UNIVERSIDADE RURAL DA AMAZÔNIA MARIA ANTONIA RAMOS...
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UNIVERSIDADE RURAL DA AMAZÔNIA
MARIA ANTONIA RAMOS DOS SANTOS
MARIA RAIMUNDA ALVES FROES
DIFICULDADES NA LEITURA E ESCRITA NO QUINTO ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL
GURUPÁ – PARÁ
2015
UNIVERSIDADE RURAL DA AMAZÔNIA
MARIA ANTONIA RAMOS DOS SANTOS
MARIA RAIMUNDA ALVES FRÓES
DIFICULDADES NA LEITURA E ESCRITA NO QUINTO ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC
apresentado ao Curso de Pedagogia do Plano
Nacional de Formação de Professores da Educação
Básica – PARFOR promovido pela Universidade
Federal Rural da Amazônia – UFRA requisito
de avaliação parcial para obtenção do Grau de
Licenciado Pleno em Pedagogia.
Orientadora: Prof.º Msc.Vanessa Alcântara
Cardoso
GURUPÁ – PARÁ
2015
Santos, Maria Antonia Ramos dos
Dificuldades na leitura e escrita no quinto ano do ensino fundamental / Maria Antonia Ramos dos Santos, Maria Raimunda Alves Froes. – Gurupá, PA, 2015.
42 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em
Pedagogia) – Plano Nacional de Formação de Professores, Universidade Federal Rural da Amazônia, 2015.
Orientadora: Vanessa Alcântara Cardoso 1.Dificuldade na Aprendizagem da Leitura e escrita
2.Professor 3.Aluno 4.Letramento I.Froes, Maria Raimunda Alves II.Cardoso, Vanessa Alcântara, orient. III.Título
CDD – 372.4
MARIA ANTONIA RAMOS DOS SANTOS
MARIA RAIMUNDA ALVES FROES
DIFICULDADES NA LEITURA E ESCRITA NO QUINTO ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL
NOTA ATRIBUÍDA
___________________________________
BANCA EXAMINADORA
__________________________________ Prof.º Orientador: Prof.ª Msc. Vanessa Alcântara Cardoso
__________________________________
Prof.º 1º Avaliador: Prof.º Dr.º Pedro Silvestre da Silva
_________________________________
Prof.º 2º Avaliador: Prof.ª Esp. Maria Flaviana do Couto da Silva
Data: ____ / ____ / 2015
GURUPÁ – PARÁ
2015
DEDICATÓRIA
Dedicamos este trabalho a todos nossos
familiares e aos amigos, por terem nos apoiado
nos momentos difíceis.
Aos professores que nos orientaram ao longo de
nossa trajetória acadêmica.
Dedicamos-lhes
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela saúde, sabedoria, coragem e fé.
Aos meus familiares e amigos pelo apoio significativo nos momentos propícios no decorrer
da construção desta monografia.
À meu esposo que sempre me motivou a enfrentar as dificuldades ao longo desta caminhada.
Às minhas filhas Andrya e Ana Maísa pela compreensão e apoio.
Aos colegas de turma pela partilha e solidariedade nos momentos difíceis.
À Todos os professores que nos proporcionaram conhecimentos essenciais para o nosso
desenvolvimento como profissionais na área de educação.
À todos que contribuíram direto ou indiretamente pra construção dessa pesquisa.
À comunidade escolar da EMEF.Mariocay, em especial a professora e os alunos da turma 5º
Ano do turno vespertino.
À minha orientadora a professora Vanessa Alcântara, pela amizade e paciência.
Maria Antônia Ramos dos Santos
À Deus, por ter me concedido a oportunidade e saúde.
À minha família pelo incentivo que me proporcionaram durante meus estudos.
Aos amigos e colegas de turmas pela força que me deram para enfrentar este desafio.
Aos professores que ministraram aulas para esta turma, pela paciência e dedicação.
À minha orientadora pela dedicação e paciência com a qual me orientou.
Enfim, à todos que contribuíram direta ou indiretamente para a construção deste trabalho.
Maria Raimunda Alves Fróes
“O sorriso, a alegria duma criança que lê, que ouve
estórias, que brinca, compensa a luta que possamos ter,
para que aquele sorriso aquela alegria existam. E
compensa, ainda, a sua certeza íntima que estamos abrindo
novos horizontes e possibilidades para centenas de
crianças, através da leitura. Estaremos ensinando quanto
vale o livro; dando-lhes o hábito da leitura, fazendo-as a
amar o livro estaremos assimilando responsabilidades e
cumprindo o nosso dever com as gerações que formarão
os homens de amanhã.”
Denise Fernandes Tavares
RESUMO
O presente estudo tem por objetivo investigar quais as dificuldades apresentadas pelos alunos na leitura e na escrita no 5º ano do Ensino Fundamental, caracterizando ainda as possíveis causas que interferem na aprendizagem, refletindo sobre as práticas pedagógicas que estão sendo aplicadas para desenvolver competências leitoras nos alunos. No decorrer dessa trajetória , com base em uma pesquisa bibliográfica, evidencia-se que os alunos chegam ao 5º ano com dificuldades na leitura, seja da palavra escrita ou da interpretação do que lêem e ouvem e na escrita dificilmente conseguem expressar seus pensamentos por meio da grafia. Esta constatação é também possível a partir de uma breve observação sobre essas dificuldades junto aos alunos de uma turma de quinto ano do Ensino Fundamental, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Mariocay, no Município de Gurupá-Pa. Como embasamento teórico, buscou-se Paulo Freire, Luiz Carlos Cagliari, Emília Ferreiro dentre outros. O estudo concluiu que de fato os alunos alcançam o quinto ano sem necessariamente haverem desenvolvido a contendo as competências de leitura e escrita conforme preconizados nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs. Palavras-chave: Dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita; Professor; Aluno; Letramento.
ABSTRACT
The present study it has for objective to investigate which the difficulties presented for the pupils in the reading and the writing in 5º year of Basic Ensino, characterizing still the possible causes that intervene with the learning, reflecting on practical the pedagogical ones that is being applied to develop reading abilities in the pupils. In elapsing of this trajectory, on the basis of a bibliographical research, is proven that the pupils arrive at 5º year with difficulties in a reading, either of the written word or the interpretation of what they read and they hear and in the writing hardly they obtain to express its thoughts by means of the grafia. This constation is also possible from one brief comment on these difficulties next to the pupils of a group of fifth year of Basic Education, in the Municipal School of Basic Education Mariocay, in the City of Gurupá-Pará. The theoretical basement, one searched Pablo Freire, Luiz Carlos Cagliari, Emília Blacksmith amongst others. The study it concluded that in fact the pupils reach the fifth year without necessarily having developed it contend the abilities of praised reading and writing as in the National Curriculation Parameters - PCNs.
Word-key: Difficulties in the learning of the reading and writing; Teacher; Pupil; Letramento.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................10
CAPITULO I – REFERENCIAL TEÓRICO ................. .................................................. 13
1.1 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DA LEITURA E ESCRITA ..................... 13
1.2 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA E ESCRITA ............................................................. 16
1.3 AS DIFICULDADES NA LEITURA E NA ESCRITA .................................................. 18
1.4 CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E
ESCRITA ......................................................................................................................... 19
1.4.1 O professor no desenvolvimento das práticas diárias de leitura e escrita
.................................................................................................................................................. 20
1.4.2 Participação da família na vida dos alunos ............................................................... 21
1.4.3 A Escola no Fortalecimento da Leitura ..................................................................... 23
CAPITULO II – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......... ................................. 26
2.1 TIPO DA PESQUISA ....................................................................................................... 26
2.2 LOCUS DE OBSERVAÇÃO ........................................................................................... 26
CAPITULO III- RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................... 27
3.1 ALGUMAS OBSERVAÇÕES ......................................................................................... 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 40
1. INTRODUÇÃO
Um revisão da literatura educacional brasileira revela que um dos maiores desafios
para a qualidade da educação escolar diz respeito a alfabetização de crianças que apresentam
dificuldade de aprendizagem no processo de conhecimento da leitura e da escrita.
