processo,
tanto a respeito da temática quanto da investigação.
25
I CAPÍTULO
CONTEXTO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE SÃO VICENTE
26
Partindo de um recorte territorial denominado de Seridó composto por 23
municípios, os quais são: Acarí, Caicó, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Cruzeta, Currais
Novos, Equador, Florânia, Ipueira, Jardim de Piranhas, Jardim do Seridó, Jucurutu, Lagoa
Nova, Ouro Branco, Parelhas, Santana do Seridó, São Fernando, São José do Sabugi, São José
do Seridó, São Vicente, Serra Negra do Norte, Tenente Laurentino Cruz e Timbaúba dos
Batistas (AZEVEDO, 2014); e apesar dessa região dispor de municípios com as suas mais
diversas identidades regionais a pesquisa tem como objeto de estudo o município de São
Vicente; sendo pelas particularidades históricas representadas nas crenças, costumes e valores
que o estudo se concentra e são estes aspectos que se pretende disseminar neste capítulo, onde
a essência do estudo é focada nos acontecimentos históricos.
Existe contradição entre os fatos históricos acerca do surgimento da cidade de São
Vicente e por isso foi preciso realizar um levantamento bibliográfico de todos os arquivos
impressos e online que relatassem tais acontecimentos, além da necessidade existente em
entrevistar alguns moradores para que fosse possível ligar as inúmeras informações obtidas. Foi
com base nestes autores que o primeiro capítulo pode-se concretizar:
O livro de Araújo et. al. (1997) cidade de São Vicente: Vida e memória que relata
mais um passado da vida do autor do que dispõem de textos com caráter científicos. Um
material que ilustra como se desenvolveu a vida daquela população nos anos 30 do século
passado; os primórdios, as ruas e seus moradores, bem como a vila que crescia em buscando da
parte mais alta da cidade, sem esquecer as lutas pela conquista da energia elétrica; notícias sobre
o fundador da cidade e relatos sobre os primeiros líderes e por fim, é mencionado também como
se deu o desenvolvimento urbano da cidade.
Outros autores que escrevem na linha de pensamento sobre o desenvolvimento
urbano desta localidade é Araújo e Alves (2000), que em sua monografia intitulada de A
evolução urbana de São Vicente no período de 1979 à 2000 abrem destaque para as primeiras
formas de aglomeração no espaço, dando foco a origem da cidade, as fases da evolução urbana
e como ocorreu a organização espacial da cidade entre 1953 a 2000; outro tema abordado pelas
autoras foram as políticas públicas de infraestrutura voltadas aos conjuntos habitacionais.
Ampliando sua área de estudo Azevedo (2014) demonstra em seu livro o
Desenvolvimento regional e potencial turístico do Seridó Potiguar, no qual é dada uma
contextualização sobre a região do Seridó Potiguar referente à sua conjuntura política regional,
a economia do século XX, a urbanização e a política da região, além de relatar os aspectos
geoambientais, socioeconômicos e demográficos da região, bem como o desenvolvimento
27
regional e os serviços de infraestrutura básica, por fim sugere uma discussão sobre o Polo
Turístico Seridó: potencialidades, limites e possibilidades.
Em uma esfera micro Bezerra (2009) trata em sua monografia um Estudo do
potencial turístico do município de São Vicente/RN; como já mencionado, as informações sobre
o surgimento e desenvolvimento desta localidade foi pouco estuda e publicada os resultados,
esta é mais uma autora que trata desta temática, porém com um olhar diferente, ela consegue
enxergar um potencial turístico na cidade, uma vez que em sua pesquisa defende a existência
de recursos turísticos, mas como não depende somente da existência de tais (possíveis atrativos)
é necessário o reconhecimento e planejamento adequado para o desenvolvimento turístico.
De modo mais específico, temos Costa (2008) com sua monografia mais centrada
em um dos ciclos econômicos desenvolvidos na localidade a cotonicultura em São Vicente:
uma história produtiva e que desde a formação do povoado Luiza esta localidade já se firmara
como núcleo de práticas econômicas importantes para o estabelecimento de pessoas na região.
Inicialmente, a pecuária, seguida da produção da borracha de maniçoba e por fim a
cotonicultura, esta última, chegando a dimensões estaduais. O foco desta pesquisa foi a
contribuição do ciclo do algodão mocó para o reconhecimento do município mediantes aos
demais da região.
E por fim, mais uma pesquisa vem contemplar não somente o município de São
Vicente, mas como um todo: Apontamentos sobre a história indígena na Serra de Santana-RN,
séculos XVII e XVIII. Silva (2015) em sua monografia não estudou tal território pelos aspectos
turísticos, mas sim elementos historiográficos; suas pesquisas giram em torno da problemática
de quais grupos indígenas ocupavam o espaço da Serra de Santana no período da colonização
(meados do século XVII até o início do século XVIII). Em sua pesquisa também ocorre
conflitos de ideias, pois a maior parte historiográfica defende ser ‘Kariri’ a origem dos índios,
porém seus resultados mostram-se diferentes.
Em suma foram estes os materiais que nortearam a pesquisa, sendo que a maior
dificuldade deste capítulo foi a ordenação dos acontecimentos, já que todos estes livros e
monografias relatavam datas, porém com intervalos temporais extensos, dificultando a
cronologia dos fatos. Contudo, a junção de todos gerou dados completos e mais pontuais. Por
fim, adentremos nos contextos histórico-culturais.
Inicialmente uma zona tradicionalmente agrícola, denominada milharada do gentil
na sesmaria de 09 de janeiro de 1719. Um pedaço de terra foi concedida a Gervásio Pereira de
28
Morais, sendo este registrada no livro de sesmaria3 do Governo da Capitania do Rio Grande do
Norte o qual registrava as terras e seus limites territoriais juntamente com o nome do dono, no
caso Milharada fazia fronteira a oeste com o riacho da Luiza (que limita-se com a atual
Florânia), a leste com o riacho quinquê (limite com Currais Novos), ao sul com Acarí e Cruzeta
e norte com o sitio baixa do sitio (limite com Santana do Mato).
Em 1787, o senhor Domingos Alves dos Santos funda a fazenda Luiza. Um grande
latifundiário de nome Domingos Alves dos Santos, residente na fazenda de lajes (município de
Caicó) interessou-se pelas terras e adquiriu-a de Gervásio Pereira. Chegando à área, uma
fazenda é construída e assim surgi neste contexto como a primeira construção de morada a qual
se desenvolveu a partir de um “pedaço de terra” e denominada de “Fazenda Luiza” por causa
da índia Kariri Luiza4.
As controvérsias já começam na origem da índia que até então de origem ‘Kariri’
surge Silva (2015) e propõe uma hipótese em sua monografia
Os grupos indígenas que povoaram a região atualmente correspondente a
Serra de Santana eram os Tupi, nas chãs do maciço, bem como as populações
Tarairiú, na depressão sertaneja circundante, planícies e vales. É importante
mencionar que a denominação Tarairiú foi utilizada somente pelos cronistas
holandeses. Não sendo reportado a esse termo na documentação oriunda das
autoridades portuguesas. Esta falam de tapuias, ou pelo nome dos subgrupos,
a exemplo dos Janduí, Canindé, Pega, Jenipapo, Kamaçu e Tucuriju (SILVA,
2015, p.15).
Para propor tamanha hipótese Silva (2015) analisou estudos e pesquisas realizadas
na área em questão e identificou que boa parte da historiografia disponível sobre os municípios
que compõem a mesorregião da Serra de Santana (Cerro corá, Florânia, Lagoa Nova, São
Vicente, Santana do matos e Tenente Laurentino Cruz) teria sido povoada por grupos indígenas
Tupi e Tarairiú, não sendo os Kariri os primeiros habitantes da serra; defende o equívoco da
informação por meio da obra de Irineu Joffily5 que sem problematização classifica os grupos
indígenos do recorte espacial do sertão da Paraíba.
No contexto da construção historiografia do fortalecimento da identidade nacional
e regional do Nordeste, existe a obra de Irenêo Ciciliano Joffiel notas sobre a parahyba a qual
o autor emprega a classificação de Kariri aos grupos indígenos que habitavam o sertão
3 Sesmaria era o lote de terras concedidas a pessoas ligadas ao governo português com o intuito de atrair e fixar as
populações no interior das capitanias. 4 No decorrer da pesquisa será encontrado o nome Luiza/Luisa escrito de duas formas, pretende-se manter a escrita
de tais modos, pois originam-se dos autores que a menciona em seus textos. A ortografia nada interfere nos
contextos em que a índia se encontra. 5 JOFFILY, Irenêo. Notas sobre a Parahyba. 2. ed. fac-similar. Brasília: Thesauros Editora, 1977.
29
paraibano e que com isso influenciou a denominação das demais populações do interior de todo
o Nordeste brasileiro.
É demonstrado em sua pesquisa materiais cerâmicos característicos de tais tribos, a
qual defende serem os primeiros habitantes da região da Serra de Santana, localizados em
alguns dos sítios lito-cerâmicos de Tenente Laurentino Cruz e São Vicente; sítios estes que
renderam defesas de mestrado e teses de doutorado. “A análise do material recolhido permitiu
evidenciar que a cerâmica encontrada, assim também em Florânia, pertence à Tradição
Polícroma Amazônica, subtradição Tupinambá” (SILVA, 2015, p. 33). Materiais cerâmicos
como louças, metais, contas de colares, tudo com cronologia histórica e associada à subtradição
tupinambá.
