UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA … · 2018-04-16 · Trabalho de Conclusão de...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
REFLEXÕES SOBRE O LÚDICO COMO FERRAMENTA DE ENSINO NA
EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL
Débora Barbosa de Almeida
Verônica Araújo Lima
Diamantina
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
REFLEXÕES SOBRE O LÚDICO COMO FERRAMENTA DE ENSINO NA
EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL
Débora Barbosa de Almeida
Verônica Araújo Lima
Orientador
Hilton Fabiano Boaventura Serejo
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Educação Física da Universidade Federal
dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, como parte
dos requisitos exigidos para a conclusão do curso.
Diamantina
2018
REFLEXÕES SOBRE O LÚDICO COMO FERRAMENTA DE ENSINO NA
EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL
Débora Barbosa de Almeida
Verônica Araújo Lima
Orientador
Hilton Fabiano Boaventura Serejo
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Educação Física da Universidade Federal
dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, como parte
dos requisitos exigidos para a conclusão do curso.
APROVADO em 26 / 02 / 2018
_______________________________
Leandro Batista Cordeiro
___________________________
Juliana Nogueira Pontes Nobre
_______________________________
Prof. Dr. Hilton Fabiano Boaventura Serejo
Débora Barbosa de Almeida
―A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E
ensinar e aprender não pode dar-se para fora da procura, fora da boniteza e da alegria‖.
Paulo Freire
Verônica Araújo Lima
―... não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu, é sobre escalar e sentir que o
caminho te fortaleceu...‖
Ana Vilela
À minha querida mãe, namorado, familiares e
amigos, que de muitas formas não me deixaram
desistir e acreditaram em mim. Dedico-lhes essa
conquista com gratidão e amor.
Débora Barbosa de Almeida
Primeiramente a Deus, por ser essencial em
minha vida. À toda minha família, que, com
muito carinho e apoio, não mediram esforços
para que eu chegasse até esta etapa da minha
vida.
Verônica Araújo Lima
AGRADECIMENTOS
Débora Barbosa de Almeida
Primeiramente á Deus, pela presença sentida e vivida.
Ao nosso professor e orientador Hilton, pela dedicação, conselhos e orientações. Uma
pessoa que está sempre disposta a ajudar e ensinar, compreendendo e respeitando as
dificuldades e necessidades de cada um.
Ao meu namorado Wesley, pelo apoio e motivação.
A minha querida família, que sempre foi minha base e o motivo pelo qual me esforço
para ser alguém melhor na vida.
Ao nosso motorista Romildo, por nos guiar com segurança e atenção todas as noites da
minha cidade à universidade.
A minha parceira de TCC Verônica, que foi fundamental para a conclusão deste
trabalho.
A UFVJM e todos os professores do curso que foram fundamentais para que eu
chegasse onde estou.
Aos meus amigos da turma, em especial a Neimar, Jackeline, Noel, Geane, Beatriz,
Renata, Rafael e Luiz que foram testemunhas do meu esforço e motivo da minha alegria em
todas as noites.
A todos que direta ou indiretamente me ajudaram a evoluir.
AGRADECIMENTOS
Verônica Araújo Lima
Primeiramente a Deus, por sempre iluminar meu caminho e por me conceder a
oportunidade de cursar o nível superior.
Aos meus pais, Georgina Araújo Santos (in memorian) e Sebastião de Souza Lima,
pelos ensinamentos e conselhos dados.
Aos meus irmãos, Soraya, Luiz Carlos e Marcks por todo apoio.
Em especial a minha filha Maria Eduarda, por me fazer ter ainda mais forças para
vencer e me tornar licencianda em Educação Física.
Ao meu companheiro Fábio Neves por todo incentivo dado ao longo desses anos.
Aos colegas e amigos que aqui fiz pelos momentos de tensão pré e pós avaliações,
pelas brigas e risadas.
Aos companheiros de estrada que tornaram o trajeto mais agradável e menos
cansativo.
A minha companheira de TCC Débora Almeida pela dedicação e paciência.
E por fim, mais não menos importante, agradeço a todos que de alguma forma
contribuíram para que a minha formação superior se concretizasse. A todos meu muito
obrigada!
RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso tem por objetivo refletir sobre as atividades lúdicas
no processo de ensino aprendizagem juntamente com sua importância dentro das aulas de
educação física infantil. Com a perspectiva de ampliar a visão sobre as contribuições do
lúdico dentro das aulas de Educação Física Infantil, a metodologia desse trabalho foi baseada
em uma revisão bibliográfica. O mesmo adota uma abordagem qualitativa, de caráter
exploratório. Sabemos que um dos ambientes mais importantes para as crianças é (ou deveria
ser) a escola, pois é principalmente através dela que poderão vivenciar e absorver a
experiência do brincar. O lúdico como instrumento pedagógico dentro das aulas de educação
física infantil tem por objetivo auxiliar a criança a obter melhor desempenho na aprendizagem
através de uma metodologia espontânea, divertida e recreativa. Esse estudo pode levantar
informações sobre a importância das brincadeiras lúdicas nas aulas de Educação Física e sua
ação dentro do processo ensino aprendizagem. O tema escolhido é importante para os
professores porque faz parte das ações educacionais.
