UNIVERSIDADE TUITUI DO PARANA Elisabete …tcconline.utp.br/media/tcc/2015/11/A-ARTE-NA-FOR... ·...

45
UNIVERSIDADE TUITUI DO PARANA Elisabete-Oomingues da Silva AARTE NA FORMACAO DO DOCENTE DE liNGUA PORTUGUESA CURITIBA 2005

Transcript of UNIVERSIDADE TUITUI DO PARANA Elisabete …tcconline.utp.br/media/tcc/2015/11/A-ARTE-NA-FOR... ·...

UNIVERSIDADE TUITUI DO PARANA

Elisabete-Oomingues da Silva

AARTE

NA FORMACAO DO DOCENTE DE liNGUA PORTUGUESA

CURITIBA

2005

Elisabete Domingues da Silva

NA FORMA<;iio DO DOCENTE DE liNGUA PORTUGUESA

AARTE

Monografia apresentada como requisito parcial

para oblenQ8o do tftulo de especialista em

Lingua Portuguesa da Universidade Tuiuti do

ParanaOrientadora : Prof. Olga Maria Mattos

CURITIBA

2005

"Aquele que fiver capacidade de alaearrepentinamente das maiores alturas do eeu,

(ara com que seja impossfvef ao inimigo

defender-se. Assim sendo, os lugares a seremataeados s~o exatamente os que 0 inimigo n~o

pode defender ... Aque/e que for especialista

em esconderfjos defensivos nas cavernas mafs

secre/as da terra, torna impassivef para 0

inimigo saber 0 seu paradeiro. Assim. oslugares que ele dominar serdo exatamente osque 0 inimigo nao podora atacar". (SUN TZU)

RESUMO

A ideal participaC;:3o no meio academico superior (universitario) requeruma nOQ3o minima em diversas areas do conhecimento, conforme ja nos sugere 0conceito de universidade (conhecimento universal). Assim busca-se avaliar acontribuic;:ao da universidade (ensine superior) para participacyao dos formandos nocampo artistico-cultural. 0 conhecimento artistico-cultural e universaJjzado? Econtemplado nos diversos ramos das atividades universitarias?Como fontes, uWiza a pesquisa bibliografica- Natureza do Conhecimento e da

EducaC;ao, Conceito de Arte e Novas Paradigmas da Educac;ao -8 a pesquisa de

campo desenvolvida com as alunos do Curso de Graduac;:ao em Letras-Portugues,

turma 2005 -Metodologia indutiva.

Palavras Chave: Arte, cultura, universidade. complexidade e emancipac;:ao.

SUMARIO

RESUMO ....

1. INTRODU9AO..

............................................. 5. 7

2. NATUREZA DO CoNHECIMENTO E DA EOUCACAO ....

3. CONCEITO DE ARTE ...

. 8. 14

4. Novas PARADiGMAS DA EOUCAyAO.. . 20

5. MlssAo DO OOCENTE DE LETRAS... . 25

6. PESQUISA DE CAMPO .. . 27

7. CONClusAo . .40

REFERENCIAS 42

ANEXOS I. . .45

RESUMO

A ideal participa~ao no meio acad~mico superior (universitario) requerurna noyao minima em diversas areas do conhecimento, conforme jil nos sugere 0conceito de universidade (conhecimento universal). Assim busea-se avallar acontribuiyao da universidade (ensino superior) para participac;;ao dos formandos nocampo artistico-cultural. 0 conhecimento artistico-culturai e universalizado? Econtemplado nos diversos ramos das atividades universitarias?Como fontes, utiliza a pesquisa bibliografica- Natureza do Conhecimento e da

Educaq~o, Conceito de Arte e Novos Paradigmas da Educaqao -e a pesquisa de

campo desenvolvida com as alunos do Curso de Gradu8y8o em Letras-Portugu~s,

turma 2005 -Metodologia indutiva.

Palavras Chave: Arte, cultura, universidade, complexidade e emancipac;:ao.

1.1NTRODUGAO

Este trabalho visa repensar a processo educativo universitario e ao

mesma tempo lan~ar perspectivas que favore9am urna methor rela<;:ao com 0

conhecimento.Mediante pesquisa bibHografica e pesquisa de campo surge a proposta

de reeriar a educac;ao atraves da arte, fumo a emancipayao dos individuos e rumo a

capacitayao para realidades complexas que possam if alem da especialidade, do

tecnicismo e que sejam mais existenciais e dotadas de sentido profundo.

o primeiro momento trata sobre a Natureza do Conhecimento e da

Educay8o, apresentando urna necessaria aproximac;ao entre educa<;§o e arte. No

segundo ha 0 levantamento de urn Canceito de Arta de forma gera!. Tendo em vista

as pressupostos de educ8y80 e arte separadamente e apresentado urn ensaio que

visa Jevantar novas perspectivas, novos paradigrnas que conternplem 0 ser humano

integral e nao apenas conforme uma visao materialista, mecanicista e tecnicista.

Por fim a pesquisa de campo a ser reallzada na turma do Curso de

Graduayao em Letras da Universidade Tuiuti do Parana, apresenta urn levantamento

da realidade dos professores. Que receberam formayao e agora tern a missao de

eontinuar favorecendo 0 processo educativo. Pela realidade dos professores, avalia-

se tambem a realidade dos alunos.

Este trabalho tern par objetivo; portanto, suscitar questionamentos

ace rea da relay30 arte-contexto universitario: e as atuais form as do proeesso de

en sino aprendizagern.

2. NATUREZA DO CONHECIMENTO E OA EOUCA(;AO

Na antiguidade, Platao, no mite da Caverna, ou alegoria da Caverna

trata sabre a questao do conhecimento e da educa9ao; no meio do dialogo faz com

que Socrates explique a Glauco, seu interlocutor, 0 processo pelo qual 0 individuo

passa do sensa comum e da opiniao para 0 conhecimento das eaisas; passando

assim das aparencias para a contempla9c3o do bern, do belo e da verdade. Esta e a

passagem da ignorancia para a filosofia que desenvolvida ao maximo faz alcan9ar a

sabedoria.

o ignorante 56 palpita, fala sem refletir e julg8 saber. 0 fi16sofo naDsabe e por iS50 pergunta sempre, questiona, busea a saber. 0 sabia e aquele que

sabe e que tern consciemcia de sau saber. Contudo esta ultimo astado, 0 do sabia, e

urn estado ideal e cujo alcanee e praticamente impassive!.

o mito da cavema de Platao diz 0 seguinte: os homens viviam em urna

caverna, urna especie de buraco subterraneo, eles estavam aprisionados par

correntes e atras deles brotava urna luz que vinha do lado de fora da caverna, de tal

fonna que eles estavarn sempre de costas para a luz e s6 viam sua projec;ao nas

paredes da caverna. Entre os homens e a luz ha urn caminho. Um dia esses homens

foram libertos das correntes que os prendiam, mas preferiam continuar vendo as

sambras do fundo da caverna a ir ver qual era a fonte daquela luz que projetava sua

sombra no interior daquele buraco. Os homens nao queriam olhar para onde surgla

a luz, pols tal visao poderia fazer doer-Ihes as othos. Essa situa~o se prolongava

ate que urn dia urn deles decidiu salr ever a que havia do lado e fora. Ver qual a

origem da luz. A principia as olhos daquele hom em se afuscaram com a grande luz,

mas com a tempo e 0 esforyo, seus othos foram se acastumanda com a luz e ele

conheeeu a sol e todas as eaisas iluminadas por ele. Assim percebeu a realidade

das eoisas e nao apenas as sambras. Canheceu a rnundo vlsivel e alegrou-se,

porem record au de sua antiga morada e da suposta ciemcia que 103existia e quls

voltar para caverna e contar para os que Iii estavam que he'!. urna outra realidade,

desejava abrir a visao de seus companheiros para que nao enxergassern samente

as sombras. Comovido e cheio do desejo de fazer 0 bern volta para a caverna e

9

entra em contata com as outros homens, porem estes naD aceitam 0 que ele diz e 0

tomam par lauco, par desordeiro, subversivo e por isso prendem-no e 0 matam.'

o mito aeima relatado transmite a existencia de urn mundo ideal, OU

seja, urn mundo das ideias, ande as eaisas realmente sao, ao pas so que 0 mundo

que contemplamos aqui e apenas urna sombra do verdadeiro mundo e do

verdadeiro ser. Contudo ao reinterpretar 0 mito buscando aplicar-the categorias da

educacr80 atuat, e passivel dizer que a processo de ensino-aprendizagem e urn

constante sajr da caverna, da obscuridade.

