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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO GABRIEL GUIMARÃES OLIVEIRA NOVAS TECNOLOGIAS PARA RESERVATÓRIOS NÃO CONVENCIONAIS DE HIDROCARBONETO Niterói,RJ 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

GABRIEL GUIMARÃES OLIVEIRA

NOVAS TECNOLOGIAS PARA RESERVATÓRIOS NÃO CONVENCIONAIS

DE HIDROCARBONETO

Niterói,RJ

2017

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GABRIEL GUIMARÃES OLIVEIRA

NOVAS TECNOLOGIAS PARA RESERVATÓRIOS NÃO CONVENCIONAIS

DE HIDROCARBONETO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia de Petróleo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Petróleo.

Orientador:

Prof. Dr. Alfredo Moisés Vallejos Carrasco

Niterói,RJ

2017

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GABRIEL GUIMARÃES OLIVEIRA

NOVAS TECNOLOGIAS PARA RESERVATÓRIOS NÃO CONVENCIONAIS

DE HIDROCARBONETO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia de Petróleo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Petróleo.

Aprovado em 03/01/2017

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________ Prof. Dr. Alfredo Moisés Vallejos Carrasco Universidade Federal Fluminense (UFF)

____________________________________________

Prof. Dr. João Crisósthomo de Queiróz Neto

Universidade Federal Fluminense (UFF)

____________________________________________ Prof. Dra. Juliana Souza Baioco

Universidade Federal Fluminense (UFF)

Niterói,RJ

2017

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Resumo

O mundo atual ainda é muito dependente de combustíveis fóssil, fatores

como o avanço tecnológico e o aumento da demanda por combustíveis vem

influenciando a produção de fontes de hidrocarbonetos não convencionais. Os

reservatórios não convencionais em todo mundo são muito mais abundantes se

comparada com os reservatórios que estão sendo produzida na atualidade,

porém, a exploração dessas incidências de hidrocarbonetos só está sendo

possível graças ao desenvolvimento tecnológico, que diminui

consideravelmente o custo de exploração dessas reservas, tornando-a viável

economicamente a produção dessas fontes. Um exemplo que está gerando um

impacto mundial, é a exploração de gás em folhelho nos Estados Unidos.

Nesse trabalho será mostrado as principais reservas não convencionais e os

locais onde cada tipo de acumulação é mais comum e as formas de

estimulações mais utilizadas atualmente para tornar a produção

economicamente viável. Será apresentado os novos métodos de estimulação

de poços, pois essas técnicas viabilizaram exploração do “shale gas” (gás de

folhelho) nos Estados. Também é falado sobre a exploração de reservas não

convencionais no Brasil e em outros países, onde já se observa um esforço

para aumentar a produção em reservatórios não convencionais e as técnicas

utilizadas por cada país para viabilizar a produção dessas fontes não

convencional de hidrocarboneto.

Palavras-chave: Reservatórios não Convencionais, Fraturamento Hidráulico,

Tight Gas, Xisto Betuminoso, Shale gas.

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Abstract

The current world is still heavily dependent on fossil fuels, factors such as

technological advancement and increased demand for fuels have been

influencing the production of unconventional hydrocarbon sources.

Unconventional reservoirs around the world are much more abundant

compared to the reservoirs being produced today, but the exploitation of these

hydrocarbon incidents is only possible thanks to the technological development,

which considerably reduces the cost of exploring these reserves, Making it

economically viable to produce these sources. One example that is generating

a global impact is shale gas exploration in the United States. This work will

show the main unconventional reserves and the places where each type of

accumulation is more common and the forms of stimulation currently used to

make production economically viable. The new methods of well stimulation will

be presented, as these techniques enabled the exploration of shale gas in the

States. There is also talk about the exploration of unconventional reserves in

Brazil and other countries, where an effort is already being made to increase

production in non-conventional reservoirs and the techniques used by each

country to enable the production of these non-conventional sources of

hydrocarbons.

Keywords: Unconventional Reservoirs, Hydraulic Fracture, Horizontal Wells, Tight Gas, Oil Shale, Shale Gas

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................3 ABSTRACT ........................................................................................................4 Lista de Figuras ................................................................................................7 Lista de Tabelas ................................................................................................9 Agradecimentos ..............................................................................................10 CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ........................................................................11 1.1 Estrutura do trabalho ............................................................................12 CAPÍTULO 2 – RESERVATÓRIOS CONVENCIONAIS ..................................13 2.1 Acúmulo de hidrocarbonetos em reservatórios .................................13 2.2 Característica de rocha reservatório ...................................................15 2.3 Característica de rocha selante ............................................................16 2.4 Característica dos fluidos .....................................................................16 2.5 Tipos de estruturas de reservatórios convencionais .........................17 2.6 Tipos de reservatórios convencionais para petróleo considerando o tipo de fluido ...................................................................................................19 2.6.1 Reservatórios de óleo saturado e subsaturado .................................19 2.6.2 Reservatórios de óleo de baixa contração e de alta contração .........20 2.6.3 Reservatórios de óleo normal e óleo quase crítico ............................20 2.6.4 Reservatório de gás ...........................................................................21 2.6.5 Reservatório de gás úmido e gás seco ..............................................21 2.6.6 Reservatório de gás retrógrado .........................................................21 2.6.7 Reservatório de óleo e gás ................................................................22 CAPÍTULO 3 – RESERVATÓRIOS NÃO CONVENCIONAIS DE HIDROCARBONETO........................................................................................24 3.1 Reservatório de gás não convencional ...............................................25

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3.1.1 Reservatório de areais impermeáveis “tight gas” ...............................26 3.1.2 Reservatório de folhelho “shale gas” ..................................................27 3.1.3 Reservatórios de gás de carvão mineral “coalbed methane” .............30 3.1.4 Reservatório de hidratos de gás “methane hydrates” .........................31 3.2 Reservatório de óleo não convencional................................................33 3.2.1 Reservatório de óleo pesado “heavy oil” ............................................33 3.2.2 Reservatório de xisto betuminoso “oil shale” ......................................35 CAPÍTULO 4 – TÉCNICAS DE SUPORTE USADOS EM RESERVATÓRIOS NÃO CONVENCIONAIS ...................................................................................37

4.1 Perfuração Direcional ............................................................................37

4.2 Estimulação por Fraturamento ..............................................................38

4.3 Novos modelos de Fraturamento Hidráulico .......................................42

4.3.1 Uso da técnica do Agrupamento Optimizado e do “BroadBand

Sequence” no fraturamento hidráulico..............................................................42

4.3.2 Sistema de manga de fratura recuperável para estimulação secundária

de poços não convencionais .............................................................................45

CAPÍTULO 5 - Exploração de reservatórios não convencionais no mundo

e no Brasil.........................................................................................................47

5.1 Visão sobre as descobertas de reservatórios no Brasil e os avanços

tecnológicos ....................................................................................................58

CAPÍTULO 6 – Conclusões ............................................................................61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................62

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Lista de figuras

Figura 1.1 - Previsão de investimento em óleo e gás no cenário mundial até 2035. Fonte: (IEA, 2004) ...................................................................................11

Figura 2.1 - Relação espaciais entre rochas geradoras, reservatórios e selantes. Fonte: (Thomas, 2001) ......................................................................14

Figura 2.2 - Acúmulo de hidrocarbonetos em um reservatório convencional.

Fonte: (Hartman et al,1999) ..............................................................................14

Figura 2.3 - Microfotografia de uma rocha reservatório contendo óleo. Fonte:

(Thomas, 2001) .................................................................................................15

Figura 2.4 - Armadilha Estrutural. Fonte: (Thomas, 2001) ...............................18

Figura 2.5 - Armadilha Estratigráfica Fonte: (Thomas, 2001) ..........................18

Figura 2.6 - Diagrama de fases de uma mistura de hidrocarboneto Fonte:

(Rosa et al, 2006) .............................................................................................19

Figura 2.7 - Digrama de fases (p1 e T1) – reservatório de óleo. (p2 eT2) – reservatório de gás retrógado. (p3 e T3) – reservatório de gás. Fonte: (Rosa et al, 2006) ............................................................................................................22

Figura 3.1 - Pirâmide de Recursos convencional e não convencional. Fonte: (Repsol, 2013) ..................................................................................................25

Figura 3.2 - Arenito Convencional (esquerda) X “Tight Sands” (direita). Fonte:

(Dutton et al, 1993) ...........................................................................................26

Figura 3.3 - Diagrama generalizado mostrando a área de ocorrência de

acumulações de gás de forma convencional em trapas estruturais e

estratigráficas e de forma não convencional em reservatórios de folhelho.

Fonte: (Adaptado de Pollastro, 2003) ...............................................................28

Figura 3.4 - Taxa média de produção de shale gas nos EUA. Fonte: (MIT,2010)

...........................................................................................................................29

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Figura 3.5 - Estrutura dos hidratos de metano – Gaiolas “cages” formada por moléculas de água que aprisionam moléculas de metano. Fonte:(Peer,2012) ...........................................................................................................................32

Figura 3.6 - Estimativa dos recursos petrolíferos mundiais. Fonte: (Alboudwarej et al, 2007) ........................................................................................................34

Figura 3.7 - Foto de uma rocha contendo xisto betuminoso (oil shale). Fonte: (http://ostseis.anl.gov/guide/oilshale/) ...............................................................35

Figura 4.1 - Representação esquemática de uma Perfuração horizontal. Fonte:(www.manutençãoesuprimentos.com.br) ...............................................38

Figura 4.2 - Composição do fluido de fraturamento. Fonte: (Ayde,2004) ........39

Figura 4.3 - Desenhos esquemático de fraturas simples e complexas. Fonte: (Fisher, M.K. et al, 2002) ..................................................................................40

Figura 4.4 - Processo de fraturamento hidráulico em reservatório de shale gas. Fonte: (Fapesp- Nerc Workshop on sustainable gas future) ............................41

Figura 4.5 - Caminhões e equipamentos necessários para o fraturamento hidráulico próximo a um poço nos Estados Unidos. Fonte:(Energy.usgs.gov) ...........................................................................................................................41Figura 4.6 - Técnica do “plug and perf” usado na estimulação em reservatórios do “shale gas” Fonte: (Chong, K.K. et al, 2010) ............... ...............................43

Figura 4.7 - Agente de desvio bloqueado a fratura. Fonte: (Schlumberger,2015)

...........................................................................................................................44

Figura 4.8 - Empacotador de straddle BHA (Bottomhole assembly) usado para

operações de re-fraturamento. Fonte: (Wellhoefer B. and Simmons Y.) ..........46

Figura 5.1 - Mapa Geológico da Argentina com bacias de hidrocarbonetos, a

seta vermelha indicando a bacia de Neuquén Basin a mais importante do país.

