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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA MARIANA SANTIAGO GOSLAR RETÍCULO PERICARDITE TRAUMÁTICA E DISTOCIA POR SCHISTOSOMUS REFLEXUS EM BOVINOS CURITIBA 2017

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MARIANA SANTIAGO GOSLAR

RETÍCULO PERICARDITE TRAUMÁTICA E DISTOCIA POR SCHISTOSOMUS

REFLEXUS EM BOVINOS

CURITIBA

2017

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MARIANA SANTIAGO GOSLAR

RETÍCULO PERICARDITE TRAUMÁTICA E DISTOCIA POR SCHISTOSOMUS

REFLEXUS EM BOVINOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Medicina Veterinária da Faculdade de

Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade

Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para

obtenção do Título de Médico Veterinário.

Orientador Acadêmico: Professora Drª. Anderlise

Borsoi

Orientador Profissional: Fabricio Ventura dos

Santos

CURITIBA

2017

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Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitora Promoção Humana

Prof. Ana Margarida de Leão Taborda

Pró-Reitora

Srª Camille Rangel

Pró-Reitor acadêmico

Prof. João Henrique Faryniuk

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Diretor de Graduação

Prof. João Henrique Faryniuk

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária

Prof. Welington Hartmann

Supervisora de Estágio Curricular

Prof. Jesséa de Fátima França Biz

CAMPUS PROF. SIDNEY LIMA SANTOS (BARIGÜI)

Rua Sidney A Rangel dos Santos 238

Bairro: Santo Inácio

CEP 82.010-330

Curitiba – Paraná

Telefone: (41) 3331-7700

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TERMO DE APROVAÇÃO

MARIANA SANTIAGO GOSLAR

RETÍCULO PERICARDITE TRAUMÁTICA E DISTOCIA POR SCHISTOSOMUS

REFLEXUS EM BOVINOS

Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado como requisito parcial

para a obtenção do titulo de Médico Veterinário pela banca examinadora do curso de

Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ____ de _______ de 2017.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Profa. Drª. Anderlise Borsoi

Presidente

__________________________________________

Prof. Dr. Odilei Rogério Prado

__________________________________________

Profa Liédge Camila Simioni

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à todos os meus familiares que me apoiaram desde o

início da graduação. Mas especialmente a minha avó Maria Tereza Carvalho

Santiago (in memorian) e meu avô Pedro Collaço Santiago, que me criaram desde

os 9 meses de idade e me proporcionaram a melhor educação que eu poderia ter.

Sem o auxílio de vocês nunca chegaria onde cheguei e sei que mesmo ausente em

corpo físico, vó, nunca estive só, pois te sentia em cada minuto do meu dia dentro

da faculdade.

Aos meus avós paternos Sebastiana Lima Goslar (in memorian) e Paulo

Goslar (in memorian) que estiveram junto de mim durante a maior parte da minha

graduação e nos deixaram no tão difícil ano de 2016. Essa vitória também é de

vocês!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida e por me dar saúde para

chegar até aqui e poder escrever esse trabalho que finda a realização do maior

sonho da minha vida.

Aos meus pais que jamais mediram esforços para me manter no curso

mesmo quando as condições financeiras não eram das melhores. Abdicando de

seus próprios sonhos em prol dos meus. Nunca haverá palavras suficientes para

lhes agradecer por acreditarem tanto em mim, mais do que eu mesma algum dia

acreditei. Mãe, por todos os ensinamentos e todo amor que plantou em mim, durante

toda a minha vida, sabendo o momento certo de colher os frutos. E pai, por me

transformar na melhor pessoa que eu poderia ser me mostrando que não é preciso

de muito para ser feliz e que a honestidade junto da humildade são as virtudes mais

lindas de um ser humano. Vocês dois juntos são o meu maior exemplo, e eu amo

muito vocês!

A minha amada irmã por suportar com tanta paciência e dedicação meus

surtos de mau humor diários durante o período da graduação, mas principalmente

em semanas de provas e apresentações de seminários. Houve dias em que nem eu

mesma podia me aguentar, porém a Mayara me aguentou. Obrigada!

Ao Marcelo, sempre tão carinhoso e sereno... Soube ser meu sol em meio à

tempestade. A ele todo meu amor e respeito!

A toda minha família que sempre demonstrou ter muito orgulho de mim e

sempre me estendendo a mão quando precisei. Vocês são os anjos que Deus

colocou na minha vida, já que ele não podia ficar ao meu lado o tempo todo.

Aos melhores mestres que eu poderia ter encontrado no caminho, seja da

FEPAR ou da UTP, por fazerem parte da minha caminhada, por toda bagagem que

pude adquirir no decorrer desses anos de graduação e servirem como exemplo na

profissão, minha eterna gratidão. Mas um agradecimento em especial para prof Dra.

Anderlise Borsoi, pela amizade e por me amparar desde o TCC1 até o TCC final,

permitindo que tudo isso fosse possível.

Ao meu supervisor de estágio Fabricio Ventura e a médica veterinária Ana

Claudia de Abreu, mestranda da UFPR, por toda paciência, auxílio e amizade

contribuindo também para a realização deste trabalho.

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Aos amigos e futuros colegas de profissão que me deram a oportunidade de

conviver diariamente e poder aprender um pouco mais a cada dia, além de

aprimorar e vivenciar a importância do trabalho em equipe. Separados somos bons,

mas juntos somos excelentes!

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“The only way to do great work is to love what you do.”

Steve Jobs

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APRESENTAÇÃO

O trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da

Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de

Médico Veterinário, no qual foram descritas as atividades realizadas pela acadêmica

Mariana Santiago Goslar durante o período de 13 de fevereiro de 2017 a 01 de maio

de 2017, na Lacticínios Tirol Ltda, localizada no município de Treze Tílias-SC, local

de cumprimento do Estágio Curricular, e relatado casos que versam sobre retículo

pericardite traumática e distocia por Schistosomus reflexus em bovinos na região de

Treze Tílias-SC.

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LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS

% Porcentagem

> Maior que

BPM Batimentos por Minuto

CE Corpo estranho

ºC Graus Celsius

FC Frequência Cardíaca

FR Frequência Respiratória

HPB Holandês Preto e Branco

ICC Insuficiência Cardíaca Congestiva

IM Intramuscular

mL Mililitros

RPT Retículo Pericardite Traumática

SR Schistosomus reflexus

SRD Sem Raça Definida

TPB Tristeza Parasitária Bovina

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- LACTICÍNIOS TIROL LTDA – MATRIZ - TREZE TÍLIAS – SC..... 18

FIGURA 2- CORPOS ESTRANHOS ENCONTRADOS NO RETÍCULO DE

UM BOVINO.................................................................................... 24

FIGURA 3- CORPOS ESTRANHOS DISPOSTOS CONFORME SUA

COMPOSIÇÃO E TAMANHO.......................................................... 24

FIGURA 4- ANIMAL COM ESCORE CORPORAL BAIXO (ECC 2,0),

VISUALIZAÇÃO DAS COSTELAS E EXTREMIDADE DO ÍLEO.

ALÉM DE AUSÊNCIA DE GORDURA

SUBCUTÂNEA................................................................................ 30

FIGURA 5- INGURGITAMENTO DE VEIA JUGULAR DIREITA........................ 32

FIGURA 6- REALIZAÇÃO DE UMA PROVA DE DOR ATRAVÉS DO TESTE

DO BASTÃO.................................................................................... 32

FIGURA 7- BEZERRO COM SCHISTOSOMUS REFLEXUS COM

INVERSÃO DA COLUNA VERTEBRAL E FECHAMENTO

INCOMPLETO DA PAREDE VENTRAL DO CORPO E

MEMBROS ADJACENTES AO CRÂNIO........................................ 36

FIGURA 8- BEZERRO COM SCHISTOSOMUS REFLEXUS COM

INVERSÃO DA COLUNA VERTEBRAL E FECHAMENTO

INCOMPLETO DA PAREDE VENTRAL DO CORPO................... 37

FIGURA 9- EM AZUL A ECTODERME, EM VERMELHO A MESODERME, E

EM VERDE A ENDODERME.......................................................... 38

FIGURA 10- IMAGEM RADIOGRÁFICA DE UM OVINO APRESENTANDO

SCHISTOSOMUS REFLEXUS. NA POSIÇÃO VENTRODORSAL

OBSERVA-SE DESVIO VENTROLATERAL PARA A DIREITA

(ESCOLIOSE) (A), E NA POSIÇÃO LATEROLATERAL

PERCEBE-SE ACENTUADO DESVIO VENTRAL DO

SEGMENTO TORACOLOMBAR DA COLUNA VERTEBRAL

(B).................................................................................................... 40

FIGURA 11- REALIZAÇÃO DA INCISÃO NO FLANCO ESQUERDO PARA

ACESSO A CAVIDADE ABDOMINAL.............................................

