UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

54
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Viviani Mantovani Amador 408.80249-9 A utilização da História da Ciência no ensino: uma contribuição São Paulo 2011

Transcript of UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

Page 1: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Viviani Mantovani Amador 408.80249-9

A utilização da História da Ciência no ensino: uma contribuição

São Paulo

2011

Page 2: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Aluna: Viviani Mantovani Amador Orientador: Professor Waldir Stefano.

A utilização da História da Ciência no ensino: uma contribuição

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

São Paulo

2011

Page 3: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente á minha mãe, Rosimeire Jesus Mantovani, que me

ajuda e me apoia em minha vida e em meus estudos.

Agradeço meu Pai, Marques Amador de Almeida, que sempre me orientou e

desejou que eu adquirisse o estudo em minha vida.

Agradeço também ao Raphael Torres Cordon, por estar ao meu lado e me

ajudar, não só nas questões técnicas da informática, mas também por todo

apoio dado.

E por fim, agradeço meu orientador, Waldir Stefano, pela dedicação,

comprometimento e ajuda que foi dedicado a este trabalho.

Page 4: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

Resumo

Esta pesquisa faz menção a reflexões e ideias de autores, a respeito da

inserção e da utilização da história científica no ensino de ciências. Em meio às

pesquisas surgiram observações e ressalvas com relação ao uso do método

utilizado pelos professores de ciências em sala de aula. Existem diversos

problemas que podem distorcer a aprendizagem do aluno, quando o método de

ensino de história da ciência em sala de aula é mal ministrado. Apesar desses

riscos, buscou-se através de referenciais bibliográficos a apresentação da

importância que a história da ciência proporciona para a aprendizagem do

estudante com base na correta utilização da mesma.

Palavras-chave: História da ciência, Pseudo-história, Ensino de ciências e

Concepção de ciências.

Page 5: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

Abstract

This research makes mention of thoughts and ideas of authors, concerned with

the insertion and use of scientific history in science teaching. According this

research, observations and caveats have emerged regarding the method by

science teachers in the classroom. There are several issues that may distort

student learning, when the method of teaching history of science in the

classroom is poorly taught. Despite these risks, we sought through the

presentation of bibliographical references to the importance that the history of

science provides for student learning based on the correct use of it.

Keywords: History of science, Pseudo history, Science education and Concepts

of sciences.

Page 6: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

Sumário

1. Introdução ......................................................................................................................... 7

2. Justificativa ........................................................................................................................ 8

3. Metodologia .................................................................................................................... 10

4. A utilização da história da ciência no ensino .................................................................. 11

4.1. Obstáculos e riscos para a aprendizagem do aluno ................................................ 15

4.2. Como utilizar a história da ciência de maneira mais adequada no ensino ............. 25

4.3. A importância da história da ciência na aprendizagem .......................................... 32

5. Discussão ......................................................................................................................... 39

6. Considerações finais ........................................................................................................ 52

7. Referências ...................................................................................................................... 53

Page 7: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

7

1. Introdução

Os alunos e as pessoas em geral possuem uma concepção

equivocada da ciência, em que esta é vista como uma verdade incontestável e

provada cientificamente. A ciência é influenciada por diversos fatores, e a

tecnologia da sociedade é um fator decisivo para as realizações de

experimentos e descobertas.

O estágio obrigatório da licenciatura e a convivência cotidiana

com algumas pessoas que não tiveram contato com a história da ciência ou

que tiveram, mas este foi dado através de uma pseudo-história, mas esta

conduziram-nas a uma concepção errônea sobre a natureza da ciência. Estas

experiências me fizeram refletir a respeito não somente sobre a importância da

história da ciência, mas também como esta deve ser utilizada, para ser capaz

de propiciar um bom aprendizado.

Na tentativa de analisar o modo mais adequado da utilização da

história da ciência para se evitar os riscos de uma pseudo-história no ensino,

esta pesquisa buscará verificar se apesar dos riscos, a inclusão da história da

ciência no ensino é vantajosa como instrumento que colaboraria com a

formação do estudante no sentido principalmente de tentar desmistificar a

ciência como sendo construída em cima de uma verdade absoluta.

Page 8: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

8

2. Justificativa

A ciência no ensino é apresentada muitas vezes em forma de conteúdo,

em que os alunos devem decorar a matéria. Com a inclusão da história da

ciência nas aulas, esse conteúdo poderá ser contextualizado e reflexivo,

permitindo uma maior participação nas discussões envolvendo o professor e os

alunos. Para Martins (1990) o professor deve abordar a concepção sobre o que

é ciência, e não apenas os conteúdos da disciplina.

O convívio com alunos e ex-alunos assim como a minha própria

experiência fez-me questionar por que as escolas muitas vezes tratam a

ciência como sendo uma verdade absoluta, capaz de provar e assim tornar

algo inquestionável. Nos materiais didáticos frequentemente os cientistas são

reconhecidos como gênios por suas descobertas maravilhosas, sem levar em

conta os trabalhos de outros pesquisadores anteriores na elaboração de uma

hipótese ou teoria que auxiliaram nas descobertas posteriores. Goulard (2005)

afirma que a história da ciência pode servir como um instrumento capaz de

desmistificar a concepção errônea que os alunos possuem da ciência e dos

cientistas, tornando-os mais humanos, e transformando a compreensão entre a

ciência e sociedade e também entre a ciência e outros saberes considerados

não científicos.

A utilização equivocada da história da ciência no ensino pode trazer riscos,

como, por exemplo, distorcer a ideia da construção de um modelo científico.

Este ensaio busca identificar esses riscos e contribuir com propostas para

solucionar os problemas que podem ser acarretados pela presença de uma

possível pseudo-história ensinada nas escolas, além disso, apresentar-se-á a

Page 9: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

9

importância e os cuidados tomados para essa inclusão no intuito de obtenção

de um melhor aprendizado da ciência pelo aluno.

Page 10: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

10

3. Metodologia

Esta pesquisa bibliográfica baseou-se inicialmente na leitura dos

trabalhos do pesquisador Roberto de Andrade Martins, que possui um

vasto acervo de material publicado em história da ciência. A partir disto

foram selecionados outros pesquisadores em filosofia e história da

ciência como as pesquisadoras: Lilian Al-Chueyr Pereira Martins, Ana

Maria Alfonso-Goldfarb e outros.

Após a seleção dos materiais fez-se a leitura, o fichamento, a

análise e o resumo dos materiais consultados.

Page 11: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

11

4. A utilização da história da ciência no ensino

A história é definida como um estudo do passado e simultaneamente a

análise do homem e os eventos causados por ele ao longo do tempo. A ideia

de que o passado ajuda a compreender o presente é quase indiscutível. Para

Trindade e Trindade (2003), a história da ciência não deveria ser omitida dos

meios que pretendem formar pessoas abertas e capazes de compreender a si

mesmos e ao mundo em que vivem afinal a ciência desenvolveu-se a partir da

necessidade do homem conhecer o mundo para sobreviver e conhecer a si

mesmo para viver.

Na compreensão do mundo a história se torna essencial, segundo

Chassot (2007), temos o direito de ser informados sobre os fatos para sermos

capazes de debater assuntos, um exemplo é o fato de que não podemos nos

submeter ás ditaduras de mercado que visam lucros imediatos e com isso

termos informações para buscar um planeta saudável, que é buscar também

um mundo com menos fome. E para isso, também, estuda-se a ciência.

A história da ciência estuda o presente e faz relações com o passado, de

acordo com Batista et. al (2005), tendo como objetivo desmistificar a ciência

como sendo uma atividade linear, individual e cumulativa. A localização do

momento histórico no qual um conhecimento científico foi produzido tem

importância na aprendizagem do aluno e, desta maneira o professor é capaz

de inovar as aulas, promovendo discussões de teorias científicas, inclusive que

não são definitivas e incontestáveis, e que na verdade o mundo é interpretado

diferentemente a cada dia e que devemos contestá-las, assim o educador

poderá desenvolver um pensamento crítico em seus educandos.

Page 12: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

12

Pelo motivo da história da ciência ser interpretada de diversas maneiras,

Goulart (2005) afirma que a ciência apresentada na escola é totalmente

fragmentada em pacotes fechados a argumentação, um exemplo é o

questionamento e a dúvida dos alunos sobre as leis e teorias científicas que

são expostas como se fossem dogmas, ou surgidas do nada ou da manga dos

cientistas. Para a autora, a história da ciência é um elemento que desafia,

motiva, medeia, articula e integra o processo da construção do conhecimento

científico pelo aluno.

Esta compreensão do passado para Bizzo (1992) equivaleria á

compreensão de parte significativa do futuro. Para ele o passado seria

constituído de elementos simples que se tornam complexos ao passar do

tempo por conta de um processo contínuo de elaboração científica, ainda relata

que várias iniciativas têm sido realizadas no sentido de colocar a história da

ciência a serviço do ensino em diversos países.

Assim como Bizzo (1992), o pesquisador Chassot (2007) defende a

necessidade de pensar em ciência com postura mais holística, ou seja, uma

ciência que contemple aspectos históricos com dimensões ambientais,

posturas éticas e políticas. Para ele essa proposta traz vantagens

especialmente se pensarmos na ciência que se aprende como um saber

escolar.

