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RAQUEL AMORIM MELO O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR NA ERA DIGITAL: INFORMAÇÕES EM MEIOS DIGITAIS E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DECISÓRIO DE COMPRA DOS CONSUMIDORES DE MAQUIAGEM NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS - EST DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - STA NITERÓI 2019

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RAQUEL AMORIM MELO

O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR NA ERA

DIGITAL: INFORMAÇÕES EM MEIOS DIGITAIS E

SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DECISÓRIO DE

COMPRA DOS CONSUMIDORES DE MAQUIAGEM

NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS -

EST DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - STA

NITERÓI

2019

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UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

RAQUEL AMORIM MELO

O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR NA ERA DIGITAL: INFORMAÇÕES

EM MEIOS DIGITAIS E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DECISÓRIO DE

COMPRA DOS CONSUMIDORES DE MAQUIAGEM NO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO

Monografia apresentada ao corpo docente do

Departamento de Administração da

Universidade Federal Fluminense como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do

Grau de Bacharel. Área de concentração:

Administração.

Orientador: Prof. Dr. Américo da Costa Ramos Filho

Niterói, 2019

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RAQUEL AMORIM MELO

O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR NA ERA DIGITAL: INFORMAÇÕES

EM MEIOS DIGITAIS E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DECISÓRIO DE

COMPRA DOS CONSUMIDORES DE MAQUIAGEM NO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO

Monografia apresentada ao corpo docente do

Departamento de Administração da

Universidade Federal Fluminense como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do

Grau de Bacharel. Área de concentração:

Administração.

Examinada por:

___________________________________________

Prof. Dr. Américo da Costa Ramos Filho

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________

Profª. M.ª Ana Maria Lana Ramos

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________

Prof. Dr. Sérgio de Sousa Montalvão

Universidade Federal Fluminense

Niterói, RJ – BRASIL

JULHO, 2019

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer à minha família por todo o suporte e confiança. Sem

eles não teria sido possível todas as conquistas obtidas até agora.

Gostaria também de agradecer aos meus amigos mais próximos, que tornaram e tornam mais

leves as jornadas e desafios. Sempre dispostos a ouvir, a amparar e ajudar a enxergar o lado

bom e divertido de tudo.

E por último, mas com enorme importância, gostaria de agradecer ao meu orientador, Prof.

Dr. Américo da Costa Ramos Filho por todo apoio, excelente orientação e dedicação. Seu

conhecimento e auxílio foram fundamentais e elementos facilitadores para a execução deste

trabalho.

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RESUMO

No atual contexto da era digital, este trabalho se propõe a investigar como as informações

compartilhadas em meios virtuais influenciam as decisões de compra de consumidores, tendo

como limitador os consumidores de maquiagem do Rio de Janeiro. Os conceitos de

comportamento do consumidor, processo decisório, o papel do marketing, fatores de

influência e consumo na era digital, foram discutidos através de pesquisa bibliográfica, que

serviu como embasamento teórico para a pesquisa de campo. Esta foi realizada por meio de

uma abordagem quantitativa, com a aplicação de um questionário do tipo survey, aplicado a

100 consumidores de maquiagem, no 1º semestre do ano 2019. A análise dos dados obtidos

indicou que o consumidor de maquiagem atual é jovem, se mostra constantemente conectado,

acessando mídias digitais. Esse consumidor tem na internet sua fonte principal de busca de

informações para orientar seu processo decisório de compra. Por fim, concluímos que as

informações disponíveis em meios virtuais são atualmente a principal fonte para auxiliar os

consumidores de maquiagem em seu processo decisório. Esses jovens buscam,

principalmente, experiências de compra de outros consumidores como ele. Esse processo,

porém, não invalida as informações que são transmitidas em grupos sociais da vida real.

Ademais, os consumidores não são atuantes em compartilhar suas experiências na internet.

Vale resaltar que esta pesquisa está limitada a certo número de participantes, e pode figurar

pouca representatividade frente à quantidade de consumidores de maquiagem. Diante disso,

esse estudo não busca esgotar os aspectos do tema, mas fomentar uma análise e interesse pelo

assunto, e servir como orientação para trabalhos futuros.

Palavras-chave: Processo decisório de compra; Consumidor; Era digital.

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ABSTRACT

In the current context of the digital age, this paper proposes to investigate how information

shared in virtual environments influences consumer purchasing decisions, using as a

limitation the makeup consumers of Rio de Janeiro. The concepts of consumer behavior,

decision making, the marketing area role, factors of influence and consumption in the digital

age were discussed through bibliographic research, which served as a theoretical basis for

field research. This field research was done through a quantitative approach, throughout a

questionnaire, applied to 100 makeup consumers, in the first semester of 2019. The analysis

of the data obtained indicated that the current makeup consumer is young, constantly

connected, and accessing digital media. These consumers use the internet as their main source

of information to guide their buying decision process. In conclusion, based on the data, the

information available in virtual environments is currently the main source used by makeup

consumers to assist their decision-making process. These young people seek out, mainly, the

buying experiences from other consumers like them. This process does not invalidate, though,

the information transmitted in real-life social groups. In addition, consumers are not active in

sharing their experiences on the internet. It is worth emphasizing that this research is limited

to a certain number of participants, and may express little representation in the makeup

consumers group. Given the aforementioned, this study does not seek to exhaust the aspects

of the theme, but to foster analysis and interest in the subject, and serve as a guide for future

work.

Key words: Decision-making process; Consumer; Digital age.

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Faixa etária ......................................................................................... 39

GRÁFICO 2 - Frequência de compra de maquiagem ................................................ 40

GRÁFICO 3 - Local de compra de maquiagem ......................................................... 40

GRÁFICO 4 - Nível de conectividade ....................................................................... 41

GRÁFICO 5 - Influenciadores digitais ...................................................................... 45

GRÁFICO 6 - Influência dos influenciadores digitais ............................................... 45

GRÁFICO 7 - Influência dos relatos compartilhados por outros consumidores em

meios digitais ...................................................................................... 46

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Peso por opção ..................................................................................... 42

TABELA 2 - Quantidade de votantes por opção ....................................................... 43

TABELA 3 - Total de pontos atribuídos .................................................................... 44

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 10

2. O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: PROCESSO E DEFINIÇÕES .... 15

2.1 Definições ................................................................................................................. 15

2.2 O papel do marketing .............................................................................................. 16

2.3 Processo decisório ................................................................................................... 18

2.4 Fatores de influência: uma abordagem multidisciplinar .................................... 21

2.4.1 Fatores culturais ....................................................................................................... 22

2.4.2 Fatores sociais .......................................................................................................... 23

2.4.3 Fatores pessoais ....................................................................................................... 23

2.4.4 Fatores psicológicos ................................................................................................. 24

3. O CONSUMO E O CONSUMIDOR NA ERA DIGITAL: UMA INVERSÃO DE

PODER ............................................................................................................................ 27

3.1 Conectividade, tecnologia e o consumidor .......................................................... 27

3.2 Internet e comunidades digitais x comportamento do consumidor .................. 29

4. INTEGRANDO OS CONCEITOS .............................................................................. 33

5. METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................. 35

6. PESQUISA ...................................................................................................................... 38

6.1 Limitações da pesquisa ........................................................................................... 38

6.2 Descrição e análise dos dados coletados .............................................................. 39

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 49

8. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 53

9. APÊNDICE – MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO EM PESQUISA DE

CAMPO ........................................................................................................................... 55

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1. INTRODUÇÃO

A maioria das organizações possui como um de seus principais objetivos a entrega de

seu produto e/ou serviço ao consumidor final, de forma que aqueles proporcionem uma

experiência positiva, a melhor possível. As empresas possuem diferentes áreas que atuam em

conjunto para atender essa especificidade.

Uma delas é a ‘função produção’, que é uma das atividades centrais das organizações

“porque produz os bens e serviços que são a razão de sua existência” (SLACK et al, 2006, p.

29). Ainda segundo os autores, quando a ‘função produção’ é eficaz, ela é capaz de utilizar de

forma eficiente “seus recursos e produzir bens e serviços de maneira que satisfaça a seus

consumidores” (SLACK et al, 2006, p. 9).

Quando o consumidor obtém um resultado positivo no processo de compra, há uma

alta chance de que este retorne a adquirir os produtos e serviços. E, ainda, este consumidor é

capaz de incentivar outros compradores em potencial a se tornarem clientes de determinada

empresa/marca ao transmitirem uma imagem positiva quanto à sua experiência de compra.

Diante disso, empresas buscam agregar valor em seus processos para atingir o

resultado almejado perante seus clientes. Por meio de pesquisas, dados e análises, as

organizações conseguem formular suas estratégias, com o intuito de atingir seus objetivos e

alavancar o lucro da empresa.

Em geral, o setor de marketing centraliza essa função de atrair o cliente e fidelizá-lo.

Conforme mencionado por Meloan (MYERS; REYNOLDS, 1972, p. 05) “conhecer a

motivação do consumidor e seu comportamento ao comprar é uma das finalidades centrais de

Marketing”.

Nesse sentido, uma das questões mais importantes a que uma empresa deve estar

atenta é a forma como os consumidores buscam bens ou serviços e seu comportamento no

processo de compra. Podemos observar que o mercado muda a todo momento, e com ele a

forma de consumo vai se adaptando às demandas, às novas tecnologias e às formas de viver

em sociedade. Com isso, o comportamento do consumidor e suas alterações, suas

necessidades, motivações e desejos devem ser ponto de atenção para uma empresa que busque

sobreviver no mercado atual.

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Os consumidores contemporâneos almejam uma oferta de diferentes formas e fontes

de compras. A dinâmica da atualidade traz a necessidade de maneiras de consumo que se

adaptem ao estilo de vida, que sejam eficazes, eficientes, cômodas e rápidas. Face à essas

demandas, os consumidores buscam diversas maneiras de obter informações sobre os

produtos, antes de os adquirir. A internet aparece como uma ferramenta crucial para esses

consumidores.

Neste cenário, o marketing de boca a boca toma outras proporções. Conforme

Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017, p.45) mencionam: “a conectividade permite aos

consumidores expressarem opiniões que outros poderão ouvir”. Esses ‘outros’ deixam de ser

apenas amigos e familiares, e passa a englobar as mais diversas pessoas de diferentes partes

do país e/ou mundo.

Na época em que vivemos, com todas essas alterações e aumento da influência dos

meios tecnológicos, as pessoas permanecem cada vez mais conectadas e compartilhando

notícias e conhecimento. O meio digital se torna um novo, e forte, canal de transmissão de

informações em relação aos produtos e serviços, e toda a experiência de compra.

Dados da ABIHPEC - Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,

Perfumaria e Cosméticos (2019) indicam que informações diversas são compartilhadas pelas

redes sociais 3 bilhões de vezes por dia. E ainda, que 90% dos consumidores se dizem

dispostos a compartilhar conteúdos de uma marca. Nesse cenário, o marketing de experiência

se apresenta como fator comum no dia a dia dos consumidores.

Em meio à tamanha difusão de informações e conhecimentos que temos na era

digital, além da rapidez com que são divulgados, os consumidores em potencial ficam

suscetíveis às opiniões de outros consumidores através de sites, aplicativos, vídeos e redes

sociais. Essas informações são divulgadas a todo instante e atravessam fronteiras, atingindo

consumidores de diversas idades, classes sociais e posições geográficas.

