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Universidade Nova de Lisboa
Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Estudo da Influência da Flora Intestinal do
Mosquito Anopheles sp. no Estabelecimento da
Infecção por Plasmodium berghei
Joana da Graça Matias Gomes
DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
SAÚDE TROPICAL
OUTUBRO, 2012
Universidade Nova de Lisboa
Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Estudo da Influência da Flora Intestinal do
Mosquito Anopheles sp. no Estabelecimento da
Infecção por Plasmodium berghei
Joana da Graça Matias Gomes Licenciada em Biologia, ramo Biotecnologia pela Universidade do Açores
Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários obtenção do grau
de Mestre em Saúde Tropical
Orientador: Professor Doutor Henrique Silveira
Unidade de Parasitologia Médica
Instituto de Higiene e Medicina Tropical
OUTUBRO, 2012
Agradecimentos
Gostaria de agradecer às pessoas que tornaram possível a realização deste
trabalho.
Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao Professor Doutor Henrique Silveira
pela orientação desta tese e por todo apoio e motivação dados durante a sua realização.
Ao Professor Doutor Jorge Atouguia, Professor Doutor Jorge Seixas e
Professora Doutora Sónia Lima pela oportunidade de realizar este mestrado.
À Professora Doutora Isabel Sá-Correia e Doutora Carla Coutinho, do Instituto
Superior Técnico, pelas bactérias e apoio na manipulação das mesmas.
À Professora Doutora Isabel Couto e Sofia Costa pelo apoio demonstrado e
acompanhamento inicial na parte das culturas.
À Catarina Alves pela ajuda com os mosquitos e motivação.
À Luísa Simões pela ajuda com o tratamento estatístico dos resultados.
Às minhas colegas Isa Pires, Ana Custódio e Marta Machado pela amizade e
motivação ao longo deste mestrado.
A Filipa Ferreira a amizade e apoio demonstrados.
I
Resumo
Estudo da Influência da Flora Intestinal do Mosquito Anopheles sp. no Estabelecimento da Infecção por Plasmodium berghei
Joana da Graça Matias Gomes
PALAVRAS-CHAVE: Plasmodium berghei, Microbiota, Pseudomonas aeruginosa, coinfecção, oocistos, biofilme
A malária é uma doença infecciosa com um efeito devastador nas áreas afectadas. É provocada pelo protozoário Plasmodium e transmitida pelo insecto vector do género Anopheles. As fêmeas hematófagas ao alimentar-se de um hospedeiro infectado vão dar continuidade ao ciclo de vida do parasita e transmiti-lo a um novo hospedeiro na próxima refeição sanguínea. O intestino médio dos mosquitos é um órgão imunocompetente, onde a presença de microrganismos vai activar o sistema imunitário, determinando a sua capacidade vectorial.
Novas abordagens de controlo biológico de doenças transmitidas por vectores parecem ganhar terreno. P. aeruginosa é uma bactéria Gram-negativa, potencialmente patogénica, em especial as estirpes produtoras de muco, sendo um microrganismo modelo em estudos de biofilmes. Estes são caracterizados por conferir tolerância a antibióticos e resistência ao sistema imune do hospedeiro. Com este trabalho pretendeu-se analisar o efeito da influência da flora bacteriana, nomeadamente isolados de Pseudomonas aeruginosa produtores de muco e não produtores, presentes no tracto digestivo de Anopheles sp. e a sua relação com a infecção por P. berghei.
Com este estudo é possível afirmar a existência de uma proporcionalidade directa entre a taxa de infecção por P. berghei e a ausência da Microbiota. A presença de Pseudomonas produtoras de muco no intestino médio dos mosquitos demonstrou conferir algum grau de protecção no estabelecimento da infecção, bem como na intensidade da mesma. Contudo, mais estudos necessitam ser realizados e com um maior número de mosquitos, de forma a ultrapassar as limitações impostas pelo tratamento antibacteriano. Possivelmente, a sobreposição de respostas imunes anti-bacterianas e anti-Plasmodium, vão provocar um incremento no sistema imune e limitação das infecções por Plasmodium. Biofilmes bacterianos têm demonstrado a capacidade de aderir e inibir o crescimento de protozoários
Uma melhor compreensão do papel da flora microbiana face ao sistema de defesa do hospedeiro poderá contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias de controlo da transmissão da malária.
II
Abstract
Study of the Influence of Anopheles Midgut Microbiota in the Plasmodium berghei Infection Establishment
Joana da Graça Matias Gomes
KEYWORDS: Plasmodium berghei, Microbiota, Pseudomonas aeruginosa, coinfection, oocysts, biofilm
Malaria is an infectious disease with a devastating impact on the affected areas. It is caused by the protozoan Plasmodium and transmitted by the insect vector of the genus Anopheles. Hematofagous females, feeding on an infected host, will continue the life cycle of the parasite and pass it to a new host in the next blood meal. Insect midgut is an immunocompetent organ, where the presence of microorganisms will activate the immune system, thus, determining vector ability.
New approaches to biological control of vector-borne diseases appear to be gaining ground. Pseudomonas aeruginosa is a Gram-negative bacteria, potentially pathogenic, especially mucoid strains, being a model microorganism in biofilm studies. Pseudomonas are characterized by confer resistance to antibiotics and resistance to the host immune system. With this study we intended to analyze the effect of Microbiota, specially mucoid and non-mucoid P. aeruginosa strains, in the gut of Anopheles mosquitoes and is relation with infection by P. berghei.
With this study we can observe a direct proportionality between P. berghei infection rate and the absence of midgut microorganisms. The presence of mucus-producing Pseudomonas in the mosquito gut demonstrated the ability to confer some protection degree against P. berghei infection establishment as well as in infection intensity. However, further studies should be performed in order to overcome the limitations imposed by antibacterial treatment. Possibly the overlapping between anti-bacterial immune responses and anti-Plasmodium, will cause an increase in the immune system and the limitation of Plasmodium infection. Bacterial biofilms have demonstrated the ability to adhere and inhibit protozoans growth.
A better understanding of microbial role against host defense system may contribute to the development of new control strategies for malaria transmission.
III
Índice
Resumo ............................................................................................................................ II
Abstract .......................................................................................................................... III
Lista de Abreviaturas ..................................................................................................... 1
Introdução ....................................................................................................................... 2
Malária .......................................................................................................................... 3
Vector Anopheles / Parasita Plasmodium ..................................................................... 4
Ciclo de Vida ................................................................................................................ 5
O Intestino Médio de Anopheles sp. ............................................................................. 7
Novas Perspectivas no Controlo do Vector ................................................................ 11
Pseudomonas aeruginosa e a Produção de Biofilme .................................................. 12
Objectivo e Desenho Experimental ............................................................................. 16
Objectivo ......................
Desenho Experimental .............................................................................................. 17
.............................................................................................. 17
M 18 etodologia ...................................................................................................................
Análise metagenómica de Anopheles gambiae infectados e não infectados com
.......................................... ...... 19 Plasmodium falciparum .................................... .........
Determinação das curvas de crescimento de Pseudomonas aeruginosa dos
................................................. 20 isolados mucoso e não mucoso ...............................
fecção de mosquitos Anopheles stephensi ................ 21 Esterilização bacteriana e in
ei ................................................ 24 Infecção dos mosquitos com Plasmodium bergh
as do intestino médio de Anopheles stephensi ................... 25 Isolamento de bactéri
Contagem de oocistos ............................................................................................... 26
Re 27 sultados ......................................................................................................................
Análise metagenómica de Anopheles gambiae infectados e não infectados com
8 Plasmodium falciparum ............................................................................................. 2
Curvas de crescimento de Pseudomonas aeruginosa dos isolados mucoso e não
................................................................................... 29 mucoso ....................................
ei ................................................. 30 Infecção dos mosquitos com Plasmodium bergh
Isolamento de bactérias do intestino médio de Anopheles stephensi ................... 31
IV
V
Contagem de oocistos ............................................................................................... 33
Discussão dos Resultados / Conclusões ....................................................................... 36
Referências Bibliográficas ............................................................................................ 45
Lista de Ilustrações ....................................................................................................... 52
Lista de Tabelas ............................................................................................................ 55
Anexos ............................................................................................................................ 56
Lista de Abreviaturas
Antib – Antibióticos
CO2 – Dióxido de carbono
Cont – Controlo
DNA – Deoxyribonucleic acid
EPS – Extracellular polymeric substance
GFP – Green Fluorescent Protein
LB – Luria-Bertania Broth
OTU – Unidades taxonómicas operacionais
PaM – Pseudomonas aeruginosa isolado mucoso
PAMPs – Pathogen-associated molecular patterns
PaNM – Pseudomonas aeruginosa isolado não mucoso
PBS – Phosphate Buffered Saline
PCR – Polymerase chain reaction
PGN – Peptidoglicano
PGRPs – Peptidoglycan Recognition Proteins
PMN’s – Células polimorfonucleares
PRR – Pattern recognition receptor
ROS – Reactive Oxygen Species
TSA – Trypticase Soy Agar
1
Introdução
2
Malária
A malária é uma doença infecciosa causada pelo parasita Plasmodium sp. e
transmitida pelo insecto vector, Anopheles sp. nas regiões endémicas, a malária
apresenta-se como um grave problema de saúde pública e com um impacte devastador
sobre a população nos países em vias de desenvolvimento, especialmente nas regiões
tropicais e subtropicais de África subsariana (Figura 1). Aqui, estima-se que anualmente
cerca de 1 milhão de mortes são resultado só da infecção por Plasmodium falciparum
(Aly et al., 2010).
Figura 1. Distribuição mundial da malária, com referência às zonas em fase de eliminação da transmissão e zonas de controlo da infecção. Adapado de: http://www.talkafrique.com/issues/eradicating-malaria-not-anytime-soon.
Uma variedade de factores podem explicar efeito devastador da malária nas
regiões endémicas, nomeadamente a combinação de uma elevada taxa de transmissão
por um vector bastante eficiente; uma espécie predominante e mais agressiva do
parasita (P.falciparum) associada a uma maior taxa de casos de malária grave e as
condições ambientais locais propícias à transmissão da infecção. Além das
características ambientais e vectorais mencionadas, a sua conjugação com os baixos
recursos da população e instabilidade sócio-económica, prejudiciais a eficientes
3
programas de controlo, vão acentuar ainda mais o efeito negativo e consequências da
malária sobre a população (CDC, 2012).
Nas regiões com mais altos níveis de transmissão, entre os grupos mais
vulneráveis à doença, destacam-se aqueles cuja imunidade se encontra comprometida.
Entre os grupos de risco, salientam-se as crianças, as mulheres grávidas e os viajantes
ou migrantes (CDC, 2012).