Palavras chaves: Lúdico. Criança. Educação Física Infantil.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11 1.1 METODOLOGIA ............................................................................................................... 12
1.1.1 Tipo de Estudo ............................................................................................................. 12
1.1.2 Seleção da Amostra ..................................................................................................... 12 1.1.3 Análise De Dados ........................................................................................................ 12
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 13 1.2.1 Objetivo Geral: ............................................................................................................ 13
1.2.2 Objetivos Específicos: ................................................................................................. 13 1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 14
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 15 2.1 O lúdico .......................................................................................................................... 15
2.2 Lúdico e jogo .................................................................................................................. 16 2.3 Educação infantil ............................................................................................................ 18 2.4 Educação física infantil .................................................................................................. 19
2.5 O lúdico como instrumento pedagógico na educação física infantil ............................. 23
3. DISCUSSÕES ...................................................................................................................... 26 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 29 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 30
11
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como temática a abordagem do lúdico nas aulas de Educação
Física Infantil. Pretendemos trazer reflexões que possibilitem compreender o conceito da
ludicidade e suas contribuições para o processo de ensino-aprendizagem dentro das aulas de
Educação Física Infantil.
Nessa perspectiva, a aprendizagem e o aperfeiçoamento das práticas do ser humano
estão diretamente relacionados com o contato com as pessoas e o meio onde estão
inseridas. O brincar é parte essencial na vida da criança, é através da brincadeira que na
primeira infância o indivíduo consegue aprender coisas novas e interpretar o mundo ao seu
redor.
A criança precisa brincar para crescer. Segundo Piaget (1989), o desenvolvimento
da criança acontece através do lúdico, uma vez que, ele é fundamental para o
desenvolvimento motor, físico e até mesmo intelectual. Sendo assim, pode favorecer tanto
nos processos que estão em formação, quanto nos processos que estão por vir.
Um dos ambientes mais importantes para as crianças é a escola, pois é
principalmente através dela que poderão vivenciar a experiência do brincar. É de suma
importância que elas vivenciem essa fase da vida, pois, além das contribuições já citadas
anteriormente, a ludicidade também auxilia na socialização. Dessa forma, o lúdico tem uma
enorme função educativa e merece muita atenção por parte dos familiares e educadores
(professores), uma vez que, este possibilita a aprendizagem de forma significativa e
prazerosa (SANTOS, 2013).
Diante do exposto viu-se a importância de aprofundar mais esse tema. Por isso, ao
conversarmos, por coincidência, notamos que tínhamos interesses em comum em relação
ao assunto e que gostaríamos de escrever um trabalho sobre o seguinte tema: ―Lúdico e
Educação Física Infantil‖. A partir deste momento estabelecemos qual seria nosso
orientador, e então o convite foi feito e posteriormente aceito. Em seguida, marcamos um
encontro e traçamos nossa linha de pensamento, ideias para a pesquisa e de que forma ela
seria feita. Com o tema escolhido buscamos encontrar os nossos objetivos, e com base
neles começamos a desenvolver o nosso trabalho, já que estes foram o nosso
12
direcionamento para a busca por artigos e livros que dessem embasamento teórico. As
pesquisas foram feitas diariamente com o objetivo de nos aprofundarmos sobre o tema
escolhido. Assim foi possível extrairmos informações, ideias, conceitos, que estão nos
permitindo retratar separadamente dentro do nosso trabalho.
1.1 METODOLOGIA
1.1.1 Tipo de Estudo
Com a perspectiva de ampliar a visão sobre as contribuições do lúdico dentro das
aulas de Educação Física Infantil, a metodologia desse trabalho será baseada em uma
revisão bibliográfica. O mesmo será uma pesquisa com abordagem qualitativa, de caráter
exploratório.
1.1.2 Seleção da Amostra
A amostra foi selecionada a partir da busca de artigos e livros publicados que
continham as palavras chave relacionadas ao lúdico, criança e a educação física infantil.
Adotamos como critério de exclusão, a leitura inicial do resumo dos artigos e a introdução
dos livros, sendo que quando julgávamos que o objetivo do estudo se distanciava em
relação aos nossos objetivos, o mesmo era descartado. Foram feitos fichamentos dos artigos
e dos livros lidos, que posteriormente foram utilizados para o desenvolvimento do trabalho.
1.1.3 Análise De Dados
A análise de dados foi retratada na forma de um texto dissertativo, onde foram
tomados os devidos cuidados em relação às referências bibliográficas das obras que foram
utilizadas para a elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso.
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1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral:
Refletir sobre as contribuições das atividades lúdicas no processo ensino
aprendizagem, juntamente com sua importância dentro das aulas de Educação Física
Infantil, expressas em artigos e livros acadêmicos.
