UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ...
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
BIOMÉDICA
CLÁUDIO OLTMANN
DESENVOLVIMENTO DE UMA APLICAÇÃO WEB E UM APLICATIVO MOBILE PARA O CONTROLE DA RECUPERAÇÃO DO TREINAMENTO
FÍSICO ATRAVÉS DA TOTAL QUALITY RECOVERY.
DISSERTAÇÃO
CURITIBA 2018
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CLÁUDIO OLTMANN
DESENVOLVIMENTO DE UMA APLICAÇÃO WEB E UM APLICATIVO MOBILE PARA O CONTROLE DA RECUPERAÇÃO DO TREINAMENTO
FÍSICO ATRAVÉS DA TOTAL QUALITY RECOVERY
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Biomédica, do programa de Pós Graduação em Engenharia Biomédica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Elto Legnani
CURITIBA
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
O52d Oltmann, Cláudio
2018 Desenvolvimento de uma aplicação web e um aplicativo mobile
para o controle da recuperação do treinamento físico através
da total quality recovery / Cláudio Oltmann.-- 2018.
122 f.: il.; 30 cm.
Disponível também via World Wide Web.
Texto em português com resumo em inglês.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Tecnológica Federal
do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica,
Curitiba, 2018
Bibliografia: f. 79-85.
1. Aplicações web - Desenvolvimento. 2. Aplicativos
móveis – Desenvolvimento. 3. Software - Validação. 4. Educação
física e treinamento - Reabilitação. 5. Periodização do
treinamento físico. 6. Psicofisiologia. 7. Atletas – Aspectos
fisiológicos. 8. Reabilitação – Indicadores. 9. Percepção. 10.
Engenharia biomédica - Dissertações. I. Legnani, Elto, orient.
II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-
graduação em Engenharia Biomédica. III. Título.
CDD: Ed. 23 -- 610.28
Biblioteca Central do Câmpus Curitiba – UTFPR
Bibliotecária: Luiza Aquemi Matsumoto CRB-9/794
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2018
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DEDICATORIA
Dedico esta dissertação aos meus pais, Onofre e Zenir, que com sua sabedoria de pessoas simples acreditaram em mim e me incentivaram sempre a estudar e não aceitar a minha realidade.
Sem jamais esquecer minha família, Vanessa, Yasmin e
Nicolas, que compreenderam as minhas angustias e com seu amor me apoiaram a vencer esse desafio.
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AGRADECIMENTOS
Durante todos os meus anos nos bancos escolares, me recordo claramente de todos os mestres que fizeram diferença na minha caminhada, para agradecê-los certamente uma página seria insuficiente, para estes, digo, do fundo do meu coração obrigado!
Já há algum tempo havia perdido a esperança de atingir o grau de mestre, eis que Deus colocou em meu caminho o professor Dr. Elto Legnani, um amigo que me ajudou muito nesta jornada, orientando-me e pelo qual tenho profunda gratidão.
Sou grato também a todo corpo docente da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) pela orientação ao longo desta jornada.
Agradeço ao meu amigo e parceiro neste projeto, Tiago Andrade, sem sua ajuda, certamente não teríamos chegado aonde chegamos.
Finalmente, agradeço aos pesquisadores e professores da banca examinadora pela atenção e contribuição dedicadas a este estudo.
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“Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos.”
Albert Einstein
https://www.pensador.com/autor/albert_einstein/
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RESUMO
OLTMANN, Cláudio. Título: Desenvolvimento de uma aplicação WEB e um aplicativo mobile para o controle da recuperação do treinamento físico através da Total Quality Recovery. Dissertação de mestrado profissional da Engenharia Biomédica – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2018. O conhecimento sobre o treinamento esportivo avançou muito nos últimos anos,
entretanto, atletas, técnicos e cientistas ainda têm muitas dúvidas em relação ao
momento ideal de aplicar uma nova carga de treino e o tempo necessário para a
recuperação dos atletas a fim de permitir o controle das adaptações indesejadas, e
evitando os estados de cansaço e supertreinamento. O objetivo deste estudo foi
desenvolver e validar um aplicativo web mobile para monitorar e avaliar a recuperação
das cargas de treinamento em atletas de diferentes esportes. Este estudo consistiu
numa pesquisa aplicada quantitativa descritiva transversal dividida em quatro etapas:
elaboração e o desenvolvimento da aplicação web e do aplicativo para mobile,
validação de conteúdo da aplicação web e do aplicativo mobile juntos aos
especialistas da área e um estudo piloto para testar a aplicação, onde se avaliaram
recuperação dos atletas por meio dos indicadores da Total Quality Recovery-(TQR per
e TQR act) em 105 atletas das modalidades coletivas de futsal masculino categoria
sub17 e futebol masculino das categorias sub 12, 13, 14, 15. A aplicação permite o
monitoramento da TQR e pode ser acessada através do site (www.e-trimp.com) ou
por aplicativo disponível para o sistema android. Na avaliação dos professores e
profissionais especialistas, 58% das respostas facultadas ao sistema nos 14 itens
avaliados foram “Excelente”, 34% “Muito Bom” e 8% “Bom”. O estudo piloto mostrou-
se importante para a testagem do sistema, permitindo o acompanhamento longitudinal
da percepção da recuperação (TQR per) e das variáveis da recuperação (alimentação
e hidratação, sono e recuperação, relaxamento e suporte emocional, alongamento e
recuperação ativa), gerando resumos estatísticos descritivos básicos, assim como
gráficos da recuperação das sessões de treinamento, dos ciclos de treino e até mesmo
de toda a temporada permitindo a intervenção imediata ou a correção da periodização.
Conclui-se que o uso dessa tecnologia pode eliminar uma barreira geográfica e
temporal com relação ao gerenciamento das sessões de treinamento e mostrou-se
eficaz para a coleta de dados importantes a respeito da recuperação dos atletas,
auxiliando na prevenção de lesões e o supertreinamento.
Palavras-chave: aplicação web. aplicativo mobile. recuperação de treinamento.
cargas psicofisiológicas.
http://www.e-trimp.com/
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ABSTRACT
OLTMANN, Claudio. Title: Development of a WEB application and a mobile application
to control the recovery of physical training through Total Quality Recovery. Dissertation
of the professional master of Biomedical Engineering - Federal Technological
University of Paraná, Curitiba, 2018.
The knowledge about the sports training has advanced in recent times, however, athletes, coaches and scientists still have a lot of questions regarding the ideal moment to apply a new load of training and the necessary time to the recovery of the athletes in order to allow the control of the undesirable adaptations and avoiding the states of tiredness and overtraining. The goal of the present study was to develop and validate a web mobile app to monitor and evaluate the recovery of the training loads on athletes of different sports. It consists on a tranversal descriptive quantitative applied research divided into 4 stages: elaboration and development of the web application and of the mobile app, validation of the content of the web application and of the mobile app along with the area specialist teachers and a pilot study to test the application, where was evaluated the recovery of the athletes through the indicators of the Total Quality Recovery (TQR per and TQR act) on 105 athletes of the group modalities of masculine futsal under 17 category and masculine soccer of the under 12, 13, 14 and 15 categories. The application allows the monitoring of the TQR and can be accessed on the website (www.e-trimp.com) or by the app available for the android system. On the specialist teachers and professionals’ evaluation, 58% of the answers given to the system on the 14 evaluated items were rated as “Excellent”, 34% as “Very good” and 8% as “Good”. The pilot study proved to be important to the system testing, allowing the longitudinal monitoring of the recovery perception (TQR per) and the recovery variables (feeding and hydration, sleep and recovery, relaxation and emotional support, stretching and active recovery), generating basic statistic descriptive summaries, as well as charts of the recovery of the training sessions, the training cycles and even the whole season allowing the immediate intervention or the adjustment of periodization. We have concluded that the use of this technology eliminates a geographic and temporal barrier regarding the management of the training sessions and it can proved to be effective for the collection of important data about the athletes’ recovery, helping the prevention of injuries and the overtraining.
Key words: web application, mobile app, training recovery, psycho-physiological loads.