Vector Anopheles / Parasita Plasmodium
Os mosquitos são insectos transmissores de uma vasta multiplicidade de doenças
virais e parasitárias, sendo que a malária permanece a mais devastadora (Mendes et al.,
2011). É transmitida ao ser humano através de fêmeas do género Anopheles, que apesar
de apresentar uma distribuição mundial, os mosquitos vectores de Plasmodium sp.
encontram-se principalmente associados a condições ideais de temperatura e humidade,
características das regiões tropicais e subtropicais (CDC, 2012). O vector Anopheles
gambiae, amplamente distribuído nas regiões endémicas de África subsariana, é o mais
importante vector associado à transmissão de P. falciparum (Mitri et al., 2009). A.
sthephensi, também importante vector na transmissão da malária, tem a sua distribuição
localizada no Continente asiático (Damiani et al., 2009).
Ao longo do desenvolvimento, como qualquer outro mosquito, Anopheles sp.
compreende 4 fases de desenvolvimento, nomeadamente: ovo, larva (L1, L2, L3 e L4),
pupa e adulto (macho e fêmea). A postura dos ovos é efectuada pelas fêmeas, após a
ingestão de sangue, directamente na água. Após a eclosão dos ovos, larvas aquáticas
vão-se desenvolver ao longo de 4 instars, onde por metamorfose as larvas L4 vão dar
origem às pupas. A partir das pupas vão emergir os mosquitos adultos. Enquanto que os
machos se alimentam apenas de néctar ou outras fontes de açúcar, para realizar a
postura as fêmeas necessitam ainda de uma refeição sanguínea, para o desenvolvimento
dos ovos (CDC, 2012).
4
Ciclo de Vida
O primeiro contacto entre mosquito vector e parasita tem lugar na membrana
epitelial do tracto digestivo do insecto e ocorre após a ingestão de eritrócitos infectados
durante a refeição sanguínea, a partir de um hospedeiro infectado (Azambuja et al.,
2005). Desta forma, a transmissão de Plasmodium pelo mosquito Anopheles, é
possibilitado pelo fenómeno da hematofagia, cuja ingestão de sangue pelas fêmeas do
insecto hematófago é fundamental para a ovogénese (Mitri & Vernick, 2012).
Durante a refeição sanguínea, as fêmeas vão ingerir os gametócitos presentes no
sangue periférico do hospedeiro. No lúmen do intestino médio, vai ocorrer a
gametogénese e após a fertilização dos gametócitos vão se formar os zigotos. As
alterações de habitat do parasita estão sempre associadas a grandes flutuações na
densidade populacional (Aly et al., 2012) e nesta fase do ciclo de vida a população
parasitária vai sofrer uma significativa redução (efeito de Bottleneck) (figura 2). Apesar
da elevada importância desta etapa no ciclo parasitário, os mecanismos responsáveis por
esta redução drástica no número de parasitas não se encontram esclarecidos (Azambuja
et al., 2005), além da pressão imposta pelo sistema de defesa, outros mecanismos poder-
se-ão encontrar associados a esta redução, tais como a produção de enzimas digestivas,
a presença de uma flora intestinal Microbiota do mosquito (Dong et al., 2009), lectinas,
Figura 2. Efeito de Bottleneck, onde se observa uma redução significativa do número de oocistos no intestino médio de Anopheles. Adaptado de: http://kafatos.openwetware.org/Research.html.
5
péptidos antimicrobianos e óxido nítrico (Azambuja et al., 2005).
Apesar desta redução drástica da população parasitária, os oocistos
remanescentes vão ser suficientes para o ciclo de vida do parasita seguir o seu curso e a
transmissão persistir (Cirimotich et al., 2011b).
Após a diferenciação dos oocinetos
móveis, estes vão atravessar a matriz
peritrófica e vão-se alojar na lâmina basal,
onde vão-se desenvolver em oocistos imóveis
(Aly et al., 2010) (Figura 3).
A partir dos oocistos vão-se formar os
esporozoítos, que vão ser libertados na
cavidade corporal dos mosquitos, onde
posteriormente alcançarão e invadirão as
glândulas salivares (Aly et al., 2010).
Quando os esporozoítos alcançam as
glândulas salivares, os mosquitos tornam-se
infectantes e poderão ser transmitidos ao
hospedeiro na refeição sanguínea
subsequente.
Figura 3. Desenvolvimento de Plasmodium no intestino médio do mosquito vector. 1- Gametogénese, fertilização e transformação do zigoto; 2- Invasão da matriz peritrófica; 3- Redução do nº de oocinetos invasores no espaço ectopritrófico; 4- Invasão do epitélio intestinal 5- Adesão dos oocinetos e desenvolvimento dos oocistos. Adaptado de: http://www.scie/pii/S0169475898013489.
encedirect.com/science/articl
esquizonte serão libertados na corrente
O início do novo ciclo parasitário, no
hospedeiro mamífero, vai ter origem na
invasão do fígado pelos esporozoítos
inoculados, aquando da ingestão de sangue
por uma fêmea infectada (Aly et al., 2010).
Após a invasão dos hepatócitos, vai ocorrer a
diferenciação em esquizontes que contêm
milhares de merozoítos, que após a ruptura do
sanguínea, onde irão iniciar a fase eritrocitária do seu ciclo de vida (Lau et al., 2000)
(Figura 4).
6
Figura 4. Ciclo de vida de Plasmodium. Desenvolvimento no mosquito vector e infecção no hospedeiro mamífero. Adaptado de: http://www.thelancet.com/journals/laninf/article/PIIS147330990970177X/images?imageId=gr1§ionType=green&hasDownloadImagesLink=true.
O Intestino Médio de Anopheles sp.O Intestino Médio de Anopheles sp.
Todos os organismos complexos são colonizados por uma vasta multiplicidade
de microrganismos, exemplo disso são os microrganismos constituintes da flora
microbiana nativa que coloniza o tracto digestivo, local onde se observa a maior
quantidade e diversidade de bactérias. Esta colonização bacteriana, de um modo geral,
confere benefícios ao hospedeiro revelando-se uma verdadeira relação mutualista
(Rakoff-Nahoum et al., 2004).
O sucesso dos insectos nos diferentes ecossistemas permitiu criar assim, um
conjunto de oportunidades ambientais para a sua colonização pelas bactérias, tornando-
se mesmo vantajoso para o hospedeiro, como por exemplo, ao nível da obtenção e
utilização de produtos resultantes do metabolismo bacteriano (Dillon & Dillon, 2004).
7
Tornou-se ainda universalmente aceite, que os microrganismos endossinbiontes têm
uma influência profunda na persistência e competência do vector no seu habitat natural
(Rani et al., 2009).
Dillon & Dillon, 2004 define uma relação simbiótica de um microrganismo no
tubo digestivo de um insecto hospedeiro como a aquisição e manutenção desse
microrganismo, que resulta na aquisição de novas estruturas ou metabolismos. Assim, a
diversidade Microbiota relaciona uma variedade de estruturas especializadas presentes
no tubo digestivo (ex. sistema imune), com o efeito do pH, condições redox, enzimas
digestivas e tipo de alimentação (ex. hematofagia).
O tracto digestivo do mosquito é o habitat de diversas comunidades microbianas
que constituem a flora Microbiota, cuja grande maioria destas populações são bactérias
Gram-negativas e pertencem ao grupo das Proteobacterias e Enterobacterias (Meister et
al., 2009).
A membrana epitelial do intestino médio do mosquito representa o primeiro
ponto de contacto entre parasita e insecto vector e consiste na primeira oportunidade do
parasita aderir e invadir os tecidos subjacentes, e consequentemente estabelecer
infecção (Azambuja et al., 2005). O intestino médio é um órgão imunocompetente e a
presença de microrganismos vai induzir uma resposta imunitária (Rani et al., 2009). Da
interacção entre bactérias simbióticas, parasitas invasores e sistema imune, resulta a
activação da principal barreira de defesa do hospedeiro, o sistema imunitário do
mosquito, onde vão ter origem uma série de processos e factores imunes que vão
culminar numa redução da população parasitária (Dong et al., 2006b), além de
desempenhar um papel preponderante na susceptibilidade/resistência do mosquito à
infecção por plasmódio (Meister et al., 2009).
Durante a infecção do hospedeiro invertebrado, o plasmódio depara-se com
diversos obstáculos ao longo dos diversos estágios de desenvolvimento e transições
espaciais. A principal barreira a ultrapassar, como referido, é o epitélio do intestino
médio, onde o oocineto ao atravessar vai sofrer a pressão do sistema imunitário do
hospedeiro (Dong et al., 2006a)
A imunidade inata dos mosquitos desempenha um papel muito importante na
interacção entre vector e parasita, ou agente patogénico, o que vai determinar a
8
capacidade vectorial do mosquito. Enquanto que a exposição dos mosquitos a
determinados microrganismos pode ser bastante extensa, os mecanismos moleculares
responsáveis pelo reconhecimento desta vasta diversidade ainda não são completamente
compreendidos (Dong & Dimopoulos, 2009).
O sistema de defesa dos mosquitos é composto por mecanismos celulares e
humorais que são activados após o reconhecimento de agentes patogénicos invasores
por receptores moleculares específicos (PRR). O reconhecimento destes padrões
moleculares associados a agentes patogénicos (PAMPs) vai activar indirectamente uma
série de mecanismos de defesa que controla a transcrição de genes efectores, ou vai
actuar directamente através de mecanismos de encapsulação e fagocitose (Dong &
Dimopoulos, 2009).
No entanto, estes sistemas de vigilância imunitária carecem de reconhecimento
mediado por anticorpos e por isso, assentam num conjunto relativamente limitado de
receptores que reconhecem padrões de moléculas invariantes e evolutivamente
conservadas na superfície dos agentes patogénicos (Dong & Dimopoulos, 2009).
A sinalização imunológica é desencadeada após reconhecimento de estruturas
conservadas microbianas específicas, comuns às bactérias mas ausentes no hospedeiro,
cujo reconhecimento é essencial para a activação da imunidade inata do insecto. Um
destes exemplos é o peptidoglicano (PGN), constituinte da parede celular de bactérias
Gram-negativas e Gram-positivas e que pode estar na origem do reconhecimento
específico por proteínas como as PGRPs (Meister et al., 2009).
Estudos sobre a flora microbiana do tracto digestivo de insectos assentam,
sobretudo, na contribuição dos micorganismos endosimbiontes para a homeostase
nutricional do hospedeiro. Recentemente tem sido demonstrado que a presença de uma
flora bacteriana natural, no intestino médio de Anopheles sp., quer em insectos de
laboratório quer na Natureza, desempenha um papel preponderante na prevenção do
desenvolvimento parasitário de Plasmodium sp. Dong et al. 2009, afirma que a presença
de bactérias é responsável pela activação de respostas imunitárias antimicrobianas no
intestino médio dos mosquitos, onde péptidos sintetizados e outros factores imunes vão
actuar contra a infecção com P. berghei.
9
Actualmente vários métodos são aplicados na identificação de bactérias, em
mosquitos do género Anopheles, capturados em campo, recorrendo a técnicas de cultura
de bactérias. Apesar da flora bacteriana variar em função da distribuição geográfica e
nichos ecológicos ocupados pelos mosquitos, têm sido abundantemente detectadas as
bactérias Pseudomonas cepacia, Enterobacter agglomerans e Flavobacterium spp.,
associadas à flora bacteriana de A. stephensi e A. gambiae criados em laboratório (Rani
et al., 2009).
