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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES
CURSO DE TURISMO BACHARELADO
Lucimara de Araújo Fideles
TURISMO ARQUEOLÓGICO EM PARELHAS/RN: UMA ANÁLISE COMPARATIVA COM O DESENVOLVIMENTO DO SEGMENTO NO
MUNICÍPIO DE CARNAÚBA DOS DANTAS/RN
CURRAIS NOVOS/RN 2015
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Lucimara de Araújo Fideles
TURISMO ARQUEOLÓGICO EM PARELHAS/RN: UMA ANÁLISE COMPARATIVA COM O DESENVOLVIMENTO DO SEGMENTO NO
MUNICÍPIO DE CARNAÚBA DOS DANTAS/RN
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, campus Currais Novos, para obtenção do grau de bacharel em turismo. Orientadora: Prof. Dra. Paula Rejane Fernandes
CURRAIS NOVOS/RN 2015
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TURISMO ARQUEOLÓGICO EM PARELHAS/RN: UMA ANÁLISE COMPARATIVA COM O DESENVOLVIMENTO DO SEGMENTO NO MUNICÍPIO DE CARNAÚBA
DOS DANTAS/RN
O trabalho apresentado foi julgado e aprovado para a obtenção do grau de bacharel em turismo, no curso de graduação em turismo bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN.
Currais Novos-RN, ___de___de 2015.
______________________________ Prof. Dra. Carolina Todesco
Coordenadora do Curso de Turismo
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________ Prof. Dra. Paula Rejane Fernandes
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Orientador
___________________________________________________
Prof. Me. Jeferson Candido Alves Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Examinador
___________________________________________________ Prof. Me. Rodrigo Cardoso da Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Examinador
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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários, que assumo
total responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade
Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, à Coordenação do Curso, a Banca
Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte
ideológico empregado ao mesmo.
Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a
propriedade intelectual o artigo n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral: Pena –
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º,
consignam, respectivamente:
§1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte,
sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão,
de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (...).
§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda,
aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com
intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos
com violação de direito autoral.
Diante do que apresenta o artigo n.º 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente
que poderei responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja
comprovado plágio integral ou parcial do trabalho,
Currais Novos-RN, ___ de ____________ de ____.
________________________________
Lucimara de Araújo Fideles
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Dedico este trabalho aos meus queridos
sobrinhos, pelos quais tenho um amor
imenso: Rony Robson, Deilon Crislley,
Mateus Fideles e João Henrique.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me ajudado a encontrar coragem,
e determinação para não desistir nos momentos difíceis, por não ter me abandonado
e ter-me feito crer que eu conseguiria, que seria capaz de terminar este trabalho e
realizar todas outras tarefas decorrentes do curso.
Quero também deixar meus sinceros agradecimentos a minha
professora/orientadora Paula Fernandes que me ajudou com o tema e
desenvolvimento do trabalho ao longo do período, ao professor Marcos Nascimento
pela conversa em que tivemos que acabou sendo o tema deste trabalho, e ainda se
dispôs a ajudar a qualquer momento na produção do mesmo, e ainda ao meu
queridíssimo professor Jeferson Alves, que graças a ele despertei o interesse pela
cultura e pelo turismo arqueológico.
Não poderia deixar de agradecer aos meus amigos e amigas de curso
Cecília Meirelles, Wellington Medeiros; Aline Louise; Aline Mayara e Cidinha Simões
que compartilharam comigo alegrias e tristezas, desesperos, momentos bons e
ruins, mas que sempre estiveram comigo, me apoiando e me motivando.
Agradeço em especial ao meu noivo Nivaldo Azevedo que me ajudou nos
momentos de desespero, e contribuiu para que este trabalho se concluísse, que me
motivou a continuar, e a ele muito devo em todos esse anos de curso, pois esteve
presente nos bons e péssimos momentos.
Ao corpo docente da UFRN deixo meus sinceros agradecimentos, por
todo conhecimento e aprendizado adquirido ao longo do curso, e pela amizade
construída nesse período.
Enfim, agradeço a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para
a conclusão deste trabalho, que incentivaram e motivaram nesses quatro anos de
curso.
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Florestas, rios, cidades e litorais, Pessoas,
sentimentos, tradições e rituais. Colocarei
meus pés em trilhas, pedras, manguezais,
fazendo elo entre meus filhos e meus
ancestrais, serei sincero com o meu
verdadeiro ser. Quero servir, Quero ensinar,
eu vim pra aprender. (FORFUN, O viajante,
2008)
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RESUMO
FIDELES, Lucimara de Araújo.Turismo arqueológico em Parelhas/RN: Uma análise comparativa com o desenvolvimento do segmento no município de Carnaúba Dos Dantas/RN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Turismo). Currais Novos, 2015. O presente trabalho tem como tema principal o turismo arqueológico, que é um segmento do turismo que possibilita a interação com os vestígios deixados pelos antepassados, possibilitando assim, o conhecimento a cerca de suas tradições, vivências, crenças, etc. Este segmento pode ser realizado em sítios arqueológicos, que se caracterizam por possuir representações do cotidiano desses povos, como principal exemplo cita-se as pinturas rupestres, predominantes nos sítios arqueológicos do Seridó, que será a área específica desse trabalho. O segmento de turismo arqueológico se desenvolvido de forma planejada e sustentável, pode ser uma atividade benéfica para o município que a adere, protegendo o patrimônio visitado, e ainda contribuindo para a economia local. Com isso, este trabalho tem como objetivo: Identificar os entraves que impedem o desenvolvimento do turismo arqueológico no município de Parelhas/RN, fazendo uma análise comparativa com o município de Carnaúba dos Dantas/RN, onde o segmento já está desenvolvido, para isso, foram necessárias a aplicação de formulários com os secretários de turismo de ambos os municípios, proprietários dos sítios estudados, que são o Mirador de Parelhas e o Xique-Xique I de Carnaúba dos Dantas, com os guias responsáveis por levar os visitantes até os sítios, e com os moradores dos dois municípios para entender assim qual a percepção deles a respeito do turismo arqueológico, e a partir deles identificar o que eles acreditam ser importante para que haja o desenvolvimento do segmento. Como resultados, foram identificados que são necessários maiores envolvimentos por parte dos órgãos municipais (secretária e prefeitura), e por parte dos proprietários do sítio Mirador, também foi identificado à carência de pessoas qualificadas para atuarem como guia no município.
PALAVRAS-CHAVE: Turismo Arqueológico; Desenvolvimento; Parelhas/RN; Carnaúba dos Dantas/RN
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ABSTRACT
FIDELES, Lucimara de Araújo.Turismo arqueológico em Parelhas/RN: Uma análise comparativa com o desenvolvimento do segmento no município de Carnaúba Dos Dantas/RN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Turismo). Currais Novos, 2015. This work has as main theme the archaeological tourism, which is a segment of tourism that allows interaction with the traces left by ancestors, thus allowing knowledge about their traditions, experiences, beliefs, etc. This segment can be accomplished in archaeological sites, which are characterized by having daily representations of these people, as prime example cited is the rock paintings, predominant in archaeological sites of the Seridó, that will be the specific area of this work. The archaeological tourism segment developed in a planned and sustainable manner can be a beneficial activity for the city that adheres it, protecting the heritage visited, and still contributing to the local economy. Therefore, this study aims to: Identify the obstacles which prevent the development of archaeological tourism in the municipality of Parelhas/RN, making a comparative analysis with the municipality of Carnauba dos Dantas/RN, where the segment is already developed, for that it was necessary the application of questionnaires with the tourism secretaries of both municipalities, sites owners studied, which are the Mirador in Parelhas and Xique-Xique I in Carnauba dos Dantas, with the tour guides responsible by sites, and also with the residents in both cities, to understand what their perception about the archaeological tourism, and from them, identify what they believe to be important to the development of the segment. As result , were identified that will be necessary a greater involvement by municipal authorities (secretary and mayor), as well as, attention the Mirador site owners, and also was identified the lack of qualified people to work as a tour guide in the city.
