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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ UTP FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA CHANTAL HOFFMANN LEJEUNE IMPORTÂNCIA DA ABORDAGEM DIAGNÓSTICA IMAGINOLÓGICA DE GASTRITE RELATO DE CASO CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ – UTP

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

CHANTAL HOFFMANN LEJEUNE

IMPORTÂNCIA DA ABORDAGEM DIAGNÓSTICA IMAGINOLÓGICA

DE GASTRITE – RELATO DE CASO

CURITIBA

2016

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CHANTAL HOFFMANN LEJEUNE

IMPORTÂNCIA DA ABORDAGEM DIAGNÓSTICA IMAGINOLÓGICA

DE GASTRITE – RELATO DE CASO

Relatório apresentado à Coordenação

de Estágio como requisito parcial de

Avaliação do Estágio Curricular

Obrigatório do Curso de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiutí do

Paraná.

Orientadora: Profª. Rhéa Cassuli Lima

dos Santos.

CURITIBA

2016

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Reitoria

Sr. Luiz Guilherme Rangel dos Santos

Pró-Reitor Administrativo

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitoria Acadêmica

Profª. Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Pró- Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão

Profª. Carmen Luiza da Silva

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Prof. João Henrique Faryniuk

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária

Prof. Welington Hartmann

CAMPUS BARIGUI

Rua Sydnei A Rangel Santos 238 - Santo Inácio

CEP 82.010-330 – Curitiba - PR

FONE: (41) 3331-7700

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TERMO DE APROVAÇÃO

CHANTAL HOFFMANN LEJEUNE

IMPORTÂNCIA DA ABORDAGEM DIAGNÓSTICA IMAGINOLÓGICA DE

GASTRITE – RELATO DE CASO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção do

título de Médico (a) Veterinário (a) pela Comissão Examinadora do Curso de

Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

.

Curitiba, ___ de Junho de 2016

COMISSÃO EXAMINADORA:

______________________________________________

Orientadora Profª. Esp. Rhéa Casulli Lima dos Santos

UTP-Universidade Tuiuti do Paraná

______________________________________________

Prof. M. Sc. Carlos Henrique do Amaral

UTP- Universidade Tuiuti do Paraná

______________________________________________

Profª. M. Sc. Fabiana dos Santos Monti

UTP- Universidade Tuiuti do Paraná

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente aos meus pais Jacques Lejeune e Silvia Hoffmann Lejeune, pois

sem o apoio incondicional, carinho, suporte, dedicação e amor de vocês dois eu não

tinha conseguido chegar até aqui. Muito obrigada por se esforçarem tanto para ver eu

realizar meu sonho de se tornar médica veterinária. Obrigada aos meus dois irmãos

Philippe e Christian que me apoiaram no momento mais conturbado da minha

graduação. Ao meu namorado e amigo Guilherme, que sempre me estendeu a mão

quando eu precisei de apoio, obrigada por todo carinho e paciência que teve comigo

durante essa importante trajetória da minha vida.

Às minhas 4 “mães” médicas veterinárias em Diagnóstico por Imagem que me

mostraram como esse mundo preto e branco é maravilhoso e ao mesmo tempo cada

vez mais misterioso, nos fazendo pensar em mais e mais diagnósticos diferenciais

para cada alteração encontrada em um exame ultrassonográfico e radiográfico.

Simone Cristine Monteiro Dallagnol, Andressa Tucholski, Natascha Kellermann Brauer

e Bárbara Sanson, muito obrigada por toda dedicação que vocês tiveram comigo, por

todos ensinamentos passados, sempre me apoiando para eu seguir em frente.

Gostaria de agradecer a todo o pessoal do estágio obrigatório, que me

receberam de braços abertos, desde as meninas da recepção, da limpeza, os

enfermeiros, os motoboys, até as doutoras.

A minha professora orientadora Rhéa Cassuli Lima dos Santos, por ter me

aceito como sua orientada, pela paciência e aprendizado que me passou durante esse

período que trabalhamos juntas. Ao professor Carlos Henrique do Amaral que também

me ensinou muito sobre diagnóstico por imagem.

Aos meus amigos, porque sem vocês o meu mundo não teria tanta graça.

Obrigada pelo apoio, incentivos e risadas que vocês me proporcionaram. Como eu

disse um dia, “da faculdade, para vida”. Vou levar vocês para sempre comigo.

E claro, não podia faltar, a todos os animais. Afinal, não há nada mais

gratificante, depois de todo esforço e dedicação, receber lambidas e abanadas de

rabos como um “muito obrigado”, nos mostrando como o amor é simples e puro. Esse

mundo animal é mesmo fascinante. Em especial, Laila e Puppy, obrigada por me

proporcionarem tanta alegria.

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RESUMO

O estágio curricular supervisionado foi realizado no Centro de Diagnóstico por

Imagem Bionostic PR, no período de 15 de fevereiro a 29 de abril de 2016, o qual teve

como objetivo o aperfeiçoamento dos conhecimentos adquiridos durante a graduação,

assim como, apresentar as atividades desenvolvidas dentro do período de estágio e

a casuística do setor. O caso a ser relatado é de uma fêmea, da espécie canina, sem

raça definida, adulta, que foi encaminhada para o Binostic para realização de exames

de imagem, incluindo ultrassonografia abdominal e endoscopia digestiva alta. Após a

realização destes exames juntamente com o exame histopatológico, foi possível

concluir gastrite crônica ativa com ulceração focal do epitélio. A paciente recebeu o

devido tratamento para a afecção apresentando melhora do quadro clínico.

Palavras chaves: ultrassonografia abdominal, endoscopia, radiografia abdominal,

biópsia, gastrite.

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ABSTRACT

The supervised internship was accomplished at the Center for Diagnostic

Image Bionostic PR, from February 15 to April 29, 2016, which aimed to improve

knowledge acquired during undergraduate studies, as well as present the activities

within the probationary period and the casuistry of the sector. The case to be reported

is a female, the canine species without defined adult race, which was forwarded to the

Binostic to perform imaging examinations, including abdominal ultrasound and

endoscopy. After performing these tests along with histopathology, we concluded

chronic active gastritis with focal ulceration of the epithelium. The patient was

successfully treated for the disease presenting clinical improvement.

