UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE … · privados da saúde e das organizações de...
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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
FACULDADE DE GESTO E NEGCIOS
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAO
VERIDIANA APARECIDA CASON
GESTO DE CUSTOS E PREOS DE VENDAS EM OPERADORAS DE
PLANOS DE SADE: Estudo de caso em uma cooperativa de md io
porte
PIRACICABA
2014
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VERIDIANA APARECIDA CASON
GESTO DE CUSTOS E PREOS DE VENDAS EM OPERADORAS DE
PLANOS DE SADE: Estudo de caso em uma cooperativa de mdio
porte
Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado
Profissional em Administ rao da Faculdade de
Gesto e Negcios da Universidade Metodista de
Piracicaba como parte dos requisitos para obteno
do ttulo de Mestre em Administrao
Campo de Conhecimento:
Estudos Organizacionais e Gesto de Pessoas
Orientador:
Prof. Dr. Clvis Lus Padoveze
PIRACICABA
2014
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CASON, Veridiana Aparecida.
Gesto de Custos e preos de vendas em operadoras de plano de sade: estudo
de caso em uma cooperativa de mdio porte. Veridiana Aparecida Cason 2014.
127 f.
Orientador: Clvis Lus Padoveze
Dissertao (Mestrado Profissional em Administrao) Faculdade de Gesto de
Negcios Universidade Metodista de Piracicaba.
1. Operadora de Plano de Sade. 2. Custo Assistencial. 3. Preo de venda. 4.
Medicina Preventiva. I. PADOVEZE, Clvis Lus. II. Dissertao (Mestrado
Profissional em Administrao) - Universidade Metodista de Piracicaba. III. Ttulo:
Desafio das operadoras de plano de sade na gesto dos custos: estudo de caso
em uma cooperativa mdica de mdio porte.
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VERIDIANA APARECIDA CASON
GESTO DE CUSTOS E PREOS DE VENDAS EM OPERADORAS DE
PLANOS DE SADE: Estudo de caso em uma cooperativa de mdio
porte
Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado
Profissional em Administrao da Faculdade de
Gesto e Negcios da Universidade Metodista de
Piracicaba como parte dos requisitos para obteno
do ttulo de Mestre em Administrao
Campo de Conhecimento:
Estudos Organizacionais e Gesto de Pessoas
Data da Aprovao:
Banca examinadora:
_____________________________
Prof. Dr. Clvis Lus Padoveze (Orientador)
FGN-Universidade Metodista de Piracicaba
_____________________________
Prof. Dr. Jos Francisco Cali l
UNIMEP
____________________________
Prof. Dr. Milton Gomes Pacheco
MACKENZIE
____________________________
Dr. Luiz Pedro Prada Neto
MEDICAL
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Dedico este trabalho a Deus, minha
faml ia, meu namorado e a todos que
torcem pelo meu sucesso.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, que esteve ao meu lado em todos os momentos e permitiu que
essa vitria fosse possvel.
Ao meu pai (in memorian) e minha me, que juntos me ensinaram a ter
garra e determinao e foram os principais responsveis por todas as
minhas lutas e conquistas.
A minha me Roseli, minha irm Cint ia, meus irmos Michel e Victor e
meu namorado Ivan, por todo o apoio nos momentos de desnimo e
compreenso por minha ausncia.
Aos meus diretores Dr. Joo Carlos Rodrigues de Almeida, Dr. Luis
Carlos do Amaral Vieira e Dr. Luiz Pedro Prada Neto e a todos os
colegas de trabalho pelo companheirismo e empenho nas l iberaes
das informaes necessrias para o desenvolvimento da pesquisa , em
especial a querida Dra. Sandra Sueli Chuluc, Dra Rosa Oberstern e
Rogrio Caceze pelo apoio e contribuies despendidos para o
desenvolvimento do estudo.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Clovis Padoveze, pelo auxlio e orientao
durante o perodo desta pesquisa.
Ao Coordenador do Mestrado em Administrao da UNIMEP, Prof. Dr.
Antonio Carlos Giuliani, professores e professoras, em especial as
professoras Dra. Silvia Helena Carvalho Vallado de Camargo e Dra.
Eliciane Maria da Silva por importantes contribuies no
desenvolvimento da pesquisa e a todos os colaboradores desta
inst ituio.
Aos colegas de mestrado da turma de 2012, pelos momentos e
angstias compart i lhados durante estes aproximadamente dois anos de
intenso estudo. As parceiras de todas as horas Raphaela e Mrcia.
Enfim, agradeo a todos que, de alguma forma, contriburam na
realizao deste estudo.
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Os sonhos trazem sade para emoo,
equipam o frgil para ser autor da sua
histria, renovam as foras do ansioso,
animam os deprimidos, transformam os
inseguros em seres humanos de raro
valor. Os sonhos fazem os tmidos
terem golpes de ousadia e os
derrotados serem construtores de
oportunidades.
Augusto Cury
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RESUMO
A chegada das multinacionais na dcada de 70 ocasionou o surgimento
dos primeiros grupos de medicina , bem como os primeiros contratos
com provedores de servios mdicos para atendimentos aos
trabalhadores. Com a escassez da oferta e a baixa qualidade dos
servios oferecidos pelo sistema pblico e no auge do crescimento
econmico no Brasil , esse modelo provocou a expanso dos servios
privados da sade e das organizaes de medicina privada (plano de
sade). O objet ivo deste trabalho foi analisar a rot ina da operao dos
planos de sade, tendo como referncia os procedimentos de gesto de
custos e preo de venda, bem como as dif iculdades enfrentadas e a
necessidade de atender a regulamentao e os anseios dos
stakeholders , por meio de um estudo de caso. O principal fator
identif icado e que provoca dif iculdades na gesto de custos e preos
o aumento da expectativa de vida da populao brasileira nas lt imas
dcadas. A pesquisa mostrou que o envelhecimento populacional ,
devido transio demogrfica e epidemiolgica , impacta nos custos
de ateno sade, dando um aumento signif icat ivo na sinistralidade
das operadoras de planos de sade. A pesquisa identif icou e estudou
alguns mecanismos que podem auxil iar no controle e na gesto dos
custos e preos de vendas das operadoras . Fundamentalmente esses
mecanismos so implantao de cobrana de fator moderador e aes
de promoo e preveno de riscos e doenas voltadas alimentao
saudvel, que j esto em desenvolvimento pelas operadoras de plano
de sade. Os primeiros resultados atestam que este o caminho para
as estratgias de gesto de custos e preos de venda nas operadoras
de planos de sade.
Palavras chave: Gesto de Custos, Impacto nos Custos, Preo de
Venda, Cooperativa Mdica, Envelhecimento Populacional.
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ABSTRACT
The arrival of multinationals in the 70s led to the emergence of the f irst
medical groups, and the f irst contracts with medical service providers
for care workers. With the shortage of supply and poor quality of
services offered by the public system and at the peak of economic
growth in Brazil, this model led to the expansion of private health
services and private medical organizations (HMO). The objective of this
study was to analyze the routine operation of health plans, with
reference to the procedures for managing costs and sell ing price as
well as the dif f icult ies and the need to meet the regulat ions and wishes
of stakeholders, through a case study. The main factor identif ied and
which causes dif f icult ies in managing costs and prices is the increased
life expectancy of the population in recent decades. Research has
shown that population aging due to demographic and epidemiological
transition, impacts on the costs of health care, giving a signif icant
increase in claims from operators of health plans. The research
identif ied and studied some mechanisms that may help in the control
and management of costs and sales prices of the operators .
Fundamentally these mechanisms are deploying charging moderating
factor and promotion and risk prevention and disease focused on
healthy eating, which are already under development by issuers of
health insurance. The f irst results show that this is the way to
strategies for managing costs and sell ing prices in the operators of
health plans.
