UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG PRÓ … · 6 Processo de Implementação e Avaliação...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG
PR-REITORIA DE GRADUAO
ESCOLA DE ENFERMAGEM
COORDENAO DO CURSO DE ENFERMAGEM
PROJETO PEDAGGICO DO CURSO
DE ENFERMAGEM
RIO GRANDE
ABRIL/2012
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SUMRIO
1 Apresentao 03
2 Contexto de Insero do Curso de Enfermagem 04
2.1 Da Universidade Federal do Rio Grande 04
2.2 Do Curso de Enfermagem 06
3 Referenciais Orientadores 09
3.1 Referenciais tico-Polticos 09
3.2 Referenciais Epistemolgico-Educacionais e Tcnicos 11
3.2.1 Concepes de Conhecimento, Cincia e Educao 12
3.2.2 Pressupostos e Conceitos Bsicos 13
4 Perfil Profissional do Enfermeiro Egresso da FURG 18
4.1 Competncias e Habilidades Esperadas do Enfermeiro Egresso da FURG 18
4.1.1 Competncias e Habilidades Gerais 19
4.1.2 Competncias e Habilidades Especficas 21
5 Objetivo do Curso de Enfermagem da FURG 23
6 Processo de Implementao e Avaliao Permanente do PPC 24
7 Organizao Curricular 25
7.1 Estrutura Curricular 33
7.1.1 Disciplinas 34
7.1.2 Estgios Supervisionados 35
7.1.3 Trabalho de Concluso de Curso 37
7.1.4 Atividades Complementares 38
7.2 O Currculo: Disciplinas e Ementas 39
8 A Implementao do Projeto Pedaggico do Curso de Enfermagem 67
8.1 Plano de implantao de disciplinas 67
8.2 Plano de extino de disciplinas 74
8.3 Plano de equivalncia de disciplinas 74
9 Infraestrutura de apoio ao Curso de Enfermagem 76
9.1 Campus Sade 76
9.1.1 Hospital Universitrio 76
9.1.2 Laboratrios de Ensino 78
9.2 Campus Carreiros 78
9.2.1 Ncleo de Tecnologia e Informao (NTI) 79
9.2.2 Ncleo de Informao e Documentao (NID) 79
REFERNCIAS 81
3
1 APRESENTAO
Projeto uma ao intencional, com um sentido explcito, com um compromisso
definido coletivamente, apontando para uma direo. Todo projeto pedaggico , tambm,
um projeto poltico, necessitando estar intimamente articulado ao compromisso com os
interesses da populao. Da dimenso poltica, decorre o compromisso com a formao dos
cidados para a vida em sociedade. Da dimenso pedaggica, decorre a possibilidade da
efetivao dos propsitos e da intencionalidade institucionais de formar cidados de
direitos e deveres, responsveis, compromissados, participativos, crticos e criativos.
"Poltico e pedaggico o plano global da instituio. Pode ser entendido como a
sistematizao, nunca definitiva de um processo de planejamento participativo, que se
aperfeioa e se concretiza na caminhada, que define claramente o tipo de ao educativa
que se quer realizar. um instrumento terico-metodolgico para a interveno e mudana
da realidade. (VASCONCELOS, 2004, p. 169).
Desse modo, o Projeto Pedaggico do Curso de Enfermagem (PPC) a expresso
da construo coletiva de docentes e discentes do Curso de Enfermagem da Universidade
Federal do Rio Grande (FURG), articulado e identificado com o Projeto Pedaggico
Institucional, visando viabilizar sua filosofia, sua poltica, sua misso e seus objetivos.
O processo de construo dessa proposta resultado de um longo perodo de
vivncias, experincias, reflexes e crticas, resultantes de amplas discusses dirigidas
reforma curricular, intensificadas a partir do ano de 2001; estendendo-se at o momento
presente, com a conscincia de sua transitoriedade, decorrente da constante necessidade de
acompanhar o dinamismo das demandas sociais e da prpria categoria profissional.
Assim, compreende-se que o Projeto Pedaggico do Curso (PPC) necessita ir alm
de um agrupamento de disciplinas e dos respectivos planos de ensino, pois no se constitui
apenas em documento formal e legal. Ele precisa ser vivenciado e reconstrudo
continuamente em todos os momentos por todos aqueles envolvidos no processo educativo
do Curso, tendo em vista o processo de formao comprometido com as necessidades e
interesses da populao. Portanto, representa um desafio que no se resume s alteraes do
seu quadro de seqncia lgica, mas exige que haja o abandono de caminhos
freqentemente trilhados, indo alm dos mtodos para, constantemente, repensar seus fins.
4
O presente PPC precisa constituir-se em mecanismo vivo de desenvolvimento e
avaliao permanentes de seus princpios tanto pelos docentes como pelos discentes e
comunidade, em que diferentes vises de mundo e de educao desses atores conferem-lhe
legitimidade, flexibilidade e autonomia. Desse modo, est histrica e conceitualmente
contextualizado e em consonncia com as diretrizes curriculares nacionais.
2 CONTEXTO DE INSERO DO CURSO DE ENFERMAGEM DA FURG
Esta caracterizao tanto da FURG como do Curso de Enfermagem busca
apresentar, ainda que sucintamente, dentre outros, aspectos polticos, econmicos,
educacionais e de sade do espao geogrfico no qual o curso encontra-se inserido, bem
como as razes histricas e o desenvolvimento da instituio que o promove (SAUPE,
2002).
2.1 DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG
Desde a sua criao, em 20 de agosto de 1969, e hoje com maior nfase, a FURG
uma instituio voltada para o desenvolvimento dos setores de tecnologia, sade e
educao, buscando acompanhar, na regio em que atua, as metas governamentais
brasileiras e suprir as demandas sociais. Alm das atividades de ensino e extenso nas reas
tradicionais dos organismos acadmicos, muitas pesquisas vm sendo desenvolvidas,
objetivando a satisfao das necessidades dos seres humanos, os cuidados com o seu meio
ambiente e a integrao entre eles, e, principalmente o atendimento aos anseios do ensino
superior pautado no trip: ensino, pesquisa e extenso.
Desse modo, o ensino, a pesquisa e a extenso so as atividades-fim que, de forma
indissocivel, oportunizam condies para que os egressos de seus cursos sejam
participantes, crticos, criativos e responsveis, diante dos problemas comunitrios,
regionais e nacionais, contribuindo para o aumento e a propagao do patrimnio cultural
da humanidade.
Em 1987, a FURG definiu a sua filosofia e a sua poltica institucionais, optando
pelo ecossistema costeiro como sua vocao. Esta definio da filosofia e poltica da
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Universidade, voltada para o ecossistema costeiro, tem a virtude de compreend-la como
imediatamente compromissada com a comunidade, exercendo, assim, sua relevante funo
social desenvolvida nas mais diversas atividades promovidas pela Instituio, quer sejam
seus cursos de graduao, ps-graduao latu e strictu senso, ou ainda, atividades de
pesquisa e extenso.
Com essa concepo filosfica, a FURG prima pela formao acadmica marcada
pela qualidade formal e poltica, fundamentada em metodologias que destaquem a
sensibilidade solidria para com o meio ambiente, do qual somos inextricavelmente parte
constituidora, determinante e determinada. Esta especificidade institucional expressa os
anseios de sua caracterizao, apontando
os caminhos que, mediante o desenvolvimento de atividades inerentes
busca de suas aspiraes maiores, distinguem-na das demais
universidades brasileiras. (...) Essa filosofia unificadora, verdadeira
espinha dorsal [foi concebida para ser] capaz de dar sustentao
estrutura universitria, (...) de intensificar as relaes entre suas atividades
e a sociedade que a constitui, para que, ao interpretar e conhecer a
realidade, possa inserir-se responsavelmente nas solues dos problemas
que afetam essa sociedade no presente e, assim, contribuir para o
planejamento e execuo responsvel de aes futuras (Resoluo n.
026/2003, p. 5).
Explicitamente, por ter como misso a promoo da educao plena, enfatizando
uma formao geral que contemple tanto a tcnica como as humanidades e que seja capaz
de despertar a criatividade e o esprito crtico, promovendo as cincias, as artes e as letras e
proporcionando os conhecimentos necessrios para o desenvolvimento humano e para a
vida em sociedade. Assim, a FURG tem como misso servir com elevada qualidade,
orientada por princpios ticos e democrticos, de modo que o resultado de sua ao
educativa tenha impacto na comunidade e contribua para a melhoria da qualidade de vida
das pessoas e para o desenvolvimento regional (FURG 2011-2014).
Para tanto, com os processos educativos nos diferentes cursos e atividades da FURG
pretende-se que, ao completar sua formao, o egresso apresente: slida formao artstica,
tcnica e cientfica; compromisso com a tica, esttica e princpios democrticos; formao
humanstica; responsabilidade social e ambiental e cidadania; esprito investigativo e
crtico; capacidade de aprendizagem autnoma e continuada; e disposio para trabalhar
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coletivamente. "Assim, a FURG tem como objetivos (Resoluo CONSUN 014/87): buscar
a educao em sua plenitude, desenvolvendo a criatividade e o esprito crtico e propiciando
os conhecimentos necessrios transformao social; formar seres humanos cultural, social
e tecnicamente capazes; promover a integrao harmnica entre o ser humano e o meio
ambiente" (FURG, 2011-2022, p. 15).
2.2 DO CURSO DE ENFERMAGEM
O Curso de Enfermagem da FURG teve sua criao autorizada em 20 de agosto de
1975, sob a denominao de Curso de Enfermagem e Obstetrcia, tendo sua implantao e
incio de atividades no primeiro semestre letivo de 1976 e seu reconhecimento pelo Decreto
1223/79, publicado no DOU de 18 de dezembro de 1979.
A concepo deste PPC levou em considerao os princpios institucionais da
FURG, dentre eles, os princpios ticos e polticos fundamentais para o exerccio da
cidadania, da democracia e da responsabilidade para com o meio ambiente, o ser humano e
a vida em sociedade. o resultado coletivo das aes dos participantes nos processos
educativos do Curso. Em relao aos aspectos legais, a legislao especfica dos campos da
enfermagem e da sade, a Lei de Diretrizes e Bases nmero 9394/96 e os atos legais dela
derivados do suporte ao curso, constituindo assim a sua base de sustentao.