A índia que habitava tais redondezas, provavelmente, foi pelo fato da Guerra dos
bárbaros6 na qual ocorreram diversos conflitos dos colonizadores com os povos indígenas,
assim como mostra Araújo (2006, p. 48) “esse passado rico em acontecimentos de guerras,
vitórias e fracassos, incertezas e vicissitudes, certamente é uma das razões porque o
inconsciente coletivo do sertanejo é povoado de lendas, façanhas heroicas e românticas”. Os
povos sertanejos que habitavam as terras em questão tinham uma admiração por tal
personagem.
Na medida em que o conflito foi propagando-se os indígenas eram expulsos de suas
terras e para fugir da morte, membros da tribo dos índios7 embrenhavam-se em um dos
contornos da Serra de Santana (ARAÚJO et. al. 1997; ARAÚJO e ALVES 2000). Convém
ressaltar que “a fuga dos índios para esse espaço estava atrelada à necessidade de encontrar um
lugar que oferecesse condições de esconderijo” (COSTA, 2008, p.29) sendo a localidade da
Serra de Santana favorável para tais fugas pelo fato de ser uma área cercado por serras.
Segundo relatos de moradores entrevistados que foram apresentados por Araújo e
Alves:
Luísa era uma negra velha que residia na área designada de saco da Luiza em
sua homenagem. A negra escrava conquistara o respeito e a confiança de
6 A obra de Maria Idalina da Cruz Pires estuda a Guerra dos Bárbaros, ocorrida entre os anos de 1680 e 1720, no
sertão de Rodelas, em Pernambuco, na Ribeira do Açu, no Rio Grande do Norte, na Ribeira do Jaguaribe, no Ceará,
incluindo os sertões do Piauí e Paraíba, recorte este denominado também de Guerra do Açu; foi nesta região que
alguns grupos indígenas elegeram como asilo, refúgio, fugindo da perseguição violenta dos portugueses que em
quantidade eram invencíveis. Ali, no sertão encontraram a proteção necessária; como o confronto ocorreu em
diversas localidades a aglutinação desses vários grupos indígenas demonstrou formas de resistência, superando até
as dificuldades relativas à diversidade étnica, comprovada pela própria duração da guerra e o número elevado de
morte das tropas. 7 No decorrer da pesquisa de Silva (2015, p. 16) houve a necessidade da utilização de alguns conceitos, dentre eles
o de encobrimento que, na maior parte da historiografia local e regional dos municípios, ou da região da Serra de
Santana, verificou-se que os grupos indígenas ou são classificados de forma errônea ou generalizada, ou, ainda,
nem mesmo são mencionados. Sendo utilizados os designativos índios, indígenas, Kariri, Tapuia e Tapuio.
30
todos. Era uma espécie de informante. Pessoas que vinham de outras áreas à
procura de informações sobre localização de seus rebanhos de gado perdido,
chegando aqui, logo procuravam por Luísa. A negra servia na apartação e
pastoreiro de gado. Tinha a confiança dos fazendeiros das regiões vizinhas.
(ARAÚJO: ALVES, 2000, p. 15)
Como Luiza fixou-se nesta área e consequência de seu comportamento ganhou a
confiança de todos chegando a denominarem tal localidade de SACO DA LUIZA, “saco” em
virtude da semelhança que havia entre o contorno do relevo e a boca de um saco e Luiza por
conta do nome da índia.
Ela morreu por volta de 1726, mas seu nome continua presente até hoje na história
de São Vicente. Somente após 100 anos é que o primeiro núcleo urbano surge à margem
esquerda do rio Luiza, assim chamado por causa da índia. Por volta de 1678 a 1679 (final do
século XVII) deu-se o extermínio de indígenas em um conflito travado na região de Açu
(ARAÚJO et. al. 1997; ARAÚJO e ALVES 2000).
Outra informação, é que o fato das terras serem férteis e por se localizarem
próximos a rios o cultivo de milho era produtivo e foi iniciado pelos índios o que permitiu
denomina-la de milharada do gentil. Em 1845 as terras passam a pertencer a Joaquim Adelino
de Medeiros, também conhecido por Capitão Cocó, natural de Jardim do Seridó nascido em
1824. Atraído por terras férteis para a lavoura e criação de gado em 1845 veio para a companhia
de outros parentes já residentes nas margens do rio e adquiriu as terras. Enfatiza Azevedo (2014,
p. 20) que “a atividade criatória está intimamente ligada ao processo de ocupação colonizadora
da região [...] e frisa que a cotonicultura também desempenhou um importante papel na
economia da região [...] sendo considerado ‘ouro branco’ sertanejo”.
Percebendo o pequeno comércio existente na localidade, Cocó decide doar terrenos
para a construção de casas a fim de manter os comerciantes na localidade e assim alimentar o
comércio, juntamente com a borracha de maniçoba e as demais miudezas8.
Dessa forma, entende-se que à proporção que as atividades econômicas iam
se fortalecendo e o Seridó ascendendo economicamente [...] grupos
oligárquicos regionais propalavam discursos regionais, que passaram a
estruturar a imagem de um Seridó próspero e promissor, ajudando a constituir
a cultura e a identidade regional seridoense (AZEVEDO, 2014, p.22).
8 O termo miudezas, nesse caso, foi empregado para simbolizar objetos pequenos que segundo Araújo (1997)
deslumbravam os olhos da meninada como caixas de sabonete ‘Eucalol’ com as mais diversas estampas (Bandeiras
do Brasil, fauna e flora do Brasil, índios e vultos históricos) do tamanho de uma carta de baralho; tecidos, registros
cartorários (documentos), alimentos diversos, além de filhotes de amigos criatórios.
31
Uma grande árvore existia próximo ao rio e a fazenda: a quixabeira. Árvore de copa
e tronco enorme, sendo necessários quatro homens para abraça-la. Era em baixo desta grande
árvore que as primeiras realizações de feira ocorriam aos sábados, de onde vinham de cidades
vizinhas e da redondeza comerciantes, fazendeiros, pequenos criadores, mascates, ambulantes,
ciganos, cantadores, vaqueiros e “beradeiros” de todas as cepas. Assim com o comércio
crescendo no Seridó, aproveitaram o local para fixar-se e desenvolver um povoado.
FIGURA 1 - A Quixabeira e o povoado Luiza, início do século XX
FONTE: Acervo pessoal Irani Araújo, 2015.
“As bancas de miudezas eram deslumbrantes aos olhos da meninada, além de
chamar a atenção pelo volume de negócios que ali se efetuava.” (ARAÚJO, 1997, p.16)
Próximo à quixabeira e paralelo ao curso do rio as primeiras casas são construídas, sendo uma
das ruas chamada de Rua da Quixabeira.
O ano de 1890 equivale ao auge da borracha de maniçoba que era exportada
exclusivamente para a cidade de Mossoró em tropas de jumento. Em 1894, Joaquim Adelino
de Medeiros casou-se pela primeira vez com Vicência Maria da conceição e em sua homenagem
doou, parte das terras para construção de uma capela, hoje igreja de São Francisco (a fé é um
dos elementos representativos do povo sertanejo, ver figura 2); demorou quatro anos para se
32
erguer, pois eram os próprios moradores quem carregavam as matérias-primas e que a
construíram (ARAÚJO et. al. 1997).
FIGURA 2 - Igreja de São Francisco em período de festejos e foto atual
FONTE: Acervo pessoal de Irani Araújo, 2015.
Em 1898 corresponde ao ano em que a capela foi benta e sagrada, e também ano da
morte de sua esposa. Com dois anos a frente Cocó casa-se novamente e deste novo matrimônio
33
nascem dois filhos: Joaquim Adelino Filho e Manoel Adelino de Medeiros. Em 1910 o capitão
Cocó percebeu a “necessidade de área mais próxima para acolher os mortos da povoação Luiza
destinou um terreno para a construção de um novo cemitério” (COSTA, 2008, p.32), sendo que
já existia um antigo, porém localizado no sitio Umarizal (fronteira com acari e cruzeta) a três
quilômetros de distância da cidade.
No mesmo ano o Padre Antônio Brilhante de Alencar, o vigário do povoado, propôs
a mudança do nome de Luisa para São Vicente, em devoção ao santo. (São Vicente era o anjo
do apocalipse, pois ele pregava a segunda volta de Jesus de forma que provocava uma conversão
nas pessoas; suas pregações Deus a confirmava com sinais, milagres e conversões). Em 9 de
julho de 1914 com 90 anos lúcido, conversando o dizer “até o dia do juízo” despedisse de sua
comunidade (ARAÚJO; ALVES 2000).
A partir de 1915 surge a rua nova e outras demais que se situavam na parte alta do
povoamento - por trás da capela e que era conhecido por Monte Aéreo, denominado assim pela
elevação do relevo. Mostra Azevedo (2014, p. 27) que “o fim do complexo algodoeiro-
pecuário-minerador provocou um êxodo rural e o crescimento urbano regional.” Assim foi
bastante animador o crescimento do povoado; o comércio da maniçoba impulsionando outros
interesses comerciais fazia com que o novo povoado se mostrasse com grandes perspectivas de
desenvolvimento.
Em 1924, dez anos depois foi construído um obelisco (ver figura 3) em homenagem
ao fundador da cidade, que se vivo comemoraria 100 anos de vida, por isso na placa colocada
no obelisco (ver figura 3) registra: “ao fundador de São Vicente o povo agradecido na passagem
do 1º centenário” (COSTA, 2008, p.31).
