UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós- … · propostos para análise de flexibilidade...
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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Programa de Pós- graduação Stricto Sensu
Mestrado em Educação Física
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE
TECIDO CIRCENSE SOBRE A FORÇA E FLEXIBILIDADE DE
JOVENS ADULTOS
Aluna: Bianca Arantes Martins de Souza
Orientador: Prof. Dr. Érico Chagas Caperuto
São Paulo
2015
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Programa de Pós-graduação Stricto Sensu
Mestrado em Educação Física
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE TECIDO
CIRCENSE SOBRE A FORÇA E FLEXIBILIDADE DE JOVENS
ADULTOS
SÃO PAULO
2015
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora do Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu da Universidade
São Judas Tadeu, como exigência parcial
para a obtenção do título de MESTRE em
Educação Física.
Área de concentração: Promoção e
prevenção em saúde.
Orientador: Prof. Dr. Érico Chagas
Caperuto.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da
Universidade São Judas Tadeu
Bibliotecário: Ricardo de Lima - CRB 8/7464
Souza, Bianca Arantes Martins
S729e Efeitos de um programa de treinamento de tecido circense sobre a
força e flexibilidade de jovens adultos / Bianca Arantes Martins de Souza.
- São Paulo, 2015.
71 f. : il. ; 30 cm.
Orientador: Érico Chagas Caperuto.
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São
Paulo, 2015.
1. Aptidão física. 2. Treinamento. I. Caperuto, Érico Chagas. II.
Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
em Educação Física. III. Título
BANCA EXAMINADORA
Dedico este trabalho à meus pais
Edméia Mª Arantes M. de Sousa e
Maurício Martins de Souza verdadeiros
exemplos de dedicação e amor, que
me ensinaram a lutar insistentemente
por meus sonhos. Obrigada por todos
os sacrifícios que me trouxeram até
aqui.
AGRADECIMENTOS
Ao final deste mestrado, apresento meus sinceros agradecimentos a todos que
contribuíram de alguma forma no processo de elaboração dessa dissertação,
especialmente:
Ao professor Érico Chagas Caperuto, orientador deste trabalho, exemplo de
humildade e profissionalismo, pela paciência, confiança e todos os
ensinamentos transmitidos. Saiba que tem minha admiração.
Às professoras Eliana de Toledo Ishibashi e Elisabete dos Santos Freire pela
disponibilidade e dedicação com que receberam este trabalho, e pelas valiosas
sugestões.
Aos meus colegas de turma e de laboratório pela receptividade,
companheirismo, pelas ótimas conversas e por sempre serem prestativos
mesmo nos momentos mais difíceis.
Aos meus irmãos Natália e Felipe pela compreensão e apoio, e por sempre me
lembrarem através de suas atitudes do nosso amor incondicional.
Ao meu noivo Vitor Yogui pela eterna disposição em me ajudar, pelo constante
incentivo, por dividir as dificuldades e as alegrias, enfim, por viver cada
momento deste trabalho ao meu lado.
Muito obrigada
“Alguns homens veem as coisas como
são, e dizem ‘Por quê?’ Eu sonho com as
coisas que nunca foram e digo ‘Por que
não?”
(Geroge Bernard Shaw)
Resumo
O número de pessoas que busca a prática de atividades físicas objetivando a
manutenção e promoção da saúde tem crescido consideravelmente. A prática
de atividades circenses também aumenta a cada dia, estando presente em
diversos ambientes da sociedade atual, como escolas, clubes, academias, etc.
Apesar do circo ser uma manifestação da cultura corporal muito antiga, os
estudos que abordam esta temática são recentes. Mesmo tendo evoluído nos
últimos anos, ainda são escassos, assim pouco se sabe sobre a aptidão física
relacionada às atividades circenses. Por se tratar de uma prática corporal
diferente das convencionais, motivante e desafiadora, que por meio de suas
modalidades desenvolve as mais diversas capacidades físicas, consideramos
que a mesma pode ser vista como uma opção de atividade física muito
agregadora. Assim, pretendemos através deste estudo verificar o efeito da
prática de atividades circenses sobre a aptidão física de indivíduos jovens
adultos, contribuindo para a legitimação do circo como atividade física
promotora da saúde. Para isso, avaliamos 13 indivíduos, com idades entre 18 e
25 anos, em relação a sua aptidão física, antes e após 16 sessões de
atividades circenses focando no tecido circense. Os participantes apresentaram
aumento significativo nas medidas dos braços, diminuição nas dobras cutâneas
axilar média, abdominal e coxa, bem como melhora em todos os testes
propostos para análise de flexibilidade (flexiteste, goniometria e sit and reach),
nos teste de força abdominal e de MMS e na análise técnica dos movimentos
circenses. Concluímos que um programa de atividades circenses focado no
tecido acrobático provoca melhoras significativas na força e flexibilidade,
podendo corresponder a um treinamento de força tradicional, representando
um caminho viável e uma opção inovadora para o desenvolvimento de força e
flexibilidade com benefícios que transcendem o âmbito fisiológico.
Palavras-chave: circo; atividades circenses; aptidão física; tecido circense.
Abstract
The number of people seeking physical activity with the purpose of maintaining
and Promoting health has grown considerably. The practice of circus activities
Also Increases every day, being present in several environments of today's
society, such as schools, clubs, gyms and others. Despite being a very old
circus expression of body culture, studies about this issue are recent. Even in
progress in recent years They still not enough, Therefore, little is known about
the physical fitness related to circus activities. As it is not a conventional body
practice, it is a motivating and challenging practice, the most diverse which gere
physical abilities, we claim that it can be considered an option for the Increasing
physical activities. Thus, we intend through this study to verify the effects of
circus activities practice on the physical fitness of young adults, contributing to
the legitimacy of the circus as a physical activity que Promotes health. For this,
we evaluated the physical abilities of 13 Individuals, ages between 18 and 25,
before and after 16 sessions circus activities focused on circus silk. The
participants showed a significant increase in measures of arms, decrease in
axillary skinfold, abdominal and thigh, as well as improvement in all the tests
proposed for flexibility analysis (flexitest, goniometer and sit and reach), in
abdominal strength test and MMS and technical analysis of the circus
movements. Conclude a circus program of activities focused on aerial silk
causes significant improvements in strength and flexibility, which may
correspond to a traditional strength training, representing a viable way and an
innovative option for developing strength and flexibility with benefits that
transcend the physiological context.
Keywords: circus; circus activities; physical fitness; Circus silk.
LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS
Figura 1: Performance em tecido liso ......................................................... 24
Figura 2: Montagem do tecido marinho ...................................................... 24
Figura 3: Performance em tecido marinho ................................................. 24
Figura 4:Performance de doble tecido ....................................................... 25
Figura 5: Faixa e mosquetão utilizadas para a montagem do tecido acrobático .................................................................................................... 26
Figura 6: Cordas, mosquetões e manilhas, equipamentos comuns na montagem do aparelho tecido circense ....................................................... 26
Figura 7: Colchões de segurança utilizados durante a prática do tecido circense .............................................. ......................................................... 27
Figura 8: Breu, utilizado para aumentar a fricção melhorando a aderência ao tecido ........................................................................................................... 28
Figura 9: Componentes da aptidão física relacionada à saúde (AFRS) .... 31
Figura 10: Escala de imagens do movimento flexão de quadril do Flexiteste ..................................................................................................... 37
Figura 11: Escala de imagens do movimento flexão de quadril do Flexiteste ..................................................................................................... 39
Figura 12: Escala de imagens do movimento de extensão de quadril do Flexiteste ..................................................................................................... 39
Figura 13: Escala de imagens do movimento de extensão de coluna do Flexiteste ..................................................................................................... 40
Figura 14: Goniometria afastamento Antero-posterior ............................... 40
Figura 15: Goniometria flexão e abdução quadril ....................................... 41
Figura 16: Goniometria extensão da coluna ............................................... 41
Figura 17: Teste Sit and Reach .................................................................. 41
Figura 18: Teste abdominal em 1 minuto ................................................... 42
Figura 19: Teste abdominal inferior realizado no tecido acrobático ........... 42
Figura 20: Teste de força isométrica abdominal realizado no espaldar ..... 43
Figura 21: Teste de força isométrica de MMSS realizado no tecido acrobático .................................................................................................... 43
Figura 22: Etapas movimento cambré ........................................................ 44
Figura 23: Etapas movimento Portô ........................................................... 45
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo analisado em relação ao peso e estatura dos participantes .............. 46
Gráfico 2: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo analisado em relação à perimetria corporal ................................................. 47
Gráfico 3: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo analisado em relação às medidas das dobras cutâneas ............................. 47
Gráfico 4: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo analisado em relação ao percentual de gordura e ao percentual de massa magra .......................................................................................................... 48
Gráfico 5: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo analisado em relação a pontuação obtida nos movimentos do Flexiteste .... 48
Gráfico 6: Médias e desvios-padrão nos valores iniciais e finais do grupo analisado em relação aos ângulos obtidos em três movimentos articulares através de goniometria ................................................................................. 49
Gráfico 7: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e fiais do grupo analisado em relação às medidas obtidas no teste sit and reach ................ 49
Gráfico 8: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo analisado em relação aos testes de força abdominal ................................... 50