Este mesmo referencial teórico conceitual indica que por meio da leitura o aluno,
passa a escrever melhor, torna-se mais crítico, amplia seu vocabulário e conseqüente possui
um melhor desempenho escolar. O desenvolvimento da competência da leitura, de acordo
com a literatura pedagógica vigente, denota que as práticas de sala de aula faz-se necessária a
mediação do professo para que os alunos ganhem confiança em si mesmo e desenvolva a
competência leitora.
Também observa-se relatos de momentos de reuniões pedagógicas em que os
professores expressam suas inquietações sobre as dificuldades dos alunos no processo de
aquisição da leitura e escrita, em particular aqueles que trabalham no 5º ano; o queixume
neste sentido, refere-se que a maioria dos alunos não dominam a leitura e a escrita.
Destaca-se que de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira –
LBDEN nº 9.394/96, o ensino fundamental de nove anos tem por objetivo a formação básica
do cidadão mediante: “o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios
básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo” (Art. 32, I).
Desta forma, a leitura e a escrita tornam-se competência acadêmicas indispensáveis
para a sistematização do aprendizado das crianças, pois possibilita ao aluno, por meio da
leitura da palavra escrita, a interpretação da melhor forma possível do mundo em que se
insere.
Sobre este aspecto KRAMER (2010, p. 18) destaca:
Garantir o acesso à leitura e à escrita é direito de cidadania. A escola tem um papel importante a desempenhar na concretização desse direito, contribuindo na construção do conhecimento de crianças e adultos e ajudando-os a nunca esquecer a história, a sempre rememorar o esquecido, para que se torne possível-mais do que nunca-mudar a história.
Nesta contexto sugerido por KRAMER (2010), é essencial a produção e a utilização
de diferentes linguagens como mecanismos de expressão dos conhecimentos históricos,
sociais, científicos e tecnológicos, considerando sempre a autonomia intelectual do aluno.
Neste sentido o ensino-aprendizagem da leitura e escrita na formação intelectual da criança
desempenha um papel importante na construção do conhecimento especialmente quando se
pretende formar um cidadão leitor crítico.
No entanto, a literatura pedagógica identifica que apesar dos avanços obtidos no
campo educacional, é notório um aumento significativo de alunos que ao concluírem os anos
iniciais do ensino fundamental não adquiriram a competência da leitura e da escrita.
O binômio teoria e prática que permeia esta análise, descreve que há discordância
entre a organização vigente e o trabalho desenvolvido em sala de aula, uma vez que muitos
alunos chegam ao 5º ano do Ensino Fundamental sem dominarem a leitura, seja da palavra
escrita ou da compreensão do que le ou daquilo que ouve quando outras estão lendo. No caso
da escrita, dificilmente conseguem expressar por meio da grafia seus pensamentos ou narrar o
que vêem ou assistem.
Neste sentido, a revisão teórica indica que diversos fatores dificultam o processo de
ensino aprendizagem dos alunos do ensino fundamental, por exemplo, situações ligadas a
metodologia do professor, ao desinteresse dos alunos em estudar, a desestruturação familiar, a
ausência dos pais que trabalham e não acompanham a vida escolar dos filhos, deixando a
educação apenas a cargo da escola.
A respeito destas premissas iniciais, organizou-se este estudo com base numa
pesquisa biográfica tendo como questão norteadora a seguinte indagação: Quais as
dificuldades apresentadas pelos alunos na leitura e escrita em turma do 5º ano do ensino
fundamental de nove anos ?.
Nesta trajetória de revisão bibliográfica e conceitual busca-se caracterizar quais
fatores interferem nas dificuldades de aprendizagem no processo da leitura e da escrita dos
alunos do 5º ano do ensino fundamental, bem como, de que maneira é trabalhada a leitura e a
escrita na sala de aula e, por conseguinte as quais as dificuldades encontradas pelos alunos na
interpretação da leitura e da escrita.
Trata-se, portanto, de um breve estudo teórico bibliográfico que tem por finalidade
caracterizar as dificuldades apresentadas pelos alunos na leitura e escrita no 5º ano do ensino
fundamental, fazendo-se ainda necessário descrever de que maneira é desenvolvida a leitura e
a escrita na sala de aula e propor algumas idéias a título de intervenção pedagógica para
desenvolver habilidades na leitura e escrita dos alunos, utilizando com referencia algumas
observações decorrentes de atividades realizadas junto aos alunos de 5º Ano da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Mariocay o município de Gurupá/Pa .
Dessa forma, o estudo encontra-se estruturado da seguinte maneira: Introdução,
onde se destaca a justificativa, problemática de estudo e objetivos; Primeiro Capítulo que faz
uma contextualização histórica da leitura e da escrita, Segundo Capítulo, onde são descritos
os procedimentos metodológicos e a reflexão decorrente dos resultados e discussões,
culminando com as considerações finais.
CAPITULO I – REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DA LEITURA E ESCRITA
De acordo com FRANCO (1995) o processo de construção da leitura e da escrita
ainda está vinculadas às metodologias tradicionais, isto é, a mera reprodução do texto que
encontra-se prontas nos livros didáticos. Compreende-se que a construção da leitura e escrita
exige novas posturas a leitura e a escrita são processos inversos, mas complementares. A
gramática só tem sentido enquanto instrumento da produção escrita, o sujeito só constrói o
conhecimento em interação com o objeto, graças ao trabalho de Piaget, de Emília Ferreiro e
seus seguidores, onde define que por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que vêem, dos
ouvidos que escutam, há uma criança que pensa a propósito da língua escrita.
O processo de alfabetização não se refere apenas ao trabalho desenvolvido no terceiro período da pré-escola e na 1ª série do primeiro grau, mas a todo esforço da criança para aprimorar-se do sentido da leitura e da escrita, desde o seu ingresso na escola ( estágio pré- operatório) até, pelo menos, à 6ª ou 7ª série, quando começa sua passagem para o estágio operatório- formal.(FRANCO, 1995, p. 10)
Ainda a autora ressalta que a leitura e a escrita precisam ser compreendidas, não
como mera atividade escolar obrigatória, mas que seja valorizada em toda trajetória da vida
escolar. A criança só terá êxito nas tarefas de leitura, se tiver a competência básica para lidar
com a idéia de símbolos.
FERREIRO (1993) destaca que “um aspecto importante no processo de construção
da leitura e escrita é o problema cognitivo envolvido no estabelecimento da relação entre o
todo e as partes que o constitui.” A criança em contato com a leitura e a escrita, formula
hipóteses, passa a organizar e recordar as atividades vivenciadas no convívio familiar e social;
bem como é capaz de interpretar textos escritos antes mesmo de compreender a relação entre
leitura e escrita, de elaborar idéias próprias que permitem conhecer a língua escrita. A esse
respeito SOARES (2010, p.41) comenta que:
Quanto mais a criança for estimulada a experimentar escrever e ler, quanto mais ela puder exercitar a leitura e a escrita livremente, sem pressões, sem censura ou correções constantes, maior a possibilidade de desenvolver uma atitude positiva em relação a esse processo.
Ao entrar na escola, a criança deve ser incentivada a ler e escrever, bem como
compreender a importância desse processo na comunicação do seu dia a dia. Dessa forma, a
criança precisa perceber-se em um mundo desconhecido, a ser descoberto por meio da leitura
e a escrita, leitura é ver além das letras, a criar além das palavras. Nesse enfoque a leitura e a
escrita faz parte da nossa vida, vai além da habilidade de decifrar sinais gráficos. Ela promove
outros saberes no encontro entre o texto e o leitor. Segundo Ferreiro e Gomez (1987, p.15)
“afirmam que Toda leitura é interpretação, e o que o leitor é capaz de compreender através da
leitura depende fortemente daquilo que o leitor conhece e acredita a priori, ou seja, antes da
leitura”.