34
FIGURA 3 - Obelisco em homenagem ao fundador da cidade
FONTE: Acervo pessoal da autora, 2015.
O desenvolvimento urbano foi rápido. Duas importantes edificações foram
responsáveis pelo desenvolvimento da parte mais elevada do povoado: o grupo escola professor
Valle de Miranda e o mercado público, isso ocorrido em meados de 1935. Com a construção
do mercado em 1936 (ver figura 4) a feira passa a se polarizar num local mais propicio para a
realização das atividades comerciais locais.
35
FIGURA 4 - Mercado público em 1936
FONTE: Acervo da cidade, 2015.
Após a morte de seu pai Joaquim Adelino de Medeiros, o distrito de São Vicente
passa a ser administrado pelo filho mais velho, Joaquim Adelino Filho, que esteve à frente até
a independência do distrito. Na década de 50 uma nova igreja foi construída na parte alta do
povoado. Esta foi edificada aproveitando boa parte do corpo da antiga casa existente no lugar
e que por volta dos anos 30 pertencera ao Pernambucano José Lins de Albuquerque. O tijolo
para a obra foi feito em um olaria que se improvisou na rua velha e depois de cozido o povo o
transportava em procissão, em verdadeira romaria.
Com o crescente crescimento populacional surge a necessidade de mais edificações
públicas a fim de uma melhor mobilidade urbana. “Com o desenvolvimento do distrito,
registrou-se um evento político-administrativo importante para a sociedade, tendo em vista que
a localidade foi emancipada” (COSTA, 2008, p. 33).
Em 11 de dezembro de 1953 foi à data da emancipação de São Vicente, ocorrida
por meio da lei nº 1030 sancionada pelo governador do Estado do Rio Grande do Norte
(COSTA, 2008). Tendo como prefeito nomeado, por apenas pouco mais de um ano, para
administrar assuntos de ordem públicos o senhor Zé Dantas. Em 1955 começa-se a colocar
pessoas no cargo de prefeito por meio das eleições; desta data até o ano de 2000 a cidade passa
por um período de contínuo crescimento. Tendo o Clube Municipal, um local de lazer onde
ocorriam festas, celebrações e comemoração por parte de maior poder aquisitivo (MEDEIROS,
2014).
36
A partir do momento em que Florânia torna-se cidade as terras vicentinas que
tinham fazendas com criação de gado e que desenvolvia a cotonicultura passaram a lhe
pertence, obrigando ao território vicentino a desenvolver a agricultura de subsistência; nesse
contexto
As fazendas agropecuárias de São Vicente se instalaram nas ribeiras do Rio
Luísa, cujas margens, nos tempos de inverno, recebiam nutrientes que
conferiam fertilidade e garantiam a germinação das sementes e legumes que
abasteciam de alimentos os seridoenses de outrora. As carências de carnes,
leite, queijo, ovo, manteiga, etc., eram supridos pela pecuária. As vestimentas,
as ferramentas e os objetos mateias de uso cotidiano, o comercio de gado e as
feiras livres forneciam (COSTA, 20008, p. 34).
A localização geográfica da cidade de São Vicente favorecia a permanência da
comunidade no local, pelo fato de estar na extremidade do rio. Além desse aspecto, outros
elementos que favoreceram a permanência do povoado foi a existência de árvores com grandes
portes sombrios como o cajueiros, a oiticica e a quixabeira.
Todo estudo requer um motivo central e neste caso não foi diferente, a pesquisa
sobre a história de São Vicente requer uma profundidade nos acontecimentos. Enfatiza Costa
(2008, p. 47) que “os sujeitos são os elementos essências, testemunháveis e imprescindíveis
para a história social de um lugar, pois foram os indivíduos atuantes do período passado que se
pretende estudar ou problematizar no presente”. No decorrer do capitulo forma enfatizados
fatos e acontecimentos que não teriam ocorrido se os protagonistas não tivessem contribuído
para o processo de urbanização e ao fim de criação da cidade de São Vicente.
Assim como Bezerra (2009) enfatiza que os elementos culturais da cidade de São
Vicente ainda não foram trabalhados com fins turísticos Costa (2008, p.47) também admite que
as “vivências da sociedade de São Vicente, limitadamente escrita, em que suas simbologias
foram pouco exploradas, podem ser estudadas em suas ações, marcas e movimentação contínua
a partir da história social”, face ao exposto os elementos culturais existentes devem ser
trabalhadas de modo a gerar um sentimento de pertencimento e valorização cultural na
comunidade local e, além disso, ser capaz de deslocar o turista de sol e mar ao interior do estado,
na intenção de descobrir nossas culturas, costumes e valores éticos e socioculturais.
A partir do exposto um dos recursos trabalhados na temática cultural é a
religiosidade, aspecto característico da cultura seridoense que na visão de Alves (2012)
O setor turístico [...] incorpora novos usos e funções à dinâmica sócio-
espacial. [...] a possibilidade das festas religiosas se converterem em uma
37
alternativa de expansão desse setor vai além do discurso do desenvolvimento
econômico e passa a incorporar aspectos culturais que possibilitam reflexões
sobre a tradição de um povo. (ALVES, 2012, p. 131)
Os elementos culturais existentes e que retratam uma diversidade cultural de
determinada comunidade é rica em tradições, apresentadas como possiblidades de
desenvolvimento de um fluxo turístico e, consequentemente, um aumento da renda com geração
de novas oportunidades de emprego. A autora atenta para o Programa de Regionalização do
Turismo: Roteiros do Brasil, criado pelo Ministério do Turismo – Mtur- cujo objetivo se resume
a criação e viabilidade de roteiros turísticos entre municípios próximos, com a finalidade de
aproveitar a potencialidade de cada localidade.
Observando tal oportunidade e a proximidade do município de São Vicente à
Currais Novos e à Caicó (municípios considerados polos na região do Seridó) planejar formas
de trabalhar o local é viável, assim como ocorreu com os municípios que foram contemplados
no projeto Roteiro Seridó; na finalidade de potenciar as peculiaridades de cada município da
região do Seridó. É sugestível trabalhar os recursos turísticos da cidade em questão, e como já
mencionado existe prédio e casas com características barrocas e neoclássicas, bem como a
questão da religiosidade (Festa do Padroeiro – São Vicente Ferrer), prédios construídos no
intuito de homenagear e personalidades vicentinas que contribuíram, de forma significativa,
para o desenrolar dos fatos, bem como outros recursos que serão distribuídos e interligados na
proposta de city tour proposta mais adiante.
No capítulo a seguir, a autora demonstrou uma preocupação em discutir a temática
de roteirização turística juntamente com a metodologia base desta pesquisa, além de expor um
produto turístico desenvolvido a partir da concepção da mesma. O produto é um city tour que
deve ser contemplado durante a execução de um roteiro; basicamente, um city tour é um trajeto
desenvolvido em uma cidade que esta interligada a outras dentro do roteiro, em suma, o roteiro
é algo amplo que envolve cidades, enquanto o city tour roteiriza os atrativos existente na cidade.
38
II CAPITULO
ROTEIRIZAÇÃO TURÍSTICA: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
39
Ao considerar o mencionado por Farias et. al. (2013) que enfatiza o fato do Brasil
ter disponível uma variada gama de recursos turísticos, podendo eles serem utilizados no
segmento do turismo cultural; aparece em uma pesquisa divulgada pelo Ministério do Turismo
que o turismo cultural é o terceiro segmento mais procurado pelos turistas que vem ao Brasil.
O Brasil é um país que pode se orgulhar de ter uma grande diversidade de
atrativos turísticos, distribuídos por seu enorme território. Esses atrativos
podem ser naturais, como praias, rios, florestas e animais, e culturais, como
artesanato, culinária, festas folclóricas e outras manifestações. Por diversos
motivos, esses atrativos têm o potencial de atrair turistas para as localidades
onde se encontram. Muitas pessoas, buscando lazer, saúde, cultura, aventura,
entre outras finalidades, querem conhecer os inúmeros atrativos espalhados
pelo país. (BRASIL, 2007, p.15).
A partir da identificação desses recursos turísticos cabe aos gestores observar,
analisar, criticar, organizar e aperfeiçoar tal desenvolvimento, no intuito de atingir o objetivo
almejado; conseguindo o ansiado por meio de um planejamento bem executado.
Para Caiana (2013), é preciso fazer estudos, inventários e desenvolver um plano
diretor para cada localidade, pois existem inúmeras peculiaridades e estas irão direcionar quais
as ações deveram ser adotadas para um melhor desempenho local.
No Plano Nacional de Turismo (PNT) 2007-2010 o Ministério do Turismo (MTur)
lançou um macroprograma de regionalização do turismo, denominado de Roteiros do Brasil,
tendo como um dos seus objetivos a “desconcentração da oferta turística brasileira, localizada
predominantemente no litoral, propiciando a interiorização da atividade e a inclusão de novos
destinos nos mercados internos e externos” (PNT 2007-2010, p.25).
É importante enfatizar que o macroprograma foi proposto no intuito de organizar o
turismo por meio do planejamento e gestão, “tendo em vista a concepção de produtos, roteiros
e destinos que reflitam as características de peculiaridades e especificidades de cada localidade”
(PNT 2007-2010, p.25).