Fonte: (Barreto, 2013) .......................................................................................48

Figura 5.2 - Perfuração de reservatórios de arenito de baixa permeabilidade nos EUA. Fonte:(www.skytruth.org) ..................................................................55

Figura 5.3 - Ocorrência de Shale gas no Brasil e no mundo, seta vermelha

indicando a Bacia do Parnaíba. Fonte: (EIA, 2013) ..........................................56

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Figura 5.4 - Bacias brasileiras com ocorrência ou potencial ocorrência de

hidratos de metano. Fonte: (Virgens, 2011) .....................................................57

Figura 5.5 - Ocorrência de Xisto Betuminoso “oil shale” no Brasil. Fonte: (DOS SANTOS, 2010, Apud PETROBRAS, 2008) ....................................................58

Figura 5.6 - Perfil das reservas Brasileiras – Total de 13,7 bilhões de boe. Fonte: (19th World Petroleum Congress, Spain 2008 Forum 04: Unconventional petroleum resources) ………………………………………………………………. 59

Figura 5.7 - Mapa das Bacias sedimentares brasileiras, mostrando as áreas com acúmulo de óleo não convencional. Fonte: (19th World Petroleum Congress, Spain 2008 Forum 04: Unconventional petroleum resources) …….60

Lista de tabelas

Tabela 5.1 - Reservas provadas de xisto betuminoso de óleo de xisto. Fonte: (Adaptado do relatório World Energy Resources, 2003) ..................................51

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por me dar forças e saúde nos momentos difíceis e a oportunidade de ter cursado essa graduação.

Agradecer ao meu pai, a minha mãe e meu irmão pelo apoio nesses anos de estudo, por me encorajar a seguir em frente na esperança de dias melhores. A minha companheira Mariana por estar sempre ao meu lado me dando forças e me encorajando.

Aos meus colegas de classe pela parceria e pelos bons momentos. Em especial ao Vinícius por estar sempre disposto a ajudar em momentos de estudo.

Aos professores que me deram a oportunidade de poder aprender muito durante todos esses anos de graduação. Em especial ao Professor Carrasco pela orientação desse projeto e pelo ótimo professor que foi durante toda minha graduação.

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1. Introdução

Os reservatórios convencionais estão cada vez mais difíceis de serem

localizados e os que estão em produção já não produzem com vazões tão altas

como no passado, porém, o consumo de hidrocarboneto vem aumentando e a

previsão mostra que a demanda para esse produto no futuro continuará

crescendo. Uma solução para o abastecimento desse crescente consumo é o

tema desse trabalho, isto é, a produção de reservas não convencionais para

tentar suprir a demanda.

Os investimentos em fontes de energia não renováveis veem se

diversificando e com o passar do tempo a fatia de recursos investidos em

fontes não convencionais vem aumentando.

De acordo com o relatório World Energy Investment Outlook (IEA, 2004), a

tendência para o investimento em cada fonte tanto para óleo quanto para gás

pode ser observado na Figura 1.1.

Figura 1.1 – Previsão de investimento em óleo e gás no cenário mundial até 2035. Fonte: (IEA,

2004).

Existe o interesse em diversos países em garantir seu suprimento

energético futuro e a solução que muitos estão tentando encontrar é a

viabilização da exploração de reservatórios não convencionais. Essas reservas

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apresentam características geológicas diferentes dos reservatórios

convencionais, portanto, exigirão um maior trabalho para retirada do

hidrocarboneto de suas rochas, exigindo um incremento no custo operacional

para produção dessas fontes.

1.1 Estrutura do trabalho

No capítulo 1 mostra-se a introdução geral desse trabalho descrevendo os

motivos que levaram a observância desse tema. No capítulo 2 será voltado

para uma revisão bibliográfica onde será feito uma breve explicação dos

conceitos importantes, tendo como ponto de partida a caracterização de um

reservatório convencional, bem como as propriedades das rochas e dos fluidos

contidos no reservatório e também será diferenciado os tipos de reservatórios

convencionais. No capítulo 3 será mostrado os reservatórios não

convencionais. No capítulo 4 será mostrado as técnicas de suporte utilizadas

para viabilizar a produção de reservatórios não convencionais. No capítulo 5

será mostrado a exploração de reservatórios não convencionais no Brasil e no

Mundo e finalmente no capítulo 6 será escrito a conclusão.

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2. Reservatórios convencionais

2.1 Acúmulo de hidrocarbonetos em Reservatórios

Segundo Thomas (2001), o petróleo é uma mistura de diversos

hidrocarbonetos de diferentes pesos moleculares, atualmente a teoria mais

aceita diz que o petróleo vem de matérias orgânicas formadas por

microorganismos e algas que formam o fictoplancton, depositados em

ambiente com baixo nível de oxigênio (ambiente anaeróbico), esses matérias

são aos poucos enterrados por sedimentos, indicando uma área de deposição

e com o passar do tempo geológico esses materiais vão sendo encobertos por

camadas sucessivas de sedimentos, gerando um aumento de pressão e de

temperatura, que são fatores essências para transformação do material

orgânico em petróleo.

Esse aumento de calor e pressão e a atuação de bactérias irão gerar

modificações na matéria orgânica que provocará a reorganização molecular e a

transformação da matéria em querogênio (metano bioquímico), com o

incremento da temperatura essa substância pode gerar o hidrocarboneto

líquido ou gasoso dependendo do estado dessa transformação (Thomas,2001).

Para que ocorra a formação de um reservatório convencional de

petróleo, deverá ocorrer algumas etapas de migração e acumulação e a

existências de estruturas específicas como dobras e falhas (Thomas,2001).

O petróleo é formado dentro de uma estrutura rochosa de baixa

permeabilidade, devido ao meio não oxigenado requerido para formação do

hidrocarboneto, essa estrutura é chamada de rocha geradora, ela é rica em

material orgânico e geralmente é um folhelho (Thomas,2001).

Após ocorrências de eventos geológicos o óleo que está nessa rocha

conseguirá escapar devido o aparecimento de fissuras geológicas, que levam o

aumento da permeabilidade da estrutura. Como o fluido tende a escapar para

uma área de menor pressão que a rocha geradora, esse fluxo de escape da

rocha geradora é chamado de migração primária. Com a continuidade desse

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fluxo de fluido através de um caminho com um certo nível de permeabilidade,

sua migração poderá ser interrompida por uma rocha impermeável chamada de

rocha Capeadora, esse fluxo anteriormente descrito é chamado migração

secundária (Thomas,2001).

A rocha capeadora junto com a rocha porosa (rocha reservatório) forma

um reservatório. Um esquema de migração pode ser observado na Figura 2.1

(Thomas,2001).

Figura 2.1 – Relação espaciais entre rochas geradoras, reservatórios e selantes. Fonte:

(Thomas, 2001)

Após a chegada desse fluxo na rocha reservatório ocorrerá a formação

das fases desse fluido dentro do próprio reservatório, ficando o gás na parte

superior devido sua menor densidade e a água na parte inferior, o óleo ficará

entre essas duas fases como demostrado na Figura 2.2.

Figura 2.2 - Acúmulo de hidrocarbonetos em um reservatório convencional. Fonte: (Hartman et

al,1999)

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2.2 Característica da rocha reservatório

Uma rocha reservatório pode ter qualquer origem ou natureza, entretanto,

ela deve possuir características adequadas para armazenar petróleo. Deve

existir um espaço entre os sedimentos ou fissuras em seu interior, que é

definido como porosidade e esses espaços deve ter um grau de conectividade

que proporcione uma capacidade de fluxo no seu interior.

As acumulações são geralmente de rochas sedimentares que atendem os

requisitos de porosidade intergranular e permeabilidade, as mais conhecidas

são os arenitos e carbonatos. Outros tipos de rochas podem constituir um

reservatório de petróleo, entretanto, deve existir um conjunto de fraturas para

que as mesmas tenham capacidade de armazenar e produzir de forma

econômica, como por exemplo, as rochas ígneas e metamórficas naturalmente

fraturadas.

O fraturamento artificial de uma rocha reservatório pode ser realizado com

o intuito de aumentar sua permeabilidade.

Segundo Suárez (2012) as rochas que formam os reservatórios

convencionais apresentam porosidade superior a 10% e permeabilidade

superior a 0,1 mD. Os fatores que influenciam a porosidade são a arrumação,

forma e tamanho dos grãos que constituem essa rocha, o grau de cimentação

também afeta diretamente a porosidade e a permeabilidade da rocha, pois o

cimento pode obstruir a comunicação existente entre os poros. Na Figura 2.3

observa-se uma visão aumentada da disposição dos grãos na rocha

reservatório.

Figura 2.3 – microfotografia de uma rocha reservatório contendo óleo. Fonte: (Thomas, 2001).

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2.3 Característica da rocha selante

A característica principal de uma rocha dita selante é a sua baixa

permeabilidade (menor que 10 mD), isto é, não existirá um fluxo de fluido

através dessa rocha. Existem diferentes tipos de rochas selantes, as mais

comuns em um reservatório de petróleo convencional são os folhelhos e

evaporitos (sal), está última sendo encontrada como rocha selante no

reservatório do pré-sal brasileiro, entretanto, outras rochas que não admitem

fluxo através do seu interior também podem ser chamadas de rocha

capeadora. A plasticidade dessa rocha também é um fator importante, pois as

mesmas serão submetidas a esforços de deformações e não poderão perder

sua característica selante com eventuais formações de fraturas que levem a

criação de caminhos para circulação de fluidos. A extensão areal é outra

característica importante, pois com o aumento da mesma ocorrerá uma maior

capacidade de acumulo de hidrocarboneto.

Embora os folhelhos tenham baixa permeabilidade e geralmente são

encontradas como rochas geradoras, também podem ser encontradas como

rochas reservatório em formações não convencionais de gás os chamados

“shale gas” (gás de folhelho) e a produção desse reservatório só será possível

devido a utilização de tecnologias e métodos apropriados de estimulação.