A compreensão de um texto depende do conhecimento prévio adquirido durante toda
a vida do leitor. Esse aprendizado ocorre por meio da interação com vários níveis de
conhecimentos lingüístico, textual e de mundo. Para Antunes (2003, p. 54) “a leitura é parte
da interação verbal escrita, enquanto implica a participação cooperativa do leitor na
interpretação e na reconstrução do sentido e das intenções pretendidas pelo autor.” Por isso,
leitura e escrita se completam, sendo uma atividade de interação entre os leitores é mais que a
decodificação de sinais gráficos. Para a autora o sujeito deve interpretar e compreender a
mensagem lida.
Nesse sentido PAULO FREIRE destaca:
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto [...] (FREIRE 1989, p. 09)
Desta forma pontua-se o quanto o professor é importante no sentido de proporcionar
aos alunos contato com diversos gêneros textuais, estimulando-os com atividades prazerosas
de leitura e de escrita, fazendo-os buscar o sentido daquilo que se lê e se escreve e, desta
forma, estabelecendo relação com outras áreas de conhecimento, que possibilite uma
aprendizagem reflexiva e significativa.
Observa-se que muitos teóricos questionam sobre o processo de aquisição da leitura
e escrita nas séries iniciais. Esta preocupação é devido ao grande índice de alunos que
concluem as séries iniciais do ensino fundamental, sem demonstrar habilidades de leitura e
escrita o que tem afetado significamente no desenvolvimento do conhecimento de crianças,
jovens e adultos tanto na escola como na vida social.
A proposta de PAULO FREIRE (1989) veio com o objetivo de trabalhar com base
na realidade da criança, ou até mesmo do adulto, que não sabe ler e escrever. A leitura da
realidade, para o autor vem sempre antes da palavra escrita para depois vir a leitura da
palavra. A leitura e a escrita, só terá valor se o que for lido fizer sentido e houver uma
comunicação. As práticas pedagógicas para que a criança adquira habilidades na leitura e
escrita, o professor tornar-se a peça principal na sala de aula. Visto que ele é o facilitador e
mediador do ensino aprendizagem entre o conhecimento e o aluno.
Há uma complexidade neste processo, a qual envolve processo de aprendizagem por parte dos alunos, situação de ensino aprendizagem em sala de aula, processo de aprendizagem e reflexão por parte dos professores. (TEBEROSKY, 1993,p.31)
No processo de aprendizagem da língua escrita, o trabalho com objetos
significativos para o aluno, contribuirá muito para o desenvolvimento da alfabetização.
Segundo VYGOTSKY (1998), quando o aluno percebe que textos estão ligados a assuntos do
seu cotidiano, seu interesse é estimulado, pois se entende que a língua escrita tem significado
na sua realidade imediata. Independente do método adotado, o professor deve cuidar para
oferecer um ambiente propício aos interesses e necessidades do aluno para que ocorra a
aprendizagem. Para SOARES (1998, p. 16) existem duas formas de acesso à escrita:
O acesso ao mundo da escrita, num sentido amplo, se faz basicamente por duas vias um através do aprendizado de uma técnica: relacionar sons com letras, fonemas com grafemas [....]. A outra porta de entrada consiste em desenvolver as práticas de uso dessa técnica nas práticas sociais, as mais variadas.
Considerando essa afirmativa, o processo de alfabetização é representado por meio
de fonemas em grafemas e vice-versa, mas também é um processo de compreensão e
expressão de significados por meio de códigos escritos. Outra forma de fazer com que a
criança desenvolva a escrita, desde os anos iniciais na escola, é a inserção nas suas práticas de
leitura e escrita de diferentes gêneros textuais na sala de aula. Pois, quanto mais conhecimento
textual o aluno tiver, maior será a compreensão sobre o universo da leitura. TÂNIA
DAUSTER (1994, p. 24), destaca, em seu artigo que “práticas de oralidade e escrita são
modelados pelos recursos em circulação na sala de aula”. Desse modo, o livro didático e o
livro literário não são matérias suficientes para o desenvolvimento das habilidades de um
leitor dinâmico e criativo.
O professor deve trazer textos de grande circulação na sociedade, com diferentes
construções discursivas para que os alunos se apropriem desses modelos, a fim de ampliar
suas possibilidades comunicativas. Bilhetes, cartas, histórias em quadrinhos, propagandas e
outros gêneros podem ser encontrados em jornais, revistas, sem contar com outros meios de
comunicação que propiciam outras formas de leitura pela junção de linguagens, como: a da
imagem e a verbal, no caso da televisão; os altos recursos expressivos da linguagem falada
utilizados pelo rádio.
Nesse sentido, os professores sentem-se desafiados a melhorar suas práticas para
contribuir na formação de cidadãos letrados, ou seja, pessoas que possam dar significado aos
assuntos descritos por meio de códigos, como a formação de palavras por meio de letras,
desenhos, gravuras, etc., assim como transferir para o papel aquilo que pensa, vê ou imagina.
1.2 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA E ESCRITA
Nas concepções tradicionais ler era apenas decifrar códigos. Atualmente ler é um
processo de interação entre o leitor e o texto, processo mediante o qual o primeiro tenta
satisfazer os objetivos que norteiam sua leitura; é estabelecer um diálogo com o autor,
compreender seus pensamentos e descobrir seus propósitos. De acordo com a concepção de
leitura que consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs:
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem, etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas. (PCN’s, 1998, p. 69)
Observa-se que a decodificação é apenas uma das formas que utilizamos para ler.
Porém o ato de ler consiste nos processamentos da informação de um texto escrito com a
finalidade de interpretá-lo. Assim, a partir da informação do texto e de seus próprios
conhecimentos, o leitor construirá o significado. Para FOUCAMBERT (1998), o ato de ler
implica a criação de significados relacionados às informações que o leitor tem daquilo que ele
já sabe. Por sua vez SOLÉ (1998, p. 118) afirma: ”quem lê deve ser capaz de interrogar-se
sobre sua própria compreensão, estabelecer relação entre o lê e o que faz parte do seu acervo
pessoal, questionar seu conhecimento e modificá-lo, estabelecer generalizações que permitem
transferir o que foi aprendido para outros contextos diferentes”.
MATTA (2009) a leitura revela uma exigência para a produção e acesso ao
conhecimento, tão importante hoje para o mundo do trabalho e para a participação social e
exercício da cidadania. Ler é uma forma constante da busca pelo conhecimento. É por meio
da leitura que se tem acesso à cidadania, a melhores oportunidades no mercado de trabalho, é
o caminho necessário para a compreensão e atuação do sujeito no meio social. Sobre isso,
SILVA (2003) comenta que:
Nunca é demais lembrar que a prática da leitura é um princípio de cidadania, ou seja, leitor cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais são as suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar aberto às conquistas de outros direitos necessárias para uma sociedade justa, democrática e feliz. (SILVA, 2003 p.24)
Conforme SILVA (2003) entende-se que a escola é um espaço de construção de
conhecimentos; esta deve formar cidadãos críticos capazes de atuar com competência e
dignidade no meio social. Pois a leitura e a escrita são fundamentais para a construção de uma
sociedade democrática, fundamentada na diversidade, na construção do conhecimento para o
exercício da cidadania.
Considerando estes elementos, destaca-se que os professores devem incentivar os
alunos a adquirir o hábito da leitura, criando condições e ambientes favoráveis à aquisição da
leitura e da escrita. ALARCÃO (2000, p.18) diz que: “a escola tem a função de preparar
cidadãos, mas não pode ser pensada apenas como tempo de preparação para a vida. Ela é a
própria vida, um local de vivência da cidadania”. Assim, a leitura é a maneira de construir
conhecimento de mundo, é o eixo que liga os bens culturais e através desse aprendizado o
aluno adquire visão crítica. Para isso é necessário uma interação do leitor com o texto, não só
na escola mais no convívio social.
FREIRE (1989) ressalta a importância da leitura e faz uma auto avaliação sobre a
leitura do mundo. Recordando os momentos da infância em que teve seu primeiro contato
com a leitura, através do ambiente em que vivia e experiências do cotidiano.
A importância do ato de ler, eu me senti levado- e até gostosamente- a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na minha memória, desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo. (FREIRE, 1989, p. 11).
