UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS … · 2016. 3. 8. · Monografia...

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL PÓLO UNIVERSITÁRIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS ADRIANA BRAZ SOARES UMA PERCEPÇÃO SOBRE O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS DE CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ) COM O CARTÃO DE CRÉDITO 2014. Campos dos Goytacazes (RJ) 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO

REGIONAL

PÓLO UNIVERSITÁRIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ADRIANA BRAZ SOARES

UMA PERCEPÇÃO SOBRE O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS DE

CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ) COM O CARTÃO DE CRÉDITO – 2014.

Campos dos Goytacazes (RJ)

2014

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Adriana Braz Soares

UMA PERCEPÇÃO SOBRE O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS DE

CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ) COM O CARTÃO DE CRÉDITO – 2014.

Monografia apresentada ao Curso de Ciências

Econômicas da Universidade Federal Fluminense como

requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em

Ciências Econômicas.

Orientadora: Prof.ª Msc. Marcela de Oliveira Pessôa

Campos dos Goytacazes (RJ)

2014

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Adriana Braz Soares

UMA PERCEPÇÃO SOBRE O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS DE

CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ) COM O CARTÃO DE CRÉDITO – 2014.

Monografia apresentada ao Curso de Ciências

Econômicas da Universidade Federal Fluminense como

requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em

Ciências Econômicas.

Campos dos Goytacazes (RJ), 08 de dezembro de 2014.

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________

Prof.ª Msc. Marcela de Oliveira Pessôa (orientadora)

Universidade Federal Fluminense

_____________________________________________

Prof.ª Dr.ª Vanuza da Silva Pereira Ney

Universidade Federal Fluminense

_____________________________________________

Prof. Dr. Roberto Cézar Rosendo Saraiva da Silva

Universidade Federal Fluminense

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Aquele, que nos momentos mais difíceis de minha vida, sempre esteve ao meu

lado, ao meu Bom e Senhor Salvador Jesus Cristo, a ti a honra sempre.

Ao professor Leonardo Leite, por acreditar no meu potencial como aluna, e por ter me

ajudado a montar o projeto. Era como um diamante bruto, que precisava ser lapidado e

trabalhado, e que aos poucos encontramos o devido valor.

A professora Marcela Pessôa por sua paciência, empenho e dedicação comigo durante toda

essa difícil tarefa, que foi a pesquisa de campo, por quanto trabalhamos. E pela revisão

monografia que foi preciso ser trabalhado (e revisado, e trabalhado...). Aprendi muito com

você.

A professora Vanuza Ney, que sempre e sempre a admirei, desde o primeiro dia em que

cheguei à UFF, tanto como professora, coordenadora e como pessoa pela sua humildade,

caráter e respeito para com todos.

Agradeço a todos os professores do Curso de Economia, e em especial ao Professor

Maracajaro pelas orientações e incentivo pela busca do conhecimento. Ao professor Felipe S.

Tostes por suas valiosas dicas ao corrigir o projeto. Ao professor Rosendo, pela satisfação em

participar da Banca, pois sei que suas considerações serão fundamentais para esse trabalho.

Ao pessoal do departamento, especialmente a Margareth por toda sua dedicação, paciência e

por sempre atender com um sorriso.

Agradeço aos meus amigos da turma 2º/2011, aos que me apoiaram nos momentos mais

difíceis durante todo o curso, principalmente a Priscila Ramos, Gracieli Nascimento, Vinícios

Emerick e Vanessa Pessanha, e por terem contribuído na pesquisa de campo. Todos vocês são

uma preciosidade, e eu sei do grande valor que vocês têm na minha vida.

A minha família: a minha mãe Salvadora, a meu pai Fernando, e a minha irmã Regina pelo

apoio incondicional, e por acreditar nos meus sonhos. Aos meus irmãos Luiz, André, Renato e

Genilson pelo bom exemplo de irmãos. E aos pequenos Larissa e Heitor, meus sobrinhos que

tanto amo. E também, a Dona Nice e a Josiel são pessoas maravilhosas, que me ajudaram em

momentos de grandes tribulações, considero como sendo parte da minha família.

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“A inteligência e o caráter é o

objetivo da verdadeira

educação.”

Martin Luther King

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RESUMO

Esta monografia tem como objetivo de pesquisar qual a percepção das famílias em Campos

dos Goytacazes (RJ) com relação ao cartão de crédito, se de fato dado o maior acesso ao

mesmo, ocorreu o aumento do endividamento. Este estudo têm como base os aspectos dos

principais teóricos, tanto marxistas como keynesianos, acerca do Capitalismo conduzido pelas

Finanças e do padrão de consumo adotado no Brasil, buscando assim estabelecer uma

conexão entre esses diferentes campos de discussão, e verificar o que de fato contribui para o

aumento do endividamento. Para tanto, analisa-se a inserção no mercado brasileiro das

principais bandeiras, a Visa e a MasterCard, incentivo ao consumo via propaganda, o aumento

do acesso aos produtos dado surgimento de novas tecnologias e globalização dos mercados,

procurando através desses elementos identificar a contribuição desses aspectos para a

crescente dependência do consumidor com o cartão de crédito, acima de outras formas de

pagamento como cheque, boleto, carnês, entre outros. Para tanto a escolha do levantamento

dos dados levou em consideração os aspectos regionais da cidade de Campos dos Goytacazes

(RJ), tanto pela sua importância histórica e cultural, como também econômica, especialmente

para a região Norte-Fluminense, devido atualmente o repasse dos royalties do petróleo, que

contribuiu para o crescimento da cidade. Porém não há reflexos na população, que continua

com baixos salários, escolaridade baixa, falta de incentivo a poupança, sendo o endividamento

com o cartão de crédito constituindo como forma mais utilizada para adquirir bens e serviços,

justificando assim o estudo das famílias de Campos dos Goytacazes (RJ). Com base no que

foi exposto na teoria, consistiu em seguida elaborar um questionário com os aspectos

econômicos e sociais como renda, poupança, escolaridade entre outros, e realizando a

pesquisa de campo nos pontos comerciais da cidade como shoppings, supermercados,

avenidas centrais sendo abordados indivíduos que se dispusessem a responder o questionário,

e analisando os resultados, com uso de tabelas, e dessas devidas construções comparando

dados de órgãos importantes como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Banco

Central do Brasil. Ao comparar as discussões teóricas, e a parte prática da pesquisa em meio

ao que se propõe a Ciências Econômicas entender o comportamento do consumidor e suas

necessidades, e de como se dá a sua relação com o cartão de crédito. Por ser tratar de um tema

atual esse trabalho serve como base para realização de novas pesquisas e análises futuras,

podendo ser utilizadas como setor de Finanças Pessoais.

Palavras-chaves: Capitalismo Financeiro, padrão de consumo, cartão de crédito, pesquisa de

campo, endividamento das famílias em Campos dos Goytacazes (RJ)

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS:

Figura 1-As principais empresas de cartões de crédito no Brasil ............................................. 24

Figura 2-O faturamento das empresas de cartões de crédito no Brasil – 2006 2012. .............. 25

Figura 3-Cartões de Crédito Ativos no Brasil – 2006/2012. .................................................... 26

Figura 4-Funcionamento do Mercado de Cartões de Crédito................................................... 26

Figura 5-Índice Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor-2006/2014. ..................... 28

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TABELAS:

Tabela 1-Idade .......................................................................................................................... 33

Tabela 2-Nível de Escolaridade x Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-2014.35

Tabela 3-Escolaridade x Renda ................................................................................................ 36

Tabela 4-Cor x Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-2014. ............................ 37

Tabela 5-Classificação das Ocupações ..................................................................................... 37

Tabela 6-Trabalho x Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-2014. .................... 38

Tabela 7-Renda ......................................................................................................................... 38

Tabela 8-Renda x Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-2014. ........................ 39

Tabela 9-Poupança x Endividamento ....................................................................................... 39

Tabela 10-Gastos Habituais ...................................................................................................... 40

Tabela 11-Instrumento da Dívida ............................................................................................. 41

Tabela 12-Renda x Dívidas ...................................................................................................... 41

Tabela 13-Tipos de Produto ..................................................................................................... 42

Tabela 14-Forma de Parcelas ................................................................................................... 42

Tabela 15-Bandeiras: ................................................................................................................ 43

Tabela 16-Tempo de Usuário de Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-2014. . 44

Tabela 17-Local que mais utiliza o Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-2014.

.................................................................................................................................................. 45

Tabela 18-Idade x Possui Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-2014. ............ 46

Tabela 19-Parcela do Salário comprometida com a dívida do Cartão de Crédito em Campos

dos Goytacazes (RJ)-2014. ....................................................................................................... 47

Tabela 20-Quantidade parcela que divide no Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes

(RJ)-2014. ................................................................................................................................. 47

Tabela 21-Sastisfação x Maior Limite...................................................................................... 48

Tabela 22-Frequência de Compras pela Internet ...................................................................... 49

Tabela 23-Acesso a Produtos ................................................................................................... 50

Tabela 24-Endividamento dos que não possui Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes

(RJ)-2014. ................................................................................................................................. 50

Tabela 25-Acesso a Produtos x Endividamento ....................................................................... 51

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LISTA DE SIGLAS

BACEN – Banco Central do Brasil

BDRs – Brazilian Depositary Receipts

BM&FBOVESPA – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo.

CDC – Código de Defesa do Consumidor

CHIPS – Clearinghouse Interbank Payments System

CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços e Turismo

FED – Federal Reserve Banks

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MBS – Mortgage-Backed Securities

PIB – Produto Interno Bruto

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas

SERASA – Serviços e Assessorias S/A

SPC – Serviço de Proteção ao Crédito

UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

UFF – Universidade Federal Fluminense

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11

2 – O CAPITALISMO E A “MUNDIALIZAÇÃO FINANCEIRA”. ..................................... 14

3 – O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS COM CARTÃO DE

CRÉDITO ................................................................................................................................. 21

3.1 – Dados sobre a atuação das empresas de Cartões de Crédito no Brasil ........................ 24

4 – CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ) E SUA RELAÇÃO COM CONSUMO, CRÉDITO

E ENDIVIDAMENTO. ............................................................................................................ 29

4.1 – Os aspectos regionais da cidade de Campos dos Goytacazes ...................................... 29

4.2 – Metodologia da pesquisa de campo ............................................................................. 30

4.3 – O perfil do consumidor de Campos dos Goytacazes (RJ) ........................................... 33

4.4 – Análises dos usuários de cartão de crédito em Campos dos Goytacazes (RJ) ............ 43

4.5 – Análise dos que não possuem cartão de crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-

2014. ..................................................................................................................................... 49

5 – A PRÁTICA DA PESQUISA: UMA COMPARAÇÃO DOS RESPECTIVOS

RESULTADOS. ....................................................................................................................... 52

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 57

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 60

APÊNDICE: .......................................................................................................................... 65

A. Formulário do Perfil do Consumidor de Campos dos Goytacazes ............................... 65

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1 – INTRODUÇÃO

Com as exigências do mundo moderno de altos padrões de consumo, e na atual fase do

capitalismo conduzido pelas finanças, administrar as finanças pessoais é uma difícil tarefa

dado a complexidade desse sistema; e uma das principais consequências tem sido

endividamento das famílias, sobretudo com cartão de crédito.

Primeiramente é necessário definir cartão de crédito, e nesse sentido, o Banco Central do

Brasil (BACEN, 2010), define-o como um meio de pagamento eletrônico, que permite ao

usuário efetuar pagamentos de bens e serviços nos estabelecimentos credenciados, e também

realizar saques nos caixas automáticos da rede conveniada. Para tanto, o usuário do cartão de

crédito dispõe de certo limite de crédito.

Com o cartão de crédito é possível efetuar pagamentos, através do sistema de bandeiras. De

acordo com os dados estatísticos BACEN (2012) as mais utilizadas no Brasil são: Visa,

MasterCard, American Express, Diners, Hipercard e Elo. As duas maiores bandeiras são

oriundas dos Estados Unidos da América – as empresas: Visa e MasterCard – juntas possuem

mais de 90 % dos cartões ativos no mercado brasileiro. O Brasil, conforme a empresa de

consultoria Capgemini (2012)1, já é o segundo emissor no mercado em cartões de créditos

ativos no mundo, sendo o primeiro em emissão os Estados Unidos.

Interessados por essa questão, a pesquisa realizada para a constituição deste trabalho se baseia

nas circunstâncias, que proporcionam ao individuo na sociedade atual acessar novos bens de

consumo, principalmente novas tecnologias. E sendo assim, esta pesquisa consiste em

entender este acesso como um fenômeno importante dentro da sociedade capitalista atual, e de

relevância para o estudo da economia, visto que Gil (p. 22, 2002) declara “a Economia é uma

ciência social, pois os fatos econômicos, assim como os fatos jurídicos, políticos e culturais

são de natureza intrinsecamente social.” E por fim, analisar maior acesso proporcionado pelo

cartão de crédito como um fenômeno socioeconômico, que pode estar refletindo à influência

1A empresa de consultoria Capgemini elabora Relatório Mundial de Meios de Pagamento, e a notícia

foi divulgada no site: http://corporate.canaltech.com.br/noticia/mercado/Brasil-e-o-segundo-maior-

mercado-no-mundo-de-cartoes-de-credito-e-debito/

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da cultura estadunidense na vida dos consumidores brasileiros tornando-os igualmente

dependentes do seu uso.

Pode-se afirmar, segundo Guttmann e Plihon (2008), que a natureza deste acesso é

influenciada pelo modelo de economia, no qual os Estados Unidos se baseiam que gira em

torno do „endividamento do consumidor‟, dado ao seu alto grau inovação financeiro e da

velocidade com que se inserem novos produtos no mercado fazendo com que o consumidor

possa adquiri-los de forma rápida e segura. E, essa inovação refere-se à inserção de

tecnologias, como a cartão de crédito, aumentando a propensão dos consumidores a adquirir

novos bens e serviços. Ainda, afirma Nurkse (2006), que os mercados estadunidenses

influenciam sobre outros países, principalmente em torno do consumo.