43

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FIGURA 12- FETO BOVINO, RED ANGUS, PORTADOR DE

SCHISTOSOMUS REFLEXUS (SR) NOTA-SE A INVERSÃO DA

COLUNA VERTEBRAL COM EXPOSIÇÃO DAS VÍSCERAS

TORÁCICAS E ABDOMINAIS......................................................... 44

FIGURA 13- FETO BOVINO, RED ANGUS, PORTADOR DE

SCHISTOSOMUS REFLEXUS (SR) NOTA-SE A INVERSÃO DA

COLUNA VERTEBRAL COM EXPOSIÇÃO DAS VÍSCERAS

TORÁCICAS E ABDOMINAIS (POSIÇÃO

VENTRAL)....................................................................................... 45

FIGURA 14- FLANCO ESQUERDO JÁ COM A SÍNTESE DA PELE ATRAVÉS

DE UM PADRÃO DE SUTURA U CONTÍNUO............................... 45

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - OCORRÊNCIAS CLÍNICAS ACOMPANHADAS DURANTE O

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA

VETERINÁRIA NA ÁREA DE CLÍNICA E CIRURGIA DE

BOVINOS NA LACTÍCINIOS TIROL LTDA, TREZE TÍLIAS –

SC, NO PERÍODO DE 13 DE FEVEREIRO A 01 DE MAIO DE

2017.............................................................................................. 20

TABELA 2 – AVALIAÇÕES REPRODUTIVAS ACOMPANHADAS DURANTE

O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA

VETERINÁRIA NA ÁREA DE CLÍNICA E CIRURGIA DE

BOVINOS NA LACTÍCINIOS TIROL LTDA, TREZE TÍLIAS-SC,

NO PERÍODO DE 13 DE FEVEREIRO A 01 DE MAIO DE

2017.............................................................................................. 21

TABELA 3 – PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ACOMPANHADOS

DURANTE O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

MEDICINA VETERINÁRIA NA ÁREA DE CLÍNICA E CIRURGIA

DE BOVINOS NA LACTÍCINIOS TIROL LTDA, TREZE TÍLIAS-

SC, NO PERÍODO DE 13 DE FEVEREIRO A 01 DE MAIO DE

2017.............................................................................................. 21

TABELA 4 – PROCEDIMENTOS GERAIS ACOMPANHADOS DURANTE O

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA

VETERINÁRIA NA ÁREA DE CLÍNICA E CIRURGIA DE

BOVINOS NA LACTÍCINIOS TIROL LTDA, TREZE TÍLIAS-SC,

NO PERÍODO DE 13 DE FEVEREIRO A 01 DE MAIO DE

2017.............................................................................................. 21

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RESUMO

O presente relatório apresenta as atividades desenvolvidas durante o estágio curricular obrigatório no período entre 13 de fevereiro e 01 de maio de 2017, requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Foram realizados o acompanhamento clínico, cirúrgico e de procedimentos gerais desempenhados pelo médico veterinário nas propriedades leiteiras dos fornecedores de leite à Lacticínios Tirol, localizada no município de Treze Tílias, no estado de Santa Catarina. Foi realizado um total de 602 atendimentos clínicos, cirúrgicos e de procedimentos, com média de 8 atendimentos/dia. As 3 enfermidades mais atendidas foram, respectivamente: tristeza parasitária bovina, hipocalcemia, retenção de placenta, Dentre todas as doenças acompanhadas na rotina clínica do estágio curricular durante as 420 horas disponíveis, duas foram selecionadas para serem abordadas no presente trabalho como relato de caso: retículo pericardite traumática e distocia por Schistosomus reflexus. Palavras-Chave: bovinos, patologias, exame clínico, profilaxia.

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SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS........................................... 9

LISTA DE FIGURAS............................................................................................. 10

LISTA DE TABELAS............................................................................................. 12

RESUMO.............................................................................................................. 13

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15

2. DADOS SOBRE O ESTÁGIO............................................................................. 17

2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO................................................................... 17

2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL................................................................ 17

2.3 HORAS DE ESTÁGIO............................................................................... 17

2.4 DADOS SOBRE O LOCAL DO ESTÁGIO................................................. 17

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PERÍODO DE ESTÁGIO CURRICULAR

OBRIGATÓRIO.................................................................................................... 19

4. RETÍCULO PERICARDITE TRAUMÁTICA ........................................................ 22

4.1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 22

4.2 EPIDEMIOLOGIA....................................................................................... 22

4.3 ETIOLOGIA E PATOGÊNESE................................................................... 23

4.4 SINAIS CLÍNICOS...................................................................................... 26

4.5 DIAGNÓSTICO.......................................................................................... 27

4.6 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL................................................................. 28

4.7 TRATAMENTO........................................................................................... 28

4.8 PREVENÇÃO............................................................................................. 29

5. RELATO DE CASO.............................................................................................. 30

5.1 ANAMNESE............................................................................................... 30

5.2 EXAMES.................................................................................................... 31

5.3 DIAGNÓSTICO.......................................................................................... 33

5.4 TRATAMENTO........................................................................................... 33

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5.5 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO................................................................... 34

6. DISTOCIA POR SCHISTOSOMUS REFLEXUS............................................... 35

6.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 35

6.2 OCORRÊNCIA........................................................................................... 35

6.3 ETIOLOGIA E PATOGÊNESE................................................................... 37

6.4 DISTOCIA DE ORIGEM FETAL................................................................. 38

6.5 DIAGNÓSTICO.......................................................................................... 39

6.6 TRATAMENTO........................................................................................... 41

7. RELATO DE CASO.............................................................................................. 41

7.1 ANAMNESE............................................................................................... 41

7.2 EXAMES..................................................................................................... 42

7.3 TRATAMENTO CIRÚRGICO..................................................................... 43

7.4 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO .................................................................. 46

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 47

9. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 48

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil conta com o maior rebanho comercial do mundo, com

aproximadamente 215, 2 milhões de bovinos no ano de 2015 (IBGE, 2016). No

cenário do mercado mundial, o país é um dos maiores exportadores de carne

bovina. Os maiores rebanhos estão localizados nas regiões Sul e Centro-Oeste, e a

região norte tem o segundo maior rebanho com 20,3%. Com o crescente aumento

dos rebanhos houve algumas mudanças na produção de bovinos, tanto de leite

quanto de carne. O papel do médico veterinário está mais voltado a prevenção de

doenças a nível de rebanho. Os animais doentes tornaram-se indicadores da

sanidade da propriedade, onde o interesse passa a ser o coletivo e não apenas o

indivíduo (IBGE, 2016; LOUREIRO, 2015).

Contudo, alguns dos problemas que mais limitam a bovinocultura, além do

manejo nutricional inadequado é a incidência de doenças no rebanho,

desencadeando grandes perdas econômicas e diversas vezes inviabilizando a

produção. Muitas enfermidades possuem sinais clínicos semelhantes e dessa forma

dificultam um diagnóstico definitivo a campo, sustentado frequentemente somente

através do exame clínico geral, sem o auxílio de exames complementares

(SPRENGER et al., 2015).

Dentre as afecções que podem acometer bovinos, tem-se a retículo

pericardite traumática que atinge comumente bovinos adultos, causada pela

ingestão de corpos estranhos que resultam em lesões no retículo e no pericárdio.

Essa inflamação leva ao acúmulo de líquido, exsudato, pus ou deposição de fibrina

no saco pericárdico, prejudicando o desempenho do músculo cardíaco durante o

enchimento diastólico. Induzindo aos sinais clínicos característicos da enfermidade,

como anorexia, pulso jugular positivo, ICC, edema de barbela e gemidos ao

caminhar por áreas em declive (MOREIRA, SERRANO, 2011).

Ocorrência rara em ruminantes, o Schistosomus reflexus é uma anomalia

congênita que acomete principalmente bovinos, sendo caracterizada pela presença

de um feto com deformações anatômicas. Na maioria dos casos há inversão da

coluna vertebral, membros anquilosados, exposição de vísceras abdominais e

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torácicas, hipoplasia hepática, defeitos genitourinários e de sistema digestório

(PRESTES, MEGID, 2010).

As atividades relacionadas ao período de estágio obrigatório tiveram como

objetivo o acompanhamento do médico veterinário aos atendimentos clínicos,

cirúrgicos e manejo reprodutivo dos animais dos produtores da Lacticínios Tirol, em

Treze Tílias, Santa Catarina. O presente trabalho aborda as atividades realizadas

durante o estágio, bem como relato de caso de retículo pericardite traumática e outro

sobre distocia por Schistosomus reflexus.

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2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO

As atividades realizadas durante o estágio curricular abrangeram a rotina

clínica e cirúrgica de bovinos de leite de produtores parceiros da Lacticínios Tirol,

bem como todo o acompanhamento desde a produção até o controle de qualidade

do leite a campo.