Alguns outros objetivos do macroprograma além de promover o desenvolvimento
e a desconcentração da atividade turística, a possibilidade da inserção de novos destinos e
roteiros turísticos para comercialização, é de potencializar os benefícios da atividade para as
comunidades locais. Caso os objetivos propostos pelo Mtur forem alcançados as atividades
turísticas desenvolvidas terão seus impactos negativos amenizados e, consequentemente, os
impactos positivos otimizados, gerando novas formas de renda para as comunidades residentes.
Apesar do foco principal desta pesquisa não ser a comercialização do city tour que
será proposto mais adiante, e sim a compreensão do valor histórico cultural dos recursos
40
existentes na cidade de São Vicente pelos alunos do ensino fundamental, não há impedimento
na comercialização deste, já que havendo a compreensão da importância dos recursos turísticos
existentes, sua promoção será mais válida, pois contará com a participação dos moradores.
Com caráter participativo, a roteirização deve estimular a integração e o
compromisso de todos os protagonistas desse processo, não deixando de
desempenhar seu papel de instrumento de inclusão social, resgate e
preservação dos valores culturais e ambientais existentes (BRASIL, 2007, p.
16).
O retorno da divulgação, para o destino, por meio da implantação de um city tour
proporcionará tanto aos residentes quanto aos moradores de cidades circunvizinhas o
descobrimento de uma história que, até então, estava sendo repassada aos seus familiares e
amigos de modo fragmentado, gerando dúvidas em relação a possíveis conflitos, bem como a
personagens ilustres de determinada época.
Para Caiana (2013, p. 35), “os roteiros são uma forma de contextualizar os atrativos
e potencializar seu poder de atratividade, pois a atividade turística não é realizada por visitações
a pontos isolados, mas sim atrações inseridas em um contexto maior”. Se pensar no Roteiro
Seridó que
É uma proposta de roteiros destinados a um público específico elaborado para
ser executado nas cidades que integram esse roteiro. Abrigar os atrativos de
maior expressividade da região possibilita variadas experiências por meio do
contato com a comunidade residente, a visitação aos atrativos, o contato com
a natureza, o conhecer a história do lugar, além da cultura peculiar (SILVA,
2011, p.60).
Menciona Silva (2011) que o Roteiro Seridó contempla os segmentos ecoculturais,
de aventura, o pedagógico, o de arqueologia e da melhor idade. Tendo nesta pesquisa um dos
objetivos de propor um city tour de caráter pedagógico e estando a cidade de São Vicente
localizada a uma distância próxima das demais cidades que fazem parte do Roteiro Seridó torna-
se viável trabalhar o município neste contexto territorial maior. As cidades inseridas no Roteiro
são: Currais Novos, Acarí, Lagoa Nova, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó, Parelhas, e
Caicó que se localizam a uma distância, consideravelmente próximos, da cidade de São Vicente.
O quadro X demonstra as distâncias entre os municípios tendo como fonte com o Google Maps
(2014)
QUADRO 2 - Distâncias entre os municípios
41
MUNICÍPIOS DISTÂNCIAS DE SÃO
VICENTE
ACESSO DA BR
CURRAIS NOVOS 23,9 KM BR – 226
ACARI 47,1 KM BR – 226/BR – 427
LAGOA NOVA 50,6 KM BR – 226/RN – 041
CARNAÚBA DOS
DANTAS
71,8 KM BR – 226/BR – 427
JARDIM DO SERIDÓ 75,2 KM BR – 226/BR – 427
PARELHAS 77,6 KM BR – 226/BR – 427
CAICÓ 83,4 KM BR – 088/RN - 288
FONTE: Google Maps, 2014.
Defendendo as vantagens de trabalhar o município assim como os demais
contemplados no Roteiro Seridó, e para tanto, sentiu-se a necessidade de realizar um estudo
sobre as temáticas de interiorização da atividade turística, roteirização e Educação patrimonial
na finalidade de planejar e desenvolver um roteiro interativo, autossustentável e
multidisciplinar para a referido lugar.
Como mostra Brasil (2007, p.17), a proposta de roteirização quando executada tem
como objetivo “estruturar, ordenar, qualificar e ampliar a oferta de roteiros turísticos de forma
integrada e organizada”, contribuindo assim, para um melhor desempenho do marketing
turístico. Sendo este o responsável pela divulgação e comercialização dos recursos e, possíveis,
atrativos turísticos, ou seja, “locais, objetos, equipamentos, pessoas, fenômenos, eventos ou
manifestações capazes de motivar o deslocamento de pessoas para conhecê-los” (BRASIL,
2007, p.27).
Retornando ao pensamento que não se deve admirar o elemento isolado, mas sim
no contexto o qual pertence para elaborar um city tour pedagógico no município de São Vicente
é interessante a união de todos os recursos turísticos em um local, em outras palavras nos lugares
de memórias que em suma, refere-se aos museus e lugares que estão vinculados ao pensamento
de preservação, seja às propriedades materiais e/ou espirituais (imateriais), assim defende
Chagas (2007).
Para a temática de preservação do patrimônio não é necessário somente a existência
de algum mal gerador de danos ao patrimônio, pode estar ligado ao sentimento de
pertencimento, uma relação de valor ou seja ela qual for: mágico, econômico, simbólico,
artístico, histórico, científico, afetivo ou cognitivo. Mediante ao exposto Chagas (2007, p. 210)
atenta “que o povo só preserva aquilo que ama; e só ama aquilo que conhece”.
42
O pensamento do autor é de preservação, contudo deve haver sentimento de
valorização para desenvolver tal atitude; ele está correto no que diz partindo do pressuposto de
que como salvaguardar algo que não se tem conhecimento? Por isso, a necessidade de investigar
o grau de conhecimento dos alunos. Não existe nada que os façam preservar algo que
desconhecem.
Nada mais dinâmico que mostrar os elementos culturais dispostos pela história do
município de São Vicente que a elaboração de um city tour, podendo este ser inserido em um
roteiro já existente. De forma mais simples, um roteiro nada mais é que a ordenação de tempo-
espaço. Para Bahl e Nitsche (2012)
A sincronização ocorre a partir da combinação de fatores vinculados, ao
espaço geográfico a ser abrangido ou percorrido; os tempos de duração dos
deslocamentos e o necessário em cada destinação, bem como o disponível
pelos potenciais participantes para usufruto de uma programação turística; o
tipo de atrativos a serem visitados e os serviços associados (BAHL;
NITSCHE, 2012, p. 39)
Os roteiros podem alcançar diversos públicos, bem como contemplar inúmeras
áreas, por fim o objetivo maior de propor um roteiro é a organização do destino para fins
educativos, turísticos, lucrativos, comerciais, entre outras interesses. Após todo o estudo,
propõe-se um roteiro turístico a ser desenvolvido no local, tendo como foco na Educação
Patrimonial.
PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: ROTEIRO “CAMINHOS DE LUIZA”
A cidade de São Vicente dispõe de recursos turísticos com caráter naturais onde se
encaixam o Rio Luiza, o Sitio Luiza, a quixabeira (árvore) e atrativos histórico-culturais
referentes ao Obelisco, a Igreja de São Francisco, algumas das primeiras casas que mantém a
fachada e que são do estilo Rococó e Neoclássico, alguns prédios públicos importantes para a
história da cidade e que também preservam sua fachada e a Igreja Matriz de São Vicente Ferrer.
O roteiro que será proposto fará parte da gama de oferta existente no turismo e que
dispõe das características do segmento de Turismo Pedagógico; denominado “Roteiro
Caminhos de Luiza”, este, inicia-se na Rua Velha (parte inicial da cidade) e finaliza-se na praça
central da cidade, apresentando um tempo de duração de 1 hora e 40 minutos, devendo ser
desenvolvido, não somente, pelos alunos, como também pela comunidade local.
43
O city tour denominado Roteiro “Caminhos de Luiza” será ilustrado pelas figura 2
e figura 3 a seguir e logo a baixo terá a descrição dos locais com as atividades que serão
desenvolvidas. As figuras que demonstram o trajeto será disposta em duas partes, pois a
exposição de uma contemplando todos os pontos de visitação não deixa as informações claras,
pelo contrário, nelas ocorre uma poluição visual.
FIGURA 5 - Primeira parte do roteiro
FONTE: Google Earth, 2015.
44
FIGURA 6 - Segunda parte do roteiro
FONTE: Google Earth, 2015.
O local denominado sede do museu é a localização onde será construído um museu
para a população vicentina ter acesso aos acontecimentos históricos tanto da cidade quanto da
redondeza. A seguir temos uma tabela que descreve a ordem dos locais, os recursos turísticos
que serão contemplados, o tempo de permanência e quais as atividades que serão desenvolvidas.
Denominado ‘recurso turístico’ por não serem trabalhados e nem consolidados como atrativos,
pela ausência de visitações turísticas.
QUADRO 3 - Sequência do city tour
ORDEM RECURSO
TURÍSTICO
TEMPO DE
PERMANÊNCIA
ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS
1º FAZENDA LUIZA
O prédio 15 minutos Conhecer o prédio,
observar os traços da
arquitetura, contar a história
de como a cidade foi sendo
construída e falar quem foi
o fundador da cidade.
2º QUIXABEIRA E O
RIO LUIZA
Árvore e o Rio 5 minutos Mostrar a árvore que foi
plantada para simbolizar a
antiga quixabeira que
localizava-se do outro lado
do rio, além de explicar por
que o nome do Rio Luiza.
3º PRIMIERAS
CASAS
Casas antigas 5 minutos Enfatizar a faixada que
algumas casas ainda
possuem e que dispõem de
características do estilo
Neoclássico.