2.4 Característica dos fluídos

Segundo Rosa et al (2006) o petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos

que pode ser encontrado dependendo das condições de pressão e temperatura

nos estados sólidos, líquidos e gasosos, ou pode se apresentar em uma ou

mais fases em equilíbrio. Os hidrocarbonetos são compostos formados por

carbono e hidrogênio, que de acordo com suas características são agrupados

em série e mais de 15 destas séries já foram identificadas, sendo as mais

comuns as parafinas, as olefinas e os hidrocarbonetos aromáticos.

Na série parafina são encontrados hidrocarbonetos de ligação simples em

sua cadeia carbono que possuem a fórmula (CnH2n+2), também existe

parafínicos ramificados em um ou mais átomo de carbono, sendo esses

denominados isoparafínicos e possuem a mesma fórmula dos parafínicos

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normais. Na série olefinas são encontrados hidrocarbonetos de ligação dupla

em sua cadeia de carbono que possuem fórmula (CnH2n). Na série aromática

são encontrados os benzenos (C6H6), os toluenos (C7H8) e os naftalenos

(C10H8) .

Junto com essa mistura de hidrocarbonetos ocorrerá a incidência de uma

certa quantidade de impurezas, sendo as mais comuns o dióxido de carbono

(CO2), o nitrogênio (N2), o gás sulfídrico (H2S), o Hélio (He) e outros compostos

em menor quantidade. Com toda essa diversidade de componentes e

composições, faz com as características de cada óleo se diferencie entre si

(Rosa et al, 2006).

Quando essa mistura de petróleo se apresenta no estado gasoso recebe

o nome de gás natural, nessa composição irá existir a presença em maior

percentual de hidrocarbonetos mais leves da série parafina. No estado líquido

essa mistura é chamada de óleo e são encontrados componentes mais

pesados se comparada com o gás. Outro ponto importante, é que nas

condições de reservatório o hidrocarboneto que se encontra no estado líquido

poderá passar para o estado gasoso em condições de superfície, esse fato

ocorre porque nesse último estado a pressão e a temperatura são menores e a

fração mais leve se evaporiza da mistura (Rosa et al, 2006).

2.5 Tipos de estruturas de reservatórios convencionais.

As acumulações de petróleo convencionais podem ser de três tipos,

formações de caráter estrutural, são aquelas que apresentam estruturas

capazes de conter hidrocarboneto graças a modificações ocasionadas por

esforços tectônicos. Formação de caráter estratigráfico, que apresentam

configurações apropriada para retenção de óleo devido ao seu fator de

deposições subsequentes de diversos tipos de sedimentos, ocorrendo uma

certa variabilidade de permeabilidade. O terceiro tipo é o mista ou combinada,

que apresentam as características tanto estruturais como estratigráficas.

As acumulações convencionais de maior incidência são do tipo estrutural,

onde ocorre a resposta da rocha a um esforço ou deformação, gerando

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estruturas como as dobras e as falhas. As falhas têm o papel importante em

colocar a rocha reservatório em contato com a rocha selantes. Na Figura 2.4

poderá ser observado estruturas anticlinais e blocos falhados como trapas

estruturais.

Figura 2.4 – Armadilha Estrutural. Fonte: (Thomas, 2001)

Já a estrutura estratigráfica não tem relação com esforços atuando sobre

a rocha, entretanto, existe a formação de camada geológicas com

permeabilidades diferentes através do passar do tempo geológico, como

mostrado na Figura 2.5. Uma outra forma de armadilha é a combinada ou

mista, que é a soma de fatores estrutural e estratigráfica.

Figura 2.5 – Armadilha Estratigráfica. Fonte: (Thomas, 2001)

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2.6 Tipos de reservatórios convencionais de hidrocarboneto

considerando o tipo de fluido

Sabe-se que a depender das condições de pressões e temperatura o

petróleo na formação poderá se apresentar em diferentes maneiras, isto é,

totalmente líquida, totalmente gasoso ou uma mistura em equilíbrio de líquido e

gás. Dessa forma, pode-se dizer que existe reservatório de óleo com gás em

solução, reservatórios de gás e reservatórios de óleo com camada de gás.

Uma forma de determinar qual acumulação está presente em uma

determinada área é através da identificação da temperatura e da pressão que

existe nessa formação e correlacionar esses dados com o diagrama de fases

de uma mistura de hidrocarboneto conforme a Figura 2.6. As misturas que

estiverem nas condições de temperatura e pressão referentes ao ponto R1 do

diagrama, isto é, do lado esquerdo do ponto crítico, formarão um reservatório

de óleo, caso esse ponto esteja a direta do ponto crítico, como o ponto R2,

formarão um reservatório de gás.

Figura 2.6- Diagrama de fases de uma mistura de hidrocarboneto. Fonte: (Rosa et al, 2006).

2.6.1 Reservatórios de óleo saturado e subsaturado

Com início da produção de uma reserva de petróleo, o fluido que

inicialmente está sobre uma determinada pressão e temperatura nas condições

de reservatório irá se movimentar para a superfície devido ao diferencial de

pressão. Chegando aos equipamentos de superfície, esse mesmo fluido estará

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submetido a uma nova condição de pressão e temperatura, podendo sofrer

alteração em suas fases devido a essas novas condições.

A temperatura do reservatório se mantém aproximadamente constante

durante toda sua vida produtiva, porém, sua pressão irá diminuir com o passar

do tempo (depletação), alterando as propriedades do fluido que permanece

dentro formação.

Um reservatório de óleo, pode ser definido como reservatório de óleo

saturado ou óleo subsaturado. Se o ponto referente a pressão e a temperatura

do fluido dentro do reservatório estão sobre a curva de bolha (ponto de

vaporização) dessa mistura, qualquer redução de pressão acarretará a

formação de uma fase de gás, essas condições caracterizam um reservatório

de óleo saturado. Já para formações de óleo que estão com o ponto referente a

pressão e temperatura acima da curva de bolha, serão caracterizados como

reservatórios de óleo subsaturado, pois com a diminuição de pressão não

existirá a vaporização do gás.

2.6.2 Reservatórios de óleo de baixa contração e de alta contração

Com a diminuição da pressão causada pela passagem das condições de

reservatório para condições de superfície, a parte mais leve que está dissolvida

no fluido irá se vaporizar seguidos dos componentes intermediários, com isso,

irá ocorrer uma contração da fase líquida restante. Pode-se dizer então que

óleo com grande quantidade de fase leve irá liberar mais gás e a fase líquida

remanescente irá sofre uma maior contração devido à perda de massa ocorrida

pela vaporização da fase leve, esses óleos são de alta contração. Óleos que

apresentam um maior teor de componentes pesados terão uma contração

menor devido a menor quantidade de gás que é liberado com a diminuição da

pressão, esses óleos são chamados de baixa contração (Rosa et al, 2006).

2.6.3 Reservatórios de óleo normal e óleo quase crítico

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Existem óleos que não se classificam nem como de alta contração nem

como de baixa contração, essas misturas são chamadas de óleo normal ou

“black-oil” (Rosa et al, 2006). Os óleos quase críticos apresentam suas

condições de pressão e temperatura situado em um ponto próximo a da

pressão e temperatura crítica da mistura, com uma pequena diminuição de

pressão observa-se a liberação de grandes quantidades de gás.

2.6.4 Reservatório de gás

Quando o fluido que está no reservatório está na fase gasoso, isto é, o

ponto referente a pressão e a temperatura no diagrama de fases está do lado

direito do ponto crítico.

2.6.5 Reservatório de gás úmido e gás seco

Quando a mistura de gás é submetida ao processo de separação na

superfície e ocorre a condensação de uma fase líquida, define-se esse

reservatório como de gás úmido, entretanto, se a quantidade de líquido

condensado for pequena o suficiente para não ter valor econômico, existirá

como definição apenas um reservatório de gás seco. As condições de pressão

e temperatura em superfície são ditadas pelos equipamentos de separação,

logo observa-se que a classificação de um reservatório não depende somente

da composição original do óleo, mas também dos equipamentos de separação

da superfície.

2.6.6 Reservatório de gás retrógrado

Nesse tipo de reservatório ocorre um fenômeno interessante no gás

dentro do reservatório, à medida que o fluido vai sendo produzido a pressão

dentro do reservatório irá diminuir, ocasionando a condensação do gás dentro

da formação, o que se esperava era a maior vaporização do líquido com a

diminuição da pressão. Isso ocorre porque a temperatura do gás está entre a

temperatura crítica e a cricondenterma, que é a linha perpendicular ao eixo da

temperatura no diagrama de fases que representa a maior temperatura onde

coexistem duas fases, isto é, líquido e gás em equilíbrio termodinâmico.

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A formação desse condensado dentro do reservatório poderá atrapalhar

o fluxo de gás e por consequência atrapalhar a produção do mesmo. Por esse

motivo esse fenômeno não é favorável no estágio produtivo.

Uma maneira de classificar um reservatório foi proposta por Craft

Hawkins em 1959, onde eles usaram a razão de gás/ líquido de produção

(RGL) que é o quociente da divisão da vazão do gás pela vazão do líquido, as

duas em condições padrões e definiram os reservatórios como:

Reservatório de Óleo: RGL ≤ 900 m³ std/m³ std;

Reservatório de Gás Condensado: 900 m³ std/ m³ std < RGL < 18 000 m³ std/m³ std;

Reservatórios de Gás Seco: RGL ≥ 18 000 m³ std/m³ std.

Na Figura 2.7, pode-se observar visualmente a localização das

propriedades de temperatura e pressão no diagrama de fases para cada tipo

de reservatório descrito até aqui.

Figura 2.7 – Diagrama de fases, (p1 e T1) – reservatório de óleo. (p2 eT2) – reservatório de

gás retrógado. (p3 e T3) – reservatório de gás. Fonte: (Rosa et al, 2006)

2.6.7 Reservatório de óleo e gás

Existe na natureza os reservatórios mistos, uma parte do hidrocarboneto

estará na forma líquida e a outra parte na forma gasosa em equilíbrio, portanto,

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classifica-se essas acumulações como de óleo ou de gás dependendo da fase

predominante. Quando existe uma quantidade considerada de gás, mas o

interesse na exploração é o óleo, essa formação será classificada como

reservatório de óleo com capa de gás. Caso exista viabilidade econômica

apenas na exploração do gás, será classificado apenas como reservatório de

gás.

