UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos...

121
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE KARINE GUERRA DOS SANTOS A UTILIZAÇÃO DO BLOG COMO APOIO PEDAGÓGICO NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: UM ESTUDO DE CASO São Paulo 2012

Transcript of UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos...

Page 1: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

KARINE GUERRA DOS SANTOS

A UTILIZAÇÃO DO BLOG COMO APOIO PEDAGÓGICO NO ENSINO DE

LÍNGUA INGLESA: UM ESTUDO DE CASO

São Paulo2012

Page 2: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

KARINE GUERRA DOS SANTOS

A UTILIZAÇÃO DO BLOG COMO APOIO PEDAGÓGICO NO ENSINO DE

LÍNGUA INGLESA: UM ESTUDO DE CASO

Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Letras.

Orientadora: Profa. Dra. Vera Lucia Harabagi Hanna.

São Paulo2012

Page 3: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

S237u Santos, Karine Guerra dos A utilização do blog como apoio pedagógico no ensino da língua inglesa : um estudo de caso / Karine Guerra dos Santos – São Paulo, 2012 120 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2012. Referências bibliográficas : f. 106-113.

1. Ensino e aprendizagem – Língua inglesa. 2. Blog.3. Interação. I. Título

CDD 428

Page 4: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

KARINE GUERRA DOS SANTOS

A UTILIZAÇÃO DO BLOG COMO APOIO PEDAGÓGICO NO ENSINO DE

LÍNGUA INGLESA: UM ESTUDO DE CASO

Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Letras.

Aprovada em: 15/03/2012.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________

Profa. Dra. Vera Lucia Harabagi Hanna Universidade Presbiteriana Mackenzie

___________________________________________________________________

Profa. Dra. Maria De Los Dolores Jimenez PeñaUniversidade Presbiteriana Mackenzie

___________________________________________________________________

Profa. Dra. Nancy dos Santos CasagrandePontifícia Universidade Católica de São Paulo

Page 5: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

À minha família pela confiança na realização deste trabalho; aos meus amigos pelo

constante incentivo e apoio.

Page 6: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

O ciberespaço é a principal fonte para a criação coletiva de idéias, de forma que elas sejam usadas para o bem de todos,

através da cooperação intelectual.

Page 7: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte de toda sabedoria, pela força e pela coragem que me concedeu,

permanecendo ao meu lado em toda minha vida.

À Dra. Vera Lucia Harabagi Hanna, minha imensa gratidão, por ter sido orientadora

persistente e amiga que, com diretrizes seguras, muita paciência, constante acompanhamento

e incentivo, me aceitou com todas as minhas restrições e que, com sua competência, me fez

concluir esta empreitada.

À Dra. Maria de Los Dolores Peña e à Dra. Nancy dos Santos Casagrande, pelos

comentários e sugestões apontadas no decorrer do exame de qualificação.

A todos os outros professores, que sempre nos ensinaram com tanto carinho e

competência.

Aos meus pais, Jermino Guerra dos Santos e Walquiria Pavan Sanchez Guerra dos

Santos, pela confiança, carinho, dedicação, empenho e incentivo.

Ao meu irmão, Felipe Guerra dos Santos e à sua esposa Elisana Dertinate Guerra, por

todas as palavras de apoio.

Ao meu companheiro, Sebastião Ribeiro Júnior, que sempre colaborou e me

incentivou em vários momentos de minha vida, fazendo-me repensar e prosseguir.

Aos meus amigos, que me ouviram, me aconselharam e me mostraram o caminho

certo nos momentos mais difíceis.

Ao Fundo Mackenzie de Pesquisa – MACKPESQUISA, pelo apoio financeiro

fornecido para a realização desta dissertação.

Page 8: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

RESUMO

Esta pesquisa trata-se de um estudo de caso realizado com trinta alunos que cursam

língua inglesa em uma escola de idiomas da cidade de São Paulo. Elaborou-se o planejamento

de um projeto com duração de dois meses, que visava utilizar uma ferramenta de apoio

pedagógico que fosse significativa e que o estudante tivesse a oportunidade de trabalhar com

algo que fizesse parte do seu cotidiano, além das aulas presenciais. Dessa forma, a

professora/pesquisadora criou um blog no intuito de investigar se esse ambiente virtual

contribui para o desenvolvimento e a construção do conhecimento por meio da interação e da

colaboração entre aluno/aluno e aluno/professor. Além disso, procurou-se identificar se os

vínculos afetivos colaboraram para um aprendizado significativo da língua inglesa. Para a

análise dos comentários e postagens do blog, este presente trabalho se baseou no Sócio-

interacionismo e na Abordagem Comunicativa. Após os dois meses de projeto, a investigação

indicou que o blog apresentou grande efetividade enquanto comunidade virtual de

aprendizagem, ao proporcionar a interação e a colaboração na língua-alvo entre os

participantes.

Palavras-chave: Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa; Blog; Interação.

Page 9: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

ABSTRACT

This research concerns to a case study performed with thirty students studying English

language in a language school in the city of São Paulo. It was elaborated a 2-month project

planning in order to use a significant pedagogic support tool in which the student would have

the opportunity of working with something from his daily life, in addition to face to face

class. Thus, the teacher/researcher has created a blog to investigate if this virtual environment

would contribute for the development and construction of knowledge through interaction with

and collaboration between student/student and student/teacher. Furthermore, this study aims

identifying if the affective ties would collaborate to a significant learning of English

Language. For analyzing the comments and posts from the blog, this research was based on

Socio-interactionism and on the Communicative Approach. After two months of project

performance, the investigation showed the blog was very efficient as a virtual learning

community by propitiating the interaction and to the project attendants in target-language.

Keywords: Teaching and Learning of English Language; Blog; Interaction.

Page 10: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1. Menu principal do CD-ROM que acompanha o livro SKILLPLUS 4 (Student’s book – livro do aluno)..........................................................................................................41Figura 3.1. Perfil de um usuário do Facebook......................................................................53Figura 3.2. Página inicial do site Flickr................................................................................54Figura 3.3. Página inicial do site Lastfm...............................................................................54Figura 3.4. Página inicial de um usuário do Twitter.............................................................55Figura 3.5. Página inicial do site Youtube............................................................................56Figura 3.6. Página inicial do site Wikipedia.........................................................................56Figura 3.7. Barra de endereços.............................................................................................61Figura 3.8. Página inicial do Blogger...................................................................................62Figura 3.9. Acesso ao Blogger.............................................................................................62Figura 3.10. Criação de uma conta do Google......................................................................63Figura 3.11. Criação do nome do blog.................................................................................63Figura 3.12. Modelos de blog...............................................................................................64Figura 3.13. O blog está pronto............................................................................................65Figura 3.14. Fazendo uma postagem....................................................................................65Figura 3.15. Postagem publicada.........................................................................................66Figura 4.1. Acesso ao blog...................................................................................................76Figura 4.2. Nome do blog....................................................................................................77Figura 4.3. Descrição do blog..............................................................................................78Figura 4.4. Páginas do blog..................................................................................................79Figura 4.5. Página “About”..................................................................................................79Figura 4.6. Página “Contact us”...........................................................................................80Figura 4.7. Reações..............................................................................................................81Figura 4.8. Visibilidade do blog...........................................................................................82Figura 4.9. Useful Websites..................................................................................................83Figura 4.10. Twitter Updates................................................................................................84Figura 4.11. Post sem comentários.....................................................................................100Figura 4.12. Visualizações de página do blog por país, navegador e sistema operacional. . .102

Page 11: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1. Estatísticas do blog...........................................................................................102

Page 12: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................ 12 CAPÍTULO 1 – OS NOVOS SABERES NA ERA DA INFORMÁTICA .............................. 15

1.1. Séculos XX e XXI: novos hábitos, valores e comportamentos ..................................... 15 1.2. Novos saberes na educação ............................................................................................ 20

1.2.1. Aprendizagem colaborativa: caminho para a interação .......................................... 22 1.2.2. O uso do blog no construto do processo ensino e aprendizagem ............................ 23

CAPÍTULO 2 – ESTUDO DIACRÔNICO DO ENSINO DE LÍNGUAS: DO MÉTODO TRADICIONAL AO USO DO COMPUTADOR ................................................................... 26

2.1. Métodos de ensino e aprendizagem de língua estrangeira ............................................. 28 2.1.1 Abordagem Comunicativa e Sociointeracional ........................................................ 32

2.2. CALL: Aprendizagem de Línguas Mediada por Computador ...................................... 37 CAPÍTULO 3 – TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO ..................................................................................................................... 45

3.1. O advento do microcomputador e da Internet................................................................ 47 3.1.1. O uso do computador no âmbito escolar ................................................................. 48 3.1.2. O uso da Internet no âmbito escolar ........................................................................ 50

3.2. A evolução da Internet: da Web 1.0 a Web 3.0 ............................................................. 52 3.3. Weblogs: história e definição ........................................................................................ 58

3.3.1. O processo de criação de um blog: o uso do Blogger ............................................. 60 3.4. O potencial educativo dos blogs .................................................................................... 66

CAPÍTULO 4 – O BLOG COMO APOIO PEDAGÓGICO NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRÁTICA ..................................... 71

4.1. O método da pesquisa .................................................................................................... 71 4.2. O contexto e a elaboração da pesquisa .......................................................................... 72 4.3. Criação e descrição do blog Sport Lovers ..................................................................... 75

4.3.1. Acesso ao blog ........................................................................................................ 75 4.3.2. Nome do blog .......................................................................................................... 76 4.3.3. Descrição do blog .................................................................................................... 77 4.3.4. Páginas do blog ....................................................................................................... 78 4.3.5. Ícones de reação ...................................................................................................... 80 4.3.6. Visibilidade do blog ................................................................................................ 81 4.3.7. Useful Websites ...................................................................................................... 82 4.3.8. Twitter updates ........................................................................................................ 83

4.4. Interações no blog Sport Lovers .................................................................................... 84 4.4.1. O diálogo entre professor e aluno: estratégias de interação .................................... 85 4.4.2. Quantidade de comentários ..................................................................................... 93 4.4.3. Estatísticas do blog ................................................................................................ 101

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 103 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 106 REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS ......................................................................................... 111 GLOSSÁRIO .......................................................................................................................... 114 ANEXO A .............................................................................................................................. 118

Page 13: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

12

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Os avanços tecnológicos na área de Tecnologias da Informação e da Comunicação

(TIC), mais especificamente a Internet, atingem o cotidiano das pessoas das maneiras mais

diversas. As crianças desde muito cedo utilizam a Internet para brincar, adquirir e

compartilhar informações, interagir e estudar. Por diversos motivos, além desses, é que se viu

a necessidade da implantação da rede mundial de computadores também na educação.

Em cursos regulares, em cursos livres, dentre eles os de idiomas, é comum, além do

livro, a utilização de ferramentas tecnológicas como material de apoio, principalmente porque

estas fazem parte da rotina do aluno.

No entanto, do ponto de vista metodológico, deve haver uma justificativa para o uso

dessas novas tecnologias; o professor não pode usá-las de maneira arbitrária, pois um recurso

da web não auxilia o professor de maneira satisfatória se este não tiver um planejamento com

objetivos de ensino claros. (TALLEI, 2011). Desta forma, o educador deve ter como objetivo

primeiro elaborar projetos que levem os alunos a um aprendizado mais significativo,

colaborativo, interativo e autônomo, para que, assim, o apoio tecnológico seja favorável à

educação.

Os ambientes virtuais apresentam-se como um recurso para a área educacional por

oferecer a possibilidade de trazer a realidade do aluno para o âmbito escolar ou, melhor ainda,

de levar o conhecimento que até então permanecia apenas dentro da sala de aula para fora dos

muros da escola. O ambiente virtual escolhido foi o blog, por ser de fácil acesso, gratuito e

ainda por fazer parte do universo dos jovens.

Além disso, escolheu-se esse ambiente virtual, uma vez que na sala de aula, a

interação entre aluno/aluno e aluno/professor é muito importante, pois assim acontece uma

aprendizagem colaborativa e significativa. Nesse sentido, esta pesquisa optou pela

investigação de um recurso de apoio pedagógico que ajudasse a despertar o interesse dos

educandos e evitasse aulas presenciais repetitivas e monótonas.

O objetivo geral desta pesquisa é investigar a contribuição do blog para o

desenvolvimento e construção do conhecimento por meio da interação e da colaboração entre

aluno/aluno e aluno/professor em cursos de língua inglesa, com base no Sóciointeracionismo

e na Abordagem Comunicativa e os objetivos específicos são: identificar se o vínculo virtual

Page 14: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

13

possibilita o fortalecimento do vínculo presencial e, também, se há construção do

conhecimento de forma colaborativa.

Isso posto, em uma escola de idiomas, elaborou-se o planejamento de um projeto de

ensino de inglês, que visava aumentar a interação e a colaboração como estratégias de ensino

e aprendizagem – não apenas isso, mas ainda utilizar uma ferramenta de apoio pedagógico

que fosse significativa e cujo uso levasse o aluno a trabalhar com algo que fizesse parte do seu

cotidiano para além das aulas presenciais. O tema “esportes”, assunto tratado em algumas

unidades do livro adotado, foi escolhido em conjunto com os aprendizes.

Cursos e disciplinas são oferecidos em rede, possibilitando a interação e cooperação

entre alunos e instituições do país e do mundo. Dessa forma, surgem novos tipos de estruturas

grupais de ensino: grupos formados por alunos e professores com interesses e opiniões em

comum discutindo temas diversos, no intuito de aprofundar seus conhecimentos juntos.

(KENSKI, 2010). Por isso, pode-se mostrar um dos motivos que levou a elaborar esta

pesquisa: alunos distintos, com interesses em comum, tentando compartilhar o conhecimento.

Como é sabido, a Internet tem a maior parte de suas páginas em inglês; assim, a

proposta de incluir a rede mundial de computadores no ensino de idiomas é oportuna, pois

apresenta aos estudantes um conhecimento de aplicação imediata de situações reais de

aprendizagem.

Acredita-se também que a pesquisa seja relevante, pois o uso de blogs como apoio

pedagógico no ensino de língua inglesa é um tema cada vez mais recorrente em congressos e

palestras. É válido considerar que, na Internet, são encontrados sites de qualidade dedicados a

pesquisas relativas ao ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, razão pela qual esta

pesquisa se utilizou de uma divisão entre as referências bibliográficas e as eletrônicas.

Delimitando o problema de pesquisa, planejou-se um projeto com alunos de nível

intermediário, que ocorreu entre os dias 5 de setembro e 5 de novembro de 2011, em uma

escola de idiomas situada na cidade de São Paulo. Participaram do estudo a pesquisadora e

trinta estudantes, na faixa etária entre quinze e vinte anos.

Para isso, esta pesquisa se baseou nas teorias de cunho qualitativo. Esse é um estudo

em que os resultados obtidos se dão a partir de uma experiência, ou seja, é uma pesquisa que

trabalha com descrições, comparações, interpretações, com o aprofundamento da

compreensão de um determinado grupo e não com representações numéricas. (LÜDKE e

Page 15: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

14

ANDRÉ, 1986). Uma investigação qualitativa é uma investigação descritiva, na qual os dados

são recolhidos em forma de palavras ou imagens e não de números. Esse estudo particular é

marcado pelo lugar sócio-histórico do pesquisador e do pesquisado. É uma investigação

dentro de um contexto da vida real. (BODGAN e BIKLIN, 1994)

Sob essas perspectivas, a presente pesquisa está estruturada em quatro capítulos: o

primeiro capítulo elucida como as pessoas estão mudando sua maneira de pensar e agir após o

advento da Internet e, também, apresenta as expectativas da escola em utilizar o computador

no processo de ensino e aprendizagem: as formas que a Internet auxilia para haver uma

aprendizagem colaborativa e interativa por meio do blog.

No capítulo dois, são apresentados alguns métodos e abordagens já utilizados no

ensino de línguas, dando ênfase à Abordagem Comunicativa e à Abordagem

Sóciointeracionista, pois a escola de idiomas aqui analisada adota essas metodologias. Ainda

neste capítulo, é apresentado como o computador e suas ferramentas foram inseridos no

ensino de idiomas.

No terceiro capítulo, busca-se indicar alguns aspectos relevantes que permeiam as TIC

e como estas têm sido utilizadas no âmbito educacional, enfatizando o potencial pedagógico

do blog.

No último capítulo, são descritos e analisados o contexto e a elaboração do blog e são

apresentadas as análises feitas sobre as diferentes formas de interação encontradas no blog

desenvolvido pela professora e seus alunos. Além disso, disponibilizam-se, nos anexos desta

pesquisa, as orientações do projeto entregue aos estudantes.

Devido à atualidade do tema desta pesquisa e da existência, nela, de alguns termos

próprios da área da informática, encontra-se disponível, ao final deste trabalho, um glossário

de termos tecnológicos.

Page 16: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

15

CAPÍTULO 1 – OS NOVOS SABERES NA ERA DA INFORMÁTICA

“A evolução tecnológica não se restringe apenas aos novos usos de determinados equipamentos e produtos. Ela altera comportamento. A ampliação e a banalização do uso de determinada tecnologia impõem-se à cultura existente e transformam não apenas o comportamento individual, mas o de todo o grupo social. (...) O homem transita culturalmente mediado pelas tecnologias que lhe são contemporâneas. Elas transformam suas maneiras de pensar, sentir, agir. Mudam também suas formas de se comunicar e de adquirir conhecimentos.” (Vani Moreira Kenski)

1.1. Séculos XX e XXI: novos hábitos, valores e comportamentos

Em âmbito mundial, até perto do final da segunda década do século XX, para obterem

informação sobre os acontecimentos do mundo, grande número de pessoas tinham o hábito de

ficar à janela ou ir às ruas, onde podiam conversar com vizinhos e viajantes. Mas havia

também, evidentemente, outros meios de informação, os principais sendo o rádio e o jornal, o

primeiro muito mais acessível, pois a linguagem oral que caracteriza esse veículo atingia

todas as camadas sociais, diferentemente do jornal, buscado apenas pela população que

dominava a escrita alfabética. Na esfera nacional, os hábitos mais populares perduraram até

mais tarde, pois o rádio permaneceu como mídia predominante até o final da década de 40,

que fecha o período iniciado em 1919 e 1940 e conhecido como a “Era do Rádio”.

Com o advento da televisão, o acesso às informações passou a ser mais rápido,

podendo, muitas vezes, ocorrer em tempo real, e simultaneamente, em todos os cantos do

mundo. Com o passar dos anos, cidadãos de todas as classes sociais foram adquirindo

condições de comprar seu próprio aparelho de TV, e isso fez desse veículo de comunicação e

informação parte essencial do cotidiano das pessoas, independentemente da sua classe social

ou de seu nível sócio-econômico.

A incorporação dessa mídia à vida social chegou a tal ponto que, atualmente, é comum

ver pessoas vestindo as mesmas roupas de apresentadores de programas televisivos,

incorporando hábitos, valores e comportamentos de personagens de novela. De acordo com

Kenski, em seu livro Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância, os indivíduos “não

conseguem mais viver distantes da televisão e assimilam acriticamente tudo o que é ali

veiculado” (2010, p.24). A autora cita programas de reality show, como, por exemplo, o Big

Brother Brasil, que aproxima a ficção da realidade a ponto de acabar influenciando no

Page 17: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

16

comportamento da população: “A exibição da performance das pessoas (...) diante da tela

confunde os pensamentos, os sentimentos, os julgamentos e as ações dos telespectadores.”

(p.25). Enfim, é possível constatar que, ao longo dos anos, a televisão vem agindo de forma

profunda e irreversível sobre a forma com que os cidadãos pensam, sentem e agem.

No Brasil, o ano de 1950 marcou a introdução da televisão no país, e sua ascendência

sobre o grande público foi, desde então, ininterrupta. Hoje, no entanto, a Internet é que está

gerando alterações ainda mais profundas e mais diversas na sociedade – diferentes das

provocadas pela televisão. Por meio da rede mundial de computadores, é possível saber de

tudo o que acontece em todos os lugares do mundo – tal como ocorria com a TV, porém em

uma velocidade muito maior. Além disso, a Internet também está provocando transformações

no pensamento e comportamento das pessoas, conforme passa a fazer parte do seu cotidiano.

Na verdade, segundo constata Kenski (2010), mídias como a televisão e a Internet já estão tão

incorporadas à sociedade que não são mais consideradas tecnologias: “Para seus frequentes

usuários, [as mídias] não são mais vistas como tecnologias, mas como complementos, como

companhias, como continuação de seu espaço de vida.” (p.25). Vive-se, então, com a Internet,

um novo momento tecnológico, um momento sem precedentes, como afirma Lévy (2000),

momento esse em que se ampliam ainda mais as possibilidades de comunicação e informação.

Como a velocidade das mudanças e evoluções na área das tecnologias acontece de

forma demasiado intensa e com tamanha rapidez, é necessário que o homem permaneça em

constante processo de atualização – só assim conseguirá acompanhá-las. Porém esse requisito

nem sempre é facilmente preenchido. Todos os anos criam-se equipamentos novos e

aperfeiçoam-se antigos, que nem sempre são facilmente acessíveis a todas as classes sociais.

“A democratização do acesso a esses produtos tecnológicos (...) é um grande desafio para a

sociedade atual e demanda esforços e mudanças nas esferas econômicas e educacionais de

forma ampla.” (KENSKI, 2010, p. 26). Em relação à educação, essa rápida evolução dos

recursos tecnológicos gera polêmica, pois gasta-se muito dinheiro em novos equipamentos

que em pouco tempo ficarão defasados.

Assim, de um lado, tem-se uma grande dificuldade em acompanhar a evolução dos

equipamentos e, no caso dos computadores, de dominar os softwares que são constantemente

superados por versões mais avançadas. Por outro lado, o acesso a novas tecnologias está hoje

cada vez mais fácil e menos dispendioso. Pode-se, por exemplo, comprar um telefone celular

ou um computador por um preço bem mais acessível que há dez anos. Com a difusão da

Page 18: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

17

tecnologia, a comunicação e a informação também ficaram mais acessíveis. Por exemplo,

antes da invenção da Internet e suas ferramentas, levava-se algum tempo para se enviar uma

correspondência. Atualmente, utilizando os e-mails (correios eletrônicos), em apenas minutos

é possível haver a troca de informações – basta que ambos os usuários estejam online

(conectados à Internet). Outro exemplo é o uso de telefones celulares; até sua invenção, era

preciso um telefone fixo para que as pessoas pudessem se comunicar. Se elas estivessem em

lugares, como em um carro ou um ônibus, por exemplo, qualquer troca de informações ficaria

impossível. Com o uso das tecnologias eletrônicas, a comunicação entre as pessoas se tornou

mais fácil e mais frequente, até mesmo em níveis interestaduais ou internacionais. Esse é um

dos fatores determinantes e esclarecedores das alterações provocadas pelas novas tecnologias

nas ações cotidianas das pessoas.

Antes da invenção do computador e da Internet, os estudantes tinham acesso às

informações prioritariamente no ambiente escolar – na sala de aula, na biblioteca ou no

laboratório. Na atualidade, eles podem adquirir informação sem precisarem sequer sair de

casa - ou seja, para aprender não há necessidade de os alunos se deslocarem fisicamente até o

espaço físico da escola. De acordo com Kenski (2010), o que se desloca é a informação, seja

no espaço, seja no tempo, isto é, podem-se acessar as tecnologias midiáticas de qualquer lugar

e se pode obter qualquer tipo de informação de maneira eficiente e eficaz. A autora ainda

acrescenta que, graças às novas tecnologias, puderam surgir as escolas virtuais, que

constituem uma nova opção de acesso à aprendizagem, disponível para um grande

contingente de pessoas impossibilitadas de estudar nas instituições tradicionais de ensino:

As variadas possibilidades de acesso à informação e à interação proporcionadas pelas novas tecnologias viabilizam o aparecimento das escolas virtuais, modalidade de ensino a distância para todos os níveis e todos os assuntos. (...) Todos os alunos virtuais se integram entre si, independentemente da proximidade física. (2010, p.33)

Sobre o saber, Lévy (1993) afirma que há três tipos de sociedade de linguagem: a oral,

a escrita e a digital. Cada uma delas surgiu em épocas diferentes, mas todas elas coexistem na

sociedade atualmente. De acordo com o filósofo, a aquisição do conhecimento pela linguagem

oral é a mais antiga e até hoje é a mais utilizada pelo homem. Desde o início da civilização,

para que houvesse comunicação pela oralidade, era necessário que os integrantes do grupo

estivessem espacialmente próximos, em um espaço limitado. Nesse sentido, Lévy afirma que

“os membros das sociedades orais exploraram ao máximo o único instrumento de que

dispunham” (1993, p.77), pois, na forma de histórias de seus ancestrais e de cantigas, o

Page 19: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

18

conhecimento preservado pela memória era transmitido oralmente, de geração em geração,

em um processo de repetição. Portanto, a aquisição do conhecimento na sociedade oral se dá

por meio da repetição e da memorização.

Na sociedade da escrita, de acordo com Lévy, a forma de aquisição do conhecimento é

diferente, pois há a necessidade de compreensão daquilo que está escrito, uma vez que existe

uma distância entre o escritor e o leitor. Os conhecimentos são adquiridos de acordo com a

compreensão de cada leitor, dependendo do momento e contexto em que determinada leitura é

feita. Em outras palavras, o momento em que o leitor lê um texto não é o mesmo em que foi

produzido; então, cada um compreende o que foi lido de acordo com o conhecimento de

mundo que possui. Todavia, de acordo com Kenski (2010), aqueles que não sabem ler, os

analfabetos, são excluídos dessa sociedade, legitimando o conhecimento, poder e ascensão

social daqueles que sabem.