A diversidade bacteriana nas espécies de Anopheles é assumida como sendo
particularmente baixa no estádio de adulto, devido à renovação do tracto digestivo
durante a metamorfose de pupa para adulto (Boissière et al., 2012). A microflora nos
mosquitos adultos apresenta ainda uma composição diferente, devido às transições
metamórficas a eliminação da microflora dos estádios larvares está associada à
aquisição de um novo set de microrganismos (Rani et al., 2009). Estas bactérias terão
sido adquiridas, naturalmente, do ambiente aquático durante o desenvolvimento dos
estágios imaturos, no entanto transmissão vertical também se encontra documentada
(Boissière et al., 2012).
Apesar de permanecerem desconhecidos os mecanismos responsáveis pela
colonização do trato digestivo dos mosquitos vectores adultos, por bactérias da
microflora intestinal no seu habitat natural, sabe-se que a aquisição de uma flora
intestinal bacteriana, em meio laboratorial, pode ocorrer verticalmente ou por via
alimentar, através de soluções de açúcar ou durante refeições sanguíneas contaminadas
(Rani et al., 2009).
A correcta identificação das bactérias Gram-negativas, frequentemente
encontradas no tubo digestivo dos mosquitos e constituintes da flora Microbiota, assim
como os mecanismos fisiológicos associados, podem contribuir para uma melhor
compreensão da dinâmica da co-infecção com Plasmodium e definição de novas
estratégias de controlo (Azambuja et al., 2005).
10
Novas Perspectivas no Controlo do Vector
Actualmente, e ao longo das últimas décadas, as estratégias de controlo da
malária, têm consistido primariamente no uso de insecticidas para reduzir as populações
de vectores e a utilização de fármacos para eliminar o parasita (Riehle et al., 2005).
Mais ainda, os procedimentos utilizados para medir as taxas de transmissão não se
encontram padronizados, nem consideram as diferenças ecológicas, demográficas e
sócio-económicas da população (Kelly-Hope & Mckenzie, 2009).
A compreensão de como as interacções Anopheles-Plasmodium contribuem para
a competência vectorial do mosquito, tem sido recentemente alvo de elevada atenção,
abrindo caminho para a aquisição de novas estratégias no controlo da malária (Boissière
et al., 2012).
Actualmente, o principal objectivo de um programa de controlo da malária, não
deve consistir apenas na eliminação do parasita, mas na interferência na sua transmissão
pelos mosquitos vectores (Riehle & Jacobs-Lorena, 2005). Técnicas de modificação
genética têm sido desenvolvidas para A. gambiae e A. stephensi (Boissière et al., 2012).
A ideia de substituir as populações de vectores naturais por outras alteradas
geneticamente, capazes de actuar directamente sobre infecções por Plasmodium, recebe
actualmente particular atenção. Existem modelos para alterar geneticamente os
mosquitos, estão identificadas moléculas efectoras capazes de actuar sobre os parasitas
e estão identificados promotores específicos para expressar as moléculas efectoras no
tempo e local apropriado (Riehle & Jacobs-Lorena, 2005). No entanto, a utilização de
mosquitos transgénicos está associada a uma diminuição da sua fitness (Boissière et al.,
2012), além que seria ainda necessário ultrapassar as limitações associadas ao método
para substituir as populações de mosquitos naturais, pelas refractárias à infecção por
Plasmodium (Riehle & Jacobs-Lorena, 2005).
Recentemente têm sido exploradas outras hipóteses associadas à utilização de
microrganismos como agentes de controlo biológico de doenças transmitidas por
vectores. A susceptibilidade de Anopheles à infecção por Plasmodium está sobre
controlo genético, no entanto a elevada variabilidade no número de oocistos em
espécies de mosquitos relativamente próximas indica que os factores ambientais
11
também podem influenciar. Várias evidências sugerem que a flora bacteriana do
mosquito tem influência na sua competência vectorial (Boissière et al., 2012).
As bactérias presentes no lúmen do intestino médio dos mosquitos interagem
directamente e adversamente, contra os diferentes estádios de desenvolvimento de
Plasmodium presentes na refeição sanguínea através da produção de enzimas, toxinas e
barreira física que inibem a interacção entre os oocinetos e o epitélio do intestino médio.
Alternativamente, o efeito bacteriano no desenvolvimento do parasita pode ocorrer
através de alterações na fisiologia do próprio mosquito hospedeiro. Aqui, a indução do
sistema imune vai actuar de forma cruzada sobre bactérias e Plasmodium (Dong et al.,
2009b).
Pseudomonas aeruginosa e a Produção de Biofilme
P. aeruginosa é um microrganismo ubíquo que ocupa um elevado leque de
nichos ecológicos (Drenkard, 2003). Enquanto algumas espécies residem no seu habitat
natural, outras têm propensão para causar doença (Mann & Wozniak, 2012). É uma
bactéria Gram-negativa potencialmente patogénica para o ser humano cuja importância
médica reside na sua natureza oportunista, quando associada a um sistema imunitário
imunocomprometido. Uma das suas características mais importantes é a capacidade de
produzir biofilme (Ma et al., 2012). Infecções persistentes causadas por bactérias
produtoras de biofilme estão associadas a um elevado número de condições médicas,
com especial referência à fibrose quística. Como consequência, este tipo de infecções
geralmente são crónicas e difíceis de tratar (Drenkard, 2003).
Nos biofilmes produzidos por P. aeruginosa, células bacterianas individuais
iniciam a aderência a um substrato, seguindo-se uma propagação clonal, construção da
matriz e maturação do biofilme (Mann & Wozniak, 2012). Em termos espaciais, o ciclo
de formação destas matrizes traduz-se em 5 fases, que têm início com a adesão de
células livres a uma superfície, seguindo-se a formação de microcolónias e por fim a
dispersão, onde se libertam células das microcolónias para ocupar novas superfícies
(Ma et al., 2009) (Figura 5).
12
Figura 5. Fases da formação do biofilme por P. aeruginosa. 1- Adesão inicial; 2- Adesão irreversível; 3- Maturação I; 4- Maturação II e 5- Dispersão. Adaptado de http://microbewiki.kenyon.edu/index.php/Pseudomonas_aeruginosa.
P. aeruginosa é um microrganismo modelo na investigação de biofilmes. Estes
têm sido tema de intenso estudo na última década por dois motivos principais. Primeiro
no sentido de estudar as bactérias, procurando perceber a natureza das comunidades
multicelulares, e por fim, a formação de biofilmes provoca sérios problemas médicos e
industriais, uma vez que as bactérias presentes nestas matrizes podem resistir não só ao
tratamento antibiótico mas também às respostas imunitárias do hospedeiro (Harmsen et
al., 2010).
Os biofilmes ou comunidades de bactérias estruturadas associadas a superfícies
são mantidos por uma substância extracelular polimérica extracelular (EPS),
responsável por manter a arquitectura e funções como matriz, sustendo as células do
biofilme. A matriz ou EPS de P. aeruginosa consiste numa mistura pouco definida de
polissacarídeos, ácidos nucleicos e proteínas, onde um dos principais constituintes que
contribui para a formação do biofilme é o alginato (Ma et al., 2009). Este
polissacarídeo, de elevado peso molecular, é fundamental para a estabilidade estrutural
do biofilme, onde eventos genéticos específicos podem dar origem a uma
sobreprodução nos fenótipos mucoides (Mann & Wozniak, 2012) (Figura 6).
13
Figura 6. Estrutura química possível do alginato produzido por P. aeruginosa, resíduos de ácido D-manurónico intercalados com resíduos de ácido L-gulurónico (Franklin et al., 2011.)
A EPS alberga as células bacterianas do biofilme, consequentemente
desemp
al, os biofilmes são considerados como uma
comun
Pseudomonas, além da EPS,
destaca
, uma das mais importantes características dos
biofilm
enha um papel preponderante em diversos processos associados à adesão
bacteriana, interconexão celular, interacções entre subpopulações, tolerância e trocas de
material genético (Harmsen et al., 2010). Devido a estes factos, de um modo geral,
pode-se afirmar que a matriz exopolissacrídea providencia uma barreira efectiva que
restringe a entrada de biocidas quimicamente reactivos, antibióticos catiónicos e
péptidos antibióticos (Drenkkard, 2003).
Além da sua capacidade estrutur
idade funcional de células bacterianas, alcançando como comunidade o que
espécies isoladas não conseguem. Ou seja, nesta associação sinérgica as propriedades da
comunidade no interior da matriz são superiores ao somatório das propriedades
individuais de cada subpopulação (Sutherland, 2001).
Dos principais compostos sintetizados pelas
m-se os biossurfactantes e os sideroforos. O biossurfactante ramnolipídeo
desempenha múltiplas funções na formação do biofilme, sendo necessário para a
manutenção dos canais, bem como para a migração das células móveis. Recentemente,
foi ainda demonstrado que a produção de ramnolipídeo por P. aeruginosa, desempenha
um papel na tolerância do biofilme às células do sistema imune. Mais ainda, é sugerido
que as células bacterianas no biofilme respondem à presença de PMN’s (células
polimorfonucleares) pela síntese de ramnolipídeo, que vai aderir às bactérias do
biofilme e actuar como escudo e eliminar as células imunitárias após contacto. O
sideróforo de ferro, a pioverdina, é necessário para a estruturação da matriz (Harmsen et
al., 2010). De acordo com Azambuja et al., 2005, hipoteticamente, a pioverdina e
piocianina actuam como potenciais citocinas contra parasitas do tracto digestivo. Uma
das grandes vantagens para a população bacteriana é que a produção de compostos pelas
bactérias vai-se acumular na matriz extracelular e ficar disponível para toda a
comunidade (Harmsen et al., 2010).
Como referido anteriormente
es consiste na aquisição de tolerância, por parte da população bacteriana, a
agentes antimicrobianos, antibióticos e componentes do sistema imunitário. Apesar dos
agentes antimicrobianos diminuírem o número de bactérias presentes nos biofilmes, não
14
as elimina completamente o que pode ter como consequências recidivas de infecções
bacterianas. As evidências disponíveis indicam que a matriz do biofilme, em geral, não
inibe a difusão dos antibióticos, mas antes a penetração de alguns compostos parece ser
retardada (Harmsen et al., 2010). Enquanto que a maioria dos antibióticos é capaz de se
difundir rapidamente pela matriz do biofilme de estirpes de P. aeruginosa wild-type,
parece que o alginato produzido pelas estirpes mucoides pode retardar a difusão de
alguns antimicrobianos (ex. piperacilina, amicacina e gentamicina). Outros
antimicrobianos difudem-se rapidamente (ex. ciprofloxacina, levofloxacina,
esparfloxacina e ofloxacina) (Harmsen et al., 2010). Recentes evidências demonstraram
que a actividade antibiótica sobre o biofilme de P. aeruginosa mucoide pode ser
significativamente aumentada pela adição de liases de alginato. Estes dados sugerem
que o alginato pode actuar como barreira aos antibióticos (Harmsen et al., 2010).