O Curso de Enfermagem um dos 53 Cursos da FURG, cuja vocao institucional
preserva as caractersticas do contexto geogrfico no qual est inserida, isto , uma regio
costeira que demarca um importante ecossistema, englobando dois ambientes naturais: o
lacustre-lagunar e o oceano costeiro, os quais interagem atravs de um canal de acesso ao
Rio Grande, atribuindo a esta regio uma caracterstica mpar no cenrio nacional. O
desenvolvimento desta regio est, por conseguinte, relacionado aos seus recursos hdricos
e a sade da populao resulta, preponderantemente, das mltiplas interaes que
estabelece com os diferentes nveis deste contexto. As atividades de ensino, pesquisa e
extenso so voltadas para o desenvolvimento desta regio e orientadas por esta vocao
natural e institucional, uma vez que as suas caractersticas geoculturais levam a populao a
enfrentamentos de toda ordem.
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Especificamente a rea da sade enfrenta, alm dos problemas gerais que,
comumente assolam as populaes, outros mais especficos. Tendo em vista a situao
geogrfica do municpio do Rio Grande, cidade martima e porturia, localizada na regio
menos desenvolvida do Estado do Rio Grande do Sul, seu ecossistema costeiro e
desenvolvimento regional evidenciam como problemas: a poluio ambiental, em
decorrncia das caractersticas de suas principais indstrias, especialmente, as de
fertilizantes; atracamento de navios, com tripulaes oriundas de diferentes lugares do pas
e do mundo; movimentao de cargas txicas, com riscos e ocorrncias de acidentes
ecolgicos; a pesca industrial e predatria exacerbada nos ltimos anos, comprometendo a
atividade dos pescadores artesanais; a desativao de muitas indstrias e o desestmulo
agricultura, originando o crescente desemprego e conseqente empobrecimento da
populao, com a formao de bolses de pobreza. Observa-se ainda, a vulnerabilidade da
populao ao uso de drogas, a prostituio, bem como, a intensa ocorrncia de doenas
infecto-contagiosas.
Alm disso, as condies climticas, caracterizadas por um clima frio e mido,
principalmente nos meses de maro a setembro, podem repercutir negativamente na sade.
Por sua vez, as aes de sade desenvolvidas so predominantemente curativas, ainda que
os programas oficiais do elenco bsico de assistncia abranjam reas preventivas
fundamentais como: vigilncia epidemiolgica, vigilncia sanitria e os programas voltados
sade da mulher, sade da criana e do adolescente, alm da Estratgia de Sade da
Famlia.
Estes e outros problemas vm originando situaes que no se circunscrevem,
apenas, sade das pessoas, mas confluem para a degradao da qualidade de vida e do
meio ambiente, conspirando, muitas vezes, contra a prpria vida. Portanto, o
desenvolvimento cientfico, tecnolgico e tico, assim como a elaborao de novos
processos e tcnicas, coloca-se como os principais agentes fomentadores de mudanas
necessrias para a regio e, principalmente, para o fortalecimento institucional da FURG.
As pesquisas e estudos realizados vm apontando como problemas emergenciais na
rea da sade aqueles referentes: organizao e estruturao do trabalho da
enfermagem/sade; educao e tica no trabalho com implicaes para o processo de
sade de seus trabalhadores, assim como para a sua clientela; a alta incidncia de doenas
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respiratrias; desnutrio infantil; doenas crnicas no transmissveis; cronificao de
doenas; reinternaes freqentes; aumento dos ndices de gravidez na adolescncia;
abortos provocados e sua reincidncia; alta incidncia de soropositividade para o HIV e
recrudescimento intenso da tuberculose; desconhecimento dos clientes em relao aos seus
direitos relativos ao atendimento sade, dentre outros.
Para o enfrentamento dos problemas de sade, constatam-se algumas dificuldades,
dentre elas: as defasagens nas tecnologias utilizadas nos servios de sade; a precariedade
das condies oferecidas para a sua realizao; sua forte hierarquizao, em detrimento da
cooperao; a desarticulao interinstitucional e entre os prprios servios de uma mesma
instituio, comprometendo o sistema de referncia e contra-referncia; o trabalho da
enfermagem pautado para a reproduo e obedincia aos modelos existentes, com o
comprometimento de sua visibilidade, possibilidades e compromissos ticos de atuao, as
quais influenciam na formao profissional.
Portanto, h um espao rico para os futuros profissionais atuarem na produo de
conhecimentos, na mudana da prtica e no desenvolvimento de tecnologias de
enfermagem/sade e de educao para a sade, que respondam s necessidades deste
contexto scio-eco-cultural. Desse modo, esta formao precisa imprimir uma nova
abordagem dinmica na formulao de modelos assistenciais, educativos, organizativos e
ticos, para o desenvolvimento de aes e estudos direcionados prioritariamente aos
problemas afetos sade de indivduos e grupos sociais inseridos no contexto do
ecossistema costeiro.
Assim, necessrio que o trabalho em sade, como prtica social coletiva e
cooperativa entre diferentes profissionais, seja sustentado pela compreenso da necessidade
do avano e do compartilhamento do conhecimento. Seu domnio e implementao
apresentam-se como possibilidades de rupturas e de mudanas, em resposta s demandas da
vida e do mundo dos seres humanos em suas relaes. Da ter-se como base e meta
permanentes a disposio para a interdisciplinaridade.
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3 REFERENCIAIS ORIENTADORES
necessrio que se reconhea o que seja importante para dar sustentao
formao profissional e ao preparo e capacitao poltica do enfermeiro cidado. Portanto,
tem que se ter clareza quanto ao por que, para que e como formar esse profissional e que
tipo de sociedade se quer promover. Assim, os referenciais orientadores, em sua dimenso
tico-poltica, correspondem aos valores a serem trabalhados no Curso de Enfermagem,
pautados pelos fundamentos tico-polticos da FURG.
3.1 REFERENCIAIS TICO-POLTICOS
Tendo em vista os elementos necessrios para a formao do enfermeiro que se
pretende formar, os critrios de seleo e organizao dos referenciais de conhecimentos,
metodologias, atitudes e valores decorrem dos seguintes princpios curriculares: a)
intencionalidade; b) indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso; c) unidade entre
teoria e prtica; d) flexibilidade; e) interdisciplinaridade; f) contextualizao (FURG, 2011-
2022).
A intencionalidade representa o conjunto de escolhas determinantes na construo
da identidade profissional do enfermeiro egresso da FURG, indicando os possveis
caminhos a serem seguidos. Implica, no processo ensino-aprendizagem, a distino entre o
que seja fundamental e necessrio daquilo que seja secundrio e fortuito, com a finalidade
de que a especificidade desse processo no se dilua e no se perca. Para tanto, o presente
PPC est em sintonia com os paradigmas emergentes da cincia e educao, para alcanar
assim uma formao global e crtica como forma de capacitar os envolvidos nesse processo
para o exerccio da cidadania, formao profissional e desenvolvimento pessoal (VEIGA,
2000).
Este PPC, para contemplar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso,
assume uma atitude de integrao entre essas instncias, estimulando docentes e discentes a
apresentarem comportamentos de natureza investigativa, reflexiva e problematizadora,
tanto nas atividades de sala de aula ou campo de prtica, quanto nos projetos de pesquisa e
extenso realizados na instituio ou fora dela, para que se tornem no apenas
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consumidores, mas tambm produtores do conhecimento (FURG, 2011-2022).
Considera-se que a concretizao da construo do conhecimento decorre do
movimento dialtico e dialgico que a unidade entre teoria e prtica encerra. Em outras
palavras, elegeu-se a prtica como fundamento e finalidade da teoria com nfase nas
reflexes epistemolgicas sobre o processo de construo do conhecimento, priorizando-se
a prtica como objeto de investigao de todo enfermeiro egresso da FURG.
No presente PPC, a flexibilidade aparece como um aspecto importante e
indispensvel concepo da estrutura curricular, em que o currculo configura-se como
um processo formativo dinmico e orientador da ao educativa em sua totalidade. Em sua
concepo, um modelo capaz de adaptar-se s dinmicas condies do perfil profissional
de enfermeiro exigido pela sociedade, em que a graduao representa a formao inicial no
processo contnuo de formao permanente inerente ao mundo do trabalho.
A flexibilidade curricular, ao permitir incorporar outras formas de aprendizagem e
possibilidades de formao presentes na realidade social, tem como propsito oportunizar
ao discente o exerccio de sua autonomia tanto pessoal quanto profissional (FURG, 2011-
2022). Desse modo, a flexibilidade uma estratgia que permite que o PPC constitua-se
num espao que prima pelo exerccio da liberdade e da capacidade criativa e de produo,
decorrente da natureza do prprio papel da Universidade na implementao das polticas
educacionais.
Assim, o exerccio da liberdade e da autonomia pressupe a responsabilidade de um
profissional com a formao que o faa compreender de modo crtico as relaes existentes
entre a prtica social e a educao. Esta capacidade est no mago do desenvolvimento
permanente de competncias e de saberes profissionais (PERRENOUD, 2002).
A interdisciplinaridade, por sua vez, visa o fomento capacitao intelectual dos
envolvidos no processo ensino-aprendizagem para a concretizao do dilogo
interdisciplinar, no qual ocorra menor compartimentao disciplinar e que concorra para a
formao de um perfil profissional competente e flexvel tanto de docentes como de
egressos, oportunizando a ambos aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver
em conjunto e aprender a ser (FURG, 2011-2022).
Portanto, a interdisciplinaridade um sistema de coordenao e cooperao entre as
disciplinas para alm dos limites de uma disciplina concreta, engendrando as mltiplas
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dimenses do real. Devido a suas caractersticas de intercmbio intersubjetivo, a
interdisciplinaridade orienta aes na apreenso e construo de objetos, problemticas e
formas de atuao. Ao instigar o sujeito a superar a complexidade histrica de sua prpria
produo no plano do movimento do real e da razo, caracteriza-se como necessidade e
problema que desafia os seus limites. Assim, a interdisciplinaridade aborda a inter-relao
e o dilogo interdisciplinar, preservando nas reas de conhecimento a autonomia
(GARANHANI et. al. 2005, p. 39).
Para atender o princpio da contextualizao, o Curso de Enfermagem da FURG
desenvolve sua funo essencialmente educativa, traduzida na multiplicidade de aes
realizadas conjuntamente e de forma indissocivel na produo e socializao do
conhecimento e formao profissional e de cidadania. Sua caracterizao exponencial
reside na produo e utilizao tica de novos conhecimentos, especialmente, aqueles
voltados soluo dos problemas de sade mais prementes no contexto scio-eco-cultural,
no qual est inserido. Para tanto, tambm, a ps-graduao da rea da enfermagem, da
sade e de reas afins configuram-se como promotoras do desenvolvimento da pesquisa e
produo de novos conhecimentos, concorrendo para o processo de formao profissional
tanto do docente como do enfermeiro egresso da FURG (FURG, 2011-2022).