Conforme a Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços e Turismo (CNC, 2013)

inferirmos por consequência do fenômeno anterior houve um crescente número de famílias

brasileiras em situação de endividamento. Somente em 2013, segundo a CNC (2013) foram

mais de nove milhões de famílias, e o cartão de crédito tem sido o principal componente para

o aumento da dívida, mais do que cheque especial, cheque pré-datado, carnê, entre outros, e

assim contribuindo para consequente inadimplência.

Consideramos a partir, disto que o maior acesso ao uso cartão de crédito gerou o aumento do

endividamento das famílias no Brasil. Parte disso deve-se ao fato de empresas cartão de

crédito, e os altos padrões de consumo dos Estados Unidos estão sendo incorporados na

economia brasileira. Assim, dado o uso intensivo de novas tecnologias no mercado financeiro,

oriundo do modelo estadunidense, e por esse próprio sistema proporcionar a dependência das

famílias, estima-se que tenha ocorrido um aumento do endividamento com cartão de crédito

em Campos dos Goytacazes (RJ). Buscaremos identificar a dependência das famílias em

relação ao cartão de crédito na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ) devida a sua

importância histórica, econômica e cultural para o estado do Rio de Janeiro, e em particular e

para o Norte-Fluminense. O município possui uma economia baseada, principalmente em

comércio de bens e serviços, segundo Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas

Empresas (SEBRAE, 2011), e no aspecto da educação, conforme apontou Rosendo e

Carvalho (2004) possui terceiro pólo de ensino superior do Estado do Rio de Janeiro. Esse

estudo se justifica, principalmente dado o crescimento da cidade de Campos dos Goytacazes

(RJ) devido à produção de petróleo e repasse dos royalties, onde ainda não contempla a

população, que continua segundo Cruz (2007) com grandes problemas a serem enfrentados,

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principalmente no setor socioeconômico. E devido a isso, sendo importante verificar o perfil

do consumidor, e como de fato como ocorre o endividamento com cartão de crédito, já que o

mercado de cartão de crédito ampliou-se no Brasil.

Para atender o objetivo exposto, essa pesquisa buscará como hipótese: o pressuposto de que

as pessoas percebem que o maior acesso ao sistema financeiro de cartões de crédito oriundo

de novas tecnologias que por meio deste ocorre à redução de burocracia, dado a facilidade no

acesso ao crédito levou ao aumento do endividamento das famílias em Campos dos

Goytacazes (RJ). Com objetivo de mencionar o fato de como teria ocorrido esse aumento,

procuramos: fazer levantamento sobre funcionamento do mercado de cartões de crédito no

Brasil; estudar o padrão de consumo adotado no Brasil; entender a dependência financeira do

sistema estadunidense de crédito: a inserção das bandeiras Visa e MasterCard; e por fim

mensurar o aumento do endividamento das famílias de Campos dos Goytacazes (RJ) com o

cartão de crédito por meio da pesquisa de campo.

Esse trabalho foi dividido da seguinte forma, além dessa introdução, no capítulo 2 tratará

sobre o Capitalismo e a “mundialização financeira” e o padrão de consumo no Brasil. No

capítulo 3 abordará sobre endividamento das Famílias Brasileiras com o cartão de crédito e os

principais dados sobre a atuação das empresas de Cartões de Crédito no Brasil. No capítulo 4

constituirá, sobre Campos dos Goytacazes (RJ) e sua relação com crédito, consumo e

endividamento, abordando os aspectos regionais da cidade, a metodologia da pesquisa de

campo aplicada, o perfil do consumidor e suas principais análises. No capítulo 5 abordará

uma comparação dos respectivos resultados, tanto teórico como prático; e no capítulo 6 as

considerações finais;

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2 – O CAPITALISMO E A “MUNDIALIZAÇÃO FINANCEIRA”.

Na fase do capital monopolista, segundo Braverman (1987) a produção do mercado universal

é a conquista de toda a produção de bens sob forma de mercadoria. Marx (1974) define que a

“mercadoria é, antes de tudo, um objeto exterior, uma coisa que, pelas suas propriedades,

satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie”, e sendo que “a forma simples da

mercadoria é, por conseguinte, o germe da forma-dinheiro”. Sendo assim “a riqueza das

sociedades em que domina o modo-de-produção capitalista apresenta-se como uma „imensa

acumulação de mercadorias‟”. Na sociedade capitalista, as mercadorias (vestuário, alimento,

etc.), conforme Braverman (1987) ressalta que no ponto de vista do consumo, isso constitui

total dependência, porque todas as mercadorias são produzidas pelo mercado. Em seguida, no

desenvolvimento desse capitalismo, para uma economia fundamentada no mercado financeiro

os serviços (empréstimos pessoais-dinheiro) são convertidos em mercadoria, e por fim é um

“ciclo de produtos” que inventam produtos e serviços que tornam indispensáveis. O

indivíduo, assim torna-se dependente desse sistema.

Se para Marx (1974), o dinheiro é uma mercadoria na sua forma mais simples, com o

desenvolvimento do capital e atual fase monopolista, o dinheiro assume a forma eletrônica e

modernas instituições financeiras ofertam no mercado em troca dos juros (D- D‟). Para tanto

segundo Germer (1994, p. 179) Marx é quem desenvolve a teoria sobre o dinheiro e o sistema

de crédito e capital fictício2. Germer (1994, p. 180) esclarece que “o dinheiro não assume

novas funções [...] surgem novas formas de dinheiro para realizar a função de meio de

pagamento”. O que ainda explica que:

Para Marx a magnitude do capital portador de juros depende das

circunstâncias objetivas do processo global de reprodução do capital. [...] A

existência plenamente desenvolvida, sob o capitalismo, o dinheiro

desempenha as funções de meio de pagamento, meio de entesouramento e

dinheiro mundial, sob diferentes formas de dinheiro de crédito (GERMER,

1994, p.182).

Na formula D-D‟, o dinheiro não é meramente dinheiro, mas capital portador de juros, ou

seja, dinheiro que se converte em mercadoria negociável na qualidade de capital dinheiro

(GERMER, 1994). Marx descreve o dinheiro, como aponta Germer (2001, p. 205):

2 Germer (1994, p.193) declara que para Marx o capital fictício “é a multiplicação ilusória da riqueza existente

dado que sua base é o capital portador de juros, por intermédio dos mecanismos monetário e financeiros”.

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[...] constituído por uma mercadoria, pois só uma mercadoria possui

requisitos necessários à função de expressar os valores das demais

mercadorias em preços. O desempenho dessa função caracteriza a

mercadoria-dinheiro, teoricamente, como equivalente geral de valor que

corresponde no linguajar comum ao termo dinheiro. [...] A medida que o

capitalismo desenvolvia, o dinheiro (ouro) foi sendo substituído, em escala

crescente, por instrumentos de circulação feitos de papel, denominados,

genericamente de papel moeda.

No entanto, o autor (GERMER, 2001) reconhece que existe uma grande dificuldade teórica

na interpretação, que tem como base a teoria de Marx, que deve ser recuperada a partir da

configuração do sistema de crédito contemporâneo, com processo de geração de dinheiro de

crédito, sem perder a conexão com teoria do valor e dinheiro de Marx.

Na época de Marx, já existia um sistema bancário desenvolvido por um

Banco Central – não só na Inglaterra, embora estivesse mais avançado nesse

país – responsável pela gestão da reserva de ouro do país e pela emissão de

notas bancárias principal forma de dinheiro de crédito. [...] as suas origens

são nitidamente diferentes: o papel moeda tem origem na função meio de

circulação, ao passo que a nota bancária tem origem na de meio de

pagamento. [...] Emprestar capital monetário não equivale a entesourar e não

é uma categoria do sistema monetário (=circulação simples), mas do sistema

de crédito (=circulação capitalista) (GERMER, 2001 p. 210-211 e 220).

Germer (2001, p. 220) conclui que “a condição para aumentar a riqueza, no capitalismo não é

retirar dinheiro de circulação, mas lançá-lo e mantê-lo permanentemente na circulação”.

Idealmente, o dinheiro deve estar sempre na esfera da circulação para a economia no modo

capitalista, com o aumento do consumo, e consequente endividamento dos consumidores.

Guttmann e Plihon (2008) analisam os consumidores no núcleo do capitalismo conduzido

pelas finanças, devido um ambiente favorável a „economia do endividamento‟, que se

estendeu ao consumo das famílias, e que concentra dois terços da demanda agregada nas

nações industrializadas. Existem grupos financeiros que visam promover os mercados como

fonte de rendimento, por exemplo, empresas de oferta de crédito, e conforme Guttmann e

Plihon (2008, p. 580):

No centro dessa rede estão os bancos transnacionais líderes do mercado

mundial, que na última década, transformaram-se em grupos financeiros

multifacetados que consideram todo o espectro de atividades e serviços

financeiros [...] Em oposição aos antigos “bancos universais” tão dominantes

na França e Alemanha do pós-guerra, os grupos financeiros de hoje visam

promover os mercados financeiros como fonte de rendimento em vez de

impedir seu desenvolvimento em favor das funções tradicionais de banco

comercial.

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Esses grupos financeiros são um novo tipo dentro do sistema econômico. Os economistas

heterodoxos Regulacionistas franceses e os Economistas Políticos Radicais americanos têm

chamado de Capitalismo conduzido pelas Finanças. E esse capitalismo foi realizado, devido a

três fatores segundo Guttmann e Plihon (2008) como a desregulação, a globalização e as

inovações financeiras esses elementos:

[...] atuaram como protagonistas nesse processo de convergência rumo ao

capitalismo conduzido pelas finanças. Há três forças inter-relacionadas por

trás dessa alteração fundamental no modus operandi do capitalismo: a

dependência aumentada do endividamento em todos os ramos de atividades

econômicas, a facilitação de tal financiamento via endividamento pela

inovação financeira, e a globalização financeira como força mais

transcendental na internacionalização do capital. (GUTTMANN E PLIHON

2008, p. 581)

Para os autores (GUTTMANN E PLIHON, 2008) existe um aumento da dependência via

endividamento, devido à velocidade da inovação financeira. Eles definem que o capital

financeiro possui grande mobilidade, principalmente quando “grande parte da transferência de

fundos e das atividades de negociação a títulos for movimentada on-line no ciberespaço”,

como a utilização de novas tecnologias como internet, tablet, celulares, etc., aumentando

facilidade de se movimentar no mercado internacional. Considerando que, os principais

componentes do Produto Interno Bruto (PIB) são compostos por consumo, investimento,

gastos do governo, exportação menos a importação, os Estados Unidos nos servem de

exemplo, haja vista que o consumo das famílias representa 72% do PIB total, o que demonstra

uma proporção muito elevada desse percentual, apesar dos salários apresentarem uma

estagnação nos países industrializados. Esse fenômeno foi observado na crise iniciado em

2007, que atingiu o mercado de obrigações colateralizadas por dívidas (CDOs) como

debêntures, títulos lastreados em hipotecas e dívida do cartão de crédito. Isso devido ao fato

da economia americana, se fundamentar justamente em torno do endividamento do

consumidor, o que inclui agências de análises de crédito que avaliam a reputação da família

americana.

Deve-se observar o comportamento desses mercados financeiros. Isso porque a forma de

serem promovidos via globalização, por meio de inovação fundamentada no alto padrão de

consumo, e com aumento na oferta de crédito gera graves consequências. Especialmente,

deve-se esperar uma constante dependência dos países onde se inserem esses mercados.

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Conforme Cipolla (2012), o aumento de crédito de consumo foi consequência de uma

reestruturação dos fluxos de crédito das empresas, que se tornaram independentes no mercado

de dinheiro, também as famílias assalariadas, que se tornaram dependentes do financiamento

bancário. No que tange aos gestores, as políticas visaram incentivar o crédito, e esse

direcionado para o consumo privado. De acordo com Cipolla (2012), Lapavitsas entenderia

que:

[...] financeirização tem como seu principal componente a expropriação

financeira que se desenvolve num contexto “dudoso crescimiento de la

productividad” e medíocre desempenho de acumulação real. É nesse

ambiente de relativa estagnação mecanismo de que “a classe capitalista

encontrou novas fontes de lucros nos mecanismos financeiros modernos”

(LAPAVITSAS, 2009 apud CIPOLLA, 2012, p. 43).

Logo, o capital financeiro encontrou uma fonte de lucro, devido à velocidade da

modernização dos mercados. Cipolla (2012) ainda argumenta que a financeirização da

economia é o continuo fluxo de lucros que se desprende da esfera produtiva, em busca da

valorização financeira, algo aproximado à reprodução simples com uso financeiro da mais

valia. Para Cipolla (2012), a análise de Lapavitsas apresenta diversos problemas conceituais,

segundo no qual o autor concorda que a expropriação financeira é um elemento da circulação,

pelo fato de não analisar separadamente a relação entre bancos e tomadores individuais de

crédito. Cipolla (2012, p. 52-53) descreve:

A mercadoria que a força de trabalho adquire é mero dinheiro. A força de

trabalho compra o uso pelo seu preço D‟-D=juros, mas não o adquire

enquanto capital. O banco, por sua vez, vende dinheiro enquanto mercadoria

capital cujo valor de uso é a produção do lucro, precisamente a diferença D‟-

D (...) Emprestado como capital, o dinheiro deve retornar acrescido de juros,

independente qual tenha sido a fonte de demanda por crédito.

Conforme Guttmann (1996) uma das consequências para esse tipo de mercado é de que a

disseminação do dinheiro eletrônico ameaça o Banco Central no que tange sistema de

pagamento, que percebe como crucial para administrar a moeda. Esse sistema de

disseminação dinheiro eletrônico está desafiando a economia mundial, principalmente os

Bancos Centrais. Por exemplo, no caso o FED esse tem, segundo Guttmann (1996) pouco ou

nenhum controle sob o sistema global de CHIPS. Assim o autor observa que:

O desafio do dinheiro eletrônico só poderá adequadamente enfrentado

através de uma construção de um sistema mundial, administrado por uma

autoridade internacional [...]. A menos que os Bancos Centrais tenham

controle efetivo sobre as transferências de fundos transnacionais e

computadorizadas assistirão a perda da eficácia de suas políticas monetárias.