Todos as conhecimentos quanta petrificados apes sua apreensao sao

semelhantes as sombras do funda da caverna, assim sao apenas partes da

realidade, mas naD sao 0 todo e nem contribuem objetivamente para a todo, pais se

tornam estereis. 0 conhecimento para que cumpra seu papel dentro da educayao e

da vida deve envolver toda atividade humana de mane ira dinamica, relacionando

todo intelecto a existencia. Pais e afastado do todo do ser humano e do processo de

constante educaC;ao toma-se apenas sombra

A atitude mais adequada para ligar conhecimento, educayao, cultura e

vida e a adquirida pela filosofia enquanto postura critica diante do mundo e de toda

atividade humana.

o ser humano nao e compartimentado, e ser que reflete, ama, faz

ciencia, planeja, questiona, contempla ... Oesta forma nao ha sentido em investir em

urn processo educativo que fragmente a vida Ilumana e nao se preocupe com a

integralidade, com a todo. 0 conhecimento toma-se apenas sombra, pais vira reflexo

informe, mas definido e carente de sentido. oai surge grande parte dos problemas

da eduC8yao como falta de interesse e desmotivayao. Para que aprender algo que

nao diz nada ao todo da minha vida? Tal pergunta soa insistente no processo

educativo, do ensina fundamental ate a universidade.

A educac;:ao que da sentide a existe!ncia, que emancipa e a que tern par

fundamento urna concepC;ao antropol6gica integral que con temple 0 ser humane

integral e que nae despreza nenhurna de suas necessidades ebjetivas e subjetivas,

superfluas e essenciais nae deixando assirn, particularidades preciosas de cada ser

humane em detrimento de algum tipo de conhecimento.

I Cf. 0 milo da caverna na integra encontra-se no diillogo, A Republica de Platao, no inicio do cap. 7

10

o conhecimento necessaria para a vida naD e apenas cientifico, naD eapenas matematico, mensural, preciso. Hit varios tipos de saberes, varias tipos de

conhecimento e entre eles urn especial que se apresenta extremamente necessaria

e capaz de humanizar 0 ser humano de forma mais ampia e sublime, 0

conhecimento das artes.S6 0 ser humano e capaz de fazer artes, 56 ele e capaz de gozar de

urn tipo de conhecimento que a principia e totalmente inutil e 56 encontra sua

finaJidade em sua inutilidade, no fato de naD ser instrumentavel, de nao ser

aprisionado e dominado par completa estando sempre aberto. Tal conhecimento

eleva a ser humano a urn tipo de consci£mcia que 56 e alcan~do par meio do

simb6lieD, que podemos chamar GOntempla~o do sublime, do be/e, de born.

Observa-se tais contempla90es na literatura, na musica, no teatro, na

dan98, na arquitetura ... , que sao meios capazes de estabelecer comunicayao com

todos as tipos de conhecimento, sem excey3o. Nao ha dicotomia entre arte e

ciencia. Ao contrario, a arte facilita a ponte entre 0 conhecimento objetivo e

sistematico e aquete outr~ conhecimento, tao preciosa e necessaria quanto a

primeiro, ou seja, 0 conhecimento subjetivo, interior, vivencial ..

Dentre as varias caracteristicas dos seres humanos, destaca-se de

forma especial a necessidade e 0 desejo constante de cenhecer, de apreender 0

que a clencia, a arte, a cuttura e as tradi<;6es transmitem. 0 conhecimento toma-se

para 0 ser humano urna condiy3o para que pessa sobreviver e garantir a

continuidade de urn padrao mlnimo de qualidade de vida pessoal e de toda especie.

o conhecimento, porem nao e urn broco monolitico e petrificado, e um

processo con stante de apreensao, exploracao, investigayao e critiea de tada

realidade humana e do que a cerea, a natureza e ° cosmos.

Urna das maneiras de se adquirir 0 conhecimento e por meio da

transmissao. Esse modo de aprender durante um longo periodo se identificou com a

educayao no contexto da esc01a tradicional, onde 0 conhecimento era dado pronto e

com pretensao de ser completo e total. Contudo hoje e bem rnais amplo 0 significado

de educay3o, bem como de conhecimento. Nos novos paradigmas nao ha

conhecimento acabado que deva ser apenas transmitido. Ha conhecimento dinamico

inter-relacionado com todos os demais, conhecimentos e saberes a servi.yo da

educay:ao enquanto processo constante e continuo em cada individuo e em toda

especie humana.

II

A dina mica da atividade de conhecer e educar jt! eram percebida

desde a antiguidade. Socrates chamava esse processo e maieutica, ista e, a arte de

parturear ideias, de faze-las surgir, despertar, de trazer a consciencia 0 que ja existe

fora do homem no chamado mundo das ideias. Tal abordagem na ascola tradicional

transforma-se em transmissao de conhecimento. Na eseela nova passa a ser

resultado de pesquisa e constru~o do conhecimento cnde 0 professor apenas

orienta 0 aluno. Na escola progressivista par sua vez, e compreendido como

conhecimento que vern ao aluno par meio do desejo de significar e se relacionar

com 0 meio cnde esta inserido, ampliando sempre as horizontes do saber.

Surge entaD a questao: Sa as seres humanos tern nacessidade e

desejo de apreender e por sua vez no decorrer da historia que temos registro,

realizaram tal tarefa - embora com diferentes enfases - ° processo de ensino-

aprendizagem, 0 que ha de perena na educayao? Seria a necessidade de manter

atraves dela a sociedade, seria 0 amor ao conhecimento, seria algum tipo de

ideologia de manutenyao da cultura? Na ha como responder essas quest5es sem

urn amplo estudo antropo16gico e social; a res posta a tal pergunta poderia esclarecer

o que e essencial na educayao.

o que e entao educacao? Varias sao as abordagens e apresentarn

diferentes formas de ver 8 edUC8ttaO. Mas em sentido mais estfito, distinto de

adestramento pode dizer que,

educafao e atualizar as potencialidades da pessoa. S6 e possivel educacao quando

existe possibilidade de atualiz8cao e possibilidade de atualizaqao em varios sentidos

(. . .) Corresponde a etim%gia de educar: e-:::.para fora + ducere '" trazer, significando

a faro de atualizar. isto e, desabrochar, de trazer de dentro para fora as boas

quafidades da pessoa humana (TOBIAS, 44).

A educaqao e urn processo vital, para a qual concorrem (oryas naturais e espirituais,

eonjugadas pela aCao conseiente do edueadore pela vontade livre do educando. Nao

pode, pais, serconfundida com a simples desanvolvimento au crescimento dos seresvivos, nem com a mera adaptacao indivlduo ao meio. E atividade criadora, que visa a

levar a ser humano a realizar as sUas potenciafidades frsieas, morais, espirituals eintalectuals. Niio se reduz a preparaylio para fins exclusivamente utilitaljos, como

uma proffsstlo, nem para desenvolvimento de caraderfsticas parciais da

personalidade, como um dam artlstico, mas abrange a homem integral, em todos as

aspectos de seu corpo e de sua alma, au seja, em fada a extensao de sua vida

sens{vel, esp/ritual. {nte/actual, morel, individual, domestiea e social, para eleva-la,

regula-fa e aperfeiyoa-Ia. ~ processo continuo, que cornetta nas origens do ser

12

humano e se estende ate Ii mone (Verbete educ8c;:io da Enciclopedia Brasileira de

Moral e Civismo;editada pelo Ministerio de Educay80 e Cultura).

Na realidade 0 que existe sao exigencias na formacao de individuos na

e para a SDciedade. Assim sa:o maneiras particulares de educar de urna cultura para

Dutra, atendendo as necessidades da vida e da reproduyBo de ordem em cada

sociedade, em certos momentos de sua hist6ria. A educayao e inevitavelmente urna

pratica social que, per meio das propostas de tipos de saberes, reproduz tipos de

5ujeitos sociais.

Contudo, diante da busca de um elemento perene no processo de

ensino-aprendizagem ha que se buscar Qutros elementos da cultura que

permanecem com seu valor com urn minima de alterac;:ao atraves dos tempos.

