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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA CLEUBER DIAS PEREIRA POLUENTES ATMOSFÉRICOS: MONÓXIDO E DIÓXIDO DE CARBONO NO NORDESTE DO BRASIL LOGIA VEGETAL COM 2011 NATAL/RN Brasil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

CLEUBER DIAS PEREIRA

POLUENTES ATMOSFÉRICOS: MONÓXIDO E DIÓXIDO DE CARBONO NO

NORDESTE DO BRASIL

LOGIA VEGETAL COM

2011

NATAL/RN

Brasil

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Cleuber Dias Pereira

POLUENTES ATMOSFÉRICOS: MONÓXIDO E DIÓXIDO DE CARBONO NO

NORDESTE DO BRASIL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA

PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A

COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL

CO

POLUENTES ATMOSFÉRICOS: MONÓXIDO E DIÓXIDO DE CARBONO NO

NORDESTE DO BRASIL

O ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTETÁVELAAA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de

Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do título de

Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Orientador: Prof. DSc Fernando Moreira da Silva

2011

NATAL/RN

Brasil

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus colegas e professores do PRODEMA que contribuíram com o

aprendizado durante a realização deste Mestrado.

A minha amiga Lúcia, presença de todas as horas de adrenalina, sempre disposta a me auxiliar

na busca de alternativas, trazendo mais que conforto, palavras de otimismo e perseverança.

A Alvani, amorosa e dedicada companheira de jornada evolutiva, aos filhos de amor,

Cristiano, Kátia, Anette, Elisângela e Camila e a minha genitora Dona Olímpia Dias Pereira,

fontes permanentes de estímulo.

A Professorinha (UFERSA), prof. Claudio (Doutorado Climatologia UFRN) e aos colegas do

INPE, prof. Francisco Raimundo (Lampadinha) e ao técnico Técio Luiz, fontes de lucidez,

verdadeiros faróis que me auxiliaram com excepcional apresso e carinho.

Ao prof. Fernando Moreira, orientador determinado que me acolheu, mostrando desde cedo a

importância do foco durante esta especialização para buscar o tão sonhado aprendizado

acadêmico.

A todos que compõe o Corpo de Bombeiros Voluntários de Areia, Corporação briosa que

conduzida com esmero pelo Comandante Valderedo, me proporcionou partilhar os

conhecimentos das questões ambientais na prática, corroborando para resultados que serviram

de combustível para manter viva a chama da esperança, ensejando sempre um futuro

promissor, melhor a cada dia para a juventude areiense.

E finalmente aos Anjos de Luz, em especial a Frei Antônio de Santana Galvão e ao nosso

governador Supremo Cristo Jesus, exemplo maior a ser sempre seguido.

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Dedico este trabalho as gerações futuras, em especial ao Pedro Lucas, a Letícia, ao Jesiel e ao

Davi, meus quatro netinhos, e aos que ainda estão a caminho que espero pessoas de bem,

dediquem-se a ciência, em prol de um mundo pleno de amor e paz.

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RESUMO

As interferências do ser humano no meio atmosférico podem ser evidenciadas mediante a

presença do monóxido de carbono, gás associado a queima de combustíveis fósseis e do

dióxido de carbono, conteúdo fundamental para respiração dos vegetais e para balanço

térmico da Terra. Nesta dissertação inicialmente avaliou-se a intensidade da espacialização do

monóxido de carbono no Nordeste do Brasil e, posteriormente o comportamento das variações

temporais dos contaminantes monóxido e dióxido de carbono na camada limite atmosférica de

Maxaranguape/RN. As pesquisas mostraram que, motivadas pela especulação imobiliária e

promovendo a ocupação da terra para a exploração agropecuária e turística no Nordeste do

Brasil, as mudanças estabelecidas pelo homem no meio geomorfológico afetam a baixa

troposfera em grande escala, com predominância de concentrações na área central de

Pernambuco, centro-sul da Paraíba e centro-oeste de Alagoas. Entretanto, no estudo realizado

em Maxaranguape/RN os resultados apresentaram pouca variação do monóxido e dióxido de

carbono, com a velocidade do vento persistindo com valores superiores a 7,8 m/s, mostrando

dispersão e difusão dos poluentes o que propiciou maior rapidez na renovação do ar

atmosférico local.

Palavras-chave: Poluição Atmosférica. Monóxido de Carbono. Dióxido de carbon. Nordeste

do Brasil.

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ABSTRACT

The interference of man in the middle atmosphere can be evidenced by the presence of carbon

monoxide, gas associated with burning fossil fuels and carbon dioxide content, essential for

respiration of plants and thermal balance of the Earth. In this thesis we initially evaluated the

intensity of the spatial distribution of carbon monoxide in the Northeast of Brazil, and

subsequently the behavior of temporal variations of the pollutants carbon monoxide and

carbon dioxide in the atmospheric boundary layer Maxaranguape / RN. Research has shown

that, driven by speculation and promoting the occupation of land for agriculture, cattle

ranching and tourism in the Northeast of Brazil, the changes established by the man in the

middle geomorphological affect the lower troposphere on a large scale, with a predominance

of concentrations in central Pernambuco, Paraiba's south-central and central-west of Alagoas.

However, the study of Maxaranguape / RN results showed little variation in carbon monoxide

and carbon dioxide, with the speed of the wind persisting with values greater than 7.8 m / s,

showing dispersion and diffusion of pollutants which resulted in faster renewal of local

atmospheric air.

Keywords: Air Pollution. Carbon Monoxide. Carbon Dioxide. northeastern Brazil.

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LISTA DE TABELAS E FIGURAS DOARTIGO I

TABELA 1 - Estados, áreas (Km2) e populações (hab.) da Região Nordeste do

Brasil

43

TABELA 2 - Estimativas mensais de emissão de Monóxido de Carbono [ton]

por queimadas e fontes urbano/industriais nos meses de Janeiro e Fevereiro de

2011

43

TABELA 3 - Dados comparativos da produção na safra 2008/2009, veículos nas

capitais dos estados e o Índice de massa de CO (ton/Km^2).

51

FIGURA 1 - Concentrações do CO(ppm) em Janeiro de 2011

44

FIGURA 2 - Concentrações do CO(ppm) em Fevereiro de 2011

45

FIGURA 3A - Análise de teor de CO (Jan/ 2011)

45

FIGURA 3B - Análise de teor de CO (Fev/2011)

46

FIGURA 4 - Índice de Massa do CO(ppm) em Janeiro/ 2011 no Nordeste do

Brasil

47

FIGURA 5 - Índice de Massa do CO(ppm) em Fevereiro/ 2011 no Nordeste do

Brasil

47

FIGURA 6 - Índice de Distribuição de Carbono por Pessoa (Kg/hab) em Janeiro/

2011 no Nordeste do Brasil

48

FIGURA 7 - Índice de Distribuição de Carbono por Pessoa (Kg/hab) em

Fevereiro/ 2011 no Nordeste do Brasil

49

FIGURA 8 - Análise por Kernel de CO em Jan/2011.

50

FIGURA 9 - Análise por Kernel de CO em Fev/2011

51

FIGURA 10 - Comportamento da produção sulcroalcooeira

52

FIGURA 11 - Comportamento da evolução da frota automobilística nas capitais

do NE

53

FIGURA 12 - Distribuição da produção da cana-de-açúcar em 2008. Fonte IBGE

2008

54

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LISTA DE TABELAS E FIGURAS DOARTIGO II

FIGURA 1 - Detalhe da localização da Estação de Maxaranguape/RN

67

FIGURA 2 - Laboratório de Variáveis Ambientais Tropicais/LAVAT

68

FIGURA 3 – Localização do município de Maxaranguape

71

FIGURA 4 - Árvore do Amor

73

FIGURA 5- Comportamento médio diário do monóxido de carbônico (CO) e do vento

em Barra de Maxaranguape no ano de 2004.

76

FIGURA 6 - Comportamento médio diário do dióxido de carbônico (CO2) e do vento

em Barra de Maxaranguape no ano de 2004.

76

FIGURA 7 – Tendência diária do monóxido de carbono (CO) conforme a intensidade

do vento em Barra de Maxaranguape no ano de 2004.

77

FIGURA 8 – Tendência diária do dióxido de carbono (CO2) conforme a intensidade do

vento em Maxaranguape no ano de 2004

78

TABELA 1 – Estatística descritiva do vento, monóxido e dióxido de carbono em Barra

de Maxaranguape/RN (2004)

74

TABELA 2 – Dados Estatísticos (2004)

75

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL

11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

14

2.1 A ATMOSFERA DA TERRA E SUA CIRCULAÇÃO

14

2.2 EFEITOS DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS NA SAÚDE HUMANA

16

2.3 OUTROS EFEITOS DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS NO

AMBIENTE

18

2.4 O MONÓXIDO E DIÓXIDO DE CARBONO NA ATMOSFERA

19

2.5 AS QUEIMADAS E SUAS CONSEQUENCIAS AMBIENTAIS

21

2.6 A CANA-DE-AÇÚCAR, A QUEIMA DE BIOMASSA E SEUS

IMPACTOS AMBIENTAIS NO NORDESTE BRASILEIRO

23

2.7 ESTUDOS SOBRE COMPORTAMENTO DOS POLUENTES CO E CO2

NA ATMOSFERA

26

2.8 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ALUSIVA A POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

29

2.9 O PROTOCOLO DE KIOTO E OS PROJETOS BRASILEIROS PARA O

SEQUESTRO DE CARBONO

30

REFERÊNCIAS

30

3 3 ARTIGO 1: ESPACIALIZAÇÃO DO MONÓXIDO DE CARBONO NO NORDESTE BRASILEIRO

37

Resumo 38

Introdução 38

Materiais e métodos 39

Resultados e discussão 42

Considerações finais 44

REFERÊNCIAS

58

4 ARTTIGO 2: COMPORTAMENTO DOS POLUENTES MONÓXIDO E DIÓXIDO DE CARBONO NO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO NORTE

62

Resumo 63

Abstract 64

Resumen 65

Introdução 66

Material e métodos 68

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Medição da direção e velocidade do vento 69

Medição do CO2 69

Medição do CO 69

Procedimentos metodológicos 69

Caracterização ambiental 71

Resultados e discussão 73

Conclusão 79

REFERÊNCIAS

80

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DA DISSERTAÇÃO

82

ANEXOS 84

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1 INTRODUÇÃO GERAL

As questões que envolvem poluição atmosférica vêm tomando dimensão maior não

somente em função da exposição direta do homem aos agentes poluentes, mas também aos

desdobramentos no meio ambiente.

Os poluentes atmosféricos antrópicos, a princípio advindos das técnicas do domínio e

uso do fogo passaram, no decorrer da existência humana, a interferir no ambiente

principalmente em função do aumento da produção, desenvolvimento de novos produtos

químicos, aprimoramento dos meios de transporte e criação de equipamentos que

viabilizavam uma nova dinâmica na comunicação. Segundo Santos (2001) os últimos anos do

século XX testemunharam grandes mudanças em toda face da terra e o mundo torna-se

unificado – em virtude das novas condições técnicas, bases sólidas para a ação humana

mundializada..

Enquanto componente indispensável à vida, o ar é um dos elementos mais agredidos

pelo homem e as preocupações com a qualidade do ar desde a era pré-cristã, já em função do

uso do carvão enquanto fonte de combustível (SALDIVA et al 2010). Esta necessidade de

fontes de energia para atender a crescente demanda da população faz do uso da lenha, carvão

ou outros combustíveis fósseis, uma característica marcante e que, por vezes, aparece

relacionada a perdas severas que atingem a saúde, a segurança alimentar e até a própria

biodiversidade.

As consequências da ação humana decorrentes da poluição em função dos grandes

aglomerados populacionais se agravaram em função do advento da massificação do

automóvel.

A movimentação das correntes atmosféricas e respectivos poluentes requer

aprofundamento mediante estudos que possam elucidar melhor os fenômenos contribuintes

que podem estar atuando em consonância com o clima global (ARANA, 2009).

Quanto a circulação norte-nordeste, esta se encontra em local privilegiado pela

proximidade do Equador, a Zona Convergência Intertropical e os ventos Alísios de Oeste.

Tomando como ponto de partida a região litorânea do Rio Grande do norte, observa-se

um local com incidência das brisas marinhas, e que é referencial para os estudos de circulação

atmosférica, tendo em vista a isenção de gases traços nesta região (MARANI, 2003).

Alguns estudos desenvolvidos tratam da poluição atmosférica no estado brasileiro do Rio

grande do Norte (ALVES; ALVES; SILVA, 2004; MACÊDO, 2004), entretanto não

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constatou-se estudos envolvendo a circulação atmosférica, o CO (monóxido de carbono) e o

CO2 (dióxido de carbono).

Nessa direção, para estudar a poluição atmosférica esta dissertação contêm duas

pesquisas que tratam a questão da contaminação do ar, e propõem-se discutir a questão da

poluição inicialmente regional, no artigo COMPORTAMENTO DO MONÓXIDO DE

CARBONO NO NORDESTE BRASILEIRO e, posteriormente a poluição a nível local com o

artigo intitulado: COMPORTAMENTO DOS POLUENTES MONÓXIDO E DIÓXIDO DE

CARBONO NO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO NORTE.

Quanto à primeira pesquisa busca responder o seguinte questionamento: como se

distribui as emissões de monóxido de carbono na região Nordeste do Brasil?

Esta pesquisa teve como objetivo geral avaliar a intensidade e espacialização do

monóxido de carbono no Nordeste do Brasil. Já os objetivos específicos propostos foram: a)

estratificar a concentração de monóxido de carbono para os estados da região nordeste

brasileiro; b) levantar a distribuição do contaminante monóxido de carbono por população

existente em cada estado da região nordeste do Brasil; c) analisar a variação das

concentrações do monóxido de carbono no bimestre janeiro/fevereiro de 2011; d) detectar

formação ou não de núcleos poluentes de monóxido de carbono no Nordeste do Brasil; e)

estudar possíveis fatores associados às concentrações detectadas; e finalmente f) estabelecer

relação entre as contribuições das emissões veiculares e a indústria sulcroalcooleira para as

emissões detectadas.

Já a segunda pesquisa decorre da seguinte pergunta: como se comporta a circulação de

poluentes atmosféricos CO e CO2 na região litorânea do RN?

O segundo estudo teve como objetivo geral avaliar o comportamento das variações

temporais dos contaminantes atmosféricos CO e CO2 na camada limite atmosférica de

Maxaranguape/RN. Especificamente, objetivou-se a: 1) analisar o comportamento do vento na

camada limite atmosférica de Maxaranguape/RN; 2) verificar comportamento

qualiquantitativo e temporal dos gases CO e CO2; e por fim: 3) estabelecer correlação entre

esses contaminantes e os ventos predominantes.

A dissertação, portanto, está estruturada, de forma que o Capítulo 1 apresenta-se uma

introdução, contendo a caracterização das áreas de estudo, as hipóteses, os problemas e os

objetivos gerais e os específicos.

No Capítulo 2 apresenta-se a fundamentação teórica organizada em sub-capítulos que

discorrem sobre a circulação atmosférica, os efeitos da poluição atmosférica na saúde

humana, outros efeitos dos poluentes atmosféricos no ambiente, o CO e CO2 na atmosfera e

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os estudos sobre comportamento desses poluentes trata, ainda de pesquisas afins e a

Legislação brasileira alusiva à poluição atmosférica.

O capítulo 3 é composto por um artigo intitulado A ESPACIALIZAÇÃO DO

CARBONO NO NORDESTE BRASILEIRO.

O capítulo 4 apresenta o artigo denominado COMPORTAMENTO DOS

POLUENTES MONÓXIDO E DIÓXIDO DE CARBONO NO LITORAL NORTE DO RIO

GRANDE DO NORTE.

Para finalizar, no capítulo 5 são apresentadas as principais conclusões que sintetizam

as pesquisas, abordando os conhecimentos apreendidos, as aplicações e os desafios que se

desenham para o aprofundamento das temáticas trabalhadas ao longo desta dissertação.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A ATMOSFERA DA TERRA E SUA CIRCULAÇÃO

Ao considerar a atmosfera terrestre sem poluição, temos como seus principais

componentes o nitrogênio diatômico (cerca de 78%), o oxigênio diatômico (cerca de 21%), o

argônio (cerca de 1%) e o dióxido de carbono (atualmente cerca de 0,04%), além de um

percentual variável de vapor d’água (BAIRD, 2002).

Para Aragão (2009) a atmosfera é o resultado de uma mistura mecânica de gases em

contínua alteração e sofrendo perturbações decorrentes da ação dos ventos. O ar, camada mais

próxima da superfície da terra, possui proporções relativas dos maiores constituintes que não

variam com altitudes até 100 km.

Quanto à formação da atmosfera da terra, acredita-se que foi construída por meio de

processos físico-químicos e biológicos iniciados há milhões de anos e, dentre das hipóteses

mais aceitas, é que mediante impactos de pequenos corpos rochosos na superfície do planeta,

foram sendo liberados gases que formaram a atmosfera primitiva composta basicamente por

nitrogênio, gás carbônico e vapor d’água (ARAGÃO, 2009).

Durante este processo os gases formadores impedem que o calor irradie para o espaço

e com a diminuição dos impactos e resfriamento do planeta os vapores d’água se

condensaram e ocorreram as chuvas que formaram os oceanos. O ar foi paulatinamente

clareando, o gás carbônico se dissolveu nos oceanos, o nitrogênio passa a dominar a

atmosfera e, mediante o surgimento das algas verde-azuladas nos oceanos, inicia-se a fase

biológica de captação do gás carbônico e luz solar para produção de energia, com a liberação

do oxigênio para a atmosfera, forma-se finalmente uma fina camada de ozônio que filtra o

raio ultravioleta (BRAGA et al 2003).