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18

[...] as contradições entre moeda eletrônica emergente e uma estrutura

regulatória de papel moeda obsoleta exigem um salto (GUTTMANN, 1996,

p. 80).

Segundo Chesnais (1998), os mercados financeiros são que mais se desenvolvem, e com uma

estrutura complexa devido ao seu rápido crescimento, podendo gerar certa fragilidade, pelo

fato de sua mundialização. Ainda segundo o autor, para E. P. Davis as oscilações no mercado

financeiro, podem trazer alterações não esperadas nos preços, nos volumes nos mercados de

créditos ou de ativos, levando empresas a falência. Assim, há um grande risco nesse mercado,

podendo atingir as formas de meios de pagamento. Nesse sentido, observa-se que os Estados

Unidos têm reafirmado sua centralidade nesse processo de financeirização, devida a

importância do dólar, e por ter um dos mercados mais sofisticados, e sem comparação do

mercado financeiro, conforme apontou Chesnais (1998).

Contudo Marques e Nakatani (2009) apontam também, que a globalização é dada não pela

mundialização das trocas, mas pelas operações de capital sob três formas: o capital industrial,

do capital engajado no negócio e na distribuição, e no capital dinheiro. E o fato que, os

Estados Unidos são o „epicentro da mundialização‟ e atribuem às normas, como convém e que

essas normas são fundadas sobre as necessidades do capital dinheiro de caráter rentista.

Ainda, segundo os autores (Marques e Nakatani, 2009) para Chesnais, o capital portador de

juros é a forma mais completa do capital. E os Estados Unidos têm uma economia onde sua

composição, funda-se na acumulação de capital fictício, no aumento do valor das ações e no

alto nível de consumo, tornado assim sua economia frágil. As crises no sistema financeiro

estadunidense demonstram essa fragilidade, sendo importante o questionamento sobre a forma

de organização, produção, distribuição e de padrão de consumo, e sua repercussão em outros

países.

Veiga (2011) reforça que os países considerados „atrasados‟ são dominados pelos países

desenvolvidos, uma vez que capital financeiro domina a estrutura produtiva, esses países

também seriam „parasitas‟ dos demais. O termo „parasitas‟ reforça a ideia que empresas

estadunidenses, se instalam no Brasil com objetivo de expropriar seus recursos, como

empresa de cartão de crédito, via taxa juros.

Nesse mesmo sentido, podemos considerar as observações de Balanco et. al (2003) que a

partir dos anos 90, a América Latina se tornou “espaço de reciclagem do capital fictício” em

nível mundial sob a proteção das finanças. Por conseguinte na sua visão:

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19

o continente vem sendo assolado por uma série de crises recorrentes [...] que

o remete a pior recessão em décadas levando ao crescimento da miséria e do

desemprego. O que provocaram o incremento na exploração do trabalho,

evidenciando através da redução dos salários reais dos grupos de

rendimentos mais baixo (BALANCO et. al, 2003 p. 687 e p. 688).

No Brasil, segundo Paulani (2009), observa-se a importância do crédito para sustentar o

consumo. O que ainda reforça a ideia de que o Brasil é ideal, para a instalação das

multinacionais devido ao elevado nível de consumo. Para a autora:

Nossa economia tem sido vista como uma alternativa de obtenção de lucros

num mundo de retração. O grande problema é que o consumo não tem

dinamismo de puxar a economia, como tem o investimento, o consumo

sustentado pelo crédito não é sustentável em longo prazo como nos mostra o

espelho americano (PAULANI, 2009, p.35).

Em resumo, a financeirização e a mundialização apresentam consequências negativas para o

Brasil, principalmente pelas recorrentes crises do sistema de crédito. Assim, vigora uma

preocupação em torno do mercado de cartão de crédito, devido ao alto padrão de consumo

existente e, como resultado o endividamento das famílias.

Por outro lado, cabe alertar de que segundo Nurkse (2006), o fato de indivíduos entrarem em

contato com bens ou padrão3 (modelo) superiores, pode ocorrer um aumento da propensão ao

consumo, ou seja, desejam adquirir bens e serviços, e ter o mesmo padrão de vida dos

indivíduos das sociedades que tem elevado padrão de consumo. Além disso, existe uma forte

influência do padrão estadunidense pelo fato de ser prestigiado no mundo, pois:

A intensidade de atração exercida pelos níveis de consumo dos países

economicamente adiantados depende de dois fatores. O primeiro é a

dimensão entre as renda reais e os níveis de consumo. O segundo é o grau de

consciência da população em relação essa diferença. [...] As nações mais

pobres, em contato com as mais ricas, se sentem continuamente impelidas a

manter suas rendas e gastos monetários acima do que sua capacidade de

produção lhes permite (NURKSE, 2006, P. 285-286).

Conforme exemplo, o autor expõe que 75% das famílias nos próprios Estados Unidos não

poupam não é porque são excessivamente pobres, ou não porque queiram poupar, o motivo de

3 Apesar de utilizar duas bases de fundamentação teórico diferentes: a) teoria do padrão de consumo em regiões

subdesenvolvidas partindo, principalmente, de Furtado de argumentação Keynesiano (e utilizando um

contemporâneo, Nurkse); e b) teoria da financeirização do capitalismo contemporâneo, que é uma linha de

argumentação marxista. O mercado de cartão de crédito é um estudo recente no Brasil, ainda com poucos

trabalhos nesse campo, no sentido que pretende se alcançar com esse estudo. O resultado será não somente

teórico, mas também terá como base a pesquisa de campo. E deixando aberta a possíveis aperfeiçoamentos em

pesquisas futuras, dado a complexidade que envolve o tema.

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20

não pouparem é em razão pelo próprio ambiente que vivem, e que os estimula a sentir

necessidade de obter novos bens de consumo constantemente.

Os Estados Unidos são que podemos considerar uma sociedade baseada no consumo, e possui

uma forte influência sobre o Brasil, e isso nos leva a uma forte dependência que se reflete

tanto nos aspectos financeiros, como tecnológicas, culturais, etc. O mesmo fenômeno é

definido por Furtado (2006, p. 342) fazendo uma análise sobre as conferências de Ragnar

Nurkse, uma vez que:

Assim como os grupos sociais de baixas rendas tendem a imitar, em seus

padrões de consumo, aqueles que estão por cima na escala social, os países

pobres tendem a copiar as formas de vida dos ricos. Se a renda real per

capita cresce mais rapidamente nos países ricos que nos pobres, aquele

mecanismo faz com que aumente a propensão a consumir nos países pobres.

Entende-se que para o aumento do consumo é preciso um aumento da renda, o que de fato não

ocorre em países pobres, que copiam as formas de vida dos países ricos. Por outro lado à

introdução de elementos tecnológicos, financeiros e culturais, como já foi dito, são de

importante impacto na economia nacional.

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21

3 – O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS COM CARTÃO DE

CRÉDITO

O cartão de crédito é a forma atual do dinheiro, visto que no início utilizava-se o escambo

como forma de troca de mercadoria como o gado, o sal entre outros com objetivo de adquirir

outras mercadorias. Com a descoberta do metal, passou-se a utilizá-lo como padrão de valor.

Os primeiros metais utilizados na cunhagem de moeda foram ouro, prata e cobre que se

mantiveram até o final do século 19. Na idade média surgiu o costume de guardar dinheiro

com ourives, que passaram a emitir um recibo, e com o tempo esses recibos passaram a ser

utilizados como forma de pagamento dando origem ao papel moeda, que evoluiu muito ao

longo dos séculos. O conjunto de moedas e cédulas utilizadas em um país chama-se sistema

monetário que regulado por meio de legislação própria, e serve como base que é sua unidade

monetária como cheques e cartão de crédito. Podendo considerar, assim que a moeda surgiu

de acordo com as necessidades e sua evolução é um reflexo na economia.4 Ao mensurar sobre

a evolução do dinheiro, o cartão de crédito surgiu nos Estados Unidos na década de 20, e

atualmente, segundo o Federal Reserve5, o mercado de uso geral dos cartões de crédito é

dominado pelas empresas Visa e MasterCard. O congresso dos Estados Unidos preocupado

com esse mercado, em maio de 2009 promulgou a “Lei do Cartão” com objetivo de

estabelecer proteções para usuários de cartão de crédito, restringindo certos atos, ou práticas e

melhorando as informações para consumidores em relação a cartão de crédito, e outros planos

de crédito rotativo.

Este é um mercado que precisa ser analisado, dado que essa preocupação, também se estendeu

para o Brasil, conforme pesquisa publicada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens

e Serviços e Turismo (CNC, 2013). A pesquisa visou levantar o perfil do endividamento das

famílias no Brasil, devido à popularização do cartão de crédito se tornou o tipo de divida que

mais cresceu no país. Os cartões de crédito, conforme Beluzzo (apud TEIXERA, 2013), é a

nova forma que os consumidores possuem para financiar seus gastos e a valorização do

estoque de riqueza ao longo dos ciclos de crédito o que desvincula o consumo do

comportamento da renda corrente.

4 Esse breve resumo foi extraído do site da instituição BACEN: http://www.bcb.gov.br/htms/origevol.asp.

5 Informação no site da instituição do FED: http://www.federalreserve.gov/publications/other-reports/credit-

card-profitability-2011.htm

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Existe uma constante preocupação com o aumento do endividamento das famílias em diversos

países, para exemplo nosso, os das famílias portuguesas, conforme aponta Farinha (2003) o

endividamento cresceu em um ritmo muito elevado, e um dos fatores que são identificados na

avalição do sistema financeiro, segundo a autora:

[...] maior endividamento das famílias corresponde uma maior sensibilidade

da sua situação financeira do aumento do desemprego, por um lado, e, a da

taxa de juro, por outro, em particular quando o crédito é maioritariamente

concedido a taxa de juros indexada, como acontece em Portugal. As

consequências da evolução do endividamento sobre a estabilidade financeira

dependem também a nível microeconômico de algumas características como

a educação, o rendimento ou situação no mercado de trabalho, dos

indivíduos a quem foi concedido o crédito (FARINHA, 2003, p. 34).

No Brasil, segundo Ruberto et al. (2013) ocorreu um aumento do percentual das famílias com

dívida, de 59,8% em 2012, e também um aumento da inadimplência. Segundo ele, o aumento

das famílias endividadas começou com a crise financeira de 2008, devido aos empréstimos

para financiamento de imóveis e de terem sido concedidos a uma “camada da população com

baixo nível de alfabetização, com baixa renda e sem ativos ou garantias reais” (DONADIO, et

al., apud Ruberto et al, 2013, p. 58). Ele ainda acrescenta que outros fatores que contribuem

para o crescimento do endividamento são facilidade e aumento de crédito. Olivato e Souza

(apud Ruberto et al., 2013) definem como endividados são aqueles indivíduos que deixam de

cumprir o contrato, ocasionado assim a inadimplência dos mesmos.

Segundo CNC (2013), no que diz respeito a contrair dívidas, o cartão de crédito foi o tipo

mais citado (75,2 %), seguido por outros instrumentos como carnês (18,7%), financiamento

de carro (12,2%), crédito pessoal (10,5%), cheque especial (6,2 %), financiamento de casa

(6,1%), crédito consignado (5,2%), outras dívidas (2,5%), cheque pré-datado (2,2%), dos que

não sabe ou não souberam responder (0,5%). Um dos problemas, apresentados pela pesquisa

para esses índices, o fato de que taxa de juros elevadas, juntamente a taxas menores de

crescimento da renda, tendem a elevar o comprometimento da renda com dívida, e a

popularização do cartão de crédito. Assim, identifica-se que as dívidas das famílias tem se

tornado um problema socioeconômico, devido ao aumento do endividamento, e consequente

inadimplência concorrendo para uma tendência negativa na economia, para tanto Gonçalves

(2013) chama essa situação de:

Brasil „negativado‟, ou seja, estar com um sinal, carga, resultado ou

potencial negativo, devido à política de crédito expansionista: a taxa de juros

elevadas, fraco desempenho da renda, inoperância da atividade fiscalizadora

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e abuso do poder econômico por parte dos sistemas bancários e financeiros

(GONÇALVES, 2013, p. 37).

O autor aponta, que o aumento da dívida das famílias passou de R$ 113 bilhões em 2002, para

mais R$ 545 bi em 2012. Outro elemento é que a razão da dívida per capita/salário subiu de

5,1% em 2002 para 16,6% em 2013. O aumento da inadimplência de 8,5 bi em 2002 para 33,9

bi em 2012. Para o autor, o aumento do endividamento e inadimplência, também diz respeito

a fatores como:

Oportunismo político eleitoral; política de expansão absurda de oferta de

crédito; taxas de juros absurdas; baixo crescimento do salário real; enormes

necessidades da população; baixo nível de educação; inoperância

fiscalizadora do BACEN; e práticas de abuso do poder por parte dos Bancos

(GONÇALVES, 2013, p. 39).

No ato de estarem inadimplentes, as consequências para o consumidores estão estabelecidas

no Código de Defesa do Consumidor (CDC) em seu artigo 43 da lei nº 8.078, de 11 de

setembro 1990, isso implica que seu nome será negativado, e não poderá adquirir bens ou

serviços na forma de crédito. No que diz respeito, ao elevado aumento de crédito deve-se

salientar preocupação de Covas (2010), pois segundo ele ocorreu um superendividamento dos

consumidores, cujo crescimento está relacionado ao aumento de crédito a eles concedido.

Esse fenômeno é conceituado como a impossibilidade do consumidor liquidar as suas dívidas,

desde as mais básicas, existindo o comprometimento tanto da sua renda pessoal, como

também familiar.