Houve a ocorrência nos últimos anos da reaproximação entre os campos

da história e da filosofia da ciência com iniciativas a prática de ensino segundo

Matthews (2007). O autor afirma que essa reaproximação é oportuna para o

Page 13: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

13

momento de crise com altos índices de evasão de alunos e professores em

salas de aula, assim como os altos índices de analfabetismo científico.

Prestes e Caldeira (2009) corroboram com Matthews (2007), afirmando

que houve o aumento do interesse pelo ensino de história da ciência no ensino

superior e básico em meados da década de 70. Para diversos autores está

ocorrendo uma tentativa de promover uma formação que supere a demarcação

entre o ensino dos conteúdos científicos e o de seus contextos de produção.

O objetivo do ensino da ciência para Matthews (2007) não deve ser

fornecer apenas as informações sobre as coisas do mundo e como elas

interagem, mas sim contribuir para um entendimento de como a ciência

funciona e os fatos que mundo da ciência possui. Para Campos e Nigro (1999)

a ciência não vive só de fatos, além disso, existem as ideias da época, e toda a

situação histórica é fundamental e decisiva pra impulsionar o cientista a

restringir a sua criação.

Prestes e Caldeira (2009) relatam que a história da ciência em escolas

americanas é apresentada como componente central da alfabetização

científica, e ela é uma ferramenta das mais adequadas para atingir essa meta

no ambiente escolar. Mas no Brasil a situação é diferente, apesar dos

parâmetros curriculares nacionais, PCNs (1997), defendem a investigação, por

exemplo, de diferentes tecnologias com princípios inventados há muito tempo,

e que mudaram a vida nas pessoas daquela época, a história, filosofia ou

sociologia da ciência não cumprem o papel integrador que poderiam conferir ao

currículo e existe a ausência do apelo ao ensino contextual da ciência.

Page 14: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

14

Quanto à contextualidade que a história da ciência proporciona, Alfonso-

Goldfarb (2004) comenta o fato de ser uma área interdisciplinar, que reverte

sua pesquisa em vários campos do conhecimento, assim sendo, existe grande

contato entre historiadores da ciência e educadores, uma vez que a história da

ciência oferece para a área da educação discussões sobre os vários modelos

do conhecimento. Assim como Alfonso-Goldfarb (2004), Trindade e Trindade

(2003), dizem que deve haver um estreito contato entre historiadores da ciência

e educadores, pois desta maneira haveria a promoção de discussões sobre a

existência de vários modelos de conhecimento contribuindo no

redimensionamento do ensino da ciência.

Page 15: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

15

4.1. Obstáculos e riscos para a aprendizagem do alu no

Apesar de todos os pontos positivos da inserção da história da ciência

nas aulas de ciência, muitos autores expressam os problemas e riscos dessa

inserção. Forato (2009) diz que pesquisas educacionais têm constatado que

supostos conteúdos históricos presentes em livros didáticos estão propondo

uma história da ciência distorcida em relação aos grandes personagens e

narrativas que ocasionam uma visão equivocada da natureza da ciência. Na

maioria das vezes essas são as únicas versões que o professor conhece o que

torna difícil ou impossível que ele encontre o problema e junto com o aluno

saiba lidar com ele de maneira crítica.

Há vários desafios ao levar conteúdos de história da ciência para a

educação científica conforme Forato (2009) e podem existir dificuldades

conjunturais, como as salas de aula cheias, o baixo salário dos professores e

as poucas aulas dificultam os estudos e os investimentos da formação

continuada. Martins (2000) aponta ainda a falta de domínio do conteúdo, e de

como torná-lo de fácil compreensão para os alunos como um dos problemas.

Para superar os problemas como a falta de preparação dos professores,

Martins (2000) afirma que são necessárias certas habilidades, como uma visão

mais ampla que a própria história da ciência fornece. Para o professor pensar

sobre o conhecimento do conteúdo é preciso além dos conhecimentos dos

fatos e da área, também a compreensão das estruturas da matéria, ele não

deve apenas definir aquilo que é aceito como verdade, ele deve também

explicar o porquê que certa proposição é considerada definitiva, porque se

deve aprendê-la e como ela se relaciona com outras proposições.

Page 16: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

16

O aprendizado de ciências de acordo com Martins (1990), muitas vezes

é dificultado por aquelas concepções do senso comum, e através da história da

ciência e das concepções antigas o professor compreenderia as dificuldades e

resistência dos alunos, com isso respeitaria com mais facilidade as concepções

dos educandos e faria modificações em suas concepções atuais.

Em pesquisa acerca das concepções de estudantes sobre a natureza da

ciência, El-Hani et al. (2004) apontam que os alunos chegaram a resultados em

que em geral apresentam concepções inadequadas sobre a natureza da

ciência, entre as concepções inadequadas, a mais encontrada foi a

compreensão do conhecimento científico como verdade absoluta. Chassot

(2007) e El-Hani et. al. (2004) corroboram que os alunos não podem ser

privados de fatos históricos, eles devem ter argumentos para poderem debater

a ciência.

Conforme as concepções de ciência pelos alunos, Silva (2010) aborda

algumas finalidades da educação científica, como a inserção dos estudantes ao

mundo da ciência, e isto deve ser baseado em saber conteúdos da ciência e

conteúdos sobre ciência, mas em alguns casos prevalece à discussão de

conceitos puramente conceituais, o que acarreta visões sobre a natureza da

ciência distorcidas e equivocadas. O professor em sua prática costuma ainda

que subentendidamente transferir essas visões sobre a natureza da ciência aos

alunos, o que pode ocasionar um pensamento equivocado da ciência, como a

visão indutivista do mito do gênio da ciência.

A respeito da quasi-história também chamada de pseudo-história ou

história simplificada, é aquela que erros podem acontecer devido a omissões, e

Page 17: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

17

é considerada verdade. Ela é uma falsificação da história com aspecto de

história genuína, cujo Imre Lakatos (1922-1974) 1 em sua obra Mathematics,

Science and Epistemology (1978), chamava de reconstruções racionais da

história. “A história não se apresenta simplesmente aos olhos do espectador;

ela tem que ser fabricada. Se a filosofia da ciência é vazia sem a história, então

a história da ciência, sem a filosofia, é cega” (MATTEWS, 2007, p.174).

Assim como Matthews (2007), Correa et al. (2010) afirmam que as

objeções a cerca da inclusão de história da ciência no ensino remetem a riscos

de uma abordagem pseudo-histórica que pode trazer possíveis prejuízos ao

espírito científico dos estudantes, podendo desviar temas considerados mais

importantes e desenvolver posições céticas aos saberes científicos. Poderá

ocorrer também através de lacunas e interpretações incorretas, deformações

históricas advindo de um desconhecimento da história da ciência por parte de

professores e autores.

Em contrapartida Martins et. al (2009), dizem que um relato muito fiel a

história, pode se tornar incompreensível para os alunos e encontrar um meio

termo exige persistência, criatividade e disponibilidade para ceder, ora de um

lado, ora de outro.

Além disso, Martins (1990) explica que um estudo aprofundado dos

procedimentos historicamente comprovados dos cientistas é a única forma

segura de se captar e transmitir a real natureza da ciência pelos professores e

um bom professor de ciências deve dominar o conteúdo e ter uma boa didática.

1 Imre Lakatos (Debrecen, 1922 - Londres, 1974) nasceu na Hungria e dedicou parte de sua vida aos estudos. Foi um filósofo da matemática e da ciência. FONTE: MOLINA, Jorge. Lakatos como filósofo da matemática. Episteme, Porto Alegre, n. 13, p. 129-153, jul./dez. 2001

Page 18: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

18

A história da ciência contribui para esses dois aspectos, no ensino de ciências

é introduzida em algumas situações à história da ciência com o uso de

cronologia e nomes, anedotas sobre cientistas que apresentam uma visão

distorcida e mistificada da ciência e dos cientistas.

Dessa forma, Silva e Martins (2003) afirmam que é possível ensinar

fatos interessantes sobre ciências sem entrar em detalhes técnicos, mas

acreditam que talvez a história da ciência não seja a melhor maneira de

apresentar os aspectos simples da ciência. Para os autores é possível usar a

história da ciência para enfatizar questões como a influência dos fatores

socioculturais, o desenvolvimento das teorias científicas e a relação entre o

desenvolvimento técnico e científico sem a análise dos aspectos difíceis. No

entanto, se objetivo é ensinar ciência através da historia da ciência, será

impossível evitar os detalhes técnicos.

Outro dilema é abordado por Forato (2009), segundo a autora o

aprofundamento histórico da ciência e quais aspectos a serem omitidos, devem

ser enfrentados com relação aos aspectos que variam de acordo com o

contexto, como o nível de escolarização dos alunos, dos objetivos pedagógicos

e os aspectos mais importantes a cerca dos conceitos necessários aos alunos.

Mas se olharmos para o lado da omissão da matemática em uma determinada

teoria, seria simplificação ou distorção? Se optarmos por um texto muito

simplificado, corremos risco de cometer a pseudo-história, mas um relato muito

aprofundado pode se tornar incompreensível para os alunos, isso é a

compressibilidade versus rigor histórico.

Page 19: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

19

Quanto a esse dilema, Martins (2000) comenta que os relatórios

“Alternativa para o ensino de ciências” (1979) e “Educação via ciências” (1981)

afirmam que um dos problemas para a incorporação de materiais mais

históricos e filosóficos no currículo de ciências era o fato de que os professores

não estavam preparados para ensinar essas contextualizações. Para o autor a

simplificação da história da ciência deve ser feita levando em consideração a

faixa etária dos alunos, apresentando importantes questões de como lemos e

interpretamos os fatos e através do problema do significado os alunos saberão

que pessoas veem as coisas de formas diferentes, e a história da ciência é

constituída num veículo natural para demonstrar como a subjetividade afeta a

própria ciência.