Gráfico 9: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo analisado em relação ao teste de força isométrica de membros superiores..................................................................................................... 50
Gráfico 10: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo analisado em relação às notas obtidas na avaliação da realização do gesto técnico do movimento circense “cambré” .................................................... 51
Gráfico 11: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo analisado em relação às notas obtidas na avaliação da realização do gesto técnico do movimento circense “porto” ........................................................ 51
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Modalidades circenses ............................................................... 20
Tabela 2: Modalidades aéreas .................................................................... 22
Tabela 3: Componentes da flexibilidade ..................................................... 34
Tabela 4: Elementos observados na avaliação técnica dos movimentos circenses ..................................................................................................... 44
Tabela 5: Elementos observados na avaliação técnica dos movimentos circenses ..................................................................................................... 45
Sumário
RESUMO
1. Introdução ............................................................................................. 15
2. Revisão de Literatura ............................................................................ 18
2.1. Circo: da origem à atualidade ............................................................... 18
2.2. Conhecendo as atividades circenses: suas modalidades .................... 20
2.3. Modalidades aéreas ............................................................................. 21
2.4. Tecido circense ..................................................................................... 23
2.5. Noções básicas sobre segurança para a prática do tecido acrobático .. 25 2.6. Aptidão física ........................................................................................ 28
2.7. Aptidão física relacionada à saúde ....................................................... 29
2.8. Força muscular ..................................................................................... 32
2.9. Flexibilidade ......................................................................................... 33
3. Metodologia proposta .............................................................................. 35
3.1. Grupo experimental .............................................................................. 35
3.2. Programa de treinamento ..................................................................... 36
3.3. Avaliações realizadas ........................................................................... 38
3.3.1. Mensurações antropométricas .......................................................... 38
3.3.2. Flexibilidade ...................................................................................... 38
3.3.3. Medida da amplitude articular ........................................................... 40
3.3.4. Resistência abdominal ...................................................................... 42
3.3.5. Força de membros superiores ........................................................... 43
3.3.6. Avaliação técnica dos movimentos circenses ................................... 44
3.4. Análise de dados .................................................................................. 45
4. Resultados .............................................................................................. 46
5. Discussão ................................................................................................ 52
6. Conclusão ............................................................................................... 55
Referências Bibliográficas ............................................................................ 56
ANEXO 1: Parecer Consubstanciado do CEP ............................................. 62
APÊNDICE 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................... 64
APÊNDICE 2: Programa de atividades circenses – Tecido circense ........... 67
APÊNDICE 3: Exercícios realizados ............................................................ 68
15
1. Introdução
O número de pessoas que buscam a prática de atividades físicas
objetivando a manutenção e promoção da saúde tem crescido
consideravelmente. Por volta de 30 anos atrás, os conhecimentos circenses
eram aprendidos nas tendas, dentro do ambiente do circo, e passados de
geração em geração somente para as pessoas de circo. Ou seja, a prática
circense se limitava a esse público, que já possuía em sua cultura familiar as
atividades circenses. Posteriormente, pessoas das diferentes artes como
dança, teatro, música, artes plásticas, agregaram seus saberes ao circo
tradicional, construindo o que conhecemos hoje por circo contemporâneo
(LEHN, 2008).
Esta renovação das artes circenses ocasionou grande expansão de sua
prática na modernidade, e segundo o mesmo autor há mais atividades de circo
hoje do que nunca. Desta forma, o circo passa então a fazer parte do cotidiano
das cidades, estando presente em diferentes ambientes como escolas,
academias, clubes, etc. Buchianini (2006) relata que os modelos mais comuns
de circo atualmente são os circos de lona, itinerantes e de administração
familiar; os circo-escolas, para pessoas com o intuito de aprender as artes
circenses; e os circos de rua, grupos de pequeno porte que promovem
performances em locais públicos. Porém nas últimas décadas, houve um
crescimento considerável das atividades circenses em universidades e
academias privadas.
A linguagem circense é sem dúvida um patrimônio da cultura corporal de
grande relevância cultural e artística. (DUPRAT e BORTOLETO, 2007).
Certamente podemos considerá-la uma prática corporal muito rica em relação
aos benefícios físicos desenvolvidos aos praticantes, pois a mesma subdivide-
se em diversas modalidades com características muito distintas, sendo elas:
acrobacias, acrobacias aéreas, malabarismo, equilibrismo, contorcionismo,
entre outras.
Sacco e Braz (2010), em uma pesquisa analítica de revisão de literatura,
apresentam como capacidades biomotoras desenvolvidas através da prática
circense: a coordenação motora, a força, a resistência, a flexibilidade, a
16
velocidade e o equilíbrio. Assim, consideramos que os movimentos específicos
desta prática corporal podem ser de grande contribuição para o
desenvolvimento da aptidão física dos indivíduos que a praticam.
Soares (2001) considera o resgate do universo circense, com toda sua
magia e vivacidade, uma estratégia educativa prazerosa para a minimização
dos efeitos negativos que o estilo de vida atual ocasiona, constituindo um
verdadeiro diferencial no “tratamento do corpo” na modernidade.
Trata-se de uma manifestação cultural e artística, que sem dúvida, deve
ser encarada como um importante objeto de estudo e prática também na área
da Educação Física, pois esta área do conhecimento, assim como as artes
circenses compartilham os mesmos objetos de estudo e trabalho: o corpo, a
exploração dos gestos e os movimentos, porém com olhares diferentes.
Partindo do princípio de que os exercícios físicos, que segundo Nahas
(2001), “são atividades física planejadas, estruturadas e repetitivas que
objetivam o desenvolvimento da aptidão física”, consistem no campo de estudo
da Educação Física, e que o circo atualmente não é mais praticado apenas
com fins artísticos e de entretenimento, mas sim com diversos propósitos,
dentre eles como uma opção de atividade física (MEDEIROS; TOLEDO, 2005)
consideramos que esta prática passa a fazer parte também da área da
Educação Física, como objeto de estudo.
Atualmente, grande parte dos estudos abordam as atividades circenses
como conteúdo da Educação Física escolar defendendo que se trata de um
dos conteúdos da cultura corporal de movimento, sendo consequentemente um
conteúdo da Educação Física (BORTOLETO; MACHADO, 2003), outras
produções científicas apontam para o desenvolvimento do aspecto pedagógico
das atividades circenses em geral (INVERNÓ, 2003; BORTOLETO, 2008;
2010) e de modalidades circenses específicas (BORTOLETO;CALÇA, 2007),
são publicações que se preocuparam com a necessidade de disseminação dos
conhecimentos básicos para o ensino das atividades circenses focando em
aspectos técnico-procedimentais e no sequenciamento lógico.
17
Todavia sabe-se que além dos aspectos que têm sido abordados pelos
autores, as atividades circenses já são praticadas como opção de atividade
física proporcionando diversos benefícios a seus praticantes, porém estudos
dentro desta abordagem e que visem mensurar tais benefícios ainda são
escassos, o que fez surgir a seguinte indagação: a prática regular e
sistematizada das atividades circenses proporciona benefícios significativos na
força e flexibilidade dos indivíduos? Assim, pretendemos por meio deste estudo
quantificar os benefícios de um programa de atividades circenses sobre os
componentes da aptidão física: flexibilidade, força e resistência abdominal em
jovens adultos saudáveis buscando contribuir para a legitimação do circo como
atividade física promotora da saúde.
18
2. Revisão de literatura
2.1. Circo: da origem à atualidade
Houve durante vários momentos da história a presença de elementos
hoje conhecidos como circenses, como por exemplo desenhos de equilibristas
e contorcionistas encontrados em pirâmides no Egito; nos desfiles militares dos
faraós eram exibidos animais selvagens domados dos territórios conquistados;
na China descobriu-se pinturas de 5000 anos que retratam acrobatas,
contorcionistas e equilibristas; na Índia performances de contorcionismo e
saltos, juntamente com dança, canto e música faziam parte de espetáculos
sagrados; na Grécia eram modalidades olímpicas as paradas de mão, os
equilíbrios mão a mão e o contorcionismo, os sátiros faziam apresentações
cômicas dando origem aos palhaços, e em Pompéia no ano de 70 a.c. havia
um anfiteatro destinado a apresentações de habilidades incomuns (TORRES,
1998).
Já o termo circo, somente surgiu durante o império romano, onde a
política do “pão e circo” oferecia à população num espaço conhecido como
circus maximus apresentações de dança, poesia, música, e manifestações de
violência entre gladiadores. (RAMOS, 1983)
Na Idade Média, marcada pela forte repressão religiosa, todas as
atividades recreativas e de entretenimento foram condenadas pela Igreja, as
manifestações artísticas, bem como as circenses eram discriminadas com a
justificativa de despertarem sentimentos como prazer, medo e maravilhamento.
Somente no Renascimento, com a revalorização das práticas corporais na
sociedade, que o circo volta às ruas, praças, feiras, etc (LANGLADE apud
LORENZINI, 2003).
Em 1770, em Londres com o surgimento do Astley`s Amphitheatre, que
primeiramente organizava apresentações equestres com padrões militares, e
posteriormente para reter o público passou a agregar diversas atrações como
saltimbancos, equilibristas, palhaços, etc. É nesse momento que o termo circo
passa a significar as culturas corporais praticadas sob uma lona, em teatros, ou
de forma itinerante (BORTOLETO E CARVALHO, 2004).