3.2 REFERENCIAIS EPISTEMOLGICO-EDUCACIONAIS E TCNICOS
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduao em Enfermagem
(DCN) ultrapassando o modelo de currculos mnimos, tornam-se um grande desafio em
busca da flexibilizao dos currculos de graduao e, ao mesmo tempo, um convite
implementao de projetos pedaggicos inovadores, capazes de adaptarem-se
dinamicidade dos perfis profissionais exigidos pela sociedade atual.
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3.2.1 CONCEPES DE EDUCAO
Educao ou Processo educativo: um processo que visa promover o ser humano, buscar
o desenvolvimento de sua conscincia crtica, para que possa assumir cada vez mais o papel
de sujeito. A educao em enfermagem requer uma conscincia crtica capaz de definir para
qual modelo assistencial se est formando o profissional, se realmente ele est sendo
capacitado para a promoo da qualidade de vida humana, o que implica capacit-lo
tambm para a transformao dos modelos assistenciais.
Processo educativo formal: um ato intencional e orientado por objetivos a serem
alcanados, portanto no um ato neutro, mas voltado formao de um enfermeiro
crtico-reflexivo, o que implica que o estudante torne-se sujeito no processo de formao e,
essa transformao do estudante em sujeito est determinada e determina o contexto da
implementao do PPC adotado pela Enfermagem.
O processo de ensino aprendizagem deve estar comprometido com uma proposta
pedaggica preocupada com o crescimento do educando, ou seja, ela deve ser um
instrumento para auxiliar num processo diagnstico e de tomada de decises em relao ao
sistema de ensino e sade, ao educador e ao educando. importante, ento, a participao
de educadores e educandos para que, juntos, descubram os resultados efetivos da
aprendizagem, atravs da construo de conhecimentos, habilidades e tomadas de decises
coletivas, que se cr serem coerentes e consistentes, ela pode contribuir para o
reconhecimento das possibilidades de si e do outro, atravs da auto-percepo, do
crescimento, da oportunidade para o dilogo, do compartilhamento de experincias, de
expectativas e percepes individuais e coletivas.
Para tanto, as atividades educativas nos Servios de Sade devem possibilitar a
articulao da educao com suas dimenses sociais, ideolgicas e tcnicas. A
aprendizagem deve ser contnua e de natureza participativa e possibilitar a articulao entre
o fazer, o educar e o saber. Por integrar o individual, o grupal, o institucional e o social, o
cognitivo e o afetivo, esse processo pedaggico pode representar um espao comprometido
com a transformao das prticas (DELORS, 2006). Para tanto, este PPC procura
contemplar os seguintes Princpios acerca da educao:
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- a educao tem no dilogo o seu principal instrumento, pois um ato coletivo,
solidrio e como tal no pode ser imposta;
- a educao entendida como relao dialgica, uma relao horizontal entre
sujeitos, que se d no encontro, baseado na confiana, na compreenso e no respeito
mtuos, no qual os seres humanos comunicam-se, compartilham, aprendem uns
com os outros, ampliam e aplicam seus saberes na busca de ser mais;
- a educao exige um compromisso e a reconstruo prpria do conhecimento, pois
a verdadeira educao instrumentaliza o ser humano para aprender a aprender;
- a educao em enfermagem tem como foco o cuidado humanizado.
Processo de Educao Permanente: a educao permanente parte do pressuposto da
aprendizagem significativa. Prope que a transformao das prticas profissionais deva
estar baseada na reflexo crtica sobre as prticas reais de profissionais reais em ao na
rede de servios. A educao permanente aprendizagem no trabalho, onde o aprender e
ensinar incorporam-se ao quotidiano das organizaes e ao trabalho (MINISTRIO DA
SADE, 2003).
3.2.2 PRESSUPOSTOS E CONCEITOS BSICOS
A partir das discusses e reflexes, mobilizando os corpos docente e discente e
enfermeiros de campo, ampliaram-se os espaos dialgicos, possibilitando o exerccio da
interlocuo e de aes conjuntas, em busca de estabelecer uma prtica pedaggica
inovadora.
Houve consenso de que quaisquer medidas que pudessem vir a ser implementadas
teriam que necessariamente: a) centrar o plo de aprendizagem na relao
dialgica/emancipatria estudante-professor; b) contemplar a articulao teoria/prtica; c)
abandonar as polarizaes individual/coletivo, psicobiolgico/psicossocial/psicoespiritual,
curativo/preventivo, ciclo bsico/ciclo profissionalizante e corrigir as distores
decorrentes da fragmentao das disciplinas e outras do modo de organizao curricular,
privilegiando a interpenetrao e transversalidade e a integrao e interdisciplinaridade de
saberes; e d) substituir a concepo de sade como ausncia de doena, mas considerar que
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a sade tm estreita vinculao com o mundo vivido resultando da sntese de seus valores,
recursos e condies de vida (FERNANDES et al., 2003).
Assim, levou-se em considerao que o modo como est organizada a sociedade, o
contexto scio-histrico e as polticas pblicas e sua associao aos fatores biolgicos,
culturais e econmicos apresentam-se como elementos necessrios discusso do processo
sade-doena. Os conceitos de sade e doena no podem ser discutidos como estanques ou
dicotmicos, mas como constituintes de um processo inerente vida. Os diferentes nveis
de sade revelam a existncia de diferenas sociais, culturais e econmicas entre diferentes
segmentos da populao brasileira. Portanto, as condies de sade e doena esto
intimamente ligadas ao modo como as pessoas produzem seus meios de vida pelo trabalho
e satisfazem suas necessidades pelo acesso e consumo dos bens e servios produzidos
(OLIVEIRA et al., 2003).
Desse consenso, emergiram os pressupostos e conceitos a seguir enunciados.
O estudante como sujeito necessita ser um participante ativo e responsvel por seu
processo de formao profissional, em que os professores atuam como organizadores e
facilitadores deste processo. Para tanto, precisa desenvolver suas capacidades para
identificar as lacunas do seu prprio conhecimento, estar ciente da transitoriedade do
conhecimento cientfico, saber buscar ativamente informaes para resolver problemas
do cotidiano profissional, reconhecer e respeitar os saberes que orientam as aes dos
demais profissionais e dos clientes. Em suma, o estudante precisa ser capaz de aprender
a aprender.
Fundamentao no humanismo - A humanizao da assistncia no se restringe
ateno individual, mas parte da cultura de melhoria da qualidade da assistncia
clientela, que se expressa pela constante busca pela melhoria da gesto dos servios, da
infra-estrutura institucional e incremento do compromisso dos profissionais. A
humanizao resultante de um processo em que as aes profissionais esto pautadas
no respeito, solidariedade e no estmulo ao exerccio da autonomia e cidadania tanto dos
prprios profissionais como dos clientes. Desse modo, a humanizao do cuidado nas
intervenes em sade significa resgatar o respeito vida das pessoas, nos seus
aspectos emocionais indissociveis dos aspectos fsicos.
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A articulao teoria/prtica - As aes pedaggicas devem privilegiar a articulao
teoria/prtica, com vistas ao desenvolvimento das competncias e habilidades
necessrias e suficientes para o exerccio profissional do enfermeiro generalista. Para
tanto, docentes e discentes precisam buscar novos conhecimentos, em resposta aos
problemas continuamente colocados pela/na prtica cotidiana.
O uso de metodologias interativas no processo ensino-aprendizagem - Para o
desenvolvimento das aes pedaggicas, precisam ser adotadas metodologias fundadas
em princpios da pedagogia interativa que, instaurando relaes de cooperao e
interdependncia tanto nas instituies de ensino como nas prestadoras de servio, em
sua concepo pedaggica crtica e reflexiva, estimula e permite ao estudante aprender
a aprender e a aprender fazendo. Portanto, toda e qualquer ao pedaggica necessita
estar centrada no acadmico, considerado como sujeito do processo ensino-
aprendizagem e cidado de direitos e deveres, tendo como centralidade a sua
participao ativa em todo o processo de sua formao, nos diferentes cenrios da
prtica profissional. As metodologias utilizadas devem respeitar o ritmo da
aprendizagem e do desenvolvimento de cada estudante, favorecendo a
interdisciplinaridade, a cooperao e autonomia intelectual e incentivando as atividades
investigativas e de criao.
A diversificao dos cenrios de aprendizagem - Deve se considerar que a formao
profissional precisa estar ligada ao contexto socio-eco-cultural, aproximando os mundos
do ensino e do trabalho. Assim, os diversos campos de exerccio da prtica profissional
devem ser includos como espaos possveis para o desenvolvimento do processo
ensino-aprendizagem. A participao tanto docente como discente no processo de
produo dos servios deve ter uma perspectiva de atuao conjunta. No deve reduzir-
se apenas ao uso desses espaos como meros laboratrios para a aprendizagem, mas,
mediante atividades de ensino, pesquisa e extenso, contribuir tanto para a formao do
enfermeiro generalista que se pretende formar como para promover mudanas
necessrias nos servios.
A educao orientada aos problemas de relevncia social - O substrato essencial
para o processo ensino-aprendizagem formado pelo contexto e os reais problemas
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apresentados pela sociedade, permitindo compreender os mltiplos determinantes das
condies de vida e sade da populao.
A formao generalista - A formao generalista, ao evitar vises parciais da realidade
e ao opor-se especializao precoce, busca garantir a necessria e suficiente
instrumentalizao do enfermeiro para atuar nos diferentes cenrios possveis do
exerccio da prtica da enfermagem
A avaliao formativa - Para garantir o desenvolvimento das competncias e
habilidades do perfil profissional do enfermeiro generalista que se pretende formar, a
avaliao deve constituir-se num instrumento de acompanhamento de todo o processo
ensino-aprendizagem. Para tanto, a avaliao no deve estar orientada apenas esfera
da cognio e da memorizao; precisa deixar de ser pontual, punitiva e discriminatria
para direcionar-se ao alcance das competncias e habilidades, traduzidas no
desempenho.
Ecossistema: " um sistema aberto, integrado por todos os seres vivos (compreendendo o
homem) e os elementos no viventes de um setor ambiental, definido no tempo e no
espao, cujas propriedades globais de funcionamento (fluxo de energia e ciclagem da
matria) e auto-regulao (controle) derivam das relaes entre todos os seus componentes,
tanto pertencentes aos sistemas naturais, quanto aos criados ou modificados pelo homem".
Desse modo, sempre que um ecossistema recebe estmulo externo, seja natural ou no, ele
tender a entrar em desequilbrio, podendo afetar ou, pelo menos, ameaar a integridade
dos seres (PORTUGAL, 2005).