Segundo Aragão (2009) quando as plantas começaram a evoluir e colonizar a terra, os

níveis de dióxido de carbono desceram e atingiram um nível muito baixo, verificando-se um

período glacial há 300 milhões de anos.

Ao fazer uma análise sobre a transformação ambiental do planeta, com foco nos

últimos cinco séculos, Bursztyn e Persegona (2008, p.13) concluem que “a capacidade natural

e tecnológica de suprir as necessidades humanas servia como fator condicionante do

crescimento das populações e de sua distribuição no território”.

Para Assunção e Malheiros (2005), a poluição atmosférica acompanha o ser humano

desde os mais remotos tempos, quando da descoberta do fogo e talvez, tenha sido a sua

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primeira grande intervenção ambiental que, embora lhe proporcionasse calor, proteção e

conforto, gerava uma atmosfera tóxica em seu abrigo.

Durante o advento da Revolução Industrial, marco de uma brusca mudança na relação

homem natureza, ocorreu à ampliação do processo produtivo que exigiu novas fontes de

energia que pudessem suprir as indústrias que começavam a se instalar. As condições de

insalubridade decorrentes das emissões atmosféricas, principalmente da queima de carvão,

afetaram o homem. Ganharam destaque pela comunidade científica internacional, não

somente pela quantidade de pessoas envolvidas, mas também pela divulgação e local do

acontecimento. Foram eles:

a) Meuse Valley, Bégica, 1930, as emissões de poluentes das indústrias siderúrgicas

causaram a morte de mais de 60 pessoas. (ROSEIRO, 2003);

b) Dondora, Pensilvânia, EUA, 1948, a poluição atmosférica proveniente das fábricas

de zinco, mais de 40% da população foi hospitalizada, e 20 pessoas foram a óbito

por asfixia (ROSEIRO, 2010; BRAGA et al., 2003);

c) Londres, Inglaterra, 1952, em função de um Smog, 3.500 perderam suas vidas

(BRAGA et al., 2003);

d) Bophal, Índia, 1984, o vazamento de isocianato metelila ceifou a existência de

1.700 pessoas (ASSUNÇÃO, 2004).

No Brasil, em 1976, também foi registrado evento envolvendo poluição atmosférica e,

agravado por emissão atmosférica, na cidade de Santo André (São Paulo) ocorreu, segundo

Assunção (2009, p. 104), “aumento significativo de internações, principalmente por doenças e

problemas respiratórios”.

Conforme o relatório da ONU (2007), as emissões atmosféricas são determinadas pelo

uso de energia e sistemas de produção, a estrutura indústrial, o sistema de transporte, a

agricultura e silvicultura, e os padrões de consumo adotados pela população.

O verbo poluir é oriundo da palavra latina polluere, e significa profanar, manchar,

sujar, e conforme aborda Sánchez (2006, p. 24) “Poluir é profanar a natureza, sujando-a”.

Poluente atmosférico é agente causador da poluição, e é definido pela Companhia de

Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB (2010) como sendo

[...] toda e qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em

quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os

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níveis estabelecidos em legislação, e que tornem ou possam tornar o ar

impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público,

danoso aos materiais, à fauna e a flora ou prejudicial à segurança, ao uso e

gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade.

Trata-se de parâmetros que devem ser analisados em função das especificidades locais,

tendo em vista processos planetários naturais que emitem monóxido, dióxido de carbono, gás

sulfídrico e metano, como erupções vulcânicas, as reações de decomposição nas regiões

pantanosas e as queimadas naturais provocadas por descargas atmosféricas.

O meio natural é produtor de substâncias nos ciclos biogeoquímicos. O ciclo do

carbono é complexo, em virtude das reações químicas do carbono (RICKLEFS, 2003).

No entanto, as emissões antrópicas geram poluentes que agem no ambiente

provocando diversos efeitos que serão brevemente discutidos a seguir.

2.2 EFEITOS DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS NA SAÚDE HUMANA

Gases presentes na atmosfera podem provocar a asfixia bioquímica, mesmo em baixa

concentração, interferindo no suprimento ou uso do oxigênio em nível celular. Conforme

Torloni e Viera (2003), o monóxido de carbono, especificamente, não afeta os pulmões, mas

interfere no transporte de oxigênio até as células das diferentes partes do corpo, pois,

comparado a este, combina com a hemoglobina cerca de trezentas vezes mais rapidamente.

O CO destaca-se como poluente que possui concentração máxima admissível para o

ser humano, uma vez que o gás com concentração de 50 ppm durante um tempo médio de 150

minutos poderá gerar uma concentração de 7% de carboxihemoglobina, trazendo como

sintoma a dor de cabeça leve. Já concentrações acima de 10.000 ppm em um tempo médio de

5 minutos, ocasionará 95% de carboxihemoglobina levando a morte da pessoa exposta

(MARIANO, 2005). A legislação ambiental brasileira estabelece que o limite de 9 ppm em 8

horas e picos de 35 ppm durante uma (1) hora não poderão ser excedidos anualmente.

Exposição de faixas etárias menores ao monóxido de carbono foram estudados

considerando desde os riscos com a mortalidade perinatal (NOVAES et al 2010), a relação

entre peso ao nascer e a poluição (MEDEIROS; GOUVEIA, 2005), os efeitos das exposições

agudas (MOURA et al 2008) e outros fatores envolvidos como o retardamento ao

crescimento, os efeitos ao aparelho respiratório, as infecções respiratórias agudas, os

agravamentos em casos de asma e alergias, a associação com o absenteísmo escolar, ao câncer

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infantil e os efeitos relacionados ao comportamento e ao neurodesenvolvimento (WHO,

2005).

A natureza química e a dimensão das partículas envolvidas podem impactar

distintamente os sistemas presentes no corpo humano. O CO pode ser absorvido pela corrente

sanguínea e pode ter efeitos diretos, ou indiretos no sistema vascular. As doenças vasculares

podem também estar relacionadas a outras doenças causadas pela poluição, como a falência

cardíaca resultante do estresse gerado por doenças crônicas respiratórias (MARIANO, 2005).

O sistema respiratório tem como função principal a troca gasosa, sofrendo as

conseqüências diretas, quando da exposição aos contaminantes. A poluição do ar tem sido

caracterizada como causadora ou agravante de algumas doenças do sistema respiratório,

podendo estar associada a casos de bronquite crônica, enfisema pulmonar, asma crônica e

infecções respiratórias. Conforme Mariano (2005), a bronquite, doença respiratória crônica,

pode ter como causa infecções patogênicas ou agentes irritantes, como os encontrados no

cigarro e nas emissões industriais, existindo ainda estudos em animais que sugerem que

exposições crônicas de NO2 podem favorecer mudanças pulmonares pré-enfisematosas.

O ser humano pode ter a sua saúde comprometida, pela ação das queimadas que

causam e/ou agravam doenças respiratórias, com os seguintes efeitos no ser hunamo: dores de

cabeça, náuseas e tonturas, conjuntivites, irritação na garganta e tosse; desencadeiam alergia

na pele; agravam problemas gastro-intestinais; geram complicações em portadores de doenças

do pulmão e/ou coração; danificam o sistema nervoso; provocam efeitos negativos em fetos;

causar a redução da percepção visual e capacidade de realizar tarefas e ocasionam desde

complicações como intoxicação até a morte (DIAS, 2009).

Os casos de morbidade podem inclusive estar relacionados a períodos de maior

umidade, conforme Almeida (2008), durante pesquisa sobre a influência da queima da palha

de cana-de-açúcar na ocorrência de doenças respiratórias em diferentes localidades no estado

de Alagoas. Independente da etiologia, os ataques de asma podem ser induzidos por poluentes

atmosféricos, uma vez que esses agem como irritantes não específicos. Mas, a ação dos

poluentes atmosféricos não restringe só a saúde humana e pode provocar outros efeitos

ambientais adversos, conforme veremos a seguir.

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2.3 OUTROS EFEITOS DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS NO AMBIENTE

Poluentes atmosféricos gasosos e particulados podem causar degradação em materiais

como: metais, mármores, tecidos, borracha e couro. A ação se dá mediante o processo físico

da abrasão e/ou químico, provocando perdas significativas. Já os gases poluentes podem agir

diretamente na superfície de contato ou provocando reações químicas que, mediante novas

substâncias serão responsáveis pelos efeitos no material exposto (ASSUNÇÃO, 2004).

A degradação provocada pode ser uma simples mudança de cor, observada pela

mudança de tonalidade clara das pinturas prediais dos grandes centros urbanos, que tendem ao

cinza, passa por ataques por deformação em obras artísticas como esculturas, podendo atingir

ainda grandes estruturas metálicas de engenharia, como pontes, viadutos e vias férreas

(ASSUNÇÃO; MALHEIROS, 2009).

O lançamento de poluentes na atmosfera pode provocar a modificação do pH das

chuvas, deixando-o mais ácido, já que em função da dissolução do CO2 presente no ar, este

potencial de hidrogênio é considerado levemente ácido, com valores aproximados a 5,65

(BRAGA et al, 2003). Já a presença de óxido de enxofre e nitrogênio acentua a acidificação

natural em função dos compostos se transformarem em sulfatos e nitratos, formando os ácidos

sulfúricos e nitrosos, principais contribuintes para que os valores do pH fique abaixo do

normal, caracterizando a chuva ácida (BRAGA et al 2003).

Os efeitos nefastos da deposição úmida (chuva ácida) no ambiente ao atingir corpos

d’água para uso humano e dessedentação de animais, também provocam alterações no solo,

atingindo a produção agrícola, e este tipo de precipitação, gênese e desdobramentos tem

recebido atenção da comunidade científica internacional, com estudos em Tessalônica,

Grécia, Anatolaki (2009); Coréia do Sul, Kwak J.H et al (2009) e Índia, Devara (2009).

O processo conhecido como acidificação é alusivo a alteração do pH, que é na

superfície oceânica igual a 8,0 + 0,3, sendo considerado ligeiramente alcalino.

O dióxido de carbono possui o papel de controlar o pH da água marinha, uma vez que

a superfície oceânica absorve o CO2 da atmosfera e esse gás se dissolve, reagindo com as

moléculas de água, gerando o ácido carbônico. Em função da dissociação desse ácido, ocorre

a liberação de íons de hidrogênio. Aumentando a concentração de CO2 na atmosfera, ocorre

também uma maior absorção de CO2 pelo oceano, e consequentemente, uma maior

concentração de íons de hidrogênio, ocasionando, se não houvesse um processo de absorção

pelo mar, uma elevação da acidez nos mares.

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A capacidade de absorção dos oceanos, entretanto se encontra relacionada com a

assimilação do gás durante a fotossíntese e o transporte de detritos produzidos pelo

fictoplancton para o leito oceânico profundo (ITO, 2009).

Os efeitos da acidificação nos oceanos não são uniformes, e é distinto aos organismos.

Entretanto, várias espécies da vida marinha têm alterado o seu processo de

calcificação que é reduzido, podendo causar mudanças no crescimento e na reprodução ou

induzir a adaptações (ITO, 2009).

A acidificação dos oceanos está sendo estudada principalmente em virtude do

desconhecimento do tempo que os organismos necessitam para se adaptar as alterações do

pH. As pesquisas, portanto buscam entender como as mudanças podem influenciar a

respiração, fotossíntese e dinâmica dos nutrientes e também como, mediante a alteração da

calcificação, podem influenciar no ecossistema e sua biodiversidade (CALDEIRA, 2007).

Os poluentes podem, portanto causar alterações no ar, no solo e nos oceanos, causando

efeitos nefastos para a vida no planeta, principalmente se associados a combinações do

carbono, conforme veremos a seguir.

2.4 O MONÓXIDO E DIÓXIDO DE CARBONO NA ATMOSFERA

O descobrimento do gás carbônico deu-se no ano de 1754 e é creditado ao médico,

físico e químico britânico Joseph Black, que observou e descreveu as reações envolvendo

calcário e seus resultados. Esse cientista demonstrou que o gás carbônico resulta de processos

como a fermentação, a respiração e a queima de carvão, que se comporta como um ácido ao

neutralizar um álcalis e que se encontra presente na atmosfera (MILLAR, 1996).

Os processos geradores do gás carbônico foram estudados pela comunidade científica,

chegando-se até ao ciclo de carbono, que consolida a distribuição do elemento que circula nos

ecossistemas terrestres e aquáticos, mediante reações assimilativas e desassimilativas de

carbono, principalmente na fotossíntese e na respiração, na troca de dióxido de carbono entre

a atmosfera e os oceanos e na sedimentação de carbonatos (RICKLEFS, 2003).

Independente da fonte emissora, as moléculas do gás carbônico presentes no ar

absorvem coletivamente metade da luz infravermelha térmica refletida nos comprimentos de

onda entre 14 e 16μm. O aumento da concentração de CO2 na atmosfera impedirá que mais

radiação infravermelha refletida escape, e deverá produzir maior aquecimento do ar (BAIRD,

2008).

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O gás carbônico é retirado da atmosfera mediante a realização da fotossíntese, sendo

armazenado na forma polimérica, entretanto, se o vegetal é submetido à decomposição

biológica, o gás retirado retorna ao meio atmosférico. O processo da formação do carvão

vegetal, do petróleo e do gás natural, é análogo, uma vez que trata-se de matéria orgânica

coberta por solo, armazenada em depósitos geológicos, submetida a altas pressões e

temperaturas dando origem aos combustíveis fósseis mais usados pela sociedade atual.

Mediante a oxidação por queima esses combustíveis retornam novamente para a atmosfera

(BAIRD, 2008).

As duas fontes principais de emissão de gases causadoras do efeito estufa são a

queima de combustíveis fosseis e o desmatamento de regiões tropicais, como a Amazônia

(PINTO et al 2009).

Conforme informações divulgadas por Cerri et al (2009) e pelo Ministério do Meio

Ambiente - MMA (2009), as emissões brasileiras são decorrentes de quatro setores: energia,

processos industriais, agropecuária e mudanças do uso da terra.

Quando ocorre intervenção antrópica nos reservatórios naturais de carbono, como

matas e florestas, os sumidouros são fortemente afetados, uma vez que, não somente cessam a

capacidade de captação, mas também, no caso das queimadas, promovem a liberação do

carbono armazenado para a atmosfera.

Oriundos de reservatórios naturais de carbono, combustíveis fósseis como o petróleo,

o carvão e o gás são largamente empregados pela sociedade atual, e quando consumidos,

acabam muitas vezes sendo emitidos em forma de poluentes para a atmosfera

(BURANTTINI, 2008).

Segundo Goldemberg (2003), a queima de combustíveis fósseis produz enormes

quantidades de dióxido de carbono. Esta é uma das maiores fontes de emissões de “gases do

efeito estufa”, gerados pelo homem, que estão alterando a composição da atmosfera e podem

gerar mudanças climáticas globais, incluindo a quantidade e composição da chuva. Em

atendimento às fontes de energia requeridas pela indústria crescente na revolução industrial,

as opções adotadas foram o carvão e depois o petróleo.

Em meados do século XX, a produção e o uso do petróleo rapidamente se aceleraram,

tornando-o na fonte de energia dominante durante os últimos 40 anos. Os combustíveis

fósseis respondem por cerca de 80% da energia consumida e, entre os combustíveis fósseis, o

petróleo é responsável pela maior fatia e responde por 35% do fornecimento global de energia

(GELLER, 2003).

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A versatilidade das matérias primas extraídas do petróleo é significativa, e ele está

presente nos componentes para o setor de microeletrônica, nos insumos para a indústria

farmacêutica e também nos equipamentos para exploração espacial. Trata-se de uma

contribuição significativa que totaliza uma gama da ordem de seis mil produtos e que

moldaram a história da civilização no século XX (NASTARI, 2003).

No Brasil, apesar da evolução tecnológica e adoção de políticas públicas nacionais,

como o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE) e

redução dos níveis de emissão veiculares, uma vez que os automóveis atuais emitem 98%

menos monóxido de carbono que seus antecessores dos anos 1980, ainda assim as emissões

geradas pela frota veicular geram poluição atmosférica com desdobramentos inequívocos para

os grandes centros urbanos (GERAQUE, 2006).

Representando 35% do fornecimento global de energia, o petróleo atende parte da

população mundial, que conta ainda com outras fontes tradicionais para suprir demandas cada

vez mais crescentes.

O consumo das fontes de carbono enquanto fontes fornecedoras de energia é,

portanto fator que contribui para as concentrações atuais do monóxido e dióxido de carbono

em que se encontra a atmosfera, mas no caso do Brasil, outras ações ligada às demandas de

energia também afetam decisivamente a qualidade do ar que respiramos, gerando

desdobramentos adversos à vida planetária. A prática das queimadas é uma delas.

2.5 AS QUEIMADAS E SUAS CONSEQUENCIAS AMBIENTAIS

Atualmente, cerca de dois milhões de pessoas ainda dependem de lenha para suprir

suas necessidades, o que relaciona a existência de atividades que acabam buscando justificar a

retirada dos vegetais. Primeiro se provoca uma queimada, depois, com o estrago feito,

autoriza-se a extração da lenha. Segundo Cerri (2009), o perfil das emissões dos gases-estufa

proveniente do desmatamento cresceu 8,1% entre 1994 e 2005, entretanto, ainda assim,

continua sendo 51,9% das emissões totais do Brasil.