Tomando-se por base as palavras de Freire, é necessário que o aluno tenha um
conhecimento prévio vivenciado ao longo de sua vida. Para que a leitura realize um processo
de compreensão e interpretação do texto. Cagliari (2009) “A maioria do que se deve aprender
na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior
do que qualquer diploma”. Contudo, os pais também têm um papel muito importante nessa
prática do incentivo da leitura no ambiente familiar. Para que o aluno ao chegar na escola, a
leitura seja motivo de prazer, e não obrigação, punição ou até mesmo tortura no âmbito da
sala de aula.
1.3 AS DIFICULDADES NA LEITURA E NA ESCRITA
Diante dos problemas de aprendizagem, no que diz respeito ao desenvolvimento das
habilidades de leitura e escrita, a escola ainda segue um sistema que supervaloriza os
conteúdos, esquecendo a formação integral do educando; atribuindo sempre o fracasso do
aluno ao ensino antecedente. COELHO E JOSÉ (1996, p.12 e 13) o professor deve estar
sempre atento às etapas do desenvolvimento do aluno, colocando-se na posição de facilitador
de aprendizagem e calcando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e afeto. É de suma
importância, portanto, que o professor conheça o processo da aprendizagem e esteja
interessado nas crianças como seres humanos em desenvolvimento. Ele precisa saber o que
seus alunos são fora da escola e como são suas famílias.
As dificuldades vinculadas ao desenvolvimento do ser humano no que diz respeito à
leitura dinâmica no âmbito da sala de aula é constante diante da dimensão que a educação
apresenta. Isto reflete diretamente no trabalho do professor, pois o mesmo exerce a função de
mediador e facilitador dos conhecimentos. Segundo Cagliari (2009) ler é uma atividade muito
complicada e a leitura é a realização da finalidade da escrita. Apesar da complexidade, a
leitura tem grande importância na vida do indivíduo, visto que a maioria dos problemas
enfrentados pelos alunos ao longo da sua vida escolar está relacionado às dificuldades da
leitura.
De acordo com o pensamento de FREIRE (1989), a leitura é importante no sentido
de oferecer ao homem a compreensão do mundo e é através dessa relação que é possível à
descoberta da realidade sobre a vida. O processo da leitura se inicia do momento em que a
escrita passa a ser foco de atenção da criança por influência dos estímulos do ambiente
cultural no qual ela está inserida. Ler não é apenas decodificar as palavras, mas compreender
o que o autor quer dizer nos textos em diversas formas de comunicação escrita. É
compreender o real propósito que os autores expressam, e ao mesmo tempo oferece vantagem
para aqueles que tomam a leitura como um hábito necessário em sua vida. De acordo com os
PCN’s (2001, p. 54.).
Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar estratégia de leitura adequada para abordá-los de forma a atender a essa necessidade.
Dessa forma, a capacidade para aprender está ligada ao contexto pessoal do
indivíduo. A leitura de mundo e da palavra, dentro de um contexto escolar desenvolve a
capacidade do leitor a compreender e interpretar o texto. A leitura e a escrita favorece a
aquisição de novos conhecimentos, a efetivação das relações interpessoais, para a
comunicação de seu mundo pessoal e social. Quando um sujeito apresenta dificuldades na
aprendizagem poderá tornar-se frustrado diante da sociedade.
Sabe-se que os problemas de aprendizagem são bastante antigos, sobre o assunto o
estudioso KIRK (1962, p. 263), diz que:
Uma dificuldade de aprendizagem refere-se a um retardamento, transtorno ou desenvolvimento lento em um ou mais processo da fala, linguagem, leitura, escrita, aritmética ou outras áreas escolares, resultante de uma deficiência causada por uma possível disfunção cerebral e /ou alteração emocional ou condutual. Não é o resultado de retardamento mental, de privação sensorial ou fatores culturais e instrucionais.
Observa-se que as dificuldades de aprendizagem não estão relacionadas com os
problemas sociais do indivíduo. No entanto as dificuldades podem ser causadas por vários
fatores que interferem no desenvolvimento intelectual e potencial dos alunos. Para COELHO
(1991), as dificuldades de aprendizagem no processo de aquisição da leitura podem ser
divididas em quatro categorias: dificuldade na leitura oral; dificuldade na leitura silenciosa e
dificuldade na compreensão da leitura. Ainda nas dificuldades na leitura oral observa-se que
as informações recebidas pelas crianças chegam ao cérebro de forma distorcida devido à
alteração da percepção visual e auditiva e por esse motivo trocam ou confundem as letras. Já
nas dificuldades da leitura silenciosa contata-se que ocorre quando a criança tem uma
distorção visual e apresenta lentidão e dispersão na leitura, ficando perdida no meio do texto,
repetindo frases ou palavras várias vezes.
O autor ressalta que as dificuldades na compreensão da leitura são decorrentes da
falta de leitura e ampliação do vocabulário e habilidades reflexivas para interpretar e
compreender o que diz o texto. Já a dislexia se caracteriza por dificuldade na área da leitura,
escrita e soletração e costuma ser identificada em sala de aula durante o processo de
alfabetização, o que acarreta fracasso em outras áreas que dependem da leitura e da escrita.
Nunes (2007, p.10) ressalta que ”todas as crianças tem dificuldades na leitura e na escrita, que
é uma atividade complexa. Até certo ponto, o ritmo que ela supera essas dificuldades pode ser
antecipado a partir de seu nível de inteligência”.
1.4 CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA
De acordo com JOSÉ E COELHO (1996) para que a aprendizagem provoque uma
efetiva mudança de comportamento e amplie cada vez mais o potencial do educando, é
necessário que ele perceba a relação entre o que está aprendendo e a sua vida. Sendo a leitura
e a escrita o suporte para o sucesso escolar e na vida. CAGLIARI (2009), afirma que “a
leitura é a extensão da escola na vida das pessoas [...] a leitura é a realização do objetivo da
escrita. Quem escreve, escreve para ser lido”. O mesmo autor ressalta:
A leitura não pode ser uma atividade secundária na sala de aula ou na vida, uma atividade para a qual a professora e a escola não dediquem mais que uns míseros minutos, na ânsia de retornar aos problemas de escrita, julgados mais importantes. Há um descaso enorme pela leitura, pelos textos, pela programação dessa atividade na escola, no entanto, a leitura deveria ser a maior herança legada pela escola aos alunos, pois ela e não a escrita, será fonte perene de educação com o sem escola. (CAGLIARI, 2009, p. 151).
Percebe-se a grande importância de se trabalhar a leitura e a escrita para o
desenvolvimento do intelectual e social na vida do cidadão em que se encontra em processo
de transformação para uma sociedade crítica no meio em que se vive. Diante disso, FREIRE
(1989) afirma que:
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto” (FREIRE 1989, p.09)
De acordo com Freire (1989) ler não é somente identificar as palavras, é antes de
tudo, refletir sobre as coisas do mundo, ver na leitura de um texto questionamentos e fonte,
para viabilizar a construção do conhecimento pessoal e social. A leitura é decisiva para o
sucesso escolar e social da criança. KLEIMAM (2002) enfoca que a aprendizagem da criança
na escola está fundamentada na leitura. Interpretar, compreender são aspectos que condizem
com o ato de leitura e sem essas bases não tem como a criança obter sucesso em nenhuma
atividade que lhe for apresentada.
1.4.1 O professor no desenvolvimento das práticas diárias de leitura e escrita
Segundo SILVA (2003, p.70) introduzir uma criança no mundo da leitura é,
exatamente, trazer esse universo para a escola e dinamizá-lo ininterruptamente junto às novas
gerações que precisam ser educadas para se tornarem cidadãos de deveres e de direitos,
incluindo o de ler. Desta forma, o professor tem um papel fundamental no ensino da leitura e
escrita, assim como a grande responsabilidade de fazer com que o aluno se aproprie do
sistema alfabético e ortográfico da língua, garantindo-lhes plenas condições de usar essa
língua nas práticas sociais de leitura e de escrita.