Estudos efectuados com P. aeruginosa, indicam que a tolerância do biofilme é
multifa
bactérias Gram-negativas frequentemente encontradas no intestino
édio
ctorial e apenas uma combinação de diferentes mecanismos pode contribuir para
os níveis de resistência observada pelas comunidades albergadas pelo biofilme
(Drenkkard, 2003). Entre os mecanismos que contribuem para a tolerância encontram-
se uma difusão antimicrobiana restrita, actividade fisiológica diferencial, indução de
mecanismos de tolerância específicos e formação celular contínua (Harmsen et al.,
2010).
As diversas
m dos mosquitos, possivelmente influenciam especificamente o crescimento e
desenvolvimento diferencial de Plasmodium ingerido com a refeição sanguínea. Esta
contribuição para a modulação da competência vectorial ganha actualmente terreno no
estabelecimento de novas estratégias de controlo do vector (Azambuja et al., 2005).
15
Objectivo e Desenho Experimental
16
Objectivo
Este trabalho teve como objectivo geral o estudo da influência da flora
bacteriana, nomeadamente as bactérias do género Pseudomonas, presentes no trato
digestivo do mosquito Anopheles sp. e a sua relação com a infecção por Plasmodium
berghei.
Desenho Experimental
Para se averiguar se a presença destas bactérias no intestino médio do mosquito
confere algum grau de proteção à infecção, foi delineada a seguinte metodologia:
• A obtenção de mosquitos estéreis através de tratamento com antibióticos de
largo espectro.
• A colonização do tubo digestivo dos mosquitos estéreis com dois isolados de P.
aeruginosa, não mucosa e mucosa.
• O efeito da Microbiota na evolução da infecção por P. berghei em mosquitos,
determinado através da prevalência e intensidade de infecção nas seguintes
condições:
o Flora bacteriana natural intacta
o Condição de esterilidade
o Presença de P. aeruginosa mucosa
o Presença de P. aeruginosa não mucosa
17
Metodologia
18
Análise metagenómica de Anopheles gambiae infectados e não
infectados com Plasmodium falciparum
No ano de 2005, foi realizado um estudo de metagenómica da Microbiota de
mosquitos A. gambiae infectados e não infectados com P. falciparum. Este estudo foi
realizado na empresa biotecnológica Biocant (Cantanhede, Portugal), utilizando
amostras colectadas na Guiné Equatorial pela Dra. Cristina Mendes no âmbito de um
projeto liderado pela Doutora Ana Paula Arez, e é referenciada a metodologia aplicada e
resultados obtidos para comparação dos mesmos.
No estudo referido, fêmeas de mosquitos A. gambiae alimentadas, provenientes
de duas regiões da Guiné Equatorial foram recolhidas de manhã no interior de
habitações. Os mosquitos que se alimentaram durante a noite na habitação foram
mantidos durante 8 dias para que se pudesse dar o desenvolvimento do parasita.
Mosquitos com oocistos foram considerados susceptíveis e mosquito sem oocistos
foram considerados resistentes. Mosquitos com parasitas nas glândulas salivares não
foram considerados por representarem infecções adquiridas noutro local. O DNA destes
mosquitos foi extraído e a presença de espécies de Plasmodium foi determinada por
PCR (Mendes et al., 2012). O DNA dos mosquitos com presença de oocistos foi
agrupado em 3 pools infectados (susceptiveis à infecção) e 3 pools não-infectados
(resistentes à infecção). Os pools de DNA foram processados por PCR. O DNA
ribossomal 16S da comunidade bacteriana do intestino médio dos mosquitos foi
amplificado para a região hipervariável V6 com primers de fusão contendo os códigos
de barras, os adaptadores A e B Roche-454 Titanium e as sequencias específicas para a
região ribossomal. Os amplicões foram quantificados por fluorimetria com kit
quantificação PicoGreen (Invitrogen) e agrupados em concentrações equimolares e
sequenciados na direção A utilizando a plataforma GS 454 FLX Titanium, de acordo
com as instruções do fabricante (Roche, 454 Life Ciências, Brandford, CT, EUA) no
Biocant (Cantanhede, Portugal).
Os resultados da pirosequenciação foram processados usando um “pipline”
automático implementado no Biocant. Num primeiro passo, as leituras da sequenciação
foram classificadas de acordo com o código de barras correspondente. De modo a
19
minimizar os erros aleatórios de sequenciação foram eliminadas as sequências com
menos do que 120 pb e que continham mais do que dois nucleótidos indeterminados. As
sequências com mais de 50% das regiões de baixa complexidade, determinada por
DustMasker (Sogin et al., 2006) e as sequências quiméricas, identificados por UChime
(Edgar, 2011), foram descartados. As sequências foram agrupadas com USearch (Edgar,
2010) com uma distância filogenética de 3%, para criar as unidades taxonómicas
operacionais (OTU). A taxonomia de cada OTU foi identificada através de uma
pesquisa BLAST contra o Ribosomal Database project II (RDP) de banco de dados
(Cole et al., 2008). Todas as sequências com um alinhamento menor do que 40%, bem
como aqueles com um valor de e maior do que 1e-50 foram rejeitados. Além disso, um
teste de bootstrap foi aplicado aos OTUs para identificar o nível taxonómico. Apenas as
sequências com um bootstrap superior a 70%, depois de 100 repetições, obtidas a partir
de SeqBoot pelo pacote Phylip (Felsenstein, 1989), foram mantidas. A atribuição
taxonómica das OTUs foi concluída com a atribuição do número de identificação
taxonómica NCBI, o que permitiu a identificação de todos os organismos. Por fim, para
cada um taxon identificado na amostra, o número total de sequências foi determinado,
fornecendo a abundância de todos os organismos identificados, para análise estatística
a população. d
Determinação das curvas de crescimento de Pseudomonas aeruginosa
dos isolados mucoso e não mucoso
As bactérias utilizadas neste estudo foram isoladas a partir de um doente com
fibrose cística e foram cedidas pela Professora Isabel Sá-Correia do Centro de
Engenharia Biológica e Química do Instituto Superior Técnico.
Os isolados de P. aeruginosa foram recebidos em placas de cultura, cultivados
em meio específico para Pseudomonas (agar de citrimida). As colónias de bactérias
isoladas foram retiradas com uma ansa e inoculadas em 2 ml de meio de cultura LB e
incubadas durante a noite com agitação à temperatura ambiente (≈ 30 °C). Após 24
20
horas, e observando-se um claro crescimento bacteriano, a cada 500 μl desta suspensão
adicionou-se 500 μl de glicerol e conservou-se a -80 °C até posterior utilização.
Para determinar a fase de crescimento exponencial, garantindo assim uma
melhor taxa de divisão celular bacteriana, foram determinadas as curvas de crescimento
dos isolados, mucoso e não mucoso, de P. aeruginosa. Para tal, adicionou-se 1 ml do
extracto bacteriano, conservado em glicerol a -80 °C, a 7 ml de meio de cultura LB e
determinou-se a absorvância num espectrofotómetro a um comprimento de onda de 600
nm. Após a primeira leitura, deixou-se incubar a 30 °C com agitação e, a todas as horas
procedeu-se à leitura dos valores de absorvância para cada intervalo de tempo.
Esterilização bacteriana e infecção de mosquitos Anopheles stephensi
Foi recolhido um total de 800 pupas de A. stephensi, que foram posteriormente
distribuídas por 4 grupos com cerca 200 de pupas cada. As pupas correspondentes aos
grupos 1, 2 e 3, foram colocadas a emergir em água autoclavada com uma mistura de 4
antibióticos: Ampicilina, Sulfato de Neomicina e Metronidazole numa concentração de
1g/L e Hidrocloreto de Vancomicina a 0,5 g/L (Figura 7). As pupas correspondentes ao
grupo 4 foram deixadas a emergir, noutra gaiola, em apenas água autoclavada.
Segundo Ivanov et al., 2008 a Vancomicina ou Ampicilina inibem
predominantemente bactérias Gram-positivas, o Metronidazole atua sobre as bactérias
anaeróbicas e o Sulfato de Neomicina tem como alvo predominante as bactérias Gram-
negativas.
Durante 3 dias, após a separação das pupas para as gaiolas de emergência, foi
disponibilizada solução de sacarose estéril, numa concentração de 10 % e com a mistura
dos 4 antibióticos, para os grupos 1, 2 e 3. Para o grupo 4 foi disponibilizada apenas
solução de sacarose a 10 %. Procedeu-se ainda à mudança diária destas soluções.
21
A B
Figura 7. Pupas de A. stephensi colocadas a emergir na presença de antibióticos (A) e em água estéril (B).
De forma a garantir o máximo de esterilidade da fonte de açúcar e visto a
impossibilidade de sujeitar esta molécula a elevadas temperaturas de forma a não perder
priedades, a solução de sacarose, com e sem os antibióticos, foi preparada
uma câmara de fluxo laminar com água Milli-Q esterilizada e passada por um filtro de
,2 µm, para seringas.
o 4º dia, procedeu-se à distribuição/transferência dos mosquitos para 4 copos
de papel descartável (Figura 8). Neste ensaio não foram utilizadas as gaiolas de rede
convencionais para manter os mosquitos, devido ao tratamento dos mesmos com
seudomonas, optando-se por utilizar material descartável e de fácil descontaminação.
cta).
as suas pro
n
0
A
P
Foi atribuída aos grupos 1, 2, 3 e 4, respectivamente, as designações de PaNM
(tratamento antibiótico e reconstituição da Microbiota com P. aeruginosa não mucoso),
PaM (tratamento antibiótico e reconstituição da Microbiota com P. aeruginosa
mucoso), Antib (tratamento antibiótico sem reconstituição da Microbiota) e Cont (flora
microbiana natural inta
22
23
Figu 8. Copos descartáveis de papel, onde foram colocados os mosquitos, A. stephensi, correspondentes a cada grupo de cada experiência. A – Vista lateral e B – Vista superior.
ra
A B
squitos e procedeu-se à
ucoso e mucoso de
r durante a noite os isolados de
horas. Este intervalo de tempo,
ento.
nto bacteriano, o algodão
as
dentes ao
grupo Cont (sem tratamento antibiótico nem Pseudomonas) e grupo Antib (com
tratame
Ainda no 4ª dia, foi retirada a fonte de açúcar aos mo
reconstituição da Microbiota dos grupos 1 e 2 com os isolados não m
P. aeruginosa. No dia anterior, deixou-se a incuba
Pseudomonas em meio LB por aproximadamente 12
fundamental para a taxa de crescimento bacteriano alcançar a fase exponencial, foi
determinado por espectofotometria aquando da construção das curvas de crescim
Após a incubação e na fase exponencial do crescime
est
ond
éril foi embebido na suspensão bacteriana e colocado sobre as redes das estrutur
e os mosquitos se encontravam contidos. Para os mosquitos correspon
nto antibiótico mas sem as bactérias), colocou-se apenas algodão embebido em
meio de cultura LB estéril (Figura 9).