Nesse sentido 0 principal elemento que atualmente pode ser observado e a arte. As

institui'roes como igreja, estado e familia vem sofrendo profundas alterayoes

estnrturais e acabam perdendo seu valor, sendo relativizadas e desacreditadas. Hoje

muitos fazem op<;iio per naa aderirem a nenhum tipo de religiao, ou de nao constituir

familia, e ha certa repulsa ao estado. Par exemplo, a modelo de familia do sec. XIX

nao e aceita na sociedade contemporanea e ° mesmo acontece com 0 estado, a

igreja e ate masmo com a eseola. Param, no ambito da educa<;iio, embora muitas

vezes haja repulsa quanta aas metodos toda saciedade considera a eseola uma

instituic;ao indispensavel e de primeira grandeza.

o mesmo processo de inalterayao de valor no decorrer da historia se

da com a arte. NeJa nao ha diacronismos. Seu valor e reconhecido singularmente no

decorrer da hist6na. Tanto a arte rupestre, quanto urna escultura antiga, uma musics

de Bach, urn quadro de Oa Vinci, uma obra de Van Gog, tern valor unice e singular.

A arte alcanc;a perenidade e vaJerac;ao alem do tempo e das particularidades da

hist6ria.

No que diz respeito a educac;ao existe tarn bam uma matriz semelhante

a esta que observamos nas artes que faz com que os seres humanos aprendam,

alcancem 0 conhecimento e 0 rnanuseiem para os prop6sitos a que se disp6em. Na

arte nunca se alcanya au se domina por completo seu sentido, a mesma acontece

com a educayao, nunca esta acabada ou dominada. Assim na busca constante e

etema de significayao de amplificav80 da arte e da educavao encontramos uma

13

caracterfstica comum que pade justificar a estreita unigo entre as dais tipos de

saber.Hi! na atividade artistica e na atividade educativa urn processo ludico

de abertura ao novo, urna dinflmica ds renova~Q de paradigm as e de supera«8o

prazerosa da temporalidade e das circunstancias estressantes, diante da arte e da

educ8€fBO a ser humano se liberta, se emancipa, vence as determinismos, cresee,

tomB-se aut6nomo, protagonista da hist6ria, tern consciencia de si, do cosmos, do

infinito ..

Assirn a arte e a educ8980 devem levar a ser humano a contemplar a

realidade humana, e a realidade do mundo. A verdadeira educayao acontaee par

meio da arte e a verdadeira arte educa. Urn exemplo que pade ser citado e a de

Gaston Bachelard, professor de quimica e fisica, que se tornou filosofo e, segundo

ha registros, suas aulas eram verdadeiros festivais, cheios de vigor teatral, de arte,

de luz. Todos os alunos da universidade queriam assisti~lo; no decorrer das aulas

Bachelard chegava a trocar de roupa tres vezes. Encantava a todos com seu

carisma e transmitia, produzia, reproduzia e criticava 0 conhecimento, fazendo ponte

entre fisica, quimica e filosofia, entre conhecimento formal e vida,

3. CONCEITO DE ARTE

o que e Arte ...?

Oesde as tempos mais remotes do pensamento escrito, a homem vern

procurando a expressao que defina a acepc;ao especifica do vocabulo Arte. Mas a

verdade e que todas as defini~oes. das mais antigas as mais recentes, sempre

deixam algo a desejar. ou um aspecto a incluir no seu ambito, muito embora, par

vezes, uma parte de tudo aquilo que deveria figurar na defini~o seja apresentada,

par elas, com real felicidade.

Afirmou Platao que Arte deveria ser a sublimal):ao da verdade - mas

naQ esclareceu perfeitamente 0 que entendia par sublimac;ao, nem par verdade; 0

esclarecimento teria sido util, e me sma indispensavel, principalmente quanta a esta

ultima, uma vez que, para 0 mestre do jardim de Academus, a verdade ora e uma

ideia pura, ora e algo de concreto e objetivo. 0 mais celebre dos disdpulos de

Platao, e urn dos cere bros mais portentosos que a humanidade produziu -

Arist6teles - chegou a inclinar-se par urna COncep9aa catartica da Arte, asseveranda

que Arte e libertayao, com 0 prop6sito de significar que fazendo Arte, quem a realize

se liberta da press~o interna de urn seu sentimento que anseia por ser expresso.

A definic;:ao perdeu seu senlido quando se verificou que uma carta de

amor tambem pode ser obra de arte (e, portanto, Arte), sem que quem a escreve

deixe de amar, isto e, se livre do sentimento que anseia por ser expresso.

Shakespeare, em varias pas sag ens de suas tragedias, tenta uma

defini~o de Arte; e, numa dessas passagens afirma que "a propria Arte e a

Natureza" com a intuito de significar que, fora da Natureza, au de sua representa980,

embora rnelhorada ou aperfei90ada, nao ha obra de arte. E tambern esta tentativa

de defini980 se esbarra, quando se lembra que uma simples fotografia, mesma sem

gosto e sem majores qualificayoes, pade representar a Natureza - au alga da

Natureza - melhorando-a sob determinados aspectos, sem que, so par issa, passe a

ser obra de arte. Emilio Zola aproximou-se de uma defini980 admissivel, quando

disse que a Arte e a Natureza vista atraves de urn temperamento. Pensa-se que, na

realidade, todo artista, principa[mente a artista dos meados do secu[o XIX e do

come90 do seculo XX, fol precisamente isso - (urn apresentador da Natureza vista

15

atrav9s dO pr6prio temperamento, e, por vezes, atraves das qualidades au dos

defeitos dos seus 6r9805 visuais) - entaa se adquire a quase convicrrao de que, de

fato, Zola nao andou muito lange daquilo que, ao seu tempo, talvez pudesse ser

admitido como urna defini~ao de Arte.

Benedito Croce, 0 pensador Italiano que mais se agigantou, na hist6ria

da Filosofia modema, em estudos relacianados com a Arte, chegou a urna defini~ao

sintetica interessante, mas que s6 contern verdade se entendida em nivel

extremamente eleva do. Disse ele que Arta e expressao - e, ate certo ponto, Arte e,

sem duvida, expressao. Se, porem, se desce ao terra-a-terra, e se apnea essa

definiyao, tem-se que a crianc;a que chora, porque com 0 choro expressa alguma

coisa (e, portanto, faz expressae), realiza, com isse, tambem uma obra de arte - a

que e absurdo.

Note-se que, antes do seculo XVIl1, nenhum pensadar, mesma entre os

filosofos mais autenticos, tratau de investigar metodologicamente as caracteristicas

profundas do fen6meno da produyao e do entendimento da obra de arte. Sornente

nesse seculo e que Alexandre Baumgarten criou todo um setor novo da Filosofia,

particularmente dedicado ao estudo da Arte, do Bela, do Sublime, dando, a esse

setor, a denominayao que ainda tern, embora alga irnpr6pria do ponto de vista

etimol6gico: - Est~tica. Criado 0 novo setor da Filosafia, dezenas de pensadores a

ele se dedicaram com afinco, salientando-se, par sua profundeza e pela sua

superespecializayao reconcentrada no assunto, a ja rnencionado Benedito Croce, -

urna das mais puras expressOes da modema cultura filos6fica europeia e universal.

Nem mesmo assim se conseguiu chegar a urna defini~o integral da Arte, e menos

ainda a uma explanayao daquilo que deva ser obra de arte, au fenemeno de criayao

estetica da expressao criada.

Sumariamente, pode-s8 dizer que, para as antig05, desde as da rna is

remota antiguidade ate a Renascenya, passando pelo periodo aureo da Grecia, Arte

fo; irnitayao da Natureza em forma de Pintura, Escultura, Poesia e ate mesma

Musica, sem exclusaa das irnita96es mais diretas, como a representay80 teatral, a

Danya e a Literatura de ordem meramente descritiva. Modernamente, verifica-se

que, nas obras de arte que restaram daqueles tempos, 0 artista pas alga mais do

que aquila que ele apenas via na Natureza. Pes tambem aquila que ele sentia - que

o emocionava - que a inspirava - ao contemplar a Natureza; alga que nao se

16

encontrava na Natureza em si masma considerada, e sim na intimidade profunda da

sensibilidade do artista.

Mais modemamente ainda, e com base nos chamados que, pouco a

pouco, a Estetica, como parte da Filosofia dedicada a Arte, foi realizando, chegou-se

a uma distensao ao extrema dessa verificayao. Passou-se a admitir, entao, que a

artista pode prescindir da Natureza - afastar-se do que S8 denominariam formas

naturais - tomar-S6 independente dos contornos sugeridos pela realidade objetiva,

concebendo, par exemplo, uma arvore, au urn homem, OUuma casa, sem qualquer

dos predicados que a arvore, au a homem, au a casa, acusam (quando

materialmente existentes), ao esplrito de quem as analisa sem pretender tazer arte.