Keywords: Cost Management, Impact Cost, Sell ing Price, Medical
Cooperative, Population Aging
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Formao de preo no baseado no custo ........................60
Figura 2 Formao de preo baseado no custo ..............................60
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distr ibuio de Beneficirios por t ipo de carteira e produto ................................ ................................ ................................ .....75
Tabela 2 Beneficirios por faixa etria por t ipo de contratao ........77
Tabela 3 Custos assistenciais por faixa etria ................................80
Tabela 4 Despesas assistenciais por t ipo de contratao. ...............81
Tabela 5 Produto com internao em semiapartamento sem cobrana de fator moderador. ................................ ................................ ........83
Tabela 6 Produto com internao em semiapartamento com cobrana de fator moderador ................................ ................................ .........83
Tabela 7 Produto com internao em apartamento com cobrana de fator moderador ................................ ................................ ..............84
Tabela 8 Produto com internao em apartamento sem cobrana de fator moderador ................................ ................................ ..............84
Tabela 9 Produto sem cobertura para internao sem cobrana de fator moderador ................................ ................................ ..............85
Tabela 10 Produto sem cobertura para internao com cobrana de fator moderador ................................ ................................ ..............85
Tabela 11 Distr ibuio por t ipo de evento ................................ ......87
Tabela 12 Tabela de custos assistenciais por t ipo de despesas .......88
Tabela 13 Sinistralidade por t ipo de produto ................................ ..89
Tabela 14 Sinistralidade por faixa etria ................................ ........90
Tabela 15 Mdia de consultas por usurio por ano, despesa com consultas e receita de fator moderador por t ipo de produto ................91
Tabela 16 Comparao ndice de consulta por usurio por t ipo de produto ................................ ................................ ..........................92
Tabela 17 Pacientes atendidos pelo SAD por t ipo de doena ..........94
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Distr ibuio percentual dos beneficirios dos planos de assistncia mdica, por modalidade da operadora, segundo capital e interior (Brasil setembro/2002 e setembro/2012) ............................20
Grfico 2 Receita de contraprestao e despesa assistencial das operadoras mdico-hospitalares e Taxa de Sinistral idade (Brasil 3 trimestre/2003 a 3 trimestre/2012) ................................ .................22
Grfico 3 Brasil : Um Sculo de Mudanas na Estrutura Etria da Populao 1950 2050 ................................ ................................ ...37
Grfico 4 Receita mdia mensal por beneficirio, segundo porte das operadoras ................................ ................................ ....................76
Grfico 5 Pirmide etria dos beneficirios do plano de sade por gnero (Brasil, 2012) ................................ ................................ .....78
Grfico 6 Pirmide etria dos beneficirios do plano regulamentado 79
Grfico 7 Gasto mdio por internao e por consulta de planos privados de assistncia mdica (Brasil 2007 2011) ......................88
Grfico 8 Mdias de consultas por beneficirios em 2012 ...............91
Grfico 9 Liquidez corrente por cobertura assistencial das operadoras (Brasil dezembro/2009-setembro/2012) ................................ .........95
Grfico 10 Endividamento por cobertura assistencial das operadoras (Brasil dezembro/2009-setembro/2012) ................................ .........96
Grfico 11 Retorno sobre o patrimnio l quido por cobertura assistencial das operadoras (Brasil dezembro/2009-setembro/2012) ................................ ................................ ................................ .....97
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Condutas e Objet ivos da Assistncia Domici l iar ...............42
Quadro 2 Mtodo de custeio ................................ .........................53
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ANS Agncia Nacional de Sade
ABC Activity Based Costing
CNAE Cadastro Nacional de Atividades Econmicas
CNAS Conselho Nacional de Assistncia Social
DCNT doenas crnicas no transmissveis
HSPESP Hospital do Servidor Pblico Estadual de So Paulo
IAP Inst ituto de Aposentadorias e Penses
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IESS Inst ituto de Estudos de Sade Suplementar
MS Meta de Sinistral idade
NTRP Nota Tcnica de Registro de Produtos
NTAP Nota Tcnica Atuarial de Provises
OMS Organizao Mundial de Sade
OPS Operadora de Plano de Sade
RDC Resoluo da Diretoria Colegiada
S Sinistralidade
SAMDU Servio de Assistncia Mdica Domicil iar e de Urgncia
SUS Sistema nico de Sade
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SUMRIO
1 INTRODUO .......................................................................................... 16
1.1 Problema de pesquisa ............................................................................ 25
1.2 Objetivo geral .......................................................................................... 27
1.3 Objetivos especficos ............................................................................. 27
1.4 Pressupostos ........................................................................................... 27
1.5 Justificativa.............................................................................................. 27
1.6 Metodologia ............................................................................................. 29
1.7 Estrutura do trabalho .............................................................................. 31
2 REVISO DA LITERATURA .................................................................... 32
2.1 Caracterstica dos servios de sade ................................................... 32
2.1.1 Envelhecimento populacional e a transio demogrfica ................... 34
2.1.2 Estratgia e melhoria de desempenho .................................................. 39
2.1.3 Assistncia Domiciliar ............................................................................ 43
2.2 Gesto de custos e preos de venda .................................................... 47
2.2.1 Gesto de custos .................................................................................... 48
2.2.1.1 Gesto de custos nos servios de sade ............................................. 54
2.2.1.1.1 Indicadores econmico-financeiros ........................................................... 57
2.2.2 Gesto de preos de venda .................................................................... 59
2.2.2.1 Gesto de preos de venda em servios de sade .............................. 63
2.2.2.1.1 Risco ......................................................................................................... 65
2.2.2.1.2 Reservas Tcnicas .................................................................................... 67
2.2.2.1.3 Clculo Atuarial ......................................................................................... 68
2.2.2.1.4 Formao de Preo .................................................................................. 70
3 ESTUDO DE CASO .................................................................................. 72
3.1 Histrico ................................................................................................... 72
3.2 Caractersticas da carteira de beneficirios, produtos e resultados .. 74
3.3 Da gesto dos custos ............................................................................. 85
3.4 Da gesto do preo de venda ................................................................. 97
4 ANLISE DOS DADOS E APURAO DOS RESULTADOS
ENCONTRADOS .................................................................................... 100
4.1 Melhorias dos resultados ... ......... ... .. .......... ........ ........ .....108
5 CONSIDERAES FINAIS .................................................................... 105
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 108
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1 INTRODUO
Os primeiros grupos dedicados medicina surgi ram no Brasil
com a chegada das indstrias mult inacionais. Na dcada de 1960
grandes empresas automobilsticas foram atradas para a regio do
ABC Paulista e, logo que se instalaram, perceberam que havia
insuficincia na prestao de servios de sade para seus
trabalhadores. Na poca o servio era prestado pelos IAPs - Institutos
de Aposentadorias e Penso. (BERTOLI FILHO, 1996)
Desejando proporcionar aos seus trabalhadores um
atendimento mdico-hospitalar nos padres de suas matrizes norte -
americanas e europeias e preocupadas com a queda na produtividade
provocada por faltas e afastamentos no trabalho devido falta ou
deficincia na assistncia sade, essas empresas incentivaram a
criao dos primeiros grupos mdicos no Brasil.
O primeiro contrato de atendimento assistencial diferenciado
entre uma empresa e um provedor de servios mdicos privados no
trouxe bons resultados e a iniciat iva s fez aumentar a presso das
empresas e trabalhadores por uma assistncia privada. Assim, as
empresas assumiram a assistncia mdica dos seus trabalhadores e ,
para tanto, atraram a formao de grupos de mdicos que proviam a
assistncia aos seus trabalhadores, formando-se o que f icou conhecido
como convnio homologado.
Na dcada de 1970, diante da escassez da oferta e a baixa
qualidade dos servios oferecidos pelo sistema pblico e no auge do
crescimento econmico no Brasil (Perodo do Milagre), esse modelo
provocou, em grande medida, a expanso avassaladora dos servios
privados de sade e das organizaes de medic ina privada (planos de
sade).
At a dcada de 1980 os planos de sade estavam voltados,
quase que exclusivamente, para o cliente empresa. Eram planos
coletivos acessveis somente aos trabalhadores formalmente
contratados. A part ir da segunda metade dos anos 1980 as operadoras
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de planos de sade captaram a demanda de cl ientes individuais, bem
como a de trabalhadores formalmente empregados que no estivessem
envolvidos com os planos privados coletivos, como , por exemplo, os
funcionrios de algumas empresas da administrao pblica.
(FONSECA, 2004)
Com o passar do tempo, observou-se que o mercado de plano
de sade, embora f lexvel e criat ivo, poderia dar margem a prticas
ilegais se no tivesse uma superviso apropriada. Devido grande
diversidade dos contratos e das coberturas oferecidas, muitos usurios
f icavam sem saber quais eram seus direitos como consumidor. Era
evidente, portanto, a necessidade de regulao governamental para
garantir a segurana, o equil brio e a qualidade bsica do setor
privado.
Assim, a criao de legislao espec f ica no s
homogeneizou os benefcios dos novos contratos de planos e seguros
de sade vendidos, como ampliou a cobertura assistencial destes
atravs da no permisso de excluso de patologias, da cobertura
il imitada de d ias de internao e da l ista de procedimentos de
cobertura obrigatria, incluindo transplantes de rim e crnea e doenas
mentais. O acesso ampliou-se para os portadores de doenas e
patologias pre-existentes, com o sistema de agravo ou cobertura
parcial temporria e proibio da recusa do cl iente em razo da idade
pelas operadoras de sade. (MONTONE, 2003)
Ock-Reis (2005) af irma que a padronizao dos planos de
sade, criada com a regulamentao, tornou o produto das operadoras
diferente daquele que era oferecido antes dela, impossibil itando a
seleo de riscos e a limitao de coberturas.
Desta forma, o Governo interveio e a regulao do setor
consolidou-se a partir de 1998, atravs da Lei 9.656/98, que
determinou regras para os planos privados de assistncia sade e
introduziu novas pautas no mercado, como a ampliao de cobertura
assistencial, o ressarcimento ao Sistema nico de Sade (SUS), o
registro das operadoras, o acompanhamento de preos pelo governo, a
obrigatoriedade da comprovao de solvncia e reservas tcnicas,
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entre outras. A competncia de regulamentar e f iscalizar o cumprimento
dessas regras cabia Agncia Nacional de Sade Suplementar (ANS),
uma autarquia com autonomia administrativa, f inanceira e patrimonial
vinculada ao Ministrio da Sade, criada pela Lei 9.961/2000. A ANS
incorporou outras atribuies , como a de monitorar a evoluo de
preos de planos de assistncia sade, seus prestadores de servios
e insumos, autorizar os processos de ciso, fuso, incorporao,
alterao ou transferncia do controle acionrio e a articulao com os
rgos de defesa do consumidor.
Segundo a RDC n 39, de 27 de outubro de 2000, as
operadoras de plano mdico-hospitalar foram classif icadas nas
seguintes modalidades jurdicas:
administradora;
cooperativa mdica;
cooperativa odontolgica;
autogesto;
medicina de grupo;
odontologia de grupo;
f i lantropia.
As cooperativas mdicas so sociedades de pessoas, sem f ins
lucrativos, que operam planos privados de assistncia sade. Os
mdicos so, simultaneamente, associados e prestadores de servios,
recebendo tanto pela sua produo individual, como pela diviso d as
sobras da cooperativa. A organizao da assistncia bastante
semelhante medicina de grupo, porm, em sua maioria, estas no
oferecem assistncia em servios prprios, contratando servios
mdicos de terceiros ou credenciando mdicos, hospitais e servios
auxil iares de diagnstico e terapia. O beneficirio vincula -se ao plano,
mediante pr-pagamento e tem direito cobertura prevista
contratualmente.
As autogestes so associaes de pessoas fsicas ou
jurdicas - as fundaes, sindicatos e entidades de classes
prof issionais - que operam planos de assistncia sade ou empresas
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que, por intermdio de seu departamento de recursos humanos,
responsabil izam-se pelo plano privado de assistncia sade,
destinado, exclusivamente, a oferecer cobertura aos empregados
ativos, aposentados, pensionistas ou ex-empregados, bem como a seus
respectivos grupos familiares definidos. Essa modalidade no possui
f ins lucrativos e a modalidade dominante nas empresas estatais e
rgos da administrao pblica que, em muitos casos, criam
inst ituies privadas para a gesto da assistncia.