A linguagem digital, por sua vez, é adquirida no espaço das tecnologias de informação

e de comunicação (TIC). Nota-se, nos últimos anos, com o grande avanço das tecnologias

eletrônicas, que as pessoas puderam se comunicar e adquirir informação de diferentes

maneiras. Por meio das NTIC, também, surge uma nova maneira de se comunicar, uma

mistura do texto oral com o escrito. Um exemplo de linguagem digital é o comunicador MSN

Messenger. O usuário, conectado à Internet, instala esse programa em seu computador e

interage com outros que também estão conectados. A comunicação se dá em tempo real. Os

usuários, na maioria das vezes, utilizam uma linguagem que não é a mais adequada em termos

gramaticais e ortográficos da língua, mas uma que se aproxima da oral, usando uma

linguagem escrita, mais informal, com onomatopéias, como, “oh”, para demonstrar surpresa;

gírias, como, me add, para pedir que o outro usuário o adicione. É interessante observar que

add é uma palavra de origem inglesa que significa “adicionar”, que usuários brasileiros

incorporaram na linguagem digital; e acrônimos, como, por exemplo, ASAP, em inglês, as

soon as possible, ou, em português, “assim que possível” e, também, “vc”, abreviação de

“você”. Entretanto, é válido ressaltar que essa forma de linguagem não exclui ou se opõe às

outras formas de aquisição de conhecimento. Kenski (2010) destaca que os sentidos humanos

(a audição, a visão, a emoção...) são cada vez mais exigidos na linguagem digital para que as

“mensagens multimidiáticas1” possam ser compreendidas.

1 Por “mensagens multimidiáticas”, Kensi se refere às mensagens em que há a junção da informática com elementos audiovisuais.

Page 20: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

19

Todas essas evoluções tecnológicas deixam a sociedade cada vez mais imediatista.

Graças à Internet, as pessoas têm acesso a qualquer tipo de informação em fração de

segundos, basta acessarem algum site de pesquisa, como o Google, e digitarem, no local

indicado, o assunto de interesse. Em poucos segundos, uma infinidade de sites ficam

disponíveis para que o usuário possa fazer sua pesquisa. Com os mais jovens, que já nasceram

em contato com a rede mundial de computadores, ou, com o que o Lévy chama de

ciberespaço, não é diferente, por isso o ensino tradicional está ficando cada vez mais

monótono para a maioria deles. Segundo Lévy (2000, p.169), “Os indivíduos toleram cada

vez menos seguir cursos uniformes ou rígidos que não correspondem às suas necessidades

reais e à especificidade de seu trajeto de vida.”. O filósofo também afirma que as escolas

estão disponibilizando cada vez mais o acesso à Internet aos seus alunos, pois, assim, os

educandos podem ter acesso infinito à informação de maneira muito mais rápida, podendo

compartilhar os saberes adquiridos com usuários do mundo inteiro.

Com efeito, a Internet tem aberto novas possibilidades também à educação. Como se

disse, os alunos podem buscar informações em diversas fontes, as quais lhes permitem

compartilhar informação e conhecimento com outros alunos de outras escolas, outros estados

ou, até mesmo, com outros países. De acordo com a revista Veja, de 20 de julho de 2011, no

artigo “Um novo idioma a um clique”2, a autora Helena Borges afirma que cada vez mais as

pessoas estão procurando cursos de idiomas online, pois não têm tempo, dinheiro ou interesse

de frequentar cursos tradicionais. A jornalista cita indivíduos de diferentes lugares do mundo,

que se conhecem através de redes sociais e utilizam comunicadores como o Skype para

ensinar e aprender uma língua estrangeira. Dessa forma, os cidadãos podem obter mais

informações em menos tempo.

Por outro lado, nota-se que o fácil acesso à informação fez com que, não somente os

alunos, mas os cidadãos em geral ficassem “webdependentes”, como afirma Kenski (2010).

Viabilizar-se como espaço crítico em relação ao uso e à apropriação dessas tecnologias de comunicação e informação. Reconhecer sua importância e sua interferência no modo de ser e de agir das pessoas e na própria maneira de se comportarem diante de seu grupo social, como cidadãs. (...) Desenvolver a consciência crítica e fortalecer a identidade das pessoas e dos grupos são desafios atuais a ser enfrentados por todos nós, professores. (KENSKI, 2010, p.25)

2BORGES, Helena. Um Novo Idioma a um Clique. In: Revista Veja edição 2226, 16 de julho de 2011, p. 118 e 119. Também disponível em: <http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx>. Acesso em: 9 out. 2011.

Page 21: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

20

De acordo com a autora, fazer com que os alunos utilizem essas tecnologias

adequadamente, despertando seu senso crítico para que se tornem futuros cidadãos atuantes na

sociedade, são os grandes desafios da escola e dos professores para o século XXI.

1.2. Novos saberes na educação

Segundo Kenski (2010, p.91), “estamos vivenciando um momento de transição social

que reflete em mudanças significativas na forma de pensar e fazer educação.”, ou seja, a

forma com que os cidadãos fazem uso das tecnologias para obter informação está sendo

refletida não somente no comportamento, valores e hábitos da sociedade, mas também na

forma de ensinar. O amplo acesso e uso das tecnologias condicionam a modificação dos

currículos, dos modos de gestão e das metodologias de ensino.

De acordo com a autora, “não se trata, portanto, de adaptar as formas tradicionais de

ensino aos novos equipamentos ou vice-versa.” (p. 92). Trata-se, na verdade, de um novo

estilo de pedagogia, que favoreça os aprendizados personalizados e cooperativos em rede.

Professores e gestores devem estar familiarizados com as novas tecnologias e suas

possibilidades pedagógicas, pois, para que haja o oferecimento de um curso ou disciplina,

deve haver um planejamento didático do qual alunos e professores possam participar ativa e

cooperativamente.

Para Kenski (2010, p.93), o professor exerce uma nova função nessa sociedade da

informação: a de participante. Junto com os alunos, formam uma “equipe de trabalho”,

colaborando mutuamente.

Cursos e disciplinas são oferecidos em rede (a distância ou semipresenciais),

possibilitando a interação e cooperação entre alunos e instituições do país e do mundo. Dessa

forma, surgem novos tipos de estruturas grupais de ensino: grupos formados por alunos e

professores que têm interesses e opiniões em comum sobre diferentes temas. Kenski (2010, p.

93) afirma que “muitas vezes esses grupos se originam de turmas tradicionais, formadas por

alunos e professores que participam da mesma disciplina e que querem continuar juntos,

aprofundando seus conhecimentos no assunto.”.

O uso das tecnologias com esses grupos de alunos dá um novo caráter às aulas. Em

primeiro lugar, pela relativização do tempo e do espaço para aprender, uma vez que alunos e

Page 22: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

21

professor podem desenvolver suas atividades em diferentes lugares e horários. Além disso, os

ambientes virtuais proporcionam um espaço de inclusão, pois permitem que os

impossibilitados de acesso ao ensino escolar, como, por exemplo, os portadores de deficiência

e os hospitalizados, possam participar, interagir, colaborar e aprender mesmo que a distância.

A utilização das múltiplas formas de interação e comunicação via rede faz com que os

alunos se envolvam mais com sua própria aprendizagem e tenham um comprometimento

social, “garantindo a formação do cidadão participativo e comprometido com a melhoria da

sua aprendizagem e do grupo social”. (KENSKI, 2010, p.94). Todavia, para que esse

propósito seja alcançado, a autora afirma que “é preciso que ocorra uma profunda,

significativa e absoluta “mudança institucional” nos sistemas e esferas educacionais.” (p.94),

com uma política e gestão educacional democrática e com a valorização do professor, a quem

devem ser oferecidas condições de aperfeiçoamento e atualização.

Além disso, a autora afirma que algumas práticas democráticas, como a autonomia, a

responsabilidade, a participação e a qualidade de ensino são construídas coletivamente.

Kenski (2010, p.95-96) destaca alguns pontos prioritários sobre essas práticas:

Acesso à educação de maneira ampla e de diversas formas: não é o aluno que vai ao encontro da escola, mas é a escola, em suas múltiplas formas, que vai ao encontro do aluno;

Elaboração de programas com amplo alcance aos cidadãos e estímulo a participação da sociedade como um todo;

Reorganização estrutural do sistema e das instituições de ensino para atender todas as novas necessidades sociais, políticas e econômicas;

Formação e aperfeiçoamento dos professores e profissionais de outras áreas educacionais, para uma atuação que visa o desenvolvimento crítico do cidadão;

A educação vista como um processo de ensino que busca o fortalecimento da pessoa, sua participação social, a visão crítica diante do mundo, o autoconhecimento e sua autonomia na construção e na busca do conhecimento;

Fortalecimento das identidades individual e grupal;

Interconexão entre redes de escolas e demais organizações sociais no intuito de oferecer umas às outras e à comunidade possibilidades diferenciadas de ensino, para que todos aprendam a participar, a dar posições e opiniões, a decidir, a pensar coletivamente e a respeitar as diferenças pessoais e sociais (LÉVY, 1999 apud KENSKI, 2010, p.96);

Elaboração de projetos de escola com base no aprendizado coletivo e participativo que sirva para a criação, a compreensão e a ação de um novo agir em relação à educação e à vida;

Elaboração de um projeto de ensino construído de forma participativa e coletiva, de forma que não haja excludentes.

Page 23: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

22

Como se pode notar, esses são alguns objetivos para uma política e gestão educacional

democráticas que, postos em prática, possibilitam o desenvolvimento do indivíduo na

sociedade contemporânea. Dessa forma, as instituições de ensino orientam o aluno a se tornar

um cidadão preocupado em diminuir as desigualdades sociais e em oferecer iguais

possibilidades de acesso a um ensino de qualidade.

1.2.1. Aprendizagem colaborativa: caminho para a interação

Diversas são as discussões trazidas pelos pesquisadores que abordam os estudos

referentes às novas tecnologias e educação, em especial no processo de ensino e

aprendizagem. Masetto (2000) expõe como é fundamental a autoaprendizagem, em que o

aluno constrói o conhecimento por si só, tendo autonomia em seu processo de aprendizagem e

a interaprendizagem, em que o conhecimento é construído em conjunto, com o professor ou

com outro aluno, tornando a aprendizagem colaborativa.

As definições relativas à aprendizagem colaborativa são vastas, mas se baseará nas de

Figueiredo (2006), o qual ressalta que esse tipo de aprendizagem possibilita que os alunos

aprendam, ou, pelo menos, tentem aprender de maneira conjunta por meio do computador,

favorecendo a interação e autonomia do aprendiz.

a aprendizagem colaborativa é uma abordagem construtivista, que se refere, grosso modo, a situações educacionais em que duas ou mais pessoas aprendem ou tentam aprender algo juntas, seja por meio de interações em sala de aula ou fora dela, seja por intermédio de interações mediadas pelo computador (DILLENBOURG, 1999), cuja ênfase recai na co-construção do conhecimento dentro e a partir dessas interações. (FIGUEIREDO, 2006, p. 12; grifo do autor)

Esse processo de colaboração faz com que haja troca de informações entre os

educandos, capacitando-os a fazer descobertas e, também, repassá-las aos outros.

A interação em sala de aula é uma das propostas de maior observação acerca do

aprendizado. Figueiredo (2006) afirma que, na construção do conhecimento de uma segunda

língua, devem-se proporcionar aos alunos situações de interação frequente e extensa na língua

alvo, oportunidades favorecidas por um modelo de ensino que promova a aprendizagem

colaborativa. O autor também ressalta que o mais importante na aprendizagem colaborativa

Page 24: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

23

não é o sucesso do grupo em realizar a atividade proposta, mas a construção do conhecimento,

que é dada por meio de trocas de informações entre os integrantes do grupo.

Figueiredo (2006) destaca duas situações relevantes no processo de ensino e

aprendizagem: uma delas é a importância que o professor tem perante a aprendizagem

colaborativa, a de papel de mediador, colaborador de um apoio cognitivo afetivo para o aluno.

A outra é a aprendizagem colaborativa no meio virtual, pois, segundo o autor, a interação

mediada pelo computador é uma forma a mais de socialização. Diz o autor:

algumas vantagens do meio eletrônico são, por exemplo, o rompimento de limitações espaciais e temporais, propiciando o acesso a um grande número de participantes para interagir, o que faz com que a aprendizagem seja favorecida pelas trocas interacionais e pela colaboração entre os participantes. (FIGUEIREDO, 2006, p. 28).

Esse processo de aprendizagem colaborativa mostra que o aprendizado pode acontecer

de forma prazerosa e nem sempre necessita ser dentro do âmbito escolar. O professor pode

conduzir seus alunos a espaços onde a construção do conhecimento pode ser feita por meio da

interação. Nessa perspectiva, apresentar-se-á um trabalho com alunos de uma escola de

idiomas da cidade de São Paulo, utilizando o blog no ensino de língua inglesa, no intuito de

avaliar se essa ferramenta tecnológica auxilia na interação entre alunos e professores.

1.2.2. O uso do blog no construto do processo ensino e aprendizagem

Segundo Oliveira e Cardoso (2009), o uso do computador e da Internet como meios

pedagógicos que levam ao aprendizado de uma língua estrangeira proporciona um

aprendizado significativo e sem constrangimentos ao educando.

No caso desta pesquisa, para que fosse possível criar um espaço no qual os alunos

pudessem aprender de forma prazerosa, registrar os acontecimentos desse aprendizado e

também observar o processo de interação entre os alunos e professor, é que se escolheu a

ferramenta blog, uma vez que:

O blog é um espaço de interação que possibilita a construção coletiva do conhecimento, visto que o aluno/professor poderá postar textos que serão lidos e comentados pelos demais participantes do curso. Nada mais é do que uma pagina da web onde os posts (textos) são apresentados em ordem

Page 25: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

24

cronológica inversa. (SILVA; CAVALCANTE, 2009, p. 7-8, grifo do autor).

A partir desta definição de blog, que ressalta a construção coletiva do conhecimento, é

que os objetivos desta pesquisa foram embasados: utilizar uma ferramenta em que todos do

curso pudessem participar, no intuito de avaliar se há interação entre alunos e professor e,

dessa forma, se há construção do conhecimento de forma colaborativa.

Em relação aos blogs, Oliveira e Cardoso (2009) afirmam que a aprendizagem pode se

dar de forma colaborativa e que essa ferramenta pode ser acessível a diferentes grupos etários

e em diversas fases do desenvolvimento educativo:

os blogues podem ser ferramentas educativas eficazes uma vez que promovem a literacia3 verbal e visual, possibilitam a aprendizagem colaborativa e estão acessíveis de igual modo a vários grupos etários e fases de desenvolvimento educativo (HUFFAKER, 2005). É neste contexto que os blogues aparecem como ferramentas de eleição no ensino das línguas estrangeiras permitindo a participação activa dos alunos, a interacção e colaboração entre os pares e a comunicação intercultural autêntica com nativos, neste caso da língua inglesa, geográfica, e até culturalmente, distantes. (p. 88).

Dessa forma, os blogs são utilizados no processo de ensino e aprendizagem de uma

língua estrangeira, uma vez que a interação pode ser estabelecida por qualquer usuário

conectado à Internet. Nessa visão dos autores, pode-se acrescentar que os blogs oferecem

modos alternativos de ensino e possibilitam uma nova e interessante abordagem da

aprendizagem comunicativa de línguas, oferecendo ao aluno uma nova razão para gostar da

leitura e da escrita e também corroborar o que já foi mencionado anteriormente, sobre a

aprendizagem colaborativa, a qual leva o educando à interação e a um aprendizado

significativo.

Sabe-se que o termo blog surgiu no final de 1997, cunhado por Jorn Barger para

descrever sites pessoais, cujas alterações aconteciam a cada dia, como se fossem um diário

eletrônico. Na verdade, o termo surgiu a partir de duas palavras - Web e log (Weblog) -, e cabe

salientar que:

3 Segundo os autores, literacia é ser capaz de perceber bem ideias novas para usá-las quando necessário. Saber como aprender.

Page 26: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

25

os blogs têm uma história própria, uma função específica e uma estrutura que os caracteriza como um gênero, embora extremamente variados nas peças textuais que albergam. Hoje são praticados em grande escala e estão fadados a se tornarem cada vez mais populares pelo enorme apelo pessoal. (MARCUSCHI, 2005, p. 60; grifo do autor).

Convém destacar que o uso maciço dos blogs vem substituindo os sites e vêm

funcionando como uma ferramenta pedagógica e até mesmo como um meio de divulgação e

postagem das atividades propostas em sala de aula e, nesse sentido, acabam assumindo o

papel de uma agenda eletrônica4.

Ao longo deste capítulo, procurou-se elucidar como as pessoas estão mudando sua

maneira de pensar e agir após o advento da Internet. Além disso, buscou-se apresentar quais

são as expectativas da escola ao utilizar o computador no processo de ensino e aprendizagem,

de quais formas a Internet pode auxiliar para que haja uma aprendizagem colaborativa e

interativa e como o blog é visto nessa perspectiva. A seguir, apresentar-se-á um estudo

diacrônico sobre os principais métodos e abordagens utilizados no ensino de línguas

estrangeiras e também sobre o uso do computador como ferramenta de apoio na aprendizagem

de línguas.

4 Abordar-se-á mais detalhadamente o que é e quais são as características de um blog no capítulo 3 desta pesquisa.

Page 27: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

26

CAPÍTULO 2 – ESTUDO DIACRÔNICO DO ENSINO DE LÍNGUAS: DO

MÉTODO TRADICIONAL AO USO DO COMPUTADOR

“Primeiro, tivemos aquela [concepção de ensino] baseada em gramática e tradução. Depois, caminhamos para o método audiolingual, embasado na repetição oral e com orientação behaviorista. Daí em diante, apareceram iniciativas soltas: método funcional (...), método situacional (...). Todos, no fundo, se tratavam de audiolinguais disfarçados, já que a condução em sala também se dava pela repetição. Mais tarde, surgiu a abordagem comunicativa, por meio da qual não se pode usar a primeira língua, só a estrangeira. Essa foi a grande revolução do fim do século 19.” (Antonieta Celani)

Antes do advento da Internet, os livros didáticos eram o meio mais utilizado no

processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira. Hoje em dia, embora não

substitua os livros, a Internet auxilia o aluno e o professor no processo educacional.

Para que se aborde a Internet como ferramenta de apoio na interação em língua

inglesa, faz-se necessário um estudo diacrônico dos métodos mais usados entre os séculos

XVIII e XX no ensino de línguas. Todavia, antes que se fale sobre métodos, julga-se

importante saber qual terminologia é mais adequado utilizar, ou seja, em que momento é mais

cabível usar os termos metodologia, método ou abordagem e qual é a diferença entre eles.

De acordo com Brown (1994), a metodologia seria o “como” determinado conteúdo é

ensinado, incluindo como se dá a relação aluno/professor. Todavia, o termo é mais

abrangente. Para os autores Marques, Mattos e Taille (1995), metodologia de ensino

abrangeria os pressupostos filosóficos que fornecem um objetivo à educação e estabelecem a

relação aluno-professor:

Entende-se por Metodologia de ensino uma prática com seus pressupostos filosóficos, com sua teoria de aprendizagem e com procedimentos hierarquizados, regrados e instrumentados que balizam a relação aluno-professor. (p.13)

De acordo com Barros e Lehfeld (2000), a metodologia tem a função de avaliar as

técnicas de pesquisa e os procedimentos necessários para encontrar soluções para os

problemas existentes nos métodos de ensino:

Metodologia é uma palavra grega que significa: meta, ao largo; odos, caminho; logos, discurso, estudo. A metodologia consiste em avaliar os vários métodos

Page 28: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

27

disponíveis, identificando suas limitações ou em nível das implicações de suas utilizações. (p.1)

Então, metodologia é um termo que engloba os objetivos e situações de ensino e os

conteúdos a serem ensinados.

Método seria o próprio material de ensino, mas, segundo Leffa5 (1988), esse termo é

mais restrito, pois não tem a flexibilidade de mudança de conteúdo, isto é, o método é visto

como um modelo pronto e definitivo que o professor, ao adotá-lo, deve seguir rigorosamente.

De acordo com o autor: “o método (...) pode envolver regras para a seleção, ordenação e

apresentação dos itens linguísticos, bem como normas de avaliação para a elaboração de um

determinado curso.” Ainda sobre método, em entrevista concedida ao site do Ministério da

Educação, o professor Almeida Filho6, Doutor em Linguística Aplicada, afirma que o termo

“método”, sem um contexto definido, pode ter mais de um sentido. Segundo o linguísta,

método pode ser o material didático em si ou os procedimentos de ensino:

Pode se referir a material didático ou a um dado conjunto de procedimentos de ensino e/ou aprendizagem propriamente ditos. De todo modo, os métodos de ensino são orientados por um conjunto ou sistema de ideias sobre o que é língua, o que é aprender/adquirir língua/outra língua e ensinar língua/ outra língua. Essas ideias formam uma visão ou filosofia de ensinar línguas.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1998), até o final da década de

80 os métodos começaram a ser questionados, pois não levavam em consideração os

diferentes contextos de aprendizagem; eles eram enraizados, como se, em todas as partes do

mundo, o processo de ensino e aprendizagem se desse da mesma maneira. Então, a partir

dessa década, convencionou-se substituir a terminologia método por abordagem, por ser mais

abrangente e por englobar os pressupostos teóricos acerca da língua e da aprendizagem, e as

diferentes situações de aprendizado. O método pode estar contido dentro de uma abordagem,

mas este tem mais flexibilidade em suas realizações, isto é, o professor tem mais liberdade

sobre o que será ensinado. Sobre essa diferença entre método e abordagem, os PCN afirmam:

5 LEFFA, Vilson J. Metodologia do ensino de línguas. 1988. Disponível em: <http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/Metodologia_ensino_linguas.pdf> Acesso em: 22 abr. 2011. 6 Entrevista com o Professor J. C. Paes de Almeida Filho: “Métodos mais apropriados são o de cada professor”. Disponível em: < http://portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.html?idEdicao=40&idCategoria=8>. Acesso em: 8 mai 2011.

Page 29: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

28

Prefere-se falar em abordagens em vez de métodos, já que aquelas se situam em um nível mais conceptual, que permite maior flexibilidade nas suas realizações. Em vez de se acatar imposições feitas por diferentes métodos, pensa-se mais em termos de uma variedade de opções pedagógicas derivadas de concepções teóricas específicas da linguagem e da aprendizagem de línguas, além de se considerar sempre as práticas didáticas derivadas do conhecimento acumulado em relação ao ensino e aprendizagem de Língua Estrangeira. Isso tudo tem ainda por base uma fundamentação teórica sobre a natureza da interação em sala de aula. É por isso que a questão método, tal qual a sala de aula, envolve um processo dinâmico cíclico, cheio de incertezas e sem fim, que reflete a articulação entre abordagem e interação em sala de aula. (1998, p.76)

Portanto, como o ensino de línguas não é algo estático, e há contextos diferentes de

aprendizagem, o termo método, utilizado até o final dos anos 80, por ser demasiadamente

prescritivo e pela falta de flexibilidade de seu uso, foi substituído pela terminologia

abordagem.

Com essa breve explicação, o leitor poderá entender melhor o porquê de os termos

metodologia, método e abordagem serem utilizados em diferentes momentos ao longo deste

trabalho. A seguir, esta pesquisa se baseará na obra Teaching by Principles – An Interactive

Approach to Language Pedagogy, do autor H. Douglas Brown (1994), entre outros títulos,

para mostrar os princípios que embasam certos métodos e abordagens, o papel do professor e

do aluno e como é feita a avaliação da aprendizagem.

2.1. Métodos de ensino e aprendizagem de língua estrangeira

A seguir, apresentar-se-ão alguns dos métodos e abordagens utilizados no ensino de

línguas. O intuito de apresentar um estudo diacrônico a esse respeito é o de informar o

professor sobre as diferentes opções de métodos e abordagens existentes para que ele possa

decidir qual ou quais utilizar juntamente com a Internet. Dessa forma, podem-se conhecer as

características positivas e negativas de cada um para que se planeje a aula mais adequada para

cada turma. Contudo, é válido ressaltar que nem todos os métodos e abordagens serão

apresentados aqui; limitar-se-á aos que foram mais relevantes na constituição da abordagem

comunicativa, foco principal desta pesquisa.

De acordo com Leffa (1988), o método de Tradução Gramatical é o mais antigo

método na história do ensino de línguas, surgindo na época do Renascimento. Segundo

Brown (1994), naquela época o Latim e o Grego eram as línguas ensinadas nas escolas,

visando promover a intelectualidade. O Latim era ensinado pelo Método Clássico, que

Page 30: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

29

enfatizava as regras gramaticais, a memorização de vocabulário, as várias declinações e

conjugações e a tradução de textos com exercícios escritos.

No século XIX, o Método Clássico ficou conhecido como o Método de Tradução

Gramatical. De acordo com Smith (2000), esse foi o primeiro método usado para o

aprendizado da língua inglesa. Esse método dava enfoque às regras gramaticais como base

para tradução da segunda para a primeira língua. O objetivo dessa metodologia era transmitir

um conhecimento sobre a língua, permitindo o acesso a textos literários e ao domínio da

gramática normativa. Essa metodologia vigorou até o início do século XX. Observa-se que até

a atualidade métodos parecidos com esse ainda vêm sendo utilizados por algumas escolas.

Segundo Cestaro (2007), depois da hegemonia do método de tradução gramatical (até

o início do século XX), que dava ênfase à tradução de textos clássicos e complexos, nasceu o

Método Direto, que tinha como objetivo ir contra aquele ensino tradicional que estava em

vigor. Esse método focalizava as habilidades de audição e fala, para que o aluno pudesse ter

contato direto com o idioma em estudo.

Até aproximadamente a década de 40, o principal objetivo da aprendizagem da língua estrangeira era o ensino do vocabulário. A ênfase era dada à palavra escrita, enquanto que as habilidades de audição e de fala eram praticamente ignoradas (NORRIS apud BOHN e VANDRESEN, 1988). Contra esse ensino, tradicional, e respondendo às novas necessidades e aos novos anseios sociais, surgiu a metodologia direta de ensino de línguas (PUREN, 1988). O princípio fundamental da MD era o de que a aprendizagem da língua estrangeira deveria se dar em contato direto com a língua em estudo.

O princípio fundamental do Método Direto é de que a língua-alvo se aprende através

da língua-alvo, ou seja, os alunos aprendem a entender uma língua, ouvindo-a intensa e

constantemente. A transmissão do significado dá-se através de gestos, mímicas e gravuras,

sem jamais recorrer à tradução para a língua materna.

