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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES DIAGNÓSTICO DE MATURIDADE EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS EM UMA EMPRESA DE CONSULTORIA PRISCILA TELICHEVESKY Trabalho de Diplomação Orientadora: Prof. Dra. Istefani Carisio de Paula Porto Alegre 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES

DIAGNÓSTICO DE MATURIDADE EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS EM UMA EMPRESA DE CONSULTORIA

PRISCILA TELICHEVESKY

Trabalho de Diplomação Orientadora: Prof. Dra. Istefani Carisio de Paula

Porto Alegre 2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES

DIAGNÓSTICO DE MATURIDADE EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS EM UMA EMPRESA DE CONSULTORIA

PRISCILA TELICHEVESKY

Trabalho de Diplomação em Engenharia de Produção como requisito à

obtenção do título de Engenheiro de Produção

Orientador: Prof. Dra. Istefani Carisio de Paula

Porto Alegre 2008

RESUMO

O gerenciamento de projetos vem se tornando um instrumento importante para enfrentar o

desafio de obter sucesso nas atividades que fogem à rotina das empresas. As empresas

projetizadas, por sua vez, necessitam do gerenciamento de projetos de forma intensiva.

Modelos de maturidade em projeto têm sido estudados e desenvolvidos para apoiar e dirigir as

estratégias de gestão de projetos. Amadurecimento em gerenciamento de projetos é o

desenvolvimento de práticas organizacionais repetitivas com o objetivo de aumentar a

probabilidade de sucesso dos projetos. Através do estudo dos modelos de maturidade e da

aplicação dos métodos PMMM e OPM3, o presente trabalho diagnosticou o nível de

maturidade de uma empresa de consultoria e, a partir dos resultados, propôs um caminho para

a empresa melhorar o seu gerenciamento de projetos.

Palavras-chave:

Gerenciamento de Projetos, modelos de maturidade, empresa de consultoria.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................ 8

1.1 COMENTÁRIOS INICIAIS ................................................................................................. 8

1.2 TEMA E OBJETIVOS ...................................................................................................... 10

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 10

1.4 MÉTODO ..................................................................................................................... 12

1.5 DELIMITAÇÕES............................................................................................................ 13

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................................................................... 14

2. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 15

2.1 GERENCIAMENTO DE PROJETOS ................................................................................... 15

2.1.1 Ciclo de vida e áreas de conhecimento em Gerenciamento de Projetos................ 16

2.1.2 Sucesso, excelência e melhores práticas em Gestão de Projetos .......................... 20

2.2 Maturidade em Gestão de Projetos......................................................................... 22

2.2.1 CMM-I – Capability Maturity Model - Integration............................................... 24

2.2.2 PMMM – Project Management Maturity Model................................................... 29

2.2.3 OPM3 – Organization Project Management Maturity Model............................... 35

3. PROPOSTA ESTRUTURADA DE APLICAÇÃO....................................................... 42

3.1 DESCRIÇÃO DO CENÁRIO.............................................................................................. 42

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................................. 46

3.2.1 Análise dos métodos de análise de maturidade da literatura................................ 46

3.2.2 Etapas do estudo de caso..................................................................................... 48

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................... 52

4.1 COLETA DE DADOS ...................................................................................................... 52

4.2 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS ........................................................ 53

4.2.1 Resultados obtidos - PMMM................................................................................ 53

4.2.2 Resultados obtidos – OPM3 simplificado............................................................. 59

4.2.3 Análise dos dois métodos ..................................................................................... 63

4.3 SUGESTÃO DOS PRÓXIMOS PASSOS A SEGUIR ................................................................ 65

5. CONCLUSÃO................................................................................................................ 68

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS....................................................................... 70

REFERÊNCIAS................................................................................................................. 71

ANEXOS E APÊNDICES.................................................................................................. 76

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Evolução da gestão de projetos.......................................................................... 16

Figura 02 – Processos sobrepostos de gerenciamento de projetos ......................................... 17

Figura 03 – Mapeamento entre os processos em Gerenciamento de Projetos e as áreas de

conhecimento....................................................................................................................... 20

Figura 04 – Fatores críticos no ciclo de vida da gestão de projetos. ...................................... 21

Figura 05 – Níveis de maturidade do CMM ......................................................................... 25

Figura 06 – Descrição dos níveis de maturidade do CMM.................................................... 25

Figura 07 – Modelo CMM-I................................................................................................. 27

Figura 08 – Processos maduros e imaturos. .......................................................................... 27

Figura 09 – Áreas de processo e seus respectivos níveis de maturidade. ............................... 28

Figura 10 – Níveis de maturidade em gestão de projetos. ..................................................... 31

Figura 11 – Fases do ciclo de vida em gerenciamento de projetos. ....................................... 32

Figura 12 – Ciclo de vida em gerenciamento de projeto ....................................................... 32

Figura 13 – Hexágono de Excelência ................................................................................... 33

Figura 14 – Empecilhos para o atingimento de cada nível de maturidade.............................. 34

Figura 15 – Grau de dificuldade para atingir-se cada nível de maturidade. ........................... 34

Figura 16 – Amadurecimento contínuo Organizacional em Gestão de Projetos..................... 37

Figura 17 – Conhecimento leva a avaliação que, assim, leva a Melhorias............................. 39

Figura 18 – Ciclo de Vida do OPM3 .................................................................................... 40

Figura 19 – Organograma da empresa de consultoria ........................................................... 43

Figura 20 – Tabela resumo comparativa entre os métodos CMM-I, PMMM e OPM3........... 47

Figura 21 – Distribuição de respondentes............................................................................. 49

Figura 22 – Compilação dos resultados do questionário dois de Kerzner dos entrevistados .. 54

Figura 23 – Compilação dos resultados do questionário dois de Kerzner .............................. 54

Figura 24 – Resultados Questionário 1 de Kerzner – Entrevistado 1 – áreas de conhecimento

............................................................................................................................................ 56

Figura 25 – Resultados gerais questionário 1 de Kerzner – entrevistado 1 ............................ 56

Figura 26 – Resultados Questionário 1 – Entrevistado 2 – áreas de conhecimento ............... 57

Figura 27 – Resultados gerais questionário 1 de Kerzner – entrevistado 2 ............................ 57

Figura 28 – Resultados OPM3 – Percentual de Maturidade relativa...................................... 60

Figura 29 – Resultados OPM3 – Projeto, Programa, Portfólio .............................................. 60

Figura 30 – Resultados OPM3 – Padronização, Medição, Controle e Melhoria .................... 61

Figura 31 – Resultados OPM3 – Áreas de conhecimento..................................................... 61

Figura 32 – Tabela resumo melhorias sugeridas a curto prazo .............................................. 67

LISTA DE SIGLAS

CMM – Cabability Maturity Model

CMMI – Capability Maturity Model Integration

GP – Gerenciamento de Projetos

KEI – Key Performance Indicator

OPM3 – Organization Project Management Maturity Model

PMBoK – Project Management Body of Knowledge

PMI – Project Management Institute

PMMM – Project Management Maturity Model

SEI – Software Engenering Institute

STP – Sistema Toyota de Produção

8

1. INTRODUÇÃO

1.1 COMENTÁRIOS INICIAIS

Na busca por uma maior agilidade e rapidez em suas operações, as empresas tem

percebido a importância dos projetos e, conseqüentemente, a necessidade de se capacitarem

em gerenciamento de projetos (TOLEDO et al., 2002). Recentemente, os estudos sobre a

gestão de projetos têm ganhado força devido ao aumento da complexidade do mundo dos

negócios e à crescente competitividade empresarial (ANSELMO E MAXIMILIANO, 2006).

O mundo de hoje é movido por projetos. Nas mais diversas áreas de aplicação, produtos e

serviços novos são desenvolvidos através de projetos, e o número de empresas que estão

adotando uma metodologia de gerenciamento de projetos tem crescido consideravelmente

(KERZNER, 2006).

A gerência de projetos é uma disciplina com vantagens significativas sobre os

outros processos, inclusive a de poder adaptar-se de acordo com as necessidades únicas de

diferentes indústrias. A gerência de projetos pode ser moldada para adaptar-se a muitas

situações diferentes no mundo inteiro e ser planejada para acomodar níveis diversos de

refinamento (CLELAND E IRELAND, 2002).

Inicialmente, a gerência de projetos era domínio estritamente militar. Hoje a

grande maioria das indústrias, projetizadas ou baseadas em manufatura, desde a construção

civil até empresas de alta tecnologia, usa a gerência através de projetos para tornarem-se mais

eficientes e eficazes (ROCHA, 2003). Dessa forma, superar o desafio de gerenciar projetos de

forma eficiente em uma era de grandes mudanças é estar preparado para gerenciar projetos de

forma planejada e profissional (TORREÃO, 2004).

Fatores como globalização do mercado, fusões e aquisições de novas tecnologias

emergentes tornam cada vez mais a gerência de projetos uma disciplina de alta importância

para as organizações e para sua capacidade de sobrevivência. Pesquisas realizadas pelo PMI

(Project Management Institute) mostram que 75% dos seus membros indicaram que suas

empresas estão atribuindo importância crescente de gerência de projetos para os próximos

anos. Empresas e instituições governamentais começam com a mudança acelerada e vêem a

necessidade de adaptar-se de forma ágil (CAVALIERI E DINSMORE, 2006).

Projeto é um conjunto de atividades, que tem um ponto de início e um fim

definidos, persegue uma meta definida e usa um conjunto definido de recursos (SLACK,

2002). Segundo o Project Management Institute (2004), é um esforço temporário

9

empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. O projeto e a execução do

projeto são considerados uma ciência exata com pesquisa e extensa bibliografia que apoia a

tarefa dos gerentes de projeto para conseguir cumprir os objetivos propostos através de uma

lista das ações a serem executadas, que traduzem o objetivo do projeto em resultados e em

produtos (ALMEIDA, 2007).

As organizações modernas tendem a desenvolver em escopo e metas – pedindo

que as equipes de projetos entreguem projetos ainda mais complicados. Entretanto, a empresa

freqüentemente não fez os mesmos avanços nas práticas de gerenciamento de projetos. Um

problema comum é continuar a se focar em projetos isolados e ignorar a saúde do portfólio ou

o espectro total dos projetos dentro da empresa. Muitos projetos continuam mesmo após o

término da sua relevância para a estratégia geral. A capacidade de uma organização de

coordenar esses esforços – entregar projetos ao mesmo tempo em que direciona sua estratégia

– define sua maturidade em gerenciamento de projetos organizacionais (PROJECT

MANAGEMENT INSTITUTE, 2008).

Mais cedo ou mais tarde, todas as empresas acabam desenvolvendo algum grau de

maturidade em gestão de projetos. A maturidade pode ser identificada em uma determinada

área funcional, sistemas de informação, por exemplo, em uma unidade inteira ou

simplesmente em uma divisão da empresa (KERZNER, 2006). Segundo Crawford (2006), até

poucos anos atrás o conceito de “maturidade” era usado somente para descrever o estado de

desempenho em determinada tarefa de uma organização. Hoje, o conceito é usado para

mapear maneiras lógicas de melhorar os serviços das organizações.

Investir na adoção de maturidade em gerenciamento de projetos está sendo uma

preocupação estratégica nas diversas lideranças empresariais. Isto pode ser percebido pelo

crescimento de interessados em entender e profissionalizar-se em gerenciamento de projetos.

As instituições, preocupadas em disseminar a disciplina de gerenciamento de projetos e

promover a profissão do gerente de projetos, no mundo, se expandem (RABECHINI,

PESSOA, 2005).

Projetos permeiam todas as organizações, pois são um instrumento fundamental

para qualquer atividade de mudança e geração de produtos e serviços. O desenvolvimento de

software, campanhas promocionais, desenvolvimento de um novo produto ou serviço,

campanhas de marketing, a implantação de uma estratégia ou mudança organizacional, ou

mesmo a implantação de uma nova norma organizacional, são alguns exemplos de projetos

(CAVALIERI E DINSMORE, 2006).

10

Segundo Donadone (2003), ao visualizarmos o mundo organizacional das últimas

duas décadas, deparamo-nos com um conjunto de organizações que aparecem em posição de

destaque. As empresas de consultoria despontam como um dos setores mais dinâmicos do

período. As consultorias apresentam um faturamento e um crescimento que chamam atenção

no mundo empresarial.

1.2 TEMA E OBJETIVOS

O tema deste trabalho é a gestão de projetos estudada no âmbito de uma empresa

de consultoria, mais especificamente na área de produção enxuta. Dentro da área de Gestão de

Projetos, o assunto no qual o trabalho está focado é a maturidade em gerenciamento de

projetos.

O objetivo principal é realizar um diagnóstico do nível de maturidade da empresa.

Tal diagnóstico abrange todas as áreas em que a empresa presta serviço para, assim, fornecer

um mapa real da organização e um caminho que ela possa seguir para melhorar

continuamente o seu desempenho e atingir o nível de maturidade desejado.

Como objetivos secundários do trabalho, podem ser citados: (i) a análise e

comparação dos principais modelos de maturidade existentes; (ii) a proposição de melhorias

no gerenciamento de projetos da empresa de acordo com o modelo utilizado e com as

necessidades diagnosticadas.

1.3 JUSTIFICATIVA

Segundo Menezes (2003), a necessidade de dominar os princípios e as técnicas de

gestão de projetos eficientemente passa a ser um imperativo nos dias de hoje. De acordo com

Rocha (2003), as vantagens de haver uma metodologia para a gestão de projetos é a redução

de risco de insucesso do projeto, a melhoria da qualidade, o aumento da produtividade e a

melhoria da comunicação, dentre outras. Nesse contexto é de fundamental importância a

utilização da gestão de projetos para alcançar os objetivos desejados pela empresa.

Segundo Meredith (2000) apud Patah e Carvalho (2002), a estrutura projetizada,

mais recente do que a estrutura funcional, vem apresentando um rápido crescimento nas

últimas décadas. Muitas são as razões para a popularização deste tipo de estrutura

organizacional, agrupando-as em quatro tópicos principais. Primeiramente, a velocidade de

resposta e a orientação ao mercado tornaram-se uma exigência para a obtenção de sucesso nos

11

dias de hoje, especialmente em empresas cujo negócio é a realização de projetos. Em segundo

lugar, o desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços regularmente requer

informações das mais diferentes áreas de conhecimento. Em terceiro lugar, a rápida expansão

de novidades tecnológicas em praticamente todas as áreas das empresas, tende a desestabilizar

a estrutura das mesmas. Por fim, uma grande parte da alta administração das organizações não

se sente muito confiante no entendimento e na coordenação de todas as atividades que

ocorrem dentro de suas organizações.

Administrar com sucesso não significa apenas adotar bibliografias de referência,

usar um guia referencial ou adotar um software de apoio. É preciso planejamento e visão de

conjunto sobre a empresa para que as atividades inteligentes sejam direcionadas para atingir

os objetivos da empresa (TOLEDO et al., 2002).

Existe um número considerável de desafios para que a empresa possa decidir de

maneira consistente e coerente sobre o desenvolvimento de um programa de gerenciamento

de projetos, e é nesse contexto que se aplica o diagnóstico de maturidade. Qualquer método

escolhido deve apontar um caminho lógico para um desenvolvimento progressivo da

organização (CRAWFORD, 2006). Um programa desta natureza é um processo

extremamente complexo e longo que deve contemplar mudanças em procedimentos,

estratégia, comportamento e postura gerencial. Na ausência de um modelo de amplo domínio

e de aceitação mundial que explicite os necessários requisitos para um bom gerenciamento de

projetos, as empresas precisam passar por um estágio monitorado de diagnóstico para que

possa ser estabelecido o grau de maturidade da empresa em gerenciamento de projetos e como

conseqüência sejam vislumbrados novos horizontes gerenciais (TOLEDO et al., 2002).

Existem diversos instrumentos para a análise de maturidade, assim, no trabalho, é

feita uma comparação entre eles em relação à aplicabilidade. O mais importante é a

organização ter uma visão para a qual se mover através da melhoria da gestão de projetos com

os objetivos claros e definidos (CRAWFORD, 2006).

Uma empresa de consultoria, pela própria natureza do seu serviço, trabalha de

maneira projetizada. Cada consultoria prestada para alguma outra empresa é única, com

diferentes tempos, atividades, equipe, custos, etc. Uma abordagem e estruturação por projetos

é fundamental para o sucesso das atividades e uma melhor organização da empresa.

A empresa em estudo possui um histórico de realização de projetos com sucesso,

ou seja, projetos que acabam no tempo definido, com uma margem de contribuição, que

alcançam as metas planejadas e que satisfazem os clientes; entretanto, percebe-se que as

ferramentas de gestão de projetos não estão sendo adequadamente utilizadas e que os sucessos

12

alcançados são devido à experiência dos consultores e não pela utilização de uma metodologia

e sistemática definida. Assim, um diagnóstico do nível de maturidade em gestão de projetos

pode apontar as principais deficiências e as principais oportunidades de crescimento para a

organização.

As organizações estão buscando novos métodos para avaliar sua maturidade na

gerência de projetos, visando assegurar-se de que possuem o melhor processo para os seus

negócios (CLELAND E IRELAND, 2002). Uma gestão por projetos bem estruturada pode

auxiliar muito as organizações que buscam posicionar-se melhor no mercado, dando maior

impulso a todas as possíveis vantagens competitivas que a empresa pode desenvolver e em

que pode se apoiar (MENEZES, 2003).