http://www.e-trimp.com/
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: TQR act – futsal SJP ................................................................................ 64
Gráfico 2: TQR per - futsal SJP ................................................................................. 65
Gráfico 3:TQR act –Renovicente sub-12 ................................................................... 66
Gráfico 4: TQR per–Renovicente sub-12 .................................................................. 66
Gráfico 5: TQR act –Renovicente sub-13 .................................................................. 67
Gráfico 6: TQR per–Renovicente sub-13 .................................................................. 67
Gráfico 7: TQR act –Renovicente sub-14 .................................................................. 68
Gráfico 8: TQR per–Renovicente sub-14 .................................................................. 68
Gráfico 9: TQR act –Renovicente sub-15 .................................................................. 69
Gráfico 10: Gráfico 10: TQR per - Renovicente sub-15 ............................................. 69
Gráfico 11: Comparativos entre a TQR per ............................................................... 70
Gráfico 12: TQR act- nutrição e hidratação ............................................................... 70
Gráfico 13: TQR act -sono e recuperação ................................................................. 71
Gráfico 14: TQR act - relaxamento e suporte emocional .......................................... 71
Gráfico 15: TQR act- alongamento e recuperação ativa ........................................... 72
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Escala de Percepção de Esforço (RPE) e Escala da Qualidade Total da Recuperação (TQR) .................................................................................................. 37
Tabela 2: Características das aplicações disponíveis no mercado ........................... 43
Tabela 3: TQR act - atletas recebem pontos por suas ações ao longo das 24 horas após os exercícios, com foco nos quatro principais fatores ...................................... 49
Tabela 4: Resultado da avaliação da aplicação pelos especialistas ......................... 61
Tabela 5: Características antropométricas da amostra da amostra avaliada ............ 64
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Lista das tecnologias utilizadas para desenvolvimento do projeto ........... 47
Quadro 2: TQR per- percepção da recuperação nas últimas 24 horas ..................... 48
Quadro 3: Sugestões dos professores e profissionais especialistas ......................... 63
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Curva de adaptação dos estímulos do treinamento ................................... 22
Figura 2: Modelo conceitual do bem estar continuo estabelecido consenso do International Olympic Committee 2015 (SOLIGARD et al., 2016) ............................. 32
Figura 3 : Etapas da metodologia .............................................................................. 44
Figura 4: Página de apresentação do sistema .......................................................... 52
Figura 5: Página de inicial do sistema ....................................................................... 53
Figura 6: Agenda dos treinos .................................................................................... 53
Figura 7: Configurações das equipes ........................................................................ 54
Figura 8: Configurações dos atletas .......................................................................... 54
Figura 9: Configurações das frequências dos treinos ............................................... 55
Figura 10: Cadastro dos tipos de treinamentos ......................................................... 55
Figura 11: Relatório das variáveis coletadas ............................................................. 56
Figura 12: Comparações das variáveis coletadas ..................................................... 56
Figura 13: Resultados da qualidade de recuperação (TQR per) ............................... 57
Figura 14: Resultados da qualidade de recuperação (TQR act) ............................... 58
Figura 15: Telas iniciais do sistema e-TRIMP mobile ................................................ 59
Figura 16: Telas de seleção da equipe e do atleta .................................................... 59
Figura 17: Telas de avaliação da TQR per e TQR act. ............................................. 60
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LISTA DE SIGLAS
TQR act
TQR per
RPE
Ações da qualidade total de recuperação
Percepção da qualidade total de recuperação
Rating of Perceived Exertion
TRIMP Impulso de treinamento
FC Frequência Cardíaca
PSE Percepção Subjetiva de Esforço
CK
Creatina Quinase
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SUMÁRIO
1.1 PROBLEMÁTICA .......................................................................................... 16
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................. 17
1.2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................... 18
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 18
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 18
2.1. TREINAMENTO DESPORTIVO .................................................................... 21
2.2 CARGAS DE TREINAMENTO ...................................................................... 24
2.2.1 CARGAS INTERNAS E EXTERNAS ......................................................... 24
2.3 MARCADORES DE CONTROLE DA RECUPERAÇÃO ............................... 27
2.3.1 PARÂMETROS FISIOLÓGICOS ............................................................... 27
2.3.2 INDICADORES PSICOFISIOLÓGICOS .................................................... 28
2.5 ESTÁGIOS DO SUPERTREINAMENTO ...................................................... 31
2.6 TOTAL QUALITY RECOVERY ..................................................................... 36
2.7 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO ...................................... 40
2.8 SISTEMAS DISPONÍVEIS ATUALMENTE NO MERCADO .......................... 42
3.1. CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ............................................................... 44
3.2 PARTICIPANTES .......................................................................................... 45
3.2.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ...................................................................... 45
3.2.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ..................................................................... 45
3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS ...................................................... 45
3.3.1 CARACTERIZAÇÕES DO SOFTWARE E SUAS FUNCIONALIDADES ... 45
3.4 PROCEDIMENTO DA VALIDAÇÃO LÓGICA, DE CONSTRUTO E DE CONTEÚDO ............................................................................................................ 49
3.5 ESTUDO PILOTO ......................................................................................... 50
3.5.1 PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS ........................................................ 51
4.1 APRESENTAÇÕES DAS APLICAÇÕES ...................................................... 52
4.1.1 FERRAMENTA WEB ................................................................................. 52
4.1.2 FERRAMENTA MOBILE ............................................................................ 58
4.2 RESULTADOS DA VALIDAÇÃO LÓGICA E DE CONTEÚDO PELOS ESPECIALISTAS .................................................................................................... 60
4.3 ESTUDO PILOTO ......................................................................................... 63
5.1 OS SISTEMAS WEB E MOBILE ................................................................... 73
APÊNDICES ........................................................................................................... 87
ANEXOS ................................................................................................................. 123
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1. INTRODUÇÃO
1.1 PROBLEMÁTICA
A principal dificuldade encontrada na organização do treinamento é distinguir
uma adaptação positiva, como resultado obtido pelo programa de treinamento de uma
adaptação negativa, impostas pelas cargas do treinamento à capacidade de
recuperação do atleta. Uma das condições primordiais para um treinamento de
qualidade é evitar estas adaptações indesejadas, que podem se manifestar de
diferentes formas, como síndrome do supertreinamento ou overtraining, um estado que
o atleta está treinando excessivamente, com uma baixa qualidade de recuperação,
sente-se mentalmente fatigado e apresenta uma deterioração do desempenho, ou
então um estado de cansaço e letargia, denominado staleness (KOELLING et al.,
2015).
Para atender às demandas comerciais, os calendários dos eventos tornaram-se
mais longos e cada vez mais congestionados, o que leva os atletas de alto nível, ao
limite nas suas capacidades físicas e rotinas de treino (HECKSTEDEN et al., 2016;
SOLIGARD et al., 2016). Quando há uma organização sistemática, complexa e
dinâmica das cargas de treinamento que permita o descanso e a recuperação suficiente
com equilíbrio, esta alta demanda do treinamento pode promover picos de performance
ideais, entretanto, quando os atletas estão fadigados sem a devida recuperação, a
possibilidade de lesões aumenta dramaticamente, podendo resultar em um dano à
saúde ou até o fim da carreira de um atleta (ALEXIOU; COUTTS, 2008; ARMSTRONG;
CARFAGNO; HENDRIX, 2014)
Indicadores fisiológicos e bioquímicos podem fornecer parâmetros sobre a fadiga
física a fim de monitorar e minimizar os danos. A glutamina plasmática, Creatina
Quinase (CK), imunoglobolina A, ureia, lactato sanguíneo e a variabilidade da
frequência cardíaca entre outros têm se mostrado muito úteis para avaliar o desgaste
físico. Entretanto, estes métodos isolados não são efetivos para prevenir os estados de
supertreinamento ( KENTTA; HASSMEN, 1998; ARMSTRONG; VANHEEST, 2002;
VILAMITJANA et al., 2014).
Outros testes que avaliam os chamados indicadores psicofisiológicos, também
podem fornecer indicativos sobre a recuperação e o estado de fadiga e possuem como
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principais vantagens o fato de serem muito confiáveis e também são altamente
replicáveis. São sensíveis aos aumentos na carga de treinamento e apresentam alta
correlação com os marcadores fisiológicos, além de ter um bom potencial para a
prevenção da mesma (KENTTA; HASSMEN; RAGLIN, 2001; KREHER; SCHWARTZ,
2012; SIKORSKI et al., 2013). Como por exemplo, o POMS (Profile of Mood States
Questionnaire) e o RESTQ (Recovery and Stress Questionnaire for Athletes) que
monitoram as sensações autorreferidas de estresse, recuperação e desempenho físico
(DE OLIVEIRA COSTA et al., 2017).
Um dos principais estudos com indicadores psicofisiológicos foi proposto por
Kenttä e Hassmén (1998) com a Total Quality Recovery (Qualidade Total da
Recuperação - TQR) para avaliar a resposta da recuperação das cargas de treinamento
por meio de indicadores psicofisiológicos em seus diversos aspectos. Eles
apresentaram duas escalas numéricas baseadas na escala da Percepção Subjetiva de
Esforço (PSE) desenvolvida por Borg (1962), a primeira permitia analisar a percepção
da recuperação ao treinamento do dia anterior, denominada (TQR act) e a segunda
identificar os pontos fracos que poderiam ser melhorados em quatro itens: nutrição,
hidratação, sono, recuperação, relaxamento, suporte emocional, alongamento e
recuperação ativa a qual chamaram de TQR per (KENTTA; HASSMEN, 1998).
Atualmente, esta ferramenta ainda mostra-se muito útil para o controle da
recuperação das cargas de treinamento, entretanto a coleta e análise desses dados são
feitas em planilhas do Excel ou então em anotações que nem sempre permitem um
armazenamento correto e grande parte desses dados é perdida ou subutilizada e não
geram feedbacks para os treinadores suportando suas tomadas de decisões para as
melhores opções treinos para seus atletas naquele momento.
Neste sentido, encontra-se um vasto campo com valor teórico e prático para
explorar a melhoria da gestão biomédica do treinamento por meio do desenvolvimento
de um instrumento que permita o uso efetivo na prevenção dos estados de
supertreinamento ou desgaste não funcional. Um método não invasivo, de baixo custo,
que permita uma análise frequente, simples, rápida e fidedigna sobre a recuperação
dos atletas.
1.2 OBJETIVOS
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1.2.1 Objetivo Geral
Desenvolver e validar um aplicativo web mobile para monitorar e avaliar a
recuperação das cargas de treinamento em atletas de diferentes esportes.
1.2.2 Objetivos Específicos
a) Desenvolver uma aplicação web para o controle das cargas perceptuais de
treinamento em atletas de diferentes modalidades esportivas.
b) Desenvolver um aplicativo mobile para o controle das cargas perceptuais de
treinamento em atletas de diferentes modalidades esportivas.
c) Validar a aplicabilidade e os conteúdos da ferramenta digital junto a especialistas
da área do treinamento desportivo (validação lógica, construto e conteúdo).
d) Realizar um estudo piloto com atletas de diferentes modalidades esportivas para
testar a aplicação web e o aplicativo mobile em campo para avaliar as cargas
perceptuais de treinamento.
e) Monitorar as variáveis da recuperação pelo método da TQR.