1.2.2 Objetivos Específicos:
Discutir os conceitos que abrangem a ludicidade nos artigos e livros analisados.
Compreender quais são as relações entre o lúdico e a Educação Física Infantil.
14
1.3 JUSTIFICATIVA
O lúdico proporciona às crianças desfrutar um mundo de fantasias, explorar sua
imaginação e aprender jogando e brincando. Dessa forma é indispensável que tenha total
atenção tanto no âmbito escolar quanto no familiar, pois é também através dele que os
alunos adquirem experiências educativas de forma inteligente, sem contar que, tais
experiências são possíveis de serem realizadas com seriedade, explorando a reflexão e o
lado emocional.
O tema escolhido é importante para os professores porque faz parte das ações
educacionais. Através da ludicidade a criança aprende e se desenvolve aos poucos, constrói
suas habilidades motoras, compreende o meio em que vive e adquire os laços de
companheirismo. Além disso, com o lúdico a criança dialoga através dos sons, gestos e
manipulação, desenvolvendo tanto a atenção quanto a imaginação e a memória. Dessa
forma, o estudo contribuirá nas ações práticas e educacionais dos profissionais da educação,
principalmente aos que de alguma forma trabalham com o público infantil.
Através da leitura de outras obras que também ajudaram na articulação desta
pesquisa, é que se almeja discutir como o lúdico influencia no desenvolvimento e na
aprendizagem do aluno, e que ensinar através do lúdico é ver como o brincar pode ser
diferenciado. Todavia, é relevante destacar que a ludicidade está imersa na cultura da qual
faz parte, então ela deve ser problematizada e questionada, pois, além de contribuir para um
aprendizado mais prazeroso, ela pode reforçar preconceitos, estereótipos e outras questões
que pouco ajudam a refletir sobre uma sociedade mais justa e humanizada.
15
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O lúdico
A origem da palavra ―lúdico‖ vem do latim ludus, que significa ―brincar‖
(SANTOS, 2002). Para Santos (2002), o lúdico faz parte das ações do ser humano e
caracteriza-se por ser espontâneo, funcional e satisfatório, ou seja, o que é importante na
atividade lúdica não é simplesmente o resultado, mas a ação, a vivência do movimento.
Ludicidade é, portanto, tudo quanto diverte e entretém o ser humano e envolve uma ativa
participação.
O lúdico merece total atenção dos educadores, já que contribui para o
desenvolvimento da criança. Cada criança tem suas próprias características, portanto, a
eficácia do método de ensino não atinge a todos da mesma forma. Para que haja sucesso
nesse processo, o educador deve utilizar-se dos mais diversos mecanismos de ensino,
incluindo as atividades lúdicas. Essas atividades devem ser capazes de estimular o
interesse, a interação, a capacidade de criar e recriar, a observação, e que possibilite as
crianças relacionar conteúdos e conceitos.
A partir da ludicidade, as ações cognitivas e afetivas proporcionam o
amadurecimento emocional, aumento da inteligência e da sensibilidade da criança, de
forma a garantir que suas potencialidades e afetividades se harmonizem.
Segundo Goetze (2015) as brincadeiras são atividades vitais para as crianças e são
importantes em todos os aspectos de sua construção, já que sua personalidade começa a se
firmar na ação do brincar, onde estão inseridas importantes funções, adequadas para
auxiliar a criança no seu desenvolvimento, na sua aprendizagem e na interação com o meio,
além da responsabilidade pela construção da identidade infantil, notando ainda que a
criança destina a maior parte do tempo ao brincar.
Brincando, as crianças criam seu próprio mundo, um mundo onde elas se sintam
bem, da maneira que elas querem e gostam. Desse modo, as ferramentas que elas utilizam
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são os brinquedos, pois proporcionam a criança demonstrar e criar fantasias de suas
vivências e experiências.
Através do brincar, as crianças adquirem um melhor conhecimento e se sociabiliza
com facilidade, adquirem o espírito de grupo, aprendem a tomar decisões e percebem
melhor o mundo em que vivem. Segundo Vygotsky (apud Santos 2013, p.13), o lúdico
influencia muito no desenvolvimento da criança, pois, através do lúdico a criança
desenvolve sua curiosidade, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o
desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.
Todavia, maneiras de brincar estão substituindo as formas de interações lúdicas. As
brincadeiras como, pega-pega, esconde-esconde entre outras atividades recreativas estão
ficando cada vez mais de lado e sendo substituídas por atividades em que a criança tende a
ficar na condição de passividade física, além de menor interação social, diminuindo a
liberdade de criar e recriar. Uma das atividades que o professor pode usar para estimular o
interesse do aluno e facilitar na sua aprendizagem é o jogo.
