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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRICOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA DE RECURSOS HÍDRICOS E DO MEIO AMBIENTE JÚLIA ALMEIDA VASCONCELOS DIMENSIONAMENTO E CONSTRUÇÃO DE UM TANQUE COM GERAÇÃO E ABSORÇÃO DE ONDAS EM PEQUENA ESCALA NITERÓI, RJ 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRICOLA E MEIO AMBIENTE

ENGENHARIA DE RECURSOS HÍDRICOS E DO MEIO AMBIENTE

JÚLIA ALMEIDA VASCONCELOS

DIMENSIONAMENTO E CONSTRUÇÃO DE UM TANQUE COM GERAÇÃO E ABSORÇÃO DE ONDAS EM PEQUENA ESCALA

NITERÓI, RJ

2019

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JÚLIA ALMEIDA VASCONCELOS

Trabalho de Conclusão de curso

apresentado ao Curso de Engenharia

de Recursos Hídricos e do Meio

Ambiente, da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial à

obtenção do título de Bacharel em

Engenharia Ambiental.

Campo de Confluência: Energia

renovável.

Orientador:

Prof. Gabriel de Carvalho Nascimento

Niterói, RJ

2019

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,

PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais por me incentivarem a estudar enquanto vivos. Ambos

me inspiram e dão forças até hoje para continuar a caminhada.

À minha tia Margarida Soares, Maria Martha Velloso e José Antônio S.

Pinto por acreditarem em mim, me apoiarem nos momentos mais difíceis.

Dando todo o suporte que necessitava para conseguir concluir minha

graduação.

Ao professor Gabriel Nascimento, pela orientação, dedicação e

paciência nos momentos de dificuldade. Toda ajuda fornecida fez toda a

diferença no desenvolvimento desta monografia. Agradeço ainda pela

oportunidade dada de me aprofundar um pouco mais meu conhecimento em

energias renováveis. Um tema que tenho paixão.

Ao técnico de laboratório do LTM, Alex Pereira de Souza. Sua

colaboração no desenvolvimento de peças específicas foi fundamental para o

funcionamento do tanque de ondas.

À aluna, estagiária voluntária do laboratório HidroUFF e amiga, Giada

Cardillo, por ser meu "braço direito" durante todo o semestre. Todo o seu

apoio, companheirismo, e ajuda no trabalho braçal durante toda a construção

do projeto proposto.

A todos os amigos e parentes que em algum momento deram o

acalanto, e calma nos momentos que mais precisava. A participação de todos

foi fundamental na conquista até agora.

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"Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água

no mar. Mas, o mar seria menor se lhe faltasse uma gota."

Madre Teresa de Calcutá

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RESUMO

O presente trabalho aborda inicialmente a fundamentação teórica

referente às principais questões relacionadas à matriz energética no país e a

importância das energias alternativas. Tais como, meio de reduzir

gradativamente a dependência do petróleo e outras fontes não renováveis.

Além disso, apresenta as energias oceânicas existentes, indicando dispositivos

apropriados a cada caso. Visando desenvolver pesquisas acadêmicas no

Laboratório de Hidráulica da Escola de Engenharia da UFF (HidroUFF), com

relação a geração de energia ondomotriz na busca por aperfeiçoamento das

tecnologias utilizadas no setor, foi elaborado tanto o dimensionamento, quanto

a montagem de um sistema de geração e absorção passiva de ondas para um

tanque em pequena escala. Após término da instalação do projeto, as

medições realizadas indicaram que as ondas geradas possuem parâmetros

com valores próximos aos calculados e o amortecimento provocado pela praia

ocorreu de maneira satisfatória

Palavras-Chave: onda, energia, tanque, gerador, absorvedor, oceano.

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ABSTRACT

The present work initially addresses the theoretical basis of the main

issues related to the energy grid in Brazil and the importance of alternative

energies as a manner to gradually reduce the dependence on oil and other non-

renewable sources. In addition, it presents the existing ocean energies,

indicating appropriate devices in each case. In order to develop the wave

energy generation academic research in the Hydraulic Laboratory of the

Engineering School of UFF (HidroUFF), this work searches for technologies

improvement in this the sector. The design was first elaborated, followed by an

assembly of a system of generation and passive absorption of waves to a small-

scale tank. Some difficulties were encountered throughout the construction,

such as the uneven floor of the laboratory and stationary waves generated in

the region behind the wave generator. After completion of the project

installation, tests were ran to evaluate if the generated waves had parameters

that match the estimated values and if their respective damping occurs when

they pass over the absorber. In order to observe that, measures were fixed,

and repeated filming were made, which reveled satisfactory results.

Keywords: energy, wave, tank, generator, absorber, ocean

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Previsão da altura significativa e direção da onda no dia 08 de julho

de 2019 ............................................................................................................ 21

Figura 2. Previsão do período médio da onda em 08 de julho de 2019 ........... 21

Figura 3. Ditribuição das plantas de dessalinização no mundo ........................ 22

Figura 4. Maré astronômica.............................................................................. 23

Figura 5. Funcionamento de uma usina maremotriz ........................................ 24

Figura 6. Configurações possíveis para uma usina maremotriz ....................... 24

Figura 7. Regiões viáveis para geração de energia maremotriz ...................... 25

Figura 8 Turbina para aproveitamento de energia das correntes marinhas ..... 25

Figura 9. Geração de energia por gradiente de temperatura ........................... 26

Figura 10. Geração de energia por gradiente de salinidade ............................ 27

Figura 11. Distribuição mundial da potência média por metro de frente de onda

(kW/m) .............................................................................................................. 28

Figura 12. Perfil do modelo Pelamis instalado ................................................. 29

Figura 13. Pelamis instalado no mar ................................................................ 29

Figura 14. Dispositivo pontual .......................................................................... 29

Figura 15. Dispositivo AWS .............................................................................. 30

Figura 16. Esquema do LIMPET ...................................................................... 30

Figura 17. Central LIMPET, instalada na Ilha de Islay, Escócia ....................... 31

Figura 18. Parâmetros mais importantes de uma onda regular........................ 31

Figura 19. Movimento orbital conforme profundidade da água ........................ 34

Figura 20. Energia cinética e potencial de uma onda ....................................... 34

Figura 21. Tanque de ondas do HidroUFF ....................................................... 35

Figura 22. Gerador de ondas do tipo placa basculante .................................... 37

Figura 23. Stroke no nível d'água e no topo da placa ...................................... 37

Figura 24. Jogo de Polias. ................................................................................ 39

Figura 25. Redutor de velocidade comprado ................................................... 41

Figura 26. Peça de fixação criada no LTM ....................................................... 43

Figura 27. Movimento circular com biela fixada sem rolamento ....................... 44

Figura 28. Movimento circular com biela fixada com rolamento ....................... 45

Figura 29. Vinculações possíveis em uma barra .............................................. 46

Figura 30. Secção transversal da barra ........................................................... 47

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Figura 31. Motor com caixa redutora acoplada ................................................ 50

Figura 32. Sistema de geração de ondas montado .......................................... 51

Figura 33. Absorvedor de ondas linear ............................................................ 53

Figura 34. Absorvedor de ondas linear suspenso ............................................ 54

Figura 35. Absorvedor Parabólico até o fundo do tanque ................................ 54

Figura 36. Absorvedor de perfil parabólico suspenso. ..................................... 55

Figura 37. Topo do absorvedor de ondas finalizado ........................................ 56

Figura 38. Fixação parcialmente feita do suporte do absorvedor ..................... 57

Figura 39. Ondas atingindo o absorvedor de ondas ......................................... 57

Figura 40. Emborrachado utilizado para nivelamento do tanque ..................... 58

Figura 41. Fitas dupla face utilizadas ............................................................... 59

Figura 42. Materiais utilizados para atenuar as ondas atrás da placa .............. 60

Figura 43. Estacas usadas para segurar o absorvedor .................................... 60

Figura 44. Teste 1 ............................................................................................ 61

Figura 45. Crista da onda ................................................................................. 62

Figura 46. Gráfico da régua 2........................................................................... 63

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Reservas provadas de petróleo bruto em janeiro de 2018 ............... 17

Tabela 2. Capacidade de fontes alternativas instaladas (GW) ......................... 18

Tabela 3. Geração Elétrica no Brasil (GWh) .................................................... 19

Tabela 4. Relação entre a profundidade da água e valores da razão. ............. 33

Tabela 5. Resumo dos dados referentes ao protótipo e a onda desejada para o

modelo reduzido ............................................................................................... 36

Tabela 6. Informações técnicas do redutor de velocidade ............................... 42

Tabela 7. Propriedades mecânicas médias de materiais típicos de engenharia

......................................................................................................................... 49

Tabela 8. Tipos de rebentação de ondas conforme número de Iribarren ......... 52

Tabela 9. Resumo dos dados calculados e medidos ....................................... 62