1.4 MÉTODO

A pesquisa é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que

demanda um tratamento cientifico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para

descobrir a verdades parciais (MARCONI, 2007). Em relação ao método de pesquisa, este

trabalho segue os preceitos da pesquisa estudo de caso.

No estudo de caso é feito um estudo exaustivo de algum caso em particular, de

pessoa ou de instituição, para analisar as circunstâncias específicas que o envolvem

(FURASTÉ, 2006). De acordo com Yin (2001), a definição de estudo de caso é uma

investigação empírica que averigua um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da

vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão

claramente definidos. Pesquisas podem ser realizadas de diversas formas: experimentos,

levantamentos, pesquisas históricas e análise de informações em arquivos.

Assim, neste trabalho apresenta-se um estudo de caso que tem por objetivo

diagnosticar o nível de maturidade em gerenciamento de projetos em uma empresa de

consultoria em produção enxuta. A pesquisa estudo de caso que é utilizada pode ser

classificada como aplicada, quantitativa e exploratória.

Segundo Silva e Menezes (2001) a pesquisa aplicada tem como objetivo originar

conhecimentos para emprego prático direcionados à solução de problemas específicos, ela

abrange verdades e interesses locais. A pesquisa quantitativa se caracteriza por considerar que

tudo pode ser quantificável, ou seja ela traduz em números informações e opiniões com o

objetivo de classificá-las e analisá-las. Para esta classificação e análise ser possível, ela requer

o uso de recursos e de técnicas estatísticas. E a pesquisa exploratória envolve levantamento

13

bibliográfico e entrevistas com os envolvidos no problema. Ela se propõe a gerar uma maior

familiaridade com o problema com o objetivo de torná-lo explícito ou a construir hipóteses.

A fim de cumprir os objetivos estabelecidos para este estudo, foram realizadas as

etapas a seguir. A primeira etapa a ser cumprida diz respeito a uma revisão dos conceitos de

Gestão de Projetos, bem como dos itens pertinentes ao seu entendimento e aplicação prática.

O estudo tem um maior enfoque na área de maturidade em gerenciamento de projetos e nos

modelos para diagnosticar a maturidade em gerenciamento de projetos de organizações.

Na parte prática do estudo, realizou-se uma coleta de dados através de visitas à

empresa, observações diretas, questionários individuais com o gerente de projetos e com os

consultores, análise de documentos, registros e dados históricos da empresa. Após essa coleta,

as informações foram analisadas e, assim, o nível de maturidade foi determinado de acordo

com os modelos. Por fim, foram sugeridos passos a seguir para melhorar o gerenciamento de

projeto da empresa, buscando os próximos níveis de maturidade em gerenciamento de

projetos, ou seja, um melhor desempenho.

1.5 DELIMITAÇÕES

No capítulo de revisão bibliográfica deste trabalho de conclusão, não são

abordados todos os aspectos teóricos a respeito do gerenciamento de projetos, devido à grande

abrangência e extensão do tema e do prazo para a conclusão do trabalho. Assim, apenas os

temas relevantes e pertinentes ao trabalho são apresentados. Além disso, dentre os diferentes

métodos para o diagnóstico do nível de maturidade em gestão de projetos, são apresentados e

detalhados apenas os mais relevantes para o trabalho.

O método OPM3 (Organization Project Management Maturity Model) do PMI

(Project Management Iinstitute) sugere uma aplicação contínua do método com as etapas de

execução das melhorias propostas. As melhorias são sugeridas no trabalho, entretanto não é

contemplada a realização das melhorias, seguida da nova rodada de medição devido ao

cronograma tanto da empresa quanto do trabalho.

Uma comparação e adequação entre os resultados obtidos e o planejamento

estratégico da empresa é algo bastante importante para a aplicação efetiva das melhorias

propostas. Esse estudo não é realizado no trabalho. Existem dados que são sigilosos e que

devido à política da empresa e dos seus clientes não podem ser divulgados. Em relação às

áreas de produção que atua a empresa, o trabalho está restrito aos projetos de consultoria em

14

produção enxuta que são atualmente os mais realizados. Os projetos isolados, como

treinamentos oferecidos pela empresa, por exemplo, não são considerados na análise.

Para a aplicação de alguns dos modelos de maturidade, é sugerida a contratação

de uma empresa de auditoria ou de algum profissional externo que tenha experiência na área.

Neste trabalho a aplicação foi realizada pela autora com o apoio dos consultores da empresa,

caracterizando uma auditoria interna.

A empresa é nova e, por esta razão, o seu histórico de projetos e dados ainda não é

volumoso e, em grande parte, não está documentado. A coleta de dados, portanto, foi feita

diretamente com os envolvidos através de entrevistas e observações.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho de conclusão está organizado em cinco capítulos. Este primeiro

capítulo apresenta o tema abordado, os objetivos, as justificativas e delimitações, além de uma

introdução aos principais tópicos pertinentes ao desenvolvimento do estudo.

O segundo capítulo apresenta o referencial teórico relevante para o entendimento

do estudo. Os conceitos de Gerenciamento de Projetos e de maturidade em Gestão de Projetos

são descritos e contextualizados de acordo com as necessidades do estudo realizado. Os

modelos de maturidade relevantes e as ferramentas que são utilizadas também são

explicitados nesse capítulo.

No terceiro capítulo descreve-se a proposta estruturada para a aplicação prática do

estudo. Primeiramente, o cenário onde se realizou o trabalho é apresentado, através da

descrição do setor produtivo, da empresa escolhida e dos processos relevantes focando na

gestão de projetos. Em um segundo momento, os procedimentos metodológicos são

apresentados, descrevendo como foram realizadas as coletas de dados e as análises destes.

No quarto capítulo são apresentados os resultados obtidos com os questionários

aplicados na coleta de dados. Uma análise dos dados dos métodos aplicados é descrita e a

partir daí, realiza-se uma comparação entre os métodos. Neste capítulo determina-se o nível

de maturidade da empresa em estudo e os próximos passos que a organização deve seguir para

melhorar o seu gerenciamento de projetos.

O último capítulo consiste na apresentação de forma concisa das conclusões do

trabalho. Além disso, são descritas sugestões para trabalhos futuros.

15

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta os principais conceitos necessários para o entendimento do

estudo. Inicialmente, são expostos os conceitos básicos de gerenciamento de projetos e a sua

evolução histórica. Em seguida, os conceitos referentes à maturidade em gestão de projetos

são descritos. É realizado, então, um detalhamento de diferentes modelos de maturidade em

gestão de projetos. Por fim, apresenta-se uma tabela comparativa entre os métodos.

2.1 GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Um projeto é um empreendimento único que deve apresentar um início e um fim

claramente definidos e que, conduzido por pessoas possa atingir seus objetivos respeitando os

parâmetros de prazo, custo e qualidade (MENEZES, 2003). ‘Exclusivo’ significa que um

projeto é usualmente único, não um empreendimento repetitivo. Mesmo projetos ‘repetidos’

terão diferenças distintivas em termos de recursos usados e do ambiente real no qual o projeto

acontece. A sua natureza temporária se refere a que os projetos têm um início e um fim

definidos, assim, uma concentração temporária de recursos é necessária para levar adiante o

esforço (SLACK, et al. 2002).

Segundo Cavalieri e Dinsmore (2005), projetos podem envolver desde apenas

uma única pessoa a milhares e ter a duração de poucos dias ou vários anos. Para Slack, et al.

(2002), três conceitos são imprescindíveis para a definição de um projeto:

a) seus objetivos: o estado final que o gerenciamento do projeto visa alcançar;

b) seu escopo: a faixa de responsabilidades assumidas pelo gerenciamento do

projeto;

c) sua estratégia: o caminho que o gerenciamento do projeto vai percorrer para

alcançar a suas metas.

De acordo com o Project Management Institute (2004), gerenciamento de projetos

é definido como o uso de ferramentas, técnicas conhecimentos e habilidades nas tarefas do

projeto a fim de satisfazer os seus requisitos. O gerenciamento de projetos é realizado através

da aplicação e da integração dos seguintes processos de gerenciamento de projetos: iniciação,

planejamento, execução, monitoramento e controle, e encerramento. A responsabilidade do

gerente de projetos é a realização e o cumprimento dos objetivos do projeto.

Os gerentes de projetos precisam ser profissionais preparados para praticar e

desempenhar o seu papel e trazer os benefícios que as organizações desejam (TORREÃO,

16

2004). Segundo Prado e Matos (2005), a prática com sucesso de gerenciamento de projetos

produz bons resultados nas organizações como: (i) diminuição do custo e do prazo de

desenvolvimento de novos produtos; (ii) maior tempo de vida dos novos produtos; (iii)

aumento de vendas e receita; (iv) aumento da satisfação e do número de clientes e (v) aumento

da chance de a empresa ter sucesso nos projetos.

Segundo Kerzner (2006), a história da gestão de projetos pode ser dividida em três

fases, como mostra a figura 01. Inicialmente, a Gestão de projetos surgiu nas empresas do

setor aeroespacial, da defesa (armamentos) e construção civil, onde era utilizada

predominantemente nos projetos de grande porte. Esses empreendimentos empregavam

recursos em uma quantidade quase ilimitada e eram voltados à obtenção de imensos lucros.

Gestão de projetos tradicional

Período de renascimento Gestão de projetos moderna

1960 – 1985 1985 – 1993 1994 – 2003 Figura 01 – Evolução da gestão de projetos

Fonte: adaptado de Kerzner (2006)

Ocorreu uma significativa alteração entre as empresas durante o período de

renascimento da gestão de projetos, as quais finalmente compreenderam que a gestão de

projetos era aplicável ao seu setor de negócio e que poderia aumentar a sua lucratividade.

Nos anos noventa, nos Estados Unidos, por causa da recessão e da conseqüente baixa no

cenário empresarial, as empresas perceberam que o problema poderia estar na maneira de

administrar os negócios (KERZNER, 2006).

Os executivos passaram a considerar a gestão de projetos como uma solução para

alguns de seus problemas de gestão. O gerenciamento de projetos foi então reconhecido como

um meio adequado para enfrentar a falta de estabilidade existente no clima organizacional. A

gestão de projetos estava se difundido por praticamente todas as áreas de negócio, deixando

de limitar-se às unidades orientadas a projetos (KERZNER, 2006).

2.1.1 Ciclo de vida e áreas de conhecimento em Gerenciamento de Projetos

Os projetos são divididos em fases para facilitar o desenvolvimento progressivo

do projeto e o controle do seu gerenciamento. O ciclo de vida do projeto consiste no conjunto

das diversas etapas de um projeto. Essas fases descrevem o que se necessita fazer no projeto

(CAVALIERI, DINSMORE, 2005). De acordo com o Project Management Institute (2004),

17

os processos de gerenciamento de projetos podem ser classificados em cinco grupos:

Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento/Controle e Encerramento.

- Processos de iniciação: autorização do projeto ou fase.

- Processos de planejamento: definição e aprimoramento dos objetivos e

escolha das melhores alternativas de ação para atingir as metas e o escopo do

projeto.

- Processos de execução: coordenar os recursos para a realização do plano.

- Processos de monitoramento e controle: garante que os objetivos do projeto

estão sendo alcançados, através da monitoração que sinaliza as variações do

plano, para tomar-se as ações corretivas necessárias.

- Processos de encerramento: Finalizar o projeto ou fase de forma organizada.

Esses grupos de processos se sobrepõem e interagem de maneiras diversas

trocando informações entre si durante o andamento do projeto, como ilustrado na figura 02.

Figura 02 – Processos sobrepostos de gerenciamento de projetos

Fonte: adaptado de Cavalieri e Dinsmore (2005)

Não existe apenas uma única maneira de estabelecer um ciclo de vida ideal do

projeto. Algumas organizações definiram políticas que padronizam todos os projetos com um

único ciclo de vida, enquanto outras aceitam que a equipe opte pelo ciclo de vida que mais se

enquadre a seu próprio projeto (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2004). Na visão do

cliente, o ciclo de vida de um projeto se inicia quando acontece um reconhecimento formal

Tempo

Nív

el de A

tivid

ade

Processo de Iniciação

Processo de Planejamento

Processo de Execução

Processo de Controle

Processo de Encerramento

18

dos objetivos do projeto; é por meio da consecução desses objetivos, que se dá sua finalização

(MOTA et al., 2007).

Segundo Cavalieri e Dinsmore (2005), para o gerenciamento de projetos, o

Project Management Institute (2004) propõe nove áreas de conhecimento: integração, escopo,

tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicações, risco e aquisições. A seguir estão

descritas de maneira resumida as nove áreas de gerenciamento de projetos de acordo com o

Project Management Institute (2004) e com Cavalieri e Dinsmore (2005).

1) Gerenciamento da integração: inclui os processos requeridos para assegurar

que os elementos do projeto estão adequadamente coordenados.

2) Gerenciamento do escopo: assegura que o projeto inclui todo o trabalho

necessário, e apenas o trabalho necessário, para complementar de forma

sucedida o projeto.

3) Gerenciamento do tempo: inclui os processos necessários para garantir que o

projeto será implementado no prazo previsto. É importante definir as

atividades que compõe o projeto, seqüência-las e estimar suas durações,

elaborando um cronograma que deve ser cumprido de acordo com o prazo do

projeto.

4) Gerenciamento do custo: inclui os processos de planejamento, estimativa,

orçamento e controle de custos, de modo que seja possível terminar o projeto

dentro do orçamento aprovado.

5) Gerenciamento da qualidade: gestão para garantir e satisfazer as necessidades

para as quais o projeto foi empreendido. O fracasso em atingir-se os requisitos

de qualidade em qualquer uma das dimensões, pode trazer conseqüências

negativas sérias para algumas ou todas as partes envolvidas no projeto.

6) Gerenciamento dos recursos humanos: objetiva tornar mais efetivo o uso dos

recursos humanos envolvidos no projeto. Inclui todas as partes envolvidas no

projeto: patrocinadores, clientes, contribuintes individuais.

7) Gerenciamento da comunicação: abrange um conjunto de processos exigidos

para assegurar a geração, coleta, distribuição, armazenamento apropriado e o

controle básico das informações do projeto.

8) Gerenciamento do risco: processo sistemático de identificar, analisar e

responder aos riscos do projeto. Maximizar a probabilidade de eventos

19

positivos e minimizar a probabilidade de eventos adversos aos objetivos do

projeto.

9) Gerenciamento de aquisições: inclui os processos necessários à obtenção de

bens e serviços externos à organização executora.

O Mapeamento entre os processos de gerenciamento de projetos e as áreas de

conhecimento pode ser visto na figura 03.

Grupos de processo

Áreas de Conhecimento

Processos de Iniciação

Processos de Planejamento

Processos de Execução

Processos de Monitoramento

e Controle

Processos de Encerramento

Integração de gerenciamento

de projetos

Desenvolver os termos de

abertura do projeto

Desenvolver a declaração do

escopo preliminar do

projeto

Desenvolver o plano de

gerenciamento do projeto

Orientar e gerenciar a

execução do projeto

Monitorar e controlar o trabalho do

projeto

Encerrar o projeto

Gerenciamento do Escopo do

projeto

Planejamento do escopo

Definição do escopo

Criar estrutura analítica do

projeto

Verificação do escopo

Controle do escopo

Gerenciamento de tempo do

projeto

Definição da atividade

Seqüenciamento de atividades Estimativa de recursos da atividade

Estimativa de duração da atividade

Desenvolvimento do cronograma

Controle do cronograma

Gerenciamento de custos do

projeto

Estimativa de custos

Orçamentação

Controle de Custos

Gerenciamento da Qualidade do

projeto

Planejamento da qualidade

Realizar a garantia da qualidade

Realizar o controle da qualidade

Gerenciamento de Recursos humanos do

projeto

Planejamento de

Recursos Humanos

Controlar ou mobilizar a equipe do

projeto Desenvolver a

equipe do projeto

Gerenciar a equipe do

projeto

20

Gerenciamento das

Comunicações do projeto

Planejamento das

comunicações Distribuição das

informações

Relatório de desempenho Gerenciar as

partes interessadas

Gerenciamento de riscos do

projeto

Planejamento do gerenciamento

de riscos Identificação de

riscos Análise

qualitativa e quantitativa de

riscos Planejamento de respostas a riscos

Monitoramento

e controle de riscos

Gerenciamento de aquisições do

projeto

Planejar compras e aquisições

Planejar contratações

Solicitar respostas de fornecedores Selecionar

fornecedores

Administração de contrato

Encerramento do contrato

Figura 03 – Mapeamento entre os processos em Gerenciamento de Projetos e as áreas de conhecimento

Fonte: Adaptado Project Management Institute (2004)

2.1.2 Sucesso, excelência e melhores práticas em Gestão de Projetos

A gestão de projetos baseia-se em criar um equilíbrio entre as demandas de

escopo, tempo, custo, qualidade e bom relacionamento com os clientes. O sucesso na gestão

de um projeto está relacionado ao alcance dos seguintes objetivos: entrega dentro do prazo

previsto, dentro do custo orçado, com nível de desempenho adequado, aceitação pelo cliente,

atendimento de forma controlada às mudanças de escopo e respeito à cultura da organização

(PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2004).