2.2 Lúdico e jogo
O jogo expressa-se como uma opção expressiva e importante no exercício
pedagógico, e a possibilidade de compreender o jogo como processo educativo é refletir na
educação numa perspectiva criadora, autônoma e consciente. Através do jogo, não somente
se tem uma abertura para o mundo social e para a cultura infantil como se encontra uma
rica iniciativa de incentivar o seu desenvolvimento, pois, o jogo é o caminho através dos
quais os pensamentos e sentimentos são transmitidos pela criança, por isso ajuda no
desenvolvimento da fala e também interferem no desenvolvimento infantil, motor e moral
da criança. Outro ponto importante é a socialização, que é imprescindível para o
desenvolvimento moral e cognitivo.
O lúdico tem o poder de seduzir o interesse do aluno, que passa a aprender de forma
agradável. Vivemos em um tempo que a tecnologia avança rapidamente, inclusive na
educação. Nota-se que o avanço da tecnologia e dos instrumentos como computadores,
celulares, tabletes, videogames, entre outros objetos tecnológicos, tem contribuído para que
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as crianças brinquem de forma diferente, se comparado com antes da criação desses
equipamentos tecnológicos. Novas distrações estão surgindo para as crianças, brincadeiras
que eram comuns como as de roda, pega-pega, amarelinha, entre outras, estão dando lugar
as novas ferramentas tecnológicas. O que não quer dizer que a tecnologia não seja
importante, saber utilizar os novos dispositivos é útil e satisfatório, desde que sejam
utilizados com sabedoria e discernimento, como contribuir no desenvolvimento intelectual
e educacional das crianças. Porém, devemos saber que horas e horas em frente a telas de
computadores, celulares e televisões podem provocar o sedentarismo, que além de
prejudicar a saúde física, danifica também a saúde mental, e que a falta de interação
principalmente com pessoas da mesma faixa etária pode fazer com que a criança encontre
dificuldades de adaptação no mundo em que vive.
Dessa forma, é fundamental que o educador também utilize como ferramenta de
ensino as atividades lúdicas, e umas das ferramentas que pode ser explorada é o jogo. Sobre
isso, Carvalho (1992) afirma:
[...] desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância,
pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta,
através de esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo adulto,
começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as
atividades vivenciadas naquele instante.
O jogo auxilia não somente o desenvolvimento social, moral e cognitivo, mas
também o político e o emocional. O jogo implica para a criança muito mais do que o
simples ato de brincar. Através do jogo, ela se comunica com o mundo em que vive e
também se expressa. A respeito disso, Macedo (apud Santos, 2013) diz que o jogo é uma
necessidade infantil, porque tem um objetivo educacional que começa como exercício
funcional. A criança que joga, adquire mais preparo para a fase adulta. O jogo tem um
papel amplo: leva a criança a refletir.
Além disso, segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(RCNEI) (BRASIL, 1998, p. 28):
―[...] os jogos de construção e aqueles que possuem regras, como os jogos de
sociedade (também chamados de jogos de tabuleiro), jogos tradicionais,
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didáticos, corporais, etc., propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis
por meio da atividade lúdica‖.
Portanto, os jogos não têm apenas o objetivo de gastar a energia das crianças, mas é
um meio que enriquece o desenvolvimento intelectual e que pode contribuir
significativamente na educação, a partir do significado que o educador dá ao jogo.
Diante do exposto notamos o jogo como promotor da aprendizagem e do
desenvolvimento, que passa a ser considerado nas práticas escolares como importante
aliado para o ensino, já que colocar o aluno diante das situações lúdicas como jogo pode ser
uma boa estratégia para aproximá-lo dos conteúdos culturais a serem veiculados na escola
(KISHIMOTO, 1994).
2.3 Educação infantil
A educação e as ações relacionadas à primeira infância são assuntos tratados com
prioridades pelos órgãos responsáveis. No Brasil, a Educação Infantil, isto é, o atendimento
a crianças de zero a seis anos em creches e pré-escolas, é um direito assegurado pela
Constituição Federal de 1988. A partir da aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, a Educação Infantil (IF) passa a ser definida como a primeira etapa da
Educação Básica (BRASIL, 1996).
Trabalhar com crianças de séries iniciais torna-se uma tarefa muito delicada, já que
se trata do início de sua formação e o começo da vida escolar. Na Educação Infantil (EI) o
objetivo deve ser muito mais do que somente aplicação de conteúdo, a criança deve ser
preparada para as possíveis situações do dia a dia, e um dos lugares mais adequados e
apropriados para isso é a escola.
Uma grande vantagem de se trabalhar com o lúdico no processo de ensino
aprendizagem é que o lúdico contribui para superar alguns métodos de ensino indesejáveis,
que são os finalizados, acabados, repetitivos e monótonos, que acabam se tornando
desagradáveis e pouco prazerosos.
Nesse sentido, vários estudos realizados já mostravam que os seis primeiros anos de
vida são essenciais para o desenvolvimento humano e para a formação da inteligência e da
personalidade. Segundo a LDB (BRASIL 1996, art. 29):
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―a EI tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis
anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade.‖
Isso faz com que a Educação Infantil no Brasil comece a conquistar o seu espaço e
dar importância ao lúdico no cotidiano escolar.