KEYWORDS: Archaeological Tourism; Development; Parelhas/RN; Carnauba dos Dantas/RN.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Imagem 1: Mapa do Roteiro Seridó ........................................................................... 29
Imagem 2: Mapa dos municípios de Parelhas e Carnaúba dos Dantas. ................... 33
Imagem 3: Estrutura de passarelas construídas pelo IPHAN no Mirador ................. 36
Imagem 4: Vestígios da extração de rocha no Mirador ............................................. 37
Imagem 5: Estrutura de passarelas construídas pelo IPHAN no sítio Xique - Xique I
.................................................................................................................................. 38
Imagem 6: Artesanato vendido na casa do proprietário do Xique - Xique I ............... 47
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Visitação no Sítio Mirador ......................................................................... 50
Gráfico 2: Visitação por guia ou conta própria........................................................... 51
Gráfico 3: Potencial turístico do Sítio Mirador ........................................................... 52
Gráfico 4: Turismo no Sítio Mirador ........................................................................... 52
Gráfico 5: Turismo como oportunidade de benefícios para o município .................... 53
Gráfico 6: Elementos importantes para o desenvolvimento do turismo arqueológico
.................................................................................................................................. 54
Gráfico 7: Atuação da secretária de turismo ............................................................. 54
Gráfico 8: Preservação no Sítio Mirador ................................................................... 55
Gráfico 9: Visitação no Sítio Xique - Xique I .............................................................. 56
Gráfico 10: Visitação por guia ou conta própria......................................................... 56
Gráfico 11: Potencialidade Turística do Sítio Xique - Xique I .................................... 57
Gráfico 12: Turismo no Xique - Xique I ..................................................................... 57
Gráfico 13: Turismo como oportunidade de benefícios para o município .................. 58
Gráfico 14: Elementos importantes para desenvolvimento do turismo arqueológico
em Carnaúba dos Dantas.......................................................................................... 59
Gráfico 15: Gestão da Secretaria de turismo ............................................................ 59
Gráfico 16: Ações de preservação no Sítio Xique - Xique I ....................................... 60
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Sítios Arqueológicos catalogados pelo IPHAN em Carnaúba dos
Dantas/RN ................................................................................................................. 74
Tabela 2: Sítios Arqueológicos catalogados pelo IPHAN em Parelhas/RN ............... 75
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
FUMDHAN - Fundação Museu do Homem Americano
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e estatísticas
IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
1.1 Problemática .................................................................................................... 16
1.2 Justificativa ...................................................................................................... 17
2 METODOLOGIA .................................................................................................... 20
3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS ................................................................................ 22
3.1 Turismo Cultural e o Patrimônio Arqueológico ................................................. 22
3.2 Introdução ao turismo arqueológico ................................................................. 23
3.3 O turismo arqueológico em âmbito mundial ..................................................... 25
3.4 O turismo arqueológico brasileiro ..................................................................... 26
3.5 Turismo arqueológico no Rio Grande do Norte e no Seridó ............................ 28
3.6 Sustentabilidade nos sítios arqueológicos ....................................................... 30
3.7 Leis de proteção aos sítios arqueológicos ....................................................... 31
4 LOCALIZAÇÃO E HISTÓRIA DOS MUNICÍPIOS ................................................. 33
4.1 O município de Parelhas/RN ............................................................................ 34
4.2 O município de Carnaúba dos Dantas/RN ....................................................... 37
5 ANÁLISE COMPARATIVA .................................................................................... 40
6 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS ..................................................................... 62
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 64
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 66
APÊNDICES ............................................................................................................. 69
ANEXOS ................................................................................................................... 74
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1 INTRODUÇÃO
O turismo é uma das atividades que vem se desenvolvendo ao longo dos
anos, e sendo cada vez mais procurado por pessoas que possuem o propósito ou
desejo de praticá-la. Nesta perspectiva houve a necessidade da segmentação do
turismo, subdividindo-o em diversas áreas, dentre elas está o turismo cultural, e que
a partir desse segmento é possível desenvolver várias outras atividades, como
conhecer centros históricos, ou a visitação em Sítios arqueológicos que demonstram
o passado pré-histórico através de pinturas, gravuras, etc.
A arqueologia segundo Scatamacchia (2005, p.19) “é uma ciência social
que estuda os antigos processos históricos a partir de vários tipos de vestígios
materiais deixado pelos homens”. Desse modo, o turismo apropriou-se dessa ciência
e transformou-a em segmento, pois há uma grande demanda de pessoas que se
interessam pela vivência dos antigos, e buscam aprender mais sobre as raízes de
um povo.
O turismo arqueológico se realizado de forma planejada, pode chegar a
ser uma forma de turismo sustentável que além de não trazer tantos impactos ao
meio ambiente em que ocorrem, pode também trazer alguns benefícios para a
localidade, como o resgate da cultura local para mostrar aos turistas. Como afirma
Veloso e Cavalcanti apud Fernandez (1999): cultura e patrimônio possuem um valor
artístico-cultural e também um valor econômico. A utilização do patrimônio com
finalidade turística gera diferentes atividades econômicas, divisas, empregos e pode
ser utilizado em parte como estratégia para o desenvolvimento de uma localidade ou
região.
Muitas vezes por falta de interesse dos órgãos públicos e até da
comunidade a cultura de um lugar ou até os patrimônios que esse lugar possui não
são valorizados, tornando-se esquecidos e degradados, com a atividade turística há
a preocupação em preservar, e conservar o patrimônio com o intuito de mostrar para
os visitantes e trazer renda para a localidade. Muitos países como o México e o
Peru, já desenvolvem as atividades de turismo arqueológico de forma sustentável e
eficiente, de modo que há a visitação, a preservação e ainda é gerador de renda.
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O Brasil também é um país riquíssimo em termos de elementos
arqueológicos, foram detectados e catalogados pelo Instituto do PatrimônioHistórico
e Artístico Nacional (IPHAN) cerca de 19 mil sítios arqueológicos no país. Os
vestígios arqueológicos presentes nesses Sítios são principalmente arte rupestres,
gravuras, artefatos, dentre outros (IPHAN, 2012).
Entre a diversidade de Sítios arqueológicos conhecidos no Brasil,
destaca-se o Parque Nacional da Serra da Capivara, localizado no sudoeste do
Piauí, contando em seu perímetro cerca de 1.334 sítios cadastrados segundo a
Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAN), sendo assim referência de
turismo arqueológico no Brasil.
O Rio Grande do Norte também é um estado rico em turismo arqueológico
existindo cerca de 291 Sítios arqueológicos de acordo com os dados do (IPHAN,
2012), o estado apresenta atrativos arqueológicos importantes de valor inestimável,
voltados para a região do Seridó, o município que mais abrange esses Sítios é o
município de Carnaúba dos Dantas, no qual foram contabilizados pelo IPHAN 37
Sítios arqueológicos, nesses já são desenvolvidas atividades turísticas com bastante
frequência, onde há acompanhamento, e monitoramento das visitações, ou seja já
está em um nível mais desenvolvido que os outros municípios.
Os sítios arqueológicos do município de Parelhas, que terão maior
enfoque nesse trabalho, pode dizer que são muito importantes e significativos, por
apresentarem uma datação radio carbônica de mais de nove mil anos, sendo o mais
antigo do Seridó. O Sítio Mirador, localizado nas proximidades do açude Ministro
João Alves (boqueirão) é o mais conhecido do município de Parelhas, nela
encontram-se três paredões rochosos onde se apresentam as pinturas e onde foram
encontrados fósseis e objetos dos povos que ali viveram. Porém, a pouca atividade
de visitação desenvolvida ainda ocorre de forma desordenada, não existindo
controle de visitação, sendo assim mais propício ao ato de depredação da parte
daqueles que visitam o local por conta própria. Desse modo, este trabalho tem como
objetivo geral: Analisar as diferenças entre o desenvolvimento do turismo
arqueológico do Xique Xique I de Carnaúba dos Dantas para o turismo arqueológico
do Sítio Mirador de Parelhas.
Para tanto, foi necessário utilizar de pesquisa bibliográfica a respeito do
tema. Foram realizadas entrevistas com os responsáveis por cada Sítio, e com os
secretários de turismo dos dois municípios, com os guias responsáveis, e também
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serão aplicados questionários com a população local de ambos os municípios para
assim conhecer a percepção destes a respeito do turismo local e do turismo
arqueológico, e ainda foi necessária a pesquisa de campo a ambos os Sítios
arqueológicos e assim visualizar aspectos importantes na visitação do Sítio. Desse
modo, é possível identificar como ocorrem as visitações em cada Sítio, e assim
saber como se desenvolve o turismo arqueológico. Por fim será feita a base
comparativa entre os sítios para assim reconhecer o que seria necessário para
desenvolver melhor o turismo arqueológico no município de Parelhas/RN.
O seguinte projeto está estruturado em três capítulos, sendo o primeiro
uma descrição dos fatores cultura; turismo arqueológico e sustentabilidade, onde é
possível conhecer o turismo arqueológico em âmbito mundial, nacional e local,
levando em consideração o fator sustentabilidade, conhecendo algumas leis de
proteção e preservação desses patrimônios.
No capítulo seguinte serão apresentados os dois sítios arqueológicos que
aqui serão estudados, o Sítio arqueológico Xique- Xique I, localizado no município
de Carnaúba dos Dantas e o Mirador de Parelhas, serão informados como foram
descobertos e por quem, quando começaram a estudá-los, e como são
desenvolvidas as atividades de visitação nestes sítios.
No último capítulo serão apresentados os resultados das pesquisas
realizadas com os secretários de turismo dos dois municípios, e com os guias
responsáveis por levar grupos até o local, com a população local, e também com os
respectivos proprietários de cada Sítio. Assim será possível entender a visão de
cada parte envolvida no desenvolvimento do turismo arqueológico em cada
município.
1.1 Problemática
O turismo arqueológico é considerado um segmento de imenso potencial
no Seridó, por este possuir uma grande variedade de Sítios arqueológicos
espalhados em seu território. O município que mais abrange esses sítios é
Carnaúba dos Dantas, possuindo mais de 60 Sítios arqueológicos reconhecidos pelo
IPHAN. O município de Parelhas, também apresenta grande importância se tratando
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de arqueologia, o mesmo dispõe de quatro sítios arqueológicos, porém sendo
apenas um o mais conhecido e visitado, que é o Sítio arqueológico Mirador, que é
de imensa importância científica por ter sido o local onde foi encontrada a ossada
mais antiga do Seridó, com uma datação de 9.410 anos.