Gerenciar projetos com eficiência, além de ser um grande desafio da atualidade, é

o fator crucial para o sucesso e para a sobrevivência das organizações. Exige um esforço de

conscientização das empresas em adotar metodologias de gerenciamento de projetos e treinar

sua equipe e, principalmente, os seus gerentes dos projetos (TORREÃO, 2004).

Segundo Kerzner (2006), reconhecemos que a qualidade é determinada pelo

cliente e não pelo fornecedor. Usa-se a mesma lógica para o sucesso em projetos. Pode-se

finalizar um projeto no tempo determinado, no orçamento e nos limites de qualidade, para

somente então descobrir que o cliente não ficou satisfeito com o resultado. O significado

absoluto de sucesso será percebido quando o cliente estiver tão satisfeito que admitirá o uso

de seu nome como referência. Os fatores críticos no ciclo de vida da gestão de projetos podem

ser visualizados na figura 04.

21

Fatores críticos para o sucesso Fatores críticos para o fracasso Fase de aceitação pela gerência executiva

Considerar as recomendações dos funcionários Reconhecer que a mudança é necessária Entender a participação dos executivos na gestão de projetos

Recusar-se a aceitar idéias dos colegas Não admitir que a mudança possa ser necessária Acreditar que o controle da gestão do projeto cabe ao nível executivo

Fase de aceitação pelos gerentes de área Disposição a colocar os interesses da empresa acima dos interesses pessoais Disposição a aceitar responsabilidades Disposição a aceitar o progresso de colegas

Relutância a compartilhar informações Recusar-se a aceitar responsabilidades Insatisfação com o progresso de colegas

Fase de crescimento Reconhecer a necessidade de uma metodologia empresarial Apoiar um padrão de monitoramento e de relatório Reconhecer a importância do planejamento efetivo

Perceber a metodologia-padrão como ameaça, e não como um benefício Não conseguir entender os benefícios da gestão de projetos Dar apenas “apoio moral” ao planejamento

Fase de maturidade Reconhecer que a programação e os custos são inseparáveis Rastrear os custos reais

Acreditar que o estado do projeto pode ser determinado apenas pela programação Não perceber a necessidade de rastrear os custos reais Acreditar que o crescimento e o sucesso em Gestão de Projetos são sinônimos.

Figura 04 – Fatores críticos no ciclo de vida da gestão de projetos.

Fonte: adaptado de Kerzner (2006).

Segundo Kerzner (2006), a definição de excelência pode ser desdobrada em duas

partes. Em primeiro lugar, requer projetos adequadamente administrados. A segunda parte da

definição impõe que as decisões tomadas em cada um dos projetos levem em conta não

somente os interesses do projeto, mas sim da empresa como um todo.

A excelência será atingida quando todos os funcionários entenderem a natureza de

suas atribuições. O sentido de excelência em gestão de projetos deve ir muito além de

experiências e sucesso. As organizações de reconhecida excelência em gestão de projetos

proporcionam um ambiente no qual existe um fluxo contínuo de projetos de sucesso, que é

mensurado pelo alcance do desempenho em pontos de interesse para a empresa e, também,

pela finalização de um projeto específico (KERZNER, 2006).

‘Melhor prática’ é um processo ótimo atualmente reconhecido no mercado para a

conquista de determinada meta ou objetivo, sem possuir uma base teórica (SANTOS E

MARIN, 2006). Segundo o Project Management Institute (2003), para organizações

gerenciadas por projeto, este conceito inclui a habilidade de entregar projetos consistentes e

de sucesso para a implementação das estratégias organizacionais. Além disso, as ‘Melhores

Práticas’ são dinâmicas porque envolvem estabilidade, ao mesmo tempo em que novas e

melhores abordagens são desenvolvidas para alcançar os objetivos determinados.

22

Usar as ‘Melhores Práticas’ aumenta a probabilidade de atingir-se a meta definida

(PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2003). Para atingir o sucesso em projetos é preciso

balancear as expectativas dos interessados aos recursos disponíveis e utilizar conceitos,

ferramentas e técnicas para obter a excelência no gerenciamento de projetos (TOLEDO et al.,

2002). Assim, a maturidade em projetos é a utilização desses conceitos nas organizações,

segundo sua área de atuação, porte, complexidade e recursos disponíveis (SANTOS E

MARIN, 2006).

2.2 Maturidade em Gestão de Projetos

Segundo o dicionário Aurélio (2005), maturidade é uma fase de um ciclo

evolutivo na qual se registra um equilíbrio, firmeza e exatidão de características do indivíduo.

Dentro do campo de estudo do gerenciamento de projetos, o conceito de maturidade refere-se

ao nível de sofisticação e utilização que a empresa emprega nas técnicas e procedimentos

padrão destinado a execução de determinadas atividades do gerenciamento de projetos

(JUNIOR E AMARAL, 2005). A maturidade em Gestão de Projetos é o desenvolvimento de

processos e sistemas que são, por natureza, repetitivos e asseguram uma alta probabilidade de

que cada um deles seja um sucesso (KERZNER, 2006).

De acordo com o Project Management Institute (2003), um ‘modelo de

maturidade’ é uma moldura conceitual cujas constituintes definem maturidade na área de

interesse – nesse caso, gerenciamento de projetos organizacional. Assim, a maturidade em

gestão de projetos pode ser definida como o grau em que as práticas organizacionais em

gestão de projetos se encontram.

Todas as empresas percorrem seus próprios processos de maturidade que deve

anteceder a excelência. A curva do processo de maturidade é mensurada em anos. Portanto,

muitos cuidados devem ser tomados com decisões gerenciais que visem à obtenção de

resultados da implantação de gestão de projetos em poucos meses (YAMASAKI E

AMARAL, 2003). As empresas comprometidas com a utilização da gestão de projetos

poderão atingir a maturidade em cerca de dois anos, enquanto outras podem levar até cinco

anos (KERZNER, 2006).

Diversos são os motivos pelos quais as organizações decidem pela implementação

das práticas ou pela melhoria do nível de maturidade em gerenciamento de projetos. As forças

que normalmente incentivam as empresas na busca pela maturidade em gestão de projetos

são: os projetos estratégicos, o relacionamento com os clientes, o maior comprometimento

23

dos gerentes, o desenvolvimento de novos produtos e a melhoria da eficiência e da eficácia,

todas essas forças objetivam a sobrevivência da empresa (ZAGUIR E MARTINS, 2007).

Também podem ser considerados como fatores motivadores os benefícios associados ao uso

do gerenciamento de projetos, dentre os quais se destacam, entre os citados por Kerzner

(2006), as melhorias em relação a: lucratividade, identificação de riscos, qualidade,

distribuição de informações e competitividade.

O conceito de maturidade pode ser visto como um processo de aquisição de

competências que ocorre gradualmente ao longo do tempo. No contexto das organizações, a

maturidade precisa ser conquistada através do planejamento e ações tomadas para o

aperfeiçoamento dos processos da empresa, de forma a conduzi-la para a realização de seus

objetivos. Não há atualmente um consenso em relação a um modelo específico que possa

servir de referência para identificar a real maturidade de uma empresa (TOLEDO et al.,

2002).

Para se estabelecer o nível de maturidade adequado para uma empresa, é

necessário que algumas etapas sejam concluídas anteriormente. Primeiramente, é preciso

decidir que modelo de avaliação da maturidade a empresa irá adotar. Os modelos de

maturidade são representações do grau de maturidade que a organização atingiu no que diz

respeito, neste caso, ao gerenciamento de projetos. Esses modelos fornecem um guia para

classificação das empresas, com características específicas de cada nível e muitas vezes,

fornecem também a ferramenta necessária para averiguar, através de pesquisas, em que nível

do modelo de maturidade a empresa se encontra. Uma vez escolhido o modelo a ser adotado,

é necessário coletar métricas para estabelecer em que nível do modelo a empresa se encontra e

que pontos devem ser atacados para que a empresa alcance o nível desejado (XAVIER et al.

2005).

Modelos de maturidade em gerenciamento de projetos vêm obtendo notoriedade

em diversas organizações. Consultores, pesquisadores e entidades normativas têm

desenvolvido normas e modelos de referência que buscam promover o desenvolvimento das

competências em gerenciamento de projetos (BOUER E CARVALHO, 2005). Neste trabalho

serão apresentados três modelos de maturidade considerados os mais relevantes pelos autores:

(i) Capability Maturity Model – Integration (CMM-I); (ii) Project Management Maturity

Model (PMMM) e (iii) Organization Project Management Maturity Model (OPM3). Estes

modelos serão descritos e analisados comparativamente através dos seguintes critérios:

a) origens e definições do modelo;

b) abordagem de maturidade; e

24

c) formas de aplicação.

2.2.1 CMM-I – Capability Maturity Model - Integration

Refletindo o acervo de experiências de organizações de renome internacional e de

profissionais, o CMM é entendido como um modelo de capacitação de arquitetura em

estágios, que serve de referência para avaliar a maturidade dos processos de uma organização

(COUTO, 2007). Os modelos CMM e CMM-I foram elaborados pela Carnegie Mellon

University em parceria com a SEI – Software Engineering Institute. O CMM (Cabability

Maturity Model) foi um dos primeiros modelos a surgir , anteriormente ao PMMM (Project

Management Institute) de Kerzner e ao OPM3 (Organization Project Management Maturity

Model) do PMI. Originalmente o modelo era aplicado a processos de desenvolvimento de

software, mas o seu sucesso levou a expansão do seu escopo, gerando novos CMMs,

abrangendo diversos processos, como por exemplo: capacitação de pessoal, engenharia de

sistemas e desenvolvimento integrado de produtos (TOLEDO et al., 2002).

Estes novos CMMs, porém, foram desenvolvidos de maneiras distintas,

surgindo diversas inconsistências entre eles em termos de nomenclatura, processo de

avaliação e modo de implementação (COUTO, 2007). Esses e outros fatores, levaram o SEI a

desenvolver um projeto de integração dos CMMs: CMM-I (CMM- Integrated). Segundo

Couto (2007), o modelo é baseado nas experiências reais de organizações bem sucedidas, por

isso, as práticas recomendadas são eficientes e eficazes e refletem a realidade, não sendo o

modelo meramente teórico.

Nas áreas de engenharia de software e desenvolvimento de sistemas, os modelos

CMM e CMM-I têm sido os mais largamente utilizados. Fundamentados em conceitos de

níveis de maturidade e requisitos estruturais de áreas-chave de processo, esses modelos têm

permitido às empresas conduzirem avaliações do nível de maturidade e capabilidade em

gestão de projetos de software (BOUER E CARVALHO, 2005).

Segundo o SEI (2007), o objetivo do CMM-I é proporcionar uma orientação para

melhorar os processos da organização e sua capacidade para administrar o desenvolvimento,

aquisição e manutenção de produtos e serviços. O SEI credita a autores como Crosby (1979)

apud SEI (2007), Deming (1986) apud SEI (2007), Juran (1988) apud SEI (2007), e

Humphrey (1989) apud SEI (2007), os fundamentos conceituais e básicos que inspiraram o

desenvolvimento do CMM.

25

O CMM, publicado integralmente em 1993, propõe cinco níveis de maturidade,

sendo cada um deles caracterizado por um conjunto de áreas-chave cuja estruturação é

considerada necessária para o projeto e desenvolvimento de softwares (SEI, 2007). Os níveis

do CMM estão representados na figura 05 e descritos na figura 06 de acordo com TOLEDO et

al., 2002 e SEI (2007).

Figura 05 – Níveis de maturidade do CMM

Fonte: Adaptado de SEI (2007)

1 – Inicial Processo informal onde os projetos habitualmente ultrapassam os prazos e custos originais. Processo caracterizado como “ad hoc” e ocasionalmente pode ser caótico. Dependência alta de esforços individuais

2- Repetitivo Os planos desenvolvidos são baseados em projetos anteriores e, portanto são mais realistas. Processos básicos estabelecidos.

3- Definido Marcado pela existência de processos bem definidos, melhorando assim o desempenho dos projetos. Processos de gerenciamento e de engenharia documentados, padronizados e integrados.

4- Gerenciado Processos e produtos são quantitativamente controlados. Medições detalhadas do processo e da qualidade são coletadas.

5- Otimizado Modelo de maturidade institucionalizado, possibilitando a geração de um processo de melhoria contínua. Através do ‘feedback’ quantitativo dos processos e das aplicações de novas idéias e tecnologias.

Figura 06 – Descrição dos níveis de maturidade do CMM

Fonte: adaptado de SEI (2007) e de Toledo et al. (2002)

Segundo Couto (2007), a principal mudança do CMM-I está na possibilidade de

utilizar duas diferentes abordagens: contínua e por estágios. De acordo com Fernandes e

Abreu (2006), atendendo a requisitos de componentização, tais abordagens estão estruturadas

em publicações com o conteúdo direcionado para cada uma das seguintes disciplinas

apresentadas a seguir (conforme a necessidade de melhoria de cada organização).

1- Inicial

2- Repetitivo

3- Definido

4- Gerenciado

5 - Otimizado

Processo

disciplinado

Processo consistente,

padrão

Processo previsível

Melhoria contínua

do processo

26

� Engenharia de Software (CMMI-SW): aborda o desenvolvimento, a operação

e a manutenção de software.

� Engenharia de Sistemas (CMMI-SE/SW): engloba o desenvolvimento de

sistemas integrais, podendo ou não incluir software, abordando a

transformação das necessidades e expectativas do cliente em soluções,

acompanhando-as por todo o seu ciclo de vida.

� Desenvolvimento integrado de produto e processo (CMMI-IPPD): aborda a

colaboração de vários processos da organização através do ciclo de vida de um

produto, de forma a satisfazer adequadamente as necessidades, expectativas e

requisitos do cliente.

� Terceirização (CMMI-SS): aborda a aquisição de produtos ou serviços de

fornecedores externos para execução de funções específicas durante um

projeto, podendo estar sujeita à análise de artefatos e ao monitoramento das

atividades até o ato de entrega.

A abordagens por estágios oferece um mapa detalhado para o processo de

melhoria passo a passo, descreve a seqüência de execução das áreas de processo agrupando-as

em níveis de maturidade. A cada nível alcançado, garante-se uma base de melhorias para o

próximo nível, minimizam-se, assim, os riscos e investimentos e maximizam-se os benefícios.

Reúne as ‘melhores práticas’ para o processo de melhoria (COUTO, 2007).

A abordagem contínua é mais flexível para o processo de melhoria. Sua

funcionalidade é pensada para organizações que buscam a melhoria de uma área de processo

específica ou um conjunto de processos para melhorar. A escolha entre as duas abordagens é

feita baseando-se nos objetivos e negócios da empresa ou em fraquezas enfrentadas pelas

áreas (SEI, 2007). A figura 07 representa a organização do modelo CMM-I.

No modelo CMM-I, um processo consiste em atividades reconhecidas como

implementações das práticas do modelo. À medida que a organização caminha em direção a

maturidade, o processo é melhor definido (COUTO, 2007). As caracterizações de processos

maduros e imaturos estão na figura 08.

O CMM-I estagiado, de forma análoga ao modelo CMM, apresenta cinco níveis

de maturidade. Para cada nível de maturidade são definidos conjuntos de requisitos estruturais

das áreas-chave de processo.

27

Figura 07 – Modelo CMM-I

Fonte: Adaptado de Couto (2007)

Processos Imaturos Processos Maduros

Caracterização - Processos improvisados durante o curso do projeto; - Falta de rigor no cumprimento quando o processo é estabelecido; - Falta de controle; - Dependência dos profissionais; - Inexistência ou redução das atividades de revisão e teste; - Organizações reacionárias: os gerentes normalmente estão focados na solução de problemas imediatos; - Indisciplinado.

- O processo é coerente com as linhas de ação da organização - Processo conhecido por todos; - Apoio visível da alta administração; - Auditagem proporcionando fidelidade ao processo; - Medidas do produto e do processo; - Adoção disciplinada de tecnologia.

Conseqüências - Pouca produtividade - Qualidade de difícil previsão - Alto custo de manutenção - Comprometimento de qualidade em função de prazos e custos - Cronogramas e orçamentos são freqüentemente estourados; - Risco na adoção de novas tecnologias.

- Papéis e responsabilidades claramente definidos; - Acompanhamento da qualidade do produto e da satisfação do cliente; - Expectativas para custos, cronograma, funcionalidades e qualidade do produto é usualmente alcançada.

Figura 08 – Processos maduros e imaturos.

Fonte: Adaptado de Couto (2007).

A representação estagiada oferece um caminho predeterminado de melhoria do

nível de maturidade 1 para o 5, que envolve obter as metas das áreas de processo em cada

etapa. Para suportar esta representação as áreas de processo são agrupadas por nível de

maturidade, indicando qual área deve ser implementada para atingir-se cada nível de

Nivel de Maturidade

Áreas Chave do processo

Aspectos Comuns

Práticas Chave

contém

Organizado por

contém

Capacidade

do Processo

Objetivos

Implementação ou

institucionalização

Atividades ou

infra-estrutura

Indica

Atendem

Evidenciam

DescreveCompromissos

Habilidades

Medições

Verificações

Atividades

28

maturidade (SEI, 2007). A figura 09 mostra exemplos de áreas de processo associadas com os

níveis de maturidade. São ao total 21 áreas de processo utilizadas pelo SEI.