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3. Reservatórios não convencionais de hidrocarboneto

A classificação dos reservatórios não convencionais não está baseada

nos hidrocarbonetos existentes em suas rochas, mas sim na caracterização da

rocha reservatório. Agora será feito algumas caracterizações de reservatórios

não convencionais e definido suas principais diferenças se comparado com os

reservatórios convencionais.

As rochas reservatórios convencionais são em sua maioria arenitos e

carbonatos fraturados devido à presença de uma alta porosidade e

permeabilidade e a capacidade de armazenar hidrocarbonetos e produzir a

uma taxa economicamente viável (Monteiro, 2011).

A principal diferença entre um reservatório convencional e um

reservatório não convencional está na geologia da formação, o reservatório

convencional há um sistema petrolífero onde existe rochas geradores,

reservatório, selantes, trapas geológicas e falhas que possibilitam que o

petróleo migre da rocha geradora para o reservatório. Já em reservatórios não

convencionais a própria rocha geradora pode ser também a rocha reservatório

e selante devido a sua baixa permeabilidade.

Segundo Suárez (2012) as rochas que formam os reservatórios

convencionais apresentam porosidade superior a 10% e permeabilidade

superior a 0,1 mD, enquanto os reservatórios não convencionais compreendem

rochas com porosidade inferior a 10% e permeabilidade inferior a 0,1 mD.

Os reservatórios não convencionais apresentam reservas muito

superiores e são mais abundantes se comparado com os convencionais, eles

são bastante diversificados, podendo ser profundo ou não, homogêneo ou

fraturado, possuir alta ou baixa temperatura, conter uma única zona ou

múltiplas zonas e ser de formato tabular ou lenticular. Observa-se que cada

caso é único, portanto, cada reservatório tem que ser estudado individualmente

(Batista, 2011).

Devido à complexidade desses reservatórios sua produção se torna mais

onerosa se comparado com os reservatórios convencionais. Existem diversos

tipos de reservatórios não convencionais, como será visto, a evolução da

tecnologia e do entendimento a respeito das acumulações de hidrocarbonetos

geraram um ambiente propício para exploração dessas novas reservas. Essas

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acumulações irão incluir áreas geológicas contendo xisto, areias impermeáveis,

carbonatos, areias com óleo pesado, acumulação de carvão com metano entre

outras.

Cabe ressaltar que o conceito de um reservatório não convencional é

impreciso, pois no futuro com a evolução das técnicas e da tecnologia

empregada na exploração desses reservatórios, os mesmos poderão se tornar

convencional.

Na Figura 3.1 observa-se a pirâmide de recurso, que mostra o incremento

de custo e dificuldade de extração. A base da pirâmide é formada por recursos

não convencionais, onde existe a necessidade de aplicação de uma maior

tecnologia para exploração desses recursos, entretanto, a sua oferta é superior

a ponta da pirâmide, onde existe os recursos convencionais em menor

quantidade e com um custo de exploração inferior aos não convencionais

(Base).

Figura 3.1 – Pirâmide de Recursos convencional e não convencional. Fonte: (Repsol, 2013).

3.1 Reservatório de gás não convencional.

São reservatórios incapazes de produzir volumes comerciais de

hidrocarbonetos gasoso sem assistência de estimulações ou métodos de

recuperação especiais. Nessas acumulações o gás é produzido a partir de

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arenitos/carbonatos não permeáveis (“tight gas sand”/”carbonates”), de

folhelhos que são rochas finas de baixíssima permeabilidade (“shale gas”), de

carvão mineral (“coalbed methane”) e de depósitos de hidrato de gás (“gas

hydrate deposits”).

3.1.1 Reservatório de areais impermeáveis “tight sands”

Esses reservatórios do ponto de vista geológico é o mesmo que forma

acumulações convencionais de arenitos, entretanto, ele apresenta o meio

poroso bastante mal selecionado e pouco conectado. O termo “tight gas” se

refere ao hidrocarboneto gasoso contido em um reservatório de baixa

permeabilidade. Essa diferença ocorre devido aos sedimentos mal selecionado

e altos níveis de alterações diagenéticas ocasionado pelo aumento da pressão

e temperatura, gerando como produto o cimento, reduzindo assim a

permeabilidade (Min et al, 1998). Na Figura 3.2 observa-se a diferença entre

um arenito normal e um “tight sands”. Um poço desse tipo pode ter uma vida

rentável economicamente de até 50 anos.

Figura 3.2 – Arenito Convencional (esquerda) X “Tight Sands” (direita). Fonte: (Virgens, 2011)

Com o início da exploração dessas reservas foram usados poços

verticais devido ao pouco conhecimento da região em subsuperfície e dos altos

riscos envolvidos na perfuração desses poços, à medida que foram sendo

explorados houve o aumentando do conhecimento sobre a área e o

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comportamento dessas reservas, com isso os riscos envolvidos foram sendo

controlados e deram margem para novos projetos que envolviam a utilização

de poços horizontais (Smith et al., 2009).

De modo geral, são reservatórios de arenitos impermeáveis que

possuem porosidades entre 5-15% e saturação de água de 50-70% e

permeabilidade de gás entre 0.001-1mD (miliDarcy), com isso será necessário

o uso de fraturamento hidráulico e perfuração horizontal para aumentar a

permeabilidade e tornar a produção economicamente viável.

Nesses reservatórios são geralmente acumulações de gás, porém, pode

existir óleo em alguns casos. Durante o início da produção ocorrerá um curto

período de alta produção, acompanhado logo em seguida de uma rápida queda

com manutenção da baixa produção com declínio lento (Bessa Júnior, 2014).

3.1.2 Reservatório de folhelho “shale gas”

Os folhelhos são rochas argilosas sedimentares ricas em matéria

orgânica e que apresentam uma granulação fina, geralmente são consideradas

rochas geradoras em reservatórios convencionais. Mais de 50% das rochas

sedimentares são classificadas como folhelhos (Jacomo, 2014). Como nos

reservatórios convencionais a matéria orgânica teve que passar por processos

termoquímicos para então se transformar em hidrocarbonetos em forma de gás

ou óleo. Existem nomenclaturas utilizadas para diferenciar esses reservatórios,

são eles “Oil Shales” os reservatórios de folhelhos que apresentam uma alta

porcentagem de matéria orgânica imatura (querogênio) na fase líquida mais

conhecido como xisto betuminoso. “Shale Gas” os reservatórios de folhelhos

que contém hidrocarboneto maduro na forma de gás, são exemplos desse tipo

de reservatórios os localizados nos Estados Unidos.

Para poder diferenciar o tipo de formação que está presente em uma

determinada área, será necessário realizar a análise do conteúdo orgânico total

(TOC, da sigla em inglês), entretanto, outros fatores como o grau de maturação

e grau de querogênio presente também influenciaram na capacidade de

produção e acumulação desses reservatórios.

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Alguns estudos feitos chamam o reservatório “shale gas” de Gás de Xisto,

essa denominação está erronia, visto que, o Xisto é uma rocha metamórfica e o

folhelho é uma rocha sedimentar (PETROBRAS,2004).

Para efeito de comparação um reservatório de “shale gas” apresenta uma

faixa de permeabilidade de 0,000001 mD a 0,0001 mD (ou 1 a 100

nanoDarcies), já os reservatórios de arenito compactados do tipo convencional

apresentam uma permeabilidade na faixa de 0,5 mD a 20 mD (King, 2012).

O reservatório de “shale gas” são classificados como formações

contínuos de gás natural, ou seja, acumulações que são difundidas em grandes

áreas. Essas acumulações são diferentes das convencionais em duas

características importantes, uma delas é que não ocorrem em cima de uma

base de água, a outra está relacionada com a não estratificação por densidade

dentro do reservatório, isto é, não ocorre separação de fases conforme

observa-se na Figura 3.3.

Figura 3.3 – Diagrama generalizado mostrando a área de ocorrência de acumulações de gás

de forma convencional em trapas estruturais, estratigráficas e de forma não convencional em

reservatórios de folhelho. Fonte: (Adaptado de Pollastro, 2003).

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As acumulações de “shale gas” apresentam quatro diferentes tipos de

porosidade segundo Devegowda et al. (2011), são elas porosidade na região

orgânica e inorgânica da rocha, fraturas naturais e fraturas hidráulicas. Então,

observa-se que o escoamento no interior dessas rochas é extremamente

complexo, portanto, de difícil modelagem e previsão de produção.

Uma característica da produção de gás do reservatório de “shale gas” em

comparação com reservatório convencional, é apresentação de uma alta

produtividade no primeiro ano, isso ocorre porque o gás que está livre dentro

da rocha é produzido a uma alta taxa, já o gás que está preso na rocha é

explotado de uma forma mais lenta, mantendo assim a produção baixa para os

anos subsequentes com uma taxa de declínio lenta.

Observa-se uma queda de até 90% na produção do “shale gas” no

primeiro ano. Esse comportamento pode ser observado na Figura 3.4, onde

pode-se visualizar o comportamento de 3 áreas distintas de exploração e

produção do gás de folhelho em diferentes regiões dos EUA.

Figura 3.4 – Taxa média de produção de shale gas nos EUA. Fonte: (MIT,2010).

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Por ser um reservatório não convencional seu fator de recuperação é

baixo de aproximadamente 20% a 30%, se comparada com um reservatório

convencional de gás onde o fator de recuperação é cerca de 80%, entretanto,

seu volume é bem superior ao convencional, conforme já mencionado (Gény,

2010).

3.1.3 Reservatório de gás de carvão mineral “Coalbed methane”

São reservas de carvão mineral onde uma grande quantidade de gás é

armazenada devido ao grande volume superficial do carvão, obtendo assim

uma quantidade até 7 vezes superior a uma acumulação de gás convencional

de mesmo volume rochoso segundo Loftin (2009). Essa enorme capacidade de

armazenamento ocorre devido a adsorção do metano da superfície do carvão,

aumentando assim a densidade do fluido à valores próximos ao estado líquido

equivalente. No processo de formação de carvão mineral uma grande

quantidade de gás metano é gerado, caracterizando assim o carvão como uma

rocha geradora e reservatório e com propriedade selantes devido a pressão de

sobrecarga (“overburden pressure”), que fecham as fraturas existentes no

carvão, impedindo a movimentação de gás.