Key words: abdominal ultrasound, endoscopy, abdominal radiography, biopsy,

gastritis.

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................ 9

LISTA DE TABELAS ...................................................................................... 10

LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................... 11

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 12

2. DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCENDENTE ............................................... 13

3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ..................................... 18

3.1 CASUÍSTICA ............................................................................................. 18

4. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 23

4.1 ANATOMIA DO ESTÔMAGO .................................................................... 23

4.2 RADIOGRAFIA .......................................................................................... 24

4.3 ULTRASSONOGRAFIA ............................................................................. 26

4.4 ENDOSCOPIA ........................................................................................... 27

4.5 CARACTERÍSTICAS IMAGINOLÓGICAS EM CASO DE DOENÇA

INFLAMATÓRIA .............................................................................................. 28

5. RELATO DO CASO CLÍNICO......................................................................... 30

6. DISCUSSÃO ................................................................................................... 36

7. CONCLUSÃO ................................................................................................. 38

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 39

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Fachada do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic. ........................ 14

Figura 2: Sala de recepção do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic. .......... 14

Figura 3: Sala de radiologia do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic. ......... 15

Figura 4: Sala de ultrassonografia do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic. 15

Figura 5: Sala de ecocardiografia do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic. 15

Figura 6: Sala de coletas do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic.e gaiolas as

para os animais de transporte. ................................................................................. 16

Figura 7: Sala de laudos do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic. .............. 16

Figura 8: Laboratório do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic para análises de

exames na área de hematologia, bioquímica sanguínea, imunologia, hormônios,

parasitologia, toxicologia, citologia e histopatológico. .............................................. 17

Figura 9: Ilustração esquemática da divisão do estômago. ..................................... 23

Figura 10: Imagem ultrassonográfica do estômago (St) normal em corte longitudinal.

É possível identificar as cinco camadas (entre as cabeças das setas marrom e preta).

Superfície de mucosa (ponta da seta preta), mucosa (seta verde), submucosa (seta

ermelha), muscular (seta azul) e serosa (cabeça da seta marrom). ......................... 24

Figura 11: Imagem ultrassonográfica do estômago em corte longitudinal (A) e

transversal (B) evidenciando a espessura mensurada (0,80 cm e 0,75 cm

respectivamente) da parede gástrica da paciente. ................................................... 31

Figura 12: Imagem ultrassonográfica das alças intestinais em corte longitudinal

evidenciando e pregueamento de forma difusa. ....................................................... 31

Figura 13: Porção de esôfago distal com área hiperemica (seta amarela) e área

erosiva (seta branca). .............................................................................................. 33

Figura 14: Terço distal de corpo gástrico apresentando hiperplasia da mucosa, com

proliferação tecidual e presença de pequena lesão (seta preta). ............................. 34

Figura 15: Região de antro pilórico apresentando lesão polipoide (seta branca) com

presença de erosões puntiformes (seta preta). ........................................................ 34

Figura 16: Região pilórica edemaciada (círculo), impedindo a avaliação duodenal. 35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Exames ultrassonográficos acompanhados durante o estágio no Bionostic

no período de 15 de fevereiro a 29 de abril, 2016, classificados de acordo com a região

de estudo ultrassonográfico. .................................................................................... 18

Tabela 2: Exames radiográficos acompanhados durante o estágio no Bionostic no

período de 15 de fevereiro a 29 de abril, 2016, classificados de acordo com a região

radiografada. ............................................................................................................ 19

Tabela 3: Avaliação das alterações encontradas nos exames ultrassonográficos

realizados. ............................................................................................................... 21

Tabela 4: Resultado dos exames hematológicos do cão, fêmea, SRD, 15 anos,

encaminhada para o Bionostic, PR, 2016. ............................................................... 32

Tabela 5: Resultado dos exames bioquímicos do cão, fêmea, SRD, 15 anos,

encaminhada para o Bionostic, PR, 2016. ............................................................... 33

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LISTAS DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Distribuição dos pacientes quanto a espécie e sexo em relação aos exames

ultrassonográficos realizados durante o estágio no Bionostic no período de 15 de

fevereiro a 29 de abril, 2016. .................................................................................... 20

Gráfico 2: Distribuição dos pacientes quanto a espécie e sexo em relação aos exames

radiográficos realizados durante o estágio no Bionostic no período de 15 de fevereiro

a 29 de abril, 2016. .................................................................................................. 20

Gráfico 3: Distribuição em relação a faixa etária dos pacientes atendidos para exames

ultrassonográficos e radiográficos durante o estágio no Bionostic no período de 15 de

fevereiro a 29 de abril, 2016. .................................................................................... 21

Gráfico 4: Distribuição das alterações encontradas nos exames ultrassonográficos

realizados. ............................................................................................................... 22

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1. INTRODUÇÃO

O estágio obrigatório foi realizado no Centro de Diagnósticos Veterinário

Bionostic, no período de 15 de fevereiro a 29 de abril de 2016, no setor de diagnóstico

por imagem em pequenos animais, o qual foi supervisionado pela médica veterinária

Simone Cristine Monteiro Dallagnol, completando 440 horas de carga horária total.

A decisão de realizar esta última etapa do curso de medicina veterinária nesse

Centro de Diagnósticos, foi principalmente com o objetivo de aprimorar os

conhecimentos obtidos durante a graduação, mais especificamente dentro da área de

diagnóstico por imagem.

O estágio obrigatório tem como principal objetivo mostrar ao graduando

situações reais que vivenciará quando estiver atuando no mercado de trabalho, já

assumindo responsabilidades, porém ainda com supervisão de profissionais

capacitados. É possível colocar em prática habilidades desenvolvidas ao longo do

curso acadêmico, despertando cada vez mais, no futuro médico veterinário, hábitos e

atitudes profissionais.