Dentre as técnicas usadas pelo homem desde os seus primórdios está à aplicação do

fogo com o objetivo de remover plantas indesejáveis, abrir novas fronteiras agrícolas e

renovar áreas de pastagens. Para Setzer (2003), a prática das queimadas no Brasil já era

utilizada antes da chegada dos portugueses no Brasil, mas o solo se recuperava sem maiores

conseqüências, uma vez que em virtude dos hábitos nômades dos índios não afetavam o

mesmo local produtivo.

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O produto da combustão da biomassa depende de fatores como: a composição

química, a estrutura, o tamanho e o teor de umidade da biomassa, a temperatura da queima e a

taxa de aeração. Por isso, diferentes ecossistemas têm características físicas e químicas que

afetam a combustão eficiente do fogo (ARAÚJO, 1995).

Em linhas gerais, as queimadas podem ter efeitos na saúde humana, nos ecossistemas,

nos aspectos sociais e econômicos e na atmosfera. Nos ecossistemas, os efeitos das queimadas

podem ser observados quanto a: redução da reciclagem dos nutrientes, redução da

biodiversidade (morte de animais e plantas), diminuição da resiliência dos ecossistemas

(capacidade de se adaptar), eliminação dos predadores naturais de algumas pragas e

destruição das nascentes, interrompendo o fluxo d’água para atmosfera, contribuição para o

aquecimento global (emissão de gás carbônico), redução da incidência de luz solar,

diminuindo a fotossíntese com perda de nichos ecológicos e a retroalimentação positiva sobre

a mudança climática (DIAS, 2009).

Quanto aos aspectos sociais e econômicos, as queimadas podem gerar: aumento dos

atendimentos hospitalares e gastos com saúde, interrupção no fornecimento de energia elétrica

e suas conseqüências, problemas com fornecimento d’água, queda da produtividade agrícola

(morte de micro-organismos, ressecamento do solo e perda de nutrientes), elevação de preços

dos alimentos, suspensão das atividades educacionais e de lazer e contribuição para as

mudanças climáticas (secas, inundações, tempestades) (DIAS, 2009).

Quanto à atmosfera, os efeitos das queimadas poderão ser: perda da qualidade do ar

devido ao excesso de partículas na atmosfera, alteração na formação e propriedade das nuvens

e no ciclo das chuvas, alteração dos níveis de CO2 e ozônio na troposfera, destruição da

camada de ozônio e a elevação das cargas atmosféricas nas nuvens, favorecendo a ocorrência

de mais raios (SELTZER; ROMÃO, 2003).

Cabe ressaltar que o analfabetismo ambiental e o desconhecimento em relação as

conseqüências das queimadas pode levar aos desdobramentos mencionados. O ato de

queimar a vegetação antes visto como um método simples, antigo, rápido e barato, acaba

acarretando no mínimo a perda da fertilidade do solo, e em conseqüência, maior uso de

fertilizantes, agrotóxicos e herbicidas para o controle de pragas e plantas invasoras,

significando maior risco de poluição do ar, dos rios, do solo. Mais que a modificação da

paisagem, as queimadas interferem na flora e fauna, representando uma séria ameaça à

biodiversidade. Assim, o artifício da queima ainda hoje é adotado na agricultura, como a

combustão das palhas na colheita manual da cana-de-açúcar.

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2.6 A CANA-DE-AÇÚCAR, A QUEIMA DE BIOMASSA E SEUS IMPACTOS

AMBIENTAIS NO NORDESTE BRASILEIRO

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar (Saccharum spp), planta que pertence

ao gênero Saccharum, família Poaceae, classe das onocotiledôneas, única representante da

ordem Graminales.

O cultivo da cana-de-açúcar ocupa 5, 9 milhões de hectares no Brasil e é responsável

por cerca de 1 (Hum) milhão de empregos diretos, sendo 550 mil apenas na sua produção (

BRAUNBECK et al, 2008), sendo que 11% desta produção ocorre no nordeste brasileiro. A

valoração da cana de açúcar decorre em função desta gramínea ser a principal matéria-prima

para a fabricação do açúcar e do etanol.

Para a colheita da cana podem ser usados dois processos. O primeiro mediante queima

rápida, os ponteiros são parcial ou totalmente eliminados e depois cortados manualmente. Um

segundo processo denominado colheita de cana crua, se caracteriza pela incorporação de

dispositivos às colhedoras, separando os ponteiros e as folhas, os quais são lançados ao solo,

para posterior recuperação ou para permanecerem como cobertura morta.

Segundo Braunbeck et al, (2008), o processo de queima nos canaviais é uma operação

de limpeza eficiente e econômica, favorece o desempenho do corte manual, reduz riscos com

animais peçonhentos. Por outro lado, a queima da cana possui questões energéticas,

agronômicas e ambientais envolvidas, além de impactar a saúde e o meio ambiente, razões

que tem contribuído para diminuição desta prática, favorecendo o aumento gradual na colheita

de cana crua (RIPOLI et al 1990).

Conforme pesquisa efetuada por Echavarria e Whalen (1991), as emissões médias

produto da queima da cana em Kg por tonelada geram da queima direta da cana 35,3 Kg/t e

29,7 Kg/t da combustão da palha. As palhas não queimadas podem ser utilizadas como

cobertura vegetal ou/e para integrar a biomassa oriunda do bagaço da cana que é usado nas

caldeiras como combustível no processo industrial para fabricação do açúcar ou do álcool.

As emissões decorrentes da combustão de biomassa na usina alteram a qualidade do ar

e, segundo Teixeira (2005), as concentrações de monóxido de carbono são instáveis, uma vez

que dependem dentre outros fatores, da relação ar-combustível e da umidade do bagaço.

Outro aspecto ambiental envolvido na queima da biomassa é a geração de materiais

particulados. Neste caso, quando em caldeiras alimentadas por bagaço, a intensidade da

emissão sem controle e a composição granulométrica dos particulados são extremamente

variáveis (TEIXEIRA et al 2008).

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Os aspectos ambientais envolvidos no processo sulcroalcooleiro foram decisivos,

fazendo com que alguns países, como os EUA e as ilhas do Havaí adotassem legislações

restritivas, o que também ocorreu no Brasil, no estado de São Paulo, onde as queimadas só

podem realizadas mediante autorização prévia dos órgãos responsáveis, sempre considerando

as condições de poluição do ar, ocorrer durante o dia e com condições atmosféricas

favoráveis.

Castro (1948) em seu escrito intitulado “Geografia da fome”, já abordava a realidade

vivenciada na “área úmida açucareira”, os efeitos nefastos com a destruição florestal alterando

o curso dos rios e o clima regional. O domínio da monocultura da cana-de-açúcar ocorre onde

não há seca, ao longo da costa oriental nordestina (mata atlântica), em que o colonizador,

“quase cego às conseqüências dos seus atos, pela paixão desvairada que dele se apoderou de

plantar sempre mais cana e produzir sempre mais açúcar” (CASTRO, 1948 p.95).

No início do século XXI, mediante as técnicas de irrigação e desenvolvimento de

variedades mais resistentes à seca, o cultivo da cana-de-açúcar não se restringe somente a

região úmida, mas o seu cultivo pode ser constatado em 872 (48,6%) dos municípios da

região nordeste embora, exceção a Juazeiro (BA) e São Raimundo (MA), os maiores

produtores ocorrem com predominância na Zona da Mata (BEZERRA et al 2010).

Existe, entretanto, preponderância da produção na região do Agreste, sobressaindo-se

como maiores produtores os estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Nota-se também que

dentre os três maiores produtores municipais, os dois primeiros, respectivamente Coruripe e

São Miguel dos Campos são de Alagoas e o terceiro maior produtor é Pedras do Fogo da

Paraíba (BEZERRA et al 2010).

O bioma da Mata Atlântica considerado um dos mais ricos em biodiversidade é

fortemente afetado pela ação antrópica na região Nordeste e está com a sua cobertura vegetal

reduzida a 7% , sendo que nos estados Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte,

o valor existente é de apenas 2% e, segundo Pinto (2002), parte dos remanescentes se

encontram em propriedades das indústrias sucroalcooleiras. São áreas florestadas, que se bem

preservadas podem contribuir para minimizar os impactos ambientais gerados pelo

antropismo.

Ressalta-se que no segmento da agroindústria da cana-de-açúcar existem outras fontes

críticas que são produtoras de gases de efeito estufa não discutidas nesta dissertação, como o

óxido nitroso oriundo do uso de fertilizantes nitrogenados, o dióxido de carbono gerado pela

queima da palha e o surgimento do metano, quando da movimentação da vinhaça em canais

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sem revestimentos impermeabilizantes e a emissão de gás carbônico, associado a

decomposição da palha (LIMA, 2010).

Os aspectos legais diretamente envolvidos tomaram dimensão maior para a indústria

da cana-de-açúcar quando foram publicadas duas leis no Estado de São Paulo. A Lei nº

10.547, de 02 de maio de 2000, que regulamenta os procedimentos da queimada da palhada

da cana e a Lei nº 11.241, de 19 de setembro de 2002, que dispõe sobre a eliminação

gradativa da queima. Estas medidas corroboram para o aumento dos índices de mecanização

da colheita, resultando em impactos significativos sobre o meio ambiente, a questão do

emprego neste setor e sobre a economia regional.

Como opção ao impacto decorrente da atividade sulcroalcooleira está em implantação

à produção mecanizada, mas esta prepondera em áreas de topografia favorável e em locais

onde há problemas relacionados com a mão de obra conforme Braunbeck et al. (2008), ou

ainda, quando existem legislações específicas e que cobradas, são colocadas em prática por

este segmento industrial.

Outras oportunidades no âmbito ambiental, econômico e legal também surgem para o

segmento sulcroalcooleiro. Tendo em vista o crescimento das necessidades de energia no

Brasil e as demandas ambientais decorrentes da produção do bagaço da cana-de-açúcar, existe

a possibilidade da cogeração nas usinas e a geração de energia excedente mediante a queima

de biomassa obedecendo aos padrões legais de emissão.

Segundo Montinni (2010) no ano de 2009 13% da energia consumida no Brasil foi

gerada a partir do bagaço da cana, o que representa oportunidades significativas de uma

demanda crescente, com a possibilidade de novas plantas para a geração da bioeletricidade, já

que no período de colheita de cana os níveis dos reservatórios hídricos estão mais baixos.

A introdução da mecanização representa a redução de postos de trabalhos ligados

especificamente, a colheita, mas abre novos caminhos para que sejam desenvolvidas

capacitações a categoria funcional mais afetada. Esta situação representa a chance de poder

retirar trabalhadores de condições subumanas, em condições precárias de ergonomia, expostos

ao intemperismo, a temperaturas extremas, a contaminação por inalação de particulados e,

principalmente, de um trabalho degradante. Geram expectativas otimistas para empregados,

que mediante o seu labor, farão jus a remuneração e a saúde ocupacional que a legislação

brasileira assegura.

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2.7 ESTUDOS SOBRE COMPORTAMENTO DOS POLUENTES CO E CO2 NA

ATMOSFERA

A busca em saber mais sobre os processos que envolvem a poluição atmosférica e sua

circulação aparece em pesquisas analisando cidades, megalópolis e regiões, como Curitiba

(DANNI-OLIVEIRA, 2003); México (MOLINA et al 2006); São Paulo e Rio de Janeiro

(GOUVEIA et al 2003) e China (NAM et al 2010).

Carvalho (2001) estudou o clima urbano de Natal, observando em sua dissertação, as

características da atmosfera urbana da cidade, a composição do ar e as influências entre

meteorologia urbana e a poluição atmosférica.

A tecnologia do uso do satélite para as medições de CO foi discutida por Souza

(2007). O autor mostrou o satélite AQUA possui um sondador avançado de radiação

infravermelha operacional, o “Atmospheric Infrared Sounder –AIRS” (com 2378 canais),

lançado em maio de 2002. Atualmente, a Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais do

Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (DSA/CPTEC/INPE) recebe o fluxo de

dados do sistema de sondagem do AQUA. Além disso, o modelo de inversão da NASA

(SUSSKIND et al, 2003) que faz inferência de perfis atmosféricos de temperatura, umidade e

da concentração de alguns gases de efeito estufa também se encontra instalado na DSA. Essas

estimativas podem ser encontradas no endereço eletrônico da Divisão:

<http://satelite.cptec.inpe.br/saude.htm>.

Miguel (1992) fez uma abordagem sobre a poluição urbana, com enfoque especial nas

emissões por fontes móveis de veículos em São Paulo. O autor trata principalmente sobre a

questão dos aerossóis.

Como os estudos de impacto ambiental são necessários as empresas potencialmente

causadoras de poluição (SÁNCHEZ, 2006), os órgãos responsáveis têm exigido a utilização

da modelagem enquanto técnica de análise de comportamento da poluição atmosférica.

Gourdji et al (2010) estudou o comportamento dos fluxos de CO2 na América do Norte e Nam

et al, (2010) desenvolveu pesquisa em movimentação entre Estados Unidos e Ásia.

Os estudos que envolvem a circulação atmosférica e a região amazônica são de

interesse da comunidade que pesquisa a circulação atmosférica global e, para o caso do estudo

sobre os poluentes CO e CO2 em Maxaranguape, em função do trabalho publicado por

Munger et al ( 2008), onde relaciona os dois ambientes.

Arana (2009) em sua dissertação sobre a composição elementar do aerossol

atmosférico em Manaus e Balbina identifica os processos atmosféricos que atuam na

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determinação da composição química das partículas de aerossóis, como o transporte de longa

distância de poeira do deserto do Saara e aerossol marinho, as emissões biogênicas durante a

estação chuvosa e as emissões de queimadas mais pronunciadas durante a estação seca. Nesta

dissertação foi estudada a composição elementar dos aerossóis atmosféricos, comparando medidas

similares entre Manaus e Balbina e identificando seus componentes principais.

A movimentação do monóxido e dióxido de carbono, sua influência nos locais e

possíveis processos antropogênicos associados são estudados pela comunidade científica

(FENG et al 2010; MUNGER et al 2008; GALLON et al 2006; OLIVEIRA et a, 2006;

PAVÃO et al 1997; SILVA JÚNIOR et al 2004; AIRES et al 2001) entre localidades

distintas, estabelecendo assim análise de comportamento, que serão descritas a seguir.

Feng et al (2010) efetuou estudo de fluxos de CO2 na superfície usando dados de

satélite em todo o globo terrestre.

Munger et al (2008) desenvolveu trabalho em Santarém (PA) e Maxaranguape (RN),

observando o comportamento dos gases CO e CO2 , verificando influências da queima na

composição atmosférica.

Gallon et al, (2006) avaliou o fluxo e perfil de dióxido de carbono no dossel uma

floresta tropical de transição amazônica, noroeste de Mato Grosso mediante a observação de:

(a) as trocas líquidas do fluxo de CO2 por meio de uma torre base com sistema de correlação

de vórtices turbulentos, (b) o perfil de concentração de CO2 e (c) o número de variáveis que

influenciam as trocas líquidas de CO2 nas estações úmida e seca.

Oliveira et al (2006) estudou as trocas de energia e fluxo de carbono entre a vegetação

de caatinga e atmosfera em Petrolina (PE) e observou que o ecossistema atua como

sumidouro de CO2 no início da estação seca, quando o solo ainda contém umidade decorrente

da estação chuvosa anterior, bem como na estação chuvosa. Já no final da estação seca,

quando os estômatos se fecham e há uma redução significativa no folhedo em função do

déficit hídrico, a taxa de fotossíntese torna-se nula e o sistema passa a atuar como fonte de

CO2.

Estudos similares foram desenvolvidos por Pavão et al (1997) e Aires et al (2001).

Tais pesquisas tratam de medições de CO a bordo de um avião, para caracterizar a

distribuição das concentrações numa região em que se observou um processo especial de

transporte das massas de ar, que pode levar o produto das queimadas para regiões de pouca

queima. Os locais estudados foram os estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná.

Silva Júnior et al (2004) efetuou medidas de concentração de dióxido de carbono

(CO2) em uma área de pastagem no município de Ouro Preto do Oeste/RO (Fazenda Nossa

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Senhora Aparecida). Mediante comparações entre a concentração de CO2 e variáveis

meteorológicas discutiu explicações para o ciclo diário da concentração de CO2, onde existe

uma relação entre a baixa velocidade do vento noturno e a concentração de CO2 que alcança

valores superiores a 800 ppmv.

Já Bolzan (2004) efetuou um estudo sobre características do subdomínio inercial da

turbulência desenvolvida em escoamento acima e dentro da copa da floresta amazônica de

terra firme e acima do pantanal matogrossense concluindo, mediante análise das funções de

distribuição de probabilidade (PDFs) dos incrementos de velocidade e temperatura, que nas

pequenas escalas de escoamento, as PDFs afastam-se consideravelmente da distribuição

Gausiana.

Os temas que envolvem o comportamento da poluição e dispersão de uma fonte

específica foram discutidos por Fruehalf e Bruni (1990) e Pichia (1990).

Os ventos foram assunto de abordagem para o comportamento, direção e intensidade.

Eles foram discutidos por autores que mostram também os subsídios para os cálculos

envolvidos, onde foram consultados Lum e Lam (2000), Martins et al (2008), Sansigolo

(2005) e Silva (1999).