Conforme Ikeda e Wang (2004) as duas principais empresas, que dominam o mercado são as

empresas Visa e MasterCard, que buscam diferenciar produtos, serviços e tecnologias para

conquistar novos consumidores, sobretudo via marketing. No entanto, a concorrência dessas

duas maiores bandeiras traz o seguinte resultado:

No Brasil o cartão já incorporou no uso cotidiano de muitas pessoas, porém

se verifica que o cartão de crédito mesmo com vantagens oferecidas tem

dificuldade de grandes expansões em regiões menos desenvolvidas. (IKEDA

e WANG, 2004, p. 8-9).

Em suma, a crescente preocupação com relação ao mercado de cartão de crédito deve-se,

principalmente, por ser um meio de pagamento, que ocasionou o aumento do endividamento.

E deve-se salientar que esse instrumento de dívida é o mais indicado pelos consumidores, do

que outros, tais como boletos, cheques, carnês, etc., sobretudo no Brasil. Um dos

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apontamentos está relacionado à alta taxa de juros, o incentivo via propaganda, a facilidade ao

crédito, tecnologia, entre outros. E principalmente, à atuação das empresas Visa e MasterCard

pelo fato de dominarem, tanto o mercado nos Estados Unidos, como no Brasil.

3.1 – Dados sobre a atuação das empresas de Cartões de Crédito no Brasil

As principais bandeiras com maior número de cartões de crédito ativos no Brasil, segundo o

BACEN (2012), são: Visa, MasterCard, American Express, Hipercard, Diners Club e Elo. A

figura 1 a seguir, demonstra a origem dessas empresas como o ano da fundação, local de

origem, e o número de países onde estão presentes as principais bandeiras.

Figura 1-As principais empresas de cartões de crédito no Brasil

EMPRESA FUNDADA

DESDE:

ORIGEM: PRESENTE EM: NO BRASIL

DESDE:

VISA 1958 Estados Unidos 200 países 1971

MASTERCARD 1966 Estados Unidos 210 países 1987

AMERICAN EXPRESS 1958 EUA e Canadá 175 países 1980

HPERCARD 1970 Brasil Brasil 1970

DINERS CLUB 1950 Estados Unidos 185 países 1954

ELO 2011 Brasil Brasil 2011 Fonte: Elaboração da autora.

6

Fazendo uma análise da figura acima, as bandeiras que tiveram suas origens nos Estados

Unidos como: Visa, MasterCard, American Express e Diners Club, estão presentes em

diversos países. No Brasil, Visa e MasterCard surgem no anos de 1958 e 1966

respectivamente, e desde então tem sido as principais empresas no ramo do crédito,

principalmente com a globalização e ascensão da informática. Como o mercado de cartões é

globalmente integrado, e tem duas principais empresas estão listadas na Bolsa de Valores,

Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA) sendo classificadas como Brazilian

Depositary Receipts - BDRs7. Essa integração dos mercados, segundo Castells (1999), aponta

a importância dessas empresas, dado que os mercados de capitais são globalmente

interdependentes, e pelo fato de serem gerenciadas pelo mercado financeiro que são

globalmente integrados, assim as empresas Visa e MasterCard atuam em vários segmentos do

mercado.

6 Foi verificada a partir do BACEN (2010), e nas páginas das empresas de cartão de crédito.

7 BDRs-são certificados de depósito, emitidos e negociados no Brasil, com lastro em valores mobiliários de

emissão de companhias estrangeiras.

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25

De acordo com o BACEN (2012), observando os dados de 2006 a 2012, é possível afirmar

que houve um crescimento do faturamento das empresas de cartão de crédito, esse

crescimento pode ser observado na figura 2:

Figura 2-O faturamento das empresas de cartões de crédito no Brasil – 2006 2012.

Fonte: BACEN (2012) dados do faturamento de Cartões de Crédito no período de 2006 a 2012.

Somente no ano de 2006, segundo o BACEN (2012), as empresas de cartões de crédito

tiveram um faturamento de R$ 145 bilhões, com crescimento nos anos seguintes. Já em 2012

foram mais de R$ 468 bilhões, constatando um elevado crescimento desse segmento de 322%

em apenas seis anos.

Nesse mercado é possível observar uma ampla diferença do mercado de cartões ativos das

bandeiras brasileiras, para as bandeiras estadunidenses. Dados do BACEN (2012)

demonstram um crescimento de forma ascendente das bandeiras ativas, no período de 2006 a

2012 conforme figura 3:

R$ 000

R$ 20.000

R$ 40.000

R$ 60.000

R$ 80.000

R$ 100.000

R$ 120.000

R$ 140.000

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Milh

ões

Faturamento de Cartões de Crédito

Crédito

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26

Figura 3-Cartões de Crédito Ativos no Brasil – 2006/2012.

Fonte: BACEN (2012) dados das quantidades de cartões de crédito ativos por Bandeira do período de 2006 a

2012.

No final do período de 2012, segundo o BACEN (2012) havia um total de 82,6 milhões de

cartões ativos, as lideranças em cartões são das empresas Visa com 38,7 milhões (46,7%) e

MasterCard com 35,7 milhões (43,2%) totalizando 74,4 milhões, ou seja, correspondem a

mais de 90% do mercado de cartões com relação às bandeiras Hipercard com 4,9 milhões

(5,9%), e Elo 438 mil (0,53%).

A estrutura do mercado de cartões, segundo o BACEN (2010) em geral é de três ou quatro

plataformas. A plataforma de quatro lados é a mais utilizada no Brasil, e está representada na

figura 4:

Figura 4-Funcionamento do Mercado de Cartões de Crédito

CONSUMIDOR LOJA1

ADQUIRE B&S

BANCO

2

PG AO BANCO

CREDENCIADOR

4

REC. CRED.

6

REPASSA A EMP.

5

REPASSA A EMP.CARTÃO

3

PG AO CRED.

Fonte: Elaboração da autora adaptado do BACEN (2010)

-

5

10

15

20

25

30

35

40

45

II IV II IV II IV II IV II IV II IV II IV

2006200720082009201020112012

Milh

ões

Quantidade de Cartões de Crédito Ativos por

Bandeira

Visa

MasterCard

Hipercard

Amex

Elo

Diners

Band. Própria

Outras

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27

Sobre o funcionamento do mercado de cartões cabe esclarecer que: 1- o consumidor adquire

bens ou serviços de uma loja; 2- ao adquirir com o cartão de crédito, cria uma obrigação com

o banco, onde tem por compromisso quitar a dívida; 3- o banco repassa o valor da compra

para ao credenciador, descontado a tarifa; 4- o credenciador repassa o valor da compra para a

loja menos a tarifa; 5- em seguida o banco, repassa a tarifa para a empresa de cartão; 6- e o

credenciador, também repassa a tarifa. Cabe apontar a partir disso que, o consumidor é a parte

mais frágil, como se pode apreender nesse sistema. Nele os preços finais, geralmente são

cobrados tanto do consumidor, como dos estabelecimentos como reconhece o próprio

BACEN.

Logo, parece indispensável para os agentes da economia (empresas, consumidores, governo)

conhecer o funcionamento do mercado. Analisar, tal como sugere Castells (1999) à

conjuntura da economia, ou seja, a capacidade de produção; e onde são inseridas essas

tecnologias; de como se dá o comportamento desses indivíduos e seus padrões de vida, e se

tem pleno conhecimento do funcionamento desses sistemas.

Sem dúvida, informação e conhecimentos sempre foram elementos cruciais

no crescimento da economia, e a evolução da tecnologia determinou em

grande parte a capacidade produtiva da sociedade e os padrões de vida, bem

como formas sociais da organização econômica (CASTELLS, 1999, p.119).

Os consumidores, casualmente não tem discernimento do sistema, mas eles são submetidos e

acompanhados constantemente.

A Serasa Experian (2014) é um serviço de informação que fornece dados sobre clientes ao

redor do mundo. A mesma serve, para indicar o crescimento do índice de inadimplência com

o uso do cartão de crédito e outros meios de pagamentos. Do período de 2006 a 2014

conforme figura 5 a seguir:

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Figura 5-Índice Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor-2006/2014.

Fonte: Serasa Experian período de janeiro de 2006 a junho de 2014.

De acordo com a Serasa Experian (2014), os índices8 mais elevados de inadimplência são

dívidas em atraso junto às financeiras, cartões de crédito e empresas não financeiras (PEFIN-

1). E são os maiores índices crescimento, comparados a outros instrumentos com maior

elevação a partir de 2010. Com relação aos cheques devolvidos (CCF-3) houve uma queda

nesse tipo de instrumento, conforme figura 5 e sendo significativa a partir de 2010.

Como síntese, podemos constatar que ocorreu na economia um aumento do faturamento das

empresas de cartão de crédito, seguido do aumento do número de cartões ativos e consequente

aumento na inadimplência com o cartão de crédito, que aponta uma correlação entre esses

dados, onde há o aumento do faturamento das empresas de cartão de crédito com aumento da

inadimplência.

Em linhas gerais, com a inserção de novas tecnologias no mercado brasileiro, principalmente

do cartão de crédito ocorreu um aumento do endividamento do consumidor, associado ao

aumento do consumo. O município de Campos dos Goytacazes (RJ) será um referencial para

esse estudo onde foram realizadas pesquisas com os consumidores, nos principais pontos

comerciais. Em seguida, realizando um levantamento sobre perfil dos consumidores sua

relação com o crédito e consumo, objetivando assim encontrar o que contribuiu para o efetivo

endividamento.

8 Os índices se referem a: (1) Fluxo mensal de anotações de dívidas em atraso junto às financeiras, cartões de

crédito e empresas não financeiras; (2) Fluxo mensal de anotações de dívidas em atraso junto aos bancos; e (3)

Fluxo mensal de cheques devolvidos por insuficiência de fundos (2ª devolução).

,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

jan

/aa

ago

/aa

mar

/aa

ou

t/aa

mai

/aa

dez

/aa

jul/

aa

fev

/aa

set/

aa

abr/

aa

no

v/a

a

jun

/aa

jan

/aa

ago

/aa

mar

/aa

Indicador Serasa Experian de Inadimplência do

Consumidor - Sem Ajuste Sazonal

(Média de 2009 = 100)

PEFIN (1)

REFIN (2)

Protestos

CCF (3)

Geral

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29

4 – CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ) E SUA RELAÇÃO COM CONSUMO,

CRÉDITO E ENDIVIDAMENTO.

4.1 – Os aspectos regionais da cidade de Campos dos Goytacazes

Segundo Rosendo e Carvalho (2004) o município de Campos dos Goytacazes (RJ) tem grande

importância para o Norte-Fluminense, tanto pela referência histórica na produção açucareira,

como também na produção do petróleo, que recentemente é setor responsável pelo

crescimento da região, tornando a economia dinâmica em outros setores, principalmente o de

serviços, tais como construção civil, clínicas, hospitais, ensino entre outros. Conforme os

autores destacam:

Campos dos Goytacazes coloca-se, hoje como terceiro pólo de ensino

superior do estado, com inúmeras universidades privadas e três

universidades públicas com atuação na região: a Universidade Estadual do

Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), a Universidade Federal Rural do

Rio de Janeiro e a Universidade Federal Fluminense (UFF) além de duas

escolas técnicas, uma federal e uma estadual (ROSENDO e CARVALHO,

2004, apud PESSANHA e NETO, 2004, p. 68).

Esse dinamismo na região, principalmente para cidade influência diversos indicadores como

escolaridade, trabalho e renda, crédito, poupança, investimento, etc. Para os autores:

As novas perspectivas econômicas que delineiam para a região no início do

século XXI parecem bastante promissoras, vislumbrando-se um novo ciclo

econômico com efeitos que já fazem notar sobre esses indicadores

econômicos e sociais (ROSENDO e CARVALHO, 2004, apud PESSANHA

e NETO, 2004, p. 72).

Essa é uma posição importante, conforme pesquisa divulgada pelo SEBRAE/RJ (2011) haja

vista que, o município possui mais de 13.000 estabelecimentos entre micro, pequena, média e

grande porte, entre esses estão indústria, comércio, serviços e agropecuária respectivamente.

O comércio é setor que possui a maior concentração com mais de 48% dos estabelecimentos,

seguido do setor de serviços com mais de 33% dos estabelecimentos. O relatório do

SEBRAE/RJ (2011) acrescenta que a cidade de Campos dos Goytacazes (RJ) possui potencial

de consumo per capita de R$ 12.022.00 anuais. O que se pode considerar um valor relevante

para aumento do endividamento, dado que o relatório ainda acrescenta que:

As informações sobre potencial de consumo são fundamentais no

planejamento empresarial. Com elas é possível identificar a capacidade de

compra do público pretendido, a diversificação de produtos a serem

ofertadas, as condições comerciais específicas para este público e outros

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30

aspectos importantes para um bom planejamento de marketing (SEBRAE/

2011, p. 11).

No entanto, ainda existem grandes desafios para a região Norte-Fluminense, segundo Cruz

(2007), afirma que apesar da extração de petróleo acrescentar royalties na economia do

município ainda há demandas, principalmente sobre segmentos diversos conforme cita:

Esses recursos têm sido utilizados, via de regra, de forma centralizada, o que

vem gerando descompasso no atendimento das demandas antigas e novas,

decorrentes da pressão sobe a infraestrutura urbana, sobre a inclusão social,

dos segmentos tradicionalmente excluídos e dos contingentes atraídos pelas

oportunidades geradas pela dinâmica extrativista petrolífera. Em

consequência, ao mesmo tempo em que alguns problemas são enfrentados,

muitos problemas antigos e novos persistem ou se agravam. (CRUZ, 2007,

p.45).

Considerando essas informações socioeconômicas, devido ao potencial de consumo, alta

concentração do comércio e serviços é possível compreender a relevância, ao se fazer um

levantamento sobre o consumidor em Campos dos Goytacazes (RJ). Procurando assim,

analisar os resultados da pesquisa, e entender a causa do endividamento, principalmente com

cartão de crédito.