Portanto, as organizações devem dar especial atenção a essa mudança do

comportamento dos consumidores. Diante deste quadro, é crucial buscar entender de que

forma todo esse aporte de informações, boas e ruins, divulgadas em meio virtual influenciam

ou são relevantes ao processo de tomada de decisão desses indivíduos em optar ou não por

determinado serviço ou produto.

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Especificamente em relação ao setor de cosméticos, há uma demanda crescente no

mercado brasileiro. Após uma crise nos anos de 2015 e 2016, o setor de cosméticos no Brasil

voltou a crescer a partir de 2017. Apresentou crescimento no faturamento da indústria de

2,8% e 3,2% em preços ao consumidor, segundo dados da ABIHPEC (2019).

De acordo com Rondinelli (2018, n.p.), em reportagem para o e-commerce,“[...]

beleza foi o segundo segmento de lojas online que mais cresceu no primeiro trimestre de

2018”. Isso representou um aumento de 117% comparado ao mesmo período do ano anterior.

O crescimento das lojas online fomenta a demanda de consumidores em meio virtual

(e pode trazer um aporte ao setor como um todo, gerando crescimento do mercado). As buscas

pelo assunto geram uma movimentação de conteúdos relacionados aos produtos de beleza.

Diversos tutoriais e recomendações relacionados a maquiagem, cremes, produtos para cabelo,

entre outros, estão disponíveis online. Influenciadores digitais atuam nessa área indicando

suas preferências e experiências a respeito de diversos tipos de produtos.

Com isso, diante das novas formas de consumir frente à era digital, o

compartilhamento massivo de informações através de redes sociais, influenciadores digitais,

comentários em sites, vídeos e aplicativos, uma nova forma de buscar opiniões e

conhecimentos acerca dos produtos, marcas e serviços de beleza surge para os indivíduos.

Os consumidores de cosméticos passam a possuir uma oferta muito ampla de

informações a respeito dos produtos. Seu comportamento começa a apresentar mudanças e

sua tomada de decisão pode sofrer influência de novos fatores. Nesse cenário, surge o

problema a ser investigado nesta pesquisa: como as informações compartilhadas em meios

virtuais influenciam o processo decisório de consumidores de maquiagem na era digital?

Diante do que foi exposto, esse trabalho tem como objetivo realizar um estudo para

analisar o comportamento do consumidor na era digital. Tendo como limitador o consumo de

produtos de maquiagem, o objetivo final desta pesquisa é compreender como as novas formas

de obter informações sobre produtos e serviços na era digital influenciam o processo decisório

de compra dos consumidores de maquiagem no Rio de Janeiro.

Buscaremos atingir este objetivo com o auxílio dos seguintes objetivos

intermediários: analisar o comportamento dos consumidores de maquiagem na era digital,

compreender como os jovens consumidores do Rio de Janeiro buscam informações sobre os

produtos de maquiagem que pretendem adquirir, analisar como as informações

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compartilhadas na internet e como a conectividade e os meios tecnológicos influenciam o

comportamento desses consumidores na decisão de compra.

Quanto à estrutura, por meio de um embasamento teórico, buscaremos definir um

entendimento sobre o comportamento do consumidor, com base em conceitos da literatura

vigente. Iremos abordar ainda, o aspecto multidisciplinar desta área de estudo, a função do

Marketing e o auxílio que os diferentes campos de conhecimento proporcionam às análises do

comportamento do consumidor. Adicionalmente, iremos percorrer pelas análises do

consumidor como tomador de decisões, quais fatores envolvem seu processo decisório para

optar ou não por determinado produto ou serviço.

Em um segundo momento, navegaremos pelas noções de comportamento do

consumidor na era digital, com o objetivo de entender a influência da conectividade e dos

meios tecnológicos no processo decisório de compra. Abordaremos como a internet e suas

comunidades de compartilhamento de informações alcançam os mais diversos públicos, e

vem se transformando em um forte canal de trocas de experiências entre consumidores.

Por fim, buscaremos analisar os fatores que influenciam as decisões de compra sob a

luz da era digital. Para este fim, realizaremos uma pesquisa que tem como base compreender

as atuais formas de obter informações e conhecimento sobre marcas e produtos. E a partir

dela, identificar qual a influência das informações obtidas em meios digitais na tomada de

decisão dos consumidores.

A metodologia aplicada neste trabalho envolve uma pesquisa descritiva do objeto de

estudo o comportamento do consumidor e fontes de informação que influenciam sua tomada

de decisão na era digital. Quanto aos meios, abrange uma investigação bibliográfica e de

campo. Através de uma análise sistematizada, com o apoio de livro, artigos, anais, será

desenvolvida a investigação bibliográfica (DIDIO, 2014; VERGARA, 2004; GIL, 2008). Esta

servirá de fundamento para a pesquisa empírica.

Por meio de uma abordagem quantitativa, com o uso de estatística descritiva,, será

realizada uma pesquisa de campo com jovens do Rio de Janeiro, através de questionários

virtuais (GIL, 2008), para analisar as fontes de informações mais utilizadas e fatores que

influenciam suas decisões de compra.

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O trabalho terá como público da pesquisa os consumidores no estado do Rio de

Janeiro. Optamos pelo item maquiagem como objeto de pesquisa, a fim de entender o

comportamento de compra desses consumidores. A opção por estudar este tema, do ponto de

vista teórico, reside necessidade de fomentar a pesquisa neste campo de estudo tão dinâmico.

Visto que o mundo e as demandas sociais estão em constantes mudanças, o consumo e o

comportamento do consumidor acompanham essas transformações. Novas tecnologias e

maneiras de se comunicar adentram este cenário e se tornam ferramentas que afetam a

maneira de agir do consumidor. Por isso, é importante que estudantes e profissionais do

campo da Administração e do Marketing busquem entender e analisar o comportamento do

consumidor na atual era digital.

Sob uma perspectiva prática, o comportamento de consumo influencia a forma que as

organizações irão gerir sua participação no mercado de consumo. Os consumidores definem

seus desejos e necessidades, e as empresas precisam se adaptar e encontrar as melhores

maneiras para atendê-los ou eles irão buscar outras companhias que o faça. Diante disso, a

compreensão das demandas e mudanças no comportamento do consumidor é vital para

empresas e profissionais se manterem competitivos e atuantes no mercado atual.

Assim sendo, esta pesquisa tem relevância para acadêmicos e profissionais da área,

no que tange às analises do comportamento do consumidor atualmente. O consumo e a forma

de consumir tendem a se modificarem e se adequarem às demandas da sociedade. Dessa

forma, os estudiosos precisam estar em constante busca pelo entendimento dos fatores que

influenciam o comportamento dos consumidores. Esse estudo busca ser uma análise que

venha a servir como início do entendimento sobre a influência da era digital, e de todo o tipo

de informação disponível em meios virtuais, têm sobre o processo decisório de compra.

Buscamos contribuir para o conhecimento em relação ao tema citado e fatores que cooperam

para decisões de compra ou não perante as mudanças e tecnologias contemporâneas.

Do ponto de vista prático, busca ser um instrumento que auxilie profissionais da área

e empresas a se interessarem pelo assunto. E que com isso, aumente a preocupação com o

entendimento das relações entre compartilhamento de informações em meio virtuais e as

implicações no processo de escolha do consumidor. Pois, uma clara compreensão do tema

pode gerar ganhos para a empresa e para os consumidores.

Por fim este estudo não busca esgotar os aspectos do tema em questão, mas

fomentar uma análise e interesse pelo assunto.

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2. O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: PROCESSO E DEFINIÇÕES

2.1 Definições

Desde os primórdios das trocas de mercadorias e serviços entre as pessoas, a eficácia

da atividade econômica residia na produção de bens e serviços necessários e/ou desejados

pelos indivíduos. Se uma pessoa precisava de determinado bem ou serviço, ela deveria possuir

igualmente um bem ou serviço de importância para o outro. Conforme corrobora Silveira

(1974, p.04): “[...] nenhum produto tem valor só pelo fato de ter sido fabricado. O valor só

existe naquilo que é fabricado e desejado ou desejável pelos consumidores”.

Essa lógica de troca e relação de desejo permaneceu com a introdução do dinheiro

nas atividades econômicas da sociedade. O consumidor passou a poder trocar seu dinheiro por

qualquer produto ou serviço de seu interesse.

Atualmente, em meio a uma grande quantidade de empresas ofertando produtos ou

serviços parecidos, o consumidor possui liberdade de escolher ou não determinada marca.

Portanto, há um grande interesse das organizações em saber o que faz esses indivíduos ou

grupos optarem por determinado bem em detrimento de outro semelhante.

A fim de entender as motivações, interesses, desejos, necessidades e/ou fatores que

influenciam as decisões do consumidor, as organizações imprimem esforços e recursos na

análise do comportamento do consumidor. E muitos autores realizam estudos e pesquisas

neste campo de conhecimento.

Howard (1989, p. 06 apud OLIVEIRA, 2007, p. 14) definiu o comportamento do

consumidor como o "estudo de como e porquê os consumidores compram e consomem".

O termo também foi conceituado por Schiffman e Kanuk (2000, p. 07) como "[...] o

comportamento que os consumidores demonstram ao pesquisar, comprar, usar, avaliar e se

dispor de produtos e serviços que eles esperam satisfarão suas necessidades".

No mesmo ano, Kotler (2000, p. 182) definiu que “o campo do comportamento do

consumidor estuda como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, usam e

descartam artigos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer suas necessidades e

desejos”.

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De acordo com Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007 apud PINHEIRO et al, 2011,

p. 03) o comportamento do consumidor é entendido como o:

[...] estudo de indivíduos, grupos ou organizações e o processo que usam para

selecionar, obter, usar e dispor de produtos, serviços, experiências ou ideias, para

satisfazer necessidades e desejos, e o impacto que esses processos têm sobre o

consumidor e a sociedade.

O ato de consumir é visto como um processo que envolve diversas etapas, e seu

resultado deve proporcionar a satisfação de expectativas anteriores à ação de comprar. Ou

ainda extrapolar os objetivos esperados pelos indivíduos, entregando valor que se traduz na

satisfação de desejos.

No entender de Solomon (2016, p. 06) o comportamento do consumidor pode ser

conceituado como uma área de "estudos dos processos envolvidos quando indivíduos ou

grupos selecionam, compram, usam ou descartam produtos, serviços, ideias ou experiências

para satisfazerem necessidades e desejos".

Podemos observar que a definição teve pouca alteração ao longo dos anos, embora a

forma de comprar possa oscilar de acordo com o período observado. Cada época tem as suas

demandas e influência de fatores econômicos, sociais e culturais, que geram reflexos na

maneira de consumir.

Portanto, consideramos neste trabalho que o conceito do estudo do comportamento

do consumidor envolve uma investigação e análise acerca da forma de se obter e consumir

produtos, bens, serviços, considerando o processo decisório predecessor e sucessor a estas

ações. A definição abrange o estudo do processo que leva indivíduos a tomarem decisões de

compra de itens relacionados ao consumo.

Independente dos aspectos citados, em maior ou menor volume, os indivíduos irão

consumir. E, para atender essas nuances que englobam a ação de consumir, especialistas de

diversas áreas se dedicam a entender o comportamento do consumidor.

2.2 O papel do Marketing

Estudar e/ou analisar o comportamento do consumidor é importante para as

companhias, grandes ou pequenas, que comercializam seus produtos e/ou serviços. Esse

campo de estudo engloba a observação e identificação de necessidades e desejos, além de

fatores que influenciam suas decisões no processo de compras.