Os algodões com meio de cultura, com e sem bactérias, foram disponibilizados
aos mosquitos durante cerca de 24 horas e decorrido este intervalo de tempo foram
retirados.
A
24
Figura 9. Copos de papel descartáveis com os grupos de mosquitos em estudo durante o tratamento com os isolados de P. aeruginosa em meio de cultura LB e em meio LB estéril. A – Vista lateral e B – Vista superior.
B
Infecção dos mosquitos com Plasmodium berghei
Ao quinto dia, após a emergência dos mosquitos adultos e após tratamento
anti à
infe . berghei GFP. Para isto, 7 dias antes da refeição
os (Mus musculos) CD1 com uma ampola de sangue
itémias e procedeu-se
. Efectuou-se uma punção
-se novos
4 murganhos com 150 µl de
a m
bacteriano e reconstituição da flora bacteriana dos grupos respectivos, procedeu-se
cção dos mosquitos com P
sanguínea infectaram-se 2 murganh
infectado com P. berghei. Após 4 dias determinaram-se as p
novamente a uma passagem para 6 1
ardíaca no murganho com a para
aras
murganhos da estirpe CD
sitémia entre 15 % a 20 % e infectaram
murgan
c
hos por via intraperitoneal com o sangue infectado.
Três dias após a infecção dos 6 murganhos, coincidente com o 5ª dia dos
mosquitos, determinaram-se as parasitémias e observou-se a exflagelação, ou seja, a
libertação dos gâmetas masculinos. Para a observação deste fenómeno, bafejou-se sobre
uma gota de sangue fresco obtida da cauda do murganho. O aumento da taxa de CO2 e
consequente diminuição do pH é responsável por desencadear o processo de
exflagelação dos microgametócitos. Seguidamente procedeu-se à refeição sanguínea dos
mosquitos e infecção destes com P. berghei. Anestesiou-se
um istura de 10 % Rompun (Bayer), 20 % Imalgene (Merial) em PBS por via
intraperitoneal e aguardou-se alguns minutos até os murganhos perderem o reflexo de
retirada da pata. Após este tempo, os murganhos foram colocados sobres as redes dos
copos de papel descartáveis e as fêmeas de A. stephensi puderam alimentar-se durante
30-45 min.
Durante a alimentação das fêmeas, os copos foram cobertos com um pano escuro
de forma a diminuir não só a intensidade luminosa, mas também a evitar a perda de
calor por parte dos murganhos por acção do ar condicionado e baixas temperatura da
sala, tornando os murganhos menos atractivos aos mosquitos. Temperaturas da ordem
dos 21 °C estão associadas a uma melhor taxa de infecção por P. berghei no trato
digestivo do mosquito.
Terminada a refeição sanguínea e retirando-se as fêmeas não alimentadas (não
engorgitadas) restituiu-se a glucose, disponibilizando-a num algodão embebido sobre as
redes e trocando-o diariamente. Os mosquitos foram mantidos durante 8 dias a 21 °C.
Isolamento de bactérias do intestino médio de Anopheles stephensi
A presença de Pseudomonas no intestino médio dos mosquitos foi avaliada após
o tratamento com os antibióticos e reconstituição da Microbiota. Ao 5º dia, cerca de 24
horas após a reconstituição com Pseudomonas e antes da refeição sanguínea, 5
tib e Cont foram extraídos e
oram
A partir destas diluições, 100
os meios gerais LA e TSA e
com o
dos dois isolados.
intestinos médios de fêmeas dos grupos PaNM, PaM, An
homogeneizados em PBS, em condições de esterilidade. Dos estratos obtidos, f
realizadas diluições sequenciais de 1/10, 1/100 e 1/1000.
l de cada, foram inoculadas em placas de cultura com µ
meio específico, agar de citrimida, para Pseudomonas. As placas foram deixadas
a crescer numa estufa a 37 °C e foram observadas 24, 48 e 72 horas após a inoculação.
Sabendo-se da existência de um incremento bacteriano cerca de 24 horas após a
refeição sanguínea, o mesmo procedimento foi aplicado decorrido esse intervalo de
tempo, após a refeição sanguínea.
Foi ainda inoculado em agar de citrimida, 100 µl de diluições de 1/100 e 1/1000,
dos isolados mucoso e não mucoso a crescer em meio LB, aquando da sua utilização
para infectar os mosquitos. Pretendeu-se de forma a confirmar o crescimento bacteriano
25
Contagem de oocistos
Oito dias após a refeição sanguínea dos mosquitos, procedeu-se à contagem dos
oocistos a partir dos intestinos m
-se à dissecção dos tubos digestivos. Após a obtenção dos
m alinhados entre lâmina e lamela em PBS e observados ao
a. O número de oocistos foi determinado para cada intestino
médio de cada fêmea, para cada grupo.
rentes grupos.
édios das fêmeas de A. stephensi. Para cada grupo em
estudo, foram retiradas as fêmeas através de um aspirador entomológico e foram
ndos no congelador. Após os mosquitos se encontrarem colocadas cerca de 30 segu
inactivos pelo frio, procedeu
intestinos médios, estes fora
icroscópio de fluorescêncim
Os resultados relativos às taxas de infecção e contagem de oocistos, foram
analisados estatisticamente de forma a compararem-se os diferentes grupos de
tratamento em relação ao grupo controlo. Para tal, comparam-se as taxas de infecção
dos mosquitos através de um teste de Fisher, bem como a intensidade de infecção, ou
número de oocitos por estômago nas fêmeas infectadas, através de um teste de Mann-
Whitney. A aplicação destes testes estatísticos permitiu determinar a existência ou não
de diferenças significativas entre os dife
26
Resultados
27
Figura 10. Alterações da Microbiota do intestino médio de mosquitos infectados por P. falciparum. As barras representam a relação entre a quantidade OTUs (Unidades taxonómicas operacionais) e do número de sequências por OTU observadas nos mosquitos infectados em relação aos mosquitos não infectados.
0,5
0,7
0,9
1,1
1,3
racio infectad
o nã
o
1,5
1,7
1,9
2,1
2,3
2,5
infectad
o
OTU
SEQ
Total Total Gram pos Total Gram neg Pseudomonas Gammaproteobacteria
nálise metagenómica de Anopheles gambiae infectados e não A
infectados com Plasmodium falciparum
í os mosquitos infectados ( f
e D A
édio dos mosquitos. As sequências
a tificar alt ações na di r
na em mosquitos susceptíveis à infecção por P. falciparum, quando
compa
A partir do DNA extra do d susceptíveis à in ecção) e
não infectados (resistentes à infecção), foi amplificado e s quenciado o N da
população microbiana presente no intestino m
obtidas foram analisadas par iden er versidade e estrutu a da
comunidade bacteria
rados com mosquitos resistentes à infecção. Foram obtidas um total de 60 037
sequências nas três réplicas de mosquitos analisados (28 005 infectados, 32 032 não
infectados) e o número de sequências por amostra variou de 3 328 a 13 186.
Apenas foram considerados os grupos que estavam representados em todas as 3
réplicas. O género Pseudomonas (Tax ID:286) estava sub-representado nos mosquitos
infectados, enquanto que a Classe Gammaproteobacteria (Tax ID:1236) estava sobre-
representada (Figura 10).
28
Curvas de crescimento de Pseudomonas aeruginosa dos isolados
mucoso e não mucoso
Figura 11. Valores de absorvância para o isolado mucoso e não mucoso de P. aeruginosa, para cada intervalo de tempo. Cada intervalo de tempo corresponde a 1 hora e os valores de absorvância foram medidos a um comprimento de onda de 600 nm.
Isolado não mucoso Isolado mucoso
ase de maior actividade celular
coso e não mucoso, apresentaram um crescimento idêntico,
A partir dos isolados utilizados para o crescimento bacteriano e determinação
das curvas de crescimento, procedeu-se à sua inoculação em agar de citrimida com o
ultura LB, incubando-se posteriormente a 37 °C. Foram efectuadas observações
decorridas 24, 48 e 72 horas.
De forma a determinar-se a f das Pseudomonas,
ou seja, o período correspondente à maior taxa de divisão bacteriana, a fase de
crescimento exponencial ou fase L o dos valores de
absorvância a 600 nm, para cada inte dos (Anexo 1).
Os dois isolados, mu
og, procedeu-se à determinaçã
rvalo de tempo, para os dois isola
ou seja, revelaram valores de absorvância muito semelhantes. Em ambos, a fase
exponencial teve início 6 horas após a inoculação do isolado em meio de cultura LB
(Figura 11).
objectivo de se confirmar o crescimento bacteriano de ambos. Efectuaram-se diluições
de 1/100 e 1/1000, a partir das quais foram inoculados 100 µl de cada em meio de
c
29
A partir da observação do crescimento bacteriano, foram verificadas diferenças
morfológicas nos diferentes isolados (figura 12). O crescimento bacteriano
correspondente ao isolado não mucoso, demonstrou uma tendência de crescimento das
colónias mais homogénea (placas da esquerda). Por sua vez, o isolado mucoso
evidenciou a produção de alginato, típico destas colónias, mais acentuado com o
decorrer do tempo e com a tendência para se acumular e escorrer (placas da direita).
Infecção dos mosquitos com Plasmodium berghei
A B A B
Tabela I. Parasitémias dos murganapós a infecção por ampola e 3 dias após passa
hos 4 dias a
la Passagem19 212 20
3 ‐ 18
Parasitémia
gem.
Murganho Ampo
2 21
4 ‐ 215 ‐ <16 ‐ 17
(%)
Par
xperiment
cessário
os CD ,
sitémias
m
Figura 12. Crescimento bacteriano em meio de cultura de citrimida do isolado não mucoso (à esquerda) e mucoso (à direita) de P. aeruginosa. A - Após 24 horas de cultivo e B - Após 48 horas de cultivo.
a se proceder à infecção
al dos mosquitos de A. e
sthephensi com P. berghei, foi ne
proceder-se à infecção dos murganh 1
fonte do parasita aquando da refeição
sanguínea dos mosquitos. As para
fora determinadas por esfregaço
sanguíneo, quatro dias após a infecção
intraperitoneal com sangue infectado
30
criopreservado, de dois murganhos (Nº 1 e 2) e três dias após passagem para quatro
novos murganhos (Nº 3, 4, 5, e 6) (tabela I).
Todos os murganhos infectados, à excepção do Nº 5 posteriormente à passagem,
apresentaram valores de parasitémia dentro do intervalo utilizado para a infecção dos
mosquitos (≈ 15-20 %). Desta forma, para se efetuar a passagem a partir dos dois
primeir
ente da presença de bactérias. No grupo controlo a mortalidade foi
bastant
actérias do intestino médio de Anopheles stephensi
os murganhos infectados, optou-se pelo Nº 2. Para a alimentação das fêmeas dos
quatro grupos excluíram-se os murganhos 3 e 5, pois o primeiro pareceu apresentar uma
menor taxa de exflagelação e o segundo apresentou uma parasitémia praticamente
indetectável.
No dia da refeição sanguínea, foi observada uma mortalidade bastante elevada
nos mosquitos correspondentes aos grupos sujeitos ao tratamento antibiótico,
independentem
e reduzida.