4º OBELISCO Monumento 10 minutos Esclarecer a importância da
construção do monumento
e antes de prosseguir
45
relacionar a ligação
existente entre os locais
visitados.
5º IGREJA DE SÃO
FRANCISCO
Igreja 15 minutos Explicar como se deu a
construção da igreja e seus
traços do estilo Gótico e
Neoclássico.
6º PRÉDIO MOTOR Prédio onde
localizava-se o
motor que gerava
energia a cidade
5 minutos Mesmo o mesmo tendo
outro uso, apontar sua
utilização no início do
século XX.
7º MUSEU Museu 5 minutos Demonstrar que antes
existia o prédio da antiga
delegacia, porém no local
será construído a sede do
museu.
8º BIBLIOTECA
PÚBLICA
Biblioteca 5 minutos Denominada de Biblioteca
Pública Maria Antônia do
Santíssimo em homenagem
a uma pintora vicentina
famosa, aproveitar para
falar sobre tal
personalidade.
9º ANTIGO PRÉDIO
PROFESSOR
VALLE DE
MIRANDA
Atualmente,
secretaria de cultura,
educação, desportes
e Turismo
5 minutos Falar das diversas
utilizações dadas ao prédio,
enfatizar que a rua na qual
se localiza é repleta de
construções importantes ao
crescimento da cidade em
meados do século XX.
10º MERCADO
PÚBLICO
Mercado público 5 minutos Falar sobre qual a
importância da construção
do cujo.
11º IGREJA DE SÃO
VICENTE FERRER
Igreja 10 minutos Mostrar traços que
diferenciam da igreja de
São Francisco, contar como
se deu o processo de sua
construção e enfatizar um
quadro pintado por mais um
artista da terra.
12º PREFEITURA
(PALÁCIO DA
LUIZA)
Prefeitura 5 minutos Retomar toda a história da
cidade por meio de um
painel existente e que
mostra cronologicamente os
fatos históricos.
13º MOZAICO Mosaico 10 minutos Explicar os elementos nele
representados. Assim,
finalizando o city tour.
FONTE: Interpretação da autora, 2015.
Ao término do city tour no centro da Praça de eventos será possível observar o
mosaico que transparece uma representatividade da quixabeira em seu conjunto artístico.
Reforçando a importância do resgate histórico, sendo este a base da metodologia Educação
Patrimonial a ser desenvolvido na cidade de São Vicente, o city tour proposto apresenta uma
base cultural que nem todos os moradores da cidade têm; os fatos explanados no decorrer do
46
percurso além de relevantes ajudarão a entender alguns contextos controversos existentes na
história do surgimento e crescimento de São Vicente.
A título dada ao city tour foi determinado a partir dos estudos realizados na
historiografia bibliométrica do município, e percebeu-se que o nome LUIZA era algo repetitivo,
tanto por se chamar assim a índia quanto uma das esposas do fundador da cidade; a repetição
deste elemento ocorreu por todo período até os dias atuais, dando a interpretação de uma
trajetória. ‘Caminhos’ por remeter a uma percurso, uma trajetória e ‘Luiza’ pelo nome tanto
aparecer na história.
Exercendo a finalidade de uma pesquisa-ação, a seguir será analisada e discutida a
pesquisa realizada com os alunos da Escola Estadual Aristófanes Fernandes, como também, da
Escola Francisca Pires de Albuquerque, no intuito de despertar o sentimento de pertencimento
pela cultura vicentina, assim como gerar uma valorização pelo patrimônio cultural existente no
município.
47
III CAPÍTULO
ANÁLISE E DISCUSSÃO DA PESQUISA
48
A pesquisa divide-se em três etapas (aplicação de questionários, apresentação da
história do município e reaplicação de novos questionários), tem como objeto de estudo a
história do município de São Vicente e como público alvo os alunos do 9º ano do ensino
fundamental da Escola Municipal Francisca Pires de Albuquerque e da Escola Estadual
Aristófanes Fernandes. A escolha dos referidos alunos deve-se ao fato da Francisca Pires
trabalhar com ensino fundamental de 1º à 9ºano, enquanto o Aristófanes Fernandes trabalha
com ensino fundamental de 5º à 9º ano e ensino médio 1º à 3º ano.
No intuito de investigar o nível de conhecimento que os alunos tinham sobre a
história do município, propõem-se coletar dados de turmas que estejam cursando o mesmo ano
e com alunos de idade igual e/ou superior a treze anos. Logo, a escolha foi aplicar os
questionários com os alunos do 9º ano de ambas escolas.
Como visto na metodologia desta pesquisa, a educação patrimonial requer uma
investigação sobre a percepção existente mediante a temática trabalhada, gerando uma noção
prévia do nível de conhecimento. Após os dados obtidos, fez-se uma apresentação sobre os
elementos históricos que esclarecem o surgimento do município em questão; somente ao fim
da apresentação é reaplicado um novo questionário, afim de obter um feed back e confirmar se
o que Chagas (2007, p. 210) ressaltar pode-se aplicar a esta pesquisa. “O povo só preserva
aquilo que ama, e só ama aquilo que conhece”.
Expondo aos dados qualiquantitativos obtidos na primeira aplicação dos
questionários, ocorrida nos dias vinte (20) e vinte e um (21), temos como características iniciais
dois grupos de alunos, sendo um total de 52 pessoas que dispõem de idades entre 13 anos e 18
anos, ilustrado no gráfico 1.
GRÁFICO 1 - Idade dos alunos questionados
FONTE: Dados da pesquisa, 2015.
2
16
18
10
3
3
0 5 10 15 20
13 ANOS
14 ANOS
15 ANOS
16 ANOS
17 ANOS
18 ANOS
IDA
DE
DO
S A
LUN
OS
49
O número máximo que esta pesquisa pode atingir é um total de 60 alunos (27
matriculados da Francisca Pires e 33 no Aristófanes Fernandes), porém nos dias destinados a
aplicação dos questionários alguns não estavam presentes em sala, estabelecendo um percentual
de 86,7% que responderam o questionário, mas de forma sucinta, 32 correspondem ao sexo
masculino enquanto 20 são do sexo feminino.
O primeiro questionário (ver apêndice A) é composto por oito questões tanto
discursivas quanto de múltiplas escolhas que ao fim revelaram os dados obtidos que de forma
clara e objetiva serão dispostas em pares (1 e 2, 3 e 4, 5 e 6, 7 e 8), além de mostrar a concepção
dos alunos de ambas escolas.
A primeira pergunta questiona se o aluno já ouviu falar em patrimônio histórico e
caso sim, a segunda pergunta indagava se no município onde mora existe algo que pudesse ser
considerado como patrimônio da cidade; conforme os questionários treze dos alunos totais
afirmam não terem ouvido falar na temática de patrimônio histórico, mesmo os demais 39
afirmarem conhecer a temática sete deles não consideram nada como elemento representativo
da história de seu município. O gráfico 2 e 3 vêm para ilustrar quais elementos são considerados
patrimônio pelos alunos de ambas as escolas.
GRÁFICO 2 - Elementos considerados patrimônio: Francisca Pires
FONTE: Dados da pesquisa, 2015.
O gráfico 2 mostra que sete dos alunos não consideram nada como elemento
representativo em seu município, contudo a quixabeira é o elemento mais aceito como
patrimônio histórico ganhando com seis apontamentos, logo em seguida é mencionado as
6
3
1 1 1
4
1 1
7
0
1
2
3
4
5
6
7
8
QIUANTIDADES
50
igrejas com quatro, o Rio Luiza com três e os demais (índia Luiza, oiticica, Fazenda Luiza,
mercado público e as escolas) com um apontamento cada.
Com o fato das respostas serem divergentes entre os colégios sentiu-se a
necessidade de expô-las separadas; é notável que outros novos elementos foram citados pelos
alunos da escola Aristófanes Fernandes, os quais podem ser observados no gráfico 3 a seguir.
GRÁFICO 3 - Elementos considerados patrimônio: Aristófanes Fernandes
FONTE: Dados da pesquisa, 2015.
Em suma, é possível visualizar que há poucos elementos semelhantes nas respostas,
tais como a quixabeira, as igrejas e o mercado público; de forma similar se repete a
desconsideração de algo como patrimônio histórico do município. Nessas duas primeiras
questões foi possível projetar qual a realidade das ideias que eles tem sobre a temática cultural
de patrimônio.
A terceira e quarta pergunta tem com foco quais os acontecimentos históricos que
mais são disseminados entre a população vicentina; é indagado quais fatos e/ou lendas eles
conhecem do lugar onde moram e em ambas as escolas mais de 50% afirmam desconhecer a
história, além das lendas mais mencionadas serem as que compõem o folclore. O gráfico 4
demonstrará em percentuais quantos dos alunos desconhecem algum fato histórico de seu
município.
2
1
9
1
2
3
1
8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
QUANTIDADES
51
GRÁFICO 4 - Quantidade dos alunos que desconhecem a história de sua cidade
FONTE: Dados da pesquisa, 2015.
De um total de 52 alunos quase dois terços desconhecem algum fato histórico do
lugar onde residem, e quando solicitado para expor algum fato e/ou lenda as respostas foram
similares: caipora, mula sem cabeça, saci, lobisomem, alma penada, além de algumas crendices
como assobiar a noite atrai cobra, uma sombra branca que encaminhava as almas penadas até a
igreja em busca da salvação.