19
Esta prática corporal apesar de muito antiga, por muitos anos não foi
valorizada socialmente, resultando num grande distanciamento entre o circo e
os conhecimentos científicos ao longo do tempo. Foram praticamente nulos os
estudos que contribuíram para sua evolução sistemática. Também contribuiu
para isso, o fato da cultura circense ter se mantida por muito tempo uma cultura
fechada, onde os conhecimentos eram passados de geração à geração, com
pouco acesso às pessoas que não nasceram no circo. Alguns estudiosos da
Ginástica, como o coronel Francisco Amoros, que contribuiu para a criação da
escola de Ginástica Francesa, considerava o circo uma manifestação perigosa,
sem critério de segurança, e sem nenhuma utilidade (SOARES, 1998).
A partir dos anos 70, iniciou-se uma transformação do circo tradicional,
onde pessoas das diferentes artes como dança, teatro, música, artes plásticas,
agregaram seus saberes ao circo tradicional, construindo o que conhecemos
hoje por circo contemporâneo, com espetáculos com formatos e conceitos
inovadores (LEHN, 2008). Neste momento, surgem as primeiras Escolas de
Circo, com apoio governamental, na França e na antiga URSS.
No Brasil, as primeiras manifestações relacionadas à cultura circenses,
aparecem com os ciganos vindos da Europa, que realizavam principalmente
apresentações equestres, de ilusionismo. O circo itinerante surge no século
XIX, mais direcionado às classes populares, se fixava nas periferias das
grandes cidades. Castro (2005) afirma que existem atualmente mais de 2000
circos no Brasil, sendo aproximadamente 80 médios e grandes, com um
público estimado de 25 milhões de pessoas.
Atualmente, além do circo tradicional e itinerante que manteve como
desde sua criação, seu foco no desempenho artístico e entretenimento,
sabemos que o circo é um fenômeno em grande expansão na modernidade,
pois passou a ser utilizado como instrumento educativo, recreativo, de inserção
social (BORTOLETO E CARVALHO, 2004), Medeiros e Toledo (2005)
consideram o circo uma nova alternativa de prática de exercício físico que vem
atraindo novos participantes, proporcionando a união do prazer artístico ao
desenvolvimento da aptidão física.
Algumas escolas brasileiras de circo que atualmente contribuem para
difundir os conhecimentos circenses de forma a estimular a reflexão e a
experimentação, colaborando com a renovação da linguagem do circo, são: a
20
Escola de Circo Girasol em Porto Alegre, a Escola Nacional de Circo no Rio de
Janeiro, a Escola Pernambucana de Circo, que realiza um trabalho sócio-
educativo, entre outras.
Voltado para estudos, pesquisas e projetos de extensão universitária
abordando as atividades circenses e suas relações com a Educação Física. O
Grupo CIRCUS vem realizando na FEF-UNICAMP eventos, cursos e pesquisas
relacionadas a história do circo; segurança nas atividades circenses; pedagogia
das atividades circenses; e jogos e ludicidade circenses.
2.2 Conhecendo as atividades circenses: suas modalidades
Devido ao fato dos estudos acadêmicos que abordam o tema atividades
circenses serem recentes, e também à falta de documentação e registro de
suas práticas ao longo dos anos, há ainda grande variação de sua
terminologia. Buscando contribuir para a conceituação das modalidades
circenses, Duprat (2007) as organiza em quatro categorias de acordo com as
ações motoras gerais:
Tabela 1: Modalidades circenses
Acrobacias Aéreas
Diferentes modalidades de trapézio, tecido,
lira, quadrante, corda.
Corpóreas De chão (solo), duplas, trios e grupos,
banquinas, mastro chinês, contorcionismo,
jogos icários.
Trampolim Trampolim acrobático; mini-tramp; báscula
russa; maca russa.
Manipulações de objetos Malabares (bolas, claves, devil stick,
diábolo, caixas, com fogo), swing (claves e
bastões),
tranca, contato, ilusionismo,
prestidigitação,
mágica, faquirismo, fantoches e
21
ventriloquia.
Equilíbrios de objetos Claves, bastões, antipodismo.
sobre objetos
Perna-de-pau, monociclo, arame, corda
bamba, bicicleta, rolo americano (rola-
rola).
Acrobáticos Paradismo (chão e mão-jotas), mão a mão
(duplas, trios e grupos), jogos icários.
Encenação Artes
corporais
Arte cênica, dança, música.
Palhaço Diferentes técnicas e estilos
(DUPRAT, 2007)
A conceituação proposta pelo autor é composta pelas mais diversas
práticas circenses, desde as mais antigas e também práticas que surgiram na
modernidade. Ao observar a tabela podemos perceber a magnitude do Circo e
suas diversas possibilidades através do seu conjunto de modalidades com
características muito distintas.
É importante ressaltar que o Circo está em constante transformação e
desenvolvimento, as modalidades citadas acima são as tradicionalmente mais
praticadas e conhecidas, porém, sabe-se que esta prática não se limita as
modalidades mencionadas.
2.3. Modalidades aéreas
São modalidades aéreas aquelas que possibilitam exibições no ar em
aparelhos suspensos específicos (trapézio, tecido, lira, etc), ou fixados ao solo
(barra fixa, pêndulo cubano, etc), sem contato direto ou duradouro do
praticante com o solo. Os aparelhos aéreos são dinâmicos, pouco estáveis e
algumas vezes flexíveis, possibilitando movimentos que variam de acordo com
as características e possibilidades dos aparelhos. (BORTOLETO e CALÇA,
2007)
22
Devido ao circo ser uma manifestação artística não competitiva, sem
regras que determinem a forma de utilização dos aparelhos, seus movimentos
e técnicas estão em constante transformação e são frequentemente criados e
recriados buscando aumentar o grau de dificuldade e beleza dos números
circenses.
Não existem registros exatos de onde surgiu ou de quem inventou os
aparelhos circenses aéreos, mas é possível que eles tenham suas origens nas
técnicas de subir e descer de cordas utilizadas por marinheiros e soldados nas
guerras, e de técnicas utilizadas para fuga de presídios na China
(BORTOLETO e CALÇA, 2007).
O trapézio é, segundo Orfei, (1996) a modalidade aérea mais antiga, que
inspirou a criação das demais.
As modalidades circenses aéreas e suas técnicas, também exerceram
influência na Ginástica Artística, nos aparelhos como a barra fixa e as argolas.
(BORTOLETO e CALÇA, 2007)
Sacco e Braz (2010) propõem uma classificação das modalidades
aéreas nas seguintes categorias:
Tabela 2: Modalidades aéreas
Aparelhos aéreos Modalidades Circenses
Tecido Tecido liso; Tecido marinho; Doble
tecido; Tecido ao vôo.
Trapézio Trapézio fixo; Trapézio de balanço;
Doble trapézio; Trapézio múltiplo;
Trapézio de vôo; Trapézio
Washington; Trapézio Castin.
Corda Corda lisa; Corda indiana; Corda
marinha.
Lira Forma de gota, estrela, quadrada e
redonda.
(SACCO e BRAZ, 2010
p.14)
23
2.4.Tecido circense
Também conhecido no universo circense como “tecido acrobático” e
“tecido aéreo”, trata-se de uma modalidade que desenvolveu-se nos últimos
anos, diferentemente da maioria das centenárias modalidades circenses, e têm
se popularizado significativamente na atualidade. (BATISTA, 2003)
Segundo Desiderio (2003), a origem da prática desta modalidade é
incerta, existem registros em desenhos orientais de performances em grandes
panos em festas imperiais da China por volta de 600 anos d.c., e também
relatos na Alemanha de performances em cortinas nas décadas de 1920 e
1930, em cabarés.
Acredita-se que sua prática como se apresenta atualmente desenvolveu-
se como extensão da modalidade corda lisa, sendo aprimorada na França na
década de 1980 por Gerard Fasoli, a partir desta época chegou-se ao material
liganet, usado atualmente devido a sua resistência e elasticidade o que
possibilita leveza e plasticidade ao movimento (DESIDERIO, 2003).
Dentre os aparelhos circenses aéreos o tecido é o de mais fácil
aprendizagem, pois seu material permite que ele se adeque ao corpo do
praticante de acordo com suas características físicas, diferentemente de outros
aparelhos aéreos como a lira e o trapézio, onde é necessário que o praticante
tenha maior domínio corporal e força, também devido aos materiais com que
são confeccionados (ferro, corda) não possibilitam que o aparelho se molde ao
corpo do praticante, é necessário que o praticante se adapte ao aparelho
favorecendo as pessoas mais flexíveis e fortes.
O aparelho aéreo tecido subdivide-se nas seguintes modalidades: tecido
liso, tecido marinho, doble tecido e tecido ao vôo, conforme apontado no
quadro anterior.
O tecido liso (figura 1) é formado por um pano afixado na metade de
seu comprimento em uma estrutura fixa em altura mímina de 5 metros, ficando
dividido em duas partes iguais. O tipo de tecido mais utilizado é o liganet.
(BORTOLETO; CALÇA, 2007)
24
Figura 1: Performance em tecido liso
O tecido marinho geralmente é do mesmo material do tecido liso, ele se
diferencia na forma em que é afixado, as duas extremidades são presas
criando o formato da letra “U” (BORTOLETO; CALÇA, 2007). (figura 2 e 3)
Figura 2: Montagem do tecido marinho
Figura 3: Performance em tecido marinho
No doble tecido utiliza-se a montagem do tecido liso, porém os
movimentos são executados por duas pessoas simultaneamente no tecido,
25
onde elas podem executar movimentações individuais ou um auxiliando o outro
(BORTOLETO; CALÇA, 2007).
