UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de...

31
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA AGR 99003 – ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO Rafael De Marco Elgert 163811 Floricultura Florist Ltda. Porto Alegre, 11 de maio de 2011.

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE AGRONOMIA

AGR 99003 – ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

Rafael De Marco Elgert

163811

Floricultura Florist Ltda.

Porto Alegre, 11 de maio de 2011.

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE AGRONOMIA

AGR 99003 – ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

Rafael De Marco Elgert

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OGRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

Orientador do Estágio: Engenheiro Agrônomo Artur Ricardo Peruzzo

Tutor do Estágio: Engenheiro Agrônomo Gilmar Schäfer

COMISSÃO DE ESTÁGIOS:

Prof. Elemar Antonino Cassol - Depto. de Solos - Coordenador

Prof. Fábio de Lima Beck – Núcleo de Apoio Pedagógico

Prof. José Fernandes Barbosa Neto – Depto. Plantas de Lavoura

Prof. Josué Sant’Ana – Depto. de Fitossanidade

Prof. Lair Angelo Baum Ferreira – Depto. de Horticultura e Silvicultura

Profa. Mari Lourdes Bernardi - Depto. de Zootecnia

Prof. Renato Borges de Medeiros – Depto. de Plantas Forrageiras e

Agrometeorologia

Porto Alegre, 11 de maio de 2011

II

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, sem os quais nada disso seria possível.

À minha família, por me apoiarem em todos os momentos.

À Paola Piuco, pela motivação e ajuda na elaboração deste relatório.

A Floricultura Florist Ltda. e seus funcionários, pela oportunidade de

realização do estágio, e por me receberem de braços abertos.

ii III

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

APRESENTAÇÃO

Este relatório irá relatar as atividades desenvolvidas durante o estágio

curricular obrigatório, o qual foi realizado na Floricultura Florist Ltda, produtora

de flores e folhagens de corte.

A escolha pelo local de estágio se deu por almejo profissional, e por ser,

a produção de flores e folhagens, uma atividade agrícola de pequena

propriedade, intensiva, de alta rentabilidade e promissora.

IV

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 1 2 DESCRIÇÃO DO MEIO FÍSICO E SÓCIO-ECONÔMICO DA

REGIÃO DE REALIZAÇÃO DE ESTÁGIO....................................... 2

2.1 Histórico da cidade de Dois Irmãos........................................... 2 2.2 Aspectos sócio-econômicos...................................................... 2 2.3 Clima............................................................................................. 3 2.4 Geomorfologia da região............................................................ 3 3 CARACTERIZAÇÃO DA IEMPRESA............................................... 3 3.1 Instalações................................................................................... 4 3.2 Funcionários................................................................................ 5 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................. 5 4.1 Análise de mercado..................................................................... 5 4.2 Principais espécies de flores e folhagens da propriedade....... 6 4.2.1 Gérbera L..................................................................................... 6 4.2.2 Lisianthus (Eustoma grandiflorum).......................................... 6 4.2.3 Boca-de-leão (Antirrhinum majus)............................................ 7 4.2.4 Tango (Solidago hybrida).......................................................... 7 4.2.5 Mosquito (Gypsophila paniculata)............................................ 8 4.2.6 Aspidistra (Aspidistra elatior)................................................... 8 5 ATIVIDADES REALIZADAS............................................................. 9 5.1 Preparo do solo........................................................................... 9 5.2 Preparo dos canteiros................................................................. 10 5.3 Cultivo de Gérbera...................................................................... 11 5.3.1 Doenças..................................................................................... 13 5.3.2 Pragas........................................................................................ 13 5.3.2.1 Vaquinha (Diabrotica speciosa)......................................... 13 5.3.2.2 Ácaros (Tetranychus urticae)............................................ 13 5.3.2.3 Tripes (Frankliniella occidentalis)..................................... 13 5.4 Cultivo de lisianthus................................................................... 14 5.4.1 Semeadura de sementes peletizadas..................................... 15 5.5 Cultivo de boca-de-leão.............................................................. 16

V

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

5.6 Tingimento de lisianthus e boca-de-leão.................................. 16 5.7 Cultivo de gypsophila................................................................. 17 5.8 Cultivo de tango.......................................................................... 19 5.9 Cultivo de aspidistra................................................................... 20 5.10 Irrigação e Fertirrigação............................................................. 21 5.11 Transporte e comercialização.................................................... 21 6 CONCLUSÃO...................................................................................... 21 7 ANÁLISE CRÍTICA.............................................................................. 21 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 23

VI

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Vista aérea da propriedade da Floricultura Florist LTDA, no município de Dois Irmãos/RS. No detalhe a distribuição das instalações da propriedade. Fonte: Larissa Beduschi............

4

Figura 2. Aspidistras a meia sombra em projeto paisagístico na Faculdade de Agronomia da UFRGS........................................

9

Figura 3. A) Redes de tutoramento e mangueiras erguidas. B) Enxada rotativa. C) Capina de entrelinhas...............................

10

Figura 4. A) Caldeira. B) Canteiro coberto com plástico, vedados com sacos de areia e terra para a aplicação do vapor da caldeira........................................................................................

11

Figura 5. A) Casca de arroz no canteiro. B) Folhas mortas de gérbera.........................................................................................