Quanto à associação das emissões veiculares e os poluentes atmosféricos os autores

consultados para atualização das informações do Rio Grande do Norte: Fernandes (2009),

Brito (2005), Alves et al (2009). Para outros centros urbanos foram analisados: Murel e

Szwarc (1989), Gouveia et al (2003), Miranda et al (1994), Saldiva et al (1995) e Oliveira

(1989).

Os fenômenos que envolvem o clima e a meteorologia e seu relacionamento com a

poluição foram pesquisados por Forsdyke (1970) e Thompson (1977), mostrando os

fenômenos das frentes climáticas e a oscilação das temperaturas.

As técnicas que foram utilizadas nos estudos e lugares mencionados serviram para o

embasamento e, juntamente com o conhecimento dos requisitos legais, complementaram o

conhecimento apreendido para a realização da pesquisa a que nos propomos.

Quanto ao município de Maxaranguape, as informações sobre influência da brisa

marítima e ventos da região, Marani (2003) discorre sobre as contaminações urbanas e massas

de ar vindas do Atlântico.

Observa-se, portanto que os estudos envolvendo a movimentação dos poluentes

atmosféricos CO e CO2 têm despertado o interesse da comunidade científica, de modo a

buscar o entendimento de como os fenômenos ocorrem e quais os seus desdobramentos na

escala local e global.

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Em cada local, entretanto, ocorre legislação específica que pode ir ao encontro das

questões ambientais ligadas a poluição, razão porque a legislação brasileira será objeto de

algumas considerações que se julga importante quanto ao entendimento do estágio atual do

CO e CO2 na atmosfera pesquisada.

2.8 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ALUSIVA A POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

O Brasil possui legislação ambiental que define sua Política Nacional de Meio

Ambiente mediante a Lei Federal nº 6.938, de 31/08/81, conceituando poluição como a

degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem - estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos

Os padrões de definição quanto aos níveis ou limites aceitáveis foram estabelecidos na

RESOLUÇÃO CONAMA (BRASIL, 1990 p. 15.937) como sendo: “as concentrações de

poluentes atmosféricos que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde, a segurança e o bem-estar

da população, bem como ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente

em geral.” Esta resolução nos diz que “poluente atmosférico é qualquer forma de matéria ou

energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em

desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar:

I - impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;

II - inconveniente ao bem-estar público;

III - danoso aos materiais, à fauna e flora.

IV - prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da

comunidade.

A RESOLUÇÃO CONAMA (BRASIL, 1990) também estabelece que Padrões

Primários sejam as concentrações de poluentes que ultrapassadas, poderão afetar a saúde da

população. Já os Padrões Secundários são as concentrações de poluentes abaixo das quais se

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prevê o mínimo de efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o mínimo de

dano a fauna, a flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral.

Quanto ao monóxido de carbono, o seu padrão primário e secundário deve ser de:

1- concentração média de 8 (oito) horas de 10.000 (dez mil) microgramas por metro cúbico de

ar (9 ppm), que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.

2 - concentração média de 1 (uma) hora de 40.000 (quarenta mil) microgramas por metro

cúbico de ar (35 ppm), que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.

A Legislação ambiental brasileira em sua Resolução CONAMA (BRASIL, 1990)

atribui aos estados da União o estabelecimento de ações para divulgar os níveis de qualidade

do ar “por qualquer dos meios de comunicação em massa”.

Outras providências legais foram adotadas pelo poder público. O governo federal

brasileiro estabeleceu ainda a Lei 12.187, de 29 de dezembro de 2009 a Política Nacional

sobre Mudança do Clima, que envolve as emissões atmosféricas em uma área específica e

num determinado período.

2.9 O PROTOCOLO DE KIOTO E OS PROJETOS BRASILEIROS PARA O SEQUESTRO

DE CARBONO

Para o desenvolvimento de alternativas que viabilizem medidas que permitam a

redução dos atuais níveis de emissão dos gases formadores do efeito estufa (GEE), dentre os

quais o CO2, os países se reúnem desde 1995 realizando as Conferências das Partes (COP).

Em 1997, na cidade de Kioto no Japão, foram definidas metas para redução das emissões e

estabelecidos os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), que consiste em que cada

tonelada de CO2 equivalente retirada de um país em desenvolvimento poderá ser negociada no

mercado, o que representa uma alternativa para redução das emissões mundiais dos GEE.

Os projetos de reflorestamento e/ou florestamento dentro do MDL poderão

desempenhar um papel relevante no mercado de carbono (Rocha, 2006).

Duas propostas exitosas são estudadas por Teixeira et al, (2009), sendo uma na usina

Vale do Rosário (SP, Brasil), mediante a geração de energia elétrica e vapor de processo e

outra na Tailândia, com a geração de energia oriunda de palha de arroz. Ambas, mediante o

uso de biomassa, demonstraram as potencialidades das conversões energéticas.

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Outra contribuição significativa viável para o Brasil é diminuição do uso de

combustíveis fósseis em sua matriz energética mediante a utilização dos biocombustíveis.

Segundo La Torre et al, (2010), retirando as alterações do uso do solo, o etanol brasileiro

derivado da cana-de-açúcar pode reduzir as emissões dos GEE em cerca de 70 a 90% e o

biodiesel em até 60%, ambos percentuais em relação a gasolina.

A opção pelo uso do MDL e a redução das emissões atmosféricas com medidas

adotadas pelo governo federal brasileiro são alternativas que buscam atender as questões

ambientais sem esquecer os aspectos econômicos envolvidos.

Em suma, sem intentar esgotar todas as dimensões que envolvem os poluentes

atmosféricos CO e CO2 foram discorridos os assuntos que se espera abranger os pontos

chaves que marcam a questão em pesquisa por esta dissertação.

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3 ARTIGO 1: ESPACIALIZAÇÃO DO MONÓXIDO DE CARBONO NO NORDESTE

BRASILEIRO1

1 O artigo 1 obedece as normas da publicação da revista Geografia (Londrina),cujas normas estão

localizadas no final deste documento. A revista Geografia (Londrina) é Qualis B2.

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ESPACIALIZAÇÃO DO MONÓXIDO DE CARBONO NO NORDESTE

BRASILEIRO

Cleuber Dias Pereira 2

Fernando Moreira da Silva3

RESUMO

O monóxido de carbono é um gás incolor, inodoro, não-irritante, insípido e onipresente na

atmosfera, podendo evidenciar a ação antrópica no meio ambiente. Assim, o artigo tem como

objetivo avaliar a intensidade e espacialização do monóxido de carbono no Nordeste do

Brasil. Os dados foram adquiridos junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/INPE,

no período de Janeiro e Fevereiro de 2011. Como metodologia fez-se uso da função de

espacialidade e intensidade de Kernel, associado com técnicas da estatística inferencial. Os

resultados mostraram a emissão por queima de biomassa, veicular e urbano-industrial

individualmente. Em Janeiro foram os maiores emissores os estados de Alagoas, Piauí e

Maranhão, com a Bahia assumindo como terceiro maior emissor em Fevereiro. Espacialmente

os resultados apontaram maiores concentrações predominando em ambos os meses na área

central de Pernambuco, centro sul da Paraíba e centro-oeste de Alagoas. A pesquisa sugere

como forte contribuinte das concentrações espacializadas as emissões decorrentes da prática

das queimadas na agroindústria da cana-de-açúcar que é plantada em 48, 6% da Região e

baixa contribuição das fontes antrópicas veiculares.

Palavras-chave: Monóxido de carbono; Nordeste do Brasil; Poluição.

SPATIALLY CARBON MONOXIDE IN THE NORTHEAST BRAZIL

ABSTRACT

Carbon monoxide is a colorless, odorless, non-irritating, tasteless and ubiquitous in the

atmosphere, to accentuate the human action on the environment. Thus, the paper aims to

evaluate the intensity and spatial distribution of carbon monoxide in the Northeast of Brazil.

Data were acquired by the National Institute for Space Research, INPE, during January and

February 2011. The methodology was made use of function space and kernel intensity,

coupled with techniques of statistical inference. The results showed the emission by biomass

burning, urban industrial and vehicular individually. In January were the largest emitters

states of Alagoas, Piauí and Maranhão, Bahia taking as the third largest emitter in February.

Spatially, the results showed higher concentrations prevailing in both months in the central

area of Pernambuco, Paraiba and central and southern Midwest of Alagoas. Research suggests

a strong contributor Merger spatialized emissions from the practice of burning sugarcane

industry-cane is planted in 48, 6% of the Region and lower contribution from anthropogenic

sources vehicle.

Keywords: Carbon monoxide; Northeastern Brazil; Pollution.

2Aluno do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]. (Av. Ayrton Senna, 1993, Capim Macio, CEP 59.080-100, Natal, RN) 3 Professor do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. E-mail:[email protected]

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Introdução

Presente desde os primórdios do planeta Terra o CO (monóxido de carbono) é um

gás incolor, inodoro, não-irritante, insípido e onipresente na atmosfera, podendo evidenciar a

ação antrópica no meio ambiente em função da sua produção endógena durante o catabolismo

normal da hemoglobina, ou ainda pela prática do tabagismo pelos seres humanos.

A produção do CO pode ser decorrente da queima de combustíveis fósseis ou

biomassa, da oxidação do CH4 (metano) ou outros hidrocarbonetos (HOLLOWAY et al

2000), pode ser decorrente da emissão vegetal de um sub produto metabólico, ser oriunda da

oxidação de matéria orgânica na superfície dos corpos d’água, ser de superfície do solo, de

origem vulcânica ou ainda ser gerado indiretamente a partir da oxidação fotoquímica de

metano e outros VOCs (compostos orgânicos voláteis) na atmosfera (EPA, 2009).

Stremme et al, (2009) em estudo desenvolvido na Cidade do México concluíram

que o monóxido de carbono é um importante poluente das aglomerações urbanas. De acordo

com Saurer et al. (2009), o CO possui como característica a reação mais lenta na atmosfera

quando comparado com a maioria dos outros poluentes e pode, portanto, ser usado como um

indicador global para as atividades humanas relacionadas às emissões provenientes da

combustão. Esta particularidade faz do CO um importante reagente nas áreas remotas e nas

áreas urbanas, o que influencia a capacidade de oxidação da troposfera, desempenhando o

expressivo papel de sumidouro de OH (DOMMEN et al., 2002).

Segundo Barret et al, (2005) e Halland et al, (2009), o monóxido de carbono é um

precursor para a formação de ozônio troposférico. Este fator influencia as diferenças na

qualidade do ar (BARRET et al, 2005), representa perigo para a saúde humana (FORSTER et

al 2007) e é assunto que desperta a atenção da comunidade científica, já que a movimentação

de transporte de longas distâncias de poluentes atmosféricos foram evidenciados por

pesquisas. (ANDREAE, 1983; KIRCHHOFF ; NOBRE, 1986; REICHLE et al 1986;

FISHMAN et al 1990; DUNCAN ; BEY, 2004; FORSTER, et al 2007).

Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), a população mundial

estava em 2005 com 6,5 bilhões de habitantes que, em 49% adotaram as áreas urbanas para

sua moradia, perfazendo uma densidade populacional urbana de 906 pessoas por Km2 (ONU,

2008).

No Brasil o recenseamento demonstrou que a população passou de 169.799.170

em 2000 para 190.732.694 habitantes em 2010, sendo que residem na área urbana 84,35%

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pessoas e ainda que 29,28% da população está concentrada em municípios acima de 500.000

habitantes (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2010).

Acompanhando a elevação das concentrações populacionais nos grandes centros

urbanos, as emissões atmosféricas também sofreram alterações, principalmente as de origem

pirogênica, com elevadas contribuições das queimadas e gases decorrentes da combustão

oriundos das fontes móveis e estacionárias.

A Região Nordeste do Brasil possui três entre as dez cidades mais populosas do

país, com ênfase para Salvador (3ª), Fortaleza (5ª) e Recife (9ª) (IBGE, 2011), o que poderá

representar agravamento dos problemas decorrentes da urbanização (GRIMMOND, 2007) no

local em função de uma maior emissão percapta de poluentes e, em conseqüência, seus

possíveis desdobramentos socioambientais.

Símbolo de status eleito e massificado, o automóvel passou a ser o bem posicional

mais cobiçado para diferenciar-se do vizinho, numa sociedade que levou aos extremos as

desigualdades sociais e gerou fluxos de comércio que se beneficiam das disparidades abissais

de salários (SACHS, 2007).

Para uma parcela da população brasileira, o carro deixou de ser o sonho de

consumo com a adoção de medidas do Governo Federal em frente à crise econômica mundial

estabelecida no fim da primeira década do século XXI. O Brasil assistiu ao aumento da frota

automobilística (DENATRAN, 2011).

Programas exitosos do governo brasileiro destinados a deter a poluição veicular

como o PROCONVE (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) e

o PROMOT (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Similares)

possibilitaram mudanças significativas nas emissões atmosféricas veiculares até 2010 (MMA,

2011). Associada ao aumento da frota ocorreu à admissão de veículos automotores em novos

espaços geográficos, podendo sugerir prováveis impactos ambientais decorrentes da inserção

das emissões atmosféricas.

Por outro lado, o Brasil possui diferentes características edafoclimáticas em suas

regiões, predominando na Região Nordeste um frágil ecossistema, a Caatinga. Explorado à

ação da prática agrícola e pecuária, atividades que promovem a retirada da vegetação, a lenha

tem uso diversificado enquanto fonte de energia.

Segundo Garda (1996), a Caatinga tem os seus solos submetidos a intenso

processo de desertificação em decorrência da prática das queimadas e substituição da

vegetação natural por culturas irrigadas. A prática da irrigação adotada na região aparece

associada problemas ambientais críticos como: salinização dos perímetros irrigados, erosão

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dos solos, assoreamento de rios pela eliminação da mata ciliar, desequilíbrio ecológico e

contaminação das águas dos rios pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, produção de grande

quantidade de resíduos orgânicos (SILVA et al 2004), fragmentação da vegetação

remanescente e perda da biodiversidade (LORENTZEN; AMARAL, 2002).

Mediante a transformação na paisagem o relacionamento entre as espécies pode

ser afetado e levar a um desequilíbrio ecológico, impactando assim as espécies endêmicas do

bioma Caatinga, uma vez que as espécies endêmicas têm maior susceptibilidade à mudança de

seus domínios (CHAPLIN et al 2000).

Nos estudos científicos de Coimbra-Filho e Câmara estão evidenciados que os

remanescentes da Mata atlântica registram a ação antrópica, que fez com que a diversidade e

exuberância dos vegetais fossem continuadamente alterados com resultados negativos. Logo:

O estado atual da flora no Nordeste é principalmente, portanto, decorrência

dos desatinos cometidos pelo homem desde o descobrimento do país em 1500,

período em que foi destruída a quase totalidade dos ecossistemas silvestres

primários dessa parte do Brasil, passando tais espaços a serem ocupados por

formas xerófitas peculiares, que vêm se expandindo em toda região, cada dia

mais árida. (COIMBRA-FILHO E CÂMARA, 1996, p.13).

A introdução da cultura da cana-de-açúcar (Saccharum spp) no Nordeste remonta

aos primeiros anos do Brasil, e enquanto monocultura provocou o despertar da ganância do

colonizador que conforme Castro (1946) se apoderou do solo e se imbuiu em plantar cana

extensivamente a fim de se produzir sempre mais açúcar.

Já para Galeano, a Região Nordeste anteriormente fértil, rica em húmus e matas tropicais que

se estendiam da Bahia até o Ceará sofreu com profundas transformações:

onde tudo germinava com exuberante vigor, o latifúndio açucareiro, destrutivo

e avassalador, deixou rochas estéreis, solos lavados e terras erodidas. [...] Os

incêndios que abriram terras aos canaviais devastaram a floresta e com ela a

fauna; desapareceram os cervos, os javalis, as toupeiras, os coelhos, as pacas e

os tatus. O tapete vegetal, a flora e a fauna foram sacrificadas, nos altares da

monocultura da cana-de-açúcar. A produção extensiva esgotou rapidamente os

solos (GALEANO, 2004, p. 74).

Para a realização da colheita manual da cana-de-açúcar é utilizado o método

antigo de queima das palhas e ponteiros do vegetal, para que sejam retirados possíveis insetos

e animais peçonhentos, diminuindo o risco de acidentes e facilitando a atividade dos

cortadores (THORBURN et al., 2001). Estas emissões geradas no processo agrícola se somam

às outras das usinas sulcroalcooleiras, que utilizam a combustão das fibras do bagaço da cana

(TEIXEIRA et al, 2008), gerando emissões significativas de monóxido de carbono

(ECHAVARRIA; WHALEN, 1991).

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Ao considerar as diversas realidades históricas vivenciadas pela Região Nordeste

e a emergência das questões ambientais vivenciadas pela sociedade moderna, nos cabe

perguntar: como se distribui as emissões de monóxido de carbono nesta região?

Nesse contexto, o artigo em epígrafe tem como objetivo analisar a

“Espacialização do monóxido de carbono no Nordeste brasileiro.”

Materiais e métodos

Para desenvolvimento da pesquisa foram coletados os dados de emissão de

monóxido de carbono nos meses Janeiro e Fevereiro de 2011, informações que se encontram

livremente disponíveis no site do CPTEC/INPE na base operacional

<meioambiente.cptec.inpe.br>.

A população dos estados da Região Nordeste foi pesquisada no site do IBGE,

endereço eletrônico <ibge.gov.br/estados>.