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LISTA DE SIMBOLOS

a Amplitude

A Área

c Celeridade

E Módulo de Young

f Frequência

F força

ha Altura da coluna d'água

H Altura da onda

h Altura do flap

ht Altura da coluna d'água

hx Altura da parábola

i Raio de giração

I Momento de inércia

Ir Numero de Iribarren

k Numero de onda

L Comprimento da barra

Lef Comprimento efetivo

Pcr Carga crítica

r Raio

S Stroke no nível d'água em repouso

St Stroke no topo do flap

t Tempo

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T periodo

v Velocidade escalar

W Watts

kW Kilowatt

b Índice de esbeltez

l Comprimento da onda

∅ Diâmetro

sad Tensão admissível

scr Tensão crítica

se Tensão de escoamento

Q Ângulo entre o plano da praia e o fundo do tanque

w Frequência angular

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LISTA DE ABREVIATURAS

BEN Balanço Energético Nacional

CIA Central Intelligence Agency

CPTEC Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos

EPE Empresa de Pesquisa Energética

HidroUFF Laboratório de Hidráulica da Escola de Engenharia da UFF

LIMPET Land Installed Marine Pneumatic Energy Transformer

LTM Laboratório de Tecnologia Mecânica

MME Ministério de Minas e Energia

PNE Plano Nacional de Energia

rad Radiano

rpm Rotações por minuto

UFF Universidade Federal Fluminense

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................... 17

2. OCEANO ............................................................................... 22

2.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE UMA ONDA ............ 31

3. O PROJETO .......................................................................... 34

3.1. O TANQUE ........................................................................... 35

3.2. CARACTERÍSTICAS DESEJADAS PARA AS ONDAS

GERADAS 35

3.3. SISTEMA DE GERAÇÃO DE ONDAS ................................. 36

3.3.1. MOTOR .............................................................................. 38

3.3.2. BIELA ................................................................................. 45

3.4. ABSORVEDOR DE ONDAS ................................................. 51

3.5. DIFICULDADES ENFRENTADAS E SOLUÇÕES PRÁTICAS

PROPOSTAS ............................................................................................ 57

3.6. RESULTADOS ...................................................................... 61

4. CONCLUSÃO ........................................................................ 64

5. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ......................... 65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................. 66

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1. INTRODUÇÃO

O petróleo ainda é a principal fonte de energia utilizada pelo ser

humano. De acordo com a Tabela 1, elaborada pela CIA, a Arábia Saudita tem

a maior reserva provada de petróleo bruto. Contudo, além de ser responsável

por intensa poluição atmosférica, agravando problemas ambientais tais como o

efeito estufa, esse recurso natural não é renovável. Ou seja, ele se esgotará.

Isso ocorrerá visto que, a sua formação decorre da compressão de matéria

orgânica durante milhões de anos a temperatura elevada. Logo, a sua extração

para atender a demanda das atividades antrópica é muito superior à

capacidade que a natureza tem de repor.

Tabela 1. Reservas provadas de petróleo bruto em janeiro de 2018

Classificação País Petróleo bruto

x10³ (bbl)

1° Arábia Saudita

266.200.000.000

2° Venezuela 302.300.000

3° Canadá 170.500.000

4° Irã 157.200.000

5° Iraque 148.800.000

6º Kuwait 101.500.000

7° Emirados Árabes Unidos

97.800.000

8° Rússia 80.000.000

Fonte: CIA¹

Com isso, surgiram questionamentos relacionados ao que fazer

quando não houver mais petróleo para usufruir, como gerar cada vez mais

energia impactando menos o meio ambiente. A energia está presente durante

todo o dia, porém, por não ser palpável, é comumente despercebida. Há vários

tipos: sonora, luminosa, térmica, cinética, potencial, elétrica, entre outras.

Lavoisier dizia que na natureza, nada se perde nada se cria, tudo se

transforma. A energia não foge à regra. Um exemplo simples é quando um

carro, que se encontra em elevada velocidade, é freado. Neste momento, a

1 Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-

factbook/fields/264rank.html#RS> . Acesso em: 03 jul. 2019

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energia cinética que possuía devido ao movimento é gradualmente convertida

em outras, como sonora e térmica, até cessar o movimento.

Então, a partir da necessidade por buscar formas alternativas, e

seguindo Lavoisier, pesquisas surgiram por todo o mundo a fim de viabilizar

economicamente o uso de fontes renováveis de energia, tais como, o Sol,

vento, biomassa, e oceano, transformando suas respectivas energias em

elétrica, térmica e combustível.

Tabela 2. Capacidade de fontes alternativas instaladas (GW)

2011 2012 2013 2014 2015 D%

(15/14)

Part. % (2015)

Mundo 381,3 461,9 542,0 639,0 758,3 18,7 100,0

Europa 104,3 129,0 172,1 221,3 291,7 31,8 38,5

Ásia e Oceania 186,1 220,2 244,5 265,6 289,4 9,0 38,2

América do Norte

70,6 89,1 96,9 115,7 133,6 15,5 17,6

América do Sul e Central

15,3 17,8 20,9 25,9 31,3 21,0 0,9

África 2,6 2,9 3,7 5,8 7,0 21,0 0,9

Eurásia 1,9 2,5 3,1 3,6 4,0 11,7 0,5

Oriente Médio 0,4 0,5 0,8 1,1 1,4 21,9 0,2

Fonte: EPE (2018)

É possível verificar, segundo a Tabela 2, o avanço no uso de energias

alternativas em todo o mundo. Tendo sua geração quase duplicada em quatro

anos, os principais atuantes no setor são: Europa, Ásia e Oceania. Conforme

apresentado no Anuário Estatístico de Energia Elétrica desenvolvido pela EPE

(2018), tendo como ano base 2017, a China, Estados Unidos e Alemanha são

os principais países. A tabela completa contendo os dez mais atuantes no

mundo está no Anexo A.

É valido ressaltar que nenhuma geração de energia utilizando fontes

renováveis é totalmente limpa. A extração da matéria prima, fabricação dos

equipamentos e seus componentes, descarte do material danificado com o uso,

por exemplo, geram impactos negativos ao meio ambiente.

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Contudo, ainda assim é menor do que o uso de combustíveis fósseis.

Além disso, essas questões podem ser minimizadas em qualquer setor

energético ao desenvolver estudos científicos. Assim como tem acontecido

com as placas fotovoltaicas, feitas originalmente por cristal ultrapuro de silício,

e que, atualmente, está sendo estudada a viabilidade de substituir o material

por frutas como açaí, e mirtilo. O aperfeiçoamento só é possível quando são

realizadas pesquisas constantes.

A matriz energética brasileira ainda é, na sua maioria, hidrelétrica,

conforme apresentado na Tabela 3. Visto que, o país além de possuir território

amplo, com espaço suficiente para instalação das usinas, é rico em recursos

hídricos. Entretanto, com o crescimento populacional, falhas na gestão hídrica,

períodos longos com pouca chuva onde se localizam as represas, culminaram

em crises hídricas. Por isso, é importante diversificar a matriz energética.

Assegurando o fornecimento de energia para a população mesmo quando

situações adversas atingem uma região.

Tabela 3. Geração Elétrica no Brasil (GWh)

Fonte 2017 2018 D17/18

Hidrelétrica 370.906 388.971 4,9%

Gás Natural 65.593 54.622 -16,7%

Biomassa 51.023 52.267 2,4%

Eólica 42.373 48.475 14,4%

Carvão Vapor 16.257 14.204 -12,6%

Nuclear 15.739 15.674 -0,4%

Derivados do

Petróleo 12.458 9.293 -25,4%

Outras 14.146 14.429 2,0%

Geração Total 589.327 601.396 2,0%

Fonte: BEN (2019)

Conforme observado na Tabela 3 , as fontes não renováveis estão em

declínio, enquanto as renováveis têm ganhado espaço no país, assim como no

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restante do mundo. Embora os derivados de petróleo correspondam à minoria

no setor elétrico no Brasil, o gás natural é a segunda fonte mais utilizada.

É importante preparar o país para essa mudança, a fim de certificar o

abastecimento energético, mesmo ocorrendo o decaimento da oferta dessas

fontes energéticas, aliado ao crescimento populacional. Além disso, essa

transformação gradativa da matriz energética é fundamental para um

desenvolvimento sustentável.

Uma fonte de energia renovável que atualmente tornou-se alvo de

estudos acadêmicos é a ondomotriz. Contudo, ainda há poucos estudos

desenvolvidos. Consequentemente, há muitas incertezas técnicas com relação

ao seu potencial que só acabarão após intensa pesquisa no setor.

Entre as vantagens relacionadas ao uso desse tipo de energia é que

não há liberação de poluentes para a atmosfera, as condições do meio são

previsíveis, e é possível gerar energia 24 horas por dia (diferentemente de

outras como a solar). Contudo, há desvantagens, tais como: custos elevados

para instalação, deterioração do sistema instalado, devido ao contato com a

água salgada, e exposição às intempéries.

Dentre os países existentes pelo mundo, Portugal é um exemplo que

possui incentivo ao aperfeiçoamento da geração de energia a partir das ondas,

visto que possuem condições naturalmente favoráveis. No Brasil, há o desafio

de tornar viável a geração a partir da energia ondomotriz, pois, é preciso

desenvolver tecnologia com eficiência muito elevada para tornar o projeto

economicamente viável. Isso ocorre porque, mesmo possuindo 7.757km de

costa litorânea, as ondas possuem, em média, altura entre 1 e 2 metros, como

pode ser observado na Figura 1.

Já na Figura 2, é apresentado o período médio. É valido ressaltar que

esses dados apresentados são referentes a previsão de em um curto período.

Para estudos aprofundados, visando instalação de projetos relacionados à

energia ondomotriz, é preciso avaliar o histórico mais completo do local para ter

maior precisão.