Os objetivos específicos do estágio obrigatório voltado para a área de

diagnóstico por imagem em pequenos animais foram acompanhar principalmente

exames ultrassonográficos e radiográficos realizados em cães e gatos, acompanhar

quando possível, exames de tomografia computadorizada realizados em cães e gatos,

aprimorar técnicas de posicionamento durante os exames radiográficos, acompanhar

e aprimorar as habilidades de comunicação com o público, aprimorar o pensamento

clínico frente as alterações ultrassonográficas e radiográficas, desenvolvendo

habilidade de raciocínio sobre possíveis diagnósticos diferenciais.

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2. DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCENDENTE

O Centro de Diagnósticos Veterinário Bionostic, fundado em 2003, está

localizado em Curitiba-PR, na Rua 21 de Abril, 301, no bairro Alto de XV – CEP 80.

045-160.

Esse centro foi fundado com o intuito de fornecer diagnósticos de qualidade,

obtidos através de profissionais qualificados para cada área específica que o Bionostic

oferece. O atendimento é feito de segunda a sexta, das 8 às 19 horas e aos sábados,

das 9 às 14 horas.

O Bionostic oferece atendimento voltado para as especialidades de radiologia,

ultrassonografia, cardiologia, tomografia, endoscopia, além de realizar exames

laboratoriais e necropsia, atendendo cães, gatos, aves, equinos, animais selvagens e

de produção. Para a realização de qualquer exame, é necessário que o médico

veterinário encaminhe para o Bionostic uma requisição com os dados do paciente e

quais exames deseja que sejam realizados. Nenhum exame é feito sem requisição.

O centro de diagnóstico Bionostic (Figura 1), é constituído por uma recepção

(Figura 2), uma sala de radiologia (Figura 3), uma sala de ultrassonografia (Figura 4),

uma sala de ecocardiografia (Figura 5), uma sala para coletas de sangue, a qual

também possui gaiolas para os animais de transporte (Figura 6), uma sala para a

realização de laudos, incluindo nessa área dois negatoscópios, uma impressora de

filmes radiográficos AGFA HealthCare – DRYSTAR 5302, o digitalizador de filmes

radiográficos AGFA HealthCare – CR30-X, cinco computadores.

Um computador é utilizado especificamente para os exames de tomografia

computadorizada, outro é para a visualização digital das radiografias realizadas e três

destinados para redigir os laudos (Figura 7). Na parte superior encontra-se o

laboratório (Figura 8).

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Figura 1: Fachada do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic.

Figura 2: Sala de recepção do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic.

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Figura 3: Sala de radiologia do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic.

Figura 4: Sala de ultrassonografia do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic.

Figura 5: Sala de ecocardiografia do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic.

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Figura 6: Sala de coletas do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic.e gaiolas as para os

animais de transporte.

Figura 7: Sala de laudos do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic.

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O aparelho de ultrassom utilizado é o LOGIC C5 Premium – GE, composto por

um transdutor linear de 7 a 11 MHz e um microconvexo de 14 mm de curvatura

variando de 3 a 9 MHz. A sala de radiologia possui um aparelho radiográfico VMI –

Compacto 500.

Figura 8: Laboratório do Centro de Diagnóstico Veterinário Bionostic para análises de exames

na área de hematologia, bioquímica sanguínea, imunologia, hormônios, parasitologia, toxicologia, citologia e histopatológico.

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3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O período do estágio obrigatório foi de 15 de fevereiro de 2016 até 29 de abril

de 2016, no qual foram acompanhados exames ultrassonográficos abdominais e

radiográficos. Além desses exames, também foram realizados procedimentos

ecoguiados como cistocentese.

As atividades desenvolvidas em relação aos exames ultrassonográficos foram

a preparação prévia dos pacientes com a depilação abdominal, contenção física dos

mesmos para a realização do exame e anotações sobre as alterações encontradas

nos mesmos. Já para os exames radiográficos, as atividades foram contenção física

e posicionamento dos pacientes, ajuste das técnicas radiográficas e revelação dos

filmes. No final dos exames ultrassonográficos e radiográficos, havia uma discussão

sobre as alterações de cada paciente, seguido da elaboração dos laudos.

3.1. CASUÍSTICA

Durante o estágio curricular foram acompanhados 450 exames

ultrassonográficos (tabela 1 e gráfico 1) e 530 exames radiográficos (tabela 2 e gráfico

2).

Tabela 1: Exames ultrassonográficos acompanhados durante o estágio no Bionostic no período de 15

de fevereiro a 29 de abril, 2016, classificados de acordo com a região de estudo ultrassonográfico.

ULTRASSONOGRAFIA Nº PACIENTES %

OCULAR 3 0,67%

GESTACIONAL 5 1,11%

ABDOMINAL EXPLORATÓRIA 442 98,22%

TOTAL 450 100%

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Tabela 2: Exames radiográficos acompanhados durante o estágio no Bionostic no período de 15 de

fevereiro a 29 de abril, 2016, classificados de acordo com a região radiografada.

REGIÃO Nº PACIENTES %

TÓRAX 80 15,09%

ABDÔMEN 15 2,83%

MEMBRO TORÁCICO 50 9,43%

MEMBRO PÉLVICO 60 11,32%

CRÂNIO 20 3,77%

COLUNA CERVICAL 25 4,72%

COLUNA TORÁCICA 40 7,55%

COLUNA LOMBAR 115 21,70%

PELVE 125 23,58%

TOTAL 530 100%

Com relação a espécie dos pacientes atendidos, foi observado que dos 450

exames ultrassonográficos acompanhados, 250 dos pacientes eram cães, sendo 170

fêmeas e 80 machos (gráfico 3). Foram atendidos 200 gatos, os quais 110 eram

fêmeas e 90 machos (gráfico 4). Quanto aos exames radiográficos acompanhados,

dos 530 pacientes atendidos, 340 eram da espécie canina, os quais 190 eram fêmeas

e 150 machos (gráfico 5). Foram atendidos 190 gatos, sendo 80 fêmeas e 110 machos

(gráfico 6). No gráfico 7, é possível observar a faixa etária dos pacientes atendidos

tanto para os exames ultrassonográficos, quanto radiográficos.