Sade: um processo de bem estar fsico, psquico e social, culturalmente definido,
resultante de condies externas e internas ao ser humano, que expressa a qualidade de vida
de uma populao. A sade em seu sentido mais abrangente resultante das condies de
alimentao, habitao, educao, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego,
lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a servios de sade. , assim, antes de
tudo, o resultado das formas de organizao social da produo, as quais podem gerar
grandes desigualdades nos nveis da vida.
Apesar de no haver um consenso acerca do conceito de qualidade de vida, trs
aspectos fundamentais referentes ao construto qualidade de vida foram obtidos atravs de
17
um grupo de experts de diferentes culturas: (1) subjetividade; (2) multidimensionalidade (3)
presena de dimenses positivas (p.ex. mobilidade) e negativas (p.ex. dor). O
desenvolvimento destes elementos conduziu a definio de qualidade de vida como "a
percepo do indivduo de sua posio na vida no contexto da cultura e sistema de valores
nos quais ele vive e em relao aos seus objetivos, expectativas, padres e preocupaes".
O reconhecimento da multidimensionalidade do construto refletiu-se na estrutura do
instrumento baseada em 6 domnios: domnio fsico, domnio psicolgico, nvel de
independncia, relaes sociais, meio-ambiente e espiritualidade / religio / crenas
pessoais (WHOQOL GROUP, 1994).
Ser Humano: um ser complexo, singular, em contnuo desenvolvimento, indivisvel,
possuidor de potencialidades para criar, re-criar e transformar a si e a seu mundo, buscando
continuamente seu crescimento nas relaes sociais e em seu processo de viver.
Enfermagem: uma prtica social exercida por profissionais de diferentes nveis de
formao, que desenvolve aes/intervenes planejadas de cuidado de enfermagem,
embasadas em uma concepo global de ser humano, como: indivduo, famlia, grupo,
sociedade, contemplando os aspectos, emocionais, sociais, espirituais, polticos e culturais,
em todas as fases do processo de viver e morrer. Utiliza-se de teorias de enfermagem e de
outras cincias, desenvolvendo e implementando tecnologias para promover inovaes,
com vistas evoluo do seu fazer, de modo que os trabalhadores, os clientes e a
comunidade possam usufruir de uma prtica de cuidado de enfermagem humanizada,
cientfica, tcnica e tica.
Cuidado de Enfermagem: uma ou mais aes/intervenes, diretas e indiretas, voltadas
ao ser humano no seu ambiente, ao longo do processo de viver, desde a concepo at a
morte, realizadas pela enfermagem com o propsito de ajud-lo a mobilizar suas
potencialidades, visando promover, proteger, manter e recuperar sua sade, seu bem-estar,
autonomia e cidadania, sendo realizado a partir da sistematizao da assistncia da
enfermagem.
Enfermeiro: o ser humano dotado de competncia tcnica, cientfica, tica, educativa,
gerencial, investigativa e poltica, que analisa a realidade de forma sistemtica e crtica,
para entender, realizar e transformar seu trabalho, priorizando o exerccio do cuidado de
18
enfermagem humanizado. Procura crescer em seu conhecimento, em benefcio da
enfermagem, da clientela e de si prprio.
Cliente/Paciente/Usurio: o ser humano possuidor do direito de ser cuidado pela equipe
de sade em seu processo de viver, participante ativo no planejamento e nas decises,
quanto s aes/intervenes relacionadas com a sua vida e sade.
Acadmico de Enfermagem: o ser humano em processo de formao de nvel superior
em enfermagem, capaz de mobilizar suas potencialidades e de responsabilizar-se por seu
processo educativo. um agente de mudana, agindo na transformao do processo ensino-
aprendizagem e do cuidado de enfermagem.
Professor do Curso de Enfermagem: o ser humano em processo de formao
permanente, capaz de problematizar, refletir, criticar e agir de forma comprometida no
processo ensino-aprendizagem de acadmicos de enfermagem, na educao continuada dos
trabalhadores e na educao para a sade dos clientes.
4 PERFIL PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO EGRESSO DA FURG
O Enfermeiro egresso da FURG um profissional da sade com formao
generalista, humanista, crtica e reflexiva; qualificado para o exerccio da Enfermagem,
com base no rigor cientfico e intelectual e pautado em princpios ticos; capaz de conhecer
e intervir sobre os problemas/situaes de sade-doena mais prevalentes no perfil
epidemiolgico nacional, com nfase na sua regio de atuao, ou seja, o ecossistema
costeiro, identificando as dimenses bio-psico-sociais dos seus determinantes, e a atuar
com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania como promotor da
sade integral do ser humano.
4.1 COMPETNCIAS E HABILIDADES ESPERADAS DO ENFERMEIRO
EGRESSO DA FURG
A formao do Enfermeiro egresso da FURG tem por finalidade capacit-lo a
atender as necessidades sociais de sade dos seres humanos, com nfase nas polticas
19
pblicas de sade e o Sistema nico de Sade (SUS) vigente, assegurando a integralidade
da ateno e a qualidade e humanizao do atendimento.
As competncias so reconhecidas quando utilizam, integram e mobilizam
conhecimentos na possibilidade de relacionar, interpretar, interpolar, inferir, criar, intuir e
identificar, pertinentemente os conhecimentos prvios e os problemas.
4.1.1 Competncias e habilidades gerais
Na educao, a noo de competncia introduzida na reforma educacional por
volta dos anos 90, a partir da Lei n 9.394/96 (Lei das Diretrizes e Bases da Educao
Nacional), que incide tanto na educao bsica, quanto na educao profissional.
preconizado nas Diretrizes, que os profissionais da rea da sade desenvolvam
competncias gerais referentes ateno sade, tomada de decises, comunicao,
liderana, administrao e ao gerenciamento, e educao permanente.
O desenvolvimento de competncias na enfermagem possibilita ao enfermeiro
intervir eficazmente com variveis componentes e determinantes dos fenmenos do
processo sade-doena, de forma a colocar as pessoas em situao confortvel e livre de
riscos. Os conceitos norteadores do Curso de Enfermagem da FURG buscam propiciar ao
acadmico os conhecimentos requeridos para o exerccio das seguintes competncias e
habilidades gerais, na rea de atuao profissional do Enfermeiro, em consonncia com as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduao em Enfermagem, constantes
na Resoluo CNE/CES n 3, de 7 de novembro de 2001:
Ateno sade: o enfermeiro egresso da FURG, dentro de seu mbito
profissional, deve estar apto a desenvolver aes de promoo, proteo,
manuteno e reabilitao da sade, de preveno da doena e alvio da dor e do
sofrimento, tanto em nvel individual quanto coletivo; assegurar-se que sua prtica
seja realizada de forma integrada e contnua com as demais instncias do sistema de
sade; ser capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de
procurar solues para os mesmos; realizar seus servios, dentro dos mais altos
padres de qualidade e dos princpios da tica/biotica, tendo em conta que a
20
responsabilidade da ateno sade no se encerra com o ato tcnico, mas com a
resoluo do problema de sade, tanto em nvel individual como coletivo.
Tomada de decises: o trabalho do enfermeiro egresso da FURG deve estar
fundamentado na capacidade de tomar decises, visando o uso apropriado, eficcia
e custo-efetividade da fora de trabalho, de medicamentos, de equipamentos, de
procedimentos e de prticas. Para este fim, deve ser capaz e estar habilitado a
avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidncias
cientficas.
Comunicao: o enfermeiro egresso da FURG deve ser acessvel e deve manter a
confidencialidade das informaes a ele confiadas, na interao com outros
profissionais de sade e o pblico em geral. A comunicao envolve suas formas
verbal, no-verbal e habilidades de escrita e leitura, alm do domnio de tecnologias
de comunicao e informao.
Liderana: no trabalho em equipe multiprofissional, o enfermeiro egresso da
FURG dever estar apto a assumir posies de liderana, sempre tendo em vista o
bem-estar da comunidade e ter sempre presente que liderar envolve compromisso,
responsabilidade, empatia, habilidade para tomar decises, comunicar-se e gerenciar
de forma efetiva e eficaz.
Administrao e gerenciamento: o enfermeiro egresso da FURG deve estar apto a
tomar iniciativas, fazer o gerenciamento e administrao tanto da fora de trabalho
quanto dos recursos fsicos e materiais e de informao, da mesma forma que deve
estar apto a ser empreendedor, gestor, empregador e/ou exercer liderana na equipe
de sade.
Educao permanente: o enfermeiro egresso da FURG deve ser capaz de aprender
continuamente, tanto na sua formao quanto na sua prtica. Desta forma, deve
aprender a aprender e ter responsabilidade e compromisso com a sua educao e o
treinamento/estgios das futuras geraes de profissionais de sade, mas
proporcionando condies para que haja benefcio mtuo entre os futuros
profissionais e os profissionais dos servios, inclusive, estimulando e
desenvolvendo a mobilidade acadmico/profissional, a formao e a cooperao,
por meio de redes nacionais e internacionais.
21
4.1.2 Competncias e habilidades especficas
Ao longo do desenvolvimento do Curso de Enfermagem, sero implementadas aes
didtico-pedaggicas com o objetivo de dotar o Enfermeiro egresso da FURG com
conhecimentos requeridos para o exerccio das seguintes competncias e habilidades
especficas, em consonncia com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de
Graduao em Enfermagem, constantes na Resoluo CNE/CES n 3, de 7 de novembro de
2001:
1. atuar profissionalmente, compreendendo a natureza humana em suas dimenses,
expresses e fases evolutivas;
2. incorporar a cincia/arte do cuidar como instrumento de interpretao profissional;
3. estabelecer novas relaes com o contexto social, reconhecendo a estrutura e as formas
de organizao social, suas transformaes e expresses;
4. desenvolver formao tcnico-cientfica e tico-poltica que confira qualidade ao
exerccio profissional;
5. compreender a poltica de sade no contexto das polticas sociais, reconhecendo os
perfis epidemiolgicos das populaes;
6. reconhecer a sade e condies dignas de vida como direito e atuar de forma a garantir
a integralidade da assistncia, entendida como conjunto articulado e contnuo das aes
e servios preventivos e curativos, individuais e coletivos exigidos para cada caso, em
todos os nveis de complexidade do sistema e de acordo com as especificidades do
contexto scio-eco-cultural da regio;
7. atuar nos programas de assistncia integral sade da criana, do adolescente, da
mulher, do adulto e do idoso;
8. ser capaz de diagnosticar e solucionar problemas de sade, de comunicar-se, de tomar
decises, de intervir no processo de trabalho, de trabalhar em equipe e de enfrentar
situaes em constante mudana;
9. reconhecer as relaes de trabalho e sua influncia na sade;
10. atuar como sujeito no processo de formao de recursos humanos;
22
11. responder s especificidades regionais de sade atravs de intervenes planejadas
estrategicamente, em nveis de promoo, proteo, reabilitao da sade, preveno de
doenas e alvio da dor e do sofrimento, dando ateno integral sade dos indivduos,
das famlias e das comunidades;
12. reconhecer-se como coordenador do trabalho da equipe de enfermagem;
13. assumir o compromisso tico, humanstico e social com o trabalho multiprofissional em
sade.
