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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL Josiane Marina Ornaghi CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NO TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL PARA O LESADO MEDULAR CURITIBA 2009

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE

CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL

Josiane Marina Ornaghi

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA

ASSISTIVA NO TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL

PARA O LESADO MEDULAR

CURITIBA

2009

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Josiane Marina Ornaghi

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA

ASSISTIVA NO TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL

PARA O LESADO MEDULAR

Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Terapia Ocupacional, da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde, da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientadora: Professora Mestre Jordane Schruber

CURITIBA

2009

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TERMO DE APROVAÇÃO

Josiane Marina Ornaghi

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA

ASSISTIVA NO TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL

PARA O LESADO MEDULAR

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção de grau em Terapia Ocupacional

do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ____de novembro de 2009.

Profa Ana Luiza Bender Moreira

Curso de Terapia Ocupacional

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Profª. Mestre Jordane Schruber

Universidade Tuiuti do Paraná/ Curso de Terapia Ocupacional

Banca: Profª. Ana Luiza Galvão Bender Moreira

Universidade Tuiuti do Paraná/ Curso de Terapia Ocupacional

Profª. Genita Reginatto

Terapeuta Ocupacional

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Dedico este trabalho a minha amada MÃE, que desde o início de minha

vida mostrou-se guerreira, que por várias vezes renunciou os seus sonhos,

desejos e vontades para realizar os meus, que sonhou meu futuro antes de

mim. A você mãe que me ama através do carinho, apoio, incentivo, oração,

renúncia e sacrifício, a você que nunca deixou de acreditar em mim quando eu

disse que não iria conseguir. A você mãe que me acolheu nos abraços mais

aconchegantes, que me deu força quando me fiz fraca, que foi minha voz

quando a mesma me faltou, que me cobriu com um manto de amor e

felicidade, e que sempre esteve comigo, pronta para enfrentar qualquer medo.

A você que é meu porto seguro, minha fortaleza, minha VIDA. Eu te amo!

E ao meu PAI, que mesmo não estando entre nós, sempre esteve

comigo (memória, saudade e coração), tenho certeza que esta feliz e orgulhoso

da filha e terapeuta ocupacional que acaba de concluir mais uma etapa de sua

vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me deu o dom da vida, que me

abençoou com a inteligência, que me deu a graça para lutar e que sempre

esteve ao meu lado.

Ao Adilson (meu padrinho) e Natalina (minha madrinha), que sempre

foram como pais para mim, e me ensinaram que a vida não exige que sejamos

os melhores, mais sim que dediquemos o melhor de nossos esforços para

realizar nossos sonhos.

A minha tia Noemia, ou melhor, tia “Nininha”, e ao tio Wilson, que

sempre ao meu lado incentivaram-me e ajudaram-me na concretização deste

sonho, sem vocês ele não seria possível.

A minha prima Camila (minha mana), que mesmo longe sempre esteve

perto e que nunca hesitou em ajudar-me. Obrigada pelo amor, pelas risadas,

histórias e medos compartilhados e pela cumplicidade.

Ao Patrick, meu namorado, que com paciência entendeu meu stress,

minha ausência e minha distância. Muito obrigada pelos carinhos, pelo

companheirismo, pela compreensão, pelos abraços de conforto, pela força e

principalmente pelo amor.

Aos professores pela transferência de conhecimento, paciência e

compreensão. Em especial a minha professora orientadora Jordane Schruber,

que me orientou na realização deste trabalho, que me auxiliou quando estava

perdida, obrigada pela atenção e dedicação. E com grande carinho a

professora Ana Luiza e a terapeuta ocupacional Genita Reginatto, pela

disposição em me ajudar e pela atenção.

Por fim, porém, não menos importantes, agradeço a todos os meus

amigos que não os cito, por medo de cometer alguma injustiça, esquecendo-

me de algum, que torceram diretamente pelo meu sucesso e pela minha vitória.

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“Que nossos esforços desafiem as impossibilidades. Lembrai-vos que as

grandes proezas da história foram conquistadas do que parecia impossível.”

(Charles Chaplin)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 13

2 LESÃO MEDULAR ................................................................................ 16

2.1 CONCEITO .......................................................................................... 16

2.2 CAUSAS .............................................................................................. 16

2.2.1 Congênitas ...................................................................................... 17

2.2.1.1 Malformações abertas .................................................................. 17

2.2.1.2 Malformações fechadas ................................................................ 18

2.2.2 Traumáticas ...................................................................................... 19

2.2.3 Degenerativas .................................................................................. 20

2.2.4 Tumorais ........................................................................................... 20

2.2.5 Infecciosas........................................................................................ 21

2.2.5.1 Infecções Virais ............................................................................. 21

2.2.5.2 Infecções Bacterianas ................................................................... 22

2.2.6 Doenças Neurológicas e Sistêmicas ............................................... 22

2.2.7 Doenças Vasculares ........................................................................ 22

2.3 INCIDÊNCIA ........................................................................................ 23

2.4 POPULAÇÃO AFETADA .................................................................... 23

2.5 NÍVEIS DE LESÃO ............................................................................. 23

2.5.1 Exame neurológico .......................................................................... 25

2.5.2 Exame sensitivo ............................................................................... 25

2.5.3 Exame motor .................................................................................... 26

2.6 GRAU DA LESÃO ............................................................................... 29

2.7 SÍNDROMES CLÍNICAS ..................................................................... 30

2.7.1 Síndrome centromedular ................................................................. 30

2.7.2 Síndrome Artéria Espinal Anterior ................................................... 30

2.7.3 Síndrome de Brown-Séquard .......................................................... 30

2.7.4 Síndrome Cordonal Posterior .......................................................... 31

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2.7.5 Síndrome da Cauda Eqüina ............................................................ 31

2.7.6 Síndrome do Cone Medular ............................................................. 31

2.8 FASES PSICOLÓGICAS .................................................................... 31

2.8.1 Fase de Choque ............................................................................... 32

2.8.2 Fase de Negação ............................................................................. 32

2.8.3 Fase de Reconhecimento ................................................................ 32

2.8.4 Fase de Adaptação .......................................................................... 33

2.9 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES ......................................................... 33

2.9.1 Alterações Respiratórias .................................................................. 34

2.9.2 Disreflexia Autonômica .................................................................... 33

2.9.3 Hipotensão Ortostática ou Hipotensão Postural ............................. 35

2.9.4 Disfunção Intestinal .......................................................................... 35

2.9.5 Disfunção Vesical ............................................................................. 36

2.9.6 Disfunção Sexual ............................................................................. 36

2.9.7 Regulação Térmica .......................................................................... 37

2.9.8 Dor .................................................................................................... 37

2.9.9 Espasticidade ................................................................................... 38

2.9.10 Fadiga ............................................................................................. 38

2.9.11 Trombose de Veias Profundas ...................................................... 39

2.9.12 Úlceras de Pressão ........................................................................ 39

2.9.13 Ossificação Heterotópica ............................................................... 40

3 TERAPIA OCUPACIONAL E LESÃO MEDULAR ............................... 41

3.1 CONCEITO .......................................................................................... 41

3.2 O PROFISSIONAL TERAPEUTA OCUPACIONAL ........................... 42

3.3 HISTÓRICO......................................................................................... 43

3.4 RECURSOS TERAPÊUTICOS .......................................................... 47

3.5 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE AGUDA DA LESÃO

MEDULAR ................................................................................................. 50

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3.6 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE DE PRÉ-REABILITAÇÃO

DA LESÃO MEDULAR .............................................................................. 52

3.7 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE DE REABILITAÇÃO DA

LESÃO MEDULAR .................................................................................... 53

3.8 TRATAMENTO DE LESÃO MEDULAR ............................................. 55

3.8.1 Cirurgias de Reconstrução Funcional ............................................. 59

4 TECNOLOGIA ASSISTIVA ................................................................... 63

4.1 CONCEITO .......................................................................................... 63

4.2 OBJETIVOS ........................................................................................ 65

4.3 A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL E A TECNOLOGIA

ASSISTIVA ................................................................................................ 65

4.4 DESIGN UNIVERSAL ......................................................................... 66

4.4.1 Conceito ........................................................................................... 66

4.4.2 Design Universal e Terapia Ocupacional ........................................ 68

4.5 ADAPTAÇÕES .................................................................................... 69

4.5.1 Conceito ........................................................................................... 69

4.5.2 Alteração da tarefa ou método de realizá-la ................................... 70

4.5.3 Adaptação do objeto da tarefa ......................................................... 71

4.6 ADAPTAÇÕES PARA ATIVIDADE DA VIDA DIÁRIA ....................... 74

4.6.1 Conceito .......................................................................................... 74

4.6.2 Auto cuidado .................................................................................... 76

4.6.2.1 Alimentação ................................................................................... 76

4.6.2.2 Higiene .......................................................................................... 86

4.6.2.3 Vestuário ....................................................................................... 93

CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 98

REFERÊNCIAS ....................................................................................... 100

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LISTA DE ABREVIATURAS AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente ....................... 19

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas .............................. 72

ASIA – American Spinal Injury Association ........................................... 24

AVD – Atividade de Vida Diária ............................................................ 14

AIVD – Atividade Instrumental de Vida Diária ....................................... 54

HIV – Human Immunodeficiency Virus ................................................ 21

HTLV1 – Human T lymphotropic Virus Type 1 ......................................... 21

MIF – Medida de Independência Funcional ........................................ 54

MMSS – Membros Superiores .................................................................. 55

SNC – Sistema Nervoso Central ........................................................... 21

TRM – Traumatismo raquimedular ........................................................ 16

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Classificação Neurológica da Lesão Medular - ASIA ....... 24

TABELA 2 – Escala de Deficiência - ASIA ............................................. 29

TABELA 3 – Nível de lesão X funcionalidade de membros

superiores .................................................................................................. 56

TABELA 4 – Desempenho Funcional nas Atividades de Vida Diária

e Instrumentais de Vida Diária .................................................................. 58

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RESUMO

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NO

TRATAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL PARA O LESADO MEDULAR

A lesão medular é considerada uma das mais graves e devastadoras síndromes incapacitantes, caracterizada por alterações motoras e sensitivas abaixo do nível da lesão. Este trabalho consiste na demonstração da atuação do terapeuta ocupacional na reabilitação funcional e promoção da independência das atividades de vida diária de auto cuidado com enfoque na alimentação, higiene e vestuário, com o uso de tecnologias assistivas para o lesado medular. A Terapia Ocupacional tem como objetivo desenvolver novas capacidades, e aproveitar as funções que se encontram preservadas no sujeito, promovendo assim sua independência e/ou adaptação à sua nova condição de vida. O terapeuta ocupacional é o profissional que, tendo tido formação para analisar a atividade humana em condições típicas ou atípicas de desenvolvimento é capaz de explorar ao máximo o potencial do indivíduo no seu desempenho funcional/ocupacional e, por isso mesmo, pode desenvolver, indicar e aplicar artigos de tecnologia assistiva com a maior competência e eficácia. A tecnologia assistiva pode realizar muitas tarefas possíveis para muitos clientes, quando se baseia em fundamentos terapêuticos sólidos, uma avaliação contínua e abrangente de todas as partes do sistema, uma equipe interdisciplinar, incluindo o cliente e o prestador de atendimento, tomando as decisões na seleção das adaptações e um foco sobre as necessidades do cliente. O terapeuta ocupacional deve propor sugestões de tais recursos apresentados, orientações em sua prescrição, aquisição, ou até mesmo confecção, a fim de potencializar a capacidade residual do sujeito. Palavras-chave: Lesão Medular, Terapia Ocupacional, Tecnologia Assistiva.

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INTRODUÇÃO

São várias as causas geradoras de comprometimentos motores. Dentre

elas está a lesão medular, que pode ser causada por traumas, patologias

congênitas, tumorais, degenerativas, infecciosas, neurológicas, sistêmicas e

vasculares.

A lesão medular é uma das formas mais graves entre as síndromes

incapacitantes, pois mudanças físicas irreversíveis bloqueiam a capacidade da

pessoa em realizar suas necessidades primordiais.

Define-se lesão medular por rompimento completo ou incompleto dos

tratos nervosos, responsáveis pela transmissão, modificação e coordenação

motora e/ou sensorial, e no controle autônomo do sistema de órgãos. As lesões

completas se caracterizam pela ausência de função motora e/ou sensorial

abaixo do nível das lesões enquanto que as incompletas apresentam a função

medular parcial ou completamente intacta podendo comprometer vários

segmentos neurológicos. Esses rompimentos acarretam seqüelas motoras que

são classificadas em tetraplegia (paralisia dos membros superiores, membros

inferiores e tronco) ou paraplegia (paralisia dos membros inferiores).

A Terapia Ocupacional é a profissão da saúde responsável pela melhora

ou resgate da qualidade do desempenho ocupacional do sujeito, sendo

extremamente importante no processo de reabilitação. Vale lembrar que

segundo PEDRETTI (2005), desempenho ocupacional é a maneira como o

indivíduo realiza suas tarefas do cotidiano. Cabe ao terapeuta ocupacional

tornar o sujeito funcional em suas atividades de vida diária, trabalho e lazer,

restaurando seus componentes de desempenho como capacidade sensorial,

motora e habilidades psicossociais, dentro de seu contexto temporal e

ambiental e possibilitando que os papéis ocupacionais do sujeito sejam

cumpridos. Este profissional utiliza como recurso terapêutico o “fazer”

analisado e programado para cada paciente em sua individualidade.

Considerando o objetivo do trabalho do terapeuta ocupacional que

mantém sempre como meta a capacidade funcional do sujeito de maneira a

favorecer sua qualidade de vida, buscou-se compreender melhor como se dão

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as perdas das capacidades funcionais intrínsecas do sujeito acometido das

seqüelas de uma lesão medular.

Para que o sujeito tenha uma maior independência funcional, pode-se

utilizar alguns recursos para auxiliá-lo em sua funcionalidade, os quais são

descritos como tecnologia assistiva. Segundo BERSCH (2009) a tecnologia

assistiva é qualquer item, peça de qualquer equipamento ou sistema de

produção que pode ser comprado, modificado ou feito sob medida com o

objetivo de manter, aumentar ou melhorar as habilidades funcionais de uma

pessoa com limitações.

A tecnologia assistiva tem o intuito de compensar as capacidades

ausentes ou deficientes, e por meio destas os lesados medulares administram

uma variedade de atividades de vida diária (AVD) e participam da vida com

mais independência.

A Terapia Ocupacional tem como desígnio estimular e promover a

máxima autonomia e independência nas atividades de vida diária, tendo como

foco principal reinserir o indivíduo na sociedade de forma independente, porém,

respeitando suas limitações.

O papel da Terapia Ocupacional é de extrema relevância no tratamento

de reabilitação, pois é o terapeuta ocupacional que irá intervir na rotina do

indivíduo, orientando, prescrevendo, confeccionando e treinando métodos

adaptados ou facilitadores que poderão ser utilizados para atingir um melhor

resultado funcional, aumentando a segurança e maximizando a independência

do paciente na realização das atividades de vida diária – auto cuidado:

alimentação, higiene e vestuário, garantindo assim uma maior qualidade de

vida.

Esta pesquisa tem como objetivos, contribuir para o acervo bibliográfico

específico da área; demonstrar por meio da revisão de literatura a necessidade

do terapeuta ocupacional para reabilitar o paciente lesado medular; confirmar a

importância da tecnologia assistiva no processo de reabilitação com enfoque

para as atividades de vida diária – auto cuidado: alimentação, higiene e

vestuário e comprovar que a Terapia Ocupacional na reabilitação é o caminho

que facilita e estimula o lesado medular a reaprender acerca das funções

perdidas e a obter a maior independência possível no resgate à vida produtiva

de forma íntegra.

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Este trabalho será dividido em três capítulos, sendo o primeiro destinado

à lesão medular, o segundo voltado para a Terapia Ocupacional e o terceiro irá

mostrar o uso da tecnologia assistiva como facilitador para as atividades de

vida diária enfocando o auto cuidado no que diz respeito à alimentação, higiene

e vestuário.

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2.0 LESÃO MEDULAR

2.1 CONCEITO

A medula espinhal é a via de comunicação das informações motoras e

sensitivas entre o cérebro e os órgãos periféricos efetores. É formada por tratos

longitudinais (substância branca) circundando áreas centrais (substância

cinzenta), onde se encontra a maioria dos corpos celulares dos neurônios

espinhais. A substância cinzenta é organizada em segmentos, abrangendo os

neurônios motores e sensitivos. Os axônios dos neurônios sensitivos penetram

na medula, enquanto os dos neurônios motores a deixam através de vias

nervosas segmentares ou raízes nervosas. Tais raízes são numeradas e

nomeadas de acordo com o forame vertebral através do qual penetram ou

deixam a coluna. (GREVE In: GREVE, 2001).

A lesão medular é uma das formas mais graves entre as síndromes

incapacitantes, constituindo-se em um verdadeiro desafio à reabilitação. Tal

dificuldade decorre da importância da medula espinhal, que não é apenas uma

via de comunicação entre as diversas partes do corpo e o cérebro, como

também um centro regulador que controla importantes funções. (LIANZA In:

LIANZA, 2001).

O traumatismo raquimedular (TRM) é um insulto traumático da medula

que pode resultar em alterações das funções motoras, sensoriais e

autonômicas. (STAAS In: DeLIZA e GANS, 2002).

Os efeitos do TRM têm impacto não somente na vida do paciente e de

sua família, mas também em toda a sociedade. O TRM geralmente ocorre em

pessoas ativas, independentes, que em um determinado momento têm controle

sobre suas vidas e no momento seguinte estão paralisadas. (ATRICE In:

UMPHRED, 2004).

2.2 CAUSAS

As estatísticas mundiais revelam que anualmente, a cada 1 milhão de

pessoas, 40 a 50 sofrem lesão da medula espinhal. (SAURON In:

CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

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Segundo TARICCO In: GRAVE (2001), podemos classificar as patologias

que comprometem a medula espinhal em:

Congênitas

Traumáticas

Degenerativas

Tumorais

Infecciosas

Doenças Neurológicas e Sistêmicas e

Doenças Vasculares

2.2.1 Congênitas

As anomalias congênitas da medula espinhal estão associadas às falhas

de desenvolvimento de estruturas medianas e são as causas mais freqüentes

das anomalias congênitas do sistema nervoso central. Podem ser classificadas

em abertas ou fechadas: (TARICCO In: GREVE, 2001).

2.2.1.1 Malformações abertas

Mielósquise: o tubo neural está totalmente aberto no local da

malformação, sem nenhuma meninge. É bastante comum o déficit neurológico

completo abaixo do nível da lesão. (TARICCO, op. cit.).

Meningocele: lesão cística coberta pelas meninges, contendo somente

líquido, sendo tecido nervoso. Corresponde a 10% das patologias espinhais

abertas e poucas vezes está associada com hidrocefalia ou outra anormalidade

do sistema nervoso central. (TARICCO, op. cit.).