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20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

FÊMEAS MACHOS FÊMEAS MACHOS

CÃES: 250 GATOS: 200

Gráfico 1: Distribuição dos pacientes quanto a espécie e sexo em relação aos exames

ultrassonográficos realizados durante o estágio no Bionostic no período de 15 de fevereiro a 29 de abril, 2016.

Gráfico 2: Distribuição dos pacientes quanto a espécie e sexo em relação aos exames radiográficos realizados durante o estágio no Bionostic no período de 15 de fevereiro a 29 de abril, 2016.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

FÊMEAS MACHOS FÊMEAS MACHOS

CÃES: 340 GATOS: 190

N: 170

N: 90

N: 110

N: 80

N: 190

N: 150

N: 80

N: 110

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Na tabela 3 e no gráfico 4, é possível observar quais foram as alterações nos

órgãos encontradas nos exames ultrassonográficos realizados. É necessário ressaltar

que o número das alterações excede o número total de pacientes, pois os mesmos

podiam apresentar alterações concomitantes.

Tabela 3: Avaliação das alterações encontradas nos exames ultrassonográficos realizados.

ALTERAÇÕES Nº PACIENTES

GASTROINTESTINAIS 77

RENAIS 115

HEPÁTICAS 57

BILIARES 80

ESPLÊNICAS 60

PANCREÁTICAS 85

PROSTÁTICAS 15

REPRODUTOR 40

ENDÓCRINAS 74

TRATO URINÁRIO INFERIOR 50

FORMAÇÕES DE ORIGEM NÃO DEFINIDA 45

TOTAL 698

N: 60

N: 100N: 120

N: 500

N: 200

0

100

200

300

400

500

600

0 - 1 ANO 1 - 5 ANOS 5 - 10 ANOS 10 - 15 ANOS 15 - 20 ANOS

Gráfico 3: Distribuição em relação a faixa etária dos pacientes atendidos para exames ultrassonográficos e radiográficos durante o estágio no Bionostic no período de 15 de fevereiro a 29 de abril, 2016.

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11,03%

16,48%

8,17%

11,46%

8,60%

12,18%

2,15%

5,73%

10,60%

7,16% 6,45%

0,00%2,00%4,00%6,00%8,00%

10,00%12,00%14,00%16,00%18,00%

Gráfico 4: Distribuição das alterações encontradas nos exames ultrassonográficos realizados.

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4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1. ANATOMIA DO ESTÔMAGO

O estômago de cães e gatos em jejum, normalmente localiza-se cranialmente

ao último par de costelas, podendo se estender caudal ao arco costal (O’ BRIEN T.R,

1978), portanto, está localizado em região epigástrica, caudal ao diafragma e ao

fígado (KEALY & MCALLISTER, 2012), cranial a silhueta renal esquerda e adjacente

ao baço (PENNINCK, D.G. et al, 1989).

O estômago é subdividido em quatro regiões, incluindo cárdia, fundo, corpo e

piloro. Cárdia é a porção que faz a comunicação com o esôfago. O fundo localiza-se

dorsalmente e à esquerda da cárdia, sendo a porção superior. O corpo é a maior

porção, estendendo-se desde o fundo até o piloro (KEALY & MCALLISTER, 2012). E

por fim, o piloro, situado em porção distal e subdividido em antro pilórico, o qual possui

paredes finas, fazendo comunicação com o canal pilórico, porção situada em terço

distal da porção pilórica, que é responsável pela comunicação do estômago com o

duodeno, formada por uma parede musculosa, contendo um esfíncter duplo (FIGURA

9) (EVANS, H.E, 1993).

FONTE: THRALL, D. E. 2014.

Em região gástrica esquerda, as porções encontradas são cárdia, fundo e

corpo. Já em região direita, estão o antro e canal pilórico (ELLENPORT, C.R, 2008).

Figura 9: Ilustração esquemática da divisão do estômago.

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A parede do estômago é constituída por cinco camadas, incluindo, superfície da

mucosa, mucosa, submucosa, muscular e serosa (FIGURA 10). A superfície da

mucosa é formada por pregas gástricas (ARGENZIO, R.A, 1996).

FONTE: NYLAN, T. G. & MATTOON, J. S. 2002.

4.2. RADIOGRAFIA

Para uma avaliação completa do estômago, são necessárias radiografias

simples e contratadas (KEALY & MCALLISTER, 2012), porém em alguns casos

somente a radiografia simples é suficiente para confirmação diagnóstica (EVANS,

S.M, 1983), pois é possível identificar lesões que poderiam ser mascaradas pelo uso

do contraste (O’BRIEN, R.; BARR, F.; 2012). Os exames contrastados são realizados

com contraste positivo, negativo ou com uma associação dos agentes positivos e

negativos, conhecido como duplo contraste (BRAWNER, W.R.; BARTELS, J.E.,

1983). O paciente deve estar em jejum prévio de 12 a 24 horas, com o objetivo de

avaliar integridade da parede do estômago, presença de corpos estranhos

Figura 10: Imagem ultrassonográfica do estômago (St) normal em corte longitudinal. É possível identificar as cinco camadas (entre as cabeças das setas marrom e preta). Superfície de mucosa (ponta da seta preta), mucosa (seta verde), submucosa (seta ermelha), muscular (seta azul) e serosa (cabeça da seta marrom).

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radioluscentes ou formações nodulares, tempo de trânsito gastrointestinal, presença

ou atraso do esvaziamento gástrico e identificar possíveis obstruções parciais ou

totais (LATHAM, C., 2005).

O uso do contraste positivo tem como principal objetivo localizar o estômago

quando o mesmo não é visível através da radiografia simples, uma vez que quando

não está preenchido por conteúdo alimentar e gasoso sua visualização se torna mais

difícil. Além disso também é possível identificar falhas de preenchimento em caso de

presença de formações nodulares intraluminais, no reconhecimento do tamanho e

formato das dobras da mucosa e da superfície mucosa que deve apresentar-se

homogênea e com contornos regulares (O’BRIEN, R.; BARR, F.; 2012). É realizado

administração por via oral de sulfato de bário ou uma preparação iodada solúvel em

água, no qual o sulfato de bário é considerado a melhor opção para essa técnica

(ZONTINE, W.J, 1978). Em casos de suspeita de perfuração gástrica, a preparação

iodada solúvel em água deve ser administrada ao invés do sulfato de bário, uma vez

que esses agentes irão ser absorvidos se caso atingirem o mediastino ou a cavidade

peritoneal, enquanto o bário não é absorvido (WILLIAMS, J. et al, 1993).