14. promover estilos de vida saudveis, conciliando as necessidades tanto dos seus
clientes/pacientes quanto s de sua comunidade, atuando como agente de transformao
social;
15. usar adequadamente novas tecnologias, tanto de informao e comunicao, quanto de
ponta para o cuidar em enfermagem;
16. atuar nos diferentes cenrios da prtica profissional, considerando os pressupostos dos
modelos clnico e epidemiolgico;
17. identificar as necessidades individuais e coletivas de sade da populao, seus
condicionantes e determinantes;
18. intervir no processo de sade-doena, responsabilizando-se pela qualidade da
assistncia/cuidado de enfermagem em seus diferentes nveis de ateno sade, na
perspectiva da integralidade da assistncia;
19. coordenar o processo de cuidar em enfermagem, considerando contextos e demandas de
sade;
20. prestar cuidados de enfermagem compatveis com as diferentes necessidades
apresentadas pelo indivduo, pela famlia e pelos diferentes grupos da comunidade;
21. compatibilizar as caractersticas profissionais dos agentes da equipe de enfermagem s
diferentes demandas dos usurios;
22. integrar as aes de enfermagem s aes multiprofissionais;
23. gerenciar o processo de trabalho em enfermagem com princpios de tica e de Biotica,
com resolutividade tanto em nvel individual como coletivo em todos os mbitos de
atuao profissional;
24. planejar, implementar e participar dos programas de formao e qualificao contnua
dos trabalhadores de enfermagem e de sade;
23
25. planejar e implementar programas de educao e promoo sade, considerando a
especificidade dos diferentes grupos sociais e dos distintos processos de vida, sade,
trabalho e adoecimento;
26. desenvolver, participar e aplicar pesquisas e/ou outras formas de produo de
conhecimento que objetivem a qualificao da prtica profissional;
27. respeitar os princpios ticos, legais e humansticos da profisso;
28. interferir na dinmica de trabalho institucional, reconhecendo-se como agente desse
processo;
29. utilizar os instrumentos que garantam a qualidade do cuidado de enfermagem e da
assistncia sade;
30. participar da composio das estruturas consultivas e deliberativas do sistema de sade;
31. assessorar rgos, empresas e instituies em projetos de sade;
32. cuidar da prpria sade fsica e mental e buscar seu bem-estar como cidado e como
enfermeiro;
33. reconhecer o papel social de enfermeiro para atuar em atividades de poltica e
planejamento em sade.
5 OBJETIVO DO CURSO DE ENFERMAGEM DA FURG
O principal objetivo do Curso de Enfermagem da FURG proporcionar condies
para uma aprendizagem tcnica, cientfica, poltica, humanstica e tica, contemplando o
desenvolvimento das competncias e habilidades especficas do perfil profissional que
habilite o enfermeiro egresso da FURG utilizao de todas as suas potencialidades como
enfermeiro generalista, na soluo de problemas pertinentes enfermagem, no desempenho
das funes assistenciais, administrativas e educacionais, no que tange: prestao do
cuidado de enfermagem ao ser humano, nos aspectos promocionais, preventivos, curativos,
de reabilitao e de alvio da dor e do sofrimento; ao gerenciamento de servios de
enfermagem de instituies hospitalares, empresariais e de sade coletiva; ao planejamento,
coordenao, execuo e controle de programas de sade, contemplando a
interdisciplinaridade.
24
6 PROCESSO DE IMPLEMENTAO E AVALIAO PERMANENTE DO PPC
Num projeto pedaggico comprometido com a formao de enfermeiros cidados, o
desenho curricular, os contedos, as metodologias a serem adotadas devem estar
estruturados, de modo a permitir a apropriao do conhecimento, em nveis crescentes de
complexidade e numa perspectiva interdisciplinar e, at mesmo, transdisciplinar. Tanto os
professores quanto os estudantes precisam ser estimulados a conceb-lo no apenas como
uma seqncia de disciplinas e contedos, mas como um processo de desenvolvimento
dialgico que propicia a aprendizagem, a partir da realidade.
A avaliao concebida como um processo participativo e global. Inclui no apenas
a avaliao do que produzido, mas especialmente do prprio processo e dos prprios
mecanismos avaliativos. O sentido do ato de avaliar reside na sua utilidade para alimentar e
reorientar as mudanas que se fizerem necessrias, articulando-se, assim, com os processos
decisrios.
Para fornecer elementos necessrios s mudanas a serem processadas gradual,
sistemtica e sistemicamente, a avaliao do PPC precisa constituir-se num processo
permanente de reflexo e de retroalimentao sobre os conhecimentos construdos e as
experincias realizadas ao longo do processo de formao profissional, bem como sobre o
modo como ocorre a integrao do Curso no contexto de sua insero. Assim, precisa
contemplar os exames da coerncia interna entre os diversos elementos que integram o
PPC; da eficcia e da eficincia ou pertinncia da estrutura curricular estabelecida em
relao ao perfil do profissional que se quer formar; e dos resultados que os egressos do
Curso originam no contexto social em que atuam.
Desse modo, a avaliao implica o ato de confrontar os dados da realidade com o
que foi planejado, conforme normas, objetivos e critrios que permitem a atribuio de um
valor, utilidade ou significado a esses mesmos dados. Assim, inclui um juzo fundado na
realidade, que resulta do seu confronto com um juzo de valor. A avaliao deve estar
comprometida com uma proposta preocupada com o crescimento dos docentes e discentes,
ou seja, ela deve ser um instrumento para auxiliar num processo diagnstico e de tomada de
decises em relao ao processo educativo (SILVA, CAMILLO 2007; LALUNA,
FERRAZ, 2007).
25
7 ORGANIZAO CURRICULAR
Desde o seu incio at o ano de 1982, o Curso de Enfermagem da FURG era
desenvolvido ao longo de sete semestres letivos, num total de cerca de 3500 horas, de
acordo com a legislao vigente (Resoluo 04/72, Parecer 163/72), contemplando
disciplinas dos troncos denominados pr-profissionalizante e profissionalizante. Estavam
previstas, ainda, duas habilitaes: Enfermagem Mdico-Cirrgica e Enfermagem em
Sade Pblica. Alm disso, concomitantemente realizao do Curso, era facultado ao
estudante cursar a Licenciatura Plena em Enfermagem.
No incio de 1977, houve um ajuste na distribuio de algumas disciplinas no
quadro de seqncia lgica do Curso, para melhor adequar-se ao contexto e ao que estava
preconizado na legislao. A partir de meados de 1979, foi desencadeado um processo de
alterao curricular, fruto de uma necessidade sentida pelo seu corpo docente, mas tendo
por base, ainda, a mesma legislao. Culminou com a elaborao de uma proposta
curricular, dando-se sua aprovao pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso
(COEPE), em 1982, e implementao a partir de 1983.
Nesta proposta, mudanas substanciais aconteceram: definio e explicitao do
perfil profissional do enfermeiro egresso da FURG, das finalidades e objetivos do Curso;
um quadro de seqncia lgica, ampliando a carga horria para cerca de 4000 horas,
desenvolvidas em oito semestres letivos; a criao de novas disciplinas e o desdobramento
de disciplinas profissionalizantes em tericas e prticas. Foi criada, ainda, a disciplina
Estgio Complementar, de carter eminentemente prtico, desenvolvida no ltimo semestre
do Curso, num total de 300 horas.
Alm dessas alteraes, foram extintas as Habilitaes e o condicionamento da
obteno do diploma de Licenciatura Plena concluso da graduao em enfermagem, no
mnimo, em um semestre anterior. Em outras palavras, aps a obteno do bacharelado em
enfermagem, passou a ser necessrio o ingresso como portador de diploma de curso
superior, para iniciar a cursar ou concluir a licenciatura.
No ano de 1990, foi desencadeado um novo processo de discusso curricular,
ocorrendo vrias reunies at 1991, envolvendo os docentes da rea profissionalizante.
Embora no tenha sido definida uma nova proposta, mudanas na interioridade de diversas
26
disciplinas aconteceram de forma particularizada, evidenciando que ainda no havia se
conseguido uma suficiente articulao interdisciplinar, mantendo-se inalterado o quadro de
seqncia lgica.
A partir de 1993, especialmente com a criao da Rede de Ps-Graduao em
Enfermagem da Regio Sul (REPENSUL), tornou-se possvel acelerar o processo de
qualificao do corpo docente do Curso de Enfermagem da FURG. Como subproduto desse
processo, em 1995, foi criado o Ncleo de Estudos e Pesquisas em Trabalho e Enfermagem
(NEPETE) que, a partir de 1997, foi registrado no Diretrio de Grupos de Pesquisa do
CNPq com uma nova denominao: Ncleo de Estudos e Pesquisa em Sade (NEPES).
No primeiro semestre de 1996, foi desenvolvido, em sua primeira verso, o Curso
de Especializao em Projetos Assistenciais de Enfermagem (ESPENSUL). Em fevereiro
de 1997, foi criado o Departamento de Enfermagem. Em outubro de 2001, ocorreu a
aprovao e recomendao, pela CAPES, do Curso de Mestrado em Enfermagem, do
Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da FURG, cujas atividades tiveram incio no
primeiro semestre de 2002.
Assim, neste perodo, como decorrncia desse conjunto de eventos e especialmente
pela qualificao expressiva do corpo docente, com significativas repercusses na produo
de conhecimentos e na visibilidade da enfermagem da FURG, foram desencadeadas novas
mudanas na interioridade das disciplinas, com a adoo de novos referenciais terico-
metodolgicos e campos de prtica, dentre outros. Mediante o revigoramento das
discusses curriculares, que se deu a partir de meados da dcada de 90, intensificaram-se
discusses, encontros e outras atividades, objetivando promover alteraes curriculares em
ateno nova legislao e s novas diretrizes vigentes.