Isolamento de b
uitos
ento bacteriano através do
u-se também a detecção de P.
obtidos, 100 µl das diluições 1/10, 1/100 e 1/1000 foram cultivados
nos me
intestinos médios dos mosquitos, cuja flora Microbiota foi restituída com as
Para se confirmar a condição de esterilidade do tracto digestivo dos mosq
após o tratamento antibiótico, procedeu-se ao isolam
rescimento no meio de cultura geral LA e TSA. Pretendec
aeruginosa, após re-infecção dos mosquitos previamente esterilizados, através do
crescimento bacteriano em meio de cultura à base de citrimida, específico para este
grupo de bactérias.
Para cada grupo experimental, foram seleccionados aleatoriamente cinco
mosquitos aos quais foram extraídos os intestinos médios e homogeneizados em PBS. A
partir dos extractos
ios de cultura seleccionados. Este procedimento foi aplicado 24 horas antes e
após a refeição sanguínea. O crescimento bacteriano foi seguido 24, 48 e 72 horas após
a inoculação e incubação a 37 °C (Anexo 2 e 3).
Previamente à refeição sanguínea, a partir da inoculação dos extractos dos
31
Pseudomonas, foi observado crescimento bacteriano nos mosquitos do grupo PaNM
para os diferentes meios de cultura. Contudo, na inoculação em agar de citrimida, foi
e colónias no meio de cultura LA e na
diluiçã
s com aparência não mucosa na inoculação do grupo PaNM. Já no grupo
ormação de colónias não mucosas e uma
apenas verificado crescimento bacteriano na diluição de 1/10. Morfologicamente, as
colónias de Pseudomonas observadas apresentaram uma aparência de crescimento não
mucoso, ou seja, não foi observada a produção de alginato. Este composto apresenta um
aspecto de uma substância translúcida e viscosa em torno da colónia, que com o
decorrer do tempo tem tendência para escorrer e acumular-se na fase oposta da placa de
Petri. Para o grupo PaM, apenas foi verificado crescimento bacteriano quando semeado
no meio de cultura LA e na diluição de 1/100.
Não foi observada qualquer colónia a partir da inoculação dos mosquitos
tratados com os antibióticos, independentemente de meio de cultura e diluição
efectuada. Por sua vez, para o grupo controlo, tecnicamente com a flora microbiana
intacta, apenas foi observado o crescimento d
o de 1/100.
Decorridas 24 após a refeição sanguínea, período correspondente a um aumento
significativo quer na composição da flora microbiana intestinal dos mosquitos quer na
quantidade, foi observado um acentuado crescimento bacteriano, em comparação com a
fase anterior.
Para os mosquitos correspondentes aos grupos PaNM e PaM, foi observada uma
elevada taxa de crescimento bacteriano nos meios de cultura LA e TSA,
independentemente da diluição. Em relação ao meio de citrimida, foram observadas
apenas colónia
PaM, foram verificadas diferenças morfológicas correspondentes ao crescimento dos
dois tipos de isolado, mucoso e não mucoso.
Como esperado, não foi registado nenhuma evidência de crescimento bacteriano
no grupo Antib. Contrariamente, no grupo Cont houve um crescimento bacteriano
bastante acentuado para os meios de cultura LB e TSA. Em relação ao meio de
citrimida, foi observado para este grupo a f
colónia mucosa, nas diluições 1/10 e 1/100. A partir destas placas de cultura, foram
seleccionadas seis colónias não mucosas e uma colónia mucosa, todas bem
diferenciadas e distintas, e foram retiradas com uma ansa e colocadas a crescer em meio
32
LB durante a noite. Foram realizadas alíquotas destas suspensões bacterianas e
conservadas com glicerol a -80 °C para posterior análise molecular.
A tabela II sumariza o crescimento bacteriano de cada grupo, para cada meio de
cultura e diluição.
conservadas com glicerol a -80 °C para posterior análise molecular.
A tabela II sumariza o crescimento bacteriano de cada grupo, para cada meio de
cultura e diluição.
Tabela II. Presença/ausência de crescimento bacteriano dos extractos intestinais dos mosquitos, 24 horas antes e após a refeição sanguínea, decorridas 24 e 48 horas após incubação a 37 ºC, em relação a cada
Meio de CulturaLA CitrimidaTSA
grupo de estudo e diluição.
C
ontagem de oocistos ontagem de oocistos C
Para a determinação da taxa e intensidade de infecção dos mosquitos, foi
dissecado o intestino médio que se observou ao microscópio de fluorescência. O
+ + + - -1/1000 + + + + - -
1/10 + + + + + +1/100 + + + + + +
1/1000 + + + + + +1/10 - - - - - -
1/100 + + - - - -1/1000 - - - - - -
1/10 + + + + + +1/100 + + + + + +
1/1000 + + + + + +1/10 - - - - - -
1/100 - - - - - -1/1000 - - - - - -
1/10 - - - - - -1/100 - - - - - -
1/1000 - - - - - -1/10 - - - - - -
1/100 + + - - - -1/1000 - - - - - -
1/10 + + + + + +1/100 + + + + + +
1/1000 + + + + - -
Con
t
24h antes RF
24h após RF
PaN
24h após RF
PaM
24h antes RF
24h após RF
Ant
ib
24h antes RF
24h após RF
Diluição 24 H 48 H 24 H 48 H 24 H 48 H1/10 + + + + + +
1/100 +
M
24h antes RF
33
Pa NM PaM Antib ContInfectados 8 (20 %) 10 (47,6 %) 10 (58,8 %) 25 (62,5 %) 53Não Infectados 2 (80 %) 11 (52,4 %) 7 (41,2 %) 15 (37,5 %) 35Total 10 2
Gru
1 17 40 88
pos mosquitos (%)Total
Tabela III. Nº de mosquitos infectados com P. berghei e não infectados para cada grupo de estudo e respectivas percentagens.
Figura 13. Taxa de infecção para cada grupo de mosquitos
do e registado para cada mosquito em cada grupo (anexo 4,
à elevada mortalidade nos mosquitos sujeitos ao tratamento
entes grupos apresentaram uma grande variação no número
os tratados com os antibióticos e re-colonizados com os
isolado
da
flora Microbiota com P. aeruginosa
mucosa) apresentou a menor taxa de
infecção. O grupo PaNM (restituição da
flora Microbiota com P. aeruginosa não
ucosa) apresentou a maior taxa de
infecçã
número de oocistos foi conta
5, 6 e 7), no entanto, devido
antibiótico, ao 8º dia os difer
e indivíduos. Para os grupd
s não mucoso e mucoso de P. aeruginosa e para o grupo sem re-colonização, foi
apenas possível dissecar um total de 10, 21 e 17 mosquitos, respectivamente. Para o
grupo controlo, foi possível dissecar um total de 40 mosquitos.
Em relação ao número de oocistos no intestino médio de cada mosquito para
cada grupo, foram determinados os valores médios da taxa de infecção (tabela III e
figura 13).
O grupo PaM (restituição
m
o e o grupo Antib apresentou
uma taxa de infecção semelhante ao
grupo Cont. Contudo, estes resultados
não apresentaram diferenças
significativas p=0,1991, p=0,2567 e
p=0,5108, respectivamente quando
comparadas com o teste exato de Fisher.
34
Para o estudo da intensidade da infecção, foi possível verificar que o grupo
Antib (p=0,1751), apresentou uma intensidade de infecção mais elevada, ou seja,
apresentou um maior número de oocistos, por intestino médio
(p=0,2
infectado. O grupo PaM
101), que além de apresentar a menor taxa de infecção, apresentou ainda a menor
intensidade de infecção. Por fim, o grupo PaNM (p=0,5444) apresentou uma
intensidade de infecção intermédia, em relação aos grupos anteriores, mas superior ao
grupo Cont (figura 14). Estes resultados não apresentaram diferenças significativas
quando comparadas com o teste de Mann-Whitney.
Figura 14. Intensidade de infeção para cada grupo de estudo. Control, sem tratamento com antibiótico; PaNM, tratamento com antibiótico e recolonização do intestino médio com P. aeruginosa nao-mucosa; PaM; tratamento com antibiótico e recolonização do intestino médio com P. aeruginosa mucosa; tratamento com antibiótico sem recolonização do intestino médio.
35
Discussão dos Resultados / Conclusões
36
Ao longo da evolução da Classe Insecta, as bactérias foram e continuam a ser
ma força constante e dominante no meio ambiente. O sucesso dos insectos criou uma
diversidade de oportunidades para os microrganismos ocuparem uma variedade de
ichos ecológicos criados pelos insectos. O intestino médio dos representantes desta
classe
t. Contudo, com a nova geração de métodos de sequenciação de
acteriana nas condições descritas anteriormente. O crescimento dos dois
alginato, onde foi possível observar a
rmaç
u
n
é um exemplo clássico de nichos onde os hospedeiros obtêm vantagens (Dillon &
Dillon, 2004).
De um modo geral, o conhecimento das comunidades residentes no tracto
digestivo dos insectos continua por explorar, principalmente devido às limitações das
técnicas de isolamento baseadas em culturas e devido à baixa resolução de técnicas de
análise como fingerprin
DNA está-se a providenciar novas oportunidades para explorar a diversidade bacteriana
nos ambientes complexos, assim como aprofundar conhecimento sobre a
susceptibilidade à doença e interacções hospedeiro/agente patogénico (Boissière et al.,
2012).
Na primeira fase deste trabalho, procedeu-se ao crescimento bacteriano dos dois
isolados de P. aeruginosa, produtor de biofilme e não produtor. Deste procedimento, foi
possível determinar que a fase Log teve início, aproximadamente, 6 horas após a
incubação b
isolados apresentou valores de absorvância bastante semelhantes para cada intervalo de
tempo, incluindo o início da fase exponencial após o mesmo espaço de tempo. Este
ensaio terminou ao fim de 10 horas, não tendo sido possível alcançar a fase estacionária,
por isso, optou-se por assumir 12 horas como tempo ideal para o qual as bactérias
encontrar-se-iam metabolicamente mais activas.
A partir da inoculação destes isolados, após 12 horas de incubação, observou-se
em agar de citrimida o crescimento bacteriano ao fim de 24 e 48 horas. Aqui, foi
possível observar claras diferenças morfológicas entre os isolados mucoso e não
mucoso, nomeadamente no isolado produtor de
fo ão do biofilme. Com o decorrer do tempo, as colónias foram-se alastrando e a
formação do biofilme demonstrou uma tendência para cobrir toda a superfície da placa,
chegando a escorrer e acumular-se na extremidade oposta da placa.
