UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE...

128
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE HENRIQUE GUIMARÃES ROSA ESTUDO DAS PROPRIEDADES ÓPTICAS DO GRAFENO E SUA APLICAÇÃO COMO ABSORVEDOR SATURÁVEL EM LASERS À FIBRA DOPADA COM ÉRBIO São Paulo 2015

Transcript of UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE...

Page 1: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

HENRIQUE GUIMARÃES ROSA

ESTUDO DAS PROPRIEDADES ÓPTICAS DO GRAFENO E SUA

APLICAÇÃO COMO ABSORVEDOR SATURÁVEL EM LASERS À FIBRA

DOPADA COM ÉRBIO

São Paulo

2015

Page 2: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível
Page 3: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

HENRIQUE GUIMARÃES ROSA

ESTUDO DAS PROPRIEDADES ÓPTICAS DO GRAFENO E SUA

APLICAÇÃO COMO ABSORVEDOR SATURÁVEL EM LASERS À FIBRA

DOPADA COM ÉRBIO

Tese apresentada ao programa de pós-

graduação em engenharia elétrica da

Universidade Presbiteriana Mackenzie, como

requisito parcial para obtenção do título de

Doutor em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Eunézio Antônio Thoroh de Souza

Orientador do estágio de pesquisa no exterior: Prof. Dr. José Carlos Viana Gomes

São Paulo

2015

Page 4: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

R789e Rosa, Henrique Guimarães

Estudo das propriedades ópticas do grafeno e sua aplicação como absorvedor saturável em laser e fibra dopada com Érbio. / Henrique Guimarães Rosa – São Paulo, 2015.

126 f.: il.; 30 cm

Tese (Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica) -

Universidade Presbiteriana Mackenzie - São Paulo, 2015. Orientador: Prof. Eunézio Antônio Thoroh de Souza Bibliografia: f. 95-100.

1. Grafeno. 2. Número de camadas de grafeno. 3. Empilhamento. 4. Transferência de grafeno esfoliado. 5. Absorvedor saturável. 6. Fibra óptica. I. Título.

CDD 621.3692

Page 5: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível
Page 6: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível
Page 7: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

v

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Thoroh, pelo apoio e incentivo e pela excelente orientação

durante a execução deste nosso projeto. Agradeço pelas discussões, conversas e ensinamentos

ao longo destes 7 anos que trabalhamos junto, e obrigado por sempre me lembrar de qual tipo

de cientista queremos ser - cientista que sabe o que faz, e por que faz.

Ao Prof. Christiano J. S. de Matos, por toda a ajuda durante o desenvolvimento deste

trabalho.

Aos amigos do Laboratório de Fotônica, pelo companheirismo, amizade e apoio

mútuos. Compartilhamos os mesmos sofrimentos e conquistas desta caminhada. E lembrem-

se: se fosse fácil, todo mundo faria doutorado.

Aos colegas de doutorado, David Steinberg, pela grande ajuda na realização dos

experimentos, e Henrique Camarada Bucker Ribeiro, pelas discussões e revisões deste texto.

À Universidade Presbiteriana Mackenzie e ao Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Elétrica, por proporcionarem uma excelente estrutura acadêmica.

À FAPESP, através das bolsas 2010/19085-8 e 2012/07678-0, e ao MackPesquisa pelo

apoio financeiro.

Ao Prof. José Carlos Viana Gomes, por abrir as portas de seu laboratório de Fotônica,

por investir neste projeto, e por me orientar durante o estágio de pesquisa realizado no

Graphene Research Center da National University of Singapore.

Ao Prof. Antônio Hélio de Castro Neto, diretor do Graphene Research Center da

National University of Singapore, por ter disponibilizado toda a infraestrutura do centro de

pesquisa, e pelo enorme apoio a este projeto.

A meus pais, Samuel e Ivania, por serem pais maravilhosos - não há palavras

suficientes para agradecer tudo o que sempre fizeram por mim. Às minhas irmãs Fernanda e

Daniella - Como é bom ter irmãos! Ao Lucas também, você já é da família! E a meus sogros,

Eliane e Edevaldo, por toda ajuda sempre.

Finalmente, agradeço imensamente à minha esposa, Paula, por sempre estar ao meu

lado e por investir tudo o que tem nesta família linda que somos. Obrigado por ter cruzado o

mundo comigo! E ao meu filho, João Guilherme, por ser este lindo bebê feliz e bem-

humorado, razão de grandes alegrias em minha vida.

Page 8: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível
Page 9: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

vii

Dedico este trabalho à minha esposa,

Paula. Não poderia ter encontrado melhor

companheira para a jornada desta vida. Te

amo!

Também dedico este trabalho a meu

filho, João Guilherme. Filho, você é minha

grande chance de contribuir com algo

realmente bom para este mundo.

Page 10: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível
Page 11: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

ix

A felicidade está na jornada.

Page 12: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível
Page 13: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

xi

RESUMO

Nesta tese, apresentamos resultados sobre a fabricação, transferência e caracterização

de grafeno CVD (grafeno fabricado por deposição química de vapor – chemical vapour

deposition) e de grafeno esfoliado em substratos de vidro e em fibras ópticas, para o estudo

das propriedades ópticas do grafeno e sua aplicação como absorvedor saturável em laser à

fibra dopada com Érbio (EDFL). Foram fabricadas e caracterizadas amostras de grafeno CVD

monocamada e de grafeno CVD empilhado, transferidas para a face transversal de fibras

ópticas, e com estas amostras foram feitos estudos sobre a relação entre as propriedades

ópticas do grafeno e as propriedades de pulsos ultracurtos gerados em EDFL. Além disto,

desenvolvemos uma técnica para a transferência de nanomateriais esfoliados que permitiu a

transferência de grafeno esfoliado para fibras ópticas e seu alinhamento com o núcleo da

fibra. Com esta técnica de transferência é possível fabricar amostras com controlado número

de camadas de grafeno em fibra óptica. Como aplicação, demonstramos a geração de pulsos

em EDFL com uma amostra de grafeno esfoliado monocamada como absorvedor saturável.

Esta é a primeira vez que pulsos ultracurtos são gerados em lasers à fibra com amostra de

grafeno esfoliado de uma única camada sobre a face transversal da fibra óptica.

Palavras-chave: grafeno, número de camadas de grafeno, empilhamento, transferência de

grafeno esfoliado, absorvedor saturável, fibra óptica, pulsos ultracurtos, laser à fibra dopada

com Érbio.

Page 14: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível
Page 15: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

xiii

ABSTRACT

In this thesis, we present results on the fabrication, transfer and characterization of

chemical vapor deposition (CVD) graphene and exfoliated graphene over glass and optical

fiber substrates, to study optical properties of graphene and its application as a saturable

absorber for Erbium-doped fiber laser (EDFL). Monolayer CVD graphene and stacked CVD

graphene samples were fabricated and characterized, transferred to the transverse face of

optical fibers, and a study on the relation between the optical properties of graphene samples

and the properties of ultrashort laser pulses generated in (EDFL) was performed. Furthermore,

we have developed a technique for transferring exfoliated nanomaterials which allowed us to

transfer exfoliated graphene onto optical fiber’s faces and align the graphene flake to the fiber

core. With this transfer technique it is possible to fabricate samples with controlled number of

graphene layers onto optical fiber faces. As application, we demonstrate ultrashort pulse

generation in Erbium-doped fiber laser with exfoliated monolayer graphene samples as

saturable absorber. This is the first time that ultrashort laser pulses are generated with a single

exfoliated monolayer graphene sample.

Key-words: graphene, number of graphene layers, stacking, exfoliated graphene transfer,

saturable absorber, optical fiber, ultrashort pulses, Erbium-doped fiber laser.

Page 16: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível
Page 17: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

xv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estrutura cristalina do grafeno (adaptado de [6]). .................................................. 28

Figura 2. Primeira zona de Brillouin da rede recíproca do grafeno (adaptado de [6]). ........... 29

Figura 3. Solução gráfica da equação de dispersão de energia (equação (1)) do grafeno.

As bandas de condução e de valência se tocam nos pontos K e K'. ..................... 30

Figura 4. Dispersão de energia E(q) na vizinhança do ponto K. ............................................ 31

Figura 5. Curva característica de um absorvedor saturável.................................................... 36

Figura 6. Montagem experimental de z-scan para caracterização da absorção saturável

do grafeno. ......................................................................................................... 36

Figura 7. Transmitância normalizada do grafeno em função da posição Z. ........................... 37

Figura 8. Montagem típica de um forno para síntese de grafeno por CVD. ........................... 38

Figura 9. Receita para fabricação de grafeno CVD monocamada sobre substrato de

cobre. Tipicamente, os valores de fluxo dos gases deste processo são: Ar/H2

~10 sccm; CH4 ~50 sccm. A pressão no passo 1 é 100 mTorr e nos passos 2,

3 e 4 é de 360 mTorr. ......................................................................................... 40

Figura 10. a) amostra de grafite natural usado para esfoliação micromecânica; b) floco

de grafite sobre fita adesiva; c) floco de grafite esfoliado sucessivas vezes. ........ 41

Figura 11. Relação de dispersão de fônons do grafeno (adaptada de [57]). ........................... 44

Figura 12. a) imagem de flocos de grafeno esfoliado com diferentes números de

camadas em cada uma das regiões; b) análise por espectroscopia Raman das

regiões 1, 2, 3 e 4, mostrando as diferentes características espectrais de cada

região. ................................................................................................................ 46

Figura 13. a) fotografia do grafeno CVD transferido para um substrato de vidro – a área

do grafeno é de 1.5x1.2 mm2; b) imagem de microscopia óptica do grafeno

CVD sobre substrato de vidro com aumento de 100x – escala: 20 µm; c)

Espectro Raman típico da amostra de grafeno CVD: a razão de intensidades

entre as bandas G e 2D comprova que o grafeno é monocamada; d)

Mapeamento da razão de intensidades I(G)/I(2D) em uma área de 20x20

µm. .................................................................................................................... 48

Page 18: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

xvi

Figura 14. a) espectro de transmissão óptica linear VIS-IR para grafeno monocamada

empilhado sobre vidro, para 1, 2, 3 e 4 camadas; b) Transmitância óptica do

grafeno em relação ao substrato de vidro em função do número de camadas

empilhadas, em 1550 nm. ................................................................................... 50

Figura 15. a) imagem de microscopia óptica de um floco de grafeno com regiões de

diferentes números de camadas; b) análise de espectroscopia Raman de

quatro regiões específicas da amostra de grafeno esfoliado. ............................... 51

Figura 16. Imagem de AFM do floco de grafeno esfoliado. As cores mais claras indicam

regiões mais altas da amostra e o fundo escuro representa o substrato. ............... 52

Figura 17. a) análise da altura do degrau entre as regiões 1e 2; b) análise do degrau entre

as regiões 1, 3, 5 e 4. .......................................................................................... 52

Figura 18. Diagrama de fluxo do processo de transferência wet-transfer. Código de

cores: laranja – cobre; preto – grafeno; cinza – PMMA; roxo – substrato

futuro. ................................................................................................................ 55

Figura 19. Processo de transferência de grafeno CVD para a face transversal de fibra

óptica. ................................................................................................................ 57

Figura 20. a) imagem de microscopia óptica da face da fibra óptica recoberta por

grafeno-PMMA – a região marcada no centro da imagem demarca o núcleo

da fibra óptica; b) espectro Raman do núcleo da fibra óptica; c) mapeamento

Raman da banda G do grafeno na região do núcleo da fibra óptica; d)

mapeamento Raman da banda 2D do grafeno na região do núcleo da fibra

óptica. ................................................................................................................ 58

Figura 21. Avaliação do nível de defeitos do grafeno (a) pela razão de intensidades

I(D)/I(G), classificação do número de camadas de grafeno pela (b) largura

de banda da banda 2D e (c) razão de intensidade I(G)/I(2D). .............................. 60

Figura 22. Fluxograma do processo modificado de “wet transfer” para o empilhamento

de camadas de grafeno CVD monocamada. Código de cores: laranja –

cobre; preto – grafeno; cinza – PMMA; roxo – substrato futuro. ........................ 62

Figura 23. Imagens de microscopia óptica de amostras de grafeno CVD empilhado, de 2

a 7 camadas. ...................................................................................................... 64

Figura 24. Transmitância óptica linear de amostras de grafeno CVD empilhado, de 1 a 7

camadas, para comprimento de onda de 1550 nm. .............................................. 64

Figura 25. a) intensidade da banda G e b) intensidade da banda D, em função do número

de camadas empilhadas de grafeno CVD. ........................................................... 65

Page 19: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

xvii

Figura 26. Largura de banda FWHM da banda 2D em função do número de camadas

empilhadas de grafeno CVD. ............................................................................. 66

Figura 27. Rugosidade RMS em função do número de camadas empilhadas de grafeno

CVD monocamada. ............................................................................................ 66

Figura 28. Imagem de AFM das amostras de grafeno CVD monocamada empilhado, de

1 a 7 camadas. O tamanho lateral de cada imagem é de 20 µm. .......................... 67

Figura 29. a) imagem de microscopia óptica de flocos de grafeno esfoliado - aumento de

20x; b) imagens de microscopia óptica de flocos de grafeno esfoliado –

aumento de 100x. ............................................................................................... 69

Figura 30. Diagrama esquemático do substrato usado para esfoliação micromecânica de

grafeno. ............................................................................................................. 71

Figura 31. Contraste óptico de amostras de grafeno esfoliado sobre substratos de

PMMA-PVA-vidro. ........................................................................................... 73

Figura 32. a) imagem de microscopia óptica de um floco de grafeno esfoliado sobre

PMMA-PVA-vidro; b) espectro Raman das regiões 1, 2 e 3; c) mapeamento

Raman das regiões 1, 2 e 3 da largura FWHM da banda 2D. .............................. 73

Figura 33. Fotografia da montagem experimental para transferência de grafeno

esfoliado para fibras ópticas. .............................................................................. 74

Figura 34. Resultado do processo de transferência de floco de grafite alinhado com o

núcleo da fibra óptica para demonstração da técnica. ......................................... 75

Figura 35. a) Floco de grafeno esfoliado sobre PMMA-PVA-vidro (a área circundada

representa o núcleo de uma fibra óptica, apenas para efeito de comparação,

mostrando que o floco pode recobrir totalmente o núcleo da fibra); b)

espectro Raman do floco de grafeno esfoliado.................................................... 76

Figura 36. a) mapeamento Raman da sílica do núcleo da fibra óptica; b) mapeamento

Raman da banda 2D do grafeno esfoliado recobrindo a fibra óptica. c)

análise computacional do recobrimento do núcleo da fibra óptica pela

amostra de grafeno esfoliado, apontando 100% de recobrimento (imagem de

cores falsas: marrom = núcleo da fibra; branco = grafeno). ................................ 76

Figura 37. Montagem experimental do laser à fibra dopada com Érbio. ................................ 80

Figura 38. Montagem experimental do sistema de medição e caracterização do EDFL.

Os componentes usados para a divisão do sinal foram acopladores à fibra,

com perdas de inserção de 0.5 dB. O valor real do percentual de cada saída

leva em consideração a perda por inserção de cada divisor. ................................ 81

Page 20: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

xviii

Figura 39. Caracterização da potência média total de saída do laser à fibra dopada com

Érbio. ................................................................................................................. 81

Figura 40. Espectro mais largo do laser à fibra dopada com Érbio com amostra de

grafeno CVD monocamada inserida na cavidade. ............................................... 82

Figura 41. Trem de pulsos de saída do laser à fibra dopada com Érbio com amostra de

grafeno CVD monocamada inserida na cavidade. ............................................... 83

Figura 42. Figura de autocorrelação do pulso gerado pela amostra de grafeno CVD

inserida no laser à fibra dopada com Érbio. ........................................................ 83

Figura 43. Duração do pulso e largura de banda para cada uma das amostras de grafeno

CVD monocamada em fibra óptica. ................................................................... 85

Figura 44. Duração do pulso e largura de banda em função do número de camadas

empilhadas de grafeno CVD monocamada. ........................................................ 86

Figura 45. a) espectro do EDFL gerado pela amostra EMP-4; b) figura de

autocorrelação do EDFL gerada pela amostra EMP-4. ....................................... 87

Figura 46. Perfil temporal do absorvedor e do ganho saturáveis. .......................................... 88

Figura 47. Espectro do laser à fibra dopada com Érbio gerado pela amostra ESFO-1. ........... 90

Figura 48. Figura de autocorrelação do pulso gerado com amostra de grafeno esfoliado

monocamada inserido no laser à fibra dopada com Érbio. .................................. 90

Page 21: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

xix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Propriedades do espectro Raman de flocos de grafeno em função do número

de camadas. ....................................................................................................... 47

Tabela 2. Receita para a transferência de grafeno CVD por wet-transfer. ............................. 56

Tabela 3. Criterios adotados para a avaliação da qualidade das amostras de grafeno

sobre fibra óptica. .............................................................................................. 60

Tabela 4. Resultado médio da análise da cobertura do núcleo da fibra óptica por

grafeno, para o conjunto de 10 amostras. ............................................................ 61

Tabela 5. Classificação das amostras de grafeno CVD monocamada empilhado sobre

substrato de vidro. .............................................................................................. 63

Tabela 6. Resumo das amostras de grafeno esfoliado transferidas para face transversal

de fibras ópticas. ................................................................................................ 77

Tabela 7. Resumo das amostras de grafeno CVD monocamada transferidas para a face

transversal de fibra óptica. ................................................................................. 84

Tabela 8. Tempo de relaxação eletrônica do grafeno em função do número de camadas. ...... 88

Page 22: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

xx

LISTA DE ACRONISMOS

AFM Atomic force microscopy

CVD Chemical vapor deposition

EDFL Erbium-doped fiber laser

FWHM Full width at half maximum

OSA Optical spectrum analyzer

PMMA Poli-metil-metacrilato

PVA Álcool polivinílico

VIS-IR Visible- infrared

WDM Wavelength division multiplexing

Page 23: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

xxi

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 23

1.1 Estrutura da tese ................................................................................. 26

2 PROPRIEDADES ELETRÔNICAS DO GRAFENO ............................ 28

2.1 Estrutura bidimensional do grafeno................................................... 28

2.2 Relação de dispersão de energia ......................................................... 29

3 PROPRIEDADES ÓPTICAS DO GRAFENO ...................................... 33

3.1 Condutividade óptica .......................................................................... 33

3.2 Absorção linear .................................................................................... 34

3.3 Absorção saturável .............................................................................. 35

4 MÉTODOS DE FABRICAÇÃO E OBTENÇÃO DE GRAFENO ........ 38

4.1 Fabricação de grafeno por deposição química de vapor ................... 38

4.2 Obtenção de grafeno por esfoliação micromecânica ......................... 40

5 CARACTERIZAÇÃO DE GRAFENO ................................................. 43

5.1 Espectroscopia Raman ........................................................................ 43

5.1.1 Origem das bandas G, 2D e D do grafeno .............................................. 44 5.1.2 Identificação do número de camadas de grafeno por espectroscopia

Raman ................................................................................................... 46

5.2 Transmissão óptica linear VIS-IR ...................................................... 49

5.3 Microscopia de força atômica ............................................................. 50

6 MÉTODOS DE TRANSFERÊNCIA DE GRAFENO ........................... 54

6.1 Transferência de grafeno CVD para substratos planos: “wet-

transfer” ............................................................................................... 55

6.2 Transferência de grafeno CVD para a face transversal de fibras

ópticas .................................................................................................. 57

6.2.1 Empilhamento de grafeno CVD monocamada e transferência de

amostras de grafeno empilhado para a face transversal de fibras

ópticas ................................................................................................... 61

6.2.2 Caracterização das amostras de grafeno CVD monocamada

empilhado .............................................................................................. 63

6.3 Transferência de grafeno esfoliado micromecanicamente para

substratos planos ................................................................................. 68

6.4 Transferência de grafeno esfo liado micromecanicamente para

a face transversal de fibras ópticas ..................................................... 70

6.4.1 Fabricação do substrato transparente para esfoliação de grafeno ........... 71

6.4.2 Montagem para transferência de grafeno esfoliado para face polida

de fibras ópticas padrão: método “stamp” .............................................. 74

Page 24: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

xxii

7 GERAÇÃO DE PULSOS ULTRACURTOS EM LASER À FIBRA

DOPADA COM ÉRBIO ....................................................................... 79

7.1 Montagem experimental: laser à fibra dopada com Érbio ............... 80

7.2 Geração de pulsos de femtossegundos com amostras de grafeno

CVD monocamada .............................................................................. 81

7.3 Estudo da duração dos pulsos em função do número de camadas

em amostras de monocamadas empilhadas de grafeno CVD ........... 86

7.4 Geração de pulsos de femtossegundos com amostra de grafeno

esfoliado monocamada ........................................................................ 89

8 CONCLUSÕES .................................................................................... 92

9 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................................. 92

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 95

LISTA DE PUBLICAÇÕES ......................................................................... 101

APÊNDICES ................................................................................................ 103

Page 25: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

23

1 INTRODUÇÃO

Apesar de estar sendo estudado há uma década, o grafeno já pode ser considerado um

material muito promissor para a indústria eletrônica e para a ciência de materiais. Para as

ciências da natureza, o grafeno já é uma realidade bem estabelecida e estudada, um

laboratório de testes de fenômenos quânticos a temperatura e condições ambientes.

Em um artigo publicado na revista Science, K. Novoselov e A. Geim [1] reportaram

um estudo sobre o efeito de campo elétrico em um material atomicamente fino composto

apenas de átomos de carbono, o grafeno. A importância deste trabalho é atribuída a,

principalmente, dois fatores: a) o grafeno apresenta propriedades físicas únicas, como efeito

Hall quântico anômalo, baixa resistência elétrica transversal e alta mobilidade de portadores

de carga a temperatura ambiente, além da possibilidade de controlar estas propriedades

através da aplicação de tensão; b) a síntese e isolação do grafeno deram origem a uma nova

área de investigação científica na qual materiais cristalinos bidimensionais são

experimentalmente estudados.

Como demonstrado por R. E Peierls [2] e L. D. Landau [3], a existência de cristais

bidimensionais isolados no universo seria impossível, devido a flutuações termodinâmicas.

Entretanto, foi demonstrado em [1] que cristais bidimensionais podem ser estáveis se

suportados por um substrato. É importante ressaltar que as propriedades físicas do grafeno já

haviam sido estudadas e previstas teoricamente por P. R. Wallace [4], em um trabalho sobre

propriedades eletrônicas do grafite. O trabalho de Wallace foi revisitado por B. Partoens e F.

M. Peeters em um estudo analítico detalhado publicado em 2006 [5].

Desde então, o número de estudos sobre grafeno tem crescido em diversas áreas de

conhecimento, desde física fundamental [6],[7], sensoriamento biológico [8],[9] e químico

[10],[11], até aplicações tecnológicas como fabricação de folhas de grafeno de grandes áreas

[12] e telas sensíveis ao toque [13].

O conhecimento adquirido sobre propriedades físicas do grafeno é extremamente

vasto, dada sua recente descoberta. Em um trabalho publicado na revista Reviews of Modern

Physics, Castro Neto e colaboradores [6] detalharam propriedades como diamagnetismo,

acoplamento spin-órbita, interações elétron-elétron a elétron-fônon, além de uma descrição

quântica do comportamento dos elétrons como férmions de Dirac relativísticos praticamente

sem massa.

Page 26: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

24

Em termos experimentais e tecnológicos nas áreas de Fotônica e eletrônica, os

interesses científicos e industriais apontam na direção de dois grandes objetivos: a) controle

do crescimento de grafeno em larga escala e fabricação de grafeno de alta qualidade para

aplicações em optoeletrônica e nanoeletrônica; b) aplicações de sensoriamento e em

optoeletrônica, com objetivo de obter dispositivos mais rápidos e mais eficientes do que

dispositivos similares atuais.

As propriedades do grafeno têm possibilitado muitas aplicações. Por ser um material

ausente de gap de energia, o grafeno é capaz de absorver luz em uma vasta região do espectro

eletromagnético, do ultravioleta a infravermelho baixo, sendo que do visível ao infravermelho

a absorção é praticamente constante [14],[15]. Com um tempo de recuperação da absorção de

aproximadamente 70 ~ 200 fs [16],[17], o grafeno é um excelente absorvedor saturável [18],

ideal para aplicações em lasers à fibra para geração de pulsos curtos via acoplamento passivo

de modos. Trabalhos publicados recentemente reportam a geração de pulsos ultracurtos [19]-

[23] e lasers à fibra dopada com Érbio (EDFL) sintonizáveis nas bandas C e L de

comunicações ópticas [24],[25].

Pelo fato de ser possível controlar as propriedades eletrônicas do grafeno pela

aplicação de campos elétricos ou magnéticos, o grafeno tem muitas aplicações em eletrônica e

optoeletrônica. Resultados apontam que o grafeno pode ser a ponte entre a eletrônica do

silício e uma optoeletrônica mais rápida e eficiente: a mobilidade de portadores de carga no

grafeno atinge valores da ordem de 106 cm

2/V.s [26], e um gap de energia pode ser criado e

sintonizado através da aplicação de campos eletrostáticos [27].

Novas pesquisas em fotônica do silício também estão investigando propriedades de

dispositivos feitos com grafeno [28],[29]. Através da combinação de propriedades eletrônicas

e ópticas de silício e grafeno, moduladores e polarizadores extremamente rápidos podem ser

desenhados, fabricados e estudados, derrubando barreiras antes impostas pelas limitações da

eletrônica do silício.

Como calculado em [30],[31], também é possível modular a luz em guias de onda com

grafeno através da aplicação de tensão. Pela interação da onda evanescente com o grafeno em

um guia de onda de silício, foi demonstrado um modulador de eletroabsorção de

1 GHz [32]. Este é um avanço em nanofotônica e em optoeletrônica, mas ainda longe do valor

teórico previsto para a taxa de modulação, 500 GHz [32].

Page 27: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

25

Para dispositivos baseados em grafeno, a fabricação é um ponto crucial. Existem

várias técnicas usadas para a fabricação de amostras de grafeno, cada uma com vantagens e

desvantagens para cada tipo de estudo e aplicação. Dentre estas técnicas, duas podem ser

destacadas pela facilidade de fabricação e abrangência de aplicações. A primeira delas é a

esfoliação micromecânica do grafite [1],[17]. Neste método folhas de grafeno são obtidas pela

esfoliação micromecânica de flocos de grafite e em seguida transferidas para um substrato

plano. Este método é muito simples, barato e rápido, e é largamente empregado para obtenção

de grafeno com alto grau de pureza, apesar de permitir a obtenção de monocristais pequenos,

com tamanho lateral típico de algumas dezenas de micrometros. A segunda delas é a

deposição química na fase de vapor [12],[33]. Nesta técnica, por uma reação química a alta

temperatura é possível obter grafeno policristalino em grandes áreas. Apesar de simples, a

fabricação de grafeno por deposição química de vapor requer longas horas de processamento

e equipamentos específicos e robustos.