Essas reservas apresentam diversas vantagens, pois a maior parte delas

apresentam localizações já conhecidas, e encontram-se a uma pequena

profundidade e a produção de gás nesses reservatórios podem durar vários

anos sem a ocorrência de uma queda significativa, sem contar a capacidade do

carvão de sequestrar o CO2 enquanto eleva a produção de gás natural. Esse

reserva vem se tornando em pouco tempo uma fonte importante para indústria,

porque está produzindo combustível mais limpo em um tempo onde existe um

grande apelo ambiental (HALLIBURTON, 2007).

A forma de acumulação nesses reservatórios ocorre de uma maneira bem

diferente do convencional, o gás metano fica adsorvido na superfície do carvão

ao invés de ficarem acumulados em espaços porosos dentro da formação.

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Segundo Virgens (2011), na safra do carvão sempre ocorreram problemas

relacionados com o gás adsorvido no mesmo, visto que grandes quantidades

de metano em minas de carvão apresentam um risco para os mineradores.

O processo de produção desses reservatórios acontecem da seguinte

maneira, as fraturas naturais apresentam uma certa quantidade de água, sendo

a água um líquido incompressível sua retirada irá gerar uma depletação (perda

de pressão) no reservatório, ocasionando o desprendimento da moléculas de

carbono que estão adsorvidas na superfície do carvão, retornando as mesma

para o estado gasoso onde iram permear a matriz do carvão até atingirem as

fraturas de alta permeabilidade que o levaram para o poço. Uma observação

interessante sobre o comportamento desses reservatórios, é que existirá no

início uma grande produção de água e baixa produção de gás, com o passar

do tempo isso era se inverter, isto é, ocorrerá uma pequena produção de água

com um aumento da produção de gás, esse comportamento é o contrário que

ocorre em reservatórios convencionais, tanto de gás quanto de óleo

(Virgens,2011).

3.1.4 Reservatório de hidratos de gás “Methane Hydrates”

Os hidratos de gás são sólidos metaestáveis formados por moléculas de

água e gás a baixas temperaturas e altas pressões, apresentam uma estrutura

cristalina em forma de “gaiola” (Virgens, 2011). Essa estrutura cristalina é

formada por ligações de hidrogênio entre as moléculas de água e ligações de

Van Der Walls entra as moléculas de água e metano, conforme pode ser

observado na Figura 3.5.

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Figura 3.5 – Estrutura dos hidratos de metano – Gaiolas “cages” formada por moléculas de

água que aprisionam moléculas de metano. Fonte:(Peer,2012).

Para formação e estabilidade dos hidratos é necessário a ocorrência de

água livre com uma certa concentração de metano, junto a isso, é preciso

condições de temperatura e pressão específicas como já foi descrito.

Geralmente os depósitos de hidratos são formados em algumas regiões

específicas, como ao longo da margem continental, sedimentos de água

profunda, em lagos ou mares interiores e no gelo do Antártico.

As formações de hidratos sempre foram responsáveis por problemas em

tubulações de produção em poços de gás, pois com a sua formação a linha de

gás será restringida diminuindo assim a área para a passagem do gás e

gerando um aumento de pressão a montante da formação do hidrato e queda

de pressão a jusante. Porém, foi observado que com a dissociação dos

hidratos nas condições ambientais o mesmo gerava uma quantidade

significativa de gás metano, entorno de 163 metros cúbicos de gás para cada

metro cúbico de hidrato, isso levou o interesse da exploração de reservatórios

de hidratos em todo o mundo (Oliveira, 2014).

Existem diversos métodos para exploração desses tipos de reservatórios,

os mais comumente utilizados são, elevar a temperatura dos reservatórios

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acima da temperatura de dissociação de hidratos utilizando água quente ou

injeção de vapor, injetar inibidor como metanol ou glicol para redução da

estabilidade dos hidratos ou reduzir a pressão do reservatório abaixo da

pressão de equilíbrio dos hidratos tirando a estabilidade do mesmo.

Na exploração desse tipo de formação não convencional existe diversos

desafios como a baixa permeabilidade dos sedimentos de hidratos, os mesmos

podem desestabilizar o leito marinho e também podem se recristalizarem

dentro das tubulações de produção ocasionando o bloqueio das linhas. Por

esses e outros motivos a produção de gás em reservatórios de hidratos são

mais onerosas se comparado com reservatórios de gás convencional.

3.2 Reservatório de óleo não convencional.

São reservatórios incapazes de produzir volumes comerciais de

hidrocarbonetos líquido sem assistência de estimulações ou métodos de

recuperação especiais. São esses os reservatórios de Óleo Pesado (Heavy Oil)

e os reservatórios de Xisto Betuminoso (Oil Shales).

3.2.1 Reservatórios de óleo pesado “Heavy Oil”

A definição de óleo pesado pode variar de acordo com a fonte, uma

medida usada na indústria para determinar o peso do óleo é o °API (“American

Petroleum Institute”), que se relaciona com a densidade de acordo com a

equação 3.1, onde ‘ρ’ é a gravidade específica do fluido.

(Eq. 3.1)

Nos Estados Unidos o Departamento de Energia (DOE) classifica o óleo

pesado tendo um °API entre 10° e 22,3°, entretanto, o °API não pode indicar a

produtividade do poço, porque existem outras propriedades do fluido que irão

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afetar o fluxo com maior rigor, uma dessas propriedade é a viscosidade do

óleo.

De acordo com (Alboudwarej et al, 2007) o óleo pesado ficou classificado

como aqueles que possuem menos de 19° API, densidade maior do que 0,9

g/mL e uma viscosidade maior que 10 cP (Centipoise) podendo alcançar um

valor maior que 1.000.00 cP. Gerando uma maior dificuldade para a

movimentação desse óleo no reservatório e tornando sua explotação mais

onerosa. Além disso, os óleos pesados apresentam uma alta quantidade de

contaminantes, gerando problemas nos equipamentos de produção e tornando

ainda mais complexa a extração desse tipo de hidrocarboneto.

De acordo com estimativas feitas em todo mundo, o óleo dito não

convencional, isto é, óleos pesados, óleos ultrapesados e betume, representam

cerca de 70% dos recursos petrolíferos, conforme observa-se na Figura 3.6.

Figura 3.6 – Estimativa dos recursos petrolíferos mundiais. Fonte: (Alboudwarej et al, 2007)

Um ponto importante é que a maioria dos reservatórios de óleo pesado

“Heavy Oil” ocorrem em profundidades consideradas como moderadas, pois

são óleos que foram gerados em rochas geradoras profundas e posteriormente

migraram para regiões mais rasas, onde foram degradadas por bactérias e por

intemperismo. Esses óleos apresentam baixo poder calorífico e seus

reservatórios apresentam baixo índice de recuperação primária e baixa

produtividade dos poços, pois os óleos contidos nesses reservatórios

apresentam elevada viscosidade.

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3.2.2 Reservatórios de xisto betuminoso “oil shale”

O termo xisto de petróleo se refere qualquer rocha, como pode ser

observado na Figura 3.7, que apresentam materiais betuminosos sólidos

(querogênio), que após passar por um processo de aquecimento (pirolise) irá

liberar um líquido semelhante ao petróleo, o xisto betuminoso (oil shale).

O processo de formação do betume é semelhante ao do óleo convencional,

ele é formado há milhões de anos por deposição de sedimento e detritos

orgânicos nos leitos dos lagos e fundos marinhos, ou seja, em ambiente isento

de oxigênio. O calor e a pressão irão transformar essa matéria orgânica em

querogênio, no processo semelhante a formação do óleo, entretanto, o calor e

a pressão não foram suficientemente altos para forma o hidrocarboneto líquido

ou gasoso, por essa razão, fala-se que esses reservatórios não estão maduros,

pois ainda não ocorreu a formação de óleo ou gás como esperado.

Figura 3.7 – Foto de uma rocha contendo xisto betuminoso (oil shale). Fonte:

(http://ostseis.anl.gov/guide/oilshale/).

O xisto betume poderá ser extraído e processado para gerar

hidrocarboneto líquido, entretanto, esse processo é mais oneroso que a

extração de óleo em reservatórios convencionais. O betume é solido, por essa

razão ele não pode ser produzido do subsolo como o óleo e o gás, o mesmo

deve ser extraído e depois aquecido a uma temperatura elevada, por volta de

650 – 700 °F (Fahrenheit), até que ocorra a formação de líquido ou de gás.

Esse processo de aquecimento e feito em uma retorta.

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Um processo alternativo se chama retortagem in situ, que envolve o

aquecimento do betume quando o mesmo ainda está em subsolo e posterior

retirada do líquido resultante através de bombeamento em poços perfurados

para essa finalidade.

Por se tratar de uma fonte não convencional, a viabilidade de exploração

do mesmo está muito atrelado ao preço do óleo. O preço alto do petróleo irá

atrair investimento na exploração dessas fontes não convencionais, entretanto,

quando o preço está em baixa não existirá interesse dos países em investirem

na produção dessa fonte, visto que, o custo de produção de 1 barril de óleo em

um reservatório de xisto é superior a 60 dólares, pois envolve um alto

desenvolvimento tecnológico que irá gerar um custo mais alto de produção.

Uma outra barreira imposta para exploração desse tipo hidrocarboneto é o

impacto ambiental e social negativo que o desenvolvimento de um reservatório

de oil shale irá resultar, tanto na localidade onde está alocado quanto em

outras regiões que serão afetadas devido a emissão dos gases poluentes.

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4. Técnicas de suporte usados em reservatórios não

convencionais

Os reservatórios não convencionais apresentam uma certa dificuldade em

produzir petróleo com vazões econômicas, devido usualmente apresentarem

porosidade e permeabilidade bem inferiores aos reservatórios ditos

convencionais, portanto, são usadas técnicas adicionais para desenvolvimento

desses reservatórios.

4.1 Perfuração Direcional

A perfuração direcional é uma técnica onde a trajetória do poço é desviada

por diversos motivos. Essa técnica começou com a finalidade de reparar alguns

problemas especiais que aconteciam na perfuração, tais como ferramenta

deixada no poço, poços tortuosos, etc, e mais tarde foram usadas para

perfuração de poços de alívio em caso de “Blowout”, atingir formações

inacessíveis, perfurar vários poços a partir de um mesmo ponto (poços

multilaterais), entre outras finalidades.

Como a ampliação da exploração de reservatórios não convencionais, uma

forma de perfuração direcional está sendo utilizada para viabilizar a produção

em áreas de baixa permeabilidade como em reservatórios de folhelhos. Essa

forma se chama perfuração horizontal, que será um trecho perfurado

horizontalmente, com um ângulo de desvio próxima a 90° dentro da formação

produtora possibilitando uma maior exposição do reservatório, aumentando a

área de drenagem e o fator de recuperação.