Mielomeningocele: a forma mais habitual das anomalias abertas do tubo

neural. É uma massa cística, mediana posterior, aparente ao nascimento,

contendo liquor, meninges, medula espinhal malformada e raízes nervosas. A

hidrocefalia está presente em 90% dos casos. Em 100% existem malformações

de Chiari (invaginação da tonsila cerebelar pelo forame magno). (TARICCO,

op. cit.).

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2.2.1.2 Malformações fechadas

Costumam manifestar-se com deterioração neurológica na infância e

mais raramente na fase adulta e passa a ser conhecida como síndrome da

medula estirada. (TARICCO, op. cit.). Abaixo serão descritas.

Espessamento do Filum Terminale: qualquer tipo de malformação

espinhal pode estar associado com o espessamento do filum terminale e

conseqüentemente estiramento da medula, tracionando o cone medular para

níveis mais baixos de L1-L2. (TARICCO, op. cit.).

Lipomeningocele: cerca de 90% das ocorrências estão localizadas na

região lombossacra, em geral aparente ao nascimento como uma massa

subcutânea, macia e indolor, sem nenhuma alteração neurológica, de inicio,

mas podendo vir a tê-lo com o passar do tempo. (TARICCO, op. cit.).

Diastematomielia: Divisão longitudinal da medula espinhal por osso,

cartilagem ou septo fibroso. Tem maior incidência na região lombar e

predomina no sexo feminino. (TARICCO, op. cit.).

Cistos Dermóide, Epidermóide e Teratomos: são lesões que se

estendem desde a porção interna da epiderme até a coluna, propiciando uma

comunicação entre a pele e o espaço subdural. Em alguns casos pode

manifestar-se com meningite. Os cistos dermóides são os mais freqüentes,

depois os epidermóides e, por último, os teratomos. (TARICCO, op. cit.).

Mal formação de Chiari: anomalia da porção caudal do encéfalo,

caracterizado por deslocamento de parte do cérebro (as tonsilas) para o canal

cervical, eventualmente acompanhado de partes do bulbo e do IV ventrículo.

Em 1891, Hans Chari, descreveu e classificou quatro tipos de anomalias do

neuroeixo na região da transição craniovertical.

Tipo I: herniação das tonsilas cerebrais pelo forame magno.

Tipo II: herniação das tonsilas cerebelares, verme cerebelar, IV

ventrículo pelo forame magno.

Tipo III: herniação do tronco cerebral e porção do cérebro associado à

hidrocefalia cervical.

Tipo IV: hipoplasia cerebelar, não havendo deslocamento caudal do

tronco encefálico.

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A malformação de Chiari I pode estar vinculada a outras anomalias como:

Siringomielia;

Escoliose;

Invaginação basilar;

Síndrome de Klippel Feil.

A malformação de Chiari II está presente em todos os portadores de

mielomenigocele e 90% deles têm hidrocefalia. (TARICCO, op. cit.).

2.2.2. Traumáticas

Na estatística realizada pela Associação de Assistência à Criança

Deficiente (AACD), de São Paulo, a lesão traumática é a mais freqüente (86%),

destacando-se:

Ferimento por arma de fogo (45%)

Acidentes de transporte – automóveis, motocicletas, bicicletas e

atropelamento (30%)

Quedas (13%)

Mergulho (10%)

Outros traumas (2%). (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

Quando a lesão traumática, ou seja, de instalação brusca, provoca o quadro

conhecido como CHOQUE MEDULAR (cuja duração varia de dias a meses:

em média 3 semanas), caracterizado por: paralisia flácida e anestesia abaixo

do nível da lesão, arreflexia vesical, intestinal e genital. Nas lesões não-

traumáticas, de instalação lenta, as manifestações surgem de forma

progressiva não provocando geralmente a supressão dos impulsos ativadores

supra-segmentares, que determinam o choque medular. (SAURON In:

CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

A ausência das atividades reflexas, como o reflexo bulbocavernoso,

cremastérico e contração do esfíncter anal indicam o fim do choque medular. A

ausência do retorno da motricidade ou sensibilidade abaixo do nível da lesão,

após o choque medular, é indicativo de lesão irreparável. (TARICCO In:

GREVE, 2001).

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2.2.3 Degenerativas

A espondilose cervical degenerativa consiste no comprometimento dos

discos invertebrados, ossos e articulações da coluna vertebral. Na maioria dos

casos, tais alterações são assintomáticas, mas, em outros, podem

comprometer a medula espinhal e raízes. As alterações degenerativas

propiciam diminuição do diâmetro ântero-posterior do canal raquiano e, em

pacientes com dimensões menores do canal, vão provocar quadro clínico de

compressão medular. As alterações podem ser exarcebadas pela

hipermovimentação da coluna cervical, com microtraumas medulares,

resultando na compressão de tratos longos ou isquemia por compressão de

vasos intramedulares. (TARICCO In: GREVE, 2001).

2.2.4 Tumorais

A medula espinhal pode ter sua função comprometida por tumores

próprios do sistema nervoso central, como o dos tecidos adjacentes. Conforme

a localização anatômica dos tumores eles podem ser classificados:

Tumores da Coluna Vertebral

Primários

Cordoma

Osteossarcoma

Tumores de células gigantes

Hemangioma

Mieloma.

Secundários

Metastáticos

Tumores Extradurais

Linfoma

Melanoma

Tumores Intradurais, Extramedulares

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Meningioma

Schwannoma

Neurofibroma

Melanoma

Carcinoma metastático.

Tumores Intramedulares

Astrocitomas

Ependinomas

Gangliomas

Carvernomas. (TARICCO In: GREVE, 2001).

2.2.5 Infecciosas

As infecções do SNC têm aumentado de freqüência, mesmo nos países

mais desenvolvidos, em razão dos pacientes imunossuprimidos, daqueles com

AIDS, dos transplantados. A via mais comum é a hermatogênica, porém, a

medula pode ser comprometida por infecções adjacentes; como, osteomielite,

meningites; causando mielites, radiculopatias ou abscessos. (TARICCO In:

GREVE, 2001).

2.2.5.1 Infecções Virais

Poliovírus (Poliomielite): acomete os neurônios do corno anterior,

causando déficit motor sem comprometimento sensitivo.

Herpes Zóster: com afinidade pelo gânglio sensitivo dorsal.

HTLV-1 (Mielopatia Espástica Tropical): predomínio da medula torácica,

comprometimento principalmente da coluna posterior e o trato

corticoespinhal.

HIV: a invasão do sistema nervoso acontece na fase inicial da doença.

(TARICCO, op. cit.).

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2.2.5.2 Infecções Bacterianas

Abscessos Epidurais: podem ter origem hematogênica ou direta, por

meio de infecções prévias das vértebras ou do tórax, abdome ou pelve.

Sendo os primeiros sinais clínicos a dor e a alteração motora e sensitiva

por compressão medular e radicular. Os portadores desta patologia

podem evoluir para o choque medular, surgindo o comprometimento

vascular da medula.

Tuberculose: muitas vezes é a primeira manifestação da doença. A

compressão medular secundária à tuberculose vertebral é a forma mais

comum. (TARICCO In: GREVE, 2001).

2.2.6 Doenças Neurológicas e Sistêmicas

Esclerose Múltipla: costuma comprometer principalmente medula

espinhal, nervo óptico e tronco cerebral, caracterizada por

desmielinização multifocal.

Esclerose Lateral Amiotrófica: neurodegenerativa progressiva que

compromete o neurônio motor, em especial os do tracto

corticoespinhal.

Doenças Reumáticas: atinge primeiro o sistema musculoesquelético,

no qual a coluna vertebral exerce importante papel. A coluna é

vulnerável a sinovites, com granulações inflamatórias, resultando em

instabilidade com subluxação e estreitamento do canal. (TARICCO

In: GREVE, 2001).

2.2.7 Doenças Vasculares

A maioria dos quadros isquêmicos medulares são conseqüentes à

patologias traumáticas ou degenerativas da coluna vertebral com compressão

vascular. Pode haver isquemia medular em cirurgias da aorta. Mas existem

patologias vasculares, que são as malformações vasculares. As malformações

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vasculares medulares podem ser extradurais (85%) ou intradurais que são as

mais raras (15%). (TARICCO In: GREVE, 2001).

2.3 INCIDÊNCIA

A incidência nacional anual de casos de TRM com hospitalização é de

30 a 40 por milhão. A prevalência nacional é de 183.000 a 230.000. (STAAS In:

DeLIZA e GANS, 2002).

Pode-se supor que de 5 a 6 mil pessoas por ano apresentam esse grave

comprometimento neurológico. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

2.4 POPULAÇÃO AFETADA

A população mais afetada é jovem e do sexo masculino. Levantamento

estatístico realizado pela equipe de lesão medular da AACD no ano de 2000

mostra que a média de idade dessa população é de 30 anos, 80% da qual

corresponde ao sexo masculino. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

Cinqüenta e seis porcento das lesões medulares ocorrem em pessoas

entre 16 e 30 anos de idade, sendo que a média de idade é de 21,7 anos e a

idade mais comum é de 19 anos. O número de pessoas com mais de 60 anos

na época da lesão aumentaram de 4,7% na década de 1970 para 9,7 em 1990.

Essa tendência explica o aumento na média de idade de 27,9 anos para 33,1

anos durante esse mesmo período. (ATRICE In: UMPHRED, 2004).

2.5 NÍVEIS DE LESÃO

Tetraplegia: este termo indica diminuição ou perda da função motora

e/ou sensitiva nos segmentos cervicais da medula espinhal decorrentes de

lesão dos elementos neurais internos do canal medular. A tetraplegia acarreta

diminuição da função nos membros superiores, bem como no tronco, membros

inferiores e órgãos pélvicos. Este termo não abrange lesões do plexo braquial

ou de nervos periféricos localizados fora do canal medular. (GREVE In: GREVE

e AMATUZZI, 2001).

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Paraplegia: este termo indica diminuição ou perda da função motora

e/ou sensitiva nos segmentos torácico, lombar ou sacral (exceto o segmento

cervical) da medula espinhal, decorrentes de distúrbios dos elementos neurais

internos do canal medular. Na paraplegia, a função dos membros inferiores e

órgãos pélvicos podem estar envolvidos. O termo paraplegia também é

utilizado para as lesões da cauda eqüina e do cone medular, porém, não deve

ser utilizado em lesões do plexo braquial ou de nervos periféricos fora do canal

medular. (GREVE, op. cit.).

Os termos paraparesia e quadriparesia, usados no passado para

descrever lesões incompletas, não deverão mais ser empregados. (ATKINS In:

TROMBLY e RADOMSKI, 2005).

O nível da lesão é determinado pelo segmento caudal da medula com

funções motora e sensitiva normais, em ambos os lados do corpo. A American

Spinal Injury Association (ASIA) padronizou a classificação da lesão medular

utilizando o músculo chave para determinar o nível motor (Tabela 01) e o ponto

chave de sensibilidade para definir o sensitivo. (SAURON In: CAVALCANTI e

GALVÃO, 2007).

Tabela 01 – Classificação Neurológica da Lesão Medular – ASIA

Raiz Musculatura-chave

C5 Flexão de Cotovelo – Bíceps Braquial

C6 Extensão de Punho – Extensor Radial do Carpo

C7 Extensão de Cotovelo – Tríceps Braquial

C8 Flexão de Dedos – Flexor Profundo dos Dedos

T1 Adução de Dedos – Adutor do 5º Dedo

L2 Flexão de Quadril – Iliopsoas

L3 Extensão de Joelho – Quadríceps

L4 Dorsiflexão de Tornozelo – Tibial Anterior

L5 Extensão do Hálux – Extensor Longo do Hálux

S1 Flexão Plantar de Tornozelo – Tríceps Sural

(SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

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2.5.1 Exame Neurológico

É obrigatório que no exame neurológico sejam determinados os níveis

motor, sensitivo e neurológico. Determinar de maneira precisa e correta todos

esses níveis é crítico para que se tenha uma visão clara da função sensitivo-

motora comprometida e preservada do paciente com a lesão medular. Os

resultados permitem a caracterização da lesão medular como completa ou

incompleta, o estabelecimento do programa terapêutico mais adequado e de

um prognóstico inicial. (GREVE In: GREVE, 2001).

O exame neurológico para determinar os níveis neurológico, motor e

sensitivo deve contar de:

Análise dos pontos sensitivos em cada um dos 28 dermátomos à

direita e 28 dermátomos à esquerda; e

Análise da força muscular em 10 miótomos à direita e 10

miótomos à esquerda do corpo humano.

Quando algum ponto sensitivo ou músculo não pode ser testado, não

são considerados na classificação final do nível da lesão. (GREVE, op. cit.).

2.5.2 Exame Sensitivo

O exame sensitivo completo é realizado por meio do teste de ponto-

chave em cada um dos 28 dermátomos do lado direito e do lado esquerdo. Em

cada um destes pontos, faz-se o exame sob dois aspectos: o toque

(sensibilidade tátil) e o exame com agulha (sensibilidade dolorosa),

classificados em uma escala de três pontos: (GREVE In: GREVE, 2001).

0 = Inexistente.

1 = Sensibilidade parcial ou alterada, incluindo hiperestesia.

2 = Normal.

NT = Não testável.

O teste de sensibilidade à agulha é efetuado com material de uso regular

e descartável, enquanto o teste de sensibilidade ao toque é feito com algodão.

No exame com agulhas, a incapacidade de distinguir o toque de ponta fina é

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graduado com zero. Os pontos a seguir devem ser testados bilateralmente no

exame sensitivo. (Fig. 01)

C2: Protuberância occipital.

C3: Fossa supraclavicular.

C4: Articulação acromioclavicular.

C5: Porção lateral da fossa antecubital.

C6: Polegar.

C7: Dedo médio.

C8: 5º dedo.

T1: Face ulnar da fossa antecubital.

T2: Ápice da axila.

T3: Terceiro espaço intercostal.

T4: Quarto espaço intercostal.

T5: Quinto espaço intercostal (metade entre T4 e T6)*.

T6: Sexto espaço intercostal (metade entre T5 e T7)*.

T7: Sétimo espaço intercostal (metade entre T6 e T8)*.

T8: Oitavo espaço intercostal (metade entre T7 e T9)*

T9: Nono espaço intercostal (metade entre T8 e T10)*.

T10: Décimo espaço intercostal (umbigo)*.

T11: Décimo primeiro espaço intercostal (metade entre T10 e T12)*.

T12: Ligamento inguinal (ponto médio).

L1: Metade entre T12-L2.

L2: Parte média da porção anterior da coxa.

L3: Côndilo femoral medial.

L4: Maléolo medial.

L5: Dorso do pé, na 3ª articulação metatarsofalangeana.

S1: Face lateral do calcanhar.

S2: Linha média da fossa poplítea.

S3: Tuberosidade isquiática.

S4-5: Região perianal. * Linha hemiclavicular.

2.5.3 Exame Motor

Faz-se o exame motor obrigatório pelo teste de músculos-chave em

cada lado do corpo nos 10 miótomos, em seqüência craniocaudal. (GREVE In:

GREVE, 2001).

A escala utilizada compõe-se de seis graus: (GREVE In: GREVE, 2001).

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0 = Paralisia total.

1 = Contração palpável ou visível.

2 = Movimentação ativa, amplitude de movimento total, sem ação da força da

gravidade.

3 = Movimentação ativa, total amplitude de movimento contra a força da gravidade.

4 = Movimentação ativa normal, total amplitude de movimento contra resistência

moderada.

5 = Movimentação ativa normal, total amplitude de movimento contra grande

resistência.

NT = Não testável.

A avaliação motora deve ser realizada em posição supina utilizando-se

músculos facilmente testáveis e inervados pelos segmentos indicados a seguir.

(Figura 01): (GREVE, op. cit.).

C5: Flexores do ombro (m. bíceps, m. braquial)

C6: Extensores do punho (m. extensor longo do carpo e m. extensor curto do carpo).

C7: Extensores do cotovelo (m. tríceps)

C8: Flexores dos dedos (m. flexores profundos dos dedos) até o 3º dedo

T1: Abdutores do 5º dedo (m. abdutor do 5º dedo)

L2: Flexores do quadril (m. iliopsoas)

L3: Extensores do joelho (m. quadríceps)

L4: Dorsiflexores do tornozelo (m. tibial anterior)

L5: Extensores longos dos dedos (m. extensor longo do hálux).

S1: Flexores plantares do tornozelo. (m. sóleo, m. gastrocnêmio).

Para a classificação da lesão como completa ou incompleta também é

importante o exame do esfíncter anal externo, baseado nas suas contrações ao

redor do dedo do examinador, após estimulação ao toque retal. (GREVE, op.

cit.).

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Figura 01 – Classificação neurológica padrão de lesões na medula espinhal (Cortesia da

American Spinal Injury Association – ASIA, 1992). (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004).

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2.6 GRAU DA LESÃO

Completa: a lesão medular é considerada completa quando há ausência

de função motora e sensitiva nos miótomos e dermátomos inervados pelos

segmentos sacrais da medula. O comprometimento de todas as estruturas

medulares no plano horizontal dá lugar ao quadro clínico conhecido como

síndrome medular transversa. (LIANZA In: LIANZA, 2001).

Incompleta: a lesão se define como incompleta quando há preservação

da função motora e/ou sensitiva abaixo do nível neurológico, incluindo os

segmentos sacrais. Neste caso são lesados somente alguns dos feixes

longitudinais e/ou a substância cinzenta. Dependendo das estruturas nervosas

comprometidas, teremos uma grande variedade de síndromes transversas

incompletas. (LIANZA, op. cit.).

Cabe ressaltar que, nas lesões completas, alguns dermátomos e

miótomos caudais à lesão podem permanecer parcialmente inervados, dando

lugar à zona chamada de preservação parcial. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

A ASIA, baseando-se na Classificação de Frankel, elaborou a Escala de

Deficiência ASIA, especificando o grau de comprometimento sensitivo-motor

provocado pela lesão medular (Tabela 02). (CASALIS, op. cit.)

Tabela 02 – Escala de Deficiência – ASIA

A. Completa Ausência de função sensitivo-motora nos segmentos sacrais.

B. Incompleta Há função sensitiva abaixo do nível de lesão, incluindo os

dermátomos sacrais, porém não há função motora.

C. Incompleta Há função motora abaixo no nível de lesão, incluindo os

dermátomos sacrais, e a maioria dos músculos-chave

localizados abaixo da lesão tem grau muscular inferior a três.

D. Incompleta Há função motora abaixo do nível de lesão, incluindo os

dermátomos sacrais, e a maioria dos músculos-chave

localizados abaixo da lesão tem grau muscular superior a três.

E. Normal As funções sensitivas e motoras são normais.

(SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

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2.7 SÍNDROMES CLÍNICAS

Algumas lesões incompletas têm um quadro clínico distinto com sinais e

sintomas específicos. O conhecimento das síndromes pode ser útil à equipe do

paciente para elaborar o programa de reabilitação. (ATRICE in: UMPHRED,

2004). A seguir a autora passará a descrevê-las.