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Figura 1. Previsão da altura significativa e direção da onda no dia 08 de julho de 2019

Fonte: CPTEC

Figura 2. Previsão do período médio da onda em 08 de julho de 2019

Fonte: CPTEC

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2. OCEANO

Apesar de ser considerado o maior reservatório de água existente no

planeta, ele apenas é utilizado como fonte para uso consuntivo da água em

situações extremas. Como, por exemplo, no Oriente médio, onde há escassez

de recursos hídricos, mas a renda do país é elevada devido ao petróleo.

Podendo custear os gastos elevados no processo.

Figura 3. Ditribuição das plantas de dessalinização no mundo

Fonte: Adaptado de Foundation for Water Research (2015)

Contudo, o oceano pode ser uma excelente fonte de energia renovável.

Existem diversos meios de aproveitar seu potencial. Apesar de ser mais

comum através das marés, correntes marítimas e ondas, é possível gerar

energia a partir do gradiente de salinidade, ou de temperatura.

Segundo Tolmasquim (2016, p.413), as marés são formadas devido ao

movimento rotacional da Terra e às suas forças de atração gravitacional com o

Sol e a Lua. Essas forças afetam a superfície terrestre de modo que, a água

dos oceanos é atraída para o centro gravitacional da Lua e do Sol. Como é um

fluido, a sua distribuição ao longo do planeta é alterada. Quanto mais próximos

os corpos celestes, maior é a força de atração entre eles. Consequentemente,

maior é a deformação.

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Quando os três elementos estão alinhados, essas forças gravitacionais

são somadas e ocorre a maré alta. Opostamente, ao fazerem noventa graus

entre si, as forças se subtraem, gerando a maré baixa. Já a rotação da Terra

interfere devido ao fato do movimento circular gerar uma força centrípeta no

centro de massa do sistema Terra-Lua e Terra- Sol. Com isso, são formadas as

mesmas deformações no lado oposto do planeta.

Figura 4. Maré astronômica

Fonte: astronomiatrabalhosaoluiz.blogspot.com

A obtenção de energia elétrica, conforme apresentado por Progênio e

Freitas (2016, p. 2), pode ocorrer em sentido único, durante a maré alta ou

baixa, ou pode aproveitar as duas situações extremas da maré. Para isso, é

feita a instalação de uma barragem contendo turbina próxima ao fundo. Então,

quando o mar está na maré alta, as comportas permanecem abertas e o

reservatório enche. Em seguida, elas são fechadas e permanecem nesta

condição até a ocorrência da maré baixa. Neste momento a água atravessa a

barragem, esvaziando o reservatório, movimentando a turbina e,

consequentemente, gerando energia elétrica durante a maré baixa.

Para obter energia durante a maré alta, é preciso inverter o processo.

Ou seja, a água entra no reservatório, passando pela turbina durante a maré

alta, e sai durante a maré baixa, ao abrir as comportas, conforme apresentado

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na Figura 5. Já na Figura 6 são apresentadas possíveis configurações de uma

usina maremotriz.

Para ser capaz de gerar energia tanto na maré alta, quanto na baixa,

deve-se instalar turbina reversível.

Figura 5. Funcionamento de uma usina maremotriz

Figura 6. Configurações possíveis para uma usina maremotriz

(a) Barragem de maré (b) Lagoa de maré adjacente à costa (c) Lagoa de maré ao largo

Fonte: Fleming (2012)

Oliveira (2016, p. 33) relata que, no Brasil, os estados com melhores

condições para instalação de usinas deste tipo estão na região Nordeste e

Norte. Destacam-se Pará, Amapá e Maranhão, visto que possuem variações

de marés entre 8 e 11 metros. Na Figura 7, são indicados alguns dos locais

com melhores condições para aproveitamento da energia maremotriz no

mundo.

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Figura 7. Regiões viáveis para geração de energia maremotriz

Fonte: Adaptado de PROGÊNIO et. al. (2017)

Há ainda energia cinética devido as correntes para transformação em

energia elétrica. Ela pode ser aproveitada para girar turbinas submersas. O

processo é idêntico ao utilizado por um aerogerador. O fluido, ao deslocar-se,

passa por turbinas, como apresentada na Figura 8. Estas, por sua vez,

começam a girar e a energia elétrica é gerada.

Figura 8 Turbina para aproveitamento de energia das correntes marinhas

Fonte: http://www.electricalelibrary.com/2019/05/01/turbinas-subaquaticas/

Uma vantagem ao explorar esse tipo de energia é a periodicidade,

sendo previsível a quantidade de energia gerada no local. Além disso, Fleming

(2012, p. 49) relata que, pelo fato de a água ser mais densa que o ar, para

gerar a mesma quantidade de energia que um aerogerador, é necessária uma

turbina de tamanho inferior. Contudo, há desvantagens, citadas por Oliveira

(2016, p. 34), como a necessidade de utilizar cabos submersos, com extensão

variando entre 30 e 1.000 metros, unindo o ponto de geração até o continente,

e gastos elevados.

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Tolmasquim (2016, p.416) descreve algumas exigências e apresenta o

processo desenvolvido para gerar eletricidade a partir da variação de

temperatura ao longo da coluna d'água. Conforme apresentado na Figura 9, é

necessário construir um sistema pelo qual água superficial, que é mais quente,

aquece até ocorrer sua mudança de estado físico. Com isso, a água evapora

na câmara e passa por uma turbina, fazendo com que gire, e a eletricidade é

obtida.

Como essa conversão de energia exige um gradiente de temperatura

maior ou igual a 20o C, o vapor é direcionado até a profundidade de,

aproximadamente, 1.000 metros, onde a temperatura varia entre 4 a 5oC.

Então, o fluido chega à câmara de condensação, que é cercada pela água fria

do oceano. Consequentemente, ocorre troca de calor, o vapor condensa, e

essa água doce é descartada em seguida. Em lugares como o Japão e Hawaii,

é aplicada essa técnica.

Figura 9. Geração de energia por gradiente de temperatura

Fonte: TOLMASQUIM (2016)

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Referente à geração de energia elétrica, Tolmasquim (2016, p.

430) diz que é possível a partir do gradiente de salinidade, a partir do processo

exibido na Figura 10. Utilizando uma membrana semipermeável, separando a

água do mar da água doce, devido ao processo de osmose. Então, a água

doce atravessa a membrana para o lado onde há maior concentração de sal. À

medida que acontece esse deslocamento do fluido, há o aumento da pressão

na saída de água salobra, que movimenta uma turbina hidráulica, gerando

energia elétrica.

Lugares como estuários, onde há o encontro da água doce do rio com a

salgada do mar, são propícios para o uso desta tecnologia. Na Noruega, foi

implantada essa tecnologia. Contudo, manteve-se em operação apenas entre

os anos de 2009 e 2013.

Figura 10. Geração de energia por gradiente de salinidade

Fonte: Tolmasquim (2016)

Já a energia proveniente das ondas, também chamada de ondomotriz, é

gerada a partir do movimento das ondas superficiais e subsuperficiais. Como

elas estão presentes por toda a superfície marítima, foram desenvolvidos

dispositivos por todo o mundo capazes de extrair energia. Como relatado no

trabalho de Paredes (2008, p. 35), eles podem ser instalados na costa

litorânea, próxima à costa, ou local afastado da costa, sendo chamados de

shoreline, nearshore, e offshore, respectivamente.

Segundo Garrison (2010, p. 192), as ondas são perturbações que

ocorrem devido à transmissão de energia de uma fonte através de um meio,

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que pode ser sólido, líquido ou gasoso. Tendo sempre ação da força motriz,

que é responsável por causar a perturbação, e a força restauradora. Essa, por

sua vez, garante que o fluido retorne ao seu equilíbrio.

Em uma onda ideal, essa transmissão feita de um ponto a outro ocorre

sem movimentação de matéria. Contudo, na realidade, partículas são

arrastadas no meio.

No mar, as ondas são geradas a partir da ação do vento, gravidade,

força de atração da Lua e do Sol, força de Coriolis, causada pelo movimento

rotacional da Terra, choques entre placas tectônicas e tensão superficial.

Morais (2009, p. 35) diz que a principal geração de ondas oceânica é originada

pela ação dos ventos sobre a superfície marítima, sendo comum tanto próximo

à costa, quanto a quilômetros de distância.

Como é possível observar na Figura 10, os locais com maior potência

são: Austrália, o sul da América do Sul, Sul da África e a região costeira

ocidental da Europa.

Figura 11. Distribuição mundial da potência média por metro de frente de onda (kW/m)

Fonte: Dantas (2015)

Existem diversos dispositivos que podem ser empregados. Um deles é o

atenuador, um objeto comprido parcialmente submerso que se movimenta

conforme as ondas passam por ele, flexionando nas partes articuláveis. Para

garantir a sua eficiência, posiciona-se os “flutuantes alinhados

perpendicularmente a frente de onda” (CLEMENTE, 2013, p. 29).

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O Pelamis, representado nas Figuras 12 e 13, é um exemplo deste tipo

de dispositivo. Ao movimentar, suas articulações bombeiam óleo a alta

pressão, ativando os motores hidráulicos que, por sua vez, ligam geradores

elétricos.

Figura 12. Perfil do modelo Pelamis instalado

Fonte: PNE 2030

Figura 13. Pelamis instalado no mar

Fonte: Branco (2013)

Já os dispositivos pontuais podem ser parcialmente ou totalmente

submersos, conforme apresentado nas Figuras 14 e 15. Diferentemente dos

atenuadores, esses modelos são capazes de absorver energia em todas as

direções e possuem tamanho reduzido em relação ao comprimento de onda

local.