Para evitar os riscos trazidos pela história da ciência, Forato (2009) diz

que o professor deverá se perguntar a cerca do nível de profundidade dos

conteúdos históricos que devemos selecionar e quais poderão ser simplificados

sem serem distorcidos, pois o risco do professor construir uma pseudo-história,

e relatos superficiais não contribuem para a melhor compreensão da ciência,

se tornando assim em vão.

A simplificação e a omissão das narrativas históricas é um desafio a se

enfrentar. Segundo Bruner apud Martins (2000) os cientistas devem levar os

estudantes a serem cientistas, e seria admirável se os professores tivessem

uma noção razoável do que significa ser um cientista, mas a maioria deles

limita-se a aceitar a mitologia indutivista dos livros.

O professor possui o papel mais importante no sucesso da compreensão

da natureza da ciência, assim sendo, Martins (2000) afirma que o professor

Page 20: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

20

deve adquirir conhecimentos mais sólidos a cerca da história da ciência para

que tornem as aulas mais ricas e aprofundadas além de mais interessante para

os alunos.

Silva e Martins (2003) corroboram com Martins (2000) e ainda relatam

que professores que não possuem interesse e nem formação em história e

filosofia da ciência, frequentemente transmitem uma visão distorcida sobre a

ciência em pesquisas feitas por cientistas para os estudantes, e em geral esses

professores não percebem a falta de entendimento e quando tentam usar a

história da ciência com objetivo de melhorar o ensino, acabam expondo os

alunos a um conhecimento a cerca da história da ciência distorcido e simplista.

A distorção da história pode trazer prejuízos para a aprendizagem,

Matthews (2007) comenta sobre o livro “Será que a história da ciência deveria

ser censurada?” (1974) em que sugere que a história da ciência exerce uma

influência negativa sobre os estudantes porque ela acaba com as certezas do

dogma científico, sendo essas certezas muito importantes para se manter o

entusiasmo do estudante. E diz que apenas um público científico maduro

deveria ter acesso à história. Para o autor dizer que a história da ciência possa

ser simplificada não é um argumento decisivo contra ela, deve ser levado em

conta a faixa etária dos alunos e o currículo que será desenvolvido, ela ainda

pode se tornar mais complexa à medida que a situação educacional exija.

Quanto às distorções maiores, Matthews (2007) ainda argumenta que

elas podem ser apresentadas de forma mais adequada nos treinamentos de

profissionais da área. O problema da interpretação de textos de história da

ciência, não dificulta a aprendizagem, pelo contrário é uma ótima oportunidade

Page 21: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

21

para que os alunos sejam apresentados a questões de como interpretamos os

fatos e a complexidade dos significados e poderão ainda relacionar a forma

diferente que as pessoas veem as coisas com a constituição da história da

ciência, mostrando como esta subjetividade afeta a própria ciência.

A má interpretação dos fatos históricos é apontada por Martins e Martins

(2010), com relatos de pesquisas que mostram a dificuldade de compreensão e

aceitação do conceito de evolução pelos alunos, e em sua teoria há muitos

erros conceituais e históricos nos livros didáticos.

Um exemplo citado por Martins e Martins (2010), são os erros sobre a

teoria de Lamarck, em que o seu trabalho é tido como uma mera hipótese

associada geralmente à imagem das girafas com pescoços diferentes, o que

ocupa apenas um parágrafo em sua teoria. O livro didático acaba ainda

induzindo a uma ideia equivocada, além de confrontar essas ideias com as de

Darwin. A história da ciência possibilita a compreensão da natureza dos

conhecimentos científicos através de questionamentos desses conceitos.

O problema da interpretação de textos de história da ciência para

Matthews (2007), é que ela não dificulta a aprendizagem, pelo contrário é uma

ótima oportunidade para que os alunos sejam apresentados a questões de

como interpretamos os fatos e a complexidade dos significados e os alunos

poderão relacionar a forma diferente que as pessoas veem as coisas, com a

constituição da história da ciência, mostrando como esta subjetividade afeta a

própria ciência. Um professor de ciências com conhecimento amplo em história

da ciência pode ajudar os estudantes a compreenderem como a ciência

apreende, e não apreende o mundo real e o mundo subjetivo. Mas também o

Page 22: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

22

estudante pode ficar suscetível à escolha de renunciar ao seu próprio mundo

por ser imaginatório, ou renunciar ao mundo da ciência pela mesma razão.

Para a devida inclusão de história da ciência Martins et. al (2009) afirma

a necessidade de adaptações ao ambiente escolar, mas isso não significa

aceitar a construção de narrativas distorcidas dos fatos.

O respeito pelo contexto histórico é essencial, e respeitá-lo é interpretar

o passado anacronicamente, afirma Forato et. al (2009), de modo geral,

avaliam o passado de modo preconceituoso, fazendo seleções e

enaltecimentos a conceitos e teorias parecidas aos aceitos presentes.

Glorificam a genialidade de alguns personagens e muitas vezes descrevem

seus adversários como vilões e desconsideram a complexidade do fazer

científico como a contribuição dos debates, de erros, de teorias superadas etc.

O problema com as narrativas lineares, é citado por Martins et. al (2009),

o autor afirma que essas narrativas levam o aluno a crer numa ciência que

evolui sem falhas, guiada por um método universal e sem qualquer influência

social ou humana. Essa presença de fatos distorcidos da história traz prejuízos

à visão de ciência que tem sido recomendada na educação científica.

Em contrapartida com Martins et. al (2009), Matthews (2007) aponta a

estrutura das revoluções científicas de Thomas Kuhn (1922-1996)2 que afirma

que a história da ciência na sala de aula deveria ser distorcida justamente para

que os cientistas do passado fossem retratados como cientistas modernos 2Thomas Samuel Kuhn (Cincinnati, 18 de Julho 1922 - Cambridge, 17 de Junho 1996) foi um físico que posteriormente dedicou-se a história da ciência, cujo trabalho incidiu sobre História da ciência e filosofia da ciência. FONTE: SOUZA, José, KOWALSKI, Fábio e BEUREN, Ilse. A filofosofia em campos interdisciplinares: A inserção de Thomas S. Kuhn na contabilidade. Universidade Regional de Blumenau (FURB), Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis – Blumenau, SC, Brasil. 2006.

Page 23: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

23

quanto ao modo de trabalho, um exemplo é a teoria da relatividade de Einstein

é algo que tem sido discutido, de como teria sido inspirada pelo fracasso do

experimento de Michelson e Morley (1852-1931)3, inspirado por Popper (1902-

1994)4. A visão predominante de que a teoria Einstein é posterior aos

experimentos, ao invés de precedê-los.

Os motivos que levam a erros sobre a natureza da ciência cometidos

pelo professor em sala de aula de aula é apontado por Martins (2007) através

de uma pesquisa feita a alunos do curso de licenciatura em física, alunos da

pós-graduação em ensino das ciências naturais e matemática e alunos de um

curso de extensão intitulado Tópicos da Historia e Filosofia da Física.

Nesta pesquisa foram feitas perguntas acerca do termo “história e

filosofia da ciência”, entre elas apareceu uma questão da dificuldade no

trabalho com a história e filosofia da ciência e as respostas mais dadas foram

sobre a falta de material didático que trate desse tipo de conteúdo, o currículo

escolar voltado para vestibulares e os conteúdos exigidos pela escola, o tempo

disponível, a resistência dos alunos apegados ao ensino tradicional e a falta de

formação dos professores.

A falta de formação do professor de acordo com Martins et. al (2009) é

um problema que seria minimizado se o professor tivesse sido preparado para

3 Michelson, Albert Abraham (1852-1931) Físico norte-americano de origem alemã. Eduard Williams Morley (1838 - 1923) Químico e Físico norte-americano. Estudaram as densidades do oxigênio e hidrogênio e provaram a teoria da relatividade. FONTE: KARAN, Ricardo, CRUZ, Sonia e COIMBRA, Débora. Experiência de Michelson-Morley no ensino médio: Prerrogativas e possibilidades. Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica – Departamento de Física – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. Departamento de Física – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil. 4 Karl Raimund Popper, em Viena, 1902 - Londres, 1994, foi um filósofo austríaco e desenvolveu este princípio na lógica do cientista da pesquisa. FONTE: http://pt.infobiografias.com/biografia/29337/Karl-Popper.html

Page 24: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

24

lidar de modo consciente e crítico com todos esses obstáculos. Uma das

formas seria fornecer elementos para lidar com os desafios do uso da história

da ciência no ambiente escolar. Martins (1990) afirma que existem cursos de

formação de professores que vem construindo seus currículos com o eixo

norteador a história da ciência, o que possibilita aos professores uma visão

abrangente do conhecimento, e os faz perceber que a realidade pode ser

interpretada de várias maneiras.

Outros aspectos da formação de professores são abordados por Martins

(1990), o autor afirma que o ensino de história da ciência em cursos para

professores propicia uma análise crítica das condições da criação e

apropriação do conhecimento científico através de diversas culturas, e atesta

que o conhecimento esta sujeito a transformações, ela também questiona as

pretensões da verdade, e até revela perguntas que não são feitas nas outras

disciplinas do curso de formação de professores.