As f i lantrpicas so as entidades sem f ins lucrat ivos que
operam planos privados de assistncia sade e possuem cert if icado
de entidade f i lantrpica junto ao Conselho Nacional de Assistncia
Social (CNAS) e declarao de util idade pblica federal, junto ao
Ministrio da Justia, ou declarao de util idade pblica estadual ou
municipal, junto aos rgos dos governos estaduais e municipais. So,
por exemplo, e principalmente, os planos de sade comercial izados por
Santas Casas.
As administradoras de planos so as empresas que
administram exclusivamente Planos Privados de Assistnci a Sade e
que, portanto, no assumem o risco decorrente da operao desses
planos, nem possuem rede prpria, credenciada ou referenciada de
servios mdico-hospitalares ou odontolgicos. So especial izadas em
manter o cadastro de usurios, contratar e manter a rede de
provedores, receber, processar, pagar contas e emitir relatrios de
desempenho.
Segundo informaes coletadas no site da ANS, no caderno
de informao da sade suplementar, publicado em dezembro de 2012,
havia no Brasil, em setembro de 2012, 1.542 operadoras com registro
na ANS, das quais 1.338 possuem beneficirios, divididas entre 1.016
operadoras mdico-hospitalares e 370 operadoras exclusivamente
odontolgicas, responsveis pela assistncia de, aproximadamente, 48
milhes de beneficirios .
De acordo com o Foco Sade Suplementar (ANS, 2012), as
modalidades de cooperativas mdicas tm aumentado sua participao
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ao longo dos lt imos 10 anos, enquanto que as autogestes foram as
que mais perderam participao no mercado da sade suplementar.
GRFICO 1 Distribuio percentual dos beneficirios dos planos de assistncia mdica, por modalidade da operadora, segundo capital e interior (Brasil setembro/2002 e setembro/2012)
Fonte: Foco Sade Suplementar (ANS, 2012)
No Grfico 1, possvel analisar a distr ibuio dos
beneficirios em operadoras de plano de sade e o crescimento na
modalidade de cooperativas mdicas que correspondem a clculo
(35,7%) do mercado, bem prximo s medicinas de grupo, que com
37,7% ainda representam a maior fatia, quando considerado o Pas
como um todo.
A teoria econmica neoclssica assume que para um mercado
ser considerado competit ivo necessrio a premissa da perfeita
informao entre compradores e vendedores. O consumidor de planos
de sade trabalha com informao assimtrica em relao qualidade
dos servios ofertados por operadoras e prestadores, assim como as
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operadoras no conhecem as necessidades e a vontade de util izao
de servios de sade por parte de seus beneficirios . (FONSECA,
2004)
Complacncia na administrao dos servios, descuido com a
qualidade, negligncia com as necessidades dos cl ientes e ateno
voltada somente para a orientao f inanceira em curto prazo so
fatores que contribuem para comprometer o setor de se rvios na
economia. (FITZSIMMONS e FITZSIMMONS, 2000) Alm disso, existe a
obrigatoriedade de assistncia integral sade, a proibio da
resciso unilateral dos contratos e reajustes controlados para os
planos individuais . (MOREIRA, 2004)
Nesse mercado bastante competit ivo, com normativas criadas
para reajuste de produtos que no permitem o repasse dos aumentos
dos custos assistenciais dos contratos j comercializados acima dos
ndices estabelecidos pela ANS, diante da impossibil idade de
rompimento dos contratos deficitrios e da excluso de cobertura de
determinados procedimentos de alto custo que pudessem ajudar no
equil brio econmico-f inanceiro e atuarial da carteira, as operadoras
precisam direcionar seus esforos a desenvolver estratgias de
controles acirrados em seus custos.
Vale lembrar que as operadoras de plano de sade baseiam -
se na cobrana antecipada de contraprestao pecuniria em
contrapartida obrigao de prover recursos mdicos curativos e
preventivos ao usurio, quando necessrio.
Segundo informao do Foco Sade Suplementar (ANS, 2012),
no terceiro trimestre de 2012, registrou -se a maior taxa de
sinistral idade desde 2003, sendo 85,8%, resultado da receita de R$
67,3 bilhes, representando um crescimento de 5,8% e a despesa
assistencial que totalizou R$ 57,7 bilhes, com um aumento de 9,7%,
em relao ao terceiro tr imestre de 2011.
O Grfico 2 demonstra as informaes do Foco Sade
Suplementar.
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GRFICO 2 Receita de contraprestao e despesa assistencial das operadoras mdico-hospitalares e Taxa de Sinistralidade (Brasil 3 trimestre/2003 a 3 trimestre/2012)
Fonte: Foco Sade Suplementar (ANS, 2012)
A sobrevivncia das organizaes depende cada vez mais das
prticas gerenciais de apurao, anlise, contro le e gerenciamento dos
custos de produo dos bens e servios, principalmente no atual
ambiente de extrema competio. (OLIVEIRA e PEREZ JUNIOR, 2000)
As operadoras necessitam conhecer os seus custos. Como
lembram Beulke e Bert (2000) o esforo de control e de custos
sobremodo relevante para a sobrevivncia de diferentes instituies de
sade, que dependem acentuadamente das receitas oriundas de
repasses. Nesse sentido, vrias ferramentas gerenciais podem ser
util izadas, como por exemplo, a prpria contab il idade, os mtodos
adequados de custeios e melhor aproveitamento das possibil idades ,
associados gesto de custos nas instituies de sade.
Porter e Teisberg (2004) alertam que minimizar custos em
servios de sade pode levar a resultados contraproduce ntes. A
economia de custos deve advir de reais ef icincias na prestao de
servios e no na restrio de tratamentos ou na reduo da sua
qualidade.
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Kaplan, Montico e Velarde (2005) acrescentam tambm que os
produtos das empresas de servios em sade so intangveis e no
homogneos, o que dif iculta o clculo do custo dos servios. As
operadoras de planos de sade calculam os custos dos tratamentos a
serem prestados a uma dada populao a part ir da incidncia e
prevalncia de uma taxa histrica de util izao. Em uma grande
populao esses dados podem ser previstos a partir de dados
estatst icos. Os custos assistenciais necessrios aos diversos
tratamentos e preveno tambm podem ser obtidos por meio de
dados do mercado.
De acordo com Vendramini (2001) essas situaes esto
diretamente l igadas ao clculo atuarial feito quando do incio da
comercializao. Ressalte -se, ainda, que esse clculo envolve mtodo
probabilst ico, formado pela avaliao do preo das coberturas
ofertadas, da idade do usurio e dos custos e efeitos de doenas e
acidentes. No h, ento, como estabelecer um custo a partir da
simples avaliao das receitas e despesas.
O mercado de servios mdicos deve ser estudado. O
conhecimento dos custos assistenciais auxilia no planejamento e
tomada de deciso, possibi l i tando analisar a relao custo x benefcio,
comparando os custos de terceiros com os prprios. Muitos podem ser
os fatores de risco que contribuem para o aumento dos custos
assistenciais mais que proporcionalmente s contraprestaes
pecunirias, tais como:
mudanas na legislao - obrigatoriedade de
constituio de garantias f inanceiras, incorporao de
novos procedimentos no rol de coberturas obrigatrias,
portabilidade, adaptao de contratos;
avano da tecnologia mdica - surgimento de novos
equipamentos e expanso dos servios para melhorar
diagnsticos e tratamentos;
recursos humanos - novas prof isses, necessidade de
capacitao prof issional e especializaes;
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envelhecimento populacional e mudana do perf i l
epidemiolgico- custos mais altos relacionados aos
tratamentos na terceira idade.
Wong e Carvalho (2006) revelam que, ao mesmo tempo em
que polt icas de sade foram responsveis, em parte, pela reduo da
taxa de fecundidade, tambm contriburam para o aumento da
expectativa de vida. As projees so que at 2050 cerca de 20% da
populao brasileira tero 65 anos ou mais. O aumento da participao
das pessoas idosas na composio da sociedade um desafio ao
observarmos a desigualdade de distribuio de renda e de servios
sociais no Brasil.
O aumento da expectativa de vida tem exigido alternativas de
atendimento, orientao e acompanhamento. Dentre elas, destaca -se o
cuidado com a sade, que se constitui em prt ica amplamente
difundida nos meios acadmicos e cientf icos.
Segundo Schmidt et al (2012), a mudana do perf i l
epidemiolgico no Brasil , com predominncia das doenas no
transmissveis, foi uma consequncia da urbanizao, das melhorias
nos cuidados com a sade, da mudana do esti lo de vida e da
globalizao. O cresc imento da renda, a industrial izao, a
mecanizao da produo, o maior acesso a al imentos em geral,
incluindo os processados, e a adoo de hbitos no saudveis
produziram rpida transio nutricional, expondo a populao cada vez
mais ao risco de doenas crnicas.
O movimento da curva etria brasi leira registra um aumento
na expectativa de vida populacional e, com isso, um crescimento na
prevalncia de doenas crnicas, trazendo implicaes para a
sustentabilidade do setor de sade suplementar.
As condies de sade da populao idosa podem ser
determinadas por meio dos perf is de morbidade e de mortalidade, da
presena de deficits f sicos e cognitivos, uti l izao de servios de
sade e da percepo do estado de sade . (LIMA-COSTA; BARRETO e
GIATTI, 2003)
-
25
Diante desse cenrio, as operadoras de planos de sade,
visando ao equil brio econmico-f inanceiro e consequentemente a sua
sobrevivncia no mercado, sem perder de vista a preocupao com a
qualidade de vida de seus usurios, tm desenvolvido mecanismos
regulatrios, como coparticipao, autorizao prvia, central de
regulao, porta de entrada, home care , atendimento domici l iar, dentre
outros, conhecidos como ferramentas de gesto, com o objetivo de
racionalizar a ut i l izao dos servios oferecidos, controlar os custos e
cuidar da manuteno da qualidade da assistncia oferecida.