Figura 14. Dispositivo pontual

Fonte: Clemente (2013)

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O modelo AWS contém um gerador linear no seu interior e é instalado

abaixo do nível d’água. Então, quando a crista da onda superficial passa sobre

ele, há maior pressão, empurrando o dispositivo para baixo. Ao passar o

cavado da onda, o valor da pressão é mínimo e o dispositivo sobe. O

movimento repetitivo de subida e descida gera energia elétrica. Há modelos

instalados no Reino Unido e Irlanda.

Figura 15. Dispositivo AWS

Fonte: Neto (2017)

Outro meio de obter energia ondomotriz é construindo um dispositivo fixo

na área costeira, como apresentado nas Figuras 16 e 17. Ele possui uma

coluna que fica parcialmente submersa.

Figura 16. Esquema do LIMPET

Fonte: Pereira (2010)

Então, sobre a lâmina d'água presente dentro do dispositivo, há uma

coluna de ar. Quando a onda atinge o dispositivo, a água entra na coluna e

comprime a camada de ar, fazendo a turbina existente no topo da coluna girar.

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Figura 17. Central LIMPET, instalada na Ilha de Islay, Escócia

Fonte: Dantas (2015)

2.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE UMA ONDA

Como apresentado na Figura 18, uma onda possui o cavado, que é o

seu ponto mais baixo, e a crista como o mais elevado. A altura de uma onda,

H, corresponde a distância entre esses dois pontos, enquanto o período, T, é o

tempo necessário para que em um ponto fixo passem dois cavados ou duas

cristas sucessivas.

As ondas são classificadas como regular, quando possuem forma

senoidal com amplitude e período constante; ou irregular, quando altura e

período variam, não possui o formato uniforme e simétrico. Então, a amplitude,

que é a distância entre o nível da lâmina d'água parada e a crista ou cavado da

onda, corresponde à metade da altura de uma onda regular

Figura 18. Parâmetros mais importantes de uma onda regular

Fonte: Meirelles e Carvalho. (2007)

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A celeridade, c, corresponde à velocidade de propagação de uma onda.

Já o comprimento de uma onda, l, corresponde a distância entre duas cristas,

ou dois cavados consecutivos. Então, é possível determinar o seu valor

multiplicando a velocidade com que a onda se propaga pelo tempo que demora

ao longo do trajeto desejado, conforme indicado na Equação 1.

𝜆 = 𝑐. 𝑇 (1)

A frequência, f, é o inverso do período, logo representa quantas cristas

ou cavados passam por um ponto fixo durante um segundo. Geralmente, seu

valor é fornecido em Hertz (1/s). Já a frequência angular, w, refere-se à

velocidade em que um ponto específico se movimenta ao longo de um círculo.

O número de onda, k, indica quantas ondas ocorrem por unidade de

distância.

𝑘 = 2𝜋 𝜆⁄ (2)

Sabendo que velocidade corresponde à diferença entre o deslocamento

e o tempo necessário ao longo do trajeto percorrido, para calcular a frequência

angular, divide-se o círculo inteiro, que é 2p rad, pelo tempo ao longo do trajeto

todo, que é o período T, como é apresentado na Equação 3.

𝜔 = 2𝜋 𝑇⁄ (3)

Como a frequência é o inverso do período, é possível reescrever a

Equação 3 conforme a Equação 4.

𝜔 = 2𝜋𝑓 (4)

Segundo Mendes (2011, p. 48), quando a onda é linear, o valor da

frequência angular pode ser calculado conforme a Equação 5.

𝜔 = √𝑔𝑘 tanh(𝑘ℎ𝑎) (5)

Já a esbeltez da onda é a relação entre a sua altura e o seu

comprimento. Ela indica o quanto é afunilada.

𝐻/𝜆 (6)

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A onda pode propagar em águas profundas, intermediárias ou rasas.

Mendes (2011, p. 22) relata que, para definir em qual situação ela se enquadra,

deve-se verificar a razão entre a profundidade da água e o comprimento da

onda, conforme os intervalos apresentados na Tabela 4.

Tabela 4. Relação entre a profundidade da água e valores da razão.

Profundidade Razão tanh (kha)

Rasa ha/l < 0,05 Kha

Intermediaria 0,05 < ha /l < 0,5 Tanh (2ph/l)

Profunda ha /l 0,5 1

Fonte: Mendes (2011)

A celeridade pode ser calculada para ondas em águas rasas e

profundas, conforme as Equações 7 e 8, respectivamente.

𝑐 = √𝑔 × ℎ𝑎 (7 )

𝑐 = 1,56 × 𝑇 (8 )

Além de sua propagação linear, as moléculas de água se movimentam

individualmente em órbita. Como pode ser observado na Figura 19,quando em

águas profundas, o movimento é circular, o raio é equivalente à amplitude da

onda na superfície e o seu valor diminui rapidamente com o aumento da

profundidade, até atingir o valor igual à metade do comprimento da onda. Após

essa profundidade, a onda superficial não causa interferência no meio.

À medida que a onda se aproxima da zona costeira e a profundidade da

lâmina d'água torna-se igual à metade do comprimento da onda, há movimento

das moléculas ao longo de toda a coluna d'água e o atrito com o fundo começa

a interferir no movimento orbital e transforma-o em elíptico. É valido ressaltar

que quanto mais próximo à superfície está do fundo, mais achatada é a elipse.

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Figura 19. Movimento orbital conforme profundidade da água

Fonte: Mendes (2011)

De acordo com a figura 20, as ondas possuem tanto energia cinética,

devido ao seu deslocamento, quanto energia potencial, conforme a variação do

posicionamento das partículas na vertical.

Figura 20. Energia cinética e potencial de uma onda

Fonte: Tolmasquim (2016)

3. O PROJETO

O Laboratório de Hidráulica da Escola de Engenharia da UFF

(HidroUFF) foi beneficiado com um tanque em fibra de vidro, adquirido para o

desenvolvimento de pesquisas relacionadas à energia oceânica, a fim de

elaborar técnicas inovadoras para aperfeiçoamento da extração e conversão

dessa energia em elétrica. O recurso necessário foi oriundo do Prêmio

Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável Brasil, edição 2014.

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3.1. O TANQUE

A Figura 21 refere-se ao tanque disposto no HidroUFF. Ele contém

dimensões internas de 4 m de comprimento, 0,80 m de largura e 1,0 m de

profundidade, feito de fibra de vidro e com duas barras metálicas transversais

de reforço contra deformações excessivas durante o enchimento.

Figura 21. Tanque de ondas do HidroUFF

3.2. CARACTERÍSTICAS DESEJADAS PARA AS ONDAS GERADAS

Visando, posteriormente, analisar a conversão de energia ondomotriz

em elétrica, foram utilizados dados referentes ao litoral do Nordeste. Foram

consideradas ondas com altura média superior a 1,0 m, na maior parte do

tempo, período de pico em torno de 1,5 segundos e profundidade aproximada

de 80 metros.

A das condições de mar adotadas, aplicando a Equação 8, pode-se

estimar a celeridade em 2,3 m/s e, consequentemente, supondo que as ondas

são geradas em águas profundas, o comprimento de onda em 3,5 metros

conforme a Equação 1. Em seguida, calculando a razão entre ha e l,

confirmou-se, segundo a Tabela 4, que o valor encontrado de 1,9, por ser

superior a 0,5, indica que as ondas estão em águas profundas.

Para realizar simulações em laboratório, é preciso definir as dimensões

da onda. Foi adotada uma razão de escala geométrica 1:10. Então, dividiu-se o

valor da altura da onda considerada por dez, encontrando o valor de 0,10 m

para a altura da onda experimental (modelo reduzido). Já o comprimento de

onda foi estipulado de modo que seja possível gerar duas ondas a cada metro

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do tanque, visto que, é importante garantir uma quantidade razoável de ondas

na área efetiva para o desenvolvimento experimental.

A profundidade da lâmina d'água escolhida foi de 0,80 m. Mesmo não

seguindo a mesma escala da altura de onda, assegura que as ondas

laboratoriais sejam geradas em condições semelhantes ao protótipo (problema

real), ou seja, em águas profundas.

Tendo esses dados, o número de onda, a frequência angular, e o

período são calculados conforme as Equações 2, 5 e 3, encontrando os valores

12,6, 11 rad/s e 0,57 s, respectivamente (Tabela 5). Os cálculos detalhados

são apresentados no Apêndice I.

Tabela 5. Resumo dos dados referentes ao protótipo e a onda desejada para o modelo

reduzido

Dado Protótipo Modelo

reduzido Und

Altura, H 1,0 0,10 m

Comprimento, l 3,5 0,50 m

Período, T 1,5 0,57 s

Profundidade, ha 80 0,8 m

Celeridade 2,3 0,89 m/s

Frequência angular, w 11 11 rad/s

Número de onda, k 1,8 12,6 m-1

3.3. SISTEMA DE GERAÇÃO DE ONDAS

Para testar um dispositivo no oceano, basta realizar sua instalação no

local, visto que, as ondas já existem naturalmente. Para desenvolver o estudo

dentro de um laboratório, é necessário gerar as ondas, de acordo com os

parâmetros desejados a fim de simular o meio onde seria executado o projeto.

Para isso, foi escolhido utilizar uma placa basculante, também chamada

de flap. Conforme Figura 22, ela é fixada no fundo do tanque por um eixo de

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rotação. Então, ao puxar e empurrar a placa no topo, ela inicia um movimento

angular. Sendo o seu respectivo deslocamento horizontal o responsável por

gerar as ondas no tanque.