O município de Carnaúba já desenvolve bem a atividade turística nesses
Sítios arqueológicos, principalmente no complexo Xique - Xique, que depois das
obras de revitalização realizadas pelo IPHAN, o turismo arqueológico desenvolve-se
muito, diferentemente do Sítio Mirador de Parelhas, que também recebeu as obras,
porém, depois delas permaneceu com os mesmos problemas de antes, que eram a
visitação sem acompanhamento e falta de reconhecimento perante os órgãos
públicos.
Desse modo, ambos os municípios são significativos e por isso receberam
as obras do IPHAN para que fosse possível ocorrer à visitação turística de modo que
não prejudicasse o local e os paredões onde se encontram as pinturas. Contudo,
têm-se o seguinte questionamento: Sendo o município de Carnaúba dos Dantas
uma referência em turismo arqueológico do Seridó, onde as obras do IPHAN foram
realizadas no mesmo período, porque o turismo arqueológico no município de
Carnaúba do Dantas se desenvolveu e no município de Parelhas ainda não? Para
responder esse questionamento, foram realizadas entrevistas com os moradores
locais de ambos os municípios para entenderem a percepção destes a respeito da
importância do turismo arqueológico no município; com o guia turístico dos dois
sítios estudados, para conhecer como ocorre a visitação e preservação dos Sítios;
com o secretário de turismo dos dois municípios para conhecer quais as ações que
são desenvolvidas para ampliar o turismo arqueológico em cada cidade; e também
com os proprietários do sítio Xique-Xique I e do Mirador para conhecer qual o papel
do proprietário em relação ao turismo que ocorre nesses sítios.
1.2 Justificativa
O turismo ao longo dos anos vem ganhando espaço dentre as economia
de uma localidade, além de ser um meio de valorização dos patrimônios existentes,
assim, muitos países estão adotando essa atividade, pois é um meio de
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desenvolvimento para o município, e ainda gerador de renda e emprego para a
comunidade local.
No Rio Grande do Norte, o turismo mais comum é o de sol e mar, mas no
interior do estado já estão sendo desenvolvidos outros tipos, como o turismo rural,
religioso, e o turismo arqueológico que terá maior enfoque neste trabalho.
O turismo arqueológico permite a visitação de lugares e artefatos antigos
que pertenceram aos antepassados, de modo, que é possível entender suas
vivências e comportamentos. Como ressalta Scatamacchia (2005, p.19) “A
arqueologia estuda a cultura material que engloba artefatos e marcas físicas que os
homens deixaram no ambiente para facilitar a sua sobrevivência”. Assim, é de
interesse das pessoas saber sobre a vivência dos povos, o que os artefatos
representam, e assim, o turismo arqueológico possibilita esse conhecimento,
levando visitantes até os locais onde há pinturas, figuras, fósseis, artefatos, etc.
O município de Carnaúba dos Dantas, localizado na microrregião do
Seridó Oriental, é referência em turismo arqueológico no estado, pois apresenta
mais de 60 Sítios arqueológicos identificados, sendo apenas 37 catalogados pelo
IPHAN, e já desenvolve a prática de visitação em diversos Sítios.
O município de Parelhas, apesar de só possuir 4 (quatro) arqueológicos, e
apenas um ser passível de visitação, o Sítio recebeu as obras de socialização
realizadas pelo IPHAN, para que pudesse haver visitação turística de modo que não
prejudicasse o meio ambiente, e as próprias pinturas, além de também ter retirado
todas as pichações que havia anteriormente quando a visitação ocorria de forma
desordenada. Assim, o Sítio está apto para a visitação, porém as atividades de
turismo arqueológico no município ainda não são desenvolvidas com frequência.
Desse modo, este trabalho procurou entender quais os entraves para esse
desenvolvimento, através de uma comparação entre o Sítio Xique-Xique I de
Carnaúba dos Dantas, que detém um turismo arqueológico já desenvolvido.
Assim, este trabalho é de bastante relevância para a sociedade, pois
poderá identificar os problemas existentes que impedem o desenvolvimento do
segmento no município de Parelhas, ao mesmo tempo, em que se compara com o
turismo arqueológico de Carnaúba dos Dantas que por já ter um turismo mais
desenvolvido, pode servir de exemplo a ser seguido pelos componentes envolvidos
com o turismo no Sítio Mirador e assim desenvolvê-lo melhor para atividade.
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Também torna-se importante para a Academia por ser mais um material
de turismo arqueológico que será disponibilizado na biblioteca, como ainda existem
poucos trabalhos nessa área, é de imensa importância trabalhar mais o tema de
turismo arqueológico, pois este é um segmento que cada vez mais está se
desenvolvendo principalmente nas regiões interioranas, como é o caso do Seridó.
Como valores pessoais, este trabalho é importante, pois além de
desenvolver os conhecimentos, também é muito gratificante trabalhar uma questão
que pode ajudar o município em que resido, a desenvolver o turismo arqueológico, e
assim se tornar uma atividade lucrativa para a cidade, e para os moradores, além de
contribuir para a valorização do patrimônio.
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2 METODOLOGIA
Este trabalho se caracteriza por um estudo comparativo que descreverá
dois objetos de estudo e depois compará-los a fim de obter os resultados esperados
e assim encontrar suas diferenças e semelhanças.
Para a construção do trabalho foi realizado inicialmente uma pesquisa
bibliográfica, que para Dencker (1998, p.125) “é uma pesquisa quanto aos seus
procedimentos técnicos, caracteriza-se como pesquisa bibliográfica desenvolvida a
partir de material já elaborado: livros e artigos científicos”, sendo assim um ponto de
partida para se dar inicio ao trabalho. Assim, autores como Scatamacchia, Widmer,
Pardi, entre outros foram utilizados para enriquecer os conteúdos a partir de citações
diretas e indiretas.
Foram necessárias a realização de entrevistas com os secretários de
turismo de ambos os municípios; com os guias responsáveis pela visitação dos
Sítios; e com os proprietários. Para Dencker (1998, p.137) “entrevista é uma
comunicação verbal entre suas ou mais pessoas com grau de estruturação
previamente definido, cuja finalidade é a obtenção de informações de pesquisa”.
Desse modo, será possível obter as informações necessárias para dar continuidade
ao trabalho e atingir os objetivos.
Assim, este trabalho tem caráter qualitativo, segundo Souza, Fialho e
Otani (2007, p.40) “Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas”,assim as
entrevistas realizadas com as pessoas citadas acima foram apenas descritivas.
Outro procedimento necessário foi à aplicação de formulários com os
moradores de ambos os municípios, de acordo com Marconi e Lakatos (2010) o
formulário se caracteriza por haver o contato direto com o entrevistado, sendo este o
motivo que o diferencia do questionário. A amostragem se caracteriza como por
conveniência onde foram aplicados aleatoriamente nas ruas de ambos os
municípios, com pessoas de perfis diferentes.
Este trabalho também se caracteriza como uma pesquisa quantitativa, De
acordo com Souza, Fialho e Otani (2007, p.39) “Considera que tudo pode ser
quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las”. Assim as respostas dadas pela população entrevistada
serão contabilizadas e transformadas em gráficos.
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O mesmo é caracterizado como descritivo, que segundo Martins (2007,
p.36) “Tem como objetivo a descrição das características de determinada população
ou fenômeno, bem como o estabelecimento entre as variáveis e fatos”.
Assim, serão usados os dados de pesquisa e os fatos percebidos durante
a coleta de dados em campo, conforme Marconi e Lakatos (2010, p.169) pesquisa
de campo “é aquela utilizada como objetivo de conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de
uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, de descobrir novos fenômenos
ou relação entre eles”, ou seja, será necessário visitar os dois Sítios estudados no
presente trabalho e assim, observá-los e entender como ocorrem às atividades de
visitação desenvolvidas em ambos, além de observar se são seguidas as regras de
sustentabilidade de cada um.
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3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
3.1 Turismo Cultural e o Patrimônio Arqueológico
O turismo ao decorrer do tempo vem se apresentando como uma
atividade financeira e social que pode trazer muitos benefícios para uma
determinada localidade, por se tratar de uma atividade muito complexa que abrange
diferentes tipos de interesses, houve a necessidade de segmentação, dentre muitos
segmentos do turismo está o turismo cultural.
O turismo cultural pode ser apresentado de diversas formas, seja por
meio de patrimônio histórico cultural material ou imaterial e pode ser considerado
uma forma de manter a identidade local, podendo trazer benefícios para a população
e também impulsionar a conservação do patrimônio cultural (BARRETO, 2006).
Desse modo, o turismo cultural pode beneficiar uma localidade, a partir do momento
em que há uma maior valorização dos seus patrimônios históricos culturais, além de
resgatar uma identidade local. O Ministério do Turismo (2010, p.11) fala sobre a
relação entre a cultura e o turismo, e diz que:
Não pode ocorrer sem a necessária compreensão das formas de caracterização e estruturação pertinentes ao segmento. O desenvolvimento desse tipo de turismo deve ocorrer pela valorização e promoção das culturas locais e regionais, preservação do patrimônio histórico e cultural e geração de oportunidades de negócios no setor, respeitados os valores, símbolos e significados dos bens materiais e imateriais da cultura para as comunidades.
Nesse aspecto o turismo pode ser uma atividade positiva que ajuda na
reconstrução de um lugar, fazendo com que a comunidade local valorize sua cultura
de modo que interaja com os visitantes representando assim sua identidade e a
memória local, repassando-a para outros povos. “A cultura é encenada para o
turismo, mas a encenação provoca o resgate da cultura” (BARRETO, 2006, p.14).