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Observar esses aspectos pode trazer diversos ganhos e competitividade para as

organizações. Mais especificamente, é importante para profissionais da área do marketing,

que irão compreender e analisar a geração de valor de seus produtos ou serviços aos olhos dos

consumidores. E, embora o Marketing, por costume, seja associado à função de vendas, essas

duas atividades se divergem. Conforme define Levitt:

A diferença entre marketing e vendas é mais do que semântica. Vendas foca nas

necessidades do vendedor; o marketing, nas necessidades do comprador. As vendas

se ocupam com a necessidade do vendedor de converter seu produto em dinheiro; o

marketing, com a ideia de satisfazer as necessidades do cliente por meio do produto

e do conglomerado de coisas associadas a sua criação, entrega e consumo final.

(LEVITT, 1960, p. 50, tradução nossa).

Dessa forma, precisamos enxergar o marketing em sua função mais ampla. Todo o

aporte de atividades, pesquisas e análises desse ramo de atividade, envolvem funções que

ultrapassam a ação de vender e fazer propaganda. “Hoje, o marketing não deve ser entendido

no velho sentido de efetuar uma venda [...] mas no novo sentido de satisfazer as necessidades

dos clientes” (KOTLER e ARMOSTRONG, 2007, p. 04). As atividades e estudos desses

profissionais tem como propósito o atendimento de necessidades e desejos dos diversos tipos

de consumidores.

Pinheiro et al (2011) defendem que há dois tipos específicos de consumidores: o

consumidor pessoal, representado por pessoas físicas, os indivíduos que realizam compras

pessoais; e os consumidores organizacionais, estes atuam representando as empresas que

realizam compras de matérias primas, produtos, insumos, serviços para executar suas

operações. A diferença entre esses dois envolve o volume de compras, montantes,

racionalidade, além das diversas especificidades que a abordagem gerencial possui.

Independente do tipo de consumidor, empresas e profissionais de marketing, se

esforçam para compreender as melhores formas de atingir seu público. Não apenas alcançar

os consumidores, mas convencê-los a optarem por sua marca e torná-los fiéis aos seus

produtos.

Nesse sentido, Kotler e Armstrong (2007, p. 04) afirmam:

O marketing é um processo administrativo e social pelo qual os indivíduos e

organizações obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação e troca de valor

com os outros. Em um contexto mais específico dos negócios, o marketing envolve

construir relacionamentos lucrativos e de valor com os clientes. Assim, definimos

marketing com o processo pelo qual as empresas criam valor para os clientes e

constroem fortes relacionamentos com eles para capturar seu valor em troca.

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A atenção direcionada aos clientes e ao consumidor é de enorme relevância no

mercado atual. Empresas em conjunto com seus profissionais de marketing, buscam diversas

formas e ferramentas para atrair o cliente e torná-lo fiel, entregando valor e experiências

positivas em relação aos seus produtos e serviços.

Conforme indicam Sacchet et al (2011, p. 89):

Nesse novo cenário, a concorrência parece mais acirrada, independente do segmento

em que as empresas atuam. Tornou-se uma questão vital orientar os planos de

marketing conhecendo as variáveis controláveis e incontroláveis do mercado que

influenciam o comportamento do consumidor.

Para sobreviver neste ambiente, as organizações, mais que definir seu mercado alvo,

necessitam compreender seus clientes e consumidores. É importante conhecer suas

motivações, desejos, como reagem a estímulos do ambiente, como se dá seu processo de

aderência a um produto ou marca, quais variáveis poderão influenciar sua decisão, enfim,

conhecer seu comportamento no processo de compra.

Portanto, no mercado competitivo em que as empresas atuam, os esforços desse setor

devem ser estratégicos. O marketing e seus profissionais têm função primordial no estudo do

comportamento do consumidor, agindo como processo chave para o sucesso da organização.

Dentro deste estudo do comportamento do consumidor, é necessário entender os

fatores que levam o indivíduo a escolher determinado produto. Para tanto, os profissionais

que atuam em marketing e as empresas devem se preocupar em analisar o processo decisório

do consumidor e todos os fatores que podem exercer influência nesta etapa do processo de

compra.

2.3 Processo decisório

O processo de consumo envolve uma gama de aspectos, fatores e fases que, em

conjunto, contribuem para o resultado positivo (ou negativo) da atividade de compra.

Conforme demonstrado anteriormente, as organizações e seus respectivos setores de

marketing buscam entender as formas de agregar valor ao processo de compra, como se opera

o comportamento do consumidor e possíveis fatores que influenciam seu processo decisório

para a compra.

Simon (1979, p. 04) entende que a decisão ou seleção:

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Envolve grande número de ações alternativas [...], qualquer das quais pode ser

selecionada pelo indivíduo; por meio de um processo especial essas numerosas

alternativas são reduzidas, então, àquela que é de fato levada a cabo.

Assim, a decisão é o ato de optar, escolher, selecionar, entre alternativas passíveis de

avaliação. No processo de escolha, que pode ser racional ou influenciado por fatores

emocionais, o decisor deve sempre considerar os ricos envolvidos (CRUZ, BARRETO e

FONTANILLAS, 2014).

Dessa forma, os indivíduos realizam uma série de ponderações durante o processo

de escolha. Com base nas alternativas que têm à disposição, e nas circunstâncias do ambiente,

e sob a influência de aspectos internos e externos, os sujeitos seguem etapas para a tomada de

decisões (SIMON, 1979).

Cruz, Barreto e Fontanillas (2014, p. 42) sintetizam as etapas da seguinte forma:

preparação da situação;

análise e definição do problema;

definição dos objetivos;

busca de alternativas de solução;

avaliação e comparação dessas alternativas;

escolha da alternativa mais adequada;

implementação da alternativa escolhida.

Cada etapa tem influência sobre as demais, formando então o termo processo

decisório. Porém, esse não é um processo fechado, pode ser que nem todas as etapas ocorram

durante uma decisão. É possível enxergarmos como estas etapas se aplicam no processo de

compra de maquiagem, por exemplo. Seriam elas:

1- Preparação da situação: identificar a necessidade de comprar um batom;

2- Análise e definição do problema: a partir da identificação da necessidade de

adquirir o produto, o indivíduo irá analisar as possíveis formas de solucionar o

problema;

3- Definição dos objetivos: o consumidor define que comprará um batom de

determinada cor ou textura;

4- Busca de alternativas de solução: o indivíduo busca fontes de informação a

respeito do produto e sobre como obtê-lo;

5- Avaliação e comparação dessas alternativas: comparação e avaliação das opções

de marcas e produtos de maquiagem;

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6- Escolha da alternativa mais adequada: o consumidor irá optar pela marca A, em

detrimento de B, por exemplo;

7- Implementação da alternativa escolhida: comprar o produto da marca A.

O processo decisório é parte integrante e fundamental do processo de compra. De

acordo com Kotler (2000) os compradores passam por cinco etapas durante o processo de

compra, são elas: Reconhecimento do problema, busca de informações, avaliação de

alternativas, decisão de compra, comportamento pós compra. No entanto, esses estágios não

são sempre seguidos sequencialmente. Um indivíduo que compra uma marca habitual de

determinado produto, segue do reconhecimento da necessidade para a decisão de compra. A

seguir, a explicação de cada etapa:

Reconhecimento do problema: o processo de compra tem início quando o comprador

identifica a necessidade (reconhece o problema). Essa necessidade pode ser

desencadeada por estímulos internos (fome, sede) ou externos (um anúncio de

viagem para a Europa);

Busca de informações: uma vez identificado o problema, necessidade, o consumidor

tende a buscar informações, principalmente se é um produto ou marca fora de seu

ciclo habitual de compra. As fontes de informação a que o consumidor recorre estão

divididas em quatro grupos:

- Fontes pessoais: família, amigos, conhecidos próximos;

- Fontes comerciais: outdoors, propagandas no rádio e televisão;

- Fontes públicas: meios de comunicação de massa;

- Fontes experimentais: manuseio, uso do produto.

Apesar de receber a maior parte das informações de fontes comerciais, as mais

efetivas advém de fontes pessoais. Isto porque cada fonte exerce determinada

influência na decisão de compra. As fontes comerciais, geralmente, são mais para

pura informação. Já as fontes pessoais são mais relevantes para a decisão de compra

por seu caráter de legitimação, de confiança e avaliativo;

Avaliação de alternativas: diferentes processos de avaliação são utilizados para as

decisões de compra. Em geral, os compradores prestarão mais atenção aos atributos

que consideram mais importantes, e eles definirão sua decisão. Na avaliação desses

aspectos, o indivíduo cria julgamentos “em uma base racional e consciente”

(KOTLER, 2000, p. 202). Nesse processo de avaliação de alternativas o consumidor

está principalmente tentando alimentar uma necessidade. Em seguida, ele considera

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determinados benefícios na escolha do produto. Por fim, ele tem cada produto como

um conjunto de atributos. E determinará qual terá a melhor entrega na relação de

benefícios para satisfazer sua necessidade. A partir dessa avaliação o consumidor

desenvolve crenças em relação à marca, que irão compor a imagem que ele tem da

referida marca;

Decisão de compra: durante a fase de avaliação o consumidor desenvolve

preferências entre as marcas/produtos, e forma sua intenção de compra. No entanto,

dois fatores podem atuar entre a intenção de compra e decisão de compra. O primeiro

é a atitude dos outros. Dois pontos são considerados como influenciadores na

diminuição da preferência de um indivíduo pela marca: “(1) a intensidade da atitude

negativa da outra pessoa em relação à alternativa preferida do consumidor e (2) a

motivação do consumidor para acatar os desejos de outra pessoa” (KOTLER, 2000,

p. 204). Quanto mais forte for a atitude negativa da outra pessoa e quanto mais

próxima ela for do consumidor, mais ele irá alterar sua intenção de compra. No caso

contrário: mais o consumidor alocará sua preferência em determinada marca se

pessoas próximas ou que ele respeita defenderem a marca;

Comportamento pós compra: após adquirir o produto, este pode gerar satisfação ou

insatisfação. O grau de satisfação está ligado ao atendimento das expectativas em

relação ao produto. O consumidor pode ficar insatisfeito, satisfeito ou encantado,

caso o produto exceda suas expectativas. São esses sentimentos que irão determinar

se o consumidor voltará a comprar e, se propagará informações negativas ou boas

recomendações quanto ao produto.

A partir disso, podemos considerar que, organizações e suas áreas de marketing têm

por finalidade, dentro deste contexto, conhecer o consumidor, suas crenças, idade, interesses,

modo de viver, de se relacionar, quais estímulos inferem poder em suas decisões. Pinheiro et

al (2011) destacam que este consumidor não pode ser considerado de forma isolada neste

processo. Em geral, ele age sob a influência de uma gama de aspectos que serão decisivos nas

etapas mais relevantes do processo de compra.

2.4 Fatores de influência: uma abordagem multidisciplinar

Diversos fatores influenciam o comportamento do consumidor em seu processo

decisório, e eles devem ser considerados e compreendidos. O entendimento desses agentes

que permeiam este universo, de acordo com Pinheiro et al (2011), não apenas torna possível

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um olhar mais profundo do processo de compra, mas ele proporciona uma ampla lista de

possíveis intervenções ligadas a estímulos de marketing, que possuem como objetivo gerar

boas saídas a partir do comportamento de compra. Essa dinâmica facilita a geração de valor e

agrega satisfação em relação ao objeto de consumo.