Figura 22. Gerador de ondas do tipo placa basculante

Fonte: Quadrante (2011)

A placa instalada possui 1,11 m de altura e 0,78 m de largura. Desta

forma, garante que a placa, mesmo ao se movimentar, permaneça com seu

topo sempre acima das ondas geradas. Contudo, para movimentar o flap, foi

fixado uma cantoneira de alumínio, elevando 4 cm o ponto onde a barra é

empurrada. Logo, foi considerado o topo da placa como 1,15 m.

Para cada onda gerada com altura, H, na superfície de uma coluna

d'água com profundidade, ha, existe um valor exato do deslocamento horizontal

que a placa basculante deve sofrer na altura do nível da água em repouso,

chamado de stroke, S. Sendo k o número de onda, Quadrante (2011, p.24) diz

que para calcular o valor de S, é preciso substituir os respectivos valores na

Equação 9.

𝑆

𝐻/2=

𝑘. ℎ𝑎 . [𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑘. ℎ𝑎). cosh(𝑘. ℎ𝑎) + 𝑘. ℎ𝑎]

𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑘. ℎ𝑎). [1 − cosh(𝑘. ℎ𝑎) + 𝑘. ha. 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑘. ℎ𝑎)] (9)

Com isso, encontrou-se o valor de 5,6 cm. Contudo, é preciso

determinar o valor de abertura no topo da placa. Esse dado pode ser obtido a

partir da semelhança dos triângulos AOB e COD apresentados na Figura 23.

Figura 23. Stroke no nível d'água e no topo da placa

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Sendo St o stroke no topo da placa, seu valor de 8 cm foi calculado

conforme equação 10.

𝑆𝑡

110=

𝑆

80 →

𝑆𝑡

110=

0,056

80 → 𝑆𝑡 = 8,0 𝑐𝑚 (10)

Para conseguir movimentar a placa com um stroke de 8 cm, foi estimado

um torque de 15 N.m no topo da placa. Tendo o valor do torque, e da

frequência angular, foi possível determinar a potência de 165W fazendo o

produto de ambos, conforme apresentado na Equação 11.

𝑃 = 𝜏 × 𝜔 = 15 ⋅ 11 = 165 𝑊 ≅ 0,22 𝑐𝑣 (11)

3.3.1. MOTOR

Para movimentar a placa constantemente de forma uniforme, é

necessário o auxílio de um motor. Sabendo que o sistema necessita de 15 N.m

de torque, e 165 W potência, determinou-se a velocidade em rotações por

exigida.

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Para isso, fez-se a conversão da frequência angular dada em radianos

por segundo necessária, conforme a Equação 12, encontrando o valor de 105

rpm.

𝑣 =60 ⋅ 𝜔

2𝜋=

60 ⋅ 11

2𝜋≅ 105 𝑟𝑝𝑚 (12)

Contudo, verificou-se que os motores disponíveis no mercado com

velocidade próxima as desejadas não atendem as necessidades do torque. Os

que atendem ao torque, por outro lado, possuem velocidade superior a 1.000

rpm, o que é muito elevado em relação ao almejado. Então, primeiramente, foi

avaliada a possibilidade de utilizar um motorredutor.

O motorredutor é um conjunto composto por um motor e uma caixa

redutora de velocidade acoplada a ele. Esta caixa contém um jogo de

engrenagens extremamente preciso capaz de reduzir a velocidade de saída.

Porém, o valor encontrado no mercado não foi compatível com o orçamento.

Por isso, também foi descartado,

Em seguida, avaliou-se a possibilidade de utilizar um motor com seu

eixo conectado a um jogo de polias. Para modificar a velocidade de saída de

um motor por meio do uso de polias e correias, são necessárias, pelo menos,

duas unidades com diâmetros diferentes conectadas entre si por uma única

correia contornando externamente ambas (Figura 20).

Figura 24. Jogo de Polias.

Fonte: SENAI.

A partir desta composição, é possível gerar uma velocidade menor ou

maior na saída do sistema, de acordo com a montagem feita. Primeiramente, é

de necessário saber que há uma relação entre a velocidade linear da correia e

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a velocidade angular da polia. Esta, por sua vez, é apresentada na Equação

13.

𝑣 = 𝑟 × 𝜔 , (13)

Sendo r o raio da polia encaixada em um eixo com velocidade angular w

em rad/s. Logo, para diminuir a velocidade de saída do sistema, a polia de

diâmetro menor deve ser encaixada no eixo do motor e a outra no eixo de

saída do sistema. Então, quando o motor é acionado, a polia menor, que está

encaixada nele, gira. Consequentemente, a correia gira com velocidade linear

calculada conforme Equação 14. Como essa velocidade é igual em qualquer

ponto de sua extensão, a correia ao movimentar-se pela polia de raio maior, faz

com que ela entre em movimento circular. Para calcular a velocidade angular

da segunda polia, substitui-se o valor de seu raio e o de 𝑣.

𝑣 = 𝑟2 × 𝜔2 → 𝜔2 =𝑣

𝑟2 (14)

Ou seja, a velocidade angular da segunda polia, nesta configuração, é

menor, reduzindo a velocidade de saída do sistema. Com isso, pode-se

concluir que quanto maior o raio da segunda polia, menor é a sua velocidade

angular. Portanto, para aumentar a velocidade de saída, deve-se configurar ao

contrário, encaixando a polia maior no eixo de entrada e a polia menor no eixo

de saída do sistema.

A razão entre o diâmetro da polia do eixo de saída com a do eixo de

entrada é chamada de relação de transmissão. Geralmente representada pela

letra i, também pode ser calculada pela razão entre o número de rotações por

minuto da polia de entrada pela rotação por minuto da polia de saída. O seu

valor adimensional é calculado conforme Equação 15.

𝑖 =𝑟2

𝑟1 =

n1

n2 (15)

Um conjunto de polias, há limites de i que devem ser respeitados

conforme o tipo de correia empregada. Para correia plana, i não pode

ultrapassar o valor seis. Já para a correia trapezoidal, seu valor limite aumenta

para dez. Isso ocorre porque há necessidade de ter um contato mínimo entre a

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correia e a polia. Caso contrário, ela se solta da polia menor e o sistema não

funciona.

Como motores elétricos comumente encontrados a venda que atendam

ao torque de 15 N.m possuem velocidades entre 1500 a 1800 rpm, para atingir

de 105 a 125 rpm, e posteriormente corrigir a velocidade com um inversor de

frequência, o menor i necessário é equivalente a 12. Conclui-se que, para o

projeto proposto, há necessidade de elaborar no mínimo dois jogos de polias

para alcançar o valor da velocidade de saída desejada. Levando em

consideração que o espaço permitido próximo ao tanque de ondas é muito

restrito, descartou-se esta opção.

Outra opção avaliada foi utilizar motor de limpador de para-brisas de

automóveis. Visto que, há modelos com movimentação angular. O que

facilitaria o funcionamento do gerador de ondas, sendo necessário apenas

limitar a abertura angular feita pelo motor. Porém, também não atendem as

exigências. Alguns modelos são apresentados no Anexo A.

Então, a opção escolhida, levando em consideração o custo, eficiência,

espaço necessário para instalação, foi adquirir um motor (usado) e uma caixa

redutora, separadamente. Para esta configuração, primeiro foi feita a busca de

uma caixa redutora adequada as necessidades do projeto, visto que o mais

importante é garantir valores próximos ao desejado na saída do sistema motor-

redutor. A Figura 25 apresenta o modelo da caixa redutora que atende as

necessidades do projeto.

Figura 25. Redutor de velocidade comprado

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Suas especificações técnicas são apresentadas na Tabela 6.

Tabela 6. Informações técnicas do redutor de velocidade

Modelo Redução Pe

(CV)

t

(N.m) RPM

h

(%)

MKP 38

1x12,5 0,33 14,91 136 87

1x15 0,33 17,46 113 85

1x25 0,33 26,77 69 78

1x30 0,25 26,06 57 75

1x37 0,25 25,69 46 71

1x56 0,25 25,50 30 62

1x76 0,16 20,59 22 54

Fonte: Adaptado de https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-960757008-caixa-de-

reduco-redutor-de-velocidade-112-a-176-_JM?quantity=1

Devido ao fato de o redutor possuir eficiência de 87% e a potência de

saída necessária ser equivalente a 0,22 CV, a potência de entrada calculada

conforme Equação 16 deve ser igual a 0,25 CV. Como o valor máximo da

potência de entrada permitida é de 0,33 CV, o redutor pode ser utilizado no

para o sistema de geração de ondas.

𝑃𝑠 = 0,87𝑃𝑒 → 𝑃𝑒 =𝑃𝑠

0,87=

0,22

0,87= 0,25 𝑐𝑣 (16)

Após definir a caixa redutora, buscou-se o motor elétrico ideal. Como a

caixa redutora escolhida faz redução de 1:12,5, o motor a ser escolhido deve

ter entre 1500 e 1600 rpm. Para a redução ser próxima da velocidade

desejada, e então corrigir a diferença com o inversor de frequência.

Não é recomendado usar um motor com valor muito próximo. Visto que,

na prática laboratorial, há perdas de energia. Deixar uma margem para erros é

fundamental para garantir eficiência.