12

Figura 6. A) Gérbera velha. B) Gérbera boa para colheita...................... 12 Figura 7. Mangueiras e redes de tutoramento instaladas....................... 14 Figura 8. “Pontas” de lisianthus............................................................... 15 Figura 9. A e B) Substratos utilizados para semeadura. C) Processo

de mistura dos substratos com o PG mix. D) enchimento de bandeja com os substratos misturados..................................

15

Figura 10. Hastes de boca-de-leão com inflorescências abertas quase que na sua totalidade, em ponto de colheita...........................

15

Figura 11. Lisianthus branco em balde de tinta amarela em processo de tingimento..............................................................................

17

Figura 12. A) Gypsophila antes da poda. B) Gypsophila após a poda.... 18 Figura 13 Material utilizado para solução de pós-colheita...................... 19 Figura 14 A) estacas herbáceas de tango com hormônio enraizador

AIB. B) Estacas herbáceas de tango fixadas em casca de arroz para o enraizamento.........................................................

19

Figura 15 Estrutura sendo construída para sombreamento de 70%...... 20 Figura 16 Aspidistra cultivada sob tela de sombreamento..................... 20

VII

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

1

1 INTRODUÇÃO

O estágio foi realizado na Floricultura Florist Ltda localizada no município

de Dois Irmãos – Rio Grande do Sul, no período de 03/01/2011 a 03/03/2011,

para cumprimento do estágio curricular obrigatório do curso de Agronomia da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, totalizando 357 horas.

A área de produção de flores foi escolhida por ser uma atividade em que

atuam poucos Engenheiros Agrônomos. Além disso, a floricultura no Rio

Grande do Sul é uma atividade agrícola que está em expansão, o que irá

aumentar a demanda por este profissional nesta área de atuação.

O objetivo deste relatório é descrever as atividades desenvolvidas na

Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem

como enfatizar a importância da organização do setor administrativo para o

sucesso de uma empresa rural deste porte.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

2

2 DESCRIÇÃO DO MEIO FÍSICO E SÓCIO-ECONÔMICO DA REGIÃO DA REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO

2.1 Histórico da cidade de Dois Irmãos

A cidade de Dois Irmãos tem sua origem nos morros gêmeos que podem

ser vistos quando se chega na cidade. Sua colonização é tipicamente alemã e

teve início a partir de 1824, com a chegada dos primeiros imigrantes no Estado.

Seu primeiro nome foi Baumchneis, ou seja, Picada dos Baum, em

homenagem a um dos integrantes que participaram ativamente do início do

povoado. As primeiras obras surgiram em 1832 quando foi construída uma

pequena capela católica, hoje Igreja São Miguel, tombada pelo Patrimônio

Histórico do Estado.

2.2 Aspectos sócio-econômicos

Dois Irmãos faz parte da Mesorregião Metropolitana de Porto Alegre e

esta situada na Microrregião Gramado-Canela. O município está localizado na

Encosta Inferior do Nordeste do Rio Grande do Sul, na latitude 29°34’48’’ ul e

a na longitude 51°05’06’’ oeste, a uma altitude de 166 metros acima do nível do

mar. A propriedade está situada no município de Dois Irmãos, próximo a

rodovia BR 116 no km 225, e dista 51 Km de Porto Alegre (FAMURS, 2011).

O município de Dois Irmãos tem uma área de 65 km² com uma

população de 27.572 habitantes. Sua colonização foi predominantemente

germânica e apresenta uma densidade populacional de 432,1 habitantes por

km²(IBGE, 2010).

Os principais produtos da região são: flores, acácia negra e

hortifrutigranjeiros no setor primário; sapatos, móveis, estofados e esquadrias

no setor secundário, e; prestadores de serviço, turismo e comércio no setor

terciário. A participação do PIB agropecuário no município é de 1,62%, da

indústria é 37,56% e de serviços é 60,83% (IBGE, 2008).

No Município predominam pequenas propriedades voltadas à policultura,

onde se destacam cultivos para consumo próprio, além da criação de aves,

suínos, gado leiteiro e áreas de acácia-negra para exploração da madeira.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

3

Ainda, há pequenas e médias indústrias de calçados exportadores,

marcenarias e as indústrias de móveis e esquadrias.

2.3 Clima

O município de Dois Irmãos pertence à zona climática Cfa, subtropical

úmido quente, segundo a classificação de Köppen. A temperatura é moderada

com chuvas bem distribuídas e verão quente, com ocorrência de geadas nos

meses mais frios do inverno, sendo a média de temperatura neste período

inferior a 16°C. No mês mais quente as máximas são maiores que 30°C. A

pluviosidade média é de 2.000 mm/ano, sendo julho o mês mais chuvoso e

abril o mais seco, com 157,2 mm e 97,2 mm, respectivamente. (WIKIPEDIA,

2010).

2.4 Geomorfologia da região

O relevo varia de ondulado a forte ondulado com uma declividade de 8 a

15%. A região está situada na Encosta Inferior do Nordeste (STRECK et al.,

2008).

Ocorrem principalmente derrames basálticos, mas também sílticos e

folhelhos sílticos, e o solo predominante classifica-se como Argissolo Vermelho

distrófico Típico com um horizonte B textural. Este solo tem por característica

ser pouco ácido, ter baixa disponibilidade de fósforo e alta saturação por bases

no horizonte A. Os solos são bem drenados e bastante susceptíveis a erosão

(STRECK et al., 2008).

3 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

A Floricultura Florist Ltda foi fundada em 1993. Sua essência foi sempre

a produção de flores e folhagens de corte. O fundador é Hikaru Ban, imigrante

japonês nascido na cidade de Obu, província de Aichi no Japão, que chegou ao

Brasil em 1970.