1.3 JUSTIFICATIVA
A tecnologia sempre esteve a serviço do esporte, frequentemente, verificam-se
novas possibilidades e apresentam-se novos desafios para inventar ou recriar modelos
de processos ou produtos que possam atender essa demanda por mudanças e a busca
por melhores resultados e desempenho.
Paralelamente a tudo isso, as modificações na estrutura dos treinamentos,
particularmente com aumento da frequência, duração, e intensidade das cargas se
fizeram necessárias. Estas variáveis são ajustadas várias vezes durante o ciclo de
treinamento, com maior ou menor fadiga dependendo da fase de treinamento e devido
à variada gama de atividades dentro da periodização o monitoramento em esportes
coletivos é muitas vezes percebido como desafiador.
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A inclusão de tecnologias integradas na rotina dos treinamentos dos atletas
permite a equipe técnica entender melhor os efeitos das cargas de treinamento na
fadiga, uma vez que os dados podem ser armazenados e analisados em tempo real e
comparados com as demandas do treinamento e competições para determinar as
modificações necessárias, reavaliando se a metodologia está, ou não, adequada à
demanda do jogo.
Desta forma o monitoramento das cargas e a recuperação do treinamento podem
produzir uma explicação científica para os ganhos de performance esportiva, o que
ajudará a aumentar a clareza e a confiança em relação a essas possíveis melhorias
minimizando o grau de incertezas associado com os ganhos. Permitindo o ajuste das
suas cargas de treinamento tanto para aumentar os benefícios do treinamento quanto
para evitar o supertreinamento. (DELLASERRA; GAO; RANSDELL, 2014; HALSON,
2014).
Justifica-se o monitoramento do treinamento também pelo aumento no
envolvimento no programa, aumentando o senso de participação de todos os atletas.
Dados coletados no monitoramento do treinamento podem também ser muito úteis para
facilitar a comunicação entre a comissão técnica. Quando combinados esses dados
podem ajudar a aumentar a crença e a confiança associada com o programa de
treinamento.
Embora nem todos os técnicos e cientistas se empenhem para coletar dados
sobre a recuperação dos treinamentos, para alguns, recursos insuficientes podem ser
a maior razão para não incluir um sistema de monitoramento. A falta de conhecimento,
ou ainda uma inabilidade para interpretar os dados coletados ou inexperiência com as
técnicas de monitoramento podem resultar em uma objeção para implantar um sistema
prático e sustentável. Soma-se ainda a necessidade de uma clara análise identificando
o porquê, o quê, com que frequência e como os dados serão interpretados além do
retorno destas informações para a comissão técnica.
Com os avanços das pesquisas na área do treinamento, tem-se um grande
número de marcadores de fadiga disponíveis, mas poucos apresentam uma forte
evidência científica que suporte o seu uso como indicador definitivo de fadiga. Ainda
não se chegou a um marcador realmente confiável, simples e específico para esse fim,
principalmente para indicar o supertreinamento ou desgaste não funcional nas fases
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iniciais (GRISSOM, 2005; DE FREITAS; MIRANDA; FILHO, 2009; HALSON, 2014;
OLTMANN et al., 2017).
Neste sentido os indicadores psicofisiológicos apresentam-se como uma boa
alternativa e têm sido empregados largamente por serem mais sensíveis do que os
indicadores fisiológicos as mudanças nas cargas de treinamento e bastante
consistentes. Podem revelar sinais de alerta mais facilmente do que vários marcadores
fisiológicos e imunológicos, estimando qualitativamente o nível de estresse sofrido e a
recuperação após os exercícios. Além de possuírem a vantagem de serem métodos
não invasivos, rápidos e de fácil aplicação.
Até o presente momento identifica-se uma lacuna no conhecimento de estudos
que apresentem ao mesmo tempo as características de um produto de inovação
tecnológica associada a uma ferramenta consistente para avaliar a recuperação do
treinamento físico.
O uso dessa tecnologia permitirá eliminar a barreira geográfica e temporal com
relação ao gerenciamento das sessões de treinamento, isto porque, os atletas poderão
interagir com seus treinadores e preparadores físicos independentemente do local onde
se encontrarem, bastando para isso, um dispositivo eletrônico (smartphones ou tablet)
com acesso à internet.
Desta forma, o projeto de desenvolvimento de uma aplicação web e um aplicativo
mobile para o controle da recuperação do treinamento físico através da Total Quality
Recovery apresenta-se com características de ineditismo na utilização de recursos
tecnológicos na área da gestão do treinamento esportivo ligado à engenharia
biomédica.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
Para uma melhor compreensão dos conteúdos que serão abordados neste
tópico, apresentam-se alguns conceitos importantes da literatura para contextualização
da discussão ao longo do estudo. Os temas abordados nesta revisão referem-se aos
conceitos do treinamento desportivo, como ocorrem a distribuição das cargas de
treinamento e a importância das cargas internas e externas. Apresentam-se também os
principais métodos e seus marcadores de fadiga utilizados para o controle da
recuperação, tanto marcadores fisiológicos como os indicadores psicofisiológicos.
Aditivamente serão contextualizadas as fases de evolução do supertreinamento
ou overtraining, caracterização do staleness, overreach functional e no functional.
E por último, a apresentação da Total Quality Recovery (TQR) com um
levantamento das principais aplicações disponíveis no mercado e suas características
para avaliar as cargas e recuperação do treinamento.
2.1. TREINAMENTO DESPORTIVO
O treinamento desportivo pode ser definido como um conjunto de atividades
sistemáticas utilizadas na preparação de indivíduos ou atletas, cujo objetivo é de
causar alterações morfológicas, metabólicas e funcionais especificas, para
consequentemente proporcionar um aumento positivo do desempenho em um
determinado período competitivo (BARBANTI, 2005; NAKAMURA; MOREIRA; AOKI,
2010a).
O período de treinamento inclui a participação em competições, habitualmente,
engloba sessões de treinamento com cargas elevadas e alto grau de dificuldade
(complexidade) com o objetivo de preparação para o evento competitivo (FOSCHINI et
al., 2007).
Ao considerar o treinamento físico uma condição exógena de estresse, o
organismo humano responde alterando sua estrutura para realizar a atividade de uma
forma mais eficiente mantendo suas condições ótimas de funcionamento sistêmico
(FOSCHINI et al., 2007).
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Sendo que a manipulação das cargas de treinamento e competição é
considerada um aspecto chave da periodização esportiva (COUTTS et al., 2008). A
aplicação de estímulos estressores, representados pela intensidade, duração e
frequência do exercício físico, deve sempre buscar o desequilíbrio da homeostasia
dos sistemas biológicos de maneira consistente com possibilidade de adaptação do
indivíduo. Esta adaptação adequada ao estímulo estressor permite ao organismo a
reorganização de seu mecanismo funcional para o restabelecimento de um estado
homeostático ideal. Assim, se um mesmo estímulo de estresse for imposto
novamente, os mecanismos homeostáticos não serão rompidos na mesma extensão
(HENRIQUE; DANTAS; SPOSITO-ARAUJO, 2011).
Figura 1: Curva de adaptação dos estímulos do treinamento Fonte: adaptada de Soligard et al. (2016, p.1031)
A melhoria do desempenho esportivo depende diretamente da distribuição
adequada das cargas de treinamento e recuperação fornecida aos atletas. A
capacidade de monitorar com precisão a carga de treinamento é um aspecto
importante para a eficácia da periodização também como prevenção de efeitos
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negativos, como redução no desempenho (HENRIQUE; DANTAS; SPOSITO-
ARAUJO, 2011).
A velocidade de adaptação ao treinamento de uma pessoa é limitada e não
deve ser forçada além da capacidade do seu organismo, consequentemente é
importante que as diferenças individuais sejam reconhecidas e levadas em conta ao
se elaborar um programa de treinamento. As principais alterações físicas relacionadas
ao treinamento ocorrem entre seis e dez semanas e a magnitude destas alterações
geralmente é controlada pelo volume de exercício aplicado durante o treinamento
(KENTTA; HASSMEN, 1998).
Em um estudo de revisão sobre a periodização do treinamento desportivo
realizado por Henrique et al. (2011) foram levantadas quase dez diferentes elementos
de carga, tais como: volume; intensidade; densidade; duração; frequência; natureza
dos exercícios; duração e natureza dos intervalos de repouso; número de repetições;
e magnitude do estímulo (DE FREITAS; MIRANDA; FILHO, 2009).
O sucesso do treinamento depende cada vez mais do equilíbrio entre alcançar o
desempenho máximo e evitar as consequências negativas do excesso de treinamento.
Os volumes de treinamento abaixo do que pode ser considerado otimizado não resultam
na adaptação desejada (ou seja, o maior ganho possível de desempenho), enquanto
que os volumes de treinamento acima do ideal podem, entre outras coisas, levar a uma
condição geralmente referida como síndrome de overtraining ou stalleness. O
treinamento rígido pode, aparentemente, ser a fórmula tanto para o sucesso quanto
para o fracasso (SOLIGARD et al., 2016).
A sobrecarga imposta no treinamento tem aumentado substancialmente nos
últimos anos na busca de melhores desempenhos, sendo importante considerar que há
uma linha tênue entre o treinamento ideal para o máximo rendimento e o excessivo.
Atualmente há uma grande preocupação dos treinadores e preparadores físicos são os
efeitos benéficos e nocivos do exercício físico, e cada vez mais o treinamento desportivo
está se voltando para um processo rigoroso e sistematizado (BORIN; GOMES; LEITE,
2007; NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010b).