2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO

A orientação acadêmica foi conduzida pela Professora Doutora Anderlise

Borsoi, Médica Veterinária, responsável pelas disciplinas de Inspeção de Carnes e

Derivados e Inspeção de Leite e Derivados do curso de Medicina Veterinária da

Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).

2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL

O estágio foi supervisionado pelo Médico Veterinário Fabricio Ventura dos

Santos (CRMV-SC 4075), clínico e responsável técnico da Lacticínios Tirol Ltda.

2.3 HORAS DE ESTÁGIO

O período de estágio foi de 13 de fevereiro de 2017 a 01 de maio de 2017 ,

num regime de oito horas diárias, totalizando 420 horas.

2.4 DADOS SOBRE O LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio foi realizado na Lacticínios Tirol Ltda, sede matriz, na área de

Fomento, no município de Treze Tílias-SC, localizado na rua Domingos Perondi, nº

36, no período de 13 de fevereiro a 01 de maio de 2017, das 08:00 às 18:00 horas,

totalizando 420 horas de estágio sob a orientação Profissional do Médico Veterinário

Fabricio Ventura dos Santos .

A Tirol é uma empresa especializada em laticínios, com mais de quatro

décadas de mercado. Fundada em Treze Tílias/SC, conta com filial em Chapecó/SC

e unidades terceirizadas no Paraná e em Goiás. São mais de 1,6 mil colaboradores

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diretos e mais de 10 mil produtores de leite entre Santa Catarina, Paraná e Goiás,

que participam da produção de um mix de mais de 200 produtos. A Tirol monitora a

procedência e a qualidade de sua principal matéria-prima, acompanhando as

práticas de produção desde a extração do leite até o processamento e entrega do

produto industrializado no ponto de venda. No ano de 2013 foi eleita a marca de leite

preferida dos catarinenses, com 66% da preferência no Índice de Marcas de

Preferência e Afinidade Regional (IMPAR). No ano de 2014 foi considerada a marca

de leite mais vendida no país. Em 2016 recebeu pelo 15º ano consecutivo o prêmio

Top Of Mind Santa Catarina e 4º ano consecutivo em que a empresa recebeu o Top

Of Mind Paraná (TIROL, 2016).

FIGURA 1- PARQUE FABRIL III DA LACTICÍNIOS TIROL LOCALIZADO EM LINHA

CAÇADOR NA CIDADE DE TREZE TÍLIAS

FONTE:TIROL, 2016. Disponível em: http://www.tirol.com.br/pt/

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3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PERÍODO DE ESTÁGIO CURRICULAR

OBRIGATÓRIO

Durante a jornada do estágio curricular supervisionado na Lacticínios Tirol, o

acompanhamento e atendimento clínico a campo dos propriedades leiteiras foram a

principal atividade exercida.

No fomento, aguardavam-se os chamados dos produtores via telefone para

atendimentos nas propriedades até às 8:30 horas. Após esse horário eram

agrupados os atendimentos e delegados a cada um dos três profissionais por ordem

de distância entre uma propriedade e outra.

As visitas técnicas acompanhadas pelo estagiário envolviam atendimentos

clínicos e cirúrgicos, nutrição e manejo reprodutivo dos animais, além do controle de

qualidade do leite a campo, sob a supervisão do médico veterinário.

Dentre toda a rotina médica acompanhada durante as visitas técnicas o maior

número de atendimentos foi para o diagnóstico, tratamento e prevenção de tristeza

parasitária bovina (TPB), com 90 casos desta enfermidade. Os animais possuíam

sinais clássicos da doença, como icterícia, febre alta (>41ºC), apatia, mucosas

pálidas, anorexia, queda na produção de leite, hemoglobinúria, aumento da

frequência cardíaca e respiratória. O protocolo de tratamento indicado pelo médico

veterinário compreendia o uso de diaceturato de diazoamino dibenzamidina

associado à oxitetraciclina e em casos mais agudos, quando não havia melhora do

quadro por meio dos medicamentos era indicado transfusão sanguínea. Como

medida profilática era aconselhado o uso de dipropionato de imidocarb. Seguida da

TPB, a hipocalcemia puerperal, comumente chamada de Febre do leite ou mal da

vaca caída foi a enfermidade que mais acometeu os bovinos naquela região

totalizando 50 casos atendidos. Os animais afetados apresentavam sinais como

tremores musculares, midríase, inapetência, aumento da frequência cardíaca e

permanência do animal em decúbito. A terapêutica instituída para esta doença

metabólica era o uso de borogluconato de cálcio por via intravenosa. A terceira

doença com maior incidência foi retenção de placenta com 43 casos, com sinais

clínicos como restos placentários na rima vulvar, corrimento serosanguinolento,

hiperemia de vulva, febre, inapetência e diminuição da produção. O protocolo

terapêutico adotado para o tratamento consistia na aplicação de cloprostenol ou

benzoato de estradiol por via intramuscular.

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As atividades exercidas durante o estágio curricular foram citadas brevemente

através das Tabelas 1 a 4.

Tabela 1 – Ocorrências clínicas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado

em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Bovinos na Lactícinios Tirol Ltda,

Treze Tílias – SC, no período de 13 de fevereiro a 01 de maio de 2017.

Ocorrências clínicas acompanhadas Número de casos

Participação %

Tristeza parasitária bovina 90 20,45

Hipocalcemia 50 11,36

Retenção de placenta 43 9,77

Endometrite 40 9,09

Infecções pulmonares 40 9,09

Atonia ruminal 40 9,09

Verminoses 25 5,68

Acidose ruminal 20 4,55

Deslocamento de abomaso à esquerda 19 4,32

Intoxicações 13 2,95

Problemas de casco 13 2,95

Cetose clínica 10 2,27

Mastite clínica 10 2,27

Leucose 6 1,36

Problemas oftalmológicos 5 1,14

Deslocamento de abomaso à direita 4 0,91

Fraturas 4 0,91

Hernia umbilical 3 0,68

Leptospirose 2 0,45

Timpanismo gasoso 2 0,45

Retículo pericardite traumática 1 0,23

Total 440 100

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Tabela 2 – Avaliações reprodutivas acompanhadas durante o Estágio Curricular

Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Bovinos na

Lactícinios Tirol Ltda, Treze Tílias-SC, no período de 13 de fevereiro a 01 de maio de 2017.

Avaliações reprodutivas

acompanhadas

Número de casos Participação %

Diagnóstico de gestação por

palpação retal 65 54

Palpação vaginal 24 20

Distocia 15 12

Protocolo de inseminação artificial

em tempo fixo (IATF) 10 8

Prolapso uterino 4 3

Mumificação fetal 3 2

Total 121 100

Tabela 3 – Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o Estágio Curricular

Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Bovinos na

Lactícinios Tirol Ltda, Treze Tílias-SC, no período de 13 de fevereiro a 01 de maio de 2017.

Procedimentos Cirúrgicos

acompanhados

Número de casos Participação %

Abomasopexia 23 66

Cesariana 9 26

Vaginoplastia 2 6

Excisão de terceira pálpebra 1 3

Total 35 100

Tabela 4 – Procedimentos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em

Medicina Veterinária na área de Clínica e Cirurgia de Bovinos na Lactícinios Tirol Ltda,

Treze Tílias-SC, no período de 13 de fevereiro a 01 de maio de 2017.

Procedimentos Gerais Número de casos Participação %

Remoção de sutura 3 50

Transfusão sanguínea 2 33

Coleta de leite 1 17

Total 6 100

Foram prestados um total de 602 atendimentos abordando clínica,

procedimentos cirúrgicos, manejo reprodutivo e procedimentos gerais em bovinos de

leite durante o estágio curricular supervisionado.

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4 RETÍCULO PERICARDITE TRAUMÁTICA

4.1 INTRODUÇÃO

Considerada uma doença comum em bovinos, a retículo pericardite

traumática (RPT) acomete principalmente animais adultos. Tal enfermidade

acontece, em sua maioria, devido a forma de apreensão dos alimentos não se dar

através dos lábios, levando a ingestão de corpos estranhos juntamente aos

volumosos, sem haver qualquer distinção (CASTRO et al., 2008).

A baixa sensibilidade da língua e possíveis deficiências nutricionais desses

animais também podem ser considerados fatores que predispõem a ingestão de

pedaços de arame, pregos, pedaços de ossos, paus e grampos sendo estes os

objetos mais comumente encontrados em peças de abatedouros. Os artefatos

podem permanecer por tempo indeterminado no retículo, podendo ou não causar

danos, dependendo de sua textura e dimensão. Os objetos mais lisos e menores,

rotineiramente ficam armazenados no órgão durante um longo período não

oferecendo riscos ao bovino (FONTOURA et al., 2009). Entretanto, se os corpos

estranhos (CE's) forem de estruturas perfurantes e pontiagudas, durante sua

passagem pelo tubo digestório, podem movimentar-se intrareticularmente, perfurar o

diafragma e atingir o saco pericárdico levando a uma pericardite.