Resta claro que uma concep~o do que e Arte, enquadrada nesta

ordem de consideral1oes, e alimentada por este anseio de independencia em relayao

as formas chamadas naturais, abre urn campo fecundissimo a axplorayao filosofica,

deixando, ao mesmo tempo uma perspectiva lib~rrima de a~o ao artista. Afigura-se,

porem, que e tambem exato que essa masma concapC;3o da margem a exageros, na

aferiy30 dos valores humanos que se dedicam a produzir arte, alem de encurralar 0

pensamento num becD sem saida, porque a Natureza 56 tern duas ordens de linhas

- que sao a reta e a curva. Par mais que se queira fugir das formas naturais, nunca

se conseguira fazer algo que deixe de ser reto ou de ser curvo, e, portanto, sempre

se ficarao dentro de limites determinados pela natureza, limites estes que se fazern

intransponivel masma para a fantasia rna is turbilhonante.

o conceito de arte e extremamente subjetivo e varia de acordo com a

cultura a ser analisada, periada hist6rico ou ate mesmo individuo em questao.Nao se

trata de um conceito simples e, varios artistas e pensadores ja se debruyaram sobre

ele.

o Novo Oicionario Aurelio da Lingua Portuguesa (Aurelio Buarque de

Holanda Ferreira, segunda ediI130), em duas de suas definic;6es da palavra arte

assim sa axpressa:

atividade que supOe a cria~ao de sensa¢es ou de estados de esp/rita, de r;;aratereseticD, r;;arregados de \ivencia pesscal e profunda, podendo suscitar em cutrem a

desejo de prolongamento au renova~ao (' . .J,- a capacidade criadora do artista de

6xpressar ou transmitir lais sensa¢es ou sentimentos ...

17

Independente da dificuldade de defini~o do que seja a Arte, 0 fato e

que ela esta sempre presente na historia humans, sendo inclusive urn dos fatores

que a diferenciam dos demais seres vivos.

Alem disso, a produ9ao artistica pode ser de grande ajuda para 0

estudo de urn periodo au de urna cultura particular, par revelar valores do meio em

que e produzida.

Assim, portando, que a maior desafio da contemporaneidade e ter

prazer e compreender Arte sob divers os pontcs de vista. Especialmente par ser a

Arte histOriea e social, ela esta sempre S9 transformando, exigindo urn sujeito cada

vez mais conectado com seu tempo, ser urn sujeito critieD e inventiv~, nao S8

deixando seduzir par f6nnulas prontas.2

Segundo Ana Mae, para que isso nao aconte<;:a e necessario que nao

se crie guetos culturais, nem exclua a cultura erudita (hegem6nica) do ensino das

classes populares, pais:

Todas as classes tern 0 direifo de acesso 80S cOdigos da erudita porque esses slioos c6digos dominantes - os codigos do poder. E necessario conhece-/os, serversadoneles, mas tais c6digos continuarlio a ser urn conhecimento exterior a nao ser que 0

indivlduo tenha dominado as refer~ncias culturais da propria classe social, a porta deentrada para assimilarytio do ~outron. A mobilidade social depende da inter-relat;ao

emre os c6digos cufturais das difefentes classes.

Observe como Octavia Ianni conceituatiza Arte:

A arle, a cianci/! e a filosoflo podem ser vis/as como formas de 'conhecimento' e 00 mesmo

tempo formus cie ~eneantamenfo". Tudo sabre 0 que se debrUf;am realidades ou imagimirios,

frogmen/os ou plenitudes, do presenle, do paSl>8da ou do futuro, adquire aU/nils €I novas

signlfiear;oos; esc/arece, obseureee ou resp/Bfldece. Cada uma 8 seu modo, tanto c/erifieam

maandros e situa~5es, impasses e perspectivas OUmodo de ser e fantasias quando aponl6m

tand{meias, imaginam possibilidades, inven/om horizontes. Sim, 8S linguagens artistiess

2 Com relacao a arte no Brasil podemos observar que muito antes do descobfimento, os Indios _como os portugueses denominaram as pessoas que aqui moravam ja faziam arte, com uso deplumas, barro, palha. E ensinavam as criancas a fazerem. Com a chegCilda dos portugueses, 0modelo artlstieo - Arte - implantado pelos jesultas, desde a epoea do descobrimento ate 1759, foi 0Barraco, que vindo de Portugal, se transformou e assumiu caracterfsticas nacionais. Nas ruinas dosSete Povos das Missoes e em igrejas de vanas cidades braslleiras podemos ver obms feitas pelosIndios a partir de um modelo europeu, mas em que os trayos fision6micos sao indlgenas.O trabalhode Aleijadinho e um exemplo de nosso Barroco. 0 ensine e 0 gosto pelas artes se davam, entao, emateliers, onde os aprendizes auxitiavam e aprendiam com 0 mestre seu estilo.

18

podem ser vistas como narratives de distintas modalidades e polencialidades, com as quais se

e/ucidam, compreendem au explicam sil!lar;Oes e even/os, impasses e crises, transformaqaes

e re/rocessos, desencontros e tend~ncias, possibilidades e impossibi/idades, envolvendo

individuos e coletividades, pavos e na!(oes, culturas e civiliz(J!i(ks,

A partir do pensamento de Octavia lanni, arriscamos dizer que "0 que

e a arten de nossa tempo, diferentemente da arte de Qutros tempos, cria urn8

narrativa naD -linear, muitas vezes ambigua; par ser complexa. Tudo issa porque a

artista e urn ser humano como urn Qutro qualquer que sofre dares e as dellcias de

Ser no mundo, vivendo urn contexte historica, social, politico e cultura e interagindo

com esses contextos: ora assimilando-os, ora transforrnando-os, ora celebrando, ora

imaginando-se.

oesta forma, dizer 0 qua seja a arte e coisa dificil. Urn sem numero de

tratados de estetica buscou situa-Ia, pmcurando definir 0 conceito. Mas, sa

bU5cam05 urna resposta clara e definitiva, decepcionamo-nos; elas sao d;vergentes,

contraditorias.

Observe 0 que diz Jorge Coli: "A arte nao iso/a, um a um. os elementos da

causalidade, e/a nao expfica, mas tern 0 poderde nos 'fazer sentir'''. (COLI 1998: 110)oa harmonia grega ao Kitsch de todos os tempos. oa Mona Liza a

Marilyn de Andy Warhol. Afinal, quem decide a que e e 0 que nao e Arte?

Nao obstante, a Arte na~ nasceu pronta, nao foi urn presente dos

de uses aos homens. Eta e produto do trabalho humano, da imaginac;ao e do lazer,

da mente e da mao.

a filosofo Alemao Theodor Adorno preocupado com a questao da arte e

de sua manipulac;ao desenvolveu urn serio trabalho tratando sabre a industria

cultural.

Para ele ha 0 perigo da manipula((so das obras de arte tendo em vista

interesses pessoais e do mercado. Adorno constata urna crise do 90StO e da

percepyao, sobretudo no que diz respeito a musica:

Se pergunrarmos a afguem se gosta de uma musica de sucesso lam;ada no mercado,

nao conseguiremos furtar-nos a suspeita de que 0 gostar e 0 nao gostar jtJ nao

correspondem ao es/ado real, ainda que a pessoa interrogada se exprima em termosde gostar e nao gostar. Ao inves do valor da propria coisa, 0 criterio e jufgamento saoo fafo de a canqiio de sucesso ser conhecida de fodos; gostar de um disco desucesso e quase exatamente 0 mesmo que reconhece-Io. 0 comportamento

19

valorativo fernau-se urna ficyoo para quem se ve cercado de mercadorias musicais

padron;zadas (ADORNO, 165).

Assim Adorno den uncia a industria cultural que eJimina 0 g05tO do individuo

instaurando urn mercado que con sum ira exatamente aquila que as radios e grandes

grupos decidirem. 'Corresponds aD comporlamento do prisianeiro que ama a sua eela porque noo

Ihe e permitido amaroutra coisa" (ADORNO, 174).

Oesta forma embora haja grande dificuldade na conceituayao precisa do que

e arte, naD se pode atribuir tal carater a qualquer coisa veiculada pelo mercado.

4. Novos PARADIGMAS DA EDUCA<;AO

A constructao da universidade moderna e aliceryada no paradigm a cartesiano.