2.7.1. Síndrome Centromedular

Lesões por hiperextensão geralmente resultam em uma síndrome

centromedular. Essa lesão causa sangramento na substância cinzenta central

da medula espinhal, resultando em mais deficiência da função nas

extremidades superiores do que as extremidades inferiores. A maioria das

lesões incompletas resulta nessa síndrome. Aproximadamente 77% dos

pacientes com síndrome centromedular alcançarão a função deambulatória,

53% do controle do intestino e da bexiga e 42% alcançarão a função da mão.

(ATRICE In: UMPHRED, 2004).

2.7.2 Síndrome da Artéria Espinal Anterior

Essa síndrome geralmente é causada pelas lesões por flexão na qual

espículas comprometem a artéria espinal anterior. A função motora e a

sensação de temperatura elevada ou de dor são perdidas de forma bilateral

abaixo do segmento lesionado. O prognóstico é extremamente fraco para o

retorno da função do intestino e da bexiga, da função da mão e deambulação.

(ATRICE In: UMPHRED, 2004).

2.7.3 Síndrome de Brown-Séquard

A síndrome de Brown-Séquard ocorre quando apenas um lado da

medula é lesado, como numa lesão penetrante ou por arma de fogo. Abaixo do

nível da lesão há uma paralisia motora e perda de propriocepção no lado

epsilateral, bem como perda de sensação de dor, temperatura e toque no lado

contralateral. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004).

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2.7.4 Síndrome Cordonal Posterior

A síndrome cordonal posterior é muito rara, resultando da compressão

por tumor ou infarto da artéria espinal posterior. Clinicamente, a propriocepção,

a estereognosia, a discriminação de dois pontos e a sensação de vibração são

perdidas abaixo do nível da lesão. (ATRICE In: UMPHRED, 2004).

2.7.5 Síndrome da Cauda Eqüina

As lesões de cauda eqüina afetam os nervos periféricos ao invés de

comprometer diretamente a medula espinhal. Como os nervos periféricos têm

uma capacidade de regeneração que a medula espinhal não tem, há um

melhor prognóstico para recuperação. Padrões de déficits sensoriais e motores

são altamente variáveis e assimétricos. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY,

2004).

Essa lesão resulta em paralisia flácida sem atividade reflexa medular

presente. (ATRICE In: UMPHRED, 2004).

2.7.6 Síndrome do Cone Medular

A lesão da medula sacral e das raízes nervosas lombares dentro do

canal neural resulta em um quadro clínico de perda motora e sensorial na

extremidade inferior e arreflexia da bexiga e do intestino. (ATRICE In:

UMPHRED, 2004).

2.8 FASES PSICOLÓGICAS

As mudanças físicas e as limitações provocadas pela lesão medular

ocasionam conflitos relacionados com a imagem corporal que, abalada, afeta a

estrutura emocional do paciente. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

Esquematicamente, as mudanças comportamentais decorrentes da

lesão podem ser divididas em quatro fases bem definidas, que devem ser

reconhecidas pelos integrantes da equipe de reabilitação e pelos familiares,

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pois a evolução do paciente dependerá também do correto comportamento de

ambos em cada uma dessas fases. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO,

2007).

2.8.1 Fase de Choque

O paciente entra num estado de confusão mental, no qual não consegue

perceber a magnitude do acontecido, sente a sensação de que seu mundo

partiu, fica perplexo, em estado de choque emocional, podendo tornar-se

desorientado intratável, errático, confuso e com distúrbios da percepção. Nessa

fase ele interrompe seu vínculo com o mundo exterior, numa tentativa

inconsciente de proteger a sua imagem corporal, mantendo-a íntegra.

(MACHADO, 2009)

2.8.2 Fase de negação

O paciente percebe a sua situação de maneira distorcida, em

decorrência de suas dificuldades para aceitá-la, tentando manter assim a sua

imagem corporal antiga. Esta fuga da realidade evita que ele entre em estado

de depressão e/ou ansiedade, posto que cria uma espécie de casulo ou

carapaça, fazendo com que reaja de forma regressiva e aceite as orientações

da equipe de maneira passiva, sem nenhuma iniciativa. As reações observadas

nessa fase são: raiva, ansiedade, depressão, sentimento de culpa, que podem

ser manifestados abertamente, através de crise de choro, ou, veladamente sob

a fachada de autocontrole emocional. (MACHADO, 2009)

2.8.3 Fase de Reconhecimento

Em geral é observada na época do tratamento no centro de reabilitação,

aflorada pelo contato com outros pacientes. O convívio com outros pacientes

favorece o processo de conscientização, porém, em alguns casos podem

desencadear momentos de depressão, apatia, revolta e até idéias suicidas.

(SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

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Superadas as crises existenciais, ele começa a se recuperar dos

aspectos negativos da mudança, passando a examinar os problemas relativos

à possível necessidade de adaptação em seu ambiente domiciliário, por

exemplo. O sentimento de dor diminui e dá margem à emergência de alguma

esperança no futuro, passando a se ocupar em aprender coisas novas e

adquirir mais conhecimento e experiência. (MACHADO, 2009).

2.8.4 Fase de Adaptação

Caracteriza-se pela conscientização dos recursos psíquicos, o paciente

reestrutura sua auto-imagem e recupera sua auto-eficiência, dentro dos limites

impostos pela lesão medular. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

O paciente substitui o que perdeu e começa um processo de valorização

dos novos elementos, testando sua natureza e seus limites. (MACHADO,

2009).

Cabe ressaltar que nem todos os pacientes “passam” por essas fases

seqüencialmente assim como alguns podem “estacionar” em uma delas, não

atingindo, por exemplo, a fase de adaptação. Essa situação está muito mais

vinculada às características de personalidade do paciente e sua estrutura

familiar e independe da “qualidade” do tratamento de reabilitação física e da

condição sociocultural do paciente. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO,

2007).

2.9 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES

A disfunção de diversos aparelhos e sistemas, secundária às alterações

motoras, sensitivas e autonômicas decorrentes da lesão medular, pode

provocar sérias complicações que, quando não prevenidas ou precocemente

detectadas, podem ocasionar limitações graves e pode também levar o

paciente a óbito. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

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2.9.1 Alterações Respiratórias

Os pacientes com lesão medular tem em maior ou menor grau, variável

com o nível de lesão, comprometimento da musculatura respiratória, causando

hipoventilação pulmonar, que pode ser agravada por lesões pulmonares ou

torácicas, sendo a maior causa de mortalidade dos pacientes durante a fase

aguda. (LIANZA In; LIANZA, 2001).

Paralisia aguda da musculatura respiratória decorre de lesões torácicas

ou cervicais altas, que causam queda abrupta da capacidade vital, levando

rapidamente o paciente a hipercapnia (aumento do dióxido de carbono no

sangue) e exigindo cuidados urgentes para sanar a inadequação do paciente

ao estado de insuficiência respiratória. (LIANZA In: LIANZA, 2001).

Lesões acima de C4 causam paralisia diafragmática (lesão do nervo

frênico) capazes de provocar atelectasia, infecção pulmonar e morte súbita

durante o sono. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

Lesões abaixo de C4 preservam função diafragmática, porém, provocam

paralisia da musculatura intercostal, levando à diminuição da capacidade viral e

infecção. (CASALIS, op. cit.).

2.9.2 Disreflexia Autonômica

A disreflexia autonômica é caracterizada pela elevação da pressão

arterial da ordem de 100 a 200mm Hg sistólico e 50 a 100mm Hg diastólico.

(FREED In: KOTTKE e LEHMANN, 1994).

É causada pela ação reflexa do sistema nervoso autônomo em resposta

a algum estímulo, como bexiga distendida, massa fecal, irritação da bexiga,

manipulação do reto, estímulo térmico ou doloroso ou distensão visceral.

(ADLER In: PEDRETTY e EARLY, 2005).

Os sintomas são cefaléia, diminuição do pulso, ruborização e sudorese

da face, congestão nasal. Há a possibilidade de convulsões e hemorragia

cerebral com morte. (FREED, op. cit.).

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2.9.3 Hipotensão Ortostática ou Hipotensão Postural

Sabemos que as mudanças posturais em pessoas normais se

acompanham de alterações na pressão arterial e no tônus vascular, sendo o

sistema nervoso autônomo responsável por tais modificações. Essas

alterações visam manter as condições hemodinâmicas em níveis aceitáveis.

(LIANZA In: LIANZA, 2001).

As alterações vistas durante o ortostatismo se desenvolvem mais

comumente devido à estase sanguínea nos membros inferiores e à

vasoconstrição ineficaz secundária à resposta autonômica alterada. (STAAS,

In: DeLIZA e GANS, 2002).

A hipotensão ortostática é agravada por permanência prolongada no

leito. Quando o paciente tenta sentar-se, o sangue flui rapidamente para as

pernas. (ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005)

Os sintomas são: visão turva, vertigem, fraqueza, zumbidos, taquicardia,

cefaléia e, às vezes, formigamento. (LIANZA In: LIANZA, 2001).

Nos pacientes portadores de lesões abaixo de T5, as mudanças bruscas

de decúbito não provocam manifestações tão evidentes. (LIANZA, op. cit.).

2.9.4 Disfunção Intestinal

Como efeito da lesão medular, há diminuição ou abolição do

peristaltismo acompanhada de retenção fecal, devido à atonia de todo aparelho

gastrointestinal. Essas alterações podem levar ao aumento do volume das

vísceras intestinais, acarretando assim na diminuição da excursão do

diafragma, acentuando as dificuldades respiratórias. (LIANZA in: LIANZA,

2001).

O intestino neurogênico provoca alterações que são percebidas desde a

fase aguda pelo íleo adinâmico, caracterizado por distensão abdominal e

obstipação. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

Segundo CASALIS (2003) o objetivo do treinamento intestinal é

recuperar o ritmo de evacuação a cada 24 ou 48 horas, em horários pré-

determinados, evitando a formação de fecalomas e permitindo a retomada do

convívio social.

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2.9.5 Disfunção Vesical

A micção é controlada por centros supra-espinhais situados no córtex

cerebral, núcleos da base e cerebelo, que agem coordenando e mantendo o

centro reflexo medular da micção, situado nos níveis S2-S3-S4 da medula.

(GREVE In: GREVE e AMATUZZI, 1999).

A bexiga não existe como uma estrutura independente, mas é parte de

um mecanismo reflexo altamente complexo. Na micção normal, há um

equilíbrio entre as forças expulsivas e retentoras de modo que após o

adequado esvaziamento da bexiga não há nenhuma urina residual. (FREED In:

KOTTKE e LEHMANN, 1994).

O conhecimento desta função esclarece o papel dos mecanismos

reflexos na bexiga neurogênica (FREED In: KOTTKE e LEHMANN, 1994), que

segundo CASALIS (2003) provoca incontinência urinária, deterioração da

função renal e isolamento social.

Os tratamentos da bexiga com atividade reflexa (lesão localizada acima

do cone medular) e da bexiga sem atividade reflexa (lesão localizada no cone

medular ou cauda eqüina) têm como finalidade preservar o trato urinário e

favorecer a continência urinária. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

2.9.6 Disfunção Sexual

O impulso sexual e a necessidade de intimidade física e emocional não

são alterados pela lesão medular. Problemas de mobilidade, dependência

funcional e alteração da imagem corporal, assim como complicações médicas e

a atitude de parceiros e da sociedade, afetam os papéis, acesso, interesse e

satisfação sexuais e sociais. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004)

O desejo sexual permanece intacto em ambos os sexos, porém, pode

haver diminuição na libido causada por fatores psicológicos na fase de

adaptação à lesão. (GREVE In: GREVE e AMATUZZI, 1999).

Nos homens, as ereções são freqüentemente afetadas pela lesão. Este

problema é variável e precisa ser avaliado individualmente. Com freqüência a

viabilidade de esperma nos homens com lesão medular é reduzida mesmo

quando as outras funções estão normais. (ADLER, op. cit.).

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A maioria dos homens com lesão medular apresenta inabilidade

ejaculatória e os que conseguem são os portadores de lesões incompletas.

(GREVE, op. cit.).

Nas mulheres, a menstruação costuma cessar por um intervalo de

semanas ou meses depois da lesão. Ela geralmente recomeça e volta ao

normal com o tempo. Podem acontecer alterações na lubrificação vaginal

durante a atividade sexual. Ao contrário dos homens não acontece mudanças

na fertilidade feminina. (ADLER, op. cit.).

2.9.7 Regulação Térmica

A lesão medular provoca alterações na homeotermia do paciente,

levando-o a uma situação de pecilotermia, na qual apresenta grande

intolerância às temperaturas extremas. No frio não consegue reagir com

calafrios e vasoconstrição, para aumentar a temperatura corporal e no calor é

incapaz de aumentar a sudorese e a vasodilatação, para diminuir a

temperatura corporal, fato que pode simular quadros febris, sem existência de

foco infeccioso. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

2.9.8 Dor

A dor aguda e crônica é mais comum após a lesão medular.

Considerando-se a natureza violenta da maioria das lesões, não surpreende

que os pacientes sofram dor no início e que ela persista por um longo tempo.

(ATKINS In: TROMBLY e RADOMNSKI, 2005).

Embora estejam presentes muitos tipos de dor, a maioria pode ser

classificada como segue:

Dor mecânica: dor local em tecidos moles associados à lesão. É

comum nos ombros do paciente tetraplégico.

Dor radicular: dor que acompanha a distribuição segmentar do nervo.

Dor central: dor que se origina na medula espinhal e acredita-se ser o

resultado do crescimento neural desordenado após a lesão. (ATKINS, op. cit.).

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A maioria da população com lesão medular possui dor crônica, e para

muitos a dor crônica contribui para a depressão e a incapacitação. (ATKINS,

op. cit.).

2.9.9 Espasticidade

A espasticidade é uma manifestação decorrente de lesão da via

piramidal e, estão presentes no paciente com lesão medular (completa ou

incompleta) que compromete o neurônio motor superior. Não é observada nas

lesões medulares ou radiculares que atingem o neurônio motor inferior.

(CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

A espasticidade não pode ser considerada complicação, mas sim

conseqüência, às vezes torna-se tão intensa que prejudica e até impede a

evolução do paciente no programa de reabilitação, constituindo um fator

limitante. (CASALIS, op. cit.).

A espasticidade é uma alteração motora caracterizada por hiperatividade

do reflexo miotático, e está diretamente ligada à velocidade de estiramento do

músculo. Este conceito alerta sobre a necessidade e importância de evitar

movimentos rápidos e bruscos durante o exercício, tendo como finalidade não

desencadear a descarga dos fusos neuromusculares e o conseqüente

incremento do reflexo miotático. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

2.9.10 Fadiga

Fatores do meio externo, os fisiológicos e psicológicos, contribuem para

a fadiga do paciente. Dor persistente, medicação antiespasmódica e repouso

prolongado no leito são fatores físicos que podem fazer o paciente sentir-se

cansado e sonolento. Isto é composto por noites mal dormidas, interrompidas

pela rotina hospitalar, como reposicionamento no leito e realização de vários

exames vitais e administração medicamentosa. (ATKINS In: TROMBLY e

RADOMSKI, 2005).

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2.9.11 Trombose de Veias Profundas

É a formação de um coágulo sanguíneo, no membro inferior, abdome ou

área pélvica. O coágulo pode continuar a se desenvolver e deslocar-se da

parede venosa, formando um êmbolo. Essa situação coloca o paciente em

risco de vida, uma vez que o êmbolo pode se deslocar e ocluir a circulação

pulmonar. (ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005).

As manifestações clínicas são edema, discreta alteração de cor e

temperatura do membro inferior, empastamento muscular à palpação e

ausência de queixa dolorosa, em virtude da perda de sensibilidade provocada

pela lesão medular. (CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

2.9.12 Úlceras de Pressão

São lesões decorrentes de isquemia tecidual local provocada pela

alteração da sensibilidade dolorosa. A ausência ou diminuição da motricidade

voluntária, a incontinência esfincteriana, a higiene precária e a deficiência

nutricional são fatores que, associados à alteração de sensibilidade,

contribuem para a formação dessas lesões em regiões corporais com

saliências ósseas. (SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007)

As úlceras de pressão variam de inflamatórias superficiais a grandes

cavidades infectadas com ou sem comprometimento ósseo. (GREVE In:

GREVE e AMATUZZI, 1999).

As úlceras classificam-se, de acordo com a profundidade da lesão

tissular, em:

Grau I: a lesão atinge a epiderme;

Grau II: a lesão atinge a derme;

Grau III: a lesão atinge o tecido adiposo subcutâneo.

Grau IV: a lesão atinge todos os planos, incluindo músculo e osso,

podendo também comprometer articulações. (CASALIS In:

TEIXEIRA, 2003).

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2.9.13 Ossificação Heterotópica

Sua etiologia ainda permanece desconhecida. A incidência varia de 16 a

53%, segundo dados da literatura internacional, geralmente tem início entre o

primeiro e o oitavo mês de lesão. Desenvolve-se sempre abaixo do nível da

lesão, preferindo as grandes articulações. O quadril é o local mais afetado,

seguido de joelhos, ombros e cotovelo. (SAURON In: CAVALCANTI e

GALVÃO, 2007).

Perante a primeira suspeita clínica (discreta limitação articular, edema

local e ligeiro aumento de temperatura) indica-se o estudo ultra-sonográfico da

região, que tem mostrado ser de grande utilidade para o diagnóstico precoce.

(CASALIS In: TEIXEIRA, 2003).

Os recursos científicos atuais ainda não conseguem reverter as

expressivas alterações provocadas pela lesão medular, considerada uma das

mais graves síndromes incapacitantes que podem atingir o ser humano. O

tratamento de reabilitação é, portanto, o caminho que facilita e estimula o

lesado medular a reaprender e a controlar suas funções “perdidas”, assim

obtendo a maior independência possível, tornando-o capaz de viver

integralmente, e a Terapia Ocupacional como ciência, tem como objetivo

fortalecer e desenvolver estas funções.

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3.0 TERAPIA OCUPACIONAL E LESÃO MEDULAR

3.1 CONCEITOS

A Terapia Ocupacional está voltada para a melhoria de qualidade de

vida de um indivíduo, auxiliando-o a escolher, organizar e conduzir atividades

cotidianas. Indivíduos que podem beneficiar-se da Terapia Ocupacional são

aqueles que têm as funções da vida diária e/ou a participação social limitados

por disfunção física e/ou psicossocial, distúrbios no desenvolvimento, distúrbios

na aprendizagem, envelhecimento, ambiente sociocultural inadequado.