Em 2003, Yuuki Ban, seu filho, assumiu a administração geral da

empresa. Este é graduado e pós-graduado em administração, e buscou

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

4

experiências no exterior para aprimorar o funcionamento da Florist. A empresa

possui uma área coberta de aproximadamente cinco hectares de estufas

plásticas e um hectare de área descoberta. Cultiva vários tipos de produtos

diferentes entre flores e folhagens. Seus clientes são lojas de floriculturas,

decoradores, funerárias e atacadistas. Atua na região da Grande Porto Alegre,

e na cidade de Porto Alegre, através de parcerias com distribuidores e no Vale

do Sinos com floriculturas e decoradores. Alguns produtos como ruscus e

aspidistra são exportados para São Paulo.

A Florist busca constantemente a melhoria dos processos de produção,

investindo em tecnologia e em seus funcionários, contratando pessoas

capacitadas e oferecendo treinamentos internos. Preocupa-se em garantir a

saúde e bem-estar dos funcionários, tentando melhorar a ergonomia no

trabalho e cumprindo rigorosamente as normas de segurança e controle das

condições de saúde. Isso tem trazido maior satisfação e disposição no

trabalho, se refletindo em produtos de melhor qualidade.

3.1 Instalações

A Florist conta com dois galpões usados como setor de embalagens,

escritórios, armazenamento de insumos, ferramentas, etc. Ainda, possui duas

câmaras frias para conservação das flores na pós-colheita, além das estufas de

produção. A figura 1 mostra a distribuição das instalações na propriedade.

Figura 1. Vista aérea da propriedade da Floricultura Florist LTDA, no município de Dois Irmãos/RS. No detalhe a distribuição das instalações da propriedade.

Fonte: Google Maps, 2011.

3.2 Funcionários

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

5

Durante o período de estágio, a Florist contava com 27 funcionários com

carteira assinada, sendo que mais de 10 destes funcionários trabalham na

empresa a mais de 10 anos. Isso mostra que há certa satisfação entre os

empregados, refletindo em qualidade de produto final.

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Análise de mercado

A produção mundial de flores ocupa uma área estimada de 190 mil ha, e

movimenta cerca de U$ 16 bilhões anualmente na produção e U$ 44 bilhões no

varejo. Quase metade da produção mundial é de flor de corte. A Holanda e a

Colômbia são os maiores exportadores, sendo que a Holanda é o maior

produtor mundial de flores, responsável por cerca de 60% da produção mundial

e por 85% da produção da Europa, o maior importador e distribuidor (BUAINAN

& BATALHA, 2007).

Segundo o Ibraflor (2002), a floricultura no Brasil gera U$ 322,3

milhões/ano, gerando 120 mil empregos diretos, com média de 1,9 ha por

unidade de produção. Em 2004 este número subiu para 3,5 ha, havendo quatro

mil produtores em cinco mil hectares declarados.

O mercado brasileiro movimenta anualmente cerca de um bilhão de

reais, sendo o estado de São Paulo responsável por 70% desse valor

(ARRUDA et al., 1996).

A produção nacional está voltada para o mercado interno, e além de São

Paulo, destacam-se na floricultura os estados do Rio Grande do Sul, Santa

Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná (PETRY, 2008).

De acordo com Petry (2008), o sul do Brasil apresenta grandes

possibilidades de crescimento da floricultura por ser uma região com maior

consumo per capita e por ter a tendência de criar produtos regionais e

diferenciar regiões produtoras. Essa diferenciação se deve a diversificação

climática e de uso do solo, além da economia ser baseada na agricultura

familiar na região colonial. Além disso, é um ponto estratégico de escoação da

produção para os países do Mercosul.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

6

4.2 Principais espécies de flores e folhagens da propriedade

4.2.1 Gérbera (Gerbera hybrida)

Gerbera é um género de plantas herbáceas ornamentais pertencente à

família das asteráceaes (GERSTEBERGER & SIGMUND, 1980), cultivada em

grandes quantidades pela sua flor muito apreciada em arranjos ornamentais e

como planta decorativa de interiores. O gênero Gerbera inclui cerca de 30

espécies de plantas, dotadas de folhas basais, e flores reunidas

em capítulos solitários e multifloros com cerca de 10 cm de diâmetro,

intensamente coloridos. O fruto é um aquênio

O gênero Gerbera tem grande interesse comercial, sendo a quinta flor

de corte mais vendida (INFOAGRO, 2008), só sendo ultrapassada em volume

pela

acicular. É uma variedade

cultivada durante todo ano (PREESMAN, 2008).

rosa, o cravo, o crisântemo e a tulipa.

Os cultivares mais frequentes são os resultantes da hibridização entre

a Gerbera jamesonii e a Gerbera viridifolia, outra espécie sul-africana. O

híbrido é conhecido por Gerbera hybrida e dele existem cultivares com grande

variabilidade nas características florais, diferindo nos tamanhos e formas da

flor. As cores mais vendidas são branco, amarelo, laranja, vermelho, e rosa,

entre outros (INFOAGRO, 2008).

Esta planta deve ser cultivada a pleno sol, em solo composto de terra de

jardim e terra vegetal, bem adubado, com regas regulares. Apreciam o frio e

multiplicam-se por sementes ou por divisão de touceira (MASCARINI, 1998).