Com base na manifestao de necessidades expressas por docentes e discentes, em
diferentes fruns, aconteceram, dentre outras, a criao de novas disciplinas (Trabalho
Monogrfico I, Trabalho Monogrfico II e Pesquisa em Enfermagem, de carter
obrigatrio; Trabalho da Enfermagem e as Instituies de Sade, Terapias Alternativas e
Sade Ambiental, de carter optativo) e a aproximao de disciplinas afins para serem
desenvolvidas num mesmo semestre e a renomeao de diversas outras, especialmente as
disciplinas de carter profissionalizante. Com a extino da Licenciatura em Enfermagem,
no segundo semestre de 2004, foram criadas as disciplinas Controle de Microrganismos,
27
Parasitoses Emergentes e Re-emergentes, Aleitamento Materno e Polticas de Sade,
Enfermagem Gerontogeritrica, Eletrocardiografia para a Enfermagem, Assistncia Integral
em Diabetes e Abordagem Multidisciplinar das Dependncias Qumicas, de carter
optativo, para dar maior flexibilidade e oportunidades de escolha aos acadmicos do
currculo ainda em vigor.
Em 2000 intensificou-se o processo de reconstruo coletiva do Projeto Poltico
Pedaggico (PPP) do curso, tendo em vista os elementos necessrios para a formao do
enfermeiro, os critrios de seleo e organizao do conhecimento e das metodologias,
embasados nos seguintes princpios curriculares: unidade entre teoria e prtica;
flexibilidade; interdisciplinaridade e contextualizao. Princpios estes tambm destacados
no PPP desta universidade, e acrescidos da intencionalidade e indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extenso a partir de 2004 (FURG, 2004).
O processo de construo dessa proposta caracterizou-se por um longo perodo de
vivncias, experincias, reflexes e crticas. Destas discusses resultou a criao do PPP,
aprovado pelo COEPE e CONSUN em 2005, com a definio de seus referenciais tico-
polticos, referenciais epistemolgico-educacionais e tcnicos, pressupostos e conceitos
bsicos, perfil do egresso, competncias e habilidades gerais e especficas do enfermeiro,
objetivos do curso, organizao curricular, eixos curriculares e a criao do QSL 195. Neste
QSL destaca-se a opo pelo regime seriado semestral; a ampliao da carga-horria total
para 4055 horas a ser desenvolvida em um mnimo de 9 semestres e o mximo de quinze
semestres.
A modalidade de ingresso ocorria atravs de processo seletivo realizado com o
vestibular; com duplo ingresso, no primeiro e segundo semestre; o nmero de vagas anuais
era de aproximadamente 50, com 25 semestrais, sendo que com o REUNI, houve um
acrscimo de 20% das vagas, passando para 30 vagas por semestre a partir do primeiro
semestre de 2010.
Tem-se ainda a opo pelo sistema II de avaliao na grande maioria das disciplinas
profissionalizantes; a criao de novas disciplinas e incluso de disciplinas
profissionalizantes terico-prticas desde a primeira srie; a aproximao de disciplinas
afins para serem desenvolvidas numa mesma srie e a renomeao de diversas outras,
especialmente as disciplinas de carter profissionalizante; a fuso de disciplinas tericas e
28
disciplinas prticas afins em terico-prticas; a previso de 200 horas de atividades
complementares; a adequao dos Estgios Supervisionados legislao vigente passando
a ser desenvolvidos nas duas ltimas sries do curso com uma carga horria de 1020 horas.
No que se refere realizao de atividades prticas nas disciplinas, as turmas foram
divididas em grupos, de no mximo sete discentes, favorecendo deste modo, o seu
acompanhamento. As sries mpares, correspondentes a 1, 3, 5 e 7 srie foram
desenvolvidas nos primeiros semestres letivos, preferentemente no turno da manh, por sua
vez, as sries pares, correspondentes a 2, 4 e 6, no turno da tarde. Essa alternncia nos
turnos, que priorizava um turno de aulas para cada srie, oportunizaria que o outro turno
fosse utilizado para dar conta tanto das atividades profissionais dos discentes, quanto para a
realizao de estudos e envolvimento do acadmico em atividades de ensino, extenso e
pesquisa, permitindo assim, o cumprimento das atividades complementares.
Uma das Estratgias Pedaggicas desenvolvidas no Curso de Enfermagem da
FURG utilizadas pela Coordenao e pela Cmara de Graduao do Curso de Enfermagem
da FURG na avaliao da implementao do PPP do Curso de Enfermagem da FURG
consistiu na apresentao dos planos de ensinos e especificidades das disciplinas, pelos
docentes, antes do incio de cada srie, em reunies do Conselho da Escola, para que
docentes e representantes discentes possam discutir, refletir e opinar acerca da proposta. Foi
tambm realizado a avaliao de cada disciplina, ao final da concluso de cada srie,
enfatizando os aspectos positivos e aspectos a serem melhorados para possveis construes
e encaminhamentos.
Essas discusses aconteceram semestralmente e propiciaram o desenvolvimento de
contedos tericos e prticos necessrios para subsidiar o alcance do objetivo e
competncias gerais e especficas estabelecidas para o perfil do enfermeiro egresso da
FURG, possibilitando avaliar os planos de ensino das disciplinas e seus respectivos
cronogramas de aplicao; acompanhar o desempenho do ensino das disciplinas que se
incluam na organizao curricular; reunir, a fim de planejar e avaliar a execuo das
atividades de ensino, pelo menos uma vez a cada semestre letivo.
possvel destacar que essa prtica possibilitou o compartilhamento das vivncias;
a troca de contedos entre as disciplinas; a determinao de novas propostas, dentre elas: a
reestruturao do laboratrio de enfermagem, a necessidade de um coordenador e de um
29
monitor permitindo sua organizao; a necessidade de realizao de um prvio
agendamento dos docentes para sua utilizao; a uniformizao das tcnicas a partir da
construo de um manual utilizando os estudos de normas existentes tanto no Hospital
Universitrio, quanto das disciplinas responsveis pelo ensinamento das tcnicas; a
determinao de que seja parte dos critrios de avaliao das disciplinas prticas o
suprimento das necessidades individuais do discente e, que a partir da evidencia desta
necessidade, o discente seja encaminhado ao laboratrio, fora de seu horrio de atividades
prticas, para suprir suas fragilidades.
Estes espaos favoreceram ainda, o acompanhamento dos planos de ensino das
disciplinas, a reviso de ementas, bem como, a adequao do plano de ensino ao modelo
proposto pela Pr-Reitoria de Graduao PROGRAD; o compartilhar possibilidades
como as alteraes nas bibliografias bsicas e complementares e a solicitao de compras
de livros utilizados nas disciplinas; as discusses e elaboraes acerca das Atividades
Complementares.
Nas discusses referentes s prticas desenvolvidas nas Disciplinas de Projeto de
Trabalho de Concluso de Curso (oitava srie) e de Trabalho de Concluso de Curso (nona
srie) ficou estabelecido que o orientador dos Projetos e Trabalhos de Concluso de Curso
seja enfermeiro, exceto nos casos em que o discente j tenha vnculo com projeto
desenvolvido durante sua formao junto a um docente no enfermeiro, nestes casos, se faz
necessria a figura de um co-orientador enfermeiro docente da EEnf. Ainda, a
obrigatoriedade de que pelo menos dois membros da banca sejam docentes da Escola de
Enfermagem; a elaborao de um cronograma para as disciplinas, com solicitao de
parecer do orientador acerca da evoluo do desenvolvimento proposto; se for necessrio, o
orientador pedir a sua substituio num prazo que viabilize a orientao por outro colega;
a ocorrncia de Sustentao Pblica para os TCC.
Em 15 de agosto de 2008, integrando a proposta de mudana organizacional da
FURG, foi aprovada pelo Colegiado Especial, resoluo n 021/2008, a criao da Escola
de Enfermagem, como uma das treze Unidades Acadmicas da FURG. A Escola de
Enfermagem, como Unidade Acadmica da FURG, tem como misso dedicar-se s
atividades de ensino de graduao e de ps-graduao stricto e lato sensu, de pesquisa e de
extenso, destinadas produo do conhecimento em sade e insero na realidade scio-
30
ambiental, estimulando a formao da cidadania de profissionais compromissados com
processos que visem produo da sade humana e do cuidado da vida.
Em 19 de dezembro de 2008 foi aprovado, pelo Conselho de Ensino, Pesquisa,
Extenso e Administrao, a criao do Curso de Doutorado em Enfermagem, o qual foi
recomendado pela CAPES. As atividades acadmicas do Doutorado em Enfermagem da
FURG iniciaram em abril de 2009.
No primeiro semestre de 2010, ocorreu a criao do Programa de Residncia
Multiprofissional em Sade da Famlia, oferecido pela Escola de Enfermagem (EEnf) e
construdo em parceria com o Instituto de Educao (IE), Instituto de Cincias Humanas e
da Informao (ICHI), Instituto de Cincias Biolgicas (ICB) da Universidade Federal do
Rio Grande- FURG e Secretaria Municipal de Sade (SMS) do Rio Grande.
No segundo semestre de 2010 foi aprovada a criao do Programa de Residncia
Integrada Multiprofissional Hospitalar com nfase na Ateno a Sade Cardio-Metablica
do Adulto (RIMHAS), coordenado pela Escola de Enfermagem (EEnf) e construdo em
parceria com o Instituto de Educao (IE), Instituto de Cincias Humanas e da Informao
(ICHI), Instituto de Cincias Biolgicas (ICB) e Hospital Universitrio Dr. Miguel Riet
Corra Jr. da Universidade Federal do Rio Grande- FURG e Secretaria Municipal de Sade
(SMS) do Rio Grande. As atividades acadmicas da RIMHAS iniciaram no primeiro
semestre de 2011.
Para fornecer elementos necessrios s mudanas a serem processadas gradual,
sistemtica e sistemicamente, o PPP aprovado em 2005 deixa explcita a necessidade de um
processo permanente de reflexo e de retroalimentao sobre os conhecimentos construdos
e as experincias realizadas ao longo do processo de formao profissional.
Desta forma, logo aps o incio da primeira turma, continuaram as discusses e
avaliaes internas e, por necessidade de adequao a legislao vigente, j em 2009 foi
preciso pensar em nova reforma curricular. Como forma de facilitar esse processo, tm-se,
no ano de 2011, a criao do Ncleo Docente Estruturante NDE, que foi constitudo com
a finalidade de conduzir a atualizao e reestruturao do Projeto Pedaggico do Curso
(PPC) definindo sua concepo e fundamentos, de acordo com as diretrizes emanadas
do CNE e do MEC; supervisionar as formas de avaliao e acompanhamento do curso,
definidas no Comit de Graduao, respeitando as diretrizes da Comisso Prpria de
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Avaliao (CPA); analisar e avaliar os Planos de Ensino dos componentes curriculares; e,
promover a integrao horizontal e vertical do curso, respeitando os eixos estabelecidos
pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Enfermagem e o PPC.