Esta dissertao, do tipo exploratrio, se desenvolve atravs
de pesquisa bibl iogrf ica e estudo de caso em uma operadora de plano
de sade de mdio porte, procurando conhecer e analisar as
contribuies existentes, desenvolver conceitos para a formulao de
novas abordagens e mecanismos que auxiliaro no controle e na
gesto dos custos e preos de vendas das operadoras de plano.
1.1 Problema de pesquisa
Todo o mercado empresarial tem se preocupado com o
gerenciamento de risco, custos e de sobrevivncia diante das situaes
de instabil idade econmico f inanceira e constantemente redesenham
suas estratgias para manter o equil brio de suas organizaes.
Com as operadoras de planos de sade no poderia ser
diferente. O grande desafio das operadoras de sade, no importa seu
porte, sua modalidade jurdica ou seu tempo de existncia no mercado,
que todas comparti lham da busca por maior competit ividade e
diminuio do risco de sua cartei ra. Muitos so os riscos que assumem,
sejam relacionados com comercializao de produtos, relacionamento
com seus prestadores e clientes, sejam de ordem jurdica, de ordem
econmico-f inanceira e tambm de ordem demogrfica.
Um beneficirio no pode garanti r isoladamente os recursos
f inanceiros necessrios para cobrir o custo de todos os tratamentos
mdicos de que possa necessitar durante a vida, pois a ocorrncia da
doena ou o custo de seu tratamento no pode ser previsto. Da a
-
26
busca das operadoras pela manuteno e crescimento de sua
participao no mercado, com o objetivo incessante de suas
contraprestaes pecunirias serem maiores do que seus custos
assistenciais e, assim, obterem lucratividade ou aumento de
lucratividade.
Sampaio (2010) af irma que o consumidor, ao contratar plano
de sade, transfere para a operadora o risco do custo da assistncia
mdica, hospitalar ou odontolgica, t rocando a possibi l idade de uma
grande perda pelo pagamento de uma contraprestao pecuniria
peridica. A operadora, por sua vez, distribui esse custo entre todos os
seus consumidores, j que, a rigor, ser suportado pelo fundo formado
a partir das contraprestaes de todos. Nesse sentido possvel falar
numa solidariedade colet iva como substrato dos planos de sade, pois
diante da impossibil idade de evitar por completo os riscos decorrentes
dos males que ameaam a sua higidez, o consumidor opta por parti lh -
los com outros.
Dependendo da carteira de beneficirios da operadora de
plano de sade, um nico evento de alto custo pode desequil ibrar os
f luxos f inanceiros, de forma a abalar sua viabilidade econmica, desta
forma, a impossibil idade de est imar os riscos e a grande instabil idade
dos gastos so fatores que dif icultam a gesto de planos de sade com
pequeno nmero de beneficirios.
Para sobrevivncia nesse mercado bastante competit ivo,
diante deste cenrio com tantas particularidades, com normativas que
regulam, monitoram e f iscalizam as coberturas assistenciais mnimas
exigidas e os ndices mximos de reajustes dos preo s dos produtos e
tantos outros desafios, as operadoras precisam direcionar seus
esforos para desenvolver estratgias de controles acirrados para seus
custos, visto seu poder restrito na gesto dos preos.
Assim, o trabalho de pesquisa se prope a responder: quais
os principais mecanismos de controle e gerenciamento dos custos
de servios utilizados pela operadora de plano de sade para
manter-se no mercado?
-
27
1.2 Objetivo geral
Identif icar os mecanismos de controles e gerenciamentos que
auxil iam na gesto dos custos dos servios e preo de vendas em
operadoras de plano de sade part indo de um estudo de caso.
1.3 Objetivos especficos
a. Revisar a l iteratura existente e apresentar a estrutura de
uma operadora de plano de sade.
b. Determinar os principais fatores que impactam na gesto
dos custos dos servios e preos de venda de uma
operadora de plano de sade.
c. Analisar a cobrana de fator moderador e seu impacto
na gesto dos custos.
d. Avaliar os conceitos do servio de atendimento
domici l iar como alternativa ef icaz nos resultados
f inanceiros.
1.4 Pressupostos
A otimizao da assistncia por meio da cobrana de fator
moderador reduz custos.
Os servios de atendimento domici l iar so autof inanciveis e
contribuem para melhores resultados da operadora.
1.5 Justificativa
A escolha do assunto se deu a partir da experincia
prof issional da autora como gestora de operadora de plano de sade.
Esta experincia, de mais de 12 anos, permite a anlise, sob o ponto
de vista da operadora, de como a rotina da operao, as dif iculdades
-
28
enfrentadas, a necessidade de atender a regulao e os anseios dos
stakeholders1.
O cenrio empresarial tem se apresentado extremament e
competit ivo. As empresas se veem s voltas com o desafio de
sobrevivncia, buscando formas de melhorar sua lucratividade e
manter-se operando com a adequada util izao dos recursos de que
dispem, diante de inmeras dif iculdades vivenciadas.
Com a regulamentao dos planos de sade pela Lei 9.656/98
e a criao da Agncia Nacional de Sade Suplementar pela Lei
9.961/2000, entre muitas outras regulaes, passaram a ser
controlados os reajustes de preos e o rol de procedimentos cobertos
pelos contratos, que possui reviso prevista a cada dois anos, com
consequente incluso de novos procedimentos.
O movimento da curva etria brasi leira registra um aumento
na expectat iva de vida populacional, com isso um crescimento na
prevalncia de doenas crnicas, trazendo implicaes para a
sustentabilidade do setor de sade suplementar. A elevao dos gastos
com sade parece estar diretamente associada ao efeito da idade e a
outro fator considerado importante, a proximidade da morte . (ZWEIFEL
et al., 1999)
Em funo da idade e da maior concentrao de pessoas
morrendo em idades mais avanadas a proximidade da morte seria,
nesses casos, o fator que explicaria grande parte do aumento dos
gastos. (SESHAMANI e GRAY, 2004)
Com a evoluo do segmento sade, a cada dia surgem
inovaes tecnolgicas e procedimentos cada vez mais complexos, os
quais muitas vezes demandam equipamentos de lt ima gerao e alta
capacitao prof issional, o que nem sempre traz benefcios f inanceiros
organizao, porm inevitvel para melhorar a qualidade da
assistncia mdica e de vida dos beneficirios.
1 Stakeholders: uma pessoa ou um grupo, que legitima as aes de uma organizao e que tem um
papel direto ou indireto na gesto e resultados dessa mesma organizao.
-
29
Todas essas situaes devem ser consideradas como um sinal
de alerta, em razo do agravamento que podem causar nos custos
assistenciais, devendo os gestores estarem atentos s informaes de
custo x benefcio, de forma a obterem resultados econmico -f inanceiros
satisfatrios sem prejuzo da assistncia.
De acordo com Sell et al. (2008), a gesto de custos, pela
qualidade das informaes produzidas, pode oferecer benefcios
maiores do que os procedimentos metodolgicos de apurao dos
custos. Toda empresa precisa, como procedimento geral, da reduo
de custos de forma contnua, o que just if ica a implantao de
programas permanentes nas empresas, muitas vezes, como meio de
manuteno dos produtos e servios . (PACHECO, 2010)
O estudo contribuir com a apresentao de mecanismos que
auxil iaro no controle e na gesto dos custos assistenciais e preo de
venda das operadoras de plano.
1.6 Metodologia
A pesquisa pode ser considerada um procedimento formal ,
com mtodo de pensamento ref lexivo , que requer um tratamento
cientf ico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou pa ra
descobrir verdades parciais. Signif ica muito mais do que apenas
procurar a verdade: encontrar respostas para questes propostas,
uti l izando mtodos cientf icos. (MARKONI e LAKATOS, 2006, p.43)
De acordo com Cervo e Bervian (2002) a pesquisa
bibl iogrf ica busca explicar um problema a part ir de referncias
tericas publicadas em documentos, procurando conhecer e analisar as
contribuies culturais ou cientf icas do passado existente sobre um
determinado tema.
A pesquisa bibliogrf ica feita em bibl iograf ia j publicada.
Sua f inalidade colocar o pesquisador em contato direto com tudo que
foi escrito sobre determinado assunto. (TRUJILLO, 1974) A reviso de
literatura consiste em identif icar, obter e consultar a bibliograf ia e
outros materiais dos quais se deve extrair ou recompilar a informao
-
30
relevante e necessria para o problema de pesquisa . (SAMPIERI et al,
2006)
A tipologia desta pesquisa, quanto aos objet ivos,
classif icada como descrit iva, porque identif ica, registra, analisa,
classif ica e interpreta os dados. Os estudos descrit ivos procuram
especif icar as propriedades, as caracterst icas e os perf is importantes
de pessoas, grupos, comunidades ou qualquer outro fenmeno que se
submeta anlise. (DANHKE, 1989) Em um estudo descrit ivo
seleciona-se uma srie de questes e mede-se ou coleta-se informao
sobre cada uma delas, para assim descrever o que se pesquisa .
(SAMPIERI et al., 2006)
Segundo Sampieri et al. (2006), na pesquisa quantitativa
util izada a coleta de dados para testar os pressupostos, com base na
medio numrica e na anlise estatstica , para estabelecer padres de
comportamento. Na pesquisa qualitat iva uti l izada a coleta de dados,
sem medio numrica, para descobrir ou aperfeioar questes de
pesquisa e possvel, ou no, provar hipteses em seu processo de
interpretao. O enfoque qualitat ivo busca principalmente disperso
ou expanso dos dados ou da informao; enquanto o quantitativo
pretende intencionalmente delimitar a informao (medir com preciso
as variveis do estudo, ter foco).
Quanto abordagem do problema, trata -se de uma pesquisa
qualitat iva e quantitativa, cujo objet ivo identif icar aes de ateno
sade no setor privado de planos de assistncia sade e quais
mecanismos de controle e gerenciamento dos custos util izados pelas
operadoras de plano de sade, para manter -se no mercado.