No eixo de saída da caixa redutora, foi acoplado um disco metálico com

12 cm de diâmetro. Fixado no seu devido centro de massa, garantindo o

balanceamento durante o movimento circular, a peça possui um corte de 2 cm

de comprimento, a fim de permitir maior flexibilidade na fixação da biela em

raios diferentes (podendo variar de 3 a 5 centímetros). Desta forma, a biela

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presa em uma extremidade no disco e na outra a placa basculante, ao realizar

o movimento circular, puxa e empurra continuamente o flap.

Consequentemente, para alcançar o stroke desejado, foi necessário fixar

a biela em um raio exatamente igual à metade de seu valor. Logo, para o

projeto desenvolvido, como o stroke é de 8 cm, o raio estipulado foi de 4 cm.

Com isso, ao efetuar o giro completo, a biela causa o deslocamento horizontal

da placa equivalente ao diâmetro.

É valido ressaltar que, para esse sistema de geração de ondas, foi

necessário desenvolver, com auxílio do Laboratório de Tecnologia Mecânica

(LTM), pertencente ao curso de Engenharia Mecânica da UFF, uma peça

específica, contendo um rolamento para fixação da biela no disco, conforme

Figura 26. De modo que, permita grau de liberdade para que a extremidade

oposta não seja forçada a sofrer o giro completo.

Figura 26. Peça de fixação criada no LTM

Como é possível verificar na Figura 27, a biela, obrigatoriamente, gira

junto com a placa chata, caso não tenha um rolamento. Logo, se prender a

extremidade livre à placa basculante, ocorrerá danos ao sistema, visto que a

biela será forçada a girar junto ao disco, enquanto o flap aplicará uma força

impedindo tal movimento.

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Figura 27. Movimento circular com biela fixada sem rolamento

Já na Figura 28, é possível observar que, ao colocar um rolamento entre

as arras, quando o eixo do redutor girar a barra chata, a biela poderá

permanecer sempre com a outra extremidade fixada à placa basculante. Isso

ocorre pelo fato de o rolamento poder girar independentemente.

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Figura 28. Movimento circular com biela fixada com rolamento

3.3.2. BIELA

Inicialmente é importante atentar-se que cada material pode ter

comportamento elástico, ou plástico. Bernardi (2007) define como elástico

quando o objeto consegue retornar a sua forma inicial após cessar a tensão

que gerou a deformação. Já o plástico ocorre quando o material não regressa a

sua condição inicial depois de sofrer uma deformação causada por uma tensão

aplicada a ele.

Nash e Potter (2015) descrevem a diferença entre um material frágil e

dúctil. Sendo frágil o material que não suporta grande deformação antes de se

romper. Isso ocorre com o concreto e ferro fundido. Já o dúctil admite grandes

deformações. É o caso do aço e alumínio, por exemplo. Conclui-se que utilizar

um material dúctil é vantajoso por garantir maior segurança referente à ruptura

da peça.

Todo objeto é considerado esbelto quando a área da sua secção

transversal é pequena em relação a sua extensão. Então, quando uma peça

esbelta recebe a interferência de uma força externa tendendo a comprimi-la, a

mesma pode curvar-se.

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De acordo com Bernardi (2007), essa deflexão é indesejada, visto que,

ao curvar-se, diminui a capacidade de carga da peça. Além disso, para o

projeto, é importante que a biela não altere a distância entre as suas

extremidades, caso contrário, o stroke sofrerá interferência.

Consequentemente, uma onda diferente da esperada será gerada.

Posteriormente, foi feito o dimensionamento visando determinar o menor

diâmetro necessário para que a peça suporte a carga axial máxima de

compressão sofrida ao empurrar a placa basculante.

Quando uma peça esbelta recebe uma força externa tendendo a

comprimi-la, ela tende a curvar-se. Existem quatro formas principais de apoiar

uma barra esbelta. Elas são demonstradas na Figura 29, de modo que, é

possível visualizar como cada caso interfere na deformação sofrida pelo objeto.

Figura 29. Vinculações possíveis em uma barra

Conforme Nash e Potter (2010), quando as duas extremidades são

engastadas o Lef equivale à metade de L. Enquanto uma barra contendo uma

ponta engastada e a outra apoiada por uma articulação, o Lef corresponde a

70% de L, ou seja, 0,7L. Já o terceiro tipo é uma barra biarticulada. Neste caso,

o Lef é igual a L. Por último, o quarto modo de vinculação refere-se à barra

engastada por um lado e com a ponta oposta livre. O comprimento efetivo

possui o dobro do valor de L nessa configuração.

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A Equação 17 é uma modificação da fórmula de Euler a fim de

generalizar a sua aplicação as diferentes condições de vinculação tornando

capaz o cálculo da carga crítica, Pcr. Ou seja, a partir da equação 15 é possível

determinar qual o valor da carga máxima que uma peça esbelta suporta na

eminência da flambagem.

𝑃𝑐𝑟 =𝜋2. 𝐸. 𝐼

𝐿𝑒𝑓2 , (17)

Sendo E o modulo de elasticidade, I o menor momento de inércia da

seção transversal do objeto, e Lef o comprimento efetivo.

Com relação ao momento de inércia, se a seção não possuir a mesma

simetria em ambos os eixos, deve-se utilizar o momento de menor valor. Para

exemplificação, a figura 24 apresenta a secção retangular de uma barra. Neste

caso, o momento de inércia no eixo x é maior do que no eixo y, como pode ser

observado nas Equações 18 e 19. Logo, para uma barra de secção transversal

retangular, conforme Figura 30, o momento de inércia utilizado para cálculo da

carga crítica é o Iy.

Figura 30. Secção transversal da barra

𝐼𝑥 =𝑏ℎ3

12 (18)

𝐼𝑦 =ℎ𝑏3

12 (19)

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Como a barra escolhida para o projeto possui área transversal circular,

tanto o Ix, quanto o Iy são iguais devido à simetria da figura geométrica. Então,

o seu momento de inércia é apresentado segundo Equação 20.

𝐼 =𝜋𝑟4

4 (20)

Avaliando a Equação 17 e os comprimentos efetivos em cada tipo de

vinculação, pode-se concluir que quanto maior o Lef, menor é a carga crítica.

Logo, para barras com o mesmo comprimento, diâmetro, e compostas pelo

mesmo material, ao serem fixadas conforme as condições apresentadas na

Figura 23, a barra que é engastada em uma extremidade e livre na outra tem

carga crítica igual a um quarto da barra biarticulada. Já a barra biengastada,

por possuir menor comprimento efetivo, suporta a maior carga crítica, tendo

seu valor igual a quatro vezes o da barra biarticulada.

Para a execução do sistema de geração de ondas, é importante evitar a

flambagem, visto que a deformação da barra reduz a distância entre suas

extremidades. Consequentemente, o stroke da placa basculante é modificado,

gerando uma onda diferente da esperada. Tal fato pode ser evitado, desde que

a maior carga axial aplicada sobre a peça não ultrapasse o valor da carga

crítica.

Além disso, é necessário que a biela possua liberdade para movimentar-

se conforme previsto o movimento circular. Por isso, determinou que fosse

fixada por uma articulação em cada extremidade. Então, o seu comprimento

efetivo será igual ao seu comprimento real de 0,5 m.

Em seguida, foi possível relacionar o raio necessário na barra para que

suporte a carga crítica especificada, substituindo-se a Equação 20 na 17,

conforme apresentado na Equação 21.

𝑃𝑐𝑟 =𝜋2𝐸𝐼

𝐿𝑒𝑓2

𝑃𝑐𝑟 =𝜋2𝐸

𝐿2×

𝜋𝑟4

4

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𝑃𝑐𝑟 =𝜋3𝐸𝑟4

4𝐿2

𝑟4 =4𝑃𝑐𝑟𝐿2

𝜋3𝐸

𝑟 = (4𝑃𝑐𝑟𝐿2

𝜋3𝐸)

14

(21)

A carga crítica da biela para o projeto corresponde a força axial máxima

de 30 N e o comprimento da barra correspondente a 0,50 m. Com isso,

calculou-se o diâmetro da biela para três materiais metálicos: liga de alumínio

6061 – T6, ferro fundido maleável, e aço inoxidável 304. Sendo suas

propriedades mecânicas médias fornecidas na tabela 7.

Tabela 7. Propriedades mecânicas médias de materiais típicos de engenharia

Materiais Módulo de Young (E) Tensão de escoamento (se)

Tração Compressão _ (GPa) (MPa) (MPa)

Ligas de alumínio 2014 – T6 73,1 414 414

6061 – T6 68,9 255 255

Ligas de cobre Latão vermelho C83400 101 70 70

Bronze C86100 103 345 345

Ligas de aço

Estrutural A36 200 250 250

Inoxidável 304 193 207 207

Ferramenta L2 200 703 703

Liga de titânio T1-6A1-4V 120 924 924

Ligas de ferro fundido Cinzento ASTM 2 67,0 - -

Maleável ASTM A-197 172 - -

Fonte: Hibbeler (2010)

𝑅𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 = (4 × 30 × 0,502

𝜋3172 × 109)

14

𝑅𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 = 2,0 𝑚𝑚

∅𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 = 4,0 𝑚𝑚

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𝑅𝑎𝑙𝑢𝑚í𝑛𝑖𝑜 = (4 × 30 × 0,502

𝜋3 × 68,9 × 109)

14

𝑅𝑎𝑙𝑢𝑚í𝑛𝑖𝑜 = 2,6 𝑚𝑚

∅𝑎𝑙𝑢𝑚í𝑛𝑖𝑜 = 5,2 𝑚𝑚

𝑅𝑎ç𝑜 = (4 × 30 × 0,502

𝜋3 × 193 × 109)

14

𝑅𝑎ç𝑜 = 2,0 𝑚𝑚

∅𝑎ç𝑜 = 4,0 𝑚𝑚

Como já havia disponível uma barra roscada de 5,0 mm feita de ferro

fundido, optou-se por utilizá-la no projeto, visto que atende à necessidade. Uma

vantagem da barra roscada é a de não precisar soldar para prendê-la na peça.