O Método Direto provou ser eficiente na tarefa de libertar o aluno das inibições muito

comuns nos estágios iniciais de aprendizado oral. Todavia o método teve falha ao incentivar o

aluno a falar cedo demais a língua estrangeira; o resultado é que ele desenvolvia uma fluência

desembaraçada e incorreta, revestindo a língua estrangeira de estruturas da língua materna.

Com a entrada dos americanos na guerra, o exército sentiu a necessidade de produzir

rapidamente falantes fluentes em várias línguas. Então, o Método Audiolingual foi

desenvolvido pelos linguistas estruturalistas americanos durante a Segunda Guerra Mundial,

Page 31: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

30

quando o apoio institucional e governamental estava disponível para o ensino de línguas

estrangeiras. O Método Audiolingual foi usado originalmente por Charles Fries, como uma

abordagem gramatical pedagógica, no Instituto de Língua Inglesa da Universidade de

Michigan.

Esse método exige muito do professor. Requer articulação e entonação quase perfeitas

já que ele será o modelo para os exercícios de repetição. Caso haja dificuldade em pronúncia,

o professor deve se utilizar de uma fita de gravação para os trabalhos de repetição com o

grupo. Além disso, é importante que esse educador seja dinâmico, organizado e preparado,

pois é o desempenho do professor que garante a eficácia do método. Porém Cestaro (2007)

afirma que, depois de algum tempo de uso desse método, os alunos ficavam desmotivados por

não conseguirem avançar em seus estudos.

Após alguns anos de entusiasmo por esse tipo de abordagem, veio a decepção: os exercícios estruturais aborreciam os alunos e, como consequência, a motivação decrescia rapidamente; a passagem dos exercícios de reutilização dos modelos dirigidos pelo professor à reutilização espontânea raramente acontecia. Esta seria, justamente, a maior crítica feita ao Método Audiolingual - a incapacidade de levar o aluno a estágios mais avançados devido à dificuldade de passar do automatismo à expressão espontânea da língua.

Hoje em dia, ainda há escolas que adotam esse método, porém ele é muito criticado,

segundo a citação acima, porque o aluno não consegue progredir nas lições mais avançadas,

nem elaborar diálogos espontaneamente na língua-alvo.

Na década de 70, aumentaram as pesquisas em aprendizado de segunda língua,

surgindo vários métodos revolucionários. Cada um se apoiava em uma teoria, inspirados

principalmente na Linguística e na Psicologia. Hoje em dia, nota-se que esses métodos não

são perfeitos, mas que serviram de base para a atual Abordagem Comunicativa. Com base em

Brown (1994) e Leffa (1988), alguns outros métodos e abordagens para o ensino de Língua

Estrangeira (LE) serão citados.

Um deles é a Aprendizagem por Aconselhamento. O método foi inventado por Charles

Curran, em 1972; é centrado no aluno e consiste no uso de técnicas de terapia de grupo para o

ensino de línguas. A classe é vista como um grupo e o professor é um conselheiro que satisfaz

as necessidades do grupo. É um método baseado na afetividade e segue os princípios de

qualquer dinâmica de aconselhamento.

Sua metodologia funciona da seguinte maneira: os clientes (alunos) estabelecem

Page 32: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

31

relação e decidem os diálogos na língua mãe. O conselheiro (professor) traduz o diálogo dos

clientes para a língua a ser aprendida. Os clientes repetem o que o conselheiro disse o mais

fielmente possível. As sessões são gravadas e discutidas pelos clientes. Se desejável, o

conselheiro dá alguma explicação. Gradualmente os diálogos sofrem menos interferência do

conselheiro até os clientes se tornarem independentes. Esse método faz com que os alunos se

tornem independentes, mas não autônomos, pois os alunos ficam presos ao professor, sempre

precisando dele para fazer a versão dos diálogos para a língua-alvo.

Outro método é a Resposta Física Total, criado por James Asher no ano de 1977. O

método se baseia nas teorias de aquisição de linguagem pelas crianças. O aprendizado é

facilitado pela atividade motora e se ouve bastante antes de falar. Segundo Leffa (1988), “a

premissa fundamental do método é de que se aprende melhor uma língua depois de ouvi-la e

entendê-la. Daí que a prática oral por parte do aluno só começa mais tarde, quando ele estiver

interessado em falar.” No entanto, o método perde a eficiência nos níveis mais avançados,

pois os alunos querem falar sem perder o tempo de ouvir repetidas vezes o mesmo texto.

Mais tarde, o Método da Sugestologia foi criado pelo psicólogo Georgi Lazanov

(1979) e era baseado na teoria de que o cérebro consegue armazenar grandes quantidades de

informação durante estados de relaxamento, em que os alunos estariam em um ambiente

propício para a aprendizagem. Técnicas como yoga e música são utilizadas. As sessões são

feitas em lugares calmos e confortáveis, sem conversas e com várias pausas silenciosas. Os

alunos entram em um estado relaxante de consciência e entregam toda autoridade ao

professor, que recita os textos em harmonia com a música, que os alunos seguem no livro, no

qual há tradução. Na segunda parte, os alunos ouvem o professor sem olhar o livro. Deixam a

sala silenciosamente. O único dever de casa é ler o texto antes de dormir e, no dia seguinte,

antes de levantar.

Fundado por Caleb Gattegno, o Método Silencioso é baseado principalmente em

teorias cognitivas. O aprendizado é facilitado se o aluno descobre ou cria em vez de

memorizar e repetir. Faz-se uso de materiais, principalmente dos Cuisinere rods – bastões

coloridos de vários tamanhos – usados para aprender vocabulário, adjetivos, verbos e sintaxe.

De acordo com Leffa (1988) “A segunda língua é adquirida à medida que o aluno vai

manipulando os bastões e consultando o gráfico. O professor permanece calado a maior parte

do tempo.”. É válido observar que, nesse método, o aluno não utiliza a língua materna, o que

auxilia na aquisição da língua estrangeira.

Page 33: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

32

Neste capítulo, abordaram-se alguns dos métodos mais utilizados ao longo dos séculos

XIX e XX no ensino de línguas. Nota-se que todos eles têm qualidades e defeitos e que um

novo método era criado a partir dos defeitos do anterior, sempre na tentativa de aprimorar a

forma de ensinar. A seguir, apresentar-se-á a Abordagem Comunicativa e a Sociointeracional.

Essas abordagens estão em destaque na próxima seção, pois são de extrema importância para

este trabalho, uma vez que a escola de idiomas em que foi feita a pesquisa de campo utiliza

essas abordagens no ensino de línguas.

2.1.1 Abordagem Comunicativa e Sociointeracional

Como se observou no início deste capítulo, a partir da década de 1980 substituiu-se o

termo método por abordagem, por ser mais flexível em suas realizações, isto é, não há uma

ordem de atividades a ser seguida; o professor tem a liberdade de seguir a ordem que for mais

interessante aos seus alunos.

A escola observada, situada na região metropolitana da cidade de São Paulo, utiliza a

Abordagem Comunicativa e a Sociointeracional no ensino de línguas. Para que se aborde a

metodologia utilizada nessa escola junto com a utilização do blog como ferramenta de apoio,

julga-se necessário apresentar um breve histórico sobre as abordagens acima destacadas.

Apresentar-se-ão, então, a Abordagem Comunicativa e a Sociointeracional, destacando os

pressupostos e a opinião de pesquisadores sobre cada uma.

A Abordagem Comunicativa surge no início da década de 70 do século XX. Baseada

na teoria do linguísta Noam Chomsky e nas teorias da psicologia cognitiva de Piaget, essa

abordagem nasce em reação ao método audiolingual. O estudo da língua não é mais visto

como um conjunto de frases, mas sob seu aspecto social, no contexto em que são produzidas.

Por isso, a semântica da língua é enfatizada, ou seja, há ênfase no significado, na interação e

intenção dos falantes e nas funções linguísticas. O ensino de paradigmas gramaticais fica em

segundo plano ou é inteiramente suprimido. Segundo Cestaro (2007), a abordagem

comunicativa centraliza o ensino da língua estrangeira na comunicação. Trata-se de ensinar o

aluno a se comunicar em língua estrangeira e adquirir uma competência de comunicação.

A gramática de base da MC é a nocional, gramática das noções, das ideias e da organização do sentido. As atividades gramaticais estão a serviço da comunicação. Os exercícios formais e repetitivos deram lugar, na metodologia comunicativa, aos exercícios de comunicação real ou simulada, mais interativos. Utiliza-se a prática de conceituação, levando o aluno a descobrir, por si só, as regras de funcionamento da

Page 34: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

33

língua, através da reflexão e elaboração de hipóteses, o que exige uma maior participação do aprendiz no processo de aprendizagem. A abordagem comunicativa dá muita importância à produção dos alunos no sentido em que ela tenta favorecer estas produções, dando ao aluno a ocasião múltipla e variada de produzir na língua estrangeira, ajudando-o a vencer seus bloqueios, não o corrigindo sistematicamente. A aprendizagem é centrada no aluno, não só em termos de conteúdo como também de técnicas usadas em sala de aula.

De acordo com a autora, a abordagem comunicativa tem como foco o sentido. Os

alunos trabalham com aquilo que é real, do inglês, realia, isto é, um cardápio de restaurante,

uma bula de remédio, um jornal local etc. Dessa forma, o ensino da língua é mais significativo

para o estudante. Há também a prática de exercícios de comunicação real, como, por exemplo,

conversar com o gerente de um hotel, com um médico ou um garçom, em situações reais do

cotidiano de qualquer pessoa. Não há mais exercícios de repetição.

A gramática é trabalhada de forma indutiva; em outras palavras, é o aluno que

descobre as regras de funcionamento da língua, por meio de exemplos e diálogos. O professor

só guia os alunos de acordo com aquilo que eles sugeriram, sem corrigi-los sistematicamente.

Numa aula baseada nessa abordagem, o professor age como coordenador e facilitador

da aprendizagem, providenciando materiais e circunstâncias para que o aluno pense e interaja

na língua-alvo. Normalmente, são realizadas tarefas em pares, colaborativas ou

dramatizações. De acordo com Richards e Rodgers (2001, p.156, 157), alguns dos

pressupostos dessa abordagem são:

1. Comunicação como objetivo principal da aprendizagem;

2. Preocupação com o contexto em que a língua é produzida;

3. Utilização de material autêntico para o ensino;

4. Aprendizagem centrada no aluno;

5. Apresentação das quatro habilidades linguísticas sem uma ordem específica;

6. A língua materna é um recurso aceito, principalmente nas turmas iniciantes.

Grande parte das escolas de idiomas utiliza essa metodologia, pois nela se encontram

diversas características positivas que ajudam o aluno na aquisição de uma língua estrangeira.

Em entrevista ao portal do professor, disponível no site do MEC, o professor Almeida Filho

apresenta alguns pressupostos da abordagem e afirma que ela visa buscar o sentido na

interação entre os alunos e não apenas aprender gramática:

A abordagem comunicativa visa prioritariamente desenvolver competência comunicativa (de uso da nova língua) numa visão de desestrangeirização dessa

Page 35: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

34

língua para os novos aspirantes ao seu domínio para nela circularem socialmente. O princípio organizador dela não é a gramática, mas a busca de sentidos co-construídos na interação motivadora, interessante ao aprendente, que faz produzir linguagem adequada para que a nova língua comece a ser adquirida desde o início e não somente algum dia, se ocorrer.

Sabe-se que uma nova abordagem ou método só é desenvolvido devido às falhas do

anterior. Por isso, pode-se afirmar que a abordagem comunicativa não será a última a ser

elaborada, pois ainda há o que se aprimorar no que diz respeito à metodologia do ensino de

línguas. Segundo Leffa (1988), “as abordagens que dão origem aos métodos são geralmente

monolíticas e dogmáticas. Por serem uma reação ao que existia antes, tendem a um

maniqueísmo pedagógico sem meio termo: tudo estava errado e agora tudo está certo.”. O

autor ainda afirma: “a Abordagem Comunicativa inicia, sem fechar, o último ciclo da história

do ensino de línguas.”. Julga-se importante, portanto, que o professor não se prenda a apenas

um método ou abordagem, mas que utilize as vantagens de cada um para que sua aula seja

cada vez mais significativa para o aluno, pois não é somente a metodologia que levará o aluno

a adquirir uma língua, mas também os diferentes contextos de aprendizagem em que ele se

encontra.

A proposta metodológica da escola de idiomas observada tem como pano de fundo a

Abordagem Comunicativa, mas se apoia também na Abordagem Sociointeracional, que se

embasa nas teorias linguísticas e da psicologia, por lidar com troca de informações e com a

emoção do aluno.

Proposta pelo psicólogo russo Vygotsky, a teoria sociointeracional visa preparar o

aluno para construir um mundo melhor em suas relações com os outros em diferentes meios

socioculturais. Em entrevista à revista Nova Escola, Antonieta Celani7 afirma que, na

Abordagem Sociointeracional, o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem faz parte de

um processo único: “Nesse contexto, são usadas formas de mediação - pelo professor, pelo

colega ou pelo próprio material didático - para levar o outro a aprender.”.

Alguns dos pressupostos dessa abordagem utilizados na escola observada são:

1. A interação com o outro (professor e/ou aluno);

2. A aprendizagem acontece em um contexto social, histórico e cultural;

7 De acordo com o site da revista Nova Escola, a professora Doutora Antonieta Celani foi fundadora, em 1970, do Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada - o primeiro do gênero no Brasil - e é atualmente coordenadora do Programa de Formação Contínua do Professor de Inglês da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.

Page 36: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

35

3. O professor é mediador;

4. As estratégias são o resultado da interação social;

5. Primeiro enfrenta problemas, em seguida, aprende estratégias.

O uso dessa metodologia no ensino é recente, se comparada com os demais métodos

apresentados, pois começa a ser utilizada pelas escolas de idiomas no final dos anos 90.

Recursos tecnológicos também passam a ser usados na Abordagem Sociointeracional.

Segundo Alegretti e Peña (s\d, p.7 e 8), esses recursos são utilizados como apoio para a

construção do conhecimento do aluno de forma democrática, por meio da Internet ou da TV a

cabo, tendo acesso ao mundo além do âmbito escolar. As autoras também apresentam

algumas características dessa abordagem, mostrando a utilização dos recursos tecnológicos

pelo professor.

Política Educacional: (i) Aprender a aprender; (ii) Sociedade em permanente

processo de mudança.

Recursos Tecnológicos e Comunicacionais: (i) Utilização de recursos existentes

como apoio; (ii) Internet.

Utilização dos Recursos: (i) Apoio pedagógico; (ii) Criação de novos ambientes de

aprendizagem.

Para que o processo de construção de significados de natureza sociointeracional seja

possível, os alunos utilizam três tipos de conhecimento: o conhecimento sistêmico,

conhecimento de mundo e o conhecimento da organização textual. O primeiro envolve os

vários níveis da organização linguística que as pessoas têm, ou seja, os alunos, ao produzirem

significados, fazem escolhas gramaticalmente adequadas ou compreendem enunciados. O

conhecimento de mundo se refere aos conhecimentos convencionais construídos ao longo da

vida de cada indivíduo. Já o conhecimento da organização textual engloba as rotinas

interacionais que as pessoas usam para organizar a informação em textos orais e escritos. O

aluno, então, se apoia nesses conhecimentos e na língua materna para aprender a língua

estrangeira. E, para abranger o conhecimento do aluno, a abordagem da escola de idiomas

observada, trabalha com gêneros textuais em sala de aula, para que o aluno, ao final do curso,

seja capaz de fazer compras, fazer apresentações, contar histórias ou fazer um pedido em um

restaurante, de modo que o aluno seja capaz de se comunicar e interagir em contextos

diferentes.

Page 37: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

36

Desse modo, a metodologia da escola propõe o ensino da língua estrangeira por meio

de gêneros, textos autênticos que estão inseridos no cotidiano da vida do aluno. Os

idealizadores dos livros acreditam que, por meio de textos autênticos, a aprendizagem será

mais significativa ao aluno, tornando-o um indivíduo mais consciente e perceptivo em relação

ao mundo a sua volta. Todavia, Almeida Filho afirma, em sua entrevista, que, embora a

abordagem sociointeracional seja útil, não é plenamente satisfatória devido ao momento

histórico em que se vive: A teoria sociointeracional tem mérito incontestável, mas ela não foi gerada na tradição da nossa área e, portanto, não precisa ser plenamente satisfatória para nós. Além de uma teoria de aprendizagem, precisamos de uma de ensino de língua(s), de uma concepção de língua e de atitudes condizentes com o momento histórico em que vivemos.

É por este motivo que essa rede de escolas de idiomas, além de utilizar a Abordagem

Sociointeracional, também faz uso da Comunicativa, pois uma complementa a outra, isto é, a

junção das duas abordagens torna o ensino mais eficaz. No entanto, é válido ressaltar que os

métodos de ensino servem para auxiliar o professor, não existindo um método ideal, algo a ser

seguido fielmente. De acordo com Celani (2009), “não existe um método perfeito, até porque

a eficácia depende do objetivo da pessoa ao aprender um idioma”. O mais importante,

segundo a pesquisadora, é entender por quê, para quê, como e o que ensinar ao aluno, pois

este precisa ter em mente a importância de se adquirir a língua estrangeira, saber quais são

seus objetivos, para que depois a metodologia influencie no seu aprendizado.

Com base em Almeida Filho, em entrevista ao site do MEC, acredita-se, também, que

o professor não deve se limitar a utilizar apenas um método ou abordagem, mas que, com o

conhecimento que tem sobre cada um deles, possa utilizar o mais adequado para a turma que

tem naquele momento. Pois, devido ao fato de cada turma ser heterogênea, o professor pode

utilizar diferentes recursos para o ensino de línguas; hoje em dia, há diversas ferramentas para

tornar o ensino mais eficaz, e uma delas é a Internet, ferramenta com a qual se trabalhará ao

longo desta pesquisa.

Eu não considero adequado que um especialista e um professor da área de Aprendizagem/aquisição e Ensino de Línguas se restrinja a uma escola ou vertente de um dos formantes da abordagem ou filosofia de ensino de línguas. (...) Os métodos mais apropriados são os de cada professor(a), desde que ele ou ela (re)conheça qual método ele ou ela tem na prática e a qual abordagem, filosofia ou família ele pertence.

Page 38: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

37

Após mostrar uma breve história sobre alguns métodos utilizados ao longo dos séculos

XIX e XX no ensino de línguas estrangeiras e as abordagens Comunicativa e

Sociointeracional, se apresentará um estudo sobre o uso do computador começou a ser

utilizado no processo de ensino e aprendizagem de línguas.

2.2. CALL: Aprendizagem de Línguas Mediada por Computador

CALL é uma sigla originada de estudos realizados nos Estados Unidos e significa

“Computer-Assisted Language Learning”; foi traduzida para o português por “Aprendizagem

de Línguas Mediada por Computador”. Segundo Leffa (2006, p.12), “A substituição de

“Assisted” (“assistida”) por “Mediada”, na tradução para o português, é intencional e reflete

uma tendência da área, mesmo em inglês, de ver o computador mais como um instrumento de

mediação do que como um assistente de ensino”. O foco principal da CALL é o de investigar

o impacto que os computadores têm no processo de ensino e aprendizagem de línguas. De

acordo com Warschauer (1996), há três fases que caracterizam a CALL: a Behaviorista, a

Comunicativa e a Integrativa.

A primeira fase da CALL, a Behaviorista, teve início na década de 1960, época em

que o método audiolingual era o mais utilizado no ensino de línguas. Naquele tempo, ainda

não existia o microcomputador (ou computador pessoal). Então, a Aprendizagem de Línguas

Mediada por Computadores era utilizada apenas por algumas universidades americanas que

tinham laboratórios com um computador central chamado mainframe. O mais sofisticado

mainframe existente tinha um sistema chamado PLATO8, que era a típica representação de

exercícios de estrutura behaviorista. Esse sistema incluía exercícios de vocabulário e

gramática, explicações gramaticais e testes de tradução. Havia perguntas e opções de

respostas apresentadas ao aluno. Ao optar por uma resposta, o aluno recebia automaticamente

o feedback fornecido pelo sistema.

Devido à concepção behaviorista e ao método audiolingual, o ensino de língua tinha

como objetivo o aprendizado da gramática, com exercícios em que a estrutura da língua era o

mais importante, como, por exemplo, o aluno deveria escrever uma lista de verbos em

diferentes tempos verbais. Trabalhavam-se também exercícios de repetição, que eram

8 A sigla PLATO significa “Programmed Logic for Automatic Teaching Operations”, em português, “Lógica Programada para Operações de Ensino Automático” (Tradução sugerida pela autora deste trabalho).

Page 39: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

38

chamados de “drill and practice”. Entretanto, esses tipos de exercícios desestimulavam os

alunos, fazendo-os perder o interesse em estudar a língua. É por esse motivo que alguns

autores adotaram pejorativamente o termo “drill and kill”, que Leffa (2006) traduz como

“exercícios assassinos”, pois eles “matavam” o interesse do aluno em estudar a língua.

De acordo com Warschauer (1996), devido a esses exercícios de repetição, o

computador, nessa fase, era usado como um tutor, um professor particular (computer as a

tutor), pois era como um veículo de entrega de material ao aluno. De acordo com o autor, os

principais pressupostos dessa fase da CALL são:

1. A exposição repetitiva do mesmo material é benéfica ou até mesmo essencial ao aluno;

2. Um computador é essencial para fazer exercícios de repetição, desde que não apresente sempre o mesmo conteúdo e desde que forneça feedback imediato ao aluno sem julgá-lo;

3. Cada computador apresenta seu conteúdo de maneira individualizada, permitindo que os alunos sigam seu próprio ritmo.

Até o final de 1970, o acesso aos computadores era bastante limitado. Com o advento

dos microcomputadores na década de 80, mais universidades e escolas de ensino fundamental

e médio dos Estados Unidos tiveram acesso à informática.

Nessa mesma época, como se viu anteriormente, surge a Abordagem Comunicativa,

dando ênfase à comunicação e à significação. Foi nessa década também que se iniciou a

segunda fase da CALL: a Comunicativa, em inglês, “Communicative CALL”. De acordo com

Moras (2001), essa fase da CALL foi baseada na Abordagem Comunicativa e seu foco era o

de passar atividades mais significativas, do cotidiano do aluno, com exercícios de produção e

reconstrução textual e jogos didáticos.

Embora ainda haja atividades de cunho behaviorista, essa fase foi demasiadamente

criticada por especialistas da área, pois não permitia uma comunicação suficientemente

autêntica e seus exercícios eram mecanizados e repetitivos. Segundo Warschauer9 (1996), a

fase da CALL Behaviorista foi então extinta por diferentes razões, como a rejeição da própria

9WARSCHAUER, Mark. Computer assisted language learning: An introduction. In Fotos S. (ed.) Multimedia language teaching. Tokyo: Logos International, 1996. Disponível em: <http://www.ict4lt.org/en/warschauer.htm>. Acesso em: 21 mai. 2011.

Page 40: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

39

abordagem nos níveis teórico e pedagógico e a implantação do microcomputador nas escolas

e as diversas formas pelas quais se pode trabalhar com ele.

No final dos anos 70 e começo dos 80, a CALL behaviorista foi minada devido a dois fatores importantes. Primeiro, a abordagem behaviorista no ensino de língua tinha sido rejeitada em ambos os níveis teórico e pedagógico. Segundo, a introdução do microcomputador permitiu toda uma nova série de possibilidades. O estágio deu início a uma nova fase da CALL.10

De acordo com Warschauer, John Underwood foi um dos maiores defensores da

CALL Comunicativa. Em 1984, Underwood propôs uma série de premissas para essa fase, as

quais são enumeradas a seguir:

1. Foco maior no uso das formas e não somente nas formas em si;

2. Ensino implícito da gramática;

3. Os alunos têm permissão e são até mesmo estimulados a criar orações originais em vez de produzirem uma linguagem pré-fabricada;

4. Não julgar ou avaliar os estudantes, nem parabenizá-los de maneira excessiva;

5. Evitar dizer que os alunos estão errados, sendo flexível com suas respostas;

6. Utilizar apenas a língua-alvo e criar um ambiente em que falar a língua-alvo seja natural;

7. Nunca tentar fazer algo que um livro também possa fazer.

Diversos tipos de programas de CALL foram desenvolvidos e utilizados durante a fase

da CALL Comunicativa. Os programas levam o estudante a praticar as habilidades de escrita,

escuta, leitura e fala, mas de uma maneira não repetitiva. O computador aqui permanece como

o “conhecedor-da-resposta-correta”, sendo uma extensão do modelo de computador como

tutor, embora faça com que os alunos interajam e tenham mais escolhas e controle sobre as

respostas dadas. (HEALEY & PEREZ, 1989 apud WARSCHAUER, 1996)

Há também outros dois modelos de CALL usados para atividades comunicativas. Um

deles é o computador como estímulo (computer as stimulus), o qual envolve atividades que

estimulam o aluno a escrever, a conversar e a pensar de maneira crítica, e não apenas fazer

com que ele descubra a resposta correta de um exercício. O outro é o computador como 10 Encontra-se no texto original: “In the late 1970s and early 1980s, behavioristic CALL was undermined by two important factors. First, behavioristic approaches to language learning had been rejected at both the theoretical and the pedagogical level. Secondly, the introduction of the microcomputer allowed a whole new range of possibilities. The stage was set for a new phase of CALL.” (Tradução sugerida pela autora deste trabalho).

Page 41: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

40

ferramenta (computer as tool), o qual não fornece nenhum tipo de material para se aprender a

língua, mas que permite ao aluno entender e usar a língua, como, por exemplo, programas de

verificação gramatical e de vocabulário utilizados por alunos que desejam auxílio para

escrever algo.