4.2.2 Lisianthus (Eustoma grandiflorum)

O lisianthus ou lisianto (Eustoma grandiflorum) é uma espécie que

começou a se destacar economicamente no Brasil na década de 90. É uma

planta da família das gentianaceas, originária da América do Norte (regiões

desérticas), sendo cultivada como flor-de-corte ou em vasos. É uma herbácea

bienal, cultivada como anual, de caule ereto, com folhagem e florescimento

ornamentais.

Sua produção e popularidade têm crescido e pode ser considerada uma

das dez mais vendidas no sistema de leilão holandês (KAMEOKA, 1998). Pode

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

7

apresentar três cores básicas: azul, rosa e branca (HALEVY; KOFRANEK,

1984). Há diferenças de preferência entre os mercados consumidores: o

europeu prefere o azul-escuro, enquanto o japonês e o brasileiro preferem o

branco com bordas azuis.

As cultivares são divididas em flores simples e dobradas, sendo que o

mercado europeu e o japonês preferem as primeiras, já o americano e o

brasileiro, as flores dobradas. A cultivar Echo é a mais comum no Brasil (CORR

e KATZ, 1997). Eustoma grandiflonum é uma importante flor de corte e de

vaso, produzindo flores de longa durabilidade.

4.2.3 Boca-de-leão (Antirrhinum majus)

As flores de Boca-de-Leão são originárias da Região Mediterrânea, e

pertencem a família Plantagianceae. São plantas bianuais, herbáceas, eretas e

floríferas. Suas inflorescências tem flores tubulares com dois lábios desiguais,

que originam seu nome. Se desenvolvem melhor com temperaturas amenas a

frio. Podem atingir de 60 a 70 cm de altura. Apresenta folhas lanceoladas,

membranáceas e pequenas (LORENZI, 2008).

As cores são diversas, dependendo da variedade, variando de rosa,

vermelho, amarelo até o branco. Tem certa resistência a pragas ou doenças,

mas são sensíveis a geadas. Devem ser cultivadas a sol pleno, em solos

orgânicos com regas regulares em solos bem drenados. A propagação é

através de sementes. Apesar de serem bianuais, os canteiros devem ser

renovados anualmente (LORENZI, 2008).

4.2.4 Tango (Solidago hybrida)

O tango é uma planta perene pertencente a família Asteraceae, e é

originário da América do Norte. Suas flores são amarelas, muito pequenas e

delicadas, formando numerosos capítulos dispostos em grandes

inflorescências ramificadas. As folhas são afiladas e longas, em forma de

lança. É uma planta ereta, e seu porte é de 0,80 a 1,20 metros de altura

(OLIVEIRA, 2009).

É utilizada predominantemente como flor de corte, mas pode ser

cultivada em canteiros, bordaduras e composições, acrescentado um estilo

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

8

campestre à paisagem. Deve ser cultivado a pleno sol em jardins ou, em

ambientes protegidos para flor de corte, em solos férteis, permeáveis e

enriquecidos com matéria orgânica. As regas devem ser regulares. Multiplica-

se por sementes, por divisão das touceiras e por estaquia herbácea

(OLIVEIRA, 2009).

Na fase de crescimento vegetativo, em produções comerciais, se faz a

complementação de fotoperíodo por meio de iluminação artificial. O tango,

floresce em noites longas de até 11 horas de escuridão, dessa forma é possível

retardar seu florescimento e garantir a produção durante todo ano. Apesar do

processo parecer simples, a luz tem que ser desligada no momento certo -

normalmente quando a flor atinge 50 centímetros de altura, para que ela cresça

mais 20 ou 30 cm (BORTOLIN, 2006).

4.2.5 Mosquito (Gypsophila paniculata)

A Gypsophila paniculata é uma herbácea perene ornamental conhecida

como “mosquitinho”, e produz inflorescências na primavera e verão em forma

de panícula, com numerosas flores pequenas e brancas (PETRY, 2008). É

originária da Ásia e Europa, e pertence a família Cariophyllaceae.

A G. paniculata floresce naturalmente no verão, sob dias longos,

apresenta 60-90 cm de estrutura e é altamente ramificada com folhas lineares

de cor verde acinzentado (PETRY, 2008).

Os ramos floridos são comercializados para uso em decoração e

arranjos florais (LORENZI, 2008). Devem ser cultivados em solo fértil e

enriquecido com matéria orgânica e irrigado regularmente e em solo bem

drenado. No contexto do mercado mundial de flores, o mosquitinho garante

2,5-3,0% do total. No Brasil, é a 3ª flor mais comercializada (PETRY, 2008).

4.2.6 Aspidistra (Aspidistra elatior)

A aspidistra pertence à família Ruscaceae é de origem asiática. Planta

herbácea perene de rizomas ao nível da terra, de folhas de consistência

coriáceas, largas, verdes, por vezes com listras na cor creme. Possui

inflorescência arroxeada, meio escondida entre as folhas que pode passar

despercebida. Também, pode ser cultivada em qualquer parte do país,

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

9

inclusive nos estados mais frios. Adapta-se a locais à meia sombra, prestando-

se para cultivo sob árvores. Ao sol costuma apresentar queimadura castanha

nas folhas. O solo de cultivo deve ser rico em matéria orgânica, solto e

permeável. Para fazer mudas de aspidistra, deve-se separar os rizomas,

mantendo sempre gemas com 1 a 2 folhas e replantar. (STUMPF, 2009).

Faz parte de projetos de paisagismo, encontrando seu lugar à sombra de

árvores, junto a muros onde não incide o sol, em vasos para interiores e áreas

de lazer cobertas (figura 2).