Ao fixar rosqueando, permite flexibilidade no espaçamento entre os pontos de

fixação da biela. Consequentemente, possibilita a realização de trabalhos

futuros com ondas contendo parâmetros diferentes, sem precisar substituir o

material por outro com a extensão exata. As Figuras 31 e 32 apresentam a

configuração final do sistema de geração com as devidas peças acopladas.

Figura 31. Motor com caixa redutora acoplada

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Figura 32. Sistema de geração de ondas montado

3.4. ABSORVEDOR DE ONDAS

Assim como no litoral as praias dissipam a energia oriunda das ondas

marítimas, em um tanque é fundamental instalar um absorvedor com o mesmo

propósito. Desta forma, evita-se que a onda gerada atinja a parede vertical

paralela à sua frente e ocorra sua reflexão, o que provocaria a interferência da

onda refletida com outras ondas geradas.

O absorvedor é um obstáculo colocado ao final do tanque para que, ao

passar sobre ele, a onda comece a perder sua energia até cessar seu

movimento antes de tocar na parede vertical. Consequentemente, evitam-se

reflexões e interferências entre ondas geradas e incidentes.

Há diversos modelos desenvolvidos relatados na literatura, com variação

do seu formato (linear, rampa de dupla inclinação, parabólico etc.) e do material

com qual é construído (chapa de aço, madeira, pedras, espumas). Cada

configuração exige um determinado comprimento mínimo para sua eficiência.

Devido a limitação de espaço disponível dentro do tanque utilizado no

HidroUFF (comprimento de 4 m), primeiramente, foi necessário dimensionar

alguns modelos mais comuns e verificar qual é viável instalar, levando em

consideração o espaço ocupado para garantir eficiência.

Um absorvedor de ondas pode ir do fundo ao topo de um tanque ou ser

suspenso, desde que o absorvedor atinja, a partir da superfície, uma

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profundidade equivalente ou maior à metade do comprimento da onda gerada.

Para o projeto desenvolvido, como a onda esperada tem comprimento de 0,50

m, o absorvedor precisa atingir 0,25 m de profundidade. Mas para segurança

no projeto, acrescentou-se 0,05 m acima da superfície, totalizando 0,30 m de

altura.

O primeiro modelo estudado foi o linear. Como sua superfície é

composta por um plano inclinado, é necessário apenas determinar o seu

ângulo de inclinação, a. Para isso, é importante definir como deve ocorrer a

rebentação da onda.

Existem quatro tipos de praia: a progressiva, mergulhante, colapsante e

ondulação. Entre todas as opções, a progressiva possui a menor declividade.

Com isso, a energia é dissipada gradativamente, a medida que a onda se

movimenta sobre ela. Já a mergulhante varia sua inclinação de suave a

moderada. Com isso, ocasiona a formação de um vórtice e,

consequentemente, a quebra da onda é mais abruptamente.

Sutherland e O'Donighue (1998) realizaram um estudo relacionando o

número de Iribarren, Ir, com o tipo de reflexão ocorrido na praia e concluíram

que esses dados são diretamente proporcionais. Ou seja, quanto maior o Ir,

mais reflexões ocorreram. Ele depende do ângulo de inclinação existente entre

a superfície da praia e o fundo, da altura e do comprimento da onda, conforme

a Equação 22. Na Tabela 8, são apresentados os intervalos de valores do

número de Iribarren correspondente a cada tipo de rebentação.

𝐼𝑟 = tan 𝜃 √𝐻

𝜆⁄ (22)

Tabela 8. Tipos de rebentação de ondas conforme número de Iribarren

Tipo de rebentação Número de Iribarren

Progressiva Ir < 0,4

Mergulhante 0,4 < Ir < 2,3

Colapsante 2,4 < Ir < 3,2

Ondulação 3,2 < Ir

Fonte: Sutherland e O'Donighue (1998)

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Como o desejável é amortecer totalmente a onda antes que atinja a

parede vertical do tanque, o absorvedor de ondas linear deve simular uma

praia progressiva. Logo, o maior Ir permitido é de 0,4. Aplicando a Equação 22,

foi possível determinar o ângulo máximo de 10º para a praia linear

0,4 = tan 𝜃 √0,10

0,50⁄

tan 𝜃 = 0,4 × √0,10

0,50

tan 𝜃 = 0,179

𝜃 = tan−1 0,179

𝜃 = 10°

𝑥1 = 0,85

tan 10

𝑥1 = 4,8 𝑚

Figura 33. Absorvedor de ondas linear

𝑥2 = 0,30

tan 10

𝑥2 = 1,70 𝑚

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Figura 34. Absorvedor de ondas linear suspenso

Em seguida, foi calculada a extensão do absorvedor com perfil

parabólico, conforme a Equação 23 indicada por Mello (2006). Nota-se que o

perfil do absorvedor depende unicamente do período da onda gerada, visto que

a aceleração da gravidade, g, é constante e igual a 9,81 m/s².

𝑦 = 𝑥2

4𝑔𝑇2 (23)

.

𝑦 = 𝑥2

4 × 9,81 × 0,572

𝑦 = 0,078𝑥2

𝑦 = 0,078𝑥2

0,85 = 0,078𝑥12

𝑥1 = 3,3 𝑚

Figura 35. Absorvedor Parabólico até o fundo do tanque

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𝑦 = 0,078𝑥2

0,30 = 0,078𝑥22

𝑥2 = 1,96 𝑚

Figura 36. Absorvedor de perfil parabólico suspenso.

O terceiro modelo dimensionado foi de placas paralelas desenvolvido

por Twu e Lin (1991). Ele é composto por uma sequência de 10 placas

porosas, de modo que, à medida que a onda passa por elas, sua energia é

dissipada. A porosidade da placa consecutiva deve ser sempre menor que a

anterior. Ao final do estudo, os autores da pesquisa conseguiram detectar que

o espaçamento entre as placas deve corresponder a 0,88 vezes o valor da

altura da lâmina d'água. Como a profundidade da água é de 0,80 m, a distância

entre as placas deve ser de 0,70 m. Logo, o comprimento final do sistema de

absorção de ondas é de 7,0 m.

𝑛 = 0,88ℎ𝑎

𝑛 = 0,88 × 0,80

𝑛 = 0,70 𝑚

Considerando todas as configurações estudadas, optou-se por utilizar a

parabólica suspensa. Mesmo não sendo a que exige menor extensão, espera-

se melhor eficiência na dissipação de energia, visto que seu formato curvo

permite maior superfície de contato entre o absorvedor e a onda. Portanto,

dissipa mais energia do que a linear suspensa, que possui menor comprimento.

Para construção do absorvedor, optou-se por furar placas de madeira

com comprimento equivalente a largura interna do tanque e com largura igual a

2 cm, furando todas exatamente iguais em dois pontos, de modo que dividisse

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cada placa em 3 partes iguais. Então, passou-se um cabo de aço de pequeno

diâmetro.

A fim de reduzir a quantidade de madeira necessária para confecção do

absorvedor, optou-se por intercalar as peças de madeira com um espaçador.

Ele é um tubo feito de borracha. Cortou-se os pedaços no tamanho desejado

de 2 cm. Logo, foi reduzida 50% da quantidade de madeira necessária.

Com essa construção, a praia fictícia seria permeável. Como não é o

desejado, foi colada na parte superior dela uma lona impermeável. Na Figura

37, é possível ver a configuração final do topo do absorvedor de ondas após

colagem da lona.

Figura 37. Topo do absorvedor de ondas finalizado

Como suporte, foram utilizadas duas barras chatas de alumínio, as quais

foram entortadas manualmente para adquirirem o formato curvo característico,

apoiadas cada uma sobre oito pedaços de madeira com as dimensões 2,5 x 2 x

1 cm. Estes foram colados nas laterais do tanque, seguindo o formato da

parábola. Para a fixação deles, optou-se por fita dupla face e cola quente,

conforme apresentado na Figura 38. Então, sua montagem finalizada pode ser

observada na Figura 39.

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Figura 38. Fixação parcialmente feita do suporte do absorvedor

Figura 39. Ondas atingindo o absorvedor de ondas

3.5. DIFICULDADES ENFRENTADAS E SOLUÇÕES PRÁTICAS

PROPOSTAS

Em trabalhos experimentais existem complicações advindas do

meio que não se encontra nas condições ideais analisadas na teoria. Há

perdas de energia devido a ação de forças restauradoras, por exemplo.

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Após colocar o tanque no laboratório, foram observadas

irregularidades no piso, visto que ele não se encontrava totalmente apoiado no

chão. De acordo com as medidas do tanque, ao enchê-lo até o nível de 0,80 m

resulta em 2,56 m³ de água. Ou seja, 2560 litros, que equivalem a 25,6 MN. Se

o recipiente estiver apenas parcialmente apoiado, a força aplicada no fundo

dele poderá ocasionar a ruptura devido a forças cisalhantes.