No modelo CMM-I contínuo, a resultante é um perfil de maturidade da

organização, ou seja, uma avaliação do nível de maturidade de cada uma das áreas-chave de

processo. Segundo o modelo CMM-I contínuo existem seis níveis de maturidade para cada

área de processo (SEI, 2007):

Nível 0 – Incompleto – Pouco ou nenhum resultado identificável no processo,

Existe uma deficiência geral em atingir o objetivo do processo.

Nível 1 –Executado – Reconhecimento da organização de que necessita-se de

uma ação para alcançar-se o objetivo. Identifica-se um consenso de que a ação deve ser

tomada como e quando for necessária.

Nível 2 – Gerenciado – Planejamento e controle para obter-se produtos com

qualidade aceitável, dentro do prazo e conforme os padrões e requisitos.

Nível 3 – Definido - Processo gerenciado e executado baseando-se em princípios

de engenharia. Processos documentados e aprovados são utilizados.

Nível 4 – Quantitativamente Gerenciado – Processo realizado de forma

consistente, dentro dos limites de controle para atingir as metas. Existe um entendimento

qualitativo do processo e uma análise das medidas coletadas.

Nível 5 – Otimizado – O processo é otimizado com o objetivo de atender-se as

necessidades atuais do negócio. Processo alcança as suas metas e passa a ser repetido. Há

objetivos quantitativos de eficácia e eficiência e uma monitoração constante do processo.

Área de processo Nível de maturidade Gerenciamento da Configuração 2 Medições e Análise 2 Planejamento do Projeto 2 Garantia da Qualidade do Processo e do Produto

2

Integração do Gerenciamento de Projetos 3 Definição dos processos organizacionais 3 Treinamento organizacional 3 Gerenciamento de Riscos 3 Integração da Equipe 3 Análise de decisões e Resolução 3 Performance dos processos organizacionais 4 Garantia da Qualidade (processo e do produto) 4 Inovação organizacional 5

Figura 09 – Áreas de processo e seus respectivos níveis de maturidade.

Fonte: Adaptada de SEI (2007) e de Fernandes e Abreu (2006)

29

A representação contínua apresenta objetivos e práticas genéricas ligadas a cada

nível. Além disso, determina quatro grandes categorias de processo: Gerência de Processo,

Gerência de Projeto, Suporte e Engenharia (SEI, 2007).

Segundo SEI (2007), muitas organizações encontram valor em medir o seu

progresso com uma avaliação do nível de maturidade ou capacidade. Esses processos são

tipicamente conduzidos para comparar os processos da organização com as ‘Melhores

Práticas’ do CMM e identificar em quais áreas as melhorias precisam ocorrer, para informar

os clientes e fornecedores sobre essa comparação e para alcançar as requisições dos clientes.

Os princípios das avaliações realizadas no CMM-I são: patrocínio da alta direção,

foco nos objetivos do negócio, entrevistas confidenciais, uso de uma metodologia de

avaliação, uso do CMM-I como modelo de referência, time colaborador e foco nas ações de

melhoria do processo. Independente de a organização estar familiarizada com modelos de

melhoria de processo, treinamento é um elemento chave na habilidade da empresa adotar o

CMM-I (SEI, 2007).

Alguns benefícios encontrados no modelo CMM-I, segundo Couto (2007) são: (i)

forma uma linguagem comum; (ii) proporciona uma visão compartilhada; (iii) apresenta uma

estrutura para se realizar avaliações confiáveis e consistentes e auxilia comparações em várias

empresas, (iv) integra as atividades de gerenciamento e de engenharia em suas metas de

negócio; (v) amplia o escopo e a visibilidade em todo o ciclo de vida dos produtos e serviços e

(vi) foco tanto em produtos, processos e serviços como na capacitação dos processos e na

maturidade da organização. As desvantagens apresentadas são: (i) Falta de abrangência por

ser uma simplificação da realidade; (ii) a interpretação e a adaptação de situações particulares.

Segundo Fernandes e Abreu (2006), o CMM-I pode ser implementado em

quaisquer organizações cujo foco seja o desenvolvimento de produtos (sistemas em geral,

software etc.) para o atendimento das necessidades de clientes externos ou internos, utilizando

ou não recursos e serviços terceirizados.

2.2.2 PMMM – Project Management Maturity Model

O simples uso da gestão de projetos, mesmo por um longo período de tempo, não

implica essencialmente em excelência. Ao contrário, pode levar a erros constantes e o que é

pior, em um aprendizado pelos próprios erros ao invés de pelas falhas dos outros (KERZNER,

2001). A base para o atingimento da excelência em gerenciamento de projetos pode ser

30

descrita pelo PMMM (Project Management Maturity Model) que compreende cinco níveis de

maturidade vistos na figura 10.

Proposto por Kerzner (2001), o PMMM adota como caminho a melhoria do

desempenho na estratégia de planejamento dos projetos e a sua adequação ao próprio

planejamento estratégico da empresa (PAIVA, 2008). Segundo o PM Solutions (2008), o

PMMM segue os cinco níveis evolutivos do Software Engineering Institute (SEI) Capability

Maturity Model (CMM) e examina a maturidade através das nove áreas de conhecimento do

Project Management Institute (PMI) A Guide to the Project Management Body of Knowledge

(PMBoK) . O modelo PMMM, portanto, consegue combinar a estrutura de áreas do PMBoK

com a estrutura de níveis de maturidade do modelo CMM (FIGUEIREDO, 2007), abrangendo

as necessidades das organizações industriais e das de serviços para oferecer um plano

compreensivo, objetivo e de fácil aplicação (PM SOLUTIONS, 2008).

De acordo com Carvalho et al. (2003) apud Bouer e Carvalho (2005), o PMMM

introduz ferramentas de benchmarking para mensurar o progresso de uma organização ao

longo de um modelo de maturidade, detalhando cinco níveis de desenvolvimento para o

alcance da plena maturidade em gerenciamento de projetos: nível 1 – Linguagem Comum;

nível 2 – Processos Comuns; nível 3 – Metodologia Singular; nível 4 – Benchmarking; e nível

5 – Melhoria Contínua.

Kerzner (2001) propõe um esquema de avaliação particular para cada um dos

níveis de maturidade do modelo PMMM. A figura 10 mostra os cinco níveis de maturidade

em gestão de projetos.

Nível 1 – Linguagem Comum – etapa em que a organização reconhece a

importância do gerenciamento de projetos como metodologia útil para atingir sucesso em

projetos. Neste nível, em geral a organização sente a necessidade de ter um bom entendimento

e conhecimento básico na disciplina, com condições para, ao menos, estabelecer uma

terminologia (RABECHINI E PESSOA, 2005). Aplica-se um questionário com 80 questões

que cobre todas as principais áreas de conhecimento do PMBoK. Os resultados finais da

aplicação do questionário permitem à organização obter um retrato do seu nível de maturidade

no referente à linguagem comum para o gerenciamento de projetos (BOUER E CARVALHO,

2005).

31

Figura 10 – Níveis de maturidade em gestão de projetos.

Fonte: adaptado de Kerzner (2001)

Nível 2 – Processos Comuns – reconhecimento da organização da necessidade de

estabelecimento de processos comuns para projetos. Os processos comuns visam repetir o

sucesso obtido de um projeto para os outros na organização (RABECHINI E PESSOA, 2005).

Kerzner (2001) identifica um ciclo de vida do gerenciamento de projetos que pode ser

desdobrado em cinco fases, a saber: embrionária, aceitação pela alta administração, aceitação

pela gerência, crescimento e maturidade. A descrição de cada frase pode ser visualizada na

figura 11 e na figura 12.

Fase Descrição Embrionária A organização reconhece a necessidade, benefícios, aplicações e mudanças

da gestão de projetos. Aceitação pela alta direção

Suporte visível e entendimento do Gerenciamento de Projetos pela alta direção. Atuação como sponsorship (patrocinador). Demonstração de voluntariedade para mudar a maneira de a organização fazer negócios.

Aceitação pela gerência

Suporte visível da gerência. Comprometimento e educação da gerência. Liberação de trabalhadores funcionais para treinamento em Gestão de Projetos.

Crescimento Fase crítica, pois é o início do processo de gerenciamento de projetos. Pode ocorrer em paralelo com as três primeiras fases. Desenvolvimento do ciclo de vida e da metodologia do projeto organizacional. Comprometimento com planejamento efetivo. Minimização de mudanças no escopo. Seleção de um software para gestão de projetos para suportar a metodologia.

Conhecimento

Básico

Definição do

Processo

Processo

Controlado

Melhoria do

Processo

Nível 1Linguagem

comum

Nível 2Processo

comum

Nível 3Metodologia

singular

Nível 4

Benchmarking

Nível 5Melhoria

Continua

32

Maturidade Desenvolvimento de um sistema de controle de prazo e custos e da integração dos mesmos. Desenvolvimento de um currículo educacional para apoiar a gestão de projetos e aumentar as habilidades individuais.

Figura 11 – Fases do ciclo de vida em gerenciamento de projetos.

Fonte: Adaptado de Kerzner (2001)

Segundo Kerzner (2001), a última fase do ciclo de vida, a Maturidade, é difícil de

alcançar em função de vários fatores, tais como a resistência da organização em efetuar um

controle de prazos e custos com relatos dos desvios, o desenvolvimento de uma grade de

competência e habilidades em gestão de projetos e a profissionalização da função de gestão de

projetos. Um questionário composto de 20 perguntas fornece uma visão do perfil do ciclo de

vida do gerenciamento de projetos.

Figura 12 – Ciclo de vida em gerenciamento de projeto

Fonte: Adaptado de Kerzner (2006)

Nível 3 - Metodologia singular - é quando a organização reconhece a

possibilidade de obter sinergia dada à combinação de várias metodologias dentro de uma

única, sendo que seu eixo central é o gerenciamento de projetos (RABECHINI E PESSOA,

2005). Kerzner (2001) propõe um questionário de 42 questões para avaliar seis

características do chamado hexágono da excelência: processos integrados, cultura, apoio da

liderança, treinamento e educação, ‘redução da burocracia’ (GP Informal) e excelência

comportamental no gerenciamento de projetos em função da prática de uma metodologia

33

singular pela organização e o reconhecimento da diferença entre os profissionais de linha e

gestão de projetos. O hexágono pode ser visto na figura 13.

Nível 4 - Benchmarking – corresponde ao monitoramento da função de

gerenciamento de projetos na empresa, comparando com as práticas de mercado e dos

concorrentes (TOLEDO et al, 2002). O objetivo desta fase é a obtenção de informações que

ajudem a organização a melhorar seu desempenho (RABECHINI E PESSOA, 2005). O

método propõe avaliar, através de um questionário de 25 questões, até que ponto uma

organização faz uso do processo e das práticas características do benchmarking para

aperfeiçoar o seu gerenciamento de projetos (KERZNER, 2001).

Figura 13 – Hexágono de Excelência

Fonte: Adaptado de Kerzner (2001)

Nível 5 - Melhoria contínua - é aproveitada a informação aprendida advinda do

nível anterior (benchmarking) para implementar as mudanças necessárias visando o

melhoramento contínuo nos processos de gerenciamento de projetos (RABECHINI E

PESSOA, 2005). Kerzner (2001) aborda os processos e práticas adotados pela organização

para resguardar, consolidar, aprimorar e disseminar as lições e o aprendizado acumulado com

a execução do gerenciamento de projetos na organização.

Kerzner (2001) apresenta empecilhos e desculpas dadas pelas organizações que

dificultam o atingimento dos quatro primeiros níveis. Esses empecilhos podem ser vistos na

figura 14.

Treinamen

to e

educação

Exelência

Comporta

mental

Processos

Integrados

Cultura

Apoio

GerênciaGP

Informal

34

Nível Empecilho/ Desculpas 1 – Linguagem Comum - Resistência à mudança

- “Não precisamos disso” - “Não foi inventado aqui” - “Não se aplica a nossa organização”

2 – Processo Comum - Resistência a uma nova metodologia - “O que temos funciona bem” - Acreditam que uma metodologia necessita

de políticas e procedimentos rígidos - Resistência à organização ‘horizontal’

3 – Metodologia Singular - “Não é necessário arrumar se não está estragado”

- Resistência a uma metodologia integrada singular (processos repetitivos)

- Cultura corporativa fragmentada - Ênfase muito grande em documentação

4- Benchmarking - Síndrome do ‘não foi inventado aqui’ - “Não se aplica a nossa organização” - Organização errada no benchmarking - Medo dos resultados que serão

encontrados - Resistência à mudança

Figura 14 – Empecilhos para o atingimento de cada nível de maturidade.

Fonte: adaptado de Kerzner (2001)

Quando se fala de níveis de maturidade ou das fases do ciclo de vida, existe uma

concepção de que todo o trabalho de uma fase deve ser feito antes de iniciar-se a próxima.

Segundo Kerzner (2001), isso não é necessariamente verdade. Alguns níveis podem se

sobrepor. Entretanto, a ordem em que as fases se completam não muda. Por exemplo, mesmo

que o nível 1 e o nível 2 se sobreponham, o nível 1 precisa ser completo para finalizar-se o 2.

Kerzner (2001) aponta que é comum todos os níveis se sobreporem, com exceção dos níveis 2

e 3 que raramente irão se sobrepor.

Kerzner (2001) relaciona um grau de dificuldade para o atingimento de cada nível.

Essa relação pode ser vista na figura 15.

Figura 15 – Grau de dificuldade para atingir-se cada nível de maturidade.

Fonte: adaptado de Kerzner (2001)

Descrição Grau de dificuldade 1 Linguagem Comum Média 2 Processo Comum Média 3 Metodologia Singular Alta 4 Benchmarking Baixa 5 Melhoria contínua Baixa

35

O nível 3 é o mais difícil de ser alcançado pelas organizações. Uma vez que a

empresa esteja comprometida com o nível 3, o tempo e esforço necessário para atingir-se um

alto nível de maturidade tem um baixo grau de dificuldade. Alcançar o terceiro nível requer

uma grande mudança na cultura corporativa. Após chegar ao nível de melhoria contínua uma

organização deve procurar voltar aos níveis de metodologia singular e de benchmarking com

o objetivo de procurar por novas melhorias no seu processo de GP (PAIVA, 2008).

O alcance dos níveis 3, 4 e 5 de maturidade do modelo PMMM representa um

grande desafio a ser perseguido pelas organizações. Atualmente, as organizações que têm

atingido os maiores níveis de maturidade são aquelas que atuam em setores onde a própria

natureza das atividades exige uma atenção e dedicação maiores à execução de projetos, tais

como, aeroespacial, petrolífero, petroquímico, construção civil, armamento militar e

telecomunicações (BOUER E CARVALHO, 2005).

2.2.3 OPM3 – Organization Project Management Maturity Model

O Organizational Project Management Maturity Model (OPM3), modelo de

maturidade organizacional para gestão de projetos elaborado pelo PMI, entre 1998 e 2003,

tem como missão suportar as organizações a desenvolverem capacidades necessárias a fim de

alinhar seus objetivos estratégicos com a sua operação através de projetos. Desta forma, este

modelo pode ser visto como um dos sistemas para apoiar a disseminação de valores e

iniciativas da estratégia organizacional (ZAGUIR E MARTINS, 2007). Segundo Santos e

Marin (2006), o OPM3 objetiva ser global e servir para qualquer tipo de projeto, independente

da indústria ou especificidade do mesmo.

Project Management Institute (PMI) é uma associação sem fins lucrativos, cujo

principal objetivo é difundir a gestão de projetos no mundo, de forma a promover ética e

profissionalismo no exercício desta atividade, visando defender e ampliar o conhecimento

existente sobre gerenciamento de projetos, assim como melhorar o desempenho dos

profissionais e organizações nesta área. Esta associação ocupa uma posição de liderança

global no desenvolvimento de padrões para a prática da profissão de gerenciamento de

projetos em todo o mundo (TORREÃO, 2004).

Em Maio de 1998, membros do PMI se comprometeram em um projeto para criar

um padrão que pudesse descrever a maneira como as organizações que são administradas por

projetos podem incrementar suas capacidades. A idéia que suportava essa iniciativa se apoia

na sinalização de que incrementando o êxito em gestão de projetos, conseqüentemente

36

desenvolvem-se projetos de êxito que, por sua vez, devem resultar em organizações de

sucesso, com ênfase em uma gestão de projeto organizacional como uma ferramenta

estratégica. O projeto foi organizado em seis projetos integrados de voluntários de todo o

mundo com uma ampla variedade de conhecimentos, destrezas e experiências (GYEPRO,

2005).

Segundo Junior e Amaral, (2005), como passo inicial para a construção do modelo

OPM3, foram compiladas as melhores práticas que atendiam os seguintes critérios: (i)

Realmente contribui para a maturidade em gestão de projetos na organização? (ii) A

organização tem condições de implementá-la diretamente, sem a necessidade de pré-

requisitos? (iii) Permitem o uso de critérios de performance como forma de medir a eficiência

da implementação?