Os sinais clínicos compreendem taquicardia, taquipneia, anorexia, atonia

ruminal, arqueamento de dorso, ingurgitamento de jugular, pulso jugular positivo,

queda brusca na produção de leite, e o animal também permanece relutante em

deitar-se e em movimentar-se bruscamente. Nota-se também abafamento das

bulhas cardíacas e posteriormente insuficiência cardíaca congestiva (CASTRO et al.,

2008).

É uma doença economicamente importante devido à grande perda de

produção leiteira e alta taxa de mortalidade (SILVA, 2011).

4.2 EPIDEMIOLOGIA

Mais comum em bovinos adultos, a ocorrência da retículo pericardite

traumática varia conforme a região, sendo os sistemas de criação intensivo e o

semiextensivo mais afetados. Em um estudo feito no Paraná, foi considerada a

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principal causa de morte em bovinos por fatores isolados (CATARINA et al., 2016;

PERRONE et al., 2016; BEZERRA, 2014).

A prevalência da retículo pericardite traumática junto da reticuloperitonite

traumática foi avaliada durante quatro anos, num estudo realizado no sudoeste do

Paraná representando 13,04% dos casos encontrados (CATARINA et al., 2016).

Raramente bezerros, animais confinados, gado de corte e reprodutores

leiteiros são acometidos, sendo o gado leiteiro o mais atingido devido a frequente

exposição e alimentação artificial recebida nos cochos (BEZERRA, 2014; NETTO et

al., 2008).

Animais que recebem alimentos mantidos armazenados ou concentrados e

forragens, bem como a proximidade a cercas em reparo, currais e cochos colaboram

no aumento da incidência dos casos. A facilidade de acesso a áreas como lixão

também favorecem a ocorrência da retículo pericardite traumática (BEZERRA,

2014).

4.3 ETIOLOGIA E PATOGÊNESE

É conhecido que a espécie bovina se alimenta, muitas vezes,

espontaneamente de substancias não comestíveis, caracterizando aberrações de

apetite. Deficiências nutricionais e baixa seletividade dos alimentos também são

responsáveis por tal hábito. Devido aos órgãos gustativos desses animais possuírem

menos sensibilidade, pode haver ingestão de vários corpos estranhos (Figura 2 e

Figura 3) durante toda sua vida. Diante de deficiências alimentares os bovinos

buscam através de fontes atípicas suprir a carência nutricional em que se

encontram. (FACCIN et al., 2013; FONTOURA et al., 2009; MARTINS et al, 2004).

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FIGURA 2- CORPOS ESTRANHOS ENCONTRADOS NO RETÍCULO DE UM

BOVINO.

FONTE: MARTINS et al, 2004.

FIGURA 3: CORPOS ESTRANHOS DISPOSTOS CONFORME SUA COMPOSIÇÃO

E TAMANHO.

FONTE: MARTINS et al, 2004.

A carência de fósforo e cálcio na dieta de bovinos adultos são fatores

responsáveis por condicionar a aberração de apetite desses animais, e em casos

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mais severos levam a ingestão de corpos estranhos como fragmentos de ossos,

pedra, terra e madeira (ALMEIDA et al., 2008).

O final da gestação e a ocasião do parto são fatores que levam ao

desencadeamento da sintomatologia clínica da RPT em consequência da perfuração

do retículo e do pericárdio. Objetos injuriosos ingeridos pelos bovinos podem

perfurar o retículo penetrar na cavidade pleural e levar a uma pleurite, chegando até

o pericárdio e ocasionando pericardite, miocardite, endocardite e até mesmo uma

septicemia. O agravamento de todas essas lesões leva ao desenvolvimento da

insuficiência cardíaca congestiva e toxemia (OLIVEIRA et al., 2013).

A penetração de CE’S perfurocortantes nas camadas mucosa e muscular do

retículo levam a uma reticulite. Quando atingem também a camada serosa, com

perfuração total do órgão, denomina-se reticuloperitonite traumática, podendo ser

focal ou difusa. Se a direção percorrida pelo corpo estranho atingir o diafragma e

pericárdio, origina-se a RPT. Próximo à cartilagem xifoide podem aparecer

abscessos subperitoniais e subcutâneos. Se houver agressão na direção do baço,

também há formação de abscessos. Já se o corpo estranho for para o lado direito,

direcionado ao omaso e abomaso desencadeia-se a indigestão vagal. Caso haja

injuria em grandes vasos ocorre a morte súbita do animal, em virtude da hemorragia

aguda (SILVA, 2011; NETTO et al., 2008).

Nos casos de agressão cardíaca, ocorre a pericardite com formação de

liquido no saco pericárdico resultando num menor rendimento do coração pela baixa

capacidade de distensão do músculo. A pressão arterial aumenta devido ao

aumento da pressão diastólica ventricular, o que impede que o ventrículo seja

preenchido corretamente. Tal alteração hemodinâmica compromete o retorno

venoso ao coração, prejudicando a contratilidade ventricular, volume de batimentos

e consequentemente o debito cardíaco. O colapso circulatório se dá, portanto,

através da incapacidade de se manter o débito cardíaco e pelo acúmulo de líquido

no saco pericárdico (SILVA, 2011; RADOSTITS et al., 2007).

A pericardite pode ser classificada como efusiva, fibrinosa ou constritiva, ou

as três ocorrendo simultaneamente. Efusiva é quando há presença de liquido no

pericárdio, e à medida que há depósito de fibrina no pericárdio e no epicárdio

chama-se fibrinosa. Ocorrendo a maturação dessa fibrina, há o impedimento da

expansão do ventrículo, o que caracteriza a pericardite constritiva. (OLIVEIRA et al.,

2013; SILVA, 2011).

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4.4 SINAIS CLÍNICOS

A infecção localizada provocada pela lesão no retículo é responsável pela

inflamação da parede do pré estomago, além de proporcionar dor na região anterior

do abdome. Tais fatores causam atonia ruminal, do retículo e do omaso. Há também

diminuição do apetite e inibição do fluxo aboral do alimento ingerido. Caso haja

agressão da parede, porém sem perfuração o material poderá ficar alojado durante

longos períodos sendo progressivamente consumido (GARCIA et al, 2008).

A insuficiência cardíaca congestiva é desencadeada devido ao acumulo de

exsudato fibrino-purulento no saco pericárdico, ocasionando tal alteração

hemodinâmica cardíaca (OLIVEIRA et al., 2013). O som maciço pode ser percebido

durante a auscultação cardíaca, bem como a presença de congestão venosa

confirmada pelo ingurgitamento da veia jugular e pulso jugular positivo. Pode haver

também em consequência da estase venosa, edema submandibular e pré- esternal

associado a ICC (BEZERRA, 2014). Vacas com edema pré-esternal e timpanismo

crônico, bem como distensão e pulsação de veias mamárias e jugular, são

sugestivas de pericardite (OLIVEIRA et al., 2013).

Esporadicamente esses corpos estranhos podem perfurar também o fígado e

o baço e, caso atinjam a cavidade torácica levam a pleurites supurativas ou

gangrenosas e podem até mesmo atingir o pulmão (MARTINS et al, 2004).

A postura atípica em que esses animais se encontram é caracterizada por

cotovelos abduzidos, movimentação restrita devido a dor ou permanência na

posição em estação com os membros anteriores sobre superfícies mais altas,

expiração seguida de mugidos sejam eles espontâneos ou induzidos. Por meio da

auscultação cardíaca é verificado um som de atrito pericárdico devido a presença de

gases e liquido no pericárdio. Pode haver pneumonia, paralisia da pleura e

peritonite. O animal pode apresentar temperatura entre 39,5 a 41ºC com frequência

acelerada do pulso cardíaco. A pressão diretamente no local ou percussão na região

torácica ventral ou região xifoide desencadeiam sensibilidade a dor. A massa

pericárdica aumentada faz com que haja compressão do pulmão bem como edema

nessa região e diminuição do rendimento cardíaco (BEZERRA, 2014; RADOSTITS

et al., 2007)

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Devido à maioria dos sinais clínicos apresentados por essa enfermidade

serem bastante inespecíficos, há dificuldade em se diagnosticar precocemente

(FRANCO, SAMPAIO, 2015).

4.5 DIAGNÓSTICO

Um meio de diagnóstico de RPT bastante utilizado é através da Prova de

Beliscamento de Cernelha, também chamada de Prova de Kalchschmidt, porém só

possui valor diagnóstico quando feita em até 10 dias de evolução da doença.

Quando positivo nota-se hiperestesia cutânea e reflexos a dor. O teste do Bastão,

outro método de diagnóstico, com o qual se faz compressão da região xifoide,

também se encaixa nessa condição (OLIVEIRA et al., 2013).