Para VIGOTSKY (1999) “não há como aprender e apreender o mundo se não
tivermos o outro, aquele que nos fornece os significados que permitem pensar o mundo a
nossa volta”. E afirma ainda que “O desenvolvimento é um processo que se dar de fora para
dentro”. Compete ao professor ter clareza dos objetivos de ensino, conhecer e valorizar os
conhecimentos prévios do aluno, para melhor organizar suas práticas pedagógicas, criando
estratégias para que os conteúdos sejam sistematizados no decorrer do processo ensino-
aprendizagem.
ANTUNES (2008) diz que o professor deve ser capaz de estimular no aluno o
interesse pela descoberta na atividade da leitura e não apenas os saberes estabelecidos, mas
principalmente o prazer pela leitura. Nesse processo de ensino-aprendizagem; faz-se
necessário trabalhar com diferentes gêneros textuais com os alunos, explorar a importância
desses textos na comunicação. Desenvolver estratégias de leitura que permita perceber fatores
essenciais nas mais diversas ordens, lingüísticos, cognitivos, socioculturais, interacionais com
os recursos proporcionados pela língua.
De acordo com Soares (2010), para que ocorra esse processo, o professor deve
planejar, organizar, propor desafios aos alunos para que superem suas dificuldades e atinjam
os objetivos propostos. Pois educar não se limita em repassar informações ou mostrar apenas
um caminho, mas ajudar o aluno a tomar consciência de si mesmo, e da sociedade.
1.4.2 Participação da família na vida dos alunos
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB n.º 9.394/96, diante dos
Princípios e Fins da Educação Nacional, Art. 2º, entende que a primeira instância responsável
pela educação das crianças é justamente a família, pois por meio dela a criança dá seus
primeiros passos, aprende as primeiras palavras e seus hábitos vão se desenvolvendo e se
adequando de acordo com os costumes e cultura própria de cada família. Entende-se que para
o processo de aprendizagem da criança, a família tem fundamental importância, pois ela
desempenha um papel significativo no desenvolvimento físico e psíquico da criança. Diante
deste assunto, estudiosos e teóricos estudavam a relação que a família tem com o
desenvolvimento educacional das crianças, um desses, WHITE (2008, p. 17) afirma que
É no lar que a educação da criança deve iniciar-se. Ali está a sua primeira escola, a escola da vida. Ali, tendo seus pais como instrutores, terá a criança de aprender as lições que a devem guiar por toda a vida, lições de respeito, obediência, reverência, domínio próprio.
WHITE (2008) diante de um contexto mais formal de educação, percebe-se a
importância que tem a família para o crescimento e desenvolvimento educacional de seus
filhos. Em casa, o desenvolvimento é importante, mas para sua inserção na sociedade, a
educação se torna mais importante, pois o aprendizado vai além da família, se expande para a
sociedade de modo geral em que o mesmo esteja inserido. Diante deste cenário, não há
duvidas de que a organização familiar seja o ponto inicial de preparação do cidadão para a
vida.
A LDB 9394/96 diante do princípio do Direito à Educação e do Dever de Educar,
Art. 4º, garante a responsabilidade e seguridade da educação às crianças, jovens e adultos
quando diz que, o dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a
garantia de educação em igual teor para todas as pessoas, principalmente as crianças que
precisam acompanhar o processo de desempenho de acordo com os níveis de escolaridade e
seu crescimento e maturidade. No entanto, todas as pessoas que estejam aptas tem condições
de estudar, pois a lei assegura educação para todos e em todos os níveis de ensino, desde a
alfabetização até o mais alto grau de formação.
Para atender essas exigências do sistema, o estado procurou organizar a parte
educacional que cabe a sua responsabilidade por meio da instituição educacional que recebeu
a denominação de escola, nesta, as crianças desde seus primeiros anos de vida são inseridas
para que, segundo White (2008, p. 10) “possam se desenvolver mais plenamente ou aprimorar
seus conhecimentos de forma a atender as exigências formais do sistema vigente”. Ao analisar
o desenvolvimento formalizado de trabalho em educação, percebeu-se que no sistema
educacional vigente havia muitas falhas quanto ao atendimento eficaz aos alunos,
principalmente quando o assunto estava relacionado com a aprendizagem dos alunos, assim
surgiu a idéia de se fazer parcerias com as famílias para que juntos pudessem buscar soluções
diante dos fatos apresentado.
Assim POLITY (2001, p. 45) ressalta: “mediar à criança para desenvolver-se nos
aspectos social, intelectual, moral, físico e religioso”, considerando esses aspectos, a criança,
certamente vai adquirir e alimentar a sua auto-estima de forma positiva no decorrer do seu
crescimento. A criança se sentindo segura perceberá que é capaz de aprender bem mais
facilmente, passará a ter confiança em si mesma, sempre acreditando que é possível vencer os
obstáculos encontrados. Neste sentido, um ambiente familiar rico do ponto de vista
psicológico e cultural, pode proporcionar as crianças o pleno desenvolvimento das
competências fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, isto pode se dá no contato
direto com irmãos, adultos, vizinhos e outras pessoas que possam ter contatos com elas.
Conforme POLITY (2001) quando a aprendizagem familiar é bem direcionada, onde
os pais trabalham a parte prática da relação entre pessoas, direcionando a criança para a vida,
de forma que sua maturidade não seja complexa. Quando a educação formal, ao chegar à
escola a criança possa desenvolver o prazer de aprender para as outras crianças. Neste sentido,
a participação da família no processo de aprendizagem das crianças é fundamental para o
desenvolvimento intelectual dos mesmos.
POLITY (2001) enfatiza a relação que a família deve manter com a escola no
sentido de proporcionar ao aluno uma educação em que o mesmo posa realmente despertar
para a formação, esse apoio precisa ter base sólida e a família, na pessoa do pai e da mãe, ou
de um dos dois, quando for o caso, precisa ser bem consistente, pois a criança, ao ser
estimulado, preciso ter segurança dos princípios que o direcionarão rumo a um futuro
promissor. Diante deste contexto, é importante que cada esfera responsável pala formação da
criança exerça seu papel de forma responsável.
Neste caso, a família pode refletir sobre suas responsabilidades e a escola deve
pensar nas atribuições que fundamentarão a aprendizagem dessa criança. Observa-se assim,
que estas duas esferas, família e escola têm funções em comum: auxiliar a criança no
desenvolvimento de todos os aspectos essenciais para o sucesso na aprendizagem,
aprimorando seus conhecimentos a fim de formar futuros cidadãos. Nesse sentido, POLITY
(2001, p. 68) descreve:
O sucesso da criança ao enfrentar as difíceis tarefas subjetivas ao longo do seu desenvolvimento depende, em grande parte, das condições psicológicas que os pais lhe oferecem, sem esquecer as próprias experiências infantis dos pais, assim como a sua relação conjugal, são fatores importantes no seu processo de interação com a criança.
Segundo POLITY (2001) como os laços familiares são essenciais para a estruturação
psíquica desde os primeiros anos de vida das crianças e isto também é um fator coerente para
seu desempenho acadêmico dentro da escola. Essa característica familiar interfere de forma
positiva ou negativa na vida e no aprendizado do ser humano. Se bem pensado, é através da
família que a criança relaciona-se com o mundo adulto e é no meio em que vive que ela
aprende a conduzir seus afetos, avaliar as relações, receber orientações e estímulos para
ocupar o seu espaço na sociedade ou na realidade em que esteja inserida.
1.4.3 A Escola no Fortalecimento da Leitura
A sociedade é feita de organizações que fornecem os meios para o atendimento de
necessidades das pessoas. LIBÂNEO (2006) escola como instituição social existe para
realizar objetivos que contemplam a aprendizagem escolar, a formação crítica e cidadã do
indivíduo. Sendo assim, a função da escola é desenvolver as potencialidades físicas,
cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos entendidos como
conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes e valores, a escola não pode trabalhar os
conteúdos de forma separada da vida do educando, precisa assegurar a realização de
atividades que tenham relação com todos os aspectos que envolvem a tarefa maior da escola,
que é oferecer aos alunos uma educação de qualidade, a inclusão social e a preparação para a
vida.