4.2 – Metodologia da pesquisa de campo

A pesquisa sobre o perfil dos consumidores de Campos dos Goytacazes (RJ) foi realizado

entre os períodos de julho de 2014 e agosto de 2014 em horários intercalados. As aplicações

dos questionários foram realizadas entre 9 horas e 12 horas, e outra parte 14 horas e 18 horas,

buscando assim alcançar um público variado naqueles que foram considerados como os

principais pontos de movimentação comercial, nos quais seria passível de se utilizar o cartão

de crédito. Tais lugares foram: Avenida Pelinca, Shopping 28, Pelinca Square Center,

Parquecentro Shopping, Vips Center, Calçadão (Centro e em entorno do terminal de ônibus) e

Shopping Popular/Mercado Municipal. Logo, a amostragem foi de conveniência, pois

julgamos que o levantamento seria realizado em lugares em que se encontravam usuários de

cartão de crédito. Segundo Gil (1987) para a construção de questionário, consiste basicamente

em traduzir os objetivos específicos. E o questionário 9 que segue em anexo nesse trabalho

consta aspectos tanto sociais, como econômicos.

9 O questionário contém 43 questões relacionadas ao consumo, renda, cartão de crédito, poupança entre outras.

Na elaboração do questionário utilizou os aspectos teóricos deste trabalho, e também outros importantes

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31

Ao elaborar o questionário foi definido o tamanho da amostra. Para definir, o tamanho da

amostra utilizou-se a fórmula, segundo Barbetta (2002):

Sendo:

N = Tamanho da população

= erro amostral tolerável

= primeira aproximação do tamanho da amostra

n = tamanho da amostra

Para definir os parâmetros é necessária à hipótese inicial, e assim determinar quais são as

variáveis, que segundo Gil (1987) é aquilo que pode ser definido em duas ou mais categorias.

Com base na hipótese, o pressuposto de que as pessoas percebem que o maior acesso ao

sistema financeiro de cartões de crédito oriundo de novas tecnologias que por meio deste

ocorre à redução de burocracia, dado a facilidade no acesso ao crédito levou ao aumento do

endividamento das famílias em Campos dos Goytacazes (RJ). Podemos assim, estimar os

parâmetros principais: endividamento das famílias e cartão de crédito, e a população urbana

de Campos dos Goytacazes (RJ) como objeto desse estudo.

Em consequência disso, considerando que a população urbana de Campos é de 418.725

pessoas segundo Atlas Brasil (2013) e que, segundo CNC (2013), 59,8% das famílias

brasileiras estão endividadas, sendo 75,2% delas com cartão de crédito. Utilizando esses

parâmetros e estimando que o total de pessoas no meio urbano em Campos dos Goytacazes

endividadas com cartão de crédito é de 418.725*59,8%*75,2% = 188.298 pessoas, sendo esse

o tamanho da população (N). Considerando um erro amostral tolerável de 10%, temos que a

referencias foram dados da pesquisa do IBGE (2010) e CNC (2013). Observando que algumas questões foram

difíceis de serem abordadas e demonstraram certa insegurança para quem estava participando da pesquisa.

Durante a pesquisa, também foi possível perceber que algumas pessoas acharam extenso o questionário.

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32

primeira aproximação para o tamanho da amostra é 100. Fazendo os cálculos, temos o

seguinte tamanho de amostra:

n = 18.829.800 / 188.398 = 99,9.

O público abordado foram 100 (cem) pessoas que se dispuseram a responder o questionário. É

importante mencionar as dificuldades da aplicação da pesquisa, por se realizar em locais de

grande movimentação e, porquanto a isso, da indisposição das pessoas a participarem10

.

Apesar disso, foi possível atingir o número da amostra acima determinada, no entanto, duas

localidades onde se realizariam a aplicação do questionário (Boulevard Shopping e Walmart)

fomos impedidos de realizar o levantamento dada a justificativa de que clientes desses locais

não gostariam desse tipo de abordagem dentro do estabelecimento, e por julgarem o

questionário extenso11

. Um ponto importante sobre a pesquisa é sobre os pesquisadores, que

foram em parte alunos da própria Universidade, tanto do curso de Economia, como também

do curso de Ciências Sociais, que contribuíram de forma voluntária, onde abordando os

indivíduos nos locais referidos acima, e sendo identificados através de crachá e utilizando

material de pesquisa (como formulário e prancheta). Ao final receberam certificados, com

horas acadêmicas, servindo para o currículo como experiência em trabalhos de campo.

Podemos citar como exemplo de pesquisa realizado pelo SPC Brasil (2013) sobre crédito, que

utilizou um tamanho amostral de 604 casos e, aplicado de forma aleatória em capitais do país

com resultados, similares a pesquisa realizada nesse trabalho, ressaltando assim a importância

de se aplicar questionário sobre o perfil do consumidor em Campos dos Goytacazes (RJ).

Embora o enfoque principal, dado à pesquisa dissesse respeito ao endividamento com cartão

de crédito, durante a pesquisa captou-se outros resultados significativos com relação aos

consumidores. A coleta das informações, que apenas não são perguntas elaboradas, como

também a reação dos pesquisados durante o processo, foram anotadas no próprio questionário

com objetivo de utilizá-las em futuras pesquisas.

10

Outra observação no que diz respeito às pessoas abordadas o fato da pesquisa estar sendo realizado por alunos

da Universidade Federal Fluminense do Curso de Economia muitos desconhecia a existência da Universidade

em Campos dos Goytacazes (RJ). 11

Foi entregue uma cópia do questionário aos responsáveis dos setores em ambos os estabelecimentos para que

pudessem ter ciência do que estaria sendo perguntado, e também uma carta da instituição com o nome dos

discentes que estariam colaborando para evitar qualquer problema durante pesquisa.

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33

4.3 – O perfil do consumidor de Campos dos Goytacazes (RJ)

Através dos dados levantados referentes à população total da pesquisa, 35% se declararam do

sexo masculino e 65% do sexo feminino. A população em Campos dos Goytacazes acima de

16 anos de idade, de acordo com Censo 2010 é de 48% da população do sexo masculino e

52% do sexo feminino, indicando uma propensão maior de mulheres em comparação aos

homens.

Da amostra levantada, há praticamente um empate técnico entre aqueles que dizem contrair

dívidas de forma periódica (49%) e os que negam fazê-lo (50%), tendo apenas 1% de

abstenção. Desse percentual dos que contraem dívidas, 67,4% são de mulheres (33

entrevistadas) contra 32,6% são de homens (16 entrevistados).

Em termos de idade, a pesquisa demonstrou que os consumidores se concentram em torno de

1612

a 60 anos, com mais relevo com a idade até 30 anos (40%) conforme verificado na tabela

1 a seguir. Deve-se observar que, segundo o Censo 2010, a população de Campos dos

Goytacazes entre 15 e 59 anos corresponde a 64%, portanto é mais propenso esperar que se

abordem pessoas nessa faixa etária.

Tabela 1-Idade

Qual a sua idade?

IDADE Freq.

Não resposta13

2

Menos de 20 12

De 20 a 30 40

De 30 a 40 13

De 40 a 50 10

De 50 a 60 13

De 60 a 70 6

70 ou mais 4

TOTAL OBS. 100

Fonte: Elaboração da autora.

12

O art. 5º do Código Civil Brasileiro prevê que a menoridade cessa aos 18 anos, porém cessará a incapacidade

caso haja concessão dos pais, ou pelo casamento, entre outros ficando assim o indivíduo habilitado a todos os

atos da vida civil. 13

Em algumas tabelas apresentará tipos de categorias como NÃO RESPOSTA, NÃO RESPONDEU ou NÃO

DECLAROU, o motivo é que durante a pesquisa observou-se três grupos: 100 indicando a população total da

amostra, 60 os usuários de cartão de crédito e 39 é a amostra dos que não possui cartão de crédito. Por exemplo,

na tabela 2 refere-se ao o grupo das 100 pessoas que não responderam sobre sua idade.

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34

Em termos de nível de escolaridade, o maior percentual de entrevistados se concentrou

respectivamente entre a formação de 2º grau completo (37%), superior incompleto (17%) e 2º

grau incompleto (12%).

Segundo o Censo 2010, em Campos dos Goytacazes (RJ) a maior parte da população se

concentra em: sem instrução e fundamental incompleto (47%), do fundamental completo e

médio incompleto (13%) e do médio completo e superior incompleto completo (22,72%),

superior completo (8,39%) e não determinado (8,39%). Apesar da média apresentada pelo

Censo 2010 ser diferente dos resultados obtidos na pesquisa, importa ressaltar que Campos

dos Goytacazes (RJ) é dos maiores pólos universitários da região Norte-Fluminense e atende a

outras cidades vizinhas, em termos de setor de comércio e serviços. Como, por um erro de

pesquisa, não questionamos sobre a residência de origem dos entrevistados, isso pode ter

influenciado os resultados compondo o quadro em que o 2º grau incompleto, 2º grau completo

e superior corresponderem a 66% da amostra. Além disso, em lugares mais populares como o

Shopping Popular Michel Haddad, houve uma menor propensão de pessoas desejarem

participar da pesquisa em contraposição com lugares mais elitizados como a região da

Pelinca, que também pode ser outro fator de relevância para esclarecer a situação de

escolaridade encontrada.

Ao cruzar os dados entre nível e escolaridade e possuir cartão de crédito (constando esse

último de 60% da amostra), percebeu-se uma incidência de 38% que tem 2º grau completo,

20% tem ensino superior incompleto e 10% de usuários têm 2º grau incompleto. Essas

informações podem ser observadas na tabela 2 a seguir:

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35

Tabela 2-Nível de Escolaridade x Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-

2014.

Qual é o seu nível de escolaridade?

Possui cartão de crédito?

ESCOLARIDADE14

Possui

cartão

%

Não

possui

cartão

% Não

15

resp. T.

A. Não alfabetizado 0 0,0 0 0,0 0 0

B. Somente alfabetizado 0 0,0 0 0,0 0 0

C.1ª a 4ª série do 1º grau incompleto (Elementar) 2 3,3 3 7,7 0 5

D. 1ª a 4ª série do 1º grau completo(Elementar) 3 5,0 4 10,3 0 7

E. 5ª a 8ª série do 1º grau incompleto (Médio 1ºciclo ) 4 6,7 4 10,3 0 8

F. 5ª a 8ª série do 1ºgrau completo ( Médio 1º ciclo) 2 3,3 0 0,0 0 2

G. 2º grau incompleto (Médio 2º ciclo) 6 10,0 6 15,4 0 12

H. 2º grau completo ( Médio 2º ciclo ) 23 38,3 13 33,3 1 37

I. Superior Incompleto 12 20,0 5 12,8 0 17

J. Superior Completo 5 8,3 3 7,7 0 8

K. Pós-Graduação Lato Sensu (especialização-MBA) 1 1,7 1 2,6 0 2

L. Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado e doutorado) 2 3,3 0 0,0 0 2

TOTAL 60 100 39 100 1 100

Fonte: Elaboração da autora.

Ao cruzar os dados entre nível de escolaridade e renda observou-se que a maior parte dos

entrevistados estão entre as categorias entre 1 e 3 salários mínimos e 2º grau completo.

Seguida de superior incompleto até 1 salário mínimo. O resultado da pesquisa demonstra

também que mesmo captando um nível de escolaridade diferente do Censo 2010, a amostra

dos pesquisados possui baixo rendimento. Outros resultados são possíveis de observar na

tabela 3 a seguir:

14

A classificação da escolaridade de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 15

No item se refere ao grupo de 100 pessoas que não responderam a questão.

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36

Tabela 3-Escolaridade x Renda

Qual é o seu nível de escolaridade?

Qual a sua renda?

ESCOLARIDADE/RENDA A. De 0 até 1

salário mínimo (até R$ 724,00)

B. Entre 1 salário e 3

salários( R$

725,00 a R$

2172,00)

C. Entre 3 a 5 salários

mínimos (DE R$

2.173,00 a R$ 3.635,00)

D. Acima 5 salários

mínimos (R$

3636,00)

E. Não

respondeu TOTAL

A. Não alfabetizado 0 0 0 0 0 0

B. Somente alfabetizado 0 0 0 0 0 0

C.1ª a 4ª série do 1º grau incompleto (Elementar) 4 1 0 0 0 5

D. 1ª a 4ª série do 1º grau completo(Elementar) 6 0 0 0 1 7

E. 5ª a 8ª série do 1º grau incompleto (Médio

1ºciclo ) 3 5 0 0 0 8

F. 5ª a 8ª série do 1ºgrau completo ( Médio 1º ciclo) 1 1 0 0 0 2

G. 2º grau incompleto (Médio 2º ciclo) 6 5 0 0 1 12

H. 2º grau completo( Médio 2º ciclo ) 9 23 3 0 2 37

I. Superior Incompleto 12 5 0 0 0 17

J. Superior Completo 1 5 0 2 0 8

K. Pós-Graduação Lato Sensu (especialização como

MBA) 0 0 2 0 0 2

L. Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado e

doutorado) 0 0 0 2 0 2

M. Não declarou 0 0 0 0 0 0

TOTAL 42 45 5 4 4 100

Fonte: Elaboração da Autora

No que diz respeito a questão de cor, 44% das pessoas se declararam pardas, 35% brancas e

15% negras, conforme apresentado na tabela 4. É notório observar que há uma discrepância

em relação ao resultado apresentado no Censo 2010, visto que, neste, em Campos dos

Goytacazes se declararam brancas o corresponde a 50% da população, parda corresponde a

35%, e preta corresponde a 12%; ocorrendo, portanto, uma inversão entre brancos e pardos.

Ao fazer a relação com cartão de crédito das 60 pessoas que têm cartão as concentrações estão

entre pardas (40%), brancas (38%) e negras (13,3%).

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37

Tabela 4-Cor x Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-2014.

Qual a sua cor?

Possui cartão de crédito?