Ainda durante o exame físico, a avaliação do retículo é dificultada em virtude

da posição em que o órgão se encontra. Predominantemente cranial na cavidade

abdominal, abrigado pelo gradil costal e também pela cartilagem xifoide.,

prejudicando então sua inspeção, auscultação e palpação (SILVA, 2011).

Os sinais clínicos da RPT possibilitam a suspeita do diagnóstico, mas

aconselha-se prosseguir para um exame complementar com intuito de chegar a um

diagnóstico definitivo (BEZERRA, 2014).

Os sinais clínicos tendem a desaparecer após o 1º ou 2º dia de instalada a

enfermidade devido ao possível estágio crônico em que se encontra. Tornando o

diagnóstico clínico mais complexo. Dessa forma se faz necessário a adoção de

métodos de diagnóstico complementares ao exame clínico geral, tais como: análises

laboratoriais, detectores de metal, abdominocentese, laparotomia exploratória, raio-x

do retículo e também a laparoscopia (SILVA, 2011).

O laboratório clínico vem como uma forma de auxiliar o médico veterinário no

diagnóstico da doença, apresentando leucocitose com neutrofilia com desvio a

esquerda e linfopenia (RADOSTITS et al., 2007). Embora, o hemograma e

bioquímicos não possam ser considerados meios de diagnostico fidedignos, pois

sofrem alterações na presença de qualquer doença crônica (THARWAT, 2011).

O detector de metais é uma importante ferramenta como teste auxiliar, bem

utilizado pelo fato de não ser invasivo, de fácil execução, rápido e barato para ser

usado a campo. No entanto, este método não determina se houve ou não perfuração

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reticular. Portanto, recomenda-se o seu uso como forma complementar e sempre

associado ao histórico e sinais clínicos do paciente (MENDES et al., 2009).

O exame radiográfico, o uso da eletroforese na proteína sérica,

eletrocardiograma e a ultrassonografia podem ser considerados métodos de

diagnóstico seguros. A radiografia pode chegar a 90% de acurácia nos casos de

retículo pericardite e pericardite. O exame radiográfico possui valor no diagnóstico,

porém devido a ausência de equipamentos adequados a profundidade do tórax de

bovinos adultos aqui no Brasil, se torna inviável (OLIVEIRA, 2013; NETTO et al.,

2008). No entanto, se houver presença de exsudato fibrinoso pode haver dificuldade

em se notar os detalhes radiográficos. Já no que diz respeito ao ultrassom, pode ser

utilizado a campo e possui boa especificidade mesmo quando não há indícios de

ICC (OLIVEIRA et al., 2013).

4.6 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

As efusões pleurais devem ser consideradas um dos diagnósticos diferenciais

de RPT. Pois ocorre a formação de efusão no pericárdio dificultando a ausculta

cardíaca e permitindo o abafamento do som, além de salpicos, crepitações e som de

liquido (SILVA, 2011).

As neoplasias cardíacas e outras causas de ICC como endocardite e defeitos

cardíacos congênitos também devem ser reconhecidas como diagnósticos

diferenciais da retículo pericardite. (SILVA, 2011; RADOSTITS et al., 2007). Sendo

diferenciado através da ausculta cardíaca pela qual nota-se gás e líquido, sugestivo

da presença de microorganismos anaeróbicos, agravando o prognóstico (SILVA,

2011).

4.7 TRATAMENTO

O tratamento conservativo de retículo pericardite traumática se dá através do

uso de antibióticos e antiinflamatórios não esteroidais. Ou por meio de intervenção

cirúrgica mediante a rumenotomia (FILHO et al., 2011; GARCIA et al., 2008).

Raramente há recuperação dos pacientes através da intervenção medicamentosa.

Podem ser utilizados antibióticos de amplo espectro em virtude da grande

diversidade de bactérias encontradas (FRANCO, SAMPAIO, 2015).

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Entretanto, se não houver uma melhora no quadro do animal, se faz

necessária a rumenotomia. Também indicada em casos crônicos e quando os

animais possuem valor zootécnico elevado, impedindo que haja agravamento do

quadro. O procedimento cirúrgico consiste na realização de uma laparotomia

exploratória seguida da abertura do rúmen com a retirada do corpo estranho. A

remoção do CE por meio cirúrgico é um tratamento primário usado em larga escala,

com o benefício de ser também um procedimento de diagnóstico. O tempo de

penetração e remoção do objeto, bem como o acometimento ou não de outros

órgãos estão diretamente relacionados ao período em que o animal vai levar para se

reestabelecer (FILHO et al., 2011; GARCIA et al., 2008).

Também podem ser realizados os procedimentos de drenagem e lavagem do

pericárdio. Tais medidas são apenas paliativas e aliviam a constrição dos

movimentos cardíacos, porém, não removem a causa (BRITO et al., 2011). No

entanto, em quadros já avançados de RPT como quando há sinais de insuficiência

cardíaca, o prognóstico é considerado desfavorável (FILHO et al, 2011).

4.8 PREVENÇÃO

O instinto da espécie ou carências nutricionais levam a depravação de apetite

dos bovinos e consequente ingestão de substâncias não comestíveis. Desta maneira

há a necessidade desses animais em buscar através de fontes adversas suprir essa

deficiência nutricional. Quando descartada a possibilidade de carência nutricional,

devem-se tomar as devidas cautelas com arames de feno, plásticos e sacos de

rações em locais de acesso do gado a fim de evitar situações acidentais de

consumo (ALMEIDA et al., 2008).

Manter os animais longe de áreas de construção e manutenção de cercas,

além de efetuar a retirada de corpos estranhos pontiagudos são formas de prevenir

a ingestão de tais objetos e possivelmente evitar o desenvolvimento da enfermidade.

Amarrar os fardos com barbantes ao invés de fios metálicos também são

considerados formas de prevenção. A administração por via oral de imãs

intrareticulares permite a permanência dos CE’s metálicos e evitam que haja

perfuração da parede do retículo e consiste em outra medida de precaução

adicional, sendo considerada uma das mais efetivas (BRITO et al., 2011;

FONTOURA et al., 2009).

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5 RELATO DE CASO DE RETÍCULO PERICARDITE TRAUMÁTICA

No dia 03 de abril de 2017, foi atendido um chamado de um produtor que

fornecia leite para a Tirol. A propriedade se localizava no município de Treze Tílias,

cuja mão de obra era familiar, com instalações modestas e um rebanho de

aproximadamente 80 animais. A queixa do proprietário era referente ao animal estar

muito magro, com queda drástica na produção de leite e dificuldade em acompanhar

o desempenho do restante do rebanho.

5.1 ANAMNESE

Bovina fêmea, mestiça, meio sangue HPB e Jersey, 9 anos de idade, 620 kg,

multípara, em período de lactação, ECC 2,0 (Figura 4). Pariu uma bezerra pequena

e fraca há 23 dias, a qual entrou em óbito no mesmo dia em que nasceu.

FIGURA 4- ANIMAL COM ESCORE CORPORAL BAIXO (ECC 2,0) VISUALIZAÇÃO

DAS COSTELAS E EXTREMIDADE DO ÍLEO. ALÉM DE AUSÊNCIA DE

GORDURA SUBCUTÂNEA.

De acordo com o proprietário, o animal começou a demonstrar alguns

sintomas no pré parto, como inapetência, emagrecimento progressivo e fraqueza

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aparente. A paciente também apresentava gemidos ao caminhar em áreas de

declive. O proprietário relatou que o animal em seu pico de produção nas lactações

anteriores apresentava em média 20 litros/dia e após a ultima parição, a qual havia

sido há 23 dias, houve uma queda drástica na produção de leite, não passando dos

4 litros/dia. Após o parto o bovino demonstrou apatia, emagrecimento súbito, e

tendência a passar a maior parte do tempo em pé. A anamnese revelou que os

animais na propriedade viviam a campo, e recebiam além de pastagem cultivada,

ração específica para gado leiteiro. Além disso, a paciente vinha sendo medicada

pelo próprio proprietário com um medicamento a base de cloreto de colina, inositol,

vitaminas do complexo b, nicotinamida, cálcio e acetilmetionina, 25 mL/dia por via

intramuscular.

5.2 EXAMES

Ao inspecionar o animal constatou-se que o mesmo apresentava dor, pois

estava relutante em se mover e com a postura evidentemente rígida. O escore de

condição corporal era de 2 (escala de 1 a 5, onde 1 é considerada muito magra e 5

muito obesa).

Observou-se que o paciente apresentava mucosa oral, vaginal e ocular

pálidas. Durante a realização do exame clínico geral o animal estercou,

apresentando uma diarreia fétida e escura. O bovino também estava apático e

pouco reativo ao ambiente.

A respiração era predominantemente abdominal, ausculta cardíaca ruidosa,

FC de 82 bpm, FR de 38 movimentos por minuto, abafamento das bulhas cardíacas

e presença de um som de atrito no pericárdio, indicando acúmulo de líquido.