O NDE do Curso de Enfermagem foi criado em 28/04/2011, com 11 docentes da
Escola de Enfermagem - EEnf, Faculdade de Medicina - FAMED e Instituto de Cincias
Biolgicas - ICB. Primeiramente o NDE elaborou seu regimento e posteriormente
iniciou o trabalho de reformulao curricular em junho de 2011.
Para que esta reformulao fosse possvel, o NDE desenvolveu diversas atividades,
entre elas:
- Anlise do material produzido nas reunies de sries, realizadas em 2009 e
promovidas pela Coordenao de Curso para avaliao da implementao do PPP
aprovado em 2005;
- Anlise do Processo de Avaliao do Curso, realizado no primeiro e segundo
semestre de 2009 e 2010, pelo Grupo PET Enfermagem em parceria com a
Coordenao do Curso junto aos acadmicos que cursavam a quarta, oitava e nona
sries do curso;
- Anlise da avaliao dos Estgios Supervisionados I e II realizada ao final dos
mesmos, pelos acadmicos das quatro turmas formadas no QSL 195 (Atenfs 2010/1,
2010/2, 2011/01, 2011/2);
- Anlise dos contedos descritos nos planos de ensino de todas as disciplinas
identificando lacunas, repetio e divergncia de contedos e abordagens;
- Anlise da legislao vigente, critrios de avaliao do INEP, PPC de outros cursos
de enfermagem e de cursos de outras reas da FURG;
- Discusso com a coordenao do Curso de Medicina acerca das modificaes
implementadas nos estgios supervisionados;
- Discusso com a PROGRAD acerca da experincia de outros cursos de cada regime
acadmico, sistema de avaliao, pr-requisitos;
- Discusso, proposio e aprovao do novo QSL, criao de ementas, definio de
pr-requisitos e sistema de avaliao junto aos demais docentes do curso;
- Organizao e encaminhamento do processo.
32
Desta forma, a atual reformulao curricular se justifica:
- pelo tempo de integralizao em 5 anos, destacado na Resoluo N 4, de 6 de
abril de 2009 (MINISTRIO DA EDUCAO, 2009);
- pela carga horria total aproximada de 4.000 h, presente na Resoluo N 4, de 6
de abril de 2009 (MINISTRIO DA EDUCAO, 2009);
- pela necessidade dos Estgios Supervisionados contabilizarem aproximadamente
20% da CH total, segundo Resoluo N 4, de 6 de abril de 2009 (MINISTRIO DA
EDUCAO, 2009) e Diretrizes Curriculares; bem como pela necessidade percebida
atravs da avaliao curricular de promover a diviso destes em disciplinas para possibilitar
uma avaliao mais coerente, fazendo com que o acadmico tenha que perfazer um total de
75% de presena em cada rea, o que no acontece atualmente por ser somente uma
disciplina que engloba todas as reas;
- pela sobrecarga de carga horria observada em algumas sries do curso, propondo-
se a reduo da carga horria semanal;
- pela possibilidade de reprovao sem perder um semestre, necessitando da troca
do regime seriado para o regime por disciplinas para o alcance deste objetivo, j que o
curso no conseguiu distribuir os horrios das sries em diferentes turnos devido restrio
e limitao dos campos de prtica e laboratrios. Ainda para o alcance desta meta optou-se
por definir pr-requisitos somente para as disciplinas profissionalizantes que apresentam
um grau crescente de complexidade;;
- pela necessidade de proporcionar um equilbrio maior entre rea hospitalar, rede
de ateno bsica e extra-hospitalar, melhorando a distribuio ao longo dos semestres;
- pelo acrscimo a nfase no gerenciamento na rede de ateno bsica e necessidade
de mais CH prtica, para possibilitar que o acadmico esteja preparado para as disciplinas
profissionalizantes especficas, solicitao dos acadmicos durante avaliao interna do
curso;
- pela necessidade de criao de uma disciplina profissionalizante a mais que
possibilitasse o desenvolvimento maior de habilidades psicomotoras na formao do
enfermeiro e do deslocamento de contedos fundamentais que estavam alocados em
disciplinas da 6 srie para disciplinas de 2 e 3 semestre;
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- pela possibilidade de, com a criao de mais um semestre, este ficar somente com
o Estgio Supervisionado; ou seja, o Trabalho de Concluso de Curso tem seu trmino no
9 semestre, ficando o acadmico com dedicao total no 10 semestre ao estgio;
- pela necessidade de levar em considerao a legislao vigente e os critrios de
avaliao do INEP.
Ainda, o NDE e o Conselho da EEnf decidiram por manter referenciais tico-
polticos, epistemolgico-educacionais e tcnicos; concepes de conhecimento, cincia e
educao; pressupostos e conceitos bsicos; competncias e habilidades esperadas; bem
como o perfil profissional do enfermeiro egresso da FURG, j existentes no PPC em vigor
pois, consideram que os mesmos continuam em consonncia com as alteraes propostas
para o novo QSL.
Desta forma, o presente PPC a expresso da construo coletiva de docentes e
discentes do Curso de Enfermagem e Obstetrcia da FURG, articulado e identificado com o
Projeto Pedaggico Institucional, visando viabilizar sua filosofia, sua poltica, sua misso e
seus objetivos. O processo de construo dessa proposta no se restringiu aos ltimos
meses, mas resultado de um longo perodo de vivncias, experincias, reflexes e crticas,
como se procurou caracterizar nos pargrafos precedentes. Desse modo, cabe registrar que
sua concepo nos moldes aqui apresentados , em grande parte, resultante de discusses
mais amplas e intensificadas dirigidas reforma curricular, a partir do ano de 2006 e
estendendo-se at o momento presente, mas com a conscincia de sua transitoriedade,
decorrente da constante necessidade de acompanhar o dinamismo das demandas sociais e
da prpria categoria profissional.
7.1 ESTRUTURA CURRICULAR
MODALIDADE DE INGRESSO: PROCESSO SELETIVO ADOTADO PELA
UNIVERSIDADE
REGIME: MATRCULA POR DISCIPLINA/DUPLO INGRESSO (primeiro e
segundo semestres)
NMERO DE VAGAS: 60 VAGAS ANUAIS/30 VAGAS SEMESTRAIS
TU RNOS DE FUNCIONAMENTO: MANH E TARDE
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NMERO DE SEMESTRES LETIVOS: PRAZO MNIMO = 10 SEMESTRES;
PRAZO MXIMO = 17 SEMESTRES
CARGA HORRIA TOTAL: 4.140 horas
CARGA HORRIA EM DISCIPLINAS E ESTGIOS SUPERVISIONADOS
OBRIGATRIOS: 3990 horas
DISCIPLINAS TERICAS E TERICO-PRTICAS OBRIGATRIAS,
INCLUINDO O PROJETO E O TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
(TCC): 3030 horas
ESTGIOS SUPERVISIONADOS: 960 horas
ATIVIDADES COMPLEMENTARES: 150 horas
7.1.1 - DISCIPLINAS
As disciplinas tericas e terico-prticas que compem grande parte da estrutura
curricular do curso destinam-se ao desenvolvimento de aspectos essenciais ao processo de
formao do enfermeiro. Com o elenco de disciplinas que o compem, procura-se garantir
o desenvolvimento de habilidades, conhecimentos e atitudes essenciais ao perfil
profissional proposto para o enfermeiro generalista egresso da FURG, contemplando a
realizao de diversas atividades, dentre as quais visitas orientadas e atividades terico-
prticas, desde o incio do Curso.
As visitas orientadas buscam no s a familiarizao do estudante com os diversos
campos de atuao profissional, mas oportunizar-lhe vislumbrar as diferentes possibilidades
de trabalho e reas de atuao profissional da enfermagem. Por sua vez, as atividades
terico-prticas visam no apenas, mas especialmente, a instrumentalizao tcnico-
cientfica prvia ao ingresso nos diferentes cenrios da prtica profissional.
Sentindo-se a necessidade de proporcionar um equilbrio maior entre rea
hospitalar, rede de ateno bsica e extra-hospitalar, buscou-se uma distribuio mais
equnime ao longo dos semestres, garantindo um aumento de carga horria terico-prtica
nos cenrios da rede de ateno bsica e extra-hospitalares. Este fato observa-se na criao
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da disciplina de Enfermagem na Rede de Ateno Bsica Sade I, com previso de 8
horas terico-prticas semanais no 7 semestre do curso.
Alm disso, preve-se que em cada semestre sejam desenvolvidas atividades extra-
hospitalares, em especial nas disciplinas: Introduo Enfermagem e s Polticas Pblicas
de Sade, Semiologia e Semiotcnica I, Processo de Enfermagem, Semiologia e
Semiotcnica II, Sade Ambiental, Semiologia e Semiotcnica III, Enfermagem em
Situao de Doenas Transmissveis, Enfermagem na Sade da Criana e do Adolescente I,
Enfermagem na Sade da Mulher, Enfermagem na Sade do Trabalhador, Enfermagem nas
Intercorrncias Clnicas do Adulto, Enfermagem em Sade Mental, Enfermagem
Gerontogeritrica e Enfermagem na Rede de Ateno Bsica Sade II.
Cabe destacar que a organizao curricular, no que se refere ao sistema de
avaliao, possui disciplinas includas no Sistema I e II. Nesse sentido, para as disciplinas
profissionalizantes terico-prticas, que optaram pelo Sistema I de avaliao, salienta-se a
necessidade de exame terico-prtico, ou seja, com atividade prtica avaliada em
laboratrio ou cenrio de prtica.
7.1.2 ESTGIOS CURRICULARES SUPERVISIONADOS
Os Estgios curriculares supervisionados necessitam ser contemplados como um
procedimento didtico que oportuniza situar, observar e aplicar criteriosa e reflexivamente,
princpios e referenciais terico-prticos assimilados atravs do curso, sendo imprescindvel
o inter-relacionamento multidisciplinar entre teoria e prtica, sem perder de vista a
realidade na qual est inserido. Diferente, portanto, da prtica, ou aula prtica, comumente
denominado, que um recurso pedaggico que reflete apenas a aplicao do contedo
terico, interdisciplinar visando, sobretudo, ao desenvolvimento de destrezas e
implementao/ampliao dos conhecimentos obtidos em cada disciplina ao longo do curso
e conta com o acompanhamento direto do professor (COSTA; GERMANO, 2007).