Com o processo da globalização muitas culturas estão sendo esquecidas
, o turismo cultural pode ser uma alternativa para resgatar uma identidade e a
memória que antes estava esquecida. Segundo Pardi (2007, p.326):
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Os princípios do turismo cultural envolvem o incentivo ao descobrimento do sentido, símbolos e significados da cultura para potencializar os atributos, o respeito à identidade e à memória dos grupos formadores da cultura e sua dinâmica própria e a valorização da autenticidade dos bens e das experiências. Incluem também a proteção do patrimônio, a promoção do encontro de culturas, impulsionando a interpretação histórica e presente, o respeito às diversas possibilidades de interpretação dos bens, a viabilidade econômica da manutenção desses bens, a humanização do patrimônio e o empenho na formação dos atributos para facilitar a leitura.
Nessa perspectiva de turismo cultural relaciona-se prioritariamente com a
vivência dos antepassados, suas culturas, crenças, memórias e todos os artefatos
que foram deixados por estes, criando assim um elo entre o passado e o presente.
O turismo arqueológico apresenta-se como parte do turismo cultural, pois
se trata de todos os artefatos, pinturas, gravuras, feitas pelos nossos ancestrais,
assim como também apresenta a história da humanidade, atraindo pessoas que
buscam conhecimentos e que se interessam pelo modo de vida dessas pessoas que
há muito tempo viveram em uma determinada localidade.
3.2 Introdução ao turismo arqueológico
O Brasil é um país muito rico em arqueologia, tanto na arqueologia
urbana sendo representado por museus, como também em Sítios arqueológicos,
que possuem pinturas rupestres e fósseis de animais e pessoas da antiguidade.
Com o tempo esses tesouros da humanidade estão sendo mais e mais valorizados,
pois possibilita conhecer o passado dos nossos ancestrais, de modo que se torna
um bem valiosíssimo para os lugares onde existem, e passa a enriquecer também a
atividade turística. Para Araújo (2011, p.40) “Compreende-se que patrimônio
arqueológico são todas as evidências materiais manifestadas através de inscrições
rupestres, pinturas, objetos e outros artefatos encontrados em Sitio arqueológico,
sejam eles terrestre ou aquáticos”.
Dos muitos tipos de atrativos arqueológicos, se pode citar conforme Ries
(2003, p.30):
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24
Acampamento - Caracteriza-se como local de permanência temporária;
Cemitério - Sítio onde se encontram evidências de sepultamentos;
Cerâmico - Local onde o material cerâmico é a principal evidência;
Cerimonial - Lugar onde se encontram evidências de práticas religiosas
ou sociais;
Sítio colonial - Sítio cujos vestígios são atividades do período colonial;
Habitação - Sítio caracterizado pelo tempo de permanência prolongada.
Sambaqui - Sítio arqueológico cuja composição predominante são
conchas. Podem chegar até 30 metros de altura e apresentam-se
sob a forma de uma pequena coluna arredondada, composta quase
exclusivamente por carapaças de moluscos.
Arte rupestre - Caracteriza-se pela predominância de inscrições
(pinturas ou gravuras) as quais foram deixadas pelo homem em
paredes de abrigos, grutas, entre outros.
Ou seja, existem vários tipos de Sítios que podem desenvolver o turismo
arqueológico, assim pode ser implantado aonde existe algum desses fatores na
localidade, e que possa ser apresentada ao público de modo sustentável e seguro,
por esse motivo é importante o envolvimento dos órgãos públicos, pois é assim que
será feito um turismo planejado de modo que não degrade o meio onde ocorre a
atividade, e ainda beneficie a localidade e a comunidade local.
Nem sempre esses patrimônios são valorizados, sendo depredados
muitas vezes pelos próprios moradores locais, a ignorância e o não aproveitamento
desses bens, podendo acarretar a destruição do patrimônio, sendo depredado e alvo
de vandalismo, fato este que se torna um empecilho para o desenvolvimento da
atividade turística.
A comunidade local é fator importante a ser considerado, de acordo com
Funari e Pinsky (2007), A sensibilização da comunidade na interação do
planejamento e das políticas públicas, determinará o sucesso ou o fracasso do
desenvolvimento do turismo. Com isso, entende-se que para que haja um turismo
arqueológico realizado de forma adequada e sustentável, depende da interação da
comunidade local com os órgãos públicos visando o bem do atrativo.
Scatamacchia (2005) relata que, muitos países têm como principal fonte
de renda o turismo cultural, no qual o patrimônio arqueológico é o principal atrativo,
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25
podemos citar nessa condição o Egito, a Grécia, o México e o Peru, países cujos
vestígios monumentais atraem milhares de turistas todos os anos. Assim, ele mostra
o quanto o turismo arqueológico é um fator de desenvolvimento, que esses vestígios
arqueológicos são de grande valia e um grande atrativo turístico, que para muitos
países é um dos principais atrativos, atraindo turistas de todo o mundo.
3.3 O turismo arqueológico em âmbito mundial
Se tratando de turismo arqueológico países como Egito, Grécia, México, e
Peru, têm muito a oferecer, possui patrimônios valiosíssimos, por apresentarem
vestígios de vivências muito antigas. Segundo Scatamacchia (2005, p.25) esses
países:
Possuem evidências arqueológicas monumentais, que têm atraído visitantes de toda parte. Templos de mármore e pirâmides de vários tipos, por exemplo, são elementos extremamente atrativos, e constituem um patrimônio arqueológico importante e rentável para esses países.
Referências de turismo arqueológico no mundo, esses países possuem
uma cultura riquíssima, que atraem turistas de todo mundo, apresentam em sua
composição a arqueologia principalmente monumental, a seguir será falado um
pouco dos atrativos arqueológicos de cada um dos países citados acima.
A Grécia antiga, sendo um dos principais pontos turísticos do mundo é
conhecida por apresentar uma cultura exuberante deixada pelos seus antepassados,
trata-se de arquiteturas incomparáveis de seus templos e palácios, esculturas e
pinturas, e além de tudo apresenta uma beleza natural de seus ilhas. Segundo
Widmer (2009) a Grécia considerada um dos principais berços culturais da
civilização ocidental, continua sendo um dos grandes ícones para o desenvolvimento
do turismo arqueológico que ostenta, de características predominantes
monumentais.
A acrópole de Atenas abriga em sua composição monumentos como o
Paternon, o Propileu e o Erecteion. Ambos os monumentos são de origem sagradas,
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26
representando os Deuses gregos. O Sitio arqueológico de Delfos onde este abriga o
oráculo dos Delfos, um dos principais oráculos da Grécia. O sitio arqueológico de
Olímpia, abrange os templos de Zeus, e era onde se realizava os jogos olímpicos da
antiguidade. Outro importante atrativo é o sitio arqueológico de Epidauro, que abriga
o Templo do Escapulário, e o anfiteatro de Epidauro, um dos maiores da Grécia
(WIDMER, 2009).
No Egito, o turismo arqueológico está relacionado principalmente à
visitação das pirâmides de Gizé, construídas a mais de 4.500 anos, com intuito de
serem os túmulos dos faraós: Miquerinos, Quéops e Quéfren, Outro atrativo também
seria os templos de Abu Simbel, que é um conjunto de construções escavadas na
rocha, com cerca de 3.000 a.c, situados ao longo do Rio Nilo. (WIDMER, 2009)
O México apresenta em sua composição, um turismo arqueológico
voltado para a cidade pré-histórica de Chichén Itzá, sendo este um atrativo
representativo da cultura Maia, composto por pirâmides, e templos na Península de
Yucatán. (WIDMER, 2009). O turismo arqueológico tem como principais atrativos a
cidade de Cuzco e o Santuário Histórico de Machu Picchu, que recebe visitações o
ano inteiro.
Esses são alguns dos patrimônios arqueológicos que podem ser
encontrados pelo mundo, de modo que todos são de valor inestimável, pois são
únicos e insubstituíveis.
3.4 O turismo arqueológico brasileiro
No Brasil, diferentemente dos outros países citados acima que compõe
sua arqueologia principalmente de vestígios monumentais, apresenta na sua
composição de turismo arqueológico principalmente pinturas, gravuras, fósseis, e
objetos antigos. Segundo Scatamacchia (2005, p.38) “As manifestações rupestres
estudadas até agora no Brasil são mais recentes que as que foram encontradas na
Europa, mas possuem a mesma exuberância nos desenhos de animais, nas cenas
de dança e de caça”.
Desse modo, não se pode menosprezar a arqueologia brasileira ao dizer
que é menos representativa do que a da Europa. A cultura arqueológica do país é
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27
riquíssima, porém ainda não é totalmente propícia para a realização da atividade
turística, apesar de já terem sido catalogados mais de 10 mil Sítios arqueológicos
pelo IPHAN, apenas uma pequena parte recebeu infraestrutura adequada e
planejamento para a prática de visitação.
Dentre os muitos Sítios arqueológicos apresentados no Brasil, se
destacam: O parque Nacional Serra da Capivara localizado no sudeste do Piauí;
Parque Nacional de Sete Cidades situado a 190 km de Teresina; a Chapada do
Araripe no sertão do Ceará; e Lagoa Santa em Minas Gerais. Serão detalhados a
seguir apenas o Parque Nacional Serra da Capivara e a Lagoa Santa.