37
Durante o processo de expansão do biofilme, células microbianas de P.
aeruginosa vão-se libertar das microcolónias e alcançar novas áreas da superfície ou
então b
ão bacteriana nos grupos PaNM,
PaM e
cteriana intestinal dos insectos tem as suas contrapartidas, além
5 mg/ml e Estreptomicina/Penicilina 10 mg/ml. Nestes
estudos verificou-se uma elevada mortalidade, até 7 dias após a infecção com P.
actérias isoladas vão-se deslocar através de flagelos. Quando a fonte de carbono
utilizada para o crescimento bacteriano é a glucose, as bactérias aderentes a uma
superfície vão-se diferenciar inicialmente em subpopulações não móveis e móveis. As
primeiras vão formar uma espécie de “talos” de uma estrutura multicelular semelhante a
“cogumelos”, onde as subpopulações móveis vão colonizar os “talos” e
subsequentemente vão formar a parte superior da estrutura. Quando o citrato é utilizado
como fonte de carbono, a totalidade da população bacteriana é móvel na fase inicial de
formação do biofilme e não se formam estruturas semelhantes a “cogumelos”, mas antes
um biofilme plano e contínuo (Harmsen et al., 2010).
Previamente à colonização do tubo digestivo dos mosquitos com Pseudomonas,
mucoide e não mucoide, procedeu-se à sua esterilizaç
Antib. No fim deste procedimento, foram cedidas as bactérias em meio de
cultura LB aos dois primeiros grupos e apenas meio LB estéril ao grupo Antib. Foi
verificada uma mortalidade bastante significativa nos mosquitos tratados com os
antibióticos seleccionados. Devido a esta redução bastante acentuada dos grupos
sujeitos ao tratamento antibiótico, em relação ao grupo controlo, não foi possível retirar
conclusões concretas.
De acordo com Dillon & Dillon, 2004, a utilização de agentes antimicrobianos
para suprimir a flora ba
do efeito tóxico sobre o hospedeiro, microrganismos resistentes podem superar o efeito
antibacteriano. Em estudos com determinadas espécies de gafanhotos, esta desvantagem
foi ultrapassada simplesmente pela esterilização da superfície dos ovos e mantendo a
descendência em condições de esterilidade e isolamento. Também Lyke et al., 2010 no
seu trabalho com um isolado de P. falciparum resistente à cloroquina obteve mosquitos
A. stephensi assépticos através de desinfecção dos ovos e controlo do desenvolvimento
em condições de esterilidade.
Em trabalhos realizados com A. gambiae, Dong et al., 2009 esterilizou
mosquitos com Gentamicina 1
38
berghei
volvimento de oocistos. O
mesmo
seleccionados, antes e
após a
, aproximadamente 60 % em mosquitos sépticos e 40 % em assépticos. Contudo,
estes resultados sugerem que a longevidade de Anopheles, após a infecção por
Plasmodium, é influenciada pela presença da Microbiota, uma vez não há diferenças
significativas na mortalidade dos mosquitos após uma refeição sanguínea não infectada,
o aumento da mortalidade resulta assim, da ocorrência simultânea de bactérias e
Plasmodium. Também Noden et al., 2011 utilizou diferentes concentrações de
gentamicina para analizar o seu efeito antibiótico sobre isolados bacterianos
provenientes do intestino médio de mosquitos A. gambiae. Este autor obteve ainda
mosquitos estéreis através de um tratamento de três dias com uma solução de 10 % de
sacarose com uma concentração de 50 µg/ml do antibiótico.
Mosquitos adultos criados em laboratório, alimentados com bactérias Gram-
negativas juntamente com gametócitos de P. falciparum, demostraram que todas as
bactérias deste grupo inibiram total ou parcialmente o desen
resultado não foi demonstrado com bactérias Gram-positivas. Da mesma forma,
alimentando os mosquitos com gentamicina aumentou significativamente o número de
mosquito infectados com Plasmodium (Azambuja et al., 2005).
Seguindo a selecção de antibióticos proposta por Ivanov et al., 2008, para a
eliminação da flora microbiana, foi possível obter mosquitos estéreis, ou pelo menos
sem microrganismos capazes de crescer nos meios de cultura
refeição sanguínea. Para os mosquitos tratados com os antibióticos, mas re-
infectados com as Pseudomonas, foi observado crescimento bacteriano, de um modo
geral, nos meios de cultura LA e TSA. No meio de citrimida, específico para este grupo
de bactérias, foi observado apenas crescimento para o isolado não mucoso. Após a
refeição sanguínea, o crescimento bacteriano foi bastante acentuado para os meios de
cultura LA e TSA, para o meio de citrimida verificou-se crescimento para o isolado
mucoso, onde foi possível observar-se o desenvolvimento de colónias produtoras de
muco e não mucosas, com a respectiva pigmentação característica associada a este meio
de cultura. Posteriormente à ingestão de sangue por fêmeas hematófagas, assiste-se a
uma expansão bacteriana massiva no intestino médio dos mosquitos, provavelmente
devido à acumulação de nutrientes resultantes da digestão do sangue (Pumpuni et al.,
1996).
39
Com este trabalho, devido à exacerbada mortalidade dos mosquitos tratados com
os antibióticos, não foi possível obter diferenças significativas relativas à taxa de
. O grupo sujeito ao tratamento
antibió
icial da infecção e a
presenç
ma e numa primeira análise, conferir algum grau de
proteçã
infecção entre os diferentes grupos em relação ao grupo controlo. O entanto, a maior
taxa de infecção foi verificada no grupo cuja flora Microbiota foi restabelecida com P.
aeruginosa do isolado não mucoso, já a menor taxa de infecção foi apresentada pelo
grupo de mosquitos tratados com o isolado mucoso.
Após o estabelecimento da infecção, foi analisada a intensidade da mesma, ou
seja, o número de oocistos por intestino médio
tico, mas sem restituição de flora Microbiota, exibiu a maior proporção de
oocistos por fêmea infectada. Além de apresentar a menor taxa de infecção, o grupo
PaM apresentou a menor intensidade de infecção. Em relação ao grupo Cont e Antib,
apesar de não apresentarem taxas de infecção muito diferentes, superior no primeiro, a
intensidade de infecção foi bastante superior no grupo esterilizado.
Podemos afirmar com estes resultados, que após o estabelecimento da infecção
no hospedeiro vector, existe uma relação entre o desenvolvimento in
a de flora bacteriana do tracto digestivo. Determinadas espécies bacterianas
poderão modificar o ambiente do intestino médio dos mosquitos e torná-lo menos
propício ou favorável ao desenvolvimento parasitário. Também, elevadas concentrações
bacterianas, nomeadamente a expansão bacteriana após a refeição sanguínea, podem
evocar uma resposta imunitária que posteriormente bloqueia o desenvolvimento do
parasita (Pumpuni et al., 1996).
Também, relativamente ao grupo das Pseudomonas, o isolado produtor de
alginato demonstrou de alguma for
o não só relativamente ao estabelecimento da infecção por P. berghei, mas
também no número de oocistos observáveis no intestino médio após a infecção,
actuando, possivelmente, na capacidade dos oocinetos atravessarem a parede do
intestino. Noden et al., 2011 afirma que biofilmes bacterianos têm demonstrado a
capacidade de aderir e inibir crescimento de outros protozoários in vitro, no caso
particular de Plasmodium, possivelmente encontrar-se-á associado à diminuição da
mobilidade dos oocinetos.
40
No estudo metagenómico efectuado, as sequências da região hipervariável V6 do
16S rRNA bacteriano foram analisadas para identificar alterações na diversidade e
estrutu
de significância, possivelmente associada às
diferen
odução de
oocisto
ento
de Pla
ra da comunidade bacteriana em mosquitos susceptíveis à infecção por P.
falciparum, quando comparados com mosquitos resistentes à infecção. A presença de
uma maior quantidade relativa de bactérias do género Pseudomonas parece estar
associada aos mosquitos não infectados, sugerindo que poderá conferir alguma proteção
ao mosquito A. gambiae contra a infecção por P. falciparum. No entanto, com o
trabalho actual, a quebra no número de mosquitos tratados com antibióticos impediu a
formulação de conclusões concretas.
Contudo, estes resultados preliminares não permitem tirar conclusões concretas,
nomeadamente devido à ausência
ças no número de mosquitos de cada grupo, especialmente considerando o baixo
número de mosquitos nos grupos tratados. Também, a elevada mortalidade nos grupos
sujeitos à esterilização bacteriana, de alguma forma poderá ter seleccionado os
mosquitos mais resistentes por grupo tratado, e estes não serem representativos da
população em geral. Desta forma, torna-se fundamental a repetição deste ensaio de
forma a não só confirmar os resultados como aumentar a robustez estatística.
Recentes investigações com mosquitos sugerem a existência de uma ligação
entre a redução da taxa de bactérias no tracto digestivo e um aumento da pr
s de Plasmodium. De acordo com Dillon & Dillon, 2004, a prevalência de
determinados tipos de bactérias no intestino médio dos mosquitos, pode influenciar o
desenvolvimento de Plasmodium face a variações no seu habitat.
As bactérias no lúmen do intestino médio dos mosquitos podem interagir
directamente e produzir um efeito adverso nos diferentes estágios de desenvolvim
smodium após a refeição sanguínea. Este efeito pode ser resultado de diversos
factores, tais como a produção de várias enzimas ou toxinas e a presença de barreiras
físicas que impedem o contacto entre os oocinetos de Plasmodium e o epitélio do tracto
digestivo. Alternativamente, o efeito bacteriano no desenvolvimento do parasita, pode
ocorrer indirectamente através de alterações na fisiologia do próprio hospedeiro.
Possivelmente, este efeito resulta da indução de respostas imunitárias cruzadas entre as
bactérias e os parasitas de malária (Dong et al., 2009). Mais ainda, após uma refeição
41
sanguínea, as populações bacterianas no intestino médio dos mosquitos sofrem uma
expansão massiva, o que poderá também resultar numa sobreactivação do sistema
imunitário do hospedeiro (Azambuja et al., 2005).
Alterações no metabolismo do hospedeiro poderão também afectar a composição
de moléculas derivadas do mosquito, essenciais para o desenvolvimento de
Plasmo
s imunes anti-bacterianas e anti-Plasmodium, sugerindo que os mosquitos
responsáveis pela
coinfecção com parasitas de malária, pode ser
dium. Alguns estudos sugerem, que factores imunes do mosquito induzidos pela
presença das bactérias, estão associados na eliminação de parasitas na fase do
desenvolvimento de pré-oocisto (Dong et al., 2009). Existem evidências consideráveis
que o intestino médio dos insectos vectores é um órgão imunoreactivo, capaz de
responder à presença de bactérias e parasitas ingeridos com a refeição sanguínea, pela
regulação de genes específicos e síntese de péptidos antimicrobianos (Azambuja et al.,
2005).
De facto, em termos funcionais, tem sido observada uma sobreposição de
resposta
carecem de mecanismos de defesa específicos contra parasitas de malária, mas recorrem
aos mecanismos anti-bacterianos para limitar as infecções por Plasmodium. Assim,
surge como hipótese que a presença das bactérias é responsável pela activação de
respostas imunitárias antimicrobianas e consequentemente, a síntese de péptidos
antimicrobianos e outros factores imunes que irão actuar contra coinfecção com
Plasmodium (Dong et al., 2009). Ou seja, tem sido demonstrado que a flora microbiana
do tubo digestivo do mosquito é capaz de estimular a actividade imune basal, que por
sua vez actua contra o parasita da malária (Cirimotich et al., 2011a).