A escola precisa ser um ambiente que permita a ampliação dos conhecimentos dos
alunos de maneira cuidadosamente planejada, que favoreça o uso da leitura e escrita em
diferentes situações do contexto social, valorizando sua função diversificada e suas variedades
lingüísticas. Para isso deve-se realizar um trabalho criativo e prazeroso que possibilite o
desenvolvimento de habilidades comunicativas nos primeiros anos do Ensino Fundamental,
por meio de diversas linguagens orais e escritas, proporcionando ao jovem aprendiz, a
autonomia progressiva nos estudos.
(...) É importante primeiro evidenciar que a interação e a mediação com finalidades pedagógicas só terão sentidos e avanços se contextualizadas, significativas e desejadas tanto pela professora quanto pelas crianças (...) (SIMONETTE, 2007, p. 46).
Com base nessa afirmativa pode-se dizer que, o ato de ensinar a ler e escrever com
fins pedagógicos devem tornar-se significativa e contextualizada com a realidade do aluno. E
o professor sendo o mediador entre o aluno e o texto; deixando de ser o único possuidor e
transmissor do conhecimento. Pois é por meio da leitura, que o indivíduo adquire
conhecimentos. A leitura tem a capacidade de transformar o aluno, fazê-lo refletir, manter-se
informados dos acontecimentos a sua volta. É preciso repensar o processo da leitura e da
escrita na escola. De que maneira está sendo trabalhada. Haja vista que ainda existe um
grande índice de alunos com dificuldades na leitura e escrita, é necessário que as escola
ofereçam ambientes favoráveis a aquisição desses conhecimentos. A biblioteca escolar pode
ser, um importante instrumento na construção dessa tarefa. (dos Anjos, Barbosa e Ferreira
2012).
Nesse sentido, a escola deverá tenta a alguns aspectos: o acervo da biblioteca
precisa ser diversificado, considerado múltiplos suporte de leitura, livros, revistas, jornais e
outros. Sendo uma composição variada de gêneros literários que permitam aos alunos o
contato com diferentes portadores de textos. Outro fator que juga-se relevante é a motivação e
o entusiasmo pela leitura. A escola tem que entusiasmar as crianças a gerar hábitos pela
leitura, isso significa ler bastante e ler bem, na sala de aula e fora da escola. Motivar para a
leitura é propor textos de qualidade e adequados às crianças, propor situações agradáveis para
ler e escrever, tarefas que sejam desafiantes e que estimulem o pensamento e a imaginação. (
dos Anjos, Barbosa e Ferreira 2012).
Pode-se dizer também, que a leitura e a escrita que se fazem fora da escola, na
sociedade, são de diferentes gêneros textuais. Por isso é importante que a escola ofereça uma
aprendizagem significativa, onde o aluno desenvolva nova forma de compreender e
interpretar a realidade e ser um leitor reflexivo no mundo que o rodeia. Dessa forma,
resgatamos o que diz CAGLIARI (2009) em relação à importância da leitura na escola:
A atividade fundamental desenvolvida pela escola para a formação dos alunos é a leitura. É muito mais importante saber ler do que saber escrever. O melhor que a escola pode oferecer aos alunos deve estar voltado para a leitura. Se um aluno não se sair muito bem em outras atividades, mas for um bom leitor, penso que a escola cumpriu em grande parte sua tarefa. Se, porém, outro aluno tiver notas excelentes em tudo, mas não se tornar um bom leitor, sua formação será profundamente defeituosa e ele terá menos chances no futuro do que aquele que, apesar das reprovações, se tornou um bom leitor. (CAGLIARI, 2009, p. 130)
Considerando essa afirmativa, o trabalho pedagógico deve centrar-se na
perspectiva de que o aluno adquira competências e habilidades na leitura, para que essa possa
facilitar sua aprendizagem nas demais disciplinas, e ao concluir o 5º ano do Ensino
Fundamental, apresente habilidades e práticas leitoras que permitam seu desenvolvimento nas
séries futuras.
CAPITULO II – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2.1 TIPO DA PESQUISA
Esta pesquisa é caracterizada por uma breve revisão bibliográfica referente ao
tema, decorrente da consulta de livros, artigos, resenhas e outros referenciais de natureza
similar, ilustrada com algumas observações realizadas junto aos alunos da Turma de 5º Ano
do Ensino Fundamental de Nove Anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Mariocay
no Município de Gurupá/PA, sem, contudo constitui-se em um estudo de caso.
Como metodologia da pesquisa utilizamos abordagem qualitativa que segundo
OLIVEIRA (2007), é um processo de reflexão e análise da realidade através da atualização de
métodos e técnicas para uma compreensão mais detalhada do objeto de estudo em seu
contexto histórico, exigindo do pesquisador reflexão rigoroso, pessoal e criativo. No primeiro
momento realizou-se uma revisão bibliográfica para fundamentação teoria sobre dificuldades
na leitura e escrita, no segundo momento foi realizada uma breve observação da metodologia
da professora e diálogo sobre suas impressões referentes às atividades com leitura e produção
de texto.
2.2 LOCUS DE OBSERVAÇÃO
A observação foi realizada na Escola Municipal de Ensino Fundamental
Mariocay, situada na Avenida São Benedito nº 210, Centro, no Município de Gurupá/Pa,
perímetro entre a Alameda José Machado e a travessa Washington Luiz, setor São Francisco
de Assis, onde se localiza alguns estabelecimentos públicos, comerciais e residenciais.
Para esta observação escolheu-se uma turma de quinto ano, constituída de 34
(trinta e quatro) alunos e uma professora unidocente. Foram observados o plano de aula da
professora e o desenvolvimento de algumas atividades realizadas em classe com relação a
leitura e escrita dos alunos.
CAPITULO III- RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 ALGUMAS OBSERVAÇÕES
A breve observação que ilustra esta revisão bibliográfica foi realizada na junto a
uma professora de 5º Ano do Ensino Fundamental de Nove Anos, que possui 33 anos de idade
é Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado do Pará – UEPA, possui Pós
Graduação em Políticas Públicas também pela UEPA,
Atua na sala de aula há 10 anos, no 5º ano do Ensino Fundamental com educação
geral, e com Ensino das Artes nas turmas de 6º ao 9º ano na EMEF. Mariocay. Ministrou
aulas de Filosofia no Ensino Médio na Escola Estadual Marcilio Dias durante um ano. Foi
tutora do Pró-Infantil durante 01 ano e meio e Coordenadora Pedagógica durante 02 anos. E
também ministra aula em Universidade Particular no Curso de Graduação em Pedagogia no
Município de Gurupá no período de férias.
A partir de um diálogo informal com a professora, percebeu-se a sua preocupação
com a leitura de seus alunos. De acordo com a compreensão da professora
Na aquisição da leitura o que a gente percebe que meus alunos estão no nível regular, eu digo regular porque eles conseguem fazer a leitura das palavras corretamente às vezes desenvolvem uma oralidade boa na hora da leitura, mas, na hora de fazer a interpretação do que eles estão lendo eles apresentam certo grau de dificuldade, [....] a gente verifica que dentre os 35 alunos que estudam comigo existem ainda alunos que não têm o domínio da leitura, existem os alunos que precisam do processo de alfabetização.