Para compreender todas as nuances do processo de compra e comportamento do

consumidor, os profissionais fazem uso de conhecimentos de diferentes áreas do saber.

Psicologia, Antropologia, Economia, Sociologia são algumas das áreas que auxiliam no

estudo do objeto em questão.

Nesses campos de conhecimento, diversos fatores, internos e externos, podem

influenciar o comportamento dos consumidores. Solomon (2002), concluiu que os

consumidores agem sob a influência de fatores psicológicos, pessoais, sociais e culturais.

Kotler (2000) corrobora este postulado, demonstrando esses fatores, internos e externos,

conforme a seguir:

2.4.1 Fatores Culturais

De acordo com Kotler (2000), dentre estes fatores, os culturais são os que

empreendem maior influência no comportamento de compra. A cultura representa um aspecto

motriz da forma de agir do consumidor. Ela tem forte relação com os desejos, valores,

maneiras de comportamento dos grupos. Uma pessoa criada na Espanha tem acesso a

estímulos e valores que podem ser diversos dos de um sujeito criado no Brasil. Portanto, suas

percepções, necessidades e desejos podem divergir.

Além disso, a cultura é constituída por subculturas. Estas possibilitam a inserção em

grupos mais específicos, que expõem os indivíduos a interesses particulares e representativos.

Outro ponto atrelado aos fatores culturais são as classes sociais. Essas últimas são organizadas

de forma hierárquica. Seus integrantes compartilham valores e desejos semelhantes. Cada

classe reflete renda, padrões de linguagem, atividades de interesse e lazer. Queremos dizer

que, pessoas da mesma classe tendem a possuir interesses e comportamentos dentro de certa

similaridade. No entanto, pessoas de classes diferentes apresentam discrepância se

compararmos padrões de seus comportamentos.

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2.4.2 Fatores Sociais

Dentro dos fatores sociais são definidos como influenciadores do

comportamento do consumidor: grupos de referência, família, papéis sociais e status.

Grupos de referência: são grupos que influenciam o consumidor de forma direta ou

indireta. Aqueles que exercem influência face a face (direta) são considerados

“grupos de afinidade”. Estes podem ser primários (amigos, familiares, colegas de

trabalho), ou secundários (grupos que exercem menor interação, como grupos

religiosos). Esses grupos expõem as pessoas a estilos de vida, atitudes e valores. E

ainda, “fazem pressão em relação à conformidade que podem afetar as escolhas reais

de produto e marca” (KOTLER, 2000, p. 186).

Grupos dos quais as pessoas não participam também influenciam seu

comportamento de compra. Kotler (2000) considera “grupos de aspiração” aqueles os

quais o indivíduo gostaria de pertencer e “grupos de dissociação” aqueles cujas

crenças e atitudes são rejeitadas pelo indivíduo.

Dentro destes grupos há “líderes de opinião” e, independente da camada

social, eles atuam oferecendo informações sobre produtos e/ou marcas;

Família: é dividida em família de orientação (pai, mãe, irmãos) e de procriação

(cônjuge, filhos). A família é um importante grupo de influência, dela o indivíduo

adquire valores e orientação em relação à religião, ao amor, à política, à sociedade.

Todas essas referências contribuem para a formação do caráter do indivíduo, e seus

desejos e interesses que orientam seu comportamento de compra;

Papeis e status: os indivíduos atuam em diferentes grupos sociais (família, academia,

trabalho, religião, etc.). Os papeis das pessoas nesses grupos são as atividades por elas

desempenhadas, e cada papel possui um status. As pessoas optam por produtos e

marcas que reflitam seus papeis e status em sociedade. Um cantor que faz muito

sucesso possui um jatinho particular, por exemplo, para demonstrar seu status social.

2.4.3 Fatores pessoais

Diversas características pessoais podem atuar diretamente nas decisões do consu-

midor, são elas (KOTLER, 2000; SOLOMON, 2002):

Idade e estágio no ciclo de vida: durante os diferentes estágios da vida, as pessoas se

interessam e compram diversos tipos de artigos e serviços. Quando criança, o interesse

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predominante é por brinquedos; na adolescência, jogos, maquiagens, entre outros;

quando jovens, por baladas, bebidas, viagens, etc. Dependendo da idade e da fase da

vida, os gostos e necessidades de compra se alteram, e os profissionais de marketing

estão atentos a isso;

Estilo de vida: é o padrão de vida a que a pessoa se associa. Geralmente, pessoas da

mesma subcultura, ocupação e classe social têm estilos de vida parecidos. Esse estilo

representa a forma que a pessoa interage com a sociedade, refletido nas suas opiniões,

valores, atividades, interesses (SOLOMON, 2002);

Ocupação e circunstâncias econômicas: a atividade profissional reflete o padrão de

consumo do indivíduo. Um operário compra produtos diferentes do presidente da

empresa. E ainda que o presidente da companhia compre artigos de luxo, seu padrão

de gastos sofre alteração em relação às circunstâncias econômicas. Renda pessoal,

economias, taxa de juros afetam a escolha de produtos e serviços em determinado

momento (SOLOMON, 2002);

Personalidade e autoimagem: as pessoas possuem características psicológicas

diferentes, que influenciam suas decisões durante a compra. Autoconfiança,

autonomia, sociabilidade, adaptabilidade, são características úteis para a análise dos

padrões de comportamento do consumidor. Relacionado a isso, a forma como o

indivíduo se enxerga pode afetar sua escolha por um produto que reflita ou não sua

autoimagem (KOTLER, 2000; SOLOMON, 2002).

2.4.4 Fatores psicológicos

Ainda na concepção de Kotler (2000), quatro fatores principais são

considerados como influenciadores: motivação, percepção, aprendizagem e crenças e atitudes.

Motivação: as pessoas agem movidas por necessidades. Estas podem ser fisiológicas

(como fome, sede, etc.) e psicológicas (necessidade de pertencimento,

reconhecimento, entre outras). Quando é muito intensa, essa necessidade de torna um

motivo, que leva a pessoa a agir. Os motivos que movem as pessoas a comprar são

importantes para entender seu comportamento de compra;

Percepção: segundo Kotler (2000) uma pessoa motivada costuma agir influenciada

pela percepção que tem de determinada circunstância. A percepção é a forma pela qual

uma pessoa organiza e interpreta os estímulos que recebe do mundo externo, alinhados

às condições internas do próprio indivíduo. As pessoas têm diferentes percepções em

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relação a uma mesma situação ou objeto devido a três fatores: atenção seletiva: os

indivíduos tendem a direcionar sua atenção a estímulos relacionados a uma

necessidade imediata. Apesar de estar exposto a diversos anúncios diariamente, o

sujeito provavelmente irá prestar mais atenção a um anúncio de carro e não a de um

computador, caso ele precise comprar um carro; distorção seletiva: é representada pela

significação pessoal que o indivíduo atribui a situações e objetos. Dessa forma, a

interpretação destes é feita em relação a prejulgamentos da pessoa; retenção seletiva:

as pessoas estão mais predispostas a reter os aspectos positivos de produtos ou marcas

que lhes agradam, e a esquecer daqueles que não as interessam. Nós esquecemos

bastantes coisas e informações a que temos acesso, mas retemos aquelas que afirmam

nossos valores e atitudes.

Aprendizagem: está ligada às alterações de comportamento que nascem de

experiências positivas ou negativas. Acredita-se que ela é resposta da interação que

realizamos com estímulos, reforços, impulsos. Se um indivíduo compra um produto de

determinada marca e a experiência é boa, a resposta ao produto ou marca é reforçada

de forma positiva. Isso faz o indivíduo generalizar seu conceito quanto à marca. A

resposta negativa também pode ocorrer devido aos resultados que não satisfaçam às

expectativas do consumidor (SOLOMON, 2002).

Crenças e atitudes: através de suas experiências e aprendizados, as pessoas adquirem

crenças e atitudes que norteiam seu comportamento de compra. As crenças são

pensamentos que os indivíduos possuem com base em conhecimentos, fé ou opiniões.

As atitudes se relacionam as avaliações e sentimentos ligados a objetos ou serviços.

Elas predispõem um padrão coerente em relação aos objetos e atividades (KOTLER,

2000).

Assim, estes fatores podem atuar como agentes determinantes no processo de decisão

de compra. Ao longo da evolução desse campo de estudos, diversos autores estudaram como a

influência desses aspectos afetam o processo decisório dos consumidores. Esse conhecimento

serviu e serve como base para a atividade de marketing das companhias.

Porém, o comportamento do consumidor possui uma variável de influência do

tempo. A forma como os consumidores se comportavam na década de 1980 é diferente de

como agem hoje – as demandas sociais se alteram. As empresas e profissionais da área

precisam estar atentos às novas nuances que influenciam o comportamento do indivíduo.

Aqueles fatores de influência, citados antes, podem sofrer alterações dependendo do momento

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da sociedade. A tecnologia, por exemplo, atualmente se apresenta neste cenário como uma

nova ferramenta para o comprador. Portanto, as empresas devem estar preparadas para

entender o comportamento de seus consumidores sob a luz da era digital. Esse será o assunto

que será abordado com maiores detalhes no próximo capítulo deste trabalho.

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3. O CONSUMO E O CONSUMIDOR NA ERA DIGITAL: UMA INVERSÃO DE

PODER

Diante do exposto, entendemos que o estudo do comportamento do consumidor

abrange a compreensão do processo de aquisição de determinado bem, produto ou serviço, e

os aspectos que envolvem o processo decisório do consumidor, considerando suas

necessidades e desejos.

Ao longo do tempo o perfil de comportamento do consumidor se alterou, adaptando-

se às demandas e dinâmicas sociais. Se antes o acesso às informações era limitado ao que os

indivíduos recebiam através de propagandas na televisão, rádio, outdoors, e aos conhecidos de

seus grupos mais próximos, as tecnologias e modos de viver atuais da sociedade vêm

modificando essa dinâmica para o consumidor.

Podemos observar uma inversão nessa estrutura de poder. Se no passado o

consumidor estava mais suscetível às campanhas das marcas, e aos especialistas, hoje ele

busca conselhos em grupos sociais. “[...] Pesquisas recentes em diferentes setores mostram

que a maioria dos consumidores acredita mais no fator social (amigos, família, seguidores do

Facebook e do Twitter) do que nas comunicações de marketing” (KOTLER, KARTAJAYA e

SETIAWAN, 2017, p. 27).

O consumidor tem acesso a mais informações, está mais consciente, engajado e com

mais controle no processo de compra. “A internet, que trouxe conectividade e transparência às

nossas vidas, tem sido em grande parte responsável por essas transformações" (KOTLER,

KARTAJAYA e SETIAWAN, 2017, p. 17).

3.1. Conectividade, Tecnologia e o consumidor

Um novo tipo de consumidor vem surgindo no decorrer dos últimos anos: jovem,

urbano, consciente, conectado, com pré-disposição a mudanças, mobilidade e adaptabilidade.

Esses consumidores prezam pela praticidade e imediatismo. “Sendo nativos digitais, podem

tomar decisões de compra em qualquer lugar e a qualquer momento, envolvendo uma grande

variedade de dispositivos" (KOTLER, KARTAJAYA e SETIAWAN, 2017, p. 34).