Segundo o Project Management Institute (2003), os benefícios da utilização desse

modelo para as organizações são:

a) proporciona uma maneira de avançar as metas estratégicas da empresa através

da aplicação dos princípios e práticas do gerenciamento de projetos. Em outras

palavras, conecta o vão existente entre a estratégia e os projetos individuais;

b) proporciona um grande conhecimento em relação a ‘Melhores Práticas’ em

gerenciamento de projetos organizacional;

c) usando o OPM3, a organização pode determinar exatamente quais ‘Melhores

Práticas’ e Capacidades em GP a organização possui ou não, ou seja, a

maturidade da organização. Essa avaliação sobre maturidade forma uma base

para decidir que áreas encontram-se com uma maior criticidade e em que áreas

deve-se investir em melhorias;

d) se a organização optar por implementações de melhorias, o OPM3

proporciona um guia para a priorização e planejamento.

Segundo Soler (2004), a novidade em relação aos outros modelos é que o OPM3

tem uma visão mais ampla no sentido de considerar não só a gestão de projetos, como

também a gestão de programas e a de portfólio. O processo de amadurecimento no OPM3

(2003) consiste em algumas dimensões, ou diferentes maneiras de olhar a maturidade da

organização (figura 16). Uma dimensão envolve enxergar as ‘Melhores Práticas’ em termos

da suas associações com os estágios do processo de melhoria. Outra dimensão envolve as

‘Melhores Práticas’ associadas a cada um dos domínios de abrangência. Tanto os domínios

como os estágios do processo devem ser desenvolvidos juntos para melhorar o gerenciamento

de projetos da organização, caracterizando assim, o amadurecimento contínuo.

37

O termo estágio refere-se as etapas de melhoria dos processos, que são:

padronização, medição, controle e melhoria contínua. A seqüência tem implícita uma relação

de pré-requisito entre os estágios. Cada ‘Melhor Prática’ e Capacidade está associada com um

ou mais desses estágios. Gerenciamento de Projetos, Gerenciamento de Programas e

Gerenciamento de portfólio são os domínios de abrangência, sendo o projeto definido como

único e finito. O programa é o conjunto de projetos, entretanto nem todo projeto

necessariamente faz parte de um programa. Já o Portfólio de uma organização é o conjunto

entre os programas, projetos e adicionais atividades relacionadas (PROJECT MANAGEMENT

INSTITUTE, 2003).

Figura 16 – Amadurecimento contínuo Organizacional em Gestão de Projetos

Fonte: Project Management Institute (2003)

As ‘Melhores Práticas’ são mais facilmente alcançadas desenvolvendo-se e

constantemente demonstrando as suas ‘Capacidades’ relacionadas, ou seja, observando-as

através de elementos mensuráveis. ‘Capacidades’ são passos incrementais que levam a uma

ou mais ‘Melhor Prática’ e cada ‘Melhor Prática’ é composta de duas ou mais ‘Capacidades’.

O conceito de dependência entre estes dois conceitos é unicamente do OPM3. Quebrar cada

‘Melhor Prática’, detalhá-la em suas ‘Capacidades’ e mostrar a dependência entre elas, revela

um encadeamento que permite uma detalhada avaliação e disponibiliza uma base para

decisões futuras de melhoria (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2003).

O modelo lista 600 ‘Melhores Práticas’ distribuídas pelos domínios de

abrangência e estágios. A cada ‘Melhor Prática’ é indicado se a mesma pertence ao

gerenciamento de projeto, programa ou portfólio. Também indica se refere-se a padronização,

38

medição, controle ou melhoria contínua. Das 600 ‘melhores práticas’, 597 são exclusivas de

um dos domínios de abrangência e de um dos estágios.

O programa OPM3 é constituído por um conjunto de 3 elementos:

‘conhecimento’, ‘avaliação’ e ‘plano de melhoria’ (ZAGUIR E MARTINS, 2007). A figura

17 ilustra esses elementos:

Conhecimento (Knowledge) – Segundo Soler (2004), o primeiro passo para a

aplicação do Modelo OPM3 sugere o conhecimento dos elementos que o compõem. O

elemento fundamental do Modelo OPM3 é o conjunto de conhecimentos agregados e

interligados, elaborados através do trabalho voluntário de especialistas no mundo inteiro e

recomendados de modo específico e situacional às diferentes organizações. Esse conjunto de

conhecimentos está representado no Modelo OPM3 sob a forma de diretórios de Informação e

é composto pelos elementos básicos descritos a seguir (PROJECT MANAGEMENT

INSTITUTE, 2003).

a) ‘Melhores Práticas’ geralmente aceitas e experimentadas, representando a

habilidade de se conduzir projetos de modo mais consistente e previsível.

b) Capacidades ou pré-requisitos associados a cada uma das ‘Melhores Práticas’.

c) Resultados que comprovam a existência de uma ou mais Capacidades.

d) Indicadores Chave de Desempenho (Key Performance Indicators - KPIs), que

possibilitam medir os resultados atingidos.

e) Caminhos e ligações lógicas que agregam Capacidades às ‘Melhores Práticas’.

Avaliação (Assessment) – Na avaliação, a organização usa uma ferramenta de

avaliação para determinar as áreas fortes e fracas em relação as ‘Melhores Práticas’. Essa

avaliação ajuda a organização a decidir qual ‘Melhor Prática’ ou qual o grupo de ‘Melhores

Práticas’ que deve ser investigado detalhadamente. Dependendo dos resultados dessa etapa, a

organização pode decidir entre continuar com uma investigação mais profunda, procedida por

um plano de melhorias ou acabar o processo.

Plano de Melhoria (Improvement) - Por fim, o Modelo OPM3 estabelece que,

diante da lista de ‘Melhores Práticas’ recomendadas, a organização faça uma análise de

viabilidade e priorização e estabeleça um plano composto pela melhor seqüência de ações de

melhoria, apropriadas às suas condições situacionais, visando alcançar maior maturidade. O

processo de implementação na organização não está no escopo do OPM3.

39

Figura 17 – Conhecimento leva a avaliação que, assim, leva a Melhorias

Fonte: Adaptado Project Management Institute (2003)

O OPM3 sugere passos para determinar o caminho apropriado das ações, ao

mesmo tempo em que se preserva os recursos organizacionais. O ciclo pode ser visto na

figura 18 e está detalhado de acordo com o OPM3.

Passo 1 - Preparação para a avaliação: entendimento básico dos componentes e

objetivos do OPM3.

Passo 2 – Avaliação: uso da auto-avaliação a um nível executivo para identificar

as ‘Melhores Práticas’ existentes e necessárias e a posição dentro do amadurecimento

contínuo. Identificação das Capacidades para determinar um nível detalhado e considerar o

plano de melhorias. Caso o resultado seja satisfatório, a organização deve finalizar o processo,

mas periodicamente reavaliar para monitorar efeitos de mudanças.

Passo 3 – Plano de Implementação: uso dos resultados da avaliação e das

prioridades da organização para determinar o escopo e a seqüência dos esforços de melhoria;

Passo 4 – Implementação das Melhorias: executar as melhorias desenvolvidas

planejadas para avançar no amadurecimento contínuo.

Passo 5 – Repetir o processo: recomenda-se voltar ao passo 2 para detectar

mudanças causadas pelos últimos eventos. Outra opção seria ir ao passo 3 para trabalhar com

as outras ‘Melhores Práticas’ identificadas na avaliação original.

40

Zaguir e Martins (2007) apud Kenneth (2004) comentam que com a publicação do

OPM3, o PMI completou o tripé que suporta a implementação da gestão de projetos nas

dimensões do projeto, dos indivíduos e da organização. A dimensão de projetos já estava

coberta pela publicação do PMBoK e a dos ‘indivíduos’, pela publicação do ‘Project

Management Competency Development Framework’. Mostra que o OPM3 é um passo

significante para o avanço da disciplina de gestão de projetos, mas apesar de ser um ‘produto’

deve continuar evoluindo uma vez que a profissão de gerente de projetos continua crescendo.

Figura 18 – Ciclo de Vida do OPM3

Fonte: Project Management Institute (2003)

Soler (2004) apresenta o OPM3 como sendo uma trilha segura e referenciada

capaz de orientar gestores organizacionais em seus investimentos na área de projetos, sendo

um modo eficaz para propor mudanças destinadas à melhoria da gestão de projetos.

Destacam-se quatro críticas diretas: (i) dificuldade de entendimento dos usuários do OPM3

em função do OPM3 não estar traduzido para o Português; (ii) interpretação das ‘Melhores

Práticas’ para os domínios do programa e portifólio repetitiva e desprovida de significado.

Justifica esta crítica a ausência de um guia de referência para processos no domínio de

41

programa e de portfólio; (iii) questionário de avaliação considerado repetitivo e burocrático;

(iv) ausência de um grau mensurável associado à avaliação de maturidade, tal como

estabelecem outros modelos de maturidade, dificulta o entendimento, a comunicação interna e

o estabelecimento de metas mensuráveis e compromissos para o aprimoramento da

maturidade organizacional através do OPM3.

Segundo Xavier et al. (2005), as perguntas para avaliação da maturidade das

organizações em gerenciamento de projetos sugeridas pelo OPM3 permitem apenas respostas

do tipo sim ou não, sendo impossível uma graduação. Xavier et al. (2005) propõem um

questionário mais objetivo para avaliação de um projeto ou de uma carteira de projetos na

organização. Este questionário, elaborado com base no OPM3, possui quarenta e cinco

perguntas, sendo cinco para cada uma das nove áreas de gerenciamento de projetos previstas

no PMBoK. Neste modelo, é possível ponderar-se as áreas dependendo do interesse da

organização.

De acordo com Xavier et al. (2005), os seguintes produtos devem ser gerados

após a avaliação de maturidade: (i) relatório de avaliação, apontando o nível de maturidade

em gerenciamento de projetos da organização; (ii) lista de competências a serem

desenvolvidas, relatório contendo uma lista de competências (habilidades, conhecimentos,

ferramentas e técnicas) que ainda não estão totalmente desenvolvidas e (iii) ações para o

desenvolvimento de competências, relatório com proposta de ações a serem empreendidas,

com a prioridade e dependência entre elas, para o desenvolvimento dessas competências.

42

3. PROPOSTA ESTRUTURADA DE APLICAÇÃO

Neste capítulo apresenta-se, na primeira parte, uma descrição do cenário onde o

trabalho é realizado. Na segunda parte, os procedimentos metodológicos são detalhados,

inicia-se por uma comparação entre os modelos de maturidade e, após, apresenta-se a

metodologia utilizada.

3.1 DESCRIÇÃO DO CENÁRIO

A empresa em que se realizou o trabalho é uma empresa que realiza consultoria

em gestão de operações, utilizando uma abordagem de otimização das estratégias, táticas e

práticas de gestão, tem como modelo o Lean System, Sistema de Produção Enxuta (Toyota

Production System – TPS). Lean System foi cunhado pelos pesquisadores James Womack,

Daniel Jones e Daniel Ross (1992) para caracterizar os conceitos e mecanismos de gestão que

norteiam o Sistema Toyota de Produção (STP). Tal abordagem objetiva a obtenção de

melhorias de impacto nos indicadores estratégicos da operação – qualidade, nível de

atendimento, flexibilidade e custo.

As condições concorrenciais acirraram-se sobretudo a partir da década de 90,

assim, a sobrevivência de um negócio competitivo, seja no setor primário, industrial ou no de

serviços, exige uma verdadeira revolução nos métodos de gestão e na ‘lógica de fazer

negócio’. A qualidade passou a ser não mais um diferencial, mas condição fundamental;

preços competitivos dependem de uma constante luta para a eliminação de perdas e

conseqüente redução dos custos; e a agilidade na entrega começa a ser percebida pelo

mercado como um verdadeiro diferencial.

Foi neste contexto que a Toyota Motor Co. conquistou o status de benchmark para

organizações do mundo inteiro, graças à extraordinária performance proporcionada pelo seu

sistema de gestão. Mais recentemente, já no final da década de 90, graças à universalidade dos

conceitos e princípios da Produção Enxuta, o interesse começou a ser despertado também

entre setores tradicionais da economia como agricultura, construção civil, serviços públicos,

privados e educação.

Fora do Japão, existem já inúmeros casos de sucesso de implementação da

Produção Enxuta, sobretudo nos Estados Unidos, Canadá e alguns países europeus. No Brasil,

entretanto, este movimento teve início somente após meados da década de 90, na maioria dos

casos em empresas multinacionais que importaram o novo modelo de suas matrizes no

43

exterior. São casos ainda novos e concentrados em setores da economia como automobilística,

eletro-eletrônica e metal-mecânica. São experiências e referências ainda limitadas, o que

dificulta bastante o processo de implementação do Sistema de Produção Enxuta.

A empresa em questão oferece consultoria para a implementação de um Sistema

de Gestão nos moldes do Sistema de Produção Enxuta, utilizando uma abordagem focada na

adoção de melhorias de impacto nos fatores Qualidade, Agilidade de Entrega e Custo. Essa

abordagem foi construída a partir da experimentação prática dos consultores, de trocas de

experiência com profissionais da Toyota no Japão e Brasil, interação com outras empresas

‘Enxutas’ e extensiva pesquisa.

A empresa foi criada em 2002 por um dos maiores especialistas em Lean System

do Brasil, com vasta experiência no ambiente acadêmico e industrial. Originalmente fundada

em Recife/PE, hoje a empresa possui sua matriz em Porto Alegre/RS, mantendo uma ‘base’

em Recife como apoio aos clientes que são atendidos na região Nordeste do país. Auxiliando

empresas de diversos ramos de atuação, a empresa possui clientes de grande porte no Brasil e

na América Latina. Os principais setores de atuação da empresa são: calçados, confecções,

siderurgia, power tools (motosseras, moto-bombas, etc.), embalagens, alumínio e alumina,

eletrônica, telefonia, alimentos, pilhas/ baterias.

O crescimento vigoroso ocorrido desde o início das operações da empresa exigiu

um incremento na composição da equipe, que conta atualmente com 12 colaboradores. O

organograma apresentado na figura 19 caracteriza a estrutura organizacional da empresa.

Figura 19 – Organograma da empresa de consultoria

Fonte: Autor

Diretor Geral

Gerente de Projeto

s

Diretor de

Novos

Neg ó cios

Gerente

Financeira

Diretor Geral

Gerente de Projetos

Consultores

Diretor de

Novos

Neg ó cios

Gerente

Financeira

Equipe Apoio

44

A missão da organização é propor e viabilizar soluções para a melhoria da gestão,

alinhadas com os princípios e objetivos do Lean System, de forma a otimizar o desempenho e

sustentar o crescimento do negócio de seus clientes. Para atingir a “Visão de Futuro” da

empresa (“A empresa pretende ser, como empresa de consultoria, líder nacional na

implementação total do Lean System e referência na formação de multiplicadores”), a empresa

conta não só com as atividades de consultoria, mas também com uma unidade de negócios

responsável pela formação de ‘massa crítica’ em Lean System. A partir desta unidade, são

oferecidos workshops e treinamentos abordando os diferentes aspectos do STP. Atualmente,

os recursos das duas unidades são os mesmos.

A empresa apoia seus clientes na construção de uma operação ‘Lean’ a partir de

uma abordagem estruturada que prepara a empresa e os colaboradores para a implementação

propriamente dita. A empresa tem no seu portfólio dois produtos, a implementação do Lean

System e de Lean Tools (ferramentas lean). Para alguns clientes a empresa oferece programas,

ou seja, conjunto de diversos projetos e para outros ela proporciona também projetos pontuais.

A própria natureza da área de consultoria determina a organização da empresa por

projetos. Os projetos de consultoria são gerenciados pelo Gerente de Projetos da empresa e

pelo ‘time’ de consultores alocados ao determinado projeto. Normalmente, dois consultores

atuam em cada projeto, sendo o mais experiente, o consultor sênior, o responsável pelo

projeto. A maioria dos projetos dura de 6 meses a 1 ano; entretanto, é comum um mesmo

cliente contratar a empresa para um programa em Lean System.

Os projetos realizados podem ser considerados projetos de sucesso, pois atendem

as expectativas e as demandas dos clientes, no prazo determinado com uma margem de lucro

significativa, contemplando as expectativas dos clientes em relação a metas. Esse sucesso

ocorre principalmente pela capacidade, experiência e cultura dos consultores da empresa e

não pelo uso de uma metodologia formal de gerenciamento de projetos. Dentre o time de

consultores, apenas um participou do treinamento e possui a certificação do PMI. A partir da

descrição dos consultores os projetos podem ser estruturados nas seguintes etapas:

� Prospecção: o cliente entra em contato com a empresa demonstrando interesse

na consultoria. Um consultor realiza uma visita a empresa e elabora uma

proposta de trabalho baseada nas necessidades do cliente em que a empresa

pode atuar. Nessa proposta está descrito o escopo do projeto, o período de

duração da consultoria em uma base mensal, os Workshops que serão dados, o

valor do projeto e as demais condições de contratação.

45

� Diagnóstico: depois de fechada a proposta, o time de consultores alocados ao

projeto passa em torno de 10 dias na empresa em uma fase de diagnóstico. São

realizadas coletas de dados seguindo um padrão já estabelecido pela empresa.