De acordo com os objetivos de língua portuguesa para o segundo ciclo; nos PCNs
(1997) o aluno deve ser capaz de “ler autonomamente diferentes textos dos gêneros previstos
para o ciclo sabendo identificar aqueles que respondem as suas necessidades imediatas e
selecionar estratégias adequadas para abordá-los”. Sendo assim, de acordo com a
compreensão da professora, as práticas educativas não estão correspondendo com os objetivos
a serem alcançados pelos alunos que concluem o 5º ano do ensino fundamental no domínio da
leitura e da escrita. Sobre este aspecto a professora reitera:
Eu acho que também o professor tem uma grande responsabilidade eu não coloco a responsabilidade na família porque no meu ponto de vista, a responsabilidade é do professor na sala de aula, a família sim apóia faz a sua parte mais esses fatores que realmente dificultam são vários fatores, por exemplo, as vezes a gente precisa de proporcionar mais materiais para nossos alunos, e ai a gente como professor tem as nossas falhas, percebe que talvez seja um pouco da minha parte de professora que não esteja fazendo totalmente o papel [....] e ai tem aqueles alunos que a gente percebe que eles tem uma deficiência, talvez não sei se é psicológico não posso dizer se é psicológica ou se é um problema de aprendizagem mesmo, uns dois alunos na minha sala que eles apresentam uma deficiência não posso dizer se é física, se é psicológica mais as vezes acho que é. Porque tenho um aluno na minha sala que eu chamo ele, eu tento ensinar as palavras eu tento reforçar mais quando ele volta, ele volta com a mesma dificuldade parece que aquilo que eu tentei fazer com que ele assimilasse, ou conhecesse ele não conseguiu, talvez a família deve ter uma parcela de contribuição mais talvez esse aluno tenha alguma deficiência particular nesse processo, observando que esse aluno que vem anos e anos repetindo a série[...] observando os fatores, eu acho que a gente deve observar de onde eles vieram talvez a base que eles pegaram não foi uma base boa no inicio da serie deles, mais eles sofreram alguma deficiência na aprendizagem até chegar no 5º ano alguma deficiência eles sofreram porque os outros conseguem aprender.
Mediante a esta situação, afirma-se que além da dificuldade do aluno na
interpretação da leitura e de não conseguir expressar-se por meio da escrita; para a professora
há possibilidade de esse aluno ter problemas psicológicos, traumas que o impede de avançar
no processo ensino aprendizagem. A esse respeito JOSÉ E COELHO (1996) ressaltam que:
“Ao educador cabe apenas detectar as dificuldades de aprendizagem que aparecem em sua sala de aula, principalmente nas escolas mais carentes, e investigar as causas de forma ampla, que abranja os aspectos orgânicos, neurológicos, mentais, psicológicos adicionados à problemática ambiental em que a criança vive. Essa postura facilita o encaminhamento da criança a um especialista que, ao tratar da deficiência, tem condições de orientar o professor a lidar com o aluno em salas normais ou, se considerar necessário, de indicar sua transferência para salas especiais”. (JOSÉ E COELHO (1996, p.23).
Dando continuidade a breve observação, constata-se ainda junto à professora o
seguinte:
No inicio do ano eu tentei desenvolver da melhor maneira possível que eu achei que, sempre trabalhando leitura depois interpretando o que eles leram, mais mesmo assim a gente percebe esse grau de deficiência, eles falam muito pouco dizem que não conseguem aprender, [...].Eu acho que vai mais do nosso incentivo também, nosso incentivo é significativo percebi que eles já tiveram um domínio mais avançado. E a escrita pra mim é um dos fatores de maior dificuldade nossos alunos sabem ler, ler bem e as vezes até interpretar um texto mais na hora de escrever é uma grande dificuldade, então o fator escrita pra mim é a deficiência maior. E ai um dos métodos que eu utilizei pra desenvolver a escrita dele foi trazer filme pra sala, eles assistiram o filme ai depois de assistir eles produziam o texto, e ai quando eles estão
assistindo tão visualizando aquilo eles consegue escrever, mais se eu der um tema só pra eles imaginarem eles tem dificuldades de imaginar aquele tema.
Figura 01: Plano de aula da professora do início do ano letivo para diagnosticar o nível de aprendizagem na
leitura e escrita dos alunos.
Figura 02: Plano de aula ministrada na última aula antes da 4ª avaliação.
Tendo em vista que o aluno neste período escolar segundo os PCNs (1997) ao
concluir o 5º ano deve ser capaz de: “produzir textos escritos, coesos e coerentes, dentro dos
gêneros previstos para o ciclo, ajustados a objetivos e leitores determinados”.
Diante deste contexto a professora manifesta o seguinte a respeito das
dificuldades encontradas pelos alunos na interpretação da leitura e da escrita:
Até mesmo eles criarem uma frase eles tem dificuldade, porque eles pensam eles são criativos, mais ainda precisa ser trabalhada desde a da base[...], desde das séries dos primeiros anos o professor que ta lá no primeiro ano ao mesmo tempo que tá fazendo a alfabetização, mais já faz o aluno imaginar de que forma ele pode está escrevendo aquela idéia [...] viesse com essa metodologia já com uma base mais reforçada nessa questão acho que não teriam muita dificuldade que eles tem hoje, e ainda tem muita dificuldade para escrever, tem uns que escreve de maneira fantástica até melhor de um aluno da 5ª série, mais tem outros que não tem aquele acompanhamento da família porque o aluno que tem aquele acompanhamento direto da família, ele tem um desenvolvimento na sala, e o aluno que tem o acompanhamento só do professor ele tem outro. Então esses alunos que tão só acompanhado pelo professor e tem pouco acompanhamento da família ele tem um certo grau de deficiência sim, nessa parte da escrita. E ai até criar frase tem dificuldade, de pensar um tema, mais pra mim é a nossa dinâmica também que vamos utilizar [...]. Também a questão dos nossos recursos da escola também é um fator que dificulta essa questão.
Em relação a como o professor deve agir para desenvolver práticas diárias de
leitura e escrita na sala de aula, a professores revela:
[...] a leitura é fundamental, por meio da leitura a gente consegue desenvolver a criticidade dos nossos alunos, competência que eles tem que precisa ser desenvolvida, [...]. Então pra gente desenvolver o hábito da leitura nós devemos escolher livros adequados para essa faixa etária, nós temos que tá diariamente incentivando nossos alunos a prática da leitura,[...] Então o professor quando ele incentiva essa questão acho que a turma fica mais avançada, mais eficiente e hoje em dia a leitura pra mim, além de ser esse novo horizonte que o aluno vai caminhar, nós temos as diversas formas de texto hoje, a questão de gêneros textuais, nas minha avaliações sempre eu busco colocar essa questão dos gêneros pra eles conhecerem, meu ano letivo se eu for observar realmente não foi cem por cento, foi em parte, porque a gente se preocupa muito em cumprir uma grade curricular.[..] Logo no inicio do ano quando iniciamos as nossas aulas eu pedir pra eles construírem a historia deles, fazer uma autobiografia, faço correção individual em cada; quando eu termino da correção eu devolvo o texto pra eles, pra eles perceberem de que forma ele poderia tá melhorando a escrita. Então a grande maioria da produção de texto,[...]Outra questão é o próprio ditado que a gente usa, ditado de palavra e ditado de texto. Uma outra forma foi a construção de história em quadrinhos, eles desenhavam pra construir a história, uma outra forma foi texto sobre as férias retornando as férias; dai contar o que eles fizeram nas férias, uma outra forma foi os dois filmes que eu trouxe pra sala, em cada filme eles faziam, e ai quando eles terminavam essa produção; para incentivar ele a leitura nós fizemos um mural na sala e pregávamos as atividades, pra quando eles verem os materiais deles exposto na sala eles valorizam, eles vão ver, eles vão admirar. Então é uma forma de incentivo.
Nesse sentido, é importante ressaltar que existe incentivo do professor para
desenvolver suas práticas diárias de leitura na sala de aula.
Quanto a possibilidade do efetivo papel da escola no fortalecimento da leitura, a
professora considera que:
A escola em si ela tem um papel fundamental, principalmente acredito eu que deve ser garantido no PPP, questão que envolva a leitura, só que ai se a gente for olhar nossa realidade ao mesmo tempo, que nós temos uma discussão bonita, fala bonito, mais se agente olhar na prática como está questão da leitura na nossa escola se a gente for observar, a nossa biblioteca ela está praticamente abandonada, porque o local dela é um local inadequado, que não possibilita um aconchego daquele aluno, nem um prazer pra estimular a leitura. Então eu sei que a direção tem uma boa vontade, discurso bonito, mais também como professor na prática estamos um pouco distante do que nós falamos, porque em parte eu posso dizer, porque a biblioteca deveria ser um espaço de pesquisa para o aluno, só que o espaço é muito pequeno, que parece um depósito e ai não tem como o aluno fazer uma pesquisa, verificar os livros. Então são fatores que acabam prejudicando o desenvolvimento da leitura na escola; outra questão que eu vejo como leitura também é o próprio laboratório de informática, hoje nós temos na escola internet, o que é uma fonte de pesquisa, quando os alunos vão procurar essa fonte eles não tem acesso. Então pra mim é um dos fatores que pode tá prejudicando essa situação também do hábito da leitura. Porque na internet eles podem buscar textos, buscar informações novas, trazer pra escola; acho que precisa ter um olhar a respeito dessa situação que não está tendo[...], esses são fatores que acabam prejudicando, mais tem também pontos positivos; por exemplo, a roda da leitura é um ponto positivo onde o professor está incentivando o hábito de leitura do aluno. Então pra mim parcialmente, a escola precisa ter um olhar para não ficar só na discussão, colocar as coisas em práticas.