Os consumidores não necessitam mais frequentar lojas físicas para obter informações

e decidir pela compra. Os meios digitais e a internet proporcionam um novo mundo, acessível

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de praticamente qualquer lugar. Neste ambiente é possível pesquisar produtos, marcas, e obter

quaisquer informações necessárias.

As empresas e profissionais de marketing não devem estar alheios a esta demanda. A

maioria dos negócios possui um ambiente digital para sua marca, onde o consumidor pode

conhecer seu produto e até compra-lo sem sair de casa. As empresas oferecem facilidade de

troca e opções de retirada em loja física. É possível avaliar e comentar a experiência que teve

com o produto e também com o processo de compra.

Sites, aplicativos e redes sociais atuam como intermediários ao processo de compra

para o consumidor da atualidade. Este, por sua vez, está cada dia mais conectado,

compartilhando e recebendo as mais diversas informações, e disseminando opiniões positivas

ou negativas em relação a sua experiência de compra.

A conectividade pode ser considerada um fator crucial de mudança das relações de

marketing. Embora já não seja algo novo, vem alterando significativamente as dinâmicas de

mercado, e apresenta-se cada vez mais imponente. Ela trouxe grandes questionamentos em

relação às teorias e pressupostos sobre gerenciamento de marca, produto e em relação ao

consumidor. Na compreensão de Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017, p. 35):

Ela [a conectividade] diminui de forma significativa os custos de interação entre

empresas, funcionários, parceiros de canal, clientes e outras partes envolvidas. Isso,

por sua vez, reduz as barreiras de entrada em novos mercados, permite o

desenvolvimento simultâneo de produtos e abrevia o tempo necessário para a

construção da marca.

Diante disso, a conectividade pode ser grande aliada das marcas e empresas. Ela

trouxe a facilidade de inserção e divulgação da marca no mercado e também facilitou o

relacionamento com os clientes. Além disso, o compartilhamento de experiências positivas,

por parte dos consumidores em meios virtuais, é um útil método de expansão da marca.

Para tanto, as organizações precisam estar abertas a esta dinâmica de mercado a fim

de sobreviverem e se manterem competitivas. Pois, novas empresas surgem em grande escala.

Em geral, são compostas por jovens profissionais e buscam atender às demandas desse novo

consumidor conectado.

Mas a conectividade também pode ser o ‘iceberg’ que ajuda a afundar uma marca.

Por exemplo, a marca Friboi que após divulgação de fraudes no sistema de produção sofreu

um boicote pelos consumidores. Segundo Jankavski (2017) diversos memes (piadas do

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mundo virtual) e vídeos e mensagens de boicote à marca foram compartilhados entre os

usuários da internet.

O mesmo artigo aponta pesquisa realizada pela consultoria Dunnhumby

(JANKAVSKI, 2017). Os resultados indicam que o percentual de consumidores que

compravam produtos da marca caiu de 52% para 1%, após a divulgação das fraudes. Queda

que se intensificou com aquelas informações compartilhadas em meios digitais. Muitas outras

marcas sofreram com a intensidade da conectividade. Ações que antes atingiam certa parcela

de pessoas, com o mundo digital têm escala global. Os compartilhamentos na internet têm

potencial para informar consumidores quanto a aspectos que anteriormente não chegariam até

eles.

Por fim, é preciso que enxerguemos a conectividade de forma mais abrangente. Hoje,

ela já não fica restrita ao nível móvel (dispositivos móveis). Neste nível mais básico, segundo

Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017, p. 38) a internet funciona apenas como instrumento de

transmissão de comunicação. O nível seguinte seria a “conectividade experiencial”, onde a

internet serve de subsídio para possibilitar uma experiência de contato entre marcas e

consumidores. Aqui, a preocupação é com a profundidade da conectividade. “O nível

supremo é a conectividade social, que envolve a força da conexão em comunidades de

consumidores”.

Essas comunidades de consumidores podem atuar como aliadas das empresas,

implementando objetivos de marketing com pouco custo para a marca. E também são agentes

de serviços específicos e confiáveis, bem como fonte de informações em relação às marcas ou

produtos, para consumidores em diferentes estágios de experiência na compra do produto.

Elas compõem fatores contemporâneos que influenciam o comportamento de compra (e

processo decisório) dos consumidores.

3.2. Internet e comunidades digitais x comportamento do consumidor

As comunidades ganham força e amplitude em meio digital. Nesse espaço, elas se

impõem e agregam diferentes grupos. As informações atravessam fronteiras de classe social,

idiomas, geográficas e ficam acessíveis aos mais diferentes tipos de público. O consumidor da

atualidade encontra neste ambiente vasta fonte de conteúdos, relatos e experiências de outros

indivíduos em relação às marcas e produtos. Ambiente este muito propício para influenciar

seu comportamento e decisão de compras.

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Na compreensão de Wellman (2005, p. 53, tradução nossa) as “comunidades são

redes de laços interpessoais que proveem sociabilidade, suporte, informação, senso de

pertencimento e identidade social". As comunidades são fortes grupos de referência para seus

integrantes. Conforme mencionamos no capítulo 2, item 2.3, deste trabalho, os grupos sociais

dos quais os indivíduos participam os expõem a estilos de vida, atitudes e valores.

Geralmente, as pessoas aderem a grupos quando as crenças e valores disseminados são

congruentes aos seus. Além disso, buscam pertencimento e identificação através do

compartilhamento de conhecimentos e experiências. A partir daí as interações entre os

membros da comunidade se intensificam e podem exercer pressões que afetam a escolha de

marcas ou produtos.

Nesse sentido, as comunidades virtuais são definidas como "espaços sociais,

mediados no âmbito digital que permitem que grupos sejam formados e sustentados

primariamente por meio de processos contínuos de comunicação" (BAGOZZI e DHOLAKIA,

2002, p. 3, tradução nossa). Esses espaços, em geral, agrupam pessoas por interesses em

comum. Os integrantes desses grupos compartilham conhecimentos e informações úteis aos

demais membros, assim como seria em uma comunidade ou grupo do mundo real. Porém

neste ambiente, a comunicação é muito mais rápida e atinge um número muito maior de

pessoas em curto espaço de tempo.

A identificação, o pertencimento, a transparência e o suporte que o indivíduo

encontra nessas comunidades trazem a confiabilidade. Os integrantes ficam mais propensos a

confiar nas informações dos demais participantes. Os elos entre os integrantes se formam a

partir dos valores que compartilham, e dos interesses e produtos em comum por eles

utilizados.

Todo o aporte de lojas virtuais, conectividade, informações compartilhadas sobre

produtos proporcionam o surgimento das comunidades de consumo em espaço virtual. Em

conformidade com as comunidades reais, os indivíduos trocam informações, experiências e

indicações sobre marcas e produtos.

Como corrobora Solomon (2002, p. 23):

Grande parte das informações sobre produtos, bem como recomendações para usar

ou evitar determinadas marcas, é transmitida nas conversas entre pessoas reais, e não

por meio de comerciais em televisão, revistas, outdoors ou sites estranhos. O

crescimento da web cria milhares de comunidades de consumo online, onde os

participantes compartilham opiniões e recomendações sobre produtos, desde

bonecas Barbie até Palm Pilots.

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Diante desta nova realidade, o consumidor tem um maior controle em relação ao

processo de escolha durante a compra. Ele tem acesso a um cardápio de informações sobre os

produtos que pretende comprar, que vai além do que as marcas divulgam em suas

propagandas. A internet e a conectividade proporcionam transparência e acesso a experiências

reais de compra de outros consumidores. Principalmente devido às comunidades virtuais, ao

tomar sua decisão de compra, o consumidor da atualidade, está mais informado e mais

consciente em relação ao item que irá adquirir.

Compondo essas comunidades virtuais, além do consumidor, encontram-se os

influenciadores digitais. Esses, que antes eram representados apenas por celebridades, agora

são pessoas ‘comuns’ (blogueiras, vloggers), que ganham ascensão em mídias sociais e

compartilham experiências com milhares de seguidores. Segundo Silva e Tessarolo (2016, p.

05), estes influenciadores são “pessoas que se destacam nas redes e que possuem a capacidade

de mobilizar um grande número de seguidores, pautando opiniões e comportamentos [...]”.

Em geral, eles seguem um nicho: viagens, comidas, jogos, roupas, tecnologia, beleza,

etc. Na área de maquiagem, inclusive, há diversos conteúdos para guiar consumidores na

escolha de produtos. Muitos indivíduos são atraídos por seus conteúdos e esses

influenciadores ganham o título de formadores de opinião. A visibilidade que estes produtores

de conteúdo possuem os tornam influenciadores porque “[...] além de impactarem no

consumo e comportamento de seus seguidores, envolvem e engajam seus espectadores”

(GOMES e GOMES, 2017, p. 08). As empresas observam este movimento e muitas se juntam

a estes influenciadores a fim de divulgar sua marca em postagens pagas – os “publi posts”,

como são definidos nas redes sociais. Segundo pesquisa realizada pela Linqia, entre os

gestores entrevistados, 86% utilizaram influenciadores digitais nas suas estratégias de

marketing, e destes, 92% considerou como sendo eficaz (ABIHPEC, 2019).

A divulgação da marca feita pelos influenciadores é uma forma de propaganda que se

aproxima daquele tipo de fonte de informação pessoal – citado anteriormente neste trabalho –

pois é mais confiável do que as fontes comerciais (comerciais oficiais da marca). Logo, têm

maior influência no processo decisório do consumidor.

Compartilhando informações na rede sobre produtos, marcas e serviços, há ainda os

microinfluenciadores. Estes são pessoas comuns, com conhecimentos em áreas específicas.

Não são tão conhecidos quanto os influenciadores famosos, mas possuem grande influência

nas pessoas do seu nicho. Em geral, possuem forte interação com a seu público, e demonstram

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opinião consistente e isenta. Pesquisa da Experticity revelou que 82% dos consumidores se

declararam muito suscetíveis a seguir as recomendações feitas por um microinfluenciador

(ABIHPEC, 2019).

Enquanto influenciadores famosos permitem grande visibilidade à marca, os

microinfluenciadores passam mais credibilidade aos consumidores. O impacto das suas

recomendações é alto, pois as experiências por eles compartilhadas dão uma ideia de vida real

e autenticidade. Eles são agentes atuantes na propagação da experiência de consumo de um

produto ou marca, dentro do seu nicho.

O marketing de experiência, também conhecido como marketing de engajamento,

tem grande espaço nas comunidades virtuais. Dados do Digital Marketing Trends Study 2016

(ABIHPEC, 2019) apontam que a partir do ano 2020, a experiência de compra será mais

importante ao decidir pela compra do que o produto ou preço de determinada marca.

E não é necessário ser um influenciador digital para compartilhar suas experiências e

fazê-las chegar a outras pessoas. O crescimento da internet e da interação virtual cria diversas

ferramentas para o consumidor compartilhar suas experiências. Mídias como Facebook,

Instagram, Twitter, e até aplicativos como Whatsapp, permitem aos usuários apresentarem

suas experiências como clientes. Esse movimento gera outros instrumentos derivados da

internet: TripAdvisor, Yelp e Reclame Aqui, sites baseados em sistemas de avaliação,

permitem aos consumidores realizarem escolhas a partir do conhecimento de milhares.