Na técnica de contraste negativo, conhecida como pneumogastrografia, em

alguns casos, há necessidade de sedar o paciente para que seja introduzida uma

sonda nasogástrica ou orogástrica a fim de administrar o agente de contraste que são

gases (O’BRIEN, R.; BARR, F.; 2012), incluindo ar, dióxido de carbono, óxido nitroso

ou oxigênio (EASTON, S., 2012). Uma vantagem deste exame é de não haver

complicações para o paciente, porém, não fornece informações sobre o tempo do

trânsito gastrointestinal (EASTON, S., 2012). Esta técnica permite revelar presença

de corpos estranhos intraluminais radioluscentes ou visualizar formações gástricas

intraluminais, quando não é possível identifica-lás pela radiografia simples (KEALY &

MCALLISTER, 2012).

O duplo contraste é a associação dos dois meios, positivo e negativo e para

este exame também é realizado sedação no paciente, pois é introduzido uma sonda

gástrica até o estomago, para que seja administrado pouca quantidade de sulfato de

bário não diluído, seguido da administração de ar (O’BRIEN, R. & BARR, F., 2009).

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4.3. ULTRASSONOGRAFIA

A ultrassonografia é mais sensível que a radiografia para detecção de

alterações associadas as doenças inflamatórias do estômago, visto que através desta

técnica, é possível avaliar motilidade gástrica, espessura e arquitetura da parede e

presença de conteúdos luminais, sendo gases, muco ou alimento. Por meio da

avaliação ultrassonográfica evita-se a realização de radiografias contrastadas, as

quais são mais demoradas e invasivas quando comparadas com o ultrassom (KEITH,

D.G. et al, 1999).

As principais particularidades da ultrassonografia abdominal é de que não

apresenta efeitos nocivos significativos durante o uso, é possível realizar um estudo

não invasivo da hemodinâmica corporal através de efeito Doppler e as imagens são

obtidas em tempo real, permitindo estudo do movimento dos órgãos (CERRI &

ROCHA, 1993). Através deste exame, também é possível realizar biópsia guiadas

pelo ultrassom em órgãos internos com suspeita de alguma doença, eliminando o uso

da laparotomia exploratória (TEIXEIRA E LAGOS, 2007).

A biópsia guiada apresenta algumas vantagens como localização da lesão,

permitindo delimitação da altura, largura e profundidade, identifica as melhores vias

para introduzir a agulha, evitando assim órgãos como vesícula biliar, ducto biliar,

pâncreas, intestina e vasos sanguíneos (MENARD & PAPAGEORGES, 1995).

Para realização da avaliação ultrassonográfica gástrica, é recomendado a

utilização de um transdutor linear de alta frequência, sendo entre 7,5 a 10 MHz

(PENNINCK, D.G, 2004), o que melhora a resolução da imagem e permite a avaliação

da parede do estômago, sendo necessário realizar varreduras tanto em plano

longitudinal quanto transversal para um exame gástrico completo (FROES, T.R,

2004). Com um transdutor de alta frequência é possível identificar as cinco camadas

já citadas anteriormente, as quais, apresentam ecogenicidades diferentes entre si,

sendo mucosa e muscular hipoecóicas, enquanto superfície da mucosa, submucosa

e serosa hiperecóicas (PENNINCK, D.G, 2008).

Para o exame ultrassonográfico gástrico, é recomendado jejum alimentar entre

6-12 horas (FROES, T.R.; IWASAKI, M., 2001), para que os artefatos causados pelo

acúmulo de gás, como reverberação, e sombreamento acústico causado pela

presença de conteúdo alimentar, sejam minimizados (WILSON, S.R. et al, 1999).

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A ultrassonografia do estômago, tem sido realizada para auxiliar no diagnóstico

de doenças inflamatórias, infecciosas, neoplásicas, úlceras, intussuscepções, corpos

estranhos e obstruções (GRAHAM, J.P. et al, 2000). Em cães, a espessura da parede

gástrica é de 3 a 5 milímetros (AGUT, A. et al, 1996), já em gatos, é de 2 milímetros

(GOGGIN, J.M. et al, 2000). A mensuração do espessamento da parede gástrica é

obtida pela distância entre a superfície hiperecóica da mucosa até a camada externa

hiperecóica da serosa (GASCHEN, L; KIRCHER, P., 2007).

4.4. ENDOSCOPIA

Outro exame complementar para avaliação de alterações do estômago

considerado padrão ouro, é a endoscopia (TAMS, T.R.; CLARENCE A.R., 2011).

Através deste exame, é possível avaliar diretamente o lúmen do estômago, além do

esôfago e duodeno (MOORE, L.E. et al, 2003), possibilitando um diagnóstico precoce

e aumentando a exatidão do tratamento das doenças do sistema digestório (TAMS,

T.R. et al, 2011).

Apesar da endoscopia ser um exame minimamente invasivo (FOIGEL, E.K. et

al, 2000), é necessário um preparo prévio adequado, com o histórico completo do

paciente, juntamente com exame físico e laboratoriais, uma vez que é realizada

anestesia do mesmo. Portanto, preconiza-se um jejum prévio correto, sendo alimentar

de 8 a 12 horas e hídrico de 4 horas. Caso contrário, não é possível a avaliação correta

da mucosa gástrica (MOORE, L.E. et al, 2003).

A grande vantagem do endoscópio é realizar avaliação da integridade da

mucosa, gerando mais precisão no diagnóstico de afecções da mucosa do esôfago,

estômago e duodeno, além de realizar biópsias, para exames histopatológico,

microbiológico ou parasitológico (MOORE, L.E. et al, 2003). Este exame também é

realizado para aplicação de medicamentos, posicionamento de sondas e tubos de

alimentação, como guia para a dilatação de pontos de contrição, realização de

cirurgias, remoção de corpo estranho, acompanhamento do tratamento clínico, de

condições neoplásicas e afecções tratadas cirurgicamente (AZEVEDO, 2006).