O território da Região Nordeste compreende uma área de 1.554,3 mil km²,

correspondentes a 18,3% do Brasil. Política e administrativamente, o Nordeste é formado por

nove Estados e 1.793 municípios. Fazem parte da região os Estados do Maranhão, Piauí,

Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, onde reside

uma população de 53.078.137 habitantes, distribuídos conforme a TABELA 1.

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TABELA 1 - Estados, áreas (Km2) e populações (hab.) da Região Nordeste do Brasil.

Estados Área (Km2) População (hab.)

MA 331.935,51 6.569.683

PI 251.576,64 3.119.015

CE 148.920,54 8.448.055

RN 52.810,70 3.168.133

PB 56.469,47 3.766.834

PE 98.146,32 8.796.032

AL 27.779,34 3.120.922

SE 21.918,35 2.068.031

BA 564.830,86 14.021.432

Nordeste 1.554.300,00 53.078.137

Fonte: IBGE, 2010

Concernente as estimativas de emissões de Monóxido de Carbono ocorridas no

Nordeste do Brasil por estado, elas podem ser vistas na TABELA 2:

TABELA 2 - Estimativas mensais de emissão de Monóxido de Carbono [ton]

por queimadas e fontes urbano/industriais nos meses de Janeiro e Fevereiro de

2011

Estados

Concentrações Janeiro

Concentrações Fevereiro

BA 281590 169899

PE 161312 83735

MA 149724 61346

CE 111691 58055

AL 75479 42591

PI 72814 33895

PB 57754 29906

RN 43617 21166

SE 23438 13189 Fonte: CPTEC – INPE.

Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizadas técnicas da estatística

espacial, análise de Kernel, objetivando verificar o comportamento do CO, sua de intensidade

e distribuição ao longo da região Nordeste do Brasil.

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Segundo Druck et al., (2004), o estimador de intensidade Kernel é muito útil para

fornecer uma visão geral de primeira ordem dos eventos, representando assim uma alternativa

par analisar o comportamento dos padrões dos pontos em estudo.

O estimador Kernel (K), é um estimador probabilístico não paramétrico, que se

baseia na ordem dos dados. A suavização da superfície analisada é efetuada calculando a

densidade de cada área, através da interpolação, sem modificar as características e

variabilidade dos dados. Temos:

Onde:

K(x) = Função Kernel de área unitária

h = Parâmetro de alongamento (suavização)

N = Número de pontos observados (concentração)

Resultados e discussão

A FIGURA 1 evidencia a concentração de monóxido de carbono (CO), no mês de

janeiro de 2011, para todos os estados da Região Nordeste na qual observamos

preponderância dos estados de Alagoas e Piauí, seguindo como terceiro maior emissor o

estado do Maranhão.

FIGURA 1 - Concentrações do CO(ppm) em Janeiro de 2011

Quanto ao mês de fevereiro, as concentrações maiores evidenciam-se nos estados

de Alagoas, Bahia, e Piauí, conforme a FIGURA 2.

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FIGURA 2 - Concentrações do CO(ppm) em Fevereiro de 2011

Em Alagoas, os valores de teor se sobressaem aos demais em Janeiro e Fevereiro.

Ocorrem neste estado a presença dos terrenos solos cristalinos, tabuleiros planos e a mata

alagoana, onde o homem povoa a mais de três séculos, usando os largos interflúvios que, em

superfície ligeiramente inclinada de oeste para leste, apresentam uma altitude que varia entre

120 e os 60 m acima do nível do mar (ANDRADE, 1986).

Quando comparadas as concentrações de monóxido de carbono apresentam

variações e apresentaram reduções de Janeiro para Fevereiro, podendo ser comparados o

comportamento dos teores mediante as FIGURAS 3A e 3B:

FIGURA 3A - Análise de teor de CO (Jan/ 2011)

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FIGURA 3B - Análise de teor de CO (Fev/2011)

No mês de janeiro de 2011, exceção ao teor de Alagoas, destacam-se os estados

do Piauí, Maranhão e Bahia, localizados na ocidental da Região Nordeste. O estado do

Maranhão apresenta teor que se aproxima do Piauí, segundo maior valor com 32 (PPM).

Já para o mês de fevereiro de 2011, exceção ao estado de Sergipe e posteriormente

o Rio Grande do Norte, os teores obedecem as maiores concentrações no sul, decrescendo no

sentido norte, com destaque para o Piauí, que mediante a sua localização a centro oeste do

nordeste, mantêm-se entre os três maiores teores.

Quanto à distribuição do CO envolvendo as respectivas unidades da federação

brasileira, o índice de massa de CO, que nos fornece a relação em tonelada por Km2. No mês

de Janeiro os resultados aparecem na FIGURA 4 abaixo:

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FIGURA 4 - Índice de Massa do CO(ppm) em Janeiro/ 2011 no Nordeste do Brasil

Nota-se que quando consideramos a distribuição por área dos estados nordestinos

ocorrem maiores valores para os estados do meio leste, com valores acentuadamente maiores

para Alagoas, seguido por Pernambuco, Sergipe e Paraíba, todos alinhados na mesma porção

espacial.

Já quanto ao mês de Fevereiro observa-se alterações na distribuição do Índice de

Massa, entretanto, a ordem dos índices permaneceu inalterada conforme a FIGURA 5.

FIGURA 5 - Índice de Massa do CO(ppm) em Fevereiro/ 2011 no Nordeste do Brasil

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Considerando-se o homem enquanto gerador de emissões de CO, os respectivos valores

foram distribuídos pela população existente em cada estado para que pudessem ser observadas as

concentrações por habitante. Na FIGURA 6 podemos observar a distribuição em Janeiro/2011.

FIGURA 6 - Índice de Distribuição de Carbono por Pessoa (Kg/hab) em Janeiro/ 2011 no

Nordeste do Brasil

As emissões do monóxido de carbono são evidenciadas com os maiores valores

para Alagoas, que embora com população de 3.120.922 habitantes, ocupando o sétimo lugar

quanto a população do Nordeste, mostra-se nos meses de Janeiro e Fevereiro como o de maior

IDCP (Kg/hab). Já no mês de Fevereiro o estado da Bahia, que possui a maior população

dentre os nove estados (14.021.432 hab.) assume o lugar do Piauí, que permanece entre os três

maiores IDCP (Kg/hab), alterações podem ser observadas na FIGURA 7:

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FIGURA 7 - Índice de Distribuição de Carbono por Pessoa (Kg/hab) em Fevereiro/ 2011 no

Nordeste do Brasil

Mediante a análise por Kernel as densidades das concentrações de CO envolvidas

demonstraram a relação de envolvimento espacial por toda a Região, evidenciando os pontos

de maior confluência do poluente.

O comportamento regional do monóxido de carbono em Janeiro de 2011 pode ser

observado na FIGURA 8, onde sobressaem três núcleos com concentrações: a) Leve, no

centro da Bahia; b) Média, no sudeste do Maranhão, divisa com o Piauí; c) Máxima, em uma

faixa contínua que atinge concentrações expressivas a partir do noroeste de Sergipe, se

intensificando na parte ocidental de Alagoas, área central de Pernambuco e centro-sul da

Paraíba. O núcleo de intensidade máxima está centralizado e possui maior extensão no estado

de Pernambuco. Este núcleo (c), ainda atinge a porção sudoeste do Rio Grande do Norte,

sudeste do Ceará e nordeste da Bahia, porém já com concentrações médias. A porção de

intensidade máxima visualmente destacada nos estados da Paraíba, Pernambuco e Alagoas,

localiza-se no semiarido do Nordeste Brasileiro.

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FIGURA 8 - Análise por Kernel de CO em Jan/2011.

No mês de Fevereiro (FIGURA 9) ocorreram discretas modificações em relação a

Janeiro, não alterando o posicionamento, mas sim as concentrações detectadas. Os três

núcleos mostram-se com concentração: a) Leve, no centro da Bahia; b) Leve, no sudeste do

estado do Maranhão, divisa com o Piauí; c) Máxima, no noroeste de Sergipe, parte ocidental

de Alagoas, área central de Pernambuco e centro-sul da Paraíba, preservando as

concentrações médias no sudoeste do Rio Grande do Norte, sudeste do Ceará e nordeste da

Bahia. Observa-se ainda que a diminuição da intensidade em (b) reduziu a tênue ligação entre

as baixas concentrações de (b) e (c).

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FIGURA 9 - Análise por Kernel de CO em Fev/2011.

A TABELA 3 mostra o comportamento da safra da produção da cana-de-açúcar,

veículos e o índice de massa CO(ton/Km^2), em ordem decrescente, apresentando os estados

de Alagoas em primeiro, segundo Pernambuco e em terceiro a Paraíba como maiores

produtores de cana-de-açúcar do Nordeste do Brasil.

TABELA 3 - Dados comparativos da produção na safra 2008/2009, veículos nas capitais dos

estados e o Índice de massa de CO (ton/Km^2).

Estados Safra (ton/ano) Veículos

Indice massa de CO(ton/Km^2))

Alagoas 27309285 209473 2,7

Pernambuco 18949518 502723 1,7

Paraíba 5885978 234972 1

Rio G. do Norte 3186768 282319 0,8

Bahia 2541816 656618 0,5

Maranhão 2280160 253074 0,4

Sergipe 1831714 209186 1,2

Piauí 900181 287880 0,3

Ceará 122355 723355 0,8

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Fez-se uso da estatística inferencial, correlação de Pearson. a fim de verificar o

grau de relação entre o índice de massa de CO versus cana de açúcar (0,926489), enquanto

entre o índice de massa de CO e a quantidade de veículos foi de 0,24041.

Os resultados obtidos por correlação linear nos permitiu abordar uma análise de

tendência, por regressão de primeira ordem. Assim, o modelo analítico e linear encontrado é

dado por:

IMCO = 7E-08.CA + 0,5117 com R2 = 0,8584

O coeficiente de determinação (R2) demonstra que o modelo tem boa aceitação e

pode representar a relação entre a produção da cana-de-açúcar e as emissões do monóxido de

carbono no mês de Janeiro de 2011 (FIGURA 10).

FIGURA 10 - Comportamento da produção sulcroalcooeira

y = 7E-08x + 0,5117

R2 = 0,8584

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

0 5000000 10000000 15000000 20000000 25000000 30000000

Série1

Linear (Série1)

Já quando efetuamos a correlação (FIGURA 11) para a contribuição da frota

veicular nos estados nordestinos analisados, temos:

IMCO = -9E-07CR + 1,3754 com R2 = 0,0578

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FIGURA 11 - Comportamento da evolução da frota automobilística nas capitais do NE

y = -9E-07x + 1,3754

R2 = 0,0578

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

0 200000 400000 600000 800000

Indice de massa de

CO(ton/Km 2̂))

Linear (Indice de massa de

CO(ton/Km 2̂)))

O valor obtido para a correlação entre a frota existente e o índice de emissão

indica a pouca relação entre si dos dois parâmetros analisados, fato que sugere ser decorrente

das medidas até agora implantadas pelo poder público, uma vez que a frota que está sendo

acrescida a anterior é nova e obedece aos parâmetros estabelecidos para os fabricantes

automotivos.

As contribuições da indústria sulcroalcooeira foi considerada significativa e pode

ser melhor compreendida pela distribuição do cultivo da gramínea (FIGURA 12), que se

estende por boa parte da Região Nordeste.

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FIGURA 12 - Distribuição da produção da cana-de-açúcar em 2008. Fonte IBGE 2008

Considerando as condições edafoclimáticas da região que concentra as grandes

concentrações de CO observamos que é a área que sofre a ação de zonas de alta pressão,

contribuindo de forma significativa para baixas precipitações, principalmente, sofre a ação da

circulação dos sistemas sinóticos.

Segundo Silva et al (1999), os sistemas sinóticos atuantes no Nordeste do Brasil

que são: as Frentes Frias (FF), a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), as Ondas de

Leste (WE), Vórtice Ciclônico da Alta Troposfera (VCAT), Linha de Instabilidade (IT) e os

Anticiclones Subtropicais do Atlântico (ASA). Dentre os sistemas sinóticos, somente o ASA

inibe a ocorrência de chuvas na região.

O relevo nordestino conta com dois extensos planaltos, respectivamente

Borborema e bacia do rio Parnaíba e áreas altas que formam as Chapadas da Diamantina e do

Araripe e entre essas regiões ficam as depressões em que se localizam os sertões

(CAVALCANTI, 2009).

A influência da circulação atmosférica agregada ao fator da topografia foi

observada na região em estudo. Quando observamos o comportamento das correntes a

barlavento, verificamos que as correntes sobem e, mediante a condensação das nuvens,

provoca precipitações. Já quanto as correntes a sotavento verificamos o inverso, mantendo a

intensidade dos ventos nos níveis da depressão sertaneja, o que sugere favorecer a

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concentração dos poluentes nos locais de mais baixa altitude.

O Raso da Catarina, bacia sedimentar que possui como limite natural

geomorfológico a norte, oeste e leste a Depressão Sertaneja Meridional, e uma ponta nordeste

limitam com o Planalto da Borborema e a parte sul com o Recôncavo Baiano, na Zona da

Mata. Trata-se de aspectos topográficos que sugerem contribuir para o do acúmulo do CO

nessas regiões destacadas nos mapas.

Por outro lado, na costa litorânea da Região Nordeste do Brasil recebe a influência

dos ventos alísios (NIMER, 1989; CAVALCANTI et al 2009), localizam-se as capitais dos

estados e também as áreas de maior número de habitantes (IBGE/2011), entretanto, as

maiores concentrações (FIGURAS 9 e 10) não se posicionam na região litorânea.

A disposição apresentada (FIGURAS 9 e 10), utilizando Kernel, nos mostra a

compatibilidade espacial dos pontos que, entretanto sofrem a ação da circulação dos ventos

nas altitudes superiores, provocando arraste do monóxido de carbono para as zonas de

depressão.

Verifica-se também no período de Janeiro e Fevereiro de 2011, não foi observada

a ocorrência de precipitações nas regiões que possuem as maiores concentrações de monóxido

de carbono. Oliveira et al, (2006) estudou o comportamento do fluxo de carbono entre a

vegetação caatinga, constatando que em períodos sem precipitação, não houve relação entre

taxa líquida de fotossíntese e o fluxo de fótons fotossintéticos, o que indica a presença de

insolação, mas não a relação com a fotossíntese em função limitação do fechamento dos

estômatos.

O monóxido de carbono permanece no ar por um período curto e é transformado

em dióxido que pode ser retirado do ar pelos vegetais. Nesse período de janeiro e fevereiro, os

vegetais da caatinga parecem pouco contribuir para que ocorra a remoção e posterior

conversão em oxigênio.

A legislação vigente obriga o fim das queimadas no processo produtivo da

indústria sulcroalcooleira, mas os problemas socioambientais envolvidos extrapolam e muito

os requisitos legais vigentes, já que a alternativa ora em implantação pressupõe a mecanização

decorrendo de redução abrupta de postos de trabalho, principalmente as funções ligadas ao

corte da gramínea.

O término da queima da palha no setor sulcroalcooleiro, representará ganhos

econômicos tendo em vista o término da exudação na sacarose, ganhos com a saúde laboral

dos trabalhadores, pois reduzirá significativamente os riscos ergonômicos mediante a

diminuição dos movimentos repetitivos com a mecanização e ganhos ambientais, pois

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diminuirá as emissões de monóxido de carbono e dióxido de carbono, além do óxido nitroso,

já que uma vez o procedimento adotado, irá requerer menor uso de fertilizantes nitrogenados

no solo.

O uso da fibra do bagaço da cana apresenta inúmeras oportunidades de uso neste

segmento industrial que vão desde a fabricação de papel e papelão, podendo alimentar as

caldeiras e, mediante a cogeração fornecer trabalho mecânico, energia térmica e energia

elétrica que, quando em excedente, poderá ser comercializada externamente à usina,

auxiliando a suprir a demanda brasileira crescente por eletricidade, agravada sobremaneira

nos períodos de estiagem.

Para enfrentar os desafios do processo de mecanização que esbarram em

problemas técnicos, topográficos, agronômicos e de processamento, deverá ser priorizado o

desenvolvimento de tecnologias que se adéqüem a realidade nacional, superando os

maquinários agrícolas concebidos e importados da Alemanha e Austrália, já que os novos

equipamentos requerem trabalhadores mais especializados.

A situação carece de um envolvimento abrangente dos tomadores de decisão e que

contemple governo, associações dos empregados e usineiros para que problemas

socioambientais recorrentes deste segmento produtivo possam ser mitigados mediante a

qualificação dos trabalhadores não só os que continuam ativos, mas também os que, em

atividades afins, foram excluídos do mercado.

A contribuição do álcool, que enquanto vegetal, retira o dióxido de carbono do ar

não pode ser minimizada, pois enquanto meio renovável, participa ativamente enquanto fonte

de combustível que é usada pura, como etanol, além de ser agregada em 25 a 30 percentuais à

gasolina nos tanques dos automotivos, mas a biomassa resultante do processo pode ser

considerada alternativa econômica ambiental para a sociedade moderna.

Em decorrência das alterações climáticas estudadas pelo Painel

Intergovernamental das Mudanças Climáticas – IPCC e a realização das Conferências das

Partes – COPs, sobretudo a realizada em Kioto no Japão, estabeleceu-se a criação de

Mecanismos de Desenvolvimento Limpo – MDL, uma metodologia que possibilita a

remuneração por créditos de carbono, quando evitadas as emissões.

Neste sentido, os projetos de biomassa representam parte significativa entre os

MDLs, não somente em função do número de projetos, mas também o montante de emissões

por categoria adotada, uma vez que constituem 64% das emissões reduzidas com 99.595 kt

CO2 eq. Evitadas (FENHANN, 2005).