Apesar de muito já ter sido pesquisado sobre propriedades ópticas do grafeno,

sobretudo com aplicações de grafeno como absorvedor saturável na geração de pulsos

ultracurtos em EDFL via acoplamento passivo de modos [19]-[25], não se sabe ainda qual a

melhor maneira para incorporação de amostras de grafeno em sistemas de laser à fibra para

geração de pulsos de femtossegundos.

Há trabalhos que reportam a utilização de grafeno monocamada, grafeno multicamada,

óxido de grafeno, óxido de grafeno reduzido, grafeno eletroquimicamente esfoliado em

suspensão de PVA (álcool polivinílico) ou PMMA (poli-metil-metacrilato), entre outros [17]-

[25]. Apesar de gerarem resultados relevantes para o campo de estudo, e lançarem bases para

muitas aplicações em óptica ultrarrápida, ainda não é claro como se relacionam as

propriedades ópticas do grafeno com os parâmetros físicos dos EDFL para a determinação da

duração de pulsos de femtossegundos.

Sob esta perspectiva, nós propusemos um estudo e reportamos nesta tese os resultados

obtidos sobre a influência do número de camadas de grafeno na geração de pulsos ultracurtos

em um EDFL. A partir da fabricação e caracterização de amostras de grafeno com controlado

número de camadas, pudemos investigar a relação entre a absorção linear dependente do

número de camadas do grafeno, tempo de relaxação eletrônica em função do número de

camadas e a duração de pulsos de femtossegundos gerados em um EDFL.

Page 28: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

26

Para a fabricação das referidas amostras de grafeno com controlado número de

camadas, foram estudadas e desenvolvidas técnicas e superados desafios para a fabricação de

grafeno CVD (chemical vapor deposition) e obtenção de grafeno esfoliado, transferência para

substratos planos e para face de fibras ópticas, e caracterização de amostras de grafeno em

função do número de camadas.

Os resultados gerados a partir dos nossos estudos estão descritos ao longo dos

capítulos apresentados nesta tese.

1.1 Estrutura da tese

A tese encontra-se dividida em sete capítulos: um capítulo introdutório, dois capítulos

sobre teoria de grafeno e quatro capítulos sobre descrição de aspectos práticos e experimentais

de grafeno.

No capítulo 2 desta tese revisamos algumas propriedades estruturais e eletrônicas do

grafeno importantes para a descrição dos fenômenos eletrônicos e optoeletrônicos do grafeno.

Em seguida, no capítulo 3, apresentamos as principais propriedades ópticas do grafeno, e

discutimos os pontos essenciais para o desenvolvimento de nossos estudos.

A partir do capítulo 4, apresentamos os métodos experimentais para fabricação,

obtenção, caracterização e transferência das diversas amostras de grafeno CVD e esfoliado

usadas nos trabalhos desta tese, separando técnicas já existentes na literatura que foram

simplesmente aplicadas em nosso trabalho de técnicas que foram adaptadas e desenvolvidas

para a realização de trabalhos inéditos. No capítulo 4 descrevemos sobre os métodos usados

para fabricação de grafeno por deposição química de vapor e obtenção de grafeno por

esfoliação micromecânica. No capítulo 5 apresentamos as técnicas usadas para caracterização

de grafeno, como espectroscopia Raman, transmissão óptica linear VIS-IR e microscopia de

força atômica, bem como nossos resultados obtidos. No capítulo 6 mostramos técnicas para

transferência de grafeno, com especial destaque para a técnica usada para empilhamento de

monocamadas de grafeno CVD, que nos permitiu fabricar amostras de grafeno CVD com

controlado número de camadas, e para a técnica desenvolvida para a transferência de grafeno

esfoliado para a face transversal de fibras ópticas, que nos permitiu fabricar amostras de

grafeno esfoliado alinhadas com o núcleo de fibras ópticas.

Page 29: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

27

Por fim, apresentamos no capítulo 7 a montagem experimental típica de um EDFL

utilizada em nossos experimentos, e reportamos nossos resultados experimentais principais: a)

a geração de pulsos ultracurtos com amostras de grafeno CVD monocamada, onde de maneira

consistente, reprodutível e robusta foram gerados pulsos de duração média de 626 ± 10 fs para

um conjunto de 10 amostras; b) o estudo sobre a influência do número de camadas de grafeno

na duração de pulsos ultracurtos gerados em EDFL, no qual para um conjunto de amostras

com 2 a 7 camadas de grafeno foram obtidos pulsos ópticos com duração que variou entre 637

fs e 1.16 ps, sendo o pulso mais curto gerado com uma amostra de grafeno com 4 camadas.

Neste estudo, a absorção linear dependente do número de camadas se mostrou como o

parâmetro determinante para a geração de pulsos ultracurtos com grafeno como absorvedor

saturável; c) a geração de pulsos com duração de 672 fs com uma amostra de grafeno

esfoliado transferida para a face transversal de fibra óptica e alinhado com seu núcleo. Com o

melhor do nosso conhecimento, não há, até então, registros na literatura sobre a geração de

pulsos ultracurtos em EDFL com o uso de um único floco de grafeno como absorvedor

saturável.

Nos capítulos 8 e 9 são apresentadas as conclusões destes trabalhos e algumas

sugestões para trabalhos futuros, respectivamente.

Page 30: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

28

2 PROPRIEDADES ELETRÔNICAS DO GRAFENO

Neste capítulo apresentaremos a estrutura da rede cristalina do grafeno, e a partir de

sua estrutura, discutiremos suas propriedades eletrônicas e sua relação de dispersão de

energia. Estas propriedades são fundamentais para a compreensão do comportamento não

usual dos elétrons no grafeno e, posteriormente, a determinação de suas propriedades ópticas.

2.1 Estrutura bidimensional do grafeno

O grafeno é um material composto unicamente por átomos de carbono, arranjados na

forma de hexágonos em rede plana bidimensional. A Figura 1 mostra a disposição dos átomos

de carbono na rede cristalina do grafeno.

a

a

1

2

a

d

d

d 1

2

3

Figura 1. Estrutura cristalina do grafeno (adaptado de [6]).

Os átomos de carbono estão marcados como círculos. A distância interatômica é a =

0.142 nm, os vetores a1 = 𝑎

2(3, √3) e a2 =

𝑎

2(3, −√3) são os vetores da célula unitária do

grafeno, e os vetores δ1, δ2 e δ3 são os vetores de primeiros vizinhos da rede direta do grafeno

[6]. O grafeno tem 2 átomos por célula unitária.

Page 31: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

29

Para a determinação das propriedades eletrônicas do grafeno, é de particular

importância a construção de sua estrutura no espaço dos momentos, que nada mais é do que a

representação de sua rede recíproca. A representação da primeira zona de Brillouin da rede

recíproca do grafeno é mostrada na Figura 2.

b1

b2

ky

kxM

K

K’

G

Figura 2. Primeira zona de Brillouin da rede recíproca do grafeno (adaptado de [6]).

Na representação da rede reciproca do grafeno, temos os vetores b1 = 2𝜋

3𝑎(1, √3) e

b2 = 2𝜋

3𝑎(1, −√3) no espaço dos momentos e os pontos de simetria Γ, M, K e K’. Os pontos K

e K’ estão localizados nos pontos 2𝜋

3𝑎(1,

−1

√3) e

2𝜋

3𝑎(1,

1

√3), respectivamente, limites da primeira

zona de Brillouin do grafeno.

2.2 Relação de dispersão de energia

Os átomos de carbono da rede cristalina do grafeno sofrem hibridização sp2 e estão

ligados aos 3 átomos vizinhos através de ligações σ. A união dos átomos de carbono através

de ligações σ confere ao grafeno alta dureza (módulo de tensão ~ 1 TPa), alto ponto de fusão

(2400 K) e alta condutividade térmica (5x103 W.m

-1.K

-1) [34].

Devido a sua estrutura bidimensional, o grafeno tem um elétron π disponível em cada

átomo de carbono. É este elétron π que confere ao grafeno suas excelentes propriedades

eletrônicas e ópticas.

Page 32: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

30

Pelo método de tight-binding, interações eletrônicas entre primeiros vizinhos são

avaliadas e a relação de dispersão de energia no grafeno, derivada a partir da solução da

Hamiltoniana característica do sistema [6], é dada pela equação (1) [6],[35]:

𝐸(𝑘𝑥 , 𝑘𝑦) = ±𝑡√1 + 4 cos (3

2𝑘𝑥𝑎) cos (

√3

2𝑘𝑦𝑎) + 4 𝑐𝑜𝑠2 (

√3

2𝑘𝑦𝑎) (1)

na qual os sinais + e – são referentes às bandas de condução e de valência do grafeno,

respectivamente, e o parâmetro t (~ 3.0 eV) é o parâmetro de hopping do grafeno, que pode

ser interpretado como a energia de ligação dos orbitais π no grafeno.

Na solução gráfica da equação de dispersão de energia do grafeno, há pontos nos quais

E(kx,ky) = 0, como mostrado na Figura 3.

Figura 3. Solução gráfica da equação de dispersão de energia (equação (1)) do grafeno. As bandas de condução e de valência se tocam nos pontos K e K'.

Os pontos para os quais E(k) = 0 são os pontos K e K’ da rede recíproca do grafeno.

Na vizinhança destes pontos, a relação de dispersão de energia é linear, do tipo E = v.|q|,

sendo v uma constante relacionada à velocidade dos elétrons ao longo da rede cristalina do

material e q o vetor de onda relativo ao ponto K ou K’.

E(k ,k )x y

a.kxa.ky

K K’M

Page 33: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

31

Efetivamente, a relação de energia do grafeno não obedece à equação de Schrödinger,

a qual resultaria numa relação de dispersão de energia proporcional ao quadrado do momento

dos elétrons (E(q) = |q|2/2m) [6],[35]. O resultado linear para a relação de dispersão de

energia do grafeno tem enormes implicações em suas propriedades eletrônicas.

A relação de dispersão de energia do grafeno é bem descrita pela equação de Dirac

para férmions sem massa [36],[37]. Isso se deve ao fato da dispersão de energia em função

dos momentos ser linear na vizinhança do ponto K. Por ser um material bidimensional, o

grafeno não tem momento na direção z (kz = 0), e a equação de Dirac para o grafeno contém

somente elementos relacionados a kx e ky na diagonal do tensor de momentos da equação de

autovalores. A relação de dispersão de energia na vizinhança dos pontos K e K’ é dada pela

equação (2) [26],[38]:

𝐸(𝒒) = ℏ𝜈𝐹|𝒒| (2)

onde υF é a velocidade de Fermi dos elétrons, aproximadamente 1x106 m/s, e ħ é a constante

de Planck reduzida. Além da relação linear de dispersão de energia em torno do ponto K, a

equação (2) contém outro resultado ainda mais surpreendente: a velocidade de Fermi dos

elétrons não depende da energia (ou do momento), como no caso clássico onde 𝜈 = √2𝐸/𝑚

[6].

Na aproximação linear para a dispersão de energia em torno do ponto K, como

mostrado na Figura 4, os estados com energia E < 0 estão todos preenchidos [35]. Por estas

razões, o grafeno é classificado como um semimetal.

Figura 4. Dispersão de energia E(q) na vizinhança do ponto K.

banda de conduçãobanda de valência

-0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

q.a

E(q)

Page 34: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

32

A relação de dispersão de energia na vizinhança do ponto K no espaço dos momentos

é conhecida como “cone de Dirac”, pelo fato de os elétrons se comportarem como férmions

de Dirac relativísticos nesta região do espaço dos momentos.

Uma das consequências da relação de dispersão linear de energia é a fotoabsorção

constante do grafeno em grande parte do espectro eletromagnético. Como a densidade de

estados é proporcional à derivada da energia com relação ao momento, a densidade de estados

no grafeno é constante. Isso resulta em uma absorção constante no intervalo onde a dispersão

de energia é linear, desde o infravermelho até o visível [39]. No ultravioleta o grafeno

apresenta uma grande absorção óptica, resultado da densidade de estados no ponto M da zona

de Brillouin (por ser ponto de sela, a derivada da densidade de estados no ponto M é igual a

zero).

Page 35: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

33

3 PROPRIEDADES ÓPTICAS DO GRAFENO

As propriedades ópticas dos materiais estão diretamente relacionadas e surgem a partir

de suas propriedades eletrônicas. Como as propriedades ópticas dizem respeito a como

ocorrem as interações elétron-fóton no material, no caso do grafeno suas propriedades

eletrônicas não convencionais lhe conferem, consequentemente, propriedades ópticas

especiais.

Neste capítulo descrevemos as propriedades ópticas do grafeno a partir de suas

propriedades eletrônicas, relacionando a absorção linear com a condutividade óptica do

grafeno e mostrando como ambas são determinadas por constantes fundamentais da natureza.

Em seguida, mostraremos como a absorção óptica dependente do número de camadas. Por

fim, caracterizaremos a absorção saturável do grafeno monocamada.

3.1 Condutividade óptica

Vimos no capítulo 2 que as propriedades eletrônicas do grafeno são bem descritas

pelas equações de Dirac para Férmions relativísticos sem massa. Esta análise pode ser levada

para o estudo da interação dos elétrons do grafeno com campos eletromagnéticos, e

considerando a distribuição de Fermi-Dirac, a condutividade óptica do grafeno pode ser dada

pela equação (3) [40],[41]:

𝜎(𝜔, 𝜃) =𝜋𝑒2

4ℎ[𝑡𝑎𝑛ℎ (

ℏ𝜔 + 2𝐸𝐹

𝑘𝐵𝜃) + 𝑡𝑎𝑛ℎ (

ℏ𝜔 − 2𝐸𝐹

𝑘𝐵𝜃)] (3)

onde ω é a frequência da luz incidente, e é a carga elétrica elementar, ħ é a constante de

Planck reduzida, kB é a energia termodinâmica do sistema relacionada à temperatura

ambiente , e EF é o nível de Fermi do grafeno.

Page 36: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

34

Para grafeno não dopado, EF = 0, porém durante a fabricação ou esfoliação de grafeno

há dopagem espontânea do material, o que tipicamente coloca o nível de Fermi para

EF ~ 0.1 eV. De qualquer maneira, o deslocamento do nível de Fermi tem implicações para a

condutividade óptica do grafeno apenas para o caso de fótons com energias muito baixas

ħω ≈ 2EF. Para fótons com energias maiores do que 2EF, a condutividade óptica do grafeno

passa a ser determinada apenas por constantes universais. Obtém-se assim o que se denomina

condutividade óptica universal do grafeno, como mostrado na equação (4) [42]:

𝜎(𝜔, 𝑇) = 𝜎0 =𝜋𝑒2

2ℎ=

𝑒2

4ℏ= ℰ0𝑐𝛼. (4)

O resultado da determinação da condutividade óptica do grafeno apenas por constantes

da natureza e não por aspectos geométricos ou propriedades do material é um resultado

não usual em física do estado sólido.

Este valor para a condutividade óptica universal do grafeno é válido para frequências

ópticas desde o infravermelho até o visível [42]. Para energias menores (infravermelho

médio), variações decorrentes de flutuações térmicas, impurezas e dopagem do material são

observadas, e para energias maiores (ultravioleta) há alterações da condutividade óptica do

grafeno causadas por singularidades do ponto M da rede recíproca do grafeno [43].

3.2 Absorção linear

A partir da determinação da condutividade óptica do grafeno, é possível determinar a

transmitância e a reflectância do grafeno a partir das condições de contorno para o campo

eletromagnético incidente [43]-[45]. Desta maneira, a transmitância e a reflectância do

grafeno são dadas pelas expressões (5) e (6):

𝑇 =

1

(1 +𝜋

𝑒2

4𝜋𝜖0𝑐ℏ)

2 ≈ 1 − 𝜋𝛼 (5)

𝑅 =𝜋2

4× (

𝑒2

4𝜋𝜖0𝑐ℏ)

2

𝑇 = (𝜋𝛼

2)

2

𝑇 (6)

Page 37: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

35

nas quais e é a carga elétrica elementar, ε0 é a permissividade elétrica do vácuo, c é a

velocidade da luz, ħ é a constante de Planck reduzida, e 𝛼 = 𝑒2 4𝜋𝜖0𝑐ℏ⁄ é a constante de

estrutura fina. Como mencionado anteriormente, estes resultados são válidos para toda a faixa

do espectro eletromagnético desde o infravermelho até o visível.

Avaliando numericamente as expressões (5) e (6), conclui-se que o valor para a

transmitância do grafeno é de T ~ 97.707% e o valor para a reflectância do grafeno é de

R ~ 0.013%. A rigor, portanto, o valor da absorção do grafeno monocamada é de A ~ 2.280%.

Entretanto, como R << T, assume-se que A ~ 1 – T ~ πα ~ 2.293%.

Este valor da absorção óptica A = πα para uma camada de grafeno também é válido

para a determinação da absorção óptica em grafeno de poucas camadas. Para uma amostra de

grafeno com poucas camadas (tipicamente até 10 camadas), a absorção óptica é dada por A =

nπα [13],[18], sendo n o número de camadas. A transmitância é dada por T = 1 – nπα [46].

Nesta tese, foram caracterizados os espectros de transmissão linear do grafeno para um

conjunto de amostras de 1 a 7 camadas. Os resultados serão apresentados nas seções 5.2 e

6.2.2.

3.3 Absorção saturável

Para cada fóton absorvido no material há a criação de um par elétron-buraco

ressonante. Este exciton tem um tempo de recombinação, característico para cada material.

No grafeno, o tempo de recombinação está na faixa de 70 a 300 fs [16],[17]. Resultados mais

recentes , com pulsos de bombeamento e de prova com duração de sub-100 fs, indicam que o

tempo de recombinação do grafeno é ainda mais rápido [47]-[49].

Para baixas intensidades ópticas incidentes, o equilíbrio de populações entre a banda

de valência e de condução não é afetado. Entretanto, para altas intensidades (alto fluxo de

fótons incidentes), há uma diminuição da população de elétrons na banda de valência,

causando uma diminuição no coeficiente de absorção do material.

Em um absorvedor saturável rápido, o coeficiente de absorção diminui com o aumento

da intensidade óptica incidente, como dado pela equação (7):

𝛼(𝐼) = 𝛼𝑛𝑠 +

𝛼𝑠

1 +𝐼

𝐼𝑠𝑎𝑡

(7)

Page 38: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

36

onde αns é a absorção não saturável do material, αs é a absorção óptica saturável do material,

I é a intensidade óptica incidente, e Isat é a intensidade de saturação do material, definida

como sendo a intensidade óptica necessária para reduzir a absorção saturável à metade de seu

valor inicial.

A curva característica de um absorvedor saturável, segundo a equação (7) é mostrada

na Figura 5.

0.01 0.1 1 10 100

0

NS

1

Co

efic

ien

te d

e a

bso

rçã

o

Intensidade óptica

0

S

Figura 5. Curva característica de um absorvedor saturável.

Na Figura 5, αs é a parcela saturável do coeficiente de absorção, também denominado

de profundidade de modulação, αns é a parcela não saturável do coeficiente de absorção,

podendo ter origem tanto intrínseca quanto extrínseca, e α0 = αns + αs(I=0) é o coeficiente de

absorção para baixas intensidades. Normalmente, para materiais utilizados atualmente, como

nanotubos de carbono e grafeno, a absorção saturável se manifesta para intensidades ópticas

de pico da ordem de alguns MW/cm2, podendo variar de acordo com o método de fabricação

e da disposição das amostras.

No desenvolvimento dos trabalhos desta tese, realizamos um experimento de Z-scan

para caracterizar a absorção saturável do grafeno monocamada. A montagem experimental

utilizada é mostrada na Figura 6.

Feixe laser1550 nm, 100 fs, 80 MHz

lente10x, 0.3 NA

amostra+substrato(grafeno+vidro)

estágio de translaçãona direção z

fotodetector

Figura 6. Montagem experimental de z-scan para caracterização da absorção saturável do grafeno.

Page 39: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

37

Para a realização deste experimento, utilizamos um feixe de laser de perfil

aproximadamente gaussiano, de tal maneira que o diâmetro mínimo e o comprimento de

Rayleigh do feixe foram dados por, respectivamente, w0 = 10 µm e ZR = πw02/λ ~ 200 µm. O

resultado da caracterização da absorção saturável do grafeno é mostrado na Figura 7.

-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5

1.000

1.005

1.010

1.015

1.020

1.025 experimento

ajuste teórico

Tra

nsm

itâ

nci

a n

orm

ali

zad

a

Posição relativa Z (mm)

Figura 7. Transmitância normalizada do grafeno em função da posição Z.

A curva de transmitância normalizada de um absorvedor saturável, como mostrado na

Figura 7, pode ser descrita e ajustada pelas equações de absorção saturável e de intensidade

para feixes gaussianos, como mostrado nas equações (8) e (9):

𝑑𝐼(𝑧)

𝑑𝑧= −𝛼(𝐼). 𝐼 (8)

𝑇 = 1 −𝛼0

(1 +𝐼0

𝐼𝑠𝑎𝑡.(1+𝑍2

𝑍𝑅2 )

)

(9)

onde z é a posição do feixe e I(z) é o perfil de intensidade do feixe ao longo do eixo z, sendo

z = 0 a posição em que o diâmetro do feixe é mínimo. A partir da equação (9), é possível

estimar o valor para Isat do grafeno, de acordo com o resultado mostrado na Figura 7. Com I0

~ 0.6x10-3

MW/cm², temos Isat = 2.50 ± 0.05 MW/cm².

Page 40: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

38

4 FABRICAÇÃO E OBTENÇÃO DE GRAFENO

Neste capítulo, descrevemos as técnicas para fabricação e obtenção de grafeno.

Inicialmente, descrevemos de maneira breve a fabricação de grafeno por deposição química

de vapor (chemical vapor deposition – CVD). O objetivo é descrever o processo e quais as

características do grafeno fabricado por esta técnica, uma vez que durante o desenvolvimento

dos trabalhos desta tese as amostras de grafeno CVD foram obtidas a partir de colaborações

com outros grupos de pesquisa ou foram adquiridas amostras comercialmente disponíveis.

Apresentaremos, com maior nível de detalhe, a técnica de obtenção de grafeno a partir

da esfoliação micromecânica de grafite. A esfoliação micromecânica é uma técnica muito

simples e de baixíssimo custo, e por ela é possível obter amostras de grafeno de alta qualidade

do ponto de vista cristalino.

É importante ressaltar que a fabricação de amostras de grafeno é uma fase crucial para

o desenvolvimento de quaisquer estudos, uma vez que estudos experimentais sobre materiais

bidimensionais não eram possíveis justamente por falta de métodos e tecnologias para a

fabricação de amostras de alta qualidade.

4.1 Fabricação de grafeno por deposição química de vapor

A técnica de fabricação de grafeno por deposição química de vapor permite a

fabricação de grandes áreas de grafeno monocamada ou de grafeno multicamada. Ela ocorre

pela nucleação de átomos de carbono que se agrupam na estrutura hexagonal do grafeno sobre

substratos metálicos [50].

Na Figura 8, mostramos um esquema da configuração típica usada no processo de

fabricação de grafeno por CVD.

Figura 8. Montagem típica de um forno para síntese de grafeno por CVD.

Page 41: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

39

O forno consiste de uma estufa capaz de atingir altas temperaturas (maiores que

1000°C) e um tubo de quartzo próprio para este tipo de montagem. É através deste tubo de

quartzo que se dá o fluxo dos gases envolvidos no processo. Para fabricação de grafeno

monocamada, normalmente os gases argônio e/ou hidrogênio são utilizados para controlar a

atmosfera do forno(para ter uma atmosfera não oxidante), e como fonte de carbono é utilizado

o gás metano (CH4).

O substrato mais usado para a nucleação de grafeno é o cobre, que atua como

catalizador para a nucleação de átomos de carbono em sua superfície. Para a fabricação CVD

uma folha de cobre é colocada dentro do tubo de quartzo, e a aproximadamente 1000°C vapor

de carbono é formado, sendo condensado ao contato com a folha de cobre.

A folha de cobre pode variar em espessura, dureza, rugosidade, pureza, etc., e suas

características influenciam diretamente na qualidade estrutural do grafeno sintetizado. Por

exemplo, a rugosidade da folha de cobre pode variar de 0.05 a 1 m, sendo que quanto mais

rugosa for a folha de cobre, consequentemente, mais rugoso e defeituoso será o grafeno

obtido. Outro fator importante é a espessura da folha de cobre, que pode variar de 10 a 100

m. Quanto mais fina a folha de cobre, menos rugosa ela é, entretanto sua manipulação é

mais difícil justamente por ser mais fina e frágil. Já as folhas de cobre mais grossas são mais

fáceis de serem manipuladas pelo usuário. Desta maneira, é fundamental para a fabricação de

boas amostras de grafeno por CVD que o substrato de cobre usado seja de boa qualidade:

espessura, rugosidade e limpeza ótimas.

Diversos outros substratos metálicos podem ser utilizados, conferindo assim outras

características ao grafeno sintetizado por CVD. Por exemplo, folhas de níquel podem ser

utilizadas para a fabricação de grafeno de muitas camadas [51]. Neste caso, é difícil controlar

o número de camadas fabricadas, sendo tipicamente obtidas amostras com 10 a 100 camadas.

Na Figura 9 mostramos a receita padrão largamente usada para a fabricação de grafeno

por CVD. O processo de fabricação CVD é um método bastante robusto e difundido, e a

qualidade estrutural do grafeno obtido não varia muito se pequenas alterações na receita

forem feitas.

Page 42: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

40

0 1 2 3 4 5 6 7 8

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

5

4

32

Tem

per

atu

ra (

°C)

Tempo relativo (h)

1 1) Aquecimento em

atmosfera de Ar/H2

2) Tratamento térmico

do substrato de cobre

3) Fluxo de CH4/H

2 para a

reação de catálise

4) Resfriamento lento

5) Sistema aberto

Figura 9. Receita para fabricação de grafeno CVD monocamada sobre substrato de cobre.

Tipicamente, os valores de fluxo dos gases deste processo são: Ar/H2 ~10 sccm; CH4 ~50 sccm. A

pressão no passo 1 é 100 mTorr e nos passos 2, 3 e 4 é de 360 mTorr.

Após o processo, retira-se do forno a folha de cobre recoberta por grafeno, em ambos

os lados. Neste momento, não é possível observar o grafeno a olho nu, já que é apenas uma

membrana de espessura atômica. A partir do substrato de cobre, o grafeno pode ser

transferido para outros substratos (vidro, silício, polímeros, etc.) para que possa ser

caracterizado.

A fabricação de grafeno por CVD, apesar de simples e direta, requer longas horas de

processamento, processo contínuo de aperfeiçoamento da receita, e constantes ajustes na

configuração do forno. Por este motivo, durante o desenvolvimento dos trabalhos desta tese,

fabricamos grafeno por CVD apenas algumas vezes para tomar contato com a técnica e

desenvolver a capacidade de fabricação. O grafeno CVD usado nesta tese foi obtido a partir

de colaborações com outros grupos de pesquisa ou foram adquiridas amostras comercialmente

disponíveis.

As técnicas para transferência e caracterização de grafeno CVD serão apresentadas

mais adiante, nos capítulos 5 e 6 desta tese.