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2.2 CARGAS DE TREINAMENTO
O grupo de Consenso do Comitê Olímpico Internacional (2015), concordou com
uma definição ampla de "carga" para o desporto (estressores fisiológicos, psicológicos
ou mecânicos únicos ou múltiplos) como um estímulo que é aplicado a um sistema
biológico humano (incluindo elementos subcelulares, com uma única célula, um ou
vários tecidos ou sistemas de órgãos do indivíduo). A carga pode ser aplicada ao
sistema individual biológico humano em diferentes períodos de tempo (segundos,
minutos, horas a dias, semanas, meses e anos) e com diferentes magnitudes de
duração, frequência e intensidade (SOLIGARD et al., 2016).
2.2.1 Cargas Internas e Externas
O termo "carga externa" é frequentemente usado de forma categórica como
“carga”, referindo-se a qualquer estímulo externo aplicado ao atleta que é medido
independentemente de suas características internas. Qualquer carga externa resultará
em respostas fisiológicas e psicológicas em cada indivíduo, após interação e com
variação em vários outros fatores de aspectos biológicos e ambientais. Esta resposta
individual é referida como “carga interna”.
Um dos princípios que regem o processo de treinamento é a variação da carga
de treinamento (externa e interna) ao longo do macrociclo (BOURDON et al., 2017).
Existem muitas medidas diferentes de carga, mas a evidência da sua validade
como marcadores de adaptação e má adaptação à carga é limitado. Um único marcador
da resposta de carga de um atleta não consegue prever uma má adaptação ou lesão
de forma consistente. O acompanhamento da carga total envolve mensurar a carga
externa, cujas ferramentas podem ser gerais ou específicas do esporte, e para as
cargas internas, as ferramentas devem ser objetivas ou subjetivas (HALSON, 2014).
Medir a carga externa normalmente envolve a quantificar a carga de treinamento
ou competição do atleta, como horas de treinamento, distância percorrida, watts
produzidos, número de partidas disputadas ou arremessos realizados. Atualmente,
existem vários métodos que são utilizados para quantificar as cargas de treinamento,
esses métodos podem ser descritos como a medida da carga de treinamento externo
-
25
(carga de treinamento independente das características internas individuais, como por
exemplo, mensurar a potência, velocidade e aceleração através de dispositivos como
o SRM ™ e o Power Tap™ com informações sobre a média, potência, velocidade,
cadência e aceleração, ou as Análises de Tempo e Movimento (TMA) que utilizam o
global position system (GPS) para fornecer dados como a velocidade, duração, tipo de
tarefa sempre referente à carga de treinamento (BOURDON et al., 2017).
Há ainda os métodos que mensuram a função neuromuscular, como o teste de
saltos (conter movement / squat jump) com variáveis de medidas que incluem potência
média, velocidade de pico, força de pico, altura de salto, tempo de voo, tempo de contato
e taxa de desenvolvimento de força (BOURDON et al., 2017).
O estresse fisiológico imposto sobre os atletas pela carga externa (carga
interna) pode ser medido por meio de métodos como a Rating of Perceived Exertion
(RPE), taxa da frequência cardíaca (FC), pelo impulso de treinamento (TRIMP), taxa
da concentração de lactato, recuperação da frequências cardíaca, variabilidade da
frequência cardíaca, dosagens bioquímicas, hormonais e imunológicas, questionários
e sono (IMPELLIZZERI et al., 2004; SOLIGARD et al., 2016; OLTMANN et al., 2017)
Além disso, outros fatores externos, como o estilo de vida, eventos diários,
aborrecimentos ou viagens devem ser quantificados, são igualmente importantes
principalmente em jovens atletas e devem ser monitorados (HALSON, 2014).
A carga interna é medida pela avaliação do processo fisiológico interno e a
resposta psicológica à carga externa, exemplos específicos incluem medidas como
frequência cardíaca (fisiológica / objetiva), classificação da percepção do esforço ou
questionários para estressores psicossociais (psicológicos / subjetivos)
(IMPELLIZZERI et al., 2004; SOLIGARD et al., 2016).
Enquanto a medida da carga externa é importante compreender o trabalho
completo, as capacidades e habilidades do atleta, a medição da carga interna é
fundamental para determinar o estímulo apropriado para uma melhor adaptação
biológica. (HALSON, 2014).
Outra questão relevante a ser considerada diz respeito à individualidade, a carga
interna também será influenciada pelas características individuais (exemplo: nível de
condicionamento e potencial genético). Comparar testes fisiológicos e psicológicos
pode levar a resultados duvidosos. Diferenças interindividuais no potencial de
recuperação, capacidade física, estressores em períodos de não treinamento e
-
26
tolerância ao estresse podem explicar diferentes graus de susceptibilidade dos atletas
em situações semelhantes (HALSON, 2014) (AUSTRALIAN STRENGTH &
CONDITIONING ASSOCIATION; SCOTT; SCOTT, 2014).
A dissociação entre as unidades da carga externa e interna podem revelar o
estado de fadiga de um atleta e a resposta fisiológica do indivíduo ao estímulo de
treinamento (carga interna). Esta pode ser um marcador de carga de treinamento mais
agudo, o processo de treinamento completo é composto pela combinação de ambos, a
carga externa e as características individuais. Portanto, pode ser que esses dois
elementos do treinamento forneçam diferentes informações para treinadores que
podem ser usadas para influenciar decisões sobre o processo de treinamento (DE
FREITAS; MILOSKI; FILHO, 2012).
As cargas externas confirmam se os resultados planejados do treinamento estão
sendo alcançados, enquanto as medidas internas de carga de treinamento podem ser
usadas para determinar como os jogadores estão respondendo ao treinamento. (BRINK
et al., 2014).
Esta quantificação precisa e distribuição adequada das cargas de treinamento
(CT) por meio de um programa de treinamento periodizado permitirão que atletas em
alto nível atinjam um patamar ideal de aptidão, trazendo adaptações específicas e
aumento de rendimento (AUSTRALIAN STRENGTH & CONDITIONING
ASSOCIATION; SCOTT; SCOTT, 2014).
Um problema observado em relação às cargas externas é a diferença de
percepção do treinador e dos atletas em relação às cargas de trabalho. De uma forma
geral, os atletas perceberam as sessões como mais difíceis do que o que pretendiam
os treinadores. Além disso, para as sessões propostas como fáceis e intermediárias
pelo treinador, os jogadores relataram uma intensidade de treinamento
significativamente maior. Para dias difíceis, os jogadores relataram menor intensidade
de treinamento (BRINK et al., 2014).
A teoria sugere que as cargas de treinamento interno podem ser mais
apropriadas para monitoramento de treinamento, enquanto que a carga externa
geralmente é considerada importante para a prescrição e planejamento de treinamento
(PALACIOS et al., 2015).
-
27
2.3 MARCADORES DE CONTROLE DA RECUPERAÇÃO
2.3.1 Parâmetros Fisiológicos
Alguns estudos têm demonstrado que o estresse muscular causados pelo
exercício físico intenso induz a lesões em sua estrutura, que são acompanhadas por
alterações nas concentrações séricas e plasmáticas de diversas proteínas
intracelulares (PALACIOS et al., 2015).
Nos esportes os parâmetros dos biomarcadores são a chave para avaliar o
impacto do exercício em diferentes sistemas, tecidos e organismos. Podem-se estimar
parâmetros para avaliar o grau de aptidão física, dano muscular, hidratação /
desidratação, inflamação, dano oxidativo, fadiga, excesso de treino, etc. que facilitam a
avaliação da resposta do corpo humano nos diferentes níveis de atividade física ou
treinamento sendo realizado (MCARDLE, W. D; KATCH, F. I; KATCH, 2003).
A maioria dos biomarcadores são medidos no sangue, urina e saliva. Os
biomarcadores podem ser usados para medir o impacto do treinamento em longo prazo
ou o efeito agudo do exercício. O valor ou concentração de um biomarcador depende
de muitos fatores, como o status de treinamento do sujeito, o grau de fadiga e do tipo e
duração do exercício, além da idade e gênero, entre outros. O clima também pode
desempenhar um papel, principalmente temperatura, umidade e velocidade do vento
(SIMÕES et al., 2004).
Dos indicadores bioquímicos, a Creatina Quinase (CK), por exemplo, representa
muito bem aumento de carga de treinamento (BARA FILHO et al., 2013; DE FREITAS
et al., 2014). A razão entre as concentrações plasmáticas da testosterona (T) e do
cortisol (C) também podem ser utilizadas como sinalizadora do nível de desgaste físico
apresentado pelo atleta. A testosterona é um hormônio anabólico, enquanto o hormônio
cortisol, cuja produção é aumentada em situações de estresse (como o treinamento
intenso e de longa duração), está relacionado com o catabolismo dos tecidos muscular
esquelético e adiposo. Foi observado durante um período de treinamento intensivo,
sinais de recuperação incompleta naqueles atletas que apresentaram uma diminuição
maior que 30% na razão T/C em repouso (DE FREITAS et al., 2014)
-
28
Outros parâmetros que têm sido investigados incluem alterações na resposta
autonômica cardíaca de repouso e após o exercício, diminuição de índices relacionados
à variabilidade da frequência cardíaca (VFC), pressão arterial (PA), consumo máximo
de oxigênio (VO²max) em repouso e no exercício. A queda de alguns parâmetros
hematológicos como a concentração de hemoglobina (Hgb) níveis sanguíneos de
leucocitose hematócrito, ferro, glicose, ureia e várias outras enzimas, principalmente
pelo aumento dos níveis séricos de Creatina Quinase (CK) e hormônios. Além de afetar
negativamente o estado de humor com diminuição da percepção de vigor e aumento da
percepção de fadiga (PALACIOS et al., 2015).