Profissionais de Terapia Ocupacional aplicam princípios da ciência ocupacional

e de análise das atividades para determinar fatores que influenciam o

desempenho ocupacional do indivíduo e abordam esses fatores de uma

perspectiva biopsicossocial. E também, o terapeuta ocupacional

freqüentemente usa adaptações no meio-ambiente, órteses, tecnologia

assistiva, atividades diárias significativas, mantendo seu senso de bem-estar e

prevenindo regressão das funções, para assegurar sua satisfação em viver.

(BARIDOTI, Associação de Terapia Ocupacional da República da

China/Taiwan, 2001).

A Terapia Ocupacional é ciência porque o terapeuta que trabalha com

pessoas com deficiência física tem de, necessariamente, ter o conhecimento

da patologia em questão e suas implicações nos aspectos motores, sensoriais,

cognitivo, emocional e social e das possíveis complicações que poderão

interferir no melhor desempenho do paciente, bem como de todos os recursos

disponíveis que deverão ser utilizados no tratamento de cada paciente.

(TEIXEIRA, 2003).

A Terapia Ocupacional usa a ocupação para promover e manter a

saúde, e prevenir ou remediar disfunções resultantes de enfermidades, lesões,

envelhecimento, desvantagem social ou deterioração que resultem em

incapacidades. A ocupação se refere a qualquer atividade ou produtividade

(por exemplo, escola, trabalho, atividades domésticas), ou atividades de lazer

(por exemplo, brincar, atividades de recreação). A ocupação é considerada

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como essencial para a saúde. (BARIDOTI, Associação Canadense de

Terapeutas Ocupacionais, 2001).

A Terapia Ocupacional, como profissão da área da saúde, não está

alheia aos acontecimentos e ao processo de produção dos pensamentos e

ações das ciências, particularmente das ciências biológicas e humanas. Ao ser

criada como uma pratica médica, a Terapia Ocupacional, mais exatamente a

produção de seus conhecimentos, de suas aplicações, de seu poder social,

sofre toda uma influência daquela área, bem como do contexto sócio – político

– econômico – cultural em que está inserida. (MEDEIROS, 2003).

Cabe ressaltar que segundo HAGEDORN (2003), a Terapia Ocupacional

é uma profissão complexa e apresenta uma ampla base de conhecimento,

derivada tanto das ciências médicas como sociais. A prática incorpora

habilidades de gerenciamento, corretivas, técnicas e criativas com processos

especializados da Terapia Ocupacional. Os terapeutas trabalham com todos os

grupos etários e auxiliam uma ampla variedade de problemas médicos, sociais

e ambientais.

Após um vai e vem entre páginas, contata-se que a investida no estudos

das palavras, permite-nos compreender a Terapia Ocupacional, como profissão

da área da saúde que utiliza o trabalho como recurso (meio adequado) para

tratar (aliviar ou curar os doentes). (FRANCISCO, 2001).

3.2 O PROFISSIONAL TERAPEUTA OCUPACIONAL

O terapeuta ocupacional que trabalha na área da reabilitação física tem

por objetivo habilitar ou reabilitar o indivíduo que apresenta uma limitação ou

deficiência em seu desempenho, como decorrência de diferentes condições

patológicas, o que interfere direta ou indiretamente em suas atividades

cotidianas, tornando-o menos independente. (GOLLEGÃ In: DE CARLO e

BARTALOTTI, 2001).

O terapeuta ocupacional é o profissional que, tendo tido formação para

analisar a atividade humana em condições típicas ou atípicas de

desenvolvimento, é capaz de explorar ao máximo o potencial do indivíduo no

seu desempenho funcional/ocupacional e, por isso mesmo, pode desenvolver,

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indicar e aplicar artigos de tecnologia assistiva com a maior competência e

eficiência. (GOLLEGÃ, op. cit.).

Os terapeutas ocupacionais que trabalham com pacientes que sofreram

lesões do sistema nervoso central preocupam-se em melhorar o movimento

funcional e promover a independência do desempenho ocupacional.

(PEDRETTY e EARLY, 2004).

Um terapeuta ocupacional deve ser observador, e aprenderá, durante

treinamento e a prática, e trabalhando com médicos e outros na equipe de

reabilitação, qual a importância deve atribuir aos resultados essa percepção e

observação. Não deve de modo algum impor demais a sua vontade ou

intenção. Uma certa firmeza e um pouco de persuasão podem ser necessários,

mas isso tudo deve ser temperado com um bom julgamento, um interesse real

pelas pessoas e pela vida em geral, uma disposição alegre, e um senso de

humor, tudo mantido numa boa perspectiva. (DONALD, 1998).

O terapeuta ocupacional é o profissional preparado para compreender e

intervir nos problemas referentes à realização objetiva das atividades

cotidianas de uma pessoa, tais como auto-cuidado e as que envolvem a

mobilidade e transferências posturais, podendo planejar e desenvolver

equipamentos de ajuda, como por exemplo, adaptações para cadeira de rodas,

órteses e tecnologia assistiva e facilitadora. (CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

3.3 HISTÓRICO

O termo Terapia Ocupacional costuma ser em geral aplicado de forma

errônea a qualquer ocupação, na qual uma pessoa incapacitada pode se

empenhar. Não se nega que essa ocupação possa ter um efeito terapêutico,

mas ela pode ter um efeito contrário. Ela só será verdadeira terapia quando

aplicada com habilidade para o objetivo definido de tratar problemas médico-

sociais do indivíduo. (DONALD, 1998).

As seitas religiosas egípcias usavam o canto, a leitura, a dança, a

diversão, o entretenimento e os passeios pelos jardins como tratamento do

humor doentio, já no ano de 2000 a.C. (FINGER, 1986).

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Cerca de 30 a.C, Seveca, recomendava a ocupação para todo o tipo de

agitação mental. Em 172, Galeno, médico grego, afirmava ser a ocupação o

melhor remédio da natureza sendo essencial à felicidade humana. (FINGER,

1986).

Este tipo de tratamento foi usado durante muito tempo, mas, com a

Idade Média, os pré-conceitos e a ignorância reinantes isolaram os doentes

mentais, passando a Terapia Ocupacional, assim, por um período de

inatividade, que só começou a ser dissipado pelas primeiras tentativas de

humanização no tratamento desses doentes. (FINGER, 1986).

Todavia, em 1407, com a fundação do asilo de Saragoça surgiu à

primeira organização que instituiu o trabalho como uma das fórmulas de

tratamento dos doentes. Felipe Pinel teve oportunidade de visitar esse asilo,

voltando de lá bastante impressionado com os benefícios obtidos naquela

instituição. Quando Pinel, em 1793, assumiu a direção do Hospício de Bicêtre,

encontrou a situação dos alienados de tal maneira trágica que tomou a si a

reforma assistencial, simbolizada historicamente pela quebra dos grilhões que

mantinham presos os infelizes insanos do espírito. (ARRUDA, 1962).

A terapêutica do trabalho foi então introduzida, como parte integrante da

sua reforma. Afirmou então Pinel: “o trabalho constante modifica a cadeia dos

pensadores mórbidos, fixa a faculdade do entendimento, dando-lhes exercício

e, por si só, mantém a ordem num agrupamento qualquer de alienados.

(ARRUDA, 1962).

Ao mesmo tempo em que pela metade do século XIX, o tratamento

proposto por Pinel era difundido na Europa e na América e firmava raízes,

emergia um novo movimento filosófico e científico, à luz do aparecimento de

tecnologia mais avançada, resultado da Revolução Industrial – o positivismo,

corrente filosófica determinante da escola de pensamento científico, que se

baseava na regra da inquisição e no método científico das ciências físicas: (...)

só é compreensível e possui sentido aquilo que se pode comprovar pela

experiência” (BRUGGER In: ARRUDA, 1962).

A concepção filosófica estava sendo mudada pelo impacto da

tecnologia. Na área da saúde, em vez do ambiente, o cérebro é que era objeto

de explicação e tratamento da doença mental. Os doentes mentais passaram a

ser tratados por meios quimioterápicos e cirúrgicos. Nesse momento, as

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instituições de atendimento aos doentes mentais tornaram-se grandes

laboratórios experimentais. Negligências e abusos eram cometidos em virtude

de investigações comprometidas com a aprovação dos fatores etiológicos na

patologia do cérebro. De acordo com tal situação, o desenvolvimento da

ocupação como forma de tratamento, sendo o tratamento moral eventualmente

reaplicado por alguns poucos membros da comunidade médica,

compromissados com as tendências humanitárias. Essa fase perdurou, na

América, até 1890 e, na França, até 1906. Somente nas duas primeiras

décadas do século XX é que fatores como o renascimento do tratamento moral

e a Primeira Guerra Mundial foram responsáveis pelo início formal da Terapia

Ocupacional. (ARRUDA, 1962).

Segundo GOLLEGÃ (2001), a profissão Terapia Ocupacional teve

origem, oficialmente, nos Estados Unidos, no fim da Primeira Guerra Mundial,

quando veteranos retornaram de suas atividades militares com diversas

seqüelas e necessidades de reabilitação. Devido ao longo tempo de

hospitalização e por sua incapacidade funcional, eles necessitam de intensa

terapia física ou ocupacional. Esse período foi chamado de “reconstrução”, que

está relacionado ao termo reabilitação, reabilitare (em latim), que significa

restaurar.

Após, mais de oitenta anos do seu nascimento, a Terapia Ocupacional

evoluiu e ampliou-se seu campo de atuação. Porém seu objetivo fundamental

de atingir o potencial funcional e ocupacional máximo de cada indivíduo, de

modo que ele alcance autonomia e independência na sua vida cotidiana e

efetiva inclusão social. (GOLLEGÃ, op. cit.)

Segundo referência de alguns manuais de Terapia Ocupacional, William

Rush Duton foi quem lançou, em 1915, o primeiro manual completo de

instruções de Terapia Ocupacional – Occupational Therapy: a manual for

nurses; os primeiros trabalhos teóricos em Terapia Ocupacional foram

indicados especialmente para enfermeiras. Em 17 de outubro de 1917 foi

fundada nos Estados Unidos a National Society for the Promotion of

Occupational Therapy, cujo primeiro presidente foi George Edward Barton, um

arquiteto que havia experimentado os efeitos benéficos do trabalho durante sua

própria doença. (DE CARLO In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001).

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Segundo SOARES (2007), a profissão de Terapia Ocupacional possui

diversas denominações; todavia, a que prevaleceu na maioria dos países foi a

proposta por George E. Barton, arquiteto norte-americano que nas primeiras

décadas do século XX sugeriu e organizou a entidade nacional para a

profissão: a Associação Americana de Terapia Ocupacional. George E. Barton

citou: “Se há uma doença ocupacional, porque não há uma Terapia

Ocupacional?”.

Durante as décadas de 1940 a 60, a Terapia Ocupacional foi fortemente

influenciada pelo Movimento Internacional de Reabilitação, nascido de uma

necessidade da população de atendimentos em especial na área das

disfunções físicas. Foi um período de intensas transformações na área da

saúde. (DE CARLO In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001).

Somente por volta de 1957 surgiram no Brasil as primeiras escolas para

formação profissional, respectivamente no Instituto de Reabilitação da

Faculdade de Medicina da USP (SP) e na Associação Brasileira Beneficente de

Reabilitação (RJ). (FRANCISCO, 2001).

Em 1969 a lei de reconhecimento da profissão de Terapia Ocupacional e

Fisioterapia é promulgada. Com a lei de regulamentação do exercício

profissional de 1975, criou-se o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional – COFFITO, que se organizou em unidades regionais. Já em 1980

criou-se, o primeiro sindicato da categoria. Em 1994 foi organizada nova

entidade nacional, a Associação Brasileira de Terapia Ocupacional – ABRATO.

(SOARES op. cit.).

O intercâmbio em congressos internacionais de Terapia Ocupacional

cresceu de modo que o Brasil se tornou membro ativo da Federação Mundial

de Terapia Ocupacional desde 1994. A expansão da categoria profissional

resultou de seu engajamento em projetos políticos e de democratização da

sociedade. (SOARES op. cit.).

Segundo SOARES (2007), conhecer o presente para delinear o futuro

deve ser a meta de cada pessoa, mas o que se é e o que se deseja também

estão intimamente entremeados do passado.

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3.4 RECURSOS TERÂPEUTICOS

Segundo o dicionário Aurélio, a palavra recurso é definida como: auxílio,

ajuda; meio para resolver um problema (FERREIRA, 2004).

Na prática da Terapia Ocupacional utiliza-se o termo “recurso

terapêutico” para designar todo e qualquer dispositivo que vise à aquisição ou

ampliação de autonomia e independência de um indivíduo em suas ações do

cotidiano. Partindo do pressuposto de que o principal recurso terapêutico

utilizado em Terapia Ocupacional consiste na atividade humana, tem-se que a

atividade humana é considerada o elemento centralizador e orientador na

construção complexa e contextualizada do processo terapêutico. As atividades

humanas são constituídas por um conjunto de ações que apresentam

qualidades, demandam capacidades, materialidade e estabelecem

mecanismos internos para sua realização. (WATANABE, 2009).

Os recursos terapêuticos são instrumentos que envolvem a atividade

humana em um processo dinâmico relacionado entre esta e a pessoa do

paciente e a do terapeuta. Para isto o terapeuta ocupacional lançará mão, em

diferentes situações, do uso específico de atividades expressivas, lúdicas,

artesanais, da vida diária e de auto-manutenção, psicopedagógicas,

profissionalizantes, entre outras, previamente analisadas e avaliadas, sob os

aspectos anatomofisiológicos, cinesiológicos, psicológicos, sociais, culturais e

econômicos (SIQUEIRA, 2001).

Em um sentido mais amplo, para HAGEDORN (1999), o centro da

prática profissional são os conhecimentos do terapeuta, seus atributos ou

habilidades pessoais nas relações interpessoais e sua sensibilidade e empatia

no contexto de uma atividade ou tarefa. O profissional necessita de uma

reciclagem constante, caso contrário seus recursos terapêuticos deixarão de

ser criativos e, muitas vezes, não proporcionarão os resultados esperados e

sim reproduzirão o empobrecimento, a mecanização e a homogeneização das

ações terapêuticas. (TOLDRÁ In: PÁDUA, 2003).

A intervenção e o uso de recursos terapêuticos podem fazer com que o

processo terapêutico facilite a participação e a igualdade de direitos. (TOLDRÁ,

op. cit.).

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No uso de recursos terapêuticos é importante considerar a análise da

problemática da clientela. Analisar a história de vida e a situação social e

emocional da pessoa deveria ser um aspecto comum a todas as áreas.

(TOLDRÁ, op. cit.)

Os recursos da Terapia Ocupacional são explorados por meio da

essência da experiência; desse modo, todas as atividades que proporcionem

desenvolvimento, aprendizado, superação dos limites, bem como percepção de

consciência das dificuldades, são objetos de análise e de intervenção

terapêutica. A prática dessas atividades pode produzir tanto respostas afetivas,

cognitivas, como sensoriais e motoras. (TOLDRÁ, op. cit.).

O uso de atividade em geral, e do trabalho produtivo em particular, como

meio e alvo do processo terapêutico, reflete alternada ou concomitante a

compreensão de homem, saúde e sociedade subjacente aos modelos teóricos

que embasaram a prática da Terapia Ocupacional. (MEDEIROS, 2003).

Para que o uso de atividade, ação, trabalho possa ser conceituado como

Terapia Ocupacional, é preciso que se satisfaça uma série de exigências que

se pode em princípio resumir nos quatro requisitos que seguem. (FRANCISCO,

2001).

Em primeiro lugar, é necessário que a atividade humana seja entendida

como espaço para criar, recriar, produzir um mundo humano que esteja repleto

de simbolismo, isto é, que a ação não seja meramente um ato biológico mas

um ato cheio de intenções, vontades, desejos e necessidades. (FRANCISCO,

op. cit.).

Em segundo lugar, não basta fazer, fazer e fazer, acreditando que o

simples curso das coisas com isso se modifique. O fazer deve acontecer

através do processo de identificação das necessidades, problematização e

superação do conflito. (FRANCISCO, op. cit.).

Em terceiro lugar, não existe receita mágica (atividades mágicas) nem

técnicas especificas que garantem que estamos realmente resolvendo o

problema. (FRANCISCO, op. cit.).

Em quarto e último lugar, é necessário um profissional preparado, cuja

tarefa é a de se dispor, também como instrumento ou recurso terapêutico, com

o propósito de incomodar, de ativar e revelar o conflito para a sua superação.

(FRANCISCO, op. cit.).

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É essencial que se tenha uma visão do conjunto e de como essas partes

se relacionam dialeticamente. (FRANCISCO, 2001).

Tendo declarado a importância da relação interpessoal entre o terapeuta

ocupacional e o paciente, e da localização, método e circunstâncias do

tratamento, é agora possível indicar-se vários grupos de atividades que podem

ser usadas para fins terapêuticos, lembrando sempre que elas não

representam por si mesmas, tratamento. O seu alcance é muito amplo e pode

oferecer qualquer terapeuta ocupacional; a variedade é ilimitada. Uma grande

parte do tratamento necessário e satisfatório pode ser feito por meio de

atividades não produtivas, em contraste com aquelas nas quais os artigos são

feitos por prazer ou para venda, isto é, ao treinar novamente para as atividades

da vida diária. Nas ocupações produtivas, a ênfase não deveria ser posta toda

no produto, mas no efeito da produção sobre o paciente. (DONALD, 1998).

As atividades que podem ser usadas de modo terapêutico podem ser

relacionadas, sob os seguintes títulos:

Atividades de Vida Diária;

Atividades Instrumentais de Vida Diária;

Atividades Escolares;

Atividades de Trabalho;

Atividades do Brincar/Lúdicas;

Atividades de Lazer;

Atividades de Esporte Adaptado (CREFITO 8, 2009).

Quando analisadas sócio-culturalmente, as atividades deixam o refúgio

de uma sala de Terapia Ocupacional, o papel de recurso terapêutico e

readquirem o perfil com o qual aparecem no cotidiano – configurada sócio-

culturalmente pela maneira idiossincrática com que cada indivíduo a vivencia.

Essa proposta amplia não só a visão da ação humana mas, principalmente a

visão das atividades possíveis de serem utilizadas pela Terapia Ocupacional.

(SOUZA, 2006).

Cada pessoa quer ser um “ator” efetivo no mundo, e permanecer

saudável e feliz. O indivíduo necessita de um nível de competência pessoal em

uma ampla variedade de atividades e tarefas culturalmente aceitas, e

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50

ocupações úteis e significativas para alcançar estes objetivos. A performance

ocupacional se refere ao ato de se engajar nestas ocupações e atividades

diárias. (HAGEDORN, 2003).

Segundo HAGEDORN (2003), os terapeutas ocupacionais acreditam

que a performance ocupacional competente depende da interação complexa

entre o indivíduo, o ambiente e as coisas que ele faz.

Para que as atividades realizem a potencialidade de serem recursos

terapêuticos elas têm que ser percebidas pelo terapeuta em todas as suas

ramificações, quais delas integram e dão sentido ao movimento da mão, do

corpo, da mente num determinado tempo e lugar. Esse elo parece segundo

Cynkin, estar no coração da natureza terapêutica da atividade. (SOUZA, 2006).