Figura 2. Aspidistras a meia sombra em projeto paisagístico na Faculdade

de Agronomia da UFRGS.

5 ATIVIDADES REALIZADAS

Durante o período de estágio foi possível participar de quase todas as

etapas da cadeia de produção de flores e folhagens de corte, desde o

acompanhamento das culturas propriamente ditas, até a manutenção das

instalações do cultivo protegido. Foram acompanhadas as culturas de gérbera,

lisianthus, boca de leão, tango, gypsophila, e aspidistra.

5.1 Preparo do solo

O solo era preparado após as colheitas de boca-de-leão, lisianthus e

gypsophila. Nestas culturas a colheita era manejada com o final do ciclo da

planta, ou seja, as flores eram colhidas apenas uma vez, não permitindo o

rebrote. Segundo o produtor, este manejo é feito para se manter um padrão de

qualidade do produto final.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

10

Após a colheita as redes de tutoramento e as mangueiras gotejadoras

eram erguidas, para possibilitar a passagem dos implementos (figura 3A). Em

seguida, com auxílio de uma enxada rotativa, eram incorporados os resíduos

das culturas ao solo, até que o mesmo ficasse bem “fofo” (figura 3B). As

entrelinhas que não eram atingidas pela enxada rotativa, entre os postes das

estufas, eram capinadas manualmente, para ajudar no controle das plantas

indesejáveis (figura 3C).

Na cultura do tango se fazia o mesmo procedimento, porém era

permitido o rebrote por três vezes, e só após a 3ª colheita é que se preparava o

solo.

O preparo do solo onde foram plantadas as mudas de aspidistra foi feita

com adubação em cobertura de cama de aviário. Logo após, foi passado o

escarificador, e em seguida se usou enxada rotativa para quebrar os torrões de

terra e incorporar o adubo.

O estagiário apenas participou da capina de entrelinhas e do erguimento

das redes de tutoramento.

Figura 3. A) Redes de tutoramento e mangueiras erguidas. B) Enxada rotativa. C) Capina de

entrelinhas.

5.2 Preparo dos canteiros

Com o solo preparado para o plantio de boca-de-leão, lisianthus,

gypsophila e tango, se passava o encanteirador, deixando os canteiros com

cerca de 20 centímetros de profundidade, 1 metro de largura, e no

comprimento da estufa (descontando os corredores das cabeceiras). O

estagiário apenas observou este procedimento.

A B C

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

11

Os canteiros preparados para o plantio de gérbera eram mais elevados,

variando de 50 a 80 centímetros de altura, para melhorar a ergonomia dos

funcionários. O estagiário não pode acompanhar este procedimento, pois os

canteiros já estavam instalados.

Os canteiros preparados, com ajuda do estagiário, para o plantio de

aspidistra foram feitos manualmente, pois na área escolhida para o cultivo não

havia a possibilidade de entrada do encanteirador. A altura dos canteiros era

de 30 centímetros.

Com os canteiros formados, estes eram cobertos com plástico, e

vedados com sacos de areia e terra para a aplicação do vapor da caldeira

(figura 4). Esta vaporização era feita por cerca de duas horas, e a temperatura

do plástico chegava a aproximadamente 80ºC, inviabilizando sementes de

plantas invasoras presentes no solo. Esta prática era bastante eficiente,

facilitando todo o processo de produção.

Figura 4. A) Caldeira. B) Canteiro coberto com plástico, vedados com

sacos de areia e terra para a aplicação do vapor da caldeira.

5.3 Cultivo de Gérbera

Após o plantio das mudas no canteiro, era espalhada casca de arroz

carbonizada (figura 5A) para o controle de plantas indesejáveis e, também, o

controle de lesma.

A desfolha é uma prática muito importante, e realizada mensalmente.

Consiste na retirada das folhas mortas, velhas e doentes (figura 5B),

melhorando a aeração e a entrada de luz para o melhor crescimento dos

botões florais. Além disso, com essa prática diminui a incidência de oídio

(Erysiphe cichoracearum).

B A

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

12

Figura 5. A) Casca de arroz no canteiro. B) Folhas mortas de gérbera.

A colheita é uma prática relativamente simples, pois consiste em fazer

um leve movimento em direção ao solo, com uma leve torção do pedúnculo,

tomando o cuidado de não quebrar a haste ao meio, mas na inserção com a

coroa floral. O ponto de colheita se define observando o capitulo da

inflorescência. As flores do “miolo” da inflorescência devem estar no máximo

50% abertas (figura 6B), pois se passar disso a haste é considerada velha

(figura 6A), e é descartada.

Figura 6. A) Gérbera velha. B) Gérbera adequada para colheita.

Após a colheita, as hastes eram levadas para o galpão. Lá, eram

hidratadas em baldes com água até serem efetivamente embaladas.

As gérberas eram comercializadas em caixas de 48 hastes, ou em

dúzias. A caixa com 48 hastes é formada por duas caixas pequenas que

comportam 24 hastes, e estas são hidratadas em um tanque com cloro, até o

momento de serem transportadas, ou até irem para câmara fria, a

aproximadamente 8ºC.

O estagiário participou das atividades de desfolha, colheita e pós-

colheita das gérberas.

B A

B A

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

13

5.3.1 Doenças

A principal doença observada na produção de gérbera foi o oídeo

(Erysiphe cichoracearum), que causa um bolor branco acinzentado sobre as

folhas, inicialmente na face inferior, e em casos mais avançados, clorose.