Os consumidores possuem agora um enorme volume de conteúdos produzidos por

outros usuários. Além de mais confiáveis, os consumidores consideram estes conteúdos mais

atraentes que aqueles produzidos pela mídia das marcas. Esta preferência se dá porque além

desses materiais serem feitos de forma voluntária, são passíveis de serem consumidos

conforme a demanda do consumidor (KOTLER, KARTAJAYA e SETIAWAN, 2017).

Portanto, nesse cenário digital, onde conectividade é a palavra chave, o consumidor é

um ótimo anunciante da marca. Ele pode atingir milhares de outros consumidores que irão

confiar no seu relato. Dessa forma, se a sua experiência foi positiva, seja ele um grande,

microinfluenciador ou apenas um consumidor comum, pode impulsionar diversos

consumidores a optarem por determinada marca ou produto.

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4. INTEGRANDO OS CONCEITOS...

Com o objetivo de analisar o processo decisório dos consumidores de maquiagem na

era digital, este trabalho buscou inicialmente definir a conceituação de comportamento do

consumidor. Consideramos este como o processo de aquisição de determinado bem, produto

ou serviço, e os aspectos que envolvem o processo decisório do consumidor, considerando

suas necessidades e desejos.

As empresas buscam formas de analisar e entender este comportamento, a fim de

otimizar suas entregas e fidelizar clientes. Esse processo é centralizado nos profissionais de

marketing, que procuram desenvolver pesquisas, estudos e atividades com o intuito de melhor

atender as necessidades e desejos dos consumidores.

Em seguida, discorremos sobre o processo decisório. A decisão envolve a escolha

entre alternativas possíveis, e este processo envolve algumas etapas. A decisão faz parte do

processo de compras. Após formar sua intenção de compra, o consumidor pondera suas

opções com base na influência da atitude dos outros (quando pessoas próximas e/ou em que

ele confia, expõe atitudes positivas ou negativas quanto à marca), e em sua disposição para

seguir os desejos dos outros. Quanto mais a atitude do outro tender a esta marca, mais o

consumidor intensificará sua preferência. E vice versa. E assim toma sua decisão de compra.

Diversas áreas de conhecimento são utilizadas como apoio às analises do

comportamento do consumidor. Além disso, tem-se em consideração que muitos fatores

internos e externos ao indivíduo atuam como agentes influenciadores de seu comportamento

de compra e ajudam a determinar suas escolhas. Neste trabalho, descrevemos os fatores

psicológicos, pessoais, sociais e culturais.

Em um segundo momento, adentramos em uma análise desse processo decisório na

era digital. Em referida época, durante a escolha de um produto, o consumidor tem acesso a

variadas fontes de informações e em grande quantidade. Ademais, ele está mais consciente e

com maior controle no processo de compra. A conectividade é a grande responsável por essa

mudança na dinâmica de compra. Se antes o consumidor estava suscetível às influências das

campanhas das marcas, agora ele pode acessar informações em relação às experiências reais

de compra de outros consumidores, e assim tomar sua decisão.

A internet e a conectividade geram as comunidades virtuais. Estas são compostas por

pessoas que se agrupam segundo gostos e interesses para compartilhar e consumir

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informações sobre produtos em redes sociais, sites, blogs e diversas mídias virtuais. Neste

ambiente, a comunicação é muito mais veloz e atinge um número muito maior de pessoas em

curto espaço de tempo, se comparado aos grupos sociais fora do mundo virtual.

Com o advento da internet, e por estarem constantemente conectados, os

consumidores possuem um vasto volume de conteúdos produzidos por outros usuários. Com

alguns clicks eles acessam as mais variadas informações em relação a determinado produto,

que irão auxiliar seu processo decisório. Para os consumidores essas informações são mais

confiáveis que as produzidas pela mídia das marcas. Em grande parte porque esses conteúdos

são feitos de forma voluntária, e com informações sinceras quanto à experiência de compra.

Nesse cenário, alguns indivíduos se destacam e ganham ascensão nessas mídias

sociais. Os influenciadores digitais conseguem mobilizar e engajar um grande número de

pessoas a consumir, influenciando opiniões e comportamentos. Por serem pessoas comuns,

com grande conhecimento em sua área, conseguem influenciar de forma efetiva as pessoas de

seu nicho, os seus seguidores.

Portanto, o comportamento e processo de tomada de decisão do consumidor sofrem

alteração na era digital. Agora ele sabe, antes de optar pela compra, se o produto irá atender

suas necessidades, se tem a qualidade divulgada e por ele esperada. E com isso, tomar uma

decisão influenciada por essas informações. Com acesso a um aporte gigantesco de conteúdos

e materiais advindos das experiências das mais diversas pessoas, o consumidor pode tomar

uma decisão mais consciente e eficaz.

Face à este contexto, a pesquisa de campo terá por objetivo identificar as principais

fontes de informação que os consumidores buscam na era digital. Além disso, tentaremos

compreender como essas fontes de informação influenciam o processo decisório do

consumidor. Para fins deste estudo, delimitamos o público da pesquisa de campo a

consumidores de maquiagem do Rio de Janeiro, conforme melhor detalhado nos capítulos

seguintes.

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5. METODOLOGIA DA PESQUISA

O método de pesquisa utilizado neste trabalho, segundo os fins, consiste em uma

análise descritiva do objeto de estudo: o comportamento do consumidor e informações que

influenciam seu processo decisório de compra sob a luz da era digital. A finalidade da

pesquisa descritiva, conforme destaca Didio (2014, p.23) é a “descrição e/ou análise de dados

[...], interpretando-os com o objetivo de chegar a uma conclusão sobre algo”. Este tipo de

pesquisa expõe características de uma população ou fenômeno, estabelecendo correlações

entre variáveis (VERGARA, 2004; GIL, 2008).

Quanto aos meios, a pesquisa engloba uma investigação bibliográfica e de campo.

Essas investigações envolvem análises sistematizadas baseadas em materiais como livros,

artigos científicos, meios eletrônicos, anais de encontros científicos; e estudos empíricos

realizados no local onde o objeto de estudo ocorre, incluindo solicitação de informações a

determinado grupo sobre um comportamento ou problema estudado, respectivamente

(VERGARA, 2004; GIL, 2008).

Dessa forma, na primeira seção do trabalho realizamos uma pesquisa de cunho

bibliográfico, que serviu como fundamentação teórica. Realizamos esta revisão de literatura, a

fim de reunir conhecimentos de autores reconhecidos que abordam o tema do referido

trabalho. Os dados foram obtidos em livros, anais, revistas, artigos disponíveis em meios

físicos e eletrônicos.

Posteriormente, por meio de uma abordagem quantitativa, buscamos realizar uma

pesquisa de campo, do tipo survey (GIL, 2008), com os consumidores de maquiagem no

estado do Rio de Janeiro. Utilizamos como instrumento de coleta de dados um questionário,

que é uma técnica de investigação composta por perguntas aplicadas aos indivíduos. Seu

objetivo é obter respostas que são traduzidas em informações sobre crenças, comportamentos,

valores, interesses, etc. (GIL, 2008).

O questionário elaborado foi do tipo SurveyMonkey, composto de 10 (dez) perguntas

fechadas de múltiplas escolhas e de hierarquia de preferência, e disponibilizado em meios

virtuais (GIL, 1991; 2008). O instrumento foi aplicado a uma amostra de 100 consumidores

de maquiagem, no 1º semestre do ano 2019. Os questionários foram disponibilizados na

plataforma SurveyMonkey e compartilhados por meio de links através de redes sociais e

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aplicativos de comunicação. A amostra de consumidores foi definida por meio de critérios de

acessibilidade (VERGARA 2004).

Na elaboração das perguntas, nosso propósito foi investigar o comportamento de

compra dos consumidores de maquiagem frente à era digital. E, além disso, tínhamos como

objetivo analisar de que forma as informações disponíveis e compartilhadas em espaços

virtuais influenciam as decisões no processo de compra daqueles produtos. Conforme Gil

(1991), a confecção de um questionário abrange basicamente a conversão dos objetivos

específicos em questões ordenadas.

As análises elaboradas a partir da revisão bibliográfica serviram como base para o

desenvolvimento da pesquisa de campo. Os dados da amostra de consumidores respondentes

foram tratados por um método quantitativo (VERGARA, 2004), para tanto, utilizamos

estatística descritiva e o Método de Borda para auxiliar na análise dos dados obtidos a partir

dos questionários. O método será aplicado para a análise da sexta questão do questionário.

Esta envolve respostas com hierarquia de preferências. Optamos por este método para analisar

a referida questão, pois ele se propõe a ajustar algumas falhas matemáticas que podem

ocorrer.

De acordo com Cruz, Barreto e Fontanillas (2014), tais falhas ocorrem quando a

alternativa mais escolhida como sendo a preferida, é também a mais rejeitada por aqueles que

não a consideram a melhor. Para tanto, o método sugere a criação de um ranking com a

preferência pelas alternativas, atribuindo valores discretos de acordo com a quantidade de

opções e suas posições. Dessa forma, o decisor atribui valores: em uma escala com 5 opções,

a alternativa preferida tem peso 5, enquanto à última é atribuída nota 1.

É importante clarificar que o método pode apresentar imperfeição matemática. Ela se

apresenta quando há um grau de preferência distante entre diferentes alternativas. Ou seja,

quando a preferência por determinada opção é superior à outra (as) por mais de um ponto, por

exemplo (CRUZ, BARRETO e FONTANILLAS, 2014).

Adicionalmente, destacamos que a interpretação dos resultados foi feita com o apoio

da pesquisa bibliográfica inicial. Pois, nessa parte serão apresentados os resultados obtidos,

fazendo correlação com os conhecimentos previamente adquiridos (GIL, 2008).

Para finalizar, a intenção desta pesquisa não é chegar a conclusões finais quanto ao

tema, mas obter dados que ajudem a compreender o objeto de estudo. Por meio dos

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questionários e análises dos resultados, iremos traçar uma descrição do assunto,

correlacionando ao problema proposto: como as informações compartilhadas em meios

virtuais influenciam o processo decisório de consumidores na era digital.

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6. PESQUISA

O presente trabalho busca analisar e descrever como as fontes de informações

disponíveis em meios digitais influenciam o processo decisório de consumidores de

maquiagem no Rio de Janeiro. Conforme indicamos no capítulo 3 deste estudo, os

consumidores atuais estão cada vez mais conectados, e não precisam mais ir às lojas físicas ou

se apoiar nas propagandas das marcas para obter informações sobre determinado produto.

Além disso, eles preferem os grupos sociais – família, amigos, seguidores de redes sociais –,

em detrimento das campanhas de marketing. (KOTLER, KARTAJAYA e SETIAWAN,

2017).

Para esta pesquisa, utilizamos uma prévia análise bibliográfica, apoiada em autores

estudiosos do tema relacionado ao comportamento do consumidor. A partir do conhecimento

descrito na pesquisa bibliográfica, desenvolvemos um questionário para fins de análise

quantitativa.

Utilizamos a plataforma SurveyMonkey para alocar as perguntas e colher as

respostas. O instrumento foi composto de 10 (dez) questões de múltiplas escolhas, e

compartilhado através de mídias digitais, como aplicativos de mensagens e redes sociais.

6.1 Limitações da pesquisa

A pesquisa apresentou limitações no âmbito da amostra pesquisada. O número de

respondentes foi de 100 indivíduos. Somado a este número, por ela estar restringida aos

indivíduos que residem no Rio de Janeiro, pode figurar pouca representatividade face à

quantidade de pessoas que fazem parte do grupo em questão (consumidores de maquiagem).