Como procedimento metodolgico o trabalho foi desenvolvido
atravs de pesquisa bibliogrf ica, documental e estudo de caso em
uma cooperativa mdica de mdio porte localizada no interior de So
Paulo que est submetida Lei 9.656/98, regulada pela Agncia
Nacional de Sade Suplementar (ANS). Para a elaborao, uti l izou -se
de informaes extradas de relatrios gerenciais emit idos no sistema
de gesto da operadora. As informaes coletadas condizem com
relatrios auditados por auditores independentes, bem como podem ser
-
31
parcialmente encontradas no portal da ANS. Os dados demonstrados e
analisados nesta pesquisa referem-se ao ano de 2012.
1.7 Estrutura do trabalho
O presente estudo composto por quatro captulos , mais a
concluso.
No primeiro captulo desenvolvida a parte introdutria, com
a apresentao do problema, objetivos, just if icativa, hipteses e
procedimentos metodolgicos.
O segundo captulo aborda o referencial terico para
sustentao da pesquisa, com destaque aos seguintes temas: setor de
sade suplementar, gesto dos custos dos servios e preos de venda,
envelhecimento populacional e mudana do perf i l epidemiolgico ,
servio de atendimento domici l iar.
No terceiro captulo desenvolvido o estudo de caso da
operadora, apresentando as caractersticas da empresa .
No quarto captulo so realizadas as anlises dos dados
pesquisados e a apurao dos resultados encontrados.
O lt imo captulo apresenta as consideraes f ina is,
l imitaes da pesquisa e as sugestes para futuros estudos sobre o
tema e, ao f inal do trabalho, so apresentadas as referncias ut il izadas
ao longo do estudo.
-
32
2 REVISO DA LITERATURA
2.1 Caracterstica dos servios de sade
A expresso Servios, originariamente conhecida como setor
Tercirio por Fisher em 1933, foi introduzida por Clark, na publicao
da terceira edio de sua obra The conditions of economic progress,
por consider-la mais apropriada grande evoluo e diversidade de
atividades que surgiram com o desenvolvimento econmico . (CLARK,
1940 e 1950) Servios so atos, processos e desempenho de aes.
(ZEITHAML, 1996)
O setor de servios inclui todas as at ividades econmicas que
apresenta valor adicionado para o consumidor, cujo resultado n o um
produto fsico, pois simultaneamente produzido e consumido .
(GONALVES, 1994)
Na viso de Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), o crescimento
no setor de servios est relacionado ao estimulo oriundo da inovao
e de tendncias sociais baseadas na transformao demogrfica e
complementam em 2000, que os servios representam a fora vital de
transio em uma economia globalizada, que nos lt imos 90 anos
deixou de ser predominantemente baseada na manufatura.
Levitt (1976) af irma que assim como na indstr ia, para
ef icincia em servios, pode-se necessitar de investimentos em
equipamentos e rea fsica, sendo necessrio tambm, planejamento e
controle dos processos e treinamento das pessoas envolvidas.
So muitas as definies de servios, mas todas contm o
tema intangibil idade em comum. Zeithaml et al. (1985) destacam quatro
caractersticas para a gesto de servios:
Intangibi l idade: o desempenho no um objeto que pode
ser tocado como um produto.
Inseparabilidade de produo e consumo: o servio
vendido para depois ser produzido e consumido
simultaneamente, ao contrrio de produtos que so
fabricados e depois vendidos para o consumo.
-
33
Heterogeneidade: grau de variabil idade dos servios.
Perecibi l idade: um servio no pode ser estocado, desta
forma h dif iculdade em adequar o fornecimento
demanda.
Os servios so como um ato, uma ao, atividades que no
esto relacionadas transferncia de um produto, mas sim a
experincias que o cliente vivencia . (LOVELOCK e WRIGHT, 2001; LAS
CASAS, 2002; KOTLER E ARMSTRONG, 2003; OLIVEIRA, 2004) So
desempenhados por prestadores ou provedores com o intuito de suprir
uma necessidade ou um desejo de seus clientes, tendo como
caracterstica peculiar o fato de apresentar uma natureza intangvel .
(LOVELOCK e WRIGHT, 2001; GRNROOS, 2004) Etzel et al. (2001)
destacam, tambm, como objet ivo central da transao de servios o
atendimento de necessidades ou de desejos dos cl ientes, ressaltando a
importncia da satisfao dos mesmos.
De acordo com Singer et al. (1988), servios de sade so os
que tratam do exerccio da medicina, da odontologia e outras
atividades cujo objetivo seja preservar ou restaurar a sade da
populao.
Segundo o Cadastro Nacional de Atividades Econmicas -
CNAE (IBGE, 2008) so classif icados como servios de sade: a)
atendimento hospitalar e em pronto socorro; b) clnicas de atendimento
mdico e odontolgico; c) laboratrios; d) servios de diagnstico; e)
enfermagem; f) nutrio; g) psicologia; h) fonoaudiologia e i)
f isioterapia.
Atualmente a organizao hospitalar uma das mais
complexas, composta de diversas reas e subreas , em que uma
equipe mult idisciplinar com elevado grau de autonomia, executa
atividades extremamente diversif icadas para dar assistncia sade
em carter preventivo, curat ivo e reabil itador a pacientes em regime de
internao. (AZEVEDO, 1993; COUTO e PEDROSA, 2007)
Em um hospital esto reunidos servios e situaes
simultneas: hotelaria, lavanderia, servios mdicos, l impeza,
-
34
vigi lncia, restaurante, recursos humanos tcnicos e n o tcnicos,
entre outros. (COUTO e PEDROSA, 2007)
Segundo Mishra e Vaysman (2001), para o planejamento,
controle operacional e tomada de deciso, as informaes sobre a
gesto da empresa so imprescindveis, porm em razo da
especif icidade dos servios em sade, essas informaes e
ferramentas util izadas requerem cuidados adicionais, visto estarem
relacionadas promoo da sade e o bem-estar dos pacientes.
(EVANS III et al. , 2001)
2.1.1 Envelhecimento populacional e a transio demogrfica
Envelhecimento populacional um fenmeno natural,
irreversvel e mundial definido como a mudana na estrutura etria da
populao. No Brasil , as modif icaes se do de forma radical e
bastante acelerada, o que produz um aumento do peso relativo das
pessoas acima de determinada idade, considerada como definidora do
incio da velhice. (CARVALHO e GARCIA, 2003) definida como idosa
a pessoa que tem 60 anos ou mais de idade. (BRASIL, 2010)
Segundo projees estatsticas da Organizao Mundial de
Sade (OMS, 1998), no perodo de 1950 a 2025, o grupo de idosos no
pas dever ter aumentado em quinze vezes, enquanto a populao
total em cinco. Assim, as projees indicam que, em 2020, o Brasil
ocupar o sexto lugar quanto ao contingente de idosos, com cerca de
30 milhes de pessoas com 60 anos ou mais de idade e que, at 2050,
cerca de 20% da populao brasileira ter 65 anos ou mais.
(CARVALHO e GARCIA, 2003) O aumento da part icipao das pessoas
idosas na composio da sociedade um desafio, ao observarmos a
desigualdade de dist r ibuio de renda e de servios sociais no Brasil .
(WONG e CARVALHO, 2006).
O ndice de envelhecimento (nmero de pessoas idosas para
cada 100 indivduos jovens) passou de 21 em 1991 para 35,4 em 2003 .
(IBGE, 2004c)
-
35
O Brasil em 2012 um jovem pas de cabe los brancos. Todo
ano, 650 mil novos idosos so incorporados populao brasileira, a
maior parte com doenas crnicas e alguns com l imitaes funcionais.
De 1960 a 1975, o nmero de idosos passou de 3 milhes para 7
milhes e, em 2006, para 17 milhes - um aumento de 600% em menos
de 50 anos. (VERAS, 2007)
A populao idosa brasileira tem crescido de forma rpida e
em termos proporcionais. Dentro desse grupo, os denominados "mais
idosos, muito idosos ou idosos em velhice avanada" (acima de 80
anos), tambm vm aumentando proporcionalmente e de maneira mais
acelerada, constituindo o segmento populacional que mais cresce nos
lt imos tempos, sendo hoje mais de 12% da populao idosa, segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatst ica . (IBGE, 2008).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
(IBGE, 2010), no ano de 2000, o contingente de pessoas com mais de
60 anos, no Brasil , alcanava cerca de 15 milhes, e at o ano de
2010, a proporo de idosos aumentou de 8,6% para 11%, sendo que,
no grupo etrio com 80 anos ou mais, o crescimento chegou a quase
65%. Em nmeros absolutos, alcanamos em 2010 mais de 20 milhes
de idosos.
Esse processo, do ponto de vista puramente demogrfico,
deve-se unicamente ao rpido e sustentado declnio da fecundidade.
(CARVALHO e GARCIA, 2003)
Desde o sculo XIX, o Brasil caracterizou -se pela prevalncia
de altas taxas de natalidade e, tambm, de mortalidade. Na dcada de
1940, teve incio a queda das taxas de mortalidade, com a permanncia
das altas taxas de natalidade, ocasionando elevadas taxas de
crescimento populacional: 2,39%, na dcada de 1940 e 3,04% na
dcada de 1950. As taxas de natal idade somente entram em declnio
em meados da dcada de 1960, quando se inicia a paulatina difuso
dos mtodos anticonceptivos orais no Brasil . (IBGE, 2009)
Entre 1960 e 2000, o Brasil experimentou uma reduo de
60% no seu nvel de fecundidade, evidenciando a vigncia de um
processo bastante acelerado, se comparado quele verif icado em
-
36
pases desenvolvidos, onde a reduo de 50% na taxa de fecundidade
demorou quase um sculo. (WONG e CARVALHO, 2006) Entre 1990 e
2000 a queda da fecundidade foi de 12%. (SILVA, 2005)
Entre 1950 e 2000, o crescimento anual da populao reduziu -
se de 3,04% para 1,64% e, entre 1960 e 2000, o nmero mdio de
f i lhos por mulher caiu de 5,76 para 2,39 . (IBGE, 2009)
Essa reduo est associada a fatores como a intensif icao
do uso de mtodos anticoncepcionais, aumento do nvel geral de
instruo das mulheres em idade reprodutiva e de sua maior i nsero
em atividades produtivas, alm de mudanas socioculturais como o
aumento dos gastos na criao dos f i lhos, ao inserir novas
necessidades de cuidado e fortalecimento da ideia de que melhor
qualidade do que quantidade. (FARIA, 1989)
Wong e Carvalho (2006) revelam as polt icas de sade, ao
mesmo tempo que foram responsveis, em parte, pela reduo da taxa
de fecundidade, tambm contriburam com o aumento da expectativa de
vida.