Porém esta não apresentou significativo nível de dano, pois era controlado com

a prática da desfolha.

5.3.2 Pragas

5.3.2.1 Vaquinha (Diabrótica speciosa)

Foi observada incidência de Diabrótica speciosa na cultura da gérbera

no período de estágio. Esta é um inseto polífago, ou seja, pode se alimentar de

folhas, frutos, brotos e pólen. Com isso, pode provocar danos por perfuração

de folhas, brotos e frutos. Porém, não foi observado danos de importância

econômica durante o período de estágio.

5.3.2.2 Ácaros (Tetranychus urticae)

A presença de ácaros também foi observada no período de estágio.

Estes são identificados como Tetranychus urticae, cujo nome popular é ácaro

rajado, e se caracterizam por apresentarem duas manchas escurecidas na face

dorsal do corpo. Localizam-se na face inferior dos folíolos e tecem considerável

quantidade de teia. Seus principais danos são a deformidades e má floração de

flores jovens, apresentando clorose nos capítulos e nas folhas. Foi observado

danos de importância econômica pelo estagiário.

5.3.2.3 Tripes (Frankliniella occidentalis)

O tripes, Frankliniella occidentalis, foi outra praga observada durante o

estágio. Apresentam maior atividade a temperaturas mais elevadas. Sua

localização se dava nas folhas e capítulos da planta. Seu principal dano é

causar deformidades e má formação dos capítulos, além de causar

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

14

descoloração nos capítulos. Foi observado danos de importância econômica

pelo estagiário.

5.4 Cultivo de lisianthus

Com os canteiros já formados, e com a vaporização pronta, as

mangueiras de gotejamento e as redes de tutoramento eram recolocadas

(figura 7), tomando o cuidado de remendar as mangueiras, caso estivessem

danificadas, e de remendar as redes que estivessem cortadas.

Figura 7. Mangueiras e redes de tutoramento instaladas.

Os canteiros eram umedecidos para facilitar a formação da cova onde as

mudas seriam colocadas. Em seguida, cada funcionário carregava uma

bandeja com 288 mudas, para o plantio. Estas mudas eram encomendadas de

Holambra-SP. Cada espaço da rede de tutoramento era ocupado por duas

mudas. É necessário o cuidado de não pressionar muito a muda na terra, para

não dificultar o desenvolvimento radicular da planta. Com as mudas plantadas,

os canteiros eram irrigados por aspersão, para melhor fixar as mudas na terra.

A medida que as plantas iam crescendo, a rede de tutoramento era

erguida, para que as hastes ficassem eretas. Este procedimento era realizado

semanalmente, até o momento da colheita. Ao mesmo tempo era feito o

controle de plantas indesejáveis, pois mesmo com a aplicação da vaporização,

algumas dessas plantas podem se desenvolver.

A colheita era feita com o uso de tesouras de colheita, e a haste era

cortada cerca de três centímetros do solo. O ponto de colheita era obtido pelo

tamanho da haste, com 70 centímetros de altura em média, e pelo número de

flores por haste, que era no mínimo três. Durante o crescimento da planta, há a

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

15

formação de flores, mesmo com pouca altura. Por conta disso, era realizada a

poda destas flores, que eram comercializadas como “ponta” (figura 8), até a

altura desejada. Os buquês de “ponta” eram destinados, em sua maior parte,

aos decoradores, principalmente ara arranjos de mesa.

Figura 8. “Pontas” de lisianthus.

Após a colheita, as hastes eram transportadas para o galpão, onde era

feita a limpeza das folhas do terço final da haste e a retirada de flores

danificadas. Após a limpeza, as hastes eram agrupadas em maços, e

embaladas para comercialização.

O estagiário participou da colocação das redes de tutoramento e das

mangueiras gotejadora, do plantio, colheita e pós-colheita.

5.4.1 Semeadura de sementes peletizadas

Além de comprarem mudas de Holambra, o produtor comprava

sementes peletizadas para semear na propriedade. As sementes eram da

Sakata e da Ball.

A semeadura destas sementes era feita em bandejas onde vieram as

mudas já prontas. Essas bandejas eram preenchidas com uma mistura dos

substratos Biogrow e Carolina II (figura 9). Ainda, era adicionado a mistura o

adubo Yara PG mix 14-16-18.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

16

Figura 9. A e B) Substratos utilizados para semeadura. C) Processo de

mistura dos substratos com o PG mix. D) enchimento de bandeja com os

substratos misturados.

Após o preenchimento das bandejas, o substrato era pressionado com

uma bandeja, para formar cavidades, para reter a semente. Em seguida, as

sementes eram espalhadas pela bandeja com um aplicador manual, deixando

uma semente por célula. Com a bandeja completa de sementes, esta era

colocada sobre a água, como um floating, por cerca de 10 minutos, deixando

úmido o substrato. É importante que a semente não seja coberta pelo

substrato, pois assim ela teria dificuldade para germinar.

As bandejas umedecidas eram levadas para as bancadas da câmara de

germinação, e lá eram cobertas por um saco plástico por 10 dias,

aproximadamente. Com o calor e umidade produzidos pelo meio formado com

o plástico, a semente era estimulada a germinar. Cerca de um mês após a

germinação as mudas estavam prontas para ser transplantadas aos canteiros.

O estagiário participou de todos os processos da semeadura de

sementes de lisianthus peletizadas.