Uma curiosidade é que 28 dos alunos mencionarem não conhecer qualquer lenda
ou fato histórico pelo motivo de seus familiares nunca terem contado nada a respeito da história
do município. Como pode ver a desvalorização da cultura vicentina surge quando os familiares
não transmitem tais acontecimentos históricos aos jovens, assim faz-se necessário a
identificação do nível de conhecimento deles para poder mensurar qual a percepção dos alunos
à iniciativa de preservação da história e, consequentemente, sua opinião à implantação de um
museu.
A quinta e sexta pergunta infere identificar as opiniões dos alunos quanto a
preservação da história do município, bem como a implantação de um museu. O quadro 4
apresenta as opiniões.
36,5%
63,5%
CONHECEM DESCONHECEM
52
QUADRO 4 - Opinião dos alunos a respeito da iniciativa de preservação da história
FRANCISCA PIRES ARISTÓFANES FERNANDES
Boa ideia/ interessante Novidade à população
Uma forma de lembrar do passado Repasse da história a outras pessoas
Novidade à população Forma de interagir com o lugar onde reside
Fonte de pesquisa Desejo de conhecer melhor sua cidade
Forma de conhecer o lugar onde reside
Ótima iniciativa, pois até os moradores
desconhecem
Forma de divulgar a cidade na região Conhecer as raízes vicentinas
Gerar um cunho cultural Pode gerar interesse nos visitantes
Ter conhecimento do patrimônio histórico
existente Forma de conservar o patrimônio histórico
O tempo não volta e os dias atuais são
diferentes
FONTE: Dados da pesquisa, 2015.
As opiniões são favoráveis para trabalhar de diversas formas a iniciativa de
preservação e valorização cultural, haja vista, o interesse dos alunos em tomar conhecimento
dos fatos históricos ocorridos no início da construção da cidade. Isso permite afirmar que o
sentimento de pertencimento pode ser despertado durante o contato com a história.
Em relação a implantação do museu todos são a favor da construção deste, por outro
lado, um grupo de sete alunos indagaram ser uma boa iniciativa, apesar de desacreditarem na
concretização da obra e defenderem a existência de obras inacabadas na cidade que sejam mais
necessárias à população, tais como: hospitais e quadras poliesportivas. Partindo dessa
discordância, é necessário expor o Sistema de Turismo (SISTUR) para explicar a insatisfação
presente nestes alunos, baseado em Beni (2007) averiguamos quais etapas e processo compõem
o SISTUR.
Tomando como princípio a Teoria Geral de Sistemas que afirma cada sistema
específico ter ligação com o meio externo, denomina-se de sistema aberto, dispõe também de
sistemas específicos que não necessitam contato com nada, denominado de sistema fechado;
do SISTUR pode-se concluir ser um sistema aberto, haja vista, o turista necessitar do uso de
diversos serviços específicos, sendo eles: o sistema de transporte, a das redes de comunicação,
dos meios de hospedagem, dos serviços de alimentos e bebidas, além das motivações de
deslocamento e permanência. Em suma, a união de vários setores específicos desenvolvem o
todo.
53
A figura 7 vêm para mostrar um modelo referencial onde esclarece e explica o
funcionamento do turismo em toda sua abrangência, complexidade e multicausalidade em um
esquema sintetizado e dinâmico.
FIGURA 7 - Sistema de Turismo (SISTUR)
FONTE: BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. Ed. 12. São Paulo:
Editora Senac São Paulo, 2007, p. 52.
O SISTUR é o todo de três grandes conjuntos. O conjunto das relações ambientais
(CRA), o conjunto das ações operacionais (CAO) e o conjunto da organização estrutural (COE);
sendo que em cada conjunto existe subconjuntos que operacionalizam de forma simultânea.
Neste primeiro conjunto do CRA (relações ambientais) “o homem precisa da ocupação e da
exploração do espaço natural para a satisfação de suas necessidades mínimas, e na medida em
que percebe que esse espaço não o satisfaz, tende a manipulá-lo irracionalmente” (BENI, 2007,
p.54); o homem realiza trocas com o meio social, cultural, econômico e ecológico e ao saber
que dispõe domínio sobre os ecossistemas os explora, forçando o meio externo a se adaptar e
não o contrário; não trabalha sua capacidade de adaptabilidade, por isso ao fim dos processos é
notável o crescimento e não o desenvolvimento.
No segundo conjunto do CAO (ações operacionais) observou-se o mercado com
suas relações de oferta e demanda de bens, serviços e capitais. Neste subsistema há três questões
centrais: o que produzir, como produzir e para quem produzir. A decisão de o que produzir é
54
determinada por um número limitado de recursos versos ilimitadas necessidades; em relação a
como produzir, pode-se resumir a produzir com menor custo (recursos e capitais) gerando uma
“eficiência produtiva”, ou seja, atingir a produção com baixos custos. E por fim, a terceira: para
quem produzir. “Consiste em resolver quem consome os bens e serviços produzidos, com a
condição de que cada consumidor tenha uma satisfação proporcional ao custo” (BENI, 2007,
p. 164) denominada de “eficiência distributiva”, ou seja, no mercado deveria haver uma
distribuição perfeita, onde cada um ganhasse de forma proporcionalmente.
O terceiro conjunto do COE “refere-se à complexa organização tanto pública
quanto privada que permite harmonizar a produção e venda de diferentes serviços do SISTUR”,
é neste que a insatisfação demonstrada por alguns doa alunos será explicada. Anterior a
implantação do turismo em determinada localidade é preciso delinear algumas diretrizes
básicas, tais como a implantação da superestrutura e infraestrutura; onde ambas objetivam
desenvolver o produto turístico brasileiro com qualidade, diversidade e estruturação.
Para tanto, faz-se necessário programas que integrem os interesses das pessoas e
dos segmentos, a partir disso faz-se necessário a elaboração do Programa de Regionalização do
Turismo que visa promover a requalificação dos produtos existentes, priorizar a estruturação,
potenciar os roteiros comercializados internacionalmente e ao fim, promover a competitividade
e sustentabilidade.
É pertinente dizer que a exigência exposta por alguns dos alunos é devido a falha
na implantação da infraestrutura básica que atenda às necessidades básicas das pessoas, assim
surge uma deficiência de estruturação aos segmentos implantados. O museu surge neste
contexto como infraestrutura turística, correspondente a superestrutura, suprindo necessidades
secundárias. Os alunos alegam a não conclusão de obras como postos de saúde e quadras
poliesportivas, e questionam se a verba destinada à obras secundárias seriam mais importantes
à população do que se fosse destinada a obras paradas. Beni (2007) mostra que o local só é bom
ao turista se, antes de tudo, subsidiar o desenvolvimento dos residentes.
A implantação de um museu pode ser a primeira iniciativa ao desenvolvimento de
atividades turística no município, porém como agradar aos visitantes se a própria população
sente-se desfavorecida? Isso demonstra que é preciso trabalhar em harmonia, contemplando os
diversos setores afetados pelo fenômeno do Turismo. E para encerrar, a primeira parte da
pesquisa, o gráfico 5 ilustrará os locais mais visitados pelos alunos de ambas as escolas.
55
GRÁFICO 5 - Locais mais visitados: Aristófanes Fernandes
FONTE: Dados da pesquisa, 2015.
É evidente que os locais mais visitados foram as praias com vinte cinco dos
apontamentos, seguidos dos shopping com vinte votos e as festas religiosas quase se igualam
ao anteriores, totalizando dezenove votos; os demais seguem com pontuação decrescente
chegando ao local menos visitado os teatros, com apenas três votos. Ao questionar na última
pergunta quem ou o que o levou a visitar tais locais, as razões foram em 84,8% dos alunos da
escola Aristófanes Fernandes serem motivadas pelos pais. Neste cenário, a escola foi destacada
ter tais iniciativas em apenas 3% das respostas. Vejamos o gráfico 6 que aponta os locais mais
visitados pelos alunos da Escola Francisca Pires e quais suas razões a irem a tais lugares.
13
25
1210
3
20 19
5
0
5
10
15
20
25
30
QUANTIDADES
56
GRÁFICO 6 - Locais mais visitados: Francisca Pires
FONTE: Dados da pesquisa, 2015.
Ao contrário da outra escola, neste as visitações aos museus se igualam às praias,
ambos com quatorze votos, seguidos pelas festas religiosas com treze, os demais não se
distanciam em suas quantidades. Quanto as razões que os levaram a visitarem tais locais se
divergem aos outros alunos, pois o maior incentivador é a escola, enfatizada em 33,3% por
meio de projetos escolares e viagens de estudo, seguido vem os pais com 29,6% e outra
motivação foi a curiosidade representada por 18,5%.
Ao aplicar os questionários nos dois colégios a intenção era obter dados
convergentes, e esse objetivo foi alcançado, haja vista as respostas anteriores. A fim de atingir
o objetivo geral desta pesquisa, faz-se necessário tal estudo sobre o conhecimento e/ou
desconhecimento da história do município; a questão levantada sobre quais lendas os alunos
conheciam serviu como alternativa para que eles contassem algum fato histórico, mas como
percebido as lendas do folclore estão mais presentes em seus conhecimentos do que a própria
cultura vicentina.
Como um dos objetivos específicos deste estudo é referente a exposição de
estratégias que proporcionem experiência e contato aos patrimônios do lugar é exposto uma
proposta de roteiro, contudo a experiência foi demonstrada de forma visual e virtual, não
havendo deslocamento dos alunos aos locais enfatizados. A apresentação se deu em ambos os
colégios no dia vinte e oito (28) de outubro do referido ano.