A perfuração horizontal tem oferecido a possibilidade de viabilizar a

produção dos chamados reservatórios de gás em folhelho “shale gas”, pois

essas formações apresentam características que são amplamente favorecidas

por esse tipo de perfuração, isto é, essa perfuração permite aumentar de forma

significativa a área de drenagem desse reservatório e por consequência

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aumentar o índice de produção e o fator de recuperação. Na Figura 4.1

observa-se um esquema desse tipo de perfuração.

Figura 4.1 – Representação esquemática de uma Perfuração horizontal. Fonte:(site

www.manutençãoesuprimentos.com.br ).

4.2 Estimulação por Fraturamento

O fraturamento hidráulico é um processo de estimulação que visa

aumentar a produtividade em um poço de petróleo, isto é, aumentar o IP (Índice

de Produtividade), é um processo em que se trabalha com elevada ΔP

(variação de pressão) aplicada contra rocha reservatório até a sua ruptura.

Usualmente se faz necessário a utilização de um agente de sustentação

(propante), para impedir que as fraturas formadas se fechem após o fim da

operação.

Existem dois tipos de fraturamento, e diversos métodos para a sua

execução, como será indicado nesse estudo. O fraturamento pode ser dividido

em fraturamento hidráulico e fraturamento ácido.

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O fraturamento hidráulico tem como principais objetivos em reservatórios

convencionais aumentar a área exposta ao fluxo, criar canais de alta

condutividade, ultrapassar zonas de baixa permeabilidade (dano) e contribuir

para o aumento da recuperação final, são comumente usados em formações

de arenito de baixa permeabilidade. As fraturas criadas a partir desse método

são mantidas através do agente de sustentação (propante). A composição do

fluido utilizado para o processo de fraturamento pode ser observada na Figura

4.2.

Figura 4.2 – Composição do fluido de fraturamento. Fonte: (Ayde,2014)

Já em reservatórios não convencionais, esse método é utilizado para

criar zonas com alto índice de fraturabilidade e fraturas com um alto grau de

complexidade, aumentando assim o volume do reservatório estimulado e a

permeabilidade do mesmo, gerando a produção econômica dessas formações

que apresentam inicialmente uma baixa permeabilidade devido suas

características litológicas.

Na Figura 4.3, pode-se observar a diferença entre o fraturamento

hidráulico (FH) com uma rede de fraturas complexas e uma rede de fraturas

simples que são usadas para a exploração do “shale gas” e para reservatórios

convencionais de arenito de baixa permeabilidade respectivamente. Na Figura

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4.4 observa-se as fraturas produzidas pelo FH em um reservatório de “shale

gas”.

Entretanto, mesmo com esses métodos de fraturamento combinado com

a perfuração horizontal, a recuperação de reservatórios de “shale gas”

dificilmente ultrapassaram os 20% (Suarez, 2012).

Na Figura 4.5 observa-se os equipamentos necessários para realização

do fraturamento hidráulico em um poço nos Estado Unidos.

Figura 4.3 – Desenhos esquemático de fraturas simples e complexas (rede de fraturas). Fonte:

(Fisher, M.K. et al,2002).

Já o fraturamento ácido se inicia igual ao fraturamento hidráulico, isto é,

a partir da injeção de um fluido no reservatório com pressão suficiente para

criar uma fratura por tração na rocha reservatório, entretanto, não é necessário

a utilização de um agente de sustentação, porque após o bombeamento do

fluido inerte e de alta viscosidade que fratura a formação, é imediatamente

bombeado um fluido ácido que reage quimicamente com a rocha do

reservatório. Esse ácido corroei as faces da fratura recentemente abertas,

gerando uma rugosidade. Após finalizado o tratamento, com a diminuição da

pressão, a fratura não irá conseguir se fechar completamente devido a essas

irregularidades presentes nas faces. Devido a essas irregularidades será criado

um caminho preferencial de alta condutividade para o escoamento do fluido no

reservatório.

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41

É bom lembrar que o tratamento de fraturamento ácido é geralmente

usado em reservatórios de carbonatos.

Figura 4.4 – Processo de fraturamento hidráulico em reservatório de shale gas. Fonte: (Fapesp- Nerc Workshop on sustainable gas future).

Figura 4.5 – Caminhões e equipamentos necessários para o fraturamento hidráulico próximo a

um poço nos Estados Unidos. Fonte:(Energy.usgs.gov).

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42

4.3 Novos modelos de Fraturamento Hidráulico

Nesse trabalho já foi mencionado os diversos tipos de reservatórios não

convencionais mais comumente pesquisados, e foi mostrado as diferenças

deles com os reservatórios convencionais. Para a exploração desses

reservatórios não convencionais mostrou-se que será necessário a utilização

de técnicas de estimulação e tecnologia diferenciada se comparada com a

exploração dos reservatórios convencionais, essas técnicas de estimulação já

foram tratadas, entretanto, no mercado existem técnicas diferenciadas que são

criadas por empresas particulares para aumentar o sucesso da exploração

desses reservatórios não convencionais. Essas novas tecnologias, e os

princípios de seu funcionamento serão apresentados agora.

4.3.1 Uso da técnica do Agrupamento Optimizado e do “BroadBand

Sequence” no fraturamento hidráulico.

Como se sabe, para que o fraturamento hidráulico seja sucedido é preciso

injetar um fluido (fluido de fraturamento) dentro do reservatório a uma pressão

superior a pressão de resistência a fratura da formação. Esse procedimento é

realizado após a completação do poço, isto é, após serem colocados os

revestimentos e adequadamente cimentado o espaço anular entre a parede do

poço e do revestimento. Além disso, será necessário realizar os canhoneios

para ligar o poço a formação.

Geralmente usa-se na operação de fraturamento hidráulico a técnica

conhecida como “plug and perf” que consiste nas seguintes etapas. Após a

perfuração do poço e colocação do revestimento e a cimentação do espaço

anular, os engenheiros realizam o canhoneamento da extremidade mais

afastada do poço, e um intervalo com comprimento de 100 metros é

canhoneado e fraturado (Kraemer C. et al, 2014). Após o procedimento descrito

anteriormente, o intervalo tratado é isolado do resto do poço através do “plug”,

em seguida um segundo intervalo de mesmo comprimento é canhoneado e

fraturado, repetindo esse tratamento até que toda a parte horizontal do poço

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43

seja estimulada, lembrando sempre de isolar o estágio já tratado do restante do

poço como observa-se na Figura 4.6.

Esses projetos que apresentam o comprimento de cada intervalo igual

são chamados de conclusões geométricas. Entretanto, os engenheiros

começaram a usar a micro sísmica e a perfilagem LWD (Logging While Drilling)

para determinar as mudanças de propriedade nesse intervalo perfurado

horizontalmente, na tentativa de diminuir o número de estágios canhoneados

sem prejudicar a produtividade do poço, diminuindo o custo e o tempo da

operação de estimulação. Essa técnica é chamada de Agrupamento Otimizado

(Kraemer C. et al, 2014).

Figura 4.6 – Técnica do “plug and perf” usado na estimulação em reservatórios do “shale gas”.

Fonte: (Chong, K.K. et al, 2010).

Um problema que ocorre durante esse tratamento em formações de

folhelho (“shale gas”), é devido essas apresentarem um alto grau de

heterogeneidade, isto é, apresentarem mudanças de propriedade em pequenos

intervalos de espaço. Essa característica irá gerar uma diferença de pressão

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de fratura para cada furo (canhoneado), gerando uma estimulação desigual da

região canhoneada, pois as que apresentarem uma pressão de fratura menor

irão ser preferencialmente fraturadas. Em quanto isso, as que tiverem uma

maior pressão de fratura não irão sofrer o tratamento de estimulação

apropriado, deixando uma parte da formação inacessível e sem possibilidade

de produzir devido suas características de baixa permeabilidade. Quando esse

método tradicional de fraturamento hidráulico é utilizado até 40% do

canhoneados podem deixar de contribuir para a produção do poço.

Tentando resolver esse problema, os engenheiros desenvolveram um

agente de desvio, que é utilizado em um segundo tratamento de estimulação.

Esse método é chamado de “Broad Band Sequence” e tem como objetivo criar

tampões temporários em canhoneados já estimulados.

Utilizando a técnica do “plug and perf” o fraturamento ignora os

canhoneados não estimulados, devido a um benefício pequeno que uma

estimulação segundaria iria gerar, pois o fluido de fraturamento tomaria o

caminho de menor resistência em canhoneados já estimulados. Entretanto,

usando um agente de desvio no fim da primeira etapa de estimulação, esse

produto iria tamponar os canhoneados inicialmente fraturados como na Figura

4.7, para que no tratamento secundário o fluido de fraturamento seja desviado

para os canhoneados não estimulados tratando assim uma região distinta e por

consequência melhorando a produtividade do poço devido ao aumento da

região tratada.

Figura 4.7 - Agente de desvio bloqueado a fratura. Fonte: (Schlumberger,2015)

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45

Uma propriedade importante para o agente de desvio está na capacidade

de tamponar a fratura pelo tempo necessário para realização da estimulação

secundária, em torno de 4 horas. Uma outra característica importante e a

capacidade de degeneração desse tampão, porque após o tratamento

secundário essa fratura inicialmente tamponada deverá ser aberta para que o

fluido possa fluir sem nenhuma restrição.

4.3.2 Sistema de manga de fratura recuperável para estimulação

secundária de poços não convencionais

Devido à perda de produtividade de um poço com o decorrer do tempo,

principalmente em poços de reservatórios não convencionais que apresentam

uma menor porcentagem de recuperação de hidrocarboneto e curvas de

declínio mais acentuadas, à necessidade de uma estimulação secundária com

o objetivo de aumentar os níveis de produção e a recuperação final desse

reservatório. Atualmente existe diversas técnicas que visam re-fraturar o poço,

cada uma com suas vantagens de desvantagens, mas todas tendo como

objetivo principal aumentar a produção do poço.

Um dessas técnicas que utilizam o Sistema de manga (“Sleeve System”) é o

empacotador BHA (“bottomhole assembly”) conforme Figura 4.8, usados para

re-fraturar um poço de petróleo. O BHA é posicionado entre um conjunto

existente de canhoneios, de modo que o empacotador de straddlle (straddle

packer) consiga isolar essa área. Após o isolamento da região canhoneada, o

tratamento de fraturamento secundário é realizado apenas na região isolada

pela manga (Wellhoefer B. et al.).