H necessidade em refletir-se continuamente acerca do estgio curricular
Supervisionado, considerando aspectos didtico/pedaggico, estrutural e legal, objetivando
construir uma poltica de estgio, pactuada entre Academia/Servio e gesto do sistema de
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sade, que possa reger esta atividade acadmica dentro de sua especificidade, contribuindo
tanto com a formao quanto com a construo do SUS (COSTA; GERMANO, 2007).
Os Estgios Supervisionados referem-se quelas atividades da pratica profissional
desenvolvidas nos dois ltimos semestres do Curso (nono e dcimo semestres), perfazendo,
pelo menos, 20% da carga horria total (23,44%), conforme o disposto na Resoluo
CNE/CES no. 03/2001, sob superviso tcnica de enfermeiros dos respectivos setores,
unidades ou servios e sob orientao docente de professores enfermeiros da Escola de
Enfermagem da FURG.
Ao planejar os Estgios Supervisionados do nono e dcimo semestres realizou-se
uma discusso acerca da Legislao de Estgios Obrigatrios e No-obrigatrios, da Lei
11.788 de 25 de setembro de 2008, para posterior elaborao das orientaes gerais e do
manual de Estgio Supervisionado. O estabelecimento de vagas e reas ofertadas para a
realizao dos Estgios atribuio da Coordenao do Curso, sendo disponibilizado um
dia da semana para a realizao de encontro entre docentes, supervisores tcnicos e
discentes.
Com embasamento nas dificuldades encontradas no ltimo QSL, no qual o
acadmico passava por diferentes cenrios de prtica dentro de uma mesma disciplina
efetivaram-se algumas mudanas. Optou-se por dividir os referidos estgios em diversas
disciplinas, evitando-se desta forma, entre outros aspectos, o excessivo nmero de faltas em
uma determinada rea, sem que este fato implicasse em reprovao. Acredita-se que esta
diviso tambm exigir um maior empenho do acadmico em cada uma das reas, uma vez
que ser atribuda uma nota a cada uma delas.
Desta forma, o Estgio Supervisionado do nono semestre desenvolvido em um
total de 420 horas, estruturado em quatro disciplinas que contemplam as reas essenciais da
prtica hospitalar, sendo realizado preferencialmente nas Unidades do Hospital
Universitrio Dr. Miguel Riet Corra Jr.: Estgio Supervisionado em Enfermagem
Hospitalar nfase em Sade da Mulher (105 horas), Estgio Supervisionado em
Enfermagem Hospitalar nfase em Sade da Sade da Criana e do Adolescente (105
horas), Estgio Supervisionado em Enfermagem nfase em Adulto e Idoso nas
Intercorrncias Clnicas (105 horas) e Estgio Supervisionado em Enfermagem nfase
em Enfermagem Perioperatria (105 horas).
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J o Estgio Supervisionado do dcimo semestre desenvolvido em um total de 540
horas, estruturado em duas disciplinas que contemplam a rea de opo do acadmico e a
rea de Ateno Bsica Sade: Estgio Supervisionado em Enfermagem rea de Opo
(330 horas) e Estgio Supervisionado em Enfermagem Rede de Ateno Bsica Sade
(210 horas), esta ltima desenvolvida preferencialmente em Unidades de Estratgia da
Sade da Famlia do Municpio do Rio Grande.
Para disciplinar o desenvolvimento desta atividade, a Escola de Enfermagem,
subsidiada por docentes, discentes e enfermeiros dos diferentes servios e reas, elaborou o
respectivo Manual de Normas do Estgio Supervisionado que ser reavaliado e
reformulado a cada semestre de acordo com a necessidade, sendo submetido ao Comit de
Graduao (COMGRAD).
7.1.3 TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
A elaborao de um trabalho cientfico uma forma de estimular o estudante a
utilizar a metodologia cientfica como instrumento para a resoluo de problemas,
desenvolvendo a criatividade e abrindo caminhos continuidade dos estudos. O
conhecimento cientfico proporciona uma slida base para que o enfermeiro fundamente
suas decises, tornando-o responsvel de uma maneira profissional por sua clientela, alm
de promover o alcance da prpria identidade da enfermagem. A implantao do Trabalho
de Concluso de Curso (TCC) uma estratgia implementada como um dos requisitos
parciais para a formao do enfermeiro egresso da FURG.
Tem como finalidade, introduzir o estudante na prtica da pesquisa e/ou de
elaborao de trabalhos cientficos, estimulando-o a "utilizar a metodologia cientfica para
detectar, conhecer, resolver situaes e propor aes que necessitam da interveno da
enfermagem, alm de incentiv-lo a prosseguir com sua formao acadmica" e
profissional (HAYDEN; RESCK; GRADIM, 2003, p. 409).
O TCC dever ser realizado pelo acadmico como uma atividade acadmica
obrigatria desenvolvida sob a orientao de um docente da Escola de Enfermagem, exceto
nos casos em que o discente j tenha vnculo com projeto desenvolvido durante sua
formao junto a um docente no enfermeiro, nestes casos, se faz necessria a figura de um
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co-orientador enfermeiro docente da EEnf. Ainda, a obrigatoriedade de que pelo menos
dois membros da banca sejam docentes da Escola de Enfermagem. A obrigatoriedade do
TCC tem por finalidade principal, possibilitar o incremento da produo cientfica da rea,
alm de estimular o hbito de produzir e de consumir os resultados de pesquisas. O TCC
ser elaborado durante as disciplinas de Projeto de Trabalho de Concluso de Curso e
Trabalho de Concluso de Curso, cursadas preferencialmente no oitavo e nono semestres.
Para disciplinar o desenvolvimento desta atividade, o NDE, em conjunto com o
docente responsvel pelas disciplinas de Projeto de Trabalho de Concluso de Curso e
Trabalho de Concluso de Curso, elaborar o Manual de Normas do Trabalho de Concluso
de Curso de Enfermagem que, ser submetido ao Conselho da Escola de Enfermagem.
7.1.4 ATIVIDADES COMPLEMENTARES
As atividades complementares dizem respeito s atividades de formao
complementar s disciplinas obrigatrias e correspondem ao elenco de disciplinas tericas e
terico-prticas optativas, demais estgios, participaes em eventos, apresentaes de
trabalhos cientficos, publicaes, cursos, atualizaes, aes de envolvimento com
programas comunitrios, projetos de extenso, projetos de pesquisa, monitorias, dentre
outros, reconhecidos, valorados e aprovados pela Coordenao do Curso de Enfermagem.
Portanto, complementam a formao profissional pela possibilidade de, a partir da
iniciativa e desejo do prprio acadmico, ainda que motivado pela obrigatoriedade de
obteno de 150 (cento e cinquenta) horas com sua realizao, desenvolver atividades de
seu interesse, apesar do carter generalista de sua formao, com vistas singularizao de
seu perfil profissional. Para disciplinar a implementao desta modalidade de
desenvolvimento das atividades, a Coordenao do Curso de Enfermagem, subsidiada pelo
COMGRAD e NDE, elaborou o Manual de Normas das Atividades Complementares.
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7.2 O CURRCULO: DISCIPLINAS E EMENTAS
PRIMEIRO SEMESTRE - TOTAL EM DISCIPLINAS OBRIGATRIAS: 360 horas
semestrais = 25 horas semanais
ANATOMIA HUMANA Lotao: Faculdade de Medicina - FAMED
Cdigo: 12037
Durao: semestral
Carga horria total: 75 horas (30 tericas e 45 prticas)
Carga horria semanal: 05 horas
Crditos: 05
Carter: Obrigatria
Sistema de avaliao: I
Localizao no QSL: Primeiro semestre
Ementa: Introduo ao estudo da anatomia; nomina anatmica; plano geral de construo
do corpo humano; osteologia; miologia; artrologia. Trax; aparelho cardiovascular;
aparelho respiratrio; parede abdominal; aparelho digestrio; aparelho urinrio;
endocrinologia; aparelho reprodutor masculino; aparelho reprodutor feminino. Estesiologia;
neuranatomia.
Bibliografia bsica:
- Netter, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
- Moore, Keith L. Fundamentos de Anatomia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2006.
- Sobotta, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
FUNDAMENTOS DE HISTOLOGIA
Lotao: Instituto de Cincias Biolgicas - ICB
Cdigo: 15128
Durao: semestral
Carga horria total: 60 horas (30 tericas e 30 prticas)
Carga horria semanal: 04 horas
Crditos: 04
Carter: Obrigatria
Sistema de avaliao: I
Localizao no QSL: Primeiro semestre
Ementa: Noes bsicas sobre mtodos de estudo e preparaes histolgicas. Estudo da
clula animal. Estudo histolgico dos quatro tecidos bsicos. Sistema circulatrio, clulas
do sangue, rgos linfticos, aparelhos reprodutores masculino e feminino.
Bibliografia bsica:
- Junqueira, Luiz C. Histologia bsica / Luiz C. Junqueira, Jose Carneiro. - Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2004.
- Gartner, Leslie P. Tratado de histologia em cores / Leslie P. Gartner, James L. Hiatt;
traduo de Ithamar Vugman. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
40
- Di Fiore, Mariano S. H. Atlas de histologia / Mariano S. H. Di Fiore; traduzido sob a
superviso de Alipio Lobo. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.
- Gartner, Leslie P. Atlas de histologia / Leslie P. Gartner; James L. Hiatt; traduo de
Maria de Fatima Azevedo. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.
INTRODUO SOCIOLOGIA
Lotao: Instituto de Cincias Humanas e da Informao - ICHI
Cdigo: 10748
Durao: semestral
Carga horria total: 30 horas (30 tericas)
Carga horria semanal: 02 horas
Crditos: 02
Carter: Obrigatria
Sistema de avaliao: I
Localizao no QSL: Primeiro semestre
Ementa: O que sociologia, constexto histrico do surgimento da sociologia, o iluminismo
e o positivismo; a sociologia como cincia integrao social, conflito e transformao e o
mtodo compreensivo; teorias sociolgicas contemporneas; instituies sociais; anlises
concretas sobre a sociedade.
Bibliografia bsica:
- Durkheim, mile.. As regras do metodo sociolgico / mile Durkheim ; traduo de
Pietro Nassetti. - So Paulo : Martin Claret, 2001.
- Weber, Max.. A tica protestante e o esprito do capitalismo / Max Weber. - So Paulo :
Pioneira, 1983.
- Marx, Karl.. Manifesto comunista / Karl Marx, Friedrich Engels ; organizao e
introduo de Osvaldo Coggiola. - So Paulo : Boitempo, 2005.
- Steiner, Philippe. A sociologia econmica / Phil