O parque Nacional da Capivara comporta em sua área cerca de 406
Sítios arqueológicos cadastrados, dos quais 360 apresentam pinturas rupestres,
desse total de sítios apenas 128 é aberto para visitação, sendo 16 adaptados com
acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais. O Parque
encontra-se na responsabilidade da Fundação Museu do Homem Americano
(FUMDHAM) que faz do parque o melhor possível para a prática de visitação
turística, incluindo sinalização, com condutores capacitados. O parque é
considerado mais preparado para visitação turística no Brasil, e é considerado
patrimônio Cultural da Humanidade (WIDMER, 2009).
A Lagoa Santa é considerada o local do nascimento da arqueologia
brasileira, apresenta cerca de 400 grutas, sendo as maiorias ainda inexploradas.
Também apresenta arte rupestre aberta ao público nas grutas de Maquiné, Rei do
Mato, e Lapinha. Além disso, nessa região que se encontra a Gruta do Sumidouro,
onde foi encontrado o crânio de Luzia, considerada o ser humano mais antigo
encontrado no Brasil, com uma datação de 12 mil anos (WIDMER, 2009).
Desse modo, pode-se notar quão rica é arqueologia brasileira, composta
por parques preservados e de valor mundial, muitos se destacam no exterior como é
o caso da Chapada do Araripe. Assim, também é possível reconhecer o potencial
desse segmento, muitos municípios, principalmente no interior apresentam essa
riqueza, e há a possibilidade de utilizar para a área turística, de modo que agrega
valor ao lugar, e traz benefícios para a comunidade local e para o próprio município.
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28
3.5 Turismo arqueológico no Rio Grande do Norte e no Seridó
O Rio Grande do Norte apresenta grande potencial no segmento de
turismo arqueológico, por apresentar uma enorme quantidade de Sítios espalhados
por todo o estado, De acordo com o IPHAN (2012) existem em todo território um
total de 291 Sítios catalogados pelo Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos
(CNSA). Esses são apenas os registrados, fora esses ainda existem muitos Sítios
não cadastrados.
Dentre os muitos municípios que mais apresentam essa riqueza cultural
se destacam: Carnaúba dos Dantas; Mossoró; Apodi; Santana dos Matos; Areia
Branca; Tibau do Sul; Maxaranguape; Nísia Floresta; São José do Mipibu; Baía
Formosa e Alto Rodrigues (IPHAN, 2012).
Na região do Seridó, são conhecidos duzentos e trinta e quatro Sítios
arqueológicos de arte rupestre (NASCIMENTO e SANTOS, 2013), o município
referência em turismo arqueológico é Carnaúba dos Dantas, abrigando 37 sítios
arqueológicos já cadastrados (ver Tabela 1), sendo os mais conhecidos o Sítio
Pedra do Alexandre, Xique- Xique I e Xique- Xique II. Ambos passaram pela reforma
feita pelo IPHAN, onde foi implantada uma estrutura apropriada para a visitação,
desse modo não degradando os Sítios, e tornando a visitação uma atividade
planejada propícia para a prática sustentável.
Além desse município, muitos outros também apresentam Sítios
arqueológicos em suas áreas, é o caso de: Tenente Laurentino, que contém o
segundo maior número de Sítios, sendo: Florânia, Serra Negra do Norte e Parelhas
contendo 4 Sítios em cada município; Acari e Caicó e São João do Sabugi com 4;
Jucurutu, Timbaúba dos Batistas com 2; e Equador e São Fernando com 1. (IPHAN,
2012)
Com isso, mostra-se que o segmento de turismo arqueológico é propício
para a área, pois há uma imensa quantidade de Sítios que já recebem frequentes
visitações, principalmente de turismo pedagógico e de pesquisa.
Nessa perspectiva, surge o Roteiro Seridó, desenvolvido pelo Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) no ano de 2004 junto
com o Setur em consonância com a política de regionalização do turismo. Fazem
parte desse roteiro os municípios de Acari, Cruzeta, Carnaúba dos Dantas,
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Parelhas, Caicó, Lagoa Nova e Currais Novos (ver Imagem 1). A visitação nesses
municípios abrange a visita de diversos atrativos existentes no Seridó, inclusive dos
Sítios arqueológicos, contribuindo assim, para o desenvolvimento do segmento na
região, e agregando valor aos municípios.
Imagem 1: Mapa do Roteiro Seridó
Fonte: Silva, 2013.
Outro fator que contribui para o desenvolvimento do turismo no Seridó, é
o projeto de criação do Geoparque Seridó, que se trata de uma proposta de criação
de um Geoparque. De acordo com o site oficial do projeto:
Geoparque é um território com limites definidos que apresenta geossítios de especial valor científico/educativo. Além de sua importância para preservação da memória geológica (geoconservação), a presença de valores ecológicos, arqueológicos, históricos ou culturais inseridos num processo de desenvolvimentos sustentável que fomente projetos geoturísticos e educacionais e dee valorização do patrimônio cultural local, agrega valor à proposta de criação do geoparque.
Desse modo, a criação do geoparque Seridó seria de imensa importância,
pois além de estar valorizando os atrativos históricos e científicos que os municípios
envolvidos no projeto possuem, esta seria também uma forma de preservar e
proteger esses patrimônios, e ainda, é um meio de valorização da geologia
existente.
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30
Contudo, é possível observar que existe grande potencial do turismo
arqueológico no Seridó, e para que atividade ocorra de forma sustentável é
necessário ter o apoio dos órgãos públicos juntamente com o IPHAN, para que
desse modo seja possível ter uma atividade planejada, que não desgaste o
ambiente onde estão localizados os sítios e as próprias pinturas.
3.6 Sustentabilidade nos sítios arqueológicos
A sustentabilidade no segmento de turismo arqueológico é um aspecto
relevante a ser considerado na hipótese de desenvolvimento quando se almeja
incrementar essa modalidade de turismo em uma determinada localidade, Sturla
(2015, p.6) conceitua sustentabilidade como sendo “a capacidade da exploração do
ambiente respeitando a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos
processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos,
de forma socialmente justa e economicamente viável”.
Ou seja, a visitação aos Sítios arqueológicos de modo que respeite tanto
o patrimônio como o ambiente, pois quando se trata de patrimônio sabe-se quão
importante é proteger e salvaguardar este bem, e por esse motivo deve existir
primordialmente planejamento para que a atividade turística não cause danos tanto
ao patrimônio como também ao ambiente onde este se localiza.
Ao desenvolver o turismo arqueológico deve-se ter o sentimento de que é
preciso preservar aquele bem para que seja resguardado para as próximas
gerações.Para Veloso e Cavalcanti apud Bastos (2002):
O turismo arqueológico de forma sustentável além de exigir constante manutenção da base dos recursos culturais arqueológicos procura, sobretudo, preservar o objeto de visitação e pode ser visto como uma alternativa de preservação que deve ser levada em consideração sempre que possível, pois é fonte permanente de recursos, de empregos e de envolvimento comunitário.
Assim torna-se importante supervisionar e preservar para que ocorra uma
atividade sustentável. O ato de preservar é principalmente conhecer o patrimônio,
definir um planejamento e estabelecer políticas preventivas que incluam os estados,
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31
municípios, e o cidadão (PARDI, 2007). Assim, é necessário estabelecer esses
padrões para que haja uma atividade turística mais sustentável, de modo que
também englobe os órgãos municipais, privados e os moradores locais, sendo
assim, benéfico para todos os envolvidos.
Para isso, devem-se estabelecer parâmetros que podem ser cumpridos
pelos visitantes para que não prejudique o meio ambiente e o patrimônio
arqueológico durante a visitação, Pardi (2007, p.325) cita recomendações para que
a atividade seja realizada sem que prejudique estes meios, sendo essas:
Evitar a visitação isolada, a coleta de material de qualquer espécie, o pisoteio dos solos sensíveis ou as beiradas de poços de escavação, evitar preencher de giz ou jogar água ou outros produtos em petróglifos ou pinturas, lascar material lítico sobre um sítio, não fazer fogueiras ou fumar, evitar fotografar com flash pinturas pouco iluminadas e outros conforme o contexto.
São pequenas recomendações realmente muito importantes quando se
trata da preservação do patrimônio, e que, se cumpridas pode constituir uma
atividade equilibrada e sustentável, porém, nem sempre essas recomendações são
aceitas, ainda há muitas pessoas que mesmo diante das regras supostas por um
guia ou responsável, ainda assim insiste em ações que podem prejudicar aquele
bem e/ou o ambiente onde este se localiza. Outro fator que também pode ser
prejudicial ao patrimônio arqueológico é o desinteresse dos órgãos públicos, que
muitas vezes não reconhecem o valor daquele patrimônio e não exercem ações para
sua proteção e visitação adequada.
3.7 Leis de proteção aos sítios arqueológicos
A constituição Brasileira preocupa-se com o patrimônio arqueológico que
o Brasil dispõe em seu território, e por este motivo encontra-se regulamentados os
diretos e deveres relacionados aos Sítios arqueológicos, a constituição (1988)
reconhece o patrimônio como sendo:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
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diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Assim, esses elementos de valor inestimável se encontram sobre a
proteção da lei, Como assim afirma a constituição brasileira: “Os monumentos
arqueológicos ou pré-históricos de qualquer natureza existentes no território nacional
e todos os elementos que neles se encontram ficam sob a guarda e proteção do
Poder Público, de acordo com o que estabelece oart. 175 da Constituição Federal”.