O cliente recebe diversas tarefas e alguns marcos pré-determinados ocorrem

durante este período. Uma das principais decisões deste período é a equipe do

cliente que atuará no projeto e a cadeia de ajuda do projeto.

� Planejamento: os consultores voltam para o escritório da empresa e planejam o

projeto. Neste momento, o cronograma detalhado com os marcos é

determinado e o plano de ação com metas e indicadores (A3) começa a ser

desenvolvido levando em consideração o escopo definido e o diagnóstico

realizado. Além disso, são programados os Workshops necessários. O

planejamento é apresentado ao cliente e ambos aprovam o funcionamento

previsto para o projeto.

� Execução/ Controle: normalmente o projeto inicia-se com os Workshops para

a capacitação da equipe. A seguir as fases do plano de ação começam a ser

realizadas, tanto por parte do cliente como por parte dos consultores. Para

cada visita dos consultores uma agenda é elaborada previamente de acordo

com o cronograma inicial. O dia do consultor inicia com um follow up das

últimas atividades que deveriam ter sido realizadas pelo cliente durante o

período anterior e do andamento geral do projeto. Depois as atividades

previstas na agenda são realizadas e, por último, deixa-se um ‘tema de casa’

para a próxima visita. Os indicadores do projeto são monitorados através do

A3. Reuniões de avaliação durante o andamento do projeto são realizadas com

o cliente e internamente na empresa. O controle de custos do projeto é

realizado internamente na empresa.

� Finalização: o projeto é encerrado no cliente com uma reunião de

encerramento, apresentação de resultados e avaliação e um book do projeto é

construído pelos consultores com todas as informações, contando a ‘história

do projeto’.

A maioria dos clientes demonstra a satisfação com o projeto através de

renovações do contrato de trabalho ou de indicação da empresa para outras unidades suas. Os

clientes, além disso, realizam semanas kaizen (melhoria contínua) e contam com o apoio da

empresa nessas atividades.

46

A alocação dos consultores em cada projeto é feita pelo gerente de projetos da

empresa que determina para cada projeto qual o perfil mais apropriado e qual consultor possui

o conhecimento adequado para o projeto. Os consultores estão divididos em quatro grupos de

acordo com uma matriz de capacitação e multifuncionalidade: consultor sênior, consultor

pleno, consultor e consultor trainee. Essa matriz é periodicamente revisada e atualizada.

A integração e a comunicação dos projetos na empresa ocorrem através de

reuniões periódicas internas, da gestão visual no escritório com os principais indicadores de

cada projeto, incluindo o de custos e através de uma base de dados que contém todas as

informações dos projetos e que pode ser acessado pelos consultores, mesmo a distância. As

informações contidas no servidor de cada projeto estão estruturadas de uma mesma lógica,

tanto nos projetos já concluídos como nos em andamento. O servidor contará com toda a base

metodológica existente na empresa, mas atualmente ainda encontra-se em fase de

implementação.

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.2.1 Análise dos métodos de análise de maturidade da literatura

Foi realizado um estudo detalhado sobre os três modelos de maturidade

apresentados: CMM-I, PMMM e o OPM3. Os três modelos podem ser considerados como

fundamentados, com uma estrutura clara e concisa por diversos autores da área. Além disso,

os três modelos poderiam ser aplicados ao trabalho realizado, ou seja, um diagnóstico do nível

de maturidade em gestão de projetos de uma empresa de consultoria em produção enxuta. Na

figura 20 apresenta-se uma tabela resumo comparativa entre os três métodos apresentados

considerando as suas principais características.

O CMM-I é um modelo mais aplicado a área de software e de tecnologia da

informação e, apesar de ser adaptável a outras áreas, não é considerado o melhor nessa

situação, principalmente por não se aprofundar nos conceitos, áreas, estruturas e ferramentas

de gestão de projetos. O material do CMMI está disponível no site do SEI, entretanto para a

sua aplicação e para o alcance da certificação em maturidade em gerenciamento de projetos, é

recomendado que se contrate um consultor do SEI.

O OPM3, desenvolvido pelo PMI pode ser analisado como um modelo bastante

complexo quando comparado aos outros, além da sua difícil acessibilidade no Brasil. O CD

com o software deve ser adquirido pela empresa para a aplicação do modelo conforme é

47

incentivado pelo PMI. Os questionários e a forma de avaliação podem ser considerados

bastante demorados e repetitivos. A simplificação do OPM3 proposto por Xavier et al. (2005)

aborda as melhores práticas através de um questionário mais objetivo e em português. O

OPM3 por ser um modelo mais novo e construído pela experiência de diversas pessoas é o

modelo mais completo dos três, abordando não somente o gerenciamento de projetos, mas

também o de programa e portfólio.

CMM-I PMMM OPM3

Autor (es) SEI - Carnegie

Mellon University Kerzner PMI

Escala de níveis de Maturidade

Níveis de maturidade Níveis de maturidade x Áreas de Conhecimento GP

Níveis de maturidade x Áreas de Conhecimento GP

Foco principal Software e Tecnologia da Informação

Gerenciamento de Projetos

Gerenciamento de Projetos

Abordagem de maturidade

Abordagem por estágios e contínua em projetos

Níveis de maturidade com sobreposição entre os níveis em projetos

Contínua com estágios e domínios (projeto, programa e portfólio)

Forma de Aplicação Sugestão de consultoria para aplicação. Disponibilidade do material no site do SEI.

Auto-aplicação. Questionários de fácil entendimento, aplicação e interpretação.

Consultoria ou CD em inglês para auto-aplicação. Possibilidade da utilização do modelo simplificado de Xavier menos burocrático.

Forma de identificação de melhorias

Não fornece um relatório de melhores práticas a serem incorporadas.

Através do nível encontrado é possível, através de um estudo, identificar os próximos passos para a empresa.

Fornece as melhores práticas a serem incorporadas pela organização. Inclui as etapas de implementação e priorização.

Figura 20 – Tabela resumo comparativa entre os métodos CMM-I, PMMM e OPM3

Fonte: Autor

O PMMM, assim como o OPM3, une a estrutura de níveis de maturidade do

CMM-I (SEI) com as áreas de conhecimento do PMBoK (PMI) possibilitando um diagnóstico

preciso e fundamentado em maturidade de gestão de projetos. Os dois seguem uma mesma

lógica de avaliação de níveis de maturidade. Os dois modelos servem como um diagnóstico da

situação da empresa e como um guia para a empresa formular metas e definir um caminho a

seguir para melhorar o seu gerenciamento de projetos, mas não como um modelo de ações

para implementações de melhorias.

48

O PMMM apresenta uma estrutura clara, de fácil entendimento e aplicabilidade ao

trabalho que pretende-se desenvolver. O PMMM sugere questionários para avaliação dos

níveis de maturidade e as ferramentas para a avaliação dos resultados. Além disso, destaca as

características necessárias para o alcance ou a sobreposição de cada nível e as dificuldades

encontradas para o atingimento das etapas.

Assim, o PMMM (Project Management Maturity Model) de Kerzner (2001) e o

OPM3 (Organization Project Management Maturity Model) simplificado proposto por Xavier

et al. (2005) foram considerados relevantes e aplicáveis ao trabalho que se pretende realizar.

Os dois modelos foram aplicados a empresa e comparados entre eles em termos de

aplicabilidade, apropriação das questões, resultados gerados e passos sugeridos para o futuro.

Após a comparação, foram realizadas sugestões de melhoria para os processos de gestão de

projetos na empresa.

3.2.2 Etapas do estudo de caso

O estudo de caso foi estruturado em três etapas descritas a seguir.

1. Coleta de dados: aplicação dos questionários do PMMM e aplicação do

questionário do OPM3 simplificado.

2. Tratamento e análise dos dados coletados: análise das respostas coletadas de

acordo com os métodos, comparação entre os resultados dos dois métodos e

determinação do nível de maturidade da empresa.

3. Sugestão de próximos passos a seguir: proposição de melhorias no

gerenciamento de projetos da empresa segundo os modelos para alcançar o

próximo nível de maturidade.

Antes de iniciar-se efetivamente a coleta de dados, informou-se os consultores do

estudo de caso que se pretende realizar. Foram explicados os objetivos e métodos do trabalho.

A coleta de dados é a etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos

elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se efetuar a coleta dos dados previstos

(MARCONI E LAKATOS, 2007).

Iniciou-se a coleta de dados pelos questionários propostos pelo PMMM para

depois passar-se para o OPM3 simplificado. Estes questionários foram aplicados com o

gerente de projetos e com os demais colaboradores da empresa de acordo com a necessidade e

com o tipo de questionário. A figura 21 apresenta a distribuição dos respondentes.

49

Questionário Respondente Tempo na empresa

Experiência em gerenciar / coordenar projetos

Consultor Sênior

2 anos 6 anos de experiência PMMM – Questionário 1

Consultor trainee

1 ano Sem experiência em gerenciamento / coordenação

Gerente de projetos

6 anos 5 anos de experiência

Gerente Financeira

1 ano e 6 meses Sem experiência em gerenciamento / coordenação

Consultor Pleno

5 anos Experiência de 2 anos em gerenciamento de projetos

PMMM – Questionário 2

Estagiário 1 ano Sem experiência em gerenciamento de projetos

Gerente de projetos

6 anos 5 anos de experiência

Gerente Financeira

1 ano e 6 meses Sem experiência em gerenciamento / coordenação

OPM3

Consultor Pleno

5 anos Experiência de 2 anos em gerenciamento de projetos

Figura 21 – Distribuição de respondentes

Fonte: Autor

O PMMM proposto por Kerzner (2001) propõe um questionário para cada nível

de maturidade, ou seja, cinco questionários. De acordo com os resultados obtidos no

questionário aplicado avaliou-se se o questionário seguinte era pertinente ou não. Destaca-se

que foi considerada a possibilidade de sobreposição entre os níveis, portanto mesmo que um

determinado nível não tenha sido completamente atingido, o próximo questionário foi

aplicado para analisar-se em que etapa do próximo nível a empresa encontra-se.

O primeiro questionário proposto (apêndice A), relativo ao nível Linguagem

Comum, contém 80 questões relativas ao PMBoK e aos princípios básicos do gerenciamento

de projetos. Cada questão tem cinco respostas e apenas uma deve ser escolhida. A pontuação

do questionário é feita levando-se em conta as áreas de conhecimento propostas pelo PMBoK.

Este questionário tem como objetivo avaliar o conhecimento e foi aplicado a dois

colaboradores da empresa.

O segundo nível, Processo Comum, utiliza um questionário de 20 perguntas

(apêndice B) que abordam a repetição dos processos e as ações necessárias para apoiar a

melhoria contínua. Cada pergunta tem uma graduação de –3 a 3 (-3 -2 -1 0 +1 +2 +3)

onde apenas um número deve ser circulado de acordo com o desempenho da empresa na

questão. As respostas são ponderadas e distribuídas entre as cinco fases do ciclo de vida do

50

projeto (embrionária, reconhecimento pela direção, reconhecimento pela gerência,

crescimento e madura). Este questionário avalia o desempenho da empresa e, portanto, foi

preenchido pelo gerente de projetos. Outros três colaboradores também foram questionados a

respeito como forma de validar as informações recebidas pelo gerente de projetos.

O terceiro nível, Metodologia Singular, emprega 42 perguntas de múltipla escolha

baseando-se no hexágono da excelência. Das cinco opções, apenas uma resposta pode ser

escolhida por questão. A pontuação segue também o hexágono da excelência (Processos

Integrados, Cultura, Suporte da Gerencia, Treinamento e Educação, Gerenciamento de

Projetos Informal, Excelência Comportamental). Este questionário não foi aplicado a empresa

devido ao baixo grau de maturidade atingido no questionário dois. Segundo Kerzner (2001), o

nível dois e o nível três são os únicos que não se sobrepõem. Assim, como após a aplicação

do questionário dois ficou claro que a empresa não o tinha completo, a aplicação do

questionário três tornou-se desnecessária no momento.

O nível quatro, Benchmarking, envolve uma comparação entre a empresa com

outras. O questionário é baseado nessa comparação e deve ser respondido de acordo com a

graduação: (-3) discordo fortemente, (-2) discordo, (-1) discordo parcialmente, (0) sem

opinião, (1) concordo parcialmente, (2) concordo, (3) concordo fortemente. A pontuação é

dividida entre benchmarking quantitativo e benchmarking qualitativo, assim, esse

questionário pretende responder se a organização realiza benchmarking e, se sim, que ênfase a

empresa está dando (quantitativa ou qualitativa). Este questionário não foi aplicado a empresa

devido ao baixo grau de maturidade atingido nos outros questionários.

O quinto nível, Melhoria Contínua, propõe um questionário de 16 perguntas com

uma graduação igual a do nível quatro. A pontuação final indica o quanto a empresa está

comprometida e realizando a melhoria contínua. Este questionário não foi aplicado a empresa

devido ao baixo grau de maturidade atingido nos outros questionários.

Após a finalização dos questionários do PMMM, foi aplicado o questionário do

OPM3 simplificado proposto por Xavier et al.(2005). Este questionário (anexo A) tem como

padrão o PMBoK. Cada pergunta do questionário simplificado indica qual a pergunta

correspondente no OPM3 e o número da ‘Melhor Prática’. Ele é composto de 45 perguntas

divididas pelas nove áreas de conhecimento do PMBoK.

A nota para cada pergunta varia de zero a dez de acordo com o atendimento dos

quesitos estabelecidos, de forma acumulativa a não ser quando explicitamente citado na

pergunta que a nota não é acumulativa. A avaliação final consiste no somatório da pontuação

51

obtida. Este questionário foi aplicado ao gerente de projetos, a dois colaboradores da empresa

e preenchido também através de observações e busca pelo banco de dados da empresa.

Através deste questionário é possível enxergar quais as ‘Melhores Prática’

propostas pelo OPM3 que estão bem, quais ainda precisam ser melhoradas e quais não são

realizadas. Além disso, através da pontuação por área de conhecimento, pode-se determinar

qual o foco necessário para a empresa e assim, encaminhar o processo de melhoria na direção

desejada.

Na etapa de tratamento e análise de dados, iniciou-se analisando-se os resultados

fornecidos pelos dois modelos separadamente. Depois, uma comparação entre os resultados

do PMMM de Kerzner e do OPM3 do Project Management Institute foi realizada, apontando

as vantagens e desvantagens de cada modelo, as facilidades e dificuldades encontradas na

aplicação de cada um e as diferenças entre os resultados encontrados. No final da análise e da

comparação foi possível enxergar o nível de maturidade em gerenciamento de projetos da

empresa.

A última etapa do trabalho consiste na proposição dos próximos passos que a

empresa deve seguir. Os dois modelos sugerem um caminho até o alcance da excelência e

último nível em maturidade dentro do gerenciamento de projetos. O OPM3 tem em seu

próprio modelo a construção de um plano de implementação das melhorias e o PMMM,

através das análises, pode-se chegar as práticas necessárias para alcançar-se os próximos

níveis. Foram sugeridos os próximos passos para a empresa percorrer visando a melhoria do

gerenciamento de projetos e, assim, da empresa como um todo.

52

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo apresenta-se o resultado obtido através da metodologia descrita no

capítulo três. Inicia-se descrevendo a etapa da coleta de dados. O capítulo segue com a análise

desses dados e o nível de maturidade da empresa segundo os métodos de Kerzner e do PMI é

determinado. Para finalizar, é feita uma comparação entre os métodos e uma sugestão para a

empresa dos próximos passos a seguir com o objetivo de alcançar-se no futuro a excelência

em gestão de projetos.

4.1 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi iniciada por uma explicação aos consultores referente aos

métodos que estavam sendo aplicados. A empresa aprovou a aplicação dos questionários e os

colaboradores se dispuseram a participar do processo.

Iniciou-se o processo pela aplicação do questionário referente ao segundo nível de

maturidade (apêndice B), devido a agenda restrita dos consultores. A aplicação do

questionário referente ao primeiro nível poderia consumir tempo desnecessário, caso a

empresa já estivesse no nível dois e, como a sobreposição entre níveis foi levada em conta, o

questionário referente ao nível dois seria aplicado de qualquer maneira.

O nível dois é quando a empresa alcança a maturidade em gestão de projetos e ele

está subdividido em cinco níveis: embrionário, aceitação da direção, aceitação da gerencia,

crescimento e maturidade. Este questionário foi aplicado ao gerente de projetos, a gerente

administrativa financeira, a um consultor e a um colaborador do back office.

Seguiu-se com a aplicação do questionário um (apêndice A), devido aos

resultados alcançados no questionário dois. O questionário um tem 80 questões que se

referem a conhecimento e a linguagem comum da gestão de projetos. Este questionário foi

aplicado a um consultor experiente na área de gestão de projetos e a um consultor trainee.

O questionário referente ao nível três não foi aplicado devido ao baixo nível de

maturidade alcançado e a não sobreposição entre os níveis 2 e 3. Os níveis 1 e 2 se sobrepõem

e por isso é de extrema importância a análise de qual o percentual de cada nível que já foi

alcançado.