5.5 Cultivo de boca-de-leão

O plantio, a manutenção dos canteiros, e a condução da boca-de-leão

são idênticos ao do lisianthus, diferindo apenas em relação a poda, que não é

feita na boca-de-leão.

A colheita desta planta era feita com o arranquio total da haste, não

permitindo o rebrote. O ponto de colheita era obtido pelo tamanho da planta e a

formação da inflorescência. Quanto mais flores na inflorescência, mais velha a

A B C D

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

17

planta. O ideal é uma planta onde a inflorescência ainda não estivesse

totalmente formada, pois a longevidade é maior na pós-colheita (figura 10).

Figura 10. Hastes de boca-de-leão com inflorescências abertas quase

que na sua totalidade, em ponto de colheita.

O processo de pós-colheita da boca-de-leão também não difere do

descrito para o lisianthus. Difere apenas por serem comercializadas em dúzias,

e não em maços.

5.6 Tingimento de lisianthus e boca-de-leão

O tingimento era feito quando só havia flores brancas na propriedade, ou

seja, quando as flores coloridas estavam em falta. Ainda, era feito apenas sob

encomenda.

Para isso, as hastes colhidas não eram hidratadas por até 6 horas após

a colheita, até ficarem murchas. Eram formados os maços ou dúzias e em

seguida as bases das flores eram fervidas por 30 segundos e colocadas

diretamente nos baldes com tinta diluída em água da cor desejada.

Cerca de 30 minutos após este processo as flores estavam

completamente tingidas e hidratadas (figura 11).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

18

Figura 11. Lisianthus branco em balde de tinta amarela em processo de

tingimento.

5.7 Cultivo de gypsophila

Assim como nos itens anteriores, as mudas de gypsophila são plantadas

somente após a instalação do gotejo e das redes de tutoramento.

As mudas são compradas da empresa Flora Hiranaka, de São Paulo, e

quando chegavam, eram despontadas e transplantadas das bandejas para

vasos pequenos com o substrato mencionado anteriormente. As mudas ficam

nestes vasos até o transplante para o canteiro, cerca de 15 dias, para dar

tempo das raízes se desenvolverem, e para a planta se adaptar melhor ao

ambiente. A irrigação era feita manualmente quando necessário.

O transplante é feito com uma muda em cada espaço da rede, devendo

pular um espaço entre mudas. Do plantio até a colheita, as redes de

tutoramento eram erguidas, conforme o crescimento das plantas.

A colheita era mais dinâmica, sendo feita toda semana. Cada planta

rebrotava várias vezes, e com isso o crescimento dos rebrotes cresciam

desordenadamente, fora da rede de tutoramento (figura 12A), e para resolver

isso era feita a poda.

A poda era feita nos ramos principais, deixando apenas 2 centímetros de

comprimento (figura 12B). Após a poda as redes de tutoramento eram

colocadas rente ao canteiro, para conduzir o rebrote.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

19

Figura 12. A) Gypsophila antes da poda. B) Gypsophila após a poda.

Após a colheita, as flores eram levadas ao galpão para serem limpas, e

embaladas. Os maços prontos eram colocados em baldes com uma solução

contendo açúcar, e um prolongador para flores de corte, chamado SUPER 1

(15 L de água + 1060g de açúcar + 60mL de SUPER 1®) (figura 13). Com isso

abriam as flores que não estavam abertas, e se prolongava a vida pós-colheita

da gypsophila.

Figura 13. Material utilizado para solução de pós-colheita de gypsophila.

O estagiário participou das atividades de transplantio, poda, colheita e

pós-colheita da gypsophila.

5.8 Cultivo de tango

A propagação do tango é feita por estaquia herbácea. As brotações do

rebrote eram retiradas e levadas ao galpão. Lá era aplicado o hormônio AIB

(figura 14A), para acelerar o enraizamento. As estacas eram fixadas em casca

de arroz (figura 14B), até o enraizamento, e irrigadas com intervalos de 30

minutos. Após 15 dias as mudas estavam enraizadas e eram transplantadas

aos canteiros.

A B

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

20

Figura 14. A) estacas herbáceas de tango com hormônio enraizador AIB.

B) Estacas herbáceas de tango fixadas em casca de arroz para o

enraizamento.

A colheita é feita manualmente, e quando a flor passa do ponto de

colheita, é realizada a poda com roçadeira e rente ao chão.

As hastes colhidas eram levadas ao galpão para, também, serem limpas

e embaladas. A limpeza das folhas era feita com um depenador.

O estagiário participou de todos os processos descritos para o cultivo do

tango.

5.9 Cultivo de aspidistra

Durante o período de estágio, uma nova área de aspidistra foi

implantada. Para isso foi construída um telado (sombreamento 70%) para

cobrir as plantas. Essa estrutura foi construída com postes de eucalipto e

taquaras (figura 15).

Figura 15. Estrutura sendo construída para sombreamento.

A B

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

21

A aspidistra tem como característica ser uma planta de meia-sombra,

por isso seu cultivo comercial é sob tela de sombreamento (figura 16). Ainda,

pode-se dizer que é uma planta resistente aos extremos de temperatura.

Figura 16. Aspidistra cultivada sob tela de ssombreamento.

O plantio foi feito respeitando o espaçamento de 30 centímetros entre

plantas. Nas áreas já existentes antes do estágio, o manejo das aspidistras era

de arranquio manual de plantas indesejáveis, pois não havia a caldeira na

época, e irrigação por aspersão.