Com isso, os Sítios arqueológicos estão assegurados contra todo e qualquer ato de
depredação, sendo suposto a punição caso ocorra o sinistro.
O dever de proteção não deve somente vir por parte dos órgãos públicos
e federais, é dever do cidadão zelar pelo bem que possui em seu município, Ribeiro
Junior apud Brasil (1988) explica que:
O parágrafo primeiro do artigo 216 da Constituição Federal intenciona o poder público juntamente com a colaboração da comunidade a promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro, fazendo-o por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e qualquer outra forma de acautelamento e devida preservação.
Assim, é de extrema necessidade que todos se unam para cuidar do bem
arqueológico que representa a identidade e memória dos nossos ancestrais. Um dos
principais métodos para preservação deste bem é o tombamento, que, ainda
conforme Ribeiro Junior (2015), é: “um ato administrativo pelo qual o Poder Público
declara o valor cultural de coisas móveis ou imóveis, inscrevendo-as no respectivo
Livro de Tombo, sujeitando-as a um regime especial que impõe limitações ao
exercício de propriedade, com a finalidade de preservá-las”.
Porém, nem sempre essas medidas são adotadas, muitos municípios
mesmo que recebam apoio federal e do IPHAN, para que seja possível receber
visitação nos sítios arqueológicos sem degradá-los, não valorizam o bem, de modo
que o deixa sem monitoramento.
No capitulo seguinte observa-se o caso dos Sítios arqueológicos Xique-
Xique I e o Mirador de Parelhas, apesar de serem semelhantes, são visíveis as
diferenças na forma em que cada um é preservado e como ocorrem as visitações.
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33
4 LOCALIZAÇÃO E HISTÓRIA DOS MUNICÍPIOS
Os municípios de Parelhas e Carnaúba dos Dantas estão localizados no
Rio Grande do Norte, especificamente na microrregião do Seridó Oriental, estão a
24 km de distância entre si (ver Mapa abaixo), fazem parte da região turística do
Pólo Seridó, e ambos possuem sua economia voltada para a zona ceramista e
mineração (IBGE cidades, 2015).
Os municípios possuem alto potencial para o turismo arqueológico,
principalmente Carnaúba dos Dantas que abrange mais de 60 Sítios arqueológicos
reconhecidos; e Parelhas apesar de possuir apenas 4 Sítios, somente um é propício
a visitação, ambos são de imensa importância científica, por esse motivo alguns
Sítios de Carnaúba e o Mirador de Parelhas foram contemplados pelas obras de
socialização do IPHAN, onde receberam a estrutura adequada para que ocorra a
visitação de forma menos prejudicial ao ambiente e as pinturas.
Imagem 2: Mapa dos municípios de Parelhas e Carnaúba dos Dantas.
Fonte: Santos apud Manoel Cirício Pereira Neto, 2014.
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4.1 O município de Parelhas/RN
O município de Parelhas está localizado no estado do Rio Grande do
Norte, a 245 km da capital Natal, possui uma área de 513,507 km², com população
de 21. 387 habitantes, de acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE Cidades, 2014).
O município dispõe de alguns atrativos que passa a dar uma valorização
maior para a atividade turística, com base no Geoparque Seridó destacam-se: a
Barragem Ministro João Alves (Barragem Boqueirão), considerado um dos principais
pontos turísticos mais conhecidos do Seridó Potiguar, com capacidade de
acumulação de 85.012.750 m³ de água; formação da serra das queimadas em
formato de princesa encantada (de acordo com os mitos populares); poço da
princesa; a reserva ambiental malhada vermelha; mirante de Parelhas (Cruzeiro da
Serra), de onde é possível ter uma visão panorâmica de toda a cidade; e dando um
destaque maior para o Sitio Arqueológico Mirador (ver Imagem 3), que se encontra
próximo a Barragem Boqueirão.
“Os primeiros estudos no Sítio foram realizados por José de Azevedo
Dantas, morador de Carnaúba dos Dantas, que nos anos de 1920 percorreu as
serras da região copiando a mão livre as pinturas e gravuras rupestres, após sua
morte, seus registros foram doados ao Instituto Histórico da Paraíba, onde em 1980
foram encontrados pela arqueóloga Gabriela Martin que publicou o livro Indícios de
uma civilização antiquíssima”(NASCIMENTO E SANTOS, 2013, p.32).
O pioneirismo de José de Azevedo levou posteriormente a realização de
estudos mais aprofundados, sendo o IPHAN em 1960 e em 1980 a começar
escavações. “A área escavada estava ocupada por uma necrópole indígena utilizada
principalmente para enterramentos infantis, desta sondagem foi obtida uma datação
radiocarbônica de 9.410 anos” (MARTIN, 1988). Os artefatos foram levados pelos
pesquisadores para a Universidade Federal de Pernambuco, com a promessa que
devolução quando fosse constituído um museu no município de Parelhas,
infelizmente, estes bens valiosos ainda hoje permanecem em guarda da
universidade(SANTOS,apudPEREIRA E SOUZA, 2005).
O Sítio Mirador, situado próximo a barragem Boqueirão, a
aproximadamente 4 km do centro da cidade, agrega 3 paredões rochosos onde se
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35
apresentam as pinturas rupestres. As figuras retratam imagens de humanos, felinos
e aves, que representam as vivências dos antepassados que ali viveram, as pinturas
são caracterizadas como sendo da tradição Nordeste que se caracteriza pela
“Presença de certas composições gráficas, grafismos de ações, que representam
ações da vida cotidiana e cerimonial. São temas sexuais, de violência, de caça, e
rituais cerimoniais” (MARTIN, 1988, p.3), e a subtradição Seridó que se caracteriza
por:
Os grafismos desenhados têm tamanho que oscilam entre 5 e 15 cm e comprimento e foram feitos com instrumentos finos, permitindo uma técnica muito cuidada de delineação das figuras. As cores utilizadas são principalmente o vermelho, seguida pelo branco, o amarelo e o preto. (MARTIN, 1988, p.4)
Desse modo, pode-se distinguir e conhecer as pinturas tanto do Sitio
arqueológico Mirador como também de todos da região nordeste, por apresentarem
as mesmas características.
Há décadas o Mirador sofria com a visitação desordenada, não existia
acesso nenhum para o local, além de sofrer constantes degradações em virtude das
visitações, era constante o ato borrifar água nas pinturas para ficarem mais nítidas, e
assim as pinturas foram se desgastando (entrevista com José Pereira, 2014). Em
2013 o Sítio passou por uma revitalização feita pelo IPHAN, onde foi construída uma
estrutura apropriada para a visitação turística, (ver Imagem 3) onde há cercas de
proteção e passarelas, além de lugares para descanso e contemplação da
paisagem.
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Imagem 3: Estrutura de passarelas construídas pelo IPHAN no Mirador
Fonte: Acervo da autora, 2015.
Outra questão que prejudicou bastante o Sítio arqueológico Mirador foi à
extração de rochas ao seu entorno, segundo a proprietária Hedelma Azevedo desde
a década de 90 quando eram retiradas rochas para comercializar para Espanha,
porém dentre os anos de 2002 e 2003, quando o dólar estava sendo desvalorizado o
comerciante Claúdio Holanda teve que parar suas atividades, pois já não era viável
economicamente. Anos depois com o aumento do dólar, ele tentou voltar o
comércio, porém, o sítio já estava sobre a proteção do IPHAN, mas ainda hoje,
permanecem as marcas dessa extração (ver Imagem 4).
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Imagem 4: Vestígios da extração de rocha no Mirador
Fonte: Acervo da autora: 2015
4.2 O município de Carnaúba dos Dantas/RN
O município de Carnaúba dos Dantas está localizado a 234 km da capital
Natal e a 24 Km do município de Parelhas, possui 7.429 habitantes, em uma área
territorial de 246,308 (IBGE, 2014).
O município apresenta atrativos relevantes como é o caso do monte do
galo que recebe milhares de turistas todos os anos durante o período pascoal, onde
ocorre à encenação da paixão de Cristo, e também o castelo Di Bivar, onde este já
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foi cenário para a gravação de algumas cenas do filme “O homem que desafiou o
diabo”.
Além de ser rico em turismo religioso, o município também se destaca
por ser referência em turismo arqueológico, apresentando em seu território 37 Sítios
arqueológicos (IPHAN), sendo a maior quantidade de Sítios existentes em uma
única localidade em todo o Seridó.
O Complexo Xique-Xique, se encontra localizado a aproximadamente
4km de distância do centro da cidade, e abrange os Sítios: Talhado do Menalcas,
Talhado das Pirocas, Xique-Xique I, Xique- Xique II, Xique-Xique III, Sítio do
Maribondo, Abrigo do Morcego, Mão Redonda, Furna do Marmeleiro, e Furna do
Pau d’Arco (DANTAS,2012). De todos os Sítios será pesquisado neste trabalho
apenas o Xique- Xique I, (ver Imagem 5) pois é semelhante ao Sítio Mirador,
possuindo as mesmas características, onde ambos foram contemplados pelas obras
do IPHAN, sendo assim outro fator que ajuda na análise comparativa entre eles.
Imagem 5: Estrutura de passarelas construídas pelo IPHAN no Sítio Xique-Xique I
Fonte: Acervo da autora, 2015.
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Assim, é notável o potencial que o município tem, se tratando de turismo
arqueológico, de todos os Sítios apenas 3 foram contemplados com as obras de
socialização feitas pelo IPHAN, são eles: Xique- Xique I, Xique- Xique II e Xique-
Xique IV, estes foram os primeiros Sítios do Seridó a receber essas obras, seguido
apenas pelo Sítio Mirador.