Sem duvida, tal paradigma nos apresenta uma base sistematica solid a, apresenta

urn desenrolar da razao por meio de urn metoda objetivo que visa alcan<tar precisao

e clareza. E inegavel sua contribui930 para 0 conhecimento ocidental, bern como no

modo de pensar academicista no meio universitario, contudo 0 paradigma cartesiano

apresenta algumas limitact6es como afirma Morin; e urn tipo de "intelig~ncia cega"

que trouxe alguns problemas entre as quais a disjun~ao (distanciamento de

diferentes areas do conhecimento urnas das Qutras, tarnanda-os campos

inconciliaveis; valoriz8\=80 do cientifico em detrimento dos demais). Outro ponto

negativo foi 0 reducionismo (simplificayao do complexo). E tambem a

hiperespecializa~ao (desvinculamento do tOdo). A parte e deformada e substitui 0

todo.

Tal inteligi~mcia cega penetrou todos os ramos do conhecimento inclusive a

medicina, economia, rel1giao. A vida foi compartimentada, tornou-se vivencia de

peda~os, de por5es, perdeu a perspectiva de todo.

o paradigma cartesiano pode ser considerado uma evoluyao do dualismo

maniqueista, onde as realidades sao inconciliaveis e sempre conflitantes.

A nova tendencia da educa9ao a partir das perspectivas do pensamento de

Morin e 0 de resgatar a complexidade. Mas a que eo complexidade? No livre

Intredu<;ao ao pensamento complexo Morin afirma que, complexidade lie urn lecido

( ..) de conslituintes helerogfmeos inseparavelmente associados (coloea 0 paradoxo

do uno e do multipfo)" (NETO, 45). A consciencia anterior a complexidade e mais

facil, pois da sensac;:ao de seguranya e certeza. 0 pensamento complexo e urn

emaranhado de fios que pode fazer beirar a confusao; "precisamos educar para aincerteza. Quando ele diz isso, nao esltJ afirmando que nao existem certezas.

Certezas existem, s6 que em meio a essa grande compfexidade que constantemente

desafia e desmonta as nossos mode/os explicativos'" (NETO, 48) A contribuiyao de

Morin e, portanto trazer a consciencia a experiencia de complexidade enquanto ser

humano.

21

A universidade nesse contexte e entao a lugar par excelencia da

complexidade e 0 encontro de complexidades.. do professor, do aluno, do

conhecimento, da ciencia, dos saberes ...

No que diz respeito a educa~ao universitaria 0 conhecimento na maioria das

vezes e tido como uma pedra, uma constru.yao. monolitica, aeabada, pronta,

imutavel. Na verdade e exatamente 0 contrario. A raiz au a essencia do

conhecimento reside na perspectiva de ser sempre. dinamico, imutavel, que vai

sendo construido, revisto, relida e assim nunca esta pronto. Dentro dessa

perspectiva ha espa'Yo para complexidade.

Existe a tendencia nos curricutos universitarios de buscar a formayao de um

tecnico, especialista para 0 mercado de trabalho; criar urn expert da "inleligencia

cega", sem permitir que 0 educando tenha noyao do todo e da complexidade em que

esta submerse.

A interdisciplinaridade e a uma primeira tentativa que tende ao pensamento

complexe.

Na triplice missao da universidade: educar, pesquisar e desenvolver projetos

de extensao qual a espac;o para 0 ser humano? Qual e 0 objetivo essencial de todo

conhecimento, de to.do saber? Qual a. missao profunda da universidade? au mais

amplamente qual e a essencia da educac;ao?

No pensarnento complexo, ensinar a condi<?30 humana e urn dos pontos

centrais de seu pensamento. Talvez essa seja a essencia da universidade. Todo

processo educativ~ entao deveria ensinar a consci~ncia da complexidade human a,

suas contradi90es e sua responsabilidade pela conduc;ao da existencia.uma nOlla

ciencia a partir da cempreens2e do ser humane complexo, ou seja, urna "cj{mcia

com consciMcia da complexidade" (NETO, 52)

Assim em sintese 0 novo paradigma que pode emergir resgatando a

compJexidade do ser humane, deve desta fonna "ensinar a viver necessita nao s6

dos conhecimentos, mas tambem da transformaq/lo, em seu pr6prio ser menta' do

conhecimento adquirido em sapiencia, e da incorporaqtlo dessa sapirmcia para toda

a vida" (MORIN, apud NETO, 54). Desta forma 0 novo paradigma quer propor ao

educando uma evoluc;~o da informac;ao para 0 conhecimento e do conhecimento

para sapiencia, isto e vinculamento de conhecimento it existencia dos educandos

(sapiemcia na perspectiva de Molin).

22

No atual contexto a universidade ao inves de favorscer, pode dificultar a

interliga930 dos saberes. A edLlcac;ao ~ 0 processo de ensine aprendiz;agem S8

encontram fragmentadas; ha uma tendEmcia tecnicista que forma especialista, pura e

simplesmente, e nao se preocupa com a forma~o do ger humano integral. Ha que

S8 fazer uma reforma universitaria. Mas Qual 0 pressuposto hist6ricQ de tal re.aJidade,

de cnde vern 85sa problematica?

A universidade nasee no mundo medieval como- tentativa de ligayao dos

saberes, das ideias, dos valores; "ela e simu/taneamente conservadora,

regeneradora e geradora" (MORIN, 13) Com a reform a universitaria do sec. XIX feita

par Humboldt em Ber!im, no ano de 1809 a universidade passa a ser teiga, se abre

ao Renascimento e suas provocac;oes acerca do homem, do mundo, da religiao e

das ci~ncias. Embora Humboldt acreditasse que a universidade nao deveria voltar-

sa diretamente para a formaC;8o profissional, mas sim de uma formaC;8o de atitude

invesligaliva 0 resultado de sua reforma foi este: a universidade se adaptou amodemidade voltando-se para construyao de especialistas.

o sec. xx lan90u varios desafios entre os quais 0 da adequac;ao da educayao

e da pesquisa as demandas econ6micas, tecnicas e administrativas do momento,

bem como margjnaliza,yao ct~.cultura humanista e reducao do ensino gera!

Na vida Q na hist6ria. a sobr9adaptayiio a condityOes dadas nunca representou urn

signa de vitafidade. mas urn prenuncio de senifidade e marte que se da pela perda da

substancia inventiva e criativa (. ..) nossa forma,;aa ascolar e. mais ainda, auniversitaria nos ensina a separar as objetos de seu contexto, as disciplinas timBS

das oulras para nao lerque relaciona~las (. ..) A Iradigao do pcnsamenlo que forma 0

ideario das escolas elemen/ares ordena qua sa reduza 0 camp/exo ao simples, que

se separe 0 que esM ligada, que se unifique 0 que e miJltiplo. que se elimine ludo

aquilo que traz da,sordens au contradi,;-6espara nossos entendimentos (. ..) A 100ica a

que obedecem projeta sobe a saciedade e as refagoes humanas as resrrigoes e osmecanismos inumanos da maquina artificial com sua visao determinista, mecanicista,

quantitativa formalista, que ignora. ocu/ta e dissolve tudo 0 que e subjetivo, afetivo,

livre e criador (.. .) A inteligenda que s6 saba separar rampe 0 carater camp/axo do

mundo. em. fragmefltos desunidos fracionam os problemas e unidimensionaliza 0

multidimenSIonal (MORIN, 16·171

23

A inteligemcia se toma cada vez mais cega e inca paz de compreender 0

complexo, ha entao uma progressaq cia, c;eise que gera Gada vez mais incapacidade

de pense-Ia.

A dicotomia entre cultura humanista e cultura cienUfica gera grave dana ao

conhecimento, ao ser humano e- a universidade, uma vez que passa a reinar uma

inteligemcia cega. A falta de cantata entre as culturas traz grave dana para as

mesmas.

A cultura humanista revitaliza as obras do passado, a cultura cientffica valoriza

apan<Js C1quclas adqu;ridas no prcscntc.A cu/tura-humanist;; e um<J Cll!tUf<1 geml que

por meio da filosofia, do ensaio e da literatura co/oca problemas humanos

fllnda.mentais €I incita a reffexao. A Cf.1llura cientifica suscita um pen~mento

consagrado a teoria, mas nao uma reifexao sobre 0 destin~ human~ e sobre 0 futuro

da propria cifmcia (MORIN, 17 - 18)

Uma possivel SOIUC;30 para tal problematica do paradigm a dominante da

inteligencia cega, pode ser a transdisciplinaridade, contudo ela nao tern espac;o eefeito enquanto nao houver reforma do pensamento. Ha na necessidade da busca e

uma cultura geral e gJobalizante "Quanta mais patente for essa atitude gera/mente

maior sera a aptidao para tratar problemas especfficos" (MORIN, 19). au seja, a

busca de urn pensamento rumo 80 contexto e ao complexo, capaz de realizar

rela96es, lidar com situac;ces antag6nlcas, com a diversidade e com a unidade.