Figura 4: Performance em doble tecido
O tecido ao vôo apresenta a fixação semelhante a do tecido liso, o que
a diferencia é a utilização do moitão, mecanismo utilizado para suspender o/a
acróbata manualmente, ou do guincho, mecanismo utilizado para o mesmo fim
eletronicamente, possibilitando a realização de vôos durante a realização dos
movimentos (BORTOLETO; CALÇA, 2007).
2.5.Noções básicas sobre segurança para a prática do tecido acrobático
Como já descrito anteriormente, o tecido acrobático é um equipamento
aéreo da cultura circense que permanece suspenso a determinada altura,
portanto é necessário adotar certas medidas para a prevenção de acidentes.
(BORTOLETO E CALÇA, 2007)
É muito importante que o aparelho seja constantemente verificado, e que
seja realizada sua manutenção sempre que necessário. O processo de
instalação do mesmo deve ser acompanhado por um profissional competente,
bem como as condições de todos os elementos utilizados para a montagem do
tecido, por exemplo as cordas, mosquetões, faixas e manilhas. Recomenda-se
26
optar por materiais certificados por fabricantes reconhecidos e especializados
(BORTOLETO E CALÇA, 2007).
Figura 5: Faixa e mosquetão utilizadas para a montagem do tecido
acrobático
Figura 6: Cordas, mosquetões e manilhas, equipamentos comuns na
montagem do aparelho tecido circense
Todo material utilizado deve ser de qualidade e certificado quando
possível, que suporte altas cargas, sempre bem superiores (5 vezes) que o
peso dos participantes (TSNY, 2007).
Outra medida muito importante que deve ser tomada não somente para
praticantes iniciantes, mas também quando o praticante já apresenta domínio
do aparelho é a utilização de colchões de segurança que oferecem proteção
em casos de quedas. Recomenda-se também que os praticantes iniciantes
executem os movimentos em baixa altura, e de acordo com a evolução dos
mesmos aumenta-se a altura gradativamente. E que os praticantes já
experientes, ao tentarem um movimento novo ou de grande dificuldade
comecem sua prática em baixa altura, aumentando-a gradativamente, sempre
com a utilização do colchão de segurança (BORTOLETO; CALÇA, 2007).
27
Figura 7: Colchões de segurança utilizados durante a prática do tecido
circense
É importante conscientizar o praticante para que nunca salte do
aparelho aéreo, mesmo quando esteja a poucos metros de altura, pois é
comum que a noção de profundidade e altura esteja distorcida, podendo
provocar acidentes devido a esta falha na percepção espacial (BORTOLETO;
CALÇA, 2007).
Para evitar hematomas ou queimaduras causadas pelo atrito com o
aparelho é aconselhável a utilização de vestimentas apropriadas
confeccionadas com tecidos confortáveis que não limitem os movimentos e que
protejam as regiões das axilas, abdômen, cinturas e pernas (BORTOLETO;
CALÇA, 2007).
Também é indicado o uso do “breu”, substância muito comum no ballet
clássico utilizada para evitar que as sapatilhas deslizem no solo provocando
quedas, já no circo é utilizada nas mãos, pés e joelhos para melhorar a
aderência da pele ao tecido.
28
Figura 8: Breu, utilizado para aumentar a fricção melhorando a
aderência ao tecido.
Alguns países como a França e Austrália possuem uma legislação
federal que regulamentam as atividades artísticas, incluindo as circenses. Na
França, por exemplo, em performances onde o artista realize movimentos
acima de 4 metros de altura devem ser tomadas medidas de segurança, como
o uso de lonjas e colchões de queda (BORTOLETO; CALÇA, 2007). Apesar de
no Brasil não termos nenhum tipo de normatização a esse respeito é
importante que os professores e praticantes tenham os conhecimentos básicos
em relação aos procedimentos de segurança (ACAPTA, 2007).
Sabemos que as medidas aqui apontadas não eliminam totalmente o
risco de quedas durante a prática do tecido acrobático, mas são atitudes e
procedimentos simples que devem ser tomados para minimizar essa
possibilidade.
2.6. Aptidão Física
O conceito de aptidão física foi por muito tempo vinculado apenas às
capacidades individuais relacionadas à prática esportiva, transmitindo a
equivocada ideia de que a aptidão física é diretamente proporcional a elevados
níveis atléticos, ou seja, quanto melhor a performance, melhor a aptidão física
de um indivíduo.
Posteriormente surgiram vários questionamentos acerca deste conceito
tradicional de aptidão física, atualmente a Organização Mundial da Saúde
definiu a aptidão física como a capacidade de realizar trabalho muscular de
maneira satisfatória. Sendo assim, ser um indivíduo apto fisicamente implica
29
em apresentar as condições necessárias para um bom desempenho motor em
situações que exijam esforços físicos. (WHO, 1978)
De acordo com Hebbelinck (1984), a aptidão total trata-se do conjunto
de fatores que possibilita um indivíduo estar apto para todas as suas
necessidades do ponto de vista biológico, psicológico e social, podendo
ocasionar melhor relação do indivíduo com seu meio ambiente.
Bouchard (1990), considera a aptidão física “um estado dinâmico de
energia e vitalidade que permita a cada um não apenas a realização das
tarefas do cotidiano, as ocupações ativas das horas de lazer e enfrentar
emergências imprevistas sem fadiga excessiva, mas também evitar o
aparecimento das disfunções hipocinéticas, aquelas relacionadas à falta de
atividade física, enquanto funcionando no pico da capacidade intelectual e
sentindo uma alegria em viver.”
Há, portanto, duas vertentes em relação aos componentes da aptidão
física, a dos voltados à saúde, e os voltados ao desempenho atlético. Segundo
Böhme (1994), a aptidão física apresenta aspectos individuais, de acordo com
as necessidades exigidas por determinada atividade. Os indivíduos possuem
características de acordo com o seu modo de vida, podendo apresentar
variações entre indivíduos e também em diferentes fases da vida do mesmo.
A aptidão física será resultado da atividade física, que deve ser realizada
em todas as fases da vida, proporcionando um desempenho físico apropriado
nas suas atividades. A realização de atividade física pode evitar a antecipação
do cansaço físico e contribuir para o bem estar e bom estado de saúde. A
importância da atividade física e do exercício na promoção da saúde é
discutida na literatura por Guedes & Guedes (1995), Nieman (1999) e Sharkey
(1998), entre outros autores.
2.7.Aptidão física relacionada à saúde (AFRS)
O conceito de saúde têm sido construído a partir de uma visão
multifatorial, que engloba o bem estar físico, mental e social, caracterizada por
uma sequência ininterrupta com pólos positivo e negativo. A saúde positiva é
caracterizada pela percepção de bem estar geral, e a saúde negativa estaria
30
relacionada à morbidade e à mortalidade prematura no extremo (NEIMAN,
1999; NAHAS, 2001).
Segundo a Organização Mundial da Saúde, para que uma pessoa tenha
uma saúde positiva, ela deve ter a capacidade satisfazer suas necessidades,
de identificar e realizar suas aspirações e de mudar ao adaptar-se ao meio
ambiente (OMS, 1999).
Pate (1988) define a AFRS como a capacidade de realizar tarefas diárias
com vigor e, demonstrar traços e características que estão associados com um
baixo risco do desenvolvimento prematuro de doenças hipocinéticas. Esta
definição veio de dos estudos clínicos que evidenciaram maior incidência de
problemas de saúde entre idosos, adultos e jovens de vida sedentária. Quanto
melhor o índice de cada um dos componentes da AFRS, menor será o risco
para o desenvolvimento de doenças e/ou incapacidades funcionais (ACSM,
1996). Estes componentes englobam os fatores morfológicos, funcional, motor,
fisiológico e comportamental.
O componente morfológico refere-se à composição corporal,
especialmente a quantidade de gordura corporal que, quando em excesso está
associada à várias doenças crônicas como: elevados níveis de colesterol
sangüíneo, hipertensão, osteoartrite, diabetes, acidente vascular cerebral,
vários tipos de câncer, doenças coronarianas, além de problemas psicológicos
e sociais (ACSM, 1996; NIEMAN, 1999).
O componente funcional refere-se a aptidão cardiorrespiratória ou a
capacidade de captar, transportar e gastar oxigênio em atividades de média
intensidade, por um período de duração moderada ou prolongada. Índices
baixos neste componente também estão associados ao maior risco de doenças
crônicas como: acidente vascular cerebral, vários tipos de câncer, diabetes,
hipertensão, obesidade, osteoporose, depressão, ansiedade e, principalmente
as cardiovasculares (HILL, 1997).
Os componentes motores envolvem a força/resistência e a flexibilidade.
São considerados os moduladores do sistema músculo esquelético. A
força/resistência refere-se a capacidade do músculo, ou de um grupo de
músculos, sustentar contrações repetidas por um determinado período de
tempo. Já, a flexibilidade refere-se a amplitude de locomoção de uma
determinada articulação. Juntos, força/resistência e flexibilidade previnem
31
problemas posturais, articulares e lesões músculo-esqueléticas, osteoporose,
lombalgia, fatigas localizadas (BOUCHARD, SHEPHARD, 1993).
Os componentes fisiológicos englobam a pressão sanguínea, tolerância
a glicose e sensibilidade à insulina, oxidação de Substratos e níveis de lipídeos
sanguíneos e perfil das lipoproteínas. (GUEDES, D.P.; GUEDES, J.E.R.P.,
1995).
Por fim o componente comportamental, que engloba a tolerância ao
estresse e também inclui a sensação psicológica de bem-estar. Rejeski et. al.
(1996) apontam uma diminuição nos níveis de ansiedade e depressão
relacionados a prática de atividades físicas.