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Figura 4.8 - Empacotador de straddle BHA (Bottomhole assembly) usado para operações de

re-fraturamento. Fonte: (Wellhoefer B. and Simmons Y.).

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5. Exploração de reservatórios não convencionais no mundo e

no Brasil

O aumento da produção de petróleo devido aos reservatórios não

convencionais em boa parte do mundo vem levando os países a investirem na

área de prospecção e modelagem para identificar prováveis reservas. Um

exemplo disso é a Argentina, a bacia de Neuquén é uma das mais importantes

bacias de hidrocarbonetos produzindo na Argentina, pois nela compreende

42% das reservas de gás em uma área de 120.000 Km², além disso, possuem

4 das 11 rochas fontes com potencial para ser reservatórios não convencional.

Atualmente a bacia de Neuquén está sendo reestudada devido sua rocha

geradora (folhelho), que poderá ser produzida como fonte não convencional de

gás que tem estimativas de recursos recuperáveis de 802 Tcf (oitocentos e dois

trilhões de pés cúbicos).

A Argentina vem tentando implementar novas técnicas de prospecção e

modelagem visando descrever os processos geológicos que atuaram nessas

bacias, isto é, realizar analise de bacia para localizar sistemas petrolíferos não

convencionais que tenham potencial de exploração dentro dessas formações

produtoras.

Um problema que o país vem enfrentando é a falta investimento em

infraestrutura como em refinarias, gasodutos e incentivos por parte do governo

em dinamizar o setor de energia. Sua demanda por petróleo e gás natural vem

aumentando a cada ano e já são 15 anos sem o descobrimento de uma nova

reserva de hidrocarboneto, com isso, houve o aumento da dependência

externa.

Segundo MARES (2013) a exportação de óleo cru vem diminuindo junto

com o aumento da importação de gás e uma solução para esse problema é o

desenvolvimento da produção de gás não convencional em reservas de “shale

gas”, gerando uma oportunidade para mudar o cenário do país, visto que, a

Argentina apresenta a 2° maior reserva desse tipo, ficando apenas atrás da

China.

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48

Os EUA por apresentarem reservas já em desenvolvimento e produção

nos campos de folhelho tiveram uma queda, ficando agora na 3° posição em

recursos comprovados de gás de folhelho (MARES, 2013).

Na Argentina existe 6 bacias que produzem hidrocarbonetos, totalizando

uma área de 545.000 km², como pode ser visto na Figura 5.1. Entre essas

bacias, a Bacia de Neuquén é considerada a que tem um maior potencial para

apresentarem reservatórios não convencionais de folhelho. O país tem se

esforçado para caracterizar as rochas reservatórios não convencionais nessa

bacia, utilizando informações integradas da geodinâmica e da tecnoestratigrafia

para compreender melhor a evolução geológica ao longo do tempo e chegar a

um modelo geológico mais realista.

Figura 5.1 – Mapa Geológico da Argentina com bacias de hidrocarbonetos. A seta vermelha

indicando a bacia de Neuquén Basin, a mais importante do país. Fonte: (Barreto,2013).

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Em 2007 o preço do petróleo teve um aumento recorde, com isso muitos

países começaram a procurar alternativas e investirem em tecnologia para

garantir seu abastecimento, também houve interesse de investimento nas

áreas que procuravam achar uma alternativa para os hidrocarbonetos líquidos

convencionais, isto é, fontes como o xisto betuminoso (“oil shale”), gás de

folhelho (“shale gas”), areia betuminosa (betume), líquidos de carvão (“coal to

liquids”), óleo pesado (“heavy oil”). Métodos de recuperação avançada de

petróleo, avanço no desenvolvimento de Biocombustíveis e energia renovável

também foram uma alternativa para suprir a demanda por energia.

Um avanço significativo ocorreu nos Estado Unidos devido seu empenho

na exploração de reservas não convencionais, pois suas reservas

convencionais vinham perdendo força de produção e boa parte do petróleo

consumido no país era importado.

O aumento da procura mundial por hidrocarbonetos levou a um aumento

do preço desse combustível líquido, fazendo com que colocasse em xeque a

capacidade de desenvolvimento futuro dos EUA devido sua forte dependente

de combustíveis fósseis. Em 2004, o petróleo foi responsável por 38% da

demanda de energia no país, em grande parte foi para apoiar o setor de

transporte e boa parte do petróleo consumido naquele país era importado

(Biglarbigi K., 2007).

Segundo Biglarbigi K. (2007) o governo norte americano tomou diversas

iniciativas, umas delas visava a exploração do xisto betuminoso. O governo

possui 73% das terras no oeste que contêm depósitos relevantes desse

hidrocarboneto, com isso, o país tinha capacidade de incentivar a exploração

dessas áreas públicas através de incentivos governamentais visando viabilizar

a produção dos reservatórios de xisto betuminoso “oil shale”, visto que, os

recursos nos Estados Unidos estavam estimados em 6 trilhões de barris de

óleo equivalente.

Nesses reservatórios devido aos efeitos de pressão, temperatura e ação

bacteriana, como já foi falado anteriormente, ocorreu a transformação de

matéria orgânica em querogênio (metano bioquímico), entretanto, o mesmo

não se transformou em hidrocarboneto líquido ou gasoso, pois não houve

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tempo geológico suficiente para essa transformação, portanto, são

reservatórios que não estão maduros.

Existem diversas tecnologias utilizadas visando a exploração econômica

desses reservatórios, essas técnicas apresentam como objetivo transformar o

xisto betuminoso em produtos combustíveis e subprodutos de maior valor

agregado, como combustível de jato de alta qualidade e gás de hidrocarboneto.

O gás poderia ser usado para abastecimento regional e até nacional devido a

grande malha de gasoduto que esse país apresenta.

A produção dessa reserva terá um impacto positivo sobre a economia dos

EUA devidos aos impostos arrecadados, o aumento considerado do PIB, as

futuras exportações de óleo ou gás e a formação de novos postos de trabalho

que iriam aumentar a economia de um modo geral. As reservas de xisto

betuminoso são os mais concentrados depósitos de hidrocarbonetos de boa

qualidade na terra com mais de 2 trilhões de barris de recurso de alta

qualidade.

A empresa Shell realizou pesquisas durante 20 anos envolvendo métodos

de exploração do xisto betuminoso “oil shale”, com isso foi criado novas

tecnologias que obtinham óleo e gás a partir do xisto encontrados nos EUA,

isso ocorreu graças aos incentivos governamentais.

As reservas de xisto betuminoso em todo mundo são extremamente

abundantes, entretanto, para a exploração desse óleo requer um alto

investimento em tecnologia e infraestrutura, devido a isso, o desenvolvimento

ainda é pequeno nos países com reservas comprovadas. De acordo com o

relatório Word Energy Resources de 2013, apenas o Brasil, a China, a Estônia,

a Alemanha e o Israel exploram atualmente essas reservas, visto que, essas

reservas cresceram em 17% entre 1987 e 2007 conforme observa-se na

Tabela 5.1.

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Tabela 5.1 – Reservas provadas de xisto betuminoso de óleo de xisto. Fonte: (Adaptado do

relatório World Energy Resources, 2003).

Nos EUA, também foram descobertos 800 trilhões de metros cúbicos de gás

metano em reservas de carvão (“Coalbed Methane”), visto que, essas reservas

não são restritas nesse país sendo encontrada em muitos outros países e com

reservatórios conhecidos. (HALLIBURTON, 2007).

A exploração de hidrocarbonetos não convencionais no Estados Unidos foi

fortemente influenciada pelo alto valor dessa commodities, o avanço

tecnológico e a melhora na economia. A expansão da produção de

reservatórios não convencionais nos EUA serve de base para a exploração

mundial dessas reservas.

Um conceito muito importante aplicado nesse país foi o do triangulo de

recursos energéticos (Masters,1979), onde explica que o petróleo e o gás não

convencional são muito mais abundantes se comparado com os recursos

convencionais, mas a exploração desses recursos é particularmente sensível

ao preço dessa commodities e do avança da tecnologia. O conceito do

triangulo de recursos energéticos sugere que pequenos volumes de recursos

de alta qualidade estão localizados próximos ao ápice do triângulo e um

volume muito maior de baixa qualidade está localizada perto da base.

O desenvolvimento dos recursos que estão na base do triangulo só será

possível com o desenvolvimento da tecnologia e com o aumento do preço do

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petróleo, entretanto, com o aumento da demanda mundial e a diminuição da

produção em reservatórios convencionais levaram a um aumento na

exploração de recursos de baixa qualidade, que gerou um desenvolvimento

tecnológico visando um aumento da produtividade dessas fontes não

convencionais situados na base do triangulo de recursos. Esse rápido

desenvolvimento tecnológico colocou em xeque a viabilidade econômica e

ambiental dessas novas técnicas.

Um fator importante no desenvolvimento tecnológico foi a advento do

fraturamento hidráulico, que levou o desenvolvimento de campos não

convencionais (UCR) de “tight gas”, “shale gas” e metano na camada de carvão

“coalbed methane”. Essas acumulações não convencionais têm que ser

estimuladas após a perfuração para viabilizar sua produção de forma

econômica, entretanto, não foi só o faturamento hidráulico que levou a

possibilidade da exploração dos Unconventional Reservoirs, a perfuração de

poços horizontais, estendidos, multilaterais, avanços sísmicos, melhoramento

na caracterização de reservatórios e avanços na tecnologia da informação para

processar maior volumes de dados provenientes de sísmicas contribuíram para

a produção economicamente viável de reservas não convencionais e ainda

aumentaram de forma significativa a produção em campos maduros.

O “shale gas” já é uma das principais fontes de hidrocarbonetos em

produção nos Estados Unidos, contribuindo com 23,1% da produção natural de

gás em 2010 (Wang & Krupnick, 2013). O desenvolvimento dos campos de gás

de folhelho nos EUA, fizeram com que outros países se interessa-se nessas

reservas, são eles China, Argentina e México que possuem uma considerável

reservas desse gás.