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Um exemplo de uso de MDL com uso de biomassa para fins energéticos é a Usina

Vale do Rosário que adotou a metodologia AM 0015 – Ecoenergy Methodology for Emission

Reductions from Grid – Connected Bagasse Cogeneration Projects e segundo Cortez et al.;

(2009, p. 689), trata-se da melhor tecnologia disponível para a construção da linha de base,

com ciclo combinado de gás operando a 53%, com uma intensidade de emissão de CO2 do gás

natural de 56 Kg/Kj.

Os resultados alcançados pela Usina Vale do Rosário foram reconhecidos como

sendo o melhor projeto de MDL em Amsterdã (Holanda), ratificando um caso exitoso da

indústria sulcroalcooleira brasileira.

Quanto ao MDL, trata-se de alternativa que referenda as práticas ecológicas e

econômicas mundialmente adotadas, que entende-se podem ser incorporadas para outras

empresas do mesmo segmento, principalmente com as contribuições do presente estudo.

Considerações finais

Nesta pesquisa foi analisado o comportamento espacial do monóxido de carbono

na Região Nordeste do Brasil fazendo o uso da função Kernel, bem como sua relação com a

produção de cana-de-açúcar e sua frota veicular.

O estimador espacial, não paramétrico, Kernel apresentou bom resultado e

conivente com a realidade da circulação atmosférica sobre o Nordeste do Brasil.

As análises estatísticas, correlação e regressão, apontaram como causa de um forte

núcleo de monóxido de carbono no semiárido do Nordeste do Brasil a produção de cana-de-

açúcar, correlação de 0.926489 e uma forte tendência linear com R2 = 0.8584, incluindo seus

tratos e manuseios na colheita. As maiores concentrações estão nos estados de Pernambuco,

Alagoas e Paraíba, que têm no agronegócio da cana-de-açúcar e que ainda usam a queima

durante a colheita, método que agride o meio ambiente e traz conseqüências adversas a saúde

humana, principalmente para as faixas etárias extremas.

A produção veicular se mostrou insipiente, uma vez que sua correlação foi de

0,24041, além de uma tendência linear pouco satisfatória com R2 = 0.0578.

Os resultados sugerem maiores investigações científicas sobre o comportamento

do poluente monóxido de carbono no Nordeste do Brasil, principalmente voltados à caatinga,

para que, mediante a ciência e o uso da tecnologia possa existir convívio de pleno,

harmonioso e isento de degradação do homem no meio ambiente desse ecossistema. As

parcas medidas mitigadoras atualmente adotadas ficam aquém de um país que canta em seu

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hino nacional “gigante como a própria natureza”, denotando assim a dimensão do

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4 ARTTIGO 2: COMPORTAMENTO DOS POLUENTES MONÓXIDO E DIÓXIDO

DE CARBONO NO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO NORTE4

4 O artigo 2 obedece as normas da publicação da revista Boletim Goiano de Geografia (UFG),cujas normas estão

localizadas no final deste documento. A revista Boletim Goiano de Geografia (UFG) é Qualis B2.

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COMPORTAMENTO DOS POLUENTES MONÓXIDO E DIÓXIDO DE CARBONO

NO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO NORTE

Cleuber Dias Pereira – PRODEMA/UFRN

[email protected]

Fernando Moreira da Silva – PRODEMA/UFRN [email protected]

Resumo

O ar atmosférico recebe interferências da ação antrópica e tem no dióxido de carbono um

gás importante nos processos de fotossíntese, respiração das plantas e balanço climático

terrestre. Já o monóxido de carbono está associado à queima de combustíveis fósseis como

petróleo e o gás. Neste trabalho foram efetuadas medições de CO e CO2 e realizadas

respectivas validações por métodos estatísticos com o objetivo de avaliar o comportamento

das variações temporais destes contaminantes atmosféricos na camada limite atmosférica no

município de Barra de Maxaranguape, litoral do RN para o ano de 2004.Os resultados

mostraram concentração de CO2 com uma média diária de 334, 64 ppm e desvio padrão de

3,04 ppm. Quanto a concentração de CO, a média diária atingiu 57,23 ppb e desvio padrão de

3,65 ppb. O grau de concentração do CO e CO2 em sua variação diária apresentou relação

inversa com a velocidade do vento. O local sofre influência dos ventos Alísios do sudeste e

brisas marítimas. Os teores de CO2 estão compatíveis com os padrões estabelecidos pela

Organização Mundial de Meteorologia para uma atmosfera seca. A concentração máxima de

CO medida atende aos padrões estabelecidos pelo CONAMA, denotando concentrações que

são aceitas pela comunidade científica.

Palavras chave: Poluição atmosférica, monóxido de carbono, dióxido de carbono.

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Abstract

The atmospheric air receives interference from human action and has a carbon dioxide gas in

the important processes of photosynthesis, plant respiration and terrestrial climate balance.

Since carbon monoxide is associated with burning fossil fuels like oil and gas. In this work

were measured CO and CO2 and their validations performed by statistical methods to evaluate

the behavior of temporal variations of atmospheric contaminants in the atmospheric boundary

layer in the Barra de Maxaranguape coastline of RN for the year 2004. The results showed

concentration of CO2 with a daily average of 334, 64 ppm and standard deviation of 3,65 ppm.

As the CO, the daily average reached 57.23 ppb and a standard deviation of 3,04 ppb. The

degree of CO and CO2 concentration in your daily variation was correlated inversely with

wind speed. The site is influenced by the southeast trade winds and sea breezes. The levels of

CO2 are consistent with the standards established by the World Meteorological Organization

for a dry atmosphere. The maximum concentration of CO measure meets the standards

established by CONAMA, denoting concentrations that are accepted by the scientific

community.

Keywords: Air pollution, carbon monoxide, carbon dioxide, monoxide, carbon dioxide.

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Resumen

El aire de la atmósfera recibe la interferencia de la acción humana y tiene un gas de dióxido

de carbono en los importantes procesos de la fotosíntesis, la respiración de las plantas y el

equilibrio del clima terrestre. Dado que el monóxido de carbono se asocia con la quema de

combustibles fósiles como el petróleo y el gas. En este trabajo se midieron el CO y el CO2 y

sus validaciones realizadas por métodos estadísticos para evaluar el comportamiento de las

variaciones temporales de contaminantes atmosféricos en la capa límite atmosférica en la

Barra de la costa de Natal RN para el año 2004. Los resultados mostraron que la

concentración de CO2 con un promedio diario de 334, 64 ppm y la desviación estándar de

ppm 3,65. A medida que el CO, el promedio diario llegó a 57,23 ppb y una desviación

estándar de ppb 3,04. El grado de concentración de CO y CO2 en la variación diaria se

correlaciona inversamente con la velocidad del viento. El sitio es influenciado por los vientos

del sureste del comercio y la brisa del mar. Los niveles de CO2 son consistentes con las

normas establecidas por la Organización Meteorológica Mundial para una atmósfera seca. La

concentración máxima de CO medida cumple con los estándares establecidos por la

CONAMA, que denotan las concentraciones que son aceptados por la comunidad científica.

Palavras lave: Poluition del aire. Monóxido del carbono. Dióxido del carbono

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Introdução

Presentes no planeta terra o monóxido e dióxido de carbono têm papel decisivo na

formação da atmosfera, mas também podem evidenciar os desdobramentos da ação humana,

seja pela realização imprescindível da respiração ou em decorrência da queima de

combustíveis fósseis.

Os processos geradores do gás carbônico foram estudados pela comunidade científica,

chegando-se até ao ciclo de carbono, que consolida a distribuição do elemento que circula nos

ecossistemas terrestres e aquáticos, mediante reações assimilativas e desassimilativas de

carbono, principalmente na fotossíntese e na respiração, na troca de dióxido de carbono entre

atmosfera e oceanos e na sedimentação de carbonatos (RICKLEFS, 2003, p. 141).

Independente da fonte emissora, as moléculas do gás carbônico presentes no ar

absorvem coletivamente metade da luz infravermelha térmica refletida nos comprimentos de

onda entre 14 e 16μm. O aumento do CO2 na atmosfera impedirá que mais radiação

infravermelha refletida escape, e produzirá maior aquecimento do ar (BAIRD, 2008, p.199).

O gás carbônico é retirado da atmosfera mediante a realização da fotossíntese, sendo

armazenado na forma polimérica, no entanto, se o vegetal é submetido à decomposição

biológica, o gás retirado retorna ao meio atmosférico. O processo da formação do carvão

vegetal, do petróleo e do gás natural, é análogo, uma vez que se trata de matéria orgânica

coberta por solo, armazenada em depósitos geológicos, submetida a altas pressões e

temperaturas dando origem aos combustíveis fósseis mais usados pela sociedade atual.

Mediante a oxidação por queima, esses combustíveis retornam novamente para a atmosfera

(MOLINA et al 2008, p. 8699).

Segundo Goldemberg (2003, p. 174), a queima de combustíveis fósseis produz

enormes quantidades de dióxido de carbono, sendo que esta é uma das maiores fontes de

emissões de “gases do efeito estufa”, gerados pelo homem, que estão alterando a composição

da atmosfera e podem gerar mudanças climáticas globais, alterando as precipitações.

A movimentação dos fluxos de CO2 foi estudada por Munger et al, (2008 p. 1), Gallon

et al, (2006, p.294), Oliveira et al (2006, p. 379), Pavão et al (1997, p. 7), Silva Júnior et al

(2004, p. 260) e Aires et al (2001 p. 62), objetivando detectar a sua relação com o meio

natural. Segundo Gallon et al, (2006, p.291), os estudos de interação biosfera-atmosfera do

fluxo de carbono permite que se avalie impacto de eventuais mudanças ambientais no mesmo.

Estudos desenvolvidos por Gouveia et al, (2003, p.32) Miranda et al (1994, p. 41) e

Saldiva et al, (1995, p.162) associam as altas concentrações do CO à hospitalização e morte.

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Para pesquisar a circulação de gases na atmosfera, a NASA (National Aeronautics and

Space Administration) instalou pontos de amostragem estrategicamente distribuídos, entre os

quais, na região costeira do RN, o Laboratório de Variáveis Ambientais Tropicais /

Maxaranguape (LAVAT-Maxaranguape) (FIGURA 1) que coleta e envia também os dados

para as seguintes instituições: NASA, IPEN (Instituto de Pesquisa Energética e Nuclear)

NOOA (Nacionation Oceanic and Atmospheric Administration), Organização Mundial de

Meteorologia (OMM), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) – São José dos

Campos e as Universidades de Harvard, Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Federal

de Campina Grande (UFCG).

FIGURA 1 - Detalhe da localização da Estação de Maxaranguape/RN

Fonte: Imagem Google em 01 de agosto de 2005. (Silva, 2005)

O LAVAT/Maxaranguape está afastado dos grandes adensamentos populacionais,

característica que favorece o estudo do deslocamento dos gases CO e CO2. A região litorânea

do RN, entretanto, recebe os impactos das atividades portuárias, ampliação de áreas urbanas,

agroindústrias, extração salineira e petrolífera, além da carcinicultura (SOUZA, 2006, p.136).

A emissão decorrente do aumento da frota (FERNANDES, 2009, p. 13; BRITO, 2005,

p. 166; ALVES et al., 2009, p. 81) que extrapola as ruas de Natal, capital do Rio Grande do

Norte, Brasil, passa a ter um ingrediente incorporado ao roteiro turístico: o passeio de bugres

sobre as dunas (LOPES JÚNIOR, 2006, p. 227).

Uma vez estabelecidas as concentrações dos gases CO e CO2 que ocorrem de forma

contínua e a longo-prazo infere-se que este estudo possa agregar-se a outras pesquisas que

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discorrem sobre movimentações de poluentes a níveis locais e continentais e principalmente,

dar subsídios para adoção de ações voltadas a políticas públicas pautadas na qualidade do ar.

Nesse contexto, o objetivo do trabalho é de avaliar o comportamento das variações

temporais dos contaminantes atmosféricos CO e CO2 na camada limite atmosférica de

Maxaranguape/RN.

Material e métodos

Os dados em estudo foram coletados no período de 01 de janeiro até o dia 31 de

dezembro do ano de 2004 o monóxido e dióxido de carbono, direção e intensidade dos ventos,

cujos sensores foram instalados a uma altura de 14 metros, conforme FIGURA 2, vista do

Laboratório de Variáveis Ambientais Tropicais/LAVAT –Maxaranguape/RN, descritos a

seguir.

FIGURA 2 - Laboratório de Variáveis Ambientais Tropicais/LAVAT

Fonte: Cleuber Dias Pereira em 12 de novembro de 2010.

Sondagem

Anemômetro e Amostragem CO e CO2 Amostragem de ar Atmosférico

Sensores termohigrométricos

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Medição da direção e velocidade do vento

Para essas medições o equipamento utilizado é o ANEMÔMETRO YOUNG modelo

05106, instalado na altura de 14m. Estas medidas são feitas ininterruptamente a cada 5

segundos e são gravadas em um microcomputador a cada sessenta segundos.

Medição do CO2

Para medição de CO2 é usado um instrumento analisador de gás infravermelho,

diferencial, não dispersivo, cujas medições de CO2 são baseadas em diferentes absorções de

raios infravermelho, que passa por duas células de amostragem de gás, sendo uma de gás

desconhecido e a outra uma célula referencial com gás de CO2. A radiação infravermelha é

transmitida através de ambas as células, e a saída do analisador é proporcional à diferença de

absorção entre as duas. Durante todo o ano, um medidor de CO2 (CO2 Analyzer LI-6252),

marca LI-COR, foi utilizado para medição da concentração de dióxido de carbono de

superfície.

Medição do CO

O equipamento utilizado foi o analisador de CO TRACE LEVEL modelo 48C, que

combina física robusta a uma interface digital. Este aparelho se baseia no princípio que o CO

absorve radiação infravermelha num comprimento de onda de 4,6 micra. Devido à absorção

da radiação infravermelha ser uma técnica de medida não linear, é necessário que o

instrumento transforme o sinal básico do analisador numa saída linear. Este instrumento usa

uma curva de calibração para linearizar a saída, numa faixa de concentração de até 10.000

ppm.

Os dados coletados de monóxido e dióxido de carbono, direção e velocidade do vento são

efetuados a cada 60 segundos e arquivados em um Datalogger modelo CR10X, marca

Campbell Scientific, posteriormente são armazenadas em um microcomputador de mesa.

Procedimentos metodológicos

Para a medição de CO e CO2 implementou-se alternativas técnicas para evitar que

amostras sejam analisadas fora das condições requeridas, já que a estação do LAVAT /

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Maxaranguape encontra-se instalada à beira mar e, por conseguinte, com elevado índice de

umidade.

A atuação do equipamento de medição de CO se dá mediante a condensação constante

a 2˚C em um armazenamento frio e o instrumento é frequentemente zerado ao passar a

amostra através da catálise e as amostras são computadas adequando o sinal a partir do zero,

100 e 500 ppb.

Quanto às amostras de CO2, estas passam por um secador Nafion objetivando a

remoção de vapores de água e a calibração do equipamento se dá mediante a comparação de

três padrões de amostras do ambiente.

Mediante o uso dos equipamentos mencionados, foram obtidas as variáveis e suas

respectivas unidades de medição, sendo o CO em partes por bilhão (ppb), o CO2 em partes

por milhão (ppm) e os ventos em metros por segundo (m/s).

A investigação do comportamento dos gases CO, CO2 e ventos foi realizada

utilizando-se de ferramentas da Estatística Gráfica e Estatística Descritiva.

Para a análise exploratória dos dados adotou-se a análise gráfica, já que as variáveis

trabalhadas inicialmente de maneira individual, e para depois serem estabelecidas as possíveis

associações. Segundo Barbetta (2002, p.8), a estatística gráfica nos permite introduzir técnicas

que permitem organizar, resumir e representar as informações requeridas à luz do objeto de

pesquisa.

Os valores coletados foram lançados em um Software Microsoft Office Excel 2007 e

em seguida efetuada a avaliação estatística. Foram utilizadas medidas de tendência central e

medidas de dispersão, além da correlação.

Foram estabelecidos parâmetros de comparação entre os limites legais estabelecidos

pela legislação brasileira na Resolução CONAMA (BRASIL, 1990) que trata de padrões de

qualidade do ar, objetivando analisar a qualidade do ar em estudo. São eles:

1- concentração média de 8 (oito) horas de 10.000 (dez mil) microgramas por metro cúbico de

ar (9 ppm), que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.

2 - concentração média de 1 (uma) hora de 40.000 (quarenta mil) microgramas por metro

cúbico de ar (35 ppm), que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.

Mediante o uso de técnicas de estatística descritiva fez-se a análise do ciclo diário

observando a variação da composição do ar em função do vento versus CO (GRÁFICO 1) e

versus CO2 (GRÁFICO 2).

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Caracterização ambiental

O município de Maxaranguape (FIGURA 3) localiza-se ao norte do Estado do Rio

Grande do Norte, a 65 Km de Natal, capital do Estado potiguar. Possui como coordenadas

geográficas a latitude 5º 31’ 02” Sul e longitude 35º 15’ 23” Oeste, em uma área de 131,30

km² onde residem 60.749 habitantes. Os limites são ao norte Rio do Fogo e Oceano Atlântico,

ao sul Ceará-Mirim, a leste Oceano Atlântico e a oeste Pureza, Rio do Fogo e Ceará-Mirim

(Fonte:<http:\\www.ibge.gov.br\cidades\topwindow.htm?1>).