Desse modo, vê-se a importância de ambos os municípios, pois possuem
potencial para desenvolver o turismo arqueológico e já estão preparados para
receber visitação de forma mais sustentável. Porém, o fato do Sitio estar preparado
para visitação, não significa dizer que são ocorridas do modo que deveria ser, após
as obras finalizadas, fica responsável pelo Sítio a prefeitura local, onde esta irá
cuidar para que ocorra visitação de forma ordenada e não prejudicial ao local.
Bastos (2002) diz que para existir o turismo arqueológico sustentável é necessário
que haja a manutenção do bem visitado, para assim preservá-lo, pois é de valor
significativo e gerador de renda e envolvimento da comunidade local, e por esse
motivo deve mais preservado e resguardado.
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5 ANÁLISE COMPARATIVA
5.1 Os secretários
O secretário de turismo do município de Parelhas, Carlos Alberto de
Assis, atua neste cargo desde o ano de 2005, e é o responsável por todas as
atividades relacionadas ao turismo do município. Foi realizada uma entrevista com o
mesmo para conhecer um pouco do seu papel relacionado ao turismo arqueológico,
saber qual sua perspectiva a respeito desse segmento do turismo no município de
Parelhas.
Primeiramente buscou-se conhecer quais as potencialidades turísticas do
município para o secretario, ou seja, o que ele considera haver potencial para que
seja desenvolvido o turismo em determinada área, o mesmo respondeu que as
potencialidades do município são o turismo cultural, de eventos, de aventura,
arqueológico e de negócios.
A segunda pergunta visou saber quais atrativos de Parelhas realmente
recebiam visitação, e o senhor Carlos Alberto respondeu que apenas a barragem
Ministro João Alves (Boqueirão) e o Sítio arqueológico Mirador, recebiam visitantes,
porém com a barragem seca, diminuiu bastante o fluxo dos visitantes que viam a
Parelhas para fins de banho e lazer na barragem, ficando assim a responsabilidade
de atrair visitantes para o Sítio Mirador e os eventos que ocorrem periodicamente ao
longo do ano no município.
Levando em consideração que esses atrativos são importantes por
levarem turistas para o município, buscou-se saber como eles são trabalhados para
que haja o desenvolvimento do turismo, o secretário respondeu que ainda são
trabalhados de forma incipiente, amadora, não explicando o porquê de ainda só ser
trabalhado o desenvolvimento desse modo.
Em seguida, já entrando no foco da pesquisa que é o turismo
arqueológico, perguntou-se como ele considerava a importância do turismo
arqueológico para o município, ele falou que o Sítio Mirador é importante pelo seu
valor histórico e científico, levando assim o interesse de visitação.
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41
Como este falou que o turismo arqueológico é importante para o
município, foi questionado quais ações são realizadas pela Prefeitura Municipal em
conjunto com a secretária de turismo para desenvolver o atrativo, o mesmo
respondeu que é apenas trabalhado a divulgação e conservação do atrativo.
Entrando na área de conservação e preservação do patrimônio, foi
perguntado como se dá o monitoramento do Sítio Mirador, se há um controle de
visitação, e se há um guia especializado para conduzir os visitantes até o local, o
secretário respondeu que a questão do monitoramento se dá por um zelador
contratado pela prefeitura para que este se responsabilize pela visitação, que há um
livro de anotações onde as pessoas que visitam assinam o livro, e que há um guia
especializado que trabalha com agendamento.
Porém, durante a pesquisa foram necessárias várias visitações ao Sítio
Mirador, para registros fotográficos e recolher dados, seria necessário questionar o
zelador a respeito de seu trabalho no Sítio, e visualizar o livro de registros para
analisar a quantidade de pessoas que visitam o local, porém em nenhuma das idas
até o Sítio foi encontrado o senhor responsável, sendo assim impossível questioná-
lo e ver o livro.
Dando continuidade com a entrevista com o secretário de turismo, foi
questionado como é trabalhada a questão sustentabilidade do sítio, o mesmo
respondeu que este também era um papel desenvolvido pelo zelador, que se
responsabiliza pela entrada das pessoas, acompanhando-as até as pinturas, pela
limpeza do Sítio, não permitindo que as pessoas joguem lixo no local e também pela
manutenção da estrutura.
Mas, como falado a pouco, todas as visitações que foram necessárias
fazer ao Sítio, em nenhuma delas o zelador se encontrava, os portões do Sítio
estavam abertos para qualquer pessoa que desejasse subir sem acompanhamento,
sendo possível fazer o que quiser com as pinturas, já que não há ninguém
monitorando. Na ultima visitação foram encontrados bastante lixo no local,
embalagens principalmente, também foi encontrada pegadas muito próximas às
pinturas, sinal que as pessoas não respeitaram os limites de observação.
Voltando à entrevista, foi perguntado ao secretário se o turismo
arqueológico é um gerador de renda para a cidade, o mesmo respondeu que sim,
pois as pessoas que visitam o Sítio consomem e visitam toda a cidade.
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E por fim perguntou-lhe o que poderia ser feito, na opinião dele, para
desenvolver o turismo arqueológico no município de Parelhas, o mesmo respondeu
que há a necessidade de mais divulgação e seria interessante um roteiro de
integração com os Sítios arqueológicos de Carnaúba dos Dantas, por possuir um
turismo arqueológico mais desenvolvido.
5.2 O secretário de Carnaúba dos Dantas
O município de Carnaúba dos Dantas não possui secretária de turismo,
mas há um coordenador de turismo que trabalha a questão do turismo na cidade,
Damião Carlos Dantas atua neste cargo desde 2013, e além de exercer essa função
é também o principal idealizador do turismo arqueológico no município. O formulário
de entrevista aplicado com ele é o mesmo aplicado com o secretário de Parelhas,
para assim ser possível comparar as duas perspectivas.
Quando perguntado as potencialidades turísticas do município, o
coordenador citou os Sítios arqueológicos que segundo ele já foram descobertos
mais de 90 Sítios no município, porém poucos são reconhecidos pelo IPHAN; O
monte do galo, grande receptor de turistas todos os anos durante a paixão de Cristo;
O castelo de Bivar, também muito conhecido, porém não está mais recebendo
visitação interna; e citou também a pedra da Rajada e a Pedra do Dinheiro. Mas os
atrativos que realmente recebem um fluxo muito grande de turistas são apenas o
Monte do Galo e os Sítios arqueológicos.
Segundo o mesmo esses atrativos são trabalhados por cada responsável
sendo papel dos guias trabalharem a questão da preservação dos Sítios e papel da
Paróquia local trabalhar as atividades do Monte do Galo.
Perguntou-se como este considera a importância do turismo arqueológico
para um município, e este respondeu que dependia de uma serie de fatores, pois se
a atividade não for bem planejada, não traria benefícios, e para isso é necessário
que haja preservação, conscientização das pessoas para que entendam a
importância daquele atrativo e não o deprede, e assim, será benéfico para o
município, pois haverá de gerar emprego e renda para a população, e ainda
crescimento da cidade.
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Também foi perguntado que ações a prefeitura em conjunto com a
coordenadoria de turismo desenvolve para o crescimento do turismo arqueológico, a
resposta foi que há uma parceria com a Fundação Seridó, e que há o investimento
em preservação, além de ser desenvolvidos projetos como o “Uma viagem ao
Passado”, que é passada para as crianças das escolas, as informações a respeito
dos Sítios arqueológicos do município, sobre a vivência dos povos que ali habitaram,
e fala sobre a importância em preservar esse patrimônio.
Entrando na questão das atividades de visitação, perguntou-se como se
dá o monitoramento do Sítio, e a resposta foi que quando se trata de visitação há
muito exigência nesse quesito, pois não se pode visitar o Sítio sem um guia, e
também sem passar na casa dos proprietários que ajudam no monitoramento das
pessoas que visitam o Sítio, há um livro de registros que é necessário às pessoas
têm que assinar quando voltam da visitação aos Sítios, sendo necessário para
contabilizar quantas pessoas visitaram o Sítio anualmente. Como já falado, não há
visitação sem guia, ou seja, há guias especializados, capacitados para desempenhar
esse papel.
Na questão sustentabilidade é desenvolvida são desenvolvidas ações,
como já falado, para impedir que as pessoas visitem o Sitio sem acompanhamento,
evitando assim que as pessoas depredem e/ou piche os paredões com as pinturas.
O turismo arqueológico como o religioso gera renda para a cidade, pois
recebem um grande fluxo de visitantes, chegando até a receber turistas
estrangeiros, porém, eram mais comuns anos atrás.
Quando perguntado o que poderia ser feito para melhor desenvolver o
turismo arqueológico no município, o coordenador falou sobre a necessidade de
infraestrutura para a cidade, como a construção de pousadas, e nos Sítios são
necessários: acessibilidade, estacionamentos e banheiros, para assim facilitar a
visitação.
5.3 Diferenciação
A diferença nas respostas de ambos os secretários, ficou clara, pelo
modo de visitação dos Sítios, o Xique- Xique I de Carnaúba é bem trabalhado, e
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somente ocorre visitação por acompanhamento, já no Sítio Mirador de Parelhas é
possível fazer visitação desacompanhada, já que o zelador nunca está no Sítio para
monitorar a visitação.