Evidenciou-se presença de pulso jugular e ingurgitamento de veia jugular conforme

a Figura 5. Verificou-se também atonia ruminal e temperatura retal de 37,8ºC.

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FIGURA 5- INGURGITAMENTO DE VEIA JUGULAR DIREITA CONFORME

INDICADO PELA SETA.

O exame dos demais sistemas não evidenciou alterações. No entanto, diante

da suspeita de presença de corpo estranho no interior do retículo, foi realizado o

Teste do bastão, como demonstrado na Figura 6, que pelo estágio avançado da

doença resultou em negativo.

FIGURA 6- REALIZAÇÃO DE UMA PROVA DE DOR ATRAVÉS DO TESTE DO

BASTÃO.

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5.3 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico sugestivo foi determinado com base na anamnese minuciosa

realizada com o proprietário e através dos sinais clínicos apresentados pelo animal

durante o exame clínico geral.

Foi aconselhado ao proprietário que fosse realizado a laparotomia

exploratória, com intuito de um diagnóstico definitivo e se houvesse realmente o

corpo estranho, como uma medida de tratamento. No entanto, devido ao baixo valor

zootécnico do animal, idade e falta de recursos financeiros do proprietário, o mesmo

optou pelo tratamento conservativo, mesmo sendo alertado quanto à possibilidade

de cura ser mínima na maioria dos casos.

5.4 TRATAMENTO

A terapia indicada pelo médico veterinário foi de apoio, ou seja, com base nos

sinais clínicos, já que não há intervenção terapêutica específica descrita para a

retículo pericardite traumática.

Foi indicado o uso decloridrato de pilocarpina a 1,5% para o tratamento da

atonia ruminal, pois este medicamento é um modificador vagal e age na contração

da musculatura lisa, estimulando para que o rúmen voltasse à sua atividade.

Frente à suspeita de retículo pericardite traumática em virtude dos sinais

clínicos que apontavam alteração cardíaca e dor na região, o animal foi submetido à

um tratamento conservativo mediante antibioticoterapia com enrofloxacina, flunixina

meglumina como anti-inflamatório e para controle da dor.

Após o atendimento e tratamento, o animal continuava a gemer ao caminhar

em áreas de declive, também se manteve com os membros torácicos e pélvicos

rígidos. Alimentava-se pouco e não havia mais produção de leite. Na terceira

semana após o início do tratamento medicamentoso o animal veio a óbito, porém a

necropsia não pôde ser realizada devido a comunicação sobre a morte ter sido feita

somente após 3 dias, impossibilitando a realização de tal método de diagnóstico.

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5.5 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

De acordo com Faccin et al., (2013) o gado manejado no sistema semi-

extensivo, assim como no intensivo, possui predisposição a desenvolver a retículo

pericardite traumática. Assim como afirma Bezerra (2014), a alimentação

desbalanceada ou inadequada pode levar o animal a ingerir objetos injuriosos na

ânsia de encontrar os nutrientes que carecem.

Oliveira et al., (2013) afirmam que o gado adulto com mais de 2 anos e de

aptidão leiteira é o mais acometido devido ao maior tempo de exposição, assim

como o perfil do animal relatado neste trabalho. Dessa forma, torna-se evidente o

potencial de mortalidade da doença e em consequência grandes perdas econômicas

para os produtores.

A doença se agravou nas últimas semanas de gestação e o animal começou

a apresentar a maioria dos sinais clínicos após o parto, conforme descrito por Silva

(2011), a incidência da doença aumenta no final da gestação, pois o útero exerce

grande pressão sobre a cavidade abdominal, facilitando a perfuração do retículo

pelo corpo estranho.

O animal apresentava sinais clínicos conforme Dorea et al., (2011)

descrevem, como diarreia e emagrecimento progressivo, condizente com a ausência

de motilidade e ineficiência do rúmen e do retículo. O fato de não ter sido detectada

febre durante o exame clínico também é descrito pelo mesmo autor.

Segundo Filho et al., (2011), as mucosas oral, vaginal e ocular pálidas,

sugestivas de anemia deve-se principalmente ao fato do mesmo se apresentar num

quadro inflamatório crônico. A apatia apresentada pelo animal, a dispneia, a

anorexia e relutância em deitar-se são sinais clínicos que condizem com o descrito

por Brito et al., (2011).

Assim como relatado por Perrone et al., (2016), o animal também possuía

abafamento das bulhas cardíacas e resultado negativo a prova de dor através do

Teste do Bastão, pertinente ao estado avançado em que se encontrava a doença.

Os sinais clínicos da ICC do bovino, assim como descrito por Moreira e Serrano

(2011) foi notado devido ao aumento da FC, veias jugulares ingurgitadas e pulso

venoso jugular positivo bilateral.

A partir dos dados obtidos através da anamnese e exames clínicos conclui-se

que o paciente foi acometido por retículo pericardite traumática. A RPT é uma

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doença que pode ser prevenida por meio da adoção de medidas simples de manejo

nas propriedades. Como manter os animais com uma dieta balanceada e com a

presença de minerais, isolamento do rebanho de áreas onde haja manutenção de

cercas e currais, bem como a higienização dos piquetes, constituindo assim práticas

de fácil execução, mas eficazes no controle da doença.

6. DISTOCIA POR SCHISTOSOMUS REFLEXUS

6.1 INTRODUÇÃO

As anomalias fetais também chamadas de alterações congênitas são algumas

das causas de distocia em ruminantes (FILHO et al., 2015). O Schistosomus reflexus

(SR) é considerado uma monstruosidade fetal primariamente observada em bovinos,

com incidência em outras espécies como ovinos, suínos, asininos, equinos,

caprinos, cães e gatos (VALENTE et al., 2012).

De caráter raro e incompatível com a vida, o feto apresenta uma inversão da

coluna, bem como a cavidade abdominal e torácica abertas com exposição de

vísceras (DUBIELLA et al., 2016; COLAÇO et al., 2010). O feto também pode

apresentar anquilose dos membros, escoliose, hipoplasia hepática e defeitos no

sistema digestório e genitourinário (VALENTE et al., 2012).

As malformações fetais possuem grande importância para a obstetrícia, já

que estão entre as principais complicações de caráter fetal durante o parto,

impedindo a expulsão espontânea do feto e tornando os partos mais difíceis (FILHO

et al., 2015).

Raramente casos de SR resultam em partos espontâneos, tornando-se

necessária a remoção do feto via cesariana (AZAWI et al., 2012).

6.2 OCORRÊNCIA

A ocorrência de malformações fetais se dá tanto em bovinos com aptidão

leiteira quanto de corte. No entanto, de acordo com um estudo realizado no ano de

2015, o maior número de casos de distocias por anomalias fetais foi em vacas de

aptidão leiteira, primeiramente da raça Girolando (56,5%), seguido da raça

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Holandesa (21,7%), sem raça definida (17,4%) e apenas 4,3% em bovinos nelore

(FILHO, et al., 2015).

A prevalência dessa anomalia congênita continua sendo maior em bovinos,

no entanto, também existem relatos na literatura de acometimento de raças de

ovinos como Sulffolk, Southdown, Merino e Coriedale (FERREIRA et al., 2013).

Foi demonstrado que dentre todas as causas de partos distócicos as

monstruosidades são responsáveis por 6,8% dos casos de distocia de origem fetal.

Também se afirma que a frequência de nascimentos de bezerros com alguma

malformação congênita varia entre 0,5% a 3%. Representando a mortalidade de até

15% dos bezerros ainda nas primeiras 48 horas de vida (FILHO et al., 2015).

A monstruosidade SR é marcada pela inversão espinhal, demonstrada por

uma forma de curvatura convexa como ilustram as Figura 7 e Figura 8, tal condição

pertence ao grupo de malformações onde há o fechamento incompleto da parede

ventral do corpo do feto. O aspecto Schistosomus pode se manifestar em diversas

espécies, entretanto, o componente reflexus, estaria restrito somente a ruminantes

(LAUGHTON et al., 2005).

FIGURA 7- BEZERRO COM SCHISTOSOMUS REFLEXUS COM INVERSÃO DA

COLUNA VERTEBRAL, FECHAMENTO INCOMPLETO DA PAREDE VENTRAL DO

CORPO E MEMBROS ADJACENTES AO CRÂNIO.

FONTE: AZAWI et al., 2013.

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FIGURA 8- BEZERRO COM SCHISTOSOMUS REFLEXUS COM INVERSÃO DA

COLUNA VERTEBRAL E FECHAMENTO INCOMPLETO DA PAREDE VENTRAL

DO CORPO.

FONTE: PATEL et al., 2015.

6.3 ETIOLOGIA E PATOGÊNESE

O Schistosomus reflexus é uma anomalia de caráter congênito, que

possivelmente ocorre durante o desenvolvimento embrionário sendo considerado um

defeito genético relacionado à herança de um gene autossômico recessivo

(MEHROTRA et al., 2016; AZAWI et al., 2012).