COR Possui

cartão

% Não possui

cartão

% C. Não

respondeu TOTAL

A. Branca 23 38,3 12 30,8 0 35

B. Preta 8 13,3 7 17,9 0 15

C. Parda 24 40,0 19 48,7 1 44

D. Amarela 2 3,3 0 0,00 0 2

E. Indígena 1 1,7 0 0,00 0 1

F. Não declarou16

2 3,3 1 2,6 0 3

TOTAL 60 100 39 100 1 100

Fonte: Elaboração da autora

A maior parte do público entrevistado se declarou como realizando uma atividade de trabalho

durante o período entrevistado (60%), enquanto 40% professaram não estar trabalhando. A

proporção de trabalhadores, quando classificados de acordo com as ocupações, é de 66% de

empregados, distribuindo-se os outros 44% segundo as demais categorias conforme tabela 5.

Tabela 5-Classificação das Ocupações

Classificação Freq. %

Empregado 48 66

Empregador 2 2,8

Conta Própria 7 10

Outros 7 11,2

Desocupado 7 10

Total 71 100

Fonte: Elaboração da autora.

Importa mencionar que as ocupações foram respondidas através de questões abertas a partir

da qual classificamos orientados pelas categorias do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2010), mas acrescentando mais duas categorias para dar conta das

respostas dos entrevistados17

. Deve-se observar que, dos 40% que informaram não estarem

trabalhando, 11 pessoas solicitaram declarar-se como relacionados a alguma atividade

profissional, por isso o somatório da tabela 5 corresponde a 71% e não 60%; apesar de apenas

60% estarem em exercício.

16

Ibidem 15. 17

Neste caso categorias como „estudante‟ e „do lar‟ foram classificados como Outros; e „aposentados‟ como

desocupados.

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38

Na tabela 6, ao fazer a comparação entre situação de trabalho e usuários de cartão de crédito;

observou-se que daqueles que possuem cartão os que estão trabalhando equivalem a 68%, e

32% de pessoas que estão sem trabalho. Ou seja, apesar de não estar em situação de trabalho

um número significativo de pessoas mantém a posse do cartão de crédito.

Tabela 6-Trabalho x Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-2014. O Sr. (a) está trabalhando atualmente?

Possui cartão de crédito?

TRABALHO Possui

cartão

%

Não

possui

cartão

% Não

18

respondeu TOTAL

A. Sim 41 68,3 18 46,2 1 60

B. Não 19 31,7 21 53,8 0 40

TOTAL 60 100 39 100 1 100

Fonte: Elaboração da autora.

A amostra pesquisada revelou que uma maior proporção de pessoas se concentra em nível de

renda até 3 salários mínimos, obtendo entre 1 e 3 salários mínimos 45% dos entrevistados;

acompanhado por pessoas que recebem entre 0 e 1 salário mínimo (42%), conforme tabela 7

abaixo.

Tabela 7-Renda

Qual a sua renda?

RENDA Freq.

Não resposta19

4

A. De 0 até 1 salário mínimo (até R$ 724,00) 42

B. Entre 1 salário e 3 salários ( R$ 725,00 a R$ 2.172,00) 45

C. Entre 3 a 5 salários mínimos (de R$ 2.173,00 a R$ 3.635,00). 5

D. Acima 5 salários mínimos (R$ 3.636,00) 4

TOTAL OBS. 100

Fonte: Elaboração da autora.

Ao verificar com relação à renda20

conforme o Censo 2010 em Campos dos Goytacazes a

população que tem renda de ½ salário mínimo 4%, de ½ até 1 salário mínimo 25,6% e de 1

até 2 salários mínimos 16,57%. Ou seja, até dois salários mínimos se concentra em torno de

46%, reproduzindo a estimativa encontrada nessa pesquisa e 40% se apresentaram sem

rendimento.

18

Na tabela se refere ao grupo dos 100. 19

Ibidem 18. 20

O salário mínimo em 2010 correspondia a R$ 510,00, na pesquisa foi considerado o salário mínimo de

R$ 724,00.

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39

Na tabela 8 ao cruzar a proporção de pessoas usuárias de cartão de crédito (60 pessoas) para

verificar em que faixa está o maior percentual de usuários de cartão de crédito são os

indivíduos que recebem até entre 1 salário e 3 salários mínimos (45%), e indivíduos que

recebem até 1 salário mínimo (43%), ou seja 88% dos usuários de cartão de crédito têm uma

renda até 3 salários mínimos.

Tabela 8-Renda x Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-2014.

Qual a sua renda?

Possui cartão de crédito?

RENDA Possui

Cartão

% Não

Possui

Cartão

% Não

respondeu TOTAL

A. De 0 até 1 salário mínimo (até R$ 724,00) 26 43,3 16 41 0 42

B. Entre 1 salário e 3 salários( R$ 725,00 a R$ 2172,00) 27 45 17 43,6 1 45

C. Entre 3 a 5 salários mínimos ( R$ 2.173,00 a R$ 3.635,00) 3 5 2 5,1 0 5

D. Acima 5 salários mínimos (R$ 3636,00) 3 5 1 2,6 0 4

E. Não respondeu21

1 1,67 3 7,7 0 4

TOTAL 60 100 39 100 1 100

Fonte: Elaboração da autora.

Deve-se observar que a proporção de pessoas que tem poupança é de 42% contra 58% que

professam não guardar recursos. A maior proporção é dos indivíduos que não possuem

poupança (58%), mas que também não se encontram endividados (38%). Sugerindo uma

propensão a não poupar, porém não se endividam. Por outro lado, os que possuem poupança

equivalem a 42% da amostra; e desses 28% não estão endividados. Essas informações são

apresentadas na tabela 9 abaixo:

Tabela 9-Poupança x Endividamento

Possui Poupança?

O Sr. (a) no momento se encontra endividado?

POUPANÇA

Está

endividado

% Não está

endividado

% Não 22

respondeu TOTAL

A. Sim 14 42,4 28 42,4 0 42

B. Não 19 57,6 38 57,6 1 58

TOTAL 33 100 66 100 1 100

Fonte: Elaboração da autora.

21

A categoria NÃO RESPONDEU se refere ao grupo dos 100. 22

Ibidem 21.

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40

Ao cruzar os dados renda e poupança observou-se que 29% dos que possuem renda até um

salário mínimo não possuem poupança e 23% com renda entre 1 e 3 salários mínimos não

possuem poupança.

No que tange aos gastos habituais, considerando que os sujeitos entrevistados puderam

apontar mais de um tipo de categoria, o maior número de observações foi dada a gastos

recorrentes domésticos, seguidos por locação de imóvel (aluguel) que podem melhor

visualizados na tabela 10 seguinte:

Tabela 10-Gastos Habituais

Quais são seus gastos habituais?

GASTOS HABITUAIS Freq.

Não resposta23

16

A. Luz 64

B. Água 48

C. Telefone 55

D. Aluguel 17

E. Mensalidade Escolar 14

F. Financiamento de automóvel 8

G. Financiamento da casa própria 7

H. Plano de saúde 14

TOTAL OBS. 243

Fonte: Elaboração da autora.

Já no que tange ao endividamento, os instrumentos da dívida são em sua maioria o cartão de

crédito (17 citações) e empréstimo bancário (9 citações), conforme apontados na tabela 11 a

seguir, lembrando que nessa questão o sujeito poderia dar mais de uma resposta. E com

relação a agiotagem não houve resposta; porém, é interessante observar que na categoria

Outros (que ficou como resposta em aberto), além dos sujeitos declararam os carnês de lojas,

declararam também fazer uso de „acordos informais‟ ou „relações com conhecidos‟.

23

Ibidem 21.

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41

Tabela 11-Instrumento da Dívida

INSTRUMENTO DA DÍVIDA Freq.

Não resposta24

70

A. Cartão de Crédito 17

B. Empréstimo Bancário 9

C. Empréstimo Financeiro 4

D. Agiotagem 0

E. Outros 5

TOTAL OBS. 105

Fonte: Elaboração da autora.

Na tabela 12, dos que possuem renda de até 3 salários mínimos contrai dívidas de forma

periódica 45%, não contrai dívidas de forma periódica 42%.

Tabela 12-Renda x Dívidas

Qual a sua renda?

O Sr. (a) contrai dívidas de forma periódica?

RENDA Contrai

dívidas

Não

Contrai

dívidas

Não 25

respondeu TOTAL

A. De 0 até 1 salário mínimo (até R$ 724,00) 20 22 0 42

B. Entre 1 salário e 3 salários( R$ 725,00 a R$ 2172,00) 25 20 0 45

C. Entre 3 a 5 salários mínimos ( DE R$ 2.173,00 a R$ 3.635,00) 0 5 0 5

D. Acima 5 salários mínimos (R$ 3636,00) 3 1 0 4

E. Não respondeu 1 2 1 4

TOTAL 49 50 1 100

Fonte: Elaboração da autora.

No que tange aos produtos a que se remetem essas dívidas, a maioria diz respeito ao vestuário

(33 citações), seguidas por tecnologias (19 citações) e utensílios de casa (18 citações),

conforme a tabela 13 a seguir. Nessa questão também foi possível responder mais de uma

categoria, sendo que a categoria “outros” demonstrou elementos como alimentação, livros,

viagem/lazer, etc...

24

Ibidem 21. 25

Ibidem 21.

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42

Tabela 13-Tipos de Produto

Em relação a que tipo de produtos se referem estas dívidas?

TIPO DE PRODUTOS Freq.

Não resposta26

49

A. Tecnologias (celular, tablet, computador) 19

B. Compra de Eletrodoméstico 10

C. Utensílios da Casa 18

D. Vestuário (roupas e calçados) 33

E. Outros 16

TOTAL OBS. 145

Fonte: Elaboração da autora.

No que diz respeito a forma de parcelar as compras, a categoria mais citada foi o cartão de

crédito, em seguida o carnê e boleto bancário, e nenhuma resposta com relação cheque-pré

datado. Segundo a Serasa Experian (2014) houve uma queda na inadimplência com relação ao

cheque devolvido, pode ser um indicativo porque não ter citação referente ao cheque-pré.

Também nesse caso o consumidor poderia citar mais de uma categoria e essas informações

podem ser observadas na tabela 14 a seguir:

Tabela 14-Forma de Parcelas

CASO SIM, de que forma?

FORMA DE PARCELAS Freq.

Não resposta27

30

A. Cartão de Crédito 59

B. Boleto Bancário 7

C. Carnê 15

D. Cheque-pré 0

TOTAL OBS. 111

Fonte: Elaboração da autora.

Da amostra 35% das pessoas disseram que já tiveram seus nomes incluídos no Serviço de

Proteção ao Crédito e Serviços e Assessorias S/A. (SPC/SERASA) e 62% disseram que não

tiveram seu nome incluído. Mas é importante lembrar que essa é uma das questões que pode

proporcionar certo constrangimento ao entrevistado. A estimativa do Serviço de Proteção ao

Crédito (SPC-2014) foi de 55 milhões de pessoas inadimplentes no país somente no final de

agosto de 2014, considerando que a população do Brasil, conforme Censo 2010 é de 134

26

NÃO RESPOSTA se refere ao grupo dos 100. 27

Ibidem 25.

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43

milhões de pessoas (acima de 18 anos) corresponde a 41% da população que estão

inadimplentes.

Da amostragem feita, 60% das pessoas declararam possuir cartão de crédito. Com esse

resultado é possível perceber que o cartão de crédito está se tornando um instrumento de

pagamento utilizado pela população de forma recorrente, sendo que apenas 39% declararam

não possuir, apesar de também haver quem sugerisse informalmente a utilização do cartão de

terceiros.

4.4 – Análises dos usuários de cartão de crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)

Considerando a proporção de 60% de pessoas usuárias de cartão de crédito em Campos dos

Goytacazes, observou-se que as bandeiras mais citadas pelos consumidores foram: Visa (36

citações) e MasterCard (32 citações) demonstrando a maior adesão dessas bandeiras

comparadas as bandeiras Elo (4 citações) e Hipercard (2 citações) entre outras. Essa

informação é evidenciada na tabela 15 a seguir:

Tabela 15-Bandeiras:

BANDEIRAS28

Freq.

Não resposta29

39

A. Visa 36

B. MasterCard 32

C. American Express 1

D. Hipercard 2

E. Diners Club 0

F. Elo 4

G. Outros30

2

H. Não sabe 1

I. Não declarou 1

TOTAL OBS. 118

Fonte: Elaboração da autora.

Conforme dados estatísticos do BACEN (2012) cerca de 90% dos cartões ativos são das

empresas Visa e MasterCard, o resultado da pesquisa apresenta que das 79 citações dos que

28

Classificação de acordo com o BACEN (2012) de bandeiras ativas no Brasil 29

A categoria NÃO RESPOSTA se refere ao grupo que não possui cartão e a categoria NÃO DECLAROU

optaram não responder a questão. 30

Observar que o „outros‟ corresponde à resposta em aberto, e que fora indicado o cartão da loja.

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possuem cartão de crédito Visa (45,6%), MasterCard (40,7%) as duas empresas também

somam 85,5%, as bandeiras Elo (5,06%) e Hipercard (2,53%)

Quando perguntados sobre há quanto tempo é usuário de cartão de crédito, 62% fazem menos

de cinco anos, o que demonstra que maior parte da população tem aderido ao cartão há pouco

tempo conforme tabela 16. Retomando conforme citado no referencial teórico as empresas de

cartão de crédito surgiram no Brasil por volta dos anos 70, mas com ascensão da internet,

novas tecnologias e a globalização dos mercados ocorreu uma expansão do mercado de cartão

de crédito.

Tabela 16-Tempo de Usuário de Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-

2014.

Há quanto tempo é usuário de cartão de crédito

ANOS FREQ. %

Até 5 anos 37 62

Acima de 5 e menos de 10 9 15

Acima de 10 e menos de 15 5 8,3

Acima de 15 e menos de 20 3 5

Acima de 20 anos 1 1,7

Não sabe ou não respondeu 5 8,3

TOTAL 60 100

Fonte: Elaboração da autora.