4.2 Obtenção de grafeno por esfoliação micromecânica

Grafeno está disponível na natureza na forma de um de seus alótropos: o grafite.

Devido à fraca energia de interação entre camadas adjacentes de grafeno no grafite, o grafeno

Page 43: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

41

pode ser obtido a partir de um método conhecido como esfoliação micromecânica do grafite.

Neste método, o floco original de grafite é colocado sobre uma fita adesiva, e

sequencialmente o grafeno é delaminado através de sucessivas interações de partes limpas da

fita adesiva com áreas já contendo grafite. Após repetições suficientes, o número de camadas

de grafeno em um único floco de grafite é substancialmente reduzido, resultando em

múltiplos flocos de grafeno/grafite distribuídos sobre a área da fita adesiva. A Figura 10

ilustra o processo de esfoliação micromecânica do grafite.

Figura 10. a) amostra de grafite natural usado para esfoliação micromecânica; b) floco de grafite

sobre fita adesiva; c) floco de grafite esfoliado sucessivas vezes.

Como resultado, flocos monocristalinos de grafeno monocamada e de grafeno com 2 a

5 camadas, de tamanho típico de 10 a 50 µm, podem ser obtidos. Na Figura 10 acima, os

flocos que podem ser observados são ainda de grafite, com número de camadas menor do que

o número de camadas do floco original.

O resultado do processo de esfoliação micromecânica depende basicamente de dois

fatores: a qualidade dos flocos de grafite e qualidade da fita adesiva. Melhores resultados

podem ser obtidos com o uso de grafite pirolítico altamente orientado, que é o grafite natural.

Para aumentar as chances de obter grafeno monocamada, os flocos de grafite devem ter

domínios policristalinos de grande área e uma estrutura volumétrica visualmente laminar (não

é possível obter bons resultados de esfoliação micromecânica com “pedras” de grafite).

Quanto à fita adesiva, utilizamos uma fita adesiva de silicone com baixo grau de resíduos.

Esta fita é normalmente utilizada em fabricação de dispositivos de micro e nanoeletrônica,

onde níveis baixos de resíduos são exigidos. Outros tipos de fitas adesivas também podem ser

usados como, por exemplo, as fitas adesivas do tipo “Magic Scotch Tape 3M®”.

a)

b)

c)

Page 44: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

42

Neste trabalho, usamos grafite natural altamente cristalino disponível comercialmente,

com grau de pureza de 99% e com domínio de grão médio de 100 µm, e fita adesiva livre de

silicone (baixo resíduo) da Ultron Systems® [52].

Após o processo de esfoliação micromecânica, o grafeno é transferido da fita adesiva

para o substrato desejado. Usualmente, o grafeno é transferido para um substrato de silício

cristalino recoberto por uma camada de dióxido de silício de 90 ou 300 nm. O uso deste tipo

de substrato é devido a, basicamente, 2 fatores: facilidade de fabricação de dispositivos de

micro e nanoeletrônica, usando a camada de dióxido de silício como isolante e o silício como

contato de porta do dispositivo, e também por este substrato de Si/SiO2 oferecer maior

contraste óptico para a observação de grafeno monocamada quando a amostra é iluminada por

luz branca, facilitando a identificação de grafeno monocamada e de poucas camadas [53].

Page 45: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

43

5 CARACTERIZAÇÃO DE GRAFENO

Neste capítulo, descrevemos as técnicas utilizadas para caracterização de grafeno.

Primeiramente, apresentamos a espectroscopia Raman, que é a técnica mais abrangente usada

para caracterização tanto de grafeno CVD quanto de grafeno esfoliado. Por espectroscopia

Raman, é possível distinguir o número de camadas de grafeno para flocos de 1, 2 ou poucas

camadas.

Posteriormente, apresentamos a técnica de transmissão óptica linear por

espectroscopia VIS-IR. Esta técnica é bastante útil para identificação do número de camadas

de grafeno em amostras de grafeno CVD (amostras com dimensões laterais de 2x2 até 10x10

mm). Por outro lado, justamente por causa do tamanho do feixe de luz utilizado em

espectroscopia VIS-IR, esta técnica não se aplica à caracterização de grafeno esfoliado.

Finalmente, descrevemos a técnica de caracterização de grafeno por microscopia de

força atômica (atomic force microscopy – AFM). Nesta técnica, a superfície dos flocos de

grafeno é analisada por uma ponta de prova que mede a força de interação atômica entre a

sonda e os átomos do material, e é gerado um mapa da superfície do nanomaterial. A

microscopia de força atômica é utilizada para a caracterização do número de camadas em

amostras de grafeno esfoliado, que têm tamanhos típicos de 10 a 50 µm. Para grafeno CVD, a

microscopia de força atômica é útil para avaliar a rugosidade do grafeno obtido. Como por

CVD não se pode controlar satisfatoriamente o número de camadas de grafeno, análise de

AFM não se aplica diretamente a amostras de grafeno CVD para caracterização do número de

camadas.

5.1 Espectroscopia Raman

Apresentamos a técnica de espectroscopia Raman para identificação e caracterização

de grafeno e introduzimos os principais conceitos e bandas de emissão Raman do grafeno.

Page 46: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

44

5.1.1 Origem das bandas G, 2D e D do grafeno

A espectroscopia Raman é uma forma rápida e não destrutiva de caracterização de

materiais, e uma importante ferramenta para a investigação da estrutura cristalina de sólidos.

Ela tem origem no efeito Raman, espalhamento inelástico da radiação através de interações do

tipo fóton-fônon que envolvem níveis virtuais de energia [54]. A primeira caracterização

Raman de grafite foi reportada em 1970 [55], e a primeira caracterização de grafeno foi

reportada em 2006 [56].

Por ter 2 átomos por célula unitária, o grafeno possui 6 modos normais de vibração,

como mostrado na Figura 11.

Figura 11. Relação de dispersão de fônons do grafeno (adaptada de [57]).

As vibrações de fônons são denominadas por suas características de excitação e de

direção de vibração dos átomos. Das 6 bandas de dispersão, 3 são de ramos acústicos

(denominadas A) e 3 são de ramos ópticos (denominadas O). Quanto à direção de vibração, a

classificação é feita de acordo com a vibração de um átomo em relação a seu vizinho mais

próximo: longitudinal, “L”, quando a vibração se dá na mesma direção do vizinho mais

próximo, ou transverso, “T”, quando a vibração se dá na direção transversal à do vizinho mais

próximo. Além disso, há 2 ramos acústicos e 2 ramos ópticos com vibrações atômicas no

plano cristalino (denominadas “i” – in-plane vibrations), e há 1 ramo acústico e 1 ramo óptico

com vibrações fora do plano (denominadas “o” – out-of-plane vibrations).

Page 47: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

45

Por esta classificação, as bandas de dispersão de fônons são denominadas iTA, iLA,

iTO, iLO, oTA e oTO. Em grafeno monocamada, os modos iLO e iTO são ativos em

espectroscopia Raman [54],[57], e interações fóton-fônon nestes ramos são responsáveis pela

emissão das bandas Raman características do grafeno.

Da Figura 11, vemos que os ramos iLO e iTO são duplamente degenerados no ponto Γ

para frequência de ~ 1580 cm-1

. O espalhamento Raman correspondente é uma transição de

primeira ordem, pois envolve apenas 1 fônon. Essa banda, identificada como banda G, é

característica de amostras de grafeno e pode ser usada como uma impressão digital para sua

identificação. Por ser um processo Raman de primeira ordem, a intensidade da banda G é

proporcional ao número de camadas de grafeno [58],[59].

O ramo óptico iTO também pode ser acessado no ponto K através de um processo

Raman de 2ª ordem (dupla ressonância), no qual 2 fônons são envolvidos em transições entre

os pontos K e K’ da rede recíproca do grafeno. Por ser um processo de dupla ressonância, a

frequência característica desta banda de emissão é igual ao dobro da frequência do ramo iTO

no ponto K, ou seja, aproximadamente 2670 cm-1

. Esta banda de emissão é identificada como

banda 2D, ou banda G’.

A dupla ressonância ocorre porque um elétron do ponto K com vetor de onda k é

excitado e espalhado por um fônon com vetor de onda q para o ponto K’ com vetor de onda

total q+k. O elétron é então espalhado de volta para o ponto K por outro fônon, de vetor de

onda –q, resultando em Δq = 0 em todas as transições Raman de dupla ressonância [60].

Para amostras de grafeno monocamada, há apenas uma possibilidade de transição de

dupla ressonância entre os pontos K e K’. Como resultado, a banda 2D aparece na forma de

um único pico de emissão com formato lorentziano e largura de banda FWHM entre 25 e 30

cm-1

[61]. Para grafeno bicamada, há 4 possibilidades de transição entre os pontos K e K’,

resultando em um alargamento da banda 2D [56]. A largura de banda característica da banda

2D passa a ser de 50 a 60 cm-1

[56].

Outra maneira de acessar a ramo óptico iTO no ponto K é através de quebra de

simetria. A quebra de simetria pode ser obtida através de fatores extrínsecos, como aplicação

de campo elétrico [58], ou por fatores intrínsecos ao material, como inserção de defeitos na

rede cristalina ou nas bordas (quebra de simetria translacional) [61],[62], dando origem a uma

banda de emissão Raman com frequência de ~ 1335 cm-1

, que é a banda D. Exatamente por

ter sua origem em defeitos da rede cristalina do grafeno, esta banda é uma assinatura do grau

de desordem do material.

Page 48: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

46

Desta maneira, espectroscopia Raman pode ser empregada para identificação de

grafeno, e classificação do número de camadas do material e do grau de desordem da rede

cristalina. Os resultados obtidos nesta tese sobre espectroscopia Raman de grafeno são

mostrados na seção subsequente.

5.1.2 Identificação do número de camadas de grafeno por espectroscopia

Raman

Como vimos anteriormente, o espectro Raman do grafeno é como uma impressão

digital da estrutura cristalina do material. Com base nisso, através da análise do espectro

Raman de cada amostra, é possível inferir sobre sua qualidade estrutural (quantidade de

defeitos) e número de camadas (largura da banda 2D, razão entre as intensidades das bandas

G e 2D, e intensidade da banda G).

A Figura 12 mostra a imagem de flocos de grafeno esfoliados micromecanicamente e

o espectro Raman de várias regiões destes flocos de grafeno. Para estas medidas foi utilizado

um laser em 532 nm com potência média de 2 mW.

1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800

região 4

região 3

região 2

região 1

Inte

nsi

dad

e r

ela

tiva (

con

tagen

s)

Desvio Raman (cm-1)

banda 2D

banda G

I(G)/I(2D) = 2.16

I(G)/I(2D) = 1.63

I(G)/I(2D) = 1.08

I(G)/I(2D) = 0.34

Figura 12. a) imagem de flocos de grafeno esfoliado com diferentes números de camadas em cada uma das regiões; b) análise por espectroscopia Raman das regiões 1, 2, 3 e 4, mostrando as

diferentes características espectrais de cada região.

Como se observa na Figura 12b, são proeminentes as duas bandas características do

grafeno: a banda G e a banda 2D. A intensidade da banda G é proporcional ao número de

camadas. Desta forma, podemos inferir que da região 1 para a região 4, o número de camadas

aumenta.

a) b)

10 µm

Page 49: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

47

Para a região 1, a razão entre as intensidades das bandas G e 2D é de 0.34, o que

revela que a região 1 é de grafeno monocamada. Além disso, a largura total a meia altura (full

width at half maximum – FWHM) da banda 2D é de 27 cm-1

, o que confirma que a região 1 é

de grafeno monocamada. Para a região 2, a razão entre as intensidades das bandas G e 2D é

de 1.08, o que revela que a região 2 é de grafeno bicamada. A FWHM da banda 2D da região

2 é de 54 cm-1

, mostrando que de fato temos grafeno bicamada nesta região.

A partir dos espectros das regiões 3 e 4, não podemos caracterizar estas regiões quanto

ao número de camadas. Em quaisquer amostras de grafeno com mais de 3 camadas, a razão

entre as intensidades das bandas G e 2D é maior que 1.0 e a FWHM da banda 2D varia entre

50 e 60 cm-1

.

A Tabela 1 resume as características do espectro Raman do grafeno em função do

número de camadas.

Tabela 1. Propriedades do espectro Raman de flocos de grafeno em função do número de camadas.

Número de

camadas FWHM banda 2D(cm

-1) I(G)/I(2D)

1 25 ~ 30 < 0.5

2 50 ~ 60 ~ 1.0

3 ou mais 50 ~ 60 > 1.0

Como podemos ver na Tabela 1, grafeno esfoliado mecanicamente monocamada e

bicamada podem ser facilmente identificados por espectroscopia Raman. Entretanto, para

amostras com 3 ou mais camadas, a análise por espectroscopia Raman não é conclusiva.

A nossa experiência nos revela que, para amostras com um número grande de regiões

com diferentes números de camadas, é possível observar um padrão para a razão de

intensidades I(G)/I(2D). Dessa forma, é possível associar, sem grande acurácia, o valor de

I(G)/I(2D) ao número de camadas para amostras com mais de 3 camadas. Porém, a análise se

torna menos precisa para um conjunto pequeno de amostras e os resultados são muitos

sensíveis com as características da medida de espectro Raman (focalização, potência do feixe

de laser, tempo de aquisição, etc.).

Nestes casos, nos quais a análise Raman não é conclusiva ou acurada, análises por

transmissão óptica por espectro VIS-IR ou por AFM devem ser feitas a fim de complementar

os dados sobre o número de camadas de grafeno.

Page 50: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

48

O grafeno fabricado por CVD também pode ser caracterizado por espectroscopia

Raman, porém com um enfoque diferente da caracterização do grafeno esfoliado. Como por

CVD não é possível controlar o número de camadas de grafeno para amostras com 2 ou mais

camadas, e o grafeno sintetizado por CVD sobre cobre é monocamada, aplica-se

espectroscopia Raman para analisar a distribuição de grafeno monocamada sobre a folha de

cobre ou sobre o substrato para o qual o grafeno CVD monocamada foi transferido.

Assim, por espectroscopia Raman, pode se ter a caracterização da área recoberta por

grafeno monocamada em um determinado substrato, e avaliar a qualidade da amostra

fabricada ou a qualidade do processo de transferência pela intensidade da banda D

(relacionada à quantidade de defeitos estruturais).

A Figura 13 mostra uma imagem de grafeno CVD transferido para um substrato de

vidro e sua caracterização por espectroscopia Raman.

1250 1500 1750 2000 2250 2500 2750

Inte

nsi

dad

e r

ela

tiva (

con

tagen

s)

Desvio Raman (cm-1)

banda G

banda 2D

banda D

I(G)/I(2D)

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

2 m

Figura 13. a) fotografia do grafeno CVD transferido para um substrato de vidro – a área do grafeno

é de 1.5x1.2 mm2; b) imagem de microscopia óptica do grafeno CVD sobre substrato de vidro

com aumento de 100x – escala: 20 µm; c) Espectro Raman típico da amostra de grafeno CVD: a

razão de intensidades entre as bandas G e 2D comprova que o grafeno é monocamada; d)

Mapeamento da razão de intensidades I(G)/I(2D) em uma área de 20x20 µm.

a) b)

c) d)

Page 51: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

49

Como podemos observar na Figura 13, a análise por espectroscopia Raman da amostra

de grafeno CVD confirmou que de fato a amostra é de grafeno monocamada. Além disso,

podemos ver na Figura 13c que a banda D tem uma intensidade baixa se comparada à banda

G, o que mostra que a quantidade de defeitos presentes no grafeno CVD monocamada é

pequena. Por fim, pelo mapeamento da razão de intensidades I(G)/I(2D) podemos ver que o

grafeno CVD monocamada está bem distribuído sobre o substrato final e que há algumas ilhas

de grafeno bicamada ao longo da amostra. Estas ilhas de grafeno bicamada (algumas vezes

grafeno multicamada) são resultado do processo de fabricação por CVD quando o sistema de

fabricação e a receita de crescimento não estão bem ajustados e controlados.

5.2 Transmissão óptica linear VIS-IR

Com o uso de uma fonte de luz colimada e um fotodetector, medidas de transmitância

linear óptica de amostras de grafeno podem ser realizadas. Utilizamos espectrômetro VIS-IR

modelo Perkin Elmer Lambda 950 para investigamos a transmitância linear de amostras de

grafeno monocamada empilhadas e transferidas para substratos de vidro.

Os espectrômetros de transmissão linear comercialmente disponíveis têm, geralmente,

três lâmpadas como fontes de luz (ultravioleta, visível e infravermelho próximo) que podem

ser colimadas e filtradas para provar a amostra. Para a medida de transmissão, um feixe de

referência é usado para calibrar o fotodetector e outro feixe é usado como prova do conjunto

amostra-substrato.

Como o feixe de luz é colimado e tem tipicamente um diâmetro de 2 a 10 mm, as

amostras analisadas por esta técnica não podem ter área muito diminutas. Por exemplo, isso se

traduz em uma limitação da técnica de espectroscopia óptica VIS-IR para determinação do

número de camadas de grafeno esfoliado, já que os flocos de grafeno esfoliado têm até 50 µm

de tamanho lateral, normalmente.

Por outro lado, esta técnica é bastante útil para caracterização de filmes de grafeno

monocamada e filmes de grafeno monocamada empilhados, já que com grafeno CVD

facilmente são obtidas áreas maiores que a área do feixe de luz colimado do espectrômetro.

A Figura 14 mostra o resultado de espectroscopia de transmissão óptica linear VIS-IR

realizado em amostras de grafeno monocamada e amostras de grafeno monocamada

empilhadas, com 2 a 4 camadas. O grafeno apresentou uma transparência aproximadamente

linear para todo o espectro observado de 700 a 1600 nm.

Page 52: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

50

800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 160080

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

91

92

93

94

95

Tran

smit

ân

cia

(%

)

Comprimento de onda (nm)

substrato de vidro

grafeno monocamada

2 camadas empilhadas

3 camadas empilhadas

4 camadas empilhadas

1 2 3 4

2

3

4

5

6

7

8

Ab

so

rbâ

nc

ia r

ela

tiv

a (

%)

Número de monocamadas de grafeno empilhadas

Absorção:

2.11% por camada

Figura 14. a) espectro de transmissão óptica linear VIS-IR para grafeno monocamada empilhado

sobre vidro, para 1, 2, 3 e 4 camadas; b) Transmitância óptica do grafeno em relação ao substrato

de vidro em função do número de camadas empilhadas, em 1550 nm.

Este resultado mostra a transmissão óptica total de cada amostra, levando em

consideração o conjunto grafeno-substrato. O resultado para a absorção em função do número

de camadas de 2.11% está em bom acordo com o valor esperado, que é de 2.3% por camada

para a região visível do espectro. As pequenas variações no espectro de transmissão de cada

amostra podem ser devidas a defeitos ou contaminantes na amostra, oriundos do processo de

transferência.

5.3 Microscopia de força atômica

A microscopia de força atômica é uma técnica de mapeamento muito útil para

avaliação de superfície em amostras de grafeno esfoliado. Pelo fato de analisar a força de

interação atômica entre a sonda e os átomos do material, a área varrida pela sonda do

microscópio de força atômica é de no máximo 200x200 µm, nos microscópios disponíveis

comercialmente. Esta área é mais do que suficiente para avaliar por completo flocos de

grafeno esfoliado e determinar, entre outras características, o grau de contaminação das

amostras e determinar o número de camadas de cada região dos flocos, ao se comparar a

altura do degrau formado entre uma região e outra.

Como a área de varredura do microscópio de força atômica é pequena para amostras

de grafeno CVD, há uma limitação para aplicação de AFM na determinação do número de

camadas de grafeno. Entretanto, AFM pode ser aplicada para avaliar a rugosidade e nível de

resíduos em uma determinada área específica de amostras de grafeno CVD.

a) b)

Page 53: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

51

Após a identificação de grafeno esfoliado monocamada e/ou bicamada por

espectroscopia Raman, AFM pode ser complementarmente usado para determinar o número

de camadas de outras regiões dos flocos de grafeno.

A Figura 15 mostra a imagem de microscópio óptico de um floco de grafeno esfoliado

e sua caracterização por espectroscopia Raman.

1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800

Inte

nsi

dad

e re

lati

va (

con

tagen

s)

Desvio Raman (cm-1)

banda G

banda 2D

região 4

região 3

região 2

região 1

Figura 15. a) imagem de microscopia óptica de um floco de grafeno com regiões de diferentes

números de camadas; b) análise de espectroscopia Raman de quatro regiões específicas da amostra de grafeno esfoliado.

Pela análise dos espectros Raman mostrados na Figura 15b, podemos concluir que a

região 1 é de grafeno monocamada (I(G)/I(2D) ~ 0.25) e a região 2 é de grafeno bicamada

(I(G) ~ I(2D)). Entretanto, apenas pela análise dos espectros Raman, não podemos afirmar o

número de camadas de grafeno das regiões 3 e 4.

Neste caso, AFM pode ser empregado de maneira a complementar a caracterização do

número de camadas de grafeno. Pela medida do degrau de altura entre as diferentes regiões é

possível caracterizar o número de camadas de grafeno. A altura do degrau correspondente a

uma camada de grafeno é de, aproximadamente, 0.8 nm (este valor corresponde a primeira

camada de grafeno em contato com o substrato, pode variar de acordo com o grau de

rugosidade do substrato). Consequente, para cada camada adicional de grafeno, é esperada a

observação de um aumento do degrau nesta proporção de 0.8 nm por camada.

A Figura 16 mostra uma imagem de AFM do mesmo floco de grafeno esfoliado.

a) b)

Page 54: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

52

Figura 16. Imagem de AFM do floco de grafeno esfoliado. As cores mais claras indicam regiões

mais altas da amostra e o fundo escuro representa o substrato.

A partir da análise de AFM, é possível gerar uma imagem de perfil de alturas do floco

de grafeno. Na Figura 16, a região mais escura é o substrato, e gradualmente temos as regiões

1 e 2, já identificadas como monocamada e bicamada, respectivamente. Os pontos e áreas

brancas da imagem são resíduos de cola da fita adesiva usada na esfoliação micromecânica

deste floco de grafeno.

Na Figura 16, traçamos uma análise em linha para caracterizar a altura do degrau entre

as regiões da amostra. Os resultados das curvas em azul e em vermelho são mostrados na

Figura 17.

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

região 2

Alt

ura

rela

tiva (

nm

)

Posição relativa (m)

0.74 nmregião 1

1 2 3 4 5 6 7

0

2

4

6

8

Alt

ura

rela

tiva (

nm

)

Posição relativa (m)

região 1

região 3

região 4

região 5

1.7 nm

3.0 nm

2.9 nm

Figura 17. a) análise da altura do degrau entre as regiões 1e 2; b) análise do degrau entre as regiões

1, 3, 5 e 4.

a) b)

Page 55: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

53

Em cada uma das análises da Figura 17, traçamos o perfil de altura nas direções em

azul e em vermelho mostradas na Figura 16. Como podemos observar na Figura 17a, a região

2 tem um degrau de 0.74 nm em relação a região 1, mostrando que há uma camada de grafeno

a mais na região 2 do que na região 1, comprovando que a região 2 é de grafeno bicamada. Na

Figura 17b, vemos que há um degrau de 1.7 nm entre a região 3 e a região 1, e podemos

concluir que a região 3 tem 2 camadas de grafeno a mais que a região 1, concluindo que a

região 3 é de grafeno tricamada.

É interessante ressaltar que a análise por AFM mostrou claramente a existência de

uma região 5, entre as regiões 3 e 4. Pelo resultado da análise AFM, concluímos que a região

5 tem aproximadamente 7 camadas e a região 4 tem aproximadamente 11 camadas. Como

limitação da caracterização do número de camadas de grafeno por AFM, quanto maior o

número de camadas, menos acurada é a caracterização por AFM.

Page 56: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

54

6 TRANSFERÊNCIA DE GRAFENO

A transferência de grafeno a partir do substrato original no qual foi sintetizado ou

obtido para outro substrato no qual se deseja estudar suas propriedades é de fundamental

importância. Isto se deve a um fato bastante simples: não é possível fabricar grafeno

diretamente no substrato em que se deseja estuda-lo. Por este motivo, para o desenvolvimento

dos trabalhos desta tese foi estudada e adaptada a técnica de transferência de grafeno CVD

fabricado sobre cobre para substratos de vidro, Si/SiO2 e face transversal de fibras ópticas,

conhecida como wet-transfer.

Para controlar o número de camadas de grafeno CVD em uma amostra, aplicamos um

método para empilhamento de grafeno monocamada para a fabricação de amostras com

diferentes números de camadas, como mostrado na seção 6.2.1.

Também foi desenvolvida e adaptada uma técnica para transferência de grafeno

esfoliado micromecanicamente para a face transversal de fibras ópticas. Esta técnica, descrita

neste capítulo, é uma adaptação de uma técnica conhecida como stamp, utilizada para o

alinhamento e empilhamento de nanomateriais para a fabricação de heteroestruturas. Aqui, o

grafeno ou outro nanomaterial bidimensional é esfoliado sobre um substrato transparente, no

qual diversas caracterizações ópticas podem ser realizadas, e que permite sua transferência

para a face transversal de fibras ópticas e alinhamento do grafeno esfoliado com o núcleo da

fibra óptica.

Esta técnica de transferência de grafeno esfoliado permite a fabricação de amostras de

grafeno com número de camadas controlado, para aplicações em geração de pulsos ultracurtos

em EDFL.

Neste capítulo, vou ressaltar a importância da técnica de “wet-transfer”, muito útil

para transferência de grafeno CVD, e vou discutir suas limitações. Posteriormente, com o

desafio de controlar o número de camadas de grafeno, vou apresentar e discutir a estratégia

usada em nosso trabalho para superar este desafio: empilhamento de monocamadas de

grafeno CVD e o desenvolvimento da técnica para transferência de grafeno esfoliado.

Page 57: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

55

6.1 Transferência de grafeno CVD para substratos planos: “wet-transfer”

A transferência de grafeno CVD fabricado sobre folha de cobre para outros substratos,

como Si/SiO2, sílica ou quartzo, e fibras ópticas, é normalmente feita por uma técnica

conhecida como wet-transfer. Esta técnica de transferência leva este nome por usar na etapa

de ataque químico para remoção do cobre uma solução aquosa de persulfato de amônio. O

diagrama esquemático da wet-transfer é mostrado na Figura 18.

Figura 18. Diagrama de fluxo do processo de transferência wet-transfer. Código de cores: laranja –

cobre; preto – grafeno; cinza – PMMA; roxo – substrato futuro.

Na Figura 18 podemos ver os passos para realizar a transferência do grafeno para

outros substratos planos. No passo 1, temos a representação do grafeno sobre a folha de cobre,

assim como é sintetizado. No passo 2, o grafeno é recoberto por uma camada polimérica, que

o protege mecanicamente durante o processo de transferência. Após ataque químico, o cobre é

removido e se obtém um filme de polímero/grafeno flutuando livremente na superfície da

solução, como mostrado no passo 3. Posteriormente, no passo 4, o filme de polímero/grafeno

é pescado com o substrato, resultando na transferência do grafeno do cobre para o substrato

desejado. Por fim, opcionalmente, o polímero pode ser removido com o solvente apropriado,

resultando numa amostra de grafeno CVD transferido para um substrato plano livre de

polímeros.