As anomalias congênitas se desenvolvem próximo à fase de gástrula durante

a fase embrionária, abrangendo a ecto, meso e endoderme (Figura 9). As alterações

no momento da diferenciação tecidual do disco embrionário originam defeitos de

conformação. Defeitos na fusão das estruturas são também observados na

palatosquise, queilosquise, craniosquise, espinha bífida e Schistosomus reflexus.

Deformidades cromossômicas como a quebra de cromátides e cromossomos, além

da presença de fragmentos discentricos e pares de cromossomos não homólogos

representam alterações comumente notadas (FERREIRA et al., 2013).

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FIGURA 9- EM AZUL A ECTODERME, EM VERMELHO A MESODERME, E EM

VERDE A ENDODERME.

FONTE: EUZÉBIO, 2009.

Embora sua origem não esteja bem esclarecida causas como mutação,

anomalias cromossômicas, agentes infecciosos, fatores ambientais ou até mesmo o

conjunto de todos esses elementos não devem ser descartados (PATEL et al., 2015;

AZAWI et al., 2012). Fatores como a anoxia, desequilíbrio hormonal, hipertermia ou

hipotermia, exposição á radiação, medicamentos ou produtos tóxicos também

podem ser considerados possíveis agentes etiológicos (FERREIRA et al., 2013).

Houve casos relatados nos quais o mesmo touro havia gerado os bezerros

com malformações. No entanto, parece contradizer a informação de que a anomalia

estaria relacionada ao cromossomo X, pois um touro portador do alelo mutante de

um gene SR em seu cromossomo X não seria capaz de sobreviver muito tempo

após nascer. Contudo, o mesmo touro aparece em ambos os lados de todos os seus

pedigrees. Sugerindo assim, que a SR seria uma forma de herança autossômica

recessiva (VALENTE et al., 2012; LAUGHTON et al., 2005).

Portanto é desaconselhado que os animais envolvidos sejam disponibilizados

para reprodução, pois a anomalia pode estar em seu material genético e ser

passada aos seus descendentes (FILHO et al., 2015; VALENTE et al., 2012).

6.4 DISTOCIA DE ORIGEM FETAL

O termo distocia é oriundo do grego dys que significa difícil, e tokos que

significa nascimento. Sendo definido como um parto que não ocorre de forma

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espontânea, necessitando de assistência. Tal dificuldade ao parto pode estar

atribuída a mãe ou ao feto (ANDOLFATO, 2014; XIMENES, 2009).

As distocias de origem fetal são desencadeadas por inúmeros fatores, dentre

eles o posicionamento fetal incorreto, disparidade de tamanho entre o feto e a mãe,

gestação prolongada, ascites, anasarca, deficiência de corticoesteroides adrenais do

feto, hidrocefalia, estática fetal ou anomalias congênitas. Essas são algumas das

causas que levam a obstrução do canal vaginal e impedem que o parto seja

concluído de forma natural (ANDOLFATO, 2014).

A malformação congênita fetal por Schistosomus reflexus é responsável por

contribuir com a incidência de casos de distocia em bovinos. A expulsão do feto via

vaginal sem qualquer assistência obstétrica ocorre raramente e, pode ocorrer

quando o feto portador de SR possui tamanho pequeno. Nos casos de distocia por

SR, a fetotomia ou a cesariana são utilizadas (PATEL et al., 2015).

6.5 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de SR é realizado com base nos achados do feto, o qual

apresenta características comuns a casos semelhantes na literatura.

Existem características que sempre estão presentes na síndrome e outras

que podem ser variáveis com relação a ocorrência. A inversão da coluna vertebral,

fechamento incompleto da parede abdominal e exposição das vísceras, anquilose

dos membros, posicionamento adjacente das pernas e mãos com relação a cabeça,

hipoplasia de pulmão e diafragma são comumente observadas na monstruosidade

fetal Schistosomus reflexus (LAUGHTON et al., 2005).

Ainda de acordo com o mesmo autor, em contrapartida, a fusão de costelas,

atresia anal, ausência de união da sínfise púbica, fissura de esterno, hidronefrose,

criptorquidia, mal posicionamento dos membros anteriores , veia cava aderida num

dos lobos do fígado, hipoplasia de escápula, artrogripose, membros e cabeça

encapsuladas, escoliose, fígado anormalmente direcionado e lobulado, número

reduzido de vertebras torácicas e nervos, hidrocefalia, coração e estômago em

posições anormais, cólon descendente distendido, torção de esôfago e nervo vago,

deformação de pelve, hérnia umbilical, hipertrofia hepática, ausência de

proeminência dorsal da língua, tufos de pelo na vulva, agenesia de corno uterino,

bifurcação de escroto, corpo uterino de paredes delgadas e distendido separado por

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septo em forma de espiral, comunicação uterouretral, agenesia cervical e vaginal,

prognatismo, distensão uretral, nariz com desvio para a direita são características

que não aparecem com tanta frequência nos animais acometidos por SR.

No entanto, o uso da radiografia, tomografia e a histopatologia também são exames

complementares válidos no diagnóstico desta monstruosidade por (FERREIRA et al.,

2013).

A radiografia é capaz de mostrar através dos posicionamentos radiográficos

dorsoventral e laterolateral (Figura10) possíveis deformidades ósseas, densidade e

formato de tecidos moles. Outras informações se tornam difíceis de serem

visualizadas devido a sobreposição das estruturas em consequência da angulação

da coluna presente nos animais portadores de SR. Por meio da tomografia é

possível analisar detalhadamente as articulações, bem com a avaliação qualitativa e

quantitativa das vértebras cervicais e lombares. A coluna não é passível de ser

avaliada em alguns casos devido a sua angulação acentuada. Outras alterações

como no crânio, fígado, sistema digestório, urinário e cardiovascular também pode

ser visibilizada (FERREIRA et al., 2013).

FIGURA 10- IMAGEM RADIOGRÁFICA DE UM OVINO APRESENTANDO

SCHISTOSOMUS REFLEXUS. NA POSIÇÃO VENTRODORSAL OBSERVA-SE

DESVIO VENTROLATERAL PARA A DIREITA (ESCOLIOSE) (A), E NA POSIÇÃO

LATEROLATERAL PERCEBE-SE ACENTUADO DESVIO VENTRAL DO

SEGMENTO TORACOLOMBAR DA COLUNA VERTEBRAL (B).

FONTE: FERREIRA et al., 2013

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6.6 TRATAMENTO

Mesmo com as diversas deformidades o feto apresenta características

externas que o classificam como o da espécie em questão, como a presença de pele

e pêlos. A anatomia totalmente irregular do feto com SR impede que o mesmo seja

expulso através de parto normal, ou até mesmo tracionado através de métodos

convencionais. Entre os 6901 casos de distocia bovina observados durante um

estudo, cerca de 56,7% dos casos por SR necessitaram de fetotomia, 25,6% de

cesariana, 3,3 % de tração e em nenhum dos casos relatados foram obtidos através

de parto normal (FERREIRA et al., 2013; VALENTE et al., 2012).

7. RELATO DE CASO DISTOCIA POR SCHISTOSOMUS REFLEXUS

No dia 17 de abril de 2017, foi atendido o chamado à propriedade de um

produtor parceiro da Tirol. A propriedade se localizava no município de Treze Tílias.

A queixa principal do proprietário era devido a incapacidade de sua vaca parir

espontaneamente. Ao chegar à propriedade, o animal estava mantido num canzil

para facilitar o exame clínico geral. Era uma paciente da espécie bovina, de aptidão

para corte, raça Red Angus.

7.1 ANAMNESE

Bovina fêmea, Red Angus, 6 anos, 700 kg, multípara, 3ª cria, ECC 7,0.

Gestação atual foi realizada por meio de inseminação artificial (IA).

Na noite do dia 16 de abril a parturiente começou a demonstrar os primeiros

sinais de que estaria entrando em trabalho de parto, segundo relatado, o animal

estava inquieto, mudando de posição frequentemente e com início dos movimentos

de contração. Pela manhã, ao perceber que o animal ainda não havia parido, o

produtor tentou ele mesmo manipular o feto e auxiliar no parto, fato que ocorreu sem

sucesso.

O produtor chamou para visita técnica na manhã do dia 17 de abril

comentando ao telefone que seu animal não havia parido e que o mesmo suspeitava

de parto gemelar, pois estavam no canal de parto um membro torácico e um

membro pélvico juntamente da cabeça. Pelo histórico reprodutivo da vaca a data

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prevista para o nascimento estava de acordo com os sinais de parição apresentados

naquele dia.

O animal se encontrava com escore de condição corporal (ECC) 7,0, numa

escala de 1 a 9. Realizou-se a assepsia da região posterior da paciente e a

lubrificação do canal do parto. Por se tratar de um parto distócico foi necessária a

utilização de correntes obstétricas, que foi colocada nos membros torácicos do feto.