Todavia, não há uma distinção absoluta entre esses modelos: eles podem estar

integrados em um só. De acordo com Warschauer (1996), “...a linha divisória entre a CALL

Behaviorista e a Comunicativa não envolve somente qual software é usado, mas também

como o software é utilizado pelo professor e pelos alunos.”11

No final da década de 80, muitos educadores reavaliaram mais amplamente a

aprendizagem comunicativa de línguas mediada por computador. Eles procuravam maneiras

de integrar diversos aspectos do processo de ensino e aprendizagem. Com o avanço da

tecnologia, foi possível integrar as quatro habilidades humanas no ensino de línguas mediado

por computador.

Com o advento do CD-ROM e da Internet nasce a terceira fase do CALL chamada

Integrativa, ou, em inglês, “Integrative CALL”. Essa fase, segundo afirma Warschauer (1996),

integra as quatro habilidades aprendidas no ensino de línguas (escuta, fala, leitura e escrita). O

CD-ROM foi um recurso importante no ensino de línguas, pois unia uma variedade de mídias,

como, por exemplo, textos, gráficos, som e vídeo, em um único recurso. Um exemplo de CD-

ROM educativo é o caso do que vem acoplado ao livro da escola de idiomas SKILL, da linha

SKILLPLUS (livros para níveis básico e intermediário). Por meio dele, o aluno pode fazer

diversas atividades para treinar essas habilidades. Há exercícios, por exemplo, em que o aluno

pode escutar um diálogo e gravar sua pronúncia, ler um texto e responder questões para

avaliar sua interpretação de texto, entre outros. O benefício é que o aluno pode fazer essas

atividades no laboratório da escola, durante ou fora do horário de aula, ou também em

qualquer outro lugar que tenha um computador. A seguir, uma ilustração do menu principal

do CD-ROM referente ao livro SKILLPLUS 4, no qual os alunos podem escolher a atividade

que quiserem praticar, não precisando seguir uma sequência. Dessa forma, o estudante pratica

a atividade que mais lhe interessa ou aquela em que sente mais dificuldade.

11 Encontra-se no texto original: “…the dividing line between behavioristic and communicative CALL does involves not only which software is used, but also how the software is put to use by the teacher and students.” (Tradução sugerida pela autora deste trabalho).

Page 42: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

41

Figura 2.1: Menu principal do CD-ROM que acompanha o livro SKILLPLUS 4 (Student’s book – livro do

aluno)

Sabe-se que a junção de recursos midiáticos, como animações, textos e vídeos, é

chamada multimídia. Segundo Warschauer (1996), criou-se também um recurso ainda mais

eficiente: a hipermídia, que são os recursos de multimídia juntos, pelos quais o aluno pode

navegar com um simples clique no mouse. De acordo com o autor, há diversas vantagens em

utilizar hipermídia no ensino de línguas:

1. Um ambiente de aprendizado autêntico pode ser criado, pois, com a junção das habilidades de ouvir e ver, o ensino se torna mais real;

2. As quatro habilidades podem ser facilmente integradas em uma única atividade;

3. Os alunos têm autonomia no aprendizado, pois podem fazer as atividades no seu próprio ritmo, avançar e voltar em diferentes partes do programa, praticando os exercícios que mais lhes interessam;

4. A maior vantagem da hipermídia é que facilita o foco no conteúdo, sem deixar de lado as estratégias de aprendizado ou a forma da língua. Por exemplo, enquanto o aluno faz a lição principal, ele pode ter acesso a links com explicações, exemplos, pronúncia, isto é, links que o ajude na aprendizagem. Dessa forma, o aluno cria suas próprias estratégias de aprendizado.

Segundo Warschauer (1996), apesar de suas vantagens, os softwares de multimídia

têm alguns problemas em relação ao ensino de línguas. Um dos problemas é a qualidade dos

programas disponíveis, pois os mais completos são mais dispendiosos e se desatualizam

rapidamente. Os softwares também não têm inteligência própria, então, quando o aluno faz

Page 43: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

42

algum exercício de fala, é difícil que o programa consiga diagnosticar se sua pronúncia ou se

o uso da sintaxe foi feito de maneira adequada. Esse nível de inteligência própria de um

software ainda não existe, mas estudos já estão sendo feitos para utilizar a Inteligência

Artificial (I.A.) no ensino de línguas.

A multimídia contribuiu para a fase Integrativa da CALL, juntando as quatro

habilidades básicas humanas, o que torna a aprendizagem mais significativa e a comunicação

mais autêntica. Porém, com a comunicação eletrônica e a Internet, houve uma evolução ainda

maior em todos os aspectos que envolvem o processo de ensino e aprendizagem.

Com o advento da Internet, acontece um grande avanço no ensino de línguas

estrangeiras. Com ela, amplia-se a utilização de recursos multimídias, não só pela sua alta

capacidade de transmissão de dados digitais, mas também pela expansão da Comunicação

Mediada por computador, em inglês “Computer Mediated Communication” (CMC). Segundo

Warschauer (1996), esse termo existe desde que surgiram os microcomputadores, mas o

termo foi difundido apenas no início da década de 90. Com a CMC, alunos podem se

comunicar na língua-alvo quando, onde e como quiserem e com qualquer usuário. Essa

comunicação pode ser feita de maneira assíncrona, ou seja, não concomitante com o tempo

real. Nesse caso, os alunos podem usar ferramentas como o e-mail, em que eles podem

escrever mensagens durante o tempo que precisarem, antes de enviá-las ao seu destinatário;

ou então a comunicação pode ser feita de forma síncrona, isto é, simultaneamente, usando

programas como Skype ou MSN Messenger. Com esses tipos de programa, o aluno conversa

e/ou escreve em tempo real com qualquer usuário do mundo.

Assim, com essa breve história da CALL, constata-se que o computador pode ser

utilizado de várias maneiras no processo de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras. Já

com o advento da Internet, o aluno pode interagir com mais de um usuário de qualquer parte

do mundo em tempo real. Por exemplo, ele pode trocar experiências por meio de salas de

bate-papo (chats) ou blogs na língua-alvo. Além disso, o estudante pode pesquisar sobre

diferentes áreas de seu interesse e encontrar artigos em diferentes línguas, escritos por pessoas

do mundo todo. Dessa forma, ele tem acesso a materiais autênticos, como revistas, jornais,

vídeos, entre outros. Ele também pode publicar textos ou algum material multimídia para

compartilhar com seus colegas de classe ou com o público em geral. Portanto, não se pode

negar quanto a Internet e a comunicação mediada por computador facilitam na integração das

habilidades humanas, criando um ambiente de comunicação autêntica para o aluno.

Page 44: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

43

Ainda nesse contexto, segundo a revista Veja12, muitos alunos já não frequentam mais

escolas de idiomas por falta de tempo, de dinheiro e de interesse. Eles preferem utilizar sites

que ensinam língua estrangeira gratuitamente ou por um preço acessível ou conversar com

algum nativo através de chats, redes sociais e comunicadores, como o Skype e o MSN

Messenger. De acordo com o artigo, os cursos pela Internet são “mais baratos, mais

convenientes e mais interativos.” (2011, p. 118)

Ao longo destas considerações, viu-se que o uso do computador no ensino de línguas

vem evoluindo em quase meio século de existência, mas se sabe que isso é só um começo,

uma vez que as perspectivas nessa área crescem a cada dia, à medida que se aprimoram as

pesquisas e surgem novos avanços tecnológicos. Dessa forma, o processo de ensino e

aprendizagem se torna mais significativo. Todavia, muitos disseram que a máquina

substituiria o papel do docente, mais especificamente no ensino de línguas estrangeiras, pois

os alunos não precisariam do professor para aprender um idioma, bastava ter um programa de

computador ou utilizar a Internet. Entretanto, acredita-se que a máquina não conseguirá

substituir o professor, pois, mesmo com o crescente número de recursos tecnológicos, o aluno

precisa de um mediador, alguém para auxiliá-lo na busca de seleção de informações. Além

disso, uma máquina nunca será inteligente o suficiente para reproduzir as ações de um

professor. Leffa (2006) também acredita que o computador é um instrumento que auxilia na

aprendizagem de um novo idioma, mas que não substituirá o professor ou o livro. O autor

sugere que o professor conheça melhor essa ferramenta para poder utilizá-la de maneira

adequada em suas aulas:

O computador não substitui nem o professor nem o livro. Tem características próprias, com grande potencialidade e muitas limitações, que o professor precisa conhecer e dominar para usá-lo de modo adequado, como um componente da complexa atividade de ensinar e aprender uma língua. (p.13)

Ainda em relação à substituição do professor pelo computador, Leffa (1999, p.24)

acrescenta:

A máquina não poderá substituir o professor, mas poderá ajudá-lo na sua interação com o aluno. (...) A máquina servirá apenas como um instrumento para realçar a ação do professor, tanto para o aspecto positivo como negativo. (...) Uma máquina que seguisse à risca as instruções de uma determinada metodologia proposta seria, portanto, um excelente substituto. Com a chegada das máquinas ditas inteligentes,

12 BORGES, Helena. Um Novo Idioma a um Clique. In: Revista Veja, edição 2226, em 20 de julho de 2011, páginas 118 e 119. Também disponível em: <http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx>. Acesso em: 9 out. 2011.

Page 45: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

44

descobriu-se, no entanto, que uma metodologia que possa ser implementada por uma máquina não merece confiança e que o verdadeiro professor é insubstituível. Estamos descobrindo agora, às portas de um novo milênio, que o professor não é o problema mas a solução e que há um retorno maior investindo no professor e no seu aperfeiçoamento do que na metodologia. As novas tecnologias não substituem o professor mas ampliam seu papel, tornando-o mais importante.

Enfim, o que se deve saber é que o computador não veio para substituir o professor,

mas veio, sim, como um complemento e/ou oportunidade de ensino. O computador e a

Internet também auxiliarão na interação professor/aluno, pois a máquina não é o que os seres

humanos podem ser: críticos, criativos e comprometidos com a educação.

Ao longo deste capítulo, procuraram-se elucidar algumas considerações em relação à

metodologia de ensino, métodos utilizados no ensino de línguas estrangeiras e abordagens

(comunicativa e sociointeracional) e como o computador e suas ferramentas foram inseridos

no ensino de idiomas. A seguir, abordar-se-á o advento do computador e da Internet, bem

como a evolução da WWW, as Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação e os

Ambientes Virtuais de Aprendizagem, em especial o Blog.

Page 46: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

45

CAPÍTULO 3 – TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO A

SERVIÇO DA EDUCAÇÃO

“As tecnologias de informação, desde a televisão até os computadores e todas suas combinações, abrem oportunidades sem precedentes para a ação a fim de melhorar a qualidade do ambiente de aprendizagem, pelo que me refiro ao conjunto inteiro de condições que contribuem para moldar a aprendizagem no trabalho, na escola e no brinquedo.” (Seymour Papert)

Na atualidade, é comum ver como a tecnologia cerca a sociedade. Para acordar, por

exemplo, muitas pessoas fazem uso do despertador de seus celulares; para ouvir música,

ligam o Ipod ou o MP3; para se distrair, trabalhar ou estudar, utilizam computadores; e, até

mesmo para se alimentarem, a coisa mais básica para a sobrevivência do ser humano, podem

usar o forno de microondas. A utilização de tantas máquinas no cotidiano algumas vezes

assusta as pessoas. No ensino não é diferente, pois se vê cada vez mais a tecnologia presente

no âmbito escolar e é como deparar-se com a resistência de alguns professores em aceitá-la e

utilizá-la.

Entretanto, não se pode falar em tecnologia sem antes explicar o significado do termo.

Para Reis (1995 apud ALMEIDA e MORAN, 2005, p.40),

A tecnologia possui múltiplos significados que variam conforme o contexto, podendo ser vista como: artefato, cultura, atividade com determinado objetivo, processo de criação, conhecimento sobre uma técnica e seus respectivos processos etc.

Para o autor, o significado do termo se modifica de acordo com o contexto em que é

empregado. No dicionário eletrônico Houaiss online, tecnologia é definida como a “teoria

geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um

ou mais ofícios ou domínios da atividade humana”, ou seja, para que se tenha qualquer tipo de

equipamento, cria-se tecnologia, uma vez que é necessário que haja pesquisa, planejamento e

criação na produção de algo.

Levando em consideração as afirmações acima, nota-se que, nas atividades do

cotidiano, a população, mesmo sem consciência disso, lida com vários tipos de tecnologia.

Page 47: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

46

Essa falta de percepção em relação ao uso da tecnologia se deve ao fato de algumas delas já

estarem há muito tempo incorporadas nos costumes e na cultura da sociedade. Certos

equipamentos, como, por exemplo, a televisão, o carro, a comida industrializada etc., por

serem utilizados com tanta frequência, não são mais vistos como “tecnologia”. Todavia

outros, como as máquinas digitais, o computador e a Internet, são mais recentes e isso gera, às

vezes, resistência em utilizá-los, uma vez que o novo sempre causa certa reação até que as

pessoas se adaptem a ele.

É importante salientar que não se podem denominar de tecnologia apenas

equipamentos, pois existe o que o filósofo Pierre Lévy (1993) chama de “Tecnologias da

Inteligência”, que são construções internalizadas criadas pelo homem para melhorar seu

conhecimento e sua aprendizagem. Junto às Tecnologias da Inteligência, há também as

Tecnologias da Comunicação e da Informação (TIC), aqueles recursos midiáticos13 por meio

dos quais as pessoas podem dividir informações com o mundo todo.

De acordo com Kenski, essas tecnologias afetam nosso emocional, como é o caso da

televisão, que não é apenas um suporte midiático, mas também um suporte que intervém “em

nosso modo de pensar, sentir, agir, de nos relacionarmos socialmente e adquirirmos

conhecimentos. Em síntese, elas criam uma nova cultura e um novo modelo de sociedade”

(2010, p.23).

Tendo em vista o papel dessas evoluções tecnológicas no mundo contemporâneo e a

necessidade de compreendê-las melhor, este capítulo pretende abordar o advento do

computador e da Internet, a evolução da Internet (da Web 1.0 à Web 3.0), algumas das

ferramentas disponíveis em rede, com ênfase no blog, ferramenta cuja definição, funções e

modo de confecção constituirão um importante foco de interesse do capítulo. Também se

procurará elucidar o conceito de blogs educativos e quais são os tipos existentes.

13 Essas tecnologias “tornam-se ‘midiáticas’ após a união da informática com as telecomunicações e o audiovisual. Geram produtos que têm como algumas de suas características a possibilidade de interação comunicativa e a linguagem digital.” (KENSKI, 2010, p.26)

Page 48: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

47

3.1. O advento do microcomputador14 e da Internet

De acordo com Costa (2009), em sua dissertação de mestrado15, as Tecnologias da

Informação e Comunicação (TIC) se expandiram entre as décadas de 1970 e 1990,

contribuindo para uma padronização mundial de ferramentas e linguagens. No final do século

XX, os avanços tecnológicos promoveram significativas mudanças na sociedade devido ao

crescimento de setores de serviço, comunicações e informações. Foi um período de

transformações sem precedentes em virtude do avanço contínuo e acelerado das TIC em todos

os campos do conhecimento. Hardwares, softwares, computadores e a Internet são alguns

exemplos de TIC. Essas e muitas outras tecnologias da informação e comunicação foram

importantes para a globalização, mas, devido ao resultado que se pretende alcançar com a

presente pesquisa, ela se restringirá somente ao estudo do computador e da Internet.

Como já foi salientado aqui, um dos momentos mais importantes da história do

desenvolvimento da TIC foi marcado pelo surgimento do Personal Computer (PC) e, mais

tarde, da Internet. As pessoas passaram a se comunicar com mais eficiência e eficácia, uma

vez que estavam todas conectadas ao mesmo tempo à rede mundial de computadores (World

Wide Web). Segundo Mello (2004, p.137), “é a partir da rede mundial de computadores que se

dá uma transformação, ainda em seu início, na maneira como o conhecimento é produzido,

organizado, compartilhado e disseminado.”, ou seja, com o surgimento da rede mundial de

computadores, há uma mudança na forma de se produzir e adquirir informação. Um exemplo

dessa mudança seria a rapidez no envio e recebimento de informações; antes dessa grande

revolução tecnológica do século XX, esperavam-se dias ou, às vezes, meses para receber a

resposta de uma correspondência enviada a alguém. Após a invenção da Internet, as

mensagens passam a poder ser enviadas por meio de e-mails (correspondências eletrônicas) e

ser respondidas em poucos minutos, caso o remetente também esteja conectado, facilitando a

interação entre os correspondentes.

14 O que se chama aqui de microcomputador é o computador pessoal (PC). Mas se utilizará o termo “computador” para simplificar.

15 COSTA, Ferdinand Câmara. A Utilização de Ambientes Virtuais de Aprendizagem no Ensino Presencial: Estudo de Caso na Disciplina de um Programa de Mestrado. 2009. Dissertação de Mestrado. Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2009.

Page 49: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

48

Na área da educação, especialmente em sala de aula, o uso do computador e da

Internet é um fenômeno relativamente novo, se comparado ao uso de outras TIC, como a

televisão, já usada há muitas décadas no processo de ensino e aprendizagem. Para melhor

entender o modo de utilização dessas novas ferramentas no ensino, é importante traçar uma

breve história de sua existência nesse setor.

3.1.1. O uso do computador no âmbito escolar

De acordo com os autores Marques, Mattos e Taille (2001, p.8), o uso do computador

na educação tem início na abertura dos anos 60, época em que só havia computadores de

grande porte. Eram utilizados nas escolas norte-americanas, mas apenas no setor

administrativo. Sua utilização em conteúdos programáticos ainda era restrita, pois havia uma

série de dificuldades em seu manuseio.

Em 1975, com o advento da microinformática nos Estados Unidos, onde foi fabricado

o primeiro computador, o uso dessa ferramenta ficou mais acessível para fins pedagógicos

naquele país:

A década de 80 é marcada pela crescente informatização do sistema educacional americano. Em 1982, 50% dos distritos escolares davam acesso a pelo menos um microcomputador às suas escolas. Nesse mesmo ano, 25% das escolas públicas tinham pelo menos um computador destinado ao ensino. Em 1984, 70% das escolas americanas usavam o microcomputador para fins educativos. (MARQUES, MATTOS E TAILLE, 2001, p.9)

No Brasil, só quase três décadas depois se viu a necessidade de introduzi-lo no âmbito

educacional, primeiramente como uma tecnologia auxiliar na administração escolar, em

tarefas como a elaboração de tabelas, a digitação e o cálculo. Na época, não se julgava

necessário repensar o currículo e o computador era usado apenas em tarefas administrativas.

Segundo Marques, Mattos e Taille (2001, p.10), em meados da década de 80 o computador

passa a ser utilizado para fins educativos, mas somente em escolas privadas da região sul do

país, pois seu custo era muito alto e poucas tinham dinheiro suficiente para investir nessa

tecnologia. “Segundo revelou uma pesquisa realizada em 1985, apenas quatro escolas

públicas utilizavam o computador para fins educativos em todo o Brasil.”

Page 50: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

49

No mesmo período, os primeiros softwares educativos vieram como uma nova

ferramenta para auxiliar na educação, mas eram limitados e ficavam desatualizados muito

rapidamente: “os softwares têm vida limitada, esgotam-se após certo tempo de uso, precisam

de substituição e renovação e, principalmente, admitem pouca ou nenhuma interação de modo

simulado.” (MELLO, 2004, p.138). Posteriormente, com o advento da rede mundial de

computadores, o potencial desses softwares aumenta: com a Internet, o estudante é capaz de

compartilhar e buscar informações fora do ambiente escolar.

A partir do momento em que o professor passa a utilizar o computador e a Internet

como ferramentas no processo de ensino-aprendizagem, julgaram-se necessárias mudanças no

currículo escolar. Segundo Mello, a proposta curricular ainda não estava suficientemente

adequada à incorporação significativa dessa tecnologia pelos estudantes. Para que isso

ocorresse, as disciplinas deveriam ser repensadas e os professores mais bem preparados:

[...] o currículo com o qual até hoje trabalhamos não é compatível com a aprendizagem em rede viabilizada pela rede mundial de computadores. É preciso repensá-lo não apenas no plano da proposta ou do projeto curricular, como também no plano do ensino e da aprendizagem... (2004, p.138)

Não se pode negar que ainda hoje há um grande número de professores que têm receio

de usar computadores em sala de aula, uma vez que o recurso influi diretamente sobre a

metodologia de ensino. Utilizar computadores na educação é um fator ainda recente se

comparado com o uso de outras ferramentas, como o vídeo. Em relação à utilização de

computadores na educação, Marques, Mattos e Taille afirmam:

Sejamos claros: instrumento novo é feito para produzir efeitos novos. O computador é um instrumento novo, recém-chegado nas redondezas da educação, e que pode, e deve, ajudar o ensino a se tornar cada vez mais ensino: fornecer conhecimentos, abrindo os caminhos do raciocínio. (2001, p.5)

Atualmente, as escolas brasileiras, sobretudo as da rede pública, ainda têm um número

defasado de computadores. No entanto, a situação está se transformando, o computador tem

ocupado um lugar de maior destaque no ensino e seu número tem se elevado

significativamente tanto em escolas particulares quanto nas públicas. Mesmo que ainda não

haja em número satisfatório, essa ferramenta já é uma preocupação real no meio educativo.

Por outro lado, nas escolas de idiomas, o uso do computador e seus recursos são quase sempre

utilizados pelos professores. Devido ao menor número de alunos, essas escolas capacitam

Page 51: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

50

melhor seus professores e os instruem a utilizar essa ferramenta de maneira mais adequada.

Isso faz com que o aluno de uma escola de idiomas tenha a vantagem de utilizar o computador

quando for necessário.

3.1.2. O uso da Internet no âmbito escolar

A Internet, segundo Costa (2009), nasceu no final na década de 60 com o nome de

ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network). Desenvolvida pela ARPA

(Agência de Pesquisas Avançadas), era utilizada para fins militares e seu objetivo era a

comunicação entre as tropas militares. Mais tarde, hackers conseguiram, por invasão, ter

acesso às informações militares. Não se sentindo mais seguros, os integrantes do órgão militar

se desligaram da rede. A partir de então, a ARPANET teve seu nome modificado para

INTERNET e universidades americanas começaram a utilizá-la para trocar informações

acadêmicas.

Em 1992, a Internet surgiu com a interface gráfica e com os recursos de hipertexto e

hipermídia que se conhecem hoje. Segundo Leffa (2002), a Internet é a junção de todos os

meios de comunicação já inventados até hoje, unindo, também, em um só instrumento, as

habilidades humanas de fala, escrita, escuta e leitura:

é a fusão de tudo o que já tinha sido inventado em termos de meios de comunicação. Da imprensa, traz a palavra escrita; do rádio, a fala; da televisão, a imagem em movimento. O mais importante, no entanto, é que, ao contrário do rádio, jornal e televisão, a Internet incorporou também as características do telefone, tornando o internauta não apenas receptor, mas também emissor da informação.

Depois de 1992, sua expansão foi mundial, pois muitas empresas começaram a utilizá-

la como um canal de comunicação com seus clientes. Com o passar dos anos, tornou-se, de

alguma forma, acessível a todas as classes sociais e, por seu intermédio, surgiram novos

meios para a comunicação e troca de informações.

Pouco tempo depois, o termo Web 2.016 surgiu como um marco da Internet. Segundo

Costa (2009), sua principal característica era a interatividade entre usuários, isto é, todos

aqueles que acessavam a rede podiam trocar informações. Um exemplo de Web 2.0 são os 16 No item 3.2 deste capítulo, abordar-se-á mais detalhadamente a Web 2.0 e suas ferramentas.

Page 52: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

51

blogs17, em que, de acordo com o autor, “os indivíduos escolhem um tema e os outros

usuários deixam suas opiniões a respeito. Assim, um novo conhecimento vai sendo construído

através de diferentes ideias sobre determinado assunto” (p.30 e 31). O autor ainda acrescenta:

“Não são simplesmente ambientes virtuais em que os indivíduos postam informações, mas

sim ambientes em que os usuários colaboram para a organização do conteúdo, através da

utilização das tecnologias disponíveis na rede.” (p.31). Em suma, a Web 2.0 se tornou um

marco da Internet por proporcionar, pela interação dos usuários, a construção coletiva do

conhecimento.

Em relação à educação, a Internet vem sendo dia a dia mais utilizada. Os cursos livres,

de graduação e pós-graduação a distância, estão sendo cada vez mais procurados pelos

estudantes devido ao seu baixo custo e a sua facilidade. Na rede pública de ensino, de acordo

com o jornal Folha de S. Paulo18, o Governo Federal vem trabalhando desde 2008 para que

todas as escolas públicas do Brasil tenham acesso à Internet. Até 2009, 84 mil laboratórios de

informática foram instalados nessas instituições de ensino. O MEC credencia, autoriza e

reconhece as instituições que têm ensino a distância, para que melhor possa avaliá-las e

qualificá-las. Já nos cursos presenciais e semipresenciais, a Internet também é utilizada como

ferramenta que complementa a troca de conhecimento.

Esse instrumento também auxilia na aprendizagem de uma língua estrangeira. Um

bom exemplo para se aprender um idioma, trocar conhecimentos e experiências com outros

usuários é o site livemocha.com. Nele, o usuário se cadastra e se inscreve em quantos cursos

de idiomas quiser (há 38 línguas diferentes) gratuitamente. Dessa forma, o aluno aprende o

idioma de seu interesse e ainda há, no próprio site, chats online em que o usuário pode

conversar em tempo real com qualquer pessoa do mundo na língua que está aprendendo.

Sobre o assunto, Saleme, em um artigo escrito para o jornal Acontece19, da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, afirma: “Os cursos de idiomas por internet, por exemplo, formam

um mercado que cresce cada vez mais. São aulas dinâmicas, divertidas e com a vantagem de

ter discussões com pessoas de todo o mundo.”. (p.6)

17 Ferramenta que será tratada de forma mais aprofundada no item 3.3 deste capítulo.

18 Distância mais curta na direção do aprendizado e da qualidade. Folha de São Paulo, São Paulo, 28 abr. 2010. Caderno de Educação: “Dia da Educação”, p.6.

19 SALEME, Julia. Educação por trás das telas. In: Acontece. Universidade Presbiteriana Mackenzie – Centro de Comunicação e Letras. Edição 82. Ano VI.