O estagiário participou da construção da estrutura para o telado, do

preparo dos canteiros e do plantio das aspidistras. Porém, não participou de

atividades como colheita e pós-colheita.

5.10 Irrigação e Fertirrigação

A adubação era feita por meio de fertirrigação, em todas as culturas, de

duas a três vezes por semana, e com 30 minutos de duração para cada estufa.

Amostras de solo eram coletadas e enviadas a um laboratório de São

Paulo, que fazia uma tabela de recomendação a partir de análise de macro e

micronutrientes.

Os insumos eram misturados em tanques diferentes, pois alguns destes

insumos são incompatíveis.

O estagiário apenas observou o processo de irrigação e fertirrigação.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

22

5.11 Transporte e comercialização

Após as flores serem embaladas, estas eram armazenadas nas câmaras

frias, onde ficavam até a hora de serem comercializadas.

Os caminhões de entrega eram refrigerados, preservando a qualidade

das flores até o destino final.

O estagiário acompanhou todo este processo.

6 CONCLUSÃO

O estágio curricular obrigatório possibilitou vivenciar a rotina da

produção de flores em ambiente protegido, desde o plantio até a colheita. Além

disso, propiciou um maior entendimento da logística da produção, e permitiu o

contato com outros profissionais da área de floricultura.

Com isso, foi possível agregar os conhecimentos adquiridos em sala de

aula com a prática, aproximando a teoria da realidade.

7 ANÁLISE CRÍTICA

A Floricultura Florist é exemplo de empresa rural, que se preocupa em

estar atualizada no mercado, investindo em tecnologia de produção, sempre

em busca da qualidade de suas flores.

A aceitação de estagiários é uma das suas qualidades, o que mostra a

visão de futuro da empresa que investe em mão-de-obra mais qualificada. Essa

visão também é justificada por meio de cursos periódicos de capacitação

realizados para seus funcionários.

Um dos pontos negativos é que o estágio foi realizado por

aproximadamente dois meses, e algumas atividades como o manuseio de

tratores e implementos, e a pulverização de defensivos agrícolas para o

controle de pragas e doenças, não puderam ser realizadas pelo estagiário. Tais

atividades são realizadas apenas por funcionários com mais de três meses de

trabalho.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

23

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, S. T.; OLIVETE, M. P. A.; CASTRO, C. E. F. Diagnóstico da floricultura do estado de São Paulo. Rev. Bras. Hortic. Ornamental, Campinas, v. 2, n. 2, p. 1-8, 1996. et al., 1996.

BUAINAN, A. M.; BATALHA, M. Cadeias produtivas de flores e mel. Brasília: Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/Secretaria de Política Agrícola, 2007. 140p (Agronegócios, 9).

BORTOLIN, B. Flores: alta tecnologia na produção e diversificação. Disponível em: <http://inovacao.scielo.br/scielo>. Acesso em Abril de 2011.

CORR, B.; KATZ, P. A grower's guide to lisianthus production. Floraculture International, v. 7, p. 16-20, 1997.

FAMURS. Informações Municipais. Disponível em: <http://www.famurs.com.br/informaçõesmunicipais>. Acesso em abril de 2011.

GERSTENBERGER, K; SIGMUND, I., Europen Horticultural Statistics – Non – Edible Products, Hannover-Germany: Association Interntionale des producteurs de L’Horticulture, Institut fur Gartenbauokonomie University. p.173, 1980.

HALEVY, A.H.; KOFRANEK, A.M. Evaluation of Lisianthus as a new flower crop. HortScience, v. 19, p. 845-847, 1984.

IBGE. Informações sobre aspectos sócio-econômicos das cidades. Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em março de 2011.

IBRAFLOR. Informações sobre a exploração econômica da floricultura e ranking dos produtos exportados. Disponível em: <www.ibraflor.com.br>. Acesso em abril de 2011.

INFOAGRO, El cultivo de la gerbera. Disponível em: www.infoagro.com. Acesso em janeiro de 2010.

KAMEOKA, C.H. Manejo da cultura do Lisianthus (Eustoma grandiflorum). Piracicaba: ESALQ, 1998. 54 p. (Relatório final da residência agronômica).

LORENZI, H. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 4 ed. Nova Odessa, SP. p. 382, 504 e 885, 2008.

MASCARINI, L. El cultivo de la gerbera en substrato. Revista Horticultura Internacional. n.19, p.86-88, 1998.

OLIVEIRA, S. Tango – Solidago canadensis. Disponível em: <http://plantasonya.blogspot.com/2009/05/tango-solidago-canadensis.html>. Acesso em março de 2011.

PETRY, C. Plantas Ornamentais: aspectos para a produção. Passo Fundo, 2. ed., ver. e ampl. – Passo Fundo : Ed. Universidade de Passo Fundo, 2008.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL … · Floricultura Florist acerca da produção de flores e folhagens de corte, bem como enfatizar a importância da organização do setor

24

PREESMAN, Catalog 2008 (Gerberas). Disponível em: www.preesman.com/GB. Acesso em janeiro de 2010.

STRECK, E. V. et al. Solos do Rio Grande do Sul. 2.ed. Porto Alegre: EMATER/ RS, 2008.

STUMPF, M. Cultivo da Aspidistra elatior. Disponível em: <http://www.fazfacil.com.br/jardim>. Acesso em Abril de 2011.

WIKIPEDIA. Dois Irmãos. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org//>. Acesso em abril de 2011.