O terapeuta necessita compreender a natureza das ocupações dos

clientes de acordo com a condição de saúde e prognóstico. Ao empregar uma

estrutura apropriada de preferência, a ação pode melhorar a condição física do

paciente e/ou reduzir o impacto da sua habilidade para engajar as atividades.

(HAGEDORN, 2003).

3.5 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE AGUDA DA LESÃO

MEDULAR

O principal objetivo do tratamento na lesão medular é prevenir ou

minimizar qualquer déficit neurológico resultante. Persegue-se este objetivo ao

mesmo tempo em que são tratadas as lesões associadas possivelmente sérias

que possam colocar em risco a vida, mais do que a lesão medular. Se a lesão

medular é evidente, os primeiros a socorrer devem iniciar a imobilização. Toda

a equipe deve estar alerta para a possibilidade de uma lesão medular oculta.

(STAAS In: DE LIZA e GANS, 2002).

Imediatamente após a lesão a maioria dos pacientes são admitidos em

centro de cuidados intensivos, onde o enfoque centra-se na preservação da

vida, estabilização dos fluidos, eletrólitos, funções vitais, cardiopulmonares e

outras. O paciente é imobilizado em tração, esperando para saber se será

necessária cirurgia para estabilizar a coluna. Para a prevenção de úlceras por

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pressão, o paciente é colocado numa cama rotatória. (YARKONI e CHEN, 1996

apud ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI, 2005).

Precauções médicas devem ser seguidas durante este período. A flexão,

extensão e movimentos da coluna são contra-indicados. A avaliação do

posicionamento total do corpo e as necessidades de talas nas mãos devem ser

iniciadas nessa ocasião. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY, 2004).

O contato inicial do terapeuta ocupacional deverá ser feito dentro das

primeiras 24 horas de internação. O tratamento se inicia conforme a avaliação

mesmo se estiver em progresso, permitindo que o terapeuta comece a formar

um quadro completo do paciente. (HAMMELL, 1995 apud ATKINS In:

TROMBLY e RADOMSKI, 2005).

Assim que houver liberação médica para a posição sentada, esta deve

ser alcançada gradativamente com inclinação progressiva da cabeceira do

leito. Exercícios passivos, lentos e suaves, devem ser realizados com o

objetivo de manter a amplitude de movimento, prevenir futuros quadros álgicos

decorrentes do imobilismo e, futuramente, a funcionalidade dos membros

superiores. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).

O fortalecimento da musculatura presente é fundamental, porém, deve

ser comedido, considerando-se a possibilidade de estabilização da lesão em

determinado nível neurológico, sem retorno de inervação do músculo

antagonista, predispondo o aparecimento de deformidades. (SAURON In:

CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

É de fundamental importância, sempre que possível, estimular a maior

independência, respeitando-se o nível de lesão e o momento emocional do

paciente, adaptando e adequando os utensílios necessários como, por

exemplo, prancha para leitura, talheres e utensílios de higiene elementar.

(TEIXEIRA, op. cit.).

Mesmo que o paciente esteja imobilizado no leito, devem ser iniciadas

as discussões do que se antecipa em termos de equipamentos médicos

duráveis, modificações ambientais e treinamento de atendentes para que haja

tempo suficiente de preparação para a alta. (ADLER In: PEDRETTI e EARLY,

2004).

Durante a reabilitação aguda, a Terapia Ocupacional continua a centrar-

se em oferecer educação e apoio aos pacientes e a auxiliá-los a começar a

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explorar atividades significativas que restaurem o sentimento de eficiência e

auto-estima. Os tratamentos devem sempre ser estruturados com esses

objetivos predominantes em mente. (ATKINS In: TROMBLY e RADOMSKI,

2005).

3.6 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE DE PRÉ-REABILITAÇÃO

DA LESÃO MEDULAR

A fase de pré-reabilitação é constituída do exame médico inicial e da

avaliação global pela equipe, participam desses grupos, médico fisiatra,

assistente social, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo e o terapeuta

ocupacional. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003)

São realizados, semanalmente, três desses grupos. Em cada um deles,

os pacientes são avaliados e orientados, individualmente, pelos integrantes da

equipe. (TEIXEIRA, op. cit.).

O terapeuta ocupacional atua nesse procedimento:

Demonstrando ao paciente e a seu acompanhante os

exercícios indicados a serem realizados em membros

superiores, enfatizando a contra-indicação sempre que houver;

Verificando a possibilidade, em pacientes tetraplégicos, de

realização independente em atividades de vida diária e prática,

e confeccionando, sempre as adaptações.

Checando o grau de independência de pacientes paraplégicos

e orientando, sempre que preciso manobras para facilitar o

desempenho funcional nas atividades de vida diária.

Prescrevendo cadeira de rodas e almofada de assento,

quando o paciente ainda não as possui.

Avaliando a postura sentada na cadeira de rodas e a

adequação da almofada de assento. (TEIXEIRA, op. cit.)

Ao final do procedimento, a equipe se reúne e discute cada um dos

pacientes, decidindo, então, o início do tratamento, ou não, nos diversos

setores. (TEIXEIRA, op. cit.).

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Durante essa fase, o paciente pode se sentar em uma cadeira de rodas

e deve começar a desenvolver a tolerância para a posição ereta. Uma

prioridade alta para esta fase é determinar um método para aliviar a pressão

quando sentado com o propósito de evitar úlceras de decúbito nas

proeminências ísquias, trocantéricas e sacrais. (ADLER In: PEDRETTI e

EARLY, 2004).

3.7 TERAPIA OCUPACIONAL NA FASE DE REABILITAÇÃO DA

LESÃO MEDULAR

Segundo TEIXEIRA (2003), a fase de reabilitação caracteriza-se pela

admissão do paciente nos diversos setores.

A avaliação inicial é o primeiro contato entre a dupla – terapeuta e

paciente – que irá caminhar junto por algum tempo, por isso é importante que:

(1) nesse primeiro contato o terapeuta tenha conhecimento prévio do exame

clínico realizado pelo médico (2) a avaliação transcorra em um clima afável (3)

o terapeuta tenha domínio das técnicas que irá utilizar para avaliar o

desempenho do paciente e mensurar os resultados (4) o terapeuta tenha

conhecimento pleno da patologia para romper de forma adequada a questão

que imerge ao final da avaliação, como por exemplo: “quando voltarei a

andar?”, “porque devo utilizar uma adaptação?”. (SAURON In: CAVALCANTI e

GALVÃO, 2007).

Os objetivos da Terapia Ocupacional somente poderão ser traçados

após a avaliação cuidadosa do paciente, tendo em mente que ele também tem

seus objetivos. (SAURON In: GRAVE, 2001).

O objetivo comum a ser alcançado com todos os pacientes, respeitando-

se o nível neurológico de lesão, é a maior independência possível nas

Atividades de Vida Diária (AVD); contudo devemos ressaltar que dois pacientes

com o mesmo nível neurológico de lesão exibem características diferentes do

ponto de vista clínico, emocional, cultural, social, que podem repercutir positiva

ou negativamente no grau de independência funcional. (SAURON In: GRAVE,

2001).

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Os aspectos principais a serem observados nesse contato inicial são:

1. Membros superiores:

Amplitude articular passiva de movimento e presença de

deformidades.

Espasticidade, por meio da Escala de Ashwoerth Modificada.

Força de músculo – chave e da musculatura residual (escala 0

a 5).

Função unimanual e bimanual: a partir do nível neurológico de

lesão C6, avaliar a “qualidade” da pressão pulmonar e da

pinça da chave.

Sensibilidade: o teste mais significativo para a função manual

é a descriminação de dois pontos constantes.

Tronco: equilíbrio na posição sentada, em cadeira de rodas.

2. Dor central e nociceptiva: se presente, onde se localiza e se

prejudica a atividade cotidiana do paciente.

3. AVD e AIVD: desempenho e utilização de adaptações.

4. Cadeira de rodas: adequação da cadeira (medidas corretas), uso de

almofada apropriada e forma de manejo.

5. Barreiras arquitetônicas: em casa, na escola, no trabalho, na

comunidade. (SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007)

Pode ser utilizado um protocolo específico para avaliação do lesado

medular no qual todas as informações anteriormente descritas são anotadas,

seguido da aplicação da Medida de Independência Funcional – MIF (Functional

Independence Measure – FIM), por se tratar de um instrumento para a

avaliação do grau de independência de pacientes adultos. (SAURON, op. cit.).

Os dados coletados por meio do protocolo específico de avaliação para

o lesado medular, somados aos resultados obtidos com a aplicação da MIF,

são, somente, a base para planejamento inicial do tratamento de reabilitação,

que deve ser modificado mediante a evolução do paciente. (SAURON, op. cit).

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55

3.8 TRATAMENTO DE LESÃO MEDULAR O tratamento terapêutico ocupacional do indivíduo que sofreu uma lesão

medular é específico e de acordo com o nível da lesão. O prognóstico funcional

do lesado medular é determinado em especial pelo grau de preservação

sensitivo motora. (GRIFO MEU).

Dois pacientes com o mesmo nível de lesão podem atingir diferentes

graus de independência. O terapeuta deve considerar as características de

personalidade, a influência dos fatores ambientais como a idade, e a presença

de outros fatores físicos que podem interferir negativamente no desempenho

do paciente (por exemplo: deformidades, obesidade). (SAURON, In:

CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

Geralmente, a abordagem da Terapia Ocupacional consta de:

mobilizações, suaves e lentas, para relaxamento e alongamento (cuidadoso) da

musculatura cervical, cíngulo do membro superior (cintura escapular) e MMSS;

treino de equilíbrio de tronco; treinamento fundamental e fortalecimento da

musculatura remanescente de MMSS; prescrição e/ou confecção de

adaptações, objetivando proporcionar treino e a maior independência possível

nas AVD e AIVD; prescrição da cadeira de rodas através de mensuração

personalizada a cada paciente; prescrição e/ou confecção de órteses, de

posicionamento ou funcionais, para os MMSS; prescrição de almofada de

assento para cadeira de rodas, bem como monitorização de sua eficácia por

meio do sistema de mapeamento de pressão; orientação para posturas de

alívio de pressão, evitando assim úlceras de pressão; participação nos

períodos pré e pós-operatório das cirurgias de transferências tendinosas para a

reconstrução da extensão ativa do cotovelo, da preensão palmar e da pinça-

chave (intervenções cirúrgicas importantes), para a melhora da qualidade de

vida do tetraplégico. (SAURON, op. cit.).

Quanto à funcionalidade dos MMSS (Tabela 03), a terminologia

muscular-chave será utilizada para indicar aquele que a ASIA preconiza para

classificar internacionalmente o nível da lesão e movimentação remanescente

para exemplificar a função correspondente a cada nível de lesão. (SAURON,

op. cit.).

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Tabela 03 – Nível de lesão X funcionalidade de membros superiores

Nível de

lesão

Músculo-chave

ASIA

Movimentação

remanescente

Função Manual

C4

C5 Bíceps Braquial Abdução do Ombro – Deltóide

Flexão do cotovelo

C6 Extensor Radial

do Carpo

C5 + Extensão de punho Preensão palmar e pinça-

chave de objetos leves

(pouca força), através do

mecanismo de tenodese.

C7 Tríceps Braquial C6 + Extensão do cotovelo,

Extensão dos dedos.

Preensão palmar e pinça-

chave de objetos leves

por tenodese, menos

eficaz, pela ação dos

extensores dos dedos.

C8 Flexor Profundo

do 3º dedo

C7 + Extensão dos dedos,

Flexão dos dedos

Preensão palmar e pinça-

chave, utilizando o

mecanismo de tenodese

para aumentar a força.

T1 Adutor do 5º

dedo

C8 + Abdução dos dedos –

Interósseos Dorsais

Adução dos dedos –

Interósseos Palmares

Todos os tipos de

preensão com força,

porém com prejuízo na

destreza em tarefas muito

“finas”.

(SAURON In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

Com relação aos exercícios de fortalecimento de MMSS, é importante

ressaltar que: (1) o fortalecimento intempestivo do músculo bíceps braquial de

um paciente com nível de lesão C5 pode levar a uma deformidade altamente

incapacitante, o fortalecimento dos extensores extrínsecos dos dedos em um

paciente com nível de lesão C7 pode acarretar uma deformidade “em garra”,

diminuindo a capacidade de preensão através do mecanismo tenodese.

(SAURON, op. cit.).

Quanto ao desempenho nas AVD (cuidados pessoais), não importa o

nível e o grau da lesão. Após a lesão medular, a execução de determinada

tarefa pode requerer mais tempo: por exemplo, alimentação para um

tetraplégico C5; e/ou demandar maior gasto energético durante o vestuário

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para um paraplégico T10, levando o paciente a assumir uma dependência não-

compatível com sua capacidade remanescente. Assim é descrito a seguir o

desempenho funcional de pacientes tetraplégicos hígidos e motivados para a

aquisição da maior independência possível, respeitando-se o nível neurológico

da lesão. (SAURON, op. cit.).

O paciente com lesão de nível C7 pode se beneficiar de adaptações que

auxiliem a preensão, como, por exemplo, cabos engrossados para alimentação

e higiene. O paciente pode atingir independência em vestuário de tronco

superior, mais necessita de auxílio para tronco inferior, o mesmo ocorrendo

para banho. (SAURON, op. cit.).

O tetraplégico com nível de lesão C6 beneficia-se de adaptações que

substituam a preensão em atividades como alimentação e higiene. Pode ajudar

no vestuário e no banho de tronco superior, porém, é dependente de tronco

inferior. (SAURON, op. cit.).

O paciente de lesão em C5 necessita, para a realização de alimentação

e higiene de adaptações que supram a ausência da preensão e da

estabilização do punho, que podem ser confeccionadas de diferentes materiais.

(SAURON, op. cit.).

O treino das AVD durante as terapias é importante para que o paciente

perceba sua capacidade remanescente, porém a prática diária em domicílio é

essencial para que ele atinja a independência de acordo com seu nível de

lesão. (SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

É importante observar que para maior eficiência do trabalho de

fortalecimento dos membros superiores, alguns fatores devem ser

considerados, como por exemplo:

A resistência, por meio de pesos, sempre deve ser com a mesma

quantidade de carga colocada distalmente ao músculo a ser fortalecido.

Fortalecimento, estando o paciente sentado na cadeira de rodas, será

mais eficaz, pois, além de exigir um trabalho muscular contra a ação da

gravidade auxilia a aquisição de controle de tronco.

Na presença de espasticidade realizar, sempre, o fortalecimento

muscular com exercícios isométricos.

De acordo com o nível de lesão as atividades alternativas que também

contribuem para aumentar a força da musculatura preservada.

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Treino das atividades da vida diária e instrumentais de vida diária, de

acordo com o nível e o tipo de lesão (Tabela 04).

Elaboração, prescrição, confecção das adaptações necessárias (por

vezes em conjunto com a oficina ortopédica), bem como seu

treinamento.

Prescrição, confecção e monitoração de órteses, de posicionamento

e/ou funcionais, para os membros superiores.

Intervenção nos períodos pré e pós-operatório das cirurgias de

transferências tendinosas para reconstrução da extensão do cotovelo e

da pinça chave. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003)

A tabela a seguir demonstra o desempenho funcional das AVD’s e AIVD’s,

comparando o grau de lesão e as adaptações propostas para os pacientes.

Tabela 04 – Desempenho Funcional nas Atividades de Vida Diária e Instrumentais de vida

Diária

Nível de

lesão

Desempenho Funcional Adaptações

C4 Uso de computador, escrita,

pintura, leitura, manejo de

cadeira de rodas motorizada e

de dispositivos para controle do

ambiente.

Capacete, mentoneira, ponteira oral,

canudo e outras que são o controle

pneumático e o comando de voz, utilizadas

tanto para o manejo da cadeira de rodas

quanto para o controle do ambiente. São

pouco utilizadas em nosso país por falta de

recursos.

C5 Alimentação, higiene, escrita,

uso de computador ou máquina

de escrever e manejo de

cadeira de rodas comum no

plano e em curtas distâncias, ou

cadeira de rodas motorizada.

Substituição de preensão em couro

associado a posicionamento de punho em

duralumínio ou tala de posicionamento de

punho em lona ou neoprene, ou

substituição de preensão com

posicionamento de punho confeccionada

em termoplástico de baixa temperatura,

pinos nos aros da cadeira de rodas.

C6 Alimentação, higiene, escrita,

uso de computador ou máquina

de escrever, manejo de cadeira

de rodas comum no plano e

rampas de suave inclinação,

Substituição de preensão, bucha e escova

de cabo longo com substituição de

preensão, substituição de preensão em três

pontos para escrita, pinos nos aros da

cadeira de rodas e adaptações para alguns

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dirigir carro adaptado e auxiliar

no vestuário e higiene básica de

tronco superior.

controles do carro.

C7 Alimentação, higiene, uso de

computador ou máquina de

escrever, vestuário,

transferências, manejo de

cadeira de rodas e dirigir carro

adaptado.

Substituição de preensão, cabos

engrossados, bucha e escova de cabo

longo com substituição de preensão,

substituição de preensão em 3 pontos para

escrita, pinos nos aros da cadeira de rodas,

tábua de transferência, e adaptações para

alguns controles no carro.

C8 Independência total Não necessita

T1 Independência total Não necessita

3.8.1 Cirurgia de reconstrução Funcional

Não se pode mais, atualmente, falar sobre reabilitação física do

tetraplégico sem abordar as cirurgias de reconstrução funcional dos membros

superiores, visto que, tendo como objetivo o incremento da função, melhoram,

sem sombra de dúvidas, a qualidade de vida de alguns desses pacientes.

(TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).

As cirurgias de reconstrução funcional são procedimentos de

transferências tendinosas que incrementam a função dos MMSS e melhoram a

qualidade de vida desses pacientes. (SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO,

2007).

Uma avaliação criteriosa realizada pelo cirurgião de mão e pelo

terapeuta ocupacional, ambos com profundo conhecimento e larga experiência

em lesão medular, é indispensável. (SAURON, op. cit.).

Que pacientes operar: Do ponto de vista físico, a avaliação funcional do

membro superior deve ser realizada tomando-se como base a classificação

internacional de GIENS, 1984, que verifica a força muscular, a presença de

espasticidade, o grau de sensibilidade (discriminação de dois pontos).

(TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).

E do ponto de vista emocional, infelizmente, não existe uma “avaliação

funcional” que auxilie na determinação do paciente apto. Dessa forma, na fase

(TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).

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de reabilitação intensiva, todo paciente, potencialmente elegível, e seus

familiares são orientados quanto à técnica cirúrgica, cuidados rigorosos no pós-

operatório, necessidade de Terapia Ocupacional intensiva e quanto aos reais

benefícios. Pacientes que não apresentam deformidades irredutíveis

passivamente, nem espasticidade grave. (TEIXEIRA, op. cit.).