Page 53: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

52

Desse modo, a Internet tem mudado a forma tradicional de ensinar e aprender. Antes

desse advento, os alunos iam à escola, aprendiam o que o professor tinha para ensinar, e, se

estivessem interessados em se aprofundar no assunto, buscariam novas informações em

livros. Com a disponibilidade de utilizar a Internet em casa ou na escola, eles podem explorar

rapidamente diversas áreas do conhecimento e, inclusive, pesquisar a opinião de outras

pessoas sobre determinado assunto, e essas atividades contribuem para desenvolver seu senso

crítico.

Após este breve panorama sobre a história dos microcomputadores e da Internet e seus

usos na educação, apresentar-se-á a evolução da rede mundial de computadores e algumas de

suas ferramentas.

3.2. A evolução da Internet: da Web 1.0 a Web 3.0

Sabe-se que a World Wide Web está em constante evolução. A geração de hoje é

chamada Web 2.0, e, a esse respeito, o artigo: “Entenda o que é a Web 2.0”, publicado no site

da Folha de São Paulo20, diz o seguinte:

[...] utilizado para descrever a segunda geração da World Wide Web – tendência que reforça o conceito de troca de informações e colaboração dos internautas com sites e serviços virtuais.

Em outras palavras, na Web 2.0, o usuário participa ativamente, criando e

compartilhando informações. É a evolução da Web 1.0, em que o usuário tinha um papel

passivo, de observador: ele interagia com o computador, mas não com outras pessoas. De

acordo com Targino (2010, p.39) “os sites eram estáticos, e os aplicativos fechados, ou seja,

não era possível a interação, e os aplicativos eram disponibilizados apenas para download,

não se podendo alterá-lo ou ver como funcionava.”. Após a evolução da Web 1.0, o usuário

passou a participar e a colaborar mais, tornando-se protagonista ativo, na medida em que lhe é

facultado criar e compartilhar conteúdos, opinar e se relacionar na web.

De acordo com o texto “Web 2.0 y Educacion”, publicado no site Educastur em 2006,

os usuários de Internet foram eleitos pela revista Time como as personalidades do ano por

terem sido os responsáveis pela mudança na web, mudança na interação social e tecnológica, 20 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u20173.shtml>. Acesso em: 8 set. 2011.

Page 54: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

53

em que novas ferramentas e aplicações geram conteúdo, informação e comunicação aos

usuários. Segundo o site, a Web 2.0 constitui um cenário que possibilita a interação e a

participação dos usuários, pois une usuários, mídias, serviços e ferramentas.

Nesse contexto, há diversas ferramentas tecnológicas acessíveis e fáceis de ser

utilizadas. Os sistemas de gestação de conteúdos oferecem o suporte necessário para que

todos os usuários possam publicar conteúdos na web sem grande esforço e, na maioria das

vezes, de graça.

As redes sociais são um bom exemplo de interação comunicacional que a Internet

disponibiliza aos seus usuários. A seguir, alguns exemplos de redes sociais utilizadas

atualmente por internautas:

Facebook: é um site em que os usuários podem criar um perfil, comunicar-se, armazenar e

compartilhar informações, fotos e vídeos. Segue a ilustração do perfil de um usuário do

Facebook.

Figura 3.1: Perfil de um usuário do Facebook

Fonte: (www.facebook.com). Acesso em: 3 nov. 2011.

Flickr: é um site em que o usuário pode armazenar e compartilhar fotos, desenhos ou

ilustrações com outros usuários. A seguir, é apresentada uma imagem da página inicial do

site.

Page 55: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

54

Figura 3.2: Página inicial do site Flickr

Fonte: (http://www.flickr.com/). Acesso em: 3 nov. 2011.

Last.fm: é uma página da web que tem função de rádio online, agregando uma comunidade

virtual com foco em música. A seguir, é mostrada uma imagem da página inicial do Last.fm.

Figura 3.3: Página inicial do site Lastfm

Fonte: (http://www.lastfm.com.br/). Acesso em: 3 nov. 2011.

Page 56: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

55

Twitter: é um microblog que serve como um diário, em que os usuários podem escrever e

enviar mensagens, além de também receber atualizações dos seus contatos em textos de até

140 caracteres. Estes textos são chamados de tweets e são encaminhados por meio do próprio

site, por SMS e por softwares específicos de gerenciamento. As atualizações são exibidas no

perfil de um usuário em tempo real e também enviadas a outros usuários seguidores que

tenham assinado para recebê-las. O Twitter pode ser também utilizado como ferramenta

educacional em que professor e alunos podem interagir, trocando mensagens na língua

estrangeira. A seguir, a página inicial de um usuário do Twitter:

Figura 3.4: Página inicial de um usuário do Twitter

Fonte: (twitter.com). Acesso em: 3 nov. 2011.

Youtube: É um site em que os usuários carregam e compartilham vídeos em formato digital.

Em relação à sua potencialidade na educação, Araújo Jr. (2008, p.32) afirma que o Youtube é

“um recurso por meio do qual é possível obter diversos vídeos de auxílio para as atividades

colaborativas ou, ainda, disponibilizar o resultado de uma produção coletiva e colaborativa”.

A seguir, é apresentada uma ilustração da página inicial do site.

Page 57: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

56

Figura 3.5: Página inicial do site Youtube

Fonte: (www.youtube.com). Acesso em: 3 nov. 2011.

Wikipedia: De acordo com Dudeney e Hockly (2007, p.86) uma wiki é um espaço

colaborativo na web. Consiste de um número de páginas que podem ser editadas por qualquer

usuário. Segundo o site da Folha de São Paulo, “é uma enciclopédia escrita por leitores.”. A

seguir, é apresentada a imagem da página inicial do Wikipedia.

Figura 3.6: Página inicial do site Wikipedia

Fonte: (www.wikipedia.org). Acesso em: 3 nov. 2011.

Page 58: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

57

É válido lembrar que esses são apenas alguns exemplos de redes sociais, mas existem

tantas outras que não seria abordar todas neste trabalho. Dessa forma, em todos os serviços

citados, o usuário é o protagonista. A socialização – rede de conhecimentos compartilhados –

é a grande função da Web 2.0. Outra ferramenta da Web 2.0 é o blog, que será abordada mais

detalhadamente no subitem a seguir.

A Web 2.0 também está repleta de outras aplicações e serviços, no ramo dos negócios,

por exemplo, que proporcionam grandes benefícios aos seus criadores e são gratuitos para os

usuários. Há, por exemplo, escritórios virtuais em linha, onde várias pessoas podem trabalhar

em um mesmo documento. Enfim, há espaços para guardar e compartilhar todos os tipos de

materiais.

Já o Skype e o MSN são comunicadores em que os usuários podem interagir em tempo

real. Para isso, basta que o usuário faça o download do programa em seu computador e abra

uma conta gratuita.

Uma das vantagens da Web 2.0 é o Feed RSS (Rich Site Sumary ou Really Simple

Syndication). Esse canal é utilizado para concentrar notícias de diferentes sites e receber suas

atualizações diariamente, sem que o usuário precise acessar cada um desses sites. Assim, o

internauta acessa somente os sites que lhe convêm, economizando tempo de navegação.

A Web 2.0 também auxilia muito no âmbito educativo. Quando as ferramentas da

Web 2.0 são utilizadas na educação recebem o nome de Ambientes Virtuais de Aprendizagem

(AVA). Os AVA favorecem a construção do conhecimento, criatividade, autonomia e troca de

ideias e experiências. Com as wikis e os blogs, por exemplo, os alunos podem trabalhar as

habilidades de leitura e escrita, construindo o conhecimento de maneira coletiva. Os blogs são

mais individuais e as wikis são mais abrangentes, sendo, portanto, mais adequados para

trabalhos em grupos. Porém também existem blogs coletivos, como revistas digitais escolares,

com os quis os visitantes têm possibilidade de interagir. Os AVA, portanto, podem

proporcionar uma troca significativa para alunos e professores, que podem se comunicar e

interagir sem a limitação do espaço e tempo.

É valido ressaltar que, segundo Strauss e Frost (2011, p.18), em um futuro próximo, a

Web 2.0 dará lugar à Web 3.0, também conhecida como web semântica:

A ideia de Berners-Lee, a web semântica, é uma extensão da web atual, na qual as informações fornecem um sentido bem-definido, por meio de tags como HTML. A web atual carrega documentos de texto, fotos, gráficos e arquivos de áudio e vídeo inseridos nas webpages que os mecanismos de busca procuram catalogar para que os usuários possam encontrá-los. A web semântica vai facilitar esse processo, fornecendo um

Page 59: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

58

protocolo de definição padrão de modo que os usuários possam facilmente encontrar informações com base nesse modelo, com nome de uma pessoa (por exemplo, <pessoa> no código HTML.

Dessa forma, será mais fácil buscar informações sobre, por exemplo, o horário de

funcionamento de um museu, detalhes sobre uma peça de teatro, indo diretamente às

informações solicitadas. De acordo com os autores, a Web 3.0 é “apenas uma visão do futuro,

e 41 por cento dos especialistas acreditam que ela será alcançada e promoverá uma diferença

significativa para os usuários da internet em 2020.” (2011, p.19). Strauss e Frost também

afirmam que alguns especialistas preveem que a web semântica “incluirá banda larga maior,

velocidades mais rápidas de conexão, inteligência artificial, rede social sem fio ou aplicativos

modulares na web, eliminando a necessidade de software nos computadores pessoais.” (2011,

p.19).

A seguir, abordar-se-á uma das mais utilizadas ferramentas da Web 2.0: o blog, om a

apresentação de sua definição e sua história.

3.3. Weblogs: história e definição

Segundo Komesu (2005), blog é a junção da palavra weblog (web + log), isto é, “arquivo

na rede”. O blog, criado pelo norte-americano Evan Williams em agosto de 1999, é, de acordo

com Dudeney e Hockly (2007, p. 86), um exemplo de software social, ou seja, uma

ferramenta do computador “que permite que as pessoas se conectem, se comuniquem e

colaborem online”21. Para os autores, trata-se de uma página da web em que os usuários

podem escrever anotações como em um diário ou agenda.

A princípio, os usuários, ou blogueiros, criavam seus blogs para relatar fatos que

aconteciam em suas vidas. Eram também utilizados como listas de discussão, em que as

pessoas podiam compartilhar ideias e pensamentos. Essa era uma maneira fácil e rápida de

trocar materiais na web. De acordo com Marcuschi (2005, p. 61), “a princípio os blogs eram

listas de links e sites interessantes que poderiam ser consultados, bem como notas de atalhos

para navegação”. Atualmente, os blogs também são utilizados para anotações diversas, como

críticas de filmes e livros, exposição de letras de música, poemas, entre outros.

21 Tradução livre feita pela autora deste trabalho. Encontra-se no texto original: “...computer tools which allow people to connect, to communicate, and to collaborate online.”

Page 60: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

59

O blog passou a ser demasiadamente utilizado, pois sua criação é rápida e simples do

ponto de vista técnico. O usuário pode fazer novas postagens, editá-las e publicá-las com

facilidade, em qualquer momento que desejar, sem que precise ter conhecimento

especializado em computação. Para Komesu (2005), o blog se tornou popular por não

demandar do usuário nenhum conhecimento especializado em informática e por a maioria dos

sites ser gratuita.

De acordo com o site Educastur, o blog vem revolucionando os esquemas de

publicação na rede, pois admite todos os tipos de arquivos, serviços e referências multimídias.

Blogger, Edublogs e WordPress são algumas plataformas de hospedagem para se criar um

blog. A maioria deles permite que o usuário poste arquivos de textos, fotos, áudio e vídeo. A

seguir, serão apresentadas algumas características do blog, segundo os artigos Web y

educación e Características y posibilidades de los blogs, publicados no site Educastur:

1. Facilidade de uso: os usuários conseguem facilmente editar, fazer a

manutenção e a atualização de textos, pois não são necessários

conhecimentos de programação. Além disso, há poucas subdivisões

internas, facilitando seu manuseio;

2. Hospedagem grátis: muitos provedores não cobram a hospedagem do

usuário, o que torna o acesso possível à maioria das pessoas;

3. Autoria compartilhada: pode haver mais de um autor;

4. Facilidade de acesso: o usuário pode navegar pelo blog de qualquer

computador com acesso à Internet;

5. Integração das ferramentas da web: o blog integra outras

ferramentas da Web 2.0, como, podcasts22 e wikis;

6. Interatividade: ideias são divulgadas para que sejam lidas, discutidas

com as pessoas que visitam o blog. Os comentários dos visitantes é

que garantem a interatividade entre leitor e autor;

7. Utilização de links: O administrador ou os autores podem colocar

diversos links para que os leitores possam acessar outras páginas na

Web;

8. Textos sucintos: os textos postados são geralmente curtos;

9. Indicação de tempo: os artigos são organizados cronologicamente, da

postagem mais recente para a mais antiga;

22 Segundo Dudeney e Hockly (2007, p.86), um podcast é um arquivo de áudio e/ou vídeo que o usuário pode baixar para um computador ou um aparelho móvel, como um MP3 player.

Page 61: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

60

10. Criação de uma “Blogosfera23”: Um único usuário pode criar uma

Blogosfera. Os usuários podem editar, publicar, modificar e construir

o conhecimento juntos.

Como se pode notar, o blog tem diversas características positivas que despertam o

interesse cda vez maior dos internautas. Uma delas é sua possibilidade de interação. Segundo

Campbell (2003), um weblog é interativo, no sentido de que os leitores podem responder a

qualquer artigo publicado com um comentário e, até mesmo, discussões sobre o mesmo tema

podem se realizar dependendo do software escolhido24.”

A seguir, serão apresentadas as etapas para se criar um blog. Para isso, utilizou-se o

site blogger.com.

3.3.1. O processo de criação de um blog: o uso do Blogger

Antes de se apresentar a importância dos blogs educativos, faz-se necessário elucidar

as etapas de criação do blog e a história do site de hospedagem de blogs: Blogger. É válido

ressaltar que se utilizou o mesmo site também para criação e elaboração do projeto feito com

alunos de uma escola de idiomas, projeto este que será mais detalhado no próximo capítulo.

De acordo com Rosenberg, no início de 1999, Evan Williams e Meg Hourihan abriram

uma empresa chamada Pyra. O objetivo dessa empresa era o de criar um software novo que

ajudasse na colaboração em grupo. Em agosto de 1999, eles divulgaram um projeto paralelo

chamado “Blogger”, uma ferramenta gratuita que veio para atualizar os blogs pessoais.

Segundo o autor, o “Blogger” não é o primeiro, nem o mais sofisticado site de hospedagens

de blogs, mas é aquele que tornou os blogs mais acessíveis à população:

Evan Williams e Meg Hourihan tinham aberto sua empresa, Pyra, no início de 1999, com o objetivo de produzir um novo e ambicioso software para colaboração em grupo. Em agosto de 1999, eles tornaram público um pequeno projeto paralelo chamado Blogger. O fruto de uma semana valorosa de trabalho de programação, o Blogger era uma ferramenta gratuita para mecanizar a atualização dos weblogs pessoais. A ferramenta deslanchou quase que imediatamente, e seu sucesso fez do

23 “Blogosfera” é um conjunto de blogs em que as pessoas podem se relacionar na Web. 24 Encontra-se no texto original: “a weblog is interactive, in the sense that readers can respond to any given entry with a comment and even threaded discussions can take place depending on the software chosen.”. Tradução livre feita pela autora deste trabalho.

Page 62: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

61

“blog” uma marca registrada. O Blogger não era a primeira, nem a mais sofisticada, nem, ao mesmo tempo, a mais fácil ferramenta de ser utilizada. Mas era aquela que transformou, por fim, o blog de um passatempo desconhecido a usuários da Web em um mercado de massa, um fenômeno onde qualquer um pode brincar. (2009, p.102)25

Segundo os autores, foi nessa época que os blogs passaram a ser utilizados por

milhares de pessoas no mundo. Esse é um dos motivos por que se escolheu o Blogger como

site de hospedagem para criação do blog analisado nesta pesquisa.

Para fazer um blog, primeiramente é necessário optar por um site de hospedagem.

Neste caso, escolheu-se o Blogger, também por ser gratuito. Para começar, faz-se necessário

digitar o endereço www.blogger.com e pressionar a tecla enter. Observa-se esta etapa na

figura a seguir:

Figura 3.7: Barra de endereços

25 Encontra-se no texto original: “Evan Williams and Meg Hourihan had started their company, Pyra, at the beginning of 1999, with the goal of producing novel, ambitious software for group collaboration. In August 1999 they unveiled a little side project called Blogger. The fruit of a week’s worth of programming labor, Blogger was a free tool for automating the updating of personal weblogs. It took off almost immediately, and its success made the “blog” label stick. Blogger was neither the first tool nor the most sophisticated nor, at the time, the easiest to use. But it was the one that ultimately transformed blogging from an arcane pastime for Web insiders into a mass-market, anyone-can-play phenomenon.” Tradução sugerida pela autora deste trabalho.

Page 63: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

62

A seguir, abre uma tela como a seguir. O usuário deve clicar com o botão esquerdo do

mouse em “CRIAR UM BLOG”, para fazer uma conta. Observa-se esta etapa na figura

abaixo:

Figura 3.8: Página inicial do Blogger

Caso o usuário já possua uma conta Google, ele deve digitar seu endereço de e-mail e

senha nos lugares indicados. Observa-se esta etapa na figura abaixo:

Figura 3.9: Acesso ao Blogger

Page 64: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

63

Caso não possua uma conta no Google, deve preencher o seguinte cadastro. Observa-

se esta etapa na figura a seguir:

Figura 3.10: Criação de uma conta do Google

Em seguida, cria-se um nome para o blog. O nome do blog e do endereço (URL) pode

ser modificado a qualquer momento. Observa-se esta etapa na figura abaixo:

Figura 3.11: Criação do nome do blog

Page 65: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

64

Então, o usuário escolhe um modelo de blog, isto é, a aparência do blog.

Posteriormente, o blogueiro também pode alterar o modelo de seu blog, se achar necessário.

Observa-se esta etapa na figura a seguir:

Figura 3.12: Modelos de blog

Por fim, o usuário clica em “COMEÇAR A USAR O BLOG”. Ele será levado a uma

página onde poderá escrever seu primeiro artigo. Aparecerá também um editor de texto em

que o usuário poderá formatar seu texto. Observa-se esta etapa na figura abaixo:

Page 66: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

65

Figura 3.13: O blog está pronto

Para criar um post, basta adicionar um título e inserir o texto desejado. É válido

lembrar que o usuário também pode adicionar imagens, vídeos e links em seu artigo. Então,

basta clicar em “PUBLICAR POSTAGEM” para publicar o post. Observa-se esta etapa na

figura abaixo:

Figura 3.14: Fazendo uma postagem

Page 67: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

66

Aparece também uma tela indicando que “sua postagem foi publicada”. O usuário

pode visualizar sua postagem ou editá-la, caso queira fazer alterações nela. Observa-se esta

etapa na figura a seguir:

Figura 3.15: Postagem publicada

Um blog pode ter um dono e vários administradores e autores, ou seja, mais de uma

pessoa pode escrever artigos, ou posts, em apenas um blog, o que torna a ferramenta ainda

mais colaborativa e interativa. Após essa descrição das etapas de elaboração do blog, abordar-

se-á o potencial do blog utilizado para fins educativos.

3.4. O potencial educativo dos blogs

Como se pôde notar ao longo do subitem anterior, os blogs podem ter qualquer tipo de

conteúdo. Segundo Dudeney e Hockly (2007), o tipo mais comum de blog é aquele feito por

um usuário que publica postagens, descreve seus pensamentos, faz análises, relata

experiências de vida ou até mesmo compartilha links interessantes e piadas.

No entanto, os blogs também podem ter um conteúdo sobre ensino. De acordo com

Dudeney e Hockly (2007), os blogs educacionais são chamados “edublogs”, junção das

palavras educação e blog. “Os edublogs abrangem uma vasta gama de tópicos relacionados à

educação, que vão desde reflexões sobre política e desenvolvimentos educacionais a redações

Page 68: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

67

de alunos”26 (p.87). O principal objetivo desses blogs é o de servir como apoio no processo de

ensino e aprendizagem.

Em um edublog, o professor pode disponibilizar aos alunos a matéria dada em sala e

dicas de estudo, pode publicar links para ampliar seus conhecimentos, fazer com que debatam

e postem comentários sobre as aulas, entre outras possibilidades de uso. Há também outras

vantagens de se fazer um blog educativo para um grupo de alunos. Uma delas é que os

trabalhos dos estudantes podem ser compartilhados com outras pessoas e professores.

O interessante dos blogs educativos é que aproximam docentes e discentes, promovem

a alfabetização digital e enriquecem a aula, pois os alunos buscam, nessas ferramentas, mais

informação. Dessa forma, os aprendizes podem acessar, ler e possivelmente adicionar

comentários ao blog, mesmo estando fora do âmbito escolar.

Se interessar ao educador, suas produções e as dos alunos podem ser vistas e

comentadas por qualquer internauta do mundo, criando, assim, uma comunidade online sobre

um tópico, interesse ou pessoa em comum. Isso é um incentivo para que haja dedicação nos

trabalhos. Os pais também podem acompanhar as atividades escolares dos filhos e também ter

acesso ao que está sendo ensinado, o que não seria possível em aulas regulares dentro de uma

sala.

Como o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira está baseado na

comunicação, é importante aproveitar a potência e o alcance desses blogs para desenvolver

valores de participação, colaboração e construção coletiva.

Algumas características de um blog educacional podem ser elucidadas segundo o

artigo Características y posibilidades de los blogs, publicado em Educastur. Segundo o site, o

edublog pode ser:

Uma oficina onde um indivíduo ou um grupo escreve sobre um tema

sugerido ou livre, com a possibilidade de incluir arquivos de texto, áudio, vídeo ou

links para outros sites;

Um grupo de gerenciamento de projetos: um blog coletivo que professores e

alunos de disciplinas diferentes podem trabalhar em conjunto;

26 Encontra-se no texto original: “Edublogs cover a wide range of topics related to education, from musings on educational policy and developments to learner compositions.” – Tradução livre feita pela autora deste trabalho.

Page 69: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

68

Uma publicação eletrônica, como um jornal da escola, aproveitando o poder

de mídia dos blogs, com o armazenamento de conteúdos de outros sites, como, o

Youtube e o Flickr;

Um guia de navegação onde podem ser discutidos assuntos do mesmo

interesse, notícias, artigos. Dessa forma, os alunos contribuem de forma crítica

elaborando comentários.

Além dessas características, Dudeney e Hockly (2007) afirmam que há três tipos de

edublogs: aqueles desenvolvidos e utilizados por professores, por alunos individualmente e

por uma classe. Um blog criado e mantido por um docente é chamado de tutor blog, ou, blog

do professor. O tutor é quem decide se os alunos estão autorizados a escrever comentários.

Nesse tipo de blog, os professores podem disponibilizar dicas, revisões de aulas, links extras

sobre tópicos específicos, bem como materiais e dicas para o treinamento de professores e

para o uso de tecnologia em sala de aula.

Além disso, Campbell (2003) afirma que esses blogs também servem para os seguintes

propósitos:

Proporcionar a prática diária de leitura aos estudantes: algumas vezes os

alunos podem achar os materiais de leitura desinteressantes ou difíceis de ser

compreendidos. Isso acontece porque são escritos com outros propósitos. No blog, o

professor é o autor, facilitando a compreensão dos alunos, pois as postagens podem

ser menores, destinadas aos seus interesses e com links relacionados para que

procurem por mais informações, se desejarem. Além disso, o vocabulário visto em

sala pode ser revisado e as novas palavras podem ser publicadas com suas

definições;

Promover a exploração de sites em inglês: as postagens publicadas podem

incentivar os aprendizes a explorar mais sobre o assunto, lendo artigos em outros

sites;

Encorajar a interação online por meio de comentários: os alunos podem

escrever comentários sobre cada post, que pode ser lido por outros internautas. Os

tutores devem incentivar, questionar e desafiar seus educandos a explicitar seus

pensamentos;

Oferecer informações sobre a aula ou conteúdo: as postagens podem

servir para lembrar os alunos os próximos tópicos de discussão, as lições de casa

pedidas na aula anterior. O docente também pode explicar melhor ou revisar algum

tema em que os alunos tenham sentido dificuldade;

Servir como um recurso para o estudo individual: nas margens esquerda

e/ou direita do blog, pode haver links permanentes para que o estudante possa

Page 70: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

69

acessar a qualquer momento que haver necessidade. Esses sites podem ter diversos

conteúdos, como testes, notícias de jornais online, áudios e vídeos para a prática de

escuta, entre outros.

O segundo tipo é o student blog ou blog do estudante. O professor pode encorajar

seus alunos para que cada um crie e mantenha seu próprio blog. De acordo com Campbell

(2003), esses blogs são mais adequados para aulas de leitura e escrita, pois o educando pode

publicar uma postagem sobre um dever de casa e outros estudantes podem comentar; esses

blogs também podem ser utilizados como diários para prática de escrita. Além disso, podem

incluir informações, como relatos de intercâmbio com narrações sobre as experiências vividas

no país estrangeiro. O professor os incentiva a descrever suas histórias na própria língua

estrangeira e, assim, essa ferramenta acaba sendo um diário pessoal do aluno. Nesse sentido, o

discente pode praticar a escrita, desenvolver sua autonomia e adquirir experiência com a

prática. Ademais, o que foi escrito pode ser lido por qualquer internauta, possibilitando,

assim, que haja a troca de ideias.

O terceiro tipo é o class blog ou blog da classe. É o resultado do empenho

colaborativo de toda uma sala. Campbell (2003) oferece alguns exemplos de suas

possiblidades de utilização:

Como um mural onde os alunos podem postar mensagens, imagens e links

relacionados ao tópico de discussão debatido em sala;

Com estudantes de nível intermediário ou avançado, pode facilitar um projeto

baseado no aprendizado da língua, onde os educandos têm a oportunidade de

desenvolver as habilidades de pesquisa e escrita;

Como um espaço virtual para uma troca internacional. Nesse caso, alunos de

diferentes países podem publicar comentários sobre o que foi postado;

Como informativos sobre a escola ou faculdade.