No entanto, todas as análises descritas são respaldadas pela pesquisa teórica e os

dados analisados. Dessa forma, foi possível o cruzamento de informações díspares e

convergentes obtidas na pesquisa.

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6.2 Descrição e análise dos dados coletados

No início do questionário buscamos compreender o perfil do respondente. Essa seção

ficou restrita a duas questões: uma de faixa etária e uma segunda para confirmação de local de

residência do respondente. Grande parte dos participantes possui entre 20 e 25 anos (46,00%

das respostas); a segunda maior população etária ficou entre 26 e 30 anos (27,00%), todos

residentes no Rio de Janeiro. Em conformidade com Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017), nos

últimos anos um novo tipo de consumidor tem emergido. Jovem, urbano, consciente e com

maior pré-disposição a mudanças. Isso se reflete na amostra pesquisada, em sua maioria

composta por consumidores em sua juventude.

Ademais, nosso público alvo são consumidores de maquiagem em geral. Não nos

interessava delimitar a pesquisa por gênero, por isso não incluímos uma questão deste tipo.

GRÁFICO 1 - Faixa etária

Fonte: elaborado pelo autor

A pergunta 3 objetivava identificar a frequência de compras de maquiagem pelos

participantes. As respostas, indicadas no GRAF. 2, ficaram concentradas entre ‘menos de 5

vezes por ano’, com 39 respostas (39,00%) e ‘pelo menos uma vez por mês’, com 47

respondentes (47,00%). Entendemos que há uma boa demanda pelo consumo de maquiagem.

De acordo com dados da ABIHPEC (2019), o setor de cosméticos no Brasil, após um período

de queda, voltou a crescer a partir de 2017. Com crescimento no faturamento da indústria de

2,8% e 3,2% em preços ao consumidor.

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Em seguida perguntamos onde, em geral, costumavam comprar sua maquiagem.

Embora o setor de beleza tenha sido o segundo segmento de lojas online que mais cresceu em

no primeiro trimestre de 2018 (RONDINELLI, 2018), a maioria dos indivíduos pesquisados

(64,00%) prefere fazer sua compra em lojas físicas, conforme GRAF. 3. Dessa forma, na área

de maquiagem, de acordo com os participantes, as lojas físicas ainda são a melhor forma de

adquirir os produtos.

GRÁFICO 2 - Frequência de compra de maquiagem

Fonte: elaborado pelo autor

GRÁFICO 3 - Local de compra de maquiagem

Fonte: elaborado pelo autor

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Após, procuramos entender o nível de conectividade dos respondentes. Como

indicado no GRAF. 4, do total de participantes, 92 indicaram estar sempre conectados a redes

sociais, sites e aplicativos de comunicação e compartilhamento de mídias, representando

92,00% da amostra. Conforme corroborado por Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017), esse

novo tipo de consumidor que vem emergindo no decorrer dos últimos anos – jovem, urbano,

com pré disposição à mudanças e mobilidade – está cada vez mais conectado. A

conectividade e variedade de dispositivos favorecem seu apreço pela praticidade e pelo

imediatismo. Eles podem tomar suas decisões de compra em quase qualquer momento e lugar.

GRÁFICO 4 - Nível de conectividade

Fonte: elaborado pelo autor

O comportamento do consumidor, e suas decisões de compra, podem ser

influenciados por alguns fatores. Como indicamos na seção 2.3 deste trabalho, entre os

agentes que atuam nesse processo estão grupos sociais, como família, amigos, grupos que o

indivíduo participa. Kotler (2000) define estes como grupos de referência. Esses grupos

colocam os indivíduos diante de estilos de vida, atitudes e valores. Tais referências exercem

pressões que podem influenciar as escolhas de produtos ou marcas.

O aumento das tecnologias de comunicação e a crescente conectividade dos jovens

consumidores replicam esses grupos em ambientes virtuais. As comunidades virtuais se

desenvolvem neste meio, agregando diversas pessoas com interesses semelhantes. Com um

processo de comunicação muito mais ágil e com maior alcance, os indivíduos destes grupos

compartilham conhecimentos e informações úteis aos demais membros. Devido à

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identificação e ao suporte que recebem, os integrantes estão mais pré-dispostos a confiar nas

informações dos demais participantes (BAGOZZI e DHOLAKIA, 2002). Essas redes passam

a compor os grupos de referência dos indivíduos.

Diante disso, a questão número 6 tinha por finalidade compreender quais fatores

mais exercem influência nos consumidores de maquiagem, durante seu processo decisório de

compra. Queríamos entender quais as fontes de informação o consumidor prefere utilizar para

apoiar sua decisão face à era digital.

Elegemos cinco fontes de informação que poderiam ser consideradas no processo

decisório de compra de maquiagem. São elas: amigos, família, grupos em geral que o

indivíduo faz parte, internet, e comerciais das marcas. Os respondentes deveriam indicar sua

ordem de preferência ou importância em uma escala de 1 a 5, onde 1 seria a fonte que ele

mais considera, e 5 a que menos considera ao buscar informações para apoiar sua decisão de

compra.

Para a análise desta questão utilizamos o Método de Borda, visto que a questão

possui respostas que envolvem uma hierarquia de preferências. O método objetiva ajustar

algumas falhas matemáticas que podem ocorrer.

De acordo com Cruz, Barreto e Fontanillas (2014), essas falhas surgem quando a

alternativa mais escolhida como sendo a preferida, é também a mais rejeitada por aqueles que

não a consideram a melhor. Para solucionar isto, com a orientação do método, atribui-se

valores à escala de opções (ver Tabela 1). Os pontos de cada resposta são somados e

evidenciam os tributos preferidos e os rejeitados. Assim sendo, a alternativa com maior valor

é a preferida da população pesquisada.

TABELA 1 - Peso por opção

Fonte: elaborado pelo autor

1ª opção 5

2ª opção 4

3ª opção 3

4ª opção 2

5ª opção 1

Peso por opção

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A partir das analises dos dados obtidos, observamos que as informações

compartilhadas na internet foram escolhidas como as mais relevantes para o consumidor,

durante seu processo de escolha de um produto ou marca de maquiagem. O item internet teve

o maior número de escolhas como primeira opção, e somou uma pontuação de 371.

O novo tipo de consumidor que vem surgindo é fortemente influenciado pela

conectividade. A rede mundial facilita o compartilhamento de opiniões e a junção de grandes

acervos de avaliações. Produtos criados na internet proporcionam aos indivíduos

compartilharem suas experiências e influenciarem outros consumidores. Toda essa quantidade

de informação disponível e a facilidade de acesso fazem o consumido contemporâneo optar

por essa fonte de informação (KOTLER, KARTAJAYA e SETIAWAN, 2017).

O grupo ‘amigos’ ficou com pontuação bem próxima (370 pontos). Isso evidencia

que, embora as informações obtidas através das mídias digitais estejam ganhando preferência

dos consumidores, aquelas informações compartilhadas por amigos e pessoas próximas da

vida real, ainda são bastante consideradas pelos indivíduos durante seu processo de escolha.

Sites e propagandas da marca foi a opção que ficou em último lugar. Diante disso,

observamos que o consumidor não está mais suscetível às campanhas das marcas. Conforme

Kotler, Kartajaya e Setiawan, (2017, p. 27) hoje o consumidor busca conselhos em grupos

sociais. Em sua maioria, eles confiam mais no fator social (seguidores de redes sociais,

amigos, família) do que nas campanhas de marketing. “A maioria pede conselhos a estranhos

nas mídias sociais e confia neles mais do que nas opiniões advindas da publicidade e de

especialistas”. A Tabela 2 e a Tabela 3 demonstram os resultados de forma completa.

TABELA 2 - Quantidade de votantes por opção

Fonte: elaborado pelo autor

1ª opção 2ª opção 3ª opção 4ª opção 5ª opção

Amigos 29 32 23 12 4

Familiares 6 27 32 23 12

Grupos que participo 12 8 21 37 22

Internet 46 17 11 14 12

Sites e propagandas* 7 16 13 14 50

TOTAL 100 100 100 100 100

*Sites e propagandas da marca

Quantidade de votantes por opção

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TABELA 3 - Total de pontos atribuídos

Fonte: elaborado pelo autor

O compartilhamento de informações na internet, a conectividade e redes sociais,

trouxeram para o cenário os influenciadores digitais. Os espaços sociais que se desenvolvem

em âmbito digital proporcionam a ascensão desses indivíduos, que costumam se especializar

em determinado nicho e conseguem engajar muitos consumidores.

Na área de maquiagem existem muitos influenciadores digitais. Diversos vídeos,

textos e postagens em redes sociais são compartilhados por esses indivíduos a todo o

momento. Nas questões 7 e 8 focamos nossa análise na influência que esses indivíduos podem

ter no comportamento, e principalmente processo decisório de consumidores de maquiagem.

Na pesquisa, 72,00% dos respondentes indicaram que consideram as postagens dos

influenciadores digitais em seu processo de escolha, apesar de não o ser o principal na sua

decisão. Contudo, 73,00% indicaram que já deixaram de comprar, ou optaram por comprar

algum item de maquiagem devido à indicação de um influenciador digital. Os GRAF. 5 e 6

expõem esses resultados com mais detalhe.

Assim sendo, mesmo que não sejam indicados como os principais influenciadores na

decisão dos consumidores de maquiagem, os influenciadores digitais tem certa relevância no

processo decisório dos mesmos.

1ª opção 2ª opção 3ª opção 4ª opção 5ª opção Total

Amigos 145 128 69 24 4 370

Familiares 30 108 96 46 12 292

Grupos que participo 60 32 63 74 22 251

Internet 230 68 33 28 12 371

Sites e propagandas* 35 64 39 28 50 216

*Sites e propagandas da marca

Pontos atribuídos

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GRÁFICO 5 - Influenciadores digitais

Fonte: elaborado pelo autor

GRÁFICO 6 - Influência dos influenciadores digitais

Fonte: elaborado pelo autor

Os influenciadores digitais não são os únicos que compartilham suas opiniões acerca

dos produtos de maquiagem em meios digitais. Outros consumidores também compartilham

suas experiências de compra. Essas informações difundidas servem como fonte de

conhecimento real para outros consumidores.

Na questão 9 perguntamos se os consumidores já deixaram de comprar algum item

de maquiagem devido aos relatos que outros consumidores compartilharam em meios virtuais.

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93,00% indicaram que sim, ultrapassando o percentual em relação aos influenciadores digitais

que, em geral, são especialistas na área (ver GRAF. 6). Abaixo podemos comparar com o

GRAF. 7, que apresenta os resultados em relação à influência dos relatos de outros

consumidores comuns.

GRÁFICO 7 - Influência dos relatos compartilhados por outros consumidores em

meios digitais

Fonte: elaborado pelo autor

Na pergunta final, buscávamos analisar qual papel esses consumidores desempenham

nessas comunidades virtuais de consumo de maquiagem. Para isso, perguntamos que tipo de

comentários eles costumam deixar em sites e redes sociais sobre suas experiências de compra

de maquiagem. Eles podiam optar por: sugestões, elogios, reclamações e não deixo

comentário.

Dentre os participantes, 29,00% indicaram que costumam compartilhar sugestões,

elogios e/ou reclamações nas redes sociais, ou em comentários em geral na internet. É um

número não tão significativo, se considerarmos a quantidade de respondentes que dizem

recorrer à internet em busca de informações para apoiar suas decisões de compra. Mas,

novamente precisamos considerar as limitações da pesquisa no tocante à quantidade da

amostra e região pesquisada.