Pacientes portadores de lesão completa, em geral, após um ano, tempo

considerado ideal para que as possíveis intercorrências clínicas sejam sanadas

e a pessoa adquira um novo controle sobre seu corpo. (TEIXEIRA, op. cit.).

Nas lesões incompletas, recomenda-se aguardar a estabilização da

evolução neurológica. (TEIXEIRA, op. cit.).

Que movimentos reconstruir:

A extensão ativa do cotovelo, por meio da transposição da porção

posterior do músculo deltóide pró-tríceps. Essa técnica foi inicialmente

preconizada por Eric Moberg (Suécia), por enxerto tendinoso autógeno retirado

dos extensores dos artelhos. Foi modificada por Sierra A. Castro e Lopez Pita

(Espanha) e remodificada por Ulson et. al. (Brasil). (TEIXEIRA, op. cit.).

A técnica de Ulson ET. AL. utiliza um retalho do próprio músculo tríceps

braquial, obtido de sua porção central, desinserido distalmente e rebatido

proximalmente até alcançar o tendão do músculo deltóide posterior,

previamente desinserido do úmero, dispensando o enxerto tendinoso utilizado

por Moberg. Uma possível complicação dessa técnica é a rotura das

anastomoses tendinosas, passível de restauração. (TEIXEIRA, op. cit.).

A pinça chave e a preensão palmar, por meio da transposição do

músculo braquiorradial para o flexor longo do polegar, associado à artrodese

da articulação trapeziometacarpal, tenodese do músculo extensor longo do

polegar e transposição do músculo extensor radial longo do carpo para os

flexores profundos dos quatro dedos (este último, somente se o extensor radial

curto do carpo apresentar inervação normal). (TEIXEIRA, op. cit.).

O tratamento pré-operatório tem início, empiricamente, quando o

paciente, ainda está na fase de reabilitação intensiva, começa a atingir os

objetivos propostos quanto às AVD, pois nesse momento se podem observar

melhor sua readaptação ao novo corpo e verdadeira disposição para “não parar

de tentar coisas novas”. (TEIXEIRA, op. cit.)

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61

Na reabilitação pós-operatória das cirurgias de reconstrução funcional,

tanto na extensão ativa do cotovelo quanto da preensão palmar e pinça-chave,

estão sempre contra-indicados os exercícios passivos para ganho da amplitude

articular oposta à pretendida pela cirurgia, evitando o alongamento da

musculatura transferida. Na reconstrução da extensão ativa do cotovelo, não

realizar exercícios passivos para flexão do cotovelo; na reconstrução da

preensão palmar e pinça-chave, não realizar exercícios passivos para a

extensão dos dedos longos e polegar. (SAURON, In: CAVALCANTI e

GALVÃO, 2007).

Quanto à efetividade da melhora funcional advinda da cirurgia, os

pacientes são submetidos a dois tipos de avaliação, a objetiva e a subjetiva.

A objetiva é determinada pela capacidade do paciente em executar o

movimento de extensão de cotovelo contra a ação da gravidade pelo menos,

ou contra a ação da gravidade e resistência adicional, e pela possibilidade de

realizar o push-up (suspensão) ou inclinação anterior do tronco, ambos para

alívio de pressão na região glútea. (SAURON, op. cit.).

A avaliação subjetiva, realizada por meio de questionário, relata a

opinião do paciente sobre as atividades adquiridas e/ou melhoradas com a

cirurgia. (SAURON, op. cit.).

A avaliação objetiva da efetividade da cirurgia é mensurada através do

pinch-gauge para a pinça-chave e da capacidade do paciente manter um

haltere de 2 kg utilizando a preensão palmar. Subjetivamente, os pacientes

relatam melhora na força de preensão. (SAURON, op. cit.).

A Terapia Ocupacional no tratamento do lesado medular tem como

objetivo estimular o desempenho de um “novo corpo” que possui a mesma

capacidade intelectual e emocional anterior à lesão medular, um corpo

“sensitivo-motor perfeito”, auxiliando na reorganização de suas funções,

emoções e atitudes visando ao retorno da vida, como pode e deve ser vivida.

(SAURON, In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

Pensando nesse retorno para vida, que a Terapia Ocupacional visa

sempre à independência do sujeito acometido da lesão medular, sendo assim,

ele pode referir-se em adaptação terapêutica para o paciente, que consiste na

modificação estrutural de um ambiente físico, equipamento de auto-ajuda ou

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dispositivo de auxílio, descrevendo assim as tecnologias assistivas para uma

independência com mais facilidade para o lesado medular.

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4.0 TECNOLOGIA ASSISTIVA

4.1 CONCEITO

O ramo da ciência preocupado com a pesquisa, o desenvolvimento e a

aplicação de aparelhos/instrumentos e procedimentos que aumentem ou

restaurem a função humana é denominado tecnologia assistiva. (LUZO In:

DE CARLO e LUZO, 2004).

A tecnologia assistiva é um termo ainda novo, utilizado para identificar

todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou

ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e

conseqüentemente promover vida independente e inclusão. (BERSCH, 2009).

O termo tecnologia assistiva é novo, no entanto sua origem, de fato,

pode estar na pré-história, quando o homem fez, pela primeira vez, o uso de

um galho de árvore, promovendo com ele apoio para seguir caminhando, ao

fraturar uma de suas pernas, após uma queda. A bengala improvisada permitiu

a retomada de uma função, a marcha, que estava impedida pela fratura

acidental. (RODRIGUES, 2009).

O que é uma simples conveniência para algumas pessoas pode ser uma

tecnologia assistiva para outras. (ANSON In: PEDRETTI e EARLY, 2004).

Segundo GOLLEGÃ (2001), os recursos externos são usados pelos

terapeutas ocupacionais para substituir as perdas de funções motoras durante

o processo de tratamento ou quando já não é possível resgatar as funções

normais com as técnicas de reabilitação.

A Associação de Terapia Ocupacional dos EUA definiu em 1983, a

adaptação terapêutica como um design e a reestruturação de um ambiente

físico para auxiliar no desempenho de atividades de auto cuidado, trabalho e

lazer. Isto inclui selecionar, adquirir, ajustar e fabricar equipamentos, e orientar

o paciente, a família e a equipe terapêutica no uso apropriado desse

equipamento. (MELLO, 1999).

Em 1988, a tecnologia assistiva foi definida em uma lei pública nos EUA

(Technology-related Assistance for Individuals with Disabilities Act – Public 100-

407) como: qualquer item, peça de equipamento ou sistema de produtos,

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quando adquiridos comercialmente, modificados, ou feito sob medida, que é

usado para aumentar, manter ou melhorar as habilidades funcionais do

indivíduo com limitações funcionais. (MELLO, op. cit.).

Num sentido amplo percebe-se que a evolução tecnológica caminha na

direção de tornar a vida mais fácil. Sem perceber, utiliza-se constantemente

ferramentas que foram especialmente desenvolvidas para favorecer e

simplificar as atividades do cotidiano, como os talheres, canetas,

computadores, controle remoto, automóveis, telefones celulares, relógios,

enfim, uma interminável lista de recursos, que já estão assimilados à nossa

rotina e, num senso geral “são instrumentos que facilitam o desempenho em

funções pretendidas”. (BERSCH, op. cit.).

A tecnologia assistiva deve ser então entendida como auxílio que

promoverá a ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará

a realização da função desejada e que se encontra impedida por circunstâncias

de deficiências ou pelo envelhecimento. (BERSCH, op. cit.).

Com os recursos da tecnologia assistiva o terapeuta estuda, desenvolve

e aplica técnicas e procedimentos que possam diminuir o impacto das perdas

funcionais, temporárias ou não, por intermédio de recursos que auxiliem o

indivíduo com limitações ou deficiências funcionais a aumentar sua

independência e melhorar o domínio de seu ambiente físico e social. Ela ajuda

a compensar os efeitos das disfunções de maneira ativa e positiva, focando

não o que foi perdido, mas o que é possível, construtivo e pode ser realizado.

(GOLLEGÃ In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001).

Segundo RODRIGUES (2008), a tecnologia assistiva pode ser

caracterizada:

Tecnologia assistiva de baixa complexidade – sem componentes

eletrônicos.

Tecnologia assistiva de alta complexidade – com componentes

eletrônicos.

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4.2 OBJETIVOS

O objetivo da tecnologia é compensar as capacidades ausentes ou

deficientes. Através da tecnologia, os consumidores administram uma

variedade de tarefas da vida diária, participam da vida conforme suas opções,

e fazem escolhas com base em seus objetivos e papéis desejados. Assim, a

tecnologia apóia os consumidores no desempenho ocupacional. (ANGELO In:

TROMBLY e RADOMSKI, 2005).

Seu maior objetivo é permitir que os consumidores participem de tarefas

de desempenho ocupacional, as quais consistem em atividades significativas

que contribuem para a qualidade de vida. Os terapeutas ocupacionais ajudam

os consumidores a superar as deficiências funcionais pelo conhecimento de

seus objetivos e preferências, avaliando suas capacidades e equiparando seus

objetivos e capacidades com as soluções de tecnologia assistiva apropriadas.

(ANGELO, op. cit.).

4.3 ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL E A TECNOLOGIA

ASSISTIVA

A tecnologia assistiva é fruto da aplicação de avanços tecnológicos em

áreas já estabelecidas. Trata-se de uma disciplina de domínio de engenheiros

de reabilitação, de computação, biomédicos e elétricos, de médicos, de

arquitetos, de desenhistas industriais, de terapeutas ocupacionais, de

fisioterapeutas e de fonoaudiólogicos, que trabalham para restaurar a função

humana por meio de dispositivos assistivos. (LUZO In: DE CARLO e LUZO,

2004).

O terapeuta ocupacional é o profissional que, tendo tido formação para

analisar a atividade humana em condições típicas ou atípicas de

desenvolvimento é capaz de explorar ao máximo o potencial do indivíduo no

seu desempenho funcional/ocupacional e, por isso mesmo, pode desenvolver,

indicar e aplicar artigos de tecnologia assistiva com a maior competência e

eficácia. (GOLLEGÃ In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001).

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A tecnologia assistiva pode realizar muitas tarefas possíveis para muitos

clientes, quando se baseia em fundamentos terapêuticos sólidos, uma

avaliação contínua e abrangente de todas as partes do sistema, uma equipe

interdisciplinar, incluindo o cliente e o prestador de atendimento, tomando as

decisões na seleção das adaptações e um foco sobre as necessidades do

cliente. (BRAIN In: NEISTADT e CREPEAU, 2002).

Considerando o objetivo do terapeuta ocupacional em relação à

tecnologia assistiva, visa sempre manter como meta a melhora da capacidade

funcional do sujeito de maneira a favorecer sua qualidade de vida, busca-se

compreender melhor como se dão as perdas das capacidades funcionais

intrínsecas do sujeito acometido das seqüelas de uma lesão medular. Realiza-

se assim avaliações precisas, descrevendo, confeccionando e utilizando

tecnologias assistivas que buscam a melhora da capacidade funcional e a

máxima independência nas atividades de vida diária, nunca esquecendo da

qualidade de vida do sujeito. (GRIFO MEU).

4.4 DESIGN UNIVERSAL

4.4.1 Conceito

O Design Universal como filosofia, e a Terapia Ocupacional como

intervenção terapêutica, buscam, dentre outros objetivos, a inclusão do

indivíduo à sua vida cotidiana, de forma a garantir a sua maior independência e

autonomia no desempenho de suas funções. (RIBEIRO In: CAVALCANTI e

GALVÃO, 2007)

O Design Universal foi definido em 1993, por Ron Mace, como: “uma

abordagem incorporada a produtos, bem como aos fatores de edificação e

elementos que aumentam e estendem as possibilidades para que os mesmos

possam ser utilizados pela maioria das pessoas”. (RIBEIRO, op. cit.).

O Design Universal, busca viabilizar a identificação de fatores da

usabilidade. Portanto aplica-se desde a concepção do meio ambiente, incluindo

edificações, organização de centros, meios de comunicação e sinalizações, até

produtos de consumo. Entretanto, é importante deixar claro que a filosofia do

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Design Universal não deve estar restrita somente à etapa de concepção do

produto, mas também ser aplicada em todo o seu processo de

desenvolvimento. (RIBEIRO, op. cit.).

Se um determinado produto for concebido visando atender a uma

maioria da população, poderão então ser minimizadas as chances desses

produtos estigmatizarem seus usuários, diante dos constrangimentos implícitos

ocasionados quando da sua utilização. (RIBEIRO, op. cit.)

Os princípios do Design Universal e seus manuais foram desenvolvidos

por um grupo de profissionais, dentre eles arquitetos, designers, engenheiros,

terapeutas ocupacionais, e por pesquisas na área do design ambiental,

coordenadas pelo Centro de Design Universal da Universidade Estadual da

Carolina do Norte. (RIBEIRO, op. cit.).

Os sete princípios do Design Universal usados como elementos para a

elaboração da análise de um produto na avaliação da sua utilização são:

1. Uso eqüitativo: O design não estigmatiza ou deixa em desvantagem

nenhum grupo de usuários.

2. Flexibilidade no uso: O design deve acomodar uma variedade de

preferências e habilidades individuais.

3. Simples, uso intuitivo: A utilização do design é de fácil compreensão,

sem experiência prévia, conhecimentos, linguagem própria ou exigência

de constante concentração por parte do usuário.

4. Informações perceptíveis: O design comunica efetivamente as

informações necessárias ao usuário, sem a necessidade de

precondições ambientais ou até mesmo habilidades sensoriais

específicas.

5. Tolerância ao erro: O design minimiza riscos e conseqüências adversas

de acidentes ou ações desatentas.

6. Baixo desgaste físico: O design pode ser utilizado de maneira eficiente e

confortável, com o mínimo de fadiga.

7. Tamanho e espaço para uso e alcance: Tamanho apropriado e espaço

são considerados para o alcance, a manipulação, independentemente

da postura, do tamanho do corpo e da mobilidade do usuário.

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O resultado da aplicação do Design Universal na concepção de produtos e

edificação de espaços traduz-se na facilidade e segurança implícita à sua

utilização pelo usuário. (RIBEIRO, op. cit.).

4.4.2 Design Universal e Terapia Ocupacional

Para a percepção de um produto dentro dos princípios do Design Universal,

ocupacional auxilia e contribui para a realização da análise dos produtos em

uso nas atividades de vida diária – AVD, especialmente na relação da interface

usuário versus produto. (RIBEIRO, op. cit.).

O Design Universal atua como uma abordagem filosófica que faz parte do

processo de desenvolvimento do produto como um todo, visando atender às

necessidades da maioria dos usuários. (RIBEIRO, op. cit.)

Um dos objetivos fundamentais da Terapia Ocupacional é o de procurar

maximizar as oportunidades para os seus clientes, no âmbito da performance

do seu potencial funcional em todas as áreas de suas vidas, incluindo o

trabalho, as atividades de recreação e lazer e, sobretudo as atividades em

casa. (RIBEIRO, op. cit.).

Como observador atento às relações de interface que se estabeleceram na

realização de uma AVD, o “olhar” do terapeuta ocupacional é de fundamental

importância, considerando que o objeto de estudo e análise apresenta como

objetivo principal a busca da independência funcional, observando uma

situação real. (RIBEIRO, op. cit.).

Assim sendo, o terapeuta ocupacional pode vir a identificar as

dificuldades apresentadas pelo usuário quanto aos aspectos motores,

cognitivos, sensoriais e psíquicos envolvidos na utilização desse produto, e

apresentar os resultados obtidos a partir dessa observação como elementos

para a realização de alterações nos atributos incorporados ao produto em uso,

para que ele se torne compatível às necessidades de seus usuários diante das

suas habilidades. (RIBEIRO, op. cit.).

Como ferramenta de análise, esse profissional deve estar atento às

informações e depoimentos do usuário, seja por meio da elaboração de um

questionário ou a partir de declarações espontâneas que possam surgir

durante a realização da atividade. (RIBEIRO, op. cit.).

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A essência do Design Universal respeita a diversidade entre os

indivíduos e promove a inclusão das pessoas às suas atividades de vida diária.

Observa-se que existe uma relação estreita entre os objetivos do Design

Universal e da Terapia Ocupacional, pois ambos objetivam garantir a

autonomia e a independência funcional do indivíduo diante da realização de

uma atividade e, portanto à sua inclusão na sociedade. (RIBEIRO, op. cit.).

4.5 ADAPTAÇÕES

4.5.1 Conceito A adaptação é um ramo da Tecnologia Assistiva que pode ser definida

como: a modificação da tarefa, método e meio ambiente, promovendo

independência e função. Neste sentido o ato de adaptar promove ajuste,

acomodação e adequação do indivíduo a uma nova situação. (TEIXEIRA In:

FERNANDES, 2007)

Adaptar é o somatório da capacidade criativa do terapeuta ocupacional

com a praticidade e funcionalidade da adaptação proposta, com a finalidade de

aceitação e utilização do paciente. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).

O equipamento adaptativo é usado para compensar uma limitação física,

aumentar a segurança e evitar lesões nas articulações. Pode estar entre as

limitações físicas à perda de força muscular. Antes de recomendar algum

equipamento adaptativo, o terapeuta ocupacional deve realizar uma minuciosa

avaliação para determinar os problemas funcionais do paciente e suas causas.

O terapeuta ocupacional também pode considerar soluções práticas em

primeiro, antes de decidir que algum equipamento adaptativo é a solução.

Seriam algumas soluções práticas evitar a causa do problema, usar uma

técnica compensatória ou um método alternativo, obter assistência de outra

pessoa, ou modificar o ambiente. (FOTI In: PEDRETTY e EARLY, 2004).

O processo de intervenção baseia-se no resultado desejado pelo cliente,

nos dados coletados na avaliação e na evidência observada. Interfere

diretamente nas demandas das atividades, alterando, por exemplo, os objetos

usados e suas propriedades, as demandas espaciais e as ações requeridas

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para facilitar o envolvimento do indivíduo na ocupação. (CAVALCANTI In:

CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

As adaptações estão diretamente relacionadas com as áreas de

ocupação, e há uma variedade de dispositivos, para facilitar o desempenho em

ocupações e tarefas, que são comumente categorizados em adaptações para a

higiene, vestuário e alimentação. (CAVALCANTI, op. cit.).

Toda adaptação deve ser idealizada ou confeccionada de acordo com as

necessidades do cliente e com as possibilidades de aquisição (produto

manufaturado ou artesanal) de modo a ampliar a possibilidade de envolvimento

e participação do indivíduo em ocupações ou tarefas. Em qualquer uma das

situações, a estética, a segurança e a simplicidade também devem estar

caracterizadas como aspectos prioritários de seleção da adaptação.