Em 1940, a esperana de vida do brasileiro sequer at ingia os
50 anos de idade. Os avanos da medicina e as melhorias nas
condies gerais de vida da populao concorreram para que, em
2008, 68 anos mais tarde, este indicador at ingisse 72 anos . (IBGE,
2009)
O formato tipicamente triangular da pirmide populacional,
com uma base alargada, est cedendo lugar a uma pirmide
populacional caracterst ica de uma sociedade em acelerado processo
de envelhecimento. Cada fase de transio corresponde a um formato
da distr ibuio populacional idade-sexo, com formato de coluna,
conforme retratam as pirmides no Grfico 3.
-
37
GRFICO 3 Brasil: Um Sculo de Mudanas na Estrutura Etria da Populao 1950 2050
Fonte: IBGE (2008)
Em 1980, as crianas de 0 a 14 anos correspondiam a 38,24%
da populao e, em 2009, elas representavam 26,04%. J o
contingente com 65 anos ou mais de idade pulou de 4,01% para 6,67%
no mesmo perodo. Segundo a projeo de populao do IBGE, em
2050, o primeiro grupo representar 13,15%, ao passo que a populao
idosa ultrapassar os 22,71%. (IBGE, 2009)
Segundo Schmidt et al. (2011), no Brasil , a mudana do perf i l
epidemiolgico, com predominncia das doenas no transmissveis,
foi uma consequncia da urbanizao, das melhorias nos cuidados com
a sade, da mudana do estilo de vida e da globalizao. O
crescimento da renda, a industrializao, a mecanizao da produo,
o maior acesso a alimentos em geral, incluindo os processados, e a
adoo de hbitos no saudveis produziram rpida transio
nutricional, expondo a populao cada vez mais ao risco de doenas
crnicas.
-
38
Entende-se por transio epidemiolgica as mudanas
ocorridas no tempo nos padres de morte, morbidade 2 e invalidez que
caracterizam uma populao especf ica e que, em geral, ocorrem em
conjunto com outras transformaes demogrficas, sociais e
econmicas. (SCHRAMM et al., 2004)
A transio epidemiolgica caracteriza -se pela mudana do
perf i l de morbidade e de mortalidade de uma populao, com
diminuio progressiva das mortes por doenas infectocontagiosas de
46% (em 1930) para 5,3% (em 2005) e elevao das mortes por
doenas crnicas que, em 2005, chegaram a representar dois teros da
totalidade das causas conhecidas. (BRASIL, 2006, 2008)
De acordo com Monteiro et al. (2000), o crescimento da renda,
a industrializao, a mecanizao da produo, o maior acesso a
alimentos em geral, incluindo os processados, e a adoo de hbitos
no saudveis produziram rpida transio nutricional, expondo a
populao cada vez mais ao risco de doenas crnicas.
Schmidt et al. (2011) relatam que, a exemplo do que ocorre
em outros pases, no Brasil, as doenas crnicas no transmissveis
tambm constituem o problema de sade de maior magnitude e atingem
indivduos de todas as camadas socioeconmicas e, de forma mais
intensa, aqueles pertencentes a grupos vulnerveis, como os idosos e
indivduos de baixa escolaridade e renda. Segundo eles, em 2007,
cerca de 72% das mortes no Brasil foram atribudas s doenas
crnicas no transmissveis (DCNT), enquanto 10% foram imputadas s
doenas infecciosas e parasitrias e 5% aos distrbios de sade
maternoinfantis. Essa distribuio contrasta com a de 1930, na qual as
doenas infecciosas respondiam por 46% das mortes nas capitais
brasi leiras.
A presena de comorbidade 3 nos idosos muito comum.
Proporcionalmente, o idoso tende a apresentar mais episdios de
2 ( . . . ) qualquer afastamento, subjet ivo ou objet ivo do estado de bem -estar f is io lgico ou ps icolgico .
3 ( . . . ) ocorrnc ia conjunta de dois ou mais transtornos num mesmo indivduo
aval iado c l in icamente
-
39
doenas, em geral crnicas, ocasionando aumento nos gastos em
sade. O custo com o idoso tende a ser maior do que para os
indivduos em outras faixas etrias, pois o predomnio de doenas
crnicas e suas complicaes implicam em util izao frequente dos
servios de sade por esse segmento da populao . (AMARAL et al,
2004).
O envelhecimento da populao um fenmeno mundial. E
este fenmeno impacta, diretamente, os custos com a sade.
Pesquisas do Inst ituto de Estudos de Sade Suplementar (IESS, 2010)
demonstram que o custo com a sade aumenta na proporo em que as
pessoas vo envelhecendo. Com o aumento da expectativa de vida da
populao e do grupo de idosos, os custos com a sade tornaram -se
um problema que deve ser analisado por todos: pessoas, operadoras
de planos de sade e governo.
2.1.2 Estratgia e melhoria de desempenho
Os desafios enfrentados nos sistemas de sade em razo das
transies demogrficas e epidemiolgicas, os progressivos ava nos
tecnolgicos e ainda a competio mercadolgica, geram a cada dia,
diferentes cenrios na assistncia sade, em busca de novas
estratgias.
Conforme definio de Johnston e Clark (2002), estratgia o
conjunto de planos e polt icas pela qual uma or ganizao busca
alcanar seus objet ivos.
Existem muitos outros conceitos de estratgia, cada qual
alinhado a sua fase e razes prticas, como o ut il izado por Wright et al.
(2000), que a definem como planos da alta administrao para
alcanar resultados consistentes com a misso e os objetivos gerais da
organizao .
Meirel les e Gonalves (2001) definem estratgia como a
discipl ina da administrao que se ocupa da adequao da organizao
ao seu ambiente , ou ainda, segundo Mintzberg e Quinn (1992) , que
-
40
afirmam que estratgia um modelo ou plano que integra os objet ivos,
as polt icas e as aes sequenciais de uma organizao.
Segundo Thompson Jr. e Strickland III (2000), estratgia o
planejamento do jogo para reforar a posio da organizao no
mercado, promover a satisfao dos clientes e at ingir os objet ivos de
desempenho.
Visando equil brio econmico-f inanceiro e sobrevivncia em
um mercado competit ivo, as operadoras de planos de sade tm
desenvolvido ferramentas de gesto para controle de seus custos e
mecanismos regulatrios de uti l izao de servios, respeitando o
disposto nos cdigos t icos prof issionais , no deixando de se
preocupar com a qualidade de vida de seus beneficirios e da
assistncia sade oferecida por seus prof issionais .
A Ateno Gerenciada ou Managed Care, como denominam os
autores americanos, deve ser compreendida como um modelo de
gesto de servios de sade que introduz regras de mercado na
produo e na distr ibuio desses servios . (CUNHA e MORAIS, 2007)
Dentre as sistemticas de gerenciamento dos servios de
sade que podem ser adotadas no momento da demanda ou da
util izao dos servios, cita -se: (ANS, 1998)
Mecanismos de regulao f inanceira na util izao de servios:
franquia: valor estabelecido realizao de
procedimentos at o qual a operadora no tem
responsabil idade de cobertura.
copart icipao: valores pref ixados por procedimentos
e/ou patologias, a parte efetivamente paga pelo
consumidor, referente realizao do procedimento.
Mecanismos de regulao de demanda na util izao dos
servios:
autorizao prvia: processo executado previamente
realizao de determinados procedimentos, em sua
maioria de alto custo, com o intuito de avaliar diretrizes
tcnicas e cobertura contratual.
-
41
central de regulao: ordenao do acesso aos servios
de assistncia sade buscando otimizar os recursos
assistenciais disponveis e garantir a melhor alternativa
assistencial face s necessidades dos beneficirios.
auditoria mdica: consiste no exame sistemtico e
independente das demandas atravs da observao,
medio, ensaio ou outras tcnicas apropriadas para
verif icar a adequao dos requisitos preconizados pelas
leis e normas vigentes.
programas de preveno: conjunto orientado de
estratgias e aes programticas integradas com o
objetivo de produzir sade, prevenir r iscos, agravos e
doenas, reduzir morbidade e anos perdidos por
incapacidade e aumentar a qualidade de vida dos
beneficirios.
home care e assistncia domici l iar: uma modalidade
continuada de prestao de servios na rea da sade
que visa continuidade do tratamento hospitalar no
domicl io, realizado por equipe mult idisciplinar.
Andreoni et al. (1994), dizem que se integra a uma boa e
moderna administrao hospitalar a busca por reduo de custos, em
conjunto com assistncia mais humanizada, que proporcione melhor
qualidade de vida, principalmente a pacientes crnicos, terminais e
idosos.
A modalidade de internao domicil iar altera minimamente o
modo de vida do paciente, reduz os custos da ateno tanto par a a
famlia quanto para unidade de sade, diminui o risco de infeco,
util iza mais racionalmente os leitos e recursos hospitalares e est imula
uma relao mdico-paciente mais humanizada. (TORRE et al, 1998)
Jacob Filho et al. (2000), Mendes Junior (2008), Beauchamp
(2002) e Cotta et al. (2002) referem-se ao cuidado domicil iar como uma
estratgia benfica a todos os seguimentos da sociedade. Vrios
estudos apontam que o cuidado domici l iar diminui o tempo mdio de
internao hospitalar, reduz o nmero de reinternaes, reduz custos
-
42
de ateno sade, aumenta a aderncia do paciente ao tratamento,
proporciona maior conscientizao ao paciente e ao cuidador do quadro
patolgico atual com maior autonomia no tratamento, alm da melhora
na qualidade de vida do paciente e familiar.