A formação dos professores é destacada por Silva (2010). Para a autora

a formação de professores deve se preocupar não só com habilidades

relacionadas á conceitos científicos, mas também com a inserção da história e

filosofia da ciência, que pode subsidiar discussões sobre a epistemologia da

ciência, o que melhora a visão dos professores e também a sua prática,

facilitando a instrumentalização da mesma.

Page 25: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

25

4.2. Como utilizar a história da ciência de maneira mais adequada no

ensino

Todos os problemas apresentados podem ser solucionados. Para

Matthews (2007) converter esses projetos para a sala de aula requer novas

orientações para a prática e a avaliação, novos materiais didáticos e a inclusão

de cursos sobre história e filosofia da ciência no treinamento de professores.

Para Martins (1990) metas de elevação do nível cultural dos estudantes

de curso superiores devem ser feitas, a universidade deve se preocupar não só

com as tarefas definidas para treinar especialistas, mas também com uma

formação cultural, como o ensino de história e filosofia da ciência, pois a

história cultural da humanidade é um dos pontos básicos da formação cultural.

A história da ciência é um modo de ensinar como se deram as transformações

do mundo, de onde saíram as concepções sobre a natureza, o ser humano e

nossos recursos técnicos. E ainda ela pode ter uso para balancear aspectos

técnicos e complementá-los com aspectos sociais, humanos e culturais.

Apesar dos problemas citado por muitos autores com a má interpretação

da natureza da ciência, Forato (2009) discorre sobre o fato da natureza não

possuir dados simples ao ponto de haver interpretações duvidosas; a ciência é

uma atividade realizada por seres humanos e influenciada pelo contexto

sociocultural de uma determinada época; teorias científicas não podem ser

provadas e não são feitas unicamente a partir da experiência; o conhecimento

baseia-se fortemente na observação, evidência experimental, argumentos

racionais, no ceticismo etc.

Page 26: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

26

O tempo é um fator importante, e é ressaltado por Forato (2009), a

pesquisadora afirma que para o sucesso do ensino, ele varia de acordo com o

ambiente educacional e necessita de limitações quanto à quantidade de

conteúdo histórico a ser abordado, mas uma excessiva simplificação pode

ocasionar em um grande risco a distorção histórica, para que isso não ocorra o

professor deve selecionar episódios históricos bem delimitados sem cometer

narrativas superficiais.

Para Martins et. al (2009), é importante que o educador reconheça a

pseudo-história e fique alerta para os seus indícios. Deve-se considerar a

pertinência dos saberes escolares, a legitimidade cultural em seu contexto

sócio-cultural e as necessidades didáticas da disciplina para respeitar a

autonomia epistemológica atribuída ao saber escolar. É fundamental a

importância de promover na educação científica uma visão sobre natureza da

ciência que incorpore os seguintes aspectos:

A natureza não fornece dados suficientemente simples que permitam interpretações sem ambiguidades; uma observação significativa não é possível sem uma expectativa preexistente; a ciência é uma atividade humana influenciada pelo contexto sociocultural de cada época; teorias científicas não podem ser provadas e não são elaboradas unicamente a partir da experiência; o conhecimento científico baseia-se fortemente, mas não inteiramente na observação, na evidência experimental, nos argumentos racionais e no ceticismo (MARTINS et. al, 2009, p. 5).

Além dos aspectos descritos por Martins et. al (2009), Forato (2009)

afirma que o professor deverá se perguntar a cerca de qual o nível de

profundidade dos conteúdos históricos que devemos selecionar e quais

poderão ser simplificados sem serem distorcidos, pois o risco do professor

construir uma pseudo-história, e relatos superficiais não contribuem para a

melhor compreensão da ciência, se tornando assim em vão.

Page 27: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

27

A simplificação e a omissão das narrativas históricas é um desafio a se

enfrentar. Para Forato (2009) o conteúdo das narrativas históricas e o modo de

apresentá-la devem permitir a problematização e a observação neutra dos

fenômenos e experimentos, sem desvalorizar a importância da observação, da

evidência experimental, dos argumentos racionais e do ceticismo na

construção do conhecimento científico. Esses problemas seriam diminuídos se

historiadores da ciência publicassem trabalhos adequados ao ensino.

Para a devida seleção dos conteúdos históricos, de acordo com Martins

(1999) é necessário a avaliação de tópicos extraídos da história da ciência que

possuam características que permitam abordar discussões em torno desses

objetivos. O tempo disponível para abordar o conteúdo deve ser bem

destinado, pois uma excessiva simplificação acarreta em riscos em termos de

distorções históricas.

Entretanto, Forato (2009) afirma que enfrentar os desafios da

harmonização das prescrições historiográficas envolve escolhas e riscos. Um

deles é apresentar um relato de episódios históricos sem que o aluno perca a

visão ampla do fato, para isso é preciso conciliar as prescrições para a não

construção de uma história distorcida, e favorecer uma compreensão

contextualizada dos conceitos com uma perspectiva histórica mais ampla da

construção da ciência. A escolha entre a profundidade e a extensão gera um

conflito e sua escolha vai depender do contexto das metas pedagógicas do

curso.

Além disso, Matthews (2007) propõe a necessidade de se selecionar

episódios históricos bem delimitados sem incorrer em narrativas superficiais.

Page 28: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

28

Em algumas situações é difícil harmonizar história com requisitos pedagógicos,

entretanto enfrentar conflitos e dilemas envolve fazer escolhas e assumir

riscos. Requer um objeto de pesquisa limitado tematicamente e temporalmente,

isso impõe difíceis escolhas, como conciliar as prescrições para não se

construir uma história da ciência distorcida, e a escolha da extensão ou a

profundidade do assunto, o que pode gerar um conflito.

O problema da história da ciência distorcida é relatado por Forato

(2009), o autor afirma que a pseudo-história é reforçada pela crença que

alguns professores possuem a cerca de benefícios das reconstruções

racionais, o que pode trazer prejuízos ao aprendizado do aluno. O professor é

mal formado a respeito da história da ciência, mas é possível desenvolver

ações para a busca de elementos a esses professores para lidarem com os

desafios no ambiente escolar.

Para evitar os riscos da pseudo-história, Melo e Martins et. al (2009)

relatam uma pesquisa que foi elaborada com uma sequência de atividades, as

quais foram aplicadas no ensino médio, os obstáculos apresentados já eram

previstos teoricamente, e para superação desses obstáculos foi necessário

afastar-se um pouco das exigências histográficas atuais, para o favorecimento

das necessidades dos alunos. Estratégias para compensarem os desvios para

não ocorrer à transmissão de uma pseudo-história foram propostas.

Pesquisas feitas sobre concepções de estudantes sobre a natureza da

ciência, conforme El-Hani et al. (2004), chegaram todas a resultados

semelhantes, demonstrando que os estudantes em geral apresentam

concepções inadequadas sobre a natureza da ciência, entre essas concepções

Page 29: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

29

inadequadas podem citar a compreensão do conhecimento científico como

verdade absoluta e a visão empírico-indutivista da ciência.

Esses resultados para El-Hani et al. (2004) levam a conclusão de que os

currículos não estavam conseguindo propiciar o desenvolvimento de uma visão

mais adequada sobre a natureza da ciência, ele ainda diz que nessas

investigações foram inadequadas também acerca da visão dos professores,

constatando que estes também possuem concepções empírico-indutivistas

sobre a natureza da ciência. Segundo Silva (2010) para que os alunos

construam uma concepção de ciência mais fundamentada é necessário

repensar a prática do professor.

As mudanças, como a concepção da natureza da ciência devem

começar pelo professor, Martins (1990) afirma que o professor deve abordar a

concepção sobre o que é ciência, e não apenas os conteúdos. O conhecimento

sobre a natureza da ciência pode ser adquirido de duas maneiras, uma delas é

pela prática da pesquisa e a outra pelo estudo da história da ciência. Os

estudos da história da ciência ampliam significativamente a percepção e crítica

de procedimentos, o que muitas vezes ocorre é a visão ingênua e distorcida da

natureza que ele mesmo faz.

A abordagem do professor deverá ser repensada, de acordo com

Matthews (2007) os defensores da história da ciência no ensino de ciências e

no treinamento de professores defendem uma abordagem que contextualize

aspectos ético, social, histórico, filosófico e tecnológico, o que é considerado

um velho argumento que o ensino de ciências deveria ter.

Page 30: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

30

Matthews (2007) ainda relata que na Inglaterra os alunos de primeiro e

segundo grau aprendem não só o contexto atual da ciência e também sobre a

natureza da ciência. A introdução a secção da história da ciência do curso

afirma que o conhecimento e entendimento a cerca do pensamento científico

muda através do tempo e a natureza desses pensamentos, assim como sua

utilização são afetados por contextos da sociedade da época, e esse

conhecimento deve ser desenvolvido com os alunos.

O processo de construção do conhecimento científico para Martins

(1999) não deve se limitar a transmitir os resultados atualmente aceitos, é

importante que o ensino de ciências proponha uma visão mais ampla de todo o

processo, e não se limite. Para isso é preciso que sejam compreendidos os

valores intrínsecos à ciência, em que o método científico se fundamenta em

algo que tem a mesma natureza que a ética ou a estética para poder orientar e

avaliar a pesquisa científica.