De acordo com o site Educastur, esse tipo de blog é um dos mais utilizados no âmbito

educativo, podendo servir como um complemento às aulas, pois os alunos podem acessá-lo de

qualquer lugar em que haja acesso à Internet.

Dudeney e Hockly (2007) afirmam que há inúmeras vantagens na utilização do blog

como apoio para as aulas de língua estrangeira, pois é uma ferramenta do “mundo real”, que

ajuda os alunos a praticar a habilidade de escrita e também a se conectar com estudantes de

outras partes do mundo, uma vez que pode ser disponível publicamente na Internet. Nesse

Page 71: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

70

contexto, observa-se a importância dos edublogs, pois os aprendizes entram em contato com

situações reais de aprendizagem, uma das premissas da Abordagem Comunicativa, e a junção

desta com o blog auxilia ainda mais na aquisição da língua inglesa.

É válido ressaltar que os blogs colaboram na interação entre alunos e professor.

Dudeney e Hockly (2007, p.87) destacam que a interação é promovida da seguinte maneira:

“outros alunos, da mesma sala, de outras salas, ou até mesmo de salas outros países, podem

ser encorajados a postar comentários e reações às postagens do blog do estudante.”27

Ao longo desse capítulo, buscou-se elucidar alguns aspectos relevantes que permeiam

as Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTIC) e como elas têm sido

utilizadas no âmbito educacional. Enfatizou-se o potencial da ferramenta tecnológica blog

devido aos objetivos que se almeja alcançar com essa pesquisa. No capítulo a seguir, serão

apresentadas as análises feitas sobre as interações encontradas no blog desenvolvido por

estudantes de língua inglesa de uma escola de idiomas da cidade de São Paulo.

27 Encontra-se no texto original: “Other learners, from the same class, from the other classes or even from classes in other countries, can be encouraged to post comments and reactions to student blog postings.” – Tradução livre feita pela autora deste trabalho.

Page 72: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

71

CAPÍTULO 4 – O BLOG COMO APOIO PEDAGÓGICO NO ENSINO DE

LÍNGUA INGLESA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRÁTICA

“O uso de projetos encoraja a aprendizagem colaborativa e, por conseguinte, estimula a interação.” (Gavin Dudeney e Nicky Hockly)

4.1. O método da pesquisa

Para a realização e levantamento do corpus, adotou-se o estudo qualitativo, que,

conforme apontam Lüdke e André, é um estudo distinto, singular, com interesse próprio e de

cunho naturalístico, isto é, os dados são coletados no seu ambiente natural de ocorrência: “o

estudo qualitativo [...] é que se desenvolve numa situação natural, é rico em dados descritivos,

tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada”

(1986, p. 18).

Para isso, buscou-se fazer com os alunos um trabalho utilizando ambientes virtuais de

ensino alicerçados na aprendizagem colaborativa, no intuito de levar os sujeitos envolvidos no

processo a participarem ativamente dele. Destaca-se que a pesquisadora, atuando como

professora-mediadora, também exerceu o papel de participante.

O objetivo da pesquisa foi o de observar o processo interacional entre aluno/aluno e

aluno/professor em uma sala de ensino de língua inglesa. A base que sustentou a evolução do

trabalho foram as teorias sobre o blog educativo, citadas no capítulo anterior e relembradas

abaixo. O blog:

1. amplia o conhecimento dos estudantes, pois eles podem buscar

informações em outros blogs e sites;

2. é interativo: os alunos podem se comunicar com qualquer usuário não

apenas da escola, mas da cidade ou do mundo;

3. ajuda o aluno a se tornar um cidadão mais autônomo, pois é o próprio

autor de suas postagens;

4. auxilia no processo de uma aprendizagem colaborativa.

Page 73: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

72

Assim, pode-se concluir que um edublog pode proporcionar a aprendizagem em rede.

4.2. O contexto e a elaboração da pesquisa

A pesquisadora ministra aulas de inglês em uma escola de idiomas situada na região

metropolitana da cidade de São Paulo. Há em torno de 350 alunos nessa escola, que estudam

espanhol, francês, alemão, italiano, entre outros idiomas. Desse número total, por volta de 290

aprendem inglês. O nome da escola e dos alunos não é mencionado neste trabalho, uma vez

que o que se pretende é analisar a eficácia do blog no ensino de língua estrangeira e não

analisar o contexto escolar. Assim, não houve a preocupação com a descrição do ambiente de

uma escola de idiomas, nem com o método adotado, materiais de apoio, nem mesmo com o

contexto sociocultural dos alunos.

Para participar do trabalho, foram selecionados trinta alunos, na faixa etária entre

quinze e vinte anos, do nível intermediário 2 (dois), isto é, alunos que já cursaram pelo menos

três estágios anteriores (básicos 1 e 2 e intermediário 1). É válido ressaltar que alguns já

haviam iniciado seus estudos na língua inglesa em cursos como o de Kids (para crianças) e/ou

o de Teens (para pré-adolescentes). Escolheram-se estudantes do nível intermediário por já

terem algum conhecimento das estruturas básicas da língua, requisito que deveria ser

necessariamente preenchido pelos integrantes da pesquisa, uma vez que os artigos, ou

postagens, deveriam ser escritos na língua-alvo (em inglês).

É necessário ressaltar que, a cada semestre, a escola propõe que os alunos elaborem

projetos (Project Work) que são avaliados ao final do curso, com a finalidade de levá-los a

desenvolver uma das quatro habilidades de aquisição de uma língua estrangeira. O professor

tem a liberdade de escolher o tema e a forma como cada turma trabalha. Optaram-se, nesta

pesquisa, pelas habilidades de escrita e de leitura. Conforme já citado, a Internet e, mais

especificamente, o blog serão o foco principal deste projeto. De acordo com Dudeney e

Hockly (2007, p.44), esses projetos escolares são muito importantes no processo de aquisição

de uma língua estrangeira e há diversas razões convincentes para usar a Internet como apoio

para o desenvolvimento desse tipo de trabalho, conforme se destaca a seguir:

1. O professor pode elaborar projetos a longo ou curto prazos, uma vez que

não necessita de conhecimento técnico específico para produzir ou utilizar

a Internet em projetos. Entretanto, o educador necessita de algum tempo

Page 74: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

73

para planejar e elaborar o trabalho. Sugere-se que o professor pesquise por

algo que já exista antes de criar seu próprio projeto.

2. Esses projetos envolvem atividades que proporcionam o compartilhamento

do conhecimento e a interação por meio da escrita, duas das principais

metas do processo de ensino e aprendizagem. Podem ser interdisciplinares,

permitindo a troca de informações entre diferentes áreas. Dessa forma,

propiciam um contato com o “mundo real” e fornecem mais motivação

para o estudante.

3. Encorajam o pensamento crítico. Os aprendizes não devem simplesmente

reportar as informações que encontram na Internet, mas devem transformá-

las, no intuito de alcançar o objetivo proposto pelo professor.

Nesse contexto, a Internet pode ser compreendida como uma enorme enciclopédia,

pois proporciona aos alunos acesso rápido a informações passíveis de ser utilizadas em

projetos escolares. No ensino de língua estrangeira, podem ser desenvolvidos para alunos do

nível básico ao avançado. No entanto, os autores afirmam que, para preparar um trabalho, é

necessário que o professor obedeça a alguns passos:

Escolher o tema: equivale a obter informações a respeito da pesquisa;

Explicar a metodologia: deixar claro quais são os objetivos do

trabalho e quais são os tipos de informação que devem ser pesquisados;

Orientar os recursos a serem utilizados: sugerir sites em que os

estudantes podem pesquisar; verificar se contêm informações pertinentes ao

nível dos estudantes;

Decidir sobre o objetivo a ser alcançado: averiguar qual é o objetivo

final do projeto.

Assim, nota-se a importância de utilizar a Internet nesse trabalho e, para elaborá-lo,

optou-se pelo blog por ser uma rede social que, como visto no capítulo três, está sendo cada

vez mais utilizado no cotidiano dos jovens, por ser uma ferramenta tecnológica de fácil acesso

e por oferecer diversas formas de interatividade. Pretendeu-se utilizar o blog como uma

estratégia pedagógica de ensino para conduzir os alunos a aprenderem e desenvolverem

Page 75: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

74

competências através das atividades de pesquisa que envolvessem interpretação, seleção,

síntese e postagem.

Baseando-se nessas leituras, algumas questões foram pensadas antes que se desse

início ao Project Work:

1. Quais são os objetivos da atividade? 2. Quais são os resultados de aprendizagem esperados com

a realização da atividade? 3. Que habilidades serão trabalhadas? 4. Que tipo de feedback será dado ao aluno? 5. Onde a atividade será desenvolvida? 6. De que recursos o aluno dispõe para contatar o professor

em caso de dúvidas? 7. Em quanto tempo será desenvolvida a pesquisa de

campo? 8. Número de alunos envolvidos?

Após a criação do blog, os próprios alunos escolheram o tema e o nome do blog. A

professora-pesquisadora permitiu a seleção do tema, pois era algo próximo à realidade deles, e

isso propiciava que trabalhassem de maneira mais prazerosa. Além disso, foi feita uma

pesquisa para saber qual assunto seria o mais envolvente para se abordar. Dentre os sugeridos,

o mais votado foi “esportes”, pois, segundos os estudantes, em outubro de 2011 (momento de

desenvolvimento do projeto) aconteceram os jogos Pan-Americanos em Guadalajara, no

México; outro motivo é que, no ano seguinte (julho de 2012), acontecerão os jogos Olímpicos

em Londres, cidade onde o inglês é a língua oficial.

É válido observar que o livro oferece uma unidade relativa ao tema e, conforme sugere

a Abordagem Comunicativa, os alunos partem do que é abordado em sala de aula para se

aprofundarem no assunto, tornando a aprendizagem mais significativa.

A pesquisa foi desenvolvida durante dois meses (de 5 de setembro a 5 de novembro de

2011). Os aprendizes trabalharam individualmente na elaboração das postagens e dos

comentários. Durante esse tempo, a capacidade de interação entre os alunos e entre

aluno/professor foi observada e avaliada pela pesquisadora.

Page 76: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

75

Durante o projeto, qualquer usuário pôde ter acesso ao blog, mas apenas os autores,

isto é, os estudantes puderam publicar postagens. Em caso de dúvidas, puderam contatar a

professora por meio de um e-mail disponibilizado no blog.

Desde o início, buscou-se orientar os estudantes de forma clara, de modo que

estivessem conscientes dos objetivos propostos (essas orientações encontram-se

disponibilizadas nos anexos desta pesquisa). É importante destacar que era permitido o uso de

vídeos e imagens nas postagens e não havia limite para postagens e comentários dos

participantes.

4.3. Criação e descrição do blog Sport Lovers

Neste subitem, são apresentados e explicados os passos seguidos para o

desenvolvimento do blog. São eles: (i) Acesso ao blog; (ii) Nome do blog; (iii) Descrição do

blog; (iv) Páginas do blog; (v) Ícones de reação; (vi)Visibilidade do blog; (vii) Useful

Websites; (viii) Twitter Updates. Há também ilustrações do próprio blog, para se entender

melhor as etapas do seu processo de elaboração.

4.3.1. Acesso ao blog

Os alunos e a professora puderam acessar o blog por meio do site blogger.com,

digitando o e-mail cadastrado e senha nos campos indicados. O blog foi criado no dia 5

(cinco) de setembro de 2011, com a seguinte URL: http://sportlovers2011.blogspot.com. A

seguir, observa-se o campo login, indicado em vermelho:

Page 77: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

76

Figura 4.1: Acesso ao blog

4.3.2. Nome do blog

Criou-se um nome para o blog: “Sport Lovers”, ou “Amantes do Esporte”. O cuidado

com a escolha do nome do blog deveu-se ao fato de o blog ter sido feito para adolescentes e,

por esse motivo, ser atraente para que os alunos pudessem ter mais interesse em participar do

trabalho. A seguir, observa-se o nome do blog indicado em vermelho:

Page 78: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

77

Figura 4.2: Nome do blog

4.3.3. Descrição do blog

Ainda no intuito de atrair a atenção dos alunos, colocou-se a seguinte descrição: “This

is a blog for those students who are sport lovers!”, isto é, “Este é um blog para aqueles

estudantes que são amantes do esporte!”. A seguir, observa-se a descrição do blog, indicada

em vermelho:

Page 79: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

78

Figura 4.3: Descrição do blog

4.3.4. Páginas do blog

A seguir, foram criadas as páginas “Home” (Início), onde ficam disponíveis todas as

postagens em ordem cronológica (da mais recente à mais antiga), “About” (Sobre), para que

os alunos tivessem uma maior noção do que seria o blog e do que poderiam publicar nele e a

página “Contact us” (Contate-nos), onde está disponível o e-mail da professora-pesquisadora

para que os alunos pudessem contatá-la em caso de alguma dúvida, reclamação ou sugestão

para o blog. Das três páginas criadas, a mais utilizada foi a “Home”, pois é considerada a

página principal de um blog, onde os usuários têm acesso a todas as postagens. A seguir, três

imagens serão apresentadas: na primeira, observam-se em vermelho onde as páginas do blog

estão localizadas, na segunda e na terceira imagens, pode-se notar o conteúdo de cada página:

Page 80: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

79

Figura 4.4: Páginas do blog

Figura 4.5: Página “About”

Page 81: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

80

Figura 4.6: Página “Contact us”

4.3.5. Ícones de reação

Elaboraram-se as chamadas “Reações”, isto é, ícones que o leitor pode clicar para dar

sua opinião sobre a postagem lida. Esses ícones são interessantes, pois caso o leitor não queira

comentar a postagem, pode deixar apenas seu parecer. Os ícones escolhidos foram os

seguintes: “funny” (engraçado), “interesting” (interessante) e “cool” (legal). A seguir,

observam-se os ícones de reação indicados em vermelho:

Page 82: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

81

Figura 4.7.: Reações

4.3.6. Visibilidade do blog

Havia duas possibilidades de escolha em relação à visibilidade: o blog poderia ser

restrito, ou seja, o criador do blog limitaria seu número de leitores, permitindo que apenas

usuários autorizados pudessem acessá-lo, e público, isto é, sem restrição de leitores. Durante

a elaboração do projeto, optou-se por deixar o blog público por dois motivos: primeiro porque

toda vez que um leitor quisesse acessar o blog deveria efetuar login antes, adicionando, assim,

mais uma etapa ao processo, o que poderia se tornar pouco interessante ao aluno e, segundo,

porque se pretendeu verificar a interação entre os usuários.

Todavia, é válido lembrar que o público em geral apenas pode ler e comentar as

postagens do blog, mas apenas os que têm permissão (chamados autores) são capazes de

escrever artigos e postar. Mesmo os chamados “autores” são moderados pelo administrador,

que, no caso, é a professora (criadora do blog); esta, por sua vez, pode restringir aos autores

alguns espaços do blog, para que certas informações não sejam alteradas. A seguir, observa-se

uma imagem a respeito dessa configuração:

Page 83: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

82

Figura 4.8: Visibilidade do blog

4.3.7. Useful Websites

A categoria é utilizada para indicação de sites e blogs recomendados pela professora.

Os links ficam disponibilizados aos alunos para que possam buscar informações em outras

fontes. O intuito desse espaço é o de mostrar opções para consultas a temas relacionados com

a língua inglesa e com esportes e o de propiciar o compartilhamento de informações que

agreguem conhecimento. Segue anexa a ilustração de onde esses sites podem ser localizados.

Page 84: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

83

Figura 4.9: Useful Websites

4.3.8. Twitter updates

As ferramentas disponíveis para aperfeiçoar e facilitar as funções de um blog também

são interativas. Cria-se um perfil no Twitter com o intuito de gerar mais interação entre alunos

e professor e, ainda, de ter mais uma fonte de busca de informações. Os estudantes acessam o

blog e obtêm outras notícias sobre língua inglesa no perfil da docente no Twitter. A seguir,

uma figura de onde essas atualizações estão localizadas.

Page 85: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

84

Figura 4.10: Twitter Updates

Com o blog pronto, passaram-se aos estudantes algumas orientações (ver anexo A) de

uso, com explicações sobre como fazer uma postagem, um comentário, como reagir às

postagens, como adicionar fotos, vídeos, entre outros recursos que o blog pode oferecer.

Então, os estudantes publicaram quarenta e três posts e cinquenta e dois comentários ao

longo dos dois meses de projeto. Dentre esse universo, selecionaram-se os mais relevantes

para analisar como se estabelecem as formas de interação no blog Sport Lovers.

4.4. Interações no blog Sport Lovers

Como visto no segundo capítulo desta pesquisa, no ensino de línguas trabalham-se as

habilidades linguísticas de escuta, de fala, de leitura e de escrita. Em aulas baseadas nas

abordagens Comunicativa e Sócio-interacionista, o principal objetivo é fazer com que o aluno

seja capaz de se comunicar, por isso a interação é tão importante dentro da sala de aula. Em

aulas presenciais, a interação é geralmente estabelecida pela linguagem oral ou por gestos. No

ensino a distância ou semipresencial, esse intercâmbio acontece principalmente por meio da

escrita.

O objetivo desta análise consiste na interação aluno/aluno e aluno/professor,

baseando-se no fato de que a motivação do estudante em relação à aprendizagem procede de

Page 86: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

85

maneira significativa, a partir do vínculo estabelecido entre docente e aprendiz e, como o

processo de ensino de uma língua estrangeira está fundamentado na comunicação, é

importante utilizar os blogs educacionais para desenvolver a participação, colaboração e

construção coletiva.

No entanto, observa-se que este trabalho dá ensejo a diversas análises do ensino da

escrita de uma língua, como, por exemplo, avaliar e corrigir as sentenças escritas pelos alunos

no blog. Entretanto, não são avaliados o uso e a escolha gramatical e lexical dos estudantes,

nem se leva em consideração a maneira com a qual os alunos escrevem nos blogs, pois estes

são um tipo de gênero em que acrônimos e abreviações são permitidos.

4.4.1. O diálogo entre professor e aluno: estratégias de interação

Acredita-se que a interação constitui um elemento fundamental no processo de ensino

e aprendizagem, pois auxilia na construção do conhecimento. No ensino presencial, ela ocorre

principalmente pela linguagem oral. Em cursos mediados por computador, é por meio da

linguagem escrita que o educador desenvolve técnicas que envolvem e motivam os alunos.

Sendo assim, “ele [o professor] deve levar em conta a possibilidade de utilizar a linguagem de

forma estratégica, visando a produzir sentidos e a propiciar o envolvimento do estudante em

seu processo de aprendizagem.” (CAMPOS, 2008, p.93)

De acordo com Campos (2008), não há uso neutro de palavras ao elaborar uma

mensagem; longe disso, as opções do destinador são carregadas de intenções, dependendo do

destinatário e do contexto em que a mensagem é produzida. Com base nessas afirmações,

compreende-se que o professor, participante do blog, pode estabelecer as estratégias que mais

propiciem a participação do aluno.

Coulthard (1977 apud Campos, 2008, p.95) aponta algumas marcas presentes no

discurso escrito, que podem torná-lo mais envolvente, pois, ao propiciarem que o aluno se

envolva mais e que, consequentemente, possa estabelecer uma relação afetiva com seu

professor, ajudam o aluno no processo de aprendizagem de uma língua estrangeira e podem

tornar o estudo mais motivador e prazeroso. Segundo o autor, algumas dessas marcas são:

Emissão de avaliações;

Convites;

Page 87: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

86

Solicitações;

Elogios;

Recomendações;

Repetições;

Perguntas.

Segundo Campos (2008), diversos autores alegam a importância da criação de um

ambiente que proporcione o sentimento de afetividade entre os participantes. Dessa forma,

acredita-se que utilizar estratégias de maneira afetiva pode garantir uma participação maior

dos alunos no processo de ensino e aprendizagem, provocando aproximação entre os

interactantes e proporcionando uma interação colaborativa.

Neste subitem, objetiva-se analisar o discurso dos participantes do blog Sport Lovers,

no intuito de verificar algumas estratégias interacionais presentes no texto do docente e como

o discente responde a elas, tendo em vista estabelecer aquela interação. Considere-se a

postagem publicada em 10 de setembro de 2011, intitulada “Cesar Cielo” – atleta brasileiro de

natação. No post, o aluno se apresenta e descreve algumas conquistas do nadador. Apresenta-

se, a seguir, o texto do estudante.

Postagem 1

Cesar Cielo

Good morning people my name is “Aluno 3” !

Today I will talk about a sport that I love. Swimming.

He was Olympic champion in the 50 meter freestyle Olympic Games in Beijing in 2008. Where also won the bronze medal in the 100 meter freestyle. World champion 100-meter freestyle in Rome in 2009, twice world champion and the 50 meter freestyle in Rome in 2009 and Shanghai 2011, world record holder in both events. He won three gold medals and one silver medal in the 2007 Pan American Games in Rio de Janeiro.

No período de desenvolvimento do projeto, houve quatro comentários sobre este

artigo: dois escritos por alunos, um pela professora e um pelo autor do post, reportados

abaixo.

Page 88: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

87

Aluno 1

Cielo is so good!

Aluno 2

I really like him too, “Aluno 1”!

Professora

Hello, dear!

I liked reading your post! I see this is your first one! What do you think about posting?

Well, I agree with “Aluno 1” and “Aluno 2”! Cielo is really good! Nowadays, in my opinion, he is the best swimmer in the world!

Keep writing!

Kisses!

Aluno 3

Hi teacher!!!

Thank you! I enjoy your classes and the blog! I like post too!28

Cool! I love Cielo!

Ok… I’ll try to write more!

bye bye

Notam-se algumas estratégias de interação nos comentários reproduzidos pela

professora e pelo aluno 3, como, por exemplo, saudações, elogios, perguntas, respostas às

perguntas, comentários, sugestões, aceitação de sugestão.

No quadro a seguir, são exemplificadas determinadas estratégias adotadas pelos

interactantes, com base em Coulthard e apontadas anteriormente:

Professora Aluno 3

28 Percebe-se que o aluno não utiliza o gerúndio infinitivo de forma adequada às normas gramaticais da língua inglesa. O correto seria: “I like posting, too”, mas esse tipo de inadequação não é considerado neste trabalho por não ser o objetivo desta pesquisa. Em relação ao uso incorreto da língua inglesa, vale ressaltar que a professora corrige todas as postagens e comentários dos alunos em sala ou por meio de seus e-mails pessoais.

Page 89: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

88

Hello, dear! (Saudação)

I liked reading your post! (Elogio)

What do you think about posting?(Pergunta)

Nowadays, in my opinion, he is the best swimmer in the world! (Comentário)

Keep writing! (Sugestão)

Hi teacher!!! (Saudação)

Thank you! (Agradecimento)

I enjoy your classes and the blog! (Elogio)

I like post too!(Resposta à pergunta)

Cool! I love Cielo! (Comentário)

Ok… I’ll try to write more! (Aceitação da sugestão)

A princípio, a saudação inicial da professora, seguida de um elogio, transmite

aproximação e cortesia ao diálogo, o que também pode ser verificado na resposta do aluno 3,

pois este compõe seu discurso com uma saudação e um elogio da mesma forma. Além disso,

o estudante faz um agradecimento, uma ação positiva, que gera uma relação de empatia:

Professora: Hello, dear! I liked reading your post!

Aluno 3: Hi teacher!!! Thank you! I enjoy your classes and the blog!

Dessa forma, observa-se que o aprendiz se mostra interessado em manter o vínculo de

polidez e proximidade. O comprometimento em manter essa ligação também é notado no

trecho a seguir, em que a docente faz uma pergunta e também obtém resposta. A pergunta

poderia não ter sido respondida, o que ocorre com muita frequência em uma situação de

comunicação como essa (CAMPOS, 2008).

Professora: What do you think about posting?

Aluno 3: I like post too!

Respondendo à pergunta da professora, percebe-se que o aluno se mostra

comprometido em manter a interação. Com o uso de indagações, a aproximação entre os

sujeitos é reforçada por meio de uma relação afetiva. Assim, a educadora pode motivar o

aprendiz a participar mais ativamente do processo de ensino e aprendizagem.

Em seguida, ambos os interactantes fazem um comentário:

Professora: Nowadays, in my opinion, he is the best swimmer in the world!

Aluno 3: Cool! I love Cielo!

Page 90: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

89

Ao deixar um comentário, a professora demonstra seu interesse pelo assunto e pelo

aluno, na tentativa de encorajá-lo a envolver-se mais.

A tutora sugere ao estudante que continue escrevendo, e este prontamente aceita,

comprometendo-se em ainda participar:

Professora: Keep writing!

Aluno 3: Ok… I’ll try to write more!

Por meio dos exemplos selecionados, verificam-se a utilização de estratégias

interacionais, como, saudações, elogios, agradecimentos, perguntas, respostas às perguntas,

comentários, sugestões e aceitações de sugestão. Considera-se que essas marcas contribuem

para que haja uma relação afetiva entre os participantes, estabelecendo uma interação

colaborativa.

Notam-se também algumas estratégias de interação nos comentários feitos para a

postagem publicada em 24 de outubro de 2011, intitulada Pan American Games – 2011, em

que a professora (autora do post) comenta que os Jogos Pan-Americanos são um evento

esportivo sediado em Guadalajara, México e que, até a data da postagem, os atletas brasileiros

haviam conquistado setenta e duas medalhas, motivo de orgulho para a população brasileira,

pois era o segundo país a conseguir maior número de medalhas naquela edição dos jogos. A

professora também disponibilizou o site oficial dos Jogos Pan-Americanos para que os

estudantes pudessem adquirir mais informações sobre cada modalidade esportiva e sobre cada

atleta. A seguir, apresenta-se o artigo da professora:

Postagem 2

Pan-American Games - 2011

Hello, students! As you know, the Pan-American Games started on October 14th. This year, the multi-sport event is being hosted in Guadalajara, Mexico. Today is October 24th and Brazilian competitors have already won 26 gold medals (72 in the total). We are the second country which won more gold medals!!! What a proud!!! (: You can check some information about the sports and countries which are participating of the event in the official website: http://info.guadalajara2011.org.mx/ENG/ZZ/ZZS100B_@@@@@@@@@@@@@@@@@ENG.htm

Page 91: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

90

The content is available in English and Spanish. I hope you like it! See you soon! ;)

No período de desenvolvimento do projeto, houve seis comentários sobre este post:

quatro escritos por alunos e dois pela professora, reproduzidos a seguir.