Portanto e necessaria uma reforma da universidade, contudo uma mudanc;;a

do tipo de inteligencia deve acorrer simultaneamente. Mentes e instituic;;ao devem ser

transformadas.

Surge entao a pergunta: quem educara as educ~dOies para esse novo

paradigma? "E necessaria que se atuo-eduquem e eduquem escutando as

necessidades que a seculo exige, das quais os estudantes sao portadores" (MORIN

21) Tude, rume ao restabe!ecimento das rela90es entre culturas. separadas. Hoje 0

ensino secundario, mais que a un;versidade, e ° lugar da verdadeira cultura geral,

contudo a meta a ser alcanyada na renovagao da universidade e a da

transdiciplinaridade que permita uma democracia cognitiva e nao uma excJusao

tecnicista realizada pela predominancia do especialista, dono da verdade de seu

ramo de saber. Tudo isso visando a capacita~o do ser humano para lidar com as

quest6es de seu tempo, de seu mundo, de sua exist~ncia.

24

Na !dade Media dentro dos conteudos do trivium e quadrivium havia espac;o

para arte: mLisica, fatorica, etc. Contudo na educac;:ao atual a separac;:ao e violanta.

Nao ha espayo para a arte, ela e apenas um acess6rio dispensavel

Brota entao a essa aitura a quesiao: qual 0 caminho para religar as saberes,

par ende comec;:ar, como comec;ar?

A fragmentac;:ao deixa explic!ta a inabWdade criada no educando para

relacionar-se com campos diferentes daqueles especlficos a que fo; condicionado. 0

especialista, fruto da universidade tecnicista e urn excluido pela propria

universidade, toma-sa incapaz de relacionar, ligar, fazer sinlese do que 0 cerca. Ecarente de experiencia existencial. Ha ausencia do conhecimento das artes, ate

mesma entre os doutores e mestres que deveriam facilitflr 0 acesso a cultura e a

totalidade da complexidade do conhecimento. Sao raros os docentes que sabem

apreciar uma musica de Bach, urn quadro de Oa Vinci, OU ainda urn romance de

Shakspeare. Ha que sa buscar integrac;ao des saberes.

5. MISSAO DO DOCENTE DE LETRAS

o curse tern par missao formar profissional de que seja promotor dos

valores humanos e, portanto, dono de urn conjunto de saberes e capaz de realizar a

transmissao desses saberes a indivlduos que seraa tarn bam capazes de operar

interven~6es sabre a realidade, par meio do desenvolvimento e alualizalfao de

capacidades e recursos cognitlvQs, afetivos e relacionais.

De tal forma concebida, a formay8o do profissional de Letras eorientada no sentido de busca da transformayao das condi96es que limitam e/ou

impedem 0 pleno desenvoivimento do individuo em suas dimens6es social e cidada,

bern como a explora93o do potencial humano em todas as duas possibilidades.

Esta concep98o revela-sa ainda como elemento politico da forma98o profissional

em Letras, pOis assume claro compromisso com a construyao de uma sociedade

que abarque as diferenc;as e permita a crescimento humano.

E assim, a objetivo geral do Curso de Letras e 0 de formar profissionais

inlerculturalmenle competentes que reconhecem a necessidade de sua forma980

continuada; que sejam capazes de articular e analisar os mecanismos das multiplas

linguagens, especial mente a verbal, em seus contextos oral e escrito, de forma

criticamente fundamentada; que sejam conscientes do can~ter humanisticos de seu

conhecimento e conseqOentemente de seu poder de inser980 no mundo das

rela90es socia is, concebendo sempre a diferen9a como alga que tern urn valor

antropol6gico a ser respeitado. E os Objetivo especifico:

- Explicitar a formac;:ao do profissional de Letras por meio de urn processo continuo,

esclarecendo 0 papel do graduado em Letras na sociedade brasileira;

- Oportunizar 0 contato com as diversas tecnologias na area de linguistica de modo

a atender as exigencias que circundam a mundo contemporimeo, no que se refere

ao estudo dos diferentes registros de linguagem;

- Ensejar ao aluno 0 cantata com as diferentes metodologias inovadoras do

processo de ensino-aprendizagem;

26

- Capacitar 0 aluno para a usa de linguas que sejam objeto de seus estudos, em

termos de sua estrutura, funcionamento e manifesta~es cultllrais;

- Ampliar a conjunto de possibilidades profissionais, em slntonia com a atual

dinamica do mercado de trabalho;

- Proporcionar instrumentos e espa~os para a aplicabilidade de referentes teoricos,

para redimensionar a pratica;

- Par meio do estudc de detenninadas disciplinas de seu curricula, abrir urn espar;:o

dial6gico capaz de estudar a cultura, a memoria e a histona, subsidiando urn

passive! projeto de pesquisa na area dos estudos culturais.

6. PESQUISA DE CAMPO

o seguinte question aria foi aplicado aos alunos do Curso de

Graduac;ao em Letras-Portugues da Universidade Tuiuti do Parana e teve par

objetivo verificar como fol 0 ensina de arte, em sentido amplo, no decorTer da vida

academica. Par arte, no contexte em que foi aplicado 0 questionario, entende-se as

expressoes culturais dos diversos povos, mas de maneira especial as manifestac;oes

do ocidente existentes no cinema, teatra, literatura, pintura, escultura, arquitetura e

musica.

Fai aplicado assim, urn questionario buscando perceber como e a concepr;:8o

da relac;ao entre arte e educaC;ao para as futuros professores que estao se

habilitando para a Magisteria, au seja, para a formayaa de mais profissionais e mais

professores.O questionario abaixo tem 11 quest6es. Sendo 10 objetivas e 1 aberta.

Entre parentese est80 colocados os numeros de pessoas que assinalaram a

aitemativa e logo abaixo urn grafico apresentando a porcentagem. As observaltoes

seguem 0 grafico e sao baseadas nas peculiaridades notadas nas respostas.

QUESTIONARIO SOBRE A ARTE NA FORMAC;:AO DO DOCENTE

QUESTOES

1. Como voce avalia a conhecimento das artes no decorrer do Ensino Fundamental

e media: ( 0 ) 6tima (4) Bam (4) Regular (8 )ruim (5) insuficiente I naa

houve

A primelra questao visa avaliar como as -futuros- professores Ve8rn a aprendizado

de artes em seu per.fodo de formac;ao inicial (ensina fundamental e medio). 60% dos

professores acreditam que as artes fcram tratadas de maneira insuficiente au ruim

nos primeiros anos de formaC;ao. Tal numero revela duas perspectivas. A primeira e

a de que real mente 0 ensina nao tratou sabre a arte, a segunda e a de que as

concepc;6es de arte podem ser diversas e a que e tido por arte por urn grupo nao e

par outro.

Ficamos com empate, de 20%(para cad a) das respostas avaliam tal

aprendizado no ensina fundamental e media como born e regular 0 que signjfica

certa insatisfac;ao e descontentamento dos futures professeres.

29

2.Como voce avalia 0 conhecimento das artes recebido dentro da universidade:

(1 ) 6timo (7) Born (10) Regular (1 )ruim (1) insuficiente I nao houve

o conhecimento das artes recebido na universidade, como pade se

observado no grafico, nac e satisfatoria para as 50% que a considera regular;

entretanto ha urn contraponto na categoria born au seja, 35% dos analisados.

Restando-nos a empate de 5% para ruim. insuficiente e 6time. Numeros

preocupantes e que revela aus~ncia da arte em detrimento a Qutros conhecimentos

especfficos.

30

3.Voce considera que a arte e para educa9Bo:

( 16 ) imprescindivel (5 ) urn acess6iio (0) dispensavel

Apesar dos baixos numeras no que se refere a formac;:ao nas quest5es

anteriores, 76% acreditam que 0 estudo de artes e imprescindivel para educayao, ou

seja, estao convencidos, a nivel pessoal de que arte e educayao caminham juntas e

nao devem ser equivocadamente separadas; 24% acham que a arte e apenas um

acess6rio no processo de educac;ao e par isso deduz-se que formam seus alunos

segundo moldes cartesianos da especificidade dos ramos do conhecimento que

transmitem. Ninguem considera a arte dispensavel para a educac;ao 0 que

demonstra que todos t~m consci~mcia de seu valor, ou seja, e inegavel sua

importancia no proceS$O educativo.