Em seu estudo com futebolistas, De Freitas (2014), apontou que a Creatina
Quinase (CK) parece ser uma variável mais reativa à carga de treinamento neste
esporte em relação às outras, e que as variáveis psicofisiológicas obtidas pelo
questionário de POMS apresentaram tendências similares a CK. Os valores da
variabilidade de frequência cardíaca assim como a hemoglobina, apresentaram uma
relevante tendência de resposta às alterações da carga, no entanto com uma
temporalidade diferente das demais (DE FREITAS et al., 2014).
Um dos principais limitações apresentadas por biomarcadores bioquímicos,
principalmente a cretaina kinase é a falta de valores de referência especificamente
adaptados para atletas e pessoas fisicamente ativas. As concentrações podem variar
consideravelmente dos valores de referência normais (PALACIOS et al., 2015)
2.3.2 Indicadores Psicofisiológicos
Outra forma descrita na literatura para monitorar a recuperação das cargas de
treinamento são os modelos de indicadores psicofisiológicos, que podem revelar sinais
de alerta mais facilmente do que os vários marcadores fisiológicos ou imunológicos,
sendo mais sensíveis e consistentes. Além disso, medidas psicológicas podem ser
aplicadas e reportadas mais rapidamente (minutos) do que ou marcadores sanguíneos,
que podem levar dias ou semanas para serem avaliados. (FREITAS et al., 2014;
SOLIGARD et al., 2016);(O’CONNOR et al., 1991).
-
29
A carga psicológica pode ser definida como a percepção do atleta em relação ao
treinamento. As medidas subjetivas podem ser mais sensíveis e consistentes do que
medidas objetivas na determinação de mudanças agudas e crônicas no bem-estar do
atleta em resposta à carga, podendo estimar qualitativamente a o nível de estresse e
recuperação após exercícios (HALSON, 2014).
Os testes psicológicos fornecem métodos mais fáceis e mais efetivos para
detectar a síndrome de supertreinamento do que os métodos que dependem de vários
fatores fisiológicos ou marcadores imunológicos (O’CONNOR et al., 1991).
Aparecem fortes evidências na literatura que o monitoramento é incorporado por
muitos técnicos de programas alta performance e que as medidas de autorelato são
mais comumente usadas, seguido por avaliações práticas específicas de desempenho
do desporto. Comissão técnica e treinadores estão incorporando estas técnicas
regularmente, com o objetivo de minimizar a fadiga e lesões, bem como examinar a
eficácia do programa de treinamento (BORG; BORG, 2002).
As quatro principais vantagens de se usar marcadores psicológicos para
identificar e monitorar o processo de supertreinamento são apresentadas por O’Connor,
(1991):
1) As mudanças psicológicas são mais confiáveis, isto é, mudanças de humor
coincidem com aumentos e diminuições em treinamento e também são altamente
replicáveis.
2) Alguns estados de humor são altamente sensíveis aos aumentos da carga de
treino (mudanças nesses estados ocorrem no início e têm grandes efeitos) enquanto
outros são mais sensíveis à síndrome de supertreinamento.
3) As variações nas medidas de humor geralmente se correlacionam com os
marcadores fisiológicos.
4) A titulação de cargas de treinamento com base no humor as respostas ao
excesso de treinamento parecem ter bom potencial para evitar o estado de
supertreinamento (O’CONNOR et al., 1991).
As escalas de percepção de esforço foram criadas com o principal objetivo de
estabelecer as relações entre percepção do esforço e as cargas de treinamento, ou
estresse fisiológico (NAKAMURA et al., 2005). O conceito de esforço foi desenvolvido
-
30
por Borg, na década de 50, juntamente com métodos a serem utilizados para medir o
esforço percebido e a fadiga e que são utilizados até hoje.
O que comumente sentimos e descrevemos como fadiga tem muito em comum
com o esforço percebido, principalmente durante ou logo após um exercício intenso.
Contudo, fadiga refere-se a um estado que poderia ser chamado de “sonolência” ou um
alto estado de cansaço ou exaustão. Por outro lado a percepção do esforço em
intensidades muito altas está também associada à redução da capacidade de trabalho
intimamente relacionado ao conceito de intensidade do exercício, ao trabalho muscular
intenso, envolvendo uma tensão relativamente alta sobre os sistemas
musculoesquelético, cardiovascular e pulmonar. Ao mesmo tempo condições de
motivação, emocionais e patológicas especiais podem estar envolvidas. Ambos têm em
comuns aspectos fisiológicos e psicológicos (BORG; BORG, 2002).
Os índices de esforço percebido (RPE) podem ser obtidos por vários meios, por
exemplo, as escalas da RPE ou CR10 de Borg. Por definição a RPE refere-se a todo
o esforço percebido, o qual depende vários fatores – indícios sensoriais, sintomas
somáticos e fatores emocionais. Foi construída de modo que certas funções
psicofísicas possam ser avaliadas de acordo com a suposição que a tensão fisiológica
cresce linearmente com a intensidade do exercício e que a percepção deve
acompanhar o mesmo aumento, mais comumente utilizada para testes de esforço
percebido (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2003).
A escala de esforço CR10, uma escala similar a RPE, onde são medidos critérios
psicofísicos internos, as respostas dizem mais respeito a uma escala de classificação
o que torna possível determinar funções incrementais para diferentes modalidades. A
CR10 é uma escala de intensidade geral que pode ser usada para estimar a maioria
dos tipos de intensidades perceptivas. Atualmente é de uso comum para a avaliação
de intensidades de dor (SOLIGARD et al., 2016).
A avaliação do esforço percebido é aceito como um método confiável para
monitorar a tolerância de um indivíduo em relação ao exercício físico, essa medição de
esforço correlaciona-se altamente com a FC e com a intensidade do exercício físico
(SOLIGARD et al., 2016).
Mais tarde, foi proposta por Foster et al. (1996) a PSE da sessão e tem como
objetivo quantificar a carga interna de treinamento. Que consiste em perguntar ao atleta
-
31
“Como foi a sua sessão de treino?”. Como a medida deve refletir a avaliação global de
toda a sessão de treino, a PSE da sessão é obtida após 30 minutos de encerramento
de cada sessão de treinamento e de competição (MCARDLE, W. D; KATCH, F. I;
KATCH, 2003; NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010).
Além da PSE, outras subescalas podem ser particularmente úteis para monitorar:
estresse não-esportivo, fadiga, recuperação física, saúde geral / bem-estar físico, vigor
/ motivação e sintomas físicos / lesões. Essas variáveis oferecem ao treinador e a outros
membros da equipe de suporte dados essenciais sobre a disposição do atleta para
treinar ou competir, e pode assim informar ajustes individuais a prescrição do
treinamento (SOLIGARD et al., 2016)
2.5 ESTÁGIOS DO SUPERTREINAMENTO
Considera-se a relação entre carga e recuperação como agentes contrários
mútuos de bem-estar contínuo e saúde. O esporte e as cargas não-esportivas
(aborrecimentos diários, eventos de estresse, idade, metabolismo, hormônios e fatores
genéticos) impõem estresse aos atletas, mudando seu bem-estar físico e psicológico
ao longo de um período que progride do estado de homeostase, através dos estágios
da fadiga aguda, funcional e não funcional (overeaching), depois para síndrome do
supertreinamento, seguindo para danos teciduais, sintomas clínicos, ferimento ou
doença com a continuidade da carga e em últimos casos, a morte. A morte é rara no
esporte, e tipicamente associada à doença subjacente, por exemplo, doença estrutural
cardíaca subjacente desencadeando uma arritmia fatal (SOLIGARD et al., 2016).
Para os atletas, a deterioração (clínica e de performance) ao longo de um período
geralmente termina em uma lesão ou doença. Nesse ponto, o atleta é obrigado a cessar
o treinamento (DE FREITAS; MIRANDA; FILHO, 2009; HECKSTEDEN et al., 2016;
SOLIGARD et al., 2016).
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32
Figura 2: Modelo conceitual do bem estar continuo estabelecido consenso do International Olympic Committee 2015 (SOLIGARD et al., 2016)
Os profissionais que cuidam da saúde dos atletas preocupam-se que a gestão
de cargas de treinamento deficiente combinada com um aumento e saturação do
calendário de competições pode causar danos na saúde dos atletas. Apesar da etiologia
destes danos nos esportes serem multifatoriais e envolvem fatores de risco intrínsecos
e extrínsecos, as evidências têm demonstrado que o não controle da recuperação são
as que oferecem maior risco de danos. Equilíbrio insuficiente entre carga e recuperação
pode levar a uma fadiga prolongada e respostas anormais do treinamento (HACKNEY;
BATTAGLINI, 2007; NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010a; SOLIGARD et al., 2016).
Esse desequilíbrio entre estímulos de treinamento e fatores de recuperação pode
ser encontrado não apenas em situações do treinamento e de competição, mas também
naquelas advindas de fora do treinamento e da competição. Assim, aspectos sociais,
educacionais, ocupacionais, econômicos, emocionais, nutricionais, viagens (sem a
possibilidade de escolha pelo atleta) e monotonia, além da falta de e atividades
recuperativas podem levar o organismo a desenvolver um estado de letargia e cansaço
e atuam no aumento do risco de desenvolver o supertreinamento
(ALVES; COSTA; SAMULSKI, 2006).