Por fim, o questionário simplificado do OPM3 (anexo A) foi preenchido pelo

gerente de projetos, por um consultor e pela gerente administrativa financeira. Além disso foi

53

realizada uma análise do banco de dados da empresa com objetivo de buscar documentações

e procedimentos para comprovar as questões realizadas do questionário do OPM3.

Por se tratar de uma empresa de consultoria, nota-se que os projetos são realizados

com clientes externos e internamente na empresa. O produto da empresa é a consultoria para

o cliente que consiste em um projeto. A empresa está bastante preocupada em satisfazer o

cliente e, por isso, dirige seus esforços para melhorar o gerenciamento de projetos com o

cliente. Assim, os projetos internos da empresa, como por exemplo seu próprio planejamento

estratégico e o desenvolvimento de um novo produto ou ainda o gerenciamento de projeto do

cliente que é feito internamente na empresa, como por exemplo o controle dos custos e o

armazenamento das lições aprendidas, muitas vezes são prejudicados e necessitam ser

melhorados. Os questionários foram preenchidos considerando os dois tipos de

gerenciamento.

4.2 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Os dados coletados através de questionários e entrevistas são analisados de acordo

com a sua ordem de aplicação. Primeiramente é exposto o resultado do PMMM (Project

Management Maturity Model), seguido pelo OPM3 simplificado (Organizational Project

Management Maturuty Model). Para finalizar o tratamento e análise dos dados, realiza-se uma

comparação entre os resultados obtidos e dos métodos aplicados.

4.2.1 Resultados obtidos - PMMM

Após o preenchimento do segundo questionário proposto por Kerzner, foram

gerados gráficos referentes às respostas dadas pelos colaboradores. As questões estão

divididas entre os cinco diferentes níveis em que a empresa pode se encontrar: embrionário,

aceitação da direção, aceitação da gerência, crescimento e maturidade. As respostas dos

entrevistados estão expostas nas figuras 22 e 23 e detalhadas no apêndice C.

Cada questão pode ser respondida de com notas de -3 a 3, sendo o mais baixo

referente a discordo totalmente e o mais alto referente a concordo totalmente. São 4 questões

para cada nível. A pontuação mínima que pode obter-se em cada um dos níveis é de -12 e a

máxima de 12. Segundo Kerzner (2001), pontuações acima de 6 significam que este nível foi

atingido.

54

Embrionário Aceitação direção Aceitação gerência Crescimento Maturidade

Entrevistado 1 7 7 5 5 0

Entrevistado 2 9 6 6 3 3

Entrevistado 3 6 7 4 0 -7

Entrevistado 4 6 7 6 1 1

Média 7 6,75 5,25 2,25 -1,25

Figura 22 – Compilação dos resultados do questionário dois de Kerzner dos entrevistados

Fonte: Autor

Figura 23 – Compilação dos resultados do questionário dois de Kerzner

Fonte: Autor

Analisando-se as respostas dadas e os gráficos gerados, chega-se a conclusão de

que a empresa ainda não alcançou o segundo nível de maturidade de Kerzner. Dentro do nível

dois, nota-se que a empresa atingiu respostas acima de 6 de todos os entrevistados tanto no

nível embrionário quanto no nível de aceitação pela direção. Em relação ao terceiro nível,

aceitação pela gerência, nota-se que dois dos entrevistados obtiveram pontuação acima de seis

e os outros dois abaixo (figura 22).

Assim, conclui-se que a empresa está alcançando a aceitação da gerencia, ao

mesmo tempo que está desenvolvendo a fase de crescimento. O nível de aceitação pela

gerencia caracteriza-se pelo suporte visível da gerencia, pelo compromisso e educação voltada

a gestão de projetos, incluindo treinamentos dos funcionários em gerenciamento de projetos.

O nível de crescimento é considerado o mais crítico, pois algumas das suas

características podem ser alcançadas durante os outros níveis, como é o caso da empresa em

estudo; entretanto, para ele estar completo, os outros três primeiros devem estar finalizados

55

também. Nota-se na figura 23 uma diferença grande do entrevistado 3 na etapa de maturidade.

O entrevistado três é um dos integrantes da equipe de apoio e integra a empresa há um ano.

O nível de crescimento tem como característica a criação e a estabilização inicial

do processo de gerenciamento de projetos, ou seja, o desenvolvimento do seu ciclo de vida e

da metodologia, uma demonstração de compromisso efetivo com o planejamento, uma

minimização das mudanças no escopo, a seleção de um software para suportar a metodologia,

entre outras características. O nível de maturidade ainda encontra-se um pouco distante para a

empresa, pois os resultados estão distantes de 6.

Por a empresa ainda não ter completado o nível 2 de Kerzner, foi necessário a

aplicação do questionário referente ao nível 1. Este questionário tem como objetivo avaliar se

a linguagem utilizada na gestão de projetos da empresa é comum e o quanto de conhecimento

a empresa possui, no geral, em gerenciamento de projetos. Este questionário foi aplicado a um

consultor experiente na área de gestão de projetos e a um consultor trainee.

Os resultados gerados por este questionário referentes ao entrevistado 1 e 2

encontram-se nas figuras 24, 25, 26 e 27 e detalhados no apêndice D. As perguntas estão

divididas igualmente nas 8 áreas de conhecimento de Kerzner (Custo, Escopo, Recursos

Humanos, Risco, Comunicação, Tempo, Aquisições, Qualidade), com 10 perguntas para cada

área. Elas são de múltipla escolha, onde apenas uma resposta é a correta e para cada acerto,

soma-se 10 pontos. Se a pontuação é igual ou está acima de 60 em cada uma das categorias,

então considera-se que tem-se um bom conhecimento em gerenciamento de projetos, se

obtiver todas menos uma ou duas áreas acima de 60, é possível que a organização ainda

possua um bom conhecimento em gerenciamento de projetos, mas algumas áreas ainda

estejam deficientes ou que algum conhecimento específico não seja aplicável diretamente às

circunstancias da empresa. Para pontuações abaixo de 30, Kerzner chama a atenção,

apontando a empresa como imatura e sugerindo treinamentos intensivos .

No escore total, caso o valor esteja acima de 600, o nível 1 é considerado por

Kerzner completo o suficiente para começar-se o nível 2. Escores abaixo de 600 demonstram

que a organização possui deficiência nos conhecimentos e linguagem de gerenciamento de

projetos.

Levando-se em consideração que o questionário 1 de Kerzner avalia a linguagem

comum e conhecimento da empresa, de acordo com os gráficos apresentados, nota-se que a

empresa ainda não está com uma linguagem comum totalmente definida e disseminada entre

os seus colaboradores. Os dois entrevistados apresentaram resultados bastante semelhantes,

mesmo um ocupando um cargo hierarquicamente superior ao outro.

56

Figura 24 – Resultados Questionário 1 de Kerzner – Entrevistado 1 – áreas de conhecimento

Fonte: Autor

470 330

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Pontução Total

58,75% 41,25%58,75% 41,25%

Resultado geral - Entrevistado 1

Acertos

Figura 25 – Resultados gerais questionário 1 de Kerzner – entrevistado 1

Fonte: Autor

57

Figura 26 – Resultados Questionário 1 – Entrevistado 2 – áreas de conhecimento

Fonte: Autor

Figura 27 – Resultados gerais questionário 1 de Kerzner – entrevistado 2

Fonte: Autor

Percebe-se que a área de conhecimento de gerenciamento de riscos é a mais fraca

na empresa, por ter atingido uma pontuação inferior a 60 nos dois casos. Ao mesmo tempo,

percebe-se que o gerenciamento do tempo é muito valorizado no negócio e por isso, destacou-

Acertos

58

se como a que atingiu uma maior pontuação nos dois casos. Nenhum dos entrevistados teve

pontuações abaixo de 30, o que não classifica a empresa como imatura, entretanto eles não

obtiveram um resultado superior a 600 em nenhum dos casos, ou seja o nível 1 ainda não está

completo. A empresa ainda não possui uma linguagem comum em gerenciamento de projetos.

Assim, segundo Kerzner, a empresa encontra-se em um momento de sobreposição

entre os níveis 1 e 2, entretanto, para o 2 ser totalmente completo, o nível 1 obrigatoriamente

deverá ser concluído. Como o nível 2 e o nível 3 não se sobrepõem a empresa ainda tem

diversas melhorias a implementar para começar o nível 3 em busca da excelência, como por

exemplo a padronização e a utilização de uma metodologia consolidada.

A sobreposição entre esses dois níveis significa que a empresa está ao mesmo

tempo crescendo e consolidando os seus conhecimentos e linguagem a respeito de gestão de

projetos enquanto a parte de aceitação e apoio está se difundindo entre os colaboradores. Os

administradores da empresa já aceitam e entendem a importância do gerenciamento de

projetos, já passaram pela fase embrionária, pela aceitação da direção e estão concluindo a

etapa de aceitação da gerencia. A etapa de crescimento e a melhoria nos conhecimentos e

linguagem caminharão junto até a empresa alcançar a maturidade em gerenciamento de

projetos.

Através de observações diretas comprova-se que os resultados demonstrados pelos

questionários são coerentes com a situação real. Nota-se uma preocupação da empresa em

construir um gerenciamento de projeto sólido, já que a empresa é de consultoria e

conseqüentemente, projetizada. O diretor da empresa e a gerência valorizam esforços e

incentivam esforços relacionados à busca pela excelência em gestão de projetos.

A linguagem entre os colaboradores está parcialmente consolidada pelo tempo de

experiência que eles têm trabalhando juntos, entretanto, esta ainda não é uma linguagem

totalmente de gerenciamento de projetos e alguns conceitos básicos ainda não foram

absorvidos. Quando novos integrantes entram na equipe, percebe-se uma dificuldade inicial

em compreender e utilizar a linguagem da empresa além de uma dificuldade na incorporação

pela metodologia não estar integralmente padronizada.

Dentre a pontuação faltante para a empresa, destaca-se algumas características que

a organização não possui, como um software especializado no gerenciamento de projetos e a

existência de um programa de treinamento e capacitação em gerenciamento de projetos. Esse

programa permitiria a capacitação e o aumento das habilidades individuais e

conseqüentemente as da organização como um todo. Além disso, a característica de

59

comprometimento com o planejamento efetivo e, consequentemente mudanças mínimas no

escopo não são vistas atualmente na empresa.

É fundamental destacar a diferença entre as atividades dos projetos que são

realizadas no cliente as atividades realizadas internamente. A gestão de projetos realizada no

cliente está melhor que o gerenciamento de projetos interno dos colaboradores. O

gerenciamento do tempo, da qualidade, dos recursos humanos estão mais bem estruturadas do

que o gerenciamento realizado entre o time de projeto nas atividades que são realizadas pelos

consultores no internamente. Os investimentos nos projetos, por exemplo em padronização ou

metodologia são sempre realizados primeiramente nas atividades referente aos clientes.

A empresa encontra-se em um momento de expansão e reconhece a importância

de possuir um sistema de gerenciamento de projetos consolidado e excelente. Os

colaboradores buscam a melhoria contínua do gerenciamento de projetos e estão se focando

através de pequenos projetos internos na padronização total da metodologia utilizada no

gerenciamento de projetos e na parte do gerenciamento dos projetos feitos internamente na

empresa, principalmente nas áreas de custos, recursos humanos, tempo e escopo, considerados

pelos colaboradores como base para o negócio.

4.2.2 Resultados obtidos – OPM3 simplificado

O questionário do OPM3 simplificado de Xavier foi aplicado ao gerente de

projetos, a um consultor e a gerente financeira administrativa da empresa que responderam as

questões relacionadas às suas áreas. O questionário contém 45 questões divididas nas 9 áreas

de conhecimento do PMBoK. Cada pergunta está diretamente relacionada a uma ou duas

questões e/ou a uma ou mais de uma ‘melhor prática’ utilizada no questionário completo do

livro OPM3.

Através deste método é possível enxergar o posicionamento da maturidade em

gerenciamento de projetos da empresa em quatro aspectos: (i) a maturidade em gerenciamento

de projetos na empresa como um todo, figura 28; (ii) domínios (projeto, programa e

portfolio), figura 29; (iii) Estágio de maturidade (padronização, medição, controle e

melhoria), figura 30 e (iv) áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos, figura 31.

60

Figura 28 – Resultados OPM3 – Percentual de Maturidade relativa

Fonte: Autor

Figura 29 – Resultados OPM3 – Projeto, Programa, Portfólio

Fonte: Autor

Resultado OPM3 - Percentual de

Maturidade Relativa

35,00% 65,00%

% Maturidade Relativa Organizacional

Resultados OPM3 - Projeto, Programa, Portfólio

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Projeto

ProgramaPortfólio

Projeto - 40,16%

Programa - 32,00%

Portfólio - 28,00%

61

Figura 30 – Resultados OPM3 – Padronização, Medição, Controle e Melhoria

Fonte: Autor

Figura 31 – Resultados OPM3 – Áreas de conhecimento

Fonte: Autor

Resultados OPM3 - Padronização, Medição, Controle e

Melhoria

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Padronização

Medição

Controle

Melhoria

Padronização - 39,24%

Medição - 35,00%

Controle - 33,33%

Melhoria - 20%

Resultados OPM3 - Áreas de conhecimento

58,18% 56,00%47,50% 46,66%

40,00% 40,00% 39,23%

14,20%

1,42%

0,00%

10,00%20,00%30,00%

40,00%50,00%

60,00%70,00%80,00%

90,00%100,00%

Gere

ncia

men

to d

o Tem

po

Gere

ncia

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e Cust

os

Gere

ncia

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a Q

ualid

ade

Gerenc

iam

ento

do E

scop

o

Gerenc

iam

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da

Inte

graç

ão

Gerenc

iam

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da

Comunica

ção

Gere

ncia

men

to d

os Rec

ursos H

...

Gerenc

iam

ento

de

Aquisiç

ões

Gere

ncia

men

to d

e Risc

os

62

A primeira análise é feita a partir das perguntas do questionário do OPM3. A

empresa atingiu 35% de maturidade relativa de acordo com o método. Conclui-se que a

empresa está ainda no início do percurso para o alcance da maturidade. Os 35% demonstram

que a empresa já passou a fase inicial no gerenciamento de projetos, mas ainda tem muitas

práticas que necessita aprender e utilizar.

O gráfico de projeto, programa e portfólio (figura 29) demonstra que a empresa

está melhor no gerenciamento de projetos (40,16%), mas os outros domínios não estão muito

distantes, portfólio (28%) e programa (32%). Os três acompanham a fase inicial que a

empresa encontra-se, mas estão crescendo juntos, o que é de fundamental importância para o

negócio.

A empresa tem um portfólio pequeno, mas busca sempre mantê-lo atualizado e

balanceado. Os esforços para o início de novos negócios são direcionados de acordo com a

meta em relação ao portfólio. Todavia, o gerenciamento do portfólio é bastante simples e feito

de acordo com os conhecimentos tácitos, ele não tem uma metodologia definida e

padronizada.

Os programas oferecidos pela consultoria são definidos como um conjunto de

projetos realizado para um mesmo cliente simultaneamente. A empresa gerencia seus

programas de uma maneira bastante parecida ao gerenciamento dos projetos, portanto as boas

práticas incorporadas aos projetos estão servindo como base para o início de um

gerenciamento de programas.

O gerenciamento dos projetos é o mais forte na empresa e nota-se que os esforços

prioritários estão direcionados para os projetos. A empresa busca um crescimento e

aprimoramento na gestão de projetos e demonstra algumas características como a

padronização de algumas partes do planejamento, controle, execução e finalização e nas áreas

de escopo, tempo, custo e qualidade dos projetos.

Na figura 30, observa-se que os estágios de padronização, medição e controle

obtiveram pontuações decrescentes nesta ordem, mas parecidas entre si. A empresa, pelas

necessidades do gerenciamento de projetos, implementou partes básicas de cada uma dessas

etapas. O estágio de melhoria (20%) já está presente na empresa, mas de uma forma menor

que os outros.

A análise das áreas de conhecimento mostra que algumas áreas como tempo e

custo que são fundamentais para os projetos de consultoria estão em torno de 57% no

caminho para a maturidade. Algumas outras áreas obtiveram pontuações intermediárias e as

áreas de aquisição e riscos estão com uma porcentagem bastante inferior as outras. Essas duas

63

áreas realmente não estão presentes no cotidiano do gerenciamento de projetos da empresa. A

área de aquisição não está presente por não ser fundamental ao negócio, entretanto a de riscos

é sim fundamental e a empresa não possui um gerenciamento de riscos.

As áreas de tempo, qualidade e custos obtiveram pontuações mais elevadas e de

fato nota-se pelos resultados dos projetos que essa situação é condizente com a realidade. Os

projetos apresentam a qualidade desejada pelo cliente. Os projetos ocorrem dentro do

cronograma programado e acordado com o cliente e proporcionam uma margem de

contribuição financeira para a empresa.

Assim, segundo os resultados obtidos com a aplicação do OPM3 simplificado, a

empresa está no início do caminho para o alcance da maturidade em gerenciamento de

projetos. Através da pontuação obtida pela análise das melhores práticas, nota-se muitas

oportunidades de melhoria e diversas ações a empreender na empresa. Por a empresa trabalhar

por projetos e este ser o seu negócio fundamental, naturalmente tanto os domínios (projeto,

programa e portfólio) como os quatro estágios (padronização, medição, controle e melhoria)

evoluem juntos pelas necessidades surgidas no cotidiano. Para alcançar a excelência em

gerenciamento de projetos são necessárias melhorias em todos os domínios, assim como nos

estágios e nas áreas de conhecimento.