Conhecendo a natureza da ciência deve-se evitar a arrogância

dogmática daqueles que pensam que ciência é a verdade, para isso é preciso

que se compreendam as limitações, impossibilidades epistemológicas que a

ciência possui e reconhecer que os resultados científicos são sempre

provisórios, e esses fatores devem ser propostos em sala de aula para uma

real aprendizagem dos alunos quanto ao processo científico.

Para tal, Trindade (2008) reforça que a compatibilidade em termos de

saberes, se da através da transposição didática, em que os significados dos

conteúdos deverão ser buscados, e a história da ciência pode ser o caminho

para compreender o significado dos saberes escolares. Para Matthews (2007)

Page 31: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

31

o conteúdo histórico e a forma que ele deve ser apresentado devem permitir a

problematização neutra nos fenômenos e experimentos em sala de aula.

Não é recomendável que estudantes sejam simplesmente encaminhados aos departamentos de filosofia em busca de história da ciência. Na Itália, esses cursos acabam por se tomarem apenas mais um tijolo na parede, ou seja, uma tarefa a mais para ser cumprida antes de se começar a ensinar. Os cursos em história da ciência devem começar explorando os problemas que os professores consideram pertinentes ao desenvolvimento de sua práxis profissional (MATTHEWS, 2007, p.190).

Page 32: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

32

4.3. A importância da história da ciência na aprend izagem

O objetivo da história da ciência para Martins (1998) é evitar que seja

adotada uma visão ingênua ou arrogante da ciência. O autor relata que muitos

professores ainda passam a ideia de que a ciência é algo provado e sendo

assim, é uma verdade absoluta, eterna e imutável, pois seus construtores são

gênios que não cometem erros. Ela deverá mostrar através de uma análise

histórica que a ciência é mutável, feita por seres humanos falíveis que

aperfeiçoam seu conhecimento e não pode ser considerada definitiva, isso tudo

sem destruir o valor da ciência, mostrar que apesar dos erros os cientistas se

baseiam em evidências em seus trabalhos.

A história da ciência pode trazer muitas contribuições, de acordo com

Martins (1990) ela contribui para a compreensão de resultados científicos que

sem o conhecimento histórico se tornam impossíveis de serem compreendidos

e são apenas memorizados. Goulart (2005) em um trabalho desenvolvido com

uma professora da disciplina de física observou que a maioria dos alunos

estranha que para uma hipótese virar uma teoria científica é necessário que

esta seja comprovada.

Goulart (2005), ainda cita casos de alunos que não percebem que o

conhecimento científico é propriedade comum de um grupo científico, ou seja,

um grupo social. A história da ciência compreende a história deste grupo e a de

seus construtores e pode desmistificar essa concepção errônea que os alunos

possuem da ciência e dos cientistas, pois os tornam mais humanos e provoca

uma transformação na compreensão entre a ciência e sociedade e entre a

ciência e outros saberes considerados não científicos.

Page 33: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

33

Uma pesquisa feita com alunos de cursos superiores foi a respeito da

importância da história da ciência no ensino médio relatada por Martins (2007)

mostrou que uma das questões abordadas foi a respeito da importância da

história e filosofia da ciência no ensino médio, e as respostas que mais

apareceram foram, o desenvolvimento histórico da ciência, como evoluiu e

como é feita, facilita o aprendizado através da origem dos conceitos a serem

trabalhados, da sentido ao conhecimento através da contextualização, ajuda a

despertar a curiosidade dos alunos e contribui para a desmistificação da

ciência contribuindo para uma visão mais crítica.

A pesquisa concluiu que a história da ciência é vista como um conteúdo

a ser usado na introdução de um assunto e em geral não faz parte do

desenvolvimento do programa e mesmo sendo usada como algo secundário,

ainda sim é algo que se utiliza com o objetivo de motivar os alunos aos estudos

posteriores.

Vários autores como Silva (2010) concordam que a história da ciência

contribui para uma melhor compreensão dos aspectos da natureza da ciência,

a relação entre a ciência e a sociedade, a percepção da ciência como atividade

do homem e a falibilidade dos cientistas; entre outros. Sua utilização melhora o

aprendizado dos próprios conceitos científicos.

Mais benefícios proporcionados pela história da ciência são abordados

por Silva (2010), a reflexão a cerca do significado do conhecimento científico, o

que supera obstáculos na aprendizagem dos alunos, favorece a elaboração de

novas práticas e materiais para o ensino e proporciona a discussão e

contestação das certezas sobre a ciência, sua metodologia e seus objetivos. E

Page 34: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

34

desmistifica o modelo empírico-indutivista, em que se necessita de um método

para se fazer ciência.

Outros aspectos positivos são ressaltados por Goulart (2005), como no

sentido de que a evolução do pensamento e das teorias científicas estão

conectadas a evolução de ideias filosóficas, sociais, políticas, religiosas, ou

seja, a toda cultura na qual ele foi produzido. A investigação dessa evolução

nos da uma compreensão do nosso próprio modo de organização intelectual,

social e política, como a forma governamental e tecnológica da época por

exemplo. Apenas com o saber a cerca de como evoluíram os conceitos

científicos e como surgiram as teorias e o pensamento científico, é que será

possível compreender a atualidade, e seremos capazes de desmistificar e

contextualizar a ciência.

Corroborando com as ideias de Goulart (2005), Matthews (2007)

considera que a história da ciência pode humanizar as ciências, reaproximando

assim de interesses pessoais, éticos, culturais e políticos da comunidade,

tornam as aulas mais desafiadoras e reflexivas, permitindo assim um

envolvimento maior do aluno e seu pensamento crítico. Também supera a falta

de entendimento quanto a fórmulas e equações que são recitadas pelos

professores, pois o professor desenvolverá uma epistemologia da ciência mais

rica e autêntica para uma maior compreensão da estrutura da ciência.

Além da maior compreensão da natureza da ciência, Prestes e Caldeira

(2009) e El-Hani et al. (2004), reforçam as ideias de Matthews (2007), e

afirmam que essas abordagens contextuais podem contribuir para diversos

fatores, entre eles estão: Humanizar as ciências, conectando as com

Page 35: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

35

preocupações pessoais, éticas, culturais e políticas, tornar as aulas de ciência

mais desafiadoras e estimular o desenvolvimento de habilidades de raciocínio e

pensamento crítico, promover uma compreensão mais profunda e adequada

dos próprios conteúdos científicos, melhorar a formação dos professores

ajudando-os no desenvolvimento de uma compreensão mais rica e autêntica

das ciências, ajudar os professores a apreciar melhor as dificuldades de

aprendizagem dos alunos, alertando para dificuldades históricas no

desenvolvimento do conhecimento científico, promover nos professores uma

compreensão mais clara de debates contemporâneos na área de educação

com um forte componente epistemológico, á exemplo dos debates sobre o

construtivismo ou multiculturalismo.

A inclusão da história da ciência no ensino para Batista e Mohr (2005) é

importante porque respeita as personalidades dos estudantes, sendo que se o

aluno quiser se aprofundar na carreira de cientista ou escolher outra profissão,

ele será possuidor de um olhar crítico e capaz de perceber o desenvolvimento

da ciência e as influências sobre a sociedade.

Uma lista de argumentos a favor da história da ciência é colocada por

Matthews (2007), para ele a história da ciência promove um ensino de melhor

qualidade por proporcionar uma serie de fatores como: coerência, crítica

humanização e um professor que tenha conhecimento em história e filosofia da

ciência, mesmo sendo um conhecimento que não seja usado diretamente em

sua didática pedagógica é usado indiretamente o que às vezes não é percebido

em sala de aula.

A tradição contextualista assevera que a história da ciência contribui para seu ensino por que: (1) motiva e atrai os alunos; (2) humaniza a

Page 36: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

36

matéria; (3) promove uma compreensão melhor dos conceitos científicos por traçar seu desenvolvimento e aperfeiçoamento; (4) há um valor intrínseco em se compreender certos episódios fundamentais na história da ciência a Revolução Científica, o darwinismo, etc.; (5) demonstra que a ciência é mutável e instável e que, por isso, o pensamento científico atual está sujeito a transformações que (6) se opõem a ideologia cientificista; e, finalmente, (7) a história permite uma compreensão mais profícua do método científico e apresenta os padrões de mudança na metodologia vigente (MATTHEWS, 2007, p.172).

Outro aspecto positivo da história da ciência é abordado por Trindade

(2008), o autor afirma que a história da ciência possui caráter interdisciplinar e

completa o pensamento científico, estimulando a percepção entre os

fenômenos, essencial o desenvolvimento da visão do ser humano, como

construtor e transformador de seu meio natural, possibilita a compreensão com

o mundo da informação, do entendimento histórico da vida científica, social,

produtiva da sociedade, e é um aprendizado crítico de uma participação na

cultura científica fundamental na saga da humanidade.

A história da ciência mostra como o pensamento científico se modifica com o tempo, evidenciando que as teorias não são definitivas e irrevogáveis; desmistifica o método científico, fornecendo ao estudante os subsídios necessários para que ele tenha uma melhor compreensão do fazer ciência. Além disso, pode transformar as aulas de ciência em mais desafiadoras e reflexivas, possibilitando, dessa maneira, o desenvolvimento do pensamento crítico. A responsabilidade maior do educador com o ensino de ciências é procurar que nossos alunos, com a educação que fazemos, transformem-se em seres humanos mais críticos (TRINDADE, 2008, p.9).