(GUEDES, D.P.; GUEDES, J.E.R.P., 1995)
Figura 9: Componentes da aptidão física relacionada à saúde (AFRS)
32
2.8. Força Muscular
Segundo Kraemer (1987) citado por Fleck (2006), a força muscular
refere-se a quantidade máxima de força que um músculo específico ou grupo
muscular pode produzir em determinado movimento e com determinada
velocidade de execução.
Trata-se de um dos principais componentes da aptidão física, é um fator
muito importante na prevenção de diversos problemas neuromusculares e
músculo-esqueléticos.
Níveis adequados de força nos diversos grupos musculares possibilitam
que as pessoas sejam capazes de desenvolver as tarefas do cotidiano com o
menor esgotamento fisiológico possível.
Segundo Kraemer (1992) o treinamento de força afeta quase todas as
funções fisiológicas e tem a capacidade de intensificar o desenvolvimento físico
e o desempenho em todas as idades.
A melhora da força muscular também exerce influência em aspectos
psicológicos como a auto-estima e a auto-confiança, pois possibilita a
realização das tarefas diárias com maior facilidade e menor esgotamento, além
de influenciar na melhora da auto-imagem das pessoas.
Sabe-se que a força muscular é importante para a realização de
qualquer prática desportiva e para as atividades físicas em geral, e segundo
Sacco e Braz (2010) é um fator determinante para a realização das atividades
circenses.
A força pode ser classificada em estática e dinâmica (BOSCO, 2007). A
estática gera tensão sem que ocorra movimentação, comum nas atividades
circenses aéreas onde é necessário sustentar o peso corporal para a
realização dos movimentos, sendo necessário grande ativação da região
abdominal e membros superiores.
Já força dinâmica provoca variação de comprimento do músculo através
das fases concêntrica (encurtamento) e excêntrica (alongamento) do
movimento (BOSCO, 2007)
33
Ao observarmos as características dos movimentos da modalidade
tecido acrobático percebemos uma predominância na utilização da força
isométrica, que consiste na contração muscular que não resulta em
deslocamento, encontrada em diversos movimentos onde é necessária a
sustentação do peso corporal nos braços ou pernas possibilitando a
movimentação em altura e ao sustentar poses e figuras executadas no
aparelho circense (tecido), o que também exige grande utilização dos músculos
da região abdominal. (SACCO; BRAZZ, 2010).
2.9. Flexibilidade
Segundo Chandler et. al. (1990) a flexibilidade consiste na habilidade de
mover uma articulação através de uma amplitude de movimento normal sem
estresse excessivo para a unidade musculotendinosa, Para Alter, M.J. (1999)
define flexibilidade como a extensibilidade dos tecidos periarticulares que
possibilita o movimento normal de uma articulação ou membro. De acordo com
Dantas (1999) a flexibilidade é responsável pela execução angular máxima de
uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos,
sem provocar lesões, e segundo Barbanti (2003) é a capacidade de realizar
movimentos em certas articulações com amplitude de movimento adequada.
Trata-se de um importante componente da aptidão física, sendo
necessária para a realização de movimentos simples e complexos, durante a
prática esportiva e de atividades físicas em geral e para a preservação da
saúde (ARAÚJO, 1999). Um bom nível de flexibilidade possibilita a execução
de movimentos de grande amplitude com maior eficiência e segurança,
facilitando a realização das tarefas do cotidiano (DANTAS, 1999).
Obter níveis ótimos de flexibilidade em determinada articulação não
significa necessariamente ser flexível nas demais, diferentemente de outras
qualidades físicas a flexibilidade busca atingir um nível perfeito necessário para
a execução de um certo movimento, e não o nível máximo, pois níveis muito
altos de flexibilidade podem tornar as articulações mais vulneráveis à lesões ,
como luxações e distensões (ESNAULT, M.; VIEL, E, 2002).
34
Ao executar certos movimentos que exigem grande amplitude articular
existe a possibilidade de ocorrer lesões, caso o membro for forçado além de
sua amplitude normal, um programa de treinamento focado na melhora da
flexibilidade reduz esse potencial de lesão. Outras lesões, por exemplo,
problemas lombares são frequentemente associadas ao baixo grau de
flexibilidade do indivíduo. (SHARKEY, 1998).
Alter (1999) aponta diversos benefícios alcançados por meio do
treinamento da flexibilidade, dentre eles o auxílio na prevenção de lesões, ou
seja uma amplitude de flexibilidade ideal pode prevenir a lesão quando os
músculos e articulações forem superalongados de forma inesperada, porém
não se pode afirmar que a flexibilidade articular máxima irá prevenir a lesão.
Outros benefícios apontados por Dantas (1999), são: o aperfeiçoamento motor,
a eficiência mecânica, a expressividade e consciência corporal, fatores estes
muito relevantes na especificidade da prática circense. A flexibilidade também
está vinculada com a qualidade de vida e o bem-estar do ser humano, pois
colabora com o relaxamento muscular, alívio de dores, etc.
Podemos subdividir a flexibilidade em dois componentes: estático e
dinâmico (REILLY, T., 1981).
Tabela 3: Componentes da Flexibilidade
Estático Amplitude de movimento em
torno de uma articulação sem
ênfase na velocidade
Dinâmico Habilidade de usar a amplitude
do movimento articular na
realização de uma atividade
física numa velocidade normal
ou rápida
A flexibilidade é um fator determinante para a prática das atividades
circenses principalmente nas modalidades aéreas, na qual ela contribui para
35
tornar o movimento belo e eficiente. Ela permite a execução de movimentos
rápidos, enérgicos, fáceis e expressivos, sendo que frequentemente durante a
prática circenses há grande solicitação de altos níveis de flexibilidade nas
articulações (SACCO; BRAZ, 2010).
Segundo Achour (2007) ela é testada através do alcance do movimento
articular e sua modificação têm sido relacionada a mudança na rigidez do
tecido.
Considerando a especificidade da modalidade tecido acrobático e os
possíveis benefícios que a mesma provoca, acreditamos na possibilidade de
utilizá-la como ferramenta para o desenvolvimento da força e a flexibilidade. A
fim de avaliar os efeitos de um programa de tecido acrobático organizamos o
presente estudo.
3. Metodologia proposta
3.1. Grupo experimental
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade São Judas Tadeu sob o número 697.466 (Anexo 1).
Foram selecionados de forma voluntária, 20 indivíduos saudáveis, de
ambos os gêneros entre 18 e 25 anos, sem vivência anterior em artes
circenses, do curso de Educação Física da Universidade São Judas Tadeu. Os
alunos foram convidados durante as aulas da graduação, e no prazo de uma
semana, assim que formado um grupo com 20 sujeitos interessados iniciou-se
o programa.
Alguns sujeitos não concluíram sua participação no programa por
motivos diversos, continuando desta forma, com um total de 13 participantes,
estes passaram por sessões de treinamento de atividades circenses.
O grupo era constituído de homens e mulheres com experiências
anteriores em esportes coletivos (voleibol e futsal, n=3), artes marciais (n=2),
36
atividades de academia e musculação (n=5), e sem histórico de participação
regular em programas de atividades físicas (n=3).
Foram excluídos os indivíduos que praticam atividade física regular, os
que apresentem algum tipo de lesão ou enfermidade, alguma deficiência
neuromotora, e os que não completaram mais de 75% do programa de
atividades circenses.
3.2. Programa de treinamento
Optamos por desenvolver um programa de atividades circenses focado
na prática da modalidade tecido acrobático, por se tratar do aparelho de mais
fácil aprendizagem dentre os aéreos (BORTOLETO; CALÇA, 2007). Aos
sujeitos foram ministradas aulas (Apêndice 2), duas vezes por semana (terças
e quintas), com duração de 1 hora (17:30 às 18:30), durante um período de 8
semanas, totalizando 16 sessões.
As aulas foram ministradas na sala de artes marciais e ginástica artística
(figura 10), nas dependências da Universidade São Judas Tadeu, utilizada
pelas disciplinas do curso de graduação em Educação Física e também por
projetos de extensão e monitorias. Se trata de um ambiente amplo que dispõe
de espaldares, aparelhos de Ginastica Artística, colchões de diversos
tamanhos, e um tatame amplo, o tecido acrobático foi fixado, com autorização
da Universidade, em uma estrutura de ferro da sala, ficando em altura
suficiente para a prática da modalidade circense.
Figura 10: Sala de artes marciais e ginástica artística da USJT
37
As aulas do programa de atividades circenses eram organizadas em: 1-
Aquecimento (5 min); 2- Alongamento (10 min); 3- Exercícios preparatórios (15
min); 4- Exercícios específicos (25min); 5- Relaxamento (5 min), (Apêndice 2).
É recomendada a realização de aquecimento antes das atividades
físicas e desportivas, pois ajuda na prevenção de lesões melhorando o
suprimento sanguíneo e otimizando o desempenho, além de aquecer os
músculos preparando-os para os exercícios mais intensos (ALTER, 1999).
A melhora da flexibilidade é conseguida com a realização frequente de
exercícios de alongamento, que consistem em provocar toda a amplitude de
movimento de certa articulação, quando a amplitude excede o nível habitual, o
estímulo atua não só sobre a elasticidade muscular e a mobilidade articular.
Utilizamos no programa de tecido acrobático exercícios de alongamento
passivo que consiste em permanecer em determinada angulação articular, e
receber um estímulo externo. É considerada uma técnica segura, com menor
possibilidade de lesão aos tecidos. A extensão é realizada sem contração
muscular, permanecendo na posição final durante 60” (ANDERSON, 1983 &
BLANKE, 1997).