Os usuários de cartão de crédito declararam que os locais onde mais os utilizam são em com

maior frequência em supermercados, farmácias, lojas de artigos em geral; e também em bares,

lanchonetes e lojas de eletrônicos. Nessa categoria os entrevistados poderiam citar até 9

opções. Essa descrição pode ser observada na tabela 17 a seguir.

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Tabela 17-Local que mais utiliza o Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-

2014.

Quais locais o Sr. (a) costuma usar o cartão?

LOCAIS Freq.

Não resposta31

39

A. Supermercados 41

B. Padarias 8

C. Bares 11

D. Lanchonetes 11

E. Farmácias 34

F. Cinema/Teatro 7

G. Lojas de Artigos em geral 34

H. Lojas de Eletrônicos 13

I. Outros 8

J. Não declarou 3

TOTAL OBS. 209

Fonte: Elaboração da autora.

Com relação à quantidade de cartões utilizados, foi observado que, das 60 pessoas que

possuem cartão de crédito, 68% faz o uso de apenas um e 28% dois cartões de crédito e 6,7%

três cartões de crédito.

Com relação à idade, conforme observado na tabela 18, o maior índice de pessoas que

possuem cartão de crédito (53,3%) está na faixa entre 20 e 30 anos, indicando uma propensão

maior dos jovens a usarem cartão. O aumento do consumo pode estar relacionado a essa nova

tecnologia, por proporcionar maior segurança e comodidade pela facilidade com que se

manuseia esse instrumento de pagamento mais do que dinheiro em papel moeda.

31

NÃO RESPOSTA significa os 39 que declararam que não possui cartão, e com relação a NÃO DECLAROU

ou NÃO RESPONDEU significa os que não quiseram responder a questão.

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Tabela 18-Idade x Possui Cartão de Crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-2014. Qual a sua idade? Possui cartão de crédito?

IDADE Não

resposta

Possui

cartão

%

Não

possui

cartão

% TOTAL

Não resposta32

0 0 0,0 2 5,1 2

Menos de 20 anos 0 4 6,7 8 20,5 12

De 20 a 30 anos 1 32 53,3 7 17,9 40

De 30 a 40 anos 0 7 11,7 6 15,4 13

De 40 a 50 anos 0 8 13,3 2 5,1 10

De 50 a 60 anos 0 4 6,7 9 23,1 13

De 60 a 70 anos 0 3 5,0 3 7,7 6

70 anos ou mais 0 2 3,3 2 5,1 4

TOTAL 1 60 100 39 100 100

Fonte: Elaboração da autora.

Dos que declararam ter cartão de crédito, 76% têm entre 10% até 50% do salário

comprometido com dívida de cartão de crédito, mas em termos gerais, pode-se observar que a

proporção da dívida está distribuída de forma pouco desigual entre os diferentes estratos tal

como se pode observar na tabela 19 abaixo. Deve-se observar que na tabela 11 anteriormente

apresentada, consta que apenas 17 entrevistados reconheceram estarem endividadas com o

cartão de crédito, apesar disso, 61 pessoas declararam ter parte de sua renda comprometida

com o cartão. Logo, pode-se sugerir que boa parte das pessoas não considera fato de que ter

parcelas de sua renda comprometidas com o cartão de crédito como dívidas.

32

Refere-se ao grupo de 100 indivíduos que optaram não responder a questão.

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Tabela 19-Parcela do Salário comprometida com a dívida do Cartão de Crédito em

Campos dos Goytacazes (RJ)-2014.

PARCELA DO SALÁRIO Freq. %

Não resposta33

39 -

A. Menos de 10% 11 18,0

B. Acima de 10% e menos 20% 9 14,8

C. Acima de 20% e menos de 30% 11 18,0

D. Acima de 30% e menos de 50% 15 24,6

E. Acima de 50% 4 6,6

F. Não sabe 2 3,3

G. Não declarou 9 14,8

TOTAL OBS. 100 100

Fonte: Elaboração da autora.

Com relação a comprar em parcelas dos 60 usuários de cartão de crédito, 55% dividem suas

compras entre duas e três parcelas no cartão de crédito, conforme tabela 20 a seguir.

Lembrando que o indivíduo quando compra no cartão de crédito, mesmo quando não divide

em parcelas no momento da compra, pode pagar a taxa mínima de sua fatura posteriormente o

que incide juros sobre a dívida.

Tabela 20-Quantidade parcela que divide no Cartão de Crédito em Campos dos

Goytacazes (RJ)-2014.

PARCELAS Freq. %

Não resposta34

39 -

A. Uma vez 4 6,56

B. Duas vezes 16 26,23

C. Três vezes 17 27,87

D. Quatro vezes 5 8,20

E. Ou mais vezes 16 26,23

F. Não declarou 3 4,92

TOTAL OBS. 100 100

Fonte: Elaboração da autora.

Com relação ao pagamento da fatura foi unanime em declarar que pagam em dia 92%

disseram sim a questão. Os demais 8% apontaram entre 2 semanas a 1 mês o tempo

aproximado de atraso. Relacionando a esse aspecto, é importante pensar sobre o

conhecimento que as pessoas têm em relação à taxa de juros. A pesquisa demonstrou que 55%

33

NÃO RESPOSTA significa os 39 que declararam que não possui cartão, e com relação a NÃO DECLAROU

ou NÃO RESPONDEU significa os que não quiseram responder a questão. 34

Ibidem 33.

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48

declararam ter conhecimento do valor da taxa de juros que é cobrada, contra 40% disseram

que não e 5% não declararam.

De acordo com 80% dos usuários de cartão de crédito, a disponibilidade do cartão levou a

aumentar o endividamento; apenas 11% discordaram e 6,8 % não souberam.

E apesar de julgarem que ocorreu o aumento do endividamento, quando cruzamos as

informações sobre a satisfação do usuário com o cartão de crédito e a possibilidade de

aumentar o limite de crédito, observou-se que 48% dos 60 usuários de cartão de crédito se

sentem satisfeitos, mas não gostariam de um limite maior no cartão de crédito. Por outro lado,

apenas 25% dos que sentem satisfeitos e gostariam de ter um limite maior no cartão de crédito

conforme tabela 21 a seguir. Isso pressupõe que apesar de se sentirem satisfeitas com a

empresa de seu cartão de crédito, as pessoas não gostariam de um limite maior possivelmente

em virtude do receio de aumentar o endividamento.

Tabela 21-Sastisfação x Maior Limite O Sr.(a) se sente satisfeito com a empresa de seu cartão de crédito?

Gostaria de um limite maior no seu cartão de crédito?

SATISFAÇÃO Não

resposta

Gostaria

de maior

limite

%

Não

Gostaria

de

maior

limite

% Não

sabe

Não

respondeu TOTAL

Não resposta35

39 0 0 0 0 39

A. Sim 0 15 25,0 29 48,3 1 0 45

B. Não 0 5 8,3 8 13,3 0 0 13

C. Não sabe 0 0 0,0 2 3,3 0 0 2

D. Não respondeu 0 0 0,0 0 0,0 0 1 1

TOTAL 39 20 39 1 1 100

Fonte: Elaboração da autora.

Quando perguntados se o uso do cartão facilitou a aquisição de produtos comparados ao

antigo sistema de compras baseado em boletos bancários, cheques carnê e afins dos usuários

de cartão de cartão de crédito, 100% dos usuários de cartão disseram que houve uma relação

positiva.

Quando perguntados em conjunto sobre a tecnologia do cartão de crédito, observou-se que

70% considera que o uso do cartão diminuiu a burocracia, contra 20% que declarou não

35

Ibidem 33.

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49

diminuir e 10% que não soube responder. Com relação ao endividamento 80% declara que

aumentou o endividamento.

Dos 60% dos usuários de cartão de crédito perceberam o aumento do nível de consumo

através do uso do cartão, contra 40% para quem o consumo permanece o mesmo. Nenhum

indivíduo declarou que o consumo diminuiu.

Em termos de consumo, devemos observar que recentemente a tecnologia do cartão de crédito

pode ser utilizada para compras pela internet. Entretanto para usuários de cartão de crédito em

Campos dos Goytacazes isso ainda não é um hábito, já que a maioria dos pesquisados

(62,3%) disseram não comprar pela internet. Essa prática foi apontada por dos usuários

37,7%. Daqueles que tem o hábito de comprar pela internet, a frequências de compras é raro.

A frequência pode ser observada na tabela 22.

Tabela 22-Frequência de Compras pela Internet CASO SIM, com qual frequência?

FREQUÊNCIA DE COMPRAS

Freq.

Não resposta36

39

A. Semanal 1

B. Mensal 6

C. A cada dois meses 5

D. Raramente 10

E. Não sabe 0

G. Não declarou 39

TOTAL OBS. 100

Fonte: Elaboração da autora.

4.5 – Análise dos que não possuem cartão de crédito em Campos dos Goytacazes (RJ)-

2014.

Com relação ao grupo de pessoas que disseram não ter cartão de crédito foram aplicadas duas

questões: Primeiro para que fizesse uma comparação sobre o acesso aos produtos (em torno

de 10 anos atrás) e uma para parcela significativa de 80% aumentou o acesso; e para 7,5%

permaneceu o mesmo, assim como para 7,5% diminui o acesso conforme tabela 23. Isso

36

Ibidem 33.

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50

significa o crescimento do mercado de bens e serviços que proporcionou, também um maior

consumo.

Tabela 23-Acesso a Produtos

ACESSO A PRODUTOS Freq. %

Não resposta37

60 -

A. Aumentou 32 80

B. Diminuiu 3 7,5

C. Permanece o mesmo 3 7,5

D. Não sabe 1 2,5

E. Não declarou 1 2,5

TOTAL OBS. 100 100

Fonte: Elaboração da autora.

E a segunda questão foi em relação a sua opinião sobre o endividamento, o que para 60% dos

indivíduos que não possui cartão de crédito disseram que aumentou, contra 35% que

permanece o mesmo. Conforme segue tabela 24 a seguir.

Tabela 24-Endividamento dos que não possui Cartão de Crédito em Campos dos

Goytacazes (RJ)-2014.

Em termos de endividamento?

ENDIVIDAMENTO1 Freq. %

Não resposta38

60 -

A. aumentou 24 60

B. diminuiu 1 2,5

C. permanece o mesmo 14 35

D. Não sabe 0 0

E. Não declarou 1 2,5

TOTAL OBS. 100 100

Ao cruzar os dados o acesso a produtos e se encontra endividado conforme tabela 25 a seguir

dos 40 indivíduos que não possui cartão de crédito 60% disseram que o acesso a produtos

aumentou, porém não se encontram endividadas, contra 20% que o acesso também aumentou,

mas se encontra endividada. Possivelmente fato de não ter o cartão de crédito indicou a

maioria não se encontrarem endividadas.

37

Refere-se ao grupo dos que possuem cartão de crédito, conforme indicado anteriormente das categorias NÃO

RESPOSTA se referem aos usuários de cartão de crédito e a categoria NÃO DECLAROU se refere aos

indivíduos que não possui cartão de crédito. 38

Ibidem 37.

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Tabela 25-Acesso a Produtos x Endividamento Se comparado a 10 anos atrás o Sr.(a) avalia seu acesso a produtos?

O Sr. (a) no momento se encontra endividado?

ACESSO A

PRODUTOS Endividado

% Não está

endividado

% Não

respondeu TOTAL

Não resposta39

22 38 0 60

A. aumentou 8 20,00 24 60,00 0 32

B. diminuiu 2 5,00 1 2,50 0 3

C. permanece o mesmo 1 2,50 2 5,00 0 3

D. Não sabe 0 0,00 1 2,50 0 1

E. Não declarou 0 0,00 0 0,00 1 1

TOTAL 33 66 1 100

39

Ibidem 37.

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52

5 – A PRÁTICA DA PESQUISA: UMA COMPARAÇÃO DOS RESPECTIVOS

RESULTADOS.

A Ciência Econômica estuda segundo Gil (2002, p.24) “os fenômenos pelos quais os homens

procuram satisfazer a suas necessidades com base em bens escassos”. Com base nesse

pensamento de estudar os fenômenos econômicos tem-se a elaboração desse trabalho, que se

utilizou do referencial teórico, e a pesquisa de campo com o propósito de entender sobre a

dependência do consumidor de Campos dos Goytacazes (RJ) em relação ao cartão de crédito

devido ao aumento do acesso e sua percepção a possíveis consequências para o uso mesmo,

como endividamento.

Sendo consumidor, o ponto central da pesquisa foi elaborado um questionário contendo

perguntas como renda, poupança, endividamento, cartão de crédito entre outras, em seguida

aplicado em pontos comerciais na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), conforme citado

anteriormente na metodologia. Os participantes da pesquisa foram em maior parte mulheres

65%, e homens foram 35% um resultado esperado, conforme resultados apresentado pelo

Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); no que se refere a cor

da população em sua maioria pardos 44%, brancos 35% e negros 15%. A população tem

rendimento mensal de até 3 salários mínimos conforme tabela 7; o nível de escolaridade de

acordo com resultados apresentou 2º grau incompleto 12%, 2º grau completo 37% e superior

incompleto 17% (conforme tabela 3). E com uma população entre pesquisada acima dos 16

anos, e um grupo maior entre 20 e 30 anos (tabela 1). Procurando determinar elementos como

gênero, cor, idade, nível de escolaridade, rendimento, também foi possível captar outras

características da população.

Sendo as categorias profissionais encontradas compostas por professores, vendedores,

estudantes, enfermeiros, aposentados, entre outros, demonstrou-se a propensão a setores de

prestação de serviços, conforme indicado pelo SEBRAE (2011), o que, segundo Rosendo e

Carvalho (2004), identifica-se pelo fato da dinâmica da economia da região estar ampliando

setores como ensino, construção civil etc. No que diz respeito ao trabalho estima-se que 60%

das pessoas exerçam alguma atividade, em sua maior parte empregados conforme a tabela 5

indicando assim a ocupação dos indivíduos.