O solo é caracterizado como sendo do tipo arenoso (Areia quartzosa, Latossolo

vermelho, amarelo) (LEPSCH, 2002, p.132) e com tipo climático Tropical quente, úmido e

sub-úmido, e pluviosidade de 800 a 1000 mm. (FELIPE; CARVALHO, 2001).

FIGURA 3 – Localização do município de Maxaranguape

Fonte: IBGE, 2011(< http:\\www.ibge.gov.br\cidades\topwindow.htm?1>)

O período chuvoso acontece de março a agosto com a precipitação pluviométrica

anual normal de 1.612,0 mm, a observada de 1.512,3mm, e com desvio de (99,7) mm.

Quanto às temperaturas médias anuais a máxima de 30,0 °C, a média de 25,8 °C e a

mínima de 21,0 °C, ocorrendo 2.700 horas de insolação.

Maxaranguape

Rio Grande do Norte

BRASIL

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A área pesquisada apresenta dunas móveis (BRASIL, 2004, p.8), em que predominam

as plantas psamófitas, adaptadas à escassa umidade, evaporação intensa e mobilidade do solo,

destacando-se as herbáceas halófitas salsa-de-praia (Ipomea pescaprae) e as arbustivas, que

são fundamentais para a fixação dos solos móveis e, ambientação para à colonização de outras

espécies de plantas. As arbustivas catalogadas foram a flor-de-seda (Calotropis procera) e o

pinhão branco (Jatropha sp.) (BRASIL, 2004, p.8).

Durante os estudos de caracterização de Maxaranguape foram observadas aves de

rapina como a águia pescadora (Padion haliaetus) e o falcão peregrino (Falco peregrinis)

(BRASIL, 2004, p.28).

Há uma estrada carroçal que corta a formação dunar e proporciona a chegada até a

praia, favorecendo o acesso de turistas que utilizam principalmente o serviço dos bugreiros

para os passeios nas dunas e para conhecer o ponto turístico que divulga a imagem de

Maxaranguape: a árvore do amor (FIGURA 4).

Segundo Morais (2004, p.142) “o turismo municipal conta com as belíssimas praias de

muitos coqueirais como as de Caraúbas e Barra de Maxaranguape, conhecidas

internacionalmente”.

O farol histórico do Cabo de São Roque, a praia de Maracajaú, com seus Parrachos, a

Lagoa do Baião, e a Lagoa Grande, oferecem atrativos que são, conforme Morais (2004,

p.142), um excelente apelo de atração turística e onde se pode desfrutar de esportes como:

Wind surf, Jet Sky, mergulho, rally, cavalgadas e caminhadas.

Maxaranguape reveste-se, portanto de importância ambiental, cênica e turística.

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FIGURA 4 - Árvore do Amor

Fonte: Cleuber Dias Pereira em 12 de novembro de 2010

Resultados e discussão

Conforme a Tabela 1, os ventos apresentam na primeira hora com velocidade de 10,0

m/s e diminuem a velocidade até as 09h, atingindo o menor valor diário com 7,8 m/s para, em

seguida aumentar a sua intensidade até as 18h e 19h, quando atingem o maior valor, com 11,0

m/s, seguindo com discreta redução até as 23h, quando atinge 10,7 m/s.

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TABELA 1 – Estatística descritiva do vento, monóxido e

dióxido de carbono em Barra de Maxaranguape/RN (2004)

Hora

Vento

(m/s)

CO (ppb)

CO2

(PPM)

00:00 10,3 54,71 339,60

01:00 10,0 55,50 332,99

02:00 9,8 56,75 333,07

03:00 9,2 57,65 333,52

04:00 8,6 57,83 334,12

05:00 8,4 59,25 334,86

06:00 8,2 61,07 337,65

07:00 8,0 60,89 338,88

08:00 7,9 61,43 341,68

09:00 7,8 62,41 340,01

10:00 7,9 66,02 338,81

11:00 8,8 61,82 335,89

12:00 9,7 59,10 333,61

13:00 10,1 58,51 332,70

14:00 10,3 56,65 333,51

15:00 10,8 55,13 332,58

16:00 10,8 55,09 331,82

17:00 10,9 53,73 331,54

18:00 11,0 52,46 332,47

19:00 11,0 53,00 332,54

20:00 10,8 53,27 332,80

21:00 10,9 52,71 331,97

22:00 10,8 53,76 332,62

23:00 10,7 54,66 332,22

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TABELA 2 – Dados Estatísticos (2004)

Vento

(m/s)

CO (ppb)

CO2

(ppm)

Média 9,7 57,23 334,64

Desvpad 1,2 3,65 3,04

CV(%) 12,24 6,39 0,91

Mín 7,8 52,46 331,54

Max 11,0 66,02 341,68

CORREL -0,920 -0,802

Nota: Média: média aritmética; Desvpad: desvio padrão; Cv: coeficiente de

variação; Min: valor mínimo absoluto; Max: valor máximo absoluto e COR

REL: correlação de primeira ordem.

As concentrações de CO apresentam ao longo das horas do dia com discreta oscilação

entre 52,71ppb e 66,02ppb, com pico ocorrendo às 10h. Após o horário de valor máximo, os

valores se mantêm com tendência de redução nas concentrações, atingindo o seu menor nível

às 18h, 52,46ppb. Posteriormente se elevando até às 23h, com 54,66ppb (TABELA 1). Os

valores observados estão abaixo do estabelecido pela resolução n˚ 3 de 28/06/1990.

O teor de CO2 (TABELA 1) depara com uma concentração de 339,60ppm às 00h e

decai abruptamente atingindo às 01h o valor de 332,99ppm, reagindo com ascensão regular

até atingir o seu maior valor às 08h de 341,68ppm. Em seguida, ocorre redução regular até as

13h com 332,70ppm. Os valores seguem com pequenas oscilações, atingindo o menor valor

as 17h, com valor de 331,54ppm e as 23h 332,62 ppm (TABELA 1). O comportamento difere

dos estudos de Oliveira et al. (2006, p.384), quando durante estudo na caatinga, os autores

identificaram valores positivos em função da queda de folhas das árvores e arbustos.

A correlação linear (CORREL) entre o teor de CO e o vento apresenta-se com -0,920,

ao passo que entre o CO2 e o vento é de -0,802, indicando que há uma relação inversa entre as

variáveis, ratificado pelas curvas de CO e vento na FIGURA 5, bem como pelas curvas de

CO2 e vento na FIGURA 6.

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FIGURA 5- Comportamento médio diário do monóxido de carbônico (CO) e do vento em

Barra de Maxaranguape no ano de 2004.

FIGURA 6 - Comportamento médio diário do dióxido de carbônico (CO2) e do vento em

Barra de Maxaranguape no ano de 2004.

A análise da correlação nos permitiu abordar a tendência diária do monóxido de

carbono (CO), por regressão de primeira ordem, conforme a intensidade do vento, onde se

verifica que quanto maior a velocidade do vento, menor a concentração de CO. Assim, o

modelo analítico e linear, (FIGURA 7) é dado por:

Y = -2,835*X + 84,688 com R2 = 0,8464

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Onde Y é a concentração de CO em ppb e X é a velocidade do vento em m/s.

O coeficiente de determinação (R2) demonstra que o modelo tem boa aceitação e pode

representar o comportamento diário do monóxido de carbono.

FIGURA 7 – Tendência diária do monóxido de carbono (CO) conforme a intensidade do

vento em Barra de Maxaranguape no ano de 2004.

y = -2,8351x + 84,688

R2 = 0,8464

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

0,0 5,0 10,0 15,0

Vento (m/s)

CO

(p

pb

)

CO (ppb)

Linear (CO (ppb))

A correlação nos permitiu propor um modelo de regressão, também de primeira

ordem, abordando a concentração do dióxido de carbono (CO2) a partir da velocidade do

vento, com comportamento inversamente proporcional. Assim, o modelo analítico e linear

(Figura 8) é dado por:

Y = -2,0577*X + 354,58 com R2 = 0,6425

Onde Y é a concentração de CO em ppb e X é a velocidade do vento em m/s.

O coeficiente de determinação (R2) demonstra que o modelo necessita de maiores ajustes para

se ter uma boa aceitação e representar o comportamento diário do monóxido de carbono.

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FIGURA 8 – Tendência diária do dióxido de carbono (CO2) conforme a intensidade do vento

em Maxaranguape no ano de 2004

y = -2,0577x + 354,58

R2 = 0,6425

330,00

332,00

334,00

336,00

338,00

340,00

342,00

344,00

0,0 5,0 10,0 15,0

Vento (m/s)

CO

2 (

pp

m)

CO2 (ppm)

Linear (CO2 (ppm))

As análises mostraram que, tanto a concentração do CO como a de CO2 se encontram

inversamente proporcional a intensidade dos ventos, ou seja, mediante o aumento da

intensidade do vento a concentração de CO diminui, ou seja, há uma dispersão dos poluentes

enfocados na atmosfera, o que conseqüentemente deve minimizar os problemas de saúde da

população no entorno. Tal relação de influência dos ventos na concentração de CO2 também

foi constatada durante o estudo da concentração do CO2 atmosférico na área de pastagem na

Região Amazônica desenvolvido por Silva Júnior et al. (2004, p.268).

A concentração de CO apresentou pouca oscilação temporal, uma média diária de

57,23 ppb, com coeficiente de variação de 6,39%, enquanto que a concentração de CO2 teve

uma média diária de 334,64 ppm com coeficiente de variação de 0,91%. As variações

observadas nas pesquisas de Silva Júnior et al. (2004) e por Pavão e Kirchhoff (1997)

mostram grande variação temporal de CO2 o que sugere a influência da vegetação local que,

mediante a fotossíntese, contribui para as concentrações locais detectadas.

Buscando a adoção de medidas de monitoramento e controle, o governo brasileiro

estabeleceu a Resolução CONAMA (BRASIL, 1990) que definiu as concentrações dos

padrões de qualidade do ar, onde o monóxido de carbono deve obedecer aos critérios de:

a) Uma concentração média de 8 (oito) horas de 10.000 (dez mil) microgramas por

metro cúbico de ar (9 ppm), que não deve ser excedida mais de uma vez por ano;

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b) concentração média de 1 (uma) hora de 40.000 (quarenta mil) microgramas por

metro cúbico de ar (35 ppm), que não deve ser excedida mais de uma vez por ano.

Considerando os valores encontrados de monóxido de carbono (0,72293 ppm/hora) em

Barra de Maxaranguape/RN, e mediante as normas do CONAMA, o poluente está abaixo dos

valores estabelecidos na resolução, 35ppm, que desta forma não ultrapassa os limites legais

estabelecidos pela legislação federal brasileira.

Quanto ao dióxido de carbono, se mostrou um 2% acima dos valores médios para uma

atmosfera seca (300ppm), estando inserido nos limites de concentração natural, necessário

para absorção da radiação infravermelha, bem como no processo fotossintético, das plantas,

na produção de açucares, amidos e fibras que mantém vivos outros seres heterotróficos.

Conclusão

Os resultados mostraram pouca variação na concentração de CO e CO2, mas sua

dispersão depende, diretamente, da intensidade do vento. Apresentou pouca oscilação

temporal, uma média diária de 57,23 ppb, com coeficiente de variação de 6,39%, enquanto

que a concentração de CO2 , média diária de 334,64 ppm e coeficiente de variação de 0,91%.

A velocidade do vento apresentou persistência com valores acima de 7,8 m/s,

fenômeno físico muito importante na dispersão e difusão de poluentes, corroborando para

com uma maior rapidez na renovação do ar atmosférico local.

Considerando o índice de qualidade do ar adotado pela CETESB a concentração do

CO está entre 0 e 4,5 ppm, sendo atribuído o melhor critério de avaliação com classificação

de qualidade BOA, o que significa que praticamente não há riscos para a saúde.

Os valores detectados estão dentro dos padrões de normalidade, não representando

riscos a saúde humana e biodiversidade, podendo ser usado para experimentos científicos que

possam ampliar o monitoramento e conhecimento dos fenômenos climático-ambientais.

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OLIVEIRA, M. B. L.; SANTOS, A. J. B.; MANZI, A. O. ; ALVALÁ, R. C. S. ; CORREIA, M. F. ;

MOURA, M. S. B. Trocas de energia e fluxo de carbono entre a vegetação de caatinga e atmosfera no

nordeste brasileiro. Revista Brasileira de Meteorologia v. 21, n.v3b, 378-3886, 2006.

PAVÃO, H. G.; KIRCHHOFF, V.W.J.H.; Variação da concentração de gás carbônico atmosférico no

cerrado brasileiro. Revista Brasileira de Meteorologia V. 12, n.2, 1- 8, 1997.

RICKLEFS, R.E, A Economia da Natureza. Rio de Janeiro: Ed Guanabara Koogan/AS, 2003.503 p.

SALDIVA, P. H. N.; POPE, C.; SCHARTZ, J.; DOCKEY, D. W.; LICHTENFELDS, A. J.; SALGE,

J. M.; Air polluitionanda mortalityin elderly people: time-series study in São Paulo, Brasil. Arch

Environ Health, v. 50, 63-159, 1995.

SOUZA, S. S.; LYRA, R. F. da F.. Características observadas da termodinâmica da camada limite

atmosférica sobre Rondônia e suas relações com a substituição de áreas de florestas naturais por

pastagens: projeto RBLE. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 16, n. 2, 157-164, 2001.

SOUZA, A. M. L.; ROCHA, E. J. P.; COHEN, J. C. P. Desenvolvimento da camada limite planetária

nos ecossistemas de mangue e floresta. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 21, n. 3b, 224-232,

2006.

SOUZA, F. E. S. Investigando o ambiente costeiro do Rio Grande do Norte, Nordeste, Brasil. In:

NUNES E.; CARVALHO, E. A.; FURTADO, E. M.; FONSECA, M. A. P. Dinâmica e gestão do

território potiguar. Natal: Ed.EDUFRN, 2007. p. 135-157.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DA DISSERTAÇÃO

As condições da baixa troposfera estão em contínua mudança recebendo a ação dos

fatores que diretamente estão conectados com a vida no planeta, e ação antrópica contribui

decisivamente para estas mudanças.

Para a realização dos estudos envolvendo a composição do ar na região Nordeste do

Brasil desenvolveu-se avaliação do comportamento das variações temporais dos

contaminantes atmosféricos CO e CO2 na camada limite atmosférica de Maxaranguape/RN, e

o estudo apresentou valores dentro dos padrões de normalidade, não oferecendo risco a saúde

humana e a biodiversidade, igualmente, os resultados detectados durante a pesquisa indicam

que as concentrações locais podem ser usadas para experimentos científicos voltados ao

conhecimento dos fenômenos climático-ambientais.

Tal prerrogativa é de fundamental importância, já que a movimentação gasosa e de

partículas tem associação direta com ocorrências no meio antrópico e da biodiversidade do

planeta.

Para uma análise de maior amplitude pesquisou-se no segundo artigo a Espacialização

do Monóxido de Carbono no Nordeste Brasileiro, no qual as variáveis observadas foram à

dimensão territorial, a população envolvida, a frota automobilística e a contribuição da

agroindústria sulcroalcooleira existente na região.

Mediante as constatações da distribuição espacial do monóxido de carbono, concluiu-

se que existem três locais com as maiores concentrações gasosas. O maior, cujo núcleo

principal atinge máxima intensidade nos estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba, perde

magnitude da divisa Paraíba/Rio Grande do Norte até a região central potiguar. Mesmo na

área periférica de menor intensidade do núcleo a concentração do monóxido de carbono não

atinge a região litorânea riograndense, onde localiza-se o município de Maxaranguape,

comprovação que ratifica os resultados obtidos no artigo inicial desta dissertação.

As pesquisas aqui desenvolvidas retratam uma situação transitória, uma vez que as

mudanças estabelecidas pelo homem no meio geomorfológico e que afetam a baixa troposfera

ocorrem em grande escala, motivadas pela especulação imobiliária, muitas vezes com capital

internacional que vem atraído pela beleza cênica, baixo valor da terra, clima tropical e ar

puro, aspectos observados na costa litorânea nordestina que fortalecem a ocupação da terra e a

exploração agroindustrial e turística do Nordeste do Brasil.

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Por outro lado cresce a ampliação do capital internacional no agronegócio do Brasil,

com destaque para a produção sulcroalcooleira, versátil para direcionar a produção para onde

a rentabilidade esteja maior, ou o açúcar ou o biocombustível, álcool.

Tais fatores sinalizam sobre a necessidade que seja aprofundada as pesquisas

voltando-se para instalação e implantação de sistemas de monitoramento contínuo das fontes

emissoras da região, principalmente com o uso de satélites para acompanhamento da

ocupação espacial nesta região.

Os aspectos legais quanto às emissões de monóxido e dióxido de carbono em todo

território brasileiro, mais que compromissos assumidos internacionalmente, devem ser

viabilizados por instrumentos de gestão em benefício da população. Espera-se que este

trabalho possa vir ao encontro das lacunas existentes quanto a carência de estudos alusivos

aos poluentes no Nordeste do Brasil, auxiliando assim a tomada nas tomadas de decisão, e

estudos acadêmicos posteriores.

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ANEXO I

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA BOLETIM GOIANO DE

GEOGRAFIA (UFG).