Um conceito-chave para o entendimento da carga é que as más adaptações são
complexas, e abrangem os aspectos fisiológicos, psicológicos, bioquímicos (ou
neuroendocrinológicos) e imunológicos. Geralmente são desencadeadas, não apenas
pela má gestão do treinamento e das cargas das competições, mas também pela
interação com estressores psicológicos não-esportivos, como o estresse negativo do
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evento e problemas diários. Integrando variações interindividuais (por exemplo, idade,
sexo, condicionamento, fadiga, saúde, psicologia, metabólica, hormonal e fatores
genéticos) com o gerenciamento de carga dos atletas. Em última análise, o período de
recuperação e adaptação e, portanto a susceptibilidade às lesões varia entre os atletas
de uma forma individual (ALVES; COSTA; SAMULSKI, 2006)
A incidência quanto aos sinais e sintomas do supertreinamento pode variar entre
7 e 20%. Pesquisas realizadas com atletas de endurance, especialmente nadadores,
observaram resultados semelhantes (7% a 21%), sendo que 10%apresentavam
sintomas graves. Esportes que envolvem grandes cargas de treinamento
frequentemente demonstram maior número de resultados negativos, como as
modalidades de corridas, natação, ciclismo e remo (KENTTA; HASSMEN, 1998).
Não há uma definição da terminologia geral sobre as consequências negativas
associadas ao treinamento físico excessivamente pesado. Muitos pesquisadores
denominam o fenômeno ou a síndrome do supertreinamento ou overtraining syndrome
de diferentes formas: fadiga crônica ou persistente (overfatigue), estafa física
(staleness), exaustão emocional (burnout), uso excessivo (over use – termo utilizado
também para lesões esportivas com característica micro traumáticas) e over work para
trabalho excessivo (O’CONNOR et al., 1991).
Além disso, os termos utilizados têm diferentes significados em diferentes
contextos. Os termos utilizados em relação ao supertreinamento incluem síndrome de
overtraining, overtrained, overstrained, overused, overworked, overstressed,
overreaching, stagnation, staleness, staleness syndrome, burnout e síndrome de fadiga
crônica (BUCHHEIT, 2014).
O termo staleness ou overtraining pode gerar certa confusão na terminologia é
em parte devido às diferentes teorias e tipos de pesquisa. Pesquisadores europeus
usaram principalmente os termos overstrained, overtraining, overstrain ou overtraining
syndrome para indicar o que alguns pesquisadores dos EUA se referem como staleness
ou a staleness syndrome (BUCHHEIT et al., 2013).
Um problema intimamente relacionado parece ser a incerteza de se os
sintomas observados precedem o staleness ou ocorre no início do desenvolvimento
da desordem (overreaching) ou são apenas manifestações do estado de staleness. O
overreaching e o supertreinamento são processos nos quais o atleta apresenta uma
queda no rendimento esportivo, sendo que no primeiro o indivíduo se recupera
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34
totalmente em no máximo duas semanas, mas no segundo o período de recuperação
pode levar de algumas semanas a meses (AUBRY et al., 2015).
A diferença entre positivo e negativo o excesso de treinamento depende do
resultado do processo treinamento. Um atleta que não recuperou dentro de 72 horas de
treinamento, presumivelmente, em trabalhado muito pesado e, portanto experimenta
um excesso negativo de treinamento e pode ser considerado em estado de overeaching
não funcional. O overreaching ocorre devido ao acúmulo do estresse do treinamento e
de outros fatores que resultam em uma diminuição da capacidade de rendimento, a qual
é restaurada de alguns dias a duas semanas. O overreaching pode ainda ser entendido
como parte do processo da supercompensação do organismo (KENTTA; HASSMEN,
1998).
Overreaching e staleness são usados e são considerados em extremidades
opostas da resposta de supertreinamento. Estas condições podem acarretar uma queda
no rendimento do atleta que pode ser revertida, com recuperação adequada, em até
duas semanas, caracterizando o overreaching. Caso a relação esforço-recuperação
inadequada se prolongue, o atleta pode vir a manifestar um estado conhecido como
burnout a que é a perda de motivação e afastamento da modalidade em casos graves
(DE FREITAS et al., 2014).
Um atleta em estado de cansaço e letargia ainda pode ser altamente motivado
para continuar treinando e pode até aumentar a carga de treinamento para compensar
a diminuição do desempenho (KENTTA; HASSMEN, 1998). Dessa forma, sugere-se
que o monitoramento do processo de treinamento deva ser realizado por marcadores
psicológicos, fisiológicos, bioquímicos e hematológicos, conjuntamente (KENTTA;
HASSMEN, 1998).
Distinguir entre marcadores que precedem ou sinais de aviso prévio com
valores de prognóstico e sintomas com diagnósticos de valor (quando a desordem foi
verificada) é extremamente difícil na maioria das situações aplicadas.
Consequentemente marcadores e sintomas são usados como sinônimos (BENTZEN;
LEMYRE; KENTTÄ, 2016).
Assim, a fronteira entre adaptação como resultado de um treinamento ótimo e os
estágios iniciais da má adaptação devido ao treinamento excessivo é tênue,
especialmente durante uma fase de treinamento pesado. Declínios no desempenho,
que são considerados como marca de supertreinamento e ocorrem junto com aumentos
na percepção de durante os treinos contínuos (ALVES; COSTA; SAMULSKI, 2006).
-
35
O processo de supertreinamento e seu os sintomas associados podem ser vistos
por meios de uma fadiga contínua de curto prazo (aguda) ou crônica, em longo prazo
(BENTZEN; LEMYRE; KENTTÄ, 2016). O supertreinamento em curto prazo é descrito
como sendo o decréscimo de desempenho atlético em um curto período de tempo, em
que o rendimento normal pode retornar de poucos dias a duas semanas de
recuperação. Nesse momento, ocorre a melhoria do desempenho por meio da
supercompensação ou treinamento ideal. Já o supertreinamento longo prazo é
caracterizado por um decréscimo persistente do desempenho atlético, acompanhado
geralmente (embora nem sempre) por alterações bioquímicas, fisiológicas e
psicológicas, com tempo de reversão do estado ocorrendo de algumas semanas a
meses de recuperação (DE ANDRADE NOGUEIRA et al., 2016).
O supertreinamento pode afetar os atletas de através do sistema nervoso
simpático ou parassimpático. Acredita-se que a síndrome do supertreinamento do
sistema simpático é um estágio intermediário antes do supertreinamento do sistema
parassimpático. No primeiro, uma predominância da atividade simpática é sugerida,
com FC e PA de repouso aumentadas, apetite diminuído, perda de massa corporal,
distúrbio do sono e irritabilidade. Quanto ao supertreinamento do sistema
parassimpático, são sugeridos uma frequência cardíaca de repouso baixa e frequência
cardíaca do exercício relativamente baixa. Ambos os tipos mostram deterioração no
desempenho e fadiga persistente. É possível que as respostas do supertreinamento
sigam uma progressão, refletida por uma predominância do simpático seguido pela
estimulação parassimpática (ALEXIOU; COUTTS, 2008).
Os fatores associados ao supertreinamento podem prejudicar a saúde do atleta
e afastá-lo momentaneamente de treinamentos e competições, podendo comprometer
completamente a carreira do mesmo. Admite-se que a principal causa desta síndrome
é o tempo inadequado de recuperação. A relação direta entre recuperação e estresse
da carga de treino reforça a necessidade da periodização dos programas de
treinamento para que os resultados sejam alcançados sem comprometer a saúde e a
integridade psicofísica e social do atleta, que e o foco principal do processo
(NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010a).
O atleta com a síndrome do supertreinamento, além da dificuldade em manter os
regimes de treinamento com consequente queda no desempenho, pode apresentar
infecção do trato respiratório superior, imunossupressão, percepção de pernas
pesadas, fadiga generalizada, aumento da percepção subjetiva do esforço, alterações
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36
da frequência cardíaca, em casos extremos, pode evoluir para o fenômeno do burnout,
processo no qual há um esgotamento psicofisiológicos do atleta sentindo-se este
completamente desmotivado com o esporte (SANTOS et al., 2015).
Disfunções no sistema nervoso autônomo, distúrbios do sono e do apetite,
alterações de humor, depressão, entre outros. Poucos estudos indicaram uma
descrição precisa do processo do supertreinamento para entender o padrão de
adaptações positivas e negativas as cargas de treinamento. Fatores como a monotonia
dos treinamentos, o excesso de pressão e de competições podem contribuir para o
supertreinamento, mas o principal fator causal dessa síndrome é a recuperação
inadequada (KENTTA; HASSMEN, 1998).
2.6 TOTAL QUALITY RECOVERY
Após observarem vários métodos descritos na literatura para monitorar os
processos de treinamento e poucos métodos para avaliar a recuperação dos
treinamentos, Kenttä e Hassmén (1998) propuseram um método através de uma
escala estruturada a partir do conceito da escala desenvolvida para classificações do
esforço percebido (RPE) desenvolvida por Borg (1950) e depois modificada por vários
outros autores Borg (1982), Grove (1993) e Noble e Robertson (1996), que eles
chamaram de Qualidade Total de Recuperação (TQR), inicialmente através de
respostas positivas em atletas suecos de elite em relação aos seus estados de
recuperação.
A Qualidade Total de Recuperação (TQR) é um instrumento prático e não
invasivo que, assim como a PSE da sessão, permite uma análise mais frequente e
rápida desta variável (KENTTA; HASSMEN, 1998). A tabela 1 apresenta as escalas da
PSE e da TQR.