Utilizamos os princípios do Treinamento de Força em Circuito que
consiste em uma sequência de exercícios (estações) realizados seguidamente,
com o mínimo de descanso entre eles (aproximadamente 15 segundos), este
método frequentemente utilizado na musculação (FLECK; KRAEMER, 2006), É
um método de treinamento de força usado com iniciantes, o número de
exercícios é estipulado de acordo com o objetivo e o nível do praticante.
O circuito pode trabalhar com maior ênfase no sistema anaeróbio, ou no
sistema aeróbio, ou em ambos os sistemas na mesma sessão de treino
dependendo da montagem do circuito, (GETTMAN et al., 1978) podendo se
adequar de acordo objetivo do programa (TUBINO; MOREIRA, 2003).
No programa de atividades circenses utilizamos exercícios de força
realizados no tecido acrobático, no espaldar e livres, organizados em formato
de circuito, onde o participante deveria realizar 20 repetições e descansar por
38
15 segundos. Os exercícios eram combinados e organizados durante o
programa de forma gradativa, e a intensidade aumentada de acordo com a
evolução dos sujeitos.
No final do programa eram realizados exercícios de alongamento suave
que Segundo Anderson (1983) consiste em estender a musculatura até o limite
confortável sem causar dor, permanecendo por no máximo 30.
3.3. Avaliações realizadas
Foram aplicados no início, e após o programa de treinamento os
seguintes testes:
3.3.1. Mensurações antropométricas
Foram mensurados a estatura e o peso dos sujeitos. A perimetria foi
realizada através de fita métrica (MARINS e GIANNICHI, 1996). Também foram
avaliadas as dobras cutâneas para a análise de composição corporal pelo
protocolo de 7 dobras (JACKSON e POLLOCK, 1978).
3.3.2. Flexibilidade
A flexibilidade músculo-esquelética passiva foi avaliada por meio do
flexiteste (ARAÚJO, 1986). Utilizamos os movimentos de flexão do quadril,
extensão do quadril e o movimento de extensão de coluna do teste, pois são as
angulações mais frequentes na técnica circense. O flexiteste consiste em
classificar a amplitude máxima passiva dos movimentos avaliados em uma
escala de zero a quatro, totalizando cinco níveis de flexibilidade. A
Flexibilidade também foi avaliada posteriormente em movimentos específicos
da técnica circense no tecido acrobático, durante a avaliação técnica dos
movimentos.
39
(ARAÚJO, 1986)
Figura 11: Escala de imagens do movimento flexão de quadril do
Flexiteste
(ARAÚJO, 1986)
Figura 12: Escala de imagens do movimento extensão de quadril do
Flexiteste
40
(ARAÚJO, 1986)
Figura 13: Escala de imagens do movimento de extensão de coluna do
Flexiteste
3.3.3. Medida da amplitude articular
Para obtenção das medidas da amplitude articular específicos foi
utilizado um goniômetro universal plástico. Foram coletados os dados nos
movimentos da articulação do quadril, e coluna. (NORKIN e WHITE, 1995)
Figura 14: Goniometria afastamento antero-posterior
41
Figura 15: Goniometria flexão e abdução quadril
Figura 16: Goniometria extensão da coluna
A flexibilidade também foi avaliada através do teste sit and, onde os
indivíduos eram permaneciam sentados, com as pernas estendidas e
deslocavam as mãos sobre uma superfície milimetrada. O movimento foi
realizado três vezes e utlilizou-se o maior valor obtido (WELLS, 1952).
Figura 17: Teste Sit and Reach
42
3.3.4. Resistência abdominal
Para avaliar a resistência abdominal, foi utilizado o teste abdominal
modificado em um minuto AAPHERD (1988), que consiste em quantificar as
flexões abdominais que o sujeito realiza durante um minuto.
Figura 18: Teste abdominal em um minuto
Optamos por avaliar a resistência abdominal inferior com o auxílio do
próprio aparelho circense, onde foram quantificadas as contrações abdominais
durante um minuto em suspensão no tecido acrobático. Escolhemos realizar o
teste desta forma buscando aproximar os testes da realidade da prática, pois
acreditamos que assim chegaríamos aos valores mais fidedignos possíveis, e
também acreditamos que propor formas de se avaliar a força utilizando o
próprio aparelho circense seria uma ferramenta de grande valia para os
profissionais que lecionam esta modalidade.
Figura 19: Teste abdominal inferior realizado no tecido acrobático
43
E para analisar a força isométrica abdominal foi cronometrado o tempo
de permanência em contração abdominal em suspensão no espaldar de
madeira.
Figura 20: Teste de força isométrica abdominal realizado no espaldar
3.3.5. Força de membros superiores
Para avaliar a força isométrica de membros superiores foi cronometrado
o tempo que o sujeito permanece suspenso no tecido acrobático se
sustentando apenas com a força dos membros superiores, posição essa muito
frequente durante a execução dos movimentos no tecido acrobático.
Figura 21: Teste de força isométrica de membros superiores realizado
no tecido acrobático
44
3.3.6. Avaliação da técnica dos movimentos circenses
Foram selecionados dois movimentos característicos da técnica
circense, realizados no aparelho tecido acrobático, já apontado dentre os
aéreos como o aparelho de mais fácil aprendizagem (BORTOLETO; CALÇA,
2008). Esses movimentos foram executados a partir da 6ª sessão de
treinamento e repetidos três vezes nas sessões seguintes. Optamos por avaliar
estes dois movimentos, pois são muito conhecidos no universo circense,
consequentemente muito praticados, o movimento “Cambré” é de fácil
aprendizagem sendo um dos primeiros a ser ensinado após o aluno dominar a
técnica da subida no tecido. O movimento “Portô” é muito realizado, pois
também é a base para os movimentos executados em duplas (doble tecido).
Primeiramente foram definidos os elementos essenciais (Tabela 4 e 5) para a
realização dos movimentos e estabelecida uma pontuação de acordo com o
grau de dificuldade de cada elemento, totalizando dez pontos, os participantes
foram avaliados no início do programa assim que aprenderam os movimentos e
no final do programa.
Tabela 4: Elementos observados na avaliação técnica dos movimentos
circenses
Elementos observados Pontuação atribuída
Cambré
1- Técnica da subida 0-3
2- Sustentação isométrica 0-2
3- Coordenação chave de perna 0-2
4- Ângulo extensão coluna 0-3
Figura 22: Etapas movimento Cambré
45
Tabela 5: Elementos observados na avaliação técnica dos movimentos
circenses
Elementos observados Pontuação atribuída
Portô
1- Técnica da subida 0-2
2- Sustentação isométrica 0-1
3- Coordenação chave de perna 0-1
4- Coordenação chave de costas 0-2
5- Coordenação virada 0-2
6- Alinhamento pernas 0-2
Figura 23: Etapas movimento Portô
3.4. Análise de dados
Após coleta de dados, foi realizado um teste de normalidade, após a
verificação da normalidade, foi usado o teste T de Student, pareado ou
independente dependendo da adesão dos sujeitos a pesquisa para a
comparação dos momentos antes e depois do programa proposto.
46
4. RESULTADOS
Foi realizada a comparação entre os dados obtidos na avaliação inicial e
na final dos participantes, em relação as mensurações antropométricas,
flexibilidade, medida da amplitude articular, resistência abdominal, força de
membros superiores e análise do gesto técnico de dois movimentos circenses.
Ao analisar o peso e estatura, o grupo de participantes do programa de
atividades circenses não apresentou melhora significativa em ambas as
variáveis, os valores se mantiveram como podemos observar no gráfico 1.
Gráfico1: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo
analisado em relação ao peso e a estatura dos participantes.
Quando analisada a perimetria corporal dos participantes, observamos
aumento significativo apenas nas medidas de ambos os braços. Nas demais
medições realizadas: peitoral, cintura, abdômen, quadril, antebraço, coxa e
panturrilha não obtivemos diferenças significativas.
0
50
100
150
200
PESO ESTATURA
PRE POS
47
Gráfico 2: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo
analisado em relação à perimetria corporal. * p<0,05 em comparação ao pré.
Quando realizada a análise de dobras cutâneas o grupo de participantes
apresentou diminuição significativa na medida das dobras axilar média,
abdominal e coxa. Já nas dobras tricipital, subescapular, peitoral e supra ilíaca
não foram observadas alterações significativas.
Gráfico 3: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo
analisado em relação às medidas das dobras cutâneas. * p<0,05 em
comparação ao pré.
Apesar de não termos verificado alterações na avaliação do peso dos
participantes, ao analisarmos a composição corporal, pudemos observar
diminuição do percentual de gordura e um pequeno aumento no percentual de
massa magra dos participantes, após o programa de atividades circenses,
como demonstra o gráfico 4 abaixo:
0
20
40
60
80
100
120
PRE POS
* *
0
10
20
30
40
PRE POS
***
48
Gráfico 4: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo
analisado em relação ao percentual de gordura e ao percentual de massa
magra.
Para análise da flexibilidade foram realizadas três avaliações, o
flexiteste, a goniômetria e o teste sit and reach (WELLS, 1952)
Selecionamos apenas três movimentos da bateria de testes do flexiteste,
sendo estes os mais frequentes na realidade prática das modalidades
circenses, os participantes apresentaram melhora significativa na realização
dos movimentos 5 (flexão do quadril), movimento 6 (extensão do quadril), e
extensão de coluna do flexiteste, como demonstrado no gráfico a seguir
(gráfico 5 )
Gráfico 5: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo
analisado em relação a pontuação obtida nos movimentos analisados do
flexiteste. * p<0,05 em comparação ao pré.