Dar visibilidade à ludicidade na escola é perceber a criança como um ser que possui
uma linguagem própria de expressão, é permitir-lhe experienciar um envolvimento mais
profundo com que está sendo proposto. Assim, conforme explicita Bonfim (2010, p.21):
A Educação Infantil , mais do que antes, é vista como uma educação que visa
o desenvolvimento integral da criança, como confirma Bacelar (2009), onde
ele enfatiza que no início a mesma era vista como um atendimento
assistencialista no Brasil, mas observa que, ao longo dos anos, foi se
expandindo, foram surgindo outras perspectivas que visavam atender a outras
necessidades que não fossem apenas aquelas das mães que tinham que
trabalhar e por isso, precisavam de um local para deixar seus filhos. Hoje,
percebe-se a importância de cada atividade do cotidiano da criança, inclusive
das atividades lúdicas que devem fazer parte do processo do desenvolvimento
infantil.
Além do mais, a idade e as características das crianças devem ser respeitadas, pois,
se a atividade lúdica indicada não estiver de acordo com a maturidade do aluno, a atividade
se tornará mais uma vez desestimulante e cansativa. A ludicidade deve ter como foco a
criança no cotidiano atual. Enfatiza-se que nos primeiros anos de vida uma das principais
linguagens que a criança dispõe é a do movimento. Nessa perspectiva, a Educação Física
tem grande valor nessa fase, porque trabalha as manifestações culturais do movimento,
contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento infantil.
2.4 Educação física infantil
Desde o início do surgimento da disciplina Educação Física Escolar, grandes
modificações foram surgindo, tanto pelos fatores históricos, políticos e sociais. Devido a
isso, as aulas também foram se modificando, por exemplo: tivemos uma época na qual seus
objetivos eram voltados as modalidades esportivas, onde o foco era a formação de atletas, o
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destaque era apenas aos mais habilidosos, aumentando ainda mais a desmotivação e a não
participação das aulas por parte dos alunos.
Ainda seguindo a linha de raciocínio anterior, nota-se que essa situação contribui
para a desvalorização da disciplina e nos faz perceber que alguns dos objetivos da educação
física não estão sendo reconhecidos e incorporados no planejamento feito pelos professores,
como por exemplo, a aplicação do lúdico nas séries iniciais. As atividades lúdicas não
podem ser consideradas como algo sem valor, já que atendem as necessidades do
desenvolvimento.
O papel da instituição escolar é colaborar para o processo de sistematização e
construção de conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade, de modo a
contribuir na apropriação desses saberes por parte dos alunos e alunas. Neste sentido, a
educação física apresenta a função político-social de possibilitar a conservação, renovação
e transmissão dos conhecimentos mais diretamente relacionados ao corpo e as práticas
corporais, ou seja, a cultura corporal de movimento.
A mais recente Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional propõe que a
disciplina da Educação Física faça parte da proposta político pedagógica da escola. Art.26,
§ 3º.: ―A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente
curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população
escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos (BRASIL, 1996)‖ . Sendo assim, essa Lei
garante que deve ser ensinada Educação Física na escola, inclusive para crianças abaixo de
seis anos.
Além disso, a linguagem corporal é uma das principais abordagens a serem
trabalhadas na infância, já que é um elo integrador entre todos os aspectos (motores,
cognitivos, afetivo e social), permitindo assim, o contato com as mais diferentes
manifestações da cultura corporal de movimento, tendo em vista a dimensão lúdica como
elemento primordial para a ação educativa na infância, sem perder sua função pedagógica
(AYOUB, 2001).
Pode-se compreender assim, entre outros aspectos que a educação física infantil tem
por objetivo a organização da motricidade da criança, visando o desenvolvimento corporal
harmônico (físico-mental). Dessa forma, a aquisição de habilidades motoras, o controle
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corporal, a utilização de movimentos como forma de expressão, a socialização,
manipulação de objetos, entre outros, devem ser trabalhados com a criança, sem esquecer
das necessidades individuais e as necessidades do grupo.
Além disso, assim como ocorre nas demais disciplinas, as aulas de educação física
devem ser planejadas passo a passo. A inserção da disciplina de Educação Física na EI só
será realmente considerada importante e fundamental se os profissionais que nessa área
trabalham estiverem participando efetivamente do projeto político pedagógico da escola.
Nesse sentido, percebemos que a Educação Física Infantil ajuda a organizar a
capacidade de reflexão pedagógica da criança, dando-lhe acesso ao conhecimento que já se
tem produzido sobre a cultura corporal, lembrando-se sempre de valorizar todas as
informações que as crianças já possuem, podendo o educador usufruir de todo seu acervo
lúdico para alcançar tal objetivo.
Assim, o professor de Educação Física deve ser o mediador, deve interagir com as
crianças lhes proporcionando situações de aprendizagem, ou seja, deve estar atento para
reformular as atividades quando necessário, mediar conflitos, fazer seus planejamentos de
aula visando a progressão dos alunos, além de compreender cada estágio de
desenvolvimento para estimular corretamente cada etapa.
De acordo com Oliveira (2002):
O estudo do papel do educador junto às crianças não pode descuidar das
relações que elas estabelecem entre si nas diferentes situações. Atos
cooperativos, imitativos, diálogos, disputas de objetos e mesmo brigas, entre
tantos outros, são grandes momentos de desenvolvimento. Todas essas
situações são frequentes nas creches e pré-escolas, devendo os professores
criar situações para lidar positivamente com elas (p. 141).
Assim sendo, podemos dizer que a Educação Física tem um papel de extrema
importância na Educação Infantil, visto que, pode proporcionar as crianças uma diversidade
de experiências através das quais elas podem desenvolver sua criatividade, ter contato com
pessoas que não sejam do seu ambiente familiar, descobrir seu próprio corpo por meio de
novos movimentos, além de descobrir os limites do mesmo. Isso significa que a Educação
Física estará auxiliando no desenvolvimento motor, cognitivo e social afetivo da criança,
mesmo ainda sofrendo com alguns estereótipos e preconceitos no campo educacional, ela
22
tem enorme prestígio na primeira infância. A Educação Física consegue fazer este auxilio
de uma forma prazerosa através de jogos, brincadeiras.
23
2.5 O lúdico como instrumento pedagógico na educação física infantil
A criança quando chega ao ambiente escolar trás consigo uma bagagem de
conhecimento e aprendizagem conquistados no seu convívio social, porém é através da vida
escolar, com o apoio das atividades lúdicas, que elas vão conquistando e adquirindo novos
conhecimentos sobre o mundo ao seu redor. Optar por aplicar atividades envolvendo o
lúdico nas aulas de Educação Física Infantil (EFI) é de grande importância visto que
estimula a criatividade, dando a aprendizagem uma qualidade, de maneira que estimule o
desenvolvimento social, cognitivo, afetivo e psicomotor.
O lúdico é parte integrante do mundo infantil, os jogos e os brinquedos fazem parte
da infância da criança, onde a realidade e o faz de conta se inter-relacionam. No entanto,
não podemos considerar que o lúdico seja algo não serio, ou apenas diversão, mas sim, algo
de extrema importância que auxilia de forma significativa o processo ensino aprendizagem
na fase da infância.
Conforme Aguiar (1998, p.36)
A atividade lúdica é reconhecida como meio de fornecer à criança um
ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a
aprendizagem de várias habilidades, além de trabalhar estas habilidades na
criança, ajudará no desenvolvimento da criatividade, na inteligência verbal-
linguística, coordenação motora, dentre outras. Partindo da consideração de
que as atividades lúdicas podem contribuir para o desenvolvimento Intelectual
da criança, Platão ensinava matemática às crianças em forma de jogo e
preconizava que os primeiros anos da criança deveriam ser ocupados por
jogos educativos.
Portanto, o lúdico como instrumento pedagógico tem como um dos seus objetivos
auxiliar a criança a obter melhor desempenho na aprendizagem através da utilização de
uma metodologia espontânea, divertida e recreativa. As aulas de Educação Física Infantil
podem ser trabalhadas levando em consideração três pilares: a experiência corporal, a
experiência material e a experiência de interação com o meio (social) (BASEI, 2008).
A experiência corporal está relacionada à cultura do movimento, sendo assim,
proporciona as crianças um leque de possibilidades de movimentos que as façam
compreender seu corpo, perceber os movimentos de forma consciente. Já a experiência
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material esta relacionada a manipulação de objetos, cuja manipulação ajudará a criança a
ter autonomia sobre o mesmo, ajudando também na sua coordenação motora. Por fim, a
experiência de interação com o meio será a todo o momento vivenciada, pois sempre
haverá contato com os demais colegas, em atividades trabalhadas em grupo, em momentos
de descontração.
Contudo, para que o lúdico de fato contribua no processo de aprendizagem, ou seja,
na construção do conhecimento é necessário que o educador norteie as atividades propostas
para que ao final, a atividade tenha obtido um caráter pedagógico. É importante que o
brincar seja orientado pelo professor, porém a função desse profissional não pode ser de
decidir e sim mediar, observar e potencializar, sem impor a sua forma de agir, para que a
criança aprenda descobrindo e compreendendo, e não simplesmente imitando, de forma a
perceber se a criança está constantemente buscando conhecer o mundo e desenvolvendo-se
corporalmente.
O brincar pode ser considerado como uma forma de oportunizar o movimento, com
o objetivo de fazer com que a criança tenha domínio e conhecimento do seu corpo, através
das experiências sensoriais, corporais e expressivas, contribuindo para o conhecimento do
mundo de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
(BRASIL, 2010).
Em relação ao tempo, o espaço e os materiais disponíveis para a ação do brincar nas
escolas voltadas para as crianças, sabe-se que este brincar e o ambiente para o lúdico de
forma espontânea estão comprometidos (SAURA, 2014). O ambiente para a realização das
atividades lúdicas deve ser agradável e as crianças devem se sentir descontraídas e
confortáveis. A falta de materiais adequados pode prejudicar o trabalho do professor na
hora de passar as atividades.
Quando nos referimos à palavra espontânea, entende-se como a participação da
criança de forma livre nas atividades escolhidas por elas. O brincar espontâneo além de
promover o desenvolvimento físico e motor também atua como fator de desenvolvimento
psicológico, intelectual e social (SAURA 2014), pois, as crianças não veem o mundo como
os adultos, elas não ficam pressionadas e não se preocupam com os resultados das ações.
25
De acordo com o trabalho de Kunz (2007), se os professores desejarem como intuito
dos seus momentos de Educação Física com as crianças, que estas tenham tempo para
serem crianças e que sejam aceitas como se encontram no momento presente de suas vidas,
o brincar livre e espontâneo - o se-movimentar, conceito difundido pelo autor, no qual a
criança tem autonomia na escolha, no momento e na maneira de brincar – deve ser um
conteúdo a ser seguido e valorizado em suas práticas. Brincar livremente não pode mais ser
visto apenas como desperdício de tempo e tão pouco destituído de consequências na
aprendizagem e no desenvolvimento, sobretudo quando se refere ao mundo das crianças
(HOLT, 2006).
Além disso, segundo Anjos (2013) as brincadeiras não são apenas uma forma de
entretenimento para gastar as energias das crianças, mas formas de enriquecer e colaborar
para o desenvolvimento intelectual das mesmas. Ela não é simplesmente uma distração para
os alunos, ao contrário, ocupa lugar de extraordinária importância na Educação Física
escolar, pois a mesma estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação motora,
as capacidades intelectuais, o empreendimento individual, possibilitando o avanço dos
conhecimentos teórico-práticos.
Concluindo, a Educação Física preocupa-se com a expressividade da criança, seu
movimento/brincadeira. O brincar espontâneo, da mesma forma que o tempo e sua
utilização, geram influências no processo de formação das crianças, e não podem ser
negligenciados e considerados aspectos neutros dentro deste contexto. (STAVISK, 2013).
26
3. DISCUSSÕES
Ao analisarmos o conceito de lúdico em diferentes literaturas que o apresentam,
podemos perceber certas concepções no que diz respeito a sua compreensão, pois alguns
relacionam o lúdico aos jogos e brincadeiras e o compreendem como uma atividade
diferente que deixa as aulas mais dinâmicas, atrativas.
Nos dicionários são mostrados os significados frequentemente atribuídos ao lúdico,
qualificado como um adjetivo ―que tem o caráter de jogos, brinquedos e divertimentos‖, os
quais constituem ―a atividade lúdica das crianças‖ (FERREIRA, 1986). Esta informação
nos leva a questionamentos, pois restringe o lúdico apenas às crianças, como se as outras
faixas etárias que praticam apenas das atividades ―sérias‖ não pudessem desfrutar das
atividades lúdicas, como se o lúdico tivesse caráter improdutivo. Outro fator é que mostra o
lúdico apenas como jogos e brincadeiras, não expõem os fatores culturais, sociais e os
demais valores atribuídos.
Dentro da etimologia do lúdico a palavra "ludus" abrange toda a rede de
significados de jogos, sejam eles, de recreação, competição, de azar, apresentações teatrais,
entre outros. Isso nos permite observar que seu significado vai além das ações das
crianças, ele abrange também as ações dos adultos (HUIZINGA, 2014).
Ainda dentro do latim temos a palavra "serius" que é o oposto a palavra "ludus".
Para Aristóteles (apud BROUGERE, 2003), o jogo é entendido como uma oposição ao
trabalho, necessário para que o indivíduo repouse e recomponha a sua energia para o
trabalho. Sendo assim, o jogo não se associa ao prazer ou ao lazer, estes considerados como
a expressão da felicidade e da virtuosidade.
Para Santin (1994) a ludicidade é fantasia, imaginação e sonhos que se constroem
como um labirinto de teias urdidas com materiais simbólicos. Segundo o autor, o impulso
lúdico que habita o imaginário humano contrapõe-se à ―coisificação‖ do humano, à
racionalidade técnica, à razão científica e à lógica racional do capitalismo.
Ainda sobre as visões de lúdico, Alves (2003) em sua pesquisa sobre o ―corpo
lúdico Maxakali‖, entende o lúdico como um valor presente na essência do ser humano que
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representa, por meio do seu corpo, tanto as possibilidades quanto a diversidade da espécie
humana, ao mesmo tempo em que lhe proporciona prazer e alegria.
Em relação ao jogo, Kishimoto (1999) tem a seguinte visão: o jogo é criado e
recriado pelo ser humano. A criança é um ser em pleno processo de apropriação da cultura,
precisando participar dos jogos de uma forma espontânea e criativa. Assim, é possível dizer
que os jogos são capazes de aumentar a curiosidade, a criticidade e a confiança. Além
disso, desenvolverão capacidades para resolver problemas direcionados ao conhecimento,
necessário para a adaptação do mundo da cultura.
Em relação a EI foi possível enfatizar nos trabalhos lidos a importância de dar
prioridade aos primeiros seis anos, já que a primeira infância é um período crucial na vida
das crianças; é nesta fase que elas conquistam capacidades fundamentais para o
desenvolvimento de habilidades que irão impactar na sua vida adulta. E por se tratar do
início de sua formação e da sua vida escolar, cuidar da educação infantil é cuidar do futuro
das nossas crianças. Uma das principais ferramentas para essa conquista é o brincar.
Sobre isso, Bonfim (2010) frisa que as atividades lúdicas para as crianças não são
apenas desejos, mas são necessidades ocultas. Já Saura (2014) considera o brincar como
forma de favorecer o movimento; para ela, brincando, a criança conhecerá mais seu corpo,
seus limites, desejos e o mundo em que vive.
Sabemos que com a promulgação da lei das Diretrizes e Bases, Lei nº 9.394/96 a
Educação Física alcançou um grande avanço, pois este documento veio para estabelecer a
obrigatoriedade da disciplina na Educação Básica. Embora saibamos que apesar da
obrigatoriedade a Educação Física ainda tem muito que avançar dentro do ambiente
escolar, pois esta ocupa um importante papel na construção do conhecimento e na
reconstrução da sociedade (BRASIL, 1996).
Entendemos ainda que a EF tem muito a contribuir no processo de formação da
criança, visto que a disciplina tem facilidade de fazer as experiências corporais se
aproximarem diretamente do lúdico, método através do qual o aprendizado parece ter maior
avanço.
28
Para Ayoub (2001) a Educação Física na Educação Infantil pode configurar-se
como um espaço em que a criança brinca com a linguagem corporal, com o corpo, com o
movimento, alfabetizando-se nessa linguagem:
Brincar com a linguagem corporal significa criar situações nas quais a criança
entre em contato com diferentes manifestações da cultura corporal (entendida
como as diferentes práticas corporais elaboradas pelos seres humanos ao
longo da história, cujos significados foram sendo tecidos nos diversos
contextos sócioculturais), sobretudo aquelas relacionadas aos jogos e as
brincadeiras, às ginásticas e às danças, sempre tendo em vista a dimensão
lúdica como elemento essencial para a ação educativa na infância. Ação que
se constrói na relação criança/adulto e criança/criança e que não pode
prescindir da orientação do(a) professor(a).
No que diz respeito à relação professor/aluno (criança), esta necessita ser
constituída de forma gradativa e conjunta entre escola e comunidade, fortalecendo assim, o
trabalho na educação infantil. Sabemos ainda que a criança possui seu tempo de
aprendizagem e é preciso saber respeitá-lo, criando um contexto de ludicidade que seja
atrativo para que essa criança desperte o interesse pelos saberes a serem aprendidos e os
novos desafios que serão propostos.
Apesar de não ter sido um dos objetivos da nossa pesquisa, não podemos deixar de
retratar a falta de discussões que abordem a temática do lúdico sobre fatores
problematizadores de nossa sociedade, como questões voltadas aos preconceitos e aos
estereótipos.
Assim, não basta uma vivência ser lúdica para que contribua com a educação, pois
alguns dos problemas presentes em nossa cultura podem ser reforçados. Exemplificando
essa questão, podemos reproduzir os papéis sociais atribuídos aos homens e as mulheres
através do brincar.
29
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das diferentes abordagens em torno do conceito de lúdico, compreende-se
que ainda há muitas dúvidas para concluir e chegar ao conceito mais apropriado. Uma das
causas dessa dificuldade de percepção pode estar relacionada as palavras ou ao termo
lúdico que são: jogos e brincadeiras.
O lúdico como meio pedagógico está além de ser apenas jogos e brincadeiras, de
garantir divertimento, suas características são bem mais acentuadas como: desenvolver
habilidades motoras e intelectuais, fixar conteúdos de maneira prazerosa e envolvente,
permitindo assim ao educando produzir sua aprendizagem.
Concluindo, este estudo permitiu-nos compreender o quanto o lúdico pode
contribuir na EFI, levando a criança a conhecer, compreender e construir seus próprios
conhecimentos, dando a ela a oportunidade de adquirir diferentes experiências e
habilidades.
Assim, esta pesquisa pode vir a permitir que o educador possa refletir, compreender
e se conscientizar sobre as vantagens do lúdico, fazendo com que ele possa se adequar a
determinadas situações de ensino.
30
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