Apesar de ter 5 passos básicos, a transferência de grafeno CVD requer um

processamento detalhado e manipulação delicada das amostras e dos reagentes químicos

usados durante o processo.

Page 58: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

56

Para a proteção do grafeno, o polímero utilizado normalmente é o PMMA (poli-metil-

metacrilato), devido ao fato de ter fácil processamento, boa estabilidade térmica e mecânica, e

ser largamente utilizado em fabricação de dispositivos em micro e nanoeletrônica. Ao final do

processo, o PMMA pode ser removido com acetona. Para a remoção do cobre, usa-se uma

solução aquosa de persulfato de amônio 2% em peso (2 g de soluto para cada 100 g de

solução). A Tabela 2 mostra em detalhes a receita para a transferência de grafeno por wet-

transfer.

Tabela 2. Receita para a transferência de grafeno CVD por wet-transfer.

Etapa Descrição

1 Deposite por spin-coating o PMMA sobre a amostra de grafeno sobre cobre.

2

As etapas do spin-coating são: 20 s a 500 rpm e 80 s a 4000 rpm. A

aceleração é de 100 rpm/s. Como resultado um filme de espessura de 300 nm

é obtido.

3 Aquecimento a 140°C em um hot plate por 5 minutos para repolimerização

do PMMA.

4

Como o grafeno é sintetizado em ambos os lados da folha de cobre, o lado

não protegido por PMMA precisa ser limpo para não contaminar o grafeno

protegido. O grafeno é removido por reactive ion etching (RIE) com plasma

de O2. As condições típicas são: 50W de potência, fluxo de O2 de 50 sccm,

durante 1minuto.

5 Coloque a amostra de cobre/grafeno/PMMA em uma solução aquosa 2% em

peso de persulfato de amônio, por 12 horas.

6 Um segundo banho em solução aquosa de persulfato de amônio é necessário

para remover eventuais resíduos de cobre, por 2 horas.

7 Após a remoção do cobre, a amostra deve ser lavada 2 vezes em banhos de 2

horas em água deionizada.

8 Pesque a amostra de grafeno/PMMA com o substrato desejado.

9

Deixe secar em condições ambientes por 30 minutos, e depois seque em hot

plate por 30 minutos a 110 °C. A secagem da amostra em hot plate também

promove um tratamento térmico que aumenta a adesão do grafeno ao novo

substrato.

10 Para a remoção do PMMA, coloque a amostras em um banho de acetona por

12 horas.

11 Limpe a amostra com álcool isopropílico e água deionizada, na sequência, e

seque em um hot plate a 110 °C por 30 minutos.

Page 59: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

57

O resultado da transferência de grafeno CVD monocamada foi mostrado na Figura 13.

A amostra foi limpa com apenas o banho em acetona do passo 10 da receita, entretanto se

necessário etapas adicionais para remoção de resíduos de PMMA podem ser realizadas. Por

exemplo, a amostra pode passar por tratamento térmico em atmosfera inerte para remoção de

resíduos de PMMA e demais impurezas do processo.

6.2 Transferência de grafeno CVD para a face transversal de fibras

ópticas

Além da transferência de grafeno CVD para substratos planos, como substratos de

Si/SiO2 e lâminas de sílica ou quartzo, o grafeno CVD pode ser transferido pelo método wet-

transfer para qualquer outro tipo de substrato que apresente uma superfície plana polida, e que

possa ser usado para pescar a amostras de grafeno/PMMA após a remoção do cobre, como

descrito no passo 8 da Tabela 2.

Desta maneira, o grafeno CVD pode ser transferido para a face transversal de fibras

ópticas com o objetivo de fabricar amostras de grafeno CVD em fibra óptica, como mostrado

na Figura 19. Este tipo de amostra é muito útil para diversas caracterizações ópticas em

sistemas totalmente a fibra e para aplicações em lasers à fibra.

Figura 19. Processo de transferência de grafeno CVD para a face transversal de fibra óptica.

Grafeno

Cobre

Fibra

óptica

Page 60: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

58

Após ser pescado pela fibra óptica, a amostra de grafeno-PMMA recobre toda a face

transversal da fibra óptica (ferrolho, casca e núcleo). Como o PMMA tem alta transparência

em todo o espectro visível e infravermelho (> 95%), não é mandatório que ele seja removido

após a transferência. A fibra óptica utilizada para pescar a amostra de PMMA/grafeno deve

ser limpa anteriormente em ultrassonicação com água deionizada, para remoção de impurezas

e espécies contaminantes [63].

Análise por espectroscopia Raman pode ser empregada para avaliar a qualidade da

transferência, na qual observamos se houve cobertura do núcleo da fibra óptica pela amostra

de grafeno CVD. A Figura 20 mostra o resultado da transferência de grafeno CVD

monocamada para a face transversal de uma fibra óptica.

500 1000 1500 2000 2500 3000

Inte

nsi

dad

e re

lati

va (

con

tage

ns)

Desvio Raman (cm-1)

banda 2D

banda G

luminescência

banda D

2600 2650 2700 2750

ajuste

lorentziano

0.000

5.000

10.00

15.00

20.00

25.00

30.00

35.00

40.00

45.00

50.00

banda D (contagens)

5 m

5 m

Banda 2D (cm-1)

0.000

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

Figura 20. a) imagem de microscopia óptica da face da fibra óptica recoberta por grafeno-PMMA

– a região marcada no centro da imagem demarca o núcleo da fibra óptica; b) espectro Raman do

núcleo da fibra óptica; c) mapeamento Raman da banda G do grafeno na região do núcleo da fibra

óptica; d) mapeamento Raman da banda 2D do grafeno na região do núcleo da fibra óptica.

Podemos observar na Figura 20a a face da fibra óptica recoberta pela amostra de

grafeno-PMMA. Nesta imagem com ampliação de 20x podemos ver nitidamente a região da

casca da fibra óptica, circundada pelo ferrolho (região cerâmica que confere proteção

mecânica à fibra óptica).

a) b)

c) d)

Page 61: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

59

As marcas de coloração mais escura são imperfeições no filme de PMMA, devido ao

processamento e às rugosidades da folha de cobre, mas que não representam qualquer

problema para a amostra final. A região do núcleo da fibra óptica, que tem 9 µm de diâmetro,

foi marcada pela circunferência no centro da imagem.

Na Figura 20b, confirmamos por espectroscopia Raman que o núcleo da fibra foi de

fato recoberto por grafeno CVD monocamada. A banda 2D do grafeno está presente na

análise e tem um formato de curva lorentziana com largura de banda FWHM de ~ 27 cm-1

,

bem como a emissão Raman característica da interação do laser com a sílica do núcleo da

fibra óptica.

Para avaliar a qualidade da transferência, podemos fazer um mapeamento Raman das

bandas D e 2D do grafeno na região do núcleo da fibra. Como podemos observar na Figura

20c, a intensidade da banda D na região do núcleo da fibra óptica é praticamente nula. Este

resultado mostra que a quantidade de defeitos pela amostra é extremamente baixa,

praticamente inexistente. Na Figura 20d, avaliamos a largura de banda FWHM da banda 2D,

onde podemos observar que o núcleo está quase totalmente recoberto por grafeno

monocamada, com exceção de pequenas áreas de cobertura de grafeno bicamada, que não

compromete a qualidade da amostra fabricada.

A caracterização descrita acima foi aplicada a todas as 10 amostras fabricadas, e para

uma avaliação sistemática e análise estatística, os seguintes critérios foram adotados: para a

avaliação do nível de defeitos estruturais do grafeno transferido, razões de intensidade

I(D)/I(G) menores ou iguais a 0.25 foram consideradas como “baixo nível de defeitos”, entre

0.25 e 0.50 consideradas como “médio nível de defeitos”, e maiores ou iguais a 0.50

consideradas como “alto nível de defeitos”. Após esta classificação, a proporção de cada

categoria foi computada em relação a área total do núcleo da fibra óptica. Da mesma forma,

para avaliar a cobertura de grafeno monocamada no núcleo da fibra, larguras de banda da

banda 2D maiores ou iguais a 20 e menores que 40 cm-1 foram classificadas como

monocamada, e larguras de banda maiores ou iguais a 40 e menores que 60 cm-1 foram

classificadas como bi- ou multicamada; além da avaliação da largura de banda da banda 2D, o

número de camadas pode ser avaliados pela razão de intensidades I(G)/I(2D): intensidades

menores ou iguais a 0.5 foram classificadas como grafeno monocamada, intensidades entre

0.5 e 1.1 foram classificadas como grafeno bicamada, e intensidades maiores ou iguais a 1.1

foram classificadas como grafeno multicamada.

Page 62: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

60

Para sistemas ópticos, os critérios adotados provêm informações confiáveis para a

análise da qualidade das amostras, já que correspondem a condições suficientes para a

observação e investigação de fenômenos ópticos. Entretanto, para diferentes áreas, como

optoeletrônica e nanoeletrônica, os padrões de qualidade são diferentes e, portanto, diferentes

critérios devem ser adotados. A Tabela 3 resume estes critérios.

Tabela 3. Criterios adotados para a avaliação da qualidade das amostras de grafeno sobre fibra

óptica.

Nível de defeitos I(D)/I(G) Número de camadas FWHM(2D) I(G)/I(2D)

Baixo ≤ 0.25 Monocamada 20 to 40 ≤ 0.50

Médio 0.25 to 0.50 Bicamada 40 to 60

0.50 to 1.10

Alto ≥ 0.50 Multicamada ≥ 1.10

Nesta análise foi considerado somente o grafeno que recobre a área do núcleo da fibra

óptica. A Figura 21 mostra o resultado médio para a distribuição do grafeno transferido sobre

a área do núcleo da fibra, para o conjunto de 10 amostras.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3 ou mais1 2 ou mais

Razão de intensidades I(D)/I(G)

Nível de defeitos

Percen

tual

de c

ob

ertu

ra (

%)

Baixo Médio Alto0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100Razão de intensidades I(G)/I(2D)

Número de camadas

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100FWHM(2D) (cm

-1)

Número de

camadas

Figura 21. Avaliação do nível de defeitos do grafeno (a) pela razão de intensidades I(D)/I(G),

classificação do número de camadas de grafeno pela (b) largura de banda da banda 2D e (c) razão

de intensidade I(G)/I(2D).

a) b) c)

Page 63: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

61

A análise da razão de intensidades I(D)/I(G) revelou que, na média, 82% do núcleo

das fibras ópticas é recoberto por grafeno de baixo defeito, o que é uma cobertura satisfatória,

considerando-se o extensivo processo de transferência. O restante é recoberto 16% por

grafeno de médio defeito e apenas 2% é recoberto por grafeno de alto nível de defeitos. A

análise da largura de banda da banda 2D revelou que 88% do núcleo das fibras ópticas é

recoberto por grafeno monocamada, e apenas 12% é recoberto por grafeno bicamada ou

multicamada. Pela razão de intensidades I(G)/I(2D), 81% é grafeno monocamada, 15% é

grafeno bicamada e 4% é grafeno multicamada. Estes resultados são resumidos na Tabela 4.

Tabela 4. Resultado médio da análise da cobertura do núcleo da fibra óptica por grafeno, para o conjunto de 10 amostras.

Nível de defeitos I(D)/I(G) Número de camadas FWHM(2D) I(G)/I(2D)

Baixo 82±11% Monocamada 88±7% 81±5%

Médio 16±9% Bicamada 12±7%

15±6%

Alto 2±2% Multicamada 4±2%

6.2.1 Empilhamento de grafeno CVD monocamada e transferência de amostras

de grafeno empilhado para a face transversal de fibras ópticas

Com o objetivo de estudar a influência do número de camadas de grafeno na geração

de pulsos curtos por acoplamento passivo de modos em EDFL, há um grande desafio em se

controlar o número de camadas de grafeno fabricado por CVD.

Como visto, o grafeno fabricado por CVD com cobre como substrato geralmente é

monocamada. Há ainda a fabricação de grafeno em outros metais, como o níquel, por

exemplo, nos quais o crescimento de grafeno multicamada é favorecido. Entretanto, não é

possível controlar exatamente o número de camadas durante o processo de fabricação. Há

também desafios de fabricar amostras de grafeno com um número controlado de camadas com

o mínimo possível de defeitos estruturais e com mínimos resíduos químicos.

Page 64: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

62

Como demonstrado por [64], é possível realizar o empilhamento de amostras de

grafeno monocamada, por uma simples alteração no fluxograma de etapas da wet-transfer.

Este processo para empilhamento de camadas de grafeno monocamada foi inicialmente

proposto para aplicações em armazenamento de energia e células fotovoltaicas. Entretanto, a

partir da fabricação destas amostras de grafeno monocamada empilhado, a transferência para

face transversal de fibras ópticas é direta.

A Figura 22 mostra o fluxograma para o empilhamento de grafeno CVD monocamada.

Figura 22. Fluxograma do processo modificado de “wet transfer” para o empilhamento de

camadas de grafeno CVD monocamada. Código de cores: laranja – cobre; preto – grafeno; cinza –

PMMA; roxo – substrato futuro.

Para o empilhamento de grafeno CVD monocamada, ao invés de completar um ciclo

do fluxo mostrado na Figura 18, do passo 3 voltamos para o passo 1: após a remoção do

substrato de cobre por ataque químico de solução aquosa de persulfato de amônio, o filme de

grafeno-PMMA é pescado por uma nova amostra de grafeno-cobre. Desta maneira, 2 camadas

de grafeno entram em contato sem que haja contaminantes e resíduos químicos ou

poliméricos entre elas.

Iterativamente, podem ser empilhadas quantas camadas de grafeno CVD monocamada

se desejar. Como o processo de wet-transfer leva cerca de 24 h para a transferência de uma

camada de grafeno, como mostrado na Tabela 2, o empilhamento de cada camada adicional

de grafeno significa 1 dia a mais no processo de fabricação de amostras de grafeno

empilhado.

(1) (2)

(3)

(4)

(5)

Page 65: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

63

6.2.2 Caracterização das amostras de grafeno CVD monocamada empilhado

Para a caracterização das amostras de grafeno empilhado, foram fabricadas amostras

contendo de 1 a 7 camadas empilhadas de grafeno monocamada. Estas amostras foram

transferidas para substratos de vidro para caracterização por espectroscopia Raman, AFM e

espectroscopia linear de transmissão VIS-IR.

Para facilitar a identificação das amostras de grafeno CVD empilhado, a Tabela 5

mostra a classificação das amostras fabricadas sobre vidro.

Tabela 5. Classificação das amostras de grafeno CVD monocamada empilhado sobre substrato de

vidro.

Código Descrição

CVD-1 Grafeno CVD monocamada

EMP-2 2 camadas empilhadas de grafeno CVD monocamada

EMP-3 3 camadas empilhadas de grafeno CVD monocamada

EMP -4 4 camadas empilhadas de grafeno CVD monocamada

EMP -5 5 camadas empilhadas de grafeno CVD monocamada

EMP -6 6 camadas empilhadas de grafeno CVD monocamada

EMP -7 7 camadas empilhadas de grafeno CVD monocamada

A Figura 23 mostra imagens de microscopia óptica das amostras com 2 a 7 camadas,

obtidas com uma lente de 100x de aumento.

Page 66: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

64

Figura 23. Imagens de microscopia óptica de amostras de grafeno CVD empilhado, de 2 a 7

camadas.

A análise da qualidade das amostras não é tão clara pelas imagens ópticas de

microscópio. Entretanto, podemos perceber um aumento do número de defeitos e dobras

(linhas pretas nas imagens) e maior presença de resíduos químicos (pontos pretos nas

imagens) nas amostras com o aumento do número de camadas empilhadas.

Com o uso de um espectrômetro VIS-IR, investigamos a transmitância linear das

amostras de grafeno empilhado transferido para vidro. O grafeno apresentou uma

transparência linear para todo o espectro observado, de 500 nm a 1600 nm. O resultado desta

caracterização é mostrado na Figura 24.

1 2 3 4 5 6 7

76

78

80

82

84

86

88

90

Transmitância óptica total

(substrato de vidro+grafeno empilhado)

Ajuste linear

Tra

nsm

itâ

nci

a ó

pti

ca e

m 1

55

0 n

m (

%)

Número de camadas de grafeno

Model Line

Equation y = A + B*x

Reduced Chi-Sqr

1.4737

Adj. R-Square 0.93023

Value Standard Error

BA 92.08 1.02598

B -2.06464 0.22942

Figura 24. Transmitância óptica linear de amostras de grafeno CVD empilhado, de 1 a 7 camadas,

para comprimento de onda de 1550 nm.

10 m

EMP-2 EMP-3 EMP-4

EMP-5 EMP-6 EMP-7

Page 67: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

65

Este resultado da Figura 24 mostra a transmissão óptica total de cada amostra, levando

em consideração o conjunto grafeno+substrato (vidro). A variação na transmissão, portanto,

se deve unicamente à variação do número de camadas empilhadas de grafeno. O valor médio

da variação da transmitância de 2.1 ± 0.2% por camada está próximo do valor teórico

esperado, que é de 2.3% por camada para o visível e ligeiramente menor que 2.3% para o

infravermelho. Nota-se também que a transmitância estimada do substrato é de 92 ± 1%, valor

próximo do teórico esperado para o vidro.

Em espectroscopia Raman, foram analisadas as intensidades das bandas G

(~1570 cm-1

) e D (~ 1310 cm-1

), como mostrado na Figura 25.

1 2 3 4 5 6 70

1000

2000

3000

4000

Inte

nsi

da

de r

ela

tiv

a d

a b

an

da

G (

co

nta

gen

s)

Número de camadas de grafeno

a)

1 2 3 4 5 6 70

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Inte

nsi

dad

e re

lati

va d

a b

an

da D

(co

nta

gen

s)

Número de camadas de grafeno

b)

Figura 25. a) intensidade da banda G e b) intensidade da banda D, em função do número de

camadas empilhadas de grafeno CVD.

Podemos ver na Figura 25a que, como esperado, a intensidade da banda G cresce com

o número de camadas, sendo esta relação aproximadamente linear para 3 camadas ou mais.

Quanto à banda D, podemos observar na Figura 25b que a intensidade da banda cresce com o

número de camadas, ou seja, o número de defeitos aumenta com o empilhamento de mais

camadas. Este resultado já era esperado, já que cada camada de grafeno contribui com uma

determinada quantidade de defeitos para a amostra final e o próprio processo de

empilhamento contribui para a adição de novos defeitos estruturais (quebras e dobras).

Mediante este resultado, concluímos que o método de empilhamento pode ser

melhorado, resultando em amostras de 1 a 5 camadas com quantidades de defeitos ainda

menores. Entretanto, a intensidade Raman da banda D, para cada amostra, é no mínimo 20

vezes menor do que a intensidade da banda G, indicando que todas as amostras fabricadas

possuem ótima qualidade estrutural.

Também foi avaliada a largura de banda FWHM da banda 2D do grafeno empilhado,

com o resultado mostrado na Figura 26.

Page 68: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

66

1 2 3 4 5 6 730

35

40

45

50

55

60

La

rgu

ra d

e b

an

da

FW

HM

(cm

-1)

Número de camadas de grafeno

Figura 26. Largura de banda FWHM da banda 2D em função do número de camadas empilhadas

de grafeno CVD.

As amostras com 1 a 3 camadas de grafeno apresentam larguras da banda 2D de

aproximadamente 35 cm-1

, o que é condizente com grafeno empilhado quando as camadas

estão fracamente ligadas. Para 4 camadas ou mais, a largura da banda 2D varia de

45 a 55cm-1

. De acordo com [64], o grafeno de poucas camadas com fraco acoplamento entre

as camadas e alinhamento aleatório entre as camadas apresenta largura de banda FWHM da

banda 2D de ~ 50 cm-1

.

Para caracterização da rugosidade da superfície das amostras de grafeno empilhado,

foram feitas imagens de AFM. Na Figura 27, mostramos o resultado da rugosidade RMS para

a área de 20x20 m2 analisada em cada amostra.

1 2 3 4 5 6 70

5

10

15

20

25

Ru

gosi

da

de

(nm

)

Número de camadas de grafeno

Figura 27. Rugosidade RMS em função do número de camadas empilhadas de grafeno CVD

monocamada.

Page 69: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

67

Podemos observar na Figura 27 que a rugosidade aumenta com o número de camadas.

A rugosidade das amostras tem origem na rugosidade do substrato e também pode ser devido

a que durante a fabricação as camadas de grafeno podem não se conformar adequadamente

umas sobre as outras. Há ainda a presença de contaminantes químicos, o que contribui para o

aumento da rugosidade das amostras.

Na Figura 28, mostramos as imagens de microscopia de força atômica para cada uma

das amostras de grafeno empilhado com 1 a 7 camadas.

Figura 28. Imagem de AFM das amostras de grafeno CVD monocamada empilhado, de 1 a 7

camadas. O tamanho lateral de cada imagem é de 20 µm.

EMP-2 EMP-3

EMP-4 EMP-5

EMP-6 EMP-7

CVD-1

Page 70: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

68

Foram também fabricadas amostras de grafeno CVD empilhado transferidas para face

transversal de fibras ópticas. Apesar de resultarem em amostras diferentes, tanto o grafeno

empilhado sobre vidro quanto o grafeno empilhado sobre fibra óptica vem da mesma amostra

de grafeno CVD monocamada sobre cobre. Além disso, a única outra característica que

distingue as duas categorias de amostras é o substrato final para o qual foram transferidas.

Desta maneira, assumimos que as análises apresentadas na caracterização das amostras

de grafeno empilhado transferido para substrato de vidro ou silício servem como base de

referência para as amostras que foram transferidas para a face transversal de fibras óptica.

6.3 Transferência de grafeno esfoliado micromecanicamente para

substratos planos

Após o processo de esfoliação micromecânica do grafite para obtenção de grafeno,

como mostrado na Figura 10, há na própria fita adesiva diversos flocos de grafeno

monocamada, bicamada e de poucas camadas.

A partir da fita adesiva, o grafeno esfoliado pode ser transferido para diversos

substratos planos, que podem ser escolhidos de acordo com a aplicação desejada.

Normalmente, grafeno esfoliado é transferido para substratos de Si/SiO2.

A transferência de grafeno esfoliado para substratos planos é realizada posicionando-

se a fita adesiva sobre o substrato, com o grafeno em contato com o mesmo. Para promover

um contato eficiente, podemos usar uma pinça plástica ou outro material macio para esfregar

sobre a fita e eliminar áreas onde não houve aderência entre a fita adesiva e o substrato.

Assim, forças de nível molecular vão promover a aderência entre o grafeno e o substrato.

Após algum tempo de descanso, para a promoção da aderência entre grafeno e

substrato, a fita adesiva é removida e podemos observar, a olho nu, flocos de grafite

transferidos para o substrato.

A Figura 29 mostra imagens de microscopia óptica de flocos de grafeno transferidos

para substratos de Si/SiO2.

Page 71: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

69

Figura 29. a) imagem de microscopia óptica de flocos de grafeno esfoliado - aumento de 20x; b)

imagens de microscopia óptica de flocos de grafeno esfoliado – aumento de 100x.

Podemos observar na Figura 29 o resultado da transferência de grafeno esfoliado. As

áreas mais brilhantes são flocos de grafite, pois por terem mais camadas de grafeno refletem

mais luz. As regiões mais claras são de grafeno monocamada, e conforme aumenta o número

de camadas da amostra, o contraste também aumenta. Desta maneira, podemos distinguir,

visualmente, regiões com 1, 2, 3 e com poucas camadas de grafeno.

Como o grafeno é uma folha de espessura atômica, o contraste da iluminação por luz

branca do grafeno com o substrato é baixo. Por este motivo, é difícil observar grafeno

monocamada e até mesmo grafeno bicamada e de poucas camadas sobre vidro.

Para aumentar o contraste, normalmente é utilizada uma camada interferométrica

sobre o substrato. Como demonstrado por [53], sob iluminação de luz branca de microscópio,

o contraste é maximizado em substratos de silício com uma camada de dióxido de silício com

espessura de 90 ou 300 nm.

A busca por grafeno monocamada é realizada em um microscópio óptico, navegando

pela amostra e procurando por regiões de contraste mínimo. Após a identificação de

potenciais regiões de grafeno monocamada, caracterização por espectroscopia Raman ou por

AFM devem ser feitas para confirmar o número de camadas de grafeno.

a) b)

Page 72: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

70

6.4 Transferência de grafeno esfoliado micromecanicamente para a face

transversal de fibras ópticas

Para caracterização de propriedades ópticas, o grafeno esfoliado tem algumas

vantagens sobre o grafeno CVD, quando o tamanho da amostra não é um problema. O grafeno

esfoliado é mais facilmente obtido (não requer um processo longo e elaborado de fabricação),

é monocristalino e tem menor quantidade de defeitos e contaminantes.

Entretanto, o maior problema de trabalhar com grafeno esfoliado é o tamanho

diminuto das amostras, entre 10 e 50 µm. Para aplicações em fibras ópticas, nas quais o

diâmetro do núcleo é de 9 µm (fibra óptica padrão de telecomunicações), o tamanho dos

flocos de grafeno esfoliado não é uma limitação. A dificuldade para montagem deste tipo de

amostra está no alinhamento entre o floco de grafeno e o núcleo da fibra óptica, já que não é

possível esfoliar o grafeno diretamente sobre a face transversal da fibra óptica.

Para superar este problema, se faz necessário o desenvolvimento de uma maneira de

transferir o floco de grafeno esfoliado para a face da fibra óptica e ao mesmo tempo alinhá-lo

com o núcleo da fibra óptica.

Uma técnica bastante usada para a transferência de grafeno esfoliado é conhecida

como stamp. Nesta técnica, o grafeno é esfoliado sobre um substrato que contém várias

camadas, cada uma com função específica. Normalmente, além do substrato plano que dá

suporte à amostra, há uma camada interferométrica, normalmente de espessura nanométrica, a

fim de maximizar o contraste e facilitar a identificação de flocos de grafeno esfoliado, e há

uma camada de sacrifício, que será dissolvida e eliminada em algum ponto do processo de

transferência, a fim de permitir a transferência da amostra de grafeno esfoliado para o

substrato que se deseja.

Esta técnica é muito utilizada na fabricação de heteroestruturas de materiais

bidimensionais [65].

Em amostras de grafeno esfoliado também é possível, com espectroscopia Raman,

determinar com exatidão a espessura da amostra para 1 ou 2 camadas, e é possível inferir com

espectroscopia Raman e com microscopia de força atômica o número de camadas para 3 ou

mais camadas. A partir da identificação do número de camadas de cada floco de grafeno, o

próximo desafio reside na transferência do grafeno esfoliado de seu substrato original para o

substrato no qual se pretende estudar suas propriedades ópticas.