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A maior indicação da endoscopia é para auxiliar no diagnóstico de doenças

infiltrativas, erosivas e que levam a alterações anatômicas (WASHABAU, et al, 2010).

Os sinais clínicos indicativos para este exame são regurgitação, disfagia, mímica de

vomito, salivação excessiva, vômitos, hematêmese, diarreia, melena, constipação e

incontinência fecal (TAMS, 2005).

Durante a execução do exame de endoscopia existem algumas desvantagens,

como, com doenças funcionais do sistema digestório e mensuração do diâmetro

luminal, não é possível através dessa técnica diagnóstica (GUILFORD, W.G, 1996).

Outra desvantagem importante desse exame, que deve ser levada em consideração,

é de que a biópsia realizada por meio do endoscópio não detecta afecções das

camadas submucosa, muscular e serosa, uma vez que a biopsia possui profundidade

de aproximadamente 3 milímetros (OHANA, W.O, 2000).

Existem algumas contraindicações para a realização da endoscopia, por

exemplo, quando há presença de gás extraluminal, exsudato séptico à paracentese e

na suspeita de perfuração intestinal, pois a insuflação aumenta o risco de

contaminação da cavidade abdominal (GUILFORD, W. G., 2005).

A biópsia por meio da endoscopia, é muito comum e geralmente muito segura

(MANSELL, W.J. et al, 2008), considerada um importante método de diagnóstico de

complementação (OHANA, W.O, 2000). São realizadas com o objetivo de definir a

origem, distribuição e severidade das lesões (WILLARD, M.D.; MOORE, B.D;

DENTON, M. J., 2010). Este método apresenta alta sensibilidade diagnóstica, porém,

são necessárias várias coletas de amostras do tecido lesionado e também dos tecidos

marginais, obtendo assim, amostras de boa qualidade (WASHABAU R. J.; DAY, M.

J.; WILLARD, M. D., 2010). Além disso, é possível estabelecer o grau de malignidade

das neoplasias, identificar agentes etiológicos infecciosos e parasitários e realizar

análise histoquímica do material coletado (OHANA, W.O, 2000).

4.5. CARACTERÍSTICAS IMAGINOLÓGICAS EM CASO DE DOENÇA

INFLAMATÓRIA

No exame ultrassonográfico, a principal característica da doença inflamatória é

o espessamento difuso da parede gástrica, (HUDSON, J.A. et al, 1995), sendo

superior a 5 milímetros em cães de porte pequeno, 7 milímetros em cães de porte

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grande e 2 milímetros em gatos (FROES, T.R, 2004), porém, mesmo com

espessamento severo da parede, não é possível diferenciar os processos

inflamatórios dos neoplásicos (PENNINCK, D.G, 2004).

A distinção entre esses dois processos pode ser feita por algumas avaliações

ultrassonográficas, levando em consideração a distribuição, simetria e extensão do

espessamento de parede e observando se há ou não estratificação das camadas

(PENNINCK, D.G, 2004). Em casos de neoplasias gástricas as características

ultrassonográficas encontradas são espessamento focal ou difuso da parede, perda

da estratificação das camadas, diminuição da motilidade e ecogenicidade diminuída

da área afetada (LAMB, C.R. et al, 1999). Penninck (2003) cita que, em cães que são

avaliados ultrassonograficamente e apresentam perda da estratificação das camadas,

a ocorrência de neoplasias gástricas é 50 vezes maior do que a ocorrência de doenças

inflamatórias.

Já em casos de inflamação do estômago, geralmente é observado

espessamento simétrico e difuso da parede gástrica, com estratificação das camadas,

porém, dependendo do grau de espessamento, é possível visualizar alteração da

ecogenicidade ou um espessamento mais severo (PENNINCK, D.G, 2008). Através

da ultrassonografia também é possível observar um aumento nas dimensões das

pregas (BARBER, D.L. et al, 1998) e diminuição da motilidade gástrica com acúmulo

de conteúdo fluído no lúmen gástrico (HOMC, O.L.D, 1996). Após o tratamento, é

comum não ocorrer melhora da ecogenicidade da mucosa, sugerindo que apesar da

melhora da atividade clínica do paciente, a mucosa requer um tempo maior para

cicatrizar (MAYER, D. et al, 2000).

Apesar do exame ultrassonográfico ser muito utilizado para avaliação do

estômago em suspeita de gastrite, a endoscopia digestiva alta é considerada o

método de imagem de eleição de diagnóstico de desordens gástricas (TAMS, T.R. et

al, 2011), porém para ter a confirmação diagnóstica, é necessário realizar biópsias

para avaliação citopatológica ou histopatológica (CRYSTAL, M.A. et al, 1993). Em

casos de gastrites crônicas, no exame endoscópico a mucosa apresenta-se friável,

irregular e enantemática (manchas vermelhas), além disso, dependendo da

severidade do quadro, é possível observar úlceras recobertas por fibrina, erosões e

focos de hemorragias difusos (SUM, S. et al, 2009).

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Quando o paciente apresenta um quadro de gastrite crônica, é comum a

ocorrência de estenose pilórica concomitante, podendo ou não apresentar erosões,

impedindo assim, o acesso ao duodeno (TAMS, T.R. et al, 2011).

5. RELATO DO CASO CLÍNICO

Foi atendido por uma colega médica veterinária, uma fêmea, da espécie canina,

sem raça definida (SRD), 15 anos, pesando 4,5 Kg, não castrada e durante a

anamnese da consulta, a responsável relatou episódios de vômitos por seis vezes em

apenas um dia, negando quadro de diarreia.

Durante o exame físico foi possível avaliar os parâmetros como frequência

cardíaca 110 batimentos por minuto, frequência respiratória 30 movimentos por

minuto, mucosas apresentavam-se normocoradas, tempo de preenchimento capilar

de 2 segundos, temperatura 38,5 graus Celsius, pulso normorítmico e normocinético

e presumiu-se leve desidratação.