Estudos realizados nos Estados Unidos indicaram que os preços das

commodities contribuíram para um aumento dos volumes de produção em até

5 vezes, enquanto, a evolução tecnológica fez com que o aumento da

produção subisse em 12 vezes de acordo com algumas formações em estudo

(Flores,2011). Com esse estudo ficou claro que o desenvolvimento tecnológico

é o fator chave para a exploração de novas formações não convencionais.

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53

Essas novas tecnologias vêm impactando o preço do petróleo em todo o

mundo. Nos EUA as empresas de serviço de acordo com o Conselho Nacional

do Petróleo (CNP) tiveram papel fundamental no desenvolvimento desses

novos processos tecnológicos, pois indicadores mostraram que nem sempre o

aumento do preço do petróleo levaram as empresas de exploração e

desenvolvimento investirem em novas tecnologias de recuperação de

reservatórios não convencionais, quem realizava a produção e o

desenvolvimento dessas novas técnicas nos últimos 20 anos foram as

prestadoras de serviço (CNP,2007).

O México apresentou um grande interesse na exploração de reservatórios

de folhelhos não convencionais, eles utilizaram para a exploração das fontes

não convencionais a técnica do fraturamento hidráulico (FH) para realizar a

estimulação dos poços perfurados e junto com esse método foi utilizado o

agrupamento otimizado, que tem como objetivo diminuir o número “plug” no

intervalo horizontal (poços horizontais) tratados com o FH.

Como já foi falado anteriormente nesse trabalho, a diminuição dos

números de intervalos tratados só é possível graças ao uso do LWD (“Logging

while drilling”), que realiza a perfilagem da formação ao mesmo tempo que está

perfurando, diminuindo assim o tempo e o custo de todo o processo. Essa

perfilagem tem por objetivo obter a variação de propriedades das rochas

perfuradas na sessão horizontal. No México também foi realizada a integração

das diversas disciplinas para obterem maior otimização na exploração de

reservatórios não convencionais. Os resultados obtidos na exploração desses

reservas de folhelho sugeriram que a utilização do LWD é essencial na

navegação dentro do poço e fundamental para alcançar o ponto alvo da

formação, obtendo assim a produção desejada.

No Brasil poderá existir uma forte tendência para a exploração de recursos

não convencionais, visto que, no futuro país venhas desenvolver tecnologias

para exploração de forma econômica dessas reservas. Devido ao aumento da

produção de gás no Estados Unidos gerado pelo desenvolvimento de

reservatórios de gás não convencionais como o “shale gas”, houve uma

revolução energética em todo mundo onde o Brasil está incluso. Segundo

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dados da Agência Internacional de Energia (EIA) o Brasil possui a quarta ou

quinta reserva do mundo se tratando de gás não convencional em arenitos de

baixa permeabilidade (“tight gas”), com uma estimativa de 17 trilhões de pés

cúbicos de gás, que levou o governo brasileiro no dia 28 de novembro de 2013

realizar 12° Rodada de licitação, que ofertou blocos de bacias sedimentares

voltado para exploração de gás convencional e não convencional.

Segundo a ANP (Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis), a 12° rodada foi considerada como piloto para que as

empresas envolvidas possam obter dados dos reservatórios de gás não

convencional para uma posterior rodada voltada apenas para a exploração de

reservas não convencional de gás natural em arenitos de baixa permeabilidade

(“tight gas”).

Reservas de arenitos de baixa permeabilidade estão presentes em

todo o mundo, sendo os Estados Unidos, Rússia e a China os que possuem as

maiores concentrações dessas reservas (Suarez A.A.,2002), visto que, em

alguns países essas reservas são exploradas para complementar a produção

de gás de reservatórios convencionais, já em outros, são as principais fontes

de gás existentes. Existem estudos que mostram em todo mundo o equivalente

de 210 trilhões de m³ de gás natural em reservatórios de arenitos com baixa

permeabilidade (“tight gas”), entretanto, devido ao alto grau de complexidade

existente para a exploração dessas reservas apenas 6% a 10% desse gás

poderia ser produzido considerando as tecnologias e técnicas atuas. Então,

para a exploração dessas reservas teria que ocorre uma evolução na

tecnologia empregada. Na Figura 5.2 é observado um campo de arenito de

baixa permeabilidade (“tight gas”) nos EUA.

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Figura 5.2 – Perfuração de reservatórios de arenito de baixa permeabilidade nos EUA.

Fonte:(www.skytruth.org).

No Brasil existe também outras fontes não convencionais de gás como na

bacia do Parnaíba que apresenta um potencial de reserva de “shale gas”

apesar de não ter seu volume estimado (Virgens,2011). Pode-se observar na

Figura 5.3 a localização das reservas de gás de folhelho no Brasil e em outras

partes do mundo. No país graças a descoberta do pré-sal que é um

reservatório offshore as empresas não vêm investindo na produção onshore

devido sua baixa eficiência de produção se comparado com os poços em alto

mar. Entretanto, na 11° e 12° rodada de licitação houve um aumento do

interesse na exploração em terra por parte das empresas envolvidas nessas

licitações e se mostrou promissora nas mãos dos novos participantes que

aumentaram os números de poços onshore perfurados, trazendo vida para a

Bacia do Parnaíba. Na 11° rodada dos 123 blocos oferecidos 87 foram

adquiridos, com especial atenção para as bacias do Parnaíba, Recôncavo e

Tucano. A exploração do shale gas na bacia do Parnaíba é um desafio novo

para essas empresas e para o país, caso o resultado dê certo o gás será usado

para a produção de energia elétrica, aumentando a oferta de energia e

trazendo desenvolvimento para o país.

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Figura 5.3 – Ocorrência de Shale gas no Brasil e no mundo, seta vermelha indicando a Bacia

do Parnaíba. Fonte : (EIA, 2013).

Existe também no país segundo Virgens (2011) reservatórios de hidratos

de gás situados em suas margens continentais com altas taxas de

sedimentações tendo as bacias da Foz do Amazonas, do Espírito Santo, de

Cumuruxatiba, de Santos e de Pelotas um potencial para a produção de

hidratos conforme pode ser visualizado na Figura 5.4. No Brasil também são

encontrados reservatórios de óleo pesado (“heavy oil”) e estes estão

predominantemente no sudeste do país na Bacia de Campos e na Bacia de

Santos (Santos & Coradesqui, 2013).

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Figura 5.4 – Bacias brasileiras com ocorrência ou potencial ocorrência de hidratos de metano.

Fonte: (Virgens, 2011).

No Brasil estima-se que as reservas provadas de xisto betuminoso seja

de 82.000 MMbbl de óleo, as mais conhecidas são as do Vale do Paraíba no

estado de São Paulo (SP) e a Formação Irati que se estende do estado de SP

até o Rio Grande do Sul prolongando-se até o Uruguai, existem também

presença dessas reservas em outros estados como pode-se observar na

Figura 5.5.

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Figura 5.5 – Ocorrência de Xisto Betuminoso “oil shale” no Brasil. Fonte: (DOS SANTOS, 2010,

Apud PETROBRAS, 2008).

5.1. Visão sobre as descobertas de reservatórios no Brasil e os avanços

tecnológicos.

Ao longo dos últimos 50 anos a Petrobras vem descobrindo reservas de

petróleo e gás em diversas regiões do país, essas formações descobertas

apresentam diversas características, isto é, apresentam configurações

geográficas e geológicas diversas. No momento de suas descobertas muito

desses novos reservatórios foram considerados antieconômicos devido ao alto

custo de sua produção e da tecnologia presente na época de cada descoberta.

Os esforços contínuos do Brasil junto a Petrobras permitiram obter avanços

tecnológicos viabilizando a produção de áreas antes consideradas inviáveis,

entretanto, hoje o desafio ainda é enorme para o país. A produção atual é de

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cerca de 2.1 MMbpd (PETROBRAS, 2016), sendo 80 % oriundo de campos

offshore gigantes, esse petróleo produzido apresenta 20° API, um óleo pesado

típico, com isso a Petrobras fez investimentos significativos no parque de refino

para ajustar o óleo pesado em seu processo, na Figura 5.6 observa-se o perfil

das reservas Brasileiras.

A Petrobras desenvolveu tecnologia de poços horizontais e sistemas

pioneiros em produção em águas profundas, mas os desafios enfrentados hoje

inclui a produção de carbonatos de baixa permeabilidade, areais apertadas

(“tight gas”), basalto fraturado e xisto fraturado (“shale gas”), bem como o

desenvolvimento do “oil shale” na Bacia do Parnaíba que é um campo em terra

onde o país não desenvolveu uma logística e um avanço tecnológico suficiente

para viabilizar essas reservas, mas que no futuro poderá ser uma alternativa

bem atrativa para o Brasil.

Figura 5.6 – Perfil das reservas Brasileiras – Total de 13,7 bilhões de boe. Fonte: (19th World Petroleum Congress, Spain 2008 Forum 04: Unconventional petroleum resources).

Finalmente, na Figura 5.7 observa-se as principais bacias sedimentares

brasileiras, mostrando os diferentes tipos de reservatórios não convencionais,

tendo como destaque a Bacia de Potiguar e de Reconcavo com reservatórios

de tight gas, os campos de Carmópolis e Campos com reservatórios

caracterizados por apresentar basaltos ou embasamento fraturados, a Bacia de

Paraná contendo oil shale, dentre os mais importantes.

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Figura 5.7 – Mapa das Bacias sedimentares brasileiras, mostrando as áreas com acúmulo de óleo não convencional. Fonte: (19th World Petroleum Congress, Spain 2008 Forum 04:

Unconventional petroleum resources).

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6. Conclusões

O mundo vem procurando alternativas para os combustíveis não

renováveis, como a energia solar, biocombustíveis, energia eólica, energia

nuclear entre outros, porém, o que está sendo percebido foi o aumento do

consumo de combustíveis não renováveis em suas diversas formas e fontes

como a produção de betume, carvão, metano oriundo do carvão e produção de

gás de rochas impermeáveis fazendo com que o R/P (razão reserva/produção)

venha aumentando com o passar do tempo. Esse aumento das reservas

comprovadas só é possível graças ao avanço tecnológico e logístico que a

modernidade vem trazendo como foi mostrado em todo esse trabalho. No

Brasil já está sendo planejado a exploração de diversas fontes de

hidrocarbonetos não convencionais em diversos estados como mostrado ao

longo desse trabalho, entretanto, essa tendência de diversificação de

exploração de fontes não convencionais vem ocorrendo em todas as partes do

mundo, levando a conclusão que a diversificação de fontes de energia é o

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