Aluno 1

I always watch, this is really cool!

Aluno 2

I go to watch the games of the soccer and volleyball.

P.S: Teacher did I write correctly?

Aluno 3

It's beautiful!

Professora

So do I, “Aluno 1”. I always watch the games! I love the Pan American Games! As “Aluno 3” said: “It’s beautiful!” and I’m so proud of Brazilian athletes!

See you soon, guys!

Professora

Hello, “Aluno 2”!

I loved your comment! I’m going to watch the games tonight as well!

Do you remember when we discussed future plans in class?

For future plans we use ‘be + going to’. So, you could have written: “I’m going to watch the soccer and volleyball games.”

Thank you for commenting!

Keep writing!

See you!

Aluno 2

Page 92: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

91

Thanks teacher!

Hmmm… Yes, I remember the classes!

I’m going to post more! (and this is not an example…I’m just accepting your suggestion! hahaha)

See you!

Observa-se, na transcrição das mensagens, que os alunos 1 e 3 comentam a postagem

publicada pela professora, mas que o aluno 2, além de postar um comentário, também faz uma

pergunta à educadora, indagando se o que escreveu estava correto, tal como se segue:

P.S: Teacher did I write correctly?

A professora, por sua vez, responde aos alunos 1 e 3, comentando que assiste também

aos jogos e que sente orgulho dos atletas brasileiros. Além disso, em resposta ao primeiro

comentário do aluno 2, a docente faz uma saudação, um elogio, uma pergunta, uma

explicação, uma recomendação, um agradecimento e uma sugestão. A partir do segundo

comentário da tutora e do segundo comentário do aprendiz, notam-se algumas estratégias de

interação, que são descritas e avaliadas a seguir:

Professora Aluno 2

Hello, “Aluno 2”! (Saudação)

I loved your comment! (Elogio)

Do you remember when we discussed future plans in class? (Pergunta)

For future plans we use ‘be + going to’. (Explicação)

So, you could have written: “I’m going to watch the soccer and volleyball games.” (Sugestão)

Thank you for commenting! (Agradecimento)

Thanks teacher! (Agradecimento)

Hmmm… Yes, I remember the classes! (Resposta à pergunta)

I’m going to post more! (exemplificação)

(and this is not an example…I’m just accepting your suggestion! hahaha) (Aceitação da sugestão)

Como visto na análise da primeira postagem, a saudação e o elogio da professora

exprimem aproximação e informalidade, incluindo a cortesia no diálogo. O aluno agradece à

educadora, mantendo uma relação de empatia:

Page 93: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

92

Professora: Hello, “Aluno 2”! I loved your comment!

Aluno 2: Thanks teacher!

A seguir, a educadora pergunta se o aprendiz se recorda das aulas em que estudaram o

tempo verbal Futuro Simples. O educando responde prontamente à docente:

Professora: Do you remember when we discussed future plans in class?

Aluno 2: Hmmm… Yes, I remember the classes!

Por meio da resposta do estudante, nota-se que há interesse e comprometimento em

manter a interação, o que estabelece uma relação de afetividade entre os participantes e

propicia uma maior participação do aluno.

Após a indagação, a professora explica como utilizar o Futuro Simples e sugere como

a oração deve ser escrita. O aluno, por sua vez, aceita sua recomendação, sua sugestão e ainda

exemplifica:

Professora: For future plans we use ‘be + going to’. So, you could have written: “I’m going to watch the soccer and volleyball games.”

Aluno 2: I need to study more! I’m going to post more! (and this is not an example…I’m just accepting your suggestion! hahaha

Segundo Campos (2008, p.102), “as explicações são estratégias que podem produzir

no outro efeito de comprometimento e de interesse, pois, além de serem uma tentativa de

tornar um conteúdo mais compreensível, ajudam [...] a estreitar laços afetivos entre professor

e aluno”. Entretanto, a autora ressalta que nem sempre prevalece uma relação de afetividade

entre os sujeitos; o tipo de relação depende de outros fatores, como o respeito, a cordialidade,

entre outros. O aprendiz, ao aceitar a recomendação e sugestão da docente, demonstra que

entendeu a explicação do conteúdo, elaborando um exemplo, o que reforça sua fala. Além

disso, mantém um vínculo de empatia com a tutora, ao apontar que o que foi escrito não é um

exemplo, mas a aceitação de sua sugestão. O estudante ainda demonstra aproximação e

informalidade ao digitar “hahaha”, representando risos.

Com base em Campos, foram apresentadas nessas análises algumas estratégias de

interação. Entretanto, é válido ressaltar que, embora não seja o foco deste trabalho apontar os

Page 94: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

93

erros de escrita dos alunos, a professora sugeriu e orientou este último aluno 2, pois ele havia

solicitado ajuda da tutora em seu primeiro comentário e também porque essa é uma das

situações necessárias no processo pedagógico.

Portanto, ao longo deste subitem foram elucidadas algumas estratégias de interação,

como saudações, elogios, agradecimentos, perguntas, respostas às perguntas, comentários,

sugestões, aceitações de sugestões e explicações. Nesse contexto, considera-se a afirmação de

Campos (2008, p.96):

os efeitos de sentido gerados em relações interacionais devem ser levados em considerações em ambientes educacionais, já que muitos deles podem auxiliar no envolvimento do aprendiz: um aluno envolvido predispõe-se a aprender com mais facilidade.

Dessa forma, pode-se afirmar que a interação ajuda na construção do conhecimento do

educando, pois produz efeitos de cortesia, comprometimento, interesse e empatia e, assim,

estabelece uma relação afetiva entre os participantes, o que pode assegurar uma participação

mais ativa no processo de ensino e aprendizagem.

4.4.2. Quantidade de comentários

Acredita-se que o processo de interação é importante no processo de ensino e

aprendizagem de uma língua. Vygotsky (1998) afirma que a interação leva o educando ao

desenvolvimento e este o leva a construir uma série de conhecimentos.

Como já foi elucidado no primeiro capítulo desta pesquisa, Kenski (2010, p.93)

ressalta que o professor exerce uma nova função nessa sociedade da informação: a de

participante. Junto com os alunos, forma uma “equipe de trabalho”, em que todos colaboram

mutuamente. Partindo desse ponto de vista, a professora passa a responder aos posts e

comentários dos alunos no blog Sport Lovers, no intuito de gerar maior interação. Nesse

sentido, algumas considerações são apresentadas a seguir:

Três postagens foram selecionadas: as publicadas em 5 de setembro, em 31 de outubro

e em 5 de novembro, escritas no ano de 2011. O critério observado para selecioná-las foi o

seguinte: (i) maior número de comentários; (ii) diferentes alunos interessados pelo mesmo

assunto; e (iii) nenhuma interatividade.

Page 95: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

94

O primeiro post do blog, elaborado pela professora-pesquisadora, tem como título

Welcome, em que são dadas as boas-vindas aos alunos. Ao longo da semana em que é postada

a mensagem (de 4 a 10 de setembro) houve apenas o comentário de um aluno. Ao perguntar-

lhes o motivo pelo qual não tinham publicado nenhum recado a respeito do artigo, os

aprendizes alegaram motivos de viagem, no feriado de 7 de setembro. Depois, até o final do

projeto (5 de novembro), essa postagem obteve dezesseis comentários, como se observa a

seguir:

Postagem 1

Welcome!

Welcome to our blog, students!

I'm teacher Karine and that's my first post.

I'm very glad to share some knowledge with you!

I hope you enjoy it! See you soon!!

Aluno 1

Hello teacher!

I loved your blog! kisses!!!

“Aluno 1”

Professora

Thanks, “Aluno 1”!

You can comment and post anything you want! (:

Kisses

Aluno 2

I really like this blog teacher! ^^

See ya!

Professora

Thanks, dear!

I see you are posting and commenting. That’s so cool!

Aluno 2

Page 96: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

95

But I don’t know if I write correct!

Professora

No problem! The important thing is that you’re trying! Anyway I’m going to send you an e-mail with some comments about what you’ve written. This way, you can improve your writing!

OK?

Kisses!

Aluno 2

Gooood for me!!hahahahaha…

Thank you teacher! =P

Aluno 3

Not fair!!!!!

I want corrections too!!!hehe

Professora

LOL

I’ll do that, guys!

XOXO

Aluno 3

Tks Teacher!

what is LOL and XOXO?

Aluno 2

I don’t no “Aluno 3”.

Professora

They are acronyms. LOL means Laugh Out Loud and XOXO means kisses and hugs.

Do you remember when we studied some in class?

Aluno 3

yes! but i don’t knew LOL and XOXO. Tks29 teacher!

29 Esses são alguns exemplos de siglas muito utilizadas na língua inglesa. “LOL” significa Laugh out loud, ou “rindo muito alto”; “XOXO”, em português, “abraços e beijos”; e “Tks” é a abreviação de Thanks, ou obrigado.

Page 97: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

96

Esta é a postagem que obteve o maior número de comentários. Por meio deste artigo,

observa-se que o Aluno 1 publica sua mensagem, elogiando o blog. A professora responde ao

comentário do Aluno 1, agradecendo o elogio e sugerindo que publique mais comentários e

postagens.

Aluno 1: Hello teacher! I loved your blog! kisses!!! “Aluno 1”.

Professora: Thanks, “Aluno 1”! You can comment and post anything you want! (: Kisses

Nota-se que aprendiz e docente interagiram afetivamente com a troca de mensagens. A

seguir, o Aluno 2 também elogia o blog, e a professora, por sua vez, agradece e afirma notar

suas postagens e comentários:

Aluno 2: I really like this blog teacher! ^^ See ya!

Professora: Thanks, dear! I see you are posting and commenting. That’s so cool!

Ao responder à mensagem, a tutora demonstra interesse no trabalho do educando. A

interação entre o Aluno 2 e a Professora continua quando há mais um comentário do mesmo

aprendiz, que afirma não saber se sua escrita está correta:

Aluno 2: But I don’t know if I write correct!

Nota-se que o discente se mostra interessado em participar e preocupado com o que

escreve. A professora responde novamente, alegando a importância em participar do blog e

não apenas em escrever corretamente. No entanto, afirma que lhe enviará um e-mail com

sugestões sobre suas mensagens, para que possa auxiliá-lo a desenvolver sua habilidade de

escrita.

Professora: No problem! The important thing is that you’re trying! Anyway I’m going to send you an e-mail with some comments about what you’ve written. This way, you can improve your writing! OK? Kisses!

Segundo Campos (2008), ao responder aos comentários dos alunos, a docente

demonstra comprometimento em solucionar as dúvidas que eles têm. Observa-se também que,

Page 98: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

97

em seguida, o aprendiz que postou a mensagem agradece à tutora, e o Aluno 3 interage com

os outros participantes: Aluno 2: Gooood for me!!hahahahaha Thank you teacher!

Aluno 3: Not fair!!!!! I want corrections too!!!hehe

Professora: LOL I’ll do that, guys! XOXO

Nota-se que, conforme a docente responde aos comentários, os estudantes se sentem

mais à vontade para perguntar mais, o que demonstra interesse em continuar participando e

em solucionar algumas dúvidas: Aluno 3: what is LOL and XOXO?

Aluno 2: I don’t no “Aluno 3”.

A educadora explica o significado dos termos indagados e ainda faz uma pergunta a

eles:

Professora: They are acronyms. LOL means Laugh Out Loud and XOXO means kisses and hugs. Do you remember when we studied some in class?

O Aluno 3 prontamente responde e agradece à professora:

Aluno 3: yes! but i don’t knew LOL and XOXO. Tks30 teacher!

Dessa forma, ressalta-se que os alunos interagem com a professora, no intuito de tirar

suas dúvidas e, assim, juntos constroem o conhecimento.

Ainda em relação à comunicação e à interação, consideram-se as palavras de Kenski

(2010, p.64): “A comunicação [em Ambientes Virtuais de Aprendizagem] é realizada como se

o texto tivesse sido feito para cada leitor, individualmente.”, ou seja, a interação é

estabelecida com diferentes e diversos estudantes e com a docente, mas cada um escreve

como se estivesse se comunicando apenas com um indivíduo.

30 Esses são alguns exemplos de siglas muito utilizadas na língua inglesa. “LOL” significa Laugh out loud, ou “rindo muito alto”; “XOXO”, em português, “abraços e beijos”; e “Tks” é a abreviação de Thanks, ou obrigado.

Page 99: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

98

A postagem seguinte, publicada em 31 de outubro de 2011, obteve maior número de

diferentes alunos participantes. O post foi elaborado durante uma aula no laboratório de

informática por um estudante que se baseou nos próprios conhecimentos adquiridos ao longo

do curso. Com título Sports, o discente se apresenta e explica sua falta de habilidade nos

esportes. O estudante termina seu artigo perguntando se os outros colegas se interessam pelo

tema e se apreciam ou assistem a eventos esportivos pela televisão.

Postagem 2

Sports

Hi, my name's “Aluno 1”. I like handball. I don't like other sports! I can't play basketball, volleyball or tennis! But I like watching sports on TV!!! And you, do you like sports?? What sports do you like or watch?? kisses!

No total, houve nove comentários para essa postagem, sendo que oito são de alunos e

um da professora, ilustradas a seguir:

Professora

Hi, “Aluno autor do post”!

Well, I like sports, but I prefer to watch them on TV than play! Actually, I can’t play

sports at all! LOL

See you!

XOXO

Aluno 1

I like sports. I play soccer on fridays. I like to watch sports on TV too. I support

Corinthians! :p

Aluno 2

me too!! i love watch sports on tv. but i haaaaate Corinthians!!kkk =P

Aluno 3

Page 100: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

99

Corinthians the best!

Aluno 1

yeah! you should agree with we “Aluno 2”!kkkk

Aluno 4

I don’t like sports. I play soccer and volleyball at school, but i hate!rs

Aluno 5

aaaaaaaaaaaaaaaa…me too!!!! I hate sports (play)!! but I like watch!

Aluno 6

I love Corinthians! We’re going to win the championship!

Aluno7

yeah! we are!

A professora comenta a postagem do aluno, mostrando sua opinião e preferências

sobre esportes: Professora: Well, I like sports, but I prefer to watch them on TV than play! Actually, I can’t play sports at all! LOL

Os alunos 1, 2, 3, 6 e 7 também participam expondo suas opiniões sobre esportes e

sobre o time de futebol Corinthians: Aluno 1: I like sports. I play soccer on fridays. I like to watch sports on TV too. I support Corinthians! :p

Aluno 2: me too!! i love watch sports on tv. but i haaaaate Corinthians!!kkk =P

Aluno 3: Corinthians the best! Aluno 1: yeah! you should agree with we “Aluno 2”!kkkk Aluno 6: I love Corinthians! We’re going to win the championship!

Aluno7: yeah! we are!

Page 101: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

100

Os alunos 4 e 5 interagem com o que o aluno autor da postagem perguntou ao final do

seu artigo, mas não participam da discussão entre os alunos 1, 2, 3, 6 e 7.

Aluno 4: I don’t like sports. I play soccer and volleyball at school, but i

hate!rs

Aluno 5: aaaaaaaaaaaaaaaa…me too!!!! I hate sports (play)!! but I like

watch!

A docente e o autor do post não responderam aos comentários dos outros participantes.

Portanto, a interação é estabelecida entre professora e aluno autor da postagem; alunos 1, 2, 3,

6 e 7; e entre os estudantes 4 e 5.

Sabe-se que o futebol é o esporte mais admirado pelos brasileiros. Os times nacionais

geralmente são um tema polêmico a ser abordado, principalmente entre estudantes. Acredita-

se que essa tenha sido a postagem que mais recebeu comentários de diferentes autores por se

tratar de um time específico de futebol: o Corinthians, e por ser um assunto que desperta

interesse entre os jovens.

Das quarenta e três postagens publicadas, onze não obtiveram nenhum. Observa-se

uma dessas postagens sem comentários abaixo:

Figura 4.11: Post sem comentários

Page 102: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

101

Os alunos foram inquiridos sobre a não participação nas postagens e alegaram dois

motivos principais: as informações sobre o conteúdo não estavam muito claras, dificultando-

lhes a compreensão; e o tema não era relevante na opinião deles, e, em segundo lugar, eles se

desinteressavam de participar do post.

Além disso, notou-se que os estudantes comentaram aqueles posts cujo assunto era

mais atual, mais relevante para eles, como os Jogos Pan-Americanos, sobre os quais, por

acompanharem diariamente, podiam opinar. Os educandos também postaram mais mensagens

nos artigos onde há escrita simples, aqueles em que provavelmente não são utilizados

tradutores automáticos, pois, segundo os aprendizes, são mais fáceis de compreender.

Após analisar os comentários e perguntar as opiniões dos discentes, conclui-se que a

interação é estabelecida entre aluno/aluno e aluno/professor, pois os comentários publicados

assim o demonstram. No entanto, observa-se que há um maior número de mensagens quando

a professora participa.

Ainda em relação à interação, ressalta-se o que Kenski (2010) afirma sobre novos

tipos de estruturas grupais de ensino que estão surgindo com o uso da tecnologia. Esses

grupos são formados por alunos e professores que têm interesses e opiniões em comum sobre

diferentes temas. A autora alega que “muitas vezes esses grupos se originam de turmas

tradicionais, formadas por alunos e professores que participam da mesma disciplina e que

querem continuar juntos, aprofundando seus conhecimentos no assunto.” (p.93) e o que

aconteceu com essas turmas que estão no nível intermediário 2 de um curso de língua inglesa

em uma escola de idiomas foi exatamente isso: tomando como ponto de partida aquilo que

tinham estudado em sala, nas aulas de inglês, continuaram aprofundando esses conhecimentos

em escrita e leitura, usando como ferramenta um blog, que falou sobre Esportes¸ que foi o

tema escolhido pelos alunos.

4.4.3. Estatísticas do blog

A seguir, são apresentados alguns dados gerais do blog Sport Lovers, como o número

total de visualizações de páginas, postagens e comentários publicados, número de vezes que

os ícones de reações foram clicados e quantidade de idas ao laboratório.

Page 103: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

102

Número de: Quantidade:

Visualizações de páginas 359

Postagens publicadas 43

Comentários 52

Reações 105

idas ao laboratório 4 (duas vezes em cada mês) Tabela 4.1: Estatísticas do blog

Acrescenta-se também uma imagem do próprio blog, para ilustrar as visualizações de

página por país, pois, embora apenas os alunos tenham participado, publicando comentários,

internautas de diferentes países acessaram o Sport Lovers.

Figura 4.12: Visualizações de página do blog por país, navegador e sistema operacional

Page 104: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

103

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso da tecnologia em sala de aula, defendido por muitos estudiosos, quando bem

orientado, serve como veículo de conteúdos significativos, culturais e dá suporte à

aprendizagem individualizada e cooperativa. (NORTE, 2005). As informações atualizadas, a

interação, a necessidade e o interesse são motivos de incentivo para a aprendizagem do aluno.

Esses pesquisadores defendem que o educando entenderá que suas experiências de vida são

levadas em consideração pelo professor e são relacionadas com o que aprende em sala de

aula, portanto ensinar e aprender devem ser compartilhados entre alunos e professores, e os

conteúdos e tecnologias devem ser mediados por uma nova pedagogia. (NORTE, 2005)

Acredita-se que o ensino deve ser centrado no aluno, mas, para que isso aconteça, o

professor precisa utilizar recursos pedagógicos que levem o aluno a tomar consciência da

necessidade e do significado de aprender a língua inglesa. Esses recursos estimulam a

autonomia do aluno, propiciando que ele desenvolva melhor as quatro habilidades (ouvir,

falar, ler e escrever). Nesse sentido, o blog tem se revelado uma ótima ferramenta

multidisciplinar e está presente no cotidiano de grande maioria dos educandos.

Adotou-se, para a análise do corpus, uma aprendizagem de cunho colaborativo no

ensino da língua inglesa, pois, nessa perspectiva, os alunos tornam-se participantes ativos no

processo de ensino e aprendizagem, aprendendo com os colegas e ensinando-lhes.

(FIGUEIREDO, 2006).

Ao analisar as postagens e comentários elaborados pela professora e seus trinta alunos

do nível Intermediário 2 do curso de inglês de uma escola de idiomas da cidade de São Paulo,

conclui-se que o blog contribui para o desenvolvimento e construção do conhecimento por

meio da interação e da colaboração entre aluno/aluno e aluno/professor.

A familiaridade que muitos dos estudantes têm com a Internet e com o blog permitiu

que se expressassem com mais frequência, produzindo grande número de textos, em um total

de quarenta e três postagens e cinquenta e dois comentários, em apenas dois meses de

trabalho.

A colaboração produtiva é observada de várias maneiras: a primeira delas é a

possibilidade de utilizar determinadas variantes linguísticas comuns da linguagem digital,

como expressões, acrônimos e abreviações, uma linguagem próxima à realidade dos

Page 105: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

104

estudantes internautas; outra razão é a possibilidade de construir o conhecimento de modo

assíncrono, ou seja, elaborar artigos em qualquer momento; fatores espaciais também

contribuíram para a efetividade do projeto, uma vez que os educandos não precisavam estar

no laboratório da escola, na biblioteca ou na sala de aula para estudar e compartilhar

informações, podendo realizar seus estudos em suas próprias casas.

A interação entre os participantes em uma aula de língua inglesa é o objetivo deste

trabalho; no entanto os erros dos alunos não fizeram parte da avaliação, mas nem por isso

deixaram de ser comentados individualmente por meio do e-mail pessoal e, caso desejassem,

podiam modificar o que já tinham publicado.

É válido ressaltar que, de acordo com a metodologia adotada pela escola, baseada nas

Abordagens Comunicativa e Sóciointeracionista, a prioridade do ensino é fazer com que os

alunos se comuniquem na língua-alvo; a utilização de materiais autênticos é uma

consequência. Dessa forma, o blog proporcionou uma atividade real de comunicação, levando

os alunos a entrarem em contato com textos autênticos, fora do ambiente escolar, tornando a

aprendizagem mais significativa. Além disso, vale ressaltar que o professor foi apenas um

mediador entre os alunos e as informações. Notou-se também que, na elaboração das

postagens, os educandos utilizaram, na sua maioria, estruturas básicas da língua inglesa,

aquelas que já dominam.

Outros pontos positivos a ser considerados no desenvolvimento deste edublog é o

interesse dos aprendizes em compartilhar com outras pessoas seus textos, a aproximação

positiva com a professora e o enriquecimento da aula presencial, pois os aprendizes

comentavam suas opiniões sobre os assuntos do blog, e os vínculos afetivos criados pela

professora e seus alunos por meio do blog contribuíram para que houvesse interação e, assim,

colaboração na aprendizagem.

O trabalho auxiliou também para que houvesse mais autonomia por parte dos discentes

na elaboração e exposição dos seus trabalhos. Em outras palavras, os aprendizes quiseram dar

continuidade às interações iniciadas no blog, publicando mais textos e pedindo que a

professora os ajudasse na elaboração dos artigos. Dessa forma, o projeto ultrapassou o

ambiente escolar.

Do ponto de vista dos discentes foi observado que a experiência foi prazerosa, pois

podiam expressar suas opiniões por meio do blog e aprimorar seus conhecimentos sobre a

língua inglesa e sobre esportes.

Page 106: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

105

É válido salientar que o blog não constitui uma ferramenta que sana todos os

problemas de aprendizagem, comunicação e interação em sala de aula, mas serve como um

apoio indispensável para as aulas em que a interação é um dos objetivos a ser alcançados.

Os resultados desta pesquisa, como quaisquer outros, não são permanentes, neste caso

porque as TIC estão em constante atualização. Mesmo assim, é uma contribuição para o

professor que deseja auxiliar seus educandos a colaborar e a interagir de maneira significativa

por meio da escrita na língua-alvo.

Page 107: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

106

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de; MORAN, José Manuel (orgs). Integração das tecnologias na educação: O salto para o futuro. Secretaria da Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2005.

AMARAL, Luiz Henrique; AMARAL, Carmem Lúcia Costa. Tecnologias de comunicação aplicadas à educação. In: MARQUESI, Sueli Cristina; ELIAS, Vanda Maria da Silva; CABRAL, Ana Lúcia Tinoco (orgs). Interações virtuais: Perspectivas para o ensino de Língua Portuguesa a distância. São Carlos: Editora Claraluz, 2008.

ARAÚJO JR., Carlos Fernando de. Ambientes virtuais de aprendizagem: Comunicação e colaboração na Web 2.0. In: MARQUESI, Sueli Cristina; ELIAS, Vanda Maria da Silva; CABRAL, Ana Lúcia Tinoco (orgs). Interações virtuais: Perspectivas para o ensino de Língua Portuguesa a distância. São Carlos: Editora Claraluz, 2008.

BARROS, Aidil Jesus da S.; LEHFELD Neide Aparecida. Fundamentos de metodologia científica. 2.ed. São Paulo: Makron Books, 2000.

BELL, J. Abordagens de pesquisa. In: ______. Projeto de pesquisa: Guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e ciências sociais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed/Bookman, 2008.

BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. Editora Autores Associados: Campinas/SP, 1999.

BOGDAN, R; BIKLIN, S. Investigação qualitativa em educação. Uma introdução à teoria e aos métodos. Portugal: Porto Editora, 1994.

BROWN, H. D. Teaching by principles: An interactive approach to language pedagogy. Englefields Cliffs: Prentice Hall, 1994.

CAMPOS, Karlene da Rocha. Estratégias de interação em ambiente virtual de aprendizagem: o fórum educacional. In: MARQUESI, Sueli Cristina; ELIAS, Vanda Maria da Silva; CABRAL, Ana Lúcia Tinoco (orgs). Interações virtuais: Perspectivas para o ensino de Língua Portuguesa a distância. São Carlos: Editora Claraluz, 2008.