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37
Tabela 1: Escala de Percepção de Esforço (RPE) e Escala da Qualidade Total da Recuperação (TQR)
Percepção Subjetiva de Esforço (PSE)
Qualidade Total da Recuperação (TQR)
6 6
7 Muito, muito leve 7 Recuperação muito, muito ruim
8 8
9 Muito leve 9 Recuperação muito ruim
10 10
11 Bastante leve 11 Recuperação ruim
12 12
13 Um pouco difícil 13 Recuperação razoável
14 14
15 Difícil 15 Recuperação boa
16 16
17 Muito difícil 17 Recuperação muito boa
18 18
19 Muito, muito difícil 19 Recuperação muito, muito boa
20 20
Fonte: Adaptada de Kentta e Hassmen (1998, p. 10)
A principal lacuna ao desenvolvimento desta escala está em relação ao processo
de recuperação que raramente são diferenciados entre cada atleta, podendo ser
proativo (impedindo a ocorrência de supertreinamento) ou reativo (reabilitação de
supertreinamento). Bem como o fator que mais está contribuindo para cada tipo de
estresse (somático ou cognitivo) advindo do treinamento, tensões psicossociais ou a
combinação deles (FERREIRA et al., 2014).
Entre as diferentes abordagens direcionadas para a recuperação, quatro
categorias principais foram identificadas:
a) Nutrição e alimentação: Uma dieta pobre em carboidratos com baixa ingestão de
líquidos, particularmente a falta de carboidratos, diminuirá a capacidade de tolerar
estresse fisiológico (treinamento). É bem conhecido que o reabastecimento de reservas
de glicogênio e fluidos é necessário tolerar frequentes e intensos de treinamento. Este
pode ser o fator mais importante na manutenção de treinamento de alta intensidade;
b) Sono e descanso: o fator mais mencionado e mais obvio para melhorar a
recuperação é o descanso. Nesse sentido, o descanso significa não se envolver em
-
38
nenhuma atividade física (recuperação passiva durante o dia) e obter sono suficiente
em quantidade e qualidade;
c) Relaxamento e suporte emocional: inclusão de técnicas de fisioterapia para
relaxamento, como massagens e sauna na rotina dos atletas são recomendadas e
envolvem também uma redução de todos os agentes estressores inespecíficos (isto é,
ocupacional, educacional, financeiros e sociais);
d) A intensidade do treinamento pode acelerar o processo de recuperação. O
descanso pode ser fornecido através da participação em um esporte diferente sem a
cobrança por desempenho. Desta forma, o exercício é usado como uma ferramenta
terapêutica para acelerar a recuperação.
O modelo da Qualidade Total de Recuperação propõe avaliar diariamente os
atletas e permitir acesso rápido a informações sobre variações nos marcadores
selecionados. Tal como apresentar a possibilidade de correção imediata e simultânea,
modulando a carga de treinamento e a recuperação e assim evitar o excesso de
treinamento (KENTTA; HASSMEN, 1998).
O objetivo principal do uso da escala da TQR é fornecer um instrumento para
avaliar a recuperação psicofisiológica em atletas. Seu uso tornou possível monitorar, e
a recuperação física ou simplesmente fornecer uma compreensão mais completa das
ações necessárias para alcançar uma recuperação total, e caso de necessidade,
interferir positivamente no processo da recuperação físicas dos atletas imediatamente.
Por outro lado, a necessidade de educar atletas e treinadores para melhorar o
processo de recuperação foi claramente afirmada por outros autores (KENTTA;
HASSMEN, 1998). Ao usar uma escala predefinida, os usuários não só serão mais
conscientes das complexidades do processo de recuperação, como também verão
mais facilmente como as ações realizadas se traduzem em uma recuperação
melhorada após treinamento (KENTTA; HASSMEN, 1998).
Desta forma, a escala da TQR foi dividida em duas subescalas: a primeira, e mais
fácil de utilizar devido as suas configurações aplicadas, foi denominada de escala TQR
percebido (TQR per), ou seja, uma medida global da recuperação física dos atletas.
Isto diz respeito à questão de como o atleta percebe a sua recuperação física de forma
global após um período de descanso. A segunda subescala mais complexa é referida
para a escala de ação TQR (TQR act). O objetivo dessas subescalas é criar um
parâmetro mais objetivo (TQR per) e mais um objetivo (TQR act), integrando assim os
-
39
aspectos quantitativos e quantitativos do processo de recuperação física (KENTTA;
HASSMEN, 1998).
A escala TQR per enfatiza a percepção do atleta em relação a sua recuperação.
O atleta utiliza a percepção para avaliar a sua recuperação geral das 24 horas
anteriores, incluindo sua noite anterior de sono. Dirigindo a atenção dos atletas para
as pistas psicofisiológicas (estados de humor e sinais como sensações de cansaço,
desgaste, etc.). Essa escala tem o mesmo propósito da escala da Percepção Subjetiva
de Esforço, ou seja, aumentar a autoconsciência. Esta medida altamente
individualizada pode ser usada principalmente para detectar alterações intraindividuais
(KENTTA; HASSMEN, 1998)
A escala TQR act avalia e monitora as ações (ou seja, intervenções individuais
de recuperação proativa) que, potencialmente, otimizam e aceleram o processo de
recuperação. Os atletas simplesmente marcam suas ações, além de acumular pontos
de recuperação em um período de 24 horas, relacionadas às quatro principais
categorias de recuperação descritas pelo autor. Nesta escala a nutrição e hidratação
permite a acumulação de um máximo de dez pontos de recuperação; sono e descanso
no máximo quatro pontos; relaxamento e suporte emocional no máximo três pontos; e
alongamento e descanso ativo no máximo de três pontos. Assim, o escore global
máximo de 20 pontos é igual ao ranking mais alto na escala TQR act (KENTTA;
HASSMEN, 1998).
A recomendação prática geral para garantir que a recuperação do atleta seja
adequada é que as classificações TQR act e TQR per devem, de preferência, ser pelo
menos equivalente ao treinamento real estresse (classificação RPE), o nível mínimo
recomendado de recuperação o qual os atletas devem atingir é TQR 13 pontos
(recuperação razoável) Outra implicação prática a considerar é a comparação de TQR
act e TQR per, quando um atleta tem tomado todas as medidas para o processo de
recuperação e apresenta taxas significativamente mais baixas no TQR per em
comparação com a escala TQR act, este é um sinal de alerta precoce de que existe
um desequilíbrio entre treinamento e recuperação (KENTTA; HASSMEN, 1998).
O uso da escala para a avaliação do estado subjetivo de recuperação é um
método válido e confiável para o monitoramento de estresse, podendo ser utilizado
como uma ferramenta para estimar a intensidade do exercício dando maior enfoque
sobre aspectos cognitivo, não confiando somente em marcadores fisiológicos,
permitindo que se concentre nas sugestões psicofisiológicas de qualquer indivíduo
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submetido a um esforço intenso (KENTTA; HASSMEN, 1998; KENTTA; HASSMEN;
RAGLIN, 2001; MAGALHÃES CURTY, VICTOR; GATTÁS BARA FILHO, 2011;
TAYLOR et al., 2012; OLTMANN et al., 2017).
2.7 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO
Em seu estudo Taylor (2012), utilizou as respostas de um questionário online
para analisar 55 indivíduos envolvidos em esportes de alta performance na Austrália e
Nova Zelândia, com 91% dos entrevistados respondendo que implementaram alguma
forma de monitorar o treinamento e a maioria (70%) reportaram igual foco na carga de
treinamento e no monitoramento da fadiga e recuperação no seu sistema. A razão mais
importante para o monitoramento foi à prevenção de lesões (29%), monitoramento da
eficácia do programa de treinamento (27%), manutenção da performance (22%). Em
termos de importância para o desempenho geral dos atletas, 38% classificaram como
extremamente valiosos. Os questionários de autorelato, foram os meios mais comuns
para monitoração da fadiga (84%), com a frequência de monitoramento relatado como
diária (55%), várias vezes por semana (24%), semanal (18%), ou mensal (2%)
(OLIVER; LLOYD; WHITNEY, 2015).
Em um artigo de revisão, enviado ao V Congresso Brasileiro de Eletromiografia
e Cinesiologia (APÊNDICE A), Oltmann et al, (2017) fizeram um levantamento dos
principais métodos utilizados para avaliar a recuperação das cargas de treinamento no
período de janeiro de 2013 a março de 2017 e compilaram 63 artigos que apresentavam
pesquisas com atletas de diversos esportes, em modalidades coletivas e individuais,
utilizando algum método, ou a combinação de métodos para avaliar a recuperação do
treinamento.
Os estudos foram reunidos em cinco grupos: 1) grupo dos métodos que utilizam
os indicadores fisiológicos como a frequência cardíaca, frequência cardíaca de repouso,
variabilidade de frequência cardíaca e a interação entre essas variáveis; 2) grupo dos
métodos que utilizam indicadores bioquímicos que podem fornecer informações sobre
a fadiga física por meio da análise de fluídos corporais como sangue, suor, saliva etc.
Parâmetros hormonais (testosterona e cortisol) e bioquímicos (hemoglobina, aspartato
amino transferase (AST), alanina amino transferase (ALT), γ-glutamil transferase (GGT)
e níveis plasmáticos de bilirrubina total e direta, glutamina plasmática, Creatina Quinase
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41
(CK), imunoglobolina A, ureia e lactato sanguíneo) usados para avaliar o desgaste
físico, 3) método dos estudos autoreportados, que usam questionários foram os mais
utilizados, separadamente, ou em associação com outros métodos.