Correa et al. (2010) corroboram com Trindade (2008) e apontam

pesquisas que revelam a dificuldade de compreensão e aceitação do conceito

de evolução pelos alunos, e em sua teoria há muitos erros conceituais e

históricos nos livros didáticos. Para Martins (1998) a história da ciência

possibilita a compreensão da natureza dos conhecimentos científicos através

de questionamentos desses conceitos.

Page 37: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

37

A utilização da história da ciência no ensino conforme Martins (1998) é

um dispositivo útil, que contribui para tornar os conteúdos mais interessantes e

facilitar sua compreensão, além disso, há muitos outros aspectos positivos da

história da ciência na educação, como mostrar o processo da construção do

conhecimento, para que se tenha uma visão concreta da natureza real da

ciência, e desmistifica o conhecimento científico, possibilitando uma formação

crítica ao aluno. Segundo Forato et. al (2004) quando um exemplo histórico é

apresentado aos alunos, assim como a influência de fatores religiosos no

trabalho do cientista é algo que permite a compreensão de como se deu o

processo, sem isso os alunos são meramente doutrinados a memorização.

E ao contrário do que se tem em um ensino de ciências sem história da

ciência, teremos concepções reais dos fatos ocorridos, Martins (1998) aponta

que é através dos episódios históricos que percebemos que o processo

científico é lento até chegarem às concepções aceitas atualmente, isso facilita

o aprendizado do conteúdo, pois o professor irá perceber que a aceitação ou

não aceitação de alguma proposta depende de sua fundamentação, e que

nesse processo estão envolvidas forças sociais, políticas, filosóficas ou

religiosas.

Um exemplo sobre a natureza da ciência é relatado por Goulart (2005),

em que Newton em seu trabalho “Subi nos ombros de gigantes” sabe da

necessidade de reconhecer o pensamento de seus pensadores e estar a par

dos problemas e obstáculos científicos que existiam.

A história da ciência no ensino de acordo com Alfonso-Goldfarb (2004)

tem servido de estímulo aos professores, pois “evita que seus alunos sejam

Page 38: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

38

tratados como pequenos gregos que devem ser transformados em jovens

Newtons” (ALFONSO-GOLDFARB, 2004, p.88). E quanto aos estudantes, eles

rompem a superioridade e a predestinação do conhecimento científico,

tornando possível a participação dos mesmos através de discussões sobre

ideias diferentes e dúvidas sobre o começo das ideias científicas também

ajudam entender melhor os processos e convenções, evitando a velha técnica

escolar de decorar.

Os fenômenos possuem interpretações diferentes conforme a época de

acordo com Pechliye (2010) e vários aspectos contribuem para isso, sendo a

evolução tecnologia um dos mais influentes e decisivos para essa mudança.

Embora, mesmo que haja o avanço cada vez mais eficiente, nunca

chegaremos à verdade absoluta, levando em conta que as provas científicas

são valorosas, elas também são provisórias, e mudam conforme um grupo da

comunidade científica resolva criticar essas explicações existentes até então,

julgando que elas não são mais suficientes para contexto sócio-histórico da

época.

A ciência vem avançando ao longo do tempo, para Chassot (2007) a

ideia de que temos agora uma ciência que se edifica passo a passo não

corresponde à verdade. Reviravoltas em teorias tidas como certas modificam a

cada momento as exigências de novas maneiras de pensar em relação à

ciência. A ciência não se distingue pela aplicação rigorosa de um método

científico único e que não existe esse método único e aquele quem pretender

agir, prescrever ou decidir em nome da verdade absoluta será um pensador

medíocre.

Page 39: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

39

5. Discussão

Continuamos ensinando como era ensinado antes da revolução

científica nos séculos XVII, afirma Trindade (2008) e o erro de cronologia dessa

situação gera uma desinformação já nos primeiros anos escolares. Martins

(1990) afirma que a história da ciência é um modo de ensinar com se deu as

transformações do mundo, de onde saíram às concepções sobre a natureza, o

ser humano e nossos recursos técnicos.

Nos últimos anos, segundo Matthews (2007) ocorreu uma

reaproximação entre os campos da história e da filosofia da ciência com

iniciativas a prática de ensino, que são oportunas para o momento de crise no

ensino com autos índices de evasão de alunos e professores em salas de aula,

assim como os altos índices de analfabetismo científico.

À medida que a ciência se torna mais complexa, os exemplos históricos

são postos de lado. Alfonso-Goldfarb (2004) relata que quando as

complicações aumentam os exemplos históricos diminuem nas discussões e

textos dos que se preocupavam com a reflexão científica e a ciência

preocupada com o presente não precisa do passado, com isso a história da

ciência foi perdendo até o pequeno papel de auxiliar na compreensão da

ciência em escolas.

Os diversos problemas de aprendizagem de ciência estão tentando ser

revertidos em escolas de diversos países. Segundo Matthews (2007) a inclusão

de história da ciência nos currículos já vem ocorrendo em países como à

Inglaterra, País de Gales e nos Estados Unidos. Para Martins (1998) a

Page 40: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

40

utilização da história da ciência no ensino é um dispositivo útil, que contribui

para tornar os conteúdos mais interessantes e facilitar sua compreensão.

A história da ciência traz muitos benefícios ao ensino de ciência,

segundo Correa et. al (2010) a história da ciência possibilita a compreensão da

natureza dos conhecimentos científicos através de questionamentos desses

conceitos. Mas usada de maneira errada traz muitos prejuízos ao aprendizado

do aluno.

O fato de a história a ciência possuir interpretações equivocadas deve

ser trabalhado. Para Forato (2009) a natureza não possui dados simples ao

ponto de haver interpretações duvidosas, e ela deve ser interpretada de modo

que esses dados sejam evidenciados: a ciência é uma atividade realizada por

seres humanos e influência pelo contexto sociocultural de uma determinada

época, teorias científicas não podem ser provadas e não são feitas unicamente

a partir da experiência, o conhecimento baseia-se fortemente na observação,

evidencia experimental, argumentos racionais, no ceticismo etc.

Essa concepção equivocada a cerca da ciência é abordada por Campos

e Nigro (1999), segundo os autores, os alunos podem ter concepções erradas

sobre a natureza da ciência, sendo uma delas que a ciência seja verdade

absoluta, o que a história da ciência faz é mostrar que os fatos em que a

ciência depende da tecnologia da época, e isso na maioria das escolas foram

negados para eles.

A má utilização da história da ciência pode trazer riscos, como afirma

Martins (2000) em que não há evidência de que abordagens da história

aplicada a ciência diminuam o entendimento científico, elas podem abalar certa

Page 41: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

41

convicção pseudo-científica, o que não é ruim. Mas ela deverá ser bem

trabalhada, pois ela pode trazer riscos, conforme Correa et al. (2010) os

argumentos contra a inclusão de história da ciência no ensino é que ela levar a

uma abordagem pseudo-histórica e possíveis prejuízos ao espírito científico

dos estudantes, podendo desviar temas considerados mais importantes e

desenvolver posições céticas aos saberes científicos. Poderá ocorrer também

através de lacunas e interpretações incorretas, deformações históricas advindo

de um desconhecimento da história da ciência por parte de professores e

autores.

Os riscos podem ocorrer quando o professor não possui qualificação

suficiente para trabalhar com seus alunos. Para Forato (2009) o problema da

pseudo-história é reforçado pela crença que alguns professores possuem a

cerca de benefícios das reconstruções racionais, o que pode trazer prejuízos

ao aprendizado do aluno. O professor é mal formado a respeito da história da

ciência, mas é possível desenvolver ações para a busca de elementos a esses

professores para lidarem com os desafios no ambiente escolar.

Existem obstáculos estruturais a serem superados, afirma Forato (2009)

e essa superação deve ocorrer por meio de ações e iniciativas na construção

do saber ensinar o saber ensinado. Segundo Martins (2009) a falta de

formação do professor é um problema que seria minimizado se o professor

tivesse sido preparado para lidar de modo consciente e crítico com todos esses

obstáculos. Uma das formas disso seria fornecer elementos para lidar com os

desafios do uso da história da ciência no ambiente escolar.

Page 42: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

42

O material didático é outro ponto muito importante na inclusão de história

da ciência na sala de aula. Segundo Correa et. al (2010) existem pesquisas

que apontam a dificuldade de compreensão e aceitação do conceito de

evolução pelos alunos, e em sua teoria há muitos erros conceituais e históricos

nos livros didáticos.

Para Peduzzi apud Batista et. al (2005) os livros didáticos apresentam

uma linearidade que demonstra uma história da ciência apenas de vencedores,

justamente para que a sequência de experimentos bem sucedidos permaneça

ideal, fazendo com que o relato histórico fique superficial com a citação apenas

de nomes conhecidos, não garantindo a situação real da pesquisa. Esse tipo

de uso errôneo da história da ciência é considerado pior o que sua ausência.

O tempo é outro fator que impede essa inclusão, pois os professores

ficam preocupados em inserir algo a mais nas aulas e perderem tempo que

seria dado o “conteúdo” e muitas vezes se prendem ao plano de ensino, e

acabam ensinando em sala de aula uma história da ciência simplificada

demasiadamente. Matthews (2007) afirma que dizer que a história da ciência

possa ser simplificada não é um argumento contra ela e deve ser levado em

conta a faixa etária dos alunos e o currículo que será desenvolvido, ela ainda

pode se tornar mais complexa à medida a situação educacional exija.