Page 73: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

71

Neste trabalho, adaptamos a técnica de transferência de grafeno esfoliado stamp para

transferir grafeno para a face transversal da fibra óptica e alinhá-lo com o núcleo da fibra.

Para realizar esta transferência, desenvolvemos a fabricação de um substrato transparente de

vidro, PVA (álcool polivinílico) e PMMA, que permitiu a identificação por microscopia

óptica de grafeno monocamada e grafeno bicamada, e a transferência de amostras de grafeno

esfoliado-PMMA para fibras ópticas.

6.4.1 Fabricação do substrato transparente para esfoliação de grafeno

Para a transferência do grafeno esfoliado, é necessário que o grafeno seja esfoliado em

um substrato que posteriormente permita sua remoção e deposição no substrato futuro. Para

este fim, substratos de Si/SiO2 não são úteis.

Com o objetivo de superar este problema, buscamos um substrato que fosse flexível

que pudesse ter as mesmas características que a camada de SiO2 tem nos substratos de silício.

Na faixa visível do espectro, o SiO2 tem índice de refração nSiO2 ~ 1.46 [66] (o índice de

refração varia com o comprimento de onda). Além disso, sua espessura de 300 nm gera

interferência da luz incidente, maximizando o contraste óptico.

Com propriedades ópticas semelhantes às do SiO2, o PMMA pode ser utilizado como

camada interferométrica. Por spin-coating, podemos fabricar uma camada de PMMA de 300

nm de espessura, e o índice de refração do material é de nPMMA ~ 1.49 [67]. Como camada de

sacrifício, usamos PVA, um polímero de fácil obtenção e manipulação, solúvel em água, e por

spin-coating é possível fabricar filmes de PVA de 1 µm de espessura.

A Figura 30 mostra o diagrama dos substratos de PMMA e PVA sobre vidro

fabricados para esfoliação e transferência de grafeno.

Figura 30. Diagrama esquemático do substrato usado para esfoliação micromecânica de grafeno.

Page 74: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

72

Sobre o vidro, substrato usado por ser transparente e rígido, depositamos por spin-

coating duas camadas poliméricas. Primeiro, depositamos PVA (solução aquosa de 20% em

peso), que a 500 rpm forma uma camada de aproximadamente 1 m de espessura sobre o

vidro. A espessura da camada de PVA não é crítica, já que a função do PVA é atuar como

camada de sacrifício. Segundo nossa experiência, quanto mais fina a camada de PVA, maior é

a dificuldade de dissolvê-la com água e, consequentemente, mais longo é o tempo de

processamento. O PMMA, depositado sobre o PVA a uma rotação de 2600 rpm ou maior,

forma uma camada de 300 nm de espessura.

Como o índice de refração do PMMA é similar ao índice de refração do óxido de

silício na região visível do espectro, o contraste para a observação dos flocos de grafeno

esfoliado não é prejudicado. Obviamente, o contraste não é o mesmo, já que o substrato

abaixo do PMMA, PVA, que também contribui para o contraste, tem um índice de refração

(nPVA ~ 1.56 [68]) diferente do silício (nSi = 3,1 [66]) para a região visível do espectro.

Para calcular o contraste óptico deste substrato, usamos o modelo baseado nas

equações de Fresnel, como reportado em [53], definindo contraste de acordo com a equação

(10):

𝐶 = 𝑅𝐺 − 𝑅𝑆

𝑅𝑆 (10)

onde RG e RS são os coeficientes de reflexão de Fresnel para o grafeno e para o substrato,

respectivamente. Assumindo ngrafeno = 2.6 – 1.3i [53], nPMMA = 1.49 [67] e nPVA = 1.56 [68],

nossos cálculos resultaram em um contraste médio de 8% do grafeno esfoliado sobre PMMA-

PVA-vidro, para comprimentos de onda de 500 a 700 nm. Apesar de menor do que o

contraste sobre Si/SiO2, este valor é suficiente para visualizar e identificar grafeno esfoliado

monocamada em substratos transparentes poliméricos de PMMA-PVA.

O código MATLAB para o cálculo do contraste óptico está no apêndice A. A Figura

31 mostra o contraste óptico em função do comprimento de onda.

Page 75: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

73

400 450 500 550 600 650 700

0.06

0.08

0.10

0.12

0.14

0.16

0.18

0.20

200 300 4000.06

0.07

0.08

0.09

0.10

0.11

0.12

Co

ntr

ast

eComprimento de onda (nm)

Espessura do PMMA:

400 nm

300 nm

200 nm

Con

trast

e @

550 n

m

Espessura do PMMA (nm)

Figura 31. Contraste óptico de amostras de grafeno esfoliado sobre substratos de PMMA-PVA-

vidro.

Neste caso, vemos que a espessura do PMMA de 300 nm maximiza o contraste para

iluminação com luz verde. Isto pode ser realizado com o uso de filtros ópticos passa-banda

centrados no verde (550 ± 5 nm) sob iluminação com luz branca do microscópio. Por esta

razão, a camada de PMMA fabricada por spin-coating tem espessura de 0.30 ± 0.01 µm. A

camada de PVA tem aproximadamente 1.2 ± 0.1 µm de espessura, e como a camada de PVA

é mais grossa do que a camada de PMMA, as reflexões entre PVA e vidro foram

desconsideradas em nossos cálculos. Em comparação com o contraste em 550 nm para

substratos de Si/SiO2, o valor do nosso substrato de PMMA/pva é de 11%, quase 73% do

valor obtido com substrato de Si/SiO2 (~15% [50]). A visualização de flocos de grafeno

monocamada é mostrada na Figura 32.

1250 1500 1750 2000 2250 2500 2750 3000

0

25

50

75

100

125

150

175

200

225

Inte

nsi

da

de r

ela

tiva

(con

tagen

s)

Desvio Raman (cm-1)

região 3: multicamada

região 2: bicamada

região 1: monocamada

2D peak width (cm-1)

0,000

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,0

Figura 32. a) imagem de microscopia óptica de um floco de grafeno esfoliado sobre PMMA-PVA-

vidro; b) espectro Raman das regiões 1, 2 e 3; c) mapeamento Raman das regiões 1, 2 e 3 da

largura FWHM da banda 2D.

Por espectroscopia Raman pode-se confirmar que a região 1 da Figura 32a é de

grafeno monocamada, e que as regiões 2 e 3 são, respectivamente, de grafeno bicamada e

multicamada.

a) b) c)

Page 76: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

74

6.4.2 Montagem para transferência de grafeno esfoliado para face polida de

fibras ópticas padrão: método “stamp”

O substrato de PMMA-PVA-vidro foi montado justamente com o intuito de permitir a

transferência do grafeno esfoliado para a face polida de fibras ópticas. Neste conjunto, o PVA

atua como camada de sacrifício, já que é um polímero solúvel em água. Dependendo da

espessura da camada de PVA, o tempo de dissolução em água pode variar de 1 h (para 1 µm

de espessura) até 12 h (para espessuras de 0.5 µm ou mais finas). Após remoção do PVA, a

membrana de PMMA (suportada por um adesivo que a cerca, como mostrado na Figura 30)

pode ser retirada do substrato de vidro. Dessa maneira, temos um filme de 300 nm de PMMA

com grafeno esfoliado, pronto para ser posicionado sobre a face polida de uma fibra óptica e

alinhado com o núcleo da fibra.

A Figura 33 mostra uma foto da montagem utilizada para transferência e alinhamento

do grafeno esfoliado sobre PMMA para a face transversal da fibra óptica.

Figura 33. Fotografia da montagem experimental para transferência de grafeno esfoliado para

fibras ópticas.

Nesta montagem, 4 instrumentos são utilizados. Um posicionador de 2 eixos é usado

para controle da posição da fibra óptica. Junto a este posicionador, há um suporte com

controle de ângulo, para corrigir eventuais distorções da posição da fibra em relação ao plano

horizontal. Para posicionamento da amostra é usado um controlador de 3 eixos, e o processo

de alinhamento e transferência é monitorado por um microscópio óptico com lente de

aumento de 20x (no mínimo, para visualização satisfatória do núcleo da fibra óptica (~ 9m)

e dos flocos de grafeno (~ 15 m)).

Page 77: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

75

Após alinhamento do floco de grafeno com o núcleo da fibra óptica, é promovido o

contato entre grafeno e a fibra, completando o processo de transferência. Após a transferência,

A amostra deve secar em temperatura ambiente por 10 a 30 minutos. Após a transferência, a

amostra é aquecida por 10 minutos a 100°C para conformação do floco de grafeno e do

polímero PMMA sobre a face da fibra óptica. O resultado do processo de transferência é

mostrado na Figura 34.

Figura 34. Resultado do processo de transferência de floco de grafite alinhado com o núcleo da

fibra óptica para demonstração da técnica.

Na imagem mostrada na Figura 34, podemos observar claramente que o núcleo da

fibra óptica (região iluminada no centro) foi completamente recoberto com um floco de

grafite, para propósitos de demonstração. Optamos por demonstrar a técnica aqui com um

floco de grafite, já que a visualização de flocos de grafeno monocamada é dificultada pelo

baixo contraste. Para efeito de escala, o diâmetro da casca da fibra óptica é de 125 m.

A primeira etapa na caracterização das amostras de grafeno esfoliado é realizada ainda

no substrato de PMMA-PVA-vidro. Após a esfoliação, o floco encontrado pode ser

caracterizado por espectroscopia Raman para determinação do número de camadas.

A Figura 35 mostra um floco de grafeno esfoliado monocamada e sua caracterização

Raman.

Page 78: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

76

1500 1750 2000 2250 2500 2750

Inte

nsi

dad

e re

lati

va (

con

tagen

s)

Desvio Raman (cm-1)

Figura 35. a) Floco de grafeno esfoliado sobre PMMA-PVA-vidro (a área circundada representa o

núcleo de uma fibra óptica, apenas para efeito de comparação, mostrando que o floco pode

recobrir totalmente o núcleo da fibra); b) espectro Raman do floco de grafeno esfoliado.

Na Figura 35a, podemos observar um floco de grafeno esfoliado sobre substrato de

PMMA-PVA-vidro (a região circular no interior do floco esfoliado representa o núcleo de

uma fibra óptica padrão – 9 µm de diâmetro – para mostrar que o floco pode recobrir

totalmente o núcleo da fibra). A análise Raman do floco, na Figura 35b, mostra que o floco é

de fato grafeno monocamada, já que I(G)/I(2D) < 0,5.

Utilizando a montagem e o método descritos anteriormente, este floco de grafeno

monocamada pode ser transferido para a face polida de uma fibra óptica e alinhado com seu

núcleo. O resultado da transferência é mostrado na Figura 36.

Figura 36. a) mapeamento Raman da sílica do núcleo da fibra óptica; b) mapeamento Raman da

banda 2D do grafeno esfoliado recobrindo a fibra óptica. c) análise computacional do

recobrimento do núcleo da fibra óptica pela amostra de grafeno esfoliado, apontando 100% de

recobrimento (imagem de cores falsas: marrom = núcleo da fibra; branco = grafeno).

3m

a)

a) b) c)

b)

Page 79: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

77

No conjunto de amostras de grafeno esfoliado transferidas para fibras ópticas, a

amostra da Figura 36 é descrita por “amostra ESFO-1”. Nela mostramos um mapeamento

Raman da região do núcleo da fibra óptica após a transferência do floco de grafeno esfoliado.

As regiões destacadas são, respectivamente, o núcleo da fibra (Figura 36a), caracterizado pela

banda Raman característica da sílica amorfa, e o grafeno monocamada esfoliado, que foi

caracterizado pela largura FWHM da banda 2D (Figura 36b), indicando as regiões onde há

grafeno. Na Figura 36c, o resultado da cobertura do núcleo da fibra com grafeno: a região

marrom é o núcleo da fibra e a linha vermelha indica a borda do floco de grafeno. Desta

maneira, podemos concluir que o núcleo da fibra óptica foi totalmente recoberto.

Diversas amostras de grafeno esfoliado foram analisadas e transferidas para a face

polida de fibras ópticas. A Tabela 6 sumariza o conjunto de amostras fabricadas.

Tabela 6. Resumo das amostras de grafeno esfoliado transferidas para face transversal de fibras

ópticas.

Amostra I(G)/I(2D) Largura da banda 2D (cm-1

) I(D)/I(G) Número de camadas

ESFO-1 0.223155 27.04 0.003419 1

ESFO-2 0.489909 28.31 0.002709 1

ESFO-3 1.040803 52.86 0.016181 2

ESFO-4 1.106273 53.608 0.00552 ~2-3

ESFO-5 1.672551 53.73 0.003379 ~4-5

ESFO-6 1.769757 60.2 0.002393 ~5-6

ESFO-7 1.837558 61.6 0.00288 ~6-7

Com os dados da Tabela 6, podemos analisar o conjunto das amostras fabricadas. As

amostras com grafeno monocamada são caracterizadas com uma largura da banda 2D menor

do que 30 cm-1

, como no caso das amostras 1 e 2. Para as amostras com largura da banda 2D

superior a 30 cm-1

, o indicativo do número de camadas é a razão entre a intensidade das

bandas G e 2D. Para a amostras com I(G)/I(2D) ~ 1.0, temos grafeno bicamada, como no caso

das amostras 3 e (provavelmente) 4.

Page 80: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

78

Para I(G)/I(2D) > 1,0, não há como determinar univocamente o número de camadas

somente pelos resultados de espectroscopia Raman. Entretanto, com uma amostra grande o

suficiente, percebe-se que determinados valores para a razão de intensidades se repete. A

partir destes valores, podemos inferir o número de camadas de grafeno esfoliado em cada

amostra, como é o caso das amostras 4 (2 ou 3 camadas), 5 (4 ou 5 camadas), 6 (5 ou 6

camadas) e 7 (6 ou 7 camadas).

Para determinar precisamente o número de camadas é necessária a análise por

microscopia de força atômica, para medir a altura de cada amostra e relacionar com a altura

de cada camada de grafeno. Entretanto por nossas amostras serem transparentes ou estarem

sobre fibras ópticas, análise por microscopia de força atômica é dificultada. Quando as

amostras estão em substratos transparentes, é muito difícil encontrar os flocos de grafeno nos

microscópios ópticos embutidos nos equipamentos de AFM, e quando as amostras estão sobre

fibras ópticas, é provável que não haja distância de trabalho suficiente para posicionar as

amostras nos equipamentos de AFM.

Page 81: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

79

7 GERAÇÃO DE PULSOS ULTRACURTOS EM LASER À FIBRA

DOPADA COM ÉRBIO

Neste capítulo, apresentamos nossos resultados da aplicação das diversas amostras de

grafeno fabricadas como absorvedores saturáveis em lasers à fibra dopada com Érbio

(Erbium-doped fiber lasers – EDFL) para geração de pulsos ultracurtos por acoplamento

passivo de modos.

Inicialmente, apresentamos a montagem típica de um EDFL conforme usamos nos

experimentos. Analisamos a montagem experimental e caracterizamos a cavidade laser por

seus parâmetros de dispersão média, dispersão total acumulada e potência de saída em regime

de onda contínua.

Em sequência, apresentamos os resultados de nosso estudo sobre a fabricação de

amostras de grafeno CVD monocamada sobre fibra óptica para aplicação com absorvedor

saturável em lasers à fibra. Neste trabalho foram fabricadas e caracterizadas completamente

14 amostras de grafeno CVD monocamada sobre fibra óptica, das quais 10 amostras geraram

pulsos ultracurtos em EDFL. Discutimos nesta parte as características das amostras fabricadas

e a qualidade do processo de transferência que resultou em um número alto de amostras que

funcionaram.

Posteriormente, apresentamos os resultados obtidos em nosso estudo principal, que é o

estudo da influência do número de camadas de grafeno CVD na geração de pulsos ultracurtos

em EDFL. Apresentamos uma análise dos resultados que relaciona propriedades fundamentais

do grafeno (como tempo de resposta eletrônica do absorvedor saturável e absorção linear em

função do número de camadas) com o seu papel de absorvedor saturável e elemento óptico

passivo de um laser à fibra.

Por fim, demonstramos a aplicação de uma amostra de grafeno esfoliado monocamada

transferida para fibra óptica como absorvedor saturável na geração de pulsos ultracurtos em

EDFL. A técnica desenvolvida para transferência de grafeno esfoliado para fibras ópticas abre

caminho para estudos da influência do número de camadas de grafeno na geração de pulsos

ultracurtos, em amostra de grafeno nas quais há acoplamento eletrônico entre as camadas.

Page 82: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

80

7.1 Montagem experimental: laser à fibra dopada com Érbio

A cavidade laser é composta por uma fibra altamente dopada com Érbio (atenuação

66 dB/m @ 1550 nm, D = -16 ps/km/nm) de 15 cm de comprimento, que é bombeada por um

laser de diodo contrapropagante em 980 nm. Um acoplador WDM (wavelength division

multiplexing) para bombeamento/sinal em 980nm/1550nm integrado com um isolador óptico

para o sinal de 60 dB de isolação é usado para conectar o laser de bombeamento à fibra

dopada com Érbio e para assegurar circulação unidirecional do sinal na cavidade laser.

Ademais, usamos um controlador de polarização e um acoplador de saída com razão de

acoplamento de saída de 27%. O restante da cavidade consiste em 4.46 m de fibra óptica

padrão, com dispersão média de +17 ps/km/nm. A cavidade resultante tem uma dispersão

acumulada total de +0,072 fs/nm e a dispersão média da cavidade é de + 14,61 ps/km/nm,

valores apropriados para a geração de pulsos solitônicos.

A Figura 37 mostra o diagrama da montagem experimental do EDFL.

laser de bombeamento980 nm

Fibra dopadacom Érbio

15 cm

Saída do laser27%

Controlador de polarização

WDM/ISOLADOR

Acopladorde saída

Grafeno CVD monocamadaabsorvedor saturável

Figura 37. Montagem experimental do laser à fibra dopada com Érbio.

Os desempenhos espectral e temporal do EDFL foram simultaneamente medidos e

analisados por um analisador de espectro óptico (optical spectrum analyzer – OSA) com

resolução máxima de 0.06 nm, por um osciloscópio de tempo real com janela de detecção de

1 GHz, por um fotodetector com resolução de 30 GHz, por um medidor de potência óptica e

por um autocorrelador interferométrico.

A Figura 38 mostra o diagrama esquemático do sistema de medição e caracterização

do EDFL.

Page 83: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

81

Saídado laser

(100%)

10%90%

50%50%

Perda por inserção 0.5 dB

(10%)Medidor de potência

Autocorrelador(compartilhada com

fotodetector/osciloscópio)

(real: 8.9%)

(45%)

(real: 35.7%)

Perda porinserção

0.5 dB

OSA (45%)

(real: 35.7%)

Figura 38. Montagem experimental do sistema de medição e caracterização do EDFL. Os

componentes usados para a divisão do sinal foram acopladores à fibra, com perdas de inserção de

0.5 dB. O valor real do percentual de cada saída leva em consideração a perda por inserção de cada

divisor.

Para caracterização do nível de potência de saída do EDFL, levantamos a curva da

potência total de saída (normalizada à 100% da saída do laser) em função da potência óptica

de bombeamento, com o laser operando em regime de onda contínua, sem grafeno na

cavidade, como mostrado na Figura 39.

0 50 100 150 200 250 300

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Po

tên

cia

óp

tica

de

saíd

a (

mW

)

Potência óptica de bombeamento em 980 nm (mW)

Figura 39. Caracterização da potência média total de saída do laser à fibra dopada com Érbio.

O limiar de funcionamento do laser em onda contínua é 70 mW de potência de

bombeamento. A potência máxima do laser é de 9.2 mW.

7.2 Geração de pulsos de femtossegundos com amostras de grafeno CVD

monocamada

Incorporando as amostras de grafeno CVD monocamada na cavidade EDFL, o regime

de acoplamento de modos foi obtido para valores de potência de bombeamento de 80 a 300

mW, com ajuste sensível do controle de polarização. Neste regime, espectros solitônicos

foram gerados em 1560 nm, para todas as amostras.

Page 84: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

82

Foi fabricado um conjunto de amostras de grafeno CVD monocamada transferidas

para a face transversal da fibra óptica, no qual todas as amostras apresentaram resultados

consistentes quanto à geração de pulsos ultracurtos no EDFL por acoplamento passivo de

modos. Na Figura 40 é mostrado o espectro obtido em nosso melhor resultado dentro do

conjunto de 10 amostras, com a amostra 3. A largura do espectro é de aproximadamente 6.33

nm.

1540 1550 1560 1570 1580

-60

-50

-40

-30

-20

-10

Po

tên

cia

es

pe

ctr

al (d

Bm

)

Comprimento de onda (nm)

6.33 nm

Figura 40. Espectro mais largo do laser à fibra dopada com Érbio com amostra de grafeno CVD monocamada inserida na cavidade.

Como pode ser observado pelo formato do espectro, podemos afirmar que o pulso

gerado é solitônico, já que apresenta bandas laterais que são um indicativo de ondas

dispersivas geradas por solitons.

O melhor regime de operação para o acoplamento de modos, em termos de geração de

pulsos mais curtos, é obtido com potências de bombeamento próximas ao limiar de operação

do acoplamento de modos do laser. Este espectro apresentado na Figura 40 foi obtido com

potência de bombeamento de 152 mW. Para este valor de potência de bombeamento, um trem

de pulsos estável, com taxa de repetição de 42 MHz foi obtido, como mostrado na Figura 41.

Page 85: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

83

-75 -50 -25 0 25 50 75

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Inte

ns

ida

de

re

lati

va

(u

. a

.)

Tempo relativo (ns)

42 MHz

Figura 41. Trem de pulsos de saída do laser à fibra dopada com Érbio com amostra de grafeno

CVD monocamada inserida na cavidade.

Com uma potência média de saída de 1.87 mW, correspondente a Pbombeamento = 152

mW, medimos a figura de autocorrelação para caracterização temporal do pulso. Como

mostrado na Figura 42, considerando um formato sech², a duração do pulso é de

aproximadamente 599 fs.

-2 -1 0 1 2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Inte

nsid

ad

e r

ela

tiv

a (

u.

a.)

Tempo relativo (ps)

real= 599 fs

Figura 42. Figura de autocorrelação do pulso gerado pela amostra de grafeno CVD inserida no

laser à fibra dopada com Érbio.

Com uma largura de banda de 6.33 nm e um pulso com duração de 599 fs, temos um

produto tempo-banda de 0.468, maior do que o valor limitado por transformada para pulsos

com formato sech2 de 0.315. Isso indica que o pulso está sendo gerado com chirp, e que com

gerenciamento da dispersão média e dispersão total intracavidade, ou compensação de

dispersão na saída do laser, o pulso pode ter sua duração encurtada.

Page 86: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

84

Com o melhor do nosso conhecimento, este é o pulso com menor duração já obtido

com grafeno CVD monocamada em EDFL. Para este pulso, a potência de pico e a intensidade

de pico intracavidade são, respectivamente, 74.33 W e 92.91 MW/cm2, respectivamente. A

energia do pulso intracavidade é de 44.52 pJ.

Todos os pulsos gerados pelas 10 amostras de grafeno CVD monocamada

apresentaram comportamento semelhante aos reportados até aqui, e os resultados de largura

de banda e duração de pulso foram reprodutíveis e consistentes. Os resultados da geração e

caracterização de pulsos gerados com as 10 amostras de grafeno CVD monocamada são

sumarizados na Tabela 7.

Tabela 7. Resumo das amostras de grafeno CVD monocamada transferidas para a face transversal

de fibra óptica.

Amostra Pbombeamento

(mW) Δλ (nm) Δτ (fs) Pmédia (mW) Ppico (W) Ipico (MW/cm

2)

1 243 4.90 639 2.72 101.35 126.69

2 287 4.45 667 2.98 106.38 132.97

3 152 6.33 599 1.87 74.33 92.91

4 150 5.03 630 2.19 82.77 103.46

5 86 5.32 617 1.42 54.80 68.50

6 86 5.59 620 0.90 34.64 43.30

7 120 5.45 629 1.62 61.32 76.65

8 300 4.81 621 6.46 247.68 309.60

9 141 5.45 615 1.60 61.94 77.43

10 152 5.25 620 0.79 30.18 37.73

A partir dos dados da Tabela 7, podemos calcular uma largura de banda média de

5.26 nm e um valor médio da duração dos pulsos de 620 ± 10 fs, com um desvio médio de

menos de 10%, para este conjunto de amostras. Na Figura 43 estão mostrados os resultados de

largura de banda e duração de pulso para todas as amostras.

Page 87: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

85

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

500

550

600

650

700

750

800 Pulse duration

Du

ração

do

pu

lso

(fs

)

Amostra de grafeno CVD monocamada

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Laser bandwidth

Larg

ura

de b

an

da (

nm

)

Figura 43. Duração do pulso e largura de banda para cada uma das amostras de grafeno CVD

monocamada em fibra óptica.

Mostramos, desta maneira, que o nosso método de fabricação, transferência e

caracterização de amostras CVD monocamada sobre fibra óptica é consistente e reprodutível.

As 10 amostras analisadas e testadas mostraram resultados consistente, com duração de pulso

média de 626 fs.

A geração de pulsos com a amostra de grafeno não é auto-inicializável, ou seja, não

depende que apenas um determinado nível de potência média intracavidade seja atingido.

Diferentemente do comportamento apresentado e já reportado por amostras de nanotubos de

carbono [69], onde o acoplamento passivo de modos é auto-inicializável, as amostras de

grafeno requerem que uma perda momentânea seja induzida na cavidade laser para que a

geração de pulsos possa ocorrer. Esta perda pode ser atingida através do controle de

polarização, que induz birrefringência na fibra óptica ou através de pequenas vibrações no

laser, como literalmente leves tapas sobre a mesa óptica do laser. Este comportamento está

associado à resposta eletrônica ultrarrápida do grafeno e seu comportamento como absorvedor

saturável rápido [70],[71].

Page 88: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

86

7.3 Estudo da duração dos pulsos em função do número de camadas em

amostras de monocamadas empilhadas de grafeno CVD

Conforme mostrado na Tabela 5, foram fabricadas amostras de camadas empilhadas

de grafeno CVD monocamada sobre vidro, para formar um conjunto com amostras de 1 a 7

camadas de grafeno. Um mesmo conjunto de amostras foi fabricado, com 1 a 7 camadas

empilhadas de grafeno CVD transferidas para a face transversal de fibras ópticas. Para referir

a cada amostra deste conjunto sobre fibras ópticas, a mesma nomenclatura apresentada na

Tabela 5 será usada.

Estas amostras foram testadas em um EDFL para geração de pulsos ultracurtos via

acoplamento passivo de modos. O objetivo é investigar qual a relação do número de camadas

de grafeno e o tempo de relaxação eletrônica do nanomaterial com a duração dos pulsos

gerados. Como demonstrado por [16]-[17] para outros tipos de grafeno, o tempo da resposta

eletrônica do grafeno varia com o número de camadas, e queremos investigar qual o efeito

desta dependência com o número de camadas na geração de pulsos por acoplamento passivo

de modos.

A Figura 44 mostra os resultados de duração do pulso e largura de banda para cada

uma das amostras de 2 a 7 camadas empilhadas de grafeno CVD.