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A última opção para esta questão era ‘não deixo comentários’. Esta alternativa foi

escolhida por 71,00% dos participantes. A partir desses dados observamos que embora os

participantes utilizem a internet e as informações ali disponíveis para seu processo de escolha,

os mesmos não imputam suas experiências de compra. O GRAF. 8 abaixo demonstra os

percentuais de respostas.

GRÁFICO 8 - Tipos de comentários que os consumidores de maquiagem costumam

compartilhar sobre suas experiências de compra

Fonte: elaborado pelo autor

Finalmente, entendemos que, embora a amostra englobe um número de pessoas

relativamente pequeno, foi possível compreender de que forma se molda o comportamento e

processo decisório do consumidor de maquiagem face à era digital. Consumidores jovens,

constantemente conectados e em busca de informações. Eles buscam na internet e redes

sociais uma forma de absorver conhecimento a partir das experiências de outros

consumidores. Não se contentam com as informações transmitidas pelas marcas, e usam as

mídias sociais para fundamentar sua intenção de compra e fazer a escolha mais assertiva.

Ainda que apontem preferência pela internet, os amigos e demais grupos de

referência da vida real continuam possuindo influência em seu processo decisório. Conforme

indica Solomon (2002), a maior parte das indicações e informações sobre produtos são

transmitidas por meio de interações entre indivíduos, e não através de comerciais das marcas.

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Portanto, seja em grupos da vida real ou em comunidades virtuais, as informações

transmitidas entre as pessoas são de grande relevância para a decisão do consumidor. No

entanto, o crescimento das tecnologias e conectividade proporciona uma maior demanda das

informações advindas de outros consumidores, porém em meios digitais.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou analisar e descrever as fontes de informação que influenciam o

processo decisório de consumidores de maquiagem na era digital. A primeira análise abrangeu

um estudo bibliográfico que auxiliou no entendimento do comportamento do consumidor e

dos fatores que influenciam seu processo decisório. Esse estudo a priori serviu de

fundamentação teórica para o desenvolvimento da pesquisa.

Traçamos o entendimento que o estudo do comportamento do consumidor envolve a

compreensão do processo de aquisição de determinado bem, produto ou serviço, e os aspectos

que envolvem o processo decisório do consumidor, considerando suas necessidades e desejos.

Esse comportamento se altera conforme as demandas da sociedade e seu processo

decisório sofre influência de diversos fatores. Sendo seres sociais, que buscam pertencimento

e aceitação, os indivíduos tendem a seguir grupos. Esses grupos são definidos como grupos de

referência, que direcionam a ações dos consumidores.

Em meio à era digital, os consumidores estão inseridos em grupos virtuais que atuam

como grupos de referência, porém com maior quantidade de participantes e troca de valores,

atitudes e informações.

A partir deste entendimento, a pesquisa realizada colheu dados que possibilitaram

traçar a relevância que estes consumidores atribuem às fontes de informação durante o

processo anterior à compra.

Observamos que a maioria dos participantes possui idade entre 20 e 30 anos. Público

jovem, que se mostra constantemente conectado às mídias digitais. O crescimento constante

da conectividade em conjunto com o acesso a dispositivos tecnológicos favorecem o

surgimento de redes virtuais de compartilhamento de informações.

Os dados nos indicam que, além de se mostrarem bastante conectados, os

consumidores de maquiagem buscam auxílio, principalmente, da internet para orientar suas

escolhas de compra.

O consumidor que antes tinha um acesso limitado a informações sobre marcas e

produtos, agora tem à sua disposição uma enorme variedade de conhecimentos em meios

virtuais. As comunidades virtuais reúnem indivíduos com interesses parecidos, para troca de

diversas informações sobre maquiagem. Essa rede fornece uma ampla fonte de informações,

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as mais variadas, e entra para o grupo de referências dos indivíduos na sociedade

contemporânea.

A pesquisa indicou que, atualmente, a internet é a principal ferramenta de busca de

informação em relação aos produtos e/ou marcas de maquiagem. O grupo ‘amigos’ ficou em

segundo lugar como fonte de informação, mas bem próximo do grupo ‘internet’. Nota-se que

há uma demanda pelo o que é compartilhado em meios virtuais, porém grupos de referência

da vida real não deixaram de ser relevantes no processo decisório do consumidor.

Dentro do mundo digital, as comunidades virtuais se formam e atraem diversas

pessoas com interesse por maquiagem. Nesse espaço, indivíduos se destacam e atingem os

consumidores que estão em busca de informações acerca das marcas e produtos. As

indicações dos influenciadores digitais são consideradas no processo decisório, segundo os

participantes da pesquisa. No entanto, as informações compartilhadas pelos influenciadores

não são o principal quesito considerado pelo decisor. Ainda assim, muitos indicam que já

compraram algum item de maquiagem devido à indicação de influenciadores.

Notamos também que as informações mais relevantes para esses consumidores veem

de outros consumidores comuns. As informações compartilhadas por estes sobre suas

experiências de compra, alcançam diretamente consumidores que estão formando sua

intenção de compra sobre uma marca ou produto. E se mostraram mais assertivas em

influenciar o processo decisório dos consumidores, que aquelas difundidas pelos

influenciadores digitais, que em geral, são especialistas na área.

Assim, as experiências compartilhadas por outros consumidores em meios digitais

podem ser consideradas como a principal fonte de informações para apoiar o processo

decisório de compra de maquiagem, dentro da fonte ‘internet’.

Contudo, a maioria dos participantes não alimenta essas comunidades com suas

experiências de compra. Observamos que os meios virtuais atualmente são o mais importante

instrumento de obtenção de informações para o consumo, mas grande parcela dos indivíduos

que recorrem a este meio para orientar suas decisões não são contribuintes ativos e habituais

nesta rede de informações e conhecimento. Devemos considerar que pesquisa ficou

restringida a uma amostra pequena, se considerarmos o público consumidor de maquiagem

como um todo. Além disso, a região onde pesquisa teve foco foi Rio de Janeiro. Portanto, a

análise fica limitada a refletir os padrões deste grupo.

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Finalmente, podemos considerar que o objetivo do estudo foi alcançado.

Identificamos a internet (meios virtuais) como sendo a principal fonte de informação utilizada

e que os comentários através dela compartilhados influenciam o processo decisório dos

consumidores de maquiagem.

Ademais foi possível: a) analisar o comportamento dos consumidores de maquiagem

na era digital; b) compreender como os jovens consumidores do Rio de Janeiro buscam

informações sobre os produtos de maquiagem que pretendem adquirir: primordialmente

através de meios virtuais; e c) analisar como as informações compartilhadas na internet e

como a conectividade e os meios tecnológicos influenciam o comportamento desses

consumidores na decisão de compra: os jovens consumidores se mostram sempre conectados

e a grande quantidade de informações compartilhadas serve como principal guia para seu

processo decisório. Sendo estes os objetivos intermediários do estudo, podemos dizer que

também foram atingidos.

Consideramos importante salientar a necessidade de outros estudos sobre o tema.

Demais pesquisas que agrupem um maior número de participantes, que envolva outras

regiões, a fim de traçar com maior assertividade o perfil dos consumidores de maquiagem.

Esses outros estudos podem proporcionar maior entendimento sobre a relação das

informações compartilhadas em meios digitais com o processo decisório do consumidor. Pois

assim é possível fomentar o interesse de profissionais e organizações quanto ao tema, e trazer

ganhos para as empresas e consumidores.

Finalmente, a partir das análises desenvolvidas neste trabalho, solucionamos o

problema identificando que as informações compartilhadas em meios virtuais influenciam o

processo decisório de consumidores de maquiagem na era digital. No entanto, por ser um

tema tão amplo e complexo, outras abordagens são possíveis de serem aplicadas, e

destacamos a seguir como sugestões para trabalhos futuros.

Por exemplo, confrontar os resultados desta pesquisa com análises relacionadas aos

fatores que levam os consumidores a optarem pelas informações da internet. Ou, concentrar

os estudos em como as empresas podem estar presentes nesta nova forma de consumir,

passando confiança aos consumidores.

Ou ainda, visto que este trabalho analisou o processo decisório sob uma ótica

racional, seria válido e interessante abordar o tema sob o ponto de vista do processo

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inconsciente, tratando dos aspectos subjetivos que podem influenciar as decisões dos

consumidores. Outro enfoque pertinente seria considerar o uso da tecnologia e o impacto

desta no comportamento do consumidor. Seja qual for a linha de estudos dentro do tema,

esperamos que este trabalho sirva como auxílio em pesquisas futuras.

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8. REFERÊNCIAS

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tradicional ao digital. Arquivo PDF. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.

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SILVEIRA, Antonio Maria da. Moeda. Ensaios econômicos da EPGE (Escola de Pós

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05 ed. Bookman: Brasil, 2002.

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sendo. 11 ed. Bookman: Brasil, 2016.

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9. APÊNDICE – MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO EM PESQUISA DE

CAMPO

Questão 1: Qual a sua idade?

o Até 19 anos

o Entre 20 e 25 anos

o Entre 26 e 30 anos

o Entre 31 e 35 anos

o A partir de 36 anos

Questão 2: Reside no estado do Rio de Janeiro?

o Sim

o Não

Questão 3: Com que frequência costuma comprar produtos de maquiagem?

o Nunca

o Menos de 5 vezes por ano

o Pelo menos uma vez por mês

o Duas ou mais vezes por mês

Questão 4: Costuma comprar maquiagem em lojas físicas ou virtuais?

o Lojas físicas

o Lojas virtuais

o Ambas

Questão 5: Você se considera uma pessoa conectada (no sentido de que acessa e utiliza com

certa frequência redes sociais, sites e aplicativos de comunicação e compartilhamento de

mídias)?

o Sim, estou sempre conectada(o)

o Somente às vezes estou conectada(o) à essas mídias

o Raramente estou conectada(o)

o Nunca estou conectada(o)

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Questão 6: Indique sua ordem de preferência em relação às fontes de informação que você

costuma, ou consideraria, utilizar para te ajudar a escolher uma marca ou produto de

maquiagem (onde 1 seria sua primeira opção, e 5 a última).

Questão 7: Você considera as postagens de influenciadores digitais famosos no seu processo

de escolha de determinado produto ou marca?

o Sim, e é o principal na minha escolha

o Sim, mas não é o principal

o Não

Questão 8: Já deixou de comprar, ou optou por comprar, algum produto de maquiagem

porque um influenciador digital sugeriu?

o Sim

o Não

Questão 9: Já deixou de comprar algum produto de maquiagem devido a relatos de outros

consumidores compartilhados em meios virtuais?

o Sim

o Não

1 2 3 4 5

Amigos ○ ○ ○ ○ ○

familiares ○ ○ ○ ○ ○

Grupos que participo (religioso,

esporte, academia, cursos, etc.)○ ○ ○ ○ ○

Internet (resenhas em vídeos e

comentários escritos de

consumidores/influenciadores

digitais em blogs, sites, redes

sociais, aplicativos de

comunicação, etc.)

○ ○ ○ ○ ○

Sites e propagandas da marca ○ ○ ○ ○ ○

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Questão 10: Que tipo de comentários você costuma deixar em sites e redes sociais sobre suas

experiências de compra desses produtos?

o Sugestões

o Elogios

o Reclamações

o Não deixo comentários