Se as distorções forem maiores podem prejudicar o aprendizado, mas

segundo Mathews (2007) elas podem ser apresentadas de forma mais

adequada nos treinamentos de profissionais da área. O problema da

interpretação de textos de história da ciência, não dificulta a aprendizagem,

pelo contrario é uma ótima oportunidade para que os alunos sejam

Page 43: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

43

apresentados a questões de como interpretamos os fatos e a complexidade

dos significados e os alunos poderão relacionar a forma diferente que as

sabem que as pessoas veem as coisas com a constituição da história da

ciência.

O professor deverá se dedicar ao elaborar suas aulas, e tomar as

devidas escolhas quanto ao tempo e conteúdo. Para Forato (2009) enfrentar os

desafios da harmonização das prescrições historiográficas envolve escolhas e

riscos. Um deles é apresentar um relato de episódios históricos sem que o

aluno perca a visão ampla do fato, para isso é preciso conciliaras prescrições

para a não construção de uma história distorcida, e favorecer uma

compreensão contextualizada dos conceitos com uma perspectiva histórica

mais ampla da construção da ciência. A escolha entre a profundidade e a

extensão gera um conflito e sua escolha vai depender do contexto das metas

pedagógicas do curso.

Outro dilema a ser enfrentado é relatado por Forato (2009) com relação

ao aprofundamento da histórica da ciência é quais aspectos a serem omitidos,

o que varia de acordo com o contexto, como o nível de escolarização dos

alunos, dos objetivos pedagógicos e os aspectos mais importantes a cerca dos

conceitos necessários aos alunos.

Para que a conversão desses projetos para a sala de aula ocorra,

Matthews (2007) afirma que é preciso novas orientações e afirma que além de

treinamentos de professores, novos materiais didáticos precisam ser utilizados.

Para Forato (2009) esses problemas seriam diminuídos se historiadores da

ciência publicassem trabalhos adequados ao ensino. Com um maior acervo de

Page 44: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

44

dados que ajudem o professor nessa tarefa, seria mais fácil de evitar certos

riscos.

Não será fácil a realização de projetos que melhorem a utilização da

história da ciência no ensino. Segundo Martins et. al (2009), em algumas

situações é difícil harmonizar história com requisitos pedagógicos, entretanto

enfrentar conflitos e dilemas envolve fazer escolhas e assumir riscos. Requer

um objeto de pesquisa limitado tematicamente e temporalmente, isso impõe

difíceis escolhas, como conciliar as prescrições para não se construir uma

história da ciência distorcida, e a escolha da extensão ou a profundidade do

assunto, o que pode gerar um conflito, pois um relato muito fiel a história, pode

se tornar incompreensível para os alunos.

O professor deverá se disponibilizar para tal, Martins et. al (2009) afirma

que é importante que o educador reconheça a pseudo-história e fique alerta

para os seus indícios. Para que isso ocorra é necessária uma boa formação de

história da ciência, para que o professor esteja preparado para superar os

desafios, ele deve encontrar um meio termo, o que exige persistência,

criatividade e disponibilidade para ceder, ora de um lado, ora de outro.

Cursos para a capacitação de professores em história da ciência são

fundamentais. Trindade (2008) afirma que o ensino de história da ciência em

cursos para professores propicia uma análise crítica das condições da criação

e apropriação do conhecimento científico através de diversas culturas, e atesta

que o conhecimento esta sujeito a transformações, ela também questiona as

pretensões da verdade. Professores que não possuem conhecimento

Page 45: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

45

adequado a cerca da história da ciência, geralmente possuem uma visão

distorcida.

Construir um conhecimento espontâneo para Goulart (2005) é um dos

problemas para o ensino de ciências, em que os alunos possuem um

conhecimento do sendo comum, e o professor usa técnicas e métodos de

ensino voltadas para aprendizagem e compreensão da perspectiva científica,

para a resolução desse problema é necessário uma mudança conceitual na

mente do aluno para o entendimento da realidade.

O ensino adequado da história da ciência segundo Silva (2010)

proporciona a reflexão a cerca do significado do conhecimento científico, o que

supera obstáculos na aprendizagem dos alunos, favorece a elaboração de

novas praticas e materiais para o ensino e proporciona a discussão e

contestação das certezas sobre a ciência, sua metodologia e seus objetivos. E

desmistifica o modelo empírico-indutivista, em que se necessita de um método

para se fazer ciência.

Diversos autores corroboram que um professor instruído com o

conhecimento em história da ciência é essencial para que ocorra uma

educação científica adequada e interessante para os alunos. Martins (1999)

afirma que o conhecedor da natureza da ciência deve evitar a arrogância

dogmática daqueles que pensam que ciência é a verdade, para isso é preciso

que se compreendam as limitações e impossibilidades epistemológicas que a

ciência possui para reconhecer que os resultados científicos são sempre

provisórios devem ser propostos em sala de aula para uma real aprendizagem

dos alunos quanto ao processo científico.

Page 46: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

46

Forato et. al (2004) corrobora com Martins (1999) e complementa que o

professor com conhecimento de história da ciência transmite resultados com

uma concepção sobre a natureza da ciência, permite a discussão crítica da

concepção empírica em que a ciência é verdade absoluta e por estudar a

gênese de um conceito científico permite um maior aprendizado de equações,

que no ensino tradicional é apenas uma ferramenta na resoluções de

problemas.

Já um professor sem o conhecimento adequado da natureza da ciência,

muitas vezes pode trazer conhecimentos e ideias erradas para os alunos.

Segundo Silva e Martins (2003) professores que não possuem interesse e nem

formação em história e filosofia da ciência, frequentemente transmitem uma

visão distorcida sobre a ciência e suas pesquisas para os estudantes, e em

geral esses professores não percebem a falta de entendimento e quando

tentam usar a história da ciência com objetivo de melhorar o ensino, acabam

expondo os alunos a um conhecimento distorcido.

Muitos autores analisam o melhor modo de utilização a história da

ciência no ensino. Para Martins (1990) o professor deve abordar a concepção

sobre o que é ciência, e não apenas os conteúdos, o conhecimento sobre a

natureza da ciência pode ser adquirido de duas maneiras, uma é pela prática

da pesquisa e a outra pelo estudo da história da ciência. Os estudos da história

da ciência ampliam significativamente a percepção e crítica de procedimentos,

o que muitas vezes ocorre é a visão ingênua e distorcida da natureza que ele

mesmo faz.

Page 47: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

47

A análise da utilização da história da ciência também é feita por

Matthews (2007), o professor deve não apenas se limitar a definição daquilo

que é aceito como verdade na área, mas também deve ser capaz de explicar

porque uma proposta é considerada definitiva, porque devem aprendê-la e

como ela se relaciona a outras propostas.

Para resolver os dilemas que podem trazem prejuízos para o ensino e

aprendizagem com a má implementação da história da ciência, Martins (2000)

relata que muitos têm argumentado a favor da história da ciência na formação

dos professores de ciências, pois esta promove um ensino de melhor

qualidade, mais estimulante, mais crítico, mais humano e etc. O professor que

tenha conhecimento crítico de sua disciplina, mesmo que esse conhecimento

não seja usado diretamente em sua pedagogia, não promove os erros típicos

da pseudo-história.

Sendo assim, o objetivo de uma melhor educação de ciência nas

escolas será mais fácil de ser alcançado sem riscos para o aluno. Para Martins

(2000) o sucesso dependerá da introdução de história da ciência nos cursos

apropriados a formação de professores, se isso for feito, então se pode iniciar a

superação da atual crise intelectual e social do ensino de ciências.

Após a devida formação dos professores, os resultados positivos que a

história da ciência traz para aprendizagem começarão a surgir. Para Martins

(1990) um bom professor de ciências deve dominar o conteúdo e ter uma boa

didática, e a história da ciência contribui para esses dois aspectos, no ensino

de ciências comum, sem a formação de professores em história da ciência, em

que é introduzido em algumas situações, como o uso de cronologia e nomes,

Page 48: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

48

anedotas sobre cientistas que apresentam uma visão distorcida e mistificada

da ciência e dos cientistas, e persuasão e intimidação. E o devido uso da

história da ciência pode balancear os aspectos técnicos e complementá-los

com aspectos sociais, humanos e culturais. Explorar a vida do cientista, a

evolução no ambiente cultural da época, concepções alternativas,

controvérsias e dificuldades da aceitação de novas ideias, pode contribuir para

uma nova visão da ciência, o que da maior motivação ao estudante.

O uso da história da ciência na sala de aula é algo que a maioria dos

autores que abordam o assunto defendem e citam os diversos benefícios que

ela leva para a aprendizagem. Para Matthews (2007) podem humanizar as

ciências, reaproximando assim de interesses pessoais, éticos, culturais e

políticos da comunidade; tornam as aulas mais desafiadoras e reflexivas,

permitindo assim um envolvimento do aluno e seu pensamento crítico, e supera

a falta de entendimento quanto a fórmulas e equações que são recitadas pelos

professores, pois o professor desenvolverá uma epistemologia da ciência mais

rica e autêntica para uma maior compreensão da estrutura da ciência.