2 3 4 5 6 7

600

700

800

900

1000

1100

1200

Du

raçã

o d

o p

uls

o (

fs)

Número de camadas empilhadas de grafeno CVD

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

Larg

ura

de

ban

da (

nm

)

Figura 44. Duração do pulso e largura de banda em função do número de camadas empilhadas de grafeno CVD monocamada.

Page 89: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

87

Como podemos observar na Figura 44, cada amostra de grafeno empilhado gerou

resultados diferentes. Houve uma variação na duração do pulso de 1131 fs para 637 fs quando

variamos as amostras de 2 a 4 camadas, e posteriormente a duração do pulso voltou a

aumentar para amostras com 5, 6 e 7 camadas, até a máxima duração de 1161 para 7 camadas

de grafeno. Como esperado, a largura de banda mostrou padrão similar quanto ao número de

camadas de grafeno, variando de 3.2 para 5.1 nm para amostras de 2 a 4 camadas, e estreitou

até 3.1 nm para amostras de 5, 6 e 7 camadas.

Estes resultados não são consistentes com a duração de pulso de amostras de grafeno

monocamada. Provavelmente isto se deve aos diferentes métodos de fabricação das amostras

(monocamada: transferência simples; 2 a 7 camadas: empilhamento), e esperamos esclarecer

este ponto em experimentos futuros com amostras de grafeno esfoliado de 1 a 7 camadas

(todas as amostras fabricadas pelo mesmo método).

Os melhores resultados foram obtidos com a amostra de 4 camadas empilhadas. O

espectro e a figura de autocorrelação correspondentes à amostra EMP-4 são mostrados na

Figura 45.

1555 1560 1565 1570 1575 1580

-60

-55

-50

-45

-40

-35

-30

1565 1570

-30

-20

-10

Po

tên

cia

esp

ectr

al

(dB

m)

Comprimento de onda (nm)

= 5.06 nm

-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0 Autocorrelação

Ajuste solitônico

Inte

nsi

da

de

rela

tiv

a (

u.

a.)

Tempo relativo (ps)

real

= 637 fs

Figura 45. a) espectro do EDFL gerado pela amostra EMP-4; b) figura de autocorrelação do EDFL gerada pela amostra EMP-4.

Com os resultados apresentados na Figura 44 e na Figura 45, determinamos

experimentalmente que o pulso mais curto é obtido com amostra de 4 camadas empilhadas de

grafeno.

Diferentemente do que era esperado, a tendência da duração dos pulsos em função do

número de camadas não apresenta relação direta com o tempo de relaxação eletrônica do

grafeno reportado na literatura. A Tabela 8 mostra o tempo de relaxação eletrônica do grafeno

em função do número de camadas.

a) b)

Page 90: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

88

Tabela 8. Tempo de relaxação eletrônica do grafeno em função do número de camadas.

Ref. Número de camadas Tempo de relaxação (fs) Tipo de grafeno

[16]

6 120 Grafeno

epitaxial

crescido sobre

substrato de SiC

12 70

37 70

[17]

1 200

Grafeno

esfoliado 2 250

3 ou mais camadas 300

Com os resultados disponíveis na literatura, podemos ver que tanto para amostras de

grafeno epitaxial quanto para amostras de grafeno esfoliado, em princípio, o tempo de

recuperação da absorção não depende fortemente do número de camadas. Apesar de não

serem resolvidos no tempo, pois a duração dos pulsos de excitação e de prova usados para as

caracterizações apresentadas em [16] e [17] tinham duração de 150 fs, ambos os resultados

fornecem valores consistentes para o tempo de relaxação eletrônica intrabanda do grafeno.

Para os 2 tipos de amostras, grafeno epitaxial e grafeno esfoliado, as referências [16] e

[17] apontam o tempo de relaxação eletrônica interbandas de 1 a 2 ps.

Desta maneira, a principal propriedade das amostras de grafeno empilhado que

determina a duração do pulso é a perda não saturável que cada amostra contribui para a

dinâmica de ganho e perda do EDFL, como mostrado na Figura 46.

perfil de ganho saturável

perfil de absorção saturável

Gan

ho/p

erd

a

Tempo relativo (fs)

Janela de tempo

para formação do pulso

Figura 46. Perfil temporal do absorvedor e do ganho saturáveis.

Page 91: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

89

Ao mudar o número de camadas de grafeno de uma amostra para outra, alteramos o

perfil da absorção saturável deslocando-o para cima (maior perda de inserção) ou para baixo

(menor perda de inserção), de acordo com a Figura 46. Desta maneira altera-se a janela

temporal disponível para a formação do pulso. Para cada camada adicional de grafeno há um

aumento de aproximadamente 2.3% na absorção de cada amostra. Isto faz com que a perda de

inserção de cada amostra seja diferente e maior para amostras com maior número de camadas.

Descontando a perda da camada de PMMA de 300 nm de espessura, presente em todas

as amostras, o melhor resultado foi obtido com uma amostra com 9.2% de absorção. Este

comportamento para a duração do pulso em função da perda de inserção do absorvedor

saturável já foi reportada anteriormente, para o caso de nanotubos de carbono como

absorvedores saturáveis [72].

Como nossas amostras são formadas por camadas de grafeno fracamente interligadas,

a dinâmica de portadores é diferente do que em grafeno esfoliado. Estudos futuros com

amostras de grafeno esfoliado com vários números de camadas podem elucidar a influência

do tempo de resposta excitônica na duração dos pulsos gerados em EDFL.

7.4 Geração de pulsos de femtossegundos com amostra de grafeno

esfoliado monocamada

Para a geração de pulsos curtos com grafeno esfoliado transferido para fibra óptica, foi

utilizada a amostra ESFO-1, como apresentada na Figura 36 e sumarizada na Tabela 6. A

amostra ESFO-1 é de grafeno esfoliado monocamada transferido para a face da fibra óptica,

com cobertura de 100% do núcleo da fibra óptica pelo floco de grafeno transferido.

A montagem experimental utilizada neste experimento é similar à montagem da

Figura 37. O espectro do pulso gerado é mostrado na Figura 47.

Page 92: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

90

1540 1545 1550 1555 1560 1565 1570-65

-60

-55

-50

-45

-40

-35

-30

-25

-20

Espectro

Ajuste sech²

Potê

ncia

esp

ectr

al

(dB

m)

Comprimento de onda (nm)

5.43 nm

Figura 47. Espectro do laser à fibra dopada com Érbio gerado pela amostra ESFO-1.

Como pode ser observado na Figura 47, a largura de banda FWHM é de 5.43 nm. Esta

medida foi realizada com potência de bombeamento de aproximadamente 110 mW e a

potência de saída medida foi de 1.43 mW.

A Figura 48 mostra a figura de autocorrelação do pulso gerado.

-1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0 Autocorrelação

ajuste solitônico

Inte

nsi

da

de

rela

tiv

a (

u. a

.)

Tempo relativo (ps)

real

= 672 fs

Figura 48. Figura de autocorrelação do pulso gerado com amostra de grafeno esfoliado

monocamada inserido no laser à fibra dopada com Érbio.

Page 93: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

91

Com uma amostra de grafeno esfoliada monocamada ESFO-1, foram obtidos largura

espectral de 5.43 nm e pulsos com duração de 672 fs. Este resultado deve-se principalmente à

configuração da cavidade laser e suas propriedades de dispersão. Um gerenciamento da

dispersão média e da dispersão total acumulada da cavidade laser pode ser realizado a fim de

otimizar a duração temporal e largura espectral dos pulsos gerados.

Com estes resultados, demonstramos pela primeira vez, com o melhor de nosso

conhecimento, a geração de pulsos ultracurtos em EDFL com amostra de grafeno esfoliado

monocamada como absorvedor saturável.

Para a fabricação destas amostras, foram superados desafio de esfoliação, transferência

e alinhamento de flocos de grafeno esfoliado com o núcleo da fibra óptica, a fim de promover

uma interação eficiente entre a luz propagada através da fibra óptica e o nanomaterial

esfoliado.

Page 94: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

92

8 CONCLUSÕES

Neste trabalho foram apresentadas técnicas para fabricação e obtenção, caracterização

e transferência de grafeno CVD e esfoliado micromecanicamente. Estas técnicas permitem a

completa fabricação de amostras de grafeno para serem aplicadas como absorvedores

saturáveis em lasers à fibra dopada com Érbio. Com estas amostras, estudos podem ser

desenvolvidos sobre a geração de pulsos ultracurtos em EDFL por acoplamento passivo de

modos.

Especificamente, fabricamos amostras de grafeno CVD e transferimos grafeno CVD

monocamada para a face transversal de fibras padrão. Com um conjunto de 10 amostras,

caracterizamos e mostramos que houve cobertura completa do núcleo da fibra óptica em todas

as amostras. Este conjunto de amostras foi usado em um estudo de geração de pulsos curtos

em laser à fibra dopada com Érbio, no qual foram obtidos pulsos com duração média de 626

fs. Este resultado consolidou nosso método de fabricação e caracterização de amostras de

grafeno CVD para aplicação como absorvedores saturáveis.

Também fabricamos e demonstramos a aplicação de amostras de grafeno empilhado

CVD monocamada. Nessas amostras foi possível controlar totalmente o número exato de

camadas de grafeno em uma amostra. Fabricamos e caracterizamos amostras com 2 a 7

camadas de grafeno. Nossas amostras apresentaram baixa rugosidade e baixa quantidade de

defeitos estruturais. Demonstramos também a influência do número de camadas na geração de

pulsos ultracurtos em lasers à fibra dopada com Érbio.

Como as camadas empilhadas de grafeno têm fraca ligação entre si, o tempo de

resposta parece não variar consideravelmente com o número de camadas. Desta maneira, a

principal propriedade das amostras de grafeno a determinar o desempenho do laser passa a ser

a absorção linear de cada amostra que aumenta proporcionalmente ao número de camadas

(estudos mais detalhados devem ser realizados para comprovar esta hipótese). A menor

duração de pulso foi obtida com uma amostra de 4 camadas, correspondendo a 9.2% de

absorção devida ao grafeno, que gerou pulsos com duração de 637 fs.

Page 95: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

93

Além disso, desenvolvemos uma técnica para a transferência de grafeno esfoliado para

a face transversal de fibras ópticas. Esta técnica permite que haja a transferência de grafeno

esfoliado com número controlado de camadas e alinhamento dos flocos com o núcleo de

fibras ópticas. Este resultado é inédito na literatura científica e permite a fabricação de

amostras de grafeno com um número controlado de camadas, e com qualidade estrutural que

não é possível de ser obtida com grafeno CVD. Por ser grafeno esfoliado, as amostras são

todas monocristalinas e o alinhamento entre as camadas é do tipo AB de Bernal, o que

significa que as amostras estão de fato eletronicamente ligadas.

Com uma amostra de grafeno esfoliado monocamada sobre fibra óptica,

demonstramos a geração de pulsos ultracurtos em EDFL. Como resultado, obtivemos pulsos

com duração de 672 fs e largura de banda de 5.43 nm. Esta é a primeira vez que a geração de

pulsos ultracurtos com grafeno esfoliado em EDFL foi demonstrada.

Page 96: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

94

9 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A. Determinação do tempo de relaxação eletrônica das amostras de grafeno

empilhado.

Para análise mais aprofundada das propriedades eletrônicas das amostras de grafeno

empilhado, caracterização do tempo de relaxação eletrônica do grafeno por espectroscopia de

pump—probe resolvida no tempo (pulsos de até 10 fs) deve ser realizada.

B. Estudo da influência do número de camada de grafeno esfoliado na geração de

pulsos ultracurtos em lasers à fibra dopada com Érbio.

Com as amostras fabricadas de grafeno esfoliado transferido para a face transversal de

fibra óptica, com número de camadas de 2 a 7, é possível investigar a influência do número de

camadas de grafeno na geração de pulsos ultracurtos em lasers à fibra dopada com érbio, para

amostras nas quais há ligação eletrônica entre as camadas de grafeno.

Desta maneira, os efeitos de transição eletrônica e absorção linear de cada amostra

com determinado número de camadas seriam investigados simultaneamente no desempenho

do laser à fibra.

Page 97: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

95

REFERÊNCIAS

[1] K. S. Novoselov, A. K. Geim, S. V. Morozov, D. Jiang, Y. Zhang, S. V. Dubonos, I.

V. Grigorieva, A. A. Firsov, “Electric Field Effect in Atomically Thin Carbon Films”,

Science 306, 666-669 (2004).

[2] R. E. Peierls, “Quelques proprietés typiques des corpses solides”, Ann. I. H. Poincaré

5, 177-222 (1935).

[3] L. D. Landau, “Theorie der Phasenumwandlungen II”, Phys. Z. Sowjetunion 11, 26-

35 (1937).

[4] P. R. Wallace, “The Band Theory of Graphite”, Phys. Rev. 71, 622-634 (1947).

[5] B. Partoens and F. M. Peeters, “From graphene to graphite: Electronic structure

around the K point”, Phys. Rev. B 74, 075404 (2006).

[6] A. H. C. Neto, F. Guinea, N. M. R. Peres, K. S. Novoselov, and A. K. Geim, “The

electronic properties of graphene”, Rev. of Modern Phys. 81, 109-162 (2009).

[7] F. Xia and P. Avouris, “Graphene Nanophotonics”, Photonics Journal 3, 293-295

(2011).

[8] J. Balapanuru, J.-X. Yang, S. Xiao, Q. Bao, M. Jahan, L. Polavarapu, J. Wei, Q.-H.

Xu, and K. P. Loh, “A Graphene Oxide-Organic Dye Ionic Complex with DNA-

Sensing and Optical-Limiting Properties”, Angew. Chem. Int. Ed. 49, 6549-6553

(2010).

[9] Y. Xue, H. Zhao, Z. Wu, X. Li, Y. He, and Z. Yuan, “The comparison of different

gold nanoparticles/graphene nanosheets hybrid nanocomposites in electrochemical

performance and the construction of a sensitive uric acid electrochemical sensor with

novel hybrid nanocomposites”, Biosensors and Bioelectronics 29, 102-108 (2011).

[10] J. Wang, H. Yin, X. Meng, J. Zhu, and S. Ai, “Preparation of the mixture of graphene

nanosheets and carbon nanospheres with high adsorptivity by electrolyzing graphite

rod and its application in hydroquinone detection”, Journal of Electroanalytical

Chem. 662, 317-321 (2011).

[11] X. Liu, H. Zhu, and X. Yang, “An amperometric hydrogen peroxide chemical sensor

based on graphene-Fe3O4 multilayer films modified ITO electrode”, Talanta 87, 243-

248 (2011).

Page 98: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

96

[12] S. Bae, H. Kim, Y. Lee, X. Xu, J.-S. Park, Y. Zheng, J. Balakrishnan, T. Lei, H. R.

Kim, Y. I. Song, Y.-J. Kim, K. S. Kim, B. Özyilmaz, J.-H. Ahn, B. H. Hong, and S.

Iijima, “Roll-to-roll production of 30-inch graphene films for transparent electrodes”,

Nature Nanotechnol. 5, 574-578 (2010).

[13] F. Bonaccorso, Z. Sun, T. Hasan, and A. C. Ferrari, “Graphene photonics and

optoelectronics”, Nature Photonics 4, 611-622 (2010).

[14] J. M. Dawlaty, P. George, J. Strait, S. Shivaraman, M. Chandrashekhar, F. Rana, and

M. G. Spencer, "Measurement of the Optical Properties of Graphene from THz to

Near-IR," in Conference on Lasers and Electro-Optics/Quantum Electronics and Laser

Science Conference and Photonic Applications Systems Technologies, OSA Technical

Digest (CD) (Optical Society of America, 2008), paper CThBB2.

[15] J. M. Dawlaty, S. Shivaraman, J. Strait, P. George, M. Chandrashekhar, F. Rana, M.

G. Spencer, D. Veksler, and Y. Chen, “Measurement of the optical absorption spectra

of epitaxial graphene from terahertz to visible”, Appl. Phys. Lett 93, 131905 (2008).

[16] J. M. Dawlaty, S. Shivaraman, M. Chandrashekhar, F. Rana, and M. G. Spencer,

“Measurement of ultrafast carrier dynamics in epitaxial graphene”, Appl. Phys. Lett.

92, 042116 (2008).

[17] R. W. Newson, J. Dean, B. Schmidt, and H. M. van Driel, “Ultrafast carrier kinectics

in exfoliated graphene and thin graphite films”, Opt. Express 17, 2326-2333 (2009).

[18] G. Xing, H. Guo, X. Zhang, T. C. Sum, and C. H. A. Huan, “The Physics of ultrafast

saturable absorption in graphene”, Opt. Express 18, 4564-4573 (2010).

[19] Q. Bao, H. Zhang, Y. Wang, Z. Ni, Y. Yan, Z. X. Shen, K. P. Loh, and D. Y. Tang,

“Atomic-layer Graphene as a Saturable Absorber for Ultrafast Pulsed Lasers”, Adv.

Func. Mat. 19, 3077-3083 (2009).

[20] H. Zhang, Q. Bao, D. Tang, L. M. Zhao, and K. P. Loh, “Large energy soliton erbium-

doped fiber laser with a graphene-polymer composite mode locker”, Appl. Phys. Lett.

95, 141103 (2009).

[21] W. D. Tan, C. Y. Su, R. J. Knize, G. Q. Xie, L. J. Li, and D. Y. Tang, “Mode locking

of ceramic Nd:yttrium aluminum garnet with graphene as a saturable absorber”, Appl.

Phys. Lett. 96, 031106 (2010).

[22] H. Zhang, D. Y. Tang, L. M. Zhao, Q. L. Bao, and K. P. Loh, “Large energy mode

locking of an erbium-doped fiber laser with atomic layer graphene”, Opt. Express 17,

17630-17635 (2009).

Page 99: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

97

[23] D. Popa, Z. Sun, F. orrisi, T. Hasan, F. Wang, and A. C. Ferrari, “Sub 200 fs pulse

generation from a graphene mode-locked fiber laser”, Appl. Phys. Lett. 97, 203106

(2010).

[24] Z. Sun, D. Popa, T. Hasan, F. Torrisi, F. Q. Wang, E. J. R Kelleher, J. C. Travers, V.

Nicolosi, and A. C Ferrari, “A Stable, Wideband Tunable, Near Transform-Limited,

Graphene-Mode-Locked, Ultrafast Laser”, Nano Res. 3, 653-660 (2010).

[25] H. Zhang, D. Tang, R. J. Knize, L. M. Zhao, Q. L. Bao, and K. P. Loh, “Graphene

mode locked, wavelength-tunable, dissipative soliton fiber laser”, Appl. Phys. Lett.

96, 111112 (2010).

[26] X. Li, K. M. Borysenko, M. B. Nardelli, and K. W. Kim, “Electron transport

properties of bilayer graphene”, Physical Review B 84, 195453 (2011).

[27] T. Ando, “The electronic properties of graphene and carbon nanotubes”, NPG Asia

Mater. 1, 17-21 (2009).

[28] I. Santoso, P. K. Gogoi, H. B. Su, H. Huang, Y. Lu, D. Qi, W. Chen, M. A. Majidi, Y.

P. Feng, A. T. S. Wee, K. P. Loh, T. Venkatesan, R. P. Saichu, A. Goos, A. Kotlov,

M. Rübhausen, and A. Rusydi, “Observation of room-temperature high-energy

resonant excitonic effects in graphene”, Phys. Rev. B 84, 081403(R) (2011).

[29] K. Kim, J.-Y. Choi, T. Kim, S.-H. Cho, and H.-J. Chung, “A role for graphene in

silicon-based semiconductor devices”, Nature 479, 338-344 (2011).

[30] M. V. Strikha and F. T. Vasko, “Carrier-induced modulation of radiation by a gated

graphene”, Journal Appl. Phys. 110, 083106 (2011).

[31] B. S. Rodriguez, T. Fang, R. Yan, M. M. Kelly, D. Jena, L. Liu, and H. Xing, “Unique

prospects for graphene-based terahertz modulators”, Appl. Phys. Lett. 99, 113104

(2011).

[32] M. Liu, X. Yin, E. U. Avila, B. Geng, T. Zentgraf, L. Ju, F. Wang, and X. Zhang, “A

graphene-based broadband optical modulator”, Nature 474, 6467 (2011).

[33] A. Loiseau, X. Blase, J.-C. Charlier, P. Gadelle, C. Journet, C. Laurent, A. Peigney

(Eds.): Synthesis Methods and Growth Mechanisms, Lect. Notes Phys. (Springer-

Verlag Berlin Heidelber) 677, 49-130 (2006).

[34] R. Saito, G. Dresselhaus, and M. S. Dresselhaus, “Physical Properties of Carbon

Nanotubes”, Imperial College Press (1998). ISBN 1-86094-093-5.

[35] N. M. R. Peres, “The transport properties of graphene: an introduction”, arXiv

1007.2849v2 [cond-mat.mes-hall], 15 Sep 2010.

Page 100: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

98

[36] D. A. Neamen, “Semiconductor physics and devices: basic principles”, 3ª edição.

McGraw-Hill (2003). ISBN 0-07-232107-5.

[37] C. Kittel, Introduction to solid state physics, 8ª edição. John Wiley & Sons (2005).

ISBN 0-471-41526-X.

[38] Z. Q. Li, E. A. Henriksen, Z. Jiang, Z. Hao, M. C. Martin, P. Kim, H. L. Stormer, and

D. N. Basov, “Dirac charge dynamics in graphene by infrared spectroscopy”, Nature

Physics 4, 532-535 (2008).

[39] K. F. Mak, L. Ju, F. Wang, and T. F. Heinz, “Optical spectroscopy of graphene: From

the far infrared to the ultraviolet”, Solid State Communications 152, 1341-1349

(2012).

[40] N. M. R. Peres, F. Guinea, and A. H. Castro Neto, “Electronic Properties of

Disordered Two-dimensional Carbon”, Phys. Rev. B 73, 125411 (2006).

[41] M. Koshino and T. Ando, “Magneto-optical properties of multilayer graphene”, Phys.

Rev. B 77, 115313 (2008).

[42] K. F. Mak, M. Y. Sfeir, Y. Wu, C. H. Lui, J. A. Misewich, and T. F. Heinz,

“Measurement of the Optical Conductivity of Graphene”, Phys. Rev. Lett. 101,

196405 (2008).

[43] T. Stauber, N. M. R. Peres, and A. K. Geim, “The optical conductivity of graphene in

the visible region of the spectrum”, Phys. Rev. B 78, 085432 (2008).

[44] R. W. Boyd, Nonlinear Optics, Academic Press, San Diego (2003).

[45] J. D. Jackson, Classical Electrodynamics, Wiley, 3ª edição, p. 16 (2001).

[46] R. R. Nair, P. Blake, A. N. Grigorenko, K. S. Novoselov, T. J. Booth, T. Stauber, N.

M. R. Peres, A. K. Geim, “Fine Structure Constant Defines Visual Transparency of

Graphene”, Science 320, 1308 (2008).

[47] D. Brida, A. Tomadin, C. Manzoni, Y. J. Kim, A. lombardo, S. Milana, R. R. Nair, K.

S. Novoselov, A. C. Ferrari, G. Cerullo, and M. Polini, “Ultrafast carrier colinear

scattering and carrier multiplication in graphene”, Nature Communications 4, 1987

(2013).

[48] K. J. Tielrooij, J. C. W. Song, S. A. Jensen, A. Centeno, A. Pesquera, A. Z. Elorza, M.

Bonn, L. S. Levitov, and F. H. L. Koppens, “Photoexcitation cascade and multiple hot-

carrier generation in graphene”, Nature Physics 9, 248-252 (2013).

[49] L. M. Malard, K. F. Mak, A. H. Castro Neto, N. M. R. Peres, and T. F. Heinz, “

Observation of intra- and inter-band transitions in the transient optical response of

graphene”, New Journal of Physics 15, 015009 (2013).

Page 101: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

99

[50] C. Mattevi, H. Kima and M. Chhowalla, “A review of chemical vapour deposition of

graphene on copper”, J. Mater. Chem. 21, 3324–3334 (2011).

[51] W.-J. Kim, Y. M. Chang, J. Lee, D. Kang, J. H. Lee and Y.-W. Song, “Ultrafast

optical nonlinearity of multi-layered graphene synthesized by the interface growth

process”, Nanotechnology 23, 225706 (2012).

[52] Ultron Systems Inc. Disponível em http://www.ultronsystems.com/USI-

ProdAPFilm.html#Silicone-Free. Acessado em 30/11/2014, às 13:51.

[53] P. Blake, E. W. Hill, A. H. Castro Neto, K. S. Novoselov, D. Jiang, R. Yang, T. J.

Booth, and A. K. Geim, “Making graphene visible”, Appl. Phys. Lett. 91, 063124

(2007).

[54] A. Jorio, R. Saito, G. Dresselhaus, and M. S. Dresselhaus, “Raman Spectroscopy in

Graphene Related Systems”, Wiley, 2011. ISBN: 978-3-527-40811-5.

[55] F. Tuinstra and J. L. Koenig, “Raman Spectrum of Graphite”, J. Chem. Phys. 53,

1126 (1970).

[56] A. C. Ferrari, J. C. Meyer, V. Scardaci, C. Casiraghi, M. Lazzeri, F. Mauri, S.

Piscanec, D. Jiang, K. S. Novoselov, S. Roth, and A. K. Gein, “Raman Spectrum of

Graphene and Graphene Layers”, Phys. Rev. Lett. 97, 187401 (2006).

[57] L. M. Malard, M. A. Pimenta, G. Dresselhaus, M. S. Dresselhaus, “Raman

spectroscopy in graphene”, Physics Reports 473, 51-87 (2009).

[58] J.-C. Charlier, P.C. Eklund, J. Zhu, A.C. Ferrari, em: Ado Jorio, M.S. Dresselhaus, G.

Dresselhaus (Editores), “Electron and Phonon Properties of Graphene: Their

Relationship with Carbon Nanotubes, Topics in the Synthesis, Structure, Properties

and Applications”, em: Springer Series on Topics in Applied Physics, vol.111,

Springer-Verlag, Berlin, 2007, pp. 673-709 (Capítulo 21).

[59] A. C. Ferrari, and Denis M. Basko, “Raman spectroscopy as a versatile tool for

studying the properties of graphene”, Nature Nanotechnology 8, 235-246 (2013).

[60] L. M. Malard,J. Nilsson,D. C. Elias,J. C. Brant,F. Plentz,E. S. Alves,A. H. Castro

Neto, and M. A. Pimenta, “Probing the electronic structure of bilayer graphene by

Raman scattering”, Phys. Rev. B 76, 201401(R) (2007).

[61] A. C. Ferrari, “Raman spectroscopy of graphene and graphite: Disorder, electron-

phonon coupling, doping and nonadiabatic effects”, Solid State Commun. 143, 47-57

(2007).

Page 102: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

100

[62] L. G. Cançado, M. A. Pimenta, B. R. A. Neves, M. S. S. Dantas, and A. Jorio,

“Influence of the Atomic Structure on the Raman Spectra of Graphite Edges”, Phys.