14 14
10
7
3
11
13
7
0
2
4
6
8
10
12
14
16
MUSEUS PRAIAS LIVRARIAS CASAS DECULTURA
TEATROS SHOPPING FESTASRELIGIOSAS
MEMORIAIS
57
Anterior a apresentação em power point, recurso de multimídia utilizado, que
mostrava a história do município cronologicamente (ver capítulo I), sendo exposta no período
da manhã aos alunos do Aristófanes Fernandes e a tarde aos alunos da Francisca Pires, foi
discutido os dados obtidos com a aplicação do primeiro questionário; percentuais que
surpreenderam à todos; contudo, de forma dinâmica se deu a historiografia dos fatos.
Apesar do público alvo ser o mesmo, houve um número reduzido de alunos para
responder o segundo questionário (ver apêndice B), totalizando quarenta (40) de um total de
sessenta (60). Existe a possibilidade que alguns alunos só tenham respondido um questionário,
ou anterior ou após a exposição. Como características deste grupo podemos demonstrar no
gráfico 7 a idade.
GRÁFICO 7 - Idade dos alunos questionados
FONTE: Dados da pesquisa, 2015.
Com o número de alunos reduzido a probabilidade de atingir todas as idades é
menor, e outro elemento que se diferencia é referente ao gênero; na primeira etapa o
questionário foi respondido por mais homens do que mulheres, e nesta nova etapa foi o oposto:
vinte e dois (22) foram respondidos por mulheres enquanto apenas dezoito (18) foram
respondido por homens.
Ao trabalhar a metodologia da Educação Patrimonial é preciso avaliar o ambiente
e os envolvidos, trabalhar a temática do patrimônio e sua relação com o lugar e ao fim, mostrar
se a metodologia foi aplicada de forma eficaz, e neste caso, ser capaz de gerar um sentimento
2
19
13
6
0
1
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
13
14
15
16
17
18
58
de pertencimento ao lugar e valorização da cultura vicentina. Para identificar se objetivo foi
alcançado fez-se necessário perguntar aos alunos se eles contariam a outras pessoas a história
de seu município. O gráfico 8 vem ilustrar quantos deles contariam os fatos.
GRÁFICO 8 - Percentual dos alunos que contariam a história
FONTE: Dados da pesquisa, 2015.
Isso permite afirmar que a exposição dos fatos históricos de forma visual e não
física, consegue sim gerar um sentimento de valorização cultural, haja vista que apenas 3 dos
alunos não dispõe de interesse em disseminar tal conhecimento. Como a segunda pergunta
questionava se o fato de conhecer a história de sua cidade fazia surgir o sentimento de
pertencimento, a seguir vejamos as respostas escritas pelos alunos.
O quadro 5 comprova que o sentimento de pertencimento foi gerado, e para melhor
acentuar tal resultado as respostas foram apenas transcritas, e para tanto, a linguagem
encontrasse de modo coloquial.
92,50%
7,50%
SIM NÃO
59
QUADRO 5 - Sentimento de pertencimento exposto por meio de palavras
FRANCISCA PIRES ARISTÓFANES FERNANDES
Sim! É importante conhecer a história da
cidade onde mora;
Sim! Me fez sentir mais presente na
história da minha cidade;
Pôde observar os locais da cidade com
outra perspectiva;
Posso falar que sou vicentina, pois agora
conheço as raízes da minha cidade;
Dá orgulho ser fruto desta história rica;
Sinto que essa cidade tem mais a ver
comigo;
Sim! Fico feliz em conhecer essa incrível
história;
Achei importante, pois nem meus pais
conheciam; e agora vemos a cidade com
outros olhos;
Sim! Pois a cidade tem muito para mostrar;
Sim! Agora entendendo a história do lugar
onde moro me sinto mais feliz;
Me fez se sentir mais 'vicentina' e agora
posso mostrar aos meus parentes o que tem
na minha cidade; Agora me sinto mais informada;
Sim! E despertou o desejo de saber mais;
Com mais conhecimento, mais gosto do
lugar onde moro;
Explica o surgimento da cidade onde moro
que até então desconhecia;
Conhecer a história nos torna mais íntimos
do lugar onde moramos;
Criei amor pela cidade; Sinto orgulho de ser 'vicentina';
Sim! Agora posso mostrar o quanto é rica a
cultura vicentina;
Fui presenteada por conhecer a história de
minha cidade;
Desconhecia algo tão importante: a história
do lugar onde resido!
Saber da história me fez sentir bem em
relação a minha cidade!
FONTE: dados da pesquisa, 2015.
Na sequência das perguntas é questionado quais os elementos mais interessantes
que foram descobertos após a apresentação; sendo a quixabeira a mais enfatizada no primeiro
questionário, uma observação é feita a determinado aspecto. Os alunos conheciam a história da
árvore, porém muitos desconheciam o tamanho desta. Dos que conheciam, afirmaram saber que
era embaixo desta que ocorria a feira aos sábados, mas no momento da apresentação em que
foi mostrado fotos antigas eles acusaram desconhecer a grandiosidade da árvore.
Assim como a quixabeira outros elementos foram enfatizados como sendo
novidade, tais como: O prédio da prefeitura já ter sido sede da primeira escola da cidade, a
história da índia Luiza e toda trajetória de seu nome, o ciclo da cotonicultura com a exportação
do algodão mocó, a igreja da rua velha ter sido a primeira da cidade e como se deu sua
construção e a Fazenda Luiza; elementos estes elencados pelos alunos da Francisca Pires.
Os alunos do Aristófanes Fernandes enfatizaram ter achado alguns outros
elementos mais interessantes, tais como: O Rio Luiza, a história dos índios na guerra dos
Bárbaros, o ciclo econômico da cotonicultura, os primeiros prédio da cidade, os diversos nomes
dado ao município – hoje denominado de São Vicente-, as primeiras quatorze (14) casas, o
prédio motor e o obelisco construído em homenagem ao fundador da cidade.
60
Como no primeiro questionário foi identificado que mais da metade dos alunos
desconheciam a história do município de São Vicente e que parte deles desconheciam por,
também, desconhecer a temática de patrimônio; em função disso foi dado ênfase ao que Lemos
(2004) pensa em relação à Patrimônio histórico, vejamos a figura 2 (slide da apresentação).
FIGURA 8 - Slide da apresentação
FONTE: NASCIMENTO, Ludimilla. 2015.
Com base no pensamento de Lemos (2004) que enfatiza nenhum objeto pode ser
compreendido como um todo, mas sim como um fragmento; a explanação sobre patrimônio se
deu ao longo da apresentação. No decorrer das imagens e fatos históricos foi-se mencionando
a importância de conhecer o patrimônio e qual sua contribuição aos dias atuais para com os
vicentinos. Articulando tal assunto surge a oportunidade de discutir sobre a implantação do
museu na cidade.
Assim, começa a discussão sobre as duas últimas perguntas do questionário. Qual
sua percepção sobre patrimônio e qual sua opinião sobre a implantação de um museu na cidade?
Ambas foram deixadas por último pela influência que uma detém sobre a outra, já que ter
conhecimento sobre o patrimônio existente no local faz com que o desejo de preservá-lo seja
despertado, e como alguns dos elementos representativos não existem mais, a alternativa é
salvaguardá-los nos museus, também, conhecidos como lugares de memórias.
Após analisar os quarentas (40) questionários ficou evidente que existe uma
percepção sobre o que pode ser considerado elemento representativo de determinada cultura,
61
época e povo. Cada um, do seu modo, deixou claro que entendeu a que se refere a temática de
patrimônio histórico, e para comprovar, redigo a concepção de um aluno:
“Patrimônio histórico é algo que, em relação ao seu contexto, marcou a história
com suas características”. Como no questionário não solicitava identificação própria, mas sim
o nome da escola, o autor deste pequeno conceito é desconhecido. Contudo, faço de suas
palavras a dos demais, e ao invés de elencar todas as opiniões é mais objetivo transcrever apenas
a essência do aprendizado.
À medida que foi sendo criada uma concepção mais estrutura sobre a existência dos
elementos que podem ser classificados como patrimônio vicentino, sejam eles matérias ou
imateriais, a opinião foi mudando em relação ao museu; não que a implantação da infraestrutura
básica tenha sido esquecida, porém ao olhar para essa construção com novos conhecimentos
facilitou a aceitabilidade deste prédio.
Defendendo a ligação entre patrimônio e museu Chagas (2007) faz um explanação
sobre a interdependia que um tem no outro para que, juntos consigam salvaguardar determinada
cultura.
O campo museal, como se costuma dizer, está em movimento, tanto quanto o
domínio patrimonial. Esses dois terrenos que ora se casam, ora se divorciam,
ora se interpenetram, ora se desconectam, constituem corpos em movimentos.
E como corpos eles também são instrumentos de mediação, espaços de
negociação de sentidos, portas (ou portais) que ligam e desligam mundos,
indivíduos e tempos diferentes. O que está em jogo nos museus e também no
domínio do patrimônio cultural é memória, esquecimento, resistência e poder,
perigo e valor, múltiplos significados e funções, silêncio e fala, destruição e
preservação. E por tudo isso interessa compreendê-los em sua dinâmica social
e interessa compreender o que se pode fazer com eles, apesar e a partir deles
(CHAGAS, 2007, p. 222).