0
20
40
60
80
% GORDURA % DE MASSAMAGRA
PRE POS
*
* *
* *
49
Esta melhora também foi confirmada ao analisarmos as angulações
obtidas através do goniômetro, em três movimentos articulares muito comuns
na prática circense, tanto na execução ativa como na passiva. Foi verificada
melhora da amplitude de movimento articular considerada significativa em
todos os movimentos realizados. (gráfico 6)
Gráfico 6: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo
analisado em relação aos ângulos obtidos em três movimentos articulares,
através de goniometria. * p<0,05 em comparação ao pré.
Na análise dos valores obtidos através do teste sit and reach foi
observada melhora significativa dos sujeitos após o programa de atividades
circenses. (gráfico 7)
Gráfico 7: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo
analisado em relação às medidas obtidas no teste sit and reach * p<0,05 em
comparação ao pré.
0
50
100
150
200
Af. Lateral Af AP ativo Af APpassivo
Ext COLUNAativo
Ext COLUNApassivo
PRE POS
* **
* *
0
10
20
30
40
50
PRE POS
*
50
Para análise da força abdominal foram realizados o teste abdominal em
um minuto, o teste de isometria abdominal e de abdominal inferior. Em todos
pudemos observar melhora significativa da força abdominal dos participantes.
(gráfico 8)
Gráfico 8: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo
analisado em relação aos testes de força abdominal. * p<0,05 em comparação
ao pré.
Para análise da força de membros superiores, realizamos o teste em
isometria suspenso no tecido acrobático. O grupo apresentou melhora
considerada significativa após o programa de atividades circenses, vide quadro
abaixo (gráfico 9)
Gráfico 9: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo
analisado em relação ao teste de força isométrica de membros superiores. *
p<0,05 em comparação ao pré.
0
20
40
60
80
ABDISOMETRICO
ABD 1MINUTO
ABDINFERIOR
PRE POS
*
*
*
**
*
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
PRE POS
*
51
Também foi realizada a avaliação do gesto técnico de dois movimentos
característicos circenses. Em ambos os sujeitos apresentaram melhora
significativa na execução técnica dos movimentos. (gráfico 10 e 11)
Gráfico 10: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo
analisado em relação às notas obtidas na avaliação da realização do gesto
técnico do movimento circense “cambré”. * p<0,05 em comparação ao pré.
Gráfico 11: Médias e desvios-padrão dos valores iniciais e finais do grupo
analisado em relação às notas obtidas na avaliação da realização do gesto
técnico do movimento circense “portô”. * p<0,05 em comparação ao pré.
*
*
52
5. DISCUSSÂO
Provocar benefícios na aptidão física dos indivíduos deve ser, sem
dúvida, uma das preocupações primordiais ao se planejar um programa de
atividades físicas. Segundo Pate et. al. (1995) os exercícios devem ser
pensados, planejados e estruturados objetivando a manutenção ou a alteração
de um ou mais componentes da aptidão física.
Diversas práticas corporais já são tradicionalmente reconhecidas como
práticas promotoras da saúde e da aptidão física, e têm ao longo do tempo se
firmado nesta condição.
Lehn (2008) relata que apesar de ser uma prática corporal muito antiga,
o circo e seus conhecimentos permaneceram por muito tempo reclusos em
suas tradicionais tendas, o autor ainda afirma que a recente renovação
circense provocou grande expansão de sua prática na modernidade, existindo
atualmente mais atividades circense do que nunca.
Sacco e Braz (2010) apresentam como capacidades biomotoras
desenvolvidas através da prática circense: a coordenação motora, a força, a
resistência, a flexibilidade, a velocidade e o equilíbrio, sendo elas diretamente
relacionadas à aptidão física.
Os resultados do presente estudo corroboram com a literatura, em
relação as variáveis analisadas: força e flexibilidade. Nosso estudo mostrou
melhora significativa, num grupo de alunos iniciantes, após o programa de
tecido acrobático nos testes de força abdominal, força isométrica de membros
superiores, nos testes de flexibilidade, nas medidas de amplitude articular e na
avaliação técnica do movimento circense.
Acreditamos que não foi possível observar alterações significativas no
peso e na composição corporal dos participantes, devido a curta duração do
programa de atividades circenses, que totalizou dois meses de prática, e
principalmente por não se tratar de um programa aeróbio. Porém, ao
analisarmos a composição corporal, pudemos observar de forma não
estatisticamente significativa, diminuição do percentual de gordura e um
53
pequeno aumento no percentual de massa magra dos participantes após o
programa, o que aponta para uma modificação em sua estrutura corporal.
Essa informação é reforçada pela análise da perimetria, na qual
observamos um aumento significativo nas medidas do braço, e diminuição
significativa na dobra cutânea abdominal, regiões muito solicitadas nos
movimentos circenses e evidenciadas durante o programa proposto.
A melhora da flexibilidade foi demonstrada em todos os testes
propostos. No flexiteste obtivemos uma análise visual comparando a amplitude
do movimento, parâmetro intrinsecamente relacionado com a flexibilidade, com
uma escala de imagens como referência. O grupo apresentou melhora
significativa nesta análise visual, o que foi confirmado ao analisar os valores
obtidos através da goniometria realizada nos movimentos articulares presentes
na técnica circense e os valores obtidos no teste sit and reach (WELLS, 1952).
Observamos melhora significativa nos três testes propostos para análise
da força abdominal, os quais nos dão resultados sobre a força abdominal
superior, inferior e a força isométrica desta musculatura. O grupo também
demonstrou melhora significativa no teste de força isométrica de membros
superiores realizado no tecido acrobático.
Nossos resultados sugerem que o treinamento proposto no tecido
acrobático visando o desenvolvimento da força muscular pode corresponder a
um treinamento de força tradicional que, segundo Fleck (1999), deve objetivar
o aumento da massa magra e a diminuição do percentual de gordura e que
segundo McArdle; Katch; Katch (2008) deve provocar um estímulo acima dos
habituais induzindo o organismo a uma série de adaptações que o permitem
funcionar de forma mais eficiente.
Acreditamos que a especificidade dos movimentos da técnica circense,
onde frequentemente o praticante lida com a altura devendo movimentar-se
sem o auxílio do solo e da facilitação que este proporciona à movimentação em
geral, e a necessidade de manter-se constantemente em suspensão no
aparelho circense (tecido acrobático), exige grande ativação de toda a
musculatura de membros superiores e abdominal, como pudemos observar nos
54
valores obtidos neste estudo, assim, nossos resultados evidenciam que a
prática de atividades circenses pode ser considerada um caminho viável e uma
opção inovadora para o desenvolvimento da força e flexibilidade nos
indivíduos.
Também constatamos uma melhora significativa, além da expectativa,
na análise da execução técnica dos movimentos circenses, o que demonstra
que além dos benefícios físicos obtidos já citados anteriormente, houve
também uma melhora no gesto técnico do movimento. Isso mostra que os
participantes conseguiram após o programa melhorar a plasticidade dos
movimentos, absorvendo um pouco da linguagem circense, o que representa
um diferencial do circo em relação as modalidades tradicionais.
Os movimentos “cambré” e “portô” apenas foram executados por
completo a partir da metade do programa de atividades circenses, devido ao
tempo de aprendizado. Foi possível observar uma rápida melhora na
plasticidade e estética do movimento a medida que se desenvolvia a força e
flexibilidade dos participantes.
Todas as etapas, bem como os exercícios selecionados, planejados e
organizados em cada uma delas fizeram parte do programa de tecido
acrobático e se complementam, assim como acontece nos diversos esportes e
programas de exercícios físicos onde são combinados exercícios básicos e
exercícios específicos da modalidade em si, ou seja, estamos cientes de que
os resultados aqui descritos são efeitos do programa como um todo e não
apenas dos movimentos caracteristicamente circenses.
55
6. CONCLUSÃO
Podemos concluir que um programa de tecido acrobático promove
aumento significativo nos componentes flexibilidade, força e resistência
abdominal em jovens saudáveis, portanto acreditamos que o circo pode ser
considerado uma atividade física capaz de promover melhoras em aspectos
biológicos da saúde.
Também foram observadas mudanças positivas não mensuradas em
aspectos psicológicos relacionados a motivação e o envolvimento durante a
prática, bem como na auto-superação dos participantes em relação a
medos/receios ao lidar com a altura no aparelho circense, o que aponta para
benefícios que transcendem o âmbito fisiológico, portanto acreditamos que
fazem-se necessários estudos com tal abordagem.
Conseguimos através desse estudo determinar parâmetros que podem
contribuir para o crescimento da modalidade como uma opção de atividade
física, e também para a sua utilização como uma ferramenta atrativa e
desafiadora em programas de treinamento e condicionamento físico.
Acreditamos que além dos benefícios físicos que um programa de
atividades circenses pode proporcionar, aventurar-se em práticas não
tradicionais como o circo é uma possibilidade de ampliar o repertório corporal
através dos movimentos desta técnica milenar, além de contribuir para a
preservação e incentivo desta linguagem valorizando o circo como fenômeno
cultural.