A massiva quantidade de bactérias presentes no intestino médio após uma
refeição sanguínea pode também resultar na produção de factores
inibição da adesão ou desenvolvimento dos parasitas. Tais factores podem incluir
pigmentos como a prodigiosina, produzida pelas bactérias Gram-negativas Serratia
marcescens, S. plymuthica, P. aeruginosa, Klebsiella sp e Enterobacter, ou moléculas
tóxicas com potencial actividade antiparasitária, como os sideróforos pioverdina e
piocianina (Azambuja et al., 2005).
Boissière et al., 2012 afirma que o papel protector da flora microbiana do tracto
digestivo de Anopheles contra a
42
demon
s de ingestão de sangue. A digestão da hemoglobina, a
princip
s
por P.
stivo destes insectos.
Este e
strado através de tratamento antibiótico para suprimir as bactérias, que resulta
num aumento das infecções por Plasmodium. Desta forma, coinfecções de bactéria e
Plasmodium reduzem o número de oocistos em desenvolvimento no intestino médio do
mosquito, quer em condições laboratoriais quer em condições de campo. Numerosos
estudos demonstram que as bactérias da flora microbiana actuam sobre a capacidade de
Plasmodium se diferenciar em oocisto no intestino médio de Anopheles. Mosquitos que
foram tratados com antibióticos para remover as bactérias do tubo digestivo, são mais
susceptíveis a infecções por Plasmodium e a reconstituição da flora microbiana destes
mesmos mosquitos, resulta em infecções do mesmo nível de mosquitos não tratados
(Cirimotich et al., 2011a).
A capacidade vectorial das espécies de insectos hematófagas está directamente
associada aos seus hábito
al proteína do sangue, no tubo digestivo destes insectos resulta na libertação de
grandes quantidades do grupo prostético heme, com um potencial pro-oxidante e efeito
citotóxico quando não ligado a proteínas. Diversos mecanismos de protecção contra o
stress oxidativo provocado pelo grupo heme e as espécies reactivas do oxigénio (ROS),
evoluiram com as diferentes espécies de insectos hematófagos (Oliveira et al., 2011).
Estudos realizados com Enterobacter bacterium isolada em mosquitos selvagens
capturados na Zâmbia, demonstraram que esta bactéria confere resistência a infecçõe
falciparum. Em vez de induzir respostas imunes que levam a uma diminuição da
carga parasitária, estas experiências revelaram que a inibição no desenvolvimento de
Plasmodium na presença da flora Microbiota comensal, resulta da produção de ROS por
bactérias do grupo Enterobacter. Este stress oxidativo vai actuar directamente sobre os
parasitas do intestino médio do mosquito (Boissière et al., 2012).
Em estudos com Aedes aegypti, foi também demonstrado que imediatamente
após a ingestão de sangue diminui a taxa de ROS no tracto dige
vento, que ocorre em paralelo com a expansão da flora microbiana, permite
concluir que as ROS estão relacionadas com o controlo bacteriano no tracto digestivo
destes insectos. É ainda demonstrado que a ausência de ROS diminui a resistência dos
mosquitos à infecção e aumenta a sua mortalidade. Um outro exemplo, refere-se a uma
estirpe de A. gambiae, refratária à infecção por Plasmodium, vive num estádio crónico
43
de stress oxidativo, esta situação permite o crescimento bacteriano que antagoniza a
infecção pelo parasita (Oliveira et al., 2011). Segundo Cirimotich et al., 2011b, foi
recentemente identificada uma estirpe de Enterobacter a partir de mosquitos selvagens,
que produz espécies reactivas de oxigénio que elimina os parasitas em desenvolvimento
no tubo digestivo inibindo a infecção por Plasmodium antes da formação do oocisto.
A constituição simples, quando comparada com os mamíferos, da flora
microbiana dos mosquitos torna-os um bom modelo tentar compreender a dinâmica
entre o
sistema imune do hospedeiro, a flora Microbiota e a invasão por agentes
patogénicos. Uma melhor compreensão do papel da flora microbiana face ao sistema de
defesa do hospedeiro irá contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias de
controlo da transmissão da malária (Dong et al., 2009). Formulações bacterianas são
actualmente utilizadas como biocontrolo de larvas de mosquito, no entanto devido à
natureza das interacções mosquito-bactéria ainda não totalmente esclarecidas, a
elaboração de procedimentos susceptíveis de aplicar à população adulta continua por
resolver (Cirimotich et al., 2011a).
44
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51
Lista de Ilustrações
Figura 1. Distribuição mundial da malária, com referência às zonas em fase de
eliminação da transmissão e zonas de controlo da infecção. Adaptado de:
http://www.talkafrique.com/issues/eradicating-malaria-not-anytime-soon.
Figura 2. Efeito de Bottleneck, onde se observa uma redução significativa do número
de oocistos no intestino médio de Anopheles. Adaptado de:
http://kafatos.openwetware.org/Research.html.
Figura 3. Desenvolvimento de Plasmodium no intestino médio do mosquito vector. 1
Gametogénese, fertilização e transformação do zigoto; 2- Invasão da matriz peritrófica;
3- Redução do nº de oocinetos invasores no espaço ectoperitrófico; 4- Invasão do
epitélio intestinal 5- Adesão dos oocinetos e desenvolvimento dos oocistos. Adaptado
de: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0169475898013489.
Figura 4. Ciclo de vida de Plasmodium. Desenvolvimento no mosquito vector e
infecção no hospedeiro mamífero. Adaptado de:
http://www.thelancet.com/journals/laninf/article/PIIS147330990970177X/images?imag
eId=gr1§ionType=green&hasDownloadImagesLink=true.
Figura 5. Fases da formação do biofilme por P. aeruginosa. 1- Adesão inicial; 2-
Adesão irreversível; 3- Maturação I; 4- Maturação II e 5- Dispersão. Adaptado de
http://microbewiki.kenyon.edu/index.php/Pseudomonas_aeruginosa.
Figura 6. Estrutura química possível do alginato produzido por P. aeruginosa, resíduos
de ácido D-manurónico intercalados com resíduos de ácido L-gulurónico (Franklin et
al., 2011.).
52
Figura 7. Pupas de A. stephensi colocadas a emergir na presença de antibióticos (A) e
em água estéril (B).
Figura 8. Copos descartáveis de papel, onde foram colocados os mosquitos, A.
stephensi, correspondentes a cada grupo de cada experiência. A – Vista lateral e B –
Vista superior.
Figura 9. Copos de papel descartáveis com os grupos de mosquitos em estudo durante o
tratamento com os isolados de P. aeruginosa em meio de cultura LB e em meio LB
estéril. A – Vista lateral e B – Vista superior.
Figura 10. Alterações da Microbiota do intestino médio de mosquitos infectados por P.
falciparum. As barras representam a relação entre a quantidade OTUs e do número de
sequências por OTU observadas nos mosquitos infectados em relação aos mosquitos
não infectados.
Figura 11. Valores de absorvância para o isolado mucoso e não mucoso de P.
aeruginosa, para cada intervalo de tempo. Cada intervalo de tempo corresponde a 1
hora e os valores de absorvância foram medidos a um comprimento de onda de 600 nm.
Figura 12. Crescimento bacteriano em meio de cultura de citrimida do isolado não
mucoso (à esquerda) e mucoso (à direita) de P. aeruginosa. A - Após 24 horas de
cultivo e B - Após 48 horas de cultivo.
Figura 13. Taxa de infecção para cada grupo de mosquitos.
53
Figura 14. Intensidade de infecção para cada grupo de estudo. Control, sem tratamento
com antibiótico; PaNM, tratamento com antibiótico e recolonização do intestino médio
com P. aeruginosa nao-mucosa; PaM; tratamento com antibiótico e recolonização do
intestino médio com P. aeruginosa mucosa; tratamento com antibiótico sem
recolonização do intestino médio.
54
Lista de Tabelas
Tabela I. Parasitémias dos murganhos 4 dias após a infecção por ampola e 3 dias após a
passagem.
Tabela II. Presença/ausência de crescimento bacteriano dos extractos intestinais dos
mosquitos, 24 horas antes e após a refeição sanguínea, decorridas 24 e 48 horas após
incubação a 37 ºC, em relação a cada grupo de estudo e diluição.
Tabela III. Nº de mosquitos infectados com P. berghei e não infectados para cada
grupo de estudo e respectivas percentagens.
55
Anexos
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Anexo 1
Valores de absorvância o isolado mucoso e não mucoso de P. aeruginosa, para cada intervalo de tempo. Cada intervalo de tempo corresponde a 1 hora e λ = 600 nm.
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Anexo 2
Inoculação dos extractos dos estômagos para os três meios utilizados, à esquerda PaNM e à direita PaM, 24 H antes da refeição sanguínea e após re-infecção com Pseudomonas. Observação 48 H após incubação a 37 °C. A – Meio de cultura LA, B – Meio de cultura TSA e C – Agar de citrimida.
A B C
Inoculação dos extractos dos estômagos para os 3 meios utilizados, à esquerda Antib e à direita Cont, 24 H antes da refeição sanguínea. Observação 48 H após incubação a 37 °C. A – Meio de cultura LA, B – Meio de cultura TSA e C – Agar de citrimida.
A B C
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Anexo 3
Ir
M
noculação dos extractos dos estômagos para os 3 meios, à esquerda PaNM e à direita PaM, 24 H após efeição sanguínea e após re-infecção com Pseudomonas. Observação 48 H após incubação a 37 °C. A –
eio de cultura LA, B – Meio de cultura TSA e C – Agar de citrimida.
A B CA B C
Inoculação dos extractos dos estômagos para os 3 meios, à esquerda Antib e à direita Cont, 24 H após refeição sanguínea. Observação 48 H após incubação a 37 °C. A – Meio de cultura LA, B – Meio de cultura TSA e C – Agar de citrimida.
B C A
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Anexo 4
Nº de oocistos de P. berghei, por estômago para cada mosquito de cada grupo de estudo.
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Anexo 5
Fotografias de fluorescência de oocistos de P. berghei marcados com GFP, de cada estômago infectado de fêmeas de A. sethephensi tratados com antibióticos e re-infectados com um isolado não mucoso de P. aeruginosa (grupo PaNM).
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Anexo 6
Fotografias de fluorescência de oocistos de P. berghei marcados com GFP, de cada estômago infectado de fêmeas de A. sethephensi tratados com antibióticos e re-infectados com um isolado mucoso de P. aeruginosa (grupo PaM).
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Anexo 7
Fotografias de fluorescência de oocistos de P. berghei marcados com GFP, de cada estômago infectado de fêmeas de A. sethephensi tratados com antibióticos sem re-infecção por P. aeruginosa (grupo Antib).
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Anexo 8
Fotografias de fluorescência de oocistos de P. berghei marcados com GFP, de cada estômago infectado de fêmeas de A. sethephensi sem tratamento antibiótico nem re-infecção com P. aeruginosa (grupo Cont).
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