Rev. Lett. 93, 247401 (2004).

[63] G. Zheng, Y. Chen, H. Huang, C. Zhao, S. Lu, S. Chen, H. Zhang, and S. Wei,

“Improved transfer quality of CVD-grown Graphene by ultrasonic processing of target

substrates: applications for ultra-fast laser photonics”, ACS Appl. Mater. Interfaces

5(20), 10288-10293 (2013).

[64] Wang, Y., Tong, S. W., Xu, X. F., Özyilmaz, B. and Loh, K. P, “Interface Engineering

of Layer-by-Layer Stacked Graphene Anodes for High-Performance Organic Solar

Cells”, Adv. Mater. 23, 1514–1518 (2011).

[65] C. Dean, A. F. Young, L. Wang, I. Meric, G.-H. Lee, K. Watanabe, T. Taniguchi, K.

Shepard, P. Kim, and J. Hone, “Graphene based heterostructures”, Solid State

Commun. 152, 1275–1282 (2012).

[66] Handbook of Optical Constants of Solids, editado por E. D. Palik (Academic, New

York, 1991), 2, pp. 457–458.

[67] 495 A4 Microchem® PMMA resist technical data sheet.

[68] S. Mahendia, A. K. Tomar, P. K. Goyal, and S. Kumar, “Tuning of refractive index of

poly(vinyl alcohol): Effect of embedding Cu and Ag nanoparticles”, J. of Appl. Phys.

91, 073103 (2013).

[69] H. G. Rosa and E. A. de Souza, “Pulse generation and propagation in dispersion-

managed ultralong erbium-doped fiber lasers mode-locked by carbon nanotubes”,

Opt. Lett. 37, 5211-5213 (2012).

[70] H. Haus, “Theory of mode-locking with a fast saturable absorber”, Journal Appl.

Phys. 46, 3049-3058 (1975).

[71] F. X. Kärtner, J. A. der Au,and U. Keller, “Mode-locking with Slow and Fast

Saturable Absorbers – What’s the Difference?”, Journal Selec. Top. Quantum

Electron. 4,159-168 (1998).

[72] H. G. Rosa, E. A. Thoroh de de Souza, “Bandwidth optimization of a Carbon

Nanotubes mode-locked Erbium-doped fiber laser”, Opt. Fiber Technol. 18, 59-62

(2012).

Page 103: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

101

LISTA DE PUBLICAÇÕES

A. Publicações em revistas, relacionadas diretamente com o tema da tese:

(1) Henrique G. Rosa, David Steinberg, Juan D. Zapata, Lúcia A. M. Saito, Ana M.

Cárdenas, José C. V. Gomes, and Eunézio A. Thoroh de Souza, “Characterization

of all-fiber CVD monolayer graphene saturable absorbers for Erbium-doped fiber

laser mode-locking”, submetido à revista Optics Express em 07/03/2015.

(2) Henrique G. Rosa, José C. V. Gomes and Eunézio A. Thoroh de Souza, “Transfer

of exfoliated monolayer graphene flake onto optical fiber end face for Erbium-

doped fiber laser mode-locking”, submetido à revista 2D Materials em 17/03/2015.

B. Publicações em conferências, relacionadas diretamente com o tema da tese:

(1) D. Steinberg, H. G. Rosa, J. D. Zapata, L. A. M. Saito, A. M. Cardenas, J. C. V.

Gomes and E.A. Thoroh de Souza. Characterization of all-fiber CVD monolayer

graphene saturable absorbers using Erbium doped fiber laser. In: XVI Simpósio

Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica (SBMO - MOMAG 2014), 2014,

Curitiba, PR, Brasil. Anais do XVI Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e

Optoeletrônica (SBMO - MOMAG 2014), 2014.

(2) H. G. Rosa, E. A. Thoroh de Souza, and J. C. V. Gomes. Transfer of exfoliated

graphene with controlled number of layers to optical fiber faces for Erbium-doped

fiber laser mode-locking. In: Graphene Conference, 2014, Toulouse, France.

Proceedings of Graphene Conference 2014, 2014. Poster 99.

(3) D. Steinberg, H. G. Rosa, J. D. Zapata, L. A. M. Saito, A. M. Cardenas, J. C. V.

Gomes and E.A. Thoroh de Souza. Ultrafast CVD monolayer graphene mode-

locked Erbium doped fiber laser. In: Recent Progress in Graphene Research, 6,

2014, Taipei, Taiwan. Proceedings of Recent Progress in Graphene Research,

2014.

Page 104: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

102

(4) P. Romagnoli, D. L.-Cortés, H. G. Rosa, E. A. T.de Souza, J. C. V. Gomes, W.

Margulis, C. J. S. de Matos. Making Graphene Visible in Transparent Dielectric

Substrates: Brewster Angle Microscopy. In: 2015 Materials Research Society

Spring Meeting & Exhibit, San Francisco, California, USA. Resume ID 2137463.

C. Publicações relacionadas indiretamente com o tema da tese:

(1) H.G. Rosa, E.A. De Souza, Bandwidth optimization of a Carbon Nanotubes mode-

locked Erbium-doped fiber laser, Optical Fiber Technology, Volume 18, Issue 2,

March 2012, Pages 59-62, ISSN 1068-5200.

http://dx.doi.org/10.1016/j.yofte.2011.11.003.Dasda

(2) H. G. Rosa and E. A. Thoroh de Souza, "Pulse generation and propagation in

dispersion-managed ultralong erbium-doped fiber lasers mode-locked by carbon

nanotubes," Opt. Lett. 37, 5211-5213 (2012).

http://www.opticsinfobase.org/ol/abstract.cfm?URI=ol-37-24-5211

(3) Gerosa, R.M.; Steinberg, D.; Rosa, H.G.; Barros, C.; de Matos, C.J.S.; de Souza,

E.A.T., "CNT Film Fabrication for Mode-Locked Er-Doped Fiber Lasers: The

Droplet Method," Photonics Technology Letters, IEEE , vol.25, no.11,

pp.1007,1010, June1, 2013.

http://dx.doi.org/10.1109/LPT.2013.2255871

(4) Henrique G. Rosa, David Steinberg, and Eunézio A. Thoroh de Souza, "Explaining

simultaneous dual-band carbon nanotube mode-locking Erbium-doped fiber laser

by net gain cross section variation," Opt. Express 22, 28711-28718 (2014).

http://www.opticsinfobase.org/oe/abstract.cfm?URI=oe-22-23-28711

Page 105: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

103

APÊNDICES

APÊNDICE A

Código MATLAB para o cálculo do contraste óptico de grafeno esfoliado sobre

substrato de PMMA-PVA-vidro.

clc

lambda=400:0.5:750; % comprimento de onda (nm)

% CASO 1 - grafeno sobre o substrato de PMMA-PVA

%camada 0 (ar) n0=1; %camada 1 (grafeno) n1=2.6 - 1.3i; %índice de refração do grafeno

d1=0.34; %espessura do grafeno (nm)

%camada 2 (PMMA)

n2=1.491 + 0.003427./(lambda.^2) + 0.0001819./(lambda.^4); % índice de

refração do PMMA

d2=200; %espessura do filme de PMMA (nm)

%camada 3 (PVA)

n3=1.56; %índice de refração do PVA

%coeficientes de reflexão r1=(n0-n1)./(n0+n1); %r01 r2=(n1-n2)./(n1+n2); %r12 r3=(n2-n3)./(n2+n3); %r23 %coeficientes de acumulo de fase phi1=(2.*pi.*n1.*d1)./(lambda); phi2=(2.*pi.*n2.*d2)./(lambda); %cálculos da propagação do campo elétrico Eout = r1.*exp(i.*(phi1+phi2)) + r2.*exp(-i.*(phi1-phi2)) + r3.*exp(-

i.*(phi1+phi2)) + r1.*r2.*r3.*exp(i.*(phi1-phi2)); Ein = exp(i.*(phi1+phi2)) + r1.*r2.*exp(-i.*(phi1-phi2)) + r1.*r3.*exp(-

i.*(phi1+phi2)) + r2.*r3.*exp(i.*(phi1-phi2)); % cálculo do coeficiente de reflectividade R = (abs(Eout).^2)./(abs(Ein).^2);

% CASO 2 - grafeno sobre o substrato de PMMA-PVA

%camada 0 (ar) n00=n0; %camada 1 (ausência de grafeno) n11=1; d11=d1; %camada 2 (PMMA) n22=n2; d22=d2; %camada 3 (PVA) n33=n3; %coeficientes de reflexão

Page 106: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

104

r11=(n00-n11)./(n00+n11); %r01 r22=(n11-n22)./(n11+n22); %r12 r33=(n22-n33)./(n22+n33); %r23 %coeficientes de acumulo de fase phi11=(2.*pi.*n11.*d11)./(lambda); phi22=(2.*pi.*n22.*d22)./(lambda); %cálculos da propagação do campo elétrico Eoutt = r11.*exp(1i.*(phi11+phi22)) + r22.*exp(-1i.*(phi11-phi22)) +

r33.*exp(-1i.*(phi11+phi22)) + r11.*r22.*r33.*exp(1i.*(phi11-phi22)); Einn = exp(1i.*(phi11+phi22)) + r11.*r22.*exp(-1i.*(phi11-phi22)) +

r11.*r33.*exp(-1i.*(phi11+phi22)) + r22.*r33.*exp(1i.*(phi11-phi22)); % cálculo do coeficiente de reflectividade RR = ((abs(Eoutt).^2)./(abs(Einn).^2));

% cálculo do contraste C = abs(R-RR)./(RR); figure(4) clf plot(lambda,C,'blue'); hold on axis([min(lambda) max(lambda) min(C)-0.05 max(C)+0.05]) hleg1 = legend('contraste','location','SouthEast'); xlabel('Comprimento de onda (nm)'); ylabel('Contraste óptico'); title('Contraste'); %exportar resultados vc = [lambda' C']; save contraste.dat vc -ascii

Page 107: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

105

APÊNDICE B

Código MATLAB para cálculo do percentual do núcleo da fibra recoberto pelo floco

de grafeno esfoliado transferido.

clc

A=textread('s15f2_Ge.dat'); % importa os dados do mapeamento do núcleo da

fibra AA=zeros(41); B=textread('s15f2_2D.dat'); % importa os dados do mapeamento da banda 2D do

grafeno BB=zeros(41); Ath=1850; %estipula um valor limiar para para a luminescência do núcleo da

fibra (varia para cada amostra) Bth=40; %estipula um valor limiar para para a largura da banda 2D do

grafeno (varia para cada amostra) Bthup=650; im=41; %número de pontos horizontais do mapeamento Raman jm=41; %número de pontos verticais do mapeamento Raman

for i=1:im; for j=1:jm; if A(i,j)>Ath; AA(i,j)=1; else AA(i,j)=0; end end end %transforma o mapeamento do núcleo da fibra em mapeamento binário for i=1:im; for j=1:jm; if B(i,j)>Bth && B(i,j)<Bthup; BB(i,j)=1; %Binary plot of B else BB(i,j)=0; %Binary plot of B end end end %transforma o mapeamento do grafeno em mapeamento binário

C=AA.*BB; %cruza o mapeamento binário do núcleo da fibra com o mapeamento

binário do grafeno. S1=sum(sum(AA)); S2=sum(sum(C)); S=S2*100./S1; %determina o percentual do núcleo recoberto por grafeno

str=sprintf('coverage=%4.2f\n',S);

figure(1) clf mesh(A); %mapa 3D do núcleo da fibra óptica; figure(2)

Page 108: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

106

clf contourf(AA,1); %mapa de contorno do núcleo da fibra óptica; figure(3) clf mesh(B); %mapa 3D da banda 2D do grafeno; figure(4) clf contourf(BB,1); shading flat; %mapa de contorno da banda 2D do grafeno; figure(5) clf contourf(C,1); shading flat; hold on contour(AA,1,'black');hold on contour(BB,1,'red'); shading flat; text(5,35,str); %mapa sobreposto do núcleo da fibra óptica com o contorno

do floco de grafeno.

Page 109: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

107

APÊNDICE C

Conjunto de amostras de grafeno CVD monocamada transferidas para a face

transversal de fibras ópticas. A ordem das amostras segue a ordem da Tabela 7.

Nas imagens de microscopia óptica, há a presença de defeitos nos filmes de PMMA.

Estas imperfeições têm origem na deposição do filme por spin-coating e no processo de

transferência da amostra de grafeno-PMMA para a face transversal da fibra óptica. Estas

imperfeições não comprometeram os resultados de geração de pulsos ultracurtos em EDFL,

dado que estão localizadas fora da região do núcleo da fibra óptica.

Pode-se perceber que todas as 10 amostras apresentaram 100% de cobertura do núcleo

da fibra óptica, como é mostrado nos mapeamentos Raman da largura de banda FWHM da

banda 2D e da razão de intensidades entre as banda G e 2D. O grafeno CVD que recobre o

núcleo das fibras é predominantemente monocamada, caracterizado por largura de banda

FWHM da banda 2D de ~ 27 cm-1

e razão de intensidades I(G)/I(2D) ~ 0.4.

Há nas amostras algumas áreas de grafeno bicamada (áreas vermelhas do mapeamento

da largura de banda FWHM da banda 2D), consequência da fabricação das amostras de

grafeno por CVD. Entretanto, estas impurezas não comprometeram os resultados de geração

de pulsos ultracurtos em EDFL.

Para efeito de escala, nas imagens ópticas a região escura no centro da imagem é a

casca da fibra óptica, com diâmetro de 125 m. Nas imagens de mapeamento Raman, tanto da

banda 2D quanto da razão de intensidades I(G)/I(2D), a circunferência no centro das imagens

representa o núcleo da fibra óptica, com diâmetro de 9 m.

Amostra Imagem óptica

Mapeamento Raman da

largura de banda FWHM

da banda 2D (cm-1

)

Mapeamento Raman

da razão de

inensidades I(G)/I(2D)

1

Page 110: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

108

2

3

4

5

6

7

Page 111: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

109

8

9

10

Page 112: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

110

APÊNDICE D

Conjunto das amostras de grafeno esfoliado transferidas para a face transversal de

fibras ópticas. Flocos de grafeno com número de camadas de 1 a 7 e alinhados com o núcleo

da fibra.

Nesta apresentação das amostras, mostraremos uma imagem de microscopia óptica da

amostra esfoliada sobre substrato de PMMA-PVA-vidro, a caracterização do floco esfoliado

por espectroscopia Raman, e o resultado da análise por espectroscopia Raman revelando a

cobertura do núcleo da fibra óptica pelo floco transferido.

Amostra I(G)/I(2D) Largura da banda 2D (cm-1

) I(D)/I(G) Número de camadas

ESFO-1 0.223155 27.04 0.003419 1

ESFO-2 0.489909 28.31 0.002709 1

ESFO-3 1.040803 52.86 0.016181 2

ESFO-4 1.106273 53.608 0.00552 ~2-3

ESFO-5 1.672551 53.73 0.003379 ~4-5

ESFO-6 1.769757 60.2 0.002393 ~5-6

ESFO-7 1.837558 61.6 0.00288 ~6-7

ESFO-1: grafeno monocamada, 100% de cobertura do núcleo da fibra óptica.

1500 1750 2000 2250 2500 2750

Inte

nsi

da

de r

ela

tiv

a (

co

nta

gen

s)

Desvio Raman (cm-1)

Page 113: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

111

ESFO-2: grafeno monocamada, 95.4% de cobertura do núcleo da fibra óptica.

1500 1750 2000 2250 2500 2750

Inte

nsi

da

de r

ela

tiv

a (

co

nta

gen

s)Desvio Raman (cm

-1)

ESFO-3: grafeno bicamada, 97.4% de cobertura do núcleo da fibra óptica.

1500 1750 2000 2250 2500 2750

Inte

nsi

da

de r

ela

tiv

a (

co

nta

gen

s)

Desvio Raman (cm-1) ...

ESFO-4: 2 ou 3 camadas de grafeno, 97.5% de cobertura do núcleo da fibra óptica.

1500 1750 2000 2250 2500 2750

Inte

nsi

da

de r

ela

tiv

a (

co

nta

gen

s)

Desvio Raman (cm-1)

Page 114: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

112

ESFO-5: 4 ou 5 camadas de grafeno, 100% de cobertura do núcleo da fibra óptica

1500 1750 2000 2250 2500 2750

Inte

nsi

da

de r

ela

tiv

a (

co

nta

gen

s)

Desvio Raman (cm-1)

ESFO-6: 5 ou 6 camadas de grafeno, 100% de cobertura do núcleo da fibra óptica

1500 1750 2000 2250 2500 2750

Inte

nsi

da

de r

ela

tiv

a (

co

nta

gen

s)

Desvio Raman (cm-1)

ESFO-7: 6 ou 7 camadas de grafeno, 100% de cobertura do núcleo da fibra óptica

1500 1750 2000 2250 2500 2750

Inte

nsi

da

de r

ela

tiv

a (

co

nta

gen

s)

Desvio Raman (cm-1)

Page 115: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

113

APÊNDICE E

Trabalho apresentado no 16º SBMO – Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e

Optoeletrônica. O evento ocorreu de 31 de agosto a 3 de setembro de 2014, na cidade de

Curitiba/PR. Neste trabalho, foram apresentados nossos resultados sobre a fabricação de

amostras de grafeno CVD monocamada transferidas para face transversal de fibras ópticas e

resultados de geração de pulsos ultracurtos em laser à fibra dopada com Érbio com estas

amostras.

Page 116: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

Characterization of all-fiber CVD monolayer

graphene saturable absorbers using Erbium doped

fiber laser

David Steinberg1, Henrique G. Rosa1,2, Juan D. Zapata1,3, Lúcia A. M. Saito1, Ana M. Cardenas3, José C. V. Gomes2

and E.A. Thoroh de Souza1* 1Graphene and Nanomaterials Research Center (Mackgraphe), Mackenzie Presbyterian University, São Paulo, Brazil

2Graphene Research Center, National University of Singapore, Singapore. 3 Universidad de Antioquia, Medellín, Colombia

*corresponding author: [email protected]

Abstract— We present the characterization of all-fiber chemical

vapor deposition (CVD) monolayer graphene saturable absorbers

by using Erbium-doped fiber laser (EDFL). Ten samples of CVD

monolayer graphene were analyzed by Raman spectroscopy and

then introduced into an EDFL cavity as low-loss saturable

absorbers to generate ultrashort pulses. Passively mode-locked

was achieved generating soliton-like pulses of 630 fs average

duration. This is the shortest pulse duration reported using

passive mode-locked EDFL with CVD monolayer graphene to

our knowledge. Besides, this paper shows the consistence of the

results with all monolayer graphene saturable absorbers as well

as the robustness of our experiment.

Keywords—CVD monolayer graphene; Erbium doped fiber

laser; Passive mode-locking; Saturable absorber; Raman

Spectroscopy.

I. INTRODUCTION

Mode-locked fiber lasers have been attractive for many

applications in various industrial and scientific research areas,

such as optical communications and metrology. Passive mode-

locking is a practical technique which generates ultrafast

femtosecond pulses in highly compact fiber lasers, by means

of semiconductor saturable absorber mirrors (SESAMs) [1]

and single-wall carbon nanotubes (SWCNT) [2-5] saturable

absorbers (SA). In mode-locked fiber lasers, commercially

available SESAMs are mainly used due its technological

process to control parameters such as nonsaturable absorption

and modulation depth, but it presents some drawbacks for

operation at infrared spectrum region, like relative low

damage threshold and expensive fabrication. For SWCNT,

excellent properties like intrinsic broadband saturable related

to its band gap energy and tube chirality/diameter [6], ultrafast

recovery time, high affinity with transparent polymers and

their simple integration into optical fiber systems, make it

appropriated for ultrafast optical applications. Nonetheless,

properties like high nonsaturable losses and diameter

selectivity have been some of the greatest challenges for

mode-locked fiber systems to operate with low loss in

broadband spectrum.

Graphene, a single two-dimensional (2D) atomic layer of

carbon atoms arranged in a hexagonal lattice [7-9], has been

seen as the promising material for researches and industry in

nanomaterials, nanoelectronics, optoelectronics and photonics

areas. Properties like ultrafast recovery time, broadband

absorption and high transparency make graphene ideal for

applications in ultrafast optical modulators [10, 11] and

saturable absorbers for broadband optical fiber lasers [12-14].

Unlike SWCNT, which exhibits broad absorption band in the

optical spectrum depending on nanotube diameter and a high

non-saturable loss, graphene is a zero energy gap semimetal

which also allows the operation in a wide range of frequencies

with very low optical loss. Losses are attributed to the low

absorption property of graphene monolayers, having an

absolute value of 2.3% per layer [7-9].

Since the first graphene, produced by mechanical

exfoliation [10], other methods have been exploited to obtain

graphene samples, such as chemical exfoliation [11], chemical

vapor deposition (CVD) [12], graphene oxide [13] and

reduced graphene oxide [14]. In the literature, mode-locked

EDFLs based on graphene SA have been reported, with

several different cavity configurations and at different

telecommunication bands in the infrared spectrum. Mode-

locked EDFL with exfoliated graphene [15] and laser cavities

with polarization-maintaining fiber (PMF) [16-17] based on

multilayer graphene SA were reported in the literature, with

6–9 nm laser bandwidth and pulse duration of 590-630 fs.

Utilizing chemically exfoliated graphene SA [18], it was

reported the shortest pulse duration of 174 fs and the broadest

bandwidth of 15.6 nm, to our knowledge, in a 27.4 MHz

repetition rate. With multilayer graphene oxide and reduced

graphene-oxide mode-locked EDFL, pulses from 502 [19]

down to 200 fs [20] were obtained.

Although these methods yield the highest quality

graphene, they require many processing steps and long time to

manufacture samples in addition to not produce graphene on a

large scale area. Therefore, one of the most used techniques

for quickly obtaining large graphene areas and quality level

close to mechanical exfoliated graphene has been by CVD

graphene fabrication.

Graphene mode-locked EDFL was first demonstrated in

[21] using CVD multilayer graphene SA generating 756 fs

Page 117: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

pulses with 5 nm bandwidth spectrum and in [22] using CVD

monolayer graphene generating 1.23 ps long pulse duration.

Hereafter, pulses of 570 fs [23] (5.3-6.07 nm bandwidth) in

short-length cavities as well as 415 fs (10 nm bandwidth) [24]

at long-length cavities were demonstrated. Pulse duration as

short as 315 fs and 11.3 nm broad bandwidth were obtained in

an EDFL cavity using a CVD bilayer graphene SA [25].

These previous works reported excellent mode-locking results at several EDFL cavities by using few- and multilayers graphene SA (except for [22], which presents monolayer graphene). Despite some information about the characteristics of graphene samples is supplied by means of Raman spectra, these data are not conclusive on the quality, fiber core coverage and number of layers of the graphene samples.

Therefore, in our work, we present the characterization of all-fiber CVD monolayer graphene saturable absorbers (SA) using an EDFL. Through Raman spectroscopy and optical imaging, we analyzed the CVD monolayer graphene distribution quality in the fiber core area of ten samples. Then, by placing the samples into the EDFL cavity, we observed mode-locking regime for all of them and we measured the shortest pulse duration of 599 fs showing a good consistence of the results and robustness of our samples and experimental setup.

II. MONOLAYER GRAPHENE SAMPLES AND

CHARACTERIZATION

A. Samples fabrication

To fabricate our graphene fiber samples, CVD graphene was transferred from copper foils to optical fiber faces via wet transfer method [22-24]. As produced CVD monolayer graphene was first spin-coated with PMMA at 4000 rpm in order to get a protective 300 nm thick polymer layer. The copper foil substrate was removed after a 12h bath in a 1M aqueous solution of Amonium Persulfide. The resulting graphene/PMMA remains floating after copper is etched away. The graphene/PMMA sample is rinsed in deionized water for 4h, for complete removal of any chemical used during the process.

The floating graphene/PMMA sample is, finally, scooped by the optical fiber, in such a way it covers all the fiber face area (ferrule and fiber core/clad). A scheme on the wet transfer method is show in Fig. 1.

Fig. 1 – Schematic representation of the graphene wet transfer process. After

copper is completely etched, graphene/PMMA sample is scooped by the optical fiber. Graphene covers the whole face of optical fiber.

After graphene/PMMA is scooped by the optical fiber, the sample is dried in a 120°C hot plate. This step provides both drying and annealing of the graphene sample onto the fiber face, increasing the adhesion between surfaces. Since the transparency for the PMMA 300 nm thick layer is > 95% and it also provides a mechanical protection to the graphene layer when fiber connectors are matched, the PMMA layer was not removed after the transfer process.

B. Optical imaging and Raman microscopy characterization

A Witec Raman Confocal Microscope-Spectrometer was used to characterize the CVD monolayer graphene samples. Our measurements were performed with a 488 nm solid state laser with 4 mW of output power and a 100X objective lens,

leading to a laser spot size of 1.3 m at the focal point. Raman single spectra and Raman maps around the fiber core area

were acquired, generating Raman images of 30 x 30 m, with

a resolution of 0.5 m.

Fig. 2a shows an optical image of our graphene fiber sample taken with a 10X objective lens. In this picture, we can see that the optical fiber core and clad, as well as the fiber ferrule are fully covered by the PMMA film. In Fig. 2b, we can observe the Raman spectrum emission from the fiber core, obtained with a 100X objective lens.

Fig. 2. (a) Optical image of fiber face connector covered with monolayer

graphene and PMMA film. (b) Raman emission from the SiO2/ GeO2 fiber core.

After the optical characterization, a Raman spectrum was

obtained to visualize the crystalline GeO2/SiO2 core band

located at 200 – 600 cm-1 and the two intrinsic graphene

Raman G and 2D bands situated at 1582 and 2700 cm-1,

respectively, as shown in Fig. 3. The graphene D band (1350

cm-1), related to crystalline defects was hardly observed,

indicating that our monolayer graphene samples have very

high quality.

Page 118: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

500 1000 1500 2000 2500 3000800

900

1000

1100

2D band

In

ten

sit

y (

co

un

ts)

Raman shift (cm-1)

silica/GeO2 core fiber

G band

Fig. 3. Raman spectra of CVD monolayer graphene deposited onto fiber core

area samples.

Observing the G and 2D intensities and 2D band width in

Fig. 3, we could identify monolayer graphene at this point of

fiber core area through the IG/I2D ratio intensity lower than 1

and the 2D band full-width at half-maximum (FWHM) of 30

cm-1.

C. Graphene Raman images

By using the 488 nm solid state laser with the same parameters described in item B, the IG/I2D ratio intensity and the 2D band linewidth Raman images of all samples were obtained, as shown in the left side of Fig. 4. Such data were transferred to Origin graphic tool to analyzed the monolayer graphene distribution in the fiber core area by separated colors, as shown in the right side of Fig. 4.

IG/I2D Raman Image IG/I2D Ratio Intensity

2D Band Width Raman Image 2D Band Width (cm-1)

Fig. 4. Raman spectroscopy images (left side) and plotted Raman images

(right side) of IG/I2D ratio intensity and 2D band linewidth.