4.2.3 Análise dos dois métodos

Nesta seção analisa-se os dois métodos utilizados a partir de dois pontos de

análise: em relação a sua aplicabilidade e em relação aos resultados obtidos em cada um

deles. Para a primeira análise, pediu-se aos colaboradores da empresa para expor sua opinião

em relação aos questionários através de entrevistas e e-mails. Para os resultados, utiliza-se as

pontuações, estudos e interpretações obtidos com o estudo de caso e proposto pelos autores.

O questionário do nível um de Kerzner é bastante cansativo e em um primeiro

momento parece que avalia apenas conhecimento em gestão de projetos para os que estão

preenchendo, pois ele dispõe as perguntas aleatoriamente sem classificá-las nas áreas de

conhecimento como é feito na análise. Após o preenchimento, a análise proposta á bastante

rica, demonstrando as pontuações por áreas e sendo possível a comparação entre os resultados

de diferentes colaboradores. As perguntas abrangem conhecimento de diferentes níveis, desde

o mais básico em gerenciamento de projetos até conhecimentos avançados. A linguagem é

muito parecida com a linguagem do PMBoK e a empresa em estudo não utiliza o PMBoK,

entretanto as questões são de fácil entendimento e de adaptação à realidade da empresa.

64

O questionário número dois de Kerzner é também bastante simples e fácil de ser

preenchido, apresenta vinte questões de fácil entendimento. É uma forma rápida e objetiva de

avaliar-se uma organização. Os entrevistados consideraram o questionário prático de ser

preenchido.

O OPM3 simplificado se propõe a ser um método mais enxuto que o OPM3

completo e, assim, apresenta uma forma mais rápida e precisa de preenchimento das questões,

sendo que muitas delas podem ser avaliadas precisamente com e existência ou não existência

de determinados documentos por exemplo, facilitando o preenchimento. Para a analise dos

dados deve-se voltar ao livro do OPM3 para realizar-se a comparação entre as melhores

práticas existentes com o domínio e estágio que ela pertence.

O OPM3 simplificado facilita o preenchimento separando as melhores práticas

por área de conhecimento. Além disso, o questionário do OPM3 permite a graduação da

existência da melhor prática o que torna os resultados mais precisos e condizentes com a

realidade.

Os resultados obtidos pelo método de Kerzner e pelo OPM3 simplificado podem

ser considerados complementares. Cada um dos questionários aborda questões diferentes e

analisa os resultados de maneiras distintas, mostrando oportunidades de melhoria para a

organização.

Kerzner demonstra uma preocupação com os conhecimentos e linguagem da

empresa em gerenciamento de projetos no nível um, sugerindo que a empresa se capacite e

utilize a mesma linguagem para ter uma boa comunicação. Além disso, Kerzner no segundo

nível estudado, mostra como os colaboradores e a empresa no geral encontram-se em relação

ao gerenciamento de projetos. As características de cada nível dentro do nível dois estão

bastante ligadas a atitudes, ações e empreendimentos dos colaboradores.

O OPM3 simplificado abrange não somente o gerenciamento de projetos como

Kerzner, mas incorpora também o gerenciamento de programa e portfólio. Os domínios são

complementares e se relacionam com os quatro estágios. A abordagem é baseada

principalmente em melhores práticas em gestão de projetos e é um questionário que

demonstra a situação real da empresa, com documentos e fatos. O questionário OPM3

simplificado permite fazer uma análise gradual das melhores práticas e, além disso, um estudo

por área de gerenciamento de projetos, assim como Kerzner.

Os dois questionários não apresentam nenhuma customização para empresas de

consultoria nos seus questionamentos. A empresa de consultoria realiza os projetos

juntamente com o cliente e, ao mesmo tempo, gerencia partes do projeto internamente, além

65

de ter seus próprios projetos para a administração geral da empresa. Assim, como as questões

são para projetos no geral, algumas dúvidas surgem a respeito do preenchimento do

questionário.

Segundo os dois métodos, a empresa encontra-se em fase inicial em maturidade de

gestão de projetos. A organização já tem uma equipe disposta e motivada a melhorar que já

possui um conhecimento básico em gestão de projetos e que já incorporou algumas melhores

práticas. A padronização destaca-se nos dois métodos como fase inicial e que deve ser

completada para o crescimento.

Percebe-se que a etapa de processo comum, nível dois do Kerzner e a de

linguagem comum, nível um estão sobrepostas e incompletas e necessitam ser preenchidas

para alcançar-se o nível 3 de metodologia singular. Já no OPM3, o crescimento é contínuo e a

empresa pode alcançar e ir melhorando juntamente os seus domínios e estágios através da

utilização das melhores práticas sugeridas. Os dois métodos apresentaram resultados que

condizem com a realidade da empresa, sendo assim métodos reais e de possível aplicação.

4.3 SUGESTÃO DOS PRÓXIMOS PASSOS A SEGUIR

Após a análise da situação atual da empresa pelos questionários de Kerzner, do

OPM3 simplificado e de observações diretas, sugere-se algumas medidas para a melhoria da

gestão de projetos, programa e portfólio da empresa com o objetivo de a empresa alcançar

excelência em gestão de projetos no futuro. Os passos sugeridos são os iniciais, após a

empresa passar a utilizá-los, um novo diagnóstico e uma nova avaliação deverão ser feitos

para buscar-se as novas práticas a serem incorporadas.

Atualmente, os colaboradores trabalham juntos há anos e já criou-se uma cultura

da empresa que está internalizada e que funciona na venda e satisfação em relação aos

projetos dos clientes. Nota-se que empresa tem uma preocupação e uma vontade de

crescimento e expansão e para isso, é de fundamental importância a incorporação efetiva das

melhores práticas faltantes.

Assim, o primeiro passo considerado fundamental é a empresa definir como

seguirá avaliando a sua maturidade em Gestão de projetos e ter um processo formal e

constante para que as medidas implementadas estejam dentro de um plano de longo prazo que

irá levar a organização a alcançar a maturidade. Sugere-se que a empresa siga utilizando os

métodos aplicados de Kerzner e do OPM3 simplificado e que cada aplicação seja feita

66

anualmente antes da reunião de Planejamento Estratégico do ano seguinte, para que as

decisões tomadas estejam integradas ao plano de ação geral da empresa para o próximo ano.

Nos dois métodos, destaca-se a falta de uma metodologia de gerenciamento de

projeto, programa e portfólio formalmente estabelecida. Essa metodologia deve ser

sustentável e garantir que os benefícios desejados sejam alcançados constantemente. A

empresa já possui uma metodologia própria, entretanto falta padronizá-la e deixá-la formal

para todos os colaboradores. Sugere-se que a organização inicie pelos projetos para depois

passar aos programas e ao portfólio. Essa metodologia definirá como devem ser iniciados,

planejados, controlados e encerrados os projetos da empresa.

Dentro dessa padronização da metodologia, destaca-se a fase de planejamento dos

projetos. Através dos questionários e das observações diretas, percebe-se que a fase de

planejamento do projeto é a que prioritariamente deve ser melhorada. Os colaboradores

constantemente apontam a falta de capacidade de planejar e a tendência a passar direto para a

fase de execução. Deve-se dar uma atenção especial a esta etapa e buscar maneiras de garantir

que o planejamento seja realizado com eficiência e eficácia para obter-se sucesso do projeto.

Outra medida importante que a empresa deve tomar e que Kerzner enfatiza em seu

primeiro nível de linguagem comum é o fato de todos os envolvidos com projetos passarem

por um treinamento e uma capacitação em gerenciamento de projetos. Esse treinamento será

fundamental para alcançar esse primeiro nível e assim garantir uma comunicação efetiva e um

entendimento maior de gerenciamento de projetos, ajudando a empresa a obter melhores

resultados.

Dentro das melhores práticas, algumas medidas são destacadas como sugestões de

melhoria como a elaboração de um plano de gerenciamento do escopo, ou seja, um

documento para controle e alteração de escopo ao longo do projeto. Para a comunicação,

sugere-se usar os padrões de relatório existentes e melhorá-los caso necessário. As lições

aprendidas já são documentadas e utilizadas, mas este hábito ainda não é formal e não está na

rotina dos colaboradores. Essa transição seria de fácil aplicação e poderia trazer ótimos

resultados.

A parte de recursos humanos da empresa necessita de diversas melhorias. A

empresa contratou uma consultoria em RH para apoiá-los nesta etapa, na construção dos

perfis mais adequados para cada cargo, na avaliação das capacidades de cada colaborador e na

construção de um plano de desenvolvimento.

O gerenciamento de riscos ainda não é utilizado na empresa como algo formal e

estruturado e é de vital importância para a empresa por ela sobreviver dos seus projetos. É

67

necessário uma revisão desse conceito para a empresa, uma conscientização da importância e

uma organização de como o gerenciamento de riscos funcionará. Um resumo das melhorias

sugeridas a curto prazo encontra-se na figura 32.

Fonte Critério / Problema

Melhoria sugerida

Nível 1 Capacitação em gerenciamento de projetos. Estruturar e implementar o gerenciamento de riscos.

PMMM

Nível 2 Estruturação e documentação da metodologia Documentação das lições aprendidas nos projetos

Domínios Estruturação, padronização e documentação da metodologia para gerenciamento de projeto, programa e portfólio.

Estágios Estruturar, padronizar e documentar a etapa de planejamento

OPM3

Áreas de conhecimento

Elaboração de um plano de gerenciamento do escopo. Estruturar e implementar o gerenciamento de riscos.

Dificuldade com planejamento dos projetos

Estruturar, padronizar e documentar a etapa de planejamento

Lições aprendidas não transmitidas

Documentação das lições aprendidas nos projetos

Análise/ observação direta

Problemas na gestão de pessoas

Contratação de uma consultoria com o objetivo de realizar um diagnóstico, construção dos perfis adequados e de um plano de capacitação e desenvolvimento

Figura 32 – Tabela resumo melhorias sugeridas a curto prazo

Fonte: Autor

Diversas medidas poderiam ser levantadas a longo prazo dentre elas, destaca-se o

benchmarking. Sugere-se que a empresa realize benchmarking com outras consultorias ou

empresas para entender o gerenciamento de projetos dos outros e buscar as melhores práticas

e maneiras de implementação com eles. Kerzner sugere a completa utilização do

benchmarking no nível quatro.

Dentre as melhorias e passos sugeridos para a empresa ressalta-se a importância

em focar os esforços não apenas na parte do projeto realizado no cliente, mas sim na parte

interna também. A empresa já percebeu a importância em investir, no momento,

principalmente na parte interna. A melhoria nos projetos internos e nas partes internas dos

projetos realizados em cliente facilitará principalmente o crescimento e o desenvolvimento da

empresa em si e de seus colaboradores, enquanto a melhoria nos projetos garantirá o sucesso

com os clientes. As duas frentes necessitam ser desenvolvidas juntas na busca pela excelência

da empresa.

68

5. CONCLUSÃO

Após a conclusão do estudo e do diagnóstico de maturidade em gerenciamento de

projetos na empresa de consultoria, confirmou-se a importância da utilização de um modelo

de maturidade para guiar as empresas na busca pela excelência no gerenciamento de projetos.

Os modelos propostos pela literatura e estudados nesse trabalho são fundamentados e de

possível ajuste à realidade das empresas.

O diagnóstico de maturidade para a empresa em estudo é essencial para o

entendimento da situação atual da empresa e dos próximos passos que ela deve tomar em

relação ao gerenciamento de projetos. Como a empresa é projetizada uma carga e um esforço

bastante elevados são justificáveis na melhoria do gerenciamento de projetos.

O objetivo principal do trabalho era realizar um diagnóstico do nível de

maturidade da empresa, fornecendo um mapa real da organização e um caminho que ela possa

seguir para melhorar o seu desempenho e atingir o nível de maturidade desejado. Os objetivos

secundários eram (i) a realização de uma a análise e comparação dos principais modelos de

maturidade existentes e (ii) a proposição de melhorias no gerenciamento de projetos da

empresa de acordo com o modelo utilizado e com as necessidades diagnosticadas.

Os três métodos estudados CMM-I, PMMM e OPM3 apresentam soluções para

realizar o diagnóstico de maturidade nas empresas. O PMMM e o OPM3 são focados no

gerenciamento de projetos e utilizam o PMBoK como base para suas abordagens. Os dois

apresentam características diferentes e, por isso, foram escolhidos para serem aplicados na

empresa com o objetivo de realizar um diagnóstico mais profundo e de comparar os modelos.

O estudo foi realizado em uma empresa de consultoria em gestão de operações,

cuja abordagem de otimização das estratégias, táticas e práticas de gestão tem como modelo o

Sistema de Produção Enxuta (Toyota Production System – TPS). Ela conta com 12

colaboradores, tem suas sedes em Porto Alegre e Recife, mas realiza as atividades de

consultoria em diversas empresas de diferentes ramos na América Latina. A empresa é nova,

iniciou suas atividades em 2001.

Os projetos da empresa podem ser considerados de sucesso por atenderem as

metas determinadas pelos clientes, por gerarem lucro para a empresa e por acabarem no

cronograma determinado. Entretanto, nota-se que a empresa apresenta um grande potencial de

melhoria devido a diversas deficiências em gerenciamento de projetos.

69

O trabalho utilizou a pesquisa estudo de caso dividida em três etapas, a coleta de

dados, a análise dos dados e a sugestão de próximos passos. A coleta de dados ocorreu

principalmente através de observações diretas e dos questionários propostos pelos modelos.

Os resultados obtidos com a aplicação do PMMM de Kerzner mostraram que a

empresa ainda encontra-se nos níveis um (linguagem comum) e dois (processo comum) de

maturidade, os níveis se sobrepõem e caracterizam a empresa como uma empresa em que

ainda faltam conhecimentos em gerenciamento de projetos, mas que já entende a importância

e o funcionamento do gerenciamento de projetos. Ainda falta a padronização e utilização de

uma metodologia robusta para alcançar-se o terceiro nível em busca da excelência.

O OPM3 apresenta uma abordagem contínua no qual a empresa encontra-se na

fase inicial. O gerenciamento de projetos encontra-se melhor que o de programas e de

portfólio, mas nota-se desenvolvimento nos três domínios. As etapas de padronização,

controle e medição obtiveram uma pontuação parecida e condizente com a realidade da

empresa, ou seja, no gerenciamento de projetos, programas e portfólio essas etapas ocorrem,

porém de uma maneira ainda distante do ideal. A etapa de melhoria já esta presente na

empresa, mas em um nível inferior as outras, afinal depende bastante das anteriores para

desenvolver-se. Em relação as áreas de conhecimento destaca-se a pontuação elevada no

gerenciamento do tempo e de custos e as oportunidades de melhoria no gerenciamento de

riscos e recursos humanos.

Os dois modelos aplicados podem ser considerados complementares. O OPM3

apresenta uma visão através das melhores práticas, sendo mais prático e mais operacional;

além disso, abrange a gestão de portfólio e de programa. O OPM3 é mais trabalhoso e

burocrático de ser preenchido e estudado e apresenta um grau de maturidade contínuo. Já o

PMMM é um modelo que abrange desde a aceitação no nível gerencial, os conhecimentos e

linguagem dos colaboradores até questões como benchmarking. Os questionários do PMMM

são de fácil entendimento e preenchimento. Assim, na etapa de tratamento e análise dos dados

coletados foi possível visualizar-se claramente a situação atual da empresa em gerenciamento

de projetos, através das ferramentas propostas pelos dois modelos.

O desenvolvimento da empresa depende da melhoria na sua gestão de projetos.

Para isso, sugere-se algumas medidas como a padronização da metodologia utilizada,

principalmente na etapa de planejamento, treinamento em gerenciamento de projetos para

todos os colaboradores, melhorias no gerenciamento de riscos e de recursos humanos, entre

outros. Destaca-se a importância de todas as medidas serem aplicadas nas partes internas do

70

gerenciamento de projeto da empresa. Para a melhoria contínua, sugere-se a continuidade da

aplicação dos modelos utilizados no trabalho.

Assim, os objetivos do trabalho foram alcançados, já que no trabalho

diagnosticou-se o nível de maturidade da empresa, e realizou-se uma comparação entre esses

métodos. As sugestões de próximos passos foram deixadas com a empresa com o objetivo de

implementação e melhoria do gerenciamento de projetos.

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Após a conclusão do trabalho, sugere-se para trabalhos futuros a realização das

etapas de implementação das melhorias propostas e a nova avaliação da maturidade da

empresa. O ciclo do OPM3 contempla essas fases e é de extrema importância que elas sejam

aplicadas e analisadas na empresa.

Sugere-se também, um estudo com uma comparação e adequação do resultado do

diagnóstico de maturidade em gerenciamento de projetos da empresa com o planejamento

estratégico. O planejamento estratégico abrange todas as decisões da empresa e é fundamental

que as decisões tomadas no planejamento estratégico estejam alinhadas com as medidas

levantadas pelo diagnóstico de maturidade em gerenciamento de projetos.

71

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