Simultaneamente às contrações abdominais da parturiente foram realizadas

diversas vezes movimentos de tração. Depois de 10 minutos na tentativa de trazer o

bezerro por via vaginal optou-se pela cesárea.

De acordo com o proprietário o animal estava na sua 3ª gestação. O produtor

utiliza biotecnologias da reprodução, sendo a mais aplicada nos bovinos de corte de

sua propriedade a inseminação artificial. Foi relatado pelo produtor que o animal

nunca precisou de auxílio no momento do parto, sendo este o primeiro episódio de

distocia.

7.2 EXAMES

Para melhor atendimento clínico foi solicitado ao proprietário uma forma de

contenção segura tanto para o animal quanto para os profissionais, já que se tratava

de um bovino de corte. Na inspeção foi constatado que o animal apresentava

esforço respiratório, cansaço, sialorreia, e fortes contrações uterinas e abdominais.

Através do exame vaginal pode-se notar que havia dilatação adequada e que

o canal de parto estava suficientemente aberto para a passagem do feto. Após a

realização de manobras obstétricas e movimentos de tração sem sucesso o médico

veterinário optou pela cesariana, pois acreditava ser um caso de gestação gemelar

ou alguma deformação anatômica do feto.

No exame de viabilidade fetal avaliou-se, seu tamanho, apresentação,

posição, sinais vitais e malformações. A vida do feto foi avaliada através do

beliscamento do espaço interdigital e pressão dos cascos. Também foi realizada a

pressão do globo ocular no intuito de testar o reflexo ocular e dessa forma verificar

se o feto apresentava movimentos, além da inserção de um dedo na boca do feto

para avaliar o reflexo de sucção. Na ausência dos reflexos testados, concluiu-se que

o feto estava morto.

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7.3 TRATAMENTO CIRÚRGICO

A opção pela cesariana se deu após a parturiente não ter conseguido parir

espontaneamente e os esforços realizados para tracionar o bezerro através do canal

vaginal não terem obtido sucesso.

A cesárea ocorreu com o animal em estação por meio de uma laparotomia

pelo flanco esquerdo, conforme demonstrado pela Figura 11. Para a realização da

anestesia local foram utilizadas três frascos de lidocaína de 50 mL.

FIGURA 11- REALIZAÇÃO DA INCISÃO NO FLANCO ESQUERDO PARA ACESSO

A CAVIDADE ABDOMINAL.

Posteriormente ao acesso à cavidade abdominal o útero foi identificado e

realizaram-se algumas tentativas de exterioriza-lo, sem êxito. A incisão uterina foi

então efetivada dentro da cavidade, em direção ao casco do feto e de tamanho

grande o suficiente para que o feto pudesse ser removido com segurança.

Embora tenha sido realizada uma incisão uterina ampla, o feto era

relativamente grande. Deste modo, ainda foi necessário tracionar o bezerro por meio

de correntes obstétricas.

Após a remoção do bezerro (Figura 12 e Figura 13), foi colocado na cavidade

abdominal 100 mL de um antibiótico a base de amoxicilina e gentamicina e aplicado

20 mL por via intramuscular do antiinflamatório meloxicam para evitar uma infecção

bacteriana e controlar a dor, respectivamente. Para a sutura do útero utilizou-se o

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padrão Cushing (invaginante) e fio absorvível Categut. E para a sutura da pele

optou-se por um padrão de sutura (evaginante) através de U contínuo com fio de

nylon. Posteriormente a síntese da pele (Figura 14) foi depositado uma bisnaga de

antibiótico a base de cefquinoma no local da incisão. Também foi indicado ao

proprietário aplicar um medicamento a base de cloprostenol após o procedimento

cirúrgico, a fim de evitar retenção placentária.

FIGURA 12: FETO BOVINO, RED ANGUS, PORTADOR DE SCHISTOSOMUS

REFLEXUS (SR), NOTA-SE A INVERSÃO DA COLUNA VERTEBRAL COM

EXPOSIÇÃO DAS VÍSCERAS TORÁCICAS E ABDOMINAIS.

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FIGURA 13- FETO BOVINO, RED ANGUS, PORTADOR DE SCHISTOSOMUS

REFLEXUS (SR), NOTA-SE A INVERSÃO DA COLUNA VERTEBRAL COM

EXPOSIÇÃO DAS VÍSCERAS TORÁCICAS E ABDOMINAIS (POSIÇÃO

VENTRAL).

FIGURA 14- FLANCO ESQUERDO JÁ COM A SÍNTESE DA PELE ATRAVÉS DE

UM PADRÃO DE SUTURA CUSHING.

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7.4 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

Presente na bovinocultura, as malformações fetais ou os chamados monstros

fetais manifestam-se como importantes causas de partos distócicos. Sendo

responsáveis, portanto, por acarretar importantes prejuízos para a pecuária, devido

a redução no número de produtos viáveis, perda na produção leiteira e o custo com

procedimentos veterinários para remoção do feto (LAUGHTON et al., 2005).

Em casos de partos distócicos quando há presença de fetos portadores da

anomalia congênita SR, de acordo com Mehrotra et al., (2016) deve-se partir para o

procedimento de cesariana ou fetotomia para a remoção segura do feto, assim como

realizado neste trabalho.

O animal descrito neste relato apresentava características condizentes com

as descritas por Patel et al., (2015) com vísceras abdominais e torácicas expostas

(Schistosomus). Bem como angulação aguda da coluna vertebral, de modo que a

cauda ficasse próxima a cabeça, atribuído ao termo reflexus. Logo, o feto descrito

neste trabalho possuia semelhanças anatômicas com os relatados em literatura,

dessa forma pôde-se embasar o diagnóstico de Schistosomus reflexus.

Ao ser removido do útero notou-se de imediato que era um caso de anomalia

congênita incompatível com a vida. Características como dobradura da coluna

vertebral, exposição dos órgãos abdominais e torácicos, e membros adjacentes ao

crânio, conforme apresentados na Figura 13 e Figura 14, foram os defeitos

observados e que definiram o diagnóstico de Schistosomus reflexus.

Diante da ausência de tempo hábil naquele dia e a impossibilidade de realizar

exames complementares devido a falta de um local adequado para a realização dos

mesmos, o diagnóstico foi sustentado somente através das semelhanças

encontradas no feto e as descrições de outros casos relatados na literatura.

Conclui-se que a carência de relatos publicados sobre o assunto traz a tona a

necessidade em se publicar e descrever tal anomalia (VALENTE et al., 2012). Da

mesma forma se torna imprescindível o esclarecimento da etiologia desta

malformação congênita a fim de evitar novos casos e assim diminuir as perdas

econômicas provocadas pela monstruosidade fetal Schistosomus reflexus na

pecuária brasileira.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o período de estágio curricular o maior número de atendimentos foi

de tristeza parasitária bovina, seguido de hipocalcemia e retenção de placenta. As

dificuldades encontradas foram pertinentes a impossibilidade de diagnósticos

conclusivos na maioria dos casos, embasando-se somente através do histórico e

sinais clínicos dos animais. O baixo valor zootécnico de alguns rebanhos culminou

na dificuldade em poder prosseguir com o tratamento adequado para os animais,

devido a resistência dos proprietários em arcar com os valores do tratamento. E, a

ausência de tempo hábil do médico veterinário também inviabilizou a realização de

exames complementares para confirmar os diagnósticos. A possibilidade de um

acompanhamento regular dos animais, também era vetado por meio da grande

demanda de chamadas para atendimentos diariamente.

Pôde ser avaliado que a retículo pericardite e uma afecção grave,

responsável por grandes prejuízos para o produtor, principalmente quando não

diagnosticada precocemente, apresenta prognóstico reservado a desfavorável.

Dessa forma medidas preventivas na propriedade se fazem necessárias a fim de

evitar e controlar tal enfermidade.

Baseado nos achados visualizados no feto do segundo relato de caso, o

diagnóstico definitivo foi de Schistosomus reflexus, tal afecção é inconsistente com a

vida e traz perdas zootécnicas e financeiras aos produtores, além do sofrimento da

parturiente, pois os partos eutócicos raramente acontecem em casos de SR. Sendo

necessária a intervenção do médico veterinário, seja através de manobras

obstétricas e tração na expectativa de expulsão fetal via vaginal ou através dos

procedimentos cirúrgicos mais comumente utilizados como a cesárea ou a fetotomia.

O diagnóstico definitivo na medicina veterinária de grandes animais por vezes

se torna difícil por haver ocasionalmente a escassez de recursos financeiros dos

proprietários e técnicos, como por exemplo, a utilização de exames complementares

no auxílio a campo. Logo, as alternativas de diagnóstico permanecem restritas e

embasadas na anamnese e sintomatologia clinica do animal. Limitando-se dessa

maneira a diagnósticos sugestivos tratados com protocolos terapêuticos baseado em

suspeitas.

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