A relação deles contribui para a sociedade no momento em que, trabalhados juntos,
conseguem atingir um objetivo em comum: a preservação e a transmissão da cultura, seja aos
moradores como, também, aos visitantes. “O museu muitas vezes leva a uma naturalização da
história, quer dizer, sua mitologização, com simulacros cada vez mais e mais elaborados”
(POULOT, 2011, p. 476). O processo de musealização pode ser visto por alguns autores como
algo prejudicial, pelo fato de retirar os objetos de seu contexto histórico e territorial; porém com
a transposição destes elementos facilita a compreensão da história, além de assegurar a vida das
pessoas, haja vista não necessitar de deslocamento a lugares perigosos, para tomar
conhecimento de determinados acontecimentos.
Ao fim, constatou-se que conhecer faz surgir o desejo de preservar sim, pois no que
se refere a opinião dos alunos à implantação do museu, após mostrar as contribuições que este
62
local tem a oferecer, todos tornaram-se a favor, além de mencionarem, este, ser importante por
abrigar a história de um povo, uma cultura que até então desconhecida por alguns e pouco
valorizada.
63
CONSIDERAÇÕES FINAIS
64
O motivo maior para a pesquisa ter como foco a metodologia da Educação
Patrimonial foi a desvalorização por parte dos moradores da cidade pela sua cultura, dessa
maneira foi necessário desenvolver tal estudo, pois a medida que os idosos faleciam levavam
consigo a história do município e os jovens não atentavam para esse fato. A pouca existência
de materiais escritos sobre o município vem a enfatizar a desvalorização do patrimônio cultural.
Esta pesquisa trabalhou com questionários repletos de perspectivas e opiniões e
“falar de percepções não é uma tarefa tão simples, visto que, se está estudando a opinião sobre
determinado assunto, e que, com base, nas informações obtidas [...] se fará uma análise
fundamentada” (SILVA, 2012, p.83), cabendo ao autor levar em consideração todas as
respostas, argumentos e críticas.
Como foi dito anteriormente, a metodologia utilizada nesta pesquisa proporciona
um contato da comunidade com o patrimônio, trabalhando, dessa forma, o método de ensino-
aprendizagem de forma mais dinâmica. Ao fim da pesquisa convém ressaltar que o sentimento
de pertencimento e valorização do patrimônio foi gerado sim, haja vista as respostas obtidas in
loco.
Um fato relevante e contribuinte para este estudo foi detectado durante o
desenvolvimento da metodologia, onde, a Escola Municipal Francisca Pires de Albuquerque
desenvolve mais atividades ligadas a transmissão e preservação dos fatos históricos em assuntos
abordados nas disciplinas obrigatórias do que a Escola Estadual Aristófanes Fernandes, dado
este, comprovado após a segunda aplicação dos questionários. Onde as visitações nos museus
e nas praias foram colocadas propositalmente no primeiro questionário, no intuito de mensurar
quantos dos alunos visitaram e qual o motivo os levou.
Enquanto nas respostas dos alunos da Francisca Pires tais locais empataram, ambos
com 14 votos, tendo como motivação maior a escola, por outro lado, os alunos do Aristófanes
Fernandes elencaram as praias e shopping como locais mais visitados, e como motivação tem-
se os pais. É claro que o número de questionários respondidos é inferior a quantidade de alunos
matriculados em ambas as escolas e que outras opiniões poderiam mudar tal cenário. Contudo,
é inevitável perceber que em uma das escola é trabalhada a história do município de forma mais
didática, visto que, ao responderem o que ou quais motivos os levaram a conhecer tais locais,
todos os alunos que escreveram ser a escola mencionavam ser por meio de projetos escolares.
Ao mencionar a construção de um museu na cidade de São Vicente foi pequena a
parcela dos alunos que se manifestaram serem contra a implantação dele, porém como foi
explicado, o mesmo é benéfico e primordial à sociedade, contanto que as obras referentes a
infraestrutura básica sejam implementadas com sucesso. A contribuição que um museu traz ao
65
município é primordial, já que nele será exposto tanto esta pesquisa quanto as demais existentes;
artefatos de determinadas épocas e grupos específicos; fotografias antigas e que ilustram o
crescimento e desenvolvimento da cidade; pode-se reservar um espaço destinado a um mural
com todos os prefeitos eleitos; uma sala com roupas utilizadas no século XX pela população
vicentina. Ou seja, servirá como um espaço onde abrigará todos os elementos que compõem e
representam a história da cidade.
Em linhas gerais a implantação do museu estabelecerá uma relação entre a
sociedade e o patrimônio, por meio do sentimento de pertencimento, valorização e preservação
da cultura. O pensamento citado por Chagas (2007) de que é preciso conhecer para amar, e só
então zelar por este é verídico, pois as escolas parabenizaram a autora desta pesquisa pela
iniciativa e dias depois enfatizaram que os alunos do 9º ano mudaram sua concepção em
salvaguardar a história do lugar onde residem, mas que desconheciam.
A pesquisa vem confirmar hipóteses da autora, em que os jovens desconheciam a
cultura vicentina e isso os levou a não conseguir determinar elementos com representatividade
patrimonial; este estudo tem contribuições para a sociedade, para a academia e até aos leigos
desta temática. Por fim, A pesquisa tem sua relevância para o pesquisador, haja vista a colocação
em prática dos conhecimentos adquiridos nas aulas, além de desempenhar papel importante para
ele próprio na valorização da sua identidade e sua história. Ao concluir este estudo pode-se afirmar
que todos os objetivos foram alcançados com êxito, sendo assim, este trabalho abre portas para
novas pesquisas.
A metodologia adotada nesta pesquisa contribuiu por estabelecer uma ligação entre
a história e os moradores da cidade; como mostra a teoria, desenvolver estudos por meio da
pesquisa-ação é interferir no meio social para contribuir de forma construtiva. Do ponto de vista
turístico, o estudo sobre o pertencimento e valorização cultural é favorável ao planejamento e,
a uma possível, comercialização do lugar, mesmo esse não sendo o foco principal da pesquisa:
a comercialização do produto turístico proposto; apesar que desenvolver atividades focadas na
educação, em particular, patrimonial implica na conscientização da população à seu valor e
importância.
Para pesquisas futuras e oriundas a esta, é sugestível estudar a temática de
hierarquização dos atrativos, seja por meio da percepção do autor quanto pela opinião dos
alunos que disponham consciência de interpretação. Hierarquização turística é outra
metodologia que deve ser adotada para o planejamento e desenvolvimento turístico do
município, ajudará aos gestores interessados na divulgação do local, bem como demonstrará a
população vicentina o quanto importante são os recursos turísticos apontados por esta pesquisa.
66
Espera-se que ao fim desta pesquisa o estudo tenha sensibilizado todos os
envolvidos, tenha enfatizado a necessidade tida pela autora por trabalhar com tais temáticas e
tenha ampliado os conhecimentos dos alunos. De forma sucinta, os objetivos propostos foram
trabalhados e alcançados, a aplicabilidade da metodologia ocorreu da forma planejada e
contribuinte e o retorno obtido pela autora é gratificante e engrandecedor socialmente.
67
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36.6712034,12z/data=!3m1!4b1!4m12!4m11!1m5!1m1!1s0x7b02bcda509bea9:0xeb2eb1802
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71
APÊNDICE - QUESTIONÁRIO
72
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO ANTERIOR A EXPOSIÇÃO
Meu nome é Ludimilla Lopes, estudante do curso de Turismo da UFRN – campus Currais Novos e para obtenção
do grau de bacharelado é preciso transformar minha pesquisa em monografia, por isso se deu a necessidade da
aplicação deste questionário. O objetivo desta pesquisa é identificar qual o nível de conhecimento que os alunos
têm sobre o patrimônio cultural existente no município de São Vicente.
Nome da escola _________________________________________________________
Idade ________________ Data _____/___________________/_________
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
1. Já ouviu falar sobre patrimônio histórico? ( ) Sim ( ) Não
2. Se sim, em seu município há alguma coisa que você considere ser patrimônio e que
representa a história do município?
Qual/quais?____________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
3. Você conhece a história do lugar onde mora? Conte algum fato histórico.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
4. Conhece alguma lenda que seus familiares contavam? Descreva.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5. Oque acha da iniciativa de preservar a história de sua cidade? Por quê?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6. Qual sua opinião em relação a implantação de um museu em sua cidade? Explique seu
ponto de vista!
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
7. Quais desses lugares você já visitou?
( ) museus ( ) livrarias ( ) Teatro ( ) festas religiosas
( ) praias ( ) casas de cultura ( )shopping ( )memoriais
8. O que ou quem o levou a visitar tais locais a cima citados?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
73
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO APÓS A EXPOSIÇÃO
Meu nome é Ludimilla Lopes, estudante do curso de Turismo da UFRN – campus Currais Novos e para obtenção
do grau de bacharelado é preciso transformar minha pesquisa em monografia, por isso se deu a necessidade da
aplicação deste questionário. O objetivo desta pesquisa é identificar qual o nível de conhecimento que os alunos
têm sobre o patrimônio cultural existente no município de São Vicente.
Nome da escola _________________________________________________________
Idade ________________ Data _____/___________________/_________
Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
1. Contaria a outras pessoas a história da cidade onde mora? ( )Sim ( ) Não
2. O fato de conhecer a história de sua cidade fez surgir o sentimento de pertencimento?
Explique.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
3. Qual/quais foram os elementos mais interessantes que você descobriu que
existe/existia em sua cidade?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
4. Após a apresentação sobre a história de São Vicente, qual sua percepção sobre
patrimônio histórico?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5. Você acha importante cuidar do patrimônio com a implantação do museu?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________