The picture (a) corresponds to the IG/I2D ratio intensity distribution plotted in the image (b). In the image (b), h IG/I2D < 1 is monolayer (blue color), IG/I2D = 1 is bilayer (green color) and IG/I2D > 1 is multilayer graphene (yellow to red colors). And the picture (c) corresponds to the 2D band width distribution plotted in the image (d), in which the FWHM < 25 cm-1 is no graphene (blue color), 25 < FWHM < 35 cm-1 is monolayer (green color) and FWHM > 35 cm-1 is multilayer graphene (yellow to red colors). With this characterization method, we analyzed qualitatively the distribution of graphene layers and obtained the IG/I2D = 0.5 ratio intensity and 30 cm-1 2D Raman width FWHM mean value relative to monolayer covering almost 90% the entire fiber core area of all samples.

III. GRAPHENE MODE-LOCKED EDFL

A. Experimental Setup

An EDFL ring configuration shown in Fig. 5 was used. The

laser cavity was composed by a counter propagating 980 nm

laser diode pump, a 980 nm/1550 nm WDM coupler with a

built-in 1550 nm optical isolator, a polarization controller, and

a 27.4% output coupler.

Fig. 5. Graphene mode-locked EDFL configuration.

As the gain medium, a 0.15 m Erbium-doped fiber was used

(Attenuation: 66 dB/m @ 1550 nm; D = -16 ps/nm/km at 1550

nm). The remainder of the cavity consists of 4.46 m of

standard telecommunication fiber, with a dispersion of +17

ps/nm/km. Thus, the resulting cavity has a total accumulated

dispersion value of +0.072 fs/nm in the cavity and an average

dispersion value of +14.61 ps/nm.km, appropriated to generate

soliton-like pulses. The spectral and temporal mode-locking

performance was simultaneously observed by an optical

spectrum analyzer, a 1 GHz real-time oscilloscope, a 30 GHz

photo-detector, a power meter and an interferometric

autocorrelator.

B. Results and discussion

Incorporating the monolayer graphene saturable absorbers into the EDFL cavity, the mode-locking regime was achieved at high pump powers values from 80 to 300 mW with hard polarization adjustment. In this regime, soliton spectra were generated at 1560 nm with a narrow high power CW peak at center spectrum for all the samples. In Fig. 6, it is showed the soliton spectrum obtained with our best graphene monolayer SA.

(a) (b)

(c) (d)

Page 119: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

1540 1550 1560 1570 1580

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

Sp

ectr

al

po

wer

den

sit

y (

dB

m)

Laser bandwidth (nm)

Best sample spectrum

Fig. 6. Soliton spectra generated with the best graphene sample.

By reducing the pump power close to the continuous wave threshold (CW) a stable mode-locking regime was achieved generating a pulse train at 42 MHz fundamental repetition rate cavity, as showed in Fig. 7.

-75 -50 -25 0 25 50 75

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

No

rmalized

in

ten

sit

y (

a.u

.)

Time (ns)

Pulse train42 MHz

Fig. 7. Stable pulse train generated with best graphene sample.

But even adjusting hardly the polarization control, the CW peaks remained and so the laser bandwidth could be not obtained as it showed. So, to obtain the laser bandwidth for each sample, we neglected the CW peak and fitted the sech2 profile at the linear soliton spectrum.

By doing this correction, we obtained the maximum laser bandwidth of 6.33 nm for the best sample. With an output power of 1.87 mW (without the CW peak contribution), we measured the corresponding pulse duration of 599 fs, resulting in a time-bandwidth product of 0.468 which 1.49 times larger than limited transformed soliton sech2 pulses of 0.315. To the best of our knowledge, this is the shortest pulse duration obtained with CVD monolayer graphene SA in an EDFL cavity. This result is showed in Fig. 8.

-3 -2 -1 0 1 2 3

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

No

rma

lize

d i

nte

ns

ity

(a

.u.)

Time delay (ps )

Autocorrelation trace

actual= 599 fs

Fig. 8. Autocorrelation figure of pulse generated with the best graphene sample.

The respective peak power and peak intensity of this pulse were calculated to be 0.341 kW and 426 MW/cm2

respectively, which corresponds to a high pulse energy of 8

J.

By putting all graphene samples in the cavity, it was possible to observe the mode-locking regime with all of them and reproduce the results of laser bandwidth and pulse duration. The general mode-locking performance results can be seen in Table 1 and in Fig. 9.

TABLE 1. GENERAL RESULTS OF GRAPHENE MODE-LOCKED EDFL

PERFORMANCE OBTAINED WITH ALL THE SAMPLES. (THE YELLOW ROW

INDICATE THE BEST RESULTS).

PPUMP

(mW)

(nm)

(fs)

POUTPUT

(mW)

PPEAK

(kW)

IPEAK

(MW/cm2)

1 243 4.90 639 2.72 0.463 579

2 287 4.45 667 2.98 0.485 606

3 152 6.33 599 1.87 0.341 426

4 150 5.03 630 2.19 0.378 473

5 86 5.32 617 1.42 0.250 313

6 86 5.59 620 0.902 0.158 198

7 120 5.45 629 1.62 0.280 350

8 300 4.81 621 6.46 1.13 1410

9 141 5.45 615 1.60 0.282 353

10 152 5.25 620 0.786 0.138 173

Page 120: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11500

550

600

650

700

750

800

Pulse duration

P

uls

e d

ura

tio

n (

fs)

Samples

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Laser bandwidth

La

se

r b

an

dw

idth

(n

m)

Fig. 9. Consistence of laser bandwidth (red line) and pulse duration (black

line) results generated with all monolayer graphene samples.

From Table 1, we could obtain an average value of 5.26 nm laser bandwidth and 626 fs pulse duration that corresponded to less than 10% variation between all the values. These results are also seen in Fig. 9 showing the good consistency of the mode-locking performance generated from all monolayer graphene samples by using our experiment.

IV. CONCLUSION

In conclusion, we presented a characterization of ten CVD

monolayer graphene samples by using an Erbium doped fiber

laser. We identify via Raman spectroscopy imaging the

distribution quality of monolayer graphene in the fiber core

area and then we introduced them as saturable absorbers in an

EDFL cavity generating pulses as shorter as 600 fs. We also

showed such a good consistency of the mode-locked

performance results achieved with CVD monolayer graphene

SA in our EDFL cavity.

ACKNOWLEDGMENT

The authors thank FAPESP (project-SPEC 2012/50259-8, and projects 2010/19085-8, 2012/07678-0), Universidad de Antioquia funded project MDC11-1-06, CAPES and MackPesquisa for financial support.

REFERENCES

[1] U. Keller, “Recent developments in compact ultrafast lasers, Nature 424, 831–838 (2003).

[2] M. Nakazawa, S. Nakahara, T. Hirooka, M. Yoshida, T. Kaino, and K. Komatsu, “Polymer saturable absorber materials in the 1.5 μm band using poly−methyl−methacrylate and polystyrene with single−wall carbon nanotubes and their application to a femtosecond laser”, Opt. Lett. 31, 915–917, (2006).

[3] N. Nishizawa et al, “All-polarization-maintaining Er-doped ultrashort-pulse fiber laser using carbon nanotube saturable absorber”, Opt. Express., 16, 9429 (2008).

[4] H. G. Rosa and E. A. de Souza, “Bandwidth optimization of a Carbon Nanotubes mode-locked Erbium-doped fiber laser”, Opt. Fiber Technol. 18, 59-62 (2012).

[5] A. G. Rozhin, Y. Sakakibara, S. Namiki, M. Tokumoto, H. Kataura, and Y. Achiba, “Sub-200-fs pulsed erbium-doped fiber laser using a carbon

nanotube-polyvinylalcohol mode locker,” Appl. Phys. Lett, vol. 88, pp. 051118-1–051118-3, Feb. 2006.

[6] Kataura, Y. Kumazawa, Y. Maniwa, I. Umezu, S. Suzuki, Y. Ohtsuka, and Y. Achiba, “Optical properties of single-wall carbon nanotubes,” Synth. Met., vol. 103, pp. 2555–2558, 1999.

[7] F. Bonaccorso, Z. Sun, T. Hasan, and A. C. Ferrari, “Graphene photonics and optoelectronics,” Nat. Photonics 4(9), 611–622 (2010)

[8] K. S. Novoselov, and A. K. Geim, “The electronic properties of graphene,” Rev. Mod. Phys. 81(1), 109–162 (2009).

[9] A. H. Castro Neto, F. Guinea, N. M. R. Peres, K. S. Novoselov and A. K. Geim, “The electronic properties of graphene”, Rev. Modern Phys. 81, 109-162 (2009).

[10] M. Liu, X. Yin, E. Ulin-Avila, B. Geng, T. Zentgraf, L. Ju, F. Wang and X. Zhang, “A graphene-based broadband optical modulator”, Nature Vol. 474, 64-66 (2011).

[11] Q. Bao and K. P. Loh, “Graphene Photonics, Plasmonics, and Broadband Optoelectronic Devices”, ACS Nano 6(5), 3677-3694 (2012).

[12] W.D. Tan, C.Y. Su, R.J. Knize, G.Q. Xie, L.J. Li, D.Y. Tang, “Mode locking of ceramic Nd:yttrium aluminum garnet with graphene as a saturable absorber”, Appl. Phys. Lett. 96, 031106 (2010).

[13] W.B. Cho, J.W. Kim, H.W. Lee, S. Bae, B.H. Hong, S.Y. Choi, I.H. Baek, K. Kim, D.-I. Yeom, F. Rotermund, “High-quality, large-area monolayer graphene for efficient bulk laser mode-locking near 1.25 μm”, Optics Letters, vol. 36, Issue 20, pp.4089-4091 (2011).

[14] L. Zhang, G. Wang, J. Hu, J. Wang, J. Fan, J. Wang, and Y. Feng, “Linearly Polarized 1180-nm Raman Fiber Laser Mode Locked by Graphene,” IEEE Photonics J., vol. 4, no. 5, pp. 1809–1815, Oct. 2012.

[15] K. S. Novoselov, A. K. Geim, S. V. Morozov, D. Jiang, Y. Zhang, S. V. Dubonos, I. V. Grigorieva, and A. A. Firsov, “Electric field effect in atomically thin carbon films,” Science 306 (5696), 666–669 (2004).

[16] Y. Hernandez, V. Nicolosi, M. Lotya, F. M. Blighe, Z. Y. Sun, S. De, I. T.McGovern, B. Holland, M. Byrne, Y. K. Gun’ko, J. J. Boland, P. Niraj, G.Duesberg, S. Krishnamurthy, R. Goodhue, J. Hutchison, V. Scardaci, A. C. Ferrari, and J. N. Coleman, “High-yield production of graphene by liquid-phase exfoliation of graphite”, Nat. Nanotechnol. 3, 563, 2008.

[17] A. Reina, X. Jia, J. Ho, D. Nezich, H. Son, V. Bulovic, M. S. Dresselhaus, and J. Kong, “Large area, few-layer graphene films on arbitrary substrates by chemical vapor deposition”, Nano Lett. 9 (1), 30–35 (2009).

[18] W. Lv, et al., “pH-mediated fine-tuning of optical properties of graphene oxide membranes,” Carbon, vol. 50, no. 9, pp. 3233–3239, Aug. 2012.

[19] Sobon, G., Sotor, J., Jagiello, J., Kozinski, R., Zdrojek, M., Holdynski, M., Paletko, P., Boguslawski, J., Lipinska, L., Abramski, K. M., “Graphene Oxide vs. Reduced Graphene Oxide as saturable absorbers for Er-doped passively mode-locked fiber laser”, Opt. Express, 20(17),19463-19473 (2012).

[20] J. Sotor, G. Sobon, and K.M. Abramskia, “Er-doped fibre laser mode-locked by mechanically exfoliated graphene saturable absorber”, Opto−Electron. Rev., 20, no. 4, 362-366, 2012.

[21] J. Z. Sotor, G. Soboń, K. M. Abramski “Graphene saturable absorber based all-polarization maintaining Er-doped fiber mode-locked laser”, Proc. of SPIE Vol. 8702 87020I-1 - 87020I-7, 2013.

[22] G. Sobon, J. Sotor, and K.M. Abramski, “All-polarization maintaining femtosecond Er-doped fiber laser mode-locked by graphene saturable absorber”, Laser Phys. Lett. 9, no. 8, 581-586 (2012).

[23] D. Popa, Z. Sun, F. Torrisi, T. Hasan, F. Wang, and A. C. Ferrari, “Sub 200 fs pulse generation from a graphene mode-locked fiber laser” Applied Phys. Lett. 97, 203106-1 -203106-3, 2010.

[24] J. Xu, S. Wu, J. Liu, Y. Li, J. Ren, Q. Yang, and P. Wang,“All-Polarization-Maintaining Femtosecond Fiber Lasers Using Graphene Oxide Saturable Absorber” IEEE Phot. Tech. Lett., Vol. 26, No. 4, February 15, 346-348, 2014.

[25] J. Xu, J. Liu, S. Wu, Q. H. Yang and P. Wang, “Graphene oxide mode-locked femtosecond erbium-doped fiber lasers”, Optics Express ,Vol. 20, No. 14, 15474-15480, 2012.

Page 121: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

[26] Q. Bao, H. Zhang, Y. Wang, Z. Ni, Y. Yan, Z. Xiang Shen, K. Ping Loh and D. Y. Tang, “Atomic-Layer Graphene as a Saturable Absorber for Ultrafast Pulsed Lasers”, Adv. Funct. Mater. 2009, 19, 3077–3083.

[27] Q. L. Bao, H. Zhang, Y. Wang, Z. Ni, Y. Yan, Z. Shen, K. P. Loh, and D. Y. Tang, “Monolayer graphene as a saturable absorber in a mode-locked laser,” Nano Res., 4(3) 2011, 297-307.

[28] G Sobon, J Sotor, I Pasternak, K Krzempek, W Strupinski and K M Abramski, “A tunable, linearly polarized Er-fiber laser mode-locked by graphene PMMA composite”, Laser Phys. 23 (2013) 125101 (4pp).

[29] H. Zhang, D. Y. Tang, L. M. Zhao, Q. L. Bao, and K. P. Loh, “Large energy mode locking of an erbium-doped fiber laser with atomic layer graphene,” Opt. Express 17(20), 17630–17635 (2009).

[30] G. Sobon, J. Sotor, I. Pasternak, K. Grodecki, P. Paletko, W. Strupinski, Z. Jankiewicz, and K. M. Abramski, “Er-Doped Fiber Laser Mode-Locked by CVD Graphene Saturable Absorber, Journal of Lightwave Tech., Vol. 30, No. 17, September, 2770-2775, 2012.

Page 122: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

120

APÊNDICE F

Trabalho apresentado na Graphene Conference 2014. O evento ocorreu de 6 a 9 de

maio de 2014, na cidade de Toulouse (França). Neste trabalho, foram apresentados nossos

resultados preliminares sobre a transferência de flocos de grafite para a face transversal de

fibras ópticas. Na conferência, foi apresentado pôster com o resultado da aplicação de amostra

de grafeno esfoliado transferido para fibra óptica na geração de pulsos em laser à fibra dopada

com Érbio, com duração de 672 fs.

Page 123: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

Transfer of exfoliated graphene with controlled number of layers to optical fiber faces for Erbium-doped fiber laser mode-locking

Henrique G. Rosa

1,2, Eunézio A. Thoroh de Souza

1* and José C. V. Gomes

2**

1MackGraphe – Graphene and Nano-Materials Research Center, Mackenzie Presbyterian University

Rua da Consolação, 896 – 01302-907, São Paulo/SP, Brazil 2Graphene Research Center, National University of Singapore, 2 Science Drive 2, 117542, Singapore

*[email protected] **[email protected]

Abstract Fabrication of CVD graphene samples for rare-earth doped fiber laser and other optical applications has been extensively reported [1-3]. Due to the simplicity of wet-transfer process, CVD grown graphene can be easily transferred, in few steps, to the desired target substrate, such as quartz/silica flat substrates [4] and optical fiber ferrule’s end face [5]. However, making CVD graphene samples for optical experiments has some drawbacks, mostly related to samples optical quality, which can compromise experiments reliability and repeatability: polymeric and chemical residues, presence of defects and folded regions on transferred graphene, and the difficulty of unambiguously determine the number of graphene layers. On the other hand, making samples with mechanically exfoliated graphene, which is layer controllable, low defect, has a challenge that lies on the transfer process. Usually obtained over Si/SiO2, a non-transparent substrate, exfoliated graphene requires some steps to be transferred to the desire substrate [6]. Previous work successfully transferred graphene directly from scotch tape to fiber face [7], nevertheless achieving non-controllable and non-repeatable number of graphene layers. In this work, we propose a novel technique that unambiguously allows transferring of graphene samples of controlled number of layers directly from the original exfoliation substrate to the final target substrate. As reported in [8], exfoliated monolayer graphene can be observed and identified depending on the interference conditions between graphene and its substrate. Using a similar analytical model, we determined that glass substrates (1 mm thick) with a PMMA spin-coated layer (300 nm thick) can be a good transparent substrate for exfoliating and identifying graphene, as shown in Fig. 1. As preliminary results, graphene samples with 1and 2 layers, along with multilayer graphene, were obtained in such substrate, and identified by Raman spectroscopy, as shown in Fig. 2. These samples can be used for transferring exfoliated graphene directly to the polished end face of an optical fiber ferrule. To demonstrate the transferring process, we placed a multilayer graphene sample on a transferring machine setup, as shown in Fig. 2a. In order to soften the PMMA and unstick graphene from it, making graphene adhere to the optical fiber ferrule’s face, the area in contact must be heated at ~ 200 degrees C [9], an early point for PMMA thermal degradation. As shown in Fig. 2b and 2c, we successfully transferred multilayer graphene from glass/PMMA substrate to optical fiber face, covering the whole 9 µm diameter fiber’s core. A work on the layer-controlled graphene samples transferring process to optical fiber faces is ongoing, and a study on the influence of graphene number of layers and its related charge-carriers dynamics on the ultrashort pulses generation in graphene mode-locked Erbium-doped fiber lasers is under development. References [1] Q. Bao, H. Zhang et al., Nano Res., 4 (2011) 297-307. [2] M. Zhang, E. J. R. Kelleher et al., Opt. Express, 20 (2012) 25077-25084. [3] Z. Sun, D. Popa et al., Nano Res., 3 (2010) 653-660. [4] Y. Wang, S. W. Tong et al., Adv. Mater., 23 (2011) 1514-1518. [5] Q. Bao, H. Zhang et al., Adv. Funct. Mater., 19 (2009) 3077-3083. [6] C. Dean, A. F. Young et al., Solid State Communications, 152 (2012) 1275-1282. [7] Y. M. Chang, H. Kim et al., Appl. Phys. Lett., 97 (2010) 211102. [8] P. Blake, E. W. Hill et al., Appl. Phys. Lett., 91 (2007) 063124. [9] M. Ferriol, A. Gentilhomme et al., Polymer Degradation and Stability, 79 (2003) 271-281.

Page 124: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

Figures

Figure 1 – a) schematic representation of graphene exfoliation over PMMA/glass substrate. b) graphene-substrate contrast as a function of wavelength, for 300 nm thick PMMA.

400 450 500 550 600 650 7000.040

0.045

0.050

0.055

0.060

Graphene over

PMMA/glass

Con

trast

Wavelength (nm)

Figure 2 – a) identification of exfoliated graphene over PMMA/glass substrate. b) Raman

spectroscopy of regions 1 (monolayer), 2 (bilayer) and 3 (multilayer). c) 2D-band Raman

mapping, confirming graphene monolayer on region 1.

1250 1500 1750 2000 2250 2500 2750 3000

0

25

50

75

100

125

150

175

200

225

Rel

ati

ve

inte

nsi

ty (

cts.

)

Raman shift (cm-1

)

region 1: single-layer

region 2: double-layer

region 3: multi-layer

2D peak width (cm-1)

0.000

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.0

Figure 3 – a) transfer machine representation: glass/PMMA/graphene sample is placed in a XYZ stage, for precise alignment to the fiber core, under optical microscope illumination. b) picture of a multilayer

graphene flake transferred to the optical fiber face. c) 2D peak Raman mapping of the transferred graphene. The circle area represents the fiber core, which confirms full coverage.

20XMicroscope

objective

Optical microscope(for observation and

white light Illumination)

Glass/PMMA/graphene – XYZ stage

Monomodeoptical fiber

2D peak bandwidth (cm-1)

0.000

20.00

40.00

60.00

80.00

100.0

120.0

140.0

160.0

a) b)

a) b) c)

a) b) c)

Page 125: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

123

APÊNDICE G

Trabalho enviado para apresentação no 6° Recent Progress in Graphene Research,

evento que ocorreu de 21 a 25 de setembro de 2014 em Taipei, Taiwan. Neste trabalho,

apresentamos resultados preliminares da caracterização de amostras de grafeno CVD

monocamada transferidas para a face transversal de fibras ópticas e resultados preliminares da

geração de pulsos ultracurtos em EDFL.

Page 126: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

Ultrafast CVD monolayer graphene mode-locked Erbium doped fiber laser

David Steinberg1, Henrique G. Rosa1, 2, Juan D. Zapata1,3, Lúcia A. M. Saito1, Ana M. Cardenas3, José C. V. Gomes2, E.A. Thoroh de Souza1

1Graphene and Nanomaterials Research Center (Mackgraphe), Mackenzie Presbyterian University, São Paulo, Brazil 2 Graphene Research Center, National University of Singapore, Singapore 3 Universidad de Antioquia, Medellín, Colombia

Ultrafast passive mode-locked Erbium doped fiber lasers (EDFL) have been the attractive technology in optical communication systems for generating femtosecond pulses in 1550 nm using all-fiber saturable absorbers (SA). Comercially available semiconductor saturable absorbers mirrors (SESAMs) and single-wall carbon nanotubes (SWCNT) SA have been mainly used for this purpose but some drawbacks as high nonsaturable losses and wavelength selectivity provide a great obstacle to operate at broadband infrared spectrum. Graphene as a 2D-dimensional atomic layer has properties of fast recovery time, broadband absorption and high transparency which make it ideal for ultrafast optical applications for broadband optical fiber lasers. In this work, we present an ultrafast all-fiber chemical vapor deposition (CVD) monolayer graphene [1] mode-locked Erbium-doped fiber laser [2]. By using Raman spectroscopy [3] imaging, the distribution quality of monolayer graphene in the fiber core area of ten samples was characterized (a) and then introduced as low-loss saturable absorbers in an EDFL cavity which generated stable soliton-like pulses as shorter as 599 fs duration (b). We also showed a good consistency of the mode-locked performance results (c) achieved with the ten CVD monolayer graphene SA in the EDFL confirming our graphene characterization robustness.

-3 -2 -1 0 1 2 30,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1540 1560 1580-60

-40

-20

0

Nor

mal

ized

inte

nsity

(a.u

.)

Time delay (ps)

Autocorrelation trace

actual= 599 fs

(b)

Laser bandwidth (nm)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

500

550

600

650

700

750

800 Pulse duration

Puls

e du

ratio

n (fs

)

Samples

012345678910

(c)

Laser bandwidth

Lase

r ban

dwid

th (n

m)

[1] G. Sobon, et al., Laser Phys. Lett. 9, 581-586 (2012). [2] Q. L. Bao, et al., Nano Res., 4, 297-307 (2012). [3] L.M. Malard, et al., Physics Reports, 473, 51-87 (2009).

Page 127: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

125

APÊNDICE H

Trabalho enviado para apresentação no 2015 Material Research Society Spring

Meeting & Exhibit, evento que ocorrerá de 6 a 10 de abril de 2015, na cidade de São

Francisco, CA, USA. Neste trabalho, apresentamos resultados da aplicação da técnica de

microscopia em ângulo de Brewster para observação e caracterização de grafeno sobre

substratos de vidro. Com esta técnica é possível identificar flocos de grafeno em substratos

sem a presença de uma camada interferométrica que aumente o contraste óptico do grafeno.

Demonstramos neste trabalho que o grafeno pode ser identificado em substratos de vidro com

contrastes de até 2900%. Além disso, comprovamos que a refletividade do grafeno aumenta

quadraticamente com o número de camadas.

Page 128: UNIVERSIDADE PRESBIT ERIANA MACKENZIE HENRIQUE …tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/1526/1/Henrique... · 2016-07-19 · fibra . Com e sta técnica de transferência é possível

1

Making Graphene Visible in Transparent Dielectric Substrates: Brewster Angle Microscopy

ID: 2137463 Priscila Romagnoli1; Daniel López-Cortés1; Henrique G. Rosa1; Eunézio A. T. Souza1; José C. Viana-Gomes2; Walter Margulis3; Christiano J. S. De Matos1 1Graphene and Nano-Materials Research Center (MackGraphe), Mackenzie Presbyterian University, São Paulo, SP, Brazil 2Graphene Research Centre, National University of Singapore, Singapore 3Acreo Swedish ICT AB, Stockholm, Sweden E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

Typically, flakes of exfoliated graphene are detected by the optical contrast obtained on Si substrates

containing a submicron layer of SiO2 [1-3]. This layer generates interference that is responsible for increasing the contrast, with values up to 12~14% being reported [1-2]. The detection of graphene on transparent dielectric substrates, such as microscope slides, is a greater challenge since the contrast between the regions with and without graphene is significantly lower, on the order of 7% [4]. An interferometrically increased contrast can be obtained by depositing a layer of polymethylmethacrylate (PMMA) onto the substrate before the graphene exfoliation. However, this invariably changes the substrate properties, which affects the characteristics of the exfoliated sample.

This work aims at improving the optical contrast of exfoliated graphene on transparent substrates without changing the substrate or the sample physical/chemical properties. This is obtained through optical imaging at the substrate’s Brewster angle. As the graphene changes the boundary conditions of the air-dielectric interface, cancellation of the p-polarized light ceases solely where graphene is present. This leads to an immense increase in contrast, since virtually no reflection is obtained where graphene is not present. For the experimental demonstration of the technique, broadband green light was collimated, linearly polarized and launched onto the sample at the substrate’s Brewster angle (~57º); its reflection was collected and imaged on a camera. It was possible to observe a nearly quadratic growth of reflectance with the number of graphene layers. Also, we measured the contrast of a monolayer CVD graphene at normal incidence (using a standard optical microscope) to be 8.4%, while our Brewster angle setup yielded a contrast as high as 2900%. The method was then applied to identify few-layer flakes of different two-dimensional materials and on dielectric substrates.

References

[1] BLAKE, P. et al. Making Graphene Visible. Appl. Phys.Lett. 91, 063124 (2007). [2] SKULASON, H. S. et al. Optical Reflection and Transmission Properties of Exfoliated Graphite from a Graphene Monolayer to Several Hundred Graphene Layers. Nanotechnology 21, 295709 (2010). [3] BRUNA, M.; BORINI, S. Optical Constants of Graphene Layers in the Visible Range. Appl. Phys.Lett. 94, 031901 (2009). [4] GASKELL, P. E. et al. Counting Graphene Layers on Glass via Optical Reflection Microscopy. Appl. Phys.Lett. 94, 143101 (2009).