Diretrizes para Autores A revista abre espaço para publicação de trabalhos inéditos sobre geografia e áreas afins, em diferentes enfoques teóricos e metodológicos. Os textos encaminhados para publicação devem ser redigidos na língua portuguesa ou espanhola, com no máximo 03 autores. Os autores deverão submeter ao Conselho Editorial os trabalhos (artigos, notas ou resenhas) por meio

do Sistema Eletrônico de Editoração de Revista – SEER, endereço:http://www.revistas.ufg.br/index.php/bgg/about/submissions#onlineSubmissions Formato: O texto deve estar salvo em formato Microsoft Word. Os metadados deverão ser preenchidos com o título do trabalho, nome(s) do(s) autor (es), último grau acadêmico, instituição que trabalha, endereço postal, telefone, fax e e-mail. É necessário também fazer uma breve descrição na biografia a qual será incluída no final do artigo. A extensão do texto poderá variar de 10 a 15 páginas, para artigos e até 10 páginas para notas e resenhas. O texto deve ser acompanhado de resumos com o máximo de 200 palavras e títulos em português, inglês e espanhol ou francês,(resumos em três línguas) seguido das palavras chaves e keywords, palabras-clave ou mots clés. Não usar tradutor automático. Recomenda-se passar a revisão a profissionais especializados. Texto em fonte Times New Roman ou Arial, tamanho 12, com espaço duplo entre linhas. Margens inferiores e superiores de 2 e 2,5 cm, esquerda e direita de 3 e 2,5cm respectivamente. A estrutura do texto deve ser dividida em partes não numeradas, sendo obrigatória a introdução e as considerações

finais. As figuras (desenhos, gráficos, mapas, esquemas, fotografias e cromos) e suas legendas deverão seguir

em tons de cinza ou preto e branco, de modo a permitir uma perfeita legibilidade, em dimensões nunca superiores a 12 cm X 16 cm. Referências e citações: De acordo com a NBR-10520:2001 da ABNT, as Referências deverão ter chamadas no texto pelo(s) sobrenome(s) do(s) autor(es), em maiúsculas, data e página, quando dentro do parêntesis (SILVA, 1995, p.43) e em minúsculas quando inseridas na frase: Segundo Silva (1995, p.43). Se um mesmo autor citado tiver mais de uma publicação no mesmo ano, identificar cada uma delas por letras, (SILVA, 1995a, p.35). As Referências (somente aquelas citadas no texto) completas deverão constar ao final do texto, alinhadas totalmente à esquerda, em ordem alfabética, e elaboradas de acordo com a NBR-6023:2000 da ABNT.

Livro:

SOBRENOME, Nomes. Título do Livro. Local de Edição: Editora, ano da publicação. ?p. Capítulo de livro: SOBRENOME, Nomes (do autor do capítulo). Título do capítulo. In: SOBRENOME, Nomes (Ed., Org., Comp.)Título do Livro. Local de Edição: Editora, ano de publicação. Número do Capítulo, p. página inicial – página final do capítulo. Artigo: SOBRENOME, Nomes. Título do Artigo. Nome da Revista, Local de Edição, v.?, n. ?, p. página inicial - página final, ano da publicação. Tese/Dissertação: SOBRENOME, Nomes. Título da tese/dissertação. Data de publicação. ? f. Tese/Dissertação (Doutorado/Mestrado em ...) - Instituto, Universidade, local da defesa, data de defesa.

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Evento: SOBRENOME, Nomes. Título do trabalho. In: NOME DO EVENTO EM CAIXA ALTA, 5., Cidade, data. Título Anais, Proceedings... Local de edição: Editora, data. página inicial-final do trabalho. As citações textuais de menos de três linhas deverão aparecer no decorrer do texto, na mesma letra (sem itálicos) e entre aspas. As citações que ocuparem mais de três linhas deverão ser digitadas separadas do texto principal, com recuo, sem aspas nem itálicos e em fonte 10. Em ambos os casos, deve ser citado o SOBRENOME do autor, ano, página. Responsabilidades: É responsabilidade do autor a correção ortográfica e sintática, bem como a revisão da digitação do texto, que será publicado exatamente conforme enviado. Recomenda-se aos autores submeterem seus textos, abstracts ou resumé à correção ortográfico-sintática por especialista. O conteúdo dos textos assinados é de exclusiva responsabilidade dos autores. Só serão aceitos textos revisados quanto às normas técnicas e à linguagem. Os autores (as) receberão um exemplar da revista que contiver seu artigo. Os direitos autorais serão cedidos para o Boletim Goiano de Geografia. Os trabalhos não selecionados não serão devolvidos aos autores. Será mantido em sigilo o nome dos pareceristas. Os dados e conceitos emitidos nos trabalhos são de inteira responsabilidade dos autores.

Itens de Verificação para Submissão

Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da submissão em relação a todos

os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores.

1. A contribuição é original e inédita, e não está sendo avaliada para publicação por outra revista; caso contrário,

justificar em "Comentários ao Editor".

2. Os arquivos para submissão estão em formato Microsoft Word, OpenOffice ou RTF (desde que não ultrapasse os 2MB)

3. Todos os endereços de páginas na Internet (URLs), incluídas no texto (Ex.: http://www.ibict.br) estão ativos e

prontos para clicar.

4. O texto está em espaço duplo; usa uma fonte de 12-pontos; emprega itálico ao invés de sublinhar (exceto em

endereços URL); com figuras e tabelas inseridas no texto, e não em seu final.

5. O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes para Autores, na seção Sobre

a Revista.

6. Os direitos autorais serão cedidos para o Boletim Goiano de Geografia.

Declaração de Direito Autoral

Garante os direitos autorais apresentando a politica de ultilização do aritigo.

Política de Privacidade

Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação,

não sendo disponibilizados para outras finalidades ou à terceiros.

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ANEXO II

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA GEOGRAFIA (LONDRINA)

Diretrizes para Autores

INSTRUÇÕES PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA GEOGRAFIA (Titulo em caixa alta negrito)

Nome e sobrenome do autor[1]

__________________________________________________________________________________

RESUMO

Resumo é definido pela norma NBR 6028, da Associação Brasileira de Normas Técnicas como

"apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto", ou seja, contêm de modo sucinto os pontos

mais importantes de um trabalho como assunto, objetivos e conclusões do autor. Ele serve para que o

leitor decida sobre a conveniência de ler ou não ler o texto. É importante levar em consideração os

seguintes pontos: escrever de forma impessoal, com o verbo na voz ativa (terceira pessoa do singular);

redigir em um único parágrafo, não apresentar opinião, usar frases completas e não uma seqüência de

títulos ou tópicos, apresentar na primeira frase o assunto tratado, caso o título não esclareça o

suficiente, ressaltar os objetivos, os métodos, os resultados e as conclusões do trabalho. Justificado,

tamanho da fonte 11, espaçamento de entrelinhas 1,0 e espaçamento 0 pt antes e 0 pt depois, em

parágrafo único, contendo aproximadamente 250 palavras em texto corrido (sem ilustrações ou

citações). Dar espaço de um parágrafo entre o resumo e as palavras-chave. Palavras-chave: justificado,

tamanho da fonte 11, espaçamento de entrelinhas simples, e espaçamento 0 pt antes e 0 pt depois, até

05 descritores, separados por vírgulas. Dar 02 espaços de parágrafos entre as palavras-chave e o título

em inglês.

Palavras-chave: Justificado; Com até; Cinco descritores; Separados; Por ponto e vírgula.

TÍTULO DO ARTIGO EM INGLÊS

ABSTRACT Title, Abstract, Keywords: com as mesmas e respectivas formatações da versão em português. Dar

espaço de um parágrafo entre as keywords e o primeiro item do texto.Itens e subitens do texto: sem

numeração, em negrito, justificado, tamanho da fonte 11, sem recuo inicial de parágrafo, espaçamento

de entrelinhas 1,5 linha, espaçamento 30 pt antes e 12 pt depois. Itens principais todos em maiúsculas;

subitens todos em minúsculas.

Keywords: Justificado; Com até; Cinco descritores; Separados; Por ponto e vírgula.

_________________________________________________________________________

NORMAS EDITORIAIS

Os trabalhos devem ser originais. Ao enviarem seus textos para avaliação, os autores se

comprometem, tacitamente, a não submeterem o mesmo material a outro periódico; preservando o

caráter inédito do mesmo. Em casos especiais (trabalhos históricos, relevantes ou de resgate devido à

exigüidade dos periódicos originais) os trabalhos poderão ser aceitos após avaliação do Conselho

Editorial. Os trabalhos recebidos serão submetidos à apreciação de consultores científicos,

especialistas reconhecidos em cada tema abordado. Para tanto, os textos serão enviados para avaliação,

sem a identificação da autoria. Os consultores emitirão parecer sobre o aspecto teórico-conceitual;

estrutural (coerência interna do texto) e ortográfico/gramatical.

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É de responsabilidade dos autores a correção ortográfica e gramatical, a revisão da digitação, bem

como a formatação do texto, conforme as orientações aqui explicitadas.O Conselho Editorial reserva-

se o direito de realizar eventuais alterações nos originais, com a finalidade de manter a homogeneidade

e qualidade deste periódico; sem que seja necessário submeter tais remodelações à aprovação dos

autores.

A revista classificará os trabalhos de acordo com as seguintes seções:

• Artigos: compreende textos que contenham relatos completos de estudos e pesquisas, matéria de

caráter opinativo, revisões da literatura e colaborações assemelhadas (acima de 12 páginas e no

máximo 30 páginas).

• Oficinas pedagógicas: propostas didáticas voltadas para o ensino das geociências nos níveis

fundamental, médio e superior.

• Notas: observações, opiniões, críticas, ponderações, explicações sobre temas de interesse do público-

alvo (no máximo 6 páginas).

• Resenhas: apreciação, análise crítica e interpretativa de obras recém-lançadas, cabendo ao resenhista

toda a liberdade de julgamento (no máximo 4 páginas).

As matérias tratadas, bem como as opiniões emitidas pelos autores, são de suas exclusivas

responsabilidades.

As provas não serão enviadas aos autores.

Os trabalhos são recebidos em fluxo contínuo.

FORMATAÇÃO DOS TRABALHOS Os trabalhos deverão ser digitados em Word (2003).

Configuração da página: Formato A4; orientação retrato (para todo o trabalho); margens: superior e

inferior 2,5 cm; esquerda 3,0 cm e direita 3,0 cm; cabeçalho e rodapé 1,5 cm; Fonte Arial; sem

paginação.

ESTRUTURA E FORMATAÇÕES Título do trabalho: centralizado, todo em maiúsculas, em negrito, tamanho da fonte 11, espaçamento

de entrelinhas simples, e espaçamento 0 pt antes e 0 pt depois. Dar espaço de um parágrafo entre o

título do trabalho e a primeira autoria.

Autoria: alinhamento à direita; tamanho da fonte 11; espaçamento de entrelinhas simples, e

espaçamento 0 pt antes e 0 pt depois; nome completo de cada autor (sem abreviaturas) em cada linha,

seguido de numeração seqüencial em sobrescrito (máximo de 05 autores) com inserção das seguintes

informações em nota de rodapé na primeira página: formação, titulação, vinculação institucional,

endereço completo (logradouro, número, local, caixa postal, cep, cidade e estado) sem abreviaturas e

endereço eletrônico (para cada autor). Dar espaço de um parágrafo entre a autoria e o resumo.

Resumo: justificado, tamanho da fonte 11, espaçamento de entrelinhas simples, e espaçamento 0 pt

antes e 0 pt depois, em parágrafo único, contendo aproximadamente 250 palavras em texto corrido

(sem ilustrações ou citações). Dar espaço de um parágrafo entre o resumo e as palavras-chave.

Palavras-chave: justificado, tamanho da fonte 11, espaçamento de entrelinhas simples, e espaçamento

0 pt antes e 0 pt depois, até 05 descritores, separados por ponto e vírgula; e primeira letra maiúscula.

Dar 02 espaços de parágrafos entre as palavras-chave e o título em inglês.

Title, Abstract, Keywords: com as mesmas e respectivas formatações da versão em português. Dar

espaço de um parágrafo entre as key-words e o primeiro item do texto.

Itens e subitens do texto: sem numeração, em negrito, justificado, tamanho da fonte 11, sem recuo

inicial de parágrafo, espaçamento de entrelinhas 1,5 linha, e espaçamento 30 pt antes e 12 pt depois.

Itens principais todos em maiúsculas; subitens todos em minúsculas.

Citações: justificado, tamanho da fonte 10, sem recuo inicial de parágrafo, espaçamento de entrelinhas

1,0 (simples), e espaçamento 0,6 pt antes e 0,6 pt depois. Exemplo:

Na produção científica de Bernardo Fernandes a (re) criação do campesinato se dá através da luta pela

terra e pela reforma agrária, quando as famílias camponesas organizadas ocupam o território do

latifúndio num processo de espacialização e territorialização. Logo:

[...] é no interior desse processo desigual que se desenvolvem a exploração econômica, a exclusão

cultural e a domina política, gerando os conflitos e as mais diversas formas de resistência. No interior

desse processo formam-se diferentes movimentos sociais que inauguram novas situações,

desenvolvem outros processos (FERNANDES, 1996, p. 25).

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Os artigos devem conter introdução, desenvolvimento e conclusão como estruturação mínima, o que

não se aplica às notas, resenhas eoficinas pedagógicas. Entre os itens ou subitens e os parágrafos de

texto não deve ser dado espaço; pois a formatação aplicada já permitirá o destaque entre os mesmos.

Texto: justificado, tamanho da fonte 11, recuo especial na primeira linha de cada parágrafo por 2 cm,

espaçamento de entrelinhas 1,5 linha, e espaçamento 0 pt antes e 06 pt depois. Entre os parágrafos de

texto não deve ser dado espaço; pois a formatação aplicada já permitirá o destaque entre os mesmos.

Ilustrações: separadas do texto por espaço de um parágrafo (com as mesmas configurações do item

anterior). Todas as ilustrações (figuras, fotografias, desenhos, gráficos, mapas, quadros, tabelas etc.),

devem ser inseridas em seus devidos locais no texto e centralizadas na página e acompanhadas das

respectivas legendas ou títulos (normas conforme A.B.N.T.). As identificações ou títulos das

ilustrações deverão estar balizadas, acompanhando os limites das larguras das ilustrações;

devidamente numeradas seqüencialmente; com tamanho de fonte 10; espaçamento de entrelinhas

simples, e espaçamento 0 pt antes e 0 pt depois.

Fórmulas e equações: digitado com o Equation Editor (do Word). Os símbolos e as abreviaturas

utilizadas nas fórmulas e equações, ou qualquer parte do texto, explicados ou explicitados quando de

sua primeira citação.

Notas de rodapé: devem ser evitadas no texto. Quando imprescindíveis, numerar seqüencialmente e

incorporá-las no final do trabalho.

Terminologias em outros idiomas: devem ser evitadas. Porém, se utilizadas, devem ser grafadas em

itálico.

Agradecimentos: agradecimentos a auxílios recebidos para a elaboração do trabalho ou mesmo a

pessoas deverão ser mencionados em nota de rodapé (numeradas) na primeira página.

Referências: tamanho da fonte 11, alinhamento à esquerda, espaçamento de entrelinhas simples, e

espaçamento 0 pt antes e 6 pt depois. Os títulos de trabalhos ou periódicos, conforme o caso, grafados

em negrito (não utilizar itálico). As referências devem seguir as normas da ABNT. Relacionar todas, e

tão somente, as citações textuais. Exemplos de referências para livro, capítulo de livro, artigo, anais de

eventos, internet, e teses conforme normas ABNT:

REFERÊNCIAS

Livros ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo: Hucitec,

1992.

Capítulo de Livro MARQUES, Marta Inez Medeiros. Lugar do modo de vida tradicional na modernidade. In: O Campo

no século XXI. OLIVEIRA, Ariovaldo U. e MARQUES, Marta Inez Medeiros (Org.), São Paulo:

Casa Amarela, 2004, p. 145-158.

Artigo RELPH, Edward C. As bases fenomenológicas da Geografia. Geografia.v.4, n 7, 1-25, abril, 1979.

Anais de eventos .FERNANDES, Bernardo Mançano. Agronegócio nas Américas: o mito do

desenvolvimento e a resistência do campesinato. In: ENCONTRO DE GEÓGRAFOS DA AMÉRICA

LATINA, 10, São Paulo, 2005. Anais... São Paulo: EGAL/USP, p. 4860-4874, 2005.

Internet MARTINS, José de Souza. Impasses sociais e políticos em relação à Reforma Agrária e a

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Teses SILVEIRA, Fátima Rotundo. A recriação capitalista do campesinato (Os camponeses na região de

Presidente Prudente). 1990. 309 páginas. Tese (doutorado em Geografia) FFLCH/USP. São Paulo,

1990.

RESPONSABILIDADES O conteúdo dos textos assinados é de exclusiva responsabilidade dos autores.

[1] Formação, Função, E-mail

Itens de Verificação para Submissão

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Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da

submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo

com as normas serão devolvidas aos autores.

1. A contribuição é original e inédita, e não está sendo avaliada para publicação por outra revista; caso

contrário, deve-se justificar em "Comentários ao Editor".

2. Os arquivos para submissão estão em formato Microsoft Word (2003) e as imagens foram inseridas

devidamente no texto, com legenda e numeração correta.

3. O texto está em espaço 1,5; usa uma fonte de 11-pontos; emprega itálico em vez de sublinhado

(exceto em endereços URL).

4. As figuras e tabelas estão inseridas no texto.

5. O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes para Autores,

na seção Sobre a Revista.