CARTER, Ronald; NUNAN, David. The Cambridge guide to teaching English to speakers of other languages. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

Page 108: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

107

COSCARELLI, Carla Viana. Novas tecnologias, novos textos, novas formas. Rio de Janeiro: Autêntica, 2002.

COSTA, Ferdinand Camara da. A utilização de ambientes virtuais de aprendizagem no ensino presencial: Estudo de caso na disciplina de um programa de mestrado. Dissertação de mestrado. Universidade Presbiteriana Mackenzie: São Paulo, 2009.

CHAPELLE, Carol. Computer applications in second language acquisition. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

CRYSTAL, David. A revolução da linguagem. Trad. Ricardo Quintana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.

_______________. Language and the Internet. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

CUBAN, L. Teachers and machines: The classroom use of technology since 1920. New York: Teachers College Press, 1986.

DOWBOR. Ladislau. Tecnologias do conhecimento: Os desafios da educação. São Paulo: Ed. Vozes, 2001.

DUDENEY, Gavin. The Internet and the language classroom. Oxford: Oxford University Press, 2000.

DUDENEY, Gavin; HOCKLY, Nicky. How to... teach English with technology. Edinburgh Gate: Pearson Education Limited, 2007.

FIGUEIREDO, F. J. Q. A aprendizagem colaborativa de línguas: Algumas considerações conceituais e terminológicas. In: ______ (org). A aprendizagem colaborativa. Goiânia: Ed. da UFG, 2006.

GHEDIN, E.; FRANCO, M. A. S. A pedagogia da pesquisa-ação. In: ______. Questões de método da pesquisa em educação. São Paulo: Cortez, 2008.

HARMER, J. How to teach English. 7 ed. Edinburgh Gate: Pearson Education Limited, 2001.

KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distância. 8.ed. Campinas: Papirus, 2010.

Page 109: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

108

KLINE, David; BURSTEIN, Dan. Blog!: How the newest revolution is changing politics, business, and culture. New York: CDS Books, 2005.

KOMESU, F. C. Blogs e as práticas de escrita sobre si na Internet. In: MARCUSCHI, L. A. e XAVIER, A. C. (Orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: Novas formas de construção do sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

LEFFA, Vilson J. A aprendizagem de línguas mediada por computador. In: _____ Vilson J. Leffa. (Org.). Pesquisa em lingüística Aplicada: temas e métodos. Pelotas: Educat, 2006.

______________. O ensino das línguas estrangeiras no contexto nacional. Contexturas, APLIESP, v.4, n.4, p.13-24, 1999.

LÉVY. Pierre. As tecnologias da inteligência: O futuro do pensamento na era da informática. Trad. Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1993.

_____________. Cibercultura. Trad. Carlos Irineu da Costa. 2.ed. São Paulo: Ed.34, 2000.

LEITE, L. S.; SAMPAIO, M. N. Alfabetização tecnológica do professor. In:______. Alfabetização tecnológica do professor. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

LÜDKE, M.; ANDRE, M. E. D. A. Abordagens qualitativas de pesquisa: a pesquisa etnográfica e o estudo de caso. In: ______. A pesquisa em educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MARCARIAN, Mônica N. Aplicação do computador no ensino de línguas estrangeiras, focalizando a língua inglesa. Dissertação de mestrado. Universidade Mackenzie, 1995.

MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In: ______; XAVIER, A.C. (orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: Novas formas de construção do sentido. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

MARQUES, Cristina; MATTOS M. Isabel & TAILLE, Yves. Computador e ensino: Uma aplicação à língua portuguesa. 2.ed. São Paulo: Ática, 1995.

MASETTO, M. T. Mediação pedagógica e o uso da tecnologia. In: MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. (orgs). Novas Tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000.

MELLO, Guiomar Namo de. Educação escolar brasileira: O que trouxemos do século XX?. Porto Alegre: Artmed, 2004.

Page 110: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

109

MERCADO, Luís Paulo Leopoldo (org.). Novas tecnologias na educação: Reflexões sobre a prática. Maceió: EDUFAL, 2002.

MORAES, Dênis de. O concreto e o virtual: Mídia, cultura e tecnologia. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2001.

MORAES, Ubirajara C. (org.) Tecnologia educacional e aprendizagem: O uso dos recursos digitais. São Paulo: Livro Pronto, 2007.

NORTE, Mariângela Braga. Estudo cooperativo e auto-aprendizagem de línguas estrangeiras por meio de tecnologias de informação e comunicação/internet. In: BARBOSA, Rommel Melgaço (org.). Ambientes virtuais de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2005.

PALLOF, R. M.; PRATT, K. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço. Porto Alegre: Artmed, 2002.

PAPERT, Seymour. A máquina das crianças: Repensando a escola na era da informática. Trad. Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

RAMAL, Andréa Cecília. Educação na Cibercultura. São Paulo: Artmed, 2002.

RICHARDS, Jack C.; RODGERS, Theodore S. Approaches and methods in language teaching. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

RICHARDSON, Will. Blogs, wikis, podcasts, and other powerful web tools for classrooms. Thousand Oaks, California: Corwin Press, 2006.

ROSENBERG, Scott. Say everything: How blogging began, what it’s becoming, and why it matters. New York: Crown Publishers New York, 2009.

SALEME, Julia. Educação por trás das telas. In: Acontece. Universidade Presbiteriana Mackenzie – Centro de Comunicação e Letras. Edição 82. Ano VI.

SANCHO, Juana María; HERNÁNDEZ, Fernando [et al.]. Tecnologias para transformar a educação. Trad. Valério Campos. Porto Alegre: Artmed, 2006.

SANTAELLA, Lúcia. Cultura das mídias. 3.ed. São Paulo: Experimento, 2003.

SILVEIRA, M. I. M. Línguas estrangeiras: Uma visão histórica das abordagens, métodos e técnicas de ensino. Maceió: Catavento, 1999.

Page 111: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

110

SMITH, John Lee. Técnicas para o ensino da língua inglesa. São Paulo: n/d, 2000.

STRAUSS, Judy; FROST, Raymond. E-Marketing. Trad. Regina Claudia Loverri. 6.ed. São Paulo: Pearson, 2011.

TALLEI, Jorgelina. Las nuevas tecnologías de información y comunicación en ELE: Algunas consideraciones. Revista New Routes, volume 43, 2011, p. 42-44.

TARGINO, Edlaine Carvalho Bôtto. Redes sociais: um estudo exploratório sobre blogs de educação ambiental. Dissertação de Mestrado. Universidade Presbiteriana Mackenzie: São Paulo, 2010.

TEDESCO, Juan Carlos (org.). Educação e novas tecnologias: Esperança ou incerteza? Trad. Claudia Berliner e Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Cortez, 2004.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

WARSCHAUER, Mark; WHITTAKER, P. Fawn. The Internet for English teaching: Guidelines for teachers. In: _______; RICHARDS, Jack C.; RENANDYA, Willy A. Methodology in language teaching: An anthology of current practice. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.

Page 112: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

111

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS

ALEGRETTI, Sonia; PEÑA, Maria de los Dolores Jimenez. Ação docente, tecnologia e ambiente virtual de videoconferência. Disponível em: < http://aveb.univap.br/opencms/opencms/sites/ve2007neo/pt-BR/imagens/27-06-07/Cognitivas/trabalho_110_mariadelosdolores_anais.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2011.

ALMEIDA, Daniela. Antonieta Celani fala sobre o ensino de Língua Estrangeira. Entrevista com Antonieta Celani à revista Nova Escola. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-estrangeira/fundamentos/nao-ha-receita-ensino-lingua-estrangeira-450870.shtml>. Acesso em: 8 mai. 2011.

ALMEIDA FILHO, J. C. Paes de. Métodos mais apropriados são o de cada professor. Entrevista ao Portal do Professor – MEC. Disponível em: < http://portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.html?idEdicao=40&idCategoria=8>. Acesso em: 8 mai 2011.

BLOGGER. Disponível em: <www.blogger.com>. Acesso em: 21 ago. 2011.

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_estrangeira.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2011.

CAMPBELL, Aaron Patric. Weblogs for use with ESL classes. The Internet TESL Journal. Vol. IX, No. 2, February 2003. Disponível em: <http://iteslj.org/Techniques/Campbell-Weblogs.html>. Acesso em: 29 set. 2011.

CESTARO, Selma A. Martins. O Ensino de Língua Estrangeira: História e Metodologia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Disponível em: <http://www.hottopos.com.br/videtur6/selma.htm>. Acesso em: 21 abr. 2011.

EDUCASTUR. Blogs y Educación. Disponível em: <http://blog.educastur.es/cuate/files/2008/05/blogs_y_educacion.pdf>. Acesso em: 29 set. 2011.

____________. Web 2.0 y Educación. Disponível em: <http://blog.educastur.es/files/2007/06/web2_0v02.pdf>. Acesso em: 8 set 2011.

Page 113: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

112

FOLHA.COM. Entenda o que é a Web 2.0. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u20173.shtml>. Acesso em: 8 set. 2011.

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://houaiss.uol.com.br>. Acesso em: 25 mai. 2011.

Information and Communications Technology for Language Teachers. Module 1.5. Introduction to the Internet. Disponível em: <http://www.ict4lt.org/en/en_mod1-5.htm#anchordiscuss>. Acesso em: 18 set. 2011.

LEFFA, Vilson J. Metodologia do ensino de línguas. 1988. Disponível em: <http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/Metodologia_ensino_linguas.pdf> . Acesso em: 22 abr. 2011.

______________. O ensino de línguas estrangeiras nas comunidades virtuais. 2002. Disponível em: <http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/comunidades.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2011.

MARGARITA, MARÍA. Entre el trabajo colaborativo y el aprendizaje colaborativo. Revista Iberoamericana de Educación. Disponível em: <www.rieoei.org/deloslectores/528Lucero.PDF>. Acesso em 18 set. 2011.

MORAS, Solange. Computer-Assisted language learning (Call) and the Internet. Disponível em: <http://www3.telus.net/linguisticsissues/CALL.html>. Acesso em: 07 mai 2011.

OLIVEIRA, A. S.; CARDOSO, E. L. Novas perspectivas no ensino da língua inglesa: blogues e podcasts. Educação, Formação & Tecnologias, v. 2 (1); p. 87-101, 2009. Disponível em: <http://eft.educom.pt/index.php/eft/index>. Acesso em: 09 jun. 2011.

Revista Veja. BORGES, Helena. Um Novo Idioma a um Clique. Artigo publicado na edição 2226, em 20 de julho de 2011. p. 118 e 119. Também disponível em: <http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx>. Acesso em: 9 out. 2011.

SILVA, K. C.; CAVALCANTE, P. S. Mediação pedagógica em curso superior de computação e informática a distância: as estratégias de ensino utilizadas por docentes online. (2009). Disponível em: <http://webradioabed.blogspot.com/2009/08/mais-uma-lista-de-trabalhos-aprovados.html>. Acesso em: 30 maio 2011.

SOUZA, Lucia Helena Pazzini. Tecnologias na Educação. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=937 >. Acesso em 7 de abril 2011.

Page 114: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

113

STAA, Betina Von. Tecnologia pode melhorar desempenho dos alunos. Disponível em: <http://revistaeducacao.locaweb.com.br/textos.asp?codigo=11657>. Acesso em: 21 abr. 2011.

WARSCHAUER, Mark. Computer assisted language learning: An introduction. In Fotos S. (ed.) Multimedia language teaching. Tokyo: Logos International, 1996. Disponível em: <http://www.ict4lt.org/en/warschauer.htm>. Acesso em: 21 mai. 2011.

WIKIPEDIA. Disponível em: <http://www.wikipedia.org>. Acesso em 11 jun. 2010.

Page 115: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

114

GLOSSÁRIO

Acrônimos – palavras formadas das primeiras letras ou de sílabas de outras palavras, como,

por exemplo, LOL que em inglês significa Laugh Out Loud, ou, “rindo muito alto”.

AVA (Ambientes Virtuais de Aprendizagem) - espaço virtual que reúne recursos

tecnológicos para a elaboração, implementação e gestão para uma aprendizagem colaborativa

a distância.

Blog – site cuja estrutura permite a atualização rápida a partir de acréscimos dos

chamados artigos, ou posts. Estes são, em geral, organizados de forma cronológica inversa,

tendo como foco a temática proposta do blog, podendo ser escritos por um número variável de

pessoas, de acordo com a política do blog.

Blogosfera – o conjunto de vários blogs.

CALL (Computer-Assisted Language Learning) – em português: “Aprendizagem de

Línguas Mediada por Computador”. O foco principal da CALL é o de investigar o impacto

que os computadores têm no processo de ensino e aprendizagem de línguas. De acordo com

Warschauer (1996), há três fases que caracterizam a CALL: a Behaviorista, a Comunicativa e

a Integrativa.

CD-ROM (Compact Disc Read-Only Memory) – em português, “Disco Compacto –

Memória Somente de Leitura”, é um CD em que se pode armazenar dados digitais.

Chat – de acordo com Amaral e Amaral (2008), os chats funcionam como e-mails no modo

síncrono, ou seja, remetente e destinatário conectados em tempo real. Chamados também de

bate-papo, as conversas podem ter entre dois ou mais participantes.

Ciberespaço – espaço virtual onde os usuários se comunicam.

Comentário – segundo o site Educastur, são anotações e observações feitas pelos usuários

para postagens publicadas em um blog.

CMC (Computer Mediated Communication) – em português, o termo significa

“Comunicação Mediada por computador”. Com a CMC, os alunos podem se comunicar na

Page 116: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

115

língua-alvo com qualquer usuário, quando, onde e como quiserem. A comunicação se dá de

maneira síncrona, ou seja, em tempo real, ou assíncrona: em tempo diferido.

Computador – segundo ao dicionário Houaiss online, o computador é uma “máquina

destinada ao processamento de dados; dispositivo capaz de obedecer a instruções que visam

produzir certas transformações nos dados, com o objetivo de alcançar um fim determinado.”.

Download – de acordo com Amaral e Amaral (2008), é a transferência, o envio ou a

recuperação de arquivos localizados em outros computadores.

E-mail (Correio eletrônico) – segundo Amaral e Amaral (2008), o e-mail é uma ferramenta

eletrônica parecido com um correio tradicional. Muitos provedores de acesso à Internet

oferecem este recurso gratuitamente. Além de mensagens, é possível enviar documentos

anexados, como, contratos, fotos e vídeos. A vantagem é que o usuário pode acessar seu e-

mail de qualquer parte do mundo e a interação é dada de forma assíncrona, isto é, destinatário

e remetente de mensagens eletrônicas não necessitam estar conectados ao mesmo tempo.

Emoticon – junção dos termos em inglês: emotion (emoção) + icon (ícone). É uma sequência

de caracteres tipográficos, tais como: :), ou ;); ou, também, uma imagem pequena, que traduz

ou quer transmitir o estado psicológico, emotivo, de quem os emprega, por meio

de ícones ilustrativos de uma expressão facial.

Hacker – indivíduos com vasto conhecimento em informática que elaboram e modificam

software e hardware de computadores, seja desenvolvendo funcionalidades novas, seja

adaptando antigas.

Hardware – é a parte física de equipamentos que necessitam de processamento

computacional, como, computadores, aparelhos celulares, equipamentos hospitalares, entre

outros.

AI (Artificial Intelligence) – segundo o site Wikipedia, o termo em português significa

“Inteligência Artificial” (IA) e “é uma área de pesquisa da ciência da computação e

Engenharia da Computação, dedicada a buscar métodos ou dispositivos computacionais que

possuam ou simulem a capacidade racional de resolver problemas, pensar ou, de forma ampla,

ser inteligente.”.

Ipod – marca registada da empresa Apple Inc.. Trata-se a uma série de tocadores de áudio

digital.

Page 117: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

116

Link – de acordo com o dicionário eletrônico Houaiss online, link é um “elemento de

hipermídia formado por um trecho de texto em destaque ou por um elemento gráfico que, ao

ser acionado (ger. mediante um clique de mouse), provoca a exibição de novo

hiperdocumento.”.

Login – fornecimento de uma senha ou algum outro tipo de credencial para ganhar acesso a

determinado sistema.

Mainframe - eram os computadores de grande porte usados principalmente antes da invenção

do computador pessoal. O mais sofisticado mainframe existente tinha um sistema chamado

PLATO que significa “Programmed Logic for Automatic Teaching Operations”, ou, “Lógica

Programada para Operações de Ensino Automático”.

Mediador – professor online que corrige os exercícios dos alunos e aponta seus erros de

pronúncia na língua estrangeira.

Mensagens multimidiáticas – são mensagens em que há a junção da informática com

elementos audiovisuais.

MP3 – MP3 é uma abreviação de MPEG 1 Layer-3, ou Mini Player – camada 3. Trata-se de

um padrão de arquivos digitais de áudio.

Post – de acordo com o site Educastur, é cada artigo ou postagem publicado em um blog.

Redes sociais – de acordo com o site Wikipedia, “uma rede social é uma estrutura

social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações,

que partilham valores e objetivos comuns.”.

Recursos midiáticos - Essas tecnologias “tornam-se ‘midiáticas’ após a união da informática

com as telecomunicações e o audioviual. Geram produtos que têm como algumas de suas

características a possibilidade de interação comunicativa e a linguagem digital.” (KENSKI,

2010, p.26).

Site – é um conjunto de páginas da Web.

Skype – aplicativo para comunicação via Internet, por meio de mensagens de texto e voz.

Software – o software é a parte lógica, ou seja, o conjunto de instruções e dados processado

pelos circuitos eletrônicos do hardware. Também chamado Sistema Operacional, o hardware

Page 118: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

117

torna o computador utilizável, sendo o responsável por gerenciar os dispositivos de hardware

do computador (como, a memória e a unidade de disco rígido) e oferecer o suporte para os

outros programas funcionarem (como, Word e Excel).

Tecnologia – de acordo com o dicionário online Houaiss, é a “teoria geral e/ou estudo

sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios

ou domínios da atividade humana”.

TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) – de acordo com o site Wikipedia,

“correspondem a todas as tecnologias que interferem e medeiam os processos informacionais

e comunicativos dos seres. Ainda, podem ser entendidas como um conjunto de recursos

tecnológicos integrados entre si, que proporcionam, por meio das funções

de hardware, software e telecomunicações, a automação e comunicação dos processos de

negócios, da pesquisa científica e de ensino e aprendizagem”.

Web 1.0 – segundo o site Wikipedia, a Web 1.0 se caracteriza de “sites com conteúdos

estáticos, produzidos maioritariamente por empresas e instituições, com pouca interatividade

entre os internautas.”. É a implantação e popularização da rede em si.

Web 2.0 – de acordo com o site do jornal Folha, é “segunda geração da World Wide Web –

tendência que reforça o conceito de troca de informações e colaboração dos internautas com

sites e serviços virtuais.”. De acordo com o Wikipedia “a Web 2.0 é a que o mundo vive hoje,

centrada nos mecanismos de busca como Google e nos sites de colaboração do internauta,

como Wikipedia, YouTube e os sites de relacionamento social, como o Facebook e Orkut.”.

Web 3.0 – segundo o site Wikipedia “A Web 3.0 propõe-se a ser, num período de cinco a dez

anos, a terceira geração da Internet. [...] pretende ser a organização e o uso de maneira mais

inteligente de todo o conhecimento já disponível na Internet.”.

WWW (World Wide Web) – em português, Rede Mundial de Computadores. É uma coleção

de todos os computadores ligados à Internet que armazena documentos que são acessíveis por

meio do uso do hipertexto. Geralmente abreviado por Web ou W3, a WWW é o universo do

acesso à informação em rede. (BERNERS-LEE, 1999, apud, CRYSTAL, 2001, p.13). Em

outras palavras é uma biblioteca virtual que nos oferece informação sobre todos os assuntos.

Page 119: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

118

ANEXO A

ORIENTAÇÃO DO PROJETO

1. Informações gerais e objetivas do projeto

Utilizaremos o blog como apoio pedagógico no ensino da língua inglesa. Esse projeto

visa auxiliá-lo nos estudos da língua. O objetivo do projeto é fazer com que todos os alunos se

familiarizem com as novas tecnologias.

O blog é um ambiente virtual que pode ser utilizado para fins educacionais e, devido à

sua facilidade de criação e interação, foi criado um blog com a intenção de verificar a

potencialidade pedagógica dessa ferramenta, para que seja um apoio às nossas aulas

presenciais. De acordo com a pesquisa feita com todos os estudantes, o tema mais votado,

dentre aqueles abordados em sala de aula, foi “esportes”.

O projeto será desenvolvido em oito semanas (de 5 de setembro a 5 de novembro de

2011) e utilizaremos o laboratório de informática para fazer as postagens e comentários no

blog. Você também poderá dar continuidade ao projeto, postando e comentando outros textos

fora do horário de aula, aqui mesmo, no laboratório da escola ou de qualquer local com acesso

à Internet. É válido ressaltar que o blog poderá ser visitado por qualquer pessoa.

O blog ficará disponível na Internet durante e após o término do curso, para que

possamos interagir com outras pessoas que se interessam pela língua inglesa e por esportes.

Portanto, busque sempre mais informações, como, artigos, sites, dicionários, vídeos, jogos,

entre outros meios para o aprimoramento do nosso blog. A quantidade e qualidade de ações

realizadas no blog contribuirão para o conceito final do semestre.

Dentro do tema “esportes”, muitos assuntos relacionados poderão ser discutidos no

blog. Você terá a liberdade de abordar tudo o que possa estar relacionado com esportes, ou

seja, curiosidades em geral, sobre os atletas e os esportes, definições de diferentes esportes,

atualidades, olimpíadas, copa do mundo etc. Além disso, a quantidade de postagens será livre

e você poderá postar diariamente.

Page 120: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

119

Todas as postagens devem ser feitas em língua inglesa e não será permitido o uso de

tradutores automáticos. As dúvidas que aparecerem na concepção do texto da postagem

deverão ser sanadas pela professora.

2. Etapas para publicar uma postagem

Depois de fazer login no site blogger.com, você verá sua lista de blogs no “Painel”.

Para criar uma nova postagem, clique no link: “Nova Postagem”. Em seguida, clique no ícone

“Criar nova postagem”.

Nesse espaço você poderá criar um título para a postagem, além de colocar um link de

referência, isto é, palavras-chave que ligam assuntos do mesmo interesse. O título e o link são

opcionais, mas são importantes para que os usuários do blog possam encontrar de maneira

mais rápida o que lhe interessa.

O próximo passo deverá ser o desenvolvimento do texto da postagem desejada. Para

editar o texto você deve usar a barra superior à caixa de texto. Ali estarão disponíveis as

seguintes ferramentas: alteração do estilo e tamanho da letra; ativação ou desativação da letra

em formato padrão, negrito ou itálico; alteração da cor da letra; transformação da palavra em

hiperlink; alinhamento do texto à esquerda, à direita, centralizado ou justificado; inserção de

numeração, marcadores, ou bloco de textos; verificação da ortografia; inserção de vídeos ou

imagens; e até mesmo remoção de toda a formatação estabelecida.

Na postagem você poderá acrescentar fotos. Para acrescentá-las você deverá clicar no

ícone da imagem localizado na barra de ferramentas do editor que permite a busca de imagens

no arquivo do computador. Dessa forma, você poderá selecionar uma ou mais imagens. Para

isso, você deve clicar no botão “Procurar” para localizar as imagens desejadas, e, fazer o

upload da imagem.

Para incluir vídeos, você deve proceder de forma parecida com a de inclusão de

imagem. Se o vídeo estiver no site Youtube, você pode copiar o código da caixa “Embed” e

colar no blog. Você também verá, na parte inferior do formulário, uma área chamada

"Marcadores para esta Postagem". Insira os marcadores que desejar, separando-os por

vírgulas. Os marcadores são tags, isto é, palavras-chave que ajudam na busca de assuntos

relacionados com o seu tema tanto nos sites de busca quanto no próprio blog. Você também

Page 121: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2134/1/Karine Guerra dos Santos.pdf · universidade presbiteriana mackenzie karine guerra dos santos a utilizaÇÃo

120

poderá clicar no link "Mostrar Tudo" para exibir uma lista de marcadores usados

anteriormente. Para ver essa lista, basta clicar nos marcadores para adicioná-los e quando

publicar a sua postagem, os marcadores estarão listados nela. Se clicar em qualquer marcador,

você será levado a uma página que contém somente as postagens com tal marcador.

Antes de publicar a postagem, você poderá visualizá-la, ou seja, ao concluir a

postagem, você poderá clicar no link “Visualizar Postagem” para verificar como o texto ficou.

Se estiver satisfeito com a postagem, clique no botão "Publicar Postagem", assim, a nova

postagem será publicada, ou então, caso queira salvar a postagem e publicá-la mais tarde

clique no botão “Salvar Agora”.

Caso você perceba um erro depois da postagem ser publicada, você poderá editar a

postagem. Na página do blog chamada "Painel", clique no botão “Editar postagens”. Você

verá a lista de suas postagens e poderá editá-las, visualizá-las ou até excluí-las.

Se alguma postagem estiver salva sem estar publicada, também será possível editá-la

e/ou publicá-la a qualquer momento. Para isso, selecione a postagem que pretende publicar e,

no menu “Ações de marcador...”, selecione a opção “Publicar”. Se a postagem já estiver

publicada, você poderá acessar e alterar a postagem. Para isso, clique em publicar, e

automaticamente seu artigo será postado com as últimas atualizações.

Além de publicar postagens, você também pode comentar os textos dos outros alunos.

Basta clicar em “Comentário”, localizado ao final de cada post. Então, escreva seu comentário

e clique em “Publicar”. Você poderá escrever quantos comentários quiser. Caso não se

interesse em postar uma mensagem, você pode clicar nos ícones de reações chamados:

“funny”, “interesting” e “cool”, para opinar sobre o artigo lido.

Caso haja alguma dúvida, venha conversar comigo antes ou após as aulas ou entre em

contato através do e-mail: [email protected].

Obrigada!