(CAVALCANTI In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

O interesse e o desenvolvimento do cliente na seleção e no treino do

uso dos equipamentos são essenciais para a aceitação pelo terapeuta no

processo de escolha e aquisição de produtos adaptados ou na elaboração e

confecção de adaptações artesanais, sempre focando a real necessidade e o

desejo do cliente. (CAVALCANTI, op. cit.).

Há dois modos principais de modificação e/ou compensação da tarefa:

(MOYERS, 1999 apud TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007).

1. Alteração da tarefa ou método de realizá-la.

2. Adaptação do objeto da tarefa (equipamentos).

4.5.2 Alteração da tarefa ou método de realizá-lo

Cabe ao terapeuta, em parceria com o cliente planejar e desenvolver

novos mecanismos para realização das tarefas. (TEIXEIRA In: FERNANDES,

2007).

As tarefas podem ser modificadas utilizando-se técnicas de graduação.

Graduação é a adaptação da tarefa ou partes dela que sejam adequadas às

capacidades do indivíduo. (SHEPHERD, 2001 apud TEIXEIRA In:

FERNANDES, 2007).

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Neste método, o terapeuta, após a análise da atividade, segmenta a

tarefa por graus de dificuldade e favorece o envolvimento do cliente nas etapas

iniciais e final. (TEIXEIRA, op. cit.).

Neste processo, o terapeuta deverá considerar diferentes aspectos, bem

como buscar soluções para os mesmos. Os aspectos psicológicos, físicos e

cognitivos devem ser analisados cuidadosamente. (MOYERS, 1999 apud

TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007).

4.3.3 Adaptação do objeto da tarefa (equipamentos)

Envolve a prescrição de equipamento adaptativo, modificação do objeto

ou recomendação de substituição de objetos. A introdução de um equipamento

poderá alternar radicalmente a tarefa na medida em que introduza

modificações nos componentes de desempenho. (TEIXEIRA, op. cit.).

A adoção de adaptações complexas requer, freqüentemente habilidades

cognitivas para o acesso e uso das mesmas. (TEIXEIRA, op. cit.).

Adaptar pode ainda incluir intervenções no contexto físico e humano no

qual a tarefa é realizada. Modificações na postura e forma de participação da

família e/ou cuidador é um fator de fundamental importância nesse processo. A

infra-estrutura do meio ambiente, quando adequada, possibilita a utilização das

adaptações e proporciona ao indivíduo o convívio social, a plena atuação

educacional e profissional, a realização pessoal e, conseqüentemente sua

participação efetiva no contexto social. (TEIXEIRA, op. cit.).

Quando nos referimos às adaptações de um equipamento pode-se

classifica-lá em dois tipos: as de baixa tecnologia ou baixo custo (Low-Tech),

ou dispositivos de atividade de vida diária e os equipamentos de alta tecnologia

ou alto custo (High-tech). (TEIXEIRA, op. cit.).

Na escolha de um dispositivo de tecnologia assistiva ou inclusiva deve-

se levar em conta a complexidade, preço e qualidade do produto, considerando

não apenas seu usuário, mas o ambiente no qual será utilizado. (TEIXEIRA,

op. cit.).

Cultura, informação, costumes e crenças do paciente também

influenciam a utilização de adaptações. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).

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Outro fator de fundamental importância nesse processo é a infra-

estrutura do meio ambiente que, quando adequado possibilita a utilização das

adaptações e proporciona ao indivíduo o convívio social, a plena atuação

educacional e profissional, a realização pessoal e, conseqüentemente, sua

contribuição efetiva no contexto social. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA, 2003).

Barreiras arquitetônicas ambientais são definidas, segundo a Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como o impedimento de acessibilidade,

natural ou resultante de implantações arquitetônicas ou urbanísticas. Ainda

segundo a ABNT, acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para

utilização, com segurança e autonomia, de edificações, espaço, mobiliário e

equipamentos urbanos. (TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007).

A ausência de acessibilidade, principalmente nos ambientes externos

freqüentados pelo indivíduo, como por exemplo, escolas, clubes, restaurantes,

cinemas, teatros, prejudica a independência adquirida, através do uso de

adaptações, nas atividades cotidianas. (TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007).

Para que um equipamento de tecnologia assistiva seja largamente

utilizado deverá apresentar as qualidades quanto aos seguintes aspectos:

Auxílio à tarefa.

Aceitabilidade para o individuo, família e contexto.

Praticidade e flexibilidade.

Durabilidade.

Expansibilidade.

Segurança

Manutenção ou concerto.

Acessibilidade do ponto de vista financeiro. (TEIXEIRA In: FERNANDES,

2007).

O processo de adaptação para o uso de equipamentos envolve sete

aspectos:

1. Analisar a tarefa: identificar as habilidades do indivíduo X ambiente

físico.

2. Identificar o problema.

3. O reconhecimento dos princípios de compensação.

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4. Propor solução: utilizar a criatividade do terapeuta em conjunto com

a colaboração do paciente e sua família.

5. Conhecer os recursos alternativos para a solução do problema.

6. Verificar periodicamente a adaptação.

7. Treinar, visando o uso funcional da adaptação. (TROMBLY, 2002

apud TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007).

Em nossa prática diária, observamos que, muitas vezes, alguns

pacientes após um tempo deixam de utilizar adaptações, inicialmente

propostas. Os motivos seriam os seguintes:

Em alguns casos porque a evolução neurológica inerente à lesão e

independente de nossa intervenção possibilitou seu abandono.

Outros pacientes, apesar de não apresentarem retorno neurológico,

alcançam, com o tempo, uma satisfatória ou perfeita função, não mais

necessitando das adaptações inicialmente propostas. (TEIXEIRA In:

TEIXEIRA, 2003).

Enquanto a adaptação for necessária, o paciente, seus familiares e

cuidadores devem ser orientados quanto ao período de uso, forma correta de

colocação e retirada e cuidados de manutenção. (TEIXEIRA In: TEIXEIRA,

2003).

A observação de questões como o quanto o equipamento irá maximizar o

desempenho do cliente, em particular, e sua receptividade ao mesmo, diminui

os riscos de prescrição inapropriada que resultam em desperdicío de tempo e

dinheiro (público e privado). (TEIXEIRA In: FERNANDES, 2007).

Os terapeutas têm a responsabilidade de fornecer subsídios técnicos que

fomentem o investimento dos diversos setores da sociedade para o

desenvolvimento e financiamento de recursos tecnológicos que infelizmente

não estão disponíveis para a maior parte da população portadora de

necessidades especiais e que por esta razão permanece, muitas vezes, fora

das escolas, universidades e postos de trabalho. (TEIXEIRA, op. cit.).

Por outro lado, cabe aos terapeutas influenciar positivamente nos órgãos de

saúde, demonstrando a eficácia dos equipamentos prescritos. Potencialmente

15% da população brasileira são portadoras de algum tipo de deficiência e

recebem indicação de alguma adaptação, ainda que só pequena parte as

abandone, isso significará altas taxas de desperdício para os indivíduos,

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sistemas de saúde, convênios ou outros órgãos financiadores. (TEIXEIRA, op.

cit.).

Muitos dos dispositivos assistivos hoje disponíveis em empresas de

equipamentos de reabilitação foram originalmente projetados e fabricados

pelos terapeutas ocupacionais e pacientes. Muitos dos métodos especiais

usados para desempenhar atividades específicas também evoluíram através

de abordagens de tentativa e erro de terapeutas e de seus pacientes. Os

pacientes geralmente têm boas sugestões para seus terapeutas, porque vivem

com a limitação e se defrontam constantemente com a necessidade de adaptar

o desempenho de tarefas diárias. (FOTI In: PEDRETTY e EARLY, 2004).

4.6 ADAPTAÇÕES PARA ATIVIDADE DA VIDA DIÁRIA

4.6.1 Conceito

Segundo FOTI (2004), as atividades da vida diária são tarefas de

cuidados pessoais, mobilidade funcional, comunicação funcional, administração

doméstica e vida em comunidade que permitem a um indivíduo atingir a

independência pessoal.

As AVD requerem capacidades básicas do paciente. A avaliação e o

treinamento no desempenho dessas importantes tarefas na vida têm sido, há

muito, aspectos importantes de programas de Terapia Ocupacional em

praticamente todos os tipos de atendimento de saúde. A perda da capacidade

de cuidar das próprias necessidades pessoais e de administrar o ambiente

pode resultar em perda da auto-estima e profundo senso de dependência.

(FOTI In: PEDRETTI e EARLY, 2004).

Um dos aspectos cruciais no processo terapêutico ocupacional são as

AVD, pois ao mesmo tempo em que aponta a razão para a intervenção,

significa o recurso terapêutico, e seu desempenho é um marco concreto para o

momento de alta. (MELLO In: CAVALCANTI e GALVÃO, 2007).

Segundo NEISTADT & CREPEAU (2002) a prescrição de aparelhos de

assistência deve levar em consideração, simultaneamente, a capacidade do

cliente e os aspectos do aparelho.

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Em muitos casos, não é possível usar técnicas específicas para

solucionar problemas específicos de AVD. Às vezes o terapeuta ocupacional

tem que explorar vários métodos ou dispositivos assistivos para chegar a uma

solução. Ocasionalmente é necessário que o terapeuta projete ou elabore um

dispositivo, método, tala ou peça de equipamentos especiais para possibilitar

que o paciente desempenhe uma atividade em particular. (FOTI, op. cit.).

Segundo CARDOSO (2001), a inexistência de acessórios que permitam

o desenvolvimento de atividades simples de higiene pessoal, alimentação e

vestuário frustram os pacientes que não conseguem realizar as atividades

mínimas, portanto a reabilitação torna-se complicada e desagradável.

A vida humana é um processo de contínua adaptação. Essa adaptação

é resultante de um sentimento de competência e auto-estima. Uma pessoa

competente na realização de suas atividades tem recursos suficientes para

interagir positivamente com os ambientes físicos e sociais e para encontrar as

demandas dessa atividade e do contexto, bem como demonstra independência

e sucesso nas AVD. (RODRIGUES, 2008).

As atividades são empregadas para provocar alterações no desempenho

humano, potencializando características de saúde e minimizando o impacto da

doença ou incapacidade. (RODRIGUES, op. cit.).

O papel da Terapia Ocupacional é lidar com as capacidades de

desempenho das AVD, determinar os problemas que mais interferem na

independência, determinar objetivos de tratamento e proporcionar treinamento

para aumentar a independência. (FOTI, op. cit.).

O terapeuta deve estimar quais tarefas de AVD são possíveis e quais

são impossíveis para o paciente. O terapeuta deve investigar com o paciente a

possibilidade de usar métodos alternativos para desempenhar as atividades e o

uso de qualquer dispositivo assistivo que seja útil. (FOTI In: PEDRETTY e

EARLY, 2004).

A necessidade de aprender novos métodos ou de usar dispositivos

assitivos para desempenhar tarefas diárias pode ser temporária ou

permanente, dependendo da disfunção específica e do prognóstico de

recuperação. (FOTI, op. cit.).

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Segundo DONALD (1998), o terapeuta deve ser adaptável e ser capaz

de conservar boas relações com todas as pessoas que estiverem direta ou

indiretamente afetadas pelas mudanças que ela vai fazer.

Deve-se observar, como diferencial da Terapia Ocupacional na área da

reabilitação física, a ênfase com que esse profissional “olha” seu paciente. A

partir da dimensão da sua vida cotidiana, tendo por base as técnicas de

reabilitação funcional, colocando-as como meio para que se atinja um objetivo

maior, qual seja, a inclusão social da sua clientela, a partir da conquista da

máxima independência e autonomia possíveis na vida ocupacional. (GOLLEGÃ

In: DE CARLO e BARTALOTTI, 2001).

Este trabalho dá ênfase às AVD de Auto cuidados, que incluem

alimentação, higiene e vestuário.

4.6.2 Auto cuidado

As tarefas de auto cuidado são especialmente importantes, por serem

atividades básicas, consideradas essenciais para uma vida independente.

(RODRIGUES, 2008).

Aos profissionais da saúde e reabilitação cabe avaliar o quanto a pessoa

precisa de auxílio, bem como o tipo de auxílio em relação ao potencial

funcional e relacional necessários para completar atividades. (RODRIGUES,

op. cit.).

As adaptações exibidas neste capítulo são de empresas especializadas,

e, portanto pré-fabricadas. O objetivo de exibí-las é, além de orientar o leitor às

possibilidades já existentes, motivá-lo a pensar alternativas que levem ao

mesmo resultado, com diferentes materiais. (GRIFO MEU).

4.6.2.1 Alimentação

As adaptações para a alimentação objetivam ampliar a capacidade de

manter e manipular utensílios e conduzir o alimento (sólido ou líquido) até a

boca. Durante a preparação podem ser indicados instrumentos que facilitem as

tarefas de cortá-los ou manuseá-los. (CAVALCANTI In: CAVALCANTI e

GALVÃO, 2007).

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Podem ser dispositivos como:

TALHERES (colheres, garfos e facas), podendo ser engrossados,

entortados, pesados, com economia de energia, com substituição de

preensão.

Figura 2 – Faca Fatiadora Good Grips

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm

Figura 3 – Faca Balanço em “T”

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm

Figura 4 – Faca de Serra Angulada

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm

FACA FATIADORA GOOD GRIPS

Possui uma lâmina de 20 cm. Cabo Good

Grips (emborrachado e com ranhuras).

Ideal para quase todos os trabalhos de

corte. Lavável em máquina. Destinado a

pessoas que apresentam dificuldade na

preensão.

FACA BALANÇO EM "T"

Pessoas com preensão débil ou que utilizem

somente uma das mãos se beneficiarão com

este utensílio estável e de fácil manuseio. O

corte é realizado com movimentos em

balanço sobre o alimento. A lamina pode ser

afiada com afiador de faca comum.

FACA DE SERRA ANGULADA O cabo angulado a 90° e a lâmina

serrilhada de aço inoxidável tornam essa

faca um instrumento bastante útil na

cozinha. Ideal para pessoas com artrite ou

tendinite. A lâmina mede 17 cm. A faca

pesa 156 gramas. Lavável em máquina.

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Figura 5 – Substituição de Preensão Econômica

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Figura 6 – Substituição de Preensão Quad-Care

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Figura 7 – Substituição de Preensão com Suporte de Punho

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

SUBSTITUIÇÃO DE PREENSÃO

ECONÔMICA Econômico e ajustável através de

Velcro® e anel em D. Pode servir

também como adaptação para canetas e

lápis. Fácil de colocar e tirar. Feito de

algodão. Lavável em máquina.

SUBSTITUIÇÃO DE PREENSÃO QUAD-CARE

Desenhado especialmente para

quadriplégicos. Esta adaptação com

encaixe para utensílios permite às pessoas

com preensão limitada ou ausente. Fácil

de se colocar e tirar

SUBSTITUIÇÃO DE PREENSÃO

COM SUPORTE DE PUNHO

Esta órtese é simples, durável e eficiente

em casos de punho caído. Possui um

encaixe na palma que se mantém numa

posição fixa. Direito e esquerdo.

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Figura 8 – Talher Engrossado Caring

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Figura 9 – Talher Comfort Grip

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Figura 10 – Colher Good Grips Encapadas

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

TALHER ENGROSSADO CARING

Desenhado para a mão artrítica,

compensa preensão e controle

muscular deficitários. Uma

concavidade para o dedo indicador

ajuda no controle direcional. Feito de

aço cirúrgico e cabo de polipropileno

de 2,5 cm de diâmetro.

TALHERES COMFORT GRIP

Feitos especialmente para pessoas com

preensão deficitária, esses utensílios

permitem um máximo de controle com um

mínimo de esforço. São leves e o cabo

possui 2,5 cm de diâmetro, podendo ser

rodado para acomodar quase qualquer

tipo de dificuldade na alimentação.

COLHERES GOOD GRIPS

ENCAPADAS

Essas colheres possuem cabo

emborrachado e são facialmente

anguladas. Ideal para pessoas com

espasticidade ou com pobre controle

manual. Não é recomendável para

pessoas com forte reflexo de mordida.

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Figura 11 – Talheres com peso Good Grips

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Figura 12 – Talheres em Balanço

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Figura 13 – Adaptador de Talheres em Plástico

Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product_info.php?cPath=62_72&nome=Adaptador%20de%20Talheres&products_id=543

TALHERES GOOD GRIPS

São feitos de borracha macia,

antiderrapante, com cabo flexível que se

adapta confortavelmente a qualquer tipo

de preensão e a qualquer ângulo.

Adaptáveis para destros e canhotos.

TALHERES EM BALANÇO

Útil para quando a movimentação de

punho e dedos está ausente ou limitada.

Estes talheres permitem que a comida

permaneça sempre nivelada. Cada talher

pesa 28 gr e o cabo plástico possui 19

cm de diâmetro. Lavável em máquina.

ADAPTADOR DE TALHERES EM

PLÁSTICO

O talher comum é adaptado a este

dispositivo através de um sistema de

ajuste. Útil para pessoas com dificuldades

de preensão.

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Figura 14 – Adaptador de Talher em Plástico Cabo Longo

Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product_info.php?cPath=62_72&nome=Adaptador%20de%20Talheres%20Ajustável&pro

ducts_id=542

Ainda, para a alimentação há os PRATOS e COPOS.

Os PRATOS podem ser: fixos, com relevo, com bordas elevadas.

Figura 15 – Prato com Relevo Interno

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Figura 16 – Borda de Prato Interna Pequena

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

ADAPTADOR DE TALHERES EM

PLÁSTICO DE CABO LONGO

Adaptador de talheres em plástico. Cabo

longo, ajustável em ângulo. Ideal para

pessoas com déficit de preensão e

limitações ao nível da amplitude de

movimentos do ombro. O talher comum é

adaptado a este dispositivo através de um

sistema de fixação.

PRATO COM RELEVO INTERNO

É um auxiliar valioso para pessoas que

se alimentam com apenas uma das

mãos. Sua borda de 1,5 cm de altura não

permite que o alimento caia para fora do

prato e facilita a alimentação com o garfo

ou colher. Vai ao microondas, é lavável

na máquina e é autoclavável.

BORDA DE PRATO INTERNA

PEQUENA

Aparador moldado em plástico, utilizável

em pratos de diferentes diâmetros. Os

ganchos são moldados diretamente na

unidade, sem apresentar emendas ou

articulações. Leve e fácil de colocar e

remover.

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Figura 17 – Borda de Prato Interna Grande

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Figura 18 – Prato Adaptado Gripware

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Figura 19 – Aparador de Comida em Plástico Transparente

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

BORDA DE PRATO INTERNA

GRANDE

Aparador moldado em plástico, utilizável

em pratos de diferentes diâmetros. Os

ganchos são moldados diretamente na

unidade, sem apresentar emendas ou

articulações. Leve e fácil de colocar e

remover.

PRATO ADAPTADO GRIPWARE

Feito de melamina,tem um diâmetro de 20

cm e a borda lateral com a altura variando

de 3 cm a 1,3 cm (recorte). Produto ideal

para pessoas com flexibilidade e

coordenação motora limitadas, ataxia ou

outra desordem neurológica.