56
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62
ANEXO 1:PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
63
64
APÊNDICE 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TÍTULO DA PESQUISA: EFEITOS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE TECIDO
CIRCENSE SOBRE A FORÇA E FLEXIBILIDADE DE JOVENS ADULTOS
Assinando este Termo de Consentimento, estou ciente de que:
Esta pesquisa vai avaliar o efeito da prática de atividades circenses sobre a aptidão
física, com ênfase na força e flexibilidade.
Este estudo mostrará qual a influência de um programa de atividades circenses sobre a
flexibilidade, força e resistência abdominal dos indivíduos.
Todos participantes passarão por sessões de treinamento de atividades circenses, de
forma voluntária.
A participação neste estudo incluirá avaliações no início e ao final do período de
treinamento, que serão:
- Mensurações antropométrica: estatura e peso dos sujeitos, a perimetria será realizada através
de fita métrica.
- Dobras cutâneas para a análise de composição corporal pelo protocolo de 7 dobras.
- Flexibilidade músculo-esquelética passiva: através do flexiteste.
- Medidas da amplitude de movimento articular específicos: utilizando um goniômetro universal
plástico, serão coletados os dados nos movimentos da articulação do quadril.
- Resistência abdominal: através do teste abdominal modificado em um minuto.
- Resistência abdominal inferior: será avaliada quantificando-se as contrações abdominais durante
um minuto em suspensão no espaldar.
- Força isométrica abdominal: cronometrando-se o tempo de permanência em contração em
suspensão no espaldar de madeira. - Força isométrica de membros superiores: será
cronometrado o tempo que o sujeito permanece suspenso no tecido acrobático se sustentando
apenas com os membros superiores.
- O Treinamento: consiste em 2 sessões semanais, por um período de 8 semanas, totalizando 16
sessões de treinamento.
Você não receberá qualquer forma de gratificação por sua participação no experimento.
Nem terá custos com instrumentos e equipamentos.
65
Riscos e Benefícios: Esse projeto oferece riscos mínimos à saúde dos indivíduos, além
dos naturalmente previstos para a prática de atividades circenses como distensões, dores
musculares ou quedas que serão minimizados com a utilização de colchões de segurança. O
treinamento será aplicado pela pesquisadora com experiência na docência circense, minimizando
os riscos. Durante os testes e treinos pode ocorrer algum tipo de lesão ou desconforto, caso
aconteça o participante será encaminhado à Enfermaria da Universidade São Judas Tadeu.
Os benefícios aos participantes serão a vivência na modalidade, e a oportunidade de
maior conhecimento em relação à sua aptidão física.
Esperamos observar melhora na força, flexibilidade e resistência abdominal.
As informações colhidas serão mantidas em absoluto sigilo e sua identidade será
preservada em todas as situações que envolvam discussão, apresentação ou publicação dos
resultados da pesquisa, a menos que haja uma manifestação da sua parte por escrito,
autorizando tal procedimento.
Se em algum momento você tiver dúvidas sobre a pesquisa, favor comunicar-se com o
pesquisador responsável, Prof. Dr. Érico Caperuto pelo telefone 973373012. Se você acredita que
sofreu algum dano no decorrer desta pesquisa como participante do estudo, você deve entrar em
contato com o Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da USJT pelo telefone 27991944 ou
A sua recusa em participar do procedimento não lhe trará nenhum prejuízo, estando livre
para abandonar o experimento a qualquer momento, sem nenhuma penalidade ou prejuízo.
AUTORIZAÇÃO PARA PARTICIPAR DA PESQUISA
Eu,
______________________________________________________________________________
__________________
portador do RG: _____________________________ Declaro que li, ou que me foi explicado em
linguagem de meu entendimento, o documento de consentimento anexado. Eu tive a
oportunidade de perguntar sobre o estudo e todas as minhas dúvidas foram respondidas de
maneira satisfatória.
Eu entendo que tenho a liberdade de retirar esta autorização e descontinuar minha participação
deste estudo a qualquer tempo.
66
____________________________________________ _____/_____/_____
Assinatura do participante Data
____________________________________________ _____/_____/_____
Assinatura do pesquisador responsável Data
67
APÊNDICE 2: Programa de atividades circenses – Tecido circense
Estrutura das aulas
Parte inicial:
Aquecimento dinâmico das articulações.
Exercícios de flexibilidade dinâmica e estática, com e sem a utilização
do tecido acrobático.
Parte principal:
Exercícios de força organizados em formato de circuito, com a utilização
do tecido acrobático, espaldar, elástico, bola suíça, corda, banco sueco
e exercícios livres.
Movimentos específicos da modalidade tecido acrobático
Parte final:
Relaxamento
68
APÊNDICE 3: EXERCÍCIOS REALIZADOS
Preparatórios:
Força
Isometria de membros superiores no tecido: O indivíduo permanecia
sustentando seu corpo no tecido acrobático apenas utilizando a força
dos membros superiores.
Tesourinha: em isometria sustentando-se no tecido acrobático o
indivíduo realizava adução e abdução das pernas.
Dorsal: posicionado em decúbito ventral, realizava extensão de tronco.
Flexão de braços: partindo da posição de prancha, era realizado
flexões de braço.
Flexão com apoio no tecido: foi realizada flexão de braços, com as
mãos apoiadas no solo e os pés apoiados em suspensão no nó do
tecido acrobático
Abdominal no espaldar: flexão abdominal com o auxílio do espaldar
Abdominal no tecido: sentado sobre o nó no tecido acrobático, eram
realizadas flexões abdominais partindo da posição invertida.
Abdominal na bola suíça: deitado sobre a bola eram realizadas flexões
abdominais
Abdominal com apoio no tecido: partindo da posição de prancha com
os pés apoiados no tecido, o indivíduo realizava a flexão das pernas.
Abdominal com elevação dos joelhos: posicionado em decúbito
dorsal com as pernas flexionadas, elevava simultaneamente os joelhos
aproximando-os do peito.
Abdominal com elevação dos joelhos e do tronco: deitado em
decúbito dorsal com as pernas flexionadas, elevava-se simultaneamente
o tronco e as pernas, tocando as mãos nos joelhos.
69
Abdominal com as pernas estendidas: deitado em decúbito dorsal
com as pernas estendidas, e os braços estendidos acima da cabeça,
elevava alternadamente cada perna, tocando com a mão no joelho
contrário.
Abdominal com as pernas afastadas: deitado em decúbito dorsal com
as pernas estendidas e afastadas, eram realizadas flexões abdominais
até que as mãos tocassem o solo entre as pernas.
Abdominal inferior com a bola: Iniciando na posição de prancha com
os pés apoiados na bola, eram realizadas flexões abdominais
aproximando os joelhos do peito deslizando a bola.
Prancha frontal: em decúbito ventral, posicionava-se o tronco, o quadril
e as pernas fora do chão, apenas mantendo as pontas dos pés e o ante-
braço em contato com o solo.
Extensão de tríceps no banco sueco: Apoiado na borda do banco
posicionado de costas para o banco, pernas levemente flexionadas
apoiadas pelo calcanhar, eram realizadas extensão e flexão do braço.
Flexibilidade
Espacate: afastamento antero-posterior das pernas atingindo o ângulo
máximo
Espacate com uma das pernas no tecido: afastamento antero-
posterior das pernas atingindo o ângulo máximo
Reloginho: afastamento lateral das pernas atingindo o ângulo máximo.
Ponte: em decúbito dorsal, extensão de membros superiores e inferiores
elevando o quadril.
Ponte com auxilio do tecido acrobático: apoiando no nó do tecido
acrobático, individuo realizava extensão de coluna até alcançar
com as mãos no solo.
70
Específicos:
Subida simples: a partir de um movimento circular com uma das pernas
de fora para dentro enrolar o tecido nesta perna; elevar o joelho o mais
alto possível e flexionar o pé (posição flex); sustentar o corpo por alguns
segundos; elevar a outra perna e pisar no tecido que está sobre o pé
flexionado, de modo que ele fique bloqueado entre os pés; deslizar os
braços para cima e segurar novamente o tecido com as mãos; soltar
levemente a trava entre os pés e realizar a flexão das pernas, de modo a
deixar o tecido deslizar entre as pernas e os pés para que novamente
seja executado o movimento.
Subida esquadro: sustentar-se no tecido com os membros superiores,
realizar o esquadro, flexionar os joelhos prendendo o tecido, recomeçar
o movimento segurando em um ponto mais alto do tecido.
Morcego: a partir da subida simples, separar os tecidos, enrolar as
pernas e permanecer na posição invertida.
Esquadro: sustentar-se no tecido com os membro superiores, sustentar
as pernas afastadas flexionando o quadril.
Espacate com as pernas enroladas no tecido: afastamento antero-
posterior das pernas atingindo o ângulo máximo
Portô: Com os tecidos separados, sustentar o corpo com os membros
superiores, com movimento circular de fora para dentro enrolar as
pernas; Realizar o Cristo;formar um X nas costas deixando que o tecido
passe bem abaixo das axilas; realizar um movimento de esquadro para
trás com as pernas afastadas (elevação das pernas, inclinação do tronco
para trás e para baixo).
Cristo: separar as duas partes do tecido, passar os braços para frente
entre os tecidos, mantendo-os em abdução.
Cambré: realizar o morcego, puxar o tecido buscando aproximar os pés
da cabeça.
71
Trava de pé: após a subida simples, flexionar os quadris, sustentar a
perna de baixo e com a perna de cima empurrar com o pé o tecido na
altura dos joelhos; realizar uma volta de fora para dentro no outro pé de
maneira que forme um nó no meio deste.