Perante ao quadro clínico que o animal apresentava, a suspeita clínica passou

a ser gastrite. Em seguida, foi aplicado maropitan 1 mg/kg, dose única, por via

subcutânea. Para casa, foi receitado omeprazol 1 mg/kg, BID, durante 15 dias,

ranitidina 2 mg/kg, BID, durante 15 dias e dieta caseira a base de arroz e peito de

frango desfiado.

Logo em seguida, a paciente foi encaminhada ao Centro de Diagnóstico

Veterinário Bionostic para realização do exame ultrassonográfico. Durante a

ultrassonografia, foi observado que o estômago estava preenchido por conteúdo

mucoso e gasoso, espessamento importante em região de corpo, com medidas

aproximadas de 0,80 cm e perda da estratificação das camadas nesta mesma região

(FIGURA 12).

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FONTE: DALLAGNOL, S. M. 2016.

A motilidade gástrica apresentou-se diminuída. As alças intestinais

apresentavam-se preenchidas por conteúdo mucoso e gasoso, parede com espessura

e estratificação preservadas, porém com pregueamento difuso (FIGURA 13). A

motilidade intestinal estava discretamente aumentada. Os demais órgãos avaliados

estavam dentro da normalidade.

FONTE: DALLAGNOL, S. M. 2016.

Figura 11: Imagem ultrassonográfica do estômago em corte longitudinal (A) e transversal (B)

evidenciando a espessura mensurada (0,80 cm e 0,75 cm respectivamente) da parede gástrica da paciente.

Figura 12: Imagem ultrassonográfica das alças intestinais em corte longitudinal evidenciando e pregueamento de forma difusa.

A B

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Com o espessamento moderado da parede e a perda da estratificação das

camadas gástrica observadas no exame ultrassonográfico, foram estabelecidos

alguns diagnósticos diferenciais, como gastrite crônica de ordem fúngica ou

bacteriana e neoplasia. Desta forma foi recomendado endoscopia digestiva alta como

exame complementar e exame histopatológico para confirmação diagnóstica. O

pregueamento difuso intestinal, sugeriu processo inflamatório. Além do ultrassom, foi

feita a coleta de material para a realização dos exames hematológicos (Tabela 4) e

bioquímicos da paciente (Tabela 5), os quais não apresentaram resultados fora dos

padrões de referência.

Tabela 4: Resultado dos exames hematológicos do cão, fêmea, SRD, 15 anos, encaminhada para o Bionostic, PR, 2016.

FONTE: BIONOSTIC, 2016.

ERITROGRAMA Resultado Valor de referência

Eritrócitos 5,7 milhões/mm³ 5,7 a 7,4

Hemoglobina 14,6 g/dL 14,0 a 18,0

Hematócrito 42% 37 a 47

VCM 73,68 u³ 63 a 77

HCM 23,86 pg 21 a 26

CHCM 32,38% 31 a 35

LEUCOGRAMA Resultado Valor de referência

Leucócitos 12.800/mm³ 6.000 a 17.000

Neutrófilos 77% 9856/mm³ 55 a 80%

Blastos 0/mm³ 0%

Metamielócitos 0% 0/mm³ 0%

Bastonetes 0% 0/mm³ 0 a 1%

Segmentados 77% 9856/mm³ 55 a 80%

Eosinófilos 0% 0/mm³ 1 a 9%

Basófilos 0% 0/mm³ 0 a 1%

Linfócitos 22% 2816mm³ 13 a 40%

Monócitos 1% 128mm³ 0 a 6%

Plaquetas 260.000/mm³ 150.000 a 800.000

Proteína Plasmática 6,8 g/dl 6.0 a 8,0

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Tabela 5: Resultado dos exames bioquímicos do cão, fêmea, SRD, 15 anos, encaminhada para o

Bionostic, PR, 2016.

FONTE: BIONOSTIC, 2016.

Após o exame de ultrassonografia abdominal, o paciente retornou ao Bionostic

para a realização do exame de endoscopia digestiva alta. Neste exame, foi observado

que, em porção de esôfago distal, havia uma área vilosa, moderadamente hiperemica

e outra área erosiva, também com hiperemia moderada, oposta a primeira lesão

(FIGURA 14).

FONTE: BENVENHO, A. C. 2016.

As demais porções esofágicas encontravam-se preservadas. No estômago, a

porção de corpo gástrico proximal não aparentava alterações, já em terço distal de

corpo havia presença de área com aspecto hiperplásico da mucosa, com proliferação

tecidual e lesões arredondadas planas com medidas aproximadas de 2x3 cm

(FIGURA 15).

BIOQUÍMICOS Resultado Valor de referência

Alanina aminotransferase/transaminase glutâmica pirúvica

28,9 UI/L 10,0 a 88,0

Colesterol Total 165,9 mg/dl 125,0 a 270,0

Creatinina 0,8 mg/dl 0,5 a 1,5

Fosfatase Alcalina 49,9 UI/L 20,0 a 150,0

Glicose 64 mg/dl 60,0 a 110,0

Triglicerídeos 41,5 mg/dl Menor que 150,0

Figura 13: Porção de esôfago distal com área hiperemica (seta amarela) e área erosiva (seta branca).

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FONTE: BENVENHO, A. C. 2016.

Em porção de antro pilórico, a mucosa apresentava leve espessamento e em

terço médio havia uma lesão polipoide séssil, com presença de erosões puntiformes

(FIGURA 16).

FONTE: BENVENHO, A. C. 2016.

A região de piloro apresentava edema moderado, não sendo possível progredir

o exame para o duodeno (FIGURA 17). Através da endoscopia, foram colhidos

fragmentos da porção esofágica e da lesão hiperplásica localizada em estômago para

Figura 14: Terço distal de corpo gástrico apresentando hiperplasia da mucosa, com proliferação tecidual e presença de pequena lesão (seta preta).

Figura 15: Região de antro pilórico apresentando lesão polipoide (seta branca) com presença de

erosões puntiformes (seta preta).

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o exame histopatológico. Também foi realizado o teste da urease para a pesquisa da

bactéria Helicobacter pylori, tendo resultado negativo.

FONTE: BENVENHO, A. C. 2016.