A assistncia domici l iar ut i l iza -se de vrias estratgias
operacionais, baseadas em condutas padronizadas, passveis de
rigoroso controle, visando reduo dos custos dos procedimentos
realizados e promoo da racionalidade administrat iva e f inanceira,
conforme apresentado no Quadro 1.
QUADRO 1 Condutas e Objetivos da Assistncia Domiciliar
Fonte: Cunha e Morais (2007)
Assim, observa-se que as estratgias fundamentadas pela
lgica de reduo de custos de procedimentos e ef icincia
administrativa na produo de servios privi legiam a padronizao de
servios, a regulao da relao entre prof issionais de sade e
pacientes, o atendimento bsico com a restrio do acesso ateno
especializada e hospitalar e o controle rgido da atuao prof issional.
Brown (1997) e Merhy (2000) enfatizam que a medicina
preventiva, o atendimento domici l iar e o conforto que o mesmo propicia
aos doentes e a seus familiares (ALMEIDA, 1999; CUNHA, 2003) e o
controle gerencial sobre o processo clnico traz reduo de custos nos
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43
procedimentos mdico-hospitalares. Segundo Cotta et al. (2001), ao
comparar os custos da assistncia hospitalar com os da assistncia
domici l iar, possvel perceber, proporcionalmente, uma reduo dos
custos na ordem de 52%.
A Organizao Pan-Americana da Sade (BRASIL, 2011)
ressalta que preciso introduzir mudanas que tragam desempenho,
qualidade, ef icincia e satisfao aos envolvidos, visando conter os
custos e minimizar os riscos.
Em Nakagawa (1991), encontra-se a explicao de que a
possibil idade de combinar custos com medidas de desempenho abre
novas perspectivas para os gestores, e ajuda na visualizao de
medidas corretas sobre a uti l izao e o consumo dos recursos.
Portanto, fundamental estabelecer novas formas de avaliao de
resultados que permitam a anlise da alocao dos custos das
atividades, em relao aos resultados econmicos e estratgicos
alcanados pela empresa.
Neste contexto, de acordo com Malta et al. (2004) e ANS
(2005), as operadoras de plano de sade introduzem a ateno
domici l iar na sade suplementar, como nova tecnologia de cuidado
sade, para fazer frente aos altos custos operacionais. A prpria
Agncia Nacional de Sade Suplementar (ANS) tem buscado pautar a
questo da assistncia domici l iar, quando formulou o Programa de
Qualif icao da Sade Suplementar tornando-o, dado a sua relevncia,
uma polt ica da Agncia.
2.1.3 Assistncia Domiciliar
A Organizao Mundial de Sade (OMS, 2004) define Home
Care como proviso de servios de sade promovida por cuidadores
formais ou informais no ambiente domicil iar.
Neste mesmo contexto, Mendes (2001), af irma que a Joint
Commission on Accreditation of Health Care Organization def ine que
servios de Home Health so aqueles providos por prof issionais de
sade aos pacientes que tm ou esto com risco de uma doena ou
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44
uma condio de fragil idade ou so doentes terminais que precisam de
intervenes de prof issionais de sade.
A evoluo do Home Care possibi l itou a transio cada vez
mais rpida de pacientes do hospital para o domiclio, fazendo deste
um cenrio de referncia para a continuidade dos cuidados.
Segundo Torre et al. (1998) e Tavolari et al. (2000), na dcada
de 1990, a adoo da assistncia e internao domicil iares cresceu
signif icat ivamente nos diversos servios de sade, tendo como
principais fatores a necessidade de mais vagas nos hospitais, reduo
dos riscos de infeco hospitalar, humanizao do atendimento e
sensvel reduo dos custos. Existem, tambm, os que defendem que a
implantao de servios de assistncia domicil iar promove maior
integrao e colaborao entre os servios hospitalares e os extra -
hospitalares, possibil itando a assistncia contnua e a perspectiva da
integralidade.
O primeiro registro de uma atuao organizada na assistncia
domici l iar foi no estado da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, no
sculo XIX, atravs de mulheres da Sociedade Beneficente de
Charleston, que desenvolviam programas de atendimento a doentes
pobres. Em 1947, E. M. Bluestone, do Hospital de Montef iore, no Bronx
- Nova York, introduziu a noo de assistncia domici l iar como
extenso do hospital, the hospital-based home care (assistncia
domici l iar baseada no hospital), em que pacientes que, normalmente,
teriam alta hospitalar mais tardiamente comearam a ser tratados em
casa por equipes especializadas. (MENDES, 2001)
A ateno domici l iar envolve aes de promoo sade,
preveno, tratamento de doenas e reabil itao desenvolvidas em
domicl io e assistncia domicil iar compreende as ativid ades
assistenciais exercidas por equipe multiprof issional no local de
residncia do cliente. Engloba visitas programadas para avaliao do
paciente e a realizao de procedimentos de maior complexidade .
(BRASIL, 2006)
Mendes (2000) e Cunha (2003) conceituam que a assistncia
domici l iar privada em sade corresponde a uma determinada
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45
modalidade de cuidados que se desenvolve em nveis de ateno
sade, sendo prestada por equipe multidiscipl inar geralmente
constituda por prof issionais mdicos, de enfermagem, f isioterapia,
fonoaudiologia, psicologia, nutrio e servio social, alm de auxil iares
de enfermagem.
No contexto cubano, Navarro et al. (1993) definem que
ateno mdica domicil iria trata -se de uma continuidade da
assistncia hospitalar, para pacientes afetados por uma enfermidade
cujo diagnstico, tratamento e reabil itao no os obrigam a
permanecer no hospital, porm necessitam de repouso no lar.
O desenvolvimento da assistncia domici l iria no Brasil teve
seu incio em 1919, com a criao do Servio de Enfermeiras
Visitadoras no Rio de Janeiro, que surgiu da necessidade de se tratar
de epidemias como febre amarela e peste, que acabavam impedindo a
imigrao e comprometendo a exportao de produtos e o
desenvolvimento econmico do Pas . (CUNHA, 1991)
Segundo Mendes (2001), em 1949, foi criado o Servio de
Assistncia Mdica Domicil iar e de Urgncia (SAMDU), tendo como
principais responsveis por esse servio os sindicatos de trabalhadores
insatisfeitos com o vigente atendimento de urgncia, cuja demand a era
realizada por telefone aos postos de urgncia e qualquer mdico do
planto saa em ambulncias para o atendimento. Havia tambm visitas
domici l iares regulares por mdicos aos previdencirios com doenas
crnicas.
Observa-se uma valorizao dos mbitos familiares
comunitrios com espao para atendimento de sade, e ento, nos
anos 60, ocorre a implantao do programa pioneiro de assistncia
domici l iar do Hospital do Servidor Pblico Estadual de So Paulo
(HSPESP), cujo objetivo foi atender, basicamente, pacientes com
doenas crnicas que pudessem ser acompanhados no domiclio,
portadores de enfermidades que exigiam repouso e convalescentes que
no necessitassem de cuidados dirios de mdicos e enfermeiros. Da
por diante, surgiram outros vrios servios, pblicos e privados,
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46
moldados de acordo com as necessidades de sua clientela.
(ALBUQUERQUE, 2001)
O nmero de servios de assistncia domici l iar crescente.
Em 1994 havia no Brasil pouco mais de cinco empresas no setor
privado, em 1999 o nmero de empresas ultrapassou a marca de cento
e oitenta. (TAVOLARI et al. , 2000) At dezembro de 1997, j haviam
sido cadastrados 11.144 doentes com predomnio de patologias como
neoplasias, acidente vascular cerebral, insuficincia cardaca, doena
pulmonar obstrutiva crnica, diabetes mell itus e hipertenso arterial
sistmica. (MENDES, 2001)
Lacerda et al. (2006) e Mendes (2001) atr ibuem o crescimento
dos programas de ateno domicil iar mudana do perf i l etrio da
populao, cujo aumento da populao idosa impacta em necessidades
e custos em relao aos servios de sade. Segundo os autores, as
operadoras se veem compelidas a iniciarem um processo de
reestruturao produtiva, que tem suas bases na busca por um novo
modelo de produo do cuidado no sentido de reduzir seus custos
operacionais.
Os servios (visita, atendimento ou internao domicil iar) so
dimensionados conforme a necessidade do cliente, que deve receber
suporte de atendimento 24 horas para urgncias e emergncias,
transporte para exames diagnsticos ou orientao atravs de uma
central telefnica 24 horas, que executa esses atendimentos em
qualquer horrio. As vantagens dessas modalidades de assistncia so
vrias, visto que h maior humanizao no tratamento, diminuio de
internaes e tempo de permanncia em hospitais, alm da satisfao
do paciente e de seus familiares ao ter seu tratamento realizado em
seu lar. (JONES et al, 1999; LANDI et al., 1999)
Para Cruz (2001), os programas de assistncia domici l iar
apresentam-se em quatro nveis:
primrio: compreende principalmente aes de promoo
da sade para aquisio de esti lo de vida saudvel.
secundrio: para limitao de um determinado dano,
classicamente, estes so prestados nos hospitais,
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47
porm, diante dos elevados custos da internao
hospitalar, eles esto sendo deslocados para
seguimento ambulatorial ou internao domici l iar.
tercirio: os cuidados so altamente especial izados,
visto as patologias de diagnstico e tratamentos
complexos que os pacientes so acometidos, sendo que
a condio para a assistncia domici l iar a estabil idade
f isiolgica do paciente.
quaternrio: o cuidado domicil iar visa a aes
educativas promoo da independncia do paciente e
da faml ia para o autocuidado devido limitao do dano
ou invalidez.
Os programas de assistncia domicil iar devem planejar as
aes em equipe multiprof issional, a partir do conhecimento do
diagnstico, l imitaes e possibi l idades do paciente e considerando a
ateno no espao domici l iar, visando promoo, manuteno e
reabilitao da sade, de maneira a favorecer o restabelecimento da
independncia e autonomia do paciente . (SILVA e AGUILAR, 2002)
2.2 Gesto de custos e preos de venda
Observa-se nos lt imos anos, uma crescente preocupao
com o controle dos custos no setor de sade e consequentemente com
o preo de venda de planos de sade. As operadoras de planos de
sade precisam direcionar seus esforos para desenvolver estratgias
de gesto e manterem-se no mercado competit ivo .