31

4. Com seu atuai conhecimento das artes (MusicafTeatro/Cinemaldan<;a) voce

tem habilidade para desenvolver, futuramente, essas atividades em sala de aula:

(9 ) sim (13 ) nao

o percentual de 59% mostra claramente que realmente que ha urna

laguna na forma9ao do docente. E, que naD ha acesso para esses futures docentes

com algumas artes e quando acorre cantata naD Ihe propiciam capacitac;ao para

discutir sabre elas. Pois, 0 caractere proprio de cada arte, de urn peri ado, de urna

escota e urn dos primeiros elementos para contemplacao da obra de arte dentro de

urn todo,

32

5. Com seu atusl conhecimento das artes voce tern habiJidade para diferenciar uma

rnusica de Bach a urna de Beethoven? (2 ) sirn (19) nao

No que S8 refere a musica a percentual aumenta muito, 90% declaram·se inaptos

para tazer diferencia~ao entre eles. Bach, considerado 0 maior genic do periodo

classicQ e Beethoven, expoente do romantismo nao sao conhecidos, vista que adiferenya de-esti/os e elementar e faci/mente identificada. Tal numero leva a crer que

a maioria dos entrevistados nao escuts musica erudita ou classica, ou seja naD tern

cantata com a patrimOnio musical mundia'

Ha, portanto, a questao de afinidade, pelo qual as pessoas S8 aproximam

mais de urn campo artistiCD que de Dutro.

33

6. Quais as meios de arte a que voce tern mais acesso:

(8 ) teatro (14) cinema

(13) mllsica (19 ) literatura

( 2 )pintura (0) arquitetura

( 0) Qutros (danya)

Nesta questao todos poderiam marcar quantas altemativas quisessem, assim

as meios, au otJras que tern maiS participayao par parte dos profeS50res Sao:

literatura e dnema. Em segundo lugar vern a musica.

Em termos de rentabilidade e expressao no mercado economico, as artes

geradoras de maior lucre e mercado consumidor sao exatamente 0 cinema e a

musica. He'!:urna industria cultural que domina 0 mercado e fabrica arte, de forma a

fazer com que essa perea seu verdadeiro significado de cantata com 0 sublime e

contempla~ao, sendo reduzida a bern de consumo e camerda3, Isso explica 0

grande ntimere de filmes produzidos todos as anos e que sao recordes de bilheteria

naD pela arte, ou pela qualidade do roteiro OU dos aiores, mas pel os efeitos

especiais e propaganda das empresas pradutoras. 0 me sma acontece no campo da

musica. Num dia sao sucessos de vendas e no outro estao esquecidas e

repudiadas, viram urn bern descartavel perdendo a perenidade caracteristica das

artes. Ha uma fugacidade de produyao musical que subestima a inteligencia e 0

ouvido dos receptores, portanto nem toda musica pode ser considerada arte, bem

como nem todo quadro.

3 Tese amptamente desenvolvida par Adorno e que foi referida no segundo capitulo desle trabalhosabre a conceito de arte,

34

Com que frequencia

( 2 ) 1 vez a cada 2 meses

(5)1vezaomes

( 4 ) mais de duas vezes par mes(10) freqUentemente, toda seman a

o acesso freqOente de 47% com atividades que consideram artisticas, urn

numero louvavel ao meiD da arte. Seria realmente urn numera louvadissimo casa

desviassemos nossa analise - formayao docente - 24% destes tern acesso a

apenas 1 vez ao mes; e esta a questao pesquisada aqui.

35

7. Voce va relayao entre sua disciplina de docencia e alguma das artes citadas

acima: (21) sim (0) nilo

100% veern relac;ao entre sua disciplina e as artes. Tal prerrogativa conforme

tratado anteriormente neste trabalho pode ser considerado como verdadeiro.Todos

acreditam que hi! relayao entre sua disciplina e alguma das artes 0 que revela

concepc;:ao estreita e inadequada do conceito de arte que pede e deve ser quanta aaphcabilidade, mais amplo possive!, tendo em vista a rela~o entre as saberes e 0

ser humano em todas as suas dimensoes.

36

8. Hoje, cursando 0 ultimo ana de sua graduay&o em Letras - voce sa considera apta

a aplicabilidade em sala de aula dos conhecimentos referentes as artes

mencionadas:

(7 ) sim (14) nao

Quase 70% nao aplicariam em sala de aula conhecimentas referentes as

artes. 0 que leva a crer que falta formayao para tal aplicayao de conhecimentos.

Embora mais de 30% vejam rela~o entre sua disciplina e alguma das artes, nao a

colocaria na pratica, no dia a dia.

37

9. Voce considera importante aplicar em sala de aula praticas educativas que

envolvam algum tipo de Arte : (20 ) sim ( 1) nao

Podemos observar que para mais de 90% a aplicabilidade em sala eimportante mas, ha possibilidade de tomar-S8 esporadica no ambiente de sal a de

aula em decorrencia dos fatores abordados anteriormente.

38

10Voce tern conhecimento de como a arte e contemplada nos peNs

(7) sim (16) nao

Mais de dais ter9Qs nao tern conhecimentos sabre as artes nos peNs,

;550 significa que na questao da interdisciplinaridade a arte e posta a margem e naD

ha rela<;.§o clara entre as artes e as demais conhecimentos. Assim fica, constata-se

mais urn agravante na rela~ao entre arte e educa~ao, naD ha clareza dentro dos

pianos curriculares e falta incentivo pedag6gico por parte do estado, ha professores

que se animam a tazer urn percurso entre estes conhecimento5 fazem par conta

propria e na rnaioria das vezes seguindo sua intuir;ao e sem orientaC;30 adequada.

39

ii.Qual 0 papel da arte na educactao?

Esta fai a vniGa qYestao aberta ende cada tim pode brevamente dar sel~

pareGer pessoaL Algumas das respostas Gonsideradas mais pertinentes estao

resumidamente apresentadas abaixo.

• Deveria ser imprescindivel, mas nao e.• Papal critico a c.riativo

• Ajuda no desenvolvimento da percepv-a,o lIi5(.Jal e tambem da culture em gara\.

• Qespertar nos alLinos 0 gosto pala arta.

• Trabalhar de uma forma mais interessante.

• Mais explorada e dirigida a nos sa formar,ao.

• Prornoyer a fruiyao de ide!as~ para 0 desenvolvimenta a.o sensa critico.

• Deveria ser uma disciplina obrigat6ria, principalmente. para n6s futuros

docentes.

• Mais urn meio de adquirir Gonhecimp.:nto e CliltUffi

• Considera a arta fundamental na vida de togas as pessoasi principal mentedos aillnos de betras para que asses conhedmentos possam sar levados adiante au saja ,aos alunos.

• Despertar a sens!bilidade no conhecimento e bllSca do belo

• Favorece a comunicayao e 0 respeito pela Q'iversidade e riql,Jeza numan9presente em cada arte e cultura. Meio para constn.Jc;.ao da paz.

• Intagrar alunos com a ambiente e com as colagas

• Desenvolvimento da percepc;ao critica e de compreensao das diferen9as

individuais. Gulturais; socials, antropol6gicas temporais.

• Fa~er que 56 sinta parte integrante da cultura

• Primeiro caminho para alcanc;ar interdisciplinaridade

• A arts e fundamentall pois sem arte nao ha ed\'lca~o,• Oespertar novas habilidades.

• Promover constante criatividade e desenvoltura de pensamento

As respostas sao muito diversas. Contudo todas as analises sao

v;)lictas por ;,Jpresentarem uma vjs~o na formal(ao do docente I algum.as mais

pr6ximas de paradigmas tradicionais e OLltras de paradigmas inovadores.

i.CONeLusi\o

A partir das pssquisas bibliograficas observ"amos que a Arte c uma

trCinsforma;;.ao simb61lca do mundo. Quar dizar: 0 artistCi cria um munda outro- mats

bonito au mais intense eu mais significativo.

A arte tambem e uma grande auxiliar da educayao - atlnge 0

dasenvoivimento do ser humano sob todos as seus multiples aspectos.

Acumula conhecimentos teoricos, vivenciados, permltlndo uma Dutra

visao. Educar e ensinar a aprender par toda vida, e 0 educador nesse proces5o

assume urn carater de con stante humildade diante do novo que dasparta a,

entendende sempre que tedo sar humane tam dlraito a sua propria individuaiidade enao pade S6r mo:dado de aeordo com normas e, 0 desenvolvimento da consclencia,

faito com a auxfrio da ane, toma-se um processo natural de crescimento.