Entende-se que a escola deve priorizar projetos que incentive o hábito a leitura
proporcionando recursos pedagógicos, biblioteca com livros de diferentes gêneros textuais
que venha favorecer o desenvolvimento de competências leitoras dos alunos.
Desde o início do ano a professora incentivou a leitura e desenvolveu atividades
para que seus alunos adquirissem habilidades de interpretação e produção da escrita do que
lêem. Foi observado em seu plano de aula que sempre se preocupou em desenvolver
metodologias para sanar as dificuldades no que se refere a leitura e escrita de seus alunos.
Objetivando observar as dificuldades na leitura e escrita dos alunos do 5º ano do
Ensino Fundamental, aplicou-se a atividade de leitura, interpretação e reescrita de texto na
Escola Municipal de Ensino Fundamental Mariocay, Gurupá –Pará na turma de 5º ano do
Ensino Fundamental, turno vespertino com 27 alunos.
Texto: “Como nasceu o Rio Amazonas” PIAI, A & Paccini, M J.
A Lua apaixonou-se pelo sol. E, apaixonada como estava, queria se casar com ele. Mas, se o casamento acontecesse, o sol aqueceria tanto, tanto, que queimaria todas as coisas existentes, o mundo seria destruído e as lágrimas da Lua inundariam a terra. Assim, eles não puderam se casar, e cada um foi para um lado. A Lua, muito triste, chorou um dia inteiro, e suas lágrimas correram pela terra, buscando o mar. Só que o mar não recebeu as lágrimas da Lua, e elas tiveram de voltar. Mas não conseguiram voltar para as montanhas donde tinham descido. Então elas desceram mais uma vez e foram se unindo numa imensa correnteza d’água, formando assim o caudaloso Rio Amazonas, todo enfeitado de vitórias-régias.
A turma é composta por (35) trinta e cinco alunos, estavam presentes no dia da
atividade 27 (vinte e sete) alunos. Dentre os 27 alunos 07 alunos interpretaram a leitura e
reescreveram a história aproximando-se da original. Constatamos que existem sim
dificuldades dos alunos na leitura e na escrita no sentido da interpretação daquilo que leem,
pois não conseguem escrever porque apresentam dificuldades na grafia das palavras, pois
observamos que os alunos não gostam de ler e não tem o hábito da leitura. Vejamos as
amostras de intervenção realizada na turma por meio de atividades de leitura e reescrita de
texto:
Figura 01: Atividades de alunos que dominam a leitura e a escrita. Arquivo pessoal novembro/2014.
Figura 01.
Figura02: Atividades de alunos que dominam a leitura e a escrita.
Arquivo pessoal novembro/2014.
Figura 03: Atividades de alunos que dominam a leitura e a escrita. Arquivo pessoal novembro/2014.
Enquanto que vinte (20) alunos presente tiveram dificuldades na interpretação e
na reescrita do texto. Sendo que dois alunos das atividades da amostra são repetentes três anos
no 5º ano. Segunda a professora, este alunos não estão alfabetizados ou tem algum problema
psicológico que impedem de avançar no ensino aprendizagem. Diz a professora M “eu acho
que a gente deve observar de onde eles vieram talvez a base que eles pegaram não foi uma
base boa no inicio da serie deles, mais eles sofreram alguma deficiência na aprendizagem até
chegar no 5º ano”. Com o relato da professora e as atividades coletadas na intervenção da
pesquisa comprovamos que estas dificuldades existem e devem ser amenizadas. Observem as
amostra a seguir:
Figura 04: Atividades de alunos que ler e escreve com dificuldades
Arquivo pessoal novembro/2014
Figura 05: Atividades de alunos que ler e escreve com dificuldades Arquivo pessoal novembro/2014
Figura 06: Atividades de alunos que ler e escreve com dificuldades
Arquivo pessoal novembro/2014
Figura 07: Atividades de alunos que ler e escreve com dificuldades
Arquivo pessoal novembro/2014
Figura 08: Atividades de alunos que ler e escreve com dificuldades Arquivo pessoal novembro/2014
Segundo CAGLIARI (2009) “tudo o que se ensina na escola está diretamente ligado à
leitura e depende dela para se manter e se desenvolver. A leitura é a realização do objetivo da
escrita. Quem escreve, escreve para ser lido.” Por isso, as dificuldades apresentada pelos
alunos impedem de adquirir habilidades e competências em todas as áreas de conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leitura e a escrita são elementos fundamentais para desenvolver
competências e habilidades na vida pessoal, profissional e social do individuo. Por isso torna-
se um grande desafio para as escolas como responsável de formar cidadãos capazes de
transformar a sociedade em que vive. Cabe as instituições escolares a responsabilidades de
oferecer espaços adequados com diferentes portadores de textos e traçar diretrizes focando no
desenvolvimento da leitura e da escrita.
As dificuldades dos alunos na leitura e escrita vivenciadas na sala de aula, é
preocupante, e requer uma reflexão sobre as práticas pedagógicas utilizadas para superá-las.
Considerando que alfabetizar é ensinar a ler e escrever, no contexto das práticas sociais atuais,
o processo de ensino aprendizagem de leitura e escrita na escola não pode ser isolada e não ter
a finalidade de preparar o aluno para a realidade na qual está inserido; é necessário que o
professor alfabetizador saiba do seu papel na formação desse aluno. Pois, os mesmos
necessitam de um processo de aprendizagem que objetive o alfabetizar letrando.
Entretanto, ressalta-se o comprometimento profissional, na busca de metodologias,
estratégias de trabalho para que possam obter melhorias no processo ensino aprendizagem dos
alunos. Essas melhorias devem visar soluções para amenizar ou resolver as dificuldades
encontradas na sala de aula em especial nas turmas de 5º ano que estão concluindo uma fase
de sua vida escolar.
Portanto, concluindo este breve estudo, compreendemos que as maiores
dificuldades dos alunos do 5º ano está na escrita. Pois, os mesmos sabem ler, porém não
sabem interpretar aquilo que ler, pois não têm o habito da leitura e não conseguem expor suas
idéias por meio da escrita. Outra dificuldade encontrada é que não conhecem as regras
gramaticais. O que podemos afirma que a maioria dos alunos não foram alfabetizados nas
séries iniciais, ocasionando assim sérios problemas em todas as áreas do conhecimento que
lhes são ensinado na escola.
É importante que o professor incentive o hábito da leitura, interpretação e
produção de textos diariamente na sala de aula, desde as séries iniciais, organizem um
cantinho da leitura, trabalhem com filmes, diferentes gêneros textuais de circulação na
sociedade, confeccionar livros com histórias locais, dramatizações de histórias infantis, contos
populares, fábulas, poemas poesias, e abrir espaço para que o aluno escolha gêneros textuais
de sua preferência.
É necessária também a participação da família nas atividades escolares. Porém,
quando se ouvi a família dizer que não conseguem ajudar o filho (a) porque não sabem ler e
escrever, percebe-se que a maioria não tiveram a m oportunidade de estudar e muito deles
não são alfabetizados.
Ao chegarmos ao final desta revisão bibliográfica, percebemos que há um fracasso
muito grande em relação a leitura e a escrita, principalmente quando a leitura envolve a
interpretação e compreensão dos fatores descritos nas palavras, frases e textos, pois os alunos,
ao lerem ou escreverem, muitas vezes não conseguem interpretar de forma coerente fatos de
sua própria realidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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