Outro fator importante de ser citado, são as ações que a prefeitura em
conjunto com a secretaria de turismo desenvolve, no município de Carnaúba é
desenvolvido o projeto de conscientização das crianças, que irão crescer
conhecendo a história e valorizando o patrimônio local. Já o Secretário de turismo de
Parelhas se contradiz dizendo que uma das ações desenvolvidas é a divulgação,
porém, na ultima questão quando se pergunta o que é necessário para desenvolver
o turismo arqueológico, ele cita também a divulgação, ou seja, se esta é uma ação
desenvolvida, ou ela é fracamente realizada ou simplesmente não é.
Desse modo, vê-se através da opinião dos secretários de turismo, a
diferença no turismo arqueológico de ambos os municípios, observando a
perspectiva destes sobre como ocorre à atividade e o que pode ser melhorado, a
seguir será apresentado à visão dos proprietários a respeito da visitação dos Sítios
arqueológicos, e quais são os seus papéis se tratando dessa visitação.
5.4 Com os proprietários
5.4.1 Proprietário do Mirador
O Sítio Mirador é propriedade de sete herdeiros, que o receberam como
herança do pai. Foi realizada uma entrevista com uma das proprietárias, a senhora
Hedelma Azevedo, um dos filhos que mais tenta desenvolver o turismo arqueológico
no Sítio.
Foi perguntado primeiramente qual o papel do proprietário com relação à
visitação e manutenção do Sítio, ela respondeu que pode receber os turistas e
controlar a visitação, e que a manutenção é responsabilidade da prefeitura, porém,
por a atividade turística ainda ocorrer de forma lenta, não é possível se envolver
muito com a atividade de visitação. Também foi perguntado se existe parceria com a
secretaria de turismo, ela respondeu que sim, mas não especificou como é essa
relação.
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Foi questionado o que ela acharia pertinente melhorar para desenvolver o
turismo arqueológico, a mesma respondeu que seria interessante a construção de
um abrigo, tipo uma casa de apoio, onde haveria banheiros e sombra para dar
suporte na visitação.
Em relação à preservação perguntou-se que ação é de sua
responsabilidade, para manter o bem desse patrimônio, a mesma respondeu que o
ato de preservar e avaliar a visitação no Sítio, porém, durante a pesquisa, não foi
notado nenhum envolvimento da proprietária com a visitação do Sítio, a mesma
reside na cidade e não é sempre que visita o Sítio, dificultando assim o
monitoramento do mesmo.
Não é cobrada taxa de visitação, porém há planos para quando a
atividade estiver mais consolidada. Para o futuro a proprietária tem planos de criar a
casa de apoio citada à cima, onde seria possível vender água, comida e até
artesanato.
5.4.2 Proprietário do Xique - Xique I
O senhor José Ladislau dos Santos, é o atual dono do Sítio arqueológico
Xique-Xique I e recebeu o Sítio como herança, ele e sua esposa moram em uma
casa a caminho do sítio e são responsáveis por não permitir a visitação
desacompanhada, além de vender água para os visitantes.
Foi perguntado qual o papel do proprietário com relação à manutenção e
visitação do Sítio, o mesmo respondeu que sua responsabilidade maior é não
permitir que as pessoas visitem o Sítio sem o acompanhamento de um guia.
Há uma relação muito boa com a secretaria de turismo, pois o
coordenador Damião Carlos é um dos guias que acompanham os visitantes ao Sítio,
e sempre há a comunicação entre as duas partes.
Foi questionado o que ele acharia pertinente melhorar para desenvolver o
turismo arqueológico, o mesmo respondeu que o que falta é uma casa de apoio. E
com relação à preservação mais uma vez se falou a respeito de monitorar as
pessoas para não entrarem sem guia, pois assim não haverá poluição e riscos de
depredação das pinturas.
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É cobrada taxa de visitação, uma renda que serve unicamente para a
família, não é utilizado em melhorias e/ou manutenção do Sítio. E parao futuro, há
planos de se construir a casa de apoio, para venda de artesanato e também um
estacionamento.
5.4.3 Diferenciação
A principal diferença entre o caso de ambos os proprietários é que
primeiramente, o Xique- Xique I de Carnaúba já é mais desenvolvido e possui um
turismo arqueológico mais consolidado, assim traz benefícios para os proprietários,
e também o fato de morarem na entrada do Sítio é um fator positivo, pois permite a
observação e monitoração das pessoas quem entram e saem do local, e ainda tem
uma relação mais próxima com o coordenador de turismo, que também o principal
guia do município, onde este auxilia e ajuda os proprietários.
No Mirador de Parelhas, apesar de ter um imenso potencial, ainda não
está desenvolvido com o turismo arqueológico, e o fluxo turístico é muito menor do
que o município de Carnaúba recebe. Como disse a proprietária, o turismo no Sítio
ainda ocorre timidamente, mas que há planos para melhorar e desenvolver esse
segmento de maneira que seja benéfico para eles, sem que ocorra a depredação do
Sítio e das pinturas.
Os proprietários do Sítio de Carnaúba são mais engajados com a
atividade, mas isso se explica pelo fato de morarem na entrada, como já falado, e
por se tratarem de um casal da terceira idade, Assim, têm disponibilidade para
dedicar-se completamente e podem se beneficiar com a venda de água e artesanato
(ver Imagem 6) para os turistas e visitantes, diferentemente dos proprietários do
Mirador, que moram na cidade a mais de 4 km do Sítio e ainda trabalham, não
havendo possibilidade de dedicação para o turismo no Sítio.
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Imagem 6: Artesanato vendido na casa do proprietário do Xique-Xique I
Fonte: Acervo da autora, 2015.
5.5 Com os Guias
5.5.1 Guia de Parelhas
No município de Parelhas, não há um guia especializado voltado para
atender os visitantes do Sítio Mirador, mas há o senhor José Oliveira que há cerca
de oito anos leva as pessoas para conhecerem o Sítio. Trata-se de um professor de
geografia, e conhece bem os aspectos regionais, costuma levar suas turmas para
visitar o Sítio, educando-os sobre geografia e história e sobre as vivências dos
povos antigos naquela localidade.
O mesmo não participou de nenhum curso de guia, mas tem bastante
conhecimento a respeito, segundo ele há outra pessoa que também faz o mesmo
serviço dele, mas também não possui curso de guia, sendo formado em história, e
por esse motivo tem conhecimento sobre arqueologia.
Foi perguntado se ele tinha conhecimento a respeito do perfil do visitante
do Sítio, ele respondeu que os principais visitantes que o procuram para guiá-los até
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o local são discentes do ensino médio e superior de Parelhas e dos municípios
vizinhos.
As informações transmitidas aos visitantes são a respeito do clima,
vegetação, relevo, geomorfologia e a história de ocupação do município, onde entra
a vivência dos povos que ali existiram.
A contratação é feita pelo telefone, às vezes ligam para prefeitura e eles o
indicam. O trabalho é voluntário, mas nem sempre ele possui disponibilidade para
levar os visitantes.
Foi perguntada qual a percepção deste a respeito do turismo arqueológico
no município, ele respondeu que é um dos atrativos que tem maior visibilidade,
maior potencial, mais que ainda são necessárias muitos aspectos para desenvolver
esse segmento, um exemplo de necessidade é a capacitação de condutores e guias.
Também foi questionado como se dá à conservação e preservação do
Sítio arqueológico, o mesmo, assim como o secretário, falou que o responsável por
esta parte é o zelador, que coordena a visitação.
5.5.2 Guia de Carnaúba dos Dantas
O guia de Carnaúba dos Dantas, também coordenador de turismo do
município, atua desde 2003, inicialmente apenas como condutor turístico e depois se
como guia regional, fala fluentemente a língua inglesa, sendo capacitado para
receber turistas estrangeiros. Assim como ele, há outro guia regional que também
leva os visitantes aos Sítios.
O perfil dos visitantes do Sítio arqueológico Xique- Xique I , segundo o
Senhor Damião, são em sua maioria estudantes, e pessoas interessadas em turismo
arqueológico, mas afirma ele que antigamente recebia bastantes turistas
estrangeiros, hoje não tanto como antes, mas ainda surgem alguns de vez em
quando.
As informações transmitidas aos turistas são principalmente sobre a
história dos antepassados que ali viveram, também é explicado cada figura rupestre,
além de falar sobre como eram feitas essas pinturas, e qual material foi utilizado.
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O guia possui no município uma agência receptiva que é por ela onde se
contrata o guia para o acompanhamento, é cobrado um valor pelo seu trabalho,
dependendo do tempo de permanência, meio dia, ou uma diária.
Como coordenador de turismo do município tenta dar prioridade ao
turismo arqueológico, sabendo do potencial que este possui, para ele o turismo se
planejado corretamente pode trazer benefícios para a cidade, emprego e renda, mas
é necessário que haja um controle e planejamento para não prejudicar nenhuma
parte envolvida. Para ele, é necessário melhorarias para desenvolver a atividade
turística é a construção de banheiros e estacionamento.
E sobre preservação, ele fala que há leis municipais vigentes que
impedem que ocorra visitação sem acompanhamento de um guia, com isso, há
menos depredação, pois o guia está observando, e auxiliando para não tocarem nas
pinturas, não jogarem lixo no chão, não remover qualquer material, e etc. Assim
também é um modo de se trabalhar a sustentabilidade, repassando para os
vi