Neste contexto as artes da dan9a e da musica sao aberturas para 0

movimanto, despertando 0 jovem para a compreensa.o do se:..:relacionamento com 0

espa90 que 0 rodeia. Por meio da dan9a espont~naa e da expressao corporal ale

pade eonhecer e explarar seu pnjpria carpa, veicuta de todo um potenCial interna. 0conhecimento do corpo os faz. conscientes de reatidade mais profunda. Sentindo que

aata unido a tudo 0 que exists, psrcebemos 0 refacionamento com as pessoas e a

nalureza.E ainda, a Arts na sduca9ao vsm contribuir para 0 rsencontro do

hamem consigo mesmo e com a natureza para mars tarde, sspontaneamente,

desper1a-lo para a sua posiq.ao no universo. Ent~o ele compreende, sem esforyo,

que a vsrdadeira sabedoria naD pode sei encontrada fora, nos objetos e eoisas do

mundo, nem no acumulo de conheclmentos teoricos, porque ja existe dentro dels,

desde a infimcia ..

De:sta manelra, a Arts do momenta desce dos museus e galerias, delxa

de ser privilegio das elites, para ajudar a humanizar 0 cansado e violenta mundo

materialista.

Harmoniza-se com 0 sar t"lumano, toma-sa necessaria a unlao dosepostes, razae e intui<;ao, num rS€lncontro feHz de atica com estetlca, busca a

raaduca;;.ac do sar humano nos diversos satoras da sociedade. Escolha os manos

41

favorecidos como ponto de referencia e alarga as seus horizontes para dimensoes

maiores. Busea as espa<;os onde a violencla e urna con stante, ali levanta 0 seu

estandarte de paz e transforma 0 ser humano. Essas transforma<;:6es sao obtidas no

pr6prio exercicio da arte.

Enfim, nao resta duvida de que a Arte e objeto de muita discussao e nao

muitos consenSQs... Muito teorizada e pouco praticada, infelizmente, nao hi!

preocupa<;6es efetivas e sim focos imediatistas, ratificando, porem, que a ponto de

vista do resultado da pesquisa de campo elaborada apenas junto a urna turma de

Graduavao em Letras da Universidade Tuiuti do Parana.Como reflexao final aproveitando-se do momento do "teorizar",

observa-se muito que na sociedade modema, ou melhor, na sociedade da

mercadoria, a Arte tambem se transforma em mercadoria. Mas essa nao €I a sua

essencia. Entretanto, nao se pode levar a tese da Arte como produ~o a ponto de

perder-se de vista que ela e, antes de qualquer coisa, uma necessidade humana

fundamental... Como e possivel observar e analisar nos varies dados-rnbiiograficos

deste trabalho. Oesta forma cabe-nos des velar que a Arte deveria SER sem fins

lucrativos ... Propiciada a todos como afirma Mario de Andrade

"A Arte nao e urn elemento vital, mas urn e(ernento da vida".

A abordagem do trabalho visou sempre a Arte no contexto de

EduC89aO. Apesar das lacunas e defeitos inevitaveis nurn contexto sucinto e geral

como este, se possibilitou alertar para alguns problemas, se descobriu uma ou outra

coisa nova, se alguma interroga9ao surgiu, entao alcan90u e cumpnu 0 objetivo

almejado.

Assim a arte e a forma9aO do docente devem levar 0 ser humano a

contemplar a realidade humana, e a reaHdade do mundo. A verdadeira educa~ae

acontece par meia da arte e a verdadeira arte educa.

REFERENCIAS

ADORNO, 1. 0 Fetichismo na musica e a regressao da audic;:ao. Os pensadores.

Sao Paul: Victor Civila, 1983.

ALVES, R. Entre a ci£mcia e a sapiencia. 0 dilema da educac;ao. Sao Paulo: Loyola,

1999.

ALVES, R. Livro sem fim. Sao Paulo: Loyola, 2002.

BORNHEIM, G. PEginas de Filosofia da Arte. Rio de Janeiro: UAPE, 1998.

BRANOAo, Z. Pesquisa e Educa~ao. Conversa com pos-graduandos. Rio de

Janeiro: PUC- Rio; Sao Pau[o: loyo[a, 2002.

CHASSOT, A e OLIVEIRA, J. orgs. Cisncia, etica e cultura na educayao. Sao

Leopolda: UNISINOS, 1998.

CHAUi, M. Escritos sabre a universidade. Sao Paula: UNESP, 2001.

COLI, J. 0 que e Arte. Editora Brasiliense, 2002.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Saberes Necessarios a Pratica Educativa. 511

ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

GIUSSANI, L. Educar e urn risco. Sao Paulo: Companhi. lIimitada, 2000.

GULLAR, F. Argumentay.o Contra a Marte da Arte. 4'-ed. Revan, 1998.

JIMENEZ, M. 0 que e estetica? Sao Leopolda: UNISINOS, 1999.

HEGEL, G. Cursos de Estetica. Vol. I. Sao Paulo: EOUSP, 1999.

4)

HORTAL, J. A universidade: realidade e esperan~. Rio de Janeiro: Puc-Rio I Sao

Paulo: Loyola, 2002.

Manual de estHo Editora ,A,bril.Rio de Janeiro: Abril, 1990.

rviARCONDES, O. Textes Basicos de fiiosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 'j 999.

MARIA, J. Novos Paradigmas pedag6gicos. Sao Paulo: Paulus, 1996.

MARM!UCZ. A. RGla~o Educc;tiva. Curjtiba: Vicentinha, 1998.

MORAIS, R. (jodedade. 0 I"spelho partido. Campinas: I"dicamp, 2003.

MQRINI E. (org) A Religac;ao dos Saberes, 0 desafio do secuio XXI. RiQ de .Janeiro;

Bertrand Brasil, 2001.

MOR!N, E. 0 metoda. 3 0 conhecimento do conhecimento. Porto Alegre: Sulina,

1999.

MORIN, E. Os sete saberes e Qutros ensaios. Sao Paulo: Cortez, 2002.

NAJMANOVICH, D. 0 sujeito encarnado. Questoes para pesquisa no/do cotidiano.

Ric de Janeiro: DP/\' 2001.

NETO, E. Educa980 e complexidade. (Coleyao viva voz n. 4) Sao Paulo: Salesiana,

2002.

NiETZSCHE, F. Est~t,ca y teorfa de ias artes. Madrid: Tecnos, 1999.

OSOWSKI; C, ProvgGa~es da sala ge aula, Sao Paulo; boyola; 1999·

PLATAO. A Republica. sao Paulo: Martin Claret, 2000.

44

REALE, M. Experiencia e cultura. Campinas: Bookselier, 2000.

ROMEIRO, A. In Revista cientifica: A Caminho - Apelo II pesquisa, n. 1.

Centro Universitario Claretiano: Batatais. 2003. pp 7-17

SILVA, J. A. 0 fragmento e a Sintese. Sao Paulo; Perspectiva, 2003.

TOBIAS, J. A. Filosofia da EduC3yao. Sao Paulo: Ave Maria, 1998.

QUESTJONARrOAplicado aos alunos do ultimo ane do Curso de Letras da

Universidade Tuiuti do Parana-Turma 2005

TEMA~AARTE NA FORMACAO DO DOCENTE

QUESTOES

I. Como voce avalia 0 conhecimento das artes no decorrer do EnsinoFundamental e

media:

( ) otimo ( ) Bam ( ) Regular ( )ruim ( ) insuficiente I naa hallve

2. Como voce avalia 0 conhecimento das artes recebido dentro da

Universidade -mas especifico- dentro da sua Graduavao em Letras:

( ) otima ( ) Born ( ) Regular ()ruim ( ) insuficienle / nao houve

3. Voce considera que a Alte e para Educayao:

( ) imprcscindfvel ( ) urn accss6rio ( ) dispcllsavc1

4. Com seu alua} conhecimento das artes (MusicaJTeatro/CinernaJdanva) voce tern

habilidade para desenvolver, [uturamentc, essas atividades ern sala de aula:

) sim ( ) nac

5. Voce tem cGilhecirnento para diferenciar uma musica de Bach e de Beethoven e

descnvolve-Ias com seus alunos: ( ) sim () !laO

6. Quais os meios de arte a que voce tem mats acesso:

( ) tealra ( ) cinema () musica ( ) literatura

( ) pintura ( ) arquitetura ( ) outros (danr;:a)

Com que frcqiicncia:

) 1 vez a cada 2 meses

) I vez ao mes

) mais de duas vezes par mes

) [reqiientemente, toda semana