Destes o questionário Profile of Mood States Questionnaire (POMS) foi utilizado
em sete estudos, o Recovery and Stress Questionnaire for Athletes (RESTQ) em outros
sete estudos analisados. Outros, como o Perceived Ratings of Wellness (fatigue, muscle
soreness, sleep quality), o Questionnaire of Fatigue (SFMS) e a Total Quality Recovery
(TQR) foram citados em dois estudos cada um (OLTMANN et al., 2017).
Além destes, também foram encontradas outras ferramentas, ainda pouco
difundidas, mas com grande potencial para avaliação e monitoramento dos níveis de
fadiga, como por exemplo, o Electronic Performance and Tracking Systems (EPTS).
Também foram encontrados estudos que utilizavam a performance motora para
controlar os níveis de fadiga, como o reactive strength índex (RSI), leg stiffness
(OLTMANN et al., 2017), e limiar eletromiográfico de fadiga (EMGft), e estudos que
envolviam a avaliação da aceleração a partir dos equipamentos Optimeye S 5-Catapult
Sports. Vale destacar que foram encontrados seis estudos que usaram o Counter
Movement Jump (CMJ) como indicador de fadiga em atletas de diversas modalidades.
Em outros dois estudos foram realizados com o método que utiliza a teoria das
propriedades do ótimo hematócrito, que sugere como o melhor valor do hematócrito
(hct) aquele que resulta no maior valor da relação hematócrito / viscosidade (OLTMANN
et al., 2017). Entretanto, parece que a estratégia mais utilizada pela maioria dos estudos
analisados, 25 dos 63 foram os métodos combinados, com dois ou mais métodos para
a avaliação da recuperação com indicadores diferentes em diversos momentos do
treinamento, a fim de monitorar os estados de overreaching não funcional e
supertreinamento em estágios iniciais (DELLASERRA; GAO; RANSDELL, 2014).
Os mesmos autores concluíram que os métodos, sempre que possível, devem
ser usados concomitantemente a fim de estabelecer diversos parâmetros em diferentes
momentos da periodização do treinamento. Além disso, destaca-se, neste
levantamento, que apenas um único estudo encontrado utilizou um sistema de
monitoramento on line para a recuperação (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009).
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2.8 SISTEMAS DISPONÍVEIS ATUALMENTE NO MERCADO
Com a quantidade crescente de dados disponíveis de monitoramento
dispositivos como GPS, vídeos digitais e dispositivos SRM, em combinação com
medidas de cargas internas, tais como FC, questionários e percepções de cansaço vêm
à exigência de incorporar essa informação em um banco de dados e sistema de gestão
de dados que resulta em um acesso eficiente a informação significativa.
Em seu estudo sobre o uso das tecnologias integradas nas equipes esportivas,
Dellasserra, Gao e Ransdell (2014) apontaram algumas direções dos futuros estudo na
área do esporte, dentre elas, as pesquisas das mensurações biofísicas e as repostas
da temperatura corporal através da calorimetria. Estas mensurações são vitais quando
avaliamos as mudanças pré e pós jogo. Outro assunto que está frequentemente em
questão em esportes de alta intensidade é atenuar o desgaste dos atletas que podem
causar micro lesões no músculo esquelético e fadiga muscular (ANDRADE, 2017).
Como uma etapa importante do referencial teórico a fim de acrescentar e
fortalecer o processo de desenvolvimento da aplicação web e do aplicativo mobile para
avaliação e controle das cargas de treinamento, realizou-se buscas por outras
ferramentas similares para controle da recuperação do treinamento disponíveis na web
ou no Google Play. Levaram-se em consideração aplicações desenvolvidas no Brasil
ou em outros países, independentemente dos objetivos serem científicos ou comerciais.
As cinco principais aplicações, bem como as características comuns contidas
em cada uma delas encontram-se descritas na tabela abaixo.
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Tabela 2: Características das aplicações disponíveis no mercado
Fonte: Os dados das aplicações podem ser encontrados nos seguintes endereços:
www.trainingimpulse.com/itrimp; www.e-trimp.com.br; www.athletemonitoring.com;
www.loadcontrolapp.com e www.mycoachsport.com
Athlete
Monitoring
Localização e-trimp.com.br trainingimpulse.com athletemonitoring.com loadcontrolapp.com mycoachrpe.com
Idioma portugues ingles ingles portugues frances
Avalia a recuperação do
treinamento X X X
Plataforma web X
Plataforma móvel
Avalia carga de treinamento
Integração com GPS ou monitor X X X X
Utiliza a F.C. X X X
Aplicável em qualquer modalidade? X X
Possui integração com agenda? X X
Exporta dados?
É gratuito? X X X X
Possui publicações? X X X X
Característica e-TRIMP iTRIMP Load Control mycoach:rpe
http://www.trainingimpulse.com/itrimphttp://www.athletemonitoring.com/http://.loadcontrolapp.com/
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3. METODOLOGIA
3.1. CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
O presente estudo trata-se do desenvolvimento, validação e de um estudo piloto
para testagem de uma aplicação web e um aplicativo mobile para o controle
psicofisiológicos da recuperação treinamento físico em atletas de diferentes
modalidades esportivas através de uma escala de percepção chamada Qualidade Total
da Recuperação (TQR).
O estudo compreendeu quatro etapas (figura 3):
Na primeira e segunda etapa do estudo, respectivamente, foram feitas a
elaboração e o desenvolvimento da aplicação web e do aplicativo para mobile.
Na terceira etapa, foram realizados os procedimentos de validação das
aplicações web e mobile Nesta fase foram avaliados 14 itens referentes à aplicação
web e o aplicativo mobile por 10 profissionais e professores da área do treinamento
desportivo.
A quarta e última etapa foi efetivada com a realização de um estudo piloto com
atletas de futebol e futsal, nesta etapa a pesquisa foi de natureza aplicada quantitativa
descritiva transversal, (HALSON, 2014).
Figura 3 : Etapas da metodologia
1) Desenvolvimento da aplicação Web
2) Desenvolvimentodo aplicativo mobile
(App)
3) Validação da aplicação web e do aplicativo mobile por
especialistas (Mestres e Doutores)
4) Realização de um estudo piloto com atletas de futsal e
futebol
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3.2 PARTICIPANTES
Para o estudo piloto e validação do instrumento participaram de forma voluntária
105 atletas das modalidades de futebol e futsal, do sexo masculino com idades de 12
a 17 anos.
3.2.1 Critérios de Inclusão
Participaram deste estudo indivíduos de ambos os sexos, que se auto
declararam saudáveis por meio do Questionário de Prontidão para Atividade Física
(PAR-Q) – ANEXO A, sem restrições clínicas, com idade entre 12 e 17 anos, com
experiência mínima de um ano de treinamento físico nas suas respectivas modalidades
e que estavam desenvolvendo normalmente suas atividades esportivas com
frequência maior ou igual às 03 horas semanais.
3.2.2 Critérios de Exclusão
Foram excluídos do estudo os participantes que apresentaram alguma restrição
clínica no período do estudo, ou ainda, que não tenham cumprido o número mínimo de
sessões de treinamento por semana (03 horas semanais). Da mesma forma, indivíduos
que deixaram de participar ou realizar alguma das avaliações (coleta de dados
incompleta), ou aqueles participantes que apresentaram lesões ou restrições quando
da realização das sessões de treinamento.
3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS
3.3.1 Caracterizações do Software e suas Funcionalidades
A primeira e a segunda etapa do estudo foram dedicadas para a elaboração e
desenvolvimento da aplicação e do aplicativo mobile chamado e-TRIMP, que permite a
avaliação das cargas de treinamento por meio da PSE e a avaliação da recuperação de
treinamento através da TQR, que é o objeto do presente estudo.
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A aplicação foi construída utilizando a linguagem de programação ASP Net
MVC C#, desenvolvida pela Microsoft, linguagem esta que permite desenvolvimento de
aplicações para internet.
A ferramenta desenvolvida foi publicada em uma empresa de hospedagem
denominada King Host, e pode-se acessar pelo seguinte endereço eletrônico:
http://www.e-trimp.com.br de qualquer navegador (Internet Explorer, Mozilla Firefox,
Google Chrome, entre outros) em notebooks e desktops, quanto em dispositivos móveis
como tabletes e smartphones que possua acesso à internet (DELLASERRA; GAO;
RANSDELL, 2014).
Outra característica importante da interface web desenvolvida é a
responsividade, ou seja, a interface se adapta a qualquer tamanho de tela do dispositivo
que está sendo utilizado pelo usuário para acessar a aplicação.
A aplicação mobile, desenvolvida para a plataforma Android, pode ser
encontrada para download (instalação) na Play Store (loja de aplicativos desta
plataforma), em: https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.etrimp.
Essas aplicações apresentam as seguintes características técnicas e
tecnologias:
Tecnologia Definição
ASP.NET MVC
Plataforma de desenvolvimento Microsoft que permite construir uma
aplicação Web com uma composição de três camadas: modelo MVC,
pode-se dizer que: M (Models) representam os dados e a lógica de
negócios; V (Views) constroem a interface do usuário C (Controllers)
interagem com as solicitações do usuário e programam a lógica de
entrada dos dados. A linguagem de desenvolvimento usada foi a
Microsoft C# (C sharp)
J Query Biblioteca rica em recursos Java Script cross-browser, desenvolvida
para simplificar os scripts client side que interagem com o HTML.
Boot strap Biblioteca CSS estrutura de HTML5 e CSS3 projetado para ajudar a
alavancar o desenvolvimento de aplicações web e sites.
My Sql Sistema de Gerenciamento de Banco de