A alteração em porção distal esofágica observada através da endoscopia,

sugeriu lesão secundária à metaplasia intestinal, esofagite crônica ou infiltração

neoplásica. A área hiperplásica em porção de corpo gástrico poderia estar associada

a gastrite foveolar moderada ou neoplasia. E em porção de antro, a alteração

visibilizada, foi sugestiva de gastrite erosiva. O exame histopatológico, foi conclusivo

de gastrite crônica ativa com ulceração focal do epitélio.

Após a realização do exame de endoscopia digestiva alta juntamente com o

diagnóstico definitivo obtido através do exame histopatológico, a médica veterinária

responsável pelo caso clínico iniciou o devido tratamento à paciente.

A colega solicitou à tutora, que mantivesse a ranitidina, por 30 a 60 dias,

juntamente com o sucralfato por dez dias. A paciente apresenta bastante oscilação

em relação a alimentação, tendo dias que se alimenta menos e ainda apresentando

quadro de vômitos esporádicos. A médica veterinária responsável recomendou uma

reavaliação ultrassonográfica, porém, a responsável alegou problemas financeiros,

não sendo possível realizar um novo exame de ultrassom abdominal. Mediante a

situação, a médica veterinária recomendou uso continuo da ranitidina e suspensão do

sucralfato depois dos dez dias de uso, como relatado anteriormente.

Figura 16: Região pilórica edemaciada (círculo), impedindo a avaliação duodenal.

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6. DISCUSSÃO

Segundo Latham (2005), a radiografia contrastada tem como objetivo avaliar

integridade da parede do estômago, observar presença de corpo estranho

radioluscente ou formações nodulares, tempo de trânsito gastrointestinal, se há ou

não esvaziamento gástrico e avaliar possíveis obstruções parciais ou totais, porém,

com o passar dos anos juntamente com a evolução da tecnologia com novos métodos

diagnósticos, não são mais realizados exames radiográficos contrastados para

avaliação de doença inflamatória gástrica.

Conforme Keith (1999) a ultrassonografia abdominal é o exame de triagem em

casos de suspeita de gastrite, pois através deste exame é possível avaliar espessura

da parede, estratificação parietal, motilidade gástrica e quais são os conteúdos

luminais presentes no estômago do paciente. O exame de triagem realizado na

paciente deste caso foi a ultrassonografia abdominal.

A mensuração da espessura da parede gástrica da paciente foi realizada a

partir da superfície da mucosa até a camada mais externa, serosa, conforme Gaschen

e Kircher (2007) citam. Conforme Froes (2004) o transdutor indicado para avaliar

estômago é um linear de alta frequência. O transdutor utilizado na paciente do caso

clínico relatado no trabalho, foi o linear com frequência de 7 MHz, promovendo boa

resolução, permitindo assim uma boa avaliação da parede gástrica.

No caso clínico relatado neste trabalho, o exame complementar ao da

ultrassonografia abdominal, foi a endoscopia digestiva alta. Através deste exame, foi

possível avaliar diretamente o lúmen do estômago, esôfago e duodeno. Segundo

Tams e Clarence (2011) o exame considerado padrão ouro para avaliação de

alterações do estômago é a endoscopia digestiva alta. Com a endoscopia foi possível

chegar a um diagnóstico definitivo, realizando a biopsia para exames histopatológicos

ou citopatológicos, corroborando com Moore (2003). Porém, Ohana (2000), cita que

uma das desvantagens desta técnica é que o endoscópio não detecta alterações nas

camadas submucosa, muscular e serosa, pois a biopsia só é possível realizar com

uma profundidade de até 3 milímetros. Portanto, para realizar biópsia das camadas

gástricas mais externas, é necessário realizar uma laparotomia exploratória para que

assim possa ser retirado um fragmento do estômago para análise.

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Em relação as características imaginológicas ultrassonográficas em caso de

gastrite em cães, Agut (1996) cita que a espessura da parede do estômago normal

em cães é de 3 a 5 milímetros. Durante o exame ultrassonográfico foi observado

espessamento difuso da parede gástrica superior a 5 milímetros. Através do exame

ultrassonográfico não foi possível descartar processo neoplásico, corroborando mais

uma vez com a literatura, a qual Penninck (2004), cita que não é possível diferenciar

processo inflamatório de neoplásico.

Segundo Crystal (1993) para confirmação diagnóstica é somente através da

biópsia para avaliação citológica ou histopatológica. No caso clínico relatado neste

trabalho foi realizado endoscopia juntamente com biopsia para avaliação

histopatológica das lesões encontradas, o qual foi imprescindível para concluir um

diagnóstico definitivo, corroborando com os dados da literatura novamente.

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7. CONCLUSÃO

As alterações gástricas tanto em cães, quanto em gatos, estão cada vez mais

frequentes, frente a isso, a ultrassonografia abdominal é um exame de

complementação diagnóstica importante. Apesar dos artefatos gerados pela presença

de gás durante o exame, através do ultrassom é possível avaliar espessura da parede,

estratificação das camadas, motilidade e conteúdo gástrico. Outro exame

complementar a ultrassonografia gástrica, é a endoscopia digestiva alta, visto que

através deste exame, é possível avaliar diretamente o lúmen da mucosa e realizar

biopsias, a fim de um diagnóstico definitivo, mesmo sendo um método mais invasivo

para o paciente.

A radiografia abdominal simples para avaliação do estômago é realizada de

triagem para exclusão de outras causas como de corpo estranho radiopaco, dilatação

gástrica, torção gástrica ou ainda avalição de eventuais formações nodulares. A

ultrassonografia, a endoscopia e a biópsia para o exame histopatológico, são de

extrema importância em cães com sinais inespecíficos como vômito ou diarreia e

alteração no apetite.

Portanto, os dois exames de imagem essenciais e que se complementam

quando se trata de avaliação gástrica, em casos de doença inflamatória, é a

ultrassonografia abdominal e a endoscopia. Já a radiografia abdominal, demanda

tempo e várias exposições à radiação, sendo um método de diagnóstico muito mais

invasivo quando comparado a ultrassonografia abdominal.

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