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53

Para atender as necessidades dessa população são oferecidos diversos produtos como bens,

vestuário, alimento, eletrodomésticos, entre outros e também empresas prestam serviço como

luz, água, telefone, etc. Segundo o SEBRAE (2011), 48% dos estabelecimentos são

comerciais, seguido pelo setor de serviços com mais de 33% dos estabelecimentos. Conforme

o resultado da pesquisa demonstra, o consumidor detém baixos salários e pode-se estimar que,

dada à escassez de recursos financeiros, ele opta por adquirir bens e serviços via

endividamento.

Tal como já foi pontuado, Marx (1974) define a mercadoria como “um objeto exterior, uma

coisa que, pelas suas propriedades, satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie”. De

acordo com os resultados da pesquisa, as mercadorias mais adquiridas pela população de

Campos dos Goytacazes (RJ) conforme indicado na tabela 13 são vestuários, tecnologias,

utensílios da casa; e os gastos mais usuais, indicados na tabela 10, são com pagamento de luz,

água, telefone, etc.

Na economia capitalista o indivíduo torna-se cada vez mais dependente, pois sempre surgem

novos produtos como afirma Braverman (1987). Analisando o resultado da pesquisa as

pessoas passaram a consumir mais produtos através da acessibilidade proporcionada pelo

cartão de credito. Para 60% dos usuários de cartão de crédito houve o aumento do nível de

consumo através do uso do cartão, contra 40% para quem o consumo permanece o mesmo.

Nenhum indivíduo declarou que o consumo diminuiu. E também, para quem não possui

cartão de crédito considera que aumentou o acesso a produtos.

Marx (1974) ainda declara que a forma dinheiro é a mais simples de forma de mercadoria que

proporciona ao individuo a adquirir todas as outras mercadorias. Entretanto, conforme afirma

Germer (1994), surgem novas formas de dinheiro para realizar como meio de pagamento. Em

Campos dos Goytacazes (RJ), aonde 60% das pessoas já possui cartão de crédito, esse passa a

ser o meio de endividamento mais comum, comparado ao outros meios como carnê, cheque

pré-datado, boleto; o que se justifica já estimando a observação acima sobre a escassez de

renda da maioria da população. Mesmo, com os recursos do petróleo na região Norte-

Fluminense, e sendo Campos dos Goytacazes (RJ), contemplada pelos royalties, segundo

Cruz (2007) é possível perceber que ainda a população captada na pesquisa não se beneficia

de maneira direta desse recurso, sendo em geral pessoas com baixa renda, e trabalham no

setor de comércio e serviços.

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54

O cartão de crédito já é utilizado nos principais estabelecimentos comerciais conforme tabela

17 na qual aparecem: supermercados 41 citações, farmácias 34 citações, lojas de artigos em

geral 34 citações, etc. Isso indica também que em Campos dos Goytacazes (RJ) o comércio

tem uma propensão a adotar o sistema de crédito em diversos segmentos pelo fato da

popularização do cartão de crédito corroborando os apontamentos da Confederação Nacional

do Comércio de Bens e Serviços e Turismo (CNC, 2013).

Guttmann e Plihon (2008) argumentam que nos Estados Unidos a base principal da economia

é no endividamento do consumidor, sendo facilitada pela inovação financeira. Também no

resultado da pesquisa, quando perguntados em conjunto sobre a tecnologia do cartão de

crédito, indicou-se que para 70% das pessoas diminui a burocracia e para 80% aumenta o

endividamento.

Conforme Teixeira (2011), o acesso ao crédito por parte das famílias de baixa renda nesse

país é através de dividas com o cartão de crédito e dívidas não bancárias. No Brasil, segundo

Paulani (2009) se observou a importância do crédito para sustentar o consumo. Existem

similaridades entre a cultura americana e os resultados encontrados em Campos dos

Goytacazes, como o fato da maioria ser de famílias de baixa renda com até três salários

mínimos (tabela 7), o fato do instrumento da dívida com o cartão de credito (tabela 11)

concentrar maior parte dos indivíduos que tem cartão de credito (tabela 8).

E em torno desse ambiente propenso ao endividamento, o mercado de uso geral dos cartões de

crédito nos Estados Unidos é dominado pelas empresas Visa e MasterCard, segundo Federal

Reserve. No caso de Campos dos Goytacazes (RJ), as empresas mais citadas pelos

consumidores (tabela 15) são as empresas Visa com 36 citações, e MasterCard 32 citações, as

outras empresas Elo, Hipercard, Diners tem pouca projeção, seguindo os dados estatísticos do

BACEN (2012). A publicidade através do marketing e investimento em tecnologias faz com

que essas sejam as duas maiores empresas atuantes no mercado, conforme indicado por

IKEDA e WANG (2004). Elas inserem formas de habituar o consumidor ao uso do cartão de

crédito.

Cipolla (2012) apontou que as famílias assalariadas se tornaram dependente do financiamento

bancário, e mercado mais autônomo no mercado de crédito incentivando o consumo. Uma

população com baixa renda, que pode, no entanto se sentir impelidas a ter um padrão de vida

acima do que sua renda permite. Necessitando assim de crédito para manter o consumo. Na

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tabela 12, dos que têm renda mensal de até três salários 45% contraem dívidas de forma

periódica, 42% disseram não contrair de forma periódica.

Segundo Nurkse (1953) os consumidores em contato com países com elevado padrão de

consumo, sentem-se impelidos a manter seus gastos acima da sua renda, para tanto não existe

incentivo para poupar. Situação semelhante se observou com a pesquisa em Campos dos

Goytacazes (RJ), que demonstrou que 58% não poupam. Na tabela 9, a maior proporção é dos

que não poupam, e não estão endividados (38%).

Guttmann (2004) coloca que o endividamento é facilitado por dois fatores: inovação

financeira e globalização, que aumentam ainda mais a dependência das atividades econômica

e são a “força mais transcendental na internacionalização do capital”. Sendo um fenômeno

recente o cartão de crédito, resultado demonstrou que maioria dos consumidores em Campos

dos Goytacazes (RJ) tem o cartão de crédito a menos de cinco anos (conforme tabela 16) que

indica que foram facilitados fatores. Para os usuários de cartão de crédito ainda não é um

hábito usar o cartão para comprar pela internet 62,3%. Fato de ir às lojas, aos centros

comerciais, shoppings pode ser ainda a preferência da população, e é o que também

movimenta a economia na região.

Segundo Olivato e Souza (2007) os endividados tendem a situação de inadimplência, ou seja,

deixaram de cumprir o contrato. A estimativa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC-2014)

é 55 milhões de pessoas inadimplentes no país somente no final de agosto de 2014. Assim

como essa constatação, na nossa pesquisa 35% dos entrevistados assumiram que tiveram seu

nome incluído no Serviço de Proteção ao Crédito e Serviços e Assessorias (SPC/Serasa). A

inadimplência, também pode estar ligada ao fato de manterem o cartão mesmo não

trabalhando (tabela 6), pois se observa que daqueles que possuem cartão os que estão

trabalhando equivalem a 68%, e 32% de pessoas que estão sem trabalho.

As elevadas taxas de juros, o baixo rendimento, faltam de fiscalização, entre outros são alguns

dos elementos que foram apontados por Gonçalves (2013) em Brasil „negativado‟ que

sinalizam para o crescente endividamento. Na pesquisa 92% dos usuários de cartão de crédito

declaram conhecer o valor dos juros e que pagam em dia sua fatura, e 68% possui apenas um

cartão de credito verificando os dados na tabela 19 muitos declararam ter parte de sua renda

comprometida com dívida do cartão de crédito. Logo, pode-se sugerir que boa parte da

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população não considera o fato de que ter parcelas de sua renda comprometidas com o cartão

de crédito possa estar uma situação de endividamento.

O consumidor precisa estar preparado para os novos rumos da economia, através da educação

financeira organizando as questões como relação de suas dívidas, dos gastos habituais, valor

da taxa de juros, como manter uma conta poupança, entre outros para se habituarem ao

sistema financeiro.

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6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho procurou abordar sobre o Capitalismo conduzido pelas finanças, e no centro

dessa discussão encontra-se um dos principais problemas dentro desse sistema, a dependência

das famílias com o cartão de crédito, e que tem proporcionado um possível endividamento.

De acordo, com que foi exposto no referencial teórico, trata-se de um difícil tema a ser

abordado, principalmente partindo das análises de Marx (1974), e assim sendo uma leitura

complexa, exigindo elevado grau de compreensão, porém o autor definiu dinheiro como

sendo a forma mais simples de mercadoria. Alguns autores apontam que seria o dinheiro

(=mercadoria), atualmente com sua nova forma o dinheiro eletrônico. Ao emprestar dinheiro,

em troca de juros tem proporcionado a empresas do segmento de crédito aumentar o

faturamento, dado a tecnologia empregada e globalização dos mercados. O esforço

desprendido nesse trabalho, parte do principio que Capitalismo Financeiro é com base no

endividamento do consumidor, nesse cenário que surgem empresas de cartão de crédito, que

tem se tornado o meio de pagamento bastante difundido na economia.

No Brasil, por ter como base adotada o padrão de consumo de outros países, principalmente

dos Estados Unidos onde sua economia tem como pressuposição o elevado nível de consumo,

têm contribuído para o crescente endividamento, já que o objetivo do capitalismo financeiro é

manter o dinheiro na esfera do consumo. De fato, no Brasil devido às altas taxas de juros, a

maioria da população de baixa renda, nível de escolaridade baixo, entre outros agrava a

situação do consumidor, dado o incentivo ao consumo ocorrendo o endividamento, e

consequente inadimplência. E ainda incorre, que com ampliação do número de cartões de

crédito ativos, devido à expansão financeira no mercado brasileiro, fato a se observar que de

acordo com o BACEN (2012) as duas bandeiras estadunidenses a Visa e a MasterCard

dominam esse mercado no Brasil, além de estarem listadas na BM&FBOVESPA,

aumentando o seu poder de mercado.

Aplicar à teoria a prática é uma assídua tarefa, principalmente na coleta de dados sobre o

tema. Por conta disso, têm-se a cidade de Campos dos Goytacazes (RJ) como base para esse

estudo, não apenas por suas características econômicas, mas também sociais. Sendo a cidade

um referencial, não somente para o Estado do Rio de Janeiro, mas também para o Brasil.

Atualmente a economia é em torno da produção de petróleo, como exposto por Rosendo e

Carvalho (2004) o que movimenta o comércio da região, principalmente em torno do setor de

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serviços. Porém, ainda não é perceptível o reflexo desse recurso na região, o que incorre

apenas no crescimento regional, segundo Cruz (2007). E por, conta disso é necessário

entender o perfil do consumidor, e o método da pesquisa por meio do questionário, podendo

assim estabelecer a sua relação com o consumo associado ao cartão de crédito.

Na elaboração do questionário constavam perguntas relacionadas à renda, grau de

escolaridade, cartão de crédito, poupança, dívidas, gênero, cor, idade, entre outros. Assim

identificando todas as características relacionadas à população local. O objetivo principal era

apurar quais seriam os fatores, que contribuem para o endividamento do consumidor, dado

como hipótese nesse trabalho que de que as pessoas percebem que o maior acesso ao sistema

financeiro de cartões de crédito oriundo de novas tecnologias, redução de burocracia e

facilidade aumento ao crédito levou ao aumento do endividamento das famílias em Campos

dos Goytacazes (RJ). Com a análise do resultado amostra, as bandeiras mais citadas foram

Visa e MasterCard confirmando os dados expostos anteriormente, e os resultados

demonstraram que para os consumidores de Campos dos Goytacazes (RJ) que ao usar o cartão

de crédito aumentou o endividamento, devido a nova tecnologia empregada, e pelo fato da

mesma reduzir a burocracia. É preciso considerar, que o comércio em geral é composto por

redes de supermercados, shoppings, farmácias, bares, restaurantes, etc.; e os consumidores já

se habituaram a usar o cartão de crédito nesses locais, isso é um indicativo da dependência

para a economia, já que 60% dos consumidores declararam possuir cartão de crédito, e alguns

afirmaram usar de terceiros para adquirir produtos. Assim, os consumidores adquire toda

forma de mercadoria como vestuário e tecnologias, que foram os mais citados nos resultados,

no comércio. Um fato, ainda a observar, é que não é um hábito de quem possui cartão de

crédito em Campos dos Goytacazes (RJ) comprar pela internet, uma questão a ser investigada

em possíveis outras pesquisas. Sabendo que a pesquisa de campo traz um novo olhar sobre o

problema, assim causando novas reflexões, dado que de não apenas para o pesquisador,

levando a refletir sobre o assunto, como também quem estava sendo abordado, despertando a

consciência do individuo para o problema, fato é que muitos dos que participantes apontaram

outras questões relevantes.

E ao observar os respectivos resultados, as reações dos indivíduos com determinados temas

durante a pesquisa é perceptível de que a educação financeira precisa fazer parte da cultura

brasileira. Podendo assim o consumidor, ter pleno conhecimento sobre taxas de juros,

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poupança, investimento, negociar as dívidas, e entender o sistema onde está inserido são os

objetivos propostos pela via da educação.

Por ser um trabalho de economia e um assunto atual, ainda com poucos estudos nesse

segmento. Existem grandes dificuldades em fazer esse tipo de levantamento, e sendo limitado

por muitos aspectos tanto no campo teórico, já que em geral foram utilizados artigos com

relação ao Capitalismo Financeiro, endividamento com cartão, inadimplência, padrão de

consumo e muitos desses conceitos necessitando serem revistos dentro da literatura, como

também na prática a falta de dados estatísticos e de pesquisa com o consumidor. As análises

demonstraram outros importantes resultados, que pode contribuir para o entendimento do

tema, e assim futuramente abordar essas questões em novas pesquisas e futuros trabalhos,

tanto na teoria do consumidor, principalmente no setor de finanças pessoais.

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APÊNDICE:

A. Formulário do Perfil do Consumidor de Campos dos Goytacazes