Martins (1999) aponta ainda que a história da ciência no ensino também

facilita a compreensão dos resultados científicos que muitas vezes são

apresentados para os alunos como algo obvio. Isso facilitaria a compreensão

dos resultados finais e de seu verdadeiro significado. Muitas vezes o

aprendizado de ciências é dificultado por aquelas concepções do senso

comum, e através da história da ciência e das concepções antigas o professor

compreenderá as dificuldades e resistência dos alunos, com isso o professor

respeitará com mais facilidade as concepções dos alunos e poderá fazer uma

modificação para as concepções atuais.

Page 49: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

49

O respeito à cerca da concepção de cada estudante sobre a história da

ciência é muito importante neste aspecto, segundo Forato et. al (2004) outros

autores reforçam e apontam que ela incrementa a cultura geral que o aluno

possui o que ajuda na compreensão de episódios principais que ocorreram na

história da ciência, e a contextualiza, permitindo uma reflexão crítica sobre a

ciência como um produto dinâmico do conhecimento humano, criado por

indivíduos em determinado contexto cultural e histórico e humanizando a

ciência

O objetivo da história da ciência para Martins (1998) é evitar que seja

adotada uma visão ingênua ou arrogante da ciência, como muitos professores

ainda passam a idéia de que a ciência é algo provado e sendo assim, é uma

verdade absoluta, eterna e imutável, pois seus construtores são gênios que

não cometem erros. Ela deverá mostrar através de uma análise histórica que a

ciência é mutável, feita por seres humanos falíveis que aperfeiçoam seu

conhecimento e não podem ser consideradas definitivas, isso tudo sem destruir

o valor da ciência, mostrar que apesar dos erros, os cientistas se baseiam em

evidências em seus trabalhos.

Ao trabalhar história da ciência, o professor tem oportunidade de

aumentar o interesse do aluno por aquilo que está sendo discutido. Para

Prestes e Caldeira (2009) quando o professor trabalha a história da ciência, ele

ainda tem a oportunidade de mostrar as teorias científicas e seu surgimento,

sugerindo que houve um conhecimento anterior, e ao mostrar que uma nova

teoria não é aceita prontamente, o professor terá subsídios para discutir com

seus alunos sobre os modos e condições que levam a aceitação ou rejeição

das teorias científicas.

Page 50: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

50

A forma como a história da ciência deve ser apresentada é fundamental

para que se alcancem os benefícios trazidos por ela. Segundo Forato (2009) o

conteúdo das narrativas históricas e o modo de apresentá-la devem permitir a

problematização e a observação neutra dos fenômenos e experimentos, sem

desvalorizar a importância da observação, da evidência experimental, dos

argumentos racionais e do ceticismo na construção do conhecimento científico.

Para Pechliye (2010) os conhecimentos que são produzidos através da ciência

dependem dos contextos históricos da época, pois estes oferecem a

possibilidade de interpretação.

Sendo assim, será alcançado um aprendizado sólido pelo aluno, e ele

compreenderá realmente a ciência e sua natureza. Para Pechliye (2010) no

ensino de ciência o contexto histórico se torna fundamental para o

entendimento da concepção de ciência. De acordo com Forato et. al (2004),

quando um exemplo histórico é apresentado aos alunos, assim como a

influencia de fatores religiosos no trabalho do cientista é algo que permite a

compreensão de como se deu o processo, sem isso os alunos são meramente

doutrinados a memorização.

Para Bizzo (1992) e Trindade e Trindade (2003) a história da ciência

possibilita a recuperação dos conhecimentos errados pelos critérios de

algumas épocas, e recupera outras formas de ciência, como a ciência

moderna, e o seu papel de ser um conhecimento produzido pela cultura

humana em vários período e lugares diferentes.

A ciência avança sem a elaboração de uma metodologia única para

Chassot (2007). Dizer que ciência de agora se edifica passo a passo não é

Page 51: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

51

verdade, as reviravoltas em teorias que eram tidas como certas, modificam a

todo o momento as exigências de novas maneiras de pensar em à ciência. El-

Hani et. al. (2004) corrobora com Chassot (2007) em que os alunos não podem

ser privados de conhecimentos sólidos de como se faz ciência, e eles devem

ter argumentos para debater a ciência.

Page 52: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

52

6. Considerações finais

Esta pesquisa traz ideias centrais de autores a respeito da

inserção e da utilização da história da ciência no ensino de ciências. Essa

utilização vem sendo adotada em algumas escolas, como abordado no capitulo

4.1, e segundo os pesquisadores a história da ciência é utilizada de uma

maneira equivocada pelos professores, o que acarreta diversos problemas que

podem trazer riscos a aprendizagem do aluno.

O trabalho em questão busca fazer uma análise da maneira mais

correta do uso da história da ciência no ensino para se evitar os riscos, através

da contemplação da importância que a mesma proporciona para na

aprendizagem do estudante.

Page 53: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

53

7. Referências

ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria. O que é História da Ciência. São Paulo: Brasiliense, 2004. BATISTA, Rosana; et. al. Análise da história da ciência em livros didáticos do ensino fundamental em Santa Catarina. Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: <www.fae.ufmg.br/abrapec/viempec/viempec/CR2/p380.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2011. BIZZO, Nélio Marco Vicenzo. História da Ciência e Ensino: onde terminam os paralelos possíveis? Revista Em Aberto, Brasília, ano 11, n. 55, jul./set., 1992. CAMPOS, Maria Cristina da Cunha; NIGRO, Rogério Gonçalves. Didática de ciências: o ensino-aprendizagem como investigação. São Paulo: Editora Pioneira. 1999. CHASSOT, Attico. A Ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 2007. CORRÊA, André Luis et al. História e Filosofia da Biologia como ferramenta. Associação Brasileira De Filosofia E História Da Biologia, Bauru, v. 5, n. 2, p.217-237, 2010. EL-HANI, Charbel Niño et. al. Concepções epistemológicas de estudantes de biologia e sua transformação por uma proposta explícita de ensino sobre história e filosofia das ciências. Investigações em Ensino de Ciências. 2004. FORATO, Thaís. A natureza da ciência como um saber escolar: um estudo de caso apartir da história da luz. 2009. 220 f. Tese (Doutorado) - Usp, São Paulo, 2009. FORATO, Thaís et. al. A Natureza da Ciência na escola básica: enfrentando obstáculos na construção de narrativas históricas. Enseñanza De Las Ciencias: Revista de investigación y experiencias didácticas, São Paulo, n., p.3249-3253, set. 2010. VIII CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE INVESTIGACIÓN EN LA DIDÁCTICA DE LAS CIENCIAS. FORATO, Thaís et al. Prescrições historiográficas e saberes escolares: alguns desafios e riscos. Disponível em: <http://www.foco.fae.ufmg.br/pdfs/920.pdf>. Acesso em: 08 mar. 2011. FORATO, Thaís et. al. História da Ciência e religião: uma proposta para discutir a natureza da ciência. Disponível em: <http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xvii/sys/resumos/T0190-1.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2011. GOULART, Silvia. História da Ciência: Elo da dimensão transdisciplinar no processo de formação de professores de ciências. In: LIBÂNEO, José Carlos; SANTOS, Akiko. Educação na Era do Conhecimento em Rede e Transdisciplinaridade. Campinas: Alínea, 2005. p. 0-0.

Page 54: UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE docx

54

MARTINS, André. História e Filosofia da Ciência no ensino: há muitas pedras nesse caminho. Revista Brasileira de Ensino de Física, Natal, v. 24, n. 1, p.112-131, abr. 2007. MARTINS, Lilian. A história da ciência e o ensino da biologia. Ciência & Ensino, Campinas, p. 18-21. dez. 1998. MARTINS, Lilian. História da Ciência: objetos, métodos e problemas. Ciência & Educação, Campinas, v. 11, n. 2, p.305-317, 2005. MARTINS, Roberto. O Cientista a face á informação arquivística: um exemplo da história da ciência e suas lições. Disponível em: <http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/Media/publicacoes/ibericas/o_cientista_face__informao_arquivstica.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2011. MARTINS, Roberto. O que é ciência, do ponto de vista da epistemologia? Caderno de Metodologia e Técnica de Pesquisa (n. 9): 5-20, 1999.

Martins, Roberto. Sobre o papel da história da ciência no ensino. Boletim da Sociedade Brasileira de História da Ciência (9): 3-5, 1990.

MATTHEWS, Michael. História, filosofia e ensino de ciências: a tendência atual de reaproximação. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Nova Zelândia, v. 12, n. 3, p.164-214, dez. 1995. PRESTES, Maria Elice B. e CALDEIRA, Ana Maria de A. Introdução: A importância da história da ciência na educação científica. Filosofia e História da Biologia, v. 4, p. 1-16, 2009. PECHLIYE, Magda Medhat. Reflexões e análises do cotidiano de um curso de formação de professores de ciências e/ou biologia. Tese de doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo. 2010. P.68 e 69. SILVA, Boniek. A Natureza da Ciência pelos alunos do ensino médio: um estudo exploratório. Latin-american Journal Of Physics Education, Teresina, p. 620-627. set. 2010. SILVA, Cibelle; MARTINS, Roberto. A Teoria das cores de Newton: um exemplo do uso da história da ciência em sala de aula. Ciência & Educação, Campinas, v. 9, n. 1, p.53-65, 2003. TRINDADE, Diamantino. A interface ciência e educação e o papel da história da ciência para a compreensão do significado dos saberes escolares. Revista Iberoamericana de Educação ISSN: 1681-5653 n.º 47/1 – 25 de setembro de 2008. TRINDADE, Diamantino. A História da História da Ciência. São Paulo: Madras, 2003.