APARADOR DE COMIDA EM

PLÁSTICO TRANSPARENTE

Feito em policarbonato transparente,

além de funcional é também atraente.

Ajusta-se a pratos de diferentes

diâmetros, podendo ser colocado

rapidamente com o uso de uma única

mão.

Fonte: www.mnsuprimentos.com.br

MN35244

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Figura 20 – Aparador de Comida em Aço Inoxidável Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Os COPOS podem ser: recortados, com alças, com tampas, com

encaixe para a mão.

Figura 21 – Copo com Alças e Tampa

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Figura 22 – Suporte para canudos e Canudo Flexível

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

APARADOR DE COMIDA EM AÇO

INOXIDÁVEL

Este aparador de comida feito em peça

única evita o acúmulo de comida que

costuma acontecer em junções. Este

aparador dá ao indivíduo maior

independência e ajusta-se a vários tipos de

pratos.

CANECA COM ALÇAS E TAMPA

Possui uma tampa com um bico que controla

o fluxo do líquido. Suas duas alças facilitam a

empunhadura e sua larga base previne

tombamentos acidentais. Pode ir ao

microondas e à máquina de lavar louças.

SUPORTE PARA CANUDOS E CANUDO

FLEXÍVEL

Suporte para canudos desenhado para se

ajustar a qualquer canudo, prende-se a borda do

copo. Com 8 furos que ajudam a manter os

canudos no ângulo desejado. Canudo flexível

feito de polietileno é reutilizável. Possui 46 cm

de comprimento e pode ser facilmente dobrado

à mão.

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Figura 23 – Copo Adaptado Melaware

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Figura 24 – Copo Recortado

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist9.htm

Inclui-se na alimentação TÁBUAS de FIXAÇÃO PARA ALIMENTOS,

ANTIDERRAPANTES e BANDEJAS.

Figura 25 – Tábua e Faca Adaptados para Fatiar Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm

COPO ADAPTADO MELAWARE

Permite uma preensão facilitada utilizando-

se somente o polegar e o indicador. Ideal

para pessoas com déficit de força muscular.

Feito de plástico moldado pode ser lavado

em máquina. Capacidade: 236 ml. Vai ao

forno de microondas.

COPO RECORTADO

Ideal para pessoas com dificuldade em

estender a cabeça devido a lesão em nível

de pescoço. Também útil para crianças

portadoras de paralisia cerebral. O recorte

permite a visualização do líquido pelo

terapeuta. Feito de plástico inquebrável,

volume de 237 ml.

TÁBUA E FACA ADAPTADOS PARA

FATIAR

É um dispositivo seguro e de fácil manejo

para fatiar carne, pão ou vegetais.

Compõe-se de uma tábua regulável para

seis diferentes larguras. A lâmina da faca

possui 23 cm de comprimento e a faca

pesa 170 gramas.

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Figura 26 – Tábua para apoio de pão

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm

Figura 27 – Tábua de Corte Adaptada

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm

Figura 28 – Tábua de Corte Swedish

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm

TÁBUA PARA APOIO DE PÃO

Possui uma base não escorregadia e uma

aleta voltada para baixo que mantém a

tábua no lugar. Apresenta ainda duas

bordas elevadas que mantém o alimento,

facilitando a utilização de uma só mão.

TÁBUA DE CORTE ADAPTADA

Um canto de madeira segura o

alimento dentro da tábua adaptada.

Ideal para o uso com somente uma

das mãos. Prende o alimento com

duas hastes de aço inoxidável. Quatro

ventosas mantêm a tábua presa à

superfície de apoio.

TÁBUA DE CORTE SWEDISH

Esta tábua adaptada pode ser utilizada

para fatiar e ralar alimentos ou manter

recipientes fixos. Designada para o

uso de apenas uma das mãos, esta

adaptação apresenta espetos em aço

inoxidável e um torno para segurar

objetos ou alimentos.

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Figura 29 – Anti-derrapamte Dycem

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm

Figura 30 – Bandeja Adaptável

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist10.htm

4.6.2.2 Higiene Os dispositivos de higiene, além de ampliarem o desempenho e a

funcionalidade do cliente, visam proporcionar uma condição de segurança e de

conforto para o usuário, e, muitas vezes, a seleção de determinada adaptação

é respaldada nos critérios de acessibilidade, proteção articular e conservação

de energia. (CAVALCANTI, op. cit.).

Podem ser dispositivos como:

- ESPONJAS: podem ter cabos entortados, em forma de luva, com cabos

longos, com porta sabonetes, com ventosas para maior fixação, pesados, com

economia de energia, realizando substituição de preensão.

ANTI-DERRAPANTE DYCEM

Este material antiderrapante é bastante

eficiente, evitando movimento em ambas

as superfícies, sem grudar nos objetos.

Pode ser utilizadas sobre bandejas,

mesas, como adaptação para preensão

ou para posicionamento de almofadas em

cadeiras de rodas.

BANDEJA ADAPTÁVEL

Estável, ajusta-se perfeitamente a quase

todo tipo de sofá ou cadeira com braço.

Possui divisórias internas. Medidas: 33

cm x 24 cm x 23 cm. Um adaptador para

cadeira de rodas permite que a bandeja

gire para facilitar o entrar e o sair da

cadeira. Medidas: 33 cm x 24 cm x 23 cm.

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Figura 31 – Esponja Adaptada Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm

Figura 32 – Kit de Banho – Jogo de Escovas/Esponjas

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm

Figura 33 – Esponja com Porta-Sabonete

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm

ESPONJA ADAPTADA

Esta suave poli-espuma vem unida a um

cabo longo de plástico. Designada para

o uso durante o banho serve também

para outros usos domésticos. O cabo

pode ser moldado com calor. Leve. Em

dois tamanhos.

KIT DE BANHO - JOGO DE

ESCOVA/ESPONJAS

São 4 tipos para lavar o corpo, sem se

abaixar ou se curvar. A alça na ponta do

cabo permite que a unidade fique presa

ao punho, evitando que caia durante o

uso, bem como pendurada para secagem

ou para ser guardada.

ESPONJA COM PORTA-SABONETE

Pode se colocar um pequeno pedaço de

sabonete dentro desta adaptação.

Desenhada para pessoas que usam

apenas uma das mãos. Ideal para

pacientes hemiplégicos ou para

pessoas com amplitude de movimentos

limitada.

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Figura 34 – Escova Curva

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm

Figura 35 – Esponja com Cabo Curvado

Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product

Figura 36 – Escova com Ventosa

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm

ESCOVA CURVA

Pessoas com uma amplitude limitada de

movimento podem lavar o pescoço,

ombros e costas facilmente. Cabo de

borracha anti-derrapante. Com cerdas

em ambos os lados acoplada em uma

base segura. Duas ventosas mantêm a

base estável.

ESPONJA COM CABO CURVADO

Esponja com design para tornar eficaz o

uso do movimento e força do membro

superior. Útil para alcançar todas as

partes corporais. Graças às

propriedades da esponja, esta não

absorve a água, mantendo sempre o seu

peso de 112g.

ESCOVA COM VENTOSA

Prenda a escova na pia ou qualquer

outra superfície para permitir a

escovação com apenas uma das mãos.

Possui uma base leve de plástico que

mantém 7 fileiras de cerdas com 1,3 cm

de altura. Ideal para a limpeza de

dentaduras e unhas.

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Figura 37 – Luva para Banho

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm

- ESCOVAS

- DENTES

Figura 38 – Kit de Escovas para Treino de Higiene Bucal Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm

Figura 39 – Escova Fixa para Dentadura

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm

LUVA PARA BANHO

Confeccionada em tecido durável,

apresentando um fechamento por

velcro® com um anel em "D" que facilita

a fixação das tiras mesmo para aqueles

que possuem uso funcional de apenas

uma das mãos.

KIT DE ESCOVAS PARA TREINO DE

HIGIENE BUCAL

Designada para estimulação e

dessensibilização dos tecidos orais,

massagem da gengiva e higiene oral.

Inclui um manual de cuidados

dentários.

ESCOVA FIXA PARA DENTADURA

Trata-se de uma escova com cerdas em

ambos os lados acoplada em uma base

segura. Duas ventosas mantêm a base

estável.

MN28333

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Figura 40 – Facilitador para Espremer Tudo de Creme Dental

Fonte: www.sammonspreston.com

- CABELOS

Figura 41 – Pente com Cabo Alongado

Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product

Figura 42 – Adaptação para Pente

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm

FACILITADOR PARA ESPREMER

TUBO DE CREME DENTAL

Acionada pelo toque. Feito de material

lavável. Indicado para pacientes sem

preensão.

PENTE COM CABO ALONGADO

Útil para pessoas com limitações ao nível

da amplitude do braço que impedem de

chegar com o pente comum à cabeça. O

design curvo permite executar a tarefa

posicionando o braço junto ao corpo,

contribuindo para uma melhor

coordenação de movimentos.

ADAPTAÇÃO PARA PENTE O cabo, com comprimento de 45 cm,

pode ser dobrado em qualquer ângulo.

Ideal para pessoas que possuem

limitação de movimentos de braço ou

mão, com dificuldade para pentear

cabelos longos ou alcançar a nuca. Inclui

uma escova e um pente.

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Figura 43 – Adaptação Regulável – Fácil e Puxar

Fonte: www.sammonspreston.com - CORTADORES DE UNHAS

Figura 44 – Prancha com Cortador de Unha Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm

Figura 45 – Prancha com Cortador de Unha e Lixa Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm

ADAPTAÇÃO REGULAVEL – FÁCIL

DE PUXAR

Regulável com velcro pode ser utilizada

para pente ou escova. Com alça para

pendurar.

PRANCHA COM CORTADOR DE UNHA

Consiste de um cortador de unha

tamanho padrão preso firmemente a uma

base de plástico de 10 cm x 5 cm com

ventosas que aderem firmemente à

superfície, dando estabilidade e evitando

que a tábua escorregue quando em uso.

PRANCHA COM CORTADOR DE UNHA

E LIXA

Esta adaptação consiste de um cortador

de unha grande pivotante e duas fendas

para manter as lixas presas. A base de

plástico mede 19 cm x 9 cm. Ventosas

mantém a adaptação fixa.

MN28331

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Figura 46 – Prancha com Cortador de Unhas e Cabo Emborrachado

Fonte: http://www.prosavos.com/loja/product

Figura 47 – Tesourinha para Unha do Pé

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist7.htm

- BARBA

Figura 48 – Adaptação Regulável – Fácil de Puxar para Aparelho de Barbear

Fonte: www.sammonspreston.com

PRANCHA COM CORTADOR DE UNHAS COM

CABO EMBORRACHADO

Desenhado para assistir pessoas com capacidades

motoras limitadas para cortar as unhas. Também

muito útil para pessoas com um membro superior

amputado. Base em plástico antiderrapante que

fornece estabilidade. Alavanca com base alargada

para facilitar a preensão.

TESOURA PARA UNHA DO PÉ

Os furos para o polegar e demais dedos

são ergonômicos permitindo uma

preensão melhor e mais estável. As

lâminas serrilhadas são de aço inoxidável

e anguladas. Mede 21 cm de

comprimento.

ADAPTAÇÃO REGULÀVEL – FÁCIL DE

PUXAR PARA APARELHO DE

BARBEAR

Desenhado para assistir pessoas com

capacidades limitadas e sem preensão.

Aparelho de barbear regulável.

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4.6.2.3 Vestuário Os dispositivos utilizados são soluções simples, criativas e que visam

auxiliar o cliente a vestir e despir roupas e sapatos com maior facilidade.

(CAVALCANTI, op. cit.).

São utilizados para auxílio na colocação de meias e dispositivos para

abrir e fechar zíper e botões.

- VESTIR E DESPIR

Figura 49 – Bastão para Vestuário Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm

- MEIAS

Figura 50 – Adaptação para Meia de Plástico Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm

BASTÃO PARA VESTUÁRIO Feito de material leve, pode ser utilizado com

qualquer tipo de roupa. Uma das extremidades

possui um gancho em "C" e a outra, um gancho

tipo empurra-puxa. O comprimento desta

adaptação faz com que a pessoa não necessite

curvar-se, tornando-a ideal para aqueles com

flexão de quadril diminuída ou movimento limitado

de membros superiores.

ADAPTAÇÃO PARA MEIA DE PLÁSTICO

O fundo achatado permite que pés de qualquer

tamanho deslizem facilmente. Feito de

polipropileno flexível. As extensões laterais

mantêm a meia aberta para fácil colocação. As

bordas suaves da adaptação não machucam o

nem desfiam as meias.

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Figura 51 – Adaptação para Meia-calça

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm

- CALÇADEIRAS

Figura 52 – Calçadeira em Metal

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm

Figura 53 – Calçadeira Plástica com Alça

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm

ADAPTAÇÃO PARA MEIA-CALÇA

Leve e fácil de usar. As canaletas de plástico

podem ser dobradas o quanto for necessário

para se ajustar a qualquer tamanho de meia.

Os recortes seguram a meia no lugar. As tiras

podem ser ajustadas. Requer o uso de ambas

as mãos.

CALÇADEIRA DE METAL

Feita em aço e com empunhadura de

borracha de modo a facilitar a preensão.

CALÇADEIRA PLÁSTICA COM ALÇA

Sua alça permite uma preensão mais

confortável para os dedos, podendo ser

utilizada para puxar meias. Feita de nylon,

mede 41 cm.

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- CADARÇOS

Figura 54 – Cadarço Elástico

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm

Figura 55 – Cadarço Elástico para Tênis

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm

- ABRIR E FECHAR ZÍPER E BOTÕES

Figura 56 – Adaptação para Botão e Zíper

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm

CADARÇO ELÁSTICO

É ideal para aqueles com flexão de quadril

diminuída ou destreza limitada. O nó e o

laço devem ser realizados apenas uma vez.

Esses cadarços medem 61 cm.

MN28681

CADARÇO ELÁSTICO PARA TÊNIS

Desenhado para tênis. Mais largos e mais

fáceis de manejar que outros cadarços

elásticos, possuem 6,4 mm de largura e

94 cm de comprimento.

ADAPTAÇÃO PARA BOTÃO E ZÍPER

Apresenta em uma das extremidades

uma adaptação para botão e, na outra,

um gancho para zíper. Possui cabo de

madeira. Comprimento total: 23 cm.

Diâmetro: 1,9 cm.

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96

Figura 57 – Facilitador de Zíper e Botoes

Fonte: www.sammonspreston.com

Figura 58 – Adaptação para Botão Good Grips

Fonte: http://www.mnsuprimentos.com.br/arquivos/mn_assist8.htm

Figura 59 – Argola para Zíper

Fonte: http://www.assistiva.com.br/Introducao%20TA%20Rita%20Bersch.pdf

FACILITAR PARA ZÍPER E BOTÕES

Bilateral, em suas extremidades tem

dispositivo para botão e para zíper.

Usado com um membro apenas.

ADAPTAÇÃO PARA BOTÃO GOOD

GRIPS

Esta adaptação de borracha suave torna

a tarefa de abotoar roupas mais fácil. O

cabo mede 11 cm e o comprimento total

é de 16 cm. O diâmetro do cabo é de 3,8

cm.

ARGOLA PARA ZÍPER

Esta adaptação é destinada a pessoas

com dificuldade de preensão.

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Figura 60 – Adaptador para Botão em Madeira

Fonte: http://www.assistiva.com.br/Introducao%20TA%20Rita%20Bersch.pdf

ADAPTADOR PARA BOTÃO EM

MADEIRA

Esta adaptação é destinada a pessoas

com dificuldade de preensão. Sua base

em madeira e circular facilita o manuseio

do botão.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A lesão da medula espinhal gera uma grande síndrome incapacitante e

constitui-se num enorme desafio à reabilitação, devido ao fato de que ainda

não pode ser revertida com os recursos científicos atuais.

Considera-se que a pessoa acometida pela lesão medular retorna à

lactância, no que diz respeito à execução de suas atividades de vida diária,

visto isto, há grandes ajustamentos a serem feitos após a lesão.

O tratamento de reabilitação é o caminho que possibilita ao indivíduo

reaprender a controlar suas funções perdidas, possibilitando um aumento na

expectativa de vida de pessoas portadoras de lesão medular, tendo como

objetivo a melhora na qualidade de vida e independência funcional.

O terapeuta ocupacional é o profissional que está habilitado a avaliar e a

intervir na saúde ocupacional do indivíduo, adaptando suas atividades

cotidianas, bem como orientando o paciente na importância da realização das

atividades de vida diária, preservando assim sua independência, autonomia,

satisfação e qualidade de vida. É necessário reafirmar que a Terapia

Ocupacional possibilita ao indivíduo por meio do seu fazer, reconhecer a si

mesmo, contribuindo assim para sua reabilitação e independência.

Partindo-se de uma análise do estudo de saúde do sujeito, das

condições de suas estruturas corporais, de suas possibilidades de realização

de atividade e participação social e ainda levando em conta contextos de vida e

fatores emocionais deste sujeito, o terapeuta ocupacional pode propor

adaptações facilitadoras que devem melhorar o seu desempenho funcional

A Terapia Ocupacional tem como meta tornar o sujeito acometido pela

lesão medular o mais autônomo e independente possível, promovendo e

estimulando o auto-cuidado, oferecendo ao sujeito tecnologias assistivas,

posteriormente orientando e treinando o uso das mesmas.

Para o paciente, ser independente, é o primeiro passo para retomar a

sua vida. Tecnologia assistiva não salva vidas, nem reduz mortalidade,

simplesmente permite às pessoas com deficiência terem uma vida mais

satisfatória e com mais possibilidades.

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As tecnologias assistivas e adaptações apresentadas podem compensar

os déficits apresentados pelo indivíduo que sofreu lesão medular, no

desempenho de suas atividades de vida diária – auto cuidado: alimentação,

higiene e vestuário, promovendo independência na realização destas. Porém, o

indivíduo irá necessitar de um longo período de treinamento, que deverá ser

realizado pelo terapeuta ocupacional, para reaprender suas funções utilizando

as adaptações sugeridas.

Para o paciente o retorno à independência possibilita uma maior

autonomia e liberdade proporcionado assim uma melhora na auto-estima.

É importante destacar também que, para conseguir a independência

funcional deverão ser considerados todos os fatores físicos, emocionais e

sociais que envolvem o paciente e seus cuidados na etapa de reabilitação.

A maior parte das tecnologias assistivas apresentadas neste trabalho

foram retiradas de um catálogo nacional, facilitando assim a aquisição das

mesmas. Assim, frente ao estudo realizado, conclui-se que estes equipamentos

são capazes de auxiliar nas dificuldades apresentadas pelos indivíduos,

possibilitando-o realizar de maneira independente suas tarefas de auto-cuidado

e, assim, oferecer suporte para sua reinserção social e garantir promoção na

sua qualidade de vida.

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