Segundo Costa (1999), entre 1920 e 1980 a competit ividade
era no mbito organizacional. Os produtos eram padronizados e
limitados, os fatores de produo predominantes eram mo de obra
direta e materiais, a tecnologia era estvel com avanos moderados, as
despesas indiretas apoiavam o processo produtivo, os preos eram
baseados nos custos, sistemas de produo estveis, grandes
estoques, cl ientes passivos e acomodados, marketing genrico,
qualidade restrita ao produto e o mercado absorvendo as ineficincias.
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48
A partir da dcada de 1970, a competio global e as
inovaes tecnolgicas provocam mudanas impressionantes.
Padoveze (2011) af irma que as empresas necessitam acompanhar seus
negcios, o mercado de seus produtos, bem como se situar na
conjuntura econmica do pas e Thompson Jr. e Strickland III (2000)
complementam que necessria estratgia e planejamento, para
promover a satisfao dos clientes, atingir os objet ivos de desempenho
e reforar a posio da organizao no mercado.
uma constante a inf luncia do mercado no estabelecimento
do preo de venda, bem como a limitao das empresas em impor o
que desejam, assim, essas esto cada vez mais voltadas gesto da
ef icincia operacional . Tendo em vista a relao existente entre os
objetivos da gesto empresarial, gesto do preo de venda e gesto de
custos, esses no podem ser tratados isoladamente .
2.2.1 Gesto de Custos
Conhecer e gerenciar os custos o desafio de toda
organizao que pretende crescer e consolidar -se no mercado.
Padoveze (2006, p. 4) , define custos como sendo a
mensurao econmica dos recursos (produtos, servios e direitos)
adquiridos para a obteno e a venda dos produtos e servios da
empresa. Segundo Atkinson et al. (2008, p. 125) af irmam: "Custo
definido como valor monetrio dos bens e servios expendidos para
obter benefcios atuais ou futuros".
Definio de custo, segundo Weil et al. (1994, p. 21) "O
sacrif cio, medido pelo preo pago ou a pagar, para adquirir bens e
servios" ("The sacrif ice, measured by the price paid ou required to be
paid, to acquire goods or services").
De acordo com a af irmao de Hansen e Mowen (2009), custo
o valor em dinheiro, sacrif icado para a compra de produtos e
servios, que se espera trazer benefcio atual ou futuro para a
organizao.
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49
Para Martins e Rocha (2010, p.9) custo a "expresso
monetria do consumo, da util izao, ou da transformao de bens ou
servios no processo de produo de outros bens ou servios".
De acordo com Indcibus e Marion (2001, p.55) custo o
"Consumo de ativos na produo de bens e servios".
Segundo Hendriksen e Van Breda (2007, p.235):
"Basicamente, o custo medido pelo valor corrente dos recursos
econmicos consumidos ou a serem consumidos na obteno dos bens
e servios a serem util izados nas operaes, ou seja, trata -se do valor
de troca".
Schoenfeld (1974, p. 13) af irma: "Custos so todas as
entradas propositais de quantidades de consumos que resultam em
servios e/ou produtos util izveis" ("Costs are al l purposeful input -
quantity consumptions .. . which result in usable services and/or
products").
Segundo Padoveze (2013), as atenes da organizao devem
estar voltadas permanentemente para a gesto de custos, sendo
necessria uma polt ica de reduo com total engajamento e
implementao contnua, j que em um ambiente competit ivo, o
mercado tende a pressionar os preos de venda para baixo, e af irma:
Para que a pol t ica de reduo de custos seja completa e la deve contemplar o objet ivo econmico maior da empresa que a obteno do lucro, considerando o retorno do invest imento. ( . . . ) Ass im, a terminologia mais adequada pa ra este processo dever ia ser gesto do lucro, mui to mais do que gesto de custos ou reduo de custos. ( . . . ) O objet ivo de uma pol t ica de reduo de custos manter a empresa sempre em condies ideais de compet it iv idade. Para tanto, no deve ter at iv idades que no contr ibuam para a gerao de vendas e lucro, e, naturalmente suas at iv idades devem ser desenvolv idas com a maior ef ic inc ia e ef icc ia de custos,
com produt iv idade crescente (PADOVEZE, 2013, pg. 488) .
A gesto de custos vem sendo uti l izada para designar e
remeter integrao que deve existir entre o processo de gesto de
custos e o processo de gesto da empresa como um todo. A integrao
deve e pode ser apreciada como um elemento necessrio e consistente
para que as empresas possam sobreviver num ambiente de negcios
estabelecido no mundo globalizado e competit ivo . (MARTINS, 2003)
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50
Neste contexto, Novaes (2007) af irma que a competio entre
as empresas est cada vez mais acirrada, os clientes mais exigentes e
os preos ditados pelo mercado vem causando a necessidade de
maiores controles dos custos das atividades, sistemas f lexveis de
produo, pequenos nveis de estoques, rapidez no lanamento de
novos produtos, produtos customizados, marketing intensivo e dirigido,
qualidade total, e um mercado com um mnimo de ineficincias .
(ABBAS, 2002)
Segundo Oliveira e Perez Jnior (2000), para a sobrevivncia
das organizaes necessrio adotar prticas gerenciais de apurao,
anlise, controle e gerenciamento dos custos, a que Ward (1996) diz
consistir um esti lo de administrao estratgica no qual para tomada de
deciso necessria uma grande quantidade de informaes.
Padoveze (2011) af irma:
O foco no processo de gesto decorre da necess idade do entendimento que a maior par te dos custos gera da no processo in ic ia l de p lanejamento empresar ia l . ( . . . ) Ass im, quando se quer reduzir custos, deve -se, pr imeiro, ident i f icar os custos que foram gerados pelas decises estratgicas. No h dvida que uma sr ie de e lementos e var iveis gerada, e, ento, podem ser adminis trados, no p lanejamento operac ional , no d ia a d ia das operaes, assim como, h a poss ibi l idade de atuao para ot imizao dos custos na etapa do processo de execuo e contro le. ( . . . ) Parte s ignif icat iva, ou provavelmente, a maior parte, deve ser resolv ida no mbito da estratgia, e, se for o caso, as estratgias v igentes devem ser reformuladas (PADOVEZE, 2011).
Em uma organizao existem vrios objet ivos empresariais,
como alta produtividade, crescimento organizacional, ef icincia
organizacional, reconhecimento de mercado, entre outros, mas so os
objetivos f inanceiros como lucratividade e maximizao do valor das
aes que podero mais inf luenciar as tomadas de decises .
(ANTHONY, 1991)
Thompson Jr. e Strickland III (2000) af irmam que e stratgia
o planejamento do jogo para reforar a posio da organizao no
mercado, promover a satisfao dos clientes e at ingir os objet ivos de
desempenho, o que Meirel les e Gonalvez (2001) resumem como a
-
51
disciplina da administrao que se ocupa da adequao da
organizao ao seu ambiente.
Entretanto, a uti l izao de ferramentas para a gesto requer
cuidados adicionais e so necessrias algumas adaptaes, em razo
da especif icidade dos servios prestados que esto relacionados
promoo da sade e do bem-estar dos pacientes. (EVANS III et al.,
2001) Mishra e Vaysman (2001) complementam que as informaes
sobre a gesto das organizaes so um fator crt ico para a avaliao
do planejamento, controles operacionais e tomadas de deciso.
O planejamento operacional consiste na identif icao,
integrao, avaliao de alternativas e na escolha de um plano de ao
a ser implementado .(CATELLI, 1999, p. 132) Consiste em uma das
estratgias de operaes das organizaes a produo de um produto
ou servio ao menor custo possvel, visto que essa reduo poder ter
grande impacto na vantagem competit iva da empresa . (MARTINS E
LAUGENI, 2005, p. 67)
A contabil idade de custos produz informaes gerenciais para
que os diversos nveis hierrquicos da administrao se jam capazes de
planejar, controlar e decidir com maior ef icincia e ef iccia . (LEONE,
2000, p. 25)
Assim, conforme afirma Pacheco (2010), a gesto de custos
o processo relacionado com a otimizao dos recurso s util izados para o
desenvolvimento de atividades em uma empresa, estabelecendo
estratgias que visam obteno de vantagem competit iva sustentvel .
Um sistema de custos um instrumento util izado para medir a
ef icincia de uma organizao e af irmam que um sistema de custeio
pode realizar: avaliao de estoques e medir o custo dos bens
vendidos para a gerao de relatrios f inanceiros; est imar as despesas
operacionais, produtos, servios e cl ientes; e oferecer feedback
econmico sobre a ef icincia da organizao . (KAPLAN e COOPER,
1998, p. 13)
Para Padoveze (2006), as informaes tm muita relevncia
para as pessoas, visto que alm de fornecer subsdios favorecem a
reduo de incertezas para as tomadas de deciso.
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52
De acordo com afirmao de Romanini (2005, p. 2):
[ . . . ] a capac idade de conseguir as i nformaes necessr ias para a tomada de dec ises pode ser o d iferenc ia l entre o sucesso e o f racasso de uma organizao. Hoje, manter -se bem informado fundamental para obter destaque num mundo que ex ige dec ises mais rpidas e, pr inc ipalmente, corretas .
Os mtodos de custeio so variados e no existe um
considerado o melhor para ser uti l izado para todas as f inalidades.
Alguns dos mtodos so mais indicados como instrumentos gerenciais,
outros como relatrios externos, alguns mais conservadores e outros
mais abrangentes, com viso de curto ou longo prazo . (MARTINS,
2003)
Para Padoveze (2006), mtodos de custeio a maneira de
encontrar o custo unitrio de um produto ou servio, o que considera
imprescindvel visto ser dessa informao que decorrem os parm etros
para estabelecer o preo de venda unitrio. Existem diversas
metodologias, conforme segue no QUADRO 2.
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53
QUADRO 2 Mtodo de custeio
Fonte: Padoveze, 2006, p. 151
As metodologias mais ut il izadas so custeio por absoro e o
custeio