A fim de evitar danos ao tanque de ondas, optou-se por solucionar

o problema colocando tapetes emborrachados espessos. Desta forma, o

tanque deixa de estar diretamente sobre um piso totalmente rígido, e fica sobre

um material flexível o suficiente para acomodar todo o fundo, mantendo

completamente em contato as duas superfícies (Figura 40).

Figura 40. Emborrachado utilizado para nivelamento do tanque

Como o tanque permaneceu vazio aproximadamente um ano, a proteção

de silicone, colocada pelo fabricante nas arestas internas ressecaram e

começaram a se soltar. Então, antes de encher com água, além de retirar o

totalmente o material que estava se soltando, foi necessário aplicar uma

camada nova do produto.

Além disso, ocorreram complicações com relação a fixação das peças

de madeira nas laterais do tanque. Primeiramente, foram coladas com fita

dupla face, como apresentada na Figura 41.

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Figura 41. Fitas dupla face utilizadas

Percebeu-se que a fita aderiu muito bem na fibra de vidro. Porém, como

o material após aplicação ficou imerso na água, em menos de 24 horas as

peças se desprenderam. Então, foi necessário baixar o nível d’água de 0,70 m

para 0,50 m e prender novamente os apoios.

Em seguida, testou-se na lateral, próxima ao batedor, utilizar cola

quente. Desta vez, a substância foi aplicada não somente para fixar as peças

na parede do tanque, como também para cobrir totalmente a madeira,

impedindo que molhasse e reduzisse a aderência. Após secagem completa da

cola, foi feita força vertical, e não ocorreu o desprendimento das madeiras.

Então, foi feito o segundo teste, jogando água corrente sobre as peças. Na

hora imediata do contato com a água, elas não se soltaram. Contudo,

passados 10 minutos, foram facilmente removidas.

Como as fitas tiveram boa fixação, optou-se por experimentar contornar

as madeiras forradas com cola quente, com um pedaço de fita dupla face e as

bordas da fita, passar cola quente. A fim de impermeabilizar completamente o

apoio. Este último teste houve resultado satisfatório e foi o escolhido para o

absorvedor de ondas.

Ao movimentar-se, a água existente na região atrás da placa basculante

também sofre formação de ondas. Como o local tem tamanho restrito, a

energia não é dissipada. Logo, ocorre interação constante e ondas maiores são

formadas com o tempo. Consequentemente, a água era jogada para fora. Além

disso, tanto o motor, quanto o redutor eram molhados. A fim de reduzir o

problema, foram colocadas as sobras de emborrachado e espuma para conter

o fluido, dissipando a energia acumulado no pequeno espaço (Figura 42).

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Figura 42. Materiais utilizados para atenuar as ondas atrás da placa

Verificou-se que o tanque dilatou mais do que o esperado, próximo a sua

região central. Com isso, a praia parabólica colocada enquanto o tanque ainda

estava vazio, ficou folgada de modo que se soltava do encaixe e tendia a boiar.

Optou-se por prender estacas, como pode ser visto na Figura 43, para mantê-la

apoiada sobre o alumínio e, consequentemente, assegurar o formato

parabólico desejado.

Figura 43. Estacas usadas para segurar o absorvedor

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3.6. RESULTADOS

Após montagem do sistema de geração e absorção de ondas, foram

feitos testes para verificar se as ondas geradas possuíam os parâmetros

desejados. Para isso, foi fixada na lateral do tanque de ondas réguas na

vertical, marcando zero no nível da água parada. Elas foram numeradas de um

a quatro, sendo a de número um a régua na extremidade direita da Figura 44,

visto que é a mais próxima do flap.

Desta forma, foi possível verificar a amplitude das ondas geradas e o

seu deslocamento horizontal ao longo do tempo. Além disso, na parede vertical

oposta, foi fixada uma câmera GoPro para filmagem, a partir de um único

ponto, de todo o percurso realizado pelas ondas.

De acordo com o material obtido, verificou-se que a altura média da

onda foi de 11 cm, o comprimento onda, teve valor equivalente a 88 cm, e o

período de 0,75 segundos. Já a celeridade e o comprimento tanto para o

calculado, quanto para a onda gerada no laboratório foram encontrados

segundo a equação 8 e 1, respectivamente. Os valores calculados e medidos

são apresentados na tabela 9 para comparação.

Figura 44. Teste 1

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Figura 45. Crista da onda

Tabela 9. Resumo dos dados calculados e medidos

Dados Unidade Calculado Medido

Altura de onda, H m 0,10 0,11

Período, T s 0,57 0,75

Celeridade, c m/s 0,89 1,17

Comprimento, l m 0,50 0,88

O absorvedor de ondas, mesmo sem utilizar materiais rugosos sobre a

superfície lisa da lona, apresentou resultado satisfatório. O seu formato

parabólico causou o amortecimento das ondas, fazendo com que a energia

fosse dissipada a uma distância horizontal de aproximadamente 15 cm com

relação ao final da praia, como esperado de acordo com os cálculos realizados.

Além disso, estudou-se uma onda solitária. Para isso, movimentou-se a

placa basculante manualmente enquanto era feita a filmagem com a GoPro

novamente. Em seguida, analisou-se uma régua de cada vez. Foram anotados

a cada quadro a altura correspondente na régua.

Na Figura 46, é possível perceber a passagem da onda solitária na

régua 2 entre 1 e 2 segundos após sua geração, e pequenas oscilações

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posteriormente. Contudo, mesmo o sistema não apresentando o resultado

ideal, ao observar a diferença brusca entre a altura da onda desejada e as

remanescentes, pode-se afirmar que o absorvedor parabólico foi eficiente ao

amortecer a onda gerada em sua maior parte.

Figura 46. Gráfico da régua 2

-10

-5

0

5

10

0 1 2 3 4 5 6 7 8

a (cm)

t (s)

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4. CONCLUSÃO

A energia oriunda das ondas oceânicas é um recurso renovável e limpo,

capaz de ampliar a diversificação da matriz energética de forma mais

sustentável. Logo, desenvolver estudos acadêmicos visando aperfeiçoar as

tecnologias existentes é fundamental para viabilizar economicamente sua

utilização em locais como o Brasil. Visto que, a potência média por metro de

frente de onda não é tão elevada quanto na Austrália e Portugal, por exemplo.

Tendo como objetivo principal o dimensionamento de um sistema de

geração e absorção de ondas, diversas dificuldades encontradas foram

superadas, tais como, a utilização de material a baixo custo. Além disso, a

elaboração de um sistema de geração e absorção de ondas a fim de simular o

oceano apresentou resultado satisfatório tanto com relação aos parâmetros da

onda, encontrando resultados próximos aos calculados, quanto ao

amortecimento da onda.

Com altura de onda adequada e somente ondas remanescentes sutis, o

modelo está pronto para testes iniciais de geração de energia a fim de avaliar o

custo-benefício referente a implantação de novas tecnologias. Podendo

acarretar em impactos econômicos e ambientais favoráveis ao reduzir a

dependência por fontes não renováveis.

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5. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Visando a continuidade do estudo no setor de energia ondomotriz,

sugere-se algumas melhorias para o tanque a fim de tornar o sistema mais

eficiente e prático durante futuros testes:

substituir os apoios de madeira por um suporte, de modo que, o sistema

seja ajustável e leve o suficiente para a sua retirada sem precisar

esvaziar o tanque;

ocorre um fluxo de água indesejável entre o flap e a lateral do tanque,

conforme pode ser observado na Figura 45. Avaliar como contornar o

problema;

testar diversos materiais fixados em sua superfície, como por exemplo,

grama sintética e espumas com porosidade considerável, e avaliar como

e quanto cada material interfere no amortecimento da onda;

utilizar instrumentação a baixo custo, como por exemplo, o ARDUÍNO,

visando medições mais detalhadas e precisas a partir de sensores

devidamente calibrados e programados conforme as necessidades dos

estudos realizados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDI, Rodrigo. Investigação Numérica de Flambagem em

Elementos Esbeltos de Perfis Metálicos. Rio Grande do Sul, 2007. 80 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) –

Departamento de Tecnologia, Universidade Regional do Noroeste do Estado do

Rio Grande do Sul, Ijuí, 2007.

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ANEXO A

Capacidade instalada de fontes alternativas no mundo – 10 maiores em

2015 (GW)

Fonte: Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2018 (EPE)

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ANEXO B

Modelo Bosh F006 WMO 310

Fonte: https://www.kalatec.com.br/Motor_Bosch/F006_WM0_310.pdf

Modelo Bosh F006.B40.216

https://www.kalatec.com.br/motores-bosch/f006b40216/

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Modelo Bosh 390.207.406

Fonte: https://www.kalatec.com.br/Motor_Bosch/0390_207_406.pdf

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APÊNDICE I

MEMORIAL DE CÁLCULO

Cálculo do número de onda

𝑘 = 2𝜋 𝜆⁄

𝑘 = 2𝜋 0,5⁄

𝒌 = 𝟏𝟐, 𝟔/𝒎

Cálculo da frequência angular

𝜔 = √𝑔𝑘 tanh(𝑘ℎ𝑎)

𝜔 = √9,81 × 12,6 × tanh(12,6 × 0,8)

𝝎 = 𝟏𝟏 rad/s

Cálculo do período

𝜔 = 2𝜋 𝑇⁄

𝑇 = 2𝜋 𝜔⁄

𝑇 = 2𝜋 11⁄

𝑻